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Jude passou os inteiros 21 anos de sua vida fugindo. Por que, ele não tinha certeza.

Sua
mãe tentou mantê-lo seguro, um perfil baixo, um movimento constante no horizonte,
pagamento de uma semana, sempre escondidos. Ela tentou incutir-lhe que ele era especial de
alguma forma, apesar de nunca dizer. Ele nunca se sentiu diferente. Ele era tão completamente
normal e simples que ele se perguntou se tudo tinha sido em sua cabeça. Mas depois ela foi
assassinada e tudo o que ele viu foi uma silhueta de um homem correndo, sua mãe dizendo
quatro palavras finais para ele. Quatro palavras que mudaram todo o seu ser.

Nunca pare de correr...

Agora ele está semi resolvido em uma grande cidade. O colégio é enorme e fácil de
misturar-se. Já se passaram três meses desde que ele teve que se mudar porque — Biloxi —
como ele chama o homem que matou sua mãe, encontrou-o mais uma vez.

Então Marley, uma garota de 18 anos que é tão irritante, alegremente ignorante de seu
deslumbramento, bate em seu carro com o dela. Em seguida, bate em sua vida quando ele
percebe que tudo o que tem que Biloxi quer, ela tem isso também. E agora, eles estão atrás de
ambos.
"Não era mais um menino que perdeu tudo, eu era um homem que percebi o
quanto eu tinha a perder".

- Jude
Para os meus dois meninos

Que você possa sempre saber como tratar uma menina, como respeitá-la,
como amá-la por quem ela é, concentrar-se nas coisas que você ama sobre o
outro e compromisso de tudo, fazê-lo funcionar, fazê-lo durar, adorá-la.

Ela é sua. Proteja, ame e cuide dela.


Era um caso de identidade equivocada.

O tipo que terminava com choque, lábios entreabertos e olhares maus.

O pior tipo.

A menina era bonita. Realmente adorável. Bonita e adorável não era o


problema ou a solução para mim. Eu precisava me misturar e ser invisível na
maior parte do plano-enquanto-dia e meninas como esta, meninas que apenas
caminhavam até os caras, porque elas tinham esperança em algum lugar
profundo dentro delas que eu cairia por esse rosto bonito, eram o oposto do
plano-enquanto-dia. Esses tipos de meninas assassinam caras. Pelo menos o tipo
de cara que estava correndo.

Ela havia me confundido com um cara normal.

E essa menina que se aproximou, que podia ver que eu já estava cercado
por uma, que era mais uma do que eu precisava, deve ter pensado que eu tinha
um desejo ardente por algo doce. Porque quando ela falou, suas palavras eram
suaves e quase me fizeram querer conhecê-la, em vez de mandá-la de volta. Mas
eu não podia ficar nesta cidade. Era melhor machucá-la agora, quando ela não
estava investida do que deixá-la um dia sem deixar rastro.
A garota que estava atualmente absorvendo a minha atenção - que ela
pensava que tinha – se moveu sobre a sua próxima presa e esqueceu que eu
alguma vez existi. Mas as meninas doces como esta se apegavam e faziam
perguntas.

Não pare de correr...

Nossos olhos se encontraram e um zumbido passou pelo meu corpo. A


estranha tristeza em seus olhos combinava com algo nos meus, o que significa
que ela não teve uma vida fácil. Argh... essa garota não era apenas bonita, ela era
adorável e doce e triste, tudo embrulhado em um pacote que seria tão fácil de
aceitar. Ela era muito mais atraente do que os atuais súcubos materialistas em
rosa ligados ao meu braço direito. Engoli em seco e olhei tão entediado quanto
podia para a garota quando ela finalmente fez seu caminho para mim do outro
lado do corredor.

Ela colocou o cabelo atrás da orelha com cuidado e sorriu um pouco.

— Oi, uh, posso...

Hora do show.

— Querida, isso é realmente doce, mas eu não estou interessado. —


Coloquei meu braço em torno da minha groupie. Eu nem sequer sei o nome dela,
mas elas estavam sempre ao alcance da mão. — Como você pode ver, eu tenho as
minhas mãos cheias já, mas obrigado pela oferta.

Ela mostrou uma expressão de escárnio e parecia completamente


chocada. Eu a observei, da cabeça aos pés. Ela era realmente adorável. Ela tinha
um ótimo corpinho sobre ela e seu rosto era amendoado. Seus lábios pareciam...
doces. Ela não era do tipo que eu queria a dez metros de mim. Ela ainda estava
lá. Eu tive que mandá-la partir... para salvá-la ao longo prazo.

Eu sorri tão maldosamente quanto poderia e senti uma pequena pontada


de culpa ao olhar vulnerável dela. Eu desviei o olhar rapidamente. Eu nem quero
lembrar o rosto dela.

— Corra, querida. Vá encontrar um tocador de tuba. Tenho certeza de que


ele é mais seu estilo. Como eu disse, não estou interessado.
Ela não tinha que olhar, e essa foi a primeira vez. A maioria das garotas
que se aproximavam de um cara eram confiantes. Quero dizer, era a razão pela
qual elas pensavam que tinham uma chance, certo? Mas ela parecia um pouco...
destruída. Quando seus lábios se separaram, eles estavam em choque - era para
recuperar o fôlego. Eu continuei com a minha postura entediada, embora, neste
ponto, me doeu no peito.

Mas eu estava fazendo o melhor para essa e qualquer outra


garota. Pessoas que se envolveram comigo tinham danos colaterais quando Biloxi
se aproximava. Ele era um bastardo cruel e se me encontrasse e soubesse que
alguém se importava comigo, ou pior, que eu me preocupava com alguém, ele
estaria em cima deles.

Então, quando ela se virou sem uma palavra e rapidamente fez seu
caminho pelo corredor, eu estava agradecido. Eu provavelmente salvei a vida
dela, mas ela não tinha ideia. Ela pensou que eu era um idiota, mas realmente
estava olhando por ela. É o que eu disse a mim mesmo enquanto a observava
ir. Que eu tinha ferido seus sentimentos por uma razão, e que ela superaria isso
em algum momento.

A mão esguia arrastou meu colarinho.

— O que é isso? — ela perguntou em um ronronar e deslizou seu polegar


sobre a longa cicatriz do meu ouvido todo o caminho até meu queixo. Ela ainda
não tinha reconhecido a menina em tudo e, agora, não deu um segundo olhar
também. Não tinha sequer lhe passado pela cabeça que eu poderia estar mais
interessado em outra garota. — Mmm, é tão sexy.

Seguiu a minha linha da mandíbula e foi absolutamente


sexy. Infelizmente, não foi a primeira vez que uma garota havia dito isso me
irritava que enfim elas pensavam isso, quanto mais dizer em voz alta.

Era a minha lembrança do que aconteceu quando eu deixei a minha


guarda abaixar, e foi tudo, menos sexy.

Mordi minha réplica e enviei-lhe um pequeno sorriso que mostrou a ela


que eu estava ouvindo, mas ela tinha que trabalhar por isso.

— É mesmo?
— Aham. — ela disse, e beijou a minha mandíbula. — Eu tenho uma
pequena cicatriz, também. — Ela apontou para o lugar entre os seios. — Bem
aqui. Quer vê-la?

Consegui uma risada.

— Existe realmente uma cicatriz lá?

Uma de suas amigas, que também estava no meu braço ao longo do


tempo, se juntou a ela, enlaçando seu braço através do dela.

— Pegue-me hoje à noite e você pode descobrir. — a súcubo ronronou,


fazendo sua amiga rir.

— Acho que não, querida. Ocupado.

— Ahhh, boo. — Ela fez beicinho e deixou sua outra mão enroscar um
dedo na minha cintura. — Bem, aqui está algo para lhe fazer companhia esta
noite.

Ela me puxou pelo meu pescoço e me beijou. Eu não tentei encolher para
longe, mas seus glos era pegajoso e doce. Quando ela tentou abrir a minha boca
com a língua, eu empurrei delicadamente com as mãos em volta de seus braços
ossudos.

— Vamos manter este PG, querida. Acalme-se. —


Ela deu uma risadinha. Eu sabia que ela faria.

Foi a última semana de aula. Foi a minha última semana de fingir que eu
ainda estava na escola. A próxima vez que eu fizesse um movimento para fugir de
Biloxi, eu me matricularia na faculdade, porque eu estava ficando velho demais
para ser um colegial. Eu não sabia onde estava indo. Eu teria me formado no
colegial já, mas com a taxa que eu estava indo, não sei se eu teria realmente me
formado ou não. A escola não era um lugar de aprendizado para mim, era um
cover, um lugar para me misturar e ser normal até que Biloxi me encontrasse e
então eu teria de ir para o próximo lugar.

Esta era a minha vida. Sem tempo ou desejo para as meninas de longo
prazo, sem diversão, sem filmes, sem pais.

Esta era a minha vida, mas não era uma vida em nada.
Dois anos, oito meses e três aniversários solitários depois...

Cidades universitárias eram um saco.

Um grande.

Eu estava aqui apenas por algumas semanas. Fazia parte do meu


disfarce. Eu praticamente cantava essas palavras em minha mente enquanto
marchava em todos os lugares que eu fui e trabalhei minha bunda. Mas uma
coisa continua a mesma. Meninas desesperadas corriam desenfreadas e eu ainda
não estava interessado. De vez em quando, elas eram boas para uma distração,
se necessário, mas na maior parte... não estava interessado. Não realmente, não
mais. Meus dezoito anos de idade aprovaram o fato de que as meninas pareciam
me querer, sem amarras, mas depois de meses disso e uma longa lista de
meninas que eu nunca novamente, fiquei velho muito rápido.

E então às vezes elas diziam sem amarras, mas não queriam dizer
isso. Havia uma garota, Kate, que não aceitaria um não como resposta. Ela tinha
me "encontrado" durante o verão, quando eu estava caçando um apartamento e
não havia me "perdido", no entanto, não importa o quão duro eu tentei. Para levá-
la a ir embora uma vez, eu até lhe dei o meu número de telefone. Iria destruí-lo
em poucas semanas, de qualquer maneira, quando eu, sem dúvida, teria que me
mudar de novo, por isso não importa, certo?

Errado.

A menina era tão chata como um Chihuahua, toda pulinhos porque havia
uma batida na porta. As mensagens de texto e ‘vamos-sair’ eram sem parar.

A vida não estava se tornando tão divertida quanto foi quando eu tinha
dezoito anos.

E agora, enquanto eu olhava para a chuva escura para ver um carro de


POS lateralmente na estrada, eu sabia que o mundo me odiava, tinha que ser,
porque alguém tinha acabado de esmagar seu carro em minha caminhonete.

Saí e me preparei. Não era fácil pagar em dinheiro por carros novos a cada
vez que eu precisava fugir da cidade. Era difícil viver quando você não podia ser
quem você realmente era. Encontrar trabalho e pessoas a pagar-lhe por debaixo
da mesa era quase impossível nos dias de hoje.

Eu gemi e olhei para a beleza de pé no final da minha caminhonete.

— Olha isso!

— Eu sinto muito. — ela começou. Eu poderia dizer que ela realmente


sentia, mas eu estava além de chateado. — Vou ligar para minha companhia de
seguros agora.

Isso me fez parar.

— Não! — Eu gritei e ela se sobressaltou com a agressão verbal. — Sem


seguro.

— Bem. — ela ponderou: — O que você quer dizer? Eu tenho um bom


seguro.

— Mas eu não tenho.

Ela virou a cabeça um pouco no pensamento e, em seguida, sua boca


abriu-se quando percebeu o que eu estava dizendo.

— Você não tem qualquer seguro, não é?


— Não. — eu respondi. — Olha. Seja como for, vamos chamar isso de
even-steven1, porque você me bateu.

— Even-steven minha bunda! — ela gritou e correu para saltar na minha


frente, bloqueando meu caminho.

— E que bumbum bonito ele é.

Mesmo com o ruído de água batendo no metal, ouvi-a ingerir ar. A chuva
nos atingia no escuro. Eu esperava que ninguém viesse ao virar a esquina. Seria
difícil para eles nos ver aqui no meio da estrada. Ela poderia se machucar. Então,
eu me perguntei por que eu me importava.

— Olha, amigo... — ela respondeu e cruzou os braços. Isso chamou meus


olhos para sua camisa. Meus olhos se arregalaram porque essa camisa... bem,
estava transparente agora. Ela compreendeu e virou seus braços cruzados mais
para cima. — Como você se atreve! Você está em uma lista no departamento
idiota, você sabe disso!

— Minha especialidade. — eu disse, saudando enquanto subia na minha


caminhonete. — Coloque sua bunda bonita em seu carro e vamos fingir que isso
nunca aconteceu, não é?

Porque, se os policiais e seguros fossem trazidos para isso, eu estaria em


fuga mais cedo do que pensava.

Ela bufou.

— Desculpe-me...

— Querida. Carro. Agora. — Ela olhou. — Tipo agora.

Ela jogou as mãos no ar e gritou:

— Eu sabia que o cavalheirismo estava morto! — antes de subir no carro


dela e se afastar. Ela não sabia, mas eu estava sendo tão cavalheiresco como
podia. Tive a certeza que ela saiu da chuva e estava de volta em seu carro, mesmo
que ela não gostasse da maneira que eu agi, e a tenho tão longe de mim quanto
poderia.

1
Não tendo nada devido ou devidas em ambos os lados.
Em meu livro, eu merecia uma medalha de pânico por ser tão
cavalheiresco. Porque as pessoas que ficavam comigo não viviam por muito
tempo.

Basta perguntar à minha mãe.

Oh, espere, você não pode. Ela morreu há muito, muito tempo atrás,
salvando minha vida. Recusava-me a trazer alguém para este navio afundando
comigo. Se ele finalmente fosse para baixo, estava indo para baixo sozinho.

Eu fiz meu caminho de volta para o meu lugar e estacionei no


estacionamento. Tomei as escadas de dois em dois para o meu apartamento
porcaria e pulei na minha cama, sentindo um cansaço repentino se instalando
em cima de mim... a fachada, as mentiras, a vida diária me desgastavam como
tênis de borracha no pavimento. Eu me sentia cru e terroso. Gostaria de saber
quanto tempo eu poderia realmente viver assim antes que eu desmoronasse em
mim mesmo.

A melodia de Bohemian Rhapsody me alertou que eu tinha uma


mensagem. Tirei o celular do meu bolso da frente e olhei para o texto de
Zander. Ele era morador festeiro da escola e era definitivamente o tipo de cara
que eu sempre achava quando ia para uma nova cidade. Porque um cara que
dava as festas em tempo real pode fazer as coisas, e para um cara em fuga, eu
precisava de alguém assim. Na verdade, a identidade falsa que eu estava
atualmente brincando com um sobrenome diferente era dele. Eu mandei uma
mensagem para ele de volta que, sim, eu estava indo para a festa anti-
fraternidade que ele estava dando amanhã à noite. Eu não tinha aulas. Eu só
peguei uma classe eletiva à noite, o que só era em sessão, duas noites por
semana, só assim eu poderia dizer que eu era um estudante de faculdade lá, mas
eu realmente não era. E a classe? Maldito espanhol.

Odio españoles.

***
Eu apareci para trabalhar com exatamente 37 segundos de sobra. Eu
culpava a linda-garota-esmaga-em-mim. Eu jurava que minha caminhonete
estava agindo de forma engraçada e eu não tinha dinheiro para consertá-la.

Eu balancei a cabeça para Pepe, o proprietário, e pisquei para Messa, sua


esposa. Ela riu atrás de sua mão, e assim o nosso dia começou como qualquer
outro dia. Pepe era dono de uma loja de ração e o cara tinha os músculos do
tamanho de tangerinas. Então, essa era minha descrição de trabalho. Na
verdade, de vez em quando, ele até me ligava em vez de...

— Ei, precisamos de músculos aqui!

Eu balancei minha cabeça.

— Sim!

Eu trotei na frente para ajudar o cara com problemas em carregar treze


sacos de ração de frango. Não era um trabalho fascinante, por qualquer meio, e o
salário era caca, mas ele me deixava apto e ocupado. Isso era o que eu
precisava. Se eu tivesse que levantar e sair, eu não estaria deixando o cara em
um atolamento porque caras como eu eram um centavo de uma dúzia.

O dia foi passando lentamente, senti uma mão familiar alcançar nas
minhas costas. Escorregar, era mais parecido com isso.

— Hey, Jude.

— Messa. — eu murmurei para trás sem me virar e revirei os olhos,


irritado. Eram todas as mulheres iguais? Elas nunca me queriam para nada,
exceto um bom tempo e, em seguida, te vejo mais tarde. Que era ótimo para
minha vida, mas caramba, fazia envelhecer. Especialmente desde que a música
nunca mudava.

— Pepe está jogando cartas essa noite. — A insinuação assobiou de seus


lábios no que eu tenho certeza que ela achava que era um sussurro sexy. Ele fez
minha pele se arrepiar.

— Isso é ótimo para ele. — Peguei minha marmita de metal e virei para o
outro lado, o longo caminho em torno dos fundos, mas valeu a pena para fugir
dela.
— Só isso? — ela praticamente gritou. — Eu pensei que você ia saltar
sobre isso.

Eu parei. Caramba. Ela apenas me pegou em um dia errado. Eu me virei.

— Por quê? Por causa do que você tem entre as pernas? Querida, há uma
centena de meninas na discagem rápida. Desculpe. Eu sou um cara ocupado.

E esperar por isso...

— Você é um idiota, Jude. Eu estava apenas testando você mesmo!

Eu acenei acima da minha cabeça e continuei. Mulheres. Típico.

Eu joguei minha marmita pela janela da caminhonete aberta e orei para


ligar enquanto eu subia dentro. Ela gaguejou, mas resistiu, eu vou dar isso a
ela. Bati e esfreguei o traço.

— Vamos lá, garota. Vamos.

Ela chiou e eu dirigi direto para o lugar da auto peças. Eu abri o capô e
acenei a fumaça aquecida. Suspirando, fechei os olhos. Mãe... isso ia custar um
salário para arrumar, o que eu não tinha de sobra. Entrei e pedi o preço de um
radiador. Eu quase dei um soco no homem entre os dentes quando ele me disse o
preço.

— Eles são feitos com titânio e agora estou simplesmente fora de alcance?

— Economia está ruim para todo mundo, meu filho.

Eu segurei o balcão com as duas mãos e suspendi a cabeça.

— Bem... caramba.

— Olha, eu poderia precisar de uma ajudinha aqui amanhã. Se você vem


me ajudar durante o dia, vou tirar metade do radiador, tudo bem?

Eu olhei para cima, incapaz de parar o olhar incrédulo. As pessoas não


fazem boas ações por nada. Apenas não era o mundo em que vivíamos por muito
tempo. Mas eu olhei nos olhos do homem mais velho e vi que ele estava falando
sério. Havia uma história lá. Um filho, talvez, um sobrinho, que ele estava
tentando compensar. Eu não queria saber. Eu não queria me apegar.

— Você está falando sério?


— Aham. — ele respondeu.

Eu falei devagar:

— OK. Posso estar aqui por volta das duas, quando eu sair do meu
trabalho. Tudo bem?

— Sim. Preciso de ajuda para abastecer as prateleiras, o que é perfeito.


Vai trabalhar um total de oito horas. — alertou.

— Vale a pena. — Engoli em seco e hesitei. — Obrigado.

— Claro que sim, filho.

Eu balancei a cabeça e me virei para voltar para a minha caminhonete


quebrada, não realmente certo do que pensar. Mas, por agora, eu ia aceitar.

Assim que cheguei em casa – mal, porque a caminhonete superaqueceu


novamente - tomei banho e vesti um jeans limpo com minhas botas e uma
camisa de botão. A festa estava ficando mais forte no momento em que eu
cheguei. Zander me encontrou em um floreio na porta, o anfitrião sem parar. Ele
me ofereceu cigarros e narcóticos e todo o tipo de bebidas sob o sol. Acenei para
ele e peguei um refrigerante na geladeira. Eu nunca tinha sido muito de beber, e
tomar as coisas para me deixar desorientado e fora de meu jogo não era
inteligente para alguém que precisava de sua cabeça em linha reta em todos os
momentos. Eu pulei em cima do balcão e acenei com a cabeça para alguns dos
caras que sempre andavam com Zander.

— Ei, cara.

— Jude! Não achei que você viria. — disse um deles, que gritou sobre a
música e bateu com meu punho. — Cara, os méis estão em todo vigor esta noite.
— Ele sorriu este pequeno sorriso calculado. — Zetas estão aqui, cara. Zetas.

Eu ri.

— Eu pensei que esta era uma festa anti-fraternidade?

— Fraternidade, não. Irmandade, sim!

Eu balancei minha cabeça enquanto ele saía rindo.

— Idiota. — eu murmurei baixinho com uma risada.


— Quem, eu? — Eu ouvi a voz doce e temi olhar para cima. Eu nem
sequer sabia por que eu saí. Eu não achei que tinha a energia para jogar este jogo
hoje à noite.

Eu levantei meu rosto para encontrar uma das frequentadoras do círculo


da festa. Ela não era uma daquelas garotas horríveis que dormiam com qualquer
coisa que se abatia sobre ela e sussurravam em cima de você. Ela era um
inofensivo flerte e uma menina muito doce. Era por isso que eu sempre tentei
ficar longe. Doce e inofensiva significava que eu teria acabado por machucá-
las. Eu não poderia fazê-lo.

— Hey, Lila. Como está indo?

Ela tomou um gole do copo de Solo vermelho e balançou a cabeça de um


modo bonito, evasivo.

— Ehh. Há muitas meninas aqui esta noite. — Deu uma olhada para trás
e riu de Zander tentando ficar com alguém na pista de dança. — Vê? Como posso
competir com isso?

Nós dois vimos como a menina claramente embriagada caía em todo o


lugar em seus pés.

— Sim. — eu concordei. — Tudo bem. Vejo você mais tarde.

— Quer dançar mais tarde, talvez? — Eu odiei a esperança em sua voz.

— Não, hoje não. — Eu pulei e saí sem olhar para trás, falando por cima
do meu ombro. — Vejo você por aí, ok?

Eles estavam tocando Eminem e eu estava tão por cima. Toda essa cena...
apenas sobre ela. Talvez fosse a hora de começar a procurar uma nova
identidade. Em vez de cidades universitárias, talvez eu poderia tentar uma cidade
agrícola ou algo assim. Eu era jovem, mas tinha sido forçado a crescer muito,
muito rápido, muito depressa. Eu só queria sossego e paz, mesmo que por
apenas uma pequena quantidade de tempo.

No meu caminho, eu acenei para Zander, assim ele saberia que eu tinha
ido embora. Assim quando eu me virei, um raio atingiu a minha
espinha. Caramba... era ela.
A garota que bateu em mim.

Meus pés fizeram a sua volta antes da minha cabeça e eu estava andando
em sua direção. Ela estava encostada na parede do hall pelas escadas e estava
sendo encurralada por um cara com dois copos vermelhos em suas mãos. Ela
estava educadamente tentando dispensá-lo, ao mesmo tempo procurando por
alguém no meio da multidão. Ou talvez fosse apenas um movimento chamariz
para fazer esse cara ir embora.

Antes que eu pudesse pensar, encontrei-me ajudando-a com esse


problema.

— Cai fora.

Ele olhou por cima do ombro e zombou.

— Eu sinto muito. Eu te conheço?

— Você vai me conhecer muito bem, se não sumir. Não parece que ela
quer conversar. — Eu olhei para seu rosto pela primeira vez e sabia que ela sabia
exatamente quem eu era... dado pelo olhar hediondo que eu estava recebendo
atualmente. Eu cruzei os braços e inclinei a cabeça um pouco. — Você quer falar
com ele, querida?

Ela abriu a boca para rebater, mas deve ter pensado melhor. Ela olhou
para a minha cara e parecia ter outra revelação. A forma dos lábios mudou
quando ela olhou para os dois copos McGee e sorriu um pouco para ele.

— Obrigada pela oferta, mas o meu namorado finalmente conseguiu. Ele


vai me pegar algo para beber.

Ela saiu de trás dele e pôs-se ao meu lado, mas não perto o suficiente
para tocar. Eu encontrei-me considerando com pesar sobre isso e fiz uma
careta. Havia algo sobre essa garota que estava me torcendo de dentro para fora.

— OK. — o cara falou lentamente e ergueu um de seus copos em um


aceno de despedida. — Desculpe, cara. Não sabia que ela estava com você.

Ela zombou ao vê-lo ir.

— Claro que ele pede desculpas a você.


Eu ignorei seu escárnio e decidi começar a cavar a minha própria
sepultura.

— Seu namorado está realmente aqui?

— Não tenho um. Não quero um. — Ela me olhou bem nos olhos. — Não
preciso de um.

As palavras não importaram. A única coisa que existia naquele segundo


eram aqueles lábios. Na noite em que nos "conhecemos", estava escuro e
chovendo, e embora fosse óbvio, então, como ela era linda, era também óbvio
agora que ela era diferente. Ela tinha uma pequena cicatriz em seu lábio superior
direito que provavelmente odiava tanto quanto eu odiava a minha cicatriz, mas
Deus me ajude... Eu queria beijar aquela cicatriz um milhão de vezes logo em
seguida. Seu cabelo era loiro e caindo em cachos soltos sobre os ombros. Ela
estava vestindo botas de cowboy com shorts jeans e blusa que definitivamente
não era transparente esta noite, mas ela estava usando mangas compridas,
mesmo que lá fora estivesse fervendo. Seus olhos vagavam de uma forma
desconfortável, enquanto olhava ao redor da sala em qualquer coisa, menos para
mim. Ela tinha algumas cicatrizes em seu pescoço, que pareciam bicadas de
frango ou algo assim. Ela puxou as mangas e olhou para o chão, como se
reunindo coragem.

Essa não era uma garota normal.

Caramba... e ela era um problema.

— Bem... Eu te vejo por aí. — Virei-me para ir e fiquei surpreso quando a


sua pequena mão disparou para me parar. Sua mão não poderia envolver em
torno de meu braço e seus olhos se arregalaram um pouco antes de ela baixar a
mão e olhar para mim novamente. Seus olhos eram azuis. Caramba...

— Você manda o cara embora e agora você está só me dando o Te vejo


mais tarde? Mas que diabos? Talvez eu queria que o cara me desse uma bebida.

— Se isso for verdade, então por que você pareceu tão aliviada e disse que
eu era seu namorado?
— Isso não importa. Primeiro, você me bateu com a sua grande e estúpida
caminhonete...

— Você bateu em mim. — eu corrigi com um sorriso.

— ...e, em seguida, vem aqui, todo homem das cavernas, e faz os machos
correrem antes de pegar a estrada? O que há?

Eu mantive o meu sorriso no lugar.

— Eu não gostaria de ver uma mulher tomar um copo cheio da droga de


estupro. Isso é tudo.

— Você está certo. Tenho oitenta e nove por cento de certeza que estava
cheio de droga de estupro, que é por isso que eu nunca teria tomado. Mas
obrigada de qualquer maneira. — Ela arrastou as botas. Meu Deus, era
adorável. — Então você pode ser cavalheiresco aqui... por que não ser
cavalheiresco em um acidente de carro?

Meu sorriso caiu. O que diabos eu estava fazendo? Ela estava certa. Eu
não tinha nenhum negócio em estar aqui. Limpei a garganta.

— Como eu disse, eu vou indo. Tenha uma boa noite... — Eu não tinha a
intenção de fazer uma pausa para o seu nome. Eu não quero saber. Iria apenas
piorar as coisas...

— Marley. — ela retrucou. — A garota que você se chocou contra e jogou


em seu carro para deixá-la lidar com seu próprio problema de carro se chama
Marley.

— Prazer em conhecê-la, Marley. Vemo-nos por aí.

Ela zombou quando me virei.

— Ele realmente não se lembra. Ou se importa.

Eu não fiquei por ali para descobrir o que ela queria dizer.
Acordei antes do meu despertador tocar. Eu não conseguia parar de pensar
naquela garota. Marley. Ela não engolia cada palavra minha, ela me enfrentou
com minhas mentiras, ao invés. Ela era apenas... uma coisa que eu nunca tinha
visto antes. Eu não poderia colocar o dedo sobre isso, mas era evidente que eu
precisava ficar longe dela. Eu tinha um grande, longo e ocupado dia na minha
frente e podia pensar em nenhuma maneira melhor do que isso para manter
minha mente ocupada.

Naquele dia, enquanto eu arrastava sacos de ração e usei meus braços até
que os músculos queimassem, eu me encontrei esperando que o carro dela
estivesse tudo bem. Naquela tarde, eu fiz o meu caminho para a loja de peças. Eu
pulei para fora da caminhonete, balançando a porta aberta antes de puxar uma
parada quando um carro acelerou a partir do estacionamento. Meu instinto
torceu com medo, mas eu senti a minha testa vincar com uma careta. Não
poderia ter sido Biloxi. Ele teria vindo atrás de mim ali mesmo. Ele não iria
esperar. Aquele não era o seu estilo. Eu estava fugindo daquele homem, e das
pessoas para quem ele trabalhava, cada segundo que eu conseguia me lembrar
da minha vida.

Eu não sabia o que eles queriam. Eu não sabia quem eles eram ou de
onde vinham. Tudo o que eu sabia era que eu tinha algo que eles queriam. Minha
mãe morreu tentando me manter longe deles. Fazia muito tempo desde que eu o
vi. Três meses era algum tipo de recorde para nós.
Na verdade, isso me deixou ainda mais nervoso do que tinha estado por
muito tempo, e não por falta de minha tentativa de fugir dele. Eu era bom em
ficar escondido, mas tanto quanto eu o odiava, ele era bom em me encontrar.

Biloxi, Mississippi. Esse foi o lugar onde minha mãe foi morta. Biloxi
agora era o seu nome até que eu pudesse encontrá-lo por mim mesmo. Então eu
o chamaria pelo seu nome verdadeiro enquanto eu estrangulava a vida por sua
garganta.

— Filho?

Olhei para dentro para encontrar o idoso dono da loja olhando para mim
com expectativa.

— Sim, senhor. Chegando.

Ele abriu o caminho para a sala dos fundos e me mostrou as pilhas e


pilhas de caixas a serem empilhadas. O homem estava realmente indo me fazer
trabalhar para ele. Concordei com ele e tenho isso. Eu ouvi o sino da porta da
frente tocar várias vezes e vozes se arrastarem enquanto ele ajudava seus
clientes. Eu tentei não ser paranoico sobre Biloxi e só ter o trabalho feito.

A campainha tocou novamente e uma voz feminina perguntou docemente


para ajudar a encontrar a lanterna traseira direita. Relâmpago atirou na minha
espinha novamente. Eu levantei minha cabeça, passando as prateleiras para ver
a menina que era o inferno dobrado em me destruir. Amaldiçoei baixinho. Eu
respirei fundo e voltei a trabalhar. Eu simplesmente a ignoraria e ela nem sequer
saberia que eu estava ali.

— Jude? Você pode me trazer uma caixa na prateleira L3C? Está no canto
inferior direito.

Caramba. Eu quase disse, "dane-se", e saí correndo, mas eu devia ao


cara. Então, peguei a caixa que ele solicitou e vacilei, resmungando, para a
frente. Assim que ela me viu, o fogo em seus olhos faiscou. Senti os lados da
minha boca puxarem.

Maldita menina adorável.

— Você. — ela zombou de surpresa.


— Você. — repliquei e pisquei. — E como estamos essa noite, querida?

— Bem, eu tenho uma lanterna traseira quebrada graças a você. Fui


multada. — Ela enfiou a mão na bolsa, procurando por algo. — Como se eu
pudesse malditamente pagar uma multa de oitenta e cinco dólares.

Pela primeira vez em muito tempo, eu senti um monte de culpa


estabelecer no meu peito.

— Escute... — Ela olhou para cima, cansaço e frustração escritos por todo
seu rosto. — Eu sinto muito por isso. Há apenas algumas coisas que você não
entende sobre mim.

Olhei para o proprietário. Ele estava me dando um olhar engraçado. Olhei


para ela e aquele sexy lábio cicatrizado dela.

— Eu entendo. — disse ela, surpreendendo-me, e suspirou. — Eu mal


consigo pagar o meu próprio seguro. Trabalho no café da Edgemont Street
durante o dia e um bar à noite e mal o faço. Tenho certeza de que trabalhando
em um lugar como esse, você não faz muito dinheiro também. — Ela encolheu-se
e olhou para o proprietário. — Sem ofensa.

— Não levei, senhorita. — disse ele e olhou para mim, como se fosse a
minha vez e ele estivesse gostando de tudo isso - completamente.

— É um pouco mais de um problema de simplesmente não poder pagar o


seguro... — Eu fiz uma careta antes de sorrir meu sorriso vencedor. — Eu sou
um sujo, canalha podre. Eu sei.

Ela esboçou um pequeno sorriso.

— Você está certo. Você é. Canalha que deixa meninas no meio da


estrada...

— Uhuh. Eu não a deixei na estrada. — Eu inclinei meu quadril no


balcão, me trazendo um pouco mais perto dela. — Tive a certeza que você estava
em segurança em seu carro e em seu caminho.

Ela assentiu com a cabeça e sorriu como se tivesse um segredo.

— Isso é verdade. Seu método poderia usar algum progresso, no entanto.


Eu sorri.

— Sinto muito. Em minha defesa, estava chovendo e estava escuro.

Ela zombou e riu.

— Chove e fica escuro o tempo todo no Alabama! Isso não é uma desculpa
para ser um idiota.

— Você está certa. Meu erro. — eu sussurrei.

Ela olhou para cima e prendeu meu olhar. Segurou-o cativo. Minhas
entranhas se contorceram com a necessidade de correr, mas lutaram pelo direito
de ficar. Sorte para ela, correr ganhou.

— De qualquer forma, deixe-me pagar a sua lanterna traseira, pelo menos.


— Peguei minha carteira e tentei um sorriso. — Então, podemos, pelo menos,
partir como amigos.

Seu sorriso tremeu.

— Achei que você ia para a faculdade aqui?

— Eu vou... mas eu sou muito ocupado. Duvido que vamos nos encontrar
inesperadamente outro outra vez.

Ela mordeu o lábio inferior.

— Então, você não vai bater-me com a sua caminhonete e, em seguida,


me salvar de caras bêbados em uma base regular?

Eu ri.

— Eu espero que não.

Seu rosto mostrou decepção. Mesmo depois de tudo que eu fiz para ela,
ainda queria me ver? Esta menina era meu dilema.

— Bem... — Ela pegou a caixa na mão. — Obrigada, eu acho.

Ela se virou para ir embora. Eu assisti em uma agonia estranha, uma


atração sobre mim tão forte para segui-la. Convidá-la, levá-la para tomar um
café. Qualquer coisa. Mas o pensamento de ela encontrando o mesmo destino que
a minha mãe me impediu de fazer qualquer uma dessas coisas.
Virei-me para ir e o proprietário agarrou meu braço. — Por que não pediu
para sair com aquela coisa bonita? Ela obviamente queria você.

Eu sorri, feliz que percebeu, mas incapaz de fazer qualquer coisa sobre
isso.

— É por isso que eu tive que deixá-la ir.

Ele riu e bateu nas minhas costas.

— Filho, isso não faz sentido.

— Eu sei. — Eu sorri, mas não senti isso. Eu não sentia em tudo.

***

Peguei o radiador, paguei-lhe que eu lhe devia, e agradeci-lhe por me


deixar trabalhar pelo resto. Ele disse que sempre tinha trabalhos provisórios, se
eu alguma vez estivesse em um aperto por algum dinheiro, fosse vê-lo. Juro que o
homem quase me fez acreditar na humanidade novamente. Quase. Já era tarde
quando finalmente cheguei em casa. Meu celular tinha um par de mensagens de
textos que eu ignorei. Quando apareci na minha porta, percebi que eu deveria ter
respondido a elas.

— Jude. — ela cantarolou. Sim, cantarolou.

— Kate. — eu disse, incapaz de disfarçar minha irritação. — Quando


alguém não atende o telefone, isso não é um convite para vir à sua casa.

— Você não retornou minhas ligações. — Ela se levantou do degrau e


revelou o vestido curto, sem alças que usava. — Estava apenas sentido sua falta
ultimamente. E quando você não atendeu o telefone, eu quis verificar você.

— Eu estou perfeitamente bem. Apenas ocupado.

Eu tentei passar por ela, mas ela não estava permitindo. Ela seguiu de
perto quando destranquei a porta. Eu suspirei. Não iria abrir a porta. Ela viria e
nunca mais sairia. Assim, embora eu desprezasse a ideia, eu me virei e olhei para
ela. Eu tilintei as chaves na minha mão e me fiz sorrir para ela.
— Querida, eu estou cansado. Trabalhei o dia todo. Estou pronto para
dormir.

— Nós podemos dormir. — disse ela timidamente, descansando a mão


sobre minha barriga. — Dormimos bem juntos, não é?

— Sozinho. — eu corrigi, mas sabia que tinha que fazer alguma


coisa. Inclinei-me e fechei os olhos. Mesmo sem a minha autorização, um
pequeno lábio cicatrizado bonito e olhos azuis vieram à mente quando deixei
meus lábios tocarem os dela. Ela agarrou a parte de trás do meu pescoço e me
apertou com ela. Eu conhecia Kate. Eu sabia o que ela saboreou e sabia o que ela
queria. Eu a tinha julgado mal no início, quando eu só queria uma distração. Ela
não tinha sido quem eu pensava. Ela era pegajosa, e de vez em quando me
deparava com uma delas. Mas as coisas estavam mudando apenas para mim. Eu
me sentia cansado. Durante todo o tempo. Cansado da vida. Cansado desta cena,
esse mesmo cenário.

Toquei seu rosto quando me afastei dela para acalmar a dor de minhas
palavras.

— Vá para casa, ok? Eu preciso dormir. Tive um longo dia.

— Ok. — Ela agarrou a frente da minha camisa e sorriu curto. Ela


realmente era uma menina linda que só precisava de um pouco de
autorrespeito. — Mas não espere tanto tempo para ligar, Jude. Sinto sua falta e
eu posso ajudá-lo a relaxar quando você tem um dia ruim.

Eu sorri.

— Tchau, Kate.

— Tchau, baby. — ela sussurrou, beijando minha bochecha antes de ir


rebolando, obviamente, pensando que eu estava gostando do show.

Virei-me para a minha porta e com o canto do meu olho encontrei o meu
vizinho, um velho homem ranzinza que não tinha amor por mim, dando-me um
olhar repugnante enquanto olhava entre Kate e eu. Eu acenei e sorri.

— E como você está hoje, Sr. Fowler?

— Foda — ele resmungou e continuou. — E mantenha-se ai dentro!


— Tudo bem então. — eu ri e entrei.

O chuveiro escaldante era como o céu em uma caixa. Meus músculos


tremiam e ardiam com alívio de todo o trabalho que eu tinha feito. Honestamente,
eu estava tendo a pele dura por toda parte e minhas camisas eram quase
demasiado apertada nos braços como estava. Eu não era um daqueles caras que
precisavam ser rasgados, mas se eu não mudasse logo, ou pelo menos arranjasse
outro emprego, eu ia ter que começar um novo guarda-roupa.

Eu saí e fiquei no capacho ao ar seco. Essa era a grande coisa sobre a vida
sozinho. Fiz a barba e passei os dedos pelo meu cabelo desgrenhado. Ele tinha
chegado a ser um loiro escuro já que eu não estava no sol em um tempo. A
primeira vez que eu for para a praia, iria clarear muito.

Eu escovei os dentes, cuspindo o creme dental barato e arenoso na pia


rachada. Quando me virei, eu tive um vislumbre do outro lembrete de quem e o
que eu era. No meu estômago estava uma grande cicatriz redonda. Eu sempre
tive isso. Minha mãe me disse que "eles" me deram. Era algum tipo de porta IV ou
algo assim. Apesar de por que eles precisaram colocar IVs em mim, eu não sabia,
e, aparentemente, não tinha a capacidade mental para chegar a uma explicação
plausível. Mamãe nunca disse. Eu era muito jovem quando ela morreu, apenas
sete anos atrás - eu tinha quatorze anos. Mamãe e eu estávamos em Biloxi, onde
estivemos por algumas semanas. Eu estava escovando meus dentes, eles
golpearam pela porta dos fundos, e minha mãe pulou no banheiro comigo. Eu
estava bravo com ela porque eu estava nos meus boxers e envergonhado. Eu não
sabia que eles estavam lá. Quando ela abriu a janela, eu soube. Saí primeiro e
pulei. Ela saiu em seguida e seu pé ficou preso. Ela não amorteceu a queda em
seus pés como eu tinha e gemeu quando sua perna torceu.

Lembrei-me de que ela mancou comigo. Pensávamos que tínhamos


conseguido quando chegamos à beira do quintal, mas as sirenes soaram na
distância antes de um tiro. Eu me virei e vi como ela me deu o olhar mais
pesaroso. Sua mão agarrou seu estômago e eu sabia que tudo estava prestes a
mudar para mim. Ela tinha levado um tiro. Ela deslizou para o chão.

Eu o vi vindo do outro lado do quintal. Mamãe olhou para ele e de volta


para mim com os olhos suplicantes.
— Corre, querido.

— Não, mãe, não. — Eu estava envergonhado de novo quando eu senti


uma lágrima cair no meu nariz. Meus joelhos machucados nos cascalhos
rochosos secos e duros, mas eu fiquei ali mesmo. Bem ali com ela.

— Ouve-me, Jude Ezra Jackson. Você tem que ir sem mim. Agora.

— Não!

— Sim. — Ela tocou meu rosto e o soluço que me segurava junto se soltou
em um ruído selvagem, porque eu sabia que era isso. Este momento seria meu
último com ela. — Filho, sei que você nunca foi meu fardo, você foi minha alegria.
Eu queria você, eu lutei por você, e você foi a melhor coisa que eu já fiz. Eu te
amo, Jude. Hey, Jude, escolha uma música triste e torne-a melhor... certo,
querido?

Eu balancei a cabeça e segurei sua mão com mais força enquanto seu
próprio aperto começou a falhar. Ela olhou quando o carro da polícia se sacudia
em uma parada estrada. Seus olhos eram selvagens e suplicantes.

— Vá, querido. Eu te amo.

— Mamãe... — Eu simplesmente não conseguia. Eu sabia que deveria ir,


mas eu simplesmente não podia deixá-la lá.

Seus olhos começaram a rolar um pouco e sua respiração estremeceu em


sua garganta. Ela olhou para mim mais uma vez, uma lágrima correndo, o mais
lento que eu tinha visto, uma queda pelo seu rosto.

— Nunca... pare... de fugir.

Seus olhos não fecharam. Esse foi o pior horror de tudo isso. Ela estava
me observando, mas seu corpo não estava mais ocupado. Eu levantei meu olhar
para ver uma silhueta no escuro do homem que nos atormentava por todos os
lugares que passamos. O policial saiu, arma na mão enquanto ele procurava a
área. O homem saiu correndo na direção oposta, mas não antes de olhar mais
uma vez para mim. Como se dissesse, isso está longe de terminar.

Eu tive que concordar. Na minha cabeça, isso estava apenas começando.


Em apenas meus boxers e joelhos sujos, eu fugi pela mata. Eu fiquei na
moita de arbustos atrás dos edifícios da cidade pequena. Quando fui para uma
lavanderia, roubei roupas que eram demasiado grandes para mim e, em seguida,
roubei a minha primeira refeição. Eu roubei três maçãs do pátio da
igreja. Lembro-me, quando eu puxei as maçãs daquela árvore e olhei para o
vitrais, pensando que eu estava indo direto para o inferno com uma camiseta
grande demais de Blimpy Subs.

Mais tarde, percebi que Deus sabia o quanto eu precisava comer naquela
noite, e o quanto eu precisava comer todas as noites depois daquela, porque não
importa como as coisas pareciam sombrias, e apesar de eu passar noites com
fome e dormindo nos bancos, de alguma forma eu sempre sobrevivi.

E quando eu olhei para aquela pia rachada no meu apartamento ruim, eu


não poderia deixar de ser grato por ainda estar vivo. Ainda ser capaz de caçar
aquele bastardo um dia e fazer com ele exatamente o que ele tinha feito para a
minha mãe. Ainda capaz de vingança. Eu não sabia se era capaz de mais do que
isso.

Amor? Compaixão? Arrependimento? Não sabia.

Vingança? Absolutamente.
— Há torta de maçã caseira na sala de descanso para o almoço, se você
quiser alguma, Jude.

Olhei para ele, confuso. Ele deu de ombros.

— A mulher levantou-se cedo para assá-las. Ela nunca assa, então aprecie
enquanto você pode.

Virei-me para ele não me ver quando revirei os olhos e joguei o saco de
ração dentro da caminhonete.

— Bom. Obrigado.

— Alguma coisa acontecendo com você ultimamente? — Olhei para


ele. Sua testa estava levantada de uma forma que me fez pensar que era mais do
que apenas curioso.

— O que você quer dizer?

— Você só está agindo de forma estranha, é tudo.

Voltei-me para a minha tarefa.

— Não, cara. Estou bem.

— Você tem algo que você quer me dizer, Jude? — Eu conhecia esse
tom. Caramba... Sua maldita esposa estava tentando me demitir.
— Nem uma coisa.

— Jude! — ele gritou. Suspirei profundamente antes de virar e colocar


minhas mãos em cima da caminhonete. — Olhe para mim!

— O quê? Desembucha. Você, obviamente, tem algo que você quer me


confrontar.

Ele fez uma careta e cuspiu na calçada ao lado de nós. Ele observou o
chão enquanto dizia:

— Eu acho que ela está me traindo. Eu sei. Você... — Ele encontrou meu
olhar. — Você já viu alguma coisa em torno da loja? Alguém por aí depois de eu
sair ou algo assim?

Alívio me inundou. Eu não estava a perder o meu emprego, mas a esposa


dele definitivamente estava o traindo.

— Eu gostaria de ter, homem, para que você pudesse ir buscar aquele


bastardo, mas eu não tenho. Desculpe.

— Bem. — ele balançou a cabeça, — Apenas seja feliz que você não tem
uma mulher, Jude. Elas são divertidas por um tempo, você se apaixona por elas,
e então elas lentamente arrancam seu coração.

Eu ri baixinho.

— Isso é lindo, cara.

— É verdade! — ele insistiu em um silvo alto. — Tudo bem, isso é tudo por
hoje.

— Mas o dia não acabou. — Eu olhei o relógio preso na parede. — Ainda


temos uma hora e meia.

— Vá em frente. Vá para casa. Vou pagá-lo pelo o dia inteiro. Só quero


sair daqui e afogar minhas mágoas.

Eu esfreguei minhas mãos.

— Se você tem certeza, eu não tenho queixas.

— Não, vá em frente. — Ele estava lamentável, chutando seus pés como


uma criança que perdeu o jogo de queimado.
— Quer companhia?

Seus lábios se curvaram para cima.

— Sério?

— Sim, com certeza. — Eu cronometrei para fora e balancei a cabeça para


ele. — Vamos, eu vou dirigir. Tenho a sensação de que vou precisar ser o
motorista da rodada essa noite.

— Eu só vou pegar um táxi para casa mais tarde. — disse ele, correndo
para a minha caminhonete.

— Você não vai saber o seu próprio nome, mais tarde, muito menos qual a
rua onde vive.

Ele zombou "pfft", mas depois pensei nisso.

— Talvez. Vamos ver. — Ele sorriu e bateu a mão na parte superior da


janela aberta com a melodia de tudo o que estava no rádio enquanto eu
manobrava para fora do estacionamento. — Eu nunca cheguei a sair com os
caras!

Eu não sei se eu constituía como "caras", mas por agora, eu peguei. Eu


encontrei-me rindo dele enquanto ele cantava junto e começava a tocar bateria no
painel descontroladamente com seus dedos indicadores. Eu pensei que ia ser
uma noite sombria, mas em vez disso, era diferente. Ele estava livre.

***

Ele bebeu o suficiente para nós dois estarmos sob a mesa. Eu balancei
minha cabeça enquanto terminava a minha terceira água e o observava dançar
com o jukebox. O local em que estávamos era um lugar que eu tinha estado
muitas vezes. Não este em particular, mas há um milhão lá fora, assim como
esse. Em cada cidade, há pelo menos um, e você sempre pode encontrá-lo e
apenas sumir por um tempo na bebida e garotas.

Outra noção que a minha mãe estaria tão orgulhosa.


— Você está me seguindo?

Minha coluna disparou em linha reta e relâmpagos tomaram o meu


fôlego. Virei-me lentamente para encontrar a menina linda e irascível que tinha
estragado minha maldita caminhonete. Senti meus lábios transformarem-se em
um sorriso.

— Bem, bem, bem. Você simplesmente não pode ficar longe de mim, não
é?

Ela riu e balançou a cabeça, obviamente sabendo que era uma cantada,
mas escolhendo ir com ela de qualquer maneira.

— Oh, por favor. Eu trabalho aqui, amigo, e por último que me lembro,
você não.

Ela trabalhava em um lugar como este, com idiotas bêbados agarrando-


a? Algo que eu nunca pensei que eu mesmo possuía começou a arder com um
fogo lento. Meus lábios se abriram de surpresa quando meu intestino agitou e
doeu com protecionismo.

Ela acenou com a mão na minha frente.

— Terra para Jude.

— Você se lembra do meu nome. — Não foi uma pergunta.

Ela puxou e puxou a gola de sua camiseta apertada.

— Sim. Você não se lembra do meu?

— Não. — Eu balancei minha cabeça e vou admitir que estava um pouco


aumentando o meu ego quando ela pareceu desapontada. — Eu não me lembro
seu nome, Marley.

Ela revirou os olhos e sorriu.

— Ha ha. — Uma mão foi para seu quadril e a outra apontada para mim,
o pano entre os dedos pendia lá. — E não faça nenhuma piada sobre o nome.
Uma garota chamada Marley em um bar, eu conheço, mas as piadas Marley quer
montar minha Harley são hilariantes. — disse ela com sarcasmo.
Eu ri e levantei-me do banco. Olhei mais para verificar o Pepe. Ele e o
jukebox ainda estavam fazendo amor um com outro, então eu me foquei de volta
no rosto doce. Não escapou da minha atenção como ela deu um passo para trás
para evitar estar em qualquer espaço pessoal meu.

— Bem, você me aponta o cara que dizer isso hoje, e vou ter certeza que
ele cante uma música diferente.

— Ahhh, você mutilaria alguém por mim? Como é doce.

Senti uma risada borbulhar.

— Presta atenção agora. Eu poderia pensar que você está flertando


comigo.

Ela franziu a testa um pouco, mas ainda conseguiu um pequeno sorriso, e


torceu seu colarinho de novo.

— Eu tenho que voltar ao trabalho.

Eu vi sua pele... que pele macia, palpável. Se eu nunca mais ia vê-la


novamente, o que seria mal? Eu me aproximei, seu peito quase tocando o meu, e
deixei o meu polegar traçar de sua testa, para baixo no nariz, parando em seus
lábios. Eles se separaram sob meu polegar e eu soube então o meu grande erro,
quando eu mal tive sucesso em manter o meu gemido na baia.

Mas ela não precisava saber disso.

Eu deixei meus dedos suavemente em sua mandíbula e abaixei minha


cabeça para a dela. Eu tinha que me deixar ter isto se eu ia ficar longe dela...
apenas uma vez. Meus lábios tocaram sua orelha, ela estremeceu e gemeu em
meu domínio.

— Outra hora, outro lugar, Marley, e isso seria mais do que um adeus.
Não deixe esses idiotas mexerem com você. Você está melhor do que nunca vai
estar. — Fiz uma pausa, mais para mim do que para ela. Eu não queria deixá-la
ir e isso assustou a bagunça sempre amorosa fora de mim. — Tchau, querida.

Quando me inclinei para trás, ela tinha aquele olhar beije-me. Não era
culpa dela. Era só aquele olhar cheio-de-paixão de meninas, que entrava em seus
olhos quando seu corpo respondia a algo prazeroso de uma forma sexual. Ela
provavelmente não estava ciente disso. Eu precisava correr. Agora.

Virei-me para ir e encontrei Pepe amontoado perto da parede. Timing


perfeito. Eu joguei seu braço sobre meu pescoço e levantei-o. Ele riu.

— Jude. Eu senti sua falta, amigo!

— Oh, eu tenho certeza que você sentiu. Diga adeus à sua amante ali.

Ele olhou para o jukebox, infeliz.

— Ela canta para mim todos os dias e não pede nada, apenas vinte e cinco
centavos. Vinte e cinco centavos, Jude! Ela é uma boa garota. Jamais trairia.

— Isso é só porque ela está acorrentada à parede, Pepe.

Eu olhei para trás, esperando encontrar um espaço vazio onde estávamos,


mas ela ainda estava no mesmo lugar. Parecia que ela queria dizer alguma coisa
quando olhou bem nos meus olhos, seus cabelos loiros emoldurando seu rosto
doce, suas botas de cowboy creme e pernas longas. Eu não podia deixá-la.

Eu o levantei para perto e só abrindo a porta quando ouvi. Soou como um


motor, mas não estava parando. Meu instinto chutou em uma fração de segundo
mais tarde, enquanto uma caminhonete vinha quebrando através da lateral do
prédio... indo direto para minha menina de rosto doce.

Eu me movi antes de perceber o que eu estava fazendo. Pepe foi caindo


para trás contra a parede, mas ele estava bem. Marley estava prestes a ser
nada. Seus olhos arregalados me pediram para fazer algo, qualquer coisa,
enquanto eu ia em direção a ela. Tudo estava acontecendo diante dos meus
olhos, como em câmera lenta. Eu não sabia se ia conseguir. Eu ia ter que ver
como ela era atropelada?

Meus pés empurraram mais forte e cheguei a ela, passando os braços ao


redor da cintura e puxando-a para o meu peito. Eu odiava como ela se sentia
como uma boneca de trapo sendo jogada ao redor enquanto demos a volta e
viramos para o chão. Consegui tirar o peso da colisão e grunhi quando algo
apunhalou e cortou em meu ombro direito.

Não havia tempo para se preocupar com isso.


Olhei para a caminhonete, enquanto ela quebrava o bar. Marley
estremeceu e gemeu em meus braços, mas, nem mesmo isso abafou o que eu vi
em seguida.

Biloxi.

Ele me olhou através da janela do passageiro e eu sabia que tínhamos


segundos restantes. Ele se moveu lentamente e tentou abrir a porta, mas estava
bloqueada pelo bar quebrado. Ele pegou a arma que eu conhecia tão bem fora do
bolso do casaco e disparou uma vez, quebrando a janela. Marley gritou quando
percebeu que este não era um acidente onde um idiota caiu no sono na estrada e
colidiu com o primeiro objeto.

Eu rolei e empurrei Marley comigo. Olhei para trás para vê-lo escalando a
alavanca de câmbio no velho Ford para chegar ao outro lado.

Eu me senti mal em deixar Pepe lá, mas ele pegaria uma carona com
certeza agora. Policiais estariam em todo este lugar em algum momento. Corri
com o pulso de Marley na minha mão e foi um murro no estômago o
conhecimento de que ela não tentou uma vez me parar. Ela confiava em mim e
isso era pior do que qualquer outra coisa que eu já senti, porque isso significava
que eu poderia fazê-la morrer se ela ficasse comigo. Eu precisava tirá-la de lá e
depois largá-la no meu caminho para fora da cidade. Não existia nenhuma outra
maneira de mantê-la segura do que isso.

Eu abri a porta do passageiro e levantei-a para ele. Corri para o outro


lado, assim quando eu o vi sair do bar.

— Abaixe-se! — Eu gritei e agarrei sua cabeça, empurrando-a para o


banco muito bruscamente. Eu acelerei e ela derrapou no estacionamento de terra
antes de eu atingir a calçada.

Finalmente, quando ela sentou-se, como esperado, ela disse.

— O que diabos está acontecendo, Jude?

Sua voz já não era da garota forte e cabeça quente que eu estava
conhecendo, agora ela estava tão assustada que sua voz tremia. Eu olhei para ela
e vi sangue na manga de sua camisa.
— Não, o que aconteceu? — Eu gritei e puxei-a para mim desde que eu
não podia encostar. Nós não estávamos fora da mata ainda se ele conseguisse um
carro e nos seguiu.

— Não é comigo. — ela disse suavemente, olhando para mim de forma


estranha. Minha mão estava enrolada em sua coxa onde eu tinha agarrado para
trazê-la do outro lado do banco.

— O que você quer dizer?

— Você está ferido. — Ela engoliu em seco e exalou, sua respiração


patinando na minha bochecha. Seu hálito cheirava a menta do bar. Ela sentou-se
sobre os joelhos no banco e tentou olhar para o meu ombro. A maneira como seu
peito roçou meu braço me teve rangendo os dentes. Em seguida, os arrepios
começaram antes do pico de dor. Lembrei-me agora. E agora que a adrenalina
estava diminuindo, a dor estava vindo para a superfície.

Afastei-lhe a mão.

— Está tudo bem. Não se preocupe com isso.

Ela endureceu seu rosto.

— Você vai me deixar olhar para isso. Você me tirou de lá, enquanto
aquele cara estava disparando uma arma maldita, você está machucado, agora
estamos fugindo de algo... eu não sei o que, mas você vai dizer-me... e
você vai me deixar olhar para isso, então eu posso ver por que há tanto sangue.

Caramba.

— Tudo bem. — eu mordi. O mínimo que ela me tocar melhor, que


seja. Eu estava prestes a deixá-la. Não era como se ela tivesse tempo de me
ajudar de qualquer maneira.

Ela se moveu, com os joelhos tocando minhas coxas enquanto ela se


inclinava sobre mim. Ela puxou a gola da minha camisa e assobiou.

— Deve ter sido cortado pelo guarda sapato no chão do bar. Mark disse
que suas botas estavam rasgando o bar, então ele tinha instalado, mas eu prendi
o meu pé nele algumas vezes. — Ela se inclinou para trás para ver meu rosto. —
É meio afiado. E nojento. Precisamos limpar isso. — Ela olhou para ele
novamente. — Você pode até precisar de pontos.

— Sem pontos porque isso exige hospitais. — Eu continuei a minha busca


de faróis no espelho retrovisor. — Onde você mora? Eu vou deixá-la.

Ela mordeu o lábio, um sinal claro de que eu não ia gostar de sua


resposta.

— Eu não vou para casa. Você precisa de mim para ajudar...

— Você está indo para casa. — eu disse mais alto. — Você não pode ficar
comigo.

— Eu não posso ir para casa. — ela amuou e engoliu em seco. Ela sentou-
se mais ou menos no lugar, não lançando-se sobre isso, ainda estávamos nos
tocando. Ela sussurrou para si mesma: — Oh, ótimo. Eu vou ter que te dizer, não
vou?

— Dizer-me o quê? — Eu lati.

— Vamos apenas ir à farmácia, eu vou consertar você, e então você pode


me deixar na delegacia de polícia ou algo assim. Vou pegar uma carona de lá.

— Eu não vou deixá-la em qualquer lugar, mas em casa à meia-noite.


Onde você mora?

Ela suspirou e arrastou todo o caminho até a porta. Eu queria me socar


por perdê-la. Ela olhou pela janela e soprou uma respiração. Fez uma nuvem
névoa no vidro.

— Marley. — eu incitei.

— Eu moro no meu carro, ok?

Pisquei, olhei para a estrada, e depois pisquei um pouco mais.

— O quê?

— Eu era uma criança adotiva. Eles me chutaram para fora do sistema,


quando eu tinha dezoito anos. Consegui um emprego, mas eu nunca fui capaz de
realmente... me manter. Com o custo das aulas e tudo mais... eu vivo no meu
carro.
O que diabos eu deveria dizer sobre isso? Não havia nenhuma maneira
que eu ia levá-la ir dormir em seu carro quando Biloxi apenas atacava com força
através de seu local de trabalho. Falando nisso, ela estava, provavelmente, fora
de um trabalho agora. Caramba.

Ela zombou.

— O silêncio é o que geralmente acompanha essa pequena confissão. —


Sua risada era sem graça e do jeito que ela agarrou seu colarinho, como se
estivesse pairando sobre a sua vida, fez o meu estômago virar. — Só me deixe no
local mais próximo e eu vou ficar bem.

— Como diabos eu estarei apenas te deixando em algum lugar? — Eu me


ouvi dizer. Eu fechei meus olhos por um segundo ou dois. — Marley... — Eu
suspirei.

— Só me abandone, então. — Ela zombou mais uma vez, como se


estivesse acostumada com as pessoas simplesmente a jogando longe. — Não é
como se você me conhecesse.

— Eu vou abandonar você! — Eu me ouvi rosnar. Segurei mais apertado


o volante, lembrando que isto era para seu próprio bem. — Você está certa. Eu
não te conheço e eu tenho que ir embora. Esse cara... ele está atrás de mim.
Esteve durante o tempo que me lembro. — Ela chicoteou seu olhar de volta para
o meu. — Então, sim, eu estou abandonando você. Tenho que fazer.

Ela balançou a cabeça.

— Uau. O 'Eu sou um espião’, hein? — Ela olhou para mim com
expectativa, como se esperasse que eu dissesse pegadinha ou algo assim. —
Sério? — Eu só olhei para ela e, em seguida, dei volta para a estrada. — Qual é a
próxima? Você é um agente do FBI e eu não posso dizer a ninguém ou você vai ter
que me matar?

Eu só fiquei em silêncio. Apenas não adiantava dizer nada. Ela pensava


que eu era um idiota, então apenas a deixaria pensando isso.

Ela apontou para a janela de uma farmácia antiga.

— Vire aqui.
— Eu disse a você que eu vou ficar bem. — argumentei.

— Vire. Aqui. — ela rosnou com uma voz irritada, rouca. Eu olhei e senti
esse rosnar todo o caminho até meus dedos dos pés. Que diabos estava
acontecendo comigo? Esta menina estava me reduzindo a nada sobre as coisas
mais estúpidas. E ela estava agravando enquanto saía, obviamente, tinha alguns
problemas com o pai que entraria em jogo mais tarde, precisava de alguém para
cuidar dela – que certo como o inferno não ia ser eu - e tinha conseguido me
desarmar em mais formas do que uma depois que ela estragou a minha
caminhonete. A menina estava golpeando cinco por cinco.

Inútil será dizer que eu me virei para a farmácia, estacionando na parte de


trás. Enquanto eu desliguei a ignição, pensei que isso poderia realmente
funcionar a meu favor. Biloxi esperava que eu saísse da cidade o mais rápido
possível, na maioria das vezes, mesmo sem ir ao meu apartamento para pegar
minhas coisas. Eu não possuía muito de qualquer maneira, mas ainda assim.
Virei-me para ela. Ela estava olhando para o meu ombro. A preocupação estava
por todo seu rosto e embora eu não poderia ajudá-la de qualquer outra forma, eu
poderia, pelo menos, deixa-la saber que eu ia ficar bem. Saí rapidamente,
estremecendo quando o corte no meu ombro puxou, e vim para o lado dela. Ela
tinha acabado de abrir a porta. Peguei suas mãos e ajudei-a a descer. Ela
pareceu um pouco surpreendida com o gesto, mas eu simplesmente inclinei-me.

— Tem certeza que você não se machucou?

Ela balançou a cabeça.

— Não, eu estou bem. — Ela começou a andar com a minha mão guiando-
a rapidamente em suas costas. Ela parou e olhou para mim. — Você não é o
culpado, você sabe disso né? — Ela não esperou pela minha resposta. — Quem
quer que seja esse cara que tomou a decisão de fazer esse e outros riscos,
enquanto ele procurava por você. Você não pode se sentir mal que está apenas
tentando sobreviver. — Seus olhos assumiram um olhar distante. Ela disse: —
Você faz um monte de coisas para sobreviver, às vezes coisas que não nos
orgulhamos, mas quando alguém está atrás de você, forçando sua mão? Isso não
é totalmente culpa sua.
Eu não respondi a isso. Qual seria o ponto? Nós entraríamos em um
debate sobre como eu sou um filho da puta, e como ela pensa que eu não sou,
mas eu sei do fundo, do fundo das minhas entranhas que eu sou e mereço tudo o
que acontece para mim, porque eu nasci. Eu sobrecarreguei minha mãe e ela
morreu tentando me salvar. Não... eu não ia fazer isso.

Eu a empurrei para a porta dos fundos. Ela apitou à nossa entrada e eu


procurei ao redor o que precisávamos. E quando eu encontrei, procurei o
funcionário. Ele gritou:

— Estamos fechados! Desculpe.

Ok. Eu ia ter que roubá-lo.

— Tudo bem. Apenas usando o banheiro.

Ele estava na frente, empilhando caixas de doces, cantarolando enquanto


trabalhava. Eu levei um pacote de gaze e as empilhei em meus braços,
juntamente com antisséptico e algumas bandagens borboleta e fita. Eu não sabia
o quão ruim era realmente, mas doía como uma mãe.

Eu empurrei Marley para o menor banheiro conhecido pelo homem nos


fundos e tranquei-o atrás de nós. Ela olhou ao redor perplexa, mas antes que ela
pudesse responder, eu expliquei.

— Apenas no caso de que precisamos de algo mais. Caso contrário


teríamos que sair daqui.

Ela assentiu com a cabeça, voltando a encostar na pia quando comecei a


retirar a camisa, mas a dor foi rapidamente perseguindo minha respiração em
minhas veias. Foi tudo me batendo enquanto eu fui mais devagar. Este não era
um corte pequeno e eu tinha certeza de que, provavelmente, precisava de pontos,
como Marley tinha dito.

— Deixe-me fazer isso. — ela disse suavemente e começou a empurrar


minha camisa rasgada do meu ombro. Eu fiz uma careta e amaldiçoei
baixinho. — Desculpe. — disse ela com sinceridade.

— Está tudo bem. Apenas faça. — eu disse rispidamente.


Ela empurrou-a para baixo rapidamente e tudo que eu fiquei foi com a
minha regata preta. Ela olhou para a camisa e jogou-a na lata de lixo antes de
voltar, buscando a ferida com os olhos. Eu me encostei na porta quando ela abriu
o peróxido. Ela pegou meu braço e me inclinou sobre a pia antes de derramar o
líquido de congelamento sobre a minha pele. Eu sei que eles dizem que o peróxido
não é suposto arder, mas doeu tanto que eu assobiei por entre os dentes. Em
seguida, as bolhas começaram e parecia que minha pele estava fervendo.

— Puxa, Jude. — ela sussurrou. Se eu não estivesse com tanta dor, eu


teria pensado que era adorável. — Quanto mais bolhas, mais germes. Eu lhe
disse que aquele guarda sapato é nojento.

— Eu acredito em você. — Eu esguichei. — Só conserte... por favor.

— Uau. — ela comentou e derramou mais um pouco do líquido do mal no


meu ombro. — Um por favor e tudo mais.

Eu não disse nada, e quando ela começou a alisar e limpar a ferida, eu só


me pendurei na pia e orei para que isso fosse breve. Ela me disse para inclinar-
me para trás no balcão. Ela colocou bandagens em borboleta, e antes mesmo de
ela dizer que eu precisava de pontos e que isso não ia segurar por muito tempo,
eu já sabia disso. Eu balancei minha cabeça.

— Vai ter que segurar por agora.

Ela colocou o curativo e fita em volta do meu ombro, segurando tudo no


lugar, certificando-se que estava apertado. Ela estava encostada em mim, seu
quadril descansando na minha coxa quando ela chegou no meu ombro e nas
costas. Eu podia ouvir cada respiração, ver todos os cabelos delicadamente fora
do lugar que escaparam de seu rabo de cavalo, cada pequena sarda na pele dela
que estava lá para minha leitura enquanto ela trabalhava em mim.

Ela não era bonita na maneira super óbvia, como a chefe de torcida ou
Miss América. Ela não era de falsa aparência. Seu bronzeado era todo natural, o
cabelo dela era loiro, porque Deus o fez assim, e os quadris e as pernas eram
cheios e voluptuosos porque ela comia como um ser humano e não tinha medo de
carne como algumas meninas que eu tinha conhecido. Então eu percebi que
todas as minhas suposições poderiam estar completamente fora, mas eu não
pensava assim.

Eu queria saber se eu estava certo ou não. Enquanto eu a cheirava ali


mesmo ao meu lado, eu queria saber se ela era uma Barbie debaixo da menina
que eu via diante de mim, ou se ela realmente era a garota que eu esperava.

Ela inclinou-se para trás e olhou nos meus olhos, toda interessada e
genuína.

— Está muito apertado? Está ok?

Eu estava perdendo minha mente maldita.

— Está tudo bem, Marley. — Uma pausa muito longa. — Obrigado.

Ela lambeu os lábios.

— Eu só sei que você vai estar sofrendo mais tarde.

— Não posso me preocupar com isso agora. Aqui. — Eu peguei sua manga
na minha mão e rasguei-a ao longo da costura, e depois me movi para a próxima.

— Hum... o que você está fazendo? — ela perguntou, enquanto observava


eu rasgando as mangas de sua camiseta.

— Você tinha sangue em sua manga. — eu expliquei rasguei uma vez


mais. — Lá. Agora ninguém vai pensar em nada disso.

Olhou-se no espelho.

— Eu não teria pensado nisso. Você é muito astuto. — Ela me olhou no


espelho atrás dela. — Obrigada.

— Não quero que alguém pense que eu bati em você ou algo assim. — eu
disse, e apertei a mão dela, arrastando-a comigo para fora do banheiro para a
porta dos fundos da loja. Eu gritei: — Obrigado, senhor!

— Tenha um bom dia! — ele disse de volta com um aceno cego.

Eu vi Marley pegar uma garrafa grande de Ibuprofeno e algumas outras


coisas antes de chegarmos à saída. Nós pulamos na caminhonete e eu tranquei
as portas.
Eu nos dirigi para uma lanchonete na orla da cidade, estacionei na parte
de trás, e entrei para esperar Biloxi. Eu queria ver se ele fugia da cidade antes de
mim. Eu peguei o meu boné de trás do assento e teci meu caminho para a cabine
atrás do jukebox, onde não podia ser visto. Eu sabia que estava chamando a
atenção com o meu braço todo enfaixado, mas desde que não era a atenção
errada, eu não dei duas merdas.

Ela estendeu a mão e esperou. Eu coloquei a minha sob a dela, e quatro


comprimidos marrons pequenos caíram nela.

— Tome. — ela ordenou. Novamente, minhas entranhas se contorceram e


agitaram. Por que inferno o excitava tanto receber ordens dessa garotinha?

Eu os lancei na boca, levantei o copo de água aos meus lábios e engoli. Eu


até abri minha boca para mostrar a ela que eles tinham ido embora, como eles
fazem você fazer em hospitais. Ou, então eu percebi. Eu nunca tinha ido a
um. Só vi isso na TV.

Ela sentou perto de mim e enquanto eu fingia olhar para o menu, eu a


observei. Ela tinha acabado de me seguir na lanchonete, sombreando meus
passos e parecendo derrotada. Seus lábios se moviam, como se estivesse
mordendo o interior de seu lábio nervosamente. Seus olhos olhavam para a mesa
que não combinava com qualquer outra coisa no lugar. Um trabalho de
decoração mal feito por todo inferno. Seus dedos rolaram uma caneta preta que
foi deixada para trás em cima da mesa. Culpa tomou minhas entranhas e as
apertou.

Eu não podia levá-la comigo. Eu simplesmente não podia. Ela seria morta
e eu teria outra morte feminina na minha consciência. Então, depois que um
pouco de tempo passasse, eu iria levá-la até o carro dela, contra o meu melhor
julgamento. Eu estava pegando o menor de dois males, você poderia dizer.

Inclinei-me tentando apanhar o olhar dela.

— Eu sinto muito que você foi arrastada para isso.

Seu rosto permaneceu o mesmo, mas os olhos vieram para mim. — Ainda
vamos com essa história maluca, né?
— É a única história que eu tenho. — Abri o menu novamente e fingi que
não havia queijo ou algum outro subproduto preso às páginas.

— Você quer alguma coisa?

Ela olhou para mim.

— O quê? Pobre menina sem-teto não pode comprar um sanduíche de


peru?

— Eu quero comer. Tudo o que eu estava fazendo era perguntando se você


queria, também. Pague por conta própria, eu não dou a... — Eu suspirei. — Que
seja. Basta considerar isso um presente de agradecimento, de despedida e deixe-
me pagar o jantar.

Ela não disse nada. A garçonete veio e perguntou o que queríamos para
beber e se estávamos prontos. Eu balancei a cabeça, sem me preocupar em
perguntar a Marley.

— Eu vou tomar um chá doce, o maior hambúrguer que você tem, e


pimentão frito. Obrigado, querida.

Ela piscou.

— E você, querida? — ela perguntou para Marley.

Marley apenas olhou para a mesa, sem sequer olhar para o menu, e disse:

— Um copo grande de suco de laranja, um lado de feijão verde, um lado


de frutas e um BLT no trigo, tomate e bacon adicional extra, por favor.

A garçonete apenas balançou a cabeça e saiu. Eu olhei para a menina na


minha frente. Que inferno de tipo de pedido foi esse?

— O quê? Por que você se importa com o que eu como?

Eu tinha dito isso em voz alta?

— Uh... só estranho, é tudo.

— Eu gosto de equilibrar minhas refeições.

Ficamos em silêncio até que a comida veio e eu assisti com fascínio


estupefato quando ela pegou seu feijão verde com batatas fritas e comeu-os com
os dedos. Então ela fez o mesmo com um pedaço de fruta. Então ela fez o mesmo
com seu sanduíche, escolhendo o tomate fora do pão e devorando-o, lambendo os
dedos.

Eu nunca estive tão excitado por uma fatia de tomate antes. Eu cerrei os
dentes e tentei desviar o olhar, mas depois ela pegou outro feijão verde e
mordiscou-o. Mordiscou-o! Mesmo eu ouvi meu rugido quando eu me inclinei
para trás em meu assento. Meu ombro bateu na madeira atrás de mim. Eu me
encolhi e cerrei os dentes.

— Há um garfo lá. — eu disse.

— Eu não uso garfos.

— Tem um problema com a prata? É uma criança da lua e eu


simplesmente não sabia?

Ela zombou.

— Ha. Maluco. Ha. Não, eu só... nada.

— O quê? Você pode me sobrecarregar com o seu segredo. Eu nunca mais


vou vê-la novamente de qualquer maneira.

Ela olhou para mim.

— Você está realmente indo embora? Como, para o bem?

— Estou realmente indo embora. Tenho que ir. — Eu dei uma mordida
monstro no meu hambúrguer.

Ela engoliu em seco e piscou.

— Você é tão indiferente sobre isso. Como se isso nem mesmo importasse.

— Não importa. Já fiz isso tantas vezes... Eu não posso nem contar.

Ela assentiu com a cabeça, pensativa.

— Eu me mudei muito, também, mas eu nunca fui tão feliz como você é.

— Eu não estou feliz com isso. É apenas algo que eu sempre tive que
fazer.
— Tudo sozinho? — ela questionou. Ela mordiscou aquele feijão verde...
mordiscou...

— Nem sempre. — Eu dei-lhe um olhar que dizia tudo. — E não, eu não


quero falar sobre isso.

— Hmmm... — ela murmurou. — Ela deve ter sido uma grande garota.

Eu parei. Meus olhos encontraram os dela. Eu sabia que ela estava


sondando e devia dizer a ela para se danar, mas... Eu queria dizer a ela. Falei
baixinho, esperando que a amargura em mim não fosse assustá-la.

— Minha mãe fez de tudo para me manter a salvo deles... até mesmo deu
a vida.

Ela parou de mordiscar e olhou. Seus olhos começaram a encher um


pouco. Apenas o suficiente para me fazer ver que era absolutamente genuíno e
ela estava com o coração partido por mim.

— Estou tão triste.... — Ela balançou a cabeça e olhou para a mesa,


correndo o dedo sobre um nome esculpido na madeira. — Eu sei que é ridículo
quando as pessoas dizem isso, mas eu não sei mais o que dizer. — Eu comecei a
falar, mas ela olhou para cima e meu pulso bateu em meus ouvidos com o olhar
que ela estava me dando. — Eu entendo agora. Eu entendo por que você está tão
cansado e apenas empurra as pessoas, você não deixa ninguém entrar, porque
você está com medo de que por ficar ligado a você, vai ser arrastado para baixo
com você.

Maldita menina perceptiva...

— Então você acredita em mim agora, sobre estar em fuga?

— Realmente não importa, Jude. Você está em fuga em seu coração e


nada que eu diga ou faça pode mudar isso.

Eu quase zombei. Quase.

— Coma seus feijões, Marley. — Eu sorri lentamente e balancei a


cabeça. — Nós precisamos ir.

Ela sorriu também. Um pequeno e tímido sorriso que dizia que ela não
sabia por que eu estava sorrindo, mas ela simplesmente não podia deixar de
responder. Ela comeu todo o prato, cada bocado, e nunca tocou seu garfo. Esses
feijões verdes eram meus inimigos e enquanto eu a assisti, e sim, eu assisti, ela
estava completamente inconsciente.

Quando terminamos, eu paguei e Marley não colocou uma luta como eu


pensei que faria. Gostaria de saber quantas mensalidades ela ainda teria
sobrando. Eu não poderia imaginar quanto seria. A única classe que eu peguei
custava uma pequena fortuna por conta própria.

Eu chequei ao redor e então a reboquei para a caminhonete


rapidamente. Levantei-a para dentro e corri para o meu lado. Meu braço estava
latejando, mesmo depois de tomar os comprimidos. Eu estava tentando escondê-
lo, porque se eu dissesse a ela o quanto doía, ela não iria partir e eu era incapaz
de fazê-la ir embora.

Eu dirigi com cuidado, meu chapéu puxado para baixo sobre a minha
testa. A chave era não ficar girando a cabeça à procura, o que era suspeito, ela foi
para a frente e deixou seus olhos vagarem. Quando chegamos de volta ao bar, eu
estava um pouco preocupado. Meus dedos brancos doíam de seu aperto no
volante enquanto passamos da linha das árvores e vimos o bar demolido. Marley
suspirou e colou-se à sua janela para conseguir um melhor olhar. Eu balancei
minha cabeça. Biloxi cuidava por ninguém ou nada. Eu ia descobrir um dia o que
ele queria de mim. O que era tão malditamente importante que ele arriscaria
matar pessoas para isso? Por mim?

E então eu o vi. Os policiais e bombeiros andavam sob as luzes zumbindo


de todas as cores, mas era o homem buscando através de carro de Marley, que
tinha a minha atenção.

Biloxi.

— Inferno. — eu esguichei em um sussurro furioso.

— O quê? O qu...-— Ela o viu e parou. — Por que eles estão olhando
através do meu carro? — Ela olhou para mim e acreditou agora. — Esse é o cara?

— Sim.

— Mas por que...


— Porque eu levei você comigo? — Eu me perguntei em voz alta. — Deus,
Marley... — O que eu tinha feito? Era tarde demais para salvá-la. — Eu sinto
muito. Pensei que estava a mantendo segura por levá-la comigo, mas eu estava
errado. Agora ele acha que pode chegar até mim através de você. Ele sabe quem
você é agora.

— Não é como se eu tivesse um endereço em que ele pudesse me


encontrar, Jude.

— Qual endereço que você deu ao bar quando solicitou?

Ela parecia envergonhada e colocou o cabelo atrás da orelha.

— Esta pequena casa abandonada em Oxford. Mas está tudo trancado.


Nunca dormi lá ou qualquer coisa.

Biloxi bateu a porta de seu carro com raiva e, em seguida, pulou na


frente. Em nenhum momento, ele tinha estourado, sem o conhecimento dos
policiais que estavam preocupados, e estava girando o cascalho e saindo da porta
dos fundos.

Isso clicou. Eu tinha uma ideia de onde o filho da puta estava indo e
assim, eu o segui lentamente. Quando chegamos a Oxford Street, eu desacelerei
ainda mais. Biloxi estava lá, fora do carro já, e eu esperei para ele ir bater e
interrogar Marley, pois ele imaginava que ou ela estava lá ou que estávamos
escondidos lá.

Em vez disso, ele puxou a arma que eu conhecia muito bem de dentro de
sua jaqueta, o silenciador na ponta tornando-se saliente, e abriu fogo contra a
suposta casa de Marley.

Eu olhei em choque. Ele não estava indo interrogá-la para me


encontrar? Ele estava indo matá-la? Mas... por que ele não iria tentar me atrair
de volta com ela, ou mantê-la refém para me fazer voltar? Minha caminhonete
não estava lá... ele sabia que eu não estava lá com ela... Ele sabia que saímos
juntos...

Algo não estava somando. O que diabos ele quer com Marley?
O tremor em meu lado foi registrado tarde demais. Olhei para ela. Ela
estava pressionada ao meu lado, os olhos arregalados quando viu esse homem
demolir sua suposta casa. Não era a casa que foi perturbador, era o fato de que
ele, obviamente, pensava que ela estava lá dentro.

O soluço parecia estar preso em sua garganta e sua respiração era


irregular. Seus dedos estavam envoltos em minha camisa e ela estava suspensa
para a vida.

Veja, isso era o que eu estava falando. Eu não sabia como cuidar de
alguém. Eu não era capaz de fazer e de ser todas as coisas que uma garota como
ela precisava de mim. Mas eu puxei meu braço ao redor dela, ignorando a
ardência e dor por mover a ferida. Ela derreteu no meu lado e ficou tão perto
como ela poderia ficar, mas ela não conseguia desviar o olhar. Eu puxei o rosto
dela com a minha outra mão, mantendo o braço firmemente ao redor dela. Ela
parecia selvagem e desequilibrada.

— Esconde aqui. — eu disse a ela suavemente e puxei seu rosto para o


meu pescoço. — Você não precisa ver isso.

Com o rosto pressionado na minha pele, eu lentamente nos desloquei para


baixo na rua, Biloxi não era o mais sábio.

Droga, droga, droga.

Eu nem sabia o que dizer. Eu estava tão zangado com ela logo em seguida
por, de repente, tornar-se o meu problema.

Mas ela era tão vulnerável e aberta e sozinha e crua. Não parecia bem ser
o cara que eu sempre era com ela. Mas eu tinha que ser, para o bem dela. Então,
tudo bem. Nós fugiríamos da cidade e então eu encontraria para ela algum lugar
para ir e... Nós cruzaríamos essa ponte quando chegarmos a isso. Por enquanto,
eu só dirigia e tentava lembrar que a menina no banco não era a minha menina e
que ela queria o meu conforto, a linha foi desenhada ali.

E eu me recusava a atravessá-la.
Amanheceu sobre a estrada enquanto nós marchávamos até a próxima
cidade. Ela estava dormindo no banco, deitada como uma criança na posição
fetal. Tentei seguir a linha entre excesso de velocidade e seguindo a lei, porque eu
sabia que precisávamos ter o inferno fora do rodeio, mas também precisávamos
não ficar parados. Imaginei que Biloxi estava atrás de mim em algum lugar,
aproximando-se como ele sempre estava. Havia quatro principais estradas
naquela cidade, e esperava que ele tivesse escolhido a errada e fosse à cem
quilômetros por hora na direção errada.

Mas desde quando a sorte estava do meu lado?

Olhei para Marley e fiquei com raiva de novo. Agora eu tinha essa menina
para cuidar. Era sempre eu depois que minha mãe morreu. Eu nunca sequer tive
uma vaga ideia de adicionar alguém à mistura. Agora, quando Marley fosse ferida
ou morta por causa disso, eu teria outra morte na minha consciência.

Que tragédia maldita que eu tinha caído. Garoto encontra garota, menina
faz menino perguntar tudo por uma fração de segundo, menino recebe menina
morta. Eu não gostava do som disso. Então, embora eu soubesse que estava
sendo clichê e acabaria por magoá-la, eu sabia o que tinha que fazer. Eu tinha
que fazê-la ver que era uma boa ideia ficar longe de mim. Eu poderia ajudá-la a
se estabelecer em outro lugar e, em seguida, fugir da cidade o mais rápido que eu
pudesse.

Ser odiado não era a parte mais difícil. Ele estava morando comigo mesmo
quando já era tarde demais.

***

— Um quarto, por favor. — eu esguichei. Eu não ousava olhar em torno


do lugar porque eu sabia que o filme do lamaçal e fedor faria apenas me
arrepender de parar. Mas a $ 39,99 por noite, você não poderia realmente ser
exigente. Ambos precisávamos dormir e tomar um banho antes de começarmos
na estrada novamente. Eu tinha certeza de que teríamos que começar o desbaste,
em algum momento, mas esperançosamente ela teria ido até lá.

— Somente em dinheiro. — respondeu o homem estupidamente e olhou


para o meu pescoço, não meu rosto. — Temos muitos problemas com cartões
roubados e taxas bancárias.

— Isso é tudo que eu tenho de modo que é simplesmente perfeito, não é?


— Eu entreguei a ele e queria apertar minha cabeça. Não era segredo que estes
antros pague-pelas-horas eram obscuros e ainda assim eles queriam manter a
pretensão de civilidade e decoro.

— Aqui está a sua chave. — E era. O chaveiro rachado de plástico tinha o


número treze nele e dele pendia uma chave enferrujada e antiga.

— Obrigado.

— Checkout é às dez, bem cedo.

— Ok.

Abri a porta de vidro, rebocando uma Marley em silêncio atrás de mim,


porque não havia nenhuma maneira que eu estava deixando-a sozinha, e subi na
caminhonete. Estacionamos em frente ao nosso quarto e entramos. Nós não
tínhamos malas, mas eu consertaria isso amanhã e a levaria ao Boa Vontade
mais próximo. O quarto era tudo o que eu imaginava que seria. Marley não era,
obviamente, uma frequentadora desses tipos de estabelecimentos, porque ela
olhou em volta e engasgou um pouco quando viu o cinzeiro cheio de pontas sobre
a mesa.

— Está tudo bem. — assegurei a ela. — Nós vamos dormir com nossas
roupas e sair na primeira hora da manhã.

Eu fechei a porta e fui direto para o banheiro. Levantei a camisa fora do


meu corpo, segurando meu gemido de agonia, arranquei o curativo, e dei a minha
primeira boa olhada na ferida. Parecia bastante desagradável, e embora eu fosse
cético de que a água do hotel ajudaria no departamento de gangrena, retirei a
minha calça em seguida e regulei a água para escaldante.

Eu estive no chuveiro por vários longos minutos antes de sair. Meu ombro
estava pulsando de uma forma ruim e eu não tinha nada para ele. Fiquei ali
secando no ar do banheiro sujo e me perguntei o que diabos ia fazer. Eu tinha
meu pequeno estoque de dinheiro que eu sempre mantive em mim, mas o resto
estava em meu apartamento. Eu me perguntei se valia a pena voltar por ele. Era
forte o suficiente para cuidar de mim. Mais alguns dias de refeições e hotéis, e os
meus bolsos estariam secos.

Eu joguei minhas roupas de volta e saí para dizer a ela que precisávamos
tentar economizar o máximo possível e comer algo pequeno e barato hoje à noite,
mas o quarto estava vazio. Minha respiração prendeu na garganta.

— Marley? — Chamei.

Quando ela não respondeu, eu fugi para a porta e abri-a, apenas para
encontrar uma Marley surpresa. Seus braços estavam cheios de ataduras,
aspirina, e peróxido. Ela ainda tinha dois sanduíches e duas garrafas de suco de
maçã. Puxei-a para dentro e fechei a porta, trancando-a antes de virar e olhar
para essa maldita menina linda. Ela tinha o meu boné colocado.

— Que diabos você está fazendo? — Eu rugi.

Ela se afastou, como se surpresa com a minha resposta. Como se ela não
conseguisse entender por que eu estaria chateado? Expliquei-lhe que estávamos
sendo seguidos, ela tinha visto com seus próprios olhos azuis lindos que ele
atirou em sua casa, e ela sabia que estávamos fugindo e tomando cuidado, então
por que...

— Sinto muito. — ela sussurrou. — Eu pensei que...

— Que parte de nós estamos em fuga você não entende?

— Eu sei disso, mas eu estava com fome, então sabia que estaria,
também...

— Eu posso lidar com isso. Você nunca mais faça isso de novo. — Eu
levantei minhas mãos em frustração, meus dedos roçando as telhas do teto
barato. — Eu estou em uma perda no que posso te dizer agora. Eu não posso
nem ir tomar um banho e confiar em você para se sentar quieta porque no
segundo que faço, você foge por um lanche?

Minha respiração estava louca, a ferida nas costas doendo e pulsando com
raiva. Ela olhou como se eu a tivesse golpeado. Esperei por ela se defender, e
quando eu finalmente vi a dureza vir sobre ela, eu me preparei para uma luta.

— Nossa, você está tão cansado, Jude.

— Isso não é nada novo.

— Eu só estava tentando...

— Basta parar.

— Você não é o líder desta equipe. Eu não sei por que você acha...

— Chega. — eu rosnei, recostando-me contra a porta. Estremeci quando


meu ombro protestou. — Se você está comigo, não pode simplesmente sair
quando lhe apetecer. Já tenho você na minha consciência. Não vamos adicionar a
sua morte para ela.

Seu peito esvaziou, como se ela segurasse um fôlego para dizer alguma
coisa e decidiu contra isso. Ela estava ali, seu rosto doce vestindo um olhar
cansado que machucou meu peito.

Eu olhei, realmente olhei, para as coisas em seus braços. Caramba... Era


tudo para mim. Ela correu e pegou o material para voltar a vestir o meu curativo
e os comprimidos da caminhonete para me levar. E algo para comer. Eu fechei
meus olhos apertados.

— Marley, eu sinto muito.

— Você está certo. — Ela olhou para a minha cara. Ela parecia
desapontada mais do que qualquer outra coisa. — Aqui. Isto é para você. Eu não
vou sair sem o seu consentimento de novo.

Ela jogou tudo em uma pilha em cima da cama e bateu a porta do


banheiro atrás de si. Virei-me e bati minha testa contra a porta duas vezes. Eu
estava tão fora de contato com as pessoas que esqueci de como lidar com elas,
quando não estava usando-as para um propósito.

Uau, o que ser um tolo me fazia.

Eu esperei para ela sair. Eu sabia que bater não ajudaria. Eu ouvi a água
correndo e tentei empurrar a imagem dela estando nua atrás daquela porta de
madeira para fora da minha mente. Eu tinha que lembrar o que eu estava
fazendo, salvando-a. Eu estava salvando-a, mantendo-a à distância.

Tirei meus sapatos, mas deixei minhas meias, e caí sobre a cama. Havia
apenas três canais - um que aparentemente não era amigo das orelhas de coelho
no topo da TV. Então, eu assisti a notícia e comi o sanduíche de salada de ovo
que ela me pegou, e depois engoli o suco também.

Ela saiu, seu cabelo loiro molhado e em linha reta. Eu não desviei o
olhar. Eu queria que ela visse que eu estava arrependido.

— O sanduíche estava bom. Obrigado.

Ela olhou para mim por um minuto, seus sapatos em seus braços, antes
de finalmente dizer:

— De nada. Eu estava apenas tentando ajudar.

— Eu sei. — eu admiti baixo e me levantei. Eu andei até ela e tirei os


sapatos de seus braços, jogando-os na pilha no chão com os meus. — Eu só não
quero que nada aconteça com você, principalmente porque você está nessa
confusão por minha causa. Você pode imaginar o que eu sentiria se estivesse
ferida e fosse tudo culpa minha?
O rosto dela caiu um pouco.

— Eu não estava olhando para isso assim. Só achei que você precisava
descansar e que eu poderia voltar antes que você saísse do chuveiro.

— Eu entendo. — eu disse. E entendia. — Eu estava pensando que


poderíamos chegar tão longe quanto pudermos amanhã e depois achar para você
um lugar para ficar. Você não pode voltar atrás, sabe disso, né?

— Você vai... me deixar em algum lugar? — Ela perguntou em um tom


alto, incrédulo, antes de acenar e virar. — É claro, sim.

— É muito perigoso ficar comigo. Além disso, eu tenho certeza que você
está pronta para ter sua vida de volta ao normal.

— Normal. — ela zombou. — Sem casa é o novo normal, né? — Ela ainda
estava de frente para a parede.

— Eu vou ter você estabelecida em algum lugar e depois vamos arranjar


um emprego. Vai ficar tudo bem. Posso ajudá-la a encontrar uma casa antes de
eu ir embora.

— E as minhas aulas? — Ela finalmente se virou e eu desejava que não


tivesse. Suas bochechas estavam cheias de lágrimas, com o rosto cheio de
tristeza. — Eu trabalhei tão duro, sacrifiquei um lugar para viver, apenas para
que eu pudesse terminar a escola e encontrar um trabalho que iria fazer com que
eu nunca tivesse que me perguntar o que ia comer de novo. Nunca não ter um
lugar para ir novamente. Nunca ter que depender de ninguém para nada, nunca
mais. Você está dizendo que eu não posso nunca voltar? Que todo aquele tempo e
dinheiro foi gasto... para nada?

Oh, não... O que eu tinha feito? Eu não tinha acabado de colocá-la em


perigo, não. Não, isso era muito pior. Eu tinha arruinado sua vida. Ela estava
certa. Ela nunca poderia voltar, nunca transferir para outra faculdade com seu
nome, o que significava que ela não poderia transferir seus créditos. Ela tinha de
se tornar outra pessoa. Ele a encontraria. Tudo porque ele a usou para chegar
até mim. Tudo por causa de mim...

— Oh, meu Deus... Marley. Sinto muito.


— Jude. — ela implorou: — Por favor, não diga que eu não posso terminar
a faculdade.

— Você não pode. Sinto muito. Estou mais triste do que você jamais
saberá. — Virei-me com uma risada que não foi nada bem-humorada. — Veja, é
por isso que eu não fico com as pessoas. Eu não posso. Elas se machucam, elas
se arruínam, a vida é destruída, elas morrem por causa de mim. Se você nunca
tivesse me conhecido, não estaria nessa bagunça agora. Você poderia continuar a
fazer o que estava fazendo, terminar a faculdade, e nunca saberia de nada,
apenas a sua vida.

— Não. — ela argumentou. Eu não me virei. — Não é sua culpa que ele
está fazendo isso.

— É, praticamente. — Olhei por cima do meu ombro. — Lamento apenas


não ser o suficiente, mas eu sinto muito.

Eu pisei em minhas botas, nem mesmo as amarrando, e fui para a porta.

— Onde você está indo? — perguntou ela, pânico revestindo suas


palavras.

— Sair. — eu corri para fora. Sabia que estava sendo um idiota, mas eu
precisava ficar longe dela. Ela estava me causando dores nas entranhas saber o
que eu tinha feito com ela, e eu não estava acostumado a me preocupar com...
nada. — Hospede-se no quarto e tranque a porta.

— Jude. — protestou ela. — Vamos lá...

— Fique no quarto. — eu repeti antes de bater a porta. Esperei ali,


escutando, para que ela fechasse a trava. Quando ouvi isso, desci as escadas até
o bar que eu tinha visto no caminho.

Sim. Estava prestes a ser uma noite clichê em tudo. Eu ia ficar mais
bêbado do que bêbado, porque eu não poderia lidar com o que ela estava me
dizendo. Foi estúpido. Eu era estúpido.

Eu estava com o coração partido por ela, com o coração partido que ela
teve que cruzar o meu caminho.
***

— Outro. — eu pedi e não dei atenção ao insulto. Ele me deu uma


olhada. O olhar que queria dizer, você está prestes a ser eliminado, amigo. —
Outro. — disse eu, mais forte.

Ele revirou os olhos e derramou o líquido âmbar no meu copo. O bar era
um antro do melhor tipo. Sujo, bebida barata, e ninguém se importava com o que
ninguém estava fazendo, apenas eles mesmos. Exceto a mulher atualmente
roçando meu cabelo. Olhei para ela. Eu não tinha lhe dito uma palavra, mas aqui
ela se sentou, tentando ver se poderia ter sorte comigo esta noite.

Se eu quisesse enviar Marley para as colinas, seria uma boa maneira


danada para fazer isso.

Eu tirei a mão dela e tomei a minha última dose. Senti agitar em meu
interior, mas o álcool estava ajudando a dor no ombro. Isso foi um plus. O
jukebox estava tocando country, alguma coisa ou outra. Havia uma garota
dançando no bar com shorts jeans curto e botas de cowboy, como Marley. A visão
de Marley lá em cima fazendo aquela dança...

Não.

Virei-me para a garota sem nome e sorri.

— Ei, querida. — Ela sorriu. — O que você está fazendo em um lugar


como este?

— Olhando para você, doçura. — disse ela, doce como a sacarina. Seus
olhos vagaram minha cicatriz antes que seus dedos fizessem. Ela fez
um Hmm hum e ronronou: — Sua cicatriz é muito excitante.

— É mesmo. — arrastei, embora os dentes estivessem cerrados. Senti sua


mão no meu braço e estremeci quando me puxou.

— Leve-me para o seu quarto. — ela sussurrou em meu ouvido. Ela


cheirava como alguma coisa de baunilha. Eu quase balancei minha cabeça. Ela
era bonita e cheirava bem, e não tinha negócios em um lugar como este se
entregar a qualquer homem, dessa forma. Ela chegou mais perto, pressionando
os lábios com gloss ao meu ouvido. — Leve-me ao seu quarto.

Eu deveria fazer isso. Eu devia fazer para ter certeza de que Marley não
tinha quaisquer problemas em ficar longe de mim enquanto era tempo. Eu
deveria ir até lá e fazer uma cena, então Marley saberia que eu era um cara mau.

Eu deveria fazer isso...

— Tudo bem. — eu disse lentamente. — Vamos lá.

— Você tem um guia, amigo. — o bartender latiu.

— Eu vou buscá-lo pela manhã.

— Você vai buscá-lo agora.

Foi então que me lembrei de como eu era estúpido. Mal tinha dinheiro
para comprar comida e agora eu estava bebendo o dinheiro. Eu estava me
tornando uma verdadeira joia estes dias. Joguei o dinheiro no bar e o ouvi
resmungar sobre a falta de gorjeta. A menina jogou meu braço por cima do seu
ombro. Eu tinha certeza que ela podia ver como eu estava perdido, mas também
tinha certeza de que ela não se importava.

Minha mente estava em branco enquanto fizemos o nosso caminho para o


quarto. Quando paramos na porta foi quando meu cérebro decidiu começar a
trabalhar novamente. Eu não bati ou usei a minha chave. Virei-me para a
menina e abri minha boca para dizer-lhe que isso não ia acontecer.

Por mais que eu quisesse afastar Marley para seu próprio bem, então ela
iria embora, eu tinha feito danos suficientes esta noite. Mas a porta abriu-se às
pressas e uma Marley preocupada saiu... só para dar um passo atrás, como se eu
tivesse batido nela. Então, meus lábios estavam sendo duramente pressionados
por outra pessoa e levou um segundo para perceber o que estava
acontecendo. Eu empurrei um pouco para trás, mas a menina se pendurou
apertado antes de arrastar seu rosto ao longo do meu meu ouvido e sussurrar: —
Você pega mulheres em bares? Traidores são bastardos. Espero que ela deixe sua
pena para trás.

Eu ri.
— Agora, querida...

Ela se inclinou para trás e sorriu.

— Obrigada por isso, baby. Se quiser outra rapidinha no banheiro, você


vem me encontrar.

Então, ela se afastou, totalmente pensando que tinha arruinado minha


relação com o seu pequeno show de infidelidade. Eu estava realmente
impressionado.

Mas quando eu olhei de volta para Marley, eu não estava mais


impressionado. Ela tinha aquele olhar em seu rosto... Eu tinha visto em algum
lugar antes. Estava ali mesmo na ponta do meu cérebro, mas não queria vir. Ela
andou para trás no quarto e bateu a porta quase fechada quando entrou. Segui.

— Marley, isso não era o que parecia.

Ela riu tristemente.

— E se fosse? Nós não somos um casal. Eu não me importo se você pegar


cada vadiazinha deste hotel.

— Eu não quis transar com ela. Eu ia fingir... ou algo assim. — Meu


cérebro nebuloso estava feito para a noite. — Eu estava trazendo ela aqui, mas
você abriu a porta antes que eu pudesse dizer-lhe que não e então ela me beijou
para se vingar de mim por ser um traidor.

— O quê? — perguntou ela. — Você está enrolando tanto que eu não


posso compreendê-lo.

— Eu não quis transar com ela. Estava indo...

— Sem toda essa lengalenga de novo. — ela gemeu. — E você vai parar de
dizer transar com ela. — Ela agarrou meu braço e me fez sentar-se na cama. O
quarto girou e a cama segurou minha queda. — Nossa, você está tão bêbado. —
Ela parecia desapontada. Eu continuava decepcionando-a. Tudo o que eu queria
fazer era protegê-la, mas continuava machucando-a. — Vamos tirar seus sapatos.

Senti ela arrancá-los e o baque no chão.


Ela se inclinou sobre mim e senti o seu cheiro. Esse cheiro limpo, de
xampu. Ela tocou em um ponto no meu pescoço e suspirou.

— Vamos lá. — ela ordenou. — É para o banheiro que nós vamos.

Ela jogou meu braço em volta de seus ombros e nos arrastamos para o
banheiro sujo. Ficamos na frente do espelho, a luz piscando com o seu último
suspiro acima de nós, mas mesmo assim, eu ainda podia vê-la. Ainda ver a única
coisa que tinha feito Marley suspirar. Em algum momento, a garota-sem-nome
deve ter beijado o lado do meu pescoço com seu batom vermelho brilhante. Havia
uma marca clara lá. Eu também tinha um pouco nos meus lábios. Debrucei-me
sobre a pia, sentindo-me doente. Virei a água e coloquei um pouco de sabão na
minha mão, esfregando o local e depois a minha boca.

— Aqui. — ela disse e me entregou uma escova de dente com pasta


nela. Ela deve ter comprado enquanto estava fora, também. Eu escovei forte e
longamente. Eventualmente, ela tirou de mim, me sentou no vaso sanitário, e me
ajudou a tirar a camisa. Eu odiava que ela estava fazendo isso. Na minha doente
tentativa de afogar minhas mágoas por causa da dor que eu havia causado a ela,
eu tinha acabado de fazer as coisas piores.

Ela olhou para o meu ombro e sussurrou.

— Oh, meu... — Ela procurou ao redor e, em seguida, correu para a cama


e de volta. — Ok, nós temos que limpar isso.

Ela limpou, cutucou, e colocou coisas nele. Eu estava longe demais para
me importar ou sentir. Ela colou tudo de volta e me ajudou a ficar de pé. Ela me
deixou cair suavemente na cama.

— Você vai engasgar se vomitar. — Ela subiu na cama comigo e tentou me


empurrar, rolar-me. Ela lambeu o lábio inferior em frustração. Então eu fiz algo
epicamente estúpido, mas algo que eu queria muito fazer.

E com minhas inibições baixas, eu estava aparentemente indo para isso.

Puxei-a para o meu peito, meus braços em torno dela, e apertei os lábios
em seu pescoço. Eu não a beijei, apenas os apertei lá.
Ela estava envolta em mim, então eu rolei para que suas pernas
estivessem em cima de nós e ela estivesse parcialmente debaixo de mim. Eu
bloqueei o quarto girando e tentei fazê-la ver. Eu só queria que ela visse que eu
estava tão quebrado que nem sabia como ser humano mais. Eu senti o mais cru
que já tinha e eu precisava dela para ver sem me dizer que eu era um bom
rapaz. Eu não era. Eu queria que ela fugisse... mas eu queria que ela ficasse.

— Jude. — ela sussurrou e eu abri meus olhos. Ela parecia confusa. —


Eu não sou ela. Você sabe disso, né? Sou Marley.

Eu ri um pouco baixinho.

— Eu sei exatamente quem você é. — eu sussurrei contra sua


mandíbula. Ela deu um suspiro trêmulo. Eu segurei-a com força, recusando-me
a renunciá-la. Ela não brigou comigo e eu não sei porque, mas não ia perguntar.

— Eu não quis beijá-la. — eu me ouvi dizer, e, eu não sabia por que


estava fornecendo a informação.

A lâmpada estava acesa no canto e eu a queria desligada, mas não podia


me mover. Eu caí. Partes e pedaços lutaram através de minha mente. Armários,
uma escola, meninas com muita maquiagem, uma menina com um rosto que
poderia derreter corações, mas ela estava triste. Destruída... Eu me senti mal por
ela...

A próxima coisa que eu percebi, a luz estava piscando na janela para mim
e eu senti como se minhas entranhas estivessem fervendo. Espere, elas
estavam...

Eu fugi para o banheiro, subindo sobre o corpo que eu estava deitado ao


lado. Eu nem sequer comecei a fechar a porta antes de abraçar a porcelana. Meu
estômago miserou uma e outra e outra vez e, em seguida, um pouco mais. Uma
eternidade depois, eu estava todo dolorido, minha cabeça doía quando eu
coloquei-a contra a madeira fria da parede, e eu me sentia horrível demais para
me envergonhar. Eu ouvi a água corrente e, em seguida, Marley estava se
curvando para baixo, colocando o pano frio na minha testa. Olhei para ela,
sabendo que não era algo que eu deveria lembrar.
Ela me observava. Quando ela lambeu o lábio inferior e suspirou, tudo
correu de volta. Eu correndo para o bar e gastando muito dinheiro com o álcool
que não podia pagar, levando a menina de volta, mas mudando de ideia, ela me
beijando e esperando que eu fosse expulso, Marley cuidando de mim e, em
seguida, eu... eu não estava certo do que você chamaria. Eu não a beijei. Não, a
outra garota tinha me beijado e eu não queria manchar Marley com isso. Então,
eu tinha beijado seu pescoço e mandíbula em vez disso e então... lá estávamos
nós. Marley e eu.

Eu suspirei, deixando minha cabeça cair para trás contra a parede com
um baque.

— Uau, eu sou um idiota.

Ela sorriu tristemente, a cicatriz em seu lábio visível e adorável.

— Sim. — ela concordou.

— Eu sinto muito.

— Eu sei.

Ela me deu o pano molhado e eu limpei minha boca e rosto. Quando eu


olhei para ela, vi a vermelhidão na garganta. Eu encarei em confusão antes de a
compreensão me bater.

— Eu fiz isso em você?

Ela correu os dedos através dela, os lábios se abrindo.

— Não é nada.

Toquei meu queixo. Eu não tinha feito a barba há dias.

— Caramba, eu não consigo fazer nada certo, consigo?

— Está tudo bem.

Eu esfreguei meu rosto com as mãos.

— Aposto que você não pode esperar para ficar longe de mim. Que eu sou
um homem de uma equipe de demolição.
— Isso não é verdade. — disse ela, surpreendentemente forte. — Você vai
parar com a festa de piedade, esta manhã? — ela jorrou e se levantou. — Vamos.
Levante-se. Você está me comprando café da manhã e depois vamos embora.

Senti minhas sobrancelhas subirem. Bem... Caramba.

— Sim, senhora.

Eu levantei com a ajuda dela e fiquei perto, olhando-a. Suas pequenas


mãos estavam em meus lados enquanto ela tentava me manter em pé. — Você
está bem para ficar em pé?

— Eu estou bem. — eu disse a ela. — Eu sinto muito sobre... tudo. E


aquilo. — Eu apontei para o pescoço dela.

O pequeno sorriso teve mais de um significado. Deixou o meu cara interior


animado por atenção.

— As meninas não costumam reclamar da barba roçar, não é? Não é


suposto ser um jeito para os caras marcarem as meninas, reclamá-las, ser todo
romântico de uma maneira meio Neanderthal, como chupões?

Eu arqueei uma sobrancelha para ela. Oh, é isso mesmo. Ela corou
furiosamente e adoravelmente, e voltou atrás.

— Eu não quis dizer que você estava tentando me marcar, eu só queria


dizer que você não precisava se desculpar.

Eu não poderia me conter. Inclinei-me, colocando a mão na parede atrás


de sua cabeça.

— Quantos chupões você já teve?

Ela lambeu o lábio inferior. Novamente.

— Nenhum. — ela respirou. Colocou a mão no meu peito para me impedir


de chegar mais perto.

Apertei os lábios em sinal de aprovação.

— Essa é uma boa resposta.


— Por que você se importa? — Perguntou ela. Não era uma ordem que ela
soubesse, era mais como se ela estivesse realmente interessada. Por que eu me
importava?

Eu gostei dela estar tão perto por alguns segundos mais antes de inclinar
para trás.

— Obrigado por cuidar de mim na noite passada. E por fixar o meu


curativo. Sei que fui um idiota, me desculpe. Acho que te devo um café da
manhã. — Eu peguei a mão dela e arrastei-a para o quarto. Sentei-me e amarrei
minhas botas. Quando olhei para cima, ela ainda estava ali, parecendo um pouco
atordoada. — Pegue seus sapatos, querida.

Ela fez uma expressão de escárnio, mas ainda sorriu quando calçou e
reuniu todas as nossas coisas da cama. Saímos com pressa e eu nos levei a um
lugar que parecia barato o suficiente para alguns ovos e bacon.

Eu não conseguia comer e apenas o cheiro de bacon fez meu estômago


virar, mas eu tinha que deixar Marley comer alguma coisa. Enquanto o café
escuro e doce fez o seu caminho na minha garganta, eu olhei pela janela. Mesmo
depois do que eu tinha feito na noite passada, ela ainda cuidou de mim. Mesmo
agora, ela não estava com raiva. Eu não sabia o porquê. Eu tinha muito desprezo
feminino vindo em minha direção, eu estava acostumado com isso, mas ela
parecia mais reflexiva do que brava sobre tudo. Eu mesmo estava refletindo.

Percebi que Marley me fez lembrar de minha mãe. Não desse jeito, mas na
maneira que ambas sacrificaram qualquer coisa e tudo para o que precisava ser
feito.

Ela estava comendo o seu fruto com a mão mais uma vez, o garfo não saiu
da mesa uma vez. Mesmo sua torrada francesa ela rasgou em tiras e mergulhou
na calda. Eu estava tão curioso sobre isso, mas nunca perguntaria. Eu nunca
teria a chance sem não ser estranho, porque eu nunca a conheceria tanto quanto
eu gostaria.

A garçonete deixou cair a conta na mesa sem dizer uma palavra. Eu


peguei e puxei minha carteira. Tudo o que tinha sobrado era nove de vinte e a
conta foi quatorze dólares. Que não deixou muito de sobra para hospedagem e
alimentação mais tarde. Amaldiçoei-me por minha bebida naquela noite. Tinha
sido apenas uma bebida, vinte e cinco dólares, mas ainda era o dinheiro que já
não tínhamos.

Marley deve ter visto a minha cara, porque ela perguntou:

— Qual é o problema?

— Só com poucos fundos. — eu respondi, esperando que ela jogasse a


noite passada na minha cara. Ela não fez.

— Eu gostaria de poder contribuir, mas tudo que me resta são sete


dólares em gorjetas daquela noite. Meu turno tinha acabado de começar. — ela
fundamentou, como se tudo fosse culpa dela.

— Não é culpa sua. Nós vamos descobrir alguma coisa. Tenho quinhentos
dólares no meu apartamento. Se eu soubesse que poderia voltar e buscá-lo...

— Eu não acho que é uma boa ideia. — ela forneceu rapidamente.

— Nem eu. — Eu acenei com a cabeça para a garçonete para que ela
soubesse que eu estava pronto. — Nós não temos muito sobrando e isso não vai
nos levar muito longe. Nós vamos ter que começar a apertar os centavos.

Ela assentiu com a cabeça, enquanto a garçonete pegou a


conta. Entramos na caminhonete e começamos a descer a estrada de novo, meu
ombro dolorido como uma mãe, e minha mente se perguntando o que diabos
iríamos fazer.
— Bastardo. Mãe fan-maldito-tastico. Merda! Merda! Merda! Filh da puta
de merda!

Marley tinha a boca coberta com os dedos, sem dúvida, revoltada com o
meu desabafo. Nós só tínhamos feito cerca de uma centena e alguma mudança
no caminho antes do pneu do lado do motorista da frente explodir. Eu estava me
segurando nas palavras de cinco letras para seu benefício, mas eu estava tão
chateado.

A risada me fez virar. Ela não estava horrorizada, ela estava rindo de
mim!

— Que diabos é tão engraçado?

— Filha da puta de merda. — disse ela com um sorriso e riu


novamente. — Eu sei que tudo o que quer que está errado não é, obviamente,
bom, mas... filha da puta de merda?

Eu suspirei e inclinei minha cabeça para trás no assento, o sorriso se


libertando nos meus lábios.

— Oh, rapaz, você vai ser um problema, não é? — Virei a cabeça no


assento. Ela apenas sorriu e encolheu um ombro. Um muito bonito, adorável,
ombro sexy. Eu balancei minha cabeça. — Tudo bem, eu vou trocar o pneu.
Apenas sente-se perto, tudo bem?

Eu saí e me estendi em cima da caçamba da caminhonete para pegar o


estepe... mas ele tinha ido embora. Meus olhos atiraram para frente e para trás
como se estivesse se escondendo e eu tinha de alguma forma o perdido. Eu
suspirei. Caramba, alguém tinha me roubado. Ela saiu e olhou para mim com
expectativa sobre a caminhonete.

— O que há de errado?

— Alguém roubou o estepe.

Seus lábios se separaram em surpresa.

— Oh, não.

— Sim. — eu concordei.

— O que vamos fazer?

— Bem. — eu disse lentamente, arranhando meu cabelo para trás. — Eu


vou ter que chamar um reboque, eu acho.

— Quanto vai ser? — ela disse preocupada.

— Muito. — eu gemi. Me estiquei entre os assentos e esperava que meu


telefone ainda tivesse alguma bateria sobrando. Estava no vermelho e meu
carregador estava no apartamento. Eu liguei e expliquei tudo para o cara. Ele
disse que tinha alguns pneus usados que eu poderia comprar com ele, portanto,
esperei no carro. Eu brinquei com o rádio e, em seguida, ela brincava com o
rádio, sintonizando-o e rindo quando eu pegava algo que ela não
gostava. Começamos a falar sobre a escola, cursos, trabalhos, todos os lugares
que tínhamos vivido. Ela se mudou muito, também, mas principalmente contra a
sua vontade, infelizmente, de orfanato em orfanato.

— Eu fui à cinquenta escolas diferentes, pelo menos. Toneladas de escolas


de ensino médio. Essas foram as piores para mudar de uma para outra. Eu era
sempre o garoto novo, nunca cheguei perto de ninguém, nunca tive amigos,
porque eu acabaria indo embora novamente em breve. — eu expliquei, flashes de
escolas e rostos sem nome passaram pela minha cabeça. Era tudo um borrão.
Seu sorriso mudou.

— Muitas escolas, eu aposto, né?

Minha testa franziu em confusão em sua mudança de humor.

— Sim. Que há de errado?

— Apenas... pensando.

Quarenta e cinco minutos depois da minha chamada, um Chevrolet,


caminhão de reboque vermelho, parou atrás de mim. Eu não tive a chance de
perguntar o que estava errado antes de subirmos no caminhão reboque e fazer o
nosso caminho para a cidade. Foi umas boas 20 milhas e quando chegamos lá,
ele disse que seria cerca de uma hora antes de ter tudo arrumado. Assim,
encontramos um fast food de hambúrguer local e sentamos na parte de trás para
comer nossos cheeseburgers baratos.

Ela me contou sobre seu lar adotivo favorito. Era uma senhora mais velha
que ia buscá-la na escola em sua cadeira de rodas. Elas andaram juntas para
casa assim todos os dias. Quando o Estado descobriu que a senhora mal podia
andar mais, não lhe permitiram adotar mais crianças e enviaram Marley para um
novo lar. Eu vi em todo o seu rosto que aquela senhora era o único lugar em que
já esteve que deu a mínima para ela. Ela não entrou em detalhes, mas eu sabia
que tinha sido maltratada.

Ela merecia uma vida melhor do que uma cravada comigo.

Seja qual for a cidade que chegamos ao cair da noite, era o lugar onde eu
pretendia deixá-la. Então, depois que pegamos a caminhonete de volta e paguei-
lhe dois terços do nosso dinheiro pelo pneu reboque usado, nós viajamos até
escurecer. Estávamos a algumas centenas de quilômetros de distância de onde
Biloxi tinha me encontrado. Felizmente, poderia arranjar algo aqui para ela. Eu
poderia ser muito astuto quando forçado.

Nós não tínhamos comido nada desde aquele lanche e depois de cinquenta
em combustível, já estávamos de volta ao vazio, havia apenas dez dólares
sobrando. Então, eu estacionei na pequena mercearia, saí e esperei ela se juntar
a mim, porque eu sabia que ela iria. Ela pulou para fora e andou ao meu lado
dentro da loja muito bem iluminada. Peguei uma cesta de mão e fui direto para o
corredor de enlatados. Eu pensei sobre quanto dinheiro eu tinha sobrando e
começamos a colocar latas de salsicha Viena na cesta, em seguida, algumas latas
de marmelada e atum, apenas para misturar as coisas. Peguei caixas de biscoitos
da marca da loja no caminho para o caixa e não podia acreditar que eu não tinha
ouvido um eew ou qualquer coisa de Marley.

Eu paguei. Essa coisa iria durar dois dias, talvez três, mas só tínhamos
um dólar e trinta e sete centavos sobrando, e sem dinheiro do hotel. Estaríamos
falidos a partir de agora.

Eu dirigi em voltas até que encontrei um velho posto de gasolina


abandonado e estacionei nos fundos, desligando o motor. Abri o saco e tirei duas
latas de Viena, entregando uma para ela.

— Obrigada. — ela disse e abriu a parte superior.

— Uma menina de bom grado comendo Viena. Agora eu já vi de tudo. —


eu brinquei.

Ela colocou uma na boca e meio que sorriu.

— É basicamente um grupo de comida para mim.

Meu sorriso caiu. Merda, eu era um idiota. Ela estava morando em seu
carro e tinha dito que não tinha muito dinheiro sobrando depois da escola para
comida... Eu balancei minha cabeça.

— Sinto muito. Esqueci que...

— Está tudo bem. — Ela devorou a lata antes mesmo de eu começar a


minha. — Então, nós estamos dormindo na caminhonete, né?

— Temos que.

Ela deu um sorriso irônico.

— Lar doce lar.

— Eu gostaria de nunca ter te conhecido.

Ela olhou fixamente, sem piscar.

— O quê? — ela sussurrou.


— Se eu nunca tivesse te conhecido, você não estaria comendo salsicha
Viena enquanto dorme em minha caminhonete.

Ela riu um pouco.

— Não, eu estaria comendo Viena enquanto dormia no meu carro.

Eu senti meus olhos arregalarem. Bom Deus, eu era um idiota! Se eu


colocar meu pé na minha boca mais uma vez, eu nunca teria necessidade de
comer novamente.

— Eu tenho uma coisa com você sobre como colocar o meu pé na minha
boca.

Ela estendeu a mão e deu um tapinha no meu braço.

— Está tudo bem, tigre. — Ela sorriu. — Eu te perdoo. Tenho certeza de


que você não conhece muitas pessoas que estão em casas deficientes.

— Casa deficientes. — eu ri. — Uau, eu já deduzi que você inventa novas


frases apenas para lidar com a minha estupidez.

— Você não é estúpido. — Ela afundou-se ainda mais no banco e colocou


os pés no painel. Ela tinha tirado os sapatos em algum ponto. — Então, qual é o
amanhã?

Eu não queria falar sobre isso agora, eu queria esperar até amanhã,
porque eu sabia que ela ia ficar chateada, mas não poderia ser evitado.

— Bem... Eu acho que nós vamos ficar aqui um pouco. Tentar conseguir
algum dinheiro em nossas mãos.

— E como você espera fazer isso?

— Eu tenho os meus jeitos. — eu disse timidamente.

Ela riu em silêncio e depois disse:

— Eu não tenho nenhuma dúvida disso. — Eu estava feliz que o escuro


escondeu meu sorriso maroto. — Então... você acha que aquelas luzes vão ficar a
noite toda? — Ela olhou para fora do para-brisa no semáforo da rua.

— Provavelmente. Porquê?
— Eu só tenho uma coisa sobre o escuro. — disse ela, com a voz baixa. —
Então... boa noite, então.

— Boa noite, Marley.

Ela enrolou-se contra a porta e a janela. Mexeu com seu bolso e limpou
algo em seu nariz. Eu olhava em confusão por um segundo, mas ela parecia
normal. Eu quase pensei que ela... não. Ela não faria isso. Além disso, não
tínhamos dinheiro. De onde ela teria drogas?

Eu inclinei minha cabeça para trás e estava disposto a dormir em


qualquer posição, mas ela continuava lutando com seus movimentos. Percebi que
ela, provavelmente, geralmente dormia no banco de trás de seu carro e meu
assento de couro velho batido não era muito confortável. Então, eu puxei-a pelo
braço para colocar ao meu lado. Ela não protestou um pingo, o que significava
que estava super cansada. Ou pelo menos eu assumi que é o que isso queria
dizer. Estava mais frio à noite e eu esperava que ela não sentisse muito frio.

Quando ela finalmente dormiu, eu senti como se pudesse, também.

***

Ela acordou primeiro e me acordei no processo. Ela devia estar limpando


baba fora do lábio, porque escondeu o rosto de mim enquanto arrumava
algo. Isso me fez querer rir.

— Café da manhã?

Ela estendeu a mão e levantou uma lata de atum.

— Dos campeões.

Eu ri alto com isso.

— É isso aí.

— Então, qual é a sua grande ideia para hoje? — ela perguntou enquanto
pegava porções de atum da lata, apertando-o com os dedos.

— Eu vou te mostrar. Coma.


Mais tarde, quando nós dirigimos até as docas e saímos, eu procurei pelo
meu alvo.

— Ótimo, agora eu vou cheirar peixe durante todo o dia desde aquele
atum. — ela reclamou.

— Não, não desde o atum. — eu disse a ela, brincando. Eu apontei para o


grande barco chegando — Mas você vai a partir daí.

— O que é isso?

— Esse é o nosso ticket refeição. E ticket hotel se jogar as cartas direito.

Ela balançou a cabeça com ceticismo.

— Eu nunca tive uma boa cara de pôquer, Jude. Será que precisamos
mentir?

— Não é um esforço superficial. Isso tudo é força bruta e habilidade. —


Comecei a caminhar em direção a eles, mas olhei para ela e sorri. — E olhos de
cachorrinho, é claro.

Ela arrastou-se para alcançá-los.

— Você está fazendo olhos de cachorrinho?

— Você está, querida. Precisamos desses homens para nos deixar


trabalhar para eles durante o dia. Eu costumava viver desta forma. Encontro
trabalhos provisórios, pessoas que só precisavam de algo feito por um ou dois
dias e foi sempre o suficiente para mim. Então, trabalhe a sua magia.

— Eu não sou mágica. — Parecia que ela estava prestes a vomitar. — Eu


não sou boa neste tipo de coisa.

— O trabalho da doca de peixe, muitas vezes, não é?

Ela me deu um olhar aborrecido.

— Está se tornando impossível. Porque você não pode simplesmente fazer


isso?

— Tudo bem. — Eu concordei, porque eu sabia que ela ia ver.


— Desculpe-me. — eu disse e inclinei-me sobre a corda da doca. —
Precisam de ajuda para o dia?

— Não, não hoje, garoto.

Olhei de volta para Marley em um Vê? superior. Eu sussurrei:

— Hora do show.

Ela estava agitada, mas isso provavelmente trabalhava em nosso favor.

— Desculpe-me. Sinto muito. — Ambos olharam com irritação, mas eu vi


a suavidade vir sobre eles. Era hilário como os homens eram
ingênuos. Malditamente hilário. — Olha, nós não tivemos uma refeição em um
dia. Dormimos em nossa caminhonete ontem à noite e não sei o que vamos fazer
hoje à noite também. Nós não estamos procurando por um folheto, apenas para
trabalhar pelo que merecemos. Você tem alguma coisa que possamos fazer por
algum dinheiro extra?

E olhos de cachorrinho se seguiu. Bingo.

— Ah, vamos lá, Mike. — um dos rapazes disse para o outro.

Ele suspirou, mas sorriu para ela. Não para mim, ela.

— Tudo bem, querida. Espero que você esteja pronta para trabalhar.

Querida? Senti minha carranca.

— Nós estamos. — ela garantiu e me pegou pelo braço, arrastando-me


enquanto ela seguia para a doca.

Eles nos tinham pesando peixes, em seguida, cortando as cabeças antes


de embalá-los e medindo caranguejos. Nem uma vez Marley agiu repugnada ou
com nojo. Ela nunca se queixou, nunca reclamou. Essa menina trabalhou sua
bunda adorável hoje. O sol estava começando a se abater sobre nós, mesmo que
fosse cair. A dor em meu ombro estava começando a sentir-se diferente e não de
um bom jeito. Sentia profundamente, todo o caminho até os ossos. Tirei minha
regata para dar-lhe um pouco de ar, imaginando que o calor do sol pudesse
ajudar. Não ajudou, mas eu tinha que continuar trabalhando para que
tivéssemos a nossa recompensa pelo dia de trabalho.
Eles até nos deram um sanduíche de presunto na hora do almoço antes
de colocar-nos de volta ao trabalho. Ela começou a cantarolar enquanto embalava
e rotulava os peixes antes de jogá-los na caminhonete de gelo. Era fascinante,
mas eu tentei não olhar para ela. Eu já tinha quebrado várias das minhas regras
e precisava lembrar que o objetivo final era deixá-la ir embora.

Nós trabalhamos o dia todo e quase ao pôr do sol, eles nos deram cento e
cinquenta dólares em dinheiro para dividir. Não é uma mina de ouro, no mínimo,
mas isso significaria que iríamos comer comida de verdade
amanhã. Agradecemos-lhes por sua ajuda. Enquanto caminhávamos de volta
para a caminhonete, eu comecei a sugerir que dormíssemos novamente nela para
economizar dinheiro, mas nós dois cheirávamos a peixe. Sem chance para
isso. Tínhamos que conseguir um hotel e um chuveiro ou ninguém nos
contrataria amanhã com certeza.

Este quarto foi melhor do que o último se descontado o fato de que o


funcionário parecia ser o cara de Psicose. Marley se trancou no quarto e gritou:

— Primeira no chuveiro!

Eu ri e me perguntei sobre o jantar. Nós realmente deveríamos ficar com a


Viena, mas você não podia comer isso sucessivamente. Nós trabalhamos duro
hoje e eu realmente não queria sair de qualquer jeito. Meu estômago estava
atualmente tentando comer-se.

Eu procurei por um livro de telefone, gemendo enquanto a dor fez o seu


caminho do ombro para baixo no meu braço, e encontrei um cupom nas páginas
amarelas para uma pizzaria, então eu rasguei-o e liguei. Eles disseram que
estariam lá em 30 minutos ou era gratuito. Eu implorei para que eles
demorassem mais tempo do que isso. Pizza de graça não poderia machucar
agora.

Ela fechou o chuveiro em cinco minutos monótonos e saiu. Meu próprio


coração prendeu na garganta. Ela levantou a mão para parar o meu
protesto. Como se eu protestasse ela estar nua em uma toalha.

— Nós temos que lavar nossas roupas, Jude. Cheiravam a peixe.


Caramba. Ficamos sem dinheiro antes que pudéssemos chegar ao Boa
Vontade para comprar algumas usadas.

— Certo. Sem problema.

Ela rastejou para debaixo das cobertas com cuidado, puxando o edredom
até o pescoço. Tão malditamente adorável.... O universo me odiava. O cara disse
que havia apenas quartos de um leito sobrando e agora eu tinha que dormir ao
lado dela, com nada além de toalhas.

— Eu pedi pizza. Foi muito barato.

Ela suspirou de alívio.

— Bom. Eu estava esperando que não fôssemos comer pedaços-em-peças


em lata hoje. Estou morrendo de fome.

Eu ri um pouco quando fui tomar uma ducha rápida. Eu queria estar fora
antes que o cara da pizza viesse. Eu esfreguei e esfreguei, mas tentei não mexer
com meu ombro. Ele estava sofrendo uma coisa horrível e tinha começado a
pulsar. Eu não sabia o que fazer com isso. Então eu usei o sabão para lavar as
minhas roupas na pia o melhor que pude e pendurei-as no porta toalha com as
de Marley. Esperemos que elas estejam secas na parte da manhã.

Enrolei a toalha em torno de meus quadris e abri a porta devagar. Marley


estava encolhida debaixo das cobertas, a TV no canal Home Improvement, e ela
não olhava para mim. Eu mesmo andei na frente da TV para chegar ao meu lado
da cama, mas seus olhos nunca a deixaram. Como se ela estivesse forçando-os a
ficar.

Então, como um idiota, eu me perguntei se ela já tinha estado com um


homem antes. Ela disse que nunca tinha tido um chupão, mas isso não quer
dizer nada. Eu queria me chutar por esperar que ela não tivesse. Por que o cara
em mim queria manter essa menina quando meu lado racional sabia que isso era
uma má ideia?

Eu inclinei minha cabeça contra a cabeceira da cama e mudei de posição


para que o meu ombro não estivesse pressionando-a, também. Ela finalmente
olhou para mim.
— Oh, não. Seu ombro está doendo?

— Sim. — eu respondi, meus olhos fechados.

— Tenho a aspirina aqui. — Ela empurrou as cobertas e foi para o saco


plástico que continha tudo o que nós tínhamos no mundo e pegou-o, agitando
quatro dos comprimidos em sua mão. Então ela me deu um copo de água do
banheiro. — Aqui. Vou limpá-lo novamente para você mais tarde.

— Obrigado. — Engoli-os e recostei-me de novo, tentando não dormir


antes de a pizza chegar. Quando a batida soou, eu segurei minha mão para cima
deixando-a saber que eu iria buscá-la. Peguei quinze dólares, abri a porta, peguei
as duas pizzas grandes e empurrei o dinheiro para ele. — Fique com o troco.

Bati a porta e tranquei-a. Ouvi-o pela porta da fibra de vidro.

— Fique com o troco? Você só me deu noventa e dois centavos, idiota.

— Leve-o ou deixe-o, amigo! — Eu falei.

— Muito obrigado, anormal. Quem atende a porta em uma toalha? — Ele


chutou a porta antes de ir embora.

Marley e eu nos entreolhamos e rimos. Ela continuou rindo e foi


contagiante. Fiquei rindo e então ela riu mais ainda. Finalmente, nos
tranquilizamos e comemos a nossa pizza sem pratos. Ela dobrou a dela na
metade do longo caminho e comeu. Ela foi com tudo através de cinco fatias como
eu nunca tinha visto uma menina fazer. Foi muito incrível.

Nós tentamos assistir um pouco de TV, mas estávamos muito


exaustos. Eu estremeci, virei-me do meu lado que não estava doendo, e tentei
fingir que o meu braço não estava doendo como se algo estivesse seriamente
errado. Meus olhos fecharam, mas minha mente não parava. Eu esperei ela sair
do banheiro, e quando o fez, eu fui para dentro. Quando eu saí, eu podia vê-la à
luz saindo a partir da porta do banheiro aberta. Ela estava brincando com seu
nariz de novo, como na caminhonete.

Eu vi vermelho.

Me atirei pisoteando em direção a ela, esquecendo tudo sobre o meu


ombro dolorido. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Como ela ousa
cheirar o que diabos estava cheirando na situação em que estávamos? Onde ela
tinha conseguido isso?

Bati a porta do banheiro, mas ela saltou de volta, fechando-nos na quase


escuridão. Escalando sobre a cama às pressas, de joelhos, puxei-a para deitá-la
de costas.

— Que diabos você pensa que está fazendo?

Ela arquejou e tentou lutar contra mim, assim eu não podia ver.

— Saia!

— Por quê? Me mostre o que você tem, Marley. — eu provoquei com


raiva. — Talvez eu queira um pouco, também.

— Sai! — ela gritou. Parecia assombrada e aterrorizada.

Eu finalmente a consegui deitada de costas, suas mãos sobre a cabeça


dela seguradas pelas minhas, minha cara bem na dela.

— Que diabos, Marley?

— Saia. — disse ela, com a voz murchando. — Saia, saia, saia! — Suas
pernas se mexeram embaixo de mim, tentando movê-las para o lado.

Eu afrouxei meu aperto um pouco e odiei que ela tivesse tanto controle
sobre mim. Ela começou a choramingar e confusão percorreu o meu sangue. Ela
moveu as pernas para o lado e virou o rosto... Um pensamento repulsivo passou
pela minha mente... Ela em lares adotivos, tantos deles, tantos homens com
quem ela deve ter entrado em contato... Ela estava agindo como se eu estivesse a
ponto de machucá-la... ou algo muito pior do que isso...

Eu pulei para longe dela o mais rápido que pude e não parei até que
minhas costas se chocaram contra a parede. Isso sacudiu a porta do banheiro a
abrindo um pouco com o impacto e eu gemi com a dor furiosa através do meu
ombro. Segurei meu braço e tentei respirar pelo nariz para diminuir a respiração,
fazendo piorar a dor.

Eu a vi pela fresta de luz cobrindo seu corpo sobre a cama. Ela subiu até
a cabeceira da cama, com os joelhos contra o peito, e estava olhando para mim
com um misto de terror horrorizado e simpatia. Sua respiração era alta e áspera
quando me viu. Eu deslizei para o chão, mas ainda podia vê-la sobre a cama.

— Sinto muito que eu... assustei você. — eu disse, porque não sabia o
que dizer.

— Estava escuro. — ela admitiu depois de alguns minutos de silêncio. —


E você pulou em mim. Porquê?

— Esta é a segunda vez que eu peguei você cheirando. — eu disse


calmamente. — Eu não podia deixá-la desta vez.

— Cheirando? — Sua testa enrugou, as bochechas ainda vermelhas. —


Cocaína? — Ela disse, incrédula. — Cocaína? Você pensou que eu estava
cheirando cocaína?

— O que você estava fazendo?

Ela segurava algo na luz. Era um pequeno invólucro que parecia com um
Band-Aid. Ela puxou o que estava por trás dele para fora e vi um pequeno
curativo borboleta.

— É uma fita de nariz. Burro.

Fita para nariz?

— Para o que você usa aquilo?

— Para respirar, obviamente.

— Você tem um resfriado ou algo assim?

Ela balançou a cabeça lentamente, mas com raiva.

— Não, eu não tenho um resfriado. — Ela me queimou com o olhar. — O


pai adotivo que me estuprou também quebrou meu nariz. Tenho um desvio de
septo e nunca fui capaz de consertá-lo. Aí. Agora você sabe todos os meus
pequenos segredos. Pobre Marley. — Ela engasgou com um soluço, trocando as
marchas mais rápido do que eu poderia manter. — Pobre Marley sem-teto e não
pode ficar no escuro, porque tem pesadelos sobre um idiota que veio em seu
quarto. E ela tem que roubar fitas de nariz de farmácias, quando eles param para
obter suprimentos, porque ela não pode comprá-las de outra forma e ela não
consegue dormir bem sem elas. Pobre Marley, não come com garfos, porque ela
não tem nenhum e está tão acostumada a comer sem, que não se sente bem com
eles. Aí, Jude. Toda a minha porcaria está na mesa agora.

Ela se levantou e foi ao banheiro. Ela não bateu a porta, o que me


surpreendeu. Fechou suavemente atrás de si e me senti como um idiota por
completo enquanto ouvia seus gemidos suaves através da porta. Ela não saiu por
muito tempo. Eu sabia que ela não iria, então me apoiei nela e fiquei lá a noite
toda. Se ela não ia receber uma boa noite de sono na cama, então eu também não
iria.
Andei pelo quarto lentamente por um longo tempo antes de abrir a porta
do banheiro, batendo suavemente primeiro. Nenhuma resposta. Estava tão
quente no quarto naquela manhã, mas o ar condicionado estava em pleno
vapor. Quando eu abri a porta, ela estava deitada na banheira, usando uma
toalha como travesseiro. Ela estava acordada e olhou para mim. Ela já não estava
com raiva, mas não parecia normal também.

Sentei-me no chão ao lado da banheira oposto à cabeça, tomando cuidado


para manter a toalha presa em torno de meus quadris. Olhamos um para o
outro. Meus olhos pareciam quentes e estranhos, mas eu olhava de
volta. Minutos se passaram antes que eu finalmente falasse:

— A vida é uma porcaria, Marley.

Ela arregalou os olhos por um segundo antes que seus lábios tremessem,
implorando para lançar um sorriso.

— Sim, às vezes.

— Praticamente todo o tempo. — retruquei.


— Você é tão idiota, Jude. — ela repetiu o que havia dito na outra
noite. Eu acho que foi muito verdadeiro.

Eu balancei a cabeça.

— Parece que sim.

Ela agarrou a borda da banheira, como se segurando para não cair e


engoliu.

— Eu nunca disse a ninguém sobre o que aconteceu comigo quando eu


era mais nova. Nunca tive alguém para dizer antes. Eu nunca quis contar a
ninguém antes.

Eu zombei.

— Eu duvido que você queria me dizer também. — Eu balancei minha


cabeça. — Sinto muito por ter forçado isso de você.

— Mas você não fez. Se eu não quisesse te dizer, eu não teria dito.

Senti que uma pequena faísca me atingiu, como um raio de sol direto ao
meu coração. Ela queria me dizer, confiar em mim com algo parecido com isso?

— Por que eu? Por que eu quando eu estava sendo um idiota?

Ela suspirou.

— Você pensou que eu estava fazendo algo terrível. Eu entendo isso. Sinto
muito, eu estou tão quebrada que nem sei mais como ser um verdadeiro ser
humano.

Olhei para ela. Eu tinha dito exatamente a mesma coisa sobre mim. Isso
parecia mais do que um acaso. Isso parecia como um caminho que foi jogado na
frente de nós e poderíamos ou pegar ou se afastar. Nós dois tínhamos aprendido
a viver uma vida normal – o que era normal para nós. Mesmo que as nossas vidas
não fossem ideais, e podíamos não ser as pessoas mais agradáveis do mundo,
nós sobrevivemos.

E esse era o ponto.

— Você é humana. — eu disse, minha voz profunda e significativa com a


minha revelação. — E você é linda, e é mais do que apenas seu rosto. Você
cuidou de mim, mesmo depois de saber que eu tinha tomado tudo de você. — Seu
rosto franziu em questão. — Sinto muito. Sinto muito por tudo o que você teve
que percorrer para chegar até aqui.

— Eu só desejo poder ser normal. Não ter medo, não ter cicatrizes. — Ela
tocou o lábio e eu queria puxá-la para mim, mas não fiz. — Eu tenho essa de
outro lar adotivo. A mãe me apanhou esgueirando-me e me bateu. Caí na vidraça
da janela.

Meu coração parou.

— Ah... Marley.

— Eu não estou dizendo isso para fazer você sentir pena de mim...
Realmente, verdadeiramente, eu superei a maior parte de tudo.... O estupro. Foi
uma vez, e ele estava tão bêbado que ele nem mesmo se lembrou. Eu não penso
mais nisso... a menos que esteja escuro. Tenho mais problemas com isso — ela
tocou o lábio cicatrizado — para ser honesta. Eu me sinto como... — Ela se
inclinou um pouco mais perto e abriu sua própria alma. Ela parecia tão crua
como eu me sentia. — Eu sinto que você pode não saber exatamente o que eu
estou passando, mas ainda está ali comigo por si próprio. Nós dois estamos
remando contra a corrente, tentando alcançá-los, tentando simular algum
sentido de normalidade... embora nenhum de nós é normal.

Inclinei-me, também, e deixei a minha mão sobre o braço dela. Movi meu
polegar para frente e para trás sobre seu pulso, maravilhado com o quão
incrivelmente macia sua pele era nesse ponto.

— Você tem que pegar as coisas que aconteceram com você empurrá-las
para todas as outras coisas. Temos que levar essas coisas, essas coisas horríveis,
e tornar nossa vida melhor porque nós vivemos com elas.

Seus olhos brilhavam, mas ela sorriu um pouco. Eu queria tanto beijar
aquela cicatriz.

— Como a beleza das cinzas?

— Exatamente assim. — Estava tão quente lá dentro. O ar condicionado


deve estar quebrado. Meu ombro pulsava com cada batimento cardíaco e meus
olhos estavam tão quentes que queimavam. — Você e eu, Marley, vamos ficar
bem um dia.

Ela colocou a mão sobre a minha em seu braço. O sorriso dela mudou e
ela se inclinou um pouco mais perto.

— Você está bem? Você tem os olhos doentes.

— Olhos doentes?

— É o que uma das minhas mães adotivas costumava dizer. Isso é o que
os seus olhos parecem quando você está doente, quando você tem uma febre.

— Eu estou bem. — a tranquilizei.

— Você está muito quente, Jude. — comentou ela, passando a mão no


meu braço. — Você tem certeza que está tudo bem?

— Sim. — Levantei-me e estiquei, mas logo me arrependi.

— Seu braço. — ela sussurrou. — Eu não o limpei ontem à noite. Sinto


muito. Espere um pouco.

Ela se levantou e correu para pegar a aspirina.

— Está congelando aqui. — disse ela, esfregando o braço. Não estava frio,
estava em chamas lá, mas eu não discuti. Meninas estavam sempre com frio.

Em seguida, ela passou os dez minutos seguintes sendo extremamente


cuidadosa e gentil, enquanto ela me arrumava. A toalha estava firmemente sob os
braços e, acima de seu peito. Seu extremamente agradável peito estava bem na
minha linha de visão enquanto eu estava sentado no vaso sanitário. Seus braços
suaves e magros roçaram meu rosto várias vezes durante seus cuidados
enquanto ela estava entre os meus joelhos. Era a hora em que seu peito roçava
meu rosto que me matava. Eu gemia, totalmente culpa minha, e ela parou.

— Oh, meu Deus. Sinto muito.

Eu ri e olhei para ela com um sorriso que não iria parar.

— Você realmente está se desculpando? Vamos lá, esse foi o ponto alto da
minha semana.

Ela balançou a cabeça, mas sorriu.


— Uau, a espécie masculina tem seriamente declinado.

— Culpado. — eu admiti. — Eu vivo nos quatro grupos alimentares


básicos. Carne, chá doce, um lugar para dormir, e uma menina bonita.

Seu rosto mudou para aquele triste que continuava voltando, não
importava o que eu fizesse.

— Sim. — ela disse suavemente.

— Qual é o problema?

— Nada. — Ela colocou o último pedaço de fita e recostou-se. — Eu posso


apenas imaginar que você tem um monte de garotas.

— Eu tive. — eu respondi com sinceridade. — Honestamente... não é tudo


que julga ser.

— Mas eu aposto que você realmente apreciava, certo? — ela perguntou


firme. — Eu aposto que você costumava apenas adorar toda essa atenção.

Eu fiz uma carranca.

— O que está acontecendo?

— Nada.

— Você está com ciúmes? — Eu perguntei, mas logo que isso saiu dos
meus lábios, eu sabia que era um idiota.

Ela zombou. — Eu acho que nós teríamos que estar juntos para eu ter
alguma coisa para ter ciúmes, primeiro. Segundo lugar, não, não é ciúmes, eu só
conheci um idiota exatamente como você. E ele adorava.

Eu levantei, pensando que eu não tinha certeza se acreditava nela ou


não. Ela estar com ciúmes seria sexy ao extremo.

— Isso não é verdade. Você pode ficar com ciúmes, mesmo quando a
pessoa não pertence a você. — Limpei a minha testa e não fiquei surpreso com o
quanto eu estava suando. — E você meio que soa com ciúmes.

— Eu não estou com ciúmes. — ela cuspiu e meneou com a cabeça. — Eu


não estou interessada em ficar com um cara que pode estar com qualquer
mulher, a qualquer hora, em qualquer lugar e nem sequer perturbá-lo. Para
alguém ser tão insensível, tão solto, não me agrada nem um pouco. Alguém que
não se preocupa com nada, apenas sua conquista atual...

— O que faz você pensar que eu sou assim?

Ela riu sem graça.

— Bem, por exemplo, você trouxe uma garota maldita para transar no
quarto de hotel que eu estava com você. Eu não tinha para ir por este pequeno
encontro, desde que você não vai me deixar ir a qualquer lugar sem você, então o
que iria fazer comigo, hein? Me colocar no banheiro?

— Eu não tinha pensado tão longe. — eu murmurei para mim


mesmo. Seus olhos se arregalaram. — Olha, eu sinto muito por isso. Eu não iria
ter relações sexuais com ela, eu estava apenas... tentando provar um ponto.

— Um ponto? Qual, que você é um idiota? Eu já sabia disso.

Minha mandíbula se apertou, mas eu sabia que merecia.

— Sinto muito, Marley. Fiz algumas coisas na minha vida que não me
orgulho. Acabamos de falar sobre pegar as coisas em nossa vida e dar-lhes nova
vida e propósito em outro lugar, para empurrá-las para outra direção para nos
tornar pessoas melhores? — Eu suspirei. — Eu não gosto de quem eu costumava
ser. Quero ser diferente.

Ela desviou o olhar.

— Posso perguntar por quê? — Ela olhou para mim. — Por que você traria
uma menina aqui com você?

Honestidade é a melhor política, certo?

— Eu estava tentando deixar você irritada, fazer você me odiar.

Ela tirou sua roupa do porta toalha e virou-se para olhar para mim. —
Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Vista-se. Precisamos chegar até as
docas e ver se consigo falar doce para mais um dia de trabalho ou então este
hotel de baixa qualidade não vai durar muito.

Ela bateu a porta, deixando-me sentir como se um tornado tivesse


acabado de passar. Ela gritou através da porta:
— E você nem sequer pense em sair sem bater!

— Sim.

Eu me vesti em um estado de estupor. A febre diminuiu, mas eu ainda


sentia o tremor no meu braço. Quando bati e saí, ela estava sentada, com os
joelhos contra o peito perto da porta. — Pronta?

Ela olhou para cima.

— Sempre.

***

Os pescadores nos deixaram trabalhar naquele dia e nos próximos três


pela mesma quantidade de dinheiro a cada dia, mas disseram que eles estariam
indo para o porto mais próximo e não precisariam mais de nós. Então, teríamos
que encontrar empregos mais estranhos em outro lugar. Marley estava mais
quieta do que o normal, mas nós dois estávamos tão cansados e exaustos quando
voltávamos que realmente não tínhamos tempo para conversar de qualquer
maneira.

Eu tinha começado a reconsiderar minha ideia de deixá-la naquela cidade,


mas com esta recente mudança no nosso "relacionamento", não ficou claro. Eu
pensei que tinha feito esta descoberta e então ela... bloqueou tudo e se escondeu
dentro de si.

Quando saí do chuveiro naquela noite, Marley não estava no quarto. Eu


me assustei e corri, olhando sob as camas, armários, e saí pela porta. Eu fechei-a
e apertei minha testa com raiva. Eles a haviam levado do quarto? Eu não tinha
ouvido nada. Eu coloquei meus sapatos para ir atrás deles, de alguma forma,
mas vi uma nota sobre a cama.

Fui para o bar. Tinha que sair deste quarto. Talvez eu vou fazer alguns
dólares, enquanto estou lá, também.

Mãe... Eu corri para fora, para a porta do bar no térreo. Abri a porta,
contornei o segurança que poderia dar uma merda, e depois segurei o batente da
porta com o que vi. Marley estava lá, seus shorts curtos e botas de cowboy
enquanto sentava-se em cima do bar. Ela esperou o barman encher a bandeja e,
em seguida, pulou, levando-a a um grupo de rapazes ávidos pelas mesas de
bilhar.

— Agora — ela disse, e passou-os ao redor — o dobro ou nada, rapazes.

Meus dentes rangeram. Ela estava apostando nosso dinheiro? Mas então
a culpa se levantou. Eu não tinha estado em um bar apenas algumas noites
antes gastando com álcool? Peguei uma água no bar e, em seguida, a observei da
sala, indo de um lado para o outro. Meu braço doía, dor irradiava e tornava-se
difícil respirar. Me fazendo querer ter uma dose apenas para acalmar a dor, mas
eu tinha me feito de idiota o suficiente naquela noite.

Ela observava, um taco de sinuca nas mãos, enquanto um deles alinhava


a sua tacada. Ela mordeu o lábio e depois gritou:

— Vamos, Pablo! Você consegue.

Ele sorriu para ela e perdeu a bola. Ela saltou e deu uma risadinha antes
de apontar a sua própria. Rosnei baixinho para a forma como ela se inclinou
sobre a mesa de bilhar. Não havia um cara no lugar não olhando para aquele
traseiro.

Ela afundou suas três bolas listradas no buraco do canto. Ela gritou e eles
riram e bufaram, dispostos a perder para ela. Ela assistiu mais uma rodada com
os quatro caras brincando, fazendo todas as coisas certas nos momentos certos
para fazê-los perder, e então ela afundou a bola sete.

Puta merda. Ela estava agitando eles.

Eu nunca soube se ela me viu ou não, mas uma vez que o jogo tinha
acabado, pagaram-lhe algum valor que eu não sabia e ela abraçou todos eles e
riu alto. Quase parecia que estava bêbada.

Eu sabia que ela não estava, embora.

Todos eles saíram, mas ainda havia muita gente no bar. Ela foi até o
jukebox, muito parecida com o que o meu chefe tinha naquele dia, e colocou os
dólares, selecionou uma música que ela adorava, e começou a dançar.
Ela era uma sereia me sugando em sua rede, porque eu não conseguia
desviar o olhar. Eu estava fascinado com a forma como ela era incrivelmente
sexy. Seus olhos estavam fechados, seus quadris se moviam em seu próprio
ritmo. Eu estava tão chateado com ela por ter saído, tão preocupado com ela, tão
estupidamente excitado.

Ela dançou ali, o ângulo perfeito para a minha visão. Ela se virou e me
deu um show, quase como se ela soubesse... que eu estava lá.

Eu fiz uma careta. Ela estava me agitando, também.

Maldita.

Eu levantei, o banquinho rangendo pelo chão fazendo seus olhos


abrir. Ela não pareceu surpresa ao me ver lá. Eu dei-lhe um olhar para que ela
soubesse que eu estava chateado. Ela não sorriu, simplesmente continuou
dançando, se afastando de mim.

Quando a música acabou, ela se moveu para outra coisa. Brincou com os
caras jogando dardos, ainda teve alguns pedidos e trouxe as bebidas, aceitando
alegremente suas gorjetas com um pequeno encolher de ombros e um sorriso.

Eu tive minha cota e não ia ficar e ver mais. Eu quis que ela olhasse para
mim tomando o último gole da minha água, e quando o fez, eu sacudi minha
cabeça em direção à porta. Parecia que ela queria protestar, mas a obriguei a se
mover lentamente em direção a mim.

— Você se divertiu? — Eu disse asperamente, embora não tivesse direito.

— Eu me diverti realmente. — Ela virou-se na escada até o quarto e me


entregou um maço de dinheiro dobrado. — Há cento e cinquenta aí. De nada.

Eu zombei e vi a parte de trás de sua calça jeans, enquanto fomos para


cima.

— Há maneiras melhores de fazer isso.

— Eu precisava ficar longe de você. — Ela olhou para mim quando eu abri
a porta. — E deste quarto. Tudo isso.
— Longe de mim, né? — Minha amargura foi crescendo. Ela me
odiava. Eu tinha feito isso. E agora, eu não tinha certeza se era isso que eu
queria.

— Sim. — ela respondeu, e tirou as botas de seus pés antes de colocar


sua fita no nariz, ainda não me deixando ver, e, em seguida, subindo para o
travesseiro. Deitou-se de barriga para baixo. — É óbvio que você não pode
esperar para se livrar de mim. — Sua voz foi abafada. — É realmente chato estar
em torno de alguém que nem sequer quer falar com você.

Eu tinha lhe dado essa impressão? Eu pensei que ela não queria falar
comigo.

— Eu quero você por perto. — eu me ouvi dizer. Fiz uma careta para
mim. — Eu pensei que você estava com raiva de mim.

— Eu estava. Estou. — Ela me olhou de debaixo de seu cabelo. — Nós


apenas nunca falamos de novo porque eu tenho raiva de você.

— Bem — eu parei — você não falou comigo também. — Eu subi na cama,


virado para o lado dela, e odiei toda a situação. — E para que conste, eu nunca te
pediria para agitar um bar por dinheiro. Você poderia ter se machucado.

Ela ficou em silêncio por um tempo. Eu pensei que ela estava dormindo,
quando a ouvi.

— Essa é a única razão? — ela perguntou em um sussurro.

Eu deixei ir e não disse uma palavra.

Acordei algum tempo depois, no meio da noite pelos gritos de uma alma
penada. Sentei-me rapidamente, olhando ao redor para Biloxi ou alguém no
quarto. Marley estava em pé em uma cadeira fornecida pelo hotel, apontando e
gritando alguma coisa.

— Pelo amor de tudo, qual é o problema com você?

— Ali! Está bem ali. — Eu olhei e atrás da cama na parede estava uma
barata enorme. A luz do banheiro mostrou apenas o suficiente para eu vê-la. Eu
faço todo o caminho enquanto ela não parava de gritar. — Oh, meu Deus. Ela me
tocou! — Ela estremeceu e passou as pernas para trás e para frente. — Ela estava
rastejando no meu pescoço. Oh, meu Deus, por favor, mate-a.

Eu esfreguei os olhos, sentindo o calor desconfortável por trás deles, e


peguei meu sapato. Quando eu cheguei nela, ela correu, no seu caminho para a
janela. A pressionei esmaguei-a com a sola do meu sapato na parede do ar
condicionado. Joguei o sapato no canto e enrolei-me em volta das cobertas. Ouvi-
a murmurar:

— Nojento — e — Oh, meu Deus. Oh, meu Deus.

Ela se arrastou para a cama comigo e remexeu as pernas sob o lençol por
alguns minutos. Eu poderia dizer que ela estava trabalhando a coragem de me
perguntar alguma coisa, eu só não sabia o quê. Em seguida, ela inclinou-se e
colocou o braço em volta da minha cintura.

— Por favor, por favor, deixe-me aconchegar com você. Por favor. Poderia
haver mais insetos aqui. — ela sussurrou em meu pescoço e estremeceu. — Jude,
por favor.

Suspirei e rolei, abrindo o braço para ela. Ela colocou seu rosto no meu
peito e eu achei que era um momento oportuno para tocá-la já que ela estava
pedindo por isso. Eu deixei minha mão puxá-la para mais perto e esfreguei seu
braço. Ela estava dormindo em algum momento. Meu ombro doeu por deitá-la
sobre ele, mas eu não estava prestes a me mover por nada neste mundo.

Eu deitei lá e pensei sobre as coisas. O velho eu, o jeito que eu costumava


ser, a maneira que meninas me pediam para usá-las, a maneira que eu me
favoreci tão descuidadamente, minha mãe e o jeito que ela sempre falou sobre me
ver crescer, finalmente se estabelecer e encontrar meu lugar neste mundo.

Adormeci com olhar decepcionado de minha mãe em minha mente. Ela


estupidamente desapontada comigo, não apenas pelo homem que eu havia me
tornado, mas o jeito que eu tomei a vida que ela me deu, a vida para a qual ela
sacrificou a sua própria, e não estava fazendo nada de valor com ela.

Na manhã seguinte, eu estava sozinho na cama. Enquanto esperava ela


sair do banheiro para que pudéssemos ir para o brechó e depois ir ver algum
trabalho, eu estava entorpecido. Meu cérebro se recusava a funcionar
corretamente. Eu estava tão cansado e tão dolorido como se tivesse ficado
acordado a noite toda, mas eu tinha dormido. Eu tive que deitar de barriga ontem
à noite porque meu ombro apenas doía muito. Mesmo ela limpando e o
enfaixando todas as noites, não estava fazendo nenhum bem.

Eu estava começando a me preocupar com isso. Eu não podia ir ao


médico para isso. Não podia correr o risco de ser colocado no sistema e ter que
mudar de novo tão cedo. Mesmo que eu tivesse dormido cedo ontem à noite, eu
estava lutando contra o sono novamente. Estava congelando no quarto, mas meu
braço estava tão quente. Era uma combinação desconfortável. Minha cabeça
pulsava com cada ruído.

Ela saiu, mas eu não podia me mover. Eu esperei lá debaixo das cobertas
até que senti seus dedos frios tocar minha testa. Foi como um sonho. Eu podia
senti-la, mas não conseguia me mover ou falar. Minha cabeça virou para o lado
quando ela soltou e eu comecei a tremer. Tudo turvou, nada atravessou, nada
importava. Era como estar chapado de uma forma muito ruim. E meu ombro não
apenas doía, estava insuportável.

Eu queria esfregá-lo, mas meu braço não se moveu. Eu senti os lábios na


minha orelha e ouvi no mais suave sussurro:

— Apenas espere. Jude, é melhor esperar.

Senti movimento e ouvi a porta abrir e fechar, e, em seguida, um barulho


de motor e luzes indo e vindo de volta para as trevas. E depois nada.
Sinal sonoro e uma mão suave no meu rosto me acordaram. Eu pisquei
forte enquanto todos os meus sentidos abriam ao mesmo tempo.

— Eu sei que a luz é brilhante. Sinto muito, mas temos que ir. — ela
sussurrou.

Marley.

Meus olhos se abriram e eu olhei para ela por cima de mim. Ela parecia
preocupada e cansada.

— Qual é o problema, querida?

Ela suspirou e sorriu, exasperada.

— Meu Deus, você não tenta me apanhar agora. — Ela puxou meu braço
bom até que eu estava sentado. Eu estava tonto e enjoado. — Sinto muito. Tenho
que te vestir. Precisamos ir.

— Onde estou? — Eu perguntei, enquanto olhava ao redor do quarto. Era


um quarto de hospital. Olhei para ela em pânico. — Nós não podemos estar aqui.

— Duh, eu estou tentando tirá-lo daqui.


— Há quanto tempo estou aqui? — Ela puxou a camisa sobre a minha
cabeça e puxou a camisola fora em uma tração. — A melhor pergunta é por que
estou aqui?

— Você teve uma infecção. — disse ela lentamente, me ajudando com


minhas calças e meias. Pelo menos eu estava em roupas íntimas. — Em seu
ombro. Estava se espalhando para o seu coração. Sua febre era de quarenta
quando nós trouxemos você.

Nós?

— Quem somos nós?

— O cara que fica no quarto próximo ao nosso. Gritei por ajuda porque eu
não conseguia carregá-lo e não queria chamar uma ambulância a menos que
tivesse que chamar. Ele veio correndo e me ajudou a trazer você aqui.

Ela colocou os sapatos, ajoelhando-se aos meus pés e me levantou. —


Você acha que consegue isso? — Ela acenou com a cabeça para a minha
braguilha.

— Sim. — eu disse rispidamente e fechei o botão e o zíper. — Há quanto


tempo estou aqui? — Eu repeti.

— Cerca de 11 horas. — Ela levantou a mão para me parar. — Eles não


sabem o seu nome. Eu lhes disse que nem eu sabia, assim eles simplesmente
fizeram o check-in como um John Doe e o trataram. Então, depois da mudança
de turno, eu voltei aqui para te ver. Eu queria esperar o tempo que eu pudesse,
esperando eles mudarem o saco de IV com antibióticos antes que tirássemos,
assim você conseguiria pelo menos duas doses do mesmo. Você pode até ter tido
três, não tenho certeza. Ela apenas mudou há poucos minutos, então precisamos
sumir. — Ela soltou o saco do IV do mastro e me deu para segurá-lo no meu
braço bom. — Nós vamos deixar o IV e você pode terminar os antibióticos e
analgésicos do saco no hotel. — Ela revirou algumas gavetas e colocou bandagens
e fita em seu bolso. — Eu só espero e rezo para que tenha antibióticos suficientes
para deixar você melhor.

Eu bufei um suspiro de surpresa.


— Você fez tudo isso? Você inventou esse plano sozinha?

— Hey, sério. — queixou-se em tom de brincadeira.

— Eu não quis dizer isso.

— Eu sou boa sob pressão. — explicou ela com um sorriso. — Vamos. A


caminhonete está lá fora.

— Como ela chegou aqui?

— Ele a dirigiu e a estacionou. Eu estacionei a dele no estacionamento de


ambulância para que eu pudesse tirar você rápido e ele pegou lá na noite
passada.

— Caramba, menina... — Eu ri baixinho. — Você pensou em tudo.

— Eles não sabem quem você é. — ela assegurou enquanto espiou para
fora da minha porta do quarto e começou a descer o corredor. — O hospital. Você
está seguro. Ele não vai nos encontrar aqui.

— Obrigado. — eu disse, minhas palavras sinceras. — Eu não posso


acreditar o quanto já me sinto melhor.

— Estou tão feliz. — disse ela com um suspiro de alívio. — Eu estava tão
preocupada que foi tudo por nada e você ainda se sentiria terrível.

Ela estava preocupada. Eu odiava que ela estivesse preocupada comigo...


eu não estava?

— Obrigado.

— Não tem problema.

— Esta é a segunda vez que você cuida de mim.

— Você salvou a minha vida. — ela rebateu. — Eu acho que a razão é,


provavelmente, um salva-vidas para gostar, três para empatar.

Eu sorri e andei um pouco mais rápido para ajudá-la tanto quanto eu


poderia.

— Ok. Se você diz isso.


Ela dirigiu e pegou um pouco de sopa no caminho para o hotel. Fiquei
chocado com o quão sexy era ela estar dirigindo minha grande, feia, caminhonete
batida. Ela lidou como uma profissional.

Eu carreguei o meu IV para dentro e sentei-me contra a cabeceira da


cama, chutando meus sapatos. Ela abriu a tampa do enlatado de sopa de
macarrão e galinha e entregou-me. Foi a melhor refeição que eu tive em dias. Eu
gemi enquanto devorava. Ela riu para mim e sentou-se na cadeira ao lado da
cama. Depois que terminei, coloquei de volta e tentei assistir CSI. Marley
continuava olhando em minha direção, porém, e isso me distraiu. Muito.

— Eu estou bem. — eu disse a ela.

— Estou preocupada que não foi o suficiente. — Sua voz estava suave e...
com medo.

— Eu me sinto melhor.

— Você não viu a si mesmo. — ela sussurrou. — Você não viu o quão
ruim você estava. Pensei... — Ela engoliu em seco — Eu pensei que tudo estava
acabado. Eu realmente pensei que você não podia fazer isso. Você estava tão
quente e não acordava e...

— Eu estou bem. — eu repeti com mais ênfase. — Eu prometo. Vou lhe


contar se algo parecer fora de sintonia.

Ela assentiu com a aprovação.

Eu suspirei.

— Sinto muito sobre a nossa última conversa.

— Está tudo bem. Contanto que não seja nossa última conversa, então
vai ficar bem. — respondeu ela e sorriu, inclinando-se para tocar meu braço com
a lateral de seu punho. — Você me preocupou muito

Eu sorri tanto quanto podia.

— Perdoa-me?

— Talvez. — ela jorrou timidamente. — Eu acho que você tem algo para
fazer.
— Amassos? O que? — Eu o provoquei.

— Urgh. Algo, seu pervertido. — ela riu de suas palavras. — Porco


insuportável.

Eu senti uma faísca no meu peito, um raio de sol fazendo o seu caminho
para dentro

— Uau, eu senti sua falta.

Ela riu mais alto.

— Você nem sabia onde estava! Você não sentiu minha falta.

Então, tudo isso só o deixou de ser brincalhão.

— Mas eu senti, Marley. Eu senti sua falta.

O rosto dela disse que entendeu o significado e seus olhos ficaram


vidrados antes que ela subisse em cima de mim na cama, enrolando-se contra o
meu braço bom.

— Estou muito feliz por você estar bem.

Puxei-a, incentivando-a a se enrolar mais.

— Estou muito feliz por você estar aqui.

Eu senti o seu sorriso contra a frente da minha camisa, junto com a


umidade.

— Estou feliz por você estar feliz.

O resto da noite foi gasto com o saco IV equipado com uma caneta do
hotel e fita na cabeceira da cama e nós assistindo programas policiais toda a
noite, até que adormecemos. E ela ficou ali toda a noite, deixando-me apenas um
minuto para colocar uma fita de nariz do nosso saco plástico de
supermercado. Ela não parecia tão autoconsciente desta vez, mas ainda
escondeu o rosto no meu peito.

Eu não sei quem dormiu primeiro, mas ambos dormimos juntos, meu
braço em torno dela, seu braço em volta de mim, e por uma vez na minha vida,
não senti que tudo o que tocava se transformava em pó.
***

A batida na porta me acordou. Meu braço queimava e eu olhei para baixo


para encontrar o sangue da mão no fio IV. O saco de IV estava vazio. A batida
soou novamente, acordando Marley. Ela levantou e limpou debaixo de seus
olhos.

— Alguém batendo? — ela disse, irritada.

— Sim. — eu disse a ela, sorrindo.

— Eu atendo. — ela jorrou, com a voz rouca da manhã, e olhou pelo olho
mágico. — Oh, ele é nosso vizinho.

Ela abriu a porta e revelou um grande cara, os braços do tamanho de


melões. Ele era quase careca, com seu cabelo curto e despojado. Eu comecei a
descascar a fita no meu braço e puxei suavemente a agulha. O sangue começou a
vir rápido. Eu amaldiçoei e Marley virou.

— Jude, você tem que colocar pressão sobre ele por um minuto. — ela
repreendeu e correu para pegar a gaze que tinha roubado do hospital.

Ela se ajoelhou na minha frente e pressionou a gaze na minha


pele. Então, limpou o sangue e cobriu, rasgando pedaços de fita com os
dentes. Eu observei o rapaz, que ainda estava de pé na porta, com ceticismo. Ele
não tinha tirado os olhos de Marley o tempo todo. Seus olhos estavam atualmente
em seu magnífico traseiro. Eu sabia que aquele traseiro não pertencia a mim,
talvez muito em breve. Mas não lhe pertencia também.

Depois da noite passada e o que ela fez por mim ontem, eu não sabia o
que queria mais. Eu não queria que ela se machucasse, eu sabia disso, mas
queria ficar com ela. Eu me senti egoísta, mas também me senti mal apenas por
jogá-la para o mundo e esperar que Biloxi não a encontrasse.

Mas naquele momento, nada mais importava, só esse idiota que estava
prestes a ser chutado nos dentes.

— Ei, amigo. Olhos para cima, heim?


Ela engasgou, mas eu estava olhando para o vizinho. Eu a vi em minha
visão periférica quando ela olhou para mim antes de olhar para ele. Ele tentou
parecer chocado, mas eu sabia melhor.

— Jude. — disse ela baixo.

Eu olhei para ela e seu rosto estava vermelho de vergonha. Ela estava
realmente brava comigo neste cenário?

— Ele estava olhando seu...

— Ok, ok. — disse ela em um assobio. Ela levantou-se, virando-se para


ele. — Hum...

Ele esfregou o cabelo inexistente.

— Eu estava verificando para ver como ele estava, certificando-se de que


vocês voltaram bem.

Oh, por favor....

— Sim, nós voltamos muito bem. Marley é uma garota incrível, que não
precisa da ajuda de ninguém. — Talvez tenha sido um exagero.

Ela me deu um olhar que me pediu para parar. Ela deu um passo em
direção a ele e meu sangue gelou.

— Sinto muito. — eu a ouvi dizer em voz baixa. — Tem sido uns dias
ásperos para nós.

— Eu posso imaginar. — ele concordou e sorriu. Ele colocou seu braço no


batente da porta. — Bem, eu posso levá-la para almoçar, se você quiser e
podemos trazer de volta um pouco de sopa ou algo assim.

Meus olhos se arregalaram. Claro que não.

Eu levantei, andei para frente, fazendo com que meus passos fossem
fortes e altos, e fui para o seu lado.

— Eu estou perfeitamente bem hoje. Foi apenas uma infecção neste corte
feio que eu tinha. Obrigado pelo convite, mas temos algumas compras e coisas
para fazer hoje, antes de pegar a estrada.

Ele pareceu surpreso.


— Vocês estão indo embora? — ele perguntou.

— Hum... — ela olhou para mim — nós estávamos pensando nisso, sim.

— Oh. — Ele limpou a garganta. — Ok. Bem, grite, se você precisar de


alguma coisa, até então. Fico feliz que você está bem, amigo.

— Obrigado... amigo.

Ele saiu sem fechar a porta. Ela se virou para olhar para mim.

— Gritar? — Eu zombei. Eu esperei para encontrar seu olhar, sabendo


que ela ia ficar furiosa comigo por agir como se eu a possuísse, mas quando eu
finalmente olhei, ela parecia confusa. — Não fique tão confusa, querida. Você é
muito malditamente bonita para seu próprio bem.

Ela revirou os olhos. — Compras? Jude, você não pode ir às compras hoje.
Você estava no hospital ontem!

— Eu me sinto bem. Eu me sinto ótimo, na verdade. Um pouco cansado,


talvez, mas não podemos simplesmente sentar no hotel por dias e dias esperando
eu estar bem novamente. Estou pronto para ir.

— Compras para quê? — ela disse em concessão.

— Bem. — eu disse lentamente e tomei o canto de sua camisa entre meus


dedos. — Precisamos de algumas roupas, não é?

Ela tomou uma respiração profunda.

— Sim.

— Então, é isso que eu estou fazendo hoje. Vou te comprar aquelas


roupas que prometi.

Ela olhou para o chão.

— Antes de me levar para a próxima cidade e me abandonar, certo?

Eu abri minha boca para dizer-lhe que não iria acontecer, mas a
fechei. Eu queria que ela ficasse comigo, eu queria, só não sabia o que era
melhor. Até onde ele iria para me encontrar? Será que ele continua procurando
por mim, ou se ele não me encontrar, ele iria em busca de Marley?
Então, eu só disse a verdade. Foi realmente muito libertador não ter que
soprar fumaça o tempo todo.

— Eu não quero deixá-la em qualquer lugar, amada.

Ela fez uma careta.

— Por favor, não me chame de amada. — Eu senti minha testa dobrar em


confusão. — Isso é o que você chama as garotas quando está tentando acalmá-
las. As faz se sentirem especial, mas na verdade é um movimento armadilha.

Senti minhas sobrancelhas subirem por ela ter descoberto coisas assim.

— Se bem me lembro, eu nunca a chamei de querida uma vez até agora.


Só então, foi um deslize. Você foi querida desde aquele dia no bar.

— E eu estou perfeitamente bem com a permanência de querida. — ela


sussurrou, parecendo atordoada.

Eu gemia por dentro.

— Se nós estamos abrindo isto posso ser completamente honesto, eu


quero mantê-la comigo. Você... — Seus olhos me pediram para dizer algo
romântico e épico. Ela queria isso também? Me queria? Eu pensei que ela só não
queria ficar sozinha. — Você faz a vida suportável. — Ela fechou os olhos por
alguns segundos demasiado longos. — Você está me mudando, em todas as
maneiras que eu achava estar morto há muito tempo. Pensei que nunca poderia
ser mais do que costumava ser, mas você me mostrou que eu posso. Que eu
quero ser.

Ela não acenou com a cabeça, mas eu podia ver a esperança no seu
rosto. Mas eu tinha que dizer a verdade.

— Mas eu não sei se o lugar mais seguro para você é comigo.

Ela não desinflou como eu pensei que faria. Ela sorriu e deu um passo
para frente, tocando minha bochecha.

— Estou tão feliz que você está bem. Vamos pegar algumas roupas
primeiro, depois algum almoço, e então vamos descobrir o que fazer a seguir. Ok?
Eu balancei a cabeça. Eu ia beijá-la se ela não... Ela se afastou para
colocar seus sapatos e eu suspirei. Ela tinha estado tão perto de conseguir o beijo
de sua vida. Deus, ajude-me... você a mandou para mim? Porque parecia que
você mandou. Parecia que a colocou nesta terra para me encontrar e assumir o
meu próprio ser, com a sua bondade. Fechei os olhos e esperei por isso.

— Sapatos, Jude. Estou morrendo de fome! — ela provocou e colocou as


mãos nos quadris. — Vamos lá. Acho que sobreviver ao seu ataque de morte em
um prato merece alguma coisa - como um bife com purê de batatas e pães de
levedura.

Eu ri.

— É isso aí, querida.

***

Tudo naquela manhã, enquanto olhava ao redor da Boa Vontade por


roupas e sapatos e tal, eu fingi que estava bem. Meu braço não doeu tanto, eu
ainda estava muito cansado e com dores, mas isso precisava ser feito. Ela tomou
conta de mim e merecia. Nós estávamos usando a mesma roupa por dias e dias,
lavando-as à noite em nossa pia.

A tensão entre nós era palpável. Eu sorri enquanto olhava para seus pés
sob a cortina do vestiário. Ela estava experimentando alguns tops que ela achou
que eram com babados e delicados e todas essas coisas que as meninas
gostavam. Sim, a tensão estava lá, e era mais potente do que qualquer coisa que
eu já havia sentido com alguém. Era como se ela tivesse uma corda amarrada a
mim e estava me puxando para chegar a ela. Eu nunca tinha experimentado a
tensão sexual antes... e eu adorei.

Eu já tinha minhas calças jeans, camisas, e alguns pares de calças de


moletom para dormir amontoados em meus braços. Então, eu estava apenas
esperando Marley e nós finalmente íamos comer alguma coisa.

Inclinei o ombro bom na parede ao lado de seu provador.


— Você precisa de alguma ajuda aí? — Eu deixei minha voz transportar as
notas de alguém que estava frustrado, mas não tinha absolutamente nada a ver
com a espera por ela. Era algo totalmente diferente.

— Eu poderia usar alguma ajuda. — ouvi atrás de mim. Virei-me para


encontrar uma mulher espreitando para fora, sorrindo. — Quer me ajudar?

Eu sorri.

— Estou muito ligado a esta aqui. — Eu puxei meu polegar em direção ao


quarto de Marley. — Mas obrigado.

Ela encolheu os ombros com um sorriso tímido e desapareceu. Quando


voltei, Marley estava espiando para fora para mim. Ela tinha um pequeno sorriso
em seus lábios com cicatrizes que eu não consegui descobrir. Ela pegou a frente
da minha camisa e me puxou para o quarto com ela. Fechando a cortina, ela se
virou para mim e depois se virou, colocando-se de costas para mim. — Eu preciso
de alguma ajuda, na verdade.

Havia um zíper meio fechado no vestidinho azul que ela usava. Eu


coloquei minhas mãos em seus ombros, engolindo porque ela era suave de uma
forma que eu não sabia que as mulheres poderiam ser.

— Para cima ou para baixo? — Eu perguntei, mas foi um grunhido se eu


já ouvi um.

Arrepios correram através de sua pele, em seguida, fazendo-me arder em


todos os tipos de formas.

— O quê? — ela sussurrou. Levei um segundo para registra-la tremendo.

— O zíper. Para cima ou para baixo.

— Oh. — ela sussurrou e pegou um par de respirações ofegantes. — Para


baixo. Ele serve. — Eu não me mexi. Eu não ousava mover ainda. — Você
gostou?

— É um vestido bonito. — eu disse uniformemente, adiantando um pouco.

Ela virou-se, deixando o zíper, e olhou para mim.

— Meninas se aproximam de você em todos os lugares?


— Sim. — eu respondi com sinceridade. — Meninas, mulheres, e até
mesmo um cara uma vez.

— Seu ego deve ser do tamanho do Lambeau Field.

Santo inferno! Ela acabou de fazer uma piada de futebol?

— Fã de Packers, não é?

— Quem não é?

Oh, meu... ah.... Eu limpei o meu rosto com a palma da mão.

— Não, meu ego não é o tamanho de um campo de futebol porque sei que
elas só querem me usar. E eu costumava querer usá-las, por isso não importa.
Eu sou o tipo de cara com quem as meninas querem ter alguns momentos de
diversão, eu não sou o tipo de-se-estabelecer-e-casar.

— Por que você diz isso? — disse ela, incrédula.

— A primeira mulher que eu estive com certeza sabia disso. — Eu não era
amargo sobre isso. É o que é. Eu não estava orgulhoso, porém, e mesmo que
Marley saísse, eu nunca seria aquele cara de novo. — Essa é uma vida morta,
feita para induzi-lo a pensar que você está vivendo. Meninas eram o vício e
forneciam a dormência.

Ela assentiu, entendendo, mas eu poderia dizer que ela realmente não
queria saber.

— Eu desejo poder voltar e fazer as coisas de forma diferente.

Ela sorriu tristemente e sussurrou:

— Não queremos nós todos? — Coloquei minhas mãos nos bolsos, mais
confuso do que nunca. Um minuto, eu tinha certeza, no próximo, eu estava mais
no escuro do que antes. O que essa menina quer de mim?

— A propósito, essa mulher era uma idiota.

— Por flertar comigo? — Eu arqueei uma sobrancelha divertida e acenei


para o outro vestiário.

— Não. — ela riu. — Isso eu entendo. A mulher que lhe disse que você não
era nada, mas um brinquedo... isso não é verdade. Posso vê-lo encontrando o
cara que está te perseguindo, quebrando seu pescoço pelo que ele fez com sua
mãe, e então estabelecendo-se... sendo um grande marido e pai um dia.

Pai. Esse pensamento nunca, nunca passou pela minha cabeça.

— Sério?

— Sim. — ela sussurrou.

— Engraçado, eu vejo o mesmo sobre você. — Sorri para a imagem na


minha cabeça. — Uma menina que se parece com você em seu quadril, toda de
cabelos loiros e rosto bonito.

Ela sorriu para o chão.

— Um dia. — ela prometeu a si mesma. Ela tocou os lábios em


pensamento, ou de autoconsciência.

Eu levantei seu queixo até que ela olhou para cima. Eu a puxei para mais
perto, deixando meu polegar atropelar a curva de seu nariz e parando para
esfregar sobre a cicatriz. Ela tentou se afastar, mas eu só segurei mais apertado o
seu rosto, mantendo-a como refém, tentando dar-lhe de volta um pouco de toda a
cura que ela tinha me dado. Ela me implorou com os olhos, mas recusei a liberar
o seu olhar. A cicatriz era suave e quase fazia um cume. A almofada do meu
polegar acariciou e se apaixonou por esse lugar.

— Jude, não.

— Por quê? — Eu disse, verdadeiramente perplexo nesse momento que ela


não viu como eu estava me apaixonando por ela.

— É... feia.

Eu balancei minha cabeça, sabendo que isso ia sair de sua boca. Mas eu
entendi. Eu odiava a minha cicatriz também. E odiava quando alguém dizia algo
sobre isso. Mas eu... — Não é feia. Eu nunca quis beijar algo tanto quanto eu
quero beijar essa cicatriz agora. Ah, Marley, você é absolutamente linda.

Ela derreteu, o seu corpo perdendo a rigidez e seu rosto suavizando. Ela
puxou uma das minhas mãos para que pudesse chegar à minha
mandíbula. Meus dentes apertaram conjuntamente. Eu deveria ter sabido que ela
viraria a mesa em mim. Ela acariciou o comprimento da cicatriz com o polegar,
como eu tinha feito. Eu fiquei parado por seus cuidados, mas queria fugir. Mas
quando ela olhou para mim, ela não olhou para mim como se fosse sexy ou como
se eu fosse algum bad boy. Ela olhou para mim como se soubesse exatamente
como eu me sentia.

Essa foi a única coisa que me fez ficar.

Quando ela se inclinou para frente, pressionando os lábios, eu


acalmei. Ela estendeu a mão na ponta dos pés e colocou três beijos espalhados ao
longo dela. Esperei por mais, e implorei para que nunca chegassem. Ela se
inclinou um pouco para trás e assinalou com a cabeça para o lado.

— É uma cicatriz de batalha, Jude. — disse ela, tocando o lábio. —


Cicatrizes da batalha apenas nos lembram de que nós sobrevivemos.

Peguei seu rosto em minhas mãos mais uma vez.

— Nós sobrevivemos.

Ela me observava. — Você disse que queria beijar minha cicatriz... — Eu


assenti a cabeça. — Você vai?

Ela não tinha que me perguntar duas vezes.

Baixei para a boca mais doce que eu já provei e eu nunca mais queria
provar outra, Deus, obrigado, ela era a única coisa que me impediu de cair sobre
a borda até o fim de mim.

Senti suas mãos se juntando em minha camisa e isso acendeu meu


fogo. Com pressão total e acariciando, dei-lhe tudo. Seus lábios eram tão suaves
e hipnóticos como eu imaginava. Ela era tímida e me deixou tomar. Fiquei
intrigado com isso, mas naquele momento, eu queria segurar as rédeas. Eu
queria mostrar à menina o que ela tinha feito para mim e por mim. Mas mais
tarde... eu queria duelar.

Quando eu lambi seu lábio inferior, ela arfou na minha boca um pouco,
efetivamente abrindo os céus para mim. Eu estava me afogando em seu gosto,
vivendo no ar que ela respirava, nadando no primeiro gemido que escapou dela.

O vestiário era pequeno e não havia cadeiras ou bancos, apenas três


paredes, um espelho, e uma cortina. Então, eu não poderia me ajudar quando
nos virei e pressionei-a para a parede do fundo do vestiário. Uma das minhas
mãos escapou e encontrou seu caminho para sua perna. Levantei-a ao meu lado,
minha mão se estabelecendo na dobra do joelho, sentindo o quão quente e macia
ela era, sobretudo.

Seus dedos foram para o meu cabelo, puxando e arrancando como uma
profissional. Eu pressionei mais, transmitindo todas as coisas que ela estava
fazendo para mim. Sua língua era tímida como ela era, mas foi bom sentir roçar a
minha suavemente, como se estivesse tomando seu tempo e me saboreando.

Então ela estendeu a mão e a enfiou no meu bolso de trás. Eu senti meus
olhos rolarem para o fundo da cabeça em minhas pálpebras fechadas quando um
rugido sacudiu o seu caminho em minha garganta.

Nós dois estremecemos quando um estrondo ressoou pela loja. Eu me


inclinei para trás, curioso. Olhei através do lado da cortina e meu sangue gelou e
ferveu ao mesmo tempo.

Biloxi.

Inferno.

Eu olhei para ela e coloquei meu dedo sobre seus lábios para dizer-lhe
para ficar quieta. Seu rosto mudou de confusa para assustada. Eu balancei
minha cabeça e sussurrei em seu ouvido.

— Está tudo bem. Vou mantê-la segura. Faça o que eu digo, ok?

Ela assentiu com a cabeça.

Peguei minhas roupas e as de Marley e espiei para fora mais uma vez. Ele
estava criando o caos enquanto atormentava a atendente da loja com uma
foto. Duas fotos. Ele disse:

— Você já viu essas pessoas?

Caramba. Ele estava procurando por Marley também. Ele não ia deixá-la
ir.

— Venha, querida. — eu disse a ela e avançamos para fora, seus dedos


segurando minha camisa de volta. Nós quase chegamos até a porta de trás antes
que um tiro ecoasse nos meus ouvidos e a janela ao lado de nossas cabeças
explodisse.

Marley gritou e eu puxei-a na minha frente, no caso de os tiros não terem


acabado. As pessoas gritavam por toda parte, gritando, pulando, correndo. Ele só
fez pior para si mesmo. Agora era mais difícil para ele chegar até nós. Ele estava
escorregando, ficando ganancioso, ficando descuidado. Mas por quê?

Eu a empurrei para fora da porta antes de mim e saímos


correndo. Tínhamos que abandonar a caminhonete, eu sabia disso. Eu tinha todo
o dinheiro que sobrou comigo, por isso estaríamos bem se pudéssemos conseguir
fugir.

Corremos para outro lado da rua, assim ouvimos o alarme disparar na


loja atrás de nós. Policiais estariam lá em breve. No posto de gasolina, um cara
mais velho tinha acabado de preencher e estava indo pagar. Eu fiz uma
careta. Eu odiava fazer isso, mas se ele não tivesse tentando pagar à moda
antiga...

Eu pulei, lançando-a com os dois braços. Marley subiu e se arrastou para


o meio do assento do banco do velho Cutlass. Eu acionei e o lancei na
estrada. Ele saiu, gritando e xingando, mas estávamos muito longe. Eu voei pela
estrada e olhei no meu espelho retrovisor para ter certeza de que estávamos
limpos.

Nós não estávamos.

Biloxi estava na minha caminhonete e ele estava se aproximando. Era


uma estrada com quatro faixas com uma luz a cada bloco ou assim. Eu bati meu
punho no volante e amaldiçoei a minha má sorte. Marley virou-se para olhar e
suspirou. Ela olhou para mim, com amplos e implorantes olhos inocentes, como
se eu tivesse todas as respostas.

— Basta manter a sua cabeça para baixo. Vai ficar tudo bem. — eu
assegurei-lhe e esperava não estar mentindo.

— Jude... tenha cuidado. — disse ela, preocupada e não parava de olhar


para trás.
— Apenas deite-se, baby. — eu me ouvi dizer enquanto empurrava sua
cabeça para baixo para colocar no meu colo. Ela provavelmente pensou que eu
estava apenas a consolando, mas se ele começar a atirar, eu não a queria
atingida. Ela virou-se para o lado enquanto estava deitada, segurando minha
perna como um bote salva-vidas.

Eu corri à primeira luz vermelha e ele me seguiu. Buzinas soaram e eu


olhei ao redor por uma maneira de perdê-lo. Desviando o trânsito que estava indo
a trinta e cinco, enquanto eu estava indo a cinquenta e ganhando não era o que
eu queria, mas aquele bastardo não estava deixando.

Eu percebi uma coisa logo em seguida. Quando nós fizemos isso para sair
desta situação, eu já não estava indo sentar e esperar para ele vir me
encontrar. Não. Eu ia começar a olhar para ele como prometi há muito tempo.

Olhei para a menina assustada que só queria uma vida normal. Eu estava
indo descobrir o que ele queria comigo, se isso fosse a última coisa que eu
fizesse. Eu merecia. Ela merecia isso. Ia levar alguns negócios escusos, mas tinha
que ser feito.

Aquele assassino era meu.


Um telefone tocou e eu pulei. O telefone do velho estava no carro, sentado
no cinzeiro vazio. Abri a coisa antiga e apertei Terminar Chamada. Então eu tive
uma ideia. Uma ideia genial. Eu disse a Marley para segurar firme, apertei o
botão da câmera, e pisei no freio.

Voamos para frente em nossos lugares e em segundos, Biloxi estava bem


ao meu lado para fora da janela do meu motorista. Ele estava tão chocado com a
minha manobra que ele nem sequer tentou disparar, mas eu fiz. Tirei uma foto de
seu rosto aturdido e, em seguida, desviei para uma rua de sentido único, indo
pelo caminho errado, deixando-o a uma parada brusca e retorno. Eu estava de
volta à estrada principal, indo para o oeste em vez do leste, antes que ele fizesse.

Mas o Grande Cara estava sorrindo para nós hoje, porque um caminhão
de entrega manobrou para a direita, descendo a um caminho. Não havia espaço
suficiente para que eles se encaixassem um pelo outro e ambos pararam no meio
da estrada. Eu o vi inclinar-se para fora da janela, batendo com os punhos no
topo da caminhonete, antes que a cena fosse roubada ao passar por uma
construção. Eu relaxei um pouco e inclinei para trás.
— Você pode se levantar. Ele se foi. — Ela sentou-se lentamente, olhando
em volta para afirmar as minhas palavras. — Mas só para ter certeza — eu disse
e fiz uma volta rápida até a saída para a rodovia interestadual, — nós vamos
mudar um pouco as coisas e tomar a interestadual.

— Ele vai estar atrás de nós em breve, não vai? — ela perguntou, sua voz
ainda trêmula.

— Sim. Ele não para. — Eu não olhei para ela para o que eu disse em
seguida. — Foi a razão que eu ia deixá-la e seguir em frente sozinho. Eu não
queria que você estivesse em perigo. Mas ele tinha sua foto lá junto com as
minhas. — Eu balancei minha cabeça, desejando que eu tivesse sido forte o
suficiente para fazer o que precisava ser feito antes. — É tarde demais. Ele está
procurando por você, também.

— Mas ele não iria assumir que você me abandonaria? — Ela virou-se,
com os joelhos no banco, mas ainda estava ao meu lado. — Nós não nos
conhecemos. Porque ele ainda está procurando por mim se ele não sabia que
estávamos juntos?

— Eu não tenho certeza, Marley. Ele está desesperado, eu acho.

Eu acelerei tão rápido quanto me senti seguro o suficiente para


controlar. Nós só tínhamos cerca de duzentos e cinquenta dólares sobrando,
então tínhamos o suficiente para um hotel esta noite em algum lugar. Nós não
tínhamos o suficiente para uma arma, no entanto, e isso era o próximo na minha
lista. Eu teria que encontrar algum trabalho, logo.

Andamos em silêncio, exceto pelo rádio. Ambas as nossas mentes estavam


correndo, eu tinha certeza, mas estava determinado a não deixar Marley ficar
toda assustada e preocupada com isso. Ela sentou-se ao meu lado o tempo todo,
como se sentar ao lado da janela, de alguma forma fosse perigoso. Ela agarrou
meu braço e deixou seus dedos seguirem os sulcos da minha pele para manter-se
ocupada. Eu sabia que era assim, que ela não seria levada pela onda de pânico
atualmente estabelecendo sobre ela. Senti-me como um homem culpado no
corredor da morte, porque tudo isso foi culpa minha. Tudo que eu podia fazer era
ter certeza de que ela ficasse segura.
Depois de mais de cinco horas na estrada, eu manobrei para uma velha
churrascaria em ruínas.

— Você me fez prometer bife e pãezinhos.

Ela sorriu para mim - o primeiro sorriso em horas - e enfiou a mão no


banco de trás para pegar um dos pares de sapatos que compramos. Eu nem
tinha percebido que ela tinha estado com os pés descalços o tempo todo.

Eu estava tão exausto do dia que tivemos e de dirigir toda a tarde. Não
tínhamos parado para comer no almoço também. Meu braço doía um pouco, mas
eu sabia que o medicamento tinha feito o seu trabalho e eu ia ficar
bem. Sentaram-nos em uma cabine ao lado com uma visão clara do palco que
estava sendo ocupado por um grande mulher cantando Frank Sinatra, Fly Me to
the Moon.

Nós dois pedimos chás doces e a garçonete trouxe-nos um pedaço de pão


e manteiga. Nós enfiamos a mão. Eu passei manteiga em um pedaço e o coloquei
em seu prato para ela. Ela sorriu timidamente para mim. Eu quase suspirei em
voz alta. Achei que o fato de que ela teve que saber que estava em perigo por
causa de mim ia ser um assassino de humor. Fiquei contente de ver que não era.

Foi fácil para eu mudar de marcha de correr para fingir que as coisas
estavam de volta ao normal. Eu tinha feito isso toda a minha vida. Mas, ela era
novata nesse jogo, e isso me surpreendeu na melhor maneira de ver que ela não
se desfazia tão facilmente.

— Cheira tão bem aqui. — ela gemeu. — Eu vou começar a comer


guardanapos se eles não trouxerem a comida em breve.

Eu ri.

— Eu estou bem aqui com você. — Engoli minha porção e limpei minha
garganta. — Eu sei que nós estamos evitando isso, mas... eu sinto muito por
hoje.

— Você quer dizer a maratona de compras? Obrigada por isso. — Ela


estalou os dedos. — Caramba, nós não pagamos!

— Isso não é o que quero dizer e você sabe disso. — eu disse suavemente.
— Eu sei. — Ela se moveu mais até que estava bem contra mim. Eu
coloquei meu braço em volta dela. Seu rosto estava tão perto do meu que eu
sentia sua respiração no meu rosto. — Ele é o único com problemas, não você.
Você poderia ter me abandonado e não abandonou. Fui jogada em você por algum
capricho estranho do destino. Se você tivesse me deixado em algum lugar, ele me
teria agora. Você sabe disso, né? — Eu deixei meus dedos trilharem em seu pulso
e isso me chocou de quão satisfeito eu estava quando mais arrepios
apareceram. — Você me salvou.

Eu não queria ouvir isso. Eu queria chafurdar e ficar com raiva de mim
mesmo. Ela puxou meu rosto de volta com a palma da mão fria em meu rosto.

— Não comece a se culpar.

Suspirei e fechei os olhos. Eu deixei minha testa repousar na dela. Ela era
uma garota incrível que caiu na minha vida, este presente eu não sabia como
aceitar.

— Obrigado.

— Obrigada. — ela rebateu. — Por salvar a minha vida duas vezes.

Um de seus pés se moveu entre os meus, acariciando meu tornozelo e


perna, ela estendeu a mão ao redor da parte de trás do meu pescoço. Estava
jogando footsies 2 comigo? Eu ri de mim mesmo. Ninguém nunca tinha jogado
footsies comigo antes.

Em vez de pensar em excesso e de ser uma menina total, sobre toda essa
"coisa" acontecendo entre nós, eu só ergui seu queixo e beijei-a, porque isso é
exatamente o que eu queria fazer. Seu corpo flexível e ansioso contra o meu
tornou muito quente aquele restaurante.

Não era o ataque frenético que tinha sido na loja. Não, isso foi
diferente. Foi uma agressão sem pressa em meus sentidos que eu nunca tinha
experimentado com alguém antes. Eu não tive tempo suficiente para analisar
antes que a garçonete fizesse ruídos estridentes em sua garganta para deixar-nos
saber que ela estava lá.

2
Footsie é uma maneira íntima de flertar. Ele geralmente é feito secretamente quando os outros estão ao redor, o
que o torna um pouco mais malicioso e divertido.
Ela colocou o prato sobre a mesa.

— Ah, vocês são recém-casados?

— Uh, não. — Eu ri, mas olhei para Marley. — Ainda não.

Eu estava testando-a, vendo se enlouqueceria. Ela não o fez. Nem mesmo


um olhar de choque apareceu. Em vez disso, ela tinha esse pequeno olhar
perverso em seus verdes e brilhantes olhos.

— Não, nós não estamos noivos ainda, mas meu amado aqui mal se
formou na faculdade! Ele é um real e ativo ginecologista agora!

Eu engasguei com meu purê de batatas. Ela me deu um tapinha nas


costas enquanto eu tomava um gole de água. A garçonete arregalou os olhos e ela
sorriu.

— Bem, parabéns. Você parece um pouco... jovem para ser um médico.

— Oh, ele trabalhou tão duro. — A voz de Marley tinha se transformado


neste cruzamento entre um sino do sul e caipira bonitinha. — Ele trabalhou sua
bunda, ele fez, e se formou no colegial com apenas dezesseis anos.

— Uau. — disse a garçonete, impressionada. — Uau, isso é incrível.

— Ele é um prodígio. Meu bebê. — Ela beijou meu rosto, piscando o olho e
apreciando-se.

Tudo bem, dois podem jogar.

— Bem, isso não é nada comparado com o meu bolinho de açúcar aqui. —
Marley estava mal contendo o riso. Ela apertou minha coxa por debaixo da
mesa. — Ela ganhou o concurso Miss Milho Doce. Isso mesmo, levou para casa a
coisa toda, e agora estamos viajando para a Miss Semente de Melancia. — Eu
olhei para ela com amor. — Meu bebê vai ganhar e ser uma estrela.

— Ah, meu Deus! Vocês dois são tão doces! — ela jorrou, apertando seu
peito.

— Bem, obrigado.

Marley deu uma grande mordida em um pãozinho e falou com a boca


cheia.
— Não iria acontecer de ter um bolo de Parabéns, eu sou um médico agora
lá atrás, não é?

— Hum... — ela olhou em volta. — Não. Sinto muito.

— Tudo bem! — ela acenou com o garfo para ela. — Não se preocupe com
isso.

— Bem, parabéns aos dois. Espero que vocês aproveitem o seu jantar.
Tudo bem até agora?

— Ah, está ótimo. — Marley respondeu através de sua comida.

A garçonete assentiu com a cabeça e saiu com um sorriso. A mulher no


palco cantava uma canção de amor antiga enquanto Marley e eu rimos nos
ombros um do outro. Ela segurou minha coxa por debaixo da mesa e eu agarrei a
dela.

— Você é hilária. — eu disse a ela e cortei minha carne. Não era a melhor
do mundo, mas era comida e era quente e não em uma lata. Era o paraíso.

— Você é engraçado. — disse ela, com os olhos em seu prato. Olhei para
cima, porque a voz dela parecia diferente. Ela estava olhando para o seu bife, e
então seus olhos se moveram sobre a sua faca.

Eu entendi.

— Você quer que eu o corte para você?

Ela tomou uma respiração profunda.

— Eu não tive bife em anos. Desde que eu tinha tipo... cinco ou algo
assim.

Eu apertei meus dedos em sua coxa.

— É por isso que você queria comer carne hoje?

— Em parte. Eu sabia que teria que usar talheres para comer. — Ela
suspirou. — Eu sei que é tão estúpido, que eu não uso garfos, mas... — Ela
encolheu os ombros. — Quando eu tinha cinco anos... ou algo assim... fomos
comer bife. Casa adotiva número quatro. Eu estava cortando o meu bife, um
pouco alto demais, e eles ficaram bravos. Eu estava com tanto medo que eles iam
me mandar embora que comecei a tremer e derrubei meu garfo no chão. A mãe
jogou uma pilha inteira de garfos da gaveta no chão.

Minha mandíbula cerrou, meu punho apertando. Ela só ficava quebrando


meu coração com suas histórias.

— Ela não me permitiu comer com utensílios após isso e então... eu nunca
o fiz. Porque eu estava com medo quando era garota de derrubar e quando fiquei
mais velha, eu nunca sabia o que ou onde eu estaria comendo. Eu só... nunca...

Ela pegou a faca e olhou para ela como se fosse alienígena. O garfo estava
ao lado e ela começou a cortar seu bife. Ela pegou uma porção com o garfo e, em
seguida, uma porção do purê de batatas ao lado. Ela lambeu o garfo até limpá-lo
e riu antes de olhar para mim.

Fiquei absolutamente encantado. Não é que ela não sabia como usar um
garfo, porque ela sabia, era que ela estava com medo de pensar que ela não era
digna de um. Eu não conseguia desviar o olhar. Nós dois quebramos tantas
barreiras desde que nos conhecemos e lá estava ela, quebrando outra, e me
deixando fazer parte de tudo isso com ela.

Quando a sobremesa chegou, nós compartilhamos um pedaço de


cheesecake lentamente. Eu vi como ela lambeu o garfo uma e outra vez.

— E agora? Hotel ou estrada?

— Eu estou batido. — eu respondi com sinceridade. — Eu só quero dormir


e então nós podemos pegar a estrada pela manhã.

— Parece bom.

Ela pegou o último pedaço e tinha um pouco na borda do lábio. Eu


balancei minha cabeça. Outro cenário clichê, mas eu estava tão indo para ele.

Inclinei-me para perto. Ela viu o que estava por vir e seus lábios
entreabriram.

— Você tem um pouco aqui. — Eu o lambi antes de ir e ter toda a sua


boca com a minha. Ela deixou cair o garfo audivelmente na mesa com um
barulho, mas não parecia preocupada com isso ser jogado de volta para ela. Ela
colocou os braços em volta do meu pescoço e me devorou como eu a devorava.
A garçonete novamente teve a nossa atenção e eu paguei seu dinheiro,
dizendo-lhe para ficar com o troco. Corremos juntos, nós dois ansiosos para
chegar a algum lugar sozinho, em algum lugar privado.

— Boa sorte no concurso! — a garçonete gritou.

— Obrigada! — Marley gritou de volta.

Ela riu no caminho até o carro. Nós dirigimos os dois quarteirões para o
motel e pegamos um quarto. Eu peguei a mão dela enquanto subíamos os
degraus. Ela estava esfregando o meu braço e se apertando contra meu lado. Eu
envolvi meu braço ao redor dela, chegado o mais perto que pude. Chegamos ao
quarto e ela inclinou-se com as costas contra a parede ao lado da porta. Eu a
segui para manter o contato. Eu mexia com a chave, mas ela não podia esperar e
me puxou para baixo rudemente para beijá-la.

O macho em mim foi despertado.

Nós puxamos e arrastamos um ao outro enquanto tentava pegar a chave


sem olhar. Sua língua não era mansa e tímida como antes. Não, ela era selvagem
e pegando fogo, tanto quanto eu. Finalmente, amaldiçoei contra sua boca e
recostei-me para ter a porta destrancada. Assim quando eu fiz, a abri enquanto
puxava-a comigo, beijando o tempo todo. Eu bati e tranquei a porta
impressionantemente sem olhar e, em seguida, virei-me para pressioná-la contra
a parede.

Ela estava toda ofegante e quente. Passei a mão em sua perna,


empurrando seu vestido um pouco do lado para fora de sua coxa. Ela puxou
minha camisa até que eu levantei meus braços e ela foi jogada fora. Eu nunca
estive tão excitado na minha vida. Nunca. Eu estava prestes a implodir com a
necessidade de tê-la.

Ela levantou a perna que eu estava acariciando e a conectei ao redor do


meu quadril. Seus braços estavam em volta do meu pescoço e nossos lábios
atacaram e lutaram entre si. Quando ela gemeu baixinho, eu estava feito.

Levantei-a, ignorando o puxão no meu ombro, e coloquei suas duas


pernas em volta da minha cintura, beijando-a com mais força. Quando eu deixei
a minha mão percorrer suas costelas para o lugar macio que eu queria, ela
arquejou. Isso me fez pausar. Ela estava animada, sim, mas isso era diferente.

Todas as pequenas pistas e peças começaram a se encaixar. Hoje, o beijo


dela ser tão tímido. Ela disse que nunca tinha tido um chupão. Ela esteve dentro
e fora dos lares adotivos. Mudando de escola. Ela não tinha sequer um lugar para
viver... Oh, ah...

— Você nunca fez isso, não é? — Eu perguntei com uma respiração


irregular. Ela ficou quieta. — Quero dizer, depois do que aconteceu com você...

Ela bufou.

— Por que você está me perguntando isso?

— Uh... — Olhei entre nós. — Eu acho que é uma pergunta válida para a
garota que eu tenho pressionada contra a parede.

Ela suspirou.

— Não, mas isso não importa. Eu não quero parar.

Ela beijou o canto da minha boca e me puxou para mais perto. Eu


balancei a cabeça para mim. Não faça isso... não seja o bom rapaz aqui... ela está
pronta, ela quer que você...

Maldição.

— Eu não posso. — O olhar de mágoa e decepção era esperado. Corri para


explicar. — Eu não quero que a sua primeira vez seja assim.

— Então você vai dormir com as outras meninas, mas não comigo? — Ela
não tinha dito em tom de brincadeira, era uma investigação genuína. Mais uma
vez, odiava eu mesmo e meu passado.

— Eu vou ser honesto. Eu sempre quero ser honesto com você. — Ela
assentiu com a cabeça. — Eu tive sexo com essas garotas porque usei-as para ser
uma distração na minha vida de lixo. Elas não significaram nada, e eu sei que
isso parece ruim, mas eu não signifiquei nada para elas também. — Kate passou
pela minha mente e eu me senti culpado de novo. — Eu não quero nada em
nosso passado para definir... o que você e eu seremos.
Ela parou para pensar melhor nisso.

— Por que temos que esperar? Nós dois estamos aqui. Estamos sozinhos.
Eu não vou segurar nada em seu passado contra você. Prometo. E se você está
preocupado com o meu passado, o que aconteceu comigo, não se preocupe. Toda
a situação foi diferente. É iluminado aqui, eu posso ver você. Eu não vou pirar.
Eu sei que é você.

— Não é isso, querida. Eu só... — Tanta coisa para não soar como uma
garota. — Eu não quero que sua primeira vez seja em um hotel.

— Mas não é a minha primeira vez. — disse ela em voz baixa, olhando
para o meu pescoço, em vez de meus olhos.

Eu a fiz olhar para mim.

— Oh, sim, é. Você dá sua primeira vez para alguém com quem você quer
estar. Isso não pode ser tirado de você. — Ela sorriu, lágrimas revestindo seus
cílios. — Eu não quero ter sexo, Marley, eu quero fazer amor com você. — Ela
suspirou, colocando sua testa na minha. — Eu nunca fiz amor com uma garota
antes. Eu quero, com você, mas não enquanto estamos fugindo de um cara que
fez o trabalho de sua vida para me matar. Este hotel, onde outras pessoas
dormiram e traíram seus cônjuges e... Eu quero que nós comecemos do zero. Eu
não quero que sua primeira vez seja manchada por tudo isso. Eu não quero que a
nossa primeira vez seja manchada por tudo isso. Você não merece ser tomada
com pressa, você merece ser adorada.

Ela observou meu rosto com um olhar de admiração. Parecia que ela ia
chorar novamente. Eu não queria isso.

— Sinto muito. Eu não estou tentando ferir seus sentimentos. Eu quero


você. Eu quero você... tanto. Eu só preciso, pela primeira vez, fazer o que é certo
para você.

Ela riu baixinho.

— Você tem feito. Pensei que teria medo. — Ela sorriu, mas ela estava
chorando novamente. — Eu pensei que a memória do que aconteceu comigo iria
governar e estragar tudo quando eu finalmente quisesse estar com alguém... mas
você tomou tudo isso de lado. — Ela pegou meu rosto em suas mãos. — Eu me
sinto segura com você, completamente, e eu sei que quando você finalmente...
fizer amor comigo, eu não vou ter qualquer sujeira sobrando, nada de se sentir
suja, nada para me distrair do mundo real e da vida real. Tem sido apenas dias
desde que eu conheci você, mas você faz tudo melhor.

Eu não sabia o que dizer. Eu queria gritar um pouco comigo mesmo se ela
mantivesse isso. Mas eu sentia o mesmo por ela. Eu estava caindo tão duro por
essa garota. Ela fazia tudo certo.

— Você vai pelo menos me beijar? — Ela sorriu. — Isso é aceitável?

— Mais. — eu respondi, mas queria saber... — Alguma vez você já ficou


com alguém antes?

— Eu só beijei um cara antes de você, e ele estava em seu quintal em um


balanço sibilante. Isso não foi tão bom. — admitiu ela, com adoração
envergonhada.

— Bem. — eu respondi, movendo a mão dele do meu peito nu e


envolvendo-a em torno do meu pescoço. — Desafio aceito, querida.

Eu o provoquei. Foi assim dizer, eu sabia disso, mas foi muito divertido
vê-la, tudo novo para seus olhos, como eu avancei a minha boca para a dela com
um propósito totalmente novo em mente. Eu ainda planejava prendê-la nas
paredes do painel, mas não para o sexo. Quando me afundei em sua boca e senti
o calor correr por minhas veias, percebi que fazia muito tempo que eu tinha feito
isso com uma garota, desde que eu tive as preliminares e uma razão para fazer
uma menina suspirar que não seja o resultado final inevitável. Eu sorri em nosso
beijo quando eu senti o primeiro de muitos raios do feixe de luz do sol
diretamente em minha alma. Isso era mais do que diversão, era terapia. Ela
estava me curando com um toque a cada momento e nem sequer sabia disso.

Beijei-a com tudo em mim, tudo o que eu era e tinha para oferecer. Eu
desencadeei tudo sobre ela e não me desculpei. Eu queria consumi-la... porque
ela estava me consumindo.
Para manter o humor PG, eu coloquei seus pés de volta ao chão, mas a
mantive ali pelo que pareceram horas. Eu era capaz de fazer a barba desta vez,
mas as minhas cinco horas estavam chegando, eu tinha certeza. Parecia errado
fazer sua pele muito branca rosada com o meu atrito, mas eu estava profundo
demais para parar.

Ela nem uma vez agarrou meu ombro ruim. Ela lembrou-se e, embora
suas mãos e dedos me percorressem, nunca atingiu o ponto ruim. Outro sinal de
quão atenciosa e maravilhosa que ela era.

Eventualmente, eu a transferi para a cama e, embora Neandertal, eu tinha


uma tarefa em mente quando finalmente deixei seus lábios ir e me movi para o
sul para seu pescoço e, em seguida, a clavícula e, em seguida, o local atrás da
orelha. Foi quando eu ouvi isso. O suspiro que significava que nunca tinha
experimentado nada parecido e seu corpo ondulou sem sua permissão com a
sensação dela. Eu sorri para mim mesmo por encontrar um tesouro e fiquei
naquele ponto, pressionando mais perto dela, assustando, amando o jeito que
suas mãos seguraram minha cabeça e ela respirou no meu cabelo como se eu
fosse a única coisa impedindo-a de cair sobre a borda do penhasco.
Mas ela não sabia, no entanto, que era exatamente o que eu planejava
fazer um dia.

Por horas, eu a beijei até o esquecimento. Por horas, minhas mãos


reivindicaram sua pele, pequeno pedaço após pequeno pedaço.

Depois que tivemos a nossa satisfação, eu a coloquei embaixo das


cobertas comigo, apreciando a sensação de apenas dormir ao lado de alguém.

Na manhã seguinte, acordei primeiro e só a olhei por um minuto. Seu


cabelo loiro estava deitado sobre metade do seu rosto e ela ainda estava enrolada
contra mim. Ela parecia tão calma, como se soubesse que estava segura
comigo. Eu tinha que encontrar Biloxi e acabar com isso. Eu não podia deixá-la
para trás.

Debrucei-me sobre ela e beijei seu nariz.

— Levante-se, linda.

Ela franziu o rosto e empurrou o meu peito.

— Cale a boca.

Eu ri e me abaixei para outro beijo em sua bochecha.

— Levante-se, linda.

Ela gemeu. Beijei sua pálpebra.

— Levante-se, coisinha doce.

Ela riu em meu ombro.

— Oh, meu Deus, pare. Por favor. Mais um apelido e eu vou bater em
você.

— Eles não são apelidos, são adjetivos. Levante-se. Nós temos coisas para
fazer.

Ela me olhou com curiosidade, empurrando seu cabelo para trás.

— Que tipo de coisas? Caça ao trabalho?

— Isso também. Mas, primeiro, o café da manhã e uma biblioteca.

Ela sorriu.
— Pegando um novo hobby?

— Não, apenas brincando de detetive. — Peguei o telefone do velho do meu


bolso. Ele estava quase morto. Felizmente, ele tinha um carregador no carro. Abri
a câmera e mostrei a ela. — Eu tenho a cara do bastardo e a pesquisa no Google
por imagens com sorte vai me ajudar a falar sobre ele.

— De um fugitivo para um geek de tecnologia. Uau.

— Você ri — Eu fiz cócegas até que ela estava me batendo para parar —,
mas tenho habilidades.

— Ok, ok, ok! — Ela riu e espalmou minha bochecha. — Você vai fazer a
barba primeiro?

Eu pisquei.

— Eu machuquei você na noite passada? — Eu esfreguei meu queixo mal


barbeado. — Eu pensei que...

— Claro que você não me machucou na noite passada. — Ela suspirou e


seus olhos brilharam com algo que eu não conseguia processar. Eu caí em seus
olhos profundos e de boa vontade a deixei manter-me prisioneiro. Eu sabia que
estávamos falando agora sobre mais do que queimadura de barba. — Obrigada...
por ontem à noite.

Eu apoiei o meu braço na cama perto de sua cabeça.

— Eu que deveria estar agradecendo a você.

— Porque eu implorei? É por isso? Existe alguma coisa, primal, inata em


um homem que gosta quando uma mulher pede?

Eu ri e balancei a cabeça em um "não", mas disse:

— Sim.

Ela suspirou exasperadamente e virou o rosto em tom de brincadeira.

— Eu sabia. Outro come poeira.

Eu ri mais.
— Você é engraçada. — eu disse a ela novamente. — Talvez possamos
conseguir um emprego em stand-up3.

— Eu sou apenas engraçada para você, estou com medo.

— Aquela garçonete na noite passada pensou que você fosse engraçada. —


retruquei e inclinei-me para esfregar o meu nariz para baixo de seu queixo. —
Um ginecologista foi o melhor com que poderia vir?

— Não, mas foi a coisa mais engraçada que eu poderia dizer.

Eu comecei a rir, mas me deparei com o chupão que eu tinha dado a ela
na noite passada, logo abaixo da orelha. Uma fração de segundo de preocupação
de que ela ficaria chateada correu em minha mente antes que meu ego assumisse
e eu estava sorrindo presunçosamente contra sua pele.

— Do que você está rindo?

— De nada. — eu menti e me inclinei para beijá-la. Ela beijou de volta,


mais uma vez contente por me deixar levá-la para um passeio onde quer que eu
estava indo. — Que bela bagunça em que estamos. — eu murmurei.

Ela sorriu para isso.

— E o que isso quer dizer? — ela sussurrou.

— Eu acho que você sabe.

Ela mordeu o lábio e assentiu.

— É uma situação fodida, mas... aí está você.

— E aí está você. — rebati e a beijei novamente. Suspirei e recostei-me um


pouco. — Eu vou comprar uma arma hoje. — Ela ficou quieta. — Não apenas
para mantê-la segura, mas para encontrá-lo. Eu não posso viver na ponta da faca
mais, Marley. Eu não posso esperar ele vir me encontrar e ter esperança que eu
possa fugir. Preciso encontrá-lo e certificar-me que ele nunca encontre você.

Ela não disse nada, mas olhou para mim.

— Eu costumava estar no clube de tiro. Nós íamos para uma habilidade a


cada semana.

3
Função de um artista que está sozinho em um palco, como em uma casa noturna e oferece um monólogo cômico.
— Para ser honesta, fiquei surpresa que você já não tenha uma. O que
você faz para se defender, quando ele aparece?

Eu torci meus lábios.

— Eu fujo. É o que a minha mãe me fez prometer fazer. Mas agora é


diferente.

Ela assentiu com a cabeça.

— Vamos seguir em frente.

Eu corri e peguei a roupa para fora do carro. Nós colocamos algumas das
novas e saímos. Eu a observei de trás, os calcanhares sacudindo seus
chinelos. Suas botas tinham ido embora, abandonadas na loja de onde tivemos
que fugir. Aposto que ela sentia falta delas. Eu sei que eu sentia.

Eu disse a ela que precisávamos abandonar o carro enquanto descemos a


faixa principal da cidade. Nós pegaríamos um ônibus ou algo para a próxima
cidade, ajudaria a cobrir nosso rastro por não manter o mesmo veículo. Eu
deveria ter deixado a minha caminhonete antes.

Então, manobrei para a parte de trás do estacionamento e o deixei


lá. Peguei o carregador de telefone e deixei tudo para trás.

— Café da manhã. — eu disse em um floreio, abrindo a porta da


lanchonete. Nós comemos do mesmo lado da cabine desta vez e cada vez que seu
cotovelo esfregava no meu, encontrei-me olhando para ela. De alguma forma, ela
já estava olhando para mim. Ela riu cada vez e, em seguida, voltava a comer,
nossas pernas se tocando, seu pé esfregando contra o meu.

Quem diria que eu seria deixado de joelhos por pânico... Eu sorri,


surpreso com o quão feliz isso me deixava. Eu nunca tinha sido feliz antes.

Caminhamos para a biblioteca, que a garçonete disse que era apenas há


seis quarteirões de distância, felizmente. Saímos para a calçada e ela pegou a
minha mão na dela.

Eu olhei para elas interligadas e senti outro raio de sol passar. Outro
primeiro. Eu nunca tinha segurado as mãos com uma garota antes.

— Isto está ok? — perguntou ela, curiosa de minha reação.


Eu parei na calçada, mantendo sua mão na minha, e beijei-a ali
mesmo. Ela tinha o gosto do suco de laranja que tinha acabado de tomar.

— Isso foi ok? — Eu provoquei, brincando. Então puxei sua figura


atordoada comigo enquanto nos movíamos ao longo da calçada e a biblioteca veio
à tona. Era uma daquelas velhas coloniais, as do sul.

Nós olhamos para os dois lados e atravessamos as duas pistas. Tínhamos


que usar os computadores por apenas uma hora e então nós teríamos que voltar
no dia seguinte para usá-lo novamente, de modo que precisávamos ir mais
rápido.

Eu coloquei Marley em uma cadeira e puxei uma ao lado dela perto do


computador. Peguei o cabo USB do carregador dele e liguei, transferindo a
imagem para o computador desktop. Eu segurei minha respiração enquanto
deixava cair a imagem no mecanismo de busca.

Marley e eu prendemos nossa respiração com o que vimos. Seu nome


seria sempre Biloxi para mim, mas seu nome verdadeiro era Vincent
DoMaggio. Ele foi indiciado por várias coisas, mas a empresa onde trabalhava
tinha tido problemas também. O nome da empresa - BioGene, Inc.

Meu coração pareceu lento no peito quando eu percebi que tipo de


produtos uma empresa chamada assim iria produzir.

Mas o que chamou nossa atenção foi uma foto ao lado de Biloxi. Nosso
amigável vizinho do hotel salvador. Ela olhou para mim, mas apontou para ele.

— Como... Por quê? Se ele nos tinha, ali mesmo, por que ele não nos
apanhou então?

— Eu não sei. — eu respondi com sinceridade. — Eu não entendo nada


disso.

Então eu comecei a imprimir. Página após página de qualquer coisa que


parecia importante, fotos e endereços de empresas cuspindo para fora da
impressora. No momento em que terminamos, a nossa hora terminou e os dez
centavos por uma página fez a conta acumular em doze dólares e trinta centavos.
Nós pegamos a nossa pilha de papéis e voltamos para o hotel para passar
por tudo isso.

— Olhe aqui. — disse ela. — Olhe para isto.

Sua voz tinha tomado um tom frágil, uma vez que tínhamos encontrado a
imagem do homem que a tinha ajudado. Ela tinha estado tão perto e poderia ter
sido tomada então. Isso teria sido ele.

Eu fui e me sentei na cama atrás dela, colocando o joelho sobre seu outro
lado, e puxei suas costas para o meu peito. Eu odiava que ela estivesse envolvida
nisto agora. Olhei para a página que ela me mostrou. Ele estava falando sobre
testes genéticos, os níveis analisados de câncer, as mortes de recém-nascidos e
fetos, uma lista de medicamentos e o que eles fizeram para cada assunto...
cobaias...

Cobaias?

Meus dedos instintivamente foram para a cicatriz de entrada de IV


próxima das minhas costelas. Levantei-me e passei a mão pelo meu cabelo.

— O que ela fez? — Eu perguntei. A minha mãe tinha voluntariamente se


inscrito para algo a ser feito com ela?

— O quê? — perguntou ela. — Você se lembra de alguma coisa?

— Não, mas... — Eu levantei minha camisa e mostrei-lhe a entrada de IV


que eu tinha desde que era um bebê. — Minha mãe me disse que isso era para
IVs quando eu era um bebê. Jamais me disse o porquê, apenas disse que eles me
deram isso.

Ela estava visivelmente trêmula.

— Marley? — Eu me ajoelhei na frente dela quando ela permaneceu em


silêncio, com as mãos sobre as coxas. — Marley, o que foi, querida?

— Eu não tinha notado sua cicatriz antes. — Ela olhou nos meus olhos
enquanto sua mão trêmula pegava a barra de sua camisa. Eu sabia antes que ela
me mostrasse, mas eu ainda implorei para que não fosse assim, porque isso
significava que havia muito mais história do que apenas um cara com um rancor
me caçando. Ela levantou a barra e me mostrou a cicatriz de entrada
A cicatriz que parecia exatamente como a minha.

***

Naquela tarde, colocamos todo o material para longe e fomos até a loja de
penhores mais próxima. Ele disse que tínhamos que esperar três dias pela
papelada para passar para uma arma. Eu caí sobre o vidro em decepção. Sem
papelada. Eu não tinha pensado em tudo isso. Quando lhe perguntei se havia
alguma maneira de reduzir a burocracia, ele nos disse para sair.

Então fomos procurar algum trabalho em seu lugar. Precisávamos, agora


mais do que nunca, descobrir os quem, os que é e os porquês por trás de tudo
isso. O endereço da sede da BioGene disse Novo México e era exatamente onde eu
estava indo.

Onde nós estávamos indo.

Marley tinha deixado perfeitamente claro pelo seu olhar que ela tinha toda
a intenção de ver isso comigo e por qualquer que seja o motivo, nós nos
encontramos no escuro naquela noite na curva quando colidimos. Eu lhe disse
que iria contar à polícia, tê-la colocada em um lugar seguro até que eu pudesse
voltar depois que tudo estivesse resolvido. Ela não quis ouvir e ficou irritada
durante todo o almoço, mesmo por sugerir isso.

Agora, enquanto caminhávamos de mãos dadas em nossa acidentalmente


harmoniosa escuridão pela rua principal de Chuck Taylor, em busca de um
dinheirinho rápido, fiquei sem palavras com o quanto e quão facilmente eu estava
me apaixonando por ela. Mesmo com toda a porcaria chovendo sobre nós, ela não
deixou isso assombrá-la, não deixou azedá-la. Assim como o seu passado, ela
estava acima disso.

— Talvez eles tenham feito algum tipo de testes em nós e nunca podemos
ficar doentes? — ela disse, e assinalou com a cabeça para olhar para mim. — Ou
talvez tenhamos sentido de aranha.

Eu sorri.
— Eu duvido que seja algo tão legal.

Começou a chover, mas Marley não parecia se importar, então, eu


também não. Eu pude ver uma fazenda na periferia da cidade, o milharal marrom
e morto, mas eu ainda nos levei até o caminho de terra. Tinha que haver algo que
pudéssemos fazer lá.

O fazendeiro estava no celeiro e nos viu chegando. Nós dois estávamos


encharcados. Ele limpou graxa de suas mãos e inclinou a cabeça.

— Tarde.

— Boa tarde, senhor.

Ele riu.

— Oh, rapaz. Quando pessoas jovens começam com boas maneiras, você
sabe que estão prestes a pedir-lhe alguma coisa.

Isso quase jogou fora o meu jogo, mas me forcei ir diante.

— Não, senhor. — Ele sorriu para isso. — Nós estávamos apenas


querendo saber se você tinha algum trabalho que precisa ser feito por aqui.
Estamos passando e não tivemos muita sorte. Apenas... se há alguma coisa que
você pode pensar, qualquer coisa, vamos fazê-lo.

Ele olhou entre nós.

— Sinto muito. Tem nada.

Ele se virou para ir embora.

— Senhor, por favor. — Marley tentou.

— Eu não estou prestes a fornecer a dois fugitivos dinheiro para droga.


Agora, saiam da minha propriedade.

— Nós não somos viciados em drogas e não somos fugitivos. — Marley


disse a ele. Ele se virou para olhar para ela. Ela soltou minha mão e deu um
passo em direção a ele, apenas um passo. — Nós somos órfãos. Nós dois vamos
para a faculdade — ela puxou a carteira de estudante do bolso de trás — veja, e
somos realmente muito trabalhadores. Estamos apenas tentando descobrir
algumas coisas sobre os nossos pais biológicos e tivemos problemas com o carro
e... todos os tipos de coisas.

Ele suspirou, muito longo e muito significativo. Ele não acreditava nela.

— Vamos lá, Marley. — Tomei-lhe o braço. — Ele não acredita em você.


Vamos.

Ela agarrou meu braço quando nós viramos e saímos. Nós encontraríamos
outra coisa. Nós tínhamos, em breve, porque o dinheiro iria terminar. Ele sempre
terminava.

Ele nos chamou:

— Hey! — Virei a cabeça para trás, mas Marley continuou se afastando —


Eu preciso do campo arado, o galinheiro pintado, e os tocos pela lagoa puxados
para cima. Vou te dar exatamente quatro centenas de dólares para fazer tudo e
nem um centavo a mais.

Eu balancei a cabeça. Ele começou a caminhar de volta para o celeiro


antes que ele se virasse e levantasse a sobrancelha grisalha.

— Vocês vão ficar aí ou seguir-me e começar a trabalhar?

***

— Eu fiz pior. — Marley me garantiu enquanto jogava com a pá estrume


de vaca em um carrinho de mão. — Eu costumava trabalhar naquele bar,
lembra? Nada melhor do que levar um tapa no traseiro por um cara que vomitou
no chão, que você agora tem que limpar.

Eu rosnei baixinho.

— Não fale sobre aquele lugar. Mesmo então, eu odiava a ideia de você
trabalhar lá.

Ela endireitou-se e ajustou a bandana sobre o nariz.

— Aw. Você está com ciúmes?


Atirei o cocô mais forte.

— Claro que não. — Então eu olhei para ela e sorri. — Claro que sim.

Ela riu.

— Não bata em mim quando estamos cavando merda, Jude!

Quando ele estava cheio, fomos e o jogamos no jardim para ser cultivado e
depois voltamos para mais. Terminamos com a tarefa número um em poucas
horas e começamos no galinheiro, mas a escuridão veio e com ela minha
fome. Dissemos a ele que estaríamos de volta no dia seguinte para terminar e ele
disse:

— Você está malditamente certo que você irá, porque você não vai ser
pago até fazer.

Tivemos tacos baratos desta pequena barraca perto do mercado do


agricultor e paramos para comê-los nas mesas externas. A rua estava barulhenta,
mas foi bom sentar-se entre as pessoas, ouvi-los falar e rir ao nosso redor. Eu
observei Marley assistir a um casal enquanto eles balançavam um bebê para trás
e para a frente, o bebê rindo e rindo.

Eu não poderia segurar mais.

— Nós ainda vamos conversar sobre isso?

— Muito bem. — ela disse suavemente, seus olhos nunca deixando o bebê
- o bebê que nos fez lembrar tanto do que havíamos visto nesses papéis em nosso
hotel. Ela olhou para mim, seus olhos duros. — Ele não está apenas atrás de
você, agora ele está atrás de mim, também. Pelo menos eu sei que você não vai se
livrar de mim em algum lugar agora para me salvar, certo?

Ouch.

Ela apertou os olhos fechados por alguns segundos e, em seguida, olhou


bem dentro dos meus.

— Sinto muito. Isso não foi justo. Sei que estava apenas tentando me
proteger.
Eu suspirei, empurrando o lixo do meu taco de lado, e peguei as suas
duas mãos nas minhas.

— Eu pensei que estava amaldiçoado.

Sua testa caiu para um "v'. — O quê?

— Minha mãe tentou me proteger e... — Eu dei de ombros. — Foi minha


culpa que ela morreu.

Ela apertou meus dedos.

— Por favor, por favor, não me diz que estamos jogando o jogo da culpa.
Você sabe. Você tem que saber que não foi sua culpa. Ela era sua mãe! — ela
gritou, trabalhou-se em minha defesa. Ela se acalmou e falou mais
silenciosamente. — Você prefere ter uma mãe que apenas não se importa com
você?

Notei o nervo que foi atingido em sua voz. Dei-lhe um olhar interrogativo
para dizer-lhe para ir em frente.

— Minha mãe não morreu... ela me deixou. Ela me trouxe para o hospital,
quando eu tinha três anos e disse que não me queria. Isso começou meu desfile
em cada lar adotivo no estado que odiava crianças e era somente pelo dinheiro de
ajuda.

Ela estava tremendo e odiava isso. Eu deslizei mais no banco e esfreguei


minha mão na parte inferior das suas costas, círculos e quadrados e formas
estranhas. Qualquer coisa para acalmá-la. Ela seguiu em frente.

— Então, quando eu ouço você dizer o quão pouco você avalia a maneira
como sua mãe cuidou de você? — Ela balançou a cabeça violentamente. — Nã nã,
Jude.

— Eu a valorizava. Eu a amava tanto que completamente me quebrei


quando ela morreu. — eu expliquei. — Ela era a única pessoa na minha vida e
então estava sozinho, cuidando de mim, roubando qualquer coisa para
sobreviver. Odeio que ela teve que morrer por mim. Eu não estou dizendo que
não aprecio isso.
— Não foi culpa sua. Você vai ter a sua justiça sobre eles, Jude. Nós dois
estamos. Então vamos finalmente ser capazes de seguir em frente.

Eu tinha um pensamento.

— E eu me pergunto sobre a sua mãe, também. — Ela me deu uma


olhada. — Não, ouça. Você entrou no sistema como Jane Doe ou ela deu-lhes a
sua certidão de nascimento?

— O Estado me nomeou, meu sobrenome. Eu não tinha nada comigo.

— Veja. — eu disse, com renovado vigor. — Eu aposto que ela fez por você
o que eu estava tentando fazer. Conseguir você longe de mim para o seu próprio
bem. Se você não estivesse comigo quando me encontraram, você não iria ser
prejudicada. Aposto que ela pensou a mesma coisa. Aposto que ela pensou que se
ela a colocasse no sistema como Jane Doe, eles saltariam em torno de você e
Biloxi nunca iria te encontrar.

A centelha de esperança real e gratidão apareceu completamente.

— Você realmente acha isso? Talvez?

— Faz sentido. —Eu segurei seu rosto. — Ninguém iria abandoná-la.

Ela sorriu, mas era um clamor feio, tipo feliz. O tipo de liberação. Puxei-a
para mim e esfreguei seu braço enquanto a abraçava e esperei que ela deixasse
tudo ir.

— Você está ficando muito bom nisso.

Eu sorri.

— Em quê?

— Ser humano. — Ela levantou a cabeça. — Obrigada. Estou... tão feliz


por você estar aqui.

Eu bufei um suspiro feliz e deixei meus dedos acariciarem seu rosto


lentamente com as pontas, aceitando a luz do sol que explodia dentro de
mim. Ela fechou os olhos, absorvendo o meu toque. Quando nós dois estávamos
prestes a adormecer e os insetos estavam voando em torno das lâmpadas de rua,
jogamos nossas coisas para longe e saímos.
Mas nós não fomos para o hotel como ela pensava. Puxei-a para a
farmácia, até o corredor de shampoo, e parei na frente das tinturas de cabelo. Ela
olhou para mim, perdendo o ponto. Eu esperei... eu sabia que ela ia entender.

Quando entendeu, foi uma das coisas mais tristes que nunca.

— Não, não o meu cabelo, Jude! — ela choramingou.

— Nós temos. Nós dois. Vai ajudar, especialmente porque sabemos que há
mais do que um desses caras. Ele estava bem debaixo do nosso nariz e nem
sequer sabíamos disso.

Ela fez beicinho e olhou-as. Seus lábios puxaram para o lado e pegou uma
caixa que era apenas um tom mais escuro do loiro que ela tinha agora. Eu sorri
tristemente.

— Boa tentativa.

Ela revirou os olhos e procurou mais uma vez antes de pegar o


castanho. Eu só sabia que era castanho, pois foi afirmado corajosamente na
caixa. Peguei preto e um par de tesouras baratas. Nós pagamos e quando
chegamos ao hotel, ela foi primeiro. Eu sabia que ela estava apenas começando
logo com isso. Ela ficou lá em silêncio o tempo todo, e eu esperei, apenas com o
futebol para me fazer companhia. Os Jags estavam arrasando os Titãs, quando
ouvi o secador de cabelo começar.

Dez minutos depois, a porta se abriu para a beleza de cabelos


escuros. Santo... ela era uma bomba. O cabelo escuro fez sua pele parecer
porcelana e seus lábios pareciam vermelhos e grossos, mesmo sem maquiagem.

— Seu silêncio fala volumes. — ela murmurou com ironia e começou a


fechar a porta.

Levantei-me e parei, gemendo um pouco quando meu ombro bateu no


batente da porta e empurrei-a contra a parede para mantê-la lá. Eu não perdi
tempo em pretextos.

— Meu Deus do céu, Marley... você é de tirar o fôlego.

Ela suspirou. Eu continuei.


— Eu sou totalmente sério. Marley, baby, você está... incrível. Você é uma
bomba assim.

— Não importa de qualquer maneira. Eu tive que fazer isso para evitá-los
de me perceber tão facilmente, não para olhares. — ela reclamou.

— Uau. Você é tão adorável com seu lábio fazendo biquinho assim.

Ela riu.

— Ok, você pode parar agora.

Eu sorri e toquei seu pescoço, onde a marca que eu tinha dado a ela ainda
estava.

— Te devo um, por sinal. — ela murmurou e inclinou-se para beijar-me,


muito rapidamente.

— Deve-me o quê? — Meus lábios se torceram em um sorriso. — Eu tenho


que te dizer, eu gosto do som disso.

Ela sorriu.

— Te devo um deles. — explicou ela, inclinando o pescoço para o lado,


segurando a gola afastada. Apertei os lábios, cheio de aceitação de culpa. Ela,
então, inclinou-se novamente e beijou o local exato por trás da minha orelha. Fiz
um barulho constrangedor na minha garganta, mas ela se afastou, mais uma vez,
muito rapidamente.

— Talvez mais tarde. — ela brincou, piscando antes de se virar.

— Venha. — eu reclamei, meio brincando, meio assim de não jogar.

Ela riu com a minha miséria.

— Apresse-se. Mal posso esperar para ver o que o novo você se parece.

Eu sorri.

— Parece apenas assim.

Ela mordeu o lábio, compreendendo e acenou com a cabeça quando ela


fechou a porta.
Quando eu saí, ela estava à beira da cama, olhando para os papéis
espalhados por toda parte para vê-los melhor. Não só eu tinha tingido meu cabelo
de preto, mas eu tinha pegado a tesoura e cortei quase tudo. Sua boca se abriu
silenciosamente.

Passei a mão pela minha cabeça.

— É curto.

— Você parece um fuzileiro naval.

Mas ela não tinha acabado de dizer isso, ela sussurrou isso. Eu arqueei
uma sobrancelha, brincando.

— É mesmo? — Ela engoliu em seco e assentiu. — Deixe-me adivinhar...


você tem uma queda por fuzileiros navais?

Ela balançou a cabeça e jogou uma camisa para mim da pilha, rindo.

— Cale a boca.

Sentei-me em frente a ela e comecei a olhar em torno de todos os papéis.

— Encontrou alguma coisa?


— A coisa é que eu não sei mesmo o que eu estou procurando. Eu poderia
estar olhando para algo realmente importante na cara e não o vejo pelo que ele é.

Ela espalhou-os em torno dela em frenesi e riu.

— Todas essas árvores desperdiçadas. Você sabe... — Ela parou por um


longo tempo, recolhendo-se. Eu esperei e vi como as emoções brincavam sobre
seu rosto. A luz da lâmpada no canto estava escura, só iluminando metade de
seu rosto. Finalmente, ela falou de novo, sorrindo suavemente. — Eu não tenho
muitas lembranças de minha mãe em tudo. Eu tinha apenas três anos quando
ela me deixou, mas há essa memória de nós. Estávamos sentadas debaixo desta
grande árvore salgueiro. Era enorme, ou talvez ela simplesmente parecia desta
maneira, porque eu era tão pequena. Eu não me lembro do que falamos ou
qualquer coisa, eu só me lembro de estar deitada sob ela, observando os galhos
acima de nós. Parecia algo que fazíamos o tempo todo. Salgueiros sempre foram o
meu favorito, por causa disso. Mesmo que ela me deixou, eu não posso deixar de
ir a árvore.

Ela olhou para mim, estranhamente tímida.

— Isso é bobagem?

— Claro que não. E nós vamos provar que sua mãe não a abandonou
porque ela não queria você. Eu apenas sei disso.

— Por favor. — eu ouvi seu sussurro quando ela começou a olhar para os
papéis novamente.

Virei alguns dos papéis para me encarar, com renovado vigor. Eu


encontrei as finanças da empresa Biogene, uma vez que, obviamente, era uma
empresa de capital aberto, todos os nomes de seus CEOs e chefe disso e chefe
daquilo. Em seguida, todas as informações sobre o seu lado sem fins
lucrativos. O lado da pesquisa científica.

Era suposto que parecesse secreto, o que fez parecer tão sombrio.

Nós lemos sobre tudo durante horas, mudando de posição, ela deitada na
cama, eu na cadeira, ela em estilo indiano no chão, eu encostado na parede de
trás. Meu ombro estava doendo de todo o alongamento para tingir meu
cabelo. Revirei os ombros e foquei no papel novamente.

Eram todos esses nomes e datas aleatórias. Eles foram rotulados de


"Projeto 23". Mas havia mais de vinte e três nomes e as datas que não
correspondiam também, então deve ter sido algum nome que eles escolheram
para o que quer que isso era. Havia páginas deles enquanto eu contei ao longo...
e então lá estava ela. Minha mãe.

Eu esperava isso, sabia, mas ainda martelava em meu peito ao vê-lo.

Veronica Mae Jackson - 19 de dezembro de 1991

Meu maldito aniversário.

Olhei para Marley quando ela recostou a cabeça contra a cama e bocejou.

— Você não sabe nada sobre sua mãe? Você não sabe o seu verdadeiro
nome?

Ela balançou a cabeça. — Não, nada. Porquê?

— Eu só encontrei o nome da minha mãe neste papel.

Ela suspirou e se aproximou do meu lado.

— Oh, meu Deus! O quê? O que ele diz? — Ela examinou a lista de onde
eu estava apontando.

— Só uma data. Meu aniversário.

Ela olhou para mim, como se quisesse dizer: "Você está bem?" Eu balancei
a cabeça e, em seguida, disse-lhe o que eu sabia ser verdade.

— Sua mãe está nesta lista em algum lugar. Um desses nomes é a sua
mãe.

Ela não olhou para a lista, ela olhou para mim. Eu esperei para ela estar
pronta. Eu sussurrei:

— Você sabe o seu aniversário? Quando é?


— Parece tão estranho... — ela me disse, agarrando o meu braço, —
estando assim perto dela, mas ainda estando tão longe. — Ela estava debatendo
se ainda queria saber.

Inclinei-me e beijei-a. Estava se tornando tão fácil ser esse cara. O cara
que estimava uma coisa acima de tudo e não estava apenas cheio de ódio. Foi
surpreendentemente fácil se apaixonar por uma garota depois de uma vida de
não querer nada. Eu a culpava.

Eu a culpava da melhor maneira.

Ela se inclinou para trás apenas o suficiente para respirar. Ela lambeu os
lábios, a língua tocando meu lábio com o movimento, e sussurrou:

— Eu sabia o meu aniversário e eu sabia meu primeiro nome. Eles só me


deram um sobrenome para ir com ele. — Eu balancei a cabeça. — 31 de janeiro
de 1995.

Eu achei muito rapidamente na próxima página abaixo da minha mãe. Foi


então que eu percebi que o aniversário estava em ordem. Cada mês teve um
nascimento e no mês seguinte, outro bebê nasceu. Eu encontrei seus olhos de
novo.

— Elizabeth Violet Sanford. — eu disse a ela e vi o rosto dela franzir


quando ela recebeu o primeiro pedaço de onde ela veio.

Eu deixei o papel flutuar no chão e puxei-a para mim, balançando-a em


meus braços enquanto ela chorava pela vida que perdeu.

Era tarde, naquele ponto, então peguei-a e a levei para a cama comigo. Eu
a abracei o tempo todo e a coloquei no meu colo enquanto estabeleci-me contra a
cabeceira. Ela me ajudou a trabalhar com tanta porcaria e me senti incrível por
ser capaz de retribuir o favor.

Eventualmente, depois de vários lenços de papel e mais de uma hora


depois, ela pegou o controle remoto da cabeceira e ligou em um velho episódio de
Seinfeld. Quando ela riu suavemente do Soup Nazi, eu sabia que a crise tinha
acabado. Senti todo o meu corpo relaxar. Nós caímos no sono assistindo os
episódios antigos e, finalmente, depois de todo esse tempo, tínhamos pedaços de
nós colocados de volta no lugar.

Agora, nós apenas tínhamos que ir a este lugar e descobrir exatamente o


que eles tinham feito para as nossas mães.

E para nós.

***

— Coloque suas costas nisso, rapaz! — ele gritou.

Virei-me para o agricultor e dei-lhe uma olhada.

— Senhor, nós recebemos a mesma quantia, não importa quanto tempo


nos leva, certo? Então, por favor... Eu tenho tudo sob controle.

A verdade é que meu ombro estava me matando ao ponto de chorar como


um maricas maldito. Mas eu não estava prestes a pular fora. Nós precisávamos
do dinheiro, além de que Marley iria apenas tentar pegar minha folga e eu não
poderia ter isso.

Ele mal olhou para nós quando viemos com o nosso cabelo escuro.

— Sabia. — ele disse em voz baixa e depois sorriu com


condescendência. — Tudo bem, fugitivos, vamos começar a trabalhar.

Desde então, ele esteve em nossos traseiros para obter o trabalho acabado
e termos ido embora. Tivemos dois tocos deixados. Já passava das três da tarde,
o sol estava quente e chateando, e eu estava tão pronto para terminar. Meus
ombros estavam queimados, eu poderia dizer. Tive que abandonar minha camisa
quando o toco de moagem veio à tona. Jogando o machado por cima do meu
ombro e batê-lo na madeira foi um trabalho extenuante, mas eu estava
acostumado com o trabalho. Marley tentou manter-se, pegando todos os ramos
dispersos e lascas e colocando-as no barril de pólvora, mas tinha sido um muito
longo e quente dia.
Eu o observei enquanto ele se afastava, indo para o galinheiro para
verificar o trabalho que tínhamos terminado lá hoje. Eu joguei meu machado em
um dos troncos e disse a Marley para ficar lá. Corri para o seu celeiro e ri quando
as chaves estavam ali na ignição do John Deere. Eu olhei até que encontrei uma
corrente grossa o suficiente e joguei-a antes de o pôr em marcha.

Eu costumava dirigir um desses todos os dias quando estava no


colégio. Eu trabalhava na fazenda de uma mulher e ela me deixava viver no sótão
do celeiro, onde armazenava todo o lixo que não podia suportar à parte. Então, eu
conhecia todos os meandros de uma fazenda. E o velho pode ter nos querido para
cortar durante quatro dias esses troncos com um machado, mas isso não estava
acontecendo.

Eu dirigi o trator para fora do celeiro, cuidando para não cortar a porta
com a conexão. Ele se virou para olhar para mim, com as mãos nos quadris. Eu
derrubei um chapéu imaginário para ele. Ele balançou a cabeça, mas eu vi o
pequeno sorriso. Ele acenou com as mãos para mim em uma forma eu desisto
antes de voltar para sua tarefa.

Quando cheguei ao toco, eu o levei para fora do equipamento e pulei para


fixar a corrente em torno dele antes de pular de volta. Eu estendi minha mão
para fora e gritei:

— A senhora gostaria de uma carona?

Ela deu uma risadinha. Eu vi, mas não consegui ouvir. Piedade.

— Adoraria, garanhão! — Ela gritou de volta. Levantei-a para sentar no


meu joelho.

Sua parte superior do tanque mostrou suas queimaduras de sol


também. Eu beijei o lado de seu pescoço, meu lugar, antes de colocar o trator em
marcha e deixando-o resistir e puxar, antes de dar folga e indo para lá
novamente. Marley segurou firme pelo passeio e quando o toco finalmente cedeu,
puxando as raízes para fora e inclinando-se sobre o seu lado, ela gritou:

— Isso é muito divertido!


Ri e repeti o processo para o próximo toco, que era um pouco mais
persistente do que o primeiro. Depois disso, eu fui e puxei a madeira dividindo ao
longo. Levou algumas horas para dividir tudo e empilhá-las por entre as árvores
que ele nos disse para fazer. Eu estacionei o trator e coloquei minha camisa de
volta, exausto. Eu não queria nem comer, apenas ir para a cama.

Ele nos encontrou no meio do caminho enquanto caminhávamos em


direção a sua casa. Ele tinha o dinheiro na mão e dobrou-o ao meio, dando tudo
para mim. Eu coloquei no meu bolso sem contar e disse a ele obrigado e que nós
apreciamos isso. Ele concordou, mas depois disse:

— Posso falar com você por um minuto, meu filho?

Olhei para Marley e de volta para ele.

— Ah, com certeza. — Quando nós andamos alguns metros de distância,


eu lhe disse: — A propósito, meu nome é Jude. Nós nunca nos apresentamos
corretamente.

— Myron. — Ele apertou minha mão e olhou para Marley enquanto ele
falava. — Ela estava dizendo a verdade, não estava? Vocês não são fugitivos.

— Não, senhor. Nós não somos.

— Eu não achei que você ia voltar hoje, depois de eu não pagar ontem,
mas você voltou e não é um idiota. Você sabe como fazer as coisas e vocês dois
trabalham duro... Você é muito jovem para ser um trabalhador duro, a menos
que você esteja fazendo isso a vida toda.

Eu fiquei quieto. Eu não acho que ele estava à procura de uma resposta.

— Você está andando para cá todos os dias. Você não tem um carro, então
como vocês vão deixar a cidade?

— Nós provavelmente vamos pegar o ônibus.

— Onde vocês estão indo?

— Novo México.

— O que está no Novo México? — perguntou ele. Velho intrometido.


— Respostas. — eu disse, e olhei para Marley. — E espero um modo de
vida onde olhar por cima do nosso ombro não é uma exigência.

Ele sorriu.

— Você é apaixonado por aquela menina.

Eu deveria ter empacado, eu deveria ter rido...

— Sim, senhor, eu sou.

— É a lei com o que você está em apuros? — ele perguntou, sua cabeça
inclinada em direção ao celeiro.

Eu balancei minha cabeça.

— É... alguém que tem um rancor com nossos pais. Mas eles estão muito
longe.

Ele suspirou e, em seguida, acenou com a cabeça para eu segui-lo. Eu


acenei para Marley se aproximar de mim e o segui para o grande celeiro
branco. Ela pegou minha mão e sussurrou:

— Está tudo bem?

Eu balancei a cabeça. Quando olhei para ele, ele estava puxando a lona de
uma velha pick-up Chevy. Era linda. Ele tinha restaurado a pintura preta e
vidros. Eu me perguntei por que ele estava mostrando para nós.

— Tem sido mantida por um tempo, mas eu a levo para fora e corro uma
vez por mês só para ter certeza que é boa. Ela era um projeto de caminhonete.
Minha esposa odiava este veículo com seu próprio ser, porque eu gastei tanto
tempo e dinheiro com isso, mas quando tudo estava terminado, ela sempre quis
levar essa quando íamos para a cidade. Eu sei que se ela estivesse aqui, ela daria
a vocês algum jantar e pão caseiro para levar... mas ela não está aqui e eu não
posso cozinhar nem para manter eu mesmo vivo, muito menos outras duas
pessoas.

Eu acenei para ele.

— Está tudo bem. Agradecemos a ajuda. Sinto muito por sua esposa. —
Marley agarrou apertado minha mão.
— Eu também. — disse ele com tristeza, longe de sorrir. — Esta é a única
maneira que eu posso ajudá-los. — ele me disse, estendendo as chaves. O
chaveiro era um antigo logotipo Texaco. Eu olhei para ele como se ele fosse uma
pessoa insana. — Leve-a. Eu não estou puxando sua perna.

— Não. — eu disse, me surpreendendo com a força disso. — Senhor... eu


não mereço isso.

O rosto de Marley estava cheio de simpatia enquanto esfregava a mão em


meu peito.

— Jude.

— Eu fiz muitos erros. — eu expliquei. — Eu fiz... tantas coisas que eu


não me orgulho de sobreviver.

— Então, se torne um político. — brincou ele e agarrou o meu


ombro. Queimou sob sua palma a partir da queimadura do sol. — Pegue a
caminhonete, filho. Quando você é um homem faminto e é oferecido um pedaço
de pão, você o pega.

Eu hesitei em minha culpa do que eu tinha feito. Marley apertou minha


mão novamente e eu olhei para ela. Eu iria roubar quantos carros, fazer quantos
trabalhos provisórios, e ferir o maior número de bastardos que precisasse para
mantê-la segura.

Eu não sabia o que aconteceu, mas ela era minha. Contudo, aconteceu...
ela era minha agora.

Olhei para Myron.

— Obrigado.

— Não precisa-oomph... — Marley bateu nele com um abraço forte. Ele riu
e abraçou de volta. Eu sorri para ela e peguei as chaves que ele estendeu mais
uma vez.

— Realmente, obrigadA. — ela disse e sorriu para ele.

Marley subiu na caminhonete e olhou para todo o couro branco.

— Só cuide dela. — ele me disse e apertou minha mão pela última vez.
— Não se preocupe. — eu assegurei a ele. — Eu não vou levá-la para mais
de sessenta e cinco.

Ele riu.

— Não estava falando sobre a caminhonete, filho.

Eu bufei uma risada.

— Eu vou.

Eu pulei para dentro, acenando enquanto nós empoeirávamos sua estrada


de terra e conduzimos até um drive-thru antes de voltar para o hotel. Nós
comemos e caímos num grande momento.

Na manhã seguinte, nós dois lamentamos e gememos sobre nossas


queimaduras enquanto nos vestimos e embalamos tudo para sair. Com todas as
nossas roupas e os papéis em um saco de lixo, partimos. Nós pegamos a estrada
para o café da manhã antes de sair da cidade e para o oeste.

Começamos a manobrar para a lanchonete em que tínhamos comido


naquele dia, mas eu bati o pé no freio quando vimos o carro que abandonamos na
parte de trás do estacionamento sendo desmontado por vários homens
corpulentos. Procurei por Biloxi e não o vi, então percebi que era apenas a
polícia. Comecei a dar um suspiro quando sua cabeça apareceu por trás da porta
aberta. Ele estava com o rosto vermelho de raiva, mas não nos tinha visto.

Eu nos coloquei em sentido inverso e manobrei de volta para a estrada.

— Bem, parece que sem café da manhã. — eu disse a ela enquanto nós
aceleramos tão rápido quanto os limites permitiriam na saída da cidade.

— Como é que ele continua a encontrar-nos?

— Eu não sei. — eu disse a ela com sinceridade. — Mas terminei com ele
por enquanto. Meu principal objetivo é chegar a essa instalação e ver o que
estava acontecendo quando nossas mães estavam lá. Então, ele é meu.

Ela assentiu com a cabeça.

— Eu concordo.
— Você sabe o quê? Você ainda tem o seu celular? — Puxei o celular do
velho que eu tinha do meu bolso e joguei-o pela janela. Eu o vi quebrar na
estrada pelo espelho retrovisor.

Ela balançou a cabeça.

— Eu deixei para trás. Ele morreu há muito tempo, de qualquer maneira.

Ela se inclinou para trás, colocando os joelhos no painel, ligou o rádio, e


descansou a cabeça no meu ombro. Eu deixei a minha mão sobre a parte interna
da coxa, mudando as marchas entre seus joelhos quando precisava, e focado em
obter-nos o mais longe possível dele.
Paramos para o combustível e alimentos para as próximos 16 horas. Eu
dirigi, então ela dirigiu, então eu dirigia, e então ela dormiu com a cabeça no meu
colo. Finalmente, eu não aguentava mais e fiz check-in em outro hotel ruim.

Na manhã seguinte, estávamos na estrada novamente, outro estado, outro


dia de viagem. E nós conversamos muito, que era um conceito novo para
mim. Ela me contou sobre quantas escolas ela tinha ido e como muitas de suas
mães adotivas a fizeram chamá-las de "Mãe". Argh. Elas não eram de todo ruim,
mas ela nunca chegou a ficar com as boas por muito tempo.

Eu disse a ela sobre as escolas que eu tinha ido e como eu nunca tinha
chegado a jogar futebol ou esportes. Como eu passei muito tempo com meninas
tolas e jogando conversa fora, em vez de me concentrar na escola como eu
deveria. Ela meio que ficou tensa com isso e isso me fez pausar.

— O que está acontecendo?

— Nada. — ela mentia tão mal.

Mas que diabos?

— Diga-me.
Ela se virou, colocando-a de volta para a porta da caminhonete e seus pés
em meu colo.

— Nós... nos encontramos antes.

Eu virei minha cabeça para olhá-la e voltei para a estrada o mais rápido
que pude, sem nos matar.

— O que você quer dizer?

— Eu fui para a escola La Vista.

La Vista soou familiar. Eu tinha ido a tantas, elas correram juntas.

— É em Collier. — explicou ela.

— Oh, sim. Você foi? — Eu estava além de chocado. Não só eu não me


lembrava dela em tudo, mas aquele foi o primeiro ano. O ano que eu aprendi que
ser um idiota me mantinha a salvo de todas as meninas que se importam e me
colocou nos braços de todas as que não se importavam. Eu fiquei
nervoso. Merda, se ela estava lá, então não havia como dizer o que ela viu.

— Eu não posso acreditar que você não me disse até agora. — eu desviei.

— Não fique nervoso. — disse ela, mas ela não riu. — Eu sei que você era
uma pessoa diferente. Eu sei quem você é agora. Eu... reconheci você na festa
naquela noite, mas você era o mesmo... idiota que tinha sido antes, só que desta
vez, você estava realmente interessado em mim.

Ah, inferno... ela tinha visto algo terrível.

— O que eu fiz? — Eu sussurrei.

Eu encarei a frente. Eu não conseguia olhar para ela enquanto ela


pescava no meu passado, lembrando-me de coisas que eu fiz que eu tinha certeza
que ia me arrepender ainda mais agora.

— Você me entendeu mal. — Ela sorriu tristemente, eu poderia ouvi-lo. —


Você estava... divertindo... uma garota na frente do meu armário. Vim até você,
em toda a minha glória de caloura, e tentei pedir-lhe para se mover, mas...

A cena se desenrola na frente dos meus olhos e eu me lembrei. E eu podia


vê-la agora. Era ela e eu tinha sido um idiota, assumindo que ela estava dando
em cima de mim... quando ela só estava tentando acessar seu armário. Lembrei-
me de seu lindo rosto e o olhar destruído que eu coloquei nela.

Ela ainda estava falando, me dizendo que estava tudo bem.

Olhei por cima do ombro direito, não vendo ninguém, e atravessei todas as
quatro faixas de tráfego para chegar a uma parada em uma vaga de
estacionamento por trás da parada de descanso. Minha respiração arfava. Eu
ainda não tinha olhado para ela. Eu não sabia se podia. Lembrei-me de seu rosto,
seu olhar de mágoa absoluta com o que eu disse a ela - e não apenas disse isso,
mas fiz isso na frente de outras pessoas. Aquelas meninas, aquelas estúpidas
valentonas que pensavam que eram melhores do que todo mundo. Então eu só
saí algumas semanas mais tarde, deixando Marley naquela escola e naquela
vida. A faculdade não era muito longe dessa escola. Ao longo dos anos, eu fiz o
meu caminho de volta.

Ela tinha estado ali, a minha salvação, e eu praticamente cuspi na cara


dela.

Senti sua mão no meu queixo, forçando-me a olhar para ela. Eu não
queria, mas eu obedeci. Ela me olhou com simpatia, não desgosto.

— Que diabos eu fiz para merecer esse olhar?

— Você mudou.

— Marley... — Eu arfei. Santo... Eu estava prestes a perdê-lo.

Ela se arrastou para o meu colo, encaixando perfeitamente entre os meus


quadris e o volante. Ela pegou meu rosto entre as mãos e beijou meus lábios uma
vez.

— Eu não te disse então porque você ficaria chateado, eu só queria te


dizer. Eu não gosto de segredos e isso me pareceu como um. É por isso que eu
estava tão brava com você no começo. Pensei... que você seria sempre aquele cara
e quando você não se lembrou de mim... — ela zombou — fez a dor ainda pior.

— Marley. — eu tentei novamente. — Estou tão, tão triste. Estava tão


confuso na época, com raiva. Foi o momento mais difícil da minha vida, porque
eu não era um garoto fofo mais, então as pessoas pararam de me ajudar com
tanta facilidade. Tive que começar a trabalhar e tentar poupar dinheiro e... as
garotas estavam sempre me pedindo para pedir-lhes para sair e... mesmo que era
o que eu queria na época, usando as pessoas e sendo usado, me fez uma pessoa
amarga e com raiva. Isso não é uma desculpa.

— Não é. — ela concordou. — Eu entendo. Você olhou para mim como


qualquer outra garota naquele lugar que tentou usá-lo.

— Mas você não estava tentando me usar. — Engoli em seco. — Você só


queria seus livros malditos. E eu... te humilhei.

— Um pouco. — Ela sorriu. — Mas eu superei. E logo, eu me mudei e fui


para outro lar adotivo. Eu realmente só queria te dizer isso para você ver como os
nossos caminhos se cruzaram. Várias vezes. Por alguma razão... — Ela levantou
as mãos para sugerir o céu. — O que quer que isso seja. Nós fomos feitos para
encontrar o outro, para encontrar os homens responsáveis por nossas mães e
levá-los um pouco de justiça.

Eu balancei minha cabeça.

— Era para eu encontrar você.

Ela mordeu o lábio.

— Eu estava destinada a ser encontrada.

Eu puxei sua boca para baixo para mim e tentei dizer a ela como
arrependido eu estava com aqueles lábios. Deus... viver uma vida de forma tão
descuidada e achar que você não está machucando ninguém, exceto a si
mesmo...

Eu coloquei minha mão na parte inferior de suas costas e pressionei-a


para mim. Nossos quadris alinhados, acendendo um grunhido de mim. Ela
gemeu em minha boca e colocou os braços ao redor da minha cabeça para nos
aproximar. Minhas mãos queriam um novo território para esta ocasião e
começaram a ir para o sul, mas me lembrei de seu passado e não queria assustá-
la com isso ainda.
Antes que eu pudesse pensar, ela estendeu as mãos e colocou minhas
mãos bem em seu traseiro. Eu bufei uma risada em nosso beijo e usei minha
recém-descoberta parte traseira para apertar, rebocar, e puxá-la.

Ela inclinou minha cabeça para trás, agarrando o meu cabelo e beijou o
local sob meu ouvido, fazendo bem em sua promessa. Minha boca se abriu em
um gemido silencioso e meu aperto apertou nela. Minha respiração era tão
irregular que as janelas ficaram embaçadas. Quando ela beijou minha orelha,
estava cansada de deixá-la ter controle e puxei-a de volta para mim.

Ela fez os ruídos mais surpreendentes contra meus lábios e no momento


em que eu terminei com ela, seus lábios estavam inchados e havia provavelmente
outro chupão por aí em algum lugar.

Tranquei as portas, contente por ficar nessa caminhonete com ela a noite
toda. Ela nem sequer pediu, ela simplesmente deitou a cabeça na curva do meu
pescoço e me deixou acalmá-la para dormir.

Enquanto eu fiquei aquela noite enfrentando meus demônios, senti um


outro raio de sol golpear através da minha alma quando a menina no meu colo
murmurou meu nome em seu sono.

Não importava quanto tempo se passou, eu estava apaixonado por essa


garota e eu sabia disso porque ela estava me quebrando. Como um bloco de gelo
lascado com um picador de gelo, ela empunhou a lâmina com precisão. Eu estava
à sua mercê e ela não estava deixando os golpes lentos. E a parte mais estranha e
mais surpreendente sobre isso?

Eu não queria fugir. Nem um pouco.

Sorri um sorriso genuíno e completo e, finalmente, fui dormir.

***

No dia seguinte, eu dirigi direto novamente e finalmente chegamos ao


Novo México tarde da noite. Decidimos não dormir na caminhonete e
encontramos um motel em um único nível para ficar.
Eu trouxe todos os documentos e os vasculhei mais uma vez para tentar
encontrar algo importante que podemos ter perdido, enquanto Marley tomava um
banho quente. Tentei pensar no melhor curso de ação para o dia seguinte. Devo
esperar até a noite antes de tentar entrar? Devo ir e pedir para falar com alguém
sobre isso? Eu não achei que iria funcionar, uma vez que havia pessoas nos
perseguindo.

Por fim, desisti e percebi que o cara da comida chinesa havia entregue 20
minutos atrás e ela ainda estava na banheira.

Bati e a ouvi suave:

— Entre.

Olhei para vê-la enterrada sob um mar de bolhas. Eu sorri.

— Você demora ainda? A comida está aqui.

— Sim... — ela suspirou, — mas eu meio que tenho uma dor de cabeça.
Embora preciso lavar meu cabelo.

Olhei em volta e peguei o shampoo do balcão. Mas eu não queria dar a


ela. Inclinei-me e toquei-lhe a testa, enquanto seus olhos estavam fechados.

— Você está bem?

— Sim, é só uma dor de cabeça.

Levantei-me e arregacei as pernas da calça.

— Sente-se. — eu disse a ela.

— Por quê? — ela sussurrou como se falar machucasse, mas me viu subir
atrás dela, as minhas pernas na água, e eu sentei no deck da banheira. Ela
apenas me olhou.

Eu derramei shampoo na minha mão e esperei por ela virar de costas. Ela
fez com um pequeno sorriso, envolvendo seu braço em volta da minha
perna. Lavei e massageei sua cabeça e o couro cabeludo por tanto tempo que as
minhas próprias mãos estavam enrugadas. Ela gemeu com os olhos fechados
enquanto esfregava minha perna para cima e para baixo.

— Melhor? — Eu perguntei, movendo-me e esfregando os ombros.


— Sim. Obrigado. — ela gemeu. Ela moveu a mão até o meu tornozelo. —
Você tem os pés sensuais.

Eu ri.

— Uh... Ok.

— Estou falando sério. Você não acredita em mim? — Ela sorriu, virando-
se um pouco. — Nunca use sandálias. Você vai provocar um motim.

Eu ri e saí, me secando.

— Claro. Meninas não acham que os pés são sexy. Caras acham, mas não
as meninas.

Eu olhei para ela, minha menina toda coberta de espuma.

Minha menina...

— Eu sou uma menina e eu digo que seus pés são sexy. — argumentou
ela, enquanto ela olhava para eles sobre o lado da banheira.

Eu me contorci e ri.

— Pare com isso.

Ela puxou a cortina do chuveiro e se levantou.

— Ok. Terminei. Me alcança a toalha?

Antes que eu pudesse entregá-la a ela, a porta do banheiro se abriu,


revelando o nosso vizinho de antes. O ajudante amigável de Marley, que estava
realmente trabalhando com Biloxi. Meus punhos apertaram e eu estava pronto
para uma luta. Ele ergueu as mãos como se estivesse se rendendo, mas eu não
acreditei.

— O que diabos você está fazendo aqui?

Ouvi Marley espiar e suspirar, empurrando a cortina fechada novamente,


se escondendo.

— Eu sei o que parece. — ele começou.

— Nós sabemos tudo sobre BioGene.


Seus olhos se arregalaram na hora. Eu entreguei a Marley a toalha por
cima.

— Como você sabe...

— Você não se preocupe com isso. Eu não sei o que você quer com a
gente...

— Eu não estou aqui para te machucar.

— Você está apenas seguindo-nos para... o quê?

Ele suspirou.

— Eu sou um de vocês.

— Um de nós? — Perguntou Marley. Ela abriu a cortina um pouco com a


toalha enrolada ao redor dela. Eu rosnei e fiquei na frente dela. Ela era louca?

— Sim, um de vocês. Se você sabe sobre BioGene, eu imagino que você


saiba que nós éramos... experimentos.

— Para o quê?

— Todos os tipos de coisas. Mas isso não é importante. Sei que esteve
fugindo por um longo tempo, mas você não precisa. Nós não queremos machucar
você, nós queremos ajudá-lo.

— Ajudar-nos no quê? Estávamos bem até que você começou a nos seguir
e tentar nos atropelar.

Ele balançou a cabeça.

— Se você se lembra bem, eu não te machuquei. Na verdade, eu a ajudei a


levá-lo para o hospital.

Assim ele fez.

— E agora?

— Queremos levá-los para a sua própria segurança.

— De quem?

— Há alguns de nós que não concordam com a forma como algumas


coisas foram feitas.
— O que aconteceu com sua mãe? — Eu perguntei, mudando de assunto
e vendo o que ele fazia. Ele não piscou.

— Ela morreu durante o meu parto. Fui criado por enfermeiras na


unidade.

Fiz uma pausa.

— Instalação?

— Sim. Onde sua mãe viveu por quase um ano.

O quê? Olhei para Marley e ela parecia tão confusa quanto eu me


sentia. Segurei sua mão e ela apertou.

— Ok, as coisas principais primeiro. — eu disse a ele. — Saia para que ela
possa se vestir. Então, vamos conversar.

Ele balançou a cabeça com desgosto e saiu, indo ficar na frente da


janela. Peguei algumas roupas para ela e as coloquei sobre o balcão. Virei-me
para enfrentar a porta do banheiro, não deixando-a sozinha, e ela se vestiu
rapidamente. Ela me perguntou uma centena de perguntas em voz baixa. Eu
acreditei nele. Eu queria fugir. Eu entendi o que ele estava dizendo.

Eu me virei quando ela terminou e a acalmei, esfregando as mãos por


seus braços.

— Não se preocupe. Vamos descobrir tudo.

Ela estava segurando a frente da minha camisa, deixando-me confortá-la,


quando o quarto atrás de mim explodiu em tiros. Nós caímos no chão, minha
mão sobre ela protetoramente. Eu me arrastei e espiei a lasca para ver o nosso
vizinho amigável sendo morto a tiros.

Biloxi.

Mas... como? Ele trabalhava para eles. Por que eles iriam matá-
lo? Impulsionei uma Marley em silêncio para a janela sobre o vaso sanitário. Ela
tremia tanto, eu não tinha certeza que ela tinha que fazer isso.

Era assustadoramente como o dia em que minha mãe e eu escapamos


pela janela do banheiro. Eu não poderia ter uma repetição.
— Eu vou primeiro para pegá-la. — eu insisti. Subi no assento do vaso
sanitário e para fora da janela facilmente, pousando sobre os meus pés. Foi um
pouco de uma queda, mas administrável. Eu a persuadi para baixo. — Vamos lá,
baby. Se apresse. Que eu tenho você.

Quando ela desceu, seu traseiro esfregou contra o meu pescoço e


descendo por meu corpo inteiro. Segurei seus lados para acalmá-la e nem sequer
tive a chance de desfrutar de nada, porque ela estava tremendo tanto e eu estava
com tanto medo que alguém estava a ponto de machucá-la como eles
machucaram a minha mãe.

Mas eu não pretendo permitir que isso aconteça neste momento.

Não era mais um menino que perdeu tudo, eu era um homem que
percebeu o quanto eu tinha a perder.

Eu peguei a mão dela e saímos correndo. Coloquei minha cabeça de volta


para o edifício, mas nossa caminhonete estava cercada por homens. Eu
amaldiçoei e olhei em volta. O centro da cidade estava apenas a cerca de meia
milha. Poderíamos fazê-lo a pé e... Eu não sei. Eu decidiria isso mais tarde.

Eu peguei a mão dela e puxei-a comigo. Corremos para a cerca e uni os


meus dedos para levantá-la por cima. Ela subiu para o outro lado e eu escalei
rapidamente. Nós dois estávamos com os pés descalços, mas poderia ser pior.

— Jude, o que estamos fazendo? — Ela assobiou e levantou um pé. — Há


coisas na grama.

— Sobe. — eu pedi, curvando-me para ela subir nas minhas costas.

— E os seus pés?

— Sobe, querida. — eu disse rapidamente. — Eu estou bem.

Ela subiu e eu agarrei suas pernas sob seus joelhos, caminhando


rapidamente. Ficamos em silêncio e Marley ainda estava tremendo um
pouco. Chegamos no primeiro posto de gasolina e eu a firmei enquanto
caminhávamos para a porta. Eu comprei para cada um de nós um par de
chinelos baratos que tinha a imagem do estado do Novo México, na sola e um
chaveiro de spray de pimenta para Marley.
Ela agarrou-o com força e me deu uma olhada.

— Espero que você não vá precisar dele, querida, mas só no caso.

— Eu adoro quando você me chama assim. — ela sussurrou enquanto


olhava para a rua escura. — Nós vamos encontrar a instalação agora, não é?

— Sim. Eu vou te comprar uma passagem de ônibus e então eu vou voltar


quando eu tiver tudo...

— Oh, meu Deus. Você está fora de sua mente! — ela gritou.

— Hey! — ouvimos atrás de nós. Olhei para o frentista. — Leve-a para


fora. Sem brigas na loja.

Ela saiu num acesso de raiva e eu a segui. Pela estrada do lado, ela
caminhou com raiva de mim ao seu lado.

— Eu não posso acreditar que você está me despejando, afinal.


— Eu não vou te abandonar. — eu prometi. — Você percebe que eu vou
ter que invadir? Eu só não quero que você se machuque.

— Eu não sou uma mulher pequena que precisa ser cuidada. Eu fiz muito
bem sem você por toda a minha vida, Jude, eu não sou frágil.

— Sim, você é! — Ela parou na calçada e olhou para mim. Eu tentei


baixar o tom. — Você é frágil e você é uma mulher que precisa ser cuidada. — Ela
começou a protestar, mas eu me movi e tomei seu rosto em minhas mãos. —
Você merece ser cuidada. Você já fez um grande trabalho até agora, mas,
querida, não há nada de errado em deixar alguém assumir por um tempo. Deixe-
me cuidar de você. Deixe-me te proteger. Sei que você nunca teve alguém para
cuidar de você antes, mas agora você tem.

— Jude — ela engoliu em seco — eu vou com você. — Eu cerrei os


dentes. — Você não pode fazer isso sozinho. Preciso ver isso por mim, tanto
quanto você.

— Eu quero que você esteja segura.

— Eles arruinaram a minha vida, também.

Caramba... ela teve que jogar o último golpe. Eu a soltei.


— Tudo bem.

— Tudo bem. — ela rebateu e caminhamos em silêncio.

Eu tive que me dar tapinhas nas costas por manter a calma, porque
naquele momento, eu tinha cerca de cinco quilômetros ao sul de tudo bem. Eu
não a queria perto desse lugar, mas o que eu ia fazer, amarrá-la a um banco do
parque?

Rosnei para o pensamento de eles a encontrarem.

— Sobre o que você está rosnando? — ela jorrou.

— Eu acho que você provavelmente já sabe. — Chegamos na estrada e


procurei por um táxi. Eu sinalizei para um, mas ele continuou.

— Eu não sei. — ela rebateu. Eu tentei sinalizar para outro e ela jogou os
braços para cima em exasperação. — Jude, este não é Nova York. Taxis apenas
não estacionam mais para pegar as pessoas em Novo México.

Eu me virei, rosnando para o quanto essa coisa toda estava indo para
baixo, mas parei. Um SUV escuro puxou no posto de gasolina que tínhamos
acabado de sair e o homem que saiu foi Biloxi. Três outros homens saíram,
também, e entraram. Eles deixaram o carro ligado. Eu ainda podia ouvir o motor.

Eu não pensei. Agarrei a mão de Marley e nós corremos para ele, pulando
dentro. Eu olhei no banco de trás, uma rápida olhada, antes de trancar as portas
e batendo-o em sentido inverso. Eles viram o carro saindo, mas eu tinha certeza
de que eles não podiam nos ver nas janelas escuras. Eu acelerei a partir do
estacionamento, olhando para trás para ver Biloxi socando e chutando um dos
homens. Provavelmente o motorista.

Marley disse meu nome em um tremor.

— Jude. — Olhei para ver uma arma em sua mão. Uma arma prata. —
Estava sob o assento. Pegue-a. — ela insistiu. Eu peguei, vendo quantas balas
foram deixadas, e verifiquei para me certificar se havia uma segurança que estava
travada antes de enfiar na parte de trás da minha calça.

— A câmara está cheia.


— Você tem a sua arma depois de tudo. Então... nós estamos fazendo
isso.

Eu olhei para ela enquanto aceleramos pela interestadual.

— Isso termina hoje à noite. — Eu peguei a mão dela e segurei-a


firmemente quando disse as próximas palavras. Uau, eu estava me tornando uma
garota. — Eu entendo porque você precisava vir. — Ela olhou para mim sem
raiva. — Eu entendo. Eu odeio a ideia de que eu estou trazendo você para o
perigo em vez de esperar por ele nos encontrar. Mas eu vou te proteger. Não
importa o que aconteça.

— Eu não estou preocupada. Tudo parece estar puxando-nos para lá.


Mesmo este carro. — Ela apontou para o NAV e foi para as pesquisas salvas. O
endereço da instalação estava lá e ela pressionou para que ele pudesse nos levar
até lá. — Veja.

— Tudo bem. Estamos fazendo isso. Fique abaixada, fique atrás de mim, e
se nos depararmos com alguém, apenas aja como se você devesse estar lá.

— Como se nós fôssemos o pessoal da limpeza ou algo assim?

Eu sorri.

— Isso funciona para mim.

— Estamos usando chinelos, Jude. Eu não acho que há qualquer posição


que nos permite usar chinelos.

Eu ri, mas foi misturado com todos os tipos de sentimentos. Era isso. Eu
estava finalmente indo descobrir o que aconteceu com a minha mãe, porque ela
estava sempre fugindo comigo, e por que eles estavam atrás de nós.

Olhei para Marley e pude ver suas rodas girando, também. Eu apertei a
mão dela e ela olhou para mim com um sorriso triste.

— De qualquer maneira, nós vamos saber. — disse ela e enxugou uma


lágrima de seus olhos.

Eu balancei a cabeça.

— De qualquer maneira, meu amor. Isso é tudo.


Demorou cerca de duas horas e meia para chegar lá. Já era tarde e o
complexo estava escuro, tudo, exceto uma ala. Havia um portão em torno de todo
o edifício e estacionamento, mas estava aberto. Entramos e eu endureci quando
um guarda, que estava sentado na porta da frente levantou. Ele olhou
atentamente para o carro e, em seguida, acenou-nos de longe, contente por voltar
ao seu lugar.

Bem, isso foi fácil.

Manobrei para os fundos e estacionamos por um minuto para olhar as


coisas. O lugar era uma espécie de pequeno e decepcionante. Esta era sede e eu
imaginava que seria maior ou mais... alto.

— Devemos tocar a campainha? — Marley falou.

Eu sorri.

— Segure seus cavalos. Precisamos descobrir como entrar. A cerca pode


ter sido aberta, mas eu duvido seriamente que a porta será.

Um carro parou atrás de nós e um homem desgrenhado saiu rapidamente,


equilibrando seu café e pastas, enquanto ele corriapara a porta. Eu vi a mão dele
no código.

Ele entrou e eu olhei em volta antes de eu sair. Ela seguiu o exemplo e


nós caminhamos para a porta. Eu dei um soco no que eu pensei que era o código,
mas não funcionou. Ele apitou para que pudéssemos saber que erramos.

— Oh, obrigado, porta, por dizer o óbvio.

Ela riu e suspirou. Ela deu um soco em um código, apenas um número


diferente do meu e a porta clicou. Puxei-a e olhei para ela como se ela tivesse
estragado sua performance.

— Homens. — ela zombou. — Você precisa ter óculos, a propósito. De


nada! — ela cantou em um sussurro.

Eu fechei a porta com um clique e olhamos para um longo corredor


branco com várias portas.

— O que é isso, a maldita Matrix? — perguntou ela.


Eu olhei para ela, boquiaberto. Agora ela era uma Matrix, cinéfila?

Deus havia enviado esta menina para mim.

Ela começou a avançar lentamente pelo corredor. Eu peguei a mão dela e


a movi atrás de mim, dando-lhe um olhar que dizia o que a minha boca não se
atrevia. Seu olhar disse: Tudo bem, seja o que for. Eu comecei a ir, mas
parei. Virei-me e com a minha mão no seu queixo, a trouxe para mim. Um beijo
para levar comigo para o que o destino nos aguardava por este corredor.

Ela lambeu seus lábios e piscou rápido algumas vezes. Eu balancei a


cabeça para dizer a ela que era hora de ir.

Avançamos pelo corredor para encontrar sala após sala de escritórios


vazios com paredes de vidro. Eles tinham mesas e cadeiras em si, mas pareciam
estar vazias. Parecia que ninguém tinha sequer usado. Procuramos todo o lugar e
não encontramos um pedaço de papel, e nem uma alma. Eu estava tão confuso.

Nós tínhamos acabado de ver esse cara entrar. Tinha que haver algo que
estava faltando.

Então começamos a retroceder e eu quase perdi pela segunda vez. A porta


da escada era branca, assim como as paredes. Eu disse para ela ficar quieta
enquanto deslizava a porta para abrir. Não havia rangido e entramos. A porta
fechou e, em seguida, a ouvimos trancar no lugar. Marley tentou abri-la, mas não
estava movendo. Eles estavam obviamente tentando manter alguém sem um
código de sair. Eu imaginei minha mãe em um lugar como este, trancada
dentro...

Fui primeiro descendo as escadas e entrei para o fundo. Era apenas um


nível. Eu deslizei abertamente e espiei para o corredor para ver outro longo
corredor com portas. Fomos e procuramos algo que pudesse ajudar. Era isso. Nós
estávamos lá.

A respiração de Marley foi ficando áspera atrás de mim e agarrei seus


dedos com mais força. Eu sabia que ela estava com medo, mas ela também
estava dura como o inferno.
Eu nos puxei a uma parada na frente de uma sala rotulada de Sala de
Observação. Senti minha pele se arrepiar ao ouvir isso, mas avancei para
dentro. Eu engasguei com o que vi.

A sala era grande e em forma de ferradura, mas a parte que fez o meu
coração parar era o que estava abaixo de nós. Lá, no pequeno espaços de
tamanho de pé no armário, estava uma cama e uma cômoda. E em quarto após
quarto estava uma criança.

***

Marley suspirou e apertou sua mão no vidro em cima do quarto de um


menino. Ele não poderia ter mais de cinco anos de idade, mas mesmo quando ela
bateu no vidro, ele não olhou para cima.

— É espelho unidirecional. — eu disse a ela.

— Jude. — ela gemeu e olhou para mim, impotente. — O que vamos


fazer?

Olhei para todos eles, nada iguais ou diferentes sobre eles. Não havia
nenhuma rima ou razão, sem um padrão ou sexo para explicá-lo. Eram nove ao
todo, quatro meninos e cinco meninas.

Eu procurei a sala para nada. Havia apenas um computador no canto e


ele estava piscando uma imagem de um globo com uma fita de DNA em torno dele
como um anel de planeta. Eu toquei o mouse e a tela inicial iluminada
apareceu. Havia tantos arquivos no desktop, então eu apenas dei um duplo
clique. Havia um monte de links dentro que só tinha datas para diferenciar. Era
um vídeo, uma mulher. A data brilhava acima de sua cabeça o tempo todo junto
com a letra C. Ela estava explicando como sua gravidez estava indo, como ela não
estava doente, que se sentia ótima e cheia de energia, seus pés não tinham
inchado, e ela não tinha razão para saber que ela estava grávida em tudo, exceto
pela barriga saliente. Ela riu.

Eu sabia que algo ruim estava por vir.


Eu cliquei mais baixo para uma data posterior e ela ainda estava
tagarelando e dizendo-lhes seus detalhes enquanto uma voz profunda
perguntava-lhe especificidades fora da câmera. Mas, no final do vídeo, ela
perguntou sobre ver seu pai novamente. Ela disse:

— Eu não entendo por que é tão difícil. Porque eu não posso


simplesmente ligar para ele?

— Você vai atrapalhar o experimento. Nenhum eletrônico de qualquer tipo


deve estar dentro de dez metros de você e do bebê.

— Então coloque-o em viva voz. Eu só quero falar com ele. Ele vai ficar
preocupado se eu não ligar. Tem sido meses.

— Ele sabia que ia para um local secreto para ajudar o seu país com um
experimento. Ele vai entender.

— Eu não vejo por que...

— Senhorita Core. Isso é o suficiente por hoje.

— Por favor, posso ter alguma coisa para fazer além de palavras cruzadas?

— Sem eletrônicos. — ele repetiu mais.

— Não tem que ser. — Ela se sentou na cama, parecendo cansada


emocionalmente, mas fisicamente, parecia incrível. — Só uma outra coisa.

— Eu vou ver o que posso fazer.

Até eu sabia que era uma enganação.

A câmera parou e eu cliquei uma data posterior. Sentei-me na cadeira lá e


puxei uma Marley quieta no meu colo. Precisávamos ver, mas eu sabia que ia
bater muito perto de casa. Nossas mães provavelmente tinham um vídeo como
este em algum lugar.

Eu cliquei a última data no arquivo e Marley arfou, cobrindo a boca. Eu


passei meus braços em torno dela e fiquei olhando para a casca de uma mulher
na tela. Ela estava chorando, batendo com os punhos no vidro como se ela tivesse
feito isso por horas, dias mesmo, sem resultados. Ela estava murmurando algo
que eu não conseguia entender. Eu lentamente cliquei no ícone do microfone e
virei o volume até que pudéssemos entender os apelos da mãe diante de nós.

— Devolva-me o meu bebê.


Marley virou-se, tremendo e chorando no meu ombro. Ela não queria ou
precisava procurar mais, mas eu tinha que fazer. Ela não sabia como sua mãe
parecia e para ela, essa poderia ter sido sua mãe. Mas eu conheci a minha, e eu
precisava ver. Mas primeiro...

— Essa não era a sua, baby. — eu assegurei em seu cabelo. — Essa não
era a sua.

— Poderia ter sido, Jude. — Ela fungou, tentando mantê-lo junto. — Nós
nunca vamos saber qual era o dela.

A mulher no vídeo tinha pele oliva escuro e minha menina era pálida e
loira como uma boneca de porcelana. Não havia nenhuma maneira de que a
mulher fosse a sua mãe, mas não saber estava a torturando.

Eu queria por tudo o que era sagrado que ela me deixasse salvá-la disso
por entrar naquele ônibus.

Eu levantei, realizando manobras dela para que eu pudesse passar, e fui


procurar o garoto. Eu só sabia desde que as datas não eram de tão longe que ele
ou ela estava lá. Eu olhei e não demorou muito para combinar o cabelo e pele
escura a uma pequena beleza mediterrânica abaixo de nós.
Ela estava vestindo um jaleco branco liso ou vestido de hospital sem
meias ou sapatos, e não poderia ter mais do que oito. Não havia TV ou rádio ou
qualquer coisa no quarto. Ela se sentou na cama e cantou uma música que eu
não podia ouvir. Eu acenei para Marley se aproximar e ela correu para a
janela. Era óbvio que a garota era filha dela e não Marley por causa das datas que
eu vi, mas Marley estava em uma missão que era um pouco diferente da minha.

Ela queria saber o que aconteceu com a mãe dela para fazê-la jogar Marley
para longe.

Voltei e pressionei muitas dessas pastas e links para ver se eu poderia


encontrar a minha mãe, mas não consegui. Havia apenas muitas delas e
precisávamos chegar ao quarto com todas as informações. Arquivos, registros,
qualquer coisa. Sabíamos que havia alguns experimentos obscuros acontecendo,
mas nós precisamos saber o porquê.

O último link que eu cliquei era uma data mais antiga, um par de anos
antes de eu nascer, e eu fui um dos últimos links da pasta. Ela estava falando
com a parede para todos que eu conhecia. Ninguém parecia estar lá, mas ela
estava confessando tudo. Eu percebi que ela estava confessando, quando ela
agarrou sua enorme barriga e chorou enquanto falava.

— Oh, Deus... Eu não sei. Eles disseram que iriam me ajudar. Eles
disseram que se eu ajudasse-os com a sua experiência, tudo seria pago e que eu
estaria ajudando as pessoas, também. Mas não é nada disso. Sinto muito. Eu te
matei, trazendo você aqui. Eu me matei. Eles não vão deixar-nos ficar juntos.
Você vai ficar sozinho. Sinto muito, querido.

Eu a desliguei resmungando e respirei fundo. Era isso, não era? Mãe


tinha engravidado, o babaca provavelmente correu como covardes fazem, e ela
estava sozinha. Ela nunca iria me contar sobre o meu pai. Eles vieram, disseram-
lhe que iriam ajudá-la se ela ajudasse. Tenho certeza de que fez soar como uma
dádiva de Deus em sua hora de necessidade. Quando ela descobriu o que estava
acontecendo, correu de alguma forma, fugiu, e nunca parou de fugir.
Tomei outro fôlego. Deus... meu peito doía ao pensar nela fazendo tudo
isso por mim. Só assim eu nunca saberia o que era crescer em um quarto
sozinho como aquelas crianças lá embaixo.

Ouvimos a porta e olhamos para cima para ver um homem em um casaco


de médico entrar em um dos quartos das crianças. Nós não poderíamos ouvi-
los. Eu procurei, sabendo que tinha que haver uma maneira de ouvi-los em uma
sala de observação, e encontrei um botão que ligou os alto-falantes.

Ele dizia ao menino:

— ...e o teste começará assim como eles sempre fazem. Vamos picar seu
dedo, colocar o sangue em um pedaço de vidro, e, em seguida, vamos dar uma
amostra de cabelo e um cotonete do interior de sua bochecha. Então se isso
funcionar, então... amanhã eles vão vir e levar um pouco de medula.

— Não! — ele gritou e se afastou dele. — Por favor, não faça isso. Dói.

— Eu sei que dói — o homem apaziguou— mas você não quer ajudar as
pessoas? Você não deseja salvar a vida das pessoas?

— Sim, mas por que eu tenho que estar acordado quando você me
machuca?

O homem limpou a garganta.

— Essa é a única maneira que pode ser feito. — O menino enxugou seus
olhos, claramente nada feliz. — E eles não vão fazer mais testes em você por uma
semana. Que tal?

O menino não respondeu e eu me imaginei no quarto abaixo, à espera de


ser colhido por fluidos corporais. Senti meus olhos arderem com lágrimas de
raiva.

Então o homem saiu e foi um par de portas para o quarto de outro


rapaz. Ele passou pelo mesmo discurso que ele teve com o outro garoto só que ele
olhou para o gráfico e, em vez de tomar medula óssea, eles iam tomar seu baço.

Seu maldito baço.

Marley estava mantendo seus gritos suaves para si mesma enquanto ela
cobria a boca.
Eu me virei. Eu não podia ver mais. Eu examinei a sala e o computador
para qualquer coisa nova, que pudesse nos ajudar, e quando eu não encontrei
nada, eu reboquei Marley para o corredor.

Ela ficou em silêncio, como estava eu. Eu não queria pensar sobre essas
crianças, estando ali por um segundo, mas, primeiro, nós tínhamos que
conseguir a nossa prova. O corredor curvou e virou e eu tentei lembrar o caminho
que tínhamos ido para que não nos perdesse. Nós nunca vimos uma alma. Eu
comecei a abrir as portas e olhando para elas para ver o que era e o quê.

Encontramos mais quartos com camas, mas eles estavam vazios, um


laboratório com máquinas zumbindo e camas hospitalares, um pequeno
berçário...

Finalmente, chegamos a uma sala cheia de computadores, arquivos,


prateleiras e mesas. Não estava marcada, mas achamos que era a sala de
registros.

Sentei em um dos computadores, enquanto Marley começou a trabalhar


passando por arquivos.

— Estes são os prontuários dos pacientes, Jude.

— Oh, bem. — eu disse. — Isso provavelmente vai ser ótimo para...

— Não. — disse ela, em pânico. — Jude... estes são os prontuários dos


pacientes. — Sua voz tremeu e eu segui com os olhos, engolindo. A parede era
forrada, do chão ao teto, pelo menos dez metros de comprimento com os arquivos
para os pacientes. Então, muitas pessoas... Como é que ninguém sabe sobre
isso? Como eles justificam todas essas pessoas desaparecidas?

Xinguei e fechei os olhos. Isto era maior do que alguma empresa com dois
escritórios na cidade. Isto era... uma operação.

Ela começou a rasgar através deles, à procura de qualquer coisa. Mas,


novamente, não sabíamos exatamente o que estávamos procurando.

— Eram todas grávidas, Jude. — ela murmurou baixinho.

Eu comecei a passar por arquivos no computador, registros financeiros,


contribuições, doações, algumas pessoas tinham até mesmo doado seu corpo
para a organização para fins científicos. Eu nunca tinha ouvido falar desta
empresa, mas nos círculos médicos e científicos, era, obviamente, um grande
negócio.

Então, sob as finanças estava uma listagem da folha de pagamento. Eu


encontrei um pen drive já no computador e comecei a colocar as coisas mais
importantes nele, cada uma delas. Se nós saíssemos disso, a polícia teria uma
lista de todas as pessoas que trabalhavam lá, todas as pessoas que precisavam
prender por assassinato. Não havia nenhuma maneira que alguém trabalhou lá e
não sabia o que estava acontecendo.

Os cargos eram todas essas profissões médicas que eu não conseguia nem
pronunciar. Então comecei a colocar a lista de cobaias no pen drive também. Eu
tinha certeza que havia muitos casos de pessoas desaparecidas que isso poderia
ajudar a resolver.

Em seguida, houve alguns arquivos da empresa, declarações de missão,


atas de reuniões, todos os tipos de coisas que eu não tenho tempo para eliminar
completamente. Eu não os coloquei no pen drive por medo de eu encontrar outra
coisa mais importante que precisava encaixar nele.

Voltei para o arquivo Cobaias. Então eu cerrei os dentes com o que eu


achei. Uma subpasta intitulada: Terminado. No interior, a lista era longa e ao
lado de cada nome estava uma letra – uma letra do quarto que eu presumi - e, em
seguida, dizia ou Falecida ou Terminado. Eu sabia o que significava a
diferença. Procurei o nome da minha mãe. Ele dizia Terminado nele. Eu cliquei
no JPEG ao lado e lá estava ela. Toda vibrante e viva de uma forma que eu nunca
a conheci. E eu me senti como aquele menino de novo, vendo-a morrer diante dos
meus olhos.

Então eu deixei meus olhos procurarem o nome da mãe de Marley, orei


que dissesse falecida. Mas isso não aconteceu. Eles a tinham matado, como eles
mataram a minha mãe. A data de sua morte foi quando Marley teria três anos de
idade. Eu olhei para ela e ela sabia.

— Você encontrou alguma coisa sobre ela, não é?

— Quantos anos você tinha quando ela... entregou você.


— Três anos, dois meses e nove dias. Mas quem está contando? — Ela
sorriu tristemente. — Apenas me diga.

Eu esperei. Eu cliquei na foto dela e uma versão mais antiga da minha


Marley apareceu. Seu cabelo era longo, a pele pálida de alguma forma, e ela
estava dando este pequeno sorriso tímido. Fechei os olhos e odiei isso.

— Vem cá, meu amor.

Ela veio devagar e quando ela viu o rosto de sua mãe pela primeira vez, eu
vi enquanto seu mundo foi destruído. Eu tinha certeza que não era nada como
ela a imaginou. Ela cobriu o rosto, tudo, menos seus olhos, e olhou para a
mulher que a abandonou para salvá-la.

Enquanto ela soluçava e percebia que sua mãe a tinha amado tanto que
ela morreu por ela, eu a segurei com força. Ela colocou os braços em volta do
meu pescoço mais ou menos e me abraçou. Eu a acalmava da única maneira que
eu estava aprendendo, estando lá. Deixei minhas mãos dizer o que os meus
lábios não sabiam como e a apertei contra mim, esfregando sua pele em círculos
sob sua camisa.

Eu não tinha certeza de quanto tempo ficamos assim, mas precisávamos


nos mexer. Eu odiava interrompê-la quando ela precisava desse tempo para
lamentar, mas eu tinha que fazer. Eu levantei seu rosto, afastei as lágrimas de
suas bochechas, e esperei como o inferno que ia dar tudo certo. Eu sabia como a
culpa parecia - eu tive anos para lidar com a minha - mas a dela estava agora
batendo nela com força total.

— Sinto muito, querida.

Ela assentiu com a cabeça.

— Eu também.

— Nós temos que ir.

Ela assentiu com a cabeça novamente.

— Eu sei.
Voltei para o computador e imprimi a imagem de sua mãe para ela. Tirei-a
da impressora sobre a mesa de trás, dobrei-a e coloquei-a no bolso de trás para
ela. Eu a beijei uma vez.

— Obrigado por encontrá-la — ela sussurrou.

Eu não sinto que eu merecia qualquer agradecimento. No meio do


caminho, ela me parou e disse que devíamos levar arquivos de nossas mães
conosco. Olhamos, mas não conseguimos encontrá-los. Eles estavam em ordem
de data, então nós procuramos pelos nossos aniversários, mas que não
combinavam. Então eu percebi que não era aniversário delas ou do nosso, foi por
sua data de Término. Com certeza, encontramos as duas pastas dessa maneira.

Marley enfiou ambas na parte de trás de sua cintura e deixou sua camisa
cobri-las. Isso foi uma coisa boa, porque assim que eu abri a porta, ficamos cara-
a-cara com um homem que não parecia feliz em nos ver lá.

— Como vocês chegaram aqui? — ele perguntou, realmente perplexo.

Peguei minha arma lentamente e lhe disse:

— Você era o cara lá com aquele menino.

Seus olhos se arregalaram e ele bufou.

— Há quanto tempo vocês estão aqui? Como vocês conseguiram entrar? —


Ele pegou algo no bolso, mas eu fui mais rápido em sacar.

— Nãnãnã meninão. Mãos para cima.

— Você é um terrorista? — ele perguntou, olhando para a sala, nervoso. —


Nosso antraz não é o tipo que você pode armar, você sabe.

— Eu não estou aqui para roubar o seu antraz. — Eu o empurrei contra a


parede, a arma embaixo do seu queixo. Eu vi um anel em seu dedo. — Casado?
Tem filhos?

— Sim. — ele gaguejou e parecia ter uma ideia. — Sim, eu tenho três
lindas, talentosas meninas que iriam perder seu pai. Favor, deixe-me ir.

Eu zombei.
— Então, porque suas filhas são talentosas você vale mais do que outros
papais? É isso que você está dizendo?

Marley prendeu atrás de mim, seus dedos segurando minha camisa.

— Não... sim, talvez. Eu não sei! — ele rugiu. — Você tem uma arma na
minha cara!

— Então, você nunca iria querer que nada aconteça a elas, não é? Como
ser colocadas em uma sala para o resto de suas vidas e ter seus órgãos colhidos!
Ou plasma e sangue. — Minha lividez atingiu a capacidade máxima. — Seu filho
da puta doente!

Eu recuei e dei um soco nele com o punho não segurando a arma. Foi o
meu esquerdo, pelo amor de Deus, mas ele caiu como um saco de cebolas e
chorou como se ele tinha cortado algumas, também. Eu empurrei-o pelo
colarinho.

— Levante-se. Estamos indo para um passeio e você vai nos contar tudo.

— Tudo sobre o quê?

Ele tropeçou e eu fiz ele ficar de pé.

— Sobre as nossas mães e o que você estava fazendo com elas.

— Suas mães? — Ele tentou olhar para trás, confuso, mas o fiz andar. —
Eu não conheço suas mães. Eu saberia o seu número de quarto e último nome.
Isso é tudo. Nós não fazemos as coisas aqui pessoais. Apenas profissionais.

Eu zombei mais alto.

— Por quê? Para manter sua consciência limpa?

Ele não respondeu, sorte para ele. Eu empurrei-o de volta para a sala de
observação e empurrei-o na cadeira. Eu coloquei a arma em minhas calças
porque eu podia ver que esse cara era um maricas e não causaria problemas. Eu
disse a Marley para deixá-lo ver o retrato de sua mãe. Ela o fez, com o punho
fechado apertado. O homem sacudiu a cabeça.

— Eu não a conheço. Eu não estava trabalhando aqui, então, mas se você


foram os filhos de mulheres nesta instalação, então isso significa que...
Ele foi interrompido pela abertura da porta atrás de nós. Ela revelou um
homem bastante grande e outros três homens portando rifles. Eles estavam em
uniformes, como seguranças, mas ele estava em um terno preto. Eu rapidamente,
discretamente, prendi a arma na parte de trás da minha calça novamente. Os
guardas de segurança pareciam muito chateados. Eu sorri.

— Você foi repreendido, né? — adicionei piscadela para uma boa medida.

Um deles adiantou-se como se estivesse indo arrebentar meus dentes,


mas o homem gritou para ele se retirar. Ele sorriu para nós.

— Olha, eu tenho certeza que há uma explicação lógica para tudo isso.
Vamos apenas sentar e vamos resolver tudo, certo?

Ele disse ao jaleco para sumir, então assinalou a cabeça para fora da
porta. Um deles agarrou meu braço para me arrastar pelo corredor. Mas isso
significava... eu olhei para trás para ver o mais baixo arrebatar Marley na frente
dele. Quando ouvi seu suspiro, vi vermelho. Eu bati meu cotovelo no nariz do
meu cara, realmente sorri quando o ouvi quebrar, e fui para Marley. Ele não teve
a menor chance, quando meus punhos conectaram com seu queixo. Ele caiu e eu
puxei Marley para mim. Os outros dois pularam em mim rápido e um rifle entrou
em meu intestino e o outro na parte de trás da minha cabeça.

Eu bati no chão, ouvindo o grito de Marley. Eu balancei minha cabeça e


pisquei quando rolei. Um deles tinha o braço em volta do pescoço de Marley
quando ela olhou para mim. Obriguei-me a levantar para um outro round.

O de terno pegou um de seus rifles dos homens e atirou no teto uma vez,
parando todos nós.

— Hey, hey, hey! — ele gritou. — Tudo bem, vamos todos, acalmem-se.

— Tire as mãos de cima dela agora ou você vai comer esse braço. — Eu
ameacei o homem com Marley. O de terno poderia atirar em mim, mas eu não
mais iria ver como ela era machucada por essas pessoas.

O de terno disse ao rapaz para deixá-la ir. Ele olhou para ele, mas assim
fez. Ela fugiu para mim e colocou um braço em volta da minha cintura, enquanto
a outra inspecionava a parte de trás da minha cabeça, virando meu rosto.
— Oh, meu Deus. — ela sussurrou.

Ela virou-se para eles.

— Ele está ferido. Ele está sangrando por causa de você.

— Ele está sangrando porque ele entrou no meu prédio. — rebateu o de


terno.

Eu apertei Marley, esperando que ela entendesse para não dizer nada. Eu
estava pensando que era uma ideia melhor para esse cara para fazer suas
próprias suposições sobre por que estávamos ali. Se ele descobrir que fomos
repatriados, ele pode decidir que as brincadeiras na sala de cirurgia não tinham
acabado para nós. Quem sabia o que diabos essas pessoas fariam.

— Venham ao meu escritório. Isso não é um pedido. — disse ele,


apontando para mim com seu olhar. — Você invadiu, eu não o trouxe aqui. Eu
não sei o que você está pretendendo, mas tenho certeza que podemos manter a
polícia fora disso se apenas nos acalmarmos.

Eu balancei minha cabeça. Claro que ele queria manter a polícia fora
disso. Eles estavam matando as pessoas e quem sabe o que mais. Mas ele achava
que éramos ladrões comuns. Então, nós o seguimos, abraçados. Tentei deixá-la
saber que tudo iria ficar bem, mas só olhávamos um para o outro. Eles
seguraram a porta para nós e nos empurraram para sentarmos em um pequeno
sofá no canto da sala.

— Agora, — ele perguntou, apoiando-se na borda da mesa, — do que é


que você estava atrás, como você chegou aqui, e como você sabe que nós
tínhamos o que você queria, para começar?

Olhei para a porta, mas o baixinho estava vigiando-a. Então, eu disse a


verdade, principalmente. Eu disse a eles que imaginamos que eles eram um
centro médico e que teria algo que queríamos e esperávamos, vendo o cara
colocar o código dentro. Então nós só entramos porque não havia ninguém por
perto.
— Sim — ele falou e deu aos homens uma olhada — aparentemente o
futebol era mais importante do que intrusos. — Ele sorriu para mim. — O
Patriots venceu extremamente dos Jets, a propósito.

— Ah, vamos lá, cara! — Eu reclamei.

Ele riu.

— Ele está arruinado para mim. Era justo para estragar o jogo para outra
pessoa. — Ele nos observou. — Agora, o que fazer com vocês?

Marley negou em meus braços. Eu esfreguei o braço para acalmá-la, mas


foi inútil. Eu tinha que protegê-la.

— Você está com fome? Sede? — ele perguntou e eu disse-lhe um forte


não. Eu não queria qualquer veneno que eles tinham para oferecer. — Tudo bem,
bem, como eu disse, vamos deixar a polícia fora disso. Nada foi roubado ainda,
então nenhum dano, nenhuma falta.

Eu não sorri. Eu não confiava nesse cara, tanto quanto eu poderia


menosprezá-lo. Ele olhou entre nós várias vezes antes de se levantar.

— Tudo bem, bem, nós vamos conversar por um segundo. Sente-se firme.
— Ele piscou e sorriu quando ele saiu. Ele não iria nos deixar ir. Ele sabia disso e
eu sabia disso.

Eu suspirei. Eu não conseguia olhar para Marley enquanto eu falava. Eu


estava estranhamente calmo para alguém que estava, provavelmente, a ponto de
já não andar nesta terra. Eu estava apenas... gasto.

— Eu sinto muito, Marley. — Eu brincava com seus dedos no meu joelho


apenas para continuar a tocá-la, para lembrar exatamente o que sentia. — Eu
não sei o que fazer para corrigir isso.

Ela sorriu tristemente e estendeu a mão, tocando meus lábios com o


polegar.

— Não é culpa sua.

— Não, é minha culpa que eu não pude protegê-la.

Ela respirou fundo.


— Eu não sou sua responsabilidade, Jude. Eu sou apenas uma garota
que levou um fora de você. — Ela olhou para seu colo.

— Uma garota que eu adoro. — eu corrigi.

— Uma garota que você adora, com quem você está preso porque você é
um cavalheiro e você... você não vai...

Eu balancei minha cabeça, minha testa baixa.

— Marley. — Eu me mexi até que eu estava contra ela, ou ela estava


contra mim. Inclinei-me um pouco, puxando seu queixo para cima, fazendo-a me
olhar bem nos olhos. — Você não sabe?

— Sei o quê? — Sua voz extasiada me fez inchar com a felicidade que ela
me queria também.

— Que você é minha.

Ela piscou rapidamente, os cantos de sua boca se elevando. Antes que ela
pudesse dizer qualquer coisa, a porta se abriu de novo... para revelar Biloxi.

Levantei-me, empurrando Marley atrás de mim. Ele sorriu para mim.


Ou... para Marley.

— Marley, você finalmente fez o seu caminho de volta para nós.

Eu fiz uma careta para isso. Ele continuou.

— Venha, querida. Você já fez o seu trabalho. Você o trouxe aqui e isso é
tudo o que queríamos.

O sangue correu em meus ouvidos. O que foi que ele disse? Marley não
estava negando isso. Virei-me lentamente para encontrá-la com a boca aberta e
olhando para mim de forma estranha. Que diabos...

— Marley? — Eu questionei e, finalmente, ela abriu a boca.

— Jude, não, eu não estou com ele.

Ele riu tristemente.


— Vamos. Foi um truque. Você não precisa mais fingir... Oh, não. — Ele
olhou entre nós e caiu um pouco na derrota. — Meu Deus, você se apaixonou por
ele, não é?

— Sim. — ela sussurrou e olhou para mim, só eu. — Sim, eu me


apaixonei por ele. — Ela balançou a cabeça. — Jude, você não pode acreditar
nele. Depois de tudo que aconteceu, você acredita nele?

Eu encarei. Eu não acredito nele, não realmente. Havia muita coisa que
era real. Muito que estava cru. Eu balancei minha cabeça. Ela agarrou meus
dedos em suas mãos, me distraindo, quando senti o estalo no meu crânio.

Eu cai, minha cabeça no chão, e vi seus adoráveis dedos dos pés


embaralhar longe quando a minha visão desapareceu e o sono me afirmou.
Eu acordei, o cheiro de pimenta me asfixiando e queimando meu
nariz. Abri os olhos, só para ser assaltado lá, também. Olhei ao redor da sala,
sentando-me e imediatamente me arrependendo, e vi o spray de pimenta de
Marley no chão. O ar estava revestido com ele então ela deve tê-lo usado.

O que significava que eles a tinham pegado e ela tentou fugir.

Boa menina.

— Mãe... — eu gemi quando eu levantei e senti a parte de trás da minha


cabeça. Havia uma grande quantidade de sangue, mas eu tinha que encontrá-
la. Eu senti a traseira da minha calça e a arma ainda estava lá. Deixei-a lá,
mantendo a mão na maçaneta, mas o dedo fora do gatilho, e avancei para o
corredor.

Debrucei-me na parede do corredor e fiz meu caminho para baixo. Minha


cabeça pulsava e minha visão ia e vinha em borrões. Obriguei-me a continuar
indo mais rápido. Quando ouvi a porta bater atrás de mim, eu deslizei
rapidamente em uma alcova. Ouvi alguém gritar, o eco levá-lo ao fundo do
corredor.

— Ele não está aqui!


Eu fechei meus olhos. Se eu tivesse chegado mais longe antes que eles
descobrissem. Ouvi alguém dizer que estava indo para um lado e para o outro
cara ir por esse caminho. Eu escutei e quando seus passos correndo quase me
atingiram, eu joguei metade do meu corpo, atirando o meu braço em linha reta e
esticando-o. Seu pescoço se chocou contra ele, efetivamente próximo e alinhado
como eu estava tentando fazer. Ele caiu com força, sufocando no meu braço, e o
baque quando sua cabeça bateu no azulejo não soou encorajador para ele se
levantar novamente. Peguei sua arma, atirando a alça por cima do meu ombro e,
em seguida, peguei seu rádio. Eu tentei todos os canais, mas não ouvi nada.

Virei-me para as portas duplas na alcova e empurrei-as para abri-las,


enquanto eu não tinha outro lugar para ir. Puxei seu corpo para a sala para que
ninguém o visse.

Eu queria procurar por Marley, não entrar em um tiroteio. Ainda não de


qualquer maneira. Eu pisquei para as luzes brilhantes e olhei ao redor da sala
vazia. Era um laboratório. Os prontuários estavam alinhados em uma prateleira
atrás de um monte de coisas e suprimentos médicos que eu não sabia
nada. Inclinei-me sobre a mesa para apoio e puxei um para baixo. No nome do
paciente, apenas a letra D e uma data.

Eu balancei minha cabeça. Os bastardos não poderiam mesmo chamá-los


por seus nomes.

O prontuário eram notas manuscritas, páginas delas.

...alerta e sinais vitais bons. Foi convidado a andar...

... Sangue coletado. Paciente apresentou leve desconforto...

... plaquetas contadas. Procedimento discutido...

...criança foi mostrado fotos da doença...

...disse a criança do sexo masculino que os outros morreriam se não o


fizesse...
... medula óssea. Paciente será acordado por...

...criança queria salvar os outros, mas não dar sangue...

...criança ficava perguntando pela mãe. Foi informada que ela saiu...
Sobre e sobre foi, página após página, prontuário após prontuário. Eles
estavam tirando sangue, medula e órgãos dessas crianças e, em seguida,
testando-os, usando a pesquisa para fazer medicamentos, vitaminas e remédios
para pessoas doentes, foi o que eu pude entender a partir disso. As crianças
pareciam ser os únicos que eles queriam experimentar na maioria... Mas eles
não...

Bati os prontuários para baixo, segurando minha respiração enquanto eu


segurava. Isso teria sido eu. Isso teria sido Marley.

Fui até o próximo laboratório pela porta de conexão. Eu estava começando


a me sentir um pouco tonto. Eu coloquei a minha cabeça de volta para o corredor
e, não encontrando ninguém, voltei para o corredor, ouvindo enquanto eu ia para
as vozes para que eu pudesse encontrá-la. Minha mão parou na parede para
ajudar a me manter em pé. A vertigem estava borrando a minha visão em ondas.

Por que eles a levaram? O que eles queriam com ela agora? Ela era adulta.
Fui para cima e para baixo do corredor principal duas vezes e não ouvi nada. Orei
que ela ainda estivesse lá e eles não tinham deixado o complexo com ela. Eu
nunca a recuperaria.

Meu walkie crepitou à vida. Virei-o para baixo e apertei-o contra o meu
ouvido para ouvi-lo.

— Michaels dê o seu ETA, câmbio.

Gemi quando ele perguntou novamente e eu sabia que ele estava falando
com o cara que eu tinha acabado de incapacitar. Eu coloquei minha boca sobre o
orador, pensei rápido, e falei profundamente.

— Alvo masculino na minha custódia no primeiro andar. Ele encontrou


um caminho até as escadas. Câmbio.

Silêncio passou. E então:

— Por que você não passou o rádio com a sua posição?

— Filho de um bastardo estava lutando comigo, difícil.

— Em nosso caminho. O detenha para interrogatório e terminação. Eles não


precisam dele, eles têm a menina.
Meu coração parou de bater por um conjunto de cinco segundos. Não...
Marley.

— Minhas ordens eram para levá-lo até a garota. — Eu tentei.

— Negativo. As ordens são para interrogar e terminar. A menina será


levada para a instalação de Los Angeles para testes e criação.

Criação? Eu tentei rir no microfone, mas isso machuca minha alma


maldita fazê-lo.

— Bem, caramba. Certeza que era uma linda. Estava esperando que ela
iria ficar por um tempo.

Ele riu.

— Ela vai estar de volta em breve, Michaels. Você ainda vai querê-la com
uma barriga grande? Huh?

Eu congelei. Minha mão agarrou o rádio tão apertado que eu pensei que
poderia quebrar. Eles estavam indo inseminá-la e forçá-la a ter um outro bebê
experiência para eles. Claro que não.

— Você está certo. Nenhum ponto de qualquer maneira, uma vez que está
indo só para jogá-la em seguida.

— Eu pensei que era o seu tipo favorito? — brincou ele. — Quase na sua
localização. Câmbio e desligo.

Eu não respondi o bastardo. Não havia como dizer o que eles tinham feito
para as mulheres que se hospedavam aqui. Falando disso... onde estavam as
mulheres? Pela maneira como eles falaram, sempre tinham as mulheres dentro e
fora, então onde elas estavam? Em outra instalação, provavelmente, e eu odiava
pensar nisso.

Então eu me lembrei daquelas crianças. Eu não podia deixá-los. Eu


precisava encontrar Marley, mas essas crianças... Eu mergulhei de volta para a
sala de observação para encontrá-la vazia, mas um dos quartos tinha várias
pessoas nele.

— Não. — eu me ouvi dizer e passei as mãos pelo meu cabelo em


agonia. Eu apertei a mão no vidro para manter-me de pé. O cara de jaleco tinha
ela amarrada à cama. Ela estava sendo preparada para algo e eu me lembrei do
botão para que eu pudesse ouvi-los. Eu pressionei-o, voltando ao vidro para ver a
minha marca de mão de sangue da minha cabeça. Eu empurrei todos os
pensamentos disso para fora - não importava naquele momento - e o ouvi.

— ...você vê, o governo não iria nos dar subsídios para o que
precisávamos, porque eles disseram que era desumano. Embora minha equipe de
pesquisadores queria ser conhecida por salvar o mundo! Usar células-tronco,
disseram-nos. Mas não, nós precisamos anfitriões vivos, células vivas,
organismos vivos para testar.

O de terno interrompeu.

— Você pensou que estávamos te procurando para te fazer mal. Nós só


queríamos ter certeza de que estava a salvo. Seu sangue é perigoso. — ele
sussurrou baixo dramaticamente. — Meu sócio, Vincent, foi longe demais em
suas artimanhas para trazer vocês dois de volta, e, mas você vê, vocês são os
últimos dois. Nenhum dos outros que já escapou sobreviveram e tivemos que
trazer você de volta para a sua própria segurança e a nossa. Nós constantemente
aumentamos as medidas de segurança, e nós pensamos que enviando Tatum
com ele dizendo que ele era um de vocês iria ajudar a convencer vocês, mas...
você está contente em fazer as coisas da maneira mais difícil.

Ele bateu na cabeça dela, fazendo-a se afastar para longe dele tanto
quanto ela poderia ir. Ele foi embora. O médico inclinou-se para o seu nível.

— Veja, você simplesmente não sabe as coisas que estamos fazendo aqui
para salvar vidas, e você é parte disso! — ele disse, emocionado.

— Mas você está matando as pessoas. — disse ela, derrotada. — Como


você pode matar pessoas para salvar outras? Como isso é justo?

— No decorrer do programa, a matança chegou a milhares. Sobre


dezessete mil, para ser exato, desde o início. Como dezessete mil pessoas valem
mais do que os bilhões que vamos salvar com a nossa nova linha de drogas?

— Você não cura nada! — ela gritou com ele. — Você? Já curou o câncer?
Você curou a leucemia? Diga-me qual a doença que você tenha curado. Nomeie-a.
— Ele a olhou, torcendo os lábios. Ela balançou a cabeça e bateu de volta para o
colchão. — É tudo tentativa e erro, e você está matando as pessoas, não importa
o que você diga a si mesmo.

— Mas não é. Temos ajudado a gravidez com as nossas vitaminas e tem


um monte de promessa com nossos medicamentos impulsionando anticorpos.
Quando você era um bebê, você estava cheia de vitaminas especiais dadas a você
por sua mãe no ventre, dos medicamentos que recebeu de nós. Seu sangue pode
salvar vidas, se você deixar-nos testar em você. Você simplesmente não pode vê-
lo, porque está amarrada à cama em seu lugar. Você está pensando como uma
vítima, em vez de um milagre que pode salvar...

— E se eu fosse uma de suas filhas? Você iria sacrificá-la para o bem


maior? — Ela olhou-o de baixo e eu estava tão maldito orgulhoso dela.

Ele colocou um prontuário na mesa e saiu, apenas assim. Biloxi se


levantou da cadeira do canto. Eu não o tinha visto. Quando ele se virou, onde eu
podia ver seu rosto, os olhos e as bochechas estavam vermelhas e
manchadas. Ele ficava piscando e fazendo caretas. Eu sorri. Não pude me
conter. Minha menina pegou Biloxi com seu spray de pimenta.

Quando ele revirou as mangas e tirou uma bandeja para fora de debaixo
da mesa com tubos e agulhas, eu sabia que o seu lado louco estava saindo para
jogar.

Eu recuei e corri para a porta. Eu não estava dando a ele a oportunidade


de ferir um fio de cabelo dela. Eu não ia decepcioná-la novamente. Eu corri,
embora eu estivesse tonto, corri. Eu puxei a arma na parte de trás da minha
calça e abri a primeira porta que estava aberta. Vazio. A próxima estava
trancada. Eu não esperei - eu só atirei na maçaneta da porta e levei-a duro com
meu ombro.

Assim que eu vi o rosto de Biloxi, fui direto para chegar ao meu objetivo e
disparei dois tiros direto em seu peito. Sem mendicância, sem contestação, sem
pensar. Seus olhos estavam tão inchados do spray de pimenta, ele nem mesmo
tinha me visto chegando.
Mas eu não senti um pingo de culpa. O homem tinha arruinado minha
vida, levado minha mãe de mim, e estava tentando tirar a minha menina. Eu não
podia sequer reunir um suspiro para ele.

Eu não sabia onde o médico estava, mas eu tinha certeza que ele iria se
acovardar e fugir. Inclinei-me para desatar os braços de Marley. Senti-me
balançar um pouco. Ela tocou meu rosto, quando teve uma mão livre.

— Eu não pensei que você estava vindo para mim. — Eu olhei para ela
bruscamente, sentindo como se ela me desse um tapa.

— Você pensou que eu teria apenas a deixado?

— Eu pensei que você acreditou quando ele disse que eu era... E então
sua cabeça... — ela chorou e tocou meu cabelo. — Eu pensei que você estivesse...

Seus olhos estavam vermelhos, ainda molhados de lágrimas, e não de


spray de pimenta. Ela realmente achou que eu não ia voltar, por uma razão ou
uma mais mórbida.

— Marley — Eu encostei minha testa na dela — você pertence a mim.


Lembra?

— Sim, eu lembro. — ela respondeu com um soluço.

Ajudei-a para fora da mesa cirúrgica e sabia que as primeiras coisas,


primeiro, precisávamos encontrar um telefone e chamar a polícia. Então nós
precisávamos conseguir tirar as crianças.

Antes que eu pudesse mover-me, ela puxou meu rosto para baixo ao dela
e me beijou tão profundamente. Nós dois puxamos e agarramos um ao outro
como se nunca quiséssemos nos separar novamente. Meu coração suspirou por
estar em casa... nela. Eu encontrei o único lugar que eu sempre quis viver de
novo nesta menina, aqui em meus braços. Eu me inclinei para trás apenas um
pouco, corri meu polegar da sua testa até a ponta do seu nariz e parei em seus
lábios, amando o jeito que seus olhos vibraram.

— Eu sempre vou vir para você.

Ela apertou seus lábios e balançou a cabeça. Eu peguei a mão dela, mas
antes de sair da sala, olhei para Biloxi no chão, sua bandeja de seringas e frascos
de medicamentos espalhados ao seu redor. Nunca cheguei a saber porque a
minha mãe, ou eu para esse assunto, era tão importante para ele que tinha feito
o trabalho de sua vida para nos matar. Parecia que eu nunca conseguiria fazer o
fechamento, nunca me sentiria como se tivesse finalmente acabado, porque eu
nunca saberia.

Mas estava acabado com Biloxi, se nada mais.

Eu mantive Marley atrás de mim enquanto nos levava de volta pelo


corredor. Se alguém decidisse fazer uma aparição, eu não tinha certeza se seria
capaz de combatê-los. Minha visão estava borrando e ficando desse jeito.

Eu a ouvi falar, mas não conseguia me concentrar nisso. Meus ouvidos


estavam abafados ou zumbindo. Então, ela tocou minha bochecha:

— Jude! — ela sussurrou.

Concentrei-me em seu rosto e tudo parou.

— Huh?

— Estive falando... Suas pupilas estão dilatadas, Jude. — Ela bufou um


suspiro irritado. — Deram-lhe uma concussão. — ela rosnou. — Temos que tirá-
lo daqui.

— Nós não podemos deixar essas crianças.

— Nós não podemos simplesmente caminhar com eles para fora daqui
também. Precisamos encontrar um telefone ou... — ela encolheu os ombros
rapidamente, — Eu não sei. Alguma coisa.

— Eu nunca vi qualquer telefone nos escritórios em que estávamos


dentro. Eu aposto que nós temos que ir para fora para isso. Eles não queriam que
eles tivessem acesso ao exterior.

Ela colocou o braço em torno do seu ombro.

— Bem, então vamos para fora.

Ela começou a me levar para o lado oposto, passando por todos os quartos
das crianças que eu não sabia que estavam ali atrás.
— Eu vi alguns deles ir por este caminho. Podemos topar com alguns. —
ela disse e assentiu com a cabeça obstinadamente para si mesma. — Vai ficar
bem.

— Aqui. — eu disse a ela. Paramos o tempo suficiente para eu colocar a


arma em sua mão e mostrar a ela como atirar a primeira rodada. — Basta
apontar e disparar.

— Sem armar ou carregar ou... girar alguma coisa?

Eu ri, mesmo no meu estado.

— Não, querida. Não esta.

Este deve ter sido onde as outras alas estavam porque nos deparamos
com outro corredor de portas. Eu ouvi o suspiro de Marley quando passamos o
primeiro quarto. Eles estavam fazendo um procedimento médico em um menino
pequeno, talvez oito ou nove. Ele estava gritando, poderíamos dizer, mas o vidro à
prova de som afastou o som de nós.

A imagem terrível de sua boca em forma de um doloroso e silencioso "O"


estaria comigo para o resto da minha vida.

Os médicos estavam ocupados e não tinham ouvido falar ou visto a nós,


mas o menino e Marley estavam olhando um para o outro. Marley apertou suas
mãos no vidro e não segurou um soluço.

O médico tirou uma agulha longa das costas do menino e virou-se para
nos ver. Ele olhou para o outro e ele correu para alguma coisa. Para pressionar
um botão de segurança, eu tinha certeza.

Adrenalina atirou em minhas veias. Corri para ele, abrindo a porta e


cravando meu punho em sua mandíbula e, em seguida, seu estômago antes que
ele pudesse chegar até o botão vermelho de pânico pela porta. O outro ergueu as
mãos, parecendo aflito, como se fôssemos os bandidos neste cenário. Marley
ajudou o menino, pondo a bandagem que eles tinham preparado para ele, e
ajudando-o a ficar de pé.

Ele não conhecia Marley, mas ele agarrou-se a ela e olhou para o médico,
tremendo tanto que seus dentes estavam batendo à espera de seu próximo
movimento. Eu não poderia me conter. Eu recuei e dei um soco naquele médico
também, mas não o suficiente para derrubá-lo, apenas o suficiente para irritá-lo e
sentir um pingo do que ele tinha feito para esse menino desnecessariamente.

— Nós não temos dinheiro ou drogas aqui, suas crianças estúpidas. — Ele
se levantou de onde eu tinha batido nele e olhou para mim, segurando seu
rosto. — Nós não somos um hospital. Nós não temos analgésicos aqui.

— Sim. — Marley jorrou. — Você tortura seus pacientes, então por que
você precisa de remédios contra a dor?

— Tortura? — Ele balançou a cabeça. — Não, menina, você não sabe o


que está falando. Estamos fazendo um bom trabalho aqui.

— Nós sabemos tudo sobre a declaração da missão — Eu jorrei. — E


aquele menino só lhe deu sua permissão para cutucar e picá-lo?

— Sua mãe deu...

— Um — eu cortei — eu duvido disso, e dois, você é um idiota se acredita


que escondendo crianças e fazendo-as sofrer é uma maneira respeitável para
ganhar a vida.

— Estamos salvando vidas aqui, meu jovem. Vamos curar o câncer um


dia.

— Ok, então você é um idiota. O que fazer com você agora? — Eu rosnei e
levantei a arma um pouco. Ele arfou.

O médico no chão acordou e gritou:

— Pare! Não! Você não pode machucá-lo! Ele é o melhor médico que temos
e a única pessoa que pode realizar a cirurgia de Mohs para dar aos especialistas
as amostras que eles precisam!

Eu não sabia o que cirurgia de Mohs era, mas se deu amostras do cara,
eu não achei que eu queria saber. Mas isso me deu uma ideia.

Eu assinalei a minha cabeça em direção à porta, esperando que eu


estivesse escondendo minha dor também, e disse para o supermédico especial
para vir com a gente. Ele olhou para o médico no chão para a munição que ele
nos deu. Agradecemos a ele por amarrá-lo a uma perna da mesa de aço abaixo da
linha da janela onde ninguém iria vê-lo.
Marley segurou a mão do garoto. Ele parecia envergonhado de estar em
um vestido do hospital e continuou puxando-o para trás, mas ela garantiu a ele
que ele estava coberto. Quanto ao médico, bem, ele andava com a minha arma na
sua cabeça. Eu disse a ele que precisávamos de um telefone e ele disse que não
havia nenhum.

Eu estava mal me segurando. Ele estava tão concentrado na arma que ele
não sabia que eu estava prestes a desmaiar, mas se ele tivesse apenas dado uma
boa olhada em mim, veria. Eu pisquei e abri os olhos para limpá-los. Passamos
por um alarme de incêndio na parede quando nós saímos da ala médica e em um
outro corredor. Eu disse a Marley para puxá-lo. Se ele estava ligado ao sistema
como deve ser, o corpo de bombeiros viria e assim viria a polícia.

O médico mostrou os primeiros sinais de luta quando ele tentou impedi-


la. Eu apertei o canhão para sua bochecha.

— Uau, você realmente é um idiota, não é?

— Você não percebe o que você está fazendo! — rugiu quando ela puxou-
o.
Ela teve que bater o vidro com a coronha da arma várias vezes antes que
ele quebrasse. Ela puxou a alavanca. As sirenes saíram na forma de luzes
vermelhas no teto e um zumbido tão alto, meus ouvidos estavam zumbindo. O
menino tapou os ouvidos, mas Marley abraçou-o e olhou em volta.

Eu arrastei o médico mais comigo para os quartos naquela ala. Nós não
sabíamos quem estava naqueles quartos, mas não podíamos ir embora sem
verificar. Eles estavam todos trancados e eu estava com medo de atirar na porta
por medo de acertar neles. Caramba. Nós teríamos que conseguir ir para fora e
depois chamar a polícia para lá o mais rápido possível para deixá-los sair.

Comecei a descer o corredor, liderando o caminho, mas Marley gritou meu


nome. Eu parei e ela tentou gritar sobre a sirene, mas eu não podia ouvi-la. Ela
apontou o corredor que tínhamos acabado de partir e eu senti meu coração elevar
no que vimos. A sirene deve ter provocado uma medida de segurança no sistema
do edifício. Todas as portas no corredor tinham sido destrancadas e abertas
automaticamente, e no corredor derramavam várias mulheres grávidas,
juntamente com mais crianças e até mesmo algumas mulheres tinham bebês em
seus braços.

Eu contei pelo menos onze. Todas olharam em volta, curiosamente, e ao


ver-nos, elas, compreensivelmente, pareceram assustadas. Marley levantou as
mãos, puxando o menino que não deixaria ir com ela, e tentou dizer-lhes algo
sobre a sirene. Eu inclinei minha cabeça contra a parede e fechei os olhos.

Eu me senti mal do estômago. Precisávamos sair de lá.

Quando abri os olhos, Marley estava voltando e me olhando


preocupada. Eu balancei a cabeça para ela. Eu não queria que o médico soubesse
que tudo o que ele tinha a fazer era dar-me uma boa cotovelada e eu iria abaixo
para a contagem.

As mulheres pareciam a bordo então eu liderei o caminho, optando por


colocar a arma em suas costas ao invés para que pudéssemos andar mais
rápido. Eu gritei em seu ouvido:

— Eu vou atirar em você se você correr. Não pense nem por um segundo
que eu não vou.
Ao virar da esquina correram dois comparsas e eles derraparam até parar
ao ver o médico com a gente. Eu coloquei a arma em vista na cabeça dele e eles
olharam um para o outro antes de ir de volta no caminho em que eles vieram.

Quando chegamos à enfermaria das crianças, eu só esperava que puxar o


alarme tivesse os funcionários no caminho. As coisas estavam em andamento
agora.

Eu me perguntei por que eles apenas não continuaram a fazer as mesmas


mulheres parirem mais crianças em vez de ter novas a cada vez. Ao que parece,
do ponto de vista lógico, isso seria mais fácil para encobrir menos mulheres
desaparecidas.

Como um amontoado, comigo liderando o caminho, nós caminhamos pelo


corredor de volta para as escadas que conduziam para fora. O último canto
revelou a razão pela qual eu tinha começado a pensar que era tudo muito fácil.

Eles estavam esperando por nós.

De alguma maneira ele tinha a sirene desligada e começou a falar, mas


meus ouvidos estavam zumbindo novamente e demorou alguns segundos para
me concentrar e pegar. O de terno tinha alguns de seus homens com ele, mas o
resto foi deixado de fora da escada.

— Então, você encontrou a nossa arma secreta. — Ele parecia triste, mas
resolvido. Isso me assustou mais do que qualquer coisa naquele momento. —
Você tinha que vir aqui, só tinha que saber tudo, não é? — Ele avançou três
passos pequenos e estava com tanta raiva que ele cuspiu quando ele falou. —
Você acha que você precisa saber de tudo. Que iria facilitar-lhe e guardá-lo na
noite sabendo que sua mãe amava você. Que por vir aqui e aprender a verdade
toda a dor iria apenas voar para longe. Vocês são tolos. Vincent tinha razão a
persegui-lo tão vigorosamente. Ele me disse que você ia ser um problema. Que
por você estar lá fora, você coloca todo o nosso programa em risco. Se alguém
descobrir sobre o que fazemos aqui, eles nos calariam. Eles não entenderiam as
coisas boas que estamos fazendo, porque eles não podem passar as partes
horríveis que tem que acontecer para as curas serem encontradas. Você não vai
curar o câncer, trabalhando em macacos e ratos. Você quer curar câncer
humano, você precisa estudar seres humanos. Nós trabalhamos muito duro para
manter tudo em segredo. Suas mães escapando foi um acaso, um acidente, e
precisávamos corrigi-lo. Vincent foi a razão pela qual sua mãe fugiu. Foi por isso
que ele a perseguiu e agora você tão diligentemente. — Senti meus lábios
separarem por sua declaração. — Ela deslizou por entre seus dedos, em sua
vigilância, mas não vou deixar você. E depois encontrando Marley, que nós
também procuramos por toda a sua vida, lá com você? Era como se nós fôssemos
destinados a encontrar e trazer vocês dois aqui, de volta para onde tudo começou.
Fadados a morrer para que outros possam viver. Eu não posso lhe dar a chance
de estragar tudo isso. Vocês dois estarem vivos é uma evidência contra nós. — Eu
estava confuso com isso. — Eu não vou permitir isso. Eu não posso permitir
isso.

Olhei para Marley. Ela já estava me olhando. Voltei-me para a ação.

— Mova-se. Nos deixe passar ou seu precioso médico reveste as paredes.


— Mudei a arma para sua têmpora. Ele choramingou.

— Sinto muito, Charles. — ele disse. Eu percebi que ele estava falando
com o médico. — Eu não posso arriscar todo o programa por um homem.

Meus braços se arrepiaram com a forma como sua voz era calma.

— Paul — o médico argumentou — calma agora. Basta deixá-los ir e está


tudo bem.

— Eu não posso deixá-lo ir. Qualquer um deles. Eles todos sabem muito.

Marley arfou, pegando o seu significado. O médico pediu:

— Você precisa de mim! Você sabe que você precisa.

— Você está certo. Eu preciso. E o programa irá sofrer por um tempo até
encontrarmos um substituto para você e todas as cobaias, mas... — Ele encolheu
os ombros e deu um passo para trás. Ele puxou a tampa de um isqueiro de prata
velho do bolso e o acendeu. Os dois guardas com ele puxaram pequenas latas
vermelhas de lado e começaram a derramar. Gasolina... — É o que temos que
fazer para manter as coisas funcionando. Pelo bem maior.

— Mate-o, seu idiota! — o médico gritou comigo.


— Eu atiro e vamos todos em chamas.

— Paul! — ele gritou. — Paul, não faça isso. Tenho uma filha!

Ele sorriu tristemente para ele.

— Não temos todos nós?

O isqueiro caiu em câmera lenta, parecia. Eu deixei o médico ir porque era


inútil agora.

O líquido fatal tinha criado um muro de fogo entre eles e nós e, em


seguida, começou a correr para nós enquanto ele perseguia a gasolina. Vi o de
terno pular para fora da porta, deixando nós todos para a nossa morte.

Corremos. O médico saiu, deixando nós todos, mas Marley e eu tivemos a


mesma ideia.

Não podíamos deixar as crianças na sala de observação. Corremos para a


enseada de portas, todas elas abriram a partir dos alarmes assim como as outras
tinham aberto, mas as crianças estavam com muito medo de sair de seus
quartos. Elas se juntaram a nós na sala com alguma urgente persuasão. Nós não
tínhamos feito nenhuma reunião mãe-filho, porque eles todos pareciam como se
eles não se conheciam. Eu balancei minha cabeça. Eu tinha esperado, mas isso
significava que... suas mães tinham falecido.

Mas isso teria que esperar até mais tarde.

— Vamos lá! — Eu gritei para eles e saímos para o corredor. Cada


corredor chegou a um beco sem saída e enquanto o fogo se espalhava para os
quartos e teto, nosso oxigênio começou a se tornar escasso. O último corredor
que não tinha ido para baixo era a nossa última esperança. Eu liderei o caminho,
a adrenalina chutando, mantendo-me concentrado, minha lesão na cabeça
esquecida.

Não havia janelas, sem acesso ao telhado de painéis de teto, porque era de
concreto, sem portas que levavam a qualquer lugar, mas círculos de mais
quartos... Nós estávamos presos. Eles sabiam que era a única maneira de sair e
nós nunca sairíamos. Seus segredos morreriam com todos nós, juntamente com
as suas provas e seus arquivos.
Todo mundo deve ter visto o meu olhar derrotado, porque começou a
chorar. As luzes próximas se apagaram, deixando-nos no escuro, todas, exceto o
brilho do fogo rastejando perto do corredor principal. Todos nós sentamos ou
ajoelhamos no chão. Entre a tosse, abraçando e chorando no escuro, não havia
barulho, apenas o barulho do fogo.

Puxei Marley para mim, minhas mãos carinhosamente acariciando seu


rosto, e beijei-a uma e outra vez o mais lentamente possível. Se esta era a
maneira que eu ia morrer, então eu ia sair deixando-a saber que eu a
amava. Embora não tivéssemos dito as palavras não queria dizer que eu não era
absolutamente apaixonado por ela. E eu não ia dizê-las agora apenas porque
estávamos morrendo, porque isso iria enganá-la. Mesmo na morte, eu não queria
isso para ela. Então eu mostrei a ela em seu lugar.

— Estou tão feliz que você bateu em mim com seu carro. — eu disse e
sorri para ela. — Eu não mudaria nada sobre encontrar você, exceto que eu não
tive mais tempo com você.

Ela chupou uma respiração irregular e deixou as lágrimas caírem


enquanto ela sorria.

— Você bateu em mim, amigo.

— Ok. — concordei, embora não fosse absolutamente verdadeiro. — Eu


vou deixar você ter isso desta vez. — Eu acariciei seu rosto com meus dedos,
sabendo que não haveria uma próxima vez. — Você levou a minha alma e limpou
toda a sujeira longe, querida. Você me curou de tudo o que doía.

Ela mordeu o lábio com tanta força que eu pensei que ele iria sangrar.

— Estou tão feliz que eu bati em você naquele dia, também. Estou tão feliz
que eu pude ver o Jude que ninguém mais vê.

Engoli em seco enquanto ela corria seu dedo pela cicatriz no meu
pescoço.

— Você nunca me disse como conseguiu isso.

Segurei-a mais apertada enquanto as meninas ao meu lado gritaram


mais.
— Foi a única vez que Biloxi alguma vez pôs as mãos em mim. — Ela
sentou-se extasiada, mesmo com tudo que estava acontecendo. Ela precisava de
mim para mantê-la focada sobre isso e eu queria dar isso a ela. — Mamãe e eu
tínhamos chegado ao Mississippi. Estávamos verificando este pequeno
apartamento que vinha equipado com as coisas que você precisa. Fui para o carro
para pegar a nossa última sacola de roupas e alguém me agarrou por trás e me
abordou, quebrando meu queixo no degrau de concreto. — Ela estremeceu em
meu nome. — Não três segundos depois, a mãe saiu e bateu nele na lateral da
cabeça com uma frigideira de ferro fundido. Nós embalamos nossas coisas,
dividimos nossas necessidades, e ela cuidou de mim sozinha com bandagens em
borboleta. Ela não podia me levar para o hospital... por isso deixou uma grande
cicatriz.

— Ela salvou você mais uma vez.

— Ela estava sempre me salvando.

Ela chorou mais.

— Eu gostaria de poder ter chegado a conhecê-la.

Sorri, sentindo a picada de lágrimas surgindo, sabendo que minhas


próximas palavras eram verdadeiras.

— Ela teria se apaixonado por você, também.

Ela beijou-me com força e segurou, com os lábios molhados de


lágrimas. Eu senti alguém puxando na minha manga e olhei para o menino que
Marley tinha salvado.

Ele apontou para um dos quartos de crianças.

— O que é isso, companheiro?

— Eles me pegaram uma vez. — disse ele e correu para o quarto. Eu segui
com Marley no reboque. Ele abriu o armário e em cima dele estava um painel de
madeira. Olhei para ele, surpreso.

— Eles me pegaram uma vez, quando eu subi. É apenas um monte de


botões e fios lá em cima.

Marley riu e beijou sua bochecha.


— Você é um gênio.

Ele limpou-o enquanto eu peguei a cadeira do canto e bati-o aberto,


olhando para dentro. Havia um pouco de fumaça lá em cima, o que significava
que os dutos de ar estavam, provavelmente, perto do fogo. O fogo iria subir até lá
em breve, também. Era tudo de madeira.

Eu pulei para baixo e agarrei-o, empurrando-o para dentro do buraco e


ajudei Marley a ir junto. Então eu corri para buscar os outros no corredor. Eles
foram tão rapidamente quanto podiam, mas no tempo que eles foram todos
ajudados a subir no buraco, o fogo atingiu o quarto.

Subi para levantar, mas percebi que precisávamos de uma luz de algum
tipo. Eu procurei e encontrei uma pequena caneta de luz sobre a mesa. Eu gemi,
mas peguei mesmo assim. Era melhor do que nada. Eu a segurei em meus
dentes, empurrei para fora da cadeira, e usei os braços para me puxar para cima,
mas a minha força era nula. Eu fiz isso, mal, e rolei de costas, com as pernas
ainda saindo do buraco, a minha cabeça doendo. Eu respirei fundo e me
sentei. Jogando o painel de volta em cima do buraco, eu dobrei meus joelhos,
ofegando por alguns segundos para recuperar o fôlego enquanto eu brilhava a
minha luz, olhando para... alguma coisa. Eu não podia parar. Eu não podia
deixar Marley para baixo novamente.

Se esse menino não tivesse nos dito sobre isso, estaríamos mortos logo em
seguida.

Eu empurrei entre eles para chegar à frente e encontrar uma saída. Não
havia nada lá em cima, apenas caixas de tubos, isolantes, painéis e fusíveis, e os
aparelhos de ar condicionado. Nós rastejamos através do espaço, abaixando para
placas de suporte e fios. Ainda não havia janelas, mas eu sabia que tinha que
haver uma maneira para o ar escapar por ali. Eu procurei no coberto e no teto
por quaisquer vincos ou rachaduras que significaria uma porta ou painel de
algum tipo, ou o acesso ao piso superior, de onde tínhamos vindo originalmente,
mas não encontrei nada. Quando um grito da parte de trás do grupo disparou, eu
sabia que era tarde demais.

O fogo atingiu o nosso nível.


As mulheres mexiam em nosso caminho, encurralando os filhos, mas não
havia para onde ir. Havíamos escapado do fogo no corredor apenas para ser
entregue à esperança que não tinha para onde nos levar. A adrenalina me deixou
com pressa e me ajoelhei, incapaz de suportar por mais tempo. Eu pensei que
Marley iria ficar com raiva e gritar para eu levantar, mas ela não fez.

Ela ajoelhou-se ao meu lado e puxou minha cabeça em seu colo. Ela
olhou para a parte de trás da minha cabeça e chorei baixinho quando a mão
voltou com sangue. Ela acariciou meu cabelo quando ela disse:

— Você fez tudo o que podia. Eu sei que você está cansado. Vá dormir,
Jude. Quando você acordar, você vai ver a sua mãe. E eu vou ver a minha.

Eu não respondi. Eu não sabia o que dizer. Deitei-me e orei para


dormir. Ela gemeu e esfregou minha testa com a palma da mão e eu envolvi meu
braço em torno de sua cintura, pressionando o meu rosto em seu estômago para
lhe oferecer meu próprio conforto.

Sobre o rugido do fogo rastejando em nossa direção, eu ouvi uma sirene. A


sirene de polícia. Se eu podia ouvi-la, então tinha que haver um buraco de algum
tipo na estrutura para o som vir através disso.

Sentei-me, olhei em direção ao som, e vi à beira de uma grade de duto ou


de ventilação acima de nossas cabeças. Não era enorme, mas eu sabia que um
corpo poderia caber por lá. Levantei-me, a minha visão nadando, e me arrastei
até ele. Eu levantei. Estava na parte mais alta do teto e da parede. Era soldado à
estrutura de metal e todo pintado com a tinta industrial na mesma cor.

Quando eu o empurrei, nada aconteceu.

Eu recuei, verificando para certificar-se de que ninguém estava


diretamente atrás de mim, puxei a arma do meu ombro e comecei a disparar. Os
tiros foram em todos os lugares, porque eu estava tão desorientado, mas as balas
acabaram e tiveram o trabalho feito. A grade de ventilação tinha buracos maiores
para enfraquecer a moldura. Peguei o cabo do fuzil e o bati mais e mais e mais no
centro, esperando que ela desse passagem.

Eu estava com tanta raiva que eu não era forte o suficiente naquele
momento para fazer o que precisava ser feito. Eu gritei, gritei com raiva, e com
um golpe final a grade mostrou piedade de mim, soltando e caindo para o outro
lado. Eu olhei de volta para o grupo. Estavam amarelos no brilho do fogo, sujos e
tossindo.

A grade não nos deu nenhuma luz, mas eu achei que era noite, então,
então chamei o menino de Marley para mim e de alguma forma consegui içá-lo no
meu ombro. Ele olhou para fora, segurando a borda.

— O que você vê? — Eu perguntei.

Ele enfiou a metade de si mesmo através do buraco e o resto dele


desapareceu.

Marley gritou, mas eu vi uma luz, ou luz de helicóptero talvez, varrendo


toda a abertura e um rosto apareceu. Seu capacete não estava, mas eu sabia que
ele era um bombeiro. Eu nem sequer pensei. Eu agarrei a mulher grávida mais
próxima para mim e dei um degrau para ela com meus dedos ligados. Ele a
ajudou a sair, mas era lento indo tentando não machucar os bebês, aqueles
nascidos e por nascer.

Marley estava ao lado e peguei seu braço, mas ela agarrou-o.

— Se você acha que eu vou deixar você, você está louco.

Ela persuadiu as crianças para a parede para que pudéssemos ajudar a


içá-los. Eles não eram tão ruins e Marley e eu colocamos todos para fora. O
bombeiro perguntou quantos mais e eu disse a ele. Ele gritou algo para baixo
para o outro homem e eles trocaram de lugar. Então, ele chamou a próxima
mulher para ele.

Tentei ajudá-la, mas meu corpo não me deixou. Toda vez que eu usava
força, minha cabeça latejava e parecia que eu ia desmaiar. Então eu fiz a única
coisa que eu conseguia pensar. Desci de quatro e as deixei subir nas minhas
costas para içarem-se para cima. Marley as ajudou a se firmarem enquanto elas
eram tomadas a partir da janela.

Eu segurei, eu tentei pensar, e me perguntei se essa foi a forma como a


minha mãe tinha fugido. O fogo se aproximava, levando consigo todo o
isolamento em uma nuvem rápida. Os fios dobravam e curvavam, dançando no
calor. As mulheres estavam livres, mas o fogo estava tão perto que meu rosto
ardia com o calor dele.

Marley puxou meu rosto, seu próprio rosto assustado e vermelho.

— Jude! — ela gritou. — Levante-se!

— Eu tenho que ajudá-las. — eu murmurei.

— Elas foram todas. Você salvou todos elas, baby. Eu venho tentando
acordá-lo por alguns minutos agora. — Suas lágrimas me fizeram doer. — Por
favor, levante-se. Porque você não está falando comigo?

— Eu estou. — eu respondi, mas mesmo eu não pude ouvir. — Eu estou.


— eu disse mais alto e ela suspirou feliz.

— Vamos, agora. Você está acordado. Basta sair pela janela e eles vão
ajudá-lo e tudo vai ficar bem.

Foi nesse momento que toda a minha clareza bateu de volta para mim. A
janela era muito alta. Ela era mais baixa do que eu e não havia nenhuma
maneira que ela ia ficar sozinha lá em cima para eles ajudá-la a sair. Ela estava
tentando me fazer ir primeiro, mas não havia nenhuma maneira no inferno que
eu estava deixando-a para trás.

Eu sabia que ela ia brigar comigo, então eu tinha que fazer isso rápido. Eu
sabia que só teria uma chance. Então eu a beijei, sabendo que seria a última
vez. Eu emoldurei seu rosto com minhas mãos e deixei o meu polegar viajar para
baixo do seu nariz mais uma vez. Quando eu ouvi um enorme pedaço de chão da
caverna atrás de nós, eu fui para isso.

Inclinei-me e coloquei sua bunda no meu ombro, ergui-a direto até a


janela e senti todo o meu alívio quando ela foi tirada de minhas mãos. Eu ouvi os
gritos dela, ela me implorando que não, mas eu tinha que fazer. Eu tinha que
fazer. Eu não podia decepcioná-la novamente.

Eu caí no chão, incapaz de conter-me para cima e ela chorou para eles me
tirarem se afastaram. Ouvi eles dizerem para ela que o lugar ia cair...

Fiquei feliz quando meus ouvidos começaram a zumbir, porque seu choro
para mim quebrou meu coração. Senti o chão no meu rosto e fiquei chocado com
o quão quente estava. O teto sobre minha direita cedeu e gemeu antes de entrar
em colapso e me sacudir de onde eu estava. Meus olhos tentaram combatê-lo,
para ficar até o último segundo, mas meu corpo tinha um plano diferente e me
levou.

A última coisa que eu me lembrava antes da escuridão era a lambida das


chamas na minha panturrilha e a dor de um momento, antes que tudo fosse
sugado para nada.
Mamãe assou biscoitos reais naquele dia. Lembro-me que era estranho,
porque a gente sempre comia vegetais baratos e coisas assim. Biscoitos nunca
eram escolhidos.

— Qual é o motivo? — Eu perguntei e pulei em cima do balcão com ela.

— Eu só estou comemorando alguma coisa. — Ela olhou para mim e seu


sorriso era pequeno, mas verdadeiro como sempre foi. Ela provavelmente estava
celebrando eu terminar a escola, eu tinha pensado. Ela me educava em casa
desde que eu tinha quatro anos e ela era mais animada do que eu era para as
férias. Nós não terminávamos no verão, porém, como as outras
crianças. Tirávamos uma pausa no outono. Era a sua época favorita. Íamos de
carro e ela me obrigava a olhar para todas as folhas que mudam em uma centena
de cores diferentes. Eu odiava isso, então, pensava que era estúpido. Mas
naquela época, o combustível era apenas um dólar por galão e era a atividade
mais barata que tínhamos.

Então ela parava, e se estivéssemos em um estado com montanhas ou


picos ou vales, nós saíamos e olhávamos para ele. Ela pegaria o pequeno sorriso
que ela usava agora e nós sentaríamos e conversaríamos sobre ela quando ela era
criança.
Mas agora, eu realmente queria saber para o que aquele sorriso era.

— Realmente, mãe. Desembucha. Que está acontecendo?

Ela respirou fundo e colocou as mãos sobre meus ombros.

— Hoje, há dez anos, foi o dia que eu te dei a sua liberdade. — Eu dei-lhe
um olhar curioso, sem entender. Ela se inclinou e beijou minha testa. — E você
vai fazer grandes coisas com esta vida. Eu apenas sei disso.

— Ah, vamos lá, mãe.

— Você vai rir, correr para se divertir e porque é preciso, você vai comer
biscoitos por nenhuma razão em tudo, encontrar um trabalho que você ama, uma
menina que você adora, os amigos que você merece, uma casa que você possa
ficar para sempre, e você vai amar, baby. Você vai amar com tudo o que você é,
até a sua alma.

Ela chorou e, mais uma vez, nos meus auto dez anos de idade não entendi
porque tudo era tão importante. Ela estava comemorando o dia em que ela
escapou da instalação, o dia que ela me libertou. Mas o eu de agora entendi e eu
nunca, nunca quis a minha mãe para estar lá comigo mais do que naquele
momento.

Obrigado, mãe, por me amar o suficiente para que você lutasse por mim.

Senti uma lágrima deslizar do meu olho e uma mão fria enxugá-la.

— Jude. — alguém sussurrou em meu ouvido.

Eu reconheci a voz de imediato e sabia que isso não era um sonho ou o


céu. Era real e minha menina tinha encontrado uma maneira de me salvar. Abri
os olhos. As luzes já foram ajeitadas para um brilho suave e lá estava ela.

— Ei, querida. — minha voz rouca disse para ela.

Ela começou essa coisa de meio chorar, meio rir e colocou a testa na
minha enquanto ela se recusou a liberar o aperto da morte na minha mão.

— Jude Ezra Jackson. — ela sussurrou. — Você voltou.


— Eu sempre vou vir até você. Quão rapidamente você se esquece. —
Toquei-lhe o cabelo, tecendo meus dedos nele, para ancorá-la lá. — Uau, você é
tão suave.

Ela se inclinou um pouco para trás e sorriu, o rosto manchado de


lágrimas.

— Você, portanto, não vai bater em mim agora.

— Mas eu vou. — eu disse a ela, com a voz soando mais clara. — Beije-
me, querida. Senti sua falta.

Ela inclinou-se e deixou seus lábios macios tocarem os meus em várias


carícias antes que ela me desse toda a pressão que eu desejava. Ela me beijou
uma vez e, em seguida, falou com raiva contra os meus lábios.

— Então, minha vida vale mais do que a sua, hein? Você apenas pode
fazer a escolha por mim que eu vou viver e você não?

— Eu não poderia te desapontar. — eu disse a ela. — E eu não podia vê-la


morrer. E eu não poderia deixar alguém tão bonita de dentro para fora ser tirada
do mundo se eu pudesse impedir. — Ela soluçou contra a minha boca, mas eu
segurei firme. — E eu não iria deixar o sacrifício de sua mãe por você ser para
nada.

— Sim? E sobre sua mãe?

Eu sorri e toquei a cicatriz em seu lábio.

— Minha mãe queria que eu tivesse que sacrificar alguma coisa para a
garota que eu estava apaixonado.

Eu podia ver a barragem estourando nela, então eu gentilmente puxei-a


mais perto, puxando-a para a cama comigo de lado para que eu pudesse senti-la
por toda a parte, o cobertor a única barreira me mantendo dela. Ela bateu a boca
na minha e isso era tudo que eu precisava, o polegar para cima, que ela estava
bem.

Uma das minhas panturrilhas estava toda embrulhada em gaze e


sussurrou com uma picada quando eu mexia em volta, mas isso não me impediu
de colocar meu joelho bom entre os dela e deixar minhas mãos fazer um
tour. Quando atingi a minha mão logo abaixo de seu traseiro, eu estava com o
coração partido que ela não estava em seu short. A pele dela me chamou e eu
respondi.

Eu dei a ela tudo que um homem poderia dar a ela em uma cama de
hospital com fios saindo de cada membro. E ela deu-me de volta.

Em algum lugar no meio de todos esses puxões e gemidos e beijos, essa foi
a mais assassina sessão de amassos que eu já tive, ela disse:

— Eu me apaixonei por você um pouco a primeira vez que você deixou o


seu polegar derivar para baixo do meu nariz naquele bar. — Eu demonstrei,
desde que eu adorava fazê-lo tanto. — E eu me apaixonei por você um pouco
todos os dias desde então. — Ela sorriu e colocou a mão sobre seu coração. — É
tão cheio, que dói.

A enfermeira estava muito chateada por encontrar-nos alguns segundos


depois dessa declaração sobre a cama desse jeito. Eu secretamente agradeci a
ela, pois ela pode ter sido a única coisa que manteve a virtude de Marley intacta
naquela cama do hospital.

Eu sabia que a promessa do que estava por vir ia ser incrível.

Ela sentou-se na cadeira e deixou a enfermeira fazer o seu trabalho, mas


se recusou a abandonar a minha mão. A enfermeira disse que somente a família
era autorizada durante os exames e depois de horas.

— Ela é minha família. — eu disse com firmeza e olhei para os olhos azuis
de Marley com nada além de amor por ela.

Eu sabia que os hospitais eram ruins para alguém em fuga, mas se Marley
me trouxe até ali e estava calma sobre isso, então tudo devia estar bem no mundo
novamente. Eu não surtaria. Eu confiava nela e apenas saudei a parte estar vivo.

Marley estava em roupas verdes. Ela disse que tinha tomado banho lá e
tudo. Não só porque ela não tinha para onde ir, mas porque ela não iria sair do
meu lado. Eles tentaram fazê-la sair várias vezes, mas ela simplesmente ignorava
e, eles eventualmente saíam, ela disse. Eu sorri para ela, minha menina feroz.
Mais tarde, Marley finalmente contou tudo e me disse que a polícia havia
deteve cada pessoa que deixou-a subir as escadas naquele dia, que eles poderiam
encontrar com base em depoimentos de testemunhas e do fato de que todas as
mulheres e crianças foram presas por eles. Oh, e incêndio criminoso também.

O de terno foi um deles.

Ela disse que a notícia disse que as evidências teriam ajudado e nem
todas as acusações iriam ficar sem elas, mas pelo menos a empresa foi torrada e
os assassinos sob custódia.

Eu caí em alívio. Ela me disse que isso ia ser um grande fedor, a mídia
estava envolvida, e ninguém na empresa estava a salvo, nem mesmo no escritório
de Nova York, que alegou não saber de nada.

O estoque BioGene despencou.

Eu tinha estado no hospital por apenas dois dias, quando acordei. Depois
que a icei até o bombeiro, ela disse que ameaçou desmembrá-lo se ele não me
ajudasse. Então, quando ele chamou por mim e não obteve resposta, ele ergueu
Marley de volta para baixo pela janela e ela colocou um cinto em volta de
mim. Eles me puxaram para fora e, em seguida, enviaram o cinto para baixo para
Marley, também. A abertura de acesso que escapamos estava localizada sobre a
plataforma de carregamento, uma alcova que mergulhava até o chão dois andares
abaixo. Não sete minutos depois que a escada foi rebaixada e todo mundo estava
sendo cuidado, o prédio desabou.

Eu odiava que perdêssemos todas as provas. E as coisas sobre sua mãe e


a minha. Eu... espera.

— Onde está a minha roupa?

— Uh... — Ela olhou ao redor. — Aqui embaixo. — Ela puxou a


sacola pertences pessoais de debaixo da cama e a colocou no meu estômago. Eu
usei o botão para sentar e vasculhei a bolsa para o meu bolso da calça.

Sorri quando eu puxei o pen drive de memória para fora.

— Olhe, olhe.

Ela engasgou.
— Isso é...

— Sim. Copiei tudo o que parecia importante do computador para os dias


difíceis. E eu acho que ele está transbordando.

Ela riu e me beijou. Eu suspirei, sentindo-me mais leve do que nunca.

— Estou tão... feliz agora. Eu só queria que nós tivéssemos chegado a pelo
menos olhar através dos arquivos e outras coisas de nossas mães. Mas está tudo
acabado. — Eu torci meus lábios. — Tudo queimado.

Ela mordeu o lábio.

— Bem, eu tenho um saco meu próprio. — Ela se jogou um saco que


combinava com o meu no meu colo e tirou as pastas que eu tinha dado a ela para
manter.

Minha boca se abriu.

— Eles estavam na parte de trás da cintura da minha calça o tempo todo,


são e salvo.

Uau... um pedaço de minha mãe estava bem ali na minha frente. Um


pedaço de sua história e de sua vida, mesmo que fossem notas daqueles
bastardos... era a minha mãe.

Passamos a noite inteira passando por tudo isso. Nós rimos, nós
choramos - sim, nós choramos - e tivemos uma fatia de encerramento que nós
tão desesperadamente queríamos. Não, nós não poderíamos trazê-las de volta,
mas podemos recordá-las da maneira que elas foram feitas.

Isso não disse exatamente porque elas tinham ido para o programa, mas
pelo que pudemos recolher era algum tipo de vitamina que eles lhes ofereciam e
assistência médica gratuita para elas quando estavam grávidas. Mas o problema
era que elas tinham que ficar na unidade e ser monitoradas durante a
gravidez. Não demorou a todas muito tempo para descobrirem que algo estava
maluco quando não as deixavam sair do quarto e começaram a tirar sangue a
cada dia.

Cada. Maldito. Dia.


As notas nos disseram o que eles lhes perguntaram, sobre o que elas
falaram, quantos dias elas choraram contra quantos dias elas ficaram em
silêncio. Falava sobre como as vitaminas fizeram o macho crescendo na paciente
C maior e a paciente não experimentou nenhuma doença de manhã. A fêmea
crescendo dentro da paciente F tinha um batimento cardíaco mais forte do que o
resto e ela chutou mais vezes, e também não causou a doença de manhã para a
paciente.

Minha mãe era apaixonada em sua raiva, onde a de Marley era mais
reservada e só não entendia por que eles a escolheram. Minha mãe pediu para
ser liberada e teve que ser amarrada à cama em várias ocasiões porque ela
continuava atacando os médicos. A mãe de Marley chegou a um ponto onde ela
suavemente recusou-se a reconhecê-los quando eles entraram em seu
quarto. Ambas se rebelaram em sua própria maneira.

As notas só pararam para ambas depois de um tempo. Nenhuma


explicação sobre o porquê, exceto uma palavra - desonesto. A data de rescisão
delas era a última coisa listada.

No arquivo da minha mãe estava um disco. Não havia um no de Marley e


eu poderia dizer que ela estava desapontada. Eu não tinha tanta certeza. Não
tínhamos ideia do que estava nele. Pode ser algo que não queríamos nem
ver. Tivemos uma das enfermeiras para nos emprestar seu laptop para colocá-lo e
ver o que estava nele. Eu esperava arquivos de testes que realizaram, já que não
havia rótulo do disco, mas quando o colocamos um vídeo apareceu. Eu apertei
play e lá estava ela. Eu não conseguia parar o meu suspiro enquanto eu
observava minha mãe se sentar em sua cama, sua barriga grávida de mim, e ela
sempre mantendo a mão em cima dela, como se para me proteger.

Eram semanas de filmagens, mas apenas uma hora por dia. Era
aleatório. Às vezes, não haveria um médico para fazer perguntas no quarto, às
vezes ela estaria sozinha e a hora iria passar com ela dormindo. Às vezes, ela
murmurava ou sussurrava. Eu avancei rapidamente quando seus lábios não se
moviam quando eles estavam. Ouvi-a dizer a um médico que ela estava
começando a ter contrações de Braxton Hicks. Marley explicou o que contrações
na prática significava. Seu corpo estava se preparando para me ter.
O médico saiu. Ela cobriu a barriga com as duas mãos e começou a
chorar. Eu cobri minha boca com a palma da minha mão e comecei a desligá-lo,
incapaz de ver a minha mãe sofrer mais, quando ela começou a sussurrar de
novo. Virei-o na medida em que iria, e ouvimos promessas sussurradas da minha
mãe para mim, seu filho ainda não nascido, que ela já tinha chamado Jude.

Ela estava falando comigo todas as vezes que ela estava murmurando. Ela
as disse tão suavemente, como se essas palavras eram só para mim e não para
eles, se eles estavam ouvindo.

— Jude, sua mãe te ama já. Sinto muito que eu te trouxe aqui. Eu não
sabia que esses homens poderiam ser tão cruéis. Eu deveria ter sabido que,
quando alguém lhe oferece algo que parece bom demais para ser verdade apenas
na hora que você precisa disso, então não é. Seu pai era um homem bom. Nós
nos casamos bem jovens e engravidamos logo depois disso, mas eu amava aquele
homem. Ele estava no Exército e foi morto na Tempestade no Deserto. Os pais
dele se ofereceram para me ajudar, mas eles não tinham mais dinheiro do que eu.
Eu estava procurando emprego quando recebi a visita de um homem. Ele disse
que trabalhava para uma empresa, um centro médico, e que eles faziam drogas
para mulheres grávidas. As drogas eram seguras e que eles iriam me oferecer um
lugar para ficar, comida, todo o atendimento médico gratuito que eu precisava, e
prometeu que eu iria lhes dever nada, quando tudo acabasse. Tudo o que eu
tinha a fazer era tomar suas vitaminas e deixá-los me monitorar. Um experimento
de drogas. — Ela fungou, puxando os joelhos para cima, tanto quanto sua
barriga permitia. Eu nunca tinha visto minha mãe tão vulnerável antes. — Eu fiz
isso porque eu pensei que estava ajudando você. Eu não tinha plano de saúde,
nenhuma maneira para pagar todas as despesas médicas que estavam prestes a
se acumular, então eu disse que sim. Eu sabia que algo estava errado muito
rapidamente quando eles não me deixaram ligar para os pais de seu pai para que
eles saibam como eu estava indo. E quando eles fizeram a primeira de muitas
amniocentese — ela esfregou a barriga mais forte — que é um teste onde enfiam
uma agulha na minha barriga, eu sabia que algo terrível estava acontecendo.
Sinto muito que eu te trouxe aqui, menino. Sinto muito.
O vídeo cortou depois de alguns minutos de silêncio e o próximo
iniciou. Ela estava dormindo. O próximo começou e minha respiração ficou
presa. Ela não estava mais grávida. Ela andava pelo quarto com raiva, pisoteando
e batendo a porta com o pé a cada passada. Finalmente, a porta se abriu e uma
mulher segurava um bebê nos braços. Mamãe pegou-o dela e o agarrou,
murmurando e chorando que estava tudo bem. A mulher saiu e minha mãe me
colocou na cama. Ela levantou minha pequena camisa e suspirou ao ver a
entrada IV lá na minha pele. Mesmo a essa distância, a minha pele parecia
vermelha e irritada e eu chorei até que ela me pegou de volta.

Mamãe rondou a sala por alguns longos minutos antes que ela
parassem. Ela lentamente olhou para o armário, suas costas endireitando-se com
determinação. Ela abriu o armário e fingiu procurar algo, mas seus olhos nunca
deixaram o painel no teto. Marley agarrou meu braço apertado quando
percebemos a mesma coisa.

— Isso é como ela fugiu. — Marley disse em reverência. — Fugimos da


mesma forma que sua mãe.

Eu não sabia como isso era possível, ou como ela desceu comigo, mas
aconteceu de alguma forma.

Mamãe falou claramente, para que todos pudessem ouvir, mas só


podemos entender o verdadeiro significado de suas palavras.

— Até sua morte é melhor do que sua tortura.

Vimos enquanto ela balançava e me alimentava durante horas mais no


vídeo. Por fim, ela adormeceu, mas ela não me soltou. Ela acordou e me segurou
o tempo todo, beijando minha cabeça mais e mais, enquanto ela cantava a
mesma música que ela sempre cantava para mim.

— Hey, Jude...

O vídeo encerrou e não houve mais depois disso. Eu sabia o porquê. Ela
tinha escapado. Nós tínhamos escapado. Ela e eu. Eu só olhava para a tela até
que eu senti a mão de Marley na minha bochecha. Ela mordeu o lábio e usou o
polegar para limpar debaixo do meu olho. Eu não estava constrangido com a
umidade que ela encontrou lá. A mulher que cantava para mim deu-me tudo, até
mesmo sua própria vida, o mínimo que eu lhe devia era algumas lágrimas.

Marley levou o laptop longe e se arrastou para a cama comigo, envolvendo


os braços em volta de mim e me deixando chafurdar em seu calor enquanto eu
finalmente fui capaz de lamentar a minha mãe. Ela correu os dedos pelo meu
cabelo, tanto quanto ela podia, mas eu senti com meus dedos um grande curativo
na minha cabeça. Eu descansei minha cabeça em seu peito e não dissemos uma
palavra.

Nós não precisávamos.

O choro de Marley era suave e, quando tornou-se mais forte, eu sabia que
sua tristeza tinha mudado da minha mãe para a dela. Sentei-me e a envolvi com
força em meus braços que não estavam nunca, nem uma vez a deixando ir. Ela
passou toda a noite ao meu lado na cama comigo. Suas lágrimas finalmente
secaram, a culpa pela forma como ela culpou e odiou sua mãe foi apagada pelas
páginas naquele arquivo.

As gestantes, mães e alguns dos filhos vieram me ver no dia


seguinte. Mesmo a cidade veio e me deu uma placa dizendo como eu tinha
expressado heroísmo excepcional em face do perigo e arrisquei a minha vida para
salvar outras pessoas. Marley chorou mais um pouco, mas foi tudo de felicidade
neste momento. Eles tiraram um par de fotos e o prefeito disse que ele teve a
honra de ser retratado com um herói da vida real.

Eu não era um herói, eu era apenas um cara com uma oportunidade de


ser heroico. A mãe de Marley? E a minha mãe? Elas eram as verdadeiras
heroínas. Pois não só deram suas vidas por nós, elas sacrificaram de bom grado
para que pudéssemos viver.

Para que nós pudéssemos nos apaixonar.

Para que o destino pudesse trazer-nos um ao outro.

Para que pudéssemos colidir um com o outro.

Para que possamos viver felizes... para sempre.


— Eu não vejo nenhuma anormalidade. Repassei todos os testes que eu
consegui pensar. Vocês dois têm uma contagem de células brancas do sangue
maior, mas isso não vai causar nenhum problema. Fora isso, ambos estão
perfeitamente saudáveis.

— O que isso significa, exatamente? — Perguntei-lhe.

— Isso significa que vocês provavelmente não ficam tão doentes quanto as
outras pessoas. Fora isso... — Olhei para Marley. Eu nunca tinha estado doente
um dia na minha vida. Seu rosto sugeriu o mesmo por ela.

Eu balancei a cabeça e peguei a mão de Marley enquanto saímos,


lentamente para meu benefício.

— Obrigado, Doutor. Nós apreciamos isso.

Minha perna ainda não estava bem. A pele e a aparência dela nunca mais
seriam a mesma coisa, eles me disseram. Doía para andar, o balançar dos meus
músculos a cada passo enviava dor aguda por ela, mas na maioria das vezes, eu
era muito normal novamente.

Quando saímos do escritório dele, Marley suspirou alto.

— Oh, meu Deus. Obrigada, obrigada. — disse ela com os olhos fechados.
— Nós podemos relaxar agora. — Eu apertei seus dedos enquanto abria a
porta. — Tudo está bem e vai ficar bem.

Ela gritou feliz e jogou os braços em volta do meu pescoço antes de beijar
meu rosto e inclinar-se para trás para pular dentro. Eu ri quando eu fui para o
lado do motorista da caminhonete bonita Chevy velha que ainda possuíamos.

Voltamos para o Alabama para que Marley pudesse terminar suas


aulas. E eu poderia terminar o meu crédito em espanhol. Oba...

A polícia ficou muito feliz por ter o pen drive e os arquivos que
tínhamos. Eles disseram que era um milagre que tínhamos pegado. Copiamos
tudo de nossas mães para manter e passamos tudo de novo. Eles disseram que
era um infalível caso fechado, graças a nós. Honestamente, eu não queria nem
segui-lo e ver o que acontecia. Eu sabia que as coisas estavam indo funcionar,
mas nós tivemos que ir apenas uma vez para o nosso testemunho. Homem, que
ruim. Assistindo Marley chegar até lá e tentar se segurar foi tão ruim. Uma vez
que isso foi feito, nos afastamos e nunca mais olhamos para trás.

Eles se ofereceram para nos colocar em algum tipo de proteção a


testemunhas ou algo assim, mas com Biloxi morto e todos os outros na prisão ou
desempregados ou... o que seja, todos decidimos que não precisávamos
disso. Além disso, se fizéssemos isso, os créditos de Marley para a faculdade
iriam embora e eu não tinha o coração para fazê-la começar do zero. Então, nós
dissemos não, obrigado, e decidimos começar uma nova vida. Uma onde fugir não
era uma exigência.

Comecei a trabalhar em tempo integral. Quando voltamos para a cidade,


eu fui e expliquei tudo para Pepe. Disse-lhe que era por isso que eu queria estar
sob o radar, por isso que lhe pedi para me pagar por baixo da mesa, tudo
isso. Ele conheceu Marley e disse-me para cuidar de mulher bonita. Então ele me
surpreendeu, oferecendo-me uma posição de gerente geral desde que ele despediu
sua ex-esposa e a posição estava disponível. Eu aceitei e, nem mesmo, algumas
semanas depois, Pepe decidiu que queria diversificar, abrir algumas lojas da rede
no estado, e me deu uma para tomar cota, desde que ele confiava em mim.
Um pequeno muito bom aumento veio com isso e eu não podia acreditar
que tinha acontecido comigo. Nós estávamos nos mudando para a Geórgia e
Marley estava transferindo seus créditos para UGA. Ela tinha algum tipo de
assistência com as mensalidades e nós viríamos com o resto. Era o que ela
queria, e de alguma forma, de algum jeito eu ia vê-la a bom termo.

Tínhamos ficado no meu apartamento de baixa qualidade nas últimas


cinco semanas desde que tínhamos voltado. E começamos a preparar-nos para
mudar para um apartamento maior em Athens, que não estava no distrito de
faculdade e estava à beira calma da cidade. O cenário de festa, a vida
universitária... não era quem eu era mais.

Caixas revestiam minha parede, não muitas, lembre-se, desde que não
tínhamos muita coisa, mas o que tínhamos estava pronto para ir. Eu não podia
esperar para mudar.

Meu passado estava aproximando-se de mim nesta cidade. Eu corri de


mais de uma garota que queria refazer ou reviver um tempo que passamos
juntos. Em mais de uma ocasião, Marley estava comigo ou andando ao redor do
campus ou fora para mantimentos ou jantar. O fato de que elas a tratavam como
se ela fosse invisível me irritou regiamente.

Pequenas garotas maliciosas.

Assim como Marley teve sua coisa de último dia estabelecido na escola, eu
estava ocupado limpando e tendo todo o lixo cuidado no apartamento.

Quando houve uma batida na porta, eu não estava surpreso. Eu sabia


exatamente quem era. Havia apenas uma menina quem eu tinha evitado que não
tinha conseguido me pegar ainda. E só uma garota que iria aparecer na minha
casa mesmo sabendo sobre Marley.

Eu puxei a camisa realmente rápido e abri a porta.

— Hey, Kate. — eu disse calmamente.

Ela mordeu os lábios, mordendo-o de verdade.

— Hey.
Ela ouviu falar sobre Marley. Ela não estava sozinha. Ela queria que eu
dissesse a ela que eram apenas rumores. — Estou indo embora. Estamos nos
mudando para a Geórgia. Saímos amanhã.

— Nós. — disse ela ironicamente. — Jude Jackson tem um oficial "nós"


com alguém?

Parei para manter a calma e, em seguida, assenti.

— Sim.

— Como é que não poderia ter sido comigo? — ela perguntou e deu um
passou visivelmente mais perto. — Posso entrar?

Eu realmente não queria deixá-la. Ela só esteve lá duas vezes antes e não
passamos o tempo conversando. Argh... Eu pressionei minhas mãos nos meus
olhos.

— Não, Kate. — Saí e fechei a porta, persuadindo-a a sentar-se nos


degraus comigo. — Eu prefiro ficar aqui fora.

— Você não vai nem me dar uma chance de convencê-lo de que eu sou
melhor para você, não é? — Ela não se sentou ainda.

Eu olhei para ela.

— Não. Eu não preciso ser convencido que eu estou apaixonado pela


garota que mora aqui comigo.

Ela sentou-se com um mau humor. — Eu teria feito qualquer coisa por
você.

Eu suspirei. Eu tinha sido um bastardo. Mas essa garota era uma idiota
em seu próprio direito.

— Kate, eu sei disso. E esse foi o seu primeiro erro.

Ela abriu os lábios de surpresa e bufou.

— O quê?

— Eu estou dizendo isso... como seu amigo. Eu era um idiota. Eu nunca


te liguei, a menos que eu quisesse algo de você. Nunca a levei em um encontro,
ou mesmo apenas para conseguir alguma comida. Nunca lhe perguntei como as
aulas estavam indo. Eu te tratei horrivelmente

— O sexo era ótimo, porém, não era? — ela perguntou, esquecendo tudo o
que eu acabei de dizer. Seus olhos estavam esperançosos.

— Sim. — eu admiti, resignado. — O sexo era ótimo. Mas o sexo não é


igual ao amor, Kate. — Ela visivelmente esvaziou. — Sinto muito. Sinto muito por
ser tão idiota. Você precisa encontrar alguém que queira mais do que sexo. Se ele
não te ligar e ver como você está indo, ou ver se você quer assistir a um filme ou
levá-la para o seu restaurante favorito ou apenas conversar e rir de coisas
estúpidas, então ele não é o cara para você.

Ela estava com raiva, é compreensível, mas não parecia tão quebrada
como antes. Eu relaxei um pouco.

— Você faz todas essas coisas para essa menina?

Eu assenti com a cabeça.

— Eu fui o melhor tipo de arrebatamento para essa menina. Ela nunca me


pediu para buscá-la na escola, eu fiz isso porque eu quis. Ela nunca teve que se
perguntar se eu ia beijá-la ou perguntar como a escola foi e ouvi-la gemer sobre
seus professores, quando ela entrou no carro. Ela nunca teve que se perguntar se
íamos sair no domingo de manhã no café da manhã como um velho casal no
restaurante barato e, em seguida, ir sentar no lago e dar as nossas migalhas aos
patos enquanto as pessoas nos observavam. Ou se eu ia beijá-la debaixo da
árvore de salgueiro grande que eu encontrei para ela lá e não me importei com
quem estava assistindo.

— Por que você não fez todas essas coisas para mim? — perguntou ela,
com os olhos arregalados e desejosos.

Com os meus cotovelos sobre meus joelhos e as minhas mãos no meu


cabelo, eu disse tão suavemente como pude.

— Porque eu não estava apaixonado por você, Kate. — Suspirei e sentei-


me ereto.
Ela estava completamente inconsciente da minha lista mental. Eu odiei
que ela pensasse tão pouco de si mesma que ela se rebaixaria a mendicância na
minha varanda, e essa não foi a primeira vez. Ela ainda olhou para mim.

— Eu não estava onde eu deveria estar... na minha mente, na minha vida.


Eu estava... com raiva e joguei a minha ira sobre todos os outros. Em você.

— Você nunca ficou com raiva de mim. Você nunca me machucou.

— Mas eu fiz, Kate. — eu disse, exasperado. — Olhe para você. Eu te


machuquei. — Ela lambeu os lábios e suspirou, sabendo que eu estava certo. —
Eu fui um idiota e mereço que você fique com raiva de mim. Não deixe um cara
fazer com você o que eu fiz. Não deixe eles te usarem. Você vale mais do que isso.

Seu rosto apertou, absorvendo a compreensão.

— Você está apaixonado por ela, não é?

— Sim. — eu disse firmemente.

— Não há como voltar atrás? — Seu apelo final.

Eu balancei minha cabeça e precisava DEIXAR isso perfeitamente claro


para ela.

— Sem chance. Ela é tudo para mim.

Ela se levantou, então eu levantei. Ela virou para olhar para mim. Eu vi
Marley vindo ao virar da esquina do fundo das escadas, assim quando Kate
estendeu a mão e colocou os braços em volta do meu pescoço. Marley não parecia
feliz quando ela olhou para cima dos degraus para mim com outra garota em
meus braços, mas ela não pareceu surpresa também.

Maldita.

Quanto tempo ela tinha estado lá? Quanto ela me ouviu falar?

Eu me afastei, ajustando-a para longe. Eu não queria tocá-la mais do que


eu tinha que fazer.

— Tchau, Kate.

— Só mais uma coisa. — ela parou, olhando para Marley, com uma
expressão triste. — O que ela tem que eu não tenho?
— Não é uma lista de lavanderia. Não é algo que você escolhe sobre
alguém. Funciona ou não. — Ela não parecia convencida quando virou seu olhar
de volta para o meu. Eu decidi ser honesto. — Ela não me persegue. — Seus
olhos se arregalaram para isso. — Um tipo de garota para sempre que não só
procura um cara que a ama para ela, mas não aceita nada menos do que
respeito. E dá o mesmo em troca. Espero que você encontre o que você está
procurando.

Ela zombou quando ela se virou para ir embora.

— Duvido.

Marley ficou onde estava, apenas encostada na parede para deixá-la


passar. Kate não disse nada para Marley, mas ela estava olhando-a e não parou
até que estava passando por ela. Quando Marley subiu as escadas, depois de
uma longa pausa no fundo, ela não olhou para cima, só para baixo das escadas
enquanto ela caminhava.

Esperei por ela lá e quando ela finalmente chegou ao topo, seus livros na
mão e sua bolsa por cima do ombro, ela levantou a cabeça. Ela pareceu reservada
e sorriu tristemente.

— Hey.

— Hey. — eu disse baixo. — Eu sinto muito por isso.

— É compreensível que você namorou alguém antes de mim. — ela


argumentou.

— Eu não queria namorá-la.

Ela torceu os lábios.

— Eu ouvi.

Sabia disso. Maldição.

— Marley...

— Está tudo bem, Jude. — Ela sentou-se no degrau e eu segui o


exemplo. Eu queria tocá-la, mas nunca tinha tido um relacionamento antes. Eu
não sabia o que fazer. Ela ia me forçar a dormir no sofá ou algo por isso?
Ela se inclinou na minha linha de visão e me deu um olhar estranho. —
Você parece como se eu estivesse prestes a condenar você para a guilhotina.

Eu assinalei a minha cabeça para o lado.

— Você está? Eu nunca fiz isso antes. Nunca namorei antes. Nunca tive
alguém que... — Eu ri baixinho — ...a resposta de antes. Mesmo antes de
meninas, eu era uma criança quando minha mãe morreu. Eu estava sozinho,
sempre fazendo o que diabos eu queria.

Ela tentou manter a cara séria.

— E você quer fazer o que quiser. Isso é o que você está dizendo?

— Não. — Foda-se as regras, se havia alguma. Eu deslizei para mais perto


e toquei seu rosto. — Não, eu não quero isso. Só estou dizendo que eu não sei o
que minha ex... ou... como você quiser chamá-la, mostrando-se em casa quando
você não está aqui, significa.

Ela mostrou os primeiros sinais de um sorriso.

— Isso significa que a vida é uma bagunça.

— Então... você não quer me machucar?

— Defina machucar.

Eu ri, inclinando-me mais perto.

— Você não quer me desbolar?

Ela riu, colocando a mão no meu joelho. Bom sinal. — Não. Eu acho que
suas bolas estão seguras onde elas estão.

— Eu só... — Eu balancei minha cabeça, sabendo que era hora de que


tudo isso viesse à tona, mas não gostando. Mas eu realmente merecia, cada
pedacinho, por ser tão idiota. — Eu odeio que você tem que ver ainda mais da
pessoa que eu era antes de você. Ele não era um cara legal. — Ela sabia disso,
em primeira mão. — Eu odeio que ele está trazendo o seu passado com ele.

— Seu passado será apenas até amanhã, quando partimos para Athens.
— Ela engoliu em seco. — Você precisava vê-la antes de ir embora.
— Por quê? Isso não me fez sentir melhor sobre isso. Ainda me sinto como
um pedaço de merda que eu a machuquei.

— Mas ela se sente melhor.

Eu fiz uma careta.

— Talvez você não vê a coisa toda, então.

— Eu estava bem atrás dela. Quando eu a vi bater, eu esperei. Imaginei


que quem quer que ela fosse, ela precisava vê-lo.

— E se eu a levasse para dentro da casa?

A primeira noite que Marley dormiu no apartamento comigo, eu me


recusei a dormir na cama. Dormimos no sofá-cama naquela noite e todas as
noites desde então, porque eu simplesmente não conseguia fazer isso. Eu não
podia deixar Marley ser maculada por quem eu costumava ser.

— Eu sabia que você não faria isso. — disse ela com certeza.

— Como?

Ela trouxe a palma da mão para o meu rosto.

— Você não vai mesmo me deixar dormir na cama, Jude. Posso... imaginar
por que.

Fechei os olhos por alguns segundos.

— Ela não se sente melhor por ter vindo aqui. Ela provavelmente se sente
pior.

— Ela não se sente. — ela garantiu. — Vê-lo feliz vai ajudá-la a superar
isso. Ela está machucada agora, mas o próximo cara com quem ela for de cabeça
primeiro será um bom rapaz por ela.

— Como você sabe?

— Porque ela te ama... em sua própria maneira, e você disse que ela valia
alguma coisa.

Eu não sei mais o que dizer.

— Eu sinto muito.
A única coisa que parecíamos discutir era sobre sexo. Ela queria, para
substituir uma memória ruim com um bom. Eu entendi isso, mas se fosse esse o
tipo de pressão sobre essa coisa, então eu queria que fosse mais do que apenas
um bom tempo. Eu queria que fosse mágico para ela. Mágico suficiente para fazer
todas as coisas ruins irem embora. E eu queria ser diferente com ela do como eu
tinha sido com as outras. Eu queria esperar e ver o que a vida poderia ser como
quando eu era o cavalheiro que minha mãe sempre quis que eu fosse.

— Não se desculpe. — Ela estendeu a mão para trás e tocou a imagem de


sua mãe em seu bolso traseiro. Ela sempre a tinha com ela agora. — Tudo o que
aconteceu com a gente me trouxe você.

Eu balancei minha cabeça e puxei-a para sentar no meu colo.

— Essa foi uma boa linha.

— Não foi? — Ela riu, restos de seu sorriso triste ainda pendurado. — Eu
deveria ser uma autora. Isso foi tão poético.

— Obrigado pela compreensão. Por não ser insegura sobre nós. Posso
imaginar que qualquer outra garota teria tido um ataque ao encontrar aquilo
quando ela chegou em casa.

Ela sorriu.

— Eu não sou qualquer outra garota.

Puxei-a para mais perto e coloquei seus braços em volta do meu pescoço.

— Eu sou tão apaixonado por você, querida.

Ela sorriu, feliz.

— Eu te amo, e é por isso que eu não estou preocupada.

Ela aceitou meu beijo, e com ela de lado no meu colo, tomou tudo que lhe
dei.

— Bom para nada crianças! — Eu me inclinei para trás rapidamente para


ver o meu vizinho. — Leve sua seminua de volta para seu apartamento e termine
com a indecência pública.

— Sr. Fowler, eu sinto muito. Estava apenas me desculpando...


— Arc. Tanto faz. Basta parar de fazer folia na minha varanda!

Marley tinha parado de suspirar à mesquinhez do Sr. Fowler há muito


tempo. Ela só apertou os lábios.

— Sr. Fowler, esta não é a sua varanda. As escadas estão mais perto da
minha varanda que a sua, se você quiser ser técnico.

— Os jovens de hoje não tem nenhum respeito. — Ele passeou e olhou por
cima do corrimão. — Sua música em alto volume e drogas e festas até umas
horas e pizza todas as noites!

— Eu sou culpado por apenas um desses e se você quiser uma fatia,


venha.

— Arc. — Aquele barulho era o seu som favorito. Ele se inclinou para trás
e então ele sorriu. Eu empaquei. Ele sabia como sorrir? Ele olhou através de nós
para uma mulher um pouco mais jovem que vinha para nós nas escadas. —
Marlena. — ele rosnou com uma voz alegre.

Eu vomitei na minha boca.

— Billy Bob. — ela sussurrou. Eles moviam os lábios de uma forma que
era definitivamente mais privado do que qualquer coisa que eu tinha feito com
Marley em público. Eu estava prestes a vomitar e ela estava rindo no meu
ombro. Marlena se inclinou para trás e bateu os cílios. — Pronto para uma noite
na cidade, garotão.

— Pronto, botão de ouro.

Nós levantamos para que eles pudessem sair, mas ele disse que esqueceu
algo no interior. Então abriu a porta para ela, e quando ela entrou, ele piscou
para mim. Piscou o olho! Eu fiquei em silêncio, observando-o fechar a
porta. Marley virou-se para mim uma vez que eles foram embora e riu.

— Sr. Fowler tem jogo.

— Eu não acredito que você disse isso.

Ela riu mais ainda e colocou os braços em volta do meu pescoço.

— Então você não vai sentir falta desse lugar?


— Meu vizinho mal-humorado, tendo jogo? Nem um pouco.

— Bom. Quer pedir pizza hoje à noite? — Ela me beijou lentamente.

— Uh-huh. — eu disse contra sua boca.

— Quer ver um filme? — Ela me beijou novamente.

— Uh-huh. — eu disse mais baixo.

— Quer terminar o que você começou há poucos minutos? — Ela pegou


meu lábio inferior entre os dentes e puxou.

Levantei-a, envolvendo suas pernas em volta da minha cintura.

— Uh huh.

— Vamos lá então... meninão.

Eu ri tanto que eu a empurrei contra a parede para evitar que ela caísse
por um segundo antes de içá-la mais para cima e caminhar para o nosso
apartamento para a última noite.

— Claro que sim, botão de ouro.


Dizer que eu estava suando seria um eufemismo sério. Nós vivemos em
Athens há três meses. Ela foi para a faculdade em tempo integral e eu trabalhei
uma vida real de nove às cinco, pela primeira vez na história. Marley se sentia
estranha me deixando ser o único a cuidar das contas, mas se ela trabalhasse
depois da escola, eu nunca mais a veria.

E eu queria ser o único a tomar conta dela. Ninguém nunca teve antes, e
eu amava segurar esse título. E eu a amava. Ela cuidava de mim de outras
maneiras. Olhares amorosos que me faziam derreter no local, a forma como ela se
encravava entre minhas costas e o sofá quando assistíamos TV para esfregar
meus ombros, quando ela estava tão feliz para me ver no final do dia, e sempre
me perguntava como meu dia foi, o jeito que ela me confia tão completamente
com tudo, mesmo se no caminho, ela sussurra o meu nome em seu sono e se
agarra a mim para mais quando eu a beijo.

A senhora na loja tinha trazido uma enorme prateleira de anéis, mas


nenhum deles era dela. Então eu saí, decidi ir procurar em outro lugar ao redor
por um tempo, e parei em um lugar antigo. Eu esperava que eles tivessem
algumas bugigangas mais velhas que eu pudesse olhar, mas quando ela começou
a puxar os anéis que ela mantinha trancado na caixa, eu coloquei minha mão
para detê-la.

Ele foi o primeiro e eu não precisava procurar mais. Agora, por que não
tinha sido assim tão fácil na loja de joias? Porque Marley não era uma garota
materialista. Ela queria algo que significasse algo. E este anel significava alguma
coisa para alguém ao mesmo tempo.

Era de prata e o diamante era corte quadrado em vez de redondo. Eu não


sabia se isso importava para o anel que eu ia pedi-la em casamento ou não, mas
eu tirei e ele coube no meu dedo mindinho. Eu tinha essa estranha sensação de
que caberia nela justamente enquanto eu olhava para o brilhante quadrado com
mais dois pequenos quadrados em cada lado.

Eu não tinha planejado comprar um anel hoje, apenas tive uma sensação
para eles e, em seguida, obtive o tamanho dela e todas aquelas coisas de mais
tarde às escondidas, talvez planejar um jantar romântico e perguntar a ela.

Mas isso parecia tão certo. Eu não queria esperar, e ver esse anel só me
fez perceber o quão perfeito tudo era. Deve basear-se em um sentimento, não um
plano cafona para levá-la a dizer sim na frente de estranhos e tê-los batendo
palmas e fazendo "aww".

Isso foi tudo que em minha barriga e meu intestino disse para pedir
àquela menina para se casar comigo hoje à noite. A senhora ficou chocada
quando eu disse que ia levá-lo.

Para ser honesto, nós estávamos fazendo tudo certo, financeiramente


sensatos, mas não significa que fazendo algo tão incrivelmente louco como isso
eu poderia pagar algum anel caro. Eu fazia o suficiente para pagar por seus livros
escolares e para nós estarmos confortáveis. Se quiséssemos ir fazer alguma
refeição, podíamos. Se quiséssemos ir ao cinema, nós íamos. Isso é tudo que eu
sempre quis, ter uma maneira de cuidar dela confortavelmente onde não
estávamos lutando e ela nunca sentisse como se sua casa estivesse em perigo. Eu
ainda a pegava comendo com os dedos o tempo todo, mas era bonito,
realmente. Era apenas uma daquelas coisas que ficaram com ela e sempre nos
lembrava que a vida às vezes te dá provas para passar. Mas quando é feito,
quando tudo acaba, você é uma pessoa melhor, você aprecia a sua vida muito
mais.

Eu encontrei Marley por causa disso.

A mulher pediu para embrulhar o anel para mim, mas eu disse a ela que
eu tinha acabado de mantê-lo no meu dedo. Que eu ia pedir ela direito naquele
segundo e o anel estava bem certo onde ele estava.

Ela parou depois de colocar a bandeja longe e olhou para mim.

— Então, onde é que você vai perguntar a ela? Você tem um grande dia
planejado?

— Eu não sei. Eu não tenho um plano. Qualquer que parecer bem, eu


acho.

Eu não sei porque eu estava dizendo tudo isso, mas estava apenas
derramando. Ela devolveu o meu cartão de crédito – meu primeiro cartão de
crédito – e sorriu.

— Boa sorte, meu jovem.

Eu sorri, mas eu não precisava de sorte. Ela ia dizer que sim. Eu não
estava nervoso sobre isso. Eu estava nervoso que ela pensaria que era muito cedo
e muito louco depois de apenas cinco meses. Entrei na caminhonete Chevy velha
e dirigi toda a cidade para buscá-la na faculdade. Nós ainda tínhamos apenas um
veículo, mas eu gostava de pegá-la. Eu gostava de protegê-la.

Ela estava sentada no banco com um de seus professores quando me


direcionei. Ela estava discutindo algo em profundidade com ele e ela só
continuava balançando a cabeça, parecendo chocada.

Eu esperei, mas queria correr lá fora como um homem das


cavernas. Quando ela finalmente parou, ela acenou para ele e subiu para dentro.
Eu coloquei a caminhonete em marcha e a deixei coletar seus
pensamentos. Eventualmente, ela colocou todas as suas coisas para baixo e
deslizou por cima no assento ao meu lado.

Eu relaxei e levantei meu braço ao redor dela na parte de trás do assento.


— Então... — ela começou, — meu professor disse que ele quer que eu
seja sua AP no próximo ano.

Eu olhei.

— Eu não sei muito sobre isso, mas eu pensei que você tinha que ser um
júnior para ser assistente de professor.

— Normalmente, esse é o caso, mas ele disse que desde que eu marquei...
espere por isso... a mais alta — ela fez mãos do jazz, — grade na classe, ele disse
que vai fazer uma exceção e pensa que vai ser ótimo para ele. Você pode acreditar
nisso?

Eu ri.

— É claro que eu posso.

— Sério? — disse ela, animada. — Porque ele com certeza chocou as


calças fora de mim.

Fiz uma careta para ela, mudando dela para a estrada.

— Não faça referências professor e calças-fora na mesma frase.

— Ahh. — ela cantarolou e se inclinou para beijar minha bochecha. — Ele


é totalmente casado com um bebê a caminho.

— Quer dizer que eu sou tão robustamente bonito que você não pode
sequer ver outro cara. Isso é o que você quis dizer, certo?

Ela deu uma risadinha.

— Claro, querido.

Eu não fui para casa. Eu continuei dirigindo até que nos deparamos com
a mesma árvore de salgueiro que sempre nos sentávamos embaixo no parque. Ela
inclinou-se.

— Nós não temos nenhuma migalha para os patos.

— Eles vão superar isso. — Eu sorri e a puxei do meu lado da


caminhonete. Eu andei com ela lentamente com sua mão na minha, seu braço
roçando contra mim. O parque foi ficando mais escuro, enquanto o sol se pôs,
mas ainda havia muita luz. Um céu amarelo e laranja tinha se estabelecido sobre
nós e com o lago lá, era como um maldito cartão postal.

Ficamos parados no meio dos galhos balançando e vi os patos quando eles


vieram para cima da costa, implorando pelo que nós não temos.

— Ahhh. Pobres rapazes. — disse ela e riu enquanto eles caminhavam


para frente e para trás como se tivessem acabado de perder isso.

— Você ama isso aqui?

Ela olhou para mim e sorriu para a minha pergunta súbita, aleatória.

— Sim, eu amo.

— Você quer ficar aqui? Tipo, mesmo depois da faculdade?

— Uh... sim. Eu amo a cidade. E seu trabalho é aqui e Pepe nunca vai se
livrar de você.

— Você quer que eu te compre uma casa aqui? Nossa própria casa que vai
ser toda nossa e ninguém poderá tirar isso de nós?

Eu vi seu peito subir e descer enquanto inalava, trêmula.

— Sim. Eu quero fazer isso.

—Você... quer se casar aqui, neste parque, sob nossa árvore? A árvore que
nós encontramos para sua mãe. Os patos podem vir, também.

Ela sorriu, mordendo o lábio.

— Eu gosto do som disso.

— Você quer se casar comigo... bem aqui, assim que puder acontecer?

Esperei por lágrimas, mas não havia nenhuma. Ela apenas sorriu. Oh,
não. Ela pensava que eu estava brincando? Então o sorriso dela aumentou e
ficou mais largo, ela mordeu o lábio com mais força, seus olhos finalmente
assumiram o brilho de felicidade que eu estava esperando.

— Você quer que eu seja a Sra. Jackson?

Eu assenti com a cabeça, inclinando-me e deixando meu nariz esfregar no


dela quando eu fiz isso.
— Eu quero que você seja minha, oficialmente, na frente de Deus, e de
todos, e dos patos.

Ela riu, e então ela fungou um pouco, a primeira lágrima soltando. Ela
sussurrou com voz rouca, dizendo:

— Sério?

Fiquei surpreso com a reação dela.

— Você não acha que eu quero casar com você algum dia?

— Eu esperava, mas já que você está tão preso na regra sem-sexo...

Eu cortei com uma risada.

— Eu acho que nós fizemos muitas coisas para mantê-la satisfeita,


querida.

Ela sorriu e continuou:

— Eu achei que você ia vir com uma regra não-propondo-Marley-até-os-


vinte-e-sete, também.

Eu ri, amando muito essa garota.

— Não. Não há mais regras. — eu disse com ênfase.

Ela entendeu o meu significado e seus lábios entreabriram. Seu lábio


inferior começou a tremer.

— Assim que possível significa... no próximo ano? No próximo mês?


Próximo fim de semana? — Ela sorriu, as lágrimas agarradas a seus cílios.

— Mesmo que não seja em breve.

Então ela riu, chorou mais um pouco, e pulou em meus braços. O parque
estava vazio e eu estava feliz por isso quando eu a levantei, pressionando sua
coluna suavemente contra a árvore. Tomei seus beijos molhados e lambi sua
boca. Ela estava mal controlando a si mesma e isso estava me deixando
selvagem. Sua saia longa não era barreira suficiente para mim e eu me senti tão
fraco por ela, mas tão forte com ela.

A combinação era inebriante e explosiva.


Minha mão agarrou suas costelas quando ela pressionou mais perto. Eu
deslizei minha mão passando ao lado de seu peito e, em seguida, para baixo, para
baixo. Minhas mãos amavam seu traseiro enquanto meus lábios amavam sua
boca. Minha língua amava sua língua.

Logo, meu corpo amaria seu corpo.

Senti sua mão no meu bolso de trás, fazendo o seu próprio amor. Eu não
podia esperar para sentir suas mãos em mim, para roubá-la de sua respiração
com minhas mãos alegando sua pele. Eu deixei seus lábios ir e sorri para ela,
meu sorriso tão largo que meu rosto doeu enquanto o vento soprava os galhos
que nos rodeava. O cenário todo foi perfeito, exatamente o que eu queria para
quando eu a pedisse para ela se casar comigo. Eu levantei minha mão,
mostrando-lhe o meu dedo mindinho.

— Você vai dizer sim, querida?

Ela arfou e cobriu a boca. Eu deixei seus pés cair suavemente no chão e
levei sua mão esquerda na minha. Eu olhei para ela expectante e ela balançou a
cabeça enfaticamente. Tirei-o do meu mindinho, beijei seu dedo anelar esquerdo,
e coloquei-o nela. Ele se encaixou perfeitamente como ela se encaixava comigo.

— Jude. — ela queixou-se em um suspiro feliz. — Você não precisava. Eu


teria me casado com você sem ele. — Ela enquadrou meu rosto com as mãos frias
e pequenas e sorriu para mim. — Assim como eu não quero um casamento louco.
Quero um vestido e um pregador e Pepe e você. E os patos. — Eu ri. — E o bolo,
obviamente. — Eu ri mais. — Isso é tudo que eu preciso.

— E eu te amo por isso.

— Você planejou isso? — perguntou ela.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu fui olhar anéis e tentar fazer algum plano sentimental para um dia.
Mas eu vi este anel e tudo isso só parecia... certo. Eu só... sabia que eu não
queria ir para outro dia sem você saber que eu queria que você fosse minha em
todos os sentidos.

— E eu te amo por isso.


— E eu te amo mais.

***

Havia mais pessoas do que apenas Pepe. Ela teve vários professores e
alunos vindos da escola. Eu tinha um casal de empregados e Pepe, com a sua
nova e jovem esposa. Nossos vizinhos que moravam no complexo de
apartamentos. Meus avós, pais do meu pai. Sim. Eu finalmente tive a coragem de
contatar com eles e disse-lhes a grande história, uma loucura. Eles ficaram
surpresos ao dizer o mínimo. Eles pensaram que mamãe tinha acabado não
querendo nada com eles desde que eles não eram seus pais. Mamãe não tinha
qualquer família para entrar em contato. Olhamos.

E nós percebemos que era uma das coisas que a BioGene procurava em
suas cobaias. Alguém que muitas pessoas não iria procurar.

Marley procurou, também, mas veio vazio, por isso contratou um detetive
particular para fazer algumas escavações para ela. Descobriu-se que sua mãe
deixou seu pai por um motivo desconhecido, mas eles não eram casados. Marley
descobriu quem era seu pai e o que ele fazia para viver. Seu nome era Dennis e
ele trabalhava em plataformas de petróleo, passava meses na época. Infelizmente,
ele faleceu há alguns anos e não tinha parentes. Conseguimos encontrar uma
meia-irmã, Sarah, que era muito mais velha do que Marley. Elas haviam
começado a falar um pouco sobre o telefone, mas ela não estava lá no casamento
com a gente. Era uma situação estranha. O pai de Marley tinha deixado a mãe de
Sarah pela mãe de Marley, e, em seguida, mudou-se para outra pessoa depois
disso, então... não era, obviamente, alguma animosidade de Sarah lá, mesmo que
nenhuma criança tinha algo a ver com isso.

Foi um trabalho em andamento, mas foi bom finalmente sentir como


conhecíamos nossas mães. Meus avós tinham visitado por duas vezes desde que
eu tinha os encontrado, e sim, as coisas eram estranhas, mas na maior parte,
eles estavam apenas felizes que eu os queria na minha vida.
Na verdade, eles até mesmo pagaram a nossa viagem de lua de mel para
nós em Maui. Eu lutei com força sobre isso, mas no final, eles disseram que
perderam de estragar o seu neto quando eu era criança. Eles queriam fazê-lo,
assim que eu os deixei. Nós estávamos saindo hoje à noite em nossa primeira
viagem de avião.

Eu não podia esperar por isso. Qualquer coisa disso. Nossas vidas não
eram perfeitas, mas seguramos o que restava dela com tudo o que tinha, com um
plano para preenchê-la com novas memórias que iriam roubar a nossa
respiração.

Mas nada mais importava enquanto eu observava seu passeio pelo


salgueiro de sua mãe para chegar até mim. Seu vestido era longo, simples,
branco e bonito. Ninguém caminhou com ela até o altar, mas ela estava bem com
isso. Quando ela chegou no meio do caminho, Hey, Jude começou a tocar. Senti
minha boca abrir de surpresa.

Os olhos de Marley seguravam um segredo amoroso e eu soube então que


era ela. Ela estava deixando a minha mãe estar aqui comigo em nosso dia, da
única maneira que ela podia estar aqui. E a mãe de Marley estava aqui de seu
próprio jeito quando Marley empurrou os ramos de salgueiro para o lado e sorriu,
mordendo o lábio.

Enquanto minha mãe cantava para mim nas minhas memórias, eu


recebia uma vida inteira de novas com a menina atualmente fazendo o seu
caminho para mim. E quando ela chegou até mim, eu sabia que isso era para
sempre enquanto o meu coração explodia, cheio de sol e os raios de felicidade
empurrando para fora todas as coisas ruins.

O dia em que ela bateu em mim não foi apenas o melhor dia da minha
vida - foi o dia em que eu me tornei um homem. Gostaria de passar uma
eternidade fazendo-a feliz, a cada hora do dia amando cada centímetro de seu
corpo, a cada minuto lembrando que ela me salvou.

Quando o pregador me perguntou se eu iria amar e respeitar esta mulher


para sempre, eu diria a ele que eu estava à frente dele.
Marley Jackson era minha, e eu era dela, todos envolvidos juntos para o
nosso felizes para sempre.

The Very End


Demons : Imagine Dragons
All I Want : Kodaline
Dust and Bones : Night Terrors of 1927
Let Them Feel Your Heartbeat : Silent Film
In My Veins : Andrew Belle
Give Me Love : Ed Sheeran
Biffy Clyro : Opposite
I Love You : Alex Clare
If So : Atlas Genius
Beneath Your Beautiful : Labrinth
Running Up That Hill : Placebo
The Shadow Proves the Sunshine : Switchfoot
Saved : Spill Canvas
Girls Like You : The Naked and Famous
Kiss Quick : Matt Nathanson
Back Seat : Atlas Genius
You Are : Colton Dixon
Whistle For the Choir : The Fratellis
Stubborn Love : The Lumineers
Hey, Jude : The Beatles

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