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— Para onde você quer ir agora?

Essa era uma pergunta que eu não sabia como responder. Estava há
duas horas sentada naquele banco central da praça onde havíamos nos
conhecido há exatos oito meses. Foi ali que trocamos nossas primeiras
palavras, falamos sobre nossos gostos em comum e demos nosso primeiro
beijo.
Aquele lugar trazia muitas memórias.
Foi ali que aprendi que o amor pode aparecer de uma hora para outra,
inesperado, no momento em que você menos procura, como uma nuvem
escura no céu ou o arco-íris após uma tempestade.
Naquele banco descobri muitas coisas. Sobre meus sentimentos, sobre
quem eu era e quem eu sou agora, sobre o amor. Mas, principalmente, eu a
descobri.
Maria Luísa apareceu na minha vida em um domingo ensolarado na
metade de maio. Aquela época do ano em que estamos mais perto do frio que
do calor. Foi o primeiro domingo em que resolvi sair de casa sem motivo,
destino ou objetivo. Eu só precisava de um lugar para descansar minha
mente.
Eu tinha tanta dúvida e confusão dentro de mim que ficar em casa
olhando para a parede era a pior escolha que poderia fazer.
Estava perdida em pensamentos, admirando a pequena fonte que
jorrava água para todos os lados, quando ela se sentou ao meu lado segurando
um livro grosso de capa dura. A princípio, me limitei a somente tentar espiar
o que ela estava lendo, sem realmente ver quem estava ao meu lado. Até que,
parecendo perceber minha tentativa, Maria Luísa quebrou o silêncio.
— Sabe, você pode apenas me perguntar o que eu estou lendo —
disse, e soltou uma leve risada ao final, como se comprovasse que não estava
brava com minha intromissão.
Seria possível se apaixonar por alguém antes mesmo de olhar para o
seu rosto? Se apaixonar apenas por uma risada? Pelo som da sua voz? Minha
cabeça dizia que não, mas no fundo, bem lá no fundo, meu coração parecia
querer travar uma guerra. Ele dizia que sim. Meses depois, eu descobri que
ele sempre esteve certo.
— Me desculpe, eu não… — comecei a dizer quando, finalmente,
tirei minha atenção do livro em suas mãos para olhá-la diretamente.
Ela era linda. Definitivamente uma das pessoas mais belas que eu já
tinha encontrado na vida. Sua pele era mais escura que a minha, da cor do céu
quando alcança o ápice da madrugada. Era um tom de pele daqueles que você
gostaria apenas de olhar, olhar e olhar, até se perder nele por completo.
O que a deixava ainda mais bonita eram seus olhos cor de jabuticaba,
com a íris tão redonda que pareciam ter sido desenhados perfeitamente por
um compasso. Ela tinha algumas sardas espalhadas pela pontinha do nariz e
uma falha na sobrancelha esquerda que comprovava que, sim, ela era real.
Seus lábios eram carnudos e rosados, como se tivesse passado algum
brilho labial ou batom, mas logo percebi que eles realmente eram assim. Seu
cabelo estava preso em um coque no alto da cabeça, mas eu podia perceber
que era crespo como o meu, talvez um pouco mais cacheado, já que algumas
mechas pareciam querer escapar do penteado que aparentava ter sido feito às
pressas.
— Você ia dizendo? — perguntou ela depois que permaneci em
silêncio por algum tempo, analisando-a feito doida. Ela me olhava com uma
atenção evidente no rosto, seus olhos pareciam me analisar de volta.
Naquele momento, tudo o que eu queria era abrir um buraco no chão
e sumir. Ela devia achar que eu era maluca. Quem normal o bastante ficava
encarando uma desconhecida daquele jeito? Mas, para mim, Maria Luísa
parecia uma obra de arte. Eu só queria admirá-la.
— Eu… hm… — Respirei fundo e a vi sorrir, um pedido silencioso
para que eu continuasse. Eu retribuí o sorriso, nervosa, e finalmente consegui
reunir as palavras que queria. — Eu ia dizer que não queria te atrapalhar, mas
sempre fico curiosa sobre o que as pessoas estão lendo.
Maria Luísa soltou outra vez aquela risada linda, e eu me juntei a ela.
Nos encontramos ali durante todos os domingos por dois meses até
percebermos que o que sentíamos era muito diferente de um carinho de
amizade: era amor. Nós éramos duas garotas e estávamos apaixonadas uma
pela outra. E era a primeira vez que eu sentia que estava amando.
Eu tinha tido algumas aventuras amorosas na minha vida antes de
Maria Luísa. Todas elas com garotos. Todas elas em algum momento
diferente da minha vida. E em todas elas, eu nunca cheguei perto de sentir o
que sentia quando aquela garota sentava ao meu lado em um banco de uma
praça pública.
Eu nunca gostei muito de frio.
Sentir frio sempre me pareceu muito pior do que sentir calor. Então,
não estava muito animada para aquele domingo gelado do final de julho.
Ainda mais quando minha cama parecia uma opção melhor. Sabe? Ficar
embaixo da coberta o dia todo. Mas, mesmo assim, fui para a praça. Sentei no
banco. Nosso banco. E a esperei.
Depois dos primeiros domingos em que nos encontramos por acaso na
praça, acabamos por decidir fazer dos domingos o nosso dia oficial. Nos
encontraríamos ali, naquele mesmo banco, no final da tarde, assim como das
outras vezes.
Não demorou muito para que Maria Luísa chegasse, novamente com
um livro em mãos, e se juntasse a mim. Estava com o cabelo solto, mostrando
seus longos cachos que formavam um grande volume. O cabelo estava lindo,
assim como ela. O que não era surpresa.
Maria sempre estava acompanhada de alguma leitura mas, toda vez
que nos encontrávamos, ela deixava o livro no banco e focava sua atenção em
mim. Era como se naquele momento ela quisesse me mostrar que os
domingos eram meus e somente meus. Que ela não me trocaria por mais
nada.
Nem para terminar uma leitura que, provavelmente, estava amando.
— Como você está? — me perguntou sorrindo e colocando uma
mecha atrás da orelha.
Eu permaneci olhando para seu rosto por mais tempo do que o
normal. Mais tempo do que eu estava acostumada e ela também. Eu sempre
fui muito tímida, então evitava olhar diretamente para alguém por mais de
três segundos.
— O que foi? — questionou ela, com uma sobrancelha arqueada.
— Nada — respondi, desviando meu olhar dela.
Eu tinha me demorado um pouco mais em sua boca. Mais tempo do
que eu queria. Foquei minha atenção em uma pequena árvore que estava em
nossa frente, perto da fonte. Nosso banco ficava afastado de onde a maior
parte das pessoas se concentrava, perto dos brinquedos infantis, mas ainda era
possível nos ver ali de todos os ângulos.
— Rita, o que foi? — Maria Luísa perguntou, virando seu corpo para
mim. Eu permaneci calada, sentindo seu olhar me analisar. — Você não vai
mesmo me dizer? — completou com um tom de voz um pouco acusatório.
Ela nunca perdia a paciência comigo e nós nunca tínhamos brigado antes.
Mas eu também nunca ficava calada daquela forma, como se a estivesse
evitando.
— Você quer realmente saber? — perguntei, ainda sem olhar em sua
direção.
Sempre tive muita dificuldade em dizer o que estava sentindo, mas
com Maria Luísa isso nunca foi um problema. Exceto quando meus
sentimentos a envolviam. Eu nunca falei para ela tudo o que senti desde o
primeiro momento em que nos falamos e sempre consegui esconder bem.
— Claro que quero — respondeu com a voz calma.
Eu me virei para ela e respirei fundo, vi que um sorriso encorajador
surgia em seus lábios ao mesmo tempo que seus olhos pareciam apreensivos
e sua postura estava tensa. Eu não parecia melhor do que ela. Podia sentir
minhas mãos suarem e meu pé esquerdo, o que estava mais apoiado no chão,
tremia de leve.
— Há alguns minutos eu quase te beijei — falei rápido olhando dela
para um ponto qualquer atrás de sua cabeça.
Qualquer coisa era melhor do que esperar por sua reação. Eu tinha
muitos medos. Medo de que ela ficasse com raiva. Medo de que se afastasse.
Todos os meus medos envolviam um futuro onde Maria Luísa não fazia mais
parte da minha vida.
Nós ficamos em silêncio por alguns segundos até que ouvi a risada
dela ecoar pelos meus ouvidos. Eu amava aquele som, mas nunca iria
imaginar que o ouviria depois do que disse. Eu olhei para ela e a encontrei
ainda rindo e me encarando. Aos poucos, deixei que um sorriso surgisse em
meu rosto.
Mas, no fundo, eu estava morrendo por não saber o que ela pensava.
— Rita… — começou Maria Luísa. Dessa vez, nossos olhares se
encontraram e tudo o que vi em seus olhos foi ternura. E carinho. Talvez
amor. Eu não sabia dizer. Ela colocou as mãos por cima das minhas e logo as
estava apertando devagar. — Por que não me beijou? — completou, sorrindo
e fazendo um carinho de leve em minhas mãos.
Nós não nos beijamos pela primeira vez ali, naquela hora, mas não
demorou muito tempo para que isso acontecesse. Só foi em outro dia.
Eu já tinha tido bons beijos na vida, mas com Maria Luísa era tudo
diferente. Acho que as pessoas estão certas quando dizem que tudo é melhor
quando se sente algo muito profundo pela outra pessoa.
— Você não precisava me acompanhar até aqui, Rita — disse Maria
Luísa assim que paramos em frente ao seu prédio. Ela morava a algumas ruas
da praça, mas do outro lado do bairro, um pouco mais distante de mim do que
eu gostaria. — Sério, eu ando por esse bairro sempre — completou,
colocando a mão livre no bolso de trás. Logo ela estava segurando uma chave
e me olhando com certa dúvida no rosto.
— Eu sei… — falei, sorrindo de leve e um pouco acanhada por
estarmos em um espaço novo. Não novo para ela (e eu tinha quase certeza
que já havia passado por aquela rua), mas era novo para nós duas juntas. Era
estranho sair da praça e perceber que eu podia estar com ela em outros
lugares.
— Então, por que…? — começou a perguntar deixando o resto da
frase no ar.
Acho que ela entendeu naquele momento o que me fez ir com ela até
ali. Vi um sorriso pequeno surgir em seus lábios e eu mesma respondi
deixando que meu rosto se iluminasse. Eu não precisava dizer mais nada, ela
entendia.
Maria Luísa guardou novamente a chave e pegou minha mão,
enquanto a outra ainda segurava um livro pequeno. Eu senti um
formigamento subir pelo meu braço e aos poucos nós estávamos mais
próximas do que em todos os outros domingos em que nos encontramos.
E então eu percebi que, se antes eu não conseguia imaginar um
domingo sem me encontrar com ela, a partir daquele momento seria
impossível imaginar um domingo sem que nossos lábios se juntassem.
A jornada entre o momento em que percebemos que tudo o que
estávamos vivendo era mais do que amizade até começarmos a namorar não
foi um mar de rosas. Admitir para mim mesma o que eu sentia exigiu mais do
que eu imaginava, mas Maria Luísa nunca desistiu de nós duas. Ela sempre
foi mais decidida do que eu.
Aquela praça se tornou, aos poucos, muito mais do que o local onde
nos conhecemos ou nosso ponto de encontro aos domingos. Ele acabou se
tornando nosso lugar seguro, onde eu podia ser eu mesma, sem as barreiras e
angústias que vinham me consumindo nos últimos tempos.
Apesar de ter me apaixonado por Maria Luísa, ela não tinha sido a
primeira garota pela qual eu sentia algo. Não havia beijado outras, mas nos
últimos tempos eu tinha começado a perceber que a admiração que sentia por
algumas parecia muito com o que sempre senti por garotos.
Era desejo. Vontade de beijar. Vontade de conhecer melhor. Foi
exatamente por isso que eu tinha ido para aquela praça no dia em que nos
conhecemos. E Maria Luísa me ajudou, mesmo ainda sem saber, a perceber
quem eu era de verdade.
Era engraçado pensar que, há um mês, foi naquele mesmo lugar que
tudo mudou. Nossa praça, nosso banco preferido e nossa fonte
testemunharam o pior momento da minha vida, o momento em que eu achei
que, talvez, só talvez, o amor não vinha sozinho, mas acompanhado de
brigas, raiva e preconceito.
— Rita, no que está pensando? — Maria Luísa me perguntou após um
silêncio longo o bastante para começar a incomodá-la. Ela sempre foi o tipo
de pessoa que não conseguia deixar o silêncio ficar muito tempo no ar.
Sempre senti que ela tinha essa necessidade de preencher o vazio com
palavras. — Você está pensando na sua mãe?
Eu sorri. Era bem a cara dela perceber exatamente o que passava pela
minha cabeça somente pela minha expressão. Eu balancei a cabeça em
concordância e ela segurou minha mão, apertando-a de leve. Não precisava
dizer muito mais. Ela esteve comigo nos eventos recentes e sabia o que tinha
se passado em minha vida.
Há um mês, em um dos nossos domingos, minha mãe nos encontrou
sentadas no banco, de mãos dadas. Era um ato inocente, não estávamos
realmente fazendo nada além disso e, mesmo se estivéssemos, não tinha nada
de errado. Mas minha mãe não pensava do mesmo jeito.
Para ela, existia apenas o certo e o errado; dois pesos, duas medidas;
homem e mulher.
Eu e Maria Luísa éramos o errado. Muito errado. Fazíamos algo que
deveria ser proibido. Mas eu não era menor de idade, nem Maria Luísa.
Assim, durante o último mês, eu e minha mãe travamos uma batalha intensa
em casa. Ela sem mudar o que pensava, e eu, que por ironia do destino havia
herdado a teimosia dela, me recusando a me afastar da minha namorada.
Éramos somente minha mãe e eu. Nunca tive um pai. Aliás, tive sim.
Sempre considerei que minha mãe tinha feito o papel perfeito de ambos, até o
momento em que ela achou que, por gostar de uma menina, eu não era mais
sua filha perfeita. Que havia me tornado outra pessoa. Mas eu continuava a
mesma Rita a quem ela dera à luz há 25 anos.
Eu não queria me afastar da primeira pessoa que me deu carinho e
amor, a pessoa que me lançou o primeiro sorriso quando cheguei a este
mundo. Mas aprendi, com a garota que sentava ao meu lado todos os
domingos em uma praça de um bairro de classe média, que o amor não julga.
Que o amor é o único sentimento que deveria existir apenas para fazer bem.
Foi por isso que, um mês depois que minha mãe descobriu sobre nós
duas, eu decidi sair de casa. Ela não me expulsou, não acho que minha mãe
seria capaz de fazer isso algum dia. Mas também não era como se quisesse ter
minha presença no mesmo lugar que ela. Nos últimos dias em que fiquei em
casa, ela sequer me olhava.
Ela queria que eu me afastasse de Maria Luísa, e eu nunca faria isso.
Primeiro porque eu a amava. Segundo porque Maria Luísa era minha
namorada, mas não era ela quem me definia. Eu gostava de garotos e garotas,
estando com alguém ou não. Eu tinha demorado muito tempo para perceber e
aceitar isso e não voltaria a guardar aquilo dentro de mim.
Tinha decidido sair em um domingo porque era na parte da manhã
que minha mãe não estava em casa. Eu não queria me despedir, porque sabia
que assim que visse seu rosto, desistiria de tudo. Era mais fácil partir daquele
jeito. Talvez fosse egoísmo meu. Mas a expressão de choque e sofrimento
que eu tinha presenciado em seu rosto quando ela me viu com Maria Luísa já
havia sido suficiente.
Talvez, se a gente não se despedisse, fosse melhor. Ou pior. Eu
preferia não pensar no que aconteceria dali para frente. Talvez eu estivesse
sendo precipitada. Talvez minha mãe só precisasse de mais tempo. Mas a
verdade era que eu não queria perder mais tempo. Eu queria ser feliz.
Eu saí assim que percebi que estava sozinha em casa.
Já tinha planejado tudo há uma semana. Deixei uma carta em cima da
mesa da cozinha, na esperança de que ela lesse antes de jogar fora ou rasgar.
Minha mãe não era muito ligada em internet e mal tinha um celular decente,
então enviar um e-mail estava fora de cogitação.
Na carta eu, mais uma vez, abria meu coração. Não era muito
diferente do que eu já havia lhe dito, mas era algo que precisava repetir. Eu
queria que ela entendesse o meu lado. E também queria que ela soubesse que
não a odiava. Meu amor por ela continuava exatamente igual, mesmo que o
dela por mim parecesse ter mudado.
A maior parte das minhas coisas já estava no apartamento de Maria
Luísa, porque tinha levado tudo aos poucos. Minha namorada morava
sozinha desde os dezoito anos e ficaríamos juntas até que eu conseguisse
achar um lugar só meu.
Nós duas tínhamos concordado que era muito cedo para que
juntássemos nossas tralhas, como ela gostava de dizer.
Ela era minha primeira namorada e, apesar de eu não ser a sua,
sabíamos que ainda tínhamos muita história pela frente. Precisávamos
descobrir como éramos juntas, sem as amarras de estarmos escondidas para o
mundo, para depois sabermos se estávamos prontas para um passo a mais no
nosso relacionamento.
— Então, para onde você quer ir agora? — Ela repetiu, sorrindo e
fazendo com que seus olhos se fechassem, como sempre acontecia. Eu amava
aquele sorriso. Era tão acolhedor e carinhoso. Todas as vezes que ela sorria
daquela forma para mim, eu tinha vontade de abraçá-la e não soltar nunca
mais.
— Qualquer lugar em que esteja com você.
Ela riu e eu também. Eu raramente falava frases tão sentimentais
assim e ríamos sempre que isso acontecia. Nos levantamos ainda de mãos
dadas e começamos a caminhar em uma direção qualquer. Eu sabia que era a
forma que ela tinha de mostrar que estava ao meu lado para qualquer coisa,
como o amor deveria ser.
— Maria? — perguntei depois de um tempo, quando já estávamos
longe da praça. Longe do nosso ponto de encontro.
— Sim? — ela respondeu e me olhou, aqueles lindos olhos que me
faziam suspirar.
— Qual era o livro que você estava lendo no dia em que nos
conhecemos?
Maria Luísa soltou uma gargalhada e continuou a andar, dessa vez
parecendo ter um destino em mente. Eu me juntei novamente à sua
caminhada, ainda sem entender porque ela ria tanto, e apertei sua mão como
em um pedido para que ela me explicasse.
— Eu achei você nunca ia me perguntar. Oito meses, Rita!
E era verdade. Naquele primeiro dia em maio, nós começamos uma
conversa que pareceu durar horas e eu nunca cheguei a descobrir qual livro
ela estava lendo. Ela também nunca me contou.
Nos meses seguintes, conversamos bastante sobre nossos gostos de
leitura, mas nunca chegamos realmente a falar sobre a primeira vez em que
nos vimos. Eu nunca mais tinha pensado sobre aquele livro, mesmo que tenha
sido ele a razão que me fez olhar para o lado e encontrar Maria Luísa.
— E então? Qual era?
Ela parou de andar, me olhou e sorriu. Me deu um selinho rápido e eu
também sorri com aquele gesto de ternura. Um instante em que não havia
mais nenhum medo entre nós.
O amor podia vir acompanhado de sentimentos que pareciam ruins
em algum momento mas, no final, ele sempre arrumava um jeitinho de
encontrar o caminho certo.
— Acho que vou guardar o segredo por mais tempo!
SOBRE A AUTORA

Foto: Iris Figueiredo

Olívia Pilar começou a se arriscar na ficção através das fanfics.


Formada em Jornalismo pela PUC-MG, a mineira hoje atua como freelancer
em gestão de mídias sociais. É apaixonada por futebol, celebridades teen e
séries de televisão. Tem cinco cachorros e nas horas livres pode ser
encontrada nas redes sociais debatendo a importância da representatividade
da mulher negra na mídia – isso sem abandonar seu lado fangirl, é claro. É
autora dos contos “Entre Estantes” e “Tempo ao tempo”, participa da
coletânea “Qualquer clichê de amor” com o conto “Senti Saudades” e
atualmente escreve seu primeiro romance no Wattpad, “Dois a dois”.
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Entre Estantes

Isabel quer provar para todos que pode ser boa no curso que escolheu.
Mas o que ela não imaginava ao ir buscar um livro na biblioteca da faculdade
é que, antes de provar qualquer coisa, ela precisa conhecer a si mesma.
Tempo ao tempo

"— Você vai estar ao meu lado depois? […]


— Sempre."

Carolina e Elisa não poderiam ser mais diferentes. Unidas por uma
forte amizade, juntas formam o equilíbrio perfeito. Mas conforme os anos
passam, elas percebem que o sentimento que nutrem uma pela outra pode ser
mais forte do que imaginavam.
Dois a dois

Para Laura, a vida sempre foi muito simples: estudar muito, se dedicar
aos treinos de futsal, ser uma boa filha e um exemplo dentro das quadras.
Mas o que acontece quando ela se depara com alguém que faz seu sangue
ferver e esquecer, mesmo que por alguns minutos, que ela é a pessoa mais
sensata do mundo? Manuela é a novata da escola e do time, e tem um único
objetivo em mente: a vaga de titular como pivô, ocupada justo por Laura. Um
relacionamento que começa com o pé esquerdo pode melhorar?
Qualquer clichê de amor

Namoros de mentirinha. Reencontros. Amor e ódio. Amigos de


infância. Clichês só se tornam clichês porque foram repetidos
incessantemente, mas isso significa que eles funcionam bem, certo? Nessa
coletânea, dez autoras apaixonadas por romance exploram diferentes clichês
do amor de um jeito divertido e de arrancar suspiros. Prepare-se para rir, se
emocionar e, quem sabe, correr até o aeroporto mais próximo.
Você sabe como vai ser o final. E essa é a melhor parte.
Copyright © 2017 by Olívia Pilar
Todos os direitos reservados à autora

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breves trechos em críticas.

Capa:
Iris Figueiredo
Ilustrações de capa:
Freepik
Ilustrações do miolo:
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Diagramação:
Iris Figueiredo
Revisão:
Iris Figueiredo
Taissa Reis

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