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DEDICATÓRIA

Para Oliver…

Meu melhor amigo e meu parceiro no crime.

Obrigada por acreditar em mim.


SINOPSE

O que acontece quando um desafio vai longe demais?

Maddox Coulter. Bad boy imprudente. Playboy infame. Meu


inimigo. E agora, meu melhor amigo.

Eu sei que ele nunca me deixará na mão. Ele sabe que eu nunca
recusarei um desafio.

A todo lugar que vamos, as pessoas viram a cabeça para nos


olhar, mas nossa relação não é daquela maneira.

Até que começa a ser.

Para um de nós, pelo menos.

Eu sempre soube que ele seria minha ruína. Mas eu confiei nele
para me segurar.

Ele provou que eu estava errada.

Maddox foi longe demais, e não sei se quero controlá-lo ou nos


empurrar ainda mais para um território perigoso.

Ele me diz aquelas três palavrinhas que eu almejo. Três


palavrinhas que eu não quero de mais ninguém.

Eu te desafio.
Exceto que desta vez, não é um simples desafio. Isto pode
nos queimar até as cinzas.

“Eu te desafio a fodê-lo”.


PRÓLOGO

Sua presença era um calor ardente atrás de mim quando


entramos no bar. Ele estava perto, muito perto. Eu podia senti-
lo. Eu podia sentir seu cheiro. Ele estava tão perto, mas tão fora
de alcance. Uma tentação perigosa balançando bem à minha
frente.

Eu queria me virar e envolver meus braços em torno dele,


desfrutar de seu calor. Nós nos abraçamos e nos acariciamos
muitas vezes antes, mas desde a festa de caridade, tudo tem
sido diferente.

Ele tem estado diferente.

De alguma forma, há um muro entre nós agora. Eu não


poderia quebrá-lo ou atravessá-lo. Era exaustivo e assustador
assistir a mudança nele, vê-lo tão... frio e se afastando de mim.
Às vezes, parecia que ele estava lutando contra algo dentro de
sua cabeça. Eu esperei silenciosamente que ele viesse até mim
para falar de suas preocupações, para que eu pudesse
encontrar uma maneira de acalmá-lo. Como sempre.
Exceto... que começou a parecer que eu era o problema.
Como se ele estivesse se escondendo de mim.

Uma semana em Paris. Era para ser divertido e


emocionante. Uma aventura para nós. Era o primeiro dia e isso
já estava indo ladeira abaixo.

Mordi o lábio inferior, enquanto caminhávamos mais para


dentro da sala escura. Não estava muito cheio, mas todo mundo
aqui parecia elegante. Afinal, este era um dos famosos hotéis de
Paris; pessoas ricas e importantes vinham aqui frequentemente.
— Não achei que o hotel tivesse seu próprio bar. Sofisticado. Eu
gosto disso.

— É legal! — Ele respondeu. Havia uma aspereza em sua


voz, exceto que seu tom era robótico. Sem emoções.

O que você tem? O que eu fiz?

Parei de caminhar, esperando que ele esbarrasse em mim.


Ele não fez. Em vez disso, senti seu braço deslizar em volta da
minha cintura, enquanto ele o enrolava ao meu redor. Nossos
corpos colidiram suavemente, e respirei fundo. Seu peito duro
como pedra estava em minhas costas, pressionando contra
mim, e eu podia sentir cada respiração que ele dava. Seu toque
era uma doce tortura.
Foda-se. Foda-se por me fazer sentir assim. Foda-se por me
tentar e me ignorar. Foda-se por me fazer me apaixonar por
você...

— Por aqui. — Seus lábios demoraram perto do meu


ouvido, enquanto sussurrava as palavras. Ele me guiou em
direção aos bancos do bar.

Sentamos lado a lado. Pelo canto do olho eu o observei,


enquanto ele pedia nossas bebidas. Sua voz era suave e
deslizou sobre minha pele como seda. Macia e gentil.

Perdida em meus pensamentos, não notei o homem parado


ao meu lado até que sua mão tocou meu ombro. Girei para a
esquerda, meus olhos pegando o intruso. Sim, intruso. Ele
estava interrompendo meu tempo com ele.

Maddox Coulter – o bálsamo para a minha alma, mas


também a dor ardente em meu peito. Ele era o doce céu e a
desgraça da minha existência.

— Lembra de mim? — O homem de terno perguntou com


um pequeno sorriso.

Sim, eu lembrava. Ele era o dono do hotel. Nós o


conhecemos quando fizemos o check-in ontem.

— Eu a vi do outro lado do bar e soube instantaneamente


que você tinha que ser a garota bonita que conheci ontem à
noite. — Seu inglês era perfeito, mas tinha um sotaque francês
rouco. Eu tinha que admitir, era meio sexy. O Sr. Francês
estava entre nossos bancos, separando Maddox e eu. Ele
bloqueou minha visão de Maddox.

E eu não gostei disso.

— Obrigada por nos ajudar ontem. — Respondi


docemente, mascarando minha irritação.

Seus olhos esmeralda brilharam, e seu sorriso se


arregalou. O Sr. Francês era aquele típico colírio para os olhos,
alto, moreno e bonito. E ele usava um terno caro que moldava
seu corpo muito bem. — O prazer foi todo meu.

Eu balancei a cabeça, um pouco perdida com o que mais


eu poderia dizer. Eu não era tímida ou ficava desconfortável ao
me relacionar com homens. Mas este estava um pouco perto
demais para o meu gosto, e como não tinha interesse nenhum
nele, mesmo que pudesse ser meu tipo, dado o fato de que um
outro alguém tinha toda a minha atenção, não queria continuar
essa conversa.

— Lucien Mikael. — Ele me ofereceu sua mão. Lembrei que


ele nos disse seu nome na noite passada, mas não havia lhe
dito o meu.

Eu peguei sua palma na minha, sacudindo-a. — Você pode


me chamar de Lila. É bom conhecê-lo.
Em vez de apertar minha mão, ele a virou e a levou aos
seus lábios. Ele beijou a parte de trás, seus lábios demorando
um pouco demais. Seus olhos encontraram os meus sobre
nossas mãos entrelaçadas. — O prazer é meu, ma belle1.

Oh céus. Sim. O Sr. Francês estava flertando.

Olhei em volta de Lucien e vi que Maddox estava recostado


no banco, as pernas compridas esticadas à sua frente, com uma
bebida na mão, e estava olhando diretamente para mim. Seu
rosto estava sem expressão.

Lucien se virou para o barman e disse algo em francês. Eu


não entendi as palavras, mas rapidamente descobri o que disse
quando se voltou para mim.

— É por minha conta. Um agrado para uma dama


adorável.

Eu já estava balançando a cabeça. — Oh. Você não


precisava...

Sua mão apertou a minha. — Por favor, me permita.

— Obrigada.

Lucien abriu a boca para dizer outra coisa, mas foi


interrompido pelo toque do telefone. — Com licença, chérie2.

1 Minha linda.
2 Amor.
Quando se afastou, vi Maddox novamente. Nossos olhos se
encontraram e parei de respirar. Seu olhar estava sombrio e sua
mandíbula estava tão apertada que me perguntei se ela racharia
sob a pressão. Eu podia ver os tiques em sua mandíbula afiada
quando ele rangeu os dentes. O rosto dele... Eu não sabia como
descrevê-lo. A raiva fez seus olhos parecerem mais escuros,
quase mortais. Uma sombra pairava sobre seu rosto, sua
expressão quase ameaçadora. Havia uma sensação predatória
em seu olhar, enquanto me observava de perto.

Ele constantemente me afastava, colocando cada vez mais


distância entre nós. Por que ele estava tão bravo agora? Eu não
sabia dizer. Eu não conseguia pensar, porra. Especialmente
quando olhava para mim assim.

Maddox era enlouquecedor. Ele puxava e empurrava; ele


amava e odiava. Eu sempre pensei que o entendia melhor do
que qualquer outra pessoa. Mas agora, ele me confundia ‘pra’
caralho.

— Lila. — Meus olhos se afastaram de Maddox e olhei para


Lucien. Aparentemente, ele terminou o telefonema e voltou sua
atenção para mim. Antes que pudesse me afastar, ele agarrou
minha mão na sua mais uma vez. — Se você precisar de alguma
coisa enquanto estiver em Paris, ligue para mim. Eu poderia
levá-la para um passeio turístico. Conheço muitos lugares
bonitos.
Ele soltou minha mão e virei minha palma para ver seu
cartão de visita. Truque suave, Sr. Francês. — Hmm, obrigada.

Lucien se inclinou, e rapidamente deu um beijo casto em


ambas as minhas bochechas antes de se afastar. — Au revoir,
chérie3.

Não o vi sair. Toda a minha atenção estava no homem


sentado ao meu lado. Ele tomou um grande gole de sua bebida.

— Ele gosta de você. — Disse, uma vez que Lucien estava


fora do alcance auditivo.

— Com ciúmes? — Eu atirei de volta, imediatamente.

Um sorriso rastejou em seu rosto, e ele riu, seu peito largo


estremecendo com ele. — Ele quer foder você, Lila.

Meu estômago apertou, arrepios estourando sobre a minha


pele. Minha respiração me deixou em um sopro. Suas palavras
foram ditas perigosamente baixas, embora a dureza em sua voz
não pudesse ser confundida.

— Como você saberia? — Eu respondi, brava e confusa.


Ele brincou com meus sentimentos, transformando minhas
emoções em um joguinho dele. Maddox me deu um nó, me
torcendo como um pequeno brinquedo.

3 Adeus, amor.
Ele grunhiu, balançando a cabeça e depois soltou uma
risada. Como se estivesse compartilhando uma piada interna
consigo mesmo. — Sou um homem, como ele. Eu sei o que ele
estava pensando quando olhou para você daquele jeito.

— Talvez ele não estivesse pensando em sexo. Talvez ele


seja um cavalheiro. Diferente de você. — Eu estava brincando
com fogo, sabia disso. Eu o estava testando, nos testando.

— Eu te desafio... — Ele sussurrou tão baixinho, que quase


perdi isso. Maddox olhou para o copo, com os dedos cerrados.
Mesmo na penumbra, eu podia ver como as juntas de seus
dedos estavam começando a ficar brancas.

Ele estava me dando um desafio agora?

Ele não terminou sua frase, e me perguntei se ele estava


contemplando seu desafio. A mandíbula de Maddox se flexionou
de óbvia frustração. Por um breve momento, pensei que talvez
ele não estivesse com raiva de mim. Talvez estivesse com raiva
de si mesmo. Ele estava lutando contra si mesmo. Será que o
problema não era eu?

Ele bebeu o resto de sua bebida em um gole e depois bateu


o copo no balcão, antes de girar em seu banco para me encarar.
Maddox se levantou e deu um passo mais perto de mim, até
meus joelhos tocarem suas coxas fortes. Ele se inclinou para
frente, me enjaulando entre o balcão e seu corpo. Nosso olhar
travou, e ele lambeu os lábios. Ele me cativou por um momento,
até que sem piedade quebrou o feitiço.

— Eu te desafio a dormir com ele.

Recuei em choque. O quê? Não, devo tê-lo ouvido mal. Isso


não poderia ser...

— O quê? — Sussurrei, minha garganta seca, e minha


língua subitamente pesada na boca.

Os olhos de Maddox perfuraram os meus, encarando


minha alma. Quando falou novamente, sua voz acentuada
dançou perigosamente sobre a minha pele. — Eu te desafio a
fodê-lo, Lila.

Um tremor começou em meu âmago e depois se moveu


pelo meu corpo como uma tempestade. Não apenas uma
tempestade silenciosa. Um tsunami de emoções me atingiu de
uma só vez, imprudente em seu ataque. Submergi-me sob as
ondas escuras, sufocante, e então estava sendo aberta, tão
cruelmente, que enviou pequenas rachaduras em meu coração e
fissuras em minha alma por todas as direções. Eu apertei meus
dentes para me impedir de dizer algo - qualquer coisa que
tornasse isso pior.

Tínhamos feito muitos desafios para simplesmente contar


com os dedos. Inúmeros desafios idiotas ao longo dos anos, mas
nunca desafiamos um ao outro a dormir com outras pessoas. É
verdade que pedi para ele beijar uma garota uma vez; eles se
beijaram, mas foi há anos atrás. Nossos desafios nunca
cruzaram essa linha.

Sexo... isso nunca foi uma opção. Nós nunca conversamos


explicitamente sobre isso, mas era quase uma regra tácita.

— Que olhar é esse, Lila?

Meus olhos se fecharam. Recusei-me a olhar para ele,


olhar em seus lindos olhos e não ver nada além de profunda
escuridão. Ele não estava olhando para mim como costumava.
A luz em seus olhos se foi.

Isso me assustou.

Isso me machucou.

Estava destruindo o que restava de mim.

— Olhe. Para. Mim.

Eu não queria. Não queria que ele visse a dor em meus


olhos.

— Abra os olhos, Lila. — Disse em sua rica voz de


barítono4.

Eu fiz como me foi ordenado. Ele invadiu meu espaço


pessoal, me forçando a inalar seu perfume e sentir o calor do

4 Timbre de voz rouco e aveludado.


seu corpo. — Você está falando sério? Ou você já está bêbado?
— Eu perguntei baixinho. Era difícil respirar com ele tão perto.

— Eu nunca retiro um desafio.

E eu nunca perco. Ele sabia disso. Nós dois éramos muito


competitivos e, até hoje, nenhum de nós havia desistido de um
desafio.

A mão de Maddox se levantou, e segurou minha


mandíbula. Seus dedos beijaram minha pele suavemente. Ele
sorriu, mas não combinava com o olhar em seus olhos. — O que
há de errado? Você não quer fazer isso?

— Eu não jogo para perder. — Babaca.

Maddox se inclinou para mais perto, seu rosto quase um


centímetro de distância do meu. Nossos narizes estavam quase
se tocando. Meu coração acelerou quando inclinou minha
cabeça para trás. Retire seu desafio. Retire seu desafio, Maddox.
Não me obrigue a fazer isto.

Ele enrolou o dedo indicador ao redor da mecha de cabelo


que tinha caído do meu coque. Seu hálito mentolado misturado
com o cheiro de álcool penetrou meus lábios. Eu queria
implorar a ele com meus olhos. Maddox puxou meu cabelo um
pouco antes de colocá-lo atrás da minha orelha. Ele se moveu, e
meus olhos se fecharam mais uma vez... esperando... uma
respiração desesperada travou na minha garganta, meu peito
desmoronou e meu estômago apertou.

Ele pressionou sua bochecha contra a minha, e seus


lábios demoraram sobre a minha orelha. — Não me decepcione,
chérie.

Meu corpo estremeceu e respirei fundo. Ele rasgou meu


coração e me deixou sangrando. Ele se afastou e olhou para
mim.

Maddox estava zombando de mim. Provocando-me.

Ele nunca deixou de ser um idiota. Ele apenas o escondeu


atrás de um sorriso sexy e uma expressão indiferente. Eu
pensei que havia deixado seu jeito babaca para trás. Mas não,
eu estava errada. Tão errada sobre ele. Sobre nós.

Amigos. Nós éramos amigos.

Eu pensei que talvez... ele quisesse mais. Mais de mim.


Mais de nós, do que éramos ou poderíamos ser. Eu estava tão
errada.

Maddox Coulter ainda era um idiota atrás de uma bela


máscara.

E eu era a garota estúpida que se apaixonou por seu


melhor amigo.
CAPÍTULO UM

Três anos e meio atrás

— Filho da puta... — Minha boca se fechou antes que eu


soltasse outra respiração dolorosa, enquanto meus joelhos
ameaçavam ceder sob mim.

A mesa de café me olhou inocentemente, e a encarei em


resposta. Merdinha. Eu a chutei com a minha perna não
machucada, só para me satisfazer.

Minha manhã já estava uma bagunça, e lutei contra o


desejo de extravasar a raiva na mesa de café. É verdade que
machucou meu joelho, mas, na realidade, a culpa foi minha.

Meu despertador não tocou, o que obviamente significava


que acordei tarde. Muito tarde. As aulas do primeiro período já
haviam terminado, e estava na metade do segundo período.
Então, em minha luta para me vestir às pressas, acabei
rasgando um buraco em minha blusa branca e imaculada da
escola. Ótimo. Que manhã adorável.
Afastando-me da mesa, saí correndo da casa dos meus
avós e tranquei rapidamente a porta atrás de mim. Eu tinha
que pegar o ônibus em dois minutos, ou então eu estaria
atrasada ‘pra’ caralho. O próximo ônibus só estaria daqui a
trinta e cinco minutos.

Enquanto corria para o ponto de ônibus mais próximo,


rapidamente revi minha lista matinal em minha cabeça. Quatro
coisas muito importantes. Telefone, ok. Fones de ouvido, ok.
Chaves, ok. Minha tarefa de inglês, ok.

Tudo parecia estar em ordem. Agora, eu só tinha que


chegar a tempo para a aula do terceiro período, para poder
entregar meu ensaio5 de inglês a tempo.

Ou então... balancei a cabeça, me recusando a pensar nas


consequências. Meu coração começou a correr e bater
irregularmente com o simples pensamento de obter um zero
nesta tarefa.

Sem chance. Arruinaria meu registro escolar perfeito.


Minha avó gostava de brincar e dizer que eu era paranoica, e
que tinha um pouco de TOC6 quando o assunto eram as minhas
notas. Meu avô, com uma risadinha orgulhosa, diria que eu era
perfeccionista. Eles não estavam exatamente errados.

5 Do original essay, é um trabalho analítico ou literário. É um texto breve, situado entre o poético e o
didático, contendo ideias, críticas e reflexões sobre diferentes temas.
6 TOC: O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por pensamentos e medos irracionais

(obsessões) que levam a comportamentos compulsivos.


Meu GPA7 perfeito, juntamente com mil horas de serviço
comunitário e trabalho voluntário, me levariam a Harvard. E era
tudo o que importava. Harvard era o meu caminho. Era o meu
destino e onde eu pertencia. Talvez meus avós estivessem
certos. Talvez eu estivesse obcecada com a ideia de “perfeição”.
Mas eu não me importava. Se a perfeição me desse tudo o que
eu queria, então, a Senhorita Perfeccionista eu seria.

O ônibus chegou a tempo, e eu subi feliz em não ter mais


nenhum azar. Meu assento favorito na parte de trás do ônibus
estava me esperando. Permitia-me ter a visão perfeita de todo o
ônibus, e era um assento na janela. Coloquei os fones de ouvido
e, “Hands to Myself”, da Selena Gomez, começou a tocar em
meus ouvidos. Apoiei minha testa na janela fria e observei o
mundo se mover.

Esta era, provavelmente, a minha parte favorita da minha


rotina matinal. Eu sempre fui uma observadora, e alguém podia
aprender muito em uma viagem de ônibus de dez minutos.

Pouco tempo depois, o ônibus parou e eu saí; parei na


calçada por um breve momento para olhar para o grande e
velho, ainda que assustadoramente bonito e chique, edifício na
minha frente.

A Academia Berkshire de Weston.

7G.P.A. é a sigla para grade point average, ou – média de notas. – É a forma usada nas escolas e
universidades internacionais para calcular a média semestral de cada estudante.
A escola particular para os ricos e os corruptos. Filhos de
juízes infames, senadores, associados do governo e alguns dos
advogados e médicos mais bem pagos nos Estados Unidos.

Eu não era um deles. Meu pai era professor do ensino


médio, minha mãe enfermeira, e eu a garota quieta e pobre
entre todas as famosas e ricas criações do próprio demônio. O
meu lugar não era aqui, mas eu escolhi estar aqui.

48,2% dos graduados da Academia Berkshire de Weston


acabam em alguma destas faculdades da Ivy League8: Yale,
Princeton, Dartmouth ou Harvard.

Esse pequeno fato era a razão pela qual escolhi me


matricular nesta escola durante meu primeiro ano. Agora, eu
estava no último ano em Berkshire. Mais alguns meses e estaria
fora daqui.

Respirei fundo e inalei o ar fresco de setembro. Ainda não


estava muito frio. O outono acabara de começar e as folhas
estavam começando a ficar vermelhas, alaranjadas e amarelas.
Era uma época bonita do ano; a época em que as árvores
acabavam nuas, aguardando silenciosamente o renascimento,
mais uma vez. O fim de algo bonito, enquanto espera por um
novo começo.

— Lila!

8A Ivy League é um grupo formado por oito das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos:
Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Universidade da Pensilvânia, Princeton e Yale. Muitas
delas também figuram nas listas de melhores universidades do mundo.
Meus pensamentos pararam, e me virei para ver Riley
vindo em minha direção. Ela acenou animadamente, e não pude
deixar de sorrir. Riley era uma garota doce e selvagem, e minha
única amiga em Berkshire.

Suas lindas mechas loiras saltaram quando pulou sobre


mim. — Você está atrasada também?

Eu assenti com um suspiro. Ela me provocou


atrevidamente. — De jeito nenhum! Senhorita Perfeição está
atrasada? Jesus, preciso escrever isso. O MAIS RÁPIDO
POSSÍVEL.

O desejo de revirar os olhos era forte, mas me abstive de


fazê-lo. — Você tem Cálculo Avançado a seguir, certo? — Eu
perguntei, mudando de assunto.

Eu geralmente adorava participar das provocações, mas


não estava com humor hoje. Acordar tarde me deixou um pouco
mais mal-humorada. Meu joelho estava dolorido, e doía cada
vez que dava um passo - um lembrete constante de quão incrível
minha manhã foi até agora. A Lila mal-humorada não era
divertida.

Riley ficou pensativa por um segundo. — Sim, eu tenho! —


Ela respondeu depois de um longo segundo. — Você?

— Inglês. Temos vinte minutos antes do início das aulas.


— Na verdade, preciso ver meu professor antes da aula. Eu
mencionei que odeio matemática? Sim, provavelmente fiz
centenas de vezes. Temos um teste na próxima semana e tenho
certeza de que vou reprovar. — A animação normal de Riley
desapareceu e suas sobrancelhas ficaram tensas. Ela pareceu
profundamente triste por um momento, mas com a mesma
rapidez, sua expressão mudou, e voltou a Riley feliz mais uma
vez. — Vejo você no almoço?

Agarrei sua mão antes que ela pudesse sair. — Se você


quiser, posso ajudá-la neste fim de semana com Cálculo.

Ela sorriu, todo o rosto brilhando como a lua. — Sério?


Obrigada querida. Que tal conversarmos mais sobre isso no
almoço? Podemos escolher uma hora e um lugar.

— Parece bom para mim. — Eu soltei sua mão, e ela


acenou antes de correr pelos portões.

Eu olhei para o meu telefone. Quinze minutos até a minha


próxima aula. Era tempo suficiente para pegar um café com
leite gelado. Perfeito. Talvez o açúcar ajudasse meu humor.

A cafeteria ficava a poucos metros de distância, bem ao


lado do campus. Era visitado apenas pelos estudantes de
Berkshire. Ainda não era almoço, então, quando entrei, a loja
estava bastante silenciosa. Eu pedi um café com leite gelado e
chantilly extra, e parei ao lado do aquecedor. “Sugar”, do
Maroon5, continuou tocando em meu ouvido, e suavemente
cantarolei junto com a música.

Quando uma rajada de ar frio atingiu a parte de trás das


minhas pernas, me virei para ver um grupo de garotos
barulhentos entrando na cafeteria. Eu reconheci
instantaneamente alguns deles das minhas aulas. Os gêmeos
Bennett faziam parte do grupo. Os meninos mantiveram a porta
aberta, bem na entrada. Metade do grupo usava o uniforme
necessário da Berkshire: calça, camisa, gravata e blazer. A
outra metade usava roupa de ginástica ou uniforme de futebol.

Atletas. Ugh.

Ricos. Barulhentos. Desbocados. Irritantes. Um pouco


selvagem demais. Tudo aquilo de que me afastei, e tudo que eu
desprezava.

Tanto faz.

Ignorância era uma bênção. Eu me virei e foquei em minha


lista de reprodução, meu pé batendo impaciente no chão. O
atendente estava demorando uma eternidade, e eu precisava
desesperadamente do meu açúcar. Eu podia sentir o grupo de
meninos se aproximando de mim, e os ouvi meio que pedindo
suas próprias bebidas. No meu olhar periférico, podia vê-los se
abraçando, batendo os ombros e tremendo de tanto rir. As
provocações soaram mais alto do que a música tocando em
meus ouvidos.
— Aqui está! — Eu levantei minha cabeça quando a voz
chamou em um tom melodioso. Finalmente! Minha boca encheu
de água quando a jovem me entregou o café com leite gelado, e
quase babei ao ver creme de chantilly extra. Paraíso.

— Obrigada! — Limpei a garganta e enviei um sorriso


agradecido.

Deus abençoe sua alma, mulher.

Eu me virei, enquanto simultaneamente colocava o canudo


na boca. Mas nunca tive a chance de tomar o primeiro gole da
minha bondade celestial. Não, minha felicidade durou apenas
dois segundos.

Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, uma


parede de pedra bateu em mim. Ouvi alguém xingar baixinho.
Aconteceu rápido, muito rápido para eu entender até que fosse
tarde demais. O mundo girou e inclinou em seu eixo. Meus
olhos se fecharam enquanto esperava minha queda, mas meu
rosto não beijou o chão. Fiquei suspensa no ar, meu corpo
dobrado para trás.

Alguém estava segurando meu braço... muito... muito


apertado. Dois batimentos cardíacos depois, eu estava de pé
novamente. Finalmente abri os olhos e uma respiração instável
foi expelida dos meus pulmões.
A primeira coisa que notei, foi que seu blazer azul marinho
estava molhado. Meu café... — Merda, me desculpe. Sinto
muito! — Murmurei, absolutamente horrorizada.

Então, gemi interiormente. Primeiro: por que estava me


desculpando? Ele esbarrou em mim. A culpa é dele. Não minha.
Segundo: meu café com leite gelado se foi.

Meu coração ainda estava batendo muito rápido e com


muita força após o pequeno susto, e parecia que iria pular para
fora do meu peito. Espere…

Olhei para mim mesma e vi que minha camisa branca


estava encharcada e meu sutiã rosa agora estava totalmente
visível para todos. Oh, foi aí que meu café com leite gelado foi
parar. Fantástico.

Nível de humor: Extra mal-humorada com apenas um


toque de insatisfação.

Eu deixei meus olhos viajarem pelo comprimento da


parede que esbarrou em mim. Ok, não era uma parede então.
Ele definitivamente era humano. Mas uma fortaleza, no entanto.
Eu senti aqueles músculos duros quando ele me derrubou. Era
como um caminhão me atingindo, e juro que ele poderia ter me
dado uma concussão com todos estes músculos.
Meu olhar subiu, subiu... E subiu. Jesus Cristo, ele era
alto. Eu era basicamente uma anã ao lado dele, com todos os
seus um metro e oitenta.

Meus olhos ficaram mais tempo em seu estômago, e por


um breve momento, me perguntei se ele tinha um abdômen
definido. Seu peito largo chamou minha atenção em seguida.
Ele era alto e magro, mas ainda musculoso e um pouco grande
demais para a sua idade. Eu percebi instantaneamente que
jogava futebol, seus braços fortes e ombros musculosos me
diziam isso, e ele tinha uma mochila de ginástica/esportiva
jogada sobre o ombro direito. O blazer da escola moldava
perfeitamente a parte superior do corpo. Deliciosamente.

Puta merda... eu deveria estar com raiva, certo? Quando


meu olhar finalmente pousou em seu rosto, meus olhos
decidiram que tinham sido abençoados. Um clássico garoto
bonito, com mandíbula esculpida que poderia lhe dar um corte
se você tocasse? Confere. Olhos penetrantes? Confere.
Sobrancelhas grossas? Confere. Lábios carnudos feitos para
beijar? Confere. Intensa boa aparência? Duplo confere. Ele era
um belo espécime, e eu queria colocá-lo sob o meu microscópio
para um olhar mais atento.

Seu cabelo loiro sujo era encaracolado e os cachos


apertados terminavam uns bons cinco centímetros acima dos
ombros. Dava a ele uma aparência de surfista, um pouco
selvagem e extrovertido.
Espera. Calma aí...

Eu tropecei um passo para trás e dei uma boa olhada em


seu rosto. Meus lábios se separaram, completamente
estupefatos, e engasguei com minha saliva, silenciosamente.
Você está brincando comigo?

De todos... os 325 meninos em Berkshire, tive que


esbarrar neste? Ele me olhou de cima a baixo, seu olhar
varrendo meu corpo vagarosamente como eu havia feito com
ele. Minhas bochechas ardiam, não porque ele estava me
examinando, mas porque obviamente tinha me pegado babando
nele. Este dia pode ficar pior?

Ele inclinou a cabeça para o lado, seus profundos olhos


azuis brilhando com malícia. Seus olhos acariciaram minhas
pernas nuas e então ele seguiu o caminho para cima. Minha
saia bege da escola ia até o meio da coxa, apenas alguns
centímetros acima dos meus joelhos. Ele parecia ter um grande
prazer em ver minha pele nua.

Lentamente, seu olhar subiu. O Senhor Desastrado


encarou descaradamente meus seios. Pelo amor de Deus, ele
era tão óbvio. O canto de seus lábios se inclinou para cima e me
deu um sorriso digno de desmaio.

Ele riu, uma risada profunda que saiu aproximadamente


de dentro de seu peito. — Bem, acho que isso os melhora um
pouco.
Hã?

Seus amigos riram sarcasticamente e gargalharam. Cole


Bennett, um dos gêmeos, até dobrou e chiou como se tivesse
acabado de ouvir a melhor piada do século.

Eu segui seu olhar para o meu peito e depois olhei de volta


para ele. Espere... ele estava... ele... apenas...?

Meu corpo ficou tenso e endireitei minha coluna. —


Desculpe-me?

Meu cérebro finalmente entendeu e pude sentir o vapor


saindo dos meus ouvidos.

Como ele ousa!

Cruzei os braços sobre o peito, minhas bochechas ardendo


e segurei um rosnado irritado. Sim, meus seios eram pequenos.
Os dois montes eram quase inexistentes em comparação com as
outras garotas da minha idade, e basicamente pararam de
crescer quando eu tinha catorze anos.

Mas. Ele. Não. Tinha. Que. Esfregar. Isso. Em. Minha.


Cara.

Oh, espere, me esqueci. Ele era um idiota. O Senhor-


Imbecil.

Maddox Coulter.
Estrela quarterback9 da Academia Berkshire.

Bad boy imprudente. Playboy infame.

O Casanova da turma sênior10 e garoto de ouro.

E sim, um babaca de classe A, com níveis incomparáveis


de idiotices. Maddoxx era bem conhecido em Berkshire. Seu
rosto foi catalogado dentro do cérebro e coração de todo mundo,
e eu não queria ter nada a ver com ele. Exceto que, dos 325
meninos de nossa escola, tive que esbarrar nele hoje.

Ele ainda estava sorrindo, e soltei um suspiro irritado. —


Você vai se desculpar comigo ou não? Você esbarrou em mim.
— Eu fervi, empurrando meu copo vazio entre nós.

Seus olhos azuis escuros se estreitaram nos meus seios


novamente. Aparentemente, o Sr. Coulter tinha um déficit de
atenção, porque escolheu ignorar minhas palavras e decidiu se
concentrar nos meus seios. Os mesmos seios que ele apenas
insultou.

Cruzei os braços sobre o peito novamente e olhei para ele e


seus amigos. Seu olhar finalmente encontrou o meu, e eu
odiava que ele tivesse olhos tão lindos. Não os merecia.

Maddox deu de ombros, com indiferença. — Você estava


no meu caminho. Opa!

9 Posição de ataque no futebol americano.


10 Para referência escolar, sênior é o nome que se dá para aqueles que estão no quarto e último ano
do Ensino Médio (nos Estados Unidos, o Ensino Médio tem quatro anos de duração).
Ele está falando sério?

Ele deu um passo à frente, seu corpo grande demais se


aproximando do meu pequeno corpo. — Eu tenho uma camisa
extra no meu armário. Vou dar a você, considerando que a que
você está vestindo está encharcada.

Sua voz baixou em um tom rouco quando pronunciou


suas próximas palavras. — Com uma condição. Se eu der
minha camisa, fico com seu sutiã. É fofo. Eu amo as pequenas
flores nele, baby.

Eu tropecei de volta, horrorizada. Eu sabia que ele era


imaturo, rude e vulgar, mas esse era um outro nível de idiotice.
Assassinato é um crime, Lila. Você pode ir para a prisão por
muito tempo.

Meus olhos se estreitaram nele. — Você sabe o quê? Eu


não tenho tempo para isso. Pegue sua atitude de merda e tente
impressionar outra garota com ela.

Maddox piscou, seu sorriso estúpido desaparecendo por


um segundo, antes que seus olhos se iluminassem, quase como
se amasse o fato de eu estar o rejeitando.

Eu me virei, joguei minha xícara de café vazia no lixo e


decidi me afastar de Maddox. Pena que ele estava no meu
caminho, se recusando a ceder. Revirei os olhos interiormente e
passei por ele. Ele estava tão perto que fui forçada a tocá-lo,
nossos corpos esfregando um contra o outro enquanto eu
passava. Um sorriso arrogante estava estampado em seu rosto
estupidamente bonito.

Bem. Ele queria jogar... então eu jogaria.

Depois de dar dois passos à frente, dei uma pequena


reviravolta para o lado, o que permitiu que minha bolsa batesse
nele. No alvo. Quando ouvi um assobio de dor, soube que o
canto da minha bolsa esbarrara em sua virilha e seu pau
provavelmente também sentiu o impacto.

Virei a cabeça e olhei para Maddox por cima do ombro. Ele


se dobrou e estava se ajeitando entre as pernas. — Você estava
em meu caminho. Opa! — Falei preguiçosamente, repetindo
suas palavras de antes.

Meu nome do meio é “Cadela”. Eu não tinha tempo para


um bad boy, mas também não ia deixar que brincasse comigo
como se eu fosse uma de suas fãs.

Seus olhos azuis oceano se fixaram nos meus e eles


escureceram um pouco. Maddox endireitou a coluna e ficou em
pé novamente. Ele era imponente, sua presença quase
possuindo toda a cafeteria. Enviei a ele um sorriso doce antes
de ir embora.

Se eu não saísse deste café em um minuto, me atrasaria


para a minha aula de inglês.
A intensidade do seu olhar queimou em minhas costas. Eu
podia sentir o calor disso, dele. Minhas bochechas coraram e
meu corpo ficou mais quente. Eu sabia que ele estava olhando
para minha bunda. Eu podia sentir isso.

Maddox Coulter estava oficialmente na minha lista de


merda.
CAPÍTULO DOIS

Eu cheguei na hora certa para a aula de inglês e entreguei


meu ensaio com sucesso — tudo graças à camisa reserva que
eu tinha no armário. A que eu usava esta manhã estava
encharcada do meu café gelado derramado pelo garoto que não
deve ser mencionado.

Assim que o sino tocou indicando o início da aula, a Sra.


Levi iniciou sua palestra sobre mitologia grega. Ela alternava
continuamente entre ler o livro e escrever notas no quadro.

Ciência pode ser minha paixão, mas Inglês era minha


matéria favorita. Eu adorava ler, adorava aprender sobre o
idioma — cada pedacinho dele. Meu interesse começou com
Shakespeare, embora tenha sido Edgar Allen Poe quem fez me
apaixonar pelo Inglês.

— Fundo naquela escuridão cravando os olhos, estive


por longo tempo ali, a pensar, apavorado, em dúvida,
sonhando sonhos, que mortal nenhum antes de mim ousou
sonhar.
Eu posso ou não ter memorizado a maioria de seus
poemas depois de lê-los repetidamente. Apenas havia algo
estranhamente bonito na maneira como ele tecia suas palavras.

— A Medusa tem vários mitos sobre sua vida, os mais


comuns são sobre sua morte e sua dolorosa destruição. — A voz
da Sra. Levi me trouxe ao presente, enquanto ela nos
apresentava a história da Medusa. — Este será o nosso foco
pelas próximas duas semanas. Sua próxima tarefa será baseada
neste tópico em particular; portanto, se certifique de fazer sua
pesquisa em casa e venha para a aula com suas perguntas. O
ensaio será quinze por cento da sua nota. Discutiremos isso
com mais profundidade nos próximos dias.

Ela continuou falando sobre a Medusa e escrevi todas as


minhas anotações, marcando as importantes de caneta
vermelha. Eu gostava de manter minhas coisas organizadas,
mesmo que para outras pessoas parecesse um pouco demais.

No meio da palestra da Sra. Levi, pausei minhas


anotações. Fazia alguns minutos agora, e eu não podia mais
ignorar o sentimento. Minha pele formigou e minhas costas
pareciam aquecer sob o olhar intenso de alguém. Eu podia
sentir os minúsculos pelos dos meus braços se arrepiarem. Era
uma sensação estranha, e não conseguia mais me concentrar
na Sra. Levi.
Eu sempre me sentei na primeira fila de todas as minhas
aulas, mas geralmente eu era invisível para todos.

Hoje, porém... alguém estava me encarando intensamente.

Era impossível não sentir.

O olhar queimava em minhas costas, abrasador...


Esperando por uma reação, até que fui forçada a espiar por
cima do ombro.

Nossos olhos se encontraram primeiro.

Os meus – ampliando com surpresa. Os dele - com


diversão.

Meu queixo ficou frouxo e o encarei de volta, com força. De


jeito nenhum, porra.

Ele estava sentado na última fila no fundo da classe, no


canto, próximo à parede. Havia uma grande lacuna entre nós,
mas eu ainda o sentia.

Maddox Coulter estava com os dois cotovelos sobre a


mesa, os dedos enfiados debaixo do queixo, se apoiando neles.
Seus olhos azuis brilhavam perversamente, e quando continuei
a olhar para trás, seus lábios se curvaram em um sorriso
preguiçoso.

Bem... merda.
Eu virei para frente da classe novamente e me repreendi
mentalmente. Esse dia pode ficar pior?

Como eu pude não notar ele?

Era apenas a terceira semana de aula, e nunca prestei


atenção em quem sentava atrás. Meu foco sempre foi a Sra. Levi
e o que estava ensinando. Conhecendo Maddox, provavelmente
havia pulado mais da metade das aulas nas últimas três
semanas. Eu conhecia sua reputação. Ele raramente vinha para
a aula e, quando o fazia... vinha com drama e muita idiotice.

Eu mentalmente apoiei o rosto nas palmas das mãos em


descrença, enquanto mastigava meu lábio inferior,
nervosamente. No calor do momento, agi sem pensar; com
certeza, ele era o idiota nessa situação, mas ninguém
atravessava o caminho de Maddox sem lidar com as
repercussões.

Com minha melhor expressão indiferente, rapidamente


espiei por cima do ombro novamente. Ele ainda estava me
encarando... e me pegou olhando, de novo. Seus olhos eram do
azul mais profundo, brilhando com malícia. Preguiçosamente
esfregou o polegar para frente e para trás através da mandíbula
quadrada, enquanto inclinava a cabeça para o lado, erguendo
uma sobrancelha solitária quase ironicamente.

Maddox me observou como se estivesse avaliando sua


presa.
Eu não gostei do olhar que estava me dando, e não tinha
interesse em estar no radar dele.

Ele pode ser o jogador, mas eu não seria o jogo.

Tente novamente, Coulter.

Dando a ele o olhar mais afiado que consegui, enviei-lhe


um sorriso gelado e depois me virei para encarar a Sra. Levi.

Durante o resto da aula, tentei ao máximo não prestar


atenção em Maddox. Foram os cinquenta minutos mais longos
da minha vida, enquanto lutava ao máximo para não me
contorcer na cadeira. Ele continuou olhando, e conseguia sentir
isso - senti-lo sorrindo e me provocando silenciosamente.

Meus dedos se apertaram e abriram em volta da caneta e,


quando o sino finalmente tocou para o almoço, soltei um
suspiro profundo de alívio.

— Maddox, preciso que você fique por mais alguns


minutos. — Anunciou a Sra. Levi, com um olhar duro.

— Não posso, professora. Tenho coisas para fazer.

— Você fica ou terá detenção por duas semanas. Decida,


Sr. Coulter.

Havia um fato muito importante sobre a Sra. Levi, e era


por isso que ela era minha professora favorita: ela não aceitava
besteira de ninguém. Ela não estava intimada por Maddox ou
por quem ele era.

Todos os alunos olhavam de um lado para o outro entre a


Sra. Levi e Maddox, prendendo a respiração e esperando.

— Classe, vocês podem sair para almoçar.

Houve gemidos e sussurros quando todos se levantaram e


começaram a sair da sala de aula. Todo mundo estava
esperando pelo drama, com Maddox no meio disso. Ha!

Eu também me levantei, seguindo o rebanho. A


curiosidade tomou conta de mim e olhei por cima do ombro,
uma última vez. Maddox ainda estava sentado em sua cadeira,
com os braços cruzados sobre o peito largo. Seu olhar me
seguiu enquanto eu saía da classe e, por mim, eu quis dizer
minha bunda.

Notei Colton Bennett, o gêmeo número um, de pé ao lado


da cadeira de Maddox. Eles murmuraram algo um para o outro,
e o olhar de Colton encontrou o meu antes que risse de algo que
Maddox disse.

Maddox poderia estar em minha lista de merda, mas...


tinha a sensação de que eu também estava na dele.
Riley acenou para mim quando entrei na cafeteria
barulhenta. Ela já estava sentada à mesa e eu sorri,
caminhando até ela. — Ei! — Ela falou dando uma mordida no
sanduíche de frango. — Eu comprei um para você também.

— Obrigada, baby. — Eu me sentei à sua frente e peguei o


sanduíche que ela ofereceu. Era a nossa coisa. Às vezes, eu
comprava o almoço para ela e outros dias, ela retribuía o favor.

— Então, com o que exatamente você precisa de ajuda em


matemática? — Eu mastiguei meu sanduíche frio e vi Riley fazer
beicinho.

— Tudo! — Ela murmurou, fazendo beicinho ainda mais.


— Isso não faz sentido para mim! O único gênio que pode me
ajudar é você.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. — Por que sinto


que essa amizade é unilateral?

— Cadela, sim, estou usando você por suas habilidades


para me ensinar matemática.

Era mentira; nós duas sabíamos disso. Riley e eu nos


olhamos por um segundo antes de rirmos.
Ficamos amigas durante o primeiro ano, depois que
Jasper, outra estrela do futebol da Academia Berkshire, partiu
seu coração. Essa era uma maneira “legal” de dizer isso. Eles
namoraram por seis meses; ele era o cavalheiro perfeito a
princípio. Quando ela finalmente lhe deu a virgindade, ele
terminou com ela dois dias depois. Mais tarde, ela descobriu
que Jasper a estava traindo o tempo todo, e que apenas a
namorou para ganhar uma porra de aposta. Ele passou o resto
do ano espalhando rumores estúpidos sobre ela. Ela perdeu
suas amigas líderes de torcida e a doce Riley...? Ela se tornou a
próxima pária. Eu estava lá e a vi desmoronar, passando de
Miss Popular para um zé-ninguém.

O que acontece quando a exilada número um encontra a


exilada número dois? Claro, se tornam melhores amigas. Eu era
a nova aluna e Riley foi a minha primeira amiga. Era um trato
feito.

— Então... ouvi sussurros no corredor. — Ela começou, me


olhando de perto.

— Hã?

— Sobre uma garota que jogou café no Maddox Coulter


esta manhã. — Riley deixou a frase pendurada antes de dar
outra mordida no sanduíche.

Meu coração bateu forte no meu peito, tão forte e tão


rápido. Sufocando uma tosse, rapidamente cuspi: — Despejei
café nele? Desculpe-me? Ele esbarrou em mim derramou o meu
café em cima de mim.

Riley se recostou na cadeira, dando a última mordida no


almoço. — Eu não disse que era você, mas obrigada por
confirmar isso. — Ela respondeu com a boca cheia. — Seu nome
foi mencionado uma vez, mas eu não queria acreditar em nada
até ouvir isso de você.

Meu Deus! Os rumores já estavam circulando?

— Então, ele esbarrou em você? — Riley pressionou,


parecendo bastante divertida com essa mudança repentina de
eventos.

— Sim! — Sibilei baixinho. — Ele nem se desculpou! Minha


camisa ficou molhada, mas graças a Deus eu tinha uma de
reserva no armário.

— Por que não estou surpresa? Você acha que Maddox é o


tipo de cara que pede desculpas? Pense de novo, querida. Eu o
conheço desde o ensino fundamental. Coulter não se desculpa.
Nunca. Todo mundo se curva para ele.

Eu suspirei em resposta e Riley deu de ombros. — Ele é o


garoto de ouro.

Para as pessoas da Academia Berkshire, ele era um deus


entre os mortais.
Para mim? Ele era apenas mais um garoto que tinha muito
poder nas mãos e não sabia como usá-lo. Maddox não era um
herói para mim.

Se ele esperava que eu adorasse o chão em que andava,


como todas as suas fãs, ele estava prestes a ficar
completamente decepcionado.

Riley se inclinou para frente e bateu em meu nariz com o


dedo indicador. — Fique fora do seu caminho, Lila. Ele vai foder
com você e no final te deixar quebrada. Garotos como ele não
são confiáveis.

Sua voz era grossa, e eu podia ver as emoções estampadas


em seu rosto. Jasper realmente a quebrou. Suas cicatrizes não
eram visíveis; ela as escondeu com um sorriso bonito, mas eu
sabia que ainda estava machucada por dentro.

— Não se preocupe. Não tenho planos de jogar o seu jogo.

Riley olhou para mim. — Eu não acredito em você. Você é


competitiva por natureza, Lila. Se ele empurrar, você vai
empurrar de volta duas vezes mais.

Mordi meu lábio inferior e dei a ela um olhar


envergonhado. Ela estava certa...

— Que tal isso? Prometo não me apaixonar por ele.


— Uma garota a menos no harém de Maddox. — Ela
concordou.

Revirei os olhos. — Ok, hoje é quinta-feira. Que tal nos


encontrarmos no sábado? Vou analisar no que você precisa de
ajuda então.

Riley assentiu antes de suas bochechas corarem. — Você


terá que começar do início. Não me mate.

— Será um sábado muuuito longo. — Ela me chutou por


debaixo da mesa e eu soltei uma risada.

— Cadela. — Riley jogou sua garrafa de plástico vazia em


minha cabeça, rindo.

O resto do meu dia foi sem incidentes. Fiquei fora do


caminho de Maddox. Havia alguns sussurros nos corredores
sobre mim, mas os ignorei também.

Eu me senti bastante confiante de que, depois de hoje,


todos esqueceriam a cena do café, e Maddox definitivamente
esqueceria minha existência. Ele tinha muitas garotas para
distraí-lo.

Exceto... que nunca estive tão errada na vida.

No dia seguinte, meu pesadelo começou.


CAPÍTULO TRÊS

Na manhã seguinte, encontrei Maddox fora da nossa aula


de inglês. Ele estava encostado na parede, as pernas compridas
cruzadas no tornozelo, com as mãos enfiadas nos bolsos. Seus
caros sapatos de couro eram brilhantes e sem amassados. Ele
não usava o blazer azul marinho, mas sua camisa branca
estava enrolada nos cotovelos, expondo seus fortes antebraços.
A gravata pendia frouxa do pescoço.

Ele era bonito de se olhar, tinha que admitir, mas a sua


visão me incomodou.

Havia uma loira curvilínea presa ao seu lado, praticamente


colada contra ele. Ela sussurrou algo em seu ouvido, mas ele
não estava prestando atenção. Maddox parecia entediado, e a
pobre garota estava se esforçando bastante. Fuja, não se
apaixone por seus encantos. Eu queria enfiar algum juízo nela.

No momento em que seu olhar caiu em mim, ele sorriu


lentamente.
Meu sangue ferveu e pressionei meus lábios firmemente,
me recusando a reconhecê-lo. Inclinei meu queixo e segui em
frente. Se o ignorasse, ele iria embora, disse a mim mesma.

Pena que não passava de falsa esperança.

Quando tentei entrar na sala de aula, Maddox se afastou


da garota. Ela protestou, mas logo desistiu quando percebeu
que era inútil.

Ele se virou de lado e colocou o braço para fora,


bloqueando a porta e efetivamente me impedindo de entrar. —
Ei, Garcia.

Maddox me lançou seu famoso sorriso na tentativa de me


derreter. Revirei os olhos. — Coulter, — disse em
reconhecimento. — Você está em meu caminho.

Eu tentei passar por ele, mas ele não se mexeu; claro, ele
era uns trinta centímetros mais alto que eu, mas Maddox era
uma barreira imóvel. — É bastante cômico que pense que pode
me mover.

Havia algo sobre Maddox que me irritava. Era como se


tivesse atingido um nervo que eu não sabia que tinha. Ele me
fazia sentir nervosa. Eu não sabia por que me sentia assim, mas
ficava na defensiva perto dele.

— Um joelho no seu pau vai fazer você se mover, então. Ou


você se move sem ferimentos, ou a sua máquina de fazer bebês
estará em perigo. — Inclinei minha cabeça para o lado,
segurando minha bolsa por cima do ombro e esperando ele se
mexer.

Meus lábios torceram em meu sorriso mais falso e doce.


Maddox me encarou por um segundo antes dele finalmente se
mover, se dobrando levemente até a cintura e colocando o braço
em movimento dentro da sala de aula. — Senhoras primeiro.
Depois de você.

Revirei os olhos, mais uma maldita vez, porque ele era tão
irritante. Empurrando seu corpo duro, entrei na aula com um
bufo e me acomodei na cadeira. Ele entrou como se fosse o dono
do lugar e passou por mim até sua mesa no fundo da sala de
aula.

Maddox propositalmente roçou meu ombro enquanto


passava ao meu lado. — Opa, foi mal! — Ele murmurou
sombriamente. Eu podia ouvir o riso em sua voz.

Meus dedos se apertaram, mas eu me contive.

Meus dias continuaram assim.

Notei-o me seguindo ocasionalmente. Às vezes, chamava


meu nome em voz alta nos corredores, chamando a atenção de
todos para mim. Outras vezes, propositalmente esbarrava em
mim na aula ou na cafeteria. Muitas vezes eu o pegava sem
fazer nada além de seguir silenciosamente atrás de mim. Ele
sabia que isso me irritava, e fazia de propósito. Para. Me. Irritar.

Há uma semana, eu era completamente invisível para


Maddox Coulter. Agora, eu era o centro da sua atenção.

O estopim foi quando ele invadiu meu armário e roubou


minha camisa reserva. Ele até deixou uma nota: Qual é a cor
do seu sutiã hoje?

Na verdade não, essa não foi a pior parte.

A pior parte foi quando ele decidiu reencenar uma cena de


Romeu e Julieta na cafeteria...

Ele era Romeu, de pé sobre a mesa, e confessando em voz


alta seu amor eterno a Julieta para que o lugar inteiro ouvisse.

Quem era Julieta?

Oh, eu…

Ele estava sendo dramático e bastante exagerado em sua


performance por apenas um motivo: me envergonhar.

Todo mundo olhou... riu... gargalhou, até que Riley e eu


fomos forçadas a deixar a cafeteria; acabamos almoçando
embaixo de uma escada. Eu odiava me esconder, odiava a
atenção, e Riley... estava prestes a explodir.
Maddox estava esperando por uma reação, estava me
provocando... empurrando e empurrando, esperando uma
ruptura, como fiz na cafeteria. Mas jurei que não jogaria seus
jogos estúpidos.

Ele iria parar eventualmente, me convenci. Logo ele se


cansaria de mim, disse a mim mesma. Eu estava errada, de
novo.

Na quinta-feira, uma semana depois de lidar com seu


absurdo, Maddox ainda não havia desistido.

— Uh-oh! Ele está aqui. Talvez devêssemos fugir agora. —


Riley se levantou, levando sua bandeja de almoço com ela.

— Sente-se! — Eu sibilei. — Nós não vamos fugir. Vamos


almoçar e ignorá-lo.

— Ele está vindo em nossa direção, — ela relatou,


balançando a cabeça. — Oh merda, aqui vamos nós de novo.

Minhas costas se endireitaram e me preparei para o que


estava por vir. Eu balancei a cabeça para Riley, deixando-a
saber, que estava tudo bem. Suas sobrancelhas se uniram em
uma carranca antes dela dar um olhar duro para quem estava
parado atrás de mim.

Eu senti Maddox antes de vê-lo. Sua presença me cercou,


e tranquei minha mandíbula, cerrando os dentes. Ele pegou a
cadeira ao meu lado e a virou antes de se sentar, montando
nela. Maddox se inclinou para frente, usando as costas da
cadeira como apoio de braço. Seus amigos se sentaram em volta
da nossa mesa, pegando suas próprias cadeiras e se juntando a
nós. Riley soltou um suspiro longo e exasperado.

Sem falar comigo, ele puxou minha bandeja e pegou minha


maçã. Com grande aborrecimento, me forcei a olhar para o seu
rosto. Seus cabelos loiros e sujos estavam presos em um coque
pequeno e bagunçado. O resto dele estava imaculado. O
pequeno brinco de diamante em sua orelha brilhava à luz,
brevemente chamando minha atenção. Maddox trancou os
olhos comigo, antes de dar uma mordida na maçã vermelha. —
Hummm, suculenta.

— Essa é a minha maçã.

— Estava solitária. Estou dando a ela alguma atenção. —


Ele disse, dando outra mordida enorme.

Larguei meu garfo com um barulho alto. — Coloque. A.


Maçã. Para. Baixo

Maddox ficou imperturbável. — Ou o quê?

— Você vai se arrepender, Coulter.

Ele soltou uma risada profunda, como se minha ameaça


não significasse nada para ele. — Você ladra, mas não morde,
docinho.
Docinho? Desculpe…?

— Você sabe do que me lembra? Uma pequena chihuahua


tentando lutar com um cachorro maior e mais forte quando
sabe que não pode vencer. Cuidado, ou você acabará com uma
mordida desagradável, Garcia.

Peguei minha maçã da sua mão e me inclinei para frente,


aproximando nossos rostos. — Você sabia que chihuahuas são
conhecidos como uma raça agressiva quando estão mal-
humorados? E quando querem morder, eles mordem com força.
Cuidado, ou você vai acabar com uma mordida desagradável,
Coulter.

Levei a maçã à boca e dei uma mordida antes de perceber


o que estava fazendo. Os olhos de Maddox brilharam antes de
seus lábios se curvarem. — Acho que acabamos de compartilhar
nosso primeiro beijo indireto.

Oh, pelo amor de Deus!

Colton riu antes de roubar um brownie da bandeja de


Riley. Ela sibilou, e seus olhos endureceram com um brilho. A
garota antes de Jasper teria explodido. A nova Riley? Ficou
quieta.

— Foi um beijo ruim. Você pode fazer melhor que isso,


cara. — Disse Colton, seu corpo de um metro e oitenta
tremendo de rir.
Maddox agarrou minha cadeira e me puxou para mais
perto dele, as quatro pernas fazendo um som estridente. A
cafeteria inteira estava assistindo agora. Eu podia sentir os seus
olhares queimando atrás de mim.

— O que você diz Garcia? Vamos fazer um show para esses


panacas? — Sua voz baixou, sugerindo um tom sedutor.

— Não estou interessada. Seus lábios provavelmente têm


mais doenças do que o rabo de um porco. — Eu devolvi a maçã,
dando-lhe o meu melhor sorriso. — Considere essa aqui uma
caridade. Da próxima vez, não serei tão gentil.

Os meninos gritaram com a minha resposta.

Maddox me encarou, seus olhos azuis segurando


incisivamente os meus. Ele ainda estava sorrindo. Eu não sabia
por que ele continuava fazendo isso, sorrindo como se estivesse
tendo o melhor momento de sua vida, lutando verbalmente
comigo.

Não achei divertido nem engraçado.

Afastando-me da mesa, levantei e peguei minha bandeja


vazia. Riley seguiu o exemplo e saímos da cafeteria.

Maddox e seus amigos não seguiram.


A Sra. Levi me deu um aceno de aprovação e soltei um
suspiro aliviado. — Essa foi uma explicação fabulosa, Lila.

— Obrigada! — Comecei a me sentar, me sentindo


bastante satisfeita comigo mesma. Passei duas horas na noite
passada escrevendo meu ensaio, relendo todas as minhas
anotações e escrevendo essa análise.

— Discordo. — Uma voz profunda de barítono interrompeu


meu momento feliz.

O calor subiu pelo meu pescoço, e me encolhi sob os


repentinos olhares examinadores vindos do resto da classe.
Incluindo o dele.

— Desculpe? — Disse entre dentes, me virando para


encarar Maddox. Ele estava sentado relaxado em sua cadeira.

Maddox se inclinou para frente na cadeira, cruzando os


braços sobre a mesa. Quando falou, seu tom era suave e
desinteressado. — Às vezes somos jogados em uma situação
difícil, na qual precisamos fazer uma escolha difícil. Às vezes,
não é a melhor ou a escolha certa. Mas talvez seja a única opção
que temos.
— Você poderia elaborar isso, Maddox? — A senhora Levi
exigiu.

— Ao longo da história grega e da mitologia, a Medusa


sempre foi vista como uma vilã. Você fez um bom argumento de
que Atena é uma anti-heroína, mas você também foi em frente e
pintou Medusa como uma vilã, mais uma vez. Medusa já foi
uma mulher muito bonita, uma sacerdotisa declarada por
Atena. Ela passou seus dias e noites no templo de Atena. Aqui
está o que todos sabemos... ela foi punida por quebrar seu voto
de celibato. Atena a amaldiçoou, e Medusa se tornou a mulher
com cabelos de serpente. Mas... foi realmente culpa dela? A
história diz que ela se divertia com Poseidon. Alguns dizem que
ele a seduziu, mas o artigo que a Sra. Levi nos designou para ler
revelou que era uma mentira para esconder o fato de que, na
realidade, Poseidon a estuprara. Ela nunca teve a chance de
defender seu caso ou falar por si mesma. Poseidon disse que
Medusa o seduziu e, com raiva e inveja, Atena a amaldiçoou.
Uma vez que se transformou em um monstro, trouxe terror ao
templo e qualquer um que pisasse dentro era instantaneamente
transformado em pedra. Agora, é fácil categorizar Atena como
antagonista. Afinal, foi ela quem deu o espelho mágico ao
guerreiro, que foi usado para transformar Medusa em pedra e
eventualmente a matou. Poderia ser um ato de misericórdia? —
Maddox fez uma pausa, inclinando a cabeça para o lado,
pensativo. — Talvez Atena tenha se arrependido de transformar
Medusa em um monstro. Talvez Atena tenha descoberto a
verdade sobre Poseidon. Talvez... matar Medusa fosse a única
maneira de garantir sua paz. Nem Medusa, nem Athena são
vilãs. Eu diria que as duas são anti-heroínas que foram jogadas
em uma situação muito ruim.

— Uau... hmm, é uma maneira muito interessante de ver


isso, Maddox. Uma análise muito profunda, devo dizer. — Eu
pude ouvir o choque na voz da Sra. Levi. Ela provavelmente não
estava esperando isso.

Eu? Meu corpo inteiro dedilhava de vergonha.

— Sua análise teria sido melhor se você tirasse um


momento para pensar de forma inovadora. Considere esta
crítica construtiva. — Disse Maddox, seu olhar no meu. —
Espero que você não se importe com a minha pequena dica.

Mordi o lábio, tentando me segurar de dizer algo estúpido


na frente da classe. — Obrigada! — As palavras tinham um
gosto amargo em minha língua.

Pressionando meus lábios firmemente, retomei meu


assento.

Eu estava ciente de Maddox me encarando. Ele não tinha


pulado uma aula de inglês desde que tinha como objetivo me
irritar. Maddox fez questão de que eu pudesse sentir sua
presença o tempo todo.
Ele não queria que eu esquecesse - eu era a presa; ele era
o caçador.

Assim que o sino tocou, fui a primeira sair da sala. Era


difícil admitir... mas eu estava fugindo.

Riley já estava me esperando no pátio. — Uh, oh. Essa


expressão me diz que Maddox puxou outro de seus movimentos
idiotas novamente.

Joguei minhas mãos no ar, segurando um grito frustrado.


— Ele me envergonhou na frente da classe.

— O que ele fez desta vez?

Riley e eu nos acomodamos de pernas cruzadas, na grama


fria. Entreguei a ela o sanduíche que minha avó embalou para
nós esta manhã, o favorito de Riley. Peru, alface, queijo e
mostarda defumada caseira. Nós comemos nossos sanduíches,
enquanto contava o que aconteceu na aula.

— Você está chateada por ele estar certo e ter feito uma
análise mais inteligente do que a sua... ou você está chateada
por ter envergonhado você na frente da classe?

— Eu... — Minha boca se fechou, porque Riley... estava


certa. Ela me conhecia tão bem. Eu sempre fui competitiva por
natureza.
Eu fiz um som agravado no fundo da minha garganta
antes de admitir a verdade. — Ok, tudo bem. Estou chateada
que ele tenha feito uma análise melhor e estou chateada por ter
me constrangido assim. E ele chamou de crítica construtiva.
Maddox pode enfiar isso na sua bunda. Ele estava tentando me
envergonhar.

— Nós estabelecemos isso. Você está na lista de merda


dele, mas você está o deixando chegar até você, querida.

Eu mastiguei agressivamente em torno da minha última


mordida. — Eu não estou. — Riley estava certa, no entanto.

Maddox Coulter, com seu sorriso bonito, olhos bonitos e


cabelo de surfista, estava tendo o tempo de sua vida brincando
comigo, e eu estava deixando.

Eu apertei os punhos no meu colo. Não mais.


CAPÍTULO QUATRO

Primeiro, ouvi minha mãe gritar.

Então, houve silêncio. Isso aconteceu em um nano segundo.


O mundo se inclinou de repente, minha visão embaçada, antes
de tudo ficar preto. Eu afundei em um lugar muito escuro. Por um
longo tempo, fiquei lá... acordada... desaparecendo... coração
batendo... entorpecida... perdida...

O silêncio desapareceu lentamente e um zumbido o


substituiu, enchendo meus ouvidos. Parecia que a única coisa
dentro da minha cabeça era estática.

Minha garganta estava seca, arranhada por dentro e não


conseguia emitir nenhum som.

Mamãe? Papai?

Eu não conseguia ver nada. Tudo estava tão escuro... tão


vazio...
Lembrei-me do som do vidro esmagado, misturado com o
distinto estalo de ossos quebrando. Lembrei-me de minha mãe
gritando e meu pai... lembrei-me... A dor veio a seguir.

Meus ossos e órgãos frágeis pareciam estar sendo


desintegrados e esmagados em uma pequena caixa sufocante.
Eu não conseguia respirar. Doía muito. Meu torso queimava como
se ácido estivesse sendo derramado sobre ele. Havia uma faca
cravada, dolorosamente, no meu peito... não, não uma faca... Não
sabia... Mas doía. Parecia um punhal ou um martelo sendo
golpeado no meu peito.

Eu pisquei... me forçando a respirar, mas não conseguia.


Meus pulmões contraíram com tanta força que tinha medo que se
encaixassem um no outro. Quando tossi, a agonia percorreu meu
corpo e meus lábios rachados se separaram com um grito
silencioso.

Mãe... Pai…

Não consegui falar. O zumbido não parava em meus


ouvidos.

O gosto de sangue acobreado se acumulou na minha boca;


tinha um gosto amargo, e eu podia senti-lo encharcando minha
língua e o interior da minha boca. Sangue…?

Não…

Como…
O que…

Eu me lembro…

A briga... Neve do lado de fora... No carro... Mamãe...


Papai... Eu... Lembro-me dos gritos... Meus ossos pareciam ter
sido mutilados juntos, e meu peito estava sendo esculpido.

Eu levantei minha cabeça um pouco e olhei para o meu peito


para ver... sangue. Em toda parte, muito sangue. Suguei ar
comprimido e tentei gritar, tentei respirar, mas meus pulmões se
recusaram a trabalhar.

Não. Não. Não. Por favor. Não. Oh Deus, não. “MAMÃE”, eu


queria gritar. “PAPAI”.

A dor nunca terminou. A escuridão nunca desapareceu.

Eu acordei com um suspiro, minha boca aberta em um


grito silencioso. Encharcada de suor frio com o coração batendo
rápido, tentei respirar desesperadamente.

Dez. Inspirar. Nove. Expirar. Oito. Inspirar.

Eu não morri. Eu não estava morta.

Sete. Expirar. Seis. Inspirar. Cinco. Expirar.

Foi apenas um sonho, disse a mim mesma.


Quatro. Inspirar. Três. Expirar. Dois. Inspirar.

Meu peito doía; a dor era quase paralisante.

Um. Respire, caramba.

Lágrimas quentes ardiam em meus olhos enquanto as


impedia de se derramarem sobre minhas bochechas. Esfreguei
meu peito, tentando aliviar a dor forte. Um gemido escapou dos
meus lábios rachados e sufoquei um soluço.

Não chore. Não ouse chorar.

Respirei pelo nariz, o medo retrocedendo lentamente, e o


tranquei em uma gaiola. A dor e o gosto do sangue acobreado
desapareceram, e meus sentidos voltaram para mim.

Apenas um sonho, eu disse a mim mesma. Exceto…

Meus olhos se fecharam e soltei minhas lágrimas não


derramadas. Fiz o que meu terapeuta havia me treinado para
fazer, contar de dez para trás e respirar. Então, eu fiz, e ao fazê-
lo, tranquei as memórias.

Uma vez que meu coração acelerado se acalmou de novo,


saí da cama e comecei minha rotina matinal.

Enquanto penteava meus cabelos, meus olhos caíram na


moldura da mesa de cabeceira. Uma foto minha no meu décimo
terceiro aniversário. Eu estava no meio, com meus pais de
ambos os lados. Nós estávamos rindo; nossos rostos estavam
manchados de glacê de bolo.

Meus lábios tremeram com a lembrança, um fantasma de


um sorriso, quando relembrei nosso tempo juntos.

Coloquei a escova de cabelo ao lado da pequena moldura.


Meus dedos deslizaram sobre a foto, acariciando seus rostos. —
Sinto falta de vocês, — sussurrei para eles. — Mas estou bem.
Eu prometo. Eu estou bem.

Eles continuaram sorrindo para mim.

— Lila! — A voz da minha avó quebrou o momento. — O


café da manhã está pronto.

— Estou indo!

Peguei minha bolsa e saí do meu quarto. Sven Wilson, ex-


militar e agora veterano aposentado, meu querido avô estava
sentado à mesa do café da manhã. Com um jornal na mão,
enquanto a vovó Molly fazia panquecas para nós. Era uma
manhã típica.

— Bom dia! — Eu os cumprimentei com um sorriso.

— Sente-se, sente-se. Você vai se atrasar.

— Ela está bem. Lila raramente se atrasa para as aulas. —


Disse o vovô. Ele piscou, antes de tomar um gole de chá.
Eu pisquei de volta porque sabia que ele me apoiava.
Sempre. Vovó me entregou um prato e me deu um tapinha na
bochecha.

— Como vão as coisas na escola, querida? Você tem ficado


escondida em seu quarto ou na biblioteca. Não tivemos tempo
de conversar.

— Está indo bem, — respondi com uma mordida nas


panquecas. — Eu gosto dos meus professores. Vocês precisam
de ajuda no supermercado? Eu posso ir durante o fim de
semana.

Vovô acenou com a mão, balançando a cabeça. — Não há


necessidade. Nós podemos lidar com isso.

Eu segurei um sorriso. Ele se recusava a reconhecer que


estava ficando mais velho e eles, de fato, precisavam de ajuda.
Ambos estavam na casa dos setenta e não podiam mais
administrar o supermercado por conta própria. Mas Sven
Wilson era teimoso.

— Que tal colocar uma inscrição de contratação? Vou fazer


as entrevistas e até treiná-los por alguns dias.

— Talvez seja uma boa ideia. — Vovó concordou, com um


sorriso terno nos lábios.
— Eu cuido disso. Vou colocar a inscrição neste fim de
semana. Tenho certeza que você terá muitos estudantes que
querem trabalhar em meio período.

Eu rapidamente terminei minhas panquecas e me levantei.


— Obrigada pelo café da manhã. — Depois de beijar
rapidamente os dois na bochecha, acenei adeus e saí correndo
de casa.

A brisa fria de outubro me atingiu, e respirei o perfume da


manhã. Choveu ontem à noite. O cheiro da grama depois da
chuva atingiu minhas narinas, e isso me acalmou.

Se fosse um dia normal, eu diria que hoje seria bom. Mas


meus dias não eram mais normais. Desde que Maddox decidiu
que eu era o seu brinquedo.

Fazia uma semana desde o argumento da Medusa, e


Maddox ainda estava irritante como sempre, se não pior.

Deus me dê paciência.

Eu estava na fila da lanchonete, esperando para pegar


minha comida, quando o vi. Nossos olhos se encontraram e
Maddox se aproximou, como se estivesse em uma missão.
Merda.

Eu rapidamente coloquei meus fones de ouvido e olhei


fixamente para o meu telefone. Maddox parou atrás de mim, o
calor praticamente rolando por ele. Eu podia sentir as pessoas
olhando para nós, de novo... esperando por outra cena
dramática. Eu rapidamente me tornei a piada favorita de todos.

A Academia Berkshire era um tanque de tubarões.

Como se vê, em Berkshire, apenas os fortes sobrevivem. Os


mais fracos são caçados, mastigados e cuspidos como lixo.

Maddox estava no topo - o líder da matilha. Ele era o rei e


usava a coroa com um sorriso arrogante. Ele era intocável para
seus rivais, e era o pau favorito de toda garota para cavalgar.

E eu não queria nada com ele.

Seu corpo roçou no meu enquanto se aproximava de mim.


Maddox me cutucou com o cotovelo.

Eu o ignorei. — Ei, Garcia.

Percorri minha lista de reprodução, me recusando a


reconhecê-lo. — Droga, você está me ignorando?

Quando não respondi, Maddox soltou um suspiro falso. —


Você me magoou.
Revirei os olhos pela enésima vez, mas continuei a ignorá-
lo. Eu não esperava que ele fosse tão ousado, mas quando
estendeu a mão para puxar meus fones de ouvido, soltei um
rosnado frustrado.

Meu corpo girou e eu o enfrentei. A primeira coisa que


notei foi que estava vestindo seu uniforme completo da
Berkshire hoje. O blazer azul marinho moldava seu peito e
ombros como se fosse feito sob medida, especialmente para ele,
e as calças bege não escondiam o quão forte eram suas coxas.
Em vez de colocar o cabelo em outro coque bagunçado, o soltou
hoje. Os cachos loiros e apertados terminaram uns bons
centímetros acima dos ombros.

— Você sabe que quando as pessoas estão com fones de


ouvido... significa que elas não querem que ninguém fale com
elas? Esse é o sinal universal de Fique-Longe-De-Mim-Porra-E-
Não-Fale-Comigo! — Disse alto o suficiente para as pessoas ao
nosso redor ouvirem. Ugh

Se olhares pudessem matar, ele estaria a sete palmos do


chão agora. Irritação borbulhou dentro de mim com o fato de
que eu estava checando ele.

Sim, ele era gostoso. E daí? Maddox era um espécime


perfeito para se olhar. Pena que ele tinha uma personalidade
agravante.
Maddox se inclinou para mais perto, um pequeno sorriso
brincando nos lábios. Seu hálito quente penetrou a pele do meu
pescoço exposto, e quando sussurrou no meu ouvido, sua voz
era baixa e profunda.

— Eu não sou todo mundo. Eu sou especial.

Ele se afastou, seus olhos azuis brilhando com


travessuras. — E eu sei que você quer que eu fale com você.
Não nos vimos ontem, e eu não estava na aula hoje. Saudades
de mim, docinho?

Ha! Eu tive dois dias muito tranquilos e não estava


reclamando.

Cruzando os braços sobre o peito, soltei uma risada sem


absolutamente nenhum traço de humor. — Muito arrogante11?

— Eu amo o som dessa palavra saindo da sua boca. — Seu


olhar mudou para os meus lábios por um segundo, os
observando com atenção extasiada antes que encontrasse meus
olhos novamente.

Eu senti o sangue correr entre meus ouvidos, e tentei


segurar meu rosnado.

— Diz de novo! — Ele pediu calmamente, o que me irritou


ainda mais. — Lentamente desta vez.

11Maddox faz um trocadilho em relação à palavra “cocky”, que significa arrogante, e tem quase a
mesma pronúncia da palavra “cock”, que é uma das gírias utilizadas para pau.
Respirei fundo antes de soltar o ar. Eu estava tentando
tanto não dar um soco nesse cara. — Escute, Coulter. Você
precisa se afastar, ou vou fazer algo muito ruim.

— Como o quê? — Ele estava me testando, empurrando e


pressionando... esperando pelo que eu faria ou pelo que eu era
capaz.

— Eu não sei. Talvez dê um soco no seu pau com tanta


força que irá recuar para a sua bunda. Você já ouviu falar de
espaço pessoal?

Meu corpo estava tenso como uma corda de arco. Ele


estava muito perto de mim, tão perto que senti o perfume de
sua colônia e loção pós-barba. Ele cheirava bem e...

Eu não gostei da maneira como meu corpo de repente


decidiu apreciar a sua aparência ou o seu cheiro. — Dê um
passo para trás. Agora! — Eu rosnei.

Maddox deu um passo à frente, se pressionando em mim e


me forçando contra a parede. Seus olhos azuis escureceram e
todos os sinais de travessuras desapareceram de repente. — Eu
não obedeço bem às demandas. Acho que você já sabe disso.
Sempre faço o contrário. Você, por acaso, me queria mais perto?

Eu levantei minhas mãos e empurrei seu peito, mas ele


não se mexeu.

— Você é tão cheio de si.


— Você poderia estar cheia de mim. Hora, data e endereço.
Você escolhe, docinho! — Ele murmurou em meu ouvido, seus
lábios sussurrando sobre a minha pele.

Que... merda... é... essa?

Uma voz nos interrompeu antes que eu pudesse explodir.


— Próximo! — A senhora no final da fila de alimentos chamou
novamente. — Próximo! — Maddox se afastou e finalmente
consegui respirar novamente.

Eu nem tinha percebido que estava prendendo a


respiração ou que meus batimentos cardíacos estavam
estranhamente irregulares.

Eu não deveria estar me sentindo assim. Eu não era fraca.

Não, em um tanque cheio de tubarões, eu não seria


caçada.

Endireitando minha coluna, passei por ele sem um


segundo olhar.

Foda-se, Coulter.

E o jogo continua.
CAPÍTULO CINCO

— Você quer ir para a casa mal-assombrada este ano?

Não conseguia me lembrar da última vez que estive em


uma casa mal-assombrada. Eu as odiava quando criança, mas
meu pai sempre segurava minha mão quando íamos em
alguma. Com ele, eu estava segura, e nada nas casas
assombradas me assustava.

Todo Halloween, a Academia Berkshire constrói sua


própria casa mal-assombrada no recinto da escola. Era uma
tradição que começou há uma década, e até hoje, ainda a
honramos.

Dei uma mordida na pizza, mastigando enquanto


contemplava a pergunta da Riley. — Acho que poderíamos dar
uma olhada.

Ela bateu palmas, o rosto se iluminando de emoção. —


Ouvi dizer que será mais assustador do que no ano passado.
Eles vão dar o máximo dessa vez. Será divertido! Que tal um
tempo de garotas? Vamos para a casa mal-assombrada, depois
uma festa do pijama em minha casa? Filme e pizza?

Riley continuou a tagarelar com entusiasmo enquanto eu


tentava ignorar todos os olhos em mim. Era difícil quando eles
tornavam isso tão óbvio. A lanchonete havia se tornado um
pesadelo agora. Eu poderia ter enfiado o rabo entre as pernas e
saído correndo; poderia ter me escondido - mas nunca fui de
aceitar derrota.

Desde que Maddox me fez sua presa, eu era o centro das


atenções. Há um ano, quando me matriculei na Berkshire, me
acostumei a todos os olhos julgadores.

Lila Garcia, a garota “pobre”. Eu não tinha sapatos Louis


Vuitton, bolsas Chanel ou o Iphone mais recente. Eu não
andava com um quilo de maquiagem no rosto, nem era uma
líder de torcida que constantemente se esfregava contra os
atletas. Eu não era uma seguidora.

Eu sempre fui a pessoa de fora, mas depois de alguns


meses dos olhares críticos sobre mim e seus constantes
julgamentos, eles se esqueceram de mim. Eu me misturei à
multidão e logo fiquei invisível. Isso tornou a vida mais fácil.

Até Maddox.

Agora, as meninas olhavam para mim com desprezo, como


se eu fosse a terra sob seus pés. Elas me encaravam com inveja
porque eu tinha a atenção de Maddox enquanto os meninos me
encaravam com interesse óbvio.

Ninguém fez uma jogada.

Riley disse que eu era o troféu de Maddox. Ninguém


ousaria se aproximar de mim. No momento em que ele olhou
para mim, me tornei intocável para o restante da Academia
Berkshire.

Uau, sorte a minha.

Riley estalou os dedos no meu rosto, me fazendo piscar.


Ela sorriu docemente. — Ignore-os, Lila.

Eu cantarolei em resposta antes de dar outra mordida na


pizza fria.

— Então, casa mal-assombrada e depois festa do pijama?


— Riley perguntou novamente.

— Ok, eu gosto dessa ideia. Mas não sou muito fã de casas


mal-assombradas.

— Eu vou segurar sua mão. Vai ser romântico! Eu e você,


caminhando no escuro. Vou proteger você dos bandidos. — Ela
murmurou, como uma heroína de romance, um pouco
dramática demais.

— Engraçado. Muito engraçado. Se eu não soubesse


melhor, diria que você gosta de bocetas.
Ela fez uma pausa, parecendo pensativa por um momento.
— Eu beijei uma garota uma vez. Alguns anos atrás. Foi um
desafio, e gostei. Ela tinha lábios muito macios e disse que eu
beijava bem. Quer descobrir?

Quando ela se inclinou sobre a mesa, franzindo os lábios,


soltei uma pequena risada. — Hum, não. Fique longe de mim,
Riley.

— Estou decepcionada. — Disse ela com um beicinho fofo.

O olhar de Riley pousou atrás do meu ombro novamente,


antes que ela corasse e rapidamente desviasse o olhar.

— Ok, é isso. O que está acontecendo?

— O quê? — Ela fingiu inocência, batendo seus longos


cílios para mim.

Eu olhei por cima do ombro antes de enfrentá-la


novamente. — Ele. Você continua olhando para ele e corando. E
aí?

— Nada. — Ela foi muito rápida com a negação. Tem


alguma coisa aí.

— Riley, quem é ele?

Vi o momento em que ela cedeu. Seus olhos se suavizaram


e mordeu os lábios inferiores. — Este é Grayson.
— E? — Eu a chutei debaixo da mesa, exigindo mais
respostas.

— Ouvi alguns sussurros no corredor. Eles não eram


muito legais. Ele foi intimidado um pouco na semana passada.
Jasper e seus amigos estavam sendo idiotas, mas Grayson
apenas os ignorou e se afastou. Aparentemente, ele estava
vivendo nas ruas por um tempo antes de ser adotado
recentemente por um famoso advogado e sua esposa. Eles não
podem ter filhos. Ainda não sabemos muito sobre ele, mas está
em duas das minhas aulas.

Olhei por cima do ombro novamente, finalmente dando


uma boa olhada em Grayson, que estava sentado no outro
extremo do refeitório, em um canto, sozinho. — Eu não sabia
que você curtia nerds.

Grayson usava um par de óculos pretos no nariz e estava


lendo um livro. Eu pude ver o apelo e definitivamente entendi
por que ele chamou a atenção de Riley.

— Ele é um nerd, mas você o viu? Ele é sexy com letras


maiúsculas. S E X Y. Mas ele é meio mal-humorado. Ele
realmente não fala com ninguém. O típico solitário. Mas é
inteligente e nos esbarramos um no outro na semana passada.
Lembra das contusões nos meus joelhos? Sim, Grayson me
levou para a enfermaria depois que eu caí e percebeu meus
joelhos sangrando.
Sim... eu me lembrava daquele incidente. Eu havia
encontrado Riley na enfermaria; ela estava sozinha, mas agora
que eu estava pensando nisso, ela estava corando muito e era
uma bagunça gaguejante.

— Bem, pelo menos ele não é um idiota.

Riley soltou um suspiro sonhador. — Ele é doce. Exceto


que ele mal me olhou. Eu disse oi para ele algumas vezes, e
Grayson apenas... me ignorou. Aparentemente, ele não gosta
quando as pessoas falam com ele.

— Eu não achei que você fosse tão afim de nerds...

O último garoto que Riley namorou era um atleta e um


idiota. Depois de Jasper, fazia sentido ela amaldiçoar todos os
caras como ele.

— Tudo bem, vou confessar meu segredo. Eu gosto de


nerds. Há apenas algo atraente neles.

Eu não podia negar que Grayson era realmente atraente


aos olhos.

— Nerds sexys e mal-humorados, você quer dizer.

Riley estourou uma bola de chiclete na boca. Ela olhou por


cima do meu ombro novamente, onde estava sua nova paixão.
— Exatamente. — Cantou.
Eu ergui uma sobrancelha para ela. — Grayson,
especificamente.

— Sim. Pena que ele nem sequer olha para mim. — Disse
com um beicinho.

— É por isso que você usou maquiagem extra hoje, enrolou


seu cabelo e deixou sua saia mais curta?

Eu já sabia a resposta, mas ainda queria ouvir dela.

Uma risada nervosa borbulhou dela, e girou uma mecha


de cabelo ao redor do dedo. — Você percebeu isso?

Minha doce amiga. Segurando a sua mão sobre a mesa,


dei-lhe um pequeno aperto reconfortante. — Seja você mesma,
Riley. Se ele gosta de você, você saberá.

Ela soltou um suspiro, seus olhos se movendo para


Grayson uma última vez antes de se concentrar em mim. —
Então, o que há com você e Maddox?

Torci o dedo para ela e Riley se inclinou para mais perto,


como se estivéssemos prestes a compartilhar um segredo. Isso
meio que era - um segredo.

— Ele quer uma briga? Vou lhe dar uma briga.

O rosto de Riley se iluminou, e um enorme sorriso se


espalhou por seus lábios. — Vamos ser más?
Bem, se ela quer colocar dessa maneira... Então sim,
estávamos prestes a ser muito más.

— Oh, vamos jogar os seus jogos, com minhas regras.

Ela bateu na mesa alto o suficiente para agitar nossas


bandejas e sorriu. — Estou dentro!

Meus lábios tremeram e eu segurei meu próprio sorriso.


Maddox estava prestes a ser derrotado em seu próprio jogo de
merda.

— Você consegue vê-lo? — Perguntei, me inclinando para


mais perto da Riley. As aulas haviam acabado duas horas atrás
e estávamos escondidas no corredor, que também dava para o
enorme campo de futebol. Onde, muito convenientemente, os
meninos estavam praticando. Eles teriam um jogo muito
importante em uma semana, e ouvi dizer que o treinador estava
sendo muito duro com os treinos.

— Não acredito que estamos nos escondendo com


binóculo, Lila. Mas sim, eu posso vê-lo. Ele está jogando muito
bem. Você colocou muito pó na calça dele?
— Não, só um pouco, mas o suficiente para fazê-lo
enlouquecer.

Um bufo deselegante veio de Riley. — Você é tão insolente,


porra.

Soltei um suspiro falso, mas o desejo de me defender era


forte. — Ele começou.

— Hã! Ok, ele apenas parou no meio do jogo.

— Sim?

Riley olhou em seu binóculo, os ombros tremendo de tanto


rir. — Oh, ele parece confuso. O treinador está caminhando até
ele. Lila! — Ela sussurrou antes de cair na gargalhada. — Ele
está coçando a parte interna das coxas agora. Oh meu Deus, ele
parece um macaco. Os meninos estão gritando. Oh, merda. Ele
está voltando para cá. Ohhh, ele está irritado!

Bom!

— Quão irritado? — Eu exigi, me sentindo muito orgulhosa


de mim mesma. Maddox era feito de pedra. Ele era intocável, e
se eu, a banal Lila Garcia, conseguisse deixá-lo tão irritado,
então eu venci.

— Ele está realmente zangado. Ele ainda está se coçando.


Você deveria ver o olhar no seu rosto!
Riley me entregou o binóculo, e olhei através dele. Fiel às
suas palavras, Maddox estava marchando pelo campo como um
touro louco. Seu rosto estava cheio de raiva, suas narinas
inflamando como um animal selvagem. Ele estava fervendo, e eu
apostaria que ele descobriu o que aconteceu. Talvez não quem
estava por trás da brincadeira, mas pelo menos o que foi feito
com ele. Deveria ter me assustado, o olhar brutal em seu rosto,
mas não pude deixar de rir do jeito que ele não conseguia parar
de coçar suas coxas e virilhas musculosas.

Como se pudesse me sentir, seus olhos tempestuosos se


conectaram com os meus através do binóculo, embora eu
tivesse certeza de que não havia como ele me ver. Riley e eu
estávamos perfeitamente escondidas.

Mas por precaução, me abaixei no chão. — Ei, você tem


certeza... que é seguro? Quero dizer, queria brincar com ele,
mas o que fizemos não é muito extremo, certo?

Riley afastou minhas preocupações. — Não. Ele ficará


bem. O pó de mico não deixa efeitos colaterais duradouros. É
inofensivo. Eu meio que me sinto mal por seu pau, no entanto.

Meu queixo aperta quando me lembro da cena da


lanchonete onde ele havia me encurralado. — Ele merece isso
depois do comentário que fez na cafeteria. Ele me propôs sexo,
como se eu fosse algum tipo de...
Riley bateu uma mão na minha boca antes que eu pudesse
terminar minha frase. — Shh, ele está vindo.

Nós duas dobramos a esquina ao mesmo tempo que


Maddox invadiu o prédio e entrou no vestiário.

— Eu me sinto como uma espiã. — Anunciou Riley em


meu ouvido, rindo baixinho.

Basicamente, estávamos espionando ele.

Riley e eu nos aproximamos do vestiário. A porta estava


parcialmente aberta e espiamos dentro. Estava vazio, já que
todos estavam no campo, exceto Maddox. De onde estávamos,
podíamos ouvir o barulho do chuveiro.

— Ele deve estar com muita coceira agora.

Eu silenciei Riley quando ela não conseguiu mais conter


sua risada.

— Você consegue vê-lo?

Fico na ponta dos pés, tentando dar uma olhada lá dentro.


— Não.

Poucos minutos depois, o chuveiro desligou e então eu


pude vê-lo.

— Oh! — Riley sussurrou atrás de mim.

Sim, oh!
Maddox estava de peito nu, com uma toalha enrolada
frouxamente nos quadris. Seu corpo ainda estava molhado e
brilhando como se não se importasse em se secar no momento
em que saiu do chuveiro. Ele esfregou outra toalha pelo longo
cabelo encaracolado, antes de passar pelo resto do corpo.

Eu o odeio; eu realmente o odeio, mas não havia como


negar. Algo no físico dele estava fazendo minha mente ficar mole
e todas as minhas partes de mulher formigarem. Inalei
profundamente quando captei a visão à minha frente.

Maddox limpou furiosamente as gotas de água do seu


peito musculoso até que sua pele ficasse rosa. Tentei desviar o
olhar, era a coisa decente a fazer, mas falhei miseravelmente.
Meus olhos curiosos encontraram seu torso, e mordi meu lábio,
me dando um tapa mental, mas... Eu. Não. Podia. Evitar.

Era como estudar uma estátua habilmente esculpida em


um museu. Peito maravilhosamente esculpido, braços fortes e
coxas masculinas bem definidas. Auguste Rodin teria implorado
para esculpir um homem como Maddox Coulter, já que ele
estava perto da perfeição.

— Até os seus mamilos são sexy. — Riley sussurrou.

Meu coração bateu no peito, e esbarrei nela. Eu tinha


esquecido completamente que ela estava lá comigo, e também
estava observando Maddox.
Eu assisti quando ele abriu o armário e vasculhou. Os
efeitos do pó ainda não haviam desaparecido, pois ele ainda
estava coçando a virilha.

Eu poderia dizer no momento em que ele leu a nota que


lhe deixei. Suas costas ficaram rígidas e os músculos de seus
ombros se contraíram tensos. Maddox se virou de lado, me
dando a visão perfeita dele enquanto apertava minha pequena
nota em seu punho.

Como está a sua virilha? — Lila

Primeira regra ao declarar um plano de vingança bem


traçado: sempre deixe uma nota para trás, para que seu inimigo
saiba que é você. Jogue sujo, mas não seja covarde.

Ele murmurou algo baixinho e balançou a cabeça, antes


que eu percebesse algo que não esperava. Eu esperava que ele
estivesse bravo, e estava, mas então seus lábios se contraíram.
Maddox esfregou o polegar sobre os lábios cheios e sorridentes.

— Oh, oh! — Riley murmurou atrás de mim. — Não tenho


certeza se gosto do olhar em seu rosto.

— Senhoritas, o que estão fazendo aqui? — Outra voz se


juntou a nós, alta o suficiente para fazer meu coração pular na
garganta, e me fazer engasgar.

Riley e eu pulamos fora do vestiário, e giramos para ver


uma professora nos dando o olhar. Oh merda, fomos pegas.
— Está tarde. Por que vocês duas ainda estão na escola?
— Ela exigiu com as mãos nos quadris.

— Hum, esquecemos uma coisa. — Gaguejei, olhando para


Maddox enquanto contemplava minha fuga.

A cabeça de Maddox se virou para mim ao mesmo tempo e,


pela porta parcialmente aberta, por apenas um nano segundo,
nossos olhares colidiram. Seus profundos olhos azuis intensos
brilharam de surpresa, e eu podia jurar que seu olhar queimava
através de mim, fazendo com que uma onda quente se
espalhasse pelo meu corpo. Então... o momento se foi.

Riley agarrou minha mão, já me afastando. — Desculpe!


Estamos indo embora.

Nós saímos correndo da escola e, uma vez que passamos


pelo portão principal de Berkshire, Riley e eu paramos.

— Merda. Essa foi por pouco. — Riley ofegou com as mãos


nos joelhos.

— Mas valeu a pena.

Ela endireitou as costas, uma sobrancelha perfeita


levantada. — Você tem certeza? Maddox não é do tipo que vai
deixar te deixar em paz. A vingança é um prato que se come
frio. Ele vai revidar, provavelmente não amanhã ou no dia
seguinte, mas irá, e confie em mim, não acho que será bonito.
— Ele não deveria ter mexido comigo. Estou preparada
para qualquer coisa que ele jogue em meu caminho. —
Respondi, lutando com um sorriso.

Lembrei-me do olhar de Maddox, quando nossos olhos se


encontraram brevemente no vestiário. Não admiti isso em voz
alta, mas queria ver o que Maddox poderia fazer e até que ponto
ele iria me empurrar. Era muito tentador mexer com ele, retaliar
depois de ver a reação de Maddox... Ele começou esse jogo, e
agora, eu estava dentro.
CAPÍTULO SEIS

A garota em meu colo moeu contra mim. Seus seios


estavam praticamente saindo de seu vestido vermelho apertado,
e ela os empurrou em minha cara. Agarrei sua bunda em uma
mão e fumei um baseado com a outra. Senhorita-Seios-Falsos
soltou um gemido que soou saído diretamente de um filme
pornô.

Embora já tenha visto pornografia melhor. Ela era


inexperiente e bastante amadora. Tentando demais, com pouco
respeito próprio.

Boceta fácil, foda fácil. Eu não tinha que caçá-las; elas


pousavam no meu colo.

— Maddox. — Ela ronronou no meu ouvido. Meu queixo se


contraiu quando peguei uma lufada de seu perfume e o forte
cheiro de álcool em sua respiração. Ela estava bêbada e me
montando como uma cadela no cio.

Qualquer outro dia, eu já estaria em sua boceta... hoje à


noite, meu pau não estava de bom humor.
Ou então, só não estava com disposição para ela.

No sofá oposto, Colton enfiava a língua na garganta de


uma garota. Brayden e Cole estavam em uma conversa
acalorada sobre a partida de futebol desta semana. Nós
vencemos, foi um grande momento. A Escola Estadual Leighton
nem valia nosso tempo. Knox, nosso melhor linebacker12, estava
desaparecido, provavelmente estava em um quarto perdido em
uma boceta.

E eu estava entediado, porra. Bêbado e entediado.

A festa em que estávamos era uma droga, e eu precisava


de algum tipo de ação, algo para fazer meu sangue bombear,
algo perigoso. Eu estava ansioso por uma briga e uma foda.
Pena que a garota no meu colo não provocou absolutamente
nenhum efeito no meu pau.

Seus lábios se separaram e senti sua língua em meu


pescoço. Ela chupou minha garganta, mordendo
provocativamente. — Vamos sair daqui. Ir para um lugar mais
calmo.

— Se você quer foder, vai ser aqui.

Ela se afastou, seus olhos verdes encapuzados e confusos.


— Aqui?

12 Posição de defesa no futebol americano.


Eu levantei uma sobrancelha, divertido. A única razão pela
qual ela estava sentada no meu colo e me montando, era porque
precisava foder uma estrela do futebol de Berkshire, para que
pudesse dar uma volta e esfregar nos rostos das outras
meninas. Eu era o bilhete dela para ser a Miss Popular na
escola pública Leighton, a rival de Berkshire.

— Tímida demais para uma pequena audiência?

Ela olhou em volta, gaguejando. — Na-não.

Aperto sua bunda, nem mesmo me incomodando em ser


gentil. Isso foi um aviso. — Eu não curto meninas doces.

Não, garotas doces não faziam nada para a minha libido.

Garotas mal-humoradas, no entanto, sim... elas faziam


meu pau ficar duro.

Cheia de atrevimento, com olhos castanhos, cabelos


pretos, quadril curvilíneo e uma linda bunda latina que faria
qualquer homem cair de joelhos, implorando por um gosto.

Sim, ela era um maldito problema, mas era exatamente o


que meu pau queria.

Lila Garcia.

Pena que ela não me queria perto dela.


Inalei o baseado pela última vez e exalei a fumaça, sem me
preocupar em afastar minha cabeça. Eu sabia que estava sendo
um babaca, mas ei... garotas como ela queriam idiotas como eu,
então, quem diabos se importava?

Deixando cair o que sobrou do baseado no cinzeiro, a


encarei. Ela torceu o nariz, mas seus olhos brilharam com
determinação. O que não havia percebido era que eu comia
garotas como ela no jantar antes de cuspi-las duas horas
depois, sem culpa e com um pau muito satisfeito.

Enrolei uma mão em volta da sua nuca, aproximando sua


cabeça do meu rosto. — Você quer um gostinho de mim?
Fazemos do meu jeito.

Ela olhou em volta novamente, as bochechas coradas e já


estava um pouco sem fôlego. — Você ao menos sabe meu nome?

— Você sabe o meu? — Joguei de volta, embora a resposta


fosse óbvia. Claro, ela sabia quem eu era. Senhorita-Seios-
Falsos estava aqui apenas para me usar, assim como eu estava
prestes a usá-la. Jogo justo.

— Quem não sabe? Você é Maddox Coulter. E para sua


informação, meu nome é Madison.

Ela pensou que fosse especial. Notícias de última hora: ela


não era o tipo de garota com quem eu acordaria na manhã
seguinte. Arqueei uma sobrancelha com um tsc. — É o seguinte,
não preciso saber o seu nome para te foder.

Senhorita-Seios-Falsos, hã... Madison, passou os braços


em volta dos meus ombros. Seus quadris se moveram em um
movimento circular bastante tentador, quando ela praticamente
moeu contra meu pau através de nossas roupas. Qualquer
transeunte pensaria que estávamos transando.

Ela soltou uma risadinha falsa. — Seus pais não lhe


ensinaram algumas maneiras?

Ela estava brincando; era uma piada de merda.

Mas a raiva silenciosa dentro de mim borbulhou,


ameaçando explodir, sem qualquer cuidado com as
consequências. Foda-se ela. E foda-se queridos mamãe e papai
também. Maneiras? Não, eles não me ensinaram nada, assim
como também não davam a mínima se eu vivesse ou morresse.

Entrei nessa festa porque queria esquecer.

Mas Madison, também conhecida como Vadia, me irritou


ainda mais.

Ela me lembrou do por que de estar aqui, me fez pensar


nos meus fodidos pais quando eu estava tão inclinado a
esquecer a existência deles.
Papai querido me pegou fumando hoje, descansando no
sofá e assistindo TV. Ele entrou com seu parceiro de negócios.
Oh, ele sabia que eu fumava, exceto que ele nunca se importou.
Mas Brad Coulter não queria que eu desse um mau exemplo em
frente um dos seus parceiros de negócios; sua imagem sempre
foi mais importante que minha saúde.

— Você não fuma em minha casa, — ele sussurrou na


minha cara, dando um passo ameaçador em minha direção.
Houve um tempo em que meu pai era mais alto e maior que eu.
Ele costumava ser intimidador, e suas palavras eram lei em
nossa casa. Mas isso foi tempos atrás.

Agora, eu era maior... mais alto... mais cruel. Ele não me


assustava. Agora, ele apenas me irritava, muito frequentemente.

— Eu fumo desde os treze anos. Nunca soube que tínhamos


uma regra. Você parecia não se importar antes, pai.

Seus lábios se curvaram com nojo, e eu senti. Eu senti


isso... sua raiva, sua decepção, sua repulsa. Minhas mãos se
fecharam e exalei pelo nariz. Com pouca idade, aprendi
rapidamente como mascarar minhas emoções até me tornar uma
sólida parede de nada. Você me abriria e encontraria algo vazio
por dentro.
— Eu constantemente questiono se você realmente é meu
filho.

Quando tinha sete anos, meu coração congelou no peito.


Mas suas palavras, até hoje, ainda podiam me queimar como
ácido nas veias. Meu pai segurava uma flecha na mão, a ponta
dela em chamas, e era apontada diretamente para o meu peito,
meu maldito coração era seu alvo. — Não. Eu sou definitivamente
seu filho. Você é um idiota, eu sou um idiota. Isso corre em nosso
sangue. — Seus olhos azuis, os mesmos que os meus,
escureceram e seu rosto ficou cruel.

— Brad! — A voz suave de minha mãe nos interrompeu. —


Eles estão esperando, vamos lá. Maddox, volte para o seu quarto.
Este acordo é importante para o seu pai.

Eu ouvi suas palavras não ditas. Por favor, pelo amor de


Deus, não estrague tudo.

Ele deu um passo para trás, sua mandíbula tensa e


tremendo. Sem me dar outro olhar, se afastou. Vi o olhar nos
olhos de minha mãe, seus lábios entreabertos, e esperei que
dissesse algo. Mas não havia mais nada a dizer, então ela se
afastou também.

E então, eu fui dispensado. Vi meus pais depois de três


semanas e, mesmo sem uma saudação, fui ignorado e esquecido.
Como sempre. Assim como há dez anos...
Quando eu mais precisei deles. Eu fui deixado para trás,
trancado no escuro... esquecido.

— Maddox, — ela ronronou em meu ouvido novamente. Eu


pisquei, o passado ficando fora de foco e caí no presente.

Liguei para Colton depois da briga com meu pai. Ele não
precisava me fazer perguntas, sabia o que eu precisava. Então,
aqui estávamos nós, invadindo a festa da Leighton, sabendo
muito bem que estávamos prestes a irritar um monte de gente.

Sim, era exatamente isso que precisava. Uma boa luta,


uma boa foda.

Marley... espere, não... Madison esfregou as mãos sobre o


meu peito e ombros. — Você é tão grande e forte. Tão forte, em
todos os lugares certos.

Ela estava tão ansiosa para me agradar, tão ansiosa por


ser apenas mais uma garota em minha lista.

Meus dedos se enroscaram em seus cabelos, torcendo os


grossos fios loiros ao redor do meu braço. Meus dedos cravaram
em seu couro cabeludo, e ela estremeceu, antes de rapidamente
escondê-lo com um sorriso falso. Sem cuidado, a empurrei no
chão. Ela caiu de joelhos com um gemido baixo, seus olhos
arregalados piscando para mim, sem foco, confusos e com
expectativas demais.
Seus lábios rosados se separaram, esperando, e pensei,
droga, por que não. Com uma mão, soltei meu jeans. — Vamos
usar bem suas habilidades de garganta profunda, não é?

Seu rosto se iluminou e ela se aproximou entre minhas


coxas. Talvez ela não fosse tão ruim assim, afinal. Pelo menos
estava disposta a chupar pau. Algumas cadelas pensavam que
eram bonitas e elegantes demais para ficar de joelhos.

Um rosnado alto veio do lado de fora, fazendo todos nós


pararmos. Houve mais gritos e, em minha mente nebulosa,
percebi que Colton não estava mais na mesma sala. Brayden e
Cole também se entreolharam, confusos.

— Ele não é de Berkshire? — Os sussurros começaram a


ficar mais altos.

Brayden e Cole se levantaram do sofá ao mesmo tempo


que eu. Senhorita-Seios-Falsos gritou quando caiu de costas
com força. — Que diabos?

Afivelei meu jeans antes de marchar para fora, Brayden e


Cole seguindo de perto. Ah, caralho.

Colton estava parado no meio do gramado da frente,


sorrindo como um maldito maníaco, enquanto estava cercado
por um bando de garotos da Leighton.
— Sua garota queria que sua boceta fosse comida, —
anunciou, alto o suficiente para que todos ao redor pudesse
ouvir. — Você não estava fazendo um bom trabalho, cara.

A garota em questão, que era a mesma garota no colo dele


alguns minutos antes, soltou uma desculpa meio idiota. Seu
rosto estava vermelho, e se escondeu atrás das amigas.

Notei Samuel, Quarterback da Leighton, avançando. Ah,


então ele era o namorado. Essa também era a sua festa e não
fomos convidados.

Sim, éramos problemas com P maiúsculo.

Colton foi capaz de bloquear o primeiro soco, que só serviu


para irritar mais Samuel. Ele estava lívido enquanto tentava
levar Colton ao chão, sem sucesso. Maricas.

Era uma luta justa... por pouco tempo.

Os meninos da Leighton avançaram, cercando Colton até


que ele ficasse encurralado.

— Foda-se, não! — Brayden rosnou.

Meu queixo travou, e o fogo dentro de mim queimou como


lava, líquido quente e ardente. Cortamos a massa de pessoas,
nossos corpos em uma corrida de adrenalina.

Sem pensar muito, puxei um dos garotos para longe e ele


caiu para trás. Fraco e inútil.
Samuel se virou, o rosto vermelho e uma máscara de fúria.
Meus dedos se dobraram e, antes que pudesse piscar, meus
dedos fizeram contato com seu rosto. Não é mais um rosto tão
bonito, hein?

Ele rugiu, mas se virou rapidamente, bloqueando meu


próximo golpe. O álcool estava fodendo com os meus sentidos
agora, e ele me pegou nas costelas. A dor que percorreu meu
corpo me levou a lutar com mais força e crueldade.

Ele se lançou para mim, batendo, mas errando. Eu podia


ouvir os outros lutando, a briga ficando mais alta e mais
bagunçada.

Isso não era apenas uma briga. Era uma retaliação. Uma
luta baseada no ego: quem tinha as bolas maiores, quem era
mais forte. Enfiei meu ombro no peito de Samuel, jogando-o no
chão. Ele me atacou de volta, mas fui capaz de dar socos sólidos
em seu estômago. Nós dois estávamos saindo daqui com pelo
menos uma costela quebrada.

A decepção do meu pai - soco.

A falta de cuidado de minha mãe – soco.

Minha infância fodida - soco, soco, soco.

A escuridão sufocante, um lembrete constante - soco.


Minhas juntas estavam sangrando e cruas, meu olho
esquerdo estava inchado, mas eu não podia parar, caralho.

Ignorado e esquecido.

Enfurecido e perdido.

Através do meu cérebro nebuloso, ouvi Colton gritando.


Minha cabeça estalou em direção a ele, o vendo correr em
minha direção. Meus olhos se arregalaram por um nano
segundo antes da garrafa rachar contra minha têmpora.

Meu corpo caiu para frente e meus ouvidos tocaram alto,


meu peito desmoronando enquanto tentava respirar. Meu
batimento cardíaco diminuiu e o gosto metálico do sangue
encheu minha boca.

Minha visão ficou turva e não vi o soco chegando. Eu


apenas senti isso.

Meu queixo rachou e eu caí, minha cabeça batendo no


chão.

Respire.

Respire.

Porra, respire.

O mundo desacelerou.

Eu pisquei. Uma vez. Duas vezes.


O silêncio substituiu o zumbido em meus ouvidos
enquanto o mundo escurecia.
CAPÍTULO SETE

— Você está atrasado, Sr. Coulter.

Minha cabeça levantou com a voz da Sra. Levi e o nome de


Maddox. Todos pareciam ter a mesma linha de pensamento, já
que todos olhamos ao mesmo tempo em que Maddox entrava na
sala de aula. Ao contrário de sua arrogância e sorriso
costumeiros, estava pensativo e quieto.

Só que não foi isso que chamou minha atenção.

Não, era o fato de que seu lindo rosto estava uma bagunça.
Seu olho esquerdo parecia inchado e aquele lado do rosto estava
extremamente machucado. Ele tinha um curativo na
sobrancelha e havia um corte no canto dos lábios carnudos.
Parecia doloroso, e até mesmo eu estremeci com a visão dele
assim. Em vez de um coque masculino, seu cabelo encaracolado
foi deixado solto, e tive a sensação de que estava se escondendo
atrás deles.

As pessoas estavam especulando; os corredores da


Berkshire nunca ficavam sem boatos. Sempre havia algo
acontecendo. Um novo rompimento, um aluno novo, um
valentão, alguém pego trapaceando. Sempre havia algum tipo de
drama.

Ontem, quando Maddox não apareceu na escola,


soubemos que havia acontecido uma briga entre os meninos da
Leighton e da Berkshire. Eles disseram que Maddox foi parar no
hospital com uma leve concussão.

Eu havia ignorado os rumores e pensei que era um dia


pacífico, finalmente.

Mas agora, vendo Maddox desse jeito...

Ele não me poupou um olhar e se sentou no fundo da sala


de aula. Eu esperei o calor que sempre acompanharia seu olhar
ardente, mas não senti... nada.

Olhando por cima do ombro, dei uma espiada. Maddox


olhava para o caderno, uma estátua congelada no tempo. Ele
não olhou de volta, não provocou, e ao contrário das últimas
semanas, o brincalhão Maddox desapareceu. Em seu lugar
havia um garoto amargo e amuado.

Eu me virei e olhei para o meu próprio documento. Por que


me importava? Eu não deveria me incomodar com a mudança
de atitude dele. Ele estava tendo um dia de merda, e daí? Todo
mundo tinha dias ruins. Inferno, eu sabia exatamente o
significado exato de dias de merda.
Quando o sinal soou, não saí da cadeira. Eu não conseguia
me convencer a levantar, mesmo que eu devesse ter me
levantado e saído. Como sempre.

Em vez disso, me vi esperando.

Maddox passou por mim, sem uma palavra ou um olhar


fugaz. Ele não esbarrou em mim, não puxou meu cabelo, não
me lançou um de seus sorrisos irritantes. Nada.

Eu pisquei, confusa com meus próprios sentimentos


caóticos. Eu não me importava; não deveria me importar.

Qualquer outra pessoa decente teria ignorado Maddox e


seguido em frente, provavelmente agradeceria por outro dia
pacífico.

Eu?

Eu me vi o seguindo.

Oh, como os papéis se inverteram.

Talvez fosse o fato de estar pronta para ele hoje. Nas


últimas semanas, Maddox foi uma dor constante na minha
bunda e, por mais que odiasse admitir, me acostumei a ele ser
um idiota. As brigas verbais e as brincadeiras se tornaram parte
da minha rotina diária e, de alguma forma, fiquei desapontada
por Maddox não estar com o mesmo estado de espírito.
— Você é ridícula! — Murmurei para mim mesma
enquanto seguia atrás de Maddox, a poucos passos de
distância. — Estúpida, estúpida, estúpida.

Dê a volta. Vá embora. Agora.

Veja, existem dois lados para Lila. O lado indiferente e o


lado intrigada. Atualmente, eu era a última.

Algo sobre Maddox estava diferente hoje, algo que me


intrigou. Eu sempre gostei de quebra-cabeças, e Maddox
Coulter era um quebra-cabeça complicado.

Maddox parou em seu armário e descuidadamente


guardou seus livros. Sua irritação era aparente, e nem estava
tentando mascará-la. Não é à toa que todos estavam mantendo
distância dele. Os alunos olharam, mas rapidamente se
afastaram, quando ele dirigiu sua carranca para eles.

Eu deveria ter mantido distância também. O ignorado e ido


embora.

Mas, aparentemente, gostava de brincar com fogo e forçar


meus limites. Maddox e eu estávamos brincando de cabo de
guerra. Era uma batalha cotidiana entre nós.
Parando a meros centímetros dele, encostei meu ombro no
armário ao lado de Maddox. — É semana do tubarão13? — Eu
comentei com um sorriso.

Ele não me deu um olhar, mas seus lábios haviam se


afinado em uma linha dura, sua mandíbula tensa. Os olhos
azuis de Maddox escureceram, mas me ignorou. A carranca em
seu rosto era intimidadora, e isso só me fez querer apertar seus
botões. — Seu período chegou hoje?

Ele soltou um suspiro antes de fechar o armário com força.


Os nós dos dedos estavam vermelhos e machucados. As feridas
em Maddox só o fizeram parecer mais brutal... E levemente
quebrado.

Talvez tenha sido por isso que ele despertou meu


interesse.

Minha avó sempre dizia que eu era uma consertadora.


Desde criança, sempre apanhava os gatos abandonados e os
pássaros feridos. Nossa casa era um zoológico minúsculo para
todos os meus amiguinhos.

Pena que Maddox Coulter não era um amigo.

Ele era meu inimigo, e não queria consertá-lo, repeti para


mim mesma.

13Shark week, na versão original, é uma gíria para o período em que a mulher está prestes a
menstruar ou está menstruada, ou seja, de TPM.
— O que você quer? — Ele perguntou, sua voz baixa e
dura. Um arrepio percorreu minha espinha e me levantei,
escondendo o efeito óbvio que ele tinha em mim e no meu corpo.

— Só estou imaginando se você precisa de um tampão. Ou


você já tem um enfiado na bunda? É por isso que você está tão
mal-humorado?

— Pelo amor de Deus! — Maddox resmungou.

— Ah. Definitivamente semana de tubarões. — Eu esperei


que ele estalasse, mas ele apenas cerrou os dentes, com tanta
força que me perguntei como sua mandíbula não quebrava sob
a pressão. — Tudo bem, você acabará se acostumando a todos
os hormônios bagunçados. Se você precisar de algum conselho
sobre como lidar com isso, posso fazer um slide para você.

— Não estou com disposição para suas brincadeiras,


Garcia.

— Você ama minhas brincadeiras.

Meu estômago afundou quando seu peito roncou com um


rosnado baixo. — Saia do meu caminho.

Ele tentou passar por mim, mas não o deixei passar.


Poderia ser minha curiosidade ou minha teimosia, mas não
estava pronta para ele sair.
Eu contornei o seu caminho. Maddox ergueu os ombros
largos, ficando mais alto, e seus olhos se estreitaram em mim.
— Mova-se! — Havia um aviso em sua voz, mas escolhi ignorá-
lo.

— Você está bem? — Eu perguntei antes que pudesse me


parar.

Eu disse a mim mesma que não estava preocupada e nem


me importava, mas ainda assim... a pergunta saiu antes que
pensasse sobre isso.

Maddox se inclinou em minha direção, aproximando


nossos rostos e roçando em mim. Eu brinquei com as tiras da
minha mochila, me segurando no lugar e me recusando a dar
um passo para trás. Ele não me intimidava.

— Se não soubesse melhor, diria que você se importa,


Garcia. — Minha respiração ficou presa na garganta quando
nossos olhos fizeram contato. Ele me segurou lá, no momento,
antes de me lançar um sorriso irônico. — O que foi? Finalmente
decidiu sentar no meu pau? Eu posso fazer uma exceção para
você. Vou contar tudo sobre o meu dia se você me deixar entrar
na sua boce...

— Sabe, dois minutos atrás, realmente me importei. Mas


tudo bem, retiro agora. Você ainda é um idiota, Coulter.
Maddox recuou, se levantando a toda a sua altura
novamente. — Sempre fui, e sempre serei. Lembre-se disso,
docinho. Nenhuma boceta vai me domar e definitivamente não a
sua.

Bom. Senhor.

O desejo de bater nele era forte, e o desejo de me dar um


tapa por ser estúpida o suficiente para me importar também era
forte.

Cheguei a uma conclusão muito importante: preferia o


Maddox em silêncio. Por que eu tentei fazê-lo falar? No
momento em que abriu a boca, percebi o motivo pelo qual o
desprezava. Ele era um idiota, completamente.

Enfiei a mão na bolsa e tirei dois itens muito importantes,


os empurrando em suas mãos. Suas sobrancelhas escuras se
juntaram em confusão.

— Tampões e chocolate, — expliquei com um sorriso falso.


— De nada. Tenha um bom dia, Maddox.

Passei por ele e pouco antes de me afastar, seus lábios se


contraíram.

Acabei de fazer Maddox Coulter sorrir?


— Você pode parar de me seguir? — Fiz uma pausa e
depois me virei rapidamente. Maddox se deteve a tempo,
parando, para não esbarrar em mim.

Após a nossa “conversa” logo antes do almoço, o resto do


dia deu uma guinada repentina. Maddox decidiu me seguir; ele
era como um filhote de cachorro perdido, nas palavras de Riley,
embora apenas o achasse irritante, então, talvez mais como um
filhote de cachorro irritante.

Eu gostaria que pudéssemos voltar ao Maddox “silencioso


e pensativo”. Essa versão dele era dez vezes melhor do que isso.

Eu olhei para seu rosto machucado, me certificando de


endurecer meu coração ao vê-lo tão ferido. — Pare. De. Me.
Seguir.

Ele deu de ombros, indiferente, e então enfiou as mãos nos


bolsos da calça bege. — Não posso fazer isso. Estou me
divertindo olhando para a sua bunda. A propósito, você se
importa se eu aquecer minhas mãos?

Exasperada, soltei um rosnado minúsculo antes que


pudesse me conter. Ele estava sorrindo agora. Como se me
chatear fosse o seu passatempo favorito.
— Isso é assédio sexual, Coulter.

— Você olhando para a marca do meu pau também é


assédio sexual, Garcia.

Meus olhos se arregalaram com as suas palavras, e senti o


ar sendo sugado para fora de mim. — O quê? Não... não, eu não
estava. — Disse, indignada.

Meu olhar voou para sua virilha antes que pudesse me


parar. Merda. Mordendo o lábio, pisquei e desviei o olhar, para
qualquer lugar, menos nele.

Maddox soltou uma risada gutural, e meus olhos voltaram


para os seus. Ele me deu seu sorriso de assinatura, sua covinha
estalando, criando um recuo sexy em sua bochecha esquerda.
— Você estava, docinho. Você provavelmente estava calculando
quão grosso e quão longo ele é.

Meu queixo estalou, e assobiei por entre dentes. — Cale a


boca.

— Quer que eu te conte? — Ele levantou uma sobrancelha


zombeteira. — Ou você quer verificar por si mesma? Está um
pouco frio hoje, talvez você possa aquecer meu pau com suas
mãozinhas.

Ele agiu como se estivesse indo pegar minhas mãos, mas


dei um tapa nele. Em um piscar de olhos, seu braço se abriu e
ele agarrou meu pulso, me puxando para mais perto até que
nossos corpos estavam quase se tocando. Meu pescoço se
levantou, para que pudesse olhar em seu rosto, já que ele era
muito alto em comparação à mim. O topo da minha cabeça mal
chegava aos seus ombros.

— Você é nojento! — Assobiei, sentindo minhas bochechas


esquentarem sob seus olhos escuros e provocadores.

Seu hálito caiu sobre minha bochecha; seus lábios muito


perto do meu ouvido. — Eu sou imensamente nojento, docinho,
e você também. Por ter esses pensamentos sujos e devassos.

De repente, senti calor. Suor escorria no meu pescoço e


entre os meus seios. Meu peito arfava com uma respiração
superficial quando meu interior estremeceu com a sua mera
proximidade.

Seus lábios roçaram o lóbulo da minha orelha e meu corpo


ficou tenso. Eu tentei torcer meu braço fora de seu aperto, mas
era inútil. Minha outra mão pousou em seu peito duro, e o
empurrei de volta. — Foda-se.

Ele soltou minha mão e deu um passo para trás, seus


lábios machucados se erguendo de lado. — Vejo você amanhã,
Garcia.

Eu lhe apontei o dedo do meio e comecei a me afastar.

Foda-se ele, idiota.


CAPÍTULO OITO

Eu o senti antes de vê-lo.

Seu perfume sedutor me envolveu quando se aproximou


das minhas costas, mal tocando, mas ainda muito perto.

— O que você quer, Coulter? Hoje não foi o suficiente para


você? — Eu perguntei com um suspiro pesado.

Não foi um bom dia, não depois da brincadeira idiota que


Maddox me fez. Meu cabelo molhado estava encharcando as
costas da blusa da Berkshire, o material macio grudando na
pele. Eu estava irritada e absolutamente exausta. Mais uma
aula e depois era o fim de semana. Dois dias felizes sem
Maddox.

— Parece que você conseguiu lavar o cabelo. — Ele riu de


sua própria piada esfarrapada. — Desculpe pelas penas, mas foi
uma vingança. Não seja tão mal-humorada, Garcia. Mas você
pode ser uma bunda doce, no entanto. Eu como.
Eu girei e nivelei o babaca com um olhar. — Você acha que
colar penas no meu cabelo é engraçado?

Eu queria estrangulá-lo e seu rosto estúpido e sorridente.


— Não exagere. Eu não usei cola. Eu usei água e penas.
Simples e inofensivo. Enfim, você parecia fofa com uma cabeça
de ninho.

O Sr. Bundão aqui colou, oh espere, erro meu, grudou


penas no meu lindo gorro com farinha e água. Então,
naturalmente, quando coloco meu gorro, todas as penas
pegajosas são transferidas para o meu cabelo. Não, não olhei
para o meu gorro antes de colocá-lo. Quem faz isso, afinal?

Minhas mãos se apertaram e soltaram quando respirei


fundo e segurei um rosnado. Maddox esfregou a mandíbula e
contra a minha própria vontade, notei que seu rosto estava
curando bem. Seus hematomas eram quase imperceptíveis e
seu olho esquerdo não estava mais inchado, preto e roxo.

Ele voltou ao seu eu sexy e irritante. Deus me dê paciência.

Maddox fechou meu armário, se encostando nele como se


fosse o dono da coisa. Eu dei a ele um olhar vazio, esperando
que isso acabasse. Os corredores estavam vazios, exceto por nós
dois.
— A brincadeira de cabelo rosa? Essa foi realmente uma
boa, vou te dar o crédito. As penas foram uma vingança pelo
cabelo rosa que você me deu.

Ah, o cabelo rosa. Alguns dias atrás, depois que Maddox


deixou um plugue anal no meu armário, “um presente”, como
ele havia escrito em sua nota, decidi retaliar. A necessidade de
vingança era forte e fácil. Eu entrei furtivamente no vestiário,
enquanto Riley mantinha a guarda do lado de fora. Encontrei
seu armário pessoal e troquei seu xampu por tintura de cabelo
rosa temporária.

— Pó de mico, no entanto? Fraco ‘pra’ caralho, Garcia.

— Foi um lembrete.

Ele arqueou uma sobrancelha, esperando eu explicar. — É


o que acontece quando você fica com putas. Você acaba com o
pau coçando. Além disso, foi um lembrete de que não sou
alguém com quem você possa brincar. Lembre-se disso da
próxima vez que você me propor sexo como uma prostituta
paga.

— Foi um bom pensamento, exceto... não preciso pagar


alguém por sexo. Meu nome vem com um rótulo, baby. Maddox-
Coulter-vai-te-foder-tão-duro-que-você-verá-estrelas.
— Onde você encontrou essa definição? Dickpedia14?

— Se você pesquisar na Dickpedia a palavra orgasmo,


encontrará meu nome.

Revirei os olhos, enquanto mentalmente escondia o rosto


em minhas mãos. Por que me incomodei em ter uma conversa
com ele? Era completamente inútil. A única coisa que saia de
sua boca era sexo, sexo e mais sexo. Ou algo completamente
idiota.

— Você sabe qual é o seu problema?

— O quê? — Passei os dedos pelos cabelos molhados,


frustrada.

— Você me quer. — Disse, calmamente, como se


anunciasse o tempo. Oh, está ensolarado. Oh, você quer me
foder. Esse cara era mentalmente instável, ponto final.

— Desculpe-me? — Coloquei as mãos nos quadris, atônita


que pudesse chegar a essa conclusão.

— Você me quer, mas não quer admitir. Você está lutando


com a química. — Maddox preguiçosamente me olhou de cima a
baixo. Não havia vergonha, nem constrangimento nele. Ele
estava praticamente me despindo com os olhos, e estava sendo
tão casual sobre isso. Quando falou novamente, sua voz baixou

14Junção das palavras Dick que significa pau e Wikipédia. Preferi não traduzir para não perder o
sentido da palavra, pois, no português não faria sentido.
para um tom mais profundo. — Brigar comigo te deixa
molhada? Podemos lutar na cama, não vamos perder tempo
aqui.

— Se seu cérebro fosse tão grande quanto seu ego, talvez


você fosse mais atraente.

Maddox sorriu mais e depois soltou uma risada profunda.


— Não tenho certeza do meu ego ou do tamanho dele, mas
posso garantir que tenho algo grande aqui. — Ele segurou seu
pau e levantou uma sobrancelha zombeteira.

Irritada, me afastei da parede. Ele era tão rude, imaturo e


vulgar. — Você acha que toda garota quer transar com você.
Você realmente pensa que é o sonho de toda mulher, não é?

— Sei que sou.

Maddox se aproximou, me forçando a dar um passo para


trás. Ele me perseguiu, se aproximando cada vez mais, até que
fui forçada a pressionar minhas costas contra a parede. Eu
tremi, não por causa dele, disse a mim mesma. Mas porque o
meu cabelo estava molhado e frio, e agora que estava grudada
na parede, apenas fez com que minha blusa molhada grudasse
nas costas como uma segunda pele.

Ele se inclinou para frente, inclinando a cabeça para ficar


nivelado comigo. Seus lábios acariciaram minha orelha e
fizeram cócegas. Tentei me afastar, mas ele foi mais rápido.
Seus braços subiram e ele me enjaulou contra a parede, as
palmas das mãos em ambos os lados da minha cabeça. Ele mal
me tocou, mas seu corpo estava tão perto, seu calor
pressionando contra mim, me acariciando e fazendo com que
uma onda quente se espalhasse por todo o meu corpo.

Minhas coxas tremeram e meu estômago formigou com


sua proximidade. — E você sabe o quê? Um dia eu também vou
ser o seu sonho molhado. Você ficará sozinha na cama à noite.
Imagine isso: você não consegue dormir. Meu rosto aparece
diante dos seus olhos e seu estômago aperta. Suas coxas estão
abertas e sua boceta se sente quente e estranhamente vazia. Há
uma necessidade dolorosa na boca do estômago. Você não será
capaz de se parar. Suas mãos encontram sua calcinha e você
sente como está molhada com os dedos. Você morde o lábio
para não gemer. Você se toca devagar, um pouco confusa. Um
pouco frustrada. Você pensará: por que não consigo parar de
pensar nele? Você vai odiar, mas ainda vai adorar. E você sabe
o que vai fazer?

Minha pele estava em chamas, meu corpo queimava e não


conseguia respirar. Meu estômago mergulhou e torceu quando o
ar parecia estar sendo sugado para fora do meu corpo.

Meu coração disparou quando senti seu corpo me


pressionando, finalmente me tocando.
— Você vai foder sua boceta enquanto imagina que sou eu
em cima de você, pressionando contra você e é meu pau te
fodendo. Não seus dedinhos. — Maddox soprou em meu ouvido,
sussurrando a fantasia suja como se estivesse fazendo amor
sujo comigo.

Horrorizada, só podia piscar, tentando me lembrar de


respirar. Ele não deveria ser capaz de me afetar desta maneira,
não deveria ser capaz de controlar meus pensamentos assim.

Eu não era fraca, não... Maddox... não podia...

Ele se afastou um pouco para olhar em meu rosto. Seus


olhos eram tão azuis que quase me afoguei neles. — Isso não
vai acontecer hoje, ou amanhã. Ou na próxima semana. Mas
um dia, com certeza. E não, não estou sendo arrogante.
Arrogância é para garotos que não sabem o que estão fazendo.
Eu? Eu sei exatamente o que estou fazendo. Eu sei de fato que
isso vai acontecer. Lute contra isso, se puder.

Ele se afastou e o frio tomou conta de mim, como se


estivesse sendo mergulhada imprudentemente no oceano.

Eu silenciosamente ofeguei enquanto Maddox andava para


trás, para longe de mim. O olhar em seu rosto era algo que
nunca tinha visto antes.

— Eu te desafio, Lila.
Andei descalça para o meu quarto, fresca do banho e ainda
envolta em nada além da toalha macia. Meu telefone tocou com
uma mensagem e fui até a mesa de cabeceira para ver que era
de Riley.

Que horas você vai sair?

Digitei uma mensagem rápida de volta.

Eu vou pegar o ônibus em 20 minutos.

Os três pontinhos apareceram na tela, indicando que ela


estava digitando.

Se você quiser, eu posso buscá-la e iremos juntas.

Meu polegar parou no telefone enquanto lia a sua frase.


Meus ouvidos tocaram com o som distante do vidro quebrando e
ossos mutilados. O gosto de sangue metálico encheu cada canto
da minha boca, e quase engasguei com isso. Exceto que não
havia sangue. Eu estava sufocando com minha própria saliva, e
o ar ao meu redor ficou pesado, frio... sufocante.

Meus dedos tremeram quando digitei minha mensagem


para Riley.
Não posso. Você sabe que não posso. Eu sinto muito.
Eu vou de ônibus.

Ela sabia o motivo, e eu também sabia que ela estava


apenas tentando ajudar, mas não havia necessidade. Eu estava
além da ajuda quando se tratava de...

Eu balancei minha cabeça, limpando os embaçados


flashes de memórias à frente dos meus olhos e me recusando a
pensar na noite em que minha vida inteira mudou.

Agarrando meu secador, o levantei sobre minha cabeça e


me certifiquei de trabalhar em cada fio de cabelo emaranhado
com meu pente. Quando meu cabelo estava seco e brilhante, eu
fiz uma trança de estilo francês no topo da cabeça com rabos de
cavalo. Era fofo e fazia meu rosto parecer mais redondo e mais
simétrico.

Meu reflexo no espelho que ia até o chão me encarou.


Minha mão viajou para o meu peito sobre a minha toalha, onde
estava lentamente se desfazendo. A parte superior dos meus
seios apareceu e meus olhos pegaram as cicatrizes. As longas
linhas brancas e irregulares serpenteavam diretamente para
baixo do meio dos meus seios pequenos.

Eu deixei minha toalha escorregar pelos meus dedos, a


cicatriz toda agora visível através do espelho. A pele ao redor era
um pouco mais rosada que o resto. Foi curado corretamente,
mas não achei que fosse desaparecer completamente. Às vezes
doía, como um eco fantasmagórico da verdadeira agonia pela
qual passei.

A dor tomou conta de mim como uma tempestade furiosa,


e meus joelhos ameaçaram ceder sob mim. Meus olhos ardiam
quando as lágrimas caíram nos meus cílios inferiores, e eu as
pisquei furiosamente, me recusando a chorar. Meu coração
chorou, mas me recusei a derramar lágrimas.

Eu lentamente levantei minha mão e escovei levemente a


cicatriz, traçando as linhas brancas e rosas. As pontas dos
meus dedos mal tocaram minha pele, e paralisei minha mão,
segurando meus tremores.

Eles disseram que parei de respirar na mesa de operações,


morri por um momento antes de me trazerem de volta.

Eu me perguntava... se talvez, teria sido mais fácil se eu


realmente tivesse morrido.

Mas então me lembrei... eu estava viva por eles, por meus


pais.

Eu desviei meu olhar do espelho. Fazia quatro anos desde


que fiquei com as cicatrizes, mas ainda não conseguia olhar
para elas por mais de dois minutos. Elas eram um belo
lembrete de que eu estava viva... mas também, um horrível
lembrete daquela noite.
Agarrando meu jeans rasgado e uma blusa combinando,
rapidamente me vesti, para não perder o meu ônibus. Meus
avós ainda estavam no supermercado, então, antes de trancar a
porta atrás de mim, me certifiquei de ligar o alarme.

No momento em que saí, fiquei agradecida por ter


escolhido o suéter como minha primeira opção quando o ar frio
me atingiu. Era meados de outubro; o sol já estava no horizonte
e a casa mal-assombrada abriu uma hora atrás.

A viagem de ônibus foi curta e Riley estava me esperando


do lado de fora do portão principal da Berkshire. Este ano,
usaram o ginásio e o campo externo como a casa mal-
assombrada. Aparentemente, foi um grande projeto, e pude ver
isso. Tudo parecia caro e... assustador.

Coisas sinistras e assustadoras não eram o meu forte.


Inferno, nem assistia a filmes de terror porque eles me davam
pesadelos por meses.

Merda.

— Não tenho certeza se gosto dessa ideia de casa mal-


assombrada, Riley.

Ela puxou meu braço, me arrastando pelo campo e em


direção ao falso mausoléu. — Não seja uma gatinha assustada.
Vamos lá. Eu já paguei nossos ingressos e será divertido!
Eu enterrei meus pés na grama antes que pudéssemos
passar pela assustadora porta de madeira. — Espere, Ri...

Com um puxão duro, ela me arrastou para frente antes


que pudesse contemplar minha decisão. Ok, é isso. Vou morrer.

No momento em que entramos, fomos engolidas pela


escuridão e pelos gritos das vítimas anteriores que entraram
neste lugar escuro. — E se eu morrer?

— Você está exagerando. — Riley murmurou baixinho. Ela


passou o braço em volta de mim e nos guiou através da
escuridão. — Eu não consigo nem ver nada!

— Esse é o ponto, Lila! Chama-se casa mal-assombrada


por um motivo, espertinha.

Ela estava rindo agora, mas não havia nada de engraçado


nessa situação. Um alto rosnado veio atrás de nós e pulei pelo
menos dois metros de altura. Alguém estava perto, muito perto
de nós. Eu podia senti-los nos perseguindo na escuridão, suas
respirações quentes em nosso pescoço.

— Eles estão atrás de nós. — Sussurrei, meu coração


mergulhando na boca do estômago. A temperatura estava fria,
mas estava suando de estresse. O ar estava denso e quase
sufocante, ou talvez fosse apenas eu. Minhas mãos estavam
úmidas e apertei o braço de Riley.
Ela soltou um suspiro trêmulo. — Eu também posso senti-
los. Apenas continue andando.

Andamos ainda mais no caminho do labirinto. Correntes


metálicas soaram perto de nós, como se alguém tivesse sido
amarrado a elas e estavam puxando as correntes sem parar.
Nada disso era real, me lembrei. Eram seres humanos vivos
com fantasias e maquiagens perversamente boas.

Eu espiei à minha esquerda e desejei que não tivesse.

Um homem zumbi muito vil, com o rosto ensanguentado e


desfigurado, com os olhos totalmente brancos, saiu da sombra,
a apenas alguns centímetros de mim. Sua boca se abriu e
rosnou direto em meu rosto.

Meus lábios se separaram com um grito de estourar os


ouvidos. Riley pulou, e soltou um grito também. Agarrando
minha mão na sua, nós corremos.

Em cada esquina, havia um horror diferente nos


esperando. Um palhaço sangrento. Zumbis em massa.
Assassinos com um machado. Uma assustadora freira com
rosto branco e dentes pretos e podres. Eles estavam rosnando e
eram bastante aterrorizantes. Outro grito alto veio de Riley e eu
quando nos tocaram.

Eles não deveriam chegar tão perto, certo?

Errado.
Riley esqueceu de mencionar que essa casa mal-
assombrada deveria nos dar a experiência real. Os atores
estavam nos tocando e chegando muito perto.

— Puta merda! — Riley gritou quando um homem de dois


metros e meio com uma serra elétrica veio à frente. Puxei seu
braço e nos guiei para o outro canto. Passamos de sala em sala,
tropeçando em pequenos corredores escuros quando dezenas de
braços assustadores estenderam a mão para nos tocar.

— Você está assustada? — Sussurrei novamente. A saída


estava próxima, eu podia ver a luz fluorescente à frente.

Riley não respondeu, mas notei a mudança nela. Ah, sim,


ela também estava assustada.

Meu coração estava batendo como um louco com todo o


meu corpo tremendo. Meus joelhos estavam fracos e me
perguntei como ainda estava de pé.

Finalmente, atravessamos a saída e saímos pela porta dos


fundos. Riley riu, embora pudesse dizer que foi forçado. Ela
estava definitivamente assustada enquanto estávamos lá. —
Veja, isso não foi tão ruim. Foi esquisito, mas divertido.

A forte pressão em meu peito ainda estava lá, mas


finalmente respirei fundo.

Divertido, hã. Não.


— Você parece assustada. — Brincou, batendo o cotovelo
no meu quadril.

— Cale-se. — Devolvi o favor, colocando um soco suave no


seu braço.

Nós podíamos ouvir outras pessoas gritando por dentro.


Pobres almas. Se tivesse escolha, não voltaria lá. Uma vez foi o
suficiente.

— Você está feliz agora? — Exigi com um sorriso, me


virando para encarar Riley. Meu coração ainda estava acelerado
a um quilômetro por hora, adrenalina e medo ainda correndo
por minhas veias.

Meu sorriso congelou e morreu quando vi o quê, ou quem


estava parado atrás dela. O olhar de Riley passou por cima do
meu ombro, e seus olhos se arregalaram, seus lábios se
separaram como que para deixar escapar um grito.

Um calafrio percorreu minha espinha, meu coração pulou


no peito. Alguém estava parado atrás de mim, assim como o
homem assustador da máscara também estava atrás da Riley.
Seus braços a alcançaram, e meu coração bateu tão forte no
peito que doeu.

Bile queimou minha garganta, e tentei avisar Riley. Exceto,


que nada disso aconteceu.
Num segundo, coloquei meus pés sobre a grama e depois
senti um par de mãos em meus quadris, antes de voar pelo ar.

Ele me levantou, me colocando por cima do ombro. Fiquei


de cabeça para baixo e ainda não conseguia encontrar minha
voz. Minha respiração ficou presa na garganta e todo o meu
corpo ficou mole de medo. Riley gritou, e da minha posição por
cima do ombro, quando se afastou, encontrei o homem da
máscara segurando e arrastando Riley para trás.

Não. Não. Espere!

O homem que me carregava marchou pelo campo, indo


para a parte de trás do mausoléu.

Oh, meu Deus. Ninguém estava vindo para salvá-la,


ninguém podia nos ouvir gritar. Estávamos sozinhas e...

Meu corpo inteiro estava frio e entorpecido... eu não


conseguia sentir nada, exceto o medo.

Eu poderia ser molestada ou... estuprada.

Ele ia me matar.

Isso não fazia parte da casa mal-assombrada. Este não era


um ator.

Meu pulso trovejou na garganta e minha visão ficou


borrada com pontos pretos enquanto eu ficava flácida, de
cabeça para baixo por cima do seu ombro.
À distância, ouvi Riley gritar novamente, o som cheio de
terror.

Alarmado, meu corpo começou a tremer de consciência, e


comecei a lutar contra o meu sequestrador. — Deixe-me ir. Me.
Solte.

Ele riu, como um homem louco. A risada soou direto de


um filme de terror.

— Se... se você acha que vai me estuprar... pense... de


novo. Deixe-me ir, idiota.

Os soluços entre cada palavra fizeram minha ameaça


parecer menos... ameaçadora. Humilhada e em pânico, meus
olhos queimaram com lágrimas não derramadas. O nó na
garganta tornou mais difícil falar.

Meu captor continuou marchando, minha cabeça e braços


balançando para frente e para trás enquanto me deitava
pesadamente sobre seu ombro.

— Alguém... vai... nos encontrar.

Ele riu de novo, suas mãos apertando minha bunda, seus


dedos cravando na minha carne. E foi isso. Soltei um grito e
comecei a lutar mais. Meus punhos bateram nas suas costas,
mas ele nem sequer se encolheu.
Percebendo minha vantagem nessa posição, puxei meu
joelho para trás antes de bater com força entre suas coxas. Eu
errei meu alvo, mas ele assobiou.

Sua mão desceu para minha bunda, com força. Ele riu, me
provocando.

Eu estava tão perto de explodir em lágrimas, pavor e


horror enchendo todas as células do meu corpo. Eu continuei a
lutar com ele.

Se eu fosse morrer, morreria lutando.

Quando meu joelho bateu novamente para frente, errando


o alvo mais uma vez, ele finalmente desistiu de me segurar. Meu
sequestrador me jogou na grama, sem se importar, como um
saco de batatas inúteis.

Ele me levou para longe do mausoléu e da casa mal-


assombrada e me depositou atrás da escola, onde ninguém
podia nos ver, ninguém poderia me salvar.

Eu recuei, ainda de bunda. Meu corpo todo tremia com


tremores, e finalmente o enfrentei.

Meu queixo tremeu ao vê-lo, um profundo medo se


instalou dentro de mim. Eu ia morrer hoje à noite. Este homem
ia me machucar. É isso aí.
Eu sobrevivi à mesa de operações apenas para ser deixada
para morrer no campo atrás da Academia Berkshire.

Seu rosto estava coberto por uma máscara de purga15


preta, com luzes de LED vermelhas brilhantes. Ele usava um
capuz sobre a cabeça e jeans rasgados pretos.

A visão dele parecia ser diretamente de um pesadelo.

Ele avançou e estendi minhas mãos, como se quisesse


afastá-lo. — Não chegue perto de mim. Não me toque.

Por favor.

A boca do meu estômago tremeu, e realmente pensei que


iria me urinar de medo.

O homem da máscara de purga me perseguiu enquanto


continuava me arrastando para trás. A grama fresca e molhada
ensopava meus jeans, mas não me importei.

Ele estava se divertindo, se alimentando do meu medo e


me provocando silenciosamente.

Ele parou e se agachou à minha frente. Ele estendeu sua


mão como se fosse me tocar, e me afastei. — Toque-me e eu vou
quebrar seu pau. Eu vou fazer isso.

Ele puxou a mão para trás, rindo de novo. Ele balançou a


cabeça, como se estivesse desapontado com as minhas

15 Um tipo de máscara assustadora.


ameaças. Lentamente, levou a mão ao rosto e tirou a máscara
de purga.

Inquietação percorreu minha espinha, meu corpo se


encheu de apreensão.

A máscara saiu e olhos azuis escuros encontraram os


meus. Lábios cheios abertos em um sorriso, e um rosto que
conhecia muito bem.

— Maddox. — Respirei.

— Buuu. — Ele murmurou.

Todo o horror e confusão desapareceram, substituídos pela


raiva. Meu queixo estalou, e cerrei os dentes.

— Você está falando sério?

O calafrio anterior escorrendo pela minha espinha


desapareceu quando meu sangue ferveu.

— Por que você está tão determinado a me aterrorizar? —


Eu rosnei. Jesus Cristo, ele quase me provocou um ataque
cardíaco. A fúria rolou em ondas aquecidas. Fervendo, enrolei
minhas pernas debaixo de mim, me sentando. Eu ainda não
conseguia me levantar, pois minhas pernas ainda estavam
trêmulas e fracas.

Ele sorriu, quase juvenil, exceto que vi a travessura em


seus olhos. Eu estava dançando no limite do perigo com esse
garoto. Contra meu melhor julgamento, meu olhar percorreu o
comprimento de seu corpo enquanto ele ficava agachado de
frente para a minha forma ajoelhada. Ele era duro e esculpido
em todos os lugares certos.

Definitivamente não é um menino. Homem. Porra. Seja o que


for.

— É divertido! — Finalmente disse, me tirando dos meus


pensamentos e forçando meus olhos para longe de seu corpo.
Eu olhei em seus olhos azuis gelados.

Fiquei atordoada em silêncio por um segundo. — É


divertido? — Cuspi. — É divertido assustar as pessoas? Foi o
seu amigo que levou a Riley também? Isso não é engraçado!

Maddox deu de ombros como se não fosse grande coisa.


Eu podia me sentir olhando para ele, meus olhos se
transformando em fendas enquanto considerava meu inimigo
com total desgosto. Se eu pudesse cuspir fogo, teria fumaça
saindo pelo meu nariz.

Meu queixo apertou com a maneira como ele continuou


sorrindo. Isso me deixou mais irritada. Isso me perturbou. — O
que você é? Um maldito psicopata? Porque essa é a única
explicação. Nenhuma pessoa sã acha divertido assustar outra
pessoa a tal ponto que pense que irá morrer!
Eu lutei contra o desejo de dar um soco nele e arrancar
seus lindos olhos. O que havia nele que me fazia perder todo o
meu controle?

Oh, certo. Maddox Coulter era um idiota.

Ele inclinou a cabeça para o lado, o lado do lábio subindo


levemente. Maddox soltou uma risada profunda, seu peito largo
vibrando com um som decadente. — Isso é novo! — Ele
sussurrou, sua voz rouca. Isso fez os minúsculos pelos em
meus braços nus se levantarem.

— O quê?

Ele ainda estava sorrindo. Foda-se, eu lhe dei um tapa


mentalmente.

— Já fui chamado por muitos nomes antes. Já fui xingado


em tantas ocasiões que perdi a conta cerca de três anos atrás.
Mas ser chamado de psicopata? Essa é a primeira vez.

Eu fiquei boquiaberta com ele. Esse cara estava brincando


ou só era seriamente louco?

Maddox aproximou a cabeça de mim, seu corpo encostado


no meu. Ele trouxe calor com ele, e não gostei disso. Ele não
deveria ser quente. Ele não deveria cheirar bem. Ele não
deveria...

— Eu gosto disso.
Seus lábios estavam a apenas a um centímetro dos meus.
Seu rosto estava tão perto que podia sentir seu hálito sobre
minha pele. Eu fiquei quieta, completamente quieta. Se me
mexesse, nossos lábios se tocariam. Minhas mãos se cerraram e
as apertei sobre minhas coxas.

— O quê? — Eu respirei.

— Eu gosto disso. Você me chamando de psicopata. É


novo. É diferente. — Ele ainda estava perto demais. Ele ainda
estava sorrindo como um maldito lunático. Ele ainda estava tão
quente... Ele ainda cheirava tão bem...

Meu corpo parecia superaquecer com a sua presença. Meu


coração bateu forte no peito. — Você é louco. — Eu sussurrei.

Seus olhos brilharam com algo travesso e malicioso. —


Quer ver o quão louco eu sou, docinho?
CAPÍTULO NOVE

Sempre chega um momento em sua vida em que sua


tenacidade é testada, e quando isso acontece, você tem duas
opções: ou foge com o rabo enfiado entre as pernas ou se
levanta.

Maddox tem brincado comigo, pressionado e empurrando,


até chegar ao fim da minha corda e arrebentar. Ele queria me
lembrar que tinha o poder de me fazer perder o controle.

Ele ansiava pela caça, por ser o caçador, o predador, por


estar no topo da cadeia alimentar, distribuindo punições
conforme julgasse necessário.

Ser um idiota era a sua maneira de viver, imaginei que ele


não sabia como ser outra coisa.

Ele sabia exatamente como fazer suas vítimas se sentirem


pequenas na medida em que tudo que você podia fazer é se
esconder.
Meu sangue estava quente. Sacudindo o terror e a fúria
correndo pelas minhas veias, me levantei. Maddox se afastou e
ficou de pé também, de pé em toda a sua altura. O sorriso torto
estampado em seu rosto me enfureceu, mas canalizei toda a
minha frustração.

— O que você quer de mim, Maddox?

Ele levantou uma sobrancelha perfeita, sem dizer uma


palavra, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans e
balançando os pés, com indiferença.

— Você é a pessoa mais frustrante que eu já vi.

— Obrigada. Eu tomo isso como um elogio. — Ele ainda


estava sorrindo.

Filho da puta.

Minha mãe sempre me dizia para evitar problemas e


desviar o olhar. Quanto menos atenção você der aos agressores,
mais desinteressados eles se tornarão.

Talvez ela estivesse certa.

Ainda encarando Maddox, dei um passo para trás. —


Tenha uma boa noite, Coulter.

Eu girei nos calcanhares para marchar para longe, mas


sua voz provocadora me parou. — Desistindo tão facilmente,
docinho? Eu devo estar errado sobre você.
Minhas mãos se apertaram ao meu lado e parei. Eu
realmente deveria ter escutado o aviso da minha mãe.

Mas eu nunca, nunca rejeitei um desafio.

Talvez esse tenha sido meu erro...

Hora do show.

Eu me virei e segui reto até parar à sua frente. O olhar de


Maddox desviou para a minha boca, onde eu estava mordendo o
lábio, não em nervosismo, mas para colocar Maddox
exatamente onde eu o queria.

Minha mão pousou em seu peito firme. Seus olhos se


arregalaram um pouco, pois essa foi a primeira vez que o toquei
de bom grado. Um sorriso malicioso brincou em seus lábios, e
tive pena dele.

Ele pensou que havia me conquistado.

Que pena, Maddox.

Não jogue com uma garota que possa conhecer o jogo


melhor.

Ele deveria ter ouvido meu aviso pela primeira vez.

Esfreguei minha mão sobre seu peito, a deslizando em


direção ao seu estômago. O capuz preto não fez nada para
esconder toda a sua dureza. Seus músculos ficaram tensos sob
o meu toque lento e explorador, e seus olhos brilhavam com
algo diabólico.

Desci e desci, até meus dedos pararem em seus quadris,


por cima do cinto. Enganchei um dedo em seu cinto e o puxei
para mais perto de mim, nossos corpos colidindo suavemente.
Maddox soltou uma pequena risada, brincando.

Fiquei na ponta dos pés, aproximando nossos rostos,


deixando meus lábios a centímetros da sua mandíbula
quadrada e me inclinei para que pudesse sussurrar em seu
ouvido. — Eu sei o que você quer de mim.

— Oh, você sabe?

— Você deixou bem claro. Eu posso te dar o que você quer.


Uma noite inesquecível.

— Vê? Não foi tão difícil. Não sei por que você está se
esforçando tanto para conseguir isso. — Suas mãos pousaram
em meus quadris antes de se enrolarem em minhas costas,
apertando minha bunda.

— Você quer provar essa bunda? Você pode ter isso.


Foder-me de lado, me foder de frente e de trás, me colocar de
joelhos, ficar entre minhas coxas. Coloque-me em seu pau e eu
vou montá-lo até o sol nascer. Estou tomando pílula. Se você
estiver seguro, podemos abandonar os preservativos e você
sentirá cada centímetro meu. Você já transou com uma garota
sem camisinha? Eu posso ser a sua primeira. Eu vou te mostrar
minhas habilidades de garganta profunda. Você me quer
imunda? Posso realizar suas melhores fantasias, Maddox. Você
pode ter tudo, baby.

Meus dentes roçaram sua orelha antes de morder


suavemente. Sua garganta balançou com um gemido baixo.

— Nos seus sonhos. — Eu sussurrei em seu ouvido.

Eu o soltei e me afastei de seu corpo. As suas


sobrancelhas se enrolaram em confusão antes de compreensão
preencher seus olhos. Ele me alcançou, mas eu o esquivei,
provocando. Era a minha vez de provocá-lo, e pelo olhar em seu
rosto, não esperava por isso.

Oh não, Maddox Coulter me subestimou.

Eu pisquei, e meus lábios se curvaram em um sorriso


satisfeito. — Vejo você amanhã, Coulter.

Eu andei de costas, apreciando o olhar de completo


choque em seu rosto. Meu olhar deslizou sobre ele, do topo de
seu cabelo loiro bagunçado até suas botas de couro marrom.

— Oh. Você deveria tomar um banho frio para ajudar com


isso. — Eu disse, apontando para a sua ereção que estava
indecentemente cutucando seu jeans.

Ops.
⁂⁂

Eu não conseguia me lembrar da última vez que uma


garota me bateu na bunda. Provavelmente nunca, porque isso
era impossível. Eu joguei os jogos, e elas eram meus alvos.

Como a mesa virou?

Lila marchou para longe, sacudindo sua bunda carnuda


como se me tentasse ainda mais, com seus longos cabelos
negros provocando a curva de seus quadris. Ela me deu um
último olhar arrogante por cima do ombro antes de desaparecer
ao redor do prédio, e fiquei impressionado, no meio do campo,
com a porra de um pau duro.

Eu deveria saber que ela era destemida. Eu a subestimei,


mas sinceramente, não esperava que ela me desse malditas
bolas azuis. Com lábios rosados e uma voz sensual, Lila era
uma sereia com uma boca obscena e eu era um caso perdido.

Havia algo sobre Lila Garcia que eu queria explorar. Eu


pensei que ela era um brinquedo interessante a princípio.
Agora? Esfreguei meu polegar sobre minha mandíbula, ainda
olhando para onde ela havia desaparecido. Seu cheiro ainda
pairava ao meu redor. Era um perfume doce, nada muito
pesado ou barato como as outras cadelas que tinha ao meu
redor. Era suave e açucarado, e minha língua deslizou sobre
meus lábios como se eu pudesse prová-la.

Eu estava encantado, minhas mãos se contorceram e meu


pau... sim, aquele bastardo estava mais do que interessado. Eu
queria ver o quão longe poderia empurrar antes que ela
explodisse em pedacinhos aos meus pés.

Claro, Lila estava mal-humorada e, oh, tão atrevida, mas


por quanto tempo? Quanto tempo levaria para quebrá-la e
moldá-la em uma coisinha bonita como eu havia feito com todas
as outras?

Ela era um problema do caralho.

Adivinha só?

Eu não era do tipo que corria de problemas.

Venha para mim, docinho.


CAPÍTULO DEZ

Entrei na mercearia dos meus avós no domingo de manhã.


Ainda não estávamos abertos, mas estavam aqui há uma hora,
preparando tudo para um dia agitado. Normalmente, eu vinha
ajudá-los durante a hora do rush, mas, caso contrário, tinham
funcionários em meio período os ajudando diariamente.
Caminhei mais para dentro em direção ao depósito. — Vovó?

— Aqui, querida. — Ela chamou.

Sorrindo, entrei no depósito. — Você precisa da minha


aju...

Meu sorriso deslizou do meu rosto quando parei na porta,


encarando a única pessoa que nunca quis ver aqui.

Que diabos?

— Você! — Eu disse, minha voz cheia de acusação.

Maddox sorriu, ainda segurando uma caixa enorme nos


braços. — Bom dia, Lila!
Minha boca se abriu, estupefata. De jeito nenhum, de jeito
nenhum.

— O que você está fazendo aqui?

Vovó deu um tapinha em seu braço como se o conhecesse


há muito tempo. Eu não tinha certeza se gostei do jeito que ela
estava sorrindo para ele. — Eu o contratei ontem. Ele veio à
procura de um emprego de meio período, e como estamos
contratando, ele conseguiu a vaga. Ele disse que é de Berkshire.
Você não ficará mais entediada no trabalho, já que vocês são
amigos.

— Amigos? — Meu queixo ficou frouxo e não consegui


formular uma frase melhor. Amigos? O quê? Como? Quem? O
quê? Quando?

— Sim. Eu disse à Sra. Wilson quão próximos somos. Eu


não sabia que esta loja era de propriedade de seus avós. Que
surpresa! — Maddox explicou, com um sorriso de merda.

Besteira. O olhar em seu rosto me dizia a verdade. Maddox


sabia exatamente o que estava fazendo, e estava aqui de
propósito. Sua missão era tornar minha vida miserável, em
todos os sentidos. Eu queria tirar o sorriso do seu rosto.

Então ele estava me perseguindo agora. Ótimo.


— Sim, que surpresa! — Murmurei, estampando um falso
olhar satisfeito em meu rosto. Vovó parecia feliz demais para eu
dar a notícia a ela.

Este é o meu inimigo, e ele é um idiota. Não caia no sorriso


fácil e na aparência encantadora. Era isso que eu queria dizer,
mas mordi minha língua e segurei qualquer comentário
sarcástico. Eu lidaria com Maddox sozinha.

— Eu só preciso de ajuda para organizar o estoque. Sven


estará aqui em breve. — Vovó anunciou, dando um tapinha em
minhas costas, enquanto saía do depósito, deixando Maddox e
eu sozinhos. Uma vez que estava fora do alcance auditivo, segui
em frente. Meu corpo inteiro tremendo de raiva. Eu não diria
que sou uma pessoa agressiva, mas estava me sentindo
bastante violenta no momento.

— Que merda você está fazendo aqui?

Ele virou as costas para mim, levantando outra caixa por


cima do ombro. Ele a carregou para o freezer e a depositou lá.
Maddox saiu e foi buscar outra caixa, mas entrei em seu
caminho.

Recostando-se na parede, cruzou os tornozelos e os braços


sobre o peito. Hoje, ele estava vestindo uma camisa preta e
jeans preto, rasgados nos joelhos, com botas de couro marrom
assim como usara na noite da casa mal-assombrada. Era
estranho vê-lo usando algo diferente do uniforme da Berkshire.
Ele parecia... normal. Em vez do quarterback estrela da
Berkshire que eu desprezava.

— Eu lhe fiz uma pergunta. O que você está fazendo aqui?

Maddox inclinou a cabeça para o lado, me dando um olhar


divertido.

— Trabalhando, Garcia. Simples assim.

Impacientemente, bati meu pé no chão, não caindo em


seus jogos estúpidos. Trabalhando? Ok, certo.

— Você não precisa trabalhar. Seus pais não lhe dão uma
mesada? Seu cartão de crédito provavelmente é ilimitado.

Por um breve segundo, notei como seus olhos escureceram


como se estivesse desapontado comigo. Mas tudo se foi rápido
demais, me fazendo pensar se o que eu vi foi real ou apenas
minha imaginação. Ele riu baixo, balançando a cabeça.

— Veja, esse é o seu problema. Você assume muitas


coisas.

Eu não estava assumindo nada. Ele não era apenas rico;


Maddox era podre de rico. Ele não precisava de um emprego de
meio período, especialmente não no supermercado dos meus
avós. Ele nunca precisou trabalhar.

Na verdade, ele nem precisava estar neste bairro. Ele não


pertencia a este lugar. Mas não, tinha que estar aqui. Os únicos
dois dias que eu tinha sem Maddox ser um idiota a cada
minuto, meus únicos dois dias de paz, ele teve que vir e
arruinar.

— Como você conseguiu que minha avó concordasse com


isso?

— Isso foi realmente simples. Eu só sorri.

Um som frustrado saiu da minha garganta e esfreguei a


mão no rosto. — Maddox. — Resmunguei baixinho. Ele se
afastou da parede e passou por mim para levantar outra caixa
marrom. Sua camisa esticou sobre seus ombros quando a
colocou na prateleira superior e organizou diligentemente todas
as caixas na ordem de vencimento.

— Ela acha que sou encantador e doce. Confie em mim,


esta é a primeira vez que alguém me chama de doce. Chocante,
certo?

Não achei que essa fosse a descrição correta para Maddox.


Ele era tudo, menos doce.

— Você precisa sair. Agora.

Ele balançou a cabeça, seu cabelo desarrumado


lentamente se desfazendo do coque masculino. — Não posso.
Eu gosto daqui, e gosto da sua avó. Seu avô, porém, é durão.
Mas não se preocupe, eu vou descobrir algo.
Peguei a caixa que ele estava segurando e a joguei de volta
no chão. O depósito estava começando a ficar quente ou talvez
fosse meu sangue que estivesse fervendo.

— Caramba, docinho. É muito cedo para você ficar com


raiva. Você é sempre tão mal-humorada? — Maddox zombou
com uma risada áspera.

Sim, desde que você entrou em minha vida.

Eu me aproximei, levantando meu queixo para encontrar


seus olhos. — Escute, Maddox, — disse, apunhalando o dedo
em seu peito. — Isto não é uma piada. Você tem um problema
comigo, então resolva comigo. Não sei o que você quer, mas não
traga meus avós para essa briga entre nós.

Maddox se inclinou para frente, em meu rosto. O riso se


foi, e seu rosto era uma tela em branco, desprovida de emoções.
A mudança nele foi tão repentina que a confusão nublou minha
mente. — Por que você sempre pensa o pior de mim?

Eu poderia ter sido enganada, mas sabia melhor.

Foi a minha vez de rir; por mais falso que fosse, achei
realmente divertido a pergunta dele. — Provavelmente porque
você só me mostrou o seu pior. Se houvesse algo de bom em
você, eu já teria visto. Pena que você só se concentra em ser um
idiota.
Maddox abriu a boca, provavelmente para me repreender,
mas já estava me afastando, ignorando qualquer outra coisa
que ele tivesse a dizer. Eu levantei a caixa ao lado dos meus pés
e comecei a organizar as prateleiras bagunçadas. Os dias de
inventário eram sempre loucos e ocupados.

Maddox e eu trabalhamos em silêncio. Ele não tentou falar


comigo novamente, e também não estava interessada em
manter uma conversa. O silêncio era tenso e pesado, como uma
tempestade iminente pairando sobre nossas cabeças, escura e
nublada. Uma hora depois, o depósito já estava um pouco
organizado, e todas as caixas, antigas e novas, haviam sido
guardadas nas prateleiras designadas.

Erguendo uma última caixa, meus braços tremeram sob o


peso, mas ainda a empurrei acima da minha cabeça,
procurando pela prateleira. Exceto, que a caixa era muito
pesada, a prateleira era muito alta e eu era muito pequena para
alcançá-la, mesmo comigo equilibrando na ponta dos pés.

Droga.

Eu amaldiçoei baixinho quando a caixa começou a


balançar em minhas mãos e um grito surpreso veio de mim
quando pude senti-la se inclinando sobre minha cabeça. A caixa
ia cair e eu não tinha forças para segurá-la.

Mas antes que pudesse escorregar pelos meus dedos,


outro par de mãos agarrou a caixa.
— Deixa comigo! — Seu sussurro rastejou ao longo do meu
pescoço. — Você pode soltar.

Eu fiz, e ele empurrou a caixa na prateleira com facilidade.


Maddox estava muito perto e não gostei. Ele obviamente não
entendia o significado de espaço pessoal. Sua mera presença me
irritava, e tê-lo tão perto me deixava tensa. Eu não tinha certeza
do por que, mas tudo sobre Maddox me fazia sentir... irritada.

Eu ainda estava agradecida por ter salvado a caixa, então,


agradeci rapidamente enquanto meus braços caíam aos meus
lados.

Sua respiração estava quente em minha pele, quando se


aproximou, mal me tocando. Eu deslizei para longe de seus
braços antes de me virar para encará-lo. Seu olhar se moveu
para cima e para baixo no meu corpo, e a intensidade ardente
de seus olhos me levou a cruzar os braços sobre o peito.

— Você é baixinha. — Ele resmungou.

Eu assobiei contrariada. Ele insultou meus seios da


primeira vez que nos conhecemos e agora, tinha que fazer com
que me sentisse pequena. — Eu não sou. Eu tenho um metro e
sessenta.

Ele soltou um risinho irônico. — E eu tenho um metro e


oitenta. Uma cabeça inteira mais alta que você. Você é
literalmente pequena.
— Você é apenas um gigante, não é modelo de
comparação.

Seu sorriso torto deveria ter me avisado o que estava por


vir. — Você está certa. Estou longe da média, docinho.

Sim, entrei direto nessa.

— Quer ver por si mesma? — Ele perguntou, sem


nenhuma vergonha.

— Mantenha seu pau dentro da calça e mantenha as mãos


para si mesmo. — Avisei. Passando por ele, peguei a vassoura e
comecei a varrer o depósito. Eu esperava que ele fosse embora,
agora que terminamos de guardar todo o estoque, mas esse não
foi o caso.

Ele se encostou na parede oposta a mim, ficando à


vontade. Maddox tirou uma pequena caixa de cigarros do bolso.

Minha voz estava aguda quando falei: — Você não tem


permissão para fumar aqui!

Maddox emitiu um som irônico no fundo de sua garganta


enquanto virava a minúscula caixa sobre os dedos e ao redor na
mão. — Não vou desrespeitar seus avós assim. Só estou
checando quantos me restam.

Eu quase podia ouvir suas palavras não ditas. Pare de


assumir o pior de mim, Lila.
Ignorando a picada silenciosa, continuei a varrer. Mesmo
não olhando para ele, podia sentir seu olhar queimando na
parte de trás da minha cabeça. Ele estava encarando
arduamente.

Maddox me perseguia com os olhos, e não gostei de como


conseguia me fazer sentir... pequena.

— Então, não vamos falar sobre o elefante na sala?

— Que elefante? — Eu resmunguei, distraída.

— O pau duro que me deu há dois dias.

Oh! Eu estava tentando esquecer tudo daquela noite, mas


ele tinha que falar sobre isso. Claro, desde que o deixei
estupefato. Poucas pessoas têm a chance de empurrar de volta
quando se trata do Maddox. Dei a ele um gosto de seu próprio
remédio, e obviamente não gostou.

Parei de varrer e segurei a vassoura, apoiando o braço


nela. — Oh, isso. O banho frio ajudou?

— Não. Eu tive que usar minha mão. — Se não soubesse


melhor, diria que havia uma nota de petulância em sua voz.

— Eu não precisava saber disso.

Ele deu de ombros, despreocupadamente. — Você


perguntou, eu respondi. Posso usar sua mão da próxima vez?
Oh, pelo amor de Deus. — Isso é um grande não, Coulter.

Seus lábios tremeram e quase revirei os olhos. — Você é


chata, Garcia! — Ele provocou mais uma vez.

— Prefiro ser chata, a ser seu próximo brinquedinho.

Qualquer coisa era melhor do que ser sua próxima


refeição. Para deixar isso simples, Maddox era como um leão e
era bastante fácil ver a semelhança. Quando recebem carne, os
leões atacam sem pensar duas vezes. Eles devoram sua
refeição, caótica e selvagemente. Quando terminam, cospem os
ossos, com a barriga cheia e vão embora. Assim era Maddox.

Ele devorava qualquer pessoa em seu caminho, sem se


importar com as consequências, e cuspia os ossos quando
acabava a diversão. Caras como Maddox brincavam com você,
despedaçavam você, camada por camada, peça por peça e
depois, você era deixada de lado, fragmentada e vazia, porque
tudo havia sido tirado de você.

Maddox se afastou da parede e deu um passo em minha


direção. — Você me odeia tanto assim?

Ele realmente parecia curioso, como se quisesse esmiuçar


meu cérebro para ver por dentro, mergulhar em meus
pensamentos. Ele queria ver além do meu muro. Pena que ele
era a pessoa errada para rompê-lo.
— Não é sobre ódio. Simplesmente não estou excitada com
a sua existência.

Não era sobre ódio. Isso era muito preto e branco. Não.
Garotos como Maddox já roubaram o suficiente de mim... Meu
coração bateu forte no peito e desviei o olhar. Garotos como
ele... me arruinaram.

Colocando a vassoura de volta no canto, caminhei em


direção à porta sem lhe dar um olhar. — Você deveria perguntar
à vovó o que mais ela quer que você faça. Vou fazer uma pausa
de dez minutos.

Maddox bloqueou minha saída. — Deixe-me mudar sua


mente. Passe uma tarde comigo.

Suas palavras me chocaram, me fazendo recuar um passo.


O quê?

Por que ele iria...

Maddox realmente não entendia a palavra “limite”. Como


passamos de inimigos para ele me pedindo para passar uma
tarde juntos?

Bem jogado, Coulter.

Ele olhou para mim com expectativa, como se realmente


quisesse que eu considerasse sua oferta.
Eu recuei uma risada que borbulhava em meu peito e
ameaçava escapar pela minha garganta. Eu era uma piada para
ele? Espere... eu sabia a resposta.

— E o quê? Você me terá em suas mãos? — Eu perguntei


com uma sobrancelha arqueada.

Ele sorriu, perdendo o olhar esperançoso em seu rosto. Ele


voltou a ser um idiota. — Em meus braços e meu pau, sim.

Inclinei-me para frente, empurrando meu corpo contra o


dele. Ele nunca escondeu o fato de apreciar a minha aparência.
Meu corpo o tentava; estava ciente disso. Então, dois podem
jogar este jogo.

— Essa é a sua maneira de me chamar para um encontro?


— Eu sussurrei, minha voz sensual, mas pingando sarcasmo.
Se ele fosse esperto o suficiente, entenderia isso.

Maddox me encarou, seus lábios curvados ao lado. — Eu


não namoro. Nunca. Meu passatempo favorito é ter garotas de
costas ou de joelhos para mim.

— Você. É. Nojento! — Ele encolheu os ombros.

Afastando-me dele, inclinei o queixo para cima, tanto para


olhá-lo quanto para desafiá-lo. Ele não estava me convencendo.
— Diga-me uma coisa, suas fãs sabem como você pensa?
— A maioria delas sabe e não se importam. Elas estão me
usando da mesma maneira que as estou usando. Sexo, diversão
e popularidade. Três coisas que querem e três coisas que eu
posso dar. Elas estão felizes com o arranjo. Aquelas que não
estão, eu mostro a porta. Simples.

— Então, as meninas ficam excitadas e incomodadas


porque você é um idiota.

— Esse é o apelo, docinho.

Abri a boca, mas a fechei quando não consegui encontrar


as palavras apropriadas. Eu estava sem palavras.

— Lila! — A voz do vovô interrompeu nossa batalha


silenciosa e me afastei. — Você pode vir e me ajudar com algo?

— Estou indo! — Respondi.

Eu tentei passar por Maddox, mas ele não se mexeu. Pelo


contrário, avançou, me forçando a dar um passo para trás e
para longe da porta.

— Então, o que você diz? — Ele resmungou.

Um som frustrado derramado saiu da minha garganta. —


O quê?

Ele continuou avançando, e dei um passo para trás, dois...


e três. — Uma tarde. Dê-me uma hora do seu tempo e farei você
mudar de ideia.
— Não estou interessada, Coulter. Você nem é digno de
uma hora do meu tempo. — Eu mordi, olhando para ele através
dos meus cílios.

Ele se aproximou de mim e tropecei de volta à parede.


Merda.

— Então, você está dizendo, se eu te beijar agora,


realmente te beijar... do jeito que você deveria ser beijada, e
depois deslizar minhas mãos em sua calcinha, não vou te
encontrar molhada por mim?

Muito arrogante? Eu me arrepiei com as suas palavras, e


meus punhos se apertaram ao meu lado. Ele aproximou o rosto
de mim, olhando nos olhos enquanto suas mãos pousavam em
ambos os lados da minha cabeça.

— Lila! — Vovô chamou de novo, mais alto desta vez. Ele


parecia mais perto do que antes. Se eu não saísse agora, ele iria
me encontrar no depósito e iria ver Maddox e eu...

Oh Deus.

— Beije-me e me certifico que nunca mais beije outra


garota. — Eu avisei.

— Desafio aceito.

Maddox se inclinou como se fosse me beijar, seus lábios a


poucos centímetros dos meus. Virei minha cabeça para o lado e
pude sentir seu hálito mentolado penetrando a minha
bochecha.

— Mova-se! — Eu rosnei.

— Lila... — Ele respirou, mais perto do meu ouvido. Sua


voz soou mais profunda, mais ousada... como se realmente
imaginasse me beijando.

Eu mantive minha cabeça virada, me recusando a lhe dar


acesso à minha boca. Meus olhos pousaram em seu antebraço
enquanto me mantinha enjaulada contra a parede. Eu podia
sentir a protuberância entre as suas pernas pressionando
contra meus quadris, me deixando com raiva e indignação, em
vez de ficar excitada.

Eu não sabia o porquê, mas esperava algo melhor dele.


Quando pediu para passar uma tarde comigo, parecendo
inflexível... Por um breve momento, quase acreditei que ele
estava falando sério sobre mudar minha mente.

Os músculos do antebraço, onde arregaçara as mangas,


apertaram, e eu ataquei, sem pensar muito nisso. Eu abri a
boca e a apertei em seu braço, mordendo.

Maddox soltou um assobio de surpresa e levantei meu


olhar para ele. Ele se afastou, apenas um pouco para me
encarar. Agarrei seu braço estendido e mordi com mais força
quando não fez nenhum movimento para se afastar. Ele
congelou por um segundo, mas ainda ficou parado. Continuei a
pressionar onde meus dentes estavam presos em sua carne.

Ele nem sequer vacilou. Não, ele fez o oposto.

Lentamente, seus lábios se abriram em um pequeno


sorriso. Os seus olhos brilhavam com diversão, e ele inclinou a
cabeça para o lado, esperando... O bastardo parecia não se
incomodar com a minha ação.

Com um bufo zangado, soltei seu braço e me afastei dele.


O Senhor-Dor-Em-Minha-Bunda olhou para a marca da
mordida e depois deu um sorriso lento e preguiçoso. — Eu
sempre soube que você gostava de áspero... Mas nunca
imaginaria que você gostasse de morder.

Segurando um rosnado frustrado, o empurrei forte o


suficiente para fazê-lo tropeçar para trás um passo. Eu
empurrei meu dedo médio em seu rosto estúpido e sorridente
antes de sair.

Sua risada me seguiu quando o deixei para trás no


depósito.

Não o mate. Isso é assassinato. Não. O. Mate.


CAPÍTULO ONZE

Mais tarde naquele dia, Riley e eu estávamos deitadas em


minha cama, fazendo o dever de cálculo avançado. Riley havia
planejado se formar em negócios e, depois ir para a faculdade
de direito, que eram as expectativas de seus pais, o que não
seria difícil para ela, porque ela amava Direito e Política.

Sua fraqueza, no entanto, era matemática. Absolutamente


tudo o que tinha a ver com matemática. Ela achava uma droga,
mas desde que tivesse que se formar em negócios, precisava
passar em Cálculo com notas máximas.

É aí que entro: sua melhor amiga, sua professora e um


gênio em matemática. Sortuda.

— Eu não entendo nada disso. — Choramingou, caindo de


costas. Riley fechou os olhos e jogou um braço sobre o rosto, se
escondendo de mim.

Eu lhe dei uma cutucada gentil com os dedos dos pés. —


Vamos tentar a questão mais uma vez.
— Essa é a terceira vez. Eu sou um caso perdido. Não há
como entrar em Harvard se me ferrar em Cálculo.

Ela estava exagerando. Riley não estava, de maneira


alguma, reprovando em Cálculo. Atualmente, ela tinha uma
média oito, desde que estava se matando noite e dia para
praticar todas as suas equações e resolver problemas extras de
matemática. Riley Jenson era dedicada ao extremo.

— A prática leva à perfeição, certo? — Eu seduzi,


gentilmente. — Mais uma vez, querida.

Ela abaixou o braço um pouco e olhou para mim. — Então


podemos assistir Riverdale16?

— Um episódio. — Concordei, relutantemente.

— Que tal maratonar a temporada inteira? — Riley me deu


o olhar de cachorrinho, aquele que dominara, o que quase me
conquistou.

Eu belisquei sua canela. — Agora você está exagerando,


mocinha. — Ela assobiou, afastando os pés e o lábio inferior
sobressaltando em um beicinho.

— Vamos voltar à pergunta.

16 É uma série de televisão norte-americana, de drama e mistério, voltada para adolescentes.


Riley assentiu e se sentou, se concentrando novamente em
seu caderno. Expliquei os passos para ela de novo, assentiu e
tentou mais uma vez.

Vinte minutos depois, ela soltou um grito de vitória. — Eu


consegui!

Sim, ela fez. Assim como eu sabia que faria.

A felicidade em seu rosto era contagiante, e me peguei


rindo com ela enquanto tentava fazer um twerk17 na cama.
Passamos as duas horas seguintes trabalhando em nossa lição
de casa. Quando terminamos e guardamos todo o nosso
material, fui pegar lanches enquanto Riley carregava Riverdale
na Netflix. Ela queria assistir uma temporada inteira enquanto
me contentava com apenas dois episódios. Seria uma batalha,
com certeza.

No meio do primeiro episódio, Riley começou a ficar


nervosa. Ela estava olhando furtivamente para mim, e notei o
jeito que ela estava praticamente abrindo um buraco na blusa.
Eu conhecia Riley tempo suficiente para saber que isso era um
sinal de nervosismo e não tinha nada a ver com Riverdale. Eu
esperei que falasse em vez de pressionar por informações. Se
algo estivesse errado, ela me diria sozinha, sem que tivesse que
forçá-la a fazer isso. Era um entendimento silencioso entre nós.
Riley nunca me pressionou sobre o meu passado. Contei a ela
17 É um estilo de dança em que grande parte dos movimentos se concentram nos quadris e em
agachamentos.
pequenas partes e as aceitou sem exigir mais. Eu fiz o mesmo
por ela. Ela só me deu o que queria; estabelecemos isso no
início da nossa amizade.

Seu silêncio não durou mais de quinze minutos. — Eu


tenho que confessar algo.

Parei o episódio e a encarei. Nós duas estávamos sentadas


de pernas cruzadas na cama. — O que foi?

Riley engoliu em seco e mordeu o lábio, as sobrancelhas


juntas em nervosismo. Seu corpo estava tenso, e não gostei do
olhar assustado em seu rosto.

Ela lambeu os lábios, respirou fundo e começou. — Na


sexta-feira, depois que Maddox levou você e Colton me
agarrou...

A noite da casa mal-assombrada? Confusa, assenti e


esperei que continuasse. — Sim?

— Ele me puxou para trás da lixeira... — Riley parou, seus


olhos arregalados e vidrados.

— Sim. Você me disse. Malditos idiotas, ambos. Se eu


pudesse, os denunciaria por...

Riley balançou a cabeça e me cortou bruscamente. — Não,


ouça. Não contei tudo o que aconteceu. — E então ela... corou.
Ela desviou o olhar por um segundo e voltou a fazer buracos na
blusa.

— Riley...? — Eu lentamente questionei.

Ela soltou um suspiro alto e frustrado. Suas bochechas


estavam pintadas de rosa, mas havia um olhar culpado em seus
olhos. — Eu estraguei tudo. Não sei como aconteceu, mas
apenas... aconteceu. Um minuto, estava gritando com ele e até
dei um soco nele; ele estava rindo como um lunático estúpido e
então me puxou para perto e... simplesmente aconteceu. Eu não
pensei. Eu não estava pensando.

Ela estava balbuciando, falando rápido demais, mas


entendi. Por ela, escondi cuidadosamente meu choque. Mas...
oh, MERDA!

— Riley, você... quero dizer, vocês dois...?

— Não! Não fizemos sexo! — Ela cuspiu e corou ainda


mais. — Nos beijamos. Oh Deus, não posso acreditar que estou
dizendo isso. Mas ele me puxou e apenas bateu seus lábios nos
meus. Eu acho que foi a adrenalina. Eu estava tão assustada, e
então estava excitada e tipo, meu coração estava batendo tão
rápido, me sentia tonta e então apenas o beijei de volta.

Não surte, Lila. Não surte.

— O que aconteceu? — Eu perguntei calmamente, mesmo


que estivesse tudo, menos calma.
— Colton nos puxou para baixo, para que eu pudesse
sentar em seu colo. E nós apenas... hum, nos beijamos.

— E?

Riley enterrou o rosto nas mãos, deixando escapar um


grito sufocado. — Eu sou horrível. Jasper estava certo. Eu sou
uma vadia.

— O quê? Riley! — Cheguei mais perto dela e afastei as


mãos do seu rosto para que não tivesse escolha a não ser olhar
para mim. — Não diga isso!

— Nós nos beijamos. Não sei quando aconteceu, mas ele


desabotoou meu jeans e colocou a mão dentro e... me tocou, e
me senti bem, Lila. Eu sei que isso parece estúpido, mas me
senti tão bem. Estava uma loucura e tudo estava acontecendo
tão rápido.

Ela se interrompeu, olhando para mim como se eu


pudesse salvá-la do que quer que estivesse passando em sua
cabeça. Minha pobre Riley. Estava chocada, sem palavras,
então só pude dar um tapinha no seu braço.

— Eu gozei. — Ela murmurou, rápido demais para eu


entender.

— Você o quê?
— Eu gozei! Ele estava apenas me tocando e... tive um
orgasmo em seu colo enquanto estávamos sentados ao lado de
uma lixeira nojenta e fedorenta.

Meu queixo ficou frouxo e a encarei. Riley soltou um grito,


parecendo confusa e com o coração partido. — Eu nem gosto
dele! Deus, gosto do Grayson, e deixei o Colton me tocar assim,
eu sou horrível. Assim como Jasper disse.

Eu saí do meu choque com as suas palavras e agarrei seus


ombros, a sacudindo. — Riley, você não é nada disso. Pare com
isso.

O seu queixo tremia e mordeu o lábio com severidade. Ela


estava tão vermelha agora, suas bochechas, orelhas e pescoço,
estavam todos rosados. — Colton é o primeiro cara... quero
dizer, depois de Jasper. Eu não estive com mais ninguém. Eu
nem beijei ninguém depois dele. Eu não podia lidar com isso, e
então com Colton... isso só aconteceu.

— Oh, querida. Venha aqui. — Eu a abracei perto, e ela


soluçou. Agora que finalmente confessou o que a estava
correndo por dentro, suas emoções bagunçadas transbordaram
e não havia como detê-las.

— Ele provavelmente acha que sou estúpida e uma


vagabunda.
— Shhhhh. — Passei a mão pelas suas costas, confortando
Riley da única maneira que sabia. Eu era péssima em confortar
as pessoas, mas esperava que minha presença fosse suficiente
para ela.

— Ele vai espalhar boatos como Jasper fez. Estou com


tanto medo de ir para a escola amanhã. E se eu entrar e todo
mundo me encarar como... antes... quando Jasper... os
sussurros, os julgamentos, as risadas em minhas costas.

Eu pressionei uma mão firme nas suas costas. — Nem


todos os garotos são como Jasper, querida.

— Eu sei...

— Está tudo bem.

Ela levantou o rosto e saiu do meu abraço. — Ele me


abraçou.

— Colton? — Isso era... chocante.

— Sim. Depois do meu... hum, orgasmo. Eu acho que


estava em choque. E chorei. Não estava chorando, mas quero
dizer, havia lágrimas. Ele percebeu e quebrou o beijo. Então,
apenas me abraçou. Não falamos. Foi quando você nos
encontrou. Ouvi você chamando meu nome e nos separamos.

Oh, uau.
— Ele pediu desculpas, — Riley confessou gentilmente. —
Antes de eu sair, ele sussurrou que estava arrependido.

Eu não sabia o que dizer. Colton e Maddox eram cortes do


mesmo tecido. Ambos eram do tipo foda-se tudo e todos, e
ambos eram idiotas. Era quase impossível imaginar Colton
fazendo algo tão doce quanto abraçar e pedir desculpas a Riley.

— Nem todos os garotos são como Jasper. — Eu disse


novamente.

Ela assentiu, os olhos vidrados de lágrimas não


derramadas. Riley sempre foi tão alegre, tão cheia de vida. O
olhar de conflito em seu rosto rasgou meu coração. — Isso faz
de mim uma pessoa má? Eu não gosto dele. Eu quero Grayson.

— Não, isso não faz de você uma pessoa má. Como você
disse, foi a adrenalina e o calor do momento. Isso acontece, e
ninguém tem o direito de julgá-la. Se Colton a abraçou e pediu
desculpas, não acho que irá espalhar boatos sobre você. Eu
acho que ele não é assim.

Ao dizer as palavras, cheguei a uma conclusão chocante.


Maddox e seus amigos eram um grande pacote de babaquice.
Eles eram idiotas, brincavam constantemente com o coração
das meninas e tudo com o que se importavam era sexo, sexo e
mais sexo. Mas nunca os tinha visto espalhar rumores
estúpidos sobre outros estudantes. Claro, eram irritantes, mas
nunca haviam feito nada para arruinar a reputação de alguém.
Não como Jasper fez com Riley.

Eu acho que... isso era uma coisa boa sobre Maddox e


seus amigos.

Na segunda de manhã, o medo de Riley foi acalmado


quando atravessamos os portões da Berkshire, e tudo estava
normal, como em qualquer outro dia. Parecia que Colton não
tinha espalhado nenhum boato, e eu poderia dizer que Riley era
finalmente capaz de respirar melhor. Ela voltou ao seu
contagiante sorriso em dois segundos.

Fomos às nossas respectivas aulas e o dia continuou sem


mais drama.

Exceto que... com Maddox sendo uma presença constante


em minha vida, eu só tinha três horas de paz e sossego até a
hora do almoço.

Os corredores estavam vazios quando saí do escritório da


Sra. Callaway, minha professora de Química. Nossa reunião
durou mais do que o esperado, e todos já estavam na cafeteria,
sendo que estava na metade do horário do almoço.
Fui até o meu armário para depositar meus livros, e parei
quando percebi quem estava lá. Maddox estava encostado em
meu armário como se fosse o dono.

Ele estava em todo lugar que eu ia, e em todo lugar que eu


queria ir ele estava lá. Um espinho constante em minha bunda.

Eu estava começando a acreditar que não havia como


escapar de Maddox Coulter uma vez que ele dava o xeque-mate
em você. E foi exatamente o que fez comigo. Ele me colocou em
seu radar e, em seguida, xeque-mate, me tornei seu prêmio
relutante. Não importa o quanto lutasse e empurrasse contra
isso, ele estava lá, me puxando com mais força e empurrando
de volta com mais furor. Era um ciclo interminável e estava
começando a ficar cansativo.

Soltando um suspiro, andei em frente. Quando me


aproximei, notei que tinha um palito entre os lábios, as mechas
loiras e sujas estavam amarrotadas e caídas, em vez do coque
masculino, e o casaco de Berkshire estava faltando. A camisa
branca estava desabotoada e a gravata pendia frouxa no
pescoço.

Ele parecia uma tela imperfeita, falha e selvagem. Mas,


como toda obra de arte, você não conseguia tirar os olhos dele.

Foi a primeira vez que o vi assim. Sua aparência gloriosa


foi substituída por algo imperfeito e... humano.
— O que você quer? — Eu perguntei, parando ao seu lado.

Ele mordeu o palito, pensativo. — Você me machucou. —


Ele disse, simplesmente, como se estivesse anunciando o
tempo.

— Quando? Como? Oh, certo, provavelmente em seu


pesadelo. — Eu digitei o código no armário, abri e joguei meus
livros lá dentro.

Ele finalmente olhou para mim, seus lábios tortos e seus


olhos brilhando com travessuras. — Então, você concorda, que
você é uma dor em minha bunda?

Eu, uma dor na sua bunda? Essa era a piada do século. —


Eu não sou uma rosa, Maddox. Se você vai dificultar a minha
vida, serei o espinho que te machuca. Não espere que seja toda
sorrisos, corações e olhos arregalados. Eu não sou essa garota.

Ele manteve o palito no canto da boca enquanto falava. —


Eu sei que você não é.

Quando não respondi, ele lentamente rolou as mangas da


camisa branca até o cotovelo. O mesmo braço que mordi ontem.
Ele enfiou o braço no meu rosto e uma enorme marca de
mordida vermelha me encarou.

Meus olhos se arregalaram com a marca zangada. Agarrei


seu antebraço para uma inspeção mais próxima. Isso não
poderia ser de quando... eu o mordi, certo?
— Você me machucou. — Disse novamente.

Eu... machuquei.

— Olhe para isso. Meu braço está dolorido o tempo todo.

Meu olhar voou para ele e quase pensei que estivesse


falando sério se não tivesse notado o brilho em seus olhos.

— Não me lembro de ter mordido você com tanta força, e


foi ontem de manhã. Já se passaram vinte e quatro horas. É
impossível que a marca da mordida ainda fique assim, exceto
se...

Deixei minhas palavras escaparem e olhei para ele,


desconfiada.

— Você acha que me mordi? Droga, Garcia, você é


realmente cruel. Por que causaria tanta dor a mim mesmo
quando tenho você para fazer isso?

Ele enfiou o braço na minha cara novamente. — Agora, o


beije para melhorar, — exigiu Maddox. — Ou direi ao diretor
que você me mordeu.

Doce Jesus, ele realmente era impossível.

— Vá em frente, — assobiei baixinho. — Vou dizer a ele


como você está me assediando!
Maddox teve a audácia de parecer inocente. Ele soltou um
suspiro falso antes de seu lábio inferior sobressair em um
pequeno beicinho. — Eu? Você é que ficou agressiva comigo,
docinho. Toda vez. Se não soubesse melhor, diria que você está
tentando me fazer tocar em você.

Meu estômago afundou e minha frustração borbulhou a


ponto de pensar que faria algo pior do que mordê-lo. É isso aí.
Eu não podia mais lidar com ele.

Eu joguei minhas mãos para cima em derrota. Levou tudo


em mim para aceitá-la, mas estava farta. — Você sabe o quê?
Trégua. Estamos quites. Vamos parar por aqui.

Maddox olhou para mim por mais um segundo. Seu olhar


cravou no meu, queimando através das minhas paredes e se
forçando a espiar dentro da minha alma. Eu devolvi olhar com
uma intensidade inquietante.

Ele levantou um ombro, um encolher de ombros


preguiçoso. — Muito bem, trégua. Mas você precisa beijar meu
dodói para sarar primeiro.

Ele está falando sério?

Então, esse era o seu jogo? Ele realmente queria meus


lábios nele de alguma forma. Idiota. Mas tudo bem, eu jogaria o
seu jogo. — Bem. Vou beijar seu dodói para sarar antes que
você volte correndo para sua mãe chorando. — Eu aproximei
seu braço e lentamente inclinei minha cabeça até a marca da
mordida. Parecia feia e dolorosa. Por um breve momento, me
senti mal e a culpa me corroeu antes de empurrá-la para longe.

Antes que meus lábios pudessem tocá-lo, Maddox se


amontoou no meu espaço. Eu respirei fundo quando o seu
braço enrolou ao redor da minha cintura e me puxou para ele.
Nossos corpos colidiram suavemente e o tempo parou. Tic...
Tac...

Seu calor escoava através de suas roupas e das minhas, e


conseguia senti-lo em minha pele. Meu coração disparou, e
pude sentir a batida do seu coração contra o meu peito.

Algo pulsou entre nós, eletrizante e poderoso... Um breve


momento no tempo... Algo que durou apenas um segundo.

A sua outra mão se levantou e seus dedos deslizaram atrás


da minha cabeça, enrolando ao redor da minha nuca.

Meu cérebro gritou comigo, zangado e confuso.

Sua respiração caiu sobre minha boca; eu pisquei, e seus


lábios bateram nos meus.

Eu ofeguei em seus lábios famintos. Minhas mãos


pousaram em seu peito, e tentei empurrá-lo para trás, mas ele
apertou a parte de trás do meu pescoço enquanto aprofundava
o beijo. Com o braço ainda preso firmemente ao redor da minha
cintura, ele nos girou e minhas costas bateram no armário. Meu
coração mergulhou no meu estômago quando ele empurrou
contra mim e me levantou, apenas permitindo que meus dedos
tocassem o chão.

Eu não sabia se deveria beijá-lo de volta... afastá-lo...

Minha mente ficou em branco quando ele lambeu as


costuras dos meus lábios. Seu peito vibrou com um pequeno
gemido quando seus dentes roçaram meu lábio inferior antes
que mordesse. Eu assobiei em sua boca, embora estivesse
tremendo em seus braços. A mordida suave doeu, e podia sentir
o sangue correndo pelos meus ouvidos. Lentamente, ele afastou
a boca. O seu gosto, hortelã e tabaco, pesava em meus lábios
inchados.

— Agora estamos quites. Trégua, baby! — Ele sussurrou


em meu ouvido, sua voz mais profunda e mais sombria.

Minha respiração ficou presa na garganta quando ele se


desembaraçou do meu corpo, e caí contra o armário. Eu não
conseguia... respirar.

Choque e raiva correram através de mim, um mar de


emoções misturadas, profunda demais, enquanto as marés
eram muito violentas, eu estava me afogando em um oceano
sem fundo.

Maddox olhou para mim e passou a língua


preguiçosamente sobre os lábios vermelhos e inchados, como se
quisesse provar o restante do nosso beijo. — Você tem um gosto
mais doce do que pensava.

Seus lábios tremeram, e com um sorriso torto, ele se


afastou para trás e para longe de mim. Soltei um suspiro
engasgado... Finalmente capaz de respirar.

Inspirei profundamente, respirando desesperadamente


quando ele piscou para mim e depois virou no final do corredor.
Minha mão subiu lentamente até o peito e eu a deixei lá, sobre
o meu coração que batia rapidamente.

Seus lábios tinham gosto de... pecado.

E eu me odiava por reagir da maneira como reagi ao seu


beijo.
CAPÍTULO DOZE

Entrei pela porta da casa dos meus avós e tropecei no sofá.


Vovó se inclinou contra a porta da cozinha, depois de ouvir a
porta se abrir. Ela me observou de perto. — O que há de errado,
querida?

— Nada! — Eu resmunguei, esfregando a mão no meu


rosto.

— Esse suspiro me diz que é definitivamente alguma coisa.


— Ela se sentou no sofá oposto, esperando minha resposta. Eu
sabia que ela não iria descansar até que eu dissesse o que
realmente estava me incomodando. — Alguém está
incomodando você?

Alguém? Sim, seu precioso ajudante, vulgo Maddox, meu


inimigo.

Eu gemi em derrota. — Há uma pessoa...

Ela me deu um olhar conhecedor. — Um rapaz.

— Sim, um rapaz.
— Que rapaz? — Vovô desceu as escadas e sentou ao meu
lado com uma carranca dura no rosto. Ele era um pouco
superprotetor.

O último namorado que tive foi há dois anos. Namoramos


por cerca de quatro meses antes de eu perder minha virgindade
na traseira da caminhonete de seu pai, no escuro. Da próxima
vez que dormimos juntos, ele notou minha cicatriz e o olhar de
nojo em seu rosto ainda queimava em minha memória. Leo
terminou comigo no dia seguinte. Quando Pops18 descobriu,
sem nenhum detalhe desagradável sobre sexo, ele perdeu a
cabeça. Desde então, desconfiava de qualquer garoto que
aparecesse.

— É alguém da escola. — Finalmente admiti, deixando de


fora o nome de Maddox, já que ambos gostavam muito dele e
partiria o coração da minha avó se descobrisse quem era o
verdadeiro Maddox.

Ok, sim, ele era o ajudante perfeito aos domingos, e


realmente trabalhava duro, então não poderia arruinar sua
imagem só porque ele era um idiota comigo na escola. Certo?

— Ele está sendo rude com você? Preciso registrar uma


reclamação ao diretor? Molly, onde está meu rifle? — Ele se
levantou, as costas retas e a mandíbula dura como granito. Meu
doce avô, mesmo na velhice, era feroz.

18 Apelido carinhoso para vovô e papai, mas neste caso, para o avô.
Agarrei seu braço e o puxei de volta ao sofá novamente. —
Não, não. Ele é apenas... um pouco chato.

— Um valentão? — Vovô perguntou. Seu olhar intenso


queimou buracos ao lado do meu rosto. Este era o seu olhar se-
você-mentir-para-mim-eu-vou-descobrir.

— Não exatamente. Eu não o deixo me intimidar. Você


poderia dizer que também sou uma dor no seu traseiro. Pintei
seu cabelo de rosa.

Vovó riu. — Você sabia que foi assim que a nossa história
de amor começou?

— Você pintou o cabelo de Pops de rosa? — Ofeguei,


minha mandíbula caída.

— Não exatamente. Foi durante o acampamento de verão.


Seu avô era um amor, mas os seus amigos eram irritantes. Veja
bem, não quis pintar o seu cabelo. Era para o seu amigo, que
enfiou chiclete no meu cabelo.

— Ela teve que cortar seus lindos cachos. — O olhar triste


em seu rosto, enquanto olhava para vovó, como se estivesse
lembrando muito claramente daquele dia, fez meu coração
romântico cantar.

— Sim. Mas Sven entrou no chuveiro primeiro e... saiu


com cabelos brancos.
— Jack Frost19. — Pops murmurou baixinho.

— Um belo Jack Frost. — Vovó ergueu o queixo, um brilho


em seus lindos olhos castanhos. — Foi assim que nossa história
de amor começou. Nos odiávamos até que ele me beijou no final
do verão. Nós nos separamos, mas ele me seguiu. Ele disse que
ia se casar comigo e me conquistaria. Conquistou-me.

Eu já estava balançando a cabeça antes que ela pudesse


terminar sua frase. História de amor? Maddox e eu? Ha. Eu me
abstive de soltar uma risada zombeteira. — Ah, não. Não há
história de amor entre nós. Ele é meu…

Meu o quê? Meu inimigo que me beijou? Confusa, não


consegui encontrar a palavra certa para descrevê-lo. A definição
de nosso relacionamento era... complicada. Ele era um idiota,
mas não era exatamente um valentão, desde que eu lutasse com
a mesma força. Claro, ele era meu inimigo, mas também me
beijou, e meu coração traiçoeiro fez algo estranho no peito. Nós
dois estávamos apaixonados por nossa guerra em andamento,
mas não era ódio.

Pops me deu um tapinha no joelho, sempre do meu lado,


sempre tão encorajador. — Se ele está dificultando sua vida, o
faça infeliz. Não seja tímida. Faça-o se ajoelhar! — Ele disse
ferozmente.

19 Figura lendária élfica pertencente ao folclore do norte da Europa.


Engoli o nó na garganta, me recusando a admitir que entre
Maddox e eu havia algo mais do que guerra. Era um campo de
batalha entre nós. Virando-me para Pops, lhe dei um sorriso
terno. — Você está assistindo Game of Thrones20 de novo?

— É... interessante. — Ele olhou para a esposa, os lábios


tremendo com um meio sorriso. Havia algo em seu olhar, e
quando vovó corou sob seu olhar avaliador, meus próprios olhos
se arregalaram e lutei contra um engasgo. Oh merda, eu não
queria saber.

— Certo. Eu preciso tomar banho, então ajudarei com o


jantar. — Levantei-me para beijar vovó na bochecha e Pops na
cabeça careca. Os dois riram enquanto me afastava.

Na manhã seguinte, caminhava pelos corredores da


Berkshire. Demorou uma hora para o sinal tocar para indicar o
início do dia escolar. Quase não havia estudantes
perambulando pelos corredores da escola. A Berkshire estava
participando de um experimento científico, e se vencêssemos as
regionais, estaríamos representando nosso Estado. Hoje foi o
20Série televisiva da HBO e adaptada da série literária As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R.
Martin.
nosso primeiro encontro. Eu, é claro, entrei. A ciência era
minha droga, pura e simplesmente.

Eu estava marchando pelos corredores quando algo


chamou minha atenção, me fazendo parar. Não algo: alguém.
Pela janela, vi Maddox sentado em um banco do lado de fora.

Eu não achei que acordasse tão cedo, já que eles não


praticavam futebol hoje. Por que Maddox estava aqui?

Ele olhou para o campo vazio; os cotovelos se


empoleiravam nas coxas enquanto fumava um bastão de
câncer.

Estava começando a esfriar em Manhattan, e agora


precisávamos de um suéter ou uma jaqueta mais grossa antes
de sair. Maddox usava apenas seu uniforme da Berkshire, como
se o frio não estivesse incomodando-o, como se tivesse se
tornado imune ou entorpecido.

Mas não foi isso que me fez parar e encarar. Não, ele
estava sozinho.

Ele nunca estava sozinho; sempre estava cercado por suas


fãs ou amigos, ou estava me irritando.

Coloquei a mão sobre a janela enquanto o estudava de


longe. Não havia razão para o meu coração doer, mas doeu. Algo
apertou no peito, como um punho segurando meu coração em
um forte aperto. Sentado no banco, no frio, com um cigarro
entre os lábios, ele parecia um deus triste e solitário.

Maddox se levantou, seu cabelo comprido caindo pelo


rosto, se escondendo da minha vista. Ele deu uma última
inspiração antes de jogar o cigarro no chão e pisar por cima
dele.

Suas mãos se enrolaram na nuca e ele olhou para o céu.


Seus cabelos loiros caíram do rosto quando uma rajada de
vento passou por ele.

Com os olhos fechados, ele se virou para mim e...

O olhar agonizado em seu rosto me fez respirar fundo.

Sua dor era forte e visível para todos verem, mas não havia
ninguém olhando para Maddox, exceto eu.

Ele parecia uma bela tela sendo rasgada enquanto a


tristeza sangrava através dele.

Pela primeira vez desde que conheci Maddox, senti algo


diferente de aborrecimento. Eu realmente não deveria me
importar. Eu me convenci de que não me importava, que só me
sentia mal por ele porque tinha o hábito de cuidar de animais
vadios.

Mas Maddox não era um animal vadio ou ferido. Ele não


era meu para acalmar.
Mas ainda…

— Por que você sempre pensa o pior de mim?

Pela primeira vez, decidi não ser uma vadia julgadora e me


perguntei qual seria a sua história.

— Veja, esse é o seu problema. Você assume muitas coisas.

Eu assumia muitas coisas, mas isso era apenas porque


Maddox só me mostrava um lado seu: o lado idiota.

Este seu lado? O magoado, quebrado, conectou-se com


uma parte interna minha, meu pequeno coração enjaulado.
Porque me lembrei de olhar no espelho, e o meu próprio reflexo
me encarou de volta, com a mesma expressão no rosto de
Maddox.

Quebrada.

Perdida.

Solitária.

Assustada.

Seus olhos se abriram e meus lábios se separaram com


um suspiro silencioso quando nossos olhares se encontraram.
Ele não podia me ver... certo?

Mas oh, ele viu.


Ele me observou, silenciosamente, como eu tinha feito com
ele. Algo não dito cruzou entre nós, algo... pessoal.

Ele levantou o queixo em um reconhecimento silencioso


antes de se afastar, desaparecendo da minha vista.

O aperto em meu peito não se afastou. Meu coração estava


quebrado por um garoto que provavelmente se esqueceria de
mim rapidamente.

Meus punhos cerraram. Eu não deveria me importar.

Eu não me importava.
CAPÍTULO TREZE

— Eu não sabia que você era uma perseguidora, docinho.


— Seu sussurro rastejou ao longo do meu pescoço, me fazendo
tremer. Não o ouvi se aproximar de mim. Eu estava muito
perdida em pensamentos; nem o senti se aproximando.

Foi depois da escola; o sinal tocara e todos os alunos


estavam se juntando em grupinhos.

Coloquei minha bolsa no ombro, fechei o armário e me


virei para encará-lo. — Eu não estava perseguindo você,
Poodle21.

— Por que Poodle, porra? — Ele perguntou confuso.

Eu nem sabia por que havia dito isso. Talvez porque tenha
me pegado de surpresa, ou pelo fato de que insistia em me
chamar de docinho e precisava retaliar. Ou talvez porque
precisava me sentir no controle novamente depois do que vi hoje
de manhã. Eu tranquei meu coração, sentindo a frieza escoando
através de mim.

21 Raça de cães que possui o pelo cheio de cachinhos.


Mas uma coisa era verdade. Maddox era definitivamente
um Poodle.

Uma sobrancelha arqueou e olhei para ele, observando-o


enquanto percebia o porquê. Ele levantou a mão e tocou seus
cabelos encaracolados. — Poodle? Sério, Garcia?

— Poodle. — Disse novamente.

Suas narinas se abriram em um breve aborrecimento


antes de virar o jogo contra mim. — Então, perseguição é o seu
novo hobby?

Segurando minha bolsa com mais força, repeti: — Eu não


estava perseguindo você.

— Eu peguei você em flagrante. — Disse Maddox, sua voz


áspera.

— Qual é o seu problema, Coulter?

O que eu realmente queria perguntar era... o que... quem


machucou você? Ele inclinou a cabeça, me examinando. —
Você.

— Hã?

— Você é meu problema, docinho. — Maddox se


aproximou. — Aquele beijo...
— Não vai acontecer novamente, — terminei por ele. —
Esse foi o único gosto que você terá de mim, Coulter. Primeiro e
último. Memorize e tatue esse beijo em seu cérebro, porque é o
único que você conseguirá.

— Hostil, — murmurou. — Gosto de você quando está


cuspindo fogo, como um dragãozinho irritado.

Eu levantei meu queixo, apertando os olhos para ele. — Eu


gostaria mais de você se você fosse mais agradável.

— Agradável? — Ele soltou uma risada estrondosa que fez


com que outros alunos se virassem e se concentrassem em nós.
— Se você está procurando pelo príncipe encantado, beijou o
sapo errado. — Maddox Coulter não era o príncipe encantado
nem o... vilão.

Ele era outra coisa, e eu não sabia exatamente onde


encaixá-lo.

— Eu não te beijei. Você me beijou.

— Mesma merda. — Ele passou os dedos pelos cabelos,


afastando as madeixas teimosas dos olhos.

— Nós estamos andando em círculos, Coulter. — Eu passei


por ele, me certificando de que não iriámos nos tocar. — Tenha
um bom dia!
Sua mão serpenteou e agarrou meu pulso, me puxando de
volta para seu peito. Seu coração bateu contra as minhas costas
e fiquei parada. O corredor lotado desapareceu quando sua voz
se tornou um mero sussurro, falando apenas para eu ouvir. —
Da próxima vez, se certifique de não me encarar com uma
expressão tão comovente. Alguém pensaria que você se importa,
exceto que eu não sou bobo.

Ele estava se referindo a esta manhã, quando me pegou


observando-o pela janela.

Oh Deus.

Sua voz profunda rolou pela minha espinha. — Não se


apaixone por mim, Lila. Eu vou quebrar você.

Muito convencido? Por que ele acha que me apaixonaria


por ele dentre todas as outras opções que tinha? Maddox era a
última pessoa que queria em meu coração.

— Apaixonar-me por você é a última coisa que quero. Pode


apostar, mesmo que você fosse o último homem na terra, não te
foderia, nem te amaria; você é feio demais para mim.

— Eu ou meu coração?

— Ambos. — Eu respirei. Mentiras.


Ele soltou meu pulso, e pude sentir a queimadura em
minha pele, onde seu toque acabara de estar. Seu hálito
acariciou meu ouvido. — Bom.

Eu dei um passo para longe dele. Ele seguiu, para minha


irritação. — Uma última coisa. Se não posso beijar seus lábios,
posso beijar sua boceta?

Minha... O quê?

Filho da puta!

A raiva se enrolou dentro de mim e girei, o encarando. —


Seus pais não lhe ensinaram boas maneiras? — Cuspi entre
dentes.

Maddox perdeu instantaneamente o olhar provocador e


seu rosto endureceu para granito. A mudança nele foi tão
rápida e confusa; parecia que eu tinha caído na toca do
coelho22.

— Não. Eles não ensinaram. Eles nunca se importaram o


suficiente para me ensinar alguma coisa. — Disse
simplesmente, com os olhos vazios.

Minha boca se abriu, embora não soubesse como


responder. Meu cérebro gaguejou por um momento em choque,
quando meu coração caiu na boca do estômago. Maddox não

22É um ditado americano que não faz sentido quando traduzido, mas significa entrar em uma situação
bizarra ou um lugar caótico, incomum ou confuso.
esperou, passou por mim e o perdi na multidão antes que
pudesse chamá-lo para... pedir desculpas? Para quê?

Eu não sabia. Merda. Porra.

Choque e confusão me percorreram, e pela primeira vez,


percebi que realmente não conhecia Maddox.

Qual é a sua história, Maddox Coulter? Quem é você?

— Mesa oito. — Disse Kelly, me entregando uma bandeja


de comida quente. Eu balancei a cabeça, saindo da cozinha e
indo direto para a mesa entregar o pedido.

As solas dos meus pés estavam queimando e os saltos


altos não estavam ajudando. O restaurante no qual trabalhava
era agradável, o ambiente era bonito e acolhedor, e como
éramos o único restaurante Grill e Bar por quilômetros, esse
lugar podia ficar agitado. Eu não tinha permissão para
trabalhar no bar porque ainda era menor de idade. Fui
contratada há dois meses e só servia mesas. As gorjetas eram
boas o suficiente para me manter aqui, mesmo que o trabalho
fosse cansativo, e algumas noites podia sentir a exaustão em
meus ossos.

Xinguei baixinho quando outro cliente tentou chamar


minha atenção, agitando o braço com irritação.

Era uma noite movimentada, devia estar mais


movimentada do que nos últimos dias, e estávamos com falta de
dois funcionários. Os dois haviam telefonado para dizer que
estavam doentes no último minuto.

— Chegando. — Disse para ele.

Servi o jantar da mesa oito, um sorriso tenso no rosto. —


Deixe-me saber se vocês precisarem de mais alguma coisa.
Aproveitem! — Eu disse, alegre. Era falso, estava me sentindo
tudo, menos animada.

Voltei para o homem que estava acenando, pegando meu


pequeno bloco de notas no bolso do meu avental. Ao me
aproximar de sua mesa, notei que já havia pedido e terminado
sua comida. Os pratos estavam vazios à sua frente. Ah, então
precisava da conta então.

Entreguei à mesa cinco sua conta e fui para a mesa


seguinte. O pico veio e se foi. Horas depois, estava de pé e
desejando estar na cama. Kelly, minha colega de trabalho, que
também estava atarefada, me deu um olhar cansativo quando
passou por mim. — Mesa onze. Você pode pegar para mim? Eu
preciso ir ao banheiro.

Eu assenti. — Deixa comigo.

Ajeitei o avental, dei uma última mordida no sanduíche,


limpei os cantos da boca e fui até a mesa que aguardava.

Vi que já havia sido servido. — Olá, você gostaria de mais


alguma coisa?

Meu sorriso congelou no meu rosto e engasguei com um


suspiro.

Você está brincando comigo?

O Sr. Perseguidor, vulgo Senhor-Dor-Em-Minha-Bunda,


também conhecido como Maddox, sorriu para mim, um olhar
quase infantil em seu rosto e travessura em seu olhar. A
segunda coisa que notei foi que seu cabelo de poodle tinha
sumido. Puta merda, ele cortou? Os longos e desgrenhados
cabelos loiros e sujos de Maddox foram cortados. Não há mais
coques masculinos, nem mais arrogância de surfistas. Ele
cortou porque o chamei de Poodle? Não acho que ele se sentiu
tão ofendido que decidira cortar, mas imagino que tenha
machucado seu ego.

— Sim, você. — Maddox disse.


Eu me recuperei do choque, peguei minha mandíbula do
chão e fechei a boca. — Desculpe-me? — Eu perguntei, ainda
cambaleando pela descrença.

Ele empurrou a cadeira para trás, estendeu as pernas à


sua frente e cruzou os braços sobre o peito largo. — Você
perguntou se queria mais alguma coisa, lhe dei minha resposta,
você. — Seus dentes roçaram seus lábios inferiores e me olhou
de cima a baixo em minha roupa de garçonete. — Eu tenho me
perguntado se sua boceta também tem gosto de cereja.

Oh, pelo amor de Deus. — Maddox. — Assobiei.

— Lila. — Meu nome rolou de sua língua, como se


estivesse provando isto.

— O que você está fazendo? Este é o meu local de trabalho.

Ele levantou uma sobrancelha. — Estou aqui pela comida.


A propósito, aprovo. Cinco estrelas pela comida, cinco estrelas
pelo seu serviço.

— Você está me perseguindo. — Afirmei.

— Estou! — Ele admitiu, com calma e sem vergonha. Isso


estava ficando fora de controle. Era inaceitável, mas não podia
nem dizer nada de volta. Não enquanto ainda estava
trabalhando. Meu chefe era um vadio, e não podia arriscar
irritá-lo, então mordi minha língua e sorri.
— Eu vou te dar a conta. Fechamos em trinta minutos. —
Falei o mais educadamente que pude, os cantos dos meus olhos
se contorcendo com o esforço para não explodir com Maddox.

Girando nos calcanhares, me afastei antes que pudesse


dizer mais alguma coisa. Rezei para que tivesse ido quando meu
turno acabasse.

Quando o relógio marcou onze e meia, rapidamente me


atrapalhei com as cordas do meu avental. Entrei no banheiro e
troquei rapidamente meu uniforme de garçonete, pulei na calça
jeans e puxei meu suéter bege por cima da cabeça. Feito e
pronto. Eu tinha quinze minutos para pegar meu ônibus, e era
o último ônibus para hoje à noite.

Quando saí do restaurante, rezei... e tinha esperança...


Mas não.

Lá estava ele, de pé contra o poste, ao lado do ponto de


ônibus.

Respire fundo, Lila, disse a mim mesma.

Meus lábios se apertaram em uma linha firme enquanto


caminhava para o ponto de ônibus, parando ao lado de Maddox,
mas me recusando a reconhecê-lo. Ele estava começando a se
tornar insuportável. Por que senti algo por ele antes?

O cheiro do cigarro era forte no ar e revirei os olhos. —


Fumar é ruim.
— Sim, sim, eu sei. Câncer e toda essa merda. — Pelo
canto dos meus olhos, o vi dar outro longo trago antes de exalar
uma nuvem de fumaça pelo nariz.

Meus lábios se curvaram em repulsa. — Eu não me


importo se você morrer, mas você provavelmente vai me causar
um câncer ao longo do caminho se continuar fumando ao meu
redor assim.

Era uma coisa horrível de se dizer, sabia. Mas, para


alguém se importar tão pouco com sua própria vida e saúde,
isso me fez sentir pena do pobre coitado. Ele realmente não
sabia o que significava ficar precariamente entre a vida e a
morte. Ele não sabia o quão assustadora e solitária era a porta
atrás da morte. Eu vi, e ainda me assombrava até hoje.

Maddox soltou outra fumaça antes de olhar para mim. —


Por que você me odeia tanto?

Uma risada zombeteira passou pelos meus lábios gelados.


Estava mais frio do que esperava, e não estava vestida
adequadamente para o clima, idiota. — Uau. Você é tão cheio de
si mesmo que não consegue entender por que o desprezo tanto?
Eu achei que você fosse mais esperto do que isso.

— Bem, quero ouvir isso de você. Não gosto de especular.

Sério? Eu não achei que estivesse pronto para isso, mas o


satisfiz de qualquer maneira.
Lutando contra outro calafrio do frio, abracei minha
cintura e me virei levemente em direção a Maddox. O jeans
rasgado era uma péssima ideia, já que minhas pernas estavam
dormentes agora. Mas me recusei a mostrar qualquer sinal de
estar congelando até a morte, muito menos na sua frente. —
Primeiro. Você ainda não se desculpou por esbarrar em mim na
loja de café.

Ele soltou um suspiro cheio de descrença. — O quê? Você


ainda está chateada com esse dia? Já se passaram dois meses!

Fechei minha mandíbula, silenciosamente arrepiada. —


Eu não me importo quanto tempo foi. Aprecio quando as
pessoas assumem a responsabilidade por seus erros e pedem
desculpas quando estão erradas.

— Eu sinto muito.

Meu queixo ficou frouxo e meus olhos se voltaram para os


seus. Espere... Maddox Coulter acabou de se desculpar comigo?
Havia algo errado com meus ouvidos? Talvez estivesse
sonhando. Sim, deve ser isso. — O que você acabou de dizer?

Ele jogou o resto do cigarro no chão, o esmagando com a


bota de couro. Ele manteve os olhos em mim, seu rosto
desprovido de qualquer malícia. Ele parecia... sério. Que homem
confuso. Eu não sabia mais dizer qual lado dele era real. — Eu
disse que estava arrependido. — Murmurou, a expressão em
seu rosto genuína.
Eu estreitei meus olhos nele. — Desculpas não contam
quando não são sinceras.

— Você me confunde, mulher. Primeiro, você quer que eu


peça desculpas. Então quando faço, você me diz para não fazer.
Escolha, Garcia.

— Quando alguém diz que está arrependido, deve estar


falando sério. Desculpas precisam ser sinceras ou são inúteis, e
francamente, uma perda de tempo. Seja sincero ou não diga
nada. Não aceito desculpas pela metade.

Maddox levantou a mão, a segurando sobre o peito. —


Jesus. Você é dura, docinho.

— Segundo, você está me incomodando sem parar, sempre


me seguindo, e procura todos os motivos para me irritar! Seja
na aula, no almoço ou fora da escola. Você sabe que existe um
espaço pessoal, certo?

Ele pareceu pensativo por um segundo, e pensei que


realmente estava considerando minhas palavras. Mas então ele
abriu a boca e queria bater nele. — As meninas adoram quando
estou em seu espaço pessoal. — Ele admitiu como se fosse a
coisa mais óbvia.

— Cheio de si e totalmente idiota. A lista está crescendo a


um ritmo acelerado.
— Então, você me odeia por que te dou atenção? —
Maddox tirou um pacote de chiclete do bolso e colocou um na
boca antes de me oferecer um.

Contra meu melhor julgamento, aceitei. Ele estava


oferecendo; precisava de algo para me distrair. — Eu te
desprezo porque não quero a atenção que você me dá.

— Algo mais? — O canto dos seus lábios se levantou, um


pequeno sorriso no rosto. Não havia nada de provocador nisso.
De fato, parecia satisfeito.

— Você continua me chamando de docinho, mesmo que eu


tenha lhe dito mil vezes para parar. E você continua usando
linguagem vulgar. Você é rude, imaturo e sem consideração com
outras pessoas. — Eu sussurrei.

— Mas você me chama de Poodle. — Foi tudo o que ele


pegou do meu discurso?

— Eu te chamo de Poodle porque você me chama de


docinho. Acredito que tudo é justo no amor e na guerra.

Ele ficou mais perto, inclinando a cabeça, para que


pudesse sussurrar em meu ouvido. — E o que temos entre nós?
Amor? Ou guerra?

— Guerra. — Eu disse entre dentes.


— Eu aprovo, — ele disse, rápido demais, estalando o
chiclete. — Algo mais?

— Sim, — praticamente gritei agora. — Você me beijou.

— Ah. Então, você me odeia porque roubei seu primeiro


beijo?

Era isso que ele pensava? Esse merdinha.

Um suspiro me escapou e passei a mão pelo rosto,


tentando afastar o frio. — Esse não foi meu primeiro beijo,
Maddox. E eu te desprezo porque você fez isso sem a minha
permissão. Isso... foi inaceitável.

Ele esfregou a bochecha com o polegar e balançou a


cabeça, ainda sorrindo. — Maldição. Você tem muitas regras.

Meus lábios se curvaram. — E acho que você é quem odeia


regras?

Maddox me lançou um sorriso malicioso. — Eu as quebro,


Lila. Eu adoro violar regras.

— Faz você se sentir mais viril? — Eu provoquei.

— Não. Faz-me sentir vivo. — Sua confissão me deixou


quieta, e olhei para ele, observando sua expressão por qualquer
mentira, mas tudo que vi foi sinceridade.
Por um momento, o rosto quebrado de Maddox brilhou
através do meu cérebro: lá fora no frio, sentado naquele banco,
parecendo tão perdido. Eu não queria admitir isso antes, mas
havia algo em Maddox que realmente me intrigou.

Eu não conseguia esquecer aquele olhar em seu rosto,


estava tatuado em minhas memórias. Maddox Coulter era mais
do que o quarterback da Berkshire. Ele era um quebra-cabeça
complicado, e queria separá-lo, camada por camada, para que
pudesse estudá-lo, mergulhar em sua alma e aprender todos os
seus segredos.

Uma rajada de vento passou por nós, e rapidamente


afaguei meu cabelo. Desta vez, não pude segurar o tremor
involuntário que me atravessou. Maddox notou, e franziu a
testa, as sobrancelhas se apertando. — Por que você não veste
uma jaqueta adequada?

Eu me abracei, esfregando as mãos para cima e para baixo


nos braços. — Não achei que fosse ficar tão frio. Eu pensei que
o suéter seria suficiente.

Antes que pudesse terminar minha frase e antes que


soubesse o que estava acontecendo, ele tirou sua jaqueta e
estendeu o braço, oferecendo-a.

Eu olhei para a jaqueta, desconfiada. — O que você está


fazendo?
Maddox circulou meu pulso com o dedo e me arrastou
para mais perto. Ele colocou a jaqueta sobre meus ombros e me
deu um olhar aguçado, com o rosto duro, até que sucumbi e
coloquei meus braços através das mangas. — Mantendo você
aquecida. Eu sou um homem, Lila. Sei que você não gosta de
mim e me acha um idiota absoluto.

Seus lábios se contorceram quando zombei.

— Tudo bem, eu sou um idiota às vezes.

Dei-lhe um olhar cético. Você está falando sério?

— Ok, o tempo todo. Mas ainda sei como tratar uma dama
corretamente.

Tratar uma dama corretamente? Que piada.

Mas ainda assim... meu coração esquentou. Seu cheiro


ainda era pesado na jaqueta, e mordi meu lábio quando notei o
quão bom o seu cheiro era.

Maddox abotoou a jaqueta para mim e puxou a gola mais


alto e mais perto, então meu pescoço estava coberto. — Aí.
Aconchegante o suficiente?

Meus lábios se separaram, mas não soube como


responder, então apenas lhe dei um pequeno aceno de cabeça.
Ele se afastou e me olhando de cima a baixo, uma
carranca aparecendo em seu rosto. — Jesus Cristo. Você é tão
pequena.

Revirei os olhos. — Obrigada.

Eu esperava outra piada saindo de seus lábios. Em vez


disso, ele parecia tenso e suas sobrancelhas estavam franzidas.
— Você tem certeza que é seguro para você estar aqui assim,
tão tarde?

Em resposta, revirei os olhos novamente. Como se ele se


importasse.

— Não preciso de um cavaleiro de armadura brilhante. Eu


posso cuidar de mim mesma.

Seus olhos azuis eram tão brilhantes e vívidos sob a luz da


lua. Era tentador se perder neles. Mas quando abria a boca,
esmagava todos os efeitos que tinha em mim.

— Eu não vou ser seu cavaleiro porque sei que você não é
uma donzela em perigo. Você é mais como o dragão dos contos
de fada.

Meus lábios se curvaram, e contra o meu melhor


julgamento, me vi sorrindo.

— Se eu pudesse fritar você agora, eu faria.


Era fácil se perder na expressão descontraída em seu
rosto. Sobre o que estávamos discutindo antes? Merda, fui
desviada.

Seu sorriso desonesto estava de volta, mas havia algo...


agradável nisso. Ele estava zombando de mim como antes,
sendo um valentão, mas essa era uma guerra sem veneno. —
Aposto que eu ficaria tão gostoso quanto uma omelete.

— Você sempre tem uma resposta para tudo? — Eu


perguntei, sem esperar que respondesse, pois já sabia a
resposta. Agora, ele estava sorrindo como o diabo. Como se
tivesse vencido esta rodada.

— Você nasceu tão atrevida ou trouxe isso em você?

Eu pisquei, meu cérebro gaguejando com a sua pergunta.

Eu era petulante, sim. Nunca desisti sem lutar, sim. Mas


esse lado atrevido recém-descoberto…

Engolindo a bola pesada na garganta, meu olhar deslizou


para longe dele. Maddox tendia a me fazer sentir tensa, como se
estivesse prestes a pular do penhasco. Ele me irritava sem
parar. Mas, por pior que pareça admitir isto, me acostumei a ele
como um idiota. A batalha entre nós era cansativa, mas tinha
sido algo que comecei a ansiar. Nossas brincadeiras e brigas
verbais haviam se tornado algo do qual me acostumei.

A realização me fez dar um passo atrás.


Eu sempre fui competitiva, mas nunca encontrei um
oponente adequado.

Não até Maddox.

Seu olhar mudou para trás de mim, e o sorriso caiu de seu


rosto.

— Seu ônibus está aqui. — Disse, rompendo meus


pensamentos confusos.

O ônibus parou a nossa frente e segui, o deixando para


trás. Minhas mãos tremiam enquanto tentava tirar sua jaqueta.
Ele segurou minhas mãos no lugar, por cima dos botões.

— Mantenha-a. Você pode devolvê-la depois. — Disse, com


a voz rouca e grossa.

— Tenha uma boa noite. — Disse baixo, entrando no


ônibus.

— Oh, Lila?

Eu o espiei por cima do ombro. Ele enfiou as mãos nos


bolsos da calça, alguns fios teimosos caindo sobre os olhos. —
Você não me odeia. — Afirmou com convicção antes de abrir um
sorriso. — Bons sonhos, Lila. Pode ser que a visitarei lá.

Meus lábios tremeram e me afastei antes que ele pudesse


ver. Se você pesquisar o nome de Maddox, “arrogante” será sua
definição. Talvez esse deva ser o seu nome do meio. Maddox
“Arrogante” Coulter.

Passei o cartão e me sentei na parte de trás do ônibus.


Enquanto passávamos por onde estávamos, vi Maddox ainda
parado ali, olhando o ônibus quando o deixei para trás.

Ele estava certo.

Estávamos em guerra, dois oponentes muito ferozes.


Mas…

Eu não o odeio.

Percebi que não odiava Maddox tanto quanto pensava. As


coisas acabaram de se tornar um pouco mais complicadas,
porque teria sido mais fácil se eu o odiasse.
CAPÍTULO QUATORZE

Ódio é uma palavra forte.

É um veneno amargo, mas doce. É como cocaína, e uma


vez que você prova, se torna viciante. Transforma-se em algo
mais. Infiltra-se pelo sistema, percorrendo suas veias até que
você não possa ver nada além de raiva vermelha.

O ódio me manteve vivo.

A raiva me manteve vivo. Tornou-se o oxigênio que eu


respirava.

Veja, eu não odeio meus pais.

Eu os abominava.

Eu não estava bravo com eles. Não, era algo mais. A raiva
aumentou ao longo dos anos. Eu cuidei, reguei e vi isso se
transformar em algo desagradável e feio.

Anos atrás, descobri que era fácil odiar, mas muito difícil
amar.
Mas por mais profundo que seja meu ódio por eles, ainda
olhava em seus olhos e esperava ver algo mais. Amor pela
criança que eles trouxeram para este mundo fodido e
esqueceram de cuidar. Eu.

Minha mãe e eu estávamos frente a frente no corredor da


nossa casa. Ela tinha um xale de caxemira em volta dos ombros
e a luz da lua brilhava através da janela, lançando um brilho
em seu rosto. Eu era a cópia do meu pai, mas tinha os olhos da
minha mãe. Esperei que ela me reconhecesse, esperei que
sorrisse e dissesse algumas palavras. Esperei para ver se me
perguntaria se comi hoje ou perguntaria como foi a escola. Algo
simples, algo pequeno... mas algo diferente do silêncio.

Fazia duas semanas desde que nos vimos. Morávamos na


mesma casa, mas meus pais nunca estavam aqui.

Ela apertou o xale com mais força no corpo e caminhou em


minha direção. Já passava da meia-noite; voltei para casa tarde,
mais uma vez, depois de festejar com Colton e os meninos. Eu
cheirava a álcool, maconha e o cheiro de cigarro era pesado no
ar, agarrado à minha roupa.

Seus olhos encontraram os meus por meio segundo antes


de desviar o olhar. Seus lábios se separaram como se quisesse
falar, e meu coração bateu tão forte no peito enquanto eu
esperava.
O olhar em seu rosto me disse que ela não me odiava,
talvez até se importasse... mas quando fechou a boca e passou
por mim, percebi... que ela não se importava o suficiente.

Meu coração despencou aos meus pés, sangrando e


chorando, enquanto mamãe querida andava sobre ele e se
afastava de mim.

Fui para o meu quarto e bati a porta, sabendo muito bem


que meus pais não ouviriam. Eu estava do lado oposto da casa,
a distância entre nós era muito grande.

A garrafa de bebida, sentada pacientemente em minha


mesa de cabeceira, me chamou. Eu não era viciado, mas
precisava disso. Esta noite, pelo menos. Agarrando a garrafa,
afundei no sofá e assisti à sombra dançando sobre as paredes
em meu quarto escuro. Dei um longo gole na garrafa, sentindo a
doce queimação na garganta. Foda-se, sim.

Raiva... Ódio... Eu respirava isso.

Minha cabeça nadou, o ar estava grosso e quente.

Para todos, eu era Maddox Coulter: o garoto de ouro, o


quarterback principal e o rei de Berkshire.

Para meus pais, eu era uma decepção.

Para mim mesmo? Eu era apenas o garoto preso no


armário.
O ódio era frio; não havia calor nele.

Meus olhos se fecharam. Antes de me perder no espaço


entre o sono e a consciência, uma garota boquiaberta com
lindos olhos castanhos e cabelos pretos veio me assombrar.

Eu sorri lentamente.

Porra, ela era outra coisa.

No dia seguinte, caminhei pelos corredores da Berkshire


como se estivesse em exibição. Se não soubesse melhor, teria
pensado que esqueci de usar roupas hoje de manhã, mas não,
eu estava definitivamente vestida. Seus olhos queimavam na
parte de trás da minha cabeça, e os sussurros me seguiam. Eles
não fizeram nenhuma tentativa de esconder sua curiosidade;
alguns deles - as fangirls de Maddox - até me olharam com
repugnância.
Merda. O que é agora?

Riley apareceu ao meu lado do nada e agarrou meu braço.


— Você me deve uma explicação. — Ela sussurrou em meu
ouvido.

Confusa, olhei para ela. — O quê? O que eu fiz?

— O boato... — Ela começou, mas depois parou de falar


quando seu olhar contornou minha cabeça. Riley fez uma
careta, e me virei para ver Maddox e Colton andando pela
entrada.

Eu fiquei enraizada no local enquanto ele caminhava em


minha direção. Meu cérebro me disse para correr. O olhar em
seu rosto era tudo menos agradável. Malícia brilhava em seus
olhos azuis, e um sorriso torceu seus lábios carnudos. Oh-uh.

O corredor ficou quieto, como se estivesse esperando uma


cena dramática longa e há muito esperada. Eu podia sentir todo
mundo prendendo a respiração, ansiosos e curiosos, enquanto
olhavam de um lado para o outro entre Maddox e eu.

Eu tentei sair do seu caminho, mas ele finalizou a


distância entre nós com três longos passos, parando bem à
minha frente. — Coulter. — Eu disse em saudação, olhando-o
com suspeita.

Maddox baixou a cabeça para o meu nível, respirando


contra os meus lábios. Meu coração disparou e congelei no
local. Seus lábios deslizaram sobre minha bochecha em um
beijo casto, e permaneceu lá por um segundo muito longo. —
Bom dia, Lila. — Disse, sua respiração quente contra a minha
pele.

Senti os olhares sobre nós, os suspiros silenciosos vindos


dos outros por causa da demonstração pública de afeto de
Maddox, mesmo que fosse tudo, menos afetuoso. Ele estava me
provocando, fazendo de mim o centro das atenções, porque
sabia o quanto eu detestava isso. Porra, isso não era bom.

Eu me afastei, olhando para ele através dos meus cílios.


Sem uma palavra, passei por ele, mas sua voz me seguiu
enquanto gritava através do corredor. — Não se esqueça de me
devolver minha jaqueta, baby.

Merda dupla!

Eu olhei rapidamente para a minha esquerda e vi pessoas


me encarando com expressões boquiabertas. Segurando um
grunhido, não pude olhar para Maddox enquanto me afastava
com Riley em meus calcanhares.

Quando viramos a esquina para um corredor bastante


vazio, ela agarrou meu braço e me puxou para parar. — Você o
beijou! — Ela sussurrou, seu rosto uma máscara de espanto.
Um gemido me escapou.
— É por isso que todo mundo está me olhando como se
tivesse crescido duas cabeças?

— Alguém viu vocês dois se beijando no seu armário dois


dias atrás, e você sabe com que rapidez os boatos se espalham.
— Ela admitiu.

Os rumores em Berkshire se espalhavam como um


incêndio selvagem, indomável e imparável. As pessoas eram
tubarões famintos em um tanque cheio de sangue. Eles
provavelmente pensavam que Maddox e eu estávamos
namorando devido ao beijo e depois ao comentário da jaqueta
feito por Maddox.

— Bem, aqui está um fato importante. Eu não o beijei. Ele


me beijou.

— Ele te beijou?

Joguei minhas mãos no ar. — Sim, — rosnei. — Por que


isso é tão importante?

As sobrancelhas de Riley se levantaram, me dando um


olhar que dizia o óbvio. — Você beijou Maddox Coulter depois
de declarar guerra a ele. Sim, querida. É um grande negócio.

— Tanto faz. Isso não vai acontecer novamente.


Ela me seguiu, passando o braço pelo meu. — Ele é bom,
como dizem os rumores? Ouvi algumas garotas dizerem que ele
pode beijar como se fodesse sua boce...

— Riley!

Ela soltou uma risadinha abafada, e soube


instantaneamente que ela estava me provocando de propósito.
Que pirralha. — Desculpe, mas você devia ver como está
corando agora.

Ignorando o calor em minhas bochechas, desafiei Riley


com um olhar, e ela fez beicinho, mas, felizmente, optou por
permanecer em silêncio.

Deixei Riley na aula de Cálculo antes de seguir para o


Inglês. Quando entrei, Maddox já estava lá, sentado em seu
lugar de sempre. Ele tinha as pernas jogadas sobre a mesa, os
tornozelos cruzados. Duas garotas o cercaram e estavam rindo
de algo que ele devia ter dito, exceto que ele não parecia
interessado na conversa; na verdade, ele parecia que precisava
ser salvo delas. Por que elas não viam isso?

Um pouco de autorrespeito ajudaria muito. Ele não as


queria; estava tão claro quanto o nascer do sol pela manhã e à
lua no céu noturno. A coisa sobre Berkshire era que todos
queriam estar no topo da cadeia alimentar. A única maneira de
chegar lá? Namorar um atleta popular. Era tão simples assim.
Maddox era o maior peixe do tanque, a melhor pesca, e
toda garota queria colocar seus anzóis nele.

Seu olhar deslizou para mim e o canto de seus lábios se


curvou em um pequeno sorriso. Maddox me deu seu sorriso de
assinatura, seguido pela piscadela que tinha dezenas de garotas
derretendo a seus pés.

Eu levantei meu queixo em reconhecimento silencioso


antes de me sentar.

Logo, a aula começou. A Sra. Levi iniciou sua lição de


Shakespeare para este semestre; estávamos estudando Hamlet.
Ela queria começar a lição com um filme de Hamlet, o popular
com Robin Williams.

— É a melhor adaptação, — explicou a Sra. Levi. — Mas o


projetor não está funcionando. Então, vou precisar de alguém
para pegar a TV no depósito. Lila, você se importa?

Ela olhou para mim com expectativa e eu assenti. —


Algum voluntário para ajudar?

Eu segurei um gemido. Não, não, não…

— Eu vou com ela. — Maddox disse suavemente.

A Sra. Levi bateu palmas. — Oh, ótimo!


Saí da sala de aula, caminhando para o depósito no final
do corredor. Maddox me alcançou facilmente. — Você não
parece feliz, Garcia.

— Oh, olhe, você voltou a ser irritante. — Eu rebati. Pela


minha visão periférica, eu o vi dar de ombros preguiçosamente.

— Você não deveria estar surpresa. — Na verdade, eu não


estava.

— Minha jaqueta te fez companhia ontem à noite? — Ele


disse as palavras como se estivesse sussurrando um segredo
sujo.

Claro. Tudo tinha que ser sujo com Maddox. Ele


provavelmente pensava que eu havia usado sua jaqueta
enquanto me masturbava. Fato curioso: eu não fiz.

Suspirei. — Está no meu armário. Devolverei depois da


escola.

— Você está me pedindo para encontrá-la depois da


escola? Um encontro? — Um suspiro chocado derramou de seus
lábios, mas era falso. Eu podia sentir facilmente o sorriso
zombador em suas palavras.

— Não, — eu rosnei. — Vamos para o meu armário. Vou


devolver sua jaqueta para você, e nós dois podemos seguir
nossos caminhos alegres, separadamente.
Ele não teve a chance de me refutar, uma vez que já
estávamos no depósito.

Uma nota estava na parede e esfreguei a mão no rosto. —


Ótimo! — Eu murmurei baixinho. — A luz não está
funcionando.

Dei uma olhada em Maddox, e ele parecia um pouco...


apreensivo. Hmm.

— Você pode manter a porta aberta para mim enquanto eu


pego a TV? — Eu perguntei.

Maddox deu de ombros.

A porta estava pesada quando a abrimos e entrei. Estava


escuro, mas as luzes do corredor iluminavam o interior o
suficiente para eu ver onde todas as TVs eram mantidas contra
o canto de trás da sala. Ah, lá estava.

Cada TV estava em sua própria prateleira pequena de


quatro rodas, e tudo o que eu precisava fazer era abrir uma.
Mole-mole. Não.

Quando tentei puxar, ela não se mexeu, nem um


centímetro. Droga.

Dei uma espiada atrás da TV e vi que não havia como tirá-


la do depósito. Todos os cabos estavam emaranhados juntos.
— Maddox, você pode me ajudar com o cabo? Está preso e
está escuro aqui. Eu mal consigo ver alguma coisa.

— Apenas puxe. — Ele murmurou, impaciente.

— Se eu pudesse, o faria, — eu assobiei. — Está preso.


Ajude-me!

Ele ficou em silêncio por um momento antes de dizer: —


Peça gentilmente.

— Você está falando sério?

— Peça “por favor”.

— Por favor. — Eu disse entre os dentes.

Ele zombou. — Diga a frase completa.

Eu me endireitei, levando minhas mãos aos meus quadris,


enquanto revirava os olhos. — Maddox, você pode me ajudar
com o cabo, por favor?

— Boa menina. — Elogiou.

Ele abriu a porta, a segurando contra a parede e ficou


olhando por um segundo, esperando. — Não vai fechar. Se
apresse. — Eu chamei.

Quando Maddox teve certeza de que a porta não iria fechar


e nos trancar no depósito, entrou. Ele olhou para trás uma vez,
olhando para a porta aberta por mais um segundo, antes de
ficar ao meu lado.

— Afaste-se. — Ele exigiu.

Revirei os olhos, novamente, mas ainda fiz o que pediu.


Maddox estendeu a mão para trás da prateleira, tentando
encontrar o fio. — Porra, o que é isso?

— Exatamente. Está tudo emaranhado com os outros.

Havia quatro TVs no total, e elas foram reunidas em um


canto minúsculo. Nós não as usamos há muito tempo, desde
que recebemos as novas telas do projetor, então estavam
guardadas aqui, coletando poeira.

Ele soltou um gemido frustrado antes de começar a


desembaraçar os cabos, o que exigia muita paciência. O espaço
entre o rack e a parede era muito apertado, e pude ver que ele
estava tendo problemas.

— Aqui, deixe-me pegar minha lanterna. Isso pode ajudar.


— Sugeri.

Tirei meu telefone do bolso, mas antes que pudesse ligá-lo,


um som alto ecoou pela sala. Ambos nos encolhemos e Maddox
levantou a cabeça surpreso, atingindo a prateleira superior no
processo. Ele soltou uma série de maldições.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo,
estávamos cercados por uma escuridão completa e absoluta.

Merda, a porta se fechou.

E... merda dupla, estávamos trancados lá dentro; a nota


dizia que a maçaneta estava quebrada.

— Não, não, não! — Maddox berrou, correndo pela porta


no escuro. Hã? Ele estava com medo do escuro? Quem diria que
Maddox Coulter, com seu sorriso arrogante e olhos que
poderiam derreter você a qualquer momento, estava com medo
de um pouco de escuridão?

Acendi com sucesso a lanterna, já pensando em provocá-lo


como ele teria feito comigo. Meu olhar deslizou para Maddox
bem a tempo de vê-lo colidir contra uma prateleira em sua
tentativa apressada de alcançar a porta. A prateleira de metal
caiu no chão com um som alto e estridente, e Maddox caiu de
joelhos antes que subisse novamente. Ele deslizou sobre os
cacos quebrados e caiu, rastejando em direção a sua fuga.

Não, espere. Não... Ele não estava apenas com medo do


escuro. Isso era algo mais.

Um peso se instalou em meu peito, minha garganta fechou


e minha respiração ficou presa na garganta. Chocada, fiquei
enraizada no local quando Maddox ficava completamente
aterrorizado.
O popular, frio e sedutor Maddox foi substituído por um
estranho. Ele cegamente alcançou a porta, agarrando a
maçaneta quebrada e se levantando. Maddox bateu na porta
pesada com a palma da mão. — Não, não! Por favor! Não, não,
não. Por favor! — Ele repetiu baixinho. — Não faça isso, por
favor, me deixe sair daqui! Não me deixe aqui. Não faça isso.
Não, não, por favor! Não.

Ele bateu repetidamente na porta, a palma da mão aberta


se conectando com a superfície com tapas tão fortes que
deveriam tê-lo machucado. — Ajude-me, socorro. Por favor, não
me deixe aqui.

Maddox arranhou a porta, como se estivesse tentando


arrancá-la das dobradiças. Ele estava tentando derrubá-la.
Seus dedos se apertaram com força quando começou a bater na
porta violentamente. Seus gritos ecoaram em meus ouvidos,
meu coração bateu forte contra minha caixa torácica, e eu senti
sua dor. Sua agonia era uma lembrança do meu próprio
sofrimento silencioso.

— Eu não consigo... eu não consigo respirar. Eu não


posso...

Ele choramingou, sua voz embargada.

Pancada – Pancada – Pancada.


— É assim que a morte é, e você vai morrer sozinha. — Uma
voz sussurrou em meus ouvidos.

Meus lábios se separaram com um grito silencioso enquanto


lutava para respirar, mas não pude. Eu realmente não conseguia.

Minha respiração saiu afiada e ofegante, e minha visão


ficou mais escura e turva. Eu apertei meus olhos e pressionei
minhas pálpebras. Um caleidoscópio de estrelas flutuou atrás
dos meus olhos fechados. Ajude-me, socorro. Por favor, me ajude.

Eu pensei que talvez estivesse tendo um ataque cardíaco;


no entanto, não havia dor física. Mas todo o meu corpo vibrou,
minha pele se arrepiou como se estivesse separando minha carne
e tentando pular para fora dela.

— É assim que a morte se parece.

Eu não consigo respirar.

Ajude-me.
— Ajude-me! — Maddox gritou.

Meus pensamentos voaram para longe, e meu coração


chutou em meu peito, me empurrando para frente. Saí do meu
estado congelado e corri para o seu lado, minhas próprias mãos
tremendo. — Maddox, — disse suavemente, tentando romper
sua loucura. — Maddox, por favor.

Ele bateu na porta com mais força, e notei que os nós dos
dedos estavam abertos por causa de suas tentativas de se
libertar daqui. Oh Deus, ele estava se machucando. — Maddox!
— Eu disse mais alto, agarrando seus braços e tentando puxá-
lo para longe da porta. Ele resistiu e me sacudiu.

— Maddox, não! Por favor, não faça isso. Você está se


machucando. Apenas... — Me atrapalhei, tentando descobrir o
que fazer, o que dizer, para poder chegar até ele, alcançar
Maddox no lugar onde ele estava perdido. Eu tinha que tirá-lo
de lá.

— Eu preciso sair. Eu preciso sair. Tire-me daqui! — Seu


punho bateu continuamente na porta, um soluço percorreu seu
corpo. Sua voz estava rouca enquanto gritava fracamente. —
Tire-me daqui. Deixe-me sair. Eu preciso sair... não consigo
respirar! Eu preciso sair.

Ele bateu à porta novamente, mas agarrei seu punho,


segurando sua mão na minha. Foi um risco. Eu sabia que ele
estava tão perdido em sua cabeça que poderia ter me
machucado. Não intencionalmente. Mas era importante para ele
não se ferir.

Estava ficando mais claro que ele estava sofrendo de um


ataque de pânico. Eu sabia exatamente como era, como se
parecia.

— Por favor, — choramingou. — Tire-me daqui. Por favor.


Por favor. Por favor. Por favor.

Eu segurei um soluço sufocado quando ele começou a


implorar, cada palavra saindo de sua boca como uma maldita
flecha diretamente em meu coração. Eu sangrei por ele.

Ele começou a murmurar algo que eu não conseguia ouvir,


sua respiração irregular e alta enquanto lutava para respirar.

Quando percebeu que não podia se libertar, Maddox se


agachou, a cabeça caindo nas mãos enquanto as enfiava nos
cabelos, puxando os fios. O murmúrio baixinho ficou mais alto
quando balançou a cabeça para frente e para trás. — Por favor,
por favor. Eu preciso sair. Socorro... Ajude-me... Por favor.

Meu peito estava tão apertado ao vê-lo assim.

Meus joelhos enfraqueceram. Quando não consegui mais


me segurar, me ajoelhei ao lado de sua forma trêmula. Minha
mão pousou em seu peito para sentir seu coração batendo forte
e irregular, como se estivesse prestes a sair do peito. Sua
camisa estava encharcada de suor, grudando em seu corpo
como uma segunda pele.

Eu sabia o que era sofrer assim. O peito cede, todo o ar é


sugado de seus pulmões, apertando seu coração com tanta
força, o sangue correndo por seus ouvidos, seus pulmões
parecem não funcionar corretamente e então acontece... asfixia.
A necessidade de sair de sua pele, como se seu corpo não fosse
mais o seu, perseguindo uma fuga que você nem podia ver
através da neblina.

Os tremores começaram e Maddox começou a sacudir.


Começou com as mãos, antes de todo o seu corpo tremer
enquanto lutava para fazer uma coisa simples: inspirar e
expirar.

Eu tinha que fazê-lo respirar primeiro, era a única maneira


de fixá-lo no presente, trazê-lo de volta de onde estivesse
perdido dentro de sua cabeça.

Maddox segurou a cabeça nas mãos, seu corpo


balançando para frente e para trás. — Não, não, não. Por favor.
Por favor! — Ele implorou.

— Maddox, — falei suavemente. — Maddox, estou aqui.


Está tudo bem.
Um som torturado saiu de sua garganta e meus olhos
arderam com lágrimas não derramadas. Isso era... difícil. Tão
difícil, porra.

Este não era Maddox.

Este era um menino assustado e perdido.

Agarrei sua mão e a afastei de seu rosto, segurando-a com


as minhas.

— Estou bem aqui, Maddox.

Seus olhos estavam fechados; as suas sobrancelhas se


apertaram e o rosto... era uma máscara de dor crua. Ele estava
atormentado por alguma coisa, seu passado... talvez, eu não
sabia, mas o que quer que fosse, Maddox ainda estava
machucado. Eu quase podia provar o seu sofrimento no ar
pesado que nos rodeava.

Apertando a mão esquerda, falei firmemente. — Olhe para


mim, Maddox. Eu estou bem aqui. Olhe para mim, ok? Por
favor.

Quando ele manteve os olhos fechados, mudei de tática.

— Respire comigo, baby. Você pode fazer isto? Você pode


respirar comigo? Maddox, você pode fazer isso. Eu sei que você
pode.

Ele respirou fundo, seu peito estremecendo com o esforço.


— Aí está. Lentamente. Respire comigo. Eu estou bem
aqui. Eu não vou deixar você. Vai ficar tudo bem.

Apertei sua mão novamente, contando até três em voz alta.


— Inspire. — Eu instruí.

Ele fez. Ele lentamente respirou fundo.

Eu contei de quatro a seis agora. — Expire.

Maddox soltou um suspiro duro. Apertar. Inspirar.


Apertar. Expirar.

Um. Dois. Três. Inspirar. Quatro. Cinco. Seis. Expirar.


Quando a sua respiração ficou lentamente mais pousada,
sussurrei: — Estou orgulhosa de você. Isso é bom. Faça isso
novamente, Maddox. Respire comigo. Fique comigo.

Seus olhos se abriram, e percebi o que disse havia chegado


até ele, então eu repeti novamente. — Estou orgulhosa de você.
Fique comigo.

Inalei, mostrando-lhe como fazer, e Maddox respirou


fundo. Em algum lugar em seus olhos azuis torturados, eu o vi
tentando manter sua própria sanidade. Eu olhei em seus olhos
escuros e sem fundo, vendo algo que nunca tinha visto antes.
Medo e miséria consumiam cada parte dele.

Eu me vi nele, e nós sangramos juntos, nossa dor


escoando através de nós, semelhante como as que lágrimas
escorriam de nossos olhos. Maddox olhou para mim como se
estivesse olhando para algo que estava prestes a perder.

— Eu não vou a lugar nenhum. — Acalmei-o suavemente,


esfregando meus dedos nas costas dos nós dos seus dedos.

Ele ainda estava tremendo, mas não estava mais lutando


para respirar.

Lembrei-me de minha mãe cantando para mim quando eu


era criança, uma doce canção de ninar enquanto me colocava
para dormir. Quando sofria com meus próprios ataques de
pânico, meu terapeuta me disse para colocar a canção de ninar
no YouTube. Isso ajudou a me acalmar. Eu sabia que todos
enfrentavam seus ataques de pânico de forma diferente, mas
talvez... talvez eu pudesse...

No momento, Maddox parecia uma criança que precisava


de alguém para segurá-lo. Então eu fiz.

Ajoelhei-me entre as suas coxas, então fiquei perto dele e


segurei suas mãos nas minhas. Continuei esfregando as pontas
dos dedos sobre as juntas machucadas, deixando-o sentir meu
toque. Meus lábios se separaram, meu coração doía e cantei
para ele minha canção de ninar favorita.

— Para te ninar e desejar boa noite, No céu as estrelas


são brilhantes, Que as luas sejam prateadas, Traga doces
sonhos, Feche seus olhos agora e descanse, Que essas
horas sejam abençoadas, Até o que o céu brilhe com o
amanhecer, Quando acordarás com um bocejo.

Eu vi um breve reconhecimento em seu olhar. Seus olhos


ficaram vidrados, e ele tinha um olhar distante, como se não
estivesse me vendo porque estava em outro lugar.

— Para te ninar e desejar boa noite, Você é a alegria


da mamãe, Eu te protegerei do perigo, E você acordará em
meus braços, Dorminhoco, feche os olhos, Pois estou bem
ao seu lado, Os anjos da guarda estão próximos, Então,
durma sem medo.

Eu cantei gentilmente. Seus lábios tremeram e o pânico


cresceu dentro de mim. Eu estraguei tudo; não deveria ter
cantado para ele. Ele estava começando a se acalmar e agora...

Maddox enrolou o braço ao redor da minha cintura e me


puxou contra ele, a cabeça caindo em meus ombros. O mundo
parou, exceto por nossos corações batendo juntos como um
violino quebrado, gritando com sons violentos e doloridos. Um
soluço silencioso percorreu seu corpo, e senti uma umidade no
meu pescoço, onde Maddox tinha o rosto escondido.
Ele estava chorando.

Em silêncio.

Ele sofria, em silêncio.

Suas lágrimas carregavam o peso de sua dor.

Minhas emoções ficaram irregulares quando meu peito se


abriu, uma faca se cravando em meu pequeno e frágil coração.
Era tão difícil engolir além do caroço pesado na garganta. A dor
emocional trazia cicatrizes invisíveis; no entanto, essas
cicatrizes podiam ser rastreadas pelo toque mais gentil, eu
sabia disso.

Quebrar era complicado. Doía com cada respiração.

Recuperar-se disso era o mais difícil.

Às vezes, as peças não podem ser reunidas porque são


incompatíveis, ausentes ou completamente quebradas, se
tornando uma façanha impossível.

Lágrimas deslizaram por minhas bochechas, e sufoquei


um grito. Minha própria voz falhou enquanto continuava
cantando o resto da canção de ninar.

Ele me puxou mais apertado em seu corpo, e passei meus


braços em volta de seus ombros, segurando-o para mim.
Lembrei-me de como era sair dos meus ataques de pânico, a
adrenalina correndo quando voltava ao presente. Tudo doía, e
eu sempre me sentia tão perdida.

Este era Maddox agora. Então, eu o segurei.

Porque ele precisava disso, mesmo que não dissesse as


palavras.

Ele precisava de mim.

Maddox tremia em meus braços, todo o seu corpo


balançando com seus gritos silenciosos e tremores. Quando a
canção de ninar chegou ao fim, pressionei meus lábios contra
sua bochecha. — Você vai ficar bem, Maddox. Eu estou com
você.

Havia uma dor oca na boca do estômago.

Eu o abracei. Ele não soltou.

Sua respiração se suavizou e seu coração acelerou.

— Eu estou com você. — Eu falei calmamente, passando


meus dedos pelos seus cabelos macios.

Seus braços se apertaram ao meu redor, e ele esfregou o


nariz no meu pescoço. Abrace-me mais forte, ele disse sem
palavras.

Eu estou com você.


CAPÍTULO QUINZE

Maddox e eu ainda estávamos abraçados quando a porta


do armário se abriu, e o zelador olhou para dentro com um
olhar horrorizado no rosto.

— O que vocês dois estão fazendo aqui? — Ele manteve a


porta aberta e a luz do corredor banhou o interior da sala
escura.

O aperto de Maddox em mim aumentou com a nova voz, e


ele manteve o rosto enterrado em meu pescoço. Suas lágrimas
silenciosas encharcavam minha blusa enquanto eu passava a
mão pelas costas dele. — Estou bem aqui. — Sussurrei em seu
ouvido antes de olhar para o zelador, que estava mancando
para dentro. Ele tinha uma perna ruim, os rumores diziam que
era de um acidente militar. Ele trabalhava na Berkshire há
quinze anos e era amado por todos. Doce senhor Johnson.

— Ficamos presos por acidente, — expliquei, apontando


para a TV com uma mão. — Tivemos que pegar a TV, mas a
porta se fechou para nós.
O Sr. Johnson olhou para Maddox e eu, onde ainda
estávamos ajoelhados. Eu estava praticamente sentada no colo
dele, e seus braços em volta de mim estavam apertados.
Maddox era um navio afundando; ele estava se afogando nos
destroços de um coração ferido, e eu era a âncora segurando-o
junto.

Eu estou com você.

Meu coração não suportava ter que soltá-lo, mesmo


sabendo que precisava. Eventualmente.

— Ele está bem? — Johnson parecia um pouco curioso,


mas principalmente preocupado.

Eu assenti. — Você poderia pegar a TV para nós, por


favor? Os cabos estão todos entrelaçados.

— Claro. Deixe-me arrumá-los. Em que turma vocês estão?

— Na da Senhora Levi.

— Eu levo, volte para a aula. — Ele acenou, nos afastando.

— Obrigada, Sr. Johnson.

Minhas unhas roçaram o couro cabeludo de Maddox de


uma maneira suave, enquanto eu passava meus dedos pelos
seus cabelos. — Maddox?
Ao som do seu nome, ele se afastou de mim e se levantou.
Eu poderia dizer que ele ainda estava trêmulo, seu corpo
balançando antes de encontrar o equilíbrio novamente, e ele se
recusou a olhar para mim. Ainda segurando a sua mão, saímos
do depósito. Sua respiração se acalmou agora, e seu rosto
endureceu, seus olhos sem vida.

Maddox estava desligando... expulsando-me.

— Podemos pegar uma garrafa de água na máquina de


vendas. — Sugeri gentilmente.

Quando tentei apertar sua mão, ele a arrancou de mim.


Como se eu fosse algum tipo de doença e não quisesse ser
infectado. — Madd...

— Fique longe de mim. — Disse ele, e isso me arrepiou a


espinha. Sua voz era como um trovão, furiosa e tensa.

— Maddox. — Eu comecei, mas ele me cortou.

— Não. — Isso foi um aviso, e eu deveria ter ouvido;


realmente deveria ter ouvido, porque pela primeira vez, vi um
Maddox diferente.

Um garoto cheio de raiva, mas de olhos azuis que


continham uma canção quebrada.

Quando tentei agarrar sua mão novamente, impedi-lo de


se afastar e me fechar, ele girou sem aviso, e eu quase caí nele.
Meus lábios se separaram com um suspiro silencioso quando
ele agarrou meu braço em um aperto inflexível e me bateu
contra a parede.

Maddox se elevou sobre mim, apertando a mandíbula e os


olhos escurecendo. Ele parecia um guerreiro furioso, entrando
em batalha com a promessa de morte em seu olhar.

Sua cabeça abaixou e sua respiração acariciou meus


lábios.

— Conte a alguém sobre isso e eu arruinarei você, Lila. —


Ele avisou, seu tom denso com a ameaça.

— Eu nunca... — Eu respirei quando meu corpo ficou frio.

Ele arreganhou os dentes com um rosnado baixo, me


silenciando. — Essa tem sido uma diversão inofensiva entre
nós, mas confie em mim, diga uma palavra sobre isso a
qualquer outra pessoa, e vou garantir que você nunca mais
consiga andar pelos corredores de Berkshire novamente sem
querer se encolher e se esconder com medo.

— Maddox, ouça. Eu...

Meu coração disparou, e esqueci o que estava prestes a


dizer quando a sua mão deslizou pelo meu braço, e a envolveu
em meu pescoço. Seus dedos se apertaram ao redor da base da
minha garganta, mas não era um aperto punitivo. Não doía,
mas era uma promessa silenciosa, um aviso, uma ameaça
mortal.

— Eu vou arruinar você. Você irá implorar por


misericórdia, e não mostrarei nenhuma, Lila. — Sua voz era
uma espada afiada cortando descuidadamente através de mim.

Maddox se afastou de mim quando o Sr. Johnson saiu da


sala do depósito.

— Está tudo bem aqui? — Ele perguntou, seu olhar indo e


voltando entre Maddox e eu.

Maddox xingou baixinho, alto o suficiente para eu ouvir


antes que se afastasse na direção oposta da classe. Ele estava
saindo?

Minha voz ficou presa na garganta enquanto o observava


sair do prédio, as portas duplas se fechando atrás dele com um
estrondo alto. Eu vacilei quando ele desapareceu da minha
vista.

Limpando a garganta, dei um sorriso hesitante ao Sr.


Johnson. — Ele só precisa... de um minuto sozinho.

— Ele é um jovem revoltado, — comentou. — Lembra-me


de mim mesmo depois que fui dispensado das forças armadas.

— Ele só…
O Sr. Johnson acenou comigo. — Não precisa explicar.
Aqui está a televisão.

Engoli o nó que queimava na garganta, murmurei um


rápido obrigada antes de pegar o suporte da TV e rolar em
direção à sala de aula.

Eu esperava que ele voltasse mais tarde, mas ele não


voltou.

Não houve vislumbre de Maddox pelo resto do dia.


Caminhei pelos corredores da Berkshire procurando por ele,
mas ele se foi... E senti sua ausência como uma espada afiada
cortando através de mim.

As emoções contraditórias de Maddox podem ter sido


justificadas no momento, mas não direcionada a mim.

Eu não tinha feito nada para merecer estar no lado


receptor de sua raiva. Especialmente depois do tempo que
passamos naquele depósito escuro.

Minha avó sempre me dizia que eu era uma coisinha


curiosa, mas isso não era apenas curiosidade. Esta era a
necessidade de conhecer o verdadeiro Maddox, aquele que se
escondia atrás de uma fachada legal e uma máscara de bad
boy.
Porque o Maddox naquele armário, o que eu segurei em
meus braços... ele era um garoto perdido, e me lembrou de mim
mesma depois que eu acordei do meu coma.

O cheiro de um perfume pesado e barato tocou minhas


narinas, e quase engasguei com a força do odor.

Minha cabeça doía.

Meu corpo doía.

Que porra é essa?

Meus olhos se abriram e eu olhei para o teto do... não era


do meu quarto.

Ah, porra. Por que eu não conseguia me lembrar de nada?


Havia um buraco vazio em minhas memórias, e tudo que eu
lembrava era...
A dor de cabeça latejante me fez estremecer quando rolei
para o meu lado enquanto meu estômago revirava com náusea.
A cama mudou com outro peso e um gemido baixo veio da
pessoa ao meu lado.

Deixei minha cabeça cair no meu travesseiro e fechei os


olhos enquanto as lembranças voltavam à tona.

A porra do depósito. Um lembrete do meu fodido passado,


descuidadamente jogado em um pesadelo vivo. Lila. Porra, Lila.
Ela estava comigo. Ela me segurou.

Ela me segurou nos braços e me embalou como se eu fosse


criança.

Lila... cantou para mim.

Uma canção de ninar.

A mesma que minha mãe cantava para mim. Ela tinha o


hábito de entrar em meu quarto para me fazer dormir. Ela
cantava para mim e me beijava na testa antes de apagar as
luzes e fechar a porta atrás dela.

Boa noite, querido. Bons sonhos.

Boa noite, mamãe

Tudo isso foi... antes.


Antes que as coisas mudassem, e eu me tornasse um
estranho para meus próprios pais.

E Lila...

Porra! Lembrei-me de me afastar dela, ameaçando-a.

Um gemido de dor escapou de mim quando percebi quão


idiota fui. Lila foi a única coisa boa naquele momento, e arruinei
tudo com minha raiva e ego.

Não, eu estava... assustado.

— Hmm... — Alguém murmurou ao meu lado. Meus olhos


se fecharam quando me lembrei da festa.

Eu estava bêbado e precisava tirar a raiva do meu sistema.


Isso me levou a isto... pegando uma cadela na festa de Brayden.
O hotel. Álcool e sexo, então eu desmaiei.

— Ei, baby. — Sua mão alisou meu peito nu e minha pele


se arrepiou com o toque. Nenhuma das garotas que eu dormia
tinha permissão para ficar depois de uma foda. Eu odiava a
conversa depois do sexo e detestava dormir ao lado delas. Dava
expectativas desnecessárias de que queria mais do que apenas
sexo.

Agarrei sua mão e empurrei-a para longe. O colchão


mudou novamente, e outro peso do meu outro lado rolou,
jogando uma perna sobre meus quadris.
Espere... outra? Ah, porra.

Acho que não peguei uma cadela, peguei duas. — Saia. —


Eu rosnei.

A da minha esquerda soltou um suspiro sonolento. — O


quê? São quatro da manhã.

— Sim, saia daqui, porra. — Joguei um braço sobre o meu


rosto, esperando que elas fizessem o que era mandado.

— Você é um idiota. Não vamos embora. — Veio da mulher


à minha direita. Eu podia imaginar o olhar arrogante em seu
rosto sem sequer ter que olhar para ela.

Sentei-me na cama sem olhar para as duas. Empurrei


Senhorita-Vadia-Da-Direita para fora do caminho e saí da
enorme cama king-size. Ela soltou um grunhido desagradável, e
pelo canto do meu olho, a vi pegando o lençol e tentando
encobrir seu corpo nu.

Senhorita-Vadia-Da-Esquerda estava calada, mas ainda


estava sentada em minha cama.

— Eu paguei por este quarto. Então, vocês saem ou chamo


a segurança para que vocês sejam expulsas. Estou dando-lhes
um pouco de graça e mantendo intacta as suas dignidades
apenas expulsando vocês e não pedindo que sejam escoltadas.
Agora, deem o fora, porra. — Eu avisei enquanto colocava minha
cueca.
Eu me virei, dando a ambas um olhar aguçado. — Eu vou
mijar. Vocês têm dois minutos para sair deste quarto antes que
sejam expulsas. Vocês queriam provar Coulter? Vocês
conseguiram. Agora, devemos seguir nossos caminhos alegres?
Caso estejam se perguntando, não... não vou colocar um anel
no dedo de nenhuma de vocês.

Os olhos da loira se transformaram em fendas quando


olhou para mim. — Você é sempre assim?

O lençol ainda estava escandalosamente enrolado em seu


corpo cheio de curvas. Era tentador, eu tinha que dizer. Mas
meu pau não despertou com a visão, então isso era um não
para mim.

— Eu nem me lembro do seu nome.

Ela soltou um suspiro, sua mão voando para os seios em


choque. Muito dramático. Isso não era uma fodida novela.

A dor de cabeça latejante estava dificultando o foco, então


pisquei várias vezes, tentando limpar minha visão embaçada.
Quanto eu bebi? Eu não conseguia me lembrar de nada.

— Dois minutos. — Repeti, antes de me afastar. A porta do


banheiro se fechou atrás de mim, passando a fechadura no
lugar, caso alguma delas tivesse a ideia estúpida de se juntar a
mim. Eu não costumava dizer não para sexo no banho, mas não
estava com disposição para outra sessão de foda. Minha cabeça
estava me matando, meu corpo estava dolorido e meu pau
também.

Depois de mijar, saí do banheiro para ver que a loira havia


saído, mas sua “amiga” ainda estava aqui. Cabelo preto, pele
exótica beijada pelo sol e olhos castanhos, ela parecia ter
acabado de sair de uma revista.

E aqueles olhos castanhos chocolate me lembraram muito


Lila.

— Meu nome é Tammy, — ela se apresentou,


ansiosamente, com um forte sotaque britânico. — Quero dizer,
você não pediu nossos nomes na noite passada.

Isso porque eu não precisava saber o seu nome para


transar com ela. Sem nome e sem rosto. Houve inúmeras
mulheres antes dela; ela era apenas mais uma. Eu
provavelmente também era apenas outro homem em sua lista.

Ela só estava com sua calcinha e sutiã, seus seios grandes


praticamente vazando. Qualquer homem levaria um tempo com
o seu corpo, mas eu não era esse homem.

Tammy caminhou até mim, parando a um centímetro de


distância. Seus seios roçaram meu peito e ela alisou a palma da
mão sobre meu abdômen, deslizando em direção ao meu pau.
Ela me pegou em sua mão quente, me esfregando através da
minha cueca. — Vamos, baby. Não seja assim. Eu pensei que
tinha nos dito que podíamos ir a noite toda. Nós apenas
começamos. Agora que Jenna se foi, somos apenas nós.

Minha paciência era pequena, e estourei, agarrando-a


bruscamente pelo braço e a puxando em direção à porta. No
caminho, peguei seu vestido preto no sofá e joguei os dois porta
afora.

O seu rosto era uma máscara de fúria, os lábios abertos,


provavelmente para me amaldiçoar, mas eu bati a porta antes
que ela pudesse entrar em um discurso cheio de raiva. Que
cena típica.

Sim, eu estava sendo um idiota.

Mas, porra, eu não tinha forças para lidar com garotas


como ela agora.

Afundei na cama com a cabeça ainda latejando. O sono


veio rapidamente, mas não foi nada bonito.

— Corra e se esconda. Vou contar até vinte antes de


encontrar você. — Disse Nala, rindo. Estávamos brincando de
esconde-esconde. Era o jogo que eu mais gostava de brincar com
ela, porque eu era esperto e ela nunca conseguia me encontrar.

Mamãe disse que eu era o mais inteligente.

Era por isso que sempre ganhava nas brincadeiras.


Nala começou a contar e eu corri para o porão. Ela não me
encontraria lá. Eu tive que encontrar o esconderijo perfeito. Nossa
casa era enorme e havia cantos para se esconder, mas Nala já
conhecia quase todos eles. Éramos amigos há algumas semanas,
e ela descobriu todos os meus esconderijos. Então, eu tinha que
encontrar um novo.

O armário!

Fechei a porta atrás de mim e entrei debaixo da prateleira.


Local perfeito.

Eu ia ganhar de novo. Mamãe me mostrou esse lugar


quando estávamos brincando da última vez.

Eu esperei, esperei... e esperei Nala me encontrar.

Deve ter passado muito tempo porque meus joelhos estavam


começando a doer por ficar na mesma posição por muito tempo.

Eu me arrastei por baixo do meu esconderijo e fui para a


porta. Meu coração congelou quando a porta não se mexeu.

Eu puxei mais forte. Não abriu.

— Mamãe. — Eu gritei, mas então eu percebi...

Meus pais não estavam em casa. Papai disse que ele tinha
uma reunião de negócios e que chegariam tarde em casa. Eles
estavam sempre ocupados, sempre saindo de casa de manhã
antes que eu acordasse e voltando para casa mais tarde, depois
que eu fosse para a cama. Era por isso que Nala estava aqui
para me fazer companhia. Ela era filha da Sra. Kanavaugh,
nossa empregada.

Eu puxei a porta ainda mais forte. Não abria.

Não, não, não.

— Nala! Nala, eu estou aqui. No porão. Nala, venha me


encontrar!

Eu bati à porta, soquei, chutei e gritei. Minha garganta


começou a ficar seca e as lágrimas deslizaram pelo meu rosto. Eu
não gostava de chorar. Eu tinha que ser forte, como papai. Ele
nunca chorou.

Mas eu não podia... parar... as... lágrimas...

— Papai. — Eu gritei, sentindo-me esfriar.

Assustado... eu estava com tanto medo e frio. Por que eu


estava com tanto frio? Meus dentes estremeceram e eu tremi,
sentindo mais lágrimas deslizarem dos meus olhos. Meu rosto
estava molhado enquanto eu chorava mais.

Eu não gostava disso.

Por que não conseguia abrir a porta? Por quê? Por quê?

Puxei e puxei, mas a porta era pesada demais para mim e


não se abriu.
— Mamãe, por favor! Mamãe! Papai! — Eu gritei.

Por que ninguém conseguia me ouvir?

Talvez... talvez... eventualmente eles perceberiam que eu


estava desaparecido, e me encontrariam mais tarde. Mamãe
sabia desse esconderijo; ela saberia onde me encontrar.

Eu afundei no chão, trazendo meus joelhos ao meu peito.

Mamãe e papai me encontrariam, eu sabia que sim.

— Quando eles chegarem em casa, eles irão me procurar. —


Eu murmurei.

Eu tinha que ser forte.

Forte como o Homem de Ferro. Eu tinha que ser forte como o


papai.

Eu não sabia quando adormeci ou por quanto tempo, mas


quando abri meus olhos novamente, estava escuro.

Tão escuro que eu não conseguia ver nada. As luzes, o que


aconteceu com elas?

Ah, não.

Eu não conseguia ver...

Eu não conseguia respirar...

— Mamãe! — Eu me levantei, procurando uma fuga.


Eu bati à porta, mas minhas mãos eram muito pequenas e
começaram a doer.

Mas eu não parei.

Eu soquei e gritei mais alto. — Mamãe! Estou aqui. Papai!

Estava tão escuro. Eu não gostei; não gostava da escuridão.


Eu nunca gostei. Assustava-me, era por isso que mamãe sempre
deixava minha luz noturna acesa.

— Socorro! Ajude-me! Estou no armário... ajude-me...

Eu não conseguia respirar...

Eu não conseguia respirar...

— Eu não posso... socorro... eu não consigo... respirar...


mamãe...

Meu coração estava batendo muito rápido. Eu não


conseguia ver nada.

Estava escuro, tão escuro.

Meu corpo estremeceu e tropecei no chão, próximo à porta,


ainda arranhando e socando.

— Não posso... respirar... Papai... Por favor... Por favor...


Venha me encontrar! Por favor…

Eu chorei.
Eu não queria; tinha que ser forte, mas não conseguia
parar.

Eu chorei mais forte.

— Eu estou assustado…

Minha mão ficou dormente até que eu não conseguia mais


sentir.

— Não... me deixe aqui… mamãe. Socorro! — Sussurrei,


quando não consegui mais gritar.

Tudo doía. Minha cabeça. Minha garganta. Minha mão. Meu


corpo. Tudo.

E estava tão escuro.

Havia um monstro no escuro, como nos filmes. Eu podia


senti-lo me observando, e minha pele se arrepiou.

O monstro ficou me observando; eu não conseguia ver, mas


estava lá.

Eu ainda não conseguia respirar. — Socorro…

Mamãe e papai prometeram que sempre me encontrariam


onde quer que eu me escondesse. Eles disseram que podiam me
sentir porque eu era o bebê deles, e sempre sabiam onde eu
estava.

Eles mentiram.
Eles não me encontraram.

— Não... me deixe... sozinho. — Implorei, mas eu mal podia


ouvir as palavras. — Por favor.

Meu corpo balançou para o lado e caí no chão, minha


cabeça tocando os azulejos frios do armário. Eu me enrolei em
uma pequena bola, tentando afastar o frio.

Venha me encontrar, mamãe.

Não me deixe, papai.

— Por favor... Eu serei… um bom garoto. Eu... nunca vou


pedir... outro brinquedo... ou chocolate. Eu nunca mais vou
chorar... prometo. Eu prometo... eu vou... ser bom, um bom
garoto... Prometo, mamãe. Por favor, papai... por favor...

Eles mentiram.

Eles não me encontraram.

— Ajude-me.

Eles me deixaram com o monstro no escuro.

— Por favor.

Eles me esqueceram.

— Mamãe... Papai…
Acordei, ofegante e sem fôlego. Meu corpo estava tão frio;
eu estava entorpecido e tremendo como uma folha de merda
durante uma tempestade. O lençol estava encharcado de suor e
engoli o caroço pesado na garganta.

Foi apenas um pesadelo.

Mentiras.

Como poderia ser só um pesadelo se me seguia quando eu


estava acordado?

Meu coração batia forte no peito e havia uma dor surda. O


mundo girou, e eu queria vomitar quando meu estômago
revirou com náusea. A dor em minha cabeça brilhou forte e
pesada.

Respire. Porra, respire. Droga.

Batendo meu pé no colchão, soltei um rosnado.

Ódio. Raiva. Autoaversão.

Dor, tanta dor de merda colidindo juntas, e minha cabeça


nadou com todas as emoções. Foda-se, PORRA!

Eu me virei e peguei a garrafa na mesa de cabeceira. Eu


me convenci de que não era alcoólatra, mas hoje à noite... eu
tinha que beber, tinha que esquecer.
Tomando um longo gole, senti o álcool queimar a minha
garganta e estremeci, minhas sobrancelhas franzindo de dor.
Minhas têmporas se contraíram e parecia que eu estava
colocando agulhas quentes nos olhos enquanto continuava a
beber da garrafa.

Meu estômago arfava quando me lembrei de como chamei


meus pais, mas eles nunca vieram... E então me lembrei de
chorar nos ombros de Lila, como havia feito antes, naquele
armário aos sete anos de idade.

Lila me viu no meu ponto mais fraco e a odiei por me


segurar assim, como se ela se importasse.

Ela não se importava.

Ninguém se importava.

Meu coração bateu mais forte, quase com raiva, e


bombeou ácido pelas minhas veias, exceto que eu estava... me
afogando.

Foi então que percebi que você não precisava de água para
se afogar. Assim como não havia nenhum monstro real naquele
armário quando eu tinha sete anos, mas os monstros estavam
em minha cabeça, e até hoje eu não conseguia escapar deles.

Meu corpo tremeu, pesado e letárgico, quando dei um


último gole, antes de jogar a garrafa vazia no chão. Eu caí na
cama, afundando no esquecimento.
Doce maldito silêncio.
CAPÍTULO DEZESSETE

Vovó empurrou uma caixa em minha mão. — Depósito,


por favor.

Ela deu um tapinha em minha bochecha afetuosamente


antes de sair correndo para ajudar o cliente que a esperava.
Vovó estava sempre atarefada. Era exatamente por isso que eu
disse para contratar mais pessoas para ajudar no
supermercado. Os idosos eram teimosos até os ossos.

Meu olhar deslizou pelas janelas enquanto eu saía do


armazém. Quando avistei quem eu estava procurando, meu
coração acelerou.

Moletom com capuz preto, jeans rasgados e botas de


couro. Maddox parecia quase bom demais para ser verdade. Se
eu não soubesse melhor, diria que ele era algum tipo de anjo
caído. Mas ele era tudo menos isso.

Maddox estava do lado de fora, com o capuz sobre a


cabeça, enquanto fumava um cigarro no frio. Ele tinha as mãos
enfiadas nos bolsos e a cabeça baixa, encarando o chão.
Algo mudou entre nós desde aquele dia.

Uma semana havia se passado. Maddox ainda era o idiota


habitual, mas às vezes tinha a sensação de que ele estava
intencionalmente me evitando.

A única vez que vi alegria nos seus olhos foi quando


escondi um vibrador rosa e reluzente em seu armário. Foi
durante o almoço, os corredores estavam lotados e cheios de
estudantes quando Maddox abriu o armário. O Sr. Big Ben23,
também conhecido como Sr. Dildo24, deu um tapa na sua cara,
enquanto todos ao seu redor ofegaram e prontamente
começaram a rir.

Eu pisquei e me afastei, satisfação correndo pelas minhas


veias, depois de ver o olhar em seu rosto. Eu fiz ele sorrir, um
sorriso verdadeiro desde aquele dia em que ficamos trancados
no depósito.

A brincadeira com vibrador foi há dois dias.

Ontem, ele retaliou com baratas falsas em minha bolsa e


meu suéter. Lembrei-me de jogar minha bolsa no chão, gritando
assassinato sangrento, enquanto os estudantes começaram a
rir como se fosse a melhor piada do século.

23Referência à torre do relógio de Londres devido ao tamanho e formato.


24É um objeto em formato que imita um pênis com o intuito de ter contato, fantasia ou penetração oral,
anal ou vaginal.
Foi humilhante, para dizer o mínimo. Eu queria ficar
brava. Eu tinha todo o direito, mas no momento em que vi
Maddox rindo, toda a minha raiva desapareceu.

Poof, bem assim.

— Ele não parece muito alegre, não é? — Vovó parou ao


meu lado, observando Maddox pela janela. — Ele veio hoje cedo
para ajudar no estoque e ainda não comeu nada.

— Ele não almoçou?

Eram quase três da tarde.

Um cliente chamou vovó e ela me deu um tapinha no


braço antes de ir embora.

Antes que eu pudesse pensar em minhas ações, peguei um


sanduíche embrulhado na geladeira e estava caminhando para
fora do supermercado.

Maddox olhou para cima quando me aproximei. Ele deu


uma última tragada no cigarro antes de jogá-lo no chão e
esmagá-lo sob os pés. Soprou uma nuvem de fumaça antes de
lamber os lábios, me olhando de cima a baixo. — O que há,
Garcia?

Silenciosamente, empurrei o sanduíche em sua direção.

Ele levantou uma sobrancelha. — Isso é uma oferta de


paz?
— Vovó comentou que você não comeu. — Disse como
explicação. Eu estava apenas sendo... legal. Não havia nada
demais nisso.

Maddox pegou o sanduíche da minha mão, as pontas dos


nossos dedos se tocando brevemente, antes que me afastasse
rapidamente.

— Cuidado aí, Lila. Está começando a parecer que se


importa.

Meus olhos se voltaram para os dele e o observei.

— Estou sendo um ser humano decente. Devolva o maldito


sanduíche se você vai ser um idiota.

Maddox já estava rasgando o embrulho antes que pudesse


terminar minha frase. Ele deu uma mordida enorme,
mastigando com fome. — Desculpe, docinho. Você não pode dar
comida a um homem faminto e levá-la embora. Assim como
você não pode exibir uma boceta na frente de um homem com
tesão e esperar que ele não a devore.

Eu soltei um suspiro. Ele era absolutamente impossível.

— Tudo tem que ser sexual para você?

Maddox deu outra mordida no sanduíche. — Nascemos


para sermos seres sexuais. Por que não abraçar isso?
Inclinei-me contra a janela, observando os carros
passarem, enquanto Maddox devorava seu sanduíche em
grandes mordidas. Ele estava obviamente com fome. Depois que
ele terminou a última mordida, discuti o assunto proibido.

— Naquele dia... no depósito. — Comecei.

Não precisei olhar para Maddox para sentir a mudança


nele. Quando falou, sua voz disse tudo. — Fale disso
novamente, e vou acabar com você tão...

— Por que você está tão cheio de raiva? — Eu o interrompi


antes que pudesse terminar sua ameaça. — Eu não sou sua
inimiga.

Ele soltou uma risada sem humor.

— Isso é uma coisa bastante irônica de se dizer,


considerando o nosso relacionamento, se é que pode se chamar
assim.

— É irônico, não é? — Finalmente me virei para olhá-lo.


Ele tinha um ombro contra a janela, de frente para mim. Seus
olhos eram de um azul cintilante à luz do sol, brilhando e
escondendo algo mais escuro.

Quem era o homem por trás dessa máscara?

— Mas não vou te machucar. Esse nunca foi meu objetivo.


Só estou tentando me vingar de você.
Maddox e eu estávamos jogando um jogo de gato e rato.
Era irritante, mas inofensivo.

Ele inclinou a cabeça para o lado. — Então, você está


dizendo, que você não vai me machucar, a menos que eu a
machuque primeiro? — Ele questionou com uma voz áspera e
grave.

— Sim, é justo. Se você me machucar, vou fazer você se


arrepender.

— Você é a primeira garota que não caiu aos meus pés e


me implorou por uma foda.

— O que isso faz de mim?

Ele sorriu, completamente. — Minha presa.

Eu soltei uma risada, ao invés de ficar ofendida como eu


teria feito há dois meses. — Você tem uma mente única,
Coulter.

— Você está fazendo círculos em volta da minha cabeça,


Garcia. — Isso foi uma... Confissão?

Eu me afastei dele. — Vovó espera que voltemos ao


trabalho em dois minutos.

Girando, fui me afastar, mas depois parei. Havia uma


sensação estranha no estômago, um pressentimento
angustiante de que eu estava prestes a fazer algo muito
estúpido. Mas não consegui me conter. Eu sempre fui uma
garota que planejava com antecedência, nunca fazendo algo
tão... imprudente. Depois que a vida me deu um soco no rosto e
me deixou com cicatrizes, jurei que nunca seria estúpida.

Sempre no controle.

Sempre cautelosa.

Mas, aparentemente, os hábitos imprudentes de Maddox


estavam me contagiando.

Voltei para Maddox, a um centímetro de distância. Tão


perto que eu podia sentir seu calor.

— Você sabe o quê? Eu acho que podemos ser realmente


bons amigos. — Anunciei, as palavras se derramando antes que
eu pudesse me conter.

Sim. Estúpido, certo?

Seus olhos se arregalaram uma fração antes que ele se


afastasse. — Como eu querer entrar em sua calcinha é igual a
sermos bons amigos? — Ele olhou para minha mão esticada
entre nós. — E você está realmente esperando por um aperto de
mão?

Porra, o que eu estava pensando?

O calor queimou minhas bochechas de vergonha. — Eu


estou tentando ser civilizada aqui, — disse entre dentes. — Eu
só acho... se somos tão bons em ser inimigos, imagine se
estivermos do mesmo lado?

Era verdade. Eu estava cansada de lutar com Maddox, dia


após dia, uma e outra vez. Era hora de pedir trégua, acabar com
esta guerra e começar de novo.

Havia um brilho ilegível em seus olhos quando ele falou.

— Você deixará Berkshire de joelhos, docinho.

Eu vou deixar você de joelhos. Eu mantive essa informação


para mim mesma.

Maddox ficou pensativo por um segundo. Ele esfregou o


polegar na mandíbula quadrada antes de me dar um simples
aceno de cabeça. — Tudo bem.

Espera... mesmo? Eu pisquei, esperando ele rir e me


chamar de patética.

Ele não fez.

Maddox me encarou com expectativa.

Puta merda.

Engoli o caroço nervoso na garganta, e desta vez, mostrei a


ele meu dedo mindinho.

— Juramos solenemente não compartilhar mais nenhuma


animosidade entre nós, nos comportaremos e jogaremos bem.
Se Maddox pensou que eu estava sendo estúpida, não
mostrou isso em seu rosto.

— Juro solenemente não ser um idiota, mas ainda vou


pensar em sessenta e nove maneiras de como te foder todas as
vezes que você olhar para mim ou sacudir sua bunda em meu
caminho.

— Maddox! — Eu assobiei, calor brotando em minhas


bochechas com suas palavras rudes. Eu não era santa, mas
caramba, ele sabia como fazer uma garota corar.

Ele soltou uma risada gutural, o som saindo


profundamente de seu peito. Maddox envolveu seu mindinho
em volta do meu, o apertando um pouco.

Meus pulmões ardiam e percebi que tinha esquecido de


respirar. É assim, eu lembrei a mim mesma.

O fim de algo; o começo de outra coisa. Eu não sabia o


quão sério Maddox estava ou se ele manteria sua palavra... Não
sabia se ele conhecia o significado de amigos, não sabia o que o
amanhã nos traria, se ele voltaria ao seu habitual idiota, mas de
uma coisa eu tinha certeza: já não queria mais estar do lado
oposto do Maddox.

— Amigos? — Eu respirei.

— Amigos. — Ele concordou.


Eu assisti Lila se afastar, de volta ao supermercado dos
avós. Eu arranhei minha barba de três dias em minha
mandíbula, pensativo.

A porta se fechou atrás dela, escondendo a visão perfeita


de sua bunda do meu olhar apreciativo. Eu tive que me lembrar
de desviar o olhar porque, foda-se, Lila poderia trazer qualquer
homem de joelhos com uma bunda assim.

Nossos olhos travaram através da janela de vidro, e ela


estava sorrindo. Um sorriso genuíno.

Lila acenou para eu entrar e meus pés seguiram. Se eu


fosse um filhote, meu rabo estaria balançando para frente e
para trás.

Ah, pelo amor de Deus. Amigos?

Amigos.
Parei à porta, piscando quando cheguei a uma percepção
repentina.

No momento em que Lila ameaçou o meu pau naquela loja


de café, fiquei fascinado. As meninas geralmente estavam de
joelhos por mim, adorando meu pau como se fosse a melhor
refeição de suas vidas. Eu nunca tive uma garota que queria
causar dor ao Maddox Junior ao invés de prazer, até Lila.

Quando ela sorriu por cima dos ombros antes de se


afastar, fiquei instantaneamente intrigado. Quem era essa
garota?

Fiz a minha missão de descobrir mais sobre ela, estudá-


la... e quebrá-la. Ela era meu projeto de estimação e eu queria
trazê-la de joelhos. Alguém com tanta vontade como ela? Seria
doce quando finalmente me implorasse.

Dois meses depois…

Lila Garcia acabou de me jogar na zona de amigos. Bem,


merda.

Uma risada borbulhou do meu peito. A pequena Senhorita


Perfeccionista era corajosa, eu tinha que admirar isso. Eu
nunca tive uma amiga antes. Se alguém tinha um par de peitos,
Maddox Junior tinha uma mente única. Sexo. Claro e simples.

Lila tinha três coisas que me deixavam fraco. Seios, boceta


e bunda grande o suficiente para minhas mãos gananciosas.
Eu zombei em pensamento. Isso seria interessante. Eu me
perguntei quanto tempo ela duraria. Os jogos mudaram; as
mesas viraram e eu ia jogar o seu jogo agora.

Quem iria quebrar primeiro? O jogador ou a presa?

Porra, isso seria divertido.


CAPÍTULO DEZESSETE

Uma mão firme pousou em minha bunda, apertando a


carne macia como uma bola de estresse pessoal. O calor do seu
corpo irradiava contra as minhas costas e o cheiro familiar e
picante de sua colônia encheu meu nariz.

— Tire suas mãos da minha bunda. Somos amigos,


Coulter.

Quando ele não soltou, dei uma cotovelada nele, e ele


soltou um pequeno gemido. Maddox veio para o meu lado
enquanto caminhávamos para a nossa aula de inglês. —
Espere, pensei que você quis dizer amigos com benefícios.
Porque esse é o único tipo de amigos que me interesso.

Revirei os olhos. Terceiro dia como amigos e Maddox ainda


era um idiota. Um idiota um pouco suportável, mas ainda um
idiota. Aparentemente, ele não conseguia entender o conceito de
apenas amigos e ainda estava tentando aprender.
Bem, eu realmente não poderia culpá-lo, pois ontem ele
me pegou olhando seu pacote novamente. Ele não disse uma
palavra, mas seu sorriso estúpido foi suficiente.

— Não. Eu quis dizer amigos normais. Você respeita meus


limites, e eu respeito os seus. Pare com todos esses toques.

— Então, você quer dizer que eu não posso te bater contra


a parede e te foder?

Doce Jesus, me ajude, ou vou matar esse cara. Exasperada,


dei-lhe um olhar que dizia tudo. — Esse é o oposto de amigos,
Maddox.

— Bem, isso é decepcionante. Você viu o quão bom eu sou


no campo, mas estou ansioso para lhe mostrar o quão bom eu
sou empurrando.

Havia um brilho de travessura em seus olhos, e meus


lábios tremeram. Ele estava sendo irritante de propósito, o
idiota. Claro, ainda estávamos tropeçando nessa nova coisa de
amizade, mas não estava tão ruim. Pelo menos, não encontrei
mais baratas em meu suéter hoje e nenhum vibrador rosa para
Maddox.

Como esperado, quando entramos na aula da Sra. Levi,


todos os olhos estavam em nós. A atenção me deixou tensa,
mas com Maddox constantemente ao meu lado, estava
começando a me acostumar.
As pessoas sempre olhavam, afinal, Maddox era o centro
das atenções. Ele adorava, praticamente se alimentando disso.
Seu peito inflou como um pavão orgulhoso, os olhos brilhando e
seu sorriso marcante estampado nos lábios carnudos. As
meninas bajulavam e os caras queimavam de ciúmes.

Agora que eu estava do lado do Maddox, mais como ele me


manteve ao seu lado o tempo todo, virávamos cabeças onde
quer que fôssemos. As pessoas assumiram que estávamos
fodendo, e eu era sua última conquista. Alguns disseram que eu
era sua namorada.

Ninguém acreditava que éramos apenas... amigos.

Até Riley suspeitou no começo, mas ela finalmente


entendeu a natureza do nosso relacionamento quando Maddox
roubou minha maçã, e em vingança, borrifei ketchup em sua
virilha. Infantil e estúpido, certo?

Mas havia algo sobre Maddox que me fazia sentir...


despreocupada.

Dispensei a primeira fila e segui Maddox até o fundo da


sala de aula, onde ele sempre se sentava. Instalando-me ao lado
de Maddox, que me colocou no meio dele e de seu amigo, dei a
Colton um aceno de saudação.

Ele sorriu e bateu os punhos com Maddox. — A escola


toda está comentando.
Meus lábios se apertaram em uma linha reta. — Eles
precisam parar de fofocar.

— Esse é o trabalho deles. Fofocar! — Maddox disse com


um sorriso preguiçoso. — O que há de tão ruim em ser minha
namorada, Garcia?

— Porque eu não sou.

— Tem certeza disso? — Colton revidou.

Eu aprendi uma coisa durante esses três dias.

Colton e Cole eram gêmeos, mas não eram nada parecidos.


Cole era mais reservado, do tipo quieto. Ele nem sempre andava
com a gente e era menos idiota e mais cavalheiro. Na verdade,
você pensaria que Colton e Maddox eram gêmeos por que...
eram ambos idiotas pomposos. Atitude e personalidade, ambos
eram do tipo despreocupados e irritantes.

Agora que Maddox e eu éramos amigos, isso significava


que seus amigos eram meus. A pobre Riley foi arrastada para
essa bagunça também.

Riley estava pronta para acabar com Colton a qualquer


momento, e eu queria levantar minha bandeira branca em
derrota, mas me abstive de fazê-lo. Minha mãe não criou uma
desistente.
— Se vocês dois vão conspirar contra mim, vou voltar para
a primeira fila. — Fui me levantar, pegando minha bolsa
comigo. Colton levantou as mãos em uma derrota falsa e
Maddox sorriu.

— Mantenha sua bunda sentada nessa cadeira, Garcia.


Vou te arrastar de volta se for preciso.

Recostei-me na cadeira. — Eu não sou seu animal de


estimação, Coulter.

Ele se inclinou para mais perto, seus lábios roçando


minha orelha para que pudesse sussurrar enquanto a Sra. Levi
começava sua lição. — Você é meio fofa quando está chateada.

— Cala. A. Boca.

Ele se recostou na cadeira, parecendo bastante satisfeito


consigo mesmo, como se tivesse acabado de domar um dragão.
Até parece.

Eu o ignorei e foquei na lição. Claro, ele estava me


distraindo, mas não ia deixá-lo afetar meu GPA perfeito.
As horas passaram devagar... tão devagar, droga... até que
o sinal finalmente tocou. Foi um longo dia sendo examinada e
encarada, e os sussurros seguiam por toda parte que eu ia. Não
importava se Maddox e eu éramos inimigos ou amigos; eu era
uma estranha, sempre fora e sempre seria.

Alguns estavam curiosos, outros estavam sendo


simplesmente cruéis sobre isso.

Ouvi dizer que ela é pobre. Ela provavelmente está apenas


transando com ele por dinheiro.

Puta desesperada.

Ela não é tão bonita assim.

Você acha que ela está transando com o pai do Maddox


também? Eu não ficaria surpresa se ela tivesse um sugar
daddy.25

Oh meu Deus, isso é tão engraçado! Pai e filho. Seu buraco


é provavelmente tão esticado.

Ela pode estar transando com todo o time de futebol.

25Um Sugar Daddy é expressão da língua inglesa para relacionamentos românticos entre homens mais
velhos e experientes com mulheres jovens que são sustentadas por dinheiro, presentes ou outros
benefícios em troca da relação amorosa.
Eles não entendiam por que Maddox estava tão fascinado
por mim.

Palavras deles.

Ou por que eu e não eles. Honestamente, eu também não.


Maddox era um mistério até para mim. Por que ele me colocou
em seu radar?

Riley soltou um suspiro, o rosto vermelho de raiva.

— O que diabos há de errado com eles?

— Apenas... ignore, — eu disse, dando um suspiro


cansado. — Eles ficarão entediados e escolherão outra vítima.

— Não é justo.

Não, não era, mas eu estava aprendendo a aceitar o meu


destino. Riley, abençoe seu coração, parecia pronta para atacar
alguém, mas a puxei de volta.

— Você pratica dança, certo? Não se atrase. — Eu a


cutuquei em direção à porta.

Ela soltou um suspiro e me deu um olhar triste.

— Você não pode deixá-los andar por cima de você, Lila.


Eu fiz isso. Eu deixei que eles me intimidassem para suas
próprias satisfações e eles tiraram tudo de mim. Meus amigos,
minha popularidade, meu orgulho... até que não tivesse mais
nada. Eles são como abutres. Eles não vão parar até quebrá-la.
Você precisa mostrar a eles quem é a chefe, porque é você.

Afinal, não tinha nada para ter medo. Maddox estava do


meu lado agora. Eu era sua amiga. Sua única amiga que era
uma garota. Eu tinha mais poder do que qualquer uma das
garotas com quem ele dormia. Ele era rei e, por mais que eu
odiasse, isso me fez a rainha oficial. A Academia Berkshire era
meu reino.

Mas ninguém queria uma rainha fria. A última coisa que


eu queria fazer era que eles me desprezassem mais do que já
faziam.

Uma vez que Riley saiu, entrei no banheiro, desde que


minha bexiga estava quase explodindo. O ônibus não chegaria
aqui por mais quinze minutos, então eu tinha tempo suficiente.

Eu estava lavando minhas mãos quando aconteceu.


Quando elas se aproximaram de mim.

No espelho, vi quatro garotas. Eu reconheci duas delas.


Bethany, provavelmente a garota mais popular da Berkshire, e
sua melhor amiga, Suraiya. As outras duas garotas eram
familiares, mas eu não as conhecia o suficiente para saber seus
nomes.

Elas circularam ao meu redor, e fechei a torneira,


sacudindo as gotas de água das minhas mãos.
— Posso ajudar? — Eu perguntei, desconfiada de suas
aparições repentina.

— Ela pode falar. — Zombou Bethany, com uma inocência


falsa.

— Se você não tem nada a dizer, vou embora. — Passei por


ela, e ela agarrou meu braço, cravando suas unhas compridas
em minha pele. Eu não recuei, mas doeu como uma cadela.

— Não tão rápido, Garcia. — Ela disse meu nome como se


fosse uma sujeira.

— O que você quer? — Eu não estava com medo, mas não


gostava de como era só eu contra quatro delas. Elas se
amontoaram ao meu redor, tentando me intimidar.

Bethany sorriu, embora parecesse tão falso e malicioso


quanto ela.

— Eu só queria te dar um pequeno... aviso.

Eu ri. — Sobre Maddox? Certo, claro. Vá em frente, me dê


seu aviso.

Tentei parecer imperturbável, mas sabia o que estava por


vir. Elas estavam aqui por um motivo. O fato de não estar me
encolhendo ou implorando para que me poupassem, as
deixavam irritadas.
— Vamos apenas dizer que estou tentando lhe poupar de
ser humilhada. Maddox vai se cansar de você em breve, e ele vai
jogá-la fora como o lixo de ontem. Você vai se machucar, porque
é isso que ele faz. Ele quebra garotas como você por hobby.

Voltei seu sorriso falso com um dos meus. — Oh, como ele
se cansou de você e a jogou fora como o lixo de ontem? — Os
cantos dos seus olhos se contraíram, e seu sorriso sumiu.

Ainda não terminei. Se ela queria ser uma vadia, eu


mostraria a ela como jogar esse jogo direito.

Eu tirei sua mão de mim, falando baixinho. — Eu lembro


daquele dia. A fofoca tende a viajar rápido.

No ano passado, quando ainda era a nova garota, Maddox


e Bethany dormiram juntos. No dia seguinte, ela afirmou
publicamente que era sua namorada, mas ele a rejeitou na
frente de todos, dizendo: Você foi uma boa trepada, mas não boa
o suficiente para ganhar o título de minha namorada.

Foi duro, e as coisas ficaram feias naquele dia. Bethany,


porém, era rica e mimada, assim como a capitã de torcida. Ela
era a Miss Popular e fofocas assim não a afetavam. Claro, seu
orgulho foi ferido, mas ela se recuperou rapidamente e manteve
o título de abelha rainha.

Ela rosnou e atacou, me socando no rosto. Eu não vi isso


chegando, e doeu. O gosto metálico do sangue encheu minha
boca quando tentei lamber meus lábios doloridos e
machucados. A sua amiga me deu um chute nas pernas e eu
caí de joelhos.

— Você é facilmente descartável, Lila. Reivindiquei Maddox


há muito tempo, e todas as meninas de Berkshire sabem que
ele é minha propriedade. É o mesmo que brincar com fogo.

Maddox... sua propriedade?

Oh, merda. Meu estômago apertou, e caí na gargalhada.


Essa era, provavelmente, a merda mais hilária que ouvi nesta
década.

Elas olharam para mim como se eu fosse louca. Talvez eu


fosse.

Eu estava prestes a levar uma surra e aqui estava eu,


rindo dos meus agressores.

Bethany sibilou, seu rosto ficando vermelho. Pobre e


insegura Bethany.

Ela pressionou o polegar no meu lábio sangrando e me


forcei a não estremecer. Ela sorriu e pressionou com mais força.
Doeu tanto que lágrimas não derramadas queimaram na parte
de trás dos meus olhos. — Você é tão patética quanto pensei.
Sujeira pobre, não bonita o suficiente, tão facilmente esquecida
e substituível que você teve que agarrar o cara mais rico e
popular.
Sua voz me disse tudo o que eu precisava saber.

Eu era pobre e inferior a elas. Talvez não fosse tão bonita


ou tão rica quanto Bethany e o resto da Berkshire, mas...
Bethany, se sentiu ameaçada por mim.

— Eu não sou uma vagabunda, mas posso sentir o cheiro


de uma vadia a um quilômetro de distância, — disse
preguiçosamente. — Você fede a ciúmes, e fede muito. Vá tomar
um banho, querida.

Bethany me deu um escárnio desdenhoso, seu rosto


contorcido, e vi toda a feiura que escondia sob a doce máscara
de garota que todo mundo amava e se curvava.

Ela era a rainha oficial de Berkshire, um rosto bonito com


uma alma desagradável e um coração medonho. Suas lacaias
ainda estavam com as mãos em mim, me segurando no lugar e
me impedindo de atacá-las. Elas me prenderam com sucesso;
meus braços torciam dolorosamente atrás das costas e seus
joelhos estavam pressionando as minhas omoplatas, me
mantendo perto do chão.

Bethany cruzou os braços sobre os seios enormes,


sorrindo para mim. — Como seus avós se sentiriam se
perdessem o supermercado? Sua única renda e fonte de
sobrevivência? Eles têm o lugar há quinze anos, certo? Eu acho
que é hora de fechar.
Então, ela fez sua pesquisa sobre mim.

Bethany aproximou o rosto no meu e vi o brilho maligno


em seus olhos. — Tsc, quão triste seria vê-los implorar ao meu
pai? Eu posso arruinar você e sua pequena família. Tudo o que
preciso fazer é estalar meus dedos, e assistir você ser reduzida a
cinzas no chão.

A raiva borbulhou. Ela pensou que eu fosse fraca. Ela e


suas marionetes pensaram que eu estava desamparada.

Bethany agarrou minha mandíbula, suas unhas


compridas cavando minha carne sensível. — Onde está Maddox
agora? Seu herói não está aqui para salvá-la.

Eu soltei uma pequena risada. Maddox, meu herói? Ela


estava enganada.

Eu era minha própria heroína.

Eu não precisava dele para me proteger ou à minha


família. Eu me protegia nesta história. Como Maddox disse uma
vez, eu não precisava de um príncipe encantado ou um
cavaleiro de armadura brilhante.

O primeiro erro de Bethany foi estar muito perto de mim.


Ela me subestimou. De novo.

Minha cabeça recuou antes que a trouxesse à frente,


batendo a testa no seu nariz, forte.
Ela gritou, seus gemidos penetrantes, enquanto se
afastava de mim. Eu torci meus braços para longe, chutei de
volta minhas atacantes antes de me levantar novamente.

Não perdi tempo e agarrei Bethany pela garganta antes


que pudesse escapar e a joguei contra a parede do banheiro.

— Não. Foda. Comigo. — Eu assobiei. Sangue jorrando do


seu nariz; não estava quebrado, mas eu sabia que
provavelmente doía ‘pra’ caralho.

Ela olhou para mim, mas pena que não estava mais no
controle. Suas amigas tentaram agarrar meus braços, me
afastar da abelha rainha, mas a segurei mais apertado. Sua
garganta era pequena e delicada em minha mão.

— Não brinque comigo, — repeti. — Você não vai gostar


das consequências. Você pode não gostar de sujar as mãos, mas
eu não me importo. Afinal, sou um rato pobre e sujo, certo?
Você não ameaça meus avós. Você não me ameaça. Porque
confie em mim, vou te destruir. Eu tenho meus caminhos,
Bethany Fallon. Esse é seu primeiro e único aviso.

Eu me afastei dela, e ela engasgou, ofegando por uma


respiração. — Sua... vadia...

Suraiya tentou me agarrar, mas me afastei do seu


caminho. — Você vai acabar com o nariz quebrado também. —
Avisei.
Ela deu um passo para trás e eu sorri. Sim, talvez eu
parecesse uma maníaca no momento, mas Riley estava certa.
Eu não podia deixá-los andar por cima de mim.

As servas de Bethany a cercaram enquanto ela gemia e


chorava por causa de seu nariz. Dei-lhes um olhar final e saí do
banheiro.

Eu não era a Miss Popular; eu não era rica ou a capitã de


torcida... Mas a falta desses títulos não me deixava fraca porque
eu não era um capacho.

Da próxima vez que elas ameaçarem as pessoas que eu


amo, mostraria meus dentes e garras.
CAPÍTULO DEZOITO

Eu tropecei para fora da escola, minhas pernas um pouco


trêmulas. Meus joelhos estavam machucados de onde me
haviam batido no chão do banheiro. Meus lábios latejavam, e eu
podia sentir uma dor de cabeça chegando. Foi um soco infernal,
parabéns Bethany.

Enquanto passava pelos portões principais, o ônibus


passou por mim e eu fiquei lá, estupefata. Droga, perdi meu
ônibus. Com os punhos cerrados, contive a vontade de chorar
porque agora não era a hora disso.

Estava frio. Eu estava de mau humor e com dor. Mas eu


não iria chorar.

— Lila!

Meus passos vacilaram ao som da voz de Maddox. — Lila,


que porra é essa? — Ele chamou. Eu olhei por cima do meu
ombro para vê-lo correndo em minha direção. Sua boca estava
enrolada em uma carranca escura quando se aproximou de
mim.
Meu cabelo escuro caiu como uma cortina em volta do
meu rosto e olhei para os meus pés. Não queria que ele visse os
hematomas, não queria sua piedade ou sua risada estúpida e
zombeteira.

Mas Maddox, sendo Maddox...

Ele se aglomerou em meu espaço, sua frente pressionando


contra as minhas costas. Seu braço enrolou em volta da minha
cintura e me puxou para seu corpo.

— Como isso aconteceu? — Ele perguntou, sua voz baixa e


séria.

— O que você quer?

— A parte de trás da sua saia está rasgada. Não parece um


acidente. Quem fez isto?

O quê?

Afastei-me de Maddox e estendi a mão para trás para


perceber que ele estava certo. Havia um enorme rasgado na saia
da Berkshire, grande o suficiente para que minha calcinha fosse
visível e todos pudessem vê-la. Não é à toa que senti a brisa fria
em minha bunda.

A raiva aumentou dentro de mim e soltei um suspiro


trêmulo.
Não queria chorar porque estava ferida ou humilhada. Elas
eram lágrimas de indignação, e bati nas bochechas, me
recusando a deixar Maddox vê-las.

— Lila... — Maddox disse lentamente. O som do meu nome


veio de seus lábios tão suavemente, como se importasse. Era
estúpido, mas meu coração ainda deu um pulo bobo.

Ele agarrou meus ombros e me virou para encará-lo. Eu


mantive meu rosto abaixado, mas ele não estava tendo nada
disso. Seus dedos roçaram minhas bochechas e afastou o
cabelo do meu rosto.

Quando ele soltou uma série de maldições, eu sabia que


havia visto os hematomas. Sua mão apertou meu braço e me
arrastou para o banco. Eu tentei me soltar, mas ele segurou
firme. Ele me sentou e se ajoelhou à minha frente, parecendo
um escuro e zangado guerreiro. Ele estava... chateado?

— Quem fez isto? — Perguntou, sua voz dura e tensa.

— Sua namorada, — atirei de volta, arrancando minha


mão da sua e cruzando os braços sobre o peito. — Ela não está
muito feliz com o nosso status de amizade.

Seus olhos se transformaram em fendas e me deu um


olhar duro. — Bethany, — Maddox assobiou baixinho. — Ela vai
se arrepender disso.
Eu zombei disso. — Eu não preciso de um protetor. Eu
posso cuidar de mim mesma.

Os lábios dele se contraíram. Embora sua expressão fosse


dura e séria, o humor estava de volta em seus olhos azuis. —
Não, você está certa. Você é o dragão.

Ha. Muito engraçado.

Revirei os olhos e olhei ao nosso redor. A maioria dos


estudantes já tinham ido para casa, e eu, provavelmente, era
uma dos dois ou três que pegavam um ônibus, já que todos
tinham um carro ou um motorista para buscá-los. Vantagens
de ser rico, eu imaginei.

— O que você está fazendo aqui?

Maddox passou os dedos pelos cabelos ainda curtos desde


o último corte. Eu não conseguia decidir se gostava mais do
cabelo comprido, mas sentia falta dele.

— O treinador precisava falar comigo. Eu estava prestes a


sair quando vi você andando para fora do prédio e percebi o
rasgo em sua saia. Bela calcinha, a propósito. Isso me lembra
seus lábios de cereja.

Escondendo o rosto em minhas mãos mentalmente em:


3… 2… 1...
Maddox levantou a mão, seu polegar roçando meus lábios
doloridos. — Você vai me contar o que aconteceu?

Eu dei a ele um sorriso tímido. — Eu posso lhe contar


sobre a parte em que quebrei o nariz dela e a sufoquei.

— Esta é a minha garota, — ele elogiou em voz alta. — Eu


estava quase preocupado que você me dissesse que não lutou
de volta.

Ele pegou a garrafa de água da minha bolsa e observei


enquanto ele molhava um lenço. Contra a minha natureza,
fiquei em silêncio e o observei. Suas sobrancelhas franziram em
concentração, seus lábios em uma linha firma e reta, e seus
olhos escureceram enquanto estudava minhas contusões.

Maddox pressionou o lenço molhado nos meus lábios,


esfregando suavemente para limpar o sangue seco. Eu vacilei,
mas fiquei quieta para ele. Então passou em minha bochecha,
que estava quase em chamas. O anel da Bethany deve ter
pegado minha pele. Soltei um suspiro quando percebi que seria
um tom verde ou roxo desagradável amanhã.

— Não gosto de como você se machucou por minha causa.


— Ele finalmente admitiu. Maddox tocou minha bochecha, seu
polegar pairando sobre minha ferida. Seu toque era suave e
reconfortante.

— Sentindo-se culpado, Poodle?


Seus olhos se voltaram para os meus, brilhando. — Não é
engraçado.

— O que não tem graça, Poodle?

— Lila. — Ele avisou.

— Sim, Poodle.

— Você está machucada.

Apertei o dedo na bochecha e estremeci, depois acenei com


a cabeça em confirmação. — Sim, eu posso sentir isso.

Ele fumegou silenciosamente. Sua mandíbula apertou, e


jurei que ouvi seus dentes rangendo juntos. Finalmente, deixei
o pobre rapaz sair de sua miséria. — Não culpo você. Bethany é
uma vadia. Eu lidei com isso, e agora acabou. Pequenos
arranhões não podem me machucar porque não deixam
cicatrizes permanentes.

Maddox se levantou e me ofereceu uma mão. Agarrei-a e


ele me levantou. — Bem, me deixe levá-la para casa.

O mundo parou com suas palavras e meus joelhos


enfraqueceram.

De repente esqueci como respirar, enquanto meus olhos


lacrimejavam. O suor escorria pela minha testa e entre os meus
seios. Engasguei com a minha saliva quando a sensação
dolorosa no estômago me fez querer vomitar.
A cicatriz longa e irregular entre meus seios palpitava com
uma dor fantasmagórica, um lembrete. Não era mais doloroso,
mas meu corpo e minha mente se lembraram da dor.

— Não. — Eu engasguei.

Maddox me agarrou pelo cotovelo. — Pelo amor de Deus,


Lila. Apenas me deixe...

— Não!

Ele não entendia; ele não entendia, droga.

Eu tropecei para trás e me afastei dele, tentando


desesperadamente contar ao contrário.

Dez... nove... oito... — Lila...

Sua voz soou tão distante, como se eu estivesse submersa


na água, e ele estava gritando comigo do céu.

Sete... seis... cinco... quatro... três... dois... um.

Abri os olhos e respirei fundo estremecendo. Maddox


estava olhando para mim com uma expressão ilegível, e isso me
irritou, não saber o que ele estava pensando.

Era pena? Ou ele estava me julgando? Ele notou que eu


acabei de ter um ataque de pânico?

— Eu vou pegar o ônibus... obrigada pela... oferta. — Falei,


tentando esconder os tremores em minha voz.
Ele levou um longo momento, mas finalmente me deu um
aceno lento. Maddox silenciosamente tirou o blazer do corpo.
Eu não esperava isso, mas se aproximou de mim, seu corpo
contra o meu. Ele tinha uma cabeça inteira mais alta, então se
elevou sobre mim. Ele passou os braços em volta da minha
cintura e parei, meus lábios se separando em choque. Quando
olhei para baixo, o vi dando um nó com as mangas do blazer em
volta dos meus quadris. Caindo pesadamente contra a parte de
trás da minha bunda e pernas.

Ele estava... cobrindo minha saia rasgada.

— Eu estou com você. — Ele respirou em meu ouvido,


antes de se afastar.

Abri a boca para agradecer, mas não consegui encontrar


as palavras. Maddox olhou por cima do ombro e me deu um
pequeno sorriso. — O ônibus está aqui.

Eu assenti, ainda estupidamente silenciosa.

Diga alguma coisa, caramba. Qualquer coisa.

Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos enquanto me


observava entrar no ônibus. Eu me sentei no fundo, como
sempre. Maddox ainda estava me observando.

Eu pressionei minha palma contra a janela, e ele sorriu,


infantil e sexy.
Obrigada, murmurei enquanto o ônibus se afastava.

Na manhã seguinte, quando saí de casa, Maddox e seu


carro estavam lá esperando. Ele abaixou a janela e me chamou.

— O que você está fazendo? — Eu perguntei. —


Perseguidor demais, Coulter?

Ele me entregou um saco de papel marrom. — Bom dia


para você também, docinho. Você parece melhor hoje. Sem
hematomas, pelo que vejo.

Minhas contusões, que eu consegui esconder dos meus


avós, estavam cobertas de maquiagem. Eu encolhi os ombros e
peguei o que Maddox estava me oferecendo. — A maquiagem fez
o truque.

Eu espiei dentro da bolsa. Menta. Chocolate. Muffin. Oh


meu Deus!

— Você...

— De nada. — Ele disse.

Eu soltei uma risada. — Sério, o que você está fazendo?


— Eu pensei que você tivesse dito que éramos amigos.

Eu olhei para ele desconfiada. — Nós somos.

— Então, eu trouxe seu café da manhã. Você e Riley


costumam compartilhar o almoço, certo?

Eu não conseguia decidir se isso era doce ou bobo,


nenhum dos quais era adequado para Maddox Coulter. Eu dei
ao seu SUV outro olhar. — Eu não vou entrar no seu carro se
você está tentando me subornar com meu muffin favorito. Pelo
que sei, você pode ser um sequestrador ou um assassino do
machado.

Maddox piscou. — Eu seria um assassino sexy, admita.

Revirei os olhos, pela enésima vez, e dei uma mordida no


muffin de chocolate com menta. — Meu ônibus está aqui, —
murmurei com a boca cheia. Eu me abaixei, então estávamos
no nível dos olhos e dei a ele um sorriso. — Você pode me seguir
para a escola. Como você me seguiu para casa ontem. Você
precisa melhorar suas habilidades de perseguição, Coulter.

O olhar em seu rosto era cômico. Pego em flagrante,


Poodle.

Eu pisquei e me afastei.

Nós fomos para Berkshire separadamente, embora não


parecesse completamente assim. O muffin que ele me deu me
fez companhia. Tentei devorá-lo lentamente, mas o chocolate
com menta era minha única fraqueza.

Maddox estava me esperando no portão quando eu saí do


ônibus. Ele levantou a bolsa em um ombro e segurou minha
mão. Surpresa, olhei para os nossos dedos entrelaçados quando
me puxou para dentro do prédio. O quê?

— O que você está fazendo? — Eu perguntei com cautela.

— Segurando sua mão.

Sua mão estava quente e forte. Eu não tinha certeza de


como me sentia sobre isso, mas não me afastei. — Por quê?

Seus olhos brevemente encontraram os meus antes que


voltasse a encarar todo mundo. — Porque eu preciso que o
mundo saiba que não podem mexer com o que é meu.

Estava na ponta da minha língua para refutá-lo. Eu não


precisava de um salvador, não precisava me esconder nas
costas de Maddox, porque eu podia lidar com todos os inimigos
por conta própria. Ontem, soltei minhas garras e não estava
mais preocupada em usá-las.

Mas quando vi o olhar em seu rosto, duro e sério, engoli as


palavras.

Algo em seus olhos me disse que ele não iria mudar de


ideia nesse assunto.
Não sabia por que fiquei calada e deixei que segurasse
minha mão. Isso me incomodou, mas então empurrei o
sentimento para baixo.

Marchamos pelos corredores, e os estudantes saíram do


nosso caminho, como o oceano se partindo ao meio para que
passássemos.

Mordi minha língua, segurei meu queixo alto e mantive


minha mão na de Maddox. Seu aperto era firme, mas
reconfortante. Eu esperava que os sussurros nos seguissem,
mas não houve nenhum.

***

Na hora do almoço, não conseguia mais morder minha


língua. O dia continuou tal como esta manhã. Os outros alunos
evitaram o contato visual, ninguém me encarou ou zombou de
mim e ninguém ousou se aproximar de mim. Até Riley achou
estranho.

Quando Maddox pegou minhas batatas fritas, bati na sua


mão e o nivelei com um olhar. — Você fez alguma coisa? Você
ameaçou pessoas? Eles estão agindo de forma estranha.

Riley me deu um grunhido de acordo.

Maddox deu uma mordida em seu sanduíche, jogando


simultaneamente um braço em volta das costas da minha
cadeira, antes de olhar ao redor da cafeteria para dar uma
olhada no seu reino. — Eu acho que você foi ameaçadora o
suficiente por nós dois.

— Hã?

— O nariz de Bethany não está quebrado, mas você fez um


número nela. A fofoca viaja rápido.

— Eles estão com medo de mim?

— Eles têm medo de nós. — Ele alterou.

Eu larguei minhas batatas fritas, sem mais fome. — Eu


vou ter problemas... Por machucar Bethany?

Colton se recostou na cadeira, balançando nas duas


pernas traseiras. — Não, você não vai. Nós já cuidamos disso.

Meus olhos se voltaram para Maddox, franzindo a testa. —


Então, você realmente ameaçou alguém.

O lado de seus lábios se curvou. — Eu tenho meus


caminhos.

Eu deveria estar brava; deveria ter dito a ele para cuidar


de seus próprios negócios.

Eu realmente deveria.

Mas então tive um breve momento de realização: ele estava


me protegendo. Mesmo que eu tenha dito várias vezes que não
queria que ele fizesse isso. Era um Maddox muito diferente,
daquele que era idiota comigo e, no mínimo, foi chocante. Eu
estava curiosa sobre o quão longe ele iria... Para ser meu amigo.

No momento em que Maddox e eu fizemos a promessa de


dedinho do lado de fora do supermercado dos meus avós, ficou
óbvio que meu negócio era dele e o dele era meu. Era um
entendimento tácito entre nós.

Nós dois compartilhamos um sorriso.

E foi só isso.

O começo de algo que Maddox e eu não estávamos


prontos.

Naquele dia, de alguma forma selamos nossa amizade.


Amigos?

Sim, amigos.
CAPÍTULO DEZENOVE

Três semanas depois

Lila bateu o grosso livro e rosnou. Se ela pensou que


estava sendo intimidadora, estava muito enganada. Era um
rosnado de gatinho, fofo e inofensivo.

— Você está me distraindo. Pare! — Ela disse com os


dentes cerrados, mantendo a voz baixa desde que ambos
estávamos amontoados em um canto da biblioteca.

— O que eu estou fazendo? — Fingi inocência, porque


sério, meu passatempo favorito era irritá-la.

Ela estava estudando para o nosso próximo teste de


cálculo enquanto eu estava assistindo... pornô. Ok, tudo bem.
Não é exatamente pornô.

Mas o Tumblr26 era sórdido, e eu tinha o hábito de mostrar


a Lila todos os vídeos que me deparei. Senhorita Garcia não

26 É uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links,
citações, áudio e "diálogos".
achou isso divertido, mas foi hilário para mim, então ela estava
rosnando e sibilando.

Como eu disse, um gatinho.

Eu não sabia se tinha uma semiereção por causa dos


vídeos que estava assistindo ou por Lila estar sentada ao meu
lado.

Provavelmente um pouco de ambos.

— Você percebe que você é a pessoa mais frustrante que já


conheci na minha vida? — Ela finalmente estalou. Mordi minha
língua para não rir.

Eu daria crédito a ela, no entanto, por três semanas como


amiga.

Eu pensei que ela iria quebrar, mas não, Lila era feroz,
algo que eu admirava muito nela.

Ela conectou os fones de ouvido e voltou ao livro. Seu


caderno estava cheio de equações, enquanto fazia as perguntas
práticas repetidamente. Nas últimas semanas, aprendi algumas
coisas sobre Lila:

1. Ela era perfeccionista.

2. Ela queria entrar em Harvard e ainda estava esperando


sua carta de confirmação. Todos os dias, ela ficava mais
ansiosa, embora tentasse esconder isso.
Desde que recebi uma bolsa de futebol, já tinha uma bolsa
de aceitação para Harvard.

3. Ela amava muito os avós.

4. Ela era competitiva ‘pra’ caralho.

Dois minutos depois, Lila desistiu. Ela pegou os fones de


ouvido e olhou para mim. Eu tentei limpar o sorriso do meu
rosto, mas caramba, era difícil quando ela estava sendo tão...
fofa.

— Eu sei que você está entrando em Harvard com uma


bolsa de futebol, mas suas notas não precisam ser boas ou você
pode perder sua bolsa?

Eu tirei o Tumblr enquanto ela falava. Meu livro e caderno


estavam à minha frente, intocados. — Sim.

— Então, por que você não está levando nenhuma das


aulas a sério?

Ah, então ela estava no meu caso. Abstive-me de revirar os


olhos e dei de ombros. — Eu não ligo.

— Então, você está bem em não jogar futebol depois do


ensino médio e perder sua bolsa de estudos?

Isso me fez parar.


Eu não me importava com a escola ou Harvard... Mas o
futebol era a porra da minha kriptonita. Semelhante à como Lila
era minha droga favorita, doce e viciante.

Eu era MC, Maddox Coulter, o quarterback e Casanova


imprudente da Berkshire.

Mas havia algo sobre Lila que me mantinha... de castigo.


Não era exatamente uma coisa ruim, mas também não era uma
coisa boa. Eu não gostei de como ela poderia ficar sob minha
pele, e não gostei de como poderia me ler tão facilmente. Isso
me fez sentir... fraco, como aquele tempo no armário. Ela viu
tudo o que eu não queria que ninguém visse. E até mesmo
agora, ela conseguia ver através de mim.

— Não importa. Estou entrando em Harvard de qualquer


maneira.

— Porque seus pais vão comprar o seu caminho para


Harvard. Entendi.

Minha cabeça levantou ao som da sua voz. Ela parecia...


decepcionada, comigo.

Meus pais estavam no conselho de administração de


Harvard. Não importava se minhas notas não fossem boas, eu
não perderia minha bolsa de estudos. Eles se certificariam
disso. Afinal, isso era tudo o que faziam por mim. Pagar meu
caminho por Berkshire, me dar um cheque, um carro chique em
meu aniversário, embora eles nunca estivessem realmente
presentes no dia... Tudo era materialista para eles. Harvard não
era diferente. Talvez pagar para eu entrar em Harvard realmente
os lembrasse de que eles verdadeiramente tinham um filho.

— Você está entrando em Harvard por causa de seus pais.


— Ela fez uma pausa, me olhando quando me estudou. — Que
tal uma vez na vida, você não depender do dinheiro e da
reputação de seus pais? Por que você não faz isso por você? Por
si só. Através de seu próprio trabalho duro e fracassos... e
sucesso por seus próprios méritos.

Seus olhos encontraram os meus, encarando... procurando


dentro da minha alma. Minha mandíbula apertou e os
músculos das minhas bochechas se contraíram.

— Obrigado pela conversa animada, Garcia. Preciso bater


palmas devagar?

— Ainda um imbecil imperdoável. — Ela sussurrou. Lila


olhou fixamente por um segundo, antes de se aproximar, seu
rosto a apenas alguns centímetros do meu. — Eu te desafio...

Perplexo, soltei uma risada. — O quê?

Lila não riu. Na verdade, nunca a tinha visto tão séria. O


olhar em seu rosto me fez render, e minhas risadas se
transformaram em uma tosse quando ela esperou
pacientemente.
Quando limpei minha garganta, ela levantou o queixo alto
e me deu outro de seus olhares estou falando sério agora. — Eu
te desafio a entrar em Harvard por conta própria, a manter sua
bolsa de estudos sem a ajuda de seus pais.

Eu pisquei.

Então pisquei novamente. Ela estava brincando, certo?

— Rápido, rápido. Você tem muito a fazer, Coulter. — Lila


fez uma pausa e me deu um suspiro falso. — Oh, espere... não
me diga, você está se acovardando? Vai perder esse desafio?
Tsc, tão decepcionante. Pensei que o Maddox Coulter nunca
recusaria um desafio.

Ela estava me provocando, esperando por uma reação.


Foda-se.

Ela me pegou.

Lila conseguiu a reação que queria.

Segurei a parte de trás de seu pescoço e trouxe seu rosto


para mais perto do meu. Ela teve que se inclinar para frente,
metade do corpo curvada sobre a mesa. Seus lábios se
separaram com um suspiro silencioso, e seus olhos
escureceram. — Eu aceito esse desafio.

Seus lábios se contraíram e ela sorriu.

Sim, eu definitivamente estava contagiando-a.


A Miss Perfeccionista agora era uma diabinha.

— Boa sorte, porque você está prestes a ter sua bunda


chutada. Primeira fase deste desafio, você deve passar neste
teste de cálculo.

— Fácil ‘pra’ caralho.

— Realmente? — Ela levantou uma sobrancelha, nem um


pouco convencida.

— Eu sou um gênio, docinho.

Mal sabia ela...

Ela inclinou a cabeça para o lado, os cabelos caindo sobre


um ombro. Lila parecia um sonho molhado: sensual, inteligente
como o inferno, ousada e apaixonada.

E minha amiga.

Meu pau estava se arrependendo disso e implorando por


misericórdia.

Droga.

Ela me deu um sorriso açucarado. — Que comecem os


jogos.
Quatro horas depois, Lila fechou o livro. Ela encostou a
cabeça na cadeira e deixou um pequeno gemido escapar de seus
lábios. Eu não sabia como ela fazia isso, mas Lila mal respirou
naquelas quatro horas. Os olhos dela mal saíram do livro.

Fechei meu próprio caderno e estudei minha pequena


amiga.

— Pronta para ir para casa?

— Sim, estou exausta. — Ela empilhou as coisas na bolsa


e se levantou.

— Você vai me deixar te dar uma carona dessa vez? — Eu


perguntei, mesmo sabendo a resposta.

Lila fez uma pausa. — Não.

Não empurrei, porque o dia em que ela perdeu a cabeça


ainda era uma lembrança vívida em minha mente. Ela entrou
em pânico quando lhe pedi para entrar no carro; eu vi nos seus
olhos, no rosto e no jeito que o corpo dela tremia.

Meus punhos apertaram ao meu lado. A pergunta estava


na ponta da minha língua enquanto seus lábios se contraíam.
— O ônibus estará aqui em dez minutos. Você pode ir
agora, se quiser.

Levantei-me ao seu lado e saímos da biblioteca.

— Eu vou esperar.

Porque...

Só... por que.

Esperamos no ponto de ônibus. Lila estremeceu, e pude


ouvir seus dentes estremecendo com o frio.

— Lila. — Eu comecei.

— Hmm?

Meus lábios se separaram; fui fazer a pergunta que estava


queimando dentro de mim há muito tempo, mas não consegui
formar a frase. Lila levantou a cabeça e olhou, esperando.

— Você se recusa a entrar em um carro... É por causa do


seu acidente?

Lila me deu uma careta de olhos arregalados, e


imediatamente me arrependi de sondar. A expressão abatida em
seu rosto, como se tivesse levado um soco e sido jogada
violentamente em um lago onde não podia nadar de volta em
busca de oxigênio, isso quase me estripou.
Seus olhos estavam torturados e me lembraram de mim
quando olhava no espelho.

— Seus pais…

— Eles morreram naquele acidente de carro, — sussurrou.


Cada palavra parecia ter sido arrancada de sua garganta, crua e
dolorosa. — Eu fui... eu fui a única... a única sobrevivente.
Eles... morreram... eles não... conseguiram.

Eu peguei sua bochecha. — É por isso que você não


consegue entrar em um carro? — Ela assentiu, um aceno lento.
Lila silenciosamente revelou seus segredos, tão confiante em
mim, e meu coração bateu forte no peito. Pelo canto do olho, vi
o ônibus se aproximando.

Ela deve ter notado isso também porque seus olhos


dispararam para aquele lado e ela silenciosamente riu.

Lila parecia estar engolindo um monte de lágrimas. Meus


dedos roçaram suas bochechas frias e ela me olhou com olhos
ardentes, o peito arfando.

Uma única lágrima escorreu por sua bochecha, e eu a


peguei antes de limpá-la.

Desculpe-me, eu queria dizer.

Ela me deu um sorriso minúsculo, tão forte e delicado.

Está tudo bem. Obrigada. Seus olhos me disseram.


Lila deu um passo para trás e minha mão se afastou do
seu rosto. Eu queria mantê-la presa a mim, queria abraçá-la...
Mas quando ela levantou o queixo alto e me olhou com olhos
vermelhos, brilhando com intensidade feroz, eu a soltei.

Ela não precisava de mim para ser seu herói ou seu


protetor.

Muito tempo depois que o ônibus desapareceu da minha


vista e ela se foi, fiquei no ponto de ônibus, com um conjunto
esmagador de emoções nadando dentro de mim.

O que começou como um jogo para mim, não era mais um


jogo.

Lila era verdadeira e honestamente minha... amiga.

A última coisa que eu queria fazer era machucá-la. Na


verdade, eu não gostava da ideia dela machucada. Eu não sabia
quando ou como isso aconteceu. Mas cedo demais, Lila se
tornou alguém importante para mim.

Talvez tenha sido quando ela me abraçou naquele armário


escuro e me cantou uma canção de ninar.

Ou quando ela me ofereceu aquele sanduíche de atum.

Ou talvez tenha sido quando eu envolvi meu mindinho em


torno do dela e fiz aquela promessa do dedinho boba.
Mas de alguma forma, Lila Garcia se tornou mais do que
apenas minha presa. Ela era alguém que eu queria proteger.

Do mundo. De mim.
CAPÍTULO VINTE

Dois meses depois

Fiquei no meu armário depois que o último sinal tocou,


mantendo um olhar atento sobre Riley e Grayson. Ela se
aproximou dele, corando e gaguejando enquanto perguntava
sobre o dever de casa de ontem. Era uma desculpa para falar
com ele. Eles conversaram por menos de cinco minutos antes
de Riley dar um sorriso caloroso a Grayson e se afastar.

Foi tão rápido; qualquer um teria perdido. Mas eu estava


olhando e peguei Grayson a observando sair, seu olhar intenso
e seus lábios torcendo com um sorriso divertido. Grayson
raramente sorria.

Pelo canto dos meus olhos, notei alguém assistindo o


encontro. Colton tinha as mãos enfiadas nos bolsos da calça
bege, enquanto se apoiava no armário. Sua mandíbula apertou,
e jurei que os cantos dos seus olhos se contraíam.

Não, deve ter sido minha imaginação.


Mas algo estava acontecendo com ele, e isso despertou
minha curiosidade.

Eu olhei de relance para o meu telefone, meio que


esperando um texto aparecer, mas... nada. Droga, eu estava
começando a me preocupar agora.

— Colton. — Chamei quando ele passou por mim.

Ele parou e apontou o queixo para mim em saudação. — E


aí, Lila?

— Você viu Maddox hoje? Ele não está respondendo às


minhas mensagens ou atendendo minhas ligações. — Perguntei
cautelosamente.

Uma expressão ilegível passou pelo rosto de Colton, e ele


coçou o queixo antes de olhar para o próprio telefone, como se
esperasse que aparecesse um texto também. — Não. Ele
também não está respondendo às minhas.

Aquilo era estranho. Maddox nunca ficava sem responder


nossas mensagens, bem... antes de hoje. Na verdade, ele
sempre era o primeiro a me incomodar no início da manhã e até
tarde da noite com suas piadas horríveis e tolas.

Maddox: O que é preto, vermelho, preto, vermelho, preto,


vermelho?

Eu: Não sei... deixe-me dormir.


Maddox: Uma zebra com queimadura de sol.

Ele sempre achava uma piada aleatória para me contar à


noite; esse era o nosso boa noite. No começo, eu não sabia se
era estranho, irritante ou... doce. Mas depois de algumas
semanas, me acostumei com isso e passei a esperar todas as
noites depois que subia na cama.

Maddox: O que é verde e fica chorando no canto?

Eu: Tchau.

Maddox: O Incrível Sulk.27 Vamos, admita. Essa é


engraçada.

Eu: Ha. Ha. Ha. Boa noite.

O rosto de Maddox desapareceu no fundo da minha mente


quando concentrei minha atenção em Colton novamente. —
Algo está errado? E a festa surpresa que vamos dar a ele hoje
mais tarde?

Dois meses após nossa trégua e o começo de nossa


amizade, Maddox havia passado com sucesso o semestre com
notas boas o suficiente para manter sua bolsa de estudos em
Harvard.

Eu sabia que Maddox nunca desistiria de um desafio,


porque ele não era perdedor. Mas Maddox Coulter esqueceu de

27 No Inglês, sulk tem o significado de fazer birra, ficar amuado, fazer beicinho, por isso o trocadilho com
o Incrível Hulk. Preferi deixar no original, pois, traduzido ou não, não faz sentido para nós.
mencionar que era um gênio. Não o gênio tipo Einstein, mas
todos pensamos que ele nunca estava prestando atenção em
suas aulas. Aparentemente, estava, e não era um vegetal como
eu acreditava. De fato, Maddox provavelmente era mais esperto
que eu, e isso era algo que admiti de má vontade. Seu cérebro
estava trabalhando horas extras para acompanhar suas aulas, e
ele fez isso. Com bastante sucesso.

Um semestre finalizado.

Mais um para concluir.

Depois que nossas notas de exame chegaram, decidimos


fazer uma festa surpresa para Maddox. Apenas seus amigos
íntimos, nada grande demais. Isto deveria ser hoje à noite.

Exceto que Maddox não estava em lugar nenhum. — Às


vezes…

Olhei para Colton, esperando que ele continuasse. — O


quê?

— Ele gosta de desaparecer por um dia ou dois. — Colton


admitiu lentamente.

— Então, algo está errado?

Ele deve ter visto o alarme em meu rosto porque já estava


balançando a cabeça. — Não exatamente. É só que... alguns
dias, Maddox fica deprimido. Ele não gosta de estar perto das
pessoas quando se sente assim.

Peguei minha bolsa de ombro e fechei meu armário. —


Você sabe onde ele está agora? Para onde ele vai quando fica
assim?

Colton agarrou meu ombro, seu rosto intenso quando me


encarou com um olhar severo. — Escuta, Lila. É melhor você
deixá-lo em paz quando ele estiver assim.

— Ele é meu amigo. — Afirmei em voz alta.

Colton soltou uma risada sem humor. — Ele é meu melhor


amigo. E daí?

— Eu o conheço. — Eu me afastei de suas mãos e olhei.

— Eu o conheço melhor que você, — disse simplesmente.


— Nos conhecemos desde que éramos crianças.

Mas ele não viu Maddox como eu... preso naquele armário
de vassouras, gritando para ser libertado... chorando e
implorando por alguém para salvá-lo.

Colton não viu aquele Maddox. Eu vi. Eu o segurei e cantei


para ele.

Mordi os lábios inferiores, os avisos de Colton ecoando nos


ouvidos, mas minha necessidade de correr até Maddox e ter
certeza de que ele estava bem era forte.
— Não faça isso, Lila. Deixe-o em paz. Ele voltará quando
estiver pronto.

Levantei minha bolsa por cima do ombro e me afastei dele.


— Aqui está algo que você precisa saber sobre mim, Colton. Não
ouço bem os avisos.

— Você não pode consertá-lo. — Disse ele às minhas


costas.

Não, não podia.

Mas era isso... eu não queria consertá-lo. Eu queria


segurar a sua mão.

Nada mais; nada menos.

Então, fiz o oposto do que Colton me disse. Peguei um


ônibus para a casa de Maddox, er... mansão. Essa seria minha
primeira parada e esperava que ele estivesse lá. Caso contrário,
estava prestes a ir em uma missão inútil. Se ele não quisesse
me ver, eu iria embora, mas depois de me certificar de que
estivesse vivo.

O Maddox que eu conhecia não desaparecia e ignorava os


amigos.

Não, o Maddox com quem fiz amizade era um idiota


irritante e babaca. Como na vez em que ele me deu rosas.
Maddox estava caminhando em minha direção com... flores?
Que diabos?

Apoiei-me em meu armário e olhei para ele, um olhar que


dizia “o que você está fazendo agora?”.

Ele parou à minha frente com um sorriso que eu queria


sufocar com um travesseiro. Levantei uma sobrancelha e acenei
para as flores em suas mãos.

— O que é isso?

— Rosas, — disse, parecendo poderosamente orgulhoso de


si mesmo. — Para você. — Revirei os olhos.

— Elas estão mortas, Maddox.

Ele me deu um olhar petulante, como uma criança que teve


seu brinquedo favorito levado. — Sim, assim como o meu coração
também está, porque você não deixa meu pau chegar perto de
você por causa da zona de amizade. Então aqui está. Rosas para
você, Garcia.

— Você precisa ver um psiquiatra. Eu não acho que você


seja mentalmente estável. — Anunciei, já me afastando dele.

Ele deu um passo ao meu lado. — Você não vai aceitar


minhas rosas? Estou ferido.

Meus lábios tremeram. Tudo bem, era realmente difícil ficar


séria quando Maddox estava com um humor brincalhão.
— Você é tão bobo. Não sei se devo rir ou... estar
preocupada.

— Qualquer coisa para ver esse sorriso em seu rosto. —


Disse com um sorriso.

E foi então que notei, eu estava sorrindo. Tinha sido um dia


frustrante, um daqueles dias em que nada parecia funcionar. Eu
estava me sentindo mal-humorada e um pouco chata, mas aqui
estava eu...

Em vez de ficar irritada com Maddox como teria feito antes


de nossa trégua, eu estava sorrindo. Porra, isso não era bom. Ele
não podia me fazer sorrir tão facilmente.

— Você está flertando comigo, Coulter? — Eu ainda não


conseguia tirar o sorriso do meu rosto.

— Você está se apaixonando, Garcia? — Ele atirou de volta,


seus olhos dançando com travessuras.

— Não. — Eu brinquei.

— Bom. Quanto mais duro você jogar, mais divertido é este


jogo.

— Eu não estou jogando duro para conseguir algo. Somos


amigos. — Estendi a última palavra, colocando mais ênfase nela.
Porque, obviamente, Maddox não entendia o significado de
“apenas amigos”.
Maddox soltou uma pequena risada. — Oh, eu sei. Melhores
amigos para sempre. Eu farei suas unhas e você fará o meu
cabelo. — Ele fez uma pausa, olhando para mim com um sorriso
malicioso que deveria ter me avisado do que estava prestes a sair
de sua boca. — Isso não vai me impedir de tentar deslizar em
sua bunda, no entanto.

Eu perdi um passo e tropecei em frente antes de recuperar


meu pé rapidamente. Engasgando, eu olhei para ele. — Minha...
bunda...?

Por que minha voz saiu como um guincho? Maldito seja,


Maddox. Você e sua boca suja e pensamentos sujos.

Maddox se colocou à frente do meu caminho, então estava


andando para trás, mas de frente para mim. — Eu sou um
homem de bundas, baby. Você tem o suficiente para preencher
minhas duas mãos. E minhas mãos são grandes o suficiente
para lidar com você.

Hmm. Sério?

Ele era quase fácil demais, porque eu acabei de encontrar a


fraqueza do MC.

— Minha bunda te deixa fraco?

Ele assentiu. — Fraco até a porra dos joelhos.


Fiz uma pausa, levantei meu queixo e o observei com um
olhar real.

Se eu o deixava fraco dos joelhos, então...

— Ótimo. Fique de joelhos e implore por isso então. Você


pode mudar minha mente se pedir bem.

Ele piscou, parecendo confuso. — Espera, sério?

— Tente e veremos.

Eu me forcei a não rir da expressão esperançosa em seu


rosto. Pobrezinho. Maddox rapidamente se ajoelhou numa
posição de proposta e me presenteou com o buquê de rosas
mortas. Ele me lançou seu olhar mais sincero e perguntou: —
Posso foder sua bunda?

Ele disse as palavras como se estivesse me pedindo para


casar com ele, e essa era uma grande proposta. Não ria, Lila.
Não. Ouse. Rir.

Eu levantei a mão, batendo com o dedo indicador contra a


mandíbula de uma maneira pensativa. Suas sobrancelhas
franziram, e ele começou a parecer desconfiado.

Eu deixei meu próprio sorriso aparecer. — Hmm. Não foi


bom o suficiente para mim. Desculpe, tente mais da próxima vez.

— O quê? — Ele soltou um suspiro falso, mas eu peguei o


sorriso em seu rosto antes de passar por ele.
Dando-lhe um olhar final por cima do meu ombro, eu
pisquei.

— O que um homem não faz por um pedaço de bunda. —


Ele resmungou alto o suficiente para eu ouvir.

Eu me afastei, e talvez tenha colocado um balanço extra em


meus quadris, dando-lhe uma boa olhada da bunda que ele
queria tanto, mas não podia ter. O que eu poderia dizer em minha
defesa? Era divertido provocar um homem como Maddox.

Eu sorri quando a memória desapareceu, e o ônibus parou


na casa de Maddox. Eu já tinha estado aqui algumas vezes, até
conheci o mordomo dele, Sr. Hokinson. Eu não sabia que as
pessoas hoje em dia tinham mordomos, mas aparentemente
pessoas tão ricas quanto os Coulters tinham, de fato,
mordomos.

Acenei para o guarda e atravessei o portão. O Sr. Hokinson


já estava na porta, como eu esperava. Ele deve ter sido alertado
pelo porteiro no momento em que pisei na propriedade.

— Boa tarde, Srta. Garcia, — Disse ele educadamente, com


um leve sotaque sulista e um pequeno arco. Bom e velho Sr.
Hokinson.

— Maddox está em casa? — Eu perguntei, parecendo


esperançosa até para meus próprios ouvidos.
Ele me deu um aceno hesitante, como se isso fosse um
segredo. — Ele está, menina Garcia. Mas ele não sai do quarto
desde esta manhã. Ele não desceu para o café da manhã ou o
almoço, então sabemos que precisamos deixá-lo em paz.

Meus punhos apertaram ao meu lado. — E os seus pais?

O Sr. Hokinson engoliu em seco, desviando o olhar do


meu, mas não respondeu. Sempre tão leal, que piada de merda.

— Eu gostaria de vê-lo.

Ele se desviou do meu caminho quando tentei andar ao


seu redor. — Sinto muito, mas não posso permitir.

Eu levantei uma sobrancelha e dei-lhe um sorriso


educado, mesmo que eu estivesse sentindo qualquer coisa
menos isso. — Por favor, me diga, Sr. Hokinson. Maddox disse
para você me manter do lado de fora? Alguém disse
especificamente que não posso entrar nesta casa? Porque pelo
que me lembro... Maddox disse que posso ir e vir quando quiser.
Eu tenho rédea livre, não tenho? Até você está ciente disso.

O velho piscou e apertou os lábios em silêncio. — Você


está indo contra as palavras dele? Não tenho certeza se ele vai
gostar disso.

— Ele...
— Eu só quero saber se ele está bem, e vou embora. —
Interrompi antes que pudesse me dar outra desculpa. Antes que
o Sr. Hokinson pudesse me parar, eu passei ao seu redor e
entrei em casa.

Subi as escadas duas de cada vez para o seu quarto. A


porta não estava trancada, mas eu ainda bati. Uma vez, duas
vezes... quatro vezes, mas não houve resposta.

Com cautela, abri a porta e espiei dentro. Nada. Vazio.


Desabitado. Sem Maddox.

Entrei para encontrar as cortinas pesadas ainda


abaixadas, impedindo que a luz do sol entrasse no quarto
escuro. Havia algo sombrio na atmosfera. A porta do banheiro
estava aberta, e eu podia ouvir a água correndo.

Lá estava ele...

Meu cérebro gaguejou por um momento e um suspiro


chocado me escapou. A visão dele me fez tropeçar e correr para
o banheiro. — Maddox.

Não. Não. Por favor, não.

Caí de joelhos ao lado da banheira cheia. Ele estava


sentado lá dentro, completamente vestido, com uma garrafa
vazia de…

Deus não.
Maddox fedia a álcool e cigarros. Eu quase engasguei com
o quão pesado o cheiro era. Seus olhos estavam fechados, a
cabeça mal ficando acima da água. Meu coração caiu na boca
do estômago, apertado e retorcido de náusea com o olhar
perturbado em seu lindo rosto. Havia sombras sob seus olhos,
como se não tivesse dormido na noite anterior.

Eu peguei sua bochecha. — Ei, Maddox. — Eu dei-lhe um


aperto suave.

Seus olhos injetados de sangue se abriram, e eu pude ver


a dor nua em seus olhos. Maddox, o forte e despreocupado
Maddox, parecia... espancado. Não fisicamente. Não havia
ferimentos marcando seu corpo, mas parecia ferido em espírito.

— Oh, baby. O que aconteceu? — Ele não respondeu, não


que eu estivesse esperando uma resposta.

— Vá embora. — Ele resmungou baixinho. Deus, ele era


um bêbado zangado.

Quantas bebidas ele tomou?

— E deixar você na banheira assim? — Eu perguntei


gentilmente. — Eu não posso te deixar agora, Maddox.

Maddox fechou os olhos, os ombros afundando ainda mais


na água. — Não... preciso de uma... palestra.
Havia uma tensão em sua voz - uma voz que costumava
ser cheia de calor - agora tão fria e... vazia.

— Precisamos levá-lo para a cama. Você pode dormir até


isso passar, mas você precisa de uma cama. Não de uma
banheira cheia de água gelada.

Maddox era teimoso, mas eu também.

Ele rangeu os dentes, uma tempestade brilhando em seu


rosto.

— Vai se... foder. Cai fora.

— Não.

Ele soltou uma risada vazia. — Então que tal... você calar
a boca... e sentar no meu pau em vez disso? Seja legal... Dê-me
uma boa boceta e me anime... que tal?

Este era o Maddox bêbado falando, eu me lembrei. Ele


estava lutando contra mim, tentando ser ofensivo e idiota, para
me afastar.

Soltei um suspiro frustrado e cheguei às axilas dele, o


puxando para cima. Ele se sentou à frente e a água escorreu
para os lados. Fechei a torneira com uma mão enquanto
apoiava o corpo flácido de Maddox contra a dobra do meu
braço. — Eu vou ignorar o que você acabou de dizer. Mas ainda
assim, você precisa sair desta banheira antes de pegar uma
pneumonia, — eu murmurei. — Não seja um idiota.

Suas roupas estavam ensopadas e eu não conseguia


colocá-lo na cama nesse estado. Merda.

Seus olhos se fecharam e sua cabeça caiu sobre meus


ombros, com o nariz enterrado no meu pescoço. Um calafrio
percorreu meu corpo porque Maddox estava praticamente
congelando quando o arrastei para fora da banheira.

— Sinto muito, — disse em voz baixa. — Mas vou ter que


tirar você dessas roupas.

Maddox pegaria um resfriado se o deixasse assim. Ele


murmurou algo baixinho como resposta. Ele se sentou na beira
da banheira quando tirei sua camisa molhada sobre sua
cabeça. Não foi a primeira vez que vi Maddox sem camisa, mas
ainda me vi parando para olhar.

Maddox era musculoso, esculpido e... Não, pare! Não olhe.

Desviei o olhar e trabalhei eficientemente, tentando ao


máximo não olhar mais do que eu precisava em seu corpo nu.
Ele lançou mais palavrões para mim, mas eu escolhi ignorar
todos eles. Uma vez que ele estava vestido com sua calça de
moletom cinza e uma camisa que encontrei no chão do quarto,
arrastei Maddox para fora do banheiro.
Meus joelhos quase dobraram sob o seu peso. — Jesus,
você é pesado.

Ele bufou em resposta quando seu corpo estremeceu


violentamente. Eu odiava isso. Odiava tanto, porra.

Eu estava com raiva, tão furiosa que ninguém pensou em


checá-lo. Seus pais ou o Sr. Hokinson. Qualquer um, droga! E
se eu não o tivesse encontrado? Ele poderia ter se afogado
acidentalmente ou... pior. Eu estava lívida e furiosa... meu
coração doía.

Como Maddox podia ser tão descuidado? Ele não entendia


como a vida era preciosa... e com que facilidade poderia escapar
de nosso alcance? Em um piscar de olhos... tudo poderia
desaparecer.

Lágrimas queimaram na parte de trás dos meus olhos, e


eu funguei.

— Por que Maddox? Deus, por quê?

— Pare de ser uma vadia... E venha sentar no meu pau


se... você não vai parar de falar... — Ele arrastou.

— Vou jogá-lo na sua bunda se você me jogar mais um


insulto, Maddox. — Eu o avisei. Ele tropeçou e saiu do meu
alcance, xingando baixinho.
— Você só ladra e não morde, Garcia — Maddox rosnou,
os olhos abertos em fendas.

Ele estava com raiva - de alguma coisa. Eu não sabia o


quê, mas se pudesse dar um palpite de sorte, isso tinha a ver
com os seus pais.

Eu entendi isso. Mas ele não precisava ser um idiota.


Quando ele tropeçou novamente, suas pernas cederam sob ele,
agarrei seu braço e o levei para a cama. Depois que ele se
sentou no colchão, afastou minha mão. Não doeu, mas ainda
assim me machucou por dentro.

Com as mãos nos quadris, eu olhei para ele. — Não faça


isso, Maddox. Eu vou embora.

O aviso trouxe uma reação, uma pequena. Ele abriu os


olhos injetados e olhou para mim, sua expressão uma máscara
de dor não filtrada. — Então vá. É o que eles sempre fazem de
qualquer maneira. Vai embora.

Porra, ele tinha que machucar meu coração assim?

Esfreguei a mão sobre a dor no peito, tentando aliviar o


latejar maçante lá.

— Não há razão para você ser mal comigo quando estou


apenas tentando ajudar, — disse suavemente, passando os
dedos pelos cabelos molhados. — Não me afaste.
Maddox soltou uma risada zombeteira e fechou os olhos.
Que assim seja.

Pulei da cama e só pude dar um passo para longe antes


que ele segurasse minha mão. Firme e forte, mesmo em seu
estado. — Não vá. Não me... deixe, — ele resmungou. As
rachaduras em sua voz me fizeram parar. — Estou com medo...
com medo de ficar sozinho.

Recostei-me na cama novamente, toda a luta me deixando


em um suspiro.

Maddox não era complicado da maneira que todos


gostavam de acreditar. Quando o conheci, realmente o vi, o real
Maddox, percebi que ele só se escondia atrás de uma máscara.

— Você não pode fazer isso, Maddox. Você não pode ser
um idiota e depois me pedir para ficar com esse olhar em seu
rosto. — Como um filhote de cachorro chutado, um garoto
perdido, um homem quebrado. Meu doce Maddox, com um
coração de ouro.

— Não quero te perder. — Murmurou. Maddox agarrou


minha mão na sua, ainda que desajeitadamente, porque ainda
estava realmente bêbado. Nossos dedos se entrelaçaram, e seu
aperto aumentou.

Apertei sua mão com conforto e aviso. — Eu não curto


relacionamentos tóxicos.
Seus olhos se abriram e ele me deu um pequeno sorriso.
Havia algo de melancólico nisso. Ele tinha a aparência de um
homem desesperado, morrendo de fome e procurando
cegamente algo, mas isso sempre escapava de seu alcance antes
que pudesse se agarrar. Maddox estava partindo meu coração, e
não havia nada que eu pudesse fazer para acabar com esse
sofrimento.

— Não estamos em um relacionamento.

Eu sabia disso, mas ainda perguntei. Talvez eu fosse


masoquista.

— Então, o que somos?

Seu olhar se fixou em mim novamente, olhos tão azuis que


pareciam o céu no meio do inverno - bonito, porém sombrio. —
Você é... mais, — sussurrou a confissão. — Não vá, Lila. — Ele
disse meu nome como uma oração, como se estivesse
sussurrando todas as suas esperanças para o céu.

Com isso dito, fechou os olhos novamente, e desta vez, não


estava mais consciente. Eu olhei para as nossas mãos e engoli
minhas lágrimas. — O que você está fazendo comigo, Maddox?

Antes que eu pudesse pensar duas vezes sobre minhas


ações, subi no edredom e me juntei a ele. Seu corpo ainda
estava frio, mas lentamente recuperando seu calor. Sob o forte
cheiro de álcool e tabaco, seu cheiro ainda permanecia. Quente,
rico e terroso…

Eu não sabia quando aconteceu ou por que não havia


percebido até agora, mas o cheiro familiar de Maddox me trazia
conforto.

Eu me enrolei ao seu lado; nossos dedos ainda


entrelaçados. Ele precisava de mim; precisava de sua amiga. —
Não vou embora. Promessa do dedinho.

Maddox era ruim.

Houve um garoto uma vez, um garoto como ele, que me


arruinou e me deixou com cicatrizes.

Maddox era tudo o que eu ficava longe; era tudo o que eu


não precisava na minha vida.

Eu disse a mim mesma que... nunca mais. Eu nunca me


deixaria ser fraca em torno de homens como Maddox.

Mas não importa o quanto tentei me afastar, colocar


distância entre nós, de alguma forma acabar com essa
amizade... ele não iria deixar que eu fosse.

Ele era mau. Ele fumava, era apressado demais com a


vida, gostava de violar a lei, violava garotas como eu, deixava
um rastro de corações despedaçados para trás e não se
importava com nada. Eu achei... talvez fosse porque ninguém
lhe ensinou como cuidar de outro ser humano.

Eu vi alguns vislumbres do Maddox que ele tentou


esconder de todos, o que só queria a aprovação de seus pais; o
Maddox que estava faminto por atenção.

Havia uma centena de razões pelas quais ele era ruim para
mim. Mas todas essas razões se tornaram insignificantes
quando percebi que ele não queria me machucar. No começo,
estava cética. Eu estava esperando Maddox fazer o que ele fazia
de melhor: partir corações.

Mas ele não fez. Semanas se passaram. Dois meses se


passaram.

Percebi que Maddox Coulter estava um pouco arruinado,


um pouco bagunçado, um pouco quebrado... Um belo desastre.

Como eu.

Todas essas razões não eram mais importantes, porque


todas as manhãs ele esperava do lado de fora da casa dos meus
avós, me entregava um muffin e seguia meu ônibus para a
escola. Toda tarde, ele sentava comigo e estudava, algo que não
fazia há anos. Ele odiava estudar, odiava abrir um livro, mas
fazia assim mesmo. Por causa de um desafio, e por minha
causa, ele fez isso por mim.

Era bobo, era algo tão pequeno, mas ainda...


Eu não podia desistir do meu amigo.

Ele era irritante, mas hilário. Ele era o maior imbecil do


mundo, um idiota por definição. Na verdade, ele levaria esse
troféu para casa. Idiota da década.

Ele me irritava, me fazia querer gritar de frustração, me


deixava totalmente louca, mas tanto quanto me fazia suspirar
exasperada e revirar os olhos... Ele me fazia sorrir.

Maddox estava fora de sua mente: muito descuidado,


muito impulsivo, muito imprudente.

Mas ele era o caos para o mundo perfeito que eu havia


construído ao meu redor, um mundo em que mantinha meu
coração cuidadosamente guardado.

Senhorita Perfeccionista, ele gostava de dizer.

Hmm. Maddox fazia meu mundo um pouco menos...


perfeito.

Eu estava bem com isso? Foi essa compreensão que me


trouxe até aqui?
CAPÍTULO VINTE E UM

Ao acordar de novo, pela quinta vez esta noite, percebi que


não era mais noite. As pesadas cortinas ainda estavam
fechadas, mas eu podia ver a luz do sol através das fendas.

Minhas mãos pousavam em uma parede de músculo,


quente e forte. Eu podia sentir seu coração batendo debaixo da
minha palma. Meu olhar deslizou por seu peito, pescoço,
mandíbula quadrada e, finalmente, seus olhos.

Eu percebi duas coisas.

Primeira: passei a noite com Maddox e dormi por mais de


doze horas, e ele dormiu ainda mais.

Segunda: Maddox estava acordado e estava olhando para


mim com uma expressão ilegível.

— Oi? — Eu murmurei.

Merda, merda. Merda!


Eu pretendia sair no meio da noite, depois de me certificar
de que Maddox estava bem.

Mas eu devo ter desmaiado e agora...

Não era a primeira vez que dormia ao lado de um cara.


Bem, meu ex-namorado e eu dividimos a cama algumas vezes.
Mas ele era um menino. Um garoto magro e inexperiente.
Maddox não era um menino.

Eu não era tímida ou inexperiente, por assim dizer.

Mas eu não tinha certeza se gostava do jeito que Maddox


estava olhando para mim. A expressão em seu rosto fez meu
estômago revirar e apertar. Um arrepio percorreu meu corpo;
exceto que eu não estava com frio. Na verdade, eu estava muito,
muito quente. Maddox era um aquecedor humano.

Seus olhos estavam escuros e intensos, não mais


maçantes ou injetados de sangue.

— Pare de me olhar assim. — Resmunguei, me afastando


do seu corpo. A visão de seu cabelo loiro sujo e desgrenhado,
olhos brilhando com algo não dito, lábios carnudos levemente
separados, ombros largos e fortes, havia uma aura masculina
ao seu redor. Ele me fez sentir pequena e... feminina.

— O que você está fazendo aqui? — Ele finalmente falou.


Eu me sentei, mordendo meu lábio inferior. — Você não
lembra…

Maddox passou a mão pelo rosto e rolou de costas. — Eu


lembro. Mas, quis dizer em minha cama. Não que me importe,
mas não esperava isso quando acordei. Bela surpresa, docinho.

Ah, então ele voltou ao Maddox normal.

— Adormeci. — Admiti. Eu não sabia como não tornar isso


estranho. — Mas eu provavelmente deveria ir agora.

Saí da cama, mas o som do meu nome em sua voz áspera


e sonolenta me fez parar. — Lila.

— Sim?

Eu olhei de volta para ele. Maddox estava do seu lado, de


frente para mim e apoiado em um cotovelo, casual e à vontade.
Havia tantas diferenças entre os dois Maddox que eu havia visto
nas últimas vinte horas.

— Obrigado. — Disse ele. Havia algo parecido com afeição


em sua voz. Meu peito se apertou com uma emoção
desconhecida. Minha boca se abriu, mas nunca tive a chance de
dizer a ele que estava tudo bem.

Uma batida soou à porta e a voz do Sr. Hokinson veio. —


Seus pais estão pedindo que você desça para o café da manhã.
Houve um lampejo de aborrecimento e fúria contorcida no
rosto de Maddox. — Você pode dizer para eles se foderem,
obrigado.

— Bom dia para você também. — Disse Hokinson antes


que seus passos desaparecessem.

— Maddox... — Eu comecei.

— Não, Lila. — Ele rosnou.

Ele pulou da cama e entrou no banheiro, batendo a porta


atrás dele. Eu me encolhi com isso e fiquei onde estava,
esperando ele se acalmar.

Dez minutos depois, ele estava em pé à minha frente


novamente. Braços cruzados, me encarando com um aviso. —
Fique fora disso.

— O que aconteceu ontem? — Eu atirei de volta.

Ele me surpreendeu ao responder. — Dia ruim.

Dei um passo à frente, estendendo a mão para ele. —


Maddox...

Em um momento de raiva renovada, seu peito vibrou com


outro rosnado ameaçador. Sua mandíbula apertou, e me
perguntei como não quebrou sob a pressão. — Liguei para meu
pai para contar sobre minhas notas finais.
Ah, não. Não, eu não gostava de onde isso estava indo.

— Ele desligou o telefone porque estava muito ocupado.


Quando chegou em casa, tomei coragem e contei a ele. Você
sabe o que ele disse?

Eu balancei minha cabeça. Eu sinto muito.

Seus lábios se curvaram em um rosnado enquanto imitava


a voz de seu pai. — Quem você subornou por essas notas,
Maddox?

Fúria quente e desagradável percorreu meu corpo. Por


Maddox. Ele continuou, cuspindo as palavras como se o
queimassem por dentro.

— Ele não acredita em mim. Meu papai querido


provavelmente pensa que fiz meu caminho através dos meus
professores para passar nos exames. Então, você vê? Lila, isso
não importa. Se eu entrar em Harvard por conta própria ou se
passar o meu semestre. Nada disso importa!

Meu batimento cardíaco bateu no peito. — Sim, importa.

— Não. — Ele assobiou.

Eu andei até onde ele estava e segurei suas bochechas. —


Olhe para mim! Isso importa, Maddox.

Ele tentou se afastar de mim, mas eu não o soltei. — Eu


não ligo para o que seu pai diz, mas você trabalhou duro por
isso. Eu vi com meus próprios olhos. Você deve se orgulhar de
si mesmo. E se você não consegue acreditar, me deixe dizer.
Estou muito orgulhosa de você. Entendeu?

Seus lábios se afinaram em uma linha reta, seu olhar


ficando distante. — Lila...

— Estou orgulhosa de você. — Sussurrei, esfregando meu


polegar sobre sua mandíbula, o músculo relaxando sob o meu
toque.

Os olhos dele se fecharam. — Pooorra. — Ele murmurou


baixinho.

Soltei uma pequena risada, esperando que isso


contagiasse Maddox. — Bem, Poodle. Essa é uma maneira de
colocar as coisas.

Seus olhos se abriram, claros como o céu, e ele agarrou


minha mão, me puxando em direção à porta.

— Onde estamos indo? — Eu perguntei.

Havia uma urgência renovada em sua voz quando falou. —


Café da manhã. Vamos lá.

Bem, merda...

— Hum, posso escovar os dentes primeiro?


Quinze minutos depois, estávamos sentados à mesa com
seus pais. Foi a primeira vez que os encontrei, e seu pai mal me
deu um olhar antes de voltar para o tablet. Sua mãe me enviou
um sorriso hesitante antes de evitar o contato visual. Ela
mastigou sua torrada enquanto um silêncio constrangedor caiu
sobre nós.

— Não sabíamos que você tinha alguém em casa, Maddox.

A voz do seu pai era profunda e pouco convidativa. Havia


uma dura frieza nisso. O Sr. Coulter me deu um olhar
desaprovador e eu fiz uma careta. Ele...?

Puta merda, ele achou que eu fosse uma amiga de foda do


Maddox ou a conquista da noite passada.

E ele provavelmente pensou que Maddox me trouxe para a


mesa apenas para causar um tumulto. Bem, isso explicava uma
coisa. Maddox herdou as maneiras idiotas do seu pai.

Eu limpei minha garganta. — Minhas desculpas, ainda


não nos conhecemos. Eu sou amiga do Maddox.

— Amiga? — Seu pai me deu um movimento desdenhoso


de sua mão.
— Brad. — Alertou sua esposa em voz baixa. A tensão no
ar era palpável, tão espessa que alguém podia se engasgar com
ela. Minha garganta ficou seca e tentei engolir várias vezes.

— Qual o seu nome? — A Sra. Coulter parecia ser mais...


acessível. A falta de julgamento em seus olhos me fez relaxar
um pouco.

— Lila. Lila Garcia.

Ela me deu um meio sorriso. — Você pode me chamar de


Savannah. Como você e meu filho se conheceram?

Dei uma pequena mordida na torrada. Eu estava com fome


antes, embora não estivesse mais. Meu estômago torceu com
um nó, e eu sabia que não poderia ter mais do que algumas
mordidas. — Maddox e eu nos conhecemos na Academia
Berkshire.

A cabeça de seu pai se levantou e ele me lançou um olhar.


— Berkshire, você disse? Não reconheço seu sobrenome. Quem
são seus pais?

Ele pensou que eu fosse um deles... Os ricos e os


corrompidos. Afinal, a Berkshire era um tanque cheio deles.

Tomei um gole lento da minha água, tentando acalmar


minha garganta ressecada. — Eu moro com meus avós.
Eu levantei meu queixo e retornei seu olhar com um dos
meus. Eu não tinha vergonha de quem eu era.

— Advogados?

Isso era um maldito interrogatório?

Eu balancei minha cabeça, franzindo os lábios em


desgosto. — Não, eles possuem um supermercado.

— Isso é legal. — A Sra. Coulter comentou antes que o


marido pudesse pronunciar outra palavra odiosa. Ele estava
olhando para mim como se eu fosse uma praga. Enquanto
olhava para Brad, pude ver a semelhança. Maddox era uma
cópia de seu pai. O mesmo cabelo, os mesmos olhos, o mesmo
olhar zangado em seus rostos.

— Então, você já recebeu alguma aceitação universitária?


— Savannah tentou romper a tensão, olhando de um lado para
o outro entre Maddox e eu.

Eu balancei a cabeça, engolindo a mordida que acabara de


dar antes de responder. — Sim, para Princeton, mas estou
esperando por Harvard.

O pai de Maddox soltou um suspiro. — Harvard? Não é


fácil entrar.
Meus ombros se endireitaram e lhe dei um sorriso tenso,
tentando parecer educada. Se Brad viu o olhar irritado em meu
rosto, ele o ignorou.

— Ah, eu sei, mas estou trabalhando para isso há anos. —


Eu disse a ele. Ele não me assustava, não com seus olhares de
julgamento ou seu sorriso frio.

Maddox finalmente falou. — Lila é uma das cinco melhores


alunas de Berkshire.

Havia uma pitada de orgulho em sua voz, e minhas


bochechas esquentaram. Eu rapidamente dei outra mordida na
torrada antes de engoli-la com o chá que estava à minha frente.

Brad me olhou surpreso, parecendo um pouco


impressionado. Ele me encarou com um olhar curioso, como se
estivesse finalmente me vendo sob uma luz diferente. Ele me
deu um aceno agudo antes de seu olhar se concentrar em
Maddox. — Bem, isso é bom de ouvir. Talvez você possa ensinar
meu filho rebelde a ser responsável.

Eu não estava tocando Maddox, mas senti como se fosse


em mim... seus músculos se contraíram, seu corpo ficou rígido
como um arco, ele estava pronto para correr ou atacar a
garganta de seu pai. Havia fogo nos olhos e gelo nas veias.
Minha mão deslizou para ele, e a coloquei em sua coxa, o
segurando, mesmo que eu não fosse páreo para sua força. Seus
músculos ondularam sob o meu toque, e sua própria mão
pousou na minha. Sua respiração foi expelida rapidamente.

Eu estou com você.

Nivelei Brad com meu próprio olhar frio. Este era um


campo de batalha. Maddox e eu de um lado, seus pais do outro.
Nossas palavras não causavam ferimentos físicos, mas foda-se,
nosso olhar e as palavras ditas eram mais afiadas do que
qualquer faca.

Eu iria à guerra por Maddox. E isso era guerra.

— Maddox está trabalhando muito duro, — comecei, meus


olhos piscando do pai para a mãe. — Ele passou este semestre
com notas bem altas.

Brad parecia incrédulo. — Oh, ele passou?

Eu segurei meu temperamento e sorri para eles. — Sim.


Você deveria se orgulhar dele, já que ele fez tudo sozinho.

Savannah se animou. Ela obviamente estava tentando


quebrar o gelo, mas essa situação já estava muito gelada. — É
bom ouvir isso. Maddox, por que você não nos contou?

Ele ficou tenso, seu garfo batendo contra o prato. — Eu


contei.

O sorriso dela se dissolveu. — Oh.


Eu percebi uma coisa naquele momento. Savannah não
estava ignorando a existência de Maddox, embora parecesse
assim do lado de fora. Mas agora que realmente olhei para ela,
percebi que ela estava com medo do filho. Maddox a intimidava,
e o conhecendo como conheço, ele se tornou menos acessível ao
redor de seus pais.

Talvez estivesse errada. Savannah estava tentando, mas


era um pouco... tarde demais.

— Nós terminamos aqui. — Maddox anunciou. Ele se


levantou, empurrando a cadeira para trás e me arrastando com
ele.

— Maddox! — Brad gritou atrás de seu filho, sua voz


ameaçadora e tão... fria. — Você mostrará respeito.

Maddox não estava ouvindo. Nós já estávamos marchando


para longe. Ele não parou, mesmo depois de passarmos pelos
portões de sua casa. Andamos por uma hora, lado a lado. Havia
um entendimento tácito entre nós, enquanto caminhávamos em
silêncio até chegarmos a Berkshire.

Hoje era sábado, então o prédio estava fechado. Eu olhei


de relance para Maddox. Ele estava respirando com dificuldade,
seus lábios curvados para trás e seus olhos escuros.

Ele tinha tanta raiva dentro dele, tanta decepção. Eu podia


sentir isso no fundo dos meus ossos. Maddox sentiu-se traído,
magoado e enganado. Ele tinha mais dor do que mostrava ao
mundo.

Apertei a sua mão. — Você tem que treinar sua mente para
ser mais forte do que suas emoções, ou então você se perderá
toda vez, — Disse suavemente.

Seus olhos travaram comigo, e a intensidade de seu olhar


fez meu estômago revirar.

— Por que você está aqui?

Havia uma dureza repentina em sua voz que me fez piscar.


Meus lábios se separaram, confusos.

— O quê?

— Aqui, — ele resmungou. — Comigo. Por quê? Por que


você não foi embora?

— Porque você é meu amigo. — Eu respondi simplesmente.


Porque eu me importo.

Maddox soltou um suspiro trêmulo, como se precisasse


dessa confirmação. Tão jovem e tão bravo. Se eu pudesse fazê-lo
sorrir de novo.

Uma ideia repentina me deixou silenciosamente ofegante.


Claro, eu poderia fazê-lo sorrir. Eu sabia exatamente como.
Soltei a sua mão e apontei para o prédio ao lado da
Berkshire, aberto todos os dias, mesmo nos fins de semana. A
biblioteca.

— Eu te desafio. — Comecei.

— Pelo amor de Deus.

— Eu te desafio a entrar lá, sem roupas, exceto sua boxer.

Ele parou, me olhando com a boca aberta. — Você está


falando sério?

— Muito sério. — Cruzei os braços sobre o peito.

— Nu?

Eu balancei a cabeça, combatendo um sorriso. — Apenas


sua boxer. — Oh, isso seria uma bela visão.

— Eles vão chamar a polícia. — Disse Maddox, ainda me


olhando como se eu tivesse enlouquecido.

— Este é o ponto, Poodle.

Ele piscou, ainda parecendo surpreso. — Puta merda, eu


corrompi você. — Ele ofegou.

Meus lábios se curvaram. — Você aceita o desafio,


Coulter?
Maddox sorriu, um sorriso brincalhão e pecador como o
caralho. — Eu aceito esse desafio.

Ele rapidamente tirou as roupas do corpo e as entregou


para mim. Ele estava parcialmente... nu. Sua cueca Calvin Klein
pendia baixa em torno de seus quadris, a fenda de sua bunda
visível e minha garganta ficou repentinamente ressecada.
Maddox completamente vestido era... sexy.

Maddox parcialmente nu era... de tirar o fôlego.

Éramos apenas amigos, mas, caramba, eu era uma


adolescente hormonal que não tinha medo de apreciar um
espécime fino como Maddox Coulter.

— Pare de olhar para minha bunda, Garcia.

— Pare de andar nu ao meu redor, Coulter.

Ele deu uma olhada por cima do ombro. — Eu sinto que


essa foi a sua maneira de me deixar nu. Você está se sentindo
tentada, docinho?

— Tentada a chutar sua bunda para Marte, sim.

Ele sorriu. — Mentirosa.

Tudo bem, eu era uma mentirosa.

— Porra, está frio! — Seus dentes estavam batendo


enquanto esfregava as mãos para cima e para baixo nos braços.
Estendi minha língua e acenei em direção à biblioteca. —
Pode ir.

Ele correu em direção à entrada. — Dê uma reboladinha.


— Gritei atrás dele.

Sua risada calorosa foi ouvida através da brisa fria. Eu o


segui e esperei na entrada, assistindo o espetáculo de Maddox
através das grandes janelas de vidro. Ele andou pela biblioteca,
completamente à vontade e com um sorriso arrogante. Ele
estava completamente confortável em sua pele. As pessoas
olhavam sem palavras e em choque. Uma garota estava com o
telefone, provavelmente o filmando. Alguns riam, outros
pareciam indignados.

Maddox parou à frente da velha bibliotecária, que estava


corando e estupefata, se curvou e fez metade de um rebolado
contra a vovozinha antes de fugir.

Eu não conseguia mais segurar minha risada. Meu


estômago apertou, e eu gargalhava quando ele saiu correndo da
biblioteca, os bibliotecários e o segurança atrás dele.

— Corre! — Ele gritou para mim, seu sorriso largo e


contagiante. Eu fugi, e nós corremos.

Não paramos até perdê-los. Escondida atrás da lixeira,


tentei recuperar o fôlego.

— Merda, você é louca. — Ele engasgou com o riso.


Eu dei uma cotovelada nele, sorrindo. — Formamos uma
boa equipe, não é?

Ele sorriu.

Um sorriso de verdade.

Meu peito se apertou e meu estômago deu uma


cambalhota, como pequenas borboletas dançando lá dentro.

Maddox podia parecer que tinha o mundo a seus pés. Ele


era o rei de Berkshire e governava com um sorriso arrogante,
embora ninguém visse a dor por trás daquele sorriso
brincalhão. Para o mundo, ele tinha tudo o que todos queriam:
dinheiro, status, amigos, uma bolsa de estudos e dois pais
lindos e bem-sucedidos. Ele era intocável.

Mas ele ainda era humano.

Maddox Coulter não era invencível. Ele tinha múltiplas


rachaduras e cicatrizes em sua alma.

Ele era um garoto simples, de dezessete anos, que só


queria a aprovação de seus pais, com um pouco de infância
bagunçada e, agora, estava faminto por atenção.

Eu o fiz sorrir.

Eu fiz isso. E eu continuaria fazendo.


Um desafio de cada vez, eu perseguiria seus sorrisos,
porque percebi que Maddox precisava de alguém que se
importasse o suficiente com sua felicidade e raiva. E eu me
importava.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

A multidão aplaudiu tão alto que me perguntei se meus


tímpanos seriam os mesmos. Excitação borbulhou no meu
peito, e me senti tonta quando os jogadores saíram do túnel,
entrando no campo de futebol. Maddox gostava que eu
acompanhasse seus treinos, mas esse era meu primeiro jogo.
Eu não sabia absolutamente nada sobre futebol, mas tinha que
estar aqui por Maddox. Isso era importante para ele, portanto,
era importante para mim.

— MC! MC! Vai, Berkshire! — As meninas gritaram atrás


de mim.

Puta merda, isso era enorme e emocionante.

As líderes de torcida estavam fazendo suas próprias coisas


quando o jogo começou. Todos os olhos estavam voltados para
os jogadores da Berkshire. Prendi a respiração e não consegui
tirar os olhos do campo. Riley agarrou minha mão na sua e
estava gritando no topo de seus pulmões.
Maddox provavelmente acabou de marcar um ponto,
porque a multidão ficou incontrolável e loucamente selvagem.
Eu sabia que era ele por causa da arrogância enquanto trotava
pelo campo, absorvendo toda a atenção. Ele bateu o punho
contra o peito e nossas líderes de torcida aplaudiram ainda
mais alto. Eu estava muito longe para ver seu rosto, mas eu
podia imaginar o sorriso arrogante. Sim, era definitivamente o
MC, Maddox Coulter, todo macho e arrogante.

Esta noite foi o último jogo de futebol da temporada.


Devido à neve em janeiro, o jogo foi adiado por algumas
semanas. Ainda estava frio ‘pra’ caralho, mas nossos garotos da
Berkshire estavam esmagando o outro time. Eu não entendia
muito sobre o jogo, mas quando Riley e nosso pessoal
aplaudiam, eu também fazia.

Tentei ficar de olho em Maddox, mas tudo estava passando


tão rápido, então não fazia ideia do que estava acontecendo.

As pessoas gritaram mais uma vez: — MC! MC! MC!

Eles estavam chamando Maddox. Afinal, ele era o jogador


estrela do futebol.

Houve um último touchdown28 antes do campo e da


multidão irromper. Nós... ganhamos? Puta merda, nós
vencemos!

28 Touchdown é uma pontuação do futebol americano e do futebol canadense.


Não que eu estivesse surpresa ou algo assim, mas
VENCEMOS!

Eu nunca fui muito fã de esportes; não me importei muito


com futebol, mas essa era a paixão de Maddox por toda a sua
vida. Ele estava feliz, o que me fazia feliz.

Riley pulou, e eu dancei em meu lugar, rindo. — Nós


ganhamos! — Ela gritou.

Meu coração batia tão alto que eu podia ouvir as batidas


em meu ouvido. Que noite.

Maddox parou na beira do campo, eu estava na primeira


fila, cortesia de ser amiga do quarterback. Ele tirou o capacete,
sorrindo. Sua respiração estava irregular, mas a expressão em
seu rosto era de prazer e felicidade.

Maddox balançou as sobrancelhas para mim enquanto as


meninas o cercavam. Uma líder de torcida se esfregou contra
ele, agarrou seu rosto e deu um grande beijo em seus lábios.

Tuuudo bem, então.

Mais meninas se juntaram ao grupo, todas tentando


reivindicar um pedaço do Maddox. Eu sinceramente me
preocupei com o seu ego. Isso não poderia ser saudável para um
garoto de dezessete anos de idade. Tanta arrogância e
presunção.
Ele me olhou de relance, me desafiando com seu olhar.
Lembrei-me das palavras que ele falou comigo antes do jogo.

Riley ficou ao meu lado, completamente alheia ao que


estava prestes a acontecer. Maddox esperou, me dando um
olhar enfurecido, como se esperasse que eu perdesse esse
desafio estúpido.

Sinceramente, foda-se, Maddox Coulter.

Quando outra garota o abraçou, eu entrei em ação.

Você aceita o desafio?

Ha. Ha. Ha.

Riley soltou um suspiro chocado quando eu agarrei a parte


de trás do pescoço dela e a puxei para frente. Minha boca
pousou na dela e seus olhos brilharam de surpresa. Eu
pressionei meus lábios com mais força contra os dela antes de
me afastar.

Ela limpou a boca, engasgando e olhando. — Que porra é


essa, Lila?

Dando de ombros, dei-lhe um olhar envergonhado. —


Maddox me desafiou, desculpe.
— Se eu ganhar o jogo, eu desafio você a beijar Riley. —
Disse, diversão brilhando em seus olhos. Provavelmente era
alguma fantasia de mulher com mulher para ele.

— Você não pode estar falando sério!

Os lábios dele se curvaram. — Você aceita o desafio?

Eu me virei para encará-lo novamente, e ele estava rindo.


Eu mostrei o dedo do meio, e ele riu ainda mais. Maddox se
afastou de todas as meninas, enquanto tentavam agarrá-lo,
disputando sua atenção, mas ele balançou a cabeça.

Ele disse algo para elas e apontou para mim. Todas se


viraram para olhar fixamente ao mesmo tempo.

Suspeita, eu olhei para ele enquanto se aproximava de


mim.

— O que você disse a elas? — Eu perguntei com as mãos


na cintura. Meus olhos se estreitaram nele.

Ele sorriu. — Disse a elas que minha namorada estava


ficando com ciúmes.

Hã? Espere, o quê?


Fiquei tão chocada com as suas palavras, que não vi o que
estava chegando até que eu estivesse de cabeça para baixo e por
cima do seu ombro.

— Maddox! — Eu gritei.

Ele deu um tapa na minha bunda. — Seja legal. Essas


garotas estão me deixando louco, e você é meu plano de fuga.

— Coloque-me para baixo. Agora! — Eu bati meus punhos


nas suas costas, sentindo seus músculos apertarem sob o meu
ataque.

— Que tal você ser dócil por cinco minutos? — Ele


retumbou com uma risada.

Dócil? Com licença, DÓCIL?

Eu bati nele de novo, apesar de ter certeza de que ele não


sentia nada. — O que eu sou? Seu animal de estimação? — Eu
atirei.

Maddox cantarolou, pensativo. Que babaca!

— Você é uma chihuahua29 muito selvagem. — Disse ele.

— Cuidado, ou você vai acabar com uma mordida


desagradável, Coulter.

29 Raça de cães de pequeno porte.


Seus ombros tremeram com uma risada silenciosa. —
Morda-me então, Garcia.

Revirei os olhos quando se afastou da multidão comigo por


cima do ombro, no estilo de homem das cavernas.

Quando chegamos ao vestiário dos meninos, ele me soltou,


e eu soprei meu cabelo do meu rosto. — Por que estamos aqui?

— Eu preciso de um banho e então estaremos a caminho


da fogueira. Berkshire está comemorando hoje à noite. Eu
preciso da minha pessoa favorita lá.

Cruzei os braços sobre o peito enquanto ele passeava em


direção ao seu armário. — Você percebe que se continuar me
agarrando e me jogando por cima do ombro assim, eles nunca
acreditarão que somos apenas amigos.

Nós já estávamos com uma aparência estranha. Ninguém


acreditava que éramos apenas amigos. Talvez isso tenha sido
parcialmente culpa nossa.

Maddox e eu passamos muito tempo juntos. Ele segurava


minhas mãos, beijava minha bochecha ou passava um braço
sobre meus ombros enquanto caminhávamos pelos corredores.
Ele roubava mordidas do meu almoço, e continuamos a fazer
brincadeiras tolas um com o outro. No começo, eu odiava as
exibições públicas de afeição, mas passei a apreciá-las, assim
como o resto das peculiaridades de Maddox. Ele ainda fazia
piadas inapropriadas, mas nunca tentou fazer nada... mais.

Maddox me deu um meio encolher de ombros indiferente.


Ele tirou as ombreiras e tirou a camisa antes de jogá-la em
minha direção. — Uma lembrança, docinho.

— Você realmente não se importa? — Eu perguntei.

Ele não se incomodou em esconder sua diversão com a


minha pergunta. — Lila, a opinião das pessoas não importa
para mim. Você também não deveria se importar. Eles vivem
fofocando enquanto vivemos nossas vidas ao máximo. Então,
quem se importa se eles pensam se somos amigos ou estamos
fodendo?

Ok, verdade. Ponto tomado.

Duas horas depois, estávamos comemorando com o resto


dos estudantes da Berkshire em volta da fogueira. Havia muitos
de nós aqui, mas o campo aberto era grande o suficiente para
não parecer lotado. Garrafas e latas de cerveja se espalhavam
ao nosso redor. Alguns caras já estavam um pouco bêbados e
estavam rindo de algo, se abraçando.

Maddox se aproximou com uma cerveja na mão e um prato


de papel na outra. — Consegui alguns espetos de frango teriyaki
hawaiian30.

Eu sorri, pegando o prato dele. — Obrigada. — Olhei em


volta, vendo todos os sorrisos. — Eles com certeza adoram
comemorar. — Ele tomou um longo gole de cerveja antes de
limpar o canto da boca. Suas pernas estavam preguiçosamente
afastadas, e ele usava jeans rasgados pretos, botas de couro
caras e um boné que provavelmente custava mais do que o meu
sutiã. Maddox parecia ser o dono do mundo, um deus entre
nós, meros mortais. Ele lambeu os lábios, sorrindo. — Isso não
é nada. A celebração real será na casa do Colton no próximo fim
de semana.

Minhas sobrancelhas franziram com isso. — Eu nem quero


saber.

Eu mastiguei meus espetos grelhados enquanto


lentamente bebia minha própria cerveja. Um momento depois,
Maddox suspirou. — Estou entediado. Vamos causar um pouco
de problema. — Ele se levantou e foi para o meio do campo. Ele
abriu os braços, sorrindo. — Vamos jogar. — Ele anunciou.

30 Recita havaiana de frango.


Os outros gritaram de acordo. Ah, não. Seu olhar
encontrou o meu, travessura brilhando em seus olhos. Eu olhei,
tentando parecer severa, mas meus próprios lábios se
contraíram com um sorriso.

Aí vem problema.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Olhei para o meu telefone provavelmente pela centésima


vez, esperando uma mensagem de volta. Ela não estava
respondendo. Saí da escola cedo hoje, quando Lila perdeu as
duas primeiras aulas. Agora, eu estava sentado no meu carro
em frente à casa dos seus avós como um maldito perseguidor. A
preocupação me atormentava porque era tão diferente de Lila
me ignorar, e ela nunca perdia suas aulas.

Eu fiz a mesma merda há algumas semanas. Abandonei-a


e ignorei todos que tentaram me alcançar. Eu não esperava que
ela virasse o jogo e não gostei, nem um pouco. Agora, entendia
como ela se sentiu quando eu não estava atendendo seus
telefonemas e me encontrou naquela banheira, congelando e
bêbado.

Ela estava machucada?

Aconteceu alguma coisa?

Por que ela não responde minhas mensagens, caralho?


Bati meus punhos contra o volante, levemente aturdido
com o mero pensamento de Lila estar machucada.

Hoje fui ao supermercado e descobri que a sua avó estava


em casa. Claro, eu poderia ter falado com Sven, seu avô, mas
preferi não falar. Ele gostava de mim o suficiente, mas não
parecia confiar em nenhum garoto perto de sua pequena Lila,
mesmo aqueles que eram seus amigos e não queriam entrar em
suas calças.

Ok, isso era uma mentira.

Eu ainda queria entrar na calcinha dela.

Talvez ele pudesse me ler melhor do que pensei. Eu era tão


óbvio?

Oh, ela era minha amiga, mas eu ainda queria transar com
sua neta. Para cima e para baixo, de lado, de joelhos, em todas
as malditas posições.

Bem, sim. Não é à toa que ele não gostasse de mim.

Toquei a campainha e a avó de Lila abriu a porta, com um


olhar pensativo no rosto. Ela parecia cansada e fatigada. Ao me
ver, sorriu um pouco. — Maddox, o que você está fazendo aqui?

— Oi. — Eu disse, olhando por trás do seu ombro,


esperando Lila aparecer. — Lila está em casa? Tentei entrar em
contato com ela, mas ela não respondeu, então fiquei
preocupado.

Ela ficou em silêncio por um momento, com os olhos


vidrados. — Você não sabe? — Ela falou as palavras tão
suavemente que eu quase as perdi.

Meu coração acelerou e comecei a suar. O sangue correu


pelos meus ouvidos e meu coração martelou em meus ouvidos.
— Será que... algo está errado? Aconteceu alguma coisa com
ela?

Ela balançou a cabeça. — Você não sabe que dia é hoje? —


Ela perguntou, mas depois respondeu sua própria pergunta
antes que eu pudesse dizer uma palavra. — Ela não te contou.
Eu não estou surpresa. Minha Lila sempre sofre sozinha.

Sofre... sozinha?

Foda-se, não. Ela nunca deveria. Não sozinha.

Lila tinha a mim.

É verdade que ela não precisava de um herói para salvar o


dia, mas quanto mais eu a conhecia, mais nos aproximamos,
mais eu queria, não... Eu precisava protegê-la. Talvez fosse para
retribuir o favor, já que ela cuidou de mim quando precisei ou
simplesmente porque... me importava. Eu jamais confessaria
isso em voz alta. Ela me daria um soco na cara porque Lila
Garcia odiava que sentissem pena dela.
Exceto, eu não tinha pena dela.

Eu só queria... protegê-la.

— O que você está dizendo? Ela está machucada?

Sua avó me deu um sorriso de partir o coração. — Ela está


sofrendo há muito tempo.

Isso doeu. Bem ali, no maldito peito.

A Sra. Wilson se inclinou contra o batente da porta,


parecendo mais abatida do que sua idade. — Você sabia que
Lila nunca chora? Nunca, exceto um dia do ano. Neste dia, ela
chora sozinha; esconde as lágrimas de todos. Esse é o único dia
em que ela se deixa sentir dor.

Meu coração quase saiu e esfreguei meu peito, tentando


aliviar a dor. Não adiantou. Infiltrou-se em minhas veias e em
meu sangue, por ela.

Seus ombros tremeram e caíram, como se tivesse


finalmente sido libertada de um fardo pesado que carregava. —
Minha Lila é forte com um coração frágil. — Ela sussurrou.

— Onde ela está agora? Onde posso encontrá-la? — Até eu


pude ouvir a urgência em minha voz, o desespero.

E eu não era um cara desesperado.


Mas Lila me fez sentir muitas coisas que nunca havia
sentido antes. Não por nenhuma outra garota.

— Lila saiu hoje de manhã. Ela está no Sunset Park. Você


a encontrará sentada em um banco.

Eu balancei a cabeça em agradecimento e dei um passo


para trás, apertando as chaves do meu carro na minha mão.
Sunset Park, eu encontraria minha Lila lá.

— Maddox?

Fiz uma pausa e olhei por cima do ombro. — Sim?

— Você é amigo da Lila?

Confuso, eu pisquei, e minhas sobrancelhas franziram. A


avó sabia muito bem que éramos amigos; já fazia meses. Mas
ela olhou para mim, expectante, como se sua pergunta tivesse
mais significado por trás dessas palavras simples.

E eu percebi que sim.

Essa pergunta era poderosa, porque me fez pensar sobre o


quão importante Lila era para mim, quão próximos éramos e o
quanto ela significava para mim. Uma pergunta simples, e
colocou todo o nosso relacionamento em perspectiva.

Sim, eu respeitava Lila. Ela era inteligente, engraçada,


selvagem e... carinhosa.
Sim, eu ainda queria prová-la. Queria desde que eu a vi
pela primeira vez.

Mas ela significava mais.

Nós tínhamos um ao outro: ela me tinha e eu a tinha.

De repente, a ideia de sermos mais que amigos se tornou


tabu. Porque se fôssemos mais do que amigos, corríamos o risco
de perder o que tínhamos agora. Um entendimento silencioso.
Uma amizade baseada em honestidade e lealdade. Lila viu por
trás de todas as minhas besteiras e não deixou que isso a
impedisse. Ela pressionou e empurrou até eu abrir a porta à
sua frente. Lila e eu éramos iguais de muitas maneiras, ainda
assim... diferentes. Talvez fosse por isso que nos adaptávamos
tão bem como amigos. Nós nos equilibramos.

Ela era a calma em minha vida imprudente.

Eu era o caos em sua vida pacífica.

— Lila é minha melhor amiga. — Eu finalmente confessei,


com uma curva nos meus lábios.

Vovó ficou pensativa por um momento antes de me dar um


sorriso melancólico. — Cuide da nossa garota. Ela se recusa a
deixar qualquer um de nós lhe emprestar um ombro. Talvez
com você seja diferente.
Trinta minutos depois, eu estava sentado no meu carro em
Sunset Park. Meu olhar encontrou Lila no momento em que
estacionei e desliguei o motor. Como a avó disse, a encontrei
sentada em um banco, sozinha. A doce Lila estava aconchegada
no casaco de inverno, tentando se aquecer contra o frio. Não
conseguia ver o seu rosto de onde estava, mas não gostei do que
estava vendo.

Ela estava debruçada sobre o banco, as pernas no banco,


com os braços em volta dos joelhos. Lila parecia... perdida.

Fiquei no carro por mais alguns minutos, dando a ela


algum tempo sozinha. Eu sabia por que ela estava aqui. Parque
do cemitério Sunset.

Os seus pais estavam aqui.

Você sabia que Lila nunca chora? Nunca, exceto um dia do


ano. Naquele dia, ela chora sozinha; esconde as lágrimas de
todos. Esse é o único dia em que ela se deixa sentir dor.
E eu sabia o que era aquele dia, o que era hoje e por que
era tão importante para Lila.

Doce Lila, o dragão ardente com um coração frágil.

Saí do carro quando não consegui mais ficar longe. O


vento frio soprava forte e Lila se abraçou mais forte. Havia uma
atração magnética entre nós, e eu andei em direção a ela sem
nem perceber que meus pés estavam me levando para o seu
lado.

Ela não se mexeu quando me acomodei ao seu lado no


banco, nem olhou para cima, nem reconheceu minha presença.
Silenciosamente, agarrei sua mão e a afastei de seus joelhos.
Ela apertou minha mão e eu apertei a dela em troca, um voto
silencioso.

Eu não vou largar, Lila.

Ela não falou, e eu não ousei quebrar o silêncio. Lila


silenciosamente bufou e enxugou as lágrimas com a outra mão,
mas não conseguiu conter o choro. Ela soltou o coraçãozinho,
um soluço desolado vindo de uma pessoa drenada de todas as
suas esperanças e sonhos.

Como se percebesse agora que ela estava segurando minha


mão, tentou afastá-la de mim. Eu segurei firme, apertando sua
mão com conforto.

— Vá... vá embora. — Murmurou Lila.


Fiquei em silêncio, me recusando a pronunciar uma
palavra, mas também me recusando a sair.

Os minutos provavelmente se transformaram em horas


quando eu me sentei com ela. Ela chorou até que pensei que
não haveria mais lágrimas, mas ela ainda chorou. Ela não falou
novamente e nem eu. Lila precisava lamentar em silêncio, mas
eu estaria lá com ela. Eu ficaria e lutaria com qualquer filho da
puta que tentasse me fazer sair. Cada soluço que atravessou
seu corpo destruía ainda mais meu coração estúpido. Um
gemido escapou dela, um som torturado, e ela agarrou minha
mão com mais força, suas unhas cravando minha pele. A sua
outra mão se levantou e apertou o peito, um soluço quebrado
passando por seus lábios. Todo o seu corpo tremia, se era do
frio ou da força de suas lágrimas, eu não sabia.

O som dela lutando para respirar através do choro me


dizimava.

— Isso... dói, — ela choramingou. — Dói... Dói... muito,


Maddox.

Sua respiração estava irregular, ofegante, e seu corpo caiu


para frente como se toda a força tivesse o deixado. Ela não
deveria ser capaz de me afetar com tanta força, mas emoções
selvagens rodaram dentro de mim quando eu respirei sua dor e
sofrimento.
Observando a Lila que eu conhecia, a forte e confiante Lila,
se quebrar assim... Porra!

Havia uma dor fantasma em meu peito, como uma faca


invisível cavando e girando violentamente em minha carne... A
dor se tornando insuportável.

Agarrei-a antes que ela pudesse deslizar do banco, seu


corpo fraco em sua dor. Nossos joelhos cavaram na lama
úmida, mas não me importei quando a puxei em meus braços.
Ela estava meio sentada no meu colo, com o rosto enterrado no
meu pescoço enquanto as lágrimas escorriam pela minha
camisa e contra a minha pele.

— Por que não... para? Por quê? Por quê? Por quê? — Ela
lamentou. Seu pequeno punho apertou a minha camisa. —
Dói... Cada vez mais. Toda vez... todo ano. A... dor... nunca
desaparece...

Eu não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, então


apenas a segurei. Eu nunca fui bom com palavras de
condolências, nunca tive ninguém para confortar até Lila.

Pelo amor de Deus, no momento em que uma garota


começava a derramar algumas lágrimas, eu corria para o outro
lado o máximo que podia. Meninas e lágrimas era a única coisa
que eu não fazia, não... nunca.

Até Lila.
A vida a havia quebrado. Assim como me quebrou.

Talvez tenha sido por isso que nos encontramos.

Chame de destino, kismet31, ou talvez tenha sido obra de


Deus...

Lila foi feita para manter meus pedaços quebrados juntos;


assim como eu pretendia segurar os pedaços quebrados dela.

Não, ela não me consertou e eu não a consertei. Nós


apenas... nos abraçamos; era simples assim.

— Eu estou com você. — Eu disse suavemente contra sua


têmpora.

Ela tremeu em meu abraço. — Eles não mereciam...


morrer. Eles não mereciam!

Eu murmurei palavras suaves para ela, enquanto ela


lamentava sua agonia. — Por que eles... morreram... e por que...
eu... por que estou... aqui? Eu quero... ir... para minha mãe e
meu... pai. Eu não... quero estar aqui. Eu não quero!

Sinto muito, sinto muito, baby.

A dor que fluía de Lila era tão palpável quanto o vento


gelado ao nosso redor. Tanta agonia e uma alma tão solitária e
quebrada. Mais tempo se passou, e eventualmente, seus
soluços se transformaram em suspiros e fungadas silenciosas.

31 É uma palavra latina do original turco e urdu que significa fatalidade ou destino.
Lila ainda estava no meu colo, o rosto ainda enfiado na dobra
do meu pescoço e os dedos ainda segurando minha camisa
como se sua vida dependesse disso.

Tirei o cabelo do seu rosto, meu polegar esfregando o


rastro de suas lágrimas.

— Eu estou com você.

Ela me abraçou mais forte.

— Posso conhecer seus pais? — Eu perguntei.

Lila me deu um pequeno aceno de cabeça. Ela saiu do meu


colo e se levantou com as pernas trêmulas. Eu também tentei
ignorar os formigamentos nas minhas pernas depois de ficar na
mesma posição por muito tempo. Ela pegou minha mão na sua
e caminhamos em direção às lápides de seus pais.

— Ei, mãe, — disse Lila, com a voz embargada. — Eu


trouxe alguém para conhecer você.

Catalina Garcia.

O sol brilha mais forte porque ela esteve aqui.

Amada mãe, esposa e filha.


Ela apontou para a lápide ao lado de sua mãe. — E esse é
o meu pai. Papai, conheça Maddox, Maddox conheça papai. —
Um pequeno sorriso vacilante apareceu em seus lábios. — E
não, papai. Ele não é meu namorado.

Zachary Wilson.

Um homem gentil e um cavalheiro. Pai amoroso e marido


amoroso.

Que bela lembrança você deixou para trás.

Minha garganta estava entupida de emoções, então assenti


em cumprimento.

— É bom finalmente conhecê-los, Sr. e Sra. Wilson.

Lila se ajoelhou à frente das lápides. Ela levou as pernas


ao peito e passou os braços em volta dos joelhos novamente.
Percebi agora que ela estava tentando se proteger fisicamente
da dor. Eu me juntei a ela enquanto tentava entender o que ela
estava sentindo. Havia um peso esmagador em meu peito e
quase tornava mais difícil respirar. Lila ficou estranhamente
quieta por um tempo antes de finalmente falar.

— Você me assusta. — Ela sussurrou.


— Por quê? — Você me assusta também.

— Porque eu confio em você. Porque quero lhe contar o


que nunca contei a ninguém antes.

O mesmo, Lila. Porra, o mesmo.

— Você sabe o que dói mais? — Lila disse, rindo. — O


arrependimento.

Eu esperei que ela continuasse, para contar sua história.

— Acho que sempre carregarei esse arrependimento em


meu coração, porque a última coisa que disse aos meus pais foi
que eu os odiava. Lembro-me de sussurrar na parte de trás do
carro, mas não sei se eles ouviram ou não. Porque logo depois
de dizer essas palavras, ouvi meus pais gritarem. Então... o
carro... eu estava no ar... E a próxima coisa que eu soube, tudo
doía. Tanta dor.
Uma única lágrima escapou e deslizou pela minha
bochecha. Afastei-a, quase com raiva, porque agora, a raiva
tinha um gosto amargo na língua enquanto a dor pesava no
meu coração.

— Eu tinha apenas treze anos, bem... quase quatorze. Tão


jovem, tão tola, uma pirralha tão estúpida. Eles não me
deixaram ir a uma festa de aniversário que todos os meus
amigos estavam participando. Mamãe disse que não conhecia a
garota cuja casa seria a festa, então eles não se sentiam
confortáveis comigo indo. Papai não achou que era seguro
porque era muito longe do nosso bairro e eles não conheciam os
pais. Eu queria ir, queria me divertir com todos os meus outros
amigos. Mas eles recusaram, e eu fiquei com tanta raiva.
Estávamos no carro e discutíamos. Então eu disse... eu odeio
vocês.

As lembranças eram vívidas em minha cabeça, como se


fosse ontem. Eu quase podia ouvir as vozes dos meus pais e, se
fechasse os olhos, podia vê-los.

Desviei o olhar e pisquei a sensação de queimação nos


olhos, mas as lágrimas não pararam. — Eu não quis dizer
aquilo. Eu não quis. Havia dito porque estava com raiva, mas
não quis dizer aquilo, Maddox. Eu... não quis. Essas foram as
últimas palavras que eu disse aos meus pais. Esse é o meu
mais profundo arrependimento. — Eu interrompi, deixando
escapar um gemido de dor. Engasguei com a minha vergonha.
— Dói... porque nunca vou poder contar aos meus pais o
quanto os amo. Nunca mais sentirei os braços da minha mãe ao
meu redor ou os abraços quentes do meu pai. Minha mãe
nunca vai me dar parabéns em sua voz tola, e meu pai nunca
irá me fazer cócegas porque ele gostava de me ouvir rir. Ele dizia
que minhas risadas pareciam com o som de um esquilo.

Eu abaixei minha cabeça, me escondendo atrás da cortina


do meu cabelo. — Às vezes, esqueço o que é me sentir bem, me
sentir normal porque estou cheia de... tantas emoções não
ditas.

Maddox ficou calado, e me perguntei no que ele estava


pensando. Ele estava com pena de mim? Ele podia sentir minha
vergonha? Eu não queria pena, porém... pela primeira vez desde
que meus pais morreram, eu só queria ser abraçada.

Eu estava empurrando as pessoas que se importavam


comigo: meus avós e Riley. Eles tentaram, mas eu sempre os
desligava porque odiava a pena, odiava o olhar simpático em
seus rostos. Quando vovó sugeriu terapia, eu me recusei a ver
qualquer terapeuta. Falar sobre meus sentimentos com um
estranho? Deixá-los ver meu ponto mais fraco? De jeito
nenhum.

Realização me bateu, e sufoquei um soluço. Ao empurrá-


los para longe, eu estava me causando mais dor. Eu precisava
de alguém para conversar.
Eu precisava ser segurada.

Eu precisava chorar e de alguém para me dizer que tudo


ficaria bem.

Engolindo de volta o choro, eu enxuguei minhas lágrimas.


Maddox estava aqui, e era irônico por causa do quanto eu o
desprezava quando nos conhecemos.

— Você sabe por que eu te odiava tanto antes?

Ele soltou uma risada seca, sem humor. — Por que eu era
um idiota?

Se ele soubesse a verdade... talvez estivesse na hora.

Respirei fundo e soltei o ar. — Não, eu te desprezava,


odiava a mera ideia de você, porque você me lembrou o
assassino de meus pais.

Ele levantou a cabeça e eu quase pude ouvir seu coração


bater no peito.

Thump.

Thump.

Thump.

Houve um momento de silêncio, seus lábios se abrindo


como se quisessem falar, mas não conseguiu dizer uma palavra.
Seus olhos penetraram em mim, procurando, e eu vi dores
correspondentes nos dele. Minhas palavras pesadamente entre
nós, e nós dois sangramos pelo tiro invisível, uma ferida aberta
purulenta.

Engoli o caroço pesado na garganta, meu corpo inteiro


vibrando com tremores. — Nós não teríamos entrado em um
acidente se não tivéssemos sido atropelados por um motorista
bêbado naquela noite.

Quatro anos se passaram e eu ainda estava assombrado


pela lembrança.

— Ele tinha dezessete anos e estava muito bêbado, muito


acima do limite, especialmente para alguém menor de idade. A
estrada estava um pouco gelada, então ele perdeu o controle do
veículo. Nossos carros estavam viajando na direção oposta, e ele
bateu de frente com a gente. Ainda me lembro dos faróis
brilhantes piscando à minha frente quando o carro dele bateu
no nosso.

— Ele...

— Ele deveria ter sido preso por um longo tempo. Ele


deveria ter sido punido, Maddox, certo?

Ele assentiu, com os olhos vermelhos. Não me olhe tão


torturado, Maddox. Meu coração já está quebrado.
— Ele não foi, — disse, me abraçando com mais força. —
Ele nem sequer passou a noite na cela; ele não foi punido e se
afastou ileso do acidente. Você sabe por quê?

— Por quê? — Maddox sussurrou, mas ele já sabia a


resposta.

— Ele era o filho rico e mimado de um advogado rico e


influente que tinha o mundo inteiro a seus pés. Seu pai varreu
o acidente para debaixo do tapete e conseguiu tirar o filho dos
problemas. Fiquei em coma por algumas semanas e, quando
acordei... Sescobri que o caso estava encerrado e que havia sido
arquivado. Fomos informados de que o chofer assumiu a culpa
e foi perdoado pela lei; exceto que ele não estava dirigindo
naquela noite... aquele garoto estava. Eu sei porque fiz minha
pesquisa depois que acordei. Meus avós ajudaram e tentamos
abrir o caso novamente.

— Lila, — Maddox respirou. Sua cabeça caiu em suas


mãos. — Maldição.

— Eu ainda estava no hospital me recuperando de meus


ferimentos quando o pai do garoto entrou pela porta. O olhar
em seu rosto, Deus, ainda posso vê-lo com tanta clareza. Não
havia remorso, Maddox. Nada. Ele não se importou que eu perdi
meus pais por causa de seu filho. Ele não se importava que eu
estivesse praticamente aleijada em uma cama de hospital, com
muita dor. Ele pegou um cheque...
— Não, — Maddox soltou uma maldição. — Porra, não.
Lila, não. — Ele bateu os punhos contra a grama molhada e
enlameada.

Eu soltei um riso seco, vazio e frio. Sim. Ele me ofereceu


um milhão de dólares para ficar em silêncio. Ele disse que me
daria mais se eu calasse a boca e deixasse sua família em paz.

Então eu chorei.

E chorei... E chorei.

— Nós... perdemos... o... caso, — solucei, mas eu estava


apenas engasgando com minha própria saliva. — Dinheiro,
poder e muitas conexões, ele tinha tudo, e não tínhamos chance
contra ele.

— Ele pagou ao juiz? — Maddox rosnou, suas palavras


cheias de raiva.

— Eu presumi que ele o fez ou então, não precisou. Eles


eram amigos.

Eu tentei respirar, tentei me manter viva, me forcei a


sobreviver. Inalar, exalar.

Eu queria gritar até desmaiar e esquecer que tudo isso


aconteceu. Talvez quando eu acordasse, me encontraria em um
mundo em que meus pais ainda estavam vivos, e nós estávamos
vivendo felizes para sempre.
— Quando você é rico, pode pagar pelo silêncio de alguém,
comprar vida e morte, brincar de Deus e vencer. Foi o que ele
fez. Eu sou uma reles mortal... eu perdi.

— Eu sinto muito.

Eu também.

— Eu te odiei porque você era um lembrete do garoto que


me arruinou e roubou minha vida de mim, — Resmunguei,
minha capacidade de falar diminuindo. Esfreguei meu peito,
sobre minhas cicatrizes. — Tão rico, tão mimado. Um pirralho
com tanta arrogância.

Maddox emitiu um som no fundo da garganta; soou quase


como um grito silencioso antes que ele falasse. — Sinto muito.
— Disse novamente.

Com toda a minha força esvaindo do meu corpo, eu não


conseguia mais me sentar. Meu corpo balançou e caí de costas
e fechei os olhos. Eu estava exausta de tudo, toda a dor, todo o
sofrimento... meu passado e todas as memórias.

Eu me sentia... vazia. E entorpecida.

Não precisei abrir os olhos para senti-lo. Maddox se sentou


na grama fria e se deitou ao meu lado. Senti seu hálito quente
em meu pescoço. Ele estava muito perto.
Eu respirei o ar fresco, e houve um silêncio confortável
entre nós. Durou muito tempo, e eu absorvi o calor de sua
presença. Até Maddox quebrar o silêncio.

— Conte-me sobre seus pais. Como eles se conheceram? —


Ele perguntou gentilmente.

Então eu o fiz.

Eu contei a ele sobre uma história de amor improvável.

— Minha mãe era a única hispânica no bairro, e todas as


outras crianças a zoavam. Meu pai, aparentemente, era um dos
seus agressores, até que ela o agarrou um dia e bateu os lábios
nos dele, depois se afastou, o olhou nos olhos e disse: “Se você
não pode calar a boca, eu vou calá-la para você”. Ele disse que
se apaixonou por ela naquele momento. Meu pai sempre me
dizia para estar com uma pessoa que faça seu coração bater a
mil quilômetros por hora. — Falei para Maddox.

Nós encaramos as lápides dos meus pais, e me perguntei


se eles poderiam me sentir desde que eu estava tão perto deles.
Eles estavam me vigiando?

Senti uma dor no peito, mas não tinha mais vontade de


chorar. Talvez eu finalmente tenha chorado todas as minhas
lágrimas; porque mesmo que doesse, a vontade de chorar se foi.

Até o ano que vem, até eu me permitir desmoronar


novamente. Eu odiava estar vulnerável. A última vez que estive;
eu estava em um hospital e não podia dar aos meus pais a
justiça que eles mereciam.

Eu não sei por que deixei Maddox me ver assim, por que
permiti que ele visse minha fraqueza... Mas o que eu sabia, foi
que no momento em que ele se sentou no banco ao meu lado e
segurou minha mão, não queria que ele soltasse.

Eu nem chorei no funeral dos meus pais até que todos se


foram, e eu estava sozinha. Exceto no momento em que Maddox
tocou minha mão... a represa quebrou, a gaiola ao redor do meu
coração quebrou e eu não conseguia parar de chorar.

Ficamos ali por um longo tempo. O sol estava começando a


se pôr, o céu ficando laranja brilhante. Eu acho que esse lugar
era chamado Sunset Park por um motivo; tinha a melhor vista
do pôr do sol.

— Você acredita no amor? — Maddox perguntou, sua voz


grossa. Que pergunta estranha em um momento como este.

— Sim. Mas decidi há muito tempo que não é para mim.


Não mais.

— Por que não?

— Porque não quero perder mais ninguém. — Sofri perdas


suficientes por toda a vida e sobrevivi a ela, mas não queria
testar minha sorte.
Quanta dor uma pessoa pode suportar antes de se
decompor completamente?

Eu era mais forte que a magia do amor.

Coloquei meus braços em volta dos joelhos e aproximei


minhas pernas do meu peito. Deitei a cabeça sobre os joelhos e
me virei para olhar Maddox. Ele estava olhando as lápides dos
meus pais, parecendo pensativo.

— Você acredita no amor? — Eu perguntei a ele de volta.


Minhas bochechas estavam tensas pelo frio e minhas lágrimas
secas. Meu rosto provavelmente estava manchado e vermelho,
mas não consegui me importar no momento.

Este era Maddox, meu melhor amigo.

Ele piscou, como se não estivesse esperando a pergunta.


— Eu não sei.

Curiosa, eu empurrei por mais. — O que você quer dizer?

— Eu pensava que o amor era falso. Que não existisse.


Que era muito complicado e toda essa merda. Ninguém nunca
me pertenceu antes. Eu nunca estive perto o suficiente para
amar alguém ou até mesmo entender o significado disso.

Emoções selvagens entupiram minha garganta, e meu


coração bateu como um pássaro enjaulado, batendo suas asas,
procurando uma fuga.
— E o que você acha agora? — Eu sussurrei a pergunta.
Maddox me encarou, seus olhos azuis olhando nos meus,
olhando através do meu exterior frio, empurrando através das
minhas paredes e batendo no meu coração enjaulado.

Quando ele falou novamente, sua voz era profunda e


áspera. Suas palavras eram uma confissão silenciosa.

— Agora, tenho alguém a perder e sei que isso vai me


quebrar. Sei o que significa ter medo de perder a pessoa que
mais significa para você. Essa pessoa tem o poder de me
destruir.

O silêncio caiu sobre nós, e eu não consegui encontrar as


palavras para transmitir o que estava sentindo. Virei minha
cabeça para longe do seu olhar sondador e voltei a encarar as
lápides.

Segundos se transformaram em longos minutos, mas nos


sentamos lá em um silêncio confortável.

— Maddox?

— Sim?

Respirei fundo e fiz minha primeira promessa a Maddox.

— Você não vai me perder. Nunca.


Ele ficou quieto por um momento, e pensei que havia
estragado tudo, até que a sua mão entrou na linha da minha
visão, e ele me mostrou seu mindinho.

— Promete? — Ele perguntou suavemente.

Enganchei meu dedo no dele. Maddox era caloroso e


familiar. Era sólido e seguro. Eu queria me agarrar a ele e
nunca, nunca deixar ir.

— Prometo.

Ele passou o dedo mindinho ao redor do meu e depois


sorriu. Pela primeira vez hoje, eu sorri também.

Promessa de dedinho, eu e você... para sempre.


CAPÍTULO VINTE E QUATRO

— Então, é como... um encontro? — Eu perguntei. — Um


encontro de verdade?

Eu não conseguia ver o rosto de Riley através do telefone,


mas sua excitação era aparente quando soltou um pequeno
grito. — Bem, sim. Quero dizer... Ele ligou e perguntou se
poderíamos jantar, e me disse para usar algo quente, pois tende
a ficar um pouco mais frio à noite. — Ela respirou, cada palavra
cheia de emoção. — E Lila, a voz dele... pelo telefone... acho que
quase tive um orgasmo. Puta merda.

Eu caí na cama, um sorriso largo se espalhando pelos


meus lábios. — Honestamente, não achei que Grayson fosse
fazer isso, — eu disse. — Quero dizer, chamar você para sair.

Ele era tão reservado, tão quieto e não se misturava com o


resto dos estudantes da Berkshire.

Na verdade, ele era um solitário. Riley não desistiu, no


entanto.
Ela riu, e ouvi alguns sussurros ao fundo. — Faz três
meses. Já era hora dele quebrar e me convidar para sair. Não
consigo decidir o que vestir. Jeans ou um vestido? Ele disse
para vestir algo quente, mas talvez um vestido seja adequado?
Algo fofo ou sexy? — Ela fez uma pausa, pensativa. — Eu não
quero parecer tão fácil ou tentar foder em nosso primeiro
encontro. Mas também quero me sentir bonita e sexy.

Depois de Jasper, Riley havia amaldiçoado qualquer garoto


da Berkshire. Ela disse que eles eram todos iguais, e a dor do
que Jasper fez ainda era muito fresca, mesmo que tivesse
passado mais de um ano desde o rompimento. Era a primeira
vez que a via tão animada; eu só esperava que Grayson não
acabasse partindo seu coração.

Embora eu gostasse de acreditar que ele gostava dela tanto


quanto ela gostava dele. Ele sempre foi sutil sobre seus
sentimentos, mas eu o tinha visto dando uma olhada em Riley e
tentando esconder seu sorriso. Havia um olhar em seus olhos
quando a observava... algo semelhante à adoração.

O mesmo olhar que eu tinha visto nos olhos de Colton


também.

Eu não tinha certeza se deveria ter conversado com Riley


sobre Colton, mas ela estava feliz com Grayson e isso era tudo
que eu queria. Ele era um cara legal, e Riley gostava dele. Fim.

Ela tomou sua decisão. Colton teria que aceitar isto.


— Lembra do vestido preto que você usou no último Natal?
O minicorte em V? Você parecia fofa, mas gostosa — Eu ofereci.

Riley fez um som de acordo. — Oh, esse! Meus peitos ficam


bem naquele vestido. Eu posso usar aquelas novas botas de
salto alto que ganhei!

— Isso aí, garota. Que horas ele vai buscá-la? — Olhei


para o relógio e vi que eram quase seis da tarde.

— Umm... em uma hora. Merda, eu tenho que me


arrumar. Falamos depois?

A sua felicidade era contagiante. — Isso aí, baby. Mande-


me uma mensagem quando chegar em casa. Quero saber de
tudo.

Riley soltou uma pequena risadinha antes de murmurar.


— É melhor ele me beijar, ou ficarei muito decepcionada.

Oh sim, era melhor.

Porque eu queria saber tudo sobre esse beijo. Nos


despedimos e desligamos.

Riley estava feliz...

O toque do telefone me tirou dos meus pensamentos e


olhei para a tela. Maddox. O seu nome piscando na tela me
lembrou que eu deveria estar com raiva.
Eu atendi o telefone e Maddox me cortou antes que eu
pudesse dizer qualquer coisa. — Venha aqui fora. Agora. —
Exigiu. O estrondo baixo de sua voz fez meu estômago palpitar
antes de me lembrar e me apegar à raiva.

Ugh, imbecil.

— O que você quer? — Eu atirei de volta, com grosseria. O


que ele fez era... imperdoável.

— Lila. — Havia um aviso em sua voz.

— Maddox. — Eu assobiei.

— Eu estou do lado de fora. Saia. Agora.

— Talvez, se você disser “por favor”. — O sarcasmo


escorreu da minha boca facilmente. Cuidado, eu estou com
minhas calças de menina atrevida hoje.

Houve um rosnado frustrado antes de ouvi-lo suspirar. —


Por favor.

Hã. Isso foi chocante.

Meus lábios se apertaram em uma linha reta. — Não.

— Pelo amor de Deus! Você ainda está chateada porque eu


comi seu muffin?

— Você roubou meu muffin! — E era o último.


— Eu achei que você não quisesse. Você deixou em cima
da mesa.

Eu rosnei em resposta. Ele ficou em silêncio por um


segundo antes de rir. O idiota realmente riu. — Você está
menstruada?

— Vai se foder. — Eu encerrei a ligação com um rosnado.

Sim, eu estava menstruada.

Sim, eu estava irritada.

Porque esse idiota, também conhecido como meu melhor


amigo, comeu meu muffin de chocolate com menta.

Um segundo depois, chegou uma mensagem.

Saia, por favor. Desculpe-me pelo muffin.

Eu digitei um texto rápido de volta.

Por quê?

Minha tela piscou com outra mensagem.

Apenas confie em mim.

Revirei os olhos e pulei da cama. Maddox não ia desistir.


Tanto quanto eu sabia, se eu não saísse, ele entraria e me
pegaria.
Saí de casa e encontrei Maddox encostado em seu carro,
braços cruzados. Ao me ver, lambeu os lábios e piscou. Minha
respiração ficou presa na garganta porque ele era tão
pecaminosamente bonito. Então lembrei que ele era meu melhor
amigo... E eu deveria estar brava, certo?

Cruzei os braços sobre o peito e olhei. — O que você quer?

Maddox torceu o dedo indicador para mim, acenando para


que me aproximasse. Eu me aproximei. — Mais perto. Não vou
morder, Garcia.

— Você está me irritando, Coulter. — Eu bati.

Ele zombou antes de passar o braço em volta da minha


cintura e me puxar para mais perto. Eu tropecei contra ele, e
nossos corpos se chocaram. Um sorriso arrogante se espalhou
por seus lábios. — Eu não posso decidir se gosto de você mal-
humorada ou gosto de você quieta.

Eu o abracei e soprei meu cabelo do rosto, antes de olhar


para ele. Ele ficou sério, o brilho travesso em seus olhos se foi.
Meu coração caiu no meu estômago e minhas mãos começaram
a suar.

— Lila, você confia em mim?

Meus olhos arderam de surpresa. — Por que está


perguntando isto?
— Responda à pergunta. — Seu olhar não desviou do meu,
me absorvendo e me mantendo em cativeiro.

Eu balancei minha cabeça e tentei me afastar dele. — O


que há de errado?

Não gostei do olhar no seu rosto. Algo estava acontecendo,


e eu não ia gostar.

— Eu quero tentar algo com você. — Ele explicou


lentamente.

— Pular de um avião? Mergulho? Bungee jumping?32


Rafting?33 Algo estúpido e emocionalmente radical? — Maddox
amava adrenalina, amava qualquer atividade ao ar livre que
faria meu coração sair pela boca. Fizemos ciclismo de montanha
há algumas semanas. Bem, ele fez, eu assisti de escanteio, me
convencendo a não desmaiar.

Era muito perigoso, muito imprudente... tudo o que


Maddox precisava em sua vida. A emoção e a adrenalina em
suas veias. Ele vivia por isso.

Maddox sacudiu a cabeça, a expressão em seu rosto ainda


muito séria. — Não, isso não é sobre mim. Isto é para você. Mas
quero que façamos juntos.

32 Bungee jumping é um esporte radical praticado por muitos aventureiros corajosos, que consiste em
saltar de uma altura num vazio amarrado aos tornozelos ou cintura a uma corda elástica.
33 O rafting é um desporto de aventura que se baseia na prática de descida em corredeiras em equipe

utilizando botes infláveis e equipamentos de segurança.


— Maddox, desembucha. — Nervos roeram meu intestino
enquanto esperava ele falar.

Ainda me segurando em seus braços, Maddox nos virou,


então eu estava de frente para o seu carro, com as costas contra
a sua frente. Eu estava presa entre ele e o carro.

Minha respiração expirou através dos meus lábios com


uma expiração severa, e meus joelhos tremeram. Suas mãos
pousaram nos meus quadris, e sua respiração batendo perto do
meu ouvido. Ele chegou ao meu redor e abriu a porta do
passageiro, com a intenção clara.

Não, não, não.

Eu já estava lutando contra ele antes que ele pudesse dizer


uma palavra. — Maddox.

— Você confia em mim? — Ele disse no meu ouvido.

— Não, eu não confio. — Minha garganta convulsionou, e


todos os músculos do meu corpo se transformaram em gelo.
Houve um rugido em meus ouvidos, e meu coração bateu tão
forte que parecia que estava prestes a sair do meu peito.

— Eu... não posso, — chiei. — Não me obrigue a fazer isso.

— Lila, você confia em mim? — O barítono de sua voz


reverberou através dos meus ossos, comandante e forte, me
aterrando e forçando a encarar a realidade. Minhas mãos
tremiam e comecei a suar, mesmo que o ar da primavera
estivesse frio contra a minha pele.

Engoli. — Não.

— Não minta, Lila. — Suas mãos se apertaram em meus


quadris. Meus pulmões ardiam e não conseguia respirar.

O pânico começou com um conjunto de faíscas no meu


abdômen. Minha pele coçou, ficando muito tensa ao redor da
minha carne. Meu próprio corpo estava me fazendo sufocar.
Peito arfante, respiração saindo em suspiros e lágrimas
ameaçando cair, desmoronei no chão. Maddox veio comigo, não
me deixando ir. Meu coração pulou de terror, de medo, e cada
respiração que puxava para dentro do meu corpo se tornava
dolorosa.

Por quê? Por que ele estava fazendo isso comigo? Por que,
Maddox?

Havia um furacão de emoções correndo dentro de mim,


ameaçando explodir. Eu não conseguia parar de tremer, minha
mente fazendo truques contínuos em mim.

— Respire. — Disse Maddox, sua voz quebrando através do


caos em minha cabeça.

— Eu... não consigo.

Respire, droga! Eu disse a mim mesma.


Apertei meu peito e ofeguei. Dez... nove... oito...

O mundo ao meu redor diminuiu a velocidade e se tornou


um borrão, meu sangue se transformou em gelo e meu corpo
estava... entorpecido. Houve uma batida violenta na parte de
trás da minha cabeça e as veias no meu pescoço palpitaram.

— Eu acredito em você. — Ele sussurrou.

Sete... seis... cinco... quatro...

— Respire, baby.

Três... dois... um.

Durante muito tempo, ficamos assim.

Minha cabeça pendeu para trás em seus ombros. — Isso é


divertido para você? Me ver assim...?

Seus lábios roçaram minha têmpora, suavemente. — Não.


Mas estou prestes a ajudá-la a enfrentar seu medo. Se vive
apenas uma vez, Lila.

— Eu... não posso fazer isso hoje. — Confessei.

Maddox sacudiu a cabeça. — Hoje não, nem amanhã...


Mas talvez na próxima semana. Nós vamos continuar tentando.

Meu queixo tremia e eu balancei a cabeça.


Eu tentei. Por cinco dias, tentei. Maddox me aproximou
com sucesso do seu carro. Todos os dias ele abria a porta do
passageiro e eu desmoronava no chão, tremendo e ofegando.

Dia após dia, lidei com o meu passado e passei pelo meu
medo até meu corpo ameaçar ceder.

No sexto dia, eu mal conseguia sair da casa dos meus


avós. Minhas pernas tremiam tanto que Maddox teve que me
ajudar a andar pelo caminho de cascalho até o seu carro.

Mais uma vez, meus joelhos enfraqueceram e caí para


frente.

Um soluço escapou dos meus lábios quando a ansiedade


esmagadora entrou no meu corpo mais uma vez.

— Sinto muito... — Eu engasguei.

Maddox esperou meu ataque de pânico recuar, sua


presença dominante e sua mão firme nas minhas costas. Ele
dominou meu pânico, me acalmando com um toque gentil.

Eu levantei minha cabeça do seu ombro, e seus intensos e


belos olhos travaram nos meus. O pânico passou por mim,
deixando meus olhos selvagens e meu rosto branco como um
fantasma, mas ele não me encarou como se eu fosse uma
perdedora patética.
Maddox esperou pacientemente. Porque ele acreditava em
mim.

Mordi o lábio enquanto tentava acalmar a respiração. Os


músculos do meu corpo protestaram, mas lutei para me manter
consciente.

— Coloque-me no carro, Maddox. — Tentei parecer firme,


mas minha voz saiu tão fraca quanto os gritos de um gatinho
recém-nascido.

Ele apertou os lábios, procurando nos meus olhos. Talvez


ele tenha visto a decisão neles, porque assentiu. Ficamos de pé
e lutei para permanecer assim. Desta vez, quando Maddox abriu
a porta do passageiro, entrei no carro com as pernas instáveis.
Caí no banco, meu coração batendo violentamente contra as
minhas costelas.

Ele colocou o cinto de segurança em volta de mim


enquanto me segurava no banco, os nós dos dedos brancos, os
dedos doendo com o quão firme eu estava segurando.

Ele pressionou o polegar sobre meus lábios carnudos, os


afastando dos meus dentes. — Confie em mim. — Maddox
murmurou.

Confiar nele? Eu confiava, total e verdadeiramente, com


todo o meu coração. Essa era a parte mais assustadora.

—Vamos fazer isso.


Ele sorriu. — Não, você está fazendo isso.

Maddox fechou a porta e eu o observei dar a volta no carro


até o banco do motorista. Ele entrou e respirei fundo. Suas
mãos estavam no volante, esperando.

— Faça, Maddox. — Eu confio em você.

— Antes de fazermos isso, preciso falar uma coisa, — ele


fez uma pausa. Eu levantei minha cabeça, esperando. — Essas
calças de ioga que você está vestindo deveriam ser ilegais,
Garcia.

Meus lábios se separaram, e uma risada repentina


borbulhou do meu peito.

— Maddox! — Eu ainda estava rindo quando ele deu


partida e, sem eu perceber, o carro começou a rolar para frente.

Meu sorriso escorregou do meu rosto e eu ofeguei.

— Oh, Deus. — Minha respiração gaguejou.

Naquela noite... as memórias...

Tudo me atingiu de uma só vez, e eu estava me afogando,


afundando... morrendo.

Eu não consigo respirar.

Maddox agarrou minha mão.


— Eu estou com você. — Sua voz profunda era suave, mas
poderosa, com um tom rico e sedoso. — Lila.

Meus olhos se fecharam e eu respirei pelo nariz.

Dez... nove... oito... sete... seis... cinco... quatro... três...

Dois... um.

Eu estava morrendo.

— Você não está morrendo. — Uma voz me disse.

A voz dele.

Maddox.

— Eu estou.

Mamãe... Papai... eu amo vocês. Eu amo muito vocês. Vocês


podem me ouvir? Eu sinto muito.

Uma mão quente cruzou a minha.

— Eu estou bem aqui. Você não está morrendo.

Tão quente, tão forte, tão familiar.

O vento frio roçou minha pele suada e superaquecida. —


Abra seus olhos, Lila.

Não.

— Confie em mim. — Disse ele.


A angústia torceu meu estômago. Pressionei uma mão
sobre o peito, tentando esfregar a dor. Meus olhos se abriram,
enquanto eu chiava através de cada respiração.

Minha janela estava aberta, a brisa escovava contra meus


cabelos. E... Oh, meu Deus.

— Bonito, não é? — Maddox falou.

Eu não conseguia piscar, não conseguia tirar os olhos do


céu rosa e laranja. O pôr do sol. Aparentemente, estávamos
dirigindo sobre uma colina, e eu reconheci que não era muito
longe da minha casa. Eu nunca soube que o pôr do sol poderia
ser tão bonito aqui em cima, desse jeito...

Eu não conseguia parar as lágrimas queimando meus


olhos e ameaçando derramar. Elas deslizaram pelas minhas
bochechas e eu sufoquei um grito.

— Maddox. — Eu respirei, minhas mãos tremendo de


medo e... outra coisa, eu não sabia. Talvez em alívio?

— Olhe para fora e sinta o vento, Lila. Eu estou com você.


Você está segura.

Eu aproximei minha cabeça da janela e senti a brisa. Mais


lágrimas caíram pelo meu rosto. Meu estômago revirou com
uma sensação de ansiedade. Pânico e medo percorreram
minhas veias.
Mas...

Eu estava dentro de um carro. Maddox estava dirigindo.


Eu estava viva.

Meus lábios tremeram com um sorriso. — Ei, Maddox?

— Se você está prestes a confessar seu amor eterno para


mim, eu vou lhe dizer para parar por aí, docinho. — Ele
murmurou.

— Ainda um idiota, eu vejo.

Maddox riu e meu estômago palpitou. Obrigada.

— Amigos? — Eu perguntei, mostrando a ele meu


mindinho, parecia algo tão bobo de se fazer, mas era algo nosso.

Ele sorriu e colocou o dedo no meu. — Amigos.

Maddox dirigiu por horas, até o pôr do sol desaparecer e as


estrelas surgirem no céu escuro. Ele finalmente parou o carro
em uma colina e ligou o rádio, que ironicamente tocava
“There’s No Way”, do Lauv. Ele pegou algo atrás de si no banco
de traseiro e me entregou um pequeno saco de papel marrom.

Eu espiei dentro e sorri. Um muffin de chocolate com


menta. Dei uma mordida, meus olhos foram para Maddox e
descobri que ele já estava olhando para mim.
Não precisava confessar meu amor eterno a Maddox. O
que tínhamos era um entendimento tácito com palavras não
ditas e um sentimento que não poderíamos explicar. O amor era
uma palavra simples demais para descrevê-lo, porque o amor
era preto e branco. Amar ou não amar, não havia realmente um
meio termo.

O que tínhamos... era um caleidoscópio de cores.


CAPÍTULO VINTE E CINCO

— Eu não gosto dele. — Rosnei, cruzando os braços sobre


o peito. Fiquei enraizado na frente da porta, como se de alguma
forma pudesse impedi-la de sair.

Lila revirou os olhos, se inclinou e tocou os dedos dos pés.


Ela se esticou e eu tive que desviar o olhar porque, caramba,
sua bunda estava bem naquele jeans.

Eu estava chateado com a minha própria reação e com


toda essa situação. E eu não sabia exatamente o porquê.

— Isto não é sobre você, — ela disse em uma voz cantante.


Um dia, gostaria que ela se sentisse intimidada por mim. Isso
tornaria toda essa amizade mais fácil, mas não. Lila Garcia era
animadamente mal-humorada, e constantemente batia cabeça
comigo. — Você não vai a este encontro com ele. Eu vou.

Sim, esse era exatamente o meu problema. Ela estava indo


a um encontro.
Com alguém. Amigo de Grayson. Um maldito encontro que
Riley marcou. Agora que ela tinha um namorado, estava
supondo que Lila também precisava de um homem em sua vida.

Bem, que pena, ela já tinha um homem. Eu.

— Eu não confio nele. — Eu disse novamente.

Lila me encarou, as mãos nos quadris. Ela estava usando


maquiagem, o que ela raramente usava. Jeans rasgados, botas
no tornozelo e uma blusa preta que deveria ser ilegal. Claro, Lila
não tinha peitos grandes, mas eles pareciam suculentos
naquela blusa. Suculento, pecador, proibido... e... foda-se, ela
até pintou as unhas. Ela estava linda. Para ele.

— Você nem o conhece. — Ela argumentou. Minha


mandíbula apertou e eu estava prestes a estourar uma veia.

— Ele poderia ser um assassino, pelo que sabemos! — Ele


poderia machucá-la...

E ele não era eu.

Os olhos de Lila se tornaram fendas, e ela levantou o


queixo, me dando aquele seu olhar arrogante. Ela realmente
dominou o olhar que dizia “você não é o meu chefe e eu posso
fazer o que eu quiser”.

— Eu o encontrei duas vezes, e ele é um cavalheiro,


Maddox. Pare com isso.
— Eu não gosto disso. Não gosto dele, — falei pela
centésima vez hoje à noite. — E se ele tocar em você, e você não
quiser que ele toque?

Tocá-la. Ele poderia tocá-la e beijá-la, porra...

Ela esfregou a testa, os olhos parecendo sombrios. Lila já


estava cansada da minha besteira. — Maddox, pare com isso.
Você não vai estragar este encontro para mim.

— Ele poderia... te machucar.

Um sorriso apareceu em seus lábios. — Daren não pode e


não vai me machucar.

Daren? Até o seu nome parecia idiota. Eu imaginei Lila


gemendo esse nome, e a vontade de esmurrar seu rosto, alguém
que nunca tinha conhecido antes, era forte.

— Você pode me dar uma garantia de que ele não vai


machucá-la? — Eu atirei em minha defesa. — Eu não vou
reclamar e deixarei que vá a esse encontro estúpido se você
puder me dar cem por cento de garantia.

Eu estava jogando sujo porque sabia que ela não podia.

Eu não sabia por que estava reagindo dessa maneira


quando Lila me disse que iria a esse encontro. Havia uma
sensação desconfortável no meu estômago e um peso estranho
no peito.
— Você está agindo como um namorado ciumento,
Maddox. — Ela avisou, seus lábios torcidos em desgosto. Suas
palavras foram atadas com um aviso.

Namorado... Ciumento?

Ciumento... eu? Ha.

— Estou agindo como um amigo preocupado. — Eu alterei.

Ela bufou, bastante antipática. Eu amava isso sobre Lila.


Ela não era falsa ao meu redor, e não estava competindo por
minha atenção. Lila não se moldou aos meus padrões.
Permaneceu fiel a si mesma, e dava, a quem ousasse apagar
seu fogo, o dedo do meio.

Lila fixou o delineador e olhou para mim através do


espelho. — Não, você está sendo criança. Uma criança petulante
e malcriada. Você foi a um encontro na semana passada e eu
não o parei. Isso me faz menos atenciosa?

— Eu não fui a um encontro. — Murmurei, lutando contra


uma careta. Ela não precisava conhecer os detalhes.

Os seus olhos endureceram. — Não, você está certo. Você


não namora. Você a fodeu.

Esfreguei minha testa e suspirei. Isso não estava nos


levando a lugar algum, e eu estava ficando cada vez mais
agitado com o passar dos segundos. O idiota estava prestes a
aparecer a qualquer momento, e Lila estaria a caminho... Para
seu encontro...

Com ciúmes?

Não, não era isso.

Meu relacionamento com Lila era claro: não havia


sentimentos ocultos nem segredos. Nós nos importávamos
profundamente um com o outro, mas era isso. O simples
pensamento de sermos algo mais era uma ideia proibida, e meu
estômago revirou.

Prefiro ter Lila assim, a correr o risco de perdê-la mais


tarde porque nossos sentimentos foderam com tudo. Não havia
como voltar atrás se cruzássemos essa linha.

— Ele vai machucá-la. — Eu disse uma última vez,


esperando que isso a fizesse mudar de opinião.

Era apenas a ideia dela estar com outro cara, tão próxima
quanto era comigo, que não se encaixava bem para mim. Eu
não estava com ciúmes.

Eu estava apenas um pouco territorial com a minha


melhor amiga.

Lila olhou para mim por um momento, a expressão em seu


rosto ilegível. O seu olhar era incansável, e seu pequeno punho
apertou ao seu lado. Parecia que ela estava tendo um debate
interno consigo mesma.

Ela engoliu, sua garganta balançando com a pequena


ação. Então ela fez algo muito inesperado, do qual com certeza
eu não estava pronto para isso. De modo nenhum.

Meus olhos se arregalaram quando Lila arrastou a blusa


por cima da cabeça, a deixando deslizar pelos dedos. Ela ficou à
minha frente de calça jeans, botas e sutiã. Lila não era tímida,
nunca foi. Na verdade, ela poderia ser tão grosseira quanto eu,
se quisesse, e na maioria dos dias, ela era. Ela sempre era
ousada e confiante.

O olhar determinado em seu rosto deveria ter me avisado,


mas eu estava muito focado em seu... peito.

Inalei e meu pau estremeceu, pressionando contra o meu


jeans. Merda.

— Que porra é essa?

— O que você vê? — Ela perguntou calmamente.

Eu vejo... peitos. Peitos que eu poderia foder.

— O que você está fazendo? — Eu gemi. — Lila?

Ela deu vários passos até ficarmos frente a frente. Lila era
minha anãzinha, tão pequena que o topo de sua cabeça mal
chegava aos meus ombros. Ela tinha que levantar a cabeça para
trás para me encarar, porque eu basicamente me elevava sobre
ela.

Seu olhar era sombrio enquanto ela esperava. — Maddox,


olhe para mim.

Meus punhos cerraram e soltaram. Eu mantive meus


olhos nos dela, me recusando a deixar meu olhar vagar... para
baixo. Eu provavelmente gozaria nas calças se o fizesse. — Eu
estou.

— Não, você não está. Olhe para mim. Olhe mais de perto.
— Ela persistiu na mesma voz suave.

Eu fiz... e finalmente vi o que ela queria que eu visse.

— Você vê agora? — Ela respirou.

Meu coração disparou e perdi o fôlego enquanto meu


estômago se apertava. Meus olhos caíram em seu peito, onde
seus seios estavam vestidos em um sutiã preto de renda.

E eu vi...

Linhas irregulares rosa e branca... Cicatrizes... em sua


linda pele pálida. Bem no centro do peito e entre os dois montes
pesados.

— Não. — Eu engasguei. Jesus Cristo, doce Lila.


Antes que eu pudesse me parar, minha mão levantou
como se quisesse tocá-la. Quando percebi o que estava prestes
a fazer, parei a centímetros de sua pele.

Lila pegou minha mão na sua e a colocou no peito, bem no


meio, onde suas cicatrizes estavam. Ela soltou um suspiro
trêmulo no momento em que a toquei. Seu coração bateu forte
contra a minha palma.

— Isso é...? — Não consegui terminar minha frase.

Lila assentiu. — Do acidente.

Meus dedos trêmulos roçaram suas cicatrizes, sentindo a


leve protuberância em sua pele, enquanto o resto dela era macio
e suave.

— É feio. — Ela sussurrou, tentando esconder uma careta,


mas seu rosto disse tudo.

— Você é linda. — Confessei, minha voz tensa. E ela


realmente era.

Lila passou pelo inferno e voltou. Essa era a parte mais


bonita dela; ela era uma mulher que usava sua dor como uma
gargantilha de diamantes no pescoço. Forte, inflexível... uma
sobrevivente. Lila Garcia endireitava sua própria coroa torta
porque não precisava de mais ninguém para fazer isso por ela.

Lila me deixou entrar, não porque ela precisava de mim.


Era porque ela me queria como amigo, companheiro e
parceiro.

Ela me deu um sorriso agridoce. — Daren não pode me


machucar, porque eu já estou machucada. Ele não pode partir
meu coração porque já está quebrado. Você entende agora?

Eu assenti. Lila exalou aliviada.

Eu me aproximei, nossos corpos pressionando um contra o


outro. O meu, totalmente vestido. Lila, com metade das roupas.
Sua pele estava quente sob o meu toque. Ela me olhou através
de seus cílios grossos com um olhar que parecia significar
alguma coisa... Mas eu não conseguia entender o que ela estava
tentando transmitir.

Ela respirou. Eu respirei.

O mundo parou e as cores desapareceram, nos deixando


em um estado de preto e branco.

Lila estremeceu, um tremor silencioso percorrendo seu


corpo. Não era do frio, porque o seu quarto estava quente e eu
estava suando. Seu olhar caiu nos meus lábios antes que eles
vacilassem, e ela olhou para os meus olhos novamente.

Minha cabeça desceu em direção à dela e meus lábios


roçaram sua testa, um simples beijo. Lila respirou fundo e
fechou os olhos.
Eu nunca tinha dado um beijo na testa de uma garota
antes. Essa merda foi brega ‘pra’ caralho, mas veio natural com
ela. Não era como se eu pudesse beijar seus... lábios. Lábios
que pareciam tão macios, tão beijáveis.

Ela me daria um soco na cara se eu tentasse.

Então, nos estabelecemos com um beijo na testa. Isso era


seguro e amigável.

— Lila?

— Hmm?

— Você é um belo dragão. — Eu disse.

Seus ombros tremeram e uma pequena risada escapou de


seus lábios.

— Dragão, hein?

— Dragão. — Eu concordei. — Daren deveria se preocupar,


porque você provavelmente o comerá no jantar, se ele
acidentalmente pisar em seu rabo.

Fechei os olhos e respirei seu perfume. Ela cheirava a


pêssego do xampu e loção para o corpo que usava. Lila se
afastou lentamente e eu a deixei ir. Ela pegou sua blusa, e uma
vez que estava vestida de novo, verificou o telefone. — Ele disse
que está a caminho do restaurante.
— Posso acompanhar? — Eu perguntei, apenas brincando.
Na verdade, eu estava falando sério. Lila não achou divertido.

— Não, Maddox. — Disse ela. Havia uma nota de


exasperação em sua voz.

Ela passou por mim e saiu pela porta; eu a observei ir com


uma sensação de afundamento no estômago.

Eu considerei segui-la até o restaurante e manter um olho


sobre eles, apenas no caso do idiota tentar fazer qualquer
merda a minha amiga. Mas Lila nunca me perdoaria, e prefiro
ficar do seu lado bom. Ela conseguia ser brutal e tinha garras
afiadas.

Eu nunca pensei em mim como uma pessoa possessiva...


mas aparentemente eu era.

Da nossa amizade.

Bem, porra.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Eu assisti vovô soltar uma risada de algo que Maddox


disse. Vovô disse algo mais que Maddox sacudiu a cabeça e
sorriu. Claro, Maddox trabalhava para meus avós, mas apenas
vovó o recebia de braços abertos. Meu avô estava um pouco
apreensivo; ele sempre esteve com qualquer garoto pendurado
ao meu redor.

Ele disse que não confiava neles e estava certo.

Mas Maddox e eu éramos amigos há meses, e vovô


lentamente começava a se acostumar com ele. De fato, se eu
não estivesse enganada, eles estavam no mesmo time agora.

Projeto: Não deixe Lila namorar e a proteja a todo custo.

Levou apenas duas semanas para eu perceber que meu


melhor amigo estava certo sobre Daren. Dickass34-ren, como
Maddox gostava de chamá-lo, era de fato um imbecil que só
estava interessado em dormir comigo.

34 Dickass significa “idiota”.


Vovô era um homem difícil de conquistar, mas não fiquei
surpresa que Maddox havia conseguido. Ele era... genuíno, e até
vovô podia ver isso. Fiquei feliz por os dois homens da minha
vida finalmente estarem se dando bem, o suficiente para
compartilhar uma cerveja e assistir a um jogo de futebol juntos
enquanto discutiam esportes.

Ah, você sabe. Um habitual domingo à noite.

Maddox passou o dia conosco. Vovó até o arrastou para a


igreja, e ele foi sem reclamar. Eu nunca imaginei Maddox como
alguém religioso, e nem eu era, mas eu a satisfazia todos os
domingos e deixava que ela me arrastasse para a igreja. Claro,
eu acreditava em Deus, mas se Ele realmente me amasse, meus
pais ainda estariam vivos. Então, sim, Deus e eu não
compartilhávamos um relacionamento amigável.

Almoçamos juntos e depois fomos ao supermercado para o


dia do inventário. Depois que fechamos a noite, vovô convidou
Maddox para jantar e assistir futebol. Se eu tivesse que
adivinhar, ele estava sentindo-se um pouco sozinho, sentindo
falta de um amigo para conversar e estava fazendo uma trégua
com Maddox.

— Eu acho que eles são melhores amigos agora.

Minhas sobrancelhas se levantaram, virando-se para vovó


quando ela me ajudou a arrumar a louça. — Eles são?
— Seu avô não ri assim com ninguém. — Ela sorriu,
olhando de volta para eles. — Confie em mim, eu o conheço há
muito tempo e estou casada com ele há décadas.

Bem, sim, era Maddox, afinal. Ele poderia facilmente


conquistar alguém. Esse era meu melhor amigo, senhoras e
senhores.

Os homens gritaram da sala de estar, e eu estava


imaginando que provavelmente era ponto para o time deles. Eu
sorri, assistindo os dois homens mais importantes da minha
vida finalmente se unindo. Talvez se meu pai estivesse aqui
também...

Meu peito doeu e esfreguei o local, tentando aliviar a dor.


Alguns dias, a pele ao redor das minhas cicatrizes coçava e a
própria cicatriz doía, como se eu estivesse derramando
querosene na pele já queimada. O médico disse que estava tudo
em minha cabeça. A dor não era mais física, mas meu cérebro e
corpo estavam acostumados, e às vezes, eles gostavam de me
lembrar da dor.

Pensei no dia em que mostrei minhas cicatrizes a Maddox.


Foi há semanas, embora parecesse como se tivesse sido ontem,
a memória ainda fresca na cabeça e minha pele ainda
queimando por seu toque.

Maddox passou os dedos sobre as marcas deixadas no


meu corpo, tocando meu passado, se demorando nas linhas
irregulares e feias, traçando as marcas da minha alma e as
bordas ásperas do meu coração.

Ele não fugiu, não como Leo depois de tirar minha


virgindade. Não vi o olhar de nojo ou repulsa em seu rosto.
Maddox não vacilou.

Ele ficou e me chamou de dragão. Essa era a maneira de


Maddox me dizer o que eu precisava saber.

E quando a sua cabeça desceu na minha, pensei que ele


iria estragar tudo me beijando naquela noite. Por um breve
momento, talvez eu quisesse que ele fizesse, mas depois, senti
uma imensa onda de alívio quando ele não o fez.

Meu telefone tocou com uma mensagem, me tirando dos


meus pensamentos. Era da Riley.

Pergunta rápida. Isso me faz parecer vadia?

Ela usava um vestido preto apertado, um que se moldava a


todas às curvas do seu corpo. Seus peitos estavam
praticamente saindo, e ela usava batom vermelho. Seus cachos
loiros estavam soltos sobre seus ombros, no estilo Marilyn
Monroe, desde que os cortou na semana passada. Riley estava
fazendo beicinho na foto.

Vadia e fofa. Ele vai ficar abalado.

Respondi de volta.
Se ele não me foder hoje à noite, eu vou chutar seu
pau.

Eu engasguei com meu riso e disfarcei com uma tosse


falsa antes que vovó pudesse me perguntar do que eu estava
rindo. A pobre Riley estava privada de pau, ou, nas palavras de
Riley, estava carente de pau. Grayson estava sendo um
cavalheiro completo e cortejava Riley, palavras dele, porque ela
não merecia nada menos.

Eu concordava, mas, aparentemente, ele estava retendo o


sexo porque achava que Riley ainda não estava pronta depois do
furacão com Jasper. Eles estavam fazendo todo o resto, exceto
sexo. Riley disse que eles estavam na terceira base. Ela me
poupou dos detalhes explícitos, exceto que mencionou como
Grayson era bom com a língua e ela foi aos céus. Sortuda.

Eles estavam namorando há um tempo agora, e Riley...


bem, ela estava profundamente e irrevogavelmente apaixonada
por Grayson. Eu não duvidava dos sentimentos de Grayson por
ela, porque era evidente na maneira como seus olhos a seguiam
a cada movimento, na maneira como seu olhar a procurava em
um lugar lotado e como ele sempre tinha um braço possessivo
em torno de seus quadris. Claro, ele era gentil, mas era óbvio
que estava tentando amenizar seus instintos territoriais.
Qualquer um podia ver isso.
Especialmente depois que toda a testosterona voou pela
sala no fim de semana passado na festa do Colton. Aquilo foi...
intenso, para dizer o mínimo. Os dois queriam Riley. Riley já
havia feito sua escolha, mas Colton estava tendo problemas
para aceitar isso.

Você deveria amarrá-lo à sua cama e sentar nele.


Problema resolvido.

Eu estava apenas brincando quando enviei o texto, mas


então... aparentemente, Riley não entendeu a piada.

Puta merda. Essa é a melhor ideia.

Eu rapidamente digitei de volta uma mensagem.

Espera! Eu não estava falando sério.

Meu telefone tocou com uma mensagem um minuto


depois.

Eu estava. Obrigada, querida! (;

Oh Deus. Grayson não tinha ideia do que estava prestes a


enfrentar.

— É a Riley? — Vovó perguntou. — Diga que estou triste


por ela não ter vindo para um brunch35 hoje.

35 É uma refeição de origem britânica que combina o café da manhã (breakfast) com o almoço (lunch).
Eu assenti, combatendo uma risadinha. Desculpe, vovó.
Riley estava um pouco ocupada agora. Ocupada convencendo o
namorado de que ela estava pronta para ser fodida.

Ao guardar o último prato, meus olhos encontraram


Maddox. Ele estava intensamente focado no jogo de futebol, um
sorriso satisfeito nos lábios. O recuo em sua bochecha
esquerda, uma pequena covinha, chamou minha atenção
quando ele soltou uma risada de algo que vovô disse.

Ele parecia... em casa com minha família. Como se ele


pertencesse aqui, conosco, não na fria e estéril mansão Coulter,
sozinho com seus pensamentos sombrios.

— Lila, — disse vovó suavemente. Eu olhei para ela e seus


olhos estavam vidrados enquanto ela observava vovô e Maddox
também. — Ele faz um bom trabalho em esconder isso, mas
esse garoto precisa de uma família; ele precisa de amor. Ele é
jovem demais para segurar tanta dor nos olhos.

Ela me deu um tapinha no braço e se afastou para se


juntar a eles na sala, me deixando sozinha com meus
pensamentos.

Ele tinha a mim.

Alguns dias, eu me perguntava se apenas amigos seria


suficiente para nós. Nós nos colocamos na zona de amizade;
bem, basicamente, eu o coloquei, mas ele acabou indo junto
com isso, o que significa que eu tentei namorar outros caras e
ele ainda fodia por aí com algumas garotas, mas nunca durava
mais de quatro dias. A última faz apenas três dias; ele a
dispensou porque ela me chamou de cadela por acidentalmente
empatar a foda deles.

Isso só me fez revirar os olhos, mas nunca tinha visto


Maddox largar uma garota tão rápido. Ele estava chateado,
embora dizer isso fosse um eufemismo.

Naquela noite, quando mostrei as minhas cicatrizes,


tivemos um momento. Maddox e eu nos olhamos um pouco
demais para ser apenas amigos. Esse contato visual foi mais
íntimo do que qualquer palavra ou toque jamais seria. Havia
algo não dito entre nós, e naquele momento, eu quase pensei
que ele fosse... me beijar. Foram sinais mistos e meu próprio
pensamento exagerado.

Ele não me beijou.

Eu estava ao mesmo tempo aliviada e... decepcionada.


Embora agora que pensei sobre isso, era melhor dessa maneira.
Apenas amigos. Ele era seguro e familiar. Ser qualquer coisa a
mais arruinaria o que tínhamos, e eu não estava pronta para
isso.

Nossos olhos se encontraram quando entrei na sala e me


juntei a ele no sofá. Dobrando minhas pernas debaixo de mim,
eu me inclinei contra o lado dele e tomei meu chá. Maddox
casualmente passou o braço atrás dos meus ombros,
provavelmente fazendo isso sem perceber. Seus dedos bateram
contra meu bíceps enquanto ele continuava assistindo ao jogo.

Quando o jogo de futebol terminou, meus avós se


retiraram para o andar de cima pelo resto da noite. Maddox
colocou na Netflix e decidimos assistir Anabelle. Maddox
adorava filmes de terror; eu odiava.

— Eu vou mantê-la segura. — Ele sorriu, com um brilho


travesso nos olhos.

Coloquei um pequeno pretzel na boca, da tigela de batatas


fritas. — Na verdade, acho que você vai usar isso como
vantagem para me assustar, não é?

Maddox me deu um encolher de ombros, mas apertou os


lábios para evitar sorrir. Babaca.

No meio do filme, percebi que Maddox estava me


entregando os pretzels e os ringolos36 porque esses eram meus
favoritos, enquanto ele comia as outras batatas fritas.

Sim, eram as pequenas coisas. Eu precisava do meu


parceiro no crime. Eu não precisava de Maddox como um
amante. Amigos eram melhores que um namorado, certo? Muito
drama vinha com um relacionamento. O que quer que Maddox e
eu tivéssemos, estava a salvo de qualquer drama desnecessário.

36 Salgadinho sabor churrasco crocante em formato de anéis. Tipo os nossos Elma Chips.
Meus olhos se fecharam enquanto eu lutava para ficar
acordada. Antes de perder a consciência, senti seus lábios
roçando minha testa.

— Bons sonhos, Lila.

Apenas amigos, lembrei a mim mesma.


CAPÍTULO VINTE E SETE

Eu fiquei no palco, a luz nos meus olhos me cegando por


um momento, antes de piscar para afastar o borrão. Meu olhar
encontrou Maddox na multidão. Ele estava vestido com seu
traje de formatura, um sorriso preguiçoso nos lábios. Ele
piscou, o que ajudou com meus nervos.

Nós estávamos nos formando hoje.

Fizemos isso, porra! Como diria Maddox.

Apertei a mão do diretor quando ele me entregou meu


diploma. Minhas mãos tremiam e sorri quando as fotos foram
tiradas. Desci do palco, meu estômago revirando e me sentindo
mais do que emocionada. Eu estava empolgada, mas também
odiava ter a atenção de todos em mim.

Esse era o meu sonho, tudo pelo que eu havia trabalhado


nos últimos anos.

Lembrei-me do dia em que recebi um envelope branco...


um envelope que continha o destino do meu futuro.
— Eu não sei... Quero dizer... e se... poderia ser uma... carta
de rejeição, — eu gaguejei, meu coração galopando um quilômetro
por hora. — Eles enviam... cartas de rejeição?

— Você está pirando, Lila. Acalme-se. — Maddox disse em


sua voz suave.

— Acalmar-me? — Eu gritei. — Isso, — acenei com o


envelope em seu rosto. — É tudo o que sempre quis, e se não for
o que eu acho que é?

Ele levantou as mãos em falsa rendição e me joguei de volta


na minha cama. Meu corpo inteiro estava tremendo. — Não
consigo abrir, Maddox.

— Lila... — Ele começou.

— Não, eu não posso. — Meu estômago torceu com náusea.


Eu acho que vou ficar doente.

— Lila, eu não acho que eles enviam cartas de rejeição. —


Maddox passou a mão pelo rosto e pude perceber que ele estava
lutando com um sorriso. Que idiota. Ele estava rindo, enquanto
eu surtava. Eu estava um pouco chateada.

— Que tal eu abrir? — Ele sugeriu.

Eu pulei da cama como um boneco de mola. — Sim! Abra


você!
Empurrando o envelope em sua mão, eu andei pelo meu
quarto. O suor escorria pela minha testa e eu a limpei.

Maddox rasgou o envelope e meu estômago revirou com


mais força. Oh Deus, eu realmente estava prestes a vomitar.

Meus olhos se fecharam e eu me lembrei de respirar. O som


dele abrindo o envelope encheu o quarto.

Meu coração bateu forte e eu respirei... exalei...

— Abra os olhos. — Disse ele, sua voz soando mais perto de


mim. Ele estava bem à minha frente porque senti o calor vindo
dele. A proximidade dele ajudou... a me acalmar.

Eu apertei meus olhos mais forte.

— Olhos em mim, Lila, — Maddox exigiu com mais força,


sua voz profunda e grossa. — Agora.

Desamparada contra o seu comando, meus olhos se


abriram e eu olhei em lágrimas para ele.

Ele estava... sorrindo.

Meus joelhos enfraqueceram e agarrei seu braço para ficar


de pé.

— Parabéns, Lila Garcia.


A respiração que eu estava segurando estremeceu dentro de
mim. Maddox acenou a carta para mim. — Você está prestes a ir
para Harvard.

Um grito alto me deixou, pegando Maddox de surpresa. Eu


me joguei em seus braços, incapaz de conter minha emoção. Ele
me levantou e envolvi minhas pernas em volta da cintura dele,
rindo. — Eu entrei!

Seus braços vieram ao meu redor, uma mão nas minhas


costas e uma mão firmemente plantada na minha bunda
enquanto eu me agarrava a ele.

— Você conseguiu. — Ele murmurou no meu cabelo, com


tanto orgulho em sua voz que meu coração quase explodiu no
meu peito.

Eu respirei seu perfume almiscarado antes de puxar meu


rosto para longe de seu pescoço. Nossos rostos estavam a meros
centímetros de distância um do outro. O proeminente pomo de
Adão balançou na garganta enquanto ele engolia. Maddox
cutucou meu nariz com o dele, e seu hálito mentolado penetrava
nos meus lábios.

— Você conseguiu. — Ele disse novamente.

— Obrigada. Por abrir essa carta, por não sair do meu lado,
por me abraçar, por me forçar a enfrentar meus medos... e por ser
meu amigo.
Maddox me abraçou de volta. — De nada.

Soltei minhas pernas da cintura dele, e ele me colocou de pé


novamente.

— Você precisa contar aos seus avós.

Lambi meus lábios secos e assenti.

Harvard, aqui vou eu.

Recebi minha carta de aceitação dois meses atrás, um


pouco mais tarde do que o habitual, mas quando encontrei o
envelope em nossa caixa postal, meu coração caiu e a primeira
coisa que fiz foi ligar para Maddox. Não entendi por que fiz isso,
mas sabia que precisava dele comigo.

Ele estava na minha casa em menos de dez minutos, sem


fôlego e sorrindo.

Maddox nunca saiu do meu lado quando eu surtei, e ele


não saiu quando eu dei a notícia aos meus avós também.
Significava muito para mim, que ele ficasse ao meu lado. Eu
nunca esperei que passássemos de inimigos para amigos... Para
melhores amigos.

O resto da cerimônia de formatura foi um borrão. Logo,


estávamos do lado de fora, sob o céu azul, com o sol brilhando
sobre nós.
Grayson tinha Riley nos braços, e eles estavam rindo e se
beijando. Cada aluno estava cercado por sua família. Meu olhar
permaneceu na multidão, procurando pelos pais de Maddox.

Por favor, estejam aqui, por favor, estejam aqui. Não o


machuque mais.

Eles não estavam em nenhum lugar.

Eu fervi, raiva queimando em minhas veias e entranhas.

Como eles ousavam? Eles deveriam estar orgulhosos de ter


um filho como Maddox.

Sim, ele era um causador de problemas, um total


desajustado.

Mas, maldição, ele era doce e seu coração era puro. Ele
trabalhou duro para se formar com honras. Uma e outra vez, ele
provou ao mundo que não era apenas um garoto rico e mimado.

Minhas mãos apertaram ao meu lado, e eu rosnei. Foda-


se, foda-se eles!

Eles não mereciam compartilhar esse dia com Maddox.

Houve um toque no meu ombro e me virei, ficando cara a


cara com Maddox. Ele estava ereto, com os ombros retos, e eu
tinha que admitir, ele parecia sexy no chapéu e roupa de
formatura azul marinho da Berkshire.
Seus lábios se curvaram em um sorriso fácil, e eu procurei
seus olhos, procurando a decepção que esperava ver. Mas não
estava lá.

Foi então que percebi que ele não esperava mais nada de
seus pais. Eles eram estranhos para ele, não uma família.
Porque eles nunca estiveram aqui por Maddox nos dias mais
importantes de sua vida: seus jogos de futebol, seus
aniversários, sua formatura.

— O que há com aquele rosnado de gatinho, docinho?


Alguém pisou em seu rabo? — Ele brincou.

Eu golpeei seu braço. — Cuidado, Coulter.

— Você não me assusta, Garcia.

— Vou te morder.

— Morda-me então. — Ele desafiou.

Eu bati meus dentes nele, e ele jogou a cabeça para trás,


rindo. Minha raiva pelos pais dele derreteu com o riso de
Maddox. Recusei-me a mencionar o assunto de seus pais que
não compareceram à cerimônia de formatura. Ele estava feliz,
aqui e agora, e isso era tudo o que importava.

Cruzei os braços sobre o peito, fazendo beicinho.


Sua risada morreu, mas ele ainda estava sorrindo. Maddox
enfiou a mão no bolso e tirou uma caixa verde azulada da
Tiffany. O quê...?

Meus lábios se separaram de surpresa quando ele abriu a


pequena caixa.

De jeito nenhum!

Choque percorreu meu corpo. — Maddox... — Eu respirei,


balançando a cabeça. Meu chapéu deslizou para baixo e o
coloquei no topo da minha cabeça, ainda encarando a caixa que
ele estava segurando.

Era um colar, requintado, mas simples, com apenas um


pingente de prata esterlina.

— Um apanhador dos sonhos. — Sussurrei, meus dedos


roçando a intrincada peça central floral com membranas, e as
delicadas penas presas ao centro redondo.

— Agora, temos apanhadores de sonhos correspondentes.

Eu soltei uma risada com isso. A memória de alguns


meses atrás brilhou em minha mente.

— O que é isso? — Maddox perguntou, dando ao objeto em


minha mão um olhar estranho. Ele não parecia impressionado.
— Um apanhador de sonhos, bobo. — Entreguei, e ele
parecia ainda mais confuso.

— Por que você está me dando um apanhador de sonhos?

Percebi que Maddox às vezes tinha pesadelos.

Adormecemos juntos no sofá dele noite passada, enquanto


estudávamos, e ele acordou de um pesadelo. Ele não falou sobre
isso, mas o olhar sombrio em seus olhos partiu meu coração. Ele
não conseguiu voltar a dormir e acabou indo para a academia
aberta 24 horas.

Talvez fosse o destino ou apenas pura coincidência, mas


enquanto eu estava navegando pelo Instagram, encontrei um
anúncio para os apanhadores de sonhos.

Claro, era uma coisa boba para dar a ele, mas eu lembrei
do apanhador de sonhos que minha mãe costumava pendurar em
minha cabeceira quando eu era criança. Ela disse que manteria
todos os meus pesadelos e monstros longe.

Eu realmente não pensei muito nisso quando pedi. É


verdade que Maddox e eu éramos velhos demais para acreditar
nisso, e ele era obviamente muito macho para algo tão infantil,
mas talvez...

Droga.
Eu nem sabia por que peguei esse apanhador de sonhos e
agora estava me questionando. O primeiro presente que dei a
Maddox foi um apanhador de sonhos. Oh, que história para
contar ao mundo e aos nossos amigos.

As sobrancelhas dele se ergueram. — Você realmente


espera que eu pendure isso na minha cama?

Não era a resposta que eu esperava. Meus ombros caíram e


eu mordi meus lábios, a sensação de decepção amarga roendo
meu estômago. Eu pensei que talvez ele fosse um pouco mais...
agradecido?

Levantei-me e olhei para ele, mãos nos quadris. Foda-se ele.


— Olha, se você não quiser, pode jogá-lo fora. De qualquer
maneira, foi barato, então não me importo.

Maddox não disse uma palavra. Ele apenas voltou a olhar


para o apanhador de sonhos como se fosse a coisa mais
estranha que ele já tinha visto.

Eu pensei que ele havia jogado fora, como eu disse para ele
fazer.

Exceto que, no dia seguinte, quando entrei no seu quarto...


lá estava.

O apanhador de sonhos bobo que comprei, pendurado na


cabeceira da cama. Parecia tão fora de lugar em seu quarto, mas
Maddox o manteve, perto dele, bem ao seu lado, enquanto
dormia.

Nunca mais falamos sobre isso, mas toda vez que eu


entrava no seu quarto, essa era a primeira coisa que meus olhos
notavam, e sempre estava lá.

E meses depois, Maddox ainda o tinha. Foi o meu primeiro


presente para ele.

O apanhador de sonhos que ele não queria, mas nunca


jogou fora. Passei meus cabelos cacheados por cima dos ombros
e olhei para Maddox. — Você pode colocar em mim?

Ele tirou o colar de prata da caixa e minha garganta ficou


seca quando suas mãos deslizaram pela parte de trás do meu
pescoço. Ele estava tão perto, se aglomerando no meu espaço,
mas não pude reclamar. O calor de seu corpo me fez
estremecer, e seus dedos estavam quentes contra a minha
pele... um toque provocador, tão leve que eu quase não senti.

Maddox colocou o colar em volta do meu pescoço e o


pingente de apanhador de sonhos estava na base da minha
garganta, onde ele pertencia.

— Lindo. — Ele murmurou, sua respiração acariciando a


ponta do lóbulo da minha orelha. Isso me deixou ardente e sem
fôlego, embora estivéssemos perto muitas vezes: nos
abraçávamos, dormíamos na mesma cama, e Maddox me dava
cavalinho. Estávamos sempre nos tocando, de um jeito ou de
outro, mas alguns dias... parecia mais do que apenas um toque
amigável. Como hoje.

Meus olhos se fecharam quando seu polegar roçou a veia


pulsante no meu pescoço. Seu toque permaneceu lá, sentindo
meu coração bater em minha garganta.

— O colar ou eu? — Eu perguntei, meus olhos ainda


fechados. Por que... eu acabei de perguntar isso?

— Você. — Ele disse. — Sempre você. — Sua voz era suave


e quente, me deixando sentindo coisas que eu não conseguia
explicar, não conseguia colocar em palavras.

Inclinei-me para ele, minhas mãos pousando em seu peito.


A batida dura do seu coração fez meus olhos se abrirem. O
olhar de Maddox piscou nos meus lábios. Suas mãos caíram na
curva dos meus ombros, deslizando pelos meus braços, e seus
dedos se curvaram em volta dos meus quadris.

Um único batimento cardíaco passou entre nós.

Eu me afastei, quebrando o momento. Maddox piscou


antes de soltar um suspiro trêmulo. Minha pele ainda queimava
onde ele havia me tocado, e eu odiava o frio que senti de repente
ao me afastar dele.
Maddox também deu um passo para trás, nos afastando
um do outro. Ele passou os dedos pelos cabelos, que mantinha
curto desde a primeira vez que o chamei de Poodle. Ele pensou
que isso iria me fazer parar de chamá-lo assim, desse nome
estúpido de estimação, se seu cabelo não fosse mais longo e
encaracolado como antes.

Ha, ele pensou errado.

Uma vez um poodle, para sempre um poodle.

— As fotos! — Vovó disse. Ela acenou para Riley, que


apareceu com Grayson.

— Todo mundo perto. — Exigiu vovô, enquanto segurava


uma câmera na mão.

Colton e os meninos, Brayden, Cole e Knox, todos que


eram companheiros de equipe de Maddox e amigos íntimos, nos
cercaram. Riley estava ao meu lado, com Grayson ao seu lado,
enquanto eu estava ao lado de Maddox. Formamos um
semicírculo e vovó estava sorrindo de orelha a orelha.

— Digam xis!

— Xis! — Gritamos e o obturador da câmera clicou.


Imagem perfeita.

No momento em que nosso círculo se separou, estávamos


cercados pelos outros estudantes da Berkshire. Perdi Maddox
na multidão, todas as garotas disputando sua atenção uma
última vez. Elas provavelmente estavam esperando que ele
levasse uma delas para casa para uma festa de formatura.
Colton e os meninos também tinham o seu pequeno harém.

Encontrei Grayson e Riley de mãos dadas, enquanto eles


estavam embaixo de uma árvore, observando à distância.
Grayson parecia um pouco aliviado de que a atenção de Colton
não estivesse mais em sua namorada.

Riley estava convencida de que Colton não tinha nenhum


sentimento por ela. Ela estava em negação ou estava realmente
cega à tensão entre Grayson e Colton, que era extremamente
palpável.

Vovó veio para o meu lado, afastando meu foco dos


pombinhos, enquanto ela me abraçava, me surpreendendo por
sua força. — Estou tão orgulhosa de você, Lila. Seus pais
também estariam.

Eu pisquei de volta as lágrimas por suas palavras. — É


estranho que eu sinta que eles estiveram comigo durante a
cerimônia? Como se estivessem ali, me observando?

— Não querida. Não é estranho, porque eu sei que eles


estão cuidando de você.

Vovô esfregou minhas costas. — Você cresceu e se tornou


uma moça tão bonita e inteligente.
— Vou sentir falta de vocês dois quando for para Harvard.
— Confessei, sufocando minhas lágrimas. Meu coração estava
pesado no peito quando percebi que só restavam algumas
semanas com meus avós antes de me mudar para um estado
completamente diferente.

Vovó segurou minhas bochechas, sorrindo. — Você terá


Maddox e Riley por perto.

No final, Riley, Maddox, Colton e eu estávamos indo para


Harvard. Cole foi aceito em Yale e era para lá que ele estava
indo. Os outros meninos estavam partindo para Princeton ou
Dartmouth.

Eu ri, concordando. — Sim, mas eles não são vocês.

Até vovô parecia abatido, afinal, eu era sua garotinha... A


que ele criou e sua única neta. Ele raramente era emocional,
mas momentos como esse me lembravam o quanto ele amava a
mim e a vovó. Ele deu um beijo casto na minha testa. — Você
vai ficar bem! — Disse ele com forte convicção.

Horas depois, me vi no carro de Maddox. Nós não


estávamos mais de chapéu e roupa de formatura, em vez disso,
Maddox usava uma camisa branca abotoada, calça preta e
gravata preta. Ele estava... em outras palavras,
pecaminosamente sexy, mas eu não estava prestes a dizer isso a
ele. Ele arregaçou as mangas até os cotovelos e soltou os
braços, as mãos no volante.
— Para onde, docinho? — Ele perguntou, me dando um
meio sorriso. Havia luz em seus olhos azuis, e brilhava com
brincadeiras provocadoras. — O mundo é nosso. Vamos causar
alguns problemas.

Meus lábios se curvaram para cima. — Você tem uma má


reputação, Coulter. Pare de tentar me corromper. Eu sou uma
boa garota.

Maddox não dava a mínima para sua má reputação. De


fato, ele adorava ser uma má influência. Um rebelde e um
causador de problemas.

— Boas meninas fazem coisas ruins às vezes, — Ele falou


demoradamente. — Somos eu e você, Garcia.

— Eu e você? — Eu respirei.

Maddox e eu contra o mundo inteiro. Parceiros no crime e


melhores amigos.

— Eu e você. — Ele concordou, ligando o carro. — Então,


para onde?

Eu levantei uma sobrancelha, sorrindo, porque havia


apenas uma resposta para essa pergunta. — Eu tenho um
desafio, mas é perigoso. — Eu amei o jeito que seus olhos se
iluminaram com a palavra perigoso.

Ele sempre amava quebrar as regras.


— Você aceita o desafio? — Eu perguntei.

Maddox sorriu, um sorriso desonesto, e eu tive minha


resposta. Quem saberia que isso terminaria assim? Daquele dia
no café, nos tornando inimigos... E então dando uma trégua,
nos tornamos amigos... E até este momento? Maddox e eu
percorremos um longo caminho juntos. O destino realmente
tinha um jeito de brincar conosco.

Eu costumava desprezá-lo.

E agora ele era a pessoa mais importante da minha vida.


CAPÍTULO VINTE E OITO

Três anos depois

Bati meu pé no asfalto, esperando Maddox aparecer.


Enviei uma mensagem para Riley, informando que me atrasaria
para o jantar. Ela estava cozinhando hoje à noite, seu infame
prato de ravioli. Estávamos comemorando, desde que ela
terminou sua tese na noite passada. No momento, estávamos
no meio do segundo semestre do nosso terceiro ano em
Harvard.

Enquanto eu havia sido aceita em Harvard para Química,


Riley estava estudando Sociologia. Ela estava planejando fazer
uma pós-graduação em Direito Penal.

Colton estava estudando Estatística, enquanto Maddox


estudava Administração, embora quisesse seguir uma carreira
no futebol. Se formar em administração de empresas em
Harvard era apenas para apaziguar seus pais, embora ele
dissesse que gostava disso. No final do dia, o futebol era onde
seu coração pertencia e ele era realmente bom nisso.
Eu ainda não conseguia acreditar que fazia três anos e
meio desde aquele dia na cafeteria — o dia em que derramei
meu café sobre Maddox, e o resto foi história. Tentei pensar em
quando o odiava, mas embora fôssemos inimigos por um curto
período, nunca o odiei verdadeiramente. Claro, eu tinha
desprezado sua atitude arrogante e maldade, mas não era ódio.

Talvez tenha sido essa a razão pela qual foi tão fácil
passarmos de inimigos a amigos e então, para melhores amigos.

Uma estranha reviravolta do destino, daquele dia até


agora, quase quatro anos depois.

Houve um tapa na minha bunda e revirei os olhos,


sabendo muito bem quem era.

— Você tem que parar de tocar na minha bunda, Coulter.


— Eu avisei. Ele riu e andou ao meu redor, revelando o seu eu
glorioso.

Muita coisa mudou em três anos. Maddox, por exemplo,


estava maior. Ele já era musculoso no ensino médio, jogando
futebol e malhando, mas agora ele tinha músculos extras. Seus
ombros eram meio tamanho maior do que antes e agora duas
vezes o tamanho dos meus. Os seus bíceps estavam inchados,
os braços cheios de veias e músculos. Ele encheu a camisa
preta que vestia, o tecido esticado sobre o peito largo. Ele tinha
um abdômen definido antes, agora estava super definido. Seus
abdominais estavam duros e delineados. Meus dedos coçavam
com a memória de tocá-los. Eu já o vira sem camisa inúmeras
vezes e assisti seu progresso do Maddox de dezessete anos, para
ele de vinte.

Eu? Eu ainda era a mesma. A mesma altura, o mesmo


peso... ainda uma anã comparada a Maddox, e ele tinha um
grande prazer em me lembrar desse fato toda vez que me
manipulava e me colocava onde queria.

Seus olhos azuis brilhavam à luz do sol. Ele me olhou de


cima a baixo, seu olhar demorando nas minhas pernas nuas.
Eu usava shorts jeans desfiados na barra e uma camisa preta
de mangas compridas com uma jaqueta de couro marrom por
cima e botas no tornozelo. Era março e o tempo estava um
pouco mais quente que o normal. Para nossa surpresa, a
primavera chegou mais cedo este ano.

— Meus olhos estão aqui em cima, Maddox. — Provoquei.

Ele me olhou carrancudo e eu lutei contra um sorriso.


Coloquei minha mão na bolsa e puxei o carregador do telefone.
— Aqui está. Obrigada por me deixar usá-lo.

Entreguei-lhe o carregador e acenei para ele ir. — Verei


você hoje à noite. Você vai se atrasar para sua próxima palestra.
Vá!
— Eu sempre venho em seu socorro. — Ele deu um leve
sorriso e fez uma continência, enquanto começava a andar de
costas. — Sempre ao seu dispor!

— Eu não preciso de um cavalheiro. — Eu disse, alto o


suficiente para ele ouvir a alguns metros de distância.

— Eu sei que não. Você não é a donzela em perigo que eu


preciso salvar.

Meu coração esquentou e meus lábios se torceram em um


sorriso. — Você está certo. Acho que sou mais como o dragão,
hein?

— Um dragão bonito e sexy. — Ele gritou.

Maddox correu pelo campo aberto em direção ao prédio.


Como nossos programas divergiam bastante, suas salas de aula
estavam do lado oposto do campus, enquanto as minhas
estavam deste lado.

Ele desapareceu à distância, e eu me afastei para o nosso


prédio, que ficava há apenas dez minutos a pé pelo campus.

Peguei o elevador até o nosso apartamento, que ficava no


terceiro andar. Encontrei Colton na porta com uma garota nos
braços. Eles estavam se beijando, e pelo que parecia, estavam
prestes a foder no corredor.
Limpei a garganta e ele se afastou da garota, com os olhos
encobertos. — E aí, Lila?

Meus olhos se estreitaram na garota ao seu lado. Sua pele


mocha 37brilhava com um brilho de suor, e ela estava corada.
Parecia que eles claramente já tinham fodido no caminho para
cá.

— Você vem para o jantar ou...? — Eu perguntei. Ele me


deu um meio encolher de ombros, seu olhar se movendo para o
apartamento ao lado do dele.

— Ela não me convidou.

Eu fiz uma careta e sorri timidamente para ele. As coisas


estavam tensas entre Colton e Riley, bem, tensa era um
eufemismo neste momento do “relacionamento” deles ou o que
quer que tivessem.

Simplificando, eles... se odiavam. Mas essa história era


para outra hora.

Abri a porta do meu apartamento, o que eu compartilhava


com Riley, que por acaso era ao lado do apartamento do
Maddox, que compartilhava com Colton; nós éramos vizinhos.

— Baaaby, é você? — Riley chamou.

37 Pele negra.
A mandíbula de Colton apertou com a sua voz, e ele
agarrou a garota, a puxando para seu apartamento. A porta se
fechou com um estrondo atrás dele.

— Sou eu. — Disse, entrando.

Ela estava de costas para mim, enquanto estava em pé, em


frente ao fogão, cantarolando uma música baixinho. Ela usava
calça de moletom e camisa, cabelos loiros em um coque
bagunçado. Riley me olhou por cima do ombro. — Você pegou o
pão de alho que eu pedi?

Eu levantei meu braço, mostrando a ela a sacola de


compras que eu estava segurando. — Peguei. Cheira bem aqui.

Ela levou a espátula aos lábios e soprou nela. — Quer


provar? — Ela perguntou, descaradamente.

Eu balancei a cabeça e ela me ofereceu a colher. A riqueza


do molho atingiu todo o meu paladar, e eu gemi. — Gostoso!

Montamos os pratos e ela colocou uma garrafa de vinho na


mesa. — Somos apenas nós? Maddox está vindo? — Riley
perguntou quando se sentou em nossa pequena mesa de jantar,
à minha frente.

Eu balancei minha cabeça, empilhando um pouco de


ravioli no meu prato. — Não, ele perdeu a palestra hoje de
manhã, então vai assistir a uma aula mais tarde hoje. Não é
cedo demais para o vinho? Ainda nem são seis.
Os lábios dela se curvaram. — Lila, sempre é hora do
vinho, e estamos comemorando hoje.

Riley adorava beber, vinho e margaritas em particular. Ela


estava obcecada com vinho tinto ultimamente. Era o favorito
dela e agora, o meu também. Nós éramos melhores amigas por
um motivo, certo?

Riley engoliu um pedaço do jantar e depois me deu um


olhar curioso. — Como está indo com Landon?

Meu coração gaguejou. Landon era meu namorado de


cinco semanas. — Bem. — Eu disse, movendo um pedaço do
meu ravioli no prato.

Riley suspirou, colocando cuidadosamente a colher no


prato, antes de me nivelar com um olhar. — Lila, não me dê
essa merda.

Mastiguei um pedaço de ravioli antes de engoli-lo com


vinho tinto. Bebi metade do meu copo antes de bater de volta na
mesa. — Ele não está respondendo minhas mensagens.

Riley soltou uma maldição. — Você ligou para ele?

— Eu não estou tão desesperada. — Eu rebati.

— Lila. — Ela suspirou. Recusei-me a olhá-la porque não


queria ver a simpatia em seu rosto.
Landon me perseguiu por três meses antes de eu
finalmente ceder. Ele era um cara legal: inteligente, doce e
gentil. No começo, me recusei a render, pois achava que eu era
sua recuperação. Landon havia terminado com sua namorada
de longa data quatro meses antes de voltar sua atenção para
mim. Mas ele me cortejou, flores e tudo, e era diferente dos
outros caras.

Maddox estava empenhado em nos separar porque


acreditava que Landon não era bom.

Mas, novamente, essa era sua desculpa para todos os


caras que eu namorei ao longo dos anos.

É verdade que nenhum deles realmente durou muito,


quatro meses no máximo.

Sexo não era algo sagrado para mim. Eu não era virgem;
eu tinha algumas conexões aqui e ali, mas nunca tive um caso
de uma noite. Eu preciso da intimidade antes e depois do sexo,
e as transas de uma noite não me dão nada disso. Eu tive
alguns namorados ao longo dos anos, mas foi com Landon que
me senti... confortável o suficiente para ceder e fazer sexo tão
cedo em nosso relacionamento.

Isso foi há três dias. E ele estava agindo de forma estranha


desde então.
Leo foi o primeiro cara a se afastar com nojo quando viu
minhas cicatrizes. Desde então, eu fazia sexo enquanto estava
meio vestida ou quando estávamos no escuro, escuro o
suficiente para que eles não pudessem ver as linhas irregulares
e rosadas entre meus seios, apenas para que eu pudesse
poupá-los do nojo ou choque que sentiriam se as vissem.
Também não precisava nem queria a simpatia deles.

Minhas cicatrizes nunca me incomodaram, e eu não estava


realmente envergonhada.

Mas talvez eu estivesse mentindo para mim mesma.

Landon... viu minhas cicatrizes. Ele realmente não se


afastou, mas notei como ele mantinha o olhar desviado durante
o sexo. Ele não olhou para os meus seios e manteve os olhos no
meu estômago ou no lugar entre as minhas pernas.

Eu ficaria honrada... se pensasse que ele estava se


concentrando em minha boceta, mas eu sabia que ele estava
apenas tentando evitar olhar para as marcas no meu peito.

Ele não agiu estranho depois, então eu acreditei que


estava tudo bem.

Até ontem.

Landon não estava respondendo aos meus textos, o que


era incomum. Ele sempre foi muito atencioso... Até agora.
— Droga, — rosnei e derramei mais vinho no meu copo. —
Talvez ele esteja apenas ocupado.

— Muito ocupado para enviar uma única mensagem? —


Riley esfaqueou seu ravioli com muita agressão. Ela era um
pouco superprotetora comigo. Maddox provavelmente a estava
contaminando. — Levaria dois segundos. — Acrescentou.

Limpei minha garganta e tomei um gole lento do meu


vinho. Beber muito e muito rápido me deixaria embriagada em
menos de uma hora. — Não importa.

Ela fez uma careta para mim. — Ele é um idiota.

Dei de ombros e continuei com o jantar, enfiando uma


colher na boca.

— Você não se importa... se ele terminar com você? — Ela


perguntou devagar.

— Eu não estou apaixonada por ele, se é isso que você está


perguntando. — Eu disse com a boca cheia.

Era verdade, eu não amava Landon. Ele era legal e eu


gostava dele.

Mas era isso.

— Maddox...
Eu a cortei. — Ele não sabe e você não vai contar a ele. —
Encarei Riley com um olhar duro, e ela se recostou na cadeira,
parecendo um pouco intimidada. — Se ele descobrir que
Landon está me ignorando ou se achar que estou magoada com
isso, o que honestamente, não estou, ele vai matar Landon.

Riley inclinou a cabeça para o lado, pensativa. — Você...


hum, passou a última noite com Maddox?

— Adormecemos enquanto assistíamos Friends38. —


Respondi. Acordei na cama dele de manhã; ele me levou para a
cama depois que eu caí no sono, e estava muito acolhedor
contra seus travesseiros e seus cobertores, enquanto Maddox
dormia no sofá.

— Você acha que talvez o problema seja Maddox? Não que


eu esteja dizendo que ele é, mas você sabe como todos os seus
ex-namorados eram sensíveis sobre ele. Talvez Landon também
esteja?

Ela levantou um bom argumento.

Maddox detestava todos os caras que eu namorava.

Consequentemente, eles o odiavam também. E nenhum


deles estava muito feliz com o meu relacionamento com
Maddox. Eles não gostavam que fôssemos tão próximos. Eles
não aprovavam Maddox ter acesso ao meu apartamento. Ele

38É uma série americana, em estilo sitcom, criada por David Crane e Marta Kauffman e apresentada
pela rede de televisão NBC entre 22 de setembro de 1994 e 6 de maio de 2004.
poderia ir e vir livremente e vice-versa. Eles não gostavam do
fato de eu ter participado de todos os jogos de futebol de
Maddox e de alguns de seus treinos.

Era demais para fazer malabarismos, e sim, fazia sentido


porque eles não aprovavam o relacionamento de Maddox
comigo.

Mas nenhum deles chegou perto do que ou quem Maddox


era para mim.

Eu não ia mudar o que eu tinha com Maddox para me


adequar a esses caras. Talvez esse fosse o problema em todos os
meus relacionamentos anteriores, mas eu não estava disposta a
mudar nada entre Maddox e eu.

Meu estômago revirou com o pensamento de perdê-lo. A


mera ideia de ficar sem ele me deixava doente.

Nós éramos melhores amigos; ninguém e nada iria mudar


isso.

Nem Landon... E nenhuma daquelas garotas com quem


Maddox fodia.
— Lila! — Maddox gritou do banheiro.

Recostei-me no sofá e coloquei um punhado de pipoca


caramelizada em minha boca.

— O quê? — Eu respondi, antes de tomar um gole da


minha bebida energética. Eu estava um pouco embriagada de
todo o vinho tinto que tive hoje à noite com Riley. Ela estava
desmaiada em nosso apartamento, e eu tinha ido à casa do
nosso vizinho para levar seu jantar.

Colton e sua amiga de foda tinham desaparecido quando


Maddox chegou em casa.

Maddox saiu do banheiro com apenas uma toalha


enrolada na cintura, o peito nu e a linha em V me provocando.
Veja bem, eu já vi Maddox seminu várias vezes ao longo dos
anos. Mas cada vez, minha boca se enchia de água ao ver seu
peito musculoso e largo, o abdômen e o piercing no mamilo. Ele
havia conseguido uma noite em que estava saindo para festejar
com seu time de futebol. Eles estavam bêbados e entraram em
uma loja de tatuagem e piercing. O resto era história.

Eu nunca considerei um piercing no mamilo sexy, mas em


Maddox? Delicioso!

Sim, acabei de ronronar.


Eu era a sua melhor amiga, mas não era cega e tinha uma
boceta, o que significava que eu apreciava a espécie masculina.
Muito. Incluindo meu melhor amigo.

Eu estava babando? Limpei o canto da minha boca por


precaução.

Maddox se abraçou e me deu um olhar que delimitava


entre cômico e exasperado. — Você entrou no meu telefone e
mudou seu nome para Minha Mina Principal?

Oh!

Eu estava um pouco bêbada quando fiz isso algumas


noites atrás. E então eu estava com preguiça de mudar de volta.

Dei de ombros, tentando agir com indiferença. — Bem,


sim. Porque eu sou sua garota principal. Todas as outras são
apenas passatempos.

Maddox abriu a boca e depois fechou, ficando em silêncio.


Ele piscou e depois apenas balançou a cabeça.

Eu dei a ele um sorriso brega. Porra, talvez eu estivesse


mais do que apenas embriagada.

— Está tudo bem, no entanto. Você pode brincar com elas.


No final do dia, você volta para casa para mim. E eu sei que eu
sou melhor. — Murmurei em torno de outro bocado de pipoca,
enviando-lhe o meu melhor sorriso.
Ele rosnou e a área sensível entre as minhas pernas se
apertou. Merda, isso era ruim.

Abortar missão, abortar missão.

Maddox passou os dedos pelos cabelos molhados,


exalando bruscamente. — Pelo amor de Deus, mulher! Minhas
únicas minas são suas outras personalidades. E há umas vinte
e cinco delas.

Eu parei de mastigar. Tuuudo bem.

Ele me mostrou sua mão, marcando cada uma com os


dedos. — Lila mal-humorada. Lila preguiçosa. Lila amuada. Lila
engraçada. Lila quando está sem sono. Lila agitada pelo açúcar,
como agora. Lila menstruada. Lila normal.

Minha boca abriu e depois fechou. Meus lábios se


separaram novamente, tentando dizer algo. Quando não
encontrei nada para dizer, completamente sem palavras,
coloquei mais um pedaço de pipoca na boca e mastiguei com
falsa agressão.

— Você quer que eu continue? — Ele fez uma pausa, me


dando um olhar vazio, como se me desafiasse a argumentar
com suas reivindicações.

Eu não tinha argumento legítimo e havia perdido essa


rodada. — Tanto faz, — murmurei. — Tome um banho. Você
fede.
— Você é impossível. — Maddox sacudiu a cabeça com
uma leve ondulação de seus lábios e voltou ao banheiro.

— Você me ama. — Eu gritei alto o suficiente para ele


ouvir, mesmo com a porta nos separando.

— VOCE É UMA DOR NA MINHA BUNDA.

— Você ainda me ama, no entanto. — Eu sussurrei, uma


vez que ouvi o chuveiro ligar, com um sorriso tolo no rosto. Eu
sabia que sim, porque se não amasse... não teríamos durado
tanto tempo como amigos.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Quando saí da minha aula meu telefone tocou com uma


mensagem. Era da Bianca.

Você vem hoje à noite?

Eu queria? Não. Eu preferia estar em casa com Lila,


assistindo algumas estúpidas séries coreanas com ela, que na
maioria das vezes eram clichês ‘pra’ caralho e muito bregas para
o meu gosto. Riley era obcecada por qualquer coisa coreana: K-
POP e K-Dramas. Ela fez Lila assistir a uma das séries uma vez
e depois... BAM, Lila agora era obcecada por K-Drama também.
No momento, estávamos assistindo a um drama de época
chamado Scarlet Heart Ryeo.

Eu tinha que admitir, porém, que essa merda era boa.

Então, eu queria ir à casa da Bianca hoje à noite? Não,


não queria. Bianca era muito... pegajosa. Eu nem sequer saí
com ela. Fodemos algumas vezes, e ela se declarou minha
namorada.
Eu não a corrigi. Ela agora estava andando pelo campus
dizendo a todos que ela era a namorada de Maddox Coulter,
mostrando nosso status de relacionamento na cara de todos.
Incluindo Lila.

Lila apenas revirava os olhos e sutilmente colocava a mão


no meu bolso de trás, o que me fazia sorrir, porque, caramba,
Lila com certeza sabia como apertar todos os botões dessas
garotas. Elas estavam com ciúmes de Lila, e minha melhor
amiga? Ela acreditava firmemente que nenhuma dessas garotas
era boa o suficiente para mim.

Então, Bianca, minha namorada?

Ha.

Mais como uma amiga de foda recente, mas, tudo bem, eu


a deixaria pensar o contrário. Por um tempo.

Eu digitei uma resposta de uma palavra.

Sim.

Afinal, era sexta-feira. Lila e Landon deviam se encontrar à


noite.

Minha mandíbula apertou com o pensamento e meus


dentes rangeram juntos. Por que Lila não podia ver que ele não
era homem para ela? Havia algo sobre ele, e aparentemente, eu
era o único que podia ver isso. Eu não gostava dele, ponto final.
Por quê? Eu não sabia.

Eu só não o queria perto da minha Lila.

— Ei, Maddox! — Virando-me para a voz, vi Jaxon


correndo. Ele era o linebacker de Harvard, um filho da puta
duro. Ele era um animal no campo.

Sua pele escura brilhava de suor, e ele rolou o pescoço


para a esquerda e para a direita. — Posso dormir na sua casa
hoje à noite... e o resto da semana? — Seus olhos castanhos
imploraram para mim.

— Deixe-me adivinhar, Rory expulsou você? De novo!

Jaxon fez uma careta. — Ela está chateada porque


encontrou uma marca de batom na gola da minha camisa. Eu
disse que não brinquei com nenhuma cadela, — ele suspirou,
esfregando a mão no rosto cansado. — Foi antes do jogo quando
fui abraçado por uma das líderes de torcida, mas Rory não
acredita em mim. Não sou infiel, cara. Mas ela está me deixando
louco.

Jaxon foi fiel à namorada por cinco anos. Eles eram


namorados do ensino médio e toda essa merda, mas Rory era
uma cadela fodida que tinha grandes problemas de confiança.
Eu não estava prestes a dizer isso a Jaxon, porque ele
esmurraria meu rosto no chão.
— Sim, você pode ficar na minha casa. — Eu disse. Oh, o
drama.

Ele me deu um tapa nas costas e assentiu. — Obrigado,


cara. Eu te devo uma.

— Você me deve muito. Tenho certeza de que você mora na


minha casa mais do que a sua.

Ele sorriu. — Eu diria que você tem muita sorte de não ter
que lidar com uma namorada psicopata, mas não posso
reclamar. Ela é a melhor coisa da minha vida.

Eu não precisava de uma namorada.

Lila Garcia já era a melhor coisa da minha vida.

Enquanto Jaxon se afastava, meu celular tocou no bolso


da minha calça preta. Eu segurei um grunhido de
aborrecimento e verifiquei a tela. Peguei o telefone depois de ver
que Riley estava ligando. — O quê?

— Lila está trancada em seu quarto pelas últimas duas


horas; ela não vai sair, e acho que ela está chorando. Aquele
filho da puta. Foi Landon. Você precisa vir porque Lila não está
abrindo a porta, — ela murmurou em um suspiro. — Maddox!
Você está ouvindo?

Eu já estava correndo em direção ao nosso apartamento.


— Estou indo. — Eu rosnei.
Raiva vermelha e quente correu por minhas veias, e a
engoli, mas cresceu em meu estômago. Eu senti isso pulsando
no meu sangue, cruel e brutal.

Se Landon tivesse causado dor à minha Lila... se ele a


machucou...

Subi as escadas dois degraus de cada vez, tropeçando na


pressa, mas não me importei. A porta do apartamento dela
estava aberta, então eu entrei. Riley estava andando pela sala
delas, a preocupação estampada em seu rosto. Colton estava
encostado à parede, também parecendo um pouco pensativo.
Essa foi a única vez que eu os vi na mesma sala sem estar na
garganta um do outro.

— Maddox. — Disse Riley, parecendo aliviada ao me ver.

Passei por ela e fiquei à frente do quarto de Lila. A porta


estava trancada, como Riley disse.

— Lila? — Gritei, pressionando meu ouvido na porta.


Houve um som dela fungando.

Ela estava... chorando?

Foda-se, não.

NÃO, PORRA.

Meu estômago se agitou quando meu punho bateu à sua


porta. — Lila, abra a porta.
Não houve resposta dela. — Abra a porra da porta ou eu
vou arrombá-la. Confie em mim, eu vou.

— Vá embora. — Ela gritou fracamente.

Meu coração gaguejou. — Lila, — disse, tentando manter


minha voz suave. — Baby, abra a porta. Por favor.

— Apenas... vá embora, Maddox.

Meus olhos se fecharam e descansei minha testa contra a


sua porta. — Não faça isso comigo. Não me cale. Não se esconda
de mim. Não vou me afastar, e você sabe muito bem disso.
Deixe-me entrar, Lila.

O que quer que Landon tenha feito com a minha garota,


ele estava prestes a se arrepender pelo resto de sua vida.

— Se você não abrir a porta, eu vou pensar o pior, e eu vou


caçar Landon... E eu posso acabar na prisão hoje à noite.

Eu não dava à mínima se estava prestes a passar o resto


da minha vida na prisão, porque ainda iria caçar Landon de
qualquer maneira, mesmo que ela abrisse a porta.

Ele a fez chorar... isso era uma pena de morte.

— Você não vai matar ninguém. — Ela murmurou pela


porta.

— Abra a porta então. — Eu empurrei.


Houve alguns empurrões por lá, ela destrancou e abriu a
porta. Lila apareceu, mas manteve a cabeça baixa, os cabelos
negros cobrindo metade do rosto.

Coloquei meu dedo debaixo do seu queixo e levantei a sua


cabeça. Seus olhos estavam vermelhos, mas não havia sinal de
lágrimas. — Eu não estou chorando, — disse, de má vontade. —
Eu não choro.

Isso era certo.

Lila nunca chorava, exceto por um dia do ano. Ela odiava


ser vulnerável, e a única vez que ela se permitia ser era na data
em que seus pais morreram.

Suas bochechas estavam rosadas e seus olhos estavam


vermelhos, um sinal claro de que ela queria chorar, mas estava
segurando as lágrimas.

Lila pressionou a palma da mão na testa e apertou os


olhos. — Eu estou apenas... Deus, ele me fez de boba.

— O que ele fez? — Eu perguntei por entre os dentes.

— Eu fui a sua recuperação, — disse Lila, com a voz baixa.


Ela bateu nas bochechas, embora não houvesse evidência de
lágrimas. — E ele está me traindo... com sua ex. Eu acho que
eles estão juntos agora, mas ele foi um covarde e não me
contou. Eu não entendo. Por que ele... por que ele me fodeu... se
já estava de volta com ela? Quero dizer, ele basicamente traiu
nós duas.

Riley soltou uma maldição baixinho atrás de mim. Colton


sibilou. — Esse cara está morto.

Raiva fervia em minhas entranhas. Quanto mais ela falava


da sua situação, mais irritado eu me tornava.

Isso me consumiu e minha pele coçou com a necessidade


de vingança, de machucá-lo, como ele machucou Lila.

Minha Lila.

Meus dedos se enrolaram em punhos quando a fúria


deslizou através de mim como ácido, queimando dentro da boca
do meu estômago.

Riley passou por mim e envolveu Lila em um abraço. Ela


sussurrou algo para ela e Lila assentiu. Elas conversaram
baixinho. — Estou mais brava do que magoada. Envergonhada
também, porque deixei que ele me tocasse... fizemos sexo...
porque confiei nele.

A cabeça de Lila levantou, seu olhar encontrando o meu


instantaneamente. — Maddox... — disse, mas seus olhos
arderam, provavelmente por ver o olhar no meu rosto. —
Maddox, não.
Lila avançou, com os braços estendidos para me agarrar,
mas eu desviei de seu alcance.

Ela me chamou quando saí do apartamento. — Maddox!

Eu não estava ouvindo; eu estava longe demais para parar


agora.

Desci as escadas mais rápido do que sabia que podia e


entrei no meu carro. A porta do passageiro se fechou e eu olhei
para cima. Colton se sentou no banco.

— Você não vai me parar. — Rosnei.

— Não, eu vou com você. — Ele estalou os nós dos dedos,


seus lábios se abrindo em um sorriso mortal. — Ele fodeu com
um dos nossos.

Depois de violar todas as leis de trânsito conhecidas,


estávamos no apartamento de Landon dois minutos depois.

— Você fica fora disso. — Avisei Colton. Minha Lila, minha


luta.

— Eu vou deixar você acabar com ele, só estou aqui para


impedir você de matá-lo.

Colton tocou a campainha.


Ouvi uma risada estridente através da porta, uma mulher,
e a raiva ferveu profundamente em minhas veias. Agitou com a
fome de destruição.

Eu não estava pensando claramente, eu não podia.

Tudo o que eu conseguia ver eram os olhos tristes e as


bochechas manchadas de Lila, enquanto ela tentava manter as
lágrimas dentro.

A porta se abriu e lá estava Landon.

Seus olhos se arregalaram em choque, e eu o empurrei


para trás. Ele tropeçou de volta para dentro de seu
apartamento, boquiaberto como um peixe fora d'água.

— Que porra é essa? — Ele cuspiu. — Você não pode


simplesmente entrar dessa maneira.

— Não podemos? — Colton provocou.

— O que está acontecendo? — A mulher perguntou. Ela


estava parcialmente nua, o olhar em seu rosto me dizendo que
ela tinha acabado de ser fodida, várias vezes.

Landon apontou para a porta. — Sai do meu apartamento.


Agora.

Dei um passo à frente, uma promessa de violência. Ele viu


através de mim e seus olhos escureceram. Ele empurrou meus
ombros, querendo afirmar seu domínio nessa luta, e eu quebrei.
Avançando, o agarrei pela garganta. Ele retaliou
rapidamente, dando um soco no meu estômago. Eu
rapidamente joguei meu peso nele, enviando-nos à colidir com
sua mesa de vidro na sala de estar.

— Oh meu Deus! — Uma voz estridente gritou.

Senti seu nariz triturar sob a força do meu soco. Foi tão
alto que vibrou em meus ouvidos.

Agarrando seu cabelo, eu esmurrava seu rosto uma e


outra vez. — Você — soco, — não — soco, — se — soco, —
safa— soco, — tão facilmente — soco, — depois de machucar —
soco, — Lila.

Ele quebrou a confiança de Lila e a envergonhou por traí-


la. Filho da puta.

Landon lutou contra mim, e me bateu na mandíbula com


força suficiente para que eu tropeçasse para trás. O som de
punhos contra carne era tudo o que eu podia ouvir. Sangue
vazou do meu nariz, e eu o soquei nas costelas de novo e de
novo.

— Pare! Socorro! Alguém ajude! — A voz estúpida estava


gritando mais uma vez.

Recuei minhas costas e o enfiei em seu estômago. Ele


tossiu e cuspiu sangue. Estrelas explodiram em minha visão
quando ele me socou na cabeça, mas eu a sacudi.
Havia sangue nas juntas dos meus dedos, mas eu não
parei.

— Maddox! Maddox, não.

Lila. Sua voz rompeu a névoa vermelha, e eu pisquei,


vendo o rosto ensanguentado de Landon.

Mãos agarraram minhas costas e braços, tentando me


puxar para longe de Landon. Meus olhos se conectaram com os
castanhos de Lila, e ela parecia completamente... perturbada.

Por Landon? Por esse babaca?

Lila choramingou. — Você está machucado. Oh Deus,


Maddox. Ah não.

Eu?

— Ah, porra! — Rugiu Colton, — Ela chamou a polícia.


Merda!

O rosto de Lila se contorceu e ela o empurrou no meu


pescoço. — Não, não, não.

Eu tropecei para longe de Landon, e sua cadela avançou,


caindo de joelhos ao lado dele.

— Maddox. — Disse Lila suavemente.


— Eu estou com você. — Passei meu braço em volta dela, a
levantando para que seus pés estivessem balançando um
centímetro do chão.

Ela soltou um soluço sufocado. — Não, você não está. Eles


vão te prender. Landon provavelmente vai apresentar queixa.
Por quê?

Por quê?

Por que, porra?

Porque eu não suporto o pensamento de você machucada.


Porque assistir você segurar suas lágrimas por um idiota como
Landon me faz perder a cabeça. PORQUE ELE MACHUCOU
VOCÊ, PORRA.

Eu nunca tive a chance de dizer isso para ela. Olhando por


cima do ombro, vi os policiais entrando no apartamento. Eles
olharam em volta, estudando a bagunça.

— É ele, policial. — A mulher chorou, apontando para


mim. Lila estava balançando a cabeça, me segurando com mais
força. Eu tinha o sangue de Landon em minhas mãos; eu entrei
na casa dele... Não havia como escapar disso. E eu não estava
nem um pouco arrependido de transformar Landon em meu
saco de pancadas.

— Colton vai te levar para casa, Lila. — Murmurei em seu


ouvido.
Ela me deu uma sacudida teimosa de cabeça. — Eu vou
com você.

— Não, — eu brinquei, com minha mão segurando seu


queixo. Eu a fiz olhar para mim. — Colton vai levá-la para casa
e eu te vejo de manhã.

— Mas...

— Não, Lila.

O rosto dela endureceu. — Você não me diz o que fazer.

— Dessa vez eu digo. Faça como eu mandei. — Ela me


encarou. Lila era teimosa ‘pra’ caralho, e eu sabia que ela ficaria
comigo na cadeia se eu não a levasse para casa. Não havia
nenhuma maldita maneira de deixá-la passar a noite em uma
cela, mesmo que fosse comigo.

— Por favor.

Eu a coloquei de pé e seu queixo tremeu. Ela se virou para


os policiais. — É apenas um mal-entendido, oficiais. É minha
culpa.

— Mal-entendido ou não, você está preso. — Um dos


policiais estava olhando diretamente para mim. Eu assenti,
complacente. Não havia sentido discutir com eles.

Colton teve que arrastar Lila para longe de mim enquanto


eu era algemado, minhas mãos atrás das costas.
— Por favor, — implorou Lila. — Posso apenas... abraçá-
lo?

O oficial que me algemou, consentiu.

Ela deslizou para mais perto de mim, pressionou o nariz


contra a minha garganta. — Eu sinto muito. Isto é minha culpa.

Lila fungou e meu coração torceu. Meus lábios roçaram


sua testa e ela me abraçou com mais força. — Eu sinto muito.

— Eu estou com você. — Eu disse novamente.

Seus olhos lacrimosos foram a última coisa que vi quando


eles me puxaram para longe dela. Lila levantou a mão e tocou o
colar de apanhador de sonhos na garganta, como se isso a
acalmasse.

Isso me matou, porque ela estava chorando por mim.


CAPÍTULO TRINTA

Eu não consegui dormir, não havia como quando Maddox


estava na prisão, e aqui estava eu, em minha cama agradável e
aconchegante.

Ele estava trancado em uma cela por minha causa. Meu


estômago se retorceu de culpa, e eu olhei para o teto através da
escuridão. Colton teve que me arrastar para casa com Riley em
nossos calcanhares.

Depois de me convencer a ir para a cama enquanto ele


tratava do assunto, Colton saiu.

Por que ele não impediu Maddox de brigar? Por que não fui
rápida o suficiente para detê-lo?

Por quê? Por quê? Por quê?

Eu sempre soube que, tanto quanto Maddox era


descontraído e fácil de lidar, na maioria das vezes, ele também
era mal-humorado e facilmente provocado.
A culpa ficou mais difícil de suportar, porque se eu tivesse
sido madura e não causado uma cena, Maddox não teria fugido
para espancar Landon.

Mas eu estava machucada e envergonhada.

Não que eu me importasse muito com Landon. Eu não


estava com o coração partido, mas me senti... usada.

Usada e descartada depois que ele se divertiu comigo.

Se Landon não quisesse estar comigo, ele poderia ter se


afastado facilmente. Eu não era pegajosa; eu não tinha
expectativas. Mas ele me traiu, depois que eu o deixei dentro do
meu corpo.

Isso me machucou.

E eu fiquei furiosa.

Eu não estava “chorando” porque ele partiu meu coração.


Elas eram lágrimas de raiva, por ele... e por mim, porque confiei
na pessoa errada.

Eu me senti tola, mas não achei que Maddox reagiria da


maneira que reagiu. Tudo aconteceu tão rápido, e antes que eu
pudesse agarrá-lo, ele estava porta afora.

Então eu o encontrei espancando Landon, não que me


importasse se meu ex estava machucado ou não. Mas Maddox
também foi ferido e essa culpa se tornou muito mais difícil de
suportar.

Quando a polícia chegou, levou tudo em mim para não


implorar para que me levassem com eles. Porra, eu sentaria em
uma cela suja com Maddox se isso significasse que ele não
estava sozinho atrás daquelas grades e eu estava com ele.

Landon estava prestando queixa. Sua preciosa namorada


me atacou depois que a polícia saiu e suas unhas afiadas
deixaram uma marca desagradável no meu braço. Eu retornei o
favor socando seus peitos antes que Colton me tirasse de cima
dela e me arrastasse para fora do apartamento enquanto eu os
amaldiçoava em suas próximas vidas.

Minha porta se abriu, me tirando dos meus pensamentos,


e apertei meus olhos. Houve um suspiro aliviado, e olhei para a
porta por trás do meu edredom.

— Ela está dormindo. — Riley disse suavemente para a


pessoa atrás dela. Provavelmente Colton.

Eu estava certa, porque um segundo depois, sua voz


silenciosa apareceu. — Bom. Foi uma noite longa para todos
nós. — A porta se fechou e eu afundei de volta no meu colchão
macio. Meu corpo ainda estava tenso e eu não conseguia
encontrar uma posição confortável.
Muito tempo havia se passado antes que eu caísse em um
sono inquieto.

Horas depois, fui sacudida quando minha cama


mergulhou sob um corpo pesado. Alguém deitou atrás de mim e
um braço forte deslizou ao redor dos meus quadris, me
puxando de volta para seu corpo. Duro e familiar... quente e
sólido... Forte e seguro.

Maddox.

Ele enrolou seu corpo em volta do meu, e minha bunda


estava aninhada indecentemente contra sua virilha. Ele não se
afastou como eu esperava. Ele me manteve lá, minhas costas
contra a sua frente, tão perto que nem mesmo um fio poderia se
encaixar entre nós. Nós já deitamos na cama muitas vezes, mas
desta vez foi... diferente.

Mais íntimo, menos “amigável”, e havia uma tensão tácita


entre nós. Lambi meus lábios e limpei minha garganta seca,
sentindo a maneira como meu estômago mergulhou e palpitou
enquanto ele me tocava.

Maddox colocou o outro braço debaixo do meu pescoço e


colocou a parte de trás da minha cabeça no seu ombro. Soltei o
fôlego e inalei seu perfume familiar, também sentindo um pouco
de álcool. Ele bebeu antes de voltar para casa?
— Landon retirou as acusações? — Eu perguntei no
escuro.

Eu o senti balançar a cabeça. Seu braço apertou o meu,


como se tivesse certeza de que eu não pudesse escapar ou
talvez ele estivesse com medo de que eu faria.

Mal sabia ele...

— Então? — Eu pressionei por mais.

— Meu pai lidou com isso. — Confessou, sua voz rouca.

Ah, então seu pai o socorreu. Merda. Ele descobriu. Isso


era ruim. Péssimo, ruim, muito ruim. Colton e eu pensamos em
manter esse incidente discreto e esperávamos que Brad Coulter
não descobrisse que seu filho estava na prisão.

Acho que o pai de Maddox tinha olhos e ouvidos em todos


os lugares.

— Ele estava chateado?

— Ele não me enviou uma mensagem, também não me


ligou. Nem sequer falou comigo. Ele lidou com tudo pelas
minhas costas e sem falar comigo. Eu só soube que ele fez isso
depois que fui libertado e Colton foi me buscar.

Oh! Então, seu pai nem se deu ao trabalho de falar com


ele, perguntar o que aconteceu, por que aconteceu ou como seu
filho estava indo. Foda-se ele.
Eu me aconcheguei mais profundamente em seu abraço e
deslizei minha mão na dele, a que estava no meu quadril.
Apertei os dedos dele. — Eu sinto muito.

Ele soltou um longo suspiro. — Eu não. Ele mereceu cada


soco que dei. Eu acho que quebrei o nariz dele. Ninguém faz
minha Lila chorar. Ninguém. Eu não vou permitir isso.

Ele arrastou as palavras um pouco. Sim, ele estava


definitivamente um pouco bêbado.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu não me


considerava uma pessoa emocional, mas Maddox me fez sentir
tantas coisas ao mesmo tempo.

Tristeza... Medo... Angústia... Desesperança...

Meu coração bateu forte no meu peito — Maddox?

— Hã, sim?

— Eu te amo. — Sussurrei.

Seu braço correu em volta dos meus quadris. — Eu sei. —


Seu abraço se apertou ao meu redor um pouco. Seus lábios
caíram sobre minha testa em um sussurro de um beijo, antes
que ele colocasse sua bochecha no topo da minha cabeça
novamente. — Eu também te amo.
Não foi a primeira vez que dissemos essas palavras, mas
meu coração dançou no meu peito. Sem levantar a cabeça,
levantei minha mão, mostrando a ele meu mindinho.

— Amigos?

Maddox enganchou seu dedo mindinho no meu, e eu pude


sentir seu sorriso sem sequer olhar para ele.

— Amigos. — Disse ele.

Meus olhos se fecharam e eu adormeci com o som do seu


batimento cardíaco.

De manhã, acordei em uma cama vazia. Por um breve


momento, me perguntei se era tudo um sonho, e Maddox não
tinha voltado para casa. Mas quando respirei, senti o cheiro
familiar e almiscarado que ele deixou para trás. Meu corpo
ainda formigava de onde ele havia me tocado.

Depois de me refrescar rapidamente, saí do quarto e


encontrei Maddox sentado à mesa da cozinha, olhando pela
janela. O sol da manhã brilhava através do vidro, e Maddox
estava lindo sentado ali. Ele estava sem camisa, apenas com a
calça cinza. Era a visão perfeita... Mas meu peito se apertou
com o olhar em seu rosto.

Meu guerreiro ferido.


Ele tinha um olho roxo e seus lábios estavam cortados e
inchados. Suas costelas estavam se transformando em um feio
tom de roxo e verde.

— Quer um pouco de café? — Eu perguntei, esperando que


ele falasse e aliviasse seu humor. A noite passada foi um inferno
para todos nós. Eu precisava ter certeza de que ele estava bem.

Mas suas próximas palavras não eram o que eu esperava.


— Eu sou uma decepção?

Eu vacilei. — O quê!? Maddox, do que você está...?

Minhas próximas palavras ficaram presas na garganta


quando vi a expressão em seu rosto. Totalmente derrotado, um
olhar que só poderia ser descrito como de coração partido. Como
um cachorrinho espancado, choramingando silenciosamente
enquanto sofria.

Meu coração cedeu dentro do meu peito com esse olhar, e


fui até ele, me ajoelhando entre suas pernas. Ele abriu mais as
coxas, me envolvendo contra seu corpo.

— Por que o que eu faço nunca é suficiente? — Ele disse,


suas palavras sufocadas.

— Maddox... — Eu sussurrei.
Vi o telefone em sua mão e finalmente juntei dois e dois.
Agarrando seu celular, procurei por suas mensagens. A
mensagem mais recente, duas horas atrás, era de seu pai.

Você continua me decepcionando repetidamente. Não


acredito que quase pensei que você havia finalmente
redimido de seus modos confusos. Esta é a última vez que
eu vou te libertar das coisas que você estraga.

Oh, Maddox. Meu pobre e doce Maddox.

— Sinto muito. — Respirei, olhando para baixo. Isso era


tudo culpa minha. Por que eu deixei Landon entrar em minha
vida?

Agarrei suas mãos, o segurando, deixando-o saber que ele


não estava sozinho. Foi então que notei que os nós de seus
dedos estavam machucados e havia um pouco de sangue seco
nele.

Merda. Isso foi da noite passada. Ele não se limpou.


Levantei-me rapidamente e fui pegar o kit de primeiros socorros
para limpar seus ferimentos. Os nós dos dedos estavam
levemente inchados, mas, felizmente, não estavam quebrados.
Eu limpei atentamente suas juntas ensanguentadas,
estremecendo quando passei os lenços antissépticos sobre a
pele machucada. Maddox não mostrou emoção externa. Ele
ficou em silêncio até que terminei com a mão esquerda e agarrei
a mão direita para fazer a mesma tarefa.
Eu mantive meus movimentos lentos e cuidadosos
enquanto limpava suas feridas e enrolava um curativo em suas
mãos. Ele provavelmente não precisava deles, mas os curativos
os manteriam limpos, para que não houvesse infecção.

Seus olhos percorreram meu rosto antes que seu olhar se


afastasse, parecendo sombrio e distante, perdido.

— Eu entrei em Harvard. Eu trabalhei para isso. Eu


trabalhei tão duro que consegui manter minha bolsa de estudos
por três anos. Estou no topo da minha carreira no futebol. Por
que não é suficiente? Tudo o que faço... nunca é suficiente. Eu
sempre, de alguma forma... acabo falhando em algum lugar.
Sempre o decepcionando de alguma forma. Nunca é suficiente,
Lila.

— Não. Não. Não! — Eu corri para dizer. — Baby, não.


Maddox, tudo o que você faz é suficiente. É mais que suficiente.
Você. É. Suficiente. Por favor, não diga isso. Sinto muito pela
noite passada. Sinto muito por seu pai ser um idiota. Sinto
muito que ele nunca disse que está orgulhoso de você. Mas eu
estou. Estou tão orgulhosa de você, Maddox Coulter. Tudo o
que você fez, tudo o que faz... é o suficiente. — Falei com
urgência.

Ele inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos como se


estivesse absorvendo minhas palavras. Ele entrelaçou nossos
dedos e se agarrou a mim. Eu apertei suas mãos de volta. Estou
aqui, Maddox. Estou aqui e não vou embora. Eu e você para
sempre.

Eu queria perguntar o que ele precisava agora. De mim. Se


eu pudesse diminuir sua culpa, seu sofrimento de alguma
forma, eu o faria. Sem pensar duas vezes.

Como se ele pudesse ler minha mente, seus olhos se


abriram e me nivelou com aquelas belas esferas azuis. Vi tudo
que precisava saber.

— Você pode... — ele fez uma pausa e engoliu. — Me


abraçar? Por favor?

Ele sussurrou essas palavras com tanta força, como se


estivesse com medo de que me recusasse, como uma criança
implorando por carinho. Ter alguém apenas para abraçá-lo.

Eu balancei a cabeça, silenciosamente, porque minha


garganta estava fechada quando sufoquei um grito e forcei
minhas lágrimas. Eu não podia deixá-lo me ver chorar.
Levantei-me e ele me puxou para seu colo. Maddox enterrou o
rosto no meu pescoço. — Eu estou com você. — Eu disse
suavemente em seu ouvido.

Seus braços se apertaram em minha volta.

Maddox se machucou por minha causa; ele lutou por


minha honra. A realização foi esmagadora, porque eu
subestimei seus instintos de proteção por mim e o quanto ele
realmente se importava.

Eu o senti respirando contra a minha garganta, e debaixo


da palma da mão, seu coração começou a bater lentamente em
um ritmo mais calmo. Seus lábios roçaram a veia pulsante na
minha garganta e talvez ele não quisesse fazer isso ou ele não
queria que eu sentisse, mas eu fiz. Meu corpo estava muito
consciente de seu toque.

— Eu estou com você. — Eu disse novamente, como um


lembrete. Meus dedos vasculharam seus cabelos e, lentamente,
começou a relaxar em meus braços. A tensão o deixou, e meu
coração dolorido se acalmou com o fato de que Maddox ficaria
bem. Ele era forte o suficiente para ficar bem.

Depois que ele levantou a cabeça, eu sorri para ele. —


Tudo bem agora? — Seus lábios se curvaram em um meio
sorriso, e ele assentiu.

— Acho que só precisava de um abraço da minha Lila. Eu


juro que você é minha maldita terapia. Por que desperdiçar
dinheiro em um psicólogo se há uma Lila em sua vida?

Soltei uma risada e bati em seu braço. — Oh, cale a boca.


— Ele estava sorrindo agora, seus olhos mais claros, sua
expressão calma. — Então, que tal eu fazer macarrão para
você? — Era sua coisa favorita para comer sempre que ele
estava se sentindo mal.
— Mulher, você sabe que eu nunca diria não ao seu
macarrão.

— Ok, aguente firme então.

Macarrão no café da manhã. Hmph. Quem se importava?


Se essa merda fizesse meu Maddox sorrir, teríamos macarrão
para o café da manhã cada droga de dia.
CAPÍTULO TRINTA E UM

Envie-me uma foto. Quero ver seu rosto sexy.

Abri o texto da Riley e depois olhei em volta do clube


barulhento. Estávamos sentadas em uma cabine de canto com
uma iluminação muito ruim.

Ainda assim, eu levantei meu telefone e tirei uma foto,


decidindo agradá-la. Ela não foi capaz de se juntar a nós para
sair hoje à noite, já que tinha um ensaio para amanhã de
manhã.

Riley fez beicinho quando eu saí do nosso apartamento


com Maddox, Colton, Jaxon e Rory. Ela me fez prometer enviar
fotos nossas quando estivéssemos bêbados, para que ela
pudesse viver através de nós.

Arrumei um pouco o cabelo, depois franzi os lábios em um


biquinho sexy. Quando estava prestes a clicar a foto perfeita, fui
empurrada. Algo molhado tocou minha bochecha, e eu recuei
em choque. A cabeça de Maddox caiu na curva do meu pescoço,
e ele inalou profundamente antes de se afastar, me dando um
sorriso de derreter a calcinha.

— Eww, você acabou de me lamber? Que porra é essa,


Maddox? — Eu rosnei, batendo em seu peito e o empurrando
para longe. Mas ele era uma parede de músculos, então movê-lo
era uma tarefa impossível.

Ele me zoou. Sim, ele já estava um pouco bêbado. — Eu


pensei que deveríamos lamber aqueles que amamos. Eu lambi
você, então você é minha.

Soltei um suspiro exasperado antes de assobiar. — Você é


um cachorro?

Maddox fez uma pausa, como se realmente estivesse


pensando na pergunta. E então ele deu de ombros. — O estilo
cachorrinho é minha posição favorita para foder. E eu também
sou seu Poodle.

Antes que eu o pudesse deter, ele se inclinou para frente e


lambeu minha bochecha mais uma vez, deixando um rastro
molhado para trás.

Sua boca se moveu para o meu pescoço, me lambendo lá


também. Contra minha vontade, minhas coxas tremeram e meu
núcleo se apertou quando seus lábios roçaram minha garganta.
— Maddox! — Eu sussurrei. — Pare de me lamber!
Ele se recostou e seus lábios se curvaram perigosamente.
— Por quê? Te deixa molhada?

— Não, — eu ladrei, de repente sentindo vontade de bater


nele. — Porque sua namorada acabou de entrar e ela está vindo
em nossa direção. Oh, ela não parece muito feliz.

Maddox olhou para a entrada antes de afundar mais em


seu assento, como se tentasse se esconder da garota furiosa que
vinha em sua direção. — Ah. Merda. — Ele sussurrou.

Bianca não era mais exatamente sua “namorada”. Eles


terminaram quando Maddox não apareceu na noite em que ele
deveria ir à casa dela. Na noite em que ele brigou com Landon e
acabou na prisão.

Na manhã seguinte, Bianca fez uma enorme birra e até me


chamou de “destruidora de lares” e “cadela” por tentar roubar
seu homem. Maddox a dispensou tão rápido que pensei que ela
sofreria um ataque cardíaco.

O homem dela? Ok, certo.

Maddox nunca foi dela em primeiro lugar.

Uma semana após o rompimento, ela ainda não aceitou a


ideia e agora se transformou em uma perseguidora. Bianca
parou em nossa mesa, com as mãos nos quadris, e encarou
Maddox. — Eu preciso falar com você.
Ele simplesmente deu um encolher de ombros. — Estou
ocupado, como você pode ver.

— Agora! — Ela retrucou.

Meus olhos se arregalaram com o tom dela, e Maddox ficou


tenso. — Você não vem aqui e faz exigências. Eu não sou seu
brinquedinho, Bianca.

Ela bateu o pé, impaciente. — Você me deve uma


explicação melhor por terminar comigo, Maddox.

Maddox esfregou os olhos e se arrastou um pouco


enquanto falava: — Não lhe devo nada. E nunca estivemos
juntos em primeiro lugar. Nós fodemos, só isso.

O desgosto estava claro em seu rosto quando ela me deu


um olhar desagradável. — É por causa dela, não é? Você está
escolhendo ela? — Bianca disse com uma voz estridente,
apontando um dedo acusador para mim.

Aqui vamos nós novamente.

Outra “namorada”, o mesmo drama.

Maddox rosnou baixo em sua garganta, o som tão


ameaçador que eu estremeci. — Escuta...

Meu telefone tocou, rompendo a tensão, e Maddox parou


no meio da frase. Eu dei a ele um olhar envergonhado e deslizei
para fora da cabine, telefone no meu ouvido.
Afastei-me de Maddox e Bianca, enquanto eles
continuavam discutindo um com o outro.

— Ei, Bea? — Eu atendi a ligação.

— Lila, merda. Estamos com problemas. — Ela ofegou.

— O quê? O que foi? O que aconteceu? — Saí do clube, já


que estava muito alto para ouvir qualquer coisa que Bea estava
dizendo por telefone.

Bea era uma dançarina profissional e minha coreógrafa do


clube de dança de Harvard. Dois anos atrás, entrei no clube
como hobby e logo percebi que gostava de dançar. Era
terapêutico.

Eu não era a melhor dançarina, mas também não era tão


ruim. Entre meus estudos e garçonete em meio período, eu
precisava de algo para relaxar e descontrair. Dançar parecia
fazer isso por mim.

— Owen está machucado. Ele quebrou a perna em um


acidente de bicicleta. Ele não pode dançar. — Disse Bea, sem
fôlego. Eu podia senti-la pirando através do telefone.

— Owen está machucado? — Eu perguntei, porque eu não


podia acreditar no que acabei de ouvir. — Quão ruim é isso?
— Ele está bem. Ele está em casa e acabou de me ligar. Ele
não sente muita dor, mas é ruim o suficiente para que ele não
seja capaz de dançar pelos próximos três meses.

Oh, Deus. Ah, merda.

Isso não parecia bom.

Há um mês, nosso clube firmou parceria com uma


organização sem fins lucrativos que promove eventos de
caridade para pessoas com deficiência. Este ano, o evento de
captação de recursos foi para pessoas cegas.

Nosso pequeno grupo de dançarinos deveria apresentar


um show para os participantes do evento que contribuiriam
para a caridade.

Owen era meu parceiro de dança. Merda!

— Não há como recuar agora. Isso é incrível, Lila. A


organização, o evento, tudo deve ser perfeito. Estamos
representando Harvard. Não temos mais um parceiro de dança
para você, e você abre o show!

Minha garganta ficou seca e eu tentei não entrar em


pânico, mas Bea pirando desse jeito estava me fazendo surtar.
— Bea, você precisa se acalmar. Nós vamos dar um jeito.
— O evento é em uma semana! — Ela gritou alto o
suficiente para que eu tivesse que puxar meu telefone para
longe da minha orelha.

Ela estava certa. Nós não podíamos estragar tudo. Todos


os números de dança no evento eram danças de casais; a
organização solicitou especificamente danças de parceiros, pois
eles acharam que seria mais atraente para os participantes.
Respirei fundo, tentando acalmar meu pânico crescente. Eu
estava acostumada à perfeição, minhas notas e meu trabalho.
Eu estava obcecada com isso, embora nem sempre fosse assim.

Meu terapeuta disse que era minha maneira de lidar com a


morte dos meus pais, perseguindo a perfeição e querendo estar
sempre no controle. No momento, tudo estava acontecendo o
contrário do que eu queria.

— Então, precisamos encontrar meu novo parceiro de


dança? — Eu questionei Bea.

— Mesmo se encontrarmos, quem aprenderá a dança em


menos de sete dias? — Ela respirou trêmula e soltou o ar. —
Não é possível.

— Nada é impossível. — Eu disse.

— Seu otimismo é admirador, mas não é adequado para a


situação, pois estamos completamente fodidas!
— Vou encontrar um parceiro de dança. — Anunciei com
convicção. Não havia como desistir após chegarmos tão longe. O
evento estava acontecendo. Owen estava ferido, mas tínhamos
que encontrar uma maneira de fazer funcionar.

E eu sabia exatamente quem iria me ajudar.

Mesmo que eu estivesse prestes a ouvi-lo resmungar pelo


resto da vida.

— Lila...

— Eu conheço alguém.

— Quem? — Ela perguntou desconfiada.

O canto dos meus lábios se curvou. — Maddox.

Eu deixei Bea em silêncio, apenas sua respiração podia ser


ouvida por telefone.

— Você está falando sério? — Ela sussurrou, como se


estivéssemos compartilhando um segredo.

— Sim.

— Puta merda. Você quer dizer, o Maddox, certo?

— Sim. — Eu sorri mais forte.

— Puta merda! — Disse ela novamente.


Nos despedimos e voltei para dentro do clube. Maddox iria
odiar, mas eu sabia que ele nunca diria não para mim.

De volta ao nosso estande, vi que Bianca não estava em


lugar algum e Maddox estava tomando uma cerveja. — Onde ela
foi?

— Eu lidei com ela. — Disse ele, não me dando mais


detalhes.

— Ei? — Maddox parecia ter ficado um pouco sóbrio. — Eu


preciso falar com você sobre algo.

Seus olhos se estreitaram em mim. — É ruim?

Eu dei de ombros. — Não exatamente. Você quer ir para


casa?

Maddox se levantou sem dizer uma palavra e imaginei que


tinha minha resposta.
— Não, — afirmei calmamente. — Não vai acontecer.

— Mas Maddox... — Ela arrastou meu nome, implorando


com os olhos. Quando balancei a cabeça com firmeza, ela bateu
o pé.

Ela me espiou por entre os cílios. — Isso é realmente


importante para mim.

Então Lila me encarou, um olhar que deveria ter me


avisado do que estava por vir.

— Lila...

— Eu te desafio...

Jesus Cristo, essa mulher!

— Retire isso. — Avisei, minha voz baixa.

Lila sorriu. — Não. — Ela cruzou os braços sobre os seios


empinados, puxando minha atenção para eles.

Eu era um homem fraco.

Fraco dos joelhos por Lila Garcia, porque ela era a única
tentação que eu não podia ter.

Ela estava usando uma blusa que deveria ser ilegal. O


colar do apanhador de sonhos pendia do pescoço; Lila nunca
tirou depois que eu o coloquei há três anos. Seu estômago
estava provocando, e seu umbigo parecia fofo e, por mais fodido
que fosse, uma breve imagem minha lambendo-o e suas
risadinhas brilharam em minha mente. Minha boca ficou
molhada com o pensamento.

Eu balancei minha cabeça e me amaldiçoei. Não, eu não


podia.

Isso não vai acontecer.

Nunca.

Mesmo que se tornasse mais difícil a cada ano me lembrar


que só poderíamos ser amigos e nada mais.

Toda vez que ela sorria para mim, ficava mais difícil não
beijá-la.

No entanto, eu me recusava a admitir isso mesmo para


mim. Recusei-me a ter a ideia de tocar Lila de uma maneira que
não fosse “amigável”.

Mas, porra, eu estava um pouco bêbado e não conseguia


tirar a imagem da minha cabeça. Ela estava de pé à minha
frente, com uma blusa e shorts que abraçavam sua bunda
curvilínea como uma segunda pele, seus lábios rosados
brilhando e seu cabelo preto caindo sobre os ombros.

Lila parecia uma Branca de Neve versão proibida. Eu


queria deslizar entre suas coxas e nos fazer esquecer que
éramos melhores amigos.
Não. POOORRA. NÃO!

Era a bebida que estava me fazendo pensar nessa merda.


O Maddox sóbrio nunca pensaria em foder sua melhor amiga,
eu disse a mim mesmo.

— Maddox, você está me ouvindo? — Sua voz interrompeu


meus pensamentos ardentes.

Engoli em seco e me forcei a desviar o olhar.

— Sim. — Eu disse, minha voz mais profunda, esperando


que ela não notasse a maneira como eu estrategicamente ajustei
o travesseiro no meu colo.

— Você aceita o desafio? — Ela perguntou


descaradamente.

Suspirei, passando os dedos pelos cabelos curtos e


puxando os fios.

— Isso não vai ser divertido, Lila.

Ela estava me pedindo para ser seu parceiro de dança. Eu


não era muito dançarino, mas não diria que sou completamente
ruim. Isso era importante para ela; eu estava bem ciente disso.

Era o fato de que eu ficaria muito perto de Lila por uma


semana inteira, especialmente desde que começara a ficar mais
difícil controlar meus impulsos, meu pau, em torno dela. Isso
me incomodava. Após o incidente com Landon... havia uma
tensão inconfundível entre Lila e eu.

Ambos nos recusamos a reconhecê-la, continuando com


nossas vidas, mas estava lá, e estava ficando mais difícil de
ignorar.

Eu não sei por que... eu estava me sentindo desse jeito.

E eu não entendia o que era.

Com raiva de mim mesmo, segurei um rosnado e meus


olhos se voltaram para os de Lila. Ela estava esperando por uma
resposta, alheia ao meu tumulto interno.

Lila Garcia era minha melhor amiga, e a última coisa que


eu queria fazer era perdê-la porque eu não conseguia manter
meu pau nas calças.

Estou bêbado, este é o motivo, assim me convenci.

Ela bateu o pé com impaciência. Qualquer outra garota


fazendo isso teria me irritado, mas Lila batendo o pé era fofa
‘pra’ caralho.

— Vamos, Coulter. Você está prestes a perder para mim?


— Ela zombou. — É um desafio simples.

Simples?

Mal sabia ela...


Ela ficou convencida quando não respondi, sua natureza
competitiva brilhando. Lila sabia que eu nunca recusaria um
desafio e sabia exatamente como conseguir o que queria.

— Tudo bem, eu aceito o desafio, — disse, meus dentes


rangendo juntos. — Você vai se arrepender disso, Garcia.

Lila apertou os lábios para não sorrir, mas perdeu a luta.


Um belo sorriso se espalhou por seus lábios, e ela riu um
pouco, o pequeno som feliz disparando direto para o meu
coração.

Meus dedos se curvaram e desenrolaram ao meu lado.

O que diabos há de errado comigo?


CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Meu corpo estava em chamas.

Lutei contra um arrepio e meu pulso palpitava na


garganta.

Suas mãos viajaram pelos meus braços, lentamente...


demorando, como se estivesse memorizando cada centímetro da
minha pele exposta. Seu toque era tão suave, tão leve, mas
parecia que ele estava escrevendo uma palavra, pintando uma
imagem ou tocando uma música na minha pele. Minha
respiração ficou presa e meu coração disparou, tropeçando em
si mesmo, porque não poderia mais bater em um ritmo normal.

Nossos olhos se conectaram através do espelho até chão. A


intensidade do seu olhar fez meu estômago dar um salto louco,
e minhas coxas tremeram.

Maddox usava uma camisa preta sem mangas, os


músculos de seus braços à mostra, e eles se apertavam e
contraiam a cada movimento que fazia. Todo o seu corpo era
uma obra de arte. Eu usava uma blusa e shorts confortáveis o
suficiente para dançar.

Seus olhos azuis ardiam com algo que eu não conseguia


ler, escuro e intenso.

Amigos, eu disse a mim mesma. Nós somos melhores


amigos. Mas amigos não se olhavam como nós. Os últimos
cinco dias foram uma doce tortura.

Doce porque eu passava todas as horas com Maddox.


Tortura porque eu passava todas as horas com Maddox.

Dançando... Tocando... Respirando tão perto dos lábios


um do outro... Mas lembrando a mim mesma que precisava me
afastar.

Recusei-me a reconhecer o que estava sentindo. Era


proibido.

Ou talvez eu realmente não tenha compreendido minhas


próprias emoções rebeldes.

Por que meu corpo reage da maneira que faz quando


Maddox está perto?

Por que meu coração dói... quando ele está machucado?

Por que meu estômago lateja quando ele está me tocando?


Nós somos amigos, não somos?

Ser qualquer coisa além de amigos poderia arriscar o que


tínhamos nos últimos três anos, e o que quer que tivéssemos,
era bonito do jeito que era.

— Lila?

Sua voz, um timbre profundo que viajou pelo meu corpo


até os dedos dos pés, me trouxe de volta ao presente.

— Você acabou de pisar nos meus pés. — Ele murmurou,


sua respiração contra a ponta do meu lóbulo da orelha.

Eu rapidamente me desculpei e voltei para a posição em


que deveria estar.

Nossos olhos se encontraram e eu movi meus quadris


contra os dele. Ele seguiu meu movimento, e seu aperto
aumentou em minha cintura, seus dedos quase cavando a
minha carne, e não parecia que ele tinha notado.

Nossa diferença de altura tinha a curva da minha bunda


na sua virilha, e meus olhos se fecharam, minhas bochechas
queimando de vergonha e... Outra coisa.

Maddox emitiu um som no fundo da garganta e eu olhei


para ele através do espelho. Seu rosto endureceu e seus olhos
ficaram mais escuros, suas pupilas dilatando.
Ele agarrou meus quadris e me girou, me pegando de
surpresa. Ele me puxou para mais perto, nossos corpos se
chocando. Sua mão deslizou sobre minhas coxas nuas,
exatamente onde o short terminava, e ele lentamente levantou
minha perna esquerda, enganchando minha coxa em torno de
seu quadril, fogo percorreu minhas veias.

Maddox me abaixou e seu calor passou pelas minhas


roupas até meus ossos.

— Você parece um pouco vermelha, Garcia. — Ele


murmurou. — Estou muito quente para você?

Ele me puxou de volta e meu coração bateu forte no peito.


Eu me virei e revirei os olhos, tentando parecer indiferente às
suas observações estúpidas e sua proximidade.

Maddox riu baixo, seu peito vibrando com o som, e eu


senti a vibração contra minhas costas. — Você está revirando os
olhos para mim, eu sei. Eu posso ver seu reflexo no espelho,
Lila.

Meus olhos se estreitaram nele, e eu girei novamente,


golpeando seu peito. — Concentre-se na dança, Maddox. — Seu
braço serpenteou em volta da minha cintura e ele me puxou
com força em seu corpo. Eu tropecei em seu peito.

— Eu estou com você. — Ele murmurou suavemente, e seu


braço apertou minha cintura.
Maddox tirou a venda branca do bolso e cobriu meus
olhos, roubando minha capacidade de ver. Eu deveria estar com
os olhos vendados por metade da apresentação, tornando-a
mais complicada. Era tudo sobre confiar no seu parceiro de
dança.

Isso me forçou a sentir cada um de seus movimentos, seus


passos, nosso ritmo combinado, nossas respirações trêmulas e
o calor vindo dele. Meu corpo estava ainda mais consciente da
proximidade de Maddox comigo.

Seu calor me deixou por um breve momento e nossa


música, a música que deveríamos dançar, encheu o pequeno
estúdio de dança. “Time Of My Life”, de Bill Medley e Jennifer
Warnes.

Não havia como Maddox e eu competirmos com a dança e


os atores originais do filme Dirty Dancing39; eram lendas, mas
era o meu filme e música favoritos, e era perfeito para essa
dança.

De olhos vendados, esperei Maddox voltar para mim.

Eu podia senti-lo em algum lugar da sala, me observando.


O calor do seu olhar fez meu estômago apertar.

39Dirty Dancing – Ritmo Quente é um filme estadunidense de 1987, do gênero drama romântico e
musical. O filme é protagonizado por Jennifer Grey no papel de Frances "Baby" Houseman, uma jovem
que se apaixona pelo instrutor de dança Johnny Castle (Patrick Swayze) durante as férias em um resort.
Quanto mais ele demorava, mais nervosa eu ficava. Tick,
tick, tick.

Seu corpo roçou nas minhas costas e eu respirei fundo.


Apertei meus olhos atrás da venda e me lembrei de respirar. A
sua mão caiu, os dedos deslizando sobre o meu corpo. Minhas
costelas, meu estômago, meus quadris. Maddox me tocou como
se eu fosse um vidro frágil à sua exploração.

Maddox me puxou para ele, e começou a se mover. Eu


segui seus passos através do nosso tango misto e dança
contemporânea.

Ele agarrou meus quadris e me girou para a esquerda e


para a direita antes que eu caísse em seus braços. Meu coração
disparou mais rápido, e sua respiração estava irregular.
Imaginei o rosto duro e os olhos tão azuis que me afogava neles.
Lindo.

Meu.

Oh, eu desejava.

Abracei a música e balancei com o fluxo, combinando o


ritmo de Maddox e deixando que ele me conduzisse cegamente.
Eu estava à sua mercê.

Depois de me girar e com meu coração na garganta,


Maddox me puxou de volta para seu corpo. Com uma mão na
minha cintura, ele agarrou minha coxa e lentamente trouxe
minha perna até seu quadril. Enganchei meu tornozelo em sua
coxa, bem embaixo de sua bunda. Eu estava respirando com
dificuldade agora, e desejei poder ver seu rosto.

Sua respiração escovou meu nariz. — Isto está certo? Este


é o movimento correto? — Maddox perguntou, sua voz profunda
e áspera.

Eu balancei a cabeça, silenciosamente. Então, ele


lentamente me abaixou. Eu me libertei em seus braços e o
deixei me mover. Comigo dobrada para trás, seu corpo moldou
sobre o meu. Ele pressionou o rosto contra a curva do meu
pescoço. Era apenas parte da dança, eu disse a mim mesma.

Maddox inalou. Eu exalei.

Ele me trouxe de volta e minha perna caiu em torno de seu


quadril. Ele me virou para a direita e, em seguida, um giro
rápido à esquerda antes de me aproximar dele novamente.
Nossos movimentos estavam sincronizados.

Eu levantei meus braços e suas mãos deslizaram pela


minha cintura, logo abaixo das minhas costelas. Eu balancei e
movi meus quadris para a música. Seus dedos se apertaram na
minha cintura antes que ele me levantasse. Meus pés saíram do
chão e passei minhas pernas ao redor de seus quadris antes
que ele me dobrasse para trás novamente.
Quando finalmente estávamos de pé, eu o abracei,
enterrando meu rosto em seu pescoço. Eu me sentia um pouco
tonta, meu coração batendo muito rápido. E o mesmo com o
dele. Corpo contra corpo. Peito a peito. Senti o seu coração
batendo no mesmo ritmo enlouquecedor que o meu. Maddox
girou nós dois de uma vez.

Meu estômago apertou quando deslizei por seu corpo, e


meus pés tocaram o chão mais uma vez. Seus dedos roçaram
minha bochecha corada, e me perguntei se ele podia sentir o
quão quente eu estava. Maddox removeu a venda como lhe foi
dito durante as nossas práticas de dança.

Eu pisquei, e nossos olhos se encontraram.

Seu rosto brilhava com suor, e meu cabelo estava grudado


na minha testa e bochechas suadas. Seus olhos se estreitaram
em mim, com fome e procurando. Brilhando com algo, algo que
eu não entendia, que não conseguia explicar.

A expressão em seu rosto... eu gostaria de saber o que era.


Maddox deu um passo para trás... depois outro e mais outro,
andando para trás de mim. A música estava chegando ao fim;
esse era o nosso movimento final.

Uma vez que havia distância suficiente entre nós, ele


torceu o dedo para mim, acenando para eu ir até ele.

Eu fiz.
Eu andei e, em seguida, saí correndo, um levantamento
final, o mesmo levantamento climático que o do filme.

Quando eu estava perto o suficiente de Maddox, eu pulei.


Suas mãos agarraram meus quadris e ele me levantou acima da
cabeça. Forte e firme, ele me manteve firme.

Oh, Deus.

Todos os músculos do meu corpo se contraíram. Eu soltei


uma respiração instável enquanto deslizava lentamente por todo
o corpo, sentindo cada centímetro duro dele. Minhas mãos
pressionaram seu peito, deslizando por suas costelas e
abdômen.

— Eu peguei você. — Ele murmurou.

Pegou?

Uma vez que estava tocando o chão novamente, enrolei


meus braços atrás do pescoço dele, e nossas testas se
pressionaram juntas. Seus lábios roçaram a ponta do meu nariz
e meus olhos se fecharam.

Eu não consigo respirar.

Eu balancei, tonta com a mera proximidade de Maddox.


Meu coração batia forte no peito. Ele exalou, e seu hálito
mentolado estava nos meus lábios.

Não me beije.
Beije-me.

Não, não estrague isso.

Um aplauso alto contra o silêncio da sala me assustou.


Meus olhos se abriram e os de Maddox escureceram quando ele
se afastou.

Eu me virei e encarei Bea. Quando ela chegou aqui?

— Lila! — Ela gritou, batendo palmas. — Aquilo foi


incrível... explosivo! Oh meu Deus!

Bea entrou ainda mais na sala, parecendo bastante


satisfeita. Se havia alguma tensão no ar, ela a ignorou.

Ela se abanou. — A química... Doce Jesus, tenha piedade


de nós. Apenas, uau! Ninguém acreditaria que vocês dois são
apenas amigos. Isso foi... sim, uau. — Bea apontou para
Maddox e eu. — Era exatamente isso que eu estava procurando.
Você precisa de química com seus parceiros de dança. Você
precisa que o público sinta sua dança, mesmo que não esteja
dançando.

O sorriso dela se alargou. — Oh, eu estou tão animada.


Obrigada, Maddox. Por fazer isso em tão pouco tempo.

— Lila pediu, — ele resmungou, passando os dedos pelos


cabelos. — Eu não poderia dizer não.
Bea se virou para mim. — Vocês estão com fome? Podemos
almoçar.

Maddox deu um passo para trás, se afastando mais de


mim. Ele pegou sua mochila, apertando a mandíbula e o corpo
tenso. — Não. Vá em frente. Estou indo embora.

— Maddox...

Mas ele já estava se afastando sem olhar para mim. Sem


um adeus.

Meu coração caiu na boca do estômago.

O momento entre nós se foi, o feitiço quebrado.

Era melhor assim, antes que qualquer um de nós


cometesse um erro que nós dois nos arrependeríamos pelo resto
de nossas vidas.

Amigos?

Amigos.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Caminhei para dentro do apartamento, dando de cara com


Riley e Colton. Os dois pareciam furiosos, encarando e cuspindo
veneno um para o outro. Ele a enjaulou contra a parede e suas
cabeças se viraram em minha direção, enquanto eu entrava no
apartamento. Colton se afastou de Riley como se ela o
queimasse, e Riley estava atirando punhais nas costas dele.

Sem uma palavra, Colton saiu e bateu a porta atrás dele.

Bem, isso não parecia muito bom.

A animosidade entre Colton e Riley estava ficando fora de


controle.

Limpei minha garganta e Riley fungou. Seu rosto


contorceu e ela sufocou um grito. — Eu o odeio.

— Colton ou Grayson? — Eu perguntei, já sabendo a


resposta.

— Ambos. — Ela sussurrou, a fúria queimando em seus


olhos. Ela entrou na cozinha e encheu um copo de água.
— O que aconteceu?

— Grayson ligou. — Ela murmurou.

Oh, merda.

Ela emitiu um som no fundo da garganta. Parecia um


gemido. — Por que ele ligou? Depois de tanto tempo... por quê?

Coloquei minha bolsa no balcão e sentei no banquinho. —


O que ele disse?

Riley encolheu os lábios com um sorriso de escárnio. —


Nada. — Minhas sobrancelhas se levantaram e eu esperei. —
Ele ligou, eu atendi. Ele não disse uma palavra. Eu podia ouvi-
lo respirando pelo telefone, mas ele é um covarde. Eu desliguei.

Pobre Riley.

Três anos atrás, eu pensei que Grayson era a melhor


escolha para ela.

Dois meses após a formatura, ele partiu seu coração.

Grayson não iria cursar nenhuma universidade.

Riley queria fazer um relacionamento de longa distância.


Inferno, ela até pensou em sair de Harvard e voltar, só para que
eles não tivessem que terminar. Ela estava pronta para colocar
seu coração em risco por ele.
Mas Grayson foi inflexível e disse que não daria certo. Ele
não estava disposto a viajar longas distâncias, mas Riley sabia
que era uma desculpa idiota. Algo estava acontecendo com ele,
algo que ele estava escondendo de todos nós. Nós achamos que
tem algo a ver com seus pais adotivos e seu passado, mas ele
não disse uma palavra.

Ela não estava pronta para desistir dele, no entanto.


Depois de idas e vindas, dificultando as coisas para Riley, ele
saiu. Grayson terminou com ela logo antes do início de nosso
primeiro ano em Harvard.

Grayson voltou para Manhattan e Riley ficou aqui. Ela


ainda estava apaixonada por ele, e eu sabia que, se Grayson
aparecesse agora, ela o daria outra chance.

Introduza Colton, que pensou que, após o rompimento de


Riley, ele teria uma chance com ela.

Oh, ele tentou. Ele se importava com ela, qualquer um


conseguia ver isso claramente. Se havia alguém que poderia
curar o coração de Riley depois que Grayson o quebrou... era
Colton.

Mas Riley se recusou a ceder em seus avanços. A tensão


aumentou entre eles, ficando muito volátil a cada dia.

— Sinto falta dele, — ela confessou, sua voz quase um


sussurro. — Se ao menos ele tivesse nos dado uma chance.
Agarrei sua mão na minha e apertei. — Sinto muito, Ry.

Ela limpou uma lágrima, quase com raiva. — Você acha


que talvez... Grayson tenha um bom motivo para ficar longe?
Algo me incomodou naquele dia.

O olhar frenético e desesperado nos olhos de Grayson


enquanto ele empurrava Riley para mais longe dele. E as
palavras que ele rugiu.

— Eu estou protegendo você, droga!

Protegendo Riley? De quê? De quem?

Ela soltou uma risada sem humor; seus olhos brilhavam


com lágrimas não derramadas. — Ele teve três anos, Lila. Há
três anos que estou esperando por ele, três anos para ele
perceber que poderíamos ter sido tão bons juntos, mas ele
desistiu de nós.

Eu a abracei, e ela caiu em meus braços, chorando


baixinho. Ela estava segurando isso por tanto tempo. Meu
coração doeu por ela.

Por todos os três.

Uma vez que seus gritos se transformaram em pequenos


soluços, Riley se afastou e esfregou a mão no rosto, como se
estivesse se livrando de qualquer evidência de que estava
chorando por Grayson. Ela deu um meio sorriso, os cantos dos
lábios torcendo um pouco. — Como foi o evento? Onde está
Maddox?

Deixei o banquinho e fui até a geladeira, tirando as sobras


da noite passada. — O evento foi ótimo. Foi muito...
emocionante, e eles adoraram a dança. A parte da captação de
recursos também foi um enorme sucesso, — eu disse a ela. —
Foi divertido.

E realmente foi. A noite inteira foi bem épica até...

Riley pareceu curiosa quando perguntou: — Maddox não


voltou para casa com você?

Não, ele fugiu.

No momento em que nossa dança terminou, Maddox foi


embora. Ele nem ficou para jantar, e com ele saindo dessa
maneira, sem nem uma palavra, eu mal consegui comer. Minha
comida permaneceu intacta na minha frente e, pelo resto da
noite, sorri enquanto meu coração se despedaçava, escondido
dos olhos de todos. Sofri enquanto eles desfrutavam o resto da
noite.

Como ele pôde? Por que ele saiu? Por que ele não disse
adeus? Por quê?

Uma raiva contida ardeu no meu estômago, ameaçando


romper. Eu não conseguia entender por que Maddox estava
agindo do jeito que estava, por que ele estava fugindo, se
afastando cada vez mais de mim.

Raiva e... medo.

Porque parecia que estávamos pendurados por um fio fino,


e ele estava prestes a romper, nos catapultando para dois
mundos diferentes e distantes um do outro.

Maddox e eu... se não tivéssemos cuidado, estaríamos


prestes a quebrar, despedaçar, e não haveria como voltar uma
vez que isso acontecesse.

Eu e você, ele prometeu.

Eu esperava que ele estivesse interessado em cumprir suas


promessas. Meu peito apertou. Não me quebre, Maddox.

— Lila? — A voz suave de Riley quebrou através da minha


tempestade de pensamentos.

— Ele saiu. Eu não sei onde ele foi. — Eu admiti em voz


alta, as palavras com gosto amargo na minha língua.

Riley olhou para mim, seus olhos procurando. — Você não


vê, não é? — Ela disse gentilmente.

— Vejo o quê? — Enfiei um pedaço de frango assado na


boca.
Os lábios dela torceram. — Nada. Quando você vir, saberá
o que quero dizer.

— O quê...

Riley balançou a cabeça e se levantou. — Eu tive um longo


dia. Eu vou para a cama. Você vai dormir logo?

Eu assenti. — Provavelmente.

Riley parou na porta do quarto e olhou por cima do ombro.


— Pare de se esconder e pare de ignorá-lo. Você sabe o que
sente. Você está apenas se recusando a reconhecê-lo.

Sem esperar por uma reação, ela fechou a porta. Eu fiquei


lá, em silêncio. O que eu deveria fazer com suas palavras
enigmáticas?

Parecia que havia um buraco no meu peito e eu estava


sangrando. Não havia como parar o fluxo de sangue. Eu
sangrei, a faca cavando meu coração descuidadamente.

Gotejando. Gotejando. Gotejando.

A represa quebrou, meu sangue correu e eu perdi aqueles


pedaços de mim que cuidadosamente colei.

Lágrimas de frustração borraram meus olhos.

Eu estava tão... confusa.

Entre querer Maddox e não querer perdê-lo.


Durante anos, eu engoli meus sentimentos confusos e os
mantive trancados em um lugar proibido, me recusando a
reconhecê-los. Minha garganta coçou quando forcei de volta um
soluço, e meus pulmões pareciam colapsar.

Você sabe o que sente.

Não! Eu não sabia!

Não poderia.

Nunca.

Pare de se esconder e pare de ignorá-lo.

Eu... não podia.

Mordi o lábio até sangrar, e meus joelhos se dobraram


diante a realização, o que sentia por Maddox, era muito mais e
estava com medo de admiti-lo.

Por que isso era tão difícil?

Talvez eu fosse estúpida.


Talvez eu tivesse perdido completamente a cabeça. Era a
única explicação para eu estar no apartamento de Maddox,
esperando que ele chegasse em casa. Era quase meia-noite e a
última vez que o vi foi...

Quando ele deixou o evento logo após a nossa dança.


Maddox não tinha chegado em casa ainda.

Torci as mãos com nervosismo, a sensação de ansiedade


acumulando no estômago. Deus, o que eu estava fazendo?

Por que eu estava... aqui? Na casa dele, esperando por ele.

Estúpida, estúpida Lila.

O que eu ia fazer quando ele voltasse? Abraçá-lo? Beijá-lo?

Nada.

Eu olharia para ele, ele olharia nos meus olhos, e seria


isso. Porque nós somos... amigos.

Era uma mentira tão brutal. Amigos…

Quanto mais nos aproximávamos, mais percebia as


pequenas coisas sobre Maddox. O que ele amava, o que gostava,
o que o irritava ou incomodava, suas manias e tiques, e com
cada coisa nova que eu aprendi sobre ele nos últimos três anos,
ficava mais difícil me afastar.
Ignorar o que estava acontecendo entre nós; ainda assim,
nos recusamos a admiti-lo.

Ele fodeu outras garotas. Eu namorei outros caras. Nós


éramos melhores amigos.

Era simples para o mundo, para ele, mas eu estava


lutando uma guerra sozinha.

Minha cabeça caiu em minhas mãos e um som sufocado


me escapou.

O que eu estou fazendo?

Eu me perdi em pensamentos no tic tac do relógio


marcando cada segundo que passava, e quando eu finalmente
não aguentava mais, fiquei de pé. Não, eu não deveria estar
aqui.

Isso foi um... erro.

Eu estava confusa e... com medo... e sentindo muitas


coisas. A última coisa que eu precisava era estar tão perto de
Maddox se ele voltasse para casa. Eu tinha que sair.
Balançando a cabeça em desolação, caminhei até a porta.

Eu nunca a alcancei, porque a porta se abriu e Maddox


entrou em seu apartamento, tropeçando dentro de casa,
bêbado. Doce Mãe Maria, ele estava fora... bebendo?
Ele parou ao me ver, e seus lábios se curvaram. — Lila. —
Ele soprou meu nome como uma oração sussurrada para os
céus acima.

Ele estava orando por absolvição ou destruição? Porque


sussurrando meu nome assim, só poderia nos destruir.

Ele bateu a porta atrás e veio em minha direção.

— Você está bêbado. — Eu acusei, dando um pequeno


passo para trás.

Ele cantarolou, sorrindo. Ele ficou à minha frente, nossos


peitos mal se tocando, e meu olhar encontrou o dele. — Você é
tão bonita. — Ele deixou escapar.

Deus, ele estava completamente louco. Maddox não estava


apenas embriagado; ele estava realmente bêbado.

Ele inclinou a cabeça e enfiou o nariz na curva do meu


pescoço, inalando bruscamente. Ele estava... me cheirando?

— Linda. — Ele respirou, antes que seu corpo se


afundasse no meu.

— Maddox! — Ele estava tão pesado que meus joelhos


quase dobraram sob seu peso. — Maddox?

Ele apenas... desmaiou?


Peguei seus ombros em minhas mãos e tentei sacudi-lo
para acordá-lo. Ele gemeu, mas por outro lado, não se mexeu
além disso. Merda.

Com o resto da minha força, arrastei seu corpo pesado


para o seu quarto. Maddox mal fez qualquer esforço, porque
estava praticamente morto para o mundo. Quanto ele bebeu? E
por quê?

Deus, eu estava tão cansada de fazer essa pergunta... por


quê?

Eu o empurrei na cama, odiando que ele bebesse tanto em


uma noite. Antes que eu pudesse me afastar, o braço dele
enrolou em volta da minha cintura, e ele me puxou para frente,
e eu caí em cima dele.

Sua garganta balançou quando ele gemeu. Empurrei seu


corpo, tentando me libertar, mas para alguém tão bêbado
quanto Maddox, ele ainda era forte demais para mim. Seu braço
era uma tira de aço em volta dos meus quadris, me mantendo
trancada contra ele. Ele não estava me deixando ir.

Eu me afastei, mas depois respirei fundo quando senti...

Minha garganta ficou seca. Isso não estava acontecendo.

Seu pau esticou através de seu jeans, a protuberância


pressionando indecentemente no meu estômago.
— Lila. — Meu nome em seus lábios parecia poesia. Tão
certo, tão perfeito... tão imundo.

Eu pressionei minhas mãos sobre seu peitoral e empurrei.


— Maddox, deixe-me ir.

Ele fez o contrário.

Maddox nos rolou até eu ficar embaixo dele, presa em seu


corpo. Minhas pernas se abriram e eu ofeguei quando ele se
estabeleceu entre minhas coxas abertas. Seus olhos se abriram,
nebulosos e cheios de... fome.

Seu olhar caiu nos meus lábios, e ele permaneceu lá, suas
pálpebras encapuzadas.

— Maddox. — Eu sussurrei.

— Diga isso... de novo. O meu... nome.

Eu estava totalmente desamparada em seus braços. —


Maddox. — O nome dele ecoou dos meus lábios.

— Mais uma vez. — Ele exigiu.

— Maddox.

Ele soltou um suspiro trêmulo antes de inclinar a cabeça,


pressionando o rosto na minha garganta. Ele me aninhou, seus
lábios acariciando minha pele. Eu tremi, arrepios quebrando
sobre minha carne.
Ele passou os lábios pela minha clavícula, seus dentes
roçando a pele sensível lá, e eu soltei um arrepio involuntário.
— Não. — Eu avisei, mas foi uma tentativa fraca.

Maddox cantarolava baixo em sua garganta, seu peito


vibrando com o som. Ele abaixou seu corpo sobre o meu, me
forçando a entrar no colchão. Ele me envolveu como um casulo.

Estávamos peito a peito, quadris contra quadris, sua


dureza pressionada contra meu núcleo aquecido, tão perto. Não
havia nem um centímetro de ar entre nós.

A área entre as minhas pernas palpitava, e eu cerrei,


procurando algo, mas me sentindo... vazia.

Maddox ainda estava zumbindo na minha garganta, me


beijando como se não fosse atípico, como se não fôssemos
melhores amigos, como se tudo ao nosso redor desmoronasse
enquanto ficávamos intimamente envolvidos nos braços um do
outro.

— Foda-se. — Ele grunhiu contra a minha pele, e seus


quadris estremeceram, pressionando contra a minha parte mais
sensível. Meus lábios se separaram, chocados, e um suspiro
silencioso me escapou.

Minhas mãos se atrapalharam com seus ombros e minhas


unhas cravaram em suas costas.

Isso era tão errado.


Pare.

Não pare.

Maddox girou seus quadris antes de moer contra minha


boceta. Nós dois estávamos completamente vestidos, e meu
melhor amigo estava me montando como um adolescente
excitado.

E eu não queria detê-lo.

Quanto tempo eu me proibi de imaginar isso? Tempo


demais.

Ele estava bêbado; não era culpa dele. Eu estava


plenamente consciente, e seria minha culpa para carregar.

Deveríamos ter parado.

Não. Não pare.

Maddox moeu sua ereção contra mim. Ele estava tão duro;
eu podia senti-lo através das camadas de nossas roupas. Meu
núcleo ficou quente e úmido. O desejo ardente se espalhou por
minhas veias e meu estômago mergulhou nos dedos dos pés.

Sua respiração parou, e eu soltei um gemido quando seus


quadris estremeceram novamente, o zíper de sua calça jeans
pressionando com força contra a minha boceta através do meu
short. O atrito deixou meu corpo querendo mais, e fiquei
carente. Minha boceta apertou quando a necessidade de ser
preenchida se tornou forte.

Maddox investiu contra mim, de novo e de novo, o


movimento muito parecido como se estivéssemos realmente
fodendo.

Minhas coxas tremiam e meu coração se apertou.

Ele beijou o caminho ao longo da minha garganta,


mordendo e chupando suavemente a minha pele. A palma da
mão acariciou a curva dos meus seios, sentindo os montes
pesados em suas mãos. Seus grunhidos e gemidos eram música
para meus ouvidos, enquanto eu tentava me lembrar de como
isso era errado.

Está errado. Soltei seus ombros e empurrei a mão entre


nós.

Isto está errado. Meus dedos traçaram minha fenda


molhada através do meu short.

Maddox esfregou contra mim novamente, e foi uma


sensação tão deliciosa que fez meus olhos trêmulos se
fecharem.

Enfiei a mão no meu short e puxei minha calcinha para o


lado. Meus olhos ficaram turvos com lágrimas quando um
gemido ecoou dos meus lábios. Era tão bom, mesmo que
estivesse tão errado. — Foda-se, porra. — Amaldiçoou, as veias
altas em seu pescoço, e seu rosto ficou tenso.

Seus impulsos ficaram mais agitados e mais rápidos. Ele


estava perseguindo seu orgasmo, subindo em direção a algo
proibido entre nós.

Meu polegar deslizou sobre meu clitóris inchado e meus


quadris se ergueram. Eu estava tão quente, e meus dedos
deslizaram sobre minha umidade. Minhas juntas roçaram meus
lábios, sentindo a forma como meu núcleo se contraía. Eu
estava tão excitada; eu nunca estive tão molhada antes. Juntei
minha umidade com dois dedos e esfreguei meu clitóris
pulsante. Prazer cravou em mim e minhas costas se curvaram.

A sensação dos lábios de Maddox contra a minha garganta


e suas mãos amassando meus seios fizeram meus olhos
revirarem na cabeça. Seu polegar deslizou sobre meu mamilo
endurecido através da minha blusa e eu estremeci. Meu corpo
respondeu facilmente ao seu toque, e eu percebi que estava
desejando isso há muito tempo.

— Lila, — ele gemeu roucamente. — Porra, Lila. Minha


Lila. — Maddox me montou, empurrando, e eu balancei contra
ele em uníssono, encontrando um ritmo entre nós. Eu imaginei
que ele realmente estava me fodendo. Sem roupas, sem
barreiras entre nós, e nossos corpos nus pressionados da
maneira mais íntima que dois seres humanos poderiam ficar
juntos.

A imagem nossa fodendo era tão decadentemente


pecaminosa e imunda, e meu corpo inteiro se apertou quando
eu subia e subia em direção à minha libertação.

Esfreguei-me mais rápido antes de deslizar o polegar sobre


o clitóris e beliscar. Minha visão ficou turva, e todo o meu corpo
tremeu quando eu sufoquei um suspiro, antes de morder meu
lábio. A umidade se acumulou entre minhas coxas, revestindo
meus dedos e calcinha com meu orgasmo vergonhoso. Molhada
e pegajosa continuei a me esfregar em movimentos de prazer,
sentindo as pequenas contrações da minha boceta após o meu
orgasmo.

Maddox empurrou com força, e eu ofeguei antes de um


gemido passar pelos meus lábios. Ele ficou tenso acima de mim
e seus quadris pararam, sua cabeça jogada para trás com um
grunhido baixo e profundo. O calor se espalhou através de seus
jeans, e eu pude sentir através dos meus shorts. Ele acabara de
gozar.

Os olhos de Maddox me perfuraram por um segundo e


então ele caiu sobre o meu corpo.

O momento se foi, e instantaneamente fui preenchida com


vergonha e imensa culpa. Meu estômago revirou, a bile cobrindo
cada centímetro da minha boca.
O que eu fiz?

Não havia absolutamente nenhuma desculpa. Maddox


estava bêbado, e eu aproveitei a situação para meu próprio
prazer. Ele provavelmente nem se lembraria disso amanhã de
manhã...

Mas e se... ele lembrasse?

Meu coração bateu forte no peito e engoli um soluço. Tirei


minha mão da calcinha, a viscosidade nos dedos era um
lembrete duro de nossas ações. Estiquei meu braço e mantive a
mão com a qual me esfreguei longe de nós.

Maddox enterrou o rosto no meu ombro. Seu corpo ficou


frouxo, e eu o senti roncar suavemente contra a minha pele. O
peso dele afundou em mim como um cobertor quente, e por um
breve momento, imaginei como seria adormecer em seus braços
todas as noites e acordar ao seu lado, assim. Por mais que a
fantasia fosse doce, só teria um final amargo.

Meus dedos deslizaram por seus cabelos, minhas unhas


roçando a parte de trás de seu pescoço suavemente, do jeito que
ele gostava. Meus lábios se separaram, querendo sussurrar meu
segredo, mas eu me senti sufocada. O coração é um traidor, e,
neste momento, eu podia sentir todas as minhas defesas
desmoronando no chão.
Maddox resmungou algo baixinho e parecia o meu nome.
O seu braço apertou meu quadril, e meus braços se enroscaram
em seus ombros quando uma lágrima solitária deslizou por
minha bochecha. Eu não queria deixar ir... Mas eu precisava.

— Se eu te amo, eu dou a você o poder de me destruir. Eu


não sou forte o suficiente para isso. Não posso ser apenas mais
uma garota para você, Maddox. Eu preciso ser mais; eu mereço
mais, e acho que você não pode dar isso. Não posso nos arriscar
e o que somos. Nós somos lindos... assim. Amigos.

Rezei para que Maddox acordasse de manhã sem a


lembrança do que havíamos acabado de fazer.

Eu levaria esse segredo para o meu túmulo e suportaria


essa culpa por conta própria.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

Uma semana depois

Meus dedos tamborilavam sobre minhas coxas enquanto


esperava Lila descer as escadas. Deixei-a uma hora atrás para
me vestir e, se não saíssemos em cinco minutos, estaríamos
atrasados para a festa de gala.

Eu estava de smoking, o que era apropriado para o evento


que estávamos indo. Era um leilão e jantar, meus pais eram
convidados de honra. Meu pai me ligou ontem à noite e exigiu
que eu estivesse presente. Eu disse a ele para ir se foder e
desliguei com absolutamente nenhuma intenção de participar
disso. Eu não dava à mínima se isso era importante para ele ou
se era apropriado eu estar lá para mostrar meu rosto e apoio
aos meus pais.

Foi Lila quem me convenceu.

A festa de gala estava sendo realizada na Califórnia, e ela


queria visitar a praia. Lila disse que era uma grande
oportunidade para uma pequena pausa depois de um semestre
tão longo, e eu não podia dizer não a ela. Eu nunca poderia
recusá-la de nada.

Então, pegamos um avião. Iríamos à gala hoje à noite e


amanhã eu iria ensiná-la a surfar.

O som de saltos clicando contra a madeira trouxe minha


atenção para as escadas. Lila apareceu e minha respiração ficou
presa na garganta.

De tirar o fôlego.

Ela desceu as escadas com cuidado, um vestido preto de


seda grudado nas curvas delgadas e flutuando ao redor dos pés,
adornados com brilhantes saltos de prata. Era claro e simples,
mas elegante, com uma fenda alta. Sua coxa cremosa era visível
através da abertura enquanto ela caminhava em minha direção,
uma bolsa de mão prata ao seu lado.

Seu cabelo estava preso em um coque, com alguns fios


encaracolados de cabelo preto se espalhando pelo rosto. Seu
colar de apanhador de sonhos pendia entre o vale de seus seios,
e ela exibia um sorriso que fazia meus joelhos fracos.

Ela deu uma volta lenta. — Então, como eu estou?

Seus lábios carnudos e vermelhos tinham meu pau


pressionado contra minha calça preta e eu soltei um gemido. —
Bonita. — Eu murmurei.
Lila apertou os lábios, fazendo beicinho. — Apenas bonita?

Dei um passo em sua direção, incapaz de me conter. —


Linda. Maravilhosa. Requintada. Impressionante. Encantadora.
Angelical. De tirar o fôlego. Arrebatadora. Elegante. Feiticeira.
Sedutora. Celestial. Os anjos se curvariam a você porque não
podem competir. Tão requintada, porra.

Seus lábios se separaram, um engate na respiração, e ela


piscou para mim através de seus cílios longos e grossos que
deveriam não deveriam ser naturais, mas tudo em Lila era
natural. — Você disse requintada duas vezes. — Ela respirou.

Meus dedos deslizaram sobre seus braços nus. Sua pele se


arrepiou e um pequeno calafrio percorreu seu pequeno corpo. —
Porque você é duas vezes mais requintada. — Confessei, em um
grasnido rouco.

Meu corpo queimou com uma sensação que eu conhecia


muito bem, e minhas calças ficaram apertadas ao redor da
minha virilha quando meu pau ficava mais duro em sua mera
presença. Eu nem precisava tocá-la, e eu já estava vazando
esperma na ponta, porra. Era luxúria, eu disse a mim mesmo.

Mas eu cobicei outras mulheres antes, e o que eu sentia


por Lila não chegava nem perto de luxúria. E eu me odiava por
me sentir assim.
Assim como eu me odiei naquela manhã, há uma semana.
Acordei com uma cama vazia, mas ainda sentia a presença de
Lila ao meu lado. Foi um sonho; no entanto, parecia tão real,
tão vívido.

E minha boxer estava pegajosa com a minha libertação. Eu


não conseguia me lembrar da última vez que tive um sonho
molhado e gozei no meio da noite como um adolescente
excitado, mas Lila... porra, ela invadiu até meus sonhos com
sua voz doce e toques pecaminosos.

Eu sonhava em transar com ela... minha melhor amiga. A


mesma amiga com quem fiz incontáveis promessas de dedinho.

Amigos?

Amigos.

Destruí a inocência do nosso relacionamento, a doçura da


nossa amizade. Eu tornei isso algo... sujo, e não era mais puro e
não era mais intocado pelos meus desejos proibidos. Era minha
culpa para suportar pelo resto de nossas vidas.

Mal sabia ela... Doce Lila, eu estraguei tudo.

Os seus lábios se curvaram. — Uma língua tão doce. Estou


quase com ciúmes de todas as garotas com quem você falou
essas coisas.
Meu coração apertou com as suas palavras. — Seu ciúme
não é necessário porque nunca disse essas palavras para outras
mulheres.

Ninguém jamais se comparou à Lila, desde que entrou em


minha vida. Nenhuma outra mulher jamais foi... linda ou
requintada.

Seus olhos se arregalaram antes que ela rapidamente


tentasse mascarar sua surpresa. — Mentiroso.

Eu peguei seu cotovelo, afastando-a da escada. — Eu não


minto.

Lila murmurou algo incompreensível baixinho antes de


revirar os olhos. Saímos da casa de praia, minha propriedade,
bem, dos meus pais. Tínhamos um zelador que limpava e
mantinha a casa segura enquanto não estávamos aqui. Meus
pais e eu costumávamos passar muito tempo aqui quando era
mais jovem, uma criança. Antes que tudo mudasse, e eu me
tornasse um estranho em minha maldita casa e com meus
próprios pais.

Uma limusine estava esperando por nós lá fora. Lila soltou


uma risada ofegante. — Sério, uma limusine?

Dei de ombros, sem entusiasmo. — O anfitrião da festa de


gala hoje à noite arranjou. Aparentemente, ele enviou uma
limusine a todos os seus convidados. — Seus olhos se
enrugaram para os lados enquanto seu sorriso se alargava.

— Droga. Não sei o que significa ser tão rico. Perdoe-me


por ser uma humilde camponesa.

Entramos na limusine e o motorista saiu do


estacionamento, atravessando a vizinhança com a qual eu
estava familiarizado. O trajeto até o local do evento era curto, e
estávamos atrasados apenas quinze minutos devido ao trânsito.

Entramos no salão e todos os olhos caíram sobre nós. Os


dedos de Lila se apertaram ao redor do meu cotovelo, me
segurando com força, como se sua vida dependesse disso.

Eu estou com você.

Eu encontrei os olhos do meu pai com um olhar duro, e ele


apontou o queixo para mim em saudação. Minha mãe sorriu,
embora tenha sido tenso. Provavelmente falso também, mas não
sabia mais desde que parei de me importar se era real ou falso.

No momento em que descemos as escadas, eu estava


cercado. Eu era o filho de Brad Coulter, prestigiado, importante
e mantido em alta honra.

A noite terminou antes de começar. De repente, minha


gravata borboleta parecia restringir meu fluxo de ar e minha
pele coçava. Era exatamente por isso que eu não queria
comparecer a essa festa, porque tudo o que eles estavam
falando era quando eu assumiria a empresa do meu pai,
perguntando sobre o futuro. Ele construiu um império, e eu era
o único herdeiro.

Fui abordado por empresários de esquerda e direita. Eles


riram e nós compartilhamos uma bebida, parecendo o mais
cortês possível.

Eu detestei.

Lila ficou ao meu lado até ser afastada pelas esposas. Eu


mantive meu olhar nela, a observando em cada movimento. Ela
não conhecia essas pessoas, e eu sabia que isso estava além da
sua zona de conforto.

Mas ela estava aqui por mim. Meu encontro para hoje à
noite, minha amiga e aliada.

Uma música lenta surgiu, e os casais se espalharam na


pista de dança. Essa era a minha chance. Eu balancei a cabeça
para os cavalheiros e fiz minha fuga rápida, seguindo em
direção a Lila. Sua cabeça levantou como se estivéssemos
conectados por um fio invisível, e ela podia me sentir vindo
atrás dela.

Seus olhos castanhos brilharam, e um pequeno sorriso


torceu seus lábios com alívio.

— Maddox. — Meu nome derramou de seus lábios e meu


peito apertou.
— Desculpe, senhoras. Posso roubar meu encontro para
uma dança? — Eu perguntei, oferecendo minha mão para Lila.
Ela riu e pegou minha mão, e a levei embora.

— Meu herói. — Ela sussurrou quando nos juntamos aos


outros casais na pista de dança.

— Pensei que você não precisava de um herói ou protetor.

Seus olhos se estreitaram em mim e ela beliscou meu


bíceps. Eu engoli minha risada. — Esqueça que eu disse isso.
Eu retiro o que disse. — Resmungou.

Linda Lila. Doce Lila.

Minhas mãos pousaram em seus quadris e as dela se


enrolaram na parte de trás do meu pescoço. No segundo em que
sua pele macia tocou a minha, eu percebi o erro.

Estávamos muito perto, depois que eu estava tentando


colocar distância entre nós.

Seu corpo pressionou contra o meu, e meus dedos


provocaram a curva superior de sua bunda antes que eu
agarrasse seus quadris novamente. Ela balançou ao som da
música e nós lentamente começamos a dançar.

Esta foi uma decisão ruim, e meu pau estava chateado


comigo. Suas bochechas estavam coradas e eu queria perguntar
o que ela estava pensando.
Era tão proibido quanto meus próprios pensamentos?
Seus desejos combinavam com os meus?

Eu balancei minha cabeça, tentando limpar minha mente.

— O que há de errado? — Lila perguntou, em sua voz


delicada. Ela inclinou a cabeça para o lado, os olhos brilhando
de curiosidade.

Meus olhos varreram o salão de baile e meu olhar pousou


no meu pai. Ele estava nos assistindo dançar, uma expressão
ilegível em seu rosto duro.

A raiva queimava como ácido em minhas veias pelo fato de


estarmos na mesma sala. Porra, eu não o queria perto da minha
Lila.

Inclinei minha cabeça, meu nariz roçando a ponta de sua


orelha enquanto sussurrei: — Vamos sair daqui.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Sua voz era sombria quando ele falou: — Vamos sair


daqui.

Maddox me arrastou para fora do salão e tentei me manter


em meus calcanhares. Eu sabia que ele iria odiar esta noite. Por
mais que fosse arrogante e presunçoso, e amasse a atenção das
mulheres, detestava estar cercado por pessoas como o pai,
conversando sobre negócios e se misturando com eles.

O assunto sobre ele assumir o império de seu pai um dia


como o único herdeiro, era algo que nunca discutimos. Ele se
recusou a falar sobre isso, e eu sabia que ele não tinha intenção
de assumir.

Em vez de esperar pelo manobrista, ele me levou pelo


prédio até o estacionamento. — Aí está a nossa carona. — Disse
ele sob o luar do céu da Califórnia.

Eu parei no meu passo, forçando Maddox a fazer uma


pausa também, enquanto eu observava o que estava à minha
frente. Maddox riu e soltou minha mão, caminhando até sua
moto. A sua moto?!

Eu fiquei boquiaberta quando Maddox subiu naquela


besta, uma que era semelhante à que estava em casa, e me
ofereceu um capacete. Ele parecia pecador, de smoking, com
cabelos desgrenhados, montado em uma moto. Lambi meus
lábios, odiando a sensação do meu coração acelerado ao vê-lo
ser tão diabolicamente bonito.

Eu nunca tinha visto um homem tão abertamente


masculino, tão confiante em sua própria pele e com uma aura
tão dominante. A área sensível entre as minhas pernas pulsava
com necessidade.

— Você vem, docinho? Ou preciso roubar você?

Eu pisquei, ainda chocada. — Como... onde você encontrou


essa moto? Chegamos em uma limusine.

Um sorriso torto enfeitou seus lábios perfeitos. — Eu já


estava planejando uma fuga precoce. — Ele piscou.

Fui até lá e peguei o capacete pesado que ele oferecia.


Maddox me ajudou a afivelar a tiras, os dedos demorando um
pouco demais no meu queixo.

Engoli em seco e soltei uma risada nervosa. — Por que


parece que estamos fazendo algo muito, muito ruim? Como se
fossemos garotos impertinentes... Quando na verdade, fizemos
muito pior do que fugir de uma gala de caridade idiota?

— Porque se meu pai descobrir que fugimos, ele vai me


esfolar vivo. — Disse ele com um leve sorriso nos lábios.

Meus olhos se estreitaram nele. — Ha. Engraçado. Muito


engraçado.

Olhei para o meu vestido longo e imaginei que isso poderia


ser um problema. Nós não estávamos realmente vestidos para
um passeio de moto. Mas graças a Deus pela abertura da coxa.
Isso me permitiu juntar meu vestido e dar um nó nas minhas
coxas; dessa forma, o tecido não ficaria preso nas rodas da
monstruosidade.

— Aonde vamos? — Eu perguntei curiosamente.

Seu olhar caiu nas minhas pernas nuas, e eu podia jurar


que ele engoliu, seus olhos escurecendo um pouco.

— Algum lugar que não seja aqui. — Ele anunciou


suavemente, o barítono profundo de sua voz vibrando através
dos meus ossos, até os dedos dos pés. Minha temperatura
corporal aumentou, queimando com uma necessidade tácita e
proibida.

Ele me ofereceu seu paletó do smoking e eu o peguei,


puxando meus braços pelas mangas e me envolvendo em seu
cheiro - sua colônia e seu cheiro viril familiar.
— Bem, vamos. Roube-me, Coulter. — Abaixei a viseira do
meu capacete, ocultando meu rosto do seu olhar, um refúgio
perfeito para minhas bochechas ruborizadas.

Eu montei a moto atrás dele e passei meus braços em


torno de sua cintura. Não era a primeira vez que ele me levava
para passear de moto. Tivemos muitos deles durante nossos
momentos juntos.

Montamos por um longo tempo, a brisa no meu cabelo e o


corpo quente de Maddox contra minha frente. Era...
reconfortante.

Isso... era exatamente por isso que eu não queria arriscar


perdê-lo.

Foi por isso que guardei meu segredo e tranquei a noite


que passamos juntos, o momento ardente entre nós. Maddox
não se lembrava do nosso tempo juntos, e era melhor assim.
Embora eu fosse a única pessoa assombrada pelas lembranças,
eu me tocando, enquanto ele me montava através de nossas
roupas.

Toda vez que eu olhava para ele, me lembrava do olhar em


seu rosto quando ele gozou. Meu corpo formigava com a
memória de seus lábios na minha garganta e suas mãos
amassando meus seios.
Tornou-se mais difícil para eu controlar meus desejos
indomáveis.

Maddox finalmente parou e o som de ondas batendo


encheu meus ouvidos. — Estamos na praia?

Ele me ajudou a sair da moto antes de se endireitar a toda


a sua altura. Maddox soltou a tira do queixo e puxou o
capacete. Depois que o capacete se foi, eu quase gemi de alívio.

Seu polegar acariciou minha clavícula de maneira delicada


antes que ele se segurasse e se afastasse. — Eu trouxe você
para o meu lugar favorito. Vamos lá.

Ele agarrou minha mão na sua e me puxou para frente.


Meus calcanhares afundaram na areia e tropecei para frente,
uma risada surpresa derramando dos meus lábios. Sim, isso
não ia funcionar. Chutei meus sapatos, meus pés descalços
afundando na areia macia. Era tão bom.

Nós andamos mais perto das ondas, de mãos dadas. Eu


podia ver o reflexo da lua cheia no oceano, e o som das ondas
era melodioso para meus ouvidos. Viemos aqui no ano passado,
com o resto do nosso grupo de amigos, nas férias de verão. Era
bom estar aqui de novo, mas desta vez, apenas nós dois.

Não queria admitir... mas era íntimo.

Maddox e eu nos acomodamos na areia, assistindo as


ondas baterem contra a costa. Nós caímos em um silêncio
confortável, e eu o observei pelo canto do olho. Seu rosto estava
duro e pensativo, com sombras sob os olhos. Maddox estava
bem sem os pais em sua vida, mas toda vez que eles tornavam
sua presença conhecida... eu via Maddox se retirar dentro de si
- um lugar cheio de raiva e ódio. Ele lutou suas guerras
internas por conta própria e em silêncio.

Meu coração doía porque eu queria abraçá-lo. Eu queria


acalmá-lo, salvá-lo e amá-lo de uma maneira que ele nunca foi
amado antes e de maneiras que só eu poderia fazê-lo.

Se ao menos ele deixasse. Se ele fosse meu. Se apenas...

— Está com frio? — Sua voz ecoou nos meus ouvidos e eu


afastei os pensamentos confusos.

— Não, não é frio. — Voltei a encarar o oceano. O desejo de


mergulhar na água era forte. — Eu quero nadar.

— Nós podemos, amanhã.

— Ou... — Deixei a frase em suspenso.

Maddox leu minha mente e seus olhos se estreitaram em


mim. — Lila. — Ele avisou.

— Causadora de problemas. Eu aprendi com o melhor. —


Eu pisquei para ele com falsa inocência. — Eu te desafio a
nadar nu. Agora mesmo.
Ele me deu um olhar vazio, antes de soltar um suspiro. —
O que eu vou fazer com você?

— Bem, acho que isso não é grande coisa. Você me


desafiou a usar um maldito saco de batatas no clube na
semana passada! Você tem alguma ideia de como isso foi
constrangedor?

A tensão em seus ombros se desfez. Maddox deu de


ombros. — Não pode ser tão embaraçoso quanto você me
fazendo usar uma barriga falsa de grávida. Eu andei assim pelo
campus o dia todo, Lila.

Eu apertei meus lábios para não rir. Oh, isso foi um


espetáculo. Eu nunca tinha visto Maddox tão ofendido em sua
vida, e Colton não o deixou em paz naquele fatídico dia.

Ao longo dos anos, Maddox e eu fizemos incontáveis


desafios. Alguns deles selvagens e loucos. Alguns
simplesmente... estúpidos e embaraçosos.

Maddox me ensinou como aproveitar a vida, como deixar


de lado o medo e a necessidade de controle e apenas... viver.

Eu não estava mais sobrevivendo ou simplesmente


passando pelos movimentos da vida após a morte de meus pais.

Eu estava... vivendo e respirando a vida. — Então, você


tem coragem?
Maddox se levantou e desabotoou lentamente sua camisa
branca. Ele puxou a gravata borboleta, que caiu na areia ao
meu lado. Ele tirou a camisa e minha boca ficou seca.

Seu estômago apertou, seu abdômen ondulou, e meu


estômago contraiu com o calor. Meus olhos viajaram pelo
comprimento do torso até o peito. Seus peitorais fortes e seus
mamilos...

Minha boceta apertou. O piercing de mamilo prateado


brilhava sob a luz da lua.

Eu tive que me lembrar de respirar. Meu olhar deslizou


para o seu rosto. Mandíbula esculpida. Lábios carnudos. Nariz
um pouco torto, mas só era perceptível se alguém prestasse
muita atenção e seus olhos brilhavam em um azul profundo,
tão profundo quanto o oceano, olhos que podiam ver dentro da
minha alma.

— Entrarei na água sob uma condição. Você tem que


entrar também.

— Isso é um desafio?

— Não, eu não vou desperdiçar um desafio nisso.

— Você acha que eu vou entrar só porque você pediu?

Ele sorriu. — Sim.


— Tão arrogante. — Revirei os olhos e cruzei os braços
sobre o peito.

Maddox tirou seus sapatos pretos e brilhantes e chutou


sua calça. Ele deixou sua cueca e caminhou em direção as
ondas. — Não seja uma covarde, Garcia. — Ele gritou por cima
do ombro.

Oh não, ele não fez.

Eu segurei um rosnado e me levantei, olhando para as


suas costas musculosas. Eu deveria ter pensado mais sobre
isso... mergulhar com Maddox era uma má ideia, mas não
pensei nisso.

Eu tomava decisões tolas ao redor de Maddox.

Dei de ombros ao meu vestido e ao meu sutiã. Cobrindo


meus seios com um braço, deixei minha calcinha de renda e
corri em direção à água.

Maddox já estava com a água na cintura, atravessando a


maré fria, antes que eu pulasse nas suas costas. — Boo. — Eu
disse em seu ouvido.

Era tarde demais para perceber meu erro.

Meus seios nus pressionaram contra suas costas. Pele a


pele. Meus olhos se arregalaram e minha respiração gaguejou.
Maddox ficou tenso, inspirando bruscamente, enquanto
meus mamilos enrugados esfregavam suas omoplatas. Eu
apertei meus olhos, me repreendendo silenciosamente.

— Encrenqueira. — Ele resmungou sem nenhuma pressão.


Maddox alcançou atrás dele e agarrou minhas coxas, me
mantendo firme. Eu adorava nadar, mas era noite eu não
conseguia ver nada. A água estava muito escura e o oceano não
era um lugar para confiar. Pode haver qualquer coisa nesta
água.

Agarrei-me a Maddox, já me arrependendo do meu desafio.

Maddox riu, suas costas vibrando com o som. Meus


mamilos endureceram em duas pontas doloridas, e nós dois o
ignoramos. Eu disse a mim mesma que meus mamilos estavam
reagindo apenas ao oceano frio, não por causa de Maddox.

— Não seja uma covarde. — Ele estava evitando que isso


fosse constrangedor.

— Idiota. — Eu assobiei, golpeando seu bíceps.

Lentamente, eu me desembaracei de suas costas e andei


pela água, longe dele. Eu me mantive boiando em minhas
costas, olhando o céu escuro.

Como isso aconteceu…?


Como Maddox e eu passamos de inimigos para amigos...
Para melhores amigos... Para isso?

Algo viscoso tocou meus pés, e eu pulei, saindo de meus


pensamentos com um grito aterrorizado. Maddox nadou até
mim e me puxou para seus braços. — O que há de errado? —
Ele perguntou com urgência, suas mãos deslizando pelo meu
corpo nu, procurando por quaisquer ferimentos.

O que quer que tenha deslizado sobre o meu pé, fez


novamente, e eu estremeci. — Algo me tocou!

Enrolei minhas pernas em volta da cintura dele, olhando


para a água, como se eu pudesse ver alguma coisa, mas estava
muito escuro.

Maddox acariciou minhas costas. — Deve ser apenas um


peixe, Lila.

— Eu quero sair. Agora.

Minhas coxas apertaram sua cintura, e foi então que eu


percebi... Porra.

Os olhos de Maddox escureceram como se ele tivesse


chegado à mesma conclusão. Meu núcleo estava pressionado
logo acima do seu pau, as finas camadas de nossas roupas
íntimas eram a única barreira entre nós. Peito a peito, quadris a
quadris, pele a pele.
Meus pulmões se apertaram e eu esqueci como respirar.
Minhas mãos se enroscaram em seus ombros. O tempo parou e
o mundo parou.

O olhar em seu rosto era algo que eu nunca tinha visto


antes, e eu gostaria de saber o que ele estava pensando. Sua
mandíbula ficou tensa, os músculos tremendo. Suas pupilas
estavam dilatadas e escuras, seus olhos azuis tempestuosos
com emoções ilegíveis. Olhamos um para o outro um pouco
demais para ser apenas amigos.

— Lila. — Ele murmurou. Sua cabeça desceu em direção à


minha, sua respiração passando pelos meus lábios. Eu vi nos
seus olhos; Maddox ia me beijar.

Não, não faça.

Sim, por favor.

Seus lábios se separaram, me cativando. Ele me


pressionou mais perto dele.

Meu coração disparou, e meu estômago revirou, as


borboletas fervendo por dentro. Eu podia sentir sua dureza
entre minhas coxas. Maddox, é claro, não foi afetado. Ele era
um cara, afinal. Seu pau empurrou, pressionando contra minha
boceta através das camadas. Eu estava com calor, meu núcleo
era lava derretida e estava doendo.
Ele só teria que deslizar minha calcinha para o lado e
empurrar para dentro de mim.

Ele poderia…

Eu estava aberta para ele; minhas coxas estavam


espalhadas em torno de seus quadris. Como se não conseguisse
se conter, ele balançou contra mim, ligeiramente empurrando
contra a minha boceta.

Um pequeno gemido ecoou em meus lábios e meus olhos


se fecharam. Foi então que ele estalou.

Maddox se afastou bruscamente, a água ondulando ao


nosso redor severamente. Ele escorregou do meu abraço,
forçando minhas pernas a se afastarem de sua cintura. — Está
frio. Devíamos sair. — Disse, sua voz rouca. Parecia que ele
estava engolindo as palavras e tendo dificuldade em falar.

Meu peito se abriu e uma dor lancinante percorreu meu


corpo quando Maddox nadou para longe de mim sem outra
palavra.

Sentindo-me mais sozinha do que nunca, abaixei minha


cabeça sob a água e voltei a respirar, esperando que o frio
aliviasse o calor do meu corpo e limpasse minha mente.

Não deu certo.


Lentamente, saí da água. Maddox estava sentado na areia,
ainda seminu, de costas para mim. Minha garganta ficou cheia
de emoções que não conseguia explicar, e me acomodei na areia
com ele. De costas, estávamos de frente para direções opostas.
Eu assisti as ondas, deixando-as acalmar meu coração
sangrando.

Depois de um tempo, nossa respiração se igualou, nossos


corpos não estavam mais molhados por causa do mergulho nu.
Maddox pigarreou. Virei minha cabeça para o lado, mantendo
nossas costas pressionadas. Sua mão apareceu.

Ele estava me mostrando seu mindinho.

Deus, Maddox.

Lágrimas não derramadas embaçaram minha visão. —


Amigos?

Ele perguntou em voz baixa.

Liguei meu mindinho no dele. — Amigos.

Ambos mentimos para nós mesmos, mas era melhor


assim. Tinha que ser.
Um gemido baixo escapou de mim antes que eu pudesse
me conter. Agarrando meu travesseiro, eu o coloquei sobre o
meu rosto enquanto minha mão se dirigia para o meu pau. Isso
era tão errado; eu não deveria a querer. Assim não. Nunca
assim.

Era tão errado, porra.

Ontem à noite, nossos corpos se pressionaram na água


sob o céu noturno, eu quase perdi o controle. Eu quase a fodi,
bem ali.

E por um breve momento, pensei que Lila iria deixar. Nós


dois estávamos nos aproximando de algo perigoso, e eu não
sabia como parar.

Porque tudo em que eu conseguia pensar eram nos seus


lábios, do jeito que se separam quando ela diz meu nome; os
seus olhos, a forma como se escurecem quando olha para mim.
Seu pescoço liso, do jeito que eu queria morder sua carne macia
e deixar minhas marcas lá. Suas mãos... do jeito que eu me
perguntava como elas se sentiriam ao redor do meu pau. Seus
malditos seios, pequenos e alegres, perfeitos para as minhas
mãos. Ela foi feita para mim.
Caraaaalho.

Eu apalpei meu pau, apertando a base antes de bombear


meu comprimento em meu punho.

Ela estava no quarto ao lado do meu. As paredes eram tão


finas que ela provavelmente podia me ouvir empurrando. Mas
não consegui parar.

Eu tentei, porra. Eu tentei.

Eu estava duro, doendo e... eu a queria. Mais do que eu já


quis alguma coisa na minha vida.

Estremeci quando imaginei enfiar dois dedos em sua doce


boceta. Ela se apertaria ao meu redor, gemendo, e eu me
afastaria, a provocando até que ela se contorcesse de
necessidade, antes de empurrar os mesmos dois dedos dentro
de sua boca e exigir que ela se provasse.

Pensamentos sujos e imundos.

Gemidos esfarrapados e guturais saíram de mim e os


abafei com meu travesseiro. Eu bombeei meu pau com a minha
mão, zangado por me sentir assim, mas cheio de tanta
necessidade que não consegui me forçar a parar. Os músculos
das minhas coxas ficaram tensos, meu pau pesado e inchado
na palma da minha mão quando me aproximava da minha
libertação.
Tão errado, porra.

Tão caralho, certo.

Jatos grossos de esperma pulverizaram meu estômago e


cobriram minha palma quando gozei, jorraram após um espesso
jorro, e eu continuei apertando meu pau, o bombeando até meu
corpo se contorcer e um gemido irregular e sem fôlego sair dos
meus lábios. — Lila.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

A tensão inconfundível entre nós estava se tornando mais


difícil de ignorar. Um mês depois do nosso tempo na Califórnia,
que foi tenso e constrangedor, a situação entre Maddox e eu
ainda era a mesma.

Maddox se tornou rígido e a distância aumentou entre nós.

Eu gostaria que houvesse uma maneira de consertar isso,


mas estava claro que não havia como voltar atrás, por mais que
quiséssemos.

Eu estava sentada no sofá, olhando para a TV, embora não


estivesse realmente assistindo quando Maddox entrou no meu
apartamento. Ele usava uma expressão em branco e tinha um
pedaço de papel na mão. A última vez que nos vimos foi há dois
dias, depois dos nossos últimos exames. O semestre terminou
oficialmente.

— Estamos indo para Paris. — Ele anunciou. — Eu e você.

Eu e você.
Eu quase ri, uma risada fria e sem humor. Costumava ser
fofo quando dizíamos isso, mas agora doía.

Eu e você. Mas por quanto tempo, Maddox? Nós já


estávamos nos separando.

— Paris, por quê? — Eu resmunguei antes de limpar a


garganta. Não queria que ele lesse as emoções no meu rosto.

— O meu aniversário é em quatro dias. Querido papai me


deu passagens para Paris como presente. Bem, ele as enviou
para mim. — Isso significava que seus pais obviamente não
estavam planejando passar o aniversário de Maddox com ele.
Em todos os anos em que nos conhecemos, eu nunca tinha
visto seus pais comemorarem seu aniversário. Sem abraços,
sem amor, sem carinho. Isso me deixou com raiva, tão furiosa
com a maneira como sempre trataram Maddox.

Ele merecia melhor.

Ele não era tão complicado quanto todos pensavam.


Maddox Coulter era apenas um garoto incompreendido, que
precisava e merecia alguém para lutar por ele, para mostrar que
ele valia a pena.

E eu seria essa pessoa. Mesmo que eu não pudesse fazê-lo


como sua amante, eu o faria como sua melhor amiga, pelo
menos.
Porque, na verdade, ele valia todo o amor, todo o amor que
ele nunca teve, mas merecia.

— Eu nunca estive em Paris. — Confessei. Maddox


finalmente abriu um sorriso sincero.

— Eu sei, e você vai adorar.

Cidade do amor. E dois melhores amigos que não tinham


coragem de reconhecer o que quer que fosse que existia entre
eles.

Quais eram as probabilidades? O destino realmente


gostava de fazer piadas cruéis conosco.

Eu arrastei minhas unhas pelas minhas coxas. — Quando


vamos?

— Amanhã à noite. Isso é tempo suficiente para você fazer


as malas, certo? — Maddox perguntou, entrando mais em meu
apartamento, mas ainda mantendo uma distância entre nós.

Eu balancei a cabeça e depois dei um tapinha no sofá. —


Junte-se a mim. Estou assistindo Friends. É a cena principal.

Maddox parecia indeciso, uma tensão perturbada pairando


entre nós.

Por favor, diga sim.

Por favor, não me deixe. Novamente.


Ele engoliu, o pomo de adão balançando com o movimento,
e seus olhos brilharam para mim e para a TV. Alívio percorreu
minhas veias quando ele deu um passo em minha direção e se
sentou no sofá ao meu lado, sem dizer uma palavra.

Um momento se passou entre nós, sorri, quase um sorriso


tímido, e viramos para encarar a TV ao mesmo tempo.

Poucos minutos depois, a tensão brutal se dissolveu e


nossos ombros tremeram com uma risada silenciosa na cena
que estávamos assistindo. Nossos joelhos estavam se tocando, o
toque mais breve, mas minha pele formigava. Meu pulso
disparou como um trem de carga, e meu coração palpitou; ele
estava rindo, e eu ria, e o mundo nunca pareceu tão bem
naquele mero segundo.

Eu queria valorizar esse momento, então, anos depois,


quando Maddox e eu tivéssemos sido despedaçados por nossos
sentimentos não ditos, eu me lembraria de como era estar tão
perto dele.
Mais tarde naquela noite, o sono não veio fácil. Rolei e me
virei, pensando em Maddox e em nossa próxima viagem a Paris.
Isso seria um erro? Talvez. Provavelmente.

Mas não consegui dizer não e queria passar esse tempo


com ele.

Apenas nós dois.

A dor entre minhas pernas estava de volta, meu corpo


tenso de frustração.

Desde aquela noite, a noite em que Maddox estava bêbado,


meu corpo estava em chamas, queimando, a pele tensa com a
necessidade e a dor.

E não importa o quanto eu me masturbasse, ainda me


sentia tão vazia depois, nunca totalmente satisfeita.

Meu clitóris inchou e latejou. Estendendo a mão, peguei


meu segundo travesseiro e o pressionei entre as pernas. Meus
olhos se fecharam enquanto eu balançava meus quadris, para
frente e para trás, contra o travesseiro, tentando aliviar a dor
pulsante na minha boceta. Eu subestimei o quanto eu queria
Maddox.

Minha necessidade se intensificou e pulsei com mais força.


Empurrando uma mão entre as minhas coxas, empurrei minha
calcinha para o lado e meus dedos roçaram minhas dobras,
afastando meus lábios molhados e depois subindo para o meu
clitóris inchado. Esfreguei e pressionei contra o feixe de nervos
lá, enquanto triturava minha boceta mais rápido contra o
travesseiro, esfregando minha carne exposta e sensível contra o
tecido macio. O atrito quase me fez perder a cabeça, mas ainda
não era... o suficiente.

Minha mão combinava com o ritmo dos meus quadris.


Meu dedo indicador sondou minha entrada e, quando minha
boceta apertou, procurando ser preenchida, eu lentamente
empurrei meu dedo para dentro. Oh Deus, oh Deus!

Minha respiração engatou, e fiquei mais quente, minha


umidade pegajosa pingando entre as minhas pernas, um
lembrete de como isso era errado, mas eu ainda gemia o nome
de Maddox.

Belisquei meu clitóris, balançando meus quadris mais


rápido. Imaginei que fosse Maddox entre as minhas pernas.
Imaginei que era seu pau empurrando contra a minha entrada,
não meus dedos pequenos.

Eu o imaginei pulsando dentro de mim, me enchendo...


empurrando para dentro... gemendo meu nome.

Meu corpo se apertou e meus quadris empurraram contra


o travesseiro enquanto eu cavalgava meu miniorgasmo; minha
calcinha estava encharcada e meus dedos molhados e
revestidos com a minha liberação. Um gemido baixo derramou
dos meus lábios: — Maddox.
Esfreguei o dedo sobre os lábios da minha boceta,
imaginando que eram os seus lábios, antes de tirar minha mão
da calcinha. Minhas pernas estavam frouxas contra o
travesseiro; minhas coxas ainda tensas com minha liberação.

Eu não tinha energia para me levantar e limpar. Meus


olhos se fecharam e eu caí em um sono inquieto.

Maddox invadiu meus sonhos. Eu senti seus beijos... vi


seu lindo rosto... senti seu toque deslizar pelo meu corpo.

Lágrimas quentes deslizaram pelas minhas bochechas,


porque era apenas um sonho, apenas minha fantasia.
CAPÍTULO TRINTA E SETE

Eu estava com raiva. De mim mesmo, de Lila, de todos...


tudo e do destino.

Eu me perdi em Lila e não sabia como tirá-la de debaixo da


minha pele.

Pousamos em Paris, e meu estômago revirou com fúria e


possessividade injustificada, enquanto os homens olhavam para
Lila. O olhar deles a seguiam, se demorando sobre sua bunda.
Eu disse a mim mesmo que não estava com ciúmes, apenas
protetor. Esses idiotas não sabiam como lidar com uma mulher
como Lila.

Quando chegamos ao hotel, a frustração roeu meu


intestino, e eu estava com tanta raiva que não conseguia pensar
direito.

Nada fazia sentido, não minha reação a Lila ou as emoções


tempestuosas que eu não conseguia entender por que estava
sentindo.
Amigos não pensavam em se foder.

Mas era exatamente isso que eu queria fazer. Eu queria


ouvi-la gemer meu nome, eu queria que ela choramingasse
enquanto meu pau esticava sua boceta apertada, eu queria...
precisava... de Lila.

Isso não era apenas luxúria. Eu ansiava por seus lábios e


pelo som de sua voz. Ela me fazia sentir desequilibrado, minhas
emoções muito selvagens para controlar. Eu detestava a
facilidade com que Lila poderia romper minha barreira, ela
conseguia me despedaçar e me recompor, uma e outra vez, eu
era sua vítima mais do que disposta.

Eu queria possuí-la. E eu não podia.

Lila era o sol misturado com um pequeno furacão, e eu


estava sendo varrido. Eu ia dar um basta nisso. Tinha que
chegar ao fim e logo, antes que nós dois fizéssemos algo que nos
arrependeríamos pelo resto de nossas vidas. Eu estava disposto
a tirar Lila de debaixo da minha pele, mesmo que isso me
deixasse sangrando e mortalmente ferido.

Meus olhos piscaram para ela, vendo-a sorrir para a


recepcionista. Pele bronzeada, lábios macios, bochechas
rosadas e olhos castanhos que me capturaram desde aquele dia
na lanchonete, quase quatro anos atrás.
— Bonjour40, — uma voz interrompeu meus pensamentos.
— Como estão hoje?

Um homem alto apareceu ao lado de Lila, de terno. O seu


olhar pousou nos peitos dela antes que eles chegassem ao seu
rosto.

Lila assentiu em cumprimento e eles apertaram as mãos.


Ele se apresentou como o dono do hotel, os cantos dos olhos
enrugando enquanto sorria para Lila. Estava escrito em todo o
seu rosto.

Ele a queria.

Meu sangue ferveu e engoli um rosnado.

Sua mão roçou o braço de Lila. — Por favor, se você


precisar de alguma ajuda hoje, pode me procurar. Uma dama
como você não deveria ter que passar por nenhum problema
sozinha.

Lila soltou uma pequena risada. — Oh, eu não estou


sozinha. — Ela se aproximou de mim e colocou a mão no meu
braço, sorrindo. — Maddox está comigo.

Sr. Proprietário, eu não peguei o nome dele nem me


importei, me olhou de cima a baixo. — Um amigo, eu vejo? —
Ele perguntou, com um forte sotaque inglês.

40 Bom dia.
Ele estava verificando se eu era seu rival. Foda-se, se ele
soubesse...

Lila, alheia ao que estava acontecendo, respondeu: — Sim,


um amigo. Estamos tão animados por visitar Paris juntos.

No momento em que Lila admitiu que éramos amigos, seus


olhos se iluminaram com triunfo.

Eu o odiei instantaneamente.

Ele estava praticamente despindo Lila e a fodendo com os


olhos, e ela não tinha ideia. Ou ela estava bancando a tímida...

Meu peito apertou. Ela estava interessada nele...? Lila


estava sorrindo, seu corpo relaxado, e ela riu de algo que ele
tinha dito.

Filho da puta!

Quando chegamos aos nossos quartos, eu estava vendo


vermelho. Eu nunca estive tão bravo em toda a minha vida.

— Ele disse que eles têm um bar chique. Talvez


devêssemos ir hoje à noite depois de descansarmos? — Lila
perguntou, esfregando os olhos cansados. — Eu preciso dormir
agora.

Ela deu um bocejo e olhou para mim através dos cílios. Eu


balancei a cabeça, silenciosamente, e entrei no meu quarto,
fechando a porta atrás de mim.
Minha pele formigou com a necessidade de bater em algo.
Rasguei minha camisa e me despi rapidamente, entrando no
chuveiro. Coloquei na água fria, deixando-a penetrar nos meus
ossos. Meu corpo entorpeceu, mas minha mente ainda era uma
tempestade de emoções misturadas. Era aquele sentimento que
eu não sabia o que diabos significava.

Eu rapidamente ensaboei meu corpo, minha mão


flutuando para o meu pau. Eu me acariciei uma vez, e meus
olhos se fecharam. Uma imagem de Lila flutuou atrás das
minhas pálpebras.

Peitos empertigados, mamilos rosados, fofos como o


umbigo, estômago provocador, quadris curvilíneos e uma bunda
na qual eu queria me afundar. Meu pau estremeceu quando eu
coloquei mais pressão nele, apertando o comprimento da base à
ponta. Minha mão deslizou sobre meu pau facilmente através
da água em cascata. Pré-gozo cobriu a ponta e minhas bolas
ficaram apertadas entre as minhas pernas.

Às vezes, por mais bagunçado que isso fosse, eu me


perguntava se poderia simplesmente transar com ela e me livrar
dessa coceira. Mas Lila não era alguém que eu pudesse foder
fora do meu sistema. Anos foram acumulados de tensão e
necessidade sexual entre nós. Uma foda simples, uma noite
ardente... nunca seria suficiente.
Porque no momento em que eu a provasse... eu precisaria
de mais. Eu nunca ficaria satisfeito.

Meu estômago cedeu e minhas coxas apertaram quando a


pressão aumentou, e finalmente se soltou. Meus joelhos
enfraqueceram e eu pressionei minha testa contra os azulejos,
jatos grossos de esperma derramando sobre minha mão e sendo
instantaneamente lavados pela água. Eu apertei meu pau até a
última gota ser gasta e então eu amaldiçoei.

Tão fraco, porra.

Isso tinha que acabar, agora. Hoje à noite.


CAPÍTULO TRINTA E OITO

Sua presença era um calor ardente atrás de mim quando


entramos no bar. Ele estava perto, muito perto. Eu podia senti-
lo. Eu podia sentir o seu cheiro. Ele estava tão perto, mas tão
fora de alcance. Uma tentação perigosa balançando bem à
minha frente.

Eu queria me virar e envolver meus braços em torno dele,


desfrutar de seu calor. Nós nos abraçamos e nos acariciamos
muitas vezes antes, mas desde a festa de caridade, tudo tem
sido diferente.

Ele tem estado diferente.

De alguma forma, havia um muro entre nós agora. Eu não


poderia quebrá-lo ou atravessá-lo. Era exaustivo e assustador,
assistir a mudança nele, vê-lo tão... frio e se afastando de mim.
Às vezes, parecia que ele estava lutando contra algo dentro de
sua cabeça. Eu esperei silenciosamente que ele viesse até mim,
para falar de suas preocupações, para que eu pudesse
encontrar uma maneira de acalmá-lo. Como sempre.
Exceto... que começou a parecer que eu era o problema.
Como se ele estivesse se escondendo de mim.

Uma semana em Paris. Era para ser divertido e


emocionante. Uma aventura para nós. O primeiro dia e isso já
estava indo para o lixo.

Mordi o lábio inferior, enquanto caminhávamos mais para


dentro da sala escura. Não estava muito cheio, mas todo mundo
aqui parecia elegante. Afinal, este era um dos famosos hotéis de
Paris; pessoas ricas e importantes vinham aqui frequentemente.
— Não achei que o hotel tivesse seu próprio bar. Sofisticado. Eu
gosto disso.

— É legal. — Ele respondeu. Havia uma aspereza em sua


voz, exceto que seu tom era robótico. Sem emoções.

O que você tem? O que eu fiz?

Parei de caminhar, esperando que ele esbarrasse em mim.


Ele não fez. Em vez disso, senti seu braço deslizar em volta da
minha cintura, enquanto ele o enrolava ao meu redor. Nossos
corpos colidiram suavemente, e respirei fundo. Seu peito duro
como pedra estava nas minhas costas, pressionando contra
mim, e eu podia sentir cada respiração que ele dava. Seu toque
era uma doce tortura.

Foda-se. Foda-se por me fazer sentir assim. Foda-se por me


tentar e me ignorar. Foda-se por me fazer apaixonar por você...
— Por aqui. — Seus lábios demoraram perto do meu
ouvido, enquanto ele sussurrava as palavras. Ele me guiou em
direção aos bancos do bar.

Sentamos lado a lado. Pelo canto do olho, eu o observei,


enquanto ele pedia nossas bebidas. Sua voz era suave e
deslizou sobre minha pele como seda. Macia e gentil.

Perdida em meus pensamentos, não notei o homem parado


ao meu lado até que sua mão tocou meu ombro. Girei para a
esquerda, meus olhos pegando o intruso. Sim, intruso. Ele
estava interrompendo meu tempo com ele.

Maddox Coulter, o bálsamo para a minha alma, mas


também a dor ardente em meu peito. Ele era o doce céu e a
desgraça da minha existência.

— Lembra-se de mim? — O homem de terno perguntou


com um pequeno sorriso.

Sim, eu lembrava. Ele era o dono do hotel. Nós o


conhecemos quando fizemos o check-in ontem.

— Eu a vi do outro lado do bar e soube instantaneamente


que tinha que ser a garota bonita que conheci ontem à noite. —
Seu inglês era perfeito, mas tinha um sotaque francês rouco. Eu
tinha que admitir, era meio sexy. O Sr. Francês estava entre
nossos bancos, separando Maddox e eu. Ele bloqueou minha
visão de Maddox.
E eu não gostei disso.

— Obrigada por nos ajudar ontem. — Respondi


docemente, mascarando minha irritação.

Seus olhos esmeralda brilharam, e seu sorriso se alargou.


O Sr. Francês era aquele típico colírio para os olhos, alto,
moreno e bonito. E ele usava um terno caro que moldava seu
corpo muito bem. — O prazer foi todo meu.

Eu balancei a cabeça, um pouco perdida com o que mais


eu poderia dizer. Eu não era tímida ou ficava desconfortável ao
me relacionar com homens. Mas este estava um pouco perto
demais para o meu gosto, e como eu não tinha interesse
nenhum nele, mesmo que ele pudesse ser meu tipo, dado o fato
de que um outro alguém tinha toda a minha atenção, eu não
queria continuar essa conversa. .

— Lucien Mikael. — Ele me ofereceu sua mão. Lembrei que


ele nos disse seu nome na noite passada, mas não havia lhe
dito o meu.

Eu peguei sua palma na minha, sacudindo-a. — Você pode


me chamar de Lila. É bom conhecê-lo.

Em vez de apertar minha mão, ele a virou e a levou aos


seus lábios. Ele beijou a parte de trás, seus lábios demorando
um pouco demais. Seus olhos encontraram os meus sobre
nossas mãos entrelaçadas. — O prazer é meu, ma belle.
Oh céus. Sim. O Francês estava flertando.

Olhei em volta de Lucien e vi que Maddox estava recostado


no banco, as pernas compridas esticadas à sua frente, com uma
bebida na mão, e ele estava olhando diretamente para mim. Seu
rosto estava sem expressão.

Lucien se virou para o barman e disse algo em francês. Eu


não entendi as palavras, mas rapidamente descobri o que ele
disse quando se voltou para mim.

— É por minha conta. Um agrado para uma dama


adorável.

Eu já estava balançando a cabeça. — Oh. Você não


precisava...

Sua mão apertou a minha. — Por favor, permita-me.

— Obrigada.

Lucien abriu a boca para dizer outra coisa, mas foi


interrompido pelo toque do telefone. — Com licença, chérie.

Quando ele se afastou, eu vi Maddox novamente. Nossos


olhos se encontraram e eu parei de respirar. Seu olhar estava
sombrio e sua mandíbula estava tão apertada que me perguntei
se ela iria rachar sob a pressão. Eu podia ver os tiques em sua
mandíbula afiada quando ele rangeu os dentes. O seu rosto, eu
não sabia como descrever isso. A raiva fez seus olhos parecerem
mais escuros, quase mortais. Uma sombra pairava sobre seu
rosto, sua expressão quase ameaçadora. Havia uma sensação
predatória em seu olhar, enquanto ele me observava de perto.

Ele constantemente me afastava, colocando cada vez mais


distância entre nós. Por que ele estava tão bravo agora? Eu não
sabia dizer. Eu não consegui pensar, porra. Especialmente
quando ele olhava para mim assim.

Maddox era enlouquecedor. Ele puxava e empurrava; ele


amava e odiava. Eu sempre pensei que o entendia melhor do
que qualquer outra pessoa. Mas agora, ele me confundia ‘pra’
caralho.

— Lila. — Meus olhos se afastaram de Maddox e olhei para


Lucien. Aparentemente, ele terminou o telefonema e voltou sua
atenção para mim. Antes que eu pudesse me afastar, ele
agarrou minha mão na dele mais uma vez. — Se você precisar
de alguma coisa enquanto estiver em Paris, ligue para mim. Eu
poderia levá-la para um passeio turístico. Conheço muitos
lugares bonitos.

Ele soltou minha mão e eu virei minha palma para ver seu
cartão de visita. Truque suave, Sr. Francês. — Hmm, obrigada.

Lucien se inclinou, e rapidamente deu um beijo casto em


ambas as minhas bochechas antes de se afastar. — Au revoir,
chérie.
Não o vi sair. Toda a minha atenção estava no homem
sentado ao meu lado. Ele tomou um grande gole de sua bebida.

— Ele gosta de você. — Disse, uma vez que Lucien estava


fora do alcance auditivo.

— Com ciúmes? — Eu atirei de volta, imediatamente.

Um sorriso rastejou em seu rosto, e ele riu, seu peito largo


estremecendo com ele. — Ele quer foder você, Lila.

Meu estômago apertou, arrepios estourando sobre a minha


pele. Minha respiração me deixou em um sopro. Suas palavras
foram ditas perigosamente baixas, embora a dureza em sua voz
não pudesse ser confundida.

— Como você saberia? — Respondi, brava e confusa. Ele


brincou com meus sentimentos, transformando minhas
emoções em um joguinho seu. Maddox me deu um nó,
torcendo-me como um pequeno brinquedo.

Ele grunhiu, balançando a cabeça e depois soltou uma


risada. Como se ele estivesse compartilhando uma piada
interna consigo mesmo. — Sou um homem, como ele. Eu sei o
que ele estava pensando quando olhou para você daquele jeito.

— Talvez ele não estivesse pensando em sexo. Talvez ele


seja um cavalheiro. Diferente de você. — Eu estava brincando
com fogo, sabia disso. Eu o estava testando, nos testando.
— Eu te desafio. — Ele sussurrou tão baixinho, que eu
quase perdi isso. Maddox olhou para o copo, com os dedos
cerrados. Mesmo na penumbra, eu podia ver como as juntas de
seus dedos estavam começando a ficar brancas.

Ele estava me dando um desafio agora?

Ele não terminou sua frase, e me perguntei se ele estava


contemplando seu desafio. A mandíbula de Maddox se flexionou
de óbvia frustração. Por um breve momento, pensei que talvez
ele não estivesse com raiva de mim. Talvez ele estivesse com
raiva de si mesmo. Ele estava lutando contra si mesmo. Será
que o problema não era eu?

Ele bebeu o resto de sua bebida em um gole e depois bateu


o copo no balcão, antes de girar em seu banco para me encarar.
Maddox se levantou e deu um passo mais perto de mim, até
meus joelhos tocarem suas coxas fortes. Ele se inclinou para
frente, me enjaulando entre o balcão e seu corpo. Nosso olhar
travou, e ele lambeu os lábios. Ele me cativou por um momento,
até que sem piedade quebrou o feitiço.

— Eu te desafio a foder com ele.

Recuei em choque. O quê? Não, eu devo tê-lo escutado


mal. Isso não poderia ser...

— O quê? — Sussurrei, minha garganta seca, e minha


língua subitamente pesada na boca.
Os olhos de Maddox perfuraram os meus, encarando
minha alma. Quando ele falou novamente, sua voz acentuada
dançou perigosamente sobre a minha pele. — Eu te desafio a
foder com ele, Lila.

Um tremor começou em meu âmago e depois se moveu


pelo meu corpo como uma tempestade. Não apenas uma
tempestade silenciosa. Um tsunami de emoções me atingiu de
uma só vez, imprudente em seu ataque. Submergi-me sob as
ondas escuras, sufocando, e então estava sendo aberta, tão
cruelmente, que enviou pequenas rachaduras em meu coração e
fissuras na minha alma em todas as direções. Eu apertei meus
dentes para me impedir de dizer algo, qualquer coisa que
tornasse isso pior.

Tínhamos feito muitos desafios para simplesmente contar


com os dedos. Inúmeros desafios idiotas ao longo dos anos, mas
nunca desafiamos um ao outro a dormir com outras pessoas. É
verdade que eu pedi para ele beijar uma garota uma vez; eles
fizeram, mas foi anos atrás. Mas nossos desafios nunca
cruzaram essa linha.

Sexo... Isso nunca foi uma opção. Nós nunca conversamos


explicitamente sobre isso, mas era quase uma regra tácita.
Porque ele haveria de me pedir para fazer uma coisa dessas?!

— O que há com esse olhar, Lila?


Meus olhos se fecharam. Recusei-me a olhar para ele,
olhar em seus lindos olhos e não ver nada além de profunda
escuridão. Ele não estava olhando para mim como costumava.
A luz em seus olhos se foi.

Isso me assustou.

Isso me machucou.

Estava destruindo o que restava de mim.

— Olhe. Para. Mim.

Eu não queria. Não queria que ele visse a dor nos meus
olhos.

— Abra os olhos, Lila. — Disse ele em sua rica voz de


barítono.

Eu fiz como me foi ordenado. Ele invadiu meu espaço


pessoal, me forçando a inalar seu perfume e sentir o calor do
seu corpo. — Você está falando sério? Ou você já está bêbado?
— Eu perguntei baixinho. Era difícil respirar com ele tão perto.

— Eu nunca retiro um desafio.

E eu nunca perco. Ele sabia disso. Nós dois éramos muito


competitivos e, até hoje, nenhum de nós havia desistido de um
desafio.
A mão de Maddox se levantou, e ele segurou minha
mandíbula. Seus dedos beijaram minha pele suavemente. Ele
sorriu, mas não combinava com o olhar em seus olhos. — O que
há de errado? Você não quer fazer isso?

— Eu não jogo para perder. — Babaca.

Maddox se inclinou para mais perto, seu rosto quase um


centímetro de distância do meu. Nossos narizes estavam quase
se tocando. Meu coração acelerou quando ele inclinou minha
cabeça para trás. Retire seu desafio. Retire seu desafio, Maddox.
Não me obrigue a fazer isso.

Ele enrolou o dedo indicador ao redor da mecha de cabelo


que tinha caído do meu coque. Seu hálito mentolado misturado
com o cheiro de álcool penetrou meus lábios. Eu queria
implorar a ele com meus olhos. Maddox puxou meu cabelo um
pouco antes de colocá-lo atrás da minha orelha. Ele se moveu, e
meus olhos se fecharam mais uma vez... Esperando... Uma
respiração desesperada travou na garganta, meu peito
desmoronando e meu estômago apertando.

Ele pressionou sua bochecha contra a minha e seus lábios


demoraram sobre a minha orelha. — Não me decepcione, chérie.

Meu corpo estremeceu e eu respirei fundo. Ele rasgou meu


coração e me deixou sangrando. Ele se afastou e me olhou
fixamente.
Maddox estava zombando de mim. Provocando-me.

Ele nunca deixou de ser um idiota. Ele apenas o escondeu


atrás de um sorriso sexy e uma expressão indiferente. Eu
pensei que ele havia deixado seu jeito babaca para trás. Mas
não, eu estava errada. Tão errada sobre ele. Sobre nós. Amigos.
Nós éramos amigos.

Eu pensei que talvez... ele quisesse mais. Mais de mim.


Mais de nós, do que éramos ou poderíamos ser. Eu estava tão
errada.

Maddox Coulter ainda era um idiota atrás de uma bela


máscara.

E eu era a garota estúpida que se apaixonou por seu


melhor amigo.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE

Esperei, meu coração batendo forte no peito. Seu calor


atrás de mim fez meu estômago revirar de ansiedade. A camisa
dele roçou nos meus ombros nus. Maddox se aglomerou atrás
de mim e meu olhar se voltou para Lucien.

Ele parecia irritado quando Maddox apareceu entre nós.


Lucien e eu passamos o dia inteiro juntos. Ele me levou para
passear, enquanto Maddox nos perseguia à distância. Lucien
não sabia, mas eu o vi, nos seguindo em todos os lugares que
íamos.

Lucien planejava me levar para jantar mais tarde na torre


Eiffel. Ele disse que era romântico e bonito lá em cima. Eu sabia
pelo olhar em seus olhos que ele estava esperando algo hoje à
noite.

Lucien esperava que transássemos.

Maddox me desafiou... então aconteceria. Esta noite. Eu


tentei me afastar do meu melhor amigo, mas então os fogos de
artifícios estouraram no escuro céu de Paris e isso chamou
minha atenção. As pessoas aplaudiram no telhado do hotel
onde estávamos.

Alguém tinha acabado de se casar; eles estavam


comemorando.

A Cidade do Amor, de fato.

Por causa do barulho dos fogos de artifício, bem como das


músicas e risadas que nos cercavam, Maddox achou que seu
segredo estava seguro; ele pensou que o barulho estava alto o
suficiente para que eu não pudesse ouvir as palavras que ele
sussurrou no meu ouvido. Mas eu ouvi.

— Se existe um Deus, Ele não quer que eu seja feliz. Talvez


seja minha culpa porque eu a empurrei para os braços de outro
homem. Mas Ele não me deixaria tê-la, mesmo que eu tivesse
implorado para Ele me deixar amar você livremente. Não me
lembro da última vez que lhe pedi algo. Eu acho... eu não
deveria ter o que quero. Meus pais. Uma família. Você. Você.
Você. — Maddox sussurrou no meu ouvido, sua voz baixa.

Outro conjunto de fogos de artifício saiu, alto e estrondoso


no céu. Seus lábios acariciaram meu pescoço, quente e macio
contra a minha pele. — Você toda.

Ele parecia tão quebrado, tão torturado. Se apenas...


Maddox e eu...
Nós éramos mais que amigos, mas menos que amantes.
Esse era o nosso relacionamento; não havia definição real.
Estávamos em algum lugar no meio, emaranhados sobre algo
que poderia nos quebrar para sempre.

Eu me virei e seu rosto exibia uma expressão de um


animal ferido: um guerreiro sangrando, um garoto quebrado.

— Lila. — Ele começou, sua voz um barítono, mas Lucien


avançou. Ele passou um braço em volta da minha cintura, me
puxando para ele.

Os olhos de Maddox ficaram nublados e ele recuou, sem


terminar a frase e o que estava prestes a dizer. Os lábios de
Lucien acariciaram minha têmpora e Maddox se afastou,
desaparecendo na multidão.

Talvez isso fosse tudo o que éramos ou poderíamos ser:


uma frase incompleta e uma história sem fim. Mas sua
confissão secreta mudou tudo.

Maddox me queria.

Deus, como pudemos ser estúpidos?

— Então, nos encontraremos em uma hora? — Lucian


disse, rompendo meus pensamentos. — Isso é tempo suficiente
para você se vestir?
Eu assenti, silenciosamente, e enviei a ele um sorriso
hesitante antes de me afastar.

Entrei no meu quarto, peguei algumas coisas e depois fui


até a sala adjacente. Sua porta não estava trancada e entrei
para encontrar Maddox sentado em uma poltrona, olhando pela
janela, para a noite escura.

Ele ainda estava de calça preta, a gravata pendurada


frouxamente no pescoço, a camisa branca amarrotada
desabotoada e as mangas arregaçadas até os cotovelos. Suas
pernas estavam esticadas à sua frente. Ele tinha um cigarro
entre os lábios e uma bebida na mão.

Maddox parecia... Àspero. Bravo. Intenso.

Ele era o dono da sala, sua mera presença um estado de


espírito dominante. Seu olhar caiu em mim e então ficou tenso.
Todo o seu corpo se apertou ao me ver. Seu rosto endureceu,
sua expressão sombria e pensativa.

Desejei que a situação fosse diferente, mas não havia outra


maneira. Eu não podia deixar de amar Maddox e não queria.
Não éramos alguma coisa, mas também não éramos nada.

Respirei fundo e reuni minha coragem, enquanto


estremecia por dentro. Larguei os dois vestidos na cama e meus
lábios se curvaram.
Minhas pernas tremiam, mas firmei meus joelhos. —
Preciso da sua ajuda.

Ele simplesmente grunhiu em resposta, com o rosto


brilhando de frustração descontrolada. Eu me perguntei se o
pensamento de outra pessoa me tocando, fazendo amor comigo,
me fodendo, estava matando-o e o fato de que foi ele quem me
enviou para os braços de outro homem.

Meu estômago apertou e eu respirei. Exalei.

O quarto estava ficando mais quente, e uma gota de suor


deslizou entre meus seios. Eu lentamente puxei a toalha dos
meus ombros e a deixei cair aos meus pés, de pé na frente de
Maddox, de calcinha e sutiã de renda.

Seus olhos se arregalaram antes de se estreitarem em


minha pele nua. Eu estive seminua na frente de Maddox muito
tempo atrás. Desta vez, era... diferente.

Peguei o primeiro vestido e entrei, sacudindo um pouco os


quadris, para poder puxar o tecido apertado sobre a curva da
minha bunda.

Quando o vestido estava no lugar, me virei para o espelho,


dando as costas para Maddox.

Uma única batida passou. Uma respiração. Um batimento.


Eu peguei seus olhos através do reflexo. — Isso é sexy o
suficiente para tentá-lo a me foder antes que possamos chegar à
sua cama? — Eu brinquei.

Eu estava brincando com fogo.

E eu estava prestes a me queimar.

Seu olhar viajou pelo comprimento do meu corpo. Era um


vestido vermelho, sem mangas, e o corpete segurava meus seios
como uma segunda pele, com meus seios praticamente
derramando. O vestido era indecentemente curto e era a melhor
maneira de dizer: foda-me.

Os dedos de Maddox apertaram o copo com tanta força


que pensei que ele o quebraria.

Eu sorri. Estou rompendo suas paredes, Maddox?

Seus olhos ficaram mais escuros, um brilho vicioso em seu


olhar. Eu sorri docemente, tentando parecer imperturbável por
sua reação, mesmo que meu coração estivesse batendo tão
rápido que ameaçava estourar no peito, e meus joelhos estavam
tão fracos que me perguntei como ainda estava de pé.

Lambi meus lábios e pisquei meus olhos inocentemente.


Ainda estávamos nos olhando pelo espelho. — Você pode
fechar? — Resmunguei. — Não consigo alcançar o zíper.

Outro batimento cardíaco. Uma expiração baixa. Thud.


Maddox se levantou, alto e tenso, e o olhar duro em seu
rosto me fez choramingar silenciosamente. Ele avançou, me
olhando como um predador.

Eu era a presa, a presa disposta a ser cativa.

Maddox pressionou contra minhas costas, se aglomerando


em meu espaço e me empurrando para mais perto do espelho
até que a ponta dos meus seios estava roçando contra a sua
frieza.

Um suspiro silencioso derramou dos meus lábios e seus


dedos deslizaram sobre minhas costas nuas.

Ele inspirou e exalou um suspiro trêmulo. Se eu morresse


hoje à noite, seria uma morte doce.

Continuamos nos olhando pelo espelho, nossos reflexos


nos encarando. Sem piscar. Sem respirar.

Maddox então fechou lentamente, antes que suas mãos


caíssem nos meus quadris, e me segurasse com força. Oh Deus,
meu coração catapultou no peito.

— Se ele te machucar, vou matá-lo. — Ele rosnou baixo no


meu ouvido. Suas palavras estavam cheias de ameaça.

Meus dentes roçaram meus lábios e eu mordi, esperando


que ele me impedisse de sair, para tomar seu desafio tolo. Seu
aperto aumentou nos meus quadris.
Impeça-me. Retire seu desafio.

Thud, meu coração martelou no peito. Porra, Maddox!

Além de frustrada e irritada por sua falta de palavras, meu


controle quebrou e eu girei. Maddox não viu isso acontecer e ele
tropeçou para trás quando o empurrei contra a parede ao lado
do espelho. Ele soltou um grunhido, e seus olhos escureceram
em aviso.

Tonta pela nossa proximidade, engoli o nó na garganta. Eu


segurei sua mandíbula e pressionei meu corpo contra o dele.

Ele não se afastou, não respirou, não disse uma palavra.


Uma linha foi cruzada, e nós dois sabíamos disso.

Minha boca estava tão seca que mal conseguia falar as


palavras: — É a minha vez, não é?

De pé, na ponta dos pés, aproximei nossas cabeças, meus


lábios demorando sobre os dele. — Eu te desafio.

Maddox inclinou a cabeça e seus dedos cavaram meus


quadris. — Eu te desafio a me beijar. — Eu respirei.

Meu coração disparou quando disse as palavras. Ponto


sem retorno, era isso.

Os seus olhos se arregalaram; sua respiração engatou.

Um batimento cardíaco. Thud.


Dois batimentos cardíacos. Thud. Thud.

Então, Maddox atacou.

Eu gritei quando seus lábios capturam os meus. Brutal,


duro, imperdoável.

Maddox Coulter devorou meus lábios como se fosse sua


última refeição, e eu caí em seus braços, impotente.

Engoli em seco no beijo, e abri minha boca para ele. Sua


língua deslizou para dentro, me provando. Ele lambeu, beijou e
mordeu meus lábios. Selvagem e cruel.

A raiva o deixava em ondas à medida que ficávamos


entrelaçados com nossa luxúria e necessidade um do outro. Ele
descontou sua frustração contra meus lábios, e eu devolvi seu
beijo punitivo com um violento.

Ele não tinha sido o único lutando com essa necessidade...


E fome pelo outro. Eu também sofri.

Meu pulso disparava e meu estômago palpitava. Meu corpo


inteiro formigou quando ele nos girou, batendo minhas costas
na parede. Maddox puxou meus cabelos, os nós dos dedos
cravando no meu couro cabeludo. Ele rosnou um gemido
gutural e me beijou com mais força.

Isso era tudo que eu sempre quis. Tonturas. Perigoso.


Cheio de desejo e fome indomada, eu gemi em seu beijo.
Maddox empurrou meu vestido para cima, não tão
gentilmente, e empurrou minha calcinha de lado. — É isso que
você quer? — Ele resmungou.

Eu gemia.

Sim.

Sim.

Sim.

Ele rosnou mais fundo. — Você quer ser fodida contra a


parede assim?

Sim.

Deus, Maddox!

Eu gritei quando seu polegar roçou meu clitóris, enviando


pequenas faíscas através do meu corpo.

Ele zombou sombriamente. — Eu não sabia que você era


uma garota suja e devassa, Lila. — Eu já estava tão molhada
entre minhas pernas, que seus dedos deslizaram facilmente
sobre minhas dobras. Maddox gemeu quando sentiu minha
boceta apertar contra seus dedos em busca de algum alívio.

— Foda-se. — Ele jurou, pressionando o nariz contra o


meu pescoço. Ele mordeu, seus dentes cravando na minha
carne sensível. Agarrei-me a seus ombros, me contorcendo em
seus braços.

Maddox beliscou meu clitóris e eu gritei, meu corpo


ficando tenso, ele insensivelmente mergulhou um dedo dentro
da minha boceta, e eu apertei.

— Lila. — Disse com voz rouca.

Ele bateu o dedo uma vez, duas vezes. — Maddox, por


favor!

— Lila. — Maddox sussurrou miseravelmente. Ele puxou


seu dedo para fora e eu ofeguei quando empurrou de volta para
dentro com dois dedos. Ele não me deu tempo para me ajustar
aos seus longos e grossos dedos, deslizando para dentro e para
fora em um ritmo punitivo, me arrancando gemidos
desesperados.

Eu estava tão perto... tão... tão perto. Ele puxou os dedos


para fora.

— Maddox! — Eu suspirei.

Ele me calou, seus lábios capturando os meus novamente.


Maddox mudou ligeiramente, e então eu o senti, seu
comprimento duro esfregando contra minhas dobras molhadas.
Ele prendeu minha coxa na cintura, me espalhando para ele.
Minha calcinha ainda estava empurrada para o lado quando a
sua ponta sondou minha entrada. Seus quadris se moveram
para frente e Maddox gemeu quando abriu meus lábios com seu
pau, sua ponta procurando meu clitóris inchado.

Ele circulou seus quadris, cobrindo seu comprimento com


a minha umidade. — O quanto você quer que eu te foda? —
Havia um brilho possessivo em seu olhar escuro.

— Se você não me foder agora... eu vou enlouquecer. —


Meu clitóris palpitava e meu coração estava na garganta.

Cada sonho... a cada dia eu tinha desejado Maddox...

Isso estava finalmente acontecendo. Depois de anos me


recusando a reconhecer essa tensão entre nós, eu tinha Maddox
em meus braços.

Nossos olhos se encontraram. Silenciosos e sem fôlego.


Coração batendo.

Maddox empurrou para dentro, em um impulso punitivo,


roubando minha respiração dos meus pulmões.

Gritei e meu corpo se apertou. Ele me esticou; minhas


paredes internas explodiram em torno de seu pau enquanto ele
enfiava na minha boceta, enterrado ao máximo.

Sua boca roçou no meu pescoço antes que encontrasse o


caminho para os meus lábios novamente. Eu podia sentir sua
dureza pulsando dentro de mim. Uma maldição caiu de seus
lábios, quando se afastou quase todo o caminho, antes de
mergulhar novamente.

Olhei para baixo entre nossos corpos entrelaçados, vendo


seu pau desaparecer dentro de mim. Impulso, após impulso. O
som de sexo encheu a sala, ecoando pelas paredes.

Seus grunhidos, meus gemidos. Seus suspiros, meus


sussurros.

Meu nome era uma oração sussurrada em seus lábios.

Seu nome derramou dos meus quando gritei.

Ele apertou a palma da mão contra o meu clitóris, e meus


olhos reviraram na minha cabeça, enquanto meu corpo se
espasmava. Eu caí em espiral quando meu orgasmo chegou. Foi
o orgasmo mais intenso que já tive.

Um impulso brutal depois, Maddox se manteve dentro de


mim, o mais fundo que pôde. Eu senti sua libertação, jorro após
jorro espesso, enquanto ele me enchia.

Minha perna caiu do seu quadril enquanto eu ofegava.


Maddox pressionou sua testa contra a minha, e eu vi um
arrependimento instantâneo em seus olhos. Oh não, não. Por
favor, não. — Lila... — Ele murmurou.

— Não. — Eu empurrei seu peito, e ele tropeçou para trás.


— Não se atreva! — Eu avisei.
Seu rosto se contorceu com um olhar brutal, mas eu o
empurrei novamente, até que ele foi forçado a dar um passo
para trás uma e outra vez.

Um empurrão final, e ele tropeçou na cama, de costas no


colchão. O olhar de surpresa em seu rosto me fez sorrir
pretensiosamente. Eu não podia deixá-lo pensar demais, não
agora. Não essa noite. Talvez amanhã. Mas esta noite era nossa.

A única maneira de impedir Maddox de se afastar era...


usar meu corpo contra ele.

Eu rapidamente me livrei da minha calcinha antes de me


inclinar sobre o seu corpo largo. — Minha vez. — Eu
resmunguei.

Maddox ficou tenso quando eu puxei sua calça preta por


seus joelhos. Seu pau duro se projetou orgulhosamente em
direção ao estômago. Longo e grosso, brilhando com seu
esperma e minha umidade. Meu coração disparou
violentamente quando aproximei minha cabeça do seu
comprimento. Meus lábios se fecharam ao seu redor sem aviso
prévio, e seus quadris estremeceram quando ele gritou: — Lila!

Peguei o máximo dele na garganta e chupei, amando a


sensação e o gosto almiscarado dele na minha boca. — Pooorra,
Lila.
Ele puxou meu cabelo e eu olhei para ele. Sua cabeça foi
jogada para trás em prazer, e eu pulsava entre minhas pernas.
Ele empurrou na minha boca, silenciosamente exigindo mais.
Sua respiração era superficial quando o chupei e foi a maior
excitação vê-lo afetado pelo meu toque. Lambi a ponta,
seguindo as veias grossas que percorriam o seu comprimento,
antes de engoli-lo profundamente de novo.

Maddox assobiou e gemeu. Suas coxas apertaram, seu


estômago ficou tenso enquanto eu repetia o processo.
Chupando e lambendo. — Lila... pare... porra!

Maddox estava perto e eu me afastei. Eu montei seus


quadris, ambos ainda completamente vestidos. Sua dureza
descansou contra a minha fenda molhada.

Seus olhos azuis se fixaram nos meus. — Não se apaixone


por mim. — Ele murmurou sombriamente.

Tarde demais, querido.

Meus lábios se curvaram com um sorriso, escondendo


meus verdadeiros sentimentos. — Acabei de chupar seu pau.
Quem disse alguma coisa sobre se apaixonar? Eu só quero que
você me foda. Você tem coragem?

Maddox olhou furiosamente, e movi meus quadris,


deslizando lentamente por seu comprimento enquanto o levava
para dentro do meu corpo mais uma vez. Suas mãos chegaram
à minha cintura e me agarrou com força.

Seus quadris bateram contra os meus, impacientemente.


Havia um aviso em seu olhar, então eu comecei a me mover,
saltando para cima e para baixo em seu pau.

Ele se sentia tão bem, dentro de mim... contra mim. Eu


nunca quis que acabasse.

Maddox sentou-se e sua mão envolveu meu pescoço. Meus


olhos se arregalaram e seus dedos se curvaram em volta da
minha garganta. Seu aperto aumentou, não machucando, mas
a pressão estava lá, e ofeguei. Mesmo que estivesse transando
com ele, ele ainda estava no controle.

Subi e desci em seu comprimento, encontrando meu ritmo.


Até Maddox ficar impaciente. Ele rosnou e nos virou. Mãos se
atrapalhando, dentes roçando um no outro, lábios lutando pelo
domínio, rasgamos as roupas um do outro até ficarmos pele a
pele, à mostra, vulneráveis ao toque desesperado e aos olhos
famintos um do outro.

Maddox me jogou de joelhos e abriu minhas coxas. Sem


aviso, ele mergulhou dentro, um impulso suave e impiedoso
dentro do meu corpo enquanto forçava seu pau através do meu
canal apertado.
Seus lábios roçaram a parte de trás do meu pescoço, um
beijo doce e gentil, apesar de me foder cru e profundo, sem
piedade e cheio de tanta paixão. Meus olhos ficaram turvos com
lágrimas não derramadas.

Maddox Coulter estava me fodendo.

Meu melhor amigo estava fazendo amor comigo. Meu


coração rachou e murchou.

Eu estava impotente enquanto ele continuava se metendo


em mim, grunhidos animalescos saindo de sua garganta. —
Maddox! — Gritei o seu nome várias vezes. Não sabia onde ele
terminava e eu começava.

— Lila, — ele gemeu no meu ouvido, sua respiração


irregular. — Minha Lila.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto e meus olhos se


fecharam. Por favor, não deixe essa noite terminar.

Encontramos nossa libertação, gemendo o nome um do


outro. Sem fôlego, coração batendo forte, pulsação palpitante.
Estávamos completamente intoxicados um pelo outro. Caí no
colchão e Maddox caiu sobre mim como um cobertor. Eu
oscilava sobre o limite da consciência, meu corpo doendo e
dolorido, e meus lábios se curvaram em um sorriso sonolento,
mas satisfeito.

— Maddox. — Eu respirei seu nome.


Seu braço apertou o meu. — Lila.

Meus olhos se fecharam, e me afastei... muito, muito


longe.
CAPÍTULO QUARENTA

Acordei, meu corpo dolorido, deliciosamente dolorido. Era


uma dor boa, e meus lábios tremeram.

E então me lembrei, a noite anterior brilhando diante dos


meus olhos como fotos Polaroid em preto e branco.

Clique, clique, clique.

Minha cabeça virou e meus olhos pousaram em um


Maddox adormecido ao meu lado, nós dois completamente nus.
Fodemos várias vezes durante a noite, uma e outra vez.
Desmaiamos muitas vezes, acordamos, procuramos um ao
outro no escuro e fizemos tudo de novo.

Eu me sentei, meu coração batendo forte no peito.

A noite passada tinha sido imunda... linda... e tudo que


sempre quis e não sabia que precisava.

Mas cruzamos uma linha e não havia como voltar atrás.


Meu estômago revirou com náusea e de repente me senti
enjoada.
Ontem à noite, embora eu estivesse embriagada e Maddox
estivesse bebendo, nós dois estávamos plenamente conscientes
do que estávamos fazendo. Agora que era na manhã seguinte e
minha mente estava limpa da frustração e a necessidade que
vinha percorrendo meu corpo na noite passada, não sabia o que
fazer comigo mesma.

O que acontece agora?

E se Maddox...

E se ele não quisesse que isso durasse, e se isso fosse algo


único para ele?

Eu nem sabia o que queria, pois minha mente se encheu


de confusão. Meu coração estava pesado com emoções
misturadas. Meu corpo dolorido da noite passada, mas meu
coração doía.

Lágrimas queimaram o fundo dos meus olhos, e segurei


meu rosto, me sentindo estúpida. Por um momento na noite
passada, Maddox era meu e eu era dele.

Mas foi isso. Apenas uma noite.

Maddox não era do tipo que se comprometia, e eu


precisava mais dele do que apenas uma sessão única de foda.
Não havia motivo para arriscar nossos corações quando o fio
fino entre nós já havia quebrado.
Não era possível desfazer o que foi feito. Eu tinha que ir
embora; eu tinha que sair, embora apreciaria a noite passada
pelo resto da minha vida.

Afastei-me da cama e rapidamente enrolei meu roupão ao


meu redor antes de caminhar em direção à porta. Girei a
maçaneta, mas nunca tive a chance de sair. A porta foi
subitamente fechada e fui arrancada dela. O mundo girou e
minhas costas bateram contra a parede.

Maddox pairava sobre mim, seus olhos escuros, seu cabelo


loiro sujo despenteado, e ele ainda estava... nu. Eu olhei para
ele através dos meus cílios, meu coração disparado. Seus lábios
se curvaram e ele pareceu enfurecido.

Comigo? Por que eu estava saindo? Por causa da noite


passada?

— Onde você pensa que vai? — Ele perguntou, sua voz


pingando algo parecido com... possessividade? Sua mandíbula
se apertou e meu estômago deu um pulo. — De volta a Lucien,
para que você possa transar com ele também? A noite passada
não foi suficiente? — Maddox rosnou.

Que porra é essa?

Bati minhas mãos em seu peito, o empurrando para trás.


Mas ele era muito mais forte e se amontoou no meu espaço com
um rosnado baixo. Maddox levantou minhas pernas e empurrou
o joelho entre as minhas coxas, me segurando em cativeiro.

A palma da sua mão deslizou pela minha garganta, e eu


senti a força em seu toque. Eu engoli, minha garganta
balançando na palma da sua mão, e seu aperto no meu
pescoço. Uma pequena pressão e meu clitóris pulsou. Sua mão
subiu, segurando minha mandíbula.

Seus olhos eram duas poças escuras, desequilibradas. —


Sua doce boceta é tão gananciosa, Lila?

Puta merda. De novo. Que merda é essa?

— Solte-me! O que há de errado com você?! — Eu cuspi;


minha mão levantou para dar um tapa nele. Ele apertou meu
pulso e puxou minha mão para baixo, pressionando minha
palma sobre seu peito.

Minha respiração ficou presa na garganta. Seu coração


estava batendo tão forte. Thud, thud, thud.

Houve um momento, entre nosso olhar acalorado e nosso


beijo volátil, em que o tempo parou e depois...

Seus lábios bateram nos meus e ele tirou meu fôlego. Ele
não apenas me beijou. Maddox me possuiu, enfiando a língua
na minha boca e lambendo cada centímetro meu. Punindo. Com
força. Imperdoável.
Minhas unhas cravaram na pele sobre seu coração. Ele
assobiou contra os meus lábios e, para minha total surpresa,
seu beijo foi gentil. Maddox se afastou, apenas um pouco. Sua
respiração ficou nos meus lábios, antes que Maddox
pressionasse sua boca contra a minha novamente.

Doce. Terno. Suave.

— Eu te desafio a me beijar. — Nós já estávamos nos


beijando, mas eu sabia o que ele queria dizer. Ele queria que eu
o beijasse como ele me beijou; queria que eu o beijasse como
nos beijamos na noite passada... E queria que eu repetisse as
palavras que eu joguei para ele.

— Eu te desafio a ficar. — Seus lábios tocaram os meus


novamente. Beijo.

Meu coração gaguejou.

— Eu te desafio a nos dar uma chance. — Beijo.

Eu esqueci como respirar.

— Eu te desafio, Lila.

Então seus lábios encontraram os meus novamente, e ele


selou seu desafio com um longo beijo ardente, beijando toda a
dor e dúvida.
EPÍLOGO

Quatro meses depois

Maddox estava sentado na cama, com a cabeça nas mãos e


um som sufocado veio dele.

— Você é a melhor coisa não planejada que já aconteceu


comigo, Maddox. E não posso te perder. Mas você está fazendo
de tudo para me empurrar... para longe de você. — Eu
sussurrei, minha voz quebrando no final. — Você tem contado
mentiras. Desde quando você começou a mentir para mim,
Maddox?

Depois de tudo o que passamos... Ele contaminou tudo o


que tínhamos com suas mentiras.

Ele levantou a cabeça e seus olhos arderam com tormento.

Ele era decadentemente bonito, um pouco quebrado e um


erro desde o início.

— Sinto muito. — Ele engasgou.


— É tudo o que você tem a dizer?

Havia lágrimas em seus olhos. — Eu sinto muito.

Se isso te machuca tanto, que tipo de amor é esse?

Eu sabia que Maddox partiria meu coração, mas uma


parte de mim esperava que não o fizesse.

Meu coração chorou e uma lágrima solitária deslizou pela


minha bochecha. — Eles disseram que você era problema, não
escutei. Eu me arrisquei, te dei uma chance. E agora me
arrependo.

— Não me deixe. — Sua voz rouca falhou. — Por favor. —


Eu dei um passo para trás. Maddox parecia ferido, e minha
alma sangrou ao vê-lo machucado.

— Lila, — ele respirou meu nome. — Por favor.

Eu balancei minha cabeça lentamente. — Maddox. — Doía


dizer o seu nome. — Você quebrou suas promessas.

Meus pés me deram outro passo para trás.

— Não, — ele implorou. — Lila, não.

Eu me virei e fui embora, deixando meu coração partido


aos seus pés.

Continua...
RECONHECIMENTO

Penso que antes de mais nada, quero agradecer ao Oliver.


Obrigada por acreditar em mim, mesmo quando eu não
acreditava. Se não fosse por você, não tenho a certeza se este
livro teria existido. Desde ajudar-me a inventar o título – até aos
nomes das personagens – e ouvir as minhas intermináveis
reclamações sobre o enredo e ajudar-me a descobrir esta
história, me ajudou a dar vida a esta história. Não a teria feito
sem você e espero que saiba disso. Pelo seu apoio constante e
por todo o seu amor, obrigada. Obrigada por me fazer sempre
sorrir todos os dias.

Vivvi, como é que agradeço a você alguma vez? Você é a


minha rocha e um pedaço do meu coração. Obrigada por amar
as minhas personagens, os meus bebês, tanto quanto eu, se
não mais. Você á a lua da minha vida.

A minha maravilhosa editora Rebecca - a sua paciência é


admirável. Obrigada por não me odiar. Trabalhar comigo num
horário tão apertado. É uma loucura, mas a sua legitimidade
tornou este livro possível. Pensei que tivesse me chutado para o
passeio, mas não o fiz. Por isso – sou eternamente grata.
Obrigada por me dar as mãos.

Meus pais, obrigada pelo seu apoio e amor sem fim.


À minha menina, Cat... sério, o que faria eu sem você?
Suse, você está lá, me apoiando em minha loucura e eu te amo
ainda mais. Você tornou o meu livro bonito - obrigada!

Sarah Grim Sentz - Estou tão contente por ter confiado


estes gráficos promocionais a você.

Um agradecimento especial à minha EQUIPE DE FORÇA!


Estou tão admirada com a sua dedicação.

Enorme agradecimento à CANDI KANE PR - você é uma


joia e estou tão contente por ter confiado o meu livro a você,
querida, porque fez magia!

Maria da Steamy Designs: Matou com esta capa! Tão linda


e tudo o que eu queria!

Para os bloggers e para todos os que dedicaram o seu


tempo a promover este livro, vocês são fantásticos! Os meus
maiores agradecimentos a vocês. Aos meus belos leitores, um
enorme obrigada a cada um de vocês. Aos meus amores. O
apoio de vocês e amor intermináveis nos levaram por esse
caminho. Obrigada por estarem comigo através de toda a minha
loucura.
SOBRE A AUTORA

Lylah James usa todo o seu tempo livre para escrever. Se


ela não estiver estudando, dormindo, escrevendo ou
trabalhando - pode ser encontrada com o nariz enterrado num
bom livro de romance, de preferência com um macho alfa sexy.
Escrever é a sua paixão. As vozes na sua cabeça não param, e
ela acredita que elas merecem ser ouvidas e lidas.

Lylah James escreve sobre machos alfa dignos de babar,


com heroínas fortes e doces. Ela faz os seus leitores chorarem,
desmaiarem, amaldiçoarem, se enfurecer, e se apaixonar. Mais
conhecida como a Rainha de Cliffhanger e a
#evilauthorwithablacksoul, ela gosta de partir o coração dos
seus leitores e depois recomendá-los a ligar para ela!

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