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SINOPSE

Ele era o irmão mais velho da minha melhor amiga.


Meu primeiro amor, que deixou a cidade sem se despedir...
Oito anos depois, disse sim para me casar com outro homem - o
sempre tão perfeito Julian Baker.
Finalmente estou pronta para deixar meu passado por um novo futuro.
Mas, como todos os triângulos amorosos angustiantes, meu passado e
futuro colidem em uma reviravolta cruel do destino.
Dentro de um restaurante movimentado, ele está sentado à mesa ao
meu lado com um olhar ciumento.
E sou forçada a enfrentar o homem que destruiu meu coração no
ensino médio.
Lex Edwards, agora magnata bilionário, não vai desistir facilmente. Ele
é implacável, astuto e não é mais o doce e amoroso graduado da
faculdade que estudava para se tornar um médico.
Assim como eu, nosso caso tumultuado o quebrou.
Mas agora, ele está decidido a me reconquistar.
E Lex Edwards fará de tudo para provar o quão poderoso é o nosso
amor, mesmo que isso signifique reviver o passado...
Uma história de amor proibida sobre destino, mágoa e segundas
chances.
PRÓLOGO

CHARLIE

Eu passei meus braços em volta de mim para proteger meu corpo


da brisa do mar. O ar da noite estava frio, mas úmido - o cheiro
persistente de chuva misturado com sal. Um súbito relâmpago iluminou
o céu escuro, uma bela visão seguida do inevitável. Coloquei minhas
mãos sobre meus ouvidos, enterrando minha cabeça entre minhas
pernas. O estrondo do trovão me assustou. Lentamente, levantei minha
cabeça e descobri meus ouvidos, então ouvi o estrondo baixo
desaparecer na noite.
Eu odiava tempestades, elas me aterrorizavam, mas aqui estava
eu, esperando pacientemente como sempre fizera.
Este era o nosso lugar especial, mas esta noite, com a lua
escondida atrás das espessas nuvens escuras, este não parecia mais o
nosso porto seguro. Ansiosamente, puxei uma erva daninha que estava
entre as pedras e a arranquei até não sobrar nada. O raio atingiu mais
uma vez, e a ameaça de trovão me forçou a enterrar minha cabeça. Eu
balancei para frente e para trás enquanto abraçava meus joelhos.
Involuntariamente, minha mente voltou para a noite em que meu medo
de tempestades começou...

— Ele é o homem mais lindo que você já viu. A alma dele irá
capturar você, mas não se engane, Mi Corazón. Ele usará todos os seus
poderes para atraí-la quando não houver mais nada a fazer a não ser
pegar a única coisa que você está segurando.
Já tinha passado da minha hora de dormir, mas eu não conseguia
dormir. Uma tempestade estava se aproximando e o trovão estava ficando
mais alto. Puxei as cobertas sobre mim, assustada com essa criatura de
que mamãe falou. Com o coração acelerado e a voz trêmula, ousei fazer a
pergunta que me assombrava.
— Quem é ele, mamãe?
Mamãe fez uma pausa, olhando pela grande janela. O medo passou
por seu rosto de beleza clássica. Eu não tinha certeza do porquê. Papai iria
protegê-la. Papai tinha uma arma e disse que se alguém nos machucasse,
ele os caçaria como lobos famintos.
— O grande lobo mau. — ela sussurrou.
O grande lobo mau era assustador. Eu não entendia o que eu estaria
segurando. Eu tinha apenas oito anos. Este conto de fadas não era nada
como os outros. Onde estava o final feliz? Mamãe contou essa história
como se a decorasse.
— Ele virá me buscar, mamãe?
O trovão sacudiu a casa e eu agarrei o braço dela o mais forte que
pude. Eu estava com medo, o rugido era tão alto e não queria que o lobo
mau viesse atrás de mim. Ele me assustava. Eu queria ficar com papai,
mamãe e Sissy. Quando o barulho ficou mais alto, enterrei minha cabeça
sob o braço da mamãe, tentando abafar o som horrível.
— Mamãe, estou com medo.
— Durma, Mi Corazón.
Cantarolando minha canção de ninar favorita, ela acariciou meu
cabelo para me acalmar até que adormeci em seus braços.

Nunca acreditei no mito do grande lobo mau, mas, por algum


motivo, ele ficou comigo e, infelizmente, meu medo de tempestades
também. Apenas um timing ruim, eu ficava dizendo a mim mesma.
Frustrada, olhei para o meu relógio. Só pode estar de brincadeira comigo.
Ele está uma hora atrasado. Como se eu não tivesse nada melhor para
fazer do que esperar por ele. Eu poderia ter terminado meu trabalho de
inglês que estava adiando há dias porque ele era mais importante.
Minhas notas já estavam caindo, e o diretor Stephens podia sentir meu
medo de fracassar a um quilômetro de distância.
Quando eu estava prestes a me levantar e sair, seus braços
masculinos me envolveram, aquecendo meu corpo. Colocando beijos
suaves ao longo do meu pescoço, o cheiro rançoso de alguma bebida
alcoólica permanecia em seu hálito. Meu coração afundou. Eu sabia que
algo estava errado, mas não estava com humor para ser solidária. Eu
estava farta e cansada de tudo isso às escondidas.
— Noite difícil? Você nunca ouviu falar de celular?
Eu podia ver a mentira chegando. — Difícil nem chega perto. Sinto
muito, meu celular está apresentando problemas.
Distraído, ele moveu as mãos por baixo da minha jaqueta e correu
ao longo da minha barriga.
— Você cheira como se tivesse ido a uma festa de fraternidade —
eu cuspi, frustrada.
Incapaz de esconder meu aborrecimento por mais tempo, afastei
suas mãos, mas ele me parou imediatamente. Ele apertou ainda mais a
minha cintura e enterrou a cabeça no meu cabelo.
— Seu cabelo... é tão... sinto sua falta... — ele murmurou palavras
que não faziam sentido, e eu fiquei ainda mais irritada. Eu me afastei e
me levantei, o sangue em minhas veias começando a bombear
vigorosamente de raiva.
— O que é isso? Eu te conheço melhor do que você mesmo. Você
está bêbado por um motivo. — Sem hesitar, deixei escapar as palavras
que atormentavam minha mente. — Você vai me dizer que acabou. Os
sinais estão aqui, você tem agido de forma estranha a semana toda.
Vejamos... Sammy chorou tanto que você sentiu pena dela, e você deve
isso ao seu casamento para que dê certo.
Ele se levantou rápido, instável em seus pés. Eu meio que esperava
que ele risse disso, mas mesmo em seu estado de embriaguez, ele
pareceu entender o que eu quis dizer. A hesitação por si só foi o
suficiente para eu pensar o pior, mas fiquei parada e esperei sem
respirar. Seus olhos se fixaram em mim, um transe em que tentei não
entrar, mas lentamente me senti atraída, lançada sob seu feitiço sem
qualquer esperança de sair.
— Acabou? Eu não consigo respirar sem você, Charlotte. Isso é
tortura. Nós, não podendo ser nós na frente de todo mundo. Não faça
isso, ok? Não se iluda como se isso tivesse acabado.
Ele estava tentando desabafar, igualmente frustrado com nossa
batalha constante para esconder nosso relacionamento. Eu entendi, eu
fiz, mas ele era o único culpado aqui, não eu. Eu sou apenas a garota que
se apaixonou pelo irmão de sua melhor amiga, que por acaso era casado.
O vento mudou e seu humor também. Ele passou o dedo pela
minha bochecha, como sempre fazia, então, lenta e
tranquilizadoramente, ele colocou seus lábios nos meus.
— Olhe para mim, Charlotte — ele implorou.
Meus olhos encontraram o caminho de volta para os dele, e assim
como tinham feito um milhão de vezes antes, o verde esmeralda brilhou
de volta para mim. Em seu reflexo, eu vi apenas nós.
Ele e eu — juntos contra o mundo.
Ele colocou minha mão sobre seu coração. — Enquanto isso bater,
é por você. Vou dar um jeito de ficarmos juntos. Não desista de nós.
Acontecemos por uma razão. O resto são obstáculos que podemos
superar. Contanto que você confie em mim, eu prometo nunca quebrar
você. Eu amo você e só você. Eu juro, seremos nós por toda a vida, baby.
Leal até o fim, até que a morte nos separe.
Eu cedi a ele naquela noite porque o amava mais do que a própria
vida, mas foi logo depois que percebi o que mamãe tentou me dizer o
tempo todo.
O grande lobo mau tinha vindo atrás de mim. Levou tudo o que era
meu, então me deixou sozinha no escuro. Ele me esvaziou de tudo de
bom e puro, deixando-me vazia e incapaz de amar, vagando sozinha na
escuridão como uma alma torturada. Rezei para que ele não viesse atrás
de mim, mas ele veio. Seu nome era Alexander Edwards, e naquela noite
ele me encheu de promessas, me fez acreditar que éramos apenas nós
neste mundo, que só precisávamos um do outro.
— Leal até o fim, até que a morte nos separe.
E foi a última vez que o vi.
CAPÍTULO UM

CHARLIE

PRESENTE

É o segundo dia da minha missão de criar equilíbrio na minha vida.


Cometi o erro de ler este artigo sobre como viver a melhor vida
possível e por que nosso corpo precisa de autocuidado. Eu corro a cada
dois dias ou mais, mas de acordo com este jornalista, ser membro de
uma academia te motiva a malhar e aumenta a atividade social.
Duas áreas em que estou falhando miseravelmente.
Parada aqui em frente a este aparelho com duas alças lado a lado
e uma cadeira para sentar, estou pasma. Presumo que você junte as alças
que trabalham seus braços.
Colocando minha toalha no banco, eu me sento e seguro as alças,
controlando-as. As alças não se movem, me fazendo parecer estúpida
por tentar isso.
E é por isso que não trabalho com aparelhos.
Ou a academia.
Frustrada e mal começando a suar, eu me afasto e caminho em
direção aos elípticos. Isso não pode ser muito difícil. Existem cinco
cross-trainers e três deles são usados. Um rapaz está ficando duro,
suando profusamente, sem nenhuma toalha à vista para enxugar a testa
pingando. Uma garota atraente com roupas de ginástica fofas está ao
lado dele com um celular na mão tirando selfies.
Então há vovó ao meu lado. Cabelo grisalho com permanente
cortado curto com uma faixa branca na cabeça para prendê-lo. Ela usa
um moletom enorme em rosa bebê, feito do mesmo material que as
pessoas usam quando saltam de paraquedas de um avião.
Sua velocidade é lenta, mas consistente, parecendo fácil o
suficiente para eu acompanhá-la.
Jogando minha toalha sobre o trilho e aninhando meus fones de
ouvido em meus ouvidos, sigo as instruções e aperto o botão para ligar
o aparelho. Ok, mova os pés como andar e balance os braços. Fácil.
Meu corpo involuntariamente se move muito rápido, batendo na
frente e me forçando a segurar com força para não cair.
— Boneca, você está bem?
Ótimo, vovó sente pena de mim.
Eu odeio tanto a academia.
— Hum, sim. Só me orientando.
— Sou Susan. Eu não vi você por aqui. Nova no lugar?
Movendo meus pés mais devagar desta vez, ganho impulso e tento
manter essa conversa.
— Charlie, mas é a abreviação de Charlotte — digo a ela,
coordenando meus movimentos. — Sim, primeira vez aqui. Li este artigo
e estou tentando ser mais gentil com meu corpo, especialmente porque
adoro qualquer coisa com carboidratos, rosquinhas, você sabe… a
comida que te mata.
Susan sorri, concordando com a cabeça. — Boneca, você está
fantástica. Deixe-me te contar uma história. Tenho oito filhos e quinze
netos. Meu corpo já viu de tudo, carregou alguns quilos também. Mas
nada, e eu quero dizer nada, pode prepará-la para ter setenta e dois anos
e correr atrás de pequeninos. É por isso que venho aqui todas as manhãs.
Eu tenho que dar isso a Susan, ela não parece ter setenta anos,
sessenta no máximo.
— Também ouvi dizer que as academias são ótimas para
socializar. Olha, Susan, não é como se eu estivesse desesperada para
conhecer um cara, mas você sabe… já faz um tempo, e estou chegando
aos trinta em alguns anos. Só não sei para onde foi o tempo. Ok, espere,
eu minto. Eu me concentrei tanto na minha carreira e em abrir nossa
pequena empresa que não tinha tempo para ninguém. Agora olhe para
mim, não consigo nem usar um cross-trainer sem quase cair — eu
divago, compartilhando informações muito pessoais.
Susan desacelera seus movimentos até parar completamente.
Saindo do aparelho, ela pega a toalha e a garrafa de água. — Eu não faço
isso o tempo todo, mas você me parece uma dama que precisa de alguma
ajuda. Tenho um filho, Jesse Junior. Ele é de fora da cidade, mas nunca
se estabeleceu com uma mulher. Acho que ele seria um bom par. Eu
poderia passar seu número.
A humilhação simplesmente não para. Jesse Junior certamente
não parece ser meu tipo. Um forasteiro significa um menino do campo
em alguma fazenda isolada esperando que eu crie seus filhos e faça
tortas todos os dias.
— Você sabe o que? — digo, mantendo o sorriso e a conversa
amigável. — Se na próxima vez que você me vir, eu ainda estiver solteira,
você me passa o número de Jesse.
— Junior, boneca, Jesse Junior — ela me corrige. — Jesse é meu
marido, e Deus sabe que ele comeria você como um lobo faminto. —
Susan dá adeus e caminha em direção ao banheiro, desaparecendo atrás
da porta vermelha marcada Ladies.
Consigo usar o cross-trainer por mais vinte minutos, ouvindo
'Let's Get Physical' de Olivia Newton-John na esperança de inspirar meu
novo hobby. Tudo em que consigo pensar por vinte minutos é se alguém
vai me julgar ou não se eu usar lycra na academia.
Diminuindo meu ritmo, eu aperto stop e saio do aparelho, joelhos
tremendo e desequilibrados. Eu me pergunto quantas barras Hershey
acabei de eliminar. Deus, eu preciso tanto de chocolate.
Em um esforço para esquecer meu gosto por doces, decido tentar
outro treino, passando casualmente por um homem sentado no
aparelho que tentei usar anteriormente. Ele está levantando os braços,
fazendo grunhidos, então percebo o quão estúpida pareço, já que não
usei o aparelho dessa forma, daí meu abandono anterior.
É isso, estou fazendo da academia minha cadela. Recuso-me a ser
um peão em seu jogo doentio e distorcido.
Vendo outro aparelho no corredor, vou até lá e fico confortável,
colocando minha toalha na cadeira. Esta parece fácil. Tudo o que tenho
a fazer é puxar a coisa que parece uma alavanca e trabalhar em meus
braços.
Estou há cerca de cinco minutos e tenho certeza de que meus
membros precisaram ser amputados amanhã. Agarrando minha toalha,
eu me levanto, esbarrando em um homem, acidentalmente descansando
minhas mãos em seu peito.
— Oh meu Deus. Eu sinto muito. Eu só não estava olhando — peço
desculpas, sem fôlego.
Ele pousa as mãos nos meus ombros, me afastando, mas
gentilmente e de forma não ofensiva. Mostrando um sorriso, sua
expressão é divertida ao invés de irritante.
— Ei, está tudo bem. Minha culpa. — Ele puxa um de seus fones
de ouvido — Perdido em algum Bon Jovi... você sabe, música de
academia.
— 'Livin' on a Prayer'?
Ele ri, covinhas fofas enfeitando seu rosto perfeitamente
esculpido. Puxa, ele é lindo. Ele me lembra alguém, mas não consigo
descobrir quem.
— 'Keep the Faith' — ele responde. — Mas eu vou fazer alguns
conjuntos para 'Livin ' on a Prayer' ocasionalmente.
Meus olhos vagam em direção ao seu peito, cercado por seus
braços tonificados. A regata dele é branca, pingando de suor, mas não
daquele jeito nojento que faz você torcer o nariz. Não, mais como o suor
do tipo eu-quero-minha-batida-traga-você-para-o-meu-quintal.
Ele estende a mão. — Sou Julian... Julian Baker.
— Charlie Mason. — Eu aperto sua mão, saboreando como suas
mãos são masculinas e porque elas fazem algo comigo que eu não sentia
há muito tempo.
— Então, o aparelho. Você terminou?
Eu me viro, a contragosto, então percebo que meu desejo
injustificado por este homem é patético, já que ele só quer o aparelho.
— Hum, sim, vá em frente. Eu limpei e tudo, então você não
precisa se preocupar com suor ou erupções cutâneas. Espere, é uma
erupção de suor por que devemos limpá-la ou você pode pegar como
herpes? — As palavras são como diarreia verbal, e minha temperatura
sobe de puro constrangimento. — Olha, eu não sei nada sobre herpes,
então podemos esquecer que eu mencionei isso?
Ligeiras rugas se formam ao redor dos olhos cor de avelã de Julian.
Seu sorriso, caloroso e amigável, se transforma em uma pequena risada.
— Eu confio em você, mas obrigado pela lição sobre erupções
cutâneas.
— Estou mortificada — admito, rindo da minha própria
estupidez. — Foi bom conhecê-lo. Talvez possamos fazer isso de novo
algum dia... a conversa desajeitada e precipitada. Divirta-se.
Minha tentativa de ir embora é pegar qualquer dignidade que
tenha ficado para trás.
— Espere — chama Julian.
Eu me viro para encará-lo, esperando que ele me diga o quão
estúpida eu era naquele momento.
— Talvez possamos fazer isso de novo, mas em outro lugar, como
durante o café. E podemos deixar a conversa precipitada para trás,
apenas se estiver tudo bem para você?
Seu sorriso sedutor é difícil de ignorar, minhas bochechas se
erguem lentamente em um sorriso alegre. Talvez esse negócio de
academia não seja tão ruim. Mate dois coelhos com uma cajadada —
treine e conheça um homem lindo.
— Claro. — Faço sinal para que ele me siga até o balcão, onde
roubo uma caneta da recepcionista. Agarro o braço de Julian,
escrevendo meu número nele.
— Eu vou ligar. — Ele sorri, exibindo aquele sorriso mais uma vez
para mim. — E é melhor você atender.
— Oh, eu vou — eu respondo com uma piscadela de flerte,
soltando seu braço. — Até logo, Julian.
CAPÍTULO DOIS

CHARLIE

O mais estranho em mim é que adoro as manhãs de segunda-feira.


Não sofro da chamada 'Mondayitis'1 como todo mundo que conheço. Há
algo sobre uma nova semana, um recomeço, que me emociona. As
possibilidades são infinitas.
Ultimamente, tenho me mantido ocupada ouvindo podcasts para
tentar nutrir meu cérebro. Isso, e estou solteira há um ano. De acordo
com muitos de meus amigos íntimos, um ano é a ladeira escorregadia
para a síndrome da louca dos gatos. Então, eu tenho uma gata, Coco. Ela
é uma gata ótima — obediente, fofinha e não deixa ratos mortos no meu
apartamento.
Eu, no entanto, sinto muito por ter que deixá-la sozinha por várias
horas e muitas vezes penso em conseguir outro gato para que eles
possam relaxar e se divertir como um gato.
Meu telefone está na mesa da sala de reuniões na minha frente.
Respirando fundo, mando uma mensagem de volta para Julian. Ele me
mandou uma mensagem ontem à noite, um dia depois da minha
passagem embaraçosa na academia. Trocamos mensagens de texto por
horas sobre tópicos triviais, mas, mesmo assim, gostei muito de sua
companhia online e de suas brincadeiras igualmente espirituosas.
Então, estou aproveitando o dia. De acordo com este podcast, se
eu não agir, não receberei coisas boas em minha vida.
E não quero me tornar uma louca por gatos.
A tentação de checar meu telefone para ver se ele responde é
muito grande, então eu o coloco virado para baixo na mesa e olho ao
meu redor, esperando nossa reunião começar. Minha linha de
1
É uma sensação de cansaço, tristeza, apatia e angústia geral que muitas pessoas sentem ao iniciar a
semana de trabalho na segunda-feira de manhã.
pensamento passou facilmente de gatos para um episódio de Grey's
Anatomy em que George morreu e eu chorei como um bebê.
— Segunda-feira, dá para acreditar?
As vozes entram na sala, meus colegas parecendo nada satisfeitos
com a reunião da manhã de segunda-feira. Depois de se sentar
rapidamente, todas as cabeças estão abaixadas, os dedos digitando
ocupados em seus telefones. Em uma sala cheia de pessoas, não há nada
além de sons de batidas e o ping ou gorjeio constante seguido de mais
batidas.
Além de amar as segundas-feiras, também amo meu trabalho. Se
eu pudesse, nunca sairia deste lugar. Alguns me chamam de workaholic.
Prefiro a palavra 'apaixonada'. Ajuda o fato de eu adorar meus colegas
de trabalho. Com o tempo, eles se tornaram bons amigos e nosso
escritório se tornou uma família muito unida.
Enquanto espero a última pessoa chegar, concentro minha
atenção em meus sapatos novos. Ok, então eu tenho um problema, e não
tenho dúvidas de que sou uma viciada em sapatos. Esses novos
Louboutins acabaram de sair da linha de outono, e eu sou uma mulher
possuída pela minha necessidade de couro envernizado novo e
brilhante e um salto que pode arrancar o olho do seu pior inimigo.
Enquanto cruzo as pernas admirando meu novo prazer culpado, vejo
Eric tirando uma foto com seu telefone.
— Absolutamente linda, Charlie. Vamos hashtag isso. — Com os
dedos ocupados digitando, Eric sorri. Momentos depois, ele me mostra
a foto.
— Que legal da sua parte, Eric. Isso interrompeu sua agenda
lotada do Candy Crush? Você tem um problema, você sabe disso, certo?
Eu gostaria de ver você viver um dia... na verdade, não... ficar meio dia
sem seu telefone.
— Eu fiz, lembra?
— Levá-lo de volta à loja e conseguir um telefone emprestado não
conta.
— Bem, para sua informação, agora estou usando meu telefone
para pedir o almoço.
Agora isso chama minha atenção. Almoço, e são apenas oito e
cinquenta e cinco da manhã. Por favor, sejam os rolos de sushi do
restaurante japonês que acabou de abrir na esquina. Meu estômago
ronca com o pensamento e, envergonhada, solto uma tosse solta e faço
uma anotação mental para tomar mais café da manhã. Claramente, meu
estômago e eu não estamos em harmonia com essa dieta do tipo vamos-
só-tomar-uma-xícara-de-café, que se tornou um terrível hábito
preguiçoso.
— Charlie, as pessoas em toda a África podem ouvir seus
pensamentos tão bem quanto sua barriga. E sim, estou fazendo o pedido
daquele novo restaurante japonês. E não, você não está comendo
aqueles rolinhos de salmão que te fazem vomitar mais do que Linda
Blair em O Exorcista.
— Nojento, mas você tem razão.
De repente, sinto-me enjoada. Isso foi um rolo de salmão ruim.
Como é possível que eu não tenha cicatrizes o suficiente para que meu
corpo ainda anseie por isso? O problema é que me lembro de como
fiquei com água na boca quando dei a primeira mordida e não consegui
me lembrar das consequências. Eu estremeço com o pensamento, e
mentalmente me repreendo por ansiar por isso novamente. Sou tão
fraca.
— Claro, tenho razão — continua Eric, confiante. — Sou seu
assistente pessoal e melhor amigo. É meu trabalho afastá-la do perigo, e
isso inclui rolos de sushi ruins.
Ele se enterra em seu telefone novamente, olhando para cima
apenas por um momento para me mostrar uma foto de um cachorro
vestindo uma fantasia de Halloween. Eu tenho que rir porque é patético
que alguém tenha ido tão longe, mas fofo ao mesmo tempo.
Eric sempre me faz rir. Ele traz à tona a diversão de todos, além de
me lembrar todos os dias que somos a Geração Y, vivendo em um mundo
que não pode mais funcionar sem as mídias sociais e abreviações
ridículas como BFF, LOL e YOLO.
Como um redemoinho, Nikki, que é minha sócia na firma, joga suas
coisas na grande mesa de mogno, criando um grande estrondo,
assustando os outros. Seu cabelo acobreado perfeito de sempre parece
desgrenhado quando ela o sopra para longe do rosto, irritada por ele ter
se desviado. Seus olhos azuis brilhantes têm círculos escuros embaixo
deles. Não posso deixar de me preocupar enquanto observo sua
aparência.
— Nikki, você está bem? — Pergunto baixinho, tentando não
chamar a atenção.
— Não, na verdade não. Passei a maior parte da noite enjoada
daquele lugar italiano que adoramos pedir marinara de frutos do mar.
Meu novo vestido Dior está arruinado porque Rocky mal podia esperar
para chegar ao banheiro ou à pia. Foi o aniversário mais desastroso da
história dos aniversários ruins, como uma cena de um daqueles filmes
cafonas.
— O vestido Dior cor de rubi?
— Sim, Eric. O vestido Dior cor de rubi, que está na lavanderia
sendo limpo de quaisquer vestígios de projéteis de frutos do mar
marinara — ela responde com raiva.
— Graças a Deus, Nikki. Esse vestido é de morrer.
É totalmente Eric se preocupar mais com o vestido do que com a
pessoa. Ele é obcecado por moda, e se você é seu melhor amigo, é
impossível não sentir o mesmo. É a principal razão pela qual o designei
como meu personal shopper quando não tenho tempo para fazer
compras para mim. Somos uma combinação letal, mas a American
Express parece nos amar.
— Ok, sério, vamos começar esta reunião antes que eu vomite em
todos vocês. — Ela interrompe rapidamente.
Com um olhar de desgosto, ela inicia a reunião e eu a sigo. Falamos
sobre nossos horários para a semana, um próximo workshop que Eric e
Emma, a assistente de Nikki, estarão participando amanhã e, por último,
minha tão esperada viagem ao Havaí para o casamento de meu primo.
Quando a reunião termina, fico a sós com Nikki, dando-nos alguns
minutos para conversarmos antes de sermos inundadas de trabalho
pelo resto do dia.
— Então, eu estou supondo que seu aniversário não teve um final
feliz?
— Sinceramente, Charlie, você sabe que eu amo Rocky, mas não
há nada menos atraente do que ver seu marido coberto de vômito,
curvado sobre o vaso sanitário, chorando enquanto liga para a mãe dele
e pede que ela venha.
— Ele ligou para a mãe dele? — Eu questiono, tentando segurar
minha risada.
— Sim, e ela chegou exatamente uma hora depois com o que só
poderia ser descrito como a farmácia inteira.
Eu não estou surpresa. Rocky é um filhinho da mamãe. Pobre
Nikki, ela não desgosta exatamente da mãe dele, mas odeia ser a
segunda pessoa que ele pede em uma crise.
— Chega de reclamar sobre meu marido filhinho-da-mamãe e de
volta ao trabalho.
— Tem certeza que não quer ir para casa e descansar durante o
dia?
— Charlie, você me conhece há quanto tempo, oito anos? Desde
quando eu vou para casa doente?
— Verdade. Nós conversamos mais tarde — eu digo enquanto
saio da sala e vou em direção ao meu escritório.
Sento-me à escrivaninha e começo a pensar no que Nikki disse.
Oito anos parece uma vida inteira. Eu faço um cálculo mental dos anos
na minha cabeça. Eu não posso acreditar quanto tempo se passou desde
que nos conhecemos na faculdade.
Nikki e eu éramos colegas de quarto designadas. Nós duas
estávamos estudando direito, e foi por isso que eles nos largaram juntas.
O único problema era que Nikki era uma cadela, o tipo de garota
malvada, o tipo que tornava sua vida um inferno. Ela achava que
dominava o mundo, não dava atenção a ninguém, exceto a seu namorado
da faculdade, Rockford Romano.
Rocky era um cara italiano corpulento, músculos enormes, e ele
era o zagueiro do time de futebol da faculdade. As mulheres se jogavam
em cima dele, os homens queriam ser ele, mas os alunos geralmente
tinham medo de seu ego duro. Havia rumores de que sua família fazia
parte da máfia, mas na verdade ele não passava de um gatinho. O cara
mais gentil e doce que você poderia conhecer que adorava o chão que
Nikki pisava.
Eles começaram a namorar, terminavam todas as semanas apenas
para voltarem a ficar juntos.
Quero dizer, Nikki sempre foi linda. Ela envergonha as modelos da
Victoria's Secret. Suas pernas longas e magras a tornavam alta como
uma supermodelo, e seu corpo tonificado como resultado do pilates que
ela fazia todos os dias em nosso dormitório.
Apesar dela ser uma gatinha glamourosa total, ela ainda
permanecia a cadela do campus. Se você tivesse um par de peitos e uma
vagina, ela o observava como um falcão perto de seu homem.
Uma noite, no final do nosso primeiro ano, encontrei-a deitada no
chão do banheiro, soluçando, cercada por testes de gravidez. Ela
precisava de uma amiga, então eu estava lá para consolá-la, mas naquela
noite nos tornamos mais irmãs do que amigas. Fiz tudo o que pude na
época para apoiar Rocky e Nikki durante a gravidez, principalmente
cobrindo seus turnos na pizzaria local quando ela estava cansada
demais para trabalhar.
E sete meses depois, eles deram as boas-vindas a William Nicholas
Romano ao mundo exatamente às 23h34. Eu o vi sendo colocado no
peito de sua mãe, sem um olho seco na sala. Ainda me lembro do
momento em que Rocky o entregou para mim e segurei meu afilhado
pela primeira vez. Inclinando-me, dei um beijo suave em sua testa
enrugada e inalei seu cheiro de bebê. Eu me apaixonei pelo garoto no
momento em que pus os olhos nele, mas segurá-lo me quebrou, no bom
sentido. Havia um amor incondicional por ele que eu não conseguia
explicar, e só cresceu desde então.
— Ok, faça uma aposta. Quem usa melhor? Jennifer Aniston ou J
Lo?
Eric está esperando impacientemente, batendo o pé enquanto
analiso a imagem na minha frente, interrompendo-me de minha
reflexão anterior.
— J Lo. Agora, falando sério, você não tem nada melhor para fazer
do que garantir que tudo esteja resolvido antes de eu ir para o Havaí?
— Eu nego que você vá porque sou um melhor amigo ciumento
que ainda não entende por que você não está me levando — Eric afirma
com um olhar invejoso.
— Não vou justificar minha necessidade de férias, já que trabalho
há dois anos sem parar. Agora, volte ao trabalho e peça os rolinhos de
salmão para mim.
Eric sai do meu escritório e fecha a porta atrás de si. Sentada na
minha poltrona macia, paro um momento para reorientar. Tenho muito
o que fazer e vou precisar de muito trabalho antes da próxima sexta-
feira.
Não há tempo para ser preguiçosa ou desorganizada. Concentre-
se, reagrupe-se e se recomponha, Charlie.
Meu celular apita alto, interrompendo meu zen. É uma mensagem
de Julian.
JULIAN
Estou feliz que você finalmente me mandou uma mensagem. Eu não
tinha certeza de quanto tempo uma mulher linda como você me
deixaria esperando. Estou livre hoje às duas, se você estiver?
Prometo me comportar se você quiser.

O texto segue com o endereço de um café. Não consigo esconder o


sorriso que tão facilmente enfeita meu rosto de seu texto fofo. Mesmo
através de uma mensagem, ele ainda tem esse charme. Meus dedos
digitam de volta rapidamente, deixando-o saber que estou livre e o
quanto eu amo o café que ele sugere por causa da loja de amendoim ao
lado, acidentalmente apertando enviar e percebendo que amendoins
foram corrigidos automaticamente para pênis.
EU
Pato, me desculpe. Pênis.
EU
Argh! Quero dizer pênis.
EU
AMENDOIM.

Eu grito alto em frustração. Correção automática estúpida. Não


entende que ninguém confere direito foda-se ou pato2? Quão difícil é
para as empresas perceber e corrigir o problema? Mais uma vez,
consegui me envergonhar na frente de um cara incrivelmente sexy, e
provavelmente é por isso que estou solteira há um ano. Respirando
fundo, fecho meus olhos apenas para abri-los quando meu telefone toca.
JULIAN
Charlie, relaxe. Todos os patos do mundo não poderiam mudar o
quão feliz você me fez hoje. Vejo você às 2 ao lado da loja de
pênis.

Desta vez, consigo rir em vez de gritar. Faz muito tempo desde que
eu flertei com um cara, e se há alguém que vale a pena flertar é Julian
Baker.
Eu tenho um bom pressentimento sobre isso.

2
Fuck ou Duck são palavras parecidas em inglês, no caso ali o corretor trocou fuck para duck.
CAPÍTULO TRÊS

CHARLIE

Se houver uma lista das dez principais coisas que as pessoas têm
medo de fazer, os primeiros encontros devem ser uma delas.
Ao longo da minha vida, fiz muitas coisas fora da minha zona de
conforto, como bungee jumping da High Steel Bridge em Washington. É
a maior descarga de adrenalina que já experimentei, mas
provavelmente não repetirei nesta vida.
Eu fiz uma tatuagem, embora tenha pavor de agulhas, e segurei
uma cobra em um passeio pela vida selvagem, embora elas me
petrifiquem.
Cada vez que experimento um nível de desconforto por tentar algo
diferente, sempre tento me lembrar porque ultrapasso meus limites.
E agora, preciso me lembrar de como Julian é legal e o que estamos
fazendo pode ser algo incrível.
O café não está muito cheio. A corrida do almoço já passou, e as
únicas pessoas que permanecem são os viciados em café da tarde e
pessoas como eu.
Eu escolho uma mesa perto da saída, apenas no caso de tudo dar
errado e eu precisar de uma fuga rápida. No lado positivo, tem uma
janela e vista para alguns trabalhadores da construção civil. Eles são
fofos, assobiaram para mim quando passei e depois voltaram ao
trabalho cansativo de consertar a calçada.
Expirando, meus nervos relaxam, mas apenas um pouco. Pego
meu pó compacto pela centésima vez para verificar se meu batom não
está borrando meus dentes. Mordendo, eu rapidamente examino, feliz
com os resultados limpos, então guardo meu compacto.
Não é como se eu não tivesse namorado antes. Outros foram
submetidos aos meus primeiros encontros estranhos. Alguns até
passaram por várias rodadas. Alguns sortudos chegaram ao quarto e foi
aí que tudo terminou. Nikki e Eric sempre me dizem que sou muito
exigente, o que prejudica minha busca por alguém. Ambos acreditam
que tenho esse homem imaginário em minha mente, ele está sentado
neste pedestal e ninguém tem chance de derrubá-lo de seu suposto
trono.
Eu odeio que parte deles esteja certa.
E eu odeio especialmente que o pensamento dele passe pela
minha cabeça agora.
— Ei.
Julian está parado ao lado de onde estou sentada, parecendo
incrivelmente bonito em um par de jeans escuros e uma blusa polo
marrom. Sou rápida em levantar, inclinando meu corpo sobre a mesa
para beijar sua bochecha. Enquanto minha pele acaricia sua bochecha
recém-barbeada, meu estômago vibra, tornando todo o meu corpo
hiperconsciente. Seu cheiro, uma loção pós-barba masculina, paira
deliciosamente no ar.
Com a mão dele descansando no meu quadril, nós dois nos
afastamos ao mesmo tempo, nosso olhar se conectando pela força de um
simples toque. Seu sorriso brincalhão relaxa instantaneamente minha
energia nervosa enquanto nós dois nos sentamos nas cadeiras de
madeira.
Julian examina o café, olha para a porta e balança a cabeça com um
sorriso astuto.
— Eu prometo que não sou um assassino empunhando um
machado.
A porta. Esse cara conhece todos os truques individuais.
— Eu sei — eu digo casualmente, pegando o cardápio. — Gosto
da vista.
— Dos trabalhadores da construção?
— Hum, não... bem, talvez.
Julian desliza a mão para a frente, descansando-a em cima da
minha. Minha imaginação está correndo solta, me perguntando por que
me permito colocar uma guarda quando na minha frente, Julian não dá
a mínima.
— Relaxe, por favor. Eu não vou te matar, e se você começar a
assistir homens suados martelando concreto, eu ainda vou te achar
linda.
Meus ombros caem, aliviados por ele ter quebrado a tensão
estranha. Não sei o que há de errado comigo perto dele. É quase como
se eu estivesse desesperada para fazer isso funcionar de alguma forma,
com medo de que, se não o fizesse, cairia em uma espiral familiar e
lutaria para me libertar novamente.
— Devemos pedir — ele sugere. — Quanto tempo eu tenho você?
— Comigo? Quanto tempo você quiser.
Merda. Outra mentira. A pilha de trabalho na minha mesa é
astronômica, e cerca de uma hora antes de entrar aqui, Nikki jogou um
novo caso na minha mesa que ela quer que eu revise antes de sair. Estou
esperando passar a noite toda, a única maneira de me manter no
controle da minha carga de trabalho e da minha vida.
— Hum, ok, desculpe, talvez o tempo suficiente para um café com
leite?
A garçonete se aproxima e anota nosso pedido. Julian pede um
expresso e depois me dá uma breve explicação de como ficou viciado
durante sua última viagem à Sicília.
— Uau, então você viaja muito. O que você faz? — Eu pergunto.
— Jornalismo. Escrevo artigos para algumas revistas e,
ocasionalmente, para alguns dos jornais mais conhecidos, dependendo
da tendência do momento.
A garçonete volta, coloca nossas bebidas na mesa e sai
rapidamente.
— E você?
— Advogada de família — eu respondo, envolvendo minhas mãos
ao redor da xícara quente na minha frente.
— Não pensei que você fosse uma advogada, mas admiro sua
tenacidade. — Aproximando o copo dos lábios, bebe o expresso quase
de uma só vez. — Diga-me como você se tornou advogada? Existe uma
razão por trás disso? E onde você estudou?
Esta pergunta não é uma que eu não tenha feito antes. Verdade
seja dita, expliquei mais do que posso contar, colei a história em uma
camiseta, deixando de fora vários componentes que são considerados
desnecessários para reviver, especialmente para um estranho.
Começo a explicar a ele como tudo começou e como minha
infância parecia uma turbulenta montanha-russa desde as repetidas
ausências de minha mãe até que ela partiu para sempre, entregando a
meu pai os papéis do divórcio.
— Explica por que você escolheu direito de família — diz Julian,
com simpatia.
— Eu tinha visto o pior lado deles aparecer. Eles achavam que eu
não conseguia entender suas conversas adultas, mas eu sabia o que
estava acontecendo.
— Então Yale, impressionante e difícil de entrar?
— Diz o graduado de Harvard — eu provoco, dando as boas-
vindas à mudança de assunto. Julian ergue a sobrancelha, observando
com curiosidade até que percebo que revelei meu segredo. — Tudo bem,
posso ter stalkeado seu perfil no Facebook.
Suas risadas suaves aliviam meu constrangimento. Erguendo
minha xícara em direção aos lábios, tomo outro gole, saboreando a
cafeína que meu corpo tanto precisa.
— O que posso dizer? Sou uma mulher de muitos talentos — eu
me vanglorio com um sorriso.
Nós dois rimos e, embora a brincadeira despreocupada seja uma
mudança revigorante, afasto os sentimentos que rastejam até a
superfície toda vez que minha mente vaga para um tempo em meu
passado onde a escuridão prevalecia e nada, absolutamente nada,
poderia tira a dor que me consumia.
Eu limpo minha garganta, esperando que Julian não perceba
minha mudança de comportamento.
— Conheci minha boa amiga, Nicole, ou Nikki, como eu a chamo,
em Yale. Nós duas estávamos estudando direito e, depois de anos
trabalhando para alguns empregadores horríveis, demos o mergulho e
abrimos a Mason & Romano, um escritório de advocacia boutique.
— Isso é bastante arriscado e em uma idade tão jovem.
— Sim, eu sei. Eu estudava sem parar. Foi tudo o que fiz durante
a maior parte dos meus vinte anos — digo a ele, refletindo sobre as
longas horas com meus olhos em livros didáticos que levaram à visão
comprometida e ao uso de óculos durante a leitura. — Nikki e seu
marido estavam criando um filho pequeno. O malabarismo entre
paternidade e carreiras prósperas foi mais difícil do que cada um deles
esperava.
Passo a contar a Julian sobre a decisão de me mudar para a cidade.
Rocky teve a sorte de ter um contato na indústria da mídia e conseguiu
um emprego quase imediatamente como comentarista esportivo. Ele
pode falar o dia todo sobre esportes, algo com o qual já me acostumei.
Nikki e eu encontramos empregos em empresas diferentes. O
primeiro ano foi cansativo e questionei minha decisão várias vezes. Mas
em algum lugar ao longo do caminho, percebi que estava fazendo a
diferença. Eu era apaixonada por trabalhar como advogada e amava
meu trabalho, exceto por meu chefe decadente. Ignorei seus
comentários inapropriados sobre meu traje e a maneira como ele disse
que meu cabelo cheirava bem quando passei por ele. Era todo tipo de
coisa errada, e isso me deixou desconfortável.
— Felizmente, uma solução se apresentou no final da tarde de um
domingo enquanto estava no parquinho. Veio de Nikki em seu juízo final
fazendo malabarismos com a maternidade — eu digo a ele, revivendo a
memória.

— Will chamou sua babá de mamãe outro dia — Nikki falou


suavemente enquanto observava Will brincar na caixa de areia com as
outras crianças. — Charlie, não posso mais fazer isso, trabalhar doze
horas por dia e nunca mais ver meu filho.

— Abrimos com uma pequena base de clientes e, à medida que


crescemos, contratamos assistentes pessoais… Eric e Emma. O negócio
está crescendo. Até contratamos outro advogado, Tate, e estagiários
extras para administrar o escritório.
— Uma jornada incrível — elogia. — Posso dizer que você é
apaixonada pelo que faz.
Julian tem esse rosto que acalma você instantaneamente. Ao
contar minha história, senti meu coração acelerar às vezes. Mas apenas
olhando em seus olhos, tudo o que eu estava segurando e que eu não
tinha percebido, lentamente começou a diminuir. Ele escuta com
atenção, encarando com um olhar inquisitivo. Um verdadeiro
cavalheiro, ao contrário de alguns dos idiotas com quem namorei, que
apenas olhavam para o meu peito enquanto lambiam os lábios.
— Eu não queria acabar como minha mãe... miserável com esse
peso injustificado em seu ombro, presa em uma pequena cidade fazendo
tamales quentes todos os dias. Eu estava tentando provar um ponto.
— Nós temos muito em comum. Eu também estava sempre
tentando provar um ponto. E bem, aqui estou eu com a mulher mais
linda de Manhattan.
Eu sorrio e toco sua mão com facilidade. Essa coisa de namorar
não é tão ruim, não quando o homem é tão bonito quanto Julian Baker.
Olhando rapidamente para o meu telefone, percebo a hora. Com
um sorriso desapontado, eu termino o meu último latte. Não quero
terminar este nosso encontro rápido e, diferente de tudo que já fiz antes,
reúno toda a minha confiança para pedir um segundo encontro. —
Então, jantar. Minha casa? Eu posso fazer um tamale médio — eu meio
que brinco.
O canto da boca de Julian se curva para cima em um sorriso
arrogante antes de ele morder, provocando-me suavemente. — Essa
noite?
— Uau, hum... esta noite. — Repasso mentalmente minha carga
de trabalho novamente. A velha Charlie teria gentilmente tentado
reagendar. O trabalho sempre veio em primeiro lugar, mas estou farta
das regras que criei para mim.
Fora com o velho, dentro com o novo.
— Você sabe o que? Sim. Esta noite será perfeita.
— Na minha casa ou na sua?
— Que tal a minha? — Sugiro egoisticamente, sabendo que posso
trabalhar mais algumas horas depois que ele sair. — Vou mandar uma
mensagem com meu endereço.
— Perfeito. — Julian olha para o relógio, mas rapidamente se
desculpa por ter sido rude.
— Não, eu entendo. Também tenho muito trabalho a fazer.
Eu fico em pé ao mesmo tempo que Julian. Suas mãos envolvem
minha cintura e, gentilmente, ele passa o polegar pela minha bochecha
e pelo meu lábio inferior. Meu pulso começa a correr novamente em
direção ao meu coração martelando e ecoando sob meu peito. Meu olhar
muda de seu olhar profundo para seus lábios, desesperado para prová-
los sozinhos. Lentamente, Julian se inclina, roçando seus lábios nos
meus enquanto eu fecho meus olhos e me delicio com a sensação de
calor que me consome.
Afastando-nos em um ritmo agonizante, nós dois recuperamos o
fôlego.
Por muito tempo, não pensei que fosse possível sentir todas as
coisas que Julian me fez sentir com apenas um beijo. Talvez eu esteja
louca, permitindo-me ser vítima de seu charme.
Mas eu não tenho mais dezoito anos.
Não sou mais uma garota tola.
— Hoje à noite?
— Hoje à noite — eu sussurro de volta, inclinando minha cabeça
para beijá-lo mais uma vez.
CAPÍTULO QUATRO

CHARLIE

A batida na minha porta ecoa pelo apartamento.


Limpando as mãos no avental, ando em direção à porta e abro para
um Julian muito arrojado vestido com um par de calças de brim azul-
marinho e uma camisa branca de colarinho abotoado. Com um sorriso
sufocando seu rosto já bonito, luto para conter meu desejo de tocar e
explorar seu corpo de maneiras que minha mente de mulher solteira
imaginou nas últimas noites.
— Bem, olá, linda.
Julian me entrega uma garrafa de vinho, tornando-o um
complemento perfeito para a refeição que preparei. Pegando dele, eu
pego sua mão e fecho a porta atrás dele.
— Então, esta é a sua casa? — Ele examina a sala de estar,
observando tudo com um sorriso curioso. — Muito legal.
— Por legal, você quer dizer pequena?
— É Manhattan. Em comparação com outros apartamentos que já
vi, é um tamanho confortável.
— Gostaria de um tour? Porém, estou avisando, levará zero ponto
dois segundos.
— Sim, mas primeiro... — Ele pega a garrafa da minha mão,
colocando-a na mesinha de centro. Deslizando as mãos pelas minhas
costas, ele me puxa, trazendo a mão de volta para o meu queixo. Com
uma respiração acelerada, ele arrasta meu rosto para ficar mais perto
do dele, tão perto que quase posso sentir seu gosto. Inclinando minha
cabeça ligeiramente, espero dolorosamente que ele me beije. Nossas
respirações se misturando em um espaço tão íntimo, aumentam nossa
necessidade desesperada de beijar.
Eu envolvo minhas mãos em volta de seu pescoço, forçando-o a
me beijar profundamente. Nossos lábios se tocam, escassos, e com a
luxúria dirigindo nossos corpos, eu pressiono mais forte contra sua
boca, liberando o tão esperado gemido que se construiu dentro de mim.
Julian imediatamente reage, aumentando seu aperto na minha
bunda enquanto seu corpo pressiona contra o meu. Minha mente,
superficial em seus pensamentos, imediatamente percebe seu pau duro
como pedra pressionando entre nós.
Afastando-me, tento recuperar o fôlego. — Você ainda quer o
tour?
— Sim — ele murmura, colocando seus lábios nos meus
novamente. — Mostre o caminho, senhorita Mason.
Coco ronrona no sofá, desesperada por atenção.
— Esta é Coco.
— Uma ragdoll? — Ele acaricia gentilmente o pelo de Coco e,
claro, ela está absorvendo toda a atenção. — Tínhamos uma quando
criança.
Pego a garrafa de vinho e a mão dele também, então mostro a ele
os dois quartos, o banheiro, a cozinha e a sala de jantar em um ritmo
rápido. O apartamento, comprado há doze meses, é uma verdadeira
prova do meu trabalho árduo nos últimos anos. Eu amo Manhattan e não
espero me mudar para outro lugar tão cedo.
— É um lugar lindo que você fez para si mesma — ele elogia antes
de seus olhos gravitarem em direção à bancada onde tentei fazer
tamales. — Isso tudo tem um cheiro delicioso.
— Se tem uma coisa que minha mãe me ensinou bem é isso.
Vamos comer?
Sentamo-nos à pequena mesa de jantar dentro da cozinha
aconchegante. Uma vela está queimando entre nós - algum perfume
romântico que Eric me deu para trazer amor à minha vida. Ele acredita
em todas as coisas excêntricas, muito parecido com minha mãe, que
acredita em espíritos, no universo e no alinhamento das estrelas, se você
tiver sorte.
Falamos de trabalho, principalmente de Julian e sua paixão pelo
jornalismo. É um homem muito culto, tendo viajado aos países mais
remotos para manter a integridade das obras que escreve. Eu amo o fogo
em sua alma quando ele fala com tanta convicção. Eu poderia ouvi-lo por
horas e raramente alguém chamou minha atenção dessa maneira.
— Eu amo como você é apaixonado. Você é uma raça rara, Sr.
Baker.
— Eu poderia dizer o mesmo de você. — Ele sorri, levantando a
taça em direção aos lábios enquanto termina o restante de seu vinho. —
Você se formou em Yale, possui um negócio, sabe cozinhar tamales e…
Ele faz uma pausa, abrindo os lábios enquanto olha nos meus
olhos.
Inclinando-me para frente, descanso meus cotovelos sobre a
mesa, aproximando-me dele enquanto nos beijamos suavemente.
Afastando-me, apenas por pouco, eu sussurro: — E?
— Seu beijo me faz querer despi-la aqui e agora.
Eu posso sentir meu coração bater cada batida em meu peito.
Mordendo o canto do meu lábio, eu olho em seus olhos.
Como pode ser, um homem tão lindo e puro, estar solteiro em uma
cidade onde milhões de mulheres perambulam pelas ruas em busca de
alguém tão perfeito quanto ele?
E ele está aqui, comigo.
Eu não quero correr mais riscos, e jogando cada pedacinho de
cautela que eu mantive nos últimos oito anos, eu jogo tudo pela janela
em uma fração de segundo.
Minhas mãos se movem em direção a sua gola, guiando-o de volta
para mim para um beijo apaixonado. Nossas línguas lutam febrilmente,
gemidos escapando em pequenas respirações enquanto fazemos
malabarismos para ficar de pé. Julian me levanta, fazendo com que
minhas pernas envolvam sua cintura. Nossos beijos continuam
enquanto ele nos conduz pelo corredor em direção ao meu quarto.
Com a luz apagada, mas o brilho da sala de estar iluminando
nossos rostos o suficiente para ver, ele me coloca na cama e paira sobre
mim.
O peso de seu desejo está olhando para mim em um olhar intenso.
Há uma força magnética entre nós, me puxando tão rápido que sou
incapaz de parar e pensar. Tudo o que posso ter imaginado em um
homem que pode agradar meu mundo não convencional está de pé
sobre mim desabotoando sua camisa. De peito nu, com a camisa jogada
descuidadamente ao chão, admiro o peito mais perfeitamente esculpido
diante de mim. Incapaz de controlar meus impulsos, minha mão desliza
em seu abdômen, parando um pouco antes da fivela de seu cinto.
— Você sabe como você fica maravilhosa embaixo de mim, linda?
Eu amo o jeito que ele me chama de linda, soa quase como se eu
pertencesse a ele e a mais ninguém.
Você não pertence a mais ninguém.
Você nunca fez.
Balançando a cabeça, abafo o barulho irrelevante e desfaço seu
cinto, puxando o zíper para baixo.
Julian deixa cair seu corpo para frente, as mãos segurando meu
rosto. Seus lábios pressionam firmemente contra os meus, provando
desesperadamente cada centímetro da minha boca. Com força e
vigorosamente, sua língua rola contra a minha, enviando um fluxo de
sensações para cada parte do meu corpo e me fazendo doer em todos os
lugares por ele.
Minhas mãos se movem para a parte de trás de sua cabeça,
segurando seu cabelo em meus punhos enquanto lutamos para nos
aproximarmos um do outro.
Eu me afasto, sem fôlego. — Julian... é muito cedo?
Ele não diz uma palavra, mas tenta me mostrar em suas ações. Em
um ritmo lento e agonizante, ele desabotoa meu vestido, removendo as
alças dos meus ombros enquanto me deito embaixo dele. Restando
apenas meu sutiã de renda preta e minha calcinha, meu peito começa a
subir e descer rapidamente, esperando ansiosamente que ele faça seu
próximo movimento.
O desejo em seus olhos, a fome crua e animalesca, está olhando
para mim. Deus, eu quero entrar em combustão deitada aqui enquanto
olho para este homem sexy, um homem que entrou na minha vida no
momento perfeito.
Sento-me, puxando-o para mais perto de mim enquanto ele se
inclina e coloca sua boca na minha novamente. Cada beijo se torna mais
duro, mais agressivo e exigente. Ele quer me possuir agora, aqui neste
momento. Ele me comanda com seus olhos para ficar lá e vê-lo me dar
prazer como nenhum outro homem fez antes.
Eu me desmorono sob seu toque. Cada lambida e carícia sórdida
da minha pele aquecida me faz gemer mais alto. Julian sussurra meu
nome, cada sílaba arrastando contra seus lábios com um grunhido cru
que persiste enquanto ele beija o ponto doce entre minhas coxas.
Lentamente, ele puxa minha calcinha para baixo e passa o nariz ao
longo do meu osso púbico, e meus olhos vibram quando um gemido
profundo escapa dos meus lábios. Já faz tanto tempo? Não posso confiar
em mim mesma para durar muito mais, privada do toque de um homem.
Eu espero com a respiração suspensa, antecipando seu próximo
movimento, seu próximo toque. Julian deita na cama, rolando-me para o
lado e posicionando-se atrás de mim, passando as palmas das mãos nas
minhas costas e traçando os contornos como um mapa, fazendo-me
gemer de prazer.
Impacientemente, eu empurro para trás e me aperto contra ele.
Julian está duro, tão duro que tenho medo que ele me quebre. Estou me
desfazendo, desesperada para tê-lo dentro de mim.
Eu me viro, então nossos corpos estão de frente, possuindo seus
lábios e implorando para ele entrar em mim. O fecho do meu sutiã se
abre e seus olhos se arregalam quando meus seios ficam expostos.
— Charlie, no primeiro momento em que te vi, soube que
precisava de você. Eu estava observando você em suas meias fofas e
bunda empinada tentando operar o aparelho. Esses seus lindos seios
estavam saltando. Eu estava pronto para possuí-la ali mesmo.
Minha respiração pesada se torna uma risada. — Você notou isso?
Eu usei o sutiã errado naquele dia.
Ele responde com um sorriso malicioso, então enterra a cabeça
entre meus seios antes de circular sua língua ao redor do meu mamilo.
Minhas costas arqueiam, a sensação é tão insuportável que estou
pronta para pular nele eu mesma.
— Claro, eu notei você. — Ele respira calor contra a minha pele.
— Você é tão malditamente sexy. Os caras no vestiário estavam tendo
suas próprias discussões sobre como levar você para a cama.
— Realmente? E lá estava eu pensando que parecia todo
desajeitada tentando operar o aparelho.
— Diga-me… — ele questiona com um sorriso — …você está
pronta para mim?
Concordo com a cabeça, apaixonada pela maneira como seus olhos
falam mais do que suas palavras. Ele concentra sua atenção de volta em
meus lábios, beijando minha boca com urgência e me deixando sem
respirar. Minhas unhas arranham suas costas, e tenho certeza que estão
deixando marcas.
Apoiando-se nos joelhos, ele tira totalmente o cinto e abaixa a
calça, expondo-se. Estou maravilhada com a visão de seu belo corpo e a
percepção de quanto eu o quero. Nenhum de nós se preocupa em
esperar, ficou claro enquanto nos movemos, para que ele possa
facilmente entrar em mim.
Eu gentilmente o alerto para segurar esse pensamento, abrindo a
gaveta da minha mesa de cabeceira e mexendo na bagunça aleatória. O
pacote de papel alumínio está amassado no canto. Eu o puxo para fora,
entregando a ele, me repreendendo por me lembrar apenas agora para
estar segura.
Correndo minhas mãos ao longo de seu antebraço, aprecio o
momento enquanto ele rola. Não demora muito, seu corpo comandando
minha presença total mais uma vez. Lentamente, ele entra em mim
enquanto eu engasgo com a estranheza. Estou implorando ao meu corpo
para aguentar e durar apenas mais alguns minutos enquanto ele se vê
entrando e saindo, mordendo o lábio enquanto abre minhas pernas o
suficiente para me fazer estremecer de dor deliciosa. Este homem quer
apenas a mim neste momento, e farei tudo ao meu alcance para agradá-
lo.
Apenas o pensamento disso me deixa no limite. Eu me agarro ao
travesseiro atrás de mim. Meu sangue está bombeando forte, e cada
parte de mim formiga em um deleite louco enquanto meu corpo entra
em combustão sob ele. Eu chamo seu nome repetidamente, em voz alta,
desejando que este momento não acabe.
Julian tem uma necessidade desesperada de controlar o momento,
segurando seu orgasmo iminente até que finalmente leva o melhor
sobre ele. O aperto de suas mãos é forte contra a minha cintura enquanto
seu corpo bate em mim até que seus gemidos diminuam e seus quadris
sigam o exemplo.
Ele cai ao meu lado, nós dois sem fôlego e cambaleando com o que
acabou de acontecer. Eu me viro para encará-lo. Eu não me importo
mais. Em apenas quarenta e oito horas, minha vida mudou de maneiras
que nunca imaginei.
Incapaz de esconder meu sorriso, eu o desafio: — Então, e agora?
Você sabe que estou indo para o Havaí neste fim de semana e ficarei fora
por cinco dias.
— Cinco dias? — Ele sobe em cima de mim, enterrando a cabeça
na curva do meu pescoço. — Bem, acho que temos muito terreno a
recuperar, Srta. Mason.
Eu grito quando ele beija um ponto sensível atrás das minhas
orelhas, e contorcendo-se sob seu corpo, dou as boas-vindas ao segundo
round de braços abertos.
CAPÍTULO CINCO

LEX

Eu lentamente abro meus olhos e observo meus arredores.


Está escuro lá fora com o luar espiando pelas cortinas fechadas. A
garrafa vazia de uísque está na mesa de cabeceira, assim como minha
carteira e meu telefone. Há o cheiro de perfume barato e sexo no ar.
Espalhadas pelo chão estão minhas roupas junto com um vestido frente
única vermelho. Eu olho para ela dormindo pacificamente ao meu lado -
uma morena - um raro deslize. Qual é o nome dela mesmo? Brandy,
Betty, Bindi? Saio da cama com cuidado, me visto rapidamente e pego
meus pertences para sair do quarto.
O elevador demora uma eternidade e, ao entrar, passo a chave do
quarto do hotel para o último andar. Com o passar dos segundos, minha
cabeça não está aceitando bem a copiosa quantidade de bebida que
consegui beber ontem à noite.
De volta ao meu quarto, começo a arrumar minha mala e ligo para
minha assistente, Kate. Ela responde quase imediatamente.
— Kate, que horas é meu voo para Londres?
— Onze, senhor — ela boceja enquanto responde.
— Reserve-me um quarto perto do aeroporto. Estarei aí em vinte
minutos.
Não é a primeira vez que ligo para Kate às cinco da manhã pedindo
uma mudança de hotel. Eu só não quero as consequências de tentar me
livrar da vadia de ontem à noite.
Chego ao novo hotel e tomo banho antes de comer algo rápido.
Tenho muito tempo de sobra, indo direto para o aeroporto para esperar
no lounge executivo até o embarque.
O voo é tranquilo, graças a Deus, o que me dá a chance de colocar
o trabalho em dia nas primeiras horas. Quando meus olhos começam a
ficar cansados, fecho a tampa do meu laptop e os fecho, lembrando como
a noite passada começou.

— Desculpe-me, senhor, você deixou seu cartão de crédito no bar.


Eu olhei para cima, e diante de mim estava uma mulher linda
usando um vestido frente única vermelho, escarpins pretos, seus longos
cabelos castanhos caindo pelas costas. Claro, ela notou quando eu a olhei
da cabeça aos pés. Nada mal, pensei comigo mesmo, já faz um tempo desde
que eu comi uma boceta.
— Obrigado... — Eu procurei seu rosto, esperando por uma
resposta.
— Brandy — disse ela, piscando.
Sentamos em uma mesa e começamos a conversar. Ela me disse que
era comissária de bordo do Alasca e continuou a falar, mas tudo em que
eu conseguia pensar era no cabelo - o cabelo longo e castanho que caía
pelas costas. Eu ansiava por tocá-lo, lembrando-me de como era correr
meus dedos por ele. Foda-se não, não relembre. Brandy tinha um cheiro
fantástico de sexo. Provavelmente não estava usando nada por baixo. Uma
putinha tão suja.
— Então, diga-me, Lex, o que você faz?
Eu saí dos meus pensamentos e rapidamente respondi a sua
pergunta. Esta mulher estava realmente começando a me entediar.
Ofereci-lhe outra bebida que ela aceitou de bom grado antes de me
convidar para seu quarto.

Não me lembro de muita coisa, apenas que ela falava alto e queria
que eu puxasse seu cabelo com mais força. Ela gostava de ser dominada,
bancando a mulher inocente implorando para ser fodida. Não gosto de
morenas, mas ontem à noite baixei a guarda. Eu fodi com ela duas vezes
antes de cair na cama e desmaiar.
Ultimamente, a tensão aumentou. Muitas coisas estão pesando em
minha mente, e desabafar geralmente resolve, mas enquanto estou aqui
sentado ouvindo o piloto anunciar nossa descida, não estou mais
aliviado do estresse.
O avião chega a Londres pontualmente. Como de costume, meu
motorista está esperando por mim no portão. Decido ir direto para o
escritório, sabendo que tenho um dia agitado pela frente. Não é uma
surpresa quando saímos de Heathrow ver que o céu está cinza, as
nuvens se formando em um aglomerado. É verão, e você pensaria que
depois de cinco anos morando em Londres, eu estaria acostumado com
isso, mas ainda sinto falta do sol constante em casa.
Nosso escritório fica no último andar e tem uma vista fantástica
do Rio Tâmisa. Tenho orgulho do que construí do nada. Anos me
esforçando para construir meu império, dedicando minha vida ao meu
trabalho e, caramba, valeu a pena. Eu sei qual é o meu patrimônio
líquido, assim como todos os outros depois que o artigo do The Times foi
publicado.
Quando se trata de negócios, não me arrependo de nada. Tomei
decisões difíceis e rápidas, assumi riscos e nunca deixei ninguém me
influenciar de outra forma. Sei que ser médico era o sonho do meu pai,
não o meu. Isso não quer dizer que eu não o respeite. Nunca conheci um
homem tão determinado quanto meu pai. Sua dedicação e compaixão
me surpreendem.
No entanto, nossas consequências anos atrás, depois que decidi
deixar a área médica e me concentrar na construção de meu império,
foram um chute no estômago que eu nunca esperei de minha própria
carne e sangue. Nenhum de nós recuaria. Minha mãe ficou arrasada,
tentando ao máximo consertar nosso relacionamento. Foi preciso o
falecimento do meu avô para voltarmos a nos falar, embora nosso
relacionamento ainda permaneça tenso, algo que escolho ignorar.
Sou filho dele e falhei com ele. Até mesmo Bill Gates argumentaria
isso em um piscar de olhos.
Entro no saguão e vejo os funcionários nervosos ao meu redor.
Isso me irrita toda vez. É melhor que eles não tenham relaxado. Lembro-
me de entrar em contato com o departamento de recursos humanos e
fazer avaliações de desempenho. Essas garotas de vinte e poucos anos
pensam que sabem tudo, mas fofocar durante o trabalho no meu tempo
não é aceitável. Porra, estou ficando mais irritado a cada minuto.
Batendo a porta atrás de mim, ando até minha mesa e pressiono o botão
de discagem rápida para a recepção.
— Gretchen, chame Kate no meu escritório, agora.
— Sim, senhor — ela se apressa.
Sento-me à escrivaninha e começo a verificar meus e-mails — a
mesma velha besteira. Honestamente, alguns filhos da puta precisam
que eu segure a mão deles para tudo. Posso ser o CEO, mas foda-se,
abaixe-se e eu limpo sua bunda também! Não cheguei ao topo jogando
pelo seguro. O estresse dessa próxima fusão está realmente começando
a me irritar. Eu não sou um homem paciente, aqueles ao meu redor
sabem disso. Anos de planejamento e adesão a um cronograma de
projeto rígido me deixaram ansioso para fechar o negócio. Preciso
seguir em frente, me distrair com outro chamado empreendimento
comercial impossível que vai compensar e aumentar a fortuna dos
Edwards.
Tentando me distrair dessa fusão, espero a chegada de Kate,
verificando o mercado de ações e analisando minhas ações.
— Bom dia, Sr. Edwards. — Kate entra em meu escritório, senta-
se à minha frente e abre seu laptop. Ela começa a ler em sua agenda,
lembrando-me do que programei para esta semana e quando. — Você
tem uma teleconferência às três horas com o Grupo Windsor sobre a
fusão, e seu voo para Nova Iorque sai amanhã de manhã às seis. Vou
acompanhá-lo neste voo, e sua permanência em Nova Iorque será até a
próxima segunda-feira. Durante esse período, você tem reuniões
agendadas com os investidores do After Dark. — Ela continua a
percorrer sua agenda, digitando enquanto fala. — Marquei uma reunião
com um corretor de imóveis comercial para procurar locais de
escritórios em potencial.
— Ah, certo, o escritório de Manhattan. — Eu suspiro, já
entediado com a perspectiva.
Não é minha ideia ter um escritório em Manhattan, mas os
investidores estão pressionando para dominar o mercado americano.
Eles insistem em uma sede na América do Norte, não apenas em
Londres, e Manhattan é o melhor lugar para isso acontecer pelas
inúmeras projeções de mercado que eles me fizeram assistir.
No começo, eu estava relutante. Londres é minha casa agora, e a
ideia de estar a uma hora de distância de minha irmã me irrita. Eu a amo,
como você amaria da família, mas ela é apenas, bem, apenas Adriana.
Deixando de lado as besteiras pessoais, faz todo o sentido e é a jogada
certa. Apenas muito trabalho e não o tipo de trabalho que me estimula.
— Sua irmã ligou para lembrá-lo de que, como você estará na
cidade na semana que vem, precisa comparecer àquele evento
beneficente.
Exatamente por isso que detesto visitar.
Adriana é como uma criança chata de cinco anos em uma loja de
brinquedos quando se trata de eventos beneficentes. Esta não será a
última vez que ouço sobre isso. Espero uma ligação em breve me
dizendo o que vestir, quem devo levar e quanto preciso doar. Foda-se,
este dia está indo ladeira abaixo rapidamente.
— Isso é tudo? — Eu pergunto, irritado com toda essa besteira
social.
— Sim, senhor.
— Vou estar ocupado. Por favor, reserve a suíte da cobertura do
Waldorf para mim. — Eu olho para cima da minha tela. — Isso é tudo,
você pode sair agora.
Ela sai correndo pela porta, fechando-a atrás de si. Admiro Kate
por tolerar minha personalidade arrogante. Originalmente, eu a
contratei como auxiliar de escritório, no entanto, rapidamente percebi
que ela não corria para as colinas como todas as outras coisinhas
patéticas aqui.
Para uma jovem de 26 anos, ela é de longe a mais madura de todas
as mulheres que trabalham para mim. Kate é originalmente de
Manchester, tendo se mudado para Londres há dois anos. No começo, eu
realmente lutei com seu sotaque e eufemismos, mas depois de morar em
Londres nos últimos cinco anos, finalmente peguei o jeito de tudo. Minha
mãe sempre menciona que meu sotaque mudou e minha irmã reclama
que eu a chamo de idiota com frequência.
Leva apenas alguns minutos antes de meu telefone começar a
tocar. Pego o telefone, olhando para a tela, debatendo se devo ou não
atender. Coloco-o contra a minha testa, desejando que pare.
— Adriana — eu respondo em um tom rígido.
— Oh meu Deus, Lex, finalmente! Sei que recebeu minhas
mensagens sobre o baile beneficente. Não se atreva a desligar na minha
cara, Alexander Matthew Edwards! Só tenho alguns minutos para
conversar.
Ela não para para respirar. Adriana é como um coelhinho da
Energizer tomando Prozac. Alguns minutos para conversar, besteira!
Espero que está chamada se arraste por uma hora, no máximo.
— Eu já confirmei seu nome na lista de convidados e tenho um
encontro para você. Não se preocupe, ela é loira como você gosta delas.
O nome dela é Brooke, e sei que você vai amá-la. — Eu posso ouvir o
traço de sarcasmo em seu tom. — Então, eu pedi um smoking para você.
Vou encontrá-lo onde quer que você esteja para deixá-lo. Ah, e a doação,
precisamos discutir isso.
— Eu posso encontrar meus próprios encontros, você sabe.
— Eu sei, querido irmão, mas Brooke é adorável, e já faz um
tempo desde que você se acalmou — diz ela, baixando a voz.
— Você sabe que eu não gosto de 'adorável'. É melhor ela ser um
pássaro em forma3.
— Um pássaro em forma? O que diabos isso significa? Se por
pássaro você quer dizer por causa dos seios, você é um idiota, Lex. No
entanto, sim, ela é um pássaro em forma. Tenho de ir, mas vou pedir à
Kate para me dar os detalhes do hotel. Amo você.

Nosso voo para Nova Iorque está programado para sair às seis. É
o voo padrão de sete horas, e graças a Deus pela primeira classe. Nunca
voaria na classe econômica.
Encontro Kate na área do portão. Ela está vestida casualmente em
comparação com seu traje corporativo normal - jeans justos, botas até o
joelho de cor bege e uma camisa branca de botão. Com seu cabelo loiro
preso em um coque e olhos azuis brilhantes olhando para mim, admito
que ela é muito atraente. Não que eu fosse lá.
Regra de ouro número um - nunca cague na sua própria porta.
— Bom dia, Sr. Edwards. — Ela dá um meio sorriso.
— Bom dia, Kate. Você está pronta para embarcar?
Ela acena com a cabeça. Pegamos nossas malas e seguimos para a
fila prioritária para embarcar primeiro no avião.
Ajeito-me no assento e pego o New York Times para ler. Kate está
ocupada digitando em seu telefone, sorrindo enquanto responde a uma
mensagem de texto - namorado, aposto. As mulheres são tão fáceis de
ler. Fazendo o possível para ignorá-la, me ocupo lendo um artigo sobre
sonegação de impostos nos Estados Unidos.

3
Fit bird é uma gíria britânica para mulher atraente.
O voo decola exatamente às seis.
Depois que estamos em altitude, os sinais de cinto de segurança
disparam, levando a aeromoça a começar a servir as bebidas.
— Bom Dia, senhor. Gostaria de algo para beber? — Ela lambe os
lábios enquanto espera pela minha resposta.
Uma ruiva. Interessante.
— Bourbon e Coca-Cola, por favor. Já faz um tempo desde que
entrei para o Mile-High Club. Eu posso precisar de instruções para o
banheiro mais tarde, senhorita... — Eu procurei por seu crachá — ...Srta.
Horne.
— E para a sua namorada? — ela pergunta.
Kate começa a rir, rudemente. Eu a encaro, esperando que ela
pare.
Por que isso é tão engraçado?
Eu sou a porra de um bom partido.
Eu sei que sou bonito. Chame-me de vaidoso se quiser, mas tenho
um metro e oitenta e dois, malho na academia todos os dias, além disso,
sou podre de rico. As mulheres se jogam em mim diariamente.
— Desculpe. — Ela ri, enxugando uma lágrima de seu olho. —
Apenas um gim-tônica, por favor.
Cerrando os dentes, eu pergunto: — Por que isso é tão engraçado?
— É só que, bem, Sr. Edwards, você não é o tipo de
relacionamento. Longe disso.
Ela para de rir, suas sobrancelhas se juntam com um olhar
preocupado.
— Eu acho que você está certa, eu não tenho namoradas ou
relacionamentos — eu admito, sabendo exatamente porque eu desprezo
o compromisso.
Graças a Deus, o bourbon está cheio até a borda. Bebendo tudo de
uma vez, minha mente errante, que tentou fazer uma viagem pela
estrada da memória, é imediatamente esmagada. Eu pressiono o botão
de chamada, precisando de uma recarga imediatamente.
— E você? Eu estou supondo que você faz. Portanto, por que seus
olhos brilham toda vez que seu telefone toca?
— Desculpe, Sr. Edwards. Esse é meu namorado, Jeff. Ele está na
Austrália visitando seus pais, e a diferença de fuso horário está nos
deixando loucos.
Falamos mais sobre há quanto tempo eles estão juntos e como se
conheceram. Kate é uma mulher interessante para conversar, sempre
com uma anedota e prende sua atenção com bastante facilidade. Falar
com mulheres, além de minha mãe e irmã, não é algo que faço com muita
frequência.
Kate sabe o que quer da vida e eu admiro isso.
Paramos de conversar, mas fico um tanto incomodado com a
conversa sobre relacionamentos. Enquanto Kate dorme ao meu lado, eu
me levanto e estico os braços, indo até o banheiro, passando pela Srta.
Horne de propósito.
Depois de uma rápida olhada, ela me segue até o banheiro na parte
de trás do avião, fechando a porta atrás de si. Então eu empurro sua
cabeça para baixo para o meu pau, finalmente liberando a tensão
acumulada dentro.

Chegamos ao JFK às seis horas, horário do leste. O motorista nos


leva direto para o hotel, onde coloco meu moletom para correr. Eu amo
a cidade de manhã. As ruas estão ficando movimentadas, mas ainda há
uma estranha sensação de calma. Eu corro pelo Central Park ao lado de
outros tentando fazer uma corrida matinal rápida, precisando queimar
essa energia. Os últimos dias foram exaustivos e tudo o que quero fazer
é deixá-los para trás. Eu corro mais forte, me forçando até meus pulmões
queimarem. Debato voltar para o meu quarto, mas decido ir à academia
primeiro.
É um pouco antes das nove quando eu volto. Tomando meu tempo,
eu permaneço dentro do chuveiro fumegante, permitindo que a água
alivie meus músculos tensos. Cruzando os braços com os olhos fechados,
estou ciente de que meu pau está duro como pedra. O que há de novo.
Ignorando sua presença, abro a torneira para o frio, dando as boas-
vindas à água brutalmente fria.
Minha primeira reunião é com um corretor comercial. Depois de
trocar de roupa e comer o serviço de café da manhã gourmet entregue,
meu motorista me leva ao distrito financeiro, mas não sem a habitual
dor de cabeça do tráfego matinal intenso.
O primeiro espaço de escritório é um pequeno prédio com vistas
voltadas principalmente para uma parede de tijolos com um letreiro de
néon para Chows Chinese Takeout. Sério, eu tenho que fazer o trabalho
sozinho? Frustrado com o meu tempo sendo desperdiçado, eu olho para
o meu relógio para ver a hora.
— Sra. Hampden, não tenho certeza do que minha assistente lhe
disse, mas o Grupo Lexed não tem escritórios com paredes de tijolos.
Preciso encontrar outro corretor?
Parecendo confusa e envergonhada, ela pega seu portfólio. Que
porra essa mulher está pensando? Isso é o que acontece quando alguma
velha geriátrica ainda está trabalhando quando deveria estar
aposentada e morando em Boca. Puxando meu telefone, estou pronto
para explodir a pessoa que a recomendou para mim.
— Sr. Edwards, peço desculpas pelo erro de comunicação. Eu
tenho um que acho que será mais adequado para o seu negócio.
O outro prédio fica a dois quarteirões de distância. O edifício é alto
com arquitetura moderna que se destaca entre os outros edifícios
genéricos. Lá dentro, meus olhos examinam o espaço. É totalmente
mobiliado, a área da recepção formal com sofás de couro preto e uma
grande mesa de mármore. Eu a sigo pelo andar antes de passar pelas
portas duplas para o que seria meu escritório. A vista é incrível, o East
River com a ponte do Brooklyn à esquerda.
Ligo para Kate imediatamente, sabendo que espaços de escritório
como este em Manhattan são difíceis de encontrar.
— Kate, por favor, peça aos advogados que redijam os contratos
para este novo escritório — ordeno, apressando a conversa. — Os
Recursos Humanos podem começar a recrutar para os cargos que
discutimos na semana passada. Vou encaminhar a você uma lista de
tudo o mais que quero que seja resolvido até segunda-feira de manhã.
Saio do prédio, finalmente aliviado por termos encontrado um
espaço que representa a marca Lexed.
É hora do almoço agora e as ruas estão movimentadas. As pessoas
ao meu redor estão entrando em restaurantes, outras entrando e saindo
de butiques. Encontro o restaurante onde minha irmã e minha mãe
estão me encontrando para um almoço rápido. Pelo menos é o que eu
prevejo, mas, claro, as mulheres podem falar por dias sem respirar.
Sério, elas nunca calam a boca?
Minha mãe é a primeira a me cumprimentar, estendendo a mão
para dar um beijo em minha bochecha, depois esfregando os dedos nela
para limpar o batom que ela deixou para trás. — Aqui está o meu
menino. Por que você não retornou minhas ligações, Lex? Eu sei que
você está ocupado, mas não ter notícias suas semanas a fio me preocupa.
— Vamos, mãe. Você sabe como é.
— Não, eu não sei, Lex. Eu entendo que você está ocupado
administrando um império e tudo, mas uma ligação rápida, mensagem
de texto ou até mesmo um e-mail não o mataria. Melhor ainda, envie-me
uma solicitação de amizade…
Graças a Deus, pela primeira vez o timing da minha irmã é perfeito.
Praticamente correndo até a mesa, ela beija minha mãe e depois dá um
tapa na minha nuca.
— Que porra é essa, Adriana?
— Oh, olá, meu irmão mais velho. — Ela ri enquanto se senta.
Adriana é sete anos mais nova. Meus pais costumavam me dizer
que, quando eu tinha seis anos, implorei ao Papai Noel que me trouxesse
um irmão ou irmã. Infelizmente, o Papai Noel entregou um ano depois.
Alguns dizem que ela se parece comigo. Não consigo ver a
semelhança além de nossos olhos. Ela tem cabelo castanho claro como o
meu, mas hoje ela é loira. Não consigo acompanhar seus penteados em
constante mudança. Mulher típica, é claro.
— Então, Elijah e eu marcamos uma data. É 14 de fevereiro, o dia
em que começamos a namorar oficialmente.
— Oh, querida, estou tão feliz por você. Não é, Lex?
Eu olho para minha mãe, seu rosto querendo que eu diga algo
agradável. O que posso dizer sobre a porra de um casamento no Dia dos
Namorados? O feriado em si é uma merda. Como se precisássemos de
um dia para mostrar a alguém que o amamos com corações doces e
ursos gigantes que não servem para nada, e nem me fale sobre
casamentos.
— Parece incrível.
— Incrível? Isso é tudo o que você tem a dizer? — Adriana
pergunta, frustrada com minha gíria britânica.
— O que quer que eu diga? Se amarrar a alguém lhe garantirá uma
vida inteira de felicidade. Casamentos são mágicos.
— Você é um idiota.
— Foi o que me disseram.
Nesse momento, minha mãe coloca a mão sobre a de Adriana,
tentando acalmá-la. Peço uma bebida enquanto espero que elas mudem
de assunto, depois tiro meu telefone do bolso e percorro meus e-mails
até que minha mãe me repreenda por meu comportamento. De novo.
— Alexander, este não é o homem que eu criei para ser, nem o
homem que eu conheço e amo. Sei que você tem uma visão distorcida do
casamento, mas isso não justifica seu comportamento rude com sua
irmã.
Aqui vamos nós outra vez.
Pego algum dinheiro do bolso e jogo na mesa. De pé, vou embora
sem me despedir, sabendo que não agi como deveria, mas não dou a
mínima. As pessoas podem se casar, desde que eu não esteja envolvido
de nenhuma forma ou maneira. A própria palavra casamento me atinge.
Isso estraga tudo. Isso arruína as pessoas.
De volta ao meu hotel, me enterro no trabalho até anoitecer. Isso
é o que minha vida se tornou - trabalhar dia e noite, sem saber quando
o dia começa ou a noite se aproxima. Viajo o mundo todo a negócios,
nenhuma vez tiro férias. Eu me isolo, perdendo contato com velhos
amigos. Relacionamentos não são para mim. Eu fodo quando preciso
relaxar, e é isso. Quando uma rara oportunidade de paz se apresenta,
sento-me com um bourbon na mão. Esses são os momentos que eu mais
temo - eles trazem meus fracassos à tona e me permitem pensar no
passado.
Eu não sou mais aquele Alexander.
Ele foi enterrado no dia em que saí de Carmel.
Sou Lex Edwards, CEO do Grupo Lexed. Eu controlo tudo na minha
vida e prospero com o poder que possuo.
Ninguém me diz o que fazer.
Eu vivo minha vida exatamente como eu quero.
Tudo na minha vida faz sentido agora.
Tudo é perfeito.
Exceto por uma coisa menor – eu sou fodidamente miserável.
CAPÍTULO SEIS

CHARLIE

— Charlotte Olivia Mason, você está sonhando acordada com seu


namorado gostoso de novo?
A voz de Eric interrompe meus pensamentos enquanto ele entra
em meu escritório, vestido da cabeça aos pés em um novo terno de grife.
Eu deveria estar sonhando acordada com Julian. Em vez disso, estou
relembrando minha viagem ao Havaí. Parece que foi há uma vida inteira
quando, na verdade, foi há apenas dois meses.
— Não, desculpe — murmuro. — Apenas lembrando das longas
caminhadas na praia de Waikiki enquanto assistia ao pôr do sol, os
coquetéis sem parar e o tempo que passava com meus primos.
— Certo, 'sua viagem'. — Eric fala no ar, ainda irritado por eu não
tê-lo levado. — Por que você não está sonhando acordada com Julian?
Se eu tivesse um homem como ele na minha cama todas as noites, nunca
chegaria ao trabalho na hora.
O casamento do meu primo no topo de Diamond Head foi nada
menos que mágico. Eu não poderia ter imaginado um cenário mais
romântico de vistas deslumbrantes do Oceano Pacífico com lindos céus
azuis acima de nós. O casamento em si foi íntimo de cerca de vinte
pessoas no total, das quais dez eram parentes.
Foi bom passar um tempo com minha família, especialmente meu
primo mais novo, Noah, que eu não via há alguns anos. Escapamos do
chato passeio em família e optamos por mergulhar. Nadamos com
tartarugas marinhas, uma experiência incrível que adoraria repetir um
dia. Ficamos bêbados e, felizmente, ele está na idade de beber agora, um
playboy total nos clubes que optamos por frequentar à noite, mas,
mesmo assim, gostei do entretenimento.
Apesar das férias serem exatamente o que eu precisava, senti falta
de Julian. Desde o momento em que cheguei, somos inseparáveis.
Recuperando o tempo perdido, passamos boa parte dele no quarto, mas
ultimamente o trabalho tem puxado nós dois em direções diferentes.
— Ok, você está fazendo isso de novo. Charlie, sai dessa. A menos,
é claro, que você esteja pensando no pau dele. Nesse caso, compartilhe
— ele ri, esfregando as mãos.
— Eric, não estou falando sobre Julian com você, e não posso
acreditar que voltamos a usar essa palavra. É tão grosseiro.
— Salsicha, pila, pinto, linguiça, monstro de um olho, pônei de
mortadela...
— Pare! Suas gírias de pênis são perturbadoras. Pônei de
mortadela? Sério, Eric, quando você já disse a alguém: 'Ei, lindo, tire as
calças e me mostre seu pônei de mortadela'. Quem diz isso?
— Hum, ninguém. Err… você pede para um cara tirar as calças?
Onde está a mulher dominatrix que eu imaginei para você?
— Ok, chega de conversa fiada. Tenho um compromisso em
quinze minutos. Agora, o que mais está na agenda hoje?

O dia voou e, antes que eu percebesse, já passava das seis. O


escritório está deserto e estou enterrada sob uma montanha de
papelada. É agora ou nunca. Começo a examinar os papéis até que meu
telefone toca, me assustando.
Quando o nome Batman pisca na minha tela, eu me pego sorrindo
antes de responder. Eu inventei o apelido quando percebi o quão
surpreendentemente parecido Julian parecia com Christian Bale.
— Ei, linda — ele me cumprimenta no que só poderia ser descrito
como sua voz sexy.
Faz todos os tipos de coisas malucas com minhas partes femininas.
Por que não estou em casa para que possamos fazer sexo por telefone
ou algo assim? Eu sinto falta dele, terrivelmente.
— Olá, você mesmo. Isso é uma chamada de convite para sexo no
início da noite? — Eu provoco, recostando-me na cadeira enquanto
cruzo as pernas para parar a dor latejante entre elas.
— Mmm... não me deixe pensar em sexo com você. Estou em uma
sala de reuniões esperando a chegada do senador.
— Bem, nesse caso, você também pensou nos meus seios? Eles
ficam muito felizes com aquele sutiã preto rendado que você gosta.
— Você é má, sabia disso?
— Batman me chamando de má? Que previsível.
— Acho que preciso levá-la até a batcaverna, mostrar a você do
que o Batman realmente gosta.
— Ok, mas se algum morcego de verdade voar para mim, você
pode dar adeus ao seu encontro impertinente.
Julian ri e continua a contar como foi seu dia. Eu gosto de ouvi-lo.
Ele é tão ambicioso quanto eu. Seu amor pelo jornalismo é evidente toda
vez que ele fala. Uma coisa que aprendi desde nosso tempo juntos - a
cidade de Nova Iorque nunca deixa de ser um escândalo.
Depois de conversar por dez minutos, combinamos de nos
encontrar depois das oito para comer alguma coisa.
Eu arrumo minha bolsa e saio pela porta. Está escuro, mas as luzes
dos carros iluminam as ruas. Eu espero na calçada, chamando o próximo
táxi que passa. É meu dia de sorte quando alguém para de repente.
Apressando-me, subo e dou o endereço ao motorista.
É noite de segunda-feira e, como sempre, pego o táxi até o
apartamento de Rocky e Nikki para passar um tempo com minha pessoa
favorita em todo o mundo.
— Cha Cha, é você! — Ele se joga em mim quando entro pela
porta.
Deus, eu amo esse garoto. Ouvi-lo chamar meu nome me lembra
que fui sua primeira palavra. Não mamãe ou papai, era Cha Cha, e pegou.
Com a cabeça aninhada na minha barriga, eu o afasto para poder
examinar seu rosto. Seu cabelo preto azeviche é uma réplica do de
Rocky, as mesmas mechas que pendem logo acima de suas sobrancelhas.
Mas são seus olhos azuis centáurea que fazem dele a cara de Nikki.
Pequenas sardas cobrem seu nariz, seu grande sorriso contagiante com
a falta de dentes superiores. Planto um beijo em seu nariz, abraçando-o
novamente.
— Claro, sou eu, bobo.
Como seu pai, Will fala a mil por hora, desde tudo sobre a escola e
o que aconteceu com o cachorro de seu melhor amigo, até o último
episódio de Star Wars. É uma sobrecarga de informações, especialmente
de uma criança de sete anos. A noite de segunda-feira é a nossa noite. Eu
venho depois do trabalho, passo algum tempo brincando com ele ou
fazendo o dever de casa e depois leio um livro para ele na cama. Ele leva
apenas dez minutos para completar sua lição de casa antes de subir na
cama, onde eu ocupo meu lugar habitual ao lado dele.
— Sobre o que é este livro? — Eu pergunto quando ele me entrega
um livro.
— Um príncipe, mas ele é meio que um cara mau. Ele perde sua
princesa e tem que procurar em todos os lugares para encontrá-la. Mas
ele luta contra todos esses monstros enquanto a caça. Ele também tem
o superpoder de ler mentes.
Ótimo, uma daquelas histórias.
Abro um sorriso e abro o livro no Capítulo Um. Quando chego ao
Capítulo Quatro, os olhos de Will estão se fechando. Conheço os sinais
quando ele está prestes a adormecer.
— Cha Cha, você acredita em contos de fadas?
— Você nunca é velho demais para acreditar em contos de fadas
— eu sussurro de volta.
— Você espera que seu príncipe a encontre um dia?
Eu fecho meus olhos por um momento, não querendo explorar a
questão. Com um nó se formando em meu estômago, eu rapidamente
encontro uma resposta, esperando mudar de assunto.
— Não sei se preciso de um príncipe, talvez apenas alguém que
me ame.
Com os olhos ainda mais caídos e um bocejo escapando de sua
boca, ele murmura suas últimas palavras do dia antes de adormecer. —
Eu te amo, Cha Cha. Eu serei seu príncipe se você não conseguir
encontrar um.
São momentos como esse que derretem completamente meu
coração. O amor de uma criança é incondicional e o presente mais
precioso que alguém pode lhe dar. Não sou uma daquelas mulheres
carentes querendo encontrar um homem, casar e engravidar, mas há
uma parte de mim que anseia por esse tipo de amor - com o homem
certo.
Dando um beijo na testa de Will, coloquei o livro em sua mesa de
cabeceira, cobrindo-o com o cobertor. Apago o abajur, vou na ponta dos
pés até a porta e o observo. Ele parece tão pacífico, seus olhos vibrando
de vez em quando, e seu pequeno ronco mal pode ser ouvido. Meu
coração quer explodir de tanto amor que sinto por essa criança, um
amor tingido de saudade.
Quando o nó começa a crescer na boca do estômago, fecho a porta
e saio para encontrar Julian.

— Você cheira bem — ele murmura, inclinando-se para colocar


um beijo na minha bochecha.
— É assim que estamos nos cumprimentando agora? Porque se
for, você cheira bem também.
Ele se inclina ainda mais e sussurra: — Se eu cumprimentasse
você do jeito que quero, seríamos expulsos e presos por comportamento
indecente.
— Ah, vamos tentar isso — eu o provoco, brincando. — YOLO.
— Eric está distorcendo sua mente.
— Eu sei. Foi a palavra da semana dele na semana passada, mas
vamos voltar para você me colocando na mesa...
— Não me tente.
Afastando-se, ele pega o menu. Eu faço o mesmo, cobrindo meu
sorriso enquanto suas palavras demoram. Porra, estou toda tipo de
calor e incomodada agora. Por que temos que comer? Dado que não o
vejo há uma semana, deveríamos ter jantado na minha casa, seguido por
ele me pegando de quatro.
Enzo's é um pequeno restaurante em Little Italy. É uma tradicional
trattoria italiana com toalhas de mesa quadriculadas adornando as
mesinhas. Velas estão acesas e uma suave música de piano toca ao
fundo. O garçom tem um bigode grosso e encaracolado muito autêntico
e faz o papel perfeito do anfitrião italiano.
— Eu vou querer uma Budweiser e o adorável Charlie vai ter…
— Uma Margarita, por favor. O que posso dizer? Eu sou uma
otária por punição.
Julian sorri com uma expressão frouxa, acariciando minha mão
com a ponta do dedo tão facilmente. Minhas entranhas estão fazendo
uma dança feliz, sentindo falta de seu toque simples e de como ele me
faz sentir com apenas um sorriso.
Quanto à Margarita, é tudo diversão e jogos agora, mas espere até
eu acordar de manhã com uma dor de cabeça terrível. É tudo uma
questão de me controlar. Eu posso fazer isso.
Terminamos nossa primeira rodada de bebidas antes de nossas
refeições chegarem. Mais uma vez, nossa conversa se volta para o
passado. Julian cresceu em uma pequena cidade na Carolina do Norte
com sua mãe e irmã. Seu pai foi embora quando Julian tinha três anos e
ele nunca mais o viu. Ele foi para Harvard onde estudou jornalismo,
depois conheceu Serena, sua namorada na época. Ele achava que ela era
o amor de sua vida, mas ela mudou de faculdade e eles não podiam fazer
o negócio à distância.
— Você já pensou em entrar em contato com ela? — Eu pergunto
a ele, curiosa: — Ou devo dizer que a mídia social a persegue?
— Pensei em entrar em contato com ela por um tempo, mas me
mudei para cá e, bem, a vida ficou agitada. Ouvi de um amigo que ela está
em Boston, mas acho que o livro está fechado para isso. Se fosse para
ser, teríamos resolvido isso naquela época.
Ele coloca sua mão na minha, novamente, acariciando suavemente
enquanto ele olha sedutoramente em meus olhos. Meu corpo começa a
formigar por toda parte, arrepios sexuais, como gosto de chamá-los.
Definitivamente, já faz um tempo desde que alguém me fez sentir assim.
Minha mente está enlouquecendo, imaginando se seria muito
sacanagem da minha parte dizer: — Ei, vamos pular o jantar e 'fazer
como eles fazem no Discovery Channel'.
Tenho passado muito tempo com Eric.
— Chega de falar de mim — diz ele, agradecendo ao garçom com
um sorriso enquanto a comida é servida. — E você?
— Acredito que tenho um cartão para sair da prisão?
— Sim, e acredito que você o usou no fim de semana passado.
— Ah, isso mesmo... quando você me fodeu na sua cama. Oh não,
espere, foi aquela vez contra a parede? Não, foi mal, foi quando você
transou comigo no balcão da cozinha, — eu provoco com minha voz
mais sexy enquanto corro meu pé pela perna dele.
— Boa continuação, mas você não vai sair dessa. Quero saber
mais sobre você, Charlie.
Com um pequeno beicinho, eu desisto, observando para manter as
informações no mínimo. — Bem, eu te disse que cresci em Carmel...
— Sinceramente, nunca imaginei que você fosse uma garota da
Califórnia. Por que eu pensei que você era de Phoenix?
— Não sei. Por que não pareço ser da Califórnia? Porque não
estou usando Daisy Dukes com a parte de cima do biquíni?
— Continue, espertinha.
— Fui para Carmel High. Meu pai era caminhoneiro, então ele
viajava muito. Era apenas minha mãe, minha irmã mais velha e eu, até
que minha irmã saiu para fazer um mochilão pela Europa quando eu
tinha quatorze anos. Mamãe e papai se separaram quando eu tinha treze
anos, então mamãe voltou para Cuba para cuidar do meu avô, que estava
muito doente. O resto é apenas uma noite bêbada de fraternidade
Margarita antes de eu pousar aqui.
— De alguma forma, não consigo imaginar uma Charlie bêbada na
faculdade.
— Por que?
— Você é tão... bem. No controle total de sua vida e de todos os
aspectos dela.
— Eu vou aceitar isso como um elogio.
— E de volta para casa? Nenhum namorado sério foi deixado para
trás? — ele questiona enquanto eu me embaralho desconfortavelmente.
— Como você não foi agarrada antes?
— Como você não foi agarrado?
— Ugh, é impossível discutir com uma advogada. Sério, como
Charlie Mason não quebrou nenhum coração em Carmel?
Quase engasgando com a bebida, soltei uma tosse. Julian espera
pacientemente por uma resposta, erguendo as sobrancelhas com um
olhar curioso.
É o esqueleto no armário que está feliz por permanecer em
hibernação. Esta noite não é a noite para trazer o passado à tona, mas
estamos naquele ponto do relacionamento em que as conversas sobre
relacionamentos anteriores são inevitáveis. Dê de ombros, Charlie, isso
não vai gerar mais perguntas.
Eu mudo meus olhos para a pintura na parede, incapaz de fazer
contato visual.
— Eu namorei alguns caras no ensino médio. Teve um cara no
meu último ano, o tipo típico de paixão do ensino médio — eu digo,
seguido por uma risada casual para iluminar o assunto.
Julian pode sentir meu desconforto, passando para outro assunto
rapidamente. Conversamos sobre sua carreira, as histórias que ele
cobriu e, claro, temos um debate acalorado sobre o American Idol. Gosto
da companhia dele e, pelo resto da noite, não paramos de rir das
histórias que ele conta quando se mudou para a cidade. Não tenho
certeza se elas são tão engraçadas ou se as Margaritas levaram a melhor
sobre mim.
Pegamos um táxi de volta para minha casa, onde ele me faz
esquecer que o mundo existe.
Duas vezes.
Quando acordo de manhã, Julian já se foi há muito tempo, tendo
que pegar um voo para DC
Minha cabeça está latejando, uma série de batidas fortes tornando
impossível abrir meus olhos. Maldita visita a Margaritaville! Eu nunca
aprendo minha lição, assumindo que sou madura o suficiente para lidar
com a bebida forte.
O alarme do meu telefone toca e, de alguma forma, consigo ativar
a soneca. Volto a dormir até que o toque recomeça, e Coco decide que
meu rosto é um bom lugar para ficar confortável.
Desta vez, ignoro a soneca e faço uma anotação mental apenas
para definir meu alarme mais tarde amanhã. Por que perco meu tempo
pressionando a soneca mil vezes quando poderia ter dormido naqueles
vinte minutos extras ininterruptos?
Arrasto meu corpo cansado para o chuveiro, me troco e vou para
o escritório.
— Atualizações, por favor. Não deixe nada de fora — Eric exclama
no segundo em que ponho os pés em meu escritório.
Não há muito o que dizer, apenas mencionando o quão bom Julian
é e o fato de que eu bebi o suprimento de Margaritas para um ano inteiro.
Minha cabeça ainda está latejando a um ponto que eu juro que posso
realmente ver meu pulso latejando com o canto do olho. A voz estridente
de Eric e sua sede de informação não ajudam a acalmar a tempestade
que se forma na minha cabeça.
— Você é minha fonte de diversão, Charlie. Eu vivo indiretamente
através de suas escapadas sexuais.
— Não sei por que, e. Você tem vinte e um anos e parece uma
versão asiática de Zac Efron. Eu deveria estar vivendo através de você
— eu indico.
Sento-me na cadeira, olhando pela janela. A vida parece perfeita.
Julian é incrível, tudo que procuro em um cara. Ele me faz rir, sua
inteligência é muito excitante, e não posso negar o quão sexy ele é.
Sim, Batman definitivamente preenche todas as minhas caixas,
incluindo a debaixo.
A vida no trabalho é corrida e prosperar sob pressão é a minha
praia. Tudo pelo que trabalho duro valeu a pena, mas não posso deixar
de sentir que tudo isso é bom demais para ser verdade.
Assim como minha mãe me disse uma vez - a perfeição nunca pode
ser alcançada.
Balançando a cabeça, penso comigo mesma, dane-se essa noção.
A vida é perfeita e estou sentada no topo do mundo usando meus
novos Louboutins. No entanto, em algum lugar nas passagens sombrias
dentro de mim, estou tentando enterrar mais fundo a sensação
incômoda na boca do estômago de que há uma tempestade negra se
formando no horizonte.
Uma tempestade tão brutal e pronta para me abalar até o âmago.
CAPÍTULO SETE

CHARLIE

— Estou com tanto ciúme.


Eric está sentado na cadeira à minha frente, girando como um
menino de cinco anos. Eu não tenho ideia do que ele está falando,
cruzando os braços enquanto espero por algum tipo de explicação para
o funcionamento interno de sua mente.
— De todo o sexo quente que você vai ter hoje à noite enquanto
estou ocupado assistindo Grey's.
— Essa noite? O que há hoje à noite?
— Uh, duh, seu aniversário de três meses com o Batman… naquele
restaurante chique no Brooklyn.
— Oh merda — eu tropeço, checando minha agenda e
instantaneamente notando o círculo ao redor da data. — Eu esqueci
completamente. O caso Mackenzie esteve em minha mente durante toda
a semana. Que diabos vou vestir?
— Aquele pequeno vestido vermelho que você comprou na
semana passada, aquele que acentua sua bunda. E de qualquer maneira,
o que há com você? Você está agindo de forma estranha hoje.
Estou um pouco surpresa com o comentário dele. Claro, o trabalho
tem estado muito intenso esta semana, mas nada que eu não possa lidar.
— Estranha como?
— Eu preciso de uma boa pancada na minha vagina, mas mesmo
com aquele pau grande dentro de mim, minha mente está em outro lugar
meio estranho.
— Uau, E, você realmente gosta de pintar um quadro, não é?
— Quando se trata de Batman e seu pau gigante, eu gosto de
pintar imagens, muitas imagens mentais. — Ele pisca, sacudindo o
cabelo perfeitamente penteado para o lado.
— Ok, quando eu disse que ele tinha um pau gigante?
— Você nunca negou isso…
— Também nunca confirmei! — Jogo uma caneta para ele, rindo,
e continuo: — Só para constar, não estou comentando sobre tamanho,
mas estou bastante satisfeita. Agora vá, preciso me arrumar para esse
encontro que quase esqueci.

Eu sinto seu nervosismo. O bater constante de seu pé sob a mesa


está me levando à loucura, suas mãos agarrando o guardanapo com
força, deixando os nós dos dedos brancos. Seu sorriso é genuíno, mas
algo está errado.
Deixando escapar um suspiro, eu suspeito que ele está
experimentando a 'coceira'. A coceira de três meses. Eu li sobre isso em
um artigo na Cosmo. Os homens geralmente ficam mais à vontade nessa
época em seus relacionamentos. No entanto, outros sentem a coceira, a
coceira de mudar o que se tornou familiar. É comum, e por que eu
deveria esperar algo diferente?
Só que Julian é diferente. Ele é incrível.
Ele é o modelo perfeito do homem com quem seu pai quer que
você se case. Ele me trata com respeito e gentileza, e adoro passar o
tempo com ele quando nossos horários permitem. Acho que estamos
indo a algum lugar, especialmente depois da troca de eu te amo na
semana passada.
Colocando suas mãos sobre as minhas, ele enrola seus dedos nos
meus, apertando-os suavemente, deixando escapar um grande suspiro
antes de começar a falar.
— Charlie, você é a mulher mais incrível, bonita, inteligente e
talentosa que já conheci. Os últimos três meses foram espetaculares.
Tenho pensado muito sobre nós e onde quero estar. Eu te amo, Charlie,
mas isso não é o suficiente para mim…
Eu posso sentir a bile subindo na minha garganta.
Aqui vem.
Abrindo minha boca, ele educadamente levanta a mão, levando-
me a ficar quieta.
— Charlie, eu quero você na minha vida todos os dias. Quero que
você seja a primeira coisa que vejo ao acordar, a última coisa que vejo
ao dormir e, entre esses momentos, quero você comigo em meus sonhos.
Julian arrasta sua cadeira para fora, parando diante de mim.
Confusa, eu espero no limite até que ele fique de joelhos, seus olhos
olhando diretamente para os meus enquanto uma onda de pânico atinge
meu peito.
— Charlie Mason, você quer se casar comigo?
Soltando uma tosse solta, quase engasgo quando ouço as palavras
em voz alta. Casar? Achei que ele queria terminar! Isso está na direção
totalmente oposta.
Lutando para respirar, meu coração começa a bater de forma
irregular, mas tão alto que tenho certeza que todo o restaurante pode
ouvir. No espaço de alguns segundos, ele mostra uma pequena caixa
preta, abrindo-a lentamente para revelar um brilhante diamante
lapidação de princesa.
— Mas... mas... nós só estamos juntos há três meses — eu gaguejo.
Ele tira o anel da caixa, colocando-o delicadamente entre os dedos.
— Eu te amo, Charlie. Não preciso de mais tempo para descobrir isso.
Você é quem eu estava esperando.
Este momento está além de esmagador. Eu olho ao redor,
observando as pessoas que estão sentadas nas mesas de cada lado de
nós esperando ansiosamente pela minha reação. Minhas mãos começam
a tremer quando eu as levanto em direção ao meu peito, tentando
acalmar a batida forte dentro de mim. O ar ao nosso redor fica
incrivelmente quente, o suor se formando sob minhas roupas conforme
a pressão aumenta.
Meu foco volta para Julian, sua mão se estende com um anel
esperando para ser colocado em meu dedo. Com um olhar ansioso,
encaro os olhos de um homem que só me mostrou amor e bondade
desde o momento em que nos conhecemos. Ele me protege quando eu
mais preciso, mas permite minha liberdade e respeita meus limites,
muitas vezes me encorajando a ir além dos meus níveis normais de
conforto.
Ele me ama e só a mim.
— Você está meio que me deixando em apuros aqui. — Ele ri,
nervoso.
Eu olho em volta novamente, sabendo que cada segundo que
passa provavelmente parece uma hora na mente de Julian.
O que diabos eu devo fazer?
Eu me pego de surpresa, jogando toda a cautela ao vento enquanto
abro minha boca e digo: — Sim.
No momento em que a palavra escapa dos meus lábios, o rosto de
Julian se ilumina, seus lindos olhos castanhos se arregalam enquanto
sua boca segue o exemplo. Incapaz de conter seu sorriso alegre, ele
lentamente desliza o anel no meu dedo enquanto o restaurante aplaude
ao nosso redor.
Inclinando a cabeça, ele coloca um beijo em meus lábios, quase
como se selasse a proposta. Sento-me contra a cadeira, levantando a
mão para admirar o anel que se encaixa perfeitamente no meu dedo.
— Charlie, você acabou de me fazer o homem mais feliz do
mundo.
Colocando minhas mãos em seu rosto, eu o puxo de volta para
mim, beijando-o profundamente, tentando desesperadamente me
perder neste momento. Afastando-se gentilmente, minha boca se curva
para cima em um sorriso, olhando para o belo homem diante de mim
que em breve será meu marido. Eu olho para o anel novamente, ainda
em choque, isso aconteceu apenas alguns momentos atrás.
— Vamos voltar para minha casa para comemorar? — ele
pergunta com um sorriso arrogante.
— Por comemorar, espero que você queira dizer brincar antes de
fazer sexo extremamente quente?
Soltando uma risada, ele assente. — Você leu minha mente.
Enquanto estamos de pé, seu telefone toca, solicitando que ele
atenda. Irritado, ele fala por alguns momentos, seus lábios se
pressionando enquanto faz uma careta. Só ouço trechos da conversa,
ocupada demais olhando para a pedra, que parece pesar uma tonelada
na minha mão e no meu coração.
Quando a conversa termina, eu forço um sorriso, exibindo meu
anel com entusiasmo.
— Charlie, me desculpe.
— O sinal do morcego disparou?
— Mesmo que fosse, eu não iria embora, mas um político
conhecido foi pego em uma situação bastante comprometedora em Long
Island. Preciso estar lá em duas horas.
— Uau, como um pau envolvido em uma situação de amante de
vinte e um anos?
— Algo parecido.
— Duas horas? Isso nos dá muito tempo, Sr. Baker.

Minha cabeça cai no travesseiro, minhas costas arqueando


enquanto ele se enterra profundamente dentro de mim. Seus
movimentos me empurram para mais perto daquele momento, o
momento em que grito seu nome, mas algo parece diferente.
Seu ritmo aumenta, seus grunhidos se aprofundam. Em um ato de
desespero, ele enterra a cabeça entre meus seios, beijando as curvas até
que sua língua encontra o caminho para meus mamilos eretos. Eu aperto
com prazer quando seus dentes deslizam sobre eles. Eu estou quase lá.
— Imagine nós, baby, todos os dias pelo resto de nossas vidas
enterrados um no outro. Você será minha esposa, para sempre minha.
Suas palavras para sempre minha.
Eu serei dele.
Eu pertencerei a ele como ele pertencerá a mim - Julian e Charlie
Baker.
A onda de pânico toma conta de mim novamente. Eu tento
bloqueá-la, concentrando-me em um final orgástico. Eu preciso disso,
mais do que jamais precisei de um final feliz na minha vida.
— Eu preciso sentir você gozar em cima de mim. Vamos, linda.
Eu empurro meus quadris para ele, permitindo que seu corpo vá
mais fundo. Argh. Minha frustração está me consumindo.
Onde diabos está esse final orgásmico feliz?
Foco, Charlie.
Eu afasto sua cabeça dos meus seios, beijando sua boca com força,
onde o gosto do meu desejo permanece em seus lábios. Sua língua gira
em torno da minha, meu corpo estremece enquanto eu gemo alto no ar
ao nosso redor. Gozando.
Enquanto nós dois deitamos lado a lado tentando recuperar o
fôlego, Julian se vira para mim com um sorriso ridículo, arrastando
minha mão em sua direção para admirar o anel.
— Para a futura Sra. Baker. Que tenhamos uma vida cheia de
finalizações explosivas, até que, é claro, sejamos interrompidos por uma
ninhada de crianças, o que resultará em rapidinhas tarde da noite.
— Crianças? — Eu estico minha voz sufocando ligeiramente,
qualquer desejo restante afundando mais rápido que o Titanic.
— Claro, você quer, certo?
— Eu uh... sim, acho que sim, mas não tão cedo.
— Não se preocupe, temos algum tempo. A prática leva à
perfeição, certo?
Certamente, ele pode sentir meu corpo tenso falando sobre isso.
— Quantos você quer?
— Mmm… não sei… três, talvez quatro?
— Quatro!
— Quero muitos mini Charlies e Julians pulando em nossa cama
todas as manhãs.
Lá está ela, aquela onda de pânico novamente.
Desta vez, é um tsunami.
Grande em sua entrada.
Uma força a ser reconhecida.
Meu estômago dá todos os tipos de nós.
Eu odeio estar tão apavorada, que não estou me deliciando com
toda essa conversa de crianças como qualquer outra mulher com um
relógio biológico tiquetaqueando.
— Ei, linda, relaxe. Vai ser você e eu por um tempo. Acha que pode
lidar com isso?
Eu me viro para encará-lo, então estendo a mão e corro minha mão
ao longo de sua mandíbula. O diamante brilha de volta para mim.
Consigo lidar com isso.
Cupido me serviu o homem mais perfeito em uma bandeja de
prata, e estou me questionando? Você é uma idiota, Charlie. Claro e
simples.
— Eu posso lidar com isso, futuro Sr. Mason.

Eu atravesso a porta, colocando minhas chaves na mesa do


corredor. Chutando meus calcanhares, vou até o sofá, sentando no meio
enquanto afundo entre as almofadas. Meu peito aperta, meu estômago
revira enquanto minha respiração começa a acelerar. Coco ronrona ao
meu lado, exigindo atenção depois de eu ter ido embora o dia todo.
Eu disse que sim.
Eu realmente disse sim.
Por que não estou ligando para todos que conheço?
O anel está me provocando, seu peso agora é insuportável. É lindo,
mas esse momento não é o que eu imaginava. Sinto-me culpada por
estar sentada aqui usando esta joia com um significado simbólico. Este
anel significa a promessa de me comprometer com Julian pelo resto da
minha vida. Tiro o anel do dedo, deslizando-o sobre a mesa o mais longe
possível de mim.
Meu telefone começa a tocar, me assustando. Eu olho para a tela,
sorrindo instantaneamente quando seu nome e seu rosto pateta piscam
na tela. Sempre no timing perfeito, ele é exatamente o que eu preciso
agora.
— O que você está vestindo? — ele pergunta em voz baixa.
— Um vestido preto sacanagem.
— Por que eu acredito nisso?
— Porque sou nova-iorquina e é isso que usamos nas noites de
terça-feira... — Faço uma pausa por um breve momento. — Sinto sua
falta.
— Eu também sinto sua falta — ele responde à vontade.
— Quando vocês vão voltar para me visitar?
— Quando você vai voltar para casa?
Casa - esta é a minha casa, aqui em Manhattan.
— Finn, você sabe que não posso voltar.
— Mas um dia, você vai. É melhor você vir e ficar comigo, como
nos velhos tempos. Vou lutar muito com você pelo controle remoto.
Podemos comer massa de biscoito direto do pacote, e se você for boa, e
quero dizer muito boa, posso deixar você andar na minha Harley.
Eu rio alto como nos velhos tempos. — Posso dormir com as
crianças?
— Tenho certeza de que eles adorariam isso. — Ele ri com sua voz
forte. — Mas, ei, seu funeral, não o meu.
— Eu sinto falta deles. Sinto sua falta e sinto falta de Jen. Como ela
está? Por favor, dê um grande abraço nela por mim.
— Ela está bem aqui.
O volume do telefone muda quando sou colocada no viva-voz.
— Oi, querida. Também sinto saudade. Tem sido muito tempo.
Cadê minha atualização semanal sobre o Batman?
É agora ou nunca.
— Na verdade, tenho algumas novidades. Esta noite... bem... Julian
meio que... estou noiva.
Há um longo silêncio seguido pelo choro de uma criança ao fundo.
— Querida, parabéns… — Jen diz, sua voz insegura. — Escute, eu
tenho que colocar Milo para dormir. Me ligue amanhã, vamos conversar
mais. Eu preciso de detalhes. Eu te amo.
Eu ouvi a mudança no volume quando fui tirada do viva-voz. —
Finn?
— Sim, estou aqui — ele murmura.
Eu ri nervosamente. — Então... eu, noiva. Quem diria?
O silêncio apenas prolonga o que está para ser dito. Se alguém
entende minha hesitação neste momento, é Finn. O garoto que roubou
meu coração guardou-o no bolso por segurança, depois se tornou meu
melhor amigo.
— Charlie, posso ouvir em sua voz. Você está assustada.
— Não estou com medo, Finn, apenas um pouco apreensiva. Eu
não pensei que esse dia chegaria — eu sussurro.
— Sou eu. Seu melhor amigo desde que estávamos no ventre de
nossa mãe. O cara com quem você perdeu a virgindade de bom grado
aos dezesseis anos. Eu conheço você, Charlie, e essa hesitação é por
causa dele, e eu odeio isso.
— Finn, eu não quero entrar nisso. O passado precisa permanecer
exatamente isso, no passado. Caso contrário, nunca avançaremos com
nossas vidas. Só não diga o nome dele... por favor — eu imploro,
esperando de alguma forma Finn entender que estou tão cansada e
preciso disso mais do que qualquer coisa.
— Concordo, mas quando o passado afeta o seu futuro, e daí?
Julian é ótimo, certo? Você mesmo disse isso.
— Ele é ótimo.
Não tenho certeza de quem estou tentando convencer mais.
— Então, pare de se culpar por isso. Ele te ama, você o ama. Ele
trata você como você merece ser tratada e, de acordo com minha esposa,
ele é sexo de pernas. O que quer que isso signifique, mas posso
adivinhar. Dê o salto, Charlie. Você verá como a vida pode ser ótima e,
com o passar do tempo, seus sentimentos também. Isso é ótimo.
Ele tem razão. Preciso deixar de lado quaisquer pensamentos
negativos que já passaram pela minha cabeça.
— Você apresentou um bom argumento. Tem certeza de que não
quer estudar Direito?
— Senhorita Manhattan, advogada importante. Olha, eu tenho
que ir. Eu te amo. Por favor, pense no que eu disse.
— Eu vou. Também te amo.
Desligo o telefone, apertando-o contra o peito. Tudo o que Finn
disse está certo. Eu tenho esse homem perfeito que me ama e quer
passar o resto da vida comigo. Eu seria estúpida em dizer não. Eu sei
disso, mas simplesmente não consigo deixar passar esse sentimento de
culpa, como se eu estivesse fazendo algo errado.
Eu me inclino, pegando o anel, e o coloco de volta no meu dedo.
Naquela noite, eu me viro e viro.
Os sonhos.
Os pesadelos.
Por favor, pare, eu imploro a mim mesma.
Por volta das três horas, a exaustão supera minha mente acelerada
e, justamente quando encontro a paz que esperava, ela acontece.
Aqueles olhos verde-esmeralda piscam diante de mim e eu desmorono.
A memória fica muito clara, levando-me de volta ao momento em
que tudo começou.
CAPÍTULO OITO

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

Acordei na escuridão, minha garganta seca como o deserto de Las


Vegas.
Por que deixei Adriana trazer aquele segundo pacote de Doritos
para o quarto dela? Jogando e virando, eu não conseguia ficar
confortável enquanto estava deitada em seu sofá sobressalente,
desesperada por qualquer coisa para beber para curar a sede.
Nossas festas do pijama, uma ocorrência regular ultimamente,
tornaram-se noites cheias de porcarias sem fim e fofocas sobre quem
estava chupando quem na escola.
Desci do sofá com cuidado para não acordá-la. Oh, quem eu estava
enganando, um furacão nem iria acordá-la. Ela roncava enquanto eu ia
na ponta dos pés até a cozinha para pegar uma bebida. Estava escuro e
eu não queria acordar mais ninguém, então desci os degraus da cozinha,
chocada quando colidi com outro corpo.
— Puta merda! — uma voz gritou.
O peso de seu corpo me obrigou a descer. Eu estava presa com as
costas contra a escada, incapaz de falar, minha respiração presa na
garganta ainda sem saber quem era. Com a lua escondida atrás das
nuvens tempestuosas, a sala estava mais escura que o normal,
mascarando sua identidade.
Oh meu Deus, e se for um ladrão?
Eu o interrompi.
E se ele tiver uma gangue de ladrões com ele?
Meu estômago começou a revirar conforme minha sede
aumentava, meu peito apertando de medo.
Ele se levantou de cima de mim, acidentalmente roçando meu
peito enquanto se levantava. Foi como se uma descarga elétrica me
atravessasse, me fazendo gemer. Eu poderia jurar que ele sentiu isso
também, seu suspiro logo depois.
O toque de um botão interrompeu meus pensamentos, a luz
ofuscando e me fazendo ficar com os olhos vesgos. Era Alex, o irmão
mais velho de Adriana.
Eu não o via desde que ele deixou Carmel depois de se formar no
colegial anos atrás, e Adriana nunca mencionou que ele estava aqui. Alex
tinha vinte e cinco anos e morava em São Francisco com a esposa, pelo
que Adriana me contou. Além disso, ela raramente o mencionava nas
conversas.
Ele ficou na minha frente, vestindo apenas calças de pijama de
flanela que iam abaixo de sua cintura, mostrando seu corpo
perfeitamente musculoso e o 'V,' oooh, o 'V.'
Eu não sabia que estava olhando para seu corpo até que ele me
tirou do meu transe.
— Charlotte?
Eu olhei para seu rosto, seus olhos me absorvendo, a cor
esmeralda. Lutei para encontrar as palavras, sentindo-me totalmente
estúpida por dar tanta atenção a ele. Ele era o irmão mais velho de
Adriana e passei a maior parte da minha infância perto dele. Afinal, eu
era a melhor amiga dela e praticamente morava no quarto dela. Mas isso
foi anos atrás, uma lembrança distante de uma época conturbada da
minha vida, quando meus pais brigavam o tempo todo, e esta casa se
tornou minha fuga.
— Sinto muito, Alex.
Comecei a entrar em pânico, minha voz ficando esganiçada.
Quando a adrenalina começou a diminuir, senti uma dor aguda na nuca.
Deve ter sido quando ele caiu em cima de mim na escada. Sem pensar,
esfreguei minha cabeça, meu rosto se contorcendo quando toquei no
caroço que estava começando a se formar.
— Você está bem? Venha sentar.
Alex puxou um dos banquinhos enquanto eu caminhava até a
bancada da ilha. Sentando-me, observei-o pegar um saco de ervilhas do
freezer. Ele voltou e ficou na minha frente, então segurou as ervilhas
contra o caroço que agora latejava como um daqueles polegares dos
desenhos animados. Seu peito na minha frente, gloriosamente exposto,
o cheiro de sua pele inebriante. Fechei os olhos por um breve momento,
inalando o que cheirava a loção pós-barba e sabonete misturado com
suor de homem, mas suor de homem bom, suor de homem quente.
— Melhor? — ele perguntou em um tom mais doce.
— Sim, obrigada. Sinto muito, não sabia que você estava aqui.
Adriana não mencionou que você voltou da faculdade. — Falei
rapidamente, de repente me sentindo constrangida, e eu tinha todos os
motivos para isso, pois acabei de pegá-lo checando meus seios. Seus
olhos pareciam estar em chamas. Olhei para baixo, meus mamilos agora
proeminentes na minha regata. Oh merda, eu esqueci de colocar meu
sutiã de volta! Eu rapidamente cruzei meus braços interrompendo-o de
seu olhar pervertido.
— Eu... hum, voltei esta manhã. — Ele riu sem jeito, esfregando a
nuca. — Ela provavelmente não te contou porque estava muito ocupada
chupando a cara daquele nerd magricela que ela está saindo. Eu não
queria te assustar lá atrás. Estou dormindo no sofá essa noite porque
nossa cama ainda não chegou a nossa casa nova.
— Você está de volta aqui para sempre?
— Não tenho 100% de certeza, mas, enquanto isso, queria ter
alguma experiência prática com meu pai no hospital. Além disso,
Samantha conseguiu um emprego na galeria não muito longe daqui,
então sim, acho que isso deixa todo mundo feliz — explicou ele,
parecendo um pouco inseguro de si mesmo.
— É melhor eu voltar para a cama. — Eu pulei do banquinho, um
pouco instável em meus pés, com cuidado para não bater nele
novamente. — Adriana vai nos obrigar a comprar um vestido de baile
amanhã de manhã. Quais são as chances de a bateria dela ser adulterada,
para que o carro não dê partida?
— É isso mesmo, eu esqueci que você não é parente de Donatella
Versace como minha irmã afirma que ela é — ele brincou com um
sorriso malicioso.
Era verdade. Adriana vivia e respirava moda. Eu, por outro lado,
não me importava nem um pouco. Contanto que eu parecesse bem, eu
não poderia me importar menos com a etiqueta que eu usava.
Caminhando de volta para a escada, eu me virei para olhar para
ele antes de voltar para cima. — Foi bom ver você de novo, Alex. — Dei
alguns passos antes de parar e me virar mais uma vez. — E parabéns
pelo seu casamento. Adriana me disse que foi incrível.
Desta vez, subi as escadas percebendo que não tinha conseguido a
bebida pela qual estava tão desesperada. Bem, agora era tarde demais.
Dormir era tudo que eu precisava porque logo seria de manhã.
Eu joguei e virei novamente tentando dissecar o que tinha
acontecido lá embaixo. Eu me sentia estranha perto dele, mas
confortável ao mesmo tempo. Não fazia sentido, e por que eu estava
deitada aqui obcecada com isso?
Depois do que pareceram apenas alguns minutos, fui rudemente
acordada por Adriana gritando no corredor. Sua voz, desagradável e
irritada, foi o suficiente para me acordar do que parecia ser o sono mais
curto do mundo.
— Mãe!
Puxando o cobertor sobre minha cabeça, deixei escapar um longo
gemido, tentando ignorar a família doméstica que estava acontecendo lá
fora. Eu estava exausta.
— Mãe, como você pôde deixar ele pegar?
Desta vez, sua voz foi ainda mais alta do que antes. Eu podia ouvir
mais vozes abafadas seguidas por passos altos. A porta do quarto bateu,
a moldura do certificado de distinção de balé dela caindo da parede.
— Quero dizer, sério, de todos os dias, ele vem com merdas como
essa? — ela murmurou para si mesma.
Puxei minha cabeça para cima do cobertor, abrindo os olhos.
— Adriana, que diabos? São sete horas da manhã. Por que você
poderia estar chateada tão cedo?
— Meu irmão aparentemente pegou meu carro, alegando que
parecia que algo estava errado com a bateria. Ele me deixou um bilhete
dizendo que o levou ao Al's Mechanics para verificar isso — ela fervia,
cruzando os braços enquanto suas narinas dilatavam em uma raiva
aquecida. — Estou tão chateada, o carro está bem. Se algo estivesse
errado com ele, a luz da bateria teria acendido. Perguntei à mamãe se
poderia pegar o carro dela emprestado, mas ela precisa ajudar uma
amiga na mudança hoje. Eu poderia estrangulá-lo agora mesmo!
Ela continuou, fechando os olhos desta vez com uma voz mais
calma — Desculpe, não quero descontar em você. É que eu estava
realmente ansiosa para comprar o vestido de baile, e agora parece que
estamos presas aqui o dia todo.
Adriana se senta em sua mesa e abre uma revista Vogue, folheando
rudemente as páginas enquanto xinga a si mesma.
— Oh, caramba — eu respondi, sarcasticamente.
Puxei o cobertor sobre minha cabeça, sorrindo enquanto
adormecia.
CAPÍTULO NOVE

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

Abri meu livro na tentativa de abafar sua reclamação incessante.


É assim que tem sido ultimamente, sempre querendo mais. Ela
havia mudado, não era mais a universitária despreocupada por quem
me apaixonei. Samantha Benson era a garota do campus que todo cara
queria, e ela me escolheu. Não aquele perdedor, Brad, que ansiava por
ela desde o ensino médio. Maldito idiota.
Nossa vida juntos na faculdade foi uma experiência incrível.
Samantha era incrivelmente linda, sabia ter uma cabeça extremamente
boa e estava estudando arte. Ela não era meu tipo habitual, mas não era
cabeça de vento. Minha família a amava, a família dela me amava, então
fazia sentido colocar um anel naquele dedo e uma preocupação a menos
na vida.
Eu não gostava de todo o fiasco do casamento, ficando fora do
caminho enquanto Samantha planejava a coisa toda. Foi um bom dia no
que diz respeito aos casamentos, mas lá estávamos nós, seis meses
depois, e as rachaduras estavam começando a aparecer. Não bastava ela
querer uma casa cara com vista para o oceano Pacífico e um Mercedes,
coisas que não podíamos pagar com o meu salário de interno, e agora
ela estava me importunando para começar uma família. Eu não estava
pronto para essa merda aos vinte e cinco anos. Eu ainda tinha amigos
que acordavam nus ao lado de garotas e barris estranhos todas as noites.
Eu disse a ela que pensaria nisso se voltássemos para Carmel. Eu
sentia falta da minha família, esperando que eles a convencessem de que
éramos muito jovens para ter filhos, especialmente papai. Ele queria que
eu seguisse seus passos, e não havia como fazer isso com um bebê por
perto. Estudar e praticar medicina exigia todo o meu foco exatamente
nisso. Eu não precisava de nenhuma outra distração.
— Alex, você está me ouvindo? — ela implorou, irritação evidente
em sua voz.
— Sammy, o que você quer que eu diga? Acabamos de nos mudar
para cá. A casa ainda tem poeira, nossos móveis não chegaram e,
tecnicamente, ainda não tenho um emprego remunerado. Por favor,
explique como um bebê vai se encaixar nisso? Mal podemos nos
sustentar.
Eu estava fodidamente irritado. Sim, bebês eram fofos e outras
coisas, mas ainda havia muito mais que eu queria fazer na vida - começar
meu estágio, viajar para a Europa - a lista era interminável. Tudo isso
começou quando sua irmã teve um bebê, e agora ela só falava disso.
Estou tão cansado dela comparando nosso relacionamento com todos os
outros. Nada do que eu parecia fazer a agradava.
— Você disse que quando nos mudássemos para Carmel
poderíamos...
Levantando minha mão, eu a cortei. No estilo típico de Sam, ela
distorceu minhas palavras.
— Eu nunca disse que quando nos mudássemos para Carmel,
poderíamos começar a tentar. O que eu disse, caso você queira me ouvir
direito, foi que vamos voltar para Carmel e conversar sobre isso assim
que encontrarmos uma casa e tivermos empregos devidamente
remunerados.
— Bem, Alex, nós encontramos uma casa, e eu tenho um emprego
digno. Você, por outro lado, parece estar indeciso em sua carreira. Não
ajuda que você deva ser o ganha-pão, não eu — ela rebateu.
— Foda-se por trazer isso à tona de novo! — Eu gritei, batendo
meus punhos na mesa. — Você está tão feliz em dizer a todos que seu
marido está estudando para se tornar um médico, mas a portas
fechadas, não é bom o suficiente porque não estou pagando por seu
estilo de vida caro.
Fechei meu livro, pegando meu celular e as chaves da bancada. Eu
precisava me acalmar, tão cansado das brigas constantes e da maneira
como ela me fazia sentir incerto sobre as decisões que tomava. Eu
precisava relaxar e parar de me concentrar nessa negatividade.
— Vou para a casa dos meus pais.
Bati a porta e caminhei até o carro. Ela rapidamente abriu a porta,
parada ali com os braços cruzados sob o peito, arreganhando os dentes
e irritada porque eu estava saindo no meio da conversa. Esta não foi a
primeira vez, nem seria a última.
— Discutiremos isso novamente quando você decidir onde fica
sua casa, Alex.
E cega de raiva, ela bateu à porta sem se despedir.

— Adriana — eu gritei, minha voz ecoando pelo foyer.


A casa dos meus pais tem oito mil metros quadrados, grande o
suficiente para se perder sem ter que morar um em cima do outro. Meu
avô, um homem rico por mérito próprio, deu esta casa aos meus pais
como presente de casamento.
Dentro do foyer, eu ouço a direção de sua voz.
— Estou aqui!
Andando em direção à sala de tumulto, parei na entrada, surpreso
ao descobrir que Adriana não estava sozinha.
Eu não esperava vê-la novamente. Charlotte, quero dizer. Ela
estava deitada no sofá vestindo uma blusa preta, jeans e Converse. Pude
ver que seus longos cabelos castanhos estavam soltos, caindo pela
lateral do sofá.
Charlotte era linda, nada como eu me lembrava dela anos atrás.
Ela havia superado o estágio pré-adolescente e se tornado uma mulher
deslumbrante. Era impossível não notar. Quero dizer, vamos lá, eu sou
apenas humano e tenho vinte e cinco anos. Só porque eu sou casado não
significava que eu não pudesse admirar a beleza quando a via. Contanto
que eu seguisse as regras - olhe, não toque - eu não estava fazendo nada
de errado.
Estranhamente, Charlotte está cercada por M&Ms, uma variedade
de cores diferentes espalhadas pelo rosto e pelo peito.
— Oh, oi Alex, venha ficar com a gente. Estávamos apenas jogando
quem consegue pegar mais M&Ms sem usar nossas mãos. — Adriana ri,
continuando com seu jogo.
Ela mirou na boca de Charlotte e, surpreendentemente, errou.
Minha irmã não tem um osso atlético em seu corpo.
Meus olhos se encontraram com os de Charlotte. Não sei o que era,
mas algo parecia diferente nela. Ela não era como qualquer outra garota
que eu conheci e definitivamente nada como minha irmã. Pensando na
outra noite, quando encontrei com ela na cozinha, tive uma sensação
com a qual não estava acostumado, muito parecido com uma descarga
elétrica quando acidentalmente a toquei. Quer dizer, foda-se, roçar
acidentalmente nos seios dela me deixou duro pelo resto da noite, mas
eu tenho que lembrar que sou casado.
Também não ajudou o fato de ela não estar usando sutiã naquela
noite. O que tornou ainda pior foi que ela me pegou olhando para ela.
Charlotte franze a testa quando foi atingida no olho por um M&M.
— Oi, Alex.
— Por favor, não deixe minha irmã atacar você com os M&Ms.
Puxa, Adriana, você joga como uma garota.
— Eu sou uma garota, duh.
Ela jogou outro em Charlotte, desta vez caindo bem em seu decote.
Eu não pude deixar de olhar. Parou lá no meio de seus seios
perfeitamente formados. O sortudo M&M balançou enquanto ela lutava
para controlar o riso.
— Sério, Adriana, você está pensando em trocar de time agora?
Essa é a terceira vez que você coloca isso aí! — Charlotte riu. Minha irmã
estava no chão rolando, seu corpo tremendo de tanto rir, gritando que
precisava fazer xixi.
— Ok, meninas, deixe-me mostrar como se faz.
Peguei o pacote da minha irmã. — Charlotte, por favor, pare de rir
e apenas abra a boca.
Eu esperei por ela enquanto ela tentava manter uma cara séria,
algo que eu estava lutando para fazer também. Concentrei-me em sua
boca, seus lábios perfeitamente rosas bem abertos. Minha mente vagou
para outro lugar. Não, Edwards, 'foco' como diria o treinador. Joguei o
M&M, aterrissando em sua boca. Eu rugi quando ele entrou, Adriana fez
beicinho como sempre. Ela era tão fodidamente competitiva.
— Não é justo, Alex! Você joga como um menino! — Adriana
choramingou.
— Obrigada, Alex. Já é hora de eu comer um deles — Charlotte
comemorou, levantando a mão para me cumprimentar.
— Da próxima vez, venha até mim se você realmente quiser
comê-los, já que claramente Adriana aqui não tem objetivo. Acho que ela
secretamente só queria encontrá-los mais tarde, quando você fosse
embora — eu brinquei.
Eu estava gostando da companhia e finalmente consegui deixar o
argumento anterior e as besteiras de Sam para trás.
O telefone da casa começou a tocar.
Adriana deu um pulo como se sua vida dependesse disso ou mais
como a abertura das portas da Macy's na Black Friday. Não fiquei
surpreso quando ela anunciou quem era.
— Ah, é o Elijah! De volta em breve.
Ela saiu correndo, levando o telefone sem fio para o quarto.
— Quando ela diz em breve, eu posso assistir Titanic do começo
ao fim, e ela ainda não vai terminar — Charlotte reclamou, pegando o
controle remoto para navegar pelos canais.
— As alegrias de ter um namorado, eu suponho. Então, você
hum... tem um?
— Eu? Por favor, você viu os caras da nossa escola? — Charlotte
franziu os lábios enquanto balançava a cabeça. — Aparentemente, usar
calças largas e exibir sua cueca sem nome passa por estilo hoje em dia.
Além disso, estou me guardando para Justin Timberlake.
— Acho que Britney pensou a mesma coisa e olha onde isso a
levou — eu apontei.
— Mas ela pode pegar M&Ms na boca como eu posso?
— Ei, tem tudo a ver com o arremessador, não com o receptor.
— Acho que você não percebe como é difícil manter a boca
perfeitamente posicionada e aberta por tanto tempo.
Assim que ela disse isso, eu ri, e seu rosto corou levemente.
— Oh, cara, isso não saiu direito.
Ela se juntou a mim enquanto eu ria, ainda passando pelos canais.
Observei enquanto ela passava pelo hóquei. Inclinando-me para a
frente, fiz um gesto para ela parar. — Ei, volte para o hóquei.
— Err, não obrigada, Alex. Sim, aqui está.
Ela parou no Animal Planet. Sério, vamos assistir um
documentário sobre os macacos bonobos? Eu tinha que admitir que era
melhor do que assistir a polícia da moda e, bem, eu estava assistindo os
pinguins imperadores na noite passada. Era época de acasalamento no
Animal Planet, mas eu queria muito ver os resultados do hóquei.
— Você sabia que o macaco bonobo usa o sexo como uma
saudação, um método de resolução de conflitos e para comemorar
quando a comida é encontrada?
Seus olhos se fixaram na tela, fascinados com a narração
exagerada do narrador sobre os macacos.
— Uau! Imagine se fizéssemos isso, ninguém seria capaz de fazer
nada — eu provoquei.
Merda, eu não queria que saísse assim, mas caramba, imagine se
fosse verdade que estávamos transando o tempo todo? Só esse
pensamento me deixou duro. Muito duro. Eu precisava tirar esses
pensamentos da minha cabeça. Macacos estúpidos de acasalamento.
Charlotte desviou o olhar da televisão e se virou para mim
enquanto ria.
— Continue sonhando, Edwards.
— Então, agora que você me informou sobre a intrincada vida
sexual dos bonobos, posso assistir ao hóquei?
Ela segurou o controle remoto no ar, empurrando meu peito
enquanto eu fazia uma débil tentativa de agarrá-lo dela. Essa garota
adorava jogar duro, e isso era irritante na melhor das hipóteses.
— Alex, este é o último episódio da série de acasalamento — ela
reclamou enquanto tentava segurar o controle remoto longe de mim.
Eu não pude deixar de observá-la. Uma parte de mim gostava de
provocá-la enquanto tentava pegar o controle remoto. Ela balançou para
baixo, um movimento que eu antecipei. Ela o segurou enquanto eu caía
em cima dela, então começou a fazer cócegas em suas costelas.
— Alex... por favor, pare. — Sua voz tremia enquanto ela ria,
contorcendo seu corpo debaixo de mim.
— Mmm, eu paro se você me passar o controle remoto.
— Sem chance. Eu estava aqui primeiro. Desculpe, Alex, se você
adiar, você perde. — Ela tentou me fazer cócegas de volta. Seu toque era
como correntes elétricas ligadas a um milhão de agulhas correndo pelo
meu corpo, e eu queria desesperadamente que ela movesse as mãos
para o meu peito. Eu me senti como um adolescente excitado de novo.
Eu diminuí a velocidade, observando seus profundos olhos
castanhos chocolate me observando, seu peito subia e descia. Eu estava
a centímetros do seu rosto, quase podia prová-la.
Oh merda, o que eu estava pensando?
Assim que o pensamento entrou em minha mente, meu pau
começou a se contrair. Ela deve ter sentido, eu sou enorme pra caralho.
De repente, seus olhos mudaram. Foi luxúria o que eu pude ver?
Eu ouvi a voz da minha irmã. Rapidamente eu me afastei dela,
enquanto Charlotte ajustava sua regata enquanto se sentava. Suas
bochechas estavam coradas, e tudo que eu queria fazer era me inclinar
e acariciar seu rosto, satisfazer a curiosidade e a necessidade que eu
estava sentindo.
— Ok, está tudo pronto para o próximo sábado! — Adriana estava
conversando animadamente quando ela entrou na sala.
— Próximo sábado? — Eu repeti, minha mente ainda nebulosa
com o que acabou de acontecer.
— Meu aniversário de dezoito anos, bobo. Começa às sete. Sammy
prometeu que vocês seriam os acompanhantes, então mamãe e papai
não precisavam estar aqui.
Agora eu me lembrava do que eu tinha feito, mas por algum
motivo, eu não me importava de ir se isso significasse que eu veria
Charlotte novamente. Porra, o que diabos eu estava pensando? Ok, não,
vai ficar tudo bem - Sammy estará lá. Eu não estava pensando com
clareza. Era hora de eu partir, apesar de querer ficar mais tempo.
— É melhor eu ir embora. Vejo você amanhã no almoço, mana.
Tchau, Charlotte.
Eu olhei, seus olhos fixos nos meus. Parecia que algo se passou
entre nós, mas o quê? O que foi isso? A faixa brilhante na minha mão
esquerda de repente parecia um peso de chumbo, um lembrete de tudo
em minha vida com o qual eu havia me comprometido.
— Apenas me chame de Charlie. Todo mundo faz. — Ela sorriu,
batendo os cílios.
Eu me virei para encará-la uma última vez enquanto olhava para
as duas piscinas de olhos castanhos chocolate. Eles eram inebriantes.
Mas por que? Eu não fazia ideia. Isso não era como eu. Quando se tratava
de mulheres, eu era controlado. Ela não foi a primeira mulher a chamar
minha atenção enquanto casado, porém, eu nunca fiz nada proibido
além de flertar. E mesmo assim durou dois minutos, e a novidade passou
rapidinho.
Mas ela era diferente.
— Charlotte, eu não sou todo mundo — eu disse a ela com
confiança.
Seus lábios se apertaram em uma leve careta e seus olhos se
arregalaram com um olhar de desejo.
— Não, você não é, Alex — ela afirmou, nunca quebrando seu
olhar. — Você certamente não é.
CAPÍTULO DEZ

LEX

PRESENTE

— Sr. Edwards.
Todos na mesa se levantam, estendendo as mãos. Sacudindo cada
uma delas, eu me sento e aceno para que o garçom se aproxime. Esta é
uma das minhas últimas reuniões antes de finalmente voar na segunda-
feira de manhã, e estou ansioso para voltar para casa.
— Posso ter um café preto, por favor?
O garçom sai correndo enquanto me viro para enfrentar o Sr. Klein
e o resto de seus associados. O objetivo da reunião de hoje é discutir
nossa rede de clubes em Manhattan, especificamente o After Dark, nosso
clube mais novo e lucrativo.
Klein apresenta nossos números mais recentes e, em seguida,
investiga nosso orçamento. O clube é rentável, graças a atingir a
capacidade máxima todas as sextas e sábados à noite. Os paparazzi
enxameiam do lado de fora enquanto as celebridades o transformam em
seu novo local favorito. No geral, estou satisfeito com os números junto
com os outros clubes da Costa Leste.
Enquanto examino um papel prevendo o retorno deste ano, sou
distraído por alguém rindo em outra mesa. A risada, soando quase
angelical, se não um pouco familiar, está dificultando meu foco.
Para abafar o barulho incessante, concentro-me nas
recomendações de Klein para pequenas melhorias que podemos fazer
no clube para garantir lucro a longo prazo.
Mas então eu ouço de novo.
Viro a cabeça para a esquerda para ver de onde vem.
Uma mulher está sentada com um homem em uma mesa a alguns
metros de distância. Ele deve estar contando a ela uma história
engraçada porque a cabeça e os ombros dela estão tremendo
incontrolavelmente enquanto sua risada ecoa pelo restaurante. Este
filho da puta com certeza vai transar esta noite.
A mulher está sentada com as pernas cruzadas para o lado. Olho
para suas pernas longas, magras e bronzeadas até os sapatos. Oh, foda-
me, Louboutins. Se tem uma coisa que eu tenho fetiche são os sapatos
Louboutin. Algo sobre os gritos preto e vermelho dominatrix. Eu ajusto
minhas calças ligeiramente debaixo da mesa, sabendo muito bem que
reuniões e tesão não andam de mãos dadas.
É quase impossível não conferir o resto dela. Ela está usando uma
saia lápis cinza de cintura alta e uma blusa de seda branca abotoada o
suficiente para que eu possa ver as curvas de seus seios. Seus seios
parecem fabulosos, bonitos e cheios. Que desgraçado sortudo. Seu
cabelo está preso, e sim, claro, ela é morena. Foda-se minha vida.
— Sr. Edwards?
Klein me tira do meu torpor produzindo mais planilhas,
deslizando-as para mim. Analisando os gráficos nas folhas, minha
cabeça não consegue bloquear o barulho.
— Desculpe, Sr. Klein, você estava falando sobre margens de
lucro?
A mulher ri novamente. Eu me viro para olhar ao mesmo tempo
em que ela levanta a cabeça. Ela está usando óculos de leitura de
armação preta, muito bibliotecária. Não vá lá de novo, Edwards. Deixei
escapar um pequeno suspiro com a percepção repentina de quão pouco
profissional eu estava sendo.
Foco.
Mas algo me puxa para ela, essa força me consumindo sem
nenhuma razão ou motivo. Rapidamente, permito-me um último olhar
para esmagar essa curiosidade obscena que tenho sobre ela.
Ela se vira para olhar na minha direção, e os mais belos olhos
castanhos profundos de chocolate encontram os meus, e no segundo em
que nosso olhar se encontra, meu coração para, as batidas agora param
completamente.
Isso não pode ser.
O fantasma dos meus sonhos, minhas fantasias e, mais importante,
minhas memórias. O passado vem à tona de volta para mim como um
filme sendo repetido em minha cabeça.
Não acredito que é ela, nove anos depois.
Com uma onda de pânico, minha mente está girando com todas as
coisas que preciso dizer a ela. Esta é a minha chance, e tenho que
começar me desculpando pelo que fiz. Há tantas coisas que preciso dizer
porque nunca tive a chance de fazê-lo. Estou tão dominado por emoções
confusas, incapaz de juntar um pensamento coerente em minha mente
acelerada. Minhas palmas começam a suar, as vozes ao meu redor
zumbindo em um murmúrio baixo e incompreensível. Meus olhos
parecem estar me traindo. Isso deve ser minha mente pregando peças,
mas quando me concentro mais uma vez, é inegável que tudo o que vejo
diante de mim é de fato a mulher que um dia amei.
Ela olha duas vezes, em pânico, os olhos arregalados e as
bochechas coradas. Inclinando-se para o homem sentado à sua frente,
ela murmura algo antes de se levantar da cadeira.
Klein ainda está falando, e rápido para interrompê-lo, eu me
desculpo abruptamente, desesperado para segui-la para o que eu
suponho ser o banheiro. Seu ritmo é rápido, entrando e saindo dos
garçons servindo, tornando difícil para mim alcançá-la. Eu aumento
meus passos até que eu esteja apenas a um braço de distância.
— Charlotte, espere.
Eu sei que ela me ouviu, mas ela não se vira. Esticando-me para a
frente, agarro seu braço, imediatamente atingido pela familiar onda de
eletricidade que me atravessa quando a toco - o quanto desejo isso, o
quanto meu corpo sente falta dessa sensação. Fechando os olhos por um
milissegundo, me permito me perder nessa sensação.
Congelado no local, seu corpo enrijece. Lentamente, ela se vira
cautelosamente para me encarar. Seus olhos antes amorosos se
transformam em fogo, seu sorriso e risada não são mais aparentes.
Sacudindo o braço do meu aperto forte, ela consegue se afastar, apenas
para cruzar os braços sob os seios.
Oh merda, não, não, não, agora é tudo que eu posso ver.
Meus olhos, incapazes de se afastar, admiram a bela visão -
redondos, volumosos - e como eu quero desesperadamente alcançá-los
e acariciá-los.
No entanto, apesar de ser atraído por seu corpo, o fogo em seus
olhos me perfura, me avisando do que está por vir.
— Charlotte, por favor... — Eu imploro novamente.
Assim que seu nome sai da minha boca, ela aperta o maxilar, um
olhar de dor seguindo enquanto a cor se esvai de seu rosto. Seu silêncio
gelado me dá a chance de examinar o que está diante de mim,
conectando minhas memórias ao momento presente.
Ela é alta, claro, os escarpins que ela usa dando sua altura. Meus
olhos se desviam para seus braços, notando o bronzeado realçado pela
blusa branca que ela usa. Seu cabelo está preso em um coque apertado.
Com uma dor de desejo, quero tirá-lo, deixá-lo escorrer por suas costas,
do jeito que me lembro dela.
Enquanto meu olhar vagueia de volta para seu rosto, é evidente
que minha memória permaneceu fiel ao passado com nada mudando
além dela usando um pouco de rímel acentuando seus longos cílios, uma
característica de sua herança cubana.
E porque sou um guloso de castigo, permito-me ser atraído para
sua boca. Inconscientemente, meus olhos se suavizam sobre seus lábios
cheios e deliciosos cobertos por um batom vermelho rubi. Minha boca
fica úmida, lembrando do gosto dela quando nossas línguas lutavam
febrilmente perdidas em um beijo profundo.
Mas nada tem chance contra os profundos olhos castanhos
chocolate olhando para mim, que completam a beleza perfeita em toda
a sua essência. Me capturando e fazendo meu coração bater tão rápido,
eu podia jurar que ele saiu do meu peito no segundo que eu a vi. Ela se
tornou essa mulher linda, ainda mais do que a garota que deixei para
trás.
— Eu procurei por você depois que você partiu — digo a ela, meu
tom de voz desesperado. Deixando cair o queixo no peito, as palavras
parecem frívolas quando a dor é tão profunda. Nunca fico sem palavras,
e esse sentimento avassalador de vergonha está me despedaçando,
ofuscando minha personalidade normal e confiante.
— Obviamente não forte o suficiente — ela retruca com raiva.
Meus olhos disparam de volta para encontrar os dela, pegos de
surpresa pelo tom irritado. Eu sabia que minha saída abrupta iria
machucá-la, mas éramos jovens. Você deveria superar essas coisas. Que
irônico pensar nisso, porque basta olhar para ela e sei que está longe de
terminar.
— Podemos, por favor, ir a algum lugar e conversar? — Eu
imploro.
Nunca sou de implorar por atenção, muito menos de uma mulher,
mas quero que ela saiba o quanto sinto muito. Preciso de uma chance de
explicar o que aconteceu, para ela entender meu motivo de deixá-la para
trás.
— Alex, não há mais nada a dizer. Foram anos atrás, uma aventura
do ensino médio. Está tudo no passado. Eu realmente preciso voltar.
Ela me chamou de Alex.
Ninguém mais me chama assim.
Sou conhecido como Lex no mundo dos negócios por causa do
meu comportamento implacável. Eu fui comparado ao de Lex Luthor. Ao
ouvir um bando de estagiários me chamar assim uma vez, em vez de
demiti-los, gostei que eles tivessem medo de mim. Não muito tempo
depois, exigi que minha família parasse de me chamar de Alex porque
era uma sombra de quem eu costumava ser.
Não sou mais o Alex Edwards que ela conhecia. Mas este não é o
momento de corrigi-la porque suas outras palavras persistem, uma
aventura do ensino médio.
Charlotte tenta passar por mim, mas agarro seu braço novamente.
Ela não se vira. Em vez disso, ela fica completamente imóvel, de costas
para mim.
— Ele é seu namorado?
Não sei por que pergunto, talvez seja o sádico que há em mim. Eu
sei que vai enfurecê-la, mas o filho da puta estava em cima dela, e
sabendo que é ela agora, eu quero voltar e bater nele. Arrastá-lo para
fora deste lugar e exigir que devolva o que me pertence.
— Com licença? — Ela se vira abruptamente, olhos ardentes com
as narinas dilatadas como um touro pronto para atacar. — Primeiro de
tudo, você não tem o direito de me perguntar isso. Não é da sua conta
quem eu estou fodendo, Alex.
Meu sangue ferve quando as palavras ricocheteiam como balas
espirrando contra meu ego machucado. E daí, ela está transando com
ele? Ela se transformou em uma mulher de coração frio fodendo homens
sem apego?
Estou perdendo o controle, pronto para me aproximar e mostrar
a quem diabos ela pertence, mas quando inclino minha cabeça para
acalmar a tempestade dentro de mim, o brilho de um grande diamante
chama minha atenção.
Meus olhos se arregalam, meu estômago se contorce em um nó
angustiante enquanto meu coração bate forte enquanto minha
adrenalina aumenta. Sem hesitar, puxo sua mão para mim para ter
certeza de que o que estou vendo é realmente um anel em seu dedo.
— O que é isso? Você está noiva?
Ela permite que sua mão permaneça por um momento, mas então,
com força, ela a puxa de volta. Seu rosto parece um pouco culpado, então
rapidamente se transforma em raiva.
— Julian é meu noivo.
— Seu noivo? Então, você vai se casar com aquele idiota?
— Típico Alexander Edwards. É tudo sobre você, certo? Lembre-
se, você me deixou sem um adeus, sem uma explicação. Eu segui em
frente assim como você fez com ela. Adeus, Alex. Tenha uma ótima vida.
Eu afrouxo meu aperto, atordoado por suas palavras enquanto ela
volta para sua mesa. Descansando minhas costas na parede, eu fecho
meus olhos por um breve momento para comprimir a raiva que me
consome. Meu pulso está acelerado e minha visão está nublada
enquanto as batidas dentro da minha cabeça estão dominando meus
pensamentos normalmente racionais. Com meu coração ainda batendo
irregularmente à beira da combustão, meus pés se movem por conta
própria de volta para a minha mesa. Eu preciso terminar esta reunião
agora.
Mas como uma força da natureza, sou atraído de volta para ela
novamente, incapaz de me afastar. Charlotte se senta antes de se
inclinar, sussurrando algo em seu ouvido. Ele coloca algumas notas em
cima do porta-cheques preto e os dois ficam de pé. Ela pega sua bolsa e
começa a caminhar em direção à porta principal. Por uma fração de
segundo, seus olhos encontram os meus e, sem dúvida, algo se passa
entre nós.
O mesmo olhar que trocou entre nós nove anos atrás.
O cara pega a mão dela, segurando-a com firmeza.
Minha raiva está à beira novamente, perdendo o controle, meu
temperamento levando a melhor sobre mim. Preciso dar um jeito de
falar com ela, ficar a sós com ela e ter aquela chance de explicar tudo.
Tenho certeza de que se ela souber meu lado da história, vai me perdoar,
entender meus erros e arrependimentos.
Em um momento de clareza, tudo começa a fazer sentido.
Eu comando o mundo dos negócios, estou no topo do meu jogo.
Tenho tudo o que quero, pelo menos tudo o que pensei que queria.
Agora, está diante de mim, a única coisa que eu nunca soube que
desejava mais do que a própria vida.
A única coisa pela qual eu desistiria de tudo o que possuo.
Não é mais fruto da minha imaginação.
Eu a toquei, senti aquela onda que nenhuma outra mulher nesta
vida me fará sentir.
É Charlotte quem estava desaparecida o tempo todo, e agora não
vou parar até que ela seja completamente minha.
CAPÍTULO ONZE

CHARLIE

Eric puxa minha mão para ele tão rápido que meu corpo se joga
para frente, colidindo com o dele.
— O-M-G4 — Eric grita como uma hiena alucinada.
Depois de recuperar a compostura, permito que ele examine o
anel de diamante que adorna meu dedo, lembrando-me de como tudo
isso é surreal.
— Charlie, este é um diamante lapidação princesa Harry Winston.
Eu preciso de uma reprise total. O que você estava vestindo? O que ele
estava vestindo? O discurso... ah, ele se ajoelhou? — Recuperando o
fôlego, ele se senta na cadeira, cruzando as pernas em antecipação.
Repasso a noite inteira para ele e até reenceno a parte do pedido
de casamento, ficando de joelhos, o que foi interrompido quando Nikki
entra.
Ela balança a cabeça, apontando para Eric sair da sala. — Charlie,
acho que devemos conversar sobre isso.
— Seja o que for, Nikki, pode ser dito na frente de Eric. — Eu rio
quando Eric encolhe os ombros, rindo comigo.
— Tudo bem, faça do seu jeito. Você não acha que deveria
conhecê-lo um pouco mais, em vez de se casar? Quero dizer, qual é a
pressa? Você só está namorando, o que... três meses?
Eu vi isso chegando, é claro. A reação da maioria das pessoas será
a mesma, mas quem são elas para julgar o que nós dois temos? Eu o amo,
é isso que importa. Eu não preciso justificar isso, não para ninguém.

4
Significa oh my god - em português oh meu Deus.
Engraçado, porém, tenho adiado contar a mamãe e papai, sabendo que
a reação deles será exatamente a mesma.
— Vamos, Nikki, você o conheceu. Ele é um cara legal.
— Charlie, um cara legal não significa que você tenha que
caminhar até o altar com ele. Apenas aproveite-o... por enquanto.
— Eu o amo — atiro de volta, defensivamente.
— Eu sei, mas é o suficiente?
A pergunta dela mexe comigo. Eric fica olhando para nós duas com
os olhos arregalados como se estivesse assistindo a alguma cena de The
Real Housewives of Beverly Hills. Nikki fica parada ali, de braços
cruzados, batendo o pé. Seu olhar habitual, que normalmente não tem
nenhum efeito sobre mim, me intimida neste momento.
— O que isso deveria significar?
— Olha, Charlie, tudo o que estou dizendo é que sim, Julian é um
cara fantástico, mas você não acha que está se precipitando nisso? É
quase como se fosse apenas para seguir em frente…
Acalmando meus movimentos, minha expressão não vacila
quando ela para. Eu sei que seu interrogatório sobre minhas ações é
alimentado por minha resistência em me estabelecer com qualquer
homem antes de Julian. Meu passado é desconhecido para ela e todos os
outros, exceto Finn. De vez em quando, durante um discurso bêbado, eu
derramava informações sobre a adolescência, mas sempre que era
pressionada, me fechava imediatamente.
É o meu passado, portanto, deve permanecer exatamente assim,
no passado.
Não sou a mesma Charlotte Mason, aquela ingênua colegial tão
disposta a dar seu coração apenas para ser mastigada e cuspida como
um pedaço de carne crua. As coisas mudaram, as pessoas mudaram.
Estabelecer-se na minha idade é bastante comum e não é algo para se
chocar.
— Eric, posso falar com Nikki em particular?
Com uma mistura de desgosto e mágoa no rosto, ele sai pela porta,
mas para na minha mesa para pegar um punhado de M&Ms que guardo
em uma grande jarra de vidro. Quando a porta se fecha, concentro minha
atenção em Nikki. — Você é a primeira a dizer como sou exigente, que
nunca dou chance a nenhum cara. Então aqui estou eu dando uma
chance a esse cara maravilhoso, e você tem a coragem de me dizer que
estou cometendo um erro?
— Não, eu simplesmente perguntei por que a pressa. Você está
grávida ou algo assim?
— Não! — Eu deixo escapar.
— Então, eu não entendo.
— Você não precisa entender. Tudo que você precisa fazer é ser
minha amiga. Eu o amo, ele me ama. O tempo não significa nada quando
você sabe que é o certo.
— E é?
Essa discussão de vaivém não é diferente de quando vamos ao
tribunal. Nikki está bancando a advogada e eu estou sendo julgada.
Hesito, tentando encontrar as palavras certas que sejam boas o
suficiente para ela, para que ela entenda.
— Você sabe o que dizem, 'a hesitação é um produto do medo'. —
ela cita.
— Ou talvez eu esteja apenas tentando encontrar as palavras
certas, para que você pare de me importunar com isso.
Os braços de Nikki caem moles enquanto ela suspira desanimada,
seus ombros caídos enquanto ela abaixa a cabeça e olha para o chão.
Após um momento de silêncio, ela endireita a postura e encontra meu
olhar. — Charlie, eu não estou reclamando. Você é minha melhor amiga.
Eu só quero o melhor para você. Me desculpe, eu não deveria ser tão
crítica. Agora me mostre esse maldito anel. Oh, espere um segundo… —
seus lábios se curvam para cima em um sorriso sarcástico — … me faça
um favor e abra sua porta?
Eu sei sem perguntar por que ela quer que eu faça isso. Andando
na ponta dos pés até a minha porta, eu a abro rapidamente quando um
chocado Eric cai no chão com um copo de papel.
Enquanto Nikki e eu caímos na gargalhada, um Eric um tanto
desgrenhado se levanta, limpando sua roupa perfeitamente passada.
— Senhoras, este é um terno Armani.
— Você precisa de um copo, Eric, não de um copo de papel. Um
erro de principiante.
Estou prestes a sair do meu escritório para almoçar com Julian
quando Eric entra despercebido, pulando para a minha mesa como uma
menina de cinco anos. Tudo o que está faltando são as tranças.
— Adivinha? Você vai me amar tanto! — ele grita. — Na quinta à
tarde, Carolina, estilista, vai ao seu apartamento.
— Feche a porta da frente! Mas por que?
— O baile de caridade, boba.
— Sem chance! — Eu me levanto, pegando os ingressos de sua
mão.
Há seis ingressos para o Baile Anual de Caridade de Nova Iorque
para aumentar a conscientização sobre crianças órfãs. Esses bilhetes são
como pó de ouro. Estou sem palavras. Tudo o que consigo articular é a
palavra como.
— Vamos apenas dizer que papai me deve muito depois que ele
acidentalmente deixou cair o anel de corte Asscher de dez quilates da
mamãe no ralo e me fez entrar de cabeça para baixo, bunda para cima
para pegá-lo.
Eric vem de uma família rica. Seus pais fazem parte de uma família
de elite que remonta a gerações. Surpreendentemente, Eric quer
conseguir um emprego e não trabalhar para o pai. Algumas vezes que
falamos sobre isso, Eric mencionou que a turma de seu pai não é tão
receptiva ao seu estilo de vida homossexual.
— Puta merda, E! Nikki também pode fazer ajustes?
— Claro, mas quero estar presente quando os peitos dela não
caberem nos vestidos e ela começar a xingar a Carolina.
Nós dois rimos do pensamento. As meninas são grandes, mas não
há ninguém reclamando além dela. Rocky até tem nomes para elas -
Dolly e Pamela.
— Ela está trazendo a linha de outono da Dolce & Gabbana?
— Pode apostar. — Ele pisca.
— Então, vou pedir a Julian para ser meu acompanhante. — Eu
olho para Eric, esperando que ele entenda.
— Querida, estou feliz que seu jardim esteja sendo regado — ele
diz, fazendo círculos com os dedos enquanto aponta para minha virilha.
— Emma será meu par. Temos tudo planejado. Agimos como um casal,
então podemos andar por aí explorando o potencial. Então, no meio do
caminho, ela espirra champanhe em mim e me diz que, embora eu seja
um amante fantástico com o maior pau que ela já viu, ela está cansada
do meu jeito workaholic. É então que esperamos que alguém apareça,
me revistando, dizendo que posso fazer melhor do que ela. Começamos
a conversar e, antes que você perceba, estamos escolhendo padrões de
porcelana na Williams-Sonoma.
— Isso é algum plano. O que Emma ganha com isso? — Eu
pergunto, tentando conter meu riso.
— Ela pode passear comigo, o amante fantástico.
Pobre Emma. Sei muito bem como o poder de persuasão de Eric
pode causar problemas.
É meio-dia quando finalmente vou até aquele novo restaurante
japonês na esquina. Entro pelas portas giratórias, localizando Julian
imediatamente.
— Ei linda. — Seu rosto se ilumina quando ele se inclina,
beijando-me suavemente nos lábios. Ele cheira tão masculino. Eu queria
perguntar a ele o que ele usa, para que eu possa ir para Bloomingdales
com Eric e borrifar tudo em mim como uma perseguidora enlouquecida.
— O que, sem capa?
Com um sorriso malicioso, ele inclina a cabeça fazendo aquela
coisa sexy com os olhos. Quero dizer, sério, estou imaginando coisas
selvagens envolvendo capas, máscaras, cintos - tudo na bat cravena.
— Está na lavanderia — ele responde brincando.
Julian pega minha mão, levando-nos a uma mesa que ele reservou.
Ele desliza meu blazer pelos meus ombros, passando a mão pelo meu
braço. Eu posso sentir arrepios se formando. Este homem vai ser meu
marido. Apesar de minha discussão anterior com Nikki, aprecio a ideia
de ser sua esposa.
Percorremos o menu discutindo nossas opções antes de nos
decidirmos pela escolha do chef do dia. Conversamos sobre o trabalho e
sei que preciso convidá-lo para ser meu acompanhante no baile
beneficente no sábado à noite, encerrando o assunto.
A comida finalmente chega e nós devoramos cada garfada.
Avaliação de cinco estrelas de mim. Não sei como Eric escolhe isso todas
as vezes. Seu gaydar é perfeito quando se trata de comida e moda.
Há um momento de silêncio, minha deixa para acabar logo com
isso. Estou tão hesitante. Agora, ele estará presente neste importante
evento como meu noivo. Quase como se pudesse sentir minha hesitação,
ele leva minha mão aos lábios e beija meu anel de noivado. Eu sinto meu
corpo relaxar apenas com seu toque.
— Eu amo este anel em você — ele murmura.
— Eu amo que você ama este anel em mim.
Colocando minha mão para baixo, ele mostra seu sorriso perfeito
antes de dar uma mordida em sua comida.
— Então, há essa coisa no sábado à noite. Eu estou querendo
saber se talvez você possa estar interessado em ir comigo? Eu sei que
você disse que odeia se misturar com a elite, a menos que seja para um
furo de reportagem...
— O baile de caridade? — ele pergunta, tentando manter uma
cara séria.
— Hum, sim, como você sabia?
— Eric já me preparou um terno. Eu só estava esperando para ver
quanto tempo eu teria que esperar antes de você perguntar. — Ele ri.
Pego meu guardanapo, dando um tapa no braço dele. — Eu não
posso acreditar em você! Então, todo esse tempo eu estava nervosa por
nada? — Eu rio da minha própria estupidez.
— Sinto muito, é só que você parecia tão fofa toda nervosa e
inquieta. Achei que era por causa do anel. — Ele pega minha mão,
lentamente beijando meus dedos. — Não se preocupe, recebi meu
castigo. Você sabia que Eric me fez experimentar vinte ternos ontem? Eu
não estou exagerando. E ele me fez andar para cima e para baixo na loja,
posando no que só pode ser descrito como a pose de Blue Steel de
Zoolander.
Comecei a rir de novo. Isso é tão Eric. Eu o vi fazer isso com Rocky
mil vezes. Ele canaliza seu Tim Gunn interior. É fácil, a coisa mais
engraçada de todas.
— Oh, Julian, eu sei... oh... isso é hilário. Sinto muito — eu tropeço,
incapaz de conter o riso.
— Então ele continuou dizendo: 'Faça funcionar, pessoal!' Nesse
ponto, eu estava tipo, 'Que pessoal? Sou só eu.'
Estou prestes a fazer xixi nas calças, e a parte mais engraçada é
que me lembro de como Eric fica sério quando diz isso, parado ali com
os braços cruzados.
Minha cabeça cai para trás, o riso contagiante entre nós. Julian é
bom em não se levar muito a sério, é outra coisa que adoro nele.
— Você fica tão linda quando ri, Charlie. Faça cinco.
— Cinco o quê?
— Crianças.
Desta vez, eu relaxo. Isso não me apavora. Este homem é perfeito
e eu quero seus filhos, todos os cinco. Quem se importa com o que as
outras pessoas pensam sobre nos movermos rápido demais? Quando
está certo, está certo. Nada vai ficar no nosso caminho, e vou me
certificar de que continue assim.
— Ok. Cinco — eu concordo, levantando minha taça para tomar
um gole de vinho. — Mas você percebe que nossa vida sexual será um
surto de rapidinhas aleatórias em silêncio? Pelo menos é o que Nikki
vive me dizendo.
Seu sorriso se alarga. Ele me puxa e me beija tanto quanto você
pode beijar uma pessoa em um restaurante lotado sem ser convidado a
sair.
— Eu te amo, Charlie Mason, mãe dos meus futuros cinco filhos.
Um calafrio percorre minhas costas — uma sensação estranha,
como quando você sabe que está sendo observada, ou quando está
observando caçadores de fantasmas e está tentando não cagar nas
calças porque pode sentir uma presença na sala. Acalmando-me,
examino meus arredores. À minha direita está um casal discutindo. Eu
posso dizer que é sobre outra mulher, as palavras 'pau ambulante' são
ditas alto o suficiente para as pessoas atrás de mim se virarem e
olharem. Desvio meus olhos diretamente para Julian, onde alguns
turistas japoneses estão segurando sushi em pauzinhos contra a luz,
examinando os pães. É engraçado até que uma senhora mais velha olha
para mim, balançando a cabeça em desapontamento. Entediada com
eles, então olho para a minha esquerda.
Com um olhar incrédulo, minha postura de repente endurece,
cada músculo do meu corpo ficando rígido. Minha cabeça começa a girar,
suores frios surgindo sob minha blusa larga. Pisco os olhos, implorando
para que essa alucinação siga seu curso.
Mas isso não acontece, e olhando diretamente para mim estão
aqueles olhos, aqueles olhos esmeralda.
Isso não pode estar acontecendo, não aqui, não agora.
De repente, começo a entrar em pânico, meu peito aperta
enquanto minha respiração fica mais rápida, sufocando minha
capacidade de respirar. Meu estômago dá um nó, a vontade de vomitar
persiste com todo o resto. Isso é fruto da minha imaginação. Tem que
ser.
— Você me daria licença? Eu preciso usar o banheiro.
Eu me levanto da minha cadeira tão rápido que quase tombo e
caminho direto para o banheiro, evitando contato visual com qualquer
pessoa, mantendo minha cabeça baixa. Eu o ouço chamar meu nome e
tento ignorá-lo, a adrenalina corre por mim a cada passo que dou.
Mãos agarram meu braço, e essa onda me choca, fazendo-me
choramingar levemente. Apenas seu toque já me fez sentir assim, e
contra o meu melhor julgamento eu me viro para enfrentar meu
demônio.
— Eu procurei por você depois que você partiu — diz ele, sua voz
me assombrando enquanto ele fala.
É ele? Seu sotaque é virtualmente britânico, há apenas um leve
toque de americano. Isso não soa como ele. Por que ele teria um sotaque
britânico? Estou sem saber o que dizer. Ele me procurou? Não é
impossível me encontrar.
A fúria está borbulhando dentro de mim como uma tempestade
furiosa pronta para lançar um raio no céu. Minhas bochechas queimam,
sem dúvida coradas enquanto luto para conter minhas emoções. Eu
tinha imaginado como seria esse momento mil vezes, cada vez que o
discurso se tornava mais e mais longo. Eu quero que ele sinta dor, para
marcá-lo como ele fez comigo. Eu quero quebrá-lo, mas minha língua
está amarrada. As palavras não se formam, e deixo escapar a primeira
coisa que me vem à mente. — Obviamente, não forte o suficiente!
Alex estreita os olhos, confuso e quase sem palavras. Nunca pensei
que em um milhão de anos nossos caminhos se cruzariam novamente.
No entanto, aqui estou eu, com raiva e magoada, mas acima de tudo,
tentando ignorar o quão bonito ele ainda é.
Ele está se elevando sobre mim em um terno preto, camisa branca
e gravata azul escura. Seu cabelo está exatamente como eu me lembro,
cor de bronze, embora cortado um pouco mais curto e penteado para o
lado. Meu olhar vagueia para seu rosto perfeitamente esculpido com um
maxilar forte, bem barbeado, mostrando sua pele bronzeada. A
esmeralda em seus olhos brilha enquanto ele continua a olhar para mim
como se estivesse procurando por algo.
Ele quer 'falar', mas não há mais nada a dizer.
As palavras não podem apagar o que talvez pareça uma vida cheia
de mágoa e tristeza.
Nego o que éramos há nove anos porque desta vez é mais fácil
afastá-lo.
Por um momento, acho que ele mudou enquanto conversamos,
que talvez tenha amadurecido e superado o que éramos. Talvez ele só
queira dizer olá e ser civilizado - isso é até ele mencionar Julian.
Agindo defensivamente, tentando proteger meu relacionamento
recém-descoberto, atiro de volta para ele com uma enxurrada de
comentários ofensivos.
Eu quero que ele sinta a dor que eu senti por anos.
Eu quero que ele entenda quanta dor ele me causou.
E mais do que tudo, quero gritar com ele por tudo que ele me fez
passar.
Mas, em vez disso, digo um simples adeus e vou embora.
Meu coração afunda quando uma onda de culpa toma conta de
mim.
Acabou, Charlie, digo a mim mesma. Está tão acabado.
Cerrando meu maxilar sem saber, eu rapidamente esboço um
sorriso, tentando o meu melhor para não mostrar a Julian o quanto estou
com raiva, mas estou completamente abalada. Mal consigo voltar, muito
menos pensar em terminar minha refeição. Preciso sair daqui agora.
— Você está bem, linda? Você parece um pouco corada.
Julian coloca um pouco de água no meu copo e, de repente, minha
garganta fica muito seca. Eu bebo o copo inteiro de água, a sensação de
náusea ainda revirando na boca do estômago.
— Estou bem. Eu quase tropecei na bolsa desta senhora que ela
tinha no chão, mas me recuperei sem muito constrangimento. — Dentro
da minha mentira, eu forço um sorriso novamente. — Você se importa
se nós saímos? Esqueci que tenho uma reunião com um cliente em uma
hora para a qual não me preparei.
— Claro que não, linda.
Eu me ofereço para pagar a conta, mas ele recusa, coisa típica de
homem, claro. Começamos a nos afastar da mesa e, por uma fração de
segundo, meus olhos encontram os dele.
Aqueles olhos que me perseguem durante o sono.
Aqueles olhos dos quais não consigo escapar, não importa o
quanto eu tente.
Aqueles olhos que roubaram meu coração e nunca o devolveram
de verdade.
Aqueles olhos que pertencem ao primeiro e único Alexander
Edwards.
Vê-lo novamente me leva de volta a lugares que jurei nunca mais
voltar, a dor que não me permito mais sentir. Por que a vida quer jogar
uma bola curva gigante quando está apenas começando a parecer certa?
Eu sou a pessoa parada no meio da multidão, e a única a ser cagada por
um pássaro voando.
Isso resume minha vida em um pacote legal.
No entanto, não consigo tirar da minha cabeça a aparência dele, o
jeito que ele soa, o jeito que ele cheira. É tudo surreal como se eu
estivesse sentada no DeLorean de De Volta para o Futuro, voltando nove
anos atrás, e lá estou eu de novo. Lá está ele de novo. Como isso
aconteceu? E apenas um dia depois que Julian me pediu em casamento?
Passei a tarde toda atordoada, incapaz de me livrar do que
aconteceu antes. Tento me ocupar com o trabalho, mas é inútil. Por volta
das quatro horas, Nikki invade meu escritório e sabe imediatamente que
algo está errado.
— Ok, cuspa. O que você tem?
— Nikki, algo aconteceu hoje — eu abafado com minha cabeça
enterrada em minhas mãos. — Eu realmente não queria mencionar isso,
mas está me consumindo por dentro.
— O que é?
Levanto a cabeça, respirando fundo. — Encontrei um ex enquanto
almoçava com Julian.
— Parece estranho.
— Sim, foi, mas é mais do que isso. Eu realmente não posso
explicar isso. Há muita história entre nós e terminamos em más
condições.
— Espere, este é o Alex? — ela questiona, apreensão em seu tom.
— Sim... mas como você sabe o nome dele?
— Querida, eu te conheço há oito anos. Naquela época, eu poderia
lhe dar uma lista de caras com quem você esteve, nenhum deles,
acredito, era alguém especial. Exceto na faculdade, tudo o que você
falava enquanto dormia era sobre esse tal de Alex. Eu sabia que havia
algo ali, mas nunca perguntei. Achei que, se você quisesse falar sobre
isso, falaria.
— Eu não sabia que tinha feito isso — eu sussurro, surpresa. — É
estranho, eu nunca em um milhão de anos esperei encontrá-lo. Agora
que fiz, tenho tantas perguntas que preciso responder. Eu odeio ter
demorado uma eternidade para seguir em frente, e agora essa ferida se
abriu novamente.
— Parece-me que você precisa de um encerramento. Você
conseguiu o número dele?
— Não. Isso me pegou de surpresa. Eu disse algumas coisas, não
coisas legais. Eu preciso esquecer isso, certo? Em uma cidade com tanta
gente, quais são as chances de encontrá-lo novamente?
— Eu não sei, um milhão para uma. Charlie, você obviamente tem
sentimentos não resolvidos. Você não pode ter um futuro com Julian se
não resolver seu passado.
Eu entendo o que ela está tentando dizer, mas pensei que tinha
deixado o passado para trás. Nikki me conhece muito bem.
Colocando o braço em volta de mim, ela me lembra de nossa prova
amanhã à noite, tirando minha mente dos eventos de hoje por um
minuto.
Está tão acabado entre Alex e eu.
Assim como Nikki disse - quais são as chances de encontrá-lo
novamente?
Um milhão para uma.
CAPÍTULO DOZE

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

Maldito carro estúpido.


Eu virei minha chave, a ignição parando enquanto eu tentava ligá-
lo. De todos os dias, tinha que acontecer hoje. Estava chovendo lá fora e
eu não queria sair do carro na chuva, mas parecia que não tinha outra
escolha.
Era agora ou nunca.
Abri a porta o mais rápido que pude, puxando o capô para
inspecionar a bateria. Meu pai me ensinou um pouco sobre motores e
carros. Eu sabia o suficiente para saber que o barulho do carro
significava que a bateria estava descarregada. Porra! E meu telefone
morreu porque eu estava muito ocupada enviando mensagens de texto
o dia todo na escola. Faz bem para mim por ter me envolvido nas fofocas
que Adriana continuou atirando em mim.
Meu carro estava estacionado nos fundos da escola, o
estacionamento agora vazio, pois os alunos haviam saído há mais de
uma hora. Fiquei na biblioteca estudando para minhas provas finais até
que a bibliotecária teve algum tipo de emergência e ela me perguntou se
poderia fechar mais cedo. Corri de volta e sentei no carro, colocando
minha cabeça contra o volante.
Este dia explodiu totalmente.
Houve uma batida na janela.
Assustada, olhei para cima e vi Alex. Ele ainda estava vestindo seu
uniforme e isso me deixou com a língua presa. Nunca pensei que alguém
pudesse parecer tão gostoso em trajes médicos, mas, novamente, ele
poderia fazer um saco de batatas parecer bom.
— Deixe-me adivinhar, bateria descarregada?
— Eu acho que sim. Você costuma passar pela escola procurando
garotas e carros quebrados? — Eu perguntei, cautelosamente, com a
janela ligeiramente aberta.
— Nossa, Charlotte, demita o America's Most Wanted. Eu estou
supondo que você assistiu aquele episódio na semana passada com
aquela colegial e o psicopata empunhando uma faca?
Colocando a cabeça sob o capô, ele mexeu na bateria e voltou para
a janela. Esticando o braço, tentou ligar a ignição. Fez o mesmo som
agitado.
— Ok, bateria descarregada. Eu tenho cabos jumper em minha
casa. Podemos ir buscá-los, para que possamos pelo menos dar partida
no seu carro e levá-lo para casa.
— Tudo bem, posso esperar aqui.
Ele me encarou, confuso com minha expressão cautelosa. — Mas
você não assistiu ao episódio daquela garota parada no ponto de ônibus
quando um ônibus parou com os prisioneiros fugitivos?
Sim, eu tinha. Dane-se ele por apontar isso. Ainda era dia, embora
não demorasse muito até o sol desaparecer, então meus nervos estavam
levando a melhor sobre mim.
— Ok, tudo bem, vamos — eu bufei, irritada. — Mas você está me
seguindo para casa no caso de alguém aparecer e mexer em outra coisa.
Tranquei meu carro e subi em seu Jeep preto. Eu estava
encharcada e meus lábios começaram a tremer quando o frio tomou
conta de mim.
Alex ligou o aquecedor do carro e tirou a blusa, vestindo apenas
uma regata branca por baixo. Eu não pude deixar de olhar, obviamente.
Ele se inclinou para o banco de trás e pegou uma camiseta com o nome
Edwards rabiscado nas costas e jogou para mim. — Aqui, coloque isso.
— Não, está tudo bem. Eu estou bem, Alex — eu respondi, não
muito convincente enquanto meus dentes batiam.
— Eu não estou aceitando não como resposta. Mude para isso, ou
você vai pegar um resfriado, sem contar uma gripe. Há um caso grave
desse vírus desconhecido circulando. Eu vou virar. — Ele se virou para
a janela do lado do motorista, permitindo-me um pouco de privacidade.
Eu encarei o lado oposto dele, puxando lentamente minha blusa.
Até meu sutiã estava encharcado. Eu desabotoei os ganchos e
rapidamente puxei a camisa sobre mim enquanto tirava meu sutiã. Não
é um pequeno esforço em um pequeno confinamento. De repente, a
atmosfera mudou quando olhei para Alex, seu rosto estava confuso. Sim,
ok, eu deixaria este ir. Fiquei seminua por um segundo, e ele era um cara
de sangue quente, apesar da aliança de casamento em seu dedo.
— Melhor?
Ele se inclinou e afastou uma mecha de cabelo molhado do meu
rosto. De repente, o carro ficou quente, o ar estava carregado, minhas
bochechas coraram com o aumento da temperatura. Se era pelo calor ou
pelo toque dele, eu não sabia dizer.
Paramos na casa dele. Era uma casinha em uma parte isolada da
cidade, muito fofa, me lembrou muito o João e a Maria. Ele abriu a porta
da frente, acendendo a luz. Eu o segui pelo corredor enquanto ele
continuava a acender algumas luzes.
— Samantha não está em casa. Ela está em São Francisco para
passar a noite cuidando do sobrinho. — Ele olhou, observando minha
reação. Fiquei aliviada. Não que eu estivesse fazendo algo errado, mas
havia algo nele que me deixava confortável. Senti meu corpo relaxar.
— Lugar legal. É muito aconchegante.
Entramos na sala, meus olhos atraídos para a enorme lareira
aninhada contra a parede dos fundos.
— Vai servir por agora. Infelizmente, minha esposa não parece
achar que é bom o suficiente.
— Eu adoraria um lugar como este. Mas, novamente, eu amo
lareiras. Nada melhor do que se aconchegar na frente de alguém lendo
um bom livro.
— Você não parece uma adolescente normal. — Ele riu.
— Defina normal?
— Bem, definitivamente, não minha irmã — ele repreendeu. —
Eu estarei de volta em um segundo. Vou tentar encontrar esses cabos de
jumper. Sirva-se de qualquer coisa na cozinha se estiver com fome.
Sozinha na sala, fui até a lareira para olhar os porta-retratos
perfeitamente alinhados. Havia uma de Alex no dia de sua formatura
orgulhosamente com sua mãe e seu pai, outra de Alex e Adriana quando
eram crianças. Era adorável. Ambos usavam chapéus de caubói e
seguravam uma casquinha de sorvete com três bolas. Parecia enorme
em comparação com eles. Havia alguns outros que presumi serem de
Samantha e suas irmãs. O que me chamou a atenção foi a deles no dia do
casamento. Ela estava deslumbrante em seu vestido. Seu rosto estava
radiante quando ela olhou em seus olhos. Alex a estava segurando, seus
olhos em um tom diferente de esmeralda do que eu normalmente via.
Eu não tinha ideia de como isso era possível.
Apesar disso, ele parecia feliz, e eu me lembrei novamente de
ignorar esses sentimentos que estavam começando a crescer dentro de
mim. Meu foco precisava estar nas minhas notas se eu quisesse
frequentar uma escola da ivy league no próximo ano.
— Eu os encontrei — ele murmurou, parado atrás de mim.
Não estávamos nos tocando, mas a eletricidade irradiava dele. Sua
respiração lenta soprava contra minha pele, levando meu corpo a um
frenesi. Fechei os olhos, apenas por um segundo, permitindo-me viver o
momento. Seu rosto estava a centímetros do meu. Comecei a entrar em
pânico porque essa luta em torno dele era um território desconhecido.
Até entender o que eram esses sentimentos, precisava manter distância.
Felizmente, seu telefone começou a tocar e nos livrou da tentação.
Ele atendeu a ligação na cozinha, falando brevemente antes de desligar
e voltar para a sala, porém, desta vez, parando a alguns metros de
distância.
— Desculpe, era Samantha, falando muito sobre o sobrinho dela.
— Seu tom é amargo, e eu não tinha certeza se era por causa da conversa
de bebê ou pelo fato de ela ter ligado e nos interrompido.
— Vocês estão pensando em ter filhos em breve?
Eu me arrependi de perguntar quase imediatamente.
— Ela quer, mas acho que somos muito jovens. — Ele suspirou.
Claramente, era um assunto delicado.
Por que, oh, por que eu abri minha boca grande e trouxe isso à
tona? Agora eu tinha imagens deles fazendo sexo. Eu estava ficando
irritada comigo mesma, e esse estranho sentimento possessivo estava
me incomodando. Esse ciúme era todo tipo de errado.
— Sinto muito, Alex. Eu não queria me intrometer.
— Não, está tudo bem. É que estou meio cansado desse tópico
sendo levantado. Não entendo por que ela não consegue ver como
somos jovens. Que ainda há tantas coisas para fazermos antes de nos
estabelecermos... como nossas carreiras, viajar. Tem certeza de que não
quer beber ou comer nada? — ele perguntou educadamente, mudando
de assunto.
Eu estava começando a me sentir estranha por estar aqui, não com
ele, apenas neste lugar – a casa dela. O sentimento me atormentou, as
vozes na minha cabeça me dizendo para deixá-lo ir, sair e não olhar para
trás. — Não, eu estou bem. Nós provavelmente deveríamos voltar. Está
ficando mais escuro lá fora.
Ele pegou as chaves e os jumpers, apagando todas as luzes antes
de voltarmos para o carro. Subi, desta vez a música estava baixa, tocando
uma balada do Bon Jovi. Estávamos estranhamente quietos. Eu tinha
feito algo errado? Eu queria olhar para ele, mas estava com medo de que
ele me pegasse em flagrante.
— Nunca cheguei a agradecer por me ajudar com a coisa toda do
vestido de baile. Foi muito engraçado ver a reação de Adriana.
Infelizmente, ela foi uma dor no meu traseiro o dia todo, mas eu aceitaria
isso ao invés de experimentar vestidos.
— Então, funcionou? Eu estou supondo que você eventualmente
terá que comprar um, certo?
— Sim, infelizmente, eu tenho. Estupidamente, concordei em ir
com um cara na escola alguns meses atrás. Ainda estou me criticando
por dizer sim, mas ei, sempre há compras online.
— Quem? — ele perguntou, sua voz mudando de tom.
— Quem o quê?
— Com quem você vai ao baile?
— Ah... Carter. Ele é apenas um cara que eu conheço praticamente
desde o colegial.
— Como o garoto Evans? Boa sorte com isso. O idiota não
consegue nem lançar uma bola direito.
— Espere, estamos falando de beisebol ou sexo? Número um, não
ligo para esportes. Número dois, não pretendo fazer sexo com ele. Nem
todo baile precisa terminar em um quarto de hotel alugado barato,
exceto para sua irmã.
Opa, pessoa errada para trazer esse assunto à tona.
— Por favor, não entre na vida sexual da minha irmã. Aos meus
olhos isso não existe nem nunca existirá.
— Não é tão ruim. Você tem que se acostumar com eles sendo um
casal. Sexo não é grande coisa. Pelo menos ela está com uma pessoa. A
maioria das garotas da nossa idade muda de parceiro com mais
frequência do que de roupa íntima.
— Você troca de parceiro sexual com mais frequência do que de
roupa íntima?
— Ok, esta conversa agora atingiu o ponto mais alto de
estranheza — digo a ele, incapaz de impedir meu rosto de corar de
vergonha. — Não, eu não, mas não sou como todas as outras garotas de
dezoito anos. Você mesmo disse isso.
Finalmente chegamos ao meu carro e eu não poderia estar mais
grata. Ele abriu o capô e conectou os fios da bateria, prendendo a outra
ponta no carro.
Finalmente ligou.
Aleluia!
Alex removeu os cabos e fechou o capô.
— Tudo feito. Tem certeza que você vai ficar bem?
— Eu vou ficar bem. — Eu sorri, aliviada por não ter que chamar
meu pai para vir me ajudar, já que sabia que ele estava na estrada hoje
e não chegaria em casa até tarde. — Obrigada por toda sua ajuda.
Inclinando minha cabeça para cima, eu o beijei na bochecha. Eu o
peguei de surpresa, demorando mais do que deveria, perdida em seu
cheiro e na sensação de sua pele. Eu me afastei, a perda de contato
insuportável.
Alex suspirou.
Será que ele sentiu isso também?
Pense em outra coisa, Charlie, em qualquer outra coisa. Por que o
céu é azul? Qual é a raiz quadrada de pi? Está funcionando. Meu eu
interior deu um high-five no meu cérebro.
— Não se esqueça, oito esta noite. É a continuação dos caroneiros
que desapareceram na Rota 66.
— Você é uma pequena pervertida, Srta. Mason — ele respondeu,
sorrindo enquanto fechava minha porta.
A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi pular em um
banho quente. Fiquei lá por cerca de meia hora, permitindo que a água
relaxasse meus músculos. Eu me sentia extremamente tensa, o tipo de
tensão que normalmente seria aliviada com uma massagem. Meus
pensamentos vagaram novamente, então eu rapidamente desliguei a
água. Como eu iria passar a noite?
Eu estava de pijama quando me joguei no sofá, armada com minha
tigela de pipoca e um rolo de macarrão. Era meu cobertor de segurança,
além de machucar qualquer um que chegasse perto de mim. Peguei meu
celular, agora totalmente carregado, e decidi enviar uma mensagem de
texto para Alex para agradecer.
Não foi o rolo de macarrão que me acompanhou até a cama
naquela noite. Era sua camisa de hóquei. Segurei-a com força, inalando
seu cheiro.
Fato - ele era casado.
Mas ele estava feliz?
As breves conversas que tivemos sobre esse assunto indicavam
que ele não estava, mas estava ligado a ela, na saúde e na doença, até que
a morte os separasse e abandonasse todos os outros.
Eu segurava um fósforo, acendia o querosene, brincava com fogo.
E daí? Fodemos uma vez e isso arruína o casamento dele? Eu não
era esse tipo de garota, e Adriana? Ela era minha melhor amiga e nunca
me perdoaria. Esses pensamentos precisavam sair da minha cabeça.
Sonhos imaturos e adolescentes com alguém que eu não poderia ter.
Eu me revirei naquela noite, repassando tudo em minha mente,
adormecendo ao raiar do dia.
CAPÍTULO TREZE

LEX

PRESENTE

Sento-me à mesa tentando me concentrar na reunião de negócios.


É impossível.
Preciso cuidar das coisas e minha mente tem perguntas que
precisam ser respondidas. Como diabos isso aconteceu? De todos os
lugares do mundo, ela está aqui, em Nova Iorque, comendo comida
japonesa com ele, seja lá o que ele for. Tenho que encerrar a reunião.
Preciso de respostas agora.
— Sr. Klein, os números que você mostrou atendem às nossas
expectativas de lucro. Prepare seu plano de negócios para mim antes de
eu partir na segunda-feira.
— Claro, Sr. Edwards. Foi um prazer fazer negócios com você
novamente — responde Klein.
Todos nós ficamos de pé, apertando as mãos uns dos outros.
Assino o cheque e pego meu telefone, discando imediatamente o
número de Kate, pedindo-lhe para me encontrar no hotel.
Do lado de fora do restaurante, sou recebido pela brisa morna. Há
quanto tempo ela está em Manhattan? Ela estava toda arrumada –
gostosa pra caralho, na verdade. Eu me pergunto qual é a profissão dela?
Porra, eu preciso de respostas. Minha mente está dispersa e não consigo
processar nada do meu jeito normalmente controlado.
Chamo um táxi, sem me dar ao trabalho de chamar meu motorista
para vir me buscar. O táxi entra no trânsito, apenas para dar de cara com
o sinal vermelho assim que viramos a esquina. Pego meu telefone e
percorro meus contatos até encontrar o número dele. Bryce Callahan foi
recomendado por um parceiro de negócios próximo e tinha um preço
alto. Nunca fiz perguntas sobre seu passado, sabendo que sua linha de
trabalho não era exatamente legal.
— Bryce, é Edwards. Preciso que procure alguém para mim.
— Sim, Sr. Edwards.
— Charlotte Olivia Mason. Ela mora aqui em Manhattan, suponho
— digo a ele, apenas percebendo que esta missão pode ser uma agulha
no palheiro. Ela poderia residir no Brooklyn, Long Island, e as
possibilidades são infinitas com um estado tão grande.
Bryce faz mais algumas perguntas, incluindo sua data de
nascimento. Eu respondo tudo que posso, desesperado por qualquer
coisa sobre ela.
— Preciso dessa informação hoje. Qualquer coisa que você
conseguir — eu exijo, não querendo perder tempo.
— Sim, Sr. Edwards. Eu ligo para você assim que descobrir alguma
coisa.
Eu termino a ligação, minha mente ainda se recuperando dos
acontecimentos. Charlotte estava com raiva, e eu entendo que saí sem
lhe dar uma explicação, mas, novamente, foi há nove anos. Achei que ela
ficaria feliz em me ver, como dois amigos de longa data, só que não
éramos dois amigos de longa data. Eu prometi coisas a ela. Prometi a ela
um futuro e não tive escolha a não ser ir embora, ou pelo menos foi o
que pensei na época.
Passa um pouco das duas quando chego ao Waldorf. A viagem de
táxi não demorou tanto quanto eu esperava. Kate já está na suíte
digitando em seu laptop. Assim que entro, ela se levanta para me
cumprimentar. — Boa tarde senhor.
— Kate, legal da sua parte chegar cedo — eu respondo
sarcasticamente, considerando que sou eu quem está realmente
atrasado.
Então, pareço um idiota, mas estou ficando louco.
Isso não é como eu.
Estou sempre no controle.
O que ela fez comigo?
E tudo isso apenas vendo e conversando com ela.
Retiro meu paletó, jogo-o no sofá e me sirvo de um uísque.
Normalmente não bebo durante o trabalho, mas hoje é diferente. Eu
poderia facilmente engolir a garrafa inteira de um só gole se Kate não
estivesse aqui.
— Qual é a programação para a próxima semana? — Eu pergunto,
rezando para que eu possa ficar aqui.
— Amanhã à noite é o baile de caridade. Sua irmã vai encontrá-lo
aqui às cinco em ponto com seu smoking e, aparentemente, sua... hum...
acompanhante, Brooke. — Ela pigarreia, continuando — No domingo de
manhã você tem outra reunião com o Sr. Klein para falar sobre sua
expansão do After Dark. Duas horas será outra inspeção do novo
escritório. Então, na segunda-feira de manhã, pegamos um voo de volta
a Londres.
Não terei tempo para encontrá-la ou mesmo passar um tempo
com ela. Eu me sirvo de outro copo, o primeiro obviamente não está
funcionando. O primeiro pensamento que passa pela minha cabeça é
cancelar a ida ao evento beneficente.
Sim, vou cancelar isso.
Pelo menos terei toda a noite de sábado livre para encontrá-la.
— Terça-feira às onze é a reunião das partes interessadas. Isso
deve durar até as cinco. A sala de conferências do Hilton foi reservada
para o evento.
Levamos meses para organizar esta reunião. Eu sei que não posso
sair disso. Eu cerro os dentes enquanto ela continua e com base na
programação que ela lê, não estarei de volta a Manhattan por três
semanas.
Andando pela sala em intervalos curtos, eu esfrego minha mão
sobre meu rosto, desejando que a dor de cabeça iminente pare. Estou
começando a me sentir como um adolescente apaixonado, exceto que
tenho trinta e quatro anos, um empresário de sucesso com dinheiro para
fazer o que diabos eu quiser, o que se mostra absolutamente inútil em
um momento como este.
Meu telefone começa a tocar, é Bryce, então vou para o quarto e
fecho a porta atrás de mim.
— Bryce.
— Sr. Edwards, tenho algumas informações sobre a Srta. Mason.
— Prossiga...
— Seu emprego atual é na Mason & Romano, onde ela é sócia da
empresa.
— Empresa?
— Sim. Ela é advogada aqui em Manhattan. A empresa está
localizada na Madison Avenue... — ele aconselha, fazendo uma pausa
enquanto eu ouço em silêncio. — Ela se formou com honras em Yale.
Então ela esteve em New Haven esse tempo todo? A mãe dela não
me deu a menor ideia disso quando fui procurá-la. Eu tento não me
concentrar no arrependimento começando a surgir por não encontrá-la
e dizer a ela o quanto eu estava arrependido. Por que não tentei mais?
Por que não continuei até que ela estivesse em meus braços novamente?
— O status dela é de solteira. Nunca registrado como casada.
Por agora. A raiva está fervendo dentro de mim com o
pensamento. Imagens do anel piscando diante de mim, meu aperto no
meu telefone aumenta enquanto tento manter a calma para processar
qualquer outra coisa que ele tenha sobre ela.
— Ela atualmente possui um apartamento no Upper East Side,
bem como uma casa em Connecticut.
— Qual é a conexão em Connecticut?
— Ainda não consegui uma conexão.
— Obrigado, Bryce. Por favor, atualize-me assim que encontrar
mais alguma coisa.
Desligo o telefone, um pouco mais à vontade agora porque sei
mais sobre ela. Yale, uau. Sempre soube que ela era esperta, mas nunca
mencionou nada sobre querer ser advogada. Nossas últimas conversas
sobre a faculdade foram sobre ela tentando ficar perto de casa e, depois
que nosso relacionamento se tornou mais complicado, grande parte
disso foi para ficar perto de mim.
Minha curiosidade desperta - tudo isso é muito diferente dela.
Ela sempre se afastou do drama, mesmo na escola. Ser advogada e
ganhar a vida argumentando parece muito fora de campo como sua
profissão escolhida. Financeiramente, ela parece estar bem, mas esta
casa em Connecticut continua me incomodando. Não é o tipo de área em
que você investiria, então por que ela teria uma propriedade lá?
Ando até a janela, observando a cidade passar. Só consigo pensar
no fato de que ela se tornou essa linda mulher.
Seu traje é outra coisa que eu não esperava - ela sempre odiou
salto alto e se vestir bem. Os óculos - oh, foda-me de lado. Eu me agito
com o pensamento, meu pau endurecendo. Preciso de uma liberação,
mas Kate está do lado de fora e até eu tenho meus limites. Ajustando
minhas calças, volto para a sala.
Passamos a tarde em teleconferências com Recursos Humanos
sobre o recrutamento do escritório de Manhattan. Se tudo correr
conforme o planejado, teremos um escritório totalmente funcional em
menos de dois meses. Agora, mais do que nunca, quero este escritório
funcionando, me dando uma desculpa para passar mais tempo na
cidade.
Às seis, eu terminei. Kate saiu para passar a noite com uma amiga
que conheceu na cidade, então decido descer até o bar do saguão do
hotel. Está cheio para uma noite de sexta-feira, a multidão de negócios
de sempre relaxando depois de uma semana estressante. Algumas
meninas estão dançando. Sento-me no bar e peço um uísque. Uma das
morenas da pista de dança caminha até o bar, parando ao meu lado.
— Barman! — ela grita, rindo embriagada.
O barman fica no final do bar, tentando o seu melhor para
conversar com outra garota. Jovens, honestamente. Se ele estivesse sob
minha supervisão, eu o teria demitido na hora.
— Oh, vamos lá, com licença!
O barman olha para cima, andando relutantemente para servir a
morena.
— Posso, por favor, pegar outro Cosmo?
Ela é muito gostosa, talvez vinte e poucos anos. Ela tem longos
cabelos castanhos amarrados em um rabo de cavalo alto enquanto usa
uma saia preta curta com um top dourado decotado. Vestida de maneira
grosseira, mas ela tem um belo par de seios. Ela espera no bar antes de
virar na minha direção. Lambendo os lábios, ela me olha de cima a baixo,
nem um pouco envergonhada por ter deixado isso tão óbvio.
— Sozinho esta noite? — ela pergunta, seu corpo se aproximando
do meu enquanto sua mão descansa na minha coxa.
— Isso depende se você vai voltar para o seu pelotão ou ficar e
beber comigo.
Sei que pareço um filho da puta arrogante, mas tenho essa na
manga e preciso de uma liberação depois do que aconteceu hoje.
— Você não é daqui? Eu amo um homem com sotaque. — Ela
sorri.
Nem todas as mulheres americanas? Ela olha para mim, sorrindo,
os lábios cobertos de batom vermelho brilhante. Pulando do banco do
bar, ela agarra minha mão e me arrasta pelo bar até o banheiro nos
fundos. Lentamente olhando ao redor, ela abre a porta, me empurrando
para dentro. Que pequeno foguete. Ela agarra minha calça,
desabotoando-a rapidamente. Puxando-a para baixo, ela libera meu pau.
— Droga, você é um belo espécime. E isso… — ela diz enquanto
coloca a mão em volta do meu pau — …precisa estar na minha boca
agora.
Eu olho para baixo, observando-a absorver tudo de mim até que
eu sinto um toque no fundo de sua garganta. Hmm, ótimo reflexo de
vômito. Fecho os olhos, lembrando-me de quando Charlotte fazia o
mesmo, seus longos cabelos castanhos me cobrindo. Eu agarro o cabelo
da garota, cobiçando os fios castanhos, observando-a, mas tudo que
posso ver é Charlotte, tudo que posso sentir é Charlotte. Não demoro
muito antes de eu precisar gozar, a garota me puxando para fora de sua
boca enquanto ela me masturba em sua mão.
Rapidamente, ela se levanta e lava as mãos enquanto eu levanto
minhas calças.
— Bem, há uma primeira vez para tudo — diz ela, soando
bastante confiante.
Acho engraçado que essas jovens pensem que dar cabeçadas as
torna poderosas. Muito pelo contrário. Não precisei implorar por isso,
querida. Porra, eu não tive que fazer nada.
Ela sorri mais uma vez e sai do banheiro. Vou até a pia, lavo as
mãos e jogo água fria no rosto. No que eu estava pensando? Não é como
se isso não tivesse acontecido antes, mas nunca me permiti pensar em
Charlotte quando estava com outra pessoa.
Saio do bar sem me despedir enquanto passo e volto para minha
suíte. Estou tão fodido, preciso esquecer. Por que não consigo esquecer?
Indo até o banheiro, ligo o chuveiro para a água escaldante, desesperada
para lavar o que aconteceu lá embaixo.
Subo na cama, tentando desligar minha mente, mas não consigo.
Pego meu telefone na mesa de cabeceira e sucumbo ao que adiei nos
últimos nove anos: digito o nome dela em um mecanismo de busca.
Existem fotos aleatórias de outras garotas, mas nenhuma que se
pareça com ela. Eu percorro, desesperado para encontrar qualquer
coisa. Deve ser por volta da sexta página onde encontro uma pequena
foto. Clico na miniatura vinculada a um site da turma de Yale. Tem uma
foto da Charlotte com um cara, Finn. Eu o reconheço imediatamente. Ela
está sorrindo, ela parece feliz.
Eles ficaram juntos depois que eu parti?
Posso sentir a raiva crescendo novamente, mas sei que não tenho
o direito de me sentir assim.
Sabendo que tornei a situação ainda pior para mim, desligo o
telefone. Por que diabos eu não posso simplesmente deixar isso para lá?
Há muita história entre nós e preciso que ela saiba o quanto me
arrependo de minhas ações. Na época, agi como um covarde tímido e
deveria ter seguido meus instintos. Eu deveria ter seguido meu coração.
Por nove anos, enterrei o que tínhamos e me afoguei no meu
trabalho.
Sim, valeu a pena, mas vale a pena no final?

— Lex, fique quieto, ou não consigo por dentro.


Dentro da minha suíte de hotel, minha irmã, Adriana, está se
preocupando comigo. A gravata borboleta que ela comprou não está
cooperando e, como sempre, é a maior emergência de todas. Minha
tentativa de cancelamento foi frustrada porque Adriana me deu uma
lista de clientes que estarão presentes e, portanto, classificou o evento
como uma grande oportunidade de negócios.
Eu detesto esses malditos eventos.
Eles são apenas um desfile de pessoas exibindo quem tem o maior
talão de cheques. É justo, é para caridade, mas esses sanguessugas doam
para que seus negócios estejam em toda a mídia. Eu teria doado o
dinheiro de bom grado e não comparecido, mas quando você é parente
de Adriana Edwards, esse luxo não existe.
— Ok, pronto. — Ela fica para trás, admirando seu trabalho. —
Você parece bem, irmão mais velho. Graças a mim.
— Se não fosse pelo terno, eu não teria nenhuma esperança com
as mulheres. — Eu sorrio, mas rapidamente, minha expressão fica séria.
— Escute, Adriana, preciso falar com você sobre uma coisa.
— É um pedido de desculpas por como você magoou meus
sentimentos e deixou o restaurante furioso?
— Uh, não... mas eu sinto muito. Olha... você sabe que essa merda
de casamento é demais para mim.
— Não para irritar a besta novamente, sobre o que você quer falar
comigo?
Eu tenho adiado desde que aconteceu, mas agora é a hora de trazê-
lo à tona. Minha cabeça ainda está uma bagunça, e só Adriana sabe de
toda a história. Se alguém pode me fazer entender o que diabos está
acontecendo, é minha irmã, a ex-melhor amiga de Charlotte.
— O que é? — ela repete, distraída enquanto se fixa no espelho. É
um lindo vestido azul-marinho, Valentino, eu me lembro dela dizendo.
Como eu dou a mínima, mas ela ainda fica bem nele.
— Eu vi Charlotte.
Ela para de ajustar o vestido, seus olhos encontram os meus no
espelho antes de se virar abruptamente. — Onde e quando? — Sua voz
está ansiosa. Eu sei o que Charlotte significava para Adriana. A amizade
delas foi uma grande parte de sua vida que eu estraguei para ela. Outra
pessoa apanhada na tempestade de merda que eu criei.
— Eu tive uma reunião de almoço outro dia. Ela estava lá no
restaurante com um cara. — Eu aperto minhas palavras, pensando
desesperadamente em maneiras de me livrar dele.
— Oh meu Deus, Lex. Sério? Entre todos os lugares, aqui? Você
falou com ela?
— Sim, eu fiz — eu resmungo, ainda sentindo a dor de suas
palavras. — Ela estava brava. Eu não esperava que ela estivesse depois
de todos esses anos. Eu queria uma chance de explicar, mas ela disse
para não se incomodar, era apenas uma aventura do ensino médio.
— Mas, Lex, não foi apenas uma aventura do ensino médio... —
Adriana se interrompe, baixando o olhar. — Então, você não teve a
chance de explicar a ela o que aconteceu com Samantha e o bebê?
— Não, eu não fiz. Ela correu rapidamente para seu... noivo. — Eu
cerro os dentes quase cuspindo as palavras.
— Noivo? Como você sabe? — Eu posso ouvir a esperança em sua
voz. Adriana, sempre otimista. — Talvez fosse apenas um amigo?
— O anel enorme em seu dedo era uma denúncia inoperante. Eu
perguntei, e ela respondeu com raiva que ele era seu noivo.
— Lex, por que você fez isso? — Adriana levanta as mãos
frustrada. — Sabe, se ela for como eu, provavelmente você a empurrou
para mais perto dele.
— Oh nossa, obrigado, mana. Que pensamento maravilhoso de se
ter na cabeça.
Andando pela área à nossa frente, esfrego minhas mãos no rosto,
me arrependendo de minhas ações mais uma vez. Eu realmente fiz isso?
Empurrá-la ainda mais para ele? Eles estão noivos pelo amor de Deus!
Quanto mais posso empurrá-la? Foda-se, essa espiral de pensamentos
está piorando tudo. Sento-me no sofá, inclinando a cabeça enquanto
passo os dedos pelo meu cabelo.
— Como ela estava?
Olhando para o tapete, tento me acalmar. Meu olhar se move para
cima até que meus olhos encontram os de Adriana. — Linda.
Nossa conversa é interrompida quando Elijah, noivo de Adriana,
entra na sala seguido por uma atraente loira.
— Brooke, por favor, conheça meu cunhado, Lex — ele apresenta,
me forçando a ficar de pé. — Lex, esta é a Brooke.
Ela é linda, cabelo loiro curto, olhos azuis – não estou interessado.
Há apenas uma mulher que eu quero agora, mas eu ajo como o
cavalheiro que minha mãe me criou para ser.
Inclinando-me, beijo a bochecha de Brooke com um sorriso
acolhedor. Depois de uma conversa rápida, é hora de sair. Fico atrás dela
enquanto minha irmã rapidamente me puxa para o lado.
— Lex, eu sei que você está sofrendo. Prometo que
conversaremos mais sobre isso mais tarde — Adriana sussurra, dando
um tapinha no meu ombro enquanto saímos da sala.
Sofrendo?
É isso que é?
Primeiro, depois que a vi, quis me desculpar mais do que tudo. Em
segundo lugar, eu queria foder a luz do dia com ela, me sentir dentro
dela como eu tinha feito um milhão de vezes na minha cabeça.
Mas agora, estou dividido enquanto minhas emoções causam
estragos dentro de mim.
Não sei o que fazer, mas esta noite farei o que faço de melhor: agir
como o CEO arrogante pelo qual sou conhecido. Melhor do que um
perdedor triste e patético ansiando por sua ex.
CAPÍTULO QUATORZE

CHARLIE

Chegamos ao baile às seis em ponto.


A rua está cheia de limusines e veículos de luxo que valem mais
que meu apartamento. Os flashes estão disparando para a direita,
esquerda e centro. Os paparazzi estão correndo como ratos em um cano
de esgoto atacando aqueles que posam no tapete vermelho.
Ao passarmos pelas grandes portas, ficamos maravilhados com a
visão de tudo isso. O grande salão de baile é enorme. Seu tamanho é
grande o suficiente para acomodar toda a elite da cidade de Nova Iorque
e mais alguns.
Os tetos altos são cobertos por fileiras de tecido de organza
drapeado, criando uma sensação medieval com um toque moderno. Um
grande lustre pende do meio, seus cristais refletindo a luz que brilha na
pista de dança. Espalhadas pelo salão estão árvores artificiais com os
galhos envoltos em luzes de fadas.
Há uma banda vestindo smoking preto e branco, perfeitamente
posicionada no palco tocando música swing suave, seus zumbidos e
batidas se afogando no barulho da multidão crescente.
Mais e mais pessoas entram no salão, seus vestidos se tornando
mais requintados conforme elas desfilam pela área. Eu estou no céu. Um
após o outro, posso nomear o designer em minha cabeça. Eu sei que Eric
também está fazendo isso, suas manias estão refletindo nas minhas.
Vejo a principal organizadora do baile beneficente, a Sra. Clyde,
quase imediatamente. Ela me lembra Meryl Streep em O Diabo Veste
Prada. Apenas em sua aparência, lembre-se, pois ela é a senhora mais
doce que você poderia conhecer. Sua generosidade nunca deixa de me
surpreender, e tudo isso é por causa dela.
— O-M-G, pessoal, isso é incrível — Eric murmura em reverência.
Com o telefone na mão, ele tira algumas fotos e começa a digitar
ativamente.
— O que você está fazendo?
— Apenas tirando uma foto do salão de baile. Há uma tendência
de bola de caridade com hashtag.
Eu pego o telefone dele, colocando-o na minha bolsa. Eric precisa
aproveitar a noite sem ficar grudado no celular. Já posso ver as retiradas,
seu olho esquerdo se contraindo com um olhar imaturo e amuado.
— Oh, vamos lá, Charlie — ele lamenta.
— Uh-uh. Estou confiscando isso de você esta noite. Você
convidou Emma para um encontro, embora falso, e você precisa fazer
com que ela se divirta.
Emma ri, linda em um vestido vermelho que Eric escolheu para
ela. Seu cabelo loiro platinado está preso em um coque apertado,
exibindo um deslumbrante colar de diamantes em volta do pescoço.
Eric vai durar apenas cinco minutos antes de roubar minha bolsa,
como Emma gentilmente aponta, e eu concordo. Seu mau humor é de
curta duração, saindo imediatamente de sua birra infantil quando um
jovem garçom quente está na nossa frente oferecendo champanhe.
Apreciamos a vista incrível antes de sermos conduzidos à nossa
mesa por um garçom diferente. Nós nos sentamos enquanto Julian
coloca o braço em volta da minha cadeira, me puxando para mais perto.
Ele tem um cheiro fantástico.
— Você está incrível esta noite — ele sussurra em meu ouvido.
— Nada mal, Batman. Você vai me abandonar esta noite com
alguma emergência que precisa ser resolvida no telhado?
— A menos que seja você nua, sem chance no inferno, linda — ele
brinca, deixando um beijo na lateral do meu pescoço.
Meu corpo está tremendo de alegria, minha mente se perguntando
como posso subir no telhado. Existe alguma saída secreta? Porra, ele
parece bem em seu smoking. Tim Gunn sabia das coisas.
A Sra. Clyde sobe ao pódio para começar seu discurso enquanto o
salão começa a ficar silencioso. Ela fala sobre a causa e o que nós, como
sociedade, podemos fazer para ajudar as crianças a terem uma vida
melhor. Nós a aplaudimos, então todos se levantam para começar a se
misturar enquanto a música continua tocando.
As pessoas se perdem em diversas conversas. Ocasionalmente,
sorrio e aceno com a cabeça, mas minha cabeça parece estar enterrada
em uma nuvem de neblina. Dois dias e só está piorando, agora estou
questionando minha sanidade. Isso realmente aconteceu? Encontrei
Alexander Edwards depois de nove anos? Ou foi apenas fruto da minha
imaginação? Mal dormi, correndo com o tanque de combustível vazio
que não combina bem com champanhe.
Respirando fundo, lembro-me de minha promessa a mim mesma
de me divertir. Esquecer o passado, aproveitar a noite com meu noivo.
Este evento é uma oportunidade única na vida e não deve ser
desperdiçado em algo que não posso controlar.
Estou com Julian, conversando com a Sra. Bennett, que é um dos
membros do comitê. Julian está com o braço em volta da minha cintura,
falando apaixonadamente sobre uma história que cobriu em um
orfanato húngaro. Não consigo parar de observá-lo enquanto ele fala,
seu rosto mostrando compaixão, um homem verdadeiramente incrível.
Batman não tem nada sobre ele. Ele é tudo que eu quero em um homem,
e eu mereço alguém assim.
Tirando-me do meu devaneio, Eric e Emma vêm atrás de mim com
champanhe na mão.
— Charlie, você viu o colírio para os olhos por aqui? — Emma diz,
examinando a área ao nosso redor. — Dia de sorte para ser solteira.
Rocky e Nikki se juntam a nós, discutindo como sempre. Eles
chegaram atrasados e, depois de um rápido olá para todos, questiono
por que os dois parecem irritados. Rocky provavelmente deixou o
assento do vaso sanitário levantado ou algo estúpido assim.
— Ok, Sr. e Sra. Smith, o que há de errado agora?
— Você se lembra daquela garota com quem namorei na
faculdade quando Nikki e eu terminamos no primeiro semestre? —
Rocky fala com cautela enquanto Nikki fica parada, braços cruzados,
batendo o pé.
— O que você quer dizer com namorou? Você transou com ela
uma vez atrás das arquibancadas depois de ganhar aquele jogo contra
Princeton — eu aponto, rindo.
— Obrigada — Nikki deixa escapar.
Às vezes minha memória é muito clara. Desta vez funciona para
mim, mas geralmente é contra mim.
— Oh, bem, caramba, eu pensei que nós namoramos. De qualquer
forma, ela está aqui, e a senhorita Rainha do Drama aqui tem um
problema com isso. — Ele revira os olhos, frustrado com sua esposa.
Nikki o ignora, o ciúme parecendo ainda mais especial para ela
esta noite, enquanto ela usa um glamoroso vestido Versace dourado.
— Aww, a Sra. Romano está com ciúmes? — Eu zombo, minha
expressão mudando de simpatia para aborrecimento total. — Por favor,
Nikki, você é uma gostosa. Você pode correr em círculos em torno dessas
garotas. Além disso, será você quem vai agarra ele hoje à noite, não ela.
— Obrigado! — Rocky se alegra.
O canto da boca de Nikki se transforma em um sorriso, levando
Rocky a se inclinar e sussurrar em seu ouvido. Ela se vira para encará-
lo, fechando os lábios enquanto as mãos dele vagam para a bunda dela,
agarrando-a no estilo pornô.
— Sério, arranje um quarto. Ou um cubículo de banheiro. Ou
alguma coisa.
No momento em que digo isso, eles rapidamente se dirigem para
a saída. Eu me pergunto como ela vai tirar esse vestido? Nota mental
para perguntar a ela mais tarde.
Posso ouvir Emma e Eric sussurrando as palavras 'mãos grandes'
e 'eu não o chutaria para fora da cama', mas elas são bastante audíveis.
Eu começo a rir. Eric sempre mantém as coisas divertidas. Estou muito
grata por estar cercada por amigos incríveis e um noivo muito bonito
que pretendo amarrar no estilo Mulher-Gato mais tarde esta noite em
seu apartamento.
— Dez horas, Charlie. Oh caramba, ele é o merda. Uau. Oh, merda,
ele me viu. — Eric baixa os olhos para os sapatos, fingindo estar falando
sobre outra coisa.
— Dez o quê, Eric? — Eu pergunto, confusa.
Eric acena com a cabeça para a esquerda.
Eu olho, esperando ter um vislumbre desse chamado doce das dez
horas. Minha cabeça leva um momento para acompanhar o que meus
olhos veem.
Doce de esmeralda verde que pertence ao primeiro e único
Alexander Edwards.
Minha boca se abre, olhos arregalados, incapaz de desviar. Como
um grave acidente de carro, só que é o oposto, a visão mais linda que
você poderia imaginar caminhando em minha direção.
Oh merda, ele está caminhando em minha direção.
Com uma vontade repentina de correr, escapar e se esconder, a
percepção de sua presença paralisa minha capacidade de fazer qualquer
coisa além de ficar aqui, congelada no lugar. Não há como escapar disso.
— Charlotte, que surpresa agradável ver você de novo — ele
cumprimenta educadamente.
Minhas pernas estão ameaçando ceder. Alex está vestido com um
smoking preto com gravata borboleta, e estou tentando ignorar tudo
sobre ele, mas ele parece tão perfeito. Seu sotaque não é familiar, mas
igualmente hipnotizante, e combina com o homem bonito parado diante
de mim.
Mas este homem, em toda a sua glória perfeita, não passa de um
estranho.
Seus olhos são esmeraldas brilhantes, seu rosto se ilumina com
um sorriso que mostra seus dentes brancos perfeitamente retos. Tento
pensar em algo espirituoso para dizer, esperando que alguém me salve.
Eric e Emma permanecem quietos, suas bocas abertas como papa-
moscas em estado de choque. Esses dois são patéticos.
Julian para de falar com a Sra. Bennett, voltando sua atenção para
mim, depois para Alex.
Porra, ok. Junte sua merda. Isso pode dar muito errado. Ou, se você
jogar bem, vá embora bem rápido.
— Alex, este é Eric, meu assistente, Emma, uma de minhas
colegas, e Julian, meu noivo — eu me apresso, tentando deixar meus
nervos de lado.
Por que ele está tão calmo e controlado? Eu pareço ser a única em
pânico com esta situação.
Julian estende a mão. — Lex Edwards, CEO do Grupo Lexed.
Lex? Por que ele o está chamando de Lex Edwards? Como diabos
Julian o conhece? Inclinando minha cabeça para o lado, a curiosidade
ofusca minha ansiedade.
— Sim, da última vez que verifiquei — Alex responde,
surpreendentemente apertando a mão de Julian.
— Como você e Charlie se conhecem? — Julian questiona, tirando
a mão da minha cintura para segurar minha mão.
Eu posso ouvir a voz de Eric na minha cabeça, esperando que seja
aqui que ambos batem em seus paus e começam a medi-los. Bastardo
sujo, e quando o sorriso malandro se forma no rosto presunçoso de Eric,
então eu sei que estou certa.
Alex encara Julian, seu rosto não demonstrando nenhuma emoção.
Talvez eu esteja errada sobre ele. Talvez ele tenha amadurecido e
superado o que aconteceu. Deixamos no passado. E se ele for um homem
casado e feliz com uma família? Não se precipite, e de onde veio essa
pontada de ciúme?
— Nós nos conhecemos há quanto... quinze anos? Desde que
éramos crianças. Nós namoramos no colégio — ele responde com um
sorriso arrogante, sabendo exatamente o que está fazendo.
Alex está assinando o contrato para o concurso de mijo que está
prestes a começar. Claro, ele teve que adicionar essa última parte. Não
tenho certeza se chamaria de namoro, mas mais como foder pelas costas
de sua esposa. Então, retiro o que disse sobre o amadurecimento dele.
Assim como nos velhos tempos Alex, exceto que desta vez eu não vou
ser a garota triste ao lado. Agora sou uma mulher e nenhum homem me
trata menos do que mereço.
Agora os nervos são tomados pela raiva. Se não estivéssemos em
público, eu provavelmente teria socado aquele lindo rosto dele por falar
comigo como um bastardo arrogante. Como se o passado não fosse nada.
Como se ele não tivesse me deixado na pior dor imaginável.
— Escrevi alguns artigos sobre Lexed. Você pode ter lido o
publicado no Wall Street Journal no ano passado? — Julian fala muito
bem de seu trabalho, mas o que me chama a atenção é o fato de Alex ser
o CEO do Grupo Lexed.
Claro que já ouvi falar da empresa, quer dizer, quem nunca ouviu?
Mas eu não tinha ideia de que Alex tinha algo a ver com isso. O que não
fazia sentido é que ele não está mais na área médica. Minha curiosidade
está levando a melhor sobre mim. Eu quero saber mais, mas não quero
ter uma conversa com ele ou mesmo dar a ele a satisfação de pensar que
estou interessada.
— Ah, sim, um artigo bastante interessante.
— Então, Alex, você é de Nova Iorque? Seu sotaque é muito Hugh
Grant. Deus, eu o amava em Notting Hill. De qualquer forma, adorei seu
terno Armani — Eric divaga.
Pelo amor de Deus, a obsessão de Eric por homens britânicos mais
velhos é quase assustadora. Hugh Grant? Eu sei o que Eric está tentando
fazer, no entanto. Ele tem aquele olhar travesso em seu rosto, aquele que
ele tem toda vez que está tentando me fazer transar. Mas Batman está
me fodendo, quero gritar com ele.
— Na verdade, é Lex. Não Alex — ele corrige Eric, nunca
interrompendo meu olhar.
Bastardo arrogante.
Tudo bem, se ele quiser jogar esse jogo, vou tratá-lo como se não
tivéssemos passado. Portanto, Alex não existe mais. Será Lex, do jeito
que ele quer.
Ele continua: — Eu moro em Londres. Nosso escritório em
Manhattan está sendo reformado, então pretendo ficar aqui por um
tempo.
Então, ele mora em Londres, explica totalmente o sotaque quente.
A distância é um pouco reconfortante, mas ele disse que estará em
Manhattan com mais frequência. A cidade não é tão grande, não quando
seu ex de repente está à espreita em cada esquina.
Mais uma vez, as engrenagens estão girando e penso comigo
mesma: porque Londres? Preciso parar de me fazer essas perguntas.
Não preciso saber nada sobre ele. Ele não deveria estar na minha vida
em primeiro lugar. Ponto final.
— E obrigado, minha irmã escolheu o terno. Ela vive e respira
moda. Vou apresentá-lo mais tarde.
— Adriana está aqui? — Eu pergunto, nervosamente.
Não a vejo desde o dia em que ela me pediu para deixar sua família
em paz, no meio de uma rua movimentada, e na hora me chamou de
puta. O passado está voltando rapidamente para mim como um trem de
carga, e não sei o que fazer.
Examinando o salão, não vejo Adriana em lugar nenhum.
Certamente, Alex deve saber como tudo isso é desconfortável para
mim.
— Em algum lugar flutuando com Elijah.
— Ela e Elijah ainda estão juntos?
Não sei por que perguntei ou por que estou surpresa. Aqueles dois
estavam destinados a ficar juntos, mas, novamente, pensei sobre Alex,
quero dizer, Lex e eu, em tempos.
— Sim, eles ainda estão juntos. Acho que ninguém mais
aguentaria ela. Eles moram no Brooklin. Adriana é dona de uma butique
no centro da cidade.
A música diminui quando o mestre de cerimônias anuncia que o
jantar está para ser servido. As pessoas começam a voltar para suas
mesas e, enquanto sigo Julian, Eric e Emma, a mão de Alex envolve meu
braço. Relutantemente, eu me viro lentamente.
Evite o cheiro dele.
E evite seus olhos.
Respirando fundo, espero no limite por suas palavras, sabendo
que tudo o que sai de sua bela boca vai virar meu mundo de cabeça para
baixo. Inclinando-se para mais perto de mim, forço meus olhos a
permanecerem abertos.
— Você está deslumbrante, Charlotte — ele sussurra em meu
ouvido antes de ir embora.
De alguma forma, consigo caminhar em direção à mesa sem que
minhas pernas cedam ou se espalhem pelo chão. Estou irritada comigo
mesma por pensar nele dessa maneira.
Respire, controle-se e lembre-se de quem é o anel que está pesando
em sua mão esquerda.
— Você está bem, linda? — Julian passa o dedo pela minha
bochecha, olhando para mim com amor.
— Em breve estarei. — Eu sorrio, olhando os garçons
caminhando em nossa direção. — Champanhe e nada de comida são
uma combinação letal.
Conversamos enquanto comíamos e, felizmente, Julian não
mencionou minha história com Lex. Todos estão esperando
impacientemente que o cantor convidado apareça no final da noite. Eu
olho para o meu prato, uma súbita perda de apetite quando fecho meus
olhos, suas palavras ecoando em minha mente. Você está deslumbrante,
Charlotte. Ainda não acredito que ele está aqui, sem falar na Adriana.
Aposto todo o dinheiro da minha conta corrente, ela ainda está brava
comigo. O que direi a ela?
Uma lufada de ar frio varre minha pele, fazendo-me ficar
arrepiada como se estivesse sendo observada. Alex, desculpe Lex, pode
estar sentado em qualquer lugar neste salão, e onde quer que seja, seu
olhar estará me perfurando e me questionando de um milhão e uma
maneiras de por que estou noiva de Julian sem abrir a boca.
— Então é ele? — Nikki sussurra em meu ouvido.
Ela está sentada à minha direita, Julian à minha esquerda. Graças
a Deus, Eric está contando uma história ridícula e provavelmente
inapropriada, que tem toda a atenção de Julian.
— É sim.
— Em um milhão de anos. Que coincidência. Ok, para que conste,
ele age como um idiota arrogante. Mas caramba, Charlie... olá, mamãe.
Ele deve ser enorme. Ele é?
— Oh, poxa. — Eu rio, acolhendo sua pergunta superficial. — Eric
está tão passado para você.
Nikki esfrega meu ombro, sabendo o quanto estou tensa e oferece
um sorriso simpático.
Depois que o próximo prato é servido e as pessoas terminam suas
refeições, os grupos de grupos começam a se formar novamente. A pista
de dança está se enchendo com a banda tocando 'The Way You Look
Tonight'. Frank clássico, Nova Iorque clássico.
— Querida, vamos mostrar a esses ricos como se faz. — Rocky
pega a mão de Nikki enquanto ela o segue até a pista de dança.
Eric e Emma já deixaram a mesa. Eu posso vê-los do outro lado do
salão pairando em torno de Sarah Jessica Parker. Que previsível, eu acho.
Se eu conheço Eric, ele vai bombardeá-la sobre Sex and the City
perguntas como 'quem era a maior vadia no set' ou 'por que ela
concordou em usar aquelas meias até o joelho com salto'.
— Um centavo por seus pensamentos? — Julian pergunta,
colocando sua mão na minha. — Você está quieta.
Eu me inclino e olho em seus olhos castanhos quentes. Não é justo
com ele, toda essa coisa do Lex, só que não está acontecendo nada além
da minha imaginação maluca.
— Só estou pensando em como seria bom ter você só para mim
na pista de dança.
— Bem, linda, você ficará feliz em saber que estou pensando a
mesma coisa. — Ele sorri.
Julian se levanta e, como o verdadeiro cavalheiro que é, estende a
mão quando coloco a minha na dele.
— Linda, você sabe o quanto você me faz feliz?
—Humm… o mesmo que quão feliz você me faz? — Eu sorrio,
permitindo que seu olhar amoroso me consuma.
Seu rosto relaxa como se ele estivesse esperando a noite toda para
ouvir essas palavras. — Eu gosto de ouvir você me chamar de seu noivo.
— Eu poderia ter apresentado você como meu parceiro, mas
parece que somos amantes lésbicas ou algo assim.
— Eu não vou me opor a comer você o tempo todo — ele brinca.
— Nem eu.
Sempre adorei as brincadeiras entre nós, nunca levando nosso
relacionamento muito a sério. É uma das melhores coisas sobre o nosso
relacionamento - o frio na barriga com uma conversa tão simples, exceto
esta noite, minhas borboletas felizes estão lutando, ou mais como
nocauteando as enjoadas. Não estou fazendo nada de errado, então por
que me sinto tão culpada?
Nós rimos enquanto dançamos, seu corpo contra o meu. Eu fecho
meus olhos, aproveitando este momento de felicidade. Faça isso
funcionar, Charlie, continuo entoando na minha cabeça. Eu mereço
alguém que me ame e somente a mim.
— Se importa se eu interromper? Pelos bons tempos?
O sangue escorre do meu corpo enquanto ele fala as palavras. Uma
coisa é falar com ele, outra é estar em contato físico próximo.
Julian estreita os olhos com uma expressão aflita, mas sendo o
cavalheiro que é, ele rapidamente beija minha bochecha e me diz que
estará no bar. Lex agarra minha mão sem pensar na saída de Julian e
coloca a outra no meu quadril. O aperto em meu peito faz com que meu
sorriso vacile. O simples toque dele está causando um grande colapso
por dentro. Ele cheira exatamente como eu me lembro - casa.
Com cuidado para não fechar os olhos, recuso-me a voltar àquele
lugar. O que antes era um campo cheio de amor, promessas e sol se
tornou uma masmorra me torturando com dor. Nove anos tentando
escapar dele, e agora ele está me segurando na pista de dança como se
nada tivesse acontecido entre nós.
Eu danço em silêncio, a banda cantando 'How Deep Is Your Love'
dos Bee Gees. Tentando focar em qualquer coisa além dele, a letra soa
na minha cabeça, tornando o momento mais intenso do que deveria ser.
A banda precisa mudar isso, tocar um pouco de heavy metal ao invés de
uma música sobre pertencer um ao outro.
— Charlotte, você realmente está linda. Sua cor favorita, pelo que
vejo.
Ainda me lembro quando disse a ele que esmeralda era minha cor
favorita na pista de dança na noite do baile. Isso é um déjà vu, só que
dessa vez sem o final feliz na sala de aula. As memórias, todas
engarrafadas, começam a vazar dolorosamente devagar.
Afastando-me um pouco, para me distanciar dele, eu o encaro bem
nos olhos. — O que você quer, Lex?
— Eu vi você no restaurante e você fugiu de mim. Eu esbarro em
você de novo, e você me evita. Dois amigos há muito perdidos não
podem recuperar o atraso depois de nove anos?
— Por que você continua dizendo que somos amigos? Porque de
memória, você levantou e partiu. Amigos não fazem isso.
— Mas nós somos, ou devo dizer que éramos? De acordo com
você, foi apenas uma aventura. Não significou nada. — Ele brinca.
Ele me tem lá. Eu estava me enganando ao dizer isso, mas queria
mais do que tudo que ele acreditasse. Por que ele deveria ter a satisfação
de saber quanta dor ele me fez passar? O idiota arruinou minha vida. E
passei muito tempo tentando consertar o que ele quebrou com tanta
facilidade.
Eu rapidamente mudo de assunto. Agora não é a hora nem o lugar
para desenterrar memórias antigas, e não quero Julian olhando para
nós, imaginando por que meu rosto parece pronto para atacar.
— Por que você está aqui, afinal?
— Uma razão... Adriana. Ela me arrasta para essas coisas e me faz
doar uma porrada de dinheiro.
— Então, você não está mais praticando medicina?
— Há tantas coisas sobre as quais precisamos conversar,
Charlotte. Acho que a pista de dança desse baile beneficente não é o
lugar certo. Encontre-me para uma bebida hoje à noite e podemos
conversar adequadamente então.
Ele parece tão controlador. Quer dizer, ele sempre teve esse traço,
mas agora eu o vejo de forma diferente. O homem fraco que escolheu
sua esposa em vez de mim, em vez de lutar pelo que ele alegou que
sempre quis. Ignoro seu comentário, evitando a todo custo ficar sozinha
com ele.
— Há quanto tempo você e Julian estão juntos?
E aí está.
Eu estive esperando que ele mencionasse Julian.
A raiva toma conta novamente, arruinando o momento. — Por
que, Lex? Isso importa? E você? Acho que você não está mais com
Samantha desde que se envolveu com outra loira.
Posso sentir a temperatura no salão subir, ou talvez seja só eu.
— Calma, Charlotte. Samantha e eu não somos mais casados, e
Adriana me arranjou com Brooke apenas para esta noite.
Esse sentimento de ciúme é uma emoção com a qual não estou
mais acostumada. Não tenho o direito de questionar seus
relacionamentos pessoais como ele não tem o direito de questionar os
meus.
— Por que você pergunta? — Um sorriso se alarga em seu rosto.
— Você está com ciúmes?
Muito cara de pau. Felizmente, a banda para de tocar e a multidão
para de dançar para aplaudi-los. Soltando minha mão de seu aperto,
aproveito a oportunidade para me despedir. — Obrigada pela dança,
Lex.
Afastando-me, deixo-o sozinho na pista de dança, vendo Rocky e
Nikki parados ao lado da nossa mesa. Preciso que meus amigos me
arrastem chutando e gritando para o presente. Esses flashbacks estão
levando a melhor sobre mim e sei que é um ciclo vicioso cair.
— Que parceiro de dança que você tem aí, Charlie. — Rocky
risadinhas.
— Quem Ale... quero dizer Lex?
— Uh, sim, Lex Edwards. CEO bilionário. Sr. Playboy. Você pode
ser a primeira morena dele.
— Como você sabe tudo isso?
— Charlie, ele está sempre na seção social, você sabe... quem ele
está namorando, o que ele está vestindo.
— Segure. Você lê a seção social? — Eu questiono, tentando
segurar o meu riso.
— Sim, mas se isso faz você se sentir melhor, ele não está saindo
com ninguém agora.
Surpreendentemente, isso me faz sentir melhor, mas rapidamente
engulo a sensação. Por que eu me importo?
— Posso ter minha namorada de volta? — Os braços de Julian
envolvem minha cintura. Ele descansa a cabeça no meu ombro,
segurando-me com força, beijando a lateral do meu pescoço. Eu envolvo
meu braço atrás de sua cabeça, acolhendo seu toque com um sorriso
amoroso.
Mas por dentro, a parede que construí há muitos anos começou a
rachar.
E do outro lado do salão os olhos de Lex encontram os meus, seu
olhar me deixando nua. Seus lábios estão puxados para trás, mostrando
os dentes com uma expressão veemente.
Com cada grama de força que tenho dentro de mim, eu me viro,
movendo meu corpo para ficar cara a cara com Julian.
Este é o homem com quem vou me casar.
Este é o homem com quem vou passar o resto da minha vida.
Eu inclino minha cabeça, movendo meus lábios em direção a Julian
enquanto eu o beijo desesperadamente por inteiro. Enquanto nós dois
nos afastamos, eu olho em seus olhos carinhosos e me lembro de quem
eu amo.
Mas meu coração se cala, o silêncio grita da minha fraqueza.
E assim, a voz de Lex permanece em meu ouvido, derrubando a
parede de seu último pilar de força.
CAPÍTULO QUINZE

CHARLIE

— Linda, quando posso fazer de você minha esposa?


Julian interrompe meus pensamentos e, sem saber, preciso da
verificação da realidade mais do que nunca. Nós não falamos sobre o
planejamento do casamento real, já que ele me pediu em casamento
apenas dias atrás, mas no fundo eu questiono se ele sente minha
hesitação e está tentando me guiar de volta na direção certa.
— Depende. Você vai me levar para sua bat caverna agora?
Ele sorri, me puxando para mais perto de seu corpo. — Para você,
qualquer coisa.
Perdida neste momento, cheia de promessas de uma nova vida
juntos, sorrio enquanto o seguro. Eu preciso, mais do que tudo, me sentir
desejada, me sentir amada. Meus olhos se encontram com os de Lex do
outro lado do salão. Ele nunca se afastou do meu olhar. A culpa está
correndo por mim, dilacerada de maneiras que nunca imaginei que
aconteceria novamente.
Mas desta vez, a situação virou e eu tenho alguém para chamar de
meu. Eu não sou a pessoa olhando de fora, quebrando a cabeça para
saber o que acontece a portas fechadas.
Finalmente, estou feliz, meu mundo não está mais quebrado.
Olhando para Lex, sei que não posso voltar lá. Cada lembrança feliz que
tenho dele é ofuscada pelo final trágico. Não consigo olhar para ele sem
trazer à tona nosso passado. O que tivemos não foi uma paixão do ensino
médio, não importa o quanto eu tentei vender essa história para mim
mesma.
— Charlie?
Eu me viro e vejo Adriana parada ao meu lado. A única pessoa que
significou tanto para mim, mas, novamente, ela me machucou, deixando-
me para limpar minha bagunça. Me julgando quando ela sabia apenas
metade da verdade.
— É v-você. — Sua voz treme, a emoção crescendo enquanto ela
tenta falar. — Charlie... sinto muito, muito mesmo. — Lágrimas
escorrem por seu lindo rosto, seus olhos nublados com lágrimas. Ela era
jovem na época e tinha feito o que a maioria das garotas faria. No
entanto, eu não podia ignorar a dor de sua traição por me deixar para
trás sem permitir que eu me explicasse.
Mas fui eu quem brincou com fogo, ou devo dizer, o irmão dela.
Solto Julian, envolvendo-a em um abraço apertado, disposta a
perdoá-la para que possamos ressuscitar nossa amizade. Tudo nela
parece familiar e, por um segundo, me pergunto se é assim que seria
estar nos braços de Lex.
— Adriana, por favor, pare de chorar. Você vai estragar seu rímel
e o meu. — Eu rio enquanto uma lágrima desliza pelo meu rosto.
Seu sorriso irradia. Adriana sempre teve belos traços clássicos
com olhos verdes amendoados, não tão brilhantes quanto os de Lex, mas
semelhantes, pois são parentes. A última vez que a vi, a cor de seu cabelo
era mocha natural. Fiel ao seu estilo sempre em mudança, ela mudou
para loiro mel com ombre passando por ele.
— Eu diria que está linda no seu vestido, mas uau, Charlie, o que
diabos aconteceu com você? — Ela sorri através de suas lágrimas. —
Você está deslumbrante. Dolce & Gabbana? Estou apaixonada por esse
vestido.
Simples assim, a velha Adriana que eu conhecia e amava está de
volta. É fácil perdoá-la. Ela era minha melhor amiga desde que eu tinha
oito anos, e algumas coisas nunca deveriam ser quebradas.
— No momento em que vi, soube que éramos almas gêmeas.
Enquanto falo sobre o vestido, noto Julian e o resto da turma
parados ali, obviamente esperando por uma apresentação.
— Oh, desculpe. Adriana, por favor, conheça Rocky e Nikki. Nos
conhecemos desde a faculdade. Nikki e eu somos sócias em nossa
própria empresa — digo com orgulho.
— Empresa? Como advogada?
Eu aceno, sorrindo. — Este é Eric, meu assistente, e Emma é a
assistente de Nikki. Este homem bonito aqui é meu noivo, Julian.
Adriana estende a mão para Julian, apertando-a de maneira muito
profissional, mas posso dizer pela maneira como ela mordeu o canto do
lábio que isso não é nada profissional.
— Ok, então alguém já disse que você se parece com Christian
Bale? — Adriana não se conteve, perguntando em tom de flerte
enquanto se fixava nele. Oh, como eu me lembro dessa voz.
— Quem, eu? Nunca — ele responde sarcasticamente.
Eu bato em seu braço enquanto ele ri junto com o resto do grupo.
— Então, pelo que ouvi, você e Elijah ainda estão juntos. Casados,
certo?
— Ah, sim e não. — Ela abaixa a voz. Eu sabia que algo não estava
certo, mas não vou me intrometer na frente de todo mundo. — É meio
que uma longa história que teremos muito tempo para pôr em dia mais
tarde.
Eu aceno com a cabeça, sabendo que precisamos conversar em
particular. — Vocês se importam se Adriana e eu pegarmos uma bebida
no bar?
— Vá em frente, tenho Eric aqui para me fazer companhia — diz
Julian. Eric está ao lado dele e ele já está bêbado de champanhe.
Enquanto caminhamos em direção ao bar, Adriana dá o braço a
mim como já havíamos feito mil vezes nos corredores da nossa escola.
— Ele procurou por você — ela revela, assim que chegamos ao
bar.
— Adriana, olha... o passado é o passado.
— Charlie, Lex não é o mesmo. Não desde você. Você tem que
entender que ele estava sob muita pressão naquela época.
— Eu sei que ele não é o mesmo. Eu o encontrei duas vezes agora,
e tudo sobre ele mudo — eu digo a ela, não alheia ao estranho que afirma
ser Alex, ou Lex, ou o que quer que seja. — Ele não é o Alex que eu amei.
— Eu sei que ele parece frio, mas no fundo ele ainda sente algo
para você, Charlie. Você foi o amor da vida dele.
— Mas e a filha dele, Adriana? Você sabe como foi para mim
descobrir pela vadia da cidade que sua esposa estava grávida? — O
ressentimento persiste em meu tom de voz crescente, minha expressão
endurecendo nesta viagem pela estrada da memória. — Ele me
prometeu que eles pararam de fazer sexo, e depois descobrir que a
esposa dele estava grávida... Adriana, você simplesmente não entende.
— O bebê não era dele, Charlie. Eles não fizeram sexo. Samantha
mentiu sobre tudo. Quando ele descobriu, enlouqueceu e pegou o
próximo voo para Cuba para encontrá-la, pensando que você foi morar
com sua mãe.
— Mas eu não estava lá.
Trazendo minha mão trêmula para minha testa, a revelação me
choca. Então, o bebê não era dele? Eu inclino minha cabeça,
questionando minhas decisões. Eu estava errada? Mas não, eu lembro
que ele ainda a escolheu primeiro. Ele acreditava que era seu bebê e
escolheu honrar seu casamento sobre o que tínhamos.
Eu era a segunda melhor. Ele havia se assegurado disso.
— Eu sei, mas sua mãe nos disse que você se mudou para outro
lugar e estava feliz com outra pessoa. Ela nos implorou para deixá-la em
paz, disse que você encontrou um cara legal e foi morar junto. Ela disse
que você estava estudando muito e que, se a encontrássemos, ela achava
que sua vida iria retroceder. — Adriana para para respirar, desesperada
para liberar o que ela deve estar segurando por todo esse tempo. — Foi
minha culpa também. Eu disse a Lex que você merecia o melhor e que
ele precisava deixá-la em paz.
Tudo isso é demais para processar. Meu peito desaba e, segurando
a barra, eu a uso para manter o equilíbrio das pernas trêmulas que
desabam embaixo de mim. Ao meu lado, há uma bandeja de champanhe.
Eu bebo uma taça de uma só vez, ignorando as bolhas fazendo cócegas
na minha garganta. Isso não apaga a sensação avassaladora desse
momento e, sem hesitar, tomo outra repetindo minhas ações.
— Adriana, não sei o que dizer. Fui para Connecticut morar com
minha avó. Depois que ela morreu, eu só queria seguir em frente e deixá-
la orgulhosa, então fui para Yale. Não havia outro cara. Como poderia
haver depois dele? — Eu imploro, mas nenhuma resposta vai me
satisfazer ou apagar o passado. — Como ele pode duvidar do meu amor
por ele? Ele realmente achou que eu iria seguir em frente
imediatamente?
— Sua mãe foi muito convincente. Sinto muito, você está certa,
mas você realmente precisa falar com Lex.
— É demais. Há mais nisso do que... — Paro no meio da frase.
Agora não é hora de entrar na semântica dolorosa de tudo isso. Eu puxo
um cartão de visita da minha bolsa e entrego a ela. — Vamos almoçar
em breve e conversar sobre isso, mas por enquanto, preciso de tempo.
É muita coisa para assimilar.
Ela me beija na bochecha, entendendo que preciso do meu espaço.
Julian se aproxima, perguntando se eu quero dançar mais um
pouco. Acolho com alegria o retorno à realidade, lembrando Adriana de
me ligar.
Enquanto dançamos, Lex faz o mesmo a poucos metros de mim
com sua acompanhante. De vez em quando, seus olhos vagam em minha
direção, observando-me observá-lo. Ele se inclina para o pescoço da
mulher, beijando-a suavemente, fechando os olhos ao fazê-lo.
Meu olhar está fixo neles enquanto a fúria cresce dentro de mim.
Por que ele a está tocando assim? Ele lentamente abre os olhos,
direcionando-os para mim novamente. Não aguento mais assistir, é
muito doloroso. Preciso de um momento de clareza, então peço licença
para usar o banheiro, culpando o champanhe que bebi antes.
Eu saio do salão de baile, segurando a barra do meu vestido para
evitar cair na minha pressa. Dentro do longo corredor, examino os
arredores procurando a placa do banheiro. Respiro, apenas mais alguns
passos. Minha mente está repleta de pensamentos, meu estômago
quebra com ondas de náusea.
E se ele tivesse vindo atrás de mim?
Será que tudo teria dado certo para nós?
Meu coração está afundando mais enquanto o pensamento cruza
minha mente com muitos 'e se' em um mundo cheio de memórias
dolorosas.
Meu braço é puxado em uma direção diferente e, sem pensar, Lex
me puxa pelas portas duplas para uma sala de conferências vazia. Ele
solta meu braço, andando de um lado para o outro, frustrado. — Você o
ama?
Ele não merece uma resposta. Não estamos mais juntos.
— Eu vejo o jeito que você olha para ele. É a maneira como você
costumava olhar para mim.
— Costumava Al... Lex. V-você foi embora, não eu — eu gaguejo.
— Eu não tive escolha — ele grita, olhos selvagens me
perfurando. — Eu procurei por você. Eu não desisti de nós!
— No momento em que você a escolheu, você desistiu de nós.
Meu coração está batendo tão forte, lembrando a dor que ansiava
por ele desde o dia em que ele partiu. Certa vez, um coração tão cheio e
contente havia experimentado a ruptura final, dilacerado, despedaçado
em um milhão de pedaços, nenhum remanescente deixado e além do
reparo.
Seus olhos estão pegando fogo, ardendo com tanto brilho e me
torturando com suas chamas violentas. Com um olhar de dor, sou
incapaz de me virar até que ele agarra meu rosto, pressionando seus
lábios contra os meus.
A intensidade é tão forte, paralisando qualquer emoção, exceto
aquela que me faz focar em como seus lábios são perfeitos. Sua língua se
entrelaça com a minha, a familiaridade nublando qualquer pensamento
racional que queira afastá-lo.
Minhas mãos se movem em direção ao seu peito enquanto deixo
escapar um pequeno gemido, arrastando meus lábios para me libertar
enquanto a culpa me consome por inteiro. Como se soubesse a angústia
que está me fazendo passar, ele me prende em um abraço, prendendo-
me enquanto suga meus lábios com força.
A dor me excita, viajando para lugares proibidos que só existiam
quando estávamos juntos. Desde o momento em que ele partiu, eu me
perguntei como seria provar seus lábios novamente, e não importa o
quanto eu pensasse sobre isso, a realidade está longe.
Eu sentia falta do gosto dele.
Como ele me beijava apaixonadamente, todas às vezes, como se
fosse nosso primeiro beijo.
Minha cabeça está gritando para ele me deixar ir, mas não consigo
parar. Meu corpo começa a tremer quando ele endurece contra a minha
barriga. Eu não posso deixar isso ir mais longe, apavorada com o quanto
eu o quero e com a facilidade com que meu coração esqueceu a dor que
ele causou.
Com a palma da mão espalmada contra meu peito, tenho medo de
que ele sinta a rapidez com que meu coração está batendo, mas lembro
a mim mesma que ele não bate mais por ele.
Julian.
Eu me afasto, sem fôlego.
— Lex, não podemos. Por favor, você não entende... não posso
seguir esse caminho de novo...
— Sinto muito por ter te machucado — ele implora, colocando as
mãos no meu pescoço para tentar me puxar para ele, mas eu dou um
passo para trás. — Eu daria tudo o que possuo para apagar isso. É algo
de que sempre me arrependerei, mas estou aqui agora, Charlotte. Por
favor, deixe-me explicar tudo.
— Essa é a coisa, Lex. Você simplesmente não sabe...
— O que, Charlotte? Fala comigo, por favor!
Digo as palavras que venho querendo dizer desde que o encontrei
— Eu segui em frente.
É hora de aceitar isso.
Caminhando em direção à saída, toco meus lábios antes de agarrar
a maçaneta da porta. Encerramento, é hora de viver minha vida com um
homem que me ama.
Agora, tenho que voltar para o salão de baile e enfrentar Julian e
meus amigos, fingindo que nada aconteceu. Eu me dou alguns minutos
para me acalmar, respirando fundo. Um garçom passa correndo e eu o
interrompo, implorando por uma taça de champanhe. Pegando-a
gentilmente, bebo de uma só vez, descartando a taça vazia em uma mesa
perto da entrada.
— Linda, aí está você. — Julian me encontra assim que entro. —
Escute, algo aconteceu, e eu preciso cobrir uma história em Chicago logo
pela manhã. Meu voo sai em uma hora. Sinto muito... tenho que ir
embora.
— O que? Mas você não pode ir embora — imploro, desesperada
para passar a noite com ele. — Tínhamos uma noite inteira planejada.
Você, eu... sua bat caverna. — Eu preciso dele aqui, então nenhum outro
erro é cometido esta noite, e mais importante, para me proteger do
grande lobo mau.
— Charlie... eu, hum... você está bem? — Ele questiona, colocando
as mãos nos meus ombros.
Eu forço um sorriso e envolvo meus braços em volta de sua
cintura, limpando minha garganta. — Desculpe, eu só... me ligue assim
que você voltar, ok?
Ele me puxa, beijando-me profundamente. Enquanto o beijo de
volta, tento apagar a culpa dos últimos vinte minutos. Tentando não
mostrar o quanto estou desconfortável.
Não consigo deixar de pensar que não é o mesmo que Lex.
Não faça isso, Charlie. O jogo de comparação nada mais é do que
uma foda mental doentia, destinada a te ferrar ainda mais.
Voltamos para nossa mesa para que Julian pudesse se despedir de
todos e, momentos depois, ele saiu correndo do prédio.
Eric se senta ao meu lado, me abraçando com força. — Eu sei que
você está chateada por ele ter que ir embora, mas sei de algo que vai
animá-la.
Não digo a Eric que não estou chateada com a partida de Julian.
Ainda estou em estado de choque por ter realmente beijado o fantasma
do meu passado e como deixei isso acontecer - movimento estúpido. Eu
culpo o champanhe.
— Vamos ao After Dark esta noite. Bebidas sujas, homens sujos e
danças ainda mais sujas. Precisamos relaxar depois dessa festa dura,
Charlie.
— De acordo. Mas só para alguns shots — provoco, sabendo que
Eric não lida muito bem com shots. Bem, isso é um eufemismo - três
doses de tequila o mostram dançando em um bar seminu, cinco doses o
mostram de cabeça baixa, bunda para cima sobre o banheiro chorando
por Deus.
— Ah... merda, Charlie, você sabe o que acontece quando eu bebo
shots. Eu fico tão solto — ele lamenta.
— Como isso é diferente de agora?
Ele ri e faz aquele gesto de mão que sempre faz. Eric sai para
encontrar Emma, deixando-me aqui sozinha.
Por que eu deixei isso acontecer?
Eu toco minha boca, correndo meus dedos contra meus lábios
inchados. Esse beijo foi intenso, mas sempre foi assim entre nós.
No entanto, há tantas perguntas que quero fazer, mas mesmo que
ele as responda, isso mudará as coisas? Não posso deixar de lado o fato
de que ele a escolheu.
Não eu - ela.
Samantha Benson.
— Ok, vadias, vamos pegar um táxi e começar a festa.
Eric faz sua mini dança — a dança que ele sempre faz antes de
saímos para uma boate com música. Ele veste o paletó enquanto eu pego
minha bolsa. Não sei o que me obriga a fazer isso, mas olho para Lex uma
última vez. Ele está olhando diretamente para mim com um olhar
presunçoso em seu rosto. Não posso dizer adeus, não agora. Minhas
emoções estão por toda parte, e nada de bom vem em sua presença.
Eu preciso de tequila - RÁPIDO.
— A primeira rodada de shots é por minha conta — eu festejo
enquanto saímos do salão de baile, prontos para soltar e abafar as
tristezas desta noite.
CAPÍTULO DEZESSEIS

LEX

Passei a curta viagem de limusine conversando com Brooke.


Acontece que ela é filha de um dos políticos de Long Island. Ótimo,
exatamente o que eu preciso, mais escrutínio da mídia. Adriana com
certeza sabe como escolhê-las.
Chegamos ao baile, tapete vermelho repleto de paparazzi.
Seguimos a multidão, esperando evitar a loucura. Infelizmente, não
tenho tanta sorte.
— Sr. Edwards, aqui. — Um dos paparazzi grita.
Eu entendo minha deixa, posando, então o frenesi da mídia segue.
Os flashs continuam piscando, cegando minha visão normalmente
perfeita.
— Lex, quem você está vestindo?
— Você e Brooke Henley estão juntos?
— É verdade que o Grupo Lexed está em uma guerra de lances para
comprar...?
Adriana balança a cabeça com aborrecimento e impacientemente
me arrasta para dentro do prédio.
Graças a Deus, a pior parte já passou.
Estamos sentados na frente, graças a Adriana que me fez comprar
os assentos por dois mil e quinhentos o ingresso. Sentado à mesa ao
nosso lado está o Sr. Vandercamp e o que parece ser uma nova esposa
ou possivelmente amante. Ela é um clone da Barbie, muito diferente da
Sra. Vandercamp de que me lembro.
O Sr. Vandercamp é proprietário de uma das maiores empresas
importadoras dos Estados Unidos. Há rumores de que ele está no meio
de um divórcio complicado. Com uma empresa Fortune 500, ele está
prestes a perder muito dinheiro. Pena que o velho sacana não guardou
o pau na calça.
Continuamos no meio da multidão, parando para conversar com
conhecidos até finalmente pararmos na mesa do Sr. e Sra. Henley.
Brooke me apresenta a seus pais. É óbvio que o pai dela não está
impressionado por ela estar no evento comigo. Quem poderia culpá-lo?
Não tenho a melhor reputação com as mulheres.
Eu examino o salão, entediado com a conversa entre Brooke e sua
mãe sobre vestidos e estilistas. Do outro lado do salão, percebo um
jovem me olhando, deixando isso bem óbvio. A garota à sua direita cópia
seu movimento, e a da esquerda se desembaraça lentamente do braço
de seu parceiro, revelando um vestido deslumbrante.
Verde esmeralda, se isso não me leva de volta ao baile.
Ela se vira para olhar na minha direção, e nossos olhos se fixam.
É ela.
Meu coração dispara incontrolavelmente, uma garganta seca
começando a ficar desconfortável enquanto eu a encaro, permitindo que
minha insegurança leve a melhor sobre mim. De novo. Eu me desprezo
por ser tão fraco na presença dela. Cara, foda-se, Edwards.
Endireitando meus ombros com meu peito para fora, eu ajusto
minhas abotoaduras e respiro fundo, desejando que minha confiança
volte. Desta vez, não vou deixar a oportunidade escapar. Inclinando-me
para o ouvido de Brooke, digo a ela que vou me misturar.
A cada passo que dou em direção a ela, a expressão em seu rosto
é de descrença. E junto a isso está a mulher mais bonita de toda a sala.
Seu vestido longo flui por seu corpo perfeitamente tonificado,
cada curva me fazendo endurecer sob minhas calças. O que eu não faria
para ter meu rosto entre aqueles seios fartos agora. Seu cabelo está
penteado para o lado, ondulado no estilo dos anos 1950. É muito mais
longo do que no ensino médio, mas, novamente, parece que foi há uma
vida.
— Charlotte, que surpresa agradável ver você de novo.
Tomo a iniciativa de me apresentar já que ela fica parada,
completamente sem palavras. Ela gagueja quando começa a falar,
afetada pela minha presença. Depois que ela apresenta seus colegas,
chega o momento que eu temia. Ela finalmente apresenta seu noivo,
Julian Baker.
Ele estende a mão, repetindo meu nome. Com um olhar
controlado, eu não o deixo ver o quanto eu o odeio por pegar o que me
pertence, nem mesmo quando ele envolve seus dedos em torno de seus
dedos lindamente manicurados. Com cada fibra do meu ser, tento conter
meu ciúme, divagando sobre nosso namoro no colégio.
Há história entre nós, e não importa o que o futuro reserva, nada
nem ninguém pode apagar isso.
A conversa oscila entre meu sotaque, o escritório em Manhattan,
para Adriana. Embora eu aceite qualquer coisa que venha de Charlotte,
seu amigo asiático é intrusivo com suas perguntas. Felizmente, fomos
interrompidos pelo mestre de cerimônias anunciando que o jantar seria
servido.
Continuo olhando para Charlotte, seus olhos nunca deixando os
meus. Se eu pudesse pegá-la sozinha, para explicar. Tenho certeza de
que posso convencê-la de que meus erros foram justificados pela
situação infeliz em que me encontrei. Mas quando seus amigos começam
a se afastar, aproveito a oportunidade com desespero, agarrando seu
braço enquanto sussurro como ela está de tirar o fôlego esta noite.
Pela fração de segundo que ela permanece ao meu lado, eu inalo
seu perfume celestial. É como uma droga e, assim, reencontrei meu vício.
Ela se afasta de mim, deixando-me parado como um cachorrinho
perdido.
Porra, controle-se, Edwards.
As apostas são altas e você não pode perder.
— Ela está aqui — digo a Adriana, de volta à nossa mesa.
Adriana vasculha o salão ansiosa e, depois de conversar com Elijah
sobre o que ela vai dizer ao vê-la, ela joga o guardanapo na mesa e
começa a se afastar no meio da multidão. Adriana nem se preocupou em
tocar na comida, nem eu, desesperado por coisas duras para acalmar
meus nervos ansiosos.
Eu me desculpo, indo direto para o bar, já que o champanhe que
nos foi servido na mesa é horrível.
— O que posso pegar para você, senhor?
— Scotch, puro.
— Oi, Lex. — O assistente de Charlotte, Eric, está ao meu lado,
talvez um pouco perto demais. Ou isso é paranoia minha? — Então, eu
estou supondo que Charlie e você eram mais do que apenas amigos no
colégio, por que você pode cortar a tensão sexual com um vibra... hum,
quero dizer, motosserra?
— É um pouco complicado. — Eu retruco, hesitando.
Onde ele quer chegar com isso? E ele estava prestes a dizer
vibrador?
— Estou surpreso que ela nunca tenha mencionado você,
considerando que sou seu melhor amigo. Você pensaria que um homem
lindo como você teria surgido durante pelo menos uma escapada
bêbada. — Ele gesticula para o barman servi-lo, pedindo dois Martinis,
então rapidamente se vira para mim.
— Bem, já que vocês são chamados de melhores amigos, Eric,
diga-me, há quanto tempo ela e Julian estão juntos?
— Três meses — ele responde, pegando seu Martini e girando o
palito.
Não sei o que queria ouvir. É ótimo que eles não estejam juntos há
muito tempo, mas a parte do noivado, não consigo compreender. Eles
ficaram juntos por apenas três malditos meses, e ela já está noiva dele?
Por que você apressaria isso? A menos que ela estivesse... não, porra,
não pode ser isso. Ela está bebendo champanhe. Calma, Edwards.. Eu
preciso jogar minhas cartas direito, desesperado por informações,
qualquer coisa sobre ela que eu possa colocar em minhas mãos.
— Eu possuo um clube, After Dark. Não tenho certeza se já ouviu
falar?
Claro, ele já ouviu falar disso. Os gays não são conhecidos por seu
senso de moda e vida de clube? No segundo em que seus olhos se
iluminam, eu sei que estou na bola.
— O-M-G, como olá! É o ponto mais badalado da cidade agora —
ele grita, batendo palmas de alegria.
Bingo. Preciso colocar Charlotte em um ambiente mais relaxado.
Eu faço o que qualquer outro homem determinado tentando colocar as
mãos em sua ex-namorada faria - eu pego um para o time e flerto um
pouco com seu melhor amigo gay.
— Então, que tal eu colocar vocês na lista VIP para esta noite?
Eric aperta o peito, os olhos arregalados e brilhando com um
sorriso exultante. Estou um pouco preocupado que ele vá agarrar meu
rosto e me beijar. Não tenho nenhum problema com gays, mas gosto de
boceta, boceta linda e doce. Oh, foda-se, se isso não agitar as coisas
novamente. Eu sou como um maldito garoto de quinze anos com esse
andar duro. Não quero que Eric pense que teve algo a ver com isso.
— Isso seria incrível.
Eric se inclina, me abraçando com força. É estranho, como O-M-G,
estranho. Jesus Cristo, esse garoto já está passando para mim.
Eu endireito minha postura, terminando o resto do meu uísque e
peço outro.
— Oh, eu te amo! É melhor eu voltar para a minha mesa. — Ele
pega o segundo Martini e começa a se afastar, então se vira com um
sorriso. — E, Lex, não se preocupe, vou garantir que ela vá sozinha.
Eu examino o salão, esperando encontrá-la sozinha. Entre os
outros dançarinos, ela está lá com ele. Meu sangue começa a ferver
vendo suas mãos sobre ela. Com um leve grunhido, meus dentes
começam a cerrar enquanto dou longos passos em direção a ela,
ziguezagueando no meio da multidão, pedindo licença quando esbarro
em casais abraçados enquanto dançam Frank Sinatra.
— Se importa se eu interromper? — Eu interrompo, exibindo um
sorriso amigável. — Pelos bons tempos?
A pele bronzeada de Charlotte fica quase pálida. Julian, por outro
lado, está irritado. Ele sussurra algo em seu ouvido fazendo-a sorrir,
então ele se afasta como um bom menino deveria. Coloco uma mão
sobre a dela e a outra em sua cintura. Eu desejo abraçá-la mais perto, a
familiaridade é demais. Eu tenho que superar isso.
Ela questiona o que eu quero. Acusando-me de nos chamar de
amigos, e apresso-me a dizer-lhe que, segundo ela, a nossa relação não
significava nada. Apenas uma aventura do ensino médio.
E aí, apontei a única coisa que ela me disse que me magoou mais
do que tudo.
Que não éramos nada.
Que tudo o que eu disse não significava nada para ela.
Ela é rápida em mudar de assunto, evitando o assunto
completamente. Depois vêm as mil perguntas. Sua curiosidade está
despertando para saber por que mudei de carreira. Há tanto que ela não
sabe sobre mim, mas não quero ter essa conversa na pista de dança.
Peço a ela que me encontre depois para um drinque e, sabendo que ela
me ouviu, mas optou por me ignorar, decido fazer o que faço de melhor
- provoco uma reação dela.
— Há quanto tempo você e Julian estão juntos?
— Por que, Lex? Isso importa? E você? Eu estou supondo que você
não está mais com Samantha desde que você se envolveu com outra loira
— ela fala.
Eu calmamente explico o cenário, uma pequena parte de mim
esperando que isso a deixe com ciúmes, o que só pode significar que ela
ainda se importa. Seu rosto se enruga quando ela fica com raiva, e eu
sorrio, esperando que ela se acalme, mas cara, estou errado.
A multidão para de dançar para aplaudir a banda, e ela aproveita
para encerrar a dança, me agradecendo antes de ir embora.
Derrotado e inseguro quanto ao meu próximo passo, volto para a
minha mesa, esquecendo-me do meu encontro, Brooke. Ela olha para
mim com uma expressão vazia no rosto.
— Quem é ela, Lex? — Seu tom é monótono, ela não está com
ciúmes.
Isto é estranho. Não estou acostumado a acalmar as mulheres ao
meu redor.
— Quem? A morena? — Eu olho e vejo Julian com os braços em
volta dela. Porra! Um minuto longe de mim, e ela está correndo para os
braços dele.
Exercendo minha raiva, eu estalo meus dedos, penetrando em
Charlotte com um olhar frio. Cada vez que seus lábios a tocam, meu
pulso acelera, fazendo com que meu corpo fique tenso seguido por uma
erupção de suor.
— Apenas alguém do ensino médio. Ninguém especial.
As palavras doem até para dizê-las.
— Ouça, Lex, há algo que você deveria saber. — Brooke torce o
guardanapo, olhando ao redor nervosamente. — Só concordei com esse
encontro para agradar meus pais.
Eu rio da ironia de tudo isso, acolhendo a distração. — Seus pais?
Brooke, acho que seu pai não gosta nem um pouco de mim.
— Veja, o problema é que, hum… — ela bebe o resto de seu
champanhe, colocando a taça vazia na mesa — …eu não estou
interessada em você. Desculpe, quero dizer, não apenas você... em
homens.
Esfregando meu queixo, eu a observo com confusão, tentando
entender antes de clicar. — Você prefere seu próprio gênero?
Ela ri, imediatamente relaxando os ombros e soltando um suspiro.
— Sim, eu prefiro, Lex. Sinto muito, não vim a público e meu pai está no
meio de uma campanha importante.
— Seu segredo está seguro comigo. — Eu sorrio. — Mas só se você
fizer uma coisa... fingir que está pelo menos interessada em mim esta
noite. Pode ser útil mais tarde.
Sim, eu tenho um plano. Ele só precisa ser executado.
Charlotte pode se controlar o quanto quiser, mas mal sabe ela que
eu sei de sua fraqueza. O ciúme corre fundo em suas veias e, de alguma
forma, preciso acender a chama sob esse ciúme e fazê-lo queimar
selvagem.
— Negócio fechado. Tenho certeza de que posso interpretar uma
dama hétero por uma noite.
Nós dois rimos desta vez, sabendo o quão fodido tudo isso é. Fico
feliz que não haja mais essa tensão estranha entre nós.
— Eu estarei de volta — eu digo a ela. — Eu preciso usar o
banheiro.
Dentro do banheiro, fechei a porta atrás de mim, abrindo o zíper
da minha calça para puxar meu pau para fora. Está latejando. Com cada
golpe vem o prazer. Fecho os olhos, lembrando-me dela parada na
minha frente, seu peito ligeiramente exposto em seu vestido, sua pele
bronzeada coçando para ser beijada, a trilha levando a seus seios fartos.
Tento me lembrar de como eram seus mamilos, a sensação deles na
minha boca. O gemido que ela daria quando eu os puxasse com os
dentes.
Instantaneamente, eu gozo em toda a minha mão.
Não estou durando muito esses dias.
Agarrando um pedaço de papel, limpo a mão, jogo-o no vaso
sanitário e dou a descarga. Dou-me um momento para me acalmar antes
de fechar o zíper da calça e sair do box para lavar as mãos. Assim que
estou parado na pia, Julian entra.
— Então, você gostou da sua dança com Charlie? Como nos velhos
tempos, hein?
Seu tom causa ciúmes, mas eu fodidamente prospero com isso.
— Como nos velhos tempos. Mas, ei, você ouviu, éramos apenas
crianças do ensino médio naquela época — eu respondo, me fazendo de
bobo.
— Mas você não estava no ensino médio. Se bem me lembro da
minha pesquisa, você se formou sete anos antes dela. Então, quando
você e Charlie namoraram, vocês tinham, o quê, vinte e cinco? E ela tinha
dezoito anos?
— Onde você quer chegar?
— E você era casado na época. Veja, Lex, essa é a coisa... nós
sempre queremos o que não podemos ter.
— Eu a tive. Que porra você está tentando dizer?
Ele quer jogar sujo, mas está mexendo com o cara errado.
— Exatamente. Você a teve, mas não conseguiu ficar com ela. —
Ele verifica seu rosto no espelho, ajustando sua gravata borboleta ao
mesmo tempo. — Basta lembrar com quem ela está agora e em que cama
ela estará esta noite. — Com um sorriso arrogante, ele abre a porta e sai
do banheiro.
Apoiando-me na bancada para me sustentar, meus dedos ficam
brancos com a pressão. Cerrando os dentes, silencio os palavrões que
imploram para serem gritados dentro do confinamento desta sala. A
animosidade em relação a ele é como ácido queimando cada centímetro
de mim.
Eu olho para o espelho, narinas dilatadas com uma expressão
tensa. Se Charlotte é como era no ensino médio, o ciúme é a maldição
que ela nunca foi capaz de quebrar, e meu desespero está disposto a
atacar sua fraqueza.
De volta ao salão de baile, vou até nossa mesa e me inclino para o
ouvido de Brooke. — Hora de pedir um favor?
Ela assente com um sorriso diabólico, seguindo-me até a pista de
dança, onde encontro um lugar à vista de Charlotte.
Charlotte está olhando para mim com um misto de emoções.
Inclino-me para beijar Brooke no pescoço, fechando os olhos, fingindo
inalar seu perfume. Meus olhos se movem lentamente em busca da
reação de Charlotte.
Atormentada, Charlotte solta Julian, caminhando rapidamente em
direção à saída. Eu rapidamente me desculpo, assumindo que ela está
saindo correndo do salão de baile. Eu a vejo andando pelo corredor,
afobada. Movendo-me em um ritmo mais rápido, meu aperto em seu
braço aumenta enquanto a arrasto para uma pequena sala de
conferências.
Incapaz de controlar minhas emoções perto dela, eu ando no chão
entre nós, e nós dois gritamos um com o outro em frustração. As
palavras saem de nossas bocas descuidadamente, ferindo umas às
outras para apagar a culpa do passado. No calor do momento, sua
expressão se torna dolorosa e, defensivamente, ela traz Samantha à tona
novamente.
Observando-a, minha mente está fora de controle. Eu sou incapaz
de lutar contra o desejo, esmagando meus lábios contra os dela.
O gosto de seus lábios macios se funde com os meus. Nossas
línguas lutam febrilmente enquanto eu pressiono seu corpo no meu,
mantendo meu aperto firme, nunca querendo deixá-la ir. Ela não me
afasta, então aproveito para segurar seu rosto, liberando
desesperadamente a tensão acumulada que cresceu ao longo de nossos
anos separados.
De repente, ela começa a resistir. Recusando-me a permitir que ela
desista de nós, prendo seus braços com força, desejando que
continuemos. Pressionando meu pau contra sua coxa, desejo estar
dentro dela. Eu gemo em sua boca, querendo que ela saiba o quanto eu
preciso dela.
Minha mão percorre sua bochecha e desliza por seu pescoço,
encontrando-se plano contra o meio de seu peito exposto. Apenas um
movimento para a esquerda ou para a direita, e eu os terei em minhas
mãos. Seus seios perfeitos estão me chamando, mas é quase como se ela
pudesse ler minha mente. Encontrando sua força, ela geme, então me
empurra para longe.
Enquanto lutamos para recuperar o fôlego, ela implora com os
olhos, balançando a cabeça à beira das lágrimas.
— Lex, não podemos. Por favor, você não entende... não posso
seguir esse caminho de novo.
Não importa quantas vezes eu diga isso, nunca poderei apagar o
que aconteceu. Peço desculpas, dizendo a ela o quanto me arrependo de
minhas ações. Ela tem que ver que nada disso deveria acontecer.
Charlotte Mason era para ser minha garota, minha esposa, o
tempo todo.
— Lex, eu segui em frente. Levei muito tempo para finalmente
aceitar o que aconteceu entre nós. Se você se importa comigo, mesmo
como amigo, por favor, me deixe em paz.
Seus olhos nunca deixam os meus quando ela diz essas palavras.
Virando-se, ela coloca a mão na porta, parando para tocar os lábios antes
de me deixar sozinho na sala.
Eu corro meus dedos pelo meu cabelo, cambaleando com o que
acabou de acontecer, incapaz de acalmar meu coração acelerado. Que
porra está acontecendo? Talvez eu só precise tirá-la do meu sistema. Só
uma última vez, uma foda. Talvez não seja mais sobre amor, talvez seja
uma curiosidade primitiva.
Mas suas últimas palavras permanecem em torno de mim, um
terrível aviso para deixá-la sozinha.
Eu saio do salão de baile, correndo para minha irmã. — Lex, aí está
você. Nós precisamos conversar.
— Agora não, Adriana. — Continuo a me afastar, incapaz de
pensar com clareza.
— É sobre Charlie.
Parando no meio do caminho, Adriana chama minha atenção.
— O que está errado?
— Tudo aquilo que a mãe de Charlie disse era mentira. Não havia
mais ninguém. Maria só disse isso para que você não a procurasse. —
Adriana se apressa, com uma expressão cheia de arrependimento.
Ela me acompanhou naquela fatídica viagem a Cuba e sabia o que
eu havia passado e o motivo da minha decisão na época. Tudo isso, toda
a bagunça do que éramos, está se tornando essa teia emaranhada de
mentiras.
— Achei que estava fazendo a coisa certa. Achei que ela merecia
ser feliz, mesmo que fosse com outra pessoa.
Olhando para os meus pés, minhas emoções são expostas quando
o arrependimento começa a se infiltrar. Em apenas uma noite, Charlotte
trouxe à tona tudo o que eu estava enterrando desde o momento em que
a deixei naquele penhasco. Prometi-lhe coisas, coisas que sabia que não
devia, tudo porque tinha medo de perdê-la.
E no final, eu a perdi completamente com minhas ações
descuidadas.
— Eu sei, Lex. Mas está feito, e agora ela está aqui. O que você vai
fazer sobre isso?
— Não sei. Ela me pediu para deixá-la em paz... — Eu esfrego a
mão no meu cabelo — ...disse que ela finalmente está feliz.
— Você fez isso da última vez e olha onde isso te levou.
Eu não respondo a ela, voltando para o salão de baile em um
estado monótono. A luta dentro de mim está comprometida, sem saber
para onde ir.
A noite começa a diminuir e observo a multidão se dispersar
lentamente. Charlotte está com Eric e Emma, pegando suas coisas. Ela
olha para mim antes de se virar rapidamente.
Adeus? Eu nem recebo um adeus? Isso não é nada parecido com
Charlotte. A velha Charlotte não me ignorava. Ela estaria na minha
frente xingando até o pôr do sol se ela tivesse um problema.
Se você se importa comigo, mesmo como amigo, por favor, me deixe
em paz. Suas palavras se repetem em minha mente uma e outra vez
como um disco quebrado.
Não quero cometer mais erros.
O passado é passado e, para seguir em frente, tenho que me
perdoar por todas as decisões erradas que tomei. Mas não se trata
apenas de eu me perdoar, é sobre ela me perdoar também. E mais do
que tudo, preciso disso como o ar que respiro.
Lá fora, o concierge abre a porta do carro. — Sr. Edwards, seu
motorista está aqui.
— Obrigado.
Dou uma gorjeta ao jovem e pressiono a tela de segurança para
falar com Kyle.
— Para onde, senhor?
Eu tenho que fazer isso direito. Devo isso a nós - chega de
indecisão. Você precisa seguir seu instinto e agir de acordo.
— After Dark, por favor.
CAPÍTULO DEZESSETE

CHARLIE

A corrida de táxi de dez minutos até After Dark se arrasta pelo que
parece uma vida inteira.
A culpa, a traição e a indiscrição momentânea pesam sobre meus
ombros como um peso de chumbo. Foi só um beijo. Não significa nada, e
ele o iniciou. Eu me afastei. Portanto, eu não deveria me sentir culpada.
Sério, Charlie?
Estudei direito em Yale. Quão estúpida eu posso ser? O problema
não é meu cérebro. O problema é meu coração puxando-o, guiando-o na
direção errada. Posso praticamente ouvir o GPS na minha cabeça me
dizendo para fazer o retorno o mais rápido possível.
Eric não demora muito para quebrar o silêncio desconfortável. Ele
mantém a voz baixa enquanto Emma se senta na frente falando alto em
seu telefone.
— Ok, Charlie, você vai me contar sobre Lex? O suspense está me
matando.
Eu posso ouvir a expectativa em sua voz, mas eu só quero
esquecer que esta noite aconteceu. Essa montanha-russa emocional está
se tornando cansativa, e estou exausta com as voltas e reviravoltas,
querendo desesperadamente sair desse inferno.
Toda vez que vejo Alex, uma onda de raiva me consome por
inteira. Raiva por me deixar para trás, por escolhê-la, mas
principalmente porque meu coração anseia por ele, esquecendo-se da
cicatriz gigante que deixou no meio.
O beijo se repete em minha mente, seu desespero através de sua
natureza enérgica. Então a culpa toma conta de mim, e agora estou de
volta à estaca zero, novamente.
— Não há nada para contar. Namoramos no ensino médio.
— Então, quando você diz 'namorou', você estava apaixonada por
ele? Por que você se separou?
Esse é o tipo de conversa que precisa acontecer com uma garrafa
de tequila, pacotes intermináveis de Hershey's e uma caixa de lenços de
papel, e não no fundo de um táxi. Eric não desiste, sempre teimoso e
impaciente, então dou a ele a melhor resposta que posso, mas
conhecendo Eric, ele continuará seguindo sua linha de questionamento.
De frente para a janela, engulo o caroço na minha garganta, meus
ombros caídos enquanto me atrapalho com minha bolsa.
— Eu pensei que estava apaixonada por ele, mas eu era apenas
uma criança. Eu não sabia o que era o amor. Nós nos separamos e eu fui
para a faculdade.
— Ok, mas, querida, ele é lindo de morrer. Você não quer bater
nessa bunda de novo?
Aqui vamos nós. Eric tende a ficar todo dramático quando bebe
muito champanhe. Isto é apenas o começo.
— E, ele pode ser lindo, mas veja, ele é apenas outro CEO
importante. Seu ego é tão grande que tem seu próprio suprimento de ar
e deveria vir com um aviso do governo e, francamente, qualquer mulher
é apenas um entalhe em seu cinto, de qualquer maneira. Esses tipos de
caras não ficam por aqui. Ah, e você não está esquecendo de um fator
muito importante... olá! — Eu o lembro, mostrando meu anel na frente
de seu rosto.
— Ah, sim... mas você tem certeza disso?
— O que isso deveria significar?
— Tudo o que estou dizendo é que toda vez que você está perto
dele, seus seios pulam de alegria e sua perereca está cantando
'Celebration', e eu juro que quase posso ouvir um coral gospel cantando
'Aleluia'.
— Sinceramente, Eric, como diabos você inventa essas coisas? —
Eu rio, tentando aliviar o clima.
Eric se distrai tirando selfies com seu telefone. Felizmente, o
assunto foi oficialmente abandonado.
After Dark é um novo clube para atingir a vida noturna no Meat
Packing District. Várias pessoas estão esperando na fila, e segundo Eric,
é ‘o’ novo lugar. Celebridades de alto nível estão apelidando-o de seu
novo lugar para relaxar, algo que Eric está por toda parte.
Preocupada que não entremos, sugiro que encontremos outro
lugar para tomar uma bebida.
— Eric Kennedy, grupo de três.
O grande guarda de segurança abre a corda, deixando-nos entrar.
Como Eric conseguiu isso? Sei que as pessoas estão tentando entrar há
semanas, pois a lista é longa e distinta.
Passamos pela corda e entramos no clube.
Eric está em uma viagem de poder enquanto levanta o queixo,
entrando no clube com estilo.
O clube é enorme em comparação com outros que já estive. O nível
inferior é a pista de dança, iluminada na cor água. O mezanino onde
estamos, circunda a pista de dança. Há cabines de couro preto que
seguem o fluxo do círculo, cada uma ocupada por clientes. Em frente à
entrada há um bar comprido e lotado, mas, mesmo assim, precisamos
de bebidas para me ajudar a esquecer minha vida amorosa emaranhada.
Seguimos Eric até o bar. Eu aceno para o barman, o que não é
difícil, já que ele já está me olhando, ou devo dizer que ele está olhando
para o meu peito. Este vestido é seriamente o maior ímã masculino,
deixando-me um pouco constrangida entre esses caras mais jovens.
A imagem da mão de Lex descansando no meu peito, a centímetros
da curva do meu peito, pisca diante de mim. Argh, eu preciso ficar
bêbada. A tequila não chega rápido o suficiente, o barman alinha os
copos e despeja a bebida alcóolica neles de acordo.
Depois de engolir a primeira rodada, eu ordeno uma segunda,
ignorando a queimação persistente dentro da minha garganta. Eles
precisam continuar vindo se eu quiser apagar esta noite inteira e cada
imagem de Lex tocando meu corpo.
Na terceira rodada, Eric nos abandona. Como previsto, algum cara
gostoso o rouba e, pelo que sei, ele provavelmente está amarrado na sala
dos fundos. Sem reclamar, é claro, Eric é excêntrico quando está bêbado
e nunca tem medo de compartilhar os detalhes na manhã seguinte.
— Olha, Charlie, eu não quero chateá-la, mas se você precisar
conversar, você sabe que estou aqui, certo?
A oferta de Emma é genuína. Sei que posso confiar nela sem
julgamento tendencioso. Além disso, ela é uma ótima ouvinte.
— Obrigada, Emma, mas tudo que eu quero fazer é esquecer que
esta noite aconteceu. Como passei de nenhum homem na minha vida a
noivo e ex-namorado?
— Talvez seja o destino. Já pensou nisso?
Emma acredita em destino, amor e sorte. Não me surpreenderia
se ela participasse desses seminários sobre como encontrar o amor e
escrevesse afirmações no espelho do banheiro. Ótimo para alguns,
definitivamente não para mim. O amor sempre me ferrou
completamente, e não tínhamos um ótimo relacionamento até que Julian
apareceu.
— Ou talvez seja apenas o universo querendo me foder pra
caramba — eu grito, jogando de volta outra dose.
Nós rimos muito e, pela primeira vez esta noite, meus músculos
tensos começam a relaxar, e o mundo parece um lugar gelado. A tequila
é exatamente o que o médico receitou.
Um cara jovem e bonito se aproxima de Emma e começa a
conversar com ela. Lá vai minha companheira de bebedeira. Eu peço
outra dose, mas desta vez não há contagem regressiva. Eu engulo a dose,
a queimação não mais aparente.
— Oi, querida, posso te pagar uma bebida?
Minha pele se arrepia enquanto as palavras permanecem. Oh Deus,
que perdedor. O homem ao meu lado parece ter saído de uma daquelas
revistas de musculação, vestindo uma camisa que diz 'I Love Ass'. Sério,
os caras acham que vão transar com elas? Estou prestes a dizer a ele
onde enfiar a bebida e a camiseta quando outra voz me interrompe.
— Ela está comigo.
Eu não tenho que virar e olhar, aquela atração familiar, o cheiro
familiar para sempre gravado em minha memória como um acessório
permanente incapaz de se mover.
Deslizando para a minha esquerda, Lex está parado ao meu lado,
ainda de terno, mas sem gravata. Seu peito está levemente exposto,
revelando sua pele bronzeada. Ele se parece com o que Eric o descreveu
- lindo de morrer. Minhas paredes estão quebrando, incapaz de negar o
quanto eu o desejo, mas a racional Charlie agora é controlada pelo álcool
e está tentando o seu melhor para acenar sua bandeira - aquela com o
símbolo de veneno na frente que indica perigo.
O Sr. Músculos parece divertido. — Eu não a deixaria vagando
sozinha pelo bar. Uma coisinha sexy como ela pode realmente causar
algum dano.
Os lábios de Lex puxam para trás, mostrando os dentes com um
olhar gelado. O cara, um covarde, recua com as mãos levantadas no ar
em derrota. Eu quero rir, dado o tamanho do cara, mas estou distraída
com a presença de Lex. De repente, percebo que, mais uma vez, Lex
pensa que pode me controlar. Dentro do meu peito, meu coração bate
forte enquanto cerro os punhos em uma bola apertada.
— Você não precisava fazer isso. Eu posso cuidar de mim mesma!
Assim que ele abre a boca, Eric praticamente se joga entre nós.
— Lex, muito obrigado por abrir a porta para nós.
O que? Como Lex pode nos colocar, e quando Eric se tornou o
melhor amigo dele? Eu me lembro de interrogá-lo mais tarde, incapaz
de pensar direito agora. Eu preciso escapar dessa tortura, e escaneando
o salão em pânico, meus pensamentos para sair pela porta dos fundos
são frustrados quando Eric agarra meu braço, prevendo minha fuga.
— Charlie, você sabia que Lex é dono deste lugar? Quero dizer,
sério, o quão quente é este clube.
Um largo sorriso aparece no rosto de Lex enquanto Eric continua,
divagando sobre cada detalhe como o puxa-saco que ele é. Estou pronta
para matar Eric com minhas próprias mãos. Seus pais não o ensinaram
a não brincar com fogo?
— Boa noite, Sr. Edwards. — O barman é rápido em atender Lex.
— O que vai ser?
— Uma rodada de doses de tequila, Dylan. Você pode mandá-los
para a área VIP?
— Já estou subindo, senhor.
O barman pega a garrafa e começa a servir os shots, alinhando-os
em uma bandeja.
Lex agarra minha mão, para minha desaprovação, e me empurra
para dentro e para fora da multidão. Talvez os shots anteriores tenham
funcionado em meu detrimento, o salão está girando enquanto
passamos por pessoas dançando. Eric, Emma e seu novo brinquedo de
menino seguem logo atrás de nós enquanto subimos as escadas para
outro nível.
A anfitriã cumprimenta Lex, praticamente se jogando em cima
dele com os peitos à mostra. Puta estúpida. Ele ainda segura minha mão,
queimando minha pele como fogo, mas não consigo me afastar.
Ele é apenas um amigo, e amigos podem dar as mãos.
Mas vocês nem são amigos.
Ok, cale a boca agora.
A área VIP tem um ambiente tranquilo, diferente do andar de
baixo. Há outro bar, menos lotado com bancos de couro dourados
enfileirados. Lex nos direciona para uma cabine isolada em forma de
círculo como a do andar de baixo, mas com cortinas douradas
transparentes ao redor e uma visão completa de todo o clube.
Sento-me na cabine, desejando que a tontura pare. Lex desliza ao
meu lado, sentando-se o mais próximo possível, o calor de seu corpo
pressionando contra o meu. Eu tento desesperadamente me distrair,
mas as borboletas estão fazendo hora extra, vibrando dentro do meu
estômago trabalhando em turnos duplos consecutivos.
— Você é o dono deste clube? — Eu deixo escapar, desejando que
minha mente se concentre em qualquer outra coisa.
— Sim, este e outro. Talvez se você tivesse tempo para conversar
comigo, saberia o que faço com meu tempo livre — ele responde
sarcasticamente.
Idiota.
Eric faz mais perguntas sobre o clube enquanto meus
pensamentos permanecem em silêncio. Ao longo da conversa, Lex
consegue passar o braço por cima do meu ombro, enrolando os dedos
em uma mecha do meu cabelo como já havia feito tantas vezes antes.
Finjo não perceber, embora cada rodopio seja como fogos de
artifício explodindo dentro de mim. É a tequila — a bebida forte faz você
desejar coisas proibidas. Esta não é você, Charlie. É a tequila.
— Vamos dançar, Em — diz Eric, olhando-me com um sorriso
malicioso.
Eric e Emma, junto com seu amigo homem, desaparecem,
deixando-me sozinha com o lobo faminto. Quero gritar para eles
voltarem, traidores por me dizerem que me protegeriam quando, na
verdade, me deixaram para ser mastigada e comida em pedaços.
O barman, Dylan, chega e começa a alinhar as doses à nossa frente.
Sem nem pensar, apesar de minha culpa anterior pela garrafa, engulo a
dose, deixando escapar um som áspero enquanto minha língua queima
mais uma vez. Em segundos, uma onda calma toma conta de mim, a
ansiedade desaparecendo enquanto relaxo na cabine.
Lex ainda não tocou na dele. Em vez disso, ele agarra meu braço e
o torce, de modo que meu pulso fique voltado para ele. Ele derrama o sal
sobre ele, lentamente deslizando a língua pelo meu braço, seus olhos
nunca deixando os meus.
Meu corpo começa a tremer, minhas pernas se abrem
ligeiramente enquanto ele bebe a tequila e chupa o pedaço de limão,
girando lentamente a língua em torno dele. Há uma reação atrasada
enquanto minha cabeça está tentando afastar o desejo, mas a
intensidade é tão forte que faz minha pele corar. Por um momento,
imagino sua língua entre minhas pernas, meus mamilos endurecendo
sob o tecido de seda que estou usando. Eu quero desesperadamente
estender a mão e atacar sua bela boca. Como uma mariposa em uma
chama, sou atraída, mas assustada, e voo para longe.
— Outro shot?
Ele sabe como eu fico quando fico bêbada. Inferno, eu sei como fico
quando fico bêbada, mas por algum motivo, isso não me impede. Perdi
todo o senso de razão, permitindo que meu desejo me guie em vez de
minha moral.
— Você está tentando me embebedar, Sr. Edwards?
Oh merda, meu tom soa muito sedutor.
A tequila está no modo de ataque total, e Lex está tão perto que
meu corpo está acelerado. Não ajuda que eu mal esteja usando alguma
coisa sob meu vestido. Eu me contorço debaixo da mesa, sua expressão
divertida. Sim, eu quero dizer a ele que estou encharcada, e tenho
certeza que sua boca na minha boceta vai coçar a coceira, mas em vez
disso, meu rosto permanece neutro.
— A última vez que me lembro de você bebendo tanto, acabou
sendo uma noite muito interessante, de fato — ele brinca.
Respire, Charlie.
Conheça seus limites, você é uma mulher forte e independente que
conhece um jogador quando vê um. Ele só quer transar, nada mais.
Cometo o erro de baixar o olhar para a virilha de sua calça, sem
dúvida o encaixe duro é impossível de ignorar. Meus olhos se arregalam,
observando-o se contorcer assim como eu. Dois podem jogar neste jogo.
Estou prestes a dizer algo quando meu celular começa a vibrar.
Aproveitando a distração, pego meu telefone, o identificador de
chamadas - Batman.
Lex se inclina e vê o telefone acendendo. Seu rosto está furioso, e
com sua mandíbula apertada, ele arranca o telefone de mim e aperta o
botão rejeitar na tela.
— Por que você faria isso? — Eu o repreendo.
Furiosa, pego o telefone de suas mãos. Nem uma vez eu disse a Lex
que voltamos. Só porque eu o beijei, isso não lhe dá o direito de ficar
todo homem das cavernas comigo. Na verdade, eu disse a ele para me
deixar em paz, algo que ele escolheu ignorar.
O telefone vibra novamente, mas desta vez uma mensagem
aparece na tela.

JULIAN
Ei, linda, só queria ter certeza de que você chegou bem em casa.
Desculpe, eu tive que sair. Posso te compensar amanhã à noite?
Jantar na minha casa. Vou garantir que Alfred tenha a noite de
folga.

Lex pega o telefone de volta de mim e lê a mensagem. O vapor está


praticamente saindo de suas orelhas, os nós dos dedos brancos
enquanto ele aperta meu telefone com mais força. Ele inclina a cabeça,
recusando-se a olhar para mim. Como ele ousa ler minhas mensagens
privadas? Estou pronta para explodi-lo, dar-lhe um choque de realidade
que seu traseiro arrogante precisa, mas um homem alto e magro vem
por trás dele e começa a sussurrar em seu ouvido.
O comportamento de Lex muda, uma expressão preocupada que
não me incomoda nem um pouco, já que estou grata por ele estar
distraído.
— Eu tenho que cuidar de algo. Nem pense em responder a essa
mensagem — avisa antes de seguir rapidamente o homem escada
abaixo.
Cretino arrogante! Ele não tem o direito de me dizer o que fazer.
Não estou mais à mercê de Alexander Edwards. Julian é o homem com
quem vou me casar, é com ele que escolho construir minha nova vida.
Então, por que estou sentada aqui no clube do Lex flertando como
uma porra de uma garota de dezesseis anos?
Outro erro.
Tente e divirta-se sem Lex, você não precisa dele.
Com minha bolsa na mão, abandono nossa mesa e desço correndo
os degraus até Eric me encontrar no meio do caminho.
— Por que você não me disse que Lex estaria aqui?
— Porque você basicamente disse que o superou e que Julian era
o amor da sua vida... blá, blá, blá.
Foi isso que ele entendeu da nossa conversa anterior?
— Eu superei e-ele — eu gaguejo. — É estranho porque há muita
história e eu não sou perfeita, sabe. Vê-lo é muito... desconfortável.
— Bem, Charlie, você teria que ser cega para não ver o quanto ele
te quer. Julian é um cara legal, mas por que não jogar um pouco em
campo? — Eric ergue e abaixa suas sobrancelhas perfeitas de maneira
sugestiva.
A risada ecoa na minha cabeça. Lex não é do tipo que joga em
campo, e isso ficou evidente há dois minutos. No colégio, alguém
espalhou o boato de que Carter, outro aluno do último ano da escola, e
eu fizemos sexo no armário do zelador durante nosso intervalo de
estudos. Levou semanas para acalmar Lex, e eu fiz Carter admitir
abertamente a maior fofoca da escola, Stacey, que era outra garota, não
eu.
— Vamos, Eric, vamos dançar.
Eu puxo seu braço, puxando-o para a pista de dança. Enquanto
ando para o meio, corpos suados pressionam e se esfregam contra mim.
Está ainda mais lotado do que eu pensava. Movo meu corpo no ritmo da
música, fechando os olhos, embriagada pelas batidas e pelo balanço dos
corpos ao meu redor. Quando abro os olhos, Eric se virou para dançar
com um cara. Eu não quero ver Eric brincar de quem é a maior
provocador, então eu giro de volta caindo direto nos braços de Lex.
Seus olhos esmeralda queimam nos meus, o toque de sua mão
deslizando pelo meu braço e pousando no meu quadril. Relutantemente,
fecho meus olhos novamente, desta vez inalando seu cheiro, esquecendo
o que aconteceu no andar de cima e me entregando ao momento.
É apenas um momento, Charlie, e então acabou.
Lex se move no ritmo comigo, nossos quadris balançando ao som
de um remix de 'Red Red Wine'. Ele continua a esfregar-se lentamente
contra mim, me girando, então minhas costas estão contra seu peito.
Com seus braços em volta da minha cintura, minha visão fica
comprometida com todo o movimento me deixando levemente tonta.
Para abafar a sensação nauseante, fecho os olhos, acolhendo a escuridão.
Com seus lábios roçando minha orelha, ele canta a letra, cada
palavra deixando meu corpo em um frenesi completo. Suas mãos se
movem lentamente para cima da minha barriga, roçando meus seios.
O desejo de resistir a ele é uma batalha que não posso mais lutar
enquanto uma sensação de calor inunda cada centímetro de mim,
deixando-me sem fôlego. Estendo meu braço atrás de mim para agarrar
sua cabeça, enterrando-o em meu pescoço. A dor que ele deixou para
trás é enterrada e capturada em vingança. Eu quero que ele sinta o que
é me querer e ser incapaz de me ter.
O desejo está me levando a provocá-lo com meu toque, mas minha
paixão vem de um lugar muito amargo. Eu preciso que ele sinta como é
provar o que ele não pode ter. Nossas mesas viraram e, desta vez, eu
seguro as cartas neste jogo doentio e distorcido que minha mente está
jogando.
Mas então, eu perco o controle do momento. Não tenho um único
minuto para pensar, presa na velocidade com que ele me arrasta para
fora da pista de dança e através de uma porta marcada 'Somente para
funcionários'. A porta se abre para um corredor escuro que leva a uma
cozinha.
A cozinha está escura, mas posso ver os grandes fogões
encostados na parede, as fileiras de balcões de aço inoxidável criando
uma ilha no meio e as geladeiras alinhadas, lado a lado.
Confusa, viro-me para questioná-lo apenas para ser empurrada
contra a geladeira enquanto seus lábios se esmagam contra os meus. A
porta de vidro está fria, me fazendo tremer, mas minha pele está
pegando fogo, derretendo a umidade.
Sua língua luta desesperadamente com a minha, querendo mais.
Deixando escapar um gemido, suas mãos agarram meu rosto,
prendendo-me antes que ele solte e passe a palma da mão no meio do
meu peito. Não há como perder tempo enquanto ele desliza a mão por
baixo do meu vestido, meu corpo convulsionando com o roçar de meus
mamilos endurecidos.
Eu gemo em sua boca, minhas pernas ameaçando ceder enquanto
ele as força a se espalhar ainda mais.
— Charlotte, você não consegue sentir o quão certo isso é?
Eu quero dar a ele tudo de mim e tomar tudo o que ele tem para
me dar - nove anos de desejo sexual reprimido. E tolamente, quero que
ele prove o fruto proibido. Envenená-lo com apenas uma mordida.
Ele suga avidamente meus lábios enquanto puxa meu cabelo,
então continua beijando meu pescoço até que sua boca esteja em meus
seios. Um gemido escapa de seus lindos lábios enquanto ele chupa o
esquerdo com força enquanto belisca o mamilo direito, alternando
rapidamente.
Estou perdida, me afogando em uma piscina de prazer. Minhas
mãos estão correndo por seu cabelo, guiando sua cabeça enquanto ele
me prova. Quando abro os olhos para observá-lo, o brilho em meu anel
quase me cega. Como um banho de água fria, a realidade está me
encarando, me julgando por minhas más decisões.
Eu o afasto, criando distância.
— Foda-se, Lex. Você não me possui. — Eu grito com respirações
irregulares.
— Estou pegando de volta o que é meu.
Ele agarra minha cintura, me puxando de volta para ele. Eu gemo
alto, o tecido do meu vestido deslizando acima das minhas coxas em uma
corrida louca. Lex aperta sua mão em volta da minha calcinha, um aperto
firme enquanto ele rosna em meu ouvido. Empurrando-a de lado, ele
mergulha os dedos dentro de mim, meu grito ecoando na sala.
Mordendo o ombro, ele empurra os dedos mais fundo, saboreando a
poça de umidade que me rodeia.
Cada impulso está me trazendo para mais perto, meus gemidos
saindo em um ritmo rápido. Estou quase lá, implorando para ele
terminar até o fim, mas, de repente, as estocadas param.
Meu peito, ainda arfando, começa a desacelerar. Abrindo os olhos,
exijo perguntar por que ele parou. Olhando fixamente em meus olhos
com luxúria proibida, ele leva os dedos à minha boca, sufocando meus
lábios com meu próprio desejo.
Que bastardo sujo.
Passando a língua ao longo do meu lábio inferior, ele prova tudo
de mim que sobrou, deixando-me querendo mais dele. Minhas mãos
caem em sua cintura, atrapalhando-se com seu cinto. Eu preciso de seu
pau para aliviar o fogo que está devastando através de mim.
Só uma vez, é tudo que eu preciso.
Uma só vez.
Há uma comoção perto da porta e, em puro pânico, nos afastamos
um do outro enquanto endireito meu vestido, verificando novamente se
meus seios estão posicionados atrás do tecido.
Um zelador abre a porta da cozinha, empurrando o esfregão e o
balde.
— Desculpe, senhor. Fui enviado para limpar o chão.
— Tudo bem, você pode continuar — Lex ordena, mal
conseguindo falar.
Eu rapidamente saio pela porta sem me despedir.
Você pode fazer isso, Charlie, apenas vá embora e finja que nunca
aconteceu. Mas Lex é rápido, me puxando de volta para ele e me
prendendo contra a parede.
— Não terminamos, não até que meu pau esteja dentro de cada
parte de você, e só eu serei o único a tocá-la. Você entende isso,
Charlotte? Você pertence a mim. Você é minha e sempre foi. — Eu fecho
meus olhos enquanto ele trilha beijos no meu pescoço. — Este vestido,
Charlotte, o que você está fazendo comigo?
— Nada que você não quisesse desde o momento em que nos
vimos no restaurante — digo a ele, incapaz de recuperar o fôlego.
Ele para de me beijar e abaixa os olhos para encontrar os meus.
— É aí que você está errada, Charlotte. — Seu olhar intenso me
sacode, a raiva levando seus olhos a tons de preto. — Não é desde o
momento em que te vi no restaurante, mas desde a última vez que te vi
no topo da falésia.
A memória vem como um ciclone pronto para destruir.
Com que facilidade você esquece.
Com que facilidade a dor diminui com o toque dos lábios dele nos
seus.
Ele quebrou você, Charlie.
Quebrou o que você tinha, embora ele tenha prometido nunca te
machucar.
Ele escolheu outra pessoa.
Eu preciso machucá-lo da mesma forma que ele fez comigo.
— Não faça isso, porra, Lex. O que aconteceu lá atrás não
significou nada. Era apenas a curiosidade de como seria novamente. Não
vá aprofundar essa questão. — Eu me afasto dele, de repente
encontrando minhas forças. — Sim, Lex, eu teria fodido você porque eu
estava excitada... puro e simples. Já transei com você antes, então sei no
que estou me metendo, mas seria um erro se o fizéssemos. Você não é
nada para mim. Meu noivo estará de volta amanhã e eu vou me casar
com ele. Eu não sou sua, e quanto mais rápido você perceber isso,
melhor.
Saio da cozinha, procurando o banheiro mais próximo. Assim que
vejo, passo pelas mulheres esperando e corro para dentro, fechando a
porta atrás de mim. Meu coração está batendo rápido quando toco meus
lábios inchados.
Ele faz isso comigo toda vez.
Mas eu pedi.
Eu permiti.
Eu ansiava por isso.
O que eu fiz?
Passei nove anos tentando esquecê-lo. E em apenas um momento,
o tempo parou, e cada parte de mim que o deixou ir está clamando por
ele.
Eu me acalmo o melhor que posso, sabendo que não posso
enfrentá-lo novamente. Saindo do box, fico em frente à pia e jogo água
fria no rosto, desejando que a culpa desapareça pelo ralo junto com
meus pecados. Ajustando meu vestido e arrumando meu cabelo, volto
para a área principal para encontrar um Eric muito desgrenhado.
— Charlie, onde você esteve? Eu estive procurando por você por
toda parte.
— Bem, para começar, eu não estava com calças parecidas com
Chris Pratt, e esse parece ser o único lugar que você estava olhando.
— Hora de ir?
— Sim, por favor — eu imploro.
São três da manhã e estou mais do que pronta para ir. Fisicamente,
estou exausta e tudo está se tornando um borrão gigante. Emma saiu
com o menino-brinquedo, então Eric e eu andamos de mãos dadas
enquanto saímos do clube.
O ar fresco da noite refresca minha pele e interrompe a náusea
que me ameaçou a noite toda. As ruas estão tranquilas, com um táxi
ocasional passando. Há uma comoção na frente do clube, levando Eric e
eu a pararmos para ver o que está acontecendo.
— Por que você não me deixa entrar? Pelos bons tempos?
A voz soa familiar, mas tomei várias bebidas e possivelmente
estou tendo alucinações. Não tenho energia para me virar, dizendo a Eric
para continuar andando.
— Olha o que o gato arrastou de volta. Ela é a razão, Alex?
Eu paro no meio do caminho, minha postura endurecendo ao som
daquela voz novamente. Apertando meus olhos fechados, eu ouço o som
do meu coração batendo antes que eles se abram, me forçando a me
virar.
Lex está parado na entrada com o mesmo homem alto e a voz
familiar.
Eu não posso acreditar em meus olhos.
Samantha.
CAPÍTULO DEZOITO

LEX

— Vamos, Alex. Me deixar entrar.


Samantha me implora para deixá-la entrar no clube, agarrando as
lapelas da minha camisa em uma névoa bêbada.
— Com o caralho que eu vou. O que você está fazendo aqui, afinal?
— Oh, Alex, você sabe, eu precisava de uma fuga. Eu preciso de
você.
Os sorrisos descuidados desaparecem, seus lábios começam a
tremer enquanto seus olhos ficam vidrados. Eu não sou a porra de um
terapeuta, mas Samantha é toda fodida. Uma das muitas razões pelas
quais terminei nosso casamento.
— Primeiro de tudo, meu nome é Lex. — eu rosno, meu
temperamento faiscando enquanto eu removo suas mãos de mim. — Em
segundo lugar, esta não é a hora nem o lugar para chorar. Volte para o
seu hotel ou de onde você veio e descanse um pouco. Não estou
permitindo que você entre no clube.
Endireitando meus ombros, aviso David e sua equipe para não
deixá-la entrar. Meu ressentimento é profundo, tão profundo porque ela
me custou toda a minha vida.
Enquanto me afasto, seus gritos ficam mais altos, mas eu escolho
ignorá-la, rezando para que Charlotte fique dentro do clube, ou ela vai
assumir o pior quando, na verdade, eu não tenho mais nenhum tipo de
relacionamento com Samantha Benson.
De volta para dentro, examino a área VIP para encontrar nossa
mesa vazia.
— Ela está na pista de dança com Eric.
Eu me viro para olhar a pessoa ao meu lado, é a amiga de Charlotte,
Emma, a loira jovem, sexy e de aparência inocente.
— Obrigado. Emma, certo?
— Sim, e de nada.
Ela caminha de volta para o bar, acompanhada pelo cara que
estava sentado ao lado dela na mesa.
O clube está lotado, prestes a violar o código de incêndio. Eu avisei
Reginald, o gerente do clube, repetidamente, para garantir que a
segurança esteja fazendo o trabalho ou a bunda de todos estará em risco.
Atravessando a multidão, meus olhos são atraídos para onde ela
está dançando com Eric. Suas costas estão voltadas para mim e incapaz
de resistir por mais tempo, eu me junto a ela sem qualquer aviso e
pressiono seu corpo contra o meu.
Não estou preparado para a sensação incrível de tê-la em meus
braços, quase como se nunca a tivesse deixado ir, e ela sempre
pertenceu a mim, e somente a mim. Como a peça que faltava no meu
quebra-cabeça quebrado, ela se encaixa perfeitamente em meu abraço,
meu corpo sedento por ela como uma droga.
Com cada balanço de seus quadris, ela empurra contra meu pau,
me provocando com sua bunda perfeita. Não estou mais imaginando
coisas, certo de que ela me quer tanto quanto eu a quero.
Ela me deixou dançar com ela no baile de caridade e me permitiu
beijá-la em particular dentro da sala de conferências. No andar de cima,
ela me permitiu lamber o sal de sua pele e, apesar de seu estado de
embriaguez trabalhar a meu favor, não vou bancar o bonzinho.
Eu a quero bêbada ou não bêbada. Me chame de egoísta, mas eu
preciso dela mais do que tudo.
Meu desejo de fodê-la com força supera qualquer pensamento
racional de que eu poderia perder Charlotte se eu a pressionasse.
Sabendo que a cozinha dos fundos não está em uso hoje à noite, eu
agarro a mão dela, puxando-a para longe da pista de dança.
Eu a levo para a cozinha, levando-a imediatamente contra a
geladeira. Perco todo o controle com ela, beijando cada parte de seu
corpo, finalmente tomando seus mamilos em minha boca. Eu os puxo
com os dentes, ouvindo-a gemer como costumava fazer toda vez que eu
a fodia.
Meu pau está latejando com cada gemido escapando de seus
lindos lábios. Eu sei que ela me quer, desesperada para que eu a penetre.
Mas eu não vou jogar limpo.
Ela acha que pode me provocar com um anel no dedo? Ela não
sabe com quem está mexendo. Eu não me tornei um bilionário bancando
o bonzinho.
Eu jogo sujo para conseguir o que quero.
E eu a quero.
A obsessão em fazê-la minha novamente é meu único foco.
Enfiei meus dedos dentro dela, gemendo enquanto eles
deslizavam sem esforço. Descuidado em minhas ações, continuo
fodendo-a com os dedos, saboreando como sua boceta fica encharcada
em meus dedos.
Dentro das minhas calças, estou pronto para gozar. Todo esse
controle que eu tinha, talvez eu esteja errado pra caralho. Estou me
atormentando tanto.
Com seu peito arfando e seu corpo se contorcendo com a
intensidade, sinto seu orgasmo iminente, mas puxo meus dedos bem a
tempo. Levando-o aos lábios, eu a observo provar seus próprios sucos
antes de correr minha língua ao longo de sua boca e saborear sua
excitação.
Eu preciso que ela implore por isso.
O meu lado sádico quer vê-la sofrer. Eu preciso da viagem de
poder, desesperado para que ela me implore para fodê-la bem e duro
como sempre foi só eu. Devo ser a única coisa em sua mente, a única
pessoa que invade seus sonhos e visualiza quando ela abre os olhos. A
única voz em sua cabeça, o único cheiro que ela pode sentir.
Ela tem que entender que um mundo não existirá sem mim.
Nós dois paramos, respirações irregulares entre nós enquanto
nossos olhares se fixam um no outro. Ela fica completamente petrificada
sob meu comando, seus lábios tremendo enquanto suas mãos se
atrapalham com a fivela da minha calça. Eu estou no controle, o
narcisista emergente está saboreando esse momento de gratificação.
Um rangido nos assusta, forçando-nos a nos afastarmos um do
outro.
É só o zelador. Ele pede desculpas pela interrupção, e eu permito
que ele continue, imediatamente me arrependendo das palavras que
escaparam da minha boca.
Por que diabos você a deixou ir?
Charlotte foge rapidamente, mas eu a alcanço, avisando-a de que
ela me pertence. E no verdadeiro estilo, ela grita palavras ofensivas na
tentativa de se proteger.
Digo a ela que ela está errada, que a desejo desde a última vez que
a vi no topo do penhasco em casa, que minha vida tem sido cheia de nada
além de arrependimento. Cada decisão que eu achava que era certa me
levava a um beco sem saída solitário.
Só depois que deixei Samantha é que comecei a juntar os cacos.
Decidi que Charlotte estava melhor sem mim depois de saber que ela
havia mudado. Eu me enterrei em meu trabalho, construindo meu
império, nunca tendo um momento para sentir o arrependimento que
perdurava constantemente, e aqui está ela na minha frente me dizendo
que o que aconteceu não foi nada além de luxúria e curiosidade - não vá
aprofundar essa questão.
Como ela ousa presumir que sou igual a todo mundo.
Eu podia ser jovem e tolo, mas a amava como nenhum outro
homem poderia. Eu estraguei tudo tantas vezes que vou admitir agora,
só preciso de uma chance final para consertar as coisas.
Até ela me dizer que esta noite foi um grande erro.
Você não é nada para mim. Eu vou me casar com ele.
Eu me inclino contra a parede, desejando que suas palavras
ofensivas parem. A falta de sua presença está deixando uma dor enorme
dentro de mim, esfregando a ferida auto-infligida dentro do meu peito.
Eu preciso deixá-la ir, só por esta noite. Talvez eu a esteja pressionando,
mas não sei mais o que fazer. Ela não é um negócio, e eu deveria parar
de tratá-la como tal. E talvez meu desejo anterior de controlá-la tenha
causado mais danos a mim do que a ela. Ela irá para casa com ele e eu
passarei a noite sozinho. Nossos mundos se inverteram, e não há nada
que eu possa fazer sobre isso agora.
Dentro do corredor, fico ali tentando reorganizar meus
pensamentos, mas tudo que vejo é ela correndo de volta para casa para
ele.
Uma porta se abre e Reese está parado na entrada.
— Senhor, a senhora lá fora está se recusando a sair. Como você
gostaria que eu procedesse com isso?
— Eu vou cuidar disso — eu cerro, desejando que esta noite
acabe. — A última coisa de que precisamos é estar nos tabloides. Os
paparazzi ainda estão aí?
— Não, senhor, acredito que David cuidou deles antes.
Dou um tapinha no ombro dele, seguindo-o até a entrada principal
do clube.
— Alex, querido, por favor. Já faz uma hora. Deixe-me entrar. —
Samantha reclama, parecendo um desastre de trem com seu rímel
questionavelmente escorrendo por suas bochechas.
Agarro seu braço com força e a puxo para o lado. — Você precisa
parar de fazer uma cena fora do meu clube. Não sei o que deu em você,
mas vou colocá-la no próximo táxi que passar.
— Por que você não me deixa entrar? Por favor, apenas pelos
velhos tempos? Vamos, anjo.
Seus braços envolvem minha cintura, agarrando-se como uma
sanguessuga. Estou enojado com seu afeto arrogante e o uso da palavra
anjo. Isso desencadeia uma memória indesejável.
Enquanto tento afastá-la de mim, ela ri. — Olha o que o gato
arrastou de volta. Ela é a razão, Alex?
Eu rapidamente me viro e vejo Charlotte parada na entrada. Seus
olhos nos encaram, opacos e sem vida. Com as mãos segurando a
barriga, Eric segura o braço dela, puxando-a na direção oposta.
Tirando os braços de Samantha de cima de mim, eu a empurro e
corro para o táxi em que Charlotte está entrando. Eric a colocou dentro
antes que eu pudesse chegar ao táxi, fechando a porta na minha cara.
Charlotte está olhando para a frente sem piscar, obviamente em um
estado catatônico.
Eu bato na janela. — Charlotte, por favor, não é o que você pensa.
Eric abre a janela ao mesmo tempo em que pede ao motorista que
espere.
— Olha, Lex, não sei o que pensar, mas Charlie está muito bêbada
agora, então duvido que ela se lembre do que viu.
— Eu preciso falar com ela. Eu preciso explicar. — Eu digo a ele
em desespero.
— Ela é minha melhor amiga e não quero vê-la magoada. Apenas
dê tempo a ela. Pelo menos deixe-a dormir. — Ele se despede, fechando
a janela enquanto o táxi se afasta.

De volta ao hotel, sento-me na varanda e passo as mãos na borda


do copo cheio de uísque. Meu telefone fica ao meu lado, me
atormentando enquanto eu quero desesperadamente ligar para ela.
Preciso ter certeza de que ela está bem, explicar o que aconteceu,
temendo perdê-la novamente.
Quando o sol começa a nascer, percebo que ligar para ela tão cedo
só faria desfilar meu desespero. Apesar da falta de sono, minha mente
se recusa a desligar, meus olhos me traem quando tento fechá-los. As
imagens da noite passada me provocando – o olhar em seu rosto
enquanto ela gemia ao meu toque, o puro êxtase que seu corpo
obviamente ansiava.
Frustrado, pressiono meu telefone contra a testa, tentando
controlar essa obsessão por ela. Desliga a porra do telefone. Colocando-
o sobre a mesa, substituo-o por um uísque na mão, bebendo os últimos
restos da garrafa.
Não queima mais, incapaz de mascarar a dor de minhas ações
descuidadas na noite passada.
Não importa o que eu faça ou diga, Charlotte não está disposta a
me perdoar. Eu tenho que encontrar uma maneira de fazê-la falar e
ouvir. Ainda incerto se ela sabe por que não tive escolha a não ser
escolher Samantha nove anos atrás, o perdão virá.
Mas se eu aprendi alguma coisa nas últimas quarenta e oito horas,
Charlotte é obstinada com uma vingança.
Esta batalha deveria ter sido uma vitória direta, mas não estou
mais lidando com a garota que deixei para trás no colégio.
Charlotte é toda mulher, e seu escudo é sua arma mais poderosa.
É mantido tão perto de seu coração que é quase impossível voltar para
um lugar onde eu pertenci.
CAPÍTULO DEZENOVE

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

Tinha sido um dia infernal.


Eu tinha acabado de terminar um turno de quatorze horas com
papai no hospital, onde perdemos uma adolescente embriagada em um
acidente de carro. Foi a primeira vez que lidei com a morte e, por mais
que nos preparassem para isso durante nossos estudos, a realidade era
muito mais cansativa.
Meu pai ficou lá declarando a hora da morte enquanto eu corria
para o banheiro arfando, mal conseguindo vomitar violentamente - meu
corpo estremecendo enquanto desabava no chão.
Como diabos isso ficaria mais fácil com o tempo?
Comecei a me questionar se essa era a vocação certa para mim.
Não sou como meu pai, ele é forte, sempre no controle. Seis malditos
anos da minha vida dedicados à faculdade de medicina. O que diabos eu
ia fazer? Eu não podia falar com Samantha sobre isso. Ela acabou de ver
o status associado ao me chamar de Doutor. Mamãe e papai nunca
entenderiam, e Adriana, bem, ela estava muito preocupada com Elijah e
imatura na melhor das hipóteses.
Eu me levantei do chão e lavei meu rosto antes de sair.
— Filho, você está bem?
— Sim. Desculpa ter saído, pai. Era muito para lidar.
Ele colocou o braço em volta do meu ombro antes de me levar para
a área de recepção. A enfermeira da recepção olhou para mim com
simpatia.
— Faz parte do trabalho, Alex. Nem sempre acaba salvando uma
vida.
— Eu sei, mas ela era tão jovem. Apenas dezessete anos, não é
justo. — Minha voz começou a engasgar e eu sabia que precisava sair
daquele lugar miserável.
— A vida nem sempre é justa, Alex. Lembre-se disso.
Com suas últimas palavras, atravessei as portas de correr e entrei
na noite fria. Passava um pouco das seis quando cheguei em casa.
Samantha estava na sala lendo uma revista qualquer.
— Ei, querido, você parece cansado.
— Sim, praticamente um dia infernal.
Largando a revista, ela fez sinal para que eu me sentasse ao lado
dela. Joguei minha bolsa no chão e me sentei, pronto para falar sobre os
acontecimentos de hoje.
— Fui ver a Dra. Housman hoje.
— Para que diabos? — Eu sabia que parecia irritado, mas o que
diabos havia de errado com ela? Querido Deus, é melhor ela não estar
grávida. Usamos camisinha, e ela tomava pílula. — Você ainda está
tomando a pílula, não é?
— Sim, estou, e não, não estou grávida. Mas bom saber que você
não avançou com essa decisão — ela rosna, com os braços cruzados. —
Dra. Housman fez alguns testes preliminares e descobriu que eu não
estava ovulando. Vou precisar de pílulas de fertilidade caso decidamos
ter filhos.
— Ok. — Dei um suspiro de alívio, exausto e nem um pouco
interessado em falar sobre começar uma família. — Então, vamos lidar
com isso quando chegar a hora.
— Ela disse que quanto mais jovem eu for, melhor.
— Não, Samantha. — Eu levantei minha voz, fodidamente irritado
que era nisso que ela se concentrava. Depois do dia que tive, pensei que
ela iria querer saber o que aconteceu. Em vez disso, ela colocou a merda
do bebê bem em cima de mim. — Não vamos ter filhos tão cedo. Fim. De.
Discussão.
Peguei minha bolsa e fui para o nosso quarto, sentei na cama e
desamarrei meus cadarços. Tirando os sapatos, levantei-me e tirei a
roupa, desesperado para me livrar das minhas roupas.
Dentro do banheiro, liguei o chuveiro esperando alguns segundos
para a água quente sair, mas lentamente o espelho começou a embaçar
enquanto o vapor flutuava pelo quarto. Assim que a água caiu na minha
pele, senti-me relaxar. Eu queria esquecer que hoje aconteceu, mas toda
vez que tentava, via o corpo sem vida deitado na mesa de operação
enquanto meu pai tentava reanimá-la. Eu não percebi que estava
chorando até que provei minhas lágrimas em meus lábios.
Vigorosamente, esfreguei meu rosto antes de desligar a água e sair.
Com uma toalha enrolada na cintura e outra para secar o cabelo,
voltei para o quarto.
— Sinto muito, querido, só fiquei paranoica pensando que eu
poderia ser a razão pela qual nunca tivemos filhos. — Samantha sentou-
se na cama, pegando um lenço do criado-mudo.
— Sério, Sammy, você precisa parar de ouvir sua irmã. Quando é
a hora certa, é a hora certa. Eu não quero falar sobre isso. Estou exausto
e só quero dormir.
Meu telefone começou a tocar. Fui até a mesa, inclinando-me para
ver o nome de Adriana piscando na tela. Atendi o telefone
abruptamente, o que não a impediu enquanto ela divagava sobre algum
problema com seu Mac.
A menina nunca se cala. Eu disse a ela que estava ocupado. Porra!
Por que ela não conseguiu que Elijah a ajudasse? Então ela disse que
estava na casa de Charlotte.
Não sei o que deu em mim porque num piscar de olhos concordei
em ir.
Como um arco-íris depois de uma tempestade, era exatamente o
que eu precisava. Tentando disfarçar meu entusiasmo, disse a ela que
chegaria em quinze minutos e desliguei o telefone. Sammy observou
enquanto eu colocava meu jeans.
— O que está acontecendo?
— O Mac da Adriana morreu e ela precisa dele para amanhã à
noite.
Deixei de fora a parte sobre ir para a casa de Charlotte. Não sei por
quê, não tinha motivos para me sentir culpado.
— Oh, eu pensei que poderíamos ir para a cama juntos. Já faz um
tempo, Alex. — Ela enrolou os braços em volta da minha cintura e
começou a beijar meu peito.
— O que você quer que eu faça? Ela precisa de ajuda, e foi você
quem concordou em sermos os acompanhantes dessa festa estúpida.
— Foda-se, Alex, é sempre uma desculpa com você. — Sammy se
afastou, saindo furiosa com a porta do banheiro batendo atrás dela.
Rapidamente me troquei, não querendo lidar com o drama que é
minha esposa. Nós não estávamos mais fodendo porque eu estava
exausto quando chegava em casa do hospital, meus turnos estavam em
rotação e, bem, eu não confiava nela. A coisa toda do bebê estava
distorcendo minha mente.
Eu precisava sair daqui, então peguei minhas chaves e fechei a
porta atrás de mim, pronto para perseguir meu arco-íris.

Meu dedo pressionou a campainha, esperando pacientemente que


Adriana ou Charlotte atendessem. Com as mãos nos bolsos, fiquei
balançando para frente e para trás, desejando que a energia nervosa
desaparecesse antes que alguém respondesse.
Eu não tinha feito nada para me envergonhar, embora soubesse
que era apenas uma questão de tempo, incapaz de livrar minha mente
de pensamentos impuros, apesar de meu compromisso com Sammy,
mas eram apenas pensamentos.
E daí se eu gostava da companhia de Charlotte? Ela me fazia rir,
me fazia esquecer que o mundo existia por alguns momentos. Ela é
descomplicada. Meus votos ainda estavam intactos. Não, não havia nada
para se sentir culpado.
Então ela parou na minha frente como se eu estivesse em algum
sonho. Ela me cativou, sua beleza me deixou sem palavras.
— Ei, Alex. Você está bem? Parece que você viu um fantasma.
— Oi, Charlotte... eu uh...
Porra, eu não tinha nada a dizer. Agora não era hora de ficar
inconstante. Cara. Ok, então eu quero vê-la nua, cada centímetro dela
espalhado na minha frente. Ok, merda, basta, seja um homem.
Ela agarrou minha mão e me puxou para a sala onde seus pais
estavam sentados. Ela me apresentou ao pai, que simplesmente disse:
— Olá — A mãe dela se levantou e se aproximou de mim, então ela
colocou a mão na minha bochecha. Que estranho, pensei comigo mesmo.
— Un ángel camina entre nosotros. — Ela cantou enquanto tocava
meu rosto.
Um anjo caminha entre nós? Que coisa estranha de se dizer.
Eu respondi em espanhol, dizendo 'obrigado'. Graças a Deus, eu
entendi e não pareci um completo idiota na frente dela. No entanto,
estou surpreso ao ver sua mãe aqui, considerando que seus pais são
divorciados.
— Você entende espanhol? — Charlotte perguntou com um largo
sorriso no rosto.
— Sim, é o que acontece quando você prefere estudar a brincar
de boneca com sua irmã.
Ela riu e me levou para seu quarto onde encontramos Adriana em
seu telefone com algum tipo de emergência de festa.
— Ei, Alex. — Adriana acenou, depois se virou para Charlotte. —
Desculpe, eu tenho te deixar e eu te amo. O fornecedor precisa que eu
escolha o menu final.
— Adriana, você não pode simplesmente deixar seu irmão aqui —
Charlotte se apressou, em pânico.
— Claro que eu posso. Ele é o geek do computador. Meu Mac está
fazendo uma coisa estranha de aviso de cara vesgo. Todas as minhas
músicas estão lá e preciso delas para a festa.
Sem tempo para qualquer um de nós responder, Adriana
desapareceu pela porta como o Super-Homem lunático.
— Eu não sou um nerd de computador, apenas para sua
informação.
— Você não parece um nerd. — Ela apontou, movendo-se em
direção a sua mesa onde ela se sentou. — Longe disso.
Fiquei perto da porta, sem saber até onde deveria entrar. Nunca
tinha entrado no quarto de Charlotte e, com curiosidade, examinei os
arredores. A cor das paredes era verde oliva, nua e sem molduras além
das fotos coladas no teto. De onde eu estava, não conseguia ver as fotos
e de quem eram os rostos, além do fato de parecerem ter sido tiradas na
escola.
Sua cama de casal estava no meio do quarto com lençóis brancos
imaculados, vários travesseiros e uma almofada no meio que dizia
Durma comigo.
— Bom quarto. — Eu mencionei, notando os livros em seu criado-
mudo. Eu li os mesmos livros no ensino médio. — Como eu pareço?
— Alex... por favor, você sabe. Você seria cego se não o visse.
— Bem, me chame de cego.
— Você sabe que é gostoso. — Ela falou com equilíbrio. — Você é
esperto. Quero dizer, você é um médico! Você é o pacote completo.
— O pacote completo? Obviamente, você não me conhece bem.
Não sou perfeito, Charlotte.
Como eu poderia começar a explicar o quão imperfeito eu era?
— Talvez não, mas você está bem perto...
Percebi que suas palavras eram sinceras e nunca tinha ouvido
ninguém usar as palavras 'perfeito' e 'Alex' na mesma frase, exceto
minha mãe. Mas o que ressoou foi o quão confiante ela estava quando as
disse, recostando-se na cadeira com os braços esticados acima da
cabeça, sem um único momento de hesitação enquanto as palavras
saíam de sua boca.
Com o passar dos minutos, não consegui desviar o olhar, preso no
dilema de querer sua inocência, sua pureza, mas minhas palavras saíram
inesperadas.
— O que sua mãe quis dizer lá atrás?
— Essa coisa de anjo? Longa história. Apenas esta lenda em que
ela acredita. Não se preocupe, ela está sempre tentando me conceder sua
sabedoria. Eu tenho dezoito anos. Não é este o momento da minha vida
para enlouquecer? Você sabe, ficar bêbada e tatuar o nome de um cara
aleatório na minha bunda? — Ela riu, mordendo uma caneta enquanto
me observava. — Ela nem deveria estar aqui. Meus pais estão tentando
ser amigáveis. Algo sobre tentar liquidar a propriedade que herdaram.
Eu meio que desanimei.
— Você não é assim — eu respondi à vontade. — Selvagem e
irresponsável.
— Não, eu não sou. — Ela hesitou, distraída por um grito alto que
ecoou por toda a casa. As vozes eram abafadas, mas logo percebi que
eram os pais dela discutindo.
— Alex, você provavelmente deveria ir. Isso não é algo que você
queira ouvir. — Ela suspirou, sua voz triste pela gritaria excessiva.
Charlotte se jogou na cama, olhando para o teto, seu cabelo
emaranhado em volta dela enquanto uma lágrima solitária caiu em sua
bochecha. Sem pensar, sentei-me ao lado dela, afastando uma mecha de
cabelo de seu rosto.
— Você quer falar sobre isso?
— Você não entenderia. Inferno, nem eu entendo.
— Não, mas vou ouvir. Isso é o mínimo que posso oferecer.
Ela passou a manga pela bochecha. — Você acha que eu já estaria
acostumada com isso, sabe, meus pais separados. Mamãe está aqui, e eu
deveria estar grata por eles poderem sentar juntos na mesma sala... —
Ela fez uma pausa como se estivesse tentando encontrar as palavras
certas. — Eu simplesmente não entendo como você promete que 'na
saúde e na doença', 'até que a morte nos separe', você estará com uma
pessoa. Como você machuca alguém que deveria amar? Papai está
sofrendo, eu sei que está, mas é orgulhoso demais para demonstrar.
Minha mãe não entende. Ele ainda a ama, embora tenha uma péssima
maneira de demonstrar isso. Ela não olha para ele como antes, ou talvez
nunca tenha olhado. Tudo o que ela fala é o passado, o grande lobo mau,
ou ela se refere a eles como os anjos das trevas. Como eles entram em
sua vida e roubam o que é seu, seu coração e sua alma. Eu descobri há
muito tempo que não era meu pai. Ele não roubou seu coração... outra
pessoa o fez. Ela nunca o deixou ir, e agora, meu pobre pai… — ela para.
— Charlotte, se não é para ser, então talvez seu pai esteja melhor.
Dê a ele a chance de encontrar alguém que o ame do jeito que ele merece
ser amado.
Ela se senta rapidamente, apoiando-se nos cotovelos para se
apoiar com olhos excessivamente brilhantes olhando para mim. —
Então, você está me dizendo que não há problema em fazer essas
promessas, colocar anéis nos dedos uns dos outros, fazer votos diante
de Deus, sua família e amigos, apenas para ir embora quando algo
melhor aparecer?
Sentado tão perto dela, não pude deixar de sentir uma
necessidade irresistível de tocá-la, de segurá-la em meus braços. Sua
honestidade e compaixão me surpreenderam. Ela tinha o coração na
manga, e eu não queria nada mais do que colocá-lo em minhas mãos e
prometer apreciá-lo pelo resto da minha vida. Com seus grandes olhos
castanhos olhando para mim, meu coração começou a disparar, não
porque eu estava com medo, mas porque parecia certo, e só isso era a
parte mais assustadora. Ela incutiu honestidade em mim e não tive
escolha a não ser expressar como me sentia - como ela me fazia sentir.
— Não algo melhor, Charlotte. Algo certo — eu sussurrei, meu
olhar fixo nela. — E sim, eu iria embora se é isso que você está
perguntando.
CAPÍTULO VINTE

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

— Charlie, você quer falar sobre isso?


O que havia para falar? eu não tinha dormido. Minha mãe decidiu
partir de novo no meio da noite, deixando meu pai se preocupar
incansavelmente com ela. Sem nota, sem nada. Apenas seus pertences
se foram. Como eu poderia entender? Eu não tinha me apaixonado antes
nem tinha sido casada. Minha opinião não importava, embora minha
vida tivesse virado de cabeça para baixo mais uma vez pelas duas
pessoas que deveriam me proteger.
— Esta noite não, Adriana.
Examinei meus olhos no espelho. As olheiras eram impossíveis de
esconder.
— Então, escute, já que você parece sexo de pernas, precisamos
discutir algum tipo de sinal no caso de você querer aproveitar algum rala
e rola.
— Adriana, você acabou de dizer rala e rola? Ok, vovó…
— Você sabe que Finn estará aqui — ela brincou.
Aqui vamos nós outra vez.
Se eu ganhasse um dólar cada vez que esse assunto fosse
abordado, poderia comprar, bem, um novo par de Converse. Finn e eu
tivemos um caso no ano passado depois de sermos amigos para sempre.
Isso resultou na perda da virgindade na praia. Não era o melhor lugar
para perdê-la, principalmente porque havia areia por toda parte.
Portanto, não tive pressa em tentar novamente depois do que só poderia
ser considerado a pior primeira vez da história. Tentamos novamente
um mês depois em sua cama e, infelizmente, não foi melhor do que antes.
Não havia areia, mas também não havia faísca, além disso, foi muito
estranho. Ele era enorme e eu era pequena, então meio que doeu.
Eu não tinha certeza de qual era o grande problema,
especialmente quando eu era totalmente capaz de me ajudar. Adriana
me dizia como era maravilhoso estar apaixonada, mas ela tinha Elijah, e
ele era tudo em que ela conseguia pensar.
— Honestamente, ele é um cara legal, ele é meu melhor amigo —
eu disse a ela, puxando minha pele sob meus olhos para torná-la mais
apresentável. Não deu certo, as malas vieram para ficar. — Pare de
tentar bancar a casamenteira. Se alguém precisar do sinal, será você.
— Eu pensei que eu era sua melhor amiga?
— Ciúme parece marcante em você — eu zombei, com um sorriso
sardônico. — Você sabe o que eu quero dizer.
A campainha tocou e eu nunca tinha visto Adriana correr tão
rápido. Ela poderia ter se qualificado para as Olimpíadas no ritmo que
estava indo. Abri a porta do quarto para ouvir vozes abafadas. Era Elijah.
Eu havia aprendido minha lição - dê a eles cinco minutos antes de
entrar na sala.
Eu verifiquei meu telefone e vi uma mensagem de Finn. Respondi
rapidamente sabendo que Adriana ficaria em êxtase. Aos olhos dela,
quanto mais, melhor. Pensei nas consequências, na limpeza amanhã de
manhã. Seus pais só concordaram com isso se a casa estivesse de volta à
sua condição original até as dez horas da manhã seguinte. Eu não sabia
como Adriana esperava conseguir isso, mas não tinha dúvidas de que ela
me faria dar um grande trabalho de limpeza.
Depois de dez minutos, decidi descer as escadas. Eles devem ter
terminado a sessão de amassos agora.
— Adriana! — Eu gritei enquanto descia as escadas. — Finn disse
que os caras estão vindo também.
Aterrissando na cozinha, fiquei surpresa ao ser recebido por Alex
e Samantha. Meus olhos se fixaram nos dele. Samantha estava sentada
em seu colo.
Tudo o que senti na semana passada me deu um tapa na cara. Eles
estavam aqui como um casal. Isso mesmo, casal, eu tinha que ficar me
lembrando. De repente, nossos textos de flerte pareciam tolos e
adolescentes. O que eu estava pensando? Eu não tinha o direito de
cobiçar um cara casado.
Mas algo parecia diferente, como se fosse mais do que apenas uma
paixão. Ele agiu diferente. Eu não conseguia explicar, mas sabia que não
tinha escolha a não ser sair dessa.
— Charlotte, bom ver você de novo. Esta é minha esposa,
Samantha — ele a apresentou enquanto eu estava sem jeito sem saber o
que dizer.
Samantha estava deslumbrante com cabelos loiros longos,
sedosos e dourados parando logo abaixo dos seios. Seus olhos, de cor
azul, brilham enquanto ela segura o marido, acariciando seu queixo com
um olhar amoroso. A descrição de Adriana não lhe fazia justiça, nem as
fotos da casa deles. Estendi minha mão para apertar a dela, mas em vez
disso, ela pulou do colo dele e me puxou para um abraço.
— Finalmente, eu te conheci. Adriana fala sem parar de você. Vai
ser bom ter outra amiga neste lugar chato e miserável — ela gritou, me
segurando com muita força.
Olhei para Alex, sem saber o que dizer. Seu rosto estava tão
confuso quanto o meu.
— Oh, uau. Prazer em conhecê-la também, Samantha.
— Me chame de Sam, por favor — ela disse, ajustando a bainha
do vestido. — Samantha é como meus pais me chamam, e esse cara
quando quer agir formalmente.
Forcei um sorriso. — Tudo bem... Sam.
Felizmente, a campainha tocou, então pedi licença para me
misturar com alguns dos convidados. Assim que saí da cozinha, parei um
momento para organizar meus pensamentos, soltando a respiração que
estava segurando.
Eu odiava que ela fosse uma mulher bonita e, juntos, eles fariam
lindos bebês. Embora eu já tivesse feito dezoito anos, nunca me senti tão
jovem. Eu precisava sair com minha própria turma e me livrar desses
pensamentos impuros.
A casa estava enchendo e comecei a reconhecer um monte de
gente da escola. Cumpri meu dever de melhor amiga e cumprimentei os
convidados. A maioria já estava no ponche que eu presumi ter sido
batizado, e os alto-falantes estavam tocando a última música pop. Eu
estava cantarolando junto com a batida quando senti um par de braços
volumosos envolvendo minha cintura.
— Finn!
Eu me virei quando ele me abraçou forte, me levantando. Eu senti
falta dele. Ele era um dos meus melhores amigos, apesar da nossa
história estranha. Passei meus braços em volta do pescoço dele e, atrás
dele, notei Alex parado com Elijah. Alex olhou para mim de forma
estranha, quase com raiva.
Finn me colocou no chão, o sorriso em seu rosto contagiante. —
Charlie, senti sua falta. Você nunca mais foi me visitar — ele reclamou.
— Eu sei, eu sei. Também senti sua falta, Finn. Venha, vamos
tomar uma bebida.
Caminhamos até a mesa de bebidas. Finn pegou um copo de
ponche e sua expressão facial disse tudo. Sim, tinha sido adulterado,
mas, felizmente, Finn poderia segurar sua bebida. Eu, por outro lado,
não queria repetir a última festa de dezoito anos a que fui. Peguei uma
garrafa de Coca-Cola, sabendo que provavelmente seria a única sóbria
aqui.
Finn colocou nossas bebidas na mesa e me puxou para a pista de
dança improvisada. Ele tinha os movimentos e eu sempre gostei de
dançar com ele. Ele agarrou minha cintura e me puxou para ele, então
eu me esfreguei contra sua coxa. Isto é o que nós fazemos. Não nos
importamos que as pessoas pensassem que éramos um casal. Estávamos
apenas nos divertindo.
Assim que a música terminou e eu me afastei de Finn, sem fôlego,
eu disse: — Vou verificar Adriana. Comporte-se, Finn.
Encontrei-a parada na cozinha com Sam, servindo Grey Goose em
uma nova porção de ponche.
Alex estava parado no corredor fazendo algo com seu telefone. Fiz
um esforço consciente para evitar contato com ele a todo custo. Ele
estava agindo de forma estranha, e eu não tinha ideia do porquê.
— Ei, Char — ela cumprimentou um pouco alegre demais.
— Adriana, por que você está batizando o ponche? Não
aprendemos com a última festa?
— Ah, relaxe, Char. Eu tenho dezoito anos agora. Uau!
Isso era como uma cena ruim de Girls Gone Wild.
— Então, Charlie, Adriana me disse que você e Finn... — Sam
brincou. Alex instantaneamente olhou para cima de seu telefone, seu
rosto enfurecido enquanto ele olhava para mim. — Você parecia muito
confortável na pista de dança.
Era tão estranho ter essa conversa na frente de Alex. Senti a
necessidade de me defender.
— Não é desse jeito. Somos grandes amigos. Desde que nascemos.
Adriana riu alto, o soco em pleno vigor. Senti que o que ela estava
prestes a dizer não pintaria a melhor imagem de mim. — Por favor, Char,
bons amigos não perdem a virgindade um com o outro.
Alex me lançou um olhar feroz antes de sair da sala, quase
estourando.
Qual era o problema dele?
— Adriana, não acredito que você disse isso em voz alta — eu a
repreendi. — Minha vida pessoal não está em discussão com todos.
Saí da sala para procurar Alex. Eu queria saber qual era o
problema dele. Continuei procurando na casa, mas não consegui
encontrá-lo. Procurando nos jardins – ainda nenhum sinal dele. Então
saí para a rua onde, sob a pálida luz da lua, vi sua sombra encostada em
seu jipe.
— Alex?
Ele se virou, seu rosto suavizando quando me viu. Encostei-me no
carro também, sabendo que era melhor não fazer contato visual com ele.
— Alex, eu fiz algo para te deixar com raiva? Me desculpe pela
conversa na cozinha. Eu particularmente não queria que minha vida
sexual fosse anunciada para o mundo inteiro. Adriana vai levar uma
bronca de mim amanhã, — eu brinquei, tentando aliviar a tensão entre
nós.
Apertando os lábios com uma leve careta, ele perguntou: — Então,
é verdade?
— O que é verdade?
— Você e Finn são um casal?
— Não, não somos. Já te disse, não tenho namorado.
— E daí? Vocês são amigos de foda, então? Com certeza parecia
quando você estava dançando.
Suas mãos chamaram minha atenção. Seus punhos estavam
cerrados, os nós dos dedos totalmente brancos, mesmo na escuridão. Eu
não entendia por que ele estava com tanta raiva, e agora estava me
deixando com raiva. Fiquei chocada com a pergunta dele. O que ele se
importava, afinal? Ele era casado, ele tinha uma esposa para ir para casa.
Por que minha vida sexual o incomodaria tanto?
— Primeiro de tudo, não somos amigos de foda. Fizemos isso duas
vezes há mais de um ano. Não foi bom, então nunca mais fizemos isso.
Em segundo lugar, ele é um bom amigo e, sim, gostamos de nos divertir.
É inofensivo. Além disso, nós dois concordamos que somos melhores
como amigos. E por último, por que você se importaria? Você está
preocupado que eu faça sexo desprotegido como o resto dos
adolescentes aqui e engravide antes da formatura?
— Charlotte, é só... você...
— O que tem eu?
Sem aviso, ele se inclinou, seus lábios se chocando contra os meus.
Eu podia sentir o gosto de seu desespero enquanto refletia o meu. Minha
cabeça estava gritando para eu parar, mas meu corpo estava doendo por
isso. Suas mãos agora estavam segurando meu rosto, mas eu queria
mais. Eu precisava que ele tocasse cada parte de mim. Agarrei sua
jaqueta, puxando-o para mais perto de mim, o beijo se tornando mais
intenso, sua língua procurando por mais. Eu queria dar-lhe tudo ali
mesmo. Eu não queria parar. Meu coração batia rápido e meu corpo
parecia estar pegando fogo.
Ele rapidamente se afastou, um olhar de choque em seu rosto.
Não, não! Por favor, não se arrependa.
Suas pupilas estavam dilatadas como um animal pronto para
atacar, mas lentamente, seus olhos fitaram o chão, sua postura se
encolheu. Colocando a mão na coxa, a faixa de ouro me cegou - um
símbolo de amor e devoção.
O que acabamos de fazer foi muito errado.
— Charlotte, eu sinto muito. Eu não deveria ter feito isso... eu sou
c-casado — ele gaguejou.
Mordendo meu lábio, meu corpo ficou dormente. Como algo tão
errado pode parecer tão certo? Eu precisava fugir rapidamente, apagar
o erro que havíamos cometido. Corri de volta para dentro, deixando-o
sozinho sob o olhar atento das estrelas.
Quando voltei para dentro da casa lotada, meu coração ainda batia
rápido, a adrenalina correndo em minhas veias. Encontrei a mesa de
bebidas novamente e bebi um copo de ponche. Pronto, isso foi melhor,
mas merda, aquela vodca era forte. Senti o calor se espalhando pelo meu
corpo, acalmando instantaneamente meus nervos ansiosos.
— Charlie, onde você esteve? Eu marquei com a gostosa da sua
escola, mas não sei o nome dela. — Finn fez sinal para que eu olhasse
para a esquerda. Havia algumas garotas dançando na pista de dança, a
garota com o cabelo ruivo curto fazendo olhares para Finn.
— Essa é Jennifer. Ela está na minha aula de inglês — eu disse a
ele, tentando o meu melhor para bloquear o beijo por apenas um
segundo sem sucesso.
— Bem, caramba, eu quero transar com ela. Sem ofensa, Charlie.
Balancei a cabeça, dando um tapinha em seu braço. —
Absolutamente não me ofendi.
As luzes diminuíram ainda mais quando Elijah trouxe o bolo de
aniversário. A multidão começou a cantar 'Parabéns pra você'. Fiquei ali
parada, sentindo-me de repente muito constrangida. Sam ficou ao lado
de Adriana, cantando alto. À sua direita estava Alex, seus olhos fixos nos
meus. Eu podia sentir seu olhar me penetrando, aqueles lindos olhos
esmeralda que me levavam sob as estrelas.
Eu ansiava por dizer a ele que estava pensando nele sem parar
desde a noite em que o encontrei na cozinha. Que todas as noites eu
ficava acordada imaginando seus beijos, seu toque, e que cheguei ao
clímax imaginando-o dentro de mim, levando-me ao limite.
E agora que eu tinha um gosto dele, eu estava com medo de não
conseguir parar.
Isso tinha me consumido.
Ele me teve, de coração e alma, tudo naquele beijo.
CAPÍTULO VINTE E UM

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

Eu estava temendo esta festa desde a noite passada.


Eu sabia que a veria novamente, mas cada vez piorava. O desejo
de beijar seus belos lábios tornou-se difícil de ignorar e, apesar de meus
sentimentos em relação a ela serem totalmente errados, eu podia jurar
que ela sentia tudo também.
Já a noite começou ruim quando Sammy resolveu sentar no meu
colo enquanto Charlotte descia as escadas. Eu queria afastar Sammy,
mas sabia que não podia sem levantar suspeitas.
Como de costume, Sammy fez sua saudação exagerada com
Charlotte. Era óbvio que Adriana estava passando para ela. Eu não
suportava garotas superficiais. Charlotte era diferente, porém, ou pelo
menos eu pensei que ela era antes de ver aquele dinamarquês brincando
com ela na pista de dança. Que porra foi essa? Eu estava com Elijah
enquanto ele divagava sobre o último preço das ações da Apple. Eu não
dava a mínima, eu só queria saber por que as mãos daquele cara estavam
em cima dela, e por que ela estava esfregando sua boceta contra a perna
dele.
Minha raiva aumentou com cada balanço do corpo dela contra o
dele. A necessidade de socá-lo bem na cara dele se tornando mais
tentadora a cada segundo. E essa música, letras sobre vadias e
prostitutas? Minha irmã era uma idiota.
Eu tive o suficiente, fugindo para a cozinha para encontrar Sammy
adicionando mais ponche.
— Muito maduro da sua parte, Samantha — eu sarcasticamente
apontei enquanto ela colocava a garrafa inteira de vodca no ponche.
Minha irmã pegando um copo e engolindo de uma só vez.
— Ah, relaxe. Quem te coroou rei? — ela retrucou.
— Engraçado, Samantha, porque a merda está em mim se alguma
coisa acontecer. Adriana, pare com a porra do ponche.
— Tenho dezoito anos, Alex. Caramba, Sam, não sei como você
aguenta ele.
Eu estava prestes a dizer a ela onde enfiar sua festa de aniversário
de dezoito anos quando Charlotte entrou. Ela evitou fazer contato visual
comigo, provavelmente para o melhor. Eu ainda estava furioso com o
que testemunhei na pista de dança.
— Então, Charlie, Adriana me disse que você e Finn... — Sam
brincou.
Eu não estava saindo da sala agora. Eu queria ouvir a resposta
dela. Ela respondeu defensivamente a Sam até que Adriana soltou a
bomba.
— Por favor, Char, bons amigos não perdem a virgindade um com
o outro.
Que porra?
Então ela perdeu a virgindade com ele?
Ela ainda estava transando com ele?
Ela disse que não tinha namorado.
Eu estava furioso, saindo da cozinha. Eu precisava sair do caos,
encontrar refúgio sob as estrelas, o ar fresco limpando minha mente.
Não demorou muito para ela me encontrar. Eu podia senti-la perto de
mim antes mesmo de ela falar.
— Alex?
Havia trepidação em sua voz e, imediatamente, senti-me
enfraquecer. Era injusto ficar com raiva dela. Não era culpa dela que eu
fosse casado, ou que eu me sentisse um fracasso miserável estudando
para uma carreira que eu não queria mais.
E não era culpa dela ser tão incrivelmente linda. Aquelas botas
foda-me não ajudavam a ereção que se tornava presente sempre que ela
estava perto de mim.
Ela continuou falando, desculpando-se pelo que aconteceu na
cozinha. A próxima parte chamou minha atenção - sua vida sexual. Se eu
estava com raiva antes, não era nada parecido com o que eu estava
sentindo agora. Eu queria levá-la para o meu carro, abrir as pernas e
fazê-la minha. Dizer a ela que eu seria o único fodendo aquela linda
boceta dela.
Eu não sabia o que tinha acontecido comigo - eu sou casado, porra.
A turbulência dentro de mim estava cobrando seu preço.
Eu perguntei a ela se ela e esse garoto dinamarquês eram um
casal.
— Não, não somos. Já te disse, não tenho namorado.
— E daí? Vocês são amigos de foda, então? Com certeza parecia
quando você estava dançando.
No instante em que saiu da minha boca, me arrependi, mas não
sabia mais o que dizer. Eu a queria. Ela não podia ver isso? Cerrando as
mãos, tentei controlar minha raiva.
Ela divagava sobre a história deles, algo que eu não tinha interesse
em ouvir, mas explicava muito. Então ela me perguntou por que eu me
importava.
Por que eu me importo? Porque eu não parava de pensar nela
desde o momento em que nos encontramos na casa dos meus pais. Algo
nela me atraiu, especialmente quando olhei para seus lindos olhos
castanhos chocolate. Sua beleza era tão natural, desde sua pele macia
até seus longos cabelos castanhos. Todas as noites eu afastava minha
esposa e, em vez disso, deitava na cama desejando que Charlotte
estivesse ao meu lado. Evitei contato sexual com Sammy porque prefiro
me masturbar no chuveiro pensando nessa outra garota que não
poderia ter.
— Charlotte, é só... você... — Eu parei.
Eu poderia dizer essas palavras em voz alta?
— O que tem eu?
Não sei o que deu em mim. Eu me inclinei, meus lábios batendo
contra os dela. Ela tinha gosto da porra do paraíso. Eu segurei seu rosto,
evitando que minhas mãos vagassem por sua bunda. Nossas línguas
lutaram, querendo mais, e ela nunca recuou, me excitando ainda mais.
Eu podia sentir sua língua girando em minha boca. Imaginar a coisa
exata sendo feita com meu pau estava me levando ao limite. Eu me senti
como um adolescente com tesão pronto para gozar por causa de um
beijo. Mas não foi um beijo qualquer, foi o de Charlotte. Ela me puxou
para mais perto. Eu sabia que poderia tê-la apenas com as estrelas
olhando, mas a realidade estava chegando. Minha esposa estava lá
dentro. Não, isso não era justo com Charlotte. Ela merecia algo melhor,
não um cara casado cobiçando-a.
Eu me afastei e pedi desculpas pelo beijo, e ela rapidamente voltou
para dentro. O que eu esperava que ela fizesse? Implorar-me para ser
dela? Respirei fundo, fechando os olhos e lembrando do momento que
foi apenas alguns segundos atrás. Eu ainda podia prová-la em meus
lábios, sentir seu cheiro na minha jaqueta e, oh merda, seu cheiro na
minha jaqueta.
Abri os olhos e destranquei o carro, pegando um chiclete no porta-
luvas. Procurei algo que pudesse borrifar. Nada. Merda. Tranquei meu
carro e voltei pelo jardim da frente. Parados em grupos do lado de fora
estavam aqueles típicos adolescentes rebeldes fumando. Aproximei-me
e parei ao lado de um cara que estava soprando anéis no ar.
— Você quer trago, mano? — ele perguntou.
— Nah, eu estou legal. Obrigado, cara.
Eu dei um tapinha no ombro dele, voltando para casa, os caras
provavelmente pensando que eu era um idiota por ficar perto deles por
dois segundos.
— Alex, aí está você! Merda, por que você fede como maconha? —
Sammy torceu o nariz enquanto tentava me abraçar.
Missão cumprida.
— Eu estava do lado de fora por um segundo conversando com
um cara. Desculpe pelo cheiro.
Ela sorriu, e eu me perguntei quanta vodca ela tinha bebido.
— Não se preocupe, baby, é por isso que os chuveiros foram
inventados, e esta noite, não espere tomar um sozinho. — Ela piscou
para mim enquanto tentava agarrar meu pau no meio do corredor.
Felizmente, Elijah interrompeu: — Hora do bolo de aniversário — ele
comemorou.
Ele trouxe o bolo e a multidão começou a cantar 'Parabéns'. Eu a
vi parada do outro lado da sala ao lado daquele idiota. Eu não conseguia
tirar os olhos dela. Ela olhou para mim, seu rosto agora ilegível. Em
momentos como esse, eu gostaria de poder ler mentes.
Não foi um erro, Charlotte. Repassei as palavras na minha cabeça,
esperando que ela tivesse algum dom telepático e pudesse me ouvir.
Quando a cantoria parou e Adriana apagou as velas, a multidão
aplaudiu antes de se dispersar em seus pequenos grupos.
Eu precisava encontrá-la novamente. Eu não sabia o que diria, mas
esperava que as palavras viessem a mim assim que eu parasse na frente
dela. Procurando na pista de dança, ela estava longe de ser encontrada.
No corredor, tudo o que vi foram grupos de garotas em pé. Entrei
na cozinha. Havia algumas garotas lá, mas ninguém que eu
reconhecesse. Eu estava prestes a subir as escadas quando ouvi a voz
dela na sala, e ela não estava sozinha.
— Olha, Carter, eu só concordei em ir ao baile porque você me
importunou como uma prostituta de dois dólares.
— Ah, qual é, Charlie. Você sabe que estamos destinados a ser. Por
que você está perdendo seu tempo com aquele idiota?
— O nome dele é Finn, e ele é um dos meus melhores amigos. Não
se atreva a falar merda sobre ele.
— Tanto faz. Você pode arranjar algo melhor do que ele.
— E o que... você acha que é melhor que ele? — Ela riu.
Por mais que eu odiasse esse Finn, parecia que havia encontrado
um novo favorito.
— Vamos, Charlie, ninguém vai saber. Apenas uma vez, deixe-me
provar isso. — Sua voz suavizou.
— Não me toque, porra, Carter.
Abri a porta, ambos chocados ao me ver. — Você a ouviu. Não se
atreva a tocá-la se valoriza suas bolas.
— Oh, olha quem está de volta, figurão Edwards. Como a vida
médica está te tratando? Ouvi dizer que papai mexeu alguns pauzinhos
para que você pudesse estagiar no hospital? — ele zombou.
Eu estava pronto para socar a porra da cara dele quando ela parou
na minha frente com as mãos no meu peito. — Deixe pra lá, Alex.
Carter riu, então eu olhei para cima e vi Charlotte se virar e socá-
lo diretamente no nariz. Ele gritou como uma maldita colegial. — Por
que diabos você fez isso?
Charlie se curvou, com o punho cerrado, a dor visível em seu rosto.
— Nunca fale merda sobre nenhum dos meus amigos. Você entendeu?
Examinei sua mão inchada, os nós dos dedos em carne viva. Porra,
que soco. Deixamos Carter parado na sala, limpando o sangue do nariz.
De volta à cozinha, fiz com que ela se sentasse enquanto procurava
o saco de ervilhas no congelador. Colocando-o em sua mão, deixei a
bolsa reduzir o inchaço, para que eu pudesse examinar melhor.
— Desculpe, isso vai doer, mas só por um segundo. Preciso ter
certeza de que não está quebrado.
Abri a palma da mão e coloquei-a na minha. Ela podia mover os
dedos lentamente, então eu sabia que não estava quebrado. Isso não a
impediu de gemer enquanto a dor aumentava.
— Não está quebrado, mas vai ficar um hematoma. Você
normalmente soca pessoas que falam merda sobre seus amigos?
— Ele mereceu, aquele idiota — ela rosnou, seguido por um grito
agudo quando ela moveu sua mão.
— Oh, Charlotte, pobre bebê — eu sussurrei, passando meus
dedos pelos dela.
Eu queria beijá-la, levá-la para casa e remover a dor que ela estava
sentindo. Ela olhou nos meus olhos e suas bochechas ficaram rosadas.
— Oh meu Deus, Char, o que aconteceu? — Adriana tropeçou na
sala, quase caindo.
Jesus Cristo, ela está perdida. Mamãe ia me pendurar pelas bolas
por causa disso. Eu nem queria pensar no que papai diria.
Eu me afastei de Charlotte. Adriana estava bêbada demais para
notar, de qualquer maneira. Ela explicou o que aconteceu, o que foi inútil
porque Adriana não se lembraria de nada pela manhã. Eu decidi
encontrar Sammy. Era hora de ir para casa. Eu estava fisicamente e
mentalmente exausto.
— Oh, aqui está ele, meu marido gostoso pra caralho, Dr.
Edwards. Bem, ainda não, mas em breve poderei dizer Dr. Edwards para
quem eu quiser.
— Sammy, acho que é hora de ir.
Já passava bem da meia-noite e a festa havia diminuído. O cara
com quem ela estava conversando decidiu ir embora, assim como os
demais foliões. A música finalmente parou e o DJ guardou seu
equipamento.
— Eu cuido daqui, Alex. Por que você não leva Sammy para casa?
— Elijah sugeriu.
— Onde estão Adriana e Charlotte? Eu provavelmente deveria
dizer adeus.
— Charlie levou Adriana para cima, onde ela desmaiou na cama.
— Obrigado, Elijah. Estarei de volta por volta das sete para ajudar
na limpeza. — Apertei sua mão antes de me virar para encontrar Sammy
desmaiada no sofá. Ela permaneceu dormindo durante todo o caminho
para casa e ainda não tinha acordado quando eu a coloquei em nossa
cama. Ela roncava tão alto que eu sabia que não tinha nenhuma chance
de dormir, mas pelo menos evitei aquele banho que ela estava
planejando.
Peguei um cobertor sobressalente e me sentei no sofá. Meu
telefone estava ao meu lado. Eu devo? Eram duas horas. Ela
provavelmente estava dormindo, mas eu mandei uma mensagem de
qualquer maneira.
EU
Eu estou supondo que você está dormindo. Me desculpe, eu menti
que estava arrependido.

Apenas um momento depois, meu telefone tocou. Eu sorri,


respirando fundo rezando para que ela não concordasse comigo.
CHARLOTTE
Estou acordada. Eu obviamente não bebi vodca suficiente. Pode
se arrepender, está tudo bem. Eu entendo Alex.

Eu digitei uma mensagem de volta rapidamente, não segurando


meus pensamentos.
EU
Mas não estou, é isso. Eu não quis dizer isso. Eu queria que isso
acontecesse. Faz tempo que eu queria.

Em segundos, ela respondeu.


Fiz uma pausa, pensando no óbvio - meu casamento.
CHARLOTTE
Estaria mentindo se dissesse que não sinto o mesmo. Mas isso
não pode acontecer novamente. É tão complicado. Para começar,
você é casado.

Eu não sabia o que havia acontecido comigo, mas estava cansado


de esconder meus sentimentos. E me machucou admitir que essa não
era uma situação fácil. Não era mais o ensino médio. Bem, pelo menos
para mim não era.
EU
Eu sei, Charlotte. Só estou dizendo que não sinto muito. Não vai
acontecer de novo tanto quanto eu quero. Você está certa, é muito
complicado e, claro, há que pensar em Adriana.

Esperei pela resposta dela, mas ela nunca veio. Achei que ela não
queria falar sobre isso ou tinha adormecido. Cada parte de mim
desejando que ela adormecesse. Amanhã, eu a veria novamente.
Adormeci rapidamente, lembrando como nos beijamos tão
apaixonadamente sob as estrelas.
Nos beijamos.
Eu tinha quebrado uma promessa.
Então, que diferença importava se eu a quebrasse de novo?
CAPÍTULO VINTE E DOIS

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

Havia um milhão e uma britadeiras explodindo dentro da minha


cabeça. Por que diabos eu bebi aquele ponche adulterado? Ah, isso
mesmo, porque eu tinha beijado o irmão da minha melhor amiga.
O irmão casado da minha melhor amiga.
Eu estava fodidamente ferrada.
Eu não tinha tempo para ficar ali e pensar sobre o que eu tinha
feito. A casa estava destruída e tínhamos três horas para recuperá-la, ou
Adriana seria queimada.
— Bom dia, Charlie. Você gostaria de uma xícara de café antes de
começar? — Elijah ofereceu.
Olhei em volta, surpresa e secretamente satisfeita por ele já ter
feito muito. Deus, ele era um namorado tão bom. — Uau, você já fez
tanto.
— Sim, bem, eu não posso deixar Adriana de castigo em seu
aniversário de dezoito anos. Que tipo de namorado eu seria?
Dei um tapinha nas costas dele. Ele era um cara tão legal.
— Ok, então a cozinha está pronta. Vou cuidar do resto da casa se
você quiser tentar a casa da piscina e a piscina. — Ele riu, sabendo que
tinha deixado a pior parte para mim.
Fiz beicinho enquanto caminhava até a porta, abrindo-a para
receber o ar fresco e limpo. Porra, o quintal estava destruído. Peguei um
saco de lixo, andando colocando todo o lixo dentro. Limpei a área
gramada, o que me levou séculos, depois fui para a casa da piscina.
Quando entrei, meu queixo caiu. A cama estava desfeita e os lençóis
espalhados pelo chão. Copos vazios estão espalhados pela sala.
Urgh, e embalagens de preservativos estavam no chão.
Eu realmente não queria pensar sobre o que eu poderia pegar aqui
agora.
— Parece que alguém se divertiu aqui ontem à noite... duas vezes.
— Alex riu. — Uau, quatro vezes.
Eu não teria escolha a não ser me virar e encará-lo. Agir com
maturidade, ser uma boa amiga. Isso é tudo que você é.
Quando me virei lentamente, ele ficou ali encostado no batente da
porta. Ele estava de moletom parecendo a porra de um deus. Não fez
nada para me arrepender do que aconteceu ontem à noite. Eu me senti
estúpida ali de calção e botas Ugg.
— Bem, alguém não vai se divertir agora, e essa sou eu. Isso está
rançoso.
Alex me ajudou a limpar o quarto, tirando a cama e recolocando
os lençóis. Trabalhamos em silêncio. Foi melhor assim. Eu não queria
falar sobre ontem à noite. Nós dissemos que não iria acontecer de novo,
e eu estava cumprindo minha palavra, mas caramba, ele estava incrível.
Alex pegou um lenço para pegar a camisinha usada embaixo da
cama. Ele o ergueu na minha frente e eu fiquei mortificada.
— Eca! — Eu me contorci, mas ele continuou a balançar lá, rindo
enquanto fazia isso. Corri para o banheiro enquanto ele me seguia, mas
o bom senso prevaleceu e ele colocou no lixo. Em seguida, esfregou as
mãos vigorosamente.
— Lave-as muito bem — eu disse a ele. — Oh Deus, isso foi
desagradável.
Ele sorriu, ainda lavando as mãos. — Aposto que você pensaria de
forma diferente se pertencesse a Justin Timberlake.
— Bem, caramba, ele não estaria usando uma se estivesse comigo.
Alex riu e jogou água em mim e eu gritei de frio.
— Agora estou molhada!
Fechou a torneira, enxugando as mãos na toalha pendurada no
cabide. — Você não estava antes?
— Oh, você não gostaria de saber? — Eu provoquei enquanto
caminhava de volta para o quarto.
De repente, senti seus braços em volta da minha cintura, meu
corpo enrijecendo em seu abraço. Ele se inclinou em meu pescoço e
sussurrou em meu ouvido: — Sim, eu gostaria, Charlotte. Você não sabe
quanto. — Seus lábios roçaram minha pele e, sucumbindo aos meus
desejos, permiti que ele fizesse isso. Alcançando meu braço por trás, eu
o puxei para mim. Suas mãos ainda estavam em volta da minha cintura,
então eu as senti subindo lentamente até meus seios. Esperei em
antecipação antes de ouvir uma comoção do lado de fora. Como um
banho de água fria, nos afastamos um do outro.
Peguei o saco de lixo e fingi pegar o lixo enquanto Alex olhava para
mim com um sorriso satisfeito antes de sair da casa da piscina.
Eu ouvi as vozes - eram Sam e Adriana.
— Adriana, sério, precisamos voltar ao trabalho. Andrew e Emily
vão explodir, e você ficará de castigo por um ano se eles virem a casa
assim.
— Eu sei, eu sei. A casa está pronta. Agora é só a piscina.
— E a casa da piscina?
— Charlotte fez isso — Alex mentiu. — Eu apenas mostrei a ela
onde encontrar os lençóis sobressalentes.
— Eww, como se as pessoas fodessem lá? — Sam reclamou.
— Eu sei — lamentou Adriana. — Nunca mais vou beber. Ou dar
uma festa.
— Espere até chegar à faculdade — Sam riu. — As festas lá são
perversas.
— Isso é o que eu ouvi. É melhor eu ir procurar Elijah.
Ouvi Adriana se afastar enquanto eu fingia limpar, esperando que
eles fossem embora.
— Boa influência, Samantha — ouvi Alex dizer. — É assim que
você quer dizer a uma garota de dezoito anos para passar o tempo na
faculdade?
— É mais divertido do que ficar em Carmel — ela respondeu
sarcasticamente.
— Você quer trazer isso à tona de novo?
— Foda-se, Alex. Como posso não trazer isso à tona de novo? —
ela argumentou de volta. — Estou cansada deste lugar chato. Ser casada
não significa que você tem que ficar em casa todos os dias. Sinto
saudades da cidade. Sinto falta das festas malucas e da bebida.
— Não quero mais falar sobre isso. Vou terminar de limpar.
— Não, estou cansada de você não querer falar ou fazer qualquer
coisa. — Sua voz era alta, ecoando pelo quintal estranhamente
silencioso. — Deus, eu até sinto falta de foder por aí. É como se você
tivesse vindo para cá e se tornado um médico celibatário. Você percebe
que não transamos há um mês? Mesmo assim, foi uma foda de pena. Tive
que implorar por isso.
— Não faça isso agora — ele alertou.
— Estou tão cansada do nosso casamento, Alex. Tornou-se
obsoleto. — Eu a ouvi sair furiosa.
Fiquei ali sem jeito, tentando assimilar tudo. A porta abriu, e me
arrastei até a cabeceira, fingindo limpar. Ele veio atrás de mim
novamente, me virando rapidamente e ele colou seus lábios nos meus.
Larguei o saco de lixo e envolvi meus braços em seu pescoço. Ele tinha
um gosto tão bom. Eu o beijei mais rápido, a urgência e a emoção de
querer mais. Quando paramos lentamente para recuperar o fôlego, ele
me olhou nos olhos.
— É você, Charlotte. Você é a razão por trás do que ela disse lá
fora. Só penso em você. Eu não quero parar com isso. Você confia em
mim? — ele implorou.
Eu não sabia o que estava pensando. Eu não sabia por que
acreditava nele, mas não pude deixar de dizer a verdade, expor meus
sentimentos na frente dele.
— Eu confio em você, Alex — eu sussurrei, meus lábios roçando
os dele. — Mais do que em qualquer outra pessoa na minha vida.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

CHARLIE

PRESENTE

Minha cabeça está latejando como um pica-pau batendo


constantemente em um ponto.
Incapaz de abrir os olhos, eles parecem costurados, impossíveis
de abrir o peso de chumbo - ramificações dos eventos da noite passada.
Vigorosamente, eu esfrego meus olhos antes de abri-los novamente,
lentamente, para encontrar a luz do dia. O sol está brilhando através das
janelas, algo que eu normalmente gostaria, mas não esta manhã. Sento-
me, tentando dar sentido a tudo.
Sei que a cabeça latejando é por causa do álcool que consumi
ontem à noite, mas não me lembro como cheguei em casa ou com quem
voltei.
Em pânico, saio correndo do meu quarto, tropeçando em meus
sapatos e bolsa no chão. A dor no meu dedão do pé ricocheteia quando
eu bato contra o chão de madeira. Pulando em um ponto, ignoro a
pulsação e corro para a sala, notando imediatamente que o sofá está
vazio.
Graças a Deus, porra. Não quero lidar com ninguém agora.
Levo meu tempo mancando até a cozinha. Sirvo-me de um copo
alto de suco de laranja enquanto me inclino para o armário, pego o tão
necessário Advil.
Os eventos da noite passada se repetem em minha mente
enquanto manco de volta para o meu quarto. Lembro-me do baile de
caridade e do beijo que descaradamente dei com Lex no salão enquanto
Julian esperava por mim. Lembro-me de ir ao clube para me divertir,
mas isso foi arruinado quando Lex apareceu.
Eric mencionou que era o clube de Lex. Era isso.
Como cheguei em casa?
Eu engulo o suco e o Advil, subindo de volta na minha cama para
adormecer novamente.

Meus olhos se abrem, o sol ainda brilhando diretamente em meu


rosto. Virando-me para o lado, levanto meu telefone para verificar a
hora. Nove horas.
A tela está cheia de notificações – quatro mensagens de texto e
uma série de e-mails. Os dois primeiros são de Eric.

ERIC
Almoço no Noodle House ao meio-dia. Nós precisamos conversar.

Merda, o que eu fiz? De repente, sinto vontade de vomitar,


pensando que não consigo me lembrar das coisas por um bom motivo.
Correndo em direção ao banheiro, eu caio sobre o vaso sanitário,
vomitando quando nada sai. Descascando-me dos ladrilhos frios,
arrasto-me de volta para a cama e verifico o meu telefone novamente.

ERIC
Adriana estará lá, mas ela nos encontrará às 12h30. Não se
atrase! Verifique as fotos em que marquei você.

Eu rio, me arrependendo quase imediatamente enquanto minha


cabeça gira violentamente. Fazia muito tempo que não bebia tanto, e
juro nunca mais tocar em tequila.
A próxima mensagem é de um número desconhecido.

NÚMERO DESCONHECIDO
Oi Charlie. Espero que não se importe que Eric me convide para
almoçar. Se for demais eu entendo totalmente.

Por mais que eu não queira revisitar meu passado, Adriana tem
um lugar especial em meu coração. Não sei por que ela acha que será
demais para mim, desde que ela evite o assunto do irmão. Eu digo a ela
que estou ansiosa para por a conversa em dia, passando para a minha
próxima mensagem.

BATMAN
Linda, estarei de volta por volta das 16h. Alguma chance de
jantarmos hoje à noite? Minha casa por volta das 7? Se você for
boa, tenho uma surpresa para você. Batman tem muitos truques na
manga.

Meu humor melhora até que a nuvem escura começa a pairar


sobre mim. Eu hesito em responder. A culpa me incinerando pelas ações
da noite passada, e não é só culpa do nosso beijo sórdido. Lex tem esse
poder que odeio admitir e começa a pesar muito em minha mente.
Não estou traindo Lex, não estamos juntos.
Então, por que me sinto culpada por jantar com Julian e,
possivelmente, fazer sexo bom em sua bat caverna? Eu balanço minha
cabeça, tentando limpar meus pensamentos, respondendo
imediatamente.
Depois de alguns textos sedutores, voltar a dormir é impossível.
Não importa o quanto eu tente me distrair, não posso confiar em meus
pensamentos agora. A tensão é demais e a única maneira de liberá-la,
além de invadir a gaveta de guloseimas, é correr.

As manhãs estão cheias de corredores dedicados. Corro como se


minha vida dependesse disso, tentando esquecer as últimas vinte e
quatro horas. Meu corpo dói enquanto eu me esforço o mais
humanamente possível. Eu paro em um banco, alongando meus
músculos, então visto meu moletom para escapar do frio da manhã. As
pessoas passam correndo por mim, algumas rápidas, outras lentas, e
algumas correm em grupos, algumas sozinhas.
Um grupo está vindo em minha direção, correndo rápido, mas tem
um cara que corre sozinho, mais rápido do que qualquer outro. Seu
corpo fica tenso quando ele ganha velocidade. Ele veste seu moletom, e
posso ver seu telefone preso em seu braço. Uma ilusão, digo a mim
mesma, não é ele. Já estive nessa estrada antes de pensar que o via em
todos os lugares que ia. Ele rapidamente passa por mim. Atrás dele estão
os outros corredores do grupo.
Continuo a alongar meus músculos quando uma mulher diminui a
velocidade, parando também no banco. Ela se inclina, apoiando as mãos
nas coxas, tentando recuperar o fôlego.
— Desculpe, eu não queria me intrometer, mas caramba, não
consigo acompanhar vocês.
— Não se preocupe, estou na mesma. — Eu sorrio, notando seu
forte sotaque britânico. — Acho que passo mais tempo aquecendo o
banco do que realmente correndo.
Ela ri, mas diminui a velocidade enquanto segura a caixa torácica,
ainda tentando se recuperar. Sentando-me no banco, decido me juntar a
ela.
— Você corre muito aqui? — ela pergunta
— Na maioria das manhãs. Hoje eu preciso muito disso.
— Conte-me sobre isso. Não tive um momento para relaxar desde
que cheguei aqui.
— Você não é daqui?
— Manchester — ela responde com orgulho. — Muito longe
daqui.
— Às vezes, a distância pode ser acolhedora.
Não é por acaso que escolhi morar na cidade de Nova Iorque,
querendo ficar o mais longe possível da Costa Oeste. Não que isso
importe agora, meu passado finalmente me alcançou.
— Sim, eu sinto falta de casa. — Ela olha melancolicamente para
o céu. — Mas, novamente, casa é onde meu homem está.
A sensação de estar apaixonada, não há nada igual no mundo. Se
você tiver a sorte de tê-lo, segure-o. Que irônico, eu acho, a parte sobre
segurar. Eu fiz até o fim, até que não havia mais nada para segurar.
— Bem, é melhor eu ir embora — ela anuncia. — Eu tenho
reuniões consecutivas hoje. Você pode acreditar nisso? É domingo, pelo
amor de Deus. Foi muito bom conhecê-la.
— Prazer em conhecer você também. — Eu sorrio quando ela sai,
seu longo cabelo loiro brilhando ao sol da manhã.
Eric já está sentado em uma mesa. Como de costume, sua mão está
colada ao telefone. Ele olha para cima e se levanta enquanto eu ando em
sua direção. Com um beijo em ambas as bochechas, ele se senta e faz
sinal para que eu faça o mesmo.
— Como está a ressaca?
— Quanto eu bebi? — Eu gemo, afundando na cadeira. — Tudo é
um borrão.
— Vamos ver, provavelmente uma garrafa no evento de caridade,
então talvez... — Ele começa a contar os dedos. Oh Deus. Eu abaixo
minha cabeça com vergonha, esperando para ouvir sua resposta. —
Talvez cinco shots no clube? Não sei. Perdi a conta depois que você
desapareceu na pista de dança.
Ele bebe seu café com leite, sorrindo.
— Eric, preciso que você seja honesto. O que aconteceu ontem à
noite? Não me lembro de nada depois das doses que tomei no bar? — Eu
imploro a ele. Eu não conto a ele sobre os flashes rápidos que passam
pela minha cabeça, que são possivelmente minha imaginação correndo
solta. — Quero dizer, o que aconteceu entre Lex e eu?
— Aquele homem lindo estava em cima de você na área VIP.
Saímos para dançar, então, quando voltamos, ele havia desaparecido,
então você e eu decidimos dançar, mas antes que eu percebesse, você e
Lex estavam um sobre o outro na pista de dança. Então vocês
desapareceram.
Eu congelo, incapaz de dizer uma única palavra. Cobrindo meu
rosto com as mãos, deixei escapar um suspiro pesado. Puta merda, eu
transei com ele no clube? Com os olhos bem fechados e abafando o
barulho das pessoas ao meu redor, tento me lembrar do que aconteceu,
mas tudo está tão nebuloso. Estávamos em uma sala escura e lembro
que senti algo frio nas minhas costas. Meu estômago começa a dar um
nó, uma perda de apetite por saber que nunca obterei a resposta sem
confrontar Lex.
— Ok, então eu entendo pelo silêncio que você está preocupada
que você tenha fodido com ele? — Eric é direto ao ponto. — Para ser
honesto, Charlie, quando eu vi você saindo do banheiro feminino, você
não parecia que tinha sido fodida.
— E como diabos você saberia como eu sou se eu tivesse fodida?
— Sei lá, pernas bambas, mais desgrenhadas? — Ele franze a
testa, franzindo os lábios. — Seu cabelo estava praticamente intacto,
assim como seu vestido. Talvez ele apenas tenha te apalpado. Eu não me
preocuparia muito com isso.
Talvez ele pense que eu não deveria me preocupar muito com isso,
mas é do Lex que estamos falando aqui. Este não é um cara novo que eu
possa simplesmente ignorar. Cada toque significa algo, e cruzei a linha
em águas perigosas sem colete salva-vidas.
De repente, penso em Julian, e a culpa vem acompanhada de
náusea. Eu posso culpar o álcool, certo? Você não tem mais dezoito anos.
Meus pensamentos são interrompidos quando Adriana caminha
em nossa direção. Eric e eu nos levantamos, abraçando-a antes de nos
sentarmos novamente para pedir nosso almoço. Meu apetite diminuiu
para nada, então eu peço uma salada, mas mesmo quando ela chega, eu
mal toco nela.
Conversamos sobre o baile beneficente e as fofocas espalhadas na
página seis esta manhã. Adriana fala com orgulho sobre sua boutique,
como ela começou e os designs que ela irá estocar, bem como suas
próprias criações. Estou tão orgulhosa dela e do que ela está alcançando.
Ela sempre quis isso desde que me lembro, e ter sucesso em Nova Iorque
é uma grande conquista no mundo da moda.
Eric pede licença quando seu telefone toca com uma potencial
chamada sexual. Saudando sua ausência, viro-me para encarar Adriana
quando ele está fora de vista.
— Adriana, preciso te perguntar uma coisa... — Hesito, me
perguntando se devo envolvê-la na confusão que criei para mim. — Você
falou com Lex desde a noite passada?
Ela coloca o garfo para baixo, limpando a boca com o guardanapo
enquanto sorri. — Sim, eu fiz.
— Por que você está sorrindo?
— Você estava tão bêbada que não se lembra da noite passada?
Então agora você está tentando descobrir o que aconteceu entre você e
Lex?
Eu torço o guardanapo no meu colo, tentando ansiosamente
escrever uma frase sem soar como uma prostituta. — Sim, quase isso.
Olha, eu não sou esse tipo de garota — eu me apresso, tentando
defender minhas ações. — Não costumo sair e me embebedar no sábado
à noite. Na maioria das vezes, estou na casa de Nikki passando um tempo
com o filho dela.
— Ei, escute, Char… — O apelido traz de volta a nostalgia da nossa
amizade. — Você não tem que explicar nada para mim. Uma olhada em
você, e eu sei que você não é esse tipo de garota. Você nunca foi. É por
isso que Lex te amava tanto.
Suas palavras são como pequenas facas, me apunhalando uma a
uma no coração.
Amava. Por isso ele me amava tanto.
Tempo passado, continuo dizendo a mim mesma.
Ele não é mais o meu futuro.
— Olha, ele não me disse muito, para ser honesta, só que você não
fez sexo. Ele foi claro quando perguntei a ele. Ah, e aquela cadela
estúpida, Samantha, estava lá — ela bufa.
— O que? Samantha estava lá?
Minha memória começa a clarear. Estávamos saindo do clube e
ouvi risadas, risadas familiares. A sensação de querer vomitar
violentamente na calçada me envolveu quando vi o rosto dela, e Lex
tentando impedi-la de entrar no clube.
— Sim, ela estava. Ela não tinha permissão para entrar no clube,
então fez uma grande cena, e Lex, claro, teve que acalmá-la. Não é a
melhor publicidade para o clube desde que os paparazzi se aglomeram
naquele lugar.
Adriana continua explicando o ocorrido. Como Samantha já estava
bêbada e como ela está tendo grandes problemas de custódia com Chris,
seu ex, em relação à filha deles. Adriana só tinha ouvido falar dela por
outras pessoas depois de cessar o contato com ela depois que ela e Lex
se separaram. Uma parte de mim sente pena de Samantha depois de
ouvir o que ela está passando, mas não cabe a mim me envolver. Eu
participei da ruína de sua vida muitos anos atrás e o arrependimento
ainda pesa sobre meus ombros por minhas ações descuidadas.
Eric volta para a mesa, falando animadamente sobre um encontro
que terá com esse cara amanhã à noite e o que ele deve vestir. Ressalto
como o encontro envolve um filme que ele pode querer deixar seu terno
Versace pendurado no armário. Ele faz beicinho, como sempre, qualquer
desculpa para usar aquele terno.
Dizemos adeus um ao outro. Adriana e eu combinamos jantar na
terça à noite, só nós duas, para relembrar os velhos tempos.
De volta ao meu apartamento, me jogo no sofá e tento montar o
quebra-cabeça. Eu não fodi com Lex ontem à noite, mas quem sabe,
talvez eu tenha dado um boquete nele ou algo assim.
Merda. Estou com muita raiva do Lex.
Nada de bom pode vir de estar perto dele.
Preciso focar no positivo, meu noivo, meu futuro marido.
São sete em ponto quando bato na porta de Julian usando meu
vestido preto ombro a ombro. No momento em que sua porta se abre,
seu sorriso amoroso desperta minha culpa.
— Nossa, Alfred está relaxando. Batman tem que abrir a porta
sozinho?
Ele agarra minha mão, puxando meu corpo para o dele, e me beija
profundamente. Sua língua provoca suavemente a minha, desespero em
seus gemidos até que eu me afasto momentaneamente, uma reação de
culpa, e jogo isso como uma piada.
— Se é assim que você vai me cumprimentar todas as vezes, você
também pode demitir Alfred.
— Entre, linda.
Quando entro em seu apartamento, ainda me surpreendo com o
quanto ele realmente se parece com a bat caverna nos filmes. As paredes
são escuras, mas ainda têm um ambiente acolhedor.
Ficamos em sua sala de estar, que é muito parecida com a minha,
não muito grande. Um sofá de couro marrom fica na frente de uma
enorme televisão de tela plana. O que há com os homens e sua obsessão
por tamanho? Em frente a isso estão fileiras e fileiras de estantes. Eles
estão abarrotados de tantos livros, o que é esperado, considerando que
ele escreve para viver.
Ele pega minha mão, me levando até a cozinha, onde me
surpreendo ao ver a mesa de jantar arrumada com os pratos e talheres
perfeitamente posicionados, e dois candelabros no meio da mesa, as
chamas queimando intensamente.
— Nossa, Julian, isso está lindo — eu digo com admiração.
Um gesto romântico, mas esse é o Julian, ele é um cara tão
romântico.
Ele faz sinal para que eu me sente, então ele coloca um pouco de
vinho em uma taça. Não tenho certeza se aguento mais álcool, mas não
quero ofendê-lo, então tomo pequenos goles enquanto ele serve o
primeiro prato.
Conversamos sobre o baile de caridade que levou a uma conversa
sobre seu trabalho com órfãos húngaros. Eu o observo enquanto ele
conta apaixonadamente a história sobre sua jornada e quanto trabalho
ele fez para ajudar as crianças. As emoções estão levando a melhor sobre
ele quando ele engasga um pouco. Eu me inclino e coloco minha mão em
cima da dele.
Aqui, diante de mim, está um homem que tem um coração enorme.
Ele tem tanta compaixão, mais do que qualquer pessoa que eu já
conheci.
Julian nunca vai me deixar sem uma explicação, nem nunca vai me
machucar tão profundamente.
E sempre volta a isso.
Por que estou constantemente comparando-o com Lex?
Quando terminamos nossa refeição, ele limpa a mesa enquanto eu
volto para a sala.
— Você está pronta para sua surpresa agora?
Seus olhos dançam como se um pedaço de fruta proibida estivesse
sendo balançado diante dele.
Eu espero ansiosamente enquanto ele sai da cozinha com um
pequeno prato de - espere! É isso? Sim, cupcakes red velvet com
cobertura de creme de manteiga.
— Como você sabia que estes são os meus favoritos?
Minha curiosidade desperta com baba quase escorrendo pelos
cantos da minha boca
— Um passarinho me contou… Padeiros no Brooklyn.
Esse é o meu lugar favorito em todo o mundo. Eles fazem as
sobremesas mais deliciosas, e esses cupcakes red velvet são minha
fraqueza - depois dos Louboutins, é claro.
— Que engraçado, Bakers como seu sobrenome — eu indico.
— Sim, como meu sobrenome e o da minha tia.
Leva um momento para a ficha cair. — Sua tia é dona da Bakers no
Brooklyn? Julian, eu poderia me casar com você agora mesmo.
Eu me inclino, posicionando meu corpo, então estou montando
nele. Agarrando o cupcake, dou uma mordida, fechando os olhos e
mergulhando nos diferentes sabores. Enquanto eu lambo meus lábios,
as mãos de Julian se acomodam bem em meus quadris enquanto ele
lentamente se esfrega contra mim. Não sei o que é melhor, o sabor dele
ou do cupcake.
Então, ele lentamente puxa meu vestido acima das minhas coxas.
Seus beijos se movem para o meu pescoço enquanto ele segura minha
bunda me fazendo gemer, meus olhos se fechando de prazer.
A imagem de Lex mergulhando seus dedos dentro de mim pisca
diante de mim, quebrando-me a partir deste momento. Deixando
escapar um gemido, meus olhos se arregalam e em estado de choque.
Oh merda, eu não poderia ter deixado ele fazer isso comigo.
O som do meu celular vibrando na bolsa nos interrompe, uma
distração que não pode ser mais bem-vinda. Julian se afasta como um
cavalheiro, perguntando se eu preciso atender. Invento uma desculpa
sobre esperar uma mensagem importante de um cliente.
Eu só preciso dissecar a imagem – como cada parte de mim
implorou para Lex me foder forte contra a porta fria da geladeira – mas
agora não é a hora. Meu anel quase salta do meu dedo e me dá um soco
no rosto, me lembrando onde estou, com quem estou e, o mais
importante, que eu disse sim.
Descendo de Julian, respiro fundo enquanto vasculho minha bolsa.
A culpa é uma corrente em volta do meu pescoço, e preocupada que ele
possa sentir isso, eu o olho de soslaio apenas para vê-lo mexendo em seu
relógio.
Você está sendo paranoica. Eu, obviamente, não tenho 'eu fui
tocado pelo meu ex ontem à noite' tatuado na minha testa.
Finalmente encontrando meu telefone, eu o pego com um número
desconhecido na tela.

NÚMERO DESCONHECIDO
Boa noite, Charlotte, quero uma chance de explicar a você o que
aconteceu ontem à noite. Por favor, não é o que você pensa.
Deixe-me explicar. Lex.

Como diabos ele conseguiu meu número? Eric, a pequena cobra.


Julian atende uma ligação que chega em seu telefone, pedindo
licença e indo para a cozinha. Sento-me lá, entorpecida por dez minutos,
imaginando o que devo responder. Não consigo pensar em nada, então
envio uma mensagem para ele pedindo que ele explique.

NÚMERO DESCONHECIDO
Não vejo Samantha há oito anos, desde que a deixei. Adriana me
disse que está passando por um divórcio conturbado, e seu ex está
lutando pela custódia. Ela estava bêbada ontem à noite e queria
entrar no clube, mas eu recusei, então ela fez uma cena.

Eu não sei em que acreditar. Ele me disse que não mentiria para
mim, mas toda essa situação é uma grande merda. Parte de mim quer
acreditar que é verdade, mas ainda dói como o inferno. Digitando de
volta, peço a ele para olhar no espelho para ver se seu nariz está
crescendo. Ele responde rapidamente, mudando minhas palavras como
de costume.

NÚMERO DESCONHECIDO
Meu nariz parece bom para mim, mas não posso dizer isso sobre
outras partes.

Incapaz de esconder o sorriso brincando em meus lábios, é óbvio


que algumas coisas nunca mudam. Não tenho certeza de como
responder sem encorajar seu comportamento travesso, mas é claro,
meu sádico eu interior está dizendo aos meus dedos para digitar.
Eu respondo rapidamente, Julian voltando para a sala, se
desculpando.
Há uma coletiva de imprensa de última hora hoje à noite na
prefeitura para um escândalo político que explodiu, e eu vejo isso
chegando - ele tem que ir embora.
— Sinto muito, linda. — Ele pega minha mão, beijando meus
dedos. — Eu prometo que quando morarmos juntos e nos casarmos, não
será tão ruim assim.
Casamento - a palavra toca uma corda melhor não tocada na minha
cabeça agora.
Esta é a vida de um jornalista - perseguindo a liderança.
Asseguro-lhe que estou bem. Teremos muitas outras noites para
aproveitar a companhia um do outro. Ele me beija profundamente, me
agradecendo por ser tão compreensiva.
No táxi de volta para casa, brinco com meu telefone, querendo
desesperadamente perguntar a Lex sobre a cozinha, mas não quero que
ele saiba que não tenho ideia do que aconteceu. Usando minhas táticas
de tribunal, tento manter a vantagem, sem mostrar nenhuma fraqueza.
Mas Lex é um jogador de jogo e seu método é totalmente sujo.
Dentro do carro, eu me contorço no assento de couro. Quando meu
apartamento está à vista, não consigo pagar o motorista mais rápido,
saio do táxi e subo as escadas correndo loucamente.
Fechando a porta atrás de mim, vou direto para o meu quarto e
coloco minha camisola. Lavando rapidamente o rosto e escovando os
dentes, subo na cama, apesar de ser cedo.
Eu preciso liberar essa tensão sexual e agora.
Acendendo o abajur, alcanço a gaveta da cabeceira e pego meu
bom amigo, o Sr. Rabbit. Relaxando, eu coloco entre minhas pernas,
redemoinhos lentos tornando a dor insuportável.
Soltando o Sr. Rabbit na cama, deslizo minha mão ainda mais,
esfregando, deliciosamente surpresa com o quão incrivelmente
molhada estou. Eu me movo mais rápido, imaginando Lex me fodendo
forte e rápido contra a parede. Lembro-me de como seu pau latejava
dentro de mim, e quão intensos eram seus impulsos.
É o suficiente para me levar ao limite, um orgasmo passando por
mim enquanto eu arqueio minhas costas e gemo alto.
Tentando recuperar o fôlego, o pobre Sr. Rabbit está deitado
indefeso ao meu lado. Que desperdício trazê-lo para fora.
Com um sorriso satisfeito, minhas pálpebras ficam pesadas e caio
em um sono tranquilo.
E em meus sonhos só vejo seu rosto, só sinto seu toque.
O homem que me prometeu uma vida juntos há nove anos.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

LEX

O dia está nublado, refletindo meu humor.


Não tenho ideia de como abordar a situação de Charlotte e
Samantha, então, para clarear a cabeça, corro pelo Central Park.
Minhas pernas correm mais rápido do que nunca, empurrando a
queimadura enquanto o suor se acumula na minha camisa e pinga da
minha testa. O tempo que corro é o meu recorde pessoal e a única coisa
positiva sobre a qual tenho controle.
Paro em um parquinho para recuperar o fôlego. Ao meu redor, as
crianças estão brincando, tão felizes sem se importar com o mundo. Uma
ruiva atraente senta-se no banco do parque e um garotinho corre para
seus braços. Seu rosto se torna familiar e, momentos depois, percebo
que é a amiga de Charlotte, Nikki.
Não sou de puxar conversa com estranhos, mas isso tem um
propósito próximo ao meu coração.
— Oi. — Eu aceno, dando pequenos passos em sua direção. —
Nikki, certo?
Levantando os olhos para encontrar os meus, ela cruza os braços
com um sorriso forçado no rosto. — Sim, é, Sr. Edwards.
Percebo o tom sarcástico e, com minha guarda um pouco
levantada, tenho que interpretar essa mulher de maneira diferente se
quiser extrair qualquer informação sobre Charlotte.
— Por favor, me chame de Lex.
— Tanto faz — ela murmura.
O menino ao lado dela volta sua atenção para mim. — Você é
amiga da mamãe?
— Na verdade, sou amigo da amiga dela.
— Ele é amigo de Charlie. — Nikki diz a ele, rangendo os dentes.
— Ah, que legal. — O menino pula do banco, com o rosto animado
enquanto fala: — Você sabia que Cha Cha me leva ao beisebol todo
sábado de manhã? É totalmente incrível. Ela pode jogar um pouco de
beisebol ruim, e os treinadores a amam.
Charlotte joga beisebol? Eu rio da ironia. Ela sempre odiou
esportes.
— Querido, você pode ir brincar com Bailey enquanto eu falo com
Lex?
O menino acena com a cabeça, dando um beijo de despedida em
Nikki antes de sair correndo.
Nikki balança a cabeça na minha direção, um olhar penetrante
refletindo em seu rosto irritado. — Fique longe de Charlie, Lex. Você não
é bom para ela.
— Você nem me conhece. — Eu respondo tão educadamente
quanto posso, sem dizer a ela para se foder e cuidar de seus próprios
negócios. — É um pouco presunçoso da sua parte dizer que tenho más
intenções.
— Não, eu não, Lex — afirma ela, com naturalidade. — Não
conheço a história que vocês têm, embora tenha certeza de que foi mais
do que apenas uma paixão do colégio. Eu sei que enquanto eu dividia um
quarto com Charlie na faculdade, ela chorava até dormir todas as noites
e acordava perguntando por você.
Estou sem palavras, esquecendo o quanto eu a machuquei. Meus
braços ficam pesados enquanto meus ombros caem, o peso de minhas
ações passadas levantando sua cabeça feia mais uma vez. Não parei para
pensar sobre o que aconteceu depois que saí, e não toquei no assunto
com Charlotte porque não quero arrastar as memórias ou relembrar
minha estupidez.
— Ela está melhor com Julian — Nikki continua, relaxando seu
olhar severo. — Ele a trata como ela merece ser tratada. Eu sei o
suficiente sobre o seu tipo para saber que você só vai machucá-la
novamente.
Déjà-porra-vu.
Alguém está me dizendo que Charlotte está melhor sem mim.
Desta vez não vou recuar, recusando-me a cometer o mesmo erro
novamente.
— Você pode querer deixar Charlotte decidir isso por si mesma.
— Eu endireito minhas costas, peito para fora, e dou a ela um sorriso
educado. — Adeus, Nikki.
Começo a correr pensando no que Nikki acabou de dizer. Eu não
me importo com o que ela pensa. Charlotte e eu temos uma história.
Depois do que aconteceu ontem à noite, sei que ela irá para a casa de
Julian. Eu só preciso de um plano. Correndo de volta para o hotel,
frustrado por não chegar a lugar nenhum, fui para a academia. Meu
corpo prospera com a dor.
De volta ao meu quarto, entro em um banho quente e fumegante.
A água é incrível, acalmando meus músculos e relaxando a tensão quase
instantaneamente. Minha mente começa a viajar para a noite passada,
acariciando-a na pista de dança, sentindo seu corpo apertar enquanto
eu cantava para ela.
Envolvendo minha mão em volta do meu pau, começo a acariciá-
lo lentamente, lembrando como a empurrei contra a geladeira fria,
observando a condensação escorrer pela porta enquanto sua pele
queimava, chupando seus lindos seios e sentindo sua boceta molhada
em todo os meus dedos. Seu corpo mudou. Ela se tornou uma mulher.
Seus quadris são curvilíneos, sua bunda bonita e apertada. Começo a
acariciar mais rápido, imaginando seus lábios no meu pau. O jeito que
ela costumava me levar profundamente, o jeito que ela gritava meu
nome enquanto eu a fodia.
À medida que a pressão aumenta e o fogo sobe em minha barriga,
eu gozo em toda a minha mão, desejando que estivesse em sua boca.
A primeira coisa que preciso mais do que tudo é resistência. Peço
serviço de quarto que não demora muito. Um café da manhã quente me
dará energia, já que quase não comi nada nos últimos dias. Depois de
terminar minha refeição, pego meu telefone, rolando até localizar o
número de Eric. Ele me deu o número dele no baile beneficente, caso eu
precise de alguma coisa. Para ser sincero, não tenho certeza se ele quer
um pau ou se está tentando armar para Charlotte, então mando uma
mensagem para ele, pedindo o número dela, que ele não tem nenhum
problema em me dar.
Perdia a maior parte do dia em reuniões, marcadas por contratos
e reuniões marcadas meses atrás. À medida que a noite começa, eu
oficialmente enlouqueço jogando este jogo de espera. Preciso dizer a ela
que a noite passada com Samantha não foi o que parecia, então decido
mandar uma mensagem para ela.
Enquanto espero, minha ansiedade aumenta conforme o relógio
passa. O que diabos ela está fazendo que ela não pode responder
imediatamente? Minha mente vagueia. Não vá lá.

CHARLOTTE
Explique

Uma palavra é tudo o que ela me dá. Não 'olá, como você está hoje.'
Ela é breve, e eu não a culpo. Charlotte precisa saber a verdade, então
finalmente explico a situação, esperando que ela entenda. Ela é rápida
em me questionar se estou mentindo, dizendo-me para olhar no espelho
para ver se meu nariz cresceu.
Não consigo resistir, é muito fácil.
Digitando rapidamente, digo a ela que meu nariz pode não ter
crescido, mas não posso dizer o mesmo para baixo. Ansioso por ter
ultrapassado nossos limites, a bolha paira no final do nosso texto pelo
que parece uma eternidade.

CHARLOTTE
Eu não sabia que você e o espelho tinham uma queda um pelo outro.
Obtenham um quarto.

Esta é a Charlotte de que me lembro, mal-humorada e espirituosa


com uma resposta para tudo. Eu sorrio, pensando em uma resposta para
manter nossa conversa fluindo.
EU
Eu tentei, mas acontece que prefiro em uma cozinha escura contra
a geladeira fria.

Não sei do que ela se lembra do sábado à noite, já que bebeu tanto.
Sob minhas calças, meu pau endurece novamente. Jesus fodido Cristo,
eu preciso bater outra se eu planejo dormir esta noite. Essa tensão está
me matando e esperar pela mensagem dela parece horas a fio.

CHARLOTTE
Ha! Engraçado! Eu podia jurar que era um elevador.
Bem, foda-me. Ela lembra.
Eu tinha contado a ela uma vez sobre uma fantasia recorrente em
que ela estava usando botas foda-me, uma saia curta plissada e nada por
baixo enquanto subíamos no elevador. Todos sairiam e eu apertaria o
botão de parada, transando com ela até o esquecimento. Se o universo
tiver algum favoritismo em relação a mim, na cidade que nunca dorme,
com milhares de elevadores ao nosso redor, talvez minha fantasia se
torne realidade.
EU
Ainda é, querida.

Ela nunca responde ao meu texto, e meu autocontrole debate se


devo ou não pressioná-la por mais. Finalmente durmo por apenas
quatro horas e, assim que amanhece e o sol nasce, envio outra
mensagem.
EU
Você está livre hoje para um café? Eu prometo que estarei no meu
melhor comportamento.

Tenho reuniões consecutivas esta manhã com partes interessadas


e agentes. Envio um e-mail para Kate pedindo que ela me envie a
programação de hoje enquanto espero. Considerando que são apenas
seis e meia da manhã, não espero uma resposta até que meu telefone
acenda.

CHARLOTTE
Depende. Também ganho brownie de chocolate?

Meus lábios se curvam para cima em um sorriso e, recostando-me


na cadeira, leio a mensagem dela novamente. Eu tinha esquecido como
era sorrir, esperar por algo, ou devo dizer alguém, sentir aquele maldito
frio na barriga que as mulheres sempre falam. Porra, quando eu me
tornei um maricas?
EU
Depende do que você está vestindo.

Eu não posso ajudar a mim mesmo. Talvez sejam borboletas com


tesão, já que foram mantidas em cativeiro por tanto tempo. Ela me
manda uma mensagem com o endereço e me avisa para me comportar.
Porra, lá vamos nós de novo. Meu pau lateja quando ela me chama
de Sr. Edwards. A imagem de chicotes, coisas pervertidas e uma
bibliotecária vêm à minha mente. Não faz nada para aliviar a tensão.
E então me forço a ignorá-las, tentando me concentrar no
trabalho. Eu falho miseravelmente. Não consigo me concentrar durante
a minha primeira reunião. Tenho partes interessadas falando muito
sobre lucros, receitas e orçamentos. Felizmente, tenho Kate lá para fazer
anotações.
— Tenho uma conversa rápida com uma velha amiga —
aconselho Kate no final de nossa reunião.
— Tudo bem, Sr. Edwards. Sua próxima reunião é um almoço ao
meio-dia. — Ela me diz que vai me enviar um e-mail com os detalhes,
então nos separamos.
Pego um táxi até o Café York, uma cafeteria pequena, muito
aconchegante e intimista. É um pouco antes das onze quando chego, e
Charlotte ainda não chegou. Verifico meu telefone para ver se ela me
mandou uma mensagem até que uma onda de ar quente passa por mim.
— Desculpe, foi uma daquelas manhãs malucas.
Charlotte paira sobre a mesa, sem fôlego. Meus olhos vagam em
direção aos sapatos dela - Louboutins - minha fantasia ali mesmo.
Controlando-me, levanto meu olhar lentamente para cima de suas
pernas para a saia de cintura alta, cinto preto grosso e, finalmente, a
camisa preta de risca de giz, ligeiramente desabotoada revelando as
curvas superiores de seus belos seios.
Hoje, ela está usando óculos de leitura.
Me mate agora.
Eu me levanto, inclinando-me para beijar sua bochecha, o gesto
fazendo seu corpo enrijecer. Não sou imune ao cheiro dela, sua pureza e
sedução, tudo em um só, mas preciso me controlar se quiser mantê-la
perto de mim.
Nós dois sentamos, pedindo cafés e, claro, o brownie dela, o
garçom pronto para nos servir.
— Charlotte, sobre sábado à noite...
— Podemos simplesmente mudar de assunto? — ela intervém. —
Adriana explicou tudo sobre Samantha para mim.
— Você falou com Adriana sobre a outra noite?
— Bem, não, quero dizer, sim. Almocei com ela ontem. Ela
mencionou Samantha e explicou o que aconteceu, o que só posso
presumir que ela ouviu de você, já que ela não estava no clube. Eu estava
muito bêbada. Não me lembro muito da noite.
— Você gostaria que eu refrescasse sua memória? — Eu provoco.
Ela sorri, apenas ligeiramente. — Que tal mantermos isso em
segredo?
Eu mudo de assunto, não querendo pressioná-la mais. — Então,
você é uma advogada?
— Sim. Nikki e eu abrimos nosso escritório há cerca de um ano.
O garçom volta com nossos cafés e o brownie. Congratulo-me com
a dose de cafeína, exausto pela falta de sono e mudança de fuso horário.
— Isso é uma grande conquista — eu digo a ela, intrometendo-se
em seu passado com uma necessidade desesperada de aprender mais.
— Onde você estudou?
— Yale. Eu praticamente trabalhei minha bunda pra caramba
para chegar onde estou.
Sua bunda. Não. Vá. Lá. Porra.
— Então, você veio aqui depois... — Eu não quero dizer as
palavras, cautelosa com sua expressão cautelosa.
— Não, fui morar com minha avó em Connecticut. Ela faleceu
cerca de cinco meses depois que eu cheguei. — Charlotte abaixa o olhar
em direção à mesa, passando os dedos pela borda da xícara. — Ela era
uma mulher incrível. Ela me ensinou muito durante esse tempo. Depois
que ela faleceu, eu queria deixá-la orgulhosa. Então, entrei em Yale,
estudei muito, depois me mudei para cá com Nikki e comecei minha
carreira.
Eu estendo a mão para tocar a mão dela. — Sinto muito pela sua
avó.
O telefone dela começa a vibrar na mesa, interrompendo nossa
conversa.
— Desculpe, preciso atender isso… — Ela responde
abruptamente com — Tate. — Ouvindo a voz do outro lado, vejo seus
olhos revirarem em frustração. — Muito bem. Estarei lá, mas estou lhe
dizendo, não vamos nos contentar com esse valor.
Esta não é a Charlotte que eu conheço. Essa mulher é durona.
Porra, isso está me excitando.
— Sinto muito — diz ela, desligando o telefone.
— Está bem. Eu entendo, toda essa coisa de trabalho.
— Então, o que você faz, Sr. Edwards?
Oh não, lá vai ela de novo.
— Excessivamente, não consigo mais acompanhar. Eu sou um
workaholic.
Me chame de Sr. Edwards novamente. Por favor.
Ela dá uma mordida em seu brownie, lambendo os lábios com
prazer. Tem banheiro aqui? Minhas calças parecem ser dois tamanhos
menores. Meu cérebro tenta se lembrar do hotel mais próximo,
desesperado para levá-la a qualquer lugar e enfiar meu pau naquela
boca linda dela.
— Delicioso?
Ela lambe os lábios novamente. — Já comi melhores.
Pego o garfo em seu prato, provando um pedaço. — Tem um gosto
perfeito para mim.
Nós nos sentamos lá, quietos com a tensão crescendo entre nós.
Seu peito está arfando, e meu foco está em seus lábios. Mordendo, ela
não percebe o quão tentadora ela é com um olhar simples e inocente.
Apesar da minha relutância em fazê-lo, preciso informá-la de
minhas intenções, em vez de ela presumir que a estou deixando sem um
adeus. — Vou voltar para Londres hoje à noite.
Seu comportamento muda instantaneamente quando as palavras
saem da minha boca, olhos arregalados enquanto suas sobrancelhas
franzem. A mudança me pega de surpresa, tão rapidamente que eu a
tranquilizo: — Espero estar de volta a Nova Iorque na próxima sexta-
feira.
— Tipo, daqui a duas semanas? — ela pergunta, baixinho.
Desviando meus olhos, meu peito aperta ao perceber que estou
prestes a deixá-la novamente. Bom e velho Lex, você simplesmente não
consegue se recompor. Quero ficar com ela, mas as reuniões agendadas
em Londres são cruciais para o Grupo Lexed. Eles levaram meses para
planejar, uma delas é uma conferência de negócios com os acionistas
presentes.
— Sim — eu digo, observando-a pegar sua bolsa.
— Eu realmente tenho que ir. — Ela se levanta, evitando contato
visual. — Minha próxima reunião é em vinte minutos.
— Posso ligar ou enviar uma mensagem para você? — Eu
imploro, me levantando.
— Estou realmente lotada de compromissos esta semana e alguns
eventos aos quais preciso comparecer.
— Com Julian? — Eu pergunto, me arrependendo imediatamente.
— Lex, não.
— Charlotte, vamos... — Eu estendo minha mão, mas ela recua. —
Por que você tem que ir? Por favor, fique mais um pouco.
— Adeus, Lex. — Ela sai furiosa da cafeteria e, mais uma vez, todo
o meu mundo está desabando ao meu redor.
Deixando-me aqui sozinho, tento descobrir o que fiz de errado.
Contei a ela minhas intenções de voltar para Londres e a data da minha
volta. Certamente, como proprietária de uma empresa, ela conhece o
tipo de responsabilidade que tenho de cumprir.
Mas algo mudou nela, e não sei por quê.
Isso não é um adeus - longe disso.
Vou para Londres para resolver toda a merda de lá, depois me
instalar aqui. Tudo o que tenho a fazer é passar as próximas duas
semanas sem vê-la.
Se consegui durar nove anos sem ela, posso durar duas malditas
semanas. Pelo menos é o que eu digo a mim mesmo.
Sim, eu posso fazer isso.
Estou acostumado a estar no controle.
Então por que dói pra caralho ir embora?
CAPÍTULO VINTE E CINCO

CHARLIE

Encontrar Lex para um café é uma má ideia.


Achei que poderia agir com maturidade, ignorar seus modos de
flerte, mas sou fraca. E então ele menciona voar de volta para Londres.
Minha reação me pega de surpresa.
Estou lívida.
Por ele.
Por mim.
Ele está sentado na minha frente, e cada parte de mim odeia o fato
de sentir falta dele, mesmo que eu não o conheça mais. Ele não é o
homem por quem me apaixonei há muitos anos. Lex Edwards se
transformou nessa criatura controladora e sem coração que só pensa em
suas necessidades.
Quando eu pergunto a ele quanto tempo ele vai ficar longe, eu
oficialmente abaixei minha guarda, me arrependendo das palavras
imediatamente. Não consigo entender minhas ações. Passei anos
construindo uma pele grossa devido à minha linha de trabalho e, em
apenas alguns dias, tudo que passei anos conquistando agora é uma
reflexão tardia.
Perto dele, eu desmorono, e odeio isso.
Eu não pertenço mais a ele, mas, novamente, eu já pertenci?
Digo a ele que tenho algo importante para fazer no trabalho e
rapidamente pego minhas coisas. Ele pergunta se pode ligar ou enviar
uma mensagem de texto, mas eu divago sobre estar ocupada durante a
semana. Então ele menciona Julian. Estou exausta demais para entrar
nisso, então digo a ele para parar. É uma batalha que nenhum de nós
vencerá.
Saindo do café o mais rápido que posso, chamo o primeiro táxi à
vista. Enquanto me sento no banco de trás do táxi, tento me acalmar. Por
que eu deixei tudo isso acontecer? Eu deveria ter sido mais firme desde o
início. Mas não. Eu deixo ele dançar comigo, deixo ele me beijar, e até
deixo ele me tocar. Essa confusão de vaivém está me desgastando e as
coisas devem mudar. Tenho que reunir forças, alinhar com meus valores
e me despedir de alguém que não faz mais parte da minha vida,
romanticamente.
De volta ao escritório, sento-me em frente à minha cliente, a Sra.
Vandercamp.
— Você parece no limite, querida.
— Sra. Vandercamp, obrigada pela preocupação, mas vamos ao
que interessa.
— Problemas de homem?
Franzo os lábios, balançando a cabeça. — Honestamente, não vale
a pena falar sobre isso.
— Ouvi dizer que você foi ao baile de caridade. — Ela força um
sorriso. — Infelizmente, com o Sr. Vandercamp e sua vadia lá, não pude
comparecer.
— Certo, Barbie com um exagero de loção bronzeadora falsa —
eu bufo.
— Parece com ela. Não posso agradecer o suficiente por me
ajudar a lutar contra isso.
— É o meu trabalho. Além disso, você merece depois de toda a
humilhação que o Sr. Vandercamp fez você passar.
— Eu não pensei que as coisas acabariam assim. George era o
amor da minha vida, e agora mal podemos ficar juntos na mesma sala,
mesmo por causa das crianças… — Ela faz uma pausa, brincando com o
anel de diamante amarelo-canário aninhado em seu dedo. — Quando
conheci George, foi amor à primeira vista. Eu estava namorando outro
homem, um homem que havia pedido permissão ao meu pai para se
casar comigo. Ele era ótimo, mas não era George. Eu pensei que poderia
domá-lo, pensando que eu era a mulher que seria sua esposa, teria seus
filhos e que ele não precisaria de mais ninguém. Eu era tão ingênua…
Quando a Sra. Vandercamp contratou nossos serviços por meio de
uma recomendação, Nikki e eu hesitamos devido à batalha legal entre
ela e o Sr. Vandercamp. Do ponto de vista monetário, o divórcio é
complicado. No entanto, a Sra. Vandercamp só quer sua casa em
Martha's Vineyard e os negócios que ela construiu enquanto eles eram
casados. Todo o resto, ele pode manter.
Nikki tem sua opinião sobre o assunto, mas a Sra. Vandercamp
deixou claro que quer seguir em frente, não querendo a atenção negativa
de uma batalha legal por bens dos quais ela não se importa. O Sr.
Vandercamp, por outro lado, tem outros planos, quase como se ele
odiasse vê-la não se importar, e ele está tornando a vida dela miserável.
Felizmente, Tate é um tubarão no tribunal e assumiu o assunto com
entusiasmo. Hoje, ela só quer bater um papo enquanto passa o tempo
esperando que ele termine seu outro encontro.
— Um leopardo não pode mudar suas manchas. Talvez seja hora
de seguir em frente. O navio partiu e você precisa se concentrar no
futuro — digo a ela.
Quando digo as palavras, percebo como pareço hipócrita. Tudo o
que acabei de dizer é o oposto do que estou fazendo ou fiz com Lex.
Temos história, muita, e não importa o que aconteceu, não pode ser
apagada.
Evoluir como pessoa significa nunca olhar para trás.
Seguir em frente, trabalhar para o futuro - esse sempre foi meu
mantra.
Mas como posso ver o futuro quando o passado continua me
mordendo na bunda?
— Eu tenho saído com alguém — ela admite, seus olhos brilhando
com a menção desse suposto amante. — Ele me trata como uma rainha,
mas não quero me machucar novamente. Não quero estragar tudo.
— Se ele sente o que você sente, você não vai estragar tudo.
Algumas coisas têm uma maneira de funcionar. Relacionamentos são
difíceis. É tentar encontrar o equilíbrio certo. Desfrute da companhia um
do outro, tenha consideração pelos sentimentos um do outro e, o mais
importante, confiança e honestidade. Sem ela, você não tem nada.
Oh meu Deus, fale sobre canalizar meu Dr. Phil interior.
— Talvez eu devesse contratá-la como minha psiquiatra? — Ela
ri, segurando o peito. — Não me lembro da última vez que sorri tanto,
desde que George e eu começamos a namorar. Talvez eu mereça isso. Se
George quer uma garota diferente em seu braço toda semana, que assim
seja. Eu quero mais, Charlie. Eu quero um homem de verdade.
Eu penso sobre suas palavras, Lex e meu relacionamento. Não há
mais uma tela em branco pronta para pintar um futuro. Em vez disso, há
essa pintura de um homem e uma mulher, e a história por trás dela é
demais para pintar. Nunca pode ser o mesmo. No entanto, permito-me
recordar os pedaços do passado. Essas peças me trazem tanta felicidade,
os momentos que ficam presos na minha cabeça.
Primeiros amores, eles sempre ficam com você.
Talvez seja isso - esse desejo injustificado por ele - esse primeiro
sentimento de amor.
Mas a verdade por trás disso é que não confio em Lex e não sou
honesta com ele, portanto, não temos nada.
Por que esse é o sentimento mais angustiante do mundo agora?
CAPÍTULO VINTE E SEIS

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

Sentei-me na sala de espera, uma pilha de nervos.


Já tinha ouvido histórias de horror suficientes para saber que o
sexo desprotegido levava à gravidez na adolescência, e não poderia ter
pensado em nada pior aos dezoito anos. Depois de uma noite sem
dormir, decidi aceitar isso e dirigir até uma clínica na cidade próxima
para que o médico pudesse me receitar a pílula. Talvez eu estivesse me
precipitando. Ainda não tínhamos feito sexo, mas era inevitável. Ele
tinha vinte e cinco anos, e sempre que eu estava perto dele, seu pau
praticamente acenava e me convidava para uma bebida.
— Então, Charlotte, como posso ajudá-la hoje? — Dr. Hanson
perguntou.
— Eu... uh... quero tomar pílula.
— Charlotte, antes de continuarmos, você tem alguma
preocupação com meu estagiário?
— Oh não. Se isso ajuda a comunidade médica, tudo bem para
mim.
Ele saiu da sala e eu fiquei sentada por alguns minutos brincando
com um modelo do corpo humano que estava em sua mesa. Quando a
porta se abriu, me atrapalhei com o coração que caiu no chão.
Certamente, eu não fui a única que tocou nisso? Eu me abaixei para pegá-
lo pensando que isso não poderia ser mais embaraçoso até que uma mão
o alcançou antes da minha.
Reconheci a mão imediatamente.
Foda-se.
Eu olhei para os olhos que pertenciam a Alex. Isso não estava
acontecendo. Tinha que ser um sonho.
Acorda, Charlie! Pelo amor de Deus, acorde!
— Charlotte, este é meu estagiário, Dr. Alex Edwards. Agora
vamos continuar nossa discussão. Charlotte, você é sexualmente ativa?
Eu não poderia ter pensado em nada pior agora, a temperatura
subindo na sala enquanto o suor brotava sob minha blusa.
Simplesmente não havia como escapar disso. Apenas responda às
perguntas dele e dê o fora daqui.
— Hum, sim... quero dizer, não... talvez.
— Talvez eu precise reformular minha pergunta. Você já teve
relações sexuais?
— Sim.
— Mais de uma vez?
— Sim.
— Quantos parceiros sexuais você já teve?
Eu não conseguia olhar para ele. Meu corpo já havia rastejado para
um buraco escuro, meu cérebro apenas esperando por uma abertura
para seguir. — Apenas um.
— Você vai continuar a ter relações sexuais com essa pessoa?
— Definitivamente não.
— Você usou proteção? como camisinha?
O buraco estava ficando cada vez mais escuro, e eu queria subir e
me enroscar na posição fetal. Como diabos eu poderia ser tão azarada?
Meus olhos se moveram para onde ele estava sentado, e no segundo que
vi o sorriso naquele rosto presunçoso, eu instantaneamente me virei
para a parede.
— Sim, Dr. Hanson.
— Essa é uma atitude muito responsável, Charlotte. Eu entendo
que essas perguntas parecem pessoais. No entanto, é minha
responsabilidade garantir que você esteja educada sobre tudo
relacionado a ser sexualmente ativa.
Oh, meu Deus, o que diabos ele iria me perguntar agora?
Meus pés se agitaram nervosamente e meus joelhos se dobraram
enquanto eu passava por esse momento embaraçoso. Se ele perguntasse
alguma coisa sobre a minha vagina, eu sairia de lá num piscar de olhos.
— Eu estou supondo que sua intenção é ser íntima de uma pessoa
específica nesta fase. Charlotte, quanto você sabe sobre a história sexual
dele? — Dr. Hanson questionou, sua sobrancelha levantada.
Oh, como as mesas tinham virado.
Agora, eu iria discutir as perguntas para as quais eu queria
desesperadamente respostas, mas não tinha coragem de perguntar.
— Para ser honesta, acho que ele dormiu por aí... muito —
respondi, olhando diretamente para Alex.
Seu sorriso desapareceu, e agora parecia que ele poderia rastejar
para dentro daquele buraco comigo e morrer. Embora não fossemos
morrer lá, estaríamos usando todo o nosso tempo para procriar e
povoar o buraco negro.
— Ele ainda está se comportando dessa maneira? — Dr. Hanson
perguntou com preocupação em seus olhos.
— Não, ele está com alguém há muito tempo.
— Ele ainda é sexualmente ativo com ela?
— Não tenho certeza, Dra. Hanson. Afinal, ele é um homem. — Eu
procurei seu rosto, procurando a resposta que iria me tranquilizar e
aliviar a dor no meu estômago que aparecia sempre que eu pensava
neles fazendo sexo.
— Eu sugiro fortemente que você use preservativos e a pílula.
Doenças sexualmente transmissíveis são mais fáceis de pegar do que
você imagina. — Ele rabiscou algumas notas e entregou o gráfico para
Alex. — Tudo me parece bem. Vou deixá-la com o Dr. Edwards para
verificar sua pressão arterial e escrever sua receita. Foi um prazer
conhecê-la, Charlotte.
Ele fechou a porta. Não tive escolha a não ser lidar com a situação
mais embaraçosa de toda a minha vida, pior do que quando meu vestido
voou acidentalmente na primeira série e todos viram minha calcinha
Moranguinho.
Alex sorriu quando colocou o aparelho de pressão arterial em
volta do meu braço. — Então, eu sou um jogador, sou?
— Mais como um prostituto. Eu te odeio agora... você sabe disso,
certo?
— Aww, não, você não. Você me ama agora. Caso contrário, por
que você estaria aqui recebendo uma receita para a pílula caso sua
atividade sexual melhorasse?
Balancei a cabeça, cobrindo o rosto com as mãos. — Você é um
idiota.
Ele removeu o aparelho de pressão arterial e escreveu algo em seu
prontuário. Colocando-o sobre a mesa, ele virou a cadeira, então ele
estava bem na minha frente.
— Desde quando você trabalha aqui? Eu pensei que você tivesse
acabado de começar o internato no hospital?
— Eles estavam com poucos funcionários... — Ele fez uma pausa
antes de pegar uma mecha do meu cabelo e colocá-la atrás da minha
orelha. — Então, diga-me, Charlotte, estamos fazendo isso?
— Isso?
Pude ver que ele estava tentando encontrar as palavras certas até
que finalmente respondeu: — Você veio aqui hoje para se certificar de
que estava protegida. Que estamos protegidos.
— Eu só queria ter certeza, você sabe... só por precaução.
Alex se inclinou sobre meu ombro e tranca a porta. Ele se afastou
e colocou seus lábios nos meus, faminto pela razão de eu estar ali.
Certamente, isso era o destino, certo?
Seguindo meus instintos e acabando aqui de todos os lugares?
— Eu nunca quis mais nada, Charlotte. Você tem que acreditar em
mim.
Eu olhei em seus olhos, aquelas piscinas de verde esmeralda
implorando para que eu entendesse que seu desejo o levou a essa
insanidade que estava se tornando nós. Coloquei meus braços ao redor
de seu pescoço e puxei-o para mim, esperando que isso lhe desse a
segurança de que precisava. — Eu acredito em você. E, de qualquer
forma, se não foram suas palavras que me disseram, é o médico que está
me cumprimentando agora.
Ele colocou sua testa contra a minha. — Você é louca.
— Insana é a palavra que você está procurando — eu corrigi.
Rindo, ele se levantou e destrancou a porta. Eu segui sua liderança
antes que ele se virasse e rasgasse o papel do bloco.
— Aqui está, Srta. Mason. A razão pela qual você veio. Espero que
você se divirta — ele brincou.
— Obrigada, Dr. Edwards. Tenho certeza que o prazer não será
todo meu.
E com isso, saí, acompanhada pelo enxame de frio na barriga que
se formava em meu estômago, sendo impossível esconder o enorme
sorriso no rosto.
CAPÍTULO BÔNUS

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

O latejar dentro da minha cabeça se recusa a passar, apesar do


meu esforço anterior para consumir dois Advil. Segui com um café forte
para me manter vivo pelo resto do dia.
Tinha sido mais uma daquelas noites.
Samantha voltou para casa de mau humor, mas eu argumentei em
vez de ignorá-la como de costume, até que ela exigiu que eu ficasse longe
dela. Não demorou muito para ela me implorar para dormir em nossa
cama, ao que recusei.
Ela tentou seus truques, entrando no quaarto nua para me
seduzir, mas nada funcionou. Eu não estava com disposição para as
besteiras dela.
O sofá tem sido minha escolha ultimamente, outra razão pela qual
ela se sentiu compelida a argumentar que nosso casamento não passa
de uma farsa.
Como eu poderia argumentar? Meus pensamentos estavam
consumidos por outra pessoa. A mera ideia de minha esposa me tocando
parecia errada. Só há uma pessoa em quem não consigo parar de pensar,
mas é claro que a culpa me corrói a cada maldito momento em que estou
acordado.
É um companheiro mortal baseado na vergonha e em princípios
egoístas.
O telefone toca dentro do pequeno escritório. Minha cabeça está
enterrada em papelada, o que menos gosto em estudar medicina.
Ignoro o barulho com a necessidade de me concentrar até que o
Dr. Hanson anuncia que deve atender um paciente. A clínica não parou
o dia todo, e até ele parece exausto depois dos vários cafés que também
bebeu desde que cheguei ao meu turno.
O silêncio de sua partida é acolhedor, permitindo que eu me
concentre no arquivo de um paciente, mas dura pouco quando ele volta.
— Alex, você se importaria de assistir a esta consulta? É bastante
simples e, francamente, podemos fazer isso rápido, pois posso usar o
intervalo.
— Claro, Dr. Hanson. Para que serve a consulta?
Dr. Hanson ajusta seus óculos, lendo o arquivo na frente dele. —
Uma jovem está querendo fazer controle de natalidade.
— Movimento inteligente. — eu digo, fechando o arquivo que eu
estava lendo. — E o nome do paciente?
— Charlotte ... — ele começa ao mesmo tempo em que meus olhos
se voltam para ele. — ... Mason.
Os cantos da minha boca lentamente se curvam, mas então, eu me
forço a permanecer profissional, revertendo para uma expressão vazia.
As coisas entre nós mudaram na noite seguinte ao aniversário de
Adriana. Um simples beijo se tornou muito mais. Eu só gostaria que
Charlotte não tivesse ouvido a discussão entre Samantha e eu na manhã
seguinte. Não foi meu melhor momento, mas talvez a revelação da
verdade tenha forçado nossos sentimentos à tona. A negação só pode ir
até certo ponto e, francamente, estou cansado de lutar contra a verdade.
E desde a nossa entrada na casa da piscina, as coisas esquentaram
muito rapidamente. Ainda me lembro ontem quando ela deveria estar
estudando com Adriana na casa dos meus pais, mas Adriana saiu para ir
ver Elijah.

Adriana bate à porta, avisando que volta em uma hora. Eu não tinha
ideia de que Charlotte estaria aqui, pois planejava passar para pegar um
livro no escritório de papai.
Os grandes olhos castanhos me encaram dentro da cozinha, mas
depois caem na bancada em um movimento brusco. As bochechas de
Charlotte ficam com um tom perfeito de carmesim e, se possível, tornando-
a ainda mais bonita, embora ela ainda esteja com o uniforme escolar.
— Alex? — ela mal consegue, limpando a garganta para controlar
a voz trêmula. — Eu não sabia que você estaria aqui.
Eu faço o meu melhor para esconder meu sorriso, cruzando meus
braços com um olhar persistente.
— Eu tinha que pegar alguma coisa. Você sabe, já que é a casa dos
meus pais.
— Uh, sim, claro.
A parte inferior do meu lábio se inclina enquanto mordo o lado,
tentando conter a vontade de tocá-la. No entanto, o fruto proibido está
pendurado na minha frente, exigindo que eu prove apenas um.
Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo, então dou passos em
direção a Charlotte para pegar sua mão. No momento em que nossos
dedos se tocam, a adrenalina corre em minhas veias, fazendo meu coração
bater forte sob a camisa.
Os olhos de Charlotte encontram os meus, a inocência por trás das
esferas marrons me implorando para assumir a liderança. Eu puxo a mão
dela, inclinando a cabeça para fazer um movimento para que ela me siga.
Caminhamos em direção ao meu quarto no segundo andar, algumas
portas abaixo do quarto da minha irmã. Coloco minha mão na maçaneta,
girando-a para sentir o cheiro familiar da colônia que minha mãe me dá
de presente todo Natal.
— Então, hum, este é o seu quarto. — Charlotte diz enquanto
absorve tudo.
— Você nunca viu meu quarto?
— Não tecnicamente, quero dizer, algumas vezes Adria... — ela
para de falar enquanto seus olhos se arregalam.
— Adriana, o quê?
— Uh, não importa.
— Você não pode dizer que não importa, — eu censuro, soltando
sua mão e cruzando meus braços. — Por que minha irmã bisbilhota no
meu quarto?
— Olha, eu não quero me envolver em drama de irmãos, — ela
declara enquanto olha para o quadro de avisos pendurado acima da
minha mesa. — Vamos apenas dizer que ela estava com pouco dinheiro e
pensou que poderia encontrar algum aqui.
— Como de costume. — resmungo, irritado com minha irmã.
Charlotte levanta a mão para tocar uma foto fixada no quadro de
cortiça. Eu me aproximo para ver que é minha formatura do ensino médio.
— Parece que foi uma vida atrás. — murmuro, olhando para o
capelo e a beca que estou usando. — Meu pai me deu uma palestra severa
sobre todas as suas grandes esperanças e como é melhor eu não estragar
tudo.
— Você não fez, — Charlotte sussurra. — Você não vai.
Eu coloco os braços em volta da cintura dela, trazendo-a para perto
de mim. O cheiro do cabelo dela é doce, como morango misturado com
baunilha, mas um cheiro tão puro que só me lembra dela.
Meus lábios encontram o caminho para seu pescoço, beijando sua
pele suavemente enquanto sua respiração fica mais alta.
— Não devíamos estar aqui. — adverte Charlotte.
— Adriana não vai voltar por um tempo.
— Se formos pegos…
Eu me afasto um pouco, o suficiente para girá-la de modo que seu
rosto fique a apenas um suspiro do meu.
— Você está com medo? — Eu pergunto enquanto olho para seus
lábios, desesperado para beijá-la. Não quero nada mais do que deitá-la na
minha cama e fazer todas as coisas sujas nas quais não parei de pensar.
Charlotte coloca as mãos espalmadas no meu peito. — Tenho medo
de muitas coisas. Sua irmã descobrindo, meu pai descobrindo e, claro, sua
esposa descobrindo.
Lentamente, inclino minha cabeça para que nossos lábios fiquem a
apenas alguns centímetros de distância.
— Eles não vão.
— Como você sabe, Alex?
A verdade é que não sei de nada. Mas a última coisa que quero é que
Charlotte vá embora e me diga que não pode fazer isso. O pensamento por
si só traz uma onda de náusea como se o ar tivesse sido sugado de meus
pulmões e eu não pudesse respirar sem ela.
E agora, eu preciso aliviar sua preocupação.
Eu seguro seu rosto com minhas mãos, guiando sua boca na minha.
Seus lábios quentes se abrem, permitindo-me saboreá-la sem qualquer
resistência. Um gemido suave escapa dela, fazendo meu pau mexer sob
meu jeans.
Foda-se, controle-se.
Minhas mãos caem de seu rosto, deslizando até sua cintura, onde a
arrasto para minha cama e a puxo para baixo. Observo seu peito subir e
descer enquanto deito em cima dela.
— Eu não sou virgem. — ela me lembra.
— Eu sei — respondo com um sorriso forçado. — Eu estava lá
quando minha irmã deixou escapar.
— Oh, eu esqueci.
Meu corpo pressiona contra ela, forçando suas pernas a se
separarem. Então, minhas mãos vagam até a bainha de sua saia azul-
marinho, brincando com a borda do tecido enquanto ela espera
ansiosamente. Quando estou prestes a deslizar minha mão entre suas
pernas, o som de um carro chama minha atenção.
Eu pulo de Charlotte, correndo para a janela para ver o carro da
minha mãe.
— Merda, é minha mãe, — digo a Charlotte. — Vá para o quarto de
Adriana e direi que você adormeceu porque Adriana teve que sair.
Os olhos de Charlotte se arregalam enquanto ela balança a cabeça
em silêncio. Ela se levanta rapidamente, ajeita a saia e respira fundo. Ela
estende a mão para a porta, mas eu a puxo de volta para mim, inclinando-
me para mais um beijo.
— Só para você saber, eu não teria te fodido aqui.
Os cantos de seus lábios se curvam para cima. — E só para você
saber, Alex. Não sou o tipo de garota que desiste tão facilmente.

Dr. Hanson coloca a mão na maçaneta, girando-a sem muito


esforço enquanto sigo atrás dele. A abertura da porta pega Charlotte
desprevenida, fazendo com que o coração de plástico que ela
obviamente tocou caia de suas mãos e caia no chão.
Seu longo cabelo castanho cai sobre os ombros enquanto ela se
inclina para recuperá-lo ao mesmo tempo que eu. Então, observo seu
corpo ficar tenso, desde o enrijecimento de seus ombros até o modo
como seu corpo inteiro congela no local.
Rapidamente, seus olhos são atraídos para os meus, cheios de
pânico enquanto se arregalam na minha presença.
O Dr. Hanson se senta, rápido para mostrar suas anotações. —
Charlotte, este é meu estagiário, Dr. Alex Edwards. Agora, vamos
continuar nossa discussão. Você é sexualmente ativa?
Charlotte mal consegue chegar à cadeira de plástico à nossa
frente. Incapaz de olhar para mim, ela brinca com os desfiados soltos do
rasgo em seu jeans. Sua regata branca simples e jeans só a deixam mais
bonita. Perfeita e simples, realçando seus traços naturais.
A cor de suas bochechas muda rapidamente para carmesim, a
mesma cor de ontem quando a encontrei na cozinha dos meus pais.
— Hum, sim... quero dizer, não... talvez. — ela mal consegue
responder.
— Talvez eu precise reformular minha pergunta, — Dr. Hanson
continua suavemente. — Você já teve relações sexuais?
— Sim.
— Mais de uma vez?
— Sim — ela responde fracamente.
— Quantos parceiros sexuais você já teve?
Sua postura cai, quase como se ela estivesse tentando recuar para
um buraco escuro onde não estou olhando para ela com um sorriso no
rosto.
— Apenas um.
— Você vai continuar a ter relações sexuais com essa pessoa?
— Definitivamente não — ela deixa escapar.
Dr. Hanson faz anotações em seu bloco de notas. — Você usou
proteção como camisinha?
Seus olhos encontram os meus momentaneamente, mas ela
rapidamente se afasta do constrangimento.
— Sim, Dr. Hanson.
— Essa é uma atitude muito responsável, Charlotte. Eu entendo
que essas perguntas parecem pessoais. No entanto, é minha
responsabilidade garantir que você esteja educada sobre tudo
relacionado a ser sexualmente ativa. — o Dr. Hanson a informa, então
continua enquanto ela arrasta os pés nervosamente. — Eu estou
supondo que sua intenção é ser íntima de uma pessoa específica nesta
fase. Charlotte, quanto você sabe sobre a história sexual deles?
De repente, sua postura endireita, e a garota tímida sentada
dentro desta sala olha para mim com nova confiança.
— Para ser honesta, acho que ele dormiu por aí... muito. — ela
responde com as sobrancelhas levantadas.
O sorriso no meu rosto diminui. Claro, nos meus primeiros anos,
eu dormia por aí porque tinha liberdade para fazer isso. Mas então,
comecei a namorar Samantha. Ela era selvagem no quarto, o que de
alguma forma interpretei mal como material para casamento.
Minha família me avisou de ser muito jovem para me
comprometer. Mas é claro, eu não escutei, porra. O casamento parecia a
saída mais fácil. Quão errado da minha parte chegar a essa conclusão.
A verdade é que mal toquei em Samantha nos últimos meses.
Quanto mais ela reclama de bebês e de querer mais dinheiro, menos
atraído por ela eu me sinto.
E desde o momento em que esbarrei em Charlotte no corredor dos
meus pais, dei desculpas para que não fodemos como um marido e uma
mulher comuns.
— Ele ainda está se comportando dessa maneira? — Dr. Hanson
pergunta com preocupação em seus olhos.
— Não, ele está com alguém há muito tempo.
— Ele ainda é sexualmente ativo com ela?
— Não tenho certeza, Dr. Hanson. Afinal, ele é um homem. —
Charlotte responde com frieza em seu tom.
Eu implorei a ela com meus olhos para confiar em mim. Se eu
pudesse assegurar a ela que a única pessoa que eu quero nua na minha
cama é a pessoa sentada na minha frente.
— Eu sugiro fortemente que você use preservativos e a pílula.
Doenças sexualmente transmissíveis são mais fáceis de pegar do que
você imagina. — Ele faz algumas anotações e me entrega o gráfico. —
Tudo me parece bem. Vou deixá-la com o Dr. Edwards para verificar sua
pressão arterial e escrever sua receita. Foi um prazer conhecê-la,
Charlotte.
Dr. Hanson sai rapidamente da sala deixando nós dois. Eu
recupero o aparelho de pressão arterial da mesa e enrolo em volta do
braço dela, prendendo-o enquanto sorrio.
— Então, eu sou um jogador, sou?
— Mais como um prostituto. — ela arrasta, então suspira
pesadamente. — Eu te odeio agora... você sabe disso, certo?
— Aww, não, você não. Você me ama agora. Caso contrário, por
que você estaria aqui recebendo uma receita para a pílula caso sua
atividade sexual melhorasse?
Ela balança a cabeça, cobrindo o rosto de vergonha. — Você é um
idiota.
Retiro o aparelho de pressão arterial e escrevo o resultado na
tabela à minha frente. Colocando-o sobre a mesa, eu coloco minha
cadeira mais perto, para que eu possa estender a mão e tocá-la.
— Desde quando você trabalha aqui? — ela questiona enquanto
relaxa os ombros. — Eu pensei que você tivesse acabado de começar o
internato no hospital?
— Eles estavam com poucos funcionários... — Faço uma pausa
antes de pegar uma mecha de seu cabelo e colocá-la atrás da orelha.
Encontrarei qualquer desculpa para tocá-la, alimentando minha
obsessão a qualquer custo.
— Então, diga-me, Charlotte, estamos fazendo isso?
— Isso?
Escolho minhas palavras com cuidado, precisando que ela saiba
que isso é mais do que dois jovens pulando na cama por diversão. No
momento em que estiver dentro dela, ninguém mais se compara. O
pensamento por si só me apavora, mas é tudo que eu quero.
Ninguém jamais evocou esses sentimentos em mim, e de todas as
pessoas, é a melhor amiga da minha irmã.
— Você veio aqui hoje para se certificar de que estava protegida.
Que estamos protegidos.
— Eu só queria ter certeza, você sabe... apenas no caso. —
Estou quebrando todas as regras agora, brincando com fogo e
comprometendo um paciente para minhas próprias necessidades
egoístas. Eu me inclino, trancando a porta atrás de Charlotte. Então, sem
pensar duas vezes, meus lábios encontraram os dela.
Seu gemido suave dentro do nosso beijo aquecido apenas
confirma exatamente como me sinto. Não há como voltar atrás neste
caminho em que nos encontramos. Eu a quero, e nada vai me parar.
Nem mesmo a esposa que escolhi para o bem ou para o mal.
Na saúde e na doença.
Até que a morte nos separe.
— Eu nunca quis mais nada, Charlotte. Você tem que acreditar em
mim. — eu sussurro com desespero em minha voz.
Ela coloca os braços em volta do meu pescoço, me assegurando
que ela sente o mesmo. Dentro de seu toque, tudo parece certo, apesar
de todas as probabilidades que enfrentamos.
— Eu acredito em você. E, de qualquer forma, se não foram suas
palavras que me disseram, é o médico que está me cumprimentando
agora.
Eu coloco minha testa contra a dela. — Você é louca.
— Insana é a palavra que você está procurando. — corrige.
Uma pequena risada me escapa. Então, destranco a porta, com
cuidado para não sermos pegos por ninguém. Pego o bloco de notas e
rasgo o papel para entregar a ela.
— Aqui está, Srta. Mason. A razão pela qual você veio. Espero que
você se divirta. — eu provoco de brincadeira.
Charlotte pisca. — Obrigada, Dr. Edwards. Tenho certeza que o
prazer não será todo meu.
E assim, selamos nosso destino.
É apenas uma questão de tempo antes que eu esteja dentro de
Charlotte e a reivindique como minha.
CAPÍTULO VINTE E SETE

LEX

PRESENTE

Estou tentando entender o que aconteceu com Charlotte.


Assim que mencionei voltar para Londres, nossa conversa
despreocupada de repente azedou. Seu comportamento mudou, sua
mentira sobre estar ocupada quase inacreditável. Ela não queria mais
falar comigo, e não sei por quê. Ela saiu correndo tão rápido que não tive
tempo de perguntar o que diabos eu fiz de errado.
O voo de volta para Londres parece às cinco horas mais longas da
minha vida. Os últimos dias foram um turbilhão, e tudo em que me
tornei de repente não significa nada. As pessoas costumavam me dizer
que o tempo cura todas as feridas, mas o que diabos eles sabem sobre
mim? Não consigo dormir, não consigo comer, mal consigo respirar. Eu
a deixei, novamente. São apenas duas semanas, mas o tempo não
importa.
Eu corro meus dedos pelo meu cabelo tentando obter um controle
sobre as coisas. Porra, alguém me diga como fazer tudo certo com ela.
Depois de uma rápida viagem de táxi do aeroporto, são seis da
manhã quando chego ao escritório com a intenção de me preparar para
uma importante reunião que marcamos hoje. Visto que é tão cedo aqui
em Londres, eu me questiono, mas decido que vou mandar uma
mensagem para ela de qualquer maneira, pedindo desculpas por minha
partida repentina, ansioso para ficar em suas boas graças e não deixar o
que aconteceu no café criar essa distância injustificada entre nós.
EU
Lamento ter de partir para Londres. Posso compensar com mais
brownies? Acho que da próxima vez você se lembrará do quanto
gosta deles.
Sabendo da diferença de fuso horário, não espero uma resposta de
imediato, e desejando que minha mente ansiosa se acalme, verifico as
cotações de nossas ações tentando me distrair.
Pouco antes das nove, vou até a sala de reuniões e me sento à
cabeceira da mesa. As pessoas entram em fila e, sabendo como sou
exigente quanto à pontualidade, começamos no horário e mergulhamos
direto no modo de aquisição com o chefe de nossa equipe de operações
assumindo o comando.
Em algum momento durante um gráfico de projeções do mercado
asiático, meu telefone acende em cima da mesa.
CHARLOTTE
Os brownies estavam ótimos, fantásticos exatamente como eu me
lembrava deles. Meu problema é que eu não os comia há um tempo e
de repente eles estavam no meu prato. Embora não tenha comido os
referidos brownies, descobri que também gosto de outras
sobremesas.

Meus lábios puxam para trás, mostrando meus dentes enquanto


minha pulsação aumenta. Meus dedos envolvem meu telefone com força
para controlar minha necessidade de jogá-lo pela sala. Que porra de jogo
ela está jogando? Com uma expressão tensa, olho fixamente para a tela
incapaz de processar os números.
Isso não é nada parecido comigo. Pelo que sei, eu poderia ter
assinado os direitos da Lexed. Minha atenção não está onde deveria
estar e, mal conseguindo me controlar, encerro a reunião, ordenando
que minha equipe executiva me informe mais tarde.
Kate se levanta de sua cadeira, me observando com uma
expressão preocupada. — Sr. Edwards, está tudo bem?
Eu sei que Kate é sincera com suas preocupações por mim, mas
que porra eu devo dizer? Minha ex-namorada por quem ainda tenho
sentimentos pensa que seu namorado atual é melhor do que eu, e faz
meu sangue ferver pensar que eles estão fodendo? Não consigo imaginar
nada mais juvenil.
— Apenas algumas coisas que eu preciso cuidar.
De volta ao meu escritório, Kate sabe que não deve me seguir e
pressionar por nada. Meu escritório é meu santuário, proibido para
qualquer pessoa, a menos que eu permita que entrem.
Sentado à minha mesa, passo as mãos pelo veio da madeira,
admirando o espaço bem organizado. O maníaco por controle dentro de
mim usa o tempo de silêncio para se acalmar. Com a tela do meu
computador ligada, os e-mails inundam minha caixa de entrada, mas eu
não poderia me importar menos. Eu percorro, dia diferente, a mesma
velha besteira. Eu me viro, girando minha cadeira para ficar de frente
para a janela.
Eu não sei nada sobre ela.
Bem, não exatamente nada.
Ela é advogada, e há as informações que Bryce me deu, mas ainda
não sei nada sobre sua vida pessoal. Eu bato minha caneta na minha
mesa, frustrado por não estar chegando a lugar nenhum. Talvez eu
esteja fazendo isso da maneira errada. Talvez eu precise vasculhar as
redes sociais.
Abrindo uma página no Facebook, consigo me guiar pela
plataforma. Não tenho conta porque não tenho tempo para falar com
pessoas de dez anos atrás, apesar de minha mãe e Adriana implorarem
para que eu ative uma.
Existem dez Charlotte Masons, nenhuma combinando com ela. Eu
tento Charlie Mason, mesmo resultado. Porra. Certo, e se eu procurar
por Eric? Eu digito Eric Kennedy, e vinte e cinco resultados aparecem.
Eu percorro os perfis imediatamente localizando seu rosto. A foto do
perfil é dele em alguma praia fazendo aquela cara de pato irritante
enquanto segura o telefone no ar, obviamente tirando um auto-retrato.
Clico na lista de amigos dele, que felizmente não é privada. Acho que, se
Charlotte está aqui, ela deve ser amiga de Eric.
Percorrendo os nomes, eu paro em um Charlie Brown. Clico na
foto de um pássaro, uma fênix, acho, mas a página é privada. Eu rolo mais
para o caso de haver mais alguém. Nada.
De volta à página de perfil de Eric, tropeço em sua última
atualização de status, dizendo que vai assistir a um filme e marca Charlie
Brown. Quando abro os comentários, os músculos do meu pescoço
começam a se contrair, as veias pulsando contra a minha pele enquanto
o calor começa a aumentar com a minha respiração acelerada.
É ela mesmo.
Ela comentou sobre ir ver o filme com um companheiro e sobre
sentar no fundo, e tudo o que li são comentários obscenos de Eric e
alguém chamado Rocky sobre boquetes.
Cerro os punhos, pronto para socar a porra da tela. Eu a deixo
sozinha por um minuto, e ela está dando aquele merda um boquete no
cinema? Quem diabos é ela agora? Esta não é a Charlotte que é o amor
da minha vida. A Charlotte pela qual eu moveria céus e terra se ela
pedisse. Eu enterro meu rosto em minhas mãos, tentando controlar
minha raiva.
Por impulso, cego de raiva, digito profusamente um texto.
EU
Por que você ainda está saindo com ele?

Sento-me lá por exatamente trinta e quatro minutos e vinte e um


segundos sem resposta. Estou perdendo a sanidade e, para piorar, tenho
uma reunião importante no Hilton em menos de uma hora. Que porra eu
vou fazer? A cada segundo que me afasto, mais ela se aproxima dele. Pelo
que sei, ela pode estar no tribunal dizendo 'sim' neste minuto.
Charlotte sempre foi minha.
E agora não é hora de ser complacente.
Eu preciso ir agora.
Eu tenho que fodidamente vê-la.
Pressionando o interfone, chamo Kate ao meu escritório.
— Kate, por favor, reserve o próximo voo para a cidade de Nova
Iorque — ordeno, organizando cuidadosamente meus papéis enquanto
desligo meu computador.
— Hum... senhor, desculpe, eu n-não entendo — ela gagueja,
estreitando os olhos. — A reunião no Hilton começa em quarenta e cinco
minutos. Na verdade, precisamos sair agora.
— Eu tenho que voltar para Nova Iorque. Algo urgente surgiu e
eu preciso estar lá agora — eu digo a ela, irritado com sua falta de
orientação para seguir as ordens.
— Senhor, esta reunião levou meses para ser organizada e temos
muito em jogo nesta fusão.
Porra, ela acha que eu sou um idiota? Claro, eu sei disso, mas isso
não pode continuar por mais tempo.
A cada segundo que passa, Charlotte se afasta cada vez mais de
mim, e me recuso a permitir que isso aconteça.
— Faça com que Brooks me substitua. Ele fez o trabalho de base.
Estou indo para o aeroporto agora. Por favor, reserve o Waldorf por
tempo indeterminado. Espero que você voe amanhã.
— Mas, senhor, não posso deixar de enfatizar a importância de
sua presença nesta reunião.
Com um olhar dolorido e aguado, acho que ela vai chorar em mim.
Pelo amor de Deus, ela só precisa fazer o trabalho para o qual foi paga.
— Kate, faça o que eu digo, ou você pode encontrar outro
emprego — eu aviso, colocando meu laptop em seu estojo.
Ela sai correndo do meu escritório, provavelmente pronta para
começar a chorar, pelo que sei. Seguindo-a, tranco a porta do meu
escritório atrás de mim e sigo para a recepção. Não me despeço de
ninguém, curvo a cabeça e caminho direto para o elevador. Quando
chega, abraço a solidão silenciosa. Saindo do elevador, corro em direção
à rua e chamo um táxi enquanto envio uma mensagem rápida para
minha irmã pedindo-lhe para arrumar algumas roupas para mim, pois
não tenho tempo para fazer as malas.
Quando chego a Heathrow, Kate já reservou meus assentos na
classe executiva com o voo saindo em uma hora. O voo não está tão
lotado e, quando embarcamos, me acomodo em meu assento e espero o
avião partir.
CHARLOTTE
Ele é meu noivo. Ele me trata como mereço ser tratada. Eu não
tenho que brigar com ele toda vez que o vejo.

Eu não respondo a ela imediatamente, fazendo-a sofrer em


silêncio como ela fez comigo. Colocando meu telefone no bolso, fecho os
olhos, desesperado por um pouco de sono para desligar minha mente
acelerada. Quase não dormi ontem à noite no avião para Londres, para
não falar que ia à academia duas vezes por dia para me livrar desta
tensão que constantemente paira sobre os meus ombros.
Chega o anúncio de que vamos pousar em breve no JFK. Eu esfrego
meu rosto, tentando me acordar. Não acredito que dormi o voo inteiro
— isso é muito fora do comum. Apertando o cinto de segurança
novamente, olho pela janela.
Estou acostumado a voar, raramente fico tempo suficiente em um
ponto. Londres é minha casa, mas, mesmo assim, raramente passo muito
tempo lá. Mamãe e papai ainda moram em Carmel, mas passam a maior
parte do tempo viajando para o exterior, e Adriana se mudou para o
Brooklyn com Elijah.
Enquanto desembarcamos, faço um rápido desvio para o banheiro
masculino para lavar o rosto. Contemplando uma sessão rápida na baia,
decido contra isso, minha mão precisando de um tempo de recuperação.
Fazendo meu caminho pelo aeroporto rapidamente, eu chamo o
primeiro táxi na fila, dando o endereço do trabalho de Charlotte rezando
para que ela ainda esteja lá.
EU
Eu não compartilho. Você já deve saber disso. Estarei de volta a
Manhattan na próxima sexta-feira, quando poderemos discutir isso
cara a cara.

Eu forço a mentira com um plano em mente. Em apenas vinte


minutos, ela descobrirá a verdade.
Enquanto o táxi percorre as ruas, olho pela janela sem conseguir
contar quantas vezes estive em Manhattan nos últimos nove anos. E
pensar que, o tempo todo, ela estava aqui. Depois que Bryce me contou
sobre sua casa em Connecticut, não fazia sentido. Mas então ela disse
que ficou com a avó, então presumo que ela tenha herdado.
A vida mudou para nós dois. Quem teria pensado nove anos atrás
que nós dois acabaríamos aqui? Ainda estou aceitando que ela se formou
em Yale e abriu seu próprio escritório de advocacia. Tenho orgulho de
tudo o que ela conquistou, mas é claro que não posso dizer isso a ela —
ela nunca quer falar sobre nada, sempre me silenciando se eu chegar
perto demais. Os raros momentos em que ela se abre, eu absorvo tudo o
que ela me dá, mas então ela percebe o que fez e ergue aquela parede
novamente.
Eu pago o motorista, saio, olhando para o prédio na minha frente.
Meu e-mail continua apitando, sabendo que as consequências de não
comparecer à reunião de hoje serão um pesadelo absoluto.
Ao entrar no saguão, vou direto para os elevadores. Puxando meu
telefone do bolso da camisa, abro a mensagem enviada há dois minutos.
Eu leio suas palavras, meu sangue fervendo enquanto elas afundam,
arrastando suas bordas afiadas ao longo da minha pele.
Ciúme e raiva são os que me trouxe aqui em primeiro lugar, mas
eu não quero nada mais do que rasgá-los em pedaços e expurgá-los de
sua mente e coração. Ela é a porra da minha garota! E eu sou o idiota que
ouve todo mundo em vez de seguir meus instintos.
Eu ando de elevador até o andar dela, meu olhar fixo nas portas. O
elevador apita, e as portas de vidro com Mason & Romano estão na
minha frente. Enquanto caminho em direção a elas, Eric está fechando a
porta atrás de si.
— Lex! O que você está fazendo aqui?
— Charlotte está aqui? — Meu tom é rígido, alertando Eric sobre
minhas intenções.
— Ela ainda está em seu escritório. — Ele me deixa entrar, mas
antes de fechar a porta completamente, ele diz: — E ela está sozinha.
Há uma luz fraca vindo das portas duplas para onde Eric apontou.
A cada passo que dou, a raiva gira dentro de mim, minhas mãos
automaticamente se fecham em punhos, ansiosas para dar um soco na
parede depois do que ela disse em sua mensagem de texto.
Ao lado da janela, ela está parada em silêncio, perdida em
pensamentos. Ela está pensando em mim? Sua expressão é de dor,
minha raiva de repente se transformando em compaixão. Estou cansado
de viver sem ela, e ela precisa saber disso.
Os segundos se passam, mas eu fico parado observando-a, as
expressões que ela faz, a respiração que ela toma.
É agora ou nunca.
— Terminamos, Charlotte?
CAPÍTULO VINTE E OITO

CHARLIE

Eu finalmente desisto, expressando minhas emoções em um texto


explosivo.
EU
Pare de me tratar como se eu fosse sua! Você acha que foi justo
eu ter que compartilhar você com Samantha? Você acha que foi
justo eu descobrir através da prostituta da cidade que a única
pessoa que tinha meu coração e minha alma engravidou sua esposa
quando ele me prometeu que não estava mais transando com ela?
Você não tem ideia de como é ser abandonada pela única pessoa em
quem você confiou sua vida, a única pessoa que era o seu mundo
inteiro, e então nem mesmo ter a chance de se despedir. Sim, eu
amo Julian, e sim, continuarei a vê-lo. Talvez agora você entenda
como é. O que aconteceu na outra noite foi um erro. Grande erro.
Acabou, Lex. Nós terminamos.

Enviei a mensagem, meu coração batendo furiosamente no meu


peito. Embora eu esteja com raiva dele, estou com mais raiva de mim
mesma por permitir que isso acontecesse em primeiro lugar. Eu
realmente pensei que ter uma sessão de pegação iria apagar o passado
ou me dar encerramento? As cicatrizes ainda estão arraigadas em mim,
e não importa o quanto eu tente apagá-las, elas permanecerão para
sempre uma parte de mim.
Olhando pela janela, a escuridão está se aproximando. As ruas
ainda estão cheias de gente, a cidade nunca fecha, apesar da hora do dia.
Então, eu cometi um erro, um grande erro.
Suspiro alto, essa sensação de dor, não adianta negar. Sei que
tomei a decisão certa ao dizer a ele para me deixar em paz, mas preciso
encerrar, certo? Porra, Charlie, honestamente, o que diabos há de errado
com você?
— Terminamos, Charlotte?
A voz atrás de mim é apenas uma ilusão. Não faça isso de novo,
Charlie, sofrer por alguém que nunca será quem você precisa que seja.
— Diga-me que terminamos.
Não ouso me mover nem soltar uma única respiração. Meus
membros ficam completamente congelados no local. Dentro do meu
peito, meu coração bate cada vez mais forte, o barulho se tornando cada
vez mais insuportável.
Respirações profundas e pesadas soam atrás de mim, enquanto os
pelos dos meus braços ficam arrepiados enquanto arrepios correm pela
minha espinha. Lentamente, eu viro minha cabeça, meus olhos
encontrando os dele do outro lado da sala.
A cada passo que ele dá para mais perto de mim, a temperatura na
sala se torna sufocante, fazendo com que minha respiração fique
acelerada.
Ele para bem perto de onde eu estou, perto o suficiente para eu
sentir o cheiro dele.
Não Charlie.
Estendendo a mão, ele passa o dedo ao longo da minha clavícula,
meu corpo ficando tenso com seu toque.
— Lex, o que você está fazendo aqui?
— Bem, você disse que não era minha. Não aceito essas coisas de
forma desanimada, ou talvez devesse. É óbvio que você está esquecendo
a quem você pertence. A quem você sempre pertenceu. — Seus olhos
estão em chamas, o tom de sua voz dominante, mas calmo. Esse tipo de
calma me apavora porque sei que significa apenas uma coisa: não tenho
chance de escapar.
Ele empurra meu cabelo para trás do ombro e, inclinando-se para
frente, roça os lábios no meu pescoço, inalando minha pele. As paredes
começam a desmoronar, o toque de seus lábios na minha pele
quebrando-as pedaço por pedaço.
— Eu tive que voltar para lembrá-la — ele murmura.
Seus beijos se tornam vorazes.
Meu autocontrole inexistente desde o momento em que ele
entrou.
Por que resistir, Charlie? Você está travando uma batalha difícil.
Eu puxo seu cabelo, puxando sua boca para a minha. Seus lábios
têm gosto de paraíso, sua língua encontrando a minha. Incapaz de parar,
minha língua se recusa a sair da dele, mal conseguindo soltar quando ele
se afasta.
Seus olhos brilham de desejo enquanto ele envolve sua mão em
volta da minha cintura, me deitando na minha mesa enquanto força
minhas pernas abertas. Deixando escapar um gemido, seus olhos se
arregalam enquanto admira minhas ligas, passando as mãos pela minha
coxa antes de me puxar com força para ele, então eu envolvo minhas
pernas em volta de sua cintura.
Sem fôlego, com o coração correndo uma maratona, seus dedos
apertam os botões da minha blusa, desabotoando-os em um ritmo lento
e agonizante, expondo meus seios. Não há gratificação atrasada, sem
admirar minha forma nua. Sua boca devasta meus seios, sugando com
força enquanto arqueio meu pescoço, gemendo sob seu toque.
— O que você está fazendo comigo? — Eu ofego, desesperada por
respostas.
— Bem, senhorita Mason, é hora de fazer você se lembrar a quem
você pertence.
Ele abre o zíper de suas calças, seu pau latejando forte enquanto
se solta e bate contra seu abdômen trincado. Eu o observo, querendo
tanto sentir o gosto, lembrando de como ele era gostoso dentro da
minha boca.
Dolorosamente lento, ele agarra minha calcinha em sua mão,
deslizando-a para o lado enquanto seu pau desliza contra meu clitóris
inchado. Eu me preparo para ele, meu corpo implorando para estar à sua
mercê e senti-lo inteiro. O tormento em sua expressão leva meu desejo
além de seus limites, implorando para tomar tudo de mim agora. Ele se
guia para dentro de mim, minhas costas arqueando com uma dor
deliciosa.
Estou perdendo esta batalha. Não há chance de sair vencedora. Eu
quero mais desesperadamente, seus lábios e mãos para tocar cada parte
de mim.
Meu telefone começa a vibrar na mesa ao lado de onde eu estava.
Incapaz de responder, dada a minha posição, permito que toque. Ele
finalmente para de vibrar, apenas para começar novamente alguns
minutos depois. Lex para no meio do impulso, tentando recuperar o
fôlego. Agarrando meu telefone, ele o traz à vista e, sem sombra de
dúvida, suas pupilas dilatadas e rugido gutural são porque Batman está
ligando.
— Responda — ele exige.
O que? Ele ainda está dentro de mim. Isso é uma loucura.
— Deixe pra lá, Lex.
— Atenda ou eu vou — ele ameaça, segurando o telefone no ar
acima de mim.
Devo ignorar seu blefe?
Posso mesmo correr o risco?
Lex abaixa o telefone para mim enquanto luto para me
desvencilhar dele, mas ele me segura com força.
Limpando a garganta, aperto aceitar. — Olá?
— Ei linda. Sinto sua falta. Venha para minha casa hoje à noite? —
Julian pergunta, alheio à minha situação.
Lex continua me fodendo, mais devagar, enquanto enterra a
cabeça no meu pescoço. Sua mão trilha meu seio, beliscando meus
mamilos enquanto tento responder sem gritar a plenos pulmões.
Isso está acontecendo?
— Eu ainda estou no trabalho — eu respondo, tentando manter
meu tom uniforme. — Outro dia?
Lex rapidamente afasta a cabeça do meu pescoço, seus olhos se
tornando um tom mais escuro de verde enquanto o ciúme levanta sua
cabeça feia. Com uma vingança, ele empurra seu pau mais fundo, meus
dentes mordendo para conter o gemido, o gosto de sangue persistente
em meus lábios.
— Você está bem? — Julian questiona, preocupado. — Você
parece sem fôlego.
— Estou bem, só tive que correr para o meu telefone. Eu te ligo
amanhã. Há algo aqui que preciso resolver.
— Sem problemas. Até amanhã, linda. Eu te amo.
Que porra eu digo?
— Eu também.
Eu termino a ligação o mais rápido humanamente possível antes
de soltar o gemido mais alto, alívio tomando conta de mim por segurá-
lo. Lex se retira de mim, deixando-me choramingar.
Ainda não terminamos.
Ninguém gozou.
— Você acabou de dizer a ele que o amava? — ele cospe, as
narinas queimando com a raiva que o consome.
— Como você ousa me fazer atender essa ligação, Lex! — Eu
levanto minha mão para dar um tapa em seu rosto, mas ele rapidamente
a agarra, seu aperto dominando o meu.
— Amanhã à noite você estará ocupada me fodendo. Você
pertence a mim, Charlotte. Não mexa mais comigo. Você não vai gostar
da punição.
— Foda-se. Você!
— Já que você não teve problemas em ficar quieta ao telefone, não
terá problemas em ficar quieta agora.
Ele me vira, empurrando meu peito na minha mesa. Com força, ele
usa as pernas para abrir as minhas o mais longe possível. Seu pau desliza
de volta para dentro e, inclinando-se, ele cobre minha boca com a mão
enquanto penetra em mim.
Minha mesa está tremendo, os papéis voando por toda parte. Os
gritos são abafados em sua mão, meu corpo pronto para entrar em
combustão com a intensidade de sua demanda animalesca de possuir
cada parte de mim.
Rapidamente, ele me vira de volta, minhas mãos segurando a
borda da mesa.
Inclinando o rosto, a centímetros do meu, ele me comanda com os
olhos. — Você é uma putinha tentando me deixar com ciúmes. Ninguém
mais vai te foder assim. Goze para mim. Agora.
Eu mordo sua mão, explodindo em cima dele, a adrenalina
consumindo cada centímetro do meu corpo e terminando com um calor
feliz. Suas estocadas são desesperadas quando ele solta minha boca, me
batendo forte mais uma vez antes de seu corpo tremer, explodindo
dentro de mim.
Nossas respirações, rasas e irregulares, comandam a sala com seu
barulho. Lentamente, ele se puxa para fora de mim, desabando sobre
meu corpo.
O que diabos estou fazendo?
Continuo imóvel, tentando recuperar o fôlego.
A percepção de nossa indiscrição vem estrondosa como um
tsunami, a culpa seguindo seus passos com medo de não ser sentida.
Meu peito começa a apertar e, conscientemente, começo a abotoar
minha blusa enquanto ele descansa ao meu lado quebrando o silêncio
entre nós.
— Lex, eu quis dizer o que eu disse.
Ele arrasta seu corpo de volta para cima do meu, tirando minhas
mãos da minha blusa, desfazendo o que eu tinha feito, e termina de me
despir. Seus olhos vagam imediatamente para a tatuagem da fênix logo
acima do meu osso púbico. Procurando meus olhos, ele procura uma
explicação, mas não estou pronta para dar.
— E eu quis dizer o que disse, Charlotte.
Deixando beijos pelo meu corpo, ele me manda sentar na mesa,
com as pernas abertas. Ele se abaixa em minha boceta, provando-a
lentamente, circulando sua língua ao redor do meu clitóris. Sou pega de
surpresa, meu corpo deseja entrar em convulsão novamente enquanto
ele chupa com mais força. Tomando dois dedos, ele os desliza para
dentro de mim, fodendo-me descuidadamente. Minha excitação,
misturada com a dele, está pingando em seus dedos, apenas
aumentando a pura luxúria deste momento.
Eu preciso prová-lo novamente, afastando sua cabeça e exijo que
ele se sente na minha mesa.
Tomando um momento para admirar o quão sexy ele parece preso
à minha mesa pelo poder que tenho sobre ele, envolvo minha mão em
torno de seu pau, deslizando minha boca para cima e para baixo,
saboreando-o por inteiro.
— Eu não terminei com você — ele gagueja, momentaneamente
sem palavras.
— Eu não terminei com você. — Eu me levanto, subindo em cima
dele. Em vez de transar com ele, eu me viro, posicionando-me em
sessenta e nove. Seu corpo fica tenso, seus gemidos se intensificam.
— Oh foda, baby, traga essa boceta aqui.
Meus gemidos se intensificam, seu rosto enterrado entre minhas
pernas enquanto minha boca envolve seu pau. Com cada lambida
sórdida, eu o levo mais fundo, nós dois competindo um contra o outro
neste jogo doentio e distorcido que estamos jogando.
— Lex, eu não posso... aguentar mais, eu vou... — Meu corpo
começa a tremer. Freneticamente, eu agarro seu pau, chupando-o com
força enquanto monto a onda orgástica para outro clímax final.
Recuperando o fôlego com ele enterrado em minha boca, o gosto
familiar atinge o fundo da minha garganta e, sucumbindo às minhas
próprias fantasias, saboreio cada gota.
Mais uma vez, ficamos deitados em silêncio, tentando recuperar o
ar necessário. Meus braços estão como geleia, mas consigo sair de cima
dele, desabando sobre a mesa ao lado dele enquanto olho para o teto
tentando acalmar a adrenalina que corre por mim.
— Quando você fez a tatuagem? — ele questiona em voz baixa.
— De volta à faculdade.
— O que é?
— Uma fênix.
Ele puxa meu corpo para cima, me entregando minhas roupas.
Estou me sentindo constrangida, rápida em trazer minha blusa até o
peito. Ao meu lado, ele começa a tirar a camisa.
— Por que você está tirando sua camisa agora?
Observando-o expor seu peito, meu queixo cai involuntariamente
ao ver sua tatuagem, tatuada acima de seu abdômen perfeitamente
esculpido. Sem pensar, eu estendo a mão, correndo meus dedos ao longo
dela. O desenho é uma espécie de tatuagem tribal, mas quando olho de
perto, a sombra é de um leão. Ele desce pela lateral de seu torso e ao
longo de sua caixa torácica.
— Os leões são um sinal de poder — murmuro para mim mesma,
hipnotizada pela quantidade de detalhes.
— Sim, eles são, e a fênix?
Não quero discutir isso, não agora, não aqui quando estou tão
vulnerável.
— É tarde — digo a ele. — Nós precisamos ir.
Ele não me pressiona para obter respostas, em vez disso me ajuda
a arrumar minha mesa enquanto desligo o computador. Com a bolsa na
mão, pego o celular e vejo a mensagem de texto na tela.

BATMAN
Lembre-se de que Batman tem todos esses truques sofisticados na
manga, se você precisar de um estímulo.

Lex olha na minha direção, observando-me ler a mensagem, mas


desta vez, ignorando-a. Meu telefone começa a zumbir na minha mão.
Adriana. Merda, esqueci!
Eu a coloco no viva-voz, então Lex não me questiona. — Adriana.
— Charlie, estou no seu saguão! O porteiro disse que podia me
deixar subir, mas pensei em ligar para você primeiro.
— Sinto muito, Adriana, me envolvi em alguma coisa. Diga a Jean
que ele pode deixar você entrar no meu apartamento. Estarei aí em
quinze minutos.
— Ok, querida, até breve.
Lex sorri, inclinando a cabeça.
— Por que você está sorrindo assim? — Eu pergunto, incapaz de
esconder meu sorriso.
Vê-lo sorrir faz meu coração palpitar estupidamente. Aquele
idiota arrogante é lindo pra caralho.
— Você sabe que Adriana vai te fazer um milhão de perguntas,
certo? Ela vai querer nove anos de informações no espaço de uma hora.
— Eu sei. Eu não esperaria nada menos dela.
Entramos no elevador. Eu me inclino, tentando apertar o botão do
andar térreo. Minha mão é rudemente afastada. Lex bate o dedo no
botão de parada.
— Hora de tornar isso uma realidade — ele rosna, empurrando
minha saia para cima, me pegando por trás.
Terceira rodada, vamos lá.
— Estou aqui, estou aqui…
Eu disparo pela porta da frente, rezando para não ter nada
escorrendo pela minha perna. Isso é meio estranho, e Lex entrar em mim
foi uma reflexão tardia. O desgraçado nem teve coragem de me
perguntar se eu tomava pílula. Idiota.
— Olá! — ela sorri, jogando seus braços em volta de mim com
força.
Eu me desculpo, rapidamente, trocando de roupa no meu quarto
para o meu moletom e uma regata. Quando volto, Adriana está lendo um
livro na minha mesinha de centro.
— De qualquer forma. — Ela abaixa o livro, de frente para mim
enquanto me sento no sofá ao lado dela. — Seu lugar é incrível. Qual é o
nome do seu decorador de interiores?
— Hum, eu... e você tem falado com Eric porque eu juro, Adriana,
vocês dois foram separados no nascimento.
— O-M-G, ele é totalmente incrível, certo? Eu não posso acreditar
que você fez isso sozinha. Você nunca gostou de design ou moda antes.
— As coisas mudam, as pessoas crescem. A parte de design eu
comecei a gostar quando morava com minha avó. Ela gostava de
bugigangas aleatórias, mas de alguma forma, ela fez funcionar. — Eu
sorrio com a memória, acolhendo a conversa. — Nos finais de semana
íamos ao mercado de pulgas5 em busca de peças únicas. Quanto à moda,
parte dela foi por causa de Nikki. Dividíamos um quarto na faculdade e
toda vez que eu tinha um encontro ela me emprestava suas roupas. Eu
meio que peguei gosto por isso.
— Você poderia, por favor, me contar mais sobre sua avó?
— Ela era uma mulher incrível... — Eu hesito, sem saber quanto
tempo posso continuar sem desmoronar. — Só a encontrei algumas
vezes quando era jovem porque ela e minha mãe não se davam muito
bem. Quando as coisas em Carmel ficaram muito difíceis, meu pai falou
com ela e ela me recebeu de braços abertos. Eu não seria a pessoa que

5
Os mercados de pulga definem lugares em que ocorrem negociações (compra e venda) de produtos
usados de diferentes categorias, como roupas, móveis, antiguidades, etc.
sou hoje sem passar esses últimos cinco meses com ela. Ela era uma
mulher tão compassiva, tanta sabedoria. Ela me segurou quando
precisei de esperança e me deu força para ver o futuro.
Eu paro abruptamente, sabendo que não posso continuar. Posso
abrir meu coração para Adriana e dizer a ela que minha avó estava lá,
segurando minha mão no dia mais sombrio da minha vida? Meu coração
aperta quando eu fecho meus olhos, revivendo a memória.
— Ela estava doente, mas nunca contou a ninguém. O dia em que
ela faleceu foi quando eu descobri. — A sala fica em silêncio, minha visão
nublada conforme as emoções vêm à tona. — Adriana, você vai me
contar o que aconteceu quando você descobriu?
Adriana se arrasta no meu sofá, dobrando as pernas sob os
joelhos.
— Percebi Lex agindo de forma estranha, mas não fazia ideia
sobre o bebê. Samantha ligou para nós uma noite e anunciou a gravidez.
Lex estava furioso. Ele não queria que isso acontecesse. Meus pais, é
claro, viram isso como uma bênção. — Ela pigarreia, mas sinto que ela
está tentando ser cautelosa com suas palavras. — No dia seguinte, fomos
ver se Lex havia se acalmado. Samantha estava sozinha em casa e estava
visivelmente chateada. Ela estava chorando e, enquanto minha mãe a
consolava, ela disse que Lex estava tendo um caso. Quando ela disse seu
nome, ficamos todos em choque. Meu pai estava lívido. Ele estava pronto
para matar Lex. Eu estava entorpecida. Você era minha melhor amiga e
me senti traída por você.
— Adriana, nunca foi minha intenção. Eu o amei tanto…
Ela levanta os olhos para encontrar os meus. — Eu pensei sobre
isso. Eu pensei que talvez o que você e Lex tinham era como Elijah e eu,
mas Samantha continuou me dizendo que você me usou para se
aproximar de Lex, e que o tempo todo você estava de olho nele. Não sei
por que acreditei nela. O maior arrependimento que tenho é não seguir
meus instintos. Em vez disso, desisti de nossa amizade.
Deixei escapar um grande suspiro, meus ombros se desgastando.
— Você sabe o que? Está feito e agora seguimos em frente.
— Sim, eu sei. É como se o destino tivesse desempenhado um
papel. — Movendo-se para perto de mim, ela descansa a cabeça no meu
ombro como nos velhos tempos. — Agora, você quer ser minha dama de
honra?
Eu me viro para encará-la, a excitação difícil de conter. — Claro,
Adriana.
Abraçamo-nos com força novamente e penso em fazer a pergunta
mais importante. — Quem está desenhando o vestido?
Ela fala sobre os designers envolvidos e meu coração se enche de
alegria. Não acredito que Elijah tenha esperado tanto para pedir em
casamento, mas acho que, como muitos de nós, a vida atrapalha.
— Planejamos nosso casamento há três anos, mas pouco antes do
grande dia, Elijah ficou doente. Descobrimos que ele tinha câncer.
Felizmente, com muita quimioterapia, ele conseguiu sair livre do câncer
e tem um atestado de saúde há três anos.
— Eu sinto muito. Não consigo imaginar o quão difícil deve ter
sido para você.
— Foi, mas felizmente tive minha família para nos sustentar. Lex
se esgotou procurando os melhores centros de câncer do mundo. Não
sei o que teria feito sem ele — ela me diz, ficando em silêncio por alguns
momentos. — Você sabe, ele será o padrinho do casamento?
Eu esperava que fosse esse o caso. Não é sobre nós, é o dia especial
de Adriana e Elijah.
— Está tudo bem, Adriana. Tenho certeza de que podemos ficar
na mesma sala um com o outro.
Minha mente pisca para o meu escritório. Sim, podemos estar na
mesma sala que o outro, mas talvez não com nossas roupas.
— Charlie, olha, você não precisa responder... mas você estava
com ele esta noite? Não vou perguntar mais nada porque ele é meu
irmão, e isso seria TMI6.
Eu ri, que estranho. Achei que nossos dias de compartilhamento
haviam acabado há muito tempo. Meu telefone vibra, me distraindo de
responder a ela.
LEX
Minha irmã já te deixou sozinha?

Penso em uma resposta, mas, em vez disso, rio para mim mesma.
Meu corpo está totalmente exausto, e até mesmo escrever uma frase é
difícil.

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Too much information - muita informação
— Algo engraçado?
Eu mostro a ela o texto, seus olhos revirando até que ela se junta
a mim, rindo. — Charlie, você já pensou sobre isso? Você ainda não está
noiva de Julian?
Bem, se isso não é um tapa na cara.
Com Lex por perto, de repente perdi meus sentidos.
A culpa começa a se infiltrar, tudo com a menção de seu nome.
— Adriana, é... quero dizer, Julian é um cara legal. Ele adora o chão
que eu piso. Mas…
— Mas ele não é Lex.
Não, ele não é Lex. Ele é um homem doce, humilde, compassivo e
atencioso. Ele me trata com respeito, sempre sincero em suas intenções.
Ele me faz sorrir, nunca discute comigo. Enquanto isso, Lex se tornou
um filho da puta frio e arrogante que me trata como se eu fosse sua
posse. Em vez de me fazer sorrir, ele me irrita profundamente.
— Tem sido um longo dia. — Eu bocejo e continuo: — E Lex é,
bem, ele é complicado.
— Você está me dizendo? — Adriana vaia. Com a bolsa pendurada
no ombro, ela se inclina para me abraçar mais uma vez. — É melhor eu
ir embora, mas você e eu... estamos de volta.
— Eu não aceitaria de outra maneira. — Eu sorrio.
Quando subo na cama, meus músculos se contraem depois da
intensidade do que aconteceu antes. Você pensaria que eu tinha
acabado, mas aqui estou, encharcada entre minhas pernas, as imagens
passando em minha mente vividamente. Seu pau esperando
ansiosamente perto da minha boca.
EU
Sim, estou sozinha agora.

Eu quero escrever mais. Dizer a ele para vir aqui agora e foder meu
cérebro na próxima semana aqui na minha cama.
LEX
Eu também.
Uma resposta rápida, mas significativa. Desgraçado. Deixando
escapar um longo suspiro, eu envio uma mensagem de volta
rapidamente.
EU
Você não está sozinho, você tem sua mão. Pink escreveu uma
música inteira sobre isso.

LEX
Por mais que essa música traga prazer para as pessoas, prefiro
que você traga prazer para mim, agora mesmo.

Porra, estou ferrada. Li a mensagem uma dúzia de vezes e, toda


vez que a leio, minhas mãos descem automaticamente para minhas
calças, esfregando-as levemente para aliviar a dor. Eu rapidamente
digito uma mensagem e continuo a explorar.
EU
Ganancioso, sempre querendo mais.
LEX
Charlotte, com você... nunca é o bastante.

Sua última mensagem me leva ao limite, e eu gozo no local.


Concedida, não é nem de longe tão bom quanto quando estou com ele,
mas já fui fodida duas vezes hoje.
Exausta, adormeço em poucos minutos.

— Bem, olá, Srta. Mason. Você parece muito feliz esta manhã —
Eric comenta com uma de suas sobrancelhas levantadas.
— Vai ser um dia agitado. Você sabe que eu prospero com uma
agenda cheia.
— Uh-huh, agenda cheia. — Ele se vira para Emma, sussurrando:
— Mais como uma carga completa de suco de homem em seu poço.
— Ei, eu ouvi isso — eu grito, caminhando em direção ao meu
escritório.
Quando abro a porta, como uma cena de crime diante de mim, as
lembranças da noite anterior voltam à tona. Eu tento me acomodar, sem
tempo, já que hoje tem reuniões consecutivas com clientes.
— Charlie... terra para Charlie! — Eric está sentado à minha
frente, com a agenda e caneta na boca, me observando com um olhar
curioso.
— Desculpe, Eric, vamos começar.
— Devemos começar discutindo por que cheira a sexo cru e
animalesco em seu escritório?
— Você assiste muita pornografia.
— Não... embora eu acredite que agora tenho uma obsessão
doentia por Andrew McCarthy.
— Hum, o quê? Como isso é possível? Você nasceu tipo, o que... —
Eu conto meus dedos tentando descobrir em que ano ele nasceu.
— Um verdadeiro cavalheiro não revela sua idade. De qualquer
forma, eles exibiram o filme Pretty in Pink ontem à noite, e deixe-me
dizer a você, eu não sei em que ponto eles pensaram que aquele vestido
era digno de um baile de formatura. Eu tenho panos de prato que
parecem melhores do que isso.
— O fato de você ser uma virgem Pretty in Pink deveria ter sido
levantado há muito tempo. É como o filme de todos os filmes. Não ver
isso é como não saber que Madonna canta 'Material Girl', e eu também
gostaria de ressaltar que seus panos de prato são comprados no mesmo
lugar onde a Rainha os compra, graças à sua mãe.
— Tudo bem, então atire em mim. Menos sobre toalhas de chá e
de volta ao seu bang-bang na mesa.
— Desculpe, E, assunto encerrado. Temos um resumo para
trabalhar.
— Você é uma estraga-prazeres, Charlie.
— Sim, pregue isso para o mundo com seus panos de prato reais
de cem dólares.
Conversamos por uma hora antes de Eric deixar meu escritório.
As primeiras consultas não foram nada fora do comum até que ouvi uma
batida na minha porta. — Entre.
— Charlie, há alguém aqui para você. — Eric olha para mim
nervosamente.
Oh merda, por favor, não me diga que é Lex. Não há como resistir
a ele, e não me sinto confortável transando com ele em plena luz do dia
com todo o escritório presente.
— Quem é?
— Sra. Benson.
— Eu não sei quem é, mas tudo bem, deixe-a entrar.
Ele sai da sala, voltando com ela alguns momentos depois.
— Olá, Charlie.
— Samantha?
Na minha cabeça, tudo o que ouço é a marcha imperial de Star
Wars, e ela é Darth Vader. A realização dela dentro do meu consultório
é surreal. Uma semana atrás, eu não via Lex há nove anos. Não só transei
com ele, como agora estou aqui em meu escritório com sua ex-esposa, a
mulher cuja vida quebrei com minha indiscrição imatura.
— Sinto muito por não ter marcado um encontro. Podemos
conversar? — ela pergunta.
Faço sinal para que ela se sente. — Existe algo em que eu possa
ajudá-la?
— Eu quero pedir desculpas. Charlie, me desculpe. A coisa toda
com Alex…
Estou atordoada por sua necessidade de se desculpar. Ela nunca
fez nada de errado. Ela se casou com o homem dos seus sonhos,
dificilmente um erro.
Ela se atrapalha com as mãos enquanto fala. — Eu sabia bem antes
da gravidez que ele te amava. Eu podia ver o jeito que ele olhava para
você. Cometi tantos erros, mas a única coisa de que não me arrependo é
da minha filhinha.
Uma lágrima cai por sua bochecha, me pegando de surpresa. Eu
entrego a ela uma caixa de lenços, sem saber o que dizer.
— Sinto muito também, Samantha. Ele era seu. Eu era jovem e
estúpida e não deveria ter deixado chegar tão longe.
Como palavras presas dentro de um cofre, a liberação é mais
satisfatória do que eu jamais havia previsto. Eu não era uma vítima nos
jogos que jogávamos, eu tinha um papel igual na criação da teia
emaranhada.
— Eu sei que a vida teria sido diferente para você se eu tivesse
apenas deixado vocês ficarem juntos. — Ela tropeça, fungando.
— Vocês fizeram votos um ao outro. Eu não tinha o direito…
Ela estende os braços, me interrompendo. — Espero que você
possa me perdoar.
Aceitando seu abraço, nós duas nos abraçamos com força.
— Charlie, o coração dele nunca me pertenceu, sempre pertenceu
a você, e ainda pertence. Não deixe sua teimosia atrapalhar o amor
verdadeiro.
Ela se afasta com um sorriso no rosto e olhos vidrados, saindo do
meu escritório com um aceno gracioso.
Estou perplexa.
Durante anos, imaginei como seria se nos encontrássemos. Os
nomes desagradáveis que ela me chamaria, o jeito que ela puxaria meu
cabelo e me chutaria no chão como um lutador enlouquecido. Presa em
minhas próprias emoções, nunca parei e pensei sobre os sentimentos
dela ou como destruí seu casamento. E agora, nós duas perdoamos uma
a outra pelos erros que cometemos, e o sentimento de remorso está
saindo de meus ombros como uma nuvem desaparecendo no horizonte.
Agindo por impulso, pego meu telefone e ligo para Adriana.
— Ei, garota. E aí?
— Preciso de um favor seu. Um grande favor.
Não acredito no que estou pedindo a Adriana, mas quero que ele
saiba que não tem todas as cartas. Lex Edwards se transformou em um
bastardo egoísta. Ele prospera no poder, isso eu sei.
Mas por baixo de seu exterior poderoso, encontra-se uma
fraqueza.
E eu sei exatamente o que é isso.
Nós dois somos peões no jogo perverso que estamos jogando, mas
sei que não podemos parar.
Então agora, Sr. Edwards, espere.
Eu vou te pegar onde dói mais.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

LEX

Foi um dia infernal.


Sei das consequências de não comparecer à reunião de acionistas
no Hilton, mas estar aqui com Charlotte definitivamente valeu a pena.
São três da tarde do dia seguinte e acabei de sair da minha última
teleconferência, a quarta consecutiva para ser exato.
Kate está sentada comigo, soltando um suspiro quando a ligação
termina. — Sr. Edwards, sei que não é da minha conta, mas posso
perguntar o que o chamou a Manhattan com tanta urgência?
Eu me levanto, caminhando em direção à janela. Colocando meu
braço contra o vidro, eu me inclino para me apoiar. — Havia alguém que
eu precisava ver, alguém que significou muito para mim uma vez.
Kate olha para mim, perplexa.
Sim, isso mesmo, Lex Edwards realmente tem um coração.
Ele não nasceu um idiota de coração frio.
— Hum, claro, ok... eu... uh... quanto tempo você espera ficar aqui
com ela?
— Não sei. É complicado.
— Eu entendo. Vou providenciar para que você fique aqui por
tempo indeterminado. Você gostaria que eu o ajudasse aqui ou voasse
de volta para Londres e fosse seu ponto de contato lá? — Ela
rapidamente faz algumas anotações em seu bloco, que eu não tenho
ideia do que, mas preciso seriamente dar a ela um aumento de salário.
— Vamos deixar pra ver. Você pode obter o escritório aqui
rapidamente? Em relação a quaisquer aspectos de design, por favor,
entre em contato com minha irmã.
Ela termina de escrever mais notas e arruma seu laptop, me
avisando que vai trabalhar em tudo imediatamente. Quando ela começa
a sair da suíte, eu a chamo: — Kate?
— Sim, senhor?
— Peço desculpas por deixar você lidar com as consequências de
eu não comparecer à reunião.
Não acredito que me desculpei, principalmente com uma
funcionária. Lex Edwards não se desculpa por nada nem com ninguém.
Continuo olhando pela janela para a cidade abaixo.
— Ela vale a pena, senhor?
Incapaz de lidar com todas as emoções que vêm por ter Charlotte
de volta na minha vida, solto a respiração que estava segurando em um
longo suspiro. Eu controlo tudo o que faço e geralmente todos ao meu
redor.
Eu simplesmente não consigo compreender que tudo a que me
acostumei está lentamente desaparecendo. Estou com medo de perder
o controle, com medo de que ela esteja segurando cada pedaço de mim,
e com apenas um movimento de seu dedo ela vai me quebrar.
— Ela sempre valeu.

— O que você quer? — Eu respondo, categoricamente.


— Boa maneira de cumprimentar sua única irmã. Ouça, mandei
algumas peças para o seu escritório aqui e preciso que você as aprove o
mais rápido possível.
— Adriana, estou exausto e tenho muito trabalho a fazer. Tenho
certeza que está tudo bem. Eu confio no seu julgamento.
Eu não tenho mais nenhuma luta em mim. Meus e-mails estão se
acumulando e tenho que me esforçar muito se quiser passar por essa
bagunça que criei. Muitos funcionários e associados estão zangados com
meu comportamento imprudente e também não os culpo.
— Parece-me que você precisa de um fôlego. Olha, o escritório fica
a dez minutos de táxi do Waldorf. Por favor... vá dar uma olhada.
Qualquer coisa que você não queira deve ser devolvida logo pela manhã.
Não saí da suíte o dia todo. Por mais que eu tenha importunado
Charlotte para fazer uma pausa por meio de mensagens de texto,
também não consigo encontrar tempo. Felizmente, ela está muito
ocupada, mas me desaponta não poder prová-la hoje. Concordo em ir,
mas digo a Adriana para parar de me incomodar pelo resto da noite.
Enquanto pego o táxi para o escritório, minha mente se volta para
a noite passada, especificamente para o elevador.

Como não parar o elevador? Quando ela abaixou a cabeça com um


sorriso no rosto, apertei o botão. Ela sabia por que, e ela estava mais do
que pronta. Eu a levantei contra a parede e empurrei sua calcinha para o
lado. Em segundos, deslizei meu pau dentro dela. Ela puxou meu cabelo
com força enquanto esmagava seus lábios nos meus.
— Me faça gozar de novo, Lex. Foda-me com força. — Ela gritou.
Abri suas nádegas, segurando-as com força enquanto socava nela.
Ela estava tão fodidamente molhada. Ela já tinha gozado duas vezes esta
noite, e eu já tinha explodido dentro dela. O som do meu pau batendo em
sua boceta estava me levando ao limite rapidamente.
— Lex — ela murmurou.
Com minha cabeça enterrada em seu pescoço, o som dela chamando
meu nome era como o paraíso na terra. O cheiro de sua pele era inebriante.
Eu constantemente me pegava inalando o ar ao seu redor. Era como um
doce cheiro floral misturado com suor. Suor que ela estava coberta porque
eu a estava fodendo com tanta força.
— Lex, olhe para mim. — Ela exigiu.
Enquanto eu olhava em seus olhos, as profundezas do castanho
chocolate estavam cheias de luxúria, desejo e algo mais que eu não
conseguia decifrar.
— Sempre olhe para mim quando estiver me fodendo. — Ela
ordenou.
Bem, foda-me, isso me enviou arremessando em um maldito final
orgástico. Não sei por quanto tempo gozei, mas pareceram minutos.
Então, eu lentamente me puxei para fora e agarrei seu corpo enquanto ela
estava lá, com as pernas tremendo. Arrumamos nossas roupas, então
apertei o botão de parar novamente para ativar o elevador.
— Eu pensei que você tinha que estar em Londres?
Ajustando minha gravata, o sorriso no meu rosto era óbvio. — Meus
planos mudaram.
Não deixei transparecer o fato de que estava na merda pela decisão
espontânea que tomei, ou que estava tão perto de perder um negócio de
cinquenta milhões de dólares.
— Por quanto tempo?
Eu quase pude ver uma pitada de esperança em seus olhos enquanto
ela esperava minha resposta.
— Indefinidamente.

Eu saio da viagem pela estrada da memória, irritado porque o táxi


está parado devido ao tráfego no horário de pico. Irritado, mando
mensagens de texto para Adriana, uma após a outra, cheias de palavrões
e xingando-a por me obrigar a fazer essa viagem. O som do meu e-mail
continua tocando, e relutantemente abro minha caixa de entrada para
encontrar um e-mail de Victoria Preston, diretora executiva da Preston
Enterprises, informando que eles recusaram nossa proposta devido à
minha ausência naquela reunião. Ela também menciona rapidamente
que está hospedada no mesmo hotel e gostaria de discutir nossa
proposta com mais detalhes.
Victoria Preston é uma cadela manipuladora e quebra-bolas.
Claro, queremos o contrato, vale cinquenta milhões de dólares. Evito
lidar com ela depois de sua tentativa de me seduzir no último baile do
governador em Londres. Ela é uma criança mimada que nasceu com uma
colher de prata na boca.
Eu belisco a ponta do meu nariz sabendo que não há como eu
escapar de um encontro com ela. Enfurece-me que ela esteja hospedada
no mesmo hotel, porque sei que não é coincidência. Respondendo ao e-
mail dela, me preparo mentalmente para uma longa noite pela frente.
Temos muito a depender disso, cuja realidade está se estabelecendo e
me envolvendo por inteiro.
Enquanto subo rapidamente no elevador até o andar que será
nosso novo escritório, meu telefone vibra. Porra nenhuma, é Adriana. Eu
aperto o fone pronto para falar com ela.
— Porra, Adriana, estou aqui!
— E o que você acha? — ela pergunta calmamente.
Eu ando pelas portas com meu telefone ainda colado na minha
orelha. Eu paro abruptamente na entrada do meu escritório. — Adriana,
eu preciso ir. — Termino a ligação, sem nem esperar uma resposta.
Sentada na minha enorme cadeira de couro está Charlotte, vestida
com um sobretudo, meia-calça e aqueles famosos Louboutins. Meu pau
se agita com a visão do sobretudo. Espero que seja como nos filmes -
nada por baixo. Suas pernas estão cruzadas, e mal consigo ver as ligas
em volta de sua coxa.
Ela se levanta, caminhando lentamente até mim. Estou sem
palavras e duro pra caralho, possivelmente pronto para gozar em
minhas calças como um garoto de quinze anos com tesão a qualquer
momento. Agarrando minha mão, ela me puxa para a mesa, então me
senta na cadeira, de pé na minha frente. Anseio por estender a mão e
correr minhas mãos ao longo de sua pele macia, mas espero.
— É o seguinte, Sr. Edwards... Não aprecio visitas inesperadas em
meu escritório. Gestos como esse levarão a punições sérias.
Eu não posso resistir, levantando minha mão e colocando-a em
sua coxa. Lentamente, deslizo para baixo, faço meu caminho sob o
casaco e seguro sua bunda perfeita. — Sou a favor de seguir regras.
Ela desata o nó do cinto, abrindo o casaco. Por baixo, ela está
usando um espartilho preto sem alças com as ligas presas à meia-calça.
O tecido de sua calcinha de corte francês é tão transparente que posso
ver a umidade crescendo contra o tecido. Minha mulher está
fodidamente molhada como o inferno esperando por mim. Enquanto tiro
o casaco de seus ombros, ela se senta sobre mim na cadeira.
— Deixe-me pensar em como você precisa ser punido... hmmm.
— Ela lentamente mói contra o meu pau. Com as duas mãos em sua
bunda, luto para me recompor, acariciando-as com força. — Meu
problema é que toda vez que me sento em minha mesa de trabalho, me
lembro do que você fez comigo. Como você pode imaginar, sendo a
workaholic que sou, parece ter atrapalhado o meu dia. Então, acho que
é justo que, se eu tiver que lidar com isso, você também deveria.
Charlotte se levanta lentamente e então se senta na minha mesa.
Ela desliza para trás, abrindo bem as pernas na minha frente, depois
desliza os dedos para baixo, esfregando lentamente o clitóris em
círculos.
Isso vai me matar.
Observando-me observá-la, ela empurra o tecido para o lado,
fazendo contato com sua carne nua. Ela choraminga enquanto acelera,
arqueando as costas quando desliza os dedos dentro dela.
Porra. Me. Mate.
Eu rapidamente abro o zíper da minha calça, liberando meu pau.
Eu acaricio lentamente enquanto a observo, saboreando cada momento.
Seus olhos observam avidamente meu pau enquanto eu aumento meus
golpes, espalhando o pré-sêmen por todas as minhas mãos. Ela tira os
dedos da boceta, inserindo-os na boca, provando-os um a um.
Meu peito está batendo, e puxando-a rudemente para mim, meus
lábios esmagam contra os dela. A espera está me matando, minha
paciência diminuindo pelo puro desejo que corre em minhas veias. Eu a
viro, incapaz de esperar mais. Com sua bunda à vista, abro suas pernas
o máximo que posso, enfiando meu pau nela.
A dor me faz gemer. Fechando os olhos com força, evito terminar
cedo demais. Porra, controle-se. Tomando pequenas respirações,
consigo parar o clímax final e bato meus quadris contra os dela. Ela
implora para eu fodê-la mais forte, gemendo enquanto meu pau vai mais
fundo.
— Eu quero você, baby. Toda você. — Eu sussurro em seu ouvido.
Ela sabe o que eu quero, e caramba, ela está mais do que disposta.
Palavras sujas escapam da minha boca, roçando em sua orelha enquanto
ela geme baixinho pela intensidade, empurrando sua bunda ainda mais
para perto de mim. Seus belos sons me empurram, avisando-me para
controlar meus movimentos e desacelerar.
Eu me inclino com meu pau ainda dentro dela. Empurrando seu
cabelo para o lado, meus dentes arranham sua orelha. Permaneço
imóvel por um momento, ouvindo seus batimentos cardíacos,
admirando o brilho do suor em sua pele. Sua respiração fica mais lenta,
mas sei que ela está ansiosa. Sua boceta apertada está em volta do meu
pau, e eu sei que ela está quase lá, segurando assim como eu, querendo
levar isso adiante.
— Você me quer, Charlotte. Você quer que meu pau toque cada
parte do seu corpo. Você quer gritar meu nome em seus sonhos, acordar
dolorosamente dolorida, lembrar o quão forte eu faço você gozar para
que ninguém nunca mais foda sua boceta ou bunda de novo além de
mim.
Seu corpo estremece quando eu digo as palavras. Puxando meu
pau para fora, ela o esfrega contra sua bunda.
Um suspiro escapa dos meus lábios, minha mandíbula apertada
com o pensamento de entrar em sua bunda agora. Fizemos isso apenas
uma vez, então digo a mim mesmo para ser gentil.
Abrindo bem suas nádegas, admiro a bela vista diante de mim.
Deslizo lentamente enquanto ela esfrega seu clitóris, ouvindo seus
gemidos e atento a seus movimentos. Sua bunda é tão fodidamente
apertada que não há chance de eu me segurar por mais tempo.
Suas costas arqueiam, a moagem lenta, mas ganhando velocidade,
me deixando em um frenesi. Estou fazendo tudo ao meu alcance para me
segurar, ir devagar e não machucá-la, mas quanto mais eu aperto mais
forte ela bate em mim.
Envolvendo seu cabelo em minha mão, eu o puxo com força até
que seu corpo comece a ficar tenso.
Ela está perto.
— Lex, por favor... foda-me... mais forte.
Os apelos de Charlotte são interrompidos, o calor familiar se
contraindo ao redor do meu pau me fazendo empurrar mais fundo.
Gritando uma série de palavrões, o calor aumenta até que eu estou
vendo estrelas, incoerentes enquanto eu monto o orgasmo.
Nós dois permanecemos em silêncio, recuperando o fôlego da foda
intensa. Eu deslizo meu pau para fora lentamente, esfregando a parte
inferior de suas costas enquanto faço isso. Ela cai na minha mesa, o que
me faz rir.
— O que é tão engraçado? — ela pergunta, pegando seu casaco.
— Não consegue lidar com o treino intenso?
— Saiba que faço ioga, zumba e corro quase todos os dias.
Seu rosto está corado em um lindo tom de rosa quando eu a puxo
para mim. Eu a beijo suavemente, muito longe da intensidade usual que
passa entre nós. Seus lábios são macios e sua língua acaricia a minha
lentamente antes que ela se afaste abruptamente.
— Lex, estamos apenas fodendo. Amigos com benefícios. Foda-se
o amigos. Como quer que queira chamar.
Não tenho forças agora para discutir. Se é isso que ela quer, então
vou deixá-la acreditar que é só isso, mas sei que não. Charlotte não
transa com amigos. Ela não é o tipo. E ela sempre colocou o coração na
manga, sendo incapaz de esconder seus sentimentos.
No entanto, as perguntas ainda permanecem.
Por que ela ainda está com ele?
Por que ela ainda está se casando com ele?
E daí? O filho da puta a levou ao cinema e jantar e merda.
Mas ela é minha.
Ela só precisa perceber isso.
— Se é isso que você quer, Srta. Mason.
Nós nos movemos em silêncio, saindo do prédio e parando na
calçada. Pergunto-lhe que planos tem para o resto da noite.
— Apenas relaxar e ler — ela responde casualmente. — Eu
preciso estar de pé ao raiar do dia amanhã. Você?
— Trabalhar, claro. Durante uma noite inteira. Sinta-se à vontade
para se juntar a mim se você se sentir sozinha.
— Vou manter isso em mente. — diz ela, divertida.
Enquanto ela tenta se despedir, eu a agarro mais uma vez,
beijando-a profundamente. Quero que ela saiba exatamente o quanto
preciso dela.
Mas, mais uma vez, sinto a resistência.
Eu deixo ir.
Por agora.

A manhã voa enquanto eu sento com Kate discutindo nosso


encontro com Victoria Preston. Meu telefone vibra e, não reconhecendo
o número, eu o atendo. — Lex Edwards.
— Por favor, não desligue, Lex. — Reconheço a voz de Samantha
imediatamente.
Puta que pariu, não preciso dessa complicação agora.
Como ela conseguiu a porra do meu número?
— O que você quer Samantha?
— Por favor, apenas me escute, então eu vou deixar você em paz.
Sinto muito pelo meu comportamento no clube. Eu não tinha o direito
de estar tão bêbada, forçar você e fazer uma cena.
Eu escuto, mas estou com muita raiva. Kate fica sentada em
silêncio, ouvindo cada palavra que eu digo. Por que essa cadela pensou
que tinha o direito de voltar para minha vida quando Charlotte o fez está
além de mim.
— As coisas não estão boas entre Chris e eu, e... espere antes de
dizer qualquer coisa, eu só queria que você soubesse que vi Charlie. Eu
queria me desculpar pelo que fiz com ela.
— Com licença?
Eu. Estou. Lívido. Porra!
Ela não tinha o direito de entrar em contato comigo e,
especialmente, não tinha o direito de falar com Charlotte.
— Lex, ela me perdoou pelos meus erros. Por que você não pode?
Éramos todos jovens e estúpidos na época.
— Não me venha com jovem e estúpidos, Samantha. Você fodeu
com a minha maldita vida!
Eu bato meu dedo no botão de desligar e jogo o telefone no sofá.
Andando pela sala, tento me acalmar, me perguntando por que Charlotte
não disse nada.
Ela está mentindo para mim?
O que mais ela não está me contando?
Kate me informa sobre o horário e minha reunião no andar de
baixo. Pegamos nossas pastas e descemos para o restaurante até que
Kate me informa que esqueceu algo, então ela volta para o quarto me
deixando sozinho com a moça.
— Sr. Edwards... um prazer vê-lo novamente. — Victoria
cumprimenta, expondo propositalmente seu peito como a prostituta
que ela é.
— Srta. Preston.
— Por favor, sente-se. Gostaria de uma bebida?
O garçom para em nossa mesa, anota nosso pedido e sai correndo.
Victoria olha para mim, tomando um gole de seu vinho. Ela lambe os
lábios propositadamente, separando-os ligeiramente enquanto prende
minha atenção. Ela tem lábios realmente grandes, do tipo que te
perseguiria em seus pesadelos querendo te afogar na saliva. Eu acho que
eles seriam bons para um boquete, no entanto.
Argh, só estou pensando assim porque estou furioso com
Charlotte por esconder informações importantes como a visita de
Samantha.
Kate chega armada com os documentos da proposta, então eu a
apresento a Victoria. Claro, Victoria sendo a cadela arrogante que ela é,
faz sua saudação falsa seguida de perto por um olhar condescendente
para Kate.
— Então, Sr. Edwards, a proposta principal foi muito elogiada,
porém, durante a inicialização, vamos exigir que você seja muito prático.
Como você pode imaginar, sua ausência questionou sua dedicação a nós
como seu cliente, e é por isso que originalmente recusamos a oferta.
Cadela. Uma fodida vez, sério.
Ela faz parecer que estou em casa coçando minhas bolas o dia todo
assistindo MTV.
— Srta. Preston, garanto que nossa dedicação a este projeto está
acima e além do que você espera. Peço desculpas pela minha ausência,
mas foi por uma situação de emergência que precisou ser resolvida aqui
em Manhattan.
— Olhe, Sr. Edwards, minha equipe só assinará esta proposta se
você puder se comprometer com sua parte do contrato. Agora também
solicitamos que a maior parte do trabalho seja feita em Londres.
Porra! Meu instinto me fez pensar que iria se resumir a isso, com
longas horas de merda em sua sede principal. Como vou ver Charlotte
se estou em Londres?
Talvez Charlotte não dê a mínima para mim?
Talvez ela só precisasse de uma foda de retribuição?
Talvez ela fosse eu há duas semanas? O Lex Edwards que falava
docemente com as mulheres quando precisava de uma transa rápida. O
tipo que desaparecia no meio da noite sem nem mesmo um rápido adeus
ou um "Obrigado, eu me diverti muito enfiando meu pau na sua boceta."
Mas então penso nas vezes em que ela baixou a guarda.
Quando ela me pediu para olhá-la nos olhos. Como o verde
esmeralda ainda é sua cor favorita. E quando ela me disse que haveria
uma próxima vez.
Há esperança de que ela ainda sinta algo.
— Este é um contrato de um ano, Sr. Edwards. Temos o seu
compromisso de que isso será realizado nesse prazo especificado?
Um maldito negócio de cinquenta milhões de dólares, e eu o
questiono porque não quero deixar os Estados Unidos. Ela me entrega
os papéis com uma caneta, me olhando, esperando por uma reação.
Hesito, olhando para Kate, que está me observando intrigada com minha
reação tardia. Pego a caneta e começo a assinar os documentos, o peso
do mundo agora repousando sobre meus ombros.
Kate anuncia que fará cópias e retornará em dez minutos.
Deixando-me sozinho com Victoria, temo onde essa conversa vai levar.
— Vai ser bom ter você de volta em Londres. — Ela sorri,
brincando. — Devemos jantar quando você voltar para discutir
quaisquer outras ideias que possa ter.
— Olhe, Victoria, isso é estritamente comercial. Você sabe que não
misturo negócios com prazer.
— Oh, por favor, Lex, como se você não tivesse fodido sua
pequena assistente, Kat, Kathy, ou qualquer que seja o nome dela. — Ela
zomba.
— O nome dela é Kate, e não, ela é uma funcionária valiosa. Eu
quis dizer o que eu disse. Não brinque comigo.
Kate retorna com os documentos copiados. Encerramos a reunião
com Victoria avisando que ela me enviará um e-mail com a confirmação
de quando o projeto começará.
Caminhando até minha suíte em pequenos passos, eu abaixo
minha cabeça com um sentimento de vazio dentro de mim. As últimas
vinte e quatro horas foram o céu e o inferno em medidas iguais. Eu quero
muito Charlotte, mas não consigo superar a raiva por Samantha, Julian e
o fato de ainda ser o segundo melhor.
— Sr. Edwards, você parece exausto. Deixe-me cuidar das coisas
pelo resto do dia. Eu sugiro que você durma bem. — Kate oferece.
Ela tem razão. Mesmo sendo perto da hora do almoço, não tenho
problemas para dormir um pouco. Nunca estive tão esgotado, mas agora
não estou nem perto das respostas para as perguntas que ainda restam.
E trabalhar até as três da manhã só piorou as coisas.
Eu tenho que reorientar com um plano de ataque.
Jesus Cristo, estou tratando essa coisa toda de Charlotte como uma
maldita proposta de negócios. Mas talvez eu precise lidar com isso dessa
maneira? A única coisa de que tenho certeza é que ela é minha e ninguém
vai tirá-la de mim.
Agora não. Nunca.
Ainda assim, não consigo me livrar de minha hostilidade por ela
ter perdoado Samantha.
Por que ela fez isso?
E quanto a mim?
Por que ela não me perdoa?
CAPÍTULO TRINTA

CHARLIE

A chuva não impede minha corrida matinal habitual. Em vez disso,


me esfria, permitindo que eu corra ainda mais forte.
Eu paro no meu banco habitual tentando recuperar o fôlego. As
últimas quarenta e oito horas foram exaustivas, para dizer o mínimo.
Além de uma carga de trabalho pesada com a qual estava lutando devido
à minha vida pessoal instável, tenho que lidar com Lex.
— Oi de novo! — A conhecida garota loira para no banco.
— Oi. Não te vejo há alguns dias. Você saiu de Manhattan?
— Sim, brevemente, mas aqui estou eu de novo. — Ela ri, depois
estende a mão para se apresentar. — Eu sou Kate, a propósito.
Eu aperto a mão dela. — Charlie.
— Sinto muito, não sei por que estou rindo. — Ela aperta a
barriga, deixando escapar um suspiro. — Estou tão estressada com o
trabalho agora que acho que estou perdendo a cabeça.
— Eu sei como você se sente. Eu estou no mesmo barco. Eu tenho
tanta coisa acontecendo, e não ajuda que minha vida amorosa seja como
uma montanha-russa agora.
— Problemas com homem?
— Problemas com homens, plural. — Confesso.
— Oh, uau. Eu não gostaria de estar no seu lugar. Estou feliz por
ter um bom homem, acontece que ele está do outro lado do mundo. —
Ela diz enquanto recupera o fôlego.
Nós duas nos sentamos no banco, descansando enquanto observamos
outros corredores passarem.
— Um relacionamento à distância requer paciência. Não sei como
você consegue.
— Não é fácil. O amor é ótimo, mas no final das contas, todo casal
tem necessidades. Difícil de cumprir quando você está do outro lado do
mundo. — Kate reclama.
— Como terminamos com relacionamentos complicados?
— Eu sei direito? — Kate ri. — Então, estou pensando... — ela
franze as sobrancelhas — …você escolhe quem você mais gosta e segue
em frente. Talvez comece com quem é mais atraente?
Rimos em uníssono. Há algo reconfortante em confiar em um
estranho.
— Bem, o homem número um é lindo... como Christian Bale é
lindo.
— Oh, santo inferno! E o número dois?
— Não há palavras… ele é lindo.
— Parece-me que o número dois é uma aldrava feminina.
Comecei a rir, de novo. Aldrava feminina! A gíria britânica me
deixa histérica. Enquanto enxugo uma pequena lágrima do meu olho, me
recomponho o suficiente para responder a Kate.
— Eu acho que você poderia dizer isso, mas é tão complicado.
— Não sou especialista em amor, mas juro que deve haver lua
cheia ou algo assim, porque coisas estranhas estão acontecendo em
todos os lugares.
— Isso explicaria muita coisa.
— Veja meu chefe, por exemplo... ele é o bastardo mais arrogante
que você poderia conhecer. Quer dizer, o número de vezes que tive que
limpar a bagunça dele é, bem... é muitas. — Ela suspira pesadamente com
exagero. — Depois de cada garota que ele fodeu e deixou à espera, quem
você acha que estava lidando com toda a besteira de garota pegajosa?
Você entendeu! Eu! Sério, eu mereço um aumento porque isso não está
na descrição do meu trabalho.
Quão pouco profissional de um chefe. Em nosso escritório, os
únicos homens que empregamos são Tate e Eric. Eric está interessado
em homens, então nada de besteiras de garota pegajosa, e Tate,
felizmente, é o mais profissional possível. O negócio real é por isso que
o contratamos.
— Então, algo estranho está acontecendo. Só sei que uma mulher
entrou em sua vida e acho que ele sente algo por ela. Quase caí da cadeira
quando descobri. Estou lhe dizendo que o homem não tem coração. Mas
nossa, alguma coisa mudou. — Finaliza.
— Às vezes, aquela pessoa pode mudar tudo em que você
acredita. Talvez ela tenha conquistado o coração dele. Ele é pelo menos
agradável de se olhar?
— Ele é um BILF de morrer.
Eu levanto minha sobrancelha. — Uh, o que é um BILF7?
— Chefe, que eu gostaria de foder... embora nunca o fizesse. Eu
amo meu trabalho e recebo ótimas regalias. Acabei de aprender a tolerá-
lo e estar sempre um passo à frente.
— Belo corpo?
— Oh, inferno, sim. — Ela ri, balançando a cabeça com um sorriso
conhecedor. — Ele malha tanto que parece um deus grego. Mas nunca o
vi sem camisa.
— Parece que você conseguiu um ótimo emprego.
— Sim, tenho, mas agora preciso me concentrar. — Kate olha para
o relógio, instantaneamente abaixando os ombros. — Oh merda, são
sete. É melhor eu voltar. Vejo você amanhã?
Eu sorrio. — Estarei aqui.
— Adeus, então!
Eu corro de volta para casa pensando em como os últimos dias se
desenrolaram. Sei que estava me arriscando ao pedir a Adriana que se
envolvesse no planejamento de minha presença no escritório de Lex,
mas queria que ele soubesse que não é só ele quem dá as ordens.
Olhando para trás, não acredito que me permiti ser tão ousada e
despreocupada. Sim, eu fantasiei sobre essa merda o tempo todo, mas
torná-la realidade é surreal. Ele mal conseguia se controlar, e era isso
que eu queria... o Sr. Maníaco por Controle se perdendo.
Cada toque, cada som estava me levando ao limite, mas então ele
disse que queria tudo de mim. Eu sabia o que ele queria dizer, e

7
Boss I’d like to fuck - Chefe, que eu gostaria de foder
nenhuma parte de mim hesitou. Enquanto ele me enchia, eu gemia de
prazer. Ele é o único que já esteve lá dentro. A pressão era intensa, e não
demorei a gozar. Ele me seguiu rapidamente, segurando-me com força
enquanto as ondas de prazer diminuíam lentamente. Foi incrível, mas
então ele me beijou suavemente e eu me afastei. Eu não estava
preparada para emoções envolvidas. Este era um tipo de sexo
estritamente hardcore, nada fora do comum. Apenas foda. Eu o lembrei
disso, e ele rapidamente reconheceu, o que doeu um pouco, mas eu tive
que me convencer de que isso era tudo. Quem eu estou enganando?
Enquanto estou sentada em meu escritório sonhando acordada
com a noite anterior, Eric e Nikki entram, ambos sentando-se. Eric pega
um punhado de M&Ms enquanto Nikki o repreende por colocar os
marrons de volta no pote. Qual é o problema dele em comer os marrons?
— Então, a senhora que entrou no meu escritório ontem era
Samantha Benson.
— Ela não era aquela garota no clube que Lex estava tentando se
livrar? — Eric pergunta, levantando suas sobrancelhas perfeitamente
esculpidas.
— Sim, ela era.
— Como você conhece ela? — Nikki pergunta.
Responder a esta pergunta é inevitável. Eu temia isso, mas sabia
que sairia mais cedo ou mais tarde, então é melhor que seja agora. — Ela
era a esposa de Lex.
— Então, eles se casaram depois que vocês se separaram? — Os
olhos de Eric se arregalam de curiosidade. — Quando ela se casou
novamente e teve a filha?
— Eric, eu não acho que eles se casaram depois que Charlie e Lex
se separaram — Nikki diz, virando-se para mim. — Estou certa em
presumir que vocês estavam juntos enquanto ele era casado?
— Algo parecido. — Eu abaixo meu tom, me sentindo
envergonhada com a situação. Eu sei que foi mais do que apenas ser uma
destruidora de lares, mas como posso explicar o que era nosso amor
para eles?
Eric leva a mão à boca. — Oh… — e então ele se dá conta, — Oh!
— Gente, olha, não foi assim. Estávamos apaixonados, como um
amor destruidor da terra. Pelo menos, eu pensei que era.
Nikki se inclina sobre a mesa, colocando sua mão na minha. Ela me
conhece bem o suficiente para saber que isso significou alguma coisa.
Afinal, era ela quem me abraçava forte quando eu gritava o nome de Alex
enquanto dormia.
— Charlie, o que aconteceu? — Eric estreita os olhos, ainda
confuso. — E o que está acontecendo entre vocês dois agora?
— Ele foi embora, não se despediu. Eu descobri pela vagabunda
da cidade que Samantha estava grávida.
— Espera aí, a criança é dele? — Nikki exclama.
— Não. Ela também estava traindo, mas disse a ele que era dele.
A família dele o pressionou para ficar com ela depois que Samantha
contou a eles sobre mim. Aparentemente, meses depois, ela confessou a
ele que o bebê não era dele e ele a deixou. Ele me disse que me procurou,
mas não no lugar certo, e minha mãe disse a ele que eu mudei.
— Mas você não tinha, Charlie. Eu estava lá... — Nikki pára.
— Não, eu não tinha. Ele acreditou no que ela disse e decidiu que
eu merecia mais.
— Sinto muito, Charlie. Eu sabia que ele significava muito para
você. Quero dizer, você só começou a namorar no final da faculdade, não
importa o quanto Rocky e eu tentamos armar para você.
— Oh, caramba, Nikki, os encontros às cegas que Rocky me
arranjou foram tão horríveis. — Balanço a cabeça, sorrindo para a
tentativa patética de me arranjar com tantos perdedores.
Nós rimos, relembrando até que Eric nos interrompe de nossa
viagem pela estrada da memória. — Então, sobre o que ela queria falar
com você?
— Ela precisava me dizer o quanto estava arrependida e pediu
perdão. Todos cometemos erros, Eric. Às vezes precisamos perdoar para
seguir em frente.
— E Lex? — ele pergunta, relutantemente.
Deixando escapar um suspiro, eu me inclino para trás em minha
cadeira. Essas duas pessoas são meus melhores amigos e, no entanto,
sempre mantive essa parte de mim perto do coração, bem fechada em
uma caixa lacrada. Agora é a hora de derramar meu coração e alma e
revelar todas as cicatrizes?
— Lex é... complicado.
— Não pode ser tão complicado, Charlie. Quero dizer, você está
fodendo com ele por toda Manhattan. — Nikki aponta.
— Eu não estou fodendo com ele por toda Manhattan!
— A mulher tem razão, Charlie. Você teve um certo brilho durante
toda a semana. Você sabe... aquele olhar de eu-fui-fodida-em-todos-os-
orifícios.
Nikki e Eric riem. Meu rosto fica vermelho. É tão óbvio?
— Vamos tomar o seu silêncio como um sim. Nikki, você notou
como ela anda estranha também, quase mancando? — Eric brinca.
Jogo uma caneta em Eric.
Então, pelo menos eles sabem essa parte. O resto permanecerá em
segredo meu, por enquanto.

— Ei, Charlie. — Eric espreita a cabeça pela minha porta. — Tem


alguém aqui para te ver.
Quem agora, eu me pergunto? Quando me levanto, alisando o
vinco da minha saia, Julian entra na sala. Ah, porra. Não o vejo desde a
noite de cinema e, nesse tempo, transei com Lex mais vezes do que
gostaria de admitir.
— Ei linda. Eu estava começando a pensar que você tinha
desaparecido.
Julian caminha até mim, agarrando minha cintura e puxando meu
corpo contra o dele. Inclinando a cabeça, ele planta um beijo em meus
lábios, uma sensação desconfortável me consumindo enquanto eu forço
um sorriso.
— Desculpe, Julian. O trabalho literalmente chutou minha bunda
a semana toda.
— Eu vejo. Eu sei que há algo que eu gostaria de fazer nessa bunda
— ele brinca, colocando as mãos na minha bunda, acariciando-a
lentamente.
Eu puxo suas mãos. — Sr. Baker, este é um ambiente profissional.
Além disso, Eric é conhecido por se intrometer.
A culpa aumenta com a menção de uma mentira.
— Tudo bem, mas depois, você é minha. — Ele pisca, segurando
meu queixo antes de beijar meu nariz. — Eu trouxe algo para você.
Ele coloca uma caixa de camisa branca com um laço vermelho na
minha frente. Eu olho para ele, curiosa para saber o que há dentro. Ele
faz sinal para que eu abra, e eu o faço, atordoada com o que está lá.
— Nós não falamos sobre os planos de casamento reais — ele
menciona, os olhos observando minha reação.
Forço outro sorriso, com medo de que, com um olhar, ele saiba o
que fiz. Tirando as revistas de noivas da caixa, finjo estar interessada
enquanto as folheio. No entanto, meu estômago fica enjoado, a realidade
me atinge com força enquanto observo minhas mãos tremerem
levemente enquanto seguro as revistas.
— Tanto para organizar... — Eu paro, a enormidade da situação
esmagadora.
— Sempre podemos contratar um coordenador de casamento. No
entanto, isso seria uma decepção para minha mãe.
— Sua mãe? — Eu pergunto nervosamente.
— Sim, ela está morrendo de vontade de conhecê-la. Ela estará
viajando por Nova Iorque em três semanas a caminho de algum tipo de
convenção de livros.
— Como em romances eróticos?
Estou tentando o meu melhor para afastar o quão estranha esta
conversa se tornou. Eu nunca conheci a mãe dele, então isso é
importante em um relacionamento.
— Obrigado pelo visual. — Ele ri, passando a mão pelo cabelo. —
Então, um passarinho me lembrou que é seu aniversário no sábado.
— O passarinho tem uma boca grande. É sim.
— Algum plano?
— O passarinho boca-grande disse que vai me levar para jantar.
Você é bem-vindo para se juntar a nós — eu ofereço, tomando nota para
repreender Eric por sequer mencioná-lo.
— Sinto muito, tenho uma tarefa importante para desempenhar.
No entanto, irei acompanhá-la depois do jantar, além de estar livre para
o café da manhã no domingo. De preferência na cama.
— Oh, Batman, você com certeza sabe como usar essas falas
cafonas.
— Ei, Batman se ressente disso. — Ele me dá um beijo de
despedida, prometendo que vai me ligar hoje à noite, quando eu
terminar o trabalho.
Quando ele sai da sala, dou um suspiro de alívio. O que diabos estou
fazendo? Essas não são ações de uma pessoa sã, longe disso. Sento-me
na cadeira abrindo uma revista, folheando casualmente as páginas. Nem
um pingo de excitação se agita dentro de mim. Certamente, meu gene
noivazilla já deveria ter entrado em ação. Sento-me aqui quase
entorpecida, quase. O vestido Valentino é de morrer.
Estou lendo um artigo sobre o que fazer e o que não fazer no
planejamento do casamento quando um som alto me assusta. A comoção
vem da minha porta, onde Lex está de pé, e um Eric e Emma
extremamente em pânico estão atrás dele tentando recuperar o fôlego.
— Sinto muito... — Eric engasga em busca de ar.
— Está tudo bem, Eric.
Lex avista as revistas, forçando Eric e Emma a fugir como dois
cachorros tímidos.
— Você não tem o direito de invadir meu escritório assim. — eu
digo a ele, tentando o meu melhor para falar em um tom monótono, mas
a raiva está aumentando, pronta para arrancar sua cabeça e dar-lhe uma
bronca sobre o protocolo do local de trabalho.
— O que você espera? Você não fala comigo, mas fala com todo
mundo. Na verdade, você perdoa todos os outros, mas não a mim. Por
que? — ele pergunta, exasperado.
O que diabos ele está falando?
— Com licença?
— Você facilmente brinca de maquiagem com Adriana e
Samantha, mas comigo, você me fecha toda vez que tento me desculpar.
— Por favor, saia — eu o aviso. — Este é o meu local de trabalho.
Eu não trago minha vida pessoal para o trabalho.
Ele está diante de mim com olhos arregalados e cabelos rebeldes,
sua linguagem corporal é suficiente para eu perceber que ele está
falando sério. Seus olhos disparam para as revistas na minha mesa.
— Responda-me!
— Não tenho nada a dizer a você.
Seu olhar letal é doloroso e penetrante com o propósito de me
despedaçar. Lex pode estar com raiva, atacando-me alimentado pela dor
que está sentindo, mas nada e eu quero dizer nada, pode apagar a dor
que se infiltra em cada parte de mim como veneno.
Eu anseio por suas palavras, por mais dolorosas que sejam, elas
são sua alma saindo em pedaços para eu ouvir. Mas o som mais mortal
de todos é o silêncio.
Virando as costas, ele sai do meu escritório sem se despedir.
Não consigo chorar, as lágrimas há muito se foram e secaram. Em
vez disso, fico aqui sentada, atordoada, incapaz de lidar com a explosão
de raiva que dei a ele. Ele mereceu. Isso não foi nada comparado ao que
eu passei.
Ele não ganhou.
Eu ainda estou aqui.
Desta vez, sou eu quem está usando o anel.
E logo me tornarei a Sra. Baker.
CAPÍTULO TRINTA E UM

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

Ontem à noite eu tive um sonho, o tipo de sonho que quando você


acorda, você fecha os olhos e tenta cair naquele sono feliz rezando para
que de alguma forma o sonho continuasse.

Charlotte estava ao meu lado vestindo nada além de um lençol em


volta de seu corpo nu. Sua cabeça descansando em meus ombros enquanto
nos sentávamos pelo que pareceram horas. Minhas mãos estavam
posicionadas acima das teclas do piano, mas estavam imóveis.
Fracamente, eu podia ouvir um piano tocando ao fundo. Era lindo, e por
mais que eu tentasse mover minhas mãos para espelhar a execução, elas
permaneciam congeladas.

Percebi quando acordei na manhã seguinte que era meu


subconsciente me dizendo para tocar novamente. Entre o trabalho e o
estudo, eu nunca mais tinha tempo para sentar e tocar, então aqui estava
eu na sala dos meus pais tentando tocar piano. Quando criança, também
aprendi a tocar violão, mas tocar piano veio naturalmente.
Ao encontrar as teclas certas, meus dedos se moviam no ritmo da
minha cabeça. Sentindo que estava sendo observado, parei, surpreso ao
ver Charlotte parada na porta.
— Por favor, não pare, Alex. — Ela sorriu.
Fiz sinal para ela se sentar ao meu lado no banquinho do piano.
Ela relutantemente fez isso, mas com um espaço entre nós. Eu ansiava
que ela apoiasse a cabeça no meu ombro como no meu sonho, mas com
Adriana em casa, eu me forcei a ignorar todas as vozes que gritavam em
minha cabeça para alcançá-la e tocá-la.
— Eu não sabia que você tocava. Na verdade, eu não sabia por que
seus pais tinham um piano, porque Adriana não tem um osso musical
em seu corpo.
— Eu costumava tocar — eu disse a ela. — Faz algum tempo.
— Você vai tocar essa música para mim de novo? Eu amo essa
música.
— Você sabia que música era? — Eu perguntei com uma
sobrancelha levantada.
— Claro que eu faço. É 'Right Here Waiting for You'. A música dos
anos 80 é a minha jam8.
Comecei a tocar as notas novamente. Fechando os olhos, não pude
deixar de cantar junto, lembrando de cada verso da música, e porque ela
estava bem ao meu lado, eu queria cantar para ela a letra que eu não
conseguia dizer em voz alta.
Quando o refrão começou, Charlotte começou a cantar comigo.
Sua voz era incrível, tão angelical e perfeitamente adequada para a
música. Eu continuei, nós dois em harmonia e cantando a música inteira
um para o outro.
Quando a música acabou, tentei ao máximo não olhar para ela,
mas foi impossível. Quase timidamente, ela continuou a olhar para as
teclas. Suas bochechas estavam coradas, e eu queria colocar a palma da
minha mão em seu rosto e sentir o calor de sua pele, sabendo que ela
estava sentindo isso por minha causa. Mas o risco era muito alto com
todos dentro de casa.
— Alex, sua voz é incrível e você toca piano… — ela parou por
alguns segundos e continuou: — Por que você escolheu estudar
medicina?
— Também toco guitarra. — Eu sorri, batendo em seu ombro.
— Mais alguma coisa, Sr. Prodígio Musical?
— O triângulo conta? — eu brinquei. — Não, mas sempre quis
uma bateria. Mamãe e papai recusaram, dizendo que a bateria leva ao

8
Termo usado para descrever a música preferida de uma pessoa.
rock 'n' roll, que leva ao vício em drogas. Além disso, Charlotte, olha
quem está falando. Sua voz é simplesmente... uau.
— Talvez devêssemos fugir juntos e nos tornar uma dupla
dinâmica de cantores como Sonny e Cher. — Ela abaixou a cabeça, rindo
— 'Dizem que somos jovens e não sabemos' — comecei a cantar,
tentando não rir.
Ela colocou a mão no meu ombro enquanto ríamos juntos até
ouvirmos um barulho atrás de nós. Nós dois nos viramos. Samantha
estava de pé sob o arco. Porra. Eu não sabia quanto tempo ela estava
parada ali, mas eu não estava fazendo nada de errado além de amar a
garota que estava sentada ao meu lado.
— Oi, Charlie. É bom ver que você conseguiu que Alex tocasse
piano novamente — disse ela, com um andar lento e firme.
— Eu não, Sam. Acabei de ouvi-lo. Você tem um homem talentoso
aqui. — Charlotte respondeu enquanto deslizava para fora do
banquinho do piano.
Erguendo o queixo, ela cruzou os braços com um sorriso
conhecedor. — Sim, não é?
— Bem, estou indo. Prazer em tocar com você, Alex. Adriana está
me arrastando para uma festa do outro lado da cidade. Aparentemente,
ela tem alguém que quer que eu conheça.
Que porra?
Isso era para me fazer sentir melhor?
Acalme-se, Alex.
Charlotte apenas disse isso para que Samantha não suspeitasse.
Ela não faria nada para me machucar de propósito, especialmente com
outro cara.
— Ah, isso mesmo. Aquele amigo de Elijah com a tatuagem de
uma caveira no pescoço. — Samantha ri.
— É esse mesmo. Parece o homem que meu pai quer matar. De
qualquer forma, divirtam-se, pessoal. — Ela acenou, evitando meus
olhos e nos deixando a sós.
Samantha sentou ao meu lado no piano. Ela estendeu a mão para
a minha e brincou com a minha aliança de casamento. Fingi não notar e
tentei tocar uma música apenas com a mão direita.
— Uma garota bonita, aquela. Você não acha?
Para trás com essa merda.
Samantha está me perguntando se eu acho Charlotte bonita?
Eu tinha cem por cento de certeza que este era o código da mulher
para testar as águas.
Pise com muito cuidado.
— Ela está bem, eu acho. Ela é a melhor amiga de Adriana. Você
conhece minha irmã?
Ela se aproximou de mim no piano, envolvendo os braços em volta
do meu tronco. — Alex, me leve para casa e me foda do jeito que você
costumava me foder todas as noites antes de nos mudarmos para cá.
— Eu não fodi com você todas as noites, Sammy. Você está me
confundindo com outra pessoa?
— Devo estar perguntando a mesma coisa?
Houve uma pausa e pausas refletiam culpa.
— Samantha, eu trabalho em turnos de quatorze horas e ainda
tenho que estudar. Não estou apenas mentalmente, mas fisicamente
exausto no final de um longo dia.
— Bem, que tal agora?
Confuso, olhei para ela enquanto ela subia no meu colo.
— Sammy, esta é a casa dos meus pais...
— Todo mundo saiu, Alex. É só você e eu. Sou sua esposa. Foda-
me, por favor — ela implorou.
Eu não sabia o que fazer naquele momento. Se eu cedesse a ela,
isso a calaria? Fechei os olhos enquanto ela desafivelava meu cinto.
Talvez eu pudesse fazer isso? Certamente, Charlotte entenderia que eu
teria que fazer isso para manter a farsa. Se Samantha não tivesse
motivos para se preocupar, Charlotte e eu poderíamos continuar nos
vendo. Sim, isso era exatamente o que eu precisava fazer.
Senti minhas mãos se movendo involuntariamente para seus
seios, apertando-os enquanto tentava ao máximo ignorar a enorme
quantidade de culpa que sentia agora. Ela começou a esfregar-se contra
o meu pau, gemendo em meu ouvido um gemido agudo que ela fazia
quando estava excitada. Minhas mãos encontraram o caminho para sua
bunda até que eu as movi para dentro de sua calcinha. Ela estava
fodidamente encharcada.
— É isso, querido. Eu sei que você sente minha falta. — Ela
sussurrou em meu ouvido.
Ela puxou a saia para cima, pronta para sentar no meu pau quando
ouvimos uma comoção na porta.
— Oh meu Deus! — Adriana gritou.
Porra! Porra! Porra!
Empurrei Samantha de cima de mim como se tivesse sido pego em
flagrante fazendo algo errado.
— Desculpe, pessoal, eu não pensei… oh meus olhos! Cadê a porra
do alvejante? — ela reclamou, balançando a cabeça.
— Desculpe, Adriana, pensamos que todos tinham saído.
— Eu deixei meu telefone lá dentro. Isso é hilário! Charlie teria se
mijado rindo disso. Ok, acho que vou deixar você com isso. Tchau.
Ela acenou enquanto saía da sala. Foda-se, ela ia contar a Charlotte.
Pobre Charlotte, ouvindo isso e tendo que conhecer aquele tatuador. Eu
precisava fazer alguma coisa e rápido, ignorando a bile subindo na
minha garganta.
— Esqueci de perguntar uma coisa a Adriana. — Eu me afastei,
desesperado para encontrá-las.
Samantha passou os braços em volta do meu pescoço. — Então
ligue para ela, Alex. Vamos voltar de onde paramos.
Arranquei-a de cima de mim, sem dizer mais nada, e corri para
fora o mais rápido que pude.
O carro já estava dando ré na entrada da garagem, e tudo o que vi
foi Adriana rindo.
E ao lado dela, uma Charlotte com o coração partido me encarando
de volta.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

CHARLIE

PRESENTE

Eric aperta minha mão com força, me levando pelas ruas


movimentadas tentando chegar ao restaurante em velocidade recorde.
Fácil para ele, já que está usando sapatos rasos. Meus novos sapatos
Jimmy Choo estão ficando arranhados, o que não me impressiona nem
um pouco.
— Eric, sério, você pode diminuir a velocidade. — Eu choro,
lutando para acompanhar.
— Eu só não quero me atrasar. Tango vai acabar com você se você
não chegar na hora.
Tango é um restaurante espanhol muito animado em Chelsea.
Como presente de aniversário, Eric vai me levar para jantar. Estou mais
do que feliz em ficar em casa e me afogar em minhas tristezas, mas Eric
sugere um dia cheio de tempo 'nós' - compras, massagens, pedicure e,
claro, jantar no melhor restaurante para exibir nossos vestidos novos e
corpos mimados.
— Aqui estamos!
Entramos no restaurante onde uma multidão de pessoas está na
área do bar esperando para ser atendida. Todas as mesas estão
ocupadas, pelo que posso ver, e culpada por nos atrasar, estou rezando
para que nossa reserva ainda esteja de pé.
— Senhor, senhora, por favor, deixe-me acompanhá-los até sua
mesa.
O garçom nos conduz por entre a multidão, passando pelas mesas
que estão todas ocupadas. Eu cutuco Eric, encolhendo os ombros com
uma expressão confusa. Aposto que a mesa está em algum lugar nos
fundos, perto da cozinha e do banheiro. Bem, pelo menos eles têm
karaokê depois das dez. O garçom puxa uma grande cortina de veludo
marrom para o lado, seguido por um alto — Surpresa!
Minha mão agarra meu peito enquanto minha boca se abre em
estado de choque. Ao redor de uma enorme mesa estão Nikki e Rocky,
Adriana e Elijah, Emma, Becky, uma nova assistente em nosso escritório,
Julian e, é claro, Lex. Meus olhos se movem para frente e para trás, o
pânico crescendo em meu peito.
Julian e Lex na mesma sala?
Vou estrangular a pessoa que planejou isso.
Eric.
Ele está morto para mim.
Forçando um sorriso e ignorando os nós que se formam em meu
estômago, afasto esses pensamentos por um momento. Além do aspecto
de confronto de Julian e Lex na mesma sala novamente, a maneira como
Lex e eu deixamos as coisas está inacabada. Não nos falamos desde a
briga no meu escritório. Ele não tentou entrar em contato comigo, e eu
sou muito teimosa para entrar em contato com ele.
— Uau, pessoal, isso é... inacreditável. — Eu suspiro, absorvendo
tudo. — Você realmente não deveria.
Hora da morte, Eric - depois que esta festa acabar.
Meus olhos percorrem a sala, admirando os balões verde-
esmeralda que cobrem o teto. Quase parece o Dia de São Patrício, se você
não sabia que é minha cor favorita.
— Não é? Nikki teve a ideia e convidou todo mundo — Eric se
apressa, apontando o dedo para a criança que merece estar no canto da
travessura.
Eu olho para Nikki com olhos de adaga. Seu rosto se contorce em
um sorriso tortuoso, sabendo o jogo que ela está jogando com a minha
assim chamada vida amorosa. Eu poderia estrangulá-la com minhas
próprias mãos. Como diabos vou passar esta noite inteira? Eu olho para
as garrafas de sangria sobre a mesa, calculando quantas serão
necessárias antes que tudo se torne um grande borrão. Meu plano
momentâneo de fuga é interrompido quando, um a um, cada um deles
vem me desejar feliz aniversário.
— Feliz aniversário, coisa gostosa! — Rocky me aperta com força,
me levantando bem alto. Seus abraços são sufocantes apenas por causa
de seu grande corpo. Ele me solta, permitindo que eu recupere o fôlego.
Adriana me abraça em seguida. — Char, feliz aniversário! Sério,
você está arrasando com esse vestido Dior.
— Eu sei, certo? — Eu sorrio, correndo minhas mãos ao longo do
tecido. — Eu também comprei em azul.
— Nem pense em pegar emprestado, Adriana. Vi primeiro. —
Nikki para ao lado dela. Ela se inclina, me abraça com força, sussurrando
em meu ouvido: — Surpresa. Aposto que não previu isso.
— Estou tão pronta para te matar agora. — Eu cerro os dentes. —
O retorno será doce, minha amiga.
— Que comecem os jogos — ela continua com um sorriso.
Vai ser uma longa noite infernal.
Começo a ficar inquieta sabendo que terei que dizer olá para Lex
mais cedo ou mais tarde. Faz apenas três dias, dezoito horas e dez
minutos desde a última vez que ele me tocou. Merda, eu preciso colocar
as coisas em perspectiva. Desde quando minha vagina governa minha
vida? Não responda a essa pergunta.
Julian está parado diante de mim, tirando-me dos meus
pensamentos sádicos sobre Lex. Ele parece tão elegante em seus jeans
escuros e suéter preto.
Ele pode ver a culpa em meus olhos?
Ele pode sentir o toque de outro homem na minha pele?
Sorria e apenas aja normalmente.
— Feliz aniversário linda. — Ele envolve seus braços em volta de
mim, segurando-me perto antes de lentamente me soltar para beijar
meus lábios. Ao nosso redor, olhos estão observando, alguns com
adoração e outros com desprezo.
— Obrigada. Esqueceu a capa de novo?
— Estou guardando isso para o final da noite — ele sussurra em
meu ouvido.
Meu corpo cora ao som de sua voz. Não sei como esta noite vai
acabar, nem com quem vai acabar. Evito contato visual com Lex porque
sem dúvida ele está chateado agora. Para citá-lo, 'ele não compartilha'.
Não que eu seja dele, mas tente dizer isso a ele.
Continuo recebendo abraços dos demais, claro, o último sendo o
Lex. Ele está na minha frente vestindo jeans preto, um blazer e uma
camisa cinza carvão. Seu cabelo bagunçado tem um estilo glorioso, sua
mandíbula esculpida sorrindo para mim, seus olhos iluminando toda a
sala. Ele é sexo de pernas, não posso negar isso. Eu tento o meu melhor
para manter a calma, preocupada que Julian esteja nos observando
interagir.
No entanto, tudo o que quero fazer é deitá-lo sobre a mesa,
derramar sangria em todo o seu pau enquanto o chupo bem devagar.
Você só quer o que não pode ter, Charlie.
— Acho melhor abraçar a aniversariante — diz ele, inclinando-se
para me abraçar.
Eu envolvo meus braços em volta de seu pescoço, inalando seu
cheiro, com cuidado para não fechar os olhos. Os olhos são sempre a
revelação.
— Esse vestido não está ajudando o fato de que eu quero te foder
agora. — Ele sussurra.
— Isso é uma ameaça, Sr. Edwards?
Eu me afasto de seu abraço, tentando não demorar enquanto o
deixo parado com uma expressão perplexa. Eu não deveria ter dito isso,
ainda com raiva dele pelo que ele fez, mas meu cérebro está todo
naquela nuvem de sexo tentando sair e, infelizmente, não a tempo de
responder com algo mais apropriado.
Todos nos sentamos à mesa redonda. Julian está sentado à minha
esquerda e Nikki à minha direita. Lex se senta bem à minha frente, ao
lado de Adriana e Becky. Becky já parece que está hiperventilando. Por
que Nikki a contratou está além de mim, ou até mesmo a convidou. Sim,
ela é gostosa para uma garota de 22 anos. Droga, eu me sinto velha
agora. Tento não vê-la interagir com Lex, mas não consigo me conter.
Finjo estar olhando para o restaurante e as pessoas, mas quando volto a
me concentrar nos convidados da minha mesa, olho para eles
novamente.
Os garçons correm para nossa mesa enchendo nossas taças com
sangria, o que leva Nikki a bater com o garfo na taça, chamando a
atenção de todos.
— Gostaria de propor um brinde à aniversariante, minha melhor
amiga — anuncia. — Você me deu oito anos maravilhosos de amizade, e
não há mais ninguém no mundo que pode aguentar minhas merdas
como você. Oh, exceto por você, querido. — Rocky levanta a taça,
orgulhoso de seu status de maricas. — Para algo divertido, quero que
todos ao redor da mesa contem a história de como conheceram Charlie.
Vou começar com Rocky e eu.
Oh Deus. Desajeitadas e embaraçosas, as histórias de Charlie não
estão na minha lista de coisas para relembrar.
— Conhecemos Charlie durante nosso primeiro ano de faculdade.
Ela seria minha colega de quarto. Era sexta-feira à tarde e ela só deveria
chegar no sábado de manhã. — Ela ri, balançando a cabeça. Eu me junto
a ela, sabendo exatamente como essa história vai acabar. — Bem, Rocky
e eu decidimos aproveitar nosso último dia sozinhos juntos. Também foi
a primeira vez que decidimos, hum, experimentar algumas coisas.
Começo a rir mais forte, o constrangimento ainda fresco em minha
mente.
— De qualquer forma, Charlie chegou cedo e entrou em cena,
Rocky amarrado à cama com uma venda e molho de chocolate pingando
em cima dele. Fiquei chocada, mas não tanto quanto ela. Ela se assustou
e saiu correndo do quarto, direto para a porta. Seu nariz estava
sangrando e eu não sabia o que fazer. Eu queria ajudá-la, mas Rocky
estava amarrado e tive que desamarrá-lo. Fiquei ali nua, correndo entre
os dois, coberto de chocolate também.
A mesa inteira está rindo muito, Rocky está em lágrimas com a
hilaridade.
— Eu fiz Charlie sofrer muito depois disso, mas logo aprendi que
era impossível odiá-la. Ela se tornou minha melhor amiga, me apoiou no
nascimento do Will, nos deu a honra de ser sua madrinha e me ajudou a
seguir meu sonho profissionalmente. Eu não teria conseguido sem você,
Charlie. — Ela levanta a taça novamente antes de se inclinar para me
abraçar com força.
— Para que conste, gostaria de salientar que Rocky estava
amarrado ao que deveria ser minha cama. Não consegui dormir sem
pesadelos por semanas. — Eu rio.
— Melhor do que quando você nos surpreendeu na cozinha — ele
ruge.
— Nossa, Rocky, levei anos e centenas de dólares em terapia para
esquecer isso. A moral dessa história é sempre fechar os olhos e bater
na porta quando você visita Rocky e Nikki.
A mesa inteira está rindo histericamente. Rocky continua a
divagar sobre suas conquistas sexuais até Nikki dar um soco em seu
braço, lembrando-o de que ela está sentada ao lado dele.
— Agora sou eu! — Adriana levanta a mão como uma aluna
ansiosa demais. Ela se levanta, segurando a taça como se fosse um
brinde de casamento ou algo assim. A imagem por si só já me dá vontade
de cair na gargalhada.
— Eu conheci Charlie na escola. Nós duas estávamos no ensino
fundamental. Foi meu primeiro dia depois de me mudar de Chicago. Eu
tinha oito anos e estava passando por essa fase de querer parecer com a
Blossom.
— Nossa, eu a amava! — Eric explode. Claro, ele fez.
— De qualquer forma, fiquei um pouco chateada naquele dia
porque ninguém falava comigo. Chegou a hora do almoço e sentei-me à
mesa sozinha. Ela veio dizer olá. Eu sabia que o nome dela era Charlotte
porque achei um nome muito bonito. Ela tinha longos cabelos castanhos
e grandes olhos castanhos. Fiquei com inveja porque tinha um corte
curto, nada parecido com Blossom. Ela me perguntou se poderia se
sentar e se apresentou antes de abrir a bolsa para pegar sua lancheira
ao mesmo tempo que eu. Pegamos nossas lancheiras que tinham Joey
Lawrence nelas. Foi uma combinação feita no céu. — Ela sorri, seus
olhos vidrados. — A partir daquele momento, eu sabia que tinha uma
melhor amiga nela.
Uma pitada de tristeza entra em sua história, mas rapidamente
tentando mudar o tom, divago sobre Blossom. — Nossa amizade não
ajudou a matar a obsessão de Blossom, com certeza.
Lex balança a cabeça, sorrindo. — Se eu tivesse que assistir a outro
episódio ou ouvir Adriana falar mais sobre isso, eu iria enlouquecer.
Lembro que ela tinha um pôster sem camisa do Joey Lawrence preso no
teto acima da cama. Papai a fez removê-lo e ela chorou por uma semana.
— Eu esqueci completamente disso — Adriana suspira. —
Quando papai me fez removê-lo, nós o colocamos no quarto de Charlie,
em cima da cama dela. Isso durou uma noite antes que o pai de Charlie
a obrigasse a tirá-lo.
Eu quase cuspi meu vinho lembrando o que aconteceu a seguir.
— Na tarde seguinte, meu pai e o Dr. Edwards nos deram uma
palestra sobre pássaros e abelhas. Que era inapropriado que garotas da
nossa idade olhassem para garotos mais velhos sem camisa. Foi tão
engraçado. Dois marmanjos tentando nos explicar de forma simples, e a
Adriana, claro, não parava de fazer perguntas técnicas.
Eu caí na gargalhada, a mesa inteira seguindo. Adriana foi uma
grande parte da minha infância, e eu senti tanto a falta dela. Ela se
levanta da cadeira e se aproxima, me abraçando com força. Não quero
me soltar, e quando sinto uma lágrima cair em meu ombro, faço o que
qualquer melhor amiga faria, digo a ela para não estragar a maquiagem.
— Eu odeio dizer isso a vocês, mas ela ainda tem uma queda por
ele. Embora nenhum pôster sobre nossa cama. — Elijah ri.
— Olá, ele é um DILF9! — Adriana desabafa.
Emma levanta as sobrancelhas, curiosa. — DILF?
— Papai que eu gostaria de transar — Eric responde em vez de
Adriana.
— Está bem, está bem. Chega de falar de mim. — Adriana levanta
as mãos no ar e se vira para Julian. — E você, Julian? Como você
conheceu Charlie?
Estou surpresa que ela pergunte, já que Lex vai dar uma bronca
nela mais tarde, mas se há alguém que vai aguentar sua merda, é
Adriana.
Os ombros de Lex enrijecem, obviamente não querendo ouvir a
história. Eu o observo olhar fixamente para mim como se estivesse
tentando ler minha mente ou algo assim. Julian passa o braço em volta
de mim, fazendo com que Lex adote um olhar mal-humorado. Ele aperta
o guardanapo em uma bola, desviando o olhar para a mesa.
Esta é a calmaria antes da tempestade.
Estou esperando que ele perca.
É só uma questão de tempo.
— Nada como vocês, considerando que foi apenas três meses
atrás. Nós nos conhecemos em nossa academia local. Eu a tinha visto
malhando. Quero dizer, ela é linda, é impossível não vê-la. Naquele dia,
decidi ir falar com ela. Aproximei-me e a primeira coisa que ela disse, se
bem me lembro, foi: — Hum... sim, vá em frente. Eu limpei e tudo, então
9
Dad I’d like to fuck.
você não precisa se preocupar com suor ou erupções cutâneas. Espere,
é uma erupção de suor por que devemos limpá-la, ou você pode pegar
como herpes? Olha, eu não sei nada sobre herpes, então podemos
esquecer que mencionei isso?
— Oh meu Deus, Charlie, você não disse isso. — Rocky bate
palmas, rindo alto. — E só para constar, garotas suadas são gostosas.
A mesa cai na gargalhada novamente, todos exceto Lex. O
constrangimento é enorme. Até hoje não acredito que disse isso.
Normalmente fico bem com os caras, mas no momento em que ele se
aproximou de mim, agi como uma garota de quinze anos conhecendo o
One Direction.
— Hum, sim, na verdade eu fiz. Para meu embaraço. — Eu coro.
— Ah, Charlie, parece amor à primeira vista — Nikki faz beicinho,
obviamente tentando provocar Lex. Eu a chuto por baixo da mesa, o que
é seguido por um ai e um olhar do tipo — Por que você fez isso?
— É por isso que eu queria fazer dela minha esposa. Você seria
estúpido em deixar uma mulher como esta ir embora. — Julian jorra,
inclinando-se para me beijar na bochecha.
Com cada fibra do meu ser, tento desesperadamente não fazer
contato visual com Lex, mas escorrego e encontro seus olhos. Não há
como negar que ele está furioso, mas Lex é um especialista na clássica
cara de pôquer. Disposto, ele garantirá que seus sentimentos não sejam
demonstrados por meio de suas expressões faciais. Ele pode estar
olhando com um rosto vazio, mas seus olhos revelam seus verdadeiros
sentimentos. Eles estão sombrios, refletindo seu humor. Eu o conheço
melhor do que ninguém. E sinceramente, ele pode dizer o mesmo para
mim.
Não sei o que fazer, então bebo porque a Charlie bêbada é melhor
do que a Charlie ansiosa. Não há como puxá-lo de lado por um momento
sem que Julian questione o que estou fazendo. Além disso, este não é o
lugar para conversar. Muitos olhos, muitos ouvidos e muita chance de
ser pega.
— Ok, eu sou o próximo, por favor. — Eric entra na conversa.
Quantas taças de sangria ele tomou? Julgando pelo volume de sua
voz, eu diria que pelo menos quatro, na quinta, ele estará em cima da
mesa dançando. Eu juro que ele é um bêbado barato.
— Nós nos conhecemos há cerca de dezoito meses. Ela acabou
comigo.
Rocky começou a rir, cuspindo sua bebida. — Cara, isso é possível?
— O táxi dela, Rocky. — Eric suspira, tentando conter o riso. —
Então, quando o taxista desceu e argumentou de quem era a culpa,
Charlie começou a reclamar sobre estar atrasada para o trabalho.
Argumentei, é claro, dizendo que não era tão ruim quanto eu, pois iria
me atrasar para uma entrevista. Outro táxi parou atrás de nós, e nós dois
corremos ao mesmo tempo para entrar. Cheguei antes dela, fechando a
porta rapidamente enquanto o táxi se afastava. Inclinei-me para fora da
janela e me lembro de minhas palavras exatas... 'Desculpe, querida, você
pode pisar nos seus lindos Louboutins o quanto quiser, mas você não vai
me atrasar.'
— Oh, Eric, por favor, não me diga que esta foi sua entrevista para
trabalhar para Charlie? — Adriana se contorce.
— Acertou. Sentei-me em seu escritório satisfeito comigo mesmo
por chegar na hora. Quando ela entrou toda bufada, fiquei chocado e o
olhar em seu rosto? Impagável.
— Mas eu contratei você, de qualquer maneira — eu o lembro. —
Assim como meu braço esquerdo, não posso viver sem você.
Ele se levanta, correndo para o meu lado. Não há ninguém no
mundo como Eric, e minha vida nunca mais foi a mesma desde então. —
Meu yin para o seu yang.
A diversão continua com o resto dos convidados se revezando
contando a todos como me conheceram. A sangria continua fluindo e
minha taça continua esvaziando. Eu oficialmente perdi a conta, mas pelo
menos meus nervos estão se acalmando e agora estou começando a ficar
rindo.
— Nossa, Lex, não podemos pular você. — Eric exclama.
— Acho que não consigo me lembrar de quando você conheceu
Charlie… — Adriana diz baixinho.
Lex toma um gole da sangria. Minha mente está confusa, tentando
até mesmo lembrar quando nos conhecemos. Sento-me imóvel,
concentrando-me intensamente nele.
— Eu tinha quinze anos. Eu praticamente passei o verão
trabalhando pra caramba por esse gibi de colecionador do Batman que
vi em uma loja em Sacramento. — Seus olhos estão fixos na mesa
novamente, com os dedos deslizando pela borda da taça à sua frente. —
Finalmente economizei, comprei e fui para a nossa sala ler. Adriana
estava lá assistindo TV e comendo o resto de um biscoito assado. Ela e
eu brigamos, como os irmãos costumam fazer, então decidi, já que era
um bom dia, iria até nossa casa da árvore e leria. Subi e encontrei uma
garotinha chorando no canto. Eu ainda não conhecia Charlotte, mas
Adriana falava dela o tempo todo, então presumi que fosse ela.
Meu coração para, sabendo exatamente a que momento ele está se
referindo, e a dor que senti no momento em que pensei que meu mundo
estava desabando. Eu era criança, mas isso não significava que não doía.
Foi a primeira grande briga que meus pais tiveram, depois da qual
minha mãe saiu furiosa e foi embora por três dias.
— Sentei-me ao lado dela para perguntar se ela queria conversar.
Ela estava chateada por seus pais terem uma grande briga. Lembro-me
dela me perguntando se deveria ir procurar sua mãe. Eu tinha apenas
quinze anos, então dar conselhos a uma criança era difícil. Lembro-me
de dizer a ela que, de alguma forma, daria certo. Ela me viu carregando
o gibi e disse que Batman era seu super-herói favorito de todos os
tempos, então fiz o que qualquer um faria ao vê-la sorrir.
— Você deu a ela o gibi? — Nikki pergunta, seus olhos se
arregalando.
— Sim, eu dei a ela o gibi. Ela parecia tão feliz.
— Não acredito que você fez isso. — Adriana e Nikki dizem em
uníssono.
Pela primeira vez, ele parece tímido. Alexander Edwards nunca é
tímido. Seus olhos encontram os meus, um canto de sua boca levantando
em um meio sorriso. Não acredito que ele fez isso. Eu me lembro da
história em quadrinhos. Eu o lia todas as noites. Batman era o meu
favorito. Que ironia com toda essa coisa de Julian acontecendo. Na época,
eu não sabia o quanto ele trabalhou para isso e, talvez, se soubesse, não
teria permitido que ele me desse. Mas eu era apenas jovem e ele era o
irmão da minha melhor amiga, ninguém em especial, apenas alguém que
nos irritava e monopolizava o controle remoto quando queríamos
assistir televisão. O gesto foi tão bondoso, mas aquele era Lex.
Era, eu tenho que me lembrar.
Julian interrompe o momento, erguendo a taça e me desejando
feliz aniversário. Meus amigos festejam, mas não importa o quanto eu
tente, não consigo tirar essa história da cabeça. É quase como uma cena
de filme. Eu estava olhando para ele, observando as pessoas ao meu
redor, mas não importa o quanto eu tente, não consigo me concentrar.
Só penso naquele gibi e no que ele representava.
Todos estão rindo, curtindo a companhia uns dos outros. A banda
de salsa está tocando uma suave batida espanhola. A comida chega e
parece fantástica. Cada um de nós empilha a comida em seus pratos, nos
perdendo em conversas aleatórias. O peso do braço de Julian em meu
ombro pesa como uma tonelada, com sua necessidade de me tocar
constantemente maior do que nas outras vezes que estivemos juntos.
Tomo um gole da minha sangria e lentamente olho para Lex, com
cuidado para não ser pega por Julian. Meu coração dispara quando o vejo
conversando com Becky. Ela adora a atenção e ele parece feliz falando
sobre algo que não consigo ouvir.
Meu sangue começa a ferver.
Como se chama esse novo sentimento?
Ah, certo, ciúme.
Lex olha para cima e me pega olhando para ele, seus lábios
pressionados firmemente. Então, ele quer jogar. Eu me inclino para
Julian, aconchegando-me ao seu lado. Seus lábios roçam minha orelha
enquanto ele sussurra palavras doces seguidas de outras sujas.
Incapaz de controlar o rubor de minhas bochechas, meus olhos
vagueiam descuidadamente para Lex. Seus olhos agora escuros estão
penetrando através de um olhar cruel, seu rosto se contraindo enquanto
ele tenta me intimidar do outro lado da mesa.
Nós lutamos por quanto tempo eu não sei, até que ele se inclina
para Becky, sussurrando algo em seu ouvido antes de se levantar e se
afastar da mesa.
Não posso ir embora, não agora, não sem levantar suspeitas com
Julian. Enquanto meus dedos batem na mesa repetidamente, Julian
coloca sua mão na minha para me acalmar.
— Você parece ansiosa?
— Eu? — Eu digo, sobre a música. — Estou bem. Apenas muita
sangria e a necessidade de queimá-la.
Julian brinca com meu anel de noivado, sua expressão fixa. Estou
esperando ansiosamente que ele me pergunte sobre Lex. Dentro da
minha cabeça, estou tentando encontrar respostas para satisfazê-lo,
mas nada vale a pena.
— Não temos nos visto muito… — ele se interrompe, incapaz de
fazer contato visual. — Não desde o baile de caridade.
— Nós dois estivemos ocupados. Eu prometo que vai melhorar.
Até você disse que precisávamos encontrar nosso ritmo.
— Sim — ele levanta o olhar para encontrar o meu, os lábios
pressionados firmemente com um olhar penetrante. — Quando nós
casarmos.
Eu engulo repetidamente, hiperconsciente da minha reação à
palavra 'casamento'. Quando estou prestes a dizer algo, Adriana
caminha até mim, quase como se pudesse sentir meu desconforto.
— Char, venha ao banheiro comigo?
Julian força um sorriso, gesticulando para que eu vá. Elijah está
sentado do outro lado dele e aproveita a oportunidade para discutir um
artigo que Julian escreveu sobre o governo do Haiti.
Adriana segura minha mão, guiando-me pelas mesas enquanto
caminhamos para o lado oposto do restaurante, onde ficam os
banheiros. Ela para antes de chegarmos lá, tirando o telefone da bolsa
Louis Vuitton. Desculpando-se, ela caminha em direção à saída para
atender a chamada.
O restaurante é barulhento e, enquanto estou aqui sozinha, decido
encontrar Lex e perguntar qual é o problema dele. Quando entro no
corredor onde os banheiros estão alinhados, ele sai do banheiro
masculino, surpreso ao me ver.
Empurro seu peito, com raiva por vários motivos. — Qual diabos
é o seu problema, Lex?
— Charlotte, não faça isso aqui, ou você vai se arrepender.
— Arrepender de quê?
Ele me puxa para outro banheiro marcado apenas para
funcionários particulares. Em segundos, ele tranca a porta e me prende
contra ela. — Eu te avisei — ele respira, a centímetros de meus lábios.
Com fogo queimando em seus olhos, eu sei que não importa o quão
zangada ou magoada eu esteja com nosso passado e presente, o controle
que Lex tem sobre mim é muito maior.
Somos fogo e gasolina, uma combinação mortal pronta para
explodir sem aviso prévio.
E a parte assustadora é que não tenho controle sobre ele.
Estou segurando o fósforo, observando-o despejar a gasolina,
pronto para nos ver explodir em chamas. De novo.
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

CHARLIE

Lex bate seus lábios nos meus.


Com minhas costas forçadas contra a parede, ele quase tira o ar
dos meus pulmões, desesperado com sua necessidade de me levar para
dentro deste pequeno banheiro privado.
Mal tenho um momento para reagir, o peso de seu corpo
pressionando contra o meu. Estou ciente de seu pau pressionando
contra a minha barriga, meu desespero expresso em um gemido
profundo quando ele pressiona sua língua na abertura dos meus lábios
antes de mergulhar dentro da minha boca.
Meus braços alcançam e se enroscam em seu pescoço, puxando-o
para mais perto de mim. Nós dois nos perdemos nessa troca acalorada
e, apesar de quão errado isso é, sou incapaz de parar, meu corpo
possuído pela necessidade de tê-lo dentro de mim.
O tempo é essencial e, sem mais demora, arrasto minha mão até
seu cinto, desabotoando-o para deixar sua calça cair até os tornozelos.
Puxando-me para trás, criando uma pequena distância, eu respiro
fundo, olhando para baixo para ver seu belo pau pulsando entre nós.
Com minha mão, eu a envolvo em torno dele, acariciando-o
enquanto ele choraminga. Ele sofre como eu. Com cada golpe, ele geme,
o prazer esmagador. Eu deslizo para baixo e tomo tudo na minha boca.
Ele arqueia para trás, implorando para que eu pare ou ele vai gozar na
minha boca.
Eu sou uma provocadora, porra.
Eu deslizo seu pau o máximo que posso em minha boca até senti-
lo entrando levemente no fundo da minha garganta. Ele não força mais.
Quanto mais eu o ouço se contorcendo de prazer, mais eu o admiro.
— Charlotte… — ele ronrona, lutando para formar uma frase.
Estou levando-o mais fundo em minha boca, mas quero tudo dele,
e nos surpreende como é fácil, dado o seu tamanho. Ele agarra meus
cabelos, guiando-se para dentro e para fora, até que não aguento mais,
o latejar é insuportável.
— Foda-me agora, Lex.
Ele me empurra contra a porta, empurrando minha calcinha para
o lado para deslizar em mim. Eu suspiro quando ele entra, lutando para
manter minha voz baixa, mas meus gemidos são incontroláveis.
Estou perdida, sucumbindo ao seu poder sobre mim, sobre nós.
Empurrando a parte de cima do meu vestido para baixo, sua boca
alterna entre beijar meus lábios e puxar meus mamilos eretos. Faz
apenas três dias, mas parece uma eternidade desde que ele me fez sentir
assim. Sua respiração em meu ouvido e suas palavras, que mal são um
sussurro, só aumentam o prazer de tudo.
Eu balbucio uma série de palavrões, incoerentes com a minha
escolha de palavras enquanto seus grunhidos se tornam mais intensos,
e a sensação de calor corre para cada centímetro do meu corpo.
Fechando os olhos, mal consigo respirar enquanto ele silenciosamente
me segura. Levo um momento para me recompor antes que a realidade
do que eu disse comece a se estabelecer.
— Charlotte, eu... precisamos conversar.
— Não. Olha, me desculpe. Você está certo sobre toda essa coisa
de arrependimento. — Merda, o que estou dizendo? Eu não consigo me
conter. Sangria estúpida do caralho. Os malditos mexicanos sabem como
embebedar os brancos, com certeza. — Nós não deveríamos ter... eu não
deveria ter dito...
Ele me interrompe, se afastando, seu temperamento queimando
mais uma vez. — Por que você continua fazendo isso? Quero você. Por
que é tão difícil para você admitir seus sentimentos? Por que diabos
você não consegue nem falar comigo?
— Porque terminamos. Eu te disse isso. — eu digo a ele,
inclinando minha cabeça.
— Você continua dizendo isso, mas você só quer que a gente foda?
Eu também tenho sentimentos, e isso é besteira. Você nunca teve
problemas em se abrir com o que sentia antes.
— Aquilo foi diferente. — Murmuro, sem querer entrar em
detalhes.
— Por que? — Ele ajeita as calças, depois passa as mãos pelos
cabelos, frustrado. — Por que diabos você é uma cadela de coração frio
agora?
Suas palavras são profundas em um lugar que eu havia enterrado
até o momento em que o vi no restaurante. Cada momento que
passamos juntos há muitos anos se transformou em memórias
dolorosas. E essa dor é aguda, cortando como uma lâmina de barbear
contra minha pele delicada. Talvez eu seja a cadela de coração frio, mas
o que ele não sabe é que controlava a faca que me despedaçou.
Ele me transformou em uma bagunça quebrada, uma bagunça que
fui forçada a limpar sozinha.
Sofri por ele, pelo que tínhamos, mas não sofro mais. Agora estou
com raiva. Como ele ousa me fazer sentir como se eu tivesse algum
controle sobre como isso terminaria entre nós. E como ele ousa pensar
que eu poderia esquecer tão facilmente as cicatrizes permanentes que
ele deixou para trás.
— Você... — Eu grito de volta, meu corpo estremecendo. — Você
fez isso comigo. Você me deixou com medo de sentir qualquer coisa.
Eu me afasto dele enquanto ele fica parado ali, com a boca aberta.
Ajeitando meu vestido, mexo na estúpida tranca, à beira das lágrimas,
mas não, Charlie não chora por problemas de menino, não mais.
Seu rosto muda, de repente ele está composto. — Esta noite será
a última noite em que você verá Julian. Já disse, não compartilho.
— Não me diga quem eu posso ou não ver. Esta é a minha vida,
Lex. Você decidiu deixá-la, então você lida com as consequências. — Eu
atiro de volta.
— Não vou cometer esse erro novamente. Você diz a ele esta noite
que acabou. Você é minha. Eu não compartilho e não vou recuar. Quanto
mais cedo você perceber isso, melhor.
Não são os gritos ou berros que me assustam, é a calma em sua
voz.
A fechadura finalmente se desfaz depois de muito desastrado.
Saindo correndo do banheiro privativo, entro rapidamente no banheiro
feminino, encontrando Nikki. — Uau... você está bem, Charlie?
Faço sinal para que ela se mova enquanto corro para uma baia.
Batendo a porta, fecho os olhos, desejando que as lágrimas parem. À
medida que minhas pernas ficam pegajosas, sou distraída pela
necessidade de me limpar.
Respirando fundo, descarto o papel higiênico e dou a descarga,
saindo para ver Nikki esperando.
— Você está mal... só que pela pessoa errada.
— Nikki... — Eu tropeço em minhas palavras sem saber o que
dizer.
Colocando minhas mãos na penteadeira, eu olho para o espelho.
Eu pareço uma bagunça, e meus lábios estão vermelhos, embora meu
batom tenha desbotado. Meu cabelo está rebelde e fora do lugar.
Tirando a maquiagem da bolsa, retoco o rosto o máximo possível,
arrumo o cabelo e aplico novamente o batom.
— Escute, Charlie, você nem sempre pode estar no controle de
tudo, incluindo seus pensamentos. Às vezes, só precisamos de alguém
em quem confiar.
— Eu não quero falar sobre isso... não agora.
Acostumei-me a reprimir meus sentimentos e não vou passar meu
aniversário abrindo a lata de minhocas conhecida como meu passado.
Precisamos nos divertir um pouco agora, e se isso significa que tenho
que ignorar todo o drama que consegui criar para mim bebendo grandes
quantidades de sangria, então que seja.
Enquanto volto para a mesa, minha confiança de curta duração se
transforma em pânico, pois Lex não está em lugar nenhum. Alguns
minutos depois, eu o vejo voltando para nossa mesa com Adriana.
Ela está conversando, mas ele parece atordoado. Ela pode fazer
isso com você às vezes, mas sei que não é por causa do que ela está
dizendo. Quando eles se sentam, ele olha para mim momentaneamente
antes de Rocky começar a falar com ele sobre beisebol.
Estou feliz que ele voltou, apesar da minha necessidade anterior
de empurrá-lo o mais longe possível. Mas e agora? O que eu faço? Ele
continua, fingindo que não estou aqui, o que é bom porque Julian ainda
está aqui, e eu tenho que decidir esta noite.
Isso é estúpido.
Uma decisão tão importante não pode ser tomada em uma noite
enquanto você está bêbada no seu aniversário.
— Um colega incrivelmente bom meu trabalha para a ESPN aqui
em Manhattan. É a única razão pela qual consigo ótimos assentos o
tempo todo. Amanhã à noite tenho camarotes para o jogo dos Yankees,
se estiver interessado. Eu gostaria de apresentá-lo a ele. — Lex diz a
Rocky enquanto ele termina sua refeição. Ele parece faminto. Claro que
ficaria, depois daquela foda no banheiro.
— Cara, você está falando sério? Você está falando sobre Bradley
Sanders?
— Sim, é ele. Possuímos ações em um clube de campo nos
Hamptons. — Lex diz a ele.
É tudo o que ouço da conversa antes de Eric anunciar que é hora
do presente. Deixo o assento ao lado de Emma e volto para o meu,
ajustando-me enquanto me sento com calcinha encharcada que é
extremamente desconfortável. Todos na mesa podem ver que acabei de
ser fodida por Lex contra a porta do banheiro?
Julian não age diferente, graças a Deus. Ele coloca o braço em volta
de mim novamente, Lex observando desta vez com um olhar divertido
em seu rosto.
Eric e Adriana falam em uníssono, segurando uma caixa
embrulhada em papel prateado com um enorme laço verde. — Isso é de
Elijah e de nós, é claro. Feliz aniversário!
Enquanto desembrulho o papel de presente, só a caixa já me deixa
excitada. A caixa marrom marcada com a assinatura Christian Louboutin
é colocada diante de mim. Eu a abro lentamente, saboreando cada
momento, mas animada pra caramba. Diante dos meus olhos aparece
um par de escarpins cravejados de esmeralda. Os saltos brilham como
diamantes quando os seguro contra a luz. Eles são de tirar o fôlego.
— Oh meu Deus, vocês… eu não consigo nem… uau! Isso é
inacreditável, mas eu não vi isso na linha de outono?
— Não é o que você sabe, é quem você conhece, Char. — Adriana
pisca ao mesmo tempo em que Eric bate palmas feliz.
Eu me aproximo para dar um abraço nos três. Enquanto me
recosto como a Cinderela, coloco os sapatos nos pés. Eles se encaixam
perfeitamente. Os presentes continuam chegando, e cada vez me sinto
mais e mais grata por estar cercada por um grupo tão grande de amigos.
Julian anuncia que meu presente será entregue mais tarde. — Para
você abrir em particular.
Eu me viro para beijá-lo na bochecha, mas ele se move para que
nossos lábios se encontrem.
— Aww, eles não são tão fofos — Nikki jorra, olhando
diretamente para Lex.
Sorrindo, eu me afasto, limpando o lábio inferior de Julian com o
polegar.
Nota para mim mesma - matar Nikki com as próprias mãos.
— Nossa vez! — Nikki e Rocky me entregam uma caixa.
Se os aniversários do passado me ensinaram alguma coisa, é a
abrir presentes com cautela. Eu desfaço o arco da primeira caixa,
deslizando lentamente a tampa para revelar uma cópia impressa de um
dos meus livros favoritos.
— Abra o livro — Rocky convence.
Abro o livro, o interior assinado por ninguém menos que a própria
autora.
— Você está brincando comigo? Como diabos você conseguiu isso
assinado?
— É quem você conhece. — Repete Rocky.
Atordoada por receber tal presente, corro meus dedos sobre a
capa. Oh, livro namorado, nos encontramos de novo.
— Não se esqueça da próxima caixa, Charlie.
Abro a tampa da próxima, e baixo e eis que meus instintos estão
corretos. Eu levanto o que parece ser um vibrador de cristal. — De
acordo com o tema do livro e o fato de que você quebrou seu Rabbit. —
Aponta Nikki.
— Eu nunca disse que quebrei.
— Oh meu Deus, isso é igual ao meu. Certo, Elijah?
Lex se encolhe, balançando a cabeça em desaprovação. — Você
não acabou de dizer isso.
— Continue, tem mais. — Nikki coage.
É como um saco de brinquedos sexuais de Mary Poppin. Pego
algemas, um plug anal e um chicote. Após uma mesa de discussão sobre
como cada um deve ser usado, agradeço a Nikki e Rocky, evitando a todo
custo olhar para Lex, que parece se divertir com todos os brinquedos.
Minha bolsa vibra e, embaixo da mesa, leio o texto.
LEX
Já planejei quando e onde todos esses itens serão usados em
você.

O telefone escorrega da minha mão, caindo no chão. Enquanto


peço licença para encontrá-lo, não posso deixar de olhar para as pernas
de Lex. Eu quase tenho um ataque cardíaco enquanto vejo sua mão
esfregar a frente de suas calças. Filho da puta! Eu me sento e tento me
recompor o melhor que posso. Ele não está olhando na minha direção,
mas o sorriso em seu rosto diz tudo.
— Hora de abrir seu presente de Lex. — Adriana empurra a mão
de Lex em minha direção.
Em vez disso, ele se levanta e caminha até mim, entregando-me
uma pequena caixa. — Feliz Aniversário, Charlotte.
Lex é conhecido por dar presentes extravagantes. Eu me atrapalho
com o laço que fica em cima da caixa marrom. Estou nervosa, e ter toda
a mesa me observando, antecipando cada movimento meu, torna tudo
ainda pior. Quando o laço se desfaz, eu levanto a tampa. Dentro está uma
caixa da Tiffany's. Já meu coração está palpitando com a icônica caixa
azul em minha mão, apavorada com o conteúdo que está por baixo.
Levanto a tampa da caixa e meu coração para quando meus olhos
avistam o conteúdo. É um colar, mas não é o colar que me dá vontade de
chorar, é o pingente anexado - um pássaro fênix de ouro branco
incrustado de diamantes.
— Lex ... eu... obrigada — eu engasgo.
Se ele soubesse o que isso realmente significa para mim. Como
este pequeno pássaro representa muito mais do que eu posso dizer a ele
neste momento. Eu me levanto, com as pernas tremendo, e o abraço bem
apertado.
— Como você sabia?
— Sua tatuagem. Eu sei que isso significa muito, eu só queria que
você me dissesse o porquê. — Ele sussurra.
Esqueci-me completamente da tatuagem e da noite em que ele me
perguntou. Ele se afasta de mim, tirando o colar da caixa e faz sinal para
que eu me vire. Colocando o pingente no meu peito, ele prende o fecho
na parte de trás. Como colocar a peça que faltava em um quebra-cabeça
em seu lugar, tudo no momento parece certo.
A noite continua e nós relaxamos, bebendo, contando histórias.
Chega um anúncio avisando que o palco do karaokê já está aberto. O
restaurante comemora. Percebo que a torcida vem do ônibus lotado de
turistas japoneses que se sentam na frente do palco. Incomum, já que é
um restaurante espanhol.
— O-M-G, Charlie! Hora da dupla! — Eric corre para o palco,
pegando os livros de karaokê. Cinco deles para ser exato. Meus amigos
vasculham os livros, discutindo as músicas que querem cantar. Bebo
outra taça de sangria. Eu preciso disso se vou cantar no karaokê com o
Eric. Eu ouço Julian mexer em seus pertences ao meu lado, apenas
notando agora que ele permaneceu quieto desde que Lex me deu o colar.
— Algo está errado?
— Olha, Charlie, eu estou indo. — Ele se levanta da mesa, sem
saber que na verdade vai apenas se levantar e sair e não se despedir de
ninguém. Quando ele sai, jogo meu guardanapo na mesa e o sigo para
fora. Somos recebidos pela brisa fresca e, instantaneamente, ele se vira
para me encarar com uma expressão tensa. — Está acontecendo alguma
coisa entre você e Lex?
Sou pega de surpresa, minha mente se atualizando, pensando em
como responder a essa pergunta corretamente.
— Julian, ele é apenas um amigo.
— Eu não sou um tolo, Charlie. Eu sei que tipo de cara Edwards é.
É isso que você quer?
— Julian. Lex é o passado. Não quero nada com ele. — As palavras
machucam quando saem da minha boca. Aqui estou tentando salvar esse
relacionamento, mas por quê? Eu arruinei o que Julian e eu temos com
minhas indiscrições. A partir deste momento, nosso relacionamento não
passa de uma mentira. A culpa, a menos que eu apresente a verdade,
nunca será construída sobre honestidade e amor. Eu estraguei tudo por
causa de outra pessoa sentada dentro daquele restaurante.
Há um rubor visível em suas bochechas, seus braços estão
cruzados firmemente na frente do peito. A verdade quer
desesperadamente ser dita, mas eu me contenho, com medo de perder
Julian de repente.
— Estou ficando louco, ok? Isso é…
— Nada — eu o tranquilizo. — Lex não é nada.
— Bem, não parece nada para mim — ele levanta a voz, o ciúme
fervendo em seu tom. — Eu te amo, eu te pedi em casamento. Então ele
volta para sua vida, e eu sou o quê? Seu plano B caso ele foda com você
de novo?
— Julian... — Pego seu braço, mas ele se retrai.
— Ouça, Charlie... — Ele hesita, então enfia a mão no bolso e tira
uma pequena caixa. — Feliz aniversário. Você decide quem é que você
realmente quer. Mas, por enquanto, preciso de tempo... não posso fazer
isso agora.
Fico sozinha na calçada enquanto ele se afasta, virando a esquina.
Minha mão agarra a pequena caixa, sem saber o que fazer. Volto para o
restaurante e paro na porta. Abrindo a caixa, dentro está uma chave, a
parte superior em forma de símbolo do Batman. Eu li a nota anexada à
chave.
A chave da minha bat caverna... Ou nosso novo lar.
Coloco a chave de volta na caixa enquanto uma lágrima escorre
pelo meu rosto. O que diabos estou fazendo e, mais importante, o que
diabos eu quero?
Bem, eu sei o que quero, mas tenho medo de que, se eu disser em
voz alta, não haverá como voltar atrás. As chances são de que a estrada
seja um beco sem saída me levando de volta ao ponto de partida.
Volto para a nossa mesa, um pouco instável, pois a sangria
finalmente conseguiu percorrer minhas veias. Quando finalmente
localizo todos, eles estão torcendo por Rocky, que está cantando 'Call Me
Maybe'.
Nikki parece mortificada, inclinando a cabeça e balançando-a
repetidamente. Quando a música termina, a multidão ruge e os turistas
japoneses pegam suas canetas e livros de autógrafos, implorando por
um autógrafo. Rocky sorri enquanto se desconecta e tira fotos com os
turistas. Nossa mesa está histérica. Finalmente, Nikki dá uma risada.
Eric ainda está tentando decidir o que cantar. Ele fica sentado
cantando as falas de cada música, tentando acertar o tom como se
estivesse fazendo um teste para o The Voice.
Minha atenção se volta para Adriana, que está persuadindo Lex a
cantar. Lex tem uma voz linda - suave e calmante. Ele não é do tipo que
se levanta e canta na frente de uma multidão, no entanto, sua súbita
explosão de coragem me intriga.
Ele caminha até o palco enquanto chamam seu nome, falando
brevemente com o responsável pela música. Subindo ao palco, ele se
acomoda atrás do piano. As luzes diminuem e a multidão ruge quando
ele começa a tocar as notas. Meu coração está batendo tão alto em
competição com o volume da música tocada. Enquanto a multidão se
senta silenciosamente em adoração, a melodia se torna cada vez mais
familiar. Bruno Mars - When I Was Your Man.'
Eu fecho meus olhos, absorvendo cada palavra da música. Isso
significa mais para mim do que qualquer coisa.
É hora de finalmente perdoar?
Ele está sofrendo.
Meu Alex está sofrendo.
Ele está certo. Ele também tem sentimentos, e não posso ter ficado
tão fria a ponto de não reconhecer isso. Precisamos conversar, mas não
essa noite. Não no meu aniversário. Não na mesma noite em que meu
noivo me abandonou e me disse que também estava sofrendo.
Eu sou a bola de demolição, destruindo tudo à minha vista. As
pessoas estão sofrendo por minha causa, por causa de minhas ações
descuidadas.
Eu não sei quem eu me tornei, mas enquanto eu olho para ele no
palco, admirando sua coragem de abrir sua alma para mim na frente de
todos, a luz dentro da minha cabeça se acende.
— Eu sei a música que vamos cantar — eu digo, minha voz quase
um sussurro.
— O que foi, Charlie? — Eric pergunta.
Eu me inclino e digo a ele. Se eu não puder falar com Lex, seguirei
seu exemplo, expressarei meus sentimentos por meio dessa música e
espero que ele entenda o que preciso dele.
O que eu preciso para nos consertar.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

LEX

A caixinha azul fica na minha mesa de cabeceira, uma lembrança


constante dela, me atormentando enquanto eu sento no meu quarto de
hotel apenas olhando para ela.
Levei a maior parte da manhã de ontem para mexer os pauzinhos
na Tiffany's para conseguir os diamantes incrustados no pingente.
Graças às minhas malditas estrelas da sorte, o gerente sabe quem eu sou,
então, depois que uma tonelada de dinheiro foi enviada para eles, foi
entregue em mãos na minha suíte. Eu sei que isso significa muito para
ela. Quando perguntei a ela sobre a tatuagem, ela a ignorou da maneira
típica de Charlotte.
Quando diabos ela vai se abrir para mim?
Estamos amontoados em uma área privada do restaurante. A sala
é decorada com balões esmeralda — ideia de Adriana, claro. Fico ao lado
de Elijah enquanto ele me conta sobre um novo emprego que está
começando no Brooklyn.
— Então, darei aulas de arte para os jovens no YMCA10. Será uma
boa mudança.
— Parece bom. Como você está se sentindo? Tem certeza de que
está a fim?
Elijah é a pessoa mais próxima que tenho de um irmão, então
minha preocupação é com a razão. O câncer dele assustou nossa família,
e não havia como perdê-lo. Felizmente, uma conhecida clínica de
reabilitação de câncer em Genebra tinha uma vaga para ele, e ainda mais
grato por um de meus clientes conhecer o proprietário, então tudo que
eu tinha que fazer era acenar com meu AMEX, e de repente eles tinham
10
Young Men's Christian Association, abreviado como YMCA ou Y.M.C.A., é o maior movimento social
do mundo que se dedica à juventude, foi criado em 1844 em Londres por George Williams.
uma vaga. Eu não dava a mínima para o dinheiro, só precisávamos dele
para viver. Ele se recuperou bem, mas sei que ainda tem que pegar leve.
— Muito melhor. Você sabe que devo minha vida a você, certo?
— Que tal você apenas cuidar da minha irmã e se certificar de que
ela me irrite menos, e nós ficaremos quites?
— Negócio fechado! Mas, ei, você conhece Adriana. Só posso
prometer que vou tentar. — Elijah ri.
Conversamos entre nós até que Julian entra. Nikki está em cima
dele, agarrando seu braço e agindo como uma adolescente apaixonada.
Que porra? Então, ela joga bem com ele e me trata como a escória da
terra. Ele anda cumprimentando a todos, deixando-me por último.
— Edwards. Não pensei que veria você aqui. — Ele aperta minha
mão. Estúpido idiota.
— Bem, ela é minha amiga e fui convidado.
Adriana nos silencia enquanto anuncia que Charlotte chegou.
Fechamos a cortina e diminuímos as luzes. Quando gritamos surpresa, a
cara dela não tem preço. Ela me vê e então olha para Julian. Eu sei que
ela está em pânico. Bom, eu acho. Talvez agora ela se livre dele. Ela
parece tão gostosa em seu vestido preto apertado com aqueles saltos
sensuais. Eu quero suas pernas em volta de mim, e eu quero provar sua
doce boceta em meus lábios.
Mas, em vez disso, recebo um abraço nada convidativo.
Desejo a ela um feliz aniversário, seguido de um comentário sobre
seu vestido. Eu sei o efeito que tenho sobre ela. É tão fodidamente óbvio.
Isso não a impede de sentar ao lado daquele filho da puta, no entanto.
Que porra eu posso fazer? Irrita-me profundamente que ele tenha a
porra do braço sobre ela como se ela fosse sua propriedade. Não por
muito mais tempo, amigo. Aproveite seu momento de glória porque logo
você estará de volta a encontros desejando ser eu.
O grupo conta histórias sobre como conheceram Charlotte. Parece
que todos nesta mesa significam algo para Charlotte, até mesmo aquele
filho da puta. Eu tento ser maduro. Ok, isso é uma porra de uma mentira.
Estou pronto para colocar todo o UFC nele, então faço a única coisa que
posso - flerto com a garotinha loira ao meu lado. Eu rio, fingindo estar
absorto em sua história sobre sua viagem a Cancún. É tão óbvio que ela
está lisonjeada com a minha atenção, constantemente juntando os seios
para me mostrar seu decote inexistente.
Charlotte está ficando com mais ciúmes, e quando ela decide que
a vingança é o caminho a percorrer e se inclina para ele, eu vou embora.
Posso ter danificado o box do banheiro ao chutá-lo, mas porra, ela sabe
exatamente como apertar meus botões. Certamente ela percebe que
tenho um problema de controle da raiva. Depois de me acalmar o
máximo que posso, corro para fora do banheiro e encontro Charlotte.
Ela me pergunta qual é o meu problema. Eu a aviso, mas ela não
quer ouvir. Eu não tenho escolha. Eu preciso dela. Já faz muito tempo. O
gosto de seus lábios parece o paraíso na terra. Sua pele me seduz, o
cheiro me deixando louco. Isso aumenta ainda mais meu vício e não
consigo me conter.
Sei que estamos fodendo no banheiro de um restaurante, mas
nunca a desejei tanto, culpando parcialmente o vestido. Charlotte me faz
sentir coisas que nenhuma outra mulher fez, e foda-se, o jeito que ela
leva meu pau profundamente em sua boca, estou pronto para gozar ali
mesmo. Porra, a garota tem habilidades.
Ela olha para mim através de seus cílios, seus olhos são pura
luxúria. A visão me deixa sem palavras, mas preciso de mais. Então, eu
agarro Charlotte e a fodo com força contra a porta. Eu me seguro o
máximo que posso, isto é, até que ela disse que eu sou dela.
Ela pertence a mim.
Ela disse isso de sua própria boca.
A primeira coisa que registra é que preciso soprar em sua boceta
agora. À medida que as ondas de intensidade diminuem, suas palavras
ecoam em minha mente e gosto do que ouvi. Não, adorei o que ouvi até
que ela deu uma volta completa em mim e pegou tudo de volta.
Brigamos por tudo. Toda vez que fodemos, discutimos depois, me
fazendo desejá-la ainda mais. Eu tento limpar minha cabeça. Não há
nenhuma maneira de eu sair com outra ereção.
Volto para a mesa e evito contato visual com ela. Desejando que
nossa briga termine, um ciclo vicioso em que constantemente nos
encontramos, sento-me lá conversando com Rocky sobre esportes. Na
verdade, ele acaba sendo um cara muito legal, mas é uma pena que sua
esposa seja uma vadia arrogante. Adriana nos interrompe empurrando
o livro de karaokê na minha frente.
— Vamos lá, Lex, só uma música. — Ela implora.
— Você sabe que eu não canto na frente de multidões.
— Pare de ser tolo. Você sabe que tem uma voz incrível pra
caralho. Apenas faça.
— Eu nunca disse que não. Eu só não quero cantar na frente de
uma multidão. Você sabe que não é minha coisa.
Eric anuncia que é hora do presente, graças a Deus, então Adriana
fica momentaneamente distraída. Tenho que admitir, Charlotte ganhou
alguns presentes incríveis. Os saltos novamente não ajudaram minha
obsessão por suas pernas. Quando Nikki deu a ela toda essa merda
pervertida, não pude deixar de enviar uma mensagem para ela. Eu sei
que ela está me evitando, quer dizer, Cristo, ela só me colocou na boca,
então eu fodi com ela até ela gozar. Ela provavelmente ainda tem meu
sêmen escorrendo de sua boceta. Foda-se, se isso não agitar as coisas
novamente. Aproveito para esfregar meu pau enquanto ela se abaixa
para pegar o telefone. Eu sei que ela viu, ela não poderia ter voltado mais
corada. Eu me viro, incapaz de esconder o sorriso no meu rosto.
— Hora de abrir o presente do Lex. — Adriana diz ansiosa.
Charlotte parece apreensiva. Vou até ela e lhe desejo um feliz
aniversário. Quando lhe entrego a caixa, ela lentamente a pega de mim.
Quero que ela saiba o quanto significa para mim e que quero encontrar
uma maneira de nos curar. Observo atentamente enquanto ela tira o
pingente de fênix e o colar da caixa.
Ela o segura nas mãos e, se você olhar bem de perto, poderá ver
suas mãos tremendo. Charlotte me agradece e se levanta para me
abraçar bem forte. Estou surpreso por quanto tempo ela aguenta. Eu sei
que esta ave representa algo significativo em sua vida. Eu pesquisei o
significado. Renascer, novos começos. Ela fez a tatuagem depois que eu
a deixei? Eu quero perguntar, mas se eu empurrar de novo, é provável
que eu a perca, ou ela vai correr para os braços do menino bonito ao lado
dela.
Pego o pingente de sua mão e faço sinal para que ela se vire
enquanto prendo o fecho. A fênix fica perfeitamente em seu peito. Seu
coração está batendo rápido, posso ver seu peito subindo e descendo.
A festa continua, e várias vezes eu pego Charlotte em transe
tocando a fênix. Pouco tempo depois, Julian se levanta e sai. Ela o segue,
mas não estou com raiva como da última vez. Ele parece chateado e
talvez um pouco derrotado. Ele está assim desde a história em
quadrinhos. Ele teria que ser o idiota mais estúpido para não ver que
algo está acontecendo entre nós. Quero dizer, eu a comi no banheiro. Ela
cheira como meu pau. Que mais provas ele precisa?
Enquanto isso, tenho uma ideia. Ela não vai falar e, portanto, não
vai ouvir, mas a música significa mais. Encontrarei coragem para cantar,
apesar dos nervos de fazê-lo na frente de uma multidão.
— Ótimo, Lex. — Adriana grita quando eu digo a ela. — Que
música?
Eu não respondo a ela. Em vez disso, eu me levanto, vou até o palco
e falo com o chefe da banda. Pergunto se posso pegar emprestado o
piano deles. Charlotte está sentada à mesa, com uma expressão confusa.
Não sei o que aconteceu lá fora, mas está na hora.
Sento-me ao piano, respirando fundo. Posiciono meus dedos
sobre as teclas, as luzes diminuem e meu coração bate a mil milhas por
minuto. A multidão aplaude ruidosamente e, de alguma forma, em algum
lugar, encontro minha voz.
As palavras fluem livremente, assim como meus dedos ao longo
das teclas. Eu sei que ela deve ter conhecido essa música, meus olhos
focam nela enquanto eu canto, e ela fica lá, imóvel. Quero que ela saiba
como me sinto, quanta dor estou sentindo, quanto me arrependo de tê-
la deixado e que sempre foi e sempre será ela.
A multidão irrompe em um rugido seguido de assobios. Eu me
levanto e desço as escadas. Sou parado por algumas gats no caminho de
volta para nossa mesa, algo que Rocky não pode deixar de comentar.
— Excelente trabalho, cara. — diz ele, inclinando-se para mais
perto. — Você viu a MILF de vestido vermelho? Santa mãe de…
Nikki dá um tapa na nuca dele, e não consigo deixar de rir.
Charlotte está sentada em silêncio, seus olhos nunca deixando os
meus como se ela estivesse prestes a dizer algo. Eu gostaria de poder ler
a mente dela. Porra, estou finalmente conseguindo falar com ela? Ela se
inclina e sussurra algo para Eric. Ele rapidamente se levanta e caminha
até o homem que organiza a música.
Observo-a engolir uma taça inteira de sangria e, quase
instantaneamente, ela parece mais calma. Os nomes de Eric e Charlotte
são chamados e eles vão para o palco. Não posso deixar de admirar sua
figura deslumbrante enquanto ela passa por mim. Essas bombas verde-
esmeralda ficam incríveis contra suas pernas bronzeadas. Eu agarro seu
pulso enquanto ela passa. — Boa sorte, Charlotte. — ofereço.
Seu olhar encontra o meu novamente como se ela estivesse
procurando por algo, mas não tenho ideia porque ela não vai me dizer.
Eric a conduz e eles sobem no palco. Seu corpo parecendo mais relaxado.
Sim, ela está bêbada.
Eu reconheço a música quase imediatamente. Sua voz é angelical
e ela fecha os olhos enquanto canta sua parte. Sento-me e fico olhando,
absorvendo cada palavra enquanto ela começa a cantar 'Just Give Me A
Reason'.
Eric canta a parte masculina, mas começo a me desligar, perdido
em um fluxo de emoções.
É assim que ela se sente?
Que estamos quebrados.
Eu afasto o pensamento.
Claro, podemos ser consertados, somos nós, afinal. Isso não é uma
aventura do ensino médio. Se fui eu quem nos quebrou ao ir embora,
então o que exatamente ela precisa de mim para nos consertar?
A multidão aplaude e assobia quando a música termina. As
palavras eram claras e simples. Podemos aprender a amar novamente e
não estamos quebrados.
Pelo menos reconheço os erros que cometi e continuo cometendo.
Pelo menos estou tentando. Ela tem que ver isso ou então ela não teria
cantado essa música tão abertamente.
Charlotte volta para a mesa e se joga na cadeira. Eric serve um
pouco de sangria para ela, por que diabos, eu não tenho ideia. Ela precisa
parar de beber.
Enquanto ela continua a olhar para mim, eu a observo, sem saber
quem quebrará o contato visual primeiro, é como se estivéssemos
tentando ler a mente um do outro. Sou o primeiro a desviar o olhar só
porque uma senhora ao meu lado pede fogo para o qual educadamente
indico que não fumo.
A música toca e a multidão se levanta para dançar. A atmosfera é
descontraída. A sangria é mortal - ela te arrasta quando você menos
espera. Adriana e Elijah estão na pista de dança. Eric está ensinando os
turistas a fazer a Macarena que, devo admitir, vale a pena assistir. Nikki
e Rocky desaparecem, mas seus pertences ainda estão aqui. Uma
rapidinha no banheiro, sem dúvida.
— Leexxx. — Charlotte arrasta suas palavras quando ela vem e se
senta no meu colo.
— Charlotte, você está bêbada
— Não, eu não estou. Estou muito, muito, muito feliz, sabe? — Ela
sorri enquanto toma outro gole.
— Suficiente de sangria para você.
Afasto a taça, mas ela choraminga.
— Nãooo, Leexxx… olha, estou bem. Veja, eu até gosto de você
agora.
— Então, você não gostava de mim antes?
— Nãooo, eu odiei você... odiei você por me deixar sozinha... nos
deixando.
— Você me odiava, Charlotte? — Eu pergunto com cautela.
Ela envolve as mãos em volta do meu pescoço e me puxa para
perto, cheirando minha pele.
— Claro, eu odiava você... mas agora eu gosto de você de novo. —
Ela beija minha testa e depois sorri. Meus braços envolvem sua cintura,
segurando-a enquanto ela luta para se recompor.
— O que você quer dizer com nós, Charlotte?
— Você e eu, nós. — Seu tom muda. — Vamos dançar... por favor,
Lex.
Ela pula do meu colo e me arrasta para a pista de dança. Nós
dançamos e ela me segura com força. Ela canta para mim, e eu canto de
volta para ela. É a nossa única maneira de falar um com o outro. Nem
consigo lembrar qual é a música porque estou tão perdido neste
momento com ela. A banda anuncia que é a última música da noite, então
o que eles tocam? Whitney Houston. Eu deixei Charlotte se divertir com
as garotas enquanto elas dançavam todas anos 80 como a música.
Volto para a mesa e encontro Eric, Rocky e Elijah rindo enquanto
olham para mim.
— O que?
— Por que vocês não podem simplesmente se beijar e fazer as
pazes? — Eric ri.
— Ou beijar e foder já. — Rocky entra na conversa.
— Oh, espere, tarde demais, vocês já fizeram isso. — repreende
Elijah.
— Engraçado, pessoal. Já que vocês três estão tão interessados,
por que não fazem as mesmas perguntas a Charlotte?
— Cara, ela vai pegar minhas bolas se eu perguntar isso a ela.
— Pensei que Nikki já usava elas como brincos — eu respondo
sarcasticamente.
— Ahhh, puxa! — Eric aplaude.
— Desculpe, cara, mas ele tem razão. Por que diabos você está tão
derrotado, afinal? — Elijah brinca.
— Cara, minha esposa é gostosa. Ela é a mamãe do meu bebê,
além disso, ela é tão excêntrica quanto a merda no quarto. Teve uma
vez... — Nikki vem por trás dele e aperta sua orelha como uma aluna
travessa da primeira série.
— O que você estava dizendo sobre mim?
— Uh, nada... que você é linda... uma ótima mãe e uma pessoa
gentil.
Eric quase cuspiu sua sangria. Escondo minha risada atrás da taça
de vinho em minha mão. Elijah tenta o seu melhor para manter uma cara
séria, mas está falhando miseravelmente.
— Eu vou lidar com você mais tarde. — Ela responde em um tom
de comando.
Os olhos de Rocky se iluminam, suas mãos se esfregam com
prazer.
— Ok, estou fora de moda pessoal — Eric gorjeia. — Meu amigo
me mandou uma mensagem e descobri que uma modelo muito gostosa
foi vista em um clube. Só estou esperando para descobrir onde. — Ele
continua enviando mensagens de texto em seu telefone, mais rápido que
a velocidade da luz. Charlotte e Adriana voltam para a mesa, ambas
parecendo relaxadas e tranquilas.
— Você está pronto para ir, querido? — Adriana pergunta a Elijah.
— Pronto quando você estiver, princesa. — Murmura Elijah.
— Cara, eu não sou o único sem bolas. — Rocky ri.
— O que posso dizer? Eu sou o cara mais sortudo do mundo… —
ele faz uma pausa e continua — … sem bolas.
Adriana se aconchega ao seu lado e se despede de todos. Então ela
rapidamente me puxa de lado. — Você está bem, Lex?
— Sim, eu estou. Por favor, leve Elijah para casa e façam tudo o
que vocês, crianças, fazem hoje em dia.
— Bem, na verdade estávamos pensando…
— Adriana, é uma expressão. Eu não quero saber.
Ela me abraça forte. — Eu te amo, irmão mais velho.
— Também te amo, maninha.
Ela pode ser um grande pé no saco, mas eu não poderia ter pedido
uma irmã melhor. Não sei como funcionaria sem ela às vezes. Ela
também vem em socorro sempre que preciso dela, e ela é a única que vai
aguentar todas as minhas merdas. Eu fui um idiota com ela, algo que
agora me arrependo.
— Charlie, você quer vir para casa com a gente? — Nikki
pergunta.
— Uh, não, obrigada. Seus filhos da puta pervertidos vão acabar
com o meu zumbido.
— Eu vou te levar para casa — eu ofereço.
— Acho que ela está mais segura conosco — argumenta Nikki.
— Como ela é minha amiga, tenho certeza de que posso levá-la
para casa em segurança. — Eu enfatizo a parte do 'amiga' já que Nikki é
uma vadia do caralho.
— Querida, ele pode levá-la. Então, amanhã à noite, certo? Estádio
Yankee?
— Vou mandar um carro até sua casa e podemos ir juntos.
— Legal, mano.
Eles se despedem e eu pego a mão de Charlotte enquanto ela se
esforça para andar. Seus olhos estão vidrados, mas ela ainda parece tão
bonita. Só rezo para que ela não vomite em cima de mim.
— Eu posso me levar para casa, você sabe. Esta não é a primeira
vez que festejei como se fosse 1999.
Eu não digo nada. Não há sentido. Saímos e eu chamo um táxi.
Consigo fazê-la entrar depois de uma discussão incoerente sobre ser
uma mulher independente, dou seu endereço ao motorista e seguimos
viagem.
É apenas uma corrida de táxi de quinze minutos, e parte de mim
sente curiosidade. Finalmente vou ver o lugar onde ela mora. Sei que
não importa o que eu veja, isso a representará. Pode ter sido apenas
quinze minutos, mas ela já desmaiou quando chegamos. Eu a carrego
para fora do táxi e para a entrada de seu prédio. O porteiro é um velho
simpático que me cumprimenta quando saio.
— Ahh, Srta. Mason... em que problemas ela se meteu?
— Me desculpe senhor. Você se importaria de nos deixar entrar?
Não me sinto confortável mexendo na bolsa de Charlotte. Você conhece
as mulheres hoje em dia com todo o lixo que carregam. Além disso, não
quero acordá-la.
— Aqui está a sobressalente. Você poderia gentilmente trazê-la
de volta ao sair? — Ele me entrega a chave. Ele deve conhecê-la bem, eu
acho.
— Obrigado. Claro que eu vou.
Chegamos ao andar dela. Consigo abrir a porta da frente e acender
a luz. Antes que eu possa parar e absorver tudo, ando pelo corredor até
chegar ao que presumo ser o quarto dela. Abrindo a porta, minha
suposição está correta.
Sua cama perfeitamente arrumada fica no meio do quarto
enquanto eu gentilmente a deito, tirando seus sapatos e cobrindo-a com
o cobertor. Ela está deitada pacificamente, enrolada em uma bola. Sua
respiração suave é o único som dentro do quarto. Ela parece pacífica, de
tirar o fôlego, e não ouso acordá-la por motivos egoístas.
Há um som fraco de um gato e, nas sombras, ele aparece por trás
da cortina e sobe na cama ao lado dela. Decido não acariciá-lo, para o
caso de ele me atacar por ser um estranho em sua casa.
Meus olhos se movem ao redor do quarto. Parece quente,
decorativamente falando. Ela tem uma grande penteadeira com todos
esses perfumes e coisas femininas perfeitamente posicionadas e bem
organizadas. Merda, ela é tão obsessiva quanto eu. Em sua mesa de
cabeceira há um abajur, uma base e um livro. A sala está levemente
iluminada, então abro a página marcada.
Porra, é como pornô. Eu rio um pouco, colocando o livro de lado
antes que ele cause um problema que não consigo resolver.
Coloco a bolsa na mesinha de cabeceira e pego o telefone caso ela
precise, notando uma mensagem na tela.
BATMAN
Você sabe que temos algo bom, Charlie. Você mesmo disse isso em
seu escritório na quinta-feira. Você sabe onde me encontrar. Eu
te amo, Charlie Mason. Eu quero que você seja minha esposa, nunca
duvide disso.

Que porra? Então, um dia depois que eu briguei com ela, ela correu
para ele. De novo. Não consigo me conter, entro nas mensagens dela,
lendo o rastro da conversa.
BATMAN
Feliz aniversário linda. Desculpe, não posso fazer o jantar esta
noite, mas estarei livre depois. A bat caverna está pronta... e
eu também, baby. Eu só quero te provar de novo, me sentir dentro
de você. Fique aqui e talvez você tome o café da manhã na cama,
do jeito que você gosta.

Sento-me na beirada da cama, inclinando a cabeça enquanto


seguro o telefone. Meu coração está acelerado, a raiva pulsando em
minhas veias.
Ela ainda está transando com ele?
Quero sacudi-la, acordá-la e exigir que responda.
Não é só a raiva tomando conta de mim, é o ciúme que ele tocou
nela, ele esteve dentro dela, e consegue acordar com ela. Algo que nunca
experimentamos.
Mesmo antigamente, estávamos sempre tentando ser discretos.
Nem uma vez tive a honra de segurá-la em meus braços a noite toda e
acordar ao seu lado. Isso se torna demais para eu lidar. Não estou
pensando racionalmente, emoções cruas me controlando, e preciso ir
embora antes que o dano se torne irreversível.
Eu me levanto para ir embora enquanto ela pronuncia suas
palavras.
— Lex, eu te amo... por favor, não nos deixe.
Nos, aí está aquela palavra de novo. Eu te amo. Como eu ansiava
por ouvir essas palavras saindo de sua boca.
Eu quero que seja real, precisando desesperadamente que seus
olhos se conectem com os meus quando ela disser as palavras que meu
coração precisa ouvir novamente.
Com os ombros caídos, derrotado pela longa noite, decido sair do
quarto mas paro dentro da sala. É uma sala aconchegante com uma
tonelada de livros nas prateleiras e uma parede cheia de molduras. Eu
me aproximo e olho para cada foto. Ela parece feliz em cada uma delas,
não como a garota miserável que supostamente deixei para trás.
Há uma fotografia em preto e branco capturando meu interesse.
Ela está deitada com a cabeça no colo de uma senhora mais velha,
sentada em um balanço na varanda. Charlotte está coberta com um
daqueles cobertores de crochê feitos em casa. Ela parece magra, seus
olhos quase negros, mas há um esboço de sorriso. A senhora mais velha
descansa a mão na bochecha. Deve ser da avó dela que ela falou.
E apenas uma olhada nesta foto cimenta o dano que causei. Eu
falhei conosco, como ela disse.
Sou um idiota por pensar que poderíamos facilmente voltar a ser
como as coisas eram.
Nunca vou deixar de querer Charlotte, mas não sei como nos
consertar. Por enquanto, preciso de uma pausa para clarear a cabeça e
pensar na maneira certa de nos tornarmos um novamente.
Não há dúvida de que estar perto dela causa um enorme problema
- ou discutimos ou eu transo com ela. E nenhuma dessas coisas nos
aproxima de uma resolução.
Fecho a porta atrás de mim, deixando seu apartamento, minha
cabeça cheia de culpa.
De volta ao hotel, termino a garrafa de Jack Daniels, abrindo outra
garrafa com dificuldade, sabendo que o vício da bebida vai me colocar
em sérios apuros.
A culpa agora se transforma em ressentimento e a raiva cresce
dentro de mim como uma maré.
Com o telefone na mão, ligo para Bryce, desculpando minha
ligação no meio da noite, esperando que ele desenterre alguma sujeira
para mim.
— Tem certeza, Sr. Edwards?
Com o peito apertado e a visão comprometida pela bebida forte
que escoa em minhas veias, encaro a parede em branco, meus lábios se
curvando para cima em um sorriso satisfeito.
Eu quero que Julian vá embora.
E agora, não há como me parar.
CAPÍTULO TRINTA E CINCO

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

— Ok, desculpe, eu prometo que estou ouvindo agora. Então,


quem vai ao show hoje à noite?
Eu não tinha falado com ele, apesar de suas inúmeras tentativas
de entrar em contato comigo. Seu desespero para explicar o que Adriana
viu ficou evidente em todas as mensagens de texto que ele enviou.
O que havia para explicar?
Ele foi pego fodendo sua esposa no piano dois minutos depois que
eu fui embora.
Naquela noite, o cara da tatuagem de caveira e eu nos beijamos
por uma hora na praia enquanto eu estava completamente bêbada com
alguma mistura. Ele queria mais, mas tirei o cartão da menstruação no
último minuto. Foi o suficiente para afastá-lo, mas não antes que ele
implorasse por um boquete, outra coisa que recusei de bom grado.
— Eu, Elijah, Finn, Jennifer, aquela garota da aula de inglês com
enormes peitos.
— Você quer dizer Lily?
— Sim, esse é o nome dela.
A Califórnia exibia os melhores novos talentos uma vez por ano, e
os shows sempre aconteciam. Era uma viagem de quatro horas, então o
Dr. Edwards arranjou um quarto para nós em um hotel chique ao lado,
e a única razão pela qual meu pai me permitiu ir.
— E quanto ao seu... — Limpei a garganta, fingindo passar por
uma tosse desagradável — ...irmão?
— Ele e Samantha têm algum evento para ir.
Como um casal.
Ok, eu estou fora, porra.
Por mais que eu o odiasse naquele momento, havia aquela
pequena parte de mim que queria vê-lo para que ele pudesse me
implorar para perdoá-lo. Este não era o estado de espírito certo para se
estar. Eu havia preenchido uma pesquisa e lido vários artigos na revista
Cosmo. Todos eles vieram com a mesma resposta - ele era um idiota do
caralho, então largue sua bunda agora antes que você acabe sendo a
idiota. Sim, me engane uma vez, sua vergonha, me engane duas vezes,
minha vergonha. Bem, infelizmente, a boba estava sentada no quarto da
Adriana ainda pensando na saudade que eu sentia dele.
Comecei a folhear as revistas de Adriana, minha mente não
focando nelas, mas no quadro de avisos acima de sua mesa. As fotos
estavam espalhadas por toda parte, uma tonelada de nós, mas foram as
de Alex que me chamaram a atenção. Como um ser humano pode ser tão
fotogênico em todas as fotos? Ele era como um maldito supermodelo
masculino. Olhar para as imagens acendeu uma faísca, uma que eu
estava tentando enterrar junto com a dor e a humilhação.
Há uma de Alex e Samantha no dia do casamento. Senti os nós
começando a se formar em meu estômago, a realidade rastejando
enquanto eu examinava sua expressão. Ele a amava, certo? Caso
contrário, por que ele se casaria com ela e transaria com ela no piano?
Lá estava ela de novo, a raiva mostrando sua cara feia.
— Adorei aquela foto deles. — Adriana suspirou.
— Como eles se conheceram?
— Na Faculdade. Primeiro ano, eu acho. Você conhece meu irmão,
ele era um prostituto aqui em Carmel. Estou surpresa que ele tenha se
acalmado. Eu não sei como ela fez isso, mas ela fez.
Muito bem por fazer essa pergunta. Alex era um prostituto. Eu não
poderia dizer que realmente prestei atenção naquela época, mas se eu
pudesse me sentir menor agora, eu seria uma maldita formiga.
— Ela é legal. — Foi tudo o que consegui dizer.
— Sim, ela é. Quero dizer, não me entenda mal, eu gosto dela, mas
às vezes acho que ela exige demais dele. Quase como em 1950, quando
as mulheres ficavam em casa fazendo tortas e deixando-as no peitoril da
janela para esfriar enquanto os homens traziam o bacon para casa.
— Talvez ele goste disso. Você sabe... aquela coisa toda de eu-
serei-o-homem-das-cavernas-você-será-a-mulher-das-cavernas —
murmurei.
— Eu acho... talvez. É que Alex não é assim. Sim, ele é meu irmão
e me irrita pra caralho, mas no fundo, ele é um cara de bom coração. Ele
nunca machucaria ninguém intencionalmente e nunca trataria uma
mulher dessa maneira. Claro, ele se divertia no ensino médio, mas quem
não? — Adriana foi até seu aparelho de som e aumentou o volume da
última música de Rihanna.
Enquanto nós duas cantávamos a plenos pulmões, uma batida na
porta ecoou pelo quarto. Eu estava deitada na cama de Adriana jogando
uma bola de borracha no teto enquanto ela ricocheteava em mim. Sim,
eu estava tão frustrada.
— Adriana, você tem alguém aqui para te ver. — Sua voz me fez
perder a pegada, e a bola rolou para seus pés. — É o Finn.
Sentei-me enquanto ele olhava para mim, irritado. Que porra eu
fiz? Não fui eu quem fodeu minha esposa no piano.
— Legal. Char, pegue suas coisas e vamos embora. Eu vou na
frente — ela comemorou.
Eu calmamente juntei minhas coisas e meu telefone tentando o
meu melhor para não fazer contato visual enquanto Alex estava parado
na porta bloqueando a saída. Você poderia cortar a tensão com uma
serra elétrica aqui. Eu estava rezando para que ele fosse embora, para
que eu pudesse sair sem o drama de ter que passar por ele.
— Vamos lá, o show começa em algumas horas, e precisamos
conseguir um bom lugar. Graças a Deus, Finn está dirigindo para que eu
possa ser a DJ do carro.
Eu estava ansiosa para Adriana ser DJ do carro, mas isso irritou
muito Finn. Suas discussões sobre coisas mesquinhas forneciam um
bom entretenimento enquanto se acomodavam no banco de trás.
Alex ficou parado na porta e eu não tive escolha a não ser passar
por ele. Enquanto eu caminhava até a porta com cuidado para não fazer
nenhum contato físico, ele rapidamente segurou meu braço.
— Você o convidou esta noite? — ele perguntou, um tom amargo
em sua voz profunda.
— O que você tem com isso? Volte a foder sua esposa. — Afastei
meu braço e desci as escadas.
Finn me cumprimentou com um enorme sorriso no rosto, me
puxando para um de seus abraços de urso. Enquanto ele me sufocava
em seu peito que, diga-se de passagem, cheirava a suor de homem, Alex
desceu lentamente as escadas. Com um olhar fixo, ele estreitou os olhos,
murmurando algo sobre Adriana usar todo o sabonete do banheiro.
Samantha riu. — Pobre bebê. Se o seu maior problema é o sabão,
tenho certeza de que a mamãe pode encher a mamadeira para você na
próxima vez.
Adriana riu junto com ela. Abaixei minha cabeça, ignorando os
dois, então encorajei Adriana a sair ou nos atrasaríamos.
Demorou exatamente cinco minutos e vinte e um segundos antes
de meu telefone tocar. Eu estava sentada no banco de trás do carro
sozinha. Finn estava repreendendo Adriana por explodir 'Like A Prayer'
de Madonna.
ALEX
Você não respondeu minha pergunta.
Fiquei sentada quieta por alguns momentos, sem saber como
responder. Do lado de fora da janela, a rodovia parecia uma estrada sem
fim diante de nós.
EU
Não preciso me explicar para você. Eu não tenho um anel no dedo.
Por favor, pare de me mandar mensagens. Eu entendo Alex. Foi
divertido enquanto durou. Tenha uma ótima vida.

— Charlie, vamos! — Finn gritou.


Eu balancei minha cabeça para me concentrar. — O quê, Finn?
— Por favor, diga a Adriana que não estamos ouvindo
'Immaculate Collection' durante todo o show — ele lamentou.
Eu não tinha nada a dizer sobre isso e, para ser sincera, adorava
aquele CD. Meu telefone vibrou novamente. Eu estava nervosa para
olhar. Eu não sabia o que queria que ele dissesse. Havia algo que ele
pudesse dizer que mudaria como eu me sentia?
ALEX
Nós precisamos conversar. Não tive escolha, Charlotte

Claro, ele tinha. Você sempre tem uma escolha. Eu não sabia o que
estava acontecendo comigo, mas queria me calar, só por esta noite.
Esquecer que estava saindo com um homem casado que por acaso
também era irmão da minha melhor amiga, e esquecer que disse ao
homem que me consumiu para ter uma vida boa.
Levamos algumas horas para chegar lá, brigas constantes no carro
e mil paradas no banheiro porque Finn decidiu beber um Big Gulp
quando saímos de Carmel.
Nós nos encontramos com Elijah e o resto do grupo, e eu não
poderia estar mais feliz enquanto a multidão me cercava, a música
tocando.
A multidão dançou, as pessoas aplaudiram, as bandas giravam e
estávamos nos divertindo - sem preocupações, sem drama, apenas pura
diversão não adulterada. Finn e eu dançamos, nada sexual desta vez,
apenas risadas e diversão, algo que eu perdi no último ano. O último ano
tinha sido difícil e ainda não havia acabado.
O show acabou, então decidimos comer alguma coisa, voltar para
o hotel e trocar de roupa. Eu dividia o quarto com a Adriana, mas, claro,
ela dormia com o Elijah. Se o Dr. Edwards descobrisse, ele a mataria e eu
seria cúmplice dela e, portanto, meu pai me mataria.
Usei um vestido preto que Adriana escolheu algumas semanas
antes. Não sou de usar vestidos, a menos que a ocasião exija. Para
completar o look, combinei o vestido com uns saltos pretos de tiras.
Papai me mataria se os visse, portanto, enfiando-os no fundo da minha
mochila e sai furtivamente de casa.
Aplicando um pouco de brilho labial e apenas uma pequena
quantidade de rímel, deixei meu cabelo solto para fluir pelas minhas
costas. Olhando para o espelho, implorei a mim mesma para esquecer
que ele existia, pelo menos por esta noite.
O clube estava lotado. Todos os adolescentes do show estavam
aqui. Era um clube sub-21, então nada de álcool, é claro, mas não
impediu as batidas e rangidos que estavam acontecendo. Adriana estava
perdida em algum lugar na pista de dança esfregando a bunda contra
Elijah.
Finn estava conversando com alguns outros meninos de Carmel
que haviam aparecido. Saí com algumas garotas que conhecia até que
um cara alto e magro apareceu ao meu lado. Ele era fofo e me lembrou
um pouco o Leonardo DiCaprio quando estrelou Romeu e Julieta.
Ele sorriu para mim, eu sorri de volta. Inclinando-se, ele sussurrou
em meu ouvido: — Não faço versos cafonas, mas adoro essa música.
Quer dançar?
Como eu disse, ele era fofo e era apenas uma dança inofensiva. Não
era como se eu tivesse um anel no dedo e fosse para a cama todas as
noites com a pessoa com quem prometi passar o resto da minha vida.
Agarrei sua mão e dançamos algumas músicas. Ele era um bom
dançarino - suave - e eu movia meu corpo curtindo o baque das batidas.
Havia uma força que me puxava e eu sabia que alguém estava me
observando. Eu procurei ao redor da sala, os corpos estavam
espremidos, todos ocupados em seu pequeno mundo. Tentei me
concentrar novamente sem ser rude com Leo.
Senti aquele puxão familiar como se o chão estivesse prestes a
desmoronar embaixo de mim e eu fosse puxada em uma direção
diferente, mas não conseguia ver nada. Mais uma vez, minha imaginação
estava pregando peças em mim.
Continuei dançando com Leo até que aqueles olhos verde
esmeralda me encontraram, parado no canto, me encarando
intensamente.
Ele está aqui.
Desculpando-me rapidamente, Leo graciosamente mudou-se para
outra garota que estava fodendo com ele bem ao meu lado.
Meus passos eram pequenos, mas pesados, a cada passo que eu
dava em direção a ele. Sem saber o que dizer e também desconfiada do
que me rodeava, parei diante dele com distância suficiente para não
levantar suspeitas. Seus olhos estavam sombrios - não importava que o
clube estivesse muito escuro para ter certeza. Eu podia sentir isso.
A música tocou, então ele se inclinou em meu ouvido. — Você não
me respondeu.
Eu suspirei, seu cheiro muito irresistível e quebrando as paredes
que eu tentei levantar. Eu sentia falta dele e queria beijá-lo aqui e agora.
Contenção, quem teria pensado que eu era tão boa nisso?
— Sim, eu o convidei. Ele é meu amigo. Na verdade, ele é um dos
meus melhores amigos.
— Charlotte, me desculpe. Ela continuou me fazendo perguntas
sobre você, e eu entrei em pânico. Ela queria saber por que eu não a
havia tocado e se era por causa de outra pessoa. Eu não queria fazer isso,
ela deu o primeiro passo, mas pensei que isso a tiraria do meu pé. Não
continuamos. Eu ainda não fodi com ela desde antes de você. Você tem
que acreditar em mim — ele implorou, desespero em sua voz.
Curvando minha cabeça, soltei o longo suspiro que estava
segurando. Eu sabia que ele não iria mentir para mim, mas a coisa toda
ainda doía. Adriana disse alto e claro, ele era um prostituto.
Então, onde estava escondido aquele meu cérebro de estudante
nota A?
Oh sim, abaixo das calças.
— Eu não sei o que dizer.
Alex ficou lá, silenciosamente olhando para mim. Eu não sabia o
que ele estava pensando, e isso estava me deixando louca. O DJ misturou
as músicas e começou a tocar novamente. A multidão aplaudiu e as luzes
diminuíram ainda mais. Estava escuro, as pessoas dançavam, as pessoas
cantavam, e eu fiquei parada até que Alex me arrastou para o canto
cercado de estranhos. Ele me puxou para perto e começou a balançar.
Colocando suas mãos em meus quadris, eu balancei junto com ele. Eu o
queria tanto que não me importava mais com quem nos via até que ele
me empurrou. Enquanto eu dava vários passos para longe de Alex, eu
finalmente bati em um cara vestindo uma camiseta justa.
— Eu sinto muito — eu me desculpei, apertando seu peito. — Eu
tropecei.
Adriana estava onde eu estava antes, obviamente entrou depois
que Alex me empurrou para fora do caminho, e ela estava falando
animadamente antes de abraçar Alex. Afastando-se, eles continuaram
conversando antes de ambos os olhos caírem sobre mim.
Chateada com seu movimento repentino para me afastar, virei-me
para ser cumprimentada por Leo. Quando ele estava prestes a dizer algo,
Adriana se intrometeu entre nós.
— Char! Aí está você. Oi, sou Adriana. — Ela estendeu a mão, o
que era estranho, mas sendo um cara educado, ele a apertou de volta.
— Eu sou David.
— Você quer vir comer conosco, David? — Adriana perguntou,
lançando-me um olhar do tipo você-pode-me-agradecer-depois.
— Parece bom.
Adriana enlaçou o braço no meu antes de sussurrar: — Char, você
vai transar com ele esta noite. Eu posso sentir isso em meus ossos.
Os ossos de Adriana não poderiam estar mais longe da verdade.
David não tinha chance.
O único homem que eu queria era aquele que me encarava com
um olhar furioso, pronto para rasgar David em pedaços em um
movimento rápido se ele chegasse perto de mim.
Eu ia chamar isso de vingança e, no fundo, adorei cada minuto.
CAPÍTULO TRINTA E SEIS

ALEX

NOVE ANOS ATRÁS

— Alex, se você não quer estar aqui, por que diabos você veio?
Samantha ficou irritada com minha falta de entusiasmo para falar
de bebê. Isso é tudo o que estávamos fazendo hoje à noite neste estúpido
jantar oferecido por um de seus amigos da galeria.
— Eu não concordei em ir para a festa para que pudéssemos
conversar merda a noite toda. Você sabe qual é a minha posição sobre
isso. — eu respondi, frustrado.
A coisa toda de Finn e Charlotte continuou se repetindo na minha
cabeça. Eu sabia que era uma coisa da noite para o dia, e onde diabos ele
dormiria? Eram muitas perguntas e eu não tinha respostas.
Charlotte não respondeu à minha pergunta quando mandei uma
mensagem para ela, o que realmente me irritou, sem falar nas dezenas
de mensagens de texto que enviei para ela tentando explicar o que
aconteceu na semana passada na casa dos meus pais.
Então recebi a mensagem dela, dizendo para eu ter uma boa vida.
Minha concentração diminuiu para nada enquanto a raiva e o
medo estavam me consumindo. Eu tinha fodido tudo, grande momento,
e eu merecia a indiferença. Mas ela poderia pelo menos ter me ouvido,
mas em vez disso, eu estava ouvindo algo que não tinha nenhum
interesse.
Samantha me puxou de lado, cravando as unhas em meu braço. —
Eu superei essa merda, Alex. Se recomponha e aja como meu maldito
marido. Você está me envergonhando. — ela cuspiu, cerrando os dentes
com animosidade.
— Estou envergonhando você? — Eu ri na cara dela. — Falar
sobre qual é a melhor posição para fazer um bebê é que é constrangedor,
Samantha.
— O que você quer?
— Eu não quero estar aqui. — Acenei com as mãos.
— Então vá embora — ela gritou e foi embora.
Peguei minhas chaves e saí sem me despedir. No piloto
automático, dirigi meu carro exatamente para onde queria estar. Com
Charlotte.
Elijah tinha me mandado uma mensagem mais cedo para me
avisar que Adriana estava bem. Mas papai, por outro lado, me deu um
longo discurso retórico sobre mamãe permitir que ela fosse em primeiro
lugar. Por capricho, liguei para papai para avisá-lo que eu
supervisionaria. Ele me agradeceu e me avisou para vigiá-la e garantir
que Elijah não dormisse no mesmo quarto que ela.
Eu fiz meu caminho para o clube, sorte de entrar porque eu tinha
vinte e cinco anos, e era um clube para menores.
Charlotte estava na pista de dança, dançando com um cara da
idade dela. A princípio, fiquei no bar observando-os, desesperado por
uma bebida, mas eles não serviam álcool.
Ela finalmente me viu e pediu licença enquanto abria caminho
entre a multidão dançando.
Eu queria dizer a ela o quão sexy ela parecia no vestido e nos
saltos, mas em vez disso, nós brigamos, ambos frustrados. Eu a levei
para um canto escuro do clube e a puxei para mim. Ninguém podia ver,
e eu a queria tanto que nada mais importava.
Nós dançamos e dançamos por apenas alguns minutos, mas foi o
suficiente para me deixar duro como uma pedra até que eu localizei
Adriana. Empurrei Charlotte para o lado, esperando que ela entendesse.
Ela levou um momento para registrar antes de escapar. Adriana ficou
feliz por eu ter vindo e perguntou se eu tinha visto Charlotte.
— Lá está ela. — Adriana a viu. — Estou feliz que ela finalmente
conheceu alguém… e que gostoso!
Esse cara? Que porra ele pensava que estava fazendo?
Adriana caminhou em direção a Charlotte, deixando-me sozinho
com meus pensamentos acalorados. Ele era um idiota, isso era tudo que
eu sabia. Adriana fez sinal para que eu os seguisse e, a cada passo que eu
dava, o ciúme disparava por mim como mil balas.
— Alex, vamos sair para comer alguma coisa. Você vem? —
perguntou Adriana.
— Claro, por que não.
Saímos do clube e caminhamos até o hotel que tinha um
restaurante no andar de baixo. Sentamos em uma cabine, Charlotte ao
lado daquele cara, e Adriana espremida entre Elijah e eu.
— O mega hambúrguer com batata frita é de morrer — comentou
Adriana enquanto lia o cardápio.
— Eu sei que você não compartilha — Elijah seguiu. — Então, vou
pegar o hambúrguer de peru.
— Eu quero o mesmo.
— Charlotte, apresente-nos o seu amigo. — Adriana insistiu,
colocando o cardápio na mesa.
Seu nome era David. Ele conversou sobre futebol com Elijah
enquanto eu estava sentado em silêncio observando Charlotte sem ser
muito óbvio. Depois da conversa mais chata sobre a faculdade, fomos
interrompidos por Finn quando ele entrou e se espremeu ao lado de
Charlotte ao mesmo tempo em que o garçom trazia a comida.
— Finn, esse era o meu picles. Eu estava guardando isso para o
final — Charlotte lamentou.
— Desculpe, Charlie… você cochila, você perde — ele brincou,
colocando o picles na boca.
— Seu idiota, — ela murmurou, batendo no ombro dele.
— Obrigado, Charlie, eu também te amo. — Ele sorriu, abraçando-
a com força até que ela cedeu e sorriu.
Meus músculos se contraíram ao vê-los, mas desta vez, o ciúme
era sobre sua amizade. Como era fácil para eles desfilar abertamente sua
amizade sem que ninguém questionasse seus motivos. Bem, além de
mim, mas quanto mais tempo eu passava perto de Finn, mais eu percebia
que ele era um protetor ao invés de um amante em potencial.
— Vocês podem pegar uma carona para casa? Os pais de Jen
brigaram, então ela quer ficar na minha casa.
— Alex pode nos levar para casa — Adriana ofereceu, mas logo
percebeu que teríamos um problema para dormir. — Merda, Alex, você
pode conseguir um quarto? Se não, talvez você possa dormir com
Charlie. Ou você pode ficar com Elijah.
A sugestão dela era inocente, mas a ideia de "dormir" com
Charlotte me fez pensar em apenas uma coisa.
Jogando algumas notas na mesa avisando que iam passear,
Adriana e Elijah saíram da mesa me deixando sozinho com Charlotte e
David. Porra, isso era estranho. Para ele, é isso.
— Então, Charlie, você também quer dar uma volta ou algo assim?
— ele perguntou, ignorando-me sentado bem em frente a eles.
— Não é que eu não queira, mas foi um dia muito longo, e eu... —
Ela olhou para mim, perplexa.
— Desculpe, amigo, não posso permitir que ela ande sozinha com
um estranho. O pai dela me mataria.
— Sim, eu entendo totalmente. Desculpa. — Ele resmungou.
David pegou um pedaço de papel e uma caneta, anotou o que
parecia ser seu número de telefone e o deslizou para ela. — Me ligue
algum dia. Devemos nos encontrar quando você estiver livre. — Ele a
beijou na bochecha, se despediu e saiu do restaurante.
— Acho que você vai descartar esse número assim que sairmos.
— Repreendi.
— Com licença?
— O que? Você realmente acha que vai se encontrar com ele?
— Foda-se, Alex. Não fui eu que disse 'sim'!
Deslizando para fora da cabine, Charlotte saiu correndo do
restaurante me deixando sozinho.
Enterrando minha cabeça em minhas mãos, eu não a segui ainda.
Ela tinha todo o direito de estar com raiva e, se os papéis fossem
invertidos, eu me sentiria exatamente da mesma maneira.
Eu andei pelo hotel por um tempo tentando descobrir o que fazer.
Decidi que iria vê-la e pedir desculpas por tentar reivindicar minha
reivindicação sem realmente ter nada para apoiá-la, quando o tempo
todo ela estava certa.
Eu segurei minha mão contra a porta, mas com medo, eu me
afastei. Se eu entrasse por esta porta aqui, agora, minha vida nunca mais
seria a mesma. Não haveria como voltar atrás. Eu estaria selando nosso
destino.
Curvando minha cabeça, eu bati suavemente. Talvez tenham sido
minutos, talvez segundos, mas ela finalmente abriu.
Eu podia ver a agitação em seu rosto, a apreensão que persistia.
Ela sabia o quanto isso significaria para mim? Para nós?
Segui seu exemplo, silenciosamente, e entrei no quarto mal
iluminado. Passava um pouco da meia-noite, a lua brilhava através das
cortinas transparentes e o barulho do mundo exterior desaparecia
lentamente. Ou talvez fosse porque a única coisa que eu podia ouvir era
seu coração batendo. Ela estava a apenas alguns centímetros de mim,
mas parecia uma milha.
— Sinto muito, Charlotte.
— Alex, estou com medo. — Ela sussurrou.
Eu passei meus braços em volta de sua cintura e puxei-a para mim.
Ela tinha um cheiro celestial, inebriante, tudo que eu precisaria para o
resto da minha vida.
— Medo?
Por mais que não fosse o momento de abrir o cofre das escapadas
sexuais do passado, eu sabia que não era o primeiro dela.
— Não sei se consigo parar. Quero dizer isso... nós. Se levarmos
isso adiante, para onde vai? Onde termina?
Coloquei a mão sobre o coração. — Apenas siga isso.
— Isso me leva direto a você. — Ela sussurrou.
Minhas mãos se moveram para cima e pousaram em suas
bochechas, trazendo sua boca para perto. Seus lábios macios e rosados
acariciavam os meus, nossos movimentos tão lentos que cada beijo
despertava uma nova sensação que eu nunca havia sentido antes. O som
de seus gemidos suaves na minha boca me excitou, mas não empurrei.
Eu queria saborear cada momento desta noite, cada parte dela. Minha
Charlotte.
Sem me separar, eu a levei para a cama. Eu a segurei enquanto a
deitava e, gentilmente, subi ao lado dela e continuei a beijar seus lábios
lentamente. Nossas línguas lutaram suavemente, nunca parando para
recuperar o fôlego. Eu lentamente interrompi o beijo e me movi em
direção ao seu pescoço, espalhando beijos suaves enquanto ela inclinava
a cabeça para trás. Ela gemeu baixinho. Ela estava pronta, mais do que
pronta.
Minhas mãos se arrastaram para sua barriga, esfregando-a
enquanto ouvia os sons que seu corpo fazia. Por um momento, pensei
que ela havia mudado de ideia, mas ela se afastou por um mero segundo
para puxar o vestido pela cabeça. Ver seu peito apenas coberto por um
sutiã era o suficiente para me fazer gozar, mas porra, eu precisava
lembrar que era uma maratona, não uma corrida.
As pontas dos meus dedos roçaram seus seios, observando-os ao
luar. Fazendo meu caminho até suas costas, abri o fecho e o observei cair
em volta de sua cintura. Nenhuma palavra poderia descrever como seus
seios lindos pareciam banhados pelo luar, o par natural mais perfeito
que eu já tinha visto na minha vida.
A resistência foi inútil. Abaixei-me para poder apreciá-los. Ela
tinha gosto de doce céu, e tentei diminuir meus movimentos, mas estava
perdido. A luxúria estava tomando conta, e minha língua os chupava
com mais força, seu prazer crescendo enquanto ela puxava meu cabelo
sussurrando palavrões leves até que ela me pediu para parar.
— Você está bem?
Ela hesitou, mas apenas por um momento. — Você está usando
roupas demais, e eu preciso de você dentro de mim, agora.
No menor tempo possível, minha calça e cueca estavam fora, assim
como a dela. Nós dois ficamos lá silenciosamente admirando os corpos
um do outro.
— Relaxe. Eu prometo que não vou machucar você.
Eu sabia que tinha sido abençoado no departamento de pau, então
estava consciente de ir devagar. Deslizei-me para dentro, beijando seu
ombro enquanto esperava que seu corpo relaxasse. Ela gemeu, pegando
meus quadris e me empurrando ainda mais. Eu não podia acreditar que
ela estava na minha frente, a garota que significava mais para mim do
que qualquer pessoa neste mundo inteiro.
Usando o pouco de controle que eu tinha durante esse momento,
tentei ser paciente e me mover devagar, mas como um homem possuído,
a luxúria e a ganância assumiram o controle. Minhas estocadas ficaram
mais rápidas, e com cada som que ela fazia, eu sabia que ela estava perto.
Observei seu rosto desesperado por mais, a força de seus beijos, a
maneira como seus quadris se curvavam e depois batiam com mais força
nos meus.
— Alex, sinto muito. Eu não posso... eu vou...
Eu me movi mais rápido, deixando-a cavalgar em nosso primeiro
orgasmo juntos, e levou apenas um segundo depois para eu seguir seu
exemplo. Mordi seu ombro enquanto tentava entender a intensidade de
tudo. Tentando recuperar o fôlego, eu a segurei com força. Gotas de suor
se formaram em nossos corpos apenas aumentando a compreensão do
que acabara de acontecer.
— Merda, eu deveria ter te perguntado...
— O que é? — Eu murmurei com minha cabeça ainda enterrada
em seu pescoço.
— Usar camisinha.
Eu me afastei e lentamente me aliviei dela. Caindo de costas, eu a
trouxe para perto de mim.
— Sinto muito, você está certa. Não sei o que estava pensando. Eu
só queria sentir você. Não quero estragar o clima, mas você não tem
nada com que se preocupar.
— Mas você é casado, o que significa que você dorme com outra
pessoa — ela baixou a voz.
— Charlotte, olhe para mim. — Inclinei minha cabeça quando
nossos olhos se encontraram. Com uma expressão de dor, senti seu
arrependimento. — Samantha e eu não fazemos sexo há meses. Eu faço
o teste a cada seis meses como parte do protocolo do hospital. Você é a
única com quem eu quero estar, mas da próxima vez, podemos usar algo
se isso aliviar sua mente.
— Próxima vez?
Meu ego foi atingido por um momento. Não foi o mesmo para ela?
— Uh, sim. Não foi bom para você, Charlotte?
Ela permaneceu em silêncio. Isso me matou, mas então ela falou
as palavras que eram tão poderosas. Palavras que me atraíram para
aquele lugar novamente.
— Alex, eu sonhei com esse momento desde que nos encontramos
na cozinha, e nada poderia se comparar a como isso foi maravilhoso.
Nunca na minha vida me senti assim por alguém ou compartilhei algo
tão íntimo, mas isso confirmou meus medos... Não consigo parar. Eu
quero mais. Eu quero tudo isso com você. Quero sentir você dentro de
mim, tocando e explorando cada parte do meu corpo. Eu quero fazer
coisas muito sujas com você que só minha imaginação me permitiu
experimentar.
— Bem, acho que temos um problema. — Eu ri.
— O que é isso?
Eu agarrei a mão dela e a coloquei no meu pau, que ficou
instantaneamente duro. Ela gemeu, mas desta vez foi diferente.
— Eu posso cuidar disso. — Ela murmurou enquanto deslizava
sob os lençóis.
Oh porra. Seus lábios estavam em volta do meu pau, e caramba,
minha garota deu a melhor boquete que eu já experimentei na minha
vida. Eu queria mais, novamente, implorando para ela se virar para que
eu pudesse sentir sua boceta. Ela se moveu ligeiramente para a esquerda
ao meu alcance, e eu aliviei meus dedos para dentro fazendo seus
gemidos abafados no meu pau mais excitantes. Eu os deslizei esfregando
meu esperma em seu clitóris. Ela me levou mais fundo. Eu estava perto,
então a avisei porque eu era uma espécie de cavalheiro e não sabia o
quanto ela aguentaria.
— Eu quero provar você.
Eu estava acabado.
Empurrando meus dedos profundamente dentro dela mais uma
vez, gozei quando suas paredes se contraíram em torno de meus dedos.
Ela tomou tudo de mim, cada gota de porra e ela engoliu como uma
profissional. Samantha nunca tinha feito isso, pensando bem, nenhuma
das garotas com quem eu já tinha estado fez. Foi a porra de um sonho
que se tornou realidade, e eu estava em êxtase por ter experimentado
isso pela primeira vez com a minha garota.
— Você está bem aí, soldado?
— Você é incrível, sabia disso?
— Bem, ajuda o fato de eu assistir muita pornografia. — Ela sorriu
com orgulho.
— Espere! Você acabou de dizer o que eu acho que você acabou
de dizer?
— Sim, você ouviu direito. O que? Minha imaginação só pode
pensar em um tanti antes de precisar de recursos visuais.
Meus braços a envolveram com força, nunca querendo deixá-la ir.
Isso foi perfeito, nós éramos perfeitos. Exceto por uma coisa - eu sou
casado. E agora oficialmente, eu tinha traído. Eu estava tendo um caso e
não podia voltar atrás. Eu tinha atravessado para o lado sombrio, mas
ao invés de estar sombrio, estava quente, ensolarado, cheio de arco-íris,
e Charlotte nua esperando por mim com seu cabelo espalhado em um
leito de nuvens enquanto me alimentava com uvas.
— Eu gostaria que pudéssemos ficar assim para sempre, mas
tenho que me vestir antes que Adriana invada.
Ela relutantemente se desvencilhou de mim e se vestiu. Uma vez
que ela fechou o vestido, eu a puxei de volta para a cama, o que foi
recebido com um pequeno grito.
— Alex, você precisa ir.
— Mais um minuto. Por favor? Assim que eu sair por aquela porta,
você não estará em meus braços até Deus sabe quando.
Era a verdade tanto quanto doía.
— Não podemos ser pegos. Você sabe disso, certo?
Claro, eu sabia disso. Eu também sabia que a queria mais do que
nunca agora, e não sabia como faria malabarismo entre ser casado e
estar com ela.

Na manhã seguinte, eu estava sentado no saguão com Elijah


esperando que as meninas descessem. Eu estava nervoso. Eu não sabia
como ela reagiria depois da noite passada e esperava que Adriana e
Elijah não pudessem sentir isso. O elevador apitou e eles saíram.
Charlotte baixou a cabeça enquanto Adriana falava a mil por hora.
— Vamos, Charlie, era o cara com cara de Leo? Você pode me
dizer. Argh, estou certa, certo?
Charlotte permaneceu em silêncio. Colocando as malas no chão,
ela finalmente encontrou meu olhar com um pequeno sorriso.
— O que está acontecendo? — Elijah perguntou.
— Charlie não vai me dizer com quem ela passou a noite. É o Leo.
Apenas me diga?
— Adriana! Eu não posso acreditar que você acabou de deixar
escapar isso na frente de todos. — Charlotte rebateu.
— Quem são todos? Elijah e Alex não se importam. Pare de negar,
você tem cabelo de sexo.
— Adriana! Deixe-me em paz. Por favor.
Fiquei ali parado, me divertindo com a discussão que estava
prestes a acontecer na minha frente. Eu sabia que a Adriana não ia
largar, ela era como um cachorro com um osso, e era questão de tempo
até ela recomeçar.
A viagem de carro foi longa e, claro, eu era o motorista designado.
Conversamos sobre assuntos mundanos como filmes, bandas, mas como
previ era apenas uma questão de tempo até que o assunto voltasse à
tona.
— Sério, me conte tudo o que aconteceu com o Leo? — Adriana
perguntou novamente, as duas atrás.
— Adriana, deixa pra lá. — Charlotte respondeu, a exaustão
evidente em sua voz.
— Qual é o segredo que você não pode me contar?
— Tudo bem. Fizemos isso em seu quarto de hotel. Nós trepamos
uma vez, depois eu saí porque ele queria de novo e eu não.
— Por que não?
— Por que não o quê?
— Por que você não quis de novo? Quero dizer, ele estava
fumando gostoso. Desculpe, querida, — Adriana se desculpou, olhando
para Elijah.
— Porque eu não gostei, Adriana. Por que eu voltaria por
segundos se não gostei da primeira vez?
— Char, o que diabos está acontecendo com você? Finn também
não conseguiu fazer você gozar. Tem certeza de que está fazendo certo?
Quase engasguei com o chiclete que estava mastigando. Essa
conversa passou de irritante para interessante. Charlotte
definitivamente não teve nenhum problema em chegar ao clímax - duas
vezes ontem à noite no espaço de dez minutos para ser mais preciso.
— Talvez eu apenas não tenha conhecido o cara certo ainda.
Aquele que aperta todos os botões certos a ponto de você sonhar
acordada em transar com ele o dia todo, todos os dias.
Eu me contorci no meu lugar. Eu sou esse cara?
— Eu sei perfeitamente o que você quer dizer. — Adriana
respondeu com um sorriso no rosto.
Chegamos ao nosso destino - a casa de Charlotte. Foi uma tortura
não poder dar um beijo de despedida nela ou mesmo falar com ela no
carro. Ela se despediu de Adriana e Elijah antes de se virar para mim. —
Obrigada pela carona, Alex — ela disse com um leve sorriso no rosto.
— A qualquer momento.
Incapaz de esconder o sorriso brincando em meus lábios, Elijah se
virou para olhar para mim com uma expressão estranha. Ele ergueu a
sobrancelha enquanto esfregava a barba por fazer no queixo.
— Você se divertiu ontem à noite, Alex?
— Sim, pode dizer isso. Prazer em sair para variar. — Eu respondi,
tentando desviar de qualquer outra pergunta enquanto seu olhar
começava a me incomodar.
— Às vezes, você precisa mudar. Isso coloca as coisas em
perspectiva. — ele murmurou.
Assim que cheguei em casa, estacionei o carro na garagem,
olhando para a casa por uns bons dez minutos.
Eu me sentiria diferente quando entrasse por aquelas portas?
Ela sentiria que eu tinha passado a noite fazendo amor doce com
minha garota?
Girei a maçaneta, meu coração batendo de forma irregular. Era
agora ou nunca. Com medo de que o arrependimento tomasse conta de
mim, entrei e quase imediatamente me senti mal.
Já não me sentia em casa.
CAPÍTULO TRINTA E SETE

CHARLIE

PRESENTE

Hoje é oficialmente conhecido como o dia da ressaca do


aniversário.
Estou sentada no meu sofá há três horas assistindo a um programa
sobre corpos constrangedores. Eu não estou realmente assistindo, é
mais um coma vivo, mas de vez em quando algo terrivelmente horrendo
aparece na tela e eu fico grudada nele.
Eu olho para a tela do meu telefone um milhão de vezes, as
mesmas velhas mensagens de texto chegam de Eric, Nikki e Adriana,
mas não é o que ou quem eu estou esperando.
Reunindo coragem para enviar uma mensagem de texto para ele,
agradeço por me trazer para casa em meu estado de embriaguez. Não
foi meu melhor momento e, ultimamente, houve muitos momentos
humilhantes, todos com uma coisa em comum: o álcool.
Há uma sensação estranha que não consigo identificar, o fato de
que ele estava aqui, em minha casa. Claro, não me lembro de nada, e
Coco também não está revelando nada.
A última coisa que me lembro é de subir no palco e cantar para
P!nk. Criei esse terrível hábito de usar álcool para fugir da realidade e,
mais uma vez, estou pagando o preço.
Quanto mais penso na noite passada, mais minha cabeça lateja de
dor. Não só toda a festa foi uma surpresa, eu tive que lidar com Julian e
Lex estando lá, fodendo com Lex no banheiro, discutindo com Lex no
banheiro, lidando com um Julian furioso que simplesmente levantou e
saiu, então as emoções do presente que Lex me deu, que ainda pesa em
meu peito.
Alcançando o pingente, brinco com ele entre os dedos, me
perguntando se o empurrei para longe. Lembro-me, uma vez, de estar
exatamente na mesma posição. Rezando e desejando que ele a deixasse,
assim como está me implorando agora. A humilhação de ser a pessoa de
fora não é algo que possa ser facilmente ignorado. Fica com você por
quase toda a vida.
Seu desespero era profundo, implorando para que eu falasse com
ele. Se ao menos fosse tão fácil, se ao menos eu pudesse abrir minha
alma inteira para ele sem que as consequências de minhas emoções me
levassem a um lugar sombrio ao qual me recuso a voltar.
Meu telefone vibra ao meu lado, assustando uma Coco relaxada.
NIKKI
Rocky está me arrastando para o jogo dos Yankees esta noite. Já
que seu suposto 'amigo' organizou isso, é melhor você estar na
minha casa às seis em ponto.

Seis horas em ponto, e estou batendo na porta vestida com meu


jeans, moletom e Converse. A porta se abre e um Will animado envolve
seus bracinhos em volta da minha cintura, me abraçando bem forte. Ele
fala a mil por hora e tudo o que ouço são as palavras 'Yankees', 'projeto
tubarão' e 'sorvete gelado de chocolate'. Não tenho ideia de como todos
os três estão ligados, mas tenho uma noite inteira para descobrir.
— Ótimo, Charlie está aqui. Vamos, mulher. Vamos. — Rocky nos
empurra porta afora com impaciência.
Saindo para a calçada, minha respiração se torna rápida e
superficial. Meu pulso está martelando dentro de minhas têmporas,
nervosa para enfrentar Lex novamente. Tenho a sensação desagradável
de ter dito ou feito algo errado ontem à noite. E mais uma vez, a única
pessoa que pode responder é ele.
O SUV preto para ao lado do meio-fio. Rocky pula primeiro, para
desaprovação de Nikki, ignorando a regra de 'primeiro as mulheres'.
Will sobe na parte de trás com Nikki, deixando-me sentar ao lado de Lex.
Assim que nossos olhos se encontram, algo me puxa em uma direção
diferente. Com um sorriso acolhedor, meus ombros relaxam, liberando
a tensão nervosa que venho carregando.
— Oi. — Ele sorri, mantendo as mãos para si mesmo pela primeira
vez.
Ele está vestido casualmente com um par de jeans, tênis branco e
camiseta. Na cabeça, ele usa um boné dos Yankees. Não sabia que ele era
fã, mas também não me surpreende. Lex sempre foi atlético e amou
todos os tipos de esportes.
— Oi, você.
— Ei, você não é o cara que encontramos no parque? Amigo de
Charlie? — Will perguntas atrás de nós.
— Sim, você está certo. — Lex responde educadamente. — Bom
ver você de novo. Animado com o jogo, amigo?
— Eu estou. — Rocky ruge na frente, torcendo a tampa de uma
Budweiser que ele trouxe com ele.
Todos riem e, às vezes, Will age de forma mais madura que o pai.
Conversamos sobre beisebol durante todo o caminho até lá, cada
opinião variando, e a conversa se tornando mais apaixonada à medida
que nos aproximamos do estádio.
— Desde quando você se interessa por esportes? Você odiava
tudo isso. — Lex levanta a sobrancelha, curioso.
— Desde que fui forçada a assistir a todos os jogos na faculdade,
graças à senhorita Stalker aqui.
— Não há nada mais gostoso do que assistir seu homem praticar
esportes — brinca Nikki.
— Mãe, o que isso significa?
Rocky ri, tentando responder a Will. — Isso significa que seu pai
abalou totalmente o campo, e é por isso que mamãe se casou comigo.
— Oh, eu pensei que era porque ela engravidou — ele deixa
escapar.
— Will! — nós três gritamos, em estado de choque.
— O que? — Will levanta as mãos, encolhendo os ombros. —
Lembra daquela vez que você e a mamãe brigaram porque aquela moça
bonita na cafeteria que costumava ir para a faculdade com você deu a
você um pedaço de papel com o número do telefone dela? Quando você
estava brigando, ouvi mamãe dizer que se ela não tivesse engravidado,
você não teria se casado. O que significa engravidar, afinal?
Lex e eu olhamos um para o outro imaginando como Nikki e Rocky
vão escapar desta.
— Veja bem, mamãe e papai estavam incrivelmente zangados um
com o outro naquele dia e disseram algumas coisas ruins. Depois,
conversamos e nos desculpamos. — diz Nikki, tentando manter o
sorriso agradável. — Sinto muito que você tenha ouvido isso porque foi
uma briga muito boba.
Will acena como se entendesse. — Mas isso não explica a parte da
gravidez?
— Olha, chegamos — Lex anuncia, apontando para o estádio.
— Oh, uau — Will exclama, seu rosto contra a janela. — Lex, você
pode sentar ao meu lado durante o jogo? Quero praticar meus
comentários, assim como o papai.
— Claro, amigo.
Rocky murmura um 'obrigado' para Lex, e a típica Nikki não diz
nada.
O estádio está lotado e, claro, Lex se certificou de que não
estávamos sentados na seção regular, garantindo-nos camarotes. Sento-
me entre Nikki e Will. Rocky já está falando com Lex sobre estatísticas,
mas Lex não parece se importar muito. Na verdade, ele realmente
parece gostar disso.
Pedimos uma tonelada de comida - cachorro-quente, batata frita e
nachos - e mencionei que era só para Rocky? Will também está gostando
do jogo, pulando em seu assento sempre que pode e fazendo a Lex uma
tonelada de perguntas como onde ele cresceu, sua cor favorita, seu time
favorito. Até Nikki parece estar se divertindo, embora seu tipo de
diversão seja apontar os jogadores gostosos. Nós rimos e,
imediatamente, Rocky sabe que estamos falando sobre os homens.
— Ele não é melhor do que eu. — Ele grita de vez em quando.
Em algum momento durante a sétima entrada, Rocky leva Will ao
banheiro e Nikki se junta a eles, deixando Lex e eu sozinhos. Estou
determinada a não ser a chamada cadela fria que aparentemente me
tornei, acolhendo uma conversa amigável.
— Então… — nós dois dizemos ao mesmo tempo, seguido por
uma risada.
— Sinto muito por ontem à noite — interrompo, desesperada
para desabafar. — Eu estava bêbada e não me lembro de muita coisa.
Mas, pelo que me lembro, disse algumas coisas para magoá-lo que não
deveria.
Sua expressão permanece fixa, mas ao olhar de perto, seus olhos
dão um sinal de alívio. Nas últimas horas, ele não me empurrou com suas
palavras ou me controlou de maneiras que só ele sabe. O Lex com o qual
me acostumei nas últimas semanas não é o homem sentado ao meu lado.
Algo mudou da noite para o dia para trazer de volta o velho Alex que eu
conhecia e amava.
— Charlotte, eu entendo. Eu honestamente faço. Eu te machuquei
de mais maneiras do que posso imaginar. Não sei mais como consertar
as coisas. Não sei o que você quer.
— Tudo sobre nós sempre foi pouco convencional. Nunca tivemos
a chance de ser amigos sem envolver emoções. Isso é o que eu quero.
— Só para sermos amigos? — ele pergunta, uma leve mágoa
registrando-se em seus olhos.
— Não, eu quero que comece assim. Não posso prometer nada a
você, não posso prometer o que o futuro reserva, mas só quero conhecê-
lo novamente. Eu entendo se você não quiser isso.
— Na verdade, parece uma boa ideia. Então, chega de visitas
noturnas ao meu escritório? — ele provoca.
— Humm... não acho que seja a melhor ideia agora. — Eu sorrio,
não querendo criar uma discussão injustificada entre nós. — Parece
criar atrito entre nós.
— Sim, parece que nos damos melhor quando não estou
transando com você na sua mesa.
Eu curvo meus lábios, deixando escapar uma pequena risada. —
Sim, parece que sim.
Os três retornam, e não demora muito para que Lex leve Rocky
para conhecer alguns comentaristas esportivos e outros figurões no
camarote corporativo. Nikki e eu sentamos lá enquanto Will se move
algumas fileiras para baixo para esperar que os jogadores se aproximem
para que possam assinar seu boné.
— Eu sei que preciso conversar, Nikki. Para encurtar a história,
por enquanto, eu disse a ele que precisamos de um novo começo.
Precisamos aprender a ser amigos.
— De acordo. Quero dizer, sim, eu entendo que o sexo é gostoso,
e não quero admitir que ele é um filho da puta gostoso mesmo que faça
meu sangue ferver, mas se é isso que você quer, Charlie, então você
precisa começar com o básico. Isso não é mais o ensino médio, vocês
dois são adultos — ela aponta, mantendo sua expressão fria. — Então,
comece com as perguntas importantes, como com quantas mulheres ele
dormiu desde que deixou você?
Eu me viro para encará-la – com certeza ela tem um forcado na
mão. — Em primeiro lugar, essa não é uma questão importante. Você
acha que eu tenho algum tipo de desejo de morte? Além disso, e se ele
me perguntar?
— Então, você diz a ele.
— Isso inclui boquetes?
— Nunca fui tão técnica. Eu acho que sim.
— Então, qual é o seu número mágico?
— Vamos ver. Teve um cara com quem perdi minha virgindade,
então namorei com ele por um ano no ensino médio. Ele me traiu, então
eu transei com o melhor amigo dele. Cruel, eu sei. Depois, alguns caras
antes de conhecer Rocky. Acho que seis, no total.
— E Rocky?
— O Rocky mulherengo? Ele nem consegue se lembrar... Acho que
parou de contar depois de trinta.
Eu ri. — Bem, ele pode ter sido assim antes, mas, droga, garota,
você tem seu homem chicoteado.
— Eu sei como mantê-lo entretido. — Ela mexe as sobrancelhas.
Os homens voltam com Rocky falando com Nikki sobre a equipe
esportiva que ele conheceu e algo sobre almoçar com eles na segunda-
feira. Caminhando de volta para nós lentamente, Will parece cansado
com sua excitação passando.
— Vocês levam o SUV para casa. Se Lex não se importar, eu
gostaria de levá-lo para sair.
Lex olha para mim, inclinando a cabeça para o lado, surpreso. Nos
despedimos e pergunto a Lex se ele quer dar um passeio pelo
Rockefeller Center.
Pegamos um táxi até lá, conversando baixinho sobre o jogo até
chegarmos ao nosso destino.
Lex encontra um banco para nós sentarmos perto de onde alguns
artistas estão tocando música. Uma pequena multidão se reúne, famílias
passeando alegremente e os turistas estão fotografando tudo e qualquer
coisa à vista.
— Eu amo isso aqui — eu digo, observando a multidão ao nosso
redor. — Quando vim para a cidade pela primeira vez, ficava sentada
aqui por horas e apenas observava as pessoas passarem. Há algo
calmante nisso.
— Lembro-me de uma vez, acho que tinha doze anos ou algo
assim, mamãe e papai nos trouxeram aqui e fomos patinar no gelo. A
maior queda foi da Adriana… precisou levar pontos na cabeça de tão
ruim. Havia sangue por todo o gelo. Não posso deixar de lembrar disso
toda vez que estou aqui.
— Com que frequência você vem a Nova Iorque?
— Pelo menos uma vez a cada três meses. Depende do trabalho,
claro. Na verdade, nunca estive aqui por prazer... — Ele faz uma pausa,
então ri.
— Eu diria isso.
— Que mente suja, Srta. Mason. — Ele brinca, desviando os olhos
de volta para as pessoas que passam por nós.
— Como estão sua mãe e seu pai? Eles ainda moram em Carmel?
— Eles passam o verão lá, mas a maior parte do tempo estão na
estrada. Em vez de se estabelecer no hospital, papai viaja pelo mundo
ajudando pessoas que não têm meios para tratamento médico.
Das conversas que costumávamos ter, o Alex que eu conhecia era
apaixonado por ser médico. Ele compartilhava qualidades semelhantes
com seu pai, muitas vezes falando sobre a intensidade da prática da
medicina e como isso o mudou de maneiras que ele nunca imaginou ser
possível.
— Poderia ter sido você — eu o lembro, gentilmente. — O que fez
você finalmente desistir?
Deslocando-se no banco, ele coloca as mãos dentro do bolso da
calça jeans, observando um casal à nossa frente se beijando enquanto
tirava uma selfie. Minha pergunta, crua, mas com propósito, empurra a
fronteira entre nós. Preciso conhecê-lo novamente porque perguntas
não respondidas permitem que minha mente fique desenfreada.
— Foi depois que descobri sobre Samantha e o fato de que ela
mentiu sobre o bebê. Voltei de te procurar, e todos me disseram para te
deixar em paz, deixar você viver sua vida do jeito que você merece.
Argumentei, é claro, mas no final ouvi, pensando que eles estavam
certos. — Fechando os olhos momentaneamente, ele belisca a ponta do
nariz antes de abri-los novamente. — Eu não podia ajudar as pessoas,
não no estado de espírito em que estava. Eu confrontei meu avô
primeiro. Ele estava feliz em entregar as rédeas de seu negócio. Eu
concordei em voltar e estudar, inicialmente assumindo apenas uma
pequena parte do trabalho.
— Então o que aconteceu? — Eu pergunto, tentando processar
tudo.
— Tripliquei nossos lucros e a empresa cresceu. Ele ficou
satisfeito e quis passar o resto para mim. Eu disse que não, queria focar
apenas na parte que era minha. Meu pai parou de falar comigo então.
Eventualmente, eu estava indo tão bem por não ter uma vida e trabalhar
24 horas por dia, sete dias por semana. Meu avô faleceu um ano depois
e a empresa ficou para mim.
Não consigo encontrar as palavras certas para dizer. Tantas coisas
não haviam mudado, mas muitas coisas eram completamente
diferentes.
— E você é rico. Tudo valeu a pena — eu digo, admirando sua
tenacidade.
— Eu era imparável — ele respira, quase como se fosse uma
maldição. — O dinheiro, o poder, o controle… eu vivi e respirei, mas não
há como negar que eu estava sozinho.
— Mas Lex, olhe para você… — Eu me viro para encará-lo,
enfiando meu joelho debaixo da minha perna — …você pode ter
qualquer mulher que quiser. Por que você não se acalmou e encontrou
alguém?
Inclinando a cabeça, ele olha para mim com um sorriso malicioso.
— É aí que você está errada. Não posso ter a mulher que quiser. Caso
contrário, não estaríamos sentados aqui como apenas amigos.
Eu permaneço em silêncio, ponderando seu último comentário,
tentando descobrir uma maneira de responder sem afastá-lo.
— Eu só preciso de tempo.
— Estou tentando entender, Charlotte. Acredite em mim.
— Eu sei que você está. — Eu inclino minha cabeça, brincando
com um fio solto no meu jeans. — E eu agradeço por me dar isso.
Uma brisa fresca passa por nós. Soltando um estremecimento, Lex
me avisa que está prestes a colocar o braço em volta de mim para me
manter aquecida. Bons amigos fariam exatamente isso. Eu rio de sua
desculpa patética, mas permito que ele faça isso de qualquer maneira,
gostando de como é bom.
— Então, alguma coisa emocionante esta semana?
— Emocionante, não. Ocupada, sim... — ele hesita, mas não tenho
certeza do porquê. — Vou voltar para Londres na segunda-feira. Estarei
lá por duas semanas, depois voltarei para trabalhar na abertura do novo
escritório.
Faz sentido agora. A última vez que ele me disse que estava indo
para Londres, agi como uma criança mimada e fugi dele.
— Você está com raiva de mim?
— Não. Me desculpe por ter me comportado como uma criança
petulante na última vez que você teve que partir. Entendo perfeitamente
seus compromissos de trabalho. Há sempre e-mail, mensagens de texto,
Facebook, Skype e tweets. Tenho certeza de que podemos encontrar
maneiras de conversar um com o outro.
Ele ri, balançando a cabeça. — Não tenho tempo para redes
sociais.
— Bem, então podemos nos ater às boas e velhas mensagens de
texto.
— Parece bom.
Não quero terminar a noite, mas é tarde e estou exausta depois da
noite passada. A multidão se dispersa lentamente deixando-nos quase
sozinhos para admirar a bela vista à nossa frente. Os arranha-céus estão
iluminados e nunca me senti tão em casa, aqui, nesta cidade grande.
Mas talvez não seja a cidade.
Talvez seja a pessoa ao meu lado.
— Onde você fica quando está aqui?
— O Waldorf, minha casa longe de casa. Quando o chefe de
cozinha sabe exatamente o que você come, você sabe que está bom.
— Ou muito dinheiro — acrescento.
— Sim, isso também. Você está livre amanhã para o almoço?
Esta noite está indo tão bem e não quero estragá-la. Posso mentir,
mas que tipo de amizade estou tentando construir com base em
mentiras e enganos? É agora ou nunca.
— Eu não quero brigar, Lex — eu passo cautelosamente. — Mas
estou tomando um brunch com Samantha.
— Samantha. Certo. — Sua expressão aperta, o súbito cruzamento
de braços revela que ele não está satisfeito. — Posso perguntar por quê?
— Negócios. Assuntos confidenciais. Legal... se você puder ler nas
entrelinhas.
— Certo.
— Mas estou livre amanhã à noite?
Com um sorriso promissor, ele coloca as mãos de volta nos bolsos.
— Soa perfeito.
— É um encontro. Não, desculpe, esse é o termo errado para
usar… uma conversa amigável envolvendo algo delicioso para comer.
Incapaz de disfarçar um sorriso malicioso espalhado por todo o
seu lindo rosto, ele abaixa a cabeça, deixando escapar uma pequena
risada. Eu posso dizer que ele quer dizer alguma coisa até que
finalmente faz um clique, e minha risada me consome.
— Ok, eu sei. Eu andei direto para isso. — Dou um tapa na testa,
balançando a cabeça, envergonhada. — É bom ver que não sou a única
com a mente suja, Sr. Edwards.
Nós nos levantamos e caminhamos até a rua repleta de táxis. Não
quero me despedir, mas preciso, aprendendo a me conter. Se vamos ser
amigos, tenho que obedecer às minhas próprias regras.
Regra número um - evite todo contato físico.
— Obrigado, Charlotte. Por hoje à noite. — Ele se inclina e beija
minha bochecha suavemente.
Cada parte de mim quer agarrá-lo, levá-lo de volta para minha
casa e fazer amor com ele. Mas esse negócio de 'amigos' é imperativo
para o que nosso futuro reserva.
Não posso mais negar que tê-lo de volta em minha vida não me
deixa feliz.
E isso se torna parte de um problema maior.
Minha felicidade se apegou a ele, a nós. De novo.
CAPÍTULO TRINTA E OITO

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

Fazia um mês desde a noite do show ou, para ser exata, a noite em
que Alex e eu finalmente transamos.
No espaço de um mês, transamos sabe Deus quantas vezes em
lugares diferentes e em tantas posições que justificariam uma
continuação do Kama Sutra. Alex era insaciável e cada parte de mim
estava desesperada por mais. Algumas vezes fiquei preocupada que
fôssemos pegos, mas de alguma forma, inventamos um álibi. Isso foi até
o diretor entrar em contato com meu pai sobre minhas três ausências
em duas semanas e queria ter certeza de que eu estava bem.
— Charlie, você pode, por favor, explicar isso? — Papai deslizou
o bilhete sobre a mesa. Era uma carta endereçada ao papai pedindo que
autorizasse minhas faltas na escola. — Olha, Charlie, o que está
acontecendo? Você é uma aluna nota A. Adriana está obrigando você a
faltar à escola?
Hesitei, procurando uma desculpa válida. — É estúpido, e eu sinto
muito, pai. Tem esse cara na escola. Eu gosto dele, e ele meio que disse
algumas coisas não tão legais, então eu o tenho evitado — eu menti.
Balançando a cabeça com desapontamento, ele abaixou a cabeça
enquanto beliscava a ponta do nariz. — Charlie, desde quando um
garoto faz isso com você? Eu criei você melhor do que isso. Eu vejo como
você está com Finn. Ninguém te dá merda.
— Eu sei, pai. Sinto muito, não vai acontecer de novo. Você tem
razão. Eu preciso encontrar meu poder feminino e não deixar um garoto
me afetar.
Ele esfregou a barba e olhou para mim antes de se inclinar para
assinar a carta. — Eu confio em você, Charlie, é melhor que isso não
aconteça novamente. Você me entende?
— Sim, pai. Desculpe.
Depois que o almoço terminou e os pratos foram lavados, eu disse
ao meu pai que estaria no meu quarto estudando. Eu tinha que admitir
que mentir constantemente era cansativo, mas não tinha intenção de ser
pega ou desistir de Alex. Eu precisava entrar em contato com ele, apenas
um texto seria o suficiente. Usei nosso código caso ele estivesse com ela.
EU
Oi Alex, Adriana te pediu aquele livro que estamos estudando em
inglês? Ela disse que você tinha uma cópia sobressalente em casa.

Esperei impacientemente que ele respondesse, incapaz de me


concentrar em estudar. Eu precisava dele, só por um momento, e então
terminaria meu trabalho de história.
ALEX
Oi querida, estou fora em uma hora. Alguma chance de nos
encontrarmos? Sinto sua falta.

Um sorriso enfeitou meus lábios. Eu não tinha ideia de como


poderia sair agora, sendo uma tarde de sábado e meu pai tirou a noite
de folga.
EU
Encontre-me no fundo da biblioteca.

Agarrando rapidamente meus livros e mochila, tentei andar como


um ser humano normal e não com pressa de encontrar meu namorado
casado. A escada provou ser complicada, pois quase caí nos últimos
degraus porque meus cadarços estavam desamarrados.
— Pai, vou para a biblioteca por uma ou duas horas antes de
fechar. Posso pegar algo para o jantar, se quiser? — Eu gritei da porta da
frente.
Ele entrou na sala, arrastando os pés desajeitadamente. Ele abriu
a boca para dizer algo e depois a fechou.
— Sim? Não? — Eu perguntei, tentando me apressar.
— Eu, uh... meio... uh... tenho planos para jantar esta noite — ele
murmurou.
— Oh, eu vejo. — Eu ri porque era muito diferente do meu pai ser
tímido. — Ok. Divirta-se no seu encontro, pai.
Nos encontramos atrás da biblioteca, mas em vez disso, ele queria
me levar a algum lugar. Caminhamos cerca de quinze minutos por uma
trilha até que ela se desenrolou diante de mim - um belo penhasco. Era
plano, mas coberto de orquídeas florescendo ao nosso redor. O sol
brilhava perfeitamente sobre ele e as borboletas voavam no ar. Parecia
o paraíso, era tão surreal.
— Alex, é lindo — eu engasguei.
— Assim como você. — Ele ficou atrás de mim trilhando beijos no
meu pescoço. Fechei os olhos, sentindo seu hálito quente na minha pele
com o cheiro fresco das orquídeas no ar. Ele me pegou pela mão e
colocou sua jaqueta no chão.
Enquanto nós dois nos sentamos, ele me segurou, cantarolando
uma melodia.
— Baby? — ele murmurou em meu ouvido.
— Sim?
Ele não percebeu que gestos simples como me chamar de 'baby'
despertavam coisas lá no fundo, coisas que eu nunca havia sentido antes.
Como se ele estivesse alcançando aquela parte da minha alma que eu
estava tentando desesperadamente segurar, uma parte que eu sabia que
se eu deixasse ir, estaria com ele para sempre e mais ninguém.
— Vire-se, olhe para mim — ele implorou.
Eu me movi para que meus olhos encontrassem os dele. Uma parte
de mim estava com medo de que ele fosse me dizer o que eu temia o
tempo todo, que precisávamos parar. Seus olhos brilhavam como uma
bela e brilhante esmeralda que me hipnotizava todas as vezes, me
levando a um transe.
Parecia que minutos se passaram enquanto seus olhos olhavam
nos meus como se estivessem jogando um jogo de quem vai piscar
primeiro, mas havia uma calma estranha, e nenhum de nós iria recuar.
— Te amo mi niña, te amo minha menina — Ele respirou.
Com os olhos ainda fixos em mim, meu coração parou porque ele
disse essas palavras. Essas palavras que nenhuma outra pessoa jamais
me disse, aquelas palavras que mudaram tudo sobre nós, quem éramos
e o que estávamos fazendo. Prendi a respiração sem saber que estava
fazendo isso.
— Eu te amo, minha menina. Desde que nos encontramos na noite
em que voltei. É você, sempre foi você. — Ele parou, esperando que eu
dissesse alguma coisa. — Você não precisa dizer nada. Eu só precisava
te dizer. Eu não aguentava mais.
— Eu também te amo, Alex.
— Você faz?
— Não posso mais negar. Eu te amo tanto que dói. Não consigo
dormir, não consigo comer e não consigo ser um ser humano normal. É
como se tivesse consumido tudo de mim.
Alex beijou meus dedos com um sorriso despretensioso. Ele
continuou a cantar, a mesma música que cantou para mim naquele dia
ao piano. Ignorei as memórias dolorosas ligadas a isso - foi o dia em que
pensei que meu coração oficialmente havia parado de bater.
Em vez disso, permiti que o calor me percorresse enquanto ele
cantava aquelas palavras, e não pude deixar de cantar junto com ele. A
melodia só aumentava esse momento encantado em que nada mais
importava no mundo, nada além de Alex e eu.
Foi lá, no meio do campo com o sol brilhando sobre nós, que o
homem que eu amava e ele me amava em troca, fez amor doce e
apaixonado comigo.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE

LEX

PRESENTE

Há certos momentos em minha vida que nunca esquecerei, um


momento destinado a ficar gravado em minha memória, e nenhuma
medida de tempo irá apagá-los.
Este é um daqueles momentos.
Charlotte caminha em minha direção e, quase como se eu
estivesse suspenso no tempo, sua beleza me hipnotiza. O vestido
vermelho que ela está usando é simples, mas elegante, acentuando sua
figura deslumbrante. Seu longo cabelo castanho flui para baixo e se
aninha sobre o ombro para um lado com as mechas macias
emoldurando seu lindo rosto. Seus olhos espelham os meus, brilhando
enquanto seu sorriso irradia em seu rosto, um sorriso que atinge seus
olhos.
Nunca fui de ficar sem palavras, mas sua beleza continua a me
surpreender. Esta noite ela será minha, embora eu saiba que concordei
em ser amigo.
Meu desespero para mantê-la em minha vida, apesar das
circunstâncias, será extremamente difícil. Não consigo estender a mão e
tocá-la, embora ela esteja ao meu lado. Não haverá como invadir sua
vida pessoal e perguntar se ela terminou com ele - provavelmente vou
morder meus lábios sobre isso. Sempre controlei o que faço, ninguém
dita condições para mim, mas aqui estou nove anos depois tentando
fazer amizade com a garota que é minha razão de respirar. Como diabos
vou passar esta noite sem atacá-la no carro?
— Você está tentando me matar, Charlotte?
— Não tenho certeza do que você está se referindo, mas como
seus olhos não deixaram este vestido, minha resposta é não. Acontece
que eu realmente gosto deste vestido, e uma amigo não mataria outra
amigo, não é? — Ela pisca os cílios, ativando o charme.
— Então, sim, você está tentando me matar.
Dentro do carro, sentamos com o assento do meio vago entre nós.
De vez em quando, uma brisa suave vem em minha direção, e seu cheiro
permanece causando todo tipo de desconforto. Isso é mais difícil do que
eu pensava, e só se passaram vinte minutos.
— Então, onde você está me levando esta noite?
— Você vai ver.
Prefiro manter nosso destino em segredo, embora saiba que ela
está desesperada para saber. Em vez disso, ela se senta em silêncio
observando a cidade passar por nós. Ao chegar ao cais, ela estreita os
olhos, fazendo uma careta, antes de se virar para mim em busca de
respostas.
— Agora, você vai me dizer?
O carro para e eu saio para abrir a porta, pegando sua mão
enquanto ela desce.
— Você vê aquele iate ali? — Eu indico.
— Aquele marcado com patos?
— Não, Charlotte. Aquele por trás disso.
Com a boca aberta, seus olhos se arregalam quando ela finalmente
vê o iate. O Sr. Vandercamp teve a gentileza de me emprestar na noite
do baile beneficente, pois não tinha certeza de quanto tempo ainda o
teria.
— OMG, Lex, é enorme!
— Obrigado, fico feliz que você pense assim.
Ela gentilmente soca meu braço, sabendo muito bem que eu não
poderia deixar esse comentário escapar.
Descemos até o cais onde o capitão nos cumprimenta, então
embarcamos no iate e nos sentamos perto da vela. Quando começamos
a sair para o mar, Charlotte relaxa os ombros, a brisa do mar
bagunçando seu cabelo lindamente penteado. Isso não parece
incomodá-la, e eu acolho a vibração fria enquanto nós dois observamos
silenciosamente a cidade passar por nós.
O capitão encontra um local para atracar. Com um aperto firme em
sua mão, eu a conduzo para o convés onde uma mesa de jantar está
arrumada. Ok, então eu exagerei um pouco e tive um jantar à luz de velas
esperando. O dinheiro pode fazer coisas maravilhosas para sua vida
sexual.
— Lex — ela suspira.
Eu a convido a se sentar e deslizo em sua cadeira. Um garçom
aparece do convés inferior, servindo-nos vinho, depois lê os diferentes
pratos que começará a servir pouco antes de voltar correndo para a
cozinha.
— Isso é incrível, mas você sabe que isso parece mais um
encontro do que um jantar amigável — ela brinca.
— Bem, você pode ser minha primeira amiga, então não tenho
certeza do que é classificado como namoro ou amizade. Não saio com
mulheres e não tenho amigos.
— Lex, isso é ridículo. Claro, você tem amigos e, por favor... como
se não namorasse ninguém há oito anos.
— Eu nunca tenho tempo para amigos. O trabalho é a minha vida.
Sim, existem pessoas que talvez possam ser chamadas de amigas, mas
não estou andando pela cidade como melhores amigos ou o que quer
que vocês chamem hoje em dia.
— E namoro? Certamente, você fez sexo em oito anos.
— Eu nunca disse que não fazia sexo. Eu disse que não namorei.
— Oh.
— Cuspa — eu ordeno.
— Cuspir o que?
— Seja o que for que você vai me perguntar porque eu te conheço,
seu rosto é tão óbvio.
— Não é nada. É apenas algo que Nikki disse e, acredite,
provavelmente não é algo que você queira discutir.
— Ok, bem, agora você me deixou curioso.
— Lex, acredite em mim, você não quer discutir isso.
— Não, Charlotte, você disse que éramos amigos. Amigos
compartilham detalhes de assuntos que lhes são caros.
Ela hesita enquanto eu bato o pé com impaciência. Temos a noite
toda, e o objetivo dessa coisa de 'amigos' não é tentar nos conhecermos
novamente?
— Nikki pensou que, se vamos ser amigos e sermos abertos um
com o outro, devemos começar dando um ao outro nossos números
sexuais. A ideia não é minha, e eu avisei você.
Porra. Eu não esperava por isso, e agora é tudo em que consigo
pensar. Eu nem sei com quantas mulheres já estive, mas o mais
importante, meu estômago revira pensando no número dela. Charlotte
é gostosa, ela pode ter qualquer homem que desejar. Claro, sua lista é
enorme. Não, espere, mas ela não é assim.
Por que diabos eu a forcei a se abrir comigo?
— Eu te disse. — Ela sorri, cruzando os braços.
— Qual é seu número? — Eu pergunto, cerrando os dentes.
Que número me faria feliz? Porra, zero, mas porra é pouco
provavel. Ela está noiva dele.
Eu enrolo meu punho em uma bola, tentando o meu melhor para
não quebrar a garrafa na minha frente. Controle sua raiva.
— Eu não tenho um desejo de morte. Precisamos sair desse
assunto.
— Responda-me, Charlotte — exijo em voz baixa. — Você quer
ser honesta? Esta é a sua chance. Além disso, qual é a pior coisa que
posso fazer?
A pergunta não tem resposta. Já fiz muitas coisas na minha vida,
muitas das quais não me orgulho. Eu vi coisas, conheço pessoas no
mundo subterrâneo, e se houver uma chance de perder a única coisa na
minha vida que significa mais para mim do que qualquer coisa, farei o
que for preciso, seja bom ou ruim.
— Não tanto quanto você pensa, então esqueça.
— Número.
— Tudo bem! Cinco. Você está feliz agora?
A raiva brota dentro do meu peito. Flexionando meus dedos, eu
respiro fundo tentando me acalmar. Não posso perdê-la agora, não por
causa do meu comportamento.
— Não, não estou, Charlotte. Por que eu ficaria feliz que outra
pessoa tivesse as mãos em você?
— Ok, então me dê o seu? eu aguento. Eu sou uma garota crescida.
Como o que? Mais de cem?
Não faço ideia porque nunca me importei, nunca perguntei nomes,
nunca passei a noite ou abracei ou fiz qualquer coisa assim. Eu usava
camisinhas e as mandava embora. — Vamos parar com isso.
— Besteira. Se eu tivesse que te contar, seria justo.
— Charlotte, eu não sei. Sexo era apenas isso, sexo sem sentido.
Sem anexos, sem nomes, não mais do que uma vez.
— Uau.
— Uau o quê?
— Não sei. — Ela abaixa a cabeça. — Quero dizer, é claro, você fez
sexo... mas ai.
— Olhe para mim, Charlotte. — Eu seguro seu queixo, levantando
seus olhos para encontrar os meus. — Eu senti sua falta, porra, e doeu
como o inferno. Achei que me fariam esquecer, mas não. Se eu pudesse
fazer do meu jeito, seria apenas você pelo resto da minha vida, mas não
sou eu quem manda aqui.
Charlotte fica sentada em silêncio, mexendo nervosamente no
pingente que dei a ela. O silêncio é ensurdecedor, então faço a única
coisa que um idiota como eu faria, volto a conversa para ela, de volta
para o número cinco.
— Então, cinco então?
— Lex, não... por favor.
— Mas nós somos amigos, e não adianta esconder as coisas um do
outro. Quem eram eles?
— Sério, você vai virar isso contra mim. Não fui eu que fodi com
todo os Estados Unidos.
— Charlotte, por favor, não. Desculpe.
— Bem, você sabe o quê? — ela começa, seus olhos queimam com
uma chama furiosa. — Já que você fez a pergunta, aqui vai. Levei dois
anos e vinte e seis dias depois que você me deixou para poder beijar
outra pessoa. Exatamente três anos e oitenta e seis dias desde o dia em
que você me deixou para eu fazer sexo com outro homem. E mesmo
assim, todas as pessoas com quem eu estava, todos os cinco, iriam
escapar do buraco de merda em que você me deixou.
Suas palavras me cortaram fundo, todas as suas ações são
premeditadas por minha causa. Eu quero tomá-la em meus braços e
beijar todas as cicatrizes, mas o ciúme é uma força a ser reconhecida. É
feio, incontrolável e, no meu caso, embutido em mim.
Fechando meus olhos por um breve momento, eles se abrem com
uma visão mais clara. — Justin Timberlake era um dos cinco?
Leva um momento, mas eventualmente, apenas nos cantos de sua
boca, vejo um pequeno sorriso aparecer.
— Se fosse, eu teria um anel no dedo e você estaria oficialmente
jantando com a Sra. Timberlake.
— Foi uma coisa estúpida para nós trazer à tona, mas está em
aberto, e estou mais do que feliz em colocar isso no cofre de conversas
que nunca devem ser levantadas novamente — eu digo a ela,
educadamente.
— Sinto muito também, Lex. Você é o cara. Não sei por que isso me
chocaria. Quero dizer, Jesus, olhe para você. Teria sido impossível para
você ser celibatário.
— Estou tentando aqui, Charlotte. Isso é mais difícil do que eu
pensava. Não posso negar o fato de que quero que você, toda você, seja
minha. — Eu seguro a mão dela enquanto digo as palavras, e ela me
deixa fazer isso por um minuto antes de se afastar.
— Eu preciso de tempo, Lex. Por favor, não me pressione.
Eu sou um novato nessas coisas de relacionamento. Quero dizer,
foda-se, eu não conseguia nem segurar um casamento sem ter uma
porra de um caso. Algumas coisas eu não tenho controle.
O garçom aparece novamente com nossa entrada, nós dois
comendo em silêncio, conversando um pouco antes de ele voltar com o
prato principal.
— Então, eu queria agradecer novamente pelo meu presente de
aniversário. Significa muito para mim.
Brincando com o pingente entre os dedos, seu olhar se volta para
o mar, um olhar aberto seguido de silêncio. Estou surpreso que ela tenha
levantado o assunto para começar. Ela estava pronta para falar sobre o
que quer que a estivesse incomodando?
— Eu sei que isso significa algo para você. Caso contrário, você
não teria tatuado em sua pele. Você odeia agulhas. — Deixando escapar
uma pequena risada, eu me lembro da vez que tive que dar a ela uma
vacina contra a gripe.
— É verdade, mas com o tempo fui melhorando. Eu só precisava
de um lembrete de que não importa o que a vida jogue em você, sempre
há tempo para renascer e ser o melhor que você pode ser.
— Bem, você é incrível. Quero dizer, na sua idade, ter realizado
tanto, dado o que aconteceu... — Eu hesito, sem saber o que dizer a
seguir.
Como se sua mente estivesse distraída com outro pensamento, eu
dou a ela um momento, não querendo pressioná-la. Os momentos
passam sem palavras e, eventualmente, sugiro que subamos para o
convés principal.
— Então, você mora em Londres? Como é a sua casa? Aposto que
é tudo minimalista e quente. — Ela muda de assunto, o que eu aprecio.
— É fria e sem vida. Moro na cobertura do meu prédio. É grande,
mas honestamente, raramente estou lá.
— Ok, então qual é o melhor lugar que você já visitou?
— Humm, eu teria que dizer as ilhas gregas.
— Para férias ou trabalho?
— Sempre trabalho. Temos um novo cliente baseado na Grécia.
Quando fui, o CEO garantiu que as reuniões fossem realizadas nas ilhas,
então tive um gostinho do mercado e da cultura. As pessoas eram
extremamente amigáveis e a comida era fantástica.
— É por isso que você está tão bronzeado agora? — ela zomba
com um sorriso brincalhão.
— Isso seria graças a uma viagem de negócios à Tailândia alguns
meses atrás.
Ela ri, e eu não tenho certeza do que é tão engraçado.
— Hum, então a Tailândia é famosa por travestis. Eles estariam
no paraíso vendo você.
— Charlotte, eu não sei o que você está insinuando, mas eu não
pago por sexo, e acho que é bastante óbvio quais são os meninos e quais
são as meninas.
— Você gostaria de pensar assim, certo? Basta perguntar a Rocky.
— Ela irrompe em uma bola de riso segurando seu estômago.
Eu participei, mas o choque é demais. — Sem chance!
— Ele não dormiu com uma, mas seu contato próximo foi o
suficiente para mandá-lo para um esconderijo por dias.
O pensamento é hilário e rimos pelo que parece uma eternidade.
— É lindo aqui fora — ela murmura, olhando para as estrelas.
O oceano permanece calmo. A lua brilha forte e as luzes da cidade
brilham no horizonte. É uma visão incrível, mas ela sentada ao meu lado
torna isso um milhão de vezes melhor. Ela estremece um pouco, então
tiro meu paletó e a coloco sobre seus ombros. Por um momento, ela
fecha os olhos e, quando os abre, parece satisfeita.
Ficamos sentados conversando sobre trabalho, contamos mais
histórias engraçadas sobre Rocky e a vida em geral. Está ficando tarde e
não quero que a noite acabe, mas o iate precisa voltar e tenho um voo
matinal.
Uma hora depois, estávamos na frente do prédio dela tentando
nos despedir. Sabendo que não a verei por duas semanas inteiras,
gentilmente coloco um cacho solto atrás de sua orelha, tentando me
distrair da sensação horrível que se forma na boca do estômago.
— Obrigada por esta noite, Lex. Eu sei que não começou bem, mas
terminou maravilhosamente.
Minha mão permanece em sua bochecha. Ela está se sentindo tão
desesperada quanto eu? Espero um sinal porque sou um filho da puta
impaciente.
— Charlotte…
— Eu tenho que ir. — Ela me entrega meu paletó com um sorriso.
— Faça uma boa viagem, Lex.
Enquanto ela desaparece em seu prédio, volto para o carro com
um grande peso nos ombros.
Isso é muito mais difícil do que eu pensava.
Três fodidas vezes eu me masturbei apenas para adormecer. Meu
pulso está torcendo de dor, mas a maldita coisa não desce depois da
primeira ou segunda vez. Na terceira, estou exausto e adormeço cercado
de lenços.
Mas naquela noite sonhei com Charlotte, seu cabelo soprando
contra sua pele, deitada nua ao meu lado. Quando me inclinei para beijar
seus lábios macios, paro, inconsciente de uma obstrução. Abaixando
meu olhar, sua barriga está em plena floração.
Ela está grávida de um bebê, e é meu.
Criamos uma vida juntos.
Quando o sol nasce pela manhã, acordo em uma cama vazia.
Apenas eu, sem ela, e não mais perto dos sonhos que me
atormentam durante o sono.
CAPÍTULO QUARENTA

CHARLIE

Eu o segurei, minha respiração rasa, a cabeça jogada para trás com


os olhos semicerrados enquanto ele se movia lentamente contra mim.
Ele tomou seu tempo, saboreando cada parte do meu corpo. Seus
dedos percorreram meu corpo, me fazendo tremer. Meus mamilos ficaram
eretos, eu sabia que ele adorava isso. Como um animal faminto, ele
deslizou as mãos para trás, segurando meus seios e beliscando-os
levemente.
Como se meu corpo estivesse possuído, eu me movi mais rápido,
empurrando-me para baixo com mais força e aquela sensação, está
subindo, subindo alto, quase lá.
Puxando-me para ele, ele parou. Acariciando suavemente meus
lábios, ele me beijou como se fosse nosso primeiro beijo. Sua língua macia
rolando sobre a minha, me provando, e lentamente ele moveu seus
quadris.
A subida começou a crescer novamente.
Ele agarrou minha mão e entrelaçou seus dedos nos meus. Eu
segurei, e então ele me beijou, no meu dedo onde estava a aliança de ouro.
— Eu te amo, minha esposa.

Acordo assustada, encharcada de suor, incapaz de determinar


onde estou.
É apenas um sonho.
Fechando os olhos, tento voltar ao sonho incrível, jogando o
cobertor sobre a cabeça em busca dessa fuga feliz. É inútil. Estou bem
acordada e agora estou tentando interpretar o que o sonho significa.
Casamento e Lex. É isso que eu quero?
Eu poderia ser sua namorada e ser feliz apenas com isso?
Estou seriamente pensando demais nisso.
Depois do nosso jantar ontem à noite, saí me sentindo ainda mais
em conflito com a situação. Frustrada, tiro meu cobertor e saio para
correr.
São cinco da manhã, possivelmente meu primeiro treino de todos
os tempos, mas eu seria amaldiçoada se tivesse ficado deitada na cama
tentando aliviar a frustração. Depois das três tentativas da noite passada
com um final leve e insatisfatório, cancelei um dia depois que meu pulso
não conseguia mais se mover fisicamente e aquele maldito vibrador de
cristal estava me pesando.
Tenho que encarar os fatos de que nada pode se comparar à coisa
real.
Corro por uma hora direto até minhas pernas ficarem bambas e
meu moletom começar a feder.
— Charlie... Charlie — eu ouço meu nome, diminuindo meu ritmo.
É Kate, e assim como eu, ela está suando em bicas e tentando
recuperar o fôlego enquanto conversamos.
— Ei, Kate. Desculpe, eu estava em la-la land de novo.
Sentamo-nos no banco mais próximo, ambas suspirando. Rimos
ao perceber como parecemos patéticas enquanto os outros corredores
aceleram, parecendo tão medalhistas olímpicos com suas roupas de
corrida sofisticadas e pesos de braço ridículos.
— Oh não, você ainda não resolveu o triângulo amoroso? — Ela
arfa, ainda tentando recuperar o fôlego.
— Argh, eu não sei o que estou fazendo. Estou tentando seguir o
caminho maduro e ser amiga de um deles, mas está saindo pela culatra.
Eu sinto falta dele e estou tendo abstinências. — eu gemo.
— Ótimo sexo fará isso com você.
— Eu me pergunto se é assim que é ser um viciado em crack na
reabilitação. Não é de admirar que eles recaiam tantas vezes — eu me
pergunto em voz alta.
— Bem, você teve uma recaída?
— Não, mas eu estava tão perto de convidá-lo para passar a noite
ontem à noite. Quer dizer, as palavras estavam penduradas na minha
língua. Meu corpo estava no inferno porque ele parecia um deus do sexo.
E a noite toda, o flerte... — Balanço a cabeça, tentando limpar a imagem.
— Bom para você. Um pouco de força de vontade nunca fez mal a
ninguém. E o outro cara?
— Ele me deu a chave de sua casa como presente de aniversário.
Julian é impecável, você sabe. Não posso pedir um noivo mais perfeito
do que ele. — Curvando a cabeça, não quero admitir o que já sei.
— Mas não é ele que está abalando tanto o seu mundo a ponto de
você nem conseguir se levantar de manhã sem acordar em uma poça de
suor porque passou as últimas oito horas sonhando com ele.
Ela é seriamente psíquica?
— Você disse isso, garota. Como estão as coisas com sua querida
lá embaixo?
— Estou confusa. Achei que confiava nele, mas continuo ouvindo
histórias de amigos, e elas não batem com o que ele me conta, então...
não tenho certeza. — Ela enterra a cabeça nas mãos, levantando o olhar
momentos depois, com o rosto preocupado. — Como, por exemplo,
liguei e a mãe dele disse que ele estava dormindo e depois verifiquei o
Instagram. Uma das minhas amigas postou esta foto dela no clube com
algumas garotas e, ao fundo, vi a nuca dele. Eu sabia que era ele porque
a tatuagem de tubarão é fácil de identificar. Eu tentei ligar para ele, e ele
disse 'sim, desculpe, querida, eu estava com dor de cabeça e fui para a
cama.'
— Sinto muito, Kate. Não parece certo. Eu estaria me sentindo
exatamente da mesma maneira que você. Olha, você precisa confrontá-
lo. Se ele está fazendo isso, então você tem que ir embora e parar de
perder seu tempo.
— Eu sei, mas quero confrontá-lo pessoalmente. Ele está vindo
para os Estados Unidos em três semanas para uma convenção de
surfistas, então eu farei isso. Estou cansada de me preocupar com isso
além do trabalho. Caramba, eu preciso de um feriado enorme. —
Frustrada, ela joga as mãos para o alto.
— Oh, o chefe bastardo ainda está agindo de forma estranha?
— Sim, eu quero perguntar a ele sobre isso. Seu comportamento
recente me deixou muito curiosa, mas você não faz perguntas sobre sua
vida pessoal. Você deveria tê-lo visto toda a semana passada. Gritando
ao telefone, batendo portas... Juro que esta ave está irritando suas penas,
e ela deve ser estúpida para não ver isso.
— Talvez se minha vida amorosa desmoronar, você pode me
arranjar um encontro com ele se ele for tão bonito quanto você diz. —
Eu rio.
— Ah! Algo me diz que ele não vai parar até que ela seja dele. Ele
é tão determinado. Ouça, tenho algumas coisas para fazer, mas estarei
de volta à cidade em algumas semanas. Você quer tomar um café ou algo
assim?
— Parece bom.
Dou-lhe o meu número e ela devolve o dela. Combinamos de nos
encontrar quando ela voltar para a cidade. Estou ansiosa para isso. Kate
é diferente dos meus outros amigos, não tão dramática. Sim, Nikki, Eric
e Adriana são todos rainhas do drama.
— Obrigada por ouvir. Espero que você se aproxime de resolver
seu problema com o Sr. Certo, que está interpretando o Sr. Errado, mas
secretamente é o Sr. Certo.
Ela dá adeus e sai correndo.

Eu tento o meu melhor para mergulhar em nossa reunião de


manhã de segunda-feira e me distrair com o trabalho, mas esse sonho
continua se repetindo em minha mente. Depois do almoço, eu desisto e
mando uma mensagem para ele. Eu sei que ele estará no avião, então
não espero uma resposta instantânea, mas quando sua mensagem
finalmente chega, meu coração pula como uma idiota apaixonada.
No resto do dia, trocamos mensagens de texto até que ele me
pergunte se sinto falta dele. Quero ligar para ele e contar sobre o meu
sonho, como a ideia de ele se tornar realidade me dá arrepios, mas de
um jeito bom. Ainda assim, não sei exatamente que tipo de
relacionamento ele deseja, então a guarda permanece levantada. Aquele
que me lembra todos os dias de ser cautelosa, de não me machucar,
porque se isso acontecer de novo, não vou me recuperar.
Depois de um longo dia, vou para casa e caio na cama me
revirando a noite toda, sem saber se realmente adormeci ou não. Pego
meu telefone e faço o que estou desesperada para fazer: respondo a sua
pergunta e digo que sinto falta dele.
Os próximos dias se arrastam, mas me mantenho o mais ocupada
possível. Passar um tempo com Will ilumina meu humor.
Fazer compras com Eric prova ser um alívio para o estresse até
entrarmos na Victoria's Secret com a intenção de Eric de comprar coisas
para Lex ver em mim.
— Charlie, sério, você arrasaria com isso. — Ele segura uma tanga
rosa fluorescente que na verdade é apenas um pedaço de barbante.
— Eric, qual você acha que é o propósito disso?
— Eu não sei... passar fio dental nas dobras?
Comecei a rir, incapaz de me controlar. Eric se junta a mim. Ele
realmente não tem ideia sobre as mulheres ou o que acontece lá
embaixo.
— Que tal agora? — Ele segura um número rendado.
— Vamos sair daqui — eu digo a ele, pegando a calcinha e
levando-a para o balcão.
Com o passar dos dias, fico impressionada com a quantidade de
trabalho que realizo. Tate finalmente encerra o caso Vandercamp e,
claro, a Sra. Vandercamp está exultante. Acontece que a amante do Sr.
Vandercamp também o deixou, então ela está comemorando por dois
motivos. Normalmente não misturo negócios com prazer, mas quando
ela me convida para um drink comemorativo, não hesito.
É provavelmente meu primeiro fim de semana em Deus sabe
quanto tempo onde passo sozinha. Além de assistir ao jogo de beisebol
de Will no sábado de manhã, passo a maior parte do dia fazendo coisas
chatas. A lavanderia habitual, a limpeza do apartamento e assim por
diante. No final da tarde de sábado, estou me sentindo inquieta e mando
uma mensagem para Adriana perguntando se posso ir até lá.
Vestindo um par de jeans e minha jaqueta de couro, pego meu
capacete e desço as escadas para a garagem. Ainda me lembro do dia em
que Rocky e Nikki me repreenderam por comprar uma motocicleta, uma
compra por impulso há um ano, quando vendi algumas ações nas quais
havia investido anos atrás.
Durante meus anos de colégio, eu pulava na garupa da motocicleta
de Finn e adorava a adrenalina. Sempre esteve na minha lista de desejos
ter uma motocicleta, e prometi a Nikki que teria aulas.
O instrutor era gostoso, e sim, ele foi um dos meus cinco. Durou
três minutos. Três minutos da minha vida que eu nunca recuperaria.
Enquanto acelero a moto, a adrenalina corre por mim. Com meu
capacete, saio da minha garagem e atravesso a cidade e depois a Ponte
Williamsburg. A emoção do passeio é exatamente o que eu preciso. Não
sei por que não faço isso com mais frequência - falta de tempo, acho.
Eu estaciono a moto e tiro meu capacete, deixando meu cabelo
solto. Segurando a moto, subo os degraus, em seguida, aperto a
campainha do prédio de arenito pardo para ser saudada por Adriana.
— Char, isso foi rápido. Como diabos você... de jeito nenhum! —
Ela desce correndo os degraus até minha motocicleta. — OMG, eu amo
isso! É tão Dylan McKay nos 90210 dias.
Ela se senta na motocicleta, fingindo andar nela. — Leve-me para
um passeio, por favor?
— Eu não trouxe meu outro capacete. Na verdade, está
permanentemente no armário de Rocky agora. Ele anda de motocicleta
mais do que eu.
Adriana faz beicinho antes de se retirar. Decepcionada, ela me leva
para cima.
Elijah está no sofá jogando algum jogo do Xbox. Ele para para me
abraçar, então retoma sua batalha com algum lunático empunhando um
machado. Adriana me leva até seu quarto de hóspedes. Ao entrar, não
me surpreende que tenha se transformado em central de casamentos.
— Ok, então reduzi para o vestido rosa pálido ou lilás. Você pode,
por favor, experimentá-los?
Eu não me importo, feliz por que Adriana finalmente terá seu
casamento de conto de fadas. No verdadeiro estilo Adriana, este será um
evento extravagante. Cada pequeno detalhe é escrito, desenhado ou
retratado em sua prancheta.
— Onde está seu vestido, Adriana?
Eu esperei uma vida inteira para ver isso. Ela escolhe vestidos de
noiva desde que tínhamos oito anos, mas só posso supor que seu gosto
mudou muito desde então.
— Ah , sim, tudo será revelado. Quero você, Eric e Nikki na prova
final.
— Estaremos lá. Não perderia isso por nada no mundo. — Eu
sorrio.
Ao experimentar os dois vestidos, concordamos que o rosa é o
escolhido, embora seja um pouco apertado, claro, na região do busto.
— Char, você tem um corpo de matar. Eu morreria para ter seus
peitos. Eles são tão cheios. — Ela agarra meus seios me pegando
desprevenida, então eu bato em suas mãos. — Acho que Lex não
reclama.
— Haha, é muito engraçado.
Adriana senta no chão colocando alfinetes na bainha onde vai
alterar o vestido. Eu fico parada, um pouco presa no momento. Eu me
pergunto como será estar um dia provando meu próprio vestido de
noiva. Será uma renda, algo simples, mas clássico. Não gosto de grandes
casamentos, apenas algo íntimo com familiares e amigos próximos.
Merda! Por que estou pensando nisso de novo?
— Você acha que um dia vai se casar com ele? — ela pergunta,
hesitando um pouco.
— Não sei. Você sabe que eu nunca fui uma daquelas garotas que
sonham com o dia do casamento desde que nasceram como você. — Eu
sorrio para ela conscientemente. — Não pensei no futuro, só pensei
naquele momento. Nós éramos jovens... bem, eu era jovem. Dezoito anos
era muito jovem para eu considerar o casamento.
— E agora?
— Adriana, é complicado.
— O que é tão complicado? Termine com Julian. Lex te ama... você
o ama. Você o perdoou. Hora de seguir em frente e passar o resto de suas
vidas juntos e fazer lindos bebês que eu possa estragar.
O peso de suas palavras pesa em minha alma. Parece muito surreal
ter essa conversa sobre casamento e bebês com Lex. Eu tento esconder
meus sentimentos, mas a onda de pânico corre através de mim como
uma tempestade selvagem acelerando meu coração.
— Char, você está bem?
Ajoelho-me no chão e coloco as mãos sobre o rosto. O peso da fênix
está balançando enquanto eu balanço para frente e para trás. As
lágrimas correm e eu imploro a mim mesma para parar de chorar, para
não quebrar mais, mas os sentimentos são muito fortes.
Adriana deixa cair seu kit de costura, segurando-me com força.
Não há palavras, ela não pede e eu não ofereço. Ela apenas me segura.
Naquele momento, percebo o quanto senti falta e precisei dela, minha
melhor amiga, para lavar minha ansiedade por toda essa triste provação.
— Sinto muito, Adriana — eu engasgo enquanto as lágrimas
escorrem pelo meu rosto.
— Charlie, olhe para mim. — Eu olho em seus olhos, rezando para
que ela entenda. Adriana me conhece melhor do que eu mesma às vezes.
— Você precisa se abrir. Este demônio que você está carregando, você
precisa libertá-lo.
— Eu pensei que eu fiz. Eu estava bem e segui em frente, mas
então ele voltou para minha vida e estou uma bagunça. Eu sinto tanto a
falta dele, mas eu o detesto ao mesmo tempo. Não quero que ele me
machuque de novo.
Ela se agarra a mim, quieta pelo que parece uma eternidade, até
que consigo me recompor. Passando-me uma caixa de lenços, eu limpo
meu rosto, então ela enfia meu cabelo atrás da orelha e sorri.
— Eu não quero pressioná-la. Desculpe. Mas Charlie, você tem
que perceber que Lex sabe o erro que cometeu, e dói para ele todos os
dias por ele ter feito você passar por isso. Não há nada no mundo que
ele não faria por você, e te machucar de novo não é uma opção. Ele te
ama demais.
— Mas Adriana...
— Charlie, Lex era um estranho para nossa família depois que
você partiu. Ele mal falava conosco, com qualquer pessoa, a menos que
fosse relacionado ao trabalho. Ele se isolou do mundo. Ele causava
preocupação sem fim à minha mãe. De repente, você o trouxe inteiro de
novo, e… — ela engasga, pegando um lenço — … eu não posso te
agradecer o suficiente. Sentimos sua falta.
— Seus pais sabem sobre mim? — Eu pergunto, chocada com o
pensamento.
Pode ter sido anos atrás, mas ainda me sinto culpada pela forma
como os tratei. Eles eram pessoas tão boas, me tratando como se fosse
deles, e eu arruinei a família deles.
— Eles viram uma mudança em Lex nas últimas semanas e me
perguntaram o que estava acontecendo. Eu contei a eles sobre você.
— E?
— Mamãe estava feliz. Ela sempre se sentiu péssima pela forma
como tratou você na rua naquele dia. Papai, bem, ele é muito difícil de
ler... muito parecido com o Lex às vezes.
— Adriana, não sei se o perdoei totalmente. Lembro-me da dor
quando ele está perto de mim. Como eu supero isso?
— Você fala com ele. Você diz a ele exatamente como se sente,
exatamente como se sentiu naquela época. Seja cem por cento honesta
com ele.
— É muito cedo. Ainda não posso abrir meu coração. Eu não estou
preparada.
— Faz um mês. Eu não e-entendo… — ela gagueja.
— Porque no momento que eu fizer isso, eu tenho medo que ele
olhe para mim de forma diferente. Preciso estar preparada para isso,
saber que tomei a decisão certa ao ser honesta com ele e ser capaz de
lidar com a reação dele. — Essa é a verdade. Há muito mais que ele não
sabe, e estou com medo que ele fuja. Eu preciso ser forte, é a única
maneira de lutar contra esse suposto demônio que carrego.
— Eu entendo, Char.
Falamos mais sobre o casamento, a recepção e, claro, a lua de mel.
Eles estão hospedados em um resort particular nas Ilhas Virgens como
presente de casamento de Lex. Aparentemente, ele é amigo de Richard
Branson. Às vezes é como se eu não o conhecesse. Ele é um magnata
bilionário que se mistura com a elite do mundo.
— Adriana, Lex é realmente tão rico?
— Perdemos a conta anos atrás. Deus sabe quantas propriedades
ou investimentos ele possui. Todos nós ganhamos uma parte justa
quando meu avô morreu, mas Lex construiu este império. Ele era
imparável, mas, ao dizer isso, também nunca gastou seu dinheiro. Ele
estava trabalhando ou... não, espere, ele estava sempre trabalhando.
Acho que em oito anos ele nem tirou férias.
— Uau. Ele nunca se interessou por dinheiro antes — murmuro.
— Não, ele não estava, mas era como se o possuísse. Não o
dinheiro em si, mas o controle. Era a única coisa que ele podia controlar
em sua vida.
Eu mudo de assunto rapidamente, um pouco desconfortável
falando sobre a riqueza de Lex, mesmo que seja eu quem traga isso à
tona. Não sou uma daquelas mulheres preocupadas com dinheiro,
provavelmente porque tenho o meu. Quando minha avó faleceu, ela me
deixou sua casa em Connecticut e algum dinheiro que herdou de seu pai.
Nunca consigo vender a casa, então alugo para uma boa família que
cuida do lugar. Paguei minha faculdade e fiz um depósito no meu
apartamento e usei parte para começar nossa prática. O restante
coloquei na poupança. Na maioria das vezes, esqueço que está lá. Não
me considero rica nem nada, mas também não preciso me preocupar
com dinheiro.
— Então, eu esqueci de te contar... uma das minhas designers tem
uma casa nos Hamptons que ela nos ofereceu para usar no próximo fim
de semana. Está livre? Já perguntei a Rocky e Nikki, e eles estão com Will,
é claro. Eric tem alguma coisa de festival, então ele não pode ir.
— E Lex?
Estou desesperada para vê-lo, esperando que chegue antes do
previsto. Várias vezes pensei em voar para Londres por alguns dias, mas
as mensagens confusas que daria a ele poderiam causar mais mal do que
bem.
— Não consegui falar com ele esta semana. Ele deve estar
ocupado ou algo assim. Vou tentar de novo ou talvez falar com a
assistente dele. Ela é a minha escolha quando ele me ignora.
— Parece divertido — digo a ela, sorrindo. — Conte comigo.
CAPÍTULO QUARENTA E UM

LEX

Depois de uma rápida sessão na academia do hotel, arrumo minha


mala e me preparo para partir para o aeroporto.
Passa um pouco das nove quando nosso voo decola. Estou cansado
da madrugada, mas ainda checo meu telefone para responder a e-mails
de trabalho. Kate se senta ao meu lado digitando em seu laptop. Demora
cerca de uma hora antes de ela desligar, obviamente frustrada com
alguma coisa.
Normalmente, eu a ignoraria, mas também não consigo me
concentrar. Sair de Nova Iorque não me proporciona mais o alívio a que
me acostumei. E esse sentimento de ansiedade é algo com o qual não me
sinto confortável. Perguntas, cenários, reflexões passadas atormentam
minha mente. Vou deixá-las para trás, com ela. Eu sinto falta dela como
um louco, e serão duas semanas até que eu a veja novamente, e já estou
contando os dias.
— Algo está errado? — Pergunto a Kate, o sentimento pegando-a
de surpresa.
— Não é nada, senhor.
— Olha, eu sei que não tenho sido a pessoa mais agradável de se
conviver, mas se você precisar desabafar alguma coisa, posso ouvir.
Você conheceu minha irmã? Paciência é uma virtude.
Kate ri baixinho, tomando cuidado para não atrapalhar os outros
passageiros. Colocando o telefone no bolso do assento à sua frente, ela
torce as mãos nervosamente.
— Não é como se eu fosse uma mulher típica. Eu acredito em
confiança, mas essa coisa de longa distância é difícil, e quando as pessoas
começam a encher sua mente com coisas, você questiona seu
julgamento, especialmente quando você sabe que elas estão na merda
todas as noites.
Sua gíria britânica não passou despercebida por mim. Não sou
exatamente a melhor pessoa para dar conselhos, mas sou homem e
posso oferecer uma perspectiva masculina.
— Então, você pergunta diretamente a ele se acha que ele está
sendo desonesto. Diga a ele que é assim que você está se sentindo. Só
você saberá se ele está falando a verdade. Vá com seus instintos.
— Um pouco difícil por telefone. Vou esperar até que ele volte.
Prefiro fazer isso cara a cara para saber se ele está contando bobagens.
— Bobagens?
— Tortas de bobagens… hum, mentiras — ela responde com um
sorriso.
Ela hesita novamente, querendo dizer mais alguma coisa, mas
permanece em silêncio, então presumo que a conversa esteja encerrada.
Eu fecho meus olhos por um momento tentando reunir meus
pensamentos.
— E hum... como estão as coisas com sua... hum... amiga?
Eu rio baixinho. Estou derrotado e delirando com os eventos da
semana passada, falta de sono e punheta, penso em uma resposta
razoável. — Ok, eu acho. — Não tenho vontade de elaborar, não quando
estou a milhares de quilômetros no ar viajando na direção oposta de
onde ela está. Então, mudo de assunto, precisando de uma distração. —
Você tem amigos em Nova Iorque?
— Algumas garotas e garotos que conheci em uma turnê do
Contiki alguns anos atrás. Fora isso, eu realmente não tive tempo para
uma vida social. Eu conheci essa mulher na minha corrida matinal,
muito legal e tão bonita, mas uau, ela tem uma vida amorosa infernal.
— Todos nós — murmuro baixinho.
A comissária de bordo vem nos oferecer refrescos. Nós nos
sentamos lá em silêncio comendo antes de Kate decidir trazer o mais
recente desenvolvimento do projeto para a Preston Enterprises.
Conversamos um pouco sobre como está progredindo e as novas ideias
que foram implementadas.
— Percebi que a Sra. Preston envia todos os pedidos de reunião
diretamente para você, e não por meio de sua assistente para mim. É
assim que ela normalmente funciona? — ela pergunta, formalmente.
— Victoria é uma daquelas mulheres que gosta de controlar todas
as situações.
Assim como eu, penso, e é por isso que discordamos. Isso e o fato
de ela estar sempre tentando colocar as mãos no meu pau.
O sinal do cinto de segurança acende e nos preparamos para o
pouso. Quando aterrissamos, saímos do portão e entramos no carro,
decido enviar uma mensagem para Charlotte, mas fico feliz ao descobrir
que ela chegou antes de mim.
CHARLOTTE
Eu estava almoçando hoje, e meu cliente pediu a lagosta. Não pude
deixar de me lembrar da vez que comemos naquele restaurante em
Los Angeles onde você me provocou com a lagosta e eu vomitei na
calçada.
P.S. Espero que você tenha um voo seguro de volta.

Eu rio para mim mesmo, incapaz de esconder meu sorriso da


memória não tão boa. Adriana, Elijah, Charlotte e eu estávamos jantando
em um restaurante depois de irmos comprar um carro para Adriana.
Charlotte nos disse que nunca comeu lagosta porque sua mãe teve uma
reação alérgica a ela. Bem, claro, nós a convencemos a tentar, parecia
inofensivo na época. A minha e a da Adriana chegaram primeiro, e eu me
lembro de pegar nossas lagostas e fazer um show de marionetes na
frente de Charlotte, provocando-a, dizendo: 'por favor, não me coma'.
Quando a dela finalmente chegou, demos a ela instruções sobre como
comê-la. Ela ficou sentada em silêncio observando a lagosta. Adriana e
eu nos entreolhamos imaginando o que ela estava esperando.
Eventualmente, ela encontrou coragem e quebrou a lagosta ao meio,
mas instantaneamente, ela correu para fora e vomitou por toda a
calçada.

EU
Ainda me lembro do seu rosto, tão pálido esperando para quebrar
aquela lagosta. Olhe pelo lado bom. Na verdade, consegui brincar
de Dr. Edwards com você e, pelo que me lembro, você era um
paciente bastante travessa.
P.S. Não gosto de sair de Nova Iorque.
CHARLOTTE
Eu acredito que a história correta é que você me pediu para me
despir para que você pudesse me 'examinar'. Considerando que eu
estava doente, foi muito pouco profissional da sua parte tirar
vantagem de uma pobre paciente doente.
P.S. Nova Iorque também sente sua falta.

EU
Ordens estritamente médicas. Eu não ouvi você reclamar uma vez,
mas, novamente, por que você faria isso quando teve dois orgasmos
em cinco minutos?
P.S. E você?

O resto do dia voa, reuniões de última hora e tentando se


acostumar a estar de volta ao escritório de Londres. Quando a noite cai,
isso me atinge com mais força. Sozinho, no meu apartamento, tudo
parece tão frio e solitário. Deitar nesta cama enorme sozinha não é mais
o jeito que eu quero viver minha vida.
Preciso dela em meus braços todas as noites e quero acordar com
ela todas as manhãs. No meio, eu preciso desesperadamente transar
com ela a noite toda de todas as maneiras possíveis.
Cada fantasia que precisa ser realizada envolve apenas ela.
Meu pau começa a doer, mas o que há de novo? Masturbar-se não
faz nada além de diminuir a dor por uns dez minutos antes de começar
tudo de novo.
É tarde demais para mandar uma mensagem para ela. Então,
tentando me conter, coloco meu telefone na mesa ao meu lado até que o
quarto escuro se ilumine. Jogando minha mão, o telefone escorrega da
minha mão e cai no chão. Acendendo a lâmpada, procuro
desesperadamente ao meu redor para encontrá-lo ao lado da minha
cama.

CHARLOTTE
Também sinto saudade.

Eu seguro meu telefone, relendo o texto uma e outra vez.


Até que o sono se torne iminente, eu adormeço novamente
sonhando com ela.
Os próximos dias são agitados. As reuniões do conselho são
mundanas, nada emocionante está acontecendo. Minha cabeça
claramente não está no lugar certo. Quero dizer, como pode estar? As
garotas do escritório percebem uma mudança em mim, e sei que as
fofocas do escritório estão fervendo com conversas sobre eu ter uma
namorada. Não foi Kate quem espalhou a fofoca, mas algum tablóide
desprezível que tirou uma foto de Charlotte e eu dançando no baile
beneficente. Quando começo a vê-los olhar para mim de forma diferente,
puxo as rédeas e volto para o Sr. CEO Cretino. Parece ter funcionado e o
equilíbrio foi restaurado.
As constantes reuniões com a Preston Enterprises estão se
tornando uma chatice. Sempre que possível, envio meus executivos para
fazer o trabalho sujo, mas Victoria, sendo a vadia que é, vai me criticar.
Os chamados jantares de trabalho me irritam, especialmente quando
estamos jantando com as partes interessadas, e Victoria age como se
fôssemos um maldito casal sempre se referindo a nós e como nós.
Pegue a porra da dica já.
Ela está jogando um jogo desagradável, mas estou sempre um
passo à frente dela. Você tem que estar quando está lidando com uma
megera sem moral nenhuma.
Uma semana depois, recebo uma ligação de Adriana.
— Bem, bem, bem, e onde você está se escondendo, querido
irmão?
— Bem, Olá. Sim, eu também sinto sua falta, querida irmã.
— Quero que saibam que está tudo no lugar. A data foi marcada.
Portanto, certifique-se de levar sua bunda, como dizem os britânicos, de
volta aos Estados Unidos para uma prova no início de novembro.
— Novembro? — Deixei escapar um bufo irritado. — Adriana, o
casamento é só no dia dos namorados.
— Eu meio que mudei a data de novo. 1º de dezembro. Esperei
nove anos para me casar com o homem que amo, então por que deveria
esperar mais?
— Envie os detalhes para Kate e eu farei com que ela agende todas
as datas.
Ela divaga um pouco mais sobre o que eles planejaram, a lua de
mel e seu vestido. Eu estava apenas ouvindo pela metade até que ela
mencionou Charlotte como sua dama de honra. Claro que seria, não sei
por que isso me surpreende. Meu coração afunda por um momento.
Por que não podemos ser nós lá no altar?
Espere! Porra! Lex Edwards está falando de casamento de novo?
— Lex, você está me ouvindo?
— Desculpe, o que você estava dizendo?
— Eu estava dizendo a você que Elijah e eu estaremos nos
Hamptons no próximo fim de semana. Seremos nós, Nikki, Rocky, Will e
Charlie. Eric tem algum festival, então ele não pode ir.
— Próximo fim de semana?
Sábado é o evento anual de golfe organizado pela Lexed. Eu tenho
que estar lá. Merda, se isso não azeda meu humor.
— Sim, estamos saindo no sábado à noite porque é um fim de
semana prolongado e Elijah tem um torneio de artes marciais ao meio-
dia.
— Sinto muito, é o evento anual de golfe da empresa. Temos
clientes e partes interessadas lá. Eu tenho que comparecer — eu
respondo, desapontado por ter perdido.
— Eu entendo, Lex. Que pena.
Dizer que meu humor passou de comum para azedo seria um
eufemismo. Fodido por não poder ir para os Hamptons, eu ando pelo
escritório batendo portas e rosnando ordens para todos. Alguns
funcionários que estavam no meu radar para demissão foram demitidos
instantaneamente no local. Foda-se a paciência e perdendo meu tempo.
Estou em pé de guerra, e qualquer um que ficar no meu caminho
certamente se machucará.
Estamos nos gramados conversando com o Sr. Bolton do Grupo
Bolton, um cliente especialmente importante para nós. Victoria,
novamente, está falando sobre nós, como seria bom se ela e eu
pudéssemos sair para jantar com ele e sua esposa. Eu me viro para olhar
para ela, irritado com o fato de ela estar agindo de forma pouco
profissional. Quando estou prestes a abrir a boca para dizer algo
desagradável, o calcanhar dela fica preso na grama e ela cai em cima de
mim. Eu a seguro e, no verdadeiro estilo Victoria, ela roça a mão no meu
pau, desculpando sua queda embaraçosa. Cadela estúpida.
Kate nos interrompe, perguntando se ela pode me ver em
particular por um momento. Dentro de uma sala de reunião fechada, ela
exige que eu ouça, para meu aborrecimento.
— São meio-dia e quinze agora. Em exatamente quinze minutos,
você passará trinta minutos cumprimentando o restante de nossos
acionistas. À uma hora em ponto estaremos apresentando o novo plano
de negócios que, segundo seu discurso, levará exatos vinte minutos. —
Ela respira fundo, lendo em seu telefone. — Você tem mais trinta
minutos para caminhar e marcar reuniões com cada pessoa. Vou auxiliá-
lo nisso para que os clientes entendam nosso compromisso.
— Kate, não sou burro, sei do que preciso...
— Às duas horas em ponto, um carro estará na porta da recepção
e o levará ao aeroporto. Seu voo sai às duas e quarenta e cinco. Você não
precisa fazer check-in de nada, sua irmã organizou todas as roupas e
necessidades para você em Nova Iorque. O voo chega pouco depois das
sete e sua irmã estará esperando por você no terminal. De lá, você
viajará para os Hamptons, sua irmã não confirmou como.
Levantando minha mão, eu imploro para ela parar. — Hamptons?
— Sua agenda foi liberada até quarta-feira. Todos os membros
relevantes do conselho foram notificados de que sua presença é
necessária em Manhattan, e todos os assuntos devem ser tratados no
escritório de Nova Iorque. A infraestrutura de TI foi acelerada e deve ser
concluída amanhã. O projeto da Preston está dentro do cronograma e
Victoria não solicitou nenhuma reunião até quinta-feira da próxima
semana, para a qual tenho voos em espera.
Meu queixo cai, deixando-me completamente sem palavras. Então,
espere, Kate planejou isso para que eu pudesse ir embora? Não sei se devo
despedi-la ou abraçá-la agora. Eu esfrego meu queixo, incapaz de
processar tudo o que ela acabou de me dizer. A imagem de Charlotte de
biquíni em nos Hamptons é o suficiente para eu tomar minha decisão.
— Vá... fique com ela — diz ela em voz baixa, mas dominante.
Sem qualquer hesitação, eu saio da sala para encontrar Victoria
bloqueando meu caminho. — Você não vai embora — ela sibila.
— Victoria. Se me der licença, tenho clientes com quem me
misturar.
— Eu ouvi tudo, Lex. E daí? Você quase estragou um negócio de
cinquenta milhões de dólares por uma mulher?
— Minha vida pessoal não é da sua conta. — eu a advirto.
— Bem, meio que é, se isso afeta a Preston Enterprises. — Ela
amolece e, por um momento, acho que pode haver uma Victoria
compassiva escondida em algum lugar.
Ela coloca os braços em volta do meu pescoço enquanto paramos
na frente da porta. Enquanto ela ronrona meu nome, eu pego suas mãos,
tentando puxá-las antes que ela aperte mais.
— Vamos, Lex, poderíamos ser tão bons juntos. Você e eu,
seríamos imparáveis. Eu sei que você me quer. Você sempre me quis.
Você quer o controle, e a fusão da Preston Enterprises com a Lexed seria
a realização do seu sonho.
Eu coloco minhas mãos em seus quadris por um breve momento.
— Victoria, talvez você me entenda mal. Não estou interessado, e da
próxima vez que você quiser agir como uma megera autoritária, ficarei
mais do que feliz em informar ao papai que sua preciosa princesa fodeu
seu melhor amigo no ano passado na parte de trás de seu Merc, que foi
a única razão pela qual a Preston Enterprises ganhou aquela grande
licitação. — Com um sorriso satisfeito, seguro seu queixo. — Agora, se
me der licença, tenho um discurso a fazer.
Eu a deixo ali, de boca aberta, atordoada com minhas palavras.
Sim, em momentos como este vale a pena ter um investigador particular
por perto. Victoria está até os joelhos em qualquer pau que ela pode
colocar em suas mãos, e papai não tem ideia de que sua princesa é uma
vadia.
Faço meu discurso e sigo todas as instruções que Kate me dá. Duas
horas depois, estou sentado no avião a caminho de vê-la.
Pode ter sido apenas dez dias, mas são os dez dias mais longos da
minha vida. Fechando os olhos, penso em vê-la novamente, em ser
honesto e dizer a ela exatamente o que quero.
Chega de besteira de amigo.
É hora de nos dar uma chance.
A dor dentro do meu peito não pode mais ser ignorada. Conheço
muito bem esta dor. Está me dizendo que ainda estou apaixonado por
ela, mas desta vez não vou perdê-la.
Sem mensagens escondidas, não através de uma música.
Eu quero que as palavras saiam dos meus lábios, observe o rosto
dela enquanto as palavras 'eu te amo' saiam da minha boca e talvez, se
eu for o cara mais sortudo que anda nesta terra, eu ouvirei essas
palavras ditas em troca.
Três palavras simples para selar nosso destino.
CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

CHARLIE

Trouxemos um novo cliente importante esta semana e estamos


inundados de trabalho.
O caso de custódia é confuso - dois filhos, um casal do mesmo sexo
e um doador de esperma para adicionar à mistura.
Eu mal estou funcionando, fazendo malabarismos com reuniões e
lidando com meus casos, sem falar nas audiências do tribunal. Quando
chega a sexta-feira, estou mais do que exausta.
Quando começo a desligar meu laptop e louvar ao Senhor por ser
sexta-feira, Julian entra em meu escritório sem avisar. — Charlie. — Ele
não me chama de linda, nem seu tom é convidativo. Encontrando seu
olhar, noto instantaneamente as olheiras ao redor de seus olhos e o
cabelo ligeiramente despenteado.
— Julian — eu digo com um sorriso.
Eu me levanto e caminho, abraçando-o, o que parece ser a coisa
certa a fazer. Ele me permite abraçá-lo antes de puxar meus braços dele.
— Onde você esteve?
— No trabalho, em casa.
— Por que você não me ligou?
— Você disse que precisava de espaço.
— Charlie, eu disse que você precisava pensar sobre o que você
quer — ele me corrige antes de colocar a mão no meu peito. Ele pega a
fênix pousada na minha clavícula. — Como ele sabia que deveria te dar
uma fênix?
— Com licença? — Eu pergunto, minhas bocas do estômago estão
formigando com os nervos.
— Você tem uma tatuagem bem aqui — ele diz, apontando para
onde estou tatuada. — Como ele saberia disso?
Meu coração bate rapidamente, batendo tão alto e restringindo
minha capacidade de respirar.
Pense e faça rápido!
— Ele não sabe disso. Minha foto de perfil no Facebook é de uma
fênix. É assim que ele sabe — eu respondo calmamente, mas minhas
entranhas estão gritando por minha vagina se sentar no canto travesso
para foder Lex nas costas de Julian.
— Você transou com ele?
— Você não tem nada com que se preocupar — eu minto.
Eu poderia facilmente ter acabado com isso agora, ser honesta e
seguir em frente com Lex, mas eu amo Julian. Ele é meu noivo, e Lex não
passa de um ex-namorado agora. Tenho pavor de tomar a decisão
errada, de não querer perder nenhum dos dois. E eu me odeio por ser
egoísta, mas não sei mais o que fazer.
Com uma cara séria, eu uso as táticas que aprendi na faculdade de
direito. Nunca demonstre emoção nem deixe seu oponente ver sua
fraqueza.
Julian puxa minha mão em sua direção, examinando o anel. Depois
de alguns momentos, ele entrelaça seus dedos nos meus e me puxa para
mais perto dele. Colocando seus lábios em mim, ele me beija
profundamente, apressado e com força. Eu permito que ele faça isso,
chupando o lábio suavemente para afastá-lo da trilha da qual ele esteve
muito perto.
— Linda, eu te amo. Vamos pular essa história de casamento e
partir para Las Vegas hoje à noite. Você e eu.
— Julian, não seja ridículo. Não podemos simplesmente fugir e
nos casar esta noite.
— Por que não?
— Porque não estamos prontos. Nossos amigos e familiares vão
querer estar lá. Por favor, acalme-se.
— Bem, neste fim de semana quero levar você para Vermont. Só
você e eu.
— Não posso, Julian. Eu tenho planos.
Ele recua seu corpo, criando uma distância enquanto a raiva
queima em seu rosto normalmente bonito. Com a mandíbula cerrada e
os punhos cerrados, tanto que quase posso ver seu corpo tremendo.
— Com Lex?
— Não, ele não estará lá. Estarei nos Hamptons. Que tal no
próximo fim de semana?
Ele continua a olhar para mim, esperando que eu ceda sob a
pressão. Passei anos aprendendo a não quebrar, e está valendo a pena
agora.
Com um aperto firme em meu braço, fico um pouco surpresa com
sua natureza possessiva. — Eu acredito em você, mas você me escute,
Charlie... Lex não é quem você pensa que ele é. Ele é um homem
implacável. Você não chega onde ele está hoje jogando bem. Este negócio
de cinquenta milhões de dólares em que ele está envolvido agora, tem
muitas condições. Você acha que ele é o Alex que você conheceu no
colégio? Pense novamente, Charlie. Não tenho dúvidas de que ele não
vai parar até ter você, mas se você o escolher, não espere ser a única
mulher em sua vida.
Com isso dito, ele solta meu braço e sai pela porta.

Elijah e eu estamos sentados em uma cafeteria esperando Adriana,


que afirma que precisa comprar algumas coisas para nosso fim de
semana fora. Eu a lembro que há lojas nos Hamptons, mas ela insiste que
só pode encontrar o que precisa na cidade. Não faço mais perguntas,
provavelmente é algum brinquedo sexual.
Nikki, Rocky e Will chegaram com um amigo deles que está
hospedado a algumas casas de distância de nós, esta manhã. Nikki me
mandou uma mensagem dizendo que o lugar é lindo, e o clima também,
considerando que estamos em meados de setembro.
Estou ansiosa por um fim de semana relaxante, especialmente
depois do que Julian me disse. Eu decido colocar esses pensamentos e
suas ameaças de lado. Ele está com ciúmes e quer me assustar. Pelo
menos, é o que continuo dizendo a mim mesma. Para me dar uma pausa
mental, opto por deixar meu anel de noivado em casa. Não preciso me
lembrar de Julian toda vez que olho para minha mão.
— Então, basicamente, as crianças da área do Bronx, aquelas que
normalmente não podem pagar uma aula, vêm todas as sextas-feiras à
noite. Passamos pelo básico, mas digo que são crianças extremamente
talentosas — menciona Elijah.
— Admiro você, Elijah, por seguir seus sonhos e paixão por ajudar
os outros.
— Mas você também faz isso, Charlie. Você não ama o que faz?
— Eu faço. O direito de família é difícil e emocionalmente
desgastante, no entanto. É difícil não permitir que as emoções
atrapalhem meu julgamento.
Conversamos um pouco mais, verificando nossos telefones para
ver as horas. Passa um pouco das sete e Adriana já saiu há quarenta e
cinco minutos. Sua falta de consideração pelo tempo me deixa louca.
Algumas coisas nunca vão mudar.
— Por que diabos sua noiva está demorando tanto?
— Eu.
A voz causa arrepios na minha espinha, mas encontra o caminho
de volta para o meu coração.
É ele.
Não fizemos contato visual, mas já não consigo esconder minha
felicidade. Eu lentamente me viro, e lá está ele na minha frente,
parecendo tão perfeito como sempre. Seus olhos suavizam quando ele
me vê, e eu faço a coisa mais inesperada ao pular e abraçá-lo com força.
— Não acredito que você veio.
Ele passa o polegar pela minha bochecha, muito anti-amigo, mas
eu não o afasto. Eu senti falta dele, e vendo o sorriso enfeitar seus lindos
lábios, eu sei que ele sente o mesmo.
— Vamos colocar esse show na estrada. Mostre o caminho, Char.
Onde você estacionou?
— Você tem um carro? — Lex pergunta, confuso.
Eu ignoro sua pergunta de propósito.
— Atrás do meu prédio fica a entrada do estacionamento. Tenho
sorte de conseguir uma vaga de carro, mas isso foi um bônus para o meu
apartamento — eu divago, então me paro enquanto Lex olha para mim
de forma estranha.
— Você tem carro aqui na cidade?
— Sim, Lex. Por que isso é tão difícil de acreditar? É um presente
de aniversário de 21 anos para mim mesma, embora eu o tenha
comprado há dois anos para meu aniversário de 26 anos, mais, é uma
redução de impostos. Tenho muitos clientes em Long Island, Jersey, e
alguns nos Hamptons também, por isso viajo com frequência para visitá-
los.
Ele ri como se uma piada particular estivesse dentro de sua
cabeça. Bem, a piada é dele, assumindo como qualquer outro homem,
ele espera que eu dirija um pequeno hatchback rosa com adesivos da
Hello Kitty no para-choque ou algo assim.
Ao sairmos do café com nossos pertences, caminhamos até o
estacionamento. Aperto o controle remoto da porta principal e faço sinal
para que me sigam.
— Besteira — murmura Lex.
— Oh, Char, super incrível. Amo, amo, amo!
Adriana pula, bate palmas.
Elijah assobia enquanto passa a mão pela pintura, divagando
sobre as estatísticas do carro que eu já conheço.
— O gato comeu sua língua, Lex? — Eu provoco.
— Isso não é seu — diz ele com firmeza.
— Gostaria de verificar minha licença e registro, oficial Edwards?
— Charlotte, como diabos você conseguiu este carro? Havia
apenas um número limitado deles, e nem mesmo eu consegui um.
— Sei lá… pisquei um pouco os cílios, mostrei um pouco da perna.
Você sabe, o de sempre. — Eu respondo, me fazendo de boba.
Ok, eu flertei com o vendedor, mas nada aconteceu. Ele era um
homem ingênuo de meia-idade, provavelmente passando por uma crise
de meia-idade, então, quando fiz minha mágica, meu nome foi colocado
no topo da lista de espera.
— Mas é um Maserati?
— Sim, estou bem ciente de que marca de carro é.
— Me dê as chaves. Estou dirigindo. — Lex estende a mão como
se esperasse que eu os entregasse.
— Desculpe, cara, ninguém dirige meu carro além de mim. — Digo
a ele, afastando-o.
Isto é divertido. Eu jogo legal, não mostrando o quanto eu gosto de
provocá-lo.
— Charlotte, vamos.
— Charlie, você quer que eu mova sua motocicleta? — Elijah
pergunta.
— Espere! Volte logo. Essa é a sua motocicleta? — Os olhos de Lex
se arregalam, atordoados.
— Sim, Lex, esses dois são meus brinquedos. Agora, por favor,
podemos ir? Elijah, você quer pegar a motocicleta?
— Eu pensei que você nunca iria perguntar. — Os olhos de Elijah
brilham e imediatamente ele coloca o capacete e pega uma jaqueta.
— O que está errado? Você quer brincar com meus brinquedos
também? — Eu brinco quando Lex está ao meu lado, sem palavras.
Ele sai de seu transe, tentando arrancar as chaves de mim.
— Eu vou deixar você dirigir com uma condição?
Seus olhos me encaram, divertidos. — O que é?
Meu coração está disparado, imaginando se ainda tenho confiança
para dizer como realmente me sinto.
O que diabos estou fazendo? Eu não faço ideia.
Estou dando o maior salto de fé, em queda livre de novo, e rezando
para que lá embaixo a rede de segurança esteja esperando por mim, ou
talvez eu não precise de uma. Talvez seja assim que é confiar no destino.
— Neste fim de semana, você e eu... — eu sussurro em seu ouvido.
— Nada está fora dos limites.
Seus olhos brilham enquanto o canto de seus lábios se curva para
cima em um sorriso satisfeito. Inclinando-se, ele coloca seus lábios nos
meus, macios e amorosos, fazendo meu estômago revirar loucamente.
— Eu senti sua falta — ele murmura.
Balanço minhas chaves diante dele e o vejo pegá-las de mim.
É um símbolo - estou confiando nele, não apenas com meu carro,
mas com meu coração.
Deixando escapar um suspiro, eu sei que não há como voltar atrás
E quando voltar para a cidade, sei exatamente o que preciso fazer.
Terei que terminar as coisas com Julian, de uma vez por todas.
CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

LEX

A brisa quente penetra no carro quando abrimos as janelas,


aproveitando a viagem pela Long Island Expressway.
A exibição de brinquedos de Charlotte me deixa absolutamente
sem palavras. Quando ela disse que tinha um carro, eu esperava um
pequeno pedaço de plástico feminino colorido com dados fofos
pendurado no espelho retrovisor. Mas não, estacionado na minha frente
está um Maserati, o modelo exato que eu estava tentando colocar em
minhas mãos há um ano, mas me disseram que não estava mais
disponível. Não que eu precisasse de outro carro para minha garagem,
mas eu queria este.
E para acrescentar, ainda estou tentando registrar o que ela disse.
“Neste fim de semana, você e eu. Nada está fora dos limites.”
Trazendo seus lábios para os meus, eu a beijo o mais suavemente
que posso, segurando meu desespero de querer mais. Além do nosso
público, incluindo Adriana com os olhos marejados, não quero que
Charlotte pense que sexo é a única coisa em minha mente. Seu pau vai
discutir esse ponto em um piscar de olhos.
Para uma noite de sábado, o tráfego flui sem muitos carros na
estrada. Chegaremos lá em uma hora e meia, especialmente do jeito que
estou dirigindo. Adriana e Elijah estão demorando, algo sobre a rota
cênica. Eu me recuso a fazer perguntas. Quando alguém segue a 'rota
cênica', é porque está parando em algum lugar para transar.
— Então, Sr. Edwards, como está a viagem? — Charlotte brinca,
conectando seu telefone ao carro enquanto toca Bon Jovi, uma das
minhas bandas favoritas. Se isso não traz de volta memórias.
— Suave — eu digo, sorrindo. Eu crio coragem e faço a ela a
pergunta que tem me incomodado desde que estávamos na garagem. —
Então, diga-me uma coisa, senhorita Mason, como você realmente
conseguiu este carro?
Ela hesita, enviando uma onda de ciúmes ao meu cérebro hiper
imaginativo. Charlotte nunca foi esse tipo de mulher. Controle-se, sim,
Edwards?
— Lex, eu sou advogada. Eu argumento para viver. Fui ao
revendedor sabendo que era uma produção limitada. Fiz minha
pesquisa e o vendedor tentou me levar para um passeio. Eu disse a ele
que sabia que havia um preto deixado no showroom de Beverly Hills. Eu
estava disposta a pagar todos os custos de envio e o pagamento integral
do carro. Ele continuou indo e voltando para seu gerente com desculpas
esfarrapadas quando eu exigi falar com ele pessoalmente. Li a
declaração para ele de que, quando um carro permanece em outro
showroom, o revendedor tem plenos direitos de vender esse carro a um
cliente, desde que todos os pagamentos sejam recebidos
antecipadamente. Basicamente, ele não achava que eu era boa para o
dinheiro.
— Mas como diabos você era boa para o dinheiro? Eu sei quanto
vale este carro?
Espero não ofendê-la. Suas pausas silenciosas estão se arrastando,
e eu me sinto constantemente no limite perto dela.
Ela ri, recostando-se em seu assento com um suspiro. — Bem, eu
ganho bem, mas acho que aprendi a investir bem. Herdei alguns bens e
dinheiro da minha avó quando ela faleceu. Paguei minha mensalidade
em Yale e fiz um depósito no meu apartamento.
— Movimento inteligente — eu digo a ela.
— Sim, eu concordo. Fiquei um pouco obcecada com o mercado
de ações alguns anos atrás e valeu a pena. Nikki e eu abrimos o escritório
de advocacia pela metade e os negócios não pararam desde que abrimos.
O carro veio como meu presente para mim mesma. Eu nunca tive um
aniversário de 21 anos, você sabe, com estudos e outras coisas... —
parando no meio da frase. — De qualquer forma, não tenho tempo para
sair de férias, então não gasto muito dinheiro. Acho que está lá para um
dia chuvoso.
Há muito mais em Charlotte que eu não sei. Ela sempre foi esperta
e inteligente, o que é muito excitante quando se fala com ela. Agora, eu
estou ouvindo que ela está em ações, títulos e investimentos, Deus não
poderia ter clonado mais uma mulher perfeita para mim.
Neste fim de semana, espero conhecê-la melhor e também colocar
minhas mãos nela. Eu me ajusto desconfortavelmente em meu assento
enquanto imagens mentais dela nua no capô deste carro passam diante
de mim. Eu penso em estender a mão e tocar sua boceta apertada
enquanto dirijo, mas o carro é tão precioso, além disso ela está vestindo
jeans, o que torna isso mais difícil.
Passamos o resto da viagem conversando sobre o mercado de
ações. Ela sabe das coisas dela, e meu pau fica mais duro quanto mais ela
fala.
Passa um pouco das nove quando chegamos em casa, e a
residência é nada menos que um luxuoso imóvel em Hamptons.
Gramados verdes exuberantes cercam a casa e são bem cuidados. A
praia fica em frente à propriedade e, na parte de trás, há uma enorme
piscina olímpica. Escondida no canto entre algumas samambaias está
uma jacuzzi. Bem, estou condenado.
Estacionamos nos fundos da propriedade e pegamos nossas
malas. As luzes estão acesas, então presumo que as outras ainda estejam
acesas. Quando passamos pela área da piscina, não posso deixar de
apontar.
— Jacuzzi agradável. Espero que tenha trazido seu biquíni,
senhorita Mason.
Demorando na porta, eu a puxo para mim e tomo sua boca. Tudo
o que quero fazer neste fim de semana é beijar esses lindos lábios. Ai,
quem eu estou enganando, eu quero provar a boceta dela, transar com
ela na piscina, na praia, enfiar no cuzinho, fazê-la me chupar... a lista é
infinita.
— Achei que não precisávamos disso lá.
Ela se afasta rindo quando entra pela porta da frente.
Porra, se isso não me matasse.
Quando fecho a porta atrás de mim, digo olá para Rocky e ofereço
a saudação mais amigável que posso imaginar para Nikki. Ela faz seu
grunhido de sempre, o que não é nada surpreendente. Eu me viro para
desviar o olhar, minha atenção focada em Will e Charlotte. Eu entendo
porque Charlotte está tão apaixonada por ele, ele é um ótimo garoto,
mas é a visão dela com ele que chama minha atenção de uma forma
estranha.
Seus braços minúsculos envolvem o pescoço dela enquanto ela o
segura com força. Minha mente começa a conjurar nosso futuro,
imaginando-a com nosso filho, como seria. Ela é tão boa com ele, e
espere! Merda! Eu disse com 'nosso' filho? Balanço minha cabeça
tentando limpar o pensamento, me precipitando quando ela nem é
minha namorada ainda.
— Will, nós permitimos que você esperasse por Charlie e Lex, mas
agora é hora de dormir — Nikki repreende em um tom suave.
— Aww, mãe… — Ele faz beicinho. — Ok. Mas Cha Cha, você pode,
por favor, ler este novo livro incrível que ganhei? É sobre um dinossauro
que invade a cidade de Nova Iorque — ele implora, pegando o livro e
mostrando a Charlotte.
— Parece... hum... promissor.
Charlotte coloca o braço em volta dele enquanto Will acena boa
noite antes que eles desapareçam escada acima.
Vinte minutos depois, ela sai do quarto de Will quando nos
encontramos no corredor. Ela coloca os dedos nos lábios e, lá dentro, há
uma criança adormecida segurando seu precioso livro de dinossauros.
— Você é realmente ótima com ele, Charlotte. — Eu sussurro,
vendo uma criança contente e pacífica.
— Ele facilita. — Seus olhos caem para baixo, apenas
momentaneamente, antes que ela os levante com um sorriso. — Então,
o que está acontecendo lá embaixo?
— Rocky está organizando o pôquer.
— Bem, prepare-se para levar uma surra na bunda de uma garota,
Edwards.
Eu a puxo de volta para mim enquanto ela tenta se afastar. —
Falando em bundas... mal posso esperar para colocar minhas mãos na
sua. Na verdade, não apenas minhas mãos, mas para ter meu pau
deslizando dentro de sua linda bunda novamente.
Ela aperta sua bunda contra meu pau, o latejar se tornando cada
vez mais insuportável. — Paciência, Sr. Edwards, esse seu pau vai fazer
um bom treino neste fim de semana.
Pressionando-me contra ela, estou pronto para puxá-la para o
quarto, fazer meu caminho com ela a noite toda até Rocky, que está
parado atrás de nós, pigarrear.
— Hora do strip poker!
Ele não mencionou antes que seria strip poker.
— Rocky, vamos, você sempre acaba perdendo. Então, qual é o
ponto? — Charlotte choraminga, ainda presa em meu abraço.
Felizmente, isso me dá um momento para tentar acalmar minha situação
lá embaixo.
Seguimos para a sala de jantar, acomodando-nos ao redor da
mesa.
— Rocky acha que é o rei do pôquer depois de algumas sessões
com alguns figurões do pôquer no Harlem — Nikki geme, pegando a
garrafa de tequila e quatro copos. — Vamos pelo menos tornar isso
interessante.
Uma hora depois, Rocky está sentado de cueca.
Por que ele não usava boxers está além de mim.
Perdi minha camisa, algo que não me incomoda. Nikki também
está sem camisa, sentada à minha frente com seu sutiã e expondo um
belo par de seios.
Depois, há Charlotte, parecendo toda presunçosa porque ela tem
a maior contagem de fichas e ainda está vestindo uma regata e jeans. É
a nossa quarta rodada de shots e, de alguma forma, o jogo se
transformou em strip poker combinado com verdade ou desafio, exceto
que é tudo verdade.
— Ok, minha vez. Verdade ou desafio, Lex? — Rocky pergunta em
voz alta.
— Verdade.
Ninguém confia nos desafios de Rocky, e é por isso que sempre
escolhemos a verdade.
— Idade? Quem? E onde você fodeu uma garota pela primeira vez.
Quase engasgo com um amendoim que acabei de jogar na boca.
Não quero irritar Charlotte, mas ela parece se divertir com a pergunta,
possivelmente porque nunca tivemos essa conversa quando começamos
a nos ver.
— Eu uh... espera... eu tinha dezesseis anos e a garota, Brittany,
acho que era o nome dela, estava em uma festa uma noite. Não há muito
a relatar. Foi a primeira vez que fiquei bêbado, e não foi nada demais.
Ela era uma veterana de outra escola e se divertia atacando os
inexperientes.
— Cara, parece que você foi um fracasso. Ela pelo menos te deu
um boquete?
— Sim, ela fez. Não sei... sou, Charlotte?
Colocando-a no local, ela ri, em seguida, franze os lábios,
permanecendo em silêncio. Já arrasamos a primeira garrafa de tequila e
Nikki acabou de pegar a vodca. Não me lembro da última vez que bebi
por diversão. Com minha mente já um pouco confusa, as únicas vezes
que bebo é para escapar da tristeza quando ela me domina.
— Humm, você vai ter que me lembrar de novo. — Ela murmura.
— Uau, vai em frente! Vai, vai, vai — canta Rocky, socando o ar
com o punho.
— Pelo amor de Deus, Rocky, eles não vão fazer isso na sua frente.
— Nikki o repreende. — Ok, Charlie, mesma pergunta.
— Eu responderia, mas o Sr. Possessivo aqui não consegue lidar
com sexo e meu passado. — Ela insulta.
Ela tem razão, mas se há algum momento para contar a fofoca é
agora, enquanto amanhã estou à beira de uma enorme ressaca. Além
disso, eu sei parte de seu encontro sexual 'fracassado' com Finn.
— Eu acho que posso lidar com isso. Finn e sua tentativa patética
de fazer você gozar. — Eu digo a ela, desinteressado.
Ela me lança um olhar irritado, então eu calo a boca.
— Eu tinha dezessete anos. Finn e eu éramos amigos desde
sempre. Um dia decidimos que talvez fosse o destino, sabe, estarmos
juntos, então perdemos a virgindade um com o outro na praia. Estava
frio, a areia estava nojenta e eu brinquei porque não podia me molhar.
Além disso, ele era enorme.
— Quão grande? — Nikki ergue as sobrancelhas.
Charlotte segura seu copo em direção aos lábios com um sorriso
conhecedor. — Não tão grande quanto alguns.
— Muito bem, Edwards! — Rocky levanta a mão para me
cumprimentar.
Não tenho certeza de como devo reagir, rindo enquanto encolho
os ombros. Charlotte resmungou outra coisa antes de cair na gargalhada
e acidentalmente derramar a vodca em sua blusa.
— Ok, próxima pergunta, já que Nikki acabou de perder essa mão
— Charlotte a coloca no lugar. — Quantos caras você já fodeu? E eu
quero dizer fodeu, não boquetes.
Nikki coça a cabeça tentando pensar, então começa a rir sem
motivo.
— Eu te disse seis... eu acho. Tinha o cara com quem perdi minha
virgindade, então ele transou com minha melhor amiga, então eu fodi o
melhor amigo dele depois que eles ganharam os campeonatos estaduais.
Então havia John, o cara da ciência...
— Ele era o cara com esperma ruim? — Rocky deixa escapar.
Charlotte e eu nos encolhemos em uníssono.
— Sim, Rocky. Então havia Dave…
— Pequeno Dave idiota? — Rocky risadinhas.
— Sim, Pequeno Dave idiota. Então, oh sim, não podemos
esquecer os gêmeos. Miguel e Mateus.
— Você fodeu gêmeos? — Charlotte suspira.
— Sim, mas não foi... qual é a palavra que estou procurando?
— Ah querida, não a história dos gêmeos de novo — Rocky
lamenta.
— Você teve uma orgia com quatro garotas. — Nikki aponta o
dedo para perto do rosto dele. — Por que diabos você está com ciúmes?
— Sim, mas elas não eram gostosas como você.
Rocky tenta beijar Nikki, mas ela o afasta, teimosa como sempre.
— Você disse que foi a melhor experiência da sua vida porque
uma delas esguichou no seu rosto. — Lembra Nikki.
Cuspi minha dose por todo o peito e algumas até pelo nariz.
Incapaz de conter o riso, Charlotte se junta a mim enquanto dá um tapa
na mesa, algumas fichas de pôquer caindo no chão.
Uma hora depois, estou sentado de cueca depois de ir com tudo, e
Nikki paga meu blefe.
Charlotte ainda está ganhando, mas perdeu uma rodada,
custando-lhe perder a blusa. Várias vezes, meus olhos vagam por seu
peito, não que ela se importe. Com a garrafa de vodca quase acabada, ela
está determinada a vencer.
Nikki está só de calcinha e, por mais que eu a deteste, ela tem um
corpo incrível. Então ficamos com Rocky. Sua pilha se foi, assim como
sua cueca. Sentado na cadeira com as bolas livres em toda a sua glória,
ele é rápido em apontar que a temperatura na sala está baixa, daí sua
situação.
Charlotte agarra meu pau e grita: — Não, não está. Lex está duro
como uma rocha.
Com minhas habilidades motoras comprometidas, eu não a afasto,
me perguntando por que estou duro considerando que está frio na sala.
Graças a Deus ainda estou de cueca.
Duas garrafas de licor acabaram antes de Nikki trazer o Sambuca.
Jesus Cristo, até eu tenho meus limites. Verificando meu telefone, é pouco
depois da meia-noite, e há uma mensagem de Adriana sobre parar para
um jantar tardio, mal conseguindo ler sem apertar os olhos.
— O que há de errado, Lex? Recebeu uma mensagem sexual da sua
série de vadias? — Nikki ri.
— Querida, ele conseguiu seu espólio aqui. — Rocky aponta para
Charlotte, que está tentando contar sua pilha, mas continua parando em
treze para começar tudo de novo.
Ela finalmente entende a conversa, cruzando os braços em
desafio.
— Sim, Lex, o que... eu sou o seu sexo á espera? Quantas bocetas
você está fodendo?
— Nenhuma no momento, já que você não me deixa tocar na sua.
— Ah, puxa! — Nikki guincha, cobrindo a boca em estado de
choque.
— Charlie, você está dando bolas azuis para o pobre rapaz.
Ninguém quer bolas azuis, mas quando você é casado, é...
Nikki levanta a mão, interrompendo-o. — É o quê, Rocky? Eu fodo
você três vezes por semana e boquete dia sim, dia não. Do que diabos
você está reclamando? Além disso, quando estou menstruada, eu deixo
você me foder na bunda.
Não podemos suprimir o riso enquanto rugimos histéricos. Desta
vez, leva mais tempo para se recuperar. Não é nem engraçado, mas a
maldita vodka torna hilária a pintura das árvores na parede.
— Mas não é todo dia, sabe? Eu ainda tenho que me masturbar no
meio.
— Lex, você não tem uma boceta regular, então quanto você se
masturba? — Nikki questiona enquanto tenta servir doses em todos os
nossos copos. Ela está muito errada porque cada copo derramou pelas
laterais e sobre a mesa.
— Não sei. Antes de Charlotte não era muito frequente, talvez
duas vezes por semana. Agora, tipo cinco malditas vezes por dia, e ainda
não é o suficiente — eu digo, fazendo beicinho como se fosse a coisa mais
triste de se admitir que está acontecendo comigo.
Rocky está rugindo enquanto bate os punhos na mesa. As fichas
caem fazendo Nikki rir histericamente e, inadvertidamente, ela derrama
seu Sambuca em todas as cartas.
— OMG, Lex, isso é tão gentil da sua parte. — Charlotte chora,
colocando a mão em seu coração.
— Foda-se, Lex, você vai pegar a sindrome da tunel de carpo. —
Nikki insulta, jogando seu copo no ar. — Apenas case com Charlie, então
você pode foder com ela vinte e quatro horas por dia, sete dias por
semana.
— Ela não vai se casar comigo — eu falo inexpressivo, minha
expressão ficando séria. — Ela está muito ocupada jogando em campo
com Julian.
Um pequeno silêncio cai sobre a sala, um pouco como uma erva
daninha rolando, seguido por Nikki e Rocky rindo novamente.
Os lábios de Charlotte se curvam para cima em um sorriso
enquanto ela cobre o rosto segurando as cartas. — Você nunca me pediu
em casamento. Talvez se você tivesse, poderíamos ter tido nove anos
maravilhosos fodendo nossos miolos. E eu não estou jogando no campo,
Julian é meu noivo. Você é meu amigo…
Mal consigo juntar minhas palavras e quero dizer alguma coisa,
mas não consigo descobrir o quê. Eu me levanto, instável, e caminho o
mais reto que posso até a mesa de centro, pegando as chaves. Tentando
remover o círculo de metal que mantém as chaves juntas, eu a deslizo e
volto para a mesa.
Ajoelhado em um joelho, apenas com minha cueca samba-canção,
faço sinal para que ela estenda a mão. Eu deslizo o anel em seu dedo
anelar de casamento.
Charlotte toca a base do pescoço, relaxando os ombros enquanto
ela olha para a mão.
— Neste fim de semana você é minha esposa. Você disse que nada
está fora dos limites.
Podemos estar excessivamente embriagados, mas há uma mistura
de emoções vindo dela. Com um olhar vazio, não consigo descobrir se
ela está feliz ou triste. Procurando em seu rosto algum tipo de resposta,
um rubor percorre suas bochechas enquanto sua boca se abre em um
lindo sorriso.
Envolvendo seus braços em volta do meu pescoço, ela coloca seus
lábios nos meus para um breve beijo antes de balbuciar — Eu aceito.
— Terminamos com a besteira cafona? — Rocky reclama,
bebendo uma dose e soltando um som alto e áspero. — Ok, filhos da
puta, vamos brincar de matar, foder ou casar. Lex, você primeiro.
Essa é a última coisa de que me lembro antes de tudo se tornar um
borrão.
CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

LEX

Eu pisco meus olhos.


Isso dói. Mas por que?
Eu tento de novo.
Foda-se, é o sol que está causando a dor.
Há um zumbido no meu ouvido. Não consigo entender e cada
músculo dói quando tento.
— Lex ... Lex? — A voz está cada vez mais próxima. O toque é uma
voz, e meu nome está sendo chamado. — Lex?
Abro os olhos, mal conseguindo perceber que é minha irmã. —
Adriana? — Minha voz está rouca e, quando engulo, minha garganta
arde. Tequila, vodka, strip poker - tudo está voltando para mim agora
como um tapa entre os olhos.
— Sim, sou eu. O que diabos aconteceu ontem à noite?
Tento me sentar, só percebendo agora que caí no sofá. Tanto para
tentar entrar no quarto de Charlotte. Há um cobertor me cobrindo, meu
torso exposto e, felizmente, ainda estou usando boxers.
Esfregando meus olhos, eu os abro o máximo que posso. — Que
horas são?
— Oito. O que aconteceu ontem à noite?
— Jogamos poker, bebemos tequila e não sei o que mais.
— Então, por que você está seminu?
— Era strip poker. Ideia de Rocky. — Eu estremeço quando minha
cabeça lateja.
A voz aguda de Adriana também não ajuda.
Ela ri antes de se levantar e ir para a cozinha. Posso sentir um
pouco de aroma filtrando, e espero que Elijah esteja preparando o café
da manhã. Recusando-me a perder mais um minuto chafurdando na
autopiedade, eu me levanto do sofá e vou para o meu quarto.
Encontro um pouco de Advil no banheiro. Graças a Deus porque
estou pagando pelas travessuras de ontem à noite. Tomo o banho mais
longo da história da humanidade, depois visto um short e uma camiseta.
De volta à cozinha, Adriana serve o café mais forte que já provei.
Eu o recebo junto com um café da manhã gourmet que Elijah coloca na
minha frente. Estou morrendo de fome.
Dez minutos depois, Charlotte arrasta sua bunda de ressaca para
a cozinha. Ela parece o inferno. Lindo inferno. Ela se joga na cadeira,
apoiando a cabeça nos braços. — Não olhe para mim — ela murmura.
Adriana começa a divagar sobre a praia enquanto lhe serve um
café. Momentos depois, Charlotte estala, ameaçando Adriana de calar a
boca porque sua voz está muito alta.
Leva mais de uma hora para que todos estejam prontos para a
praia. Estamos todos de pé na varanda, toalhas e equipamentos a
tiracolo. Nikki está usando um enorme par de óculos de sol, mais mal-
humorada do que de costume, e mordendo a cabeça de todos por falar.
Rocky está surpreendentemente normal, considerando que se
menosprezou ao lamber a vodka da mesa. Eu me recuperei da melhor
maneira possível, e Charlotte, é claro, parece ser sexy de novo. Ela está
vestindo um kaftan, carregando o guarda-chuva e segue o resto de nós
até a praia.
Arrumamos todas as nossas coisas e as meninas resolvem pegar
um solzinho. Charlotte puxa seu kaftan sobre a cabeça revelando um
biquíni amarelo acanhado. Parece incrível contra sua pele já bronzeada.
O tecido mal cobre seus seios curvilíneos, e a parte de baixo fica baixa
revelando sua tatuagem. Não consigo tirar os olhos dela. Ela parece ter
acabado de sair de uma sessão de fotos da Sports Illustrated.
O sol está quente, então Rocky decide levar Will para a água.
Estamos ficando sem bebidas, então me ofereço para pegar mais e,
surpreendentemente, Charlotte se oferece para vir comigo.
De volta à casa, sei que temos dez minutos antes que alguém venha
nos procurar, então não perco tempo.
Dentro da cozinha ela está ao lado da geladeira com a porta aberta
enquanto pega algumas garrafas de água. Sua linda bunda está bem na
minha frente, e a resistência é inútil. Eu me inclino, puxando-a contra
mim. Sem hesitar, deslizo minha mão por sua frente e na parte de baixo
do biquíni. Começo a esfregar meus dedos lentamente sobre sua boceta,
provocando seu clitóris me deixando excitado pra caralho.
Precisando desesperadamente prová-la, ela solta um gemido,
minhas mãos segurando-a com força enquanto a giro e a carrego até a
bancada.
De pé na frente dela, eu uso minha boca e puxo a parte de cima do
biquíni para baixo, expondo seus lindos seios. Seus mamilos estão duros,
o desejo devastando dentro de mim enquanto os tomos grosseiramente
em minha boca.
Ela puxa meu cabelo, me implorando por mais. Curvando-me,
empurro a parte de baixo do biquíni para o lado e mergulho minha
língua em sua boceta encharcada. Seus gemidos ecoam na sala, e com
um senso de urgência, ela me guia, me dizendo como ela quer ser
comida, exatamente o quanto ela quer que eu chupe seu clitóris.
Sabendo que ela está perto, eu me afasto, sem fôlego.
— Lex... — Suas respirações são irregulares. — Não pare... por
favor.
Eu a quero assim, me implorando por isso. Eu quero que ela fique
na mesma agonia que eu senti. Quando chegar a hora certa, farei com
que ela goze, e será algo que ela nunca esquecerá.
Eu beijo seu ombro. — Desculpe amor. Temos que voltar.
Estreitando os olhos, ela murmura baixinho enquanto ajeita o
biquíni. Parar no meio das preliminares também não me ajudou. Estou
duro pra caralho e preciso gozar para liberar a tensão acumulada.
Meus olhos se desviam para a mão dela, onde está o anel que
coloquei em seu dedo ontem à noite. Estou emocionado por ela ainda
estar usando, apesar das circunstâncias de como eu coloquei nela. Pode
não ter sido uma proposta real, mas ainda significa algo para mim.
— Aparentemente, isso é o que acontece com os casais o tempo
todo. Lembre-se de que você concordou em ser minha esposa no fim de
semana — eu a lembro, levantando sua mão e beijando seu dedo.
Charlotte pula da bancada, me ignorando enquanto tento agarrar
sua bunda mais uma vez.
— Bem, querido, se você for meu marido no fim de semana,
cuidado porque eu não jogo limpo. — Ela pega as bebidas e eu a sigo
porta afora, pegando o resto. Coquetel de merda.
De volta à praia, entramos na água gelada. Depois, deitamos em
nossas toalhas secando e tomando banho de sol. Deitados ali,
conversamos sobre coisas, sobre a vida em geral. Ela fala mais sobre sua
avó e seu tempo em Yale. Ela me conta histórias sobre pessoas que
conhecíamos em casa, aquelas com quem ela ainda mantém contato,
principalmente Finn.
— Então, o que, ele ainda está ansiando por você?
— Ele nunca estava ansiando por mim — diz ela, revirando os
olhos. — Ele se casou com Jennifer. Lembre-se, ele estava namorando
com ela naquela época? Eles têm quatro filhos. Kasey, Lauren, Jessie e
Milo.
— Então, vocês nunca ficaram depois que eu... você sabe?
— Não, Lex. Continuamos incrivelmente bons amigos. Ele até veio
com Jen para minha formatura.
Isso explica a fotografia que encontrei no Google. Estou aliviado.
Mais uma pergunta no grande livro de mistérios de Charlotte
respondida.
Conversamos um pouco mais antes de decidir voltar. É hora do
almoço e estávamos todos famintos. Antes de voltar para casa, Charlotte
sugere que tomemos banho na área externa localizada na propriedade.
Rapidamente percebo que está escondido atrás de alguns arbustos.
Enquanto ficamos ali sob a água lavando a areia de nós, ela se
inclina para mim e coloca seus lábios na minha boca, beijando-me
profundamente.
— Como sou sua esposa, acho que devo manter minha parte no
acordo. O que Nikki disse? E boquetes dia sim, dia não?
Ouvi-la dizer que é minha esposa é o suficiente para me deixar
duro. Ela coloca as mãos no meu peito antes de deslizá-las para baixo e
dentro do meu short. Com firmeza, ela envolve as mãos em volta do meu
pau, acariciando-o suavemente enquanto beija meus lábios. Incapaz de
falar, eu gemo em sua boca.
Ela desliza para baixo, desabotoando meu short. Enquanto ela se
agacha diante de mim, liberando meu pau, imploro para que ela absorva
tudo.
Com seus olhos olhando para mim, parecendo tão inocente e puro,
espero que ela envolva sua boca em volta do meu pau duro. Em vez
disso, ela o agarra, deslizando-o entre seus seios perfeitos. Mal consigo
respirar, xingando baixinho, avisando que posso gozar a qualquer
momento.
— Você quer que eu prove você, baby? É isso que você quer?
— Foda-se, sim... por favor — eu imploro.
Ela passa a ponta da língua pela cabeça do meu pau. A água fria
ainda cai sobre nós, mas, juro pela minha vida, não consigo sentir nada.
Minha pele está queimando, e a maneira como ela me provoca com a
língua só aumenta o fogo. Estou perto, pronto para gozar em sua boca
quando ela sai, colocando meu pau no meu short e me levantando com
um sorriso satisfeito no rosto.
— Charlotte, que porra é essa?
Olhando presunçosa, eu sabia que estava chegando. — Sinto
muito, querido marido meu. É hora de ir almoçar. — Ela desliga o
chuveiro com o maior sorriso brincando em seus lábios. Ninguém me
deixa inacabado. Quando ela começa a se afastar, balançando os quadris
de propósito, eu agarro seu corpo, puxando-a de volta para mim.
Empurrando-a contra a parede do chuveiro, puxo a parte de baixo do
biquíni para o lado, enfiando meu pau nela. Seus gemidos se
intensificam conforme eu empurro com mais força.
— Não é bom me deixar esperando — eu resmungo, mal me
controlando. — Se você fosse minha esposa, eu te foderia assim onde e
quando... em nossa cama a noite toda até você me implorar para parar.
Mais algumas estocadas e eu saio. Ela choraminga, seu corpo
colapsando no meu.
— Lex, nãooo. Por favor... continue me fodendo... por favor.
— Sinto muito, querida. Você mesma disse, o almoço está pronto.
Ajustando a parte de baixo do biquíni de volta no lugar, beijo seu
ombro e começo a caminhar de volta para casa. Eu sei que acabei de
irritá-la, mas ela aceita isso com calma. Ela corre até mim, pula em cima
de mim e eu a carrego de volta para casa. Ela continua me provocando e
eu rio. Ela é muito fofa quando está com raiva.
Estamos passando pela piscina quando ela me avisa: — Não se
atreva, Lex. Se eu entrar, você entra.
Eu pondero o que devo fazer, mas é muito fácil deixar passar. Eu
pulo na água com ela ainda nas minhas costas. Ela grita e eu
acidentalmente engulo um pouco de água de tanto rir. Nadamos por
alguns minutos antes de Elijah chamar por nós.
Quando saímos da piscina, certifico-me de que estou atrás dela
apenas para poder ver sua doce bunda molhada na minha frente. Ela
está tão fodidamente sexy neste biquíni.
Sentamo-nos à mesa ao ar livre enquanto Elijah nos alimenta.
Minha irmã tem muita sorte de tê-lo, principalmente porque ela não
consegue nem ferver água sem queimá-la. Esta noite, havíamos
planejado ir a um parque de diversões típico, porcarias e jogos. Will está
animado e quer ir em todos os brinquedos, implorando a todos nós para
acompanhá-lo.
Depois do almoço, todos fazemos nossas próprias coisas e, quando
digo nós, Nikki pede a Charlotte para cuidar de Will, então ela e Rocky
desaparecem, assim como Adriana e Elijah. Aqueles filhos da puta
gananciosos com suas sessões de foda da tarde. O que eu não daria para
fazer isso com Charlotte agora. Charlotte, é claro, está mais do que feliz
em passar algum tempo com Will. Passamos a tarde quente nadando na
piscina com Will ansioso para mostrar suas habilidades de natação.
— Lex, você pode me ensinar a mergulhar? — ele pergunta depois
de dar algumas voltas.
— Claro, amigo. — Nadamos até a borda, e faço sinal para que ele
junte as mãos e estique os braços.
Charlotte está sentada na linha lateral nos observando com um
olhar estranho em seu rosto.
Ele mergulha, mas cai de barriga. Ai. Ele é rápido para voltar à
borda e tentar novamente. Eu amo a determinação desse garoto. Após a
quinta tentativa, ele finalmente conseguiu, fazendo com que Charlotte e
eu torcêssemos. Eu nunca passei nenhum tempo com crianças, mas ele
torna isso fácil. Ele é um garoto tão descontraído, não como aqueles
pirralhos que você vê em shoppings.
— Lex, você é o namorado de Charlie?
Não sei como responder a isso, e Charlotte simplesmente observa
divertida. Eu procuro em meu cérebro a explicação mais fácil que posso
dar a ele, afinal, o garoto tem apenas sete anos.
— Uh, não realmente, amigo. Sou apenas amigo dela.
— Mas você age como mamãe e papai. Apaixonados e tal.
A observação me pega desprevenido. É assim que as pessoas nos
veem? Bem, do meu ponto de vista, é a verdade.
— Quer saber, Will? Às vezes, bons amigos podem se amar, mas é
um tipo diferente de amor — intervém Charlotte.
— Mas, Charlie, por que você não se casa com Lex? Então você
pode ter filhos e eu posso ter alguém com quem brincar.
Uau, garoto. Bebês?
Bebês me assustam.
Tão pequeno e frágil, e ouvi dizer que você não consegue dormir
por uma eternidade. Além disso, fraldas sujas. Mas, novamente, será um
pedacinho de Charlotte e eu, e também há a tentativa de ter um bebê?
Essa é a parte divertida, certo?
— Não tenho certeza de como responder a isso. Mas olhe, Will, o
sol está se pondo e temos uma feira para ir. Você vai nos carrinhos bate-
bate comigo?
É uma grande distração e ele não sabe diferente.
— Oh sim! Vamos garantir que o papai dirija o outro carro. Ele
não sabe dirigir porra nenhuma.
— Will — Charlotte e eu exclamamos em uníssono.
O que você diz para uma criança que xinga na sua frente?
— Desculpe. — Ele inclina a cabeça e tentamos ao máximo conter
o riso.
Voltamos para dentro e seguimos caminhos separados para tomar
banho. Eu penso em entrar furtivamente no quarto de Charlotte, mas sei
que ela está ocupada preparando um banho para Will. Em vez disso,
tomo um banho sozinho e me pergunto se devo me masturbar, mas
prefiro gozar dentro dela.
Como estamos todos vestidos para o parque, finalmente consigo
um momento para puxar Charlotte de lado enquanto os outros saem
para a varanda.
— Então, por que você não quer se casar comigo?
— O que?
— Will perguntou... por que você não quer se casar comigo?
— Lex, ele tem sete anos.
— Responda-me. — eu exijo em voz baixa tentando não causar
uma cena.
— Bem, para começar, nós nem estamos namorando. Você nunca
me pediu, e eu me lembro da última vez que você se casou e não
conseguiu permanecer fiel. O que há para dizer que você não fará isso
comigo?
— Não sou eu que estou vendo duas pessoas agora.
— Por favor, não entre nessa, Lex.
— Então, você não confia em mim? É isso?
— Lex, não é só a confiança. Há muitas coisas.
— Como o que? Diga-me, Charlotte. Como você espera que eu leia
sua mente?
Will agarra a mão de Charlotte dizendo que é hora de ir.
A conversa pode ter sido interrompida, mas caramba, vou dar um
jeito de trazer isso à tona de novo. Talvez mais tarde esta noite. Talvez
eu precise colocar um pouco mais de álcool nela para se abrir comigo.
Nós sete caminhamos até o parque onde acontece a feira. É a típica
montanha-russa, carrinhos bate-bate, tipo roda-gigante de baile.
Charlotte, Adriana, Rocky, Nikki e Will vão nos carrinhos bate-bate. A
fila é bem longa, então Elijah e eu ficamos esperando que eles terminem.
— Então, este fim de semana parece promissor para vocês dois.
— Menciona Elijah.
— É isso? Eu não posso lê-la. Em um minuto ela me odeia, no
minuto seguinte ela quer ser minha amiga. Mas ela está se segurando e
não sei por quê.
— Mesmo que você tivesse seus motivos na hora em que a deixou,
imagine se os papéis fossem invertidos. É difícil superar a dor. Estou
surpreso que ela tenha deixado você chegar tão longe. Charlie é uma
mulher durona. Dê-lhe tempo. Ela precisa tomar essa decisão sozinha.
Não a pressione.
— Estou cansado de esperar — digo com frustração. — Além
disso, acho que ela ainda está fodendo com Julian.
— Sinceramente, Lex, você realmente acredita nisso?
— Não sei. Ela não negou. Preciso me livrar dele.
— O que você sabe que é errado porque Charlie vai te odiar por
isso. Lex, ele não fez nada de errado. Ele se apaixonou por uma mulher
e depois entrou com o ex dela. Você tem que sentir pena dele.
— Pena dele? — Soltei uma risada ridícula. — O idiota deve saber
que não deve mexer comigo agora.
Os passeios terminam e os cinco voltam rindo, falando sobre
Rocky e sua péssima habilidade de dirigir. Eu não ouvi muito da
conversa além de Rocky reclamando sobre uma garotinha que
continuou batendo nele, e é por isso que ele ficou preso no canto durante
a maior parte do passeio.
— Lex, você pode jogar o jogo de tiro comigo, por favor? — Will
implora.
— Claro, amigo. Vamos.
Sentamo-nos nos bancos enquanto os outros se alimentam. Nós
nos preparamos para jogar, e quando a campainha toca, a arma esguicha
no alvo, e eu solto meu aperto de vez em quando para que Will possa
alcançá-lo. Ele vence e felizmente escolhe um grande leão de pelúcia.
— Cha Cha, olha... eu ganhei! — Ele pula orgulhosamente exibindo
seu brinquedo.
— Yay! Você chutou a bunda do Lex? — Ela sorri, bagunçando o
cabelo dele.
— Com certeza.
Ele foge para mostrar aos pais enquanto Charlotte e eu decidimos
dar uma volta.
— Ele é um ótimo garoto — eu digo, observando-o enquanto ele
segura orgulhosamente o leão para Nikki, imitando seu tiro. Ela o abraça
forte antes que ele encontre Adriana e faça exatamente a mesma coisa.
— Quem? Will? Sim, eu sei. — Sua expressão se suaviza quando
ela abre os lábios com um sorriso adorável. — Desde o momento em que
o segurei pela primeira vez, soube que ele era especial. Há uma razão
pela qual ele veio naquela época.
— O que você quer dizer? — Eu questiono, confuso.
Torcendo o pescoço, ela olha na direção oposta. — Quero dizer,
tipo, você sabe, uma bênção disfarçada. Nikki e Rocky não estavam
prontos para serem pais, mas deu certo. Eles fizeram funcionar.
Ela inclina a cabeça, arrastando os pés nervosamente.
Algo está errado.
— O que está errado?
— Nada.
Somos interrompidos quando Will pede para ir até o show de
mágica que está prestes a começar. Ele segura a mão dela e com a outra
segura a minha. Ele conversa alegremente e, embora o garoto possa
divagar sem parar, gosto da ideia de ter meu próprio filho um dia.
Meu telefone vibra no meu bolso. Curioso para ver quem está me
ligando em uma noite de domingo, eu o pego e verifico a tela. Bryce.
Merda! Perdi várias de suas ligações, mas algo me avisa que ele está
tentando desesperadamente entrar em contato comigo por um motivo,
então peço licença para atender a ligação.
— Sr. Edwards, estou tentando falar com você.
— O que está errado?
— Eu consegui colocar minhas mãos em algumas informações
pessoais sobre a Srta. Mason.
Eu me afasto de onde Charlotte está, ouvindo Bryce mencionar
datas.
— Ela foi internada em um hospital particular de Connecticut por
cinco dias. Não consigo obter nenhuma informação sobre a doença dela.
— Ok, então talvez ela tenha apendicite ou algo assim?
— Sr. Edwards, 21 de setembro foi o dia em que Althea Mason
faleceu.
A avó dela. Então ela foi internada no dia em que sua avó faleceu?
Talvez tenha sido o choque de perder um ente querido. 21 de setembro
é daqui a dois dias. Há uma forte possibilidade de que seu humor esteja
alto e baixo devido ao luto pelo aniversário da morte de sua avó.
— Sr. Edwards, tem mais uma coisa. A razão pela qual não
consegui obter mais informações sobre a doença dela foi porquê... — O
telefone desligou, o som crepitante ecoando pelo alto-falante.
— Sr. Edwards, você está aí?
— Sim, Bryce, não entendi essa última parte.
— Ela estava na ala psiquiátrica.
As palavras são como dinamite, deixando-me atordoado e
confuso. Meus olhos se dirigem para onde ela está, olhando para ela, sem
palavras.
A ala psiquiátrica é coisa pesada. Eu sei disso desde o meu diploma
de medicina. É traumatizante, e a dor de perder um ente querido pode
ter efeitos colaterais emocionais, mas ser colocado na ala psiquiátrica?
Não consigo entender isso.
Charlotte é inteligente. Ela é teimosa. Algo mais deve tê-la
atormentado, algo mais pesando sobre ela para que ela desmoronasse e
fosse diagnosticada dessa forma. Minha imaginação está correndo solta,
mas então eu penso nisso logicamente. Ter seu namorado saindo da
cidade com uma esposa grávida para nunca mais falar com você, mudar-
se para o outro lado do país para morar com alguém que você mal
conhece e tomar decisões sobre qual faculdade frequentar e qual
carreira escolher, então ter sua avó falecida de repente, sem qualquer
aviso. Ok, foram seis meses bem fodidos que ela teve que suportar.
Meu olhar se fixa em seu rosto, mas algo mudou nos poucos
minutos em que estive perdido em meus próprios pensamentos. Com
um olhar vago, seu sorriso desapareceu. Ao seu redor, as pessoas estão
rindo do mágico, mas sua boca está em uma linha dura, seus ombros
caídos enquanto todos parecem relaxados e à vontade.
A imagem parece familiar, e eu quebro meu cérebro para saber o
porquê.
Porra, o que diabos está acontecendo aqui?
Então ele clica.
A fotografia de sua avó e ela no balanço da varanda. Como seu
rosto parecia magro, como seus olhos não tinham mais brilho. Como ela
tentou tão desesperadamente forçar um sorriso para a câmera, mas isso
apenas revelou o que era flagrantemente óbvio - ela estava quebrada.
Eu a quebrei, não há como negar isso.
Mas não faço ideia do quanto.
CAPÍTULO QUARENTA E CINCO

CHARLIE

Este fim de semana me deixa questionando tudo em que acredito,


tudo o que eu disse que não cairia de novo.
Sei que disse que nada está fora dos limites, mas quis dizer
sexualmente. Esse outro apego que meio que se encaixou eu não
esperava - o aperto de mão, o beijo carinhoso, os gestos do tipo carícias
e as perguntas constantes sobre o casamento.
Isso me apavora.
Eu estava bêbada quando ele colocou aquele anel no meu dedo e
fiquei feliz em jogar junto com o jogo, mas em algum momento nas
últimas horas passou da fantasia para a realidade.
Ele me pergunta se o problema é que eu não confio nele. Eu? Claro,
ele pode ter quem ele quiser, e quem tem uma boceta o quer. Minhas
inseguranças estão levando a melhor sobre mim e eu não gosto nem um
pouco disso.
Enquanto o show de mágica toca ao fundo, fico ali atordoada,
tentando organizar meus pensamentos. Minhas emoções estão levando
a melhor sobre mim, e este não é o lugar para um colapso. Em vez disso,
coloco meu melhor sorriso e pergunto a Lex se ele quer ir na roda-
gigante, só ele e eu. Nada melhor do que um lento passeio no parque de
diversões para distraí-lo de se perguntar 'e se'.
Pagamos as passagens e pulamos no próximo vagão para chegar.
É uma noite bonita com um céu claro. A lua está brilhando forte e, se
você olhar por tempo suficiente, poderá vislumbrar uma estrela
cadente.
Há apenas algumas pessoas no volante, mas não há ninguém nas
cabines que nos cercam. Ficamos sentados em silêncio olhando para a
vista abaixo de nós, mas seu olhar continua fixo em mim.
— Você está bem?
— Estou bem.
— Sabe, quando uma mulher diz que está bem, ela geralmente
não está bem — ele me diz com um sorriso caloroso.
Ele não pode entender os pensamentos em minha cabeça, então
eu faço a única coisa que posso para distraí-lo, passo minha mão ao
longo de sua coxa parando no meio de suas pernas.
Puxando-me para perto dele, eu devoro seu cheiro, permitindo
que ele inebrie meus sentidos. Eu coloco meus lábios nos dele, beijando-
o. Ele retribui o beijo até que a roda gigante pare porque mais pessoas
estão entrando. Eu quero mais, algo mais sujo do que apenas beijar na
roda-gigante.
Como se pudesse ler minha mente, sua mão roça minha coxa, mas
em vez de levantar meu vestido, ele desliza a mão por trás e sob minha
bunda. Meu corpo estremece em antecipação - o movimento da cabine,
a brisa quente e os ruídos altos que nos cercam - enquanto ele se move
lentamente até encontrar o que está procurando. Eu posso ver a
turbulência em seus olhos enquanto ele lentamente desliza um dedo
dentro de mim, fazendo-me ofegar quando ele empurra mais fundo.
Fechando meus olhos momentaneamente, permito que todo o meu
corpo sinta a adrenalina até que seus lábios roçam minha orelha.
— Outro dedo?
Meus pensamentos são incoerentes, e apenas conseguindo acenar,
ele desliza outro dedo. Eu aperto minhas pernas com força, aumentando
a intensidade. Quero ultrapassar os limites que nunca pudemos
ultrapassar antes.
— Devo ser um bom marido e fazer você gozar na roda-gigante?
Eu me viro para olhar para ele, meus olhos selvagens, prontos
para queimar em seus dedos. Eu gemo, minha respiração se
aprofundando, desesperada para terminar depois de sua provocação
incessante durante todo o dia.
A cabine balança quando nos sentamos no topo. Não consigo nem
admirar a vista porque é tudo um borrão. Não há ninguém ao nosso
redor. Ninguém que possa nos ver, de qualquer maneira.
— Responda-me — ele exige.
— Sim, por favor.
Eu não me importo se estou implorando, e minha calcinha está
encharcada. Apenas um leve empurrão é tudo que eu preciso enquanto
ele empurra seu terceiro dedo - o poder de seu toque em cada
centímetro do meu corpo. Estou caindo em um belo abismo. Lutando
para controlar meu corpo, eu me curvo em seu abraço, curvando minha
cabeça enquanto sou consumida pela sensação de formigamento
persistente.
Meu corpo começa a ganhar compostura enquanto eu lentamente
abro meus olhos. A primeira coisa que noto é sua excitação de pé como
uma monstruosidade - uma bela monstruosidade, veja bem.
Com um sorriso malandro estampado em seu rosto, ele exige que
eu abra minha boca, forçando-me a provar minha excitação em seus
dedos. Uma faísca dentro de mim se acende e, apesar da minha liberação
anterior, estou de volta à estaca zero. O que ele está fazendo comigo?
Eu tento consertar meu vestido, então não é óbvio que fui fodida
com o dedo na roda-gigante. Se alguém conseguir identificar isso, será
Nikki. Não é uma surpresa quando Nikki ri de mim no caminho para a
saída, me puxando de lado, perguntando se eu gostei do meu momento
Mark Wahlberg-Reese Witherspoon. Eu juro que ela tem algum radar
sexual, é assustador.
Will começa a chorar, um sinal de exaustão. Sinto o mesmo depois
do jogo de pôquer de ontem à noite. Depois que a corrida do açúcar de
Will passou, ele reclama de voltar para casa. Lex se oferece para levá-lo
às costas até a casa, que ele aceita de bom grado. Will falou sem parar
sobre o mágico e como foi legal quando o coelho desapareceu. Lex sorri,
concordando com tudo que Will diz.
— Eu sei o que você está pensando — digo a Nikki enquanto ela
os observa.
— Vá em frente, Charlie. O que eu estou pensando?
— Que eu deveria parar. Que ele não é bom para mim.
— Eu nunca disse isso.
— Mas eu sei que é isso que você está pensando.
Ela permanece quieta, sua expressão de julgamento usual ausente.
Nikki tem uma opinião sobre tudo e, desde o primeiro dia, ela não gostou
de Lex e de tudo sobre nós.
— Charlie... ele não é quem eu pensei que fosse.
— Oh? — Levantando minhas sobrancelhas, minha cabeça se
inclina para trás. — Você se importa em elaborar?
Rocky coloca o braço em volta de Nikki e sussurra algo em seu
ouvido, nos interrompendo. Ela ri, e eu me recuso a perguntar o que ele
disse. Juro que ouvi a palavra cinta. Mais uma vez, eu não quero
perguntar.
Adriana e Elijah decidem dar um passeio na praia enquanto Nikki
e Rocky decidem ficar em casa e assistir a um filme, já que Will foi
dormir. Lex me pergunta se eu quero dar uma volta na motocicleta.
Claro, eu concordo. Adoro andar de motocicleta, mas desta vez serei a
passageira.
Colocamos nossos capacetes enquanto ele liga o motor. Ele está
radiante com a emoção de tudo isso, correndo dentro e fora das ruas. Eu
o agarro com força, mas decido que será divertido provocá-lo.
Quando ele pega uma parte reta da estrada, eu deslizo minhas
mãos até o topo de sua calça jeans. No momento em que o faço, tenho
certeza de que não é por acaso que sinto o ronco do motor. Lentamente,
eu os deslizo na frente de sua calça jeans até que seu pau esteja firme
em minhas mãos.
Estou obcecada com isso.
Eu quero 24 horas por dia, sete dias na minha boca, minha boceta,
minha bunda, porra em todos os lugares.
Está incrivelmente duro, mas a pele dele é tão macia ao mesmo
tempo. Eu aumento meu aperto, acariciando-o.
Subindo por uma estrada ventosa, acabamos no topo das falésias
em uma área isolada. Lex estaciona a moto, então tiro minha mão de sua
calça jeans e pulo, abrindo meu capacete.
No segundo em que consigo respirar, ele bate seus lábios nos
meus, enfiando a língua na minha boca. Ele não para nem para respirar,
sugando meu lábio inferior enquanto eu me esforço para respirar. A
força absoluta de tudo tira o fôlego de mim, deixando meus lábios
inchados.
— Você começa, você termina — ele rosna.
Ele desabotoa a calça jeans, empurrando minha cabeça até seu
pau. Não há espera, não há mais provocação. Eu o pego com tudo,
chupando avidamente enquanto ele se inclina contra a moto.
Minha saliva se acumula em torno de seu pau, fazendo sons
enquanto ele arqueia as costas. Eu o tomo o mais fundo que posso
enquanto ele puxa meu cabelo, me observando. Seus olhos estão em
chamas, seu corpo tenso enquanto ele luta para se segurar. Desta vez,
vou empurrá-lo para o limite.
Distanciando minha boca, continuo a acariciá-lo. — Devo ser uma
boa esposa e fazer você gozar aqui na motocicleta?
Ele geme, balançando a cabeça, incapaz de formular qualquer tipo
de resposta coerente para mim. Segundos depois, um gosto quente e
doce atinge o fundo da minha garganta. Eu engulo cada gota, lambendo
meus lábios enquanto termino com ele, em seguida, lambo seu pau
limpo.
— Foda-se, Charlotte. — Ele resmunga, ainda segurando meu
cabelo.
Eu abotoo sua calça jeans, mas sua mão agarra meu pulso. Meus
olhos encontram os dele e, de relance, sei que isso está longe de
terminar. Lex tem a resistência de um garanhão selvagem - ele pode
envergonhar as estrelas pornô.
— Não sei por que você está abotoando minha calça jeans.
Coloque sua boceta nessa moto e abra suas lindas pernas — ele exige.
Bem, seria incrivelmente rude não seguir suas instruções. Quando
um homem lindo como Lex diz que vai comer sua boceta, você abre as
pernas mais rápido que a velocidade da luz.
Em cima da moto, sento com as pernas abertas, esperando
ansiosamente. Lex tem tudo a ver com autogratificação, circulando sua
língua ao redor do meu clitóris, pegando seus dedos e empurrando-os
para dentro, torcendo-os e, em seguida, removendo-os abruptamente
para chupá-los. Vê-lo me provar em seus dedos é a cereja do bolo do
sexo.
Minhas pernas começam a parecer gelatina e mal consigo ficar de
pé. Eu me viro, então minhas costas estão voltadas para ele. Inclinando
meu corpo sobre a moto, ele coloca o polegar no meu cu esfregando-o
levemente. Sem controle, meu corpo começa a ceder novamente.
Colocando seu pau na entrada, ele começa a me provocar.
A espera está lentamente me matando e, frustrada, eu o alcanço e
o forço para dentro de mim. Ele grunhe enquanto empurra,
murmurando palavrões em meu ouvido. Lex começa a enfraquecer, e
meu eu interior está se deliciando com este homem completamente à
minha mercê.
— Charlotte, eu não aguento mais isso. Você é minha, entendeu?
Sempre fomos nós.
Suas palavras ressoam comigo. Eu quero ser dele, mas preciso ser
a única mulher em sua vida. Eu preciso dessa promessa agora mais do
que nunca.
Eu grito seu nome enquanto minhas pernas começam a tremer, e
cada parte de mim está coberta de arrepios.
Mais uma estocada, cada vez mais fundo ele vai até eu me desfazer.
Ele cavalga a onda comigo, golpeando para dentro até seu corpo
enrijecer.
Nossos corpos desaceleram, e quanto mais devagar vamos, mais
eu sofro. Meus músculos se contraem, mal consigo me mover. Ele se
puxa lentamente, beijando minhas costas enquanto faz isso. Abotoando
a calça jeans, ele se inclina e arruma meu vestido.
Olhando em seus olhos, algo se passa entre nós. Ninguém me
fodeu como Lex, e ninguém nunca me fez chegar ao clímax com tanta
força que juro que é como uma experiência fora do corpo. Estamos nos
divertindo e não quero estragar tudo misturando essa merda emocional.
Enquanto me equilibro, observo o que está ao meu redor. A vista
é incrível. O oceano está escuro, mas os sons das ondas quebrando
ecoam pela noite.
— Nossa, isso é incrível. Como você sabia sobre este lugar?
Lex sorri. — Google Maps.
— Oh, eu pensei que este era o seu lugar para sair com as garotas.
— eu provoco.
— É agora.
Ele me puxa para um abraço, beijando-me profundamente. Com
medo, eu me afasto, sem saber se ele percebe ou não.
Lex agarra minha mão, me levando até a borda onde nos
sentamos, admirando a vista do oceano e as luzes ao longe. Ele se senta
atrás de mim, me puxando para me manter aquecida.
— Lembra como eu prometi a você naquela noite do baile, anos
atrás, como assistiríamos ao nascer do sol?
— Sim — murmuro, engolindo a dor presa na minha garganta.
— Vamos fazer isso esta noite. Vamos ficar aqui e ver o sol nascer.
— Lex, eu...
Não sei o que dizer, não estou pronta para o apego emocional. Ele
está me pressionando, e eu não gosto de ser pressionada. Isso me
assusta, me faz sentir fraca, me levando de volta para aquele lugar
sombrio novamente.
— Charlotte, não. Apenas deixe-nos ter este momento.
Sento-me em silêncio, minha mente voltando para a grande briga
que tivemos na semana anterior ao baile.
— Baile de formatura, essa foi uma noite inesquecível... — ele
para.
— Eu me lembro da nossa grande briga antes disso também.
— Charlotte. Você sabe que eu nunca dormi com Samantha
enquanto estávamos juntos, certo? Ela me disse quando confessou sobre
o bebê que eu estava tão bêbado naquela noite que ela tentou, mas foi
impossível.
— Eu sei.
Samantha e eu chegamos a uma trégua e meio que nos tornamos
amigas, não que Lex fosse ficar feliz com isso. Eu sei que ela não mentiria
sobre isso, mas, novamente, tudo se resume à confiança. O fato de ele
continuar casado, de achar que pode ter dormido com ela, foi o
suficiente para me quebrar, para nos quebrar.
— Mas você ainda não confia em mim? — ele bufa, irritado.
Olho para a noite escura, desejando que meus sentimentos
venham à tona.
— Lex, minha vida desmoronou quando você partiu. Ouvir esses
boatos de que ela estava grávida, saber pela Adriana que você havia
saído da cidade e eu não consegui entrar em contato com você. Eu não
tive nenhum fechamento. Fiquei juntando os cacos do que pensei ser o
maior amor de todos os tempos. Eu me senti traída. Eu era motivo de
chacota na cidade, e ter que confrontar meu pai... ele literalmente queria
te caçar e te matar. — Minha garganta começa a se fechar, engolir fica
cada vez mais difícil conforme minha frequência cardíaca aumenta. —
Levei tanto tempo para encontrar meu caminho, para construir minha
vida novamente e ser capaz de confiar em qualquer pessoa. Não foi só
você que perdi, também foi a Adriana. Ela era minha melhor amiga
desde que me lembro. E Finn? Você pode odiá-lo o quanto quiser, mas
ele me trouxe de volta à vida. Ele me fez funcionar como um ser humano
novamente. Me fez rir pela primeira vez, admito que foi uma situação
engraçada, mas ele sempre me apoiou e eu o amo como um irmão. Você
pode não ter visto esse lado dele, mas ele sempre cuida de mim. Minha
pobre avó me colou de volta tão completa quanto eu poderia estar. Ela
me ensinou sobre a vida e seguir em frente para alcançar e ter a
capacidade de poder sonhar e aspirar novamente. Eu não estaria
sentada aqui com você se não fosse por ela. Quanto a Julian, pela
primeira vez desde que você me deixou, ele me fez perceber que eu
poderia amar de novo.
— Então, você ainda o ama? — ele me interrompe. Claro, ele faria.
— Ele me fez sorrir de novo. Me fez perceber que não poderia
continuar esperando que um clone seu voltasse à minha vida. Eu sei que
você o odeia, e eu sei que você quer que eu termine todos os laços, mas
Lex, você precisa me dar tempo para decidir isso sozinha. Eu confio
nele? Sim, tenho porque ele não me deu nenhuma razão para não fazê-
lo. Mas você me fez perder toda a confiança em você, em nós. Você me
quer, Lex? Então me dê um tempo. Não me pressione porque você pode
não gostar da resposta.
— E como você acha que o Sr. Confiável vai lidar sabendo que
você passou o fim de semana transando comigo?
— Meu relacionamento com Julian é apenas isso, entre nós dois.
Ok, então sim, foi minha culpa por essa coisa de nada está fora dos
limites, mas bem... — Eu procuro uma razão para justificar meu
comportamento impulsivo. Não há nenhuma razão além do fato de que
eu sou uma putinha excitada que precisa da minha dose.
— Sim, eu entendo. O rabbit quebrou e você precisava de um pau
— ele responde, magoado.
— Não, Lex, não é assim. Por favor, não me interpretem mal. Ah,
Merda! Deixe-me tirar meus pés da minha boca. — Isso está indo ladeira
abaixo muito rápido. — Eu só preciso de você fisicamente.
— Como eu disse. — Ele se levanta, limpando as mãos na calça
jeans.
— Lex, você sabe que não é assim...
Ele me interrompe, entregando-me o capacete. — Vamos voltar
antes do nascer do sol.
— Mas eu pensei que você queria assistir?
Lex se vira para mim, seu rosto vazio de qualquer calor amoroso.
Seus olhos são estreitos, rígidos, frios e duros. Naquele momento, sei
que o machuquei, embora não fosse minha intenção. Eu me tornei o
inimigo, a mulher despedaçando seu coração.
Ganhei o jogo que me propus a jogar.
Mas a vingança não é nada gratificante.
Não quando estou prestes a perder o homem que amo.
CAPÍTULO QUARENTA E SEIS

CHARLIE

NOVE ANOS ATRÁS

— Por que você está dando tanta importância a isso? Eu não vou
transar com ele.
Frustrada, chutei uma pedra que estava ao longo do caminho
perto da porta dos fundos. Alex ficou do lado de fora comigo, tentando
controlar seu temperamento. Era uma tarde de sexta-feira e Adriana
estava lá em cima experimentando o vestido de baile para Samantha. Eu
não sabia que eles viriam juntos, e cara, eu estava furiosa quando eles
vieram. Quero dizer, não foi culpa de Samantha ela ser casada com esse
cara legal, e eu não gostaria de deixá-lo fora de minha vista se ele fosse
meu.
Eu tinha pedido licença para pegar uma bebida na cozinha quando
na verdade eu estava saindo para tomar um pouco de ar fresco e me
acalmar. De alguma forma, ele escapuliu e me seguiu.
— Charlotte, por favor, o idiota anda pela cidade dizendo a todos
que vai te foder na noite do baile. Como se você não se importasse?
— Eu me importo, mas prefiro que ele espalhe esse boato do que
o que está sendo espalhado sobre uma garota do ensino médio
transando com o irmão casado de sua melhor amiga. É tarde demais
agora, de qualquer maneira. Eu disse sim.
— Não, não é tarde demais. Ligue e diga a ele que você não irá. —
Ele fez sinal para eu pegar meu telefone.
Eu estava prestes a dizer a ele onde enfiar esse nosso
relacionamento quando Samantha saiu.
— Está tudo bem? — ela perguntou, olhando de Alex para mim.
— Uh, sim, Alex só está tendo uma atitude comigo porque eu cobri
Adriana para a noite do baile. Ela e Elijah vão ficar em um hotel.
Samantha riu, balançando a cabeça.
— Nossa, Alex, como se você não tivesse trepado na escola.
Vamos, vamos para casa. Você me deve uma coisa, lembra? — Ela se
inclinou e beijou seus lábios.
Eu me virei, incapaz de ver meu coração começar a quebrar em
um milhão de pedaços. Eram nesses momentos que a dor era tão
profunda que me fazia questionar tudo sobre nós, sobre o nosso suposto
amor. Eu tinha uma escolha. Eu poderia desmoronar e chorar bem na
frente deles, ir embora e agir como se isso não me incomodasse, ou
realizar um doce ato de vingança.
Eu tinha dezoito anos, então, claro, era vingança. Sempre seria
vingança, e é um prato que se come frio.
— Oh, e Alex, não se preocupe. Adriana vai ficar bem. Carter e eu
estamos no quarto ao lado do dela. — Eu sorri, então com toda a
dignidade que pude reunir, saí com a cabeça erguida.

Ai. Que porra ela pensava que estava fazendo? Segurando-o


novamente perto da minha cabeça, senti a ardência. Porra, ela acabou
de queimar meu couro cabeludo? O cheiro de fumaça pairava no ar.
Estremeci enquanto esfregava o local onde queimava.
— Adriana, você está queimando minha cabeça — eu chorei.
— Desculpe, Char. É a descoloração do seu cabelo. Eu não sou
cabeleireira, você sabe. Embora eu fosse tão incrível como em Steel
Magnolias. — Ela continuou usando o babyliss, falando sozinha com um
sotaque sulista.
— Por favor, não me diga que você está se comparando a Dolly
Parton. Ela está cerca de cem tamanhos de xícara à sua frente. — Rindo
da comparação, balancei a cabeça, o que não foi muito bom, já que o
modelador ainda estava preso.
Porra, karma com certeza foi uma cadela esta noite.
— Ok, pronto. Vá olhar.
Levantei-me e olhei no espelho. Uau. Eu tinha que dizer que até eu
estava maravilhada. Os cachos estavam macios e caíam frouxamente
pelas minhas costas. Meu cabelo era naturalmente ondulado, mas graças
à umidade de morar à beira-mar, ele se transformava em uma bola de
frizz todos os dias. Essa semana pintei meu cabelo de um tom mais claro
de castanho, quase um loiro escuro. Eu estava cansada de ser uma
morena comum. Não sei o que deu em mim, mas pode ter algo a ver com
a briga que Alex e eu tivemos na semana passada.
Adriana terminou minha maquiagem, não que eu quisesse muito
em mim. Apenas uma pitada de blush, rímel e um pouco de batom rosa
pálido para adicionar brilho aos meus lábios opacos. Com tudo isso dito
e feito, tirei meu vestido do cabide e finalmente o coloquei. Ele se
encaixou perfeitamente e abraçou meu corpo em todos os lugares
certos.
— Char, você parece uma deusa. Esse tom de verde fica lindo em
você.
— É verde esmeralda, na verdade. — Eu apontei, feliz por
encontrar um vestido que eu amava. Era um lindo design ombro a
ombro. O cetim grudava no meu corpo, o que eu tive que agradecer às
minhas estrelas da sorte parecia razoavelmente bom, considerando que
eu odiava esportes ou qualquer forma de exercício. Ele flui para o chão
com uma leve calda. Simples, mas clássico.
— Isso me lembra de algo, mas não consigo descobrir o quê.
Então, de qualquer maneira, você e Carter, hein? — ela brincou.
— Não. Eu concordei em ir no início do ano porque precisava de
suas anotações de geometria, e ele concordou em me dar se eu fosse com
ele. Fim da história.
— Não sei o que há com Carter, mas ele irrita Alex.
Sentei-me em silêncio, tentando o meu melhor para não
demonstrar qualquer emoção, porque sabia por que Alex odiava Carter.
Fazia uma semana e não nos falávamos. Isso não impedia o fato de que
eu sentia falta dele como uma louca e enlouquecia sem falar com ele,
mas eu nasci uma Mason, teimosa como a porra de uma mula. Estava no
meu sangue, e eu não ia desistir. Ele estava sendo um idiota sobre Carter,
e ainda por cima, ele ia para casa para sua esposa todas as noites. Não,
eu não estava recuando nessa briga.
— Você deveria tê-lo visto esta manhã em casa. Quando eu
mostrei a ele meu vestido, ele falou sobre como Carter é um idiota e para
avisá-lo para tomar cuidado, e eu disse 'mano, se ela quer transar com
ele, então deixe o passado para trás.' Sério, Alex perdeu o controle e
quebrou meu espelho.
— O que?
Chocada, eu me virei para encará-la enquanto ela acenava com a
cabeça. Eu não podia acreditar que ele tinha feito isso na frente de
Adriana. E se ela suspeitasse de algo? De repente, me senti constrangida
e escolhi minhas próximas palavras com muito cuidado. Eu não podia
deixar transparecer.
— Ele disse que o idiota continua falando merda, e ele não queria
que ele te machucasse. — Ela divagou.
— Bem, seu irmão é um cara protetor. Ele me interrogou sobre
você e Elijah, e eu disse 'faça uma caminhada, cara'. Sério, qual é o
problema dele, afinal?
Mascarando meu sofrimento, eu esperava que ela acreditasse em
mim. — Eu não sei, ele está sempre no limite. Algo o está incomodando,
e acho que pode ter a ver com Samantha. Eu a ouvi dizer algo para minha
mãe e, bem, foi meio nojento.
Eu não sabia se queria saber o que era, mas a curiosidade levou a
melhor sobre mim. — O que pode ser tão nojento, Adriana?
— Oh, alguma merda sobre como ela quer tentar ter um bebê, mas
Alex não quer, e ela diz que ele não quer nem fazer sexo com ela. Eu te
disse, nojento, certo?
Eu fiz o meu melhor para esconder o sorriso que estava morrendo
de vontade de explodir de mim junto com a dança feliz interna. Meu eu
interior deu uma cambalhota pela sala.
— Você sabe o que? — Eu ri, tentando disfarçar o quão feliz eu
estava ao saber que ele não estava transando com Samantha. — É como
quando você fala sobre Elijah e merda na frente de Alex, e ele faz
exatamente a mesma cara, é muito engraçado vê-lo se encolher. Você
pode dizer que é parente.
Adriana terminou e voltou para casa para se arrumar. Enquanto
eu me sentava olhando para mim mesma no espelho, eu me perguntava
como seria esta noite. Não era assim que eu imaginava o baile de
formatura, indo com algum idiota quando o homem por quem eu estava
tão desesperadamente apaixonada estava sentado em casa com sua
esposa. Várias vezes, eu quis desistir, mas estava com tanto medo de que
alguém descobrisse. Não, eu precisava ir hoje à noite e agir como se não
houvesse Alex, fingir que eu sou uma garota comum participando dos
rituais normais de ser uma adolescente.
Desci as escadas devagar e encontrei meu pai sentado à mesa de
jantar com Debbie, sua namorada, embora ele detestasse essa palavra.
Ele se virou para olhar para mim e deu uma olhada dupla.
— Uau, Charlie. Você está linda — ele disse, seguido por uma
carranca. Debbie bateu levemente em seu braço enquanto ele fingia
sorrir. — Então, esse garoto Carter... ouvi rumores sobre ele.
— Que ele tem um pau pequeno? — eu brinquei.
Debbie riu alto, para grande decepção de papai.
— Querido Deus, não! Mas que vergonha para o menino. Ouvi
dizer que ele tem uma reputação e tanto.
— Por favor, pai, isso foi estritamente um negócio. Ele me ajudou
com geometria e concordei em ir ao baile. Não se preocupe, não estou
nem um pouco interessada nele. Além disso, Finn estará lá.
— E aquele garoto Edwards?
Eu congelei, não esperando que ele mencionasse Alex.
Por que diabos ele mencionaria Alex? Entrei em pânico, tentando
encontrar minhas palavras.
— Quem, Adriana? — Eu respondi, me fazendo de boba.
Debbie deu uma leve risadinha e abaixou a cabeça para esconder
o sorriso que se formou em seu rosto. Porra! Ela devia saber.
— Não, seu irmão. O outro garoto Edwards.
— Por que Alex estaria no baile? Ele tem vinte e cinco anos, não
está no último ano.
— Eu pensei que ele poderia estar acompanhando Adriana.
Eu bufei, divertindo-me com a imagem. — Sim, Adriana morreria
participando do baile com seu irmão. Além disso, ela tem namorado,
Elijah.
— Ah, sim, o garoto Morrison. Bom. Nunca gostei daquele menino
Edwards.
— Por que diabos você não gostaria de Alex, pai? Você nem o
conhece. — Eu disse defensivamente.
— Bem, Alex, como você se refere a ele, era um encrenqueiro na
época em que estudava na Carmel High. Meteu-se em todos os tipos de
problemas.
— Como você sabe disso? E que problema? — Perguntei.
Alex nunca apareceu como um tipo de infrator da lei, mas,
novamente, ele também não parecia o tipo eu-vou-ter-um-caso-com-o-
melhor-amigo-da-minha-irmã também.
— Oh, você sabe, o de sempre... comportamento imprudente,
drogas e álcool. Sua irmã costumava falar sobre ele o tempo todo para
sua mãe... — ele parou.
— Drogas? — Eu repeti, surpresa com o quão alto minha voz
estava.
— Nossa, Charlie, você poderia falar baixo? Sim, pego fumando
maconha em uma festa local.
Minha irmã falou sobre Alex? Eu não me lembrava de nenhuma
dessas conversas, mas isso foi anos atrás e provavelmente eu também
não dava a mínima, mas falar com a mamãe? Eu não queria nada além
de ligar para minha irmã e perguntar sobre ele, mas então lembrei que
ela estava viajando para uma parte remota da África, então lá se foi a
ideia.
— Querida, acho que Carter está aqui. — disse Debbie quando a
campainha tocou.
Graças a Deus pela interrupção. Alex fumando maconha não era
algo com que eu realmente me importasse, a menos que ele ainda
estivesse fumando, o que seria hipócrita, já que ele era interno no
hospital local.
Indo até a porta da frente, eu a abri para ser saudada por um
Carter entusiasmado me olhando de cima a baixo. Rude.
— Charliiiiee… — Ele assobiou.
Meu pai limpou a garganta e imediatamente Carter recuperou sua
postura e estendeu a mão para papai apertar. Ele deu um sorriso falso,
não que isso tenha passado despercebido pelo meu pai. — Então, de
qualquer maneira, eu estava pensando em levar vocês ao baile.
— Sério, pai? — Eu gemi.
Como se eu tivesse deixado Carter me apalpar no carro.
— Tudo bem para mim, Sr. Mason — Carter concordou.
Que idiota do caralho.
Papai deu um beijo de despedida em Debbie e foi para o carro.
Exatamente o que eu sempre sonhei, chegando ao meu baile de
formatura em uma caminhonete. A viagem foi em um silêncio
constrangedor, a chegada ainda pior. Os adolescentes estavam parando
em carros chiques, limusines, works. Para adicionar insulto à injúria,
papai falou com o Diretor Sinclair para verificar novamente se não havia
álcool no local. Depois que a busca combinada não deu em nada, ele
decidiu ir embora, mas não resistiu em avisar Carter onde suas mãos
deveriam permanecer pelo resto da noite.
O ginásio estava impecavelmente decorado. Adriana fez parte da
comissão de decoração. Na verdade, chefe do comitê, como ela mesma
se referia. O tema era 'Uma Noite em Paris'. A sala estava decorada com
luzes de fada que ficavam entre as árvores artificiais, criando um brilho
quente. Placas de rua espalhadas pela sala replicando famosas ruas
parisienses. Pinturas parisienses cobriam as paredes - a atenção aos
detalhes era surpreendente. A parte mais impressionante foi a Torre
Eiffel. Parecia incrível, desenhada com perfeição. Holofotes foram
posicionados em frente a ela destacando sua beleza. Eles fizeram um
trabalho incrível e, por um momento, você poderia facilmente esquecer
que estava no ginásio, não perambulando pelas ruas de Paris, a cidade
mais romântica do mundo.
Eu suspirei enquanto observava os casais entrando no salão,
despreocupados, se divertindo e provavelmente aqui com alguém que
eles realmente gostassem, enquanto aqui estava eu desejando ter meu
par do baile, meu Príncipe Encantado para dançar e ser boba, para criar
memórias que durariam uma vida inteira. O baile era assim, certo? Mas,
em vez disso, eu estava aqui sozinha, nem mesmo me dando bem com
Alex depois da nossa grande briga. Eu estava determinada a ter uma boa
noite. Um dia, eu me lembraria dessa noite enquanto estiver velha e senil
em uma casa de repouso e gostaria de sorrir porque foi uma noite
inesquecível. Como eu a faria uma noite inesquecível estava além de
mim.
Eu estava cuidando da minha vida e curtindo o desfile de moda ao
meu redor até que Kaley, a prostituta da escola, decidiu me agraciar com
sua presença. Ela estava diante de mim vestida com um vestido sem
alças de babados rosa pálido. Seus peitos mal cobertos quando eles
apareceram e me cumprimentaram. Sua maquiagem era exagerada, mas
pelo menos seu cabelo parecia decente. Sim, decente para uma criança
de cinco anos praticando em sua boneca Barbie.
— Então, Charlie, onde está o amor da sua vida esta noite?
— Eu realmente espero que você não esteja se referindo a Carter
porque eu ouvi que você o reivindicou no banheiro na parada de
caminhões na interestadual. — Eu zombei.
— Engraçado, Charlie. Não, estou me referindo a Alex Edwards.
Oh Deus, por que ela pensaria isso?
— Hum, perdedora... Alex é irmão de Adriana e um bom amigo.
Não vá espalhar merda pela cidade. Tenho certeza de que sua boca tem
um uso melhor, como fazer um boquete naquele estudante de
intercâmbio ucraniano no armário do zelador.
— Você é uma vadia, Charlie. — Saindo furiosamente, ela voltou
para seus amigos apenas para tropeçar em seu vestido. Talvez esta não
fosse uma noite tão ruim afinal.
Olhei para o relógio na parede. Passava um pouco das sete. Onde
diabos estava Adriana? Ela deveria estar aqui há uma hora. Comecei a
me preocupar, mas sendo uma garota típica, meu maldito telefone não
caberia na minha bolsa, então não havia como ligar para ela. Impaciente,
decidi pegar algum ponche enquanto conversava com Finn, Jen e
algumas das meninas da minha classe, incluindo Heather, uma aluna
nova.
Logan e Jen decidiram ir para a pista de dança enquanto Bobby
Brown berrava pelos alto-falantes.
— Oh meu Deus, ele é tão gostoso. Não acredito que ela o trouxe.
Oh meu, Charlie, sério, olhe para ele. — Heather engasgou.
As outras garotas do grupo também estavam afofando suas penas.
De quem diabos eles estavam falando? Eu me virei e me deparei com
aqueles hipnóticos olhos esmeralda, aqueles que pertenciam ao meu
Alex. Seus olhos já estavam em mim, e eu não tinha dúvidas de que eu
parecia com essas garotas - de queixo caído com a baba escorrendo da
minha boca. Ele parecia a porra de um modelo masculino enviado por
uma revista GQ neste terno preto chamativo e camisa branca de
colarinho ligeiramente abotoada. Seu cabelo parecia diferente, um
pouco mais curto e realmente penteado com um rosto recém barbeado.
Não pude ignorar o sorriso que irradiava de seu rosto assim que
seus olhos se encontraram com os meus. Tentei não sorrir de volta só
porque não queria que ninguém notasse, o que só o confundiu, pois o
sorriso sumiu seguido por ele sussurrando no ouvido de Adriana.
Adriana, é claro, estava deslumbrante em seu vestido curto estilo
bailarina combinado com um par de saltos altíssimos. Seu rosto parecia
sombrio e, infelizmente, tive que perguntar a ela o que aconteceu com
Elijah, o que significava que eu precisava estar fisicamente perto de Alex.
A contenção teve que segurar minha mão agora porque eu não poderia
fazer isso sozinha.
— Ei, Char. Desculpe, estou tão atrasada.
— Hum... não importa isso. Onde está Elijah e por que você está
aqui?
— Obrigado, Charlotte, boas-vindas. — Alex respondeu,
sarcasticamente.
— Eu não quis dizer isso... eu uh... só fiquei surpresa em vê-lo aqui,
já que você não é um veterano. — Eu tropecei em minhas palavras
tentando me recompor enquanto todas as garotas ficavam
boquiabertas.
Com o canto do olho, pude ver Kaley com aquela cara gorda de
você-está-apaixonado-por-ele-e-vou-contar-para-todos.
— Elijah apanhou aquele vírus que está circulando. Ele vomitou
duas vezes antes de entrar na limusine. Ele parecia horrível e não queria
que eu perdesse, então sugeriu que eu trouxesse Alex.
— Bem, você poderia ter ficado sem namorado — deixei escapar.
— Uau, Charlotte, qualquer um pensaria que você não me quer
aqui — Alex brincou, seu rosto irritado pela minha hostilidade a sua
presença.
Merda! Isso tudo estava jogando errado.
— Eu não quis dizer isso assim…
— O que diabos há de errado com vocês dois? Oh, isso mesmo,
Samantha me contou sobre sua grande explosão sobre me cobrir. Bem,
grande irmão, já que meu homem está incapacitado, vocês podem se
beijar e fazer as pazes agora. Nenhum dano, nenhuma falta. Oh meu
Deus, alguém derrubou aquela placa de rua! — Em um piscar de olhos,
ela havia desaparecido, então eu fiquei lá, desconfortável com sua
sugestão de beijar e fazer as pazes. Se ao menos ela soubesse.
— Então agora você quer me dizer por que você tão
desesperadamente não me quer aqui?
— Olha, Alex, eu simplesmente não estava esperando você.
— Não me diga. E é um problema porque?
— Porque depois de uma semana sem você falar comigo, temo
que as pessoas percebam que temos problemas um com o outro. E essa
treta pode ser mal interpretada como uma briga de namorados.
— Bem, eu não vi você pegar o telefone para enviar uma
mensagem de texto ou mesmo um e-mail.
— Talvez porque na última conversa que tivemos, você tinha sua
esposa em cima de você, lembrando-o do sexo fantástico que você faria
naquela noite!
Ok, então isso era a Charlie melodramática exagerada no seu
melhor. Isso não apagou a dor que senti que durou uma semana depois.
Seu silêncio parecia uma admissão do que eu disse. Senti uma pontada
no coração, um soco no estômago. O que eu honestamente esperava?
— Charlotte, por favor. — Ele estendeu o braço para me tocar,
mas o retraiu quase imediatamente, ciente dos olhos atentos que
caçavam fofocas. — Samantha estava sendo ridícula.
— Provavelmente, mas pelo que sei, você acolheu a ridícula com
as calças na mão.
— Charlotte, eu disse a você que não toquei nela desde que
começamos, nem tocarei enquanto estivermos juntos.
— O que isso significa, enquanto estivermos juntos? Por quanto
tempo você espera que continuemos com essa farsa sem sermos pegos?
Eu sabia que havia muitas perguntas naquela frase, mas agora
eram as perguntas candentes, aquelas que eu evitava com paixão. Os que
eu conhecia não tinham uma resposta que pudesse apagar a dor em meu
coração. Seu silêncio foi o suficiente para me irritar. Felizmente, fomos
interrompidos por Finn e Jen porque eu estava pronta para divulgá-lo
naquele momento.
— Charlie, você tem que dançar. É baile!
Eu ri do meu melhor amigo. — Jen, você batizou a bebida de Finn?
— Você sabe como ele é louco quando se trata de música.
Desculpe, como sua melhor amiga, acho que você terá que assumir em
breve. Meus pés estão me matando.
Jen estava usando saltos assassinos, e eu não a culpava. Eu só
estava parada e até meus pés doíam. Foi por isso que Converse foi feito,
e saltos foram para as Posh Spices11 aspirantes do mundo.
— Edwards, o que você está fazendo aqui? — Finn perguntou
enquanto colocava o braço em torno de Jen.
— Longa história. Tenho certeza que Adriana ficará mais do que
feliz em recontar a história dos modos doentios de Elijah — Alex
respondeu despreocupadamente.
Eu tinha que admitir que era bom vê-los se dando bem, mas isso
não duraria. Finn daria uma surra nele se soubesse que algo estava
acontecendo entre nós.
O silêncio tornou-se estranho mesmo em meio à música alta. Se eu
achava isso desconfortável, eu não tinha me preparado mentalmente
para a tempestade de merda que era Carter vindo em minha direção. Seu
sorriso arrogante era o suficiente para fazer você querer vomitar e, além
disso, ele tinha que ser o maior idiota do mundo, colocando o braço em
volta de mim na frente de Alex como se estivesse tentando reivindicar
seu direito. Eu dei a ele meu olhar sem chance no inferno, mas, é claro,
ele apenas riu como sempre.
— Uau, Charlie, você poderia se cercar de mais perdedores?
— Sério, Carter, cresça.
— O que? Edwards e Rodriguez não podem falar por si mesmos?
A essa altura, tanto Alex quanto Finn estavam olhando para
Carter. O imbecil ia apanhar a qualquer segundo agora, e embora eu
ficaria mais do que feliz em vê-lo tomar uma, a voz do meu pai tocou na
minha cabeça. Eu não podia me dar ao luxo de ficar de castigo
novamente. Alex mal estava se controlando.
Fiz uma anotação mental - ele não gosta de ninguém me tocando.
Ok, sim, então deixá-lo com ciúmes era meio divertido porque não
havia como ele deixar transparecer agora.

11
Um ex-membro das Spice Girls.
— Afaste-se, Reed, ou será meu punho cercando você. — Finn
ameaçou.
— Foda-se, Rodriguez. Vagabundos do bem-estar como você não
são bem-vindos aqui. Nem os desistentes de medicina que exigem a
ajuda do papai. — Carter riu enquanto se afastava.
— Charlie, por que diabos você concordou em vir com ele? — Finn
sibilou quando Jen colocou a mão em seu peito para acalmá-lo.
— Porque eu estava na merda com meu pai por matar aula e faltar
em geometria, e eu precisava das anotações dele. Ele pode ser o maior
babaca, mas é um craque em geometria.
— Da próxima vez eu te empresto as minhas. — Finn ofereceu.
— Você não ouviu minha história? Ele acerta geometria. Não
preciso de ajuda para ser reprovada, estava me saindo muito bem
sozinha. — Revirei os olhos e Finn acenou para mim antes de balançar
o corpo ao ritmo da música de Jay-Z que começou.
Mais uma vez, fui deixada sozinha com Alex.
— Você está terrivelmente quieto. — Eu murmurei.
— Você está incrivelmente linda esta noite, e eu tenho que ficar
aqui e fingir que você não significa nada para mim e permitir que aquele
canalha coloque as mãos em você.
— Alex, me desculpe.
Eu ansiava por tocá-lo, mas não havia como.
— Não, me desculpe por não confiar em você com aquele idiota.
De qualquer forma, pelo que ouvi, o pau dele é tão pequeno que ele não
conseguiu nem despir Kaley.
Eu ri tão alto. Era verdade, e não havia nada que eu amasse mais
do que ver o sorriso de Alex, mesmo que fosse sobre o pinto minúsculo
de Carter. — Esse é o boato. Até meu pai já ouviu isso.
— Uau, até o Sr. Mason está sabendo.
— Infelizmente, sim. Eu não queria ser tão fria lá atrás, mas as
pessoas estão percebendo. Não sei por que, mas Kaley disparou, e eu
disse a ela que ela era uma idiota, mas obviamente ela teve a impressão
de alguma forma. Não sei para onde isso vai ou o que acontecerá no
futuro, mas sei que agora não podemos ser pegos.
— Não vamos, Charlotte. Mas esta noite, preciso colocar minhas
mãos em você de alguma forma, apenas deixe a solução do problema
para mim. — Ele piscou.
Não demorou muito para que Adriana voltasse. Dançamos
algumas músicas e curtimos o típico baile de formatura. Mais ou menos
uma hora depois, começaram as cerimônias. No verdadeiro estilo
Carmel High, Carter foi nomeado rei do baile e Kaley foi nomeada rainha
do baile. Claro, ela se regozijou, acenando como a porra da diva que ela
era. Todos nós batemos palmas dando a ela o momento que ela queria.
Eu realmente não me importava porque não tinha sentimentos por
Carter. Eles dançaram a tradicional dança do rei e da rainha do baile. Foi
tudo um grande show hilário. Não poderia ter sido mais estereotipado.
Eles duraram apenas alguns minutos antes de Kaley sair irritada com
algo que Carter havia dito.
Caminhando até mim momentos depois, estremeci com o pedido
que sabia que viria.
— Dançar com minha acompanhante? — Ele estendeu a mão.
Meus olhos imploravam a Alex para que ele entendesse por que
concordei. Quase como se tivesse entendido instantaneamente, ele ficou
parado com um sorriso satisfeito no rosto.
— Uma dança. — Eu o avisei.
Dançamos um pouco antes de eu começar a ouvir sons
gorgolejantes. Eu não estava com fome. Eu tinha me tornado a melhor
amiga do garçom que servia os mini enroladinhos de milho. Estranho,
pensei. Mais uma vez, ouvi o som. Foi muito alto. Carter tinha uma
expressão desconfortável no rosto. Eu me virei para olhar para ele, mas
fui distraída pela interrupção de Kaley.
— Você é uma vagabunda tentando ter Carter e Alex. Por que você
não vai fodê-los? Ei, faça sexo a três — ela gritou.
O som gorgolejante irrompeu, mas desta vez foi mais alto. Tanto
Carter quanto Kaley ficaram na minha frente. Carter imediatamente se
desculpou enquanto eu o observava correr pelo ginásio com as pernas
espremidas. Oh! Eu não pude deixar de rir. Ele deve ter pegado o vírus
de Elijah ou algo assim. Totalmente nojento.
— Sério, Kaley, arrume uma vida. Não sou eu que estou exibindo
minha vagina como um bilhete de loteria premiado por toda a cidade.
— Não, só para Alex? — ela perguntou zombeteiramente.
— Qual é exatamente a porra do seu problema com ele?
— Não tenho nenhum problema com ele e, claramente, você
também não. Caso contrário, vocês dois não teriam sido vistos fodendo
no capô do carro dele — ela zombou.
Oh, puta merda, então alguém tinha visto.
Com meu coração batendo forte no peito, a negação seria minha
melhor amiga por enquanto. — Sim, boa tentativa, Kaley. Eu avisei, não
invente merda sobre meus amigos.
Nós duas estávamos paradas cruzando os braços em um confronto
direto. Adriana, Alex, Finn, Jen e alguns outros caras vieram para
impedir o que eu pensei que estava prestes a acontecer.
Kaley me empurrou para trás.
Então, a cadela queria brigar.
Eu estava prestes a retribuir o favor quando ouvi aquele som
novamente.
— Que porra é essa? — Eu perguntei, olhando para Kaley.
Seu rosto se contorceu quando o som se intensificou. Ela abraçou
a barriga tentando fugir, mas seu salto ficou preso no meu vestido
arrastando no chão. Ela puxou meu vestido com força, tentando
desembaraçar o tecido de seu salto.
— Ai, Kaley. Pare de se mexer, porra, você está presa no meu
vestido!
— Charlie, me solte — ela gritou.
— Oh meu Deus, Kaley, deixe-me tirar o seu calcanhar.
Era tarde demais.
Ela cobriu o rosto e o gorgolejar parou.
Houve uma erupção massiva de gargalhadas ao meu redor, e foi
apenas momentos depois que percebi o que havia acontecido. Os cantos
dos meus lábios se curvaram. Lutei muito enquanto minhas bochechas
inchavam momentaneamente com a pressão, mas não adiantou. Minha
risada irrompeu, ecoando pela multidão enquanto eu me curvava,
batendo no meu joelho repetidamente. — Você acabou de se cagar
— Cale a boca! Cale a boca porra, sua cadela estúpida!
Alex se inclinou, incapaz de conter o riso enquanto
desembaraçava o salto do meu vestido. Uma Kaley mortificada levantou
o vestido tentando cobrir a mancha marrom que se formou contra o
tecido rosa pálido. O grupo de nós caiu no chão em histeria.
— Está tudo bem? — perguntou o Diretor Sinclair.
— Sim, senhor — todos nós dissemos em uníssono.
Nós nos apoiamos um no outro para nos levantar.
Esta foi uma noite para lembrar, tudo bem.
— Char, isso foi hilário! Mas não tenho ideia de por que ela está
inventando coisas sobre você e Alex? — Adriana perguntou, parecendo
confusa enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Por favor, como se eu tocasse esse idiota com uma vara de três
metros. — Eu ri, socando Alex no braço.
Eu estava preocupada que ele se ofendesse, mas ele entendeu
rapidamente o jogo que estávamos jogando.
— Legal, Char — ele brincou, imitando o apelido de Adriana para
mim.
— Oh meu Deus, vocês!
Nossas cabeças se voltaram para onde Adriana estava olhando.
Parado ali na entrada do ginásio estava Elijah em seu terno azul bebê
com uma camisa preta abotoada. Ele parecia pertencer à década de
1960, mas arrasou com aquele terno. Foi uma tomada moderna, e
ninguém poderia ter feito isso, exceto Elijah Morrison.
— Meu docinho. — Adriana gritou, puxando Elijah para um
abraço. Ela conversou animadamente com Elijah explicando cada
detalhe da noite até agora. Seu longo reencontro deu a Alex um
momento para sussurrar algo em meu ouvido.
— Agora — foram as únicas palavras que ele falou.
Eu o segui até a mesa de ponche convenientemente localizada
perto de uma saída escondida. Deslizando despercebido, ele puxou
minha mão e acabamos em um corredor não muito longe da minha aula
de biologia. — Esta é a sua sala de aula de biologia?
— Sim — eu respondi, sem saber onde ele queria chegar com isso.
Ele me puxou até a porta e girou a maçaneta. Estava desbloqueada.
A sala estava escura, exceto por um leve indício da lua. — Qual é a sua
mesa?
— Aquela atrás da janela — eu respondi, ainda perplexa.
Ele me levou até a mesa e segurou meu rosto, beijando-me com
força, nossas línguas em um frenesi depois de estarmos separados por
uma semana. Eu senti falta dele. Deus, eu sentia falta de tudo sobre ele.
— Charlotte, você está tão linda esta noite, mas preciso fazer
coisas sujas com você agora mesmo em sua mesa.
Seus lábios roçaram ao longo do meu decote, despertando cada
centímetro de mim. Correndo minha língua ao longo de sua mandíbula
inalando seu cheiro enquanto eu ia, então fechei meus olhos me
perdendo neste momento. Ele levantou e me colocou na minha mesa.
Espalhando minhas pernas bem abertas, ele ficou entre elas, então
inclinando a cabeça ligeiramente, ele colocou a boca no meu peito,
esbanjando-o com beijos. Avidamente, ele abriu meu zíper, expondo
meu sutiã que não formava nenhuma barreira enquanto ele o
empurrava expondo meus seios. Tomando cada mamilo em sua boca, eu
gemi. Isso só aumentou a intensidade quando ele os chupou com mais
força. Eu arqueei minhas costas, implorando para ele entrar em mim.
— Você quer que eu deslize meu pau agora?
Eu balancei a cabeça, incapaz de falar.
— Não, Charlotte. Você fez da minha vida um inferno na semana
passada. Você enviou minha mente para a mais selvagem caça ao ganso
possível, imaginando o pior entre você e Carter — ele continuou,
tomando meu mamilo em sua boca com mais força.
Eu queria mais – a raiva dele só aumentava o prazer. Deslizando
minha perna para cima e expondo minha bunda, ele a agarrou com força.
Inclinando-se para a frente, ele abriu minha gaveta procurando alguma
coisa.
O que ele precisaria da minha mesa?
Uma régua.
Expondo minha bunda, ele gentilmente bateu a régua contra a
minha pele enquanto puxava meus mamilos com os dentes. Eu arqueei
minhas costas, o equilíbrio entre prazer e dor me dominando. Puta
merda, isso era tão fodidamente quente. Ele estava me espancando por
ser impertinente. Eu secretamente me excitava com merdas como essa.
— Nunca mais faça isso comigo, entendeu? Você é minha e não
vou compartilhar você com ninguém.
Senti o tapa da régua novamente, um pouco mais forte desta vez,
mas ainda mais prazeroso. Podia estar escuro, mas era impossível não
notar o fogo queimando em seus olhos. Esse Alex era diferente, ele era
possessivo, selvagem e sujo, e eu adorava isso.
— Mais forte — eu gemi.
O som ecoou pela sala, e puxei sua boca para a minha para abafar
o gemido que deixei escapar. Ele puxou seu pau para fora sem tempo a
perder e deslizou para dentro de mim. Eu ansiava por ele, cada parte de
mim pronta para explodir em um orgasmo feliz.
— Agora, toda vez que você se sentar aqui, quero que se lembre
de nós e de como estamos agora. Como eu estou te fodendo. Como estou
fazendo você se sentir. Como ninguém nunca fez você se sentir assim ou
terá a chance de fazer você se sentir assim. Ninguém te toca além de
mim. Só eu... — ele disse em um sussurro.
Puxei-o para mim e mordi seu ombro enquanto o montava. Seu
corpo logo me seguiu enquanto ele estremecia, liberando seu esperma
dentro de mim. Nossos corpos suados se abraçaram, incapazes de
compreender o que acabara de acontecer aqui, na minha mesa, na minha
sala de biologia.
Arrumei meu vestido e tentei arrumar meu cabelo o melhor que
pude. Alex fechou o zíper da calça antes de se inclinar, desta vez me
beijando suavemente.
— Não podemos estar separados, Charlotte, nunca. Não podemos
nos separar, Charlotte, nunca.
Havia um claro desespero em sua voz, implorando para que eu
sentisse o que ele sentia. Não havia dúvida em minha mente que eu me
sentia exatamente como ele. Eu entendi, mas não entendi como poderia
ser só ele e eu um dia. Eu balancei a cabeça antes de dizer a ele que o
amava. O momento era tão avassalador.
— Charlotte. Este vestido... sua beleza... não acredito que você é
minha. — Seus olhos nunca me deixaram, o verde esmeralda
combinando com o tom do meu vestido.
— É minha cor favorita — acrescentei, ainda segurando seu olhar.
— Por que, baby — ele perguntou, mordiscando minha clavícula,
me distraindo da pergunta.
— São seus olhos, Alex. Eles fazem algo comigo. Eu não posso
explicar. É quase como se tivessem lançado um feitiço sobre mim. Você
deve saber disso, já que os usa para me atrair sempre que estamos a
menos de trinta centímetros um do outro.
Ele levantou a cabeça para me encarar mais uma vez, seu rosto
sério. Parecia que algo o atormentava, como se algo que ele precisava
dizer estivesse na ponta da língua, mas ele não disse uma palavra até
minutos depois.
— Você está loira — disse ele, passando os dedos pelo meu
cabelo. — Gosto de você morena.
— Pensei em mudar um pouco. Por que? Com medo de não
conseguir diferenciar Samantha de mim?
Oh, minha grande e gorda boca de merda.
Seu olhar frio me deixou nervosa. Não demorou muito antes de
seu rosto suavizar. — Eu te amo, baby, tanto que não consigo mais
pensar direito. Eu não posso mais viver essa merda de vida dupla.
Ele levantou meu vestido e me pegou mais uma vez na minha
mesa. Desta vez mais lento, mais agonizante, mas estava lá, olhando para
nós dois - o amor que tínhamos um pelo outro. Eu queria perguntar o
que isso significava, mas ele estava dentro de mim e este não era um
momento de perguntas e respostas. Não, era hora de curtir meu homem
por um momento, curtir seu toque e o peso de seu corpo no meu.
Quinze minutos depois, saímos separadamente para o ginásio. Era
quase o fim da noite e Kaley e Carter não estavam à vista. Obrigada
porra. As luzes diminuíram ainda mais para a música final da noite.
Fiquei ali sem par enquanto Adriana vinha até mim, arrastando Alex
com ela.
— Ok, vocês podem se dar bem apenas para dançar uma música?
Char, você nunca vai se perdoar por não ter feito aquela dança final,
mesmo que não seja com o seu Príncipe Encantado.
Que ironia, pensei.
Ela rapidamente disparou para os braços de Elijah, que felizmente
estava do outro lado da sala.
— Ordens da irmã. — Ele sorriu.
Peguei sua mão enquanto ele me puxava, tentando ao máximo não
me sufocar ou permitir que nossos corpos se tocassem. A música tocada
me permitiu pensar muito sobre esta noite, sobre nós, sobre o nosso
futuro.
— Você está bem? Você está meio mancando. — Ele brincou.
— Agradável. Pelo menos você não tem esperma escorrendo pela
perna.
— Se eu fizesse, eu iria querer você de joelhos lambendo tudo.
Oh merda, agora era pior. Por que esse sentimento não diminuiu?
Já havíamos fodido duas vezes.
— Obrigada. Acho que apenas esguichei mais depois desse
comentário.
— Uau! Você com certeza sabe como tornar um baile de
formatura romântico.
Eu sorri e mantive minha boca fechada. Era hora de aproveitar o
momento. Este foi o fim de uma era, hora de seguir em frente e viver a
vida como mulher.
Para novos começos, pensei.
Eu assisti as luzes piscando contra a Torre Eiffel, minha mente
perdida nas letras que me consumiam. Não poderia haver um momento
melhor para trazer à tona a questão que ardia dentro de mim, a única
questão que nos faria ou nos destruiria.
— Alex...
— Shh… um dia, minha Charlotte, estaremos em Paris dançando
com todo mundo olhando. Eu prometo a você, um dia será a nossa vez.
Eu quis dizer o que disse naquela sala… não podemos nos separar,
Charlotte. Nunca.
E então, naquele momento, ele me prometeu uma vida juntos, me
prometeu o mundo.
Fechei os olhos, imaginando que era agora, que as pessoas ao
nosso redor não significavam nada, e éramos livres, livres para mostrar
ao mundo o quanto nos amávamos e que nada poderia nos separar.
CAPÍTULO QUARENTA E SETE

CHARLIE

PRESENTE

A volta parece rápida.


Verifiquei o velocímetro algumas vezes e ele estava muito acima
do limite legal. Quando voltamos para a propriedade, é mais do que
óbvio que Lex tem uma atitude comigo. Ele me disse que está cansado e
foi para a cama. Eu não ousei segui-lo. Em vez disso, sentei-me na
varanda sabendo que estou totalmente errada. Sim, ainda estou
magoada, mas não tenho o direito de atropelar seus sentimentos
obviamente feridos, embora não tivesse ideia de que os caras poderiam
se ofender assim.
De alguma forma, tenho que consertar isso, mas o peso dos
eventos desta noite parece enorme. Eu arrasto minha bunda para a cama
e adormeço pouco antes do nascer do sol.
Sinto meu corpo se mover como se estivesse deitada em um
trampolim. O que diabos é esse sonho? Acontece de novo, mas desta vez
abro os olhos. Há um salto e está me acordando do meu sono profundo.
Estou prestes a gritar quando me dou conta de que é Will. Não, é Rocky.
— Rocky, que porra é essa? — Eu gemo.
Ele está de pé na minha cama pulando como uma porra de uma
criança de quatro anos, exceto que ele está fazendo sons de gemidos e
gritando meu nome.
— Rocky Romano, saia da minha cama!
Estou exausta, mas ele continua pulando até eu me levantar,
empurrando-o para fora da cama.
— Você está brincando comigo? Além disso, não pareço assim...
idiota.
Ele se levanta rindo enquanto sai do quarto coçando a bunda.
Decido tomar um banho rápido para me acordar, mas um banho
rápido se torna muito mais demorado, pois posso ter adormecido
acidentalmente sentada no chão. Finalmente me visto e vou para a
cozinha.
A casa está silenciosa e me pergunto o que todos estão fazendo.
— Bom dia, Elijah. Onde está todo mundo? Além do gorila aqui —
eu censuro, apontando para Rocky que está fazendo o labirinto na parte
de trás da caixa de cereal. Ele solta um grande “não” quando percebe que
é um beco sem saída. Sério, até Will poderia ter feito isso de olhos
fechados.
— Adriana e Nikki foram ao mercado, e Lex e Will estão brincando
na praia.
Eu rapidamente como um pedaço de torrada e vou para a praia.
Alguns minutos depois, eu estou lá perto dos arbustos assistindo Lex
jogar futebol com Will. Ele parece tão contente ensinando Will a chutar,
o riso saindo deles quando Will ataca Lex. Naquele momento, meu
coração se parte um pouco.
Isso é tudo culpa minha?
Sim, Lex me deixou, mas tornei quase impossível para ele me
encontrar novamente.
Ele fez o que se esperava dele naquela época, e eu agi como uma
adolescente mimada irritada por ele ter escolhido outra pessoa.
Ele é diferente agora, ele realmente é um homem.
Um homem maravilhoso.
Ele não me deu nenhuma razão para não confiar nele. Então, por
que ainda tenho essa sensação incômoda por dentro? Lex me vê
enquanto caminho até onde eles estão jogando.
— Oi, Cha Cha! Lex me ensinou como atacar.
— Eu consigo ver. Se você for profissional, fará do seu pai um
homem muito feliz.
Ele corre para onde estão as toalhas para pegar uma bebida. Isso
nos dá um momento juntos em que não tenho ideia do que dizer. Eu
provavelmente deveria começar pedindo desculpas, já que estou errada.
— Lex, sobre a noite passada...
— Não há mais nada a ser dito, Charlie. Você deixou seus
sentimentos perfeitamente claros. Estou lhe dando espaço e tempo. Não
estou mais pressionando você.
— Você me chamou de Charlie…
— É assim que todo mundo te chama. Sou como todo mundo, só
um amigo — responde em tom pouco convidativo.
As palavras machucam.
Não, ele não está me pressionando, mas por que de repente eu
quero ser pressionada?
Por que eu quero que ele me diga que sou dele e somente dele?
E o mais importante, por que desejo que ele me chame de
Charlotte.
Lex Edwards nunca será como todo mundo.
Will nos interrompe pedindo para entrar na água. Eu concordo,
tirando minha roupa vestindo apenas um biquíni branco de babados. Eu
pego Lex me olhando de cima a baixo, admitindo que é bom que ele não
possa me ignorar completamente.
Pulamos nas ondas. Will está se divertindo muito. Lex dá carona a
ele, levando-o um pouco mais longe, o que me deixa um pouco nervosa,
mas há salva-vidas por perto, então paro de me preocupar com isso.
Uma hora depois, decidimos voltar para o almoço. Estou seriamente
exausta. Não consigo me livrar dessa sensação de cansaço e sei que terei
que tirar uma soneca sorrateira em algum momento hoje.
De volta à casa, pulamos na piscina enquanto Elijah grelha alguns
hambúrgueres. Rocky está participando de corridas de natação com
Will. Nikki e Adriana voltaram da feira exibindo seus novos chapéus de
sol. Juro que é uma visão hilária, especialmente porque os chapéus são
maiores que o planeta Júpiter.
Lex foi embora, para onde não tenho certeza.
Depois do almoço, sinto-me extremamente sonolenta, então
decido ir para o meu quarto tirar uma soneca. Eu cochilo quase
instantaneamente apenas para ser acordada por Nikki. Passa um pouco
das quatro quando ela me acorda.
— Charlie, você está se sentindo bem?
Resmungo alguma coisa e abro os olhos. — Sim, quase não dormi
nas últimas duas noites.
— Além disso, acho que você pode ter insolação. — Ela faz uma
careta, puxando minha blusa de lado.
Em meio ao caos desta manhã, esqueci de colocar protetor solar.
Eu gemo ao ver a vermelhidão. Com sorte, com uma overdose de aloe
vera, vou me bronzear.
— Lex já voltou, de onde quer que tenha ido?
— Sim, ele voltou. Ele está em seu quarto — ela me diz antes de
sair.
Pego o aloe vera e vou até o quarto dele. Batendo em sua porta, ele
responde para entrar. Abro a porta suavemente e o encontro sentado na
cama com seu laptop.
— Você tem um minuto? — Eu pergunto com hesitação em minha
voz.
Ele fecha seu laptop, colocando-o na mesa de cabeceira. Essa coisa
de distância é tão grande quanto o Grand Canyon, e está me deixando
louca, mas não posso pular nele, não depois que ele pensa que estou
usando-o apenas para sexo.
— Trabalhando durante as férias?
— Sim, infelizmente há certos assuntos que precisam ser
resolvidos. — Ele parece frio, não o adorável e brincalhão Lex de ontem.
Me dói ter causado isso. Ele escalou de volta para aquela concha
fria e solitária que Adriana disse que ele viveu por anos antes de eu
voltar.
— Preciso de um favor — peço, tentando aliviar o clima. — Como
você pode ver, minhas costas estão totalmente queimadas. As garotas
estão fora, e bem... eu não quero pedir a Rocky com suas mãos de
senhora para me ajudar. Você se importaria?
Estendo o frasco, observando-o lutar com a decisão, mas,
eventualmente, ele pega o frasco e me dá um tapinha para sentar na
frente dele. Eu me sento, tirando minha blusa revelando apenas a parte
de cima do meu biquíni. Minha pele queima como se estivesse pegando
fogo, e assim que o creme me toca, eu grito do frio.
Fechando os olhos, concentro-me em seu toque. — Lex... — Eu me
viro para encará-lo.
Ele coloca a tampa no frasco e olha nos meus olhos, distante, e eu
me odeio por fazê-lo se sentir assim.
— Por favor, ouça-me. Desculpe. Eu não deveria ter dito aquelas
coisas. Eu não quero dizer nem metade disso. Eu... — Eu embaralho
minhas palavras, incapaz de transmitir o que preciso dizer. — Estou me
esforçando tanto aqui, Lex. Sim, eu quero você fisicamente, mas há
muito mais. Você não é apenas alguém que peguei na rua e fodi, então
não, eu não quero você só por isso. Me desculpe por ter feito você se
sentir assim. Eu apenas preciso…
— Tempo, eu entendo.
Ele pula da cama e anuncia que vai ajudar Elijah na cozinha.

— Rocky, onde diabos você encontra essas piadas? — Adriana se


encolhe ao fazer a pergunta.
Estamos sentados na praia com uma fogueira e Rocky, como
sempre, está nos fazendo rir com suas piadas grosseiras. Graças a Deus,
Will escolheu ficar na casa de um amigo ao lado porque Rocky não
esconde nada. Filtro zero quando se trata desse homem.
— Não sei... em algum lugar online.
— Ah, isso mesmo. O que você colocou lá outro dia era tão
nojento.
— Você gostou do status — ele ruge, chamando Adriana.
Todos nós rimos, mas não posso deixar de notar como Lex está
quieto.
— Cara, você está no Facebook? — Rocky se vira para Lex .
— Não, eu realmente não tenho tempo para essas coisas.
— Mas e todas as gatas do ensino médio? sim, tenho que dar uma
chance a Charlie pelo dinheiro dela.
Sento-me aqui em silêncio esperando que ele responda à pergunta
de Rocky. Eu ficaria surpresa se ninguém mais notasse a tensão entre
nós.
— As meninas da minha escola não eram nada de especial. As da
faculdade, nada melhor — ele murmura.
— Então por que você se casou com Samantha? — Eu deixo
escapar.
Seu olhar se desloca para mim, ardendo de ressentimento. Esta
não é a discussão para se ter na fogueira na frente de todos, mas eu
nunca soube de toda a história e agora quero saber.
Ele baixa os olhos para o grupo. — Eu pensei que a amava.
— Por quanto tempo vocês estiveram casados? — Nikki
questiona, seu comportamento calmo repentino em relação a ele me
pegando de surpresa.
— Casados um ano e meio. Juntos por três anos.
— Como você propôs?
Eu me viro para encarar Nikki, disparando suas adagas pelas
perguntas intrusivas, apesar da minha curiosidade. Olhando fixamente
para o fogo, Lex permanece em silêncio. Ele não é o tipo de pessoa que
se abre sobre seus sentimentos, então espero que ele diga a ela para
cuidar da própria vida.
— Ela adorava animais. Ela queria estudar para ser veterinária,
mas seu pai discordou, então ele a fez estudar negócios. Um amigo meu
conhecia o dono do Zoológico de San Diego. Planejamos um fim de
semana fora e organizei uma exibição privada. Seu animal favorito era a
preguiça. Fomos até a área onde elas estavam localizadas e ela ficou
maravilhada com um bebê preguiça. Foi amigável, e o tratador permitiu
que ela o segurasse. Ela ficou feliz, mas perguntou por que a preguiça
tinha que usar coleira se estava em um habitat monitorado. Ela
desabotoou a gola e, eis que a caixa do anel estava presa. Ajoelhei-me e
o resto é história.
— Cara, essa é uma proposta da hora — Rocky comemora.
— Sim, apenas um pouco melhor do que propor quando sua
namorada está andando com você na traseira de sua caminhonete? —
Nikki castiga.
— Bem, você disse que sim. Não deve ter sido tão ruim assim. —
Rocky pisca.
Foi uma linda história, embora meu coração afunde no fundo do
oceano enquanto ele a conta. Incapaz de lidar com minhas emoções e
para onde elas estão indo, peço licença e volto para casa.
Encontro minhas chaves, licença e jaqueta, então caminho até a
frente da casa onde minha motocicleta está estacionada. Os capacetes
ficam no guidão, então pego um, coloco o outro na varanda e volto para
a minha moto, pulando nela.
O som do rugido do motor é suficiente para me acalmar. Enquanto
ajusto meu capacete, braços me envolvem. Sem me virar, meu coração
afunda mais sabendo que é ele.
No meu espelho retrovisor, ele já colocou o capacete reserva. Com
seus braços em volta de mim, eu dirijo, escolhendo outra praia para
visitar e não o local da noite anterior.
A velocidade está aumentando, minha raiva aumenta porque a
velocidade está bem acima do limite legal. Fazendo uma curva fechada,
eu estaciono na praia e paro a moto, pulando abruptamente e
removendo ferozmente meu capacete.
— Por que diabos você subiu na moto? — Eu grito com ele.
— Charlotte, por favor. Eu sou…
— Não, Lex — eu interrompo, apontando meu dedo para ele. —
Acabou! Eu estou tão cansada. Não consigo mais jogar este jogo. É muito
cansativo. Coisas com Jul... — Eu paro, não querendo ir para lá.
— O que você vai dizer sobre Julian? É a isso que se resume agora?
Você não pode cuidar de nós, então você escolhe Julian?
— Lex, nós somos muito complicados.
— E então porque não é com ele, você acha que isso é amor?
— Eu nunca disse isso.
— Bem, Charlotte... Eu. Porra. Amo. Você — ele grita, levantando
as mãos no ar. — Eu sempre te amei. Sabe, você também me machucou,
e aqui estou tentando lutar por nós, mesmo que você continue me
afastando. Você me diz que é entre ele e eu. Bem, aqui estou eu. Diga isso
de uma vez por todas na minha cara, e eu juro que se você escolher ele
eu vou embora. Você nunca mais terá que me ver.
Eu fico lá, silenciosamente diante de um ultimato.
Apesar da minha força e vontade de me manter unida, as paredes
desmoronam e as lágrimas caem descuidadamente pelo meu rosto.
Sua expressão imediatamente suaviza, e seus braços me envolvem
com tanta força que não posso deixá-lo ir embora, porque se ele o fizer,
vou me culpar pelo resto da minha vida.
— Lex, estou com tanto medo de perder você de novo.
— Charlotte, olhe para mim... por favor.
Ele segura meu queixo, levantando minha cabeça, então nossos
olhos se encontram. Eles brilham tanto, me capturando, me levando a
um lugar especial que só ele pode fazer. — Você não vai. Não vou deixar
que isso aconteça conosco.
Inclinando a cabeça, ele beija as lágrimas da minha bochecha,
fazendo-as desaparecer.
Ficamos aqui, por quanto tempo, não sei. Cansada, ele me puxa
enquanto nos sentamos na areia, seus braços me envolvendo para me
proteger da brisa do mar.
— Lex, você já pensou em deixá-la por mim?
— Todo o maldito tempo. Eu repassava a conversa na minha
cabeça, planejava tudo. Eu estava chegando ao meu ponto de ruptura.
Eu sabia quantas vidas isso afetaria, mas não me importava. No dia em
que planejei contar a ela, ela soltou a bomba. — Sua voz rouca, a
memória dolorosa. — Eu a odiei tanto naquele momento. Meus pais e
Adriana ficaram muito felizes. Quando ela foi ao hospital porque estava
com dor, e depois das histórias que minha mãe me contou sobre a perda
de um bebê, eu sabia que se algo acontecesse, seria tudo culpa minha.
Eu congelei, incapaz de compreender o que ele disse. Com cada
fibra do meu ser, tento mudar de assunto. Eu sou fraca, eu sei disso. A
vida é cruel. Aprendi isso da maneira mais difícil, mas abrir esse mundo
sombrio e cruel não é uma maneira de começar de novo.
— Eu me senti tão pressionado, Charlotte. Nenhum controle
sobre minha vida. — Ele me segurou com mais força, deslizando os
lábios contra o meu cabelo. — Posso estar controlando agora, mas as
decisões que tomo são todas minhas. Eu não tenho ninguém para
responder a não ser a mim mesmo. Eu pensei que era assim que eu
queria viver, mas sem você não há vida. Você precisa saber que tudo que
eu quero é você.
Inclinando minha cabeça para o lado, eu beijo seus lindos lábios.
Posso tê-lo para sempre? Isso poderia finalmente ser para nós? Os
felizes para sempre que ambos estamos tão desesperados?
Eu sei que tenho todas as cartas e, em última análise, esta é minha
decisão.
Preciso colocar toda a minha confiança nele, de uma vez por todas.
— Case-se comigo, Charlotte.
Atordoada, eu movo meu corpo para encará-lo. Seu rosto está
mortalmente sério, e talvez minha cabeça nublada esteja imaginando
coisas. Ele não pode ter apenas me pedido em casamento. Ele fez?
— Lex, hum... o que você acabou de dizer?
— Eu disse... case-se comigo, Charlotte. Esta noite, aqui, agora.
— Mas... não podemos simplesmente nos casar. Você está louco?
— Eu nunca estive tão são na minha vida — ele responde
calmamente.
— Não é nem possível. Quero dizer, mesmo que quiséssemos.
— Nada é impossível.
Ele me joga o capacete, fazendo sinal para que eu o coloque.
Saltando na moto, ele liga o motor. Pegando o telefone, ele digita algo
muito rápido. Não tenho ideia do que ele está fazendo. Não é como se
estivéssemos em Las Vegas.
Nós dirigimos para a próxima cidade enquanto eu o agarro em um
leve pânico. De repente, ele para em frente a um prédio, pula e me
manda esperar ao lado da moto. Enquanto espero, posso sentir o pânico
aumentando e a incerteza da situação que está me fazendo começar a
suar. Bastante.
Confie nele, Charlie. Vá em frente e confie nele, as vozes na minha
cabeça cantam.
Lex desce o caminho e bate na porta da casa chique. Um homem
responde em seu manto, surpreso por Lex estar em sua varanda. Ele fala,
e eu não consigo entender uma única palavra. O homem levanta a mão
quase como se estivesse se recusando a ouvir alguma coisa até que
ambos param e o homem fecha a porta. Lex continua esperando na
varanda, virando-se para sorrir de volta para mim, quase como se o
sorriso estivesse dizendo mil palavras que preciso ouvir agora para
aliviar a apreensão. A porta se abre novamente e o homem aponta para
algo nos fundos. Ele fecha a porta novamente e Lex vem correndo para
onde estou.
— Agora... você vai me dizer o que está acontecendo? — Eu
pergunto, em pânico.
Ele agarra minha mão e me puxa de volta para a casa, só que
viramos o corredor, seguindo as roseiras até nos encontrarmos no
quintal, a poucos metros de um gazebo onde o homem está parado e
uma senhora mais velha ao lado dele.
— Charlotte, case-se comigo. Aqui. Agora.
— Lex, qual é… você está brincando, certo?
— Case comigo, Charlotte — ele repete as palavras.
Eu olho para o homem e a mulher esperando. Sem pensar, eu puxo
Lex em direção a eles até que estamos sob o gazebo. Eu me viro para
olhar para o homem, Lex dando-lhe um aceno de cabeça antes de
começar a falar.
— Estamos reunidos aqui hoje... — ele continua falando enquanto
eu fico ali perplexa, incapaz de compreender este momento.
O que diabos está acontecendo?
Isso é pra valer?
— Alexander Matthew Edwards, você aceita Charlotte Olivia
Mason para ser sua legítima esposa, para ter e manter até que a morte
os separe?
— Eu aceito.
A senhora entrega a ele uma aliança de ouro e, lentamente, ele a
desliza em meu dedo. Está um pouco apertada, mas ele ainda consegue
colocá-la. Como diabos ele conseguiu anéis em cinco minutos?
— Charlotte Olivia Mason, você aceita Alexander Matthew
Edwards como seu legítimo marido, para ter e manter até que a morte
os separe?
Puta merda! Alguém me belisca agora.
— Eu aceito — eu deixo escapar. — Eu realmente quero.
Deixei escapar um suspiro e, naquele momento, a paz finalmente
me encontrou.
A senhora me entrega outra aliança de ouro, meus dedos
tremendo enquanto deslizo o anel no dedo de Lex.
— Pela autoridade que me foi conferida pelo Estado de Nova
Iorque, agora os declaro marido e mulher. Você pode beijar sua noiva.
Lex se aproxima, seu nariz roçando o meu suavemente antes de
separar os lábios e beijar os meus com ternura, suave, mas urgente,
desesperada, mas à vontade, sob o gazebo enquanto eu mal consigo me
conter. Estou esperando que ele me acorde e diga que tudo isso é um
sonho. O sonho mais lindo onde acabei de dar o maior salto de fé
conhecido pela humanidade.
— Nós estamos c...casados? — Minha voz está trêmula.
— É melhor você acreditar, Sra. Edwards.

Subi em sua cama naquela noite e, pela primeira vez, ele me


segurou, não me deixando ir. Nunca dormimos oficialmente juntos, e
isso é para novos começos. Uma nova vida para nós, e estamos casados.
A adrenalina se recusando a passar.
Lex Edwards é meu marido.
Estou casada.
Quando o sol nasce pela manhã, acordo com Lex enrolado em meu
corpo. É o sono mais maravilhoso que já tive, e sei que por enquanto os
demônios foram libertados. Estamos longe de ser perfeitos e ainda há
muito a superar, mas trata-se de dar pequenos passos. Certo? Porque
casar por capricho é dar passos de bebê.
Fiquei ali por um tempo, sorrindo ao ver como ele me fazia feliz.
Cada parte de mim sabe que não há mais ninguém que possa me fazer
sentir tão segura, tão contente e tão completa. Eu me aconchego nele,
não querendo deixar este homem perfeito que agora é meu. Meu marido.
Observando-o dormir tão pacificamente, suas pálpebras vibram
de vez em quando. Seu maxilar perfeito, seus lábios perfeitos, seu cabelo
incontrolável – tudo nele me faz sorrir. Tanto que minhas bochechas
começam a doer.
Estendendo a mão para a mesa de cabeceira, pego meu telefone
para ver que horas são - sete da manhã - mas o texto na tela principal
chama minha atenção. É um link, enviado diretamente para mim. Não
reconheço o número e parece um link de spam, mas é o título que
desperta meu interesse.
O bilionário Playboy finalmente se estabeleceu com a herdeira da
Preston Enterprises
Eu normalmente ignoro qualquer lixo de tabloide enviado para
mim, mas eu clico no link, levado diretamente para o artigo na página
seis do New York Times.

Em um movimento que choca o mundo dos negócios, o empresário


e playboy bilionário, Lex Edwards, foi visto na semana passada saindo de
um quarto de hotel enquanto mantinha relações íntimas com a herdeira
do grupo Preston Enterprises, Victoria Preston. Uma fonte próxima ao
casal diz que eles estão próximos há algum tempo, mas devido a conflitos
comerciais, o relacionamento não foi tornado público. O publicitário da
Sra. Preston recusa qualquer comentário, no entanto, o fundador da
Preston Enterprises, Clive Preston, diz que Lex é como um filho para ele, e
qualquer notícia de uma união entre os dois é ótima para ele, assim como
para as duas empresas. Fotos foram tiradas deles em jantares íntimos em
Nova Iorque e Londres. A Sra. Preston também foi pega saindo de seu
apartamento vestida casualmente nas primeiras horas da manhã. A
fotografia deles íntimos em uma função de negócios no último sábado é
suficiente para confirmar que o casal está definitivamente ligado.

Clico nas fotos e amplio. É ele. Meu coração para. Agarrando meu
peito, eu sou incapaz de respirar. Eu balanço minha cabeça
implacavelmente, o choque me consumindo.
Mal conseguindo me mover, meu cérebro está tentando computar
o que li. As fotos não mentem, eles definitivamente estão sendo íntimos,
a mão dele está acariciando a bochecha dela. Você não faz isso com
parceiros de negócios. Cada imagem naquele artigo é, na verdade, deles
sendo íntimos em todo o país.
Eu me desvencilho dele, andando silenciosamente na ponta dos
pés pelo quarto. Quando estou prestes a sair, pego seu telefone na
cabeceira. Eu tento ignorá-lo, mas eu preciso de respostas.
Estou com tanta raiva de mim mesma por confiar nele novamente.
Agarrando-o rapidamente, leu a mensagem na tela.
VICTORIA
Parece que chegamos à página seis, querido. Melhor que saiba
agora.

Com as mãos trêmulas, coloco o telefone de volta e saio correndo


do quarto. Estou pronta para desmoronar, gritar a plenos pulmões, dar
um soco em alguma coisa, fazer qualquer coisa para liberar a dor. A
náusea toma conta de mim. Cobrindo minha boca, corro para o banheiro,
mal conseguindo chegar à pia. Meu corpo está tremendo, aquela
sensação familiar está me dilacerando por dentro.
Preciso sair daqui e rápido.
Em pânico porque não quero enfrentá-lo. Com medo de que ele
tente me convencer de que é tudo mentira, quando, na verdade, o
estrago está feito.
Ele me quebrou mais uma vez.
Rocky é o único sentado à mesa de jantar. Ele está com o artigo
bem aberto, mas o fecha quando me vê.
— Charlie, você quer... olha, eu vi...
— Rocky, preciso que você me faça um favor. Estou arrumando
minhas malas agora e levando a moto. Eu não me importo como, apenas
certifique-se de que alguém leve meu carro de volta. Estacione-o em sua
garagem. Preciso sair daqui agora. Por favor, faça isso por mim?
Ele acena com a cabeça enquanto eu rapidamente volto para o
meu quarto, enfiando tudo na minha bolsa. Eu jogo na parte de trás do
carro e corro para a minha moto. Colocando meu capacete rapidamente,
eu dirijo mais rápido do que nunca, o barulho do motor ecoando pelas
ruas silenciosas.
Eu me odeio tanto agora.
Por que diabos eu confiei nele?
Ele não pode ficar só comigo.
Ele sempre tem que fazer do jeito dele.
Outra pessoa à espera, e estou tão cansada de ser essa outra
mulher. Ele não passa de um maldito mentiroso, um jogador, e eu sou
tão estúpida por acreditar nas mentiras dele, de novo, por acreditar nele
quando ele disse que me ama.
Essa raiva tomou conta, envenenando cada pensamento positivo
que tenho dele, de nós. Ninguém pode entender a indignação que sinto
agora. O quanto eu o odeio por me fazer amá-lo novamente. Isso é o que
mais dói. Não se trata de amá-lo novamente, trata-se mais de despertar
o amor que nunca desapareceu. O destino agora mostrou sua cabeça feia
e estragou toda essa merda. Este jogo doentio, cruel e distorcido me
impôs e drenou todas as minhas crenças, todas as minhas esperanças,
dizendo-me que talvez ele seja minha alma gêmea e que devemos viver
felizes para sempre.
Quando chego ao meu prédio, meu telefone tem 25 chamadas
perdidas e uma dúzia de mensagens de texto. Não consigo ler os textos.
Jogando o telefone contra a parede, observo a tela quebrar
enquanto grito no térreo, deixando escapar minha frustração. Encostada
na parede, deslizo, caindo no chão de concreto duro.
Minhas lágrimas estão derramando, os soluços deixando meu
peito angustiante, e a dor se espalha por todo o meu corpo. Minha
garganta está seca, não consigo formar nenhuma palavra. Eu tenho que
me esconder, fugir de toda essa loucura. Eu rastejo até onde meu
telefone está quebrado no chão. Mal consigo distinguir os números
porque minha visão está nublada e a tela tem uma grande rachadura,
mas mando uma mensagem de texto para o número dele e espero
pacientemente que ele chegue.
Perde-se o tempo, meu entorno é desconhecido, mas a voz, as
palavras ecoam.
Não consigo entender o que está acontecendo.
A visão fraca na minha frente. O que está acontecendo?
Os braços quentes que sinto ao meu redor. Isso é seguro, não
tenho nada a temer.
— Charlie... Charlie... Charlie, por favor, olhe para mim! — A voz
está em pânico.
Sorrio ao ver seu rosto, agora capaz de me concentrar.
— Você veio — murmuro, minha voz rouca.
— Claro, eu fiz. Por favor, olhe para mim. O que aconteceu?
A dor aumenta em meu peito, a percepção momentânea me deixa
gelada.
— Qual é a data de hoje? — Eu choro.
— Charlie, é vinte e um de setembro.
— Eu preciso... sair... daqui... — soluço.
Colocando os braços embaixo de mim, ele me carrega em direção
ao elevador enquanto descanso minha cabeça em seu peito.
— Leve-me para algum lugar, qualquer lugar menos aqui,
qualquer lugar menos para casa. Tire essa dor, por favor? Faça isso ir
embora. Por favor? Eu não quero voltar lá. Eu não posso voltar para
aquele lugar horrível. — Eu grito.
— Shh. Eu vou te levar para longe daqui. Tudo bem. Vai ficar tudo
bem, Charlie, eu prometo.
O entorpecimento começa e eu conheço o protocolo. Este é o
segundo passo do mecanismo de enfrentamento. A terceira será a
ignorância e a quarta será a amargura mostrada à luz do dia. A doce
vingança acompanhada de palavras ofensivas que um dia serão ditas,
seguidas de arrependimento.
Suas palavras de muito tempo atrás continuam se repetindo como
um disco quebrado e, de alguma forma, tenho que deixar a história se
repetir. Eu deixei o grande lobo mau - ou como minha mãe se referia a
eles como Anjos Sombrios - me despir de tudo que lutei tanto para
reconstruir.
Meu coração está absolutamente quebrado além do reparo.
Ele é o homem mais bonito que você já viu. A alma dele irá capturar
você, mas não se engane, Mi Corazón. Ele usará todos os seus poderes para
atraí-la quando não houver mais nada a fazer a não ser pegar a única
coisa que você está segurando.
Quando eu tinha dezoito anos, não era sábia ou madura o
suficiente para saber que o amor é a coisa mais poderosa do universo,
então me permiti aceitá-lo em toda a sua glória. Aprendi da maneira
mais difícil, também leva o caminho para o lugar mais escuro que existe.
Agora, acredito que tenho tudo planejado. Sim, o amor é a coisa
mais poderosa, eu aceito isso, mas desta vez estou armada e convencida
de que sei qual é o caminho para a felicidade, o meu felizes para sempre.
Este não é mais o conto de fadas que minha mãe lia para mim. Esta
é a continuação. A história do Anjo Sombrio, que cavalgou de volta ao
meu pôr do sol disfarçado de Príncipe Encantado, só que desta vez
minha armadura foi quebrada, minha vontade de lutar obliterada.
A ave fênix trouxe de volta minha alma roubada e está indefesa
diante de mim, sem as asas, incapaz de voar, presa em uma gaiola de
meus erros. O erro de me permitir amá-lo novamente, amar o homem
que partiu meu coração. Duas vezes.
Estar deitada em uma cama quente é a última vez que me lembro
deste dia, oito anos atrás, quase seis meses desde o dia em que o vi pela
última vez. O dia em que a escuridão caiu sobre mim e sem nenhuma luz,
eu não conseguia ver, minha mente enlouquecida pelas sombras que
espreitavam.
Como uma garotinha assustada, rezei para que alguém me
encontrasse, segurasse minha mão, me puxasse para fora desse abismo
sombrio e me levasse de volta à luz.
Alexander Edwards quebrou-me de maneiras que nunca imaginei
ser possível.
Mas no final, fui eu quem destruiu tudo.
Eu desisti de nós.
E o arrependimento é algo com o qual terei que conviver... para
sempre.

CONTINUA…

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