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“Harry, espere.” Seu corpo travou quando ouviu aquela voz, apenas virou o
rosto para sinalizar um canto mais escuro daquele corredor, sendo seguido
prontamente por ele, quando finalmente estavam de frente um para o outro
Draco se permitiu observar melhor o rapaz a sua frente. “Obrigada pelo o
que fez por mim, eu nem imaginava que iria querer me ver depois...”
“Depois de você ter simplesmente ido embora e me deixado?” perguntou
fazendo com que ele abaixasse sua cabeça. “Eu também não estava
esperando por isso, ainda estou tentando entender melhor o porquê estou
aqui.”
“Harry por favor, só me deixa me explicar, eu precisei ir.” Se aproximou.
“Você recebeu minhas cartas...eu disse tudo nelas...” e então ele entendeu.
“Você não leu nenhuma delas, não é? Por isso não me respondeu.”
“Depois de não receber notícias suas até aquele dia, acho que você mereceu
meu silêncio, não concorda?” respondeu enquanto se afastava.
“Se está tão magoado comigo, por que você veio até aqui hoje?”
“Eu apenas fiz o que eu sentia que ainda tinha que fazer por você, Malfoy.”
“Quando voltei a ser Malfoy?”
“Quando virou as costas para mim enquanto eu estava quase sendo morto
por aquele maníaco. Naquela droga de momento, você deixou de ser
qualquer coisa além do que só Malfoy.” Harry tentou controlar o tom de
voz. “Pare de tentar falar comigo, pare de me enviar cartas as quais eu não
vou ler, e apenas me deixe em paz...por favor, de uma vez por todas, me
deixa em paz...”
“Eu não posso deixar que tudo acabe assim Harry, eu não estou pronto...por
favor.” Se aproximou.
“Não está pronto para o que?”
“Pra me tornar mais um dos seus erros...” suspirou torcendo para que Harry
pelo menos tentasse ver que estava sendo honesto.
E então Harry finalmente olhou em seus olhos, aquele céu cinzento que
suas íris estampavam e que sempre foram a causa de seus desejos mais
profundos, os mesmos olhos aos quais recorreu para conseguir força
quando pensou que seu feitiço não seria forte o suficiente, mas ele não os
encontrou, e os mesmos que havia prometido não se deixar levar.
“Largo Grimmaud às nove.”
“O que?” Draco o olhou confuso.
“Você sabe que é onde estou morando, apareça lá neste horário, eu não
prometo que seja lá o que você for me dizer vai mudar algo, mas nunca
poderá dizer que não te deixei se explicar.”
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“Pode entrar.” Deu espaço quando Draco deu o primeiro passo para dentro
da casa.
“Onde podemos conversar?” perguntou ao se encontrar dentro da casa.
“Na sala.”
Ele precisava se controlar para não deixar que seus sentimentos falassem
mais alto do que como realmente estava se sentindo naquele momento, ele
nunca havia sido bom em dizer não à Draco, mas não poderia ser assim
desta vez.
“Por que foi embora? Por que não me esperou?” ele precisava saber se pelo
menos essa pergunta teria reposta.
“Meu pai estava a ponto de matar minha mãe quando eu o joguei contra
uma pilha de destroços de Hogwarts, ele percebeu que ela quem mentiu
sobre você estar morto, eu tinha entregado minha varinha pra você, e não
tinha como me proteger quando ele recobrasse a consciência.” Suspirou se
sentando na poltrona que havia no canto da sala. “Eu só tinha que proteger
a minha mãe.”
“Eu estava lá, eu sei que eu estava lutando com Voldemort, mas ainda
assim Hermione e Ron também estavam lá e poderiam ter protegido
vocês.”
“Harry, não seja tão ingênuo, se chegasse uma hora em que Weasley
tivesse que escolher entre proteger a mim ou minha mãe, ou proteger
qualquer outro, teria sido bem fácil a escolha dele.”
“Isso não é verdade Draco, ele sabe o quanto você é importante pra mim,
teria te protegido.”
“Protegemos os nossos Harry, e eu nunca nem cheguei a ser um Weasley
honorário igual a você e Granger, e sabemos que muito provável ela
também não me protegeria.” Se levantou chegando mais perto dele. “Eles
sabiam sobre nós, tem razão e com certeza poderiam imaginar tudo o que
eu sinto por você, mas eu não sou família, não para eles...”
“Por que tá chegando tão perto?” Harry perguntou desconfiado.
“Eu não posso continuar essa conversa sem fazer isso...” colocou suas
mãos no rosto dele e encostou seus lábios nos dele.
Eram os lábios dele, mais frios e rachados, mas ainda os lábios de Draco
Malfoy, ele não deveria estar fazendo isso, mas não podia esconder o
quanto havia sentido sua falta, mas quando a sua língua encostou na dele,
foi como se um choque houvesse percorrido seu corpo e então ele o
afastou.
“Não Draco, não podemos fazer isso.” O empurrou para longe. “Eu não
posso só beijar você como se tudo tivesse ido embora, você foi embora, eu
poderia ter protegido você, eu estive lá o tempo inteiro e você só foi
embora, faz ideia de como eu me senti?”
“Será que você não ouviu tudo o que eu falei?” Draco se sentia próximo de
seu limite. “Não percebeu que eu não tive escolha, seus amigos fariam de
tudo pra proteger você, não a mim que no final do dia era apenas mais um
maldito comensal da morte.”
“Você nem sequer tentou, você apenas não se arrisca, não se arriscou
naquela hora, não se arriscou quando pedi pra você ficar comigo, você foi
um covarde.” O empurrou para longe.
“Você não sabia de nada do que estava acontecendo.”
“Porque você não me deixava entrar, você me deixou do lado de fora da
sua vida desde o início.” Empurrou seu peito, de novo. “Você agiu da
mesma forma como sempre, como se eu não tivesse significado nada. Tudo
que eu queria era te proteger.”
“Eu não precisava que você me protegesse!” gritou em resposta. “O que te
incomoda tanto Potter?” Draco voltou a se aproximar dele. “Que eu fiz o
que eu precisava para me salvar daquela maldita guerra ou que o que me
salvou não foi você?”
“Eu estava lá, estive lá todo o tempo e você só escolheu ficar do lado
errado.” Harry tinha certeza que Ron e Hermione poderiam o ouvir do
andar de cima agora. “Eu te implorei pra ficar comigo, porra, eu me
ajoelhei e te pedi pra não me deixar, e você virou a porra das suas costas
pra mim. Você pode não ser um Weasley para Ron, mas era família pra
mim.”
“Eu fiz o que tinha que fazer para eu poder sobreviver!” Harry tentou se
lembrar do porque não poderia apreciar o hálito de menta que sempre amou
quando o sentiu em seu rosto, após Draco berrar consigo. “Sabe o quanto
era perturbador? O que eu estava assustado?”
“Esse é o problema Draco.” Sua voz se quebrou. “Você sobreviveu, eu
sobrevivi, mas eu não... nós não... isso não vai sobreviver.”
“Harry...”
“Não...” sussurrou ao fechar os olhos e encostar sua testa no queixo do
loiro. “Não diz mais nada.”
“Harry, o que você...” Suas palavras foram interrompidas pelos lábios do
moreno nos seus.
“Vamos subir...” tocou seu peito sobre a camisa branca, a mesma que ele
estava usando no julgamento. “Ainda podemos fazer amor, e
depois...depois você vai embora.”
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