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Enquanto olhava para as estrelas, entendi que, ao me juntar a Early

naquela jornada, eu certamente havia me metido em mais do que


imaginara. Mas eu sabia que não estava preparado para recuar.

For a thousandth of a second


Capitulo 2: Never known how it broke me down.

Enquanto se arrumava em frente ao espelho ele tentava se lembrar de novo


do porque estava fazendo aquilo, tentava entender porque não poderia
simplesmente virar as costas para Malfoy como ele o havia feito.
No fundo a resposta era bem óbvia, e não era que ele o amava demais ou
porque não poderia deixar com que ele sofresse por coisas que ele sabe que
não foram feitas por vontade própria do rapaz, era por isso também
provavelmente, mas a resposta era que, ele não conseguiria dormir bem à
noite a não ser que conseguisse ver novamente o alivio no rosto de Draco,
como ele sempre desejou ver desde que tudo aquilo começou.
Sempre pensava nas cartas que recebia de Draco, no total haviam chegado
quatro, não havia aberto nenhuma, apesar da curiosidade sobre elas, ele
queria que seja lá o que ele tinha para lhe dizer, Malfoy um dia tivesse
coragem de dizer olhando em seus olhos, eles sempre diziam o que
precisavam dizer. Então não iriam parar agora só porque Draco estava
assustado.
Harry não sabia se ele havia se sentido mal pela falta de resposta, ou se
simplesmente não havia mais nada a se dizer, mas nenhuma outra chegou.
“Vai ficar com rugas horríveis de tanto franzir o rosto antes dos vinte e
cinco.” Hermione brincou encostada no batente da porta, já estava pronta
com seu traje social, depois de ver como Harry parecia abatido nA’Toca, a
garota insistiu em ficar no Largo Grimmaud, ele já havia passado tempo
demais se sentindo sozinho para ela permitir que ele se sentisse dessa
forma de novo enquanto tinha pessoas que o amam bem ali.
“Será que pelo menos você, consegue entender o porquê de eu ter decidido
fazer isso?” suspirou enquanto tentava inutilmente fazer o nó em sua
gravata.
“Vem cá.” Ela chamou pegando no tecido assim que ele se aproximou.
“Está fazendo isso porque apesar de estar magoado, ainda ama ele, e sabe a
história dele, e que nem ele ou Narcissa teriam escolhido essa vida se
tivessem tido a chance, está fazendo isso porque mesmo depois de toda
aquela dor que a guerra causou em você, continua sendo uma das melhores
pessoas que já conheci Harry. É porque não tem nada que você não faria
por aqueles que ama.”
Seus olhos caíram aos seus pés depois que Hermione soltou sua gravata,
talvez ela estivesse certa, aliás não era ela que sempre tinha a razão?
“Você e Ron ainda ficarão aqui depois da audiência?” se sentou ao pé da
cama calçando seus sapatos.
“A gente não vai embora até termos certeza de que está tudo bem, já te
disse isso.” Sentou-se ao lado dele.
“Sei que estão preocupados, mas talvez o que eu realmente precise agora é
de espaço.”
“Harry, nós amamos você, e se o que realmente precisar for de espaço
então tudo bem, nós vamos respeitar. Mas, o que eu não quero é que você
ache que tem que ficar bem porque é o que todos estão esperando de você.
Você salvou a vida de tanta gente, se não entenderem que isso deixou
cicatrizes em você igual deixou neles, então apenas esqueça deles, não são
mais, assim como nunca deveriam ter sido, responsabilidade sua.” Ele
suspirou depois do discurso da amiga, e deitou com a cabeça em seu
ombro.
Hermione como sempre o entendia mesmo sem precisa contar a ela um
detalhe sequer sobre o assunto.

******

Ele tentou chamar o mínimo de atenção possível, o que até conseguiu


vendo que o ministério ainda não estava tão lotado. Ele se lembrava da
semana anterior, no julgamento de Lucio Malfoy, centenas de pessoas
haviam preenchido os corredores do ministério para saber de sua sentença,
tantas famílias destruídas por sua ganância e devoção a uma causa tão sem
sentindo quanto a pessoa que a criou.
Por isso, quando foi dada uma sentença de perpétua em Askaban, os
corredores foram à loucura de felicidade. O juiz havia decidido que apenas
receber um beijo de dementador seria uma saída fácil demais para Lucio,
que traria mais vantagem para ele do que para as pessoas cuja as famílias
ele destruiu.
E durante a semana seguinte as primeiras páginas dos mais famosos jornais
bruxos estampavam os Malfoy, e todos os olhos se viraram em direção ao
julgamento de Narcissa e Draco, diferente do de Lucio, que havia uma
maioria significante de pessoas torcendo para que sua sentença fosse a mais
longa possível, neste as pessoas se encontravam divididas, diferentes
pessoas em diferentes lugares do mundo bruxo presenciaram ou ouviram
falar de diversos momentos em que a matriarca e o primogênito da família
se mostraram como pessoas bem diferentes do que a mídia mostrava a
todos.
Quando Harry entrou no corredor privado para a porta que daria acesso a
sala onde seria o julgamento, tentou ficar o máximo possível no canto mais
escuro, para se caso Draco aparecesse, esperava que ele não conseguisse
vê-lo de tão longe. Estava com medo de que se caso o visse antes da hora
para a qual havia se preparado, talvez não tivesse coragem de entrar
naquele tribunal.
Ao dar dez horas no relógio, o júri foi permitido a entrar no tribunal, assim
como as testemunhas para que se sentassem em seus devidos lugares.
Apesar de não muito convencional, o julgamento deles seria simultâneo, as
testemunhas iriam dizer seus depoimentos sobre os dois acusados nas vezes
em que forem chamados para depor.
Harry sentiu seu coração falhar por um instante quando após o juiz se
acomodar em seu assento, Draco Malfoy entrou no tribunal, com seu
habitual terno preto e suas abotoaduras com o brasão da Sonserina, aquelas
que Harry o havia dado em um natal passado.
Ele não o havia notado, apenas Narcissa que entrou logo em seguida
percebeu sua presença no fundo escuro da sala. Aquela mulher só poderia
ter a visão de uma águia para enxergar tão bem, ele tinha que se lembrar de
perguntar a Hermione se havia algum feitiço para isso.
Talvez usaria em si mesmo.
“Silêncio no tribunal!” o juiz exclamou. “Estamos aqui hoje, para julgar se
Narcissa Malfoy é culpada das acusações de assassinato, tortura de
vulnerável e de se aliar a Lord Voldemort, e para julgar também Draco
Lucio Malfoy pelas acusações de tentativa de assassinato de Alvo
Dumbledore, tortura de vulnerável e de se aliar a Lord Voldemort, assim
como seu pai.”
“Gostaria de chamar a primeira testemunha para depor meritíssimo.” A
promotora anunciou ao se erguer de seu assento e ficar em frente a todos.
“Por favor, Hermione Jean Granger.”
Houveram murmúrios enquanto ela se dirigia ao assento em frente ao júri,
provavelmente todos estavam na espera de um discurso sobre como a
família Malfoy era preconceituosa, visto que a garota era uma nascida
trouxa enquanto a família era uma das mais antigas e rigorosa do mundo
bruxo.
“Por favor, erga a mão direita com a varinha.” A promotora pediu. “Você
jura dizer a verdade e nada além dela?”
“Eu juro.” Respondeu firme, e logo em seguida sentou-se novamente.
“Senhorita Granger, por favor me explique qual era sua relação com os
acusados, comece com o jovem senhor Malfoy.”
“Nós fomos colegas em Hogwarts, nunca fomos próximos, mas tivemos
muitas aulas juntos durante nosso tempo na escola.” Sua voz se mantinha
calma e firme.
“E com a senhora Malfoy?”
“Bom, nunca tivemos uma relação, ela sempre foi apenas a mãe de Draco.”
“Muito bem, a senhorita disse que você e o senhor Malfoy nunca foram
próximos, mas eu soube por fontes que tinham problemas um com o outro,
e que o senhor Malfoy tinha o costume de chama-la por nomes ofensivos,
como, me perdoem pelo termo, sangue-ruim. Pode me dizer se isso é
verdade?”
“Bom, sim, mas isso foi a muito tempo atrás e com certeza ele....” foi
interrompida.
“Senhorita Granger, peço para que apenas responda o que lhe foi
perguntado, o senhor Malfoy já chegou a chama-la por tal termo?”
“Sim.” Suspirou frustrada.
“Pois bem, e o que isso poderia nos dizer sobre o senhor?” A promotora se
virou em direção à Draco. “Mesmo sabendo o quanto este termo nunca
deve ser usado, pois demonstra um preconceito que não deveria existir o
senhor o usou para com uma nascida trouxa mais do que apenas uma vez
de acordo com nossas informações, isso só nos comprova o que já
sabemos, a família Malfoy é uma família extremamente preconceituosa
para com os mestiços e nascidos trouxas, o que é prejudicial à nossa
sociedade. Não concorda senhor Malfoy?”
“Protesto.” O advogado de Draco se levantou. “Neste momento o
depoimento sendo recebido é da senhorita Granger, a promotora está
atacando deliberadamente o meu cliente.”
“Mantido.” O juiz declarou. “Promotora, mantenha suas perguntas neste
momento apenas para a testemunha sentada a sua frente.”
“É claro excelência, então senhorita Granger, faço a você está pergunta, o
que essas ações dizem sobre Draco Malfoy?”
“Mas ele não é mais assim.” Hermione exclamou de seu assento.
“Senhorita Granger...” a promotora foi interrompida.
“Peço desculpas, mas a senhora está levando em conta uma imagem que é
relaciona a família Malfoy há mais de décadas, e ninguém nunca foi a
fundo para saber se é realmente a verdade sobre eles.” Ela se preparava
para que o juiz a interrompesse, mas enquanto ele não o fazia tinha que
aproveitar. “Draco foi criado em uma família puro-sangue, isso é fato. Mas
como esperava que uma criança que ouvia dentro de casa tudo aquilo, não
repetisse um dia para as pessoas da rua? Draco é o resultado das ações de
outras pessoas e os ideais colocados sobre seus ombros, devemos julgar
quem ele é depois de se permitir ter mais contato com pessoas que estavam
fora de todo aquele círculo que podíamos ver que era a casa dele. O que
devemos lembrar é que ele não é mais assim, que após lhe ser mostrado
como as coisas realmente são ele repensou suas ações, até mesmo me pediu
perdão pelas coisas que um dia me disse.”
“Meritíssimo, peço para que o júri não considere nada do discurso da
senhorita Granger, creio que suas emoções se excederam.” A mulher
exclamou irritada.
“Acredito que as palavras da senhorita Hermione Granger sejam de grande
relevância ao caso, por isso permito que o júri as leve em consideração.” O
juiz disse em resposta, fazendo com que a mulher se sentisse ainda mais
irritada.
“Pois bem.” Respondeu e em seguida respirou fundo. “Continuando de
onde paramos, senhorita Granger, me diga como foram os momentos em
que esteve presa nas masmorras da Malfoy Manor, após ser capturada junto
a Ronald Weasley e Harry Potter.”
“Foram momentos aterrorizantes, eu cheguei a pensar que iriamos morrer
lá. Acredito que devo agradecimentos a Narcissa Malfoy e Draco Malfoy
pois foram eles quem nos ajudaram a escapar das masmorras. E foi
Narcissa Malfoy quem me ajudou com o ferimento em meu braço que
Bellatrix Lestranger fez enquanto me torturava.” Respondeu e levantou a
manga de sua blusa para mostrar a palavra ‘Mudblood’ que já havia se
tornado uma cicatriz em seu braço. “A senhora Malfoy foi quem me levou
de volta para as masmorras quando tudo acabou, eu estava sangrando muito
e ela me ajudou.”
“Disse que eles os ajudaram a fugir, poderia explicar melhor como foi essa
situação?”
“Foi enquanto alguns comensais levaram Harry para a sala da mansão,
havíamos feito um feitiço em seu rosto para ficar irreconhecível, mas eu sei
que Narcissa havia percebido que era ele.” Draco franziu o cenho e olhou
de canto para a mãe para ver sua reação e teve certeza de que era verdade o
que Granger dizia. “Os comensais a deixaram como guarda e ela nos
devolveu nossas varinhas e nos levou até uma passagem secreta que dava
nos jardins do fundo da casa, depois que saímos dos terrenos conseguimos
aparatar para Freshwater West, uma casa perto de uma praia onde ficamos
escondidos, já havíamos descoberto que lá era um lugar bem protegido e
havíamos concordado em nos encontrar lá caso algo assim acontecesse.”
“Então a senhora Malfoy ajudou a senhorita e Ronald Weasley a
escaparem?”
“Não apenas nós, Luna Lovegood, Garrick Olivaras e também Dino
Thomas.”
“E a senhorita saberia como Harry Potter também escapou?”
“Não, com toda a correria e o desespero apenas tivemos tempo para
ficarmos felizes quando o vimos vivo.” Sorriu levemente.
“Eu imagino, isso é tudo senhorita Granger, agradecemos pela
honestidade.”
Hermione apenas assentiu enquanto se dirigia novamente a seu lugar, ao
passar pelo lado de Draco lhe deu um pequeno sorriso de apoio para que
não se sentisse tão só, recebendo em retorno um pequeno sorriso do loiro.
“Chamamos agora, Narcissa Malfoy.” A mulher se levantou e andou com
classe até o assento em frente a todos no tribunal, após fazer o juramento se
sentou cruzando as pernas demonstrando toda a elegância que sempre
esbanjava. “Senhora Malfoy, poderia me contar sobre sua relação com a
causa do Lorde das Trevas?”
“Nunca tive uma relação com essa causa, mas eu sabia que para manter a
mim e ao meu filho seguro, teria que me adaptar a situação, meu marido
nunca foi um homem muito lucido, e após se juntar ao lado negro se tornou
mais instável.” Contava seriamente. “Nós mães sempre fazemos o que
consideramos melhor para nossos filhos, mesmo que não seja o mais
certo.”
“A senhora nega ter matado um jovem nascido trouxa chamado Smith
Connery?”
“Não, não nego. Quando o Lord queria que alguém fizesse algo, só um
louco se negaria estando nas mãos daquele psicopata, e além de mim ele
também tinha Draco nas mãos, na época ele era apenas uma criança, eu tive
que fazer isso para protege-lo.”
“Nós tivemos acesso as memórias do ocorrido, e estamos cientes da
situação em que a senhora se encontrava, mas sabe que temos que falar
sobre isso, certo?” Narcissa assentiu com a cabeça em sinal de
entendimento.
Mais algumas perguntas foram feitas em relação as sessões de tortura que
havia sido obrigada a realizar em Garrick Olivaras junto ao filho, foram
feitas perguntas sobre a relação com o marido e havia sido constatado um
caso de abuso doméstico contra a esposa por parte de Lucio Malfoy, que
iam desde tortura psicológica usando seu filho para atingi-la até agressões
físicas. Logo após isso, ela foi dispensada para voltar a seu lugar.
“Chamamos agora, Draco Lucio Malfoy.” Apesar de mais magro, ainda era
um dos homens mais elegantes e belos de todo o mundo bruxo com certeza,
e quando fez o juramento, Harry sentiu seu coração parar ao ouvir sua voz
novamente.
“Nos conte sobre a noite em que houve o assassinato de Alvo
Dumbledore.” A promotora pediu.
“Meu pai havia falhado ao tentar capturar Harry Potter durante o ataque ao
ministério, com isso o valor da família Malfoy se tornou quase nenhum
para Voldemort.” Alguns murmúrios foram ouvidos ao escutarem ele dizer
aquele nome de forma tão calma. “Ele havia me dado uma escolha, ou eu
matava Dumbledore ou ele matava a mim e a minha mãe.”
“E foi fácil tomar essa decisão?”
“Se querem que eu seja verdadeiramente honesto, então sim, foi fácil, não
porque eu não queria morrer, todos aqui sabem como aquele homem era,
com certeza era melhor morrer do que o servir, mas era a minha mãe.”
Suspirou. “Eu sabia os sacrifícios que ela havia feito por mim e o que seria
fazer o mesmo para salva-la dessa vez?” ergueu os ombros soltando uma
risada triste. “Quando eu não consegui, quando Severo Snape o matou, eu
só consegui pensar em fugir com ela, mas quando voltamos a mansão,
Voldemort parecia tão feliz com a morte de Dumbledore que apenas
continuou a nos desprezar.”
“Parece ter sido tempos difíceis para um rapaz de apenas dezesseis anos.”
Ela o olhou com pena. “E como foi quando teve que torturar Garrick
Olivaras?”
“Era como se não fosse eu, Voldemort usou a maldição Império em mim,
eu não estava no controle do meu próprio corpo, mas era eu ali, era a mim a
quem ele implorava pra parar, e não conseguir fazer isso foi um pesadelo,
porque naquele dia quando eu finalmente me vi livre daquele feitiço, foi
um monstro que eu vi no espelho, assim como Olivaras deveria ver quando
olhava pra mim.” Algumas pessoas choravam em seus assentos ao ouvirem
a confissão do rapaz.
“Obrigada por nos contar, isso foi muito importante para o caso.” Ela sorriu
levemente para o rapaz. “Você pode voltar a seu lugar agora, muito
obrigada.”
Foi dado um tempo para as pessoas se recomporem antes que próxima e
última testemunha fosse chamada, Ron colocou a mão sobre o ombro do
amigo enquanto Harry se preparava para o que estava prestes a fazer,
ansiedade corria por seu corpo, causando uma tremedeira que não havia
sentido em muito tempo.
“Por último gostaríamos de chamar Harry James Potter para depor.” Draco
ergueu seus olhos a procura do rapaz, surpreso de vê-lo naquele dia, ficou
surpreso quando viu Granger naquele tribunal, mas com certeza não estava
esperando por aquilo.
Ele odiou quando ouviu todas as palavras de espanto quando se colocou em
frente a todos durante o juramento, conseguia saber o que estavam
pensando. O que Harry Potter estava fazendo defendendo uma família que
tanto tentou lhe fazer mal? Bom pelo menos o patriarca dela.
“Senhor Potter, como poderia descrever sua relação com Draco Malfoy?”
“Éramos colegas de escola.” Respondeu seriamente.
“Soubemos que nunca chegaram a se dar bem, durante seus tempos
estudando juntos em Hogwarts.” Ela andava de um lado ao outro enquanto
dizia, Harry até que gostou da forma como a mulher não se intimidava por
estar de frente a ele, diferente de muitos ali.
“Fomos de casas diferentes, Grifinória e Sonserina sempre foram
incentivados a não gostarem um do outro, acho que nossa relação era
apenas a rixa entre nossas casas. Nada de grande importância.” Explicou se
acomodando melhor em sua cadeira, caramba, com tantos galeões que o
ministério recebia, não poderiam comprar cadeiras melhores?
“Mas o que levaria o senhor a depor a favor de apenas um colega de
escola?”
“Quando eu olho aqui nessa sala, eu vejo todas essas pessoas me olhando
como se eu fosse um santo, como se eu tendo matado aquele homem
tivesse feito com que todos os meus pecados fossem apagados. Mas todos
que estavam naquela guerra e estiveram do lado contrário ao dele, como no
final Draco e Narcissa Malfoy estavam, também deveriam receber tal
perdão pois eu não teria vencido sem eles, é por isso que eu estou aqui.”
Ele finalmente contemplou aqueles olhos penetrantes.
“Entendo, por favor nos conte como conseguiu escapar da Malfoy Manor,
visto que não foi junto com os outros fugitivos.”
“Bellatrix havia pedido para Draco Malfoy me reconhecer, apesar de saber
quem eu era, ele se recusou a dizer se era realmente a mim que haviam
capturado.” Evitou olhar para Draco enquanto contava. “Depois disso
Narcissa Malfoy causou uma distração dizendo que havia sido atacada e
que os prisioneiros haviam escapado. O que me deu uma vantagem, um
elfo doméstico, um amigo meu, Dobby, estava lá e conseguiu aparatar
comigo para fora dos terrenos Malfoy, infelizmente ele foi machucado
enquanto isso e morreu quando chegamos a praia próxima à casa onde
ficamos escondidos por poucos dias.”
“Como soube que ele havia o reconhecido?”
“Bom...” Ele poderia assumir para todos que com certeza seu ex namorado
o reconheceria, mas explicar tudo isso seria complicado demais, então ele
apenas disse. “Enquanto todos estavam prestando atenção em meu rosto,
ele me devolveu minha varinha, e foi graças a isso que consegui lançar um
feitiço em Bellatrix, que fez com que ela me soltasse e eu conseguisse
fugir.”
“E Narcissa Malfoy? O que ela já fez por você?” se aproximou mais de
onde Harry estava.
“Quando Voldemort lançou a maldição da morte em mim, de novo, ele
pediu para que Narcissa checasse se eu estava realmente morto, e quando
percebeu que eu não estava, mentiu em frente a ele.” Ouviu murmúrios de
surpresa por toda a sala. “Se não fosse por ela, não teria conseguido vence-
lo, visto que não tinha nem minha varinha comigo.”
“E de onde veio a varinha que usou para derrota-lo?”
“Draco Malfoy jogou a dele para mim pouco antes de fugir de Hogwarts.”
Disse tentando disfarçar a tom de raiva em sua voz. “Eu não poderia ter
vencido e salvado a todos sem a ajuda deles nisso tudo, tanto Draco quanto
Narcissa foram responsáveis por salvar tanto a minha vida quanto a de
várias outras pessoas. Não deveria ser eles a serem julgados de tentarem
acabar com esse mundo, assim como eu, tudo o que puderam fazer foi lutar
para continuarem vivos.”
“Agradeço pela honestidade senhor Potter, sem mais perguntas.”
Durante cinquenta minutos o júri se manteve em outra sala conversando
sobre o caso, e enquanto isso alguns foram tomar um ar ou uma água do
lado de fora daquele tribunal, mas Harry continuou sentado em seu lugar,
aquilo tinha que acabar logo, ele tinha que ter conseguido livrar Draco para
poder ter certeza de que estava tudo acabado, que não teria que se culpar
por não conseguir evitar que mais coisas ruins acontecessem com ele e com
sua mãe.
“Ordem no tribunal!” o juiz ordenou batendo com seu pequeno martelo na
mesa. “O júri chegou a uma conclusão, por favor compartilhem o veredito
de Narcissa Malfoy com o restante do tribunal.”
“Após uma longa discussão, o júri chegou ao veredito para Narcissa
Malfoy como homicídio negligente, pois a mesma apenas realizou tal ato
em forma de proteção, e inocente das outras acusações. Em relação a se
aliar a causa de Lord Voldemort, a consideramos inocente”
“Sendo assim, eu a sentencio a um ano e meio de prisão domiciliar e sua
varinha também será confiscada durante esse tempo, sendo assim também
está proibida de praticar magia durante esse tempo.” O juiz declarou e
Narcissa assentiu sorrindo abraçando o filho que estava em pé ao seu lado.
“Agora, o veredito de Draco Malfoy, por favor.” O meritíssimo pediu.
“Por decisão unanime do júri, consideramos o réu Draco Malfoy...” o
coração de Harry estava prestes a parar. “Inocente de todas as acusações,
seus atos foram por pura defesa pessoal e de sua mãe, em consideração a
sua situação não poderia ser esperada outras atitudes vindas de sua parte.”
Draco apertou ainda mais a mãe em seus braços, que agora chorava
copiosamente de alivio, muitos presentes estavam emocionados com o
resultado do julgamento, e Harry se permitiu respirar de novo.
Draco agora era um homem totalmente livre, inclusive dele mesmo.

******

“Harry, espere.” Seu corpo travou quando ouviu aquela voz, apenas virou o
rosto para sinalizar um canto mais escuro daquele corredor, sendo seguido
prontamente por ele, quando finalmente estavam de frente um para o outro
Draco se permitiu observar melhor o rapaz a sua frente. “Obrigada pelo o
que fez por mim, eu nem imaginava que iria querer me ver depois...”
“Depois de você ter simplesmente ido embora e me deixado?” perguntou
fazendo com que ele abaixasse sua cabeça. “Eu também não estava
esperando por isso, ainda estou tentando entender melhor o porquê estou
aqui.”
“Harry por favor, só me deixa me explicar, eu precisei ir.” Se aproximou.
“Você recebeu minhas cartas...eu disse tudo nelas...” e então ele entendeu.
“Você não leu nenhuma delas, não é? Por isso não me respondeu.”
“Depois de não receber notícias suas até aquele dia, acho que você mereceu
meu silêncio, não concorda?” respondeu enquanto se afastava.
“Se está tão magoado comigo, por que você veio até aqui hoje?”
“Eu apenas fiz o que eu sentia que ainda tinha que fazer por você, Malfoy.”
“Quando voltei a ser Malfoy?”
“Quando virou as costas para mim enquanto eu estava quase sendo morto
por aquele maníaco. Naquela droga de momento, você deixou de ser
qualquer coisa além do que só Malfoy.” Harry tentou controlar o tom de
voz. “Pare de tentar falar comigo, pare de me enviar cartas as quais eu não
vou ler, e apenas me deixe em paz...por favor, de uma vez por todas, me
deixa em paz...”
“Eu não posso deixar que tudo acabe assim Harry, eu não estou pronto...por
favor.” Se aproximou.
“Não está pronto para o que?”
“Pra me tornar mais um dos seus erros...” suspirou torcendo para que Harry
pelo menos tentasse ver que estava sendo honesto.
E então Harry finalmente olhou em seus olhos, aquele céu cinzento que
suas íris estampavam e que sempre foram a causa de seus desejos mais
profundos, os mesmos olhos aos quais recorreu para conseguir força
quando pensou que seu feitiço não seria forte o suficiente, mas ele não os
encontrou, e os mesmos que havia prometido não se deixar levar.
“Largo Grimmaud às nove.”
“O que?” Draco o olhou confuso.
“Você sabe que é onde estou morando, apareça lá neste horário, eu não
prometo que seja lá o que você for me dizer vai mudar algo, mas nunca
poderá dizer que não te deixei se explicar.”

******

“Pode entrar.” Deu espaço quando Draco deu o primeiro passo para dentro
da casa.
“Onde podemos conversar?” perguntou ao se encontrar dentro da casa.
“Na sala.”
Ele precisava se controlar para não deixar que seus sentimentos falassem
mais alto do que como realmente estava se sentindo naquele momento, ele
nunca havia sido bom em dizer não à Draco, mas não poderia ser assim
desta vez.
“Por que foi embora? Por que não me esperou?” ele precisava saber se pelo
menos essa pergunta teria reposta.
“Meu pai estava a ponto de matar minha mãe quando eu o joguei contra
uma pilha de destroços de Hogwarts, ele percebeu que ela quem mentiu
sobre você estar morto, eu tinha entregado minha varinha pra você, e não
tinha como me proteger quando ele recobrasse a consciência.” Suspirou se
sentando na poltrona que havia no canto da sala. “Eu só tinha que proteger
a minha mãe.”
“Eu estava lá, eu sei que eu estava lutando com Voldemort, mas ainda
assim Hermione e Ron também estavam lá e poderiam ter protegido
vocês.”
“Harry, não seja tão ingênuo, se chegasse uma hora em que Weasley
tivesse que escolher entre proteger a mim ou minha mãe, ou proteger
qualquer outro, teria sido bem fácil a escolha dele.”
“Isso não é verdade Draco, ele sabe o quanto você é importante pra mim,
teria te protegido.”
“Protegemos os nossos Harry, e eu nunca nem cheguei a ser um Weasley
honorário igual a você e Granger, e sabemos que muito provável ela
também não me protegeria.” Se levantou chegando mais perto dele. “Eles
sabiam sobre nós, tem razão e com certeza poderiam imaginar tudo o que
eu sinto por você, mas eu não sou família, não para eles...”
“Por que tá chegando tão perto?” Harry perguntou desconfiado.
“Eu não posso continuar essa conversa sem fazer isso...” colocou suas
mãos no rosto dele e encostou seus lábios nos dele.
Eram os lábios dele, mais frios e rachados, mas ainda os lábios de Draco
Malfoy, ele não deveria estar fazendo isso, mas não podia esconder o
quanto havia sentido sua falta, mas quando a sua língua encostou na dele,
foi como se um choque houvesse percorrido seu corpo e então ele o
afastou.
“Não Draco, não podemos fazer isso.” O empurrou para longe. “Eu não
posso só beijar você como se tudo tivesse ido embora, você foi embora, eu
poderia ter protegido você, eu estive lá o tempo inteiro e você só foi
embora, faz ideia de como eu me senti?”
“Será que você não ouviu tudo o que eu falei?” Draco se sentia próximo de
seu limite. “Não percebeu que eu não tive escolha, seus amigos fariam de
tudo pra proteger você, não a mim que no final do dia era apenas mais um
maldito comensal da morte.”
“Você nem sequer tentou, você apenas não se arrisca, não se arriscou
naquela hora, não se arriscou quando pedi pra você ficar comigo, você foi
um covarde.” O empurrou para longe.
“Você não sabia de nada do que estava acontecendo.”
“Porque você não me deixava entrar, você me deixou do lado de fora da
sua vida desde o início.” Empurrou seu peito, de novo. “Você agiu da
mesma forma como sempre, como se eu não tivesse significado nada. Tudo
que eu queria era te proteger.”
“Eu não precisava que você me protegesse!” gritou em resposta. “O que te
incomoda tanto Potter?” Draco voltou a se aproximar dele. “Que eu fiz o
que eu precisava para me salvar daquela maldita guerra ou que o que me
salvou não foi você?”
“Eu estava lá, estive lá todo o tempo e você só escolheu ficar do lado
errado.” Harry tinha certeza que Ron e Hermione poderiam o ouvir do
andar de cima agora. “Eu te implorei pra ficar comigo, porra, eu me
ajoelhei e te pedi pra não me deixar, e você virou a porra das suas costas
pra mim. Você pode não ser um Weasley para Ron, mas era família pra
mim.”
“Eu fiz o que tinha que fazer para eu poder sobreviver!” Harry tentou se
lembrar do porque não poderia apreciar o hálito de menta que sempre amou
quando o sentiu em seu rosto, após Draco berrar consigo. “Sabe o quanto
era perturbador? O que eu estava assustado?”
“Esse é o problema Draco.” Sua voz se quebrou. “Você sobreviveu, eu
sobrevivi, mas eu não... nós não... isso não vai sobreviver.”
“Harry...”
“Não...” sussurrou ao fechar os olhos e encostar sua testa no queixo do
loiro. “Não diz mais nada.”
“Harry, o que você...” Suas palavras foram interrompidas pelos lábios do
moreno nos seus.
“Vamos subir...” tocou seu peito sobre a camisa branca, a mesma que ele
estava usando no julgamento. “Ainda podemos fazer amor, e
depois...depois você vai embora.”

******

E mesmo enquanto seus corpos não desgrudavam um do outro, enquanto


Harry subia e descia por seu corpo, Draco nunca se sentiu tão abandonado,
faziam amor com sofreguidão, e ele implorava aos céus que aquele
momento nunca passasse, para que Harry nunca deixasse de ser seu.
Quando seu corpo rolou sobre o de Harry e ele olhou em seus olhos, ele viu
o que sempre via, amor. Ele o amava, mesmo nunca tendo dito isso um ao
outro ele sabia que era verdade, Draco estava o perdendo e ele ainda o
amava.
“Por favor...” implorou enquanto se arremetia contra o corpo do moreno.
“Não me faz ir embora.”
“Draco...” seu nome saiu mais como um gemido do que um pedido para
que parasse de dizer isso.
“Não me faz te deixar de novo, amor.” Seu corpo tremeu ao atingir o
orgasmo junto a Harry.
Naquele momento, quando Harry não conseguiu mais olhar em seus olhos
depois que tudo acabou, ele soube que aquilo deveria ser o fim de tudo. E
então ele chorou, e mesmo sentindo as mãos dele acariciando suas costas
na intenção de acalma-lo, isso não ajudou. Porque no outro dia, quando ele
chorasse de novo, porque ele ia, não seriam as mãos de Harry em suas
costas lhe oferecendo conforto, não haveria ninguém.
E ele não sabia como sobreviveria a isso.

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