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- Ele arrumou sua cama e a gaveta de meias. Ele ama você.

For a thousandth of a second

Capitulo 5: Store up on your summer glow.

“Harry, eu precisava falar com você, preciso saber como você está.
Você conseguiu, está livre agora, finalmente pode viver e eu não poderia
estar mais aliviado por você. Sei que já faz algum tempo desde o dia em
que nos vimos e ainda mais que não nos falamos.
Mas não posso deixar de me perguntar todos os dias onde estaríamos
agora se tivéssemos fugido como você propôs, poderíamos estar em Paris,
tomando vinho e depois nos embrenhando em meio aos lençóis do hotel
mais luxuoso que teríamos encontrado. Com aquelas camas tão fofas que
nos lembram nuvens.
Se eu tivesse como, se tivesse certeza de que tudo teria dado certo e
pudesse manter todos o que amamos em segurança, eu queria poder voltar
no tempo e te dizer sim, e ir com você para qualquer lugar que você
quisesse ir.
Por favor venha me ver. Estou na mansão e não posso sair daqui até meu
julgamento.
Eu tenho certeza de que permitiriam uma visita sua.
Por favor venha, quero te explicar tudo, sei que posso estar pedindo
demais, mas Harry, se o que tivemos ainda importa, me dê uma chance de
me explicar.
Estarei esperando por você.
Com carinho,
Seu Draco.”

“Como se sente finalmente livre pra ir pra casa?” Harry sorria enquanto o
ajudava a sair da cama.
“Prontinho para voltar ao trabalho.” Sorriu segurando firme enquanto era
levado em direção ao banheiro.
“Pode esquecer, Fudge já disse que você só volta quando seu médico te
liberar, nem adianta tentar porque duvido que alguém vai te deixar fazer
algo por lá.”
“Eu não quero só ficar em casa sem nada pra fazer.” Reclamou enquanto
tirava a camisa do pijama, Harry evitava olhar diretamente para as
cicatrizes, então procurou olhar para qualquer lugar do quarto menos para o
rapaz.
“Não vai só ficar em casa sem nada pra fazer, vai ficar em casa sem nada
pra fazer comigo.” Riu do olhar tedioso que recebeu do namorado.
“Você tá livre pra voltar para seu trabalho e prefere ficar trancado na
mansão comigo, já disse que fico bem sozinho com a minha mãe e você
pode vir me ver de noite.” Entrou em baixo do chuveiro começando a lavar
lentamente seus cabelos, eram assim seus movimentos desde o acidente,
movimentos lentos e cuidadosos para que suas feridas não se abrissem, elas
agora estavam com uma camada mais grossa de pele, mas a vermelhidão
das cicatrizes preocupava seu médico então deveria ter calma.
“Eu já disse que prefiro que seja assim, eu sei que ninguém tomaria conta
de você melhor que sua mãe, mas vou me sentir mais tranquilo sabendo
que se precisar de mim vou estar sentado bem ao seu lado.” Fechou a porta
para evitar que o vento frio viesse de fora do quarto.
“E eu já disse que isso é baboseira.” Esticou o braço com a bucha na mão,
na intenção de que Harry se tocasse e viesse esfregar suas costas e ele veio.
“Ah, você tem mãos magicas de fato, Harry.”
“Quando estiver melhor vai poder aproveita-las ainda mais.” Beijou a curva
de seu pescoço. “Amo você.”
“Eu te amaria ainda mais se você não me tratasse como porcelana.” Se
afastou para que fosse mais fácil ensaboar suas costas. “Acidentes
acontecem nesse tipo de serviço.”
“Isso não faz com que seja mais fácil de lidar Draco, você poderia ter
morrido.” Se deixou molhar ao abraçar Draco por trás, tomando cuidado
para que suas mãos não tocassem em áreas próximas as cicatrizes.
“Eu sei que você estava louco para voltar a tomar banhos comigo, mas
creio que a hora certa não é agora Harry.” Virou com cuidado para ficar de
frente com o moreno, cerrou o cenho confuso ao ver como os olhos dele
tentavam olhar para qualquer outra direção que não seja seu peito.
“Harry?”
“Hum?” sorriu ao olha-lo.
“Eu amo você.” Seu sorriso aumentou. “Mesmo sendo um chato que tenta
roubar o banho de pobres pacientes indefesos.”
“Pode ser um paciente, mas não tem nada de pobre nem indefeso, querido.”
Sorriu saindo debaixo do chuveiro, usando sua varinha para secar suas
roupas e voltando a se encostar na porta fechada.

******

“Draco.” Pansy quase gritou ao passar pela porta. “Meu querido, me


desculpe por toda essa demora pra vir te ver. Foi tão difícil vir da França,
meus pais estavam com medo, mas eu tinha que ver você. Como foi tão
idiota? Se você tivesse morrido eu te traria de volta de alguma forma só pra
poder bater em você.”
“Estou bem, não está vendo? Inteirinho, e já pronto para outra.”
“Harry, por favor me diga que ele não está falando sério se não vou te pedir
pra tranca-lo em casa,”
“Ele com certeza está falando sério, mas pode ficar tranquila que o plano
de trancar ele em casa já foi arquitetado por mim e a mãe dele.” Sorriu
abraçando a garota. “É muito bom ver você, fico feliz que esteja bem
Pansy.”
“Ah, e você. Harry Potter.” Se afastou apertando seus ombros. “É o
desgraçado mais sortudo que já vi, é tão bom te ver bem assim, vocês dois,
é tão bom vê-los juntos.” Foi em direção ao amigo na cama, segurando seu
rosto entre as pequenas mãos. “Nunca mais faça algo assim, não sei o que
faria se te perdesse.”
“Recomponha-se mulher, somos sonserinos, está sujando nossa imagem.”
Riu ao ver a expressão da garota se fechar.
“Continua o mesmo imbecil de sempre, está realmente bem.” Beijou seu
rosto.
Eles passaram o restante da manhã conversando sobre a viajem da garota,
que havia ido embora logo ao final da guerra, pois seus pais tiveram medo
de serem intimados ao serem ligados a causa de Tom Riddle. Mas como a
garota se manteve afastadas de tudo durante a guerra, ela estava livre para
ir e vir quando quisesse, e assim que soube do acidente do melhor amigo,
não pensou duas vezes antes de decidir voltar.
“Soube de Blaise?” ela perguntou.
“Está na Noruega, a avó dele está doente, foi pra lá tem um pouco mais de
um mês.” Draco explicou. “Mas se o que quer saber é se ele ainda continua
louco por você, a resposta é sim, deveriam conversar logo ao invés de
ficarem me usando como ponte de informação, eu não sou uma coruja, vou
começar a cobrar de vocês.”
“Ainda me pergunto, como Harry consegue aguentar você.” Estreitou os
olhos.
“É que ele ama demais o meu pa...”
“Draco Malfoy.” Potter o repreendeu, arrancando risadas dos dois amigos,
ele estava dobrando as roupas do rapaz e colocando dentro da mala que
havia trago há uma semana, depois que ele acordou.
“Ele conseguiu ficar mais gato depois da guerra.” Ela segredou ao amigo.
“Eu sei.” Sorriu avaliando o namorado mexendo em sua mala.

******

“Harry, não tive sua resposta nem sua visita, mas sei que a carta chegou
até você, ou a coruja teria retornado com ela.
Espero que você esteja bem, pelo o que li no jornal você teve uma vaga
para ser auror oferecida a você, acredito que irá aceitar, sempre foi sua
vontade, estou tão orgulhoso e feliz por você.
Como não veio, pensei em te contar tudo por carta, não quero que pense
que sou uma pessoa má e egoísta que só queria salvar a própria pele, com
certeza não estou longe de ser essas duas coisas, mas apenas por outro
motivo.
Porque Harry, se eu realmente tenho uma alma, ela chamou por você
todas as noites desde que fui embora, será que em uma delas você
conseguiu me ouvir?
Eles matariam a minha mãe se eu não voltasse, eles fariam o que
quisessem com ela e depois a matariam, porque eles queriam a mim, meu
pai precisava de mim para livrar o pescoço dele.
Por favor, tente me entender, e se fosse Lillian?
Sei que não conseguiria ir embora, assim como eu não consegui. Eu sei o
quanto gostaria de poder voltar àquele dia e impedir que ela se
sacrificasse por você.
Eu não poderia viver se não tivesse tentado mantê-la em segurança, e eu
consegui, ela está no quarto, dormindo em paz apesar de tudo, e isso só é
possível porque eu fiquei, lutei por ela, Harry, não por mim.
Quero que saiba que eu sinto muito pela dor que te causei, mas que não
posso sentir muito por ter feito o que eu fiz. Ou eu teria me odiado para
sempre.
Por favor, vem pra mim.
Se você ainda me quiser quiser, eu fujo com você agora, levamos minha
mãe e vamos embora, podemos ir pra onde você quiser, só volte pra mim.
Com carinho,
Seu Draco.

“Você tem certeza de que está confortável?”


“Mãe, pela centésima vez, sim eu tenho, estou ótimo.” Suspirou ao ver a
mulher o olhar com dúvida. “Meus travesseiros então da maneira como
gosto, o colchão nunca esteve tão macio, está tudo perfeito, e se por acaso
deixar de estar eu falo pra você, mas por amor a Merlin me deixem quieto.”
“Continua o mesmo dramático.” Harry comentou sorrindo ao ir colocando
algumas roupas de volta no armário e outras no cesto de roupas sujas. “Só
estamos preocupados.”
“Eu sei disso, e acreditem que se fosse um de vocês eu ficaria do mesmo
jeito, e vocês entenderiam como não precisam ficar tão desesperados pra
deixar a cama mais perfeita possível,” suspirou e sorriu. “Eu estou grato a
vocês, mas já está tudo ótimo, não precisam se esforçar tanto.”
Ambos assentiram, e Harry escondeu seu sorriso orgulhoso.
“Eu vou fazer algumas ligações, avisar que você já está em casa e bem.”
Narcissa deixou um beijo no rosto do filho. “Harry vai te fazer companhia,
se alguma coisa acontecer...”
“Não vai.” Draco a cortou.
“Se algo acontecer, me chamem na hora.” Enfatizou e saiu do quarto.
“Deveria pegar um pouco mais leve com ela, só está preocupada.” Sentou
ao pé da cama.
“Você não sabe como ela é quando fico doente Harry, se eu der corda ela
vai ficar ainda mais preocupada, é mais fácil quando faço pose de durão.”
Deu de ombros. “Merlin sabe que se não fosse por isso, ela me mandaria
para Sant Mungus por um resfriado que fosse.”
“Ela te ama.” Sorriu.
“Também amo ela, mas é a verdade.” Riu se acomodando melhor nos
travesseiros. “Vai se incomodar se eu cochilar um pouco? Essa cama está
realmente uma nuvem.”
“De jeito nenhum, quer que eu saia?”
“Quero que durma um pouco comigo, está acordado desde madrugada
Potter, não pense que eu não notei seu olhar cansado.” Bufou ao fechar
seus olhos.
“Certo.” Respondeu baixo se arrastando para cima da cama, acomodando
sua mão sobre a de Draco que se encontrava no pé de sua barriga. “Pode
me chamar se sentir qualquer coisa, não se preocupe em...”
“Merlin, eu sei de tudo isso, será que podemos só dormir?” se irritou.
“Draco...”
“Se disser mais uma silaba vou te azarar.” Sibilou ainda com os olhos
fechados.
“Eu te amo.” Sussurrou, e logo ouviu o suspiro de Draco.
“Eu amo você.” Ouviu mais baixo do que havia dito.
Ele acomodou seu corpo ainda mais perto do outro rapaz, dessa forma seu
nariz encostava na bochecha dele, ele esfregou sua pele contra aquela área
em um carinho gostoso. E sentiu aos poucos o corpo de Draco ir se
entregando a inércia.

******

Fechou a porta com cuidado para que não fizesse nenhum barulho que
pudesse acordar Draco, depois de cochilar por quase uma hora, não
conseguiu mais dormir, mas teve medo de acabar incomodando o loiro
então preferiu se retirar do quarto.
Aquela casa era realmente grande, ele quase poderia achar um exagero se
não fosse a casa dos Malfoy, Draco era uma pessoa que adorava luxo e
coisas grandes, o que era totalmente o oposto de Harry, isso com certeza
tinha haver com a forma com que foram criados.
Harry nunca teve muito até conhecer os cofres de seus pais em Gringotes,
mas ainda depois de saber de sua herança nunca chegou a esbanja-la,
sempre imaginou o que poderia fazer com todo aquele dinheiro, talvez
pudesse comprar uma casa, mas agora sendo dono do Largo Grimmaud não
havia necessidade de se comprar uma casa, pelo menos não agora. Ele não
precisava de um carro, poderia muito bem aparatar para qualquer lugar que
desejasse, suas outras necessidades eram muito bem supridas pelo seu
salário como auror.
Já Draco, ele havia nascido em uma casa em que o dinheiro valia mais do
que as pessoas, com o tempo ele aprendeu que essa não é a verdade, mas o
dinheiro continuou importando para ele. Não era como se ele continuasse a
diminuir as pessoas pela sua classe social, pois ele já havia aprendido a
verdade sobre isso.
Mas o dinheiro continuava sendo importante pois Draco gostava de ter, ele
gostava de poder dizer que poderia comprar o que quisesse, e era a verdade.
Ele poderia comprar mil casas e ainda teria dinheiro de sobra, e não as
compraria por necessidade e sim por apenas poder, é claro que ele não faria
isso, mas gostava muito do fato de que se fosse sua vontade poderia
realiza-la.
Mas ainda assim de alguma forma os dois conseguiam conciliar suas
vontades, Harry poderia esbanjar em alguns momentos, poderia se deixar
gastar um pouco mais do que era acostumado e poderia achar aquilo até
que prazeroso, já Draco poderia segurar um pouco mais as rédeas quando
fosse comprar, ele não compraria aquelas mil casas sem necessidade
alguma, mas poderia comprar uma bela casa para ele e Harry do jeito que
sempre quiseram e dessa forma já estaria satisfeito.
Eles haviam aprendido a se completar, e de certa forma suas diferenças se
encaixaram uma a outra, trazendo para um mais autocontrole e para o outro
um pouco mais de espontaneidade para se permitir aproveitar mais das
coisas que agora tinha a possibilidade de experimentar.
Harry sempre imaginou enquanto ainda estavam em Hogwarts coisas que
eles poderiam fazer em suas vidas adultas, era estranho dizer que dois
jovens de apenas dezenove anos já podem se considerar adultos, mas
depois do tanto que foram obrigados a amadurecer para enfrentar uma
guerra era assim que poderiam ser considerados. Ele imaginava as infinitas
viagens que eles iriam fazer, porque com certeza Draco Malfoy não iria
descansar até mostrar pelo menos todas as partes do mundo que já
conheceu para ele, ele o queria dar toda a felicidade que um dia lhe foi
privada.

******

O jardim da mansão nunca havia tido tantas espécies de flores, a casa


parecia tão viva agora, como deveria ter sido na infância de Draco, era isso
que Narcissa pensava enquanto regava pequenas mudas que haviam sido
plantadas a poucos dias, seu coração estava leve, seu filho estava bem e
finalmente em casa, com o homem que ele amava e que o ama, Merlin
sabia como ela havia desejado aquilo para o filho, desde que soube sobre
seu relacionamento quando o rapaz estava em seu quinto ano em Hogwarts,
seus sorrisos puros de alegria a fizeram desconfiar de que talvez alguém
pudesse ser o responsável por tamanha felicidade, e ele nunca foi bom em
guardar segredos de sua mãe.
“Posso ajudar a senhora?” Harry perguntou conforme se aproximava.
“Por favor me chame de Narcissa.” Sorriu ao se virar para olhar o rapaz.
“A ajuda não é necessária, mas apreciaria sua companhia.”
“Draco está dormindo, coloquei um feitiço no quarto que vai me avisar
quando ele acordar.” Explicou caminhando ao lado dela, enquanto a mesma
voltava ao que estava fazendo.
“Nunca vou conseguir te agradecer por tudo que vem fazendo por ele, eu
estava certa sobre você.” Sorriu orgulhosa.
“Certa sobre mim?”
“Eu sempre soube que seria bom pra ele, não posso dizer que não temi
quando soube de vocês dois, com tudo o que estava acontecendo aqui
enquanto ele estava em Hogwarts, eu tive medo de que descobrissem e o
usassem para te atrair.” Explicou, e parou de regar as plantas parando de
frente para o rapaz. “Contei a Snape sobre vocês, e ele me prometeu que os
protegeria se algo acontecesse.”
“Ele estava do nosso lado no final de tudo.” Sorriu melancólico. “Nunca
imaginei que Draco fosse tão importante para ele.”
“Quando convidei ele para ser padrinho de Draco, ele achou que poderia
não ser uma boa ideia, ele nunca se imaginou como alguém que gostasse de
crianças.”
“E o que mudou? O que o fez aceitar?” Voltaram a caminhar.
“Ele segurou Draco no colo, ele estava meio nervoso, havia passado o dia
inteiro com cólicas.” Explicou. “Mas quando Snape o segurou, ele se
acalmou, e agarrou o dedo dele, Snape não era um homem carinhoso, ele
com certeza não era o tipo de homem que se casaria e teria uma grande
família, não depois de perder sua mãe para James. Mas naquele dia quando
ele segurou Draco...eu sei que algo nele se aqueceu.”
Harry sorriu ao imaginar aquela cena, o pequeno bebê loiro nos braços de
um dos homens mais ranzinzas que ele já viu, se Snape ainda estivesse vivo
não conseguiria olha-lo sem rir ao imagina-lo encantado com uma criança.
“Depois disso, ele veio todos os sábados enquanto Draco ainda não tinha
idade para Hogwarts, ele nunca me disse um sim, mas sempre que vinha
trazia algo para Draco, foi ele que o ensinou seus primeiros feitiços, que
inspirou nele toda aquela paixão por poções, e eu sei que Severo era o
maior motivo de Draco ser tão orgulhoso da casa a qual pertencia.”
“Eu imagino como deve ter sido difícil depois da morte dele, vocês aqui
sozinhos nessa mansão, nem puderam comparecer ao enterro. Foi muito
injusto.” Tocou o ombro da mulher em sinal de apoio.
“Oh está tudo bem querido, Severo teria odiado um enterro como teve, ele
nunca quis algo grande, eu tenho certeza que ele apreciaria mais um
pequeno velório com as pessoas que ele permitiu que vissem quem ele
realmente era, do que com pessoas que só realmente se indignaram a ver
sua história depois de sua morte.” Sorriu colocando o regador sobre a
grama.
“Ele me ajudou muito a me preparar contra Voldemort, tivemos nossas
desavenças, mas apesar de tudo ele nunca me negou ajuda.” Suspirou. “Eu
não consegui me tornar um bom oclumente com ele, mas pelo menos
algumas áreas da minha mente consegui trancar para que Voldemort não as
pudesse invadir, se não fosse por isso ele poderia ter descoberto sobre
Draco e eu.”
“Ele sempre viu Lillian em você, tenho certeza que você imaginava que ele
via mais o James, por isso sempre implicou com você, mas ele via Lillian,
por isso se importava tanto.” Segurou o rosto do rapaz em suas mãos.
“Também a vejo, você tem o sorriso dela, e sua gentileza, e
definitivamente...”
“Os olhos.” Ele completou sorrindo.
“Sim, ela teria muito orgulho de quem você se tornou.” Secou uma lágrima
que escorreu pelo rosto de Harry. “Tenho muito orgulho de você, meu
querido.”
“Obrigada.” Sorriu sem graça.
“Quer me ajudar a fazer uma torta de maçã? Talvez assim aquele
dorminhoco acorde menos azedo.” Riu junto ao rapaz.
“Eu adoraria.” Ofereceu o braço a mulher enquanto começavam a caminhar
de volta a casa.

******

“Harry, sinto que estou enlouquecendo, como no sexto ano, quando você
me encontrou naquele banheiro escuro e vazio.
O maior problema agora não é enlouquecer de novo, mas sim que dessa
vez não tenho você, naquele dia você me abraçou e eu soube que não
poderia estar tão maluco assim já que você conseguia me trazer um pouco
de sanidade, agora sem você sinto que posso perder a cabeça para sempre.
Está sentindo minha falta como estou sentindo a sua? Se sim, onde você
está? Por que não vem pra mim?
Isso não é justo, não é justo termos passado por tanto e eu não estar com
você agora, não poder tocar você, não é justo eu te amar tanto e agora que
posso finalmente ter você, você não estar aqui comigo.
Porque sim, essa é a verdade e você sabe, sabe que eu amo você, eu
sempre amei você, Harry.
Te deixar, ir embora, foi a coisa mais dolorosa que já tive que fazer na
minha vida, e eu já tive que enfrentar diversas dores na minha vida.
Quero que você saiba que o tempo que passamos juntos vai ser pra sempre
a melhor parte da minha vida, e você sempre será a melhor parte de mim,
saber que fui digno, mesmo que por um curto espaço de tempo, de seu
afeto vale mais que qualquer riqueza no mundo, você é tudo o que eu
poderia desejar para uma boa vida.
Por favor, me responda, mesmo que seja para dizer que nunca me amou,
eu preciso saber, porque se eu for para Askaban, posso passar a vida
inteira lá conformado de que pelo menos tive uma resposta sua.
Com todo amor,
Seu Draco.

“Então agora você e minha mãe fazem torta de maçã juntos, que gracinha.”
Zombou.
“Só está dizendo isso porque está com ciúmes.” Harry respondeu enquanto
levava outro pedaço aos lábios do loiro. “Não se preocupe você ainda é o
neném da mamãe.”
“Cale a boca, Potter.” Se irritou ainda assim aceitando o pedaço que lhe foi
oferecido. “Se eu estivesse com minha varinha lhe daria um rabo de
porco.”
“Ah pare de besteira, se estivesse com tanta raiva assim nem estaria
aceitando que eu lhe desse comida na boca.”
“É aí que se engana, é por estar com raiva que te uso como escravo.”
Respondeu fazendo com que Harry risse.
“O que acha de um banho?” ele perguntou.
“Depende, vai me acompanhar? Preciso do meu esfregador de costas
profissional.” Sorriu.
“Claro, o que quiser.”
“Estou gostando desses benefícios que estou ganhando.” Aceitou o último
pedaço. “Vou ficar mal acostumado quando tiver que voltar a lavar minhas
próprias costas.”
“Vem, depois nos preocupamos com você ficando mal acostumado ou
não.” Tirou a bandeja que estava sobre as pernas de Draco, logo o ajudando
a sair da cama.
O loiro percebeu quando Harry virou de costas rapidamente quando ele
começou a abrir os botões da camisa de seu pijama, logo começando a tira
a própria roupa também, Draco foi o primeiro a entrar no chuveiro, e
quando o moreno entrou se manteve em suas costas, o abraçando e
novamente mantendo suas mãos abaixo de suas cicatrizes.
“Está com medo de me tocar, Harry?” sussurrou. “Minhas feridas não vão
se abrir ao seu toque.”
“Elas não estariam aí se eu tivesse sido mais cuidadoso.” Encostou o rosto
em seu ombro.
“Você não foi descuidado Harry, não estava mantendo o escudo sobre você
porque te achei distraído, mas sim porque queria garantir que você não
seria ferido enquanto protegesse outras pessoas como sempre tenta
proteger, isso não faz de você um descuidado, mas sim atencioso.”
Suspirou. “O que aconteceu, foi uma fatalidade, mas não foi culpa de
ninguém além de quem me atingiu, não quero que agora evite me olhar.”
Harry esperou por um tempo até começar a virar Draco, para que ele
ficasse de frente com ele, suspirou ao estudar as cicatrizes, vendo como
pareciam rachaduras largas em sua pele, não pode evitar de comparar
Draco com um anjo em uma casca fraca demais para conter sua magnitude,
e quase riu ao pensar como fazia sentido em sua cabeça essa ideia, ele de
fato poderia ser facilmente comparado a um anjo, claro que dependendo do
dia.
“Estou te olhando.” O loiro poderia se perder no profundo verde estampado
em seus olhos.
“Me toque, Harry.” Pediu em um sussurro que quase não saiu de sua
garganta.
Os dedos de Harry traçaram lentamente as bordas das cicatrizes, o que fez
com que um arrepio percorresse a espinha do outro rapaz, lentamente ele
aproximou o rosto do peito de Draco, dando beijos delicados nos lugares
que seus dedos traçaram anteriormente, e um suspiro pesado escapou dos
lábios dele, e outros o seguiram à medida que os lábios de Harry iam
descendo pela extensão de seu peitoral, passando por seu umbigo e
chegando a sua cintura.
Draco lembrava vagamente da sensação dos lábios de Harry em volta de
seu membro, mas só a ideia de o sentir novamente próximo àquela área fez
com que todo seu corpo vibrasse.
“Harry...” sussurrou se apoiando na parede ao sentir seu falo sendo tomado
pela boca do outro.
Os movimentos foram inicialmente lentos, quase tortuosos, o calor do
chuveiro era prazeroso, mas não se comparava com o calor dos lábios de
Harry, e quando seus movimentos se aceleraram os gemidos foram
impossíveis de serem contidos, tudo parecia mais quente, respirar havia se
tornado uma tarefa mais árdua do que antes, e manter o equilíbrio também,
seus dedos se embrenharam nos fios rebeldes e molhados do moreno,
puxando com força conforme o prazer ia atingindo seu corpo com mais
intensidade.
“Não pare...” reclamou quando os lábios abandonaram seu corpo.
“Acha que podemos...?” questionou sugestivo.
“Por Merlin, é claro que sim.” Beijou seus lábios com fúria, e em seguida
Harry o virou contra a parede.
“Não sejamos tão afobados, temos que ser cuidadosos amor.” Sussurrou em
seu ouvido despejando uma nova onda de arrepios pelo corpo do amado.
Seus dedos desceram por entre as nádegas do loiro, usando um pouco do
pré-gozo que saía de seu membro, espalhando pela entrada dele,
começando a prepara-lo. Os suspiros de prazer voltaram a escapar de seus
lábios, enquanto ele inclinava mais um pouco seu corpo na intenção de que
o contato com sua mão fosse mais íntimo, e logo sentiu o membro de Harry
começando penetra-lo, arrancando um longo gemido de ambos.
“Merlin, senti tanto a sua falta.” Potter sussurrou em seu ouvido,
começando a estocar lentamente contra seu corpo.
O ritmo lento não fazia com que o ato fosse menos prazeroso, pelo
contrário poderiam aproveitar ainda mais a sensação, quando a mão de
Harry se arrastou lentamente até estar ao redor do pescoço de Draco e então
se enterrou com um pouco mais de força dentro do corpo dele, fazendo
com que a voz de Draco se sobressaísse sobre o som da água batendo
contra o chão.
“Está tão lindo...não há alguém tão belo como você...Draco.” Falava entre
gemidos em seu ouvido, soltando seu pescoço e começando a tocar o
membro dele.
Harry teve que usar todo seu autocontrole para conseguir segurar Draco,
quando o orgasmo atingiu seus corpos, sentindo a tremedeira vir desde a
base de seu abdômen até seu peito, e se manteve ainda estocando
lentamente apenas para prolongar aquela maravilhosa onda de prazer.
Quando se afastaram o loiro pode sentir o sêmen escorrendo por suas
pernas.
“Está tentando me engravidar, Potter?” comentou casualmente fazendo
com que Harry gargalhasse e logo o acompanhou.
“É realmente um grande idiota, não consegue nunca segurar uma piada não
é?” seu riso foi se acalmando, e logo pegou a bucha despejando sabão
liquido nela. “Venha, deixe seu esfregador de costas profissional fazer seu
trabalho.”

******

No outro dia enquanto estavam na mesa tomando café, a porta foi aberta
com brusquidão e em seguida batida com força, e logo Parkinson estava
sentada em uma das cadeiras vazias da extensa mesa.
“Desde quando você entra assim na minha casa?” Draco questionou
surpreso.
“Blaise me enviou uma carta, disse que as coisas estão muito diferentes e
que não sabe se ainda podemos ficar juntos, que está confuso.” Explicou
passando as mãos pelos fios negros com frustração.
“Oh, eu sinto muito Pansy.” Harry falou indo em direção a mulher,
colocando uma mão sobre seu ombro.
“Posso te oferecer algo para beber, querida?” Narcissa perguntou.
“Um copo de whisky de fogo, por favor.”
“Pansy, ainda são dez da manhã, ainda estamos tomando café.” Draco riu.
“Ah, é claro.” Se virou novamente em direção a Narcissa. “E uma torrada,
também.”
Harry riu enquanto a mulher ia em direção a cozinha, voltando com uma
xícara em suas mãos em seguida, servindo uma boa quantidade de café e
colocando dois cubos de açúcar com um pouco de creme.
“O que acha de tomar um pouco de café, e deixarmos o whisky para o fim
da tarde?” sorriu gentil.
“Pode ser uma boa ideia, obrigada.” Sorriu triste aceitando a xícara dando
um longo gole.
“Quando a carta chegou?” Draco perguntou passando as torradas para a
amiga por Harry.
“Ontem à noite, mas eu só a vi hoje pela manhã, não queria ficar sozinha
naquela casa grande.”
“Você poderia ficar aqui por um tempo, a casa é grande e somos só eu e
minha mãe, Harry está aqui por enquanto, mas depois vai voltar pra casa
quando eu já tiver me recuperado.” O moreno desceu seus olhos para seu
colo, pensando nas palavras do namorado. “Seria bom ter mais alguém por
aqui.”
“Concordo plenamente, é muito bem vinda querida.” Narcissa foi para o
lado da morena, a abraçando.
“Obrigada Tia Cissa, vai ser bom ter vocês por perto.” Concordou voltando
a ficar mais animada. “Só me deixe num quarto longe do de Draco,
enquanto Harry estiver aqui, não quero escutar nenhum som indesejado.”
“Já está bem de novo, não é?” Harry reclamou arrancando uma gargalhada
da mulher.
******

“Querido Harry,
Pensei que assim seria uma forma melhor de se começar uma carta de
despedida, porque é isso que estou tentando fazer, me despedir.
Ficou claro que não quer mais nada comigo, e me dói admitir que te
entendo pois depois de tudo, eu também não me vejo como alguém que
valha a pena.
Acho que serei condenado, então provavelmente nunca mais verei você,
vendo como estão sendo as penas dos últimos comensais que receberam
suas passagens para Askaban, ainda mais eu sendo um Malfoy.
Mas quero que saiba que tudo o que você me permitiu viver contigo viverá
para sempre em mim, assim como esse amor.
Se eu fosse querer algo diferente na nossa história, seria o nosso tempo,
queria mais dias com você. Talvez eu esteja sonhando alto demais, mas
queria mais alguns anos com você, Harry.
Sinto por ter te causado tanta dor, espero que consiga tudo o que quer da
vida e que seja feliz, assim como eu fui com você.
Eu amo você, Harry.
Quero que saiba que sempre terá isso, mesmo que não seja muito, quero
que tenha certeza de que pra sempre será o foco de todo meu amor e afeto,
até que meu coração pare de bater.
Adeus.
Com amor,
Pra sempre seu Draco Malfoy.”

“Então você descobriu o meu escritório...” parou de falar ao ver as folhas


sobre a mesa, e uma na mão de Harry. “Essas são...?”
“São as cartas que você me mandou.” Confirmou deixando com que a
última folha caísse sobre a mesa. “Não acredito que me escreveu todas
essas coisas.”
“Olha Potter, você tem que entender que eu estava perturbado com a ideia
de ir para Askaban, eu estava meio desequilibrado, teria dito qualquer
coisa...”
“Não precisa entrar na defensiva, Draco.” Riu se levantando e indo até ele.
“Não achei nada do que me escreveu estranho, apenas estou surpreso, se eu
não tivesse sido tão cabeça dura poderia saber que me ama a mais tempo.”
“Estava magoado, não tem que se martirizar Harry.”
“Foi honesto em tudo o que disse, ou apenas estava com medo com a ideia
de perder totalmente sua liberdade?” tocou sua cintura.
“Eu nunca havia sido tão honesto em toda a minha vida.” Segredou.
Ele riu descrente, sentindo seu peito se encher ainda mais de calor, aquele
amor que aquece seu corpo todo, como se estivesse se espalhando por suas
veias.
“Merlin, tem ideia do que faz comigo, Draco?” sua voz saiu tremula. “Você
poderia ser minha ruina, se quisesse.”
“Você já é a minha, sempre foi.”

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