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Terceira Parte...

Raissa Andres.

Segurei as lágrimas exatamente até o momento em que Luigi me


deixou na porta do hotel.
Estava emocionalmente destruída, mas não queria lhe demonstrar
mais essa fraqueza, não quando ele era o único remédio para tanta tristeza.
Tentaria salvar o pingo de dignidade que ainda me restava. Chega de
humilhação, chega de implorar por amor, preciso, pelo menos uma vez na
vida pensar e cuidar de mim.
Porém a constatação era evidente, em pouco tempo eu cai na real e
dei-me conta de que estava completamente apaixonada. Eu amava Luigi com
todas as minhas forças.
Era um sentimento desesperador, já que a reciproca não era e nunca
seria em nada verdadeira, e ele havia feito questão de deixar isso bem claro.
Aliás, já estava claro desde o momento em que nos conhecemos eu fui a
única que se perdeu no meio do caminho e não consegui controlar meus
sentimentos.
Eu estava triste, muito, muito triste!
Percebi que o “amor” que um dia pensei sentir por Roberto na
verdade era apenas um simples deslumbramento, pois nem comparava-se ao
que sentia agora por Luigi.
Um sentimento tão forte que confundia-se com a dor que era ainda
maior. Era uma coisa indescritível! Parecia uma faca enfiada no coração, doía
tanto que chegava a faltar o ar, o chão, era enlouquecedor.
Minha vontade era sacudi-lo e tirar o mínimo de sentimentos que
pudesse existir em seu coração, mas também queria desaparecer e tentar
proteger meu coração que estava tão duramente machucado.
Porém uma coisa era certa, e eu já estava bastante consciente, só me
magoaria ainda mais se ficasse ao seu lado, já que nunca poderia me dar o
que eu preciso: seu amor.
Dentre as coisas que ele me falou a que mais marcou foi “não
deveríamos ter concordado em ficar juntos esses dias a mais”, doía tanto
relembrar de suas palavras que acabei perdendo a noção de para onde estava
indo, e quando dei por mim constatei que andava de um lado para o outro
pelo saguão do hotel, como uma louca.
Chamei o elevador e fui direto em direção ao quarto de Júlio, rezando
silenciosamente para que ele estivesse lá.
Mesmo assim minha cabeça não parava de maquinar e tentar
entender em que momento eu me perdi, o que poderia ter feito diferente para
quem sabe também conseguir chegar até seu coração. Uma coisa era fato eu
fui muito precipitada. Pressionei-o demais. Ele estava cedendo, já havia
decidido que deveríamos passar mais tempo juntos, com o tempo e a
convivência, quem sabe, ele poderia sentir um pouquinho do que eu já sinto
por ele.
Em vez disso, trocara os pés pelas mãos e, em um impulso, fizera a
confissão mais estúpida e idiota de toda a minha vida.
Dissera a Luigi que estava apaixonada por ele.
Não!
Eu havia gritado que estava apaixonada.
Obviamente ele estava fugindo do amor, principalmente do meu
amor, sua cara era de pânico ou desprezo, nem sei, também não saiam de
minha memória, e mesmo sem falar diretamente estava implícito em sua
fisionomia a seguinte mensagem: sinto muito que esteja apaixonada por mim,
Raissa. Essa nunca foi minha intenção e eu não sinto o mesmo por você”.
Um coração partido era a última coisa que eu precisava para
completar a solidão e a tristeza que estava minha vida esses últimos tempos.
Agora mais do que nunca a saudade de casa apertou. Acho que estava
chegando a hora de engolir a vergonha e finalmente ir visitar meus pais, já
havia ficado longe tempo demais.
Cheguei em frente ao quarto de Júlio e bati na porta.
Graças a Deus, ele abriu imediatamente.
- Meu Deus, Rá! O que aconteceu? – disse, já abrindo os braços para
me acolher em seu abraço.
- Ai amigo, estou horrível. – desabei completamente no choro.
Conversarmos por mais de uma hora, contei para ele tudo que havia
acontecido desde os últimos dias até agora pela tarde. Júlio, como o bom
amigo que sempre era, estava revoltado, e já havia xingado Luigi de covarde,
frouxo, mariquinha e coisas muitos piores.
- Eu literalmente tenho o dedo pobre para escolher homem.
- Nem acho que esse seja pobre que nem o outro lá, que eu não gosto
nem de citar o nome. – disse referindo-se a Roberto. – Só acho que, pelo que
você me contou, e pelo o que venho observando, ele está traumatizado com o
amor e não quer dar o braço a torcer. Só eu estando muito enganado porque a
forma como ele lhe olha! Ele é louco por você. E eu sou bom em identificar
isso.
- Júlio. – falei depois de tanto choro. – Não quero ficar naquele
quarto, senão vou me lembrar ainda mais dele, vou sentir seu cheiro pelos
cantos. Quero começar de novo, em um lugar neutro, sem lembranças.
Acho que vais ser mais fácil assim.
- Claro querida. Você está certíssima. Vou ligar para a recepção e
pedir um outro quarto.
- Obrigada. Oque seria de mim sem você?
- Nada meu bem. NADA. – sorri, só ele no mundo para conseguir
arrancar um sorriso meu em um momento como esse.
Depois de uns minutos ele volta com uma expressão não muito boa.
- O que foi?
- O hotel está cheio, não tem outro quarto disponível, só irá vagar
daqui a três dias.
-Três dias? Não. – entrei em desespero. – Vou surtar naquele quarto.
- Só se você vier para cá. Nossos quartos são iguais, eu troco com
você.
-Você faria isso?
- Claro meu bem, isso e muito mais. – disse me mandando um beijo.
– Vamos, levante essa bunda gorda daí que temos uma mudança para fazer.
-Ahhhhh. – pulava e batia palmas comemorando. Eu amo esse
homem.

*****
Passamos o resto da tarde e quase toda a noite arrumando as coisas e
levando as minhas para seu quarto e as deles para o meu antigo dormitório.
Tentei não pensar em Luigi durante este tempo e consegui melhorar,
pelo menos um pouquinho, meu humor já que todo mundo contagiava-se com
a alegria e boa energia de Júlio. Ele disse que levaria as coisas dele sozinho e
tiraria as minhas de lá para que nem precisasse pisar no quarto.
Quando já era tarde da noite, deitamos em minha cama esgotados; -
Enfim acabamos. – Suspiramos cansados.
- Obrigada novamente. – agradeci, segurando sua mão.
- Por nada querida. Somos assim só nos dois nesse mundo, você sabe
que pode contar comigo para tudo e eu com você.
- É verdade. – concordei.
- Você está bem para ficar sozinha? Ou quer que eu durma aqui hoje?
- Estou bem, pode ir.
- Então tá, qualquer coisa grita.
- Te amo.
- Te amo também. – deu um beijo em minha testa e se foi.
Me acomodei na cama, mas mesmo assim sabia que não conseguiria
dormir direito esta noite, mas também como poderia, se mesmo
involuntariamente minha cabeça estava ocupada analisando tudo que havia
passado com Luigi, sob todos os ângulos, imaginando todas as possibilidades
que poderiam acontecer caso eu tivesse feito isso ou aquilo de uma forma
diferente, mesmo quando eu já sabia a resposta.
Vai ver terminar tudo fora mesmo a melhor coisa para os dois. Sim,
poderia ter feito de uma maneira menos humilhante para mim, pelo menos,
mas não tinha muito jeito, não quando eu fui a única a confundir tudo
achando que, de fato, poderíamos ter um relacionamento.
Ele era traumatizado eu sei. Mas um dia, quando encontrasse uma
mulher que realmente valesse a pena, que realmente amasse de verdade com
toda certeza esse sentimento será mais forte do que todos os seus traumas e
fantasmas, ele provavelmente casaria e teria filhos e será o melhor marido e
pai do mundo.
E seria tão mais feliz sem mim.
E eu, um dia, aprenderia a viver infeliz sem ele.

Luigi Bertoline.

Eu não queria parar para pensar em nada, nem analisar tudo que
havia acontecido nas últimas horas.
Não conhecia essa estranha angustia que dominava meu peito como
algo parecido como uma dor. E sinceramente, não queria nem me aprofundar
para descobrir o que poderia ser.
Por mim eu dormiria e quando acordasse não saberia nem quem era
Raissa Andres, continuaria com minha vida estável e bem programada,
normalmente, cuidando de minha empresa e preocupando-me com nada além
de mim mesmo.
Maldita mulher!
Eu estava horrível.
Dirigi sem rumo por horas, até que parei em um mercado, comprei
um garrafa de Whisky e voltai para casa.
Sentei na varanda, bebendo até anestesiar a dor no peito, olhando
fixamente para a escuridão até o sol começar a raiar. Não tentei dormir
nenhuma vez, nem mesmo quando comecei a delirar com as visão de Raissa
que começavam a assombrar-me.
Eu estou apaixonada por você. Eu estou apaixonada por você. Eu
estou apaixonada por você. Maldita frase que ficava martelando em minha
cabeça.
Porém eu não ia me entregar, eu sou um homem forte. Superei e
passei por cima como um trator de qualquer coisa que tentava desviar-me do
caminho correto. E ia fazer a mesma coisa com essa dúvida que martelava em
minha cabeça.
Ainda era bem cedo, por volta das 06:30 horas da manhã, quando
enfim reagi, levantei, tomei uma xícara forte de café amargo, para tentar
quebrar um pouco o efeito do álcool em meu sangue.
Fui direto para o banheiro e sentei-me no box deixando a água gelada
levar embora toda a ressaca, física e moral que insistia em se entranhar no
meu corpo. Novamente pensei nela. Em como havíamos feito amor aqui
mesmo neste banheiro, há pouco mais de 24 horas.
Amor? Que caralho de fazer amor, nós havíamos fodido neste
banheiro, porque era isso e apenas isso que fazíamos: sexo, trepada, foda.
Porra nenhuma de amor.
Só de pensar nela o traidor do meu pau que não sabia ficar longe
daquele corpinho gostoso, daquela bocetinha apertada, daquela boquinha
virgem já estava duro como uma rocha.
Minha mão o agarrou, apertando-o, mas logo me repreendi e parei.
Essa mulher não vai invadir e dominar minha punheta também. Eu
me nego a gozar pensando nela. Eu não preciso dela para nada.
Desliguei o chuveiro e sai de lá ainda mais puto do que entrei e com
o porra de uma ereção que iria ter que abaixar sozinha porque eu não ia me
proporcionar nenhum alívio.
Arrumei-me e fui em direção ao trabalho.
Espero que ninguém resolva me aborrecer hoje que literalmente estou
com o pior humor de toda a minha vida. Tudo isso graças a uma feiticeira
desgraçada que estava fodendo com toda a porra do meu juízo.

*****

Não sei se era melhor ter ficado em cada, curtindo minha ressaca ou
ter vindo para a empresa e ter passado esse dia de cão.
Briguei com o gerente geral, minha secretária acabou de sair de
minha sala chorando, mais cedo me aborreci com um cliente idiota que já
estava me enchendo a porra do saco e respondi seu e-mail mando-o ir para a
puta que pariu.
Meu dia estava um caos.
Depois de lutar um dia, inteiro estava novamente jogado em minha
cadeira, com um copo de bebida já quase vazio admirando suas fotos que
estava seguramente guardadas em minha gaveta.
Dio Santo, o que era esse sentimento?
O que era esse desespero?
De onde vinha essa saudade louca. Essa vontade de apenas saber se
ela estava bem, de simplesmente ouvir sua voz.
Peguei meu celular e procurei na lista de chamadas recebidas o
registro de seu número. Disquei e desliguei a chamada por mais de umas 50
vezes, mas na hora H eu desistia. É claro que ela não iria me atender.
- Merda! – esbravejei jogando o celular conta a parede. O aparelho
espatifou-se no chão o que aumentou ainda mais meu mau-humor.
Foi nesse exato momento que avistei uma pasta vermelha estranha no
canto de minha mesa. O que era quilo? Eu não lembro de ter deixado nada
ali. Nem lembro de alguém tê-la colocado lá.
Abri curioso e me deparei com um adesivo onde estava escrito:
“Roberto Charles Soares – Arquivo Geral”

O arquivo que havia pedido para Fernando sobre o tal ex namorado


de Raissa. Eu tinha esquecido completamente.
Folheei com cuidado analisando todas as informações. Ele por sorte
minha, trabalhava atualmente em uma agencia publicitária de um conhecido
parceiro de negócios e tinha certeza que poderia me utilizar dessa amizade
para concretizar o plano que estava começando a formular em minha cabeça.
Quando as informações pessoais foram ficando para trás, deparei-me
com vários recortes de jornais, impressões de sites de fofocas onde
noticiavam em suma a mesma notícia: “vídeo de modelo famosa fazendo sexo
explícito com seu namorado cai na net”, “veja em primeira mão a famosa
modelo Rá, como veio ao mundo”.
No final, envolto em um plástico transparente tinha um CD,
provavelmente com a integra o tal vídeo. Não pensei duas vezes, quebrei o
mesmo em quatro pedaços e joguei imediatamente no lixo. Não poderia
nunca assistir aquele vídeo. Se fizesse não seria em nada diferente desse
bando de fofoqueiros que não queriam nada mais do que invadir a
privacidade do próximo. Também não poderia fazer isso com ela, tenho
certeza que se tivesse o arbítrio não iria querer que eu assistisse.
Me sentiria um traidor se fizesse diferente.
Imaginei o quando ela deve ter sofrido em ter sua imagem vinculada
a um escândalo tão baixo, a dor e o vexame de ter sua intimidade furtada e
exposta para o mundo, e ainda por cima feita por uma pessoa a qual ela
confiava e amava.
Amava?
Ela também me amava e eu estava aqui como a porra de um covarde.
Na merda longe dela. Precisava fazer alguma coisa. Não sei o que mais
precisava. Como se hipnotizado, meu corpo em transe levantou-se e foi
automaticamente à sua procura.

*****

Quando dei por mim já estava exatamente em frente à porta do


apartamento número 502 do Copacabana Palace.
O que poderia ser um simples e comum quarto de hotel, era, na
verdade, a única forma de morada que Raissa possuiu nos últimos meses.
Meu coração se apertou. Mesmo sendo uns dos hotéis mais luxuosos
do País, ainda assim, não passava de um ambiente informal, que já havia sido
habitado por várias pessoas, sem nenhuma identidade própria, sem uma
decoração pessoal, ninguém merecia viver assim.
Toquei a porta maciça de madeira que era a única coisa que me
separava dela e recuei por um momento, pensando.
O que eu estava fazendo aqui?
Eu estava vindo atrás da mulher que tinha tirado meu sossego.
O que eu iria falar para ela, assim que está porta se abrisse?
Não sei.
Eu precisava vê-la, poderia ser expulso daqui, mas não importava
talvez assim que eu botasse os olhos nela novamente, conseguiria voltar a
raciocinar e enfim decidir definitivamente o que precisaríamos fazer de agora
em diante.
Tentei arrumar os cabelos com as mãos e tentar parecer o mínimo
possível com um louco que estava desde ontem afogado em uma garrafa de
bebida.
Coloquei um chiclete na boca para aliviar o cheiro de álcool.
Respirei fundo.
Dei um passo à frente e bati na porta.
Nada.
Olhei para o relógio e já eram quase meia noite. Deveria estar
dormindo, já que não havia saído, pois bastou um olhar simpático para a
recepcionista facilmente me informar que ela estava no hotel.
Bati novamente, agora um pouco mais forte, até que escutei um leve
barulho do lado de dentro. Encostei o ouvido na porta, e senti um frio na
espinha quando escutei uma voz masculina resmungando.
Dio Santo. Não era possível. Em menos de 24 horas ela já havia
colocado outro homem em meu lugar? Aonde estava a porra daquele amor
todo que se vangloriou de sentir?
Não estava preparado para confirmar com os olhos o que meus
ouvidos escutavam, virei de costas e chamei o elevador.
– Chega logo merda. – reclamei.
Não iria dar tempo, então me virei para ir em direção à escada
quando a porta enfim se abriu. Eu já estava de costas e não me daria nem ao
trabalho de virar e presenciar a pouca vergonha que se passava ali.
Fui invadido por uma fúria sem tamanho, só de imaginar como
estaria sua aparecia, com o rosto avermelhado pelo atrito da barba de outro
homem, a expressão saciada de prazer, os olhos quase transparentes quando
gozava, os cabelos rebeldes ao qual eu adorava enfiar os dedos para tomar
posse de todos seus movimentos.
Dei por mim que pela primeira vez na vida estava tendo a porra de
uma crise de ciúmes, e o pior, novamente por uma mulher que não merecia,
que foi afogar suas magoas, provavelmente, com o primeiro homem que
cruzou seu caminho.
- Luigi? – uma voz masculina e conhecida me fez parar bruscamente.
Virei lentamente e dei de cara com Júlio, a cara amassada de sono
vestido apenas uma ridícula cueca samba canção. Ou eu estava muito errado,
mas tinha certeza que ele era gay, então o que fazia no quarto de Raissa
vestido assim?
- Júlio? O que você está fazendo aqui?
- Serio mesmo? – olhou-me como seu eu tivesse suas cabeças. –
Acho que você é quem tem que explicar o que está fazendo na porta do meu
quarto a uma hora dessas? Você é até bonitinho querido mas não furo o olho
de minhas amigas. – falou irônico.
- Seu quarto? Esse quarto é da Raissa. – falei olhando novamente e
número na porta e confirmando: 502.
- Ah é verdade. – disse, balançando a cabeça. – eu estava dormindo e
ainda estou meio atordoado, que esqueci. Nós trocamos de quarto.
- Trocaram de quarto? Por que isso já? Qual o quarto dela?
- O dela é o....
Parou no meio do caminho sem falar o número do novo quarto.
- É o? – indaguei.
- Cara, entra aqui, vamos ter uma conversa de homem para homem.
- Eu não. – disse, me afastando. – não vou entrar em um quarto de
hotel com um homem de cueca, e me desculpe Júlio mas pelo que sei você
não é bem homem, homem, sabe né?
Ele caiu na gargalhada. – Está com medo de gostar meu bem?
- Cruz credo, sai pra lá.
- Sério Luigi, eu me visto, e tem horas na vida que temos que virar
homem, e por aquela mulher eu viro homem, pai, leão e o que mais ela
precisar, então sério, entre, me escute e se no final você decidir que quer
saber o número do novo quarto dela eu lhe direi.
- Certo. – concordei, já simpatizando com a cara dele, era muito bom
saber que minha fiore tinha alguém que se preocupava tanto com ela no
mundo. Isso já me deixava em mais tranquilo.
Entramos não tive não como olhar tudo ao redor.
Seu cheiro ainda estrava entranhado ali. Sua presença era tão forte
que parecia que estava fisicamente neste quarto.
Olhei para a cama a qual nossos corpos se perdiam e tornava-se
apenas um.
Sentei, apoiei os cotovelos na mesa e escondi meu rosto entre as
minhas mãos. Eu estava confuso, era uma enxurrada de sentimentos até estão
estranhos.
Ciúme, saudade, luxuria e medo que causava um aperto constante no
meu peito. Ao mesmo tempo em que sabia que o melhor era ficar longe eu
não conseguia, era desesperador mas eu precisava dela.
Sentiam-me como um alcoólatra em a abstinência e ela era o gin
mais raro, mais forte que enfim acabaria com minha sede.
Eu estava pela primeira vez sem controle de mim, de meus atos de
meus sentimentos e eu não sabia ficar assim. Eu não aceitava ficar assim.
Sempre fui maníaco por controle e era inadmissível que isso se esvaísse das
minhas mãos.
- Luigi... – despeitei de meus pensamentos. Meus dias resumiam-se a
isso, pensar, pensar e pensar, e não concluir porra nenhuma. – Você está
bem? Quer beber alguma coisa?
- Não. - respondi. – Obrigada, mas acho que já bebi demais hoje.
Melhor me manter sóbrio.
- Certo, melhor assim. Primeiro quero que me escute. – falou Júlio. –
Depois, se quiser poderá falar e ao final se decidir poderá ir até ela.
- Luigi... Raissa está apaixonada por você, isso não é nenhuma
novidade, pois sei ela lhe falou pessoalmente. E está apaixonada de verdade.
Nunca a vi assim, nem quando aquele filho da puta apareceu em sua vida. Ela
é uma vencedora, uma mulher forte apenas no que é relacionado a trabalho, já
superou todas as provações necessárias e conseguiu consagra-se uma
excelente modelo, porém tem o coração bom e por causa disso acredita
sempre no melhor das pessoas.
Essa é a minha garota. – pensei orgulhoso.
- É por isso que sempre se fode. – falou curto e grosso. - É muito
difícil eu me enganar com as pessoas, e acho que você gosta dela, realmente
gosta, só que talvez não goste o suficiente para passar por cima dos seus
traumas ou não goste o tanto quanto ela precisa.
- Não sei Júlio. Penso o dia inteiro nela, queria continuar de onde
paramos, mas eu não consigo, não acho justo desde que soube dos seus
sentimentos, porque eu não sei, mas acho que não sinto o mesmo. É estranho.
Também não consigo me concentrar em mais nada, não trabalho, não como,
estou com um humor do cão.
- E ela está triste. Muito triste. Trocamos de quarto porque ela não
conseguia ficar no mesmo lugar em que vocês passaram momentos juntos.
Então pense e conclua quem estar pior? – falou ríspido. E meu coração
sangrou só de imaginar que ela estava sofrendo e o culpado disso era eu.
- Isso não é uma disputa Júlio. Só estou falando como me sinto. E
outra, pode ter certeza que a última coisa que quero no mundo e fazê-la
sofrer.
- Mas era exatamente isso que iria conseguir batendo na porta dela a
essa hora da noite, provavelmente foderiam como dois cavalos e depois você
simplesmente iria embora antes mesmo dos primeiros raios de sol invadirem
aquela janela. E ela? Como ela ficaria? Você pensou nisso? – eu estava
estático escutando, parecia um menino levado levando uma bronca do pai, e o
pior é que não falei nada, apenas continuei lá, escutando. - Ela se sentiria
usada por não ter conseguido resistir a você e ficaria ainda mais arrasada,
porque infelizmente te ama, infelizmente porque você está me mostrando que
não é digno deste amor. Pode ter certeza eu conheço aquela mulher como a
palma da minha mão. Sei o que estou falando.
Eu não tinha pensando sob essa perspectiva.
Sou um egoísta filho da puta.
Pensei apenas em mim. Em meu desespero. Em minha saudade. Em
minha ereção.
E nela? Quando foi que pensei em como ela ficaria após essa minha
visita maluca? Ele estava certo, completamente certo.
- E sabe o que é o pior de tudo isso? – perguntou.
Nem me dei ao trabalho de responder e ele já completou por si só.
- Quando você cair na real e ver que pode estar perdendo a mulher da
sua vida, eu sinceramente espero que já seja tarde e ela esteja muito bem
acompanhada de um homem de verdade e não de um covarde.
Escutei e absorvi cada uma de suas palavras. Se fosse outro dia ou
outra pessoa falando eu já teria quebrado a cara dele, mas não, não fiz porque
no fundo, eu sabia que ele estava certo.
- Droga Júlio, você está certo. Eu não medi as consequências dos
meus atos. Não deveria ter vindo até aqui.
- Pois bem, pela sua resposta também concluo que não precisarei lhe
dar o número do apartamento dela não é.
- Não... eu estou indo embora.
- Então vá. – disse, apontando para a porta da rua. – E só quero ver
você rodeando-a quando tiver certeza do que quer, se não, eu juro que não
respondo por mim.
Concordei com a cabeça, não porque tinha medo dele, mas sim,
porque ele se preocupava realmente com ela e só por isso já era merecedor de
todo o meu respeito.
Levantei. Não me despedi. Virei-me e fui embora. Assim que bati a
porta ouvi, mesmo que baixo, ele resmungar do lado de dentro. – Homem
frouxo.
Frouxo? Será possível que era nisso que havia me tornado?

Raissa Andres.

Fazia seis dias, quatro horas e 12 minutos desde que vira e ouvira
falar de Luigi pela última vez.
Por muitas vezes eu esperei. Meu coração acelerava a cada vez que
alguém batia em minha porta ou a cada nova chamada e mensagem que
chegava no celular. Mas ele nunca veio.
Cada minuto a mais as esperanças murchavam, ele realmente não
queria nada comigo.
Pelo menos foi muita consideração sua sumir da minha vida. Pelo
menos não tinha que ficar resistindo a ele. Deveria estar feliz por isso, mas ao
contrário, estava longe, muito longe de estar feliz.
Também no fundo não achava que ele tinha desaparecido por
consideração, deve ter feito isso para se livrar de mim de uma vez por todas.
Mais claro impossível. Ele não está interessado nem em meu corpo.
No auge da minha tristeza cogitei a possibilidade de ir até ele e pedir
desculpas, falar que eu estava disposta a continuar jogando seu jogo. Sexo só
sexo, até ele se cansar de mim, porque, eu, realmente não me cansaria dele,
pelo contrário, iria querer mais sempre mais e já estava envolvida demais
emocionalmente. Fragilizada demais. Morrendo de medo de ser novamente
rejeitada E saber que era impossível que se apaixonasse por mim também, só
fazia esse medo e o desespero crescer. Pois não conseguia nem se quer me
alimentar com esperanças.
Mesmo que nos acertássemos e continuássemos de onde paramos, eu
sabia que só ia me magoar não tendo-o por inteiro, tentando conviver apenas
com o que ele decidisse compartilhar comigo.
Pelo menos conseguir me manter neutra no trabalho, e foi ele quem
me ajudou durante toda esta semana, trabalhei com afinco e garra, dando cada
pingo de energia do corpo com a esperança de que ficasse esgotada e
chegasse no quarto apenas para dormir.
Outra coisa que me deixava em coma de sono era a comida, então
comi como um boi, todas as noites me entupia de carboidrato, doces e
sorvetes. O sono me oferecia, pelo menos por alguns momentos, uma trégua
dos questionamento que maquinavam em minha cabeça, e trazia a esperança
de que o dia de amanhã fosse mais fácil e menos sofrido do que o passado.
Mas não estava sendo bem assim.
Sábado enfim chegou e eu e Júlio descemos para aproveitar o dia
ensolarado e tomar um banho de piscina.
- Gata, o Fernando mandou uma mensagem chamando para a
comemoração do seu aniversário hoje, na casa dele ás 22:00 horas, vamos?
- Eu sinto que está rolando alguma coisa entre vocês hem? Estão
muito cheios de amizades. – ele ficou completamente vermelho.
- Mais ou menos. Ainda não aconteceu nada, mas quem sabe não
acontece hoje. Vamos?
- Não Júlio, vá você, não estou bem para sair ainda e não quero nem
correr o risco de encontrar Luigi.
- Você acha sinceramente que ele vai estar lá? É claro que não né. E
eu só vou se você for. Não quero jogar na cara mas você me deve isso,
aguentei sua sofrência a semana inteira.
- É. Pode ser um boa ideia. Vou pensar.
- Nada de pensar, você vai e vamos sair agora mesmo para comprar
uma roupa maravilhosa.
- Vamos. – topei. Realmente, devia isso para ele e não sei o porquê
mas, de repente havia me animado para sair.
- Vamos percorrer as lojas e procurar uma coisa sexy e descolada.
Para mim e para você.
Almoçamos e depois saímos pela cidade em busca da roupa perfeita,
conforme havia Júlio havia denominado nosso passeio.

*****

Passei uma tarde de princesa, com direito a salão de beleza completo,


cabelo, unha, maquiagem e depilação. Estava usando um vestido de paetê
curtíssimo e um salto alto agulha. Sentia-me poderosa. Pronta para matar.
Fomos no carro de Júlio, até a casa de Fernando, em uma cobertura
maravilhosa na frente da praia de Ipanema. Encostada no assento, olhei pela
janela e admirei a vista da cidade do Rio de Janeiro.
Dei-me conta de que mais um dia estava se passando sem Luigi. As
dores que havia sentido no primeiro dia havia se transformado em um
constante mal-estar, parecido com uma gripe não curada. Todas as partes do
meu corpo estavam doloridas, como se eu estivesse sofrendo de uma crise de
abstinência e minha garganta doía graças às lágrimas contidas.
- Você parece ansiosa. – comentou Júlio.
Olhei para ele. – Não muito, ele não vai estar lá, só estou com uma
pressentimento estranho. Sei lá. Bobagem.
- Tem certeza?
- Sim, se não nem teria vindo. Estou realmente bem. Quero esquecer
e tentar me divertir um pouco.
- E você está ansioso?
- Eu estou uma pilha, gata. – gargalhamos juntos. – Vamos arrasar,
vou providenciar que tirem muitas fotos de você com esse vestido
maravilhoso, para acabar com aquele homenzinho na segunda-feira que vai
passar o dia de pau duro. – disse referindo-se a Luigi.
Chegamos ao prédio, deixamos o carro com o manobrista e subimos
até a cobertura, o lugar já estava relativamente cheio, e logo fomos recebido
por Fernando.
- Que bom que vieram. Fiquem a vontade. – deu-me dois beijinhos e
mesmo tentando disfarçar percebi que trocou olhares com Júlio. Estava
rolando um super clima entre os dois. Contive o sorriso feliz por eles. Ambos
mereciam ser felizes e encontrarem pessoas legais.
Me misturei aos outros convidados. Júlio falou em meu ouvido. -
Vou dar uma volta, fazer uns contatos, daqui a pouco agente se esbarra por ai.
- Vai fundo.
Ele se afastou, sumindo estre as pessoas.
Fiquei bebendo Champanhe e batendo papo com alguns conhecidos.
Haviam muitas pessoas renomadas do ramo da propaganda nacional. No que
pese tudo ali ser de primeira qualidade a atmosfera da festa era casual e
relaxada e as pessoas ainda não estavam tão bêbadas.
Uma música animada começou a tocar e aos poucos as pessoas
começaram a balançar seus corpos em direção à pista de dança.
Flavio, um modelo conhecido, apareceu do meu lado e conduziu-me
até a pista ainda meio vazia.
- Está dama me dá a honra de uma dança.
- Claro.
Dançamos até minhas pernas bambearem e ficarmos sem folego.
- Vamos pegar uma bebida? – pedi.
- Vamos. – ele pegou minha mão e assim que viramos fiquei de cara
com Luigi. Assustada, dei um passo para trás. Ele estava com uma roupa bem
informal. Calça Jens escura e uma blusa preta de manga comprida, com o
colarinho aberto e as margas dobradas estava tão lindo facilmente humilharia
qualquer outro homem presente.
Foi só colocar os olhos em cima dele novamente para o desejo
arrebatador se acender em mim novamente. Queria agir naturalmente mas era
impossível, eu estava com os pés grudados no chão e não conseguia deixar de
me fixar em Luigi, cujos olhos fuzilavam os meus.
- O que você está fazendo com esse homem? – perguntou, irritado.
Eu me encolhi diante da aspereza de suas palavras.
- Como é?
- Eu falei grego? Que porra você estava fazendo aqui? – ele me
agarrou pelo cotovelo e começou a arrastar-me para dentro da casa. – Vou
levar você embora daqui agora mesmo.
Ele me desprezava tanto que agora não podia nem frequentar o
mesmo ambiente que o meu, era só o que me faltava. Isso não ia ficar assim.
Se ele cuspisse na minha cara, com toda certeza magoaria menos.
Larguei meu braço de seu aperto e sai correndo a direção oposta querendo
ficar o mais longe possível. Não contive minhas emoções e as lágrimas já
começavam a rolar pelo meu rosto.
- Raissa espere.
Eu ignorei seus pedidos e sem nem lhe lançar um único olhar,
continuei andando.
- Suma daqui. Não tenho nada para falar com você e faça o favor de
esquecer que eu existo porque é isso que estou fazendo com você.
- Eu ainda não terminei...
- Mas eu sim. – parei e encarei-o apontando o dedo em seu rosto. –
Nunca mais se quer ouse falar comigo desse jeito. Quem você pensa que é?
Pensa que estou aqui por sua causa? Saiba que só vim porque tinha a certeza,
está escutando, a certeza, de que você não viria.
- Cale a boca Raissa. – seus olhos faiscavam e seus dentes estavam
cerrados. – escute o que eu tenho a dizer...
- Volte para sua festa e esqueça que eu existo, fique tranquilo que
esse nosso encontro foi apenas uma coincidência, quando sair por aquela
porta estarei novamente fora da sua vida. Me ignore não era isso mesmo que
você estava fazendo?
- Cale essa maldita boca. – ele me puxou pelos cotovelos e sacudiu-
me com tanta força que meus dentes bateram uns nos outros. – Me deixe
falar.
Não pensei duas vezes. Levantei a mão e deu um belo tapa no meio
de sua cara. – Isso é para você aprender a não tocar mais em mim.
Ele rosnou e me jogou contra a parede mais próxima, encurralou-me
com seu corpo e avançou por minha boca com um beijo de tirar o folego.
Suas mãos agarraram minha cabeça impedindo que eu virasse. Mordi a língua
que ele estava enfiando agressivamente me minha boca, e mesmo quando
senti o gosto de sangue ele não parou.
Empurrei seu ombro como toda a minha força mas nada surtiu efeito,
não conseguia afasta-lo de mim.
Ele beijava-me com desespero, eu sentia isso emanado de seu corpo e
quer queira que não eu o amava e estava começando a ceder. Seu cheiro
delicioso inebriava meus sentidos, seu corpo que encaixava-se perfeitamente
ao meu.
Meus mamilos ficaram completamente duros e pontudos, sedentos
por atenção e uma excitação morna e lenta começou a se espalhar pelo meu
ventre. Meu coração batia descompassado dentro do peito.
Meu Deus! O desejo e a saudade que senti dele era muito forte e
voltaram com tudo bastando para isso um simples toque seu. Eu era muito
fraca, muito refém de sua vontade.
De repente ele levantou-me do chão, pegando-me em seu colo, a
pegada firme e autoritária, falando com seus braços que eu nem ousasse
tentar fugir porque não conseguiria. E no que pese ser a coisa mais certa a
fazer eu nunca teria força suficiente para sair, não força física mas sim força
emocional.
Ele enfiou o rosto em meu pescoço e foi andando até uma porta que
estava aberta no final do corredor, assim que estramos ele fechou-a com o pé
e novamente voltamos a nos beijar.
Estávamos dentro de um pequeno gabinete projetado para ser um
escritório, nem consegui analisar o lugar direito, pois novamente me vi
prensada sobre a porta de madeira, com o corpo grande de Luigi em cima de
mim.
Sua mão começou a subir por minha coxa até encontrar minha bunda.
Levantou uma de minhas pernas até encaixar meus quadris contra o dele,
fazendo-me sentir a proporção de sua ereção.
Minha boceta que já estava totalmente molhada estremeceu de
desejo, sentindo uma espécie de desamparo, uma necessidade desesperadora
de ter aquele espaço preenchido.
Enfim me rendi completamente. Desistir de tentar lutar. Era
impossível. Meus braços caíram para o lado e meu corpo todo amoleceu.
Senti a tensão também abandonar seu corpo quando percebeu que havia me
rendido. A pressão de sua boca e de seus braços diminuiu, e o beijo se
transformou em uma carícia apaixonada.
- Raissa. – ele falou ofegante. – Não tente resisti, eu não aguento.
Fechei os olhos aos escutar suas palavras. Elas machucavam mais do
que as palavras rudes, pois traziam esperança para meu coração.
- Me deixe ir embora, Luigi, por favor. – implorei.
Ele encostou a testa na minha, esfregou o nariz contra o meu, olhou-
me nos olhos, sua respiração cada vez mais acelerada e profunda.
– Não consigo, eu tentei, tentei muito mas não consegui. Não sei
porque, mas preciso de você comigo para tentar descobrir o que está
acontecendo. Nunca senti isso antes. Era o que eu queria lhe falar ainda a
pouco, mas fiquei louco quando lhe vi dançando com aquele homem.
- Luigi não... – mas ele me interrompeu.
- Estou enlouquecendo sem você.
Sua boca novamente colou em meu corpo, passeando por meu
pescoço, sua língua acariciando minha orelha, chupando minha pele. – Não
consigo pensar, não consigo trabalhar, não consigo dormir. Meu corpo quer
você.
Não aguentei e lágrimas corriam por todo meu rosto. À medida que
iam caindo ele aparava-as com a língua fazendo-as sumir.
Meu Deus! O que essas palavras significavam? Eu não sei.
O que iria fazer agora? Como ia me recuperar amanhã se fizéssemos
amor mais uma vez? Mas também como eu sobreviveria se não fizesse? Já
que precisava dele.
- O que isso significa Luigi? Eu preciso de respostas. De saber o que
você está disposto a fazer?
- Eu não sei Raissa. Infelizmente não tenho as respostas que você
quer. Estou muito confuso, como nunca estive antes. Mas estou sendo sincero
e lhe falando exatamente tudo que senti esses dias longe de você. Eu vivi no
inferno.
- Isso é amor Luigi. Porque eu te amo e passei exatamente por isso
também.
Ele fechou os olhos e fitou o chão.
- Raissa, continuo não acreditando no amor e não quero magoar você.
- Mas está fazendo isso.
Ele fechou os olhos fortes como se sentisse dor.
- Eu estou disposto a tentar. Deixar o tempo falar, mas não posso lhe
prometer nada.
Meu coração morreu novamente. Era isso não tinha jeito. Eu também
era ciente de que ia ser sadomasoquista suficiente para ter pelo menos essa
última noite, já que não adiantava mentir para mim mesma eu não iria embora
daqui.
Mas para mim seria uma despedida. Uma consciente despedida. Eu
estava sangrando por dentro.
Peguei seu rosto com as mãos, olhando cada pedaço de sua
fisionomia como se estivesse gravando em minha memória, quando disse: -
não quero mais falar nada Luigi, não estamos aqui para isso. – ele sorriu e
concordou.
Fiquei na ponta do pé e beijei a marca vermelha do tapa que dei em
seu rosto. – Desculpe por isso.
- Tudo bem, eu acho mesmo que mereci.
- Mereceu.
Sorrimos juntos.
Luigi dobrou os joelhos para ficarmos da mesma altura e olhando nos
meus olhos falou: - Quero muito você. – tinha um desespero em sua voz.
Não tinha dúvida que ele me desejava carnalmente, mas amor não
existia. Então entendia esse desespero sexual, que deveria me causar medo,
mas não já que sentia-me igualmente louca por ele. Continuou: - Preciso ter a
sensação de estar dentro de você.
- Não Luigi, pelo amor de Deus, aqui não. Pode entrar alguém. – meu
protesto não pareceu convincente nem para mim mesma, vá lá para ele.
- Já lhe disse que sou eu quem decide aonde e quando vou comer
você e quero agora, aqui neste lugar e desta forma. Já lhe disse também que
você está segura comigo. Eu tranquei a porta, ninguém vai entrar.
- Aaaahh. – gemi.
- Precisa ser aqui. – ele murmurou ficando de joelhos. – precisa ser
agora.
Ele levantou meu vestido até a cintura. Abaixou minha calcinha de
renda e lambeu no meio das minhas pernas, afastando com a boca meus
lábios vaginais até chupar forte meu clitóris.
Prendi a respiração e tentei me afastar assustada com a avassaladora
sensação que ele provocava em meu corpo, porém não havia para onde ir
com um Luigi irredutível em minha frente, prendendo-me com uma das mãos
enquanto a outra segurava minha perna esquerda sobre seu ombro, invadindo-
me profundamente com sua língua.
Bati com a cabeça na parede, sentindo meu corpo formigar no ponto
onde ele me tocava com a língua. Curvei as pernas para tentar chegar cada
vez mais perto. Agarrei sua cabeça com as mãos, mantendo-o no exato lugar
que eu precisava enquanto eu mesma me esfregava nele.
Meu corpo tremia, meus olhos fecharam em um prazer tão delicioso
que devia até ser ilícito e me entreguei ao prazer, gozando forte.
- Ahhhhhhhhhh... – gritei. – Meu Deus.
Mesmo depois de eu gozar ele continuou. Sua língua esfregava sem
parar em minha abertura úmida. Provocando-me e excitando-me novamente,
obrigando-me a esfregar-me loucamente em sua boca. Ele estava sedento por
mim.
Suas mãos agarraram minha bunda, apertando-me e controlando
meus movimentos enquanto abria caminho e penetrava-me com a língua. Ele
idolatrava meu corpo, dava-me prazer mas gemia e revirava os olhos que
parecia que era ele quem estava sendo acariciado.
- Assim. – sussurrei, sentindo o orgasmo novamente se aproximando.
– Estou quase lá.
Ele abocanhou meu clitóris e sugou com força até suas bochechas
ficarem secas. Repetindo o gesto de maneira constante, ele massageava
aquele pontinho, sensível com a ponta da língua.
Senti meu corpo se contrair violentamente, e depois se liberar em
uma corrente furiosa de prazer.
Levantando-se depressa, Luigi me pegou no colo, deitando-me no
pequeno sofá que ali existia, com o quadril apoiado no descanso de braço,
deixando minha bocetinha bem empinada e pronta para recebe-lo.
Abriu a calça com velocidade, apenas tirou seu membro enorme e
grosso para fora, e entrou com tudo dentro de mim. Gememos juntos.
Começou a dar suas estocadas vigorosas de forma brutal, soltando rugidos
primitivos cada vez que enfiava até o talo.
Era exatamente assim que eu queria. Precisava ser fodida forte até
perder completamente o juízo e me render totalmente em seus braços.
Bastou algumas poucas estocadas a mais e ele jogou a cabeça para
trás gritando meu nome e remexendo os quadris levando-me ao ponto alto do
prazer. – Isso Raissa, assim, aperte bem meu pau... isso, delícia.
- Sim senhor. – usei a expressão de submissão que ele tanto gostava,
e quando fiz isso o ruído que soltou foi tão sensual que meu ventre inteiro
tremeu.
- Caralhooooo....
Seu olhar encontrou o meu e seus olhos brilharam com uma coisa
que nem eu soube explicar. Parecia que estava me dando todas as respostas
que eu precisa. Mas não dei bola, não era nada mais do que espasmos de
prazer provocados por seu corpo.
Gozamos juntos, seu pau grande e duro, jorrou, soltando longos jatos
de porra quente bem dentro de mim.
Ele se debruçou sobre meu corpo, ofegante. – Dio Santo! Eu iria
enlouquecer se passasse mais uma dia sem isso.
Dei um sorriso sem graça, mas disfarcei.
Era isso, sempre isso. Meu corpo era a única coisa que lhe
interessava.
Ele não sentiu falta de mim. Sentiu falta do sexo comigo. Só isso.
Ele pulou em pé rápido e pegou o telefone.
- O que foi? – perguntei assustada.
- Preciso fazer uma coisa. Só um minuto. – disso puxando o celular,
discando um número e colocando o aparelho na orelha.
Fiquei aguardando ansiosa. O que ele estava aprontando?
- Fernando. – falou. – Preciso de um grande favor. Um quarto aqui
em sua casa onde não serei incomodado. – aguardou uma resposta e
completou. – Obrigada cara. Te devo uma.
- Vamos. – estendeu a mão em minha direção.
- Você ficou maluco? Não estou entendendo nada.
- Estou longe de me saciar de você hoje, quero passar a noite toda
adorando seu corpo, só que com calma e em cima de uma cama como você
merece. Poderíamos ir para minha casa mas não vou aguentar chegar até lá,
pretendo estar dentro de você novamente em exatos dois minutos. Então
vamos.
Não contentei.
Levantei, ajeitei o vestido e saímos da salinha andando discretamente
como dois fugitivos. Chegamos no quarto e caímos na gargalhada.
Fizemos sexo a noite toda. Ou melhor ele fez sexo comigo, eu o amei
a noite inteira, como nunca havíamos feito dessa forma antes, era uma
entrega, uma conexão e um desespero tão grande. Parece que ele lia em meus
olhos que essa seria a última vez.
A última noite.

Luigi Bertoline.

Eu havia passado um inferno de semana longe dela.


Fernando que não era nada bobo claramente percebeu que estava
acontecendo alguma coisa entre nós dois e deve ter sido exatamente por
causa disso que me mandou aquela mensagem, em pleno sábado à noite,
apenas para informar que Raissa tinha ido a festa e estava em sua casa.
Eu não pensei nem duas vezes.
Larguei tudo e sai como um desesperado atrás dela.
E aqui estava eu, adorando seu corpo e matando toda nossa saudade e
vontade. Eu não sabia o que estava sentindo, mas uma coisa era fato, eu não
estava nenhum pouco disposto a deixa-la fugir de mim novamente.
Assim que entramos no quarto, puxei-a para mim e inclinei a cabeça,
para ter melhor acesso à seus lábios e saquear sua boca. Não deixei que o
beijo se perdesse, e que ela novamente voltasse a resistir à mim, como fez no
escritório, então não lhe dava nem tempo para pensar e convertia todos os
momentos a meu favor, seduzindo-a, saboreando-a, não sendo capaz de
deixa-la escapar.
Ela gemia como uma gatinha manhosa. Eu sentia que assim como
acontecia comigo a paixão que nos envolvia estava devorando-a também.
Fui invadido por uma enxurrada de sentimentos. Era sempre assim
agora. Percebi que só pude respirar aliviado quando enfim ela reagiu e
rendeu-se as minhas carícias. Por um momento temi tê-la perdido, ter
ultrapassado um ponto que não tinha volta. E só agora me dei conta do
quando esperei e desejei sua entrega.
Beijei-a exaustivamente, e ainda foi pouco pela distância da última
semana, até que nossos corpos estavam ardentes e nossas respirações
alteradas como se tivesse corrido uma maratona.
Tirei toda sua roupa, lentamente, ao mesmo tempo em que percorria
com as mãos e os lábios toda a sua pele.
Raissa fitava-se com os olhos pesados, inundados de tesão.
A fiz sentar na beira da cama, ela arfava de paixão, mas também, não
sei se era impressão minha, sentia uma leve marca de magoa em sua
expressão.
Segurei seus joelhos e afastei suas pernas, deixando-as bem abertas,
novamente ajoelhei-me no chão, entre suas pernas. Eu ainda queria lamber
essa boceta desgraçada que havia perturbado meus sonhos por longos dias.
- Deite na cama. – ordenei. – ainda não me saciei dessa boceta.
Ela arqueou e caiu deitada para trás, os olhos fixos nos meus e os
longos cabelos espalhados pelo lençol. Era uma visão linda. Se não fosse seu
passado trágico eu teria pedido para tirar uma foto desta imagem, apenas para
mim, para que pudesse olhar sempre que a desejasse, mas eu jamais pediria
uma coisa dessa.
Eu estava louco de tesão. Meu pau duro demais, tive vontade de
xingar alto pela influência que ela conseguia exercer sobre meu corpo. Abri
seus lábios vaginais rosados e já inchados pelo sexo de ainda pouco, e
novamente cai de boca, passando a língua dentro dela e adorando seu gosto.
Agora eu estava viciado neste gosto também. Eu não tirava os olhos dela,
adorava vê-la chegando ao prazer, o tesão espalhando por todo seu rosto,
tingindo de vermelho suas bochechas, arqueando a cabeça para trás e enfim
fechando os olhos, entregando-se ao orgasmo.
Ela se derretia ainda mais todas as vezes em que eu colocava a língua
dentro de sua boceta, chupando-a toda. Debateu-se, choramingou e quando eu
percebi e já estava bem próxima ao orgasmo eu parei e ordenei: - Vire de
costas. Agora quero beijar esse cuzinho virgem.
- Luigi.... – me olhou nos olhos como se travasse uma batalha interna
consigo mesmo, e quando pensei que abriria a boca para negar, simplesmente
falou: - Sim senhor. – e mesmo tremendo, obedeceu-me, virando-se de
bruços e abrindo bem as pernas, deixando aquela bundinha redonda e
empinada toda arreganhada para mim.
Agarrei sua bunda com as duas mãos, e rosnei, respirando fundo e
controlando-me para não morde-la forte, mas em vez disso espelhei beijos e
apenas mordisquei as bochechas, abrindo-a e indo sedento para lamber seu
ânus.
Aquele buraquinho era pequeno e rosado. Lindo e bem fechadinho.
Com a língua lambi e rodei-o todinho. Intercalei as lambidas entre a boceta e
o cuzinho, deixando-a doida e ficando ainda mais louco de tesão.
Eu precisava estar dentro dela novamente, então comecei a meter o
dedo em sua boceta e espalhar seus líquidos por todo o orifício rosado,
preparando-a.
Era delicioso saber que eu era o único a ter passado por aqui.
Novamente a esta porra de sensação patrimonial me dominou, eu
teimava em quere-la só para mim. Meu o dedo em sua bunda,
enlouquecendo-a. Cuspi ali para ajudar a penetração, até que já tinha dois
dedos totalmente enterrados, indo e vindo em seu cuzinho. Dei um tapa em
sua bunda, o tesão tão violento que meu pau babava completamente teso.
Subi por seu corpo lentamente, lambendo sua costa até a nuca. O
tempo todo meus dedos abriam sua bunda deixando-a prontinha para receber
meu pau.
- Você é minha Raissa. Sou louco por você. Estou doido para comer
esse cuzinho virgem. Sou louco por seu cheiro e seu gosto. Vou gozar dentro
da sua bunda.
Raissa gemeu, fora de si, tremendo de tesão. Tentei recuperar o
mínimo de controle e por trás meti fundo em sua bocetinha, cerrando o
maxilar, indo fundo e lento até encostar em seu útero.
Apoiei os cotovelos no colchão para ter mais apoio e iniciei um ritmo
constante de estocadas, enquanto chupava sua orelha.
Ela também estava fora de si. Empinava a bunda para receber cada
vez mais meu pau. Eu sabia que era loucura, estava sem camisinha e tinha
que sair de dentro de sua boceta mas estava tão gostoso que pensei: só um
pouquinho mais.
Quando estava perto de perder o controle segurei a base de meu pau e
tirei de seu interior. Ela gemeu em lamento. Eu também. Substitui por meus
dedos e comecei a acariciar seu clitóris, enquanto forcei meu membro em seu
ânus, a cabeça entrou apertado e quase gozei ali. Ela choramingou e contraiu
ainda mais.
- Se abra mi fiore, relaxe e deixe ele me receber. Doí só no começo,
depois ficará bom, eu juro.
Fitei seu rosto de lado, e forcei novamente a entrada, ela relaxou e foi
quase metade para dentro. Comecei a come-la, vai e vem continuo e
delirante. Seus olhos estavam brilhantes, encarava-me apaixonada, as pupilas
dilatadas ficando ainda mais claras.
Algo balançou dentro de mim, cresceu, se expandiu, me dominou,
clareando tudo. O tesão aumentou ao ver seus sentimentos tão abertamente
expostos e tinha algo mais que não entendi, como se quisesse me dizer
alguma coisa e não pudesse.
Raissa gemeu e havia uma angustia em suas feições, um desespero
que não conseguia disfarçar. Não entendi o medo que me dominou naquele
momento. Sentia a necessidade de lhe garantir que resolveríamos tudo, que
ficaria tudo bem. Mas não consegui falar nada, substitui as palavras por um
beijo intenso, ao mesmo tempo em que me enterrava em seu cú. Segurei seu
rosto para que não desviasse o olhar, eu precisava provar para mim mesmo
que ainda estávamos conectados. Não queria perder isso.
Eu que gostava do sexo bruto e animal, de submissão, me vi amando
toma-la de forma lenta e calma, tendo-a inteiramente entregue me meus
braços, domar seu corpo inteiro, sem ter nada negado.
Dei-me conta do quanto havia ficado desesperado longe dela e
percebi que não queria mais sentir isso novamente. Só aqui, juntos, eu
conseguia me acalmar, controlar meu humor e sentir-me realmente feliz.
Abri mais sua bunda com uma das mãos e me enterrei todo, e
enquanto massageava duramente seu clitóris, eu já conhecia seu corpo, seus
gemidos e suas feições então sabia que Raissa estava prestes a gozar. Investi
mais forte e ela gemeu. Quando olhei em seus olhos vi que estava chorando.
Parei desesperado.
- Mi amore, o que foi? Estou machucando você?
- Não, por favor... não pare, continue... mais, mais.
Suas súplicas eram angustiadas, desesperadas. Eu me vi desesperado
também, descontrolado e comendo-a em estocadas duras, fortes e vigorosas,
até que gritava e gozava forte.
Foi impossível controlar-me. A acompanhei, gozando. Puxei meu
pau todo para fora, meu gozo caindo de seu cuzinho, para depois me enterrar
até o fim de novo.
Meu pau jorrou vários jatos quentes. Gozei tão forte, como nunca
havia gozado antes em toda minha vida.
Quando acabamos ela caiu desabada. Minha vontade era dormir ali,
dentro dela, mas forcei-me a sair para não machuca-la.
Puxei-a para meus braços e ela se aninhou em meu peito. Olhou-me
com os olhos meio abertos, moles de esgotamento. Não sei bem o porquê,
mas sentia uma necessidade tamanha de garantir que tudo ficaria bem.
- Vai ficar tudo bem mi fiore, vamos resolver. – afirmei.
Ela mordeu os lábios e os olhos encheram-se de lágrimas, deixando-
me completamente nervoso.
Não falou nada, apenas abraçou-me forte e eu retribui. Ela fechou
novamente os olhos e eu respirei fundo, com medo.
No fundo bem no fundo eu começava a saber o que era tudo aquilo,
mas não queria pensar no assunto agora. Vai ver minha mente estava
atordoada por tê-la tão próxima.
Dormimos juntos e nus.

*****

Quando acordei, parecia ser de madrugada, já que o sol ainda não


tinha raiado, imediatamente senti falta de seu corpo junto ao meu, tateei a
cama a sua procura, mas estava vazia.
Espreguicei-me lentamente, olhando em volta.
- Raissa? – chamei.
Silêncio.
Levantei olhando para o chão e suas roupas não estavam mais lá, fui
até o banheiro e também estava vazio. Será que havia saído do quarto?
Comecei a colocar a roupa para ir à sua procura. Peguei meu celular que
estava em cima do criado mudo, para ver que horas eram. Uma mensagem
apitando na tela chamou minha atenção. Quando abri e li:
Raissa Andres: 03:32 – Luigi, nunca daria certo, é melhor para nós
dois que isso acabe por aqui, por favor não me procure mais, siga sua vida e
eu seguirei a minha. Beijos.

O ódio e o desespero me envolveram em igual proporção quase


joguei também esse aparelho na parede.
Entendi todas aquelas lágrimas.
O tempo todo ela se despedia de mim.
Soltei um rosnado e deu um soco na parede.
- É assim que você quer? Então foda-se eu que não vou correr atrás
de mulher nenhuma.

Raissa Andres.

Sentei no salão de embarque do aeroporto, e para tentar relaxar


coloquei o fone de ouvido e configurei uma música em meu celular.

Eu e você. Não é assim tão complicado. Não é difícil perceber.


Quem de nós dois. Vai dizer que é impossível. O amor acontecer
Se eu disser. Que já nem sinto nada Que a estrada sem você. É
mais segura. Eu sei você vai rir da minha cara. Eu já conheço o
teu sorriso. Leio o teu olhar. Teu sorriso é só disfarce. O que eu
já nem preciso Sinto dizer que amo mesmo. Tá ruim pra
disfarçar. Entre nós dois. Não cabe mais nenhum segredo. Além
do que já combinamos No vão das coisas que a gente disse. Não
cabe mais sermos somente amigos. E quando eu falo que eu já
nem quero. A frase fica pelo avesso. Meio na contra mão. E
quando finjo que esqueço. Eu não esqueci nada E cada vez que
eu fujo, eu me aproximo mais. E te perder de vista assim é ruim
demais. E é por isso que atravesso o teu futuro. E faço das
lembranças um lugar seguro. Não é que eu queira reviver
nenhum passado. Nem revirar um sentimento revirado. Mas toda
vez que eu procuro uma saída. Acabo entrando sem querer na
tua vida Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar. Pra
não dizer de novo e sempre a mesma coisa. Falar só por falar.
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa. Que a história de nós
dois não me interessa. Se eu tento esconder meias verdades.
Você conhece o meu sorriso. Lê o meu olhar. Meu sorriso é só
disfarce. O que eu já nem preciso E cada vez que eu fujo, eu me
aproximo mais. E te perder de vista assim é ruim demais. E é por
isso que atravesso o teu futuro. E faço das lembranças um lugar
seguro. Não é que eu queira reviver nenhum passado. Nem
revirar um sentimento revirado. Mas toda vez que eu procuro
uma saída. Acabo entrando sem querer na tua vida

Desliguei rápido contendo as lágrimas que teimavam em continuar


caindo, aquela música estava acabando comigo.
Na verdade tudo estava acabando comigo. Foi exatamente por isso
que resolvi que precisava ir embora. Pelo menos até me reestabelecer
emocionalmente.
Fui fraca na noite passada, bastou Luigi estalar os dedos e eu já
estava rendida em seus braços, e ia ser assim sempre que ele quisesse porque
eu o amava então eu tinha que me afastar.
Tinha que ir embora para um lugar meu, onde ele jamais me
encontraria. Não que eu tivesse esperança que se desse ao trabalho de
procurar-me. Queria aproveitar o momento para resolver meus problemas do
passado.
Foi por isso que decidir comprar uma passagem de avião para
Florianópolis em Santa Catarina, aonde pegaria um carro até a cidade de
Penha.
Estava voltando para casa. A passagem era só de ida, iria ficar lá o
quanto fosse necessário.
Avisei apenas Júlio, que como sempre me apoio imediatamente, e
ainda frisou que já deveria ter voltado para casa há muito tempo atrás, só
conseguiria seguir minha vida quando espantasse meus fantasmas, mas não
informei para meus pais que estava chegando, queria fazer-lhes essa surpresa.
Lágrimas vieram aos meus olhos e me forcei a contê-las, segurando
firme o copinho de plástico com chocolate quente, tomando-o continuamente
para ver se me dava um alento e afastava aquele frio de dentro de mim.
Tudo que eu queria era entrar em uma máquina e apaga-lo de minha
memória, não teria coragem de encara-lo, por isso saí de madrugada,
pensando somente em sumir dali o mais rápido possível. Sabia que em algum
momento teria que voltar, mas graças a Deus, minha carreira profissional
estava estável suficiente para proporcionar-me essas “férias”.
Eu estava sufocando. Pela primeira na vida precisava pensar em
mim, valorizar-me. Estava cansada de ser um brinquedo na mãos de homens,
primeiro Roberto, agora Luigi, ambos faziam-se de boneca, era usada mas
nunca amada.
Mesmo ciente da realidade e de que ele não me amava, foi
extremamente difícil sair e deixar Luigi na cama dormindo, olhar para ele e
imaginar que provavelmente nunca mais o veria novamente, estilhaçou meu
coração.
Foi um sofrimento virar de costas e sair, quando na realidade tudo
que desejava era voltar para seus braços e ficar com ele, aceitando qualquer
migalha que estivesse disposto a compartilhar comigo.
Mas não era justo. Eu precisava fazer alguma coisa por mim, senão
ninguém mais faria.
A voz emitida pelo sistema de som do aeroporto anunciou: - Bom dia
passageiros do Voo número 7669, com destino a Florianópolis, seu
embarque já está iniciado no portão de número 02.

Luigi Bertoline.

Faziam exatas 25 horas que eu havia acordado e ela não estava mais
lá. É isso, mesmo sendo vergonhoso eu estava contando as horas, os minutos
e os segundos longe dela.
Durante esse tempo quase lhe liguei uma dezena de vezes, escrevi e
apaguei várias mensagens e já havia chegado ao ponto de ir até o carro
preparado para ir atrás dela, mas recuei, parei e agora, estava aqui sentado,
sem conseguir dormir olhando para o teto.
Meu telefone celular começa a tocar, espantando-me, afinal são mais
ou menos três horas da manhã. Será que é ela? Pensei, e sai em disparada
atrás do aparelho.
Mas não era, e sim meu pai. O velho nunca se deu bem com essa
coisa de fuso horário, achava que só porque eram umas oito horas da manhã
na Itália, também era em qualquer lugar do mundo, então sempre me ligava
em horários malucos, como de madrugada.
Da última vez que nos falamos acabei comentando sobre Raissa e sua
capacidade de bagunçar minha vida. Atendi saudoso.
- Olá mi padre. – cumprimentei em italiano.
- Mi bambino, como está?
- Não muito bem.
- É a moça novamente? Perturbando seus pensamentos?
- Sim. – confessei.
- Luigi, meu filho, quando é que você vai parar de ser um idiota e
aceitar que está completamente apaixonado por ela, hem? – falou sério e bem
direto como sempre fazia.
Meu sangue gelou, e ele continuou: - Porque já estou cansado de
ouvir suas reclamações de mulherzinha.
- Não estou apaixonado. – neguei rápido demais. – Eu só quero
aproveitar, sem compromisso nenhum.
- Pare de ser idiota meu filho. – me cortou com seu tom impaciente. –
Nunca vi um homem que quer apenas ir para a cama com uma mulher passar
o tempo todo falando e pensando nela. Aceite. Você a ama.
Dio mio! Não tinha parado para analisar a situação por esse prisma,
como nunca suscitei essa hipótese, ela era como uma coisa impossível em
minha mente. Nunca uma mulher tirou meu sossego, meu eixo, meu chão...
Oh! Mio Dio! Eu a amo! Cristo! Eu a amo! Isso me fez o maior idiota da face
da terra, porque a tive nas mãos e deixei ir embora. Porra! Mas como eu ia
saber o que é amor? Se eu nunca tinha sentido algo nem próximo disso antes.
Eis ai meu erro. Como nunca senti isso antes devia ter desconfiado
que alguma coisa estava diferente, e essa merda romântica que sempre me
escondi, me pegou de jeito no momento em que pus os olhos em cima dela.
A imagem veio nítida da minha frente. Raissa linda, atravessando
aquela boate em minha direção e eu desde aquele momento não vi mais nada
na minha vida além dela.
- Filho? Ainda tá ai? Ou teve uma parada cardíaca por ter descoberto
que está apaixonado? – o velho gargalhou na linha. Maldito homem sábio.
Me conhecia melhor do que eu mesmo.
- Estou aqui pai, o senhor é um excelente conselheiro amoroso para
um homem que não acredita do amor. – provoquei-o.
- Esse homem não existe mais, estou falando com o novo apaixonado
do momento. Não é assim que o jovens falam? Sua mãe fica com ciúme
quando vê que vou velho mas sou moderno.
Cai na gargalhada. – Boa noite mi padre, afinal se você não sabe aqui
são três horas da manhã.
- Nossa! Sempre me confundo com essas horas. Te amo meu filho e
lembre-se o amor existe. Você é um fruto dele.
Despedi-me e desliguei.
Olhei no relógio contando os minutos para o dia amanhecer e eu
poder sair correndo atrás dela.
Peguei meu copo de vinho e fui sentar na varanda rezando para que o
tempo passasse o mais rápido possível.
Quanto mais tempo passava mais o medo a e a insegurança me
invadiam. Não era simplesmente sair correndo atrás dela, mas sim algo bem
mais complexo do que isso.
Será que ela iria querer falar comigo?
Durante a noite toda eu me fazia a mesma pergunta: como poderia
consertar os erros que havia cometido com ela? Tudo que havia conseguido
até agora era apenas magoá-la, afastá-la e leva-la para distante de mim, para
tentar resguardar a merda do meu coração.
O arrependimento me dominava da mesma forma que a lua era
dominada pela chagada do sol.
Aquela primeira manhã, aqui mesmo em minha casa, quando ela
pedira para passar mais noite comigo eu a magoara dizendo que não, dizendo
ainda que fora um erro sair da boate com ela.
Aquela noite quando descobrira quem era Raissa, eu havia ficado
furioso porque ela manteve sua identidade em segredo e por ter que me
esconder do mundo já que ela se negava a andar pelo menos próximo de
mim, achei que essas duas coisas me davam o direito de egocentricamente,
apenas usar o corpo dela até ultrapassar todos os limites.
A maneira como na manhã seguinte, fizera Raissa praticamente
implorar para que passássemos mais tempo juntos, quando um homem de
verdade teria encarado com sinceridade seus próprios sentimentos e lhe
poupado de uma nova rejeição, mesmo sabendo que não teria forças para ir
embora definitivamente e voltaria. Como fiz. Mas mesmo assim eu fui um
covarde e a rejeitei.
A dor estampada em seus olhos, no restaurante, quando havia
praticamente gritado o quanto ela era estúpida por ter se apaixonado por mim,
quando na verdade o único estúpido era eu que não tive a coragem de assumir
que também estava completamente apaixonado por ela.
Todo meu corpo ficava duro, e o desespero se formava em meu
coração na medida que reconhecia cada um dos meus erros.
Pela primeira vez nesses últimos meses a paisagem dessa casa
maravilhosa não me impressionou nem me trouxe paz. Não depois de ter a
mulher mais linda do mundo nos braços e ter sido burro suficiente para não
perceber que ela era exatamente tudo o que eu precisava e agora iria fazer
tudo que tivesse ao meu alcance para convencê-la de me deixar ama-la do
jeito que ela merecia.
E falando em merecimento eu merecia ter sido abandonado por ela na
casa de Fernando, se não, quem sabe ainda nem teria caído e mim e piorado
ainda mais as coisas com essa minha cabeça dura e essa tentativa vã e idiota
de tentar o impossível: não me apaixonar por ela.
Infelizmente, mesmo após uma longa noite pensando, ainda não
havia conseguido bolar qualquer plano que tivesse a mínima chance de dar
certo. De uma coisa eu tinha ciência, era impossível reconquista-la com joias,
flores ou simples palavras amáveis, o que havia se quebrado entre nós estava
bem acima disso.
Mas eu ia conseguir, ou não me chamava Luigi Bertoline, pela
primeira vez na vida, iria lutar por algo além de negócios e dinheiros, iria
lutar por algo muito mais importante a valioso: a mulher da minha vida.
Uma ideia começou a se formar na minha cabeça e o mais sensato
seria primeiramente procurar colocá-la em prática, me armar, organizar o
terreno para depois ir atrás dela, munido, mas não iria conseguir resolver
nada se não falasse com Raissa imediatamente. Ela precisava saber do meu
amor, eu tinha que gritar, para ela e para o mundo o quando estava
apaixonado.
Tomei um banho, coloquei uma calça jeans, uma blusa lisa e sai em
disparada em a seu encontro.

*****

Cheguei no saguão do hotel e me lembrei que não sabia o número do


seu novo quarto, já que o antigo estava sendo ocupado por Júlio. Poderia ir
até lá, e perguntar onde ela estava, mas optei por não ir, primeiro porque era
bem cedo ainda, ele devia estar dormindo, segundo, porque se tentasse me
impedir de encontrá-la eu iria mata-lo.
Então o melhor era tentar conseguir essa informação na recepção do
hotel.
Olhei para a mesa de atendimento, nela, estavam dois funcionários,
um homem e uma jovem senhora. É claro que fui abordar a mulher, já que
teria que usar minhas técnicas de sedução.
- Boa dia senhorita. – falei, tentando conter meus nervos e soar o
mais sexy possível. Raissa fodeu tanto com meu juízo, que o simples fato de
galantear uma mulher já me trazia uma porra de um peso na consciência.
- Bom dia senhor. – respondeu, com um sorriso envergonhado. Essa
estava no papo, pensei. – Em que posso lhe ajudar? – concluiu.
- Minha namorada estava hospedada no quarto 502, mas trocou para
outro esses dias, como está cedo não queria acorda-la, você poderia fazer esse
favor para um pobre homem apaixonado, e verificar o número de seu novo
quarto? Quero fazer uma surpresa. – pedi, jogando-a um olhar sedutor.
- Senhor, não podemos dar esse tipo de informação. – não acredito!
Mas ela loco complementou. – Porém, como tenho certeza que qualquer
mulher adoraria ser acordada com uma surpresa dessas, vou abrir uma
exceção. Qual o nome dela?
- Raissa Andres. – respondi rápido antes que ela mudasse de ideia.
Ela verificava no computador, conferia em um livro, olhava no
computador novamente. Tinha alguma coisa errada ali. Sua expressão me
passava isso.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei.
- Senhor, a hospede Raissa Andres, fechou a conta neste hotel,
ontem. Estou só confirmando se ela novamente não trocou de quarto.
Um arrepio percorreu meu corpo. Fechou a conta ontem? Ai mi Dio,
por favor, que ela esteja aqui ainda, por favor. Fazia uma prece silenciosa,
enquanto a senhora telefonava para algum local.
Quando enfim desligou.
- Senhor, realmente ela saiu ontem. Nosso gerente informou que ele
mesmo providenciou um carro para leva-la até o aeroporto.
- Aeroporto? – perguntei em choque. Como é possível? Para onde ela
foi? Ontem? A uma hora dessas pode estar em qualquer lugar do mundo?
Como vou encontrá-la. Instantaneamente puxei meu celular do bolso e
disquei seu número. – Atenda mi fiore. Atenda! – nada. O telefone estava
desligado e caiu direto na caixa postal.
Comecei a entrar em desespero.
- Senhora, um último pedido, por favor. – implorei. – Verifique se o
apartamento 502 ainda está ocupado?
Ela começou a verificar. – Sim, está ocupado para o senhor Júlio
Santos.
- Ótimo. Muito obrigada pela ajuda. – agradeci gritando pois já
estava correndo para encontra-lo, é claro que ele sabia onde ela estava e iria
me falar nem que para isso eu precisasse tortura-lo.
Não me dei ao trabalho nem de esperar o elevador chegar, subi de
escada, pulando de dois em dois degraus.
Alcancei o andar em menos de um minuto. E logo após estava
esmurrando a porta com toda a minha força.
- O que é isso aqui? – Júlio abriu a porta espantado. – Luigi? Ficou
louco?
- Não fiquei, mas vou ficar se você não me falar onde ela está!
- Ah então é isso! Novamente um surto de loucura! Você bebeu de
novo? Ah Luigi, vou ter que novamente fazer meu discurso para você se
conscientizar que não pode brincar com os sentimentos de Raissa?
Ele não parava de falar e eu estava para ficar maluco.
- Cala a boca, Júlio? – Gritei, mas ele não parou.
- Cala a boca? Quem você pensa que é? Vou mandar o segurança
proibir sua entrada nesse hotel. Você...
- Eu estou apaixonada por ela.
Ele parou de falar imediatamente. Ficou me olhando de boca aberta.
- Eu a amo, e preciso falar isso para ela.
- Uau! Por essa eu não esperava. Você tem certeza?
- É claro que eu tenho certeza. Agora onde ela está?
- Longe! Ela voltou para casa.
- Ela voltou? – meu peito se apertou. Minha pequena guerreira, enfim
resolveu voltar e resolver os problemas com sua família.
Dio Santo como eu queria estar do seu lado nesse momento. Segurar
sua mão, enxugar suas lágrimas e mostrar o quando eu a amava e admirava
por isso.
– Júlio, por favor, por amor de Dio, e de tudo que você ama nesse
mundo, me ajude a encontrá-la.
- Luigi, eu admiro sua coragem, acredito no seu amor, ele estava
estampado na sua cara o tempo todo, só você quem teimava em não ver, mas
temo que já seja tarde.
Um calafrio percorreu meu corpo.
- Tarde? Porque? Aconteceu alguma coisa?
- Ela não quer mais você, saiu daqui arrasada, pela primeira vez em
muito tempo eu enxerguei a determinação em seus olhos e essa mulher é
determinada como o cão, se ela tomou essa atitude, largou tudo e foi embora,
não vai ser um simples eu te amo que a fará mudar de ideia.
- Eu tenho um plano! Você me ajuda?
- Pode contar comigo.
- Vou organizar tudo. Eu lhe procuro.

*****

Foram, dez longos dias!


Eu estava morrendo de saudade de Raissa.
Desesperado para ouvir sua voz, sentir seu cheiro, beijar seus lábios e
me saciar com seu gosto.
Não tinha vontade de mais nada. Era um sacrifício levantar da cama
todos os dias e saber que não a veria, que não a teria em meus braços que ela
não completaria meus dias e minha vida.
Porém era exatamente para isso, para tê-la permanentemente em
minha vida que eu arranjava forças, me arrumava e saia em busca do meu
objetivo. Não foi fácil, na verdade foi muito mais difícil e mais demorado do
que calculei, mas enfim hoje, era o grande dia. O sim ou o não. Daria certo
ou estaria tudo definitivamente derrotado.
Levantei da cama. Isso mesmo, somente levantei, não acordei,
porque dormi estava cada vez mais raro e difícil esse dias, o ultimo
principalmente pois a adrenalina e o nervosismo corriam desenfreados por
minhas veias.
Tomei um banho. Coloquei meu terno, gravata, fiz a barba já que
parecia um indigente, penteei os cabelos e saí.
Cheguei no lugar marcado com trinta minutos de antecedência, mas
Júlio, Fernando e Dr. Peterson, meu advogado, já estavam lá aguardando.
Cumprimentamo-nos e sentei. Quando o Dr. me relembrou: - Luigi,
lembre o que conversamos, eu assumo lá dentro. Por mim você nem estaria
aqui, mas como insiste, preciso que fique calado e contenha sua raiva.
Qualquer passo em falso poderá colocar tudo a perder e ainda nos prejudicar.
Então pense no quanto batalhamos para chegar até aqui.
- Vou me controlar. – falei cerrando os punhos. – Eu prometo. Por
ela consigo tudo.
- Ótimo. Confiamos em você. – comentou Júlio.
Apenas sacudi a cabeça afirmativamente.
Na vida cada um luta com as armas que tem.
Se elas são legais, justas ou não isso não vem ao caso. Roberto
Charles Soares, ex namorado de Raissa, era o pior tipo de gente que podia
existir no mundo. Mercenário, capitalista um verme ao qual eu esmagaria
com o pé assim que tivesse a oportunidade.
Ela merecia ter a honra e a imagem lavada. Isso para mim não
significada nada, pois sabia quem ela realmente era, mas faria isso por
Raissa, por sua família e para enfim colocar paz em seu coração que vivia tão
atribulado com essa injustiça.
Foi por isso que procuramos Roberto.
Queria que ele desculpasse me rede nacional, que assumisse tudo que
fez e honrasse o caráter de minha mulher.
Mas não foi tão fácil assim.
Ameacei sua carreira, vasculhei sua vida e descobri que já esteve
envolvido com tráfico de drogas, onde também ameacei reabrir o caso, jurei
que ele jamais conseguiria outro trabalho em qualquer lugar do Brasil e do
mundo. Mas o filho da puta não cedeu.
Ele não se importava com o que podia lhe acontecer. Eu podia
cumprir com minhas ameaças mas não conseguiria alcançar meu objetivo,
pois ele não abriria a boca. Exceto por cinco milhões reais. Que foi o preço
que ele havia cobrado para falar.
Nem pelo caralho que ele merdinha teria um real se quer do meu
dinheiro. Não que Raissa não valesse a pena, já que por ela eu rasparia
totalmente minha conta bancária, mas sim, porque ele não merecia, e seria
um prémio para ainda sair lucrando com essa imundice toda.
Foi ai então que Dr. Peterson, conseguiu com o banco que eu
provisionasse esse valor e assim que ele falasse eu iria cancelar o depósito. O
babaca ficou tão louco quando soube que eu pagaria o valor que não havia
percebido que o dinheiro ainda não estava liberado em sua conta. Daí porque
tínhamos tanta pressa e cuidado para que que tudo saísse com perfeição, caso
contrário todo o plano iria cair por água abaixo.
Júlio e Fernando foram peças chaves na concretização do plano. Já
que conheciam o tal Roberto e mantiveram contato direito com ele,
intermediando as propostas. Era exatamente por isso que estávamos todos
aqui. Nervosos e em silencio. Ninguém ousava dar uma palavra.
Ele já estava dez minutos atrasados. E eu levantei-me andando de um
lado para o outro ou então iria surtar dentro dessa sala.
Marcamos de nós encontrar na sala de reunião de uma famosa editora
de revistas. Queria gravar suas declarações e enviar direito para a mídia,
evitando assim de sair com a gravação daqui e quem sabe acontecer alguma
coisa com ela.
Era minha única chance e não podíamos falhar.
- Ele não vem. – falei angustiado.
- Ele vem Luigi. – discordou Fernando, conheço Roberto a muito
tempo ele jamais perderia a oportunidade de ganhar esse dinheiro.
- Não sei. Vai ver ele acha que já recebeu o dinheiro e vai dar o golpe
na gente também.
- Não. – interviu, Júlio. – Ele vêm, não vai perder a oportunidade de
mostrar para a Rá que conseguiu ainda mais dinheiro com esse história.
Um ódio me dominou. Eu mataria esse filho da puta com as minhas
próprias mãos se ele ousasse chegar perto, falar ou sequer ter qualquer
pensamentos maliciosos com ela novamente.
Uma voz que fez meu sangue ferver, falou bem atrás de mim.
- Estavam me esperado senhores?
Virei e ficamos cara a cara um com o outro. Queria apagar com socos
o sorriso debochado que estava presente me seu rosto.
- Então você é quem está interessado em minhas palavras?
Realmente Raissa é bem gostosa, mas não vale cinco milhões.
Eu avancei para cima dele, mas antes de alcança-lo os três: Júlio,
Fernando e Dr. Peterson, pularam em minha frente.
- Luigi. – me recriminaram apenas com o olhar.
- Certo, podem me soltar. Eu já estou calmo.
Respeito fundo. Fechei os olhos e formalizei em minha mente sua
imagem doce, linda, sorridente e pensei que ouvir aquelas palavras seria
pouco se eu pudesse passar o resto da vida ao lado de mi fiore.
Entramos na sala e ele começou a falar.
Foi exatamente uma das horas mais difíceis de toda minha vida.
Escutei tudo calado, imóvel sem poder fazer nada.
Cada uma de suas palavras era como uma faca perfurando meu
corpo. Vivenciamos ali todo o passo-a-passo da armação dele para conseguir
o que queria.
Eu senti seu sofrimento. Agonizei com sua dor e enfim entendi todos
os seus medos, traumas de ser vista com outro homem e ser alvo de novas
fofocas perante a imprensa, a vergonha que passou perante o mundo, seus
amigos e família por ter tido sua intimidade tão extremante exposta. Em
momento nenhum eu vi o vídeo, mas apenas o relato do que aconteceu ali foi
suficiente para imaginar que as imagens contidas mostraram tudo
abertamente sem deixar brechas para imaginação.
Naquele momento eu a amei ainda mais.
Amei sua coragem.
Amei sua doçura por não ter mudado sua verdadeira essencial mesmo
com tudo que aconteceu.
Amei por ter me despertado para a vida novamente, resgatando meu
verdadeiro eu e trazendo novamente todos os sonhos de amor, família e
companheirismo que eu pensava não mais existir.
Quando acabamos. Deixei meus companheiros encarregados de dar
andamento à divulgação da entrevista, e de informar à Roberto que dessa vez
ele é quem fora enganado e que não havia nenhum real se quer em sua conta
bancária.
Eu teria tido o maior prazer de fazer isso pessoalmente, porém não
tinha mais tempo a perder.
Disque o número do meu piloto particular e pedi para que preparasse
o jato. Um sorriso idiota, apaixonado e louco se abriu em meu rosto, uma
alegria sem tamanho tomando conta de mim.
Sim estou indo buscar a minha mulher.
Farei o possível e o impossível para consertar essa merda toda. Ela
vai brigar, espernear, me insultar. Linda como sempre! Dio! Como é que não
percebi antes que sou completamente apaixonado por ela? Eu estava decidido
só voltaria de lá com Raissa ao meu lado.

Raissa Andres.

Os últimos dias revezavam entre os piores e melhores dias da minha


vida.
Melhores porque nunca estive em melhor companhia do que com
minha família.
Não foi nada fácil chegar em encará-los, eu estava morrendo de
vergonha de olhar nos olhos de meu pai e ver exposto o julgamento e a
vergonha pelos meus atos.
Porém, assim que nos revimos a última coisa que havia em seu olhar
eram esses sentimentos. A única coisa que pude perceber e sentir era o amor
incondicional que todos ali tinham por mim.
Mas também foram dias horríveis porque a saudade e a ausência de
Luigi não cessavam e não cediam, era sufocante, perturbador. Meu corpo já
havia secado depois de tantas lágrimas derramadas.
Nem as deliciosas comidas de minha mãe por muitas vezes
conseguiam abrir meu apetite ou animar-me nos momentos difíceis.
O único acalento era que não precisava fingir nada para ninguém.
Contei a verdade para meus pais, contei sobre Luigi, de como me apaixonei e
não fui correspondida mas que enfim foi o que me deu forças e coragem para
voltar e só por isso já valia muito a pena.
Lhes mostrei uma foto que havia baixado no meu celular e minha
mãe, também ficou encantada com sua beleza.
Só havia uma coisa que me deixava preocupada. Muito preocupada!
Os constantes enjoos, que diariamente me dominavam. No começo
achei que era simplesmente uma mera reação do meu corpo para espantar
tanto sofrimento, mas a velocidade e quantidade de vezes que apareciam,
juntando agora com tonteira e sono, me levavam a concluir apenas uma coisa.
Eu estava grávida.
Mamãe hoje pela manhã apareceu aqui com um teste de gravidez
desses de farmácia e juntas contatamos o resultado: positivo.
- Filha! Um bebê é uma benção. Vamos amar esse pequeno e cuidar
dele como muito carinho. – disse meu pai apoiando-me.
Fiz questão de contar para ele imediatamente.
Não queria mais fugir dos meu problemas. Decidi que de agora em
diante eu iria encarar tudo de frente e nada mais nada nesse mundo me
afastaria novamente de minha família.
Durante todos esses dias desde que cheguei havia desligado o celular
e não tinha entrado na internet queria esquecer e ser esquecida pelo mundo.
Eu morria de medo de entrar em alguma site de fofocas ou notícias e
me deparar com uma foto de Luigi junto com outra mulher. Meu coração não
aguentaria, foi por isso que resolvi isolar-me do mundo.
Já eram quase oito horas da noite. Eu tinha saído para ir até o
supermercado comprar alguma coisinhas estranhas para comer, quando avisto
um carro diferente na frente de minha casa.
Quem será? Meus pais não são muito de receber visitas.
Uma sensação estranha me dominou eu não o porquê.
Não deveria ser nada demais.
Retomei o passo e abrir a porta de casa, acomodando as compras na
bancada da cozinha e sai andando pela casa tentando encontrar quem era a
nova visita.
Escutei sua voz antes mesmo de ver sua imagem e parei
imediatamente. Um calafrio percorrendo meu corpo.
Não era possível! Eu devia estar delirando, ou confundindo as coisas,
acho que são os hormônios da gravidez.
Mas não tinha como eu me confundir. Sua voz era inconfundível, sua
energia dominava a casa e eu mesmo sem saber, já a sentia no momento em
que me aproximei, seu cheiro já se entranhava em minhas narinas.
Criei coragem para andar novamente. Precisava constatar com meus
próprios olhos o que meus sentidos gritavam. Entrei na sala e nossos olhos se
cruzaram.
Ele ficou em pé imediatamente. Mas não saiu do lugar.
Nós olhamos fixamente por não sei quanto tempo.
O que ele estava fazendo aqui?
Seus olhos tinham um brilho diferente que eu nunca tinha visto antes.
Alguma coisa havia mudado, mas o que?
Só depois de muitos minutos percebi que meus pais estavam sentados
no sofá ao lado. Será que eles haviam falando alguma coisa sobre o bebê?
Olhei assustada para minha mãe, que entendeu minha pergunta silenciosa e
balançou a cabeça negativamente, respondendo-me.
Um alívio me consumiu. Ele não sabia.
Mas o que diabos estava fazendo ali?
- Luigi. – falei.
Ele engoliu o seco e respondeu: - Raissa.
Meu pai percebendo que ambos estávamos sem reação interviu: -
Raissa, Luigi chegou e estávamos conversando, ele pediu para que
assistíssemos um programa de TV que começará em cinco minutos.
- Programa? Que programa Luigi? – perguntei assustada. O que
significava isso? Eu estava ficando nervosa.
- Assista por favor? Depois conversamos. É muito importante pra
mim.
- Venha filha. Sente aqui no nosso meio. – minha mãe batia no sofá
para que sentasse entre ela e meu pai. Fui como se estivesse em transe. Não
entendia nada.
Ligamos a televisão, colocou no canal indicado por ele e esperamos o
que, para mim, pareceu uma eternidade, até um jornal começar.
Fiquei espantada e quase desmaiei assim que vi a imagem de Roberto
na tela. Meu pai apertou minha mão e ambos olhamos para Luigi sem saber o
que isso significava.
Ele apenas respondeu: - Assistam até o final por favor. Vocês vão
entender.
As primeiras palavras que saíram de sua boca eram quase surreais
para meus ouvidos: - Por meio dessa entrevista quero registrar em rede
nacional que fui um canalha. Dopei injustamente a modelo Rá Andres, minha
ex namorada e gravei sem seu consentimento um vídeo vergonhoso...
E não parou por ai. Ele se retratou por tudo que fez, assumindo a
autoria da divulgação ilegal e muito mais.
Não contive as lágrimas de reviver toda essa história novamente. Mas
era um sensação boa. Como uma justiça que estava sendo feita. A justiça que
eu não tive forças de lutar mas Luigi lutou por mim. Era como se enfim eu
pudesse enterrar definitivamente esta história e começar novamente. Do zero.
Quando a entrevista enfim acabou e pude encara-lo e deparei com
seus olhos também cheios de lágrimas. Ele estava chorando? Meu Deus o que
estava acontecendo?
Seus lábios abriram mas nenhum som foi emitido, apenas o
silencioso mover de seus lábios formaram a palavra “eu te amo”. Porém
nosso momento logo foi interrompido quando minha mão saiu correndo e se
jogou nos braços de Luigi. Abraçando-o e beijando suas mãos enquanto
tentava conter as lágrimas.
- Meu filho muito obrigada. Muito obrigada por lavar a honra de
nossa filha. Você é um bom homem. Seja muito bem vindo em nossa casa,
ela é sua também.
Meu pai também emocionado foi cumprimenta-lo e falou: - O que
você fez rapaz não tem preço. Fique conosco para jantar e dormir, vou
mandar preparar o quarto de hospedes, está tarde e você deve estar cansado.
- Isso mesmo vamos, vamos, a mesa já está posta. – disse minha mãe
puxando-o pelas mãos.
Ele me amava? Era isso mesmo que falou?
Não conseguimos falar nada um para o outro. Também não nos
deixaram sozinhos nem por um minuto. Apenas nos olhávamos. Um mundo
de perguntas e respostas flutuavam por meio de nossos olhos. O que ele veio
fazer aqui?
Jantamos, tomamos chá, conversamos. Meus pais e meus irmãos
fizeram praticamente uma sabatina com Luigi, eram tantas perguntas que não
sei como descobriram até seu número de calçado. Ele respondia a tudo com a
maior simpatia e naturalidade.
Vendo essa cena não tinha como não imaginar como seria se ele
fizesse parte de minha família. Se me amasse realmente.
Já eram quase meia noite quando percebi meus pais e meus irmãos
estavam começando a ficar com sono. Enfim estava chegando a hora de
ficarmos a sós e conversarmos.
Eu ansiava desesperadamente por isso.
Até que minha mãe falou.
- Crianças, sei que vocês tem muito para conversar, mas já está tarde,
é melhor irem dormir e amanhã terão o dia todo para isso.
O que? Amanhã? Nem a pau! Pensei. Já ia abrir minha boca para
contestar quando Luigi falou.
- A senhora tem toda razão. Muito obrigado pelo jantar maravilhoso.
Foi um prazer desfrutar de vossas companhias. – eu o fuzilei com os olhos e
ele me deu aquele risinho sínico de destruir calcinhas. Filho da Mãe. Falou
novamente: - Sr. Andrade é muita gentileza sua deixar-me passar a noite aqui.
Boa noite a todos. – levantou-se e subiu as escadas em direção ao quarto de
hóspedes de ficava ao lado do meu.
Eu não estava acreditando nisso. Acompanhei seus passos até sumir
pelo corredor. Encarei minha mãe com olhar indignado e ela se justificou
baixinho.
- Olha seu estado, você precisa descansar. – e apontou para minha
barriga.
Nem me dei ao trabalho de responder e subi trancando-me em meu
quarto.
Descansar?
Como se fosse possível dormir sabendo que a única coisa que me
separada do homem da minha vida era uma simples parede.
Deitei em minha cama mas o sono não vinha.
Olhei no relógio e ainda eram 01:45 horas da manhã. Em algum
momento escutei um leve quase inaudível ruído no corredor e levantei-me
para verificar, quando visualizei um pedacinho de papel passando por
debaixo da porta.
Segurei o riso. Meu Deus quantos anos esse homem tem? Serio
mesmo que está me mandando recadinhos no meio da noite? Abrir o
papelzinho e estava escrito:
“Me encontre do lado de fora da casa. Estou dentro do meu carro. Não
demore.
PS: EU TE AMO”

MEU. DEUS. DO CÉU. Eu definitivamente não estava delirando.


Nunca imaginei que seria tão bom saber o que era amar e ser amada. Mas é
muito, muito melhor. É como se tudo no mundo começasse a fazer sentido de
uma hora para a outra.
Não ia perder mais tempo. Peguei um robe de seda, cobri minha
minúscula camisola de renda e sai, quase correndo, tentando fazer o mínimo
de barulho possível para não ser descoberta.
Desci as escadas. Abrir a porta com cuidado e assim que me vi fora
da casa fui em direção ao seu carro. O vidro era escuro e não conseguia ver
nada do lado de dentro, só soube que ele estava lá quando fui me
aproximando e a porta do passageiro se abriu.
Entrei.
Finalmente estávamos a sós. Um de frente para o outro.
O ar frio ficou imediatamente quente. Ambos estávamos ofegantes,
não de cansaço mas sim de desespero, tesão e amor.
Ele levantou as mãos e carinhosamente tocou meu rosto.
Gemi pelo contato.
Eu estava tão necessitada dele. Mas tinha que me acalmar afinal de
contas eu poderia sair ainda mais queimada desse fogo todo.
Como se sentisse minha hesitação. Falou: - Lhe devo um mundo de
desculpas. Eu fui o homem mais idiota do planta. Mas descobri mesmo que
um pouco tarde, o quanto estou completamente apaixonado por você.
Fechei os olhos com suas palavras.
- Olhe para mim mi fiore. – ordenou e eu obedeci. – EU. TE. AMO.
RAISSA.
- Luigi...
- Não me escute primeiro, por favor.
Nada disso parecia real e eu imaginei que estivesse sonhando.
- Hoje sei que te amei desde o momento em que botei os olhos em
cima de você. Deveria ter lhe falado antes. Fui um idiota por ter tentado lhe
afastar tantas vezes, por ter ido embora e por ter deixando você ir também. E
mais idiota ainda por lhe fazer pensar que não te amava.
Em menos de um segundo ele me puxou em seus braços. O susto foi tão
grande que misturado com a quantidade de relações que havia acabado de
fazer deixaram meu corpo rígido contra o dele. Os lábios cerrados. Mas então
a ligação que existia entre nós tomou conta de tudo e a paixão que não
conseguíamos esconder foi mais forte. Nos beijamos com tanto desespero
como se fizesse anos que nossas bocas não se tocassem.
Abruptamente, empurrei-lhe o peito afastando-me dele. Antes de nos
entregarmos ao desejo era necessário ficar tudo muito claro entre a gente. Ele
tinha que saber que seria pai. E eu tinha medo dessa informações pois sempre
me falava que não pensava mais em ter filhos. E agora meu bebê era a coisa
mais importante em minha vida.
- Luigi... preciso lhe falar uma coisa.
Ele me olhou aflito.
- Pode falar – exclamou mas senti seu tom de voz vacilar. Ele estava
nervoso.
- As coisas mudaram. – falei e ele engoliu o seco. – Não somos só
nos dois agora. Tem mais uma pessoa.
- Mais uma pessoa? Dio santo, não é possível! Eu pensava que você
era diferente. Não ficamos nem duas semanas separados. Você disse que me
amava. É algum do seu passado? Me fale!
Cai na gargalhada.
Ele entendeu tudo errado e estava achando que eu tinha outro
alguém, outro homem.
- Qual a graça? – perguntou indignado.
- É uma pessoa do meu presente. Do nosso presente.
Peguei sua mão e levei até minha barriga.
- Eu estou gravida!
Ele estava de boca aberta e agora eu quem fiquei apreensiva com sua
reação. Ficou assim por pelo menos um longo e interminável minuto. Até que
começou a chorar e sorrir ao mesmo tempo, avançando por meu corpo e
enchendo-me de beijos.
- Você acaba de me fazer o homem mais feliz do universo. – segurou
meu rosto estre suas mãos e nós olhamos. – Amo vocês. Mi Amores.
Não aguentei segurar as lágrimas por mais tempo. Era felicidade
demais. O homem que amo me amava também.
Será que enfim havia chego a minha hora de ser feliz?
- Raissa. – chamou minha atenção. – Quero deixar bem claro uma
coisa. – respirou fundo e continuou. – Não estou fazendo isso só porque
teremos um bebê. – seus olhos brilharam quando se referiu ao nosso filho. –
Já queria fazer isso desde o momento em que pisei nesta casa. Sei que você
pode estar insegura, por tudo que já fiz antes, mas prometo passar o resto dos
meus dias, fazendo você ter a certeza do meu amor. E tem mais um problema.
Sou a porra do dono de uma empresa de joias e não tenho nenhum anel
comigo neste momento, porém não posso mais esperar. – olhou em meus
olhos e perguntou: - Você aceita se casar comigo?

Luigi Bertoline.
Milão, Itália.
- Meu Deus, isso é lindo!
O sol estava nascendo sobre as colinas e os pássaros cantavam
dando-nos bom dia. Raissa ria suavemente, ela não conseguia tirar esse
sorriso do rosto o que me fazia ter mais do que a certeza do quanto estava
fazendo minha mulher feliz. Agradeci silenciosamente pela oportunidade de
poder desfrutar dos melhores dias de minha vida ao lado dela e de nosso
filho.
Estávamos casados a menos de 24 horas e logo que saímos da
simples cerimonia embargamos em direção a minha terra natal, a Itália.
Dormimos no avião e apesar de não ter sido uma noite de completo descanso,
sentia-me mais revigorado do que nunca.
Estava preocupado porque minha fiore tinha verdadeiro pânico de
avião, mas desde nosso bambino havia se instalado em seu ventre, uma nova
mulher nasceu, ela estava diferente, mais madura, mais corajoso e muito mais
linda, pois o amor exalava de seus poros, suas feições e seus atos.
Ela se virou em minha direção, colocou uma mão carinhosamente em
meu tórax e confessou: - Às vezes eu não acredito que estamos realmente
casados, parece que todo dia estou vivendo um sonho mas tenho medo de
acordar e me deparar com a realidade.
- Uma vez, você me disse que as pessoas acreditam naquilo que é
mais fácil de acreditar. – sorri para ela. – Tanto eu quanto você acreditamos
que não conseguiríamos fazer nosso relacionamento dar certo, que éramos
muito diferentes não é? Mas conseguimos e com amor iremos superar cada
dia de uma vez. Os momentos difíceis virão, é inevitável, só que com amor
iremos superar qualquer coisa, e foi você mesma quem me ensinou isso.
- Como você sempre vê coisas em mim que mais ninguém vê?
- Porque eu amo cada pedacinho de você.
- É impressionante como nunca consegui me esconder de você.
Mesmo quando tentei não conseguia esconder meus sentimentos.
Olhei para ela com malícia e disse: - Não consegue mesmo, sei uma
forma de arrancar qualquer coisa dessa boquinha, basta acariciar seus pontos
centos.
Lambi os lábios, meu pau já duro dando sinais de vida.
Raissa já estava com cinco meses de gravidez e tínhamos que ter
todo o cuidado do mundo na hora do sexo, por consequência a quantidade
tinha reduzido bastante, o que deixava-me subindo pelas pareces. Qualquer
mínimo ato seu, já era o ápice do erotismo.
Não aguentei. Agarrei seu corpo e a puxei para um beijo. Estávamos
no meio da sala de minha casa, minha não, nossa casa, e não tinha mínima
possibilidade de chegarmos até o quarto.
- Levante os braços para mim mi fiore.
Seus olhos se acenderam diante do meu comando sexual, ela adorava
ser dominada na hora do sexo, imediatamente ergueu os braços, e puxou a
camisa por cima de sua cabeça.
O sutiã era de renda vermelho.
- Quando lhe conheci, sempre adorei esse contraste, de doce e sexy.
Comecei a me apaixonar pela deusa do sexo, naquela boate, soube que estava
perdido quando você pegou no sono em meus braços. Sempre amei seus dois
lados. – sussurrei perto do seu ouvido. – quero que tire toda a roupa agora.
Ela atendeu sem pestanejar.
Acariciei sua barriga e agarrei seus seios.
- Linda.
Ela respirou tremula, experimentando sensações ainda mais intensas
por causa dos hormônios da gravidez.
- Vire-se, segure no corrimão da escada.
Podia ver sua excitação latente por diversas demonstrações do seu
corpo.
Dio mio a bunda dela era perfeita, formando um delicioso coração no
momento em que se empinou e abriu-se para mim, provocando-me com um
olha sedutor por sobre o ombro.
- Eu amo você. Disse antes de me enterrar completamente dentro
dela.

Fim.

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