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Esposa de Fachada

Romance de Casamento por Conveniência

Jolie Damman
Direitos autorais © 2022 Jolie Damman

Todos os direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com
pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.

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fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.

1ª edição

Design da capa por: Jolie Damman


Índice
Página do título
Direitos autorais
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo da Nia
Epílogo do Steven
Teaser: Nas Garras do CEO
Série Clube da Máfia
Sobre Jolie Damman
Capítulo 1
Nia

Eu estava bêbada na época e deveria ter sabido melhor o que


estava fazendo. Agora, com apenas 20 anos, parecia que eu tinha
uma gravidez para cuidar. Nunca pensei que esse dia chegaria, mas
estava bem aqui. O teste de gravidez que eu estava segurando na
minha mão confirmou isso para mim.
Fiquei na frente de sua casa, virando a cabeça de um lado para
o outro. Procurei algum tipo de confirmação de que ele ia se
importar, mesmo sabendo que ele não era um homem muito
maduro. Eu não o escolhi porque pensei que ele poderia me dar
uma vida de glamour e uma família.
Eu me apaixonei por ele porque todas as outras garotas do
ensino médio babavam nele. Elas o cercavam quando ele estava
tocando seu violão. Elas murmuravam palavras doces em seu
ouvido, e ele as beijava como recompensa.
Eu desejei tanto na época ser como aquelas garotas para ele.
Sabia que deveria ter avistado esse problemão a uma milha de
distância. Quando ele me ofereceu aquela suruba com seu melhor
amigo, não pude resistir.
Agora, ainda de pé na frente de sua casa e segurando uma
bolsa de ombro, eu só podia esperar que sua reação à notícia fosse
positiva. Mas desde o nosso tempo no ensino médio, ele nunca
mudou.
Ele sempre foi o tipo de homem despreocupado, assistindo
futebol e fumando maconha a maior parte do tempo. Estudar não
era para ele. Trabalhar também não era, mas ele ganhava algum
dinheiro, pelo menos. O suficiente para continuar pagando o aluguel
de sua casa, isso era.
Não era o tipo de casa em que eu gostaria de viver o resto da
minha vida. Se ele não estivesse aqui, eu nem estaria neste lugar.
Jamais procuraria uma casa para comprar neste tipo de bairro, com
certeza.
Coloquei o teste de gravidez na bolsa de ombro, com a palavra
Sim destacada. Eu estava grávida de seu bebê, ou talvez fosse de
seu amigo. Qual era o nome dele mesmo? Eu não o conheci bem na
época, cerca de duas semanas atrás.
Ele era bonito, no entanto. Pele de chocolate, igual à minha,
corte raspado, cabelo preto bem barbeado, olhos de coco... Só de
lembrar do momento que compartilhamos foi o suficiente para me
dar vontade de fazer tudo de novo.
Mas ele esteve aqui por nada mais do que um par de dias.
Imaginei, na época, que seria legal mostrar a ele um pouco da
hospitalidade de Lost Hope. Esta cidade e seus moradores não
eram conhecidos por isso, mas ainda assim… esqueça.
Eu estava com tesão, tive uma queda por ele, e foi meu
namorado que trouxe isso. Ele fez a oferta. Estávamos meio
bêbados, o álcool correndo em nossas veias, e na época não dei
bola se usariam camisinha ou não.
Acontece que não usaram mesmo, e agora aqui estava eu, de
pé, na frente de sua porta. Minha mão estava tremendo. Se o
melhor amigo dele fosse o pai, eu não tinha ideia de como ele
reagiria. Eu não queria irritá-lo. Essa era uma das razões pelas
quais eu tinha escondido a verdade até agora. Eu não queria
confrontá-lo sobre isso.
Eu ainda bati na porta levemente com os nós dos dedos da
minha mão. Eu não queria dizer a ele pelo telefone que eu estava
vindo aqui. Eu precisava que isso ocorresse da forma mais natural
possível. Eu ia mostrar-lhe o teste de gravidez, e então ele me diria
o que pensava.
Ele estava apaixonado por mim também, certo? Então, ele me
diria que era a melhor notícia de sua vida e que ele não podia
esperar até que ele ou ela nascesse.
– Tô indo – ouvi sua voz do outro lado da porta. Era lento, um
pouco fraco também. Ele estava fumando sua maconha, como eu
pensei que ele ia estar. Ao longe, o tiro de uma arma me deu um
pequeno susto. Não me fez ter medo daquilo, mas me fez lembrar
que esse não era um bairro onde deveria estabelecer uma vida.
Como se eu precisasse de mais provas disso. As casas
estavam todas caindo aos pedaços, assim como as calçadas e a
estrada cheia de buracos.
A porta abriu, Brayton parado na minha frente. Seus olhos
encontrando os meus, eles se arregalaram em um instante. Ele não
pensou que eu estaria aqui, na frente de sua casa, sem avisá-lo
primeiro.
Mesmo que sua mente estivesse sob a influência do álcool e da
droga – e eu podia sentir o cheiro de ambos no ar – eu poderia dizer
que ele estava chocado com minha aparição repentina.
Simplesmente não era algo que eu fazia com frequência.
– Nia? O que diabos você está fazendo aqui? Por que você não
me avisou primeiro?
– Posso entrar?
– Hum, claro – disse ele, dando um passo para o lado e
fechando a porta depois que entrei. Fiquei no meio da sala, sem
saber quais eram as melhores palavras que poderiam descrever
meus pensamentos. Eu precisava aplicar algumas nuances a elas.
Se eu não pudesse medi-las direito, ele iria ficar irado comigo, e isso
era a última coisa que eu queria presenciar.
– Brayton, há algo importante que eu preciso dizer.
Ele usava uma bandana que complementava perfeitamente seu
corte curto de cabelo. Ele era um homem alto e também usava uma
camisa branca sem mangas que combinava muito bem com seu par
de jeans, quando o tinha vestido, isso era. No momento, ele estava
apenas de cueca. Ele não precisava estar bem vestido para nada
dentro de sua própria casa.
Seu beck estava em uma mesinha ao lado de seu sofá gasto,
ao lado de suas garrafas de cerveja baratas. A luz da sala tinha sido
apagada antes de eu aparecer, mas agora estava acesa. Metade
dela não funcionava, dando ao lugar uma aparência estranha que
fez meus ossos parecerem frágeis. Eu queria fugir daqui, mas eu
tinha algo muito mais importante para fazer primeiro.
– Bem, então diga já. Não gosto de ficar esperando nada e
você sabe muito bem disso.
Depois que terminamos o ensino médio juntos, ele decidiu
continuar fazendo suas coisas. Cultivar maconha dentro de sua
casa e vendê-la, lembrei. Havia uma grande sala dedicada apenas
para isso. Parte de mim já estava esperando quando sua “clientela”
ia aparecer aqui. Eu estava esperando que eles não fossem, mas
era uma daquelas muitas coisas sobre ele que eu não podia fazer
nada.
Agora que eu estava pensando melhor sobre isso, eu nunca
deveria ter abordado ele. Não havia como Brayton se tornar alguém
mais responsável. Ele nunca poderia me dar o tipo de vida que eu
precisava.
Eu não tinha pensado que ele seria tão direto e frio comigo.
Brayton detestava quando eu aparecia sem avisar na casa dele, não
era?
– É que... acho que estou grávida, Bray.
– O que? Você deve estar brincando comigo. Aconteceu depois
daquela suruba? – Seus olhos estavam esbugalhados, sua pele
ficando mais pálida a cada segundo. Brayton não era o tipo de
homem que estava pronto para se tornar pai.
Eu balancei a cabeça. – Os sintomas já estavam aparecendo
nas últimas duas semanas.
– Caralho, e esse tempo todo você manteve isso escondido de
mim?
– Eu sei que foi errado, mas eu não tive outra escolha. Eu
pensei que tinha tomado meu anticoncepcional...
Ele colocou a mão na testa, andando na minha frente. – Você
deveria ter nos dito que não fez isso.
– Você nem perguntou nada – eu insisti, segurando a alça da
minha bolsa com mais força.
Ele apenas continuou andando na minha frente de lá para cá,
parecendo cada vez mais preocupado. Eu sabia que a reação dele
não seria boa, mas não pensei que ele faria isso também. Eu não
sabia o que estava acontecendo em sua mente, mas ele parecia
pronto para falar palavras que iriam perfurar meu coração.
– Você precisa abortar – ele declarou de repente, parando na
minha frente e me fazendo sentir pequena.
Afastei-me dele o mais rápido possível, meu coração pulando
uma batida. – Eu não vou fazer isso. Eu sempre quis um bebê.
Isso era verdade, mas eu também nunca tinha dado a esse
pensamento o peso que merecia. Eu sempre tratei isso como um
sonho distante que poderia acontecer um dia. Eu ainda era muito
jovem. Eu pensei que a faculdade era a coisa com a qual eu teria
que me preocupar mais nos próximos anos. Nunca me ocorreu que
minha vida seria abalada dessa maneira.
– O que? Você acha que isso é algum tipo de piada, que isso é
Nárnia e você pode viver uma vida de mulher casada e feliz
comigo?
Senti meu coração mais apertado. – O que você quer dizer?
– Quero dizer que não vou cuidar de nenhum bebê. Já tenho
uma vida muito caótica da forma que é.
Eu abri minha boca, mas a fechei de novo imediatamente. Ele
estava cruzando todas as linhas possíveis. Eu sabia que ele não era
muito responsável, mas eu ainda não tinha pensado que ele seria
tão frio sobre o bebê.
Abortar? Eu não poderia seguir esse caminho. Eu não ia matar
meu pequeno.
– Eu não vou fazer isso. Prefiro me matar.
– Então, você vai ter que viver sozinha, e não me incomode
sobre o bebê nunca mais.
– O que? – Eu gritei, mas ele já estava colocando a mão no
meu ombro e me empurrando para fora de sua casa.
– Volte aqui depois de fazer a escolha certa. Caso contrário,
fique longe.
Eu me virei nos calcanhares, pronta para confrontá-lo mais uma
vez, mas ele só continuou me olhando com frieza. Seus olhos me
olhavam como se eu não fosse a mulher com quem ele namorava
há anos desde que tínhamos 17 anos, mas como uma prostituta.
– Você tem mais alguma coisa a dizer? – Ele perguntou, sua
mão pronta para bater a porta bem no meu rosto.
Abri minha boca novamente, mas não consegui pensar em
nada para dizer. Nem lhe mostrei o teste de gravidez. Ele nem
mesmo pediu por ele. Ele não precisou fazer isso. Apesar de me
tratar como lixo aqui, ele confiava em mim. Brayton sabia que eu
não estava mentindo.
– Não, não tenho. Eu não pensei que você fosse ser tão idiota
comigo – eu disse, me recusando a me virar e sair.
Parte de mim esperava que ele fosse enxergar a razão, me diria
que queria o bebê e estava apenas brincando quando disse que
preferia matá-lo. Eu sabia que o meu pequeno não era nada mais
do que um conglomerado de células no momento presente, mas
ainda assim seria um assassinato. Eu não poderia fazer isso.
– Então, vá embora. Você sabe como sou. Eu não tenho tempo
para ser pai.
– Certo, porque você está ocupado fumando maconha o tempo
todo – eu atirei de volta.
Seus olhos se estreitaram.
– Se você está procurando por uma briga comigo, Nia, então
pode já ir tirando o cavalinho da chuva. Não estou com disposição
para uma discussão sobre nada agora.
Ele bateu a porta de repente, fazendo-a chocar contra os
painéis de madeira do suporte. Um pouco de neve caiu do telhado
de sua casa. Contemplei-a com curiosidade por alguns segundos
antes de dar meia-volta e correr de volta para o outro lado do
quarteirão, onde ia pegar um táxi e deixar aquele lugar para sempre.
Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu ainda não
considerei a opção de insistir no assunto com Brayton. A verdade
era que eu sabia o tipo de homem que ele era desde o início. Nada
mais do que um viciado em maconha.
Nada mais do que isso.
Capítulo 2
Steven

Eu levantei meus pés e os descansei na mesa, colocando minhas


mãos atrás da minha cabeça. Eu vivia uma boa vida. Eu era o CEO
da minha própria empresa e não precisava mais da minha família
para nada. Mas sabia que ainda precisava fazer algumas coisas de
acordo com seus desejos, no entanto.
Eu não sabia o que era ser pobre, e só o meu escritório era
maior do que a maioria das casas por aí. Havia apenas algumas
coisas que estavam faltando na minha vida, e isso era uma esposa
e alguns filhos. Eu estava chegando aos quarenta e ainda não tinha
me estabelecido com uma mulher.
Não foi minha culpa. Sempre achei difícil encontrar tempo para
namorar. O tempo passou e, antes que eu percebesse, aqui estava
eu. Eu não era virgem ou algo assim. Eu tinha feito sexo antes, mas
nos últimos anos eu tinha que pagar por isso com mais frequência
do que deveria.
Eu estava pagando por prostitutas “top de linha” que podiam
preencher um pouco do vazio nas minhas noites, mas elas ainda
não eram nada mais do que prostitutas. Sempre seriam isso.
Eu morava em um apartamento no centro. Não era no mesmo
prédio onde ficava meu escritório e minha empresa, claro. Eu
gostava de poder caminhar de lá para cá, e depois daqui para lá.
Algumas pessoas achariam isso estranho, mas não me importaria
com isso.
Havia apenas um punhado de pessoas cujos pensamentos me
preocupavam. Meus pais e o resto da minha família. Eles moravam
na Alemanha já há muito tempo e não vinham aqui há mais de uma
década.
Já era hora de eles virem.
Aqui, no meu escritório, não precisei fazer muito. Havia alguns
contratos para examinar, mas além deles... Não muito. Eu estava
meio entediado agora, minha mão cobrindo minha boca quando
bocejei.
Droga. Eu precisava fazer algo sobre isso.
Agora que eu tinha quarenta anos, estava começando a pensar
que seria impossível encontrar uma mulher que se importasse o
suficiente comigo. Eu tinha padrões muito altos para parceiras,
então eu não namoraria qualquer tipo de mulher.
Mesmo as que namorei durante a faculdade e adolescência
foram escolhidas a dedo por mim. Era assim mesmo. Agora que eu
tinha tempo para encontrar outra namorada e depois me casar com
ela, eu achava que não tinha mais o que precisava para isso.
A maioria das mulheres da minha idade já eram casadas ou
comprometidas com outros homens. Havia uma solução para o meu
problema, ou poderia ser que eu estava pensando muito sobre isso?
Talvez havia uma solução viável para isso, mas se havia, não
consegui encontrar qual era neste momento.
O telefone no meu escritório tocou de repente, me assustando e
quase me fazendo cair da cadeira. Como se por acaso, mais do que
tudo, isso não aconteceu, embora tenha levantado uma bandeira de
advertência em minha mente. Eu precisava ser mais cuidadoso
cada vez que esse telefone tocava.
Minha mão voou para ele, e eu estava ansioso para encontrar
algo que matasse meu tédio agora. A neve lá fora me lembrou de
tempos melhores, quando eu podia brincar lá fora no jardim da
frente sem nenhuma preocupação no mundo.
Agora que eu era rico, havia mais uma preocupação em minha
mente. Construir minha própria família. Se eu não fizesse isso, eu
sentiria que falhei com meu pai. Eu não podia deixar isso acontecer.
Colocando o telefone perto do meu ouvido, eu disse – Alô?
– Ah, meu filho. É tão bom ouvir sua voz. Eu estava quase
pensando que você não ia atender.
– Mãe? Você está me ligando a esta hora do dia? Era a tarde,
quando eu deveria estar trabalhando, e isso acabou me lembrando
que deveria estar ocupado. Ou pelo menos, minha mãe deveria
estar pensando isso.
– Em que hora eu deveria ter ligado, então?
Limpei minha garganta. – Existe uma razão específica para
você estar me ligando agora?
– Pois sim, existe. Eu e seu pai, estamos viajando para Lost
Hope!
Eu me levantei em uma piscadela, andando atrás da minha
mesa.
– O que? Por que?
– Por que? Porque sentimos sua falta e queremos vê-lo
novamente.
De todas as vezes que eles poderiam ter escolhido voltar, tinha
que ser justo agora? Agora, como na “próxima semana”, mas ainda
assim, isso não mudava muita coisa. Eles ainda viriam aqui em um
momento bastante inoportuno para mim.
– Gato comeu sua língua, filho? – Ela perguntou, o tom de sua
voz ainda manchado com um tom de diversão. Ela sempre era tão
feliz.
– Ah não, nada disso. É ótimo que você venha. É realmente
muito bom. É a melhor notícia que recebi o dia inteiro.
– Então isso significa apenas que precisamos chegar lá o mais
rápido possível. Eu estava pensando em fazer isso, e pensei que ia
fazer uma surpresa, mas agora que você mencionou o quão bom é
que vamos vê-lo novamente, então acho que devemos reservar um
voo mais cedo ainda.
Eu quase disse as palavras que estavam atormentando minha
mente. Por favor, não faça isso. Ela tinha boas intenções, mas
pensar neles aparecendo e descobrindo que eu ainda estava
solteiro... Isso destruiu as partes mais profundas da minha mente.
Me fez sentir como se eu fosse algum tipo de aberração.
Segundos depois, eu sabia quais seriam suas palavras antes
mesmo de falar. Ela sempre me perguntava isso toda vez que falava
comigo, fosse por telefone ou pessoalmente.
– Você finalmente encontrou alguém? Eu sei que faz muito
tempo desde a última vez que perguntei isso, então eu queria saber
se isso já mudou.
Meu coração batia tão rápido. Preferiria estar me encontrando
com um cliente em potencial agora. Preferiria estar falando sobre
oportunidades de negócios latentes, ou resolvendo algo na minha
empresa que precisava ser solucionado o mais rápido possível.
Eu tinha que tomar uma decisão, e independente do que eu
fizesse agora, eu não achava que ia gostar.
– Sim, eu tenho, e estou muito feliz com ela. É a vida que eu
sempre quis.
– Uau! Sério? Então, mal posso esperar para conhecê-la.
Fiquei feliz que ela não pediu mais detalhes sobre minha
“esposa”. Ela poderia perguntar qual era seu nome, sua profissão,
como nos conhecemos, e minha mentira desmoronaria como tijolos
quebradiços diante de mim. Ela sentiria pena de mim e depois
tentaria me apresentar a algumas de suas amigas viúvas.
Eu gostava delas, mas elas não eram para mim. Eu precisava
de alguém alguns anos mais jovem, ou mais ou menos da minha
idade. Mulheres mais velhas não eram meu tipo. As que eram
amigas da minha mãe eram tão velhas quanto ela, e ela não
conseguia nem andar mais sem que suas costas começassem a
doer.
Eu não estava tão desesperado assim.
Conversamos mais um pouco e ela desligou o telefone. A
chamada terminou e eu coloquei o fone do aparelho de volta no
gancho. Fui então até a janela, olhando para fora e imaginando
como seria minha vida a partir de agora.
Eu precisava fazer algo sobre isso. Eu precisava encontrar uma
mulher que estivesse disposta o suficiente para fingir tudo comigo.
Ela teria que aturar minha família por alguns dias, mas depois eles
pegariam o próximo voo para a Alemanha e não voltariam aqui tão
cedo.
Ou talvez eles ficariam aqui a longo prazo. Eu não podia saber
isso com certeza, e isso devorava minha mente.
Suspirei, sem saber o que ia acontecer a seguir. Eu não queria
parecer que era um tolo desesperado, mas tinha que haver algo
aqui em Lost Hope que poderia me ajudar.
Ninguém bateu na porta, que era a única coisa boa
acontecendo na minha vida agora. Tinha a paz e a tranquilidade que
precisava. Eu só queria que o dinheiro pudesse realmente comprar
a felicidade que as notícias tentavam transmitir.
Sentei-me, levantei a tampa do meu laptop e digitei a primeira
coisa que me veio à mente. Namorada de aluguel. Havia um link na
página. Eu cliquei nele, mas ele apenas me levou a uma página sem
nada substancial nela.
Parecia que a página havia sido mantida por uma mulher que
trabalhou como namorada de aluguel, mas no momento não
retornava nada mais do que um erro 404 de página não encontrada.
Usando o mecanismo de pesquisa russo Yandex, digitei outra coisa
na barra de pesquisa. Achei que o Google não poderia me indicar o
serviço que eu precisava, então valia a pena tentar pelo Yandex.
Mesmo uma namorada falsa não seria suficiente para mim, no
entanto. Ela precisava ser uma mulher disposta a viver comigo por
alguns anos, até que eu pudesse inventar algum tipo de desculpa
detalhando nosso eventual rompimento. Eu já disse à minha mãe
que encontrei a mulher com quem queria me casar, então ela e o
resto da minha família viriam aqui com essa esperança em suas
mentes.
Ou eu ia mencionar que ela era minha esposa em vez disso.
Nada estava definido ainda.
Rolando a tela para baixo, eu tropecei em algo que achei
promissor. Quer ter uma família, mas acha que não tem tempo para
construí-la do zero? Então não procure mais! Eu ofereço o tipo de
serviço que você precisa, e eu tenho uma irmã e um filho para
deixar tudo ainda mais perfeito.
Eu sempre podia dizer a mamãe e papai que ele era meu filho e
que eu o tinha há muito tempo, que todos esses anos eu mantive a
existência dele escondida deles por algum motivo obscuro. Eu sabia
que eles acreditariam, então eu poderia fazer isso.
Clicando em outro link, a primeira coisa que meus olhos
pousaram foi no rosto dela. Ela parecia nada menos que magnífica,
sua pele com um tom de chocolate que não se podia encontrar
facilmente em outro lugar. Seus olhos, com um toque de coco neles,
incrementavam sua aparência incrível.
Eu pensei que nunca poderia me apaixonar por uma mulher
apenas olhando seu perfil online, mas quem quer que ela fosse, ela
era outra coisa. Eu não sabia o nome dela - eu estava adiando essa
“descoberta” até saber um pouco mais sobre ela - mas admirando
sua foto de perfil agora em seu próprio site, me fazia ficar
imaginando qual era.
Seu rosto me fez esperar que eu nunca a tivesse visto em
algum lugar antes. Eu não queria descobrir que talvez a tivesse
conhecido em algum momento do meu passado, mas havia
ignorado-a de alguma forma. Preferia pensar que ela ainda era uma
flor intocada, alguém que eu poderia chamar de minha.
O site dela dizia que ela estava disponível. Ela não parecia ser
velha. Ela devia ter mais ou menos vinte e tantos anos, e eu estava
até chutando minha estimativa para cima.
Eu não percebi isso antes, mas meu pau estava duro. Ainda
bem que ninguém estava batendo na porta e querendo falar comigo.
Eu teria dificuldade em esconder o meu soldado, fosse esse o caso.
Tomei uma decisão ali mesmo, enviando-lhe uma mensagem e
marcando uma reunião com ela. Eu explicaria tudo o que precisava
ser dito, e ela viria morar comigo no meu apartamento. Eu tinha
espaço mais do que suficiente para a irmã e o filho dela morarem
comigo.
E talvez eu gostaria da vida de um homem casado e com um
filhinho. Ela não colocou a foto dele em seu site, claro, mas isso não
importava. Eu ia conhecê-lo de qualquer forma. Eu ia dar a ele a
vida que ele precisava, independentemente de quanto tempo
passasse a morar comigo.
Eu tinha grandes expectativas para o que estava por vir.
Capítulo 3
Nia

Chegando. Estou indo, tentei dizer a mim mesma, me convencer,


mas era uma coisa tão difícil de fazer agora. Eu estava de pé na
frente do forno, mexendo panelas e tentando preparar o omelete
certa para o meu pequeno.
Ele estava com fome, deitado no sofá e mandando mensagens
para seus amigos em seu telefone. Pelo menos ele tinha alguns
amigos que conseguiam mantê-lo entretido enquanto eu tentava dar
o meu melhor na cozinha.
Minha irmã imprestável também estava sentada no sofá,
mandando mensagens para suas amigas e conversando ao vivo
com outra. Eu a chamei para vir aqui me ajudar com o jantar, mas
ela disse que preferia não fazer isso.
Ela insistiu que não era uma boa cozinheira, e eu sabia por quê.
Toda a sua vida ela nunca teve que cozinhar nada e sempre teve
que comer a minha comida.
Eu balancei minha cabeça, mexendo em mais algumas
panelas, virando algumas fatias de carne e cheirando o sabor que
vinha delas. O cheiro era bom até. Eu não me preocupava com o
que minha irmã iria pensar do jantar de hoje à noite, mas estava um
pouco preocupada se o meu pequeno iria gostar ou não.
Desde que seu pai me largou, ele estava morando comigo.
Bem, não desde então, pois depois daquele horrendo encontro com
seu pai, alguns meses se passaram até eu dar a luz. Eu o amava,
mas estaria mentindo se dissesse que não senti muita dor durante a
gravidez e o parto. E isso, juntamente com a ausência de seu pai,
tornou tudo aquilo uma das experiências mais vis da minha vida.
Meu sonho era nunca mais passar por algo parecido.
Ele era uma gracinha, mesmo sempre me dando muito
trabalho. Ele ainda estava deitado no sofá, chutando o ar e
reclamando que eu estava demorando muito para terminar o jantar.
Eu nunca conseguia ter paz em minha própria casa. Mesmo
que minha família não estivesse aqui comigo, ainda haveria meus
vizinhos barulhentos. Havia rumores de um novo vírus se
espalhando, e mesmo assim eles ainda estavam festejando e
tocando música alta no meio da noite.
Eu não achava que ia dormir bem esta noite, se é que dormiria,
pensei antes de colocar as duas mãos nos quadris e continuar a
cozinhar nosso jantar.
Levei mais tempo do que pensei que levaria, mas finalmente
terminei. – Acabei de terminar. Já pode vir comer.
Diamond veio marchando pela porta, dizendo isso mais alto do
que precisava – Comer isso? Será um milagre se eu terminar 10%
do que vou colocar no prato.
Antes ela conseguia me irritar dizendo coisas assim, mas não
mais. Eu apenas dei de ombros e disse – Você come se quiser. Se
você não gosta, você pode simplesmente ir embora.
– Sabe, agora que estou pensando nisso, talvez eu deva fazer
isso – disse ela, mas ainda pegando um prato de um dos armários e
enchendo-o com a comida. Havia variedade suficiente para fazer até
mesmo alguém como ela ficar satisfeita. Frango cremoso com alho
e arroz, espaguete frito, macarrão com queijo e coisas do tipo.
Mesmo com a vida meio difícil agora, não havia como negar
que ainda estávamos nadando no dinheiro que o meu último cliente
me pagou. Seu nome era Scott Goodwin e ele era um bom homem,
pelo que pude descobrir sobre ele na época, mas ele ainda não era
o tipo de cara com quem eu gostaria de me casar um dia.
Isso estava reservado para outra pessoa. Um homem rico, mas
sempre confiante. Ele teria que ser forte, alto, construído como um
tanque de guerra, romântico e audacioso ao mesmo tempo. Eu tinha
padrões altos, poderia-se dizer.
Esse tipo de homem existia aqui em Lost Hope? Eu não sabia,
mas estava disposta a descobrir. Mais do que disposta a fazer isso,
para ser honesta. Graças ao meu trabalho, conheci homens ricos o
suficiente aqui para ter alguma esperança de que um dia encontraria
o meu rei.
Eu só estava esperando a chance de fazer isso acontecer.
Efrem veio saltitando pela porta, com um sorriso fácil. Seus
olhos encontraram os meus por um segundo antes de eu me
perguntar como seria sua vida a partir de agora. Ele não sabia quem
era seu pai e, mesmo sabendo que ainda morava aqui em Lost
Hope, ele não o havia criado.
Com o prato cheio de comida, o que significava que ela não a
achava tão ruim assim, Diamond voltou para a sala. Não tínhamos
uma TV grande, mas a que tínhamos era boa o suficiente para
mantê-los entretidos. Ainda bem que esses televisores de LED
estavam ficando mais baratos a cada dia, pensei antes de admirar
meu pequeno enquanto ele escolhia as opções que iriam compor
sua refeição.
Colocou no prato o que queria comer, sem tocar no espaguete
frito. Piscando para mim, ele então voltou para a sala, onde ia
conversar com seus amigos por horas antes de ficar bocejando e
depois adormecer.
Pensei em comer alguma coisa agora, mas não consegui. O
pensamento de como minha vida seria a partir de agora me
preocupava. Não queria pensar que sempre ficaria encalhada.
Só queria um que me diria que eu era a mulher mais especial
do mundo para ele...
Efrem não tinha problemas com o meu trabalho, mencionando
que às vezes ele queria crescer e conseguir um diploma
universitário, um bom emprego, mudar tanto nossas vidas que eu
nunca teria que trabalhar de novo. E mesmo assim, meu “trabalho”
até que pagava bem, ou talvez não?
Melhor não mentir sobre isso. Eu pulava de emprego em
emprego, de empresa em empresa e de loja em loja. Eu estava
tentando me estabelecer e ganhar o suficiente para manter nossas
cabeças acima da água. Era algo mais fácil de dizer do que fazer,
mas olhando para trás, eu sentia um pouco de orgulho do caminho
que estava trilhando.
Não fosse pela minha persistência, estaríamos vivendo numa
condição muito pior.
Segui para o meu quarto, passando pela sala. Diamond virou a
cabeça para mim, levantando uma sobrancelha. – Você não vai
comer nada agora?
– Não, acho que não estou com vontade – respondi, fechando a
porta atrás de mim.
Eu precisava de paz e tranquilidade, e isso eu só teria com a
porta fechada. Eu tinha um laptop, e era muito útil para mim.
Sentando-me na minha velha cadeira de escritório rangente,
abri a sua tampa e digitei minha senha. Mesmo sendo uma família,
isso não significava que eu confiava neles o tempo todo. Eu sabia
que Diamond nunca roubaria nada de mim, mas faria algo como
postar na minha conta do Facebook que eu estava grávida.
Depois de toda a novela que passei com Brayton, não queria
nunca mais passar pelo mesmo.
Carregando o aplicativo de navegação e, em seguida, entrando
no meu site, fiquei um pouco surpresa quando meus olhos
pousaram no ícone de notificação na tela. Seria que alguém estava
finalmente querendo me contratar para morar com ele por algum
tempo?
Fingir que eu não era apenas sua esposa, mas que ele também
tinha uma família e um filho?
Eu me perguntei quem poderia ser.
Passei o dedo pelo touchpad, clicando no ícone de notificação
vermelho. Levou-me para outra página, e aqui estava o que
buscava. Não havia foto do possível cliente, mas isso era esperado.
Isso viria mais tarde, quando ele se sentisse seguro o suficiente
para me contratar para meus serviços e presença familiar.
Eu valorizava a privacidade dos meus clientes, então não
pediria que ele divulgasse suas informações pessoais
imediatamente. Ele me enviou uma mensagem, e eu comecei a lê-
la.
Olá.
Moro em Lost Hope. Não vou dizer qual é o meu nome, mas
estou procurando contratá-la para morar comigo por algum tempo, e
isso pode ser por alguns anos. Vejo que você sempre estabelece
uma tarifa com cada cliente, dependendo de algumas condições.
Estou disposto a pagar o que você quiser, mas precisamos
concordar com um preço base primeiro.
Também vejo que você tem uma irmã e um filho pequeno. Ele
está bem em se mudar e morar em uma nova casa? Estou
perguntando isso porque não tenho certeza se ele realmente
entende do que se trata o seu serviço. Além disso, estou bem com a
sua irmã vindo também.
Eu realmente preciso fazer meus pais pensarem que ou vamos
nos casar ou já somos casados. Acho que, acima de tudo, preciso
fazê-los acreditar que estou feliz com você. Não sei como tudo isso
vai acabar, mas preciso de uma esposa e uma família no meu
apartamento o mais rápido possível.
Responda a esta mensagem assim que puder para que
possamos iniciar os preparativos e, se eu decidir, se podemos
finalizar o contrato. Quero ter certeza de que não estou sendo
enganado aqui.
Ele não acrescentou seu nome nem nada no final, mesmo sua
escrita me mostrando que era alguém acostumado com escritórios,
reuniões de negócios e coisas do gênero.
Meu coração estava batendo como um martelo contra minha
caixa torácica, minha frequência cardíaca acelerando. Eu tinha
estado com alguns clientes antes, e sempre era um mistério para
mim como seria viver com eles.
Isso sem falar que eu ainda não sabia o nome dele, o rosto
dele, a aparência dele, se ele era algum tipo de golpista, ou outro
criminoso.
Eu simplesmente não tinha muito o que fazer e nem tinha ideia
se ele estava online no momento.
Comecei a escrever minha resposta imediatamente. Se ele
estava disposto a seguir em frente, ele já deveria ter indicado em
seu perfil que desejava receber notificações assim que uma nova
mensagem aparecesse em sua conta.
Boa noite! Estou ansiosa para conhecê-lo melhor e sim, estou
disponível agora. Eu tenho algumas pessoas que desejam me
contratar, então se você quer me ter como sua esposa ou apenas
sua noiva, não hesite em responder à minha mensagem
imediatamente.
As tarifas são acessíveis e bastante moldáveis. Você não
precisa se preocupar com isso, embora eu tenha que dizer que
alguns de meus clientes já mencionaram que estão dispostos a
superar qualquer preço dos seus concorrentes. Você só vai ter que
desembolsar parte do seu dinheiro.
Como eu disse, não sou cara. E sim, meu garotinho é muito
inteligente e sabe o que está se passando nas nossas vidas. Você
não precisa se preocupar com isso também. E minha irmã está
muito feliz por poder vir junto. Ela não gosta de viver sozinha.
Beijos,
Nia Hersey
Eu usava meu nome real no site. Eu não precisava me
preocupar com esconder minha verdadeira identidade, e isso
apenas ajudava a deixar meus clientes mais à vontade.
Esperei alguns minutos em frente ao computador, navegando
em alguns perfis no Badoo. Eu era mãe solteira, mas isso não
significava que eu não podia brincar com alguns dos homens de lá.
Eles eram mais do que bonitos, ou pelo menos alguns eram. Até
poderia ir para alguns encontros com eles.
Mas, além disso, não conseguia desenvolver nada significativo
com eles. Fazer isso criaria mais problemas para mim do que eu já
tinha. Eu não podia ter um namorado e um marido ao mesmo
tempo.
E a maioria dos homens que me contratavam me queria como
esposa.
Eu coloquei minhas mãos na parte de trás da minha cabeça,
sentindo-as pressionar contra meu cabelo quando um som veio do
laptop. Havia outra notificação na tela. Uma notificação push que me
levaria de volta ao meu site, para ser precisa.
Recebi outra mensagem do meu possível cliente.
Eu menti para ele sobre estar conversando com alguns outros
possíveis clientes porque eu precisava dele pensando que eu era
procurada por muitos homens não apenas aqui em Lost Hope, mas
também em todo o estado. Se ele não achasse que era esse o caso,
então ele continuaria me incomodando até conseguir um preço bem
baixo pelos meus serviços.
Eu não podia deixar isso acontecer. Não estávamos nadando
em dinheiro agora – tínhamos mais do que o suficiente para
sobreviver sem dificuldades extremas – mas ainda precisávamos ter
cuidado com o que estávamos fazendo com ele.
Eu li a mensagem dele.
É bom saber que você ainda está disponível. Preciso de alguém
em quem posso confiar e preciso ter certeza de que você não é
muito famosa por aqui. Minha família está vindo de outro continente,
embora alguém ainda possa descobrir que você não passa de uma
esposa de aluguel. Não posso tomar tal risco.
Ele não acrescentou mais nada à sua mensagem, o tom do seu
texto um pouco frio. Mordi meu lábio inferior então, escrevendo
minha resposta. Eu precisava dar o meu melhor aqui, ou então ele
pensaria que eu não era nada mais do que uma farsa.
Olá de novo.
Se você estiver online, vamos conversar usando a ferramenta
de bate-papo do meu site. É grátis e é bem funcional e ágil. Preciso
ter certeza de que você entende o que o meu negócio envolve e que
não é algo que você pode simplesmente terminar se não gostar.
Nia
Ele levou algum tempo – mais tempo do que eu pensava que
levaria, mas logo depois ele me disparou outra mensagem, desta
vez na ferramenta de bate-papo do meu site.
Eu tinha algumas avaliações no site sobre mim, lembrei.
Embora algumas pessoas sempre pudessem pensar que não
passavam de uma farsa, algo que eu inventei para montar uma
mentira, elas eram legítimas.
Eram de alguns ex-clientes meus, e só de pensar neles me
lembrei dos bons tempos que passei com eles. Ainda assim, eu
precisava me concentrar nisso no momento presente. Eu precisava
me concentrar no meu novo possível cliente e tranquilizá-lo de que
eu era a mulher que ele precisava. Nada mais do que isso. Eu não
tinha outra fonte de dinheiro. Eu nem tinha anúncios no meu site.
Capítulo 4
Steven

Eu estava segurando meu telefone na minha mão. Modelo mais


recente. O iPhone 12 Plus Professional, ou como era chamado. Pedi
à secretária do meu escritório para comprá-lo para mim. Eu não
tinha tido tempo suficiente na época para pesquisar as diferentes
opções no mercado, e portanto disse a ela para “me arranjar o
celular mais caro e rápido que ela pudesse encontrar.”
Eu tinha que admitir, ela tinha feito um bom trabalho em
descobrir o tipo de dispositivo que eu precisava. Eu já tinha usado
iOS e Android antes e gostava de ambos, mas havia algo especial
nos produtos da Apple.
Eu simplesmente não pude deixar de admitir mais uma coisa
também – o iOS era muito melhor para alguém como eu, que não
precisava dele para nada além de um dispositivo que eu podia usar
para conversar, navegar na internet e participar das minhas reuniões
de negócios.
Ainda usava meu computador para a maioria das coisas, no
entanto.
Eu estava verificando o perfil dela um pouco mais. Ela tinha 28
anos, pele cor de chocolate, não era nem muito baixa nem muito
alta, compleição mediana, e com um par de lábios carnudos que me
deu vontade de beijá-la neste momento.
Minha mãe ficaria surpresa quando a visse pela primeira vez,
sem dúvida.
Nia: Oi. É bom estar falando com você assim, finalmente.
Eu: Penso o mesmo. Você não está realmente pensando em
ser contratada por outra pessoa, certo? Caso contrário, acho que
poderia procurar outra esposa para mim.
Nia: Se você puder encontrar alguém como eu, isso. Antes
havia uma namorada de aluguel também na região, mas ela não
trabalha mais. Ouvi dizer que ela se mudou para uma nova cidade.
Eu: Você costumava manter contato com ela?
Nia: Não, nada disso. Eu sabia que ela não gostava desta
cidade, da comida daqui e da maioria dos homens, então fiquei
muito surpresa quando descobri que ela se mudou. Eu não a
conhecia bem. Eu só a conhecia porque ela era uma das
namoradas de aluguel mais cobiçadas de toda a cidade, e agora ela
não está em lugar nenhum.
Eu: Você realmente não tem ideia de onde ela foi?
Nia: Por quê? Já está pensando em não me contratar para ser
sua esposa? Não se preocupe com a concorrência. Neste momento,
estou falando com você, e é isso o que importa.
Eu: Talvez você esteja certa, mas ainda preciso de algum tipo
de garantia.
Nia: Algum tipo de garantia? Então permita-me dar-lhe apenas
isso.
Tendo digitado isso, o ícone mostrando uma foto sendo
carregada apareceu na tela. Alguns segundos depois, cliquei nele e
a tela mostrou a foto dela para mim. Ela estava no que parecia ser
um quarto de classe média, a neve lá fora como se estivesse
apagando seu bairro. A camada branca estava se acumulando nas
calçadas, nas copas das árvores e em praticamente todos os outros
lugares.
Adorei a decoração de Natal, as pessoas se preparando para
as festividades. Não havia como negar, porém, que havia algo muito
mais significativo e importante que eu precisava fazer agora, e isso
era garantir que eu não estava sendo enganado.
Eu não podia negar que ela parecia nada menos que
deslumbrante, mas isso ainda não significava que ela era a mulher
certa que eu estava procurando. Mais do que qualquer coisa neste
momento, eu precisava me assegurar desse fator extra – que ela e
sua família sabiam no que estavam se metendo.
Primeiro, precisava conversar com a Nia por um pouco mais de
tempo. Em seguida, falar com ela por Skype ou Zoom e depois
encontrá-la pessoalmente.
E eu teria que trazer meus guardas comigo também. Com esse
tipo de pessoa, nunca se podia ter 100% de certeza sobre nada,
mesmo após nossa reunião inicial. Não podia ter uma estranha na
minha casa, fingindo ser minha esposa, que depois me mataria ou
me roubaria.
Eu não podia permitir que nenhuma dessas coisas
acontecesse, então agora, mais do que tudo, eu precisava me
assegurar de que ela era quem dizia ser.
Eu: Eu sabia que você era linda, mas não achei que era tão
perfeita.
Nia: Posso mostrar mais, e há algo sobre isso que você precisa
saber. Eu só compartilho minhas fotos com clientes que tenho
certeza que vou encontrar pessoalmente.
Eu: Não cante vitória antes da hora, Nia. Ainda há algumas
decisões a serem tomadas, e ainda não tenho certeza se você está
sendo honesta comigo.
Nia: Sério? Mas não demore muito, senão posso pensar que
você não vale o esforço.
Ela estava certa. Não havia mais tempo para ficar questionando
fatores que já haviam sido detalhados o suficiente. Eu precisava
dizer a ela imediatamente – ou o mais rápido possível – que iria me
encontrar com ela pessoalmente.
Ainda assim, primeiro eu precisava terminar essa conversa e
então eu poderia pensar melhor sobre isso.
Eu: Vamos falar sobre as taxas. Estou disposto a pagar 1
milhão de dólares, e nada mais do que isso.
Ela levou algum tempo, mas finalmente me deu sua resposta.
Nia: Valor baixo demais.
Eu: Tem alguém disposto a fazer uma oferta melhor?
Nia: Existem alguns. Eu moraria com você e fingiria ser sua
esposa por um mínimo de 1,5 milhão de dólares.
Essa quantidade não era nada para mim, mas eu era um
negociador nato também. Eu continuaria negociando com ela até
que ambos concordássemos em um valor comum. Qualquer outra
opção não era boa o suficiente para mim. Eu estava ciente de que
ela estava apenas aumentando seus honorários o mais alto
possível, mas eu não queria terminar o casamento no futuro me
sentindo roubado.
Ela não parecia conhecer bem o que era ser rica, então tinha
um pouco de vantagem na negociação. Eu duvidava que ela já
tivesse visto tanto dinheiro em sua vida também. Não era nada para
mim, mas para alguém como ela, provavelmente era muito.
Eu: Tudo bem e que tal 1,3 milhão?
Nia: 1,4 milhão.
Eu: Porra, espero que não esteja tentando passar a perna em
mim. 1,35 milhões, e essa é a minha oferta final.
Nia: Tudo bem, já é o suficiente. 1,35 milhões então.
Eu: Satisfeita agora?
Nia: Se estou satisfeita? Estou feliz com esse dinheiro, além de
que estaria morando em seu apartamento, e tenho certeza de que é
bem confortável e espaçoso. Não preciso de muito, mesmo
apreciando que teria um pouco de luxo.
Huh. Eu não tinha pensado que ela iria aceitar a proposta tão
rapidamente. Eu pensei que ela ia continuar aumentando a taxa
inicial. Ainda havia muitas coisas a serem levadas em consideração,
mas a parte mais relevante já havia terminado. Saber disso me
aliviou.
Ela precisaria me fazer assinar um contrato, mas isso não era
nada. Não era muito importante. Eu ia lê-lo e tudo mais, uma vez
que estivesse em minhas mãos, mas isso não importava muito.
Eu: Tudo bem em falar pelo Zoom comigo? Você pode usar
qualquer site ou aplicativo. Eu não me importo com isso. Eu só
preciso ter certeza de que você é uma pessoa real.
Nia: Eu tenho Zoom no meu telefone. Vou lhe enviar minhas
informações de contato, e então podemos conversar um pouco mais
em paz. E não se preocupe, eu sou realmente uma pessoa real.
Eu: Agora?
Nia: Tem tempo livre agora?
Eu: Claro, tenho. Amanhã não vou trabalhar muito, nem nos
próximos dias, aliás.
Nia: Estou começando a suspeitar que você é um CEO, ou
estou errada?
Eu: Sim, sou o CEO da minha empresa. Bem, na maior parte do
tempo, ganho dinheiro no mercado de ações, na verdade.
Nia: Estou impressionada, embora não tanto. Já estive com
homens como você antes, e me pergunto se eles até conhecem
você.
Eu: Pode ser que sim, mas não tem importância. De qualquer
forma, eu só preciso de suas informações agora, e então podemos
conversar um pouco mais pelo Zoom.
Nia: Perfeito. Me dê um segundo.
Ela me adicionou no Zoom, meu dedo tremendo um pouco
quando cliquei no pequeno ícone para iniciar a transmissão ao vivo.
Esta poderia ser a última etapa de seu plano e eu não ficaria
sabendo de nada até que ela terminasse de hackear todas as
minhas contas, incluindo as que estavam vinculadas aos bancos.
Os pontos giratórios apareceram na tela e a conexão foi
estabelecida. Não demorou muito para que uma pequena tela
aparecesse com a opção de ampliá-la, caso eu quisesse ter uma
conversa mais pessoal com ela.
Mas agora, ainda segurando meu telefone na minha mão, eu
precisava me concentrar menos no fato de que ela era uma linda e
deslumbrante afro-americana, e mais no fato de que tentar detalhar
sua personalidade era crucial.
Se eu descobrisse algo perigoso sobre ela, então eu fecharia o
bate-papo, denunciaria-a à polícia e depois alteraria as senhas de
todas as minhas contas. Elas já eram trocadas praticamente a cada
dois meses, mas eu era um paranóico sem esperança. E eu sabia
que precisava fazer algo sobre isso um dia.
Eu não podia ficar obcecado com isso agora, no entanto. Nia
era realmente muito bonita. Eu procurei por seus perfis online nas
mídias sociais, mas não consegui encontrá-los. Parecia que ela não
os tinha, o que era intrigante. Alguém que dependia de uma forte
presença na Internet deveria tê-las, pensei.
Ou talvez eu não tenha procurado por elas por tempo
suficiente?
Afastei esse pensamento. Não adiantava deixar isso me
preocupar agora.
– Ei – ela disse, sorrindo e me mostrando a beleza de seus
dentes brancos e perfeitos. Quanto mais eu admirava seu rosto,
mais eu sentia vontade de beijá-la neste exato momento. Lembrei-
me que ela não era nada mais do que minha possível esposa de
mentira, e que ela estava sendo legal comigo porque era parte de
sua “profissão,” no entanto.
– Ei, o que você está fazendo agora? – Perguntei.
– Nada demais. Conversando com você e tentando descobrir se
você é alguém com quem vale a pena viver por alguns anos.
– Pode ser que nosso contrato demore anos, sim.
Sua voz era tão gentil e suave. Minha mãe e meu pai iam ter
um tempo estupendo com ela, e isso era o mínimo a se dizer,
pensei. Eu ia quebrar seus corações quando dissesse que ia
terminar com ela, quando fosse a hora certa para isso, claro.
Ela estava sentada em uma velha cadeira de escritório,
apoiando a cabeça na mão. Lá fora, os flocos de neve caindo me
lembravam que este poderia ser um dos invernos mais soberbos da
minha vida se meus pais não tivessem dito que viriam.
Eu amava eles e o resto da minha família, mas nada poderia
superar a tranquilidade de saber que não precisava fingir algo que
eu não era. Eu estive focando na minha carreira por tanto tempo
que tinha esquecido como era ter um encontro amoroso.
E essa coisa toda aqui, bem no meio da noite, também não
estava ajudando com isso. Nia era de se deixar o queixo cair, mas
não havia como negar que seu sorriso parecia falso como uma
imitação chinesa. Ela poderia se passar por minha esposa, mas
para mim, não conseguia me imaginar deixando ela morar por muito
tempo comigo.
Essa era apenas uma faceta de tudo isso, no entanto. Minha
pequena “paixão” por ela estava crescendo a cada segundo, e eu
também não pude deixar de me perguntar como seria viver com ela.
“Seria” porque eu já tinha certeza de que ia fazer isso acontecer,
sem dúvida.
A sua falsidade aparente ainda me irritava um pouco, no
entanto.
Se havia algo que eu não conseguia tolerar, era alguém
fingindo quem era de verdade e mentindo para outras pessoas. Mas
pensando por outro lado, não era isso que eu estava fazendo,
dizendo a mamãe e papai que ia me casar com ela, ou que ela já
era minha esposa, ou algo assim?
Essa era uma das muitas coisas que eu precisava estabelecer
com ela, em primeiro lugar.
Capítulo 5
Nia

Fiquei muito chocada que ele estava falando comigo assim online,
sorrindo como se isso fosse algo que significasse mais para ele do
que realmente significava. Ele de fato não podia estar pensando que
isso poderia algum dia ser mais do que era, certo?
Eu respirei profundamente, mantendo meu sorriso de orelha a
orelha no meu rosto. Seu rosto esculpido, sua barba por fazer, seu
cabelo loiro e a riqueza com que ele se cercava – tudo isso me
lembrou da vida que eu estava procurando ter desde que nasci.
Eu sabia que ele estava fingindo aquela reação, no entanto. A
maioria dos meus clientes considerava importante iniciar um
relacionamento comigo com o pé direito, e eu não podia culpá-lo por
ter essa mesma reação.
Eu ainda não podia deixar de pensar que ele tinha todos os
atributos certos e a riqueza necessária para conseguir qualquer
mulher no mundo, entretanto.
– Então, há uma razão específica para você estar procurando
por alguém como eu? Sou a única pessoa em toda a cidade que
trabalha como esposa de aluguel, afinal de contas.
– Nunca tive tempo para relacionamentos, se é isso que está
perguntando.
Seu sorriso continuou me cativando, me fazendo desejar poder
conhecê-lo pessoalmente imediatamente. Se ao menos eu não
tivesse que esperar até que ele dissesse as palavras certas...
Sempre era a decisão certa deixar o cliente tomar a iniciativa.
Eu não queria parecer insistente, e eu precisava continuar
tomando pequenos passos. Era como ferver um sapo em uma água
até que fosse tarde demais…
– Sério? Não achei que esse era o caso. Você parece ser o tipo
de homem que todas as mulheres do mundo cairiam de joelhos pela
chance de se casar com você, para ser honesta. Até já sinto uma
pequena atração por você, só deixando claro.
– Você já me quer na cama assim, sem mais nem menos?
Cuidado, posso realizar esse seu desejo – brincou.
Eu não pensei que era possível, mas ele estava realmente se
comportando como se isso fosse algo para o qual ele estava se
preparando durante toda a sua vida. Seus olhos estavam fixos nos
meus através da câmera, o fundo atrás dele me fazendo desejar
poder levar minha vida para o apartamento dele imediatamente. E
ele não tinha mentido sobre morar em um arranha-céu, notei. Meus
olhos podiam perceber os outros arranha-céus e as ruas abaixo
através de sua janela.
Eu ri. – Talvez devêssemos...
– Hmmm, até poderíamos. Amanhã eu tenho muito tempo livre,
então acha que já poderíamos marcar um encontro?
– Pode ser – eu respondi, minha mente mal registrando o
barulho dos garfos, facas e colheres vindo da sala. A coisa boa
sobre este inverno era que a maioria dos meus vizinhos tendia a
dormir depois do escurecer, então eu tinha toda a paz e sossego
que eu precisava na maior parte dos dias.
Efrem não usava garfos ou facas para comer, então era o único
usando uma colher. Os sons de sua tagarelice também fizeram
cócegas em meus ouvidos, mas, novamente, não prestei muita
atenção a isso.
Eu não precisava fazer isso. Eu estava absorta nessa conversa
com ele, só precisando confirmar seu nome verdadeiro.
– Perfeito então, Nia. Não achei que seria tão fácil encontrar a
mulher certa para a minha necessidade, para que meus pais não
pensem que sou um fracassado.
– Eles nunca poderiam pensar algo assim de você – afirmei,
respirando profundamente e parecendo mais sensual do que o meu
eu habitual. Seu crush por mim era mais do que visível pela
gravação, e eu podia até notar sua mão se movendo para cima e
para baixo. Ele estava se masturbando, sem dúvida. – Seu nome é
o que mesmo?
– Ah, me perdoe. Acho que ainda não disse qual era, e nem me
lembro se você já tinha perguntado antes. É Steven Gove. Eu
controlo uma empresa de extração de petróleo.
– Você não vai me dizer qual é? – Eu perguntei, ansiosa para
saber tudo sobre essa parte de sua vida. Eu precisava saber tanto
sobre ele quanto eu pudesse.
– Eu vou deixar você descobrir isso por conta própria.
– Ah, não seja assim – brinquei, pensando em levar essa
conversa com ele para o próximo nível. – Você mora sozinho,
então?
– Não, tenho algumas pessoas que cuidam do apartamento.
Não tenho paciência para limpá-lo e mantê-lo arrumado, então
tenho algumas empregadas e um mordomo para isso.
– Você está me fazendo pensar que mora em algum tipo de
mansão em vez de um apartamento.
– Bem, é bem grande.
– Mais de um andar?
Ele acenou com a cabeça, mantendo seu sorriso largo, seus
olhos verde-esmeralda me fazendo pensar que ele não era humano,
mas sim alguém que veio de outro mundo. Queria tanto estar com
ele pessoalmente. Não adiantava adiar mais isso, e ele disse que
iria se encontrar comigo amanhã, de qualquer maneira. Só
precisava escolher um local antes que ele pensasse em me pegar
aqui ou fazer algo igualmente inconveniente.
Eu não podia deixar isso acontecer. Eu precisava que ele
pensasse que eu era do mesmo tipo de ambiente que ele, que eu
não era apenas uma pobre mulher tentando vencer na vida.
– Mais de um andar, claro, e aqui você pode ter uma boa vida.
– Espere, e os vizinhos não são barulhentos ou algo assim, ou
são? Eu tenho um ódio mortal de pessoas assim e não consigo
dormir quando há muito barulho.
– Você não precisa se preocupar com barulho aqui – ele
respondeu, sua mão ainda se mexendo atrás de sua mesa. Eu
estava ciente de que ele estava se sentindo bastante excitado
agora, mas não pensei que ele fosse se masturbar enquanto
estávamos tendo essa conversa.
E acima de tudo, era muito interessante que Diamond e Efrem
ainda não entraram no meu quarto. Eles sempre ficavam muito
curiosos e animados toda vez que um novo cliente aparecia.
Eu tinha que ser honesta aqui comigo mesma, no entanto. Se
não fosse pelo fato de ambos estarem sentados na sala, estaria
fazendo a mesma coisa. Eu estaria fazendo nada demais, pensando
em Steffen envolvendo seus braços em volta de mim e me
carregando até o seu apartamento.
Conversamos mais um pouco, e quando olhei para o relógio
perto do canto inferior direito da tela do computador, finalmente
percebi que era hora de escolher o local para a reunião de amanhã.
Steffen já tinha gozado também, notei, sua mão esfregando contra
sua calça. Ele estava limpando para que eu não notasse, mas era
em vão.
– Então, onde você vai se encontrar comigo amanhã?
– Que tal o salão de baile dentro do Outlook Hotel? Eu poderia
alugá-lo para amanhã à tarde, às 14h. Não quero que você acorde
cedo demais, e eu posso ir lá a qualquer hora. Como eu disse, não
tenho muito o que fazer no escritório.
– Eu gostaria de poder ter uma vida assim um dia – disse,
beijando o ar.
Ele não fez mais nada, apenas dizendo – Te vejo amanhã,
então.
Ele encerrou a ligação, deixando-me sem mais o que fazer
quando a porta foi aberta de repente. Era Diamond, olhando para
mim com uma expressão que eu já conhecia bem. Já estava
morando com ela há muito tempo, então aquele sorriso e brilho em
seus olhos eram coisas com as quais eu já estava bastante
familiarizada.
– Você encontrou outro cliente, certo?
Eu assenti, ainda sentindo o nervosismo de ter falado com um
homem tão imponente e impressionante online. Gostaria de poder
fazer isso com mais frequência.
– Sim, encontrei, e vamos nos encontrar com ele amanhã à
tarde. Ele disse que vai pagar por tudo, incluindo o local e a...
– A comida? – Diamond perguntou, colocando a mão no peito e
arregalando seus olhos. Às vezes, era como se ela pudesse pensar
apenas em comida, o que podia me deixar um pouco irritada.
– Sim, incluindo a comida.
– Então, mal posso esperar para vê-lo pela primeira vez.
– Sabe, um dia desses você vai ter que dar um jeito em sua
vida – apontei.
Eu me levantei e pensei em expulsá-la do meu quarto quando
meu pequenino surgiu atrás dela. Seus olhos eram brilhantes como
de costume.
– Finalmente vamos sair desse lixo de lugar?
– Ah sim, parece que vamos, meu pequeno príncipe. No
entanto, ainda é um pouco cedo para dizer isso.
– Por que? – Ele perguntou, fazendo beicinho.
– Porque ainda não sei como ele é pessoalmente e quero ter
certeza de que ele é um bom homem antes de decidir.
– Não é uma escolha muito difícil – Diamond retrucou,
estreitando seus olhos. – Estou cansada de viver neste lixo de lugar.
Ainda sinto falta de todos os pratos à base de caviar e dos
diferentes vinhos de quando morávamos na enorme mansão do
Scott.
– Ele é um bom homem, mas você sabia que eu nunca iria me
casar com ele. Com esse cara, não vai ser diferente, também.
– Você nem vai me dizer qual é o nome dele?
– É Steven Gove, e quando o conhecer pessoalmente amanhã
à tarde, por favor, se comporte. Não quero sair daquele hotel
sentindo vergonha de você.
Capítulo 6
Steven

Eu tinha que admitir, eu estava um pouco nervoso agora. Sempre


havia algo estranho e peculiar em encontrar uma mulher pela
primeira vez, não? Eu pedi ao pessoal do hotel para preparar um
banquete para nós, e eles não decepcionaram.
Havia todos os tipos de comida na mesa, incluindo opções para
vegetarianos, caso ela fosse. Batatas fritas, rosquinhas, chocolate
com ovo fabergé e afins ocupavam a grande superfície da mesa,
lembrando-me de tempos melhores.
De quando mamãe e papai ainda moravam comigo, pensei.
Sentia falta deles, sem dúvida. No entanto, vê-los desde a partida
deles sempre seria um desafio para mim.
Eu estava em frente à porta do Outlook Hotel, esperando minha
possível esposa vir aqui. Eu não sabia se ela ia pegar o ônibus. Eu
mencionei a opção de enviar alguém lá para buscá-la, mas ela disse
que preferia vir aqui sozinha.
Eu podia ver por que ela se sentia assim. Ela não me conhecia
pelo tipo de homem que eu realmente era. Considerando tudo que
ela sabia, eu poderia ser um golpista disfarçado, tentando violá-la e
ao resto de sua família.
Tive a mesma preocupação quando a convidei para vir aqui.
Meu apartamento não era muito longe daqui, então este era o lugar
perfeito para conhecê-la pessoalmente. Eu precisava avaliar se ela
era a mesma pessoa que mencionou em seu site.
Ainda assim, mesmo quando me encontrasse com ela e depois
de me “casar” com ela, ainda teria que manter alguém atrás dela o
tempo todo dentro do meu próprio apartamento. Eu não queria ter
que fazer isso, mas não achei que tinha uma escolha melhor.
Melhor prevenir do que remediar, como minha avó me disse
uma vez.
Construir confiança com ela era algo que poderia acontecer
alguns meses depois de morarmos juntos, mas nunca haveria 100%
de confiança com ninguém.
Teria que ser cauteloso com ela, e então teria que decidir como
seria a história de como nos encontramos. Eu ainda estava
considerando duas opções – dizer aos meus pais que já morava
com ela há muito tempo e era casado, ou que eu a conheci há
pouco tempo e ainda me casaria com ela.
O problema em dizer a última coisa era que provavelmente
ficariam ainda mais tempo conosco, desejando ver meu
“casamento” com ela. E se descobrissem o que realmente estava
acontecendo aqui, minha mãe ficaria com o coração partido.
Só não queria deixá-la triste.
Eu estava de pé na frente do hotel, parecendo calmo e
equilibrado, mesmo não podendo negar que essa coisa toda estava
fazendo meu coração bater mais rápido do que deveria. Já havia
passado muito tempo desde a última vez que estive em uma
ocasião assim.
Tinha parado de me importar tanto com namoros e coisas do
tipo, mesmo ainda ficando algumas vezes. Elas sempre diziam que
eu era muito bom de cama. Eu não tinha ideia se Nia e eu iríamos
transar um dia, mas se tivesse que acontecer, eu não tentaria parar.
Um sedã preto parou na calçada e a mulher que eu tinha visto
antes online saiu dele. Não apenas ela, mas também quem eu só
poderia supor ser sua irmã, e também um garotinho que tinha um
sorriso eterno no seu rosto.
Ele parecia feliz. Isso era algo sobre essa coisa toda que eu
não podia dizer sobre mim. Eu estava feliz que ele estava se
sentindo assim sobre isso tudo, entretanto. Era um bom sinal de que
ele estava ciente do que estava acontecendo, que ele iria morar na
casa de um estranho, e que sua mãe estaria fingindo estar em um
casamento com a família do seu “marido”.
Alguém mais do que meus pais viriam? Eu não sabia, e não
tinha perguntado isso à minha mãe quando ela falou comigo online.
Esperava que eles fossem os únicos. O resto da minha família não
se importava muito comigo.
Estavam ocupados demais ganhando dinheiro e se humilhando
pelos outros, lembrei enquanto Nia vinha até mim, sua postura
calma e equilibrada.
Ela era gata demais, seu vestido dourado emoldurando
perfeitamente seu corpo. Respirei fundo, pensando que ela parecia
ainda mais bonita pessoalmente do que por trás da câmera.
Sua irmã não era tão linda quanto ela, mesmo tendo um bom
par de seios saltitantes. Ela usava um vestido também, um tom de
roxo que a complementava bem. O menino tinha um chapéu na
cabeça e uma calça jeans que cobria suas pernas. Tinha uma
camisa branca também, e era como qualquer outra.
Eu podia dizer que eles vieram preparados para esta ocasião,
mesmo não estando muito acostumados. Parecia que Nia tinha
mentido para mim sobre ela ter muitos clientes tentando contratá-la.
Talvez eu fosse o único...
Nia veio até mim, colocando as mãos em meus braços e me
beijando. – É realmente tão bom conhecê-lo pessoalmente pela
primeira vez. Eu sou Nia Hersey, como você já sabe.
Eu acariciei seu corpo mais uma vez, desejando sentir suas
curvas neste instante, não importando quais fossem as
consequências disso. Ela me admirou dos dedos dos pés à testa, o
brilho em seus olhos inconfundível.
Ela estava pensando a mesma coisa, assegurando-se de que o
que sentia por mim era mútuo. Tínhamos um pouco de desejo um
pelo outro, sem dúvida, mas isso ainda não significava muito.
Não significava que eu gostaria de viver alguns anos com ela. E
ela precisava morar comigo. Minha mãe e meu pai já tinham feito
visitas surpresa antes. Desta vez, parecia que eles não iriam fazer o
mesmo, embora nunca se pudesse saber com certeza até a suposta
data em que estariam aqui.
– Que bom que chegou. Quer uma bebida e alguns petiscos?
– Ah, adoraria isso – disse sua irmã, correndo para dentro do
prédio e deixando nós três sozinhos na frente do hotel. Estava
cercado por guardas que mantinham seus olhos abertos, estudando
quem passava pela região.
Sua irmã nem se deu ao trabalho de se apresentar para mim, o
que não era um bom sinal. Ainda assim, eu não estava pensando
em não incluí-la no contrato. Eu precisava do meu pai e da minha
mãe pensando que éramos uma família, casados e felizes juntos.
– Não ligue para ela – Nia brincou, ligando seu braço ao meu
enquanto seguíamos sua irmã para dentro do prédio, as enormes
portas duplas feitas de madeira fechando atrás de nós. – Ela é
sempre assim, mas é uma boa pessoa.
– Espero que assim seja – eu disse, curvando um canto dos
meus lábios.
Eu gostei que ela estava mantendo seu braço ligado ao meu,
tocando seu corpo no meu, seus olhos ainda mantendo aquele
brilho de antes. Não havia como negar que Nia era uma mulher que
conhecia seu ofício, e ela não escondia isso de ninguém.
Eu estava lidando com uma profissional aqui.
O menino pulou para a nossa frente e aterrissou diante de nós,
seus olhos se estreitando e parecendo pensativos.
– Senhor, posso fazer uma pergunta?
– Eu acho que deveria ser eu quem deveria estar te fazendo
perguntas, pequeno, mas tudo bem. Pode perguntar.
– Você vai nos deixar morar com você?
Eu respirei lentamente, olhando para Nia e me perguntando se
não haveria problema ter ele com nós. Havia algo sobre ele se
tornar meu filho que eu não conseguia ignorar. Meus pais veriam
com bons olhos. Ele não se parecia em nada comigo, claro, eu
sendo um homem caucasiano e ele de origem afro-americana,
mas... Mamãe e papai ainda teriam uma opinião melhor de mim se
pensassem que eu o adotei.
Ainda havia a questão de como seria a história que teria que
contar a eles, mas isso era algo que poderia ser planejado e
detalhado em breve. Não me preocupava.
Nia não parecia estar preocupada por ele ter feito essa
pergunta. Talvez era algo que ele sempre perguntava a
praticamente todos que a contratavam. Uma coisa que poderia me
manter acordado à noite era não saber quem era seu verdadeiro
pai, entretanto.
Será que ele era filho de uma gravidez indesejada? Nia se
sentiria confortável em me contar um pouco sobre isso?
Perguntas e mais perguntas. Nia era uma caixinha que pedia
para ser aberta, e eu poderia fazer isso agora. Eu poderia abri-la e
descobrir tudo sobre o que ela estava escondendo de mim.
– Claro, homenzinho, se sua mãe estiver bem com isso.
Ao dizer isso, eu estava selando meu destino com o dela, mas
não via problema com isso. Eu estava tratando isso do jeito que
precisava ser tratado, com cuidado e... não havia muito que
pudesse ser feito, de qualquer maneira.
Eu tinha certeza que não tinha uma escolha melhor. Uma
escolha melhor seria namorar uma mulher e depois me casar com
ela, mas eu não tinha mais tempo para isso. Com Nia sendo a única
esposa de aluguel com uma família inteira em Lost Hope, ela era
minha única escolha.
Atravessamos o corredor, parando na porta que nos levaria ao
salão. O garotinho, cujo nome eu logo aprenderia, ainda estava
saltitando ao redor de nós, parecendo mais do que feliz com a
direção que isso estava tomando.
– Vou ter um novo papai! Eu odeio quando as pessoas na
escola dizem que eu não tenho um.
Eles faziam bullying nele por causa disso? Eu precisava ter
uma conversa com eles, então. Se havia uma coisa que eu não
conseguia tolerar, era garotinhos doces como ele sendo
perseguidos por outros alunos.
Eles precisavam aprender uma lição boa e dura. Não
machucaria eles e nem nada do tipo, mas eles aprenderiam que
tinham que mudar.
– Ei, pequeno, você realmente não acha ruim essa mudança
repentina, certo? Que você está vindo morar comigo e tudo isso –
perguntei, levantando minha sobrancelha esquerda.
– Ah, claro que não. Eu sei como é o trabalho da mamãe, e
estou totalmente bem com isso. Sem ele, não teríamos comida na
mesa.
Fiquei feliz por ele ser pragmático sobre isso tudo, mas ainda
havia um problema com o qual eu não gostava nem um pouco. Esse
menino não sabia o que era ter uma figura paterna em sua vida, ter
que depender de sua mãe e de outros homens cuidando dele desde
quando nasceu.
Eu gostaria de poder mudar isso, tê-lo em meu apartamento e
adotá-lo de verdade, mas isso levaria a mais complicações que eu
não tinha certeza se poderia resolver, como casar com Nia de
verdade. Não havia como negar que ela fazia meu tipo, mas casar
de verdade com ela ainda não era uma opção.
– Isso é bom – eu disse, levando Nia para o salão. Sua irmã já
estava comendo da refeição continental, enchendo seu prato com
praticamente um pouco de tudo. Eu não pude deixar de rir um
pouco.
Ela ia dar muito trabalho, com certeza.
Eu não estava preocupado com ela morando comigo no meu
apartamento. Pensei que poderia ter insistido com Nia aqui para não
trazê-la também, mas não queria separá-la do resto de sua família.
Não achava que teria me sentido bem com isso.
Sua irmã pulou da cadeira assim que percebeu que estávamos
entrando, saltando até nós. Ela colocou as mãos em meus braços
também, beijando minhas bochechas duas vezes. – Ah, a propósito,
sou Diamond, e este é o nosso pequeno Efrem. Ele é filho de Nia.
Não é meu. Não tenho tempo nem paciência para ficar grávida.
– Eu acho que ele já percebeu isso, irmã – Nia afirmou, rindo e
parecendo desconfortável de repente, mudando seu peso.
– Bem, só pensei que eu precisava me apresentar logo – ela
retrucou, pulando de volta para onde estava sentada e jogando sua
bunda na cadeira.
Eu poderia dizer que ela era uma mulher muito excêntrica, mas
eu não iria usar isso contra ela. Muitas pessoas eram assim, e isso
adicionava uma personalidade a ela que eu nunca tinha visto antes
em uma pessoa. A maioria das pessoas que conheci eram bem
chatas, incluindo as que via em todas as reuniões que eu era
obrigado a participar toda semana, pensei.
Nós sentamos, mergulhamos na comida e depois saímos do
salão. Havia apenas nós, além dos meus guardas.
Olhando para Nia agora, não pude deixar de pensar que era o
momento certo para conversar com ela sobre como nossa vida seria
a partir de agora.
Agora era hora de revelar a ela qual era a minha decisão.
Eu balancei meu dedo em sua direção, não achando nada
surpreendente que ela estava sorrindo e que seu corpo parecia não
pesar nada enquanto ela me seguia. Alguns dos meus guardas
vieram comigo também, mas eles iam apenas ficar vigiando.
Sua irmã tentou se aproximar de nós, perguntando – Nia, você
vai ficar bem sozinha?
Ela respondeu – Vou sim, Diamond. Não se preocupe comigo.
Efrem, nesse tempo, ficava brincando com sua comida
praticamente o tempo todo quando deveria estar comendo, suas
mãos com mais frequência do que não pegando seu telefone e
então respondendo seus amigos.
Nia sempre tentava corrigir isso, mas eu podia ver que era uma
causa perdida. Ele nunca parava de mexer com o seu celular, e no
final sua mãe simplesmente desistiu.
Eu estava neste pequeno e escuro corredor do prédio. Nia
estava de pé na minha frente, segurando sua bolsa de ombro ao
lado de seu corpo. Eu meio que conseguia ler o que ela estava
pensando agora. Esse homem realmente vai me dizer que vamos
nos casar e viver juntos?
– Precisamos conversar sobre nosso pequeno acordo – eu
disse a ela, esperando que ela tornasse tudo mais fácil para mim.
– Ah, não se preocupe. Acho que já tenho tudo feito, o que
significa que agora só preciso do seu ok e da sua assinatura.
– Vamos morar juntos, mas não quero contar à minha família
que você já é casada comigo. Isso significa que eles vão pensar que
precisam permanecer aqui por mais tempo do que eu gostaria,
entretanto.
– Bem, está tudo bem. Não é como se eles pudessem descobrir
quem é a verdadeiro eu.
– Sua identidade está realmente bem guardada, certo?
Ela assentiu, sorrindo sem mostrar os dentes.
– Claro. Já tive muitos clientes antes, e sempre mudo minha
aparência e faço uma cirurgia plástica para cada homem que me
contrata. Com você não vai ser diferente.
– Espere, você está me dizendo que vai mudar de cara antes
de vir morar comigo de verdade?
– Você está me dizendo que podemos continuar com nosso
acordo, então?
Ela inclinou a cabeça para o lado, seu cabelo caindo. Era uma
pergunta legítima, sem dúvida.
Nesse ponto, ela precisava ter certeza de que nosso arranjo
funcionaria. Ela estava preocupada com a sua família e
praticamente com tudo o mais que compunha sua vida. Eu não pude
deixar de pensar que ainda estava entrando em algo que eu não
sabia quase nada sobre, no entanto.
E essa era a dura verdade, não era?
– Sim, podemos – respondi.
– Isso é ótimo, mas ainda preciso ter certeza que não vai voltar
atrás.
Assim que ela terminou de dizer isso, ela abriu o zíper de sua
bolsa de ombro e tirou uma folha de papel. Texto em preto estava
escrito de cima para baixo, tudo em letras miúdas. Eu ia levar algum
tempo para lê-lo, mas eu ainda ia. Acima de tudo, eu precisava ter
certeza de que não ia assinar algo que não compreendia.
– Vou ler tudo isso primeiro, se não se importar de esperar um
pouco.
– Ah, claro que não. Pode ler com calma.
Voltei para a sala com a mesa e todas as cadeiras, me
surpreendendo que Diamond tinha conseguido comer tudo o que
tinha lá. Ela estava com muita fome, não estava?
Olhando ao redor da sala, não pude deixar de notar que ela não
parecia estar perto daqui agora. Eu me perguntei para onde ela
tinha ido, embora isso não fosse algo que me preocupasse. Nem um
pouco. Eu tinha uma boa noção sobre o que comandava suas
atitudes, e eu podia dizer que ela era uma boa pessoa.
Nia, por outro lado, ainda era um grande mistério para mim.
Se ela foi a algum lugar, então ela levou o pequeno Efrem com
ela, o que era uma coisa boa. Eu não podia vê-lo em qualquer lugar
aqui também. Tinha todo o sossego que precisava para ler este
contrato.
Era curioso que era bem simples, no entanto. Não dependia se
eu seria seu marido ou seu futuro cônjuge. Nia parecia estar dando
o seu melhor para fazer isso funcionar, e então eu me sentia bem-
vindo em seu mundo.
Sentei-me, começando a ler o contrato que ia cumprir com ela.
A linha que mais me chamou a atenção era a que mencionava que
se eu não cumprisse minhas obrigações, teria que pagar a ela uma
quantia de três milhões de dólares.
Ainda não era muito dinheiro para mim, mas eu esperava que
não chegasse a isso. Eu não podia permitir tal coisa.
Havia também algo em tratá-la bem que eu queria fazer
acontecer. Ela seria tratada como uma rainha no meu apartamento.
Teria sim meus guardas se certificando de que ela não faria nada
que não deveria, mas fora isso, ela teria a melhor vida que pudesse
desejar.
Com seu filhinho e sua irmã, mamãe e papai pensariam que
eram a família perfeita para mim.
Terminei de assinar a folha de papel, devolvi a ela e mantive
uma cópia comigo. Ela a pegou, colocou na bolsa de ombro depois
de dar uma olhada cuidadosa, e então sorriu.
Seu sorriso era nada menos que radiante, especialmente agora
que praticamente tudo isso estava tomando uma direção mais
definitiva.
– É bom saber que você é uma pessoa de palavra – ela disse,
ligando seu braço com o meu e então saindo comigo.
Do lado de fora do Outlook Hotel, sua irmã e Efrem estavam na
calçada, ambos olhando para mim com uma expressão preocupada
em seus rostos. Como não sabiam de nada, estavam preocupados
e que eu não ia me casar.
Então, ela seria minha noiva e eu teria que dizer a mamãe e
papai que estava morando comigo porque eu gostava de tê-la por
perto, claro. Era uma resposta que eles poderiam engolir, mesmo se
tivessem um monte de perguntas para mim. De repente eu ia me
casar e já tinha toda a família dela morando comigo? Não era algo
em que pudessem acreditar sem me colocar contra a parede.
– Tudo acordado. Nós vamos morar juntos, e estou muito feliz
em dizer que vamos nos casar também. Vocês dois vão morar
comigo por alguns anos.
Diamond bateu palmas e pulou de pé, felicidade transbordando
dela.
– Eu sabia que tudo ia dar certo, Efrem. E aqui você estava
preocupado que não seria nada mais do que uma perda de tempo.
Ele estava pensando aquilo sobre o nosso arranjo? Eu
precisava passar mais tempo com ele, então. Descobrir quem ele
era de verdade me ajudaria a traçar o tipo de mulher que sua mãe
era.
Capítulo 7
Nia

Eu estava assistindo TV na sala, mastigando pipoca quando


alguém tocou a campainha. Quem poderia ser a esta hora do dia?
Estava nevando do lado de fora do apartamento de Steven, que por
enquanto era meu lar também.
Eu tinha uma casa, embora não me pertencesse. Tinha que
ficar pagando aluguel e tudo mais, e por essa e outras eu não
gostava daquele lugar nem um pouco.
Virando a cabeça para o lado, me perguntei se Diamond
poderia abrir a porta para mim. – Frances, onde você está? Eu
preciso que você abra a porta para mim.
Frances era seu apelido enquanto morava aqui. Já que
precisávamos que a família de Steven nunca descobrisse que eu
era uma esposa com uma família de aluguel, então todos nós
precisávamos de identidades falsas. Nosso plano não poderia falhar,
de forma alguma. Eu não queria que minha reputação fosse
manchada.
Desde que comecei, eu estava conseguindo manter minha
identidade em segredo. Eu ainda mantinha fotos minhas no meu site
oficial, mas estava considerando tirá-las de lá. Eu não sabia por
quanto tempo mais eu poderia continuar brincando com tanto risco.
Por um lado, ter fotos minhas e de Diamond no meu site
ajudava a atrair possíveis clientes. Por outro lado, tornava mais fácil
para as famílias dos meus clientes tropeçar na minha verdadeira
identidade ao navegar na internet.
Voltando minha atenção para a porta, pensei que talvez Steven
tivesse pedido algo online. Havia muitas explicações que poderiam
explicar a presença de alguém do outro lado da porta da frente.
Valia a pena insistir e deixar o tempo passar? Não, claro que
não. Diamond não disse nada. Provavelmente , estava com seus
Beats, ouvindo música enquanto conversava com alguns de seus
amigos no Zoom .
Talvez fosse alguém que Steven conhecia. Era a única
explicação que fazia sentido que eles foram capazes de passar pela
segurança e vir até aqui. Tínhamos guardas mantendo o perímetro
do prédio seguro o tempo todo, 24 horas por dia, 7 dias por semana,
então podia ser isso também.
No entanto, era meio estranho Steven não ter mencionado sua
hora exata de chegada. Eu estaria melhor preparada para eles se
ele tivesse feito isso.
Corri até a porta, deixando a tigela de pipoca no outro assento
do sofá. Chegando à porta, quase pensei em não olhar pelo olho
mágico e apenas fingir que não havia ninguém em casa, mas então
percebi que isso era uma opção estúpida.
Essa insistência deles estava ficando um pouco chata já, sendo
sincera.
Eu respirei profundamente, colocando meu olho perto do
pequeno buraco e olhando através dele. Tudo bem, eu podia ver
duas pessoas. Uma era um velho careca e a outra era uma mulher
com a pele infestada de rugas. Ela colocou tanta maquiagem que
parecia uma palhaça, e se eu estava certa sobre mais uma pequena
coisa, provavelmente tinha uma peruca, também.
Eles tinham que ser seus pais. Eu não podia acreditar que
finalmente chegaram. Achei que demorariam mais tempo. Steven
não tinha sido claro o suficiente sobre a chegada deles, guardando
para si mesmo mais do que deveria. Ao contrário do que ele estava
tentando me fazer pensar, ele estava sempre muito ocupado.
Foi um erro meu também. Eu estava muito absorta naquele
programa de TV para lembrar que chegariam aqui por volta dessa
hora do dia.
Era o meio da tarde, neve já se acumulando lá fora. Com todas
as festividades acontecendo na cidade, eu já estava sonhando com
quando essa estadia com Steven terminaria e quando eu teria mais
liberdade para ir aonde eu quisesse, e também fazer o que eu
quisesse.
Steven não me mantinha trancada aqui ou qualquer coisa do
tipo, mas eu ainda tinha que continuar aprendendo como ele era,
seus maneirismos, seu passado, seus gostos e o que ele odiava e
coisas do gênero. Era a única maneira de ter certeza de que meu
suposto amor e casamento com ele não sairiam pela culatra.
Eu respirei profundamente, tentando me acalmar. A última coisa
que eu precisava era que eles suspeitassem que havia algo errado
comigo. Não havia. Eu era como todo mundo. Eu ia me casar com
Steven, e seria ótimo morar com ele.
Mesmo que ele nunca me amasse.
Mesmo que ele continuasse trazendo outras mulheres para
fazer sexo enquanto eu ainda estava no quarto ao lado do quarto
dele, tentando dormir ou me concentrar em um livro que eu estava
lendo.
Mesmo se eu tivesse que continuar dormindo em seu quarto de
hóspedes escondida por anos. Puxa, todo esse apartamento era
grande demais para alguém como ele morar sozinho. Ele tinha sua
coleção de empregadas e um mordomo, mas isso ainda não era
suficiente para fazer o lugar parecer vivo.
Abri a porta de qualquer maneira, encontrando os velhinhos
parados na minha frente.
– Ah, olá. Você deve ser a noiva de Steven. Estou tão feliz por
finalmente conhecê-la – a velha disse, seu sorriso indo de orelha a
orelha. Eu gostaria de poder parecer tão feliz, apesar de qualquer
circunstância.
Eu não podia dizer o mesmo sobre mim, mas ela era uma
pessoa bem acalorada. Ela me abraçou como se eu fosse sua filha
de verdade. Eu me senti amada e, ao mesmo tempo, um pouco
envergonhada de mim mesma. Não deveria ter pensado coisas
horríveis sobre ela antes de conhecê-la melhor.
– De verdade? É bom saber que Steven ainda tem uma família
que realmente se importa com ele.
– Eu sou Roxann. Ainda vamos nos casar, caso não tenha
falado nada. Eu sinto que há um monte de coisas que ele mantém
escondido de vocês dois.
Seus olhos se arregalaram, Steven aparecendo atrás dela. – Ei.
Não pensei que fosse encontrar vocês aqui de repente tão cedo.
Sua mãe se virou, encontrando-o. – Steven, você também está
em casa mais cedo do que eu pensei que estaria.
Mesmo com ele sorrindo e tentando o seu melhor para parecer
feliz, não podia negar que essa coisa toda estava fazendo ele se
sentir desconfortável. Se havia um momento para provar meu valor
para ele, então era agora, pensei.
Eu precisava assumir o controle da situação e mostrar a ele que
ia me comportar como se estivéssemos nos vendo há muito tempo.
Seu pai estava de pé entre nós, com os olhos arregalados e
parecendo não saber o que estava acontecendo aqui.
Eu coloquei minhas mãos em seus braços, me puxando para
mais perto dele e beijando suas bochechas duas vezes. Era um ato
de cortesia bastante comum entre um homem e uma mulher em
Lost Hope e no país, então não me preocupei se ele pensaria que
era estranho.
Mas Steven também não tinha dito que ambos vieram da
Alemanha?
Ele abriu um sorriso sem mostrar os dentes, no entanto. Ufa. Eu
quase pensei que ele ia só franzir a testa e dizer nada.
– É bom te ver, Roxann. Steven nunca falou muito sobre você.
– Ah, eu sei que ele tem feito isso. É porque ele estava
tentando manter nosso relacionamento escondido. Estava tentando.
Agora a verdade foi revelada e estou muito feliz por finalmente tê-lo
comigo.
– Se você precisar de alguma coisa, querida, não hesite em
falar conosco. Eu sei que nosso pequeno Steven aqui às vezes dá
muito trabalho.
Seus sorrisos eram radiantes, risadas abafadas enchendo a
sala. Eu poderia dizer que eles estavam gostando disso, mas
Steven continuou mudando seu peso, mostrando inquietude. Sua
mão ainda estava segurando sua mala. – Deixa que eu a leve,
querida.
– Não é incômodo – ele disse, mas eu já estava tirando a mala
de sua mão, depositando-a no sofá, onde não poderia nos
incomodar.
Diamond entrou na sala, ofegante quando notou quem veio. –
Ah meu Deus, eu não pensei que vocês viriam hoje.
Eu sabia que ela ia dizer isso antes mesmo de fazer, mas
Diamond ainda deveria ter se preparado melhor. Ela sabia sobre
minha “profissão”. Sabia muito bem disso, graças a ser a única fonte
de renda que tínhamos.
– E você é…?
– Eu sou Di- Frances – corrigiu ela, levantando os cantos dos
lábios de orelha a orelha. – Eu sou a irmã dela.
Os olhos de ambos os pais se arregalaram em um instante, sua
mãe colocando a mão em seu peito. – Steven, o que está
acontecendo aqui? Você trouxe toda a família dela para morar aqui?
Ele esfregou a parte de trás de sua cabeça. – É um pouco mais
complicado do que isso. Roxann disse que simplesmente não
poderia viver sem sua irmã, e ela também é uma boa pessoa. Não
vejo problema em tê-la aqui com a gente.
Abri o maior sorriso possível, dizendo – Ele não se importa, e
espero que você também não. Estamos morando juntos há muito
tempo. Minha irmã é minha parceira de fofoca preferida.
A mãe de Steven sorriu. Qual era mesmo o nome dela? Eu não
acho que ela já tinha me dito qual era. Ela estava tão chocada com
tudo isso que estava mais focada em mim e em descobrir mais
sobre meu “relacionamento” com Steven do que qualquer outra
coisa.
– Está tudo bem, então – seu pai disse, levantando os óculos
com o dedo indicador. – Não é como se eu fosse capaz de viver
sem meu irmão também. Ele mora conosco na Alemanha, dividindo
a mesma casa. É algo que acontece com mais frequência do que
você pensa com famílias grandes.
Fiquei feliz por ele ter acabado de dizer isso, sorrindo sem
mostrar os dentes.
Percebendo que ela ainda não havia dito seu nome para mim,
sua mãe veio até mim, dizendo que eu era a mulher certa para
Steven. Eu não pude deixar de me sentir muito feliz por isso. As
coisas estavam mudando aqui para melhor, sem dúvida.
E apesar da estranheza da ocasião, eu estava manejando as
coisas. Eu tinha tudo sob controle, e não demoraria muito até que
seus pais tivessem certeza de que eu era a mulher certa para ele.
Ainda havia o casamento, e também dizer a sua mãe que eu
era apenas sua noiva e não sua esposa. Com a porta fechada atrás
deles, tínhamos toda a privacidade que precisávamos para nos
apresentar um ao outro um pouco mais, para descobrir como
éramos e coisas do tipo.
Diamond também se apresentou a seu pai, beijando suas
bochechas duas vezes. Algumas pessoas achariam isso estranho,
mas era apenas algo que tínhamos costume de fazer. Expressava
como estava feliz.
Com as introduções fora do caminho-
Na sala surgiu ninguém menos que Efrem, me fazendo
imaginar se ele iria se lembrar do fato de que seu nome era outro
agora. Ele nem era um adolescente ainda, então às vezes ficava
meio receosa.
Eu tinha certeza que ele ainda se lembrava do básico. O
problema estava nos detalhes, como sua história comigo, seus
amigos do passado e coisas do gênero. Quando a mãe de Steven
começasse a fazer perguntas sobre essas coisas, elas precisariam
estar na ponta da língua.
A mãe de Steven deu um pequeno grito de surpresa,
levantando ambas as sobrancelhas. – Quem é esse agora? Steven,
você também não me disse que tinha um filho morando com você.
– Ele é filho de Roxann. Ele está morando comigo desde que
ela veio, e eu gosto dele. É um garoto muito inteligente, não é
mesmo, Charles?
– Com certeza que sou! Sou muito inteligente e amo meu pai.
Ele tem sido tão carinhoso comigo, e ele me compra todos os tipos
de presentes também.
Sua mão esquerda estava segurando um dos carrinhos de
brinquedo que eu comprei para ele, e a outra estava segurando o
controle. Ele estava saltitando até nós, seu sorriso radiante. Ele não
achava estranho Steven ter mencionado seu novo nome, o que era
um alívio.
Ele parou na frente da mãe de Steven, pegando sua mão e
beijando seus dedos. – É um prazer vê-la pela primeira vez, Sra....?
– É Delores, e ah meu Deus – ela disse, alegria transbordando
do tom de sua voz. – Ele parece tão fofo e é tão adorável. Não sei o
que finalmente deu em você, mas parece que finalmente está se
comportando como o verdadeiro homem que deveria ser, Steven.
Isso era um grande elogio, considerando que ele estava
ganhando mais dinheiro do que eu jamais poderia desejar ter um
dia. Em seu apartamento, tínhamos tudo o que precisávamos, e
Steven sempre comprava para mim todas as coisas que eu dizia
que gostava.
Ele estava me tratando como a noiva que eu deveria ser para
ele, sem dúvida, mesmo preferindo fazer sexo com outras mulheres.
Esse tipo de “profissão” me recompensava com diferentes motivos
para me sentir deprimida ao mesmo tempo, e eu nunca sabia dizer
qual lado estava ganhando em um momento específico.
– Ei, garoto, serei seu vovozinho, se não se importar – o pai de
Steven disse, colocando a mão no ombro de Efrem. – Eu sou
George, a propósito. Mal posso esperar para poder chamar você de
Gove um dia.
– Isso pode acontecer mais cedo do que você pensa – eu disse,
falando.
– Você não está me dizendo que vai...? – Delores perguntou,
dando um passo para mim enquanto mantinha a mão apoiada no
peito.
– Casar com Steven? Vou sim. Eu simplesmente não posso
esperar mais até que finalmente aconteça, e ele e eu já
conversamos sobre isso há algum tempo, não é mesmo?
Ele assentiu, ligando seu braço com o meu e me puxando para
ele. – Mamãe e papai, deixe-me dizer agora que estou tão feliz por
finalmente ter conhecido a mulher da minha vida. Ela é a outra alma
que eu estive procurando esse tempo todo.
Não havia mais espaço aqui para Diamond, então ela apenas
disse – Vou ficar no meu quarto, conversando com minhas amigas
sobre o casamento. Quando começarem os planos para os
preparativos para a festa e o casamento em si, me chamem lá!
Tenho certa experiência com essas coisas, como você sabe, mana.
Não pude deixar de olhar para todas as pessoas que ainda
estavam na sala, achando toda essa ocasião nova e velha ao
mesmo tempo. A razão por trás disso era bem simples - eu já estive
nesse tipo de situação antes.
Eu sabia como me comportar aqui, o que os pais de Steven
esperavam de mim, e que tudo ia ficar bem. Apesar de todas as
dificuldades, tudo ia ficar bem a partir de agora.
Seu braço ligado ao meu, o brilho em seus olhos, o sorriso
radiante em seu rosto eram provas disso.
Capítulo 8
Steven

Eu nunca achei que tudo ia ocorrer tão bem como foi. Era verdade
que mamãe e papai ainda achavam tudo um pouco estranho, mas o
olhar de satisfação em seus olhos não podia ser ignorado ou
confundido com outra coisa.
Eu estava deitado na minha cama, ouvindo o som da água
caindo dos buracos no chuveiro do banheiro. Com mamãe e papai
morando conosco agora, isso significava que ela não podia mais
ficar no quarto de hóspedes.
Nia tinha que dormir comigo agora. Agora que eu estava
pensando sobre isso, a “Nia dormindo no quarto de hóspedes” tinha
sido um erro de novato. Fiquei surpreso por ela não ter tocado no
assunto quando deveria. Ela deveria ter pensado que mamãe e
papai viriam, um hora ou outra, vindo em nosso quarto – nosso
suposto quarto de casal feliz – e achado estranho que parecia que
não dormia comigo.
Eu sabia que viriam aqui uma hora ou outra, mas eu não tinha
pensado que seria um pouco mais cedo também. Eles mencionaram
várias vezes que viriam em outro dia. Eu deveria ter me preparado
melhor, de qualquer forma, sem dúvida.
Nia, ainda assim, lidou com a situação com facilidade e
gentileza, fazendo com que mamãe e papai tivessem boa opinião
sobre ela desde o início. Não era à toa que ela era muito cara. Que
seus serviços eram, eu corrigi.
Tivemos que esconder as coisas dela no quarto de hóspedes
em questão de minutos. Foi sua irmã, Diamond, que cuidou disso.
Sabia que sua perspicácia era uma das grandes razões pelas quais
estava morando conosco agora e não em sua antiga casa.
Não só Diamond e Nia trabalhavam como uma equipe, elas
sabiam o que fazer sem ter que usar palavras. Quando mamãe e
papai passaram pela frente do quarto de hóspedes, a maioria das
coisas da Nia já havia sido retirada de lá.
Escondendo-as em um quarto esquecido que não era usado
para nada, ela fez isso para que minha mãe e meu pai nunca
pudessem encontrá-la. Eles nem sequer se lembram que aquele
quarto existe por uma razão que fazia bastante sentido, que era que
já tinham vindo aqui antes e que pensavam que lá não tinha nada
demais.
Eu não tive uma briga com eles ou qualquer coisa do tipo. Eu
estava apenas focado em ganhar dinheiro, ficar mais rico e buscar o
tipo de vida que poderia me fazer sentir realizado.
Efrem era uma coisinha fofa também. Ele conquistou o coração
da minha mãe e do meu pai desde o início, brincando com eles,
sendo todo doce, e dizendo a eles que eu era seu pai. Eu não podia
acreditar no quão inteligente ele era. Eu pensei que ele levaria muito
mais tempo para processar todas as informações que ele precisava
manter em mente.
Não era por nada que ele fazia parte da encenação. Algumas
pessoas poderiam achar sua inclusão um pouco estranha e errada,
mas como alguém poderia esperar que Nia se separasse de seu
único filho para morar comigo? E isso sem mencionar que ele não
parecia ter um pai com ele. Nia não tinha falado sobre ele. Eu me
perguntava o que tinha acontecido entre eles. Eles tiveram algum
tipo de desentendimento, terminando logo depois disso?
A partir de agora, Nia era outra mulher. O mesmo com sua irmã,
que estava muito feliz por estar morando aqui. Eu não tinha certeza
disso no momento, mas parecia que antes viviam em condições
muito piores. O fato de estarem aqui, sob meus cuidados, me deixou
orgulhoso por estar ajudando-as.
Uma coisa que fazia, mas não contava a ninguém, era doar
para pessoas pobres na África e outros continentes. Eles
precisavam de ajuda praticamente o tempo todo, e eu estava muito
feliz por poder fornecê-la. Tinha mais dinheiro do que eu sabia o que
fazer com ele.
Lá fora, o céu nublado, com todas as suas nuvens, me fez
desejar que não estivéssemos ainda no inverno e que a lua ainda
estivesse pairando no céu, iluminando a cidade com sua luz
brilhante.
Estava escuro lá fora, postes de luz acesos e iluminando as
calçadas e estradas. Me dava vontade de ir até lá, fazer bolas de
neve e arremessá-las em direção aos meus amigos.
Isso era de um passado que nunca voltaria, pensei. A maioria
dos meus amigos já havia se mudado daqui e encontrado melhores
oportunidades em outros lugares, incluindo em outros países.
Suspirei, meus ouvidos ouvindo algo que eu não achava
possível. O banheiro estava conectado ao meu quarto, mas as
paredes ainda tinham que ser grossas o suficiente para abafar a
maioria dos ruídos vindos do outro lado.
Será que havia alguém... chorando?
Eu não sabia, mas aquele som não era algo que eu pudesse
ignorar. O sistema de aquecimento dentro do apartamento me
permitia ficar sem camisa, mantendo o frio do lado de fora e o calor
do lado de dentro. Era quase melhor do que se as temperaturas
estivessem mais elevadas, pensei com um sorriso no rosto.
Fui até a porta do banheiro, o barulho ficando cada vez mais
alto. Eu não poderia estar errado sobre isso. Nia estava chorando,
mas por qual motivo? Não fazia sentido para mim que estivesse.
Ela era uma mulher tão forte e com muita autoestima. Ela era a
razão pela qual eu não estava enlouquecendo por mamãe e papai
estarem morando aqui agora. Nós ainda tínhamos que decidir sobre
tantas coisas em relação ao casamento, mas considerando tudo,
estávamos bem.
Parei na frente da porta do banheiro, me inclinando e
descansando minha cabeça nela. Pressionando meu ouvido contra
a porta, agora eu podia ouvir melhor o barulho vindo de dentro. Ela
não estava apenas chorando, mas também conversando com
alguém?
Quem poderia ser?
– Eu gostaria que tudo fosse diferente, que eu estivesse
vivendo uma vida em que não precisasse estar mentindo o tempo
todo sobre o que está acontecendo nela.
Mentir o tempo todo sobre sua vida? Percebi que manter algo
assim, seu suposto casamento e marido escondidos de outras
pessoas, nunca poderia ajudar a fazê-la se sentir feliz, mas ainda
não tinha pensado…
Eu não podia acreditar que viver aqui estava fazendo ela se
sentir deprimida. Eu comprava tudo o que ela queria, fazendo ela
cada vez mais parte da minha vida. Eu só precisava fazer com que
mamãe e papai continuassem pensando que eu estava feliz com
ela, que não podia ser a mentira que era.
Ainda não podia acreditar que tinha chegado a isso. Eu pensei
que teria mais tempo e encontraria a mulher certa, uma que eu
cortejaria e viria a amar, e então ofereceria a oportunidade de se
casar comigo pelo resto de sua vida.
– Steven é legal e tudo, mas ele não é meu marido de verdade
– ela disse novamente, fungando. O barulho vindo do chuveiro já
tinha parado, e eu diria que ela estava se secando e se preparando
para vestir uma camisola.
Eu não sabia se ela se sentia confortável com isso, mas como
mamãe e papai ainda moravam aqui e dormiam no quarto em frente
ao nosso, agora tinha menos liberdade andando pelo apartamento.
Eu estava feliz que ela disse que eu era legal, mas isso ainda
não mudava nada. Eu não queria que ela pensasse que estava
sendo forçada a viver aqui ou algo assim. Em seu contrato, não
tinha lido o que poderia ser feito se ela desaparecesse.
Eu tinha notado isso na época, mas ainda tinha decidido não
tocar no assunto. Eu não queria criar mais problemas com ela. Se
ela pensasse que não aguentaria mais, então eu apenas diria a ela
que não havia problema em ir embora.
Seus passos se aproximaram da porta, me fazendo correr para
longe dela em um piscar de olhos. Quando ela a abriu, seus olhos
arregalados brilharam em minha direção.
Por um momento, houve apenas silêncio. Eu estava me
perguntando se ela iria descobrir que eu a estava espionando. Eu
esperava que não, mas Nia era uma mulher mais inteligente do que
parecia ser. Ela poderia perceber que algo estava errado, sem
dúvida.
– Você por acaso não está escondendo nada de mim, ou está?
– Ela perguntou, ainda parada na porta.
– Eu pensei ter ouvido você chorando.
– Ah, não foi nada demais – ela afirmou, balançando a mão em
desdém. – Eu não estava chorando.
– Tem certeza? Porque não acho que ouvi errado e parecia que
você estava falando com alguém ou sozinha.
– Eu falo comigo mesmo o tempo todo. Tenho o costume de
fazer isso... – Ela estava dizendo, mas então se interrompeu.
Ela acabou de confirmar isso, o que significava que ela também
acabou de estabelecer que estava tendo problemas com algumas
das coisas que aconteciam em sua vida.
– Eu sinto muito. Não queria te preocupar.
Aproximei-me dela, colocando-me a nada mais do que um pé
de tocá-la. Eu poderia estender a mão, segurar seu queixo e beijá-
la. Eu queria fazer isso, mas sem uma confirmação de que poderia,
não faria nada.
– Não me preocupou. Eu apenas pensei que havia algo errado
acontecendo com você, e então fui ver se podia ajudar.
– Você não precisa se preocupar com o que está acontecendo
na minha vida – ela disse, mas eu podia dizer que ela estava
escondendo algo profundo e assustador de mim. Eu precisava que
ela se sentisse segura o suficiente para me dizer o que era.
Se ela não fizesse isso, tinha medo do que poderia acontecer
com ela. A última coisa que eu precisava era ter ela surtando de
repente, culpando a mim pelos problemas que tinha.
Nia tentou passar por mim e se afastar, mas eu me mantive
firme na frente dela.
– Não quero impor nada a você, mas quero que saiba que se
precisar de mim para alguma coisa, estou aqui. Eu sempre estarei
aqui para você, Nia.
Ela arregalou seus olhos, seu rosto ficando mais pálido. – Você
não deveria estar falando meu nome verdadeiro enquanto eles
ainda estão aqui. Podem pensar que algo está fora de lugar, que
estamos escondendo a verdade.
– Eles já sabem que há muitas coisas que tenho mantido
escondidas deles. Não se preocupe. Mais uma não vai fazer
diferença.
– Sim, faria sim. É o que mantém nosso contrato vivo. Se eles
perceberem que algo não faz sentido... não quero pensar no que
aconteceria.
– Estou ouvindo isso certo? Você está me dizendo que
realmente se importa comigo? – Eu perguntei, dando um passo à
frente até que suas costas estivessem pressionadas contra a
parede.
– Não, não é nada disso. Mais uma vez, estou apenas
preocupada, e acima de tudo, quero ter certeza de que minha
reputação não será manchada.
Estava tudo parando ao nosso redor. De pé na frente dela
assim, eu podia examinar cada pequeno detalhe do seu rosto. O
cheiro floral do seu xampu penetrava em meus pulmões e me fazia
ter vontade de fazer coisas indescritíveis com ela.
Eu não sabia qual seria a reação dela, então eu estava
ganhando tempo. Eu estava verificando para ter certeza de que ela
sentia o mesmo por mim, que seu corpo estava implorando pelo
meu tanto quanto o meu estava implorando pelo dela.
– Você vai me dizer o que realmente está acontecendo em sua
vida? – Eu questionei, sussurrando.
– O que você quer dizer?
– Não é normal alguém chorar no banheiro, e nem tente mentir
para mim sobre isso. Eu sei que estava.
Ela abriu a boca novamente, pronta para me responder, mas
então ela a fechou. Houve uma contração logo abaixo do olho
direito, e então uma lágrima caiu e rolou por sua bochecha. Não tive
tempo de reagir.
Ela simplesmente desabou, me abraçando e enterrando a
cabeça no meu peito. Eu estava nu, e ela estava descansando a
cabeça no meu peito. Eu não tinha ideia do que estava acontecendo
nos bastidores, em sua mente, mas sabia que precisava de mim.
Nós não nos conhecíamos por tanto tempo ainda, mas agora eu
sentia essa conexão instantânea e poderosa que nunca pensei ser
possível. Ela poderia ser a mulher certa para mim, se ao menos
pudéssemos derrubar a mentira que colocamos entre nós.
Estava ali mesmo, insistindo que ela não era nada mais do que
minha esposa falsa.
Meu pau estava duro, mas eu não estava pensando em fazer
amor com ela. Eu nunca faria isso com alguém em um estado
vulnerável.
Nia ainda estava chorando e soluçando. Eu ficaria continuando
dando apoio até que ela conseguisse se recompor.
E finalmente parecia que isso ia acontecer.
Ela se afastou de mim, esfregando os olhos e secando as
lágrimas. – Sinto muito por isso. Não deveria estar fazendo isso.
Estou agindo fora da minha personagem. Não vai acontecer de
novo.
– O que diabos você está falando? Eu sei que algo está
incomodando você, e eu quero descobrir o que é.
– Não é nada com que você deva se preocupar – ela
argumentou, se afastando de mim. Depois de sua demonstração de
depressão e tristeza, não pude impedi-la. Eu precisava dar um
tempo a ela.
Esta noite não era o momento certo para tentar fazer qualquer
coisa com ela.
Ela se sentou na cama, recusando-se a olhar para mim.
– Mas estou preocupado, e isso não tem nada a ver com nosso
casamento e nossa vida juntos. Ainda não nos casamos, mas logo
faremos isso.
– Exatamente. Você não precisa se preocupar. Quando se trata
de mostrar à sua família – seus pais – que estamos felizes e que
não há nada de errado conosco, eu estarei lá e o dinheiro que
investiu em mim valerá a pena sim.
– Não é disso que estou falando – afirmei, agarrando sua mão.
– O que você quer dizer? – Ela perguntou, finalmente virando a
cabeça para mim, me olhando nos olhos.
– Quero dizer que estou preocupado com você. Eu gosto de
você, Nia, e acho que há algo que aconteceu no seu passado que
você precisa contar. Efrem…
À menção de seu nome, ela virou a cabeça para o outro lado da
sala. – Acho que não há nada sobre ele que precisa ser dito ou
explicado. Ele mora comigo. Por que você precisa saber mais sobre
ele?
– Nia, ele tem um pai. Estou apenas curioso sobre isso e acho
que o que aconteceu com ele ainda dói demais.
– Você é o pai dele agora.
Eu sorri, me aproximando dela. – Eu sei que ele me vê como
seu pai atual, mas ele teve muitos, e parece que… ele nunca
conheceu seu pai original.
Ela virou a cabeça para mim novamente, outra lágrima saindo e
rolando pelo seu rosto. – Eu sinto muito. Eu não quis dizer...
Ela enxugou a lágrima com a mão, balançando a cabeça.
– Não, está tudo bem. Eu sei que você apenas quer o meu
bem. Obrigada.
Seguiu-se um momento de silêncio.
– Houve algo que aconteceu.
– Uhm?
– Efrem não deveria ter nascido. Ainda me sinto envergonhada
do que fiz.
– E o que você fez?
Ela sorriu sem mostrar os dentes. – Fui numa orgia com o pai
dele e um amigo dele. Algum tempo depois, comecei a ter sintomas
de gravidez e logo soube que estava grávida de Efrem.
– Como o pai dele reagiu? E você tem certeza de que ele é o
verdadeiro pai, ou o outro cara com quem você transou? – Eu
perguntei, curvando um canto dos meus lábios e esperando que eu
tinha ponderado bem a pergunta. Eu não queria que ela pensasse
que eu não estava levando isso a sério o suficiente. Estava sim.
Este era o momento de fortalecer nossos laços, meu entendimento
com ela que eu estava esperando todo esse tempo.
Nia balançou a cabeça.
– Eu fui uma idiota. Uma boba, e muito jovem também. Jovem e
estúpida – ela respondeu, fungando. – Eu nem sei se o verdadeiro
pai é o Brayton ou seu amigo. Eu nem me lembro mais do rosto do
amigo dele.
– Sinto muito por você, Nia. Não pensei que fosse tão
complicado.
– Há algo mais. Brayton queria abortar Efrem, mas não deixei.
Eu o amava e jamais teria abortado.
Eu escovei as costas de sua mão com meu polegar, sentindo-o
passando por seus dedos.
– Você fez a coisa certa. Efrem é um bom menino, e é assim
graças a você. Ele é muito inteligente também. Adoro tê-lo por perto.
Ela exalou ar de seus pulmões.
– Está tudo no passado agora, ou pelo menos estou tentando
dizer isso a mim mesma. Tudo o que importa agora...
– É que você está aqui, que seu filho te ama, e que você está
vivendo uma boa vida comigo, apesar de todas as coisas que
aconteceram naquela época – eu terminei para ela.
Ela não disse que eu estava errado. Nia continuou olhando para
mim, me fazendo pensar no que ela ia fazer agora. Eu precisava
que ela pensasse que isso era mais do que seu trabalho, sua
profissão, que ela era realmente bem-vinda em meu apartamento.
O tempo ao nosso redor parou novamente, minha cabeça se
inclinando para ela, fechando meus olhos e... selando meus lábios
com ela. Faíscas explodiram em minha mente, meus braços a
envolvendo e depois a puxando para mim. Eu precisava sentir seu
calor, me banhar nele, e então continuar com isso para sempre.
Ela retribuiu o beijo, pressionando seus lábios contra os meus,
esfregando-os, e então também envolvendo seus braços em volta
de mim.
Mas quando eu pensei que ela estava se abrindo totalmente
para mim, ela rompeu o beijo e se levantou da cama em uma
piscadela.
De costas para mim, não pude deixar de me preocupar com ela
novamente. Havia mais alguma coisa que ela estava escondendo?
Ela balançou a cabeça, dizendo – Sinto muito. Eu não deveria
estar fazendo isso. Isso não vai atrapalhar nosso acordo.
Eu me levantei, passando meus braços ao redor dela e
sussurrando em seu ouvido – Nia, se há alguém por quem estou
apaixonado agora, é você.
Ela girou em meus braços, fechando seus olhos em mim. Eu a
beijei novamente, me banhando no fato de que ela não estava
lutando. Ela estava indo ao fluxo dos meus desejos, entregando-se
a mim.
Eu estava apaixonado por ela.
Estava obcecado.
Quando o beijo foi rompido novamente, foi uma decisão mútua
nossa. Eu precisava que ela me dissesse o que estava acontecendo
em sua mente, o que estava pensando sobre mim e isso.
Eu não ia continuar beijando alguém cuja mente ainda estava
passando por tanta coisa.
– Eu nunca me apaixonei por um marido falso antes – ela
revelou.
– Bem, talvez agora seja a hora de deixar isso acontecer, não
acha? – Eu perguntei, beijando-a mais uma vez.
Ela sorriu. – Talvez você esteja certo. Talvez eu devesse deixar
tudo para lá.
– Nia – eu disse, ronronando em seu pescoço. – Eu sei que
isso é um pouco repentino, mas sinto que conheço você melhor do
que a maioria das pessoas, e quero fazer isso acontecer. Eu quero
deixar isso rolar. Eu amo você e Efrem.
– E não há espaço para Diamond nisso? – Ela perguntou com
uma pitada de humor, curvando o canto de seus lábios.
– Claro que ela pode fazer parte sim – eu respondi, puxando-a
e, em seguida, empurrando-a para a cama. Se havia um momento
bom e apropriado para fazer isso acontecer, então era agora.
Eu ia fazer amor com Nia pela primeira vez em nossa vida.
Capítulo 9
Nia

Seu corpo, tão imenso, apareceu diante de mim. Não considerando


seu boxer preto, ele estava nu. Nú e de pé bem diante de mim,
montado em mim, me fazendo suspirar quando sua mão se moveu.
– Você me permite tirar isso?
– Sim – eu respondi, arqueando minhas costas.
Seus dedos agarraram a parte inferior da camisa do pijama que
eu estava vestindo, puxando-a para cima e depois tirando-a de mim.
Eu não estava com meu sutiã, como de costume. Eu sabia que ele
nunca tentaria nada comigo que eu não quisesse, apesar de todas
as outras mulheres que já trouxe aqui para fazer sexo. E, eu nunca
poderia dormir com tal peça de roupa me irritando, de qualquer
maneira.
E eu pensei, esse tempo todo, que ele não era nada mais do
que um mulherengo.
Mas agora eu estava vendo o verdadeiro Steven, e ele era um
homem como nenhum outro. Ele me deixou tão obcecada por ele, e
eu estava passando minhas mãos em suas costas.
Eu precisava que ele tirasse sua cueca agora. Era uma pena
que ainda a tinha, pensei enquanto percebia uma mancha de seu
pré-sêmen se formando no material.
Eu ri quando ele acariciou meu pescoço, beijando meus lábios,
e então bicando seu caminho até meus seios firmes e alegres.
Envolvendo seus lábios em torno de um dos meus mamilos, ele
puxou nele, aplicando a quantidade certa de pressão, e então
repetiu essas ações uma e outra vez.
Engoli em seco, suas mãos indo para trás das minhas costas,
me puxando mais para ele. Seus quadris estavam moendo contra os
meus, seu pau tão pronto para sair. Mas esse era o presente que
ele ia deixar para o final, não era?
Seus lábios envolveram meu outro mamilo, seus olhos selando
com os meus. Eu não pude deixar de suspirar e depois gemer. Cada
uma de suas ações estava chovendo prazer em mim. Minha boceta
estava ficando mais molhada a cada segundo, e eu me perguntava
quando ele iria fazer o inimaginável e enterrar seu pau dentro de
mim.
Quando ele tirou a boca do meu mamilo, não pude deixar de
notar o brilho de umidade que deixou. Ele cobriu meus mamilos e
seios com sua saliva.
Seus olhos estavam olhando para os meus com toda a
ferocidade contida em seu coração, sua boca se recusando a falar.
Ele não podia dizer nada, pois sua mente estava focada apenas
nisso, em mim, e ele estava me banhando de prazer como nunca
antes.
Suas mãos deslizaram para a calça do meu pijama, puxando-a
para baixo e depois tirando-a de mim. Engoli em seco, seus dedos
em questão de segundos amassando minha pele, amando-a,
acariciando-a com o toque suave que só ele tinha.
Eu me contorci um pouco, precisando dele dentro de mim.
Ronronou, sua cabeça se movendo para cima, roçando a pele
das minhas coxas. Justo quando eu pensei que ele ia arrancar
minha calcinha rendada, ele desceu rapidamente, sua boca
provocando meus dedos dos pés.
Steven não disse nada de novo, e ele não precisava.
Colocando a língua para fora, ele começou a lamber meus dedos
dos pés. Um por vez. Sua língua estava molhada e quente,
exatamente como eu gostava.
Eu não conseguia parar de me contorcer, forçando-o a agarrar
meus tornozelos. Era a única maneira de manter meus pés no lugar
certo, logo abaixo do seu queixo.
Sentindo que ele ia conseguir mantê-los ali mesmo, sua barba
por fazer roçando nele, ele lambeu meus dedos dos pés um pouco
mais. Cada volta de sua língua era suficiente para fazer minha
boceta ficar muito mais molhada.
Eu precisava dele dentro de mim.
Eu precisava de Steven fazendo amor comigo, levando isso
para o próximo nível e depois para além dele também.
Ele ronronou de novo, se esgueirando, beijando minha barriga e
depois deslizando para baixo. Seus dentes morderam a faixa da
minha calcinha. Eu arregalei meus olhos em resposta, quase me
perguntando se eu deveria pedir para ele parar antes de perceber
que não tinha sentido em fazer isso.
O que ele ia fazer agora, ele ia terminar, e pela primeira vez, eu
ia ter um vislumbre do seu pau imenso.
Eu podia ver, por baixo de sua boxer preta, a mancha de seu
pré-sêmen. O cheiro de sexo e suor impregnava o ar e, por esse
motivo em especial, me excitava muito mais.
Eu só conseguia pensar nisso.
Eu só conseguia pensar nele me fodendo com todas as suas
forças aqui e agora.
As paredes do quarto eram grossas o suficiente. Elas iriam
conter meus gemidos e seus grunhidos. Elas iriam abafar todos os
barulhos que faríamos.
– Por favor, Steven – gemi, me perguntando se ele iria aquecer
nosso sexo agora, ou se ele continuaria brincando com sua comida
por mais algum tempo.
Ele fez o inimaginável então e tinha algo para me dizer.
– Por favor o que? Você está realmente pensando que eu não
vou terminar isso? Estou apenas esperando pelo tempo certo – ele
brincou, bicando meus lábios mais uma vez, e então deslizando sua
mão para baixo.
Eu nem vi isso acontecendo antes que fosse tarde demais.
Ele começou a esfregar meu clitóris, usando apenas o dedo
indicador para fazer isso. Meu coração estava vibrando, batendo
rápido como um trem em alta velocidade.
O suor do meu corpo encharcava os lençóis, e a temperatura
no quarto dele nem era muito quente. Steven tinha mencionado para
mim que ele gostava de dormir quando estava um pouco mais frio
do que o normal.
Eu não me importava com isso. Não agora mesmo. Eu
costumava me importar com isso antes. Antes de conhecer o
verdadeiro ele, o Steven por trás de sua máscara.
Seu pau estava tão duro. Quando ele iria me deixar envolver
meus dedos em torno dele?
Decidi que não podia mais esperar por isso, empurrando-o de
cima de mim e fazendo-o cair deitado no colchão.
Seus olhos se arregalaram um pouco, minhas pernas
escarranchadas sobre ele. Eu estava em cima dele agora, ansiosa
por mais controle. Ele não ia continuar ditando o ritmo do nosso
sexo.
– Não adianta continuar com isso – afirmei, empurrando para
baixo seu boxer.
Finalmente, eu estava vendo seu pau em toda a sua glória bem
na minha frente. Estava para fora, duro e apontando para mim. As
veias pareciam saltar. Era bem escorregadio, também. Seu pré-
sêmen não parava de vazar, também.
O tom rosado de suas bochechas era inconfundível no que isso
significava. Ele estava tão excitado, seu peito arfando.
– Você lê minha mente com facilidade – ele ronronou, meus
dedos enrolando em torno de seu grande pênis branco antes de
começar a acariciá-lo.
Suas mãos brincavam com meus seios, seus dedos acariciando
meus mamilos. O calor de suas bolas continuou pulsando em mim.
Meus olhos notaram que ele se barbeou não fazia muito tempo. Ele
estava planejando fazer sexo com uma de suas prostitutas, e não
comigo.
Mas também percebi que esse momento era diferente para ele.
Steven estava fazendo isso porque seu coração estava cheio
de puro amor por mim.
A glande de seu pênis continuou me atormentando. Eu não
podia mais esperar por isso, então fechei meus olhos, cessei minha
respiração e envolvi meus lábios em torno dela.
O gosto de sua salinidade revestiu minha língua assim que
terminei de fazer isso, me banhando em tudo o que fazia dele o
homem que era. Mesmo que eu estivesse em cima dele agora,
ditando isso, eu me sentia tão pequena em comparação a ele.
E eu era bem pequena. Ele provavelmente pesava duas vezes
mais do que eu, seus músculos salientes e flexionados enquanto ele
continuava me apalpando. Eu gemi, girando minha língua, chupando
todo o seu pré-sêmen, e me perguntando quando ele ia disparar sua
porra em mim.
Eu precisava dele gozando dentro da minha bunda, e em
nenhum outro lugar.
Eu beijei seu pau, não me importando com o que poderia
acontecer depois disso. Tudo o que eu sabia era que eu estava
apreciando cada segundo disso, me imaginando me casando com
esse homem de verdade, e então...
Eu estava pensando muito à frente. Não tinha sentido em
imaginar se o homem que deveria ser nada mais do que meu cliente
iria querer ser mais do que isso.
Envolvi meus lábios em torno de sua glande quando ele me
empurrou para fora dele, ficando em cima de mim. Eu arregalei
meus olhos e me perguntei se ele seria gentil comigo agora. Eu
queria que fosse.
Steven sempre foi gentil comigo esse tempo todo. Não havia
nenhuma razão ou motivo para ele mudar seu comportamento neste
momento.
– Diga-me que você quer isso – ele ronronou, salpicando meu
pescoço com beijos impossíveis e carentes.
– Eu quero isso e muito mais – respondi, desejando que seu
pau estivesse dentro de mim e não apenas esfregando contra os
lábios da minha boceta.
– Então, você será minha rainha – ele prometeu, esfregando
meu clitóris vigorosamente com o dedo, seus olhos focados nos
meus durante todo o calvário.
Continuei contorcendo meu corpo, seus dedos agora
provocando as dobras da minha boceta. Eu me perguntei se ele iria
entrar com o seu pau em mim mais cedo ou mais tarde. Eu
precisava disso, dele entrando, esgueirando-se dentro de mim até o
final, e então metendo como se não houvesse amanhã.
Ele se inclinou, curvando o corpo, mostrando a língua. Eu senti
isso acontecendo antes dos meus olhos perceberem. Ele estava
esfregando sua língua contra minhas dobras, gastando mais tempo
do que deveria com isso.
Eu estava dizendo isso porque eu estava começando a sentir
meu orgasmo chegando, crescendo, transbordando. Eu não sabia
por quanto tempo continuaria resistindo a tudo isso, a tentação do
meu clímax.
– Não tenho certeza se vou conseguir tirar a tempo. Você usa
contraceptivos? – Ele ronronou, mordiscando minha orelha direita.
– Sim. Depois de Efrem, sempre sou bem cuidadosa com isso.
– Ótimo. Então, eu não preciso me segurar – ele brincou,
agarrando minhas pernas e então alargando a distância entre elas.
Seu pau me provocou, cutucando minha entrada, e então ele
mergulhou fundo, entrando até o finalzinho.
Ele chegou a um ponto que eu nunca pensei ser possível, seu
grande pau branco me fazendo sentir pequena. Suas estocadas
eram lentas e medidas no começo, mostrando quanto amor ele
sentia por mim.
Ainda não vivíamos juntos por bastante tempo, e ele já se
apaixonou por mim. Eu não poderia ter pedido algo melhor, mais
gratificante para minha vida, cada movimento dele me lembrando o
quanto ele se importava comigo.
Ele me levou para morar aqui, pagando caro por isso, mas
também estava dando um passo adiante disso. Eu não conseguia
nem lembrar mais que eu não deveria ser nada mais do que sua
esposa falsa. Diamond ia adorar saber disso.
Eu ia ter que contar a ela sobre esse desenvolvimento novo,
claro.
Ele pegou o ritmo, suas bolas batendo contra minha bunda, seu
pau indo até o final e atingindo meu ponto G.
Minhas costas arquearam, meus dedos dos pés se curvaram e
uma onda de orgasmo caiu contra mim. Logo começou a gozar
dentro de mim, e ele me encheu com sua semente. Seu leite era
cremoso e bem quente, pegajoso também, e ele ficou dentro de mim
por algum tempo para ter certeza de que nada seria perdido.
E nada foi. Steven permaneceu dentro de mim pelo tempo que
ele achou que precisava, me fazendo perceber o quanto eu estava
sentindo falta do ato de compartilhar o amor de um homem.
Eu podia me ver vivendo assim.
Com ele.
Capítulo 10
Steven

Não pensei que fosse acontecer assim. Em um momento eu estava


me perguntando se havia algo errado em sua vida, e no seguinte eu
estava mostrando a ela que não podia viver sem ela. Quem teria
pensado que eu me apaixonaria pela mulher que aluguei para ser
minha esposa?
Tudo estava indo bem conosco, no nosso apartamento. Nia
ainda estava morando comigo, ainda fingindo ser nada mais do que
minha noiva, ainda mentindo sobre tudo para mamãe e papai.
Eles ainda não sabiam e achavam que essa coisa toda não era
encenada. Eles pareciam tão jubilosos com Nia, como se ela
sempre fosse parte de suas vidas.
Eu estava em uma pequena joalheria no centro de Lost Hope,
meus ouvidos mal registrando o barulho de carros, SUVs, picapes e
motocicletas passando na estrada atrás de mim.
Eu tinha uma boa razão para não estar prestando muita
atenção a tanto nível de ruído, claro.
Eu estava focado em escolher o anel certo para dar a ela.
Precisava ser algo que a fizesse lembrar, onde quer que ela
estivesse, o amor que eu tinha por ela. Onde quer que ela fosse, em
qualquer lugar que visitasse, ela olharia para seu anel e pensaria
em mim.
Por esse motivo, não poderia ser algo que a maioria das
pessoas olhasse em uma loja e pensasse “uau, que legal. Isso é
algo que eu deveria comprar para minha noiva ou esposa.”
Mamãe e papai estavam fazendo os arranjos para o
casamento. Aos olhos deles, nada poderia dar errado. Eles tinham
dinheiro, e eu tinha o tempo necessário agora para fazer o
casamento acontecer.
A irmã e o filho dela ainda moravam conosco, claro, e eu estava
desenvolvendo um relacionamento muito feliz e confortável com
eles. Eles adoravam viver sob o meu teto, passar tempo comigo,
brincar comigo e coisas do tipo.
Um dos atendentes parou na minha frente, ajustando com a
mão sua gravata borboleta. Seu cabelo era do tipo cortado curto e
penteado para trás. Parecendo estar em seus trinta e poucos anos,
ele parecia pronto para me vender uma casa agora e não apenas
um par de anéis.
– Há algo que você está procurando, senhor?
– Estou procurando um anel de casamento, algo que não se
destaque muito, mas ainda assim possa cativar minha esposa.
Ele ergueu o dedo indicador, como se dissesse “eureka” e
depois disse – Tenho o que precisa, senhor.
Virando-se graciosamente, mantendo o braço esquerdo colado
ao torso, ele então me levou para outra parte da loja. Meus olhos se
arregalaram ao perceber que eles tinham toda essa coleção com
eles.
– Isso deve ser do seu agrado, senhor...
– Me chame de Steven, e não se preocupe com meu
sobrenome. Não importa agora.
Ele manteve sua compostura firme, olhos sérios de alguém
determinado a me vender alguma coisa. Não importava o que ele
conseguisse vender, contanto que se certificasse de que eu não
saísse daqui de mãos vazias.
Bati um olhar em sua coleção de anéis, achando muito difícil
escolher um. Alguns momentos depois, encontrei o que estava
procurando. Atendia a todos os requisitos, sendo apenas o anel que
uma dama como Nia adoraria ter em seu dedo de casamento.
– Eu vou pegar este – eu disse, apontando para ele.
Ele o tirou da vitrine, colocou-o em uma caixa de veludo e
depois me perguntou se eu o embrulharia para presente. Eu disse
que sim e ele então cobriu a caixa de veludo com papel de presente.
Tinha boa aparência. Parecia o tipo de coisa que se esperaria
como presente de casamento e não de aniversário.
Eu saí da loja, entrando no meu carro, dirigindo para longe de
lá, e então parando na calçada do meu prédio.
Nia caminhou até o carro, abrindo a porta e sentando no banco
do passageiro. Beijando-me, ela disse – Espero que isso valha a
pena. Você sabe que eu não saio do apartamento com tanta
frequência, e eu também estava ocupada. Sua mãe gosta de dar
trabalho.
– Eu sei, e está tudo bem. Eu só não posso fazer isso no
apartamento, com todo mundo fazendo muito barulho o tempo todo.
Eu só preciso de um pouco de privacidade e paz agora.
– Hmm, é algo que vai me chocar ou apenas me surpreender?
Eu sorri, beijando seus lábios. – Bem, você decide. Não vou te
contar nada agora. Afinal, é um segredo.
– Então, me leve até lá.
Pisei no acelerador, tirei o carro de lá e segui pelas estradas
que me levariam ao destino que tinha em mente. Era um mirante
solitário e pacífico não muito longe de Lost Hope.
De lá de cima dava para ver toda a cidade, inclusive nosso
apartamento. Estava meio escondido entre outros prédios, mas isso
não passava de um detalhe.
Mamãe e papai não precisavam saber que eu a levaria lá. Eu
tinha acabado de dizer a eles que ia ficar fora por um tempo. Eles
perguntaram se eu não estava pensando em procrastinar no
trabalho, mas prometi a eles que não era esse o caso.
O mirante tinha seu próprio espaço de estacionamento.
Desligando o motor, eu a levei para o penhasco, a luz da lua cheia
nos banhando.
Minha mão estava segurando a dela. Eu precisava da
segurança e do conforto que só ela podia me proporcionar, o
assobio do vento me lembrando do meu primeiro amor. Eu estive
em um lugar semelhante naquela época, com a maior diferença
sendo que havia uma árvore atrás de nós neste mirante.
Bem, isso não era nada mais do que uma coisa do passado
agora. Eu podia olhar para frente, no presente, e focar na beleza
parada bem ao meu lado.
Nós paramos. Havia um banco atrás de nós, mas não prestei
muita atenção nele. Havia alguns nomes e rabiscos em algumas
partes, e eu ainda não sentia vontade de sentar nele, pensei.
Meus olhos estavam focados em Nia, parada diante de mim.
Ela riu ao perceber o que estava passando pela minha mente.
– Você está me deixando envergonhada agora.
– Por que? – Perguntei, acariciando os nós dos dedos de sua
mão com meu polegar.
– Porque você está tentando me fazer pensar que isso é uma
surpresa, algo secreto, mas posso ver através disso.
– Sério mesmo? – Perguntei, arregalando meus olhos. Droga,
eu deveria ter previsto isso. Nia era o tipo de pessoa que passou por
todos os tipos de problemas e experiências em sua vida. – Bem,
então me diga qual é a sua resposta.
Ela abriu um sorriso de orelha a orelha, me fazendo ter vontade
de beijá-la neste instante. Eu não fiz isso porque o momento
apropriado para isso ainda estava por vir. Até então, eu precisava
manter meus sentimentos sob controle.
Ela demorou um pouco para responder, mas assim que o fez,
ela inundou meu coração com alegria, luxúria e amor.
– Claro que vou me casar com você, seu tolo. Eu estive
pensando sobre isso, e não há mais ninguém com quem eu prefiro
passar o resto da minha vida.
– Você sempre me provoca muito – eu brinquei, tirando a caixa
do meu bolso e apresentando a ela. – Eu comprei isso para nós.
Ela engasgou, cobrindo a boca. – Eu não achei que você tinha
embrulhado para presente.
– Bem, é de nós que estamos falando e eu não poderia ter feito
diferente. Você é o amor da minha vida, Nia. Eu quero que você
saiba disso.
– Eu sei, mas isso ainda é tudo tão repentino.
Meu coração pulou uma batida. – O quê? Você acha que vai
mudar de ideia sobre isso e me dizer que você não quer que o
casamento aconteça?
– Nada disso. Só estou dizendo que vamos ter que esquecer o
contrato.
– Esqueça ele. Não importa agora ou em qualquer momento no
futuro.
– Nós ainda temos que tornar isso oficial – ela brincou,
piscando.
Eu beijei seus lábios então e ali. Eu simplesmente não podia
esperar mais para tornar isso oficial. O contrato? Esqueça ele. Não
era um problema no momento. A única coisa que importava para
mim era fazer da minha noiva falsa, minha futura esposa falsa, a
minha verdadeira.
– Beijar a noiva antes do casamento. Acho que há algo sobre
isso em algum lugar que me diz que é meio errado e propenso a
arruinar as coisas em nossa vida.
– Bem, eu não me importo com essas insinuações, o que pode
acontecer, e estou focado apenas em você agora.
– Então, você pode ter certeza de que... sim, o casamento vai
acontecer, você vai se tornar o pai oficial de Efrem, e que ele vai
morar lá pelo resto da sua vida.
– Não para o resto de sua vida – eu disse, brincando. – Acho
que ele apreciaria se tivesse uma casa em algum lugar mais
privado, ensolarado e com praias. Você não acha que todos nós
merecemos isso?
– Claro que merecemos – ela respondeu, puxando-se para mim
e envolvendo os braços atrás do meu pescoço. – E acho que
precisamos tornar esse momento oficial para todos. Que tal postar
uma selfie no meu Instagram?
– Nos nossos Instagrams – eu a corrigi, pegando o telefone e
ligando a câmera frontal. Toquei no grande botão redondo na parte
inferior da tela, carregando a selfie no aplicativo.
Papai, mamãe e o resto da família sabiam do casamento, mas
estavam nos incomodando para torná-lo mais oficial. Meu
argumento era que não precisávamos torná-lo mais oficial do que já
era, mas agora eu podia ver o que eles queriam dizer.
Supus que dar um anel a ela era algo que sempre aconteceria,
mas pensei que seria um evento surdo e morto. Este era
exatamente o oposto, o sorriso em seu rosto brilhando com a luz da
lua.
Nós nos beijamos mais uma vez, tirando muitas outras selfies e
postando todas no Instagram. Algumas delas tiveram alguns
comentários nossos, mas a maioria não. Não conseguíamos focar
em nada que não fosse nós, que não fosse nosso beijo e essa noite
singular.
Aqui fora, ao redor de Lost Hope, não podíamos nem ouvir o
zumbido e a agitação da cidade além. A metrópole era agora nada
mais do que uma mera cena, um pano de fundo que fazia nosso
amor e paixão um pelo outro parecerem intensos, impenetráveis.
Eu não conseguia parar de rir, lutando contra ela, sua mão
agarrando meu telefone às vezes, e depois tirando selfies de si
mesma comigo.
O tempo passou zunindo. Eu não conseguia me concentrar
nisso. Não conseguia me concentrar no que estava fazendo, já a
despindo enquanto meu pau ficava mais duro a cada segundo,
meus olhos ignorando um leve movimento atrás dos arbustos.
Provavelmente não era nada mais do que um esquilo ou um
pássaro em busca de segurança.
Nós íamos fazer amor mais uma vez. Nia e eu não
conseguimos nos controlar.
Capítulo 11
Nia

Estava acontecendo. Eu estava me casando com o homem da


minha vida. Quando contei a Diamond sobre isso, ela também não
acreditou. Eu ainda tinha que usar meu nome e identidade falsos
com seus pais e sua família, mas não era um problema.
Não importava muito.
Ele estava feliz, sorrindo onde estava, de pé na plataforma que
chamavam de altar da igreja. Parecia bastante antigo, o estilo
barroco fazendo com que se assemelhasse a um castelo.
Era um castelo digno de uma rainha como eu então, brinquei.
Ele me disse uma e outra vez que eu era sua rainha e não mentiu
sobre isso. Eu não era apenas isso para ele, no entanto. Eu era
mais do que isso. Steven não podia mais viver sem mim.
Eu não poderia viver sem ele também.
Eu tive que pedir a alguém na internet para se passar por meu
padrasto para esta ocasião. Meu braço estava ligado ao dele e ele
não conseguia parar de sorrir. Ele estava achando tudo isso nada
menos que divertido.
Eu estava me casando com meu próprio cliente?
Para alguém como ele, que fingia ser namorado de mulheres
em Lost Hope, não podia acreditar que isso estava acontecendo.
Mas minha família me deserdou e me abandonou fazia bastante
tempo, e ele era portanto minha única opção. Não tive coragem de
chamar nenhum deles para vir aqui e me entregar ao meu futuro
marido.
Fui contratada para ser sua falsa noiva, o que acabei sendo por
algum tempo, e agora ia me tornar sua verdadeira esposa. Se ele
tivesse mencionado que isso ia acontecer quando me contratou, eu
teria rido pra caralho dele.
Eu teria dito a Steven que ele estava apenas brincando e
tentando me fazer sentir melhor sobre o tipo de trabalho que eu
havia escolhido.
Mas eu realmente não tinha escolhido-o, tinha? Fui obrigado a
trabalhar aqui. Era uma coisa tão boa que eu estava deixando
aquela vida para trás e agora podia olhar para frente, imaginando o
que Efrem iria pensar agora que Steven estava pronto para se
tornar seu verdadeiro padrasto de agora em diante.
Ele estava sentado em um dos primeiros bancos dentro da
igreja, balançando as pernas. Seu sorriso, de natureza jubilosa, me
confortou. Eu não podia pensar ou imaginar que algo pudesse dar
errado aqui.
Eu estava vivendo o pico da minha vida, sem dúvida.
Eu me perguntava se algum dia iria contar a verdade sobre nós
aos pais dele, quando isso parasse de importar. Mas isso era uma
bagunça que eu não queria mexer agora. Se eu soubesse que teria
me apaixonado por ele, não teria mantido minha verdadeira
identidade em segredo deles, quando nos conhecemos.
Diamond também estava sentada em um dos primeiros bancos,
mantendo a cabeça virada para mim, os olhos brilhando de alegria.
Talvez um dia ela se encontrasse na mesma situação, também se
casando com alguém que ela pudesse chamar de homem de sua
vida.
Entornou meu estômago um pouco que seus pais ainda
estavam pensando que eu era a mulher que ele ajudou no metrô um
dia, pegando minha bolsa e a devolvendo para mim enquanto eu
lutava contra hordas de pessoas tentando entrar nos vagões.
Eu não podia fazer nada sobre isso agora, porém, então
guardei esse pensamento nas profundezas da minha mente e me
esqueci dele.
O vestido de noiva, algo que me levou mais tempo do que eu
queria para escolher e encomendar, me deu um ar elegante. Os
convidados dentro da igreja me olhavam com os olhos arregalados,
cada um deles desejando estar no meu lugar.
Eles conheciam a reputação de Steven, o tipo de homem que
ele era e o que significava se casar com ele. Ele sempre foi um
pouco mais possessivo do que deveria ser, mas tudo bem. Ele era
um bom homem no final, sempre cuidando de mim.
Meu falso padrasto me levou para a igreja, aquela famosa e
comum canção de casamento ecoando dentro da câmara principal.
Quando entramos na igreja, todos os convidados se
levantaram, batendo palmas e gritando palavras e frases de
encorajamento. Uma lágrima caiu e rolou pelo meu rosto, meus
olhos ainda focados na única pessoa que importava para mim neste
momento.
Steven Gove.
Depois de me casar com ele, eu seria Nia ou Roxann Gove.
Isso dependia de quem perguntaria qual era meu nome verdadeiro.
Para a maioria das pessoas, porém, eu sempre seria Roxann.
Apenas Diamond e Efrem ainda saberiam qual era meu nome
verdadeiro.
Nós não planejamos isso ainda, mas eu já estava pensando
que Steven teria que mexer alguns pauzinhos para ter certeza de
que o sistema judicial mudasse meu primeiro nome. Este casamento
não era muito oficial, então ainda havia muito tempo para isso.
Em termos práticos, meu nome ainda seria o mesmo da minha
certidão de nascimento – Nia Hersey. Não havia muito que eu
pudesse fazer agora sobre isso, então guardei essa preocupação
para outra hora.
Eu ainda estava vivendo uma mentira, mas o casamento era
mais do que real.
Steven era o único que importava, aquele que precisava saber
minha verdadeira identidade, e ele estava muito feliz com essa
reviravolta.
Ele me contou sobre sua vida antes de me conhecer, a pressão
para se casar com a mulher certa e provar a seus pais que ele não
era um virgem de 40 anos.
Ele não era virgem desde o final da adolescência, mas para
pais como os dele, o que era mais importante para eles era se casar
com uma mulher bonita como eu.
Eles estavam curiosos sobre o meu passado e tudo mais, mas
foi por isso que fiz o que fiz. Eu era um bom mentiroso. Eu sempre
inventava uma história diferente para as famílias de cada cliente
meu, e com Steven não foi diferente.
Todos eles acreditavam na minha mentira. Ainda bem que não
mantinha mais contato com minha família, a não ser minha irmã e
meu filho, pensei. Isso facilitava minha profissão, ter menos pessoas
que pudessem apontar que eu não era quem dizia ser.
Terminei de cruzar o corredor no meio da igreja, seguindo para
o altar. Fui entregue ao meu futuro marido, seu terno preto com a
gravata borboleta escura adicionando um glamour à sua presença
que eu nunca tinha visto antes.
De pé na frente dele assim, tudo que eu conseguia pensar era
quando o padre ia me pedir para beijar Steven. Ou para ele me
beijar. Não importava. Tudo o que importava era tornar nosso
casamento oficial, descobrir como tornar minha identidade falsa a
verdadeira, e depois fugir de Lost Hope.
Era um lixo.
Eu não podia tolerar esse lugar por muito mais tempo. Steven
estava certo quando disse que precisávamos sair daqui. Qualquer
coisa seria melhor do que continuar vivendo em uma cidade onde,
quando não estava nevando, as nuvens cobriam o céu e
bloqueavam a maior parte do sol.
Agora, como se estivesse brincando sobre isso e me fazendo
sentir uma tola, o céu era tudo menos uma dessas coisas. O sol nos
banhava com seu calor, iluminando o interior da igreja, deixando os
rostos de todos mais animados.
– Você está tão linda hoje – disse ele, suas mãos coçando para
segurar as minhas e beijá-las. Eu queria fazer isso agora também,
mas tínhamos que esperar um pouco.
O padre, um velho calvo, ainda tentava se orientar sobre o que
fazer agora. Suas mãos estavam folheando as páginas da sua velha
bíblia, tentando encontrar as palavras certas que precisava recitar.
Eu não achei que ele não pudesse se lembrar delas, mas que
isso era algo que ele vinha fazendo por uma boa parte da sua vida,
seguindo seus próprios passos.
O fato de ele ainda estar tentando encontrar a página certa me
dava tempo suficiente para continuar conversando com meu futuro
marido, o cheiro do seu perfume entrando nos meus pulmões.
Eu queria beijá-lo neste instante. Eu estaria fazendo isso se
fosse possível.
– E você está deslumbrante também, Steven – eu disse,
mantendo minha voz baixa para que ninguém pudesse nos ouvir.
– Eu não tenho que mentir sobre minha identidade, que é algo
que eu valorizo, e mais uma coisa...
– Shhh, seu tolo. Você quer que todos aqui fiquem sabendo
sobre nosso acordo?
– E se eles descobrirem? Não é como se pudessem mudar
muito sobre nós.
Eu ri, abafando o som. – Você está realmente me fazendo
pensar que você não é nada mais do que um tolo. Nossas vidas
seriam arruinadas se descobrissem que eu menti para eles sobre
meu nome.
– Não, não seriam. Eles teriam que aceitar, e então você e eu…
– Teria que passar horas explicando tudo – eu disse, me
inclinando para ele e ameaçando beijá-lo antes da hora certa.
– Você não teria que explicar nada. Não se preocupe com isso.
Eu daria todas as explicações, inclusive contando a mamãe e papai
o que realmente aconteceu – ele prometeu quando o padre da igreja
pigarreou, chamando a atenção de todos para ele.
Ele começou a recitar suas palavras, mantendo-as breves e
diretas. Fiquei ali com Steven, desejando poder estar segurando sua
mão e abraçando-o. Ele era tão apetitoso, fazendo meu corpo inteiro
pulsar enquanto eu também sentia vontade de fazer amor com ele.
Eu queria tanto poder fazer isso.
Levou pouco tempo para o padre da igreja fazer uma das
perguntas mais importantes para o público presente no casamento.
– Há alguém aqui que se opõe a este casamento e tem algo a
dizer sobre? Fale agora ou fique em silêncio para sempre.
Um momento de silêncio se seguiu, me fazendo pensar se
alguém iria falar ou não. Prendi minha respiração, não desejando
que essa paz fosse perturbada por qualquer motivo. Eu estava me
casando com o homem da minha vida, e não deveria haver nada
nem ninguém capaz de arruinar isso.
Exceto... Parecia que havia um.
Pela entrada da igreja entrou ninguém menos que Brayton,
segurando em sua mão algo que eu pensei que ele já tinha jogado
fora. Nosso diário de amor, onde guardamos detalhes de nossos
encontros, o que fizemos juntos, seu amor por mim, meu amor por
ele, seu desejo de me fazer a mulher mais feliz de sua vida e etc.
Mesmo sendo nada mais do que um daqueles homens
mulherengos que se achavam, ele prometeu uma e outra vez se
casar comigo, ter uma vida feliz comigo, me levando por todo o
mundo e coisas do gênero. Fui tão burra com ele.
Houve um tempo em que ele era assim, mas aquele momento
de seu ser, sua vida, já se foi há muito tempo.
Ele deixou seu desejo claro para mim naquele dia quando disse
que preferia me fazer abortar Efrem, e até agora eu ainda não
conseguia perdoá-lo por isso. Eu nunca teria descoberto como era
ter um filho na minha vida, cuidar dele, alimentá-lo e comprar
presentes para ele sempre que pudesse – o que muitas vezes não
era suficiente.
Ainda segurando o pequeno mas grosso caderno com aquelas
anotações na mão, ele gritou para que todos pudessem ouvi-lo.
– Essa mulher não é quem ela está dizendo que é, e eu estou
aqui para provar isso.
Steven virou a cabeça para mim, arregalando seus olhos. Ele
não podia acreditar que isso estava acontecendo, que um estranho
estava contestando a integridade deste casamento, e que este
podia ser alguém sobre quem eu deveria ter falado mais antes.
Ódio queimava as íris dos seus olhos.
Capítulo 12
Steven

Eu não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Quem


diabos era esse homem, e o que no mundo ele estava pensando
que estava fazendo aqui? Eu estava no meu casamento e me
casando com a mulher da minha vida.
Ela estava bem ao meu lado e não podia acreditar no que seus
olhos estavam testemunhando também. Aquele homem, eu deveria
saber quem era ele. Eu não lembrava seu nome exato no momento,
mas eu podia dizer que ele não era outro senão o ex-namorado de
Nia.
Aquele que lhe pediu para abortar Efrem.
Na verdade, era pior do que isso.
Ele ordenou que ela abortasse seu próprio bebê, e isso era algo
que eu nunca poderia perdoar. Eu o amava e nunca poderia pensar
em fazer algo assim. Eu nunca poderia tentar ordenar a uma
namorada minha que abortasse seu bebê.
Era um ato desprezível. Fazia meu sangue ferver.
Dei um passo à frente ali mesmo, me colocando na frente de
Nia e dele. Eu não sabia o que estava se passando em sua mente,
mas nunca deixaria os dois sozinhos.
Se ele tinha algo a dizer, então ele precisava dizer na minha
cara. Se estava pensando que eu poderia lhe perdoar pela intrusão,
então iria se arrepender da decisão de aparecer aqui sem ser
convidado.
De pé exatamente onde estava, eu estava mostrando a todos
na igreja o quanto o casamento significava para mim. Eu endireitei
minhas costas um pouco mais, procedendo em sua direção até
onde podia.
Eu poderia socá-lo agora e acabar com essa farsa.
– O que diabos você pensa que está fazendo? – Perguntei,
respirando como um vulcão pelas minhas narinas.
Ele abaixou a mão que segurava seu pequeno livro. Parecia
desgastado e velho, como se estivesse com seu dono por anos. Eu
não tinha ideia de qual era a história por trás dele e nem ia
perguntar nada. Não era o que deveria fazer agora.
O que mais importava para mim era manter Nia se sentindo
segura e protegida, que era o que eu estava fazendo.
– Estou aqui para dizer que seu casamento não passa de uma
farsa.
– Quem diabos é você? – Rosnei, me controlando para não
acabar com ele agora. Se eu fizesse isso, o casamento teria que ser
cancelado e eu não deixaria isso acontecer.
– Eu sou o namorado dela e o verdadeiro pai de Efrem.
– Quem diabos é Efrem? – Minha mãe perguntou, colocando a
mão no peito e olhando para nós com os olhos arregalados.
– Não importa, mãe. Esse cara vai sair daqui e nunca mais
voltar.
Eu tive que me perguntar como ele conseguiu entrar aqui. Eu
pensei que tinha colocado guardas do lado de fora para evitar que
esse tipo de coisa ocorresse, mas parecia que falhei nisso.
– Eu não vou para lugar nenhum. Caso não saiba, estou
autorizado a ir e vir aqui. Você não é dono da igreja, idiota.
– Oh, tão vulgar e inapropriado – mamãe reclamou, suas
bochechas corando.
– Estou te avisando. Dê o fora daqui ou vai se arrepender disso.
– E o que você pensa que vai fazer, valentão? Você vai me
bater?
Ele era negro, assim como Nia. Ele era seu ex-namorado, mas
o que eu não conseguia entender era por que ele estava aqui agora
e não fazendo algo mais produtivo com sua vida. Se ele estava
pensando que ia mudar minha mente sobre me casar com ela,
então logo ficaria decepcionado.
– Eu não vou fazer nada além do que eu posso fazer – eu
disse, olhando por cima do ombro dele e gritando – Guardas, tirem
esse homem daqui. Ele não é um convidado.
Eles correram até ele, alguns deles pegando seus bastões e
levantando-os sobre suas cabeças. Não havia razão para bater
nele, embora meu sangue estivesse fervendo e implorando para que
eu os deixasse fazer isso.
Eu não ia dar a ele a satisfação disso acontecer, então levantei
minha mão, ordenando que meus guardas guardassem seus
bastões em seus cintos.
– Nia nunca terminou comigo, você sabe – ele brincou.
– Q-quem é Nia? – Meu pai perguntou, dando um passo à
frente, mesmo não chegando muito perto dele.
Eu levantei minha mão, algo em mim me dizendo que eu
deveria ouvi-lo. Não que eu confiaria em suas palavras ou algo
próximo disso, mas precisava acabar com a sua confiança. Ele não
podia sair daqui pensando que estava fazendo a coisa certa, que
tinha qualquer direito sobre Nia.
Eu era o único com qualquer direito sobre minha futura esposa.
– Pai, não dê ouvidos a ele. Ele só está falando coisas sem
sentido – insisti, cuspindo saliva.
Os guardas o agarraram pelos braços, mantendo-o contido. Ele
não podia fazer nada, e duvidava que tentaria de qualquer maneira.
Ele sabia que não deveria se colocar em uma posição humilhante
onde nada do que ele ia dizer importava.
– Não dessa vez – o homem rosnou, levantando os braços o
mais alto que podia e então abrindo o caderno. – Está vendo essa
foto nossa? Nós estávamos apaixonados.
– Isso aconteceu anos atrás – retrucou Nia, dando um passo à
frente e pegando minha mão, parecendo mais calma do que estava
de fato. – Eu amo apenas um homem agora, e seu nome é Steven.
– Não é mais sobre isso, princesa, mas sobre contar a todas
essas pessoas aqui sua verdadeira identidade. Você acha que pode
mantê-la escondida para sempre?
Os olhos de Nia se arregalaram, seu rosto ficando mais pálido.
– Você não pode fazer isso. Não tenho mais nada a ver com
você.
– Isso não é mais o caso. Você não apenas foi embora naquela
noite, você parou de atender minhas ligações.
– Acabamos de nos separar. Não havia mais nada a ser dito.
– E agora, aqui está você pensando que pode simplesmente se
afastar de tudo e fingir que está vivendo uma vida feliz e plena.
– O que acha que está fazendo, hein? Você acha que pode
continuar nos assediando assim? Eu vou processar você – ameacei
com a intenção de terminar isso o mais rápido possível. Ainda havia
tempo suficiente para salvar o casamento.
– Você pode me processar quantas vezes quiser, mas nunca te
darei dinheiro. Não tenho nada no banco ou na minha casa. Diacho,
eu nem tenho mais casa. Eu moro na rua, fumando maconha e me
matando por comida.
– Patético. Roxann merece uma vida melhor do que isso.
– Isso não importa para mim, de qualquer maneira. Tudo o que
estou dizendo é que não posso deixá-la viver uma mentira, e
também preciso da minha vingança. Essa cadela achou que podia
ficar me ignorando.
– Você terminou com ela, tentando matar Efrem! – Eu gritei,
cuspindo saliva da minha boca novamente.
Ele sorriu, estreitando um pouco seus olhos.
– Ahhh, aí está. O verdadeiro nome dele. Ele não é um tal de
Charles. Ele não tem nome de menino branco. Ele é meu Efrem e
gosta de mim, vê?
Efrem correu para ele de repente, mas Nia o agarrou pela gola
de sua camisa, puxando-o para ela. – O que você está fazendo,
Charles? Ele não é seu pai. Ele não passa de um estranho.
– Ele é meu pai, sim! Ele sabe coisas sobre você que nem
mesmo Steven sabe.
Ele me chamando de Steven novamente me machucou. Esse
tempo todo ele se referia a mim como seu “papai”. Aconteceu
alguma coisa que não sabia? Nós permitíamos que Efrem brincasse
com alguns dos seus amigos do prédio, mas nunca deixávamos ele
interagir com adultos.
Este homem realmente se aproximou dele do nada e fez
amizade com ele? Isso estava acontecendo todo esse tempo sem o
meu consentimento? Eu não podia acreditar nisso. Tinha que ser
uma mentira perpetrada pelo seu “pai.”
Ainda assim, a reação repentina de Efrem, correndo para seus
braços, e sendo parado por sua mãe disse muito sobre tudo isso.
Diamond também estava aqui, mas estava de boca fechada. De
pé ao lado de Nia, mas mantendo os lábios selados. Ela também
nunca tinha imaginado que esse estranho viria.
– Charles, você está confuso. Aquele homem não é seu pai. Eu
sou sua mãe e estou lhe dizendo isso.
– Eu não sou Charles. Meu nome é Efrem, e ele é meu
verdadeiro pai! – O garotinho insistiu, soluçando, recebendo uma
rodada de “oohs” dos convidados.
Examinei a câmara, estudando as reações de quem estava
aqui. Todos seus rostos estavam pálidos, alguns já saindo da igreja.
Droga. Este homem estava ganhando. Ele estava arruinando meu
casamento com Nia, e eu não podia acreditar que não conseguia
encontrar uma maneira de acabar com seus argumentos.
Eu só não queria que tudo terminasse assim, com mamãe,
papai e o resto da minha família fazendo várias perguntas não
apenas sobre os novos nomes que estavam surgindo, mas também
sobre a presença desse homem.
Não era assim que eu desejava revelar a verdade a eles.
Diamond cutucou o ombro de Nia, dizendo – Irmã, acho que
devemos ser honestas desta vez. Eu não acho que podem esquecer
isso.
– Frances, não...
– Eu não sou a Frances, Nia. Eu sou Diamond, e Efrem está
certo sobre algumas coisas que está dizendo. Uma mentira não se
sustenta por muito tempo. Você precisa dizer a todos quem somos
de verdade.
O rosto de Nia ficou lívido. – Não há nada que precisa ser dito.
Somos quem somos e não mentimos para ninguém.
Minha mãe caminhou e parou na frente dela, segurando sua
mão direita. – Roxann, por favor, me diga que isso não é nada mais
do que uma brincadeira de mau gosto. Gostaria de sair daqui
pensando que não estava mentindo esse tempo todo.
Os olhos de Nia suavizaram e ela suspirou. Eu precisava
intervir.
– Roxann, não diga nada. Não há nada que precisa ser dito. Eu
nem sei o nome dele, mas esse homem é um mentiroso, e isso é
tudo que ele é.
Ele sorriu, inclinando a cabeça para o lado. – Companheiro,
acho que já perdeu essa.
– Cale-se! Apenas cale a boca! Eu vou...
– Hmm? O que você acha que vai fazer? Você não pode me
machucar e nem pode perder pelos argumentos, não é mesmo? Se
você fizer isso, as pessoas vão começar a fazer perguntas e se
perguntar se há algo sinistro que você está escondendo delas.
– Não há nada escondido aqui de ninguém. Você está
inventando mentiras, e isso é tudo.
Ele riu.
Nia então finalmente disse – Não quero mais viver na mentira,
Steven. Não quero que as pessoas continuem fazendo perguntas.
– Fazendo perguntas? O que diabos você está fazendo... – eu
estava dizendo, mas então tudo desabou para ela. Nia estava
chorando.
O estranho venceu.
Capítulo 13
Nia

Eu estava fugindo de tudo. Não que eu achasse que Brayton


estava certo sobre qualquer coisa, mas eu não aguentava mais. Eu
estive mentindo para mim mesma o tempo todo, tentando fingir que
isso não me incomodava.
Mas incomodava demais.
Fingir que eu era uma noiva e uma esposa de aluguel não era o
tipo de coisa que eu poderia continuar tolerando por muito tempo. E
mentindo para Efrem sobre seu verdadeiro pai também, na frente de
todo mundo, nossas identidades aparecendo, os holofotes
revelando quem éramos…
Era demais para aguentar, mesmo que eu estivesse tentando o
meu melhor para enterrar tudo e fingir que isso não me mantinha
acordada à noite.
Eu estava segurando a mão de Efrem, arrastando ele comigo
no aeroporto. Eu não tinha ideia de onde estávamos indo. Apenas
longe de tudo isso, imaginei. Eu tinha toda a minha documentação
real comigo.
Eu tinha colocado uma camisa e um par de jeans. Não fazia
sentido entrar no aeroporto usando meu vestido de noiva. Eu o tinha
guardado em nosso quarto no apartamento, para que ele pudesse
mais tarde fazer uso dele e se casar com outra.
A ideia de vir ao aeroporto como uma noiva, toda de branco,
passageiros arregalando seus olhos ao me ver assim me divertia,
mas não me deu vontade de rir ou ter outra reação mais forte do
que apenas pensar nisso por alguns segundos antes de afastar
esse pensamento.
Só estava feliz que lembrei de mudar para algo mais adequado.
Eu podia finalmente deixar o país, esquecê-lo, viver por alguns
meses em outro lugar e depois descobrir o que eu queria da minha
vida mais tarde. Diamond tinha sua parte do dinheiro também, e eu
ia mandar uma mensagem para ela mais tarde para dizer onde
estávamos.
Ela iria entender o que estava acontecendo aqui. Ela ia segurar
minha mão e me dizer que estava tudo bem, que eu não tinha nada
com que me preocupar.
Steven e sua família? Esqueça eles. Agora que eu estava
fugindo do casamento, nunca mais me tornando sua esposa, ele
não iria querer olhar nos meus olhos nunca mais.
Ele me abominava agora. Ele pensou que eu não passava de
uma mentirosa, uma covarde por não permanecer na igreja,
explicando a todas aquelas pessoas o que estava acontecendo nos
bastidores todo esse tempo, e não derrotando Brayton em seu jogo.
Eu não sabia que ele ainda se importava.
Talvez tenha sido a maconha e o álcool naquela época que o
fizeram dizer aquelas palavras terríveis e de partir o coração para
mim. Quando mencionei que estava grávida dele, ele me mandou
abortar Efrem.
Eu nunca poderia ter feito isso, e não me arrependi da minha
decisão. Eu voltaria para aquele momento no meu passado, diria
todas as mesmas palavras que eu disse naquela época, gritaria na
cara dele que estava errado e de que não era nada mais do que um
assassino sem coração, e então viveria minha vida do jeito que era
sempre quis ser.
Se havia uma coisa que eu não conseguia suportar, era a
família falsa. Eu nunca pensei que minha vida adulta circularia ao
redor dessas coisas, fingindo que eu era outra pessoa, inventando
nomes e identidades falsas para meu próprio filho, tendo que me
mudar de um lugar para outro o tempo todo.
Graças a isso, ele nunca pôde construir amizades fortes e
inquebráveis com outros garotos de sua idade. Ele reclamava disso
algumas vezes comigo, mas também sempre dizia que entendia por
que fazíamos o que fazíamos.
Ele dizia que estava tudo bem para ele, que não podia me
obrigar a fazer outra coisa, que as taxas de desemprego eram altas
e continuariam assim por enquanto, que precisávamos do dinheiro
dos ricos para continuar a sobreviver.
Embora tendesse a ganhar muito dinheiro cada vez que um
cliente me contratava, não tinha educação financeira e econômica
para aproveitar isso ao máximo. Pior, Efrem e Diamond e o resto da
minha vida tornaram impossível para mim mudar isso um dia.
Segurando a mão dele, deixei uma gota de lágrima cair e rolar
pelo meu rosto. Efrem percebeu isso, apertando sua mão na minha.
– Mãe, não quero ver você chorando.
Limpei minha lágrima com o polegar, dizendo – Não estou
chorando. Estou feliz por finalmente estarmos saindo daqui.
– Sem papai e tia?
– Steven… eu não sei se ele vai vir, mas a tia vai estar lá com a
gente também.
– Onde estamos indo? Nós ainda não compramos as
passagens de avião – ele disse, fazendo beicinho.
– Já vamos comprá-las. Ainda não tive tempo de fazer isso.
Houve um momento de pausa, seu silêncio me deixando
preocupada se ele causaria uma cena aqui e chamaria a atenção de
outras pessoas . A última coisa que eu precisava era a polícia
chegando e começando a fazer perguntas.
Eu não podia deixar isso acontecer.
– Meu pai de verdade, ele vai vir também?
Eu me ajoelhei, colocando minhas mãos em seus ombros e
olhando-o nos olhos.
– Há algo sobre ele que você precisa saber. Ele não é quem
você está pensando que é.
– Por que não? Ele me contou coisas sobre você que eu não
sabia.
– Porque – eu disse, suspirando e evitando seus olhos. – Ele
não é um bom homem.
– Como assim? Eu quero saber. Este tempo todo, você tem
mantido isso escondido de mim. Quero saber quem é meu pai de
verdade.
– Steven é seu pai de agora em diante, ou... ele era – eu disse,
mordendo meu lábio inferior. Ele estava tornando isso tão difícil para
mim agora. – De qualquer forma, o que vale é que o homem na
igreja não importa. Você nunca mais vai vê-lo.
Ele se afastou de mim, levantando a voz quando disse suas
próximas palavras. – Eu não quero isso! Eu quero meu pai de
verdade e não ficar tendo que mudar meu nome o tempo todo, ter
que fingir que sou alguém que não sou. Estou cansado de todas
essas coisas.
Steven pagou metade da quantia acordada, e era muito – mais
do que qualquer um dos meus clientes anteriores me pagou
integralmente. Com um pouco de ajuda, depois de alguma
educação financeira e aulas, eu tinha certeza de que poderia tirar o
máximo proveito disso, levando uma nova vida longe de toda essa
montanha-russa emocional que era Lost Hope.
– Efrem, você sabe por que nossa vida é do jeito que é, certo?
Por que tenho que continuar fazendo as coisas que faço?
Ele balançou a cabeça, mordendo o lábio inferior.
– Quero ser melhor, quero fazer com que você nunca mais
tenha que mentir para outra pessoa.
– Você poderá. Com o dinheiro que temos desta vez, poderei
mandá-lo para uma escola melhor, comprar os melhores livros
didáticos possíveis e dar-lhe tudo o que você precisa para ter uma
vida melhor do que esta. Acima de tudo, quero ver você ficando rico
e independente.
Ele exalou, me abraçando e deixando suas lágrimas saírem.
Ele chorou sem fazer muito barulho, e isso junto com a pressa dos
passageiros dentro do aeroporto fez com que nenhum deles
pudesse se importar com o que estava acontecendo conosco.
Dei-lhe algum tempo extra para chorar um pouco mais,
deixando que tirasse tudo de ruim que tinha. Muita coisa aconteceu
em um curto espaço de tempo, então ele tinha muito o que
processar e absorver.
Suas lágrimas pararam de sair, Efrem inclinando a cabeça para
cima e olhando nos meus olhos.
– Você realmente promete que tudo vai ficar melhor de agora
em diante, que papai e tia vão vir também?
Apertei meus lábios, evitando seus olhos questionadores
novamente. Eu gostaria de poder dizer a ele que Steven viria com
certeza, mas eu não podia ter certeza disso, e acima de tudo, eu
não podia fazer uma promessa sem peso para ele agora.
Ele veria através da mentira.
– A titia vai estar lá com certeza – eu respondi. Quando ele
abriu a boca – provavelmente para me perguntar se isso incluía
Steven ou não, eu afirmei – Olha, o que você acha de ir para Akasa
? Não é muito longe, e tenho certeza que a tia vai adorar morar lá
também.
Seus olhos brilhavam, a possibilidade de morar lá, brincar na
água do oceano, surfar nas ondas e fazer castelos de areia
tentando-o a esquecer todas as suas preocupações.
Eu tinha certeza de que em breve ele voltaria a falar de Steven
e Brayton, mas por enquanto podíamos enterrar essas memórias
dele e nos concentrar no que aconteceria a partir de hoje.
Uma nova vida, uma nova identidade e conhecer novas
pessoas.
E também ganhar dinheiro suficiente para nunca mais ter que
trabalhar como esposa de aluguel com uma família no meio disso
nunca mais.
– Sério, mãe? Mal posso esperar para ir lá. Eu vi tantos
anúncios na TV e eu realmente quero ir lá. Eu vi algumas das fotos
de um amigo meu. Eu adoro as praias que eles têm e também a
frequência com que as pessoas de lá parecem sorrir.
Eu baguncei seu cabelo, pegando sua mão e levando-o para o
quiosque de compra de ingressos.
– Então, você não precisa se preocupar. Vamos para lá em
breve.
De todas as coisas que poderiam ter acontecido na minha
carreira, ser descoberta era uma das piores. Eu sempre temia tanto
ler um comentário negativo de um dos meus clientes.
Quando tinha começado, meu trabalho não me rendia muito
dinheiro. Os homens que procuravam uma mulher com as minhas
qualidades tendiam a ser pobres, procurando por uma desculpa
para dizer aos pais que não eram os fracassos de vida que eram.
Logo depois, a qualidade dos homens que me contratavam
para morar com eles disparou, embora não muito. Eles ainda eram
ricos e tudo, mas não conseguiram compensar minha falta de
educação financeira.
Era tão fácil ficar preso nos problemas de Efrem, Diamond
precisando de mim para isso e aquilo, me levando para festas, me
fazendo comprar coisas que não precisávamos, viajando por todo o
país só para voltar à nossa mesma vida chata em Lost Hope.
Eu não era tão disciplinada quanto gostaria de ser.
Ter minha identidade revelada na frente de todos destruiu
minhas esperanças de me casar com Steven e ter uma vida normal
com ele. Eu estava planejando contar a todos sobre isso, ou talvez
manter o segredo.
Não era uma decisão fácil, então imaginei que, acima de tudo,
eu ia pensar nisso por um longo tempo antes de encontrar uma
solução apropriada, supondo que houvesse uma.
Parei em frente ao quiosque de ingressos, a mulher atrás dele
abrindo um sorriso e perguntando – Precisa de um ingresso,
senhora?
– Ah sim. Eu vou...
– Nia! Por favor, não faça isso!
A voz que veio do meu lado, não muito longe de mim, ecoou de
sua fonte, fazendo meu coração pular uma batida.
De todas as coisas que pensei que poderiam acontecer aqui,
essa não era uma delas.
Ele me pegou de surpresa, me fazendo suspirar quando virei
minha cabeça para ele. Steven estava correndo até onde eu estava,
vindo o mais rápido que podia, como se pudesse parar o tempo e
fazer tudo certo.
Ele ainda usava suas roupas de casamento, a gravata
pendurada no ombro, os olhos cobertos de preocupação e com uma
sensação de desesperança.
Testemunhando essa reviravolta, ele correndo para mim, seu
rosto pálido torceu meu coração. Eu não podia acreditar que estava
causando tanto sofrimento a ele, fazendo-o presumir que ele estava
errado, e não eu.
Eu era a errada nessa história. Eu tinha certeza disso. Eu
deveria estar mais alerta, deveria ter prestado mais atenção aos
sinais e notado que Brayton estava tentando planejar alguma coisa
contra nós.
Eu deveria ter previsto isso antes que tudo desmoronasse
contra a minha vida.
Ele parou na minha frente, seus pés deslizando nos azulejos
limpos e brilhantes, Efrem correndo até ele então, abraçando-o e
chamando-o de papai. Ver isso fez meu coração bater de alegria, a
cena se desenvolvendo na minha frente dando um pouco de
esperança em meu coração. E se eu estivesse exagerando e
pudesse consertar a bagunça que fiz?
Eu estava esperando que pudesse mudar tudo, como se eu
pudesse fingir que o que aconteceu, não aconteceu.
Capítulo 14
Steven

Ele estava me abraçando. Quando estávamos na igreja, pensei


que ele não gostava mais de mim. Eu não tinha ideia do que sua
mãe lhe disse sobre o ocorrido, mas parecia que funcionou. Ele me
chamando de papai novamente, enchendo meu coração de alegria.
Eu não podia acreditar que eu pensei que ele me odiava. Ele
não se sentia assim. O que aconteceu, a sequência de eventos na
igreja apenas o confundiu, e nada mais do que isso.
Ainda assim, eu me perguntei se ele iria me questionar em
breve sobre seu verdadeiro pai. Ele não o merecia. Seu pai não
passava de um viciado em cocaína, e agora estava pagando o alto
preço pelas escolhas que fez.
Efrem terminou o abraço, afastando-se um pouco de mim e
enxugando as lágrimas. – Papai, eu não sabia que você já estava
vindo. Mamãe disse que você iria, mas eu pensei que você ia se
atrasar.
Virei meus olhos para ela, uma onda de preocupação
inundando meu coração. Nia estava pronta para fazer isso, não
estava? Pronta para me deixar para trás, fingir que tudo o que
aconteceu não aconteceu. Me esquecer e depois procurar outro
homem em sua vida.
Tudo por causa daquele idiota. Seu ex. Ele ia pagar caro pelo
que fez.
Eu me levantei, andando até ela e agarrando suas mãos. A
sensação de suas palmas tocando as minhas, roçando meu polegar
em seus dedos, sua pele macia como seda foi o suficiente para
acalmar meus pensamentos acelerados.
Eu precisava disso.
Eu precisava estar na frente dela, estudando seus olhos para
qualquer coisa que me permitisse entender o que estava se
passando em sua cabeça, suas preocupações, suas aspirações e
etc.
Eu precisava compreender melhor suas motivações. Eu não
conseguia entender o fato de que ela simplesmente tinha ido
embora.
O que estava causando tanto sofrimento nela?
– É bom estar com você de novo – eu disse, virando minha
cabeça para seu filho e acariciando seu rosto com a minha mão.
Passos se aproximaram de mim por trás, Nia arregalando os
olhos. – Diamond? Como você nos encontrou tão rapidamente?
– Efrem me mandou uma mensagem. Eu estava preocupada, e
ele também. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo.
O que diabos você estava pensando que estava fazendo? Você não
pode simplesmente abandonar todos nós do nada.
Nia exalou, calor ruborizando em suas bochechas. Diamond
estava certa, mas Nia também tinha seus motivos. Talvez ela tenha
exagerado. Talvez ela tenha feito algo errado que ela nunca iria se
perdoar. Havia muitas ações e escolhas que precisavam ser
esclarecidas.
A questão era que ela estava tentando fazer o que era melhor
para ela e seu filho.
– Eu ia mandar uma mensagem para você sobre isso. Ele deve
ter feito isso enquanto eu estava dirigindo. Deveria ter pensado que
ele ia fazer isso – Nia disse, balançando a cabeça.
Eu não estava mais segurando suas mãos, em vez disso,
coloquei minha mão em sua cintura e a conduzi para longe de lá.
– Eu acho que há muito sobre o que precisamos conversar,
amor.
Ela arregalou os olhos, sua respiração ficando acelerada.
Talvez ela tenha pensado que eu nem viria aqui, correndo para ela,
e que eu a chamaria de meu “amor” também novamente. Como eu
não poderia, no entanto? Nia era meu amor. Nada e ninguém jamais
poderia negar isso.
Eu não podia viver sem ela. Cada segundo que eu passava
sem ela era uma tortura.
Diamond agarrou a mão de Efrem, dizendo – Vamos, Efrem.
Vamos dar a mamãe e papai um pouco de tempo para pensar e
conversar sobre as coisas.
Ele colocou o polegar na boca, seus olhos estalando para mim
e depois para sua mãe. O pensamento mais vital que estava
surgindo em sua mente era bastante óbvio. Ele queria ficar conosco,
com sua mãe, e estar conosco quando conversássemos sobre os
problemas que precisavam ser resolvidos.
Mesmo sendo muito inteligente para um rapaz de sua idade,
não havia como negar que ele sabia que precisávamos de um
pouco de privacidade.
Estávamos no aeroporto, as pessoas perambulando ao nosso
redor, mas elas nos ignoravam. Elas não podiam nem virar os olhos
para nós por um momento para se perguntar o que estávamos
fazendo.
Embora eu não gostasse muito de aeroportos, não podia negar
que a maioria, senão todas as pessoas na sala de embarque,
estavam um pouco ocupadas demais para se preocupar com um
casal de estranhos conversando.
Conduzi Nia a um local perto de um vaso de plantas, um
quiosque de comida não muito longe de nós, dando-nos a
privacidade de que precisávamos. Eu estava aqui, neste momento,
falando com o amor da minha vida novamente.
Eu precisava ter certeza de que usaria esse momento para
deixar algo bem claro para Nia; que não importava o que
acontecesse de agora em diante, eu faria de tudo para garantir que
ela se sentisse segura e amada.
Mesmo que minha mãe e o resto da minha família tivessem
muitas perguntas a fazer sobre ela, nosso casamento, como eu a
conheci e etc., eu a defenderia, certificando-me de que ela não se
sentisse desencorajada a expressar seus verdadeiros sentimentos
para mim.
– Então, se importa de me dizer o que aconteceu lá na igreja?
Nia abaixou a cabeça, me abraçando e enterrando o rosto no
meu peito.
– Eu não aguentava mais – ela revelou, inclinando a cabeça
para cima, minha mão descansando em sua nuca. Senti como se o
tempo estivesse parando ao nosso redor, que a única coisa que
importava em todo o universo éramos nós, e nada mais.
Eu a estava abraçando também, embora não tão fortemente
quanto ela. Não com o mesmo tipo de ímpeto, não com a mesma
dureza que só ela podia conjurar em um momento como este.
– Seu ex?
– O nome dele é Brayton, e eu o odeio. Achei que nunca mais o
veria na vida.
– Eu não sei muito sobre ele.
– Ele não passa de um viciado em drogas. Fumar maconha e
beber cerveja são as únicas coisas que ele consegue fazer o dia
todo. Eu nem sabia que ele não mora mais em sua casa.
– Ele não é mais o pai de Efrem – eu afirmei, empurrando sua
cabeça para descansar no meu peito novamente, colocando meu
queixo em cima de sua cabeça. – Ele o abandonou e tentou matá-lo.
Aos meus olhos, ele é apenas um monstro agora. Eu o expulsei da
igreja e deveria ser preso.
Ela inclinou a cabeça para cima novamente, olhando nos meus
olhos. – Estou tão aliviada. Eu pensei que ele continuaria vindo e
nos incomodando.
– Ah, não, isso não vai acontecer – eu prometi, sorrindo. – Ele
vai passar algum tempo atrás das grades. Ele cometeu um crime
quando entrou na igreja. Eu não vou deixar isso acontecer
novamente.
Ela apertou nosso abraço, uma lágrima saindo e rolando pelo
seu rosto. – Estou tão feliz por isso. Eu realmente estou. Eu não
queria ter que explicar na frente de todo mundo o que estava
acontecendo lá.
– Eu entendo de onde você está vindo, mas não se preocupe.
Não haverá nada a ser explicado.
Um momento de silêncio se seguiu, Nia pensando.
– Espere, o que você quer dizer?– Nia perguntou, cavando
seus dedos na minha pele.
– Você não terá que explicar nada a ninguém. Não vamos
continuar morando aqui. Quero saber para onde você estava indo
com Efrem, porque vou levá-la até lá.
Ela arregalou os olhos, sua respiração parando por um
momento. – Você quer dizer que finalmente vamos deixar este lugar
para trás, começar uma nova vida e tudo mais?
Eu assenti, beijando sua testa. – Claro que sim. Não há nada
que eu prefiro estar fazendo agora. Mamãe e papai... Esqueça-os.
Esqueça toda a minha família. Tudo o que eles têm feito a vida toda
é me pressionar. Eu não me importo mais com essas coisas.
– Você não quer dizer que quer seu dinheiro de volta ou algo
assim, certo? – Nia perguntou, piscando seu olho direito.
Eu ri, rindo mais alto do que deveria em um aeroporto como
este. – Não, nada disso, meu amor. Não preciso mais desse
dinheiro.
– Agora você está me deixando com ciúmes – disse ela,
sufocando uma risada. – Então, de agora em diante, não vou ter que
esconder mais nada de ninguém, certo?
Eu assenti.
– Todos eles vão saber tudo sobre isso, como nos conhecemos,
como eu precisava de uma mulher para ser minha esposa. Tudo
está bem.
– Uau, eu não achava que isso ia finalmente acontecer.
– Agora finalmente entende que não me casei quando estava
no pico da minha vida.
Ela deu um soco no meu peito gentilmente, sorrindo e se
empurrando para longe de mim.
– O que você está falando? – Ela perguntou, escovando uma
mecha de seu cabelo para o lado de sua cabeça e colocando-a
atrás de sua orelha esquerda. – Você ainda está em seu pico.
Eu ri, agarrando sua mão e dizendo – Talvez você esteja certa.
De qualquer forma, acho que agora precisamos voltar para Efrem e
Diamond. Eles provavelmente estão preocupados conosco.
– Você está certo. Vamos falar com eles que ainda estamos
saindo daqui e vamos morar em um lugar muito melhor, onde eu
possa começar uma nova vida com o único homem que importa
para mim.
Eu beijei seus lábios.
Não importava o que acontecesse a partir de agora, eu ia ficar
ao lado dela, sempre precisando cada vez mais dela, e achando que
seria uma aberração passar mais de um minuto sem ela ao meu
lado.
Nia era a mulher com quem eu deveria ter me casado anos
atrás.
Epílogo da Nia

Estou indo, estou indo foi o que Efrem disse, correndo de seu
quarto para mim, e então pulando e pousando em meus braços. Ele
era um menino maior agora, mas eu ainda era forte o suficiente para
segurá-lo. Eu sentiria falta disso um dia.
Sentia falta, entretanto, da sensação de não ter que me
preocupar com nada, a sensação de saber que minha vida estava
seguindo o caminho certo, e que a partir de agora tudo ia ser
melhor.
Acontece que acabei tendo que explicar para a mãe e o pai de
Steven algumas das coisas que aconteceram. Nosso casamento
aconteceu sem problemas, embora não no mesmo dia. Tivemos que
escolher outra data para isso.
Mas quando o casamento aconteceu, foi como se eu estivesse
vivendo outro sonho meu. E para ser honesta, eu estava. O
casamento foi cênico, espetacular, o tipo de evento que eu iria
lembrar para sempre.
Steven correu para a sala de estar, sua mão segurando sua
prancha de surf. Seus olhos se arregalaram, largando a prancha e
correndo até mim.
– Amor, você não acha que carregá-lo em seus braços é um
pouco demais? Pense no nosso pequeno Mark. Não queremos que
nada de ruim aconteça com ele enquanto ele ainda estiver na sua
barriga.
Eu ri, achando sua preocupação infundada. Ele estava sendo
paranóico, novamente.
– Eu sei. Não se preocupe com isso, no entanto. Efrem pode
ser mais alto e maior agora, mas ele ainda é apenas meu garoto –
eu afirmei, confortando-o.
O que também o confortou foi ver que eu não estava tendo
dificuldade em abraçar Efrem e segurá-lo em meus braços.
Colocando-o de volta no chão, seus pés tocando a madeira, ele
correu de volta para sua sala, fechando a porta com um baque alto
e rindo e pegando seu telefone novamente. Ele estava mandando
mensagens para seus amigos, se gabando do fato de estar
morando aqui em Akasa e não mais em Lost Hope.
Havia também mais uma coisa que o mantinha feliz, sorrindo e
dando risadinhas o tempo todo, e era o fato de que não tínhamos
planos de sair daqui. O tempo estava sempre bom, quente sem
nunca ser insuportável. Nós suavamos um pouco ao caminhar lá
fora, mas isso não nos incomodava.
Isso sem falar em todos os morros que podíamos subir,
caminhar, as praias para visitar e descansar, as pessoas
sorridentes, os vizinhos sempre dispostos a fazer amigos e etc.
Estávamos vivendo uma vida boa, e eu não conseguia imaginar
nenhum de nós indo para outro lugar para fazer algo que não fosse
temporário.
Eu também estava grávida dele. Nosso pequeno Mark. Eu o
amava tanto, e mal podia esperar até que ele nascesse. Eu era uma
mãe grávida de oito meses, então não ia demorar muito para ele vir.
Ainda me lembrava de como foi dar à luz a Efrem, então sabia
que seria uma experiência dolorosa. Desta vez, no entanto, haveria
um pai adequado e responsável ao meu lado.
Ele estaria segurando minha mão, brincando comigo e dizendo
palavras para acalmar meu coração acelerado. Quanto mais eu
pensava nisso, mais forte eu me sentia conectada a ele. Nosso
vínculo, nosso amor era algo que nunca poderia ser quebrado.
Não tinha como negar isso.
Steven passou os braços em volta de mim, murmurando em
meu ouvido direito – Você é o amor da minha vida, você sabe, não
é? Eu vou fazer você tão feliz.
– Eu sei, e penso da mesma forma. Assim que o nosso
pequeno Mark sair, Efrem vai ter um irmãozinho para cuidar, e vai
ser ótimo. Teremos mais um sorridente conosco.
Ele riu. – Efrem vai ser o garoto mais feliz desta cidade inteira,
mesmo tendo uma coisa que ele precisa melhorar.
– Huh? Que tipo de coisa? – Eu perguntei, sentindo seu nariz e
queixo acariciando meu pescoço.
– Fazer suas lições de casa. Está sempre evitando-as, e ele
está pensando que viver aqui é apenas diversão e ficar brincando.
Se ele não começar a levar a escola a sério, ficará atrasado e não...
– Calma, amor. Você está apenas sendo paranóico sobre isso.
Efrem vai ficar bem. Eu sempre o lembro de sua lição de casa.
– Realmente faz isso ou está apenas dizendo coisas para
limpar a barra dele?
Eu ri. – Não estou tentando salvar ninguém. Estou apenas
contando como é, só isso.
– Você sabe bem – ele disse, deslizando sua mão para baixo e
segurando uma das minhas bochechas – que está me deixando tão
excitado agora. Estou meio que pensando que seria bom se nós...
não sei, fechássemos a porta do nosso quarto e depois
esquecêssemos todo o resto.
Eu sorri, roçando minha cabeça contra a dele, sentindo seus
músculos me mantendo presa no lugar e segura.
– Agora você está me fazendo pensar que você nem quer sair e
ensinar nosso pequeno Efrem a nadar e surfar.
– Ele não precisa aprender nenhuma dessas coisas, e também
temos tempo para isso. Não há necessidade de se preocupar com
nada agora. É tão bom pensar que nossa vida está seguindo esse
caminho, reivindicando esse momento e definindo-o.
– Steven... – eu disse, inalando ar.
– O que? – Ele questionou, colocando a cabeça no meu ombro,
me banhando com seu calor.
– Você me convenceu. Vamos entrar e fechar a porta.
Epílogo do Steven

Efrem e Mark estavam sentados no chão de seu quarto, um


brincando com seu telefone e o outro fazendo o mesmo. Eu não
conseguia entender o que se passava com as crianças de hoje em
dia, mas todas elas pareciam estar obcecadas com essas coisas.
Eu usava meu celular muitas vezes, claro, mas na maioria das
vezes era devido ao meu trabalho.
Graças a ter pessoas em quem eu podia confiar em Lost Hope,
eu podia viver aqui e não ter que viajar para lá toda semana. Poder
fazer videochamadas era muito conveniente. Todos sabiam o que eu
queria, como a empresa deveria ser administrada e, por sua vez,
isso me permitia muito mais tempo para passar com minha família.
Ainda mais do que o habitual, deveria acrescentar.
Eu já não tinha que trabalhar duro e por longos períodos,
graças a ter ralado muito quando era mais jovem. Isso me levou a
contratar uma mulher para se tornar minha esposa, mas no final
tudo deu certo.
Ela era tão linda, doce, e eu não conseguia me imaginar
vivendo sem o toque sofisticado de seus lábios nos meus todos os
dias que eu tinha que sair para fazer alguma coisa.
O que me preocupava agora era Efrem e Mark. Efrem era muito
mais velho que ele, estava no final da adolescência, mas ainda
deveria estar conversando mais com seu irmão mais novo. Parecia
haver algo acontecendo aqui que eu não conseguia colocar o dedo
sobre.
Nia sabia disso, ou ela estava muito obcecada com seus novos
amigos e saía frequentemente com eles?
Eu não sabia, mas estava disposto a descobrir a verdade por
trás disso.
Eu estava de pé na porta deles quando uma mão pousou no
meu ombro.
– Amor, tem algo te incomodando?
Tanto Efrem quanto Mark estavam tão obcecados com seus
telefones e mensagens de texto que nem notaram eu e Nia parados
atrás de sua porta. Fechei a porta e me afastei um pouco dali para
ter um pouco mais de privacidade com minha esposa.
Precisávamos conversar sobre o que estava acontecendo.
– Nia... por que os dois são assim?
– Assim como? – Ela perguntou, inclinando a cabeça.
Nia ainda era deslumbrante mesmo quando estava grávida. Ela
não estava mais, e ela também estava cuidando melhor de seu
corpo. Vê-la na minha frente assim me deu vontade de colocar
minhas mãos em sua cintura e beijá-la, puxando-a para mim com
todas as minhas forças.
Mas isso... Isso teria que esperar um pouco.
– Eles não são os irmãos que eu pensei que seriam um para o
outro – revelei.
Ela sorriu, balançando a cabeça.
– Eles têm, tipo, anos de diferença, querido. Eles não vão ser
dois dos melhores irmãos do mundo.
– Eu estou ciente disso, mas ainda não significa...
E assim que eu terminei de dizer isso, Efrem saiu correndo da
sala, fechando a porta com um baque alto e reverberante.
Agarrei seu braço antes que ele pudesse ir a qualquer lugar,
olhando para ele.
– O que está acontecendo aqui agora?
Ele suspirou.
– Mark de novo. Por que ele está aqui e não na escola ou algo
assim?
– O que? Você está louco? Ele é seu irmão e ainda é uma
criança. São as férias de verão dele, então é claro que ele está aqui.
– Eu preciso do meu próprio espaço, pai.
Eu estreitei meus olhos um pouco, começando a entender o
que estava acontecendo aqui. O que eu não conseguia entender,
porém, era que ele tinha demorado tanto para finalmente dizer algo
sobre isso.
Será que ele achava que eu não ia notar que eles tinham suas
diferenças e não conseguiam resolvê-las?
– Se está querendo um quarto só para você, então podemos te
arranjar um – eu disse, mudando o lado do peso do meu corpo.
– No entanto, isso é algo para outra hora. Você precisa pedir
desculpas ao seu irmão. Bater a porta na cara dele não é algo que
posso tolerar.
Ele virou a cabeça um pouco para o lado, recusando-se a olhar
nos meus olhos. Eu não podia perdê-lo, então apertei o braço dele
com mais força. Não era o suficiente para machucá-lo ou algo
assim, mas ia fazê-lo olhar para o meu rosto novamente.
Ele era tão alto quanto eu agora, e se havia alguém neste
apartamento que poderia consertar seu comportamento, era eu.
– Olhe para mim de novo, filho.
Ele exalou, mostrando sua relutância, mas ele ainda virou a
cabeça para mim, olhando nos meus olhos.
– Eu prometo que vou ser um irmão melhor para ele, mas é
difícil. Ele é muito chato, muito pirralho.
Nia então disparou – Isso não é maneira de falar sobre Mark,
Efrem.
Ele exalou novamente, permitindo-me tirar minha mão de seu
braço. Ele não precisava de mais nenhuma intervenção minha, e
parecia que ele iria ouvir melhor sua mãe e seu pai de agora em
diante.
– Eu sei, mas ele é apenas... eu não sei como dizer. Eu preciso
do meu próprio quarto, acho.
– Você vai ter essas duas coisas, quando tiver idade suficiente
e estiver na faculdade no próximo ano.
– Eu sei.
Coloquei minha mão em suas costas e o fiz voltar para seu
quarto, a porta ainda fechada.
– Agora, você precisa ir lá e pedir desculpas.
– Não até que ele peça desculpas primeiro.
Nia deu um passo à frente, perguntando – O que ele fez desta
vez?
– Ele pegou meu telefone e tirou uma selfie dele e enviou para
meus amigos. Estão todos rindo de mim agora, dizendo que não
consigo nem controlar meu próprio irmãozinho. Juro que ele não
tem ideia do que é espaço pessoal.
– Ele é apenas uma criança, Efrem – Nia disse, soando mais
calma. – Ele vai crescer e aprender essas coisas, eventualmente.
– Está demorando muito para ele fazer isso – argumentou.
Eu balancei minha cabeça em negativa. – Você era como ele
quando tinha a idade dele. Agora, vá lá e diga que sente muito por
ter fechado a porta na cara dele.
– Tudo bem, tudo bem. Você não precisa insistir. Eu estou indo
fazer isso.
Efrem abriu a porta, tentando sorrir. Mark esticou a cabeça para
ele, imaginando o que estava acontecendo agora. Acima de tudo,
ele era apenas um garoto extrovertido e enérgico. Ele podia ser
exótico às vezes, mas isso ainda não deveria fazer Efrem odiá-lo.
Não fazia sentido.
– Olá, Mark.
– Ei – disse Mark, abaixando a cabeça, concentrando-se em
seu telefone, bochechas coradas. Ele sabia mais ou menos o que
estava para acontecer, mas ainda não a queria encarar. Eu supus
que Nia e eu parados na porta também não estava ajudando.
Sussurrei para ela – Acho que talvez precisemos deixá-los
resolver isso sozinhos.
Ela murmurou de volta – Você acha que vai funcionar? Estou
meio preocupada com eles.
Virando minha cabeça para eles e depois de volta para ela, eu
disse – Sim, eles devem ficar bem. De qualquer forma, não vamos
ficar muito longe daqui.
– Eu também espero que assim seja – ela disse, balançando a
cabeça uma vez e deixando as dependências do quarto comigo,
Efrem se recusando a fechar a porta desta vez.
Nós os ouvimos conversando, Efrem mencionando – Me
desculpe, eu fechei a porta com tanta força antes.
– Você foi meio idiota – Mark comentou, evitando olhar em seus
olhos.
Estávamos longe deles, mas não o suficiente para impossibilitar
ver o que eles estavam fazendo.
– Sim, eu sei, e sinto muito. Eu sou seu irmão mais velho,
certo? Eu deveria cuidar de você.
– Sim…
– E tudo o que tenho feito é o oposto disso. Eu quero
recomeçar nossa amizade, desde o início, e é por isso que
amanhã…
Mark não disse nada, arregalando os olhos.
– … Amanhã eu vou te levar para o novo parque de diversões
que eles montaram na cidade. Não se preocupe, eu vou pagar tudo,
com a mesada do papai.
Os olhos de Mark se iluminaram, largando o telefone e correndo
para seu irmão. Calor tomou conta do meu coração, alívio exalando
de mim. A mão de Nia procurou a minha, encontrando-a e
apertando-a.
As coisas sempre foram assim com Mark e Efrem, com a gente
tendo que intervir mais vezes do que não para ter certeza de que
eles não iriam se matar. Ambos eram bons meninos, mas não havia
como negar que, às vezes, eles precisavam de uma mão firme para
guiá-los.
Mark era um pouco obtuso para alguém de sua idade. Quando
comparado a Efrem, ele ainda tinha muito a aprender. Efrem estava
ciente do que sua mãe costumava fazer para viver, e ele estava bem
com isso.
Seu sonho continuava vivo, e ele ainda planejava entrar na
faculdade e terminar o curso de Ciência da Computação. TI ainda
estava em ascensão e, se ele conseguisse tirar boas notas e se
relacionasse com as pessoas certas, eu o contrataria para trabalhar
para mim.
Em algum momento no futuro, se ele desejasse, eu poderia até
presenteá-lo com o cargo de CEO. Seria meu presente para ele,
mas ele ainda teria que merecê-lo. Eu não queria que as pessoas
nas seções gerenciais pensassem que eu daria isso a ele só porque
ele era meu filho. Isso nunca poderia ter um resultado positivo.
Os olhos de Efrem se moveram com desconforto, seu
irmãozinho o abraçando enquanto lhe dizia que iam se divertir muito
no novo parque. Foi montado perto de uma das praias, então eles
iriam apreciar outro bom local com vistas deslumbrantes da areia,
do oceano e dos arranha-céus da cidade.
As bochechas de Efrem ficaram rosadas. Ele nunca esteve
nesse tipo de situação antes, com seu irmãozinho abraçando-o.
Parecia que este era um ponto de virada para eles. Eu diria que as
coisas nunca mais seriam as mesmas de agora em diante.
Mark terminou o abraço, Efrem dizendo – Nós vamos amanhã à
tarde. Vou pegar os ingressos, então não se preocupe com isso.
– Eu gostaria de poder dizer que você é o melhor irmão mais
velho do mundo... – Mark disse, erguendo o canto da boca e
piscando.
O medo de que ele estivesse fodendo as coisas novamente
petrificou os olhos de Efrem, mas isso durou apenas alguns
segundos. Uma vez que ele percebeu que seu irmão mais novo
estava apenas brincando, ele bagunçou seu cabelo e riu.
– Se você brincar desse jeito de novo, eu não vou pegar seu
ingresso e você terá que pagar por ele você mesmo – disse Efrem,
mostrando-me que, lá no fundo, ele ainda era um menino, apesar de
quase já ser um adulto.
Ele logo estaria na faculdade, estudando com outros jovens de
sua idade, fazendo mais amigos e pavimentando ainda mais o seu
sonho de se tornar um dos programadores mais proficientes do
país. Quem ele era no momento não duraria muito mais, então ele
precisava aproveitar isso ao máximo .
Quando estivesse na faculdade, encontrando sua primeira
namorada e construindo sua própria vida, alcançaria seu objetivo de
garantir um futuro melhor para sua mãe. Ela estava muito feliz de
ainda tê-lo morando conosco, mas seu sonho de ver seu filho se
tornar um jovem independente era algo que nada poderia substituir.
E isso aconteceria em breve, sem dúvida.
Nia cutucou o cotovelo na lateral do meu torso, me fazendo
virar a cabeça para ela no momento em que ela colocou as mãos
em minhas bochechas, me beijando.
O beijo durou minutos, com a sensação de que foram horas, e
só terminou quando Mark disse – Ewww . Pelo menos faça isso no
seu quarto e com a porta fechada.
Nia agarrou minha mão, rindo, e fazendo o que Mark havia
pedido. Ela fechou a porta, me despindo e me empurrando para a
cama, até que eu estivesse deitado nela.
– Desta vez, vamos seguir o conselho dele.
Fim

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Teaser: Nas Garras do CEO
Uma Virgem para o Mafioso

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Imani

Tomei as escadas, chegando ao primeiro andar da mansão e


depois virei para a direita, prosseguindo para onde estava a
cozinha. A esta hora da noite, com os grilos chilreando lá fora, não
podia haver ninguém lá.
Teria ela toda para mim, pensei com um sorriso suave no meu
rosto.
Apesar dos diferentes obstáculos que muitas vezes apareciam
na minha vida, era um sorriso verdadeiro. Mas hoje à noite também
era um pouco diferente. Não conseguia dormir, preocupada com
meus próximos testes e se eu estava ou não preparada para eles.
Eu precisava estudar mais, mas era sempre tão difícil encontrar
bons companheiros de estudo. Eu tinha alguns amigos. Eu gostava
deles e tal, mas eles estavam mais empenhados em festejar, ficar
bêbado, e beijar seus namorados ou namoradas.
Desci pelo corredor, achando a mansão um pouco sinistra -
como sempre - à noite. Todas estas salas com as luzes apagadas, a
ausência de risos e pessoas conversando, e o silêncio
inquebrantável não ajudavam a fazer com que parecesse mais
convidativa.
Havia guardas aqui e ali, mas não era como se houvesse
assassinos tentando nos matar ou algo parecido. Meu pai era um
senador do estado da Virgínia, mesmo morando aqui em
Washington.
Sua vida era bastante emocionante. Ele sempre se reunia com
todos os tipos de pessoas.
Ficando acordado até tarde algumas noites, ele sempre me
lembrava que tudo o que tínhamos era possível graças a ele. Se
não fosse pela forma como ele se comercializava e seu charme, ele
não teria sido eleito.
Parei em frente à porta da cozinha, virando um pouco minha
cabeça para a direita quando vi um dos guardas vindo aqui.
Na maioria das vezes, eu gostava de imaginar que eles não
estavam aqui. Às vezes me faziam pensar que estávamos vivendo
num país que estava em guerra. Na verdade, a América estava
sempre em guerra, mas não era como se estivéssemos sendo
bombardeados diariamente, também.
Eu sabia que eles estavam aqui para nos manter seguros, mas
com eles sempre por perto, eu nunca podia ficar na piscina com
apenas o meu biquíni vestido, e sempre tinha que ter vários amigos
juntos.
Pelo menos eles conseguiam me fazer esquecer que havia
sempre guardas me observando... como neste momento.
Eles entendiam o quão importante eu era para meu pai. Se algo
acontecesse comigo, ele despediria todos eles, e muitos desses
homens dependiam dele para sustentar suas famílias, claro.
Eu tinha vestido apenas um pijama rosa claro hoje à noite. Às
vezes eu gostava de vestir uma camisola, mas não hoje à noite.
Entrei na cozinha, ignorando o guarda que estava vindo e o
outro atrás de mim que me seguia. Um assunto que já havia
conversado com meu pai antes era sobre a sua obsessão em me
manter sempre sob sua proteção.
Nunca me sentia só. Mesmo quando estava em meu quarto,
com a porta e as cortinas fechadas, sempre tinha uma sensação
incômoda de que havia alguém me vigiando.
Parei em frente à geladeira, abrindo uma de suas portas e
depois olhando para toda a comida que tínhamos dentro dela. Esta
não era a única geladeira que tínhamos na mansão, mas era a única
que não parecia ter vindo de um restaurante militar.
Além disso, esta cozinha era usada apenas por nós - a família
proprietária desta mansão. Minha mãe também morava aqui,
embora a esta hora da noite ela provavelmente estivesse dormindo.
Ao contrário de meu pai, ela não era o tipo de pessoa que gostava
muito de trabalhar.
Mas eu supunha que ela não tinha que trabalhar muito, de
qualquer maneira. Ela era uma CEO. Ela tinha funcionários que
faziam o trabalho pesado para ela.
Havia algumas sobras de comida na geladeira, uma torta,
frutas, legumes, fatias de pão, queijo e presunto. Lambi meus lábios
quando me lembrei do sabor de um sanduíche, quando bem
preparado e temperado.
Pensando nisso, já havia algum tempo desde a última vez que
comi um deles.
Eu assenti com os meus olhos fechados e sorri suavemente,
minhas mãos encontrando as fatias de pão, o presunto e o queijo.
Fechei a porta da geladeira com o peso do meu corpo e depois
prossegui para a mesa.
Virei-me, abri alguns armários e gavetas até finalmente
encontrar o que estava procurando. Uma faca pequena e afiada
para me ajudar a espalhar um pouco de maionese sobre as fatias de
pão.
Peguei-a e girei meu corpo quando meu braço derrubou, do
balcão, uma tigela com um monte de tomates dentro, fazendo com
que todos eles fossem rolando no chão.
Porra! Não preciso disso agora, pensei, já caindo de joelhos
para pegar todos os tomates.
E foi então que uma mão apareceu no meu campo de visão,
fazendo meu coração pular uma batida quando meus olhos se
alargaram.
Eu levantei minha cabeça, encontrando o rosto de um homem
que eu nunca havia visto antes - e ele também não parecia ser um
dos guardas. Não olhava para seus rostos com frequência, mas este
trazia consigo uma aura espessa de confiança que eu nunca havia
visto antes.
E, ao contrário deles, ele ainda estava vestindo um terno esta
noite. Um conjunto escuro e luxuoso que eu nunca tinha visto antes.
Feito sob medida. Ele deve ter encomendado este terno
especificamente para ele. Comecei a achar que ele era o tipo de
homem que passava bastante tempo tentando parecer o seu
melhor, mesmo não precisando fazer isso porque era perfeito.
Seus olhos verdes me olhavam com uma intensidade que eu
nunca tinha visto antes. Era como se ele tivesse acabado de
conhecer a mulher de sua vida, mesmo que isso não fizesse o
menor sentido.
Seu cabelo, do tipo pimenta e sal, curto e bem definido, era de
um estilo muito comum que eu tinha visto em muitos homens, mas
nele era ainda melhor, e com muito mais glamour também.
Havia algumas rugas em seu rosto, embora sua barba aparada
e perfeita parecesse esconder a maior parte dela. Eu não sabia seu
nome, mas uma coisa eu tinha certeza - quem quer que ele fosse,
ele era muito mais velho do que eu. Por pelo menos uma década,
eu diria.

Yegor

Ela estava deslumbrante. Ah, eu estava cansado de encontrar


sempre os mesmos tipos de mulheres todos os dias. Não sabia o
que havia com elas, mas todas tinham a mesma aparência. Olhos
falsos, sorrisos falsos, e mentiras em cima de mentiras.
Mas Imani... Ah, ela era diferente. Sua pele de chocolate foi a
primeira coisa que me roubou a atenção dos olhos, mas foi sua
personalidade ensolarada e inocente que me prendeu a ela como se
ela fosse uma vara de pescador e eu fosse apenas um peixe em um
lago raso.
A inocência era algo a que eu não estava mais acostumado.
Ela parecia ser bem jovem. Pelo menos uma década mais
jovem que eu, e uma presa fácil. Eu não sabia que Efrem tinha uma
filha tão bonita, tão ingênua que ela podia roubar o coração de
qualquer homem com facilidade.
E ela podia fazer isso sem mesmo estar ciente disso.
Seu cabelo era curto, caindo aos seus ouvidos. Era preto como
uma noite romântica sob a luz de velas. Seus olhos estavam
pintados com um tom de coco que tornava quase impossível para
mim olhar para qualquer lugar que não fossem eles, a simples
menção de tentar fazer algo diferente daquilo parecendo um pecado
para minha mente.
O corpo de Imani era um pouco magro, mas ela ainda tinha
todas as curvas que uma mulher como ela deveria ter.
Um par de pés que entrou na sala me tirou do meu transe,
fazendo-me virar meus olhos para a direita.
– Você não é um dos guardas. Quem é você e o que está
fazendo aqui? – Um homem com um boné e um uniforme de guarda
perguntou, entrando na sala.
– Entrei pela porta da frente e pedi permissão para vir, se é com
isso que você está preocupado – disse eu, recusando a ir mais
longe de Imani. Eu ainda tinha tanto para falar com ela.
Ele estava segurando uma M4, como se estivesse pronto para
ir para uma guerra.
– Veremos sobre isso – afirmou ele, estreitando seus olhos e
fazendo minha mão atirar ao punho da minha arma que estava
enfiada na minha cintura. Eu não a peguei e não planejava criar
confusão na casa de Efrem, mas se ele não podia ter homens
melhores protegendo sua propriedade, então ele não me deixava
muita escolha.
Um homem apareceu na cozinha pelo corredor escuro, com os
olhos bem abertos quando percebeu o que estava acontecendo
aqui. Diferentemente do homem que estava segurando a espingarda
M4, ele só tinha uma pequena pistola com ele, e não tinha um boné
na cabeça. Por que alguém estaria usando um boné dentro de casa,
a menos que ele fosse careca e estivesse inseguro sobre sua falta
de cabelo?
O homem que correu para a sala usava o mesmo uniforme
escuro, com o sobrenome da família Imani gravado nele. Ele era um
dos guardas, embora ainda fosse um mistério para mim porque ele
veio aqui de repente.
O cara segurando o M4 virou a cabeça para ele, perguntando, –
Você o conhece?
– Sim, ele é um dos Gorbunov. Ele veio aqui para falar com o
chefe.
Seu amigo, cujo nome era Noah Watson, alargou seus olhos
com verdadeira surpresa. Até mesmo seu aperto sobre o rifle ficou
menos intenso, com ele deslocando seu peso enquanto me
mostrava que, de todas as coisas que ele havia assumido que eu
era, ele nunca pensou que eu fosse um Gorbunov.
– Estou vendo – disse ele de repente, com sua voz soando
mais como um murmúrio.
Dando a volta, ele saiu da cozinha com seu amigo seguindo-o,
conversando com ele enquanto ele era ignorado. Noé compreendeu
o peso daquele momento em que ele teve um pouco de cara-a-cara
comigo. Se ele tivesse me irritado mais, ele sabia que eu não teria
hesitado antes de fazer toda a sua família sofrer.
A voz de Imani roubou minha atenção novamente, arrancando-
me dos meus pensamentos.
– Bem, pelo menos isso confirma que você não é um espião ou
um assassino tentando assassinar toda a minha família – disse
Imani, abrindo um sorriso largo e brilhante.
Eu também sorri, embora sem mostrar meus dentes. Eu
simplesmente não estava acostumado a sorrir e rir, mesmo que ela
me fizesse sentir vontade de fazer isso o tempo todo com ela. Nós
éramos tão certos uns para os outros.
– Sim, acho que sim. Então, você é a filha do Efrem?
– Meu pai? Ah, sou sim – ela respondeu, passando a mão
sobre a mesa da cozinha e quase fazendo cair a faca pequena que
ela colocou em cima dela.
– Cuidado aí – aconselhei, agarrando não só a faca, mas
também as fatias de pão, o presunto e o queijo antes de afastá-los
dela. – Acho que você precisa de alguém que olhe por você.
Ela esfregou a parte de trás de sua cabeça, fechando seus
olhos enquanto ria, mostrando-me o quão envergonhada ela estava.
– Acho que sim – disse ela, seus olhos se abrindo e olhando
para mim enquanto ela achava impossível não mostrar seus
sentimentos por mim. Se não fosse pelo fato de eu precisar ir ver o
pai dela, eu ficaria aqui e aprenderia mais sobre ela.
– Deixe-me fazer um sanduíche para você – eu ofereci sem
perguntar a ela se ela queria ou não. Eu não precisava fazer isso, já
que era óbvio que ela tinha vindo aqui para um sanduíche e estava
fazendo uma bagunça porque ela era muito desajeitada na cozinha.
– Ah, você não precisa fazer isso – ela estava dizendo antes de
fechar a boca, seus olhos se alargando enquanto me via espalhar
um pouco de maionese sobre as fatias de pão. Eu não podia ter
certeza disso, mas imaginei que meu profissionalismo a estava
impressionando.
Afinal, Imani não parecia ser o tipo de garota que estava
acostumada com cozinhas, mesmo querendo fazer um simples
sanduíche de presunto e queijo.
Não demorou muito para colocar uma fatia de presunto e outra
de queijo em uma das fatias de pão, fechando o sanduíche com a
outra fatia. Seus olhos ainda estavam bem abertos quando terminei
de fazer o sanduíche, embora houvesse mais uma coisa que eu
precisava fazer antes que ele estivesse realmente pronto para ela.

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Sobre Jolie Damman

Jolie Damman tem apenas uma obsessão: escrever mais e


mais livros sobre mafiosos. Ao encontrar sua paixão com bilionários
obsessivos, sheiks, máfia russa e italiana, ela escreve todos os dias.
Seus livros são repletos de cenas picantes e ela prefere escrever
romances dark a qualquer outro.
Se você está buscando homens com excesso de confiança
dominando virgens, você vai encontrar isso aqui. Se está querendo
deitar em sua cama enquanto mergulha em uma história com um
CEO gato, elegante e sexy, já encontrou tudo o que precisa.

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