Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Foi inevitável não pensar nele durante todo o dia. A cada cliente
que me abordava em busca de um livro, era nele que eu pensava. Eu
buscava caixas de livros e repunha as prateleiras, separava pedidos e
ele estava na minha mente.
- Hum.
- Nada, Lui. Pode falar. - É óbvio que tinha acontecido algo. Por
um segundo tentei repassar na minha mente se eu tinha dado alguma
mancada com ela, mas não me veio nada em mente. Resolvi passar por
cima, se ela não fazia questão de falar eu também não faria questão de
saber.
- Imagina o cara mais lindo que você conseguir idealizar na sua
cabeça.
- Então, tem uns dez dias que esse cara me parou saindo do
trabalho e disse que me amava.
- Me conta mais.
- Não tenho.
- Por isso que estou te contando, para não ser um erro. Okay?
- Desculpa, Lui.
- O que está acontecendo? - Ela se sentou na minha frente a mesa,
pegou a minha mão e me olhou fundo nos olhos. Tínhamos os mesmos
olhos castanhos, mas o olhar dela era bem mais sagaz, como se eu não
pudesse esconder nada dela.
- Eu só não quero que você sofra. Desejo que você seja feliz. Eu
bem sei o quanto você precisa que coisas boas te aconteçam. Só que o
que você me contou, está errado, talvez esse cara tenha problemas
psicológicos terríveis. Isso não existe de se apaixonar. A gente já leu
livros suficientes para saber que esse lance de amor à primeira vista
não existe.
- Você tem razão. Fique em paz, eu acho que ele não quer me
fazer mal nenhum. Só está confundindo as coisas. Ele foi bem sincero
hoje quando conversamos, resolvi lhe dar o benefício da dúvida.
- Lembra quando nossos pais falavam que não era pra gente
aceitar doce de estranhos?
- Sim.