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A CAIXA, O TEMPO E O DESTINO

Sinopse
Golan é um arquiteto de 35 anos, solteiro, introspectivo que vive em
Instanbul com sua cadela bakir. Trabalha com restauração de casas
antigas, preservando suas histórias. Compra uma casa para si e a
restaura e já morando ali por 3 anos descobre uma caixa. Essa caixa
conta casos acontecidos no passado, 40 anos. Sua curiosidade o leva a
uma viagem instigante que mudará a visão que tem de si mesmo e
explicará muitas coisas que ele queria saber e nunca teve resposta.
Nessa busca, encontrará Gül, Tilki e Cebrail, que o ajudará. Eles terão
que enfrentar Ates( leia Atex).
Capitulo 01
Instanbul, ano de 2042.
- Boa noite Sr. Can!
- boa noite filho, como foi seu dia?
- bom, o de sempre. Bakir? Se portou bem?
- vc tem sua resposta, não sei porque pergunta sempre.
- kkkkk, é verdade. (Assovia), mas onde está?
- descobriu um ninho na árvore lá nos fundos, tive que levar água e
comida, alguma coisa vai vir disso.
- kkkkkk, vou lá. Até amanhã, nos vemos!
Encontra virgo sentada, quando o vê, abana rabo e nada de abraço,
pelos pelas roupas, lambidas...
- Vc me parte o coração assim garota, é sério isso? São os ovos ou que
vem depois disso? Se for os ovos, esquece. Vc apronta muito, mas subir
em árvores seria demais. E o que vem depois? Vc acha que vai ser
fácil? Hum, já sabe. Vem aqui, dá um abraço. Sentiu minha falta?
(bakir olha para o ninho)
- Um mês sem petisco por essa traição!
Hoje foi interessante, espero que a reunião com o Sr. Hakan renda.
Estas casas em Manisa são incríveis, lembrar de ligar para Mert.
Agora vou tomar um bom banho preparar uma sopa e terminar minha
leitura. (o velho e o mar, Ernest Hemingway). Aff, esse livro tem 90
anos e ainda assim me tocou. Não sei porque a Srª Mayrien me lembra
o velho.
- Mert? Manisa, qual sua impressão?
- Hum, creio que serão nossas, irmão. Vamos esperar até segunda. Vc
quer ir ou quer que eu vá? Temos que nos programar. Tá fazendo o
quê? Vou à festa da Julia, vamos?
- Não sei, quem vai?
- Todo mundo do escritório.
- Tá, mas vou voltar cedo, tenho que estar cedo no escritório, e
finalizar o projeto de Sisli (leia-se xixli).
- Bom, te vejo.
- Golan! Como está?
- Fatma! Mulher, que surpresa! Vc está diferente! Quase não te
reconheço!
- Diferente bom, ou ruim?
- Bom, claro, e não que antes não estava bom, só que agora, para mim
vc está bem melhor, pode contar como foi isso?
- Sim, não é segredo nenhum. Desintoxiquei, só isso.
- Hum. Tem mais alguma coisa aí, quer contar!
Fatma me olha diferente, se vê diferente, mas está mesmo diferente
também. Da última vez que a vi estava fazendo mal para si e para mim
também. Namoramos 8 meses, eu conheci ela no final da faculdade,
veio transferida de Ismir, nossa conexão foi incrível, tinha um sorriso
que era maior que tudo. Alegre, inteligente, ficamos amigos no
primeiro aperto de mão e não separamos mais. Depois da Faculdade
comecei trabalhar onde estou até hoje, ela foi para outro escritório, do
amigo de sua família, queria que eu fosse também, mas não quis,
queria começar por mim mesmo, só eu e meu trabalho. Quando
éramos só amigos, tinha uma parte da vida dela que eu não entrava e
ela não me convidava. Assim quando começamos a ficar juntos,
quando um dia eu olhei e olhei, e lá tinha algo diferente. Uma
escuridão que me atraía, um doce que me seduzia, eu a beijei, ela
também, grudamos ainda mais, e quis entrar na parte da vida dela que
não entrava. Me barrava, foi assim durante meses, até o dia que me
toquei que me afetava mais do que um simples incômodo. Nunca quase
comia pela manhã, e só enquanto tomava o café que tamborilava o
indicador na mesa. Perguntei se ocorria algo com o tamborilar, parou,
não tamborilou mais.
A noite, era fogo puro, meu Deus, como era bom, me roubava o
sentido, o fôlego, sempre que acabava eu estava acabado, e juro, se eu
fosse o homem da azul, ela estaria pronta sempre. Achava normal não
achar anormal.
Gostava de fazer sempre no escuro. Dizia que os outros sentidos eram
mais sexuais que a visão, e como gostava das suas escuridões, continuei
gostando daquela também.
Banheiro nunca era divido. Andar nua pela casa? nunca. Pegar no
flagra se despindo ou vestindo? nunca, ela tinha radar para minha
chegada.
Sabe o que dizem sobre a ignorância? Eu concordo quando não quero
saber, discordo quando não quero saber, então dependendo do caso é
melhor não saber. Não foi assim com a Fatma.
Precisei entregar um projeto para um cliente pessoalmente,
precisávamos discutir pontos importantes. Meu pneu furou e precisei
trocar, levou uns minutos, já estava saindo quando vi o carro da Fatma
saindo de uma garagem. Ou, ou, ou. O que temos aqui?
Segui, encontrei o cliente, entreguei o projeto e vida seguindo.
Mas, teve aquela outra noite, sempre tem né? Dizem que não tem o
dois sem que tenha havido o um, ou três sem o bendito dois. Meu dois
foi na noite de um pesadelo, os tenho, mas muito raro naquelas noites.
Fatma não estava, não morava comigo. Mas de quando em quando
permanecia.
Liguei e não atendeu. Estranho mas não muito. Me lembrei da casa.
Fui e esperei, saiu de lá novamente. Novamente, novamente e
novamente.
Lembrei do tamborilar, do escuro, da escuridão e do fogo.
Comprei uma garrafa de uísque, fiquei de plantão. O primeiro carro se
aproxima e ando em sua direção aos tropeços, boa aparência,
segurando uísque caro e vem um convite para o inferno. Fui, fácil?
Muito!
Não aceitei nada, bebi mais, e descobri demais, não voltei mais. Quem
voltaria? Pergunta retórica.
Nunca briguei, nunca questionei, ficamos mais alguns meses assim, não
achava que por amá-la tinha esse direito. Não quando eu também
tinha minha própria escuridão. Mas ela viu que eu sabia.
Silenciosamente saiu, sem dizer adeus? Não. Disse que naquele
momento não queria ajuda, que na sua visão o primeiro lugar do pódio
não era meu.
Eu entendi, mas doeu. Outro mas? Tem. Eu estava acostumado.
(Je ne regrette rien da edit piaf tocando, versão dj aloc de 2021)
- Quer dançar?
- Porque não.
- Está morando aqui?
- Voltei tem 2 meses, estava em Londres, especialização em restauração
vitoriana. E vc? bakir?
- Eu bem, bakir má como sempre. Se apaixonou, não sei se pelo dono
do ninho, ou pelo seu conteúdo, só o tempo dirá.
Olhando em seus olhos vejo escuridão, aquela que me afastou? Não,
mas escuridão. Oh merda, não de novo! Cara se cure!
Ela está mais linda, tem coisas macias aqui na sua cintura.
Gordurinhas! Mente suja! Eu provei magrinha, qual será o gosto
assim? Para, mente suja. Nem sabe o norte dela agora.
- Está fazendo o quê?
- No mesmo escritório, estamos avaliando um projeto em Manisa,
restauração Otomana, muito prometedor!
- Hum.
- O quê?
- Nada.
- Te conheço, vai fala!
- Está bem, estou nesse projeto também, mas não estou no jogo do
cliente. Vc?
- Hum, também não, descobri agora.
- Me fale se souber de algo?
- Não.
- Porque?
- Sério essa pergunta?
- Foi mal.
Vou pergutar, na época de Cristo perguntar ofendia, de Erdogan
ofendia, de Napoleão também, quem sabe descobriram a cura para
perguntas não devidas, vamos lá!
- Casou, alguém?
- Hum...
Olhando fundo, querendo respostas, poxa vida, nada! Sua besta, aqui
tem e ignora, está dançando com vc, quase coladinha.
- Quer sair?
- Onde?
- Escolhe e te sigo.
- Ela tem memórias boas, essa é para mim também, sempre gostamos
desse café. Lembra não só nós dois, mas algo que fica.
- Boa noite, querem pedir?
- Boa noite, Srª Mayrien não está?
- Tem tempo que ela não fica até tão tarde, o que vai ser, café?
- Sim, dois por favor.
- aqui, bom apetite!
- obrigado.
- Vc não veio mais aqui, pelo visto.
- Não, lembranças demais, não tenho problema de dizer. Senti sua
falta. Falta da namorada, da amiga principalmente. Vc fez falta e sabe
disso.
- Vc também, muita. Também não tenho problema com isso. Me livrei
daquilo.
- Pode falar?
- Sim, sempre pude falar, não queria, é diferente.
- Então...
- Tem a ver com clichês, mãe, pai, pressão da família, queriam que
seguisse tradições que não tinham nada que ver comigo. Casamento
com pessoa adequada. São desculpas? Não, não são, mas fiquei mal
com tudo isso. E o resto vc já sabe onde me levou. Demorou tempo
para eu perceber uma coisa?
- Quê?
- Força. Eu precisei de forças e não sabia onde encontrar.
- Encontrou? Onde encontrou?
De novo esse olhar escuro. Não vai por aí cara!
- No tempo.
- Hum?
- Não sei se consigo explicar. Depois que nós terminamos, fiquei mal
por um tempo.
- Eu não podia ajudar?
- Vc queria?
Merda! Sempre direta, sem rodeios. Minha jugular está coçando. Não
consigo responder nem para mim mesmo. Ela também já sabe a
resposta. Eu sei, não tenho vergonha, mas não é bonita.
- Vê? Essa força veio de onde não esperava e nem estava procurando,
tem uma coisa com drogas, é que as vezes é bom para caramba, e
ninguém quer admitir isso. O ruim é que até essa sensação é
enganadora. Mas uma coisa boa travestida, então deixa de ser boa, e
isso para mim resumia todo o perigo. Foi por isso que precisava da
força.
- Sei, o tempo. Vai, estou curioso.
- Eu sei que vc gosta de ler.
- Hunhum.
- Sentiu falta de algum livro?
- Não?!
- Leio mais digitais, livros físicos são mais hobbies e decoração. Qual
livro vc tem que devolver?
- Kkkkkk, o Diário de Anne Frank.
- O livro todo ou algum trecho?
- Não existe isso de algum trecho, impossível. E mesmo depois de todo
lido, tem trechos que nunca se acabam ou nunca se apagam!
-Concordo.
- Eu pensei se a Anne tivesse acesso ao que eu tive para fugir, ela
usaria essa fuga? Eu mesmo respondi, e estava chapada quando veio a
resposta. Não é incrível? Mas e o tempo o que tem que ver? Tudo.
-?
- Eu já havia lido antes. Aí quando vi na sua biblio me deu vontade de
ler novamente. Por isso o tempo. Naquela época só me emocionou. Não
fiz nenhum questionamento. Li novamente e a pergunta sobre a fuga,
era que não sei a da Anne, mas a minha eu soube na hora. A força da
Anne para mim, é que não se rendeu, permaneceu forte, caia e
levantava no cubículo, escreveu seu diário. E eu ali com tudo e nada ao
mesmo tempo. Pois meu tudo ia virar nada com minhas ações. E a
Anne com seu quase nada ela fez tudo, e algo inimaginável, se
eternizou. Entendi que morrer, os problemas são para todos. Minha
cabeça desse tempo nem entraria nas drogas, logo, com o tempo não
precisaria sair.
- Uau garota! Li esse livro, também achei incrível, mas não tirei nada
disso. O bom que vc realmente está ótima. E se posso dizer
sinceramente, é que vc tem muita razão sobre o tempo. Quer me dar
seu número?
- Sim, aqui.
- Obrigado. Vamos?
- Sim. Muito bom te ver de novo.
- Também para mim.
- Bom dia Srª Mesul! Mert chegou?
- Bom dia Golan, ainda não.
- Pede para ele ir ao um escritório assim que chegar, por favor!
- Bom dia!
- Bom dia, seja bem vindo!
- Sumiu ontem, fez o quê?
- Depois te conto, o projeto de Manisa está em outro escritório, o que
será que vem disso Mert?
- Ou, não estou sabendo de nada, faz ideia do seja, nenhuma
suposição?
- Sério nenhuma.
- esperar então.
3 dias depois.
- Bom dia Srª Mesul, tudo pronto para nossa reunião com o Sr.
Hakan?
-Bom dia, sim, Mert já está lá.
- bom dia Mert!
- bom dia, o Sr. Hakan acaba de chegar.
- Ótimo, vc viu as licenças em Manisa?
- se for aprovado, não teremos problemas com isso.
- bom dia Sr Hakan, sente-se por favor. Café? Aqui. Então, o que
achou do projeto que fizemos para Manisa?
- Bom, muito bom, já estava convencido a tempos, com uma ressalva.
- Pode falar, quem assina esse projeto sou eu, a parte executiva fica
com o Mert, mas como já expliquei antes, gosto de cuidar dos meus
bebês. Qual é sua ressalva.
- Está na compatibilização, gostei mais de um outro que me foi
apresentado. Do escritório Ark&Art.
Ou, ou, ou. Fatma! Agora o quê?
- O Sr. Quer integrar os projetos? Na Compatibilização? Eles disseram
o quê?
- que a fusão seria viável, depende de vcs agora.
- O Sr. pode nos dar um minuto? Mert?
- Mas essa! O que vamos fazer?
- Pensar, e rápido. Não trabalhamos assim, mas também não paramos
diante de um desafio. Mert, vc é a execução, o que acha?
- Acho não, tenho certeza que não será problema, fácil? Claro que não.
Mas executável.
- Então vamos para Manisa com a Ark&Art.
Capitulo 02
- Bakir, está cutucando a parede? Olhe bem para mim. Se vc destruir
algum reboco aqui de novo, nós vamos nos separar. Não faça essa cara
de que a culpa é minha. Eu andei com vc hoje no parque. Lembra do
marron com manchas brancas que te cheirou todinha? Então,
mantenha isso e nada de sonhar que pode ser construtor. Pois se vc
destruir essa parede, o próximo movimento será arrumar suas malas.
Que final heim Golan! 35 anos e conversando com sua cadela. Não sei
porque gasto minha saliva, está mais certo eu sair do que ela. Peluda
que eu amo!
- Fatma? Boa noite, como está?
- Oi Golan, bem e tu?
- Bem também, quero falar contigo, pode sair um pouco, está com
tempo?
- sim, pode ser na Meyriem?
- sim, 20:00? Nos vemos.
Chego cedo para ver se consigo ver a Srª Meyrien, a essa hora da noite
o metrô está tranquilo. Uma das coisas que amo em Istanbul, é poder
usar metrô de maneira segura. Ninguém no escritório possui carro,
estamos fazendo nossa parte. Um longo caminho, mas quem está com
pressa? Não responde, a qualidade do ar ainda não está 100%.
- Srª Meyrien, boa noite, como está?
- Golan, estou bem e vc como vai?
- Bem também, vim a semana passada, Sert disse que estava saindo
cedo. Então cheguei cedo para poder vê-la.
- Querido, já não sou mais uma mocinha. Senta aqui, posso te servir
algo?
- Não, uma amiga vai chegar daqui a pouco.
- Oh, depois de Fatma, vc não veio mais aqui, senti sua falta. Me fale de
vc, trabalhando muito?
- Sim, estamos indo para fora por alguns meses. Mas o trabalho está
indo muito bem. Estou pensando fazer Mestrado, quero fazer alguma
coisa.
Meyrien tem aqueles olhares demorados que me faz bancar o Júlio
Verne quase sempre. Não me incomoda, na verdade quase nada nas
pessoas me incomoda, gosto de olhar. Mas hoje está mais que sempre.
Me pergunto o que ela vê?
- Quanto tempo vc vem aqui Golan?
- Muito tempo, desde a faculdade, por quê?
- O que vc sabe sobre mim? Digo, pois de vc eu sei quase nada. Tem
um ex-presidente que disse a seguinte frase: “intimidades geram filhos
e conflitos, e nenhum dos dois quero tê-los consigo”. Mas vou arriscar.
Quem é esse rapaz bonito que vem aqui de vez em quando, é sempre
gentil com todos, sempre paciente. Muito calado, mas que tem um
olhar de muitos verões?
Ou, ou, ou. Pelas sancas de Hagia Sofia! Agora o quê? Ah Meyrien
volta na parada dos conflitos, volta.
- Bom, não falo nada por um motivo simples, tem coisas para contar?
Sim, mas é tão sem importância, que não perco tempo contando.
- Ah, entendo. Vc decidiu isso. Me conte e eu decido se é sem
importância, quer?
Minha vez de olhar, só que agora acho que ela vai bancar o Gagarin,
esquece a Laika por favor, essa parte eu não gosto.
- Tenho saída?
Só um movimento? Bom, pior do que já foi não será.
- Cresci num orfanato aqui em Istanbul, daí já podemos concluir que
nunca conheci meus pais, fui deixado bebê ali, e só saí quando a idade
chegou, fui trabalhar duro, comer pouco, pagar aluguel, conseguir
bolsa e aqui estou.
- Hum. Golan, vc percebeu que do bebê até sair tem uma vida vivida
nessa sua história?
- hahaha, te conto outra hora, agora minha convidada chegou.
- Boa noite, como está Srª Meyrien?
- Fatma, que bom te ver! Estou bem, obrigada, e vc?
- Bem também, bom vou deixar vcs, querem pedir algo?
- Eu uma sopa de berinjela. Fatma?
- O mesmo, obrigada. Essa cara! Já sei, Manisa.
- É, não é incrível! Quem vai do escritório?
- Eu e mais dois, fico com área externa, paisagismo.
- Já sabem onde vão ficar?
- No Bulut Hotel, vcs?
- Coincidências hã, acredita?
- hahahaha. O projeto é seu, vai ficar lá também?
- Não, só na primeira etapa, de instalação da equipe de obras, e
integração com o projeto de vcs. A parte executiva do projeto fica com
Mert.
- Vou gostar de trabalhar com vc. Senti muito sua falta.
Oh meu! Não fala assim, tem uns trens que partem da estação, e tem
três opções. Vc está nele, perdeu a hora do embarque, ou não comprou
nem a passagem. Golan, vc é um reboco sem liga. Vai responde!
- Deixei vc sem graça?
- Não, não sem graça, sem palavras. Mas claro que senti sua falta. E
para ser honesto, principalmente com vc, não gosto de retomadas.
- Esse é o bom e velho Golan. Gato, macio e cortante.
- Não, medicina preventiva.
- Eu te machuquei, eu sei. Por favor, me perdoe! Quero ser sua amiga,
senti muita falta disso também.
Eu senti falta da sua amizade, das risadas, do seu cheiro de limão que
era tão refrescante. Da curva quente do seu pescoço onde eu enfiava
meu nariz. Eu salvando suas coisas dos dentes de Bakir, até disso senti
saudades. Dessas pernas cruzadas nas minhas costas....
- Golan?
- Heim?
- Viajando?
- Dando voltinhas, só isso. Senti sua falta, muito.
- Podemos ir?
- Sim, bom te ter aqui, nos vemos em Manisa.

- Oh garota! Olhe o que vc fez! Minha parede. Esse seu ouvido seletivo,
alguma vez seleciona o que digo? Não! Pois bem, uma semana sem
coçar a barriga. E não, dessa vez serei forte, vc vai ter uma surpresa.
Essa prioridade não será só sua. Verás. Vou pegar o aspirador, não me
siga, não me cheire e nada desse seu olhar de que me ama até a lua e
voltando.
Quando voltar de Manisa conserto essa parede. Bakir precisa tomar
banho, está cheirando a ração de peixe com caranguejo. Tão gostosa
assim juntinha, quem liga para cheiro de peixe. Pensando bem, quem
liga para parede. Qual é o placar mesmo? Quem liga para placar
quando o zero brilha ao lado do seu nome. Me lembre de tirar o Mert
do meu testamento, foi ele que me levou naquele abrigo de cachorros.

Manisa
- Dois dias aqui em Manisa e não conseguimos completar a equipe, e o
pessoal de combate à pragas já terminaram. E nada da hidráulica
chegar.
- Calma Golan, eles já entraram em contato, houve um pequeno atraso
na última obra deles, amanhã sem falta estarão aqui.
- Eu já terminei por hoje, e você, já terminou aqui?
- Me dá dez minutos, sim?
- Te espero lá na frente.
- vamos comer alguma coisa antes de ir para o hotel, quer?
- vamos, só estou com o café da manhã.

ORFANATO
Trecho 1
Eu gosto, mas como ele gosta, não gosto de gostar do que ele gosta. Então vou gosà tar
de gostar do que ele não gosta.
Mas eu gosto desse que vc gosta!
Não se atreva, eu gostei primeiro!
Aff, e quê?
Vou te partir ao meio no tapa!
Vc e quantos?
Com uma mão nas costas, imbecil!
Vc sabe que vai ficar de castigo se me agredir?
Vale a pena!
Idiota!
Vai morrer!
Trecho 2
Eu quero ser Constantinopla
Aiê, não pode, é uma batalha, bizantinos de um lado e otomanos do outro
É uma batalha importante, eu não quero ser o conquistador nem o derrotado, quero ser a
conquista.
Não pode!, Srtª Gretta fala para ele que não pode ser Constantinopla
Hum, quer ser a Conquista, pode explicar porque?
Eu pensei e acho que com o tempo todo mundo morre, Srtª Gretta, posso ser
Constantinopla? As conquistas ficam para sempre.
Seu burro! Constantinopla vai morrer também
Não vai
Vai
Não vai! Abre o berreiro chorando
Vira Istanbul
É verdade, vai mudar de nome!
Mas, sssssssiffff, mas a D. Amabile disse que podemos ter coisas, morar em outros
lugares, que seremos sempre nós mesmos, não importando onde e nem o que.
Vc vai ser divido, está sabendo né?
Hã?
O Bósforo, vai passar onde?
Teremos que cortar mesmo, a pergunta, que parte vai ser Europa, a que pensa ou a que
sai merda?
“a sala toda rompe na gargalhada?”

Trecho 3
Edy, vc disse que um dia vai achar seu pai, como vai fazer?
É, vc sabe alguma coisa dele?
Sei.
Quando v ver ele vai fazer o quê?
Quando eu encontrar ele eu vou sentar ele no facão!
Rsrsrsrsrs, é doido! Fica mais fácil ao contrário, já sabe.

Trecho 04
Das maravilhas do mundo moderno quais vcs gostam mais?
Eu gosto do taj mahal.
Claro que vc gosta, sua gótica mórbida!
Mas ele é branquinho!
É que ele representa que ela gosta
Eu gosto, de Machu pichu, dizem que lá tinha muito ouro.
Falou o agiota!
Não sou agiota, a D. Amabile disse que dinheiro parado perde o valor, então eu
movimento.
É sim, vc empresta dinheiro e cobra juros, e tem cpf e não cnpj, logo, é agiota.
Vcs são um bando de desinformados, prestem atenção na aula de economia doméstica.
Eu gosto do Cristo Rebentou.
Rsrsrssrsrsrsrsrsr, Redentor Rafael!

Trecho 5
Crianças façam menos barulhos, estão comendo e não no parque.
Não precisa mandar o ítalo, ele só come mesmo, lembra do bolo de aniversário?
Rsrsrsrsrsrsrs, ninguém vence esse garoto.
O ítalo é especial, e nós tentamos pegá-lo e nunca conseguimos.
Conta!
Uma vez na semana servimos Coca-cola, toda vez que termina o Ítalo fazia assim:
“Ahhhhh, se eu pudesse eu beberia a garrafa inteira!”. A D. Amabile, comprou uma
garrafa e deixou de plantão, só para ele. Quando ele fez de novo, ela colocou na frente
dele e disse se ele não tomasse tudo, ele iria ficar um mês sem a bebida. Ele não só
bebeu, como repetiu a famosa frase acompanhada de um belo arroto.
O mesmo com a lata de marmelada. Mas o pior foi no dia do seu aniversário. Ele comeu
o bolo inteiro, pensamos que iria passar mal. Nada, nem uma ida apressada para o
toalete.
Chegamos à conclusão que ele aluga o estômago para o buraco negro.
Comer é o seu negócio, e ele é amigo de Dan, Comida é o negócio dele.

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