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Se eu soubesse o que havia para saber sobre Early Auden, o mais

estanho dos garotos, poderia ter sentido medo ou, pelo menos,
ficado longe como todos os outros.

For a thousandth of a second

Capitulo 1: Took the breath from my open mouth.

Então era isso? Harry olhava em volta e se perguntava, será que é assim
quando acabam as guerras? As pessoas se abraçam e riem de felicidade
como se outras milhares não tivessem morrido?
Ele não conseguia entender, não se sentia feliz, no início ele imaginou que
quando a hora chegasse se sentiria, mas não, agora estando aqui, após ver
Voldemort se tornar cinzas depois de ser atingido com o próprio feitiço, ele
não se sentia feliz. Se sentia esgotado, usado e agora sem propósito algum,
por que esse era seu propósito certo? Matar o grande e temido Lorde das
Trevas, não havia sido para isso que foi preparado? Não havia sido
moldado como o perfeito porco de abate de Alvo Dumbledore?
Ele não poderia comemorar, não se sentindo daquele jeito, após se jogar
dos braços de Hagrid provando a todos que apesar de ter sido atingido com
a maldição da morte ainda continuava vivo, não demorou nem cinco
segundos para ouvir “Potter” e então só teve tempo de o olhar e agarrar a
varinha que ele o lançou, e assim que a agarrou correu, lançou alguns
feitiços contra Voldemort apenas para atrasa-lo para que conseguisse
pensar no que poderia fazer agora, todos estavam lutando, ninguém poderia
ajuda-lo agora, mas seu pensamento principal era que Draco agora sem sua
varinha estaria desprotegido dos comensais.
Já que com o ato de dar a Harry sua varinha mostrou a todos para quem
realmente pertencia sua lealdade.
E então se encontrou sem ter para onde correr, cara a cara com Tom
Riddle, e quando o mesmo lançou contra si a maldição da morte mais uma
vez sua única opção foi lançar experlliarmus contra o bruxo, e enquanto a
rajada de luz verde parecia se aproximar cada vez mais dele, Harry tentou
encontrar Draco com o olhos, queria estar olhando para ele se isso acabasse
dessa forma, e então foi aí que ele o viu o abandonando, indo pela ponte
não mais tão gloriosa e intacta como um dia foi, acompanhado de Narcissa.
Ele simplesmente foi embora.
De novo, ele apenas virou as costas e foi embora, mas não havia tempo
para focar nisso agora e sim no psicopata na frente dele querendo matar
todas as pessoas que ele um dia já amou. Ele pensou em seus pais, pensou
em Sirius, pensou nos Weasley, em Hermione, e em todas as pessoas cujo
as vidas ele não pôde salvar e em todas as que ele poderia salvar se matasse
esse bastardo.
E então foi como se sua magia recebesse um impulso e se tornasse mais
forte do que nunca havia sido antes, então tudo o que ele viu a seguir foi o
que restou, não de Voldemort, mas sim daquele lugar, o que um dia foi sua
casa, Hogwarts, pedras e mais pedras que despencaram de seus lugares com
a força com que eram atingidas, e então ele entendeu como realmente uma
das maiores mágoas de Tom Riddle era aquela escola.
Que apesar de incrível e inspiradora na maior parte de sua história também
foi palco da criação de pessoas horríveis.
Mas tudo o que realmente pensava agora era em como foi abandonado por
Draco Malfoy como se ele não fosse nada, como se tudo o que viveram nos
últimos três anos simplesmente pudesse ser apagado e esquecido. Talvez
fosse isso, talvez ele tivesse sido uma pessoa tão insignificante na vida de
Draco que não havia razões para ele não fazer o que fez, e depois de toda a
merda que ele causou na vida de todos, era de se esperar que a primeira
coisa que as pessoas fariam depois dele finalmente acabar com aquilo seria
irem embora, e foi só isso que ele fez, só foi embora.

******

Mesmo depois de quase vinte minutos embaixo do chuveiro Harry ainda se


sentia sujo, depois de resolver tudo o que poderia tentar resolver em
seguida de toda aquela luta, Harry aparatou em frete ao Largo Grimmaud
nº12, e após encontrar um banheiro que pôde ser considerado utilizável a
primeira coisa que pensou em fazer foi tomar um banho, talvez na
esperança de lavar sua mente, talvez sua alma, ou apenas esperar que toda
aquela culpa escorresse pelo ralo da mesmo forma que o sangue seco de
suas feridas fazia.
Fred Weasley estava morto.
Ele ainda não conseguia tirar de sua mente a imagem de Ron chorando
copiosamente sobre o corpo de seu irmão, ainda conseguia ouvir os gritos
de Ginny como se um punhal houvesse sido cravado em seu peito quando
viu o irmão tão pálido, a feição de medo ainda estampada em seu rosto
desfalecido.
Hermione havia ido atrás de seus pais, após contar o que fez com eles e que
os havia mandado de alguma forma para a Austrália, Neville a convenceu
de que deveria resolver isso logo, pois se fosse com ele e seus pais
estivesse tão bem como os dela estavam, ele iria querer eles ao seu lado por
todo o tempo possível.
Mas Harry não acreditava que ela ficaria muito tempo na casa dos pais, já
que declarou que assim que resolvesse tudo voltaria para ajudar a
reconstruir Hogwarts, e o início da reconstrução havia sido marcado para
daqui a uma semana.
Uma semana, parecia pouco tempo para superar uma guerra e já começar a
seguir com a vida.
Quando voltou para a sala de estar, fez alguns feitiços para limpar o lugar,
não conseguiria passar a noite ali se não fizesse isso, tudo cheirava a velho
e sujo. Não ficou perfeito depois dos feitiços, mas estava melhor que antes,
era aceitável, aceitável como o quarto de Duda onde ficou nos seus últimos
anos na casa dos Dursley, aceitável como aquele pequeno armário embaixo
das escadas.
Depois de todo aquele tempo fugindo dos comensais e caçando horcruxes,
qualquer lugar até mesmo aquele armário seria um palácio para Harry.
Então quando finalmente conseguiu transfigurar o sofá velho em uma cama
ele se permitiu chorar enquanto abraçava seus joelhos contra seu peito,
chorou porque aquilo tudo finalmente tinha acabado, chorou porque tudo
em que acreditou durante todos aqueles anos se preparando para aquele
combate não serviram de nada porque eram mentiras.
Ele se deixou cair na ilusão de que se Voldemort estivesse morto então
tudo se ajeitaria sozinho, que tudo se encaminharia da forma que ele
desejava, já que a parte ruim de sua vida teria ido embora, pobre coitado e
inocente Harry Potter, agora ele via o quanto estava enganado.
Ele estava sozinho, no final de tudo era isso o que sobrou pra ele, a solidão.
Não sabia como olhar nos olhos de seu melhor amigo, ele sentia que o
sangue do irmão dele era outro que corria em suas mãos. Hermione, com
tudo o que passaram naquela época na floresta depois que Ron os
abandonou ele viu como ela se corroeu por dentro e ele sabia que todos os
dias ela se perguntava se não deveria ter feito como Ron e fugido da
desgraça que era estar perto de Harry Potter quando teve sua chance.
E Draco, depois de tudo o que passaram, depois de suas promessas e juras
feitas embaixo da capa da invisibilidade, depois de todos os beijos trocas
nos cantos mais vazios e escuros de Hogwarts, depois das noites de amor
que compartilharam na casa dos gritos, eles concertaram tanto aquele lugar
para transformá-lo em um lugar só deles e no final Harry só sentia vontade
de voltar lá e destruir pedaço por pedaço, na esperança de que as
lembranças fossem embora junto com a estrutura.
Aquela foi a primeira noite de Harry naquela casa, e ele não dormiu.

******

“Cara, você realmente precisa fazer a barba.” Ron exclamou quando o


amigo abriu a porta. “Daqui a pouco você está igual a Dumbledore no
nosso primeiro ano.”
“É sempre um prazer te ver Ron.” Respondeu abraçando o amigo, depois
de quase um mês sem ver nenhum de seus amigos, a não ser é claro no
enterro em que apenas ficou em um canto com um olhar vazio se
perguntando se não seria melhor, em respeito ao falecido, ir embora, Harry
finalmente aceitou que o ruivo aparecesse em sua casa. “Como estão as
coisas n’A Toca?”
“Você sabe, mamãe está tentando voltar à rotina, depois do enterro do Fred
foi a única coisa que ela pensou que poderia ajudar.” Ele suspirou ao se
sentar no sofá da sala. “Você realmente está conseguindo dar um jeito na
casa.”
“Depois de alguns feitiços fica mais fácil consertar as coisas.” Harry se
encostou no batente da entrada da sala. “E Jorge?”
“Foi passar um tempo com Carlinhos no Egito depois que teve um surto e
destruiu todos os espelhos dA'Toca” suspirou colocando os pés sobre a
mesa de centro. “Ele está pensando em fechar a loja definitivamente.”
“Ron, eu sinto muito mesmo...Se eu tivesse sido melhor.”
“Harry, ninguém culpa você.” Ron foi até o amigo colocando a mão sobre
seu ombro. “Todos estão tristes, Fred era família, assim como você também
é. Olha eu sinto muito por tudo o que aconteceu, sinto muito pelas pessoas
que você perdeu, mas cara nada disso foi culpa sua. Não coloque nas suas
mãos o sangue que escorreu pelas mãos dele e daqueles malucos que
seguiam ele feito escravos, você não pediu pra ser quem é, nem pra tudo
isso acontecer. Nós só queremos que você volte, você também é meu
irmão.”
Ron não estava esperando pelo abraço que recebeu, mas tudo o que ele
disse, mesmo que Harry não acreditasse totalmente nisso, fez com que ele
pelo menos não se sentisse tão sozinho, depois daquele tempo solitário
numa casa tão grande ele pensou que estivesse se acostumando a ser assim
novamente, mas com as palavras de Rony, percebeu como nunca quis ser
desse jeito. E como um sussurro que parecia até com medo de sair ele
ouviu o amigo dizer:
“Eu...eu sinto muito pelo Malfoy também.”
E foi aí que Ron sentiu o corpo de seu amigo tremer, e tudo que pode fazer
foi abraça-lo mais forte, se sentia estranho, não eram de se abraçar, mas
depois de tudo o que passaram juntos, se abraçar parecia ser nada demais.
“Ele foi embora...” sua voz saiu quebrada. “Ele simplesmente foi embora.”
E mais uma vez, Ron viu quem Harry realmente era, não o grande
Salvador, não O Eleito, ele era só o Harry, no final do dia, ele era apenas
um garoto.

******

“Harry, querido!” A senhora Weasley quase correu para abraça-lo. “Oh


meu querido, como está? Eu estava tão preocupada com você, quando
Rony disse que viria fiquei tão feliz, fiz um almoço bem reforçado, você
sempre foi muito magro e olha como está agora, eu estava certa em me
preocupar tanto.”
“Eu estou bem, Molly.” Harry riu com a afobação da mulher. “É muito
bom ver a senhora de novo.”
“Vem, vamos comer agora mesmo, e eu quero saber como você está
querido, quando Ron me disse que estava morando na sede da Ordem
fiquei curiosa sobre o que você fez no lugar.” Harry resolveu não comentar
sobre os olhos da mulher cheios de lágrimas.
“Bom, depois que Sirius morreu, eu soube que ele havia deixado a casa pra
mim. E eu pensei que poderia ser uma boa casa se fosse bem cuidada, estou
pintando as paredes agora, acho que até o final da semana a casa vai estar
pronta.” Ele contava enquanto se servia da farta variedade de comida sobre
a mesa. “Tenho certeza que ele iria gostar de ver aquela casa finalmente
parecendo com um lar.”
“Harry!” O chamado veio da porta e o sorriso em seus lábios foi de ponta a
ponta ao ver Hermione entrando no cômodo, ele levantou da mesa e foi em
direção a amiga que estava emocionada em finalmente se reencontrar com
o melhor amigo, mas logo se afastou de seu abraço dando um soco em seu
braço, ganhando um olhar confuso do moreno. “Como pode sumir desse
jeito e não me mandar nem sequer uma carta?”
“Eu precisava de um tempo, Mione.” Resmungou acariciando o lugar
dolorido no braço.
“Eu poderia te dar um tempo, idiota. Mas eu queria saber onde estava pelo
menos.” O puxou novamente para um abraço. “Tenho tanto pra te contar,
senti tanto sua falta.”
Ele apenas murmurou um “Eu também” enquanto apertava a amiga entre os
braços.
Após almoçarem e conversarem um pouco sobre como Hogwarts estava
durante a reconstrução, os três amigos foram para os fundos dA’Toca, se
sentaram na grama tomando sol, apenas apreciando a companhia um do
outro, apesar de não terem se separado por mais tempo do que esse último
mês, desde o dia em que Voldemort havia realmente retornado eles não
tiveram muitas oportunidades de apenas se sentarem a aproveitarem de sua
amizade.
“Ainda não acredito que vocês finalmente se acertaram.” Harry comentou
depois que Ron deitou a cabeça sobre as pernas de Hermione. “Depois que
a Hermione lançou pássaros raivosos em cima de você e da Lila Brown, eu
realmente imaginei que era óbvio o que ela sentia por você.”
“Foi exatamente o que eu disse pra ele quando voltei da casa dos meus
pais, mas ele se faz de desentendido.” Hermione respondeu rindo.
“Será que vocês podem só lembrar que agora já estamos juntos e felizes?
Eu tinha dezesseis anos.” O ruivo reclamou.
“Agora você tem dezenove e continua lerdo.” Potter brincou.
Ron apenas bufou e continuou brincando com um pedaço de grama que
estava em suas mãos, Hermione mantinha suas mãos entre os fios ruivos do
namorado, e Harry arrancava alguns pedaços de grama do chão.
A cacheada esperou bons minutos antes de fazer a pergunta que desde o
começo quis fazer.
“Harry...” chamou e esperou que ele a olhasse. “Eu soube sobre o Draco,
você quer falar sobre isso?”
“Eu nem tenho o que falar Mione, não faço ideia de onde ele está, e nesse
momento não acho que quero saber, ele escolheu ir embora...é só que
depois de tudo...eu só...acho que eu pensei...” respirou fundo “Eu nem sei o
que pensei, acho que foi só uma ilusão, e agora acabou, pra ele ir embora
foi melhor do que voltar, então eu realmente não quero pensar nele agora.”
“Ele voltou pra Malfoy Manor, o pai dele está em Askaban aguardando
julgamento, ele e a mãe também serão julgados, mas como seus crimes
foram mais leves puderam aguardar em liberdade.” Harry suspirou ao saber
de tanta informação, preferia imagina-lo em algum lugar na França, não
naquela maldita mansão esperando por ser julgado, e tudo por culpa de seu
pai. “Eu entendo que você não queira saber, entendo de verdade, mas tem
que ajudar ele e a senhora Malfoy, Harry, eu sei que eu sou a última pessoa
que pode te cobrar algo, mas é o certo, você sabe que sim.”
“Quando vai ser o julgamento?” perguntou voltando a arrancar mais grama.
“O deles daqui a duas semanas, já o de Lucio é na semana que vem,
querem que sua sentença saia o mais rápido possível.” Explicou.
“Como você sabe de tudo isso?” Rony perguntou novamente se
surpreendendo com a namorada.
“Se tivesse ajudado a mim e professora McGonagall a arrumar o escritório
quando eu te pedi, saberia de tudo isso também.” Resmungou de volta para
o ruivo.
“Eu estava cansado depois de reerguer tantas paredes.” Reclamou.
“Você usou magia o tempo todo, não tinha como estar tão cansado.” Deu
um peteleco em sua testa.
“Olha, ‘tá realmente muito bom ficar ouvindo vocês discutindo como nos
velhos tempos, mas eu preciso ir embora agora.” Harry exclamou se
levantando.
“Pensei que fosse ficar por aqui hoje.” Rony respondeu se levantando e
ajudando Hermione a se levantar em seguida.
“Eu ainda tenho muito o que fazer na casa, não quero levar mais tempo do
que já estou levando, mas quando puderem apareçam por lá.” Abraçou o
amigo.
“Por favor não suma de novo.” Hermione pediu enquanto o abraçava.
“Não vou, avise sua mãe e Ginny que mandei um beijo, prometo que volto
logo.” Voltou pela cozinha e foi embora estranhamente não cruzando com
nenhum dos Weasley, aquela casa parecia tão vazia sem as risadas que
antes pareciam não parar.
Depois que saiu dos terrenos dA’Toca, Harry aparatou em frente ao Largo
Grimmaud, suspirando ao se dirigir a entrada da casa, voltando a se sentir
solitário. Depois de já estar dentro da casa, percebeu uma carta jogada
próxima a uma janela que havia esquecido aberta. Ele reconheceria aquele
brasão de longe sem nem hesitar, era dele, Draco Malfoy.
“Covarde.” Exclamou ao pegar a carta do chão. “É isso que você é Malfoy,
uma porra de um covarde, sabe onde eu estou, mas prefere enviar uma
droga de uma coruja pra entregar o que não tem coragem de dizer olhando
nos meus olhos.”
Ele segurou a carta nas mãos, e fechou os olhos respirando fundo, não
conseguia abri-la, não agora que havia decidido que não iria querer saber
dele depois de tudo aquilo, só faria mais uma coisa por ele, e depois disso
iria embora que nem ele havia feito, iria naquela audiência e daria um jeito
de liberar mãe e filho.
O que seria mais um pouco perto de tudo o que já havia dado de si a ele?

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