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Queria poder dizer as palavras que você leu para mim nos livros.

Palavras de amor, de pesar e de coisas perdidas.

For a thousandth of a second

Capitulo 4: Shook the best when your love was home.

Assim que Bobby o dispensou reclamando que Draco estava insuportável,


ele começou a procurar por Harry pelo setor, já eram oito e quarenta da
noite, ele tinha quase certeza de que o moreno já deveria ter ido embora,
mas sem saber para onde ele foi, não adiantaria de nada ficar apenas dando
voltas pelo prédio, então logo se dirigiu a saída.
“Weasley.” Gritou ao vê-lo no final do corredor, ao que o ruivo se virou
para olhar em sua direção ele pode perceber Hermione parada em sua
frente.
“Draco, está tudo bem? Por que toda essa correria?” Ela perguntou
preocupada.
“Onde o Harry está?” ele ofegava.
“Ele tem...”
“Um encontro, eu sei, mas onde ele está?”
“Cara, eu não acho que seja uma boa ideia você aparecer por lá.” Ronald
colocou sua mão sobre o ombro dele.
“Weasley, eu não me lembro de ter te pedido conselhos e sim perguntado
onde o seu amado melhor amigo está.” O ruivo revirou os olhos com a
grosseria habitual do rapaz.
“Por que quer tanto ver o Harry?”
“Porque eu tenho que tentar concertar isso, Granger.” Respirou fundo.
“Olha eu sei que vocês não gostam de mim, e que as minhas últimas
atitudes com o Harry foram bem ruins, mas vocês sabem de tudo o que já
aconteceu entre nós dois. Então será que podem só me dizer onde diabos
ele está?”
“Se eu te ajudar e você machucar ele de novo, Malfoy eu juro que...”
Ronald foi interrompido.
“Que vai me lançar uma imperdoável, acredite, já me ameaçaram muito
com isso hoje e eu já entendi muito bem.”
“Foram a um restaurante francês, aqui na rua mesmo. Le cour de não sei o
que, é fácil de encontrar.” Hermione respondeu. “Não ferra mais as coisas,
Draco.”
“Obrigado.” Acenou e voltou a correr em direção ao elevador.
“Ele vai fazer alguma idiotice não vai?” Ron perguntou a namorada.
“Você ainda pergunta?” ela riu ao ver Draco apertando várias vezes o botão
como se isso fizesse com que o elevador fosse mais rápido. “Mas, sabe que
até que é fofo?”

Assim que se viu fora do ministério Draco aparatou até sua casa, trocando
suas roupas de serviço rapidamente por um terno preto, ele passou nos
jardins da mansão pegando alguns lírios, sabia que eram as favoritas de
Harry. Logo aparatou novamente até a rua do ministério, procurando o tal
restaurante que Hermione o havia contado, sendo realmente fácil de o
encontrar.
“Boa noite. Posso ajudá-lo, senhor?” a recepcionista sorriu gentil.
“Boa noite. Olha eu só preciso falar por um instante com uma pessoa que
está aí dentro, eu não vou demorar, por favor, é importante.” Explicou
tentando soar o mais gentil para convencer a moça.
“Pode me dizer quem é?”
“Harry Potter.”
“Ah claro, o senhor Potter, ele está na mesa vinte, no andar de cima, eu não
deveria permitir isso, então peço para que por favor não se demore pois não
são permitidas pessoas no restaurante a não ser que tenham uma mesa
reservada.” Respondeu ainda sorrindo e Draco quase poderia abraça-la por
sua gentileza.
Ele tentou andar o mais rápido possível, mas não correu, estava em um
restaurante e um Malfoy nunca fazia vergonha em um.
Ao finalmente se encontrar no andar indicado pela recepcionista, procurou
pelo moreno com os olhos, o encontrando rindo sentado de frente de quem
só poderia ser o novo proclamado imbecil por Draco, ou seja, Elliot.
Ao finalmente olhar em sua direção, os olhos de Harry se arregalaram, e ele
engoliu a seco ao ver o loiro se aproximar da mesa.
“Dra... Malfoy, o que faz aqui?” Franziu o cenho.
“Será que eu posso falar com você por alguns minutos?”
“Estamos no meio de algo importante aqui cara, não dá pra esperar até
amanhã?” Elliot se virou ao responde-lo.
“Harry, por favor...” pediu novamente.
“Malfoy, a gente conversa amanhã, agora eu não tenho tempo.”
“Eu estou te pedindo apenas alguns minutos, e depois você está livre pra
decidir onde quer ficar, só vamos conversar.”
“Cara, ele já disse que não quer.”
“Quantas vezes eu vou ter que ignorar o que você fala, até você se tocar de
que o que diz não é de importância nenhuma pra mim?” Draco respondeu
irritado, e seu tom mais alto acabou chamando a atenção de algumas
pessoas, que ao verem que Harry estava na mesa começaram a comentar e
algumas se levantaram para cumprimentá-lo.
Ele havia se esforçado para ficar na mesa mais escondida do restaurante
justamente para isso não acontecer.
“Draco, chega. Eu vou falar com você por dois minutos e depois você vai
embora, entendeu?” se levantou jogando o guardanapo que estava sobre
suas pernas na a mesa. “Elliot, me desculpa, mas isso vai ser rápido.”
O rapaz apenas assentiu, os dois se dirigiram até o andar de baixo, indo
para o fundo do restaurante saindo por uma porta que dava acesso a um
estreito beco, a iluminação era péssima, mas pelo menos era um lugar
vazio.
“O que você tá fazendo aqui?” Harry perguntou com raiva. “Olha eu
percebi que você detestou a ideia de eu ter um encontro, mas vir até aqui
pra arruinar ele não muda nada, chega a ser demais até pra você.”
“Harry, eu só queria te pedir...”
“Me pedir o que Draco? Depois de tudo, você ainda quer me pedir alguma
coisa?” falou mais alto. “Qual o seu problema? Já não acabou comigo o
suficiente? Não pode simplesmente me deixar seguir com a minha vida?”
“Se você me escutasse...” Draco bufou ao ser interrompido de novo.
“Eu não quero escutar você, eu quero que você me deixe em paz.”
Suspirou. “Eu sei que não deveria ter puxado nenhum assunto com você, eu
sabia que iria parecer que eu estava te dando esperanças, mas...eu não
sei...pensei que talvez a gente pudesse pelo menos nos dar bem, já que
agora estamos trabalhando no mesmo setor. Mas acabou Draco...então será
que você pode só me deixar continuar com a minha vida ao invés de
estragar o pouco que eu estou tentando concertar dela?”
“Potter, cala a boca!” Draco falou alto fazendo com que o moreno se
calasse. “Quer saber? Que se dane.” Jogou as flores aos pés dele, que só
agora percebeu que o loiro carregava um buquê. “Me quer fora da sua
vida? É isso o que você tanto quer?” se aproximou colocando o moreno
contra a parede do beco. “Anda, responde.”
“Sim...” respondeu tão baixo quanto um sussurro.
“Ótimo, me considere fora dela, quer me pintar como o novo vilão da sua
história? Faça isso então.” Se afastou. “Eu fui um idiota, um grande idiota
por de alguma forma acreditar, que nós ainda tínhamos alguma chance.”
Quando Draco sumiu de sua vista após sair do beco, Harry voltou a
respirar, ele olhou de novo em direção aos seus pés, as flores agora haviam
sido pisoteadas, mas uma ainda estava quase em perfeito estado, então ele a
pegou. Era um lírio, ele suspirou olhando de novo para a saída do beco.
Depois de alguns minutos voltou até sua mesa, Elliot encarava os pães a
sua frente de forma tediosa, ele logo sorriu ao ver Harry se aproximar, mas
ele não estava mais tão animado para aquele encontro com Flume como
estava no início.
“Me desculpe por tudo isso, acho que é melhor a gente remarcar.” Harry
disse pegando o casaco que estava pendurado no encosto da cadeira. “Eu
acho que perdi o clima.”
“Olha, aquilo não foi nada demais, a noite mal começou.” Sorriu.
“Eu realmente quero ir embora, esse lugar é incrível, mas podemos voltar
outro dia.” Tentou sorrir.
“É claro, como você preferir, quem sabe não podemos sair no final de
semana?”
“A gente pode ver.” Respondeu enquanto vestia seu casaco. “Tenha uma
ótima noite Elliot.”
“Não quer que eu te acompanhe?” ofereceu.
“Eu prefiro ir sozinho, mas obrigado.”
Ao se encontrar há algumas quadras de distância do restaurante, numa rua
quase vazia, Harry se sentou no meio fio da calçada, suspirando ao pensar
em como sua noite havia ido de agradável para um total desastre em menos
de uma hora. E ao olhar de novo o lírio em sua mão, ele se sentiu um
idiota.

******

“Harry Potter, eu não acredito que você disse isso pra ele.” A cacheada
disse com raiva. “Quando eu contei pra ele onde você estaria, imaginei que
você pelo menos o ouviria.”
“O que é isso? Você agora decidiu que está do lado dele?”
“É, talvez eu esteja.”
“Hermione, ele me deixou...” foi interrompido.
“Ele estava protegendo a mãe dele, Harry. Acha que foi fácil? Acha que ele
não teve que colocar tudo na balança pra tomar essa decisão?”
“Eu poderia ter ajudado ele, Dumbledore ainda estava vivo quando ele me
deixou pela primeira vez.”
“Dumbledore sabia que Lucio Malfoy era um comensal e nunca fez nada
sobre isso.” Apontou com raiva. “Todos nós vimos Draco definhando na
nossa frente, e a pessoa que mais poderia ajudar ficou parada.”
“Hermione...”
“Não Harry, você fica quieto agora.” Ela respirou fundo antes de continuar.
“Você consegue imaginar como foi difícil pra mim, me apagar da cabeça
dos meus pais e simplesmente ir embora sem saber se iria poder vê-los de
novo um dia? Eu fiz isso porque não tinha ninguém lá para protegê-los.
Draco sabia que você teria até centenas de pessoas como seus guarda-
costas, mas e a mãe dele? Como ele poderia só ficar com você, nessa sua
bolha de amor e ignorar isso? Ele colocou na balança e você não correria
riscos sem ele por perto, já ela poderia morrer. E se eu sendo a única a te
mostrar isso quer dizer que estou do lado do Draco, então tudo bem Harry.
Ele merece ter alguém do lado dele dessa vez, ele não teve isso antes.”
Harry colocou o rosto entre as mãos, ele era um idiota.
Estava tão focado no fato dele ter ido embora, que nem sequer parou pra
realmente tentar entender os motivos de Draco, ele também era só um
garoto quando tudo aquilo começou.
“Ele foi atrás de você. Harry, ele queria tentar de novo.” Ela disse mais
calma. “Ele ia te pedir pra vocês tentarem de novo, e você mandou ele
embora, sem nem dar ouvidos ao que ele poderia querer te dizer.” Se
sentou do lado dele colocando uma mão sobre seu ombro. “Sei que ele te
machucou, mas não vai ajudar em nada o machucar de volta.”
“Eu sei.” Olhou a amiga. “O que eu faço?”
“Bom, você pode tentar conversar com ele de verdade, é escolha sua se
quer o mesmo que ele, ou se realmente quer seguir em frente. Só vê se
dessa vez vai deixar o garoto falar.” Sorriu empurrando o amigo com o
ombro. “Você tem meu apoio da mesma forma que ele tem, não tem lados
aqui, só duas pessoas, duas histórias. Chega de dividir as situações em
lados opostos, isso já causou tantas coisas ruins.”
“Eu sinto que dessa vez eu acabei com ele.” Mordeu o lábio por
nervosismo. “E saber que eu machuquei ele, não fez eu me sentir melhor
como eu achei que poderia.”
“Isso é amor Harry, ele é difícil, as vezes dói como o inferno...” pegou a
mão do amigo. “Mas no final, a gente não seria nada do que somos sem
ele.”

******

Fazia uma semana que Draco o evitava, e Potter conseguiu notar isso a
partir de várias situações: ele nunca comia no refeitório, Harry achava que
ele fazia isso tanto pelo o incidente que havia acontecido quanto pelo fato
de Harry sempre fazer sua hora de almoço no mesmo tempo que ele e que
sempre ficava no refeitório. Ele sempre ficava até mais tarde, quase sempre
sendo o último a sair. Harry sempre notava o olhar preocupado de Bobby
para o rapaz, visto que a dinâmica que todos gostavam de ver entre os dois
parecia ter desanimado, já que Draco sempre estava com a cara enfiada em
algum relatório, ou indo atrás de coisas para fazer que o mantivesse
ocupado demais pra falar com qualquer pessoa.
Mesmo quando Harry tentou chegar mais cedo pra tentar encontrar com ele
no refeitório porque sabia que ele estaria lá para buscar um café para
Bobby, o rapaz simplesmente não apareceu, e quando Harry chegou ao
setor viu Bobby com seu habitual copo de café, só que agora tinha o nome
da cafeteria que logo ele descobriu que ficava em frente ao ministério.
Mas lá estava ele tentando de novo falar com o loiro naquela manhã e por
isso chegou mais cedo, e não estava esperando trombar com ele até o
momento em que isso de fato aconteceu, fazendo com que um dos copos
que estavam na mão de Draco virasse na camisa do mesmo.
“Mas que droga...Potter!” reclamou, e logo puxou sua varinha lançando um
Limpar em sua camisa. “Dá pra olhar por onde anda? Agora eu nem tenho
tempo de ir buscar outro e você tinha que derrubar justo o do Bob...Singer,
o café do Singer, eu estou ferrado.”
“Me desculpa, eu posso te pagar outro, vai ser rápido, tenho certeza que o
Bobby nem vai notar que você demorou.”
“Você já foi estagiário do Singer?” Draco perguntou ainda de cara fechada.
“Até aonde eu sei a resposta é não, então você não faz ideia do que aquele
cara consegue perceber, se eu parar para amarrar os cadarços do meu
sapato ele iria saber, então se você puder apenas sair do meu caminho eu já
ficaria muito satisfeito.”
“Será que a gente pode conversar? Eu prometo não demorar.” sorriu
inseguro.
“Não, agora se me der licença.” Respondeu sério e foi embora deixando
Harry sozinho de novo, naquele grande corredor.
Draco colocou seu copo sobre a mesa de Bobby, feliz por apesar do
imprevisto ter conseguido chegar antes do senhor. Que não demorou muito
a aparecer pegando seu café e dando um longo gole.
“Bom como sempre, fez bem em começar a comprar nessa cafeteria.”
Comentou e logo franziu o cenho ao olhar melhor o copo. “Por que está
escrito o seu nome no meu copo e porque também tem um número de
alguém chamado Katherine escrito nele?”
“Porque esse deveria ser o meu café, eu esbarrei no Potter e o seu café
derramou em mim.” Respondeu coçando a nuca. “Mas o número da garota
pode ser todo seu.”
Estreitou os olhos encarando o loiro. “Então quer dizer que você também
toma café com canela e leite?”
“É uma coincidência bem estranha, mas sim.” Deu de ombros.
Singer o olhou por alguns segundos e apenas se virou indo em direção onde
ficavam os jornais no setor, pegando um e voltando para sua mesa,
ignorando a presença do rapaz como normalmente fazia. Ele achou
estranho o fato dele não ter lhe dado nenhuma bronca por ter entornado o
café, mas claro que não iria reclamar.
Draco estava lendo o seu próprio jornal quando notou um copo sendo posto
sobre sua mesa, ele sabia muito bem quem o havia posto, por reflexo olhou
rapidamente e pode a mão de Potter, mas só olhou mesmo para o copo
quando o rapaz saiu de perto.
‘Eu sinto muito :(’
Era o que estava escrito no papel que embalava o copo, Draco olhou por
um tempo a embalagem antes de se levantar e andar em direção a lixeira
suspirando ao soltar o copo dentro dela. Ele sabia que estava sendo
observado ao caminhar de volta até sua mesa, e se forçou a voltar a ler seu
jornal.

******

Draco estava sentado na antiga cadeira de seu pai, no escritório da Malfoy


Manor. Era nítida a diferença na casa, agora mais iluminada e florida. Já
que sua mãe não quis ir embora, então decidiram que iriam fazer daquela
casa finalmente um lar. Os cômodos já não eram mais todos cinzas, agora
cada um possuía uma cor, todas exceto as de seu quarto e do escritório
foram escolhidas por Narcissa.
Draco nem pensou em reclamar, sabia o quanto a mãe estava se esforçando
para reconstruir sua vida, depois de tudo o que enfrentaram juntos era mais
do que justo que a mulher tenha tudo o que desejar, e se seu desejo for que
toda a casa seja pintada do rosa mais vibrante, então assim seria.
Agora aquele escritório era de Draco, a cor verde - porque mesmo depois
de tudo a idolatria que tinha por sua casa continuou a mesma - combinava
com os móveis pratas e pretos, mas o que com certeza se destoava eram as
flores espalhadas pelo cômodo, com certeza sua mãe não diria em voz alta,
mas ela sabia que ele também gostava do aroma pela casa, e as flores o
faziam lembrar de Harry, e ele sempre amou se lembrar dele.
“Chá?” Narcissa perguntou colocando apenas a cabeça pela fresta que abriu
da porta.
“É claro, estou louco pra saber qual novo sabor você descobriu hoje.”
Sorriu, e logo ela estava dentro do cômodo, arrastando um pequeno
carrinho com as xicaras e o bule de chá, acompanhados de um pote de
biscoitos.
“Hoje, eu fiz chá de boldo, pedi a um dos elfos domésticos para que me
trouxessem. Estou tão entediada sem minha varinha.” Suspirou se sentando
em um dos sofás que havia próximo a mesa.
“Você me tem como seu bruxo doméstico, é só me pedir o que quiser e eu
faço aparecer.” Ela sorriu com as palavras do filho. “Sabe que eu faço tudo
por você, não sabe?”
“É claro que sei, meu querido.” Se levantou indo para atrás da cadeira,
abraçando o filho. “Sou tão feliz por ter você.” Deu um beijo em seu
cabelo. “Por que não me conta o que está acontecendo?”
“Nada está acontecendo.” Respondeu tocando o braço da mãe que estava
descansando sobre seu ombro direito.
“Querido, nunca conseguiu mentir pra mim, então nem tente.” Se afastou
voltando ao seu lugar no sofá. “Tem a ver com o Harry?”
“Potter.” Corrigiu. “Nós não estamos mais juntos, e você como minha mãe
deve cortar laços com ele e parar de chama-lo pelo primeiro nome.”
“Oh, não seja infantil, sempre gostei dele.”
“Traidora.” Resmungou arrancando um riso feliz da mãe.
“Vamos meu dragão, me diga o que está passando em seus pensamentos.”
Pediu enquanto servia uma xicara de chá ao filho, que logo a pegou quando
a ele foi estendida.
“Eu só não sei como seguir em frente.” Suspirou. “Eu imaginei que quando
acabasse toda essa maldita guerra, eu e ele iriamos finalmente poder ficar
juntos.”
“Querido.” Ela não sabia o que lhe dizer.
“Por um milésimo de segundo, eu imaginei minha vida daqui a dez anos
com o Harry nela, e parecia tão boa e certa. E no último minuto tudo foi
pelos ares.”
“Se eu tivesse feito escolhas melhores, você não teria tido que escolher
entre nós dois.”
“Não se culpe mãe, nunca vou me arrepender de ter ficado do seu lado,
você é a minha mãe, nada faria sentido se eu tivesse te deixado.”
“Eu já disse o quanto sou feliz por ser sua mãe?” sorriu.
“Só umas mil vezes.” Brincou dando um gole no chá, e logo o cuspiu de
volta na xicara. “Merlin, mãe isso é horrível.”
“É, não é?” gargalhou. “Eu tinha que te fazer provar.”
“Se não fosse minha mãe, eu iria te azarar.” Começou a rir também, e por
alguma razão logo estava gargalhando e aos poucos seu riso foi morrendo
dando lugar a um olhar triste e cansado, e logo lágrimas que ele não
permitiu que escorressem encheram seus olhos.
“Draco, querido...” ela agora estava ao seu lado o abraçando de novo.
“Era pra ele estar aqui.” Deitou a cabeça no ombro dela. “Por que ele não tá
aqui?”
Esses eram os momentos em que uma mãe se questionava sobre estar sendo
boa ou não, e naquela hora Narcissa estava dividida, uma mãe deveria estar
lá pelo seu filho, e ela estava. Mas uma mãe saberia exatamente o que dizer
ou fazer para pelo menos livrar seu filho de um pouco de sua angustia, e ela
não fazia ideia de como poderia ajuda-lo sem fazer algo que talvez fizesse
com que Draco se sentisse ainda pior, então tudo que pode fazer foi dizer:
“Está tudo bem querido, estou aqui com você.”
E a forma como Draco pareceu se acalmar em seus braços fez com que ela
sentisse que havia dito a coisa certa.

******
“Conseguiu falar com ele?” Hermione perguntava enquanto adoçava seu
café.
“Se ele parasse de me evitar talvez eu conseguisse” Suspirou tomando mais
um pouco do liquido em sua caneca.
“Se não tivesse sido um otário, ele poderia até estar aqui.” Ronald
comentou comendo sua torrada.
“Será que todas as vezes que falarmos sobre ele, vocês vão parecer os
maiores fãs de Draco Malfoy?”
“Não somos fãs, apenas reconhecemos que você foi um otário.” Hermione
respondeu rindo. “Você merece esse gelo.”
“Só que esse gelo já se tornou uma nevasca que não termina nunca.”
Resmungou.
“Harry, seja honesto.” Ron pediu. “Se conseguisse falar com ele, o que
espera que aconteça?”
“Eu não sei...talvez a gente consiga se resolver.” Hermione o olhou com o
cenho franzido. “Quem eu quero enganar? Eu não consigo deixar ele ir,
muito menos ficar longe dele. Eu só estou com medo. Mas caramba, eu
matei Voldemort, eu consigo entrar em um relacionamento com Draco
Malfoy.”
“E por qual motivo você prefere passar a sua folga aqui falando isso pra
gente do que lá se resolvendo com ele?”
“É cara, eu soube que hoje ele também está de folga.” Ron complementou.
“Acham que ele vai querer me ver?”
“Bom, não arranca pedaço tentar.” Hermione deu de ombros.
E com esse incentivo ele logo após seu café se arrumou da melhor forma
que conseguiu, tentou dar um jeito em seu cabelo, mas como sempre nem
sequer um glamour conseguiria resolver o problema. Mas ele sabia o
quanto Draco gostava de seu cabelo desse jeito, e se tudo acabasse bem, ele
os deixaria ainda mais bagunçados.
E foi com confiança que ele passou pelos portões da Malfoy Manor, ele iria
conseguir, iria bater naquela porta e assim que visse Draco o agarraria e
não deixaria mais que ele saísse de sua vida. Eles eram feitos um para o
outro, ele tinha certeza disso, e sabia que Malfoy se sentia da mesma
forma.
Mas foi uma grande surpresa quando a porta foi aberta antes mesmo que
ele tivesse a chance de encostar nela.
“Potter, está aqui pra me buscar sobre o chamado do ministério? Caramba
Singer não precisava me mandar uma babá, mas vamos.” Agarrou seu
braço o levando para fora dos terrenos.
“Chamado?”
“O ataque que está tendo ao ministério, Potter em que mundo você está?”
Logo Draco aparatou com ele e estavam em frente à entrada do ministério,
estava uma grande bagunça, fumaça e cheiro de sangue, ambos não
hesitaram ao correrem para dentro do prédio, Harry foi em direção a Ron
atingindo com um feitiço estuporante um dos homens encapuzados com
quem o ruivo estava duelando.
“O que aconteceu?” gritou para que sua voz sobressaísse sobre os barulhos
a sua volta.
“São alguns dos comensais que ainda não conseguimos capturar, o
ministério conseguiu capturar seis deles ontem à noite, e o que parece é que
vieram resgatar os comparsas.” Lançou um feitiço para segurar uma parede
que estava para despencar sobre alguns civis.
“Você consegue dar conta? Preciso encontrar o Draco.”
“Vai!” gritou.
E enquanto procurava pelo rapaz pelo prédio, lançando alguns feitiços para
se defender de alguns comensais que encontrava pelo caminho, não
percebeu Draco em um canto do andar concentrado em manter um escudo
sobre Potter, haviam alguns aurores em sua volta, então não estava
preocupado em ser atingido.
Mas quando seus olhos perceberam que tanto Harry quanto Bobby estavam
prestes a serem atacados não soube o que decidir, não poderia tirar seu
escudo de Potter, mas não podia simplesmente ignorar seu parceiro, ele
tentou gritar por Singer, mas ele não conseguia ouvi-lo, estava ocupado
protegendo as pessoas, haviam muitos civis desesperados gritando pelo
prédio, então ele se concentrou em seu feitiço e correu em direção a Bobby,
o jogando para longe, e a última coisa que ouviu foi o feitiço lançado
contra si.
“Sectumsempra.”
Aquilo queimava, seu grito poderia ser ouvido a quilômetros de distância e
ainda estaria extremamente nítido, sentia mãos o segurando contra o chão,
e uma varinha sendo passada sobre seu peito, mas a dor parecia não passar,
o fogo se espalhava por seu corpo, e ele tinha certeza que o gosto metálico
em seus lábios era o próprio gosto da morte.

******

Hospital St. Mungus, era onde ele estava, tinha certeza disso, toda aquela
cor branca que fazia você achar que poderia ficar cego por tanta claridade
só poderia evidenciar isso. Ele estava sem camisa, e com faixas por todo
seu peitoral. Ele tentou alcançar o botão para chamar algum médico, mas
estava tão longe e se mexer estava doendo tanto agora.
“Hey, calma não se mexa tanto assim.” Só então ele percebeu que Harry
estava no quarto do outro lado da cama, deitado reto daquele jeito era
impossível de se ver tudo tão bem, mas agora ele havia percebido a
poltrona que havia ali.
“Harry...” murmurou tentando erguer sua cabeça para vê-lo melhor.
Harry o ajudou a ficar meio sentado ao erguer um pouco a parte de trás da
cama, não o suficiente na visão de Draco, mas pelo menos nesta posição a
dor se tornava mais branda.
“Quanto tempo eu estou aqui?” perguntou ao passar a mão pelo rosto e
sentir sua barba por fazer.
“Eles tiveram que usar um feitiço calmante em você muito forte, pra
poderem reparar todo o dano que o feitiço te causou, você ficava muito
instável quando estava acordado.”
“Quanto tempo, Harry?”
“Pouco mais do que duas semanas, é uma magia negra bem forte, e eles
não tinham o feitiço ideal para reverter os danos que ele causou, sua
recuperação ainda vai demorar um tempo, fazem os feitiços em você de
dois em dois dias, pra permitir que o seu corpo descanse, nem sabemos
quem criou esse feitiço.”
“Foi o Snape, por isso o comensal conhecia.” Draco explicou. “Eu soube
que em algum momento no passado, Dumbledore disse que ele tinha que
impressionar Voldemort, e com isso ele criou o feitiço, ninguém além dele
sabia o feitiço de reversão.” Respirou fundo, falar o estava esgotando.
“Minha mãe?”
“O ministério permitiu que ela viesse um dia sim e um dia não te ver,
amanhã ela vai estar aqui já. Combinamos de ficar cada dia um com você,
mas eu sempre durmo já que ela não pode.” Explicou. “Ela está bem, fiz
questão de ir vê-la todos os dias para ter certeza, os médicos tinham
confiança de que você ficaria bem, mas ela se preocupou mesmo assim.”
“Ela gosta de você, obrigada por ter tomado conta dela.” Finalmente olhou
em seus olhos.
“Eu deveria estar mais atento a minha volta, não deveria ter saído do seu
lado desde o começo.” Ele falava tudo tão rápido que a cabeça de Draco
estava se esforçando para acompanhar.
“Para, você tinha que ver como Weasley estava, e tinham aurores perto de
mim.”
“Mas se eu fosse mais atento estaria usando o feitiço de proteção em si
mesmo, não em mim.”
“Como sabe que era em você?”
“Um dos aurores notou o que você estava fazendo.” Suspirou. “Quando eu
te vi naquele chão...Merlin...tinha tanto sangue...e você gritava tanto...”
“Já passou, eu estou aqui agora não estou?” ergueu sua mão tocando de
leve o rosto do moreno.
“Eu pensei que fosse perder você de novo, Draco eu tive tanto
medo...nunca mais faça algo assim, por favor.”
“Eu não podia deixar o Bobby se ferir.” Sorriu triste. “Me diz que tá tudo
bem com ele.”
“Ele está perfeitamente bem, mas assim como eu também acha que foi uma
idiotice se manter me protegendo.”
“Eu não ia deixar nenhum de vocês se machucarem.”
“Por que?”
“Porque os dois são muito, importantes, Bobby é meu parceiro...” suspirou.
“E você, Merlin, se algo te acontecesse, você era o maior alvo deles depois
que passou por aquela porta.”
“Nada me importa mais do que você.” Segurou a mão do loiro que ainda
acariciava seu rosto.
“Pensei que ainda me quisesse fora da sua vida.” Abaixou seu olhar.
“Me perdoa, eu fui tão idiota...eu te afastei de mim quando eu mais te
queria por perto, eu não sei o que eu estava esperando, acho que uma parte
minha apenas queria ser também a coisa mais importante da sua vida.” Ele
chorou, deixando seu rosto se pressionar contra a palma pálida de sua mão.
“Eu só queria ser o amor da sua vida.”
“Harry, você já é... você sempre foi, como nunca percebeu?” Draco puxou
levemente o rosto do moreno que logo colou suas testas. “Harry, eu te amo
tanto.”
Ele fechou os olhos com a declaração, aquela havia sido a primeira vez que
Draco disse que o amava, ele não achava que precisava tanto ouvir tais
palavras até finalmente elas serem ditas, e as lágrimas que surgiram em
seus olhos foram de pura felicidade, e os soluços que escaparam por seus
lábios eram tão sôfregos quanto os beijos que passou a dar nos lábios do
loiro, que também não pareceu controlar seu choro.
“Eu sou tão idiota.” Riu entre as lágrimas. “Draco...eu...você não faz ideia
do quanto te amo.”
Eles riram juntos voltando a deixar suas testas unidas, tentando enxergar
seus olhos por trás das densas paredes de lágrimas. E eles não viram
problema em aproveitar daquele raro momento de paz, que deveria já ter se
tornado algo corriqueiro se não tivessem sido tão teimosos. Eles poderiam
avisar aos outros de que Draco acordou depois. Eles poderiam apenas ser o
que no fundo eles verdadeiramente eram.
Apenas dois idiotas muito apaixonados.

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