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Dakota do Sul, EUA -> Dream A Little Dream of Me

9pm

O tempo estava árido, sem nenhum sinal de demônios ou qualquer outra presença que poderia ser algum
trabalho para algum caçador. A morena sentada em seu Cobalt preto gritando com seu celular talvez
estivesse assustando algumas pessoas que passavam pela rua, mas ela realmente não se importava com
isso. Talvez se não estivesse tão desesperada, poderia perceber que fazia mais de doze horas que não
dormia e nem se alimentava, graças a uma caçada que havia ido há dois dias.

-Bobby, será que você podia atender a merda do seu celular? Estou começando a ficar preocupada – disse
a garota, agora olhando para uma lanchonete que havia logo à frente – Não me faça ir procurar por você.

Desceu do carro, checando se sua arma estava em seu bolso e caminhou até ‘Anfield Burgers’, já sentindo
seu estômago reclamando de fome. Sentou em uma mesa ao canto e pediu um milk-shake de chocolate e
um lanche natural. Riu consigo mesma quando percebeu que às vezes poderiam confundi-la com uma
garota de doze anos, mesmo ela tendo 24.

Não tinha muitos amigos, afinal, seu trabalho não a permitia que tivesse. Todos que conhecia faziam a
mesma coisa que ela: caçavam monstros. Como Bobby, por exemplo. Eles tinham uma grande história,
mas nem mesmo o homem sabia que essa história existia, e a morena faria de tudo para que ele não
soubesse. Já havia causado tanta dor a pessoas que mal conhecia, não queria nem imaginar como seria
machucar alguém tão especial como ele.

Pegou seu celular do bolso de sua jaqueta preta e tentou ligar para Bobby novamente. O que diabos
estava acontecendo? Ele nunca deixava de atender seu telefone, a não ser que algo muito sério estivesse
acontecendo.

Ficou mais alguns minutos terminando seu milk-shake e terminando seu lanche, pensando em algumas
coisas aleatórias e decidiu ir até a casa do amigo checar se alguma coisa havia acontecido. Deixou dez
dólares em cima da mesa, guardando o celular de volta em seu bolso logo depois. Estava caminhando até
seu carro, mas ouviu um barulho atrás de si. Instantaneamente, segurou em sua arma por cima do bolso
de sua calça, mas se tranquilizou quando viu que era apenas a garçonete que a havia atendido.

-Aonde você pensa que vai? – ela perguntou olhando a morena de baixo a cima.

-Eu... Eu deixei o dinheiro em cima da mesa, você não...?

-Eu perguntei – ela começou, mudando sua expressão juntamente com seus olhos, que de um verde claro
foram para total preto – aonde você pensa que vai?

Ah, que ótimo, pensou a morena tentando se lembrar da onde conhecia o demônio que estava no corpo
da pobre garçonete.

-O que foi docinho? Não se lembra de mim? – ela se aproximou, fazendo a outra garota recuar.

-Rebecca? – ela se arriscou, fazendo o demônio sorrir abertamente.

-Rápida no gatilho, não é mesmo... Gabriela? – Rebecca riu sarcasticamente, assustando a morena ao
dizer seu nome. Lendo mentes, muito original – Literalmente, se me permite dizer! Afinal, não foi assim
que você matou Chax?

Gabriela se amaldiçoou por uns segundos. Em sua última caçada, havia matado um demônio chamado
Chax, e pelo jeito sua companheira queria vingança. E se Rebecca queria jogar esse jogo, era esse jogo
que Gabriela jogaria.

-Ah, você deveria ter visto a expressão no rosto dele – a morena sorriu, provocando o demônio que
tentava disfarçar seu incômodo – Como ele implorou por aquele tiro... Bem em seu coração – ela sorriu
abertamente, enquanto Rebecca contorcia seu rosto em ódio – Ah, me desculpe... Ele não tinha um, em
primeiro lugar.

-Eu vou te cortar em pedaços – o demônio disse, cerrando seus punhos. Só não foi o suficiente para
assustar Gabriela.

-Não se eu o fizer primeiro.

00:39pm

-Bobby, você tem certeza que não quer que nós fiquemos aqui? – Sam perguntava para o amigo, que
tinha uma expressão cansada, como se estivessem discutindo isso há séculos.

-Eu vou ter que repetir? Podem ir, garotos, eu estou bem.

-Não sei não, Bobby, acho melhor nós ficarmos aqui! – Dean disse, tomando um gole de sua cerveja.

Os três estavam parados na cozinha conversando, haviam acabado de sair de uma emboscada, e havia
sido por pouco. Bobby estava investigando um caso, e acabou sendo capturado... Em seus sonhos. Ele
não estava tão bem quanto alegara, mas não tinha culpa. Tinha acabado de presenciar sua esposa morta
tentar matá-lo. Mesmo que tenha sido apenas um sonho, isso o assustou.

Sam e Dean se entreolharam como se perguntassem se era melhor ficarem com o amigo, mas não
tiveram tempo de dizer nem pensar em mais nada, pois naquele momento a campainha tocou. Todos se
entreolharam com um olhar confuso. Era mais de meia noite, e a campainha tocando, ainda mais na casa
de Bobby há essa hora, não podia ser coisa boa.

O irmão mais velho tirou a arma do bolso e caminhou até o lado direito porta, com precaução. Sam se
posicionou ao lado esquerdo, já dando um sinal positivo para Dean abri-la.

A garota lá fora esperava impacientemente, enquanto segurava seu braço esquerdo com a mão, tentando
atar o ferimento que havia lá. Batia seus pés em um ritmo acelerado e sua respiração falhava mais e mais
enquanto a porta a sua frente continuava fechada.

- Quem diabos são vocês? – Gabriela perguntara observando um moreno alto a olhar confuso e outro
homem com cabelos cor de mel um pouco mais baixo que o outro, a inspecionar de baixo a cima.

- Eu poderia te fazer a mesma pergunta – Dean a olhou, agora reparando nos detalhes. Seus cabelos
morenos estavam bagunçados, seu rosto estava sujo e sua roupa estava amassada, como se tivesse saído
de alguma briga, e foi quando olhou para o braço da garota que confirmou esse pensamento. Ele estava
ensanguentado, com um corte em seu braço esquerdo.

- Será que você pode sair do meu caminho? – ela praguejou, tentando passar por Sam e Dean, mas eles a
barraram, se entreolhando – Ou eu posso esperar aqui... Sangrando até a morte – ela os olhou com
desprezo e Dean se aproximou.

- Será que eu poderia saber quem é você? Porque, veja só, se você não falar, – ele deu uma piscadela
sarcástica para a morena – vai sangrar até a morte.

- Que seja! Bobby está aqui ou não?

- Você conhece Bobby? – Sam perguntou apreensivo, e Gabriela mandou um olhar mortal para o moreno,
que se encolheu.

- Gabriela? – o homem mencionado pela morena apareceu em frente a porta com o olhar arregalado – O
que está fazendo aqui?
ONE
Gabriela’s Pov

-Será que você poderia fazer esse curativo direito? Eu gosto muito do meu braço, obrigada – resmunguei
estressada com um sorrisinho sarcástico nos lábios para o tal de Dean, que tinha aquele maldito ar de
superior. Ele estava ajudando Sam, o moreno alto, a limpar o machucado de meu braço.

-Eu vou acabar matando essa garota – Dean sussurrou a Sam, mas eu apenas dei um risinho seco.

-Agora, Bobby – eu comecei virando-me para o este que estava sentado em uma cadeira na minha frente
– Você pode me contar onde diabo estava.

-Coma? Você ta falando sério? – engasguei com minha cerveja, passando os olhares de Bobby até Sam e
Dean, que desviaram o olhar – Você só pode estar brincando comigo.

-Foi um... Acidente – Sam explicou-se com uma cara cautelosa, como se a qualquer minuto eu fosse pular
nele.

-Bobby, eu vivo lhe dizendo pra não tomar cerveja de estranhos – cerrei os olhos, mas ele desviou o
olhar. Nesse momento eu já tinha passado de ser uma amiga a ser uma mãe.

Fiquei mais alguns minutos dando uma bronca básica em Bobby e em Dean, é claro, e só quando fui
checar meu celular que vi que já eram três e meia da manhã.

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