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Fletcher’s Time

19/10/08

“Emma Woodhouse, bonita, inteligente, e rica, com uma casa confortável e boa disposição,
parecia unir algumas das maiores dádivas da existência; e tivera vivido quase vinte anos neste
mundo com pequena distração e vaidade que a preenchessem”.
- Você já não leu este livro? - perguntou-me Gabriela mostrando todo o tédio que ela sentia na
nossa viagem de 14 horas até Londres.
Antes que eu pudesse responder de forma que soaria aos ouvidos de qualquer um, grosseira,
Helena me interrompeu, falando do assento na janela, do outro lado do corredor do avião:
- É claro que já leu. - achei que ela pararia por ai, mas achar não é nada, não é mesmo? -
Esqueceu que ela é Júlia, a garota que vê, sente e sabe de tudo?
Rolei os olhos e me remexi em meu assento do lado do corredor. Gab estava logo ao meu lado,
no assento do meio; Lena estava do outro lado do corredor, ao lado da janela e Bárbara estava
logo atrás dela, sentada no meio de... Povos orientais (não sei distinguir chineses de japoneses
de coreanos e etc).
- Ba, eu estou perdendo a minha concentração aqui, será que dá para ajudar? - virei na
diagonal para encara-la, que como eu tentava fazer, lia novamente ‘A Menina Que Roubava
Livros’. Ela mal levantou sua pequena cabeça (proporcional ao resto do seu corpo, devemos
acrescentar) e resmungou:
- Mande-as pro inferno e ignore. - e completou, com um discreto olhar para o seu lado - É o
que eu faço.
Abri um sorriso vitorioso para Lena, mas logo o desmanchei, pois Bárbara completou, sapeca:
- Mas a Lena tem razão sobre o vê, sente e sabe de tudo. - lancei-lhe o meu melhor olhar
mortal e ela voltou a se calar, lendo atentamente.
Lena parecia que ia debochar de mim com um de seus ataques ‘VIU, VIU’ quando a voz da
comissária, naquele tom monótono mais o sotaque inglês (a companhia aérea era a British
Airlines) soou pelo avião:
- “Senhores passageiros, favor fecharem os cintos pois pousaremos no Aeroporto Internacional
de Londres em cerca de cinco minutos, obrigada pela preferência, e bem-vindos á Inglaterra”.
Nós sorrimos umas para as outras e eu comecei a pensar, enquanto guardava o livro na bolsa e
fechava o cinto, que nós realmente tínhamos muita sorte de estar aqui. Afinal, não é toda a
banda só de garotas vindo do fim do mundo (mais conhecido como BRASIL) que consegue um
cara muito legal como empresário (George Lucas Cliff. É, ele tem o segundo nome de Lucas, e
eu fico imaginando ele como o criador de Star Wars sabe? O George Lucas) e que vai morar na
cidade que sempre sonhou em ir (por sempre entendam, por minha parte, desde os nove anos
e um vício chamado Harry Potter).
Em cerca de cinco minutos redondos (o que fazer? São ingleses ora!) nós já estávamos,
oficialmente, em solo britânico. E devo dizer que nunca me senti tão bem em minha vida.
Nós nos levantamos meio apressadas, em direção a saída, com a nossa conversa se resumindo
a sensação de pisar pela primeira vez na Inglaterra, e impedindo (eu e Bárbara) de uma
histérica Helena e Gabriela de beijar a pista.
Já no saguão onde devemos apresentar identidade, passaporte e visto, tudo ocorreu de forma
meio apressada, mas ainda assim eficiente. Agora nós oficialmente (e eu ando falando isto com
muita frequência) morávamos na Inglaterra.
Na verdade, nem casa tínhamos, iríamos morar num hotel até arranjarmos uma e depois,
basicamente, nossa vida se resumiria em ralar muito para produzir o nosso cd. Nosso
primeiríssimo cd.
- Vamos mais para frente para pegar as malas, cambada. - Gab gracejou acotovelando as
pessoas e murmurando ocasionais desculpas, ficando á frente do lugar onde a bagagem saia.
Assim que avistou sua mala preta, Lena (que estava um tanto chamativa, com seu agasalho
amarelo com listras suaves pretas) precipitou-se para frente, quase caindo.
- Helena! - repreendi com outro olhar mortal, vendo ela me encarar por trás das lentes de seus
óculos pretos, com os olhos verdes que expressavam ingenuidade. - Idiota.
As meninas pegaram as suas bolsas e começaram a ir a direção da saída, me esquecendo
enquanto eu via minha bolsa nada chamativa verde-quase-limão aparecer. Peguei a mala com a
mão esquerda e arrumei a mochila no meu ombro direito e as segui.
Era realmente uma sorte que nós já tenhamos mandado tudo que precisávamos (exceto por
algumas roupas e, no meu caso, livros) em caixas um mês atrás, que George disse ter mantido
no porão de sua casa até hoje.
Eu não sei se acredito nele.
- Ah Ju, você está ai. - comentou Gab distraída, passando os olhos castanhos pelo saguão,
procurando por George. Avistou-o com uma placa escrita RankShine (antes que perguntem, é,
o nome da nossa banda), parecendo estúpido e entediado. - GEORGE! - berrou, fazendo-me
rolar os olhos e apertar os lábios. Minhas amigas têm problemas.
Enquanto elas quase que literalmente corriam em direção ao abraço de George, que as
encarava assustado e divertido, eu olhei em volta, sentindo que todos nos encaravam com
repreensão.
Ótima primeira impressão Júlia, ótima.
- Meninas. - George disse, e quando ele fala, nós nunca falamos junto, é meio que um
momento de silêncio pelo sotaque britânico. Sim, nós somos estranhas. - Como foi a viagem?
- Bem... - comecei sorrindo.
- Mal.
- Desconfortável.
- Entediante.
Vocês podem ver como nós concordamos em tudo facilmente.
George fez uma cara estranha e ia recomeçar a falar, mas foi interrompido por Bárbara, que
tinha que levantar a cabeça para olhar, de seus meros 1.55, para nosso empresário gatão de
38 anos, olhos azuis, cabelos castanhos e 1.85 de altura. Credo parece que eu estou tentando
casar ele ou algo.
- Vamos para o hotel sim? - e ele concordou com a cabeça e começou a nos guiar para fora.
O aeroporto era distante do centro de Londres, então quando entramos no táxi (George alegou
que estava trocando de carro por causa de nós e do fato dele ser o responsável legal da
Bárbara, da Gab e da Lena - que tem 17 anos, esta última não por muito tempo) não havia
porque tiramos fotos, mas isto não impediu Gabriela de pegar sua câmera e começar a tirar
fotos do nada.
Eu disse que elas têm problemas.
Acontece que elas, além de serem minhas amigas há muito tempo, são ótimas no que fazem na
banda, então eu aguento as doideiras delas, porque elas aguentam as minhas. (como o meu
estilo meio hippie de se vestir, por exemplo).
Como eu era a única com 18 anos (praticamente recém-completados), as minhas queridas
precisavam de um responsável para fazer esta mudança, ai surge George. Mas isto é apenas
até Abril do ano que vem, de qualquer forma.
- Como terminaram o colégio então? - perguntou ele, do banco da frente, enquanto o flash de
Gabriela cegava Bárbara.
- Foi meio corrido e normal. - respondi lembrando que tivemos que ralar muito nos últimos
meses para conseguir terminar o terceiro ano adiantadas.
- Prontas para a vida de rockstar? - ele perguntou em algum tipo de frase clichê que qualquer
empresário deve falar para uma banda em início de carreira.
- Se tiver McFLY estamos prontas para tudo. - falou Gab rindo. Ah é, eu tinha esquecido de
comentar o porque de amarmos a Inglaterra tanto e não tentarmos a banda sei lá, nos EUA:
McFLY. Aqueles quatro trouxas lindos e talentosos que nos enfeitiçam desde a sexta série, e
que foram mais ou menos, a razão de queremos formar uma banda afinal.
Concordamos em uníssono, animadas, e George deu um sorriso misterioso, murmurando que
Londres pode ser mais mágica do que J.K. Rowling jamais descreveu.
E ao passarmos pela Torre de Londres, sacando as câmeras rapidamente, nós estávamos,
oficialmente (última vez que eu falo, juro), em Londres. 

Jones’ Time.

19/10/08

Era inacreditável o sentimento de inacreditabilidade de estar em Londres. Aquilo era tão...


Inacreditável! De todas as coisas inacreditáveis que eu já acreditei que poderia acontecer essa
era a mais inacreditável.
Eu e as meninas estávamos no quarto, cada uma com a sua mala jogada em cima das camas,
admirando cada detalhe londrino dele. Naquele momento até o sabonete de hotel iria parecer
mágico.
- Uau, aqui é tão... - eu comecei a falar sem achar um adjetivo adequado.
- Lindo, frio, magnífico, nublado, perfeito, um sonho? - Júlia falou sem pausas.
- É. - Gabriela suspirou.
- Eu vou... - Bárbara começou a falar, mas deu uma pausa dramática. - fazer minha primeira
necessidade fisiológica em Londres, com licença.
- Achei que você tivesse feito isso no avião - Júlia deu uma risada irônica e continuou - ah sim,
era a sua primeira necessidade fisiológica em águas internacionais, claro.
- Me deixa em paz.
Bá foi até o banheiro e bateu a porta sem querer. Gab e Jú trocaram um olhar estranho que eu
nunca iria entender, e então eu voltei a pensar em como Londres era magnífica.
Eu mal esperava pra falar com a minha mãe e pedir pra ela espalhar que a filha dela estava em
Londres, meus amiguinhos ficariam invejosos, hihi. Não que toda a minha vida social estivesse
no mesmo quarto que eu, mas ainda assim...
- Uau, até o sabonete parece melhor! - Bá declarou assim que saiu do banheiro.
Normalmente se eu ou Gabriela tivéssemos feito isso, a cara de Jú seria de ‘idiotas’ mas como o
caso não é ela apenas fez cara de ‘anh?’.
- Meninas? - George, o nosso empresário londrino, natural de Londres, conhecedor profundo da
música londrina nos chamou - nós já vamos começar a reunião.
- Okay. - respondemos ao mesmo tempo.
Todas levantamos e abandonamos nosso novo e temporário habitat natural e seguimos George
até o elevador. Demorou 1 ou 2 minutos até o elevador chegar e acho que George parecia um
pouco incomodado por nós 4 estarmos secretamente esperando ele nos dizer algo, só pra
ouvir o sotaque.
Entramos no elevador que parou 2 ou 3 vezes antes de chegar ao saguão, e então
atravessamos este até uma sala de conferencia hoje sendo utilizada por nós, porque nós somos
demais e merecemos uma sala de conferencia. Ao entramos nesta nos deparamos com 3
pessoas que pareciam estar mofando na sala fazia algumas horas.
- Meninas, eu gostaria de apresentar alguns dos integrantes da equipe de produção e
planejamento da banda de vocês, e gostaria de acrescentar que mais tarde vocês irão conhecer
o resto da equipe.
Produção e Planejamento, adoro produção e planejamento.
- Esse é John, o produtor; esse é Matt, o seu assessor de imprensa e este é Luke, agente de
turnê.
-Luke Skywalker! Cadê o sabre de luz? - eu perguntei sem pensar muito. Logo depois Júlia
estava me esganando com o olhar e tentando achar um jeito de apagar a memória de todos
que já me conheceram. Luke me olhou um pouco assustado e então eu lembrei que podia ter
feito outra pergunta, como estava o Darth Vader, mas eu decidi ficar quieta. - Hm, Luke, não é?
Nome legal.
- Por favor, tomem os seus lugares. - George pediu constrangido com o que eu havia acabado
de falar. E a culpa é minha dele ter um nome que me lembra Star Wars? - Podemos começar?
George e Skywalker começaram a discutir algo com Matt e John que não era sobre a destruição
de uma estrela da morte com capacidade de destruir um planeta inteiro.
No começo da conversa eu realmente tentei acompanhar a linha de raciocínio de todos, mas
era muito confuso. Começamos com os contratos e depois de uma forma muito caótica eles
estavam falando sobre a estadia em Londres em então depois de muitas coisas caóticas
estávamos falando sobre turnês.
Caótico.
Então eu tentei me animar, eu estava em Londres oras! Porém de uma forma caótica eu tracei
toda uma trajetória que levava este fato ao fato de conhecer o McFLY. Eu já estava imaginando
os nossos plantões pelas ruas principais esperando o McFLY aparecer, porque obviamente eles
estariam indo até a padaria, e então nós contaríamos como chegamos até ali, sem nenhum
ataque histérico, e eles ficariam maravilhados. Então eles chamariam a gente pra sair, o Danny
ia ver como eu sou linda e nós iríamos namorar e...
- HELENA! - o grito da montanha me chama. Digo, Jú me chama.
- Que foi amora da minha vida ensolarada?
- Presta atenção. - Gab falou mais baixo.
- E vê se dá opinião, pelo que eu saiba não somos um trio - Bá falou, deu uma pausa dramática
e olhou pra Jú - ainda.
- Nós vamos ser se você continuar babando. - Jú acrescentou.
Ai, como eu adoro essa minha vida.
George, Skywalker, Matt e John se entreolharam com um pouco de medo e aposto que
estavam com uma vontade enorme de dizer que era inaceitável uma banda com 3 pessoas pois
o contrato deveria ser fechado com 4 pessoas e que nós devíamos parar com as acusações e
blábláblá.
Sabe o que eu percebi? Eu podia começar a chamar o John de Travolta! Só falta o George e o
Matt. Adoro apelidos.
Enfim, eu comecei a ouvir a conversa mais tudo que eu ouvia era:

-Blábláblá, blábláblá, shows


-Blábláblá, blábláblá, concordo mas blábláblá e mais blábláblá.
-Blábláblá, programas, bláblábláblá.
-Mas o contrato blábláblá, blábláblá, blábláblá e blábláblá.
-Bláblábláblá, bláblá, publicidade, porque blábláblá.
-E blábláblá, CD, com blábláblá.
-Mas blábláblá, blábláblá, e não esqueça que blábláblá.
-Eu blábláblá, e blábláblá e já sei que blábláblá.
-Tive uma idéia blábláblá, e vai blábláblá, e blábláblá, responsável.
-Mas blábláblá, McFLY.

WTF?
O primeiro sinal de que eu definitivamente não estava dormindo era que Gabriela apertou a
minha mão tão forte que seria menos doloroso ter grampeado o dedo duas vezes no mesmo
lugar.
O segundo foi o grito abafado e contido de Jú, que manteve os olhos arregalados tempo
suficiente para que os seus olhos não fugissem da cavidade ocular e pedissem ajuda.
O terceiro foi que George repetiu a frase com bastante calma ‘Vocês vão se apresentar em uma
festa beneficente que o McFLY está preparando’.
O quarto foi:
- Ele disse McFLY.
Bárbara havia confirmado o que todas nós esperávamos. As três palavrinhas mágicas que
tornariam o nosso dia completo, ele disse McFLY.

Judd’s Time

19/10/08
 
Uau, que dia cheio! Eu mal chego em Londres e já fico sabendo que vou na mesma festa em
que o McFLY vai? Minha família vai se sentir orgulhosa de mim. Tá, minha família não vai nem
ligar, porque pra ela McFLY não significa nada, ou seja, é uma festa qualquer.
Agora, só falta tirar a Izzy do meu caminho, MUAHAHA, o que é impossível, porque ela é muito
fofa, mesmo. Que desagradável.
Pensemos; a Jú é totalmente compatível com o Tom, eles são maus e... E aposto que no
futuro, quando eles se conhecerem, eu vou encontrar mais coisas em comum E, o Tom e a Gio
terminaram há dois meses, então, o caminho está livre. Agora, passemos para o Danny; ele fica
com qualquer uma, fim! Não, mas a Lena não é qualquer uma, e pensando bem, isso se aplica
mais ao Dougie - só que a garota precisa dormir com ele, então, boa sorte Ba!
Ok estou perdendo o foco do Jones, reformulemos; ele está solteiro e já namorou a Olívia, ou
seja, ele vai totalmente amar e desejar a Helena, e eu posso enumerar os porquês: 1) ela tem
um sorriso normal e bonito 2) o Danny não se assustaria ao acordar com ela ao seu lado - só
um pouquinho, mas nunca seria tão intenso quanto acordar ao lado de Olívia, não é mesmo? -
3) eles são lerdos e gostam de macacos.
E agora por último, mas não menos importante, Dougie; ele namora com a Frankie, a Bárbara
estaria o ajudando a superar um trauma gravíssimo de namorar um homem - nenhum cabelo
cresce tão rápido assim, tá legal? Se não é um homem, então é um alien. Resumindo, eu
preciso de um bom plano. HAHA, que horror, pareço tão manipuladora falando assim! É eu
sempre li tantas fics e blabla, que agora que eu realmente estou em Londres, parece que tudo
pode acontecer. Gabriela, acorda, é Londres e não Vegas. E bom, o Judd era só um amor
platônico e eu não posso me alimentar de amores platônicos.
- Esse fuso-horário está me deixando com fome. - quem adivinhar quem foi que disse essa
frase ganha um prêmio.
- Ah, tenho certeza que é o fuso-horário, Lena. - comentei irônica enquanto íamos para o super
carro do George. Ele ia nos levar para almoçar. Hm, que fome.
Entramos no carro e George começou a falar como nós devíamos nos comportar em frente das
câmeras e blábláblá. Ele já tinha mencionado isso na reunião, ele acha que nós somos surdas?
Relevemos o fato que a Helena praticamente dormiu na reunião, mas é a Lena, dãgui!
- Eu tô com fome. - a esfomeada comunicou, mais uma vez.
- É. - concordei, porque eu também estou com fome, ok? Eu só não fico anunciando de cinco
em cinco minutos.
- A gente já sabe. - Jú disse com uma voz tediosa. Provalmente estava cansada de ouvir Helena
reclamar “estou com fome” ou “quero comer” e até mesmo “a fome está me consumindo!”.
-Onde é esse restaurante George? - Ba perguntou, bocejando. Ok, o fuso horário confunde,
mas fala sério... London, baby!
- É um restaurante que provavelmente a Jú irá gostar. - ele disse fazendo Jú sorrir. - E logo
depois vou levá-las para conhecer o estúdio.
Esperamos mais cinco minutos até chegarmos a 69 Swinton St, King's Cross,- sim, eu tive que
ler a placa minuciosamente - paramos em frente à um restaurante chamado ‘Acorn House’,
saímos do carro apressadamente - principalmente Helena - e sentamos em uma mesa que
George havia reservado. Primeiro restaurante em Londres e ainda é com reserva, YAY! O
restaurante era um lugar, em geral, grande, as mesas eram praticamente juntas e as cadeiras
eram verdes. Logo na parede havia uma grande estante que se estendia por toda a extensão
do restaurante, onde havia vinhos e outras bebidas.
- Eu mal posso esperar para ver o estúdio. - Júlia comentou totalmente empolgada e com os
olhos brilhando. - Vai ser tão mágico ter os nossos próprios espacinhos!
Todas gritamos um ‘YAY!’ super empolgadas, concordando com tudo que ela havia dito.
Imagina eu, em um sofázinho, tocando minha guitarra! É sagaz demais pra ser verdade.
Uns segundos depois, um dos garçons nos trouxe o cardápio e foi ai que eu entendi o porquê
do George ter dito que Jú gostaria desse restaurante “Influenciado pela gastronomia ecológica,
Acorn House oferece um cardápio saudável, preocupado com o meio ambiente.”, era o que
estava escrito logo em cima das opções de refeições. E entre essas opções havia diferentes
menus que “variam conforme a temporada”, com saladas, pratos quentes, carnes e peixes.
No momento em que Jú colocou seus olhos no cardápio, ele era feito de papel reciclado, seus
olhos brilharam. Era como se fosse o Tom bem na sua frente. Tá, não era, porque senão ela
estaria devorando o cardápio, er.
- Já sabem o que vão querer? - o garçom voltou e eu reparei que ele usava um palm top para
anotar os pedidos. Londres é tão chique. Não que no Brasil não tenha isso, mas, qual é, é
Londres!
Quantas milhões de vezes eu já falei isso hoje?
- Peixe grelhado com batatas cozidas acompanhado de uma salada média e um suco de
maracujá com gelo e bastante açúcar. - Jú disse contente, entregando o seu cardápio para o
garçom que olhou para nós como se tivesse nos incentivando a sermos rápidas e decididas
como a Jú.
- Eu vou querer o prato principal com salada pequena, e suco de laranja com uma quantidade
normal de açúcar e não de alguém que quer virar diabética. - eu disse, dando de língua e Júlia
me mandou o dedo. Qual é ela é tipo a rainha do açúcar, (n/a: QQQQQQQ?) ela sempre coloca
o máximo de açúcar que ela pode nas coisas.
- Eu quero peixe e batatas cozidas com salada pequena e coca com gelo e limão. - Lena disse
sorridente e também entregando o cardápio que estava segurando para o garçom.
- Vai o mesmo que elas duas. - Ba disse indiferente com preguiça de escolher algo específico.
Nossa só eu não gosto de peixe aqui? Chorando muito.
- Eu vou acompanhar a senhorita com o prato principal. - George disse piscando pra mim e eu
o agradeci mentalmente. Bom, não muito mentalmente porque eu murmurei um obrigado meio
que sofrido.
O garçom apenas concordou com a cabeça sorrindo simpaticamente e voltou para seu humilde
trabalho. Com certeza ele ganha mais que a minha mãe. Chega.
Começamos a conversar animadamente sobre assuntos que não eram inéditos pra nós, ou seja,
Londres e McFLY. Nós estávamos tentando convencer George à nos conseguir um encontro
casual com eles, mas ele não dava o braço a torcer. Ele apenas repetiu ‘Se vocês fizerem por
merecer, talvez eu arranje um pequeno telefonema de cinco minutos’.
- CINCO MINUTOS? SÓ ISSO? - nós gritamos desconsoladas. Nós somos anjos, merecemos
mais que cinco minutos, tá legal?
- Máfia... Precisamos de um plano de conquista. - Lena disse misteriosamente e George riu nos
olhando estranho. - Será que poderemos contar com a ajuda de algum ser superior?
- Tipo...?
- SKYWALKER! - ela respondeu jogando os braços para cima e eu gargalhei. Alto. E o George
nos matou com o olhar. Droga.
Nota mental: convencer a Lena a parar de chamar o Sky... Luke de Skywalker porque eu
sempre rio e o George sempre fica bravo porque ele não gosta que chamem o amigo dele de
Skywalker.
Ok, convencer a Lena a parar de chamar o Skywalker de Luke porque o nome dele não é esse.
NÃO! É ao contrário, droga. Nota mental: parar de fazer notas mentais porque notas mentais
me atrapalham.
- Olhem... - George ia começar a nos dar um sermão, dizendo que não era certo colocar
apelidos nas pessoas e blábláblá, todos sabem que a Lena adora apelidos e eu adoro rir deles,
mas seu celular começou a tocar. - Só um minuto, garotas. Ah, oi Sk... Luke!
- HAHAHAHAHAHAHA! - até o George! Nós arrastamos o George, MUAHAHAHAHA! Tá, a gente
meio que parou de rir porque ele ficou muito bravo e se levantou da mesa, eu acho que ele
mandou a gente pra um lugar bem feio na mente dele.
Mas quem se importa? O George chamou o Luke de Skywalker! Essa cidade é tão mágica.
Ops, ele está voltando.
- Tenho boas notícias.
- Sim, você está no nosso time agora!
- YAY! - Ok, ele está andando muito com a Júlia, que cara de morte é essa?
-Se fizermos tudo certo, - ele começou nos ignorando totalmente. - nós conseguiremos gravar o
primeiro single ainda nessa semana!
- Hm, tá. - Bárbara comentou não percebendo a gravidade do assunto. NOSSO PRIMEIRO
SINGLE, AAAAAAAH! - NÃO! MEU DEUS!
E nós paramos de gritar de novo, porque além do George, o restaurante inteiro estava nos
olhando. Nós não nos importávamos, porque nós estávamos em Londres e íamos gravar nosso
primeiro single! (E George está no nosso time).
E a nossa comida chegou, e só agora eu percebi o quanto estou com fome. Mas vocês sabem...
Quem se importa? London, baby!

Poynter’s Time

UAU! Nunca imaginei que um estúdio fosse assim. Ta, eu já vi em filmes, mas nunca pensei
que fosse tão grande.
Ao entrar na sala, você vê um painel de controles com várias cadeirinhas para os produtores e
etc. No lado direito tem uma portinha que, entrando, têm os instrumentos com sofás, cadeiras,
puffs e um espaço, tipo um quadrado de vidro, onde fica a bateria.
- Meu Deus! Aqui que a gente vai trabalhar? To até desistindo da minha profissão de médica.
- Não, lá fora no frio. Com os mendigos olhando para gente, um show gratuito. - Como sempre,
Júlia, a irônica.
- Que fome que isso me deu. Nós não podemos comer alguma coisa antes de começar a
reunião? - Helena, claro que vocês já sabem, disse.
- Eu vou à padaria aí do lado comprar alguma coisa e já volto. - disse George já saindo.
- Quando a Helena não está com fome? - perguntou Gabriela só por perguntar, porque não tem
um dia, uma hora, que a Lena fique sem reclamar. De fome.
- Que sono! - falei ao mesmo tempo em que abria a boca. Então saiu meio que “Gue somo!”. E
entrei na portinha dando de cara com o sofá vermelho, onde caí deitada.
- BÁRBARA! SOCORRO! – hã? – OLHA! OLHA! – e apontou freneticamente para... Ó MEU DEUS!
- Já vi que vocês se sentiram em casa. – Disse o ser, que estava entrando e o mesmo que a
Gabriela apontou, olhando para mim.
- Ah, sim. Bem, hum, confortável aqui. – Alguém me mata, por favor?
- É sim. – respondeu ele demonstrando “medo” – Então essa é a famosa banda RankShine.
Quem é quem aqui?
- Eu sou a Júlia. – disse Ju, claro, levantando seu dedinho (dedão) e dando um sorrisinho de
dar medo.
- E eu a Helena – falou secando seu cantinho, ou seja, a bateria.
- Hum, eu Bárbara. – dei um sorriso.
- E você...? – disse o cara levantando uma sobrancelha pra Gab. Dei uma cotovelada nela.
- Ah, eu... eu me chamo Gabriela.
- Prazer Gabriela – e sorriu, e que sorriso ein.
- Ah... Magina – Quem fala ‘magina’ quando uma pessoa diz que foi um prazer conhecê-la?
- Bom, eu sou o assessor de vocês. Me chamo Matt.
- Prazer Matt – disse vendo que George chegava.
- Já vi que vocês conheceram Matt. Será que podemos começar a reunião? Porque daqui a
pouco tenho um compromisso...
- Huuuuuuuum, imaginem o compromisso do George. – falei levantando as sobrancelhas do
modo – eu-sei-do-que-você-está-falando.
- Não. – disse ele curto e grosso. – tenho uma reunião, sim outra, com o Fletch, sim, ele
mesmo, o empresário do McFly.
- O QUE? Tipo assim, a gente não vai participar dessa reunião? – perguntou Gab parando,
finalmente, de encarar Matt com aquele sorriso bobo. Já disse que ela tem quedas por caras
mais velhos?
- Claro que não. Vocês só serão apresentadas na festa.
- Por que? – chorou Helena.
- Porque será mais emocionante. – respondeu Julia, meio que cortando o que George ia falar.
- Estraga prazeres. – disse Helena.
- Concordo com a Ju. – disse me levantando e finalmente sentando à mesa com os demais.
- Bom, esse é o Matt e acho que ele é o único que não foi na reunião de manha.
- Deu pra perceber. – disse Lena já com a boca cheia de bolinhos. – Cara, esse chá ta bom.
- Eu odeio chá. Tem café por aí? – perguntei, afinal, eu realmente não suporto chá.
- Café? Temos. – respondeu Skywalker como se quisesse começar a reunião logo.
- Ah, ta. Vou pegar... – disse me levantando, e indo em direção a cafeteira.
Sabe, eu sei que agora estou morando em uma cidade onde as pessoas tomam chá, mas não é
minha culpa. Essa é a cozinha mais estranha que eu já vi em toda a minha vida. Sabe, não tem
muita coisa nela, e ela não é branca como a maioria das cozinhas existentes, ela é vermelha.
Acho que para combinar com o símbolo da EMI. E tem um tapete do meio, um tapete estranho
e... vermelho.
A cafeteira deve estar em algum lugar por aqui, talvez no armário perto da pia.
- BÁRBARA! A cafeteira tá no armário em cima da pia. - É, eu descobri já.
Certo, além de a cozinha ser estranha, a cafeteira é velha. Ela tá com pó e, realmente, é do
tempo da minha avó.
Com certeza deve ter um galão de água, mas porque eu não to vendo o filtro?
- GEORGE! CADÊ O FILTRO DE ÁGUA? - tudo bem que eles já devem ter começado a reunião,
mas quanto mais eu demoro, menos tempo tenho pra saber do que se trata. Sim, a reunião.
- SERÁ QUE EU POSSO TRABALHAR EM PAZ? PROVAVELMENTE NA GELADEIRA TEM! - certo,
eles não têm um filtro, só água gelada. Irônico isso. Eu vou usar água gelada para fazer o café.
Pelo menos a geladeira é branca. Quer dizer, combinaria mais se fosse uma cinza.
Agora, como usarei isso? Digo, a cafeteira. Porque eu não sei mexer em coisas velhas, vai que
ela se quebra, aí pronto, até achar outra velha... E ela não deve ter manual de instruções, não
mesmo. Mas eu acho que é só colocar a água aqui, e o pó de café aqui, e a garrafa aqui. Acho
que é isso, agora é só ligar.
Nem acredito que vou conhecer o McFLY finalmente. Tudo bem que talvez eu não os encontre
porque vai ser uma festa de máscara, mas tenho alguma chance. Bom, mas quando a gente
ficar famosa, eles vão nos reconhecer ou conhecer. Aí a Lena vai casar com o Danny, a Gabi vai
realizar o sonho dela da calça de leopardo e o Dougie vai ser meu.
- Our time is running out, and our time is running out – não me canso dessa música. Vou falar
para o George conseguir um ingresso para algum show do Muse pra mim, será que ele vai ser
bonzinho?
Acho que tá pronto. Até que não demorou tanto. Agora só preciso de uma caneca, e bom, do
açúcar.
- Voltei! - disse chegando à mesa com o aroma de café, porque ingleses tomam chá quando se
tem café?
- A reunião já acabou, e vê se não toma mais tempo, vai ensaiar. - disse Skywalker. Esse cara
me da medo.
- Então, o que vocês decidiram? - perguntei pra Ju, porque se eu perguntar para o Luke ele vai,
com certeza, me da sermão. Belo começo de ‘amizade com os colegas de trabalho’.
- Ah, só as músicas que a gente vai tocar na festa.
- Só? E tipo assim, eu nem opinei.
- Problema é teu que não gosta de chá. - Ouch, essas são minhas amigas, oi.
- E quais são as músicas mesmo?
- Pega logo o baixo Bárbara, a gente não tem muito tempo! - Já entendi. Mas como vocês
querem que eu ensaie se eu nem sei a música que vamos tocar?
- Meninas, estou indo falar com o Fletch. Querem que eu mande algum recado? -
Engraçadinho.
- Então, começa a contar Lena. - Ju ignorou completamente George.
- Espera. GEORGE! FALA PARA O DANNY QUE EU AMO ELE! - berrou Helena porque George já
havia saído.
- Eu não mereço isso. - Afinei o baixo, porque mesmo temos o carinha que afina se ele não
afina? - Pronto, agora pode contar Lena.

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