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2023
Copyright© 2023 Cecília Turner
Revisão: Barbara Pinheiro
Designer da capa: Layce Design
Diagramação: Cecília Turner
Turner, Cecília
23-177654
CDD-B869.3
PRÓLOGO 1 - VALENTINA
PRÓLOGO 2 - VALENTINA
PRÓLOGO 2 - GUSTAVO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
EPÍLOGO
Este é o livro 2 da Duologia – Em chamas, e trará a história
de Gustavo e Valentina
Diferente dos meus outros livros, principalmente os da USC,
este não tem tiro, porrada e bomba. Se você está atrás de uma
leitura com mais ação, este não é um livro para você.
Agora, se você procura uma história de amor, tipo filme da
sessão da tarde… em que você encontra o amor onde você menos
espera, algumas vezes, embaixo do seu nariz, com talvez uma leve
dose de confusão, acredito que aqui seja o seu lugar e você possa
se divertir e ficar com o coração quentinho no final. (Este é sempre o
objetivo.)
Destaco que mesmo fazendo muita pesquisa, este livro não
pretende retratar a real rotina de um batalhão do corpo de
bombeiros. Trata-se de uma obra de ficção, e tomei a liberdade de
criar meu próprio grupamento, o 21º.
Livro destinado para o público adulto. Contém cenas de sexo
explícito e uso corriqueiro de palavrões. Caso não goste deste tipo
de conteúdo, recomendo que pare agora.
Se, ainda assim, você continua aqui… espero que se divirta
tanto quanto eu me diverti escrevendo.
Um grande beijo, Cecília!
Muitas músicas embalaram esta história.
Desta vez, estava menos nostálgica que no livro anterior, ou
não?!
Como sempre, algumas se encaixaram com precisão.
Ficou curioso?
Abra o Spotify no seu celular, clique em “buscar” e, em
seguida, na câmera.
Basta posicioná-la sobre o código abaixo e curtir!
Espero a minha vez – NX zero
15 anos
Meu pai até tentou puxar assunto, mas a verdade é que só
quero ficar quieto. E é o que faço. Observo minha casa, meus
amigos ficarem para trás, conforme o carro acelera.
Sorocaba…
Este é meu destino.
Não é como se não conhecesse a cidade, já fui algumas
vezes lá, mas sempre foi rápido. Férias de verão ou um fim de
semana na casa dos meus avós.
Agora é permanente.
Meus pais se divorciaram.
Depois de meses de discussões intermináveis, eles
finalmente puseram um fim no tormento. Sério, eu já não aguentava
mais, ficar no meio daquele fogo cruzado.
Meu velho conseguiu uma transferência para a unidade
localizada na cidade e eu não poderia abandoná-lo. Ele tenta se
fingir de forte, mas está uma merda.
Minha mãe está bem… talvez eu esteja exagerando. Ela
está puta comigo, na verdade. Acha que eu estou abandonando-a,
que prefiro meu pai, mas não é nada disso.
Droga, eu só quero os dois felizes, ainda que isto signifique
ter que me dividir entre duas casas.
Ela é forte e tem suas amigas loucas, ficará bem.
O velho só tem a mim, por isso, estou aqui.
Além disso, não é como se não fosse vê-la mais.
A cada quinze dias, prometi pegar o ônibus e ela me busca
na rodoviária, mas ela nem se deu ao trabalho de responder ou se
despedir de mim.
Isso acaba comigo.
É a minha mãe… e não a quero chateada.
Estou ferrado.
— Já estamos quase chegando — avisa, quando passamos
por um pedágio.
— Ok — devolvo, tentando soar mais animado.
Por dentro, um único pensamento martela.
“Não vai ser fácil, mas não é o fim do mundo.”
Nova rotina, nova escola… só espero que não tenha muitos
otários.
Vinte minutos depois, estacionamos em frente a um
condomínio.
— Você vai gostar, tem salão de jogos… — meu pai começa
a enumerar as qualidades do lugar, como se eu fosse um bebê.
Não quero saber de nada disso.
Só quero ajeitar logo meu quarto para poder me jogar na
cama.
— Parece legal. — Dou de ombros.
— Certeza que logo fará amigos — continua, animado, e
apenas sorrio.
Acompanho de perto ele orientando o motorista do caminhão
sobre o local de descarga e espero pacientemente para começar a
subir as caixas.
Pelo menos os caras vão ajudar.
A movimentação no hall atrai a atenção de alguns
moradores, mas ignoro. Coloco meu fone de ouvido e estou prestes
a aumentar o som, quando um movimento à direita chama minha
atenção.
Um moleque, um pouco mais baixo que eu, camisa preta do
Metallica, o que já é uma coisa boa, e que chuto ter a minha idade
ou mais novo talvez, mas pouca coisa, ao seu lado, uma menininha
loira de tranças, me olhando sem disfarçar a curiosidade, deve ser
sua irmãzinha, mas são só suposições.
— Olha, Enzo. — Aponta na direção do caminhão, nada
sutil.
— Que foi? Nunca viu uma mudança?
— Claro que já, seu besta — devolve, rápida, e tento conter
o sorriso, mas é difícil.
A menina é ligeira.
Seu irmão bagunça seu cabelo e ela fica vermelha de raiva.
— Para com isso ou vou contar tudo para a mãe.
— Vai lá…
— Vou mesmo. — Ajeita os cabelos e volta a me olhar,
aceno na sua direção e realmente não sei por que fiz isso, mas o
sorriso que recebo de volta valeu o esforço em ser educado.
Ela corre na direção dos elevadores, largando o irmão para
trás.
— Desculpe a Nina, ela é enxerida às vezes. — Ele passa
as mãos pelos cabelos, se aproximando. — Sou o Enzo, e a pirralha
é a minha irmãzinha.
Pirralha… gostei.
— Gustavo.
— Está mudando para onde?
Paro alguns segundos, tentando me lembrar desta
informação crítica.
— Apartamento 59, bloco B.
— Caramba, parece que você é nosso mais novo vizinho! —
anuncia com um sorriso.
Nem ferrando…
Bem, pelo menos, posso avisar minha mãe que já conheci
alguém por aqui. Ela ficou falando que eu ia ficar sozinho.
E algo me diz…
Que eu e Enzo seremos bons amigos.
— Então você gosta de Metallica? — puxo assunto.
— Por favor, me diga que você também — brinca e apenas
aceno em concordância. — Porra, sim… ops, foi mal. — Olha para
trás, confirmando que a irmãzinha não o ouviu e me pego sorrindo.
Já temos algo em comum.
O bom gosto musical e a facilidade de falar palavrões.
Algumas horas depois, eu e meu pai ainda estamos tentando
encontrar as coisas da cozinha, quando a campainha toca.
Trocamos um olhar curioso e ele caminha até a porta,
desviando de uma caixa aqui, outra acolá.
Reconheço Enzo e Nina, agora sem as tranças,
acompanhados de um casal, que só pode ser seus pais.
— Olá, desculpe atrapalhar — a mulher começa, meio sem
graça.
— Não é incômodo nenhum — meu pai se adianta e ela
continua:
— As crianças estavam loucas para que conhecêssemos os
novos vizinhos.
Enzo aponta para a irmã, fazendo careta.
— Sejam bem-vindos, eu sou a vizinha do 58, Simone, e
este é meu marido, Tomás.
Acho que nunca conheci ninguém com estes nomes.
— Cláudio, prazer em conhecer vocês — meu velho
cumprimenta. — Fico feliz de saber que Gustavo já andou se
enturmando. Vem aqui falar oi, filho.
Me aproximo, odiando toda essa atenção em mim.
— Muito prazer. — Estendo a mão, cumprimentando os
adultos.
— Viu só, mãe, ele é bem mais legal que o Enzo — a loirinha
comenta, e ganha um cutucão do irmão.
Desta vez seguro a risada, mas é por pouco.
— Valentina — repreende e a menina fica corada. —
Desculpem. Bem, estamos aqui do lado, caso precisem de alguma
coisa.
— Muito obrigado! — meu pai agradece.
— Pensando melhor, por que não jantam conosco? Uma
pizza de boas-vindas. — A mulher troca um olhar com seu marido e
ele, até então quieto, se manifesta:
— Sabemos como é complicado nos primeiros dias, são
tantas caixas que é difícil achar até um copo.
— Nem me fale — murmuro, mas acho que ninguém ouviu.
Meu pai parece surpreso com a hospitalidade.
— Não queremos atrapalhar.
— Imagina, será um prazer. É bom que as crianças
conversam. Gustavo vai estudar onde?
— No Santa Escolástica, no centro.
— Enzo e Nina também estão lá. — Começam a tagarelar e,
dez minutos depois, a porta finalmente é fechada.
— Parece que não precisamos nos preocupar com a janta —
comenta, olhando das caixas para mim.
— Eles parecem ser legais — devolvo e ele assente.
— Também achei! O menino parece ser da sua idade, bom
que já vai para a escola conhecendo alguém.
— Sim.
— Vai ficar tudo bem, Guga — me chama pelo meu apelido
de infância, o que é estranho.
Ninguém me chama mais assim.
Para todo mundo é apenas Gustavo ou Gu, e eu realmente
não ligo.
— Vai ficar sim, pai. — Apoio a mão no seu ombro e ele me
olha com um sorriso, que com certeza não reflete o que sente no
momento.
Então eu faço o mesmo.
Sorrio, mesmo que, na verdade, não tenha, no momento,
muitos motivos para isso.
As horas voam e conseguimos, pelo menos, organizar os
quartos.
Ligo para minha mãe, mas cai direto na caixa-postal.
“— Oi mãe, só passando para avisar que
chegamos bem, e estamos nos ajeitando
por aqui.
Já conheci um garoto legal no
condomínio e vou estudar na mesma
escola dele.
Ele tem uma irmãzinha.
É isso…
Vou ver as passagens para te visitar na
próxima semana, ok?”
— Não podemos nos atrasar para a pizza nos vizinhos —
meu pai anuncia parando na porta do meu quarto.
— Vou só tomar um banho e já vamos. — Coloco o telefone
para carregar, torcendo para que ela veja a mensagem e responda
logo.
— É um bom plano. Vou continuar desempacotando e vou
depois de você.
— Fechado, pai.
Às dezenove horas em ponto, tocamos a campainha.
Todos são extremamente simpáticos e sem frescura.
Fica difícil não gostar deles.
Pizzas pedidas, Enzo me chama para conhecer o seu
quarto.
Sua irmã está atrás de nós, quase como uma sombra, mas
nem ligo, algo sobre ela me faz querer tê-la perto. Talvez seja o fato
dela sempre me fazer rir, seja quando abre a boca ou quando briga
com o irmão.
Sendo filho único, nunca tive nada disso.
Sempre foi apenas eu… exceto quando ia dormir na casa da
minha tia. Eu e meu primo, Rodrigo, temos quase a mesma idade, é
só um ano de diferença, mas faz tempo que não o vejo, já que se
mudaram para São José dos Campos.
Sem familiares por perto. Na maioria das vezes, eu me
divertia sozinho, jogando videogame ou com alguns garotos do
prédio, mas isso também era raro, a maioria dos meus amigos é da
escola.
E isso, agora… é passado.
Pelo menos, pelos próximos quinze dias.
Volto minha atenção para o tour, e se eu tinha alguma
dúvida, não tenho mais. O apartamento é maior.
— Você tem seu próprio quarto. Legal!
— Iria enlouquecer se tivesse que ficar no mesmo quarto
que a Valentina, com todo aquele rosa.
— Melhor que todo este preto. — Sua voz soa nas nossas
costas.
— Você não tem nenhuma boneca para brincar?
— Eu não brinco mais com bonecas faz tempo, Enzo.
— É um PS3?
— Aham, joga?
— Tento.
— Boa. Tenho alguns jogos legais aqui. — Começa a
mostrar e isso parece realmente bom. — Fifa?
— Caramba. — Nem tento disfarçar a animação.
— Já vi que vamos nos divertir muito, Gustavo.
— Certeza!
— Você também gosta de jogar, Valentina? — pergunto e a
loirinha me olha, mal contendo a empolgação.
Acho justo fazê-la participar da conversa, afinal.
— Ela só joga os de menininha — seu irmão é rápido ao
responder e ela apenas revira os olhos.
— Gosto do Guitar Hero, conhece?
— Se eu conheço — estralo meus dedos, fazendo toda uma
cena —, eu domino!
— Isso eu quero ver, Guto — devolve, e é a primeira vez que
alguém me chama assim.
Guto…
Ela nem parece ter percebido minha surpresa, apenas
continua a tagarelar.
— O que acham de umas rodadas de rock & roll, antes do
jantar? — disparo.
— Boa! — Enzo retruca, já ligando o aparelho.
— Eba!!!! — Nina puxa uma cadeira e se senta.
Algumas partidas depois, tenho que admitir que a loirinha
não estava mentindo. Ela sabe jogar.
— Agora nós vamos jogar Fifa, Nina — seu irmão anuncia e
ela me olha.
Droga, parece triste.
— O que acha de repetirmos o Guitar Hero outro dia?
Me encara alguns segundos.
— Ok, combinado — responde e então sai do quarto toda
feliz.
Enzo revira os olhos.
— Agora vamos jogar um jogo de verdade — brinca, tão logo
ela se afasta. — Nina é um pé no saco a maioria das vezes, mas
é… legal.
Apenas sorrio.
Crianças geralmente são chatas, Nina não, ela é diferente.
O resto da noite voa.
Tenho que reconhecer que, por algumas horas, apenas me
diverti e quase esqueci sobre a mudança e minha mãe.
— Se quiser vir amanhã, podemos jogar mais. Só durante a
semana, que minha mãe pega mais no pé. — Enzo faz uma careta
— Aí, e só depois de eu terminar toda a lição.
— O mínimo, né, querido. — Sua mãe acaricia seu cabelo.
— Tenho bastante coisa para arrumar, mas vai ser legal vir
jogar com vocês. — Olho dele para a loirinha, que me observa com
atenção. — Se a senhora não se importar, é claro.
— Claro que não me importo! Você é muito bem-vindo,
Gustavo. Certeza que o Enzo…
— Não esquece de mim, mãe.
— E a Nina — ela complementa —, vão adorar se divertir
com você. — Abre um grande sorriso.
E, droga…
É bom me sentir querido.
— Obrigado — agradeço, sem graça.
Depois de nos despedirmos, saímos de lá com a promessa
de repetir a pizzada. A próxima vez, no nosso apartamento. Claro
que só depois de acharmos os pratos, ou termos comprado mais
alguns.
A maioria das coisas ficou em São Paulo. Meu pai só trouxe
aquilo que ela não fez questão alguma que continuasse no nosso
antigo apartamento.
— E aí, se divertiu? — meu pai questiona quando estamos
de novo em meio às caixas de papelão.
— Foi legal.
— Só legal? — Me olha com curiosidade.
— Tá bom — reconheço, abrindo um sorriso — Eu me
diverti. Muito!
— Aee… é bom ouvir isso, campeão! — Me abraça e eu
retribuo. — Vai ficar tudo bem!
— Vai sim, pai — digo, tentando acreditar nisso.
Meia hora depois, deito na minha cama e coloco o celular
sob o travesseiro.
Até agora, nada…
Nem sinal da minha mãe.
Não sei se ela escutou minha mensagem, mas se fez, não
respondeu. Eu não queria que as coisas estivessem assim, mas não
me arrependo da minha decisão.
Não sou mais uma criança.
Eu tive que escolher… e escolhi.
Fecho os olhos, decidido a pensar somente em coisas boas.
A imagem de Enzo e Nina brigando sobre qual música tocar, me faz
sorrir.
Para um primeiro dia numa cidade nova, o saldo é positivo.
Descobri que tenho vizinhos legais.
Enzo é da minha idade e adora Metallica e Iron Maiden,
como eu, além de ser viciado em Fifa – chamo isso de lucro.
Valentina é legal, para uma pirralha, e joga Guitar Hero como
ninguém, principalmente as músicas do Bon Jovi, mas enfim,
ninguém é perfeito, não é?!
Não sei o que o futuro me reserva por aqui, mas algo me diz
que se daqui a alguns anos alguém perguntar como foi meu primeiro
dia em Sorocaba, quase certo de que vou dizer que foi o dia que
conheci meu melhor amigo… e sua irmãzinha.
E a vida na nova cidade ficou bem, bem mais fácil.
He could be the one – Hannah Montana
First Love – Nikka Costa (versão Youtube)
10 anos.
— Eu juro, Lau, ele é lindo.
— Sei. — Me olha desconfiada.
— É sério, ele gosta de jogar Guitar Hero também, mas eu
acho que o Enzo vai ficar monopolizando ele, com aquela porcaria
de jogo de futebol. Eu poderia fazer os discos desaparecerem.
— Não seja má, tadinho do Enzo.
— Tadinha de mim. Com você, ele é legal, mas lá em casa, é
outra coisa.
— Acho que é coisa de irmão mais velho.
— Sorte sua que não tem.
— Eu queria ter, mas já dou trabalho suficiente para minha
mãe.
— Hey — me aproximo da sua cama —, você não é trabalho
nenhum. Você é a pessoa mais incrível. Acha que te escolhi como
minha melhor amiga à toa? — Dou uma piscadinha e ela ri.
Lau e eu somos amigas desde que me entendo por gente.
Nossas mães são amigas de longa data e ficaram grávidas
quase na mesma época. Na verdade, nós nascemos com poucos
dias de diferença. Sete, para ser exata.
Duas taurinas maravilhosas.
Lau nasceu com uma condição que deixa seu coração fraco,
foi o que minha mãe me explicou e, por isso, não pode fazer coisas
que a maioria das crianças fazem.
Combinamos que eu seria os seus olhos lá fora.
Contando tudo de bom… e não tão bom assim.
E assim, os anos têm passado.
Tem dias que jogamos tabuleiro no seu quarto, quando ela
está mais animada. Ou jogamos videogame, mas há dias em que
ela só consegue ficar de repouso.
Tudo parece cansar.
Minha mãe sempre diz que temos que todo dia agradecer a
Deus pela vida, pela nossa família, saúde… Eu tento fazer, todo dia,
às vezes eu durmo antes, mas quando consigo terminar minha
oração, Lau está sempre nela. Eu peço para Ele ajudar minha
amiga, que ela também tenha bastante saúde, para que a gente
possa, um dia, brincar lá fora, ir à escola juntas, aprontar várias e
deixar nossos pais de cabelo em pé.
Ia ser legal.
Minha mãe diz que milagres acontecem, então Lau pode
encontrar o seu.
— Tá, me conta mais deste novo vizinho que te deixou
caidinha — pede e se tem algo que posso falar por horas, é sobre
ele.
— O nome dele é Gustavo.
— Hum, que nome diferente.
— Bonito, né?! Vou chamar ele de Guto.
— É o apelido dele?
— Não sei, eu apenas acho bonito.
— Vai que ele já tem um… sei lá, Gu, Guga?
— Ele não disse nada.
— Guto, então.
— Ele é alto.
— Maior que o Enzo?
— Aham, não muito, mas é sim. Ele morava em São Paulo,
escutei seu pai falando com o meu. Parece que ele trabalha numa
empresa daqui e, por isso, mudou para cá.
— E a mãe dele?
— Os pais dele se separaram.
— Ele te disse isso?
— Não, mas eu ouvi também.
— Como você conseguiu escutar tudo isso?
— Enzo e ele estavam jogando Fifa, eu fiquei na sala vendo
TV e escutei. — Dou de ombros, não é grande coisa.
— Deve ser estranho, não acha? — Lau comenta e não sei
como eu me sentiria se meus pais resolvessem se separar. Eu gosto
tanto das coisas que fazemos juntos.
— Deve ser por isso que ele estava meio triste.
— Triste?
— Sim — murmuro, me lembrando das vezes que me peguei
observando o novo vizinho. Quando alguém falava com ele,
Gustavo dava um sorriso, mas não parecia real, no fundo, havia
tristeza.
— Espero que ele goste daqui.
— Eu também.
Porque eu não quero que ele vá embora.
Não sei explicar, mas…
Gustavo parece ser especial.
“Pirralha,
Não fique brava comigo.
Desculpe ter estragado seu humor, no seu dia…
Acho que fiquei tanto tempo fora, que perdi o momento em
que você deixou de ser a pirralha que corria atrás de nós e
que adorava jogar Guitar Hero comigo.
Não sou seu irmão (você tem razão), gosto de pensar que
sou mais bonito e legal (não conte ao Enzo), mas você
sempre será a irmãzinha do meu amigo e eu estarei aqui
para você.
Beijos, Guto.”
Ps: Espero que goste.
A resposta veio só no dia seguinte:
Cinco anos…
Sessenta meses…
Duzentas e sessenta semanas…
Mil oitocentos e vinte e cinco dias…
Parece que foi ontem, entretanto.
Não sou mais um soldado novato, mas sim, cabo do corpo
de bombeiro. O “Correia” ou janeiro, como a mulherada tem me
chamado ultimamente, e você não me ouvirá reclamar.
Também faz exatamente cinco anos que o fodido do Enzo
me pediu para ficar de olho na irmãzinha dele… e eu tenho feito
isso, mesmo que esteja acabando com minha sanidade, dia após
dia.
Não é uma missão fácil.
Não quando envolve ela.
Valentina.
A pirralha que faz meu sangue ferver.
Por quatro anos eu consegui me manter distante.
Consegui descobrir seus hábitos, onde ela gostava de curtir
com as amigas. Eu nem precisava estar lá para saber tudo o que
ocorria.
Acredite, não ia prestar, eu no mesmo lugar, vendo-a com
roupas excessivamente coladas ou decotadas, dançando com as
amigas, ou na pior das hipóteses, se atracando com algum moleque
recém-saído das fraldas.
Qualquer dos cenários, não é bonito.
Não tenho sangue de barata e se tem algo que Valentina
sabe, é provocar e disparar todos os meus gatilhos de homem das
cavernas, isso é a receita para o desastre.
Se seu aniversário de dezenove anos serviu para algo, foi
para mostrar que não sou imune aos seus encantos.
Não como eu deveria ser…
Afinal, é a pirralha no final do dia.
Fiquei longe da sua visão, mas com olhos em todos os
cantos. Ela nem faz ideia, mas eu sei de tudo.
Cuidei para que ela e suas amigas não tivessem problemas
nas casas noturnas e, principalmente, dei um jeitinho para que os
escrotos ou com um histórico perigoso, se mantivessem afastados
ou sumissem do seu caminho. Enzo podia dormir tranquilo. Eu
estava cuidando da nossa irmãzinha.
Por várias vezes, a minha vontade foi ir até estes lugares,
colocá-la no ombro e levá-la direto para minha casa, para longe da
confusão, onde eu pudesse ter certeza de que ela estaria bem,
segura… e comigo.
De preferência, totalmente nua e na minha cama.
Foda, isso é errado em vários níveis.
Me sinto podre.
Me controlei, e tudo estava funcionando bem… ou assim eu
achava.
Até que nos reencontramos.
Eu não podia simplesmente dar as costas.
O mínimo que se esperava era uma conversa educada.
Não somos estranhos.
Sou amigo do seu irmão, eu frequentei a sua casa por anos,
pelo amor de Deus.
Conversa vai… unimos o útil ao agradável, eu estava atrás
de uma forma de arrecadar dinheiro para o hospital e ela veio com a
ideia louca do calendário. Sua amiga é fotógrafa e precisava fazer
um projeto da faculdade, e ainda teria o apoio da prefeitura.
Claro que eu topei, ela parecia tão animada.
O difícil foi convencer o subtenente, mas com jeitinho e
apoio dos caras, consegui.
O resto é história.
O calendário foi um sucesso.
O único problema?
Ter a pirralha por perto.
Na sessão de fotos, me olhando… de um jeito que eu
poderia jurar que havia algo. Que se eu metesse a mão na sua
calcinha, eu a encontraria molhada… e pronta para mim. Assim
como eu estava doendo por ela.
Isso foi assustador.
Tentei me afastar. Manter distância.
Repeti na minha cabeça, até cansar… que ela estava
totalmente fora de questão.
Quem sabe assim, meu pau e meu cérebro entenderiam.
Não aconteceu.
Aquele baile fodido foi quase meu fim.
Caralho, Valentina estava linda pra cacete e eu só conseguia
pensar nela fora daquele vestido.
Acho que olhei tanto para ela, que até acharam que
tínhamos algo. Mas fiz questão de deixar claro que isso era
absurdo. Eu estava à procura de uma boceta quente, isso sim…
Uma que me fizesse esquecer a pirralha e tudo de errado que ela
representa na minha vida.
Consegui?
Claro que não e olha que não faltou candidatas, eu
apenas… não consegui colocar a cabeça no lugar.
Mas Deus é bom…
Não sei o que houve, mas Valentina está diferente.
Arisca, irritada, rude… são alguns adjetivos que se encaixam
com perfeição.
Eu deveria entender o que diabos aconteceu, para ela
querer ver o diabo antes de mim, mas a verdade é que… eu
agradeço.
Preciso ficar longe da tentação, porém, quando achei que as
coisas iam se ajeitar, Enzo me fodeu mais uma vez.
Padrinho…
Sei que ela odiou isso tanto quanto eu.
E não sei como me sentir a respeito. A verdade é que por
mais que eu queira manter distância, que eu saiba que é o mais
seguro, eu adoro infernizá-la, provocá-la, deixá-la irritada e fora do
eixo.
Porque é apenas isso que eu terei dela…
E nesses momentos, Valentina é só minha, nem que seja
destilando veneno e xingamentos.
Isto é seguro.
Como desgraça pouca é bobagem, claro que o subtenente e
sua noivinha tiveram a brilhante ideia de nos chamar para
padrinhos, também.
Na minha testa deve estar escrito “Me Foda”. Não é possível!
Claro que não pude recusar, é o Carvalho, e o cara merece
toda felicidade que encontrou ao lado da fotógrafa.
Fato é que ainda tenho alguns meses para me preocupar
com este assunto.
Há um problema mais imediato.
Enzo está voltando. O casamento é em poucos dias.
E eu preciso…
Porra, eu preciso de todo meu controle e sangue-frio, para
resistir.
Se eu bem conheço a Valentina…
Este dia, não será nada fácil.
Ele vai ficar para a história… e não é por conta da cerimônia.
A pirralha fugiu.
O que foi bom.
Me deu tempo para colocar as ideias no lugar.
Carvalho, Laura e a pequena foram se sentar no local onde
será a cerimônia, já eu… como padrinho não pude me juntar a eles.
Felizmente, logo na sequência, encontrei a estrela da noite.
— Caramba, cara. Se acalma! — disparo ao ver Enzo andar
de um lado para o outro, pela vigésima vez. — Não consegue ficar
mais que cinco segundos parado num lugar, porra!
— Estou nervoso pra caralho.
— Pensando em desistir? Posso ser o carro de fuga —
brinco, dando uma piscadinha.
— Mais fácil Emily desistir e eu ir atrás dela — devolve,
mexendo na gravata
— Depois não diga que não tentei te ajudar. — Aperto seu
ombro e ele sorri, antes de começar a gargalhar.
— Só você, filho da puta, para me fazer rir neste momento.
— Amigos são para isso. Relaxa, que está tudo em ordem e
logo você se amarra.
— Um dia será você!
— Sabe que prefiro a diversidade. — Faço careta.
— Por isso que vai ser mais divertido.
— Divertido?
— Ver você amarrado pelas bolas.
Estou a ponto de mandá-lo se foder, quando uma mulher
sorridente se aproxima e fala algo no seu ouvido.
Pelo seu olhar assustado, sei exatamente o que foi dito.
Hora do show.
O que significa mais uma coisa.
Valentina.
A encontro próxima dos pais, tentando acalmar sua mãe,
que parece uma pilha de nervos.
— Calma, mãe! São poucos passos — tranquiliza.
— Eu sei, eu sei.
— Caramba, seu Tomás, o senhor terá problemas hoje,
hein?! — brinco ao me aproximar, e tanto ele quanto sua esposa
sorriem ao me ver.
— Oh, meu querido! — Me abraça forte. — Como você está
elegante!
— São seus olhos, dona Simone — devolvo e ela balança a
cabeça negando.
— Você e Nina estarão incríveis no altar — complementa e
sua voz embarga.
Oh, merda. Ao invés de acalmá-la, vou fazê-la chorar.
— Boa tarde, meu rapaz! — Aceito o aperto de mão firme
que recebo do patriarca da família, evitando olhar na direção da
pirralha. Se o velho fizesse ideia de como tenho pensado na sua
filha, o tratamento provavelmente seria outro.
Foco, Gustavo.
—Pessoal, um minuto da atenção de todos — a mesma
mulher que falou com Enzo, pede. — Noivo e mãe do noivo, aqui —
começa e Enzo e sua mãe caminham até o local indicado por ela. —
Pai do noivo e mãe da noiva logo atrás, por favor. — Gesticula, e o
Sr. Tomás se afasta.
Oh, merda!
— Cadê a irmã do noivo?
— Aqui! — ela se adianta, saindo de perto de mim.
— Ok, querida. Você fica aqui, onde está seu par?
Valentina não tem nem tempo de responder.
— Estou aqui — me adianto, parando ao seu lado.
A senhora me mede e então sorri.
— Homens do lado direito, mulheres do esquerdo — orienta
e todos obedecem, eu incluso.
Tomo meu lugar ao seu lado e ela está séria, em silêncio.
— Nervosa, pirralha? — sussurro próximo do seu ouvido e
então o seu olhar encontra o meu.
— O que você acha?
— Acho que você não vê a hora de ficar longe de mim.
— Nossa, quando você ficou tão esperto? — debocha, mas
consegui arrancar um sorriso.
— Gosto assim…
— O quê? — Arqueia a sobrancelha.
— De você sorrindo — devolvo, sem desviar o olhar do seu.
Me olha alguns segundos, sem retrucar.
— Sei que nem eu ou você queríamos estar aqui… —
começa e não consigo me conter.
— Eu estou mais do que feliz de estar aqui, gatinha —
provoco.
Valentina desperta o pior de mim.
Eu adoro infernizá-la.
— Você entendeu. — Revira os olhos.
— Entendi o quê? — questiono, mas ela ignora.
— Somos dois adultos, temos apenas que suportar um ao
outro pelo tempo necessário para a cerimônia e fotos.
— Ainda tem fotos? — disparo e seu olhar poderia matar.
— Acredite, se eu pudesse, já estaria bem longe de você.
— Sabe o que você é? — Aproximo minha boca da sua
orelha e seu perfume me invade. — Uma grande mentirosa.
— Ora, seu…
Não consegue terminar a frase, pois Photograph versão
instrumental começa a tocar e sua mãe e irmão caminham em
direção ao altar.
Pisco para ela, esticando meu braço.
Valentina apoia sua mão e, caralho, se não sinto suas unhas
pressionarem minha pele.
— Humm… a gatinha tem unhas afiadas.
— Você não viu nada — retruca, entredentes, sorrindo para
as câmeras, enquanto aguardamos o nosso momento.
Começamos a caminhar e é estranho ter toda atenção sobre
nós.
Ela está nervosa e, droga, eu também estou.
Quando dou por mim, digo baixinho só para seus ouvidos:
— Você é a madrinha mais linda, Valentina.
A ideia era apenas distraí-la, mas eu quis dizer cada palavra.
Seu aperto em meu braço aumenta, mas desta vez sem
garras.
Nosso olhar se encontra, algo breve, de relance, e eu
poderia jurar que seu sorriso aumentou.
O que foi isso? Se controla, homem.
Nós nos posicionamos ao lado dos seus pais e o resto da
cerimônia é tranquilo.
Valentina e dona Simone até tentaram segurar as lágrimas,
mas falharam.
Ok, tenho que reconhecer que foi emocionante pra caralho.
Não brinquei ou a provoquei, não era o momento.
Eu só fiquei ali, ao seu lado.
E foi bom.
Mas agora que meu amigo está oficialmente casado e que
as fotos foram tiradas, eu só preciso de uma coisa.
Colocar alguma distância entre nós.
Não consigo pensar quando estou perto dela.
— Eu… — começo, quando o último flash é disparado.
— Preciso de um drink — é ela quem fala, evitando me fitar.
Então, em segundos, ela se afasta.
Como se ficar próximo também fosse um sacrifício.
Que situação do caralho!
Bem, pelo menos, acabou.
Agora é aproveitar a festa e descolar uma boceta.
Laura: “Não sei nem como vou conseguir dormir esta noite…
Isso não se faz. Nós vemos amanhã, então. Beijão.”
Mando vários emojis, coraçãozinho, boca com zuper e um
beijinho e claro que ela responde com uma figurinha bufando
e fazendo careta.
Jogo o celular sobre a mesinha de centro, decidida a voltar
minha atenção para o filme.
Mal pego o pote de pipoca, ele começa a tocar.
— É, Aragorn… tá complicado as coisas.
Pauso novamente e pego o aparelho.
— Vixe…
“Mãe.”
Olho alguns segundos para a tela.
Odeio ter que mentir para ela, mas é por uma boa causa.
Dona Simone não consegue guardar segredo… sim, é boca aberta,
e se contarmos a verdade, logo a família inteira vai saber também.
— Oi, mãe — atendo como se não estivesse nada
acontecendo.
— Já está em casa? — questiona e sei que é sua forma de
coletar informações.
— Sim, cheguei faz algumas horas.
— Nossa, achei que fosse voltar no sábado mesmo.
— Mudança de planos — devolvo, só aguardando a
pergunta. — Como está a vó?
— Melhor, teve um pico de pressão no sábado, mas o
médico acha que foram as emoções. Ele aumentou um pouco a
dose dos remédios e recomendou repouso até a cirurgia.
— Repouso? A vó? Mais fácil o inferno esfriar.
— Valentina!
— Você sabe que é verdade.
— Sim, minha mãe não consegue sossegar. Não será fácil,
sua tia falou que hoje ela acordou a toda, está tricotando e fazendo
mil planos.
Planos, estou até com medo de perguntar.
— Ela ficou tão feliz, Nina.
— Feliz?
— Seu irmão casando e você, bem… — Fica em silêncio e
meu coração aperta ao ver o quão emocionada está. — Ainda não
acredito que não nos contou sobre você e o Gustavo…
— Sobre isso — começo, mas ela nem me deixa continuar,
desata a falar.
— Eu e seu pai estamos tão felizes.
Estão?
— Só queria ter sabido antes e não através da sua tia-avó,
né, mocinha?! — repreende e estou em choque. — Imagina minha
surpresa, bem que sua vó falou que tinha algo estranho com vocês.
— Como assim?
— Ela disse que já sabia, acredita?! Antes mesmo da tia
Cida contar que viu vocês.
Ahh, então foi a tia Aparecida.
Safadinha.
— Eu ia contar… nós íamos — me corrijo e juro que posso
sentir minha mãe sorrindo.
Que loucura.
— Espero vocês para um almoço este fim de semana.
— Vou ver…
— Sem desculpas, mocinha. A menos que Gustavo esteja
de plantão, queremos os dois aqui.
— Sim, senhora — brinco e ela ri.
— Te amo, querida.
— Eu também, mãe. — Meu coração aperta, num misto de
culpa e ansiedade.
Odeio mentir, mas sigo o combinado. É por uma boa causa,
repito para mim mesma, torcendo para que isto entre de uma vez
por todas na minha cabeça e eu me sinta um pouco melhor.
No momento, só me sinto péssima.
Vejamos, quase ataquei o Gustavo, ok, talvez isso seja
exagero, afinal foi só uma lambidinha na orelha e, bem, menti para
minha mãe, sem nem titubear, tudo isso e o dia nem acabou.
Quando os créditos finalmente surgem na televisão, tudo
que preciso é da minha cama.
Encosto a cabeça no travesseiro e não demora meus olhos
estão pesados. Nem tento resistir, me aconchego sob o cobertor,
tentando pensar em coisas aleatórias, mas invariavelmente são
seus olhos castanhos que surgem.
Maldito.
Até nisso ele consegue me infernizar.
Seu rosto é um constante lembrete do que me espera esta
semana.
O início da farsa, ou devo dizer, relacionamento?
O que quer que seja, é ele em minha mente quando o sono
leva finalmente a melhor sobre mim.
Power over me – Dermot Kennedy
A pirralha me paga.
Sei que provoquei antes, mas, porra… lamber minha orelha
foi jogo sujo.
Caramba, só de pensar nisso meu pau responde, de novo.
Sim, dirigi praticamente o caminho inteiro do condomínio
dela até o meu com o cacete duro.
E tudo que não preciso no momento é ficar com as bolas
doendo. Fora toda questão ética por trás. Lembre-se, é a Valentina,
a irmãzinha do Enzo, não uma garota qualquer.
Fecho os olhos, enquanto o elevador faz seu trabalho, mas é
o sorriso esperto dela que surge na minha mente.
Droga!
Pense em outras coisas, qualquer coisa.
Jogo a mochila sobre o sofá assim que entro no meu canto.
Lar doce lar.
Tudo em ordem por aqui. O bom de ficar fora quase o fim de
semana inteiro tem sua vantagem: não tive tempo de bagunçar as
coisas.
Banho e me jogar no sofá parece ser um bom plano, já que
pegar a estrada não vai rolar.
Não hoje.
Já tive muita emoção nos últimos dias.
Meu celular vibra e, por um instante, torço para que seja ela.
Mas que inferno.
Claro que não é a pirralha e não sei o que me irrita mais, ter
torcido para que fosse seu nome no visor, ou a decepção que me
invade ao ler:
Adriana.
Recuso a ligação, digitando uma desculpa qualquer.
Sem tempo para isso agora.
A mulher é legal. Tem um bom papo. Já nos cruzamos
algumas vezes por aí, e tem um boquete matador, mas não consigo
pensar nisso agora.
Prometi para a pirralha… sem sexo.
Não vou arriscar colocar tudo a perder, a decepcioná-la…
fora que não sou escravo de nenhuma boceta, isso é o lado bom de
ser um solteiro convicto. Pego e não me apego.
Ficar um tempo na seca vai ser difícil, mas é o que temos
para hoje.
São apenas três meses, vou tirar de letra.
Enzo voltou da lua de mel e, claro que não irá embora sem
um churrascão em família. Ele adora bagunça e deve estar
morrendo de saudade de uma picanha sangrando e uma linguicinha
apimentada. Eu estaria, se estivesse morando naquela terra gelada.
Por sorte, estarei de folga, mas, caramba, por ele, eu até
falaria com o Carvalho e pediria para alguém me render no turno.
Felizmente, não foi o caso, o que foi bom, já que ultimamente está
uma correria.
Há dias mais tranquilos, já outros que parece que tudo
resolveu dar errado naquelas doze horas que estamos ali.
É foda!
Para completar, tenho ajudado o Dutra e o Santos a
treinarem para o campeonato estadual do Bombeiro de Aço, que
funciona como uma seletiva para o nacional.
Como nos anos anteriores, a prova é composta de quatro
fases com obstáculos de dificuldade variável, os quais os bombeiros
terão que superar usando o uniforme e equipamentos de proteção.
É simples, ganha quem fizer o percurso no menor tempo e com a
menor quantidade de erros.
Estamos trabalhando para trazer o troféu para Sorocaba
este ano, e se depender da empolgação do sargento, a taça é
nossa.
Estaciono o carro em frente ao seu condomínio com dez
minutos de antecedência.
Talvez eu estivesse um pouco ansioso. Coisa pouca, claro.
Pego o celular e aviso que estou aqui. Na tela, as últimas
mensagens que trocamos não me passam despercebidas.
Fiquei repassando nossa conversa nos últimos dias.
Tentando distinguir o que era zoeira ou provocação e o que
era real.
Será que Valentina estava falando sério?
Droga… se controla!
Ela está fora de questão.
Espero conseguir ter uma conversinha com o recém-casado
antes dele voltar para o Canadá, e eu ficar com o B.O, no caso,
Valentina, só para mim.
Minha mente suja já se anima com a ideia.
Caralho, controle!
Meu lado racional até tenta prevalecer, mas está cada vez
mais difícil. Ainda mais quando a vejo caminhar em direção ao
carro.
A mulher é incrível.
De vestido, de calça… caramba, acho que ela podia estar
com camiseta de vereador igual ela me provocou aquela vez, e eu
ainda a acharia gostosa pra cacete.
Nem tenho tempo de sair do carro.
Fiquei tão atordoado com a visão dela numa calça jeans com
alguns rasgos, uma blusa preta básica e tênis.
Simples, e absolutamente deliciosa.
— Dia!! — cumprimenta, puxando a porta do passageiro.
— Melhor agora!
— Não lembrava de você ser tão galanteador — retruca, me
observando com atenção, ao mesmo tempo em que luta para
colocar o cinto de segurança.
— Não sou! — devolvo, ajudando-a com sua missão. —
Pronto, você está segura.
Meu olhar recai para sua boca.
— Obrigada e boa resposta! — responde, o rosto a poucos
centímetros do meu.
Cacete.
Se controla, Gustavo.
Fecho os olhos, tentando me acalmar.
A garota mal entrou no carro e já quero atacá-la.
A pergunta é: quando não quero?
Lembre-se do Enzo, pense nele chutando suas bolas com
toda a força.
Me afasto, lutando contra cada instinto meu que quer apenas
meter a mão nos seus cabelos e puxar sua boca contra a minha.
— Pronta pro churras?
— Nem tomei café, estou mais do que pronta.
— Você realmente é perfeita pra mim — brinco, colocando o
carro em movimento.
Valentina murmura algo que não consigo ouvir.
— O que você disse?
— Is this love. — Aponta para o rádio e então aumenta o
volume.
A música, agora faz sentido.
E, porra, acaso ou não…
Não poderia ser mais perfeita para este momento.
Aumento ainda mais o som e ela arregala os olhos,
surpresa, quando começo a cantar, acelerando o veículo pelas ruas
de Sorocaba.
— Você definitivamente é louco!
— Essa música é boa demais.
— Isso eu tenho que concordar — retruca, sorrindo.
— Canta comigo, linda.
“Is this love that I’m feeling,
[É amor o que estou sentindo?]
Is this the love that I’ve been searching for?
[É este o amor que eu tenho procurado]
Is this love or am I dreaming
[Isso é amor ou eu estou sonhando?]
Paro de cantar, mas ela continua, linda e totalmente alheia à
forma como me afeta.
“This must be love
[Isso deve ser amor]
Cause it’s really got a hold on me
[Pois realmente tem um poder sobre
mim]
A hold on me
[Poder sobre mim]”
— Ae!!! — vibro, batendo a mão no volante.
— Ainda bem que não dependemos disso para viver. Somos
péssimos.
— Não, linda! Nós somos uma ótima dupla — retruco,
encontrando seu olhar.
Foda!
A música muda e o momento já era.
Melhor assim.
Às vezes, queria ter coragem de dizer tudo que trago dentro
do peito, mas algumas coisas devem permanecer enterradas.
É mais seguro…
Para todos.
Heaven – Boyce Avenue & Nicole Megan
Born to try – Delta Goodrem
Num minuto, ele estava alegre e cantando e, no outro,
mudou… do nada. Não sei o que houve, mas resolvo nem
perguntar. No carro, continua tocando suas músicas e,
coincidentemente, várias estão na minha própria lista. Pelo visto,
temos um gosto parecido. Foco minha atenção na paisagem,
sabendo que em poucos minutos chegaremos.
O louco do Enzo até pensou em alugar uma chácara para a
ocasião. Já disse o quanto meu irmão é festeiro? Sim, ele é, mas
desta vez minha mãe conseguiu convencê-lo de que não havia
necessidade.
Acabamos de ter uma festança há poucos dias.
Resultado: o churras será no salão do condomínio dos meus
pais. É grande o suficiente para comportar a família e alguns amigos
de faculdade.
— Soube que Enzo queria ir para uma chácara — ele
comenta, quebrando o silêncio.
— Ah, sim, mas foi convencido do contrário.
— Sua mãe?
— Aham, no fim, ele concordou em ser no condomínio, mas
acho que convidou metade do povo da faculdade.
— Enzo é foda.
— Ele é.
— Nervosa?
— Um pouco, mas acho que o pior já passou. — Me olha
com curiosidade. — Digo, o fato de termos almoçado com meus
pais. Acho que nada pode ser pior do que aquilo.
Parece pensar uns minutos.
— Gosto da forma como pensa. A tia fofoqueira estará lá?
— Acho que sim! — Sorrio ao pensar nela e seu novo título.
— E sua vozinha?
— Minha mãe conseguiu convencê-la a ficar em casa. Ela
tem que ficar de repouso absoluto. O dia da cirurgia está chegando.
— Entendo.
— Enzo vai visitá-la antes de ir embora, só isso para
conseguir fazê-la sossegar.
Eu tenho que fazer o mesmo. A gente brinca e zoa, mas não
consigo nem pensar em perder minha vozinha.
Sempre fomos próximas, com muitos almoços de domingos,
e se tem algo que dona Maria ama é uma bagunça. Pensar nela
perdendo o churrasco é triste, pois é o tipo de programa que adora.
Ver a família reunida.
— Você está bem? — questiona, me olhando com
preocupação.
— Só pensando nela — respondo com a voz ligeiramente
embargada. — Minha vó sempre gostou de churrasco e festas. Ela
estaria aqui se pudesse.
Gustavo tira uma das mãos do volante e apoia sobre a
minha.
Fecho os olhos ao sentir seu toque.
— Podemos ir visitá-la, se quiser.
Sua oferta me surpreende. Ele não precisava. Não faz parte
do acordo, mas, droga, eu realmente gostaria muito da sua
companhia.
— Eu… — começo, pensando o que dizer. No fim, opto pela
verdade — Eu gostaria muito.
Ele sorri e acaricia minha palma.
Nada de chorar, Valentina.
Se controla. Respira!
Sei que pode parecer bobo…
E talvez até seja, mas para mim, é muito…
Muito mais do que eu esperava.
A hora voa.
Já olhei meu celular milhares de vezes, e sem sinal de
resposta da pirralha, mas ela leu a minha mensagem. Deveria ter
dado uma desculpa qualquer, mas não, apenas disse que não
conseguiria ir lá hoje.
Será que está tudo bem? Talvez eu devesse ir lá.
Se controla, homem.
O pessoal continua jogando, animado. Parece um
campeonato, tamanha a animação. Claro que a vitória da Prado
sobre o Dutra pode ter escalonado as coisas. O infeliz pediu
revanche e nos garantiu muitas risadas ao ter a bunda chutada mais
uma vez.
—Vai ficar aí sentado, olhando o celular a noite inteira?
Falando no infeliz, ele brota ao meu lado.
— Você não tem outra partida para perder?
— Não perdi.
— Ah, não?
— Claro que não — insiste e arqueio a sobrancelha. —
Deixei a dama ganhar, é diferente — completa, dando um sorriso
maroto.
— Vá se foder. Deixa só a Prado ou, devo dizer, Caroline te
escutar — debocho. — Pensando bem, esquece, ela parece
ocupada agora. — Gesticulo na direção onde a sargento e um
homem conversam animadamente.
— Mas que porra — resmunga ao meu lado.
— Mais uma água com gás e limão espremido e… — Olho
para Dutra que não desvia o olhar da nossa colega de batalhão.
— Um uísque puro pra mim! — responde, puxando o banco
e sentando ao meu lado.
— Você vai fazer algo a respeito? — questiono depois de vê-
lo virar o conteúdo âmbar num único gole.
— Do que você está falando?
— Acho que você sabe muito bem.
— Acho que você está vendo coisas onde não existe, cabo
— retruca, mas a direção do seu olhar me diz algo totalmente
diferente.
— Aham, se você diz assim
— Porra, Gustavo, não fode a minha cabeça. O único que
está com as bolas amarradas por aqui é você.
Meu celular vibra e, com pressa, desbloqueio a tela.
“Ok.”
Ela está puta, talvez eu tenha sido muito direto no dia do
churrasco, mas, caralho, eu não podia deixá-la pensar por mais um
segundo sequer que eu a via como criança. Isso deixou de
acontecer, anos atrás, e desde então, ela me assombra.
Dutra continua me encarando e, caramba, não sei nem o
que retrucar.
O infeliz está certo.
O silêncio é a melhor resposta.
Durante a noite, choveu mulher para o meu lado. Recusei
todas educadamente. Eu poderia colocar a culpa no trato que fiz
com Valentina e Enzo, “a grande mentira”, como apelidei, mas é
mais que isso.
A verdade é que não quero ninguém.
Só quero… aquela que não deveria.
A minha pirralha.
Incancellabile – Laura Pausini
A melhor coisa que fiz foi conversar com a Lau. Depois da
nossa conversa, percebi que não adianta ficar triste ou chateada.
Como ela disse, se tiver que acontecer algo, acontecerá. Eu
tenho que fazer a minha parte que no momento consiste em:
A tarde voou.
Não há uma palavra que defina melhor.
Pedimos a tradicional feijoada da dona Maria e, caramba,
todos se esbaldaram.
Carvalho já teve que ir para buscar suas garotas, mas por
aqui a bagunça continua, com direito, inclusive, à música ao vivo de
qualidade.
— O cara é bom! — comento quando ele começa a cantar
Tarde Vazia do Ira.
— Nisso tenho que concordar com você.
— Só nisso?
— Não vamos forçar a barra, não é? — brinca e estou pronto
para retrucar quando a voz da 3º sargento se destaca.
Ela e Dutra estão de volta para a mesa e os ânimos parecem
exaltados.
— Posso lidar com eles sozinha, Felipe — ela frisa e parece
irritada.
— Algum problema? — Melo questiona.
— Uns rapazes… — ela começa a explicar, mas o sargento
a interrompe.
— Você quer dizer, otários?
— Como estava dizendo, estava saindo do banheiro e
alguns rapazes estavam animados.
— Enchendo o saco, sem entender quando a gente fala não,
você quer dizer? — Nina dispara. — Você está bem?
— Caramba, garota! Você é ligeira, já captou a essência da
situação, enfim, eu já estava dispensando os infelizes, mas aí
chegou o troglodita aqui, quase mijando em cima de mim —
praticamente rosna a parte final, gesticulando na direção do Dutra,
que ainda parece irritado.
— Fique feliz que não soquei os infelizes — ele rebate.
— Nossa, parece que já vi esta situação — a pirralha
comenta, dando uma olhadinha para mim, numa clara indireta sobre
nosso encontro meses atrás, quando uns caras estavam
incomodando a fotógrafa, e ela também. — Bem, exceto, pela parte
do mijo.
Todos riem com seu último comentário e eu apenas ergo as
mãos, numa defesa silenciosa.
— Relaxa, sargento. — Apoio a mão no ombro do Dutra. —
Essas mulheres não sabem apreciar nosso lado protetor.
Não há quem não ria, bem, exceto as duas, que parecem
que querem nos matar neste momento.
Pisco na direção da pirralha e ela tenta ficar séria, mas sorri
e me pego sorrindo em resposta.
— Você está muito ferrado, cabo — ele resmunga ao meu
lado, observando minha interação com a loira.
— Oi?
— Você ouviu bem. — Desta vez é ele quem aperta meu
ombro, indo se sentar ao lado da Prado que ainda parece ter
chupado um limão.
Louco, mas corajoso, tenho que reconhecer.
Dor.
Muita dor.
Céus, minha cabeça está estourando.
Tento abrir os olhos, mas até isso é difícil.
Escuto vozes ao longe e faço um esforço enorme para olhar
ao redor. Quando finalmente consigo e percebo onde estou, meu
coração acelera.
Respira, respira… você está viva.
Oh, Deus, não consigo me mexer.
— Socorro — tento gritar, mas minha voz falha.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Não consigo respirar.
Inspira, expira…
Vai ficar tudo bem, tem que ficar tudo bem.
Por favor, Senhor, me ajude, nos salve.
Sirenes tocam ao fundo e tento me acalmar. A ajuda está a
caminho.
Gustavo…
Seu pai vai nos salvar, pequenino. Mais lágrimas escapam e,
por uns instantes, acho que meu peito vai explodir.
— A ajuda está vindo, moça, não se mexa — um senhor, de
uns cinquenta anos, aparece ao lado da janela e me avisa.
— Não me deixe — peço, com medo de morrer aqui sozinha.
— Vou ficar com você, querida. Fique calma.
Obrigada… quero agradecer, mas minha garganta está seca.
— Eles chegaram, graças a Deus! — o senhorzinho anuncia
e eu poderia bater palmas se não estivesse com o para-brisa quase
no meu rosto.
— Senhora, eu sou o sargento Gutierrez do 20º grupamento
e nós vamos te tirar daí. Qual seu nome?
— Va…Valentina.
— Nós vamos tirar você daí e te levar pro hospital, ok?
Preciso que fique calma e não tente se mexer. Oliveira, precisamos
tirar o teto e remover o vidro para ter melhor acesso — grita e só
consigo pensar em sair daqui.
— Nina? — alguém fala.
— Você conhece a vítima? — o bombeiro que estava falando
comigo é quem questiona.
Escuto-o conversando a alguns passos, mas não consigo
ver seus rostos.
— Não se mexa, Valentina, o médico já vai dar algo para
você. O pessoal do 21º grupamento está chegando. Soube que é
amiga deles, imagino que ficará feliz em ver rostos conhecidos e
eles vão ajudar a te livrar dessa bagunça — comenta, a voz serena,
tentando me tranquilizar. — Vamos cortar o teto agora, não se
assuste com o barulho.
Fecho os olhos, em concordância.
É difícil falar.
O mínimo movimento faz a dor irradiar por tudo.
Quando volto a abrir, a primeira pessoa que vejo é Prado, e
lágrimas se acumulam nos meus olhos.
— Eu… — Minha garganta arde.
— Nina, vamos tirar você daí. Tem que ser forte, garota. —
Se aproxima, avaliando o cenário.
Mais bombeiros trabalham na frente do carro e a cada
movimento, parece que estão rasgando minhas pernas.
— Dói — grito.
— Precisamos imobilizá-la e entender a extensão dos danos,
antes de prosseguirmos. Doutora! — o outro bombeiro grita.
— Valentina… — Sua voz, essa eu reconheceria em
qualquer lugar.
Nosso olhar se encontra e vejo medo e preocupação.
Meu coração acelera.
Tento sorrir, assegurar que ficará tudo bem, mas falho.
Há tanta coisa que eu preciso dizer… há tanto não dito entre
nós.
Deus, me dê a chance de fazer diferente, eu te peço.
Os paramédicos se aproximam e um colar cervical é
colocado.
— Estou com medo — sussurro para Prado que está mais
próximo.
— Fica tranquila, estamos quase te liberando, tudo tem que
ser feito bem devagar, para que não a machuquemos no processo.
Logo, vamos te levar para o hospital e você vai ficar bem, e então,
iremos nos entupir de sorvete de flocos.
Abro e fecho os olhos, concordando.
— Você tem alergia a algum remédio, querida? — uma
mulher de uns cinquenta anos me pergunta, enquanto ilumina meus
olhos com uma lanterna e me observa com atenção. — Vou colocar
um soro aqui para você se hidratar com medicação para aliviar a
dor, ok? Vai te ajudar a relaxar, enquanto os rapazes trabalham.
Olho de novo na direção do Gustavo.
Permanece ali… o olhar fixo em mim, com um alicate
enorme nas mãos, pronto para entrar em ação, pronto para me
salvar… para nos salvar.
Volto minha atenção para a médica e, com toda força que
me resta, dou o recado mais importante.
Algo pelo qual valeria qualquer esforço.
— Eu… — começo, sentindo muito frio de repente — …eu
estou grávida — sussurro, e lágrimas escorrem pela minha
bochecha, medo por mim, pela vida que está no meu ventre, e então
só há escuridão.
How to save a life – The Fray
Photograph – Ed Sheeran
Whatever it Takes - Lifehouse
Minha vontade é de estar lá, ao seu lado, segurando a sua
mão, garantindo que tudo ficará bem, mas eu tenho que deixar a
médica fazer o trabalho dela, além disso, Prado está próximo,
tentando acalmá-la.
A situação não é boa.
Nina está com as pernas presas às ferragens e não
sabemos a extensão do dano.
A dizer pela sua palidez e coloração dos seus lábios, eu diria
que temos que tirá-la dali para ontem.
Caralho, vamos, quero gritar, mas me forço a manter a
cabeça no lugar. É isso ou ser colocado de escanteio, e minha
mulher precisa de mim.
A doutora está avisando-a sobre o soro e analgésico e seu
olhar está novamente em mim.
Vai ficar tudo bem, linda…
Sua atenção volta para a médica e tudo acontece muito
rápido.
Valentina avisa que está grávida então apaga.
Porra… porra.
Um filho.
O caos começa.
— Precisamos removê-la agora — a doutora anuncia,
tentando ver a pulsação de Valentina, enquanto eu e outros colegas
colocamos os alicates hidráulicos para funcionar.
Trabalhamos o mais rápido possível e, em poucos minutos,
conseguimos afastar a lataria o suficiente para permitir a
imobilização e remoção.
Suas pernas… tanto sangue.
Apoio minhas mãos no joelho, acompanhando de mãos
atadas os paramédicos fazerem seu trabalho, tentando conter a
hemorragia e estabilizar seus sinais para que ela possa ser
removida para o hospital.
— Deus…
Sinto meus irmãos de farda ao meu lado.
Estão todos tensos e preocupados.
— Ela vai ser levada para o Hospital Regional — Carvalho
anuncia, apertando meu ombro.
Nem preciso avisar que é para lá que eu vou.
— Já falei com o capitão. Estamos indo para lá com você,
cabo.
— Eu… obrigado, senhor. — Nem me preocupo em
esconder as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. — Não posso
perd…
— Você não vai! — Dutra é quem fala, e sua voz é firme,
sem qualquer dúvida.
Deus te ouça, amigo.
Porque eu não posso perder Valentina, não quando… não
quando eu descobri que eu a amo… tanto que dói só de pensar em
viver sem ela. O acaso pode até ter nos colocado juntos, mas meu
destino é ela…
Valentina é a minha escolha.
Duas horas.
Duas fodidas horas aguardando notícias.
Valentina chegou e foi imediatamente para o centro cirúrgico.
Fratura exposta na fíbula, hemorragia intensa por conta do
rompimento de uma veia de grosso calibre, são só alguns dos
problemas.
Estou andando de um lado para o outro nos últimos trinta
minutos.
Não consigo sentar.
Não consigo fazer porra nenhuma.
Grávida…
Como assim? Desde quando ela sabe? Por que ela não
disse?
Tenho tantas perguntas, mas claro que isso é o de menos no
momento. O que importa é que ela fique bem.
Nada mais importa.
Cadu está a cerca de cinco metros de distância, consolando
sua esposa, e nosso olhar se encontra.
Pelo que entendi, Nina estava indo encontrá-la.
Eles caminham na minha direção.
— Você avisou alguém? — Carvalho questiona ao me ver
com o celular na mão.
— Seus pais embarcaram ontem em um cruzeiro,
comemorando bodas de ouro. — Faço uma careta. — Ainda não
avisei, quero ter boas notícias quando ligar.
Laura concorda com a cabeça.
— Boa ideia — o subtenente concorda.
— Eu devia ligar para o Enzo. — Passo as mãos pelos
cabelos, tenso com a ausência de notícias. — Já faz duas horas e
nada…
— Ela vai ficar bem. — A mão de Laura acaricia minhas
costas. — Ela… ela tem que ficar.
Fecho os olhos, tentando não imaginar qualquer cenário que
não seja Valentina comigo, me xingando, sorrindo…
— Ela está grávida — disparo, mesmo sabendo que sendo
sua melhor amiga já deve saber.
— Eu sei — responde, confirmando o que eu já imaginava.
— Ela não me disse.
— Nina é minha melhor amiga — começa, a voz embargada
—, desde sempre. Quando eu não podia sair de casa, ela estava lá,
me distraindo, me fazendo sorrir, fazendo com que eu visse o
mundo através dos olhos dela.
Essa é a pirralha.
— Ela é a pessoa mais incrível e amorosa que eu conheço.
Ela ama sem limites, ela se entrega, e ela… — para, os lábios
tremendo de nervoso — …é absolutamente louca pelo vizinho,
sempre foi.
Fecho os olhos, dor rasgando dentro de mim.
Como pude ser tão cego?
— Não sei o que está acontecendo com vocês. Eu sei que
tudo começou como uma farsa, por conta da vó dela — aponta,
secando as lágrimas —, mas o que eu vi no meu casamento e antes
até, não era mentira, era vocês… um casal feliz.
— É complicado.
— Vocês dois têm que conversar e se resolver. — Laura não
consegue mais conter as lágrimas e chora copiosamente. Cadu
parece preocupado com a esposa. — Só vou — começa, entre
soluços — dizer uma coisa para você. Ela foi te contar. Ela me ligou
quando saiu do seu apartamento.
— Droga! — Passo a mão pela cabeça.
— Não sei o que houve lá — continua e seu olhar poderia
matar —, mas Nina foi para te contar, ela descobriu hoje… e mesmo
com tudo isso entre vocês, ela disse que nunca iria esconder.
Caralho, eu poderia me socar.
Inferno de mal-entendido.
Camila é a esposa do Santiago, um bombeiro do outro turno,
que está estudando para a prova de cabo, e veio buscar umas
apostilas antigas minhas. Fiquei de emprestar para o cara, mas na
loucura das últimas semanas, esqueci de deixar no batalhão.
Resultado, ela veio buscar para ele. Não temos nada.
Deus que me livre, eu… só quero uma pessoa.
E ela não faz a mínima ideia do quanto.
— Ela viu algo, entendeu tudo errado — faço uma careta —
e eu não expliquei o que era de verdade. Não deu tempo.
— Conserte as coisas e não a machuque — aponta, a voz
firme, séria —, ou não haverá lugar onde você poderá se esconder
de mim. Se você está preocupado com o Enzo, melhor repensar. —
Então me dá as costas e caminha em direção à cafeteria.
— Resolva esta merda, cabo — Cadu fala ao meu lado, e eu
tinha até esquecido dele ali. — Não gosto de ver minha mulher triste
— completa e então segue na mesma direção dela.
— Eu vou, senhor — devolvo, mas ele já está uns passos
distante.
Não há mais nada que eu deseje fazer do que isso.
Só espero que não seja tarde demais.
Acaso (s.m.)
É o que faz a gente se encontrar.
quando acontece o inesperado. é a
vida tentando fazer surpresa.
presente fora de época. é quando
eu esbarro contigo na fila do
cinema. é quando encontro sem
querer alguém que faz muita falta. é
o sorriso mais gostoso. é um show
da Florence + The Machine. o
melhor amigo de amantes que
moram longe. o pior inimigo do
destino.
A melhor forma de se apaixonar,
por acaso.
[João Doerderlein]
É isso!
Mais um livro…
E aquela sensação gostosa de dever cumprido!
Há tanto para agradecer!
Obrigada, Deus, por iluminar o meu caminho... e por acalmar
meu coração quando eu precisei.
Obrigada, Léo, pelo apoio continuo, por aguentar meus
surtos e conversas sobre personagens e enredos à meia-noite.
Obrigada por me acalmar e me fazer entender... que tudo bem,
continuar no outro dia.
Às minhas filhas, que ficam quietinhas (na medida do
possível), quando estou escrevendo… amo vocês!
Obrigada às minhas betas: Luana Dias (mais uma hein
Lu... espero que tenha curtido a surpresinha) e a recém-
chegada Bruna Renata. Obrigada pelo tempo, carinho, por lerem
algo cru e cheio de errinhos de português. Obrigada pelas dicas,
sugestões e principalmente pelos surtos. Vocês me fizeram
confiante que a história estava no rumo certo!
Obrigada à minha revisora, Barbara Pinheiro, pelo cuidado e
profissionalismo de sempre! 😊
Obrigada, Ariel @leiturasdaariel, por estar comigo, em
mais este lançamento! Obrigada por me incentivar (com seu jeitinho
todo peculiar e delicado de ser..., ok, talvez eu esteja forçando a
barra, no delicado...kkk). Brincadeiras, à parte, você é fantástica,
criativa... sempre preocupada em inovar, melhorar... não se deixe
abalar por críticas, só tem hater quem faz sucesso... e você faz
amiga! Tamo, junto!
Obrigada às minhas parceiras, por toparem este desafio
comigo! Eu juro, que toda vez fico com medo de não ter ninguém
inscrito e vocês sempre me surpreendem. Obrigada por não
largarem a minha mão. Vocês são demais!
Obrigada às minhas Ceciletes, um grupo de mulheres
MARAVILHOSAS, cada uma a sua maneira, desde as mais tímidas,
as mais extrovertidas, mulheres de vários cantos do Brasil, e de fora
também!!! Juntas, tagarelando, apoiando uma à outra. O grupo pode
até ter como objetivo inicial falar sobre os meus livros, mas vocês
criaram algo maior, uma rede de apoio, só nossa e que cresce a
cada dia. Saibam, que amo tagarelar com vocês, mesmo quando
não param de cobrar livros de personagens secundários... kkkk
Obrigada aos meus leitores queridos... Obrigada por não
soltarem a minha mão, por acolherem meus livros... e as histórias
que vão desde tiro, porrada e bomba, até romance fofinho...Sempre
digo e é verdade, sem vocês não há Cecília. Cada mensagem, cada
surto, direct… é o que me motiva a continuar, a escrever novas
histórias… amo vocês!!!
Obrigada a VOCÊ, que está lendo! Sim, você! Espero que
tenha curtido a história do Gustavo e Valentina… deixe sua
avaliação e recado, é importante para minha evolução e para que a
história chegue a outros leitores. Ahhh, e se gostou deste, veja
meus outros livros, quem sabe, algum outro pode te conquistar!
.
Um grande Beijo e até a próxima!
Cecília Turner .
Cecília Turner é o pseudônimo de uma advogada paulista.
Leitora voraz desde a adolescência, costumava ir até a casa
das tias buscar livros e mais livros para devorar, após a lição de
casa.
Hoje, casada, com duas filhas, continua devorando livro
atrás de livro.
A vontade de escrever surgiu há alguns anos.
Após quase quatro anos, conciliando a carreira, criação das
filhas, o maridão, pós-graduação e as inúmeras séries que adora
assistir, finalizou seu primeiro romance “Viciada em Você”, em 2021,
desde então não parou mais.
Gosta de criar histórias para deixar o coração quentinho e
garantir umas boas risadas.
Instagram: @ceciliaturner_autora
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AGE GAP + PAI SOLO + SLOW BURN + BOMBEIRO
RANZINZA + MOCINHA INOCENTE + HOT
Carlos Eduardo Moreira de Carvalho, ou simplesmente
Cadu, vive para sua filha, Manuela e para o trabalho no 21º
grupamento do corpo de bombeiros de Sorocaba.
Com 39 anos, não está atrás de relacionamentos.
Quando quer, procura mulheres maduras, com o mesmo
interesse que o dele: Uma boa foda e nada mais.
Laura Alves Godoi, tem 24 anos e viveu praticamente a vida
inteira reclusa, por motivos de saúde.
Agora curada, o que mais quer, é viver, cada dia,
intensamente.
Um projeto de final de curso e uma ação solidária colocará
os dois, frente a frente:
Uma sessão de fotos: Um calendário com o corpo de
bombeiros mais quente da região.
Deveria ser simples, algumas fotos e arrecadar verba para a
ala de queimados do hospital regional, mas a realidade é outra.
Ele quer resistir, ela quer viver.
Era para ser apenas sexo, mas nem sempre as coisas
funcionam como a gente quer.
Ainda mais, quando está escrito no nosso Destino!
Afinal, o que é Destino?
Karl Heinrich não teve uma infância fácil.
Dizem que tudo tem um lado positivo, se isto é verdade, seu
passado lhe ensinou uma única coisa, a não acreditar no amor.
Ex-militar das forças de elite alemã atualmente trabalha na
USC, empresa de segurança especializada em contraterrorismo e
operações de resgate, com os irmãos que a vida lhe deu.
Todos forjados em sangue, suor e lágrimas.
Desde jovem soube que não gostava de relações
tradicionais. Gosta de exercer controle em todos os aspectos da sua
vida, inclusive na cama.
Não é porque não acredita no amor, que não gosta de foder,
pelo contrário, gosta e muito.
Uma missão no Brasil, um encontro inusitado que mudaria
sua vida para sempre.
Mariana Medeiros é uma jornalista que sonha em investigar
grandes escândalos.
A realidade não poderia ser mais cruel, já que passa dia
após dia, cuidando das fofocas da região.
Com seus próprios traumas e frustrações para lidar, se vê
envolvida numa investigação de homicídio, ela só não contava que
passaria a ser o alvo.
Ele terá que protegê-la, mas para isso, terá que mostrar
todas as suas facetas.
Ela terá que entrar num mundo do qual nunca imaginou
fazer parte.
Conseguirão proteger seus corações?
Vale tudo para encontrar os culpados?
Inclusive perder o próprio coração.
AGE GAP + MOCINHO MILITAR E PROTETOR +
MOCINHA PLUS SIZE EM PERIGO + HOT…
Thorsten Muller, ex-militar das forças de elite alemã.
Trabalha na USC, empresa de segurança especializada em
contraterrorismo e operações de resgate.
Se teve algo que aprendeu com seus pais foi que não existe
"felizes para sempre".
Não quer desperdiçar tempo com algo fadado a fracassar.
É conhecido como homem de gelo.
Relacionamento é tudo o que mais repudia.
Uma fraqueza.
E ele só quer ser forte.
Elise Stein já teve sua cota de relacionamentos
fracassados.
Divorciada, vive para o trabalho e lutando contra a balança.
Depois de testemunhar um crime federal, precisa de
proteção.
O protetor? Um homem sério, lindo e dono dos olhos mais
azuis que ela já viu na vida e que faz seu coração acelerar…
Seu único foco deveria ser sobreviver e ter sua vida de
volta, mas como resistir a atração devastadora?
Ele viu sua mãe abandonar a família e não acredita em
relacionamentos.
Ela vem de um relacionamento tóxico e tem problemas de
autoestima.
Eles terão que conviver…
A missão dele é apenas protegê-la…
O problema é resistir.
Ele quer cada
Pe-da-ci-nho dela.
FRIENDS TO ENEMIES TO LOVERS + MOCINHO
MILITAR E PROTETOR + MOCINHA EM PERIGO +
CONVIVÊNCIA FORÇADA + HOT…
Yannik Bauer, tem 34 anos, e trabalha na USC com os
irmãos que a vida lhe deu.
Teve que logo cedo assumir as rédeas em casa. Pai morto
em serviço e mãe em uma batalha contra o vício. Vivia para cuidar
do irmão.
Vestia uma máscara e não queria a pena de ninguém.
Para o mundo era o jogador alegre, o pegador.
Sua escuridão e caos guardava dentro de si.
Canalizou a raiva e frustração que sentia, no seu trabalho.
Era bom pra caralho no que fazia: Pegar os bandidos e
foder.
Sua fama o precede.
Isso ajudava a parar de pensar no passado, em coisas que
não vale mais a pena.
Sua mãe está bem agora, Luke está bem...
Ele está bem...Ou achava que sim, até reencontrá-la.
O destino fez seus caminhos cruzarem novamente.
Sophie Meyer precisa de proteção... só não contava que o
guarda-costas fosse o garoto que foi embora, sem nunca olhar para
trás...
Ele vai protegê-la... inclusive dele mesmo.
Nem que isso signifique fazê-la odiá-lo ainda mais...
NEW ADULT + Friends to lovers + Haras
Ana Clara Telles tem 19 anos e acabou de se formar no
ensino médio.
Seu pai quer que ela curse direito, mas ela odeia a ideia
com todas as forças.
Negocia seis meses de descanso…
Destino: A Fazenda de seu avô, um haras no interior de São
Paulo.
Lá sempre foi seu lugar preferido.
Foi onde conheceu seu melhor amigo… Joaquim.
Na verdade EX-MELHOR AMIGO…
Ele disse "amigos para sempre", mas ele mentiu!
Joaquim Alberto Lopes Saraiva tem 23 anos.
Não teve uma infância fácil.
Sua vida foi virada do avesso do dia para a noite.
Encontrou na Fazenda um novo lar, uma nova família, e sua
melhor amiga…
Pelo menos era o que achava, mas ela foi embora e ele
ficou SOZINHO, de novo.
Depois de 06 anos, ela vai voltar para onde nunca quis sair.
Vai em busca de respostas, encontrar o seu caminho.
Não é mais uma menininha…
Mas estaria mentindo se dissesse que seu coração não
acelera, só com a ideia de revê-lo.
Pode uma amizade permanecer após uma longa distância?
Seu coração de menina sempre foi dele, mas isso é
passado ou deveria ser…
É sobre amizade…
É sobre reencontro…
É sobre descobertas e escolhas.
É sobre não estar mais sozinho.
É sobre AMOR…
[1]
Competição nacional entre os corpos de bombeiros militares.
[2]
Trecho com tradução livre da música Hungry Eyes do Eric Carmen, parte da
trilha sonora do filme Dirty Dancing.