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A Noiva Indesejada Do Mafioso 1 - Scarlett Castello
A Noiva Indesejada Do Mafioso 1 - Scarlett Castello
2023
Capa: TTenório
O idiota ousou roubar de mim, sabe que não terá perdão e quando
eu o pegar vou esfolá-lo vivo, mostrando a ele e a todos, mais uma vez, o
motivo de eu ser o Dom mais cruel que a máfia já viu.
Ela tem de ser boa para o meu filho, não consigo passar tanto
tempo com ele como gostaria, o trabalho como capo e advogado não
permite que eu dê a atenção que ele merece. Ao menos ser cuidado pela
tia poderá fazer meu filho ficar perto das lembranças da mãe.
Agora, dois anos após tudo o que aconteceu, eu consigo ver com
mais clareza, e a cada dia é mais improvável que Matthew tenha
assassinado minha esposa, mas, ao mesmo tempo, uma raiva sobre-
humana me vem à superfície, pois ele foi pego em flagrante ao lado do
corpo.
— Sabe que não são mais tão meninas né? Pelo menos não a
Giuliana, que acabou de completar dezoito.
— Elas se apresentaram?
— Giu, calma, por favor! — a mais nova pede, segurando sua mão,
me olhando de meio rosto, já que está parcialmente escondida atrás da
irmã.
Não sei se devo falar a verdade para Alina e a fazer pensar mal do
homem que cuidará de nós, por isso me perco em pensamentos.
****
A senhora Davis nos mostrou a casa, fez de tudo para nos deixar a
vontade, e para nos sentirmos confortáveis, mas eu estou agitada
demais, ansiosa demais, por tudo que está acontecendo, e pelo que vai
acontecer.
— Você está tão quieta o dia todo — minha irmã comenta, entrando
no quarto, e subindo na minha cama, como fazia quando éramos
crianças e não conseguíamos dormir.
— Mas nossa única opção é tentar nos adaptar Giu, não é questão
de escolha — ela sussurra, deitada ao meu lado.
Nosso pai não era amoroso, acho que ele nunca soube como
demonstrar emoções, ele sempre foi fechado e na dele, não nos tratava
mal e permitia que tivéssemos muitas coisas que outras meninas da
máfia não podem. Éramos as suas princesas, cuidava da gente do seu
jeito, sem expressar amor, mas demonstrando que se preocupava.
— Você só terá uma resposta para essa pergunta se falar com ele,
não é mesmo? — Minha irmã responde as minhas dúvidas.
— Amanhã vou falar com o senhor Valentino, antes dele sair para o
trabalho — falo decidida.
— Se o Dom será seu futuro marido, não creio que ficar chamando-
o de senhor, seja muito sexy, fica parecendo que está falando com um
velho. Ou é como aquela coisa de chamar de senhor quem é seu dono?
— Alina brinca com um risinho safado.
— Ele não me deu liberdade para chamá-lo pelo nome Lina — digo
me virando de lado, enfiando os braços por debaixo do travesseiro.
— Tem horas, que nem parece que você só tem quinze anos,
sabia?
****
— Bom dia! — Cumprimento todos, assim que entro na sala de
jantar, onde a mesa do café está posta.
Droga!
Assim que ele fecha a porta e nos deixa a sós, olho para a garota
na minha frente, curioso, pois agora percebo um leve rubor em suas
bochechas.
Ela morde o lábio inferior, pronta para uma resposta, mas vejo que
novamente engole em seco, imagino que as palavras que gostaria de
dizer. Então, após olhar para o lado, e suspirar profundamente, ela volta
sua atenção para mim e fala:
Me sento no sofá, que fica no canto do escritório, logo após ele sair.
Estou com as pernas bambas. Não esperava esse turbilhão de
sensações, muito menos que ele permitiria que eu fosse para a
universidade, com a única exigência dos seguranças me acompanharem.
Vim preparada para uma guerra, estava armada até os dentes, e fui
totalmente despida de ações.
Não sou estúpida, sei bem o que é sentir tesão por alguém, mesmo
nunca tendo sentido nada, sequer parecido com isso. E sei quando
alguém me deseja, Valentino tinha fogo nos olhos, mordia os lábios
discretamente e quando se levantou, achei que fosse cair para trás ao
perceber o volume na sua calça social. Ele nem mesmo tentou esconder!
— Mas você não está com cara de que conversaram só isso — ela
acusa, ainda me olhando — pode contar tudo — belisca minha barriga de
leve.
— Para de ser curiosa que é feio — digo rindo alto com a cócegas
que ela me faz — e não tenho nada para contar.
— Sim, e depois que ele faleceu foi a primeira coisa que fiz — ela
fala como um robozinho, sendo puxada pela mão para fora do local —
revirei tudo lá, e tinha umas coisas que guardei em caixas e escondi, não
achei que nosso pai gostaria que alguém visse — ela comenta fazendo
uma careta fofa.
— Tem, sim, fica no subsolo, tudo para que nem eu, nem o Fellipo,
inventemos de sair da mansão — ri de canto, e vejo seus olhos brilharem
ao falar do caçula dos Martinelli.
Espero que Francesca não me odeie por estar desejando seu ex-
marido. Eu não pedi por esse destino, não tive escolhas, e se, me manter
presa a imagem da minha amada irmã morta, não terei um futuro feliz ou
serei capaz de proteger Alina.
Ter uma boa relação com Valentino, também pode beneficiar a
minha irmãzinha e agora o meu sobrinho, ele também precisa de mim.
— Quê? Hã... não... pode repetir? — Respondo sem graça, por ser
pega em flagrante. E já ficando muito irritada com esses pensamentos
intrusos. Nunca fiquei distraída por um homem, e Valentino tem causado
esse efeito em mim mais do que deveria. Merda! Eu nunca fui dessa
forma, nem mesmo quando estava com os hormônios a flor da pele na
adolescência.
— Gosta de treinar?
— Não vou dizer que sou fã número um, mas tento me manter em
forma — respondo sem graça, pois odeio malhar.
Não existe a opção de não aceitar, e para quem achava que ele era
alguma espécie de monstro, ele até que é um monstro muito gato. Mas
decididamente, não gosto de me sentir obrigada a fazer nada, então...
Dom Valentino vai ter que merecer minha confiança e conquistar meu
amor, para ter uma esposa devotada, como somos ensinadas a ser.
Valentino disse que viria mais cedo hoje, e quero já ter o nome da
faculdade que pretendo me inscrever, para quando, ou se, perguntar.
— Posso entrar? — Chloe pergunta, enfiando meia-cara na porta
do meu quarto. O pequeno Raffaello baba em cima da cama, estava
fazendo cócegas em sua barriguinha lisinha, amo ouvir o som da sua
risada inocente.
— Não acredito que ele já sabe beber com um copo — Alina fala,
encantada.
Raffaello pega o copo de vidro com as mãos e o leva a boca com
perfeição, tomando seu leite com chocolate sem derramar uma gota na
camisa. Com as perninhas abertas coloca o copo em cima da bandeja,
pegando outro biscoito.
Ele para perto da porta, já pronto para sair, mas olha para mim de
canto, virando a cabeça de lado, sem me olhar direito, Raffaello imita a
expressão do pai, e se eu não estivesse puta de raiva com o Valentino,
teria achado graça do pequeno, e responde:
— Quer cursar a porra da Universidade não, quer?
Olho para porta por onde ele saiu, incrédula, com a situação.
Eu sei que esse mundo do qual vivo desde que nasci tem muitas
coisas que apesar de simples, para nós, é quase impossível, sei dos
perigos que nos cercam, e principalmente no caso dele, que é o Dom.
Mas o que me irritou profundamente, foi o fato dele decidir coisas por
mim sem me consultar, como se eu não tivesse opinião própria.
— Sei dos perigos que nos cerca Chloe, mas esse jeito arrogante
dele, e o fato de achar que manda em mim ao ponto de tomar esse tipo
de decisão a meu respeito, me irritou muito — respondo com um suspiro.
— E ele ainda levou o Raffaello!
****
— Optei por direito, pela pesquisa que fiz da Universidade que meu
noivo escolheu — torço o nariz para a palavra noivo... — esse é um dos
melhores cursos que eles oferecem.
Olho meu futuro cunhado de cima a baixo, e noto que ele está com
roupas de quem acabou de chegar, e pelo perfume que exala, estava na
farra. Também vejo a careta que a Chloe faz quando ele passa por nós
indo até o armário pegar um copo.
Já faz uma hora mais ou menos que meu irmão foi embora, e como
eu queria fechar algumas pontas do trabalho antes de sair, fiquei no
escritório um pouco mais, e minha secretária sabendo que quando fico
até um pouco mais tarde que o normal, sempre acabamos a noite em um
hotel ou na sala adjacente a minha, ela também ficou além do seu
horário.
Fodo seu corpo com força, ela morde o dedo que coloco em seus
lábios, e morde meu ombro
— Só um beijo — ela pede beijando meu pescoço, com a bunda
arqueada, enquanto meto com força, aliviando minha tensão em seu
corpo.
Finjo que não ouvi seu pedido, eu não beijo minhas fodas, não é
nada sentimental, é só que não confio em suas bocas nojentas para
encostarem na minha, afinal, da mesma forma que ela estava com a
mesma boca no meu pau há instantes, o que me faz acreditar que não
esteve em outro, antes de vir para cá.
Ela percebe que não vou responder e nem a beijar, então tenta me
roubar o tal beijo, fazendo com que, com uma mão, eu segure seu
queixo, e a mantenha longe do meu rosto, enquanto soco com força,
perto de gozar.
A Lavínia sempre soube que não passava disso para mim, sexo,
nada além.
Vazio? Sim! Egoísta? Até a última gota. Mas não me importo com
nada disso, quero somente gozar e aliviar o estresse do dia na boceta
quente que me receber, independente de quem seja.
— Seu bastardo maldito, eu trepei com você como você diz, porque
pensei que um dia você veria que éramos muito mais que isso — ela
grita descontrolada e chorando.
— Eu disse que você seria transferida para outro setor, mas vejo
que nem isso será possível, passe no RH amanhã, para acertar seus
dias trabalhados — digo empurrando-a sentada no sofá, mas ela se
desequilibra e cai no chão, ainda nua, e lastimavelmente, ela agarra
minhas pernas quando vou sair da sala, implorando para não a deixar.
— Você não pode fazer isso, não pode me deixar, eu amo você —
ela diz ainda jogada no chão, sendo arrastada enquanto tento puxar a
perna — nunca, entendeu? Nunca ninguém irá te amar como eu — ela
fala tentando me segurar.
Deprimente.
Ligo para meu irmão quando entro no carro, e mando, que ele
transfira uma boa quantia de indenização para conta da Lavínia, explico o
que aconteceu, e lógico que aquele filho da mãe caçoa de mim.
Bufo impaciente.
— Você não vale nada, seu cuzão — meu irmãozinho fala ainda
rindo, e desliga o telefone.
— Manda!
— Preciso que fale com seu irmão se podemos passar com uma
carga pelo território dele, aquela encomenda grande que o Xavier fez,
não tenho uma rota mais segura para passar, o único caminho direto e
rápido, entra por dentro do leste de Chicago, onde sei que são os cães
do Matteo que cuidam — falo sem olhar para o Fellipo, e quando levanto
a cabeça dos papéis que ainda analiso, vejo que me olha com as
sobrancelhas levantadas — o que foi?
— Valen...
— Então mande-o para puta que pariu, pois só não o matei aquele
dia, porque prometi a nossa mãe no seu leito de morte que cuidaria de
vocês, mas também deixei claro que se ele aparecesse na minha frente
novamente, eu o mataria sem pestanejar.
— Ok! Vou falar com ele, mas não garanto nada — ele responde
saindo da sala.
****
Estou ansioso para estar logo com Francesca, olho impaciente para
os botões do elevador, que parece se arrastar e não subir conforme tem
de ser.
E até hoje, cinco anos depois, ainda sinto o mesmo impacto a cada
vez que a vejo.
Não penso, quando vejo estou em cima dele, socando sua cara, um
golpe atrás do outro.
****
Ouço meu celular tocar, me tirando daquelas lembranças
dolorosas.
— Senhor...
— Com aquele maiô? O Fellipo sabe que você vai quase pelada?
— Pergunto, imaginando meu futuro cunhado tendo um ataque, quando
vê-la fantasiada. Eu percebo o clima entre os dois como, água cristalina.
— Por que ele nunca deixaria você sair nem do quarto vestida
assim? — Alina ri, assim como eu, imaginando a cena que não vou
perder por nada. Rafaello zomba da Chloe dando risada enquanto eu
visto uma calça de moletom branca nele.
Ela agora vai saber como eu fico quando estou realmente irritada, o
show que dei no escritório do Valentino vai parecer brincadeira de
criança.
— Você ouviu muito bem sua ridícula, por sua causa, Valentino teve
que me afastar do meu cargo, já que não cairia bem para a posição dele
se soubessem do nosso amor.
— Até mesmo porque fui eu que fui atrás dele — toco seu ombro —
eu que o tirei da vida dele e o obriguei a um casamento. — Rio com
escárnio a empurrando — O homem que te rejeitou, eu o rejeito, ao
contrário de você, não preciso mendigar para o ter atrás de mim.
— Ele vai te colocar chifre igual como fez com a vadia da sua irmã
— sorri orgulhosa.
Foi a gota d’água.
Estapeio sua cara com tanta força que a minha mão lateja e ela cai
no chão com o impacto. Antes que diga algo, subo em cima do seu
tronco, agarro seus cabelos desferindo mais três tapas contra seu rosto,
arrancando sangue de seus lábios.
Fecho o punho acertando sua cara com vários socos, ela prende as
unhas na minha pele, arde onde ela arranha. Ensandecida, aperto mais
seus cabelos e jogo sua cabeça contra o chão, ouvindo um grito
assustado. Olho para o lado e Raffaello me encara chorando, assustado
pela violência.
Deixo que ele cuide da situação, com a mão limpa, chamo Rafaello
para o meu colo. Ele chora se retraindo nos braços de Alina, antes de
ceder e vir a mim. Embalo seu corpinho pequeno, tentando o fazer
esquecer o que viu. Eu não deveria ter me descontrolado na frente do
meu sobrinho.
Dedo-duro.
— Por que ela vai de carro atrás, e eu não posso ir com o meu?
Tenho de ir no carro da polícia com vocês? — A ridícula pergunta
indignada, como se fosse alguém importante.
— Ah... sua...
Bem, quando ela está saindo de dentro, de uma sala para onde a
levaram, Valentino chega, puto, pelo que posso ver.
— Val, meu amor, você veio me tirar daqui? — Ela fala toda
manhosa e chorosa, ameaçando ir em sua direção.
— EI — grito, não vou deixar a ofensa que a vadia fez a minha irmã
passar impune — sua putinha disse que você traia a Francesca com ela.
Pelos olhos dele eu consigo ver que a raiva não é por ser
descoberto, mas pela mentira dita, ofendendo minha querida irmã. Nesse
segundo, um pouco da raiva que senti acalma, talvez o Valentino não
seja um cafajeste total.
Olho sua mão como se fosse uma cobra pronta para me picar, mas
coloco minha mão sobre a palma da sua, e o sinto apertar de leve, me
deixando a par de que nada disso passará impune.
Estou dirigindo para o shopping quando o segurança das meninas
liga, avisando que elas estão indo para delegacia porque a loja deu
queixa pelos danos causados.
Estou puto com tudo, não dei tempo do Mathias se explicar, mas
agora eu fiquei realmente curioso, mudei meu destino, vou até a
delegacia ver o que aquelas delinquentes aprontaram para chegar a esse
ponto.
Dirijo como louco pelas ruas de Chicago, essa moleca mal chegou
e já estou na porta de uma delegacia, eu mereço...
Sangue?
Minha retina chega tremer de ódio quando percebo que ela está
machucada ao ponto de estar sangrando, para que esses bostas são
pagos?
Ela ainda não me viu, de onde está não dá para me ver através do
vidro. É claro para mim que ela se meteu em uma briga, mas com quem?
Por quê?
— Val, meu amor, você veio me tirar daqui? — Ouço a Lavínia falar,
brotando do chão na minha frente, saindo de alguma sala.
Quando vejo que ela vem em minha direção toda sorridente, com
sangue manchando o rosto, um olho inchado quase fechado, corte na
sobrancelha, e os lábios sangrando, eu tenho orgulho da minha gata
selvagem.
Como se o motivo de eu estar aqui fosse por Lavínia, que por sinal,
eu nem sabia que estava envolvida. Então, eu falo colocando-a em seu
devido lugar:
— Como assim te provocar? E... ela não é minha amante, não que
seja da sua conta, mas sim, tivemos um caso, porém hoje em dia não
mais — falo azedo, pois odeio explicar algo ou dar satisfações da minha
vida a alguém.
— Não terá próxima vez, e pelo que me foi passado e que vi dos
vídeos da segurança na delegacia, quem agrediu primeiro foi você —
digo, desviando a atenção da estrada por um instante, para olhá-la.
Estou segurando o riso, mas está difícil, ela é geniosa, mas ainda
crua, verde no sentido esconder as emoções e está mais do que óbvio
que essa irritação toda é ciúme.
— Eu sei que você deseja esse casamento tanto quanto eu, mas...
— Posso contar que será pelo menos fiel a mim? Não quero, e não
é seguro ter um marido, “do qual, nem fui eu que escolhi” — faz aspas —
que além de mim, tenha mais dúzias de mulheres na rua — diz olhando
para porta, e pela vermelhidão de seu rosto, imagino onde quer chegar,
mas está envergonhada.
— Tendo sido criada dentro desse mundo, você deve saber quais
são nossos conceitos, menina — digo analisando sua postura.
Ela vira o rosto para me olhar, e posso ver um brilho diferente em
seus olhos.
Estou louco para sentir a textura daquele lábio que ela tanto morde,
quero morder em seu lugar.
Posso sentir que ela está perdida, sem saber o que fazer, mas imita
tudo que faço, puxando a gola da minha camisa, apertando os seios
contra meu peito, ficando na ponta dos pés.
O beijo que lhe dou tem muito mais que desejo, é faminto,
luxurioso.
— Valentino!...
— Falei, e como previ, ele disse que pode até fazer negócio, mas
que só se ele for fechado direto com o Dom — faz uma careta para
responder.
— Maldito arrogante, ele devia dar graças a deus por eu não o ter
matado.
— Eu disse que duvidava que você aceitasse ir até lá, mas ele
deixou claro que só assim conversaria sobre o assunto.
— Eu sei que você frequenta aquele lugar Fellipo, então se for até
lá, farrear e conversar com seu irmão, me mantenha informado de
qualquer novidade — digo olhando feio para cara de falsa inocência do
meu irmão caçula, e saio do escritório.
Meu deus, o que eu fiz? O que me deu? E o que não consigo
entender... Por que eu gostei?
Ver como o Valentino age com o filho é mais um dos fatores que
bagunça a minha mente, o homem ao mesmo tempo que é duro como
pedra, é carinhoso e atencioso com o filho.
Será que eu poderia negar o que sinto quando estou perto dele?
Que poderia ignorar a possibilidade de que ele pode ser meu amor
verdadeiro?
Enquanto luto com essas questões internas, sei que preciso tomar
uma decisão. Não posso continuar neste estado de confusão
indefinidamente. Mas, por agora, deixo-me saborear o gosto do beijo, o
calor do momento compartilhado. Permito-me sonhar com um futuro em
que a linha entre o certo e o errado se torna mais borrada, onde eu e
Valentino possamos explorar essa conexão que existe entre nós.
****
— Sem sono?
— Um pouco.
— Eu sei que brigamos muito, mas também existe algo entre nós,
algo que ainda não sei nomear — olho para o lado, tentando esconder a
confusão que está meu olhar — eu sinto isso quando estamos juntos,
mesmo que nossas diferenças sejam evidentes. Talvez..., talvez
devêssemos tentar entender o que realmente queremos, e como
podemos fazer isso funcionar — torço o nariz — até porque vamos nos
casar em breve, isso é uma eminência, não é um “se”, mas um “quando”.
— Prometo.
Meu casamento com a Giuliana era certo, mas o futuro de sua irmã
ainda estava em aberto, sob minha responsabilidade. E nunca, sob
hipótese alguma, eu deixaria que o bastardo do Luca desposasse minha
cunhada.
Sei que não será nada fácil, principalmente sabendo que esse
bando de abutres querem fazê-la se casar com o safado do filho do
Vincenzo, mas estou determinado a cumprir minha promessa, e construir
um futuro seguro para minha cunhada ao lado de Giuliana.
****
Ela nos disse que antes, estudava a tarde, mas que tem uns
meses, mudou para manhã, assim a tarde podia usar para ajudar o
Valentino e o Fellipo em umas coisas da organização.
****
— Onde vocês estavam Giuliana? E por que diabos você não levou
a porra dos seguranças com vocês?
— Eu te disse que ele iria fazer isso. Assim como você, ele é
teimoso, e disse que em questão de negócios, se o Dom da máfia
Matinelli quer negociar com o Clube, terá de ser pessoalmente — suspira
com um meio sorriso no rosto — ele falou que se você não for, pode
começar a cavar túneis e dar a volta no estado, porque pelo território dele
você não passa.
— Lógico.
— Não sei por que Fellipo achou que isso seria uma boa ideia. Pedi
para ele convencer o Matthew, já para não ter de vê-lo novamente, não
sei se conseguirei me controlar — olho para ela com todos meus
tormentos no olhar, às vezes esqueço que ela é apenas uma menina de
dezesseis anos. — Ele não entende a magnitude do que aconteceu,
Chloe. Matthew tirou a vida da mulher que eu amava, da mãe do meu
filho. Não é algo que possa ser simplesmente esquecido ou perdoado.
— Eu não sei se sou capaz de perdoá-lo, Chloe. O que ele fez foi
imperdoável. Eu tentei seguir em frente, criar meu filho da melhor forma
possível, mas a cicatriz nunca desapareceu. E eu temo que, se eu
permitir que ele entre de volta em minha vida, essa ferida seja aberta
novamente. Cada vez que olho para ele, a cena de Francesca morta,
ensanguentada em seus braços, vem nítida em minha mente.
Olho novamente para a janela, pensativo. Sei que Chloe está certa,
no dia que tudo aconteceu, não deixei que ele falasse nada, e quando o
torturei por dias, ainda assim, não consegui acreditar em uma única
palavra que saia de sua boca. Mesmo que a ideia de encarar Matthew
seja extremamente difícil.
— Tudo bem, Chloe. Vou conversar com ele. Mas será sobre
negócios, e não prometo nada. Não sei se algum dia serei capaz de
perdoá-lo, mas, pelo menos darei uma chance para que ele entenda a
dor que me causou.
Chloe sorri suavemente, orgulhosa por eu estar disposto a
enfrentar essa conversa tão difícil.
Sua ausência durante esses anos, abriu uma fenda profunda entre
nós, abalando a dinâmica que antes tínhamos para conversar um com o
outro.
— Val, Matt, por favor, escutem. Não precisamos nos afastar uns
dos outros. Matthew, entendo que o moto clube seja importante para
você, mas precisamos encontrar uma maneira de equilibrar nossas
responsabilidades familiares e profissionais.
— Não foi exatamente isso que eu quis dizer — ele responde com
uma careta de desagrado.
****
— Valentino, prometo que farei o meu melhor para ser uma esposa
amorosa e compreensiva, não garanto que conseguirei ser assim o
tempo todo, não é da minha natureza — sorri — não podemos mudar o
passado, mas podemos moldar nosso futuro. Vamos aprender a superar
nossas diferenças e cultivar um amor que transcenda todas as
adversidades, somente assim poderemos seguir em frente.
Enquanto enfrentamos os desafios que estão por vir, sei que, com
Giuliana ao meu lado, teremos a coragem necessária para enfrentar
qualquer coisa. Nossos caminhos estão entrelaçados de uma maneira
única, e estou grato por alguém tão especial ter invadido minha vida
desse jeito, ter com quem compartilhar essa jornada não tem preço.
Olhei para ele, depois para o carro que ele mantinha a porta aberta
para eu entrar, um misto de curiosidade e nervosismo estampava meu
olhar. Eu sabia que um encontro com ele poderia ser perigoso, arriscado
até, digo... para minha sanidade..., mas algo dentro de mim, me impeliu a
aceitar o convite para almoçar.
Curiosa pelo que está por vir, o que ele pode querer conversar que
não pode ser em casa?
Esse casamento com Dom Valentino pode não ser de todo ruim
como imaginei a princípio.
Ele escuta atentamente cada palavra que falo, com seus olhos fixos
em meu rosto, e em cada gesto meu. Ele parece genuinamente
interessado em conhecer e saber mais sobre mim.
Ele se inclina para falar algo, mas o garçom chega bem na hora, e
ele volta a sua postura rígida, observando tudo colocado na mesa, e
pedindo outra garrafa de vinho.
Não sei se ele entende, mas ele aproveita o colo do pai, deitado,
preguiçoso no peito, batendo as pernas em sua coxa. Valentino tem a
mão na barriga do filho garantindo que ele não caia. Eu seguro a
mãozinha de Rafaello não conseguindo resistir a fofura, os cabelos
cacheados bagunçados de tanto que ele coça a cabeça.
Por vezes, olho para o Fellipo, que está sentado ao meu lado, e
percebo um olhar preocupado em seus olhos. Parece que algo está
incomodando-o, só não faço ideia do que possa ser.
De repente, o celular do Valentino toca. Sua expressão muda para
tensa, o rosto marcado por linhas de preocupação. Ele me entrega o
Raffaello que reclama da ausência do pai. Ele passa por nós sem dizer
uma palavra e vai direto para o escritório, fechando a porta com um
baque surdo. Todos nós ficamos surpresos com o comportamento
incomum, ele é estourado, nervoso, mas não dentro de casa, para estar
assim, algo aconteceu.
Alina e Chloe olham para mim com curiosidade e apoio. Sinto uma
mistura de apreensão e coragem enquanto me levanto e me dirijo à porta
do escritório.
Percebo que ele está falando no automático, que mal se deu conta
que está desabafando comigo. Então me levanto e caminho em sua
direção, segurando seu braço em um gesto de apoio.
— Não disse para trazê-lo para cá, mas que ele precisará do apoio
da família, dos irmãos dele.
O Fellipo saiu com o irmão, lógico, ele é muito apegado nos dois
irmãos mais velhos, ele claramente tem no Valentino a imagem de um
pai, e no Matthew o irmão mais velho que sempre está ali por ele.
****
— Por que o Val não liga? — Chloe reclama, olhando para o lado
de fora das janelas que dão para o imenso jardim que tem na entrada.
Ela me olha com um sorriso fraco, que não chega aos olhos, e em
meio a conversas e risadas suaves, ouvimos o som do carro de Valentino
se aproximando. Nos levantamos com expectativa, ansiosas para ouvir
as notícias.
Abraço sua cintura ao seu lado, e com minha atitude, vejo quando
a Chloe faz o mesmo do outro lado, e juntas, nós nos apoiamos em
Valentino, envolvendo-o em abraços reconfortantes e palavras de
encorajamento
****
— Não! Até mesmo porque eu duvido que ele venha. Você viu a
escolta que ele tem preparada para tirá-lo de lá assim que tiver alta.
Hoje coloquei uma camisa de elefantes com uma calça cinza nele,
adoro o vestir com roupinhas de bichinhos, embora o Valentino me olhe
de rabo de olho por enfeitar tanto seu filho.
— O quê?
Só observo minha irmã sair. Conheço Alina, tem alguma coisa que
ela não está me contando.
Ele sabe que o caminho para a total recuperação ainda será longo,
mas está preparado para enfrentar o futuro com otimismo.
Estou sentado em meu escritório, na minha casa, bem no coração
do território da minha máfia. A fumaça do charuto dança no ar enquanto
seguro um copo de whisky na mão. Estou puto, furioso com as merdas
que estão acontecendo na minha organização. Traições, disputas
internas, tudo isso me deixa à beira da loucura.
Mas não sou idiota, senti uma tensão diferente neles, pareciam
assustados. E isso está me deixando louco, porque quero saber o que
está acontecendo. Nem mesmo quando a Francesca morreu eles se
mostraram interessados no assassinato dela, só exigiram a cabeça do
Matthew como se fosse um troféu que eles teriam o direito de exibir.
Desço a mão pelo seu corpo mordendo seu queixo, aperto seu
seio, enchendo minha mão com o volume redondo, macio e quente. Seus
bicos estão turgidos, duros, ela está muito excitada.
Não vou tocá-la sem que permita. É minha noiva, mas apesar
desse tempo morando em minha casa, da intimidade que construímos,
nos abrindo um para o outro, e o acordo de nos esforçamos para uma
boa relação, nunca passei dos limites sexuais com ela. Mas nesse
segundo eu preciso da Giuliana, como necessito de ar.
— Valentino...
— Acho melhor eu sair, não sou tão forte como você — ela sorri
travessa, descendo da mesa onde a coloquei sentada.
Deslizo minhas mãos pelo seu corpo, sentindo sua pele macia e
quente sob meus dedos. Ela suspira suavemente, rendendo-se ao toque,
mas também consciente da necessidade de adiar nossos impulsos.
Nossos olhos continuam conectados, comunicando-se silenciosamente,
como se entendessem a batalha que travamos contra nossos próprios
desejos.
— Você está sendo a minha força, minha âncora. Quero que saiba
disso, e sou grato por tê-la ao meu lado. No início eu não queria — digo
levando uma mordida no ombro, e rindo — sou grato por terem me
obrigado a aceitar esse casamento — gargalho quando ela faz uma
careta fofa.
Foi tudo perfeitamente armado para que minha esposa fosse morta,
eu só ainda não descobri como o Matthew foi parar na cena do crime
com a arma em suas mãos, ele repetiu incontáveis vezes que tinha
recebido uma ligação da Francesca pedindo para encontrá-lo e quando
chegou lá, minha amada já estava morta.
Pelo cheiro, aposto que é comida que ela trouxe nas sacolas.
Rafaello abre os braços, animado ao me ver, e solta da mão da Giuliana
correndo até mim. O pego no colo beijando suas bochechas.
— Eu vou ter de ensinar uma lição a sua mãe sobre te vestir como
animais.
A palavra me escapa com tamanha naturalidade que me assusto.
Encaro Giuliana, com os olhos arregalados, com as sacolas quase
caindo de sua mão, surpresa. Dou de ombros, não me arrependo pelo
que fiz. Meu filho precisa de uma mãe, durante todo o tempo que ela
esteve aqui, tem sido isso para ele.
— Sim, a mãe do Rafaello — levanto com ele no colo indo até ela
— a minha esposa.
— Absoluta.
****
— Sei que está frio lá fora, mas porque o casaco grande dessa
forma? Cabem duas de você aí — pergunto me aproximando.
— Vem aqui, baby — puxo-a pela cintura — você está linda, mas
tem certeza disso? — não deixo de perguntar, pois sei que quando
começar eu não vou conseguir, nem querer parar.
— Tenho certeza Valentino, quero que você seja meu primeiro tudo,
assim como foi meu primeiro beijo, quero meu primeiro momento de
prazer em suas mãos — ela diz levando os braços em volta do meu
pescoço.
Pego minha garota no colo, levando-a até o sofá que tem no meio
da minha sala.
— Hoje vou te fazer gozar baby, mas não vamos transar, sua
primeira vez não será em um sofá, no meu escritório.
Sua boceta estava tão melada, tão necessitada, que eu podia ver o
brilho da sua excitação na ponta do meu dedo.
O pânico toma conta de mim novamente, e sei que não posso ficar
ali. Corro em direção à porta da sala de aula e me jogo para fora,
desesperada para encontrar ajuda. Lá fora, eu vejo um homem
encapuzado correr no corredor, ele observava o que acontecia na sala de
aula, e o medo de que me pegue novamente congela minha espinha.
— E depois?
— Um homem e Lavínia.
— Não precisa.
****
Quando entro no galpão que usamos para interrogatório, um dia
depois do incidente. Foi difícil acalmar Giuliana, mas quando ela me
contou tudo, eu soube que precisava entrar em ação o mais rápido
possível.
— Não! E você sabe muito bem por que está aí — respondo seco
— eu só preciso de respostas para algumas dúvidas.
— Ninguém me mandou, e você sabe muito bem por que fui ter
uma palavrinha com aquela vadia sonsa. — Tem insanidade em seus
olhos.
Quando ela chama a Giuliana de vadia, não consigo me segurar,
eu meto-lhe um tapa bem-dado na cara. Fazendo-a virar o rosto. Não
bato em mulheres, mas nesse momento, Lavínia é uma inimiga que
tentou matar a mulher que eu amo, na primeira vez em que a torturei, ela
ofendeu a Francesca, só isso era o suficiente para dar um fim em sua
vida, mas agora a quero ver sofrer duas vezes mais.
Para mim é nítido que ela tem sentimentos, embora não os tenha
expressado ainda, talvez tenha o mesmo receio que eu, de ser o primeiro
a falar e mostrar vulnerabilidade. Aos poucos começo a não me importar
com isso e as palavras dançam na minha língua, querendo que ela saiba
exatamente como me sinto.
Meu peito transborda uma emoção que a muito não sinto, e uma
grande admiração por essa mulher incrível diante de mim. Um sorriso se
forma em meus lábios, refletindo a confiança e a felicidade que sinto.
— Giuliana... — engulo em seco.
Decidimos que uma vez por mês iriamos relaxar na ilha, por isso
viemos para cá na sexta, e hoje aproveitamos um ótimo sábado na
varanda com a brisa do mar banhando nossos corpos.
Cada vez que o olho assim, sinto cada pedacinho do meu corpo se
arrepiar, e um atrito entre as pernas, que só consigo sentir quando olho
para esse homem gostoso, que está apanhando para si, cada dia mais,
um pedacinho do meu coração.
Morde meu ombro desnudo pelas alças da blusa fina. Seus lábios
encontram os meus num beijo ardente, e naquela noite, sob o manto
estrelado do céu, a batalha interna se transforma em um maravilhoso e
intenso encontro de almas, onde nós nos entregamos completamente à
paixão que nasceu entre nós.
— Sei que não toma contraceptivo nenhum, mas nunca transei sem
camisinha, estou limpo, e não quero quebrar o momento indo até o
quarto pegar uma — ele diz rouco, beijando meu corpo, libertando meus
seios da blusa que os cobria.
Olho em seus olhos com o mais puro tesão e desejo que sinto, e
falo:
— Só me faça sua – Valentino — puxo seu rosto, buscando seus
lábios em um beijo ofegante.
Ele tira sua calça em tempo recorde, libertando seu pau enorme,
grosso, com algumas veias e a cabeça rosada e inchada. Olho seu
comprimento, assustada, e acredito que meu olhar diz tudo, porque ele
comenta baixo, rindo da minha reação:
Mais uma vez faço o que ele manda, e me sinto vitoriosa quando o
vejo jogar a cabeça para trás, urrando de tesão. E me segurando pelo
cabelo, vai ditando os movimentos do seu pau dentro da minha boca.
Quando estou quase gozando novamente, rebolando contra o
estofado da poltrona, de desejo avassalador por senti-lo na minha boca,
ele tira seu pau, me puxando em seus braços e me beijando. Um beijo
guloso, faminto.
Ele acelera, e começa estocar com mais força também, sem parar
de circular meu clítoris com o polegar, sinto nossas pélvis baterem uma
na outra. Me levando ao paraíso.
E naquela sala, naquelas almofadas, em uma noite estrelada,
quente, nossos suspiros se misturam com a brisa marinha do lugar, e o
som das ondas quebrando na praia se tornam a trilha sonora dessa noite
de paixão incontrolável.
Ali, naquela noite mágica, eu percebo que o amor não segue regras
nem convenções. Às vezes, é preciso se render ao inesperado,
permitindo-se ser levado por uma paixão que desafia todas as
expectativas. E é nessa entrega que encontramos a verdadeira
felicidade.
— Papa...
— Sim, o doutor disse que era uma virose, nada de mais, mas se a
febre persistisse era para levá-lo de volta.
— E a febre persistiu?
Vejo que a Chloe encara o teto, chão, e mexe nos dedos evitando
meu olhar, ficando com as bochechas vermelhas que parece que quem
está com febre agora é ela.
— Eles estão no moto clube né? — Pergunto com as sobrancelhas
arqueadas.
Minha mulher e agora mãe do meu pequeno, ele nunca mais terá
de chorar chamando pela mamãe, agora que a Giuliana está aqui. Vamos
manter viva a lembrança da Francesca, mas também dar ao meu menino
um colo quente para ele receber carinho, e uma voz suave conversando
com ele. O calor do amor de uma mãe e de um pai, a família que meu
menino merece.
****
— E pretende concordar?
— Não, mas eu pensei que não teria nada disso, de festa para
oficializar o noivado. Já faz tanto tempo que estou aqui — desvia o olhar
e entendo que ela quer falar sobre termos feito sexo — que achei que
seria somente o casamento.
Estou animado com o noivado, nunca pensei que diria isso, mais
estou contando os dias para esse casamento, já que será só oficializar
de fato, pois eu e a Giuliana já somos um casal, e estamos dividindo o
mesmo quarto.
Ele levanta os olhos para mim, seus olhos escuros revelando uma
mistura de surpresa e cautela.
— Valentino, Fellipo, — nos cumprimenta com um aceno de cabeça
— pensei que não fossemos nos ver novamente — comenta me olhando
com seus olhos de águia.
Nesse segundo, meus homens não são de confiança, não sei quem
é o traidor e não posso confiar em alguém de dentro, tudo o que me resta
é o Matthew e o seu pessoal.
— Valentino, eu não sei quem fez isso, mas juro que iremos
encontrá-las e trazer sua garota para casa — Matthew coloca a mão no
meu ombro em apoio, antes que eu vá para meu carro.
Olho para ele, certo de que tomei a decisão correta em não o
matar. Meu irmão também foi uma vítima da pessoa que tenta destruir a
nossa família, e quando tudo estiver acabado, eu vou o trazer de volta
para casa, seu lar, onde pertence.
— Sei que tenho sido duro com você, Matthew. Talvez tenha sido
injusto em várias ocasiões — confesso, a voz suavizando, e baixando,
para só ele ouvir. — Mas agora preciso da sua ajuda para encontrar
Giuliana e Alina, meu irmão.
— Eu juro, Valentino, que não tive nada a ver com aquilo. Nunca
quis causar dor a você — coloca o capacete e sobe em sua moto,
arrancando, seguido de um verdadeiro comboio de motocicletas atrás
dele.
Acredito nas palavras de Matthew, pois vejo a sinceridade em seu
rosto. Agora, com nossa trégua temporária e a promessa de sua ajuda,
nós nos preparamos para enfrentar o desafio que está diante de nós.
Enquanto entro em meu carro e seguimos para buscar Giuliana e Alina,
uma nova esperança nasce dentro de mim.
Olho para esse doente sem entender, como ele pode machucar a
Alina dessa forma e ainda falar da minha irmã como se ela pertencesse a
ele.
— Você mata a todos que estão no seu caminho — alisa meu rosto
— o maldito do Valentino conseguiu se tornar o Dom e casar, antes do
veneno fazer efeito no pai dele, e depois no seu, matei ambos como
vingança por darem a minha Francesca a outro homem.
— Isso — falo atônita — não faz sentido, meu pai morreu de ataque
cardíaco.
Ele tem a certeza de que venceu, vou usar a sua confiança para
conseguir escapar desse miserável, e salvar a mim e minha família.
O homem é uns bons centímetros mais alto que eu, por isso, assim
que meu pé toca no asfalto, eu me jogo no chão rolando por baixo do
carro e saindo do outro lado. Corro mata adentro, pela minha vida e da
minha família. Se eu conseguir escapar, posso achar a estrada depois e
encontrar uma forma de me comunicar com o Valentino, mas por
enquanto, eu inflo minhas coxas correndo como nunca.
Ouço quando eles passam por cima da minha cabeça, fico quieta
sem fazer som algum, quando eles estão longe o suficiente para eu não
ser pega, saio do meu esconderijo e faço o caminho reverso, me
afastando o máximo de onde ficou o carro deles.
— Não temos tempo para nos preocupar com essa merda, meus
homens vão cuidar de qualquer policial que vier atrás da gente —
Matthew comenta através da escuta que estamos usando para nos
manter conectados. É um alívio poder contar com o meu irmão, quando
não sei quem na minha organização é confiável.
A estrada sinuosa serpenteia pelas colinas à minha frente, os
pneus do carro agarrando o asfalto, enquanto acelero cada vez mais. A
adrenalina corre pelas minhas veias, misturada com uma fúria
incontrolável. Ninguém toca na minha Giuliana e sai impune.
— Alina! — Seguro seu corpo pequeno, ela chora nos meus braços
— está tudo bem, não vão mais te machucar.
— Meus irmãos do clube irão com vocês, vou levar Alina para um
hospital — Matthew fala, com minha cunhada agarrada nele, como se ele
pudesse desaparecer a qualquer momento.
— Diga.
— Conheço essa área, costumamos fazer festas por aqui. Tem uma
estrutura a dois quilômetros adentro da mata que possa ser o que a Alina
se referiu.
— Certo.
A moto passa, ficando à frente do meu carro, ele liga o pisca antes
de entrar em uma rota escondida para quem não conhece. Os arbustos
arranham o carro, os troncos pequenos de árvores me fazendo diminuir a
velocidade. Não é uma rota feita para carros, as motos se movem
livremente pela passagem.
— Cala a boca — ele bate no rosto dela e o meu controle vai para o
inferno.
— Não mata esse — Fellipo diz, sua fala chama minha atenção e
vejo que um dos homens do Matthew estava prestes a atirar no Vincenzo
— essa vingança pertence ao Matthew.
— Não foi sua culpa, Val — ela beija minha bochecha — agora eu
sei toda a verdade.
Ele segura minha mão com firmeza, beijando os nós dos meus
dedos, como se quisesse garantir que eu não desapareça novamente.
— Agora está tudo bem, meu amor — ele fala, deixando um beijo
no alto da minha cabeça.
— Certo.
— Eu posso vê-la?
— Sim.
— Eu sei — sussurro.
Choro feliz por ver o desfecho que esses três tiveram. Querendo
que a Francesca estivesse aqui. Levanto levando comigo o soro, e
abraço a Alina, podemos ter perdido nossa irmã, mas ainda temos uma a
outra e nunca mais ficaremos separadas.
— Sim senhor.
— Certo.
Me despeço dos meus irmãos indo para casa, onde minha noiva
me espera. Ela está ansiosa para ir ao moto clube. Meu ombro ainda dói
um pouco, o que tem feito a Giuliana ser uma excelente enfermeira, me
animando de diferentes formas. Adoro quando ela senta na minha cara
esfregando a bocetinha na minha boca.
****
Giuliana
Chega o dia em que Valentino me leva para acompanhá-lo ao moto
clube de Matthew. Sinto uma mistura de nervosismo e determinação
enquanto me preparo para esse encontro. O passado, uma ferida que vai
sendo fechada lentamente entre os irmãos.
Matthew, por sua vez, está sério e concentrado. Ele parece ter
amadurecido desde a última vez em que nos vimos. Seu olhar é
determinado e cheio de resolução, como se estivesse disposto a
enfrentar qualquer obstáculo para recuperar o tempo perdido, agora que
fizeram justiça pela Francesca.
— Não foi sua culpa Giuliana — ele alisa meu rosto — estou bem
agora que vinguei o que fizeram a mim e que Francesca teve vingança
pelas mãos do Valentino. Meu irmão é meio babaca — Valentino o fuzila,
e Matthew ri — mas não vou ficar longe de vocês, nunca mais. A partir de
hoje, meu território sempre estará aberto a vocês e meus homens vão
protegê-las de tudo.
— Sempre que quiserem vir podem pedir que vamos buscar vocês
— ele pisca, ignorando minha alfinetada.
— Vou viver para sempre — ele puxa meu rosto para si beijando
meus lábios.
Eles riem e vamos para o clube, o que acaba sendo outra disputa
entre os dois na sinuca. Quando me canso ao ponto de não manter os
olhos abertos, Valentino me leva para casa, onde vou até o meu bebê
precisando sentir o seu cheirinho. Sem acordar Raffaello, o levo para a
cama, comigo e o Valentino, temos dormido assim desde que voltamos
para casa, em família.
****
Valentino
— Por que continua aqui? — Fellipo pergunta, entrando no meu
escritório, e fechando a porta.
Percebo que ele não vai entrar, não sem um convite direto.
Voltamos a nos falar, mas ele ainda não se sente confortável nessa casa.
Aqui ele é mais contido, retraído, não tem nem um resquício do Matthew
que é dentro do seu clube, ou quando está perto da Alina.
E hoje estou aqui, refém dessa menina mulher, que chegou virando
minha vida de cabeça para baixo.
Sinto suas bolas batendo na minha bunda quando entra até o talo,
empurrando em meu interior.
Olho em seus olhos, enquanto ele me fode gostoso, sinto todo meu
corpo se arrepiar, então ele fala ainda rouco, perdido em seu tesão.
— Fica de quatro para mim, meu amor — se levanta, me colocando
ajoelhada, de costas no banco que estávamos sentados, subindo a saia
do meu vestido, enrolando-a até a cintura.
— Calma amor, minha noiva está ansiosa para que eu foda sua
bundinha linda? — Ele brinca, encaixando e empurrando só a cabeça no
meu buraquinho apertado, o ardor me trava.
— Isso meu amor, grita o único nome que sairá dessa boquinha
linda quando estiver gozando gostoso assim — ele fala socando mais
fundo e com mais força, até que sinto-o tremer, e se esparramar dentro
de mim, enchendo a camisinha com seu gozo.
Estou ofegante, esse sexo foi foda, e levou cada milímetro das
forças que eu tinha.
— Ele acordou chamando pela mãe — Chloe diz, com lágrimas nos
olhos — achava que pedia pela Francesca, mas quando a Alina falou seu
nome, ele acenou em positivo e tínhamos de o trazer aqui.
— Bom — Alina fala — Raffaello não queria dormir sem a mãe dele
— aperta as bochechas do sobrinho que ri sapeca — então eu e Matthew
o levamos para andar de moto. Ele pegou rapidinho no sono.
O sol brilha através dos vitrais, lançando cores suaves pelo chão de
mármore, e o aroma das flores frescas paira no ar. Os acordes de uma
melodia suave preenchem a igreja, e meu coração salta em antecipação.
A marcha nupcial começou.
Como minha linda noiva só tem a irmã caçula ao seu lado, já que
seus pais são falecidos, é Matthew, que a guia pelo corredor, com meu
menino vestido em um smoking igual ao que estou usando, de pajem a
frente, trazendo as alianças.
— Agora não filho, fica aqui do lado e quando eu chamar você traz
as alianças.
— Para você e a mamãe casar — ele fala com pronúncia quase
perfeita. Giuliana tem se empenhado em ensiná-lo a falar corretamente e
eu amo como ele a reconhece como sua mãe.
— Desde aquele dia, Giuliana, você tem sido meu porto seguro,
minha inspiração constante. Você me ensinou a importância da
verdadeira coragem, da compaixão incondicional e da determinação
incansável. Juntos, aprendemos a superar desafios, a enfrentar os
ventos tempestuosos da vida de mãos dadas. Com você ao meu lado,
descobri que o amor verdadeiro não conhece limites e não pode ser
definido por convenções sociais ou pressões externas.
Minha garota sorri, um tanto tímida, beija os nós dos meus dedos
que seguram sua mão, e simplesmente diz pausadamente:
****
Fora que a todo tempo, não teve um só canto da ilha, que não
fizemos amor, como dois coelhos...
De volta à realidade, começamos a montar nosso novo lar juntos. E
enquanto nós nos estabelecemos em nossa vida cotidiana, Chloe e
Fellipo que estão em uma viagem, tratando de negócios, nos ligam todos
os dias; Fellipo para o irmão e a Chloe para mim e para Alina.
Valentino pode até tentar negar, mas nosso menino vai ser um MC
no futuro, só não sei se ficará pilotando e liderando a organização com o
pai, ou no clube do tio, que a cada dia finca mais na cabeça do Raffaello
sobre ser seu sucessor.
Com o pilar dos três irmãos mais forte do que nunca, os membros
do conselho se mantem calmos e obedientes. Nenhum deles tentam
desafiar o Valentino.
Isso sem contar que o Matthew quase matou minha irmã no dia que
ela roubou sua moto, que é sua paixão.
Olho para Valentino e percebo como ele está tenso. Seus dedos
entrelaçados nos meus, apertando com força enquanto tenta controlar
suas emoções.
— Tudo vai dar certo, meu amor — digo a Valentino, tentando
transmitir confiança em minhas palavras. — Dante está a caminho e você
será o pai mais incrível que ele poderia ter, assim como é para nosso
Rafaello — digo sorrindo meio chorosa.
Ele sorri para mim, um sorriso que tenta esconder sua insegurança,
mas eu conheço bem o meu marido. Seus olhos brilham com amor e
medo, mas sei que ele fará tudo em seu poder para proteger e cuidar de
nosso filho.
— Você está indo bem meu amor, você é a mulher mais forte que já
conheci — sorrio acreditando em suas palavras.
Com Dante em nossos braços, nosso lar ganhou ainda mais brilho
e significado. Estamos cheios de esperança e sonhos para o futuro,
sabendo que, juntos, construiremos uma família repleta de amor,
cumplicidade e aventuras.
FIM
[1]
gosto