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ALEJANDRO O CEO

E S PA N H O L E A S S I S T E N T E
VIRGEM

D. M. DAMAS
Direitos autorais © 2023 D. M. DAMAS

Todos os direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte do autor.

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ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.

Número de Registro:
312248826 - 11373426
AOS MEUS LEITORES QUE ME INCENTIVAM A CONTINUAR ...
"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de
realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

FERNANDO PESSOA
ÍNDICE

Página do título
Direitos autorais
Dedicatória
Epígrafe
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
Sobre o autor
Livros deste autor
Edição e Betagem: Eva Oliveira
Revisão: Lih Parreira

NOTA DA AUTORA

Olá, queridos leitores e leitoras! Espero que estejam todos bem. Quero agradecer o carinho
de vocês ao se interessarem pela leitura deste livro. que narra a história de amor entre duas
pessoas de classes sociais diferentes, mostrando que quando o amor é forte ele supera todas as
diferenças. Também aborda, de forma tímida, a questão da homossexualidade pois, em pleno
século XXI ainda existem muitas pessoas que não tem coragem de se assumirem gays por medo
do preconceito e da discriminação. Espero que gostem da leitura e se apaixonem por nosso CEO
e nossa Assistente Pessoal da mesma forma que me apaixonei.
Esta é uma obra de ficção e contém passagens com sexo, então é indicado para maiores de
18 anos. Sejam bem-vindos a Trilogia dos Irmãos Espanhóis. Boa leitura a todos e até o próximo
livro.
Abraços!
D. M. Damas.

PRÓLOGO

Alejandro
Chego ao prédio onde fica a sede da minha empresa, situado no centro da cidade de
Valência, na Espanha e olho para cima, admirando o edifício majestoso à minha frente. Sinto um
grande orgulho! O prédio onde fica a sede da empresa H.R. Tecnologia é imponente tanto
quando o nome Hernandez Ruiz em toda a Espanha e no mundo.
Ao entrar na empresa passo pelos seguranças, cumprimento-os somente com um menear
de cabeça e, sem esperar retorno, sigo para o elevador privativo que me conduzirá para a
cobertura, onde fica o escritório da presidência e dos demais executivos que fazem parte direta
da administração da H.R. Tecnologia.
— Bom dia, Valéria! Minha agenda. — Cumprimento minha assistente e sigo para meu
escritório.
— Bom dia, Senhor Ruiz! Está na mão. — Diz Valéria, eficiente como sempre, logo atrás
de mim.
Valéria é uma mulher na faixa de 50 anos de idade e está comigo há 16. Ela já trabalhava
na empresa como assistente do meu pai e, mesmo após ele deixar a empresa devido um infarto,
continuou trabalhando na H.R. Tecnologia, como minha assistente.
Após a morte de meu pai assumi a responsabilidade da empresa, que estava
completamente falida. Além de lidar com a morte do meu pai, tive que lidar com uma família
totalmente desestruturada e abalada com a morte do patriarca e a ruína da empresa.
Aos 20 anos de idade eu estava cursando Administração de Empresas, e, até aquele
momento, não sabia dizer o que era dificuldade na vida. Meu pai, Ramon Hernandez Ruiz, um
empresário de sucesso, blindou sua família a vida toda. Somos 5 filhos: eu, Alexandre, Eduardo,
Salma e Selena, e, juntos com nossa mãe, vivíamos uma vida de luxo e tínhamos tudo que o
dinheiro podia comprar.
Numa manhã estava na universidade quando recebi a notícia que meu pai não estava bem e
tivera que ser hospitalizado. O carro já me esperava na entrada da universidade e quando cheguei
ao hospital encontrei minha mãe totalmente fragilizada e, aos prantos, me contou que meu pai
sofrera um infarto e estava na sala de cirurgia naquele momento.
Minha mãe, Dona Leonor, era uma mulher franzina e muito delicada, sempre fora tratada
como um cristal precioso por meu pai e, ao vê-la tão fragilizada, percebi que por ser o filho mais
velho teria que conduzir toda a situação em que estávamos vivendo. Alexandre tinha 17 anos,
Eduardo 16, Salma estava com 14 anos e Selena, a caçulinha da família, com apenas 10 anos de
idade.
Não imaginava o que enfrentaria daquele momento em diante. A vida naquele dia
transformou o jovem sorridente e despreocupado, que levava a vida com leveza e descontração,
em um homem frio e calculista. Hoje sou conhecido como homem de gelo.
Meu pai ficou 67 dias em coma e nesse tempo descobri que ele ocultara da família nossa
real situação financeira. Estávamos falidos e, mesmo assim, não sei se por orgulho ou proteção,
ele não tinha nos informado de nada. Ele lutara anos para manter o padrão de vida que estávamos
acostumados e quando viu tudo desabar, não suportou e infartou.
Conforme os dias foram passando fui sendo informado da real condição da empresa,
fazendo com que me ressentisse, chegando ao ponto de ter raiva do meu pai, pois ele nos
colocara naquela situação sem ter-nos preparado para enfrentá-la. Em vida, a única coisa que
meu pai exigia dos filhos era que estudassem e sempre afirmava que quando chegasse a hora
iríamos assumir o legado da família.
O legado que eu e meus irmão herdamos foi um império em ruínas, uma família
destroçada e um pai moribundo. Lembro-me que no dia que completou sessenta e sete dias em
coma ele acordou e pediu para falar comigo. Estranhamos, pois acreditávamos que a primeira
pessoa que ele chamaria quando acordasse seria minha mãe.
Cheguei ao lado do seu leito na UTI - Unidade de Terapia Intensiva e olhei seu rosto
pálido. Apertei sua mão e senti um aperto no coração ao ver o homem que eu tanto amava e
admirava totalmente branco e sem vida.
Com os olhos marejados de lágrimas ouço ele dizer.
— Filho, quero te pedir perdão... Perdão por não ter te preparado para o que você terá que
enfrentar a partir de agora. Sei que já está a par da real situação em que nos encontramos.
Meu pai, mesmo sem forças, tentava me explicar tudo e pedir perdão.
— Pai, não faça esforço. Fique calmo, resolveremos tudo
— Eu preciso falar, meu filho. Quero que me perdoe por falhar, tanto como chefe desta
família, quanto como o homem de negócios que fui criado para ser. Deve estar se perguntando
por que chamei você e não sua mãe para conversar...— Ele me conhece tão bem que sabe que foi
exatamente isso que pensei . — Te chamei aqui porque sei que estes são meus últimos minutos
de vida e, antes de partir, quero fazer o meu último pedido, pois sei que você é o único que
poderá realizá-lo.
Doeu ouvi-lo dizer que esses são seus últimos minutos de vida, mas infelizmente, era a
realidade. Ele fez uma pausa e fiquei preocupado, pois ele estava muito fragilizado. Mas então
ele respira fundo e continua a falar:
— Quando recebi de teu avô a H.R. Tecnologia, ele me ensinou como administrá-la com
sucesso. Sempre dizia que eu era muito inteligente, porém tinha o coração muito brando e que
para ter sucesso nos negócios era necessário sangue frio e pulso firme. Seu pai não seguiu o
conselho de seu avô e, por mais competente que fui, a emoção sempre falou mais alto que a
razão. Isso fez com que meu coração sempre ditasse as regras da minha vida e, iludido, achei que
como fui bom com todos ao meu redor, também receberia bondade.
Deu mais uma pausa e continuou:
— Nos anos de prosperidade sempre estive rodeado de pessoas, mas assim que meu
império começou a ruir, vi uma a uma dessas pessoas que eu tinha ajudado anteriormente se
afastarem de mim e poucos deles ficaram comigo até o fim.
Aperta mais forte minha mão.
— Diferente de seu avô, te deixo um império em ruínas, mas quero que prometa que o
reerguerá e levará o legado da família adiante. Confio em ti, meu filho e, mesmo que não tenha te
preparado para o que está acontecendo, sei que é capaz.
Sua voz estava cada vez mais fraca e ele fazia um esforço imensurável para continuar
falando:
— Você é muito parecido com seu avô, pois é forte, corajoso e decidido. Em tuas mãos
entrego o destino da nossa família e da H.R. Tecnologia. Você aceita este desafio? — Perguntou,
com o rosto banhado pelas lágrimas.
Minha vontade era de arrancar meu pai daquele lugar e lhe dar um novo coração para que
ele pudesse sobreviver, mas a realidade era outra totalmente diferente. Com um nó na garganta e
com o peito quase explodindo de dor, prometi a ele.
— Sim pai, eu aceito. Prometo que honrarei teu nome, a nossa família e a empresa. Farei
com que o nosso legado seja perpetuado e respeitado por toda Espanha e pelo mundo.
Vi que meu pai ficou emocionado com minhas palavras, mas também percebi o alívio em
seus olhos. Ainda com dificuldades ele continuou:
— Cuida de sua mãe e de seus irmãos. Diga a eles que os amarei eternamente. Te amo,
meu filho. Você é meu maior legado! Estou indo, mas sei que você será melhor e maior que eu
jamais poderia ser. Adeus meu...
Ele não conseguiu terminar a frase e me deixou ali, naquele momento. Uma dor
dilacerante invadiu meu peito. Eu não estava preparado para perdê-lo. Minhas pernas perderam
as forças e meu joelho cedeu. Me ajoelhei chorando ao lado do meu pai e segurei sua mão, já
sem vida.
— Vá em paz, meu pai! Honrarei seu nome e cumprirei a promessa que te fiz. Eu
prometo!
CAPÍTULO 1

Alejandro
Chorei muito! Acho que nunca tinha chorado tanto em minha vida e ali, no leito de morte
do meu pai, me permiti desabar. Soluçava tanto que achei que não iria suportar. Chorei pela
perda de meu pai, pelo sofrimento da minha família, pela situação da empresa e chorei pelo que
iria enfrentar dali para a frente.
Quando não tinha mais lágrimas para chorar, olhei pela última vez para o corpo sem vida
do meu pai, dei-lhe um beijo na testa em despedida e saí do quarto para cuidar do seu enterro.
Naquele dia, junto com meu pai, enterrei o jovem Alejandro e me tornei quem sou hoje, o
homem de gelo.
Não tive tempo para ter pena de mim. Após o enterro do meu pai reuni minha família e
disse que a partir daquele momento eu era o chefe e gerenciaria com respeito e responsabilidade
nossa família e a empresa. Contei a eles sobre a promessa que fizera ao meu pai em seu leito de
morte e jurei à minha mãe e aos meus irmãos que resgataria o nome e o orgulho de nossa família.
— Eu confio em você, meu filho! Sei que fará o possível e o impossível para cumprir sua
promessa. — Ter o apoio da minha mãe me impulsionou ainda mais.
Nossa vida mudou drasticamente. Como tinha que reerguer a empresa, não medi esforços e
consequências. Meu primeiro passo foi vender a mansão da família, que valia milhões, para
injetar capital de giro na empresa. Foi uma decisão difícil, pois a mansão era uma construção
imponente que passara por gerações na nossa família, mas após o consentimento da minha mãe,
não tive dúvidas que tomei a decisão certa. Após a venda, nos mudamos para um apartamento
classe média alta, muito diferente do lugar que vivíamos.
Dos meus irmãos exigia que estudassem com dedicação. Eu estava no último ano da
faculdade e passei a estudar no período noturno para trabalhar durante o dia. Consegui terminar
meus estudos com muito sacrifício, pois trabalhava dia e noite se precisasse e, mesmo com notas
medianas, consegui concluir o curso superior um ano após a morte de meu pai.
Assim que Alexandre completou dezoito anos veio trabalhar comigo na empresa e o
mesmo aconteceu com Eduardo. Valéria me ajudou muito, me colocando a par da situação da
empresa e dando opiniões e conselhos que foram essenciais para meu sucesso futuro. Enfrentei
preconceito e descrença por parte de todos. Os acionista e clientes não acreditavam em mim por
ser muito novo e por ser filho do homem que falira um verdadeiro império.
Foram muitas desconfianças, obstáculos e dificuldades, porém nunca me deixei abater.
Pelo contrário, isso me motivava a ir mais e mais adiante e provar o quanto eu era capaz.

Cinco anos após a morte do meu pai, a H.R. Tecnologia já era uma empresa respeitada
pela alta sociedade de Valência, com grande expectativa de se tornar grande em toda Espanha.
Eu e meus irmãos sempre fomos muito unidos e tínhamos o mesmo objetivo, tornar a H.R.
Tecnologia uma das maiores empresas do mundo. Salma e Selena, anos depois, também se
juntaram a nós na empresa e juntos nos tornamos imbatíveis.
Hoje, após dezesseis anos, somos um império solidificado e reconhecido não somente na
Espanha, mas em todo o mundo.
Com punhos de ferro e coração de gelo consegui reerguê-la juntamente com meus irmãos
e, como meu avô ensinou meu pai e meu pai me ensinou em seu leito de morte, lutei sem emoção
e com razão, me tornando um dos empresários mais importantes do mundo. Sou conhecido,
respeitado e temido como o CEO coração de gelo.
CAPÍTULO 2

Ximena
Acordei com o despertador marcando seis horas e bati a mão, tentando fazê-lo parar,
pedindo em meu subconsciente mais uns minutinhos de sono. Mas não tem jeito, minha mãe já
adentrara em meu quarto abrindo as cortinas.
— Levanta, querida! Hora de se preparar para o trabalho. — Avisa.
Gemo, com muito esforço me levanto e me arrasto para o banheiro que fica no meio da
casa modesta onde vivem eu, meus pais e minha irmã. A casa possui somente dois banheiros: um
na suíte do meus pais e outro entre meu quarto e o quarto da minha irmã Camila e é dividido por
nós duas e as visitas.
Assim que entro debaixo do chuveiro e aquela água maravilhosa toca meu corpo, me sinto
revigorada no mesmo instante. Após o banho me troco e vou para a cozinha tomar meu café da
manhã.
— Que cheiro delicioso! — Exclamo sorrindo. — A senhora é a mãe mais maravilhosa
do mundo, Dona Adália. — Digo estalando um beijo em seu rosto.
— Obrigada, querida! Sente-se, minha filha e alimente-se bem, menina. Sabe que um bom
café da manhã é muito importante pra conseguir enfrentar o dia com energia e disposição.
Sorrio para minha mãe. Fico maravilhada com seu carinho e cuidado de todos os dias.
Faço minha refeição tranquilamente ouvindo mamãe me contar seus planos do dia.
— Vou terminar de me arrumar para o trabalho. — Dou um beijo no rosto da minha mãe e
vou para o meu quarto.
Já vestida com meu uniforme de trabalho, dou uma olhada em meu visual fazendo um
biquinho de desagrado. Não gosto de uniforme, mas tenho que usá-lo. Passo a mão na minha sai
preta estilo envelope, estendendo para a camisa branca social de manga comprida e um lenço
vermelho no pescoço. Todas as funcionárias da Clínica de Estética onde trabalho se vestem desta
forma.
Vejo que mesmo o uniforme não esconde meu corpo esbelto e cheio de curvas. Apesar de
pequena me considero uma mulher bonita, tenho pernas grossas, bumbum arrebitado, mas
proporcional e seios médios.
Queria tanto que meus seios fossem maiores! Suspiro.
Meu rosto tem feição harmoniosa, pele morena clara, lábios carnudos, olhos verdes e cílios
grandes. Além disso, meus cabelos são negros e encaracolados, caindo sedosamente até o meio
das costas.
Sim, eu tenho uma boa aparência e sempre chamo a atenção desde pequenina. Quando era
mais nova ouvia de minhas colegas que poderia ser até modelo, se fosse mais alta. Tenho
somente um metro e sessenta e seis de altura. Após me maquiar, dou outro beijo na Dona Adália
e saio apressada para pegar a van que me levaria até o centro de Valência, onde fica meu
trabalho.
Moramos em um bairro classe média baixa ao norte de Valência, onde meus pais, Juarez e
Adália, possuem uma pequena lanchonete. Sempre tivemos uma vida modesta, mas nunca
passamos necessidade do básico.
Após meia hora de viagem a van para em um ponto perto do prédio onde fica a Clínica de
Estética Beleza Feminina, onde trabalho como secretária de uma médica.
Chego sorridente, cumprimento a recepcionista, que é uma garota muito simpática e sigo
para a ala onde fica o consultório da Doutora Sabrina, cirurgiã plástica.
Há um ano e oito meses trabalho nessa clínica e, embora tenha terminado a Faculdade de
Administração de Empresas há quatro meses, ainda não consegui um trabalho melhor.
— Bom dia, Ximena! — Doutora Sabrina chega meia hora depois.
— Bom dia, Doutora!
— O que temos para hoje?
— Seis consultas e um procedimento estético às três e quarenta e cinco da tarde.
Doutora Sabrina assente e entra em seu consultório. Começamos a trabalhar e nem
percebemos a hora passar. Já era quase uma hora da tarde quando fomos almoçar.
Quando chego no refeitório minha melhor amiga, Eva, já está me esperando.
— Oi! – Cumprimentei. — Como você está?
— Na maior deprê, amiga. — Diz, com semblante bastante triste.
— O que aconteceu? — Me preocupo.
— Eu e o Ruan terminamos e estou na maior fossa!
Pego a mão da minha amiga com carinho e tento levantar o seu astral, mas nada muda. Ela
está arrasada!
—Não sei o que aconteceu, mas estou aqui para o que precisar.
Eva me conta que o motivo do término é o ciúme exagerado de seu ex-namorado e que,
após uma briga feia que tiveram ontem resolveram terminar, mas apesar de tudo ela o ama muito.
Eva é uma menina da periferia que já sofreu muito, pois fora criada somente pela mãe e
não conhecera o pai, passando muitas privações na vida. É muito meiga e querida e, desde que
nos conhecemos na clínica, uma forte amizade nos une.
Ela é somente um ano mais velha que eu, ela tem vinte e quatro e eu vinte e três. Diferente
de mim, ela ainda está iniciando a curso de Estética, pois só agora conseguiu ganhar meia bolsa
de estudos e cursar uma faculdade.
Após Eva desabafar comigo durante nosso horário de almoço, voltamos para o trabalho.
Ao final da tarde voltei para casa bastante preocupada com minha amiga.
— Boa noite, família! — Cumprimento meu pai, minha mãe e minha irmã Camila.
Minha irmã é uma menina muito bonita, simpática e está com onze anos de idade. A
diferença de idade entre nós é grande. Devido a vida corrida e a situação financeira, meus pais
tinham decidido não ter mais filhos depois que nasci, mas por descuido Camila chegou quando
eu estava com doze anos e foi muito amada por todos. É a nossa menininha.
— Me ajuda no dever de casa, Mena. Está muito complicado.— Camila pede com um
biquinho, manhosa.
Dou um beijinho na sua testa e digo que após um banho a ajudarei.
Logo após o jantar, ajudo Camila com o dever de casa e vou para o meu quarto. Estou
muito cansada!
Deitada, lembro da Eva e resolvo mandar uma mensagem para ver como ela está.
Eu: — Oi! Como você está?
Eva: — Estou melhor... Vou ficar bem, não se preocupe.
Eu: — Que bom! Tudo vai dar certo, querida.
Eva: — Obrigada pela força amiga. Sábado tem música ao vivo no bar perto da Clínica.
O que você acha de irmos curtir um pouco a noite?
Eu: — Humm... não sei, minha mãe não vai gostar.
Eva: — Você já tem vinte e três anos, Ximena! Está na hora de deixar de ser a filhinha da
mamãe e se tornar mulher.
Eu: — Fala isso pra Dona Adália.
Eva: — Melhor não! rsrsrs.
Eu: — Amanhã a gente decide. Boa noite, Eva!
Eva: — Boa noite!
Ainda sem sono fico lembrando do que Eva disse e chego à conclusão de que ela está
certa. Ainda sou a filhinha da mamãe e, apesar de ser formada e trabalhar, ainda sou
superprotegida por meus pais. Sempre fui cercada de muito carinho e amor, eles sempre me
ensinaram o caminho do bem e do mal. Eles são muito religiosos.
Desde pequena meus pais me orientavam a fazer as coisas certas, procurar o namorado
certo e até mesmo a faculdade que cursei fiz porque meus pais achavam que era o curso certo
para mim.
Lembro-me que meu único namorado, que namorei quando tinha dezoito anos, era porque
o meu pai e minha mãe achavam que era o rapaz certo. O nome dele é Fernando, filho de um
casal de amigos de meus pais. Após quatro meses de namoro terminei com ele, pois não sentia
nem um pouco de atração por ele e os amassos que demos foram bem inocentes.
Depois do término com Fernando concentrei somente nos estudos e, quando saia com
alguém, era somente para trocar alguns beijos. Parecia que todos os garotos que eu ficava não se
adequava aos padrões de meus pais e acredito que por isso sou virgem ainda aos vinte e três anos
de idade.
Ao adormecer, a certeza que estava na hora de deixar de ser a filhinha da mamãe estava
implantada na minha mente.
CAPÍTULO 3

Alejandro
Valéria me acompanha até minha sala, passamos a agenda do dia e, após inicio mais um
dia de trabalho. No meio do expediente ouço meu telefone tocar, visualizo a tela e vejo que é
Mônica, uma morena gostosa que tinha ficado no mês passado.
— Alô!
— Bom dia, querido! Saudades de você.
— Como tem passado Mônica?
— Bem e você? — Ela faz uma pausa parecendo ponderar algo. — Estava pensando se
poderíamos jantar juntos esta noite.
— Hoje não posso, tenho um compromisso. Mas foi bom falar com você. − Sou direto.
Não uso meias palavras e nem quero prolongar o assunto. Mônica parece ter entendido.
— Fica para a próxima, querido. — Diz a morena com voz frustrada.
Desligo o telefone bufando, estressado. Mônica sabe que não gosto de ser incomodado
com esses convites e sabe que quando quero, eu ligo.
Mulher nunca foi um problema para mim. Sou um homem cobiçado pelas mulheres não só
pelo meu dinheiro, mas pela minha aparência. Como elas dizem, sou um homem estonteante,
alto, musculoso e um rosto que parecia um deus grego.
Na realidade não ligo muito pra isso. Sou um homem prático e o significado de amor para
mim se resume à minha família e ao trabalho. Mulheres são simplesmente pra sexo, de
preferência, em uma única noite. Gosto de sexo e quando preciso de alívio busco mulheres que
me atraiam em boates e clubes que frequento.
Nunca enganei ninguém, sempre deixo claro que é sexo sem compromisso e, quando
alguma mais esperançosa tenta uma segunda reaproximação, logo descarto. Sinceramente me
sinto muito irritado com a situação.
Amor para mim é sinônimo de fraqueza e foi por ser fraco e amar demais que me pai se
destruiu. Sempre fez tudo o que minha mãe quis, mesmo sem poder. Até seu último dia deu a ela
mais do que podia e isso foi sua ruína e de toda família.
Minha mãe nunca se recuperou da perda de seu amor, passou apenas a sobreviver. Nunca
reagiu depois da morte do meu pai, ignorando os filhos e tudo mais a seu redor. Se tornou uma
morta viva que encontrou no álcool a saída pra sua dor. Após dezenove meses da partida do meu
pai ela simplesmente desistiu de viver e, numa noite, ao chegar em casa, a encontrei morta em
seu quarto.
Ela simplesmente tomou um vidro de medicamento, desistindo da vida. Na época prometi
a mim mesmo que jamais deixaria esse sentimento tão tóxico fazer parte da minha vida. Minha
mãe foi minha maior decepção e acabei acumulando muita raiva dela, por se mostrar um ser
egoísta e covarde que simplesmente não lutou por seus filhos, deixando-nos à mercê do mundo.
Não pensou em mim e no quanto eu lutava por nossa família. Também não pensou na pequena
Selena, que estava com apenas doze anos de idade e precisava como nunca de uma mãe. E,
assim, nos tornamos cinco irmãos contra o mundo.
Tenho certeza que nunca irei amar! A cota de amor que me cabe pertence aos meus
irmãos. Nunca senti mais que atração física por nenhuma mulher, o máximo que sinto é um tesão
um pouco mais forte. Então é isso! Eu quero, pego e vou embora sem nem mesmo olhar para trás
e, às vezes, nem lembro o nome da transa da noite anterior. Nunca passo a noite com uma mulher
e nem as trago pra minha cobertura. Sempre reservo um quarto de motel que uso para essas
ocasiões.
Por isso, espero que Mônica entenda e não volte a me procurar e, se isso ocorrer, terei que
ser mais transparente. Embora mantenha somente encontros casuais, não maltrato nenhuma
mulher, pois respeito a igualdade de gênero. Elas me dão o que eu quero e eu dou a elas o que
querem, usufruindo um do outro. É uma troca de prazer! Todo mundo sai ganhando e vida que
segue.
A porta da minha sala é aberta e sei que é Eduardo, pois só ele tem coragem de entrar em
minha sala sem ser anunciado.
— Bom dia! Ops... parece que hoje não está sendo um bom dia por aqui. — Eduardo
brinca, notando meu semblante amarrado.
Eduardo, diferente de mim, é extrovertido e vive sorrindo. Os revezes da vida não o
atingiu a ponto de se tornar tão cético quanto eu.
— Não lembro de ter sido avisado sobre sua visita. — Nunca gostei que invadam minha
sala sem autorização e ele sabe, mas nunca se importou.
Gargalha.
— Eu me anuncio com minha presença Alejandro, e você já devia ter se acostumado com
isso. Agora me diga o por que desse mau humor todo.
Conto a ele sobre Mônica.
— Ufa! Achei que era algum problema na empresa... Essa questão de mulheres que querem
mais de você, é comum. Mas, escreva o que estou dizendo, um dia ainda haverá uma mulher que
você irá querer mais dela, Alejandro! Vou assistir de camarote este dia chegar.
— Não fode, Eduardo! Acha que sou você, que beija o chão que a Simone pisa? Esse tipo
de sentimento nunca irá fazer parte de mim!
Eduardo é casado com uma bela loira há um ano e é apaixonado por ela. Embora tenha um
carinho especial por minha cunhada e esteja feliz por eles, a vida a dois não me atrai. Amo minha
liberdade!
— Beijo o chão, o corpo, lambo, chupo, me delicio... e é muito bom! Deveria
experimentar. — Eduardo era um mulherengo antes de Simone, mas sua cara de safado
pervertido ainda é a mesma. Só que agora era somente com sua mulher.
Sorrio. Ele é uma figura, a pessoa que mais admiro no mundo! Tudo que construí nesses
dezesseis anos, foi com a ajuda dele e de Alexandre, meu irmão gênio, nerd e antissocial.
Sempre juntos, sempre unidos. Hoje já estou com trinta e seis anos, Alexandre com trinta e
três e Eduardo trinta e dois. Lutamos e vencemos! O carinho, a cumplicidade e o respeito entre
nós três é visível. Nos entendemos apenas com uma troca de olhares. Sempre foi assim!
— As vendas do novo Android estão de vento em polpa, irmão. Alexandre, como sempre,
é o melhor em suas criações.
Alexandre é o nerd da família, Engenheiro da Computação e um dos melhores do mundo
atualmente. Mas como todo nerd, vive para o estudo e suas criações. Às vezes me pergunto se
com trinta e três anos, Alexandre ainda é virgem. Uma sombra de riso se forma em meus lábios
com esse pensamento, chamando a atenção de Eduardo.
— Ora, se não é um leve sorriso no rosto do homem de gelo! — Brinca — Orgulho do
irmão, Alejandro?
— Sim, muito. Tenho orgulho de todos meus irmãos, Eduardo. Mas confesso que agora me
passou pela cabeça se Alexandre já fez alguma coisa a mais na vida além de criar hardwares e
softwares de sucesso...
— Não acredito! O todo poderoso boss está preocupado se o irmão nerd ainda é virgem?
— Eduardo não perde a oportunidade de fazer suas piadinhas.
— Vamos deixar a vida do Alexandre em paz e focar no trabalho, Eduardo.
Ele concorda e passamos o dia estudando os números da empresa. Eduardo é contador e
vice-presidente da empresa.
Nós cinco dividimos as responsabilidades na empresa, cada um na sua área de atuação. Eu
na Administração - sou o CEO -, Eduardo na Contabilidade, Alexandre na Criação, Salma na
Área de Projetos como Diretora Executiva e a caçulinha Selena que entrou recentemente para
empresa, no Marketing.
Realmente estamos crescendo muito nos últimos anos e os lucros são exorbitantes.
Apesar do dia cansativo, o resultado foi satisfatório. Encerramos o dia após às dezoito
horas. Saio da empresa em direção à minha cobertura, que fica num bairro nobre de Valência.
Vivemos os cinco irmãos no mesmo prédio, mas cada um tem seu próprio apartamento.
Todo domingo nos reunimos em um dos apartamentos, pois temos como meta manter-nos unidos
e conservar os laços familiares entre nós. A falta que nossos pais fazem suprimos com a nossa
união.
A última a ter sua independência fora Selena. Salma, mesmo tendo apenas dezesseis anos
quando nossa mãe faleceu, praticamente se tornou uma segunda mãe para Selena, assumindo sua
criação. Ao completar vinte e três anos, Selena quis ter seu próprio lugar no mundo e, mesmo
com o coração partido, Salma deixou nosso passarinho voar. Sorrio diante desse pensamento.
Os irmãos Hernandez Ruiz voam solo, mas no mesmo prédio. Estamos afastados somente
por paredes e andares. O prédio suntuoso é uma das propriedades da família e cada apartamento
fica em um andar. O único casado é Eduardo, logo o mais mulherengo da família. Simone
simplesmente o pegou pelas bolas.
Às vezes lembro o quanto a dor e o abandono marcou cada um de nós e, mesmo que de
formas diferentes, o que acontecera com nossa família ficara tatuada na nossa alma. Mas a
certeza que estávamos ali um para o outro fazia com que fôssemos felizes, cada um à sua
maneira e assim seguíamos nossa vida.
Meus irmãos me idolatram e entendem que vivi por eles todos esses anos. Talvez não de
forma física, pois o trabalho não permitia que estivesse junto com eles como gostaria, mas são
cientes de que tudo que possuem hoje se deve a minha atitude de assumir a família quando ela
estava totalmente destruída.
Então, sim, sou feliz! Sou feliz por ter minha família ao meu lado, pela empresa estar
consolidada e por ter cumprido a promessa que fiz ao meu pai. E, apesar de ser conhecido como
um empresário frio e calculista pelo mundo, meu coração se derrete por minha família. Ela é
minha maior vitória!
CAPÍTULO 4

Alejandro
Após tomar um banho, desço até a sala de estar onde fica um bar completo e de muito bom
gosto. Me sirvo de uma dose de uísque e sinto necessidade de uma companhia feminina.
Saio de casa por volta das vinte e duas horas e paro em frente a um dos clubes mais
frequentados de Valência. É um lugar frequentado somente por pessoas do alto escalão da
sociedade. Esse clube, além de ser muito reservado e proteger a identidade dos frequentadores,
oferece o serviço de acompanhantes de luxo, o que é ideal para mim nesta noite. Quase nunca
pago por prazer, mas depois da situação estressante que passei hoje com a Mônica, achei melhor
pagar do que ter mulher ligando pra mim no dia seguinte.
Ao adentrar o recinto já sinto a sensualidade no ar e logo vejo uma bela loira no palco,
fazendo um strip-tease no polidance. Ao me ver, a loira sorri com cara de cobiça para o meu
lado. Decido que ela será minha essa noite.
Se quero algo ou alguém eu tenho. Nesses últimos oito anos da minha vida, tudo que eu
quis eu consegui. Essa é uma das formas quer encontrei para descontar os anos de privações que
passei até conseguir estabilizar o império Hernandez Ruiz.
Decido ir diretamente à gerente do estabelecimento fazer minha oferta. Não é a primeira
vez que venho ao clube e, como em todas as outras vezes, sou prontamente atendido.
—Quero a loira que está no polidance.
— Certo, mas ela é diferente das demais, senhor.
— Diferente como?
—Ela é a pérola dos nossos olhos. Seu valor é cinco vezes maior que das demais.
Isso muito me agrada, pois é sinal que ela é a melhor da casa.
— Quero ela!
A gerente dá um sorriso satisfeito, olha para a minha escolhida da noite e a chama com um
gesto discreto.
Logo a loira de olhos azuis, corpo curvilíneo e cabelos sedosos desce do palco e, com
aquela cara de cadela no cio chega perto mim, puxa minha gravata e sai rebolando na minha
frente, me levando para um dos quartos da casa.
Entramos no quarto que é puro luxo, com uma cama redonda, espelho no teto e som
ambiente. Puxo a loira pelos cabelos, trazendo-a pra perto do meu corpo e, em seguida, coloco
seu cabelo de lado e dou um chupão. Ela geme e coloca aquele rabo gostoso na minha frente,
rebolando no meu pau, que está tão duro que chega a doer. Agarro seu seio direito com vontade,
apertando seu mamilo com força. A loira geme sem parar, cheia de tesão. Então levo-a para a
cama, coloco ela deitada e vou distribuindo beijos por todo o seu corpo, até encontrar o centro do
seu prazer.
Sua boceta está melada de tanto tesão! Meto dois dedos dentro dela. Cada grito que sai da
sua boca me deixa ainda mais duro, então substituo meus dedos pela minha boca, lambendo,
sugando e mordendo seu clitóris. A loira ergue os quadris ensandecida, rebolando na minha boca
e, a cada estocada que minha língua dá em seu centro, mais e mais ela geme. Quando sinto que
ela vai gozar paro, pois ela está aqui para o meu prazer. Continuei tocando-a, beijando todo o seu
corpo e ela simplesmente se contorce e geme.
Nesse momento tiro minha calça e cueca, fazendo com que meu pau grande e grosso salte,
duro. A loira arregala os olhos e vejo em seu olhar pura cobiça. Se tem uma parte da minha
anatomia da qual me orgulho, com certeza é meu pau.
— Chupa! — Ordeno e a mulher abocanha tudo que consegue.
Coloco-a de quatro na cama, de frente pra mim e soco com vontade em sua boca. Não ligo
se ela vai engasgar, só meto meu pau sem dó até sua garganta.
Seus olhos estão lacrimejando, mas não paro. Estoco cada vez mais e mais... uma, duas,
três vezes. Sinto que estou por um fio, então enterro fundo em sua garganta e gozo ensandecido.
— Beba tudo. — Ordeno.
A despudorada, sem nenhum resquício de vergonha, engole até a última gota. Após
engolir, passa sedutoramente o dedo ao redor de seus lábios pra pegar toda porra derramada e
enfia na boca, sugando tudo, com o olhar preso ao meu.
Ela é obediente, totalmente submissa a mim. Gosto assim, mando e sou obedecido.
Em seguida mando que escore na beirada da cama e empine a bunda para mim. Ela faz o
que mando. Pego um preservativo de minha carteira, me protejo e, antes de enterrar meu pau
naquela boceta gulosa, dou dois tapas estralados da bunda da loira, um de cada lado. Ela pula de
susto, dá um gritinho sacana demonstrando que está gostando e empina mais aquele rabo gostoso
em minha direção.
Então soco meu pau com brutalidade naquela boceta e a loira grita de tesão, o que me
excita. Sinto que tenho poder sobre seu corpo, tenho poder sobre seu prazer. Sinto necessidade
de poder, de dominar tudo e todos ao meu redor. É assim que funciono. Esse é o meu prazer e
com toda força bato cada vez mais forte. O som dos nossos sexos se chocando me atordoa e
então gozo novamente.
Saio de dentro da loira e vejo que ela está até mole na cama, pois peguei pesado, sem dó.
Retiro o preservativo, amarro a sua ponta e descarto na privada, dando descarga. Nunca deixo
meu sêmen em um lugar qualquer. Sou controlador até neste sentido.
Logo após tomo um banho revigorante, me visto, pego minha carteira, tiro algumas notas e
deixo em cima do criado mudo ao lado da cama. A loira ainda está dormindo, totalmente exausta
depois da nossa foda. Viro as costas, saio do quarto e vou embora.
É assim que eu gosto. Fazer sexo com uma mulher bonita, fogosa, submissa, que não tenha
nome e que nem me lembrarei mais do rosto. É só um corpo pra me dar prazer e depois, é como
se esse corpo não existisse mais. Em minha vida não havia espaço para sentimentalismo.
CAPÍTULO 5

Ximena
Na manhã seguinte acordo bastante animada e, durante meu trajeto para o trabalho, vou
analisando que realmente preciso crescer, ser independente, encarar a vida de frente e realmente
viver.
Não que não goste da minha vida, pelo contrário. O problema é que sou toda certinha e
toda planejada, como meus pais sempre quiseram. Percebo que isso faz com que eu perca minha
identidade. Sinto que falta algo em minha vida... Algo que a complete, que a preencha. Essa falta
faz com que ela se torne vazia ou até mesmo sem sentido. Chego à conclusão que preciso de
mais emoção.
Estou decidida a mudar, me aventurar mais e ver o que me espera além da redoma de vidro
que meus pais construíram para mim.
— Oi, Eva! Como é bom te ver! — Falo sorrindo para minha amiga. Estamos no refeitório
é hora do nosso almoço.
— Nossa! Quanta animação, garota! Posso saber o motivo de toda essa euforia?
— Quero deixar de ser a filhinha da mamãe. Quero me aventurar e viver novas emoções! E
você vai me ajudar nessa nova fase da minha vida. — Aponto o dedo para minha amiga.
Eva arregala seus olhos assustada, parecendo não acreditar no que acabo de falar.
— Santo Deus! Soltei o monstro que vive em você?
Ela está boquiaberta com minha atitude.
— Estou falando sério!
— Não estou duvidando de você, minha amiga. Mas ouvir você dizer que quer sair da sua
zona de conforto não é algo que eu estava esperando, né?
— Ontem você me fez repensar minha vida e cheguei à conclusão que preciso de mais... E
sim, você soltou o monstro que vive em mim. — Gargalho.
— E o que este monstrinho está planejando?
— Primeiro quero ir à festa do bar com você e me divertir horrores. Segundo, vou morar
com você.
— Como assim, morar comigo? Você sabe que compartilho o apartamento com mais duas
mulheres! Sinto muito amiga, mas não temos mais quartos disponíveis.
— Eu sei, mas como você disse que não gosta das suas companheiras de apartamento,
pensei e decidi que vou te presentear com a melhor companhia que você poderia ter: a minha!
— Quanta modéstia! O que você fez com minha amiga Ximena, a estranha?
— Você está certa. A partir de hoje, serei uma nova Ximena!
— Vamos ver o que a “nova Ximena” irá fazer ao confrontar os pais.
Minha amiga não acredita em mim. Pensando bem, nem quero imaginar a reação dos meus
pais quando contar a eles sobre minha decisão. Esperançosa, olho para minha amiga e pergunto.
— Você toparia dividir um apartamento para moramos juntas?
— Claro que sim, querida. Mas você sabe que não posso pagar um aluguel mais caro do
que pago atualmente, pois tenho que pagar a faculdade e o salário que ganho é para comer, morar
e estudar.
— Sei sim, amiga. Fica tranquila que o valor que passar é por minha conta.
— Falou a milionária! – Eva debocha.
— Milionária não, mas a filhinha da mamãe aqui... — Aponto par meu peito. — ...apesar
de ganhar uma mesada mensal nos quatro anos de faculdade, só gastava a metade. A outra
metade ia para a minha poupança! Está vendo que ser certinha tem seus benefícios? Vou investir
todas as minhas economias na minha liberdade e, se encontrarmos um apartamento com o
mesmo valor do aluguel que vocês pagam, vamos morar juntas.
— Então estamos com sorte! Semana passada desocuparam um apartamento no prédio em
que moro e, se quiser conhecer, vejo com o síndico.
— Quero sim! Marca o dia e a hora que eu vou.
Voltamos para nosso trabalho e pude sentir que minha melhor amiga não acreditou em
nada do que eu disse, mas realmente estou decidida a mudar totalmente o rumo da minha vida.
Quero me arriscar mais, crescer e, para que eu tenha essa mudança que tanto almejo, tenho que
buscar um novo emprego, porque preciso ganhar mais. Me formei entre os melhores da turma,
sou inteligente e esforçada, então vou correr em busca dos meus sonhos! Quero ser respeitada e
reconhecida em minha profissão.
O expediente termina e já estou do lado de fora da clínica, quando vejo Eva saindo com
uma mulher estonteante. As duas conversavam animadamente e pude perceber que a mulher não
era funcionária da clínica. As roupas que vestia e seu porte altivo indicava que era uma cliente e,
provavelmente, uma cliente VIP, cheia de grana e metida a besta. Curiosa, espero as duas para
descobrir quem ela é.
— Oi, Ximena! Está me esperando? — Eva questiona ao se aproximar de mim.
Disfarço.
— Sim, só para confirmar que você pode marcar para eu conhecer o apartamento.
— Marco sim, Ximena! Esta é a Selena, uma cliente. Selena, esta é Ximena.
— Prazer! — Cumprimento-a, estendendo a mão.
— O prazer é meu! — Responde e me surpreende dando dois beijinhos em meu rosto, com
um sorrio espontâneo no rosto.
— Bem, tenho que ir senão perco a van. Até mais! — Me despeço delas.
— Espera, Ximena! — Eva me chama — Posso marcar para sábado? Que aí você já fica
no meu apartamento e de lá vamos pra festa do bar. O que você acha?
— Que bar? — Selena pergunta curiosa.
Eva explica onde fica o barzinho que iremos e ela fica bem empolgada. Percebendo isso, a
convidamos para a festa. É claro que num primeiro momento a convidamos por gentileza, pois
nunca imaginávamos que aquela mulher tão fina iria frequentar o mesmo lugar que o povão
frequenta, mas, para nossa surpresa ela aceita, bem empolgada. Combinamos que ela nos pegaria
às nove horas de sábado, no apartamento da Eva, que passou o endereço para ela.
— Então até sábado, meninas! — Selena se despede, na maior simpatia.
— Até! — Respondemos eu e Eva juntas.
Olhamos uma para a cara da outra, damos de ombro e gargalhamos sem entender nada.
Mas parece que teremos companhia na festa de sábado. Vi quando Selena entrou num carro
daqueles bem chiques, com motorista um particular, que esperava tranquilamente por ela.
É! A garota deve ser rica mesmo! — Pensei. Até chofer ela tinha.
Aceno para Eva e vou para casa.
CAPÍTULO 6

Ximena
Chego em casa cansada, mas disposta a ter uma conversa séria com meus pais. Já está na
hora de me tornar independente e o primeiro passo será ter essa conversa com eles.
— Mãe, pai... Podemos conversar um pouco na sala?
Minha mãe me conhece. Então ela me olha querendo entender o que está acontecendo.
— O que você que falar com a gente, filha? — Pergunta meu pai com um tom preocupado
na voz.
— Vocês sabem o quanto amo vocês e os respeito. Sabem também o quanto sou grata por
tudo que fizeram e fazem ainda por mim.
— Sim, minha filha. Estamos cientes disso. Mas onde você quer chegar com isso?
— Mãe, talvez vocês não concordem com o que vou falar, mas cheguei num momento da
minha vida que quero ser independente, ter meu próprio lugar no mundo.
Meu pai parece entender o que estou falando e muda até sua posição no sofá.
— Mas, minha filha, você é independente e tem seu emprego.
— Sim mãe, tenho meu emprego, mas sinto que falta algo em minha vida. Quero e preciso
buscar minha autoafirmação, enquanto pessoa e profissional. Decidi que vou alugar um
apartamento e dividir com uma amiga que também trabalha na Clínica.
Minha mãe, apesar de estar com os olhos rasos d’água, demonstra compreensão. Já meu
pai parece não entender.
—Minha filha, o correto é você sair dessa casa apenas casada. Foi assim com sua mãe e é
assim que planejamos pra você e pra sua irmã.
— Papai, eu entendo o senhor, mas já tenho vinte e três anos. Quero e preciso tomar as
rédeas da minha vida e viver os meus sonhos.
— Nossa filha está certa, meu amor! Temos que deixa-la viver sua vida de acordo com
seus planos. Nós, como pais amorosos que somos, estaremos sempre aqui para ajudá-la no que
for preciso, minha filha!
Mamãe me ajudou a convencê-lo e, mesmo reticente, ele acabou concordando.
— Está bem, minha filha! Mas saiba que essa casa sempre estará de portas abertas para
você. Eu te abençoo, minha filha.
— Obrigada, pai. Não imaginam o quanto o apoio de vocês é importante para mim!
Eles me abraçam carinhosamente enquanto dizem o quanto me amam e que sempre serei a
garotinha deles.
Após nosso abraço meu pai me conta que a algum tempo vem guardando dinheiro em uma
conta poupança para mim, para quando eu me casasse. Segundo ele, esse dinheiro serviria pra
que eu e meu futuro marido tivéssemos um bom começo de vida. Mas que, como eu tinha decido
percorrer a estrada sozinha, iria transferir a quantia pra minha conta e assim eu não passaria
necessidade, o que de cara não aceitei.
— Papai, eu tenho algumas economias que guardei daquela mesada que vocês me davam
durante a faculdade. Prefiro que vocês continuem guardando esse dinheiro e usem em uma
emergência ou guardem para investir nos estudos da minha irmã.
— Minha filha, não abro mão. Esse dinheiro vai te ajudar a iniciar seu novo caminho.
Quanto à sua irmã, estou juntando pra ela também.
— Papai, vocês são os melhores pais que alguém poderia ter!
Abracei-os com carinho dizendo o quanto os amava e que seria grata eternamente por toda
dedicação, amor e educação que recebi ao longo da minha vida. Eu sei que, caso necessite, terei
neles um abrigo, pois eles são meu porto seguro.
Entro no meu quarto, aliviada pela conversa que tivemos, com o coração leve e a certeza
que venceria na vida. Nunca quis decepcionar meus pais, preferia mil vezes abrir mão do meu
desejo a ter que decepcioná-los. Confesso que tive muito medo antes de falar com eles, mas fui
surpreendida e acredito que nem minha amiga vai acreditar quando eu falar.
Tornei-me uma mulher forte, apesar da superproteção dos meus pais. Eles sempre me
ensinaram valores de vida que carregarei e respeitarei eternamente.
Feliz, deito em minha cama e fico me perguntando o que o futuro me reserva, mas sinto
que serei muito feliz. Estou com uma euforia digna de uma lagarta quando sai do seu casulo e se
torna uma borboleta.
Conquistei minhas asas, agora era alçar meu voo.
CAPÍTULO 7

Alejandro
Decido visitar minha irmã Salma e, quando chego em seu apartamento sou recepcionado
pela empregada, que indica onde ela está. Ao entrar na área da piscina ouço uma discussão
ferrenha entre ela e Selena.
— Você não vai. – Salma diz a Serena com determinação.
— Eu sou maior de idade. A vida é minha e você não tem o direito de interferir. – Selena
grita.
— Posso saber o que está acontecendo aqui? — Pergunto calmo.
As duas olham pra trás assustadas.
Essa maluca está querendo ir à uma festa em um bar desconhecido e em um lugar
perigoso. Não sei mais o que fazer para colocar juízo na cabeça dessa menina. – Salma está
descontrolada.
— Não é perigoso não. – Selena se volta para mim com aquela fala de gata manhosa que
sempre consegue o que quer. — Não é um bairro nobre igual ao que vivemos, mas é de classe
média.
— Não é perigoso? Alejandro, ela não tem juízo!
As duas estão descontroladas. Salma com seu excesso de proteção e Selena querendo viver
sua vida.
— Nossa irmã é tão esnobe que acredita que lugar seguro é somente onde há ostentação e
luxo. Ela não enxerga que os maiores bandidos do mundo são os de colarinho branco.
Sento em uma cadeira à beira da piscina e bato na borda para que Selena sente-se ao meu
lado. Com um biquinho ela faz o que peço.
— Me conta essa história direito. — Peço com calma.
— Conheci duas garotas na Clínica de Estética onde costumo frequentar e me identifiquei
muito com elas. Elas são funcionárias de lá e vamos juntas à festa. Ou será que elas não são
dignas de serem minhas amigas por sua condição social? – Questiona com indignação e eu a
abraço.
— A dignidade de uma pessoa não está no bem que possui, minha pequena, mas em seu
caráter. Salma em momento algum, tenho certeza, pensou dessa forma. Mas você sabe que há
muita maldade no mundo e que na posição que ocupamos devemos estar sempre atentos, porque
não sabemos quando a pessoa se aproxima de nós com má intenção. Desde quando você as
conhece.?
Seu rosto fica levemente rosado, demostrando que ela pouco as conhecia.
— Na realidade tenho mais contato com a Eva, que é a secretária do meu esteticista.
Ximena é sua amiga e também secretária de uma médica.
— Querida, nada contra sua decisão de fazer novas amizades, mas você não acha que é
cedo para sair sozinha com as duas para uma festa de bar antes de conhecê-las melhor?
— Não! Quero ir à festa me divertir e pronto! Já tenho vinte e seis anos e posso fazer o que
quiser da minha vida.
— Ok, você está certa, vá! Mas será acompanhada por Lúcio, seu segurança.
Ela tenta argumentar, mas não permito.
— Sem discussão, Selena! Você pode até ser maior de idade, mas carrega nos ombros o
nome Hernandez Ruiz e jamais permitirei que se coloque em perigo. Sabe que tenho muitos
inimigos por consequência do poder que possuo e, querendo ou não, meus inimigos sabem que
minha única fraqueza é minha família e jamais darei chance para eles atingirem vocês. Já que
quer tanto ir, vá, mas Lúcio irá com você e não aceito argumentação.
—Melhor que a decisão da Salma. – Selena diz, furiosa e sai.
— Salma, entendo sua preocupação, querida! Mas infelizmente temos que deixá-la viver.
— Você sabe que a Selena não tem juízo, irmão. Ela é muito espontânea e não tem ideia do
risco que corre. Não sei mais o que faço com essa menina! — Salma fala exasperada.
Salma é uma mulher muito séria e responsável. O fato de ter que assumir o papel de mãe
de Selena tão jovem fez com que ele se tornasse madura antes do tempo. Às vezes me pergunto
se o fardo não foi pesado demais para ela. Apesar de ser uma mulher jovem e linda, seu
semblante denota um peso grande de quem carrega o mundo nas costas.
Dou um beijo em sua testa e digo.
— Deixe-a viver! Não somos dono da vida de ninguém, Salma. Apenas deixe-a viver.
— Está bem Alejandro, vou seguir o seu conselho.
Após esse episódio fomos conversamos sobre o almoço de amanhã, que é domingo, que
acontecerá em minha casa. Salma é quem nos ajuda a organizar a reunião familiar dominical,
menos a do Eduardo que, após ter se casado, passou a responsabilidade pra sua esposa, quando é
na casa deles.
Me despeço e antes de sair de seu apartamento me viro e digo:
— Vamos deixar nossa pequena viver, mas com segurança. — Sorrio deixando a
mensagem explícita na minha fala.
Salma sorri, entendendo a mensagem e me agradecendo com os olhos.
CAPÍTULO 8

Ximena
— É maravilhoso, Eva! — Digo empolgada para minha amiga.
Estamos no meio do apartamento vago que ela agendou a visita para que eu pudesse vir
conhecer. O apartamento tem dois quartos, um banheiro, sala com cozinha integrada e uma
varandinha minúscula. Mas pra mim é perfeito, é o sinônimo de liberdade.
— Vamos fechar o acordo, então? — Me pergunta, mas sinto que está preocupada.
— Sim. Vamos conversar com o síndico.
Seu Antenor, o síndico, é um senhor de idade, que nos explica sobre os termos do contrato
que será de um ano, colocando-nos a par do valor, que achei acessível para pagarmos
mensalmente.
— Pode redigir o contrato, seu Antenor. Vamos ficar com o apartamento. – Falo convicta.
– Vamos nos mudar semana que vem, mas pode colocar no contrato a partir de segunda-feira,
para termos tempo de arrumá-lo até nossa mudança, por favor.
— Certo, hoje mesmo irei redigir o contrato e logo mais entrarei em contato com vocês.
Eva me puxa pelo braço, bastante aflita.
— Amiga, por Deus, como você vai assinar o contrato e já quer mudar semana que vem?
Eu não tenho a minha parte do aluguel agora, porque paguei minha parte do aluguel para as
meninas na semana passada!
Sorrio confiante para minha amiga e digo para seu Antenor.
— Vou passar o valor de um ano de aluguel à vista, assim não precisaremos nos preocupar
neste período.
Eva arregala os olhos, mas não diz nada. Despedimos do senhor Antenor, com as chaves
do apartamento em mãos e com a data da assinatura do contrato agendada. Notei que Eva está
calada.
Ao chegarmos em seu quarto ela desabafa.
— Que loucura é essa Ximena? Sabe que não posso pagar minha parte à vista! O que pensa
que está fazendo?
— Evinha, te falei que tenho minhas economias, amiga. Esse ano de aluguel é meu
presente para você, por ser tão boa comigo e ser minha irmã.
— Mas amiga e se você precisar?
— Não se preocupe, papai me ofereceu uma boa quantia que vinha guardando para quando
eu me casasse. Então como estou me casando com minha liberdade, posso me dar ao luxo de
garantir nossa moradia por um ano. Temos um ano amiga, para viver sem nos preocuparmos com
o aluguel. O futuro a Deus pertence!
— Não sei como agradecer, amiga. — Eva me abraça emocionada. — Você é uma irmã de
coração que Deus me presenteou. Não imagina o quanto este valor vai fazer diferença na minha
vida! Vou lutar e, se Deus quiser, no próximo ano eu que pagarei o aluguel.
— Vamos deixar pra pensar nisso daqui um ano e vamos comemorar esta nova fase de
nossas vidas.
Nos abraçamos eufóricas, pulando e gritando como duas loucas. Suas companheiras de
apartamento chegaram nesse momento e nos olharam como se fossemos dois extraterrestres, com
cara de poucos amigos.
Bufando, Eva decide esta noite ficaremos no NOOOOSSSSOO apartamento. E assim
levamos todos os seus pertences para lá, inclusive os móveis do seu quarto, que eram os únicos
que lhe pertenciam. Contamos, claro, com a ajuda do seu Antenor que nos liberou o apartamento
hoje e disse que era cortesia pelo aluguel adiantado e, de quebra, ainda levou o vigia para nos
ajudar a carregar a cama e o guarda roupa.
***
No meio da tarde do dia seguinte, fomos a uma loja de móveis e eletrodomésticos perto do
prédio e comprei o restante dos móveis que faltavam. Tinha pressa em mobiliar nosso
apartamento, mas não comprei muita coisa, somente o básico para a nossa sobrevivência.
Até oito horas da noite conseguimos arrumar somente o meu quarto com a mobília, mas
era o suficiente para eu dormir confortavelmente. Combinamos que amanhã faremos uma faxina
e terminaremos de arrumar o restante do apartamento. Pagamos um valor para o vigia vir nos
ajudar, já que era seu dia de folga. Jantamos pizza com vinho para comemorar.
***
Já passava das dez horas da noite quando Selena mandou mensagem para Eva que tinha
chegado. Eva pediu para liberar sua entrada e poucos minutos depois ela toca a companhia.
Ao abrir a porta fico surpresa em vê-la acompanhada do chofer.
— Entrem! – Digo sorrindo.
Selena sem graça diz:
— Você se importaria se Lúcio, meu segurança particular, desse uma olhada no
apartamento primeiro? – Com os olhos suplicantes ela continua. — Exigência do meu irmão para
que eu pudesse vir... Sinto muito!
Noto o quanto foi difícil para ela nos fazer esse pedido e o quanto está constrangida e até a
compreendo, mas fico irritada mesmo assim. Quem seu irmão pensa que é? Ou melhor, quem ele
pensa que nós somos?
Mas mesmo assim libero a entrada do segurança que anteriormente eu pensara ser seu
motorista particular. Afinal, foi uma exigência do seu irmão e ela não tem culpa da situação
constrangedora.
O homem enorme e sisudo adentra o apartamento e depois de vasculhar todos os cômodos
sai e libera a entrada de Selena. Neste instante Eva já se encontra conosco na sala, olhando a
cena estupefata.
Assim que Lúcio saiu, Selena explica.
⸻ Sinto muito por tudo isso. Vocês devem pensar que sou uma riquinha mimada pela
cena que presenciaram. Deveria ter falado antes com vocês e explicado quem eu sou, mas pensei
que poderia vir sozinha neste encontro e passar desapercebida. Infelizmente, meu irmão
Alejandro não permitiu e eu queria muito sair com vocês, mas entenderei se não quiserem sair
comigo.
A cara triste de anjo caído de Selena nos comove e, apesar do clima constrangedor na sua
chegada, tranquilizo-a, dizendo que está tudo bem.
— Não se preocupe, seu irmão só está tentando te proteger e é claro que queremos você
conosco.
Ela muda a feição no mesmo instante, surgindo em sua face um sorriso iluminador.
— Vocês já ouviram falar da H.R. Tecnologia? — Selena nos questionas.
Balançamos a cabeça afirmativamente.
— Então... é a empresa da minha família. — Diz bastante acanhada.
Fico pasma! Santo Deus! A H.R. Tecnologia é uma das maiores empresas do mundo no
ramo da tecnologia e todos os estudantes em Administração de Empresas sabem sua história e a
forma com que o CEO Alejandro Hernandez Ruiz reergueu o império em ruínas, transformando-
o em um verdadeiro sucesso. Esse é um dos temas estudados em algumas disciplinas da
faculdade.
Alejandro é idolatrado no meio acadêmico, mas é odiado por muitos no meio empresarial.
A maioria dos acadêmicos querem uma chance de trabalhar na empresa do CEO coração de gelo.
Menos eu que, apesar de saber da história contada na faculdade, nunca o admirei, pois nada
justifica ter um coração de gelo. Acredito que com respeito e humanidade podemos alcançar o
sucesso, palavras e atitudes que não existem na vida do coração de gelo.
Se antes não gostava do homem, agora é que minha antipatia por ele se tornara maior.
Olho para a mulher simpática e aflita me olhando sem dizer uma só palavra e sinto uma empatia
muito grande por ela. A única coisa que me passa pela cabeça é que estou não somente em frente
a bilionária herdeira da H.R. Tecnologia, como também de uma refém do coração de gelo.
Reajo diante da preocupação de Eva e Selena pela minha mudez e digo.
— Tudo bem, querida! Para nós você é somente nossa amiga Selena. Se o todo poderoso
coração de gelo impôs que devemos aguentar seu segurança pra termos sua companhia,
aguentaremos. O que a gente não faz por uma amiga?
Pisco pra ela, que sorri aliviada. Percebo que Eva não faz a menor ideia do que a família
da sua nova amiga representa no mundo dos negócios. Afinal, ela só quer saber de estética e vive
alheia a tudo mais, principalmente ao mundo de negócios e tecnologias.
Ela simplesmente diz, animada:
— Então bora meninas, que a noite é uma criança.
CAPÍTULO 9

Alejandro
Cansado, na noite de sábado, resolvi ficar em casa, pois tive uma semana bastante
cansativa e confesso que o fato de saber que a nossa caçulinha está em um bar festejando com
suas novas amigas me preocupa.
Não sou esnobe. Mas, mais do que qualquer pessoa no mundo, sei como é complicado não
ser rico e como é difícil ser esnobado e até mesmo humilhado por sua condição financeira. Mas
sei também que muitas pessoas só se aproximam para tirar proveito de alguma forma. Eu e meus
irmãos somos rodeados de pessoas interesseiras e desonestas, que são capazes de tudo para
comer alguma migalha do bolo. E olha que o bolo é bem recheado quando se falava em nossa
família!
Tenho ciência de que protegemos demais nossa caçulinha, mas ela já sofreu demais com a
perda dos nossos pais, pois era uma criança eles morreram. Sim, mamãe morreu em vida, no dia
da morte do meu pai. E por mais que tentamos suprir a falta de nossos pais na vida de Selena,
sabemos que nunca conseguimos. Ninguém substitui um pai e uma mãe na vida de uma criança.
Apesar dos dissabores da vida, Selena sempre foi, desde criança, muito extrovertida e de
bem com a vida. Nós a mimamos tanto, que começou a trabalhar somente aos vinte cinco anos
na empresa. Depois que terminou seus estudos ela nos pediu dois anos sabáticos para viver,
como ela dizia, se divertir.
E assim que concordamos ela viajou, namorou e se divertiu, mas nunca descuidei da
segurança da minha pequena. Pagava horrores para que a mantivessem em constante vigilância.
Pedia descrição aos seguranças, e, apesar de Selena nunca ter deixado transparecer, sei que ela
sabia que era vigiada.
Já tem um ano que ela veio trabalhar na empresa e atualmente é Diretora do Departamento
de Marketing. Estou muito orgulhoso, pois Selena, como todos os meus irmãos, é um sucesso e
comanda brilhantemente seu departamento.
Ela trabalha bastante e principalmente neste ano, está muito focada no trabalho, mas sei
que sente falta de diversão. Afinal, ela só tem vinte e seis anos e muita energia.
Mesmo que Salma tenha ficado furiosa por Selena querer se divertir fora do nosso meio,
em um bairro mais pobre, não me opus, mesmo preocupado. Coloquei Lúcio em seu pé. Lúcio é
um segurança de minha inteira confiança e tenho certeza que daria sua vida para protegê-la. Ela
reclamou bastante, sobretudo quando pedi que ele verificasse antes o ambiente que ela iria entrar.
Ela ficou possessa, não sabia qual seria a reação das amigas.
Fui enfático e quando dou a ordem não adianta discutir. Sou assim até com meus irmãos,
mas uso minha autoridade com eles somente quando está em jogo a segurança de cada um.
Mandei também que meu detetive particular vasculhasse a vida das duas amigas e fiquei
satisfeito com as informações que obtive. Aparentemente eram mulheres honestas e sem nada
que desabonasse suas vidas.
A mais velha é mais sofrida, vem de uma família pobre e é ela que ajuda sua mãe a criar
seus dois irmãos menores. Fiquei admirado pela força da mulher.
Já a mais nova, que se chama Ximena, é de uma típica família de classe média. Não
conhece a riqueza, mas está longe de sofrer as agruras da pobreza. Aparentemente é uma dessas
meninas mimadinhas que nunca sofreu para conquistar alguma coisa, ganha tudo de mão beijada.
Apesar de não aprovar esse tipo de gente vi que ela pelo menos concluiu o Ensino Superior e já
trabalha. Já é alguma coisa.
Concluí, então, que tudo bem Selena se relacionar com elas.
Lúcio está no bar agora com elas, me deixando a par de todos os atos das meninas. Sou
um homem controlador e se algo me chamar a atenção, vou controlar. Hoje o foco da minha
atenção é minha irmã Selena e suas mais recentes amigas.
Se elas saírem um pouquinho, que seja, do controle, eu riscarei as duas da vida da minha
irmã sem dó nem piedade. Não é à toa que sou conhecido como coração de gelo.
Pelo que Lúcio me disse, elas só estão se divertindo, bebendo controladamente, e
dançando como loucas. Estou satisfeito. Minha irmã merece se divertir!
Com esse pensamento decido ir para meu quarto tomar um banho, deitar e descansar.
CAPÍTULO 10

Ximena
— Uhuuuuu! — Eva grita, animada, assim que chegamos ao bar que está lotado e com
uma banda animada tocando ao fundo.
— Vamos para a pista meninas? — Selena também está empolgada.
Fomos para a pista de dança e dançamos freneticamente por mais de uma hora. A banda
está tocando músicas bem dançantes e entramos na onda. Percebo que somos o centro das
atenções. No fim das contas, somos três mulheres sozinhas e, modéstia à parte, bonitas. Os
homens babavam em nossa direção.
Fingimos não notar e continuamos a dançar.
Me deu vontade de ir ao banheiro. Como Eva estava de papo com um cara bonitão e eu
não queria incomodá-la, convidei Selena para ir comigo.
— Tô morta! — Exagero. — Trabalhei pesado no apartamento hoje e olha a loucura em
que estamos agora! Amanhã não vou aguentar finalizar o trabalho no apartamento.
— Relaxa, menina! Trabalhar é essencial, mas divertir faz parte. Se quiser, posso ajudar
vocês com a arrumação do apartamento. — Selena oferece.
— Você? — Praticamente grito e brinco. — Acho que este não é trabalho para você,
vai machucar essas mãozinhas sensíveis. – Gargalho.
Selena não se chateia e leva na brincadeira.
— Está me desafiando, Ximena? Posso ter cara de dondoca, mas você nem imagina do que
sou capaz. Vou te provar amanhã que essas mãozinhas aqui conhecem o trabalho árduo mais que
você imagina.
— Quero só ver! — Desafio.
— Então verá! Vou te provar que conta bancária não define ninguém.
— Toca aqui, companheira! — Levantamos as mãos e batemos as palmas, selando nosso
compromisso.
Ficamos no bar até por volta de uma e meia da manhã e resolvemos ir embora. Teríamos
muita diversão no apartamento amanhã.
Selena quis dormir no apartamento conosco, alegando que ficaria mais fácil estar lá para
nos ajudar. Lúcio, seu segurança, afirmou que não iria embora e passou a noite no carro.
Eva, que já estava bem embriagada, ria atoa, sem nenhum motivo aparente. Eu e Selena
dormimos no meu quarto, pois a cama que comprei era maior que a da Eva.
E assim, no primeiro dia da minha liberdade, adormeci feliz e confiando que tinha
encontrado mais uma amiga irmã. Afinal, tive muita afinidade com Selena, mas o tempo é quem
dirá se estou correta.
***
Acordei agora e já passa das nove horas da manhã. Selena e Eva ainda estão dormindo.
Levanto, vou até a cozinha e percebo que não temos nada para o café da manhã. Desço, vou ao
supermercado que fica a dois quarteirões do nosso apartamento, compro tudo que precisamos
para um café da manhã decente, alguns ingredientes para fazermos o almoço e outras coisinhas
que precisávamos.
Quando estou voltando, vejo que o carro de Selena está parado do outro lado da rua e
deduzo que Lúcio ainda dorme dentro do carro. Me sinto incomodada, pois estamos sendo
vigiadas só por sermos pobres. Lembro de Alejandro, irmão da Selena e sinto uma verdadeira
aversão a ele. Já vi fotos dele na internet e sei que o homem era um pedaço de mal caminho,
lindo demais! Mas o que tem de lindo e atraente tem de prepotência e frieza.
Uma vez assisti uma entrevista dele na televisão e parecia que era o dono do mundo. Ele
me irrita profundamente. Gente, como ele se acha! Será que ele acha que é melhor que todo
mundo? Embora gostasse muito da Selena, o fato dela ser irmã de quem era me incomoda
bastante.
Ao entrar no apartamento deixo esses pensamentos de lado. Vou pra cozinha preparar o
nosso café da manhã e guardar as outras coisas que comprei, como pratos, talheres e alguns
utensílios domésticos que não ainda tínhamos.
Preparo tudo e as preguiçosas ainda não acordaram. Faço um café bem forte, pensando da
ressaca da Eva e quando dá onze horas da manhã resolvo acordá-las.
— Levanta dorminhoca! — Sacudo ela. — Hora de trabalhar.
—Deixa-me dormir só mais um pouquinho, Ximena. — Eva resmunga.
— Já são onze horas, menina! Temos muito o que fazer... ou já se esqueceu que amanhã
temos que voltar ao trabalho?
— Nossa! Já é tão tarde?— Eva levanta e corre para o banheiro.
Não acordamos a Selena. Ficamos sem graça e então optamos por deixá-la dormir.
Tomamos nosso café da manhã e iniciamos a organização do apartamento.
Quase uma hora da tarde resolvemos dar uma pausa na faxina para prepararmos o almoço.
Selena acorda e reclama, toda envergonhada.
— Por que não me acordaram, meninas? Estou aqui para ajudar e não para dormir.
— Relaxa querida, você é nossa convidada. Tome seu café com calma que ainda tem muito
o que fazer, pode nos ajudar depois do almoço.
Selena concorda e vai tomar seu café, quando seu telefone toca.
— Oi, Alejandro. – Era o irmão dela ao telefone.
— Não irmão, não vou almoçar com vocês hoje.
— Estou com minhas amigas, vou ajudá-las na mudança de apartamento.
Ela faz uma pausa, escutando o que o irmão fala do outro lado da linha e vejo o quanto
está contrariada com essa ligação.
— Eu sei, Alejandro! Por favor, não insista! Me deixe viver a vida um pouco.
— Até a noite!
Quando Selena desliga o telefone seus olhos estão marejados, o que faz com que minha
antipatia pelo irmão mais velho dela se transforme em ódio.
Odeio Alejandro Hernandez Ruiz!
Selena disfarça, não tocamos no assunto e passamos o restante do dia trabalhando com
afinco. No início da noite estamos esgotadas, mas felizes demais com o resultado. Nosso
apartamento, mesmo sendo simples e humilde, pra mim é o melhor lugar que existe!
Selena nos surpreendeu o tempo todo e nos ajudou muito! Quando finalizamos tudo ela se
despediu com a promessa que viria sempre nos visitar e foi para casa, como ela mesmo disse,
enfrentar a fera.
Depois de um belo banho ligo pra minha mãe pra contar as novidades e também falar com
minha irmã, que está inconformada por eu ter me mudado. Finalizo a ligação com a promessa de
ir bem cedinho tomar café da manhã com eles antes de ir trabalhar.
CAPÍTULO 11

Alejandro
Estou furioso com Selena, pois ela deixou de comparecer ao almoço em família para ficar
com suas novas amigas. Passei a manhã todo tentando falar com ela que, segundo Lúcio, tinha
dormido no apartamento das amigas.
Ela simplesmente ignorou minhas chamadas. Quando atendeu já passava de uma hora da
tarde, recusando-se a vir almoçar com os irmãos e dizendo que ajudaria na organização do
apartamento das amigas. Estava revoltado e Salma não se conformava.
— Está vendo, Alejandro? Não te falei que ela estava descontrolada? Ela não quer saber da
família, qualquer estranho é preferível que seus irmãos.
— Mantenha a calma, Salma! Selena é adulta. Se esta história continuar conversarei com
ela, mas o importante é manter a calma, senão corremos o risco dela se rebelar mais ainda.
— Deixe a menina viver a vida dela em paz, vocês são muito possessivos! Cada um de nós
leva a vida à sua maneira, então o correto é deixa-la cuidar da vida dela. – Eduardo fala,
exasperado.
— Concordo com você, Eduardo! Cada um deve fazer o que gosta e não devemos interpor
na vida de ninguém. Selena é uma mulher de vinte e seis anos, independente e vocês agem como
se ela fosse uma criança que dependesse de vocês para tudo... Deixem a menina viver!
Olhamos espantados para Alexandre. Meu irmão nerd, que vive no mundo da lua, acabou
de expor sua opinião, o que raramente acontece, pois é sempre muito calado. Penso no que ele
falou e vejo que tem razão, estamos sufocando a Selena.
— Eu não acredito que você está dizendo isso! Alejandro, você ouviu isso?
Salma está indignada com Alexandre.
— Então passe a acreditar, querida irmã! Eu não disse nenhuma mentira. Quando é que
você vai aceitar que a Selena não é mais criança? Salma, ela cresceu! Selena é adulta e dona da
própria vida, assim como você é dona da sua própria vida e não nos deve satisfação! – Salma não
responde, mas vejo que ficou abalada com as palavras de Alexandre.
Após o almoço em minha cobertura, nos reunimos à beira da piscina para conversar e
espairecer. Continuamos ali e ninguém falou sobre Selena não ter comparecido ao nosso almoço.
Deixamos o assunto morrer, mas, com certeza, vou ficar de olho nessas novas amizades e, se
necessário, irei intervir.

Ximena
Dois meses se passaram desde que me mudei da casa dos meus e passei a morar com
minha amiga Eva. Analisando tudo, percebo que necessito urgentemente de um emprego com
um salário melhor.
Ainda tenho um pouco do dinheiro que papai de me deu, mas sinto que, se não conseguir
um emprego que me pague um salário melhor, talvez possa enfrentar dificuldades financeiras no
futuro.
Meus pais sempre demonstram preocupação comigo, perguntam se está tudo bem e se
preciso de algo. Sempre nego pois estou decidida, desde o momento que saí de casa, que só
procurarei a ajuda deles em casos extremos. Não é por orgulho, só quero aprender a me virar
sozinha.
Estou ciente que para me firmar na vida enfrentarei dificuldades, mas sei que sou forte o
suficiente e irei conseguir. Decidida a encontra um emprego melhor começo a distribuir
currículos, mas não é fácil, pois os que se interessavam pelo meu currículo pagavam o mesmo ou
até menos do que ganhava na clínica.
Certo domingo Selena estava passando a tarde conosco quando o assunto veio à tona.
— Nossa, Ximena! Ultimamente você nem tem saído de casa, só sai pra trabalhar e mais
nada... Está parecendo uma velha! E olha que você não tem nem vinte e quatro anos ainda. –
Fala, brincalhona.
— Estou economizando, amiga. Esta história de sair para a balada todo fim de semana é
pra quem tem dinheiro. Quando decidi morar sozinha sabia que não poderia gastar muito em
festa, mas estou feliz, nunca fui fã de festas mesmo!
— Que isso, garota! Você nunca sai. Tem que se divertir, dar uns amassos por aí... isso faz
bem para a vida. Reaja menina! – Me olha com malícia nos olhos.
Gargalho e digo.
— Pode deixar, assim que tiver um trabalho melhor poderemos nos divertir mais. Estou
procurando um emprego que pague um salário melhor que meu emprego atual. Quem sabe essa
semana eu consiga!
— Sei que sou abelhuda, mas quanto você ganha, Ximena?
Quando falo meu salário ela me olha, chocada!
— Nossa! Nunca imaginei que seu salário fosse tão baixo!
— Pois é, mas foi o único emprego que consegui. Mas, como sou persistente e não desisto,
estou batalhando para encontrar um emprego melhor.
— Selena fica pensativa e grita de repente, me fazendo dar um pulo.
— Já sei como te ajudar! Venha trabalhar comigo. Estou precisando de uma Assistente
Pessoal e você é ideal para o cargo.
— Deixa disso, Selena! Você está inventando vaga só para me ajudar e não vou aceitar
favores de ninguém, nem mesmo de uma amiga. Quero crescer na vida por meus próprios
méritos, não saí da casa dos meus pais à toa, amiga. – Falo, orgulhosa.
— Você tem um currículo aí?
—Tenho sim.
— Deixe-me dar uma olhada.
Entrego um currículo meu para Selena e, após analisar, pisca para mim e pede para me
sentar ao seu lado no sofá.
— Veja isso. Abre a tela de seu celular e me mostra um anúncio de emprego.

Precisa-se de uma Assistente Pessoal, graduada em Administração de Empresas e com


experiência em secretariado. Imprescindível que seja responsável, esforçada e
competente. Vaga para o Departamento de Marketing.

Interessadas apresentar currículo na empresa H.R. Tecnologia.

Anoto o telefone para contato e o e-mail para encaminhar o currículo.


— Quem está querendo oferecer favores aqui, Ximena? Diz para mim se você não se
encaixa no perfil? – Pergunta Selena.
— Sim, este é meu perfil profissional. — Falo convicta e orgulhosa.
— Então venha trabalhar comigo. — Selena diz, enfática.
— Não sei não, amiga! Tenho medo de me acusarem de ter conseguido o emprego somente
por ser sua amiga.
— Não posso dizer que isso não vá acontecer, mas, caso alguém tenha a ousadia de te
julgar, cabe a você mostrar a sua competência. Na minha opinião, você não deve deixar essa
oportunidade passar por se preocupar com o que os outros irão pensar ou dizer a esse respeito.
— Posso pensar?
Ela pondera antes de me responder e percebo que ela já queria minha resposta agora
mesmo e, de preferência, positiva.
— Você tem até terça-feira às nove horas para me dar a resposta. Pense na proposta, ok? O
salário é quatro vezes maior do que o que você ganha, sem contar a chance de crescer dentro da
empresa.
A proposta é tentadora, mas não sei se é o que quero para mim. Diferente dos meus amigos
da faculdade, eu nunca almejei trabalhar perto do coração de gelo.
—Vou pensar, amiga. Saiba que independentemente da minha resposta, sou imensamente
grata por ter pensado em mim.— Agradeço de coração o fato dela pensar em mim para trabalhar
na empresa de sua família.
Selena levanta já de saída e me dá um beijo estalado no rosto.
— Te espero terça-feira às nove na empresa, leve seu currículo.
— Vamos com calma, Selena. Vou pensar, como te prometi. — Falo indecisa.
Ela pisca e fecha a porta, me deixando com um sorriso no rosto e na dúvida:
Será que devo aceitar?
***
Eva está visitando sua família e estou angustiada para contar a novidade para ela. Apesar
de saber que essa é uma oportunidade única pra minha carreira, tenho medo dos comentários e
julgamentos, principalmente do CEO coração de gelo. Como disse, não gosto dele e tenho os
dois pés atras.
Entretanto, o salário é ótimo e em minha situação não posso me dar ao luxo de recusar um
salário tão bom assim. Será que Alejandro verá com bons olhos minha contratação pra trabalhar
diretamente com Selena, sendo sua amiga? Estou com tanto medo que chega a formar um nó na
minha garganta.
Quando Eva chega eu estava tão ansiosa para lhe contar, que mal esperei ela entrar e já
contei tudo, deixando claro que o meu maior temor era Alejandro. Não conseguia esquecer a
briga por telefone entre ele e Selena no dia em que ela nos ajudou com a organização do
apartamento.
Selena nunca mais havia nos visitado ou almoçado conosco num dia de domingo. Sempre
vinha em dias de semana e sempre à noite. Hoje foi o primeiro domingo depois daquele dia que
ela veio aqui, mesmo assim, veio após o almoço. Ela nunca tocou no assunto, entretanto acredito
que a discussão entre ela e o irmão foi feia.
— Você deve aceitar sim, Ximena. Você é uma excelente profissional, todos te elogiam na
clínica e, além de nunca ter sido repreendida, sempre se destacou das demais.
— Pois é, mas estamos falando do presidente da empresa. Digamos que eu aceite a vaga e,
por ventura, ele não me aceite na empresa achando que fui contratada por ser amiga de sua
irmã... Sabe o que aconteceria nesse caso, né? eu ficaria desempregada, um luxo que não posso
me dar nesse momento!
— Eu sei, amiga. Ainda mais eu te ajudando tão pouco com as despesas! — Eva comenta
muito triste.
—Você sabe que eu nunca te cobrei mais do que pode me ajudar, querida. E já sabia da sua
situação quando decidi dividir o apartamento com você. Não se preocupe, vai dar tudo certo! —
Abraço carinhosamente minha amiga, que tem uma vida muito mais difícil que a minha.
— Então vá lá, Ximena! Encare o desafio, enfrente a fera e mostre seu potencial. Você não
pode deixar essa oportunidade passar!
Reflito sobre as palavras da minha amiga. Seu incentivo me dá mais confiança, mas ainda
assim prefiro pensar com calma. Ainda tenho tempo pra pensar e, caso eu aceite, juro que
provarei o meu valor pra quem ousar desacreditar do meu potencial, inclusive o todo poderoso
chefão.
— Obrigada por acreditar em mim, minha irmã do coração. Deus me abençoou colocando
você em minha vida! Juro que vou pensar com calma. Selena me deu até terça às nove horas para
dar a resposta final.
Nos abraçamos e choramos juntas. Após passar a crise de choro tomamos um chocolate
quente e, em seguida, cada uma foi para o seu quarto.
CAPÍTULO 12

Ximena
Terça-feira:
Depois de muito pensar, chego à conclusão de que não poderia, de forma alguma, perder
essa oportunidade e ontem mesmo liguei pra Selena informando minha decisão. Quase fiquei
surda com o grito de comemoração que ela deu.
Chego na sede da H.R. Tecnologia às oito e meia. Sou muito cuidadosa em relação aos
meus horários, pois não gosto de me atrasar. Passo pela recepção onde informo meu nome e
explico que a Selena está me esperando. A atendente confirma minha informação, me entrega um
crachá de visitante e pede a um dos seguranças que me acompanhe até o elevador.
Fui escoltada pelo segurança até a cobertura onde fica a sede administrativa da empresa.
— Bom dia! — Uma atendente simpática e muito bonita me cumprimentou. − Qual
departamento?
— Departamento de Marketing. — Respondo.
— Um momento. — Ela olha no meu crachá e fala ao telefone, informando alguém da
minha chegada.
Desliga o telefone e diz.
— Me acompanhe, por favor.
Acompanho a atendente e observo o ambiente luxuoso ao meu redor. Nunca estive em um
lugar tão imponente e bonito como esse! Tudo é de muito bom gosto, desde a decoração cara até
a organização, visível em todos os lados.
Observo que há uma recepção na entrada e várias salas. Entre duas das salas noto espaço
com quatro sofás de couro, que parecem muito confortáveis e uma mesa redonda de vidro no
centro. Acredito que seja a sala de espera. Cada sala tem uma placa indicando o departamento
que funcionava ali. Quando adentro em um corredor que levava para outras salas, meu coração
dá um pulo: ao final do corredor tinha uma sala que, por ficar de forma vertical, parecia muito
maior e imponente que as demais e na placa anexada à porta estava escrito: “Presidência”.
Será que ele está lá? – Penso.
— Senhorita, é aqui.
A voz da atendente me chama de volta à realidade.
Ela sorri, mostrando sinal de compreensão por eu ter ficado pasma só de olhar para a porta
da presidência. Bate na porta e abre-a.
— Entre! A senhorita Selena está lhe aguardando.
Entro numa sala enorme com muitas pessoas trabalhando. Vejo várias mesas, com
pequenas divisórias de vidro e mais ao fundo há uma sala fechada, pra onde fui encaminhada.
Logo descubro que é a sala da Selena.
Assim que ela me vê corre ao meu encontro e meu dá um forte abraço.
— Eu sabia! Sabia que não iria me decepcionar, minha amiga. — Fala emocionada.
Meio sem graça, vejo que todos na sala ficam espantados com a cena de carinho que
presenciam.
— Venha, vamos entrar.
Ao ver meu constrangimento Selena busca uma maneira rápida de me isolar da presença
dos demais, me fazendo entrar em sua sala.
— Desculpe, Ximena. Acho que me empolguei, mas é que estou muito feliz que você
esteja aqui e que vai trabalhar comigo.
Selena para de repente de falar e observa que estou muda até aquele momento.
— Você vai trabalhar comigo, não é? Veio dizer sim?— Continuo calada, ainda em choque
e ela parece se preocupar.— Fala alguma coisa, Ximena. Pelo amor de Deus!
Reajo e mesmo muito nervosa, confirmo.
— Sim, Selena. Se você acha que precisa de uma profissional com minhas qualificações,
então sim, eu quero trabalhar para você.
— Então por que você não está nem um pouco empolgada?
— Estou nervosa, amiga. Não é todo dia que entro na empresa do coração de gelo.
Quando vejo que estou falando demais, já é tarde. Selena começa a rir sem parar e fico um
pouco envergonhada, mas logo passa e eu começo a rir junto com ela.
— Desculpa, amiga. Não queria ter dito isso.
— Queria sim, mas não faz mal, você não disse nenhuma mentira. Vem! — Puxa meu
braço e me indica a cadeira. – Sente-se aqui.
Já sentada, Selena mostra o contrato inicial onde indica três meses de experiência e, se eu
passar, ocorre a efetivação no cargo. No contrato também consta as funções que devo exercer,
além do salário que irei receber. Quando vejo o valor não consigo disfarçar a surpresa e a alegria.
É ainda mais do que ela havia me dito.
— Quando devo começar? — Pergunto, acanhada.
— O mais rápido possível. Você acha que poderá sair do se emprego atual em quantos
dias?
— Conversei com eles hoje de manhã e como a doutora Sabrina sairá de férias eles
disseram que se eu ficar até o final da semana é suficiente. A doutora foi muito legal comigo e
disse que eu não poderia perder esta oportunidade, então adiantou suas férias para segunda-feira.
— Ótimo, querida. Então você começa na segunda.
Nos despedimos e ela me acompanhou até a saída.
Assim que saio do Departamento de Marketing me encaminho para a recepção e, antes de
chegar ao elevador ele se abre e sai de lá ninguém mais, ninguém menos, que Alejandro.
Já tinha visto ele na televisão e na internet, sabia que era um homem lindo, mas nada me
preparou para a visão que eu tinha diante dos meus olhos. O homem era maravilhoso, Deus do
céu!
Nunca em toda minha vida tinha visto um homem tão lindo, atraente e poderoso como ele. É
um pecado tanta beleza em uma só pessoa. Minhas pernas estão bambas, meu coração está tão
acelerado, que parece que todos que estão no recinto ouvem as batidas. Nos encaramos por um
momento e quase desmaio quando ouço sua voz rouca e forte.
— Vai usar o elevador, senhorita?
— Sim, obrigada!
Minha voz quase não saiu. Estou hipnotizada pela beleza desse homem! Ele me olha como
se tivesse tentando me decifrar e, quando recupero um pouco a minha sanidade, entro no
elevador. Quando viro de frente, ele está lá, parado, me olhando fixamente. As portas do
elevador se fecham e enfim, consigo respirar.

Alejandro
Acabo de sair de uma reunião importante com uns investidores chineses. A reunião não foi
na minha empresa e estou exausto. Daria tudo para ter ido direto para casa descansar, mas isso é
impossível. Sair no meio do dia para descansar é algo que só faço em casos extremos.
Ao chegar na empresa, entro no elevador e vou direto para o meu andar, porque preciso
revisar alguns contratos importantes. O elevador para no meu andar e, quando saio, me deparo
com uma garota belíssima a minha frente.
Nossa!
Fiquei impactado com a beleza da garota. Sim, era uma garota ainda, aparentemente estava
na casa dos vinte anos. Daria no máximo vinte e quatro anos pra ela. Por uma fração de segundos
ficamos nos encarando e notei que causei um impacto na menina também. Ela ficou praticamente
estática ao me ver.
Nunca senti uma atração tão forte na minha vida! Só de olhar aquela mulher vestida com
um uniforme simples, que não era da minha empresa, me deixou completamente paralisado.
Passeei meus olhos pelo seu corpo. Primeiro pelas pernas bem torneadas onde só tive a
visão até o joelho, porque a saia justa que ela vestia escondia o restante, mas marcava seus
quadris largo e sua cintura fina. Depois olhei sua barriga reta, marcada pela camisa de manga
comprida e subi para os seios perfeitos que os primeiros botões abertos da camisa, deixava pouco
para a imaginação.
Os seios não eram grandes nem pequenos, mas encheria minhas mãos, com toda certeza.
Então encarei seus olhos e analisei seu rosto espetacular. Lábios carnudos, olhos verdes, pele
sedosa e cabelos negros, que estavam enrolados em um coque no alto da cabeça.
A vontade que senti ao olhar aquela deusa em minha frente era de levá-la para minha sala,
sentá-la em minha mesa, arrancar suas roupas e possuí-la tão ferozmente que ela urraria de
prazer.
Não estou me reconhecendo! – Penso.
Quando voltei à realidade e percebi que estava dando vexame por encarar a garota daquele
jeito, me recompus, segurei a porta do elevador para ela e quase soltei um gemido alto quando
ela passou por mim, entrou no elevador e seu cheiro ficou no ar. Que delícia de perfume! Antes
das portas fecharem nos encaramos mais uma vez. Em meus olhos, tive a visão do paraíso.
Assim que as portas fecharam, ando rápido em direção à minha sala passando por dona
Valéria com cara de poucos amigos.
— Não estou para ninguém e não quero ser incomodado até segunda ordem. — Bato a
porta e desabo em minha cadeira.
Nunca fui um homem que se deixa levar facilmente por mulher nenhuma, mas eu estou
completamente extasiado e abalado com a beleza daquela garota. Juro que meu coração está
acelerado.
Nunca desejei tanto uma mulher na minha vida. Sempre fui frio e controlado, só deixando
fluir meu tesão no momento do sexo. Mas confesso que estou nocauteado por aquele ser
estonteante que tive o prazer de colocar meus olhos em cima.
Após me acalmar sinto raiva de mim mesmo. Era só uma garota e, mesmo querendo saber
quem era ela e o que fazia na empresa, decidi não pensar mais nela. Com certeza eu nunca mais a
veria.
Mais tarde, ao chegar em casa e ir pro banho, lembranças daquela mulher voltam a minha
mente. Me lembro seu corpo perfeito e meu pau fica tão duro que chega a doer. Não resisto e
bato uma punheta pensando naquela mulher deliciosa.
Cada bombeada que eu dava no meu pau, pensava numa parte dela: na boca, nos olhos,
nos seios... Bombeava cada vez mais forte... lembrava do bumbum perfeito, do cheiro delicioso
que emanava dela... ahhhh! Que tesão! Quando imaginei meu pau dentro daquela bocetinha
gostosa eu bombeei meu pau com tanta força e gozei tão forte, que tive que apoiar na parede do
banheiro para não cair.
Senhor! Acho que pirei por uma mulher.
Porra! Mas que mulher gostosa era aquela! – Penso, extasiado.
Sou um controlador nato e tudo que não posso controlar dou um jeito de tirar do meu
caminho. Decido esquecer aquela delícia, para o bem da minha sanidade mental.
E, com esse pensamento, durmo e sonho com ela.
Quem será ela? – Adormeço com essa pergunta na mente.
CAPÍTULO 13

Ximena
Estar nervosa era eufemismo para relatar o que eu estou sentindo no meu primeiro dia de
trabalho na empresa H.R. Tecnologia, principalmente após meu primeiro encontro com
Alejandro.
O homem causou um impacto tão grande em mim que jamais poderei explicar, nem para
mim mesma. Não foi só por sua beleza, o homem realmente é um pedaço de mal caminho, lindo
de morrer e a aura de masculinidade e poder que emana dele me deixou totalmente atordoada.
Senti como se estivesse em meio a um tornado, me sugando e levando para o perigo sem poder
me defender.
Logo eu, que nunca havia sentido atração por nenhum homem até aquele momento. E olha
que já vi homens muito interessantes, mas não a ponto de me fazer sentir desejo o suficiente para
me entregar.
O fato de afirmar que nunca desejei um homem o suficiente para me entregar já demonstra
a quão seletiva eu sou em relação ao sexo masculino. Aos vinte e três anos de idade ainda sou
virgem e o máximo que avancei até hoje foram uns amassos mais acalorados com o único
namorado, que tive na época da faculdade.
Juliano era um homem bonito e muito legal, mas ainda assim não foi o suficiente para
despertar em mim o desejo de me entregar. Acredito que foi esse o motivo do namoro ter
chegado ao fim depois de seis meses. As coisas foram esfriando e chegou ao ponto de Juliano
propor sermos somente amigos e não me importei. Cheguei a me perguntar se era frígida,
imperfeita para sexo. Mas como poderia ser frígida ou imperfeita o sexo, sem nunca provado?
Nunca me preocupei muito com esse fato, até porque sempre estive muito preocupada em
ser a aluna perfeita, a profissional perfeita, a filha perfeita... e o sexo, na minha vida, sempre
ficou em último plano. No entanto, depois de ter visto o senhor delícia na semana passada, a
única coisa em que penso é em fazer sexo com aquele homem.
Passei a semana toda pensando nele e, em meus pensamentos, imaginava ele me beijando,
me acariciando e me tocando em todas as partes do meu corpo. Pela primeira vez precisei me
tocar para aquietar esse fogo que me consome quando penso nele e, de verdade, cheguei ao ponto
de pensar que iria surtar.
Ao lembrar do nosso breve encontro e dos seus olhos passeando pelo meu corpo, fico
imaginando como será seu toque, o que já deixa minha pele em chamas. Cheguei a imaginar que
ele também poderia ter sentido essa mesma atração, mas logo afasto esse pensamento. Ele
sempre está acompanhado por lindas mulheres. Seria muita pretensão da minha parte acreditar
que um homem tão lindo, sexy e poderoso poderia sequer me dirigir um segundo olhar.
Cheguei a cogitar a hipótese de desistir de trabalhar com Selena, mas conforme os dias
foram passando senti que não podia me acovardar, era minha chance de liberdade e de
crescimento profissional. Tudo o que sempre quis e lutei na vida era pra me tornar uma mulher
forte e uma profissional de sucesso. Não iria desistir por medo, desejo e uma atração
arrebatadora que senti ao ver o CEO coração de gelo. Sou forte, sempre fui e jamais me deixarei
levar por um sentimento que não sei nem mesmo decifrar. E, com esse pensamento, estou na
recepção da sede administrativa da H.R. Tecnologia para o primeiro dia de trabalho.
— Bom dia! Vim falar com a senhorita Selena Hernandez Ruiz. Falei para recepcionista
da sede administrativa da empresa.
— Bom dia! Você é a senhorita Sanches? — Pergunta.
— Eu mesma.
— A senhorita esteve aqui a semana passada, não é? – Balanço a cabeça afirmativamente.
— A senhorita Ruiz a espera no Departamento de Marketing. Necessita de ajuda para
chegar ao departamento? – Pergunta solícita.
— Não, obrigada! Me lembro do caminho. — Me despeço da atendente e sigo para sala
onde irei trabalhar.
Meu coração está acelerado e tenho a sensação de que a qualquer momento poderei
encontrar com Alejandro. Felizmente cheguei a salvo e agradeci a Deus por isso.
— Bom dia, Ximena! Que bom que está aqui. Confesso que tinha minhas dúvidas de que
você realmente viria. — Selena me abraça enquanto fala e retribuo com carinho. — Seja bem-
vinda a H.R. Tecnologia!
Selena e eu não nos vimos e nem nos falamos depois do dia que estive aqui, nem mesmo
por telefone. Estava com saudades da minha amiga.
— O que a fez achar que eu desistiria?
— Você estava estranha naquele dia, por isso decidi não te procurar essa semana. Resolvi
te dar espaço para que tomasse a decisão por si só. Mas estou tão feliz por ter decidido encarar o
desafio! Venha, vamos ao departamento de RH entregar seus documentos e agilizar a assinatura
do contrato.
Passei a manhã quase toda envolvida com a burocracia do RH e era praticamente dez horas
quando Selena me apresentou aos demais funcionários como sua nova Assistente Pessoal. Todos
foram muitos simpáticos comigo, o que me deixou mais relaxada.
Élina, uma das funcionárias do departamento, explicou minhas funções e aos poucos fui
me ambientando com o local. Selena, - ops! Senhorita Ruiz, no trabalho, - também me colocou a
par de tudo que precisava que eu fizesse.
Na hora do almoço encontrei ajuda de uma colega muito bonita para encontrar o refeitório
dos funcionários. Ela me acompanhou ao terceiro andar, pois Selena fora chamada à sala da
presidência há algum tempo e ainda não voltou.
Maya, a colega que me indicou o local do refeitório, ficou comigo o tempo todo e nosso
almoço bem agradável.
Como é meu primeiro dia e ainda não me socializei totalmente, agradeço a companhia de
Maya e subo para meu departamento antes de encerrar o horário do almoço. O departamento está
vazio, mas ouço vozes na sala de Selena.
Quando chego mais perto, fico paralisada! É a voz de Alejandro e parece que ele está
furioso. Por um momento fico sem reação, então resolvo dar meia volta e sair, mas paro ao ouvir
meu nome.
— Não, não e não Selena! Jamais vou permitir que você traga suas amigas de farra para
dentro da empresa. Ouço a voz enfurecida do Alejandro.— Presta bem atenção: essa empresa
não é uma instituição de caridade para você trazer os desempregados para cá.— Continua em um
tom gélido.
— A Ximena não estava desempregada, Alejandro! Ela saiu do emprego porque ofereci
este para ela e só a contratei porque ela se enquadra no perfil do que estava procurando. Dê uma
olhada no currículo dela e veja porque a contatei, antes de sair julgando. – Selena fala, e pelo seu
tom de voz está muito abalada.
⸻ Não vou olhar currículo nenhum! Só quero que sua amiga saia da minha empresa até
o final do dia. Isto mesmo, Selena! Te dou até o final do dia para dispensá-la. Não é um pedido,
mas uma ordem.
Alejandro sai bruscamente da sala de Selena e se depara comigo que ouvia toda a
conversa. Ele me olha fixamente e baixa os olhos para o meu crachá. Nesse momento ele parece
se dar conta que era eu a funcionária em questão. A funcionária que ele quer fora de sua
empresa.
Logo atrás dele vinha Selena e outra mulher mais velha, que pela aparência devia ser a
irmã dela, Salma, pois eram muito parecidas. Selena olha para mim desolada, percebendo que eu
tinha ouvido toda a conversa.
Lágrimas caíam dos seus olhos e com voz embargada me diz.
— Sinto muito por tudo isso Ximena. Eu realmente sinto muito. – Ela estava
completamente transtornada.
— Tudo bem, senhorita Ruiz. Vou pegar minha bolsa e desocupar esta empresa. — Falo
seca para Selena. Embora saiba que a culpa não é dela, estou muito magoada com tudo que ouvi.
Minha vontade era de desaparecer dali num passe de mágica. Nunca me senti tão
humilhada e pequena em toda a minha vida! Pego minha bolsa e saio apressadamente, mas, antes
de alcançar a porta, ouço a voz de Alejandro.
— Espere, senhorita Sanches! — Ele ordena.—Vamos conversar.
— Não tem nada mais a ser dito aqui, senhor Ruiz. Desculpe o incômodo, já estou de
saída. — Falo ironicamente.
Saio desesperada pela porta, com as lágrimas turvando minha visão. Ao sair, bato a porta
com força e me deixo esmorecer.
Antes de chegar ao elevador dou um esbarrão em uma montanha de músculos, que me
segura para que eu não caia. Ele é muito parecido com o Alejandro. Com certeza é um dos seus
irmãos. Resmungo um pedido de desculpa e sigo para o elevador. Porém, antes de alcançá-lo,
sinto sua mão me segurar.
— Você está bem, senhorita? Dá um sorriso cínico e continua. — É claro que não, que
pergunta mais boba a minha! Sou Alexandre, prazer. — E estende sua mão com um sorriso
tímido.
— Ximena! Respondo soluçando.
— Venha!
Sinto sua mão me puxando para algum lugar e tento contestar, mas ele não me ouve.
Quando dei por mim estava dentro de uma sala com muitos equipamentos tecnológicos. Ele
tranca a porta, me senta em uma cadeira, busca uma bebida e me oferece.
— Beba! Isso vai te fazer bem. — Me entrega o copo.
Estava tão arrasada que, sem pensar, peguei o copo da sua mão e tomei a bebida num gole
só. Fiquei sem ar! A bebida passou ardendo e rasgando minha garganta, achei que fosse me
sufocar. Ele deu uns tapas nas minhas costas até que eu conseguisse normalizar minha
respiração.
Quando me acalmo ele pergunta:
— Está melhor criança? — Fala com carinho.
— Sim, obrigada.
— Posso saber o que aconteceu?
— Depende... Quem é você?
— Sou Alexandre Hernandez Ruiz, ao seu dispor. — Fala sorrindo.
— Pois é, senhor Ruiz! Sou Ximena Lopes Sanches. — E em breves palavras narro tudo
que aconteceu.
Meu telefone não parava de tocar. Selena ligava sem parar, mas não atendo. Me sentia
injustiçada e lesada. Confiei nela e deixei meu emprego, é normal me sentir traída. Como ela não
tinha o poder de me contratar, no mínimo, deveria ter falado com o monstro do seu irmão antes
de tomar uma atitude.
Neste momento me sento humilhada e desesperada. Meu mundo, que sempre todo
organizado, está uma bagunça. Me sinto perdida!
— Fica calma, vou te ajudar. — Alexandre é um homem muito bonito e, apesar de se
parecer com seu irmão fisicamente, parece ser calmo e bondoso.
— Fico muito grata. Mas minha situação nesta empresa não tem jeito, a única coisa que
almejo é a rescisão do meu contrato. – Falo decidida.
— Sei que meu irmão é duro, mas não é uma má pessoa. Tenho certeza de que analisará a
situação e voltará atrás na decisão.
— Nem pensar! Eu não ficarei nem mais um dia nesta empresa.
— É assim, Ximena? No primeiro desafio você entrega os pontos? – Me chama atenção.
— Não é o primeiro desafio, é ‘o desafio’. Fui julgada e condenada sem direito a defesa
pelo próprio presidente da empresa! Nunca fui tão humilhada em toda a minha vida. — Estava
furiosa.
— É o primeiro desafio sim, querida! A vida tem desses desafios o tempo todo e cabe a
cada um de nós decidir enfrentá-los ou simplesmente ignorá-los, e é isto que está fazendo!
Aceitando a condenação do meu irmão e desistindo diante do primeiro obstáculo, sem nem
mesmo lutar. Levanta essa cabeça, querida. Tenho certeza que você terá vários soldados ao seu
lado para enfrentar esta batalha. Pode contar comigo e com a Selena, pois tenho certeza de que
ela está desesperada com tudo que aconteceu.
— Ela deveria ter falado com ele sobre minha contratação. Se tivesse informado eu não
estaria desempregada neste momento. — Falo magoada.
— Eu sei, menina. Mas não culpe a Selena, ela deve estar arrasada e, conhecendo minha
irmã como conheço, ela lutará por você até as últimas consequências. Agora preciso saber se
você quer que lutemos por você. Por mais que o Alejandro seja o manda chuva por aqui, esta
empresa é tão dele quanto nossa. Você já tem dois Hernandez Ruiz ao seu lado, mas só
poderemos lutar por você, se lutar conosco.
— A Selena eu entendo, somos amigas. Mas e você, por que acreditaria em mim? –
Questiono.
— Minha irmã confia em você e eu confio em minha irmã. Sem contar que nossa empresa
ficará muito mais bonita com sua presença.
Coro.
— Quero ser reconhecida por meu profissionalismo não pela minha aparência. — Retruco
grosseiramente.
— Calma menina, foi só um elogio! Não estou te assediando. Sou um bom rapaz, acredite
em mim. — Fala envergonhado. — Desculpe se passei uma ideia errada.
— Eu é que peço desculpas. Geralmente não reajo dessa forma. Estou um pouco
descontrolada.
— E então, garota... Pronta para enfrentar a fera? Se topar, enfrento por você e por Selena.
— O que sugere?
— Você fica os três meses de experiência e prova tanto pra ele quanto pra quem duvidar de
você, a tua competência e o teu valor.
Penso e decido que quero sim, enfrentar o monstro do Alejandro. É questão de honra fazê-
lo engolir suas palavras e, neste momento, resolvo que quero ouvir um pedido de desculpas dele,
custe o que custar. Olho resoluta para Alexandre e digo.
— Eu topo! — Olho para ele desafiadora.
Alexandre gargalha.
— Ótimo! Isso vai ser interessante. Vou ligar para Selena.
Ele liga para a irmã, que vem depressa me encontrar. Me arrependo de ter ficado tão
magoada com ela ao vê-la tão devastada e chorosa.
Selena me abraça chorando e diz:
— Me perdoe, Ximena! Por favor, me perdoe. —Fala desconsolada.
— Tudo bem, amiga! Sinto muito pela minha reação.
— Te entendo, estou muito envergonhada pela atitude do meu irmão. Não esperava esta
atitude por parte dele. Alejandro foi sempre muito frio e calculista em tomar decisões, mas nunca
foi injusto. Jamais esperava esta atitude dele
— Calma, maninha. — Alexandre segura as mãos de minha amiga. — Vamos resolver a
situação. Está disposta a enfrentar a fera por nossa amiga?
— Claro que sim! Você sabe que não abaixo minha cabeça diante de nenhuma injustiça,
nem mesmo para o Alejandro. Mas primeiro preciso saber, Ximena, se você topa ficar e assumir
o cargo.
— Topo sim, Selena. Sei que me descontrolei, mas conversei muito com o senhor Ruiz
aqui e ele me incentivou a mostrar o meu profissionalismo e o meu valor. Se vocês dois
acreditam e confiam em mim, honrarei isso.
Selena está eufórica e me abraça forte.
— Claro que acredito, minha querida! E sim, venceremos este desafio! Estamos juntos. —
Bate palmas.
— Fique aqui, Ximena! Fique o mais calma possível que eu e Selena iremos conversar
com o todo poderoso CEO.
Confirmo com a cabeça e eles vão ter uma “conversinha” com o CEO coração de gelo.
Saem com cara que vão para a guerra, mas também de que tem certeza da vitória.
CAPÍTULO 14

Alejandro
— Eu não posso ter feito isso.
Não consigo me conformar que a mulher que tanto me impactara era uma das amigas de
Selena, justo a que ela havia contratado.
Quando Salma veio a minha sala me informar que Selena tinha contratado uma de suas
amigas para a função de Assistente Pessoal, dizendo que ela estava fazendo favores para a amiga,
não parei para pensar nem um minuto. Tomei essa atitude extrema, mesmo sabendo que Salma
estava magoada com Selena por sentir que estava sendo trocada pelas amigas da caçulinha.
Possesso, fui até a sala de Selena e ordenei que a demitisse. Mesmo com minha irmã
caçula defendendo a competência da amiga e afirmando que o perfil dela se encaixava para a
vaga do cargo, não quis ouvir. Apenas acusei, maltratei, julguei e ofendi a garota. Quase enfartei
quando saí da sala de Selena e dei de cara com minha deusa do elevador com os olhos marejados
de lágrimas, me olhando como se eu fosse um monstro.
Em seu olhar havia tanta mágoa que senti como se um punhal estivesse adentrado meu
peito, rasgando, ferindo. Fiquei sem reação e quando percebi que ela estava indo embora da
empresa pedi para que ela esperasse, mas ela apenas me olhou com ódio. Estou desesperado!
Passei os últimos dias com aquela mulher na cabeça e, embora tenha tentado afastá-la do meu
pensamento, não consegui.
No sábado estava decido a encontrá-la e até contratei um investigador particular da minha
confiança para descobrir quem era essa garota que não saía dos meus pensamentos. Marquei uma
reunião com ele hoje às duas horas para mostrar pra ele a imagem dela que ficara gravada na
câmera de segurança. Infelizmente, antes mesmo dele chegar, reencontrei minha garota da forma
mais desastrosa que podia imaginar.
Sim! Ela é minha, embora não saiba ainda. Nunca quis tanto uma mulher como a quero e
não medirei esforços para conseguir. Eu vou tê-la, mas para isso terei que buscar o seu perdão.
Nunca recebi um não de uma mulher, mas algo me diz que com ela não será tão fácil,
principalmente depois do que aconteceu. Preciso bolar um plano para que ela volte para a
empresa e pra isso tenho que me acalmar. Preciso dela perto de mim, mas no momento não
consigo pensar com coerência.
Desesperado, escoro em minha mesa com o rosto em entre as mãos, quando é anunciado
que Alexandre e Selena estão querendo falar com comigo.
— Deixo-os entrar. – Autorizo.
— Olá, irmão! – Alexandre cumprimenta.
— Olá! Sentem-se. – Selena não diz nada, mas seu olhar está carregado de mágoa.
— Viemos aqui para falar sobre Ximena, a moça que você expulsou injustamente da
empresa, apesar de ter sido contratada pela nossa irmã. — Alexandre fala me encarando.
— Estou horrorizado com sua atitude, irmão. Você não só desrespeitou nossa irmã,
desautorizando-a em uma decisão, como julgou, ou pior ainda, condenou a profissional que ela
tinha contratado sem nem mesmo dar uma chance pra que ela mostre seu profissionalismo e seu
valor. Achei que cada um de nós tínhamos autonomia de tomar nossas próprias decisões.
Entretanto, você não respeitou a decisão da Selena, mesmo ela mostrando o quanto o
Departamento de Marketing evoluiu sob sua direção durante esse ano que ela assumiu o cargo.
Levanto as sobrancelhas encarando meu irmão. Ele sempre foi meio avoado, era alheio as
decisões administrativas da empresa, preferia ficar criando as suas tecnologias, o que explodia as
vendas da empresa.
Estava admirado dele estar ali questionando uma decisão minha. Deve ser por Selena, pois
todos nós temos uma quedinha por ela. Senti orgulho de ver meu irmão defendendo uma causa e
vi aí uma oportunidade de tentar reverter a situação. Sem deixar transparecer o quanto estou
abalado, respondo:
— Você sabe a política da empresa em não misturar negócios com vida pessoal. Contratar
uma amiga direciona a quebra dessa política. — Digo friamente.
— Não contratei uma amiga aleatoriamente e jamais faria isso Alejandro! Contratei uma
profissional que se encaixa no perfil exigido para o cargo e que tem excelentes recomendações
da empresa onde trabalhava. Então não, não quebrei a política da empresa. — Selena me fuzila
com o olhar enquanto fala.
— Viemos fazer um pedido, Alejandro. — Alexandre continua.
— Estou ouvindo.
— Queremos que você dê uma chance pra Ximena, dê a ela a oportunidade de mostrar que
tem competência para exercer a função. Se ao final dos três meses de experiência você achar que
ela não está apta, Selena vai demiti-la.
— Ela não irá concordar, Alexandre. Levando em conta a forma como ela saiu da sala,
acredito que ela jamais aceitará fazer o teste. Mas, já que dois Hernandez Ruiz estão
questionando minha decisão, o que posso sugerir é marcarmos uma reunião com os cinco irmãos,
expor a situação e realizar uma votação sobre a situação da contratação da amiga de Selena.
Tento disfarçar, quando o que mais quero é a volta dela para a empresa. Sei que o Eduardo
ficará do lado de Ximena, pois conheço bem meu irmão, Mas, assim, finjo respeitar a decisão da
maioria e não preciso demonstrar meu arrependimento pra ninguém. Torço para que minha
garota volte a trabalhar na empresa.
Quando Eduardo e Salma entram na minha sala estão curiosos, então deixei Alexandre
conduzir a reunião. Ao explicar a situação, claro, a maioria decidiu que Ximena deveria voltar
para empresa e ter seu período de experiência. Graças a Deus, Eduardo votou a favor de Ximena,
como havia previsto.
— Só basta saber se ela quer voltar. A menina saiu daqui muito zangada. − Diz Salma.
— Alexandre conversou com ela e a convenceu. Ela fica! — Selena está maravilhada.
Ouvir isso acende um alerta em meu cérebro e fico esperançoso.
— Não sabia que o Alexandre era amigo dela também. — Estou enciumado, mas não
demonstro.
— E não era, até encontrá-la totalmente desesperada agora a pouco. Você foi muito cruel,
meu irmão. A garota estava devastada. — Alexandre parece estar deslumbrado com a garota.
— Posso saber como acalmou a garota? — Questiono, temendo a resposta.
— Simples! Disse para ela que não deveria desistir e a melhor coisa que poderia fazer para
mostrar seu profissionalismo e o seu valor é prová-lo a quem duvida. Então, Salma e Alejandro,
Ximena ficará para mostrar para vocês o quanto foram injustos com ela e com Selena e, tenho
certeza, vai conseguir. – Alexandre demonstra estar totalmente enfeitiçado por Ximena e o meu
interior berrava de ciúme.
— Veremos. — Digo friamente e encerro a reunião.
Não deixei transparecer para meus irmãos, mas estou exultante. Verei minha deusa
novamente e terei três meses para conquistar seu coração.
Ela é minha! — Afirmo em pensamento.

Ximena
Comecei com muito afinco meu trabalho na H.R. Tecnologia. As palavras de Alejandro
martelavam na minha mente e, se antes queria provar para mim meu valor, hoje quero provar pro
Alejandro também. Vou me superar a cada dia! Esse desejo é a combustão que me mantém
focada, é o que me move.
Passei a primeira semana estudando os trabalhos e projetos de marketing que estavam
sendo desenvolvidos. Conheci meus colegas e me enturmei com a equipe, que eram pessoas
maravilhosas. Embora meu cargo fosse de Assistente Pessoal da Selena, fiz questão de aprender
e me envolver com toda a equipe. Quero aprender, ajudar e também me destacar dentre todos.
Alexandre desenvolveu um programa de computador bastante avançado para auxiliar
pessoas cegas. É um projeto maravilhoso! Fiquei encantada, ainda mais por ter um cunho mais
social do que econômico. Passo todo meu tempo livre na sala com Alexandre. Suas ideias são
apaixonantes e me afeiçoei a ele, o que parecia ser recíproco e, assim, nos tornamos amigos.
— Por que você resolveu apostar neste projeto, Alexandre? Você sabe que não será tão
lucrativo como os outros, por atender somente um grupo de clientes? — Questiono meu amigo
após o intervalo do almoço, fazia minhas refeições na sala dele pra conhecer mais do seu
trabalho.
— Sempre tive vontade de fazer algo mais em minha vida. Nos primeiros anos que
comecei a trabalhar na empresa me dediquei a ajudar meu irmão, então o lucro era a meta a ser
seguida. Hoje já podemos nos dar ao luxo de fazer mais pelas pessoas que precisam. Conversei
com Alejandro e ele me apoiou. Agora, mocinha, precisamos de investidores e conto com o
Departamento de Marketing para me ajudar a consegui-los. — Fala emocionado.
— E vai conseguir! Seu projeto é lindo e tenho certeza que será um sucesso! — Falo
empolgada.
— Conto com você, querida! Juntos vamos conseguir.
Sorrio de modo carinhoso para meu amigo e penso comigo mesma que farei o meu melhor
para ajudá-lo. Ficamos mais algum tempo conversando sobre amenidades e depois vou trabalhar.
Selena, notando minha paixão pelo projeto do Alexandre, fez questão de me incluir nas
decisões e no desenvolvimento da propaganda do projeto que será apresentada aos investidores.
Adorei participar e me senti importante, pois contribuí dando o meu melhor e muitas das minhas
opiniões foram aceitas e incorporadas.
Ao final da segunda semana de trabalho já estávamos com tudo pronto para a apresentação
aos investidores. Nunca mais me encontrei ou vi Alejandro e, enquanto uma parte de mim sentia
um imenso alívio a outra parte sentia vontade enorme de vê-lo, mesmo que fosse de longe.
Será que ele sabia como estava indo em meu trabalho? Será que eu iria ser aprovada por
ele? – Questionava em meus pensamentos.
Sabia que todos do departamento gostavam de mim e era bastante elogiada, mas minha
mente sempre se voltava para Alejandro. Lembrar dele ainda mexia muito comigo. Acordava
pensado nele, dormia pensando nele e ele sempre estava presente em meus sonhos.
Nunca, na minha vida, um homem mexeu tanto comigo. Tento enganar a mim mesma
dizendo que é devido a sua crítica quanto a minha contratação. Portanto, no fundo, sei que estou
fascinada por aquele homem frio, calculista e tirano, que ao mesmo tempo é lindo, sarado,
gostoso e delicioso.
Quando minha mente se atreve a ir por esse caminho, trato logo de mudar o foco dos meus
pensamentos e procuro manter meus pés no chão. Sei que um homem como Alejandro não se
interessaria por uma mulher como eu: pobre, inexperiente e longe dos padrões de beleza que ele
está acostumado.
CAPÍTULO 15

Alejandro
— Onde ela está? Que diabos que aconteceu com a Selena que está atrasada? — Berro
possesso.
— Ela saiu com uns amigos ontem à noite. Eles foram para uma chácara de lazer e não tive
mais contato com ela. — Alexandre explica bastante preocupado.
— Ligou para ela?
— Sim, fora de área.
— Não vou cancelar a apresentação com os investidores, nossa empresa é conhecida pela
competência, responsabilidade e respeito com nossos clientes e investidores. Algo assim jamais
aconteceu e não deixarei que a irresponsável da Selena manche a imagem da empresa.
— Você já pensou que pode ter acontecido algo com ela? — Alexandre questiona,
magoado.
— Sabe onde fica esta chácara?
— Sim.
— Eduardo, mande dois seguranças atrás da Selena. Você... – Aponto para Alexandre. —
vai apresentar o programa aos investidores.
Eduardo, que estava em minha sala, sai rapidamente em busca de Selena, que não
aparecera para apresentar o programa aos investidores. Ela é muito responsável e confesso que
estou preocupado com o atraso da minha irmã, mas tento não me abalar. Provavelmente seria um
ato de irresponsabilidade da parte dela e, se esse for o caso, haverá consequências.
Jamais permitiria um ato desse tipo em minha empresa, principalmente por um dos meus
irmãos. Somos os donos e por isso, mais que qualquer um, temos que ser exemplo.
— Não posso, Alejandro. Não vou conseguir apresentar o programa sozinho. Sabe que sou
tímido e não sou bom com as palavras. Sou técnico, minha linguagem é técnica e eles não
entenderão. Sinto muito, mas não dá!— Alexandre está desesperado.
— Sinto muito, Alexandre! Simplesmente não vou cancelar a apresentação, sei das tuas
limitações com as palavras, mas hoje é necessário. Te espero em dez minutos na sala de
reuniões. Está nas tuas mãos o sucesso do teu projeto. — Sou duro com ele.
— Então está em minhas mãos? — Pergunta desafiadoramente.
— Sim.
— Então posso fazer a apresentação da forma de desejar?
— Sim.
Estarei lá em dez minutos. – Alexandre me desafia. Sorrio e vou atender os investidores.
Ao chegar na sala de reuniões da empresa, vejo que seis dos sete possíveis investidores
para o programa do meu irmão estão aguardando e faltam apenas quinze minutos para darmos
início a apresentação. Farei o possível para ajudar Alexandre nesse projeto, pois sei quanto ele
anseia por isso. Meu irmão é um gênio, mas é muito fechado e não tem vida social ativa. Quando
Alexandre me apresentou o programa fiquei surpreso, principalmente quando falou do seu sonho
em ajudar pessoas menos favorecidas. Confesso que fiquei muito orgulhoso.
Prometi a mim mesmo que, caso não consigamos o investimento necessário de outras
empresas, bancarei o projeto sozinho. Ele não sabe dessa parte. Sei que fui muito duro com ele
ao exigir que apresentasse sozinho o programa, mas é para o seu bem, já que é a realização do
seu sonho. Acredito que devemos lutar com afinco por nossos sonhos e objetivos, não importa os
obstáculos. Sendo assim, não deixarei meu irmão desistir devido ao primeiro obstáculo que
surgiu e estarei sempre ao lado de meus irmãos. Sempre!
Com esse pensamento me socializo com os CEOs presentes que estão aqui como possíveis
investidores, preparando o terreno para a chegada de Alexandre. Salma me ajuda nesta tarefa,
pois minha irmã é muito competente nesta área, uma anfitriã nata na empresa.
Após dez minutos Alexandre entra na sala, já com todos os CEOs presentes. Fico sem
reação ao ver que ele traz Ximena, que, por sinal, está linda! Meu coração dispara! Durante essas
semanas que ela está trabalhando na empresa sempre dou um jeito de olhá-la, mesmo que seja de
longe e, a cada dia que passa eu a quero mais. Nunca tive coragem de abordá-la, pois sei que ela
me detesta e achei melhor dar tempo ao tempo. Sei que uma hora ou outra iríamos nos encontrar
devido a algum trabalho, só não imaginava que seria nesse momento tão importante.
Ela entra na sala bastante nervosa. Parece insegura e dá para perceber suas mãos trêmulas.
Encaro Alexandre e ergo as sobrancelhas num questionamento mudo, mas ele me ignora. No
momento em que meus olhos se encontram com os de Ximena, sinto meu coração palpitar e fico
fascinado diante da beleza daquela mulher à minha frente.
Meus olhos passam por seus pés calçados por uma sandália preta e alta de salto fino, subo
pela saia tubo que desce até o joelho e é tão justa que molda seus quadris e cintura. Elevo meus
olhos e chego à camisa branca de manga comprida que se ajusta na altura dos seus seios
maravilhosos. Então volto a encarar aquele rosto de deusa que tanto me fascina e não sai dos
meus pensamentos.
Ela também me olha e, por um instante, parece que o mundo parou e só existe eu e ela.
Nunca vivi um momento tão intenso, assim como nunca desejei tanto uma mulher como a
desejo.
— Bom dia a todos!
A voz de Alexandre interrompe meus pensamentos e tento me recuperar do momento
impactante que eu e Ximena compartilhamos.
— Boa tarde!
Ela cumprimenta timidamente os presentes.
Já recuperado, apresento meu irmão a todos e passo para que ele faça sua apresentação. A
ainda não tenho ideia do que a Ximena está fazendo na sala, o que me deixa intrigado.
— Senhores, estou muito honrado pela presença de vocês neste dia tão importante para
mim. Como eu entendo mais sobre a parte técnica, irei passar para todos o que é e como funciona
o programa. Para me salvar e explicar para vocês todo o projeto com palavras mais simples,
trouxe comigo a Senhorita Sanches, do Departamento de Marketing.
E como o Alexandre mesmo disse, ele foi bastante técnico e concentrou-se em informar o
que era o programa, como ele foi desenvolvido e como podia beneficiar pessoas cegas.
— Então, da minha parte é isso, senhores. Passo a palavra a senhorita Sanches. É ela que,
com certeza, irá convencê-los a injetar capital em nosso programa. — Todos dão risada com o
gracejo de Alexandre.
Ximena levanta, evita me olhar e, ao abrir uma tela de projeção começa a explicar a
viabilidade do investimento e em quais pontos beneficiaria a empresa que decidisse por injetasse
capital neste maravilhoso projeto.
No começo Ximena parecia nervosa, mas conforme ia expondo os pontos fundamentais do
projeto passou a demonstrar total confiança e terminou a apresentação com segurança. Ela
demonstrou a todos o quão maravilhoso e importante este programa é na vida das pessoas com
deficiência visual e como ele facilitará tanto no estudo quanto no dia-a-dia dessas pessoas.
Ela falou com paixão sobre o projeto, demostrando que conhecia o programa a fundo.
Todos os presentes estavam cativos na apresentação, inclusive Salma, que a olhava com
admiração. Quando terminou a apresentação, Ximena perguntou se alguém tinha alguma dúvida.
— Tudo muito bonito, senhorita Sanches... Mas sabemos que os lucros serão baixíssimos.
Então a senhorita acredita mesmo que temos que investir?
Raul Gonzales, dono de uma das maiores redes de hotelaria da Espanha, foi quem a
questionou. Ele é bastante irônico e vejo o rosto de Ximena ficar vermelho de raiva, mas com om
a voz firme e dura ela responde.
—Não sou eu que preciso acreditar, mas sim, o senhor. O senhor tem um empreendimento
que gera milhões de lucros anualmente e é tanto dinheiro, que nem em dez vidas conseguiria
gastá-lo. E, apesar do senhor ter tanto, muitos não têm nada, e não falo só em dinheiro, mas essas
pessoas não têm nem mesmo a visão.
Vejo que Raul está com um olhar de desafio para Ximena e ela não se sente intimidada e
continua.
— Se o senhor acredita que estará perdendo por investir em um projeto que visa ajudar
pessoas cegas, a única coisa que posso fazer é tentar te convencer que este projeto fará, com
certeza, diferença na vida de muitas pessoas que só enxergam a escuridão e que,
independentemente de sua classe social, poderá, através da sua ajuda, ter acesso gratuito a este
programa. — Ela faz uma pausa e continua. — Ele será a luz na vida de muitos e tenho certeza
de que trará a felicidade para milhões de pessoas no mundo. Se o senhor visa somente os lucros e
não o ser humano, o senhor não investirá. Lamentaremos, é claro, mas jamais desistiremos do
projeto. Tenho certeza de que sempre haverá empresários que terão prazer em dividir com
aqueles que mais precisam.
Ximena finaliza, deixando todos boquiabertos com sua resposta firme. Ela conseguiu
desestabilizar o prepotente CEO, que olhava chocado para ela e eu podia jurar que ele estava
meio envergonhado.
Os demais olhavam admirados e vi o respeito de todos por aquela menina tão nova, mas
com tão grande conhecimento humano. Senti orgulho da minha deusa! Se antes já a queria com
loucura, neste momento me dei conta que precisava daquela mulher mais que precisava do ar que
respirava.
Estou completamente apaixonado e neste instante percebi que amor à primeira vista existe
e eu estou nocauteado, vivendo esse sentimento chamado amor, que até poucos dias atrás eu
abominava.
— Mais alguma dúvida? — Ximena pergunta.
Após a negativa de todos ela agradece e se senta.
— Obrigada, senhorita Sanches. — Agradeço e vejo seu rosto corar quando nossos olhos
se cruzam. — E então, senhores algum de vocês vão investir no projeto?
Todos, por unanimidade, investiram. Inclusive Gonzales, que ficou envergonhado diante
do sermão moral que recebeu de Ximena e foi um dos que mais ofertou capital.
Após a reunião Salma ficou cuidando da parte burocrática dos contratos e vejo Alexandre
e Ximena se preparando para deixa a sala.
— Esperem! — Peço.
Eles aguardam e indico a cadeira para se sentarem.
— Quero parabenizá-lo, Alexandre, pelo belo projeto e dizer que sinto muito orgulho de
você. Seu projeto irá ajudar a vida de muitas pessoas.
— Obrigado, irmão. Sabe que ele não se realizaria sem a tua contribuição, eu que agradeço
por acreditar em mim. — Alexandre está emocionado. Não costumo elogiar e sinto que meu
elogio inesperado o surpreendeu.
Pigarreio.
— Bom, senhorita Sanches. — Digo calmamente olhando em seus olhos. — Você fez uma
excelente apresentação, que foi fundamental para decisão positiva dos investidores. Gostaria de
me desculpar por julgar o teu trabalho antes de conhecê-lo e dizer que a H.R. Tecnologia está
orgulhosa em ter uma profissional tão competente e qualificada com a senhorita. Peço desculpas
pelo meu pré-julgamento naquele dia. — Falo, pegando ambos de surpresa.
— O... Obrigada. — Ximena gagueja e me agradece de forma tímida. Ao olhá-la neste
momento, meu desejo é abraçá-la e apertá-la tanto, até que ela me perdoasse por tê-la magoado.
Dei o primeiro passo para que Ximena me perdoasse e agora preciso agir com cuidado
para que ela não fuja de mim. Nunca senti nada parecido e sempre tive a convicção que jamais
amaria uma mulher, mas sei também que por mais assustador que seja, será em vão lutar contra
o sentimento que estou nutrindo por ela e olha que havíamos conhecido a menos de um
mês.
Estou perdido! — É o que passa na minha cabeça nesse instante.
CAPÍTULO 16

Ximena
Quando Alexandre adentrou o departamento de marketing esbaforido, percebi que ele
estava desesperado. Ele me contou o que estava acontecendo e que precisava de minha ajuda.
Meu primeiro instinto foi de recusar, pois não me sentia preparada. Ao dizer isso a ele vi que
ficou muito bravo.
— Você me decepciona, Ximena. Além de mim, você é a pessoa que mais conhece esse
projeto. De que adiantou você passar horas e horas comigo aprendendo sobre o programa, se
mostrar apaixonada, ver as maravilhas que ele poderá fazer nas vidas das pessoas e agora olhar
para mim e dizer que não está preparada para apresentar nosso projeto?! Estou realmente
decepcionado com você!
Meu estômago revira.
— Eu entendo seu projeto, amo, estou verdadeiramente apaixonada por ele, mas não sei se
conseguiria fazer isso na frente do seu irmão!
— Então é isso... Alejandro! Se não tem coragem de enfrentá-lo, por que ficou na
empresa? Não queria mostrar a ele o seu valor? Esta é a oportunidade perfeita!
— Ele me amedronta, me faz sentir insegura.
— E acha que ele não me amedronta também? — Alexandre não dá trégua — Mas temos
que ser mais forte que esse sentimento. Ximena, todos temos nossos medos e receios, e sim,
Alejandro é um homem que intimida por sua frieza, mas também faz com que o admiremos por
sua força e capacidade. Mostre a ele sua capacidade!
Suspiro profundamente e rendida aos seus argumentos, concordo.
— Então vamos lá!
— Isso garota! Vamos lá! E que nossa coragem seja maior que nosso medo.
— Que nossa coragem seja maior que nosso medo.
Repito o mantra e, de mãos dadas, seguimos para sala de reuniões.
Ao chegar na sala e olhar nos olhos de Alejandro sinto minhas pernas falharem. Parece que
todos naquele ambiente podiam ouvir o barulho acelerado do meu coração e minha boca está
seca. Quando o encaro novamente fico petrificado e me perco dentro dos seus olhos. Nunca senti
nada tão forte por um homem, nunca desejei tanto pertencer a alguém! Perdida em seu olhar,
percebi que este homem pode ter tudo o que quiser de mim, pois ele me encanta e estou
totalmente enfeitiçada por ele.
— Bom dia a todos! — A voz de Alexandre interrompe o momento em que estava perdida
nos olhos de Alejandro, que também me olhava fixamente. Acredito que seu olhar fixo em mim
se deve ao fato de estar surpreso de me ver ali, pois um homem lindo como ele, experiente,
vivido, bilionário, cheiroso, gostoso e maravilhoso jamais me olharia dessa forma.
Forço-me a manter a atenção na reunião e cumprimento a todos.
— Boa tarde!
Após Alexandre explicar aos investidores sobre o programa, chega minha vez de falar.
Embora estivesse bastante nervosa de início, logo me sinto mais confiante, demonstrando o
quanto sou realmente apaixonada pelo projeto e a nobreza que ele representava.
Assim que terminei fui bombardeada por um CEO presente e possível investidor sobre a
lucratividade do empreendimento.
Fiquei cega e, sem pensar nas consequências, fui eloquente e dei um sermão moral naquele
homem prepotente que só pensava em lucros.
Mal terminei já estava arrependia! Se ele desistisse de investir devido a minha insolência,
estaria perdida. Nem quero imaginar a reação do Alejandro.
Mas tudo deu certo e, modéstia à parte, me saí bem. Conseguimos tocar, de alguma forma,
os CEO’s presentes, que apoiaram cem por cento o projeto, inclusive o senhor Gonzales, o
homem prepotente que eu tinha contestado.
Após o término da reunião eu e Alexandre estávamos recolhendo os materiais que
tínhamos utilizado para a apresentação. Senti que Alejandro nos observava da sua cadeira
majestosa, mas até aquele momento não havia dito nada e seu semblante sério não demonstrava o
que se passava em sua cabeça. Volta e meia dava uma olhada com o canto dos olhos, tentando
adivinhar o que ele estava pensando, mas o homem era uma incógnita. Terminarmos nosso
trabalho e, quando estávamos de saída, paraliso ao ouvir sua voz rouca e forte.
— Esperem!
Sinto meu coração gelar e me viro para encará-lo.
— Quero parabeniza-lo, Alexandre, pelo belo projeto e dizer que sinto muito orgulho de
você. Seu projeto irá ajudar a vida de muitas pessoas.
— Ele elogia o irmão e vejo que Alexandre sorri de orelha a orelha.
— Obrigado, irmão. Sabe que ele não se realizaria sem a tua contribuição, eu que agradeço
por acreditar em mim. — Vejo que Alexandre está emocionado.
Já estava preparada para sair da sala quando ouço ele continuar seu discurso, se dirigindo a
mim.
— Bem, senhorita Sanches. Você fez uma excelente apresentação, que foi fundamental
para decisão positiva dos investidores. Gostaria de me desculpar por julgar o teu trabalho antes
de conhecê-lo, e dizer que a H.R. Tecnologia está orgulhosa em ter uma profissional tão
competente e qualificada com a senhorita. Peço desculpas pelo meu pré-julgamento naquele dia.
– Ele fala o tempo todo olhando dentro dos meus olhos, me deixando tímida.
— O... Obrigada. – Gaguejo tímida, com meu coração a mil.
Nunca imaginei que a aprovação de alguém fosse tão importante para mim. Senti vontade
de gritar, chorar, dançar e a minha alegria era tão grande que simplesmente não podia expressar
em palavras.
Aquele homem maravilhoso me deu sua aprovação, me pediu desculpas e estava feliz por
eu estar ali. Tudo mais deixou de existir para mim e, naquele momento só existia ele, só ele e
minha felicidade de ter sido aprovada por ele. Tentei disfarçar ao máximo meus sentimentos e,
junto com Alexandre, deixo a sala.
Assim que chegamos à sala de Alexandre pulo em seus braços, ele me rodopia e gritamos
juntos de pura emoção. Ali extravasamos toda a nossa alegria, nossa vitória, nosso sucesso e,
assim como eu, Alexandre estava flutuando! Sua felicidade transbordava e ele parecia menos
retraído, mais solto. Realmente, meu amigo estava irradiando alegria.
Selena entra na sala bastante desconcertada. Alexandre corre até ela e a abraça
preocupado.
— Deus, maninha! O que aconteceu com você?
— Desculpe Alexandre, por favor me perdoe. – Selena se debulha em lágrimas.
—Tudo bem, está tudo bem e deu tudo certo. Não fique assim, estou aqui.
Alexandre a consola com muito carinho. Assim que ela se acalma questiono.
— O que aconteceu Selena?
Ela conta que ontem foi a uma festa e bebeu, sim. Mas acredita que alguém colocou algo
em sua bebida, fazendo-a apagar completamente e só acordou hoje com os seguranças
chamando-a.
Ela está arrasada!
— Aconteceu mais alguma coisa? Te feriram? Machucaram você?
Alexandre está transtornado ao imaginar que alguém pudesse ter tocado em sua irmã sem
sua permissão.
— Não querido, não. — Ela o tranquiliza. — Só sinto ter deixado você na mão e por minha
causa você quase ter perdido seu sonho.
Alexandre conta tudo que aconteceu, a tranquiliza e diz que tudo deu certo. Ela já sabia,
claro, pois Salma já tinha colocado ela a par do ocorrido. Ela veio até mim e me abraçou
fortemente.
— Obrigada, minha amiga! Eu sempre soube quão maravilhosa você é. Sempre soube da
sua capacidade e estou orgulhosa de você.
— Eu que agradeço, Selena! Por confiar e acreditar tanto em mim. Fico feliz em poder
retribuir sua confiança. — Retribuo emocionada.
E juntos nos abraçamos, sentindo como eles fossem parte de minha família, sentindo que
estou entre amigos verdadeiros e percebendo o quanto nossa amizade é forte.
Alexandre pigarreia e pergunta.
— Falou com o Alejandro, Selena?
—Não, ainda não tive coragem. Será que ele irá me tirar do departamento? Sei que haverá
consequências e estou muito envergonhada por minha atitude. Quase coloquei tudo a perder... se
não fosse você ter a brilhante ideia de levar Ximena, não sei dizer o que teria acontecido.
—Dos males o menor, irmã. Mas você tem que encarar a fera. Não deveria ter ido para a
farra na véspera de momento tão importante pra empresa.
— Eu sei, eu sei. Estou preparada para assumir meu erro. Vou falar com ele agora.
Selena sai e sinto orgulho de minha amiga que, mesmo sabendo que teria um momento
difícil pela frente, foi enfrentá-lo de cabeça erguida.
Eu e Alexandre ficamos angustiados, preocupados com ela e, após mais de trinta minutos,
Selena volta com um sorriso no rosto. Naquele momento respiramos aliviados e sabíamos que
tinha dado tudo certo.
—Tudo bem? – Alexandre questiona.
— Sim. Ele foi bem duro, me passou um sermão daqueles sobre minha responsabilidade e
a falta dela. Disse das possíveis consequências que poderia trazer para a empresa e que se algo
dessa natureza voltar a acontecer as consequências serão graves. Me desculpei e garanti que não
vai mais ocorrer. – Suspira aliviada.
— Então, vamos comemorar! – Alexandre fala animado, surpreendendo nós duas com sua
atitude.
— Uau! Meu irmão querendo comemorar? Cadê sua timidez? O gato comeu? − Selena
questiona divertida e Alexandre ruboriza, falando timidamente.
— Estou feliz! Posso? E então, que tal um jantar no meu apartamento hoje?
— Ótimo!
Selena está empolgada.
— Ximena?
Alexandre me pergunta e vejo a expectativa em seu olhar. Não posso e nem quero negar
esse convite do meu amigo.
— Aceito.
Digo feliz e eles comemoram.
— Leve a Eva. – Selena pede.
— Epa! Quem é Eva? — Alexandre pergunta, desconfiado.
— Minha amiga, mas tenho-a como uma irmã. Já falei dela para você, nós dividimos o
apartamento. – Explico.
— Então tá, vamos comemorar nosso sucesso. Leve a Eva. Mando buscá-las às oito.
Tento argumentar que não é necessário, que podemos pegar um táxi, mas Alexandre não
aceita discussão. Realmente está muito feliz.
— Agora, ao trabalho pessoal! Temos muito o que fazer a partir de agora.
Ele ordena sério e voltamos felizes ao trabalho.

Alejandro
Quando Selena apareceu na minha sala totalmente envergonhada pelo acontecido e me
explicando o que ocorrera, mesmo estando bastante chateado, só lhe passei um sermão e disse
que se algo desta natureza ocorresse novamente haveriam consequências.
Embora puto com a irresponsabilidades da minha irmã, deixei passar porque seu ato
irresponsável me deu a oportunidade de me redimir com a minha garota, então encerrei o assunto
e voltei a trabalhar.
O dia transcorre e eu mesmo ocupado, não consegui tirar Ximena da cabeça e, volta e
meia, me pegava pensando como faria para me aproximar dela. Sei que mexo com ela também,
mas infelizmente sinto medo da parte dela, então terei que ser cauteloso em minha aproximação
para não a assustar.
CAPÍTULO 17

Ximena
— Pronta, Ximena? — Eva grita de seu quarto.
— Quase! Só mais um momento.
Estava eufórica com o jantar na casa do Alexandre. Quem sabe Alejandro aparece lá de
surpresa... seria uma forma de encontra-lo novamente, já que pensava nele o tempo todo e o
queria demais. Desejava tanto aquele homem que só em pensar nele, ficava ansiosa. Era uma
ansiedade tão forte que me sentia sufocar. Isto é estranho até pra mim, que nunca senti desejo por
nenhum homem. Não sei o que fazer com esse sentimento intenso que sinto pelo CEO da H. R.
Tecnologia, um homem inalcançável e impossível para mim.
Olho pra minha imagem refletida no espelho e gosto do que vejo. Evidente que não sou
perfeita como as mulheres que ele está costumado a sair, mas sei que tenho uma beleza que
chama a atenção. Hoje, em especial, coloquei um vestido preto justo, de alças e acima do joelho.
É um modelo simples, que molda meu corpo e evidencia minhas curvas, meus seios e minhas
pernas.
Passei um batom vinho forte, coloquei algumas semi-joias, deixei meus cabelos soltos e
calcei uma sandália com salto médio. Assim que terminei de arrumar encontro Eva na sala e
minha amiga elogia.
— Uau, mas que linda você está!
Eva sabe como elevar minha autoestima, mas ela não fica por baixo, também está um
arraso!
— Obrigada amiga, você também está linda!
Minha amiga usa um macaquinho azul, colado ao corpo e salto. Ela está simplesmente
perfeita!
Descemos e o motorista do Alexandre já estava nos esperando. Assim, seguimos para a
festa de comemoração.
Ao chegar ao prédio onde fica os apartamentos dos irmãos Hernandez Ruiz fiquei
deslumbrada com a suntuosidade do lugar. O chofer nos leva até o apartamento de Alexandre,
onde ele e Selena já nos esperam.
— Bem-vindas! — Alexandre veio nos receber na porta.
— Obrigada! — Agradeço. — Alexandre, esta é Eva, minha irmã do coração.
— Prazer! — Alexandre a cumprimenta.
— Pode acreditar, o prazer é todo meu. – Eva retribui descaradamente, engolindo meu
amigo com os olhos.
— Senhoooorrr! — Eva exclama ao analisar extasiada o luxo e a beleza do apartamento.
— Que beleza de espaço. Tão lindo quanto o dono!
Eva flerta deliberadamente com Alexandre, que parece sem graça diante da
espontaneidade da minha amiga. Estamos em uma sala muito bem decorada, com quadros
belíssimos na parede e no centro três sofás maravilhosos. Tudo era nas cores branca ou bege.
—Obrigado! — Alexandre fala tímido.
— Gostou, Ximena? — Pergunta.
— Amei, Alexandre. Seu apartamento é lindo!
— Isso porque não viram o meu. – Selena desce as escadas já cutucando o irmão.
Selena nos cumprimenta com um abraço e ficamos conversando até a hora do jantar.
Jantamos umas dez horas, em uma belíssima sala de jantar. A senhora que cuida do
Alexandre, dona Mirta, caprichou no cardápio e quase explodi de tanto comer aquela comida
deliciosa.
Depois fomos para sala de estar e Selena colocou uma música dançante e juntas entramos
da dança. Alexandre não dançava, era tímido, mas seu semblante era divertido.
— Vem dançar com a gente, Alexandre! — Convido animada.
— Não sei dançar, sou péssimo.
— E quem liga? Hoje podemos tudo, afinal, estamos comemorando o seu sucesso.
Puxo-o pelas mãos e trago para o centro da sala onde estamos dançando. Vejo que ele está
envergonhado, mas ainda ameaça um requebrado bem desengonçado na batida do ritmo da
música. Alexandre acaba entrando na onda e nos divertimos demais!
Brindávamos com champanhe e ao mesmo tempo dançávamos sem parar. Alexandre e eu
estávamos dançando juntos uma música bem agitada e, quando olho para a direção da porta,
quase tenho um infarto. Alejandro estava lá parado, nos olhando furiosamente.
Estávamos tão distraídos que nem escutamos a campainha tocar. Dona Mirta estava logo
atras dele, depois de ter ido recebê-lo. Alejandro está vestindo pecaminosamente uma roupa
esporte, shorts e camiseta polo. Ele é a imagem do pecado, aquele homem tinha passado na fila
da beleza mil vezes.
Alexandre percebe que estou olhando para um ponto em específico atrás dele e para de
dançar. Quando vê o irmão, vai todo feliz recebê-lo.
— Irmão, que bom que você está aqui! — Alexandre o cumprimenta.
— Vim para conversarmos sobre o projeto, não tive muito tempo hoje na empresa. Não
sabia que estava tendo uma festa e não quero atrapalhar. Depois conversamos.
— Não atrapalha, estamos comemorando o sucesso do projeto. Junte-se a nós. Aceita uma
bebida? — Alexandre o questiona.
Muito calmamente Alejandro aceita o convite e acomoda-se em uns dos sofás
despojadamente, sentindo-se à vontade. Ele pede vodca com gelo e me encara sem pudor
nenhum, olhando cada parte do meu corpo. Fico morta de vergonha e desvio meu olhar.
— Que bom que veio, Alejandro. Deixe-me apresentar minha amiga. Essa é a Eva.
Selena apresenta Eva para Alejandro que, mesmo estando na presença delas, não desvia os
olhos de mim. Mas, parecendo despertar de um transe, ele olha para Eva e a cumprimenta.
— Como vai, Eva? — Ele estende a mão, cumprimentando minha amiga.
— Bem, e o senhor? — Eva está verdadeiramente afetada com a presença do belo homem.
Ele volta a olhar diretamente para mim quando volta a falar:
— Estou muito bem. Podem continuar a festa, não quero atrapalhar. — Alejandro comenta,
ainda me olhando, parecendo querer ler minha mente.
Dançamos por mais meia hora. Estava intrigada pelas atitudes de Alejandro. Quando
chegou parecia estar muito bravo em encontrar-nos juntos, mas logo em seguida mudou e está
sentado nos observando dançar. Alexandre parou de dançar assim que ele chegou e estão
conversam animadamente.
Resolvo ir até a varanda do apartamento para respirar o ar fresco da noite e fugir um pouco
do radar de Alejandro. Fecho os olhos sentindo as lufadas de vento em minha pele quente pela
dança. Olho aquela vista deslumbrante, do alto do apartamento de Alexandre, vislumbrando a
cidade que brilha pelas luzes florescentes na noite. Suspiro encantada e encosto no batente do
muro de segurança da varanda, ficando ali, sozinha com meus pensamentos.
Sinto um arrepio em minha nuca e nem preciso me virar para saber que ele está atrás de
mim. Alejandro é uma força da natureza e, mesmo sem vê-lo, sinto sua presença.
— Apreciando a vista, Ximena? — Fala com aquela voz grossa que me deixa arrepiada da
cabeça aos pés.
— Sim, é muito linda!
Ele encosta no muro ao meu lado.
— Realmente é linda! Mas não mais que a mulher que a está admirando nesse momento.
Meu coração erra a batida ao ouvi-lo dizer que sou linda. Minhas pernas ficam moles e
preciso me apoiar para não cair. Não consigo respondê-lo e apenas o encaro.
Nossos olhares prendem um no outro e a forma que ele me olha deixa claro que me deseja,
e muito. Minha boca fica seca e passo a língua pelos meus lábios ressecados. Ele solta um
pequeno gemido com meu gesto e fixa seu olhar em minha boca.
— O que está acontecendo entre você e meu irmão, Ximena? — Sua voz sai rouca,
demonstrando o desejo que sente.
Olho para ele, surpresa com sua pergunta e sem compreender aquele questionamento.
— Como assim, “o que está acontecendo”? Não entendi sua pergunta.
— Não? — Arqueia a sobrancelha. − Então deixe-me ser mais claro: vocês estão tendo
algum envolvimento romântico?
— Deus, não! — Falo alarmada. — Somos amigos.
— Amigos é? Não disfarce, Ximena! Você já deve ter percebido que Alexandre está
deslumbrado por você. Ele está totalmente diferente, muito mais solto e extrovertido. Prova disso
é esta festa! Ele nunca deu uma festa em seu apartamento. Nunca vi meu irmão tão feliz e de
bem com a vida como tem estado ultimamente.
— O senhor está confundindo as coisas. Eu e Alexandre somos apenas amigos. Ele só está
feliz com o resultado da reunião com investidores. — Falo muito nervosa, sem entende onde
Alejandro quer chegar com essa conversa.
— Ele te beijou, menina? — Fala bruscamente, me deixando muito aborrecida.
— Não! Já disse que somos apenas amigos. Mas por que essa preocupação em saber se ele
me beijou?
Já estava furiosa! Quem ele pensa que é para me fazer essas perguntas, invadindo minha
vida pessoal?
— Nunca deixe ele te tocar. Entendeu? Nunca! — Ordena friamente.
— Por quê? Não sou digna do seu irmão porque ele é um Hernandez Ruiz e eu sou uma
mulher pobre, além de ser empregada da sua empresa?
Pergunto furiosa e humilhada ao mesmo tempo. Ele não pode e nem tem o direito de me
desprezar daquela forma. Sinto meus olhos arderem para conter as lágrimas que ameaçavam
cair.
— Não disse isso, Ximena! Só estou dizendo que você e o Alexandre nunca poderão ficar
juntos. — Fala categoricamente.
— E posso saber por quê? — Digo desafiadoramente.
Num gesto rápido Alejandro me envolve pela cintura e me puxa, colando nossos corpos e,
sem que eu esperasse, me beija desesperadamente. Me entrego totalmente, beijando-o de volta
apaixonadamente.
Agradeço mentalmente por ele estar me segurando, senão teria caído. Quando seus lábios
quentes tocam minha boca solta um gemido rouco e força a entrada da sua língua na minha boca.
Eu nunca senti tanto prazer em sentir o toque de um homem.
Ele me devora com sua deliciosa língua e meu corpo parece um vulcão pronto para entrar
em erupção. Estava tão quente que me derreti totalmente em seus braços. Parecia que a qualquer
momento as lavas do meu vulcão interno iriam escapar pelos meus poros. Correspondi
insanamente aquele beijo, abracei o seu corpo e puxei sua cabeça para mais perto - como se fosse
possível.
Era como se fôssemos dois seres em um só. Nossos corpos se fundiam e nossas línguas
duelavam entre si, num frenesi enlouquecedor. De repente, ele cessa o beijo e se afasta
lentamente e, sem desfazer o nosso contato visual, continua me olhando fixamente. Desvio meus
olhos para baixo e ele ergue meu queixo para que pudesse encará-lo.
Com a voz rouca de desejo ele diz:
— Porque você me pertence. Desde que olhei para você naquele elevador você se tornou
minha. Só minha!
— Não! – Digo num sussurro.
— Sim! Você é minha e, por mais que você negue ou lute, seu corpo sabe que me pertence
e corresponde ao meu toque, fazendo com que eu sinta daqui o seu desejo por mim. Não permita
que meu irmão se apaixone por você! Se não quiser que aconteça uma tragédia em nossas vidas,
evite-o.
Sem me dar tempo para processar o que acabo de ouvir, ele me deixa e vai embora, me
deixando sem reação.
Não sei o que pensar, estou totalmente fora de órbita. Ele me quer! Sim, ele disse com
todas as letras que sou dele! Minha mente grita, meu coração falha e eu também o quero. E quero
muito!
Fico ali parada, olhando o vazio, tentando colocar meus pensamentos em ordem, mas tudo
que consigo é pensar no beijo que ele me deu e nos nossos corpos colados. Estou perdida nas
sensações que Alejandro deixou em meu corpo. Estou inebriada por ele e totalmente marcada por
ele.
Tenho medo do que estou sentindo, pois é um misto de alegria e orgulho de ter despertado
o desejo em um homem como ele, mas ao mesmo tempo de medo. Medo de me deixar dominar
por esse sentimento, me entregar totalmente para ele e sair com o coração machucado.
Sei que meu coração não tem nenhuma chance contra ele. Sei que estou à mercê de
Alejandro e tenho medo de sofrer, de ser apenas mais um brinquedo pra aumentar a lista de
mulheres que já passou em seus lençóis. Mas tenho convicção de que no momento que ele me
reivindicar para si, não terei forças para negar.
Alejandro tem toda razão, não tem como negar.
Eu sou toda dele!
CAPÍTULO 18

Ximena
Acordo no dia seguinte de mal humor, pois passei quase a noite inteira sem dormir
pensando no Alejandro e em como será a partir de agora. Tenho certeza que Selena, Eva e
Alexandre perceberam o clima diferente entre nós. Quando voltei pra junto dos meus amigos não
consegui disfarçar que algo tinha acontecido e decidi voltar para casa.
Gosto muito do Alexandre, mas é apenas como amigo e não quero de forma alguma perder
sua amizade, por isso preciso contar pra ele o que aconteceu ontem na varanda do seu
apartamento. Pensei sobre isso a noite inteira. Será que devo contar ou não o que aconteceu entre
Alejandro e eu? Apesar de pensar muito, ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Minha cabeça
está uma bagunça.
— Bom dia! Está tudo bem, Ximena?
Eva cumprimenta.
— Sim. — Respondo, seca.
— Não parece, está com cara de quem não conseguiu dormir a noite. Quero que saiba que
estou aqui para o que precisar.
— Obrigada! Estou bem amiga, só estressada mesmo por não conseguir dormir. E porque
ontem fiquei mexida com a presença do Alejandro.
— Entendo, Ximena. Percebi que vocês ficaram bem estranhos mesmo. Saiba que quando
quiser me contar o que te aflige, estou aqui. Agora, vá tomar seu café, caprichei hoje!
Sentei-me para tomar meu café junto com minha amiga e conversamos assuntos aleatórios,
o que foi bom para me distrair. Mais tarde segui para a empresa e ela para a clínica.
A manhã de trabalho passou tranquilamente e na hora do almoço fui, como sempre,
almoçar com Alexandre. Almoçamos em silêncio, mas podia sentir que meu amigo estava
preocupado comigo.
Após o almoço deitamos no sofá cama que ele tinha em sua sala e, após alguns minutos
Alexandre quebra o silêncio.
— O que aconteceu entre você e o Alejandro ontem à noite que te deixou assim?
—Nada.
— Não minta para mim, Ximena. Você é transparente. E te maltratou novamente?
— Prefiro não falar do assunto, Alexandre. — Peço suplicante.
— Não quero me meter em sua vida querida, mas após a saída do Alejandro você retornou
transtornada para a sala. Estou preocupado com você, minha menina.
Pega carinhosamente em minha mão. Estamos deitados lado a lado no sofá, de frente um
para o outro.
Respiro fundo e solta de uma vez, antes de perder a coragem.
— Ele me beijou.
— Hum... Imaginei! Mexeu com você?
— Sim! — Confesso num fio de voz. — Nunca senti nada tão intenso na vida. Ele mexe
comigo desde o primeiro momento que o vi, mas ontem foi muito, foi além.
— E?
—Ele foi muito possessivo comigo e disse que pertenço a ele.
— Nossa! Nunca imaginei que Alejandro diria algo assim para uma mulher. − Alexandre
comenta, atônito.
— Ele disse e ainda acredita que eu e você temos algo. Disse também que não é pra eu
deixar você se apaixonar por mim se eu não quisesse uma tragédia em família. – Resolvo falar
abertamente.
Alexandre gargalha.
— Como ele chegou a esta conclusão tão descabida? — Fala rapidamente, depois sem
graça complementa. — Desculpe querida, não que você não seja uma mulher linda e sexy, mas
meu interesse por você é como amigo.
— Ele tem notado que você anda mudado e acredita que eu seja a causa da mudança.
— E é, mas não da forma que ele enxerga. Você tem me apoiado muito nesses dias e, além
de acreditar em mim e em meus projetos, ainda tem fé e me motiva. Você tem feito um bem
danado em minha vida.
Fico emocionada ao ouvir suas palavras e digo.
— Que coisa mais linda de se ouvir! Me sinto lisonjeada com seu carinho. Não mereço
tanto.
— Sua amizade tem me ajudado a acreditar mais em mim e a superar meus medos. —
Alexandre desabafa.
— Fico feliz em contribuir e aliviada em saber que me vê somente como amiga.
Estava com medo dos dois irmãos brigarem por minha causa e, ouvir Alexandre dizer que
não é apaixonado por mim me aliviou de uma preocupação e tanto!
— Desde ontem na reunião eu tive certeza que iria acontecer algo entre vocês. O apelo
sexual era palpável e eu soube naquele momento que ele te queria. E sinto te informar, mas tudo
que o Alejandro quer, ele tem! Só espero que ele não te magoe, minha querida.
— Estou com medo, Alexandre. Medo de sair ferida dessa história. Nunca me senti tão
atraída por alguém assim e, além de tudo, seu irmão me intimida.
— Ter você como cunhada será maravilhoso, mas independente de ser o meu irmão, eu
estarei aqui por você, sempre!
Abraço forte meu amigo e agradeço a Deus pelas pessoas maravilhosas que Ele colocou
em minha vida.
— Tenho um grande segredo, Ximena. — Alexandre diz e vejo que ele tem dificuldade de
continuar, mas deixo-o à vontade. ‒ Algo sobre mim que nunca tive coragem de compartilhar
com ninguém. Aliás só uma pessoa sabe, mas ela está diretamente relacionada ao segredo.
Gostaria de compartilhá-lo com você.
— Então por que não compartilha? Seu segredo estará guardado comigo.
— É algo muito íntimo. — Me olha fixamente e seu olhar é de angústia. — Mas confio em
você plenamente para compartilhá-lo, mas preciso que me prometa que não irá me julgar e nunca
comentará com ninguém meu segredo.
— É claro que não, meu amigo. Jamais faria algo assim com você. Eu também sempre
estarei aqui por você.
Alejandro me olha e diz.
— Sou gay!
Sua revelação me deixa chocada, pois estava acreditando que ele iria me revelar era algo
terrível! Olho para meu amigo que está com o rosto banhado em lágrimas e encolhido no sofá.
Parece que está com vergonha de si mesmo por ser homossexual.
O abraço carinhosamente e digo.
— Meu Deus, Alexandre. Por que você esconde? Ser gay é algo tão normal, como você
pode se sentir dessa maneira?
— Eu tenho medo, insegurança e vergonha. Não sei como as pessoas vão reagir, se vão me
julgar ou me condenar. Não consigo assumir e me sinto culpado, mas minha sexualidade é mais
forte que eu, por isso sou assim, retraído.
Abraço-o fortemente, colocando sua cabeça em meu colo e fico passando as mãos em seus
cabelos, deixando meu amigo chorar toda sua dor e amargura.
― Você não pode se esconder do mundo. É a sua vida, sua escolha e cabe a todos a sua
volta respeitar.
— Não posso decepcioná-lo, não suportaria o desprezo dele.
Sei que ele fala de Alejandro, que ele o tem como um herói, o exemplo daquela família.
— Você já pensou que talvez ele se decepcione por você não ter confiado a ele o seu
segredo? Já parou para analisar que seu irmão te ama e quer ver você feliz, independente da sua
opção sexual?
— Não posso arriscar, é mais forte que eu, o amo demais. Não acho que o Alejandro veria
com bons olhos.
— Você tem alguém?
— Sim.
— Quer falar comigo sobre ele?
— Não me sinto preparado. Não ainda.
Alexandre volta a chorar e eu o abraço. De repente a porta se abre e, quando vejo quem
entrou, meu coração congela. Alejandro nos olha com um olhar assassino por nos encontrar
novamente abraçados em um momento íntimo de amigos.
Da forma que ele nos olha, vejo a fúria em sua íris e acredito que várias coisas se passam
em sua cabeça nesse momento, menos que eu e Alexandre somos apenas amigos e que ele é gay!
— Atrapalho? — Pergunta, possesso.
— Não, irmão. — Alexandre diz rapidamente temeroso. — Só estamos conversando, como
amigos.
Alejandro nota que seu irmão esteve chorando e questiona preocupado.
— Algum problema, Alexandre?
— Não, nada com que deva se preocupar.
Alejandro tira os olhos do irmão e olha para mim, desconfiado e ordena.
—Te espero em minha sala, senhorita Sanches. — E sai batendo a porta mais forte que o
normal.
— Ele entendeu tudo errado, Ximena. O que ele deve estar pensado? Meu irmão acredita
que queremos a mesma mulher. Estou fodido.
— Vou dar um jeito, querido. Não se preocupe, vou falar com ele. — E saio ao encontro
do Alejandro.
CAPÍTULO 19

Alejandro
Estou desesperado! Uma dor intensa invadiu o meu peito ao ver meu irmão e Ximena
abraçados naquela sala. Sinto tanta raiva dela! Depois do beijo que trocamos e da intensidade
que ela me correspondeu pensei que também me queria.
Passei a noite em claro, pensando naquela mulher, no seu gosto. Meu corpo grita por ela e
me masturbei pensando nela para sentir algum alívio. Sei que ela e o Alexandre são muito
próximos e que meu irmão está mudado após conhecer Ximena, por isso sinto tanto ciúmes. Não
suportaria se ela preferisse Alexandre a mim.
Como ela pode fazer isso comigo depois da sua entrega de ontem à noite? Falei para ela
não dar esperanças a ele e hoje encontro-os abraçados naquela sala em que eles passam horas
trabalhando sozinhos todos os dias.
Senti a dor do meu irmão e sei que ele está sofrendo. Será que estamos apaixonados pela
mesma mulher? Não sei o que fazer e, pela primeira vez na minha vida, estou à deriva, sem saber
que rumo tomar.
Não posso ferir meu irmão, mas abrir mão da única mulher que mexeu comigo em toda
minha vida, é impossível! Encho um copo de Whisky, tomo num gole só e quando ouço uma
batida na porta, sei que é ela.
— Entre! — Ordeno com voz fria.
Ela entra e me encara com olhar temeroso.
— Você e meu irmão estão juntos? — Sou direto.
— Já disse que não. Respondi essa pergunta ontem à noite. — Fala irritada.
— Devo acreditar em você depois da cena que vi? — Pergunto sarcástico.
— O senhor viu somente dois amigos abraçados.
— É mesmo? Pareciam bem íntimos para dois amigos.
— Somos amigos, senhor. Sinto muito se não quer acreditar no que digo.
Ela vira as costas para deixar a sala, mas antes dela chegar à porta eu puxo-a para os meus
braços. Ela não opõe resistência, mas me olha bastante magoada.
— Porra, Ximena! Sabe que tenho ciúmes do Alexandre e encontro-os abraçados daquela
forma. O que quer que eu pense?
— Só o estava consolando. — Ainda está muito magoada.
— Por quê? O que está causando tanta dor em meu irmão?
— Ele está apaixonado. — Revela Ximena. Sinto meu coração parar e com medo
questiono.
— Por você?
— Não, não é por mim.
Senti tanto alívio que não poderia descrever a sensação que me tomou naquele momento.
Tomo sua boca num beijo desesperado, com urgência, com posse.
— Você é minha! Minha! — Falo entre seus lábios.
Ela corresponde ao beijo com avidez, se entregando completamente. Faço amor com
minha língua em sua boca. A devoro, toco desesperadamente seu corpo, sentindo-a, marcando-a.

Ximena
Alejandro me beija ferozmente, com posse. Sinto meu corpo desfalecer em seus braços e
não me nego a ele, não posso. Estremeço quando ele afirma que sou dele. Sinto meu corpo em
chamas quando ele devora minha boca com sua língua e meu corpo com as mãos.
Ele me sente inteira e gemo quando deixa a minha boca, descendo até meu pescoço, me
lambendo, chupando. Sinto suas mãos abrindo os botões da minha camisa e sinto necessidade de
gritar quando ele coloca as mãos embaixo do sutiã e toma meus seios. Não consigo parar de
gemer e, quando ele fricciona meus mamilos, sinto um fogo ardente no meio de minhas pernas e
a necessidade que sinto de ser tocada mais intimamente por ele é insana.
— Alejandro! — Imploro pedindo por mais.
— Calma, querida! Vou te dar o que precisa, minha delícia.
Alejandro me pega nos braços e senta em sua cadeira, colocando-me em seu colo. Ele abre
meu sutiã e começa a acariciar meus seios, me deixando desejosa e exposta. Jamais um homem
chegou a tanto, nenhum viu tanto do meu corpo. Apesar da vergonha de mostrar uma parte do
meu corpo pela primeira vez para um homem, meu desejo era maior, a necessidade de senti-lo
era o que me guiava.
Puxo-o pelos cabelos, trazendo sua boa para a minha e ele me toma novamente. Nossas
línguas dançam e sinto uma dor desconhecida, que sabia que só ele poderia acalmar. Ele
continua tocando meus seios, passando os dedos em meus mamilos. Depois desce sua boca até
eles, suga, morde, chupa e não consigo me conter, gripo de prazer.
— Tão linda, vida minha. — Diz rouco, descontrolado.
Sinto a dureza do seu membro em minha bunda, aperto e rebolo timidamente em seu
membro. Ele geme.
— Com você rebolando assim no meu colo, eu não vou conseguir me controlar. Sente o
quanto meu pau te quer.
Alejandro me beija até me deixa fora de mim, mas precisamos parar, estamos na empresa.
Ele me deseja com loucura, suas mãos tremem ao me tocar, seu coração bate descompassado.
Tudo que sentíamos era louco e insano.
Saio do seu colo de repente e ele me olha confuso.
— O que foi meu amor? Você não quer?
Me derreto quando ele me chama de amor com posse, referindo-me como sua.
— Quero, quero muito! Mas não desse jeito e não aqui.
— Desse jeito?
Ele quer entender o que digo e, mesmo com vergonha, preciso ser sincera, não quero
perder minha virgindade assim, em um escritório. Não foi para ser assim que me guardei. Não
precisa romantismo, mas quero que seja marcante.
— Eu sou virgem! — Falo, de cabeça baixa, vermelha de vergonha.
Acho que agora ele não vai mais me querer, porque além de não estar à altura das
mulheres que ele sai em questão de beleza, ainda não tenho nenhuma experiência sexual para lhe
dar prazer.
Ele toca em meu queixo e me faz olhá-lo. Minhas pernas falham quando vejo seu sorriso e
seu olhar que demonstra admiração e ainda mais desejo que antes.
— Quando penso que você não pode me surpreender, você se supera. Minha princesa,
mesmo sem saber que você é virgem eu já te desejava com loucura, agora, então, você despertou
o homem das cavernas que habita em mim.
— Você não importa com o fato de eu ser virgem?
— Essa informação só me fez te querer ainda mais. Pode soar machista, mas saber que
serei seu primeiro e único, me deixa fora de mim.
Suas palavras acalmam meu coração e, sem perder tempo o agarro e o beijo
apaixonadamente. Ele me pega pela cintura e corresponde ao beijo, mas dessa vez ele toma
minha boca com mais calma e carinho.
— Quero te levar para conhecer um lugar.
— Que lugar?
— Minha cobertura, um lugar que, a partir de hoje, você irá frequentar muito.
Ele fecha meu sutiã e minha blusa. Em seguida avisa sua assistente que está de saída e
pede ela para desmarcar seus compromissos, me arrastando para o elevador.
Ao chegarmos em seu apartamento mal consigo observar o hall de entrada, pois Alejandro
me pega no colo, sobe a escada que dá acesso ao andar superior e para em frente uma porta onde
deduzo ser o seu quarto. Ele me deposita no chão e abre a porta, me guiando para dentro do
recinto.
Seu quarto é maior que meu apartamento. – Pensei.
Além de enorme, seu quarto é muito bem decorado com cores neutras e, no centro, vejo
uma enorme cama de casal. Ele me leva até o banheiro, me despe das minhas roupas e vejo seu
olhar de admiração e encantamento. Sinto meu corpo gritar ao sentir seu toque em minha boceta,
após ele retirar minha calcinha. Gemo ao sentir seu toque, mais uma vez deliciada.
— Tão molhada e tão pronta para mim, querida.
Ele para, me deixando sedenta por mais do seu toque, liga o chuveiro e tomamos um
banho delicioso, regado de muitos beijos e carícias. Ao finalizarmos nosso banho ele me seca e
se seca em seguida e, novamente, me pega em seus braços e me deita em sua cama.
— Preciso sentir seu gosto... Preciso provar você, minha linda.
Me cheira e quando leva seus lábios para meu sexo úmido, parece que vou desfalecer.
— Alejandro! — Imploro por ele.
Ele não para, me chupa maravilhosamente sem parar e grito desesperada, sentindo que não
vou aguentar. Sua língua é incansável e quando vê que eu não vou aguentar muito, intensifica
ainda mais sua chupada, pedindo:
— Goza para mim gostosa, dê para mim seu mel.
Sua voz rouca de tesão faz com que eu exploda num orgasmo enlouquecedor, que nunca
imaginei ser possível. Meu corpo se entrega ao prazer e minhas forças se esvaem. Jamais pensei
que sexo fosse tão bom e olha que mal começamos. Estou extasiada!
Alejandro se levanta, pega alguns preservativos e volta para cama. Não consigo desviar
meus olhos do seu pau, que é grande e me dá água na boca. Alejandro nota que estou com o
olhar fixo em seu membro e com carinho me pergunta.
— Tudo bem, querida?
— Estou bem. Você é tão grande, será que vai caber em mim? — Falo envergonhada.
Ele me olha com carinho, me dá um beijo e em seguida responde:
— Vou cuidar de você, preciosa minha. Vai doer no início, mas tentarei ser o mais
delicado possível para que você sinta muito prazer. Não suporto nem mais um minuto sem estar
dentro de você.
Ele me beija e suas mãos descem até encontrar minha boceta que está enxarcada e sedenta
por mais desse homem.
Ele abre mais minhas pernas, coloca o preservativo em seu pau e, logo em seguida,
começa pincelar minha boceta me deixando louca de tesão. Depois de várias pinceladas ele
coloca a cabeça daquele pau enorme e delicioso na entrada da minha boceta.
O tesão toma conta de mim e ele se controla para não tomar posse rapidamente do meu
corpo e me machucar.
Quando ele começa a entrar em mim, sinto a dor me queimar. Meu corpo retesa,
choramingo e ele é bem carinhoso.
— Calma, meu amor! Já vai passar... Olha para mim, Ximena. Preciso olhar em teus olhos
enquanto estou entrando dentro de você.
Ele vai entrando devagar e sinto seu pau grosso, grande e duro dentro de mim, me
rasgando por inteiro. Ele para quando sente a barreira da minha virgindade e me olha com
loucura. Seu olhar é de puro tesão e posse. Parecia que estava possuído por algo primitivo. Sem
controle ele grita:
— Minha, porra! Só minha! Toda minha!
E de supetão se enterra dentro de mim.
Grito, pois a dor é excruciante. Lágrimas correm dos meus olhos e ele fica parado dentro
de mim. Vejo que seu controle está por um fio, mas ele me olha com admiração, acaricia meu
rosto com carinho e seca minhas lágrimas.
— Vai passar, minha princesa... vai passar. Sinto tanto por te machucar, mas não posso
evitar que isso aconteça na sua primeira vez.
Pouco a pouco a dor vai diminuindo. Ele percebe, tira as mãos do meu rosto e desce para
os meus seios, apertando um no outro, formando dois montes, então suga meus mamilos,
mordisca, passando de um para outro. Mama meus peitos com loucura. Começo a gemer
novamente e ele, sentindo meu tesão, deixa uma mão no meu seio esquerdo e a outra vai para o
meu clitóris.
Ele dá um leve beliscão em meu clitóris e me sinto incendiar novamente. A dor havia
amenizado e o que eu necessito agora é que ele se movimente, me tomando por inteiro.
— Preciso de você agora, Alejandro! — Imploro.
— Estou aqui pra você, meu amor.
Então Alejandro começa um vai e vem vagarosamente dentro de mim, com cuidado. Sinto
ele mover em meu interior e ondas de prazer correm por todo meu corpo. Estou perdida em
sensações desconhecidas. Arfo e elevo meus quadris para ele. Pedindo mais, querendo mais.
Então nossos corpos começam uma dança frenética e Alejandro estoca em meu interior
cada vez mais rápido.
— Alejandroooo...
Gemo seu nome, inebriada de tanto prazer. Nem a ardência em meu canal consegue me
tirar o prazer que aquele pau estava me dando.
— Sente, meu amor... Sente meu pau te tomando. Essa boceta é minha!
— Vou gozar novamente, Alejandro. — Choramingo.
— Isso princesa, goza para mim, bem gostoso.
Então ele acelera os movimentos de vai e vem dentro de mim e grito ensandecida, fora de
mim. Ele estoca cada vez mais e mais forte, alcançando seu prazer e goza dizendo que sou dele.
Não posso discordar, eu sou dele!
Alejandro deita sua cabeça na cavidade do meu pescoço, tentando se recuperar da
avalanche de sensações que nos envolve nesse momento. Aos poucos vamos nos acalmando, até
sentirmos que os batimentos dos nossos corações se acalmaram.
Alejandro me dá um beijo delicado nos lábios e sai de dentro de mim. No mesmo instante,
sinto-me vazia.
CAPÍTULO 20

Ximena
— Você está bem, anjo? — Pergunta preocupado.
Aceno afirmativamente.
— Quero ouvir você, Ximena. Preciso te ouvir.
— Estou maravilhosamente bem Alejandro. Doeu, mas já passou. — Falo sorrindo e ele
me beija.
Ele me ajuda a levantar da cama e, ao ficar em pé sinto algo viscoso descer por minhas
pernas. Quando olho para baixo, fico roxa de vergonha. Alejandro me pega nos braços me leva
ao banheiro. Com cuidado molha uma toalha de rosto e carinhosamente começa a me limpar.
Após cuidar de mim, se limpa também e juntos voltamos para seu quarto. Visto uma camisa dele,
que mais parece um vestido para mim e ele veste apenas uma cueca.
Deitados em sua cama, ele me abraça fortemente. Descanso minha cabeça em seu peito e
ele caricia meus cabelos. Não sei precisar quanto tempo ficamos assim, um nos braços do outro,
nos sentindo, até que meu celular toca, quebrando a magia do momento.
O nome de Alexandre surge no visor do meu celular. Sinto que Alejandro ainda sente
ciúme do irmão e seu corpo fica retesado.
— Oi! ‒ Atendo o celular.
— Você está bem, Ximena? — Alexandre está preocupado com minha demora.
— Estou sim. — Repondo.
— Está bem, então. Fiquei preocupado com a maneira com que meu irmão exigiu que
você fosse a sala dele. Mas que bom que está tudo bem. Até mais.
— Até.
Desligo o celular e ouço ele dizer.
— Precisamos conversar. — Noto ele tenso.
Afirmo com a cabeça.
— Te quero muito Ximena. Desde o primeiro dia que te vi naquele elevador eu te desejo.
Não tirei você do pensamento um só instante depois que nos encontramos.
— Mas ficou bravo com minha contratação. Não queria que eu trabalhasse na empresa? —
Questiono.
— Jamais imaginei que a amiga da Selena fosse a garota que tanto me encantou. Fiquei
sem chão quando descobri que era você. Não sabe o alívio que senti quando vieram me pedir
para você ficar.
— Se queria que eu ficasse, por que não me pediu?
— Você estava magoada comigo. Fiquei perdido sem saber como agir. Como poderia
chegar em você após ter agido como um ogro e dizer que queria que ficasse e que tinha me
apaixonado por você desde o primeiro momento que te vi? Como você reagiria?
— Não sei Alejandro, eu realmente não sei. Te desejei desde que te vi. Senti muito medo
dos meus sentimentos, mas senti muita raiva quando me expulsou do trabalho. — Falo magoada.
— Perdão, querida! Nunca quis te magoar. Você me perdoa?
Me abraça forte. Parece tão arrependido e com medo de me perder!
— É claro que te perdoo. Na verdade, já te perdoei.
Ele dá um beijo leve nos meus lábios e abre um sorriso de orelha a orelha.
— Por que permaneceu virgem até hoje? — Pergunta.
Sua pergunta me pega surpresa.
— Não sei, beijei alguns garotos durante o ensino médio e tive apenas um namorado
durante a faculdade, mas como estava centrada em meus estudos, nunca senti necessidade de ir
além que alguns beijos.
— Que bom que era estudiosa, meu amor. Isso me deu o privilégio de ser eu o único a te
tocar.
— Que convencido! — Exclamo brincalhona.
— Convencido, apaixonado, possessivo e muitas outras coisas mais quando se trata de
você.
— Já percebi.
— Quero que seja minha namorada.
Isso não foi uma pergunta, simplesmente ele decidiu e pronto. Mas eu jamais recusaria.
— Onde está o ponto de interrogação dessa frase, para que eu possa responder?
— Você não tem opção de escolha!
Ficamos namorando um pouco e conversando, mas a fome apertou e então saímos do
quarto para fazer algo para gente comer. Só então consegui observar mais um pouco a cobertura
e fiquei maravilhada com o lugar. Era linda!
Depois de comer fomos assistir um filme. Nesse momento Alejandro pede licença e me
deixa alguns minutos sozinha, mas logo retorna.
— Coloquei a banheira para encher, amor. Você precisa de um banho relaxante e depois se
sentirá melhor. Vou cuidar de você.
Alejandro me ajuda a me livrar da camisa dele que eu estou usando e logo em seguida se
despe também. Então me pega no colo e segue para o banheiro, que mais parecia um quarto de
tão grande e entra comigo em uma enorme banheira. Ele me coloca entre suas pernas e me puxa
para o seu peito. Me sinto relaxar. A água morna e o cheiro de sais fazem milagre em meu corpo
e Alejandro, com delicadeza, começa a me lavar. Suas mãos passeiam vagarosamente por todo
meu corpo e sinto seu pau acordar. Me inquieto em seus braços.
— Shiiii, quietinha. — Ele diz, num sussurro.
Sinto a dureza do seu pau em minha bunda e, mesmo estando dolorido, meu corpo pede
por mais. Não entendo como estava me deixando levar tão facilmente. Eu que sempre fui uma
garota certinha, hoje não pensava em mais nada além da intensidade que estava vivendo naquela
tarde em que perdera minha virgindade com um homem que mal conhecia. Aqui, nada parecia
errado, era como se eu estivesse vivendo um sonho.
— Por mais que eu queira, anjo, não vou te possuir novamente. Você necessita descansar.
— Fala carinhosamente, me tirando da banheira, me secando e depois se secando. Me pega nos
braços e me leva pra cama, se deitando ao meu lado e me puxando para os seus braços.
Ficamos em silêncio um nos braços do outro. Palavras não eram necessárias, a conexão
entre nós era tão forte que ficamos abandonados em nossos próprios pensamentos, até que
percebo que realmente estou exausta e adormeço nos braços de Alejandro.
CAPÍTULO 21

Alejandro
Estou na cozinha espaçosa da minha cobertura preparando um sanduiche para comer e
pensando na intensidade do meu desejo por Ximena. Nunca me senti tão possessivo assim com
ninguém, mas quando soube de sua virgindade, um sentimento de posse me consumiu por
inteiro. Ela é só minha e me sinto um macho alfa, aquele domina e toma posse do que é seu.
Mesmo sabendo que passei por cima dela como um rolo compressor, tinha convicção que
não nutria aquele desejo sozinho, então não resisti e a fiz minha. Saber que nenhum homem
havia possuído aquele corpo foi maravilhoso e eu ser o primeiro e único me deixou fora de mim.
Sorrio ao lembrar que minha princesa está lá em cima, dormindo na minha cama, serena e
relaxada. Ela se entregou a mim tão intensamente que tremo ao lembrar de seus beijos, dos seus
gemidos e do quanto foi maravilhoso. Nunca senti tanto prazer com uma mulher como senti com
Ximena. Mas sei que o motivo é o amor, a paixão que sentimos pelo outro. Esse amor nos
consumiu.
Antes eu ficava saia com mulheres só para satisfazer meu desejo e sempre dava as costas
logo que acabava, não envolvendo sentimentos. Era carnal, tanto que nunca me dava o trabalho
nem de saber o nome da maioria delas. Agora estou aqui, completamente apaixonado, totalmente
entregue à uma mulher, ou melhor, completamente entregue à minha mulher, a mulher que quero
cuidar, abraçar e dar o mundo.
É a primeira que trago uma mulher para minha cobertura. Aqui é minha privacidade,
minha vida pessoal e não deixava ninguém se aproximar, até que Ximena chegou como um
furacão na minha vida e entrou no meu coração sem pedir licença, fazendo dele sua morada.
Pra mim, é tão certo e tão correto que minha pequena feiticeira esteja aqui! É como se eu -
mesmo não sabendo de sua existência até pouco mais de um mês, - estivesse apenas esperando-a
chegar, como se ela sempre tivesse feito parte da minha vida.
O homem frio e calculista que me tornei devido as circunstâncias da vida derreteu diante
um só olhar daquela mulher. Não vou lutar contra meus sentimentos, quero viver essa história
com Ximena. É como se tivesse voltado a viver após um longo período só sobrevivendo.
Me sinto vivo novamente, após muitos anos.

Ximena
Acordo em uma cama deliciosa e com lençóis branquinhos. Estranho um pouco o
ambiente, mas logo vou me dando conta que estou na cama do Alejandro e um sorriso bobo
surge em meus lábios.
Me levanto e sinto um incômodo na minha intimidade. Meu corpo está dolorido e logo
imagens do que tinha acontecido vem em minha mente. Olho ao redor do quarto a procura de
Alejandro e não o encontro. Vou ao banheiro, faço minha higiene e, após vestir uma camisa dele
novamente, desço para a sala de estar. Sinto um cheiro gostoso e sigo o aroma, encontrando
Alejandro em uma bela cozinha e, para minha surpresa, cozinhando. Sorri ao me ver, larga o que
está fazendo e vem até mim, depositando um beijo suave em meus lábios.
— Já acordou, querida? Como você está?
— Um pouco dolorida, mas estou bem. — Falo corando.
— Adoro como você ruboriza. — Fala com carinho, apertando a ponta do meu nariz.
— Não sabia que você cozinhava. — Falo, admirada.
— Sou um homem de muitas qualidades, Ximena. Fala, convencido.
— Espero ter tempo de conhecer todas essas qualidades.
— E por que não teria?— Sinto que ele fica tenso.
— Só foi um comentário bobo.
Ele me leva até a mesa e nos sentamos de frente um para o outro. Alejandro pega as
minhas mãos e me diz seriamente.
— Ximena, sei que tudo o que está acontecendo entre nós é muito recente e rápido e sei
que nosso começo foi bastante tumultuado, confesso que por minha culpa. Mas quero que você
saiba que o que estou sentindo por você é muito forte e nunca senti algo assim por nenhuma
mulher. Quero conhecer você melhor, saber do que gosta, ouvir sobre seus sonhos e conhecer sua
família. Tudo em você me interessa! Quero viver este sentimento louco e forte que estou
sentindo aqui em meu peito.
Suas palavras transmitem uma paz e uma segurança tão grande!
— Também me sinto assim Alejandro. Não sou experiente como você, mas sei que nunca
senti algo tão forte quanto o que sinto por você. Mas me sinto insegura e com medo, pois somos
muito diferentes tanto na questão da experiência com o sexo, quanto na idade e classe social.
Ele me olha como se eu tivesse duas cabeças e não estivesse acreditando no que eu estava
dizendo.
— Meu amor, eu não me importo com isso. Quem se importa com essa questão de classe
social são pessoas fúteis. E eu não preciso de uma mulher da mesma classe social, eu preciso de
você, e acredito que tenho dinheiro suficiente pra nós dois.
— Você é um homem que quase todas as mulheres de Valência dariam tudo para ter. Me
entreguei para você, não me arrependo e faria tudo novamente. Também quero muito te conhecer
e viver esse momento com você, só o que peço é que se um dia você não me quiser mais, seja
sincero comigo. Se há uma coisa que eu prezo muito é honestidade e sinceridade.
— Te prometo que sempre serei sincero e honesto com você, mas já que estamos aqui para
nos conhecermos, que tal experimentar esta paella e ver se estou aprovado?!
Ele me beija e logo me serve, todo animado. Almoçamos quase na hora do lanche da tarde,
mas num clima tão gostoso!
— Hummm... uma delícia, senhor Ruiz. Está aprovado.
— Um ponto a meu favor.
— Acredito que você tenha vários pontos a seu favor.
— Ah é? E posso saber quais são?
— Você sabe quais são eles!
Ele me olha com um olhar sacana, de que sabe do que estou falando. Com aquele corpo,
aquela língua deliciosa e aquele pau dos deuses, não tem como não ter pontos a seu favor.
Terminamos de comer e juntos lavamos a louça. Desde que cheguei aqui não percebi sinal
de mais alguém no apartamento. Será que não tinha ninguém que trabalhava para ele?
— Preciso ir pro meu apartamento, já está tarde. — Falei.
— Passa a noite comigo? — Pede carinhosamente me dando beijos no meu pescoço, me
deixando arrepiada.
— Acho melhor não. Eva pode ficar preocupada,nunca fiz isso antes.
— Avisa ela.
— Não tenho roupa aqui e amanhã terei que trabalhar. — Falo reticente, não sei o que Eva
vai pensar em ver que estava num envolvimento tão íntimo com o CEO da empresa onde
trabalhava.
— Sei que está assustada, mas precisamos nos conhecer e, depois de tudo que aconteceu
hoje, acho que merecemos uma noite juntos. Fica comigo esta noite, Ximena. – Pede com
carinho.
Mesmo com medo resolvi jogar as dúvidas e inseguranças para o fundo do cérebro e ficar,
porque queria muito dormir agarradinha com ele, se bem que dormir eu acho que será a última
coisa que faremos. Já que tinha me entregado de uma forma tão louca para ele, não faria mal um
pouco mais de loucura.
— Está bem, vou avisar a Eva.
Ligo para minha amiga que atende no segundo toque do celular.
— Aconteceu algo, Ximena? – Pergunta preocupada.
— Não, por que pergunta?
— Já é mais de vinte horas e você não está em casa, nunca fez algo assim e não atendeu
minhas ligações. Como não ficar preocupada? – Diz indignada.
— Me desculpa amiga, não vi suas ligações. – Estava envergonhada, olho para a tela de
meu celular e percebo que está no modo silencioso.
— Onde você está?
— No apartamento do Alejandro.
— O quê! O CEO?
— Sim.
— O que você está fazendo aí? — Pergunta desconfiada.
— Humm... bem... nós conversamos e estamos namorando. — Sinto meu rosto arder de
vergonha, Alejandro acompanha atento nossa conversa.
— Sério, amiga? Fico feliz por você.
— Será que podemos conversar amanhã?
— Por que amanhã?
— Te liguei para avisar que irei passar a noite aqui.
— Uau! Essa é mesmo minha amiga? Estou pasma.
— Dá para a gente conversar amanhã?
— Está bem amiga, conversaremos amanhã. E... Ximena?
— Sim?
— Se cuida amiga, saiba que estou aqui.
— Obrigada, Eva. Até amanhã.
Desligo o celular e Alejandro não diz nada, só pega na minha mão e juntos subimos para o
quarto. Ele me leva para o banheiro e começa a me despir de forma lenta. Sinto meu peito arfar e
minhas pernas tremerem.
Após me deixar nua ele se livra de suas roupas também e com voz rouca diz baixinho em
meu ouvido.
— Você está bem, princesa?
— Sim.
Ele então abre a ducha do chuveiro e me dá um banho vagarosamente e depois pede para
que eu faça o mesmo com ele. Faço o que ele pede e, quando chego em seu pau ele joga a cabeça
para trás e dá um gemido alto.
Assim que terminamos o banho nos secamos, ele me pega em seus braços e me deita
carinhosamente na sua cama.
— Agora vou te amar da forma que você merece, amor. Nesta noite só existe nós dois e o
desejo que nos une.
Dou um sorriso tímido e me deixo levar.
Ele me dá um beijo delicioso e, conforme aprofunda a língua em minha boca, sinto meu
corpo incendiar. Ele dá pequenos beijinhos por meu rosto, pescoço, seios e barriga. Já não seguro
meus gemidos de prazer.
Quando ele chega perto do meu sexo, abre minhas pernas e vagarosamente abre meus
lábios, depositando um beijo ali. Me sinto em chamas e, então, ele enterra seu rosto em minha
boceta e me chupa com vontade, como se fosse a melhor iguaria que ele já provou.
Ergo meus quadris friccionando sua cabeça para poder sentir mais. Quero mais, preciso de
mais. O meu corpo treme incontrolavelmente e eu grito seu nome sem nenhum pudor. A
necessidade por ele é tamanha, que beira a loucura.
Alejandro alcança meu clitóris e dá uma mordidinha de leve me levando à beira do
desespero, e então, lentamente, coloca um dedo dentro de mim, fazendo movimentos preguiçosos
de entra e sai.
Já não suporto mais, falo palavras incoerentes e peço por mais, então ele intensifica dos
movimentos e grito.
— Vou gozar, Alejandro. Não suporto mais.
Ele me olha e ordena.
— Olha para mim coração! — Com muito esforço consegui olhá-lo e com uma voz rouca
ele pede. —Agora vem para mim, vem anjo.
Então eu vou para ele me desmanchando em ondas de prazer e gritando seu nome com
força, sentindo o quanto pertenço a esse homem. Arrebatada e completamente sem forças após
atingir o clímax, fecho os olhos, lânguida.
Alejandro se levanta com um sorriso malicioso nos lábios, pega um preservativo em uma
mesinha ao lado da cama, coloca em seu membro ereto e duro e, então, abre mais minhas pernas
e me penetra vagarosamente.
Sinto uma pitada de dor enquanto ele observa atentamente meu rosto e pouco a pouco
preenche meu interior.
— Está doendo, querida?
— Um pouco, mas quero que continue.
Então ele me penetra devagar e carinhosamente, o que me deixa mais apaixonada. No
momento em que ele vê que já estou relaxada, começa a me estocar forte e duro do jeito que ele
ama. Seu olhar sobre mim é puro tesão, meu corpo está totalmente entregue a ele novamente,
meus gemidos parecem deixa-lo ainda mais enlouquecido e, juntos, dançamos uma dança frénica
e prazerosa enquanto ele me fodia deliciosamente.
— Vou gozar, meu amor. Goza comigo.
Meu corpo simplesmente obedece a ordem do meu dono e gozo abundantemente e, após
algumas estocadas, sinto ele gozar gritando meu nome, ensandecido.
Alejandro deita ao meu lado me puxando para seu peito e me abraça forte. Após nossos
corpos desacelerarem ele se levanta, vai ao banheiro e, após alguns minutos, traz uma toalha e,
com carinho, me limpa. Depois me abraça e ficamos assim por muito tempo.
— Você está bem, amor?
— Estou ótima! — Respondo sorrindo e ganho um beijo do meu amor.
— Das próximas vezes será menos dolorido, até que a dor deixará de existir e só existirá o
prazer. — Fala me olhando com carinho, acariciando meu rosto.
— Sim! Você foi muito carinhoso e cuidadoso comigo, eu amei cada segundo.
— Me odeio por te machucar de alguma forma, mas infelizmente não tinha como evitar.
— Preferia que não fosse virgem? — Pergunto timidamente.
— Porra! Não, Ximena. Não imagina o prazer que sinto em saber que fui seu primeiro, que
só eu te toquei tão intimamente, que eu estou te ensinando sobre sexo, como dar e receber prazer.
Vou te ensinar tudo, minha menina linda e jamais outro homem te tocará, pois será minha para
sempre.
Fico impactada com a possessividade de Alejandro sobre mim.
— E você é meu?
— Você tem dúvidas? Sou completamente seu!
Nesta noite conversamos bastante sobre nós, nossa vida, nossas famílias, nossos gostos,
nossos sonhos e desejos. Até que, exaustos, dormimos um nos braços do outro.
CAPÍTULO 22

Ximena
Na manhã seguinte, ao acordar, a primeira coisa que vem à minha memória é a noite
maravilhosa que passei com Alejandro. Até ele aparecer na minha vida eu nunca tinha me
apaixonado por ninguém, mas o que sinto por ele é muito forte e estou ciente disso.
Sinto uma necessidade enorme de estar perto, de senti-lo, de tocar seu corpo. Acho até que
estou amando, só não sei se é possível amar alguém em tão pouco tempo, ou se é só paixão. Vou
dar tempo ao tempo e deixar as coisas acontecerem naturalmente e, assim, terei certeza dos meus
sentimentos por ele.
Como estou sozinha no quarto, tomei um banho e fiz minha higiene matinal. Procurei por
minhas roupas e não as encontrei, coloquei um robe que estava no banheiro e desci a procura de
Alejandro.
Fui direto para a cozinha acreditando que iria encontrá-lo lá. Para minha surpresa, dei de
cara com uma senhora de meia idade de me cumprimentou sorridente.
— Bom dia, senhorita!
— Bom dia! ‒ Respondi timidamente.
— Sou Emma, a governanta do senhor Ruiz. – Se apresenta.
— Prazer, sou Ximena.
— O senhor Ruiz pediu para avisá-lo quando acordasse. Ele está no escritório.
— Obrigada! Pode me dizer onde fica?
Emma me leva ao escritório de Alejandro e bato na porta.
— Entre!
— Bom dia! — Cumprimento-o e assim que me nota, um sorriso surge em seus lábios, ele
se levanta e vem ao meu encontro me dar um beijo.
— Bom dia! — Ele responde, assim que cessa o nosso beijo. — Dormiu bem? — ele faz
um carinho gostoso no meu rosto.
— Sim e você?
— Maravilhosamente bem.— Fala com um sorriso safado no rosto. Senhor, ele é lindo!
Olho para ele admirada.
— Você viu minhas roupas? Procurei e não as encontrei.
— Está na lavanderia, Emma está cuidando delas para você. Mas não se preocupe, mandei
Júlio ir ao teu apartamento para buscar roupas limpas para você, ele já deve estar chegando.
Vamos tomar café?
Olho abismada para ele. Esse homem pensa em tudo!
Enquanto estávamos tomando café da manhã, Júlio chega com minhas roupas. Logo em
seguida me troco, despeço-me de Emma e vamos para a empresa.
Chegamos juntos na empresa e Alejandro entrou comigo de mãos dadas. Fiquei
envergonhada imaginando o que as pessoas deviam estar pensando de mim com o chefe. Tenho
certeza que serei o alvo de fofocas.
— Até mais tarde, meu amor.
Ele me beija e se despede de mim ao chegarmos no Departamento de Marketing. Logo que
entro já vejo Selena, que parece me esperar.
— Bom dia! — Cumprimento Selena.
— Bom dia, cunhadinha! — Ela está com um sorriso maroto nos lábios.
Sinto meu rosto ficar vermelho e olho para ela sem graça e falo.
— Parece que as notícias já chegaram por aqui.
— Menina, como não chegariam? Você entrou no escritório do chefe na hora do almoço e
os dois sumiram até a manhã de hoje. Convenhamos que vocês não foram nada discretos.
— É, aconteceu.
— Humm... Por um dia apenas, Ximena? — Pergunta curiosa.
— Acho que não, ele me pediu em namoro.
— Senhor! Então é sério? Nunca vi o Alejandro namorar ninguém.
Meu sorriso vai de orelha a orelha, tamanha é minha felicidade. Afinal, eu sou a primeira
em algo em sua vida.
— Vai me contar como foi? — Questiona safada.
— Foi maravilhoso Selena e é isso que você saberá de mim, nada mais.
Selena gargalha.
— Você é uma menina muito má, Ximena. Que esconde informações das amigas. —
Fala matreira.
— Selena, estamos falando do seu irmão! Você quer mesmo os detalhes?
— Verdade, melhor mesmo eu não saber. — Ela fala e começa a rir de si mesma e eu rio
junto.
— Vamos trabalhar, Selena.
— Vamos, senhorita. Porque a senhorita faltou ontem e me deixou na mão. — Ralha,
brincando.
Entro na brincadeira
— Sinto muito querida, mas acho bom você ir reclamar com o CEO então, já que o próprio
me deu folga.
— Sinto que terei problemas, melhor não reclamar.
Gargalhamos e vamos trabalhar. A manhã foi super corrida e estávamos focadas no
trabalho. Quando percebi, já era a hora do almoço. Estava quase indo para a sala do Alexandre
quando vejo Alejandro entrando no departamento.
— Olá! Vim te buscar para almoçarmos juntos. — Me beija carinhosamente e me oferece
sua mão, que aceito de bom grado e saímos em direção ao elevador.
Ele me leva para uma sala privada, onde os irmãos Hernandes almoçam todos os dias, com
exceção do Alexandre, que não almoçava com os irmãos na empresa.
— Boa tarde! — Falo timidamente cumprimentando o Eduardo, sua esposa Simone e
Salma.
Eduardo e elas respondem, um tanto surpresos pela minha presença. Alejandro puxa uma
cadeira, me sento e ele logo em seguida se acomoda ao meu lado.
— Ora, ora, ora, parece que temos mais um membro da família hoje em nosso almoço. –
Eduardo fala zombeteiramente. — E então irmão, não vais nos apresentar?
Coro.
— Não conhece a Ximena, Eduardo? — Alejandro questiona seco.
— Eu conheço a Ximena, aquela que trabalha no Departamento de Marketing. Agora
quero saber quem é essa mulher aqui, que entrou de mãos dadas com meu irmão Alejandro numa
sala onde só os membros da família Hernandez Ruiz frequentam.
Fico constrangida com o comentário do Eduardo e acho que Alejandro sente meu
desconforto. Selena chega e ao me ver abre um lindo sorriso para mim.
— Pois agora deve se acostumar coma presença da Ximena, ela é minha namorada!
Satisfeito Eduardo?
— Satisfeitíssimo. Vivi para ver esse momento chegar. O grande CEO Alejandro, mais
conhecido por coração de gelo, apaixonado e namorando. — Eduardo fala batendo palmas, dá
uma piscadela para mim e continua. — Para quem não te queria aqui, as coisas evoluíram
não é, Ximena?
Fico constrangida e Alejandro, sério, encerra o assunto.
— Nem mais uma palavra desta história. Estamos entendidos, Eduardo?
Acho que levará um tempo até Alejandro perdoar a si mesmo por ter me mandado embora
da empresa.
— Você é que manda, maninho.
Percebi que Eduardo é o único dos irmãos que enfrenta Alejandro. Os demais, apesar de
manter uma boa relação com o irmão mais velho, trata-o com muito respeito, diferentemente de
Eduardo que brinca o tempo, todo fazendo piadinhas.
— Estou muito feliz por ver vocês dois juntos. Mas, Alejandro, não ouse mudar a Ximena
de departamento. Eu não aceito! ‒ Selena adverte seu irmão que olha para ela com uma cara de
menino traquina.
— Sabe que não tinha pensado nisso? Você me deu uma excelente ideia! — Ele brinca.
O almoço foi num clima leve e descontraído. Todos me trataram com muito carinho e me
senti acolhida, mas senti falta de Alexandre. Teria sido maravilhoso tê-lo ali com a gente.
CAPÍTULO 23

Ximena
No final de mais um dia de trabalho resolvo sair um pouquinho mais cedo para ir até a sala
de Alexandre falar com ele e descobrir por qual motivo ele não almoça com sua família.
— Oi! – Cumprimento Alexandre, entrando em sua sala.
— Oi! Senti tua falta hoje no almoço.
— Desculpe por não vir, mas fui almoçar com tua família.
— Imaginei! A fofoca da vez é o CEO e a assistente. Nesse caso, a assistente da irmã.
— Engraçadinho. – Dou um tapa em seu ombro.
— Então minha amiga laçou o todo poderoso CEO coração de gelo?
— Espero que sim, por que o meu ele já conquistou. Confesso que tenho receio. Está
acontecendo tudo muito rápido e tenho medo de acordar e ver que foi apenas um sonho ou que
ele cansou de mim e mudou de ideia.
— Que eu saiba ele nunca levou uma mulher para dormir em sua cobertura, nem levou
uma mulher para almoçar com a família na sala principal de refeições e muito menos apresentou
uma namorada pra gente. Então, querida, analisando friamente todos os sintomas, você laçou
meu irmão pelas bolas, literalmente.
Sinto minhas bochechas corarem.
— É tudo tão novo e ao mesmo tempo tão intenso! Ele é um homem bilionário, lindo,
sexy, desejado por tantas mulheres, não entendo o que ele viu em mim, sou muito simples.
— Porra, Ximena! Você não tem espelho em casa? Você é linda, inteligente, esforçada e
muito querida. Nunca mais se desmereça assim, entendeu?
Fico sem jeito diante do sermão que meu amigo, agora cunhado, me dá. Mas sei que ele
tem razão, não posso me desmerecer.
— Não vou. E você, está bem?
— Estou. Sabe, falar com você ontem me fez muito bem. Obrigado pelas palavras de
carinho.
— Eu o conheço? — Mudo se assunto.
— Quem?
— O cara que conquistou este coração de ouro.
— Hummm... deixa de ser curiosa.
— Deixa para lá, então.
— É o Diego, meu segurança particular.
— Uau! Ele é um gato. Mas prefiro o meu Alejandro.
— Seu Alejandro, é?
— Todo meu!
Caímos na gargalhada.
Alexandre conta como conheceu o seu amor e como, após algum tempo, trouxe-o para
trabalhar com ele e para ficar mais perto um do outro sem despertar suspeita.
— Acho uma bobagem você esconder seu relacionamento, Alexandre! Você é um homem
livre para amar quem você quiser.
— Eu sei, Ximena! Mas ainda não estou preparado para enfrentar a sociedade. Sou muito
tímido, você sabe.
— Enfrentar a sociedade ou o Alejandro?
— Tenho mais medo do julgamento do Alejandro do que de toda Valência.
Abraço meu amigo e dou um beijo no seu rosto. Estou feliz por ele se abrir comigo. Ele é
um ser humano muito especial.
— Você e o Alejandro conversaram sobre mim?
— Sim. Ele tem ciúmes de nós dois juntos.
— Porra, que merda!
— Pois é, mas disse a ele que você tem outra pessoa.
— Caramba, Ximena! E se ele desconfiar?
— Não vai e eu precisava falar algo para ele não ficar pensando besteira. Mas fica
tranquilo, jamais revelaria teu segredo, amigo!
— Eu sei, amiga.
Nos abraçamos novamente e a porta da sala do Alexandre se abre. Alejandro aparece e
noto que ele está com raiva.
— Atrapalho? – Pergunta, nervoso.
— Claro que não Alejandro, entre! — Alexandre convida, preocupado com a reação do
irmão.
— Não, só vim buscar a Ximena. — Alejandro informa e me estende as mãos.
Vou para os seus braços e ele me aperte num claro sinal de posse.
— Até mais! ‒ Se despede do irmão e vira as costas para sair comigo.
— Alejandro, você pode me dar um segundo? Preciso dizer algo importante. — Alexandre
o chama, viramos e encaramos o Alexandre.
— Pode dizer!
— Esse ciúme que sente quando me vê com Ximena é sem cabimento. Acho que você me
conhece o suficiente para saber que jamais faria algo pra te ferir. Ximena e eu somos apenas
amigos, agora cunhados. Estou feliz por vocês.
Alejandro concorda com um menear de cabeça e abraça o irmão. Em seguida saímos da
sala de Alexandre.
— Vamos para minha cobertura? — Alejandro convida assim que saímos da sala.
— Não posso, preciso organizar algumas coisas que não consegui organizar ontem porque
alguém não me deixou voltar para casa...
— Não pode organizar outro dia? Queria dormir como você nos meus braços de novo.
Eu quase cedo ao seu pedido, mas se eu ceder hoje vai ser assim todos os dias e quero ir
mais devagar.
— Alejandro, nós estamos indo rápido demais! Hoje dormirei no meu apartamento e
organizarei as coisas que preciso. Amanhã durmo com você, na sua cobertura.
Ele crispa os olhos e enrijece o semblante. Vejo que está furioso, mas não insiste mais e
descemos para o subsolo do prédio onde fica a garagem.
— Vou te levar para casa, então.
Nem me oponho, controlador do jeito que ele é sei que não permitirá que eu vá sozinha
para casa.
Chegamos na garagem e ele me conduz até sua BMW. Júlio já está nos esperando e juntos
vamos para meu apartamento.
Durante todo o trajeto, Alejandro não me dirigiu a palavra. Sei que ele está aborrecido por
que eu não cedi. Prefiro ficar em silêncio também. Não foi um mero capricho que me fez recusar
seu convite, mas sim, porque preciso pensar um pouco, estamos indo rápido demais e preciso
refletir. Minha vida mudou totalmente de uma hora para outra e preciso pensar.
Ao chegarmos em frente ao prédio onde fica o meu apartamento ele continua calado.
— Não vai me dar um beijo de boa noite, Alejandro?
— Se quisesse meus beijos, iria comigo.
— Alejandro! — Chamo sua atenção sem acreditar que ele realmente está dizendo isso. E
já que ele quer assim, me viro para descer do carro, mas ele segura meu braço e me puxa para
seu colo e cola nossos lábios num beijo bruto e exigente, que faz meu corpo vibrar.
Ele para abruptamente e diz:
— Boa noite, Ximena!
— Boa noite, Alejandro!
E desço do carro meio desnorteada. Seu beijo serviu para me deixar sedenta por mais do
seu toque, dos seus beijos, do calor do seu corpo. Assim que entro no prédio, noto seu carro
saindo e no mesmo instante, me arrependo de não ter ido com ele, mas é melhor assim.
CAPÍTULO 24

Alejandro
Vou para casa puto de raiva. Passei o dia todo ansioso para vir para casa com ela e
ficarmos juntos, mas ela não aceitou meu convite e bateu o pé que iria para casa.
Ximena está fodendo meu juízo. Primeiro fui procurá-la em sua sala e não encontrei.
Quando Selena me informa que ela está com o Alexandre fico louco, tenho ciúmes do
relacionamento dos dois, eles não se desgrudam, tanto que desconfiei que Alexandre poderia
estar apaixonado por ela. Entretanto, depois do que me disse hoje acredito que não seja só que,
mesmo confiando no meu irmão, não suporto vê-lo tocando minha mulher de forma tão intima.
Ter que passar a noite sozinho seria um martírio. Pensei em não beijá-la, mas, quando ela
me pediu um beijo de boa noite, mas não resisti e agora estou aqui, sozinho e com o pau tão duro
que sinto doer.
Resolvi não forçar muito a barra, mas não poderei ficar muito tempo longe dela, estou
enfeitiçado e preciso dela comigo. Foi intenso demais o que aconteceu entre nós. Ela perdeu a
virgindade ontem e sei que precisa de tempo, preciso me acalmar senão corro o risco de assustá-
la ainda mais
Quando se trata da minha namorada, não consigo agir com calma e coerência. A única
certeza que tenho neste momento é que terei uma longa noite de merda sem ela nos meus braços.
Quem diria, o grande coração de gelo derreteu e se apaixonou. – Penso, sorrindo.
Estou completamente apaixonado pela Ximena, viciado de um jeito fora do normal
naquela mulher. É assim que me sinto! Quando penso nela o meu corpo reage imediatamente e
meu fascínio por ela é tão grande, que até na hora que estou trabalhando ela não sai do meu
pensamento.
Desde o dia que a vi pela primeira vez tem sido assim. Só penso nela, sonho com ela,
desejo-a. Pensava que quando ela fosse minha essa loucura passaria. Ledo engano! Ontem eu
provei de uma droga tão poderosa que sei que me viciou para sempre e hoje sinto que estou
completamente dependente de Ximena.
Chego na minha cobertura e a primeira coisa que faço é ir ao meu bar que fica na sala de
estar e pegar uma garrafa de Whisky. Subo para o quarto e, ao entrar, o que vem em minha
mente é a imagem de Ximena deitada com apenas um lençol cobrindo seu corpo, assim como a
deixei hoje de manhã. Decido enviar uma mensagem para ela. Quem sabe ela não esteja
arrependida...
Eu: Esse quarto e essa cama ficam tão grande sem minha princesa aqui! Sentindo sua
falta, meu amor.
Envio a mensagem e rapidamente ela vê e me responde.
Minha Princesa: Também estou sentindo muito sua falta, meu amor.
Sorrio com sua resposta, preciso tentar mais uma vez.
Eu: Para que ficarmos sentindo falta um do outro se podemos ficar juntos? Vem para mim
amor, eu te busco, basta você dizer que sim!
Espero sua resposta ansiosamente. Demora dois minutos, mas chega.
Minha Princesa: Venha, amor. Te espero, não conseguirei dormir longe de você!
Sua resposta era tudo que eu precisava. Envio uma nova mensagem avisando que estou
indo buscá-la, mas antes vou passar em um restaurante para providenciar o nosso jantar. Nem
aviso Júlio, irei eu mesmo dirigindo buscar minha mulher e tê-la nos meus braços a noite inteira.

Ximena
— Senhor! Que susto menina, quer me matar do coração? – Ouço Eva dizer assim que
entro no apartamento.
— Oi para você também, Eva.
— Estou em cólicas, quero saber de tudo! Como foi perder a virgindade com aquele deus
grego do Alejandro?
— Perfeito! — Grito e nos abraçamos pulando, parecendo duas crianças.
— Conta, conta tudo!
Então contei como foi. Excluindo, é claro, os detalhes picantes.
— Está amando, Ximena! — Eva afirma com um olhar sonhador.
— Se é amor eterno eu não sei, amiga. Mas é sentimento mais incrível que senti até hoje.
Sinto que estou flutuando, estou nas nuvens e com medo de cair dela.
— Querida, a única certeza que temos nesta vida é a morte. No mais, tudo pode
acontecer! Não deixe de viver esta história com aquele gato gostoso por medo de perdê-lo.
— Não vou, Eva. Quero viver o que puder com o Alejandro e nem o medo vai me impedir.
— Essa é minha amiga. E ele deixou você aqui de boa? Achei que te veria aqui só na outra
semana! — Eva me abraça e, nesse momento, me sinto mais corajosa que nunca.
— Na verdade ele queria que eu fosse, mas optei por ficar em casa. Acho que estamos
indo rápido demais e isso me deixou um pouco assustada. Mas confesso que me arrependi de não
ter ido com ele no segundo seguinte.
— Nossa amiga, que pena. Mas e se você fosse e fizesse uma surpresa?
— Não amiga, não tenho coragem, agora já foi. Prometi a ele que amanhã dormirei com
ele. Essa noite vai passar rapidinho.
Enquanto conversávamos recebi uma notificação no meu telefone e, quando vejo que é
dele, meu coração acelera e mais que depressa abro a mensagem.
Amor: Esse quarto e essa cama ficam tão grande sem minha princesa aqui! Sentindo sua
falta, meu amor.
Ao ler, meu peito aperta ainda mais arrependido por não ter ido com ele, mas feliz por
saber que ele sente minha falta.
— Pelo sorriso é mensagem dele, né?
— Simmmmm.
Eu: Também estou sentindo muito sua falta, meu amor.
Respondo mais que depressa e mostro para Eva, que fica radiante por mim. E a resposta
dele chega no mesmo instante.
Amor: Para que ficarmos sentindo falta um do outro se podemos ficar juntos? Vem para
mim amor, eu te busco, basta você dizer que sim!
— Amiga, ele quer vir me buscar.
— O quer você está esperando para dizer para ele vir?
— Amiga, eu falei que não ia quando ele estava aqui na porta. Agora que ele já está em
casa eu digo pra me buscar, não soa estranho? Tenho medo de passar a impressão que estou me
aproveitando da situação, sendo uma garota mimada, sabe? Medo de incomodá-lo.
— Amiga, pelo que estou vendo ele está incomodado é por ficar longe de você!
Desencana, vai viver, vai ser feliz com seu amor.
— Você tem razão amiga, vou pedir para ele me buscar. Você vai ficar bem?
Minha amiga me garante que ficara bem e corro para o quarto para me arrumar e esperar
meu amor. E, por falar nisso, preciso responder sua mensagem.
Eu: Venha, amor. Te espero, não conseguirei dormir longe de você!
Envio a mensagem, feliz. Logo após recebo sua resposta dizendo que viria me buscar, mas
que antes iria passar em um restaurante para comprar nosso jantar. Corro para o banheiro para
tomar um banho e ir para os braços do meu amor.
CAPÍTULO 25

Ximena
Um mês já se passou desde que Alejandro e eu começamos a namorar. Minha rotina está
completamente mudada, pois praticamente me mudei para a cobertura do Alejandro. Nesse
tempo dormi no meu apartamento somente uma noite, porque minha irmã queria dormir comigo,
mas ainda assim ele ficou chateado.
Quando eu dizia que ia para meu apartamento ele já nem me dava ouvidos mais,
simplesmente me vencia usando sua sedução pra que eu fosse com ele. Então desisti e resolvi me
jogar de cabeça em nosso relacionamento.
Alejandro é sempre gentil comigo, mas a sua obsessão por mim é visível e às vezes me
assusta. Desde o início do namoro minha vida se resume a trabalhar e fazer sexo com ele a noite
toda. Ele é insaciável! Confesso que amo e não resisto, mas tem momentos que preciso pôr um
freio nele, por que não aguento.
Estou bastante afastada de Eva e de Alexandre, pois todo tempo livre que tenho é para o
Alejandro. Dos meus amigos a que eu mais convivo é Selena, isso porque trabalhamos juntas.
Aos domingos procuro sempre passar o dia com minha família e ele fica aborrecido,
principalmente por ainda não o ter apresentado aos meus pais. Ainda acho cedo e tenho certeza
que meus pais não vão gostar de saber que eu praticamente estou morando com ele em tão pouco
tempo de namoro.

Alejandro
— Amanhã, Ximena! Marque com teus pais amanhã. — Ordeno.
Já estamos namorando tempo suficiente para que possa conhecer os pais de Ximena e ela
vem postergando me apresentar a eles. Na realidade, não entendo o que se passa na cabeça da
minha namorada. Se fosse outra mulher tenho certeza que ficaria encantada em me apresentar
aos pais, pois é sinal de comprometimento com o relacionamento.
— Por favor, Alejandro. Me dê apenas mais um final de semana. – Pede.
Estou muito irritado e até mesmo decepcionado ao ver que ela tenta evitar este encontro.
— Qual o problema? Não confia em mim o suficiente para me apresentar aos seus pais?
— Você sabe que não é isso, meu amor. Só estou receosa quanto a atitude deles ao saber
que estou namorando com um homem como você.
— O que você quer dizer com “um homem como eu”?
Não é possível que ela quer namorar em segredo! Ou será que não me ama o suficiente
para me apresentar à sua família? Mas, resumindo, nenhuma das duas opções me agrada.
— Você é um homem mais velho, experiente e de classe social diferente da minha. Eles
podem pensar que você está querendo apenas brincar comigo, quando pode ter a mulher que
quiser. Por esse motivo gostaria de esperar mais um pouco e, com mais tempo de
relacionamento, passar segurança a eles.
— Você já tem vinte e três anos, Ximena. É maior de idade e dona da sua própria vida,
tem direito a suas escolhas. A aprovação dos teus pais é importante pra mim, mas o que
realmente me importa é se você quer ou não continuar sendo minha namorada.
— Você sabe que sim! Eu te amo, me entreguei pra você e não é justo você desconfiar dos
meus sentimentos. ‒ Fala magoada com os olhos marejados de lágrimas.
— Eu também te amo, Ximena. Nunca senti algo tão forte assim por uma mulher e por
você estou disposto a mudar minha vida, mas não posso aceitar menos do que isso de você.
— Não estou preparada ainda Alejandro, sinto muito.
— Tudo bem, respeito sua decisão.
Sinto meu coração doer, um aperto no peito tão grande que parece que vou sufocar.
Sempre lutei muito para conseguir vencer na vida e, desde os meus vinte anos aprendi que cada
conquista vem com muita luta, mas simplesmente não posso lutar sozinho por nós dois, ela
também tem que querer tanto quanto eu quero nosso relacionamento. Ximena, por mais que me
ame, não confia em nós e é muito insegura e, honestamente, não sei o que fazer para que ela
confie plenamente em mim.
Saio deixando-a sozinha na sala de estar, vou para meu escritório e enterro a cara no
whisky. Fico horas olhando o vazio e então tomo uma decisão que espero não me arrepender,
mas é necessário.
Já passa das vinte duas horas, num sábado à noite e tínhamos passado um dia agradável
juntos, mas infelizmente a noite não estava tão agradável assim.
Procuro por Ximena, mas não a encontro na sala. Subo para o meu quarto, encontro ela
deitada de conchinha e chorando no meio da minha cama.
— O Júlio está te esperando Ximena. – Falo de supetão.
— Não entendi. Por que o Júlio está me esperando? — Pergunta, confusa.
— Ele te levará ao seu apartamento.
— Está me mandando embora? ‒ Ela pergunta com dificuldade e isso me massacra.
— Estou. – Falo duro.
— Está terminando comigo, Alejandro? — Pergunta, desesperada.
— Estou dando espaço pra você. Como você disse, não se sente preparada para assumir
nosso relacionamento para sua família. Pra mim, isso é sinal que você não nos leva tão a sério
como eu. Quero que pense e analise o que você quer para sua vida e então você me dá sua
resposta quando descobrir, porque não estou disposto a viver pisando em ovos com você.
Viro as costas e saio do quarto, deixando-a incrédula.
Pego o meu carro e saio pelas ruas de Valência. Preciso de ar! A dor no meu peito é
sufocante, mas se eu não tomasse uma atitude drástica, viveríamos assim e não é isso que
idealizei para nós.
Chego a um bar movimentado e barulhento que costumo frequentar. Estou tão arrasado
que só penso em encher a cara, beber até me esquecer de Ximena. Estou louco da vida com ela...
é como se ela não me amasse da forma que a amo.
Porra! Só queria conhecer a família dela, assumir nosso amor para os seus pais e mostrar
que quero um compromisso sério com a filha deles. Todas as vezes que pedi isso a ela, ela se
negou. Sinto que estou sozinho nesse barco e essa constatação me sufoca.
Estou com medo de mim mesmo, o que sinto por ela beira à loucura e sim, sou obsessivo!
Quero-a o tempo todo, quero estar com ela, dentro dela e não suporto que ela queira menos que
isso.
Não sei como tive coragem de mandá-la para o seu apartamento, quando o que mais queria
era estar dentro dela neste momento. Mas foi mais forte que eu e estou muito chateado por não
ter sido apresentado à sua família. É como se ela tivesse vergonha de mim, de nós.
Ela alegara que tem medo, medo da reação dos seus pais, mas ela já é uma mulher feita e
independente. Está na hora dela realmente deixar de ser a filhinha do papai e assumir os riscos da
vida adulta. Esse foi um dos motivos que me fez dar um xeque mate. Espero que com esta atitude
ela converse com seus pais, apresente eles e então tudo volte a ficar bem.
Enchi tanto a cara que no fim da noite, o dono do bar, que era um velho conhecido meu,
ligou pro Júlio ir me buscar. Fui carregado até a cobertura.
CAPÍTULO 26

Ximena
Chego ao meu apartamento e encontro Eva deitada no sofá, assistindo televisão. Quando
ela me olha e me vê as bolsas que carrego vem ao meu encontro de braços abertos, sem dizer
uma palavra. Então me jogo em seus braços e dou vazão a minha dor. Eva me leva para o meu
quarto, me deita na cama e fica comigo até me acalmar.
Trouxe todas as minhas coisas da casa do Alejandro, não deixei nada meu lá e, por mais
que esteja doendo, nunca me esquecerei que ele me mandou embora. Mesmo que ele não tenha
confirmado quando perguntei se estava terminando comigo, para mim, tínhamos terminado.
Não sei exatamente quantas horas passei chorando, só sei que minha amiga estava ali junto
comigo. Como preciso dela nesse momento! Me sinto abandonada, incompreendida e desprezada
por Alejandro. Estávamos muito felizes hoje durante o dia, fizemos amor durante a tarde toda e a
noite ele simplesmente me manda embora.
Nunca vou perdoá-lo! Só queria mais um tempo, uns poucos dias pra preparar meus pais
antes de contar sobre nosso relacionamento, mas ele não aceitou, me intimou e simplesmente me
mandou embora da sua vida, como se eu fosse somente mais uma.
Nunca senti tanta dor! Parece que um pedaço do meu coração foi arrancado de tanto que
arde e queima. Minha vida parece que não tem mais tanto sentido, meu mundo está
desmoronando e sinto-me a beira do precipício.
— Quer me falar o que aconteceu, querida? — Eva pergunta quando estou mais calma.
— Ele terminou comigo, Eva. — Falo ente soluços.
— Assim, do nada?
Então conto pra minha amiga o que aconteceu, em detalhes. Ela não diz nada só, me ouve.
— Você já se colocou no lugar dele, Ximena? Em como ele está se sentindo? Porra,
menina! O cara quer somente conhecer seus pais.
— Não, o que ele quer é fazer as coisas do modo dele e no tempo dele. Eva, não tem nem
dois meses que estamos juntos e ele me pressiona desse jeito. Eu só pedi mais uma semana, Eva!
Só mais uma semana e ele não me deu.
— Ximena, você está se ouvindo? O que tem de mais em ceder e apresentá-lo aos seus
pais? Já parou para pensar que sua família pode estar desconfiada de que você está escondendo e,
nesse caso, você pode acabar magoando sua família também?
— Ceder? Quantas vezes não cedi? Ele é muito controlador e possessivo. Em um
relacionamento tem que haver respeito de ambos os lados. Eu praticamente me mudei para seu
apartamento porque ele queria e quase não convivia mais com meus amigos porque ele queria
que estivesse lá para ele o tempo todo. Deixei até mesmo de visitar meus pais alguns domingos,
por ele. Tudo por ele, do jeito dele! Eu só pedi a ele um mais um pouco de tempo e ele
simplesmente virou as costas para mim e me deixou. Será que o que ele sente por mim é
realmente amor ou é posse e subjugação? Não Eva, posso ser mais nova e menos experiente que
ele, mas vivi num lar onde aprendi que o respeito deve ser mútuo, senão o relacionamento está
fadado ao fracasso. — Explodo, pois estou revoltada com Alejandro.
— Desculpa, amiga. Mas não posso passar a mão na sua cabeça. Quando você deixou de
visitar seus pais, foi porque você preferiu não o levar. Faz dias que ele quer conhecer sua família
e isso mostra que tem muito respeito por você. Você conhece a família dele, mas e ele? Ele não
tem direito de conhecer a sua?
Estou chocada com minha amiga e quando vou responder, ela simplesmente faz um sinal
pra eu parar e continua:
— Você desde o início se mostrou insegura e é essa sua insegurança que está afetando seu
relacionamento, então você precisa decidir o que quer da sua vida. Já percebi que o Alejandro
não está disposto a lutar sozinho por vocês e nem muito menos ser o seu segredinho. Acorda pra
vida amiga! Agora farei um chá pra acalmar e te ajudar a dormir.
Quando finaliza seu sermão ela sai, me deixando com meus pensamentos. Uns vinte
minutos depois ela volta com um chá de camomila. Tomei e nem vi quando adormeci.
***
Na manhã do seguinte acordo acabada, como se tivessem sugado toda minha energia. Fico
horas olhando para o vazio, completamente esgotada. Meu celular acende o visor e pego ele
desesperada para ver se é uma mensagem do Alejandro, mas é minha mãe. Fico totalmente
decepcionada, não por ser ela, mas por não ser ele. Mamãe me questiona se não irei para o
almoço e respondo que sim, me obrigando a levantar da cama e ir para o banheiro. Preciso reagir.
Passo o domingo com meus pais e, como sempre, o dia foi agradável. Em certo momento
mamãe questiona.
— Tudo bem, Ximena?
— Tudo bem, mamãe. Por quê?
— Parece triste, abatida e estou preocupada. O que você está escondendo?
— Nada, mãe. Está tudo bem, só foi uma semana cansativa. Não é fácil a correria do dia-a-
dia e estou fazendo uma pós-graduação em Gestão de Projetos, o que me deixa esgotada no final
da semana. Não se preocupe, tudo vai ficar bem.
— Querida, precisa se cuidar mais. Sei que quer vencer a todo custo, mas precisa cuidar da
sua saúde,
— Eu sei, mãe. Vou me cuidar. — Falo, disfarçando.
— Humm, achei que tinha algum homem envolvido nesta história. Sinto que você não está
apenas esgotada, mas triste também. Tem certeza que não está escondendo nada de sua mãe?
Fico muda, olhando-a fixamente e então ela pega minha mão com carinho e diz:
— Estou aqui, minha filha. Sua mãe sempre estará aqui. Além de ser sua mãe, sou sua
amiga também e você sabe que pode contar sempre comigo.
Neste momento olho para mim mãe e sinto que ela consegue enxergar minha alma, ver o
quanto estou ferida. Com seus olhos maternal sei que ela consegue enxergar minha dor, então
não suporto mais guardar aquele sentimento dentro de mim e me debulho em lágrimas.
Ela me deita em seu colo e, nesse instante, dou vazão a toda minha dor, chorando
desesperada. Ela não diz nada, só fica acariciando o meu cabelo, me deixando chorar.
Quando estou mais calma ela me olha com olhar inquiridor, esperando o que tenho a dizer
e então resolvo compartilhar com ela o que estou sentindo.
— Estou apaixonada. — Seu olhar é de compreensão.
— E ele não te ama?
— É complicado. Às vezes penso que sim, outras vezes acho que me vê somente como
posse. Não sei realmente o que Alejandro sente por mim, se é amor ou posse.
— Humm... Então o nome dele é Alejandro.
— Sim, estou apaixonada por Alejandro Hernandes Ruiz.
Minha mãe fica chocada e me olha com espanto. Ela sabe quem é ele. Quem, em toda
Espanha, não conhece o bilionário CEO da empresa H.R. Tecnologia?
— Senhor! Ximena, o CEO? Seu chefe?
— Sim, mãe.
— Se já estava preocupada com você, agora você me deixou apavorada. Não quero
invadir sua vida querida, mas gostaria de saber de tudo. Preciso te ajudar!
Crio coragem e conto tudo a ela, desde o momento que nos conhecemos, sem poupar
detalhes. Vou contando até que, por fim, relatei o que aconteceu ontem, sobre seu ultimato para
vir conhecê-los e a forma que ele praticamente me expulsou de sua cobertura. Minha mãe não me
interrompe e durante minha narrativa sinto que ela demonstra cada vez mais preocupação
comigo. Quando termino de contar, ela fala, com amor:
— Estou muito surpresa com sua história, minha filha. Sempre me considerei sua mãe e
amiga, nunca imaginei que não compartilharia sua primeira vez comigo. Sempre esperei este
momento para que pudesse te aconselhar, mas você simplesmente nem me procurou, não sentiu
confiança em mim para dividir comigo. — Fala, magoada.
— Perdão, mãe! Mas eu senti que minha vida precisava mudar, eu sempre fui muito
dependente de vocês e todos acham que eu sou a filhinha do papai e da mamãe, a garota sempre
certinha, cuidada, protegida.— Respiro fundo e continuo. ‒ Quando resolvi sair de casa foi para
encontrar meu caminho, me firmar como pessoa e como profissional, ter autonomia. Precisava
acreditar mais em mim e em meu potencial, deixar de ser superprotegida.
— Se eu e teu pai cuidamos e superprotegemos você foi por te amar demais e, mesmo com
nossa superproteção, fizemos de tudo para que tornasse independente e te ensinamos o valor da
responsabilidade, do respeito, de como temos que lutar por nossos sonhos. Te apoiamos nos
estudos, no trabalho e até mesmo quando resolveu sair de casa, só teve apoio da nossa parte.
— Eu sei, mãe.
— Não, não sabe, Ximena! Você nunca teve coragem de falar abertamente conosco sobre
seus sentimentos e suas vontades, nunca deixou transparecer que achava nosso cuidado
excessivo, então não tínhamos por que agir de forma diferente.
Nunca tinha visto minha mãe tão magoada e dura comigo. A mulher carinhosa e
compreensiva está desestabilizada e eu me sinto uma ingrata, uma verdadeira merda.
— Mamãe, eu sei que errei ao não me abrir com vocês e peço perdão. Eu sempre quis lutar
para ser independente.
Ela me interrompe e volta a falar.
— Eu e seu pai respeitamos sua decisão de querer sua independência, de lutar para
construir uma vida profissional de sucesso. Buscamos te criar para que fosse uma mulher
independente e forte. Entretanto, o que quero dizer é que sempre, em todos os momentos de
nossa vida, precisamos de alguém. O ser humano não nasceu para viver só, é necessário termos
ao nosso lado outros seres humanos: nossa família, amigos, colegas de trabalho ou meros
desconhecidos, mas nunca viveremos só.
Ouço minha mãe continuar.
— O fato de você ter pessoas por perto com quem pode contar não te diminui ou te faz
fraca, é isso que você tem que entender. Devemos respeitar, mas também nos fazer respeitar,
Ximena. E eu e seu pai sempre respeitamos você, mas vejo que faltou respeito de você por si
mesma, quando simplesmente não teve coragem de enfrentar seus verdadeiros desejos e sonhos.
As palavras de minha mãe parecem farpas agudas lançadas em meu coração e quanto mais
ela fala, mais percebo que ela tem razão. Meus pais me amaram em toda minha vida, me
educaram, ensinaram o caminho do bem, mas eu sempre pude escolher, eles me deram livre
arbítrio a vida toda. Me lembro que, desde pequena, eu escolhia as roupas que iria vestir, minhas
amizades, a faculdade que iria cursar. Agora me recordo que a decisão final sempre foi minha.
Me sinto um monstro neste momento por magoar tanto minha mãe, mas não estou
arrependida de ter me desabafado com ela. Como sempre, seus conselhos estão me fazendo
enxergar minha vida por outro ângulo, me enxergando de verdade. Concluo que sempre culpei
meus pais pela minha insegurança e medo, mas na realidade a única culpada era eu mesma.
Neste momento, por mais doloroso que seja, sinto que uma nova Ximena está nascendo.
Estou me descobrindo e aceitando meus medos e limitações. Vou, claro, lutar contra esses
medos, pois foi assim que meus pais me ensinaram: a lutar sempre!
— Perdão, mãe! — Peço desesperada. — Não desista de mim.
— Nunca desistirei de você minha filha, sempre estarei ao seu lado e não tenho nada que
perdoar. Acredito que você tenha aprendido a lição.
— Sim, mãe, eu aprendi! Obrigada por existir, ser minha mãe e amiga. Te amo muito. —
Falo, abraçando-a fortemente.
— Também te amo, milha filha. — Fala emocionada.
— E quanto ao Alejandro, mãe, o que devo fazer? Eva acha exagero da minha parte e
pediu que me colocasse no lugar dele.
— Sua amiga tem razão, filha. Mas você tem que seguir os seus conceitos Ximena. Só
você pode decidir o que fazer com seu relacionamento. Quero que saiba que haja o que houver,
eu sempre estarei aqui para sorrirmos ou para chorarmos juntas, se necessário. Mas lembre-se
que a escolha sempre terá que ser sua. Sabe que todos nós as vezes acertamos e às vezes erramos
em nossas escolhas, mas no fim tudo é aprendizado pra nossa vida.
Vi em minha mãe uma amiga, aquela que podia contar sempre e percebi que o fato de
desabafar com ela não me fazia fraca, mas humana.
Encerramos esse assunto e o restante do domingo foi mais leve e sorri várias vezes. Aquela
noite dormi mais tranquila.
CAPÍTULO 27

Alejandro
Passei um domingo com uma ressaca terrível e uma dor de cabeça daquelas! Quando
acordei já era quase meio dia e, após tomar um banho, fui até o closet pegar uma roupa para me
vestir e senti meu corpo gelar: não havia mais nenhuma roupa de Ximena ali. No último mês ela
sempre as deixava ali, pois vivia mais comigo do que em seu apartamento, por isso a convenci
que o mais conveniente era trazer algumas roupas para minha cobertura.
Senti literalmente um soco no estômago que me deixou sem ar. Procurei no restante do
quarto vestígios de alguma coisa sua e nada, ela levou tudo o que era seu, como se quisesse tirar
todo vestígio dela de meu apartamento.
Fiquei desesperado! A dor latejante em minha cabeça devido bebedeira da noite anterior,
somada com a ausência de Ximena aumentou meu mal-estar em um grau estratosférico.
Pensei em ligar pra ela para conversarmos, mas decidi que não ligaria. Era ela que devia
vir até mim, se desculpar e, por fim, me apresentar a seus pais. Jamais correria atrás de uma
mulher que estava me ignorando, ainda mais sendo Ximena, a única mulher que eu me entregara
completamente, dando-lhe meu amor, meu carinho e minha vida. Não, eu tinha meu orgulho e, se
ela decidira sair da minha vida por eu querer estar mais na vida dela, isso significava que ela não
me amava como eu a amava.
Senti o gosto amargo do desprezo em minha boca e a dor em meu coração era alucinante,
mas não cedi. Se Ximena quer assim, assim será.
Chego na empresa na manhã seguinte e não a vejo, desconfio que ela não venha trabalhar
hoje e vejo isso como sinal de que ela quer distância. Durante toda a manhã não consigo me
concentrar e minha princesa não sai dos meus pensamentos nem um minuto sequer. Como sinto
sua falta!
Na hora do almoço subi para a sala de alimentação e senti falta da minha menina, pois
tinha me acostumado com sua presença no último mês. Meus irmãos olham para mim com olhar
questionador, mas não perguntam nada. Selena, ao contrário de Eduardo e Salma, estava mais
desconfortável e seu olhar receoso indicava que sabia o que estava acontecendo entre Ximena e
eu. Porém, como os outros dois, ela não comenta nada e tenta disfarçar.
Eu estava com um humor do cão e fiquei calado a maior parte do tempo. Assim que
terminei a refeição pedi licença e voltei para o meu escritório.
Busquei descobrir onde Ximena estava e, como desconfiei, ela se enfiara na sala de
Alexandre, como acontecia antes de estarmos juntos. Fico possesso de ciúmes e magoado porque
ela não me procurou. Mas meu orgulho fez com que eu tente tirar Ximena da cabeça e concentre
no trabalho.
Não vou ceder! Não vou procurar Ximena.

Ximena
— Oi! – Cumprimentei Alexandre.
— Oi! – Ele responde ao cumprimento e com um leve arquear de sobrancelhas me
questiona ‒ Posso saber por que está aqui no horário do almoço? Não deveria estar com
Alejandro?
— Alejandro terminou comigo. — Digo sem rodeio.
— Como assim? O que aconteceu? — Fala preocupado.
— Posso almoçar aqui com você? — Pergunto, ignorando sua pergunta.
— Claro que sim, querida. – Ele sentiu que eu não queria falar do assunto
Fizemos a refeição em silêncio e depois do almoço ficamos deitados no sofá lado a lado,
como fazíamos antes. Ele então segura minha mão carinhosamente e pergunta.

Quer falar sobre o assunto?


— Brigamos e ele mandou Júlio me levar para meu apartamento.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar de como Alejandro foi enfático ao me
mandar ir embora de seu apartamento.
— Por que brigaram?
— Ele queria conhecer meus pais, mas eu não estava preparada e pedi somente mais uma
semana a ele. — Falo chorando.
— Relaxa menina, vai ficar tudo bem. Logo ele vai cair em si e vai te procurar.
Ficamos todo o horário de almoço falando do meu relacionamento e contei a ele tudo o
que sentia em relação ao Alejandro. Da mesma forma que falei com Eva, minha mãe e Selena,
estava conversando com Alexandre, pois eles eram meus amigos, querem o melhor para mim e
sei que posso confiar e contar com eles sempre.
Todos me apoiaram e disseram que tudo se resolveria entre mim e o Alejandro, mas
mesmo tendo esperanças, o sentimento de perda era muito doído.
Estava amando Alejandro com loucura, mas também estava me descobrindo enquanto
mulher. Quero o amor dele, mas quero construir meu próprio caminho, ter autonomia em minhas
escolhas, ter sucesso em minha profissão, ser alguém em meio à multidão. Tenho fé em mim e a
conversa que tive com minha mãe só fez com que aumentasse essa fé.
Estou prestes a completar vinte e quatro anos e agora é o tempo de me firmar como uma
pessoa independente, e, por mais que eu ame o Alejandro, a forma controladora que ele tem em
relação a mim me remete a Ximena anterior. Aquela Ximena que fazia tudo para agradar os pais,
os colegas de sala, os professores e os amigos, sempre se anulando enquanto pessoa.
Ontem eu soube que fui a grande culpada de levar minha vida dessa forma, porque sentia a
necessidade de agradar a todos, o que me transformou em uma pessoa insatisfeita com a vida.
Quando resolvo buscar minha independência, escolher por mim mesma, conheço Alejandro que
quer me moldar à sua forma, me dominando completamente, como se eu não tivesse vontade ou
opinião própria.
E mesmo doendo tanto, sinto que devo continuar. Se Alejandro me amar verdadeiramente,
vai respeitar minhas escolhas. Pra mim amor é isso, dividir, compartilhar, dar, receber e, menos
que isso, a nova Ximena não aceitará. Não suportaria me tornar a sombra do grande CEO
Alejandro Hernandez Ruiz, quero mais pra minha vida, necessito de mais que isso.
CAPÍTULO 28

Alejandro
Dois meses depois:
Os últimos dias têm sido difíceis! A empresa, como sempre, cresce de vento em polpa e,
com o sucesso, vem a responsabilidade. Tenho participado de inúmeras reuniões e estou cansado.
Estava concentrado lendo um relatório quando sou interrompido por Eduardo que, como
sempre, entra no meu escritório sem ser anunciado. Já passa das dezoito horas e não estou nem
um pouco a fim de escutar as gracinhas do meu irmão.
— Pode entrar, Eduardo. Fique à vontade. — Falo ironicamente.
― Dia difícil, Alejandro?
— Cansativo! Mas diga, o que veio fazer aqui?
— Estou preocupado com você Alejandro! Nesse ritmo, daqui a pouco você sofrera um
infarto. Você tem trabalhado vinte quatro horas por dia, sete dias na semana. Você ao menos
lembra de ir ao banheiro ou parar pra comer?
— Você sabe das minhas responsabilidades. Ser um CEO é isso.
— Para, Alejandro! Cara, pra mim você não precisa disfarçar. Desde seu rompimento com
a Ximena você está se acabando.
— Não inventa, Eduardo. Minha história com a Ximena acabou. A fila anda, não crie
fantasias na sua cabeça.
— Tudo bem, Alejandro. Você diz, mas se quer um conselho...
— Não preciso de conselho, Eduardo. — Interrompo sua fala. - Já estou de saída, vamos?
Saí do meu escritório deixando Eduardo para trás, pois não queria ouvir mais nada.
Vou pro meu apartamento e, quando chego, vou direto pro bar e me sirvo de uma dose
forte de whisky, que bebo de uma só vez. Meus pensamentos vagueiam até Ximena. Porra!
Enquanto estou no trabalho ainda consigo ficar sem pensar nela, mas só dar uma folga que ela
volta aos meus pensamentos.
Meus irmãos estão muito preocupados comigo. Desde o término minha vida está resumida
a trabalho. Chego exausto todos os dias e essa foi a maneira que encontrei para não enlouquecer.
Depois da nossa briga nunca mais nos falamos, achei que ela reveria a situação e iria me
apresentar aos pais, mas Ximena nunca mais me procurou.
Na primeira semana achei que era marra dela mesmo, mas na semana seguinte percebi que
aquele dia foi o fim da nossa história. Sinto raiva, mágoa e decepção por aquela mulher. Dei tudo
pra ela, meu amor e meu coração. Ela simplesmente pisou e desprezou, mas, como sou um bom
lutador, tenho continuado. Não é a primeira vez que perco alguém que amo, já perdi meus pais e
continuei, também continuarei sem Ximena. Tenho que continuar.
Pensei que ela fosse sair da empresa, mas não saiu. Vivia agarrada ao meu irmão. Inclusive
ela deixou de trabalhar no Departamento de Marketing e passou a trabalhar diretamente como
Alexandre, auxiliando em seus projetos.
Nos encontramos poucas vezes nestes dois meses. A vi somente em duas ou três reuniões
onde ela aparecia ao lado do meu irmão, pois agora ela era a porta voz dele. Ele desenvolvia os
programas, ela apresentava e profissionalmente, estava sendo um sucesso.
A situação na nossa família não estava muito boa, pois me sentia traído por meu irmão.
Preferia não acreditar que eles estavam tendo um caso amoroso, pois meu irmão não me trairia
de uma forma tão vil. No entanto, acreditava que Ximena estava apaixonada por ele. Esse
pensamento estava me dilacerando por dentro.
Me afastei do Alexandre, evitava participar dos almoços em família, sempre procurando
uma desculpar para faltar. Com isso, minha família se afastava cada dia mais, o que era triste,
mas era mais forte que eu.
Às vezes sinto uma raiva monstruosa de mim mesmo. Como pude deixar uma garota treze
anos mais nova que eu e totalmente inexperiente abalar minha vida, me deixando desestruturado
e perdido?
No final dessa semana será o lançamento oficial do programa para cegos desenvolvido
pelo Alexandre e Ximena está à frente na organização da festa de lançamento. Ela e meu irmão
estão organizando tudo e, pra falar verdade, nunca tinha visto meu irmão tão desinibido e feliz.
Alexandre tem se mostrado outra pessoa. Está mais forte e desinibido, tem estado mais
presente nas reuniões da contabilidade da empresa, tem tomado decisões e mantido um bom
diálogo com os acionistas, o que ele jamais fazia anteriormente.
Ninguém estaria mais feliz por meu irmão que eu, se a causa de sua felicidade não fosse a
mulher que amo. Sim, sendo honesto comigo mesmo, amo aquela mulher com todas as forças do
meu ser e às vezes chego a pensar que não vou suportar tanta dor, mas continuo e sigo adiante
lambendo minhas feridas e sobrevivendo.

Ximena
— Está ficando maravilhoso! ‒ Exclama Alexandre.
— Toca aqui. — Ergo a palma de minha mão para ele espalmar. – Somos uma boa dupla,
não acha?
— Modéstia de sua parte, Ximena. Somos ótimos!
Caímos na gargalhada.
Olho com carinho para meu amigo e fico feliz com sua mudança. Depois do término do
meu relacionamento com o Alejandro, nos reaproximamos e ele foi minha âncora, meu esteio e
estava sempre ao meu lado, apesar que Eva e Selena também me ajudaram bastante. Mas foi nele
que mais me agarrei.
Tenho sofrido bastante, principalmente quando o vejo, mas estou seguindo em frente.
Pensei até em sair da empresa e procurar outro trabalho, pois vê-lo fazia sangrar a ferida aberta
em meu peito. Alexandre não deixou e me trouxe para trabalhar com ele, pois assim teria o
menor contato possível com Alejandro.
Nossa parceria está sendo um sucesso. Alexandre é o gênio da tecnologia e eu sou sua voz.
Me sinto realizada profissionalmente e estou crescendo junto com Alexandre. Na verdade,
estamos nos transformando.
Durante nossas conversas, eu e Alexandre nos ajudamos mutuamente. Ele me consola
devido ao rompimento com Alejandro e eu o ajudo a encarar de frente sua homossexualidade.
Hoje ele se aceita mais e seu relacionamento com Diego está cada vez mais sério. Eles se
amam muito e, depois de muitas idas e vindas e de uma história bastante complicada que
tiveram, dava para ver a felicidade dos dois.
Esses últimos quinze dias tem sido uma verdadeira loucura, pois estamos organizando o
evento de lançamento do programa para cegos, desenvolvido por Alexandre. Ele quis que
organizássemos juntos, disse que sempre tivera vontade de organizar esses eventos, mas nunca
tivera coragem.
Então colocamos a mão na massa, como diz o ditado popular e, apesar de nervosos,
acreditamos que será um sucesso. Sempre estávamos juntos eu, Diego e Alexandre, pois junto
comigo eles podiam ser livres e não estavam sob qualquer suspeita.
A fofoca na empresa corria de vento em polpa, mas não entre Diego e Alexandre como
casal, mas eu e Alexandre. Fofocas maldosas, de como eu podia ter saído da cama de um irmão
para o outro, ou de como estava usando o meu amigo para suprir a falta do irmão ou que eu era
uma interesseira que tentava laçar de todas as formas um Hernandes Ruiz para me dar bem na
vida.
As maledicências eram tantas que confesso que pensei em desistir do meu emprego, mas
Selena, Eva e Alexandre não deixaram. Sempre me apoiaram e, assim, sigo com minha vida.
Penso, desejo, quero e sofro pelo Alejandro em todos os momentos da minha vida e
confesso que sem o apoio da minha família e amigos já teria entrado em uma depressão. Porém,
me vi obrigada a continuar e me apeguei à minha carreira como objetivo, o que vem me
salvando.
Mesmo sendo nova e inexperiente, sei que jamais vou me entregar a outro homem e amar
novamente. Estou marcada pelo Alejandro. Passo o dia bem, mas a noite dou vazão a minha dor
e choro até desfalecer. É Eva que sempre está ao meu lado nesses momentos.
Meus amigos acreditam que nosso rompimento é passageiro, dizem que somos dois
orgulhosos e que estamos perdendo nosso tempo de sermos felizes por causa do nosso orgulho.
Mas não consigo acreditar que Alejandro ainda sinta algo por mim, pois ele simplesmente me
expulsou de sua vida e nunca mais mandou uma mensagem, um alô sequer! Só penso em como
fui idiota em acreditar que uma menina pobre e virgem pudesse segurar um homem como
Alejandro.
Não me arrependo de ter me entregado a ele, pois o que vivi ao seu lado foi maravilhoso e
sei que jamais viverei novamente, então acredito que estou traumatizada para o amor e a única
coisa que me sobrou foi minha carreira. Então lutarei com unhas e dentes, com garra e coragem
para me tornar cada vez mais uma profissional de sucesso.
Minha única decepção nesta história toda é saber que sou o motivo do afastamento entre
Alexandre e Alejandro e me sinto muito culpada, mesmo com meu amigo afirmando que não
tenho culpa e que Alejandro não tem direito de decidir sobre nossa amizade. Decidi que não vou
deixar de estar com meus amigos somente por capricho de Alejandro.
CAPÍTULO 29

Ximena
— Nossa, estou tão nervosa! – Digo para Selena.
Estamos no evento de lançamento do programa para cegos. Ainda é cedo, mas como sou a
responsável pela organização, tive que chegar antes dos convidados.
Alexandre ainda não chegou, mas minhas amigas já estão comigo. Selena e Eva me
ofereceram apoio e eu aceitei, cada uma de nós é responsável por um departamento do evento.
Selena recepciona os convidados e a imprensa, Eva está no comando do buffet e na decoração do
ambiente e eu e o Alexandre na parte de tecnologia para que a apresentação seja um sucesso.
Estou feliz por minha amiga Eva, pois Alexandre conseguiu um trabalho para ela em uma
clínica de estética, mas com um salário bem maior do que ela recebia na clínica em que
trabalhava anteriormente. Com isso, ela já não vivia com tanta dificuldade financeira como antes.
Sempre que tínhamos algum evento como este, Alexandre e Selena pagavam um extra pra que
ela viesse nos ajudar. Ela está radiante com a oportunidade!
Estou bastante nervosa, não somente pelo evento que será uma prova de fogo, - e o sucesso
do evento significaria meu sucesso, - mas também porque sei que irei encontrar Alejandro, o que
me deixa ansiosa.
Alexandre me presenteou com um lindo vestido longo na cor vinho, de alças, com um
decote tímido nos seios, costas à mostra e uma fenda que vai até o meio de minha coxa. Junto a
ele veio uma sandália preta 12 cm e um conjunto de colar e brinco com pequenos diamantes.
Não queria aceitar, mas ele insistiu e disse que era em agradecimento por tudo o que
tenho feito em sua vida. Sendo assim, decidi que merecia e queria estar linda neste dia!
Principalmente porque queria que Alejandro me notasse, me admirasse e desejasse, percebendo
que desprezara uma mulher especial.
— A imprensa está lá fora, uma loucura só! — Fala Selena.
Eva se aproxima.
— Tudo certo no bufê. — Eva confirma.
— Vai dar tudo certo meninas. — Falo confiante.

Alejandro
Chego ao evento e uma grande massa da imprensa espanhola já estão a postos. Eles
fecham ao meu redor quando me aproximo.
— Senhor Ruiz uma palavrinha...
— Como o senhor classifica o evento de hoje?
— O que o dia de hoje representa para H.R. Tecnologia?
Os repórteres estão enlouquecidos e esperam uma palavra minha.
Peço para meu assessor de imprensa reuni-los para que eu faça meu pronunciamento.
Assim que ele reúne a imprensa me pronuncio.
— Boa noite! Quero agradecer a presença de todos neste momento tão importante e ímpar
para a H.R. Tecnologia. Hoje é realmente um dia especial pois, como todos sabem, o sucesso de
nossa empresa se dá no desenvolvimento de tecnologias para facilitar a vida da humanidade.
Porém, este projeto idealizado pelo meu irmão Alexandre Hernandez Ruiz, visa o lado social e
fixa no lado humano e na vontade de ajudar milhões de pessoas cegas que vivem em todo
mundo. Graças a investidores que pensam como nós, iremos conseguir que todos tenham acesso
ao programa, independente se rico ou pobre, pois não visamos o lucro, mas sim o bem comum.
Espero que mais programas como este seja desenvolvido por nossa empresa. Esta é a maneira
que retribuímos um pouco do que o mundo tem dado à família Hernandes Ruiz no decorrer
desses anos. Agradeço o apoio de minha família, dos nossos investidores e parceiros e que este
programa possa levar luz a quem não a tem através dos olhos. Obrigado a todos e sucesso!
Ao encerrar meu pronunciamento, saio e os repórteres me seguem fazendo mais perguntas,
mas os ignoro.
— Está orgulhoso de seu irmão, senhor Ruiz?
— Sua empresa, atualmente, tem mais algum projeto sendo desenvolvido na área social?
Chego ao salão e vejo como tudo está perfeito. Realmente meu irmão e Ximena pensaram
em tudo. Olho para o palco onde está uma banda muito famosa tocando um jazz e então a vejo.
Meu coração pula e fico paralisado só observando a perfeição de mulher que meus olhos
encaram.
Ximena está linda, com um lindo vestido na cor vinho moldando as curvas perfeitas de seu
corpo, um lindo penteado e, para complementar a obra de arte, ostenta um conjunto de joias. Ela
é a imagem de uma mulher fatal e, com certeza, não haveria na festa nenhuma mulher tão bela
quanto ela. Vejo Alexandre se aproximando dela, dizendo algo em seu ouvido que a faz sorrir e
ela o abraça. Sinto o ódio correr em minhas veias, meu coração queima e tenho vontade de ir até
eles e gritar toda minha raiva e revolta. Como duas pessoas que amo tanto, tem a capacidade de
me ferir dessa forma?
Ximena me vê e se afasta do meu irmão. Vejo um resquício de arrependimento em seu
olhar e ficamos nos encarando por alguns segundos, nos quais deixo ela enxergar todo ódio que
carrego dentro de mim. Depois me viro e passo a ignorá-la.

Ximena
Meu coração salta no meu peito quando o vejo entrando no salão. Logo após seu
pronunciamento para imprensa nossos olhos se encontram e ele me vê abraçada com Alexandre,
mas estávamos justamente comemorando o sucesso do pronunciamento do Alejandro, pois meu
amigo estava feliz com o reconhecimento do irmão. Nos poucos segundos que nossos olhares se
cruzam sinto um arrepio percorrer o meu corpo com o olhar de ódio que ele nos direciona. Sinto
muita tristeza e arrependimento de estar no meio dos irmãos. Sei o quanto eles se amam e não é
justo eu ser a causa da separação daquela família.
Neste momento percebo que o melhor para todos nós é que eu saia da empresa, o que farei
amanhã sem falta. Seguirei meu caminho sem me interpor entre os irmãos Hernandez Ruiz.
O evento está sendo um sucesso, pois os investidores não pouparam dinheiro para que o
lançamento do projeto acontecesse com brilhantismo. A festa, regada a champanhe e com um
bufê excelente, está ocorrendo como planejamos.
Já era meia noite quando finalmente chega o momento da apresentação do projeto. O
apresentador oficial do programa convida Alexandre para subir ao palco e apresentar seu
programa.
Fico orgulhosa de meu amigo quando ele sobe ao palco com um sorriso que chegava à
orelha, se mostrando muito confiança e bem diferente do Alexandre que conheci.
— Boa noite aos presentes e a todos os telespectadores que acompanham nosso evento.
Antes de começar a apresentar o programa que intitulei Luz para a Alma, quero dizer do orgulho
que sinto neste momento em poder realizar este sonho. Como todos sabem, a H.R. Tecnologia
ressurgiu das cinzas. Há dezesseis anos, quando nosso saudoso pai nos deixou, éramos, até então,
uma família feliz e estabilizada, que de repente se viu em ruínas, com um império falido,
deixando cinco filhos, entre eles três jovens inexperientes e despreparados: eu e meus irmãos
Alejandro e Eduardo.
Alexandre dá uma pausa e é nítido o quanto está emocionado. Então prossegue:
— Minha irmã Salma era uma adolescente e Selena, nossa caçulinha, uma criança. Com a
morte do meu pai, minha mãe ficou com o coração despedaçado, não conseguiu se recuperar da
perda do seu grande amor e veio a deixar os filhos sozinhos no mundo menos de dois anos
depois. Alejandro, meu irmão mais velho, segurou a situação com punhos de ferro, blindado com
amor pela família e pela empresa e conseguiu, após anos de esforço, dedicação e abdicação de
sua própria vida, reerguer nosso império, conseguindo assim cumprir a promessa que fizera ao
nosso pai em seu leito de morte. Alejandro você é meu herói. Te amo irmão.
Neste momento o silêncio imperava na sala, os olhos dos presentes estavam fixos em
Alexandre e os membros da família Hernandez Ruiz estavam visivelmente emocionados.
— Alejandro nos apoiou e ensinou o caminho, nos levando a ter união e força de vontade
para lutar e vencer. Não foi fácil, mas chegamos até aqui. Ele nos ensinou a lutar nossas batalhas
em busca de nossas conquistas.
Dá mais uma pausa, desta vez bastante emocionado continua.
— Cada um dos irmãos Hernandez Ruiz tem um papel nesta empresa e juntos ajudamos
nosso irmão a reerguê-la. Confesso que eu, o nerd tímido e meio bobão da família, – Ele brinca e
todos riem junto – me senti meio perdido e sem saber em que eu poderia ajudar meu irmão, mas
ele me indicou o caminho que hoje tanto amo que é a tecnologia, então comecei meus projetos
em prol da empresa e, pelas mãos poderosas de Alejandro, se tornaram sucesso e muitas cifras
para a H.R. Tecnologia.
— Com o passar dos anos e com a estabilidade financeira da empresa, senti que queria
mais. Não somente cifras para a empresa, mas que, como agradecimento a Deus pelo dom que
ele me concedeu, queria ajudar pessoas que não tem condições financeiras a ter uma vida melhor.
— Estudei com um colega cego na faculdade que tinha dinheiro, porém lutava bravamente
por seu reconhecimento e, muitas vezes, mesmo sendo rico, sofria preconceitos e discriminações.
Nesses momentos imaginava a vida das pessoas com deficiência, mas sem dinheiro: como seria a
vida dessas pessoas? Então busquei, através de meu programa, trazer um pouco mais conforto
para esses seres humanos tão especiais e que tanto nos ensinam, que são as pessoas cegas.
— E assim surgiu o programa Luz para a Alma, que, espero, irá romper as barreiras do
preconceito, da discriminação e da situação financeira de todos que deles fizerem uso.
Ergue sua taça de champanhe e finaliza.
— Este programa é a realização de uma alma que quer deixar sua contribuição para
humanidade. Parabéns a todos os envolvidos e sucesso!
Quando termina o seu discurso é ovacionado em de pé e não é exagero dizer que muitos
estavam chorando neste momento, inclusive eu.
— Bem... — pausa — para continuar a apresentação do projeto gostaria de convidar ao
palco alguém muito especial para mim, uma amiga que amo muito e que tem me ajudado a me
descobrir como pessoa e profissional. Ximena, querida, a noite é nossa!
No primeiro momento fiquei paralisada, não esperava esta atitude do meu amigo, mas
Selena, que estava perto de mim, me deu um cutucão, me obrigando a reagir. Então, sob
aplausos, subo no palco e juntos apresentamos o projeto, que foi espelhado em um telão 3D.
Ao finalizarmos os aplausos continuam e eu e Alexandro nos abraçamos fortes e
emocionados, mas quando íamos descendo do palco sentimos o olhar mortal de Alejandro sobre
nós.
Então como em câmera lenta vejo uma morena exuberante se aproximar dele e falar algo
em seu ouvido. Noto que ele sorri maliciosamente para ela, enlaça sua cintura e dá um beijo
cinematográfico na mulher. Neste momento meu mundo desaba.
Corri feito uma louca em meio à multidão e me escondi numa sala reservada para os
garçons e garçonetes que atendiam no evento e que, graças a Deus, estava vazia. Porém, antes de
fechar a porta, Alexandre a intercepta e entra comigo, trancando-a por dentro.
Chego até um sofá no meio da sala deito e enterro a cabeça em meio as almofadas e então
dou vazão a minha dor.
Fico mais de uma hora chorando todo meus desespero e ciúme e, quanto mais chorava,
mais a imagem de Alejandro beijando aquela mulher vinha a minha mente.
Minha cabeça e todo meu corpo doía incontrolavelmente, e, quando já não tinha lágrimas
para chorar, Alexandre simplesmente me pega em seus braços e me leva até o carro, saindo pelas
portas do fundo, onde Diego já nos esperava.
Nem sei como cheguei ao apartamento do meu amigo. Me lembro que ele me depositou
em uma cama, afagou meus cabelos, tirou meus sapatos, ajudou-me a tirar meu vestido, me
deixando somente de calcinha e sutiã, me cobriu e me ninou até que, esgotada de tanta dor,
adormeci.
CAPÍTULO 30

Alejandro
Ódio! Isso foi o que senti ao ver Ximena e Alexandre abraçados naquele palco. Um ciúme
doentio e corrosivo se estabeleceu em meu peito quando os vi em sintonia e neste momento veio
a certeza que eles se amam. Meu irmão praticamente se declarou para ela, dizendo o quanto ela
era especial e como mudara sua vida e ela se derreteu toda para ele, com lágrimas nos olhos.
Eu quero ferir, machucar, magoar como estou sendo magoado. No instante que uma
morena oferecida vem me dizer o quão maravilhoso o evento está, olho para o palco, vejo que
Ximena está nos olhando e, sem pensar duas vezes, engoli a boca da morena no meio do salão
repleto de pessoas.
Ao ver Ximena ficar branca e sem reação, uma satisfação cruel se apossou do meu peito,
pois percebi neste momento que ainda mexia com ela. Seguro a morena pela cintura e saio do
evento.
A mulher ao meu lado está com expectativa de uma noite de sexo selvagem comigo e seus
olhos denunciam toda lascívia que ela sente.
― Dê seu endereço ao motorista, ele a levará para casa.
— Você não está falando sério, está? Você me tirou lá de dentro para chegar aqui e me
dispensar?
— Estou com cara de quem está brincando?
Ela me olha com um ódio descomunal e entra no carro batendo a porta, descontando toda
sua frustação. Mas nem se eu quisesse, eu poderia ficar com outra mulher, imagina quando não
quero, pois apenas uma será capaz de me satisfazer! Vou para casa sozinho, tentar esquecer essa
noite maldita.
Chego em minha casa, tomo um banho e tomo uma dose de whisky. Vejo que já passa das
duas e meia da madrugada, então coloco outra dose de whisky e tomo num só gole. Vou tomar
todas! Quem sabe o álcool anestesia um pouco a dor que estou sentindo.
Já estou no meio da garrafa quando ouço o som da campainha. Ainda não estou
completamente bêbado, pois sou bem resistente ao álcool. Abro a porta vejo Alexandre me
encarando com ódio. Por um momento ficamos nos encarando, então ele me dá um empurrão,
me fazendo quase ir ao chão.
— Desgraçado, miserável! Como você foi capaz? — Grita ensandecido.
Me equilibro e parto para cima dele acertando um soco em sua cara. Ele retribui e nos
embolamos a socos e pontapés no meio da sala.
— Parem seus loucos, parem com isso!
Ouço a voz de Eduardo que tenta nos separar. Provavelmente ouviram os gritos do
Alexandre ou chegaram juntos. Porém Eduardo só consegue nos separar com a ajuda de Salma e
Selena, que neste momento já estão na sala, desesperadas e chorosas. Simone, esposa de
Eduardo, também presencia a cena.
— Puta que pariu, caras! Nunca em toda minha vida esperava ver uma cena destas. Meus
dois irmãos mais velhos querendo se matar.
Eduardo estava em choque. Minhas irmãs ainda choravam em silêncio. Olhei
envergonhado para o Alexandre que está sentado no meio da sala com o nariz sangrando e com
os óculos ao lado, quebrados. Sinto que meu rosto não está melhor que o dele, então digo:
— Ele que chegou me agredindo como um louco, sem motivo! Eu só revidei. — Tento
justificar o meu descontrole.
Alexandre se levanta, me encara e grita com fúria.
— Sem motivos, Alejandro? Você tem a cara de pau de falar que é sem motivos?
Minha máscara de frieza já está em meu rosto.
— Bem, até este momento não sei o motivo. Quem sabe agora você me diz?!
— O motivo se chama Ximena, seu cafajeste estúpido! Deve estar feliz em causar tanto
sofrimento a ela.
— Causar sofrimento a ela? Como eu poderia causar sofrimento a ela se estava tão feliz
em seus braços? — Digo cinicamente.
— Então foi isso Alejandro? Ciúmes de mim com ela? Foi por isso que acabou com nossa
noite? Deve estar satisfeito em destilar o seu veneno e vê-la desmoronar.
— Conta outra, maninho! Vocês estão juntos, não precisa mais esconder. Assuma de uma
vez o romance de vocês.
Todos me olham chocados, parecendo não acreditar no que acabo de dizer.
— O problema, meu irmão, é que você só pensa em si mesmo, só enxerga o próprio
umbigo e tudo tem que girar em torno de você.
— Foi ela que me rejeitou, ela que me exclui da sua vida e foi atrás de você.
— Amizade, Alejandro. Você por um acaso sabe o significado desta palavra? Acha mesmo
que eu ficaria com uma mulher que foi do meu irmão? Olhe nos meus olhos e diga se acredita
mesmo que estamos juntos!
— Talvez não estejam juntos porque nosso laço sanguíneo te impede, mas que vocês se
amam não tenho dúvidas, demonstraram isso quando se abraçaram naquele palco.
— Sim, eu amo a Ximena! Só que não da forma doentia e suja que o seu ciúme enxerga.
Eu a amo da mesma forma que amo Salma e Selena, ela é como uma irmã para mim!
Alexandre chora, mas continua falando. Nunca vi meu irmão tão descontrolado, o que me
fez sentir um merda fodido que tinha acabado com uma noite tão especial para ele. Mais calmo,
pude perceber que meu ciúme doentio por Ximena fez com que magoasse duas pessoas que tanto
amo.
— Sempre vivi a tua sombra, fazendo de tudo pra te agradar, pra ter a sua aprovação.
Sempre quis te ajudar e morria de medo de ser eu mesmo e te decepcionar, porque não
aguentaria tua desaprovação. — Desabafa aos prantos.
— Você nunca me decepcionou, Alexandre. Nunca te disse isso ou deixei transparecer que
estava insatisfeito com você de alguma forma. Você está sendo injusto. —Falo, arrependido do
estrago que fiz e um pouco magoado com as acusações injustas do meu irmão.
— Para você, falar é fácil. Sempre foi o mais forte, o mais bonito, o mais inteligente.
Sempre comandou tudo e todos com coragem e determinação, não media as consequências para
pular os obstáculos que a vida lhe impôs, você sempre foi meu herói.
— Nunca quis isso de você, meu irmão. Você sempre foi o que mais fez para alavancar a
empresa, foi teus projetos que venderam milhões, sempre foi forte e corajoso.
— Mas não me sentia assim, me sentia um nerd desengonçado, tímido e antissocial que só
conseguia ter sucesso na vida porque seu irmão mais velho transformava tudo em ouro.
Alexandre senta no meio da sala, ergue os joelhos e os abraça, chorando. Sinto meu
coração despedaçado enquanto ouvia os soluços do meu irmão.
— Você é um maldito controlador, prova disso é o que você fez com Ximena. Você não se
importou de tirar a inocência daquela menina meiga e, devido a merda dessa sua obsessão em
controlar a vida das pessoas, você não pensou duas vezes em excluí-la da sua vida, destruindo os
sonhos dela e a deixando quebrada por dentro. Hoje você acabou de quebrar minha amiga com
tanta crueldade, que me pergunto como fui tolo em te enxergar como um herói.
Me descontrolo ao ver a decepção que meu irmão sente por mim neste momento e tento
me justificar.
— Foi ela que me quebrou, Alexandre! Eu apenas queria conhecer os pais dela!
— E ela queria apenas mais uma semana pra se preparar. Se coloca no lugar dela,
Alejandro! Uma menina simples, pobre e inexperiente, que de repente se vê envolvida com um
homem bilionário, de sucesso, lindo e experiente, que pode ter a mulher que quiser. Pense um
pouco através da cabeça dela, em como ela se sentia insegura, com medo de ser apenas um
sonho, uma ilusão em suas mãos. Pensa o quanto ela queria se tornar independente, forte e
autônoma para pelos menos se sentir mais digna de estar com você! Pensa, seu idiota! –
Alexandre grita estas palavras em minha cara.
Meu coração sangra e começo a pensar na burrada que fiz na minha vida e na vida da
mulher que eu amo.
Alexandre não dá trégua.
— Você a feriu com seu controle, pois só queria ao seu lado uma boneca inanimada, que
fosse moldada a seus gostos, seus desejos e suas decisões. Você não deu a ela o direito de
escolha, não deu o tempo que ela precisava. Enquanto ela abandonou praticamente sua vida por
você, estava tudo bem, mas uma única contraposição às suas decisões e você a abandonou.
— Sabe, eu e ela somos suas vítimas, o amor que sentimos por você quase nos destruiu,
quase perdemos a fé em nós mesmos, mas juntos catamos os cacos do nosso coração e nos
reerguemos, seguimos em frente, um apoiando o outro. Mas depois de hoje não sei se
conseguirei colar os cacos de minha amiga. E se ela não conseguir se reergue, meu irmão, eu
nunca te perdoarei.
Eduardo, Salma, Selena e Simone escutam o desabafo do Alexandre em silêncio. Eu me
sinto esgotado, me sinto um merda, por ter ferido tanto o meu irmão e a mulher que amo.
— Eu a amo, Alexandre! Amo mais que minha própria vida e fui um imbecil, me perdoe.
— Falo desesperado.
— Não é a mim que você tem que pedir perdão é a ela, mas acho que depois de hoje pode
ser tarde demais. ‒ Para de falar, pensa um instante e depois questiona. ― Você fodeu com
aquela vadia hoje?
Senhor! Nunca tinha ouvido meu irmão falar palavrão. Olho sério e digo com sinceridade.
― Não, só foi aquele beijo, depois a mandei pra em casa.
― Então talvez, mas só talvez, Alejandro, você ainda tem uma chance e, quem sabe ela te
perdoa! Está nas tuas mãos merecer esse perdão.
― Onde ela está?
― Em meu apartamento, dormindo. Mas você não vai vê-la, pelo menos hoje deixa ela
dormir em paz.
Balanço a cabeça concordando e vejo meu irmão se levantar, destruído, pegar seus óculos e
se virar para sair. Ao chegar na porta olha para todos os irmãos e diz com uma voz cansada e
angustiada.
― Jamais poderia amar a Ximena como mulher, Alejandro. Por que eu, seu irmão, não
sinto atração por mulheres.
Dá um longo e sofrido suspiro olha para todos nós e diz:
― Família eu sou gay e já cansei de esconder isso!
Sai batendo a porta, deixando-nos estupefatos com a declaração.
CAPÍTULO 31

Alejandro
Assim que Alexandre sai da sala depois de soltar a bomba da sua homossexualidade, passo
a mão em meu rosto e encaro meus irmãos.
Estou perplexo! Não por Alexandre ser gay, mas sim, porque nunca havia suspeitado. Ou
será que sim?
― Alguém de vocês sabia? – Questiono meus irmãos.
― Eu suspeitava. – Salma confirma.
Selena e Eduardo balança a cabeça em negativa.
― Deus, irmã! Porque nunca disse nada?
― Ele sempre foi muito calado e vergonhoso. Tinha medo da sua reação se soubesse da
minha suspeita e também tinha medo de estar errada, sinto muito.
Abraço com carinho minha irmã, tão séria e responsável e ela encosta seu rosto em meu
peito e chora lamentando.
― Shiiii.... Está tudo bem querida, não tinha como você saber, vai ficar tudo bem. – A
consolo.
― O que você vai fazer agora? ― Eduardo questiona.
― Vou atrás do perdão da mulher que amo e do meu irmão. Quem sabe ainda não é tarde
para eu consertar a burrada que fiz com a minha vida e com a deles também.
― Você vai conseguir irmão, você é um homem bom, um ser humano maravilhoso. Um
pouco turrão, às vezes, mas nós te amamos. – Salma fala.
Selena vem e me dá um abraço também.
― Te amamos muito, Alejandro. Você sabe disso, não sabe?
Confirmo e dou um beijo em sua cabeça. Assim que Selena se afasta Eduardo também me
abraça e dá um tapa em minhas costas. Ouço-o dizer.
― Te amo, irmão.
Olho para todos os meus irmãos e digo.
― Também amo vocês. – Digo batendo a mão em meu peito.
Eles sorriem, balançam a cabeça afirmativamente e depois me deixa sozinho.
***
Já era quase cinco horas da manhã quando me levanto do sofá para ir ao apartamento do
Alexandre. Sinto-me sufocado! Passei a noite em claro e a única vontade de tenho é de ver
Ximena e implorar o seu perdão. Meu irmão pediu para que não a procurasse naquele momento
para que ela pudesse descansar, mas não suporto mais esperar, preciso ver minha menina.
Toco a campainha e fico admirado ao ver a porta ser aberta quase que instantaneamente.
Achei que meu irmão estivesse dormindo, mas percebi que não, ele estava do mesmo jeito que
eu, com a mesma roupa de ontem e com a cara roxa de socos.
― Demorou. – Falou.
― Posso entrar?
Ele dá abertura para eu entrar e vejo que Diego, seu chefe de segurança, está sentado no
sofá. Logo somo dois mais dois e arqueio a sobrancelhas para ele, em um questionamento mudo.
― Diego é meu namorado. – Fala simplesmente.
― Humm... bom. Fico feliz que esteja bem. – E continuo. ― Ela ainda está dormindo? –
Pergunto.
― Sim, no quarto de hóspede.
Sei onde fica o quarto de hóspedes no apartamento do meu irmão e me direciono para lá,
quando ouço Alexandre perguntar.
― Não está decepcionado por eu ser gay, Alejandro?
Retorno para a sala e encaro meu irmão, dizendo calmamente:
― Por que estaria decepcionado? A vida e as escolhas são suas e eu o respeito. A única
coisa que me importa é que você seja feliz, meu irmão. Pena que você nunca percebeu isso.
Dou mais umas passadas em direção ao quarto, me viro para Alexandre e com um sorriso
amarelo, digo.
― Na realidade, irmão, você não calcula a felicidade que estou sentindo neste momento
por você ser gay. — Resolvo ser sincero.
Alexandre solta uma gargalhada e diz.
― Canalha, controlador, obsessivo e ciumento de merda, vai cuidar da sua mulher.
Com o coração mais leve entro no quarto onde meu amor está.
***
Abro a porta devagar e vejo a mulher da minha vida dormindo de conchinha. Ela está
serena e quando a olho vejo a imagem da perfeição. Senhor, como amo esta mulher! Como pude
ser tão idiota? Como tive coragem de magoá-la?
Sinto um aperto no peito só de imaginar que ela pode não me perdoar. Com cuidado tiro
uma mecha de cabelo que cai em seu rosto e com carinho dou um beijo em sua bochecha rosada.
Ela se remexe na cama e aos poucos vai acordando. Quando abre os olhos e me reconhece,
fica espantada.
Se afasta do meu toque e me pergunta magoada.
― O que você está fazendo aqui, Alejandro?
― Vim te pedir perdão.
Lágrimas escorrem dos seus olhos e a culpa me corrói. Ela não diz nada, só me olha com
mágoa. Nunca mais tinha chorado desde a morte de meus pais, mas neste momento sinto que
minha alma não suporta mais tanta dor e deixo ela se esvair por meus olhos, e continuo:
― Sei que não mereço o teu perdão e fui um estúpido, controlador, obsessivo e ciumento
de merda, mas quero mudar Ximena, por você, por nós. Preciso do teu perdão.
Ela só me olha e continua calada, nunca tive tanto medo na vida.
― Eu te amo, você é a mulher da minha vida. Desde que te vi te amei, e eu não soube lidar
com tanto amor. Fui egoísta, possessivo, te queria só pra mim. Não enxerguei os teus medos,
desejos e vontades, por isso acabei te fazendo sofrer. Meu orgulho não fez somente você sofrer,
mas eu nunca sofri tanto em minha vida. — Dou uma pausa e continuo. ― Eu pensei em você a
cada minuto da minha vida desde te conheci. Seu gosto, seu cheiro e sua pele estão entranhados
em meu ser. Deixei de viver desde o momento que nos separamos e passei a sobreviver.
Ela chora.
― Nunca estive com outra mulher desde o momento que te toquei pela primeira vez. Sei
que te magoei ontem, mas eu só beijei aquela mulher naquele salão, depois a deixei. Fui
controlado pelo ciúme doentio que sinto de você, mas meu corpo só deseja o seu, meu coração,
minha alma e minha vida são teus. Deixei o ciúme me dominar, mas agora estou te pedindo mais
uma chance, preciso de você meu anjo, não suportarei sem seu perdão.
Ximena já não chora, somente me olha, mas continua calada.
― Te amo, minha vida. Te imploro perdão.
Ela finalmente diz.
― Também te amo, Alejandro.
Foi o momento mais feliz que tive em toda minha vida.

Ximena
Acordo com o corpo dolorido e sentindo minha cabeça latejar. Sinto alguém tocando meu
cabelo e penso que é meu querido amigo Alexandre, que tanto tem me apoiado e me dado forças
nesse momento tão difícil de minha vida.
Quando abro os olhos meu coração para e meu corpo treme ao ver que Alejandro estava ao
meu lado na cama me fitando com carinho. Me afasto de seu toque, magoada. Pergunto o que ele
quer, e ele diz que veio pedir o meu perdão.
Ouço trêmula tudo o que ele tem a dizer e cada palavra que sai de sua boca vai direto para
meu coração. Seus olhos demonstram amor e arrependimento: amor por mim e arrependimento
por ter sido tão orgulhoso.
Reflito e vejo que também fui orgulhosa e que poderia ter tentado mais, dialogado mais,
lutado por nosso amor, mas a minha insegurança fez com que eu também tomasse atitudes
erradas.
Choro. Choro pela dor sentida e pelo tempo perdido por nós dois. De repente ouço-o dizer:
― Te amo, minha vida. Te imploro perdão.
Então, cansada de lutar contra meus sentimentos, também me declaro.
― Também te amo, Alejandro.
Lágrimas escorrem dos olhos de Alejandro e me sinto uma pessoa especial, uma mulher
única e amada por aquele homem tão forte, poderoso, lindo e maravilhoso.
Ele me abraça parecendo não acreditar que eu o perdoara. Seus lábios procuram o meu
vagarosamente, parecendo estar com medo de ser rejeitado. Quando sinto seus lábios, dou um
pulo da cama e ele me olha assustado.
― O que houve, meu amor? você não vai me dar uma chance?
― Não é isso! É que acabei de acordar, preciso escovar meus dentes.
Saio correndo em direção ao banheiro e deixo Alejandro rindo do meu pequeno surto.
Quando finalizo sinto-o atras de mim e seus braços envolvem minha cintura. Me viro para ele,
feliz.
― Agora posso te beijar, minha princesa?
Não respondo, apenas toco seus lábios com os meus e dou total acesso ao seu toque e ele,
sentindo mais confiança, toma minha boca num beijo duro e exigente, de pura fome, saudade e,
juntos, dançamos a música dos amantes com nossas línguas. Ele fazia amor comigo com sua
língua, chupando e mordiscando meus lábios.
Com desespero Alejandro me leva de volta para a cama e olha admirado meu corpo,
coberto somente com calcinha e sutiã. Ele toca todas as partes do meu corpo, rosto, seios,
barriga, sexo, suas mãos trabalham ferozmente em cada centímetro da minha pele.
Eu gemo e meu corpo grita por ele, então arqueio os quadris pedindo amis, exigindo mais.
Era tanta saudade, tanto desejo reprimido... Alejandro, ainda sugando minha língua, me livra do
sutiã libertando os meus seios e então desce sua boca para meu pescoço, lambendo e chupando
até chegar em meus seios. Com a boca ele captura um mamilo e com a mão e esfrega o outro,
fazendo com que eu grite descontrolada e meu corpo fica em combustão. O fogo toma conta de
cada centímetro da minha pele e imploro por mais.
― Por favor, Alejandro... mais... preciso de mais....
Ele me atende, esfomeado, desejoso, carente e então desce as mãos para minha calcinha e a
rasga, jogando-a longe. Mamando meus seios com sequidão do desejo reprimido, ele leva as
mãos para o monte de nervos entre minhas pernas, testando sua rigidez e meu desejo.
Meus gritos de prazer parecem enlouquecê-lo, então ele me penetra com um, depois dois
dedos e começa um movimento de vai e vem.
Quando percebe que não suporto mais e vou chegar ao clímax, ele substitui os dedos pela
boca, então sinto meu corpo levitar e uma onda de prazer varre meu corpo completamente. Gozo
gritando seu nome.
- Aahhhhhh.... Alejandro!
Desmorono exausta na cama, os temores em meu corpo vão lentamente se acalmando, as
batidas do meu coração desacelerando e olho para ele completamente extasiada.
CAPÍTULO 32

Alejandro
Depois que ela chega ao clímax, começo a dar pequenos beijos seu corpo, acariciando-a,
adorando-a com meus lábios.
― Te amo, minha deusa. Te amo tanto que chegar a doer. Senti tanto tua falta, preciso de
você como o ar que respiro!
― Preciso te tocar e te sentir, meu amor. — Ximena implora.
Ela começa a lamber e chupar meu pescoço, tórax, barriga, até alcançar o meu pau. Urro
de tesão quando ela toca com a língua a glande do meu pau e lentamente vai chupando e
engolindo-o até chegar à garganta. Puxo seus cabelos, fazendo um rabo de cavalo com minhas
mãos, levando-a a fazer movimentos de entre e sai com a boca.
― Caralho! Que boca gostosa. — Estou descontrolado e falo palavras sujas e desconexas
completamente alucinado.
O meu prazer aumenta o tesão de Ximena e ela acelera os movimentos. Vejo que não vou
durar muito tempo, então tiro meu pau da sua boa e coloco-a montada em mim.
Nunca vi tanta beleza em minha vida, minha princesa sentada em mim, com os seios
batendo, acompanhando a dança de nossos corpos, cabelos espalhados por seu rosto que estava
rosado de tesão, e os olhos... ah, seus olhos eram dois faróis que refletiam todo prazer, volúpia e
excitamento que a possuía.
Não existia mais nada nem ninguém no mundo, era somente eu e Ximena, dois amantes
que se completavam. Juntos e loucos de prazer atingimos o clímax e gritamos extasiados,
gozando ao mesmo tempo.
Ximena se abandona em meus braços. Estamos completamente esgotados, extasiados
diante de tanto prazer.
Nos acalmamos, pego Ximena nos braços e a levo para o banheiro, ligo o chuveiro e
tomamos banho juntinhos, apaixonados e embriagados por nosso amor.
Seco Ximena e me seco, depois levo-a para cama e deito ao seu lado. Puxo ela para os
meus braços e a aconchego em meu peito. Ficamos mais de uma hora simplesmente nos
sentindo. Agora, as palavras não são necessárias, o sentimento de êxtase e encantamento nos
dominam. Estamos completos.
Deito Ximena de costa, ergo meu peito e escoro meu cotovelo na cama, amparando minha
cabeça com a mão, de modo a ter a visão de seu rosto. A encaro e com a mão livre contorno seu
rosto lentamente até chegar em seus lábios. Dou um beijo cálido naquela boca maravilhosa e
pergunto.
― Você está bem, meu amor?
― Estou.
Passa a mão em meu rosto e questiona, observando as manchas roxas evidentes em minha
pele.
― O que aconteceu?
― Alexandre resolveu me dar uma lição.
― Senhor! Não posso acreditar que seu irmão fez isso com você.
― Está tudo bem. Mereci. – Dou um sorriso sem graça. ‒ Me perdoa por beijar aquela
mulher na sua frente, estava louco de ciúme de você.
― Eu e o Alexandre somos apenas amigos, gosto dele como irmão.
― Eu sei. Fui um tolo controlador e obsessivo, mas aprendi minha lição.
Beijo sua testa. Ela sorri e ignora quando toco no assunto do beijo que dei naquela mulher
na noite anterior, mas vejo a dor em seus olhos, que ela tenta disfarçar.
― Quero esquecer o que aconteceu, vamos pensar no futuro.
― Sim, amor. E nosso futuro será juntos para sempre.
Passamos a manhã toda cama, conversando, nos entendendo, até que exaustos e depois de
mais uma rodada de sexo adormecemos, esgotados.

Ximena
Acordo e sinto uma perna enorme sobre mim. Encaro Alejandro e vejo que ainda dorme.
Procuro tirá-lo de cima de mim com cuidado para não o acordar, levanto e vou ao banheiro.
Tomo um banho e, como não tenho roupa, visto um roupão que tem no banheiro e vou para sala.
Chego e dou de cara com Alexandre deitado no sofá com a cabeça no colo de Diego. Fico
admirada e, sorrindo, cumprimento-os.
― Boa tarde! – Já passava das treze horas.
Alexandre olha para mim, sorri e junto com Diego responde.
― Boa tarde!
Sento de frente a eles, então vejo que o rosto do meu amigo está mais machucado que do
Alejandro. Preocupada o questiono.
― Senhor! Alexandre, o que houve?
Meu amigo me conta o que aconteceu e o que mais me impressiona é ele dizer que
assumiu ser gay para família.
― Fico feliz por vocês. Um amor tão bonito não poderia ficar escondido.
― Agora sei, Ximena. Agradeço a você pelo apoio e pelos conselhos, pois foi graças a eles
tive coragem para enfrentar minha família.
― Eu que tenho que agradecer a você meu amigo. Você me trouxe de volta meu amor.
― E que amor! Eu e Diego somos testemunhas deste amor. Nossos ouvidos estão tinindo
até agora com os gritos de vocês. – Fala malicioso.
Fico corada e dou um sorrisinho sem graça.
― Desculpe, esquecemos que estávamos em seu apartamento.
Ele gargalha.
— Sempre a disposição, querida.
— O almoço já está pronto, só estávamos esperando vocês acordarem para organizarmos a
mesa.
― Humm... estou morrendo de forme, vou avisar o Alejandro.
― Com toda as atividades que praticaram devem estar famintos mesmo.
― Engraçadinho. — Falo num muxoxo e, quando ia saindo para chamar Alejandro ele
aparece na sala, com os cabelos molhados e com a roupa da noite anterior.
― Boa tarde! – Cumprimenta com um sorriso de orelha a orelha. Vê que Diego está na
sala e age com normalidade.
― Fiz o almoço, Alejandro. Você almoça conosco?
Alejandro me abraça e me dá um beijo no rosto.
― Quer almoçar, querida?
― Não perderia por nada! Alexandre é um cozinheiro de mão cheia.
Fomos para sala de jantar e almoçamos num clima tranquilo e feliz, erámos quatro amigos,
dois casais. Foi um momento lindo e único em nossas vidas. Celebramos ali a vitória do amor!
Amor entre Alejandro e eu e entre Alexandre e Diego.
CAPÍTULO 33

Alejandro
Seis meses depois:
― Amor, se apressa! Vamos chegar atrasados.
― Já vou, Alejandro. Meus pais não se importarão se chegarmos um pouquinho atrasados.
― Um pouquinho? Já estamos mais de trinta minutos atrasados, e até chegar lá, pode
imaginar.
― Humm... e a culpa é de quem, hein?
— Sua! Quem manda ser tão gostosa e irresistível?
Bato na sua bunda com um sorriso travesso. Sei que fui o culpado pelo atraso, não consigo
manter minhas mãos longe de minha gostosa e ela não contribui para que isso aconteça. Ximena
é fogosa, o que me deixa cada dia mais louco e apaixonado por ela.
Conheci os pais de Ximena um mês depois de nossa reconciliação e fiquei angustiado, pois
minha vontade era fazer parte da sua família tanto quanto ela fazia parte da minha. Mas sabia que
depois de tudo que aconteceu ela precisava de tempo para se sentir confiante.
Os pais de Ximena me trataram muito bem, no início sentia que eles tinham uma certa
desconfiança devido a tantas diferenças que existiam entre nós dois, principalmente a diferença
de idade e a financeira.
Com o decorrer do tempo eles viram que o meu amor por Ximena é sincero e forte e me
adotaram como filho. Confesso que estou muito feliz, é bom sentir o carinho fraternal,
principalmente após perder meus pais tão cedo.
Por mim já estaríamos casados, mas tenho medo da reação de Ximena. Eu realmente
aprendi minha lição e estou dando tempo a ela, só não sei até quando vou me segurar, quando
meu maior desejo nesta vida é fazê-la oficialmente minha perante Deus e os homens.
***
— Bom dia, queridos! – Minha sogra vem nos receber assim que chegamos.
— Bom dia, mamãe! — Ximena a abraça
— Bom dia, dona Adália! — Também a abraço.
— Juarez, eles chegaram! — Grita para o marido.
— Bom dia, meus filhos! — O senhor Juarez nos cumprimenta com um sorriso no rosto.
Logo chega Camila saltitando.
— Bom dia, mana! Bom dia, cunhado lindo! – E nos dá um beijo no rosto.
— Hummm... Dona Adália que cheiro bom! O que a senhora está preparando hoje? —
Digo com água na boca, amo a comida da minha sogra.
Ela sorri com os olhos brilhando de orgulho e diz.
— Hoje estou fazendo uma paella com camarões e espero que você goste, querido.
— Amo! — Ela sorri, contente.
Após o almoço, como todos os domingos em que almoçamos com a família de Ximena,
tiramos um cochilo.
Agora, como a família estava aumentando pois os três irmãos mais velhos da família
Hernandes Ruiz estavam comprometidos, combinamos de um domingo almoçarmos com a
família de nossas parceiras e parceiro, no caso do Alexandre, e no outro entre os irmãos e estava
dando certo.
Já estava anoitecendo e estávamos conversando sobre o trabalho de Ximena na empresa e
ela, empolgada, contava sobre o lançamento do mais novo projeto do super gênio da empresa.
Ninguém mais segurava aqueles dois, a parceria deles deu muito certo e quem ganha, é claro, é a
H.R. Tecnologia.
Em certo momento da conversa o senhor Juarez olha em meus olhos e, para meu espanto,
pergunta:
— Quando será o casamento, meu rapaz. Não acha que já namorou demais?
— Pai! — Ximena diz, envergonhada.
— Juarez, pelo amor de Deus! O que deu em você?
— Tudo bem, dona Adália! Não tem problema. —Olho sério para os pais de Ximena e
continuo. ― Vocês sabem o que sinto pela filha de vocês e, desde que a conheci quis casar com
ela, construir uma família e ter filhos. Porém, sou um homem vivido de trinta e sete anos e
Ximena recentemente completou vinte e quatro. Cometi meus erros com ela no passado e quase a
perdi. O que tenho a dizer para vocês, meus sogros, é que eu caso com Ximena na hora que ela
decidir que está pronta.
Ximena fica emocionada, não diz nada e me dá um beijo nos lábios. Fico triste, pois no
fundo esperava que ela dissesse que pelo menos estava pensando o assunto, mas ela se manteve
calada e dona Adália tratou logo de mudar de assunto.

Ximena
Fiquei pensando em tudo que Alejandro disse na casa dos meus pais. Ele nunca falara em
casamento para mim, mas hoje eu percebi que era o que ele queria. E sendo honesta comigo
mesma, é o que eu quero também.
Chegamos em sua cobertura, fomos direto para o chuveiro e fizemos amor deliciosamente.
Já era tarde da noite e estávamos descansando um nos braços do outro quando digo:
― Quando falou sobre casamento hoje mais cedo, você estava falando sério?
Ele me olha fixamente e diz:
― Nunca falei tão sério em minha vida. Eu te amei assim que te vi, mas também quase te
perdi e, por mais que deseje que você se torne minha esposa, jamais te apressaria. Quero que seja
minha mulher quando estiver preparada.
Olho para ele e sorrio carinhosamente passando as mãos em seu rosto e digo.
― Eu estou preparada, meu amor.
Alejandro me olha primeiramente assustado, depois surpreso com minhas palavras. Ele
não estava esperando, fica bem emocionado e então, vejo seus olhos lacrimejando e duas
lágrimas solitárias descem de seus olhos. Levanta da cama, vai até o cofre que fica embutido na
parede ao lado do closet, abre e pega uma caixinha.
Volta, se ajoelha ao lado da cama, tira da caixinha de veludo um anel com uma pedra
enorme de diamantes e diz:
― Ximena, você é a mulher da minha vida. Antes de te conhecer não sabia o que era o
amor entre um homem e uma mulher. A cada dia que passa mais te amo e desejo compartilhar a
minha vida contigo, você é a mulher que quero para sempre ao meu lado. Te encontrei
inesperadamente e te amo mais que minha própria vida. Amor, você quer se casar comigo?
― Sim, sim, sim. — Respondo abraçando-o e chorando. ― É o que mais quero em minha
vida, ser sua esposa e mãe dos seus filhos. Quero viver plenamente nosso amor. Sei que haverá
erros e acertos, alegria e tristezas, mas juntos venceremos o que a vida nos impor. Te amo de
todo meu coração e com toda minha alma.
E assim selamos o destino de nosso amor.
***
Três meses depois:

Alejandro
Estou nervoso, nunca estivera tão nervoso em minha vida. Ando, ansioso, de um lado para
o outro em frente ao altar. Três meses foi tempo suficiente para organizarmos o casamento do
ano, segundo os tabloides espanhóis.
A igreja está repleta de convidados e, ao meu lado no altar estão Eva, Alexandre e Selena,
os melhores amigos da minha menina. Quem poderia, além deles, testemunhar nossa história de
amor?
Alexandre está muito feliz, aliás, felicidade é o que o define depois que assumiu Diego e,
provavelmente, será o próximo da família Hernandez Ruiz a se casar. Diego, Salma, Eduardo e
Simone estão sentados no banco da frente. Minha família está toda reunida para presenciar o
momento mais feliz da minha vida. Camila, irmã de Ximena, também está sentada ao lado de
meus irmãos.
A igreja está decorada com arranjos de rosas brancas com suas folhas verde, que formam
uma passarela que ornamenta o corredor onde minha princesa irá passar. A passadeira é toda
espelhada, refletindo a beleza natural das flores.
A orquestra sinfônica está posta ao lado do altar e três trombeteiros caminham do fundo da
igreja até o altar, anunciando que a noiva vai entrar. Ao chegarem no altar se posicionam à frente
comigo, com meus irmãos, Eva e o padre e, juntamente com a orquestra sinfônica, começam a
tocar a marcha nupcial.
As portas da igreja se abrem e sinto meu corpo tremer e, mais uma vez, vejo a perfeição
em minha frente, a mulher dos meus sonhos. Ximena caminha linda, poderosa, brilhante e
perfeita ao lado de seus pais.
Seu vestido é maravilhoso, não consigo descrever o quanto ela está linda. Ela vem em
minha direção e nossos olhos não se desviam nem por um segundo, e eu, que achava que não
tinha como amar ainda mais essa mulher, percebo que a amo mais e mais a cada dia. Ela é o ar
que respiro.
A cada batida do meu coração era um passo que Ximena dava até mim, com nossos olhos
sempre conectados. Naquele momento único, sorríamos um para o outro e quando o senhor
Juarez entrega Ximena a mim no altar, sinto que Deus não poderia ser mais bondoso para
comigo. Ele me deu o maior presente: a mulher de minha vida!
Agradeci aos meus pais que estão lá no céu e que sei que olham felizes e orgulhosos de
mim e de meus irmãos e ali, naquele altar, emocionados, eu e Ximena selamos o nosso amor
perante Deus e os homens.
EPÍLOGO

Ximena
Quatro anos depois:
― Bom dia dorminhoca! — Alejandro me beija, tentando me despertar.
― Humm, deixa eu dormir mais um pouquinho. — Imploro, preguiçosa.
― Eu deixo, meu amor. Mas quem manda nesta casa não sou eu e o senhor desta casa
chama por você. —Alejandro diz, zombando de mim.
Abro os olhos lentamente e dou de cara com meu pacotinho do céu olhando sorridente
para mim e se jogando do colo do Alejandro pra cama.
― Mamãe, mamãe. — Nosso filhinho grita por mim.
Ramon Alejandro Hernandez Ruiz nasceu dezoito meses depois do nosso casamento. Não
quis esperar muito tempo para ter meu filho. Afinal, já tinha conquistado sucesso profissional e o
que eu mais queria era construir uma família forte e bonita igual a minha e a do Alejandro.
Sabia que meu amor queria muito um filho, pois sempre cuidara e educara seus irmãos
como filhos. Lembro-me da felicidade com que ele recebeu a notícia que seria pai. Fiz uma
surpresa e mandei um e-mail com a imagem do meu primeiro ultrassom e, como ele não
esperava, ficou parado e sem ação. Depois me pegou em seus braços e me rodopiou dentro do
seu escritório. Imaginem a cena, todo mundo olhando! Mas depois que souberam sobre a
gravidez vieram nos parabenizar.
Tive uma gravidez saudável e nosso filho nasceu com três quilos e cem gramas, lindo e a
cara do pai. Nesse dia me senti a mulher mais completa e realizada do mundo!
Hoje, nosso bebê, que tem o nome do avô em homenagem ao pai do Alejandro, tem dois
anos e seis meses e é a maior benção de nossas vidas;
― Vem cá, meu amorzinho. Acordou cedo hoje?
Ele sorri e se aconchega em meus braços e, com o bracinho levantado, diz:
― Vem, papai.
Alejandro, com um sorriso que chega à orelha, se junta a nós na cama.
Uma cena típica em qualquer família, mas para mim é a realização de uma vida e a
coroação de minha vitória. Aqui e agora estão os amores da minha vida!
Meu marido me olha com amor e é assim todos os dias. Sou amada intensamente e o amo
incondicionalmente. Me considero uma mulher de sorte por conseguir conquistar o amor do meu
CEO espanhol.
SOBRE O AUTOR
D. M. DAMAS
Uma mulher que sonha através das palavras e que acredita no poder de um sonho.
LIVROS DESTE AUTOR
O BILIONÁRIO NERD E O SEGURANÇA

CATIVA DO MAFIOSO

UMA ORFÃ PARA O BILIONÁRIO CAFAJESTE

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