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LICENCIATURA EM PORTUGUÊS E ESPANHOL

PAULO ANDRÉ GOMES DE ARAUJO

ENSINO DE ESPANHOL – ESCOLA, FAMILIA UMA PARCERIA


POSSIVEL

MARABÁ- PARÁ
2021
1

PAULO ANDRÉ GOMES DE ARAUJO

ENSINO DE ESPANHOL – ESCOLA, FAMILIA UMA PARCERIA


POSSIVEL

Monografia apresentada a Universidade Paulista


como um dos pré-requisitos para obtenção do grau
de Licenciatura em Letras Português e Espanhol

Orientadora: Profª Camila C. Souza Lima

MARABÁ- PARÁ
2021
2

PAULO ANDRÉ GOMES DE ARAUJO

ENSINO DE ESPANHOL – ESCOLA, FAMILIA UMA PARCERIA


POSSIVEL

Monografia apresentada a Universidade Paulista como um dos pré-requisitos para


obtenção do grau de Licenciatura em Letras Português e Espanhol

Comissão Examinadora

Profª Orientadora Camila C. Souza Lima


3

RESUMO

Estudos veem demonstrando que a parceira entre a escola e a família é


determinante no desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança. Neste
sentido o objetivo deste trabalho é descrever e analisar a relação entre escola, pais
e alunos dentro de uma perspectiva de que esta parceria é fundamental para o
desenvolvimento cognitivo e social do aluno. A pesquisa exploratória, bibliográfica e
qualitativa, permitiu algumas considerações sobre a relevância do estabelecimento
de relações entre a escola e a família, que envolve expectativas recíprocas: os pais
consideram que é fundamental o sucesso escolar do filho e os professores
acreditam que isso somente é possível com uma maior participação dos pais.
Contudo, observa-se em muitos casos falta um interesse dos pais pela educação
dos filhos (falta de tempo, preocupação com trabalho, etc.) e os professores que às
vezes utilizam de relações de poder não sempre efetivas. Neste sentido, considera-
se que uma parceria entre pais e escola supõe igualdade e interesse conjunto pelo
desenvolvimento cognitivo do aluno/filho. Isso implica em tempo e valorização da
criança por seu processo de ensino-aprendizagem, tanto da família como da escola,
através de uma intervenção planejada e consciente.

Palavras-chave: Escola; Família, Parceria Ensino/Aprendizagem, Espanhol.


.
4

ABSTRACT

Studies see demonstrating that the partnership between the school and the family is
crucial in the cognitive, emotional and social development of the child. In this sense,
the objective of this study is to describe and analyze the relationship between school,
parents and students within a perspective that this partnership is critical for cognitive
and social development of the student. Exploratory, bibliographical and qualitative
research allowed some considerations on the importance of establishing
relationships between the school and the family, involving reciprocal expectations:
parents consider that the school success of the child is paramount and teachers
believe that this is possible only with greater involvement of parents. However, there
is in many cases lack an interest of parents for the education of children (lack of time,
preoccupation with work, etc.) and teachers sometimes use power relations not
always effective. In this sense, it is considered that a partnership between parents
and school assumes equality and joint interest for the cognitive development of the
student / child. This involves time and appreciation of children by the process of
teaching and learning, both family and school, through a planned and conscious
intervention.

Keywords: School; Family Partnership Teaching / Learning, Espanhol.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................6
1. TRAJETORIA DO ENSINO DE ESPANHOL.........................................................9
2. CONTEXTO FAMILIAR........................................................................................13
3. FAMÍLIA E A ESCOLA.........................................................................................19
4. O PAPEL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NAS ESCOLAS JUNTO ÀS
FAMÍLIAS....................................................................................................................28
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................32
REFERÊNCIAS...........................................................................................................34
6

INTRODUÇÃO

Famílias consideram que a total responsabilidade da educação das crianças é


da escola. Sistemas educacionais contestam que o papel principal é da família, que
necessita conhecer e discutir os objetivos da proposta pedagógica escolar e agirem
como agência educativa de seus filhos.

Família e escola formam uma equipe. É fundamental que ambas sigam os


mesmos princípios e critérios, abrindo canais de comunicação, respeitando e
acolhendo os saberes dos pais, dos filhos, e bem como, a direção que a escola traça
em relação aos objetivos que desejam atingir.

Com as atuais mudanças na estrutura do sistema atual do Ensino Médio,


houve alterações na política educacional. Tais mudanças estabeleceram um
conjunto de novas diretrizes para o Ensino de Língua Estrangeira no Ensino Médio.

Ensino de espanhol – escola, família uma parceria possível é um


estudo/reflexão sobre as dificuldades vivenciadas na relação professores e pais,
assim como uma análise sobre o resgate da participação dos pais ao aprendizado
escolar do seu filho na referida escola por meio da disciplina de Espanhol.

Considera-se que os pais e/ou responsáveis têm o direito e o dever de


acompanhar o ensino de seu filho na escola. O interesse da família resultará no
orgulho e satisfação que o filho tem em saber que existem pessoas que se
preocupam com ele.

No entanto, o observado em muitas instituições educacionais a falta de


interesse da família pelo ensino-aprendizado do filho é um dos maiores dilemas
enfrentados na escola. A escola acredita que a incapacidade de compreensão do
valor do ensino pela família se deve pelas dificuldades de aprendizagem de muitos
pais, alguns analfabetos e muitos que nem mesmo chegaram a concluir a educação
básica.

Neste a questão que norteia este trabalho é de saber: De que forma o interesse e o incentivo da
família na escola propiciará ao filho um desenvolvimento educacional escolar de qualidade?
Apresentamos aqui, um estudo acerca da inclusão da Língua Espanhola no contexto
7

educativo e a importância desta decisão para todos os alunos e seus familiares para
o contexto escolar como uma forma de parceria.

Desta forma, o objetivo central é descrever e analisar a relação entre escola,


pais e alunos dentro de uma perspectiva de que esta parceria é fundamental para o
desenvolvimento cognitivo e social do aluno, para entender melhoro processo de
ensino, temos como objetivos específicos:

 Revisar a literatura sobre o conceito de família;

 Identificar as diversas causas de descaso da família com a educação do


filho na escola;

 Descrever as práticas e ações educacionais dos pais e da escola frente ao


aluno, que impedem o bom desempenho da aprendizagem;

 Enfatizar a importância do diálogo pai e filho como forma de contribuição


para a educação escolar.

 Analisar o percurso histórico e didático do ensino de Espanhol Língua


Estrangeira

Com isso, supõe-se que a prática pela escola de reunir os pais


periodicamente para informá-los e discutir algumas mudanças a serem feitas no
cotidiano dos filhos podem garantir que as famílias apoiem uma educação exemplar.

Neste sentido, justifica-se através da consideração de que vida escolar e vida


familiar são simultâneas e complementares. Portanto, é preciso que os pais,
educadores, filhos/alunos compartilhem experiências, entendam e trabalhem as
questões envolvidas no seu dia-a-dia.

A metodologia de pesquisa é de uma investigação exploratória, bibliográfica e


qualitativa. O propósito é prover elementos que permitam ao pesquisador adentrar-
se a um território que possui muitos interrogantes (a relação família e escola) e,
portanto, é preciso de uma busca aos teóricos de modo a ajudar qualitativamente na
contextualização do problema de estudo.

Assim, a pesquisa exploratória é o primeiro passo para este trabalho


científico, com vias e proporcionar maiores informações sobre o tema exposto. Para
Chizzotti (2000, p.80) dentro da pesquisa exploratória “[...] o pesquisador é um ativo
8

descobridor do significado das ações e das relações que se ocultam nas estruturas
sociais”.

Neste caso a procura se detém no levantamento das informações pertinentes


a família e a sua participação no processo educativo de seus filhos. Para tanto, se
faz necessário a pesquisa bibliográfica.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003) para a construção do conhecimento


científico é necessário ter-se em conta o acervo de dados disponíveis, ou seja, o
embasamento teórico.

Com isso, se utiliza de livros, artigos científicos, pesquisas, Internet entre


outros, de maneira a construir a revisão de literatura.

Em referência a pesquisa qualitativa, Chizzotti (2000, p. 89) descreve que os


dados bibliográficos devem ser coletados interativamente em um processo de idas e
voltas. Desta forma o processo da pesquisa qualitativa não obedece a um padrão
paradigmático, o que vale muito é o trabalho criativo para se chegar à descoberta
das questões prioritárias da realidade estudada.

Entender como vem se desenvolvendo o Ensino de Língua Espanhola, é


muito importante, pois permite que todos possam compreender o processo
percorrido pela Língua Espanhola. Observamos como essa língua está sendo
desenvolvida hoje depois de todas as mudanças na política educacional, uma vez
que este traz contribuições para o Curso de Linguagens e Códigos que também
contempla o ensino de Língua Espanhola e este estudo buscar criar um parceria
entre os pilares da educação – família, escola, aluno.
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1. TRAJETORIA DO ENSINO DE ESPANHOL

Neste capítulo, abordaremos uma trajetória do ensino de Espanhol no


contexto nacional, para subsídios aos estudos sobre o ensino de espanhol no ensino
médio.
Nas escolas brasileiras, o ensino do espanhol está estabelecido há alguns
anos. A Lei Organizacional do Ensino Secundário de 1942 foi a primeira legislação
educacional que incluiu o espanhol como disciplina obrigatória no currículo do
ensino secundário da época.
De acordo com o Decreto nº 4.244, no primeiro ano dos cursos clássicos ou
científicos, o ensino do espanhol deve ser ministrado como disciplina obrigatória,
portanto, a carga horária é bastante reduzida em comparação com o tempo de
estudo voltado para outras línguas modernas, como o inglês e Francês.
Percebemos que muitos anos de ensino de espanhol começaram a ser
determinada como disciplina obrigatória, mas que sua carga horária bem mais
reduzida que as demais disciplinas, ou seja, desde o princípio a Língua Inglesa
juntamente com outras línguas sempre tiveram um grau de importância a mais que o
espanhol, exercendo maior influência dentro das escolas.
Assim, depois de o idioma ter sofrido todos os obstáculos na luta pela
igualdade de direitos e na integração do seu ensino no meio educacional, no dia 15
de dezembro, foi promulgada a “Lei Espanhola” sob a proposta de Lei nº 3987/00,
representada por Átila Lira, 15 de dezembro de 2000.
O projeto de lei proposto pelo deputado estipula que as escolas devem
ensinar espanhol, e os alunos escolhem o ensino de língua estrangeira com que
mais concordam. Desta forma, é possível mudar a realidade do ensino do espanhol,
onde o espanhol começará a desenvolver sua autonomia.
Muitos anos se passaram, e esse projeto, que só está no papel, entrou em
vigor, pois em 5 de agosto de 2005 foi aprovada a Lei 11.161 / 05, que prevê o
ensino médio. O ensino médio ou a educação para jovens e adultos, dependendo do
país e de seu sistema de ensino, a idade pode variar de 10 a 18 anos onde a
disciplina Língua Espanhola nas escolas do Ensino Médio por intermédio da Lei
11.161/05foi aprovada pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o
então presidente na época da aprovação da lei.
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A nova lei impõe desafios às escolas públicas e privadas, pois elas devem
incluir o espanhol em seus cursos e os alunos podem optar por se inscrever na
disciplina.
Com a aprovação da lei, as escolas públicas e privadas têm cinco anos para
se implantar e se adaptar ao novo sistema de ensino, ou seja, até 2010. Segundo o
portal do MEC, até 2010, quase 10 milhões de alunos do ensino médio queriam
aprender espanhol, já se passaram cinco anos.
Em 2017, quando olhamos para o ensino do espanhol, pode-se dizer que o
processo de adaptação foi lento. Muitos centros de ensino não aderiram à prática do
ensino do espanhol e poucos o tornaram efetivo no currículo os professores, não
permitirá que grupos de alunos participem do ensino ou seja, significa que o direito
só existe no papel e só existe na teoria, mas na prática o mais interessante é que
quase não existe.
No Brasil, embora a legislação da primeira metade deste século já
indicasse o caráter prático que deveria possuir o ensino de línguas
estrangeiras vivas, nem sempre isso ocorreu. Fatores como o
reduzido número de horas reservados para o ensino das línguas
estrangeiras e a carência de professores com formação linguística
pedagógica, por exemplo, foram os responsáveis pela não aplicação
efetiva dos textos legais(BRASIL, 2000, p. 25).

Um dos fatores negativos que dificultam a inserção do espanhol é a falta de


professores qualificados para o ensino do espanhol, por ser uma disciplina nova no
currículo e nenhum profissional se interessar pela área. Também faltam livros
didáticos voltados para o aprendizado de novas línguas.
Existem algumas dificuldades que dificultam o ensino de línguas, por isso é
difícil tornar a lei realmente eficaz e sair da tese devido à falta de profissionais
preparados para lecionar nas áreas de língua espanhola, uma das estratégias
adotadas pelo governo para aumentar o número de professores é investir na
formação docente e abrir mais vagas nos cursos de graduação.
Com isso, futuramente os interessados na área de espanhol poderão se
formar, pois com a obrigatoriedade da admissão do idioma, o número de
interessados poderá aumentar, proporcionando mais vagas para os espanhóis.
11

As Línguas Estrangeiras assumem a condição de serem parte


indissolúvel do conjunto de conhecimentos essenciais que permitem
ao estudante aproximar-se de várias culturas e, consequentemente,
propiciam sua integração no mundo globalizado. (BRASIL, 2000,
p.25)
Isso significa que o ensino do espanhol é necessário porque permite que os
alunos sejam expostos a outro mundo, mudando seu mundo social e entendendo
outras línguas.
Neste caso, isso ajuda a enriquecer o processo educacional dos alunos e a
proporcionar mais oportunidades culturais futuros cidadãos poderão entrar no
mercado de trabalho e lidar com outros públicos, porque há empresas espanholas e
hispânicas todos os dias.
O número de americanos instalados no Brasil tende a aumentar e o espanhol
é muito comum em nosso dia a dia. Portanto, é necessário compreender este idioma
porque pode aproveitar oportunidades de negócios, econômicas e culturais,
acadêmicas ou pessoais.
Resta-nos agora buscar o próximo passo é esperar que o ensino do espanhol
se estabeleça no sistema educacional e acreditar no ambiente espanhol em um
futuro próximo.
Surge a proposta do Ministro Bernardo Pereira de Vasconcelos, de
criar o Colégio público Pedro II, fundado em 2 de dezembro de 1837.
No dia 25 de março do ano seguinte, começaram as aulase as
disciplinas de língua cursadas no Colégio eram: grego, latim, francês
e inglês. Até o momento o ensino de língua espanhola ainda não fazia
parte da grade curricular da escola, dentre as línguas estrangeiras
mais conhecidas a única que ainda não tinha era o espanhol como
afirma Laseca (2008, p.52):

Passaram-se os anos, somente no ano de 1919 foi introduzida no sistema


educacional de ensino a Língua Espanhola, mas sendo ensinada em caráter
optativo, ou seja, era ensinada apenas para aquele aluno que queria. A partir de
1930, surge a primeira reforma educacional de caráter nacional, chamada de
Reforma Francisco Campos realizada pelo então Ministro da Educação e Saúde
Francisco Campos (1931).
Neste período, o Brasil inicia uma campanha de nacionalização da educação
que trouxe a criação de novos decretos com medidas rígidas a serem cumpridas.
Foram fechadas escolas criadas pelos imigrantes ou foram
convertidas em escolas públicas. No que diz respeito ao ensino de
idiomas, chegou-se a proibir o mesmo aos menores de quatorze anos
e se levou a cabo uma forte repressão do ensino bilíngue, com
12

destruição de material didático e prisão de professores( LASECA,


2008, p. 52).
Essas foram algumas medidas tomadas na época da Reforma Francisco
Campos, realizadas no início da Era Vargas. De acordo com esta reforma, o ensino
de línguas ficou totalmente desvalorizado, sofrendo assim uma reviravolta, proibia-
se tudo que tivesse alguma ligação com as línguas estrangeiras até mesmo, a
circulação de materiais didáticos, muitos foram destruídos para que ninguém tivesse
acesso e com estas medidas muitas pessoas perderam o direito de aprender outras
línguas.
Para a língua inglesa havia doze horas, para a língua francesa, treze horas e
para a língua espanhola apenas duas horas, é por este motivo que hoje o espanhol
tenta aparecer diante das demais línguas (LASECA, 2008).
A situação de escassez não se iniciou agora, isso já acontece desde sempre,
está nitidamente explicado a falta de conhecimento que as pessoas tem dessa
língua se comparada a língua inglesa, há uma diferença expressiva na carga horária
que existe entre as disciplinas, quando na verdade todas deveriam ter o mesmo
número de horas aulas.
A consequência de tudo isso, foi a falta de conhecimento e divulgação da
língua, assim, poucos estabelecimentos de ensino tinham na grade curricular a
língua espanhola.
Com o surgimento da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
de 1961, tornou-se possível que cada Estado brasileiro escolhesse a língua
estrangeira a ser incluída em seu currículo, onde as mesmas deixariam de ser
obrigatórias. As matérias obrigatórias passam a ser decididas pelo Conselho Federal
de Educação; as optativas ficam a cargo dos centros escolares e as
complementares pelos Conselhos de Educação dos Estados.
Em 1961, após a reforma educativa no Brasil, as línguas estrangeiras foram
constituídas na esfera de matérias complementares ou optativas e as instituições de
ensino tinham o direito de escolher a língua estrangeira a ser ensinada.
Após a primeira Lei de Diretrizes e Bases, surge a segunda, correspondente
ao ano de 1971, possuía características parecidas com a primeira,sendo
considerada uma continuação em matéria de idioma, o ensino de línguas
estrangeiras mantém-se praticamente igual segundo a opinião de Laseca(2008,
p.56):
13

2. CONTEXTO FAMILIAR

Sem dúvida alguma a família é a instituição mais importante do contexto


social, pois é a partir dela que se remetem os vários significados que compõe a
existência humana. Desta maneira, é necessário entender a construção teórica de
seu conceito, de modo a analisar as pessoas e suas condutas ao longo da vida, e
principalmente no âmbito escolar.

Segundo Souza (1998) dentro da história da humanidade a família é uma das


instituições mais antigas e a que sofreu e vem sofrendo o maior número de
transformações. Ainda se constitui presente em todos os aparatos da sociedade
como um micro sistema onde tudo passa (relacionamentos, condutas,
funcionamentos, etc.).

Neste sentido, Althoff (1996) busca na filosofia de Engels aportes para


construir o conceito de família, onde observa que este termo se define de acordo
com a estrutura e funções que exerce em cada sociedade, em determinados
períodos históricos.

Assim, o autor chega à origem da palavra família que advêm dos romanos
que a utilizaram para designar um novo organismo social, onde prevalecia a figura
de um chefe que mantinha um poder sobre a mulher, os filhos e escravos. Sendo
este direito pleno, podendo até mesmo reger sobre a vida e morte deles (ALTHOFF,
1996).

Althoff (1996) segue em sua análise teórica descrevendo sobre algumas


concepções de família de certas sociedades, tais como a italiana, americana e
chinesa. Na italiana a família faz referência a toda rede de parentesco; na sociedade
americana retrata-se a família nuclear; enquanto na chinesa o entendimento de
família alcança a todos os ancestrais e descendentes.

Portanto, o autor chega à compreensão de que:

Então, para os diversos grupos, há uma maneira de considerar o que


constitui a família. Não se pode admitir a afirmação de que há uma única
forma de estrutura familiar, mas uma diversidade, com modos de ser
particulares, encontradas na maioria da população. Desde os primórdios,
essas estruturas sofrem modificações de forma a atender as necessidades
de cada grupo (ALTHOFF, 1996, p. 4).
14

Passos (apud FERES-CARNEIRO, 2005, p.15) aborda sobre a formação do


conceito de família a partir do século XVIII, onde se sublinha uma estreita relação
sujeito/família em um espaço privado. Explica o autor que antes,

[...] o mundo público era dominante, e as crianças e os adultos de uma


família se relacionavam entre si do mesmo modo que transitavam com as
outras pessoas da sociedade. Em outros termos, não havia distinção entre
os investimentos afetivos dos membros de uma família e os outros membros
da comunidade. O palco para as relações eram espaços abertos, ruas,
praças, palácios, nos quais a intimidade entre as pessoas não tinha lugar.

Assim, contextualiza Passos (2005) que foi somente com o recolhimento de


pessoas com laços biológicos em um mesmo espaço denominado “casa” que se
começou a compreensão de família, de convivência e privacidade dos sujeitos. “Ela
surge, então, da possibilidade de reconhecimento mútuo entre os sujeitos, da troca
de afetos entre eles, e isso só foi possível a partir de um espaço físico que
possibilitava a aproximação entre as pessoas” (apud FERES-CARNEIRO, 2005, p.
16).

Corrobora Engels (apud ALTHOFF, 1996) que a família evoluiu na sua


construção histórica e conceitual a partir da evolução das relações humanas. Da
pré-história onde o vínculo conjugal se baseava entre irmãos e irmãs por gerações
sucessivas, passou a uma etapa progressiva de exclusão e separação, primeira dos
parentes próximos, depois, dos parentes mais distantes, até chegar a desvincular as
pessoas que mantinham apenas alianças.

Assim de uma formação grupal se passa a um vínculo de um homem e uma


mulher, base econômica e social da humanidade. Ressaltando-se que nesse cenário
a cada um ficam estabelecidos certos papéis: ao homem o sustento e a mulher o
serviço e instrumento de reprodução.

Áries (1981) grande historiador social da família explica que primeiro surge a
família patriarcal, base social de qualquer Estado, e daí que vai aparecer a familiar
nuclear composta de pai, mãe e filho (s), modelo que prevalece até os dias atuais
como dominante na sociedade.

Nesse sentido, Silveira (2000, p.8) apresenta a família como:


15

[...] o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência do


desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros [...]. É
a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários
ao desenvolvimento e bem-estar de seus componentes. Ela desempenha
um papel decisivo na educação formal e informal, em seu espaço são
absorvidos os valores éticos e humanitários e se aprofundam os laços de
solidariedade.

Agrega Macedo (1998) para família como um sistema organizado de


elementos interdependentes. Segundo a autora a família compreende as relações
entre pessoas com enfoque na interação e desenvolvimento do ciclo vital que regula
o comportamento de seus membros.

É nessa lógica de raciocínio que se apresenta atualmente as várias distinções


que passam da família pensada e idealizada a família vivida.

Conforme Althoff (1996, p.36) a família ao longo do tempo tornou-se uma


instituição tão complexa em sua estrutura que seu processo de mudança veio a
influenciar significativamente em sua organização e no cuidado de seus membros.

Dentro de cada sistema de organização da sociedade os indivíduos


sofreram e continuam a experimentar transformações significativas, cujas
ações têm influenciado a sua forma de viver. Como parte do corpo social, a
família tem suas crenças e seus valores, cujas características fazem parte
de um núcleo de determinado momento histórico e de determinada
localização geográfica.

Com isso é importante salientar as mudanças ocorridas no âmbito familiar e


que modificaram a visão da família pensada para a família vivida. Para Áries (1981)
a família moderna alcançou em sua evolução a uma noção e sentimentalismo
pautado no amor conjugal, e no cuidado dos filhos em relação à saúde, alimentação
e educação.

Para Osório (1996) a família contemporânea é percebida como a instituição


responsável pela definição de cada papel que deve desempenhar seus membros no
âmbito social. Nesse cenário, se vinculam mutuamente o pai, a mãe e os filhos em
uma esfera cultural.
No entanto, nesse contexto surgem também as transformações de ordem
sociais que diretamente vão influenciar no núcleo familiar, gerando uma série de
metamorfoses na família. Para Passos (2005) dois aspectos vão atuar diretamente
16

sobre a família. O primeiro é a constatação de que os indivíduos em sua evolução


natural buscam certas expressões, novas roupagens e diferentes arranjos a partir de
suas experiências vividas.

Como segundo aspecto esta as contradições entre o velho e o novo, ou seja,


o que manter dentro do âmbito familiar e o que agregar, desde uma concepção
subjetiva, intersubjetiva e transubjetiva. Observa-se que esses dois aspectos tornam
a relação familiar muito complexa e modifica as funções do grupo familiar.

É assim que Caldana (1998) destaca as mudanças a partir do século XX,


onde o processo industrial e a urbanização levaram a mudanças expressivas na
família tradicional, em várias partes do mundo. No Brasil, comenta a autora que o
ideário republicano, as reformas médicas-sanitárias, o desenvolvimento industrial e o
crescimento das cidades fizeram com que a família alcance o auge de suas relações
afetivas. Contudo e nesse âmbito também que a mulher vai se retirando
gradativamente de sua função serviçal e/ou nutriz, para alcançar também seu papel
no mercado de trabalho. Além disso, observa-se mudança na percepção de
autoridade do adulto que progressivamente diminui nas relações entre pais e filhos.

Segue Scavone (2001) dissertando que a inserção da mulher no mercado


laboral, mudou significativamente a expressão da família, trazendo impactos na
instituição familiar, onde a mesma passou a ter uma dupla responsabilidade de
trabalhadora e mãe. Assim a típica divisão de papéis foi dando lugar a uma nova
atuação social da mulher na medida em que esta foi alargando suas funções nas
esferas sociais e econômicas.

Agrega Wagner et al. (2005, p.181) que:

Importantes fenômenos e movimentos sociais, tais como, a entrada das


mulheres no mercado de trabalho e sua maior participação no sistema
financeiro familiar acabaram por imprimir um novo perfil à família. Em
contraponto à estrutura familiar tradicional, com o pai como único provedor e
a mãe como única responsável pelas tarefas domésticas e cuidado dos
filhos, o que vêm ocorrendo na maioria das famílias brasileiras de nível
sócio-econômico médio é um processo de transição. Atualmente, em muitas
famílias já se percebe uma relativa divisão de tarefas, na qual pais e mães
compartilham aspectos referentes às tarefas educativas e organização do
dia-a-dia da família.

Para Carvalho (2000) as diversas mudanças econômicas e sociais foram


determinantes para as mudanças no contexto familiar, como por exemplo, o
processo de globalização, a industrialização, tecnologia e outros elementos que
17

fizeram com que a família de antes, numerosa, sedentária e comunitária fosse


reduzida ao núcleo familiar de pais e poucos filhos. Ainda levou a redução na
convivência familiar, ao aumento da taxa de divórcios, e o surgimento de novos tipos
de grupos familiares.

Explica Goldani (1994, p.118) que na contemporaneidade se descreve um


aumento significativo de famílias monoparentais, onde geralmente a mãe e a única
responsável pela manutenção da casa. Explana o autor que "as taxas crescentes de
famílias com chefes mulheres nas áreas urbanas assumem dimensões dramáticas
quando se tem presente a associação entre famílias chefiadas por mulheres e
pobreza urbana".

Acrescentam Dessen e Polonia (2007, p.24) que atualmente não existe mais
uma configuração de família ideal, visto que são inúmeras as combinações e formas
de interações entre os indivíduos que levaram a criação de diferentes tipos de
famílias contemporâneas tais como: nuclear tradicional, recasadas, monoparentais,
homossexuais, entre outras.

[...] os arranjos familiares distintos que vão surgindo, por sua vez, provocam
transformações nas relações familiares, nos papéis desempenhados pelos
seus membros, nos valores, nas funções intergeracionais, nas expectativas
e nos processos de desenvolvimento do indivíduo.

Nesse sentido, da família pensada, observa-se a formação de uma família


contemporânea que é vivida através de diferentes tipos de relações, onde os
indivíduos se interligam intimamente e se influenciam mutuamente (DESSEN e
POLONIA, 2007).

Destacam-se as mudanças nas relações entre pais e filhos, onde a falta de


tempo, a inserção da mulher no campo laboral e as mudanças nas concepções de
autoridade e limite, fizeram com que os pais se preocupassem em atender os
desejos dos filhos. Gélis (1991) aborda sobre a sociedade de consumo, onde a
família se vê submersa em atender os desejos supérfluos de crianças e
adolescentes que colocam seus valores em objetos materiais. Nesse cenário se
recodificam as restrições e as autoridades paternais.

Confirma Nogueira (1998) que nas famílias contemporâneas os pais são


incitados a instrumentalizar os filhos em diferentes situações da vida cotidiana, onde
18

é preciso uma atenção a competitividade, escolarização e profissionalização.


Colocando-se, portanto, a relação afetiva em um campo de investimento afetivo.

Sendo assim, é importante destacar como essas relações que foram


mudando ao longo do tempo, influenciaram e influenciam diretamente no
desenvolvimento da criança, um ser ainda em formação que encontra na família a
criação e defesa de seus interesses e de seu crescimento.

É nessa perspectiva de análise que se descreve a participação da família no


desenvolvimento da criança no campo pedagógico.

3. FAMÍLIA E A ESCOLA

Segundo Pinto (2008, p.42) as mudanças no campo familiar nas últimas


décadas refletiram e vêem refletindo diretamente na escola, levando a
19

conseqüências no ensino-aprendizagem onde se torna imperativo o estabelecimento


de um diálogo efetivo entre a família e a escola.

É possível afirmar o desejo de professores e dirigentes de escolas de uma


maior participação dos pais em suas atividades, resultando uma ação
formativa da escola em relação à família. Centrados em uma visão
escolarizada do problema, estes profissionais reconhecem a importância do
trabalho da escola e o lugar construído por ela mesma para acolher e
relacionar-se às demais instituições sociais, dentre elas a família.

O descaso e a falta de interesse dos pais pelo aprendizado escolar do filho


têm aumentado consideravelmente no Brasil. Matéria publicada pela Revista Veja,
em 08 de dezembro de 2006, revela que, de acordo com a pesquisa realizada pela
OCDE (organização que reúne as nações mais industrializadas) a pouca
participação dos pais na vida escolar dos filhos acarretou um baixo desempenho
acadêmico dos estudantes brasileiros.
Ainda, conforme a reportagem, – dado estatísticos apresentado em Reunião
Administrativo-Pedagógica com Pais, Professores e Funcionários da Escola
Estadual Tenente Mol – em países asiáticos como Japão e Coréia do Sul, aonde as
mães chegam ao extremo de fazer cursos para aprender a lição dos filhos, os bons
índices de aprendizagem contribuem para uma educação escolar de qualidade.
Nesse sentido, são diversas as concepções discutidas por autores que trazem
à tona a participação da família na educação escolar dos filhos.
Para tanto, relata Carvalho (2000) que tradicionalmente a relação entre a
família e a escola sempre esteve relacionado ao sucesso e fracasso escolar. Onde
as premissas são de que o acompanhamento por parte dos pais assiduamente no
aprendizado do (s) filho(s) incide diretamente no rendimento escolar. Do outro lado,
as dificuldades de aprendizagem são relacionadas pelos professores como a falta de
cooperação dos pais.
Com isso, Galante e Veríssimo (2009) descrevem que no universo escolar se
observa todo o tipo de pais, que vão desde os pais atentos e preocupados, que
acompanham o desenvolvimento do filho na escola com regularidade, participam
nas reuniões e atividades escolares; ainda tem aqueles que não aparecem nas
reuniões, que nunca tem tempo, considerando que o âmbito escolar uma perda de
tempo. Retratam-se ainda os que por períodos são atentos ao aprendizado do filho e
em outros momentos estão totalmente alheios ao mundo escolar.
20

Ilustra Macedo (apud ALTHUON; ESSLE; STOEBER, 1996) que muitos pais
reclamam da falta de tempo como uma das principais causas para o distanciamento
com a escola. Tal fato se deve que muitos trabalham fora e só vêem seus filhos à
noite. Existem também os problemas sociais como alcoolismo dos pais, violência na
família, questões de rejeição e negligência, as dificuldades pessoais dos pais,
contexto sócio-econômico-histórico em que se fundamenta a família; a
permissividade ou autoritarismo, doenças, separação, desemprego e os diferentes
modelos de organização familiar que implicam diretamente no cenário escolar.
Apresentam-se os entendimentos de Augusto Cury que em seu livro “Pais
Brilhantes, Professores Fascinantes”, aborda sobre a solidão intensa nas relações
familiares, onde os pais escondem seus sentimentos dos filhos, os filhos escondem
suas lágrimas dos pais, e os professores se ocultam atrás do giz (CURY, 2003).
Faria Filho (2000) é outro autor que relata sobre a incidência dos problemas
familiares na educação. A partir de uma visão histórica da ação da família na escola,
o autor relata que a percepção dos profissionais da educação é de que os pais já
não conseguem mais educar aos seus filhos, visto que, prevalece um desinteresse
em participar da escola.

Ainda Carvalho (2004) explica sobre a participação dos pais na educação a


partir de uma perspectiva de gênero, ou seja, da atuação da mãe na educação da
criança. Para a autora, as condições favoráveis a participação dos pais na escola se
baseia no modelo tradicional de família, onde um adulto, em geral a mãe, dispõe de
um tempo livre e conhecimento para educação do filho.

Este é o modelo tradicional de família de classe média, que não


corresponde às condições de vida da maioria das famílias pobres,
trabalhadoras, e que está desaparecendo na própria classe média, com o
ingresso das mulheres em ocupações remuneradas (CARVALHO, 2004,
p.47).

Ressalta-se a Tiba (1998) que descreve sobre uma vida atual de correria
constante, preocupações laborais e problemas econômicos, que fazem com que
muitos pais deixem de lado a educação de seus filhos. Sendo que esses ainda
consideram que os filhos possuem comportamentos inadequados, ou seja, que as
crianças de hoje são indisciplinadas. No entanto, não se dão conta de sua ausência
no convívio familiar.
21

Para Curry (2003) essa falta de interesse se deve em muito as


transformações sociais e psicológicas, onde se observam atualmente
comportamentos contraditórios na relação pai, filho e professor. Assim a autoridade
que antes detinham os pais, se encontra atualmente nos filhos. Os professores que
antes eram heróis alcançam o papel de vítimas, e os filhos são os que não podem
ser mais contrariados e devem ser imediatamente atendidos.

Em uma revisão de literatura Cia et al. (2006) comenta sobre a importância da


participação dos pais na educação de seus filhos. Desta maneira, os autores
descrevem sobre algumas investigações que relatam sobre a qualidade da relação
pais e filhos no desenvolvimento cognitivo. Assim alguns eles correlacionam práticas
educativas inadequadas a problemas familiares, como por exemplo, filhos que
possuem pouca interação com os pais, apresentam menor desenvolvimento
cognitivo e maiores problemas de comportamento. Ainda crianças com melhores
desempenhos acadêmicos demonstram maior interação familiar (pais mais
envolvidos, presença de afetividade e menor uso de punições e restrições).

Consideram Oliveira e Bastos (apud DESSEN e POLONIA, 2007) que os pais


são relevantes no desenvolvimento psicológico e social de seus filhos. Logo, e nas
relações familiares, que a criança desenvolve os laços afetivos que lhe permite o
enfrentamento das dificuldades cotidianas.

[...] os padrões de relações familiares relacionam-se intrinsecamente a uma


rede de apoio que possa ser ativada, em momentos críticos, fomentando o
sentimento de pertença, a busca de soluções e atividades compartilhadas
(OLIVEIRA e BASTOS apud DESSEN e POLONIA, 2007, p. 26).

Contudo, Noltee e Harris (2003) observam com preocupação as novas


relações que se fundamentam na sociedade atual, onde a família encontra-se
desestruturada e impedida de repassar a seus membros os valores básicos, a
importância do amor, cuidado, afeto e diálogo. Desta feita, os autores se perguntam:
como diante desse quadro apresentado, as crianças podem crescer de forma integra
e independente, se os pais não participam em seu desenvolvimento escolar?

Desta maneira, declara Faria Filho (2000, p.44):


22

Todos estes estudos e, mais ainda, a prática pedagógica dos professores e


gestores da escola põem em evidência um fato: a forma e a intensidade das
relações entre escolas e famílias variam enormemente, estando
relacionadas aos mais diversos fatores (estrutura e tradição de
escolarização das famílias, classe social, meio urbano ou rural, número de
filhos, ocupação dos pais, etc.).

Frente a tais argumentos, Freire (1996) adverte para o fato de que educar
implica em um ato de responsabilidade. Educar é um “ato comunicante, co-
participado”, de modo algum é produto de uma mente “burocratizada”. E ainda
ressalta que ensinar é algo profundo e dinâmico onde a questão de identidade
cultural que atinge a dimensão individual e a classe dos educandos é essencial à
“prática educativa progressista”.

Assim é notório que os pais são determinantes na educação de seus filhos,


onde a intervenção da família na escola é um recurso fundamental para que os
alunos possam desenvolver suas capacidades de aprendizagem (HONIG apud
RIBEIRO, 2003).

Mas de que forma deve ocorrer a participação da família na escola? De


acordo com o portal do MEC – Ministério de Educação e Cultura – as famílias
podem se envolver ativamente nas decisões tomadas pelas escolas dos seus filhos
candidatando-se a uma vaga no Conselho Escolar ou mesmo consultando a nota do
IDEB atribuída numa escala de 0 a 10 à instituição, sempre auxiliando e
acompanhando o trabalho da gestão escolar.

Além disso, o ato de ensinar não depende exclusivamente do professor, nem


tão pouco é carga de responsabilidade somente da direção escolar. De acordo com
a matéria “Questão de Direitos - Gestão Democrática”, do Jornal Estado de Minas,
publicada em 13 de fevereiro de 2010 no caderno especial - Pensar Brasil - qualquer
intervenção escolar deve considerar formas de participação das famílias dos alunos.
Estas precisam participar completando a educação escolar de seus filhos na
dimensão ética, e também ajudando no aprendizado, criando rotinas domésticas que
valorizem e oportunizem o aprendizado.

Aborda Macedo (1998) que quando uma criança se insere no âmbito escolar,
necessita que sua família se reorganize de modo que todos se mobilizem (pais,
irmãos, outros adultos) para sua interação em um novo processo educativo.
23

Para tanto, considera-se que o diálogo é fator fundamental na relação pai e


filho. E para que haja aprendizagem escolar é preciso que os pais conversem com
seus filhos sobre o que eles aprenderam na escola e quais foram às dificuldades
encontradas. E é por isso que Freire (1996) destaca que “quem ensina aprende ao
ensinar, e quem aprende ensina a aprender”.

Ponderam Wagner et al. (2005) que é no contexto familiar que a criança


constrói suas habilidades sociais, ou seja, é onde aprende a administrar e resolver
os conflitos, controlar as emoções e a expressar-se de diversas maneiras seus
sentimentos; elementos fundamentais para posteriores relações interpessoais. Para
tanto, necessita da ajuda do adulto para iniciar suas práticas educativas e sociais,
precisa interagir com os pais e adquirir elementos salutares. Do contrário a falta de
um apoio para lidar com as diversidades e adversidades da vida pode alterar na sua
saúde cognitiva, física e social da criança.

Reafirma Cia et al. (2006) para o diálogo como ponto crucial da relação pai e
filho. Esta é a chave para o desenvolvimento de um eficaz clima familiar baseado
nas expressões de sentimentos de agrado e desagrado; nas expressões de opiniões
e a solicitação adequada de mudança de comportamento e para o cumprimento de
promessas. Portanto, a participação dos pais deve ser conjunta na divisão de tarefas
educativas, onde ambos devem saber: “dizer não", "negociar" e "estabelecer regras",
bem como, "desculpar-se".

Neste sentido, assevera Godard (apud NOGUEIRA, 1998) que a participação


da família no âmbito escolar se descreve primeiramente no valor do indivíduo, ou
seja, no valor que possui o filho no cenário familiar. A partir daí que se constrói a
importância da escola para os pais. Desta feita, os processos educativos passam a
assumir um lugar de destaque que se visualizam em investimentos em torno da
escolarização. Portanto,

tudo se passa como se o êxito do filho constituísse uma espécie de símbolo


do êxito pessoal dos pais, do bem fundado de seus valores e de sua
concepção de educação; como se esse êxito se tornasse para os pais um
critério fundamental de sua auto-estima (GODARD apud NOGUERIA, 1998,
p.99).
24

Portanto, a condição do sucesso escolar da criança se condiciona em muitos


casos ao empenho dos pais com sua educação.

Destaca Macedo (1998) que as relações familiares são determinantes para a


dinâmica de aprendizagem da criança. É no contexto familiar que a mesma encontra
um referencial para interagir posteriormente no âmbito escolar, redefinindo seus
interesses desde cedo sobre o valor de sua educação cognitiva e social.

Sendo assim, que se fundamenta o processo educativo como uma tarefa


comum da família e da escola no desenvolvimento emocional, cognitivo e social da
criança.

Para Montandon e Perrenoud (2001) não é possível observar a família sem a


escola, visto que, essas duas instituições se interligam de maneira a ajudar no
desenvolvimento do indivíduo. Conforme os autores de uma maneira ou de outra a
escola se insere no cotidiano de cada família e dinamiza sua estrutura.

Ilustram Dessen e Polonia (2007, p.22) que tanto a família como a escola são
responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento, de modo a incidir
diretamente na formação psicológica, cultural e social do indivíduo. Neste sentido, a
família e a escola são “[...] duas instituições fundamentais para desencadear os
processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras ou inibidoras do seu
crescimento físico, intelectual, emocional e social”.

Agregam os autores que a função da escola é de assegurar a instrução e


apreensão de conhecimento através dos conteúdos curriculares, centrando-se no
processo ensino-aprendizagem. E a família tem o dever de fomentar o processo de
socialização, proteção e de dar as condições básicas para a sobrevivência e
desenvolvimento de seus membros. O propósito de ambas é de criar no plano
coletivo, meios para que o indivíduo alcance o desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social (DESSEN e POLONIA, 2007, p.22).

Esta visão veio sendo trabalhada também por Piaget (2000, p.50), ao relatar
que:

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois


a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba
resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em aperfeiçoamento real
dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações
profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um
25

interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de


responsabilidades [...].

Para Silveira (2007, p.9) tanto a família como a escola são responsáveis pela
socialização da criança. Portanto, não se pode desassociar uma instituição da outra.
Assim sendo,

No contexto familiar, esse processo se dá por meio de ações educativas dos


pais, que buscam ensinar à criança e promover sua conduta pró-social;
chamadas de práticas educativas parentais. A escola, por sua vez, constitui-
se por excelência, um lugar de socialização e de aprendizagem, sendo que
a socialização das crianças se dá efetivamente neste espaço, em tempos e
formas diversos.

Corrobora Galante e Veríssimo (2009) que a escola é um prolongamento da


família na socialização do indivíduo, onde este vai partilhar suas experiências
adquiridas no seu dia-a-dia. Logo, é relevante uma interação entre os pais e a
escola, no sentido, de acompanhamento do educando em seu percurso de
aprendizado e conhecimento.

Entretanto, aclara Trancredi e Reali (2001) que se observa que em certos


casos não é somente a família que deixa de perceber seu papel no desenvolvimento
e aprendizagem da criança. Salienta-se também que a escola tem tido a dificuldade
de assimilar seu papel como transmissora de conhecimento sistematizado,
considerado que cabe a família a tarefa mais ampla de educar para a vida. No
entanto, as mudanças sociais implicam em uma aceitação também por parte da
escola de que esta é responsável pelo processo de formação e socialização do
indivíduo. Ensinar é mais que ater-se aos conteúdos curriculares, é prover ao aluno,
elementos para seu desenvolvimento cognitivo e social.

Comentam as autoras que as representações sobre a relação aos


professores e pais em alguns casos se constroem e uma falsa aparência que,

[...] dá ao professor o controle do "diálogo" mantido: os representantes das


famílias são recebidos na porta da sala de aula ou nos portões da escola a
partir de sua reivindicação. Nessas circunstâncias, o tempo de interação
também é definido pelo professor e geralmente é extremamente limitado
permitindo apenas uma ligeira troca de palavras. A situação sugere que a
escola não vai até os pais; eles são, por concessão, recebidos pela escola.
Esses contatos episódicos com as famílias acabam se constituindo um
obstáculo adicional para o conhecimento mais profundo e preciso dos
26

professores sobre a clientela atendida e o conteúdo da comunicação


estabelecida também não favorece o conhecimento sobre as famílias. Por
isso, talvez, as imagens construídas nem sempre são fiéis à realidade
(TANCREDI e REALI, 2001, p.12).

Neste sentido, Neves e Jesus (1998) relatam que a parceria entre escola e
pais alude em uma observação sistêmica do aluno, da família e da escola. Portanto,
é preciso clarificar os papéis que ocupam cada um nesse sistema, tanto na
consciência da família, que deve ter claro que ocupa um lugar central para toda a
vida e a escola que se encontra em um tempo limitado. Com isso, preciso que se
estabeleça uma comunicação constante e totalitária do contexto que se insere o
aluno, de modo a visualizar possíveis problemas e ajudar na relação ensino-
aprendizagem.

Moreira e Sampaio (2000, p.6) consideram que deva partir da escola o


estabelecimento de um diálogo participativo com os pais. É a instituição escolar que
deve alargar sua área de influência na promoção de uma educação social tanto de
seus alunos, como de suas famílias.

Ressaltam os autores que a participação da família no âmbito escolar


favorece a responsabilidades de ambas institucionais, bem como ajuda na qualidade
do trabalho docente. “A dedicação a objetivos comuns permite o enriquecimento
mútuo dos participantes e reduz a possibilidade de existência de situações de
conflito, promovendo o aparecimento de laços afetivos entre os diferentes
intervenientes”.

Logo, Carvalho (2004, p.53) descreve que:

Parece razoável esperar que os pais/mães sejam parceiros, aliados das


professoras, pois desejam o melhor para seus filhos/as – neste caso, o
sucesso escolar. Porém, isso supõe certas condições (tempo, valorização
da escola, interesse acadêmico, familiaridade com as matérias escolares e
habilidades para ensinar o dever de casa, por exemplo), de que nem todas
as famílias e nem todos os adultos responsáveis por crianças dispõem.
Ademais, parceria supõe igualdade, e as relações escola–família são
relações de poder em que as/os profissionais da educação
(pesquisadoras/es, gestoras/es, especialistas, professoras/es) têm poder
sobre os leigos (pais/mães). São relações também mediadas por outras
relações de poder (de classe, raça/etnia e gênero) que, em princípio, ora
podem favorecer as/os professoras/es, ora os pais ou mães ou
responsáveis.
27

Com isso, Silveira (2007) explica que a maioria dos estudos que relatam
sobre a relação escola/família, busca concentrar-se nas estratégias educativas
parentais associadas ao rendimento escolar e ao comportamento dos alunos, onde o
propósito é de interligar o funcionamento familiar com as práticas educativas. O que
esses estudos comprovam que a relação parental ajuda na compreensão e na
intervenção sobre condutas isoladas e que podem interferir no resultado esperado
em relação ao comportamento escolar da criança.

Macedo (apud ALTHUON; ESSLE; STOEBER, 1996, p.13) exorta que é


fundamental a construção de uma relação por parte da instituição escolar através de
uma proposta de intervenção e aproximação com o grupo familiar. É preciso planejar
e estabelecer metas e compromissos com os pais de maneira a substanciar o papel
da família no desempenho escolar de seus filhos. É imperativo uma “[...]
determinação conjunta em oferecer uma experiência construtiva, que torne a criança
melhor, tanto em relação aos conhecimentos escolares, quanto aos valores e
princípios que nortearão a sua conduta [...]”

Desta feita, Dessen e Polônia (2007) dissertam que os laços afetivos,


estruturados e consolidados tanto na escola como na família são determinantes para
que a criança possa lidar com seus conflitos, situações, problemas, aprendendo a
resolver cada um deles segundo seus estágios diferenciados de aprendizado e de
desenvolvimento no âmbito familiar.

Portanto, as escolas deveriam investir no fortalecimento das associações de


pais e mestres, no conselho escolar, dentre outros espaços de participação,
de modo a propiciar a articulação da família com a comunidade,
estabelecendo relações mais próximas. A adoção de estratégias que
permitam aos pais acompanharem as atividades curriculares da escola
beneficia tanto a escola quanto a família (DESSEN e POLONIA, 2007, p.28-
29).

4. O PAPEL DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NAS ESCOLAS JUNTO ÀS


FAMÍLIAS
28

A gestão escolar e a autonomia da escola favoreceram um novo olhar para a


profissão do orientador educacional. Libâneo (1990, p. 44), por meio do processo
vivido, dos conhecimentos construídos e reconstruídos e das habilidades e atitudes
desenvolvidas esse profissional ganhou mais abertura na escola, a partir do
processo social desencadeado entre educadores e familiares.

Neste sentido, o papel da orientação educacional é mobilizando todos os


educadores que nela atuam - especialmente os professores – para que, na formação
desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo
de escolha por que passam, os fatores socioeconômico-político-ideológicos e éticos
que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação
proveniente de nossa organização social, tornando-se, assim, um elemento
consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua
transformação. (PLACCO, 1994)

Assim, o orientador educacional, um dos educadores da escola, deverá


participar de uma ação educacional coletiva, assessorando o corpo docente no
desencadeamento de um processo em que a sincronicidade é desvelada, torna-se
consciente, autônoma e direcionada para um compromisso com uma ação
pedagógica competente e significativa para os objetivos propostos no projeto
pedagógico da escola.

Nesse processo, orientador educacional e professor, em conjunto, refletirão


sobre a relação ensino-aprendizagem que ocorre em sala de aula, em suas
nuanças, identificando aspectos que necessitem de ampliação, aprofundamento ou
modificação, de modo a garantir a construção do conhecimento do aluno em
direções cada vez mais consistentes com os objetivos propostos. .

É ainda nesse contexto que a questão da consciência da sincronicidade se


coloca: pelo próprio processo de organização de nosso sistema escolar, em todos os
seus níveis, o professor e demais educadores, dentro da escola, encontram-se,
freqüentemente, alienados das forças reais e concretas que estão atuando na
direção da perpetuação dos valores vigentes, uma vez que não estão conscientes
de seus próprios processos de valoração, de suas crenças, valores e ideais,
principalmente no que concerne ao seu papel dentro do processo educacional.
29

Ao desempenhar sua tarefa educacional, esse educador/professor o faz sem


competência, desconhecendo não só o conteúdo que deveria desenvolver como
também as relações que poderia estabelecer entre o processo de aprendizagem, a
realidade dos alunos e a realidade social mais ampla.

E, finalmente, ao desempenhar sua tarefa educacional, o educador o faz sem


se dar conta das relações intrínsecas entre os aspectos indicadores da ocorrência
consciente e simultânea dos componentes políticos, humanístico-interacionais e
técnicos em sua ação pedagógica, isto é, indicadores de sincronicidade entre
educadores e orientadores que permitam solucionar questões referentes à
intervenção familiar no processo educacional.

Neste sentido, há muito meios e possibilidade de intervenção na escola e na


atuação do educador-professor, por meio da ação de um especialista de um
orientador educacional de melhor a qualidade do ensino e de obter uma mediação
pedagógica mais eficiente.

Os cursos de formação de orientadores não têm proposto em seus projetos,


seus currículos, suas programações e seus questionamentos na direção de uma
formação mais abrangente, que possa ajudar futuros educadores em seus
posicionamentos diante do sistema educacional. Essa formação deveria envolver a
sincronicidade e a busca de sua consciência, como um referencial a partir do qual
houvesse a formação que contempla o educando como agente capaz, ativo e real
que se determina e é determinado pelo meio em que está inserido. (PLACO, 1994,
p. 119)

O processo de ensino-aprendizagem na escola tem decorrido de forma ou


com base na ênfase nos conteúdos, a partir de ações pedagógicas centradas na
figura do educador. O ensino tradicional gerou na escola uma anulação das
emoções no processo de ensino-aprendizagem e um distanciamento da prática
pedagógica da afetividade.

Conforme Patto (1997), o professor comumente vivencia situações de


ambigüidade com seus alunos frente ao poder nos papéis que assume em seu
cotidiano: por que está destituído de poder quando subordinado a interesses
institucionais (escola, universidade) e, ao mesmo tempo, instituído de poder frente a
seus alunos, termina por criar o vínculo da dependência de forma que mesmo sem
30

desejar constituir este vínculo, termina por fazê-lo, já que se coloca sempre no
centro da produção do conhecimento.

O autoritarismo na relação professor-aluno não se expressa apenas nos


conteúdos curriculares e nas normas institucionais, mas principalmente através de
valores, atitudes, comportamentos e discursos dos agentes sociais do cenário
escolar que agem de forma a manter a ordem do sistema educacional.

Conforme Patto (1997 a relação professor-aluno é uma questão muito


complexa que passa pela questão do poder e da autoridade para além da pessoa do
professor. A interação professor-aluno se constitui em um complexo quadro de
fatores internos e externos que envolvem vários tipos de variáveis de caráter
psicológico, social e afetivo que interferem na interação professor-aluno, englobando
aspectos ligados à própria situação escolar.

Sob outros aspectos, a relação professor-aluno é despersonalizada, pois o


professor encarna de maneira mais ou menos fiel e adequada os padrões ideais da
sociedade, e procura transmiti-los.

Desse ponto de vista, o seu comportamento é apenas a encarnação de um


papel social, e as suas ações procuram aproximar-se do padrão aceito. Isso explica
que o professor, mesmo quando não aprecie o estudo, sinta obrigação de transmitir
o gosto pela vida intelectual.

Entende-se que a relação professor-aluno é entremeada de influências


externas do ponto de vista social e institucional no âmbito escolar em que deve
seguir certas regras. Esses fatores contribuem para uma relação mais distante e
menos aberta à afetividade, valorizando-se demais os conteúdos em detrimento das
relações interpessoais. Patto (1997, p. 318):

A educação como processo de formação, através de relações interpessoais,


não se separa da educação como forma de preparar-se para as relações
interpessoais. Até certo ponto, é possível dizer que o indivíduo bem educado através
de relações interpessoais terá facilidade nos seus contatos diretos com outras
pessoas.

Percebe-se que há no processo educativo uma interdependência entre a


relação interpessoal e a mediação da aprendizagem. Não se educa sem
desenvolver a interação características das relações interpessoais.
31

A relação professor-aluno é muito mais complexa e transcendente ao objetivo


único da aprendizagem que não se constitui apenas mero estímulo comportamental
de um sob influência de outro. Ambos interagem e se transformam. A relação
professor-aluno transpassa os lugares ocupados fisicamente, pois são traçados pelo
imaginário de cada um e fazem parte de uma dinâmica psíquica e afetiva.

A interação social entre professor e aluno contribui efetivamente para o


estímulo a mudanças de comportamento de forma mútua, e o estabelecimento de
vínculos afetivos. Quando há uma interação recíproca, os agentes se transformam
mutuamente, em uma aquisição de conhecimentos. No ambiente escolar têm-se a
oportunidade de vivenciar novas experiências que estimulam as mudanças de
atitudes.

Neste contexto, a afetividade em sala de aula poderá contribuir para uma


nova construção no processo ensino-aprendizagem. A afetividade é a dinâmica que
poderá motivar o aprendizado.

Alguns adolescentes em fase escolar estão ligados ao particular, ao


imediatismo, à situação, o jovem apresenta-se fragmentado, manipulado pela
macroestrutura socioeconômicas. É comum o educando transferir essa dependência
emocional, inevitável para uma dependência pessoal, tornando-se acomodado,
alienado, sem perspectivas, embora insatisfeito, agressivo e revoltado.

Como deverá agir o educador para restabelecer a interação de forma afetiva


com o educando? como o professor poderia engendrar a construção de um vínculo
afetivo com os educandos?

A competência do professor é uma das variáveis prováveis da eficácia da


interação com pelo menos uma parte dos educandos, já que existem várias outras
variáveis que implicam diretamente nesta interação que compreendem também o
comportamento do educando e sua empatia para interagir com o professor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
32

Conforme descrito pelos teóricos deste trabalho a família é uma realidade


sociológica determinante na evolução do indivíduo ao longo de sua vida. No entanto,
esta instituição vem se transformando cada vez mais, devido às mudanças
econômicas e sociais.

Logo, em sua evolução natural a família passou de patriarcal, para nuclear e


alcança na atualidade diferentes formas de manifestações que requerem novas
formas de visão e operacionalização do desenvolvimento humano.

Assim passa também no âmbito escolar que precisa assumir seu papel de
agente transmissora de conhecimento e socialização do indivíduo. Portanto, não se
pode desassociar a família e a escola do processo educativo de filhos (alunos) como
sujeitos de uma formação holística. A chave para o sucesso escolar esta na união
escola/família.

Considera-se a partir do referencial teórico traçado que os pais devem


entender que são os primeiros educadores e que a forma como interagem com seus
filhos é determinante para realidade escolar. A família vai mais além de uma mera
ação de provedora de alimentação, saúde e educação. É fundamental na
aprendizagem das habilidades sociais e na atitude de interesse e participação ativa
do aluno na escola.

Por outro lado, a escola é a responsável por criar um movimento de


participação na aprendizagem de seus filhos. É a instituição capaz de gerar relações
com a família de modo a criar uma formação integradora do aluno com sua vida
cotidiana.

Percebe-se que essa percepção ocorre quando a escola se dá conta que seu
interesse não é somente pelo aluno, e sim pelo contexto onde o mesmo está
inserido. A base de sustentação da relação ensino/aprendizagem, logo, se encontra
no processo continuo e permanente de interação entre a escola e a família.

Em fim, acredita-se que a implementação de estratégicas de aproximação


com família por parte da escola é fundamental para que as mesmas possam
reconhecer as peculiaridades que norteiam os processos de aprendizagem dos
alunos dentro e fora da escola.

A escola não deve apenas transmitir conhecimento, mas também se


preocupar com a formação global dos alunos, numa visão onde o conhecer e o
33

intervir no real se encontrem. Mas para que isso ocorra é preciso que a escola saiba
trabalhar com as diferenças como fator principal para minimizar os problemas de
aprendizagem que necessitam de uma atuação específica da escola através de
trabalho conjunto entre professores, orientadores, pais e alunos.

Constatou-se a necessidade de haver sincronidade no trabalho pedagógico


entre professores e orientadores educacionais que possam estimular atividades
educativas que envolvam o conceito de afetividade para que os alunos possam
conhecer e sentir que essa postura com o outro é parte integrante da socialização e
de uma vida social feliz.

Nesse contexto, avaliou-se a necessidade de construção de currículo escolar


que possa abranger o tema afetividade nas relações sociais e familiares. Essa
preparação humanística é importante na formação do educando. Assim em nível de
currículo a escola necessita de implementar medidas educacionais que
desenvolvam as habilidades comunicacionais e emocionais que envolve fenômenos
psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções e sentimentos, como
condição essencial da natureza humana e da aprendizagem.

Considerando-se que a afetividade reduz a violência e a agressividade que


impera atualmente no ambiente escolar, assim como a agressividade que gera
conflitos na relação professor/aluno. Portanto, a credita-se que um trabalho em
conjunto entre a escola e a família também deve desempenhar um papel importante
neste contexto, na medida em que insere a criança no meio ambiente social, deve
privilegiá-la com ações educacionais estimuladas pela afetividade com os outros.

Acredita-se que a postura do educador é fundamental para o estabelecimento


de vínculos afetivos na inter-relação em sala de aula entre alunos/alunos e
professor/aluno. É através do diálogo que o professor demonstra suas intenções,
sentimentos e afetos que mantém com uma turma de alunos e com cada aluno
individualmente.

A realização deste estudo permitiu identificar que o desenvolvimento do


vínculo afetivo é uma condição favorável para o estabelecimento da aprendizagem,
por que estimula a motivação e favorece os mecanismos de aprendizagem.

REFERÊNCIAS
34

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LTC. 1981.

ALTHOFF, Coleta Rinaldi. Dimensionando o espaço da família, no âmbito do público


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