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Gabriel Sabino

Visão do Tempo
1. Futuro?

Certa vez me perguntaram o que eu queria pro


meu futuro, era claro que eu não sabia responder. Até
hoje eu não sei o que responder. Nunca vou saber.

Minha vida é cheia de objeções,


arrependimentos, fatos que não podem ser interferidos.
Eu me acostumei com isso, o mínimo que eu poderia
fazer era me acostumar com minha vida trágica e
insignificante.

Hoje foi o dia mais calmo que os outros, chorei


consideravelmente pouco. Estou começando a achar que
tenho depressão, mas pensar nisso me deixa mais triste
do que já sou.

Passa-se uma hora depois que eu acordei,


resolvo levantar porque eu preciso ir para a escola, minha
frequência está baixa, não quero que a coordenação
venha aqui em casa veja o estado da qual está.

Levanto-me e abro as cortinas, avisto de longe


um buraco do qual eu não me lembro de ter feito, não

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estou com vontade de ir lá ver ou mesmo tanpa-ló, a
preguiça me consome. Vontade zero reina em mim.

Desço as escadas em direção ao banheiro, como


eu moro sozinho eu vou pelado mesmo. A casa tá uma
zona total, não sei que dia eu vou criar coragem pra
arrumar, mas eu nem faço questão de limpar. Nunca vou
ter disposição pra isso.

Pelo menos a sala tá arrumada, quase não assisto


Televisão, então quase não vou lá. Também tem a
garagem, não tenho carro então não tá suja o suficiente
pra me limpar. Mas em compensação o restante da casa.

Termino de banhar, me visto e vou direto para a


escola. Chegando lá já me deparo com o Otto, um dos
meus melhores amigos, ele é o único que me tira essa
parte morta dentro de mim.

“Vamos, Manu tá quase pra chegar.” Otto grita


ao me avistar.

“Oi Otto, já tou indo né bebê” falo. E logo após ele


retruca: “Me bate logo, é melhor”.

É sempre assim, nada mudou nesses três anos que


nós estudamos juntos. Manu também não mudou nada,

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continua “vampira” desde sempre, ela diz que só se torna
vampira quando tá nos dias. Eu acho mentira.

Quando chegamos na entrada Manu grita dizendo


para esperarmos ela, após isso fomos direto para sala no
segundo andar.

“Nossa Manu teu fone alto em, bora baixar esse


volume?” Eu grito para que elas possa ouvir. “Teu fone ta alto
de mais!”

“An!? O que tu disse!?” Ela grita de volta.

“Tu tá surda, eu tô dizendo que teu fone ta alto, nessa


altura tu vai ficar surda!” Falo após tirar um dos lados dos
fones. Só de ouvir a melodia da música já sei qual é. Não
julgo, também chegaria na escola com um fone no máximo
escutando Doja Cat, fazer o que?

“Que música é essa Manu?” Pergunta Otto.

“Estou escutando ‘DIVA’ do grupo ‘After School’,


adoro essa”.

“Sério? Que triste”. Otto afirma, e eu confirmo.

“Vocês não sabem o que é cultura!”. Defende Manu.


“Essa é minha música favorita, se soubessem disso o taria
falando mal dela.”

“É verdade, Manuizete Lindete” falo.

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