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NICK
Las Vegas – Nevada
8 de setembro – Quinta-feira
ALYSSA
San Diego – Califórnia
16 De Setembro – Sexta-Feira
— Entenda Alyssa, quem se diverte não triunfa! — Com essa
exclamação minha mãe deu por certo que ela não iria. Como já era
esperado. — Eu preciso terminar os últimos ajustes no caso da
promotoria, filha. Você sabe que há coisas que só eu posso fazer.
O júri para o qual ela estava tão ansiosa só aconteceria na
segunda-feira, mas finais de semana nunca existiam para ela.
Desde que meu pai a deixou e eu me tornei adulta – e advogada,
ela parou de fingir peso na consciência por estar sempre ausente.
Depois que eu fui trabalhar no Wale Associados, nossa
relação de mãe e filha passou a se resumir quase que
exclusivamente aos nossos almoços de quinta-feira. E eles eram
sempre para falar sobre trabalho e maneiras para que eu me
tornasse uma advogada cada vez mais prestigiada.
Ela, por sua vez, entregou seu coração a quem sempre o
havia tido – o Direito. E era muito mais feliz como promotora do que
jamais foi como esposa e mãe.
Quanto à sua negativa, não adiantava eu reforçar o carinho
que Skyler sentia por ela e, nem mesmo que eu ficaria mais feliz
com sua companhia. O Tribunal era a vida de minha mãe. Porque
ela era mais do que só minha mãe. Ela era Erin Burke, a mais
temida promotora de San Diego.
— Tudo bem. — Aceitei impotente. — Eu já vou. Skyler me
mata se eu me atrasar.
Peguei minha bolsa e me aproximei para dar um beijo nela,
ao que ela aceitou de queixo erguido, sem nenhum indício da
mulher carinhosa que, definitivamente, ela não era. Mas, com a mão
no meu ombro, me fitou intensamente e fez questão de me dar um
recado:
— Você também devia ficar em casa. Estudar, se preparar
para 30 de outubro, Alyssa. — Não pude evitar revirar os olhos e me
afastar dela.
— Mãe! — Exclamei enfática. — Eu estou estudando e me
preparando muito. Mas, hoje é sexta-feira e a Skyler é minha melhor
amiga. Como você pode pensar que eu não vou ao seu...?
— Vocês não foram a Vegas na semana passada? — Ela
caminhou ao meu lado, calmamente, na direção da porta de sua
casa. — Ela devia entender.
Longe de lembrar uma casa onde uma família havia vivido
um dia, sua sala parecia mais um escritório. Havia pastas
espalhadas por todos os lados além de livros, papéis e uma
infinidade de coisas relacionadas ao caso no que ela seria
responsável pela acusação.
E aos seus outros casos também. Ela queria se antecipar à
cada movimento da defesa. E, no geral, sempre conseguia.
— Não, mãe, ela não vai entender. Como não vai entender
que você não vai estar lá. Você não pode ir, tudo bem. Mas Skyler
conta comigo, tanto quanto conta com a Chelsea e com a família
dela.
Ela pegou meu blazer no suporte ao lado da porta e o
acomodou sobre meus ombros. Lembrei de ela me dizendo que eu
nunca devia sair sem um blazer; que uma mulher que quer triunfar
no mundo das Leis, deve fazer com que os outros se esqueçam que
ela é uma mulher. Só assim, eu conseguiria ser respeitada.
Só sendo como ela...
— Ah, Alyssa, e sobre Vegas... — Gelei quando ela voltou a
mencionar a viagem. Como se eu já soubesse o que ela queria. —
Nada aconteceu lá, não é verdade? Você não saiu com ninguém?
— Eu já te disse que não no nosso almoço de ontem, mãe. —
Enfatizei apressada.
— Você segue cumprindo sua palavra? Posso confiar que
você vai vencer esse desafio?
— É claro. — Tentei impostar o máximo de confiança que eu
conseguia na voz.
Não era fácil mentir para Erin Burke. Mas, era mais fácil do
que dizer a verdade.
— Fico feliz! — Ela sorriu com orgulho acariciando meu rosto.
— Agora Só faltam 43 dias para que Sidney anuncie quem vai ser
promovido ao cargo de principal advogado especialista em Direito
de Família e Sucessões do Wale Associados.
— Eu sei. — Engoli em seco morrendo de medo de ser
descoberta por ela.
Se ela soubesse o que eu fiz em Las Vegas...
— Lá na frente você vai ficar feliz por cada um desses 100
dias nos quais você escolheu se dedicar somente para conseguir
essa promoção. E eu vou ficar muito orgulhosa de você quando
esse cargo for seu, Alyssa. — Os olhos dela vibravam como quem
visualizava o meu futuro numa tela 4k à sua frente.
— Pensei que você já sentisse orgulho de mim. — Fiz uma
acusação velada.
— Eu sinto! — Quase me interrompeu com a rapidez com
que respondeu. — Mas por que se limitar a ser uma grande
advogada se você pode chegar ainda mais longe, querida? Você é a
melhor do Wale Associados. E se sua vida sentimental não voltar a
te distrair, vai ser a melhor de San Diego, a melhor da América!
Depois que sua exclamação megalomaníaca às custas do
meu celibato aos vinte nove anos me incomodou, eu me despedi de
uma vez. E por me incomodar com o que ela disse, consegui
aplacar um pouco minha consciência por estar mentindo para ela.
Ela não sabia que eu havia quebrado nosso pacto.
O problema é que eu sabia. Eu sabia que, ao contrário do
que Erin Burke pensava, eu não estava há 57 dias sem transar.
Minha última transa havia sido há 6 dias, no sábado, em Las Vegas.
Com a Nick.
Minha mãe havia renunciado a ter amigos, vida social e,
principalmente, vida sexual em prol do triunfo como promotora. Eu
havia tentado fazer o mesmo. Havia prometido a ela que faria o
mesmo. E eu podia enganá-la jurando que seguia sendo tão
celibatária quanto ela, com foco unicamente na promoção no meu
trabalho. Para ela, eu conseguia mentir.
No entanto, aquele final de semana em Vegas demonstrou
que eu era uma fraude para a única pessoa para a qual não era tão
fácil mentir: eu mesma.
Tentei fugir dos flertes de Nick e acabei na cama com ela. E,
o pior de tudo, é que aquele sábado não seria a última vez que eu a
veria. Eu ainda não sabia, mas em dois dias eu me reencontraria
com a mulher com quem eu transei em Vegas.
Uma mulher apaixonada pelo perigo e que fazia com que o
proibido tivesse gosto de sedução.
Ficar com Nick podia até ter sido uma transgressão. Algo
proibido. Mas, a viagem a Vegas havia me feito recordar que o
proibido é sempre mais gostoso.
1 – Cidade do Pecado
Apenas uma dose de você e eu soube
que eu nunca seria a mesma
Never Be The Same - Camila Cabello
ALYSSA
Las Vegas – Nevada
10 de setembro – Sábado anterior
ALYSSA
ALYSSA
San Diego – Califórnia
16 de setembro – Casamento da Skyler
NICK
San Diego – Califórnia
19 de setembro
Sede do Wale Associados
NICK
San Diego – Califórnia
21 de setembro – Quarta-feira
Sede do Wale Associados
NICK
San Diego – Califórnia
21 de setembro – Quarta-feira
Dice Bar
ALYSSA
San Diego – Califórnia
Madrugada de 22 de setembro – Quinta-feira
Apartamento de Chelsea
Na manhã seguinte...
Não foi uma manhã fácil. Eu já havia quebrado a cabeça para
tentar resolver o problema gerado pelo terrível contrato pré-nupcial
que Charlie Foster havia assinado. Pensei em quão apaixonado
uma pessoa precisava estar para assinar algo que comprometia a
sua única fonte de renda: a empresa de fabricação de papel de sua
família.
E contra um contrato comprovadamente assinado pelo meu
cliente, eu não tinha muitas possibilidades de vitória. Quase
nenhuma, para ser realista.
Sheron Griffin, sobrenome que ela havia arrematado de outro
ex-marido desavisado, parecia haver se casado já pensando no
divórcio. Isso pelo momento inusitado que ela havia escolhido para
fazer meu cliente, Charlie Foster, assinar o contrato pré-nupcial com
cláusulas inquestionavelmente prejudiciais a ele.
Charlie havia firmado o documento numa casa de swing
durante um show de strip-tease. As duas dançarinas haviam sido
contatadas e contratadas por Sheron antes da visita. O contrato foi
assinado no meio da performance. Ela disse que era um presente
de noivado e depois de não sei quantas bebidas, Foster achou que
era uma boa ideia dar esse agradinho para a noiva.
Teresa Diaz, uma das dançarinas, era minha testemunha-
chave. Ela confirmou que Sheron havia lhes dito claramente que o
show era para enganar um bobo. E que elas não estranhassem
quando ela aparecesse com o contrato. Que precisava que ele
estivesse bastante distraído para conseguir o que queria.
O problema é que Teresa era latina. Imigrante colombiana,
havia conseguido sua cidadania há poucos meses. Ir ao Tribunal
afrontar uma cidadã norte-americana e que, ainda por cima, não
costumava jogar muito limpo, a assustava. E eu conseguia entendê-
la. Mas, não poderia vencer o caso sem ela.
Naquela manhã, Teresa me mandou um recado. Disse que
gostava muito de mim e que, por isso, pedia um encontro no dia
seguinte. Eu adivinhei o que ela ia me dizer. Que lamentava, mas
não podia depor. E, ainda por cima, era quinta-feira, dia de almoçar
com Erin Burke.
Certamente, ela me perguntaria sobre o caso Foster no qual
vinha acompanhando “meu desempenho”. O pior é que esse era um
poder que eu acabava dando a ela por reportar cada passo que eu
dava como se ela precisasse me aprovar. E toda minha insegurança
frente a ela fazia com que ela sentisse que tinha o direito de me
criticar.
Além de tudo, a discussão da véspera me desencorajava
completamente do meu compromisso semanal. Sem contar na
segunda aposta perdida para Nick. Comecei a pensar em inúmeras
justificativas para dizer a minha mãe que não poderia ir ao almoço.
Não era tão difícil. Era só inventar algo relacionado ao
trabalho. Ela compreenderia perfeitamente.
Só então meu maior problema entrou na sala com um olhar
que faria qualquer um perder uma cabeça.
Qualquer um. Até mesmo eu.
— Pronta para saber qual é meu pagamento? — Colocou as
duas mãos sobre a mesa e revelou um par de seios que nunca
passariam desapercebidos.
Não quando ela fazia o que estava fazendo.
Ela usava uma camisa chumbo social, de um tecido fino, com
botões até o pescoço. Obviamente, antes de entrar em minha sala,
ela havia desabotoado os dois primeiros. E, naquela posição em
que se inclinou sobre minha mesa, mesmo com a lingerie com sutiã
meia-taça branco, eles quase saltavam em minha direção. Como
era, obviamente a intenção de Nick.
— Em horário de trabalho? — Indaguei tratando de desviar
imediatamente meu olhar daquela delícia. — Você não vai jogar tão
baixo.
— 11:31. — Ela apontou o relógio no rodapé do meu
computador. — Segundo Madie, seu horário de almoço começou há
1 minuto. E eu estou sendo boazinha, pois em nosso contrato, não
constava nenhuma cláusula de que você poderia determinar o
horário do pagamento das parcelas.
Girou seu corpo acompanhando minha caminhada pela sala
ampla, mas que ironicamente, me levou para a frente dela. Apoiou o
traseiro na mesa e me encarou como uma caçadora.
Deus do céu, ela estava intencionalmente sexy e era difícil
fingir que seus joguinhos não me enfeitiçavam. Era uma tortura
nadar contra a maré e fingir querer o oposto do que eu realmente
desejava.
— Ok. — Suspirei. — Espero que você não queira mesmo
nada que atrapalhe meu trabalho. Se eu dei minha palavra, vou
cumprir. Só não entendi isso de... parcelas. Eu não vou pagar de
uma vez?
Ela foi chegando perto, agitando minha respiração, colocando
aquela boca deliciosa a uma distância completamente irresistível.
— Se eu perdesse, eu não teria que abrir mão de uma coisa
por quase um mês completo?
— Sim. — Recordei com medo por saber que o controle
estava nas mãos dela.
— E Alyssa, era uma coisa que eu queria muuuito.
— Eu sei. — Falei ofegante, capturada pelo movimento que
sua boca fazia.
Por que ela não me beijava logo? Será que era isso que ela
ia pedir? Que fosse eu quem desse à minha boca o sabor do que a
estava enchendo de água?
— Pois então. — Piscou e passou o dedo no meu queixo. —
O que você vai me dar, também vai durar todos os 27 dias que
restam desse meu trabalho aqui no Wale Associados.
— Nick... — Quis negar, mas putz... ela me deixava com
tanto tesão.
— A primeira parcela, eu quero agora! No nosso horário de
almoço. Depois, tenho certeza de que teremos uma produtivíssima
tarde de trabalho. Revigoradas.
— Agora? Mas... eu só tenho uma hora de almoço. Não
temos tempo de ir à...
— Acontece que não vamos sair, advogada. O lugar... o lugar
onde você vai me pagar a primeira parcela é esse aqui.
— Aqui... no Wale Associados? — Era estarrecedor, mas
aquela adrenalina me fazia sentir tão viva. — Não, Nick, não me
pede isso.
— Aqui! No seu escritório.
— Você só pode estar louca.
— Então você se recusa? Se recusa a trancar aquela porta e
me deixar te foder com força aqui em cima desta mesma mesa onde
você trabalha com tanta competência que faz até o Direito ser...
animado?
Mordi o lábio. Quase me esqueci de que até cinco minutos
antes eu estava procurando um bom pretexto para fugir do meu
almoço de quinta-feira com Erin Burke. O pretexto estava ali.
E minha mãe, provavelmente não receberia nem uma
mensagem cancelando o compromisso.
Era arriscado? Era! Mas agitava minha libido de uma maneira
irresistível. Até que eu cedesse a ela como achava que não queria
fazer.
Por isso Nick me incomodava. Porque estar perto dela me
levava a entregar o controle do meu tão seguro trem da rotina na
imprevisível direção de um inevitável descarrilhar. Na direção do
acaso, dos instintos.
Como se eu tivesse recebido uma ordem à que não podia
ignorar, fui até a porta e a tranquei. A parede ao lado da porta, era
de vidro temperado da metade para cima. Supostamente não se
podia ver nada de dentro para fora, só o contrário.
Ainda assim, preferi não arriscar. Baixei as persianas, diminuí
a luz e fui até ela.
Vitória de Nick. Se era minha iniciativa que ela queria, ela a
havia conseguido. Na medida da fome que eu sentia dela.
Deferi sua petição e a beijei com toda a intensidade que
negar os próprios desejos provoca. Acessei na minha memória as
sensações da nossa primeira vez na Cidade do Pecado e agora já
não podia retroceder.
Não era verdade que Nick me levava a fazer coisas que eu
não queria, era o contrário. O que Nick me levava a fazer era o que
eu tinha realmente vontade. Ao que ela me levava era a parar de
negá-las.
A verdade é que eu queria aquele calor outra vez porque,
àquela altura, já estava completamente escaldada de tesão por
Nicole Wale, a filha proibida do meu chefe.
8 – Querer é poder
Eu quero ver tu esquecer depois do chá que eu te dei
Ai papai, macеtei
Foi um tal de vuco vuco, tá maluco, quer replay
Ai papai, macеtei
Ai Papai – MC Danny (part. Anitta e HITMAKER)
NICK
San Diego – Califórnia
22 de setembro – Quinta-feira
Sede do Wale Associados
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Aquilo Que Dá No Coração – Lenine
ALYSSA
San Diego – Califórnia
24 de setembro – Sexta-feira
Apartamento de Chelsea
27 de setembro – Segunda-feira
Sede do Wale Associados
Um dia desses
Num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre explicação
Pra Ser Sincero – Engenheiros do Hawaii
NICK
San Diego – Califórnia
27 de setembro – Segunda-feira
Sede do Wale Associados
ALYSSA
San Diego – Califórnia
27 de setembro – Segunda-feira
Turret32 Hotel
NICK
San Diego – Califórnia
30 de outubro – Segunda-feira
Edifício The Collins
ALYSSA
San Diego – Califórnia
30 de outubro – Segunda-feira
Apartamento de Alyssa
É preto e é branco
Nós brigamos, nós terminamos
Nós nos beijamos e voltamos
Hot N' Cold - Katy Perry
NICK
San Diego – Califórnia
31 de outubro – Terça-feira
— Eu já posso ir?
Bufei depois de destravar a tela do meu celular e conferir a
hora. Eu quase estava cometendo o maior pecado que a filha de um
advogado como Sidney Wale poderia cometer. Para me livrar
daquelas formalidades incômodas, quase havia deixado de ler
algumas partes dos documentos que meu pai e um advogado
estavam empurrando para cima de mim.
— A demora é porque a retificação que você pediu no
documento, está terminando, filhinha. — O deboche era a maneira
do meu pai demonstrar que estava irritado comigo.
E, não. Eu não assinaria sem ler documentos oferecidos por
meu pai, com a presença de testemunhas e um tabelião do cartório
que funcionava no primeiro andar do The Collins. Por isso aquela
tortura estava durando mais tempo do que eu podia controlar.
Quando eu cheguei ali, respirei aliviada pelo fato de a reunião
acontecer numa sala privativa do cartório. As possibilidades de que
eu visse Alyssa eram menores e, infelizmente, naquele ambiente
nós não tínhamos produzido memórias quentes.
Coisa que, agora, eu não lamentava.
— Ainda assim. Era só uma página. — Reclamei.
— Aqui está. — O tabelião colocou a folha diante de mim. —
Com a correção que a Senhorita Wale sugeriu.
Suspirei, li rapidamente o texto e assinei a última página do
contrato.
— Tudo certo? — Questionei aflita.
— Tudo, minha filha. Com esse documento, a empresa Wale
Associados está oficializada como sua patrocinadora nos circuitos
de Motocross para esse ano.
Ele estendeu a mão. Apertei a mão dele e observei em volta.
As pessoas começaram a sair da sala e eu entendi que isso
acontecia por alguma ordem preliminar dele.
— Eu preciso ir. Saio de viagem amanhã à tarde.
— Então eu não te vejo mais antes do Natal?
— Se você quiser, pode ir à Flórida em 15 de dezembro. A
etapa de MB1 Daytona vale 1 milhão de dólares e sua filha é a uma
das mais cotadas para vencer.
Ele tinha o olhar mais suave. Eu sabia que ele lamentava
minha partida. Como em todas as inúmeras vezes que eu havia me
afastado de San Diego para ir atrás dos meus sonhos. Sonhos nos
quais, eu agora sabia, meu pai nunca conseguiria me apoiar.
Quando eu soltei minha mão e me afastei, já estávamos
sozinhos na sala. Ele me encarou brando e, antes que eu pudesse
reagir, me abraçou.
Não foi um abraço extremamente caloroso. Não era do feitio
de Sidney Wale ser caloroso e a essa lição eu também havia
aprendido desde muito cedo. Contudo, eu sabia bem que morno era
melhor do que frio.
Retribuí ao abraço que durou menos de 30 segundos e,
finalmente saí dali. Não sem antes escutar um pedido do meu pai
para que eu me cuidasse.
Na porta do edifício, subi na minha Megan e observei o The
Collins com a sensação de que aquele mês havia valido a pena.
Entretanto, faltava alguma coisa e, talvez, fosse faltar por muito
tempo.
Porque morno era melhor que frio.
Essa frase ecoava na minha mente por mais que eu
procurasse não pensar.
E foi então que eu a vi. Ao contrário do que eu havia me
preparado, Alyssa não saiu do edifício pelo estacionamento. Saiu
pela porta da frente, acompanhada de uma garota ruiva falante, sua
amiga Chelsea.
Eu já estava de capacete, mas ela não me viu. As duas
saíram caminhando para a direita, o lado oposto ao que eu estava,
quando algo me ocorreu. E, antes de pensar, eu fiz.
Acelerei a moto na direção delas e, depois de uma entortada,
freei fechando as duas que estavam a pé. É claro que elas se
assustaram, mas eu não perdi tempo. Travei a moto, acionei o
descanso, desci, tirei meu capacete, balancei a cabeça para ajeitar
meus cabelos e caminhei na direção dela sob seu olhar atônito em
uníssono ao de Chelsea.
— Nick, você está louca? — Ela gritou ofegante.
Não respondi. Não com palavras. Não antes de fazer uma
coisa. Agarrei os ombros dela de maneira drástica, a puxei para
junto de mim e levei dois, três segundos em câmera lenta
analisando sua boca entreaberta.
Do jeito que eu gostava que ela deixasse evidente que
requisitava incisivamente um beijo meu. E foi o que eu dei à sua
boca. Foi o que eu dei a ela. A última coisa que eu consegui
apreender ao nosso redor, foi o modo como Chelsea levou as duas
mãos à boca em um claro choque misturado à empolgação.
Porque depois disso, todo o resto desapareceu.
Mais uma vez eu pude sentir o corpo de Alyssa se
desmanchando em meus braços, enquanto nossas bocas valsavam
como duas motos numa pista, dando show de manobras
sincronizadas que haviam sido ensaiadas exaustivamente. E depois
vinha aquela explosão de adrenalina que acompanhava o perfeito
encaixe de nossos corpos, mãos, cabelos, pescoço e dedos
seguindo a coreografia do beijo.
E tudo isso aconteceu.
Alyssa foi relaxando nos meus braços no mesmo ritmo em
que o beijo foi amansando, sossegando, até que nós nos
afastássemos quase em transe.
— Por que você fez isso? — Ela indagou fixando o olhar em
mim.
E eu não sei que intenção ela queria transmitir, mas aqueles
olhos poderiam ter tudo, menos reprovação.
— Você terminou comigo e amanhã eu começo minha
viagem para a Flórida.
— E isso lá é motivo? — Questionou ofegante. Olhando para
Chelsea constrangida.
Um constrangimento que eu não compartilhava com ela.
— Se nós estamos terminando, depois de vários encontros
tão quentes, nossa última lembrança deve ser ao menos morna, e
não gélida, como aquela conversa dessa manhã.
— Nick... — Ela falou com um tom de condolência...
— Não precisa dizer nada, Alyssa. Você já disse tudo, mas
eu... Eu tinha terminado nossa conversa com algo entalado na
garganta. E agora não está mais.
Ela teve dois ou três impulsos de dizer uma ou outra coisa,
mas não fez. E então eu parti.
Subi na moto e fui embora do The Collins levando na boca o
gosto do beijo de Alyssa. Não era um beijo quente. Não. Mas, pelo
menos não era gélido como ficaria meu coração quando finalmente
se convencesse de que eu a havia perdido para sempre.
15 – O Julgamento
ivo em tela viva
V
Tela de cara e coragem
Solta esse seu muro
E põe os pés nessa viagem
ALYSSA
San Diego – Califórnia
1 de novembro – Quarta-feira
ALYSSA
San Diego – Califórnia
1 de novembro – Quarta-feira
ALYSSA
Mexicali – Baixa Califórnia – México
2 de novembro – Quinta-feira
Daytona – Flórida
15 de dezembro – Sexta-feira
ALYSSA
Cidade de Nova Iorque – Nova Iorque
23 de dezembro – Sábado
NICK
San Diego – Califórnia
13 de fevereiro – Terça-feira
Hall of Justice da Califórnia
Fim
Sobre a Autora
Lorena Rodrigues é historiadora e professora de História,
formada pela Universidade Federal de Goiás. Nasceu e ainda mora
em Goiânia. A escrita entrou em sua vida quase juntamente com a
alfabetização e nunca mais saiu.
As viagens preferidas são as dos livros, pois elas levam a
visitar qualquer história ou lugar sem tirar um único pé do chão.
Esse é seu sétimo romance sáfico publicado na Amazon.
Casada há sete anos com Amanda Gomes, pretende que a
conexão entre suas próprias experiências e as histórias de amor
entre mulheres tornem o processo de produção do gênero
apaixonado e visceral.
Outras obras da autora
Furacão Alice – Conto lésbico
Sinopse: Quando uma pessoa tão certinha como Lívia se
apaixona por sua melhor amiga, não há metáfora melhor para explicar
os efeitos desse amor em seu mundo do que um furacão.
E não é só sua família evangélica, liderada por sua mãe
extremamente controladora, que se verá revirada após a chegada de
Alice em suas vidas, mas todas as certezas e convicções de Lívia.
Entretanto, nada será mais efetivamente posto à prova do que a
força de seu caráter e sua capacidade de escolher entre viver ou não
esse amor para se tornar, de fato, senhora da própria vida.
Livremente inspirado em fatos autobiográficos.
Marcadas pelo Pecado – Série Marcadas | Livro I
Sinopse: E se a lady não se encantasse pelo marquês e sim por
uma bela plebeia de cabelos loiros e olhos azuis que vai desordenar sua
vida?
Inglaterra, 1872. No auge da Era Vitoriana, vários países da
Europa mantém casas de trabalho não remunerado para jovens órfãs ou
abandonadas por suas famílias - os campos das madalenas. Nesses
lugares, muitas mulheres eram privadas da liberdade em nome da
redenção pela dedicação ao trabalho forçado e à religião, e viviam sob a
vigilância constante de freiras anglicanas. No campo Candlestick, no
coração de Londres, Juliet Dawson, filha bastarda de um duque, conhece
Katherine Sallow, uma intrépida e corajosa plebeia que vai chacoalhar
sua vida por todos os lados. Caprichosa e obstinada, Katherine não tem
medo de afrontar as religiosas encarregadas de vigiá-las e, até mesmo,
puni-las duramente.
Desafiando às normas dos homens, de Deus e até as rígidas
regras de seus próprios corações, um sentimento floresce de maneira
inesperada, compelindo-as a enfrentarem preconceitos e leis que vão
muito além da Justiça. Num desafio de paixão e coragem, será seu amor
forte o suficiente para não sucumbir às muralhas da intolerância ao
desconhecido?
Nada pode aprisionar o coração.
Marcadas por um Segredo – Série Marcadas | Livro II
Inglaterra, 1875. É fim do outono perto do Oceano, entre os
rios Lee e o Tâmisa em Londres, quando uma festa de casamento
coloca frente a frente duas mulheres completamente diferentes.
Hannah é romântica, passiva e obediente. Florence é uma mulher à
frente de seu tempo, cosmopolita e visionária; não se encaixa no
mundo como ele é.
Apesar do desprezo que sente pelo caráter impassível de
Hannah logo que a conhece, Florence decide livrá-la de uma trama
sórdida de seu irmão, o Conde William. Contudo, seu ato de
heroísmo não é bem recebido por Hannah e o desdém logo se
transforma em uma forte hostilidade.
Entretanto, todos sabem que o ódio e o amor caminham lado
a lado e, a cada implicância, mais perto elas ficam de tomarem
consciência que estão ebulindo de paixão. Suas personalidades
opostas são apenas a superfície de dois corações que, juntos, vão
descobrir não só surpreendentes segredos, mas a intensa
profundidade de um grande amor.
Fortaleza de Cristal: Box Completo
Sinopse: Vitória e Cecília são mulheres cheias de personalidade que
cresceram em fazendas vizinhas. Entre muitas brigas e implicâncias,
demoraram para se renderem a seus corações. Um grande amor foi a
base para a construção de uma família cheia de companheirismo e
confiança.
Depois de muitos anos de casamento, Paula, a ex-namorada de
Vitória é uma presença capaz de abalar as bases do fabuloso castelo de
cristal que o casal construiu. Inconformada com a felicidade delas, Paula
pretende, através de misteriosas habilidades, fazer com que as sombras
aprisionem um amor que parecia inabalável.
Na parte II do livro, a lenda do desaparecimento de uma grande
cidade maia por causa do despeito da Rainha Vermelha paira sobre
Chemax. Paula conseguiu recriar sua magia fazendo com que Cecília,
Vitória e todos a quem elas amam acreditem numa versão distorcida da
realidade. Assim, a fotógrafa Cecília García chega à cidade, onde
conhece a empresária Vitória Torres. A tensão sexual é imediata, mas
estranhos acontecimentos provocam uma inexplicável antipatia mútua
entre as duas.
Entretanto, a sensação de déjà-vu paira sobre Cecília e Vitória,
confundindo seus corações e ameaçando destruir a miragem que Paula
magicamente delineou. A vilã também precisa lidar com seus próprios
fantasmas ao se ver dividida entre as trevas da vingança e a magia de se
reencontrar com seu primeiro amor. Um livro que desvenda mistérios
milenares e segredos perigosos como plano de fundo de um grande amor
que se recusa a morrer.
Natal no décimo andar: Conto lésbico
Sinopse: Depois de um término há pessoas que rapidamente se
abrem para a vida, para os recomeços, para o acaso. Zoe,
definitivamente, não é esse tipo de pessoa. Meses depois do fim do
namoro, ela está longe de superar a dançarina Marina.
Apostando tudo em uma véspera de Natal super-romântica com
a ex, ela vai ter que encarar um difícil choque de realidade. Mas, antes
que a data festiva chegue ao fim, o Papai Noel pode surpreender Zoe
com Luana, uma gata bronzeada e cheia de amor pra dar.
Será que ela vai aceitar o presente com suas marquinhas de
biquini super sexys ou vai seguir com seu plano bem mais chato e não
tão quente assim?
Um conto natalino lésbico, super fofo que vai te fazer suspirar
além de aumentar bastante a temperatura do Natal.
Obedecendo à estagiária
Sinopse: Temida e respeitada por seus funcionários, a engenheira
Elisa Sartori está acostumada a ser servida e obedecida sem hesitação.
Mas, quando se trata de sexo, ela gosta mesmo é de se submeter a uma
dominadora tão eficiente que a faça esquecer que, em horário comercial,
ela é a Doutora Elisa.
Sob uma máscara de Carnaval, entre as sombras da noite, a
estagiária Bruna Ribeiro dá de cara com sua chefe em um lugar
improvável. Mordida porque a Doutora Elisa desdenhou do seu trabalho
horas antes, Bruna decide dar uma lição nela. Afinal, no sexo, ela tem
muito mais habilidade em mandar do que em obedecer.
Será que ela vai conseguir comandar esse jogo, sem colocar em
risco seu emprego e seu coração? E a Doutora Elisa? Como vai reagir
quando se der conta que a dominadora a quem ela está adorando
obedecer é também sua estagiária?