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Copyright © Esther Carter, 2023

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***

Essa é uma obra de ficção.


Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

***
Título:
Tudo por esse Quarterback

Capa (ilustração):
Juliana Almeida - @julliana.arte

Diagramação:
Esther Carter

Revisão:
M. de Souza
Playlist
Nota da autora
Leia! É importante.

Na infância costumamos ouvir histórias sobre princesas, príncipes,


reinos e finais felizes. É tudo tão lindo e tão mágico que passamos a
acreditar e desejar que aconteça em nossa vida.
Então a vida adulta chega nos atingindo em cheio, mostrando que
príncipes encantados não existem e que você tem de batalhar muito pelo seu
final feliz. Além disso, se você é mulher, ainda se depara com os padrões de
beleza impostos, onde seu corpo não se encaixa.
A verdade é que a vida é muito diferente de um conto de fadas, mas
há algo que não pode ser discutido: “você é uma princesa”, não importa o
formato de seu corpo, a cor de sua pele, não importa se o seu cabelo é liso
ou crespo, se é loiro, preto, ou rosa, VOCÊ É UMA PRINCESA! Não deixe
ninguém te fazer duvidar disso.
Já em relação a encontrar um príncipe, bem, é complicado (rsrsrs), no
entanto há alguém nesse mundo que combina perfeitamente com você,
alguém que vai te amar com tudo o que pode, aprendendo a amar os seus
defeitos também.
Não aceite menos do que ser tratada com a princesa que você é, um
ser único e especial, que merece respeito, compreensão, carinho e muito
amor.
Durante essa leitura você conhecerá um príncipe que irá conquistar
seu coração, e uma princesa um tanto diferente, que te fará dar boas risadas.
Essa não é uma história com grandes reviravoltas, é uma comédia
romântica escrita no intuito de relaxar e divertir, o que foi exatamente o que
senti enquanto escrevia esse livro.
Já falei demais! Não irei me prolongar para você poder iniciar a
leitura.
Espero que esse livro te traga bons momentos, assim como trouxe
para mim.

Um abraço e boa leitura!


Esther Carter.
Sumário
Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24
Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Capítulo 31

Capítulo 32

Capítulo 33

Capítulo 34

Capítulo 35

Capítulo 36

Capítulo 37

Capítulo 38

Capítulo 39

Capítulo 40

Capítulo 41

Capítulo 42

Capítulo 43

Capítulo 44

Capítulo 45

Capítulo 46

Capítulo 47

Capítulo 48

Epílogo
Espiadinha no próximo lançamento

Agradecimentos
Conheça outros livros da autora
Para todas aquelas que
já acreditaram em
príncipe encantado.
Capítulo 1

“— Quando eu crescer vou me casar com você.


— E quem te disse que eu vou querer? — Minha melhor amiga coloca
as mãos na cintura.
— Ninguém, só achei que...
— Achou errado! Quando eu crescer não sei se vou me casar, deve ser
difícil ficar com a mesma pessoa pelo resto da sua vida.
— Quando existe amor tudo é possível...”

— É a sua vez Williams. Vai lá e mostre o que sabe fazer! — O


treinador dá um tapa em meu ombro, despertando-me dos meus
pensamentos, que viajaram para minha infância.
Eu entro correndo no campo, coloco o capacete e me junto ao time,
orgulhoso por estar fazendo parte do Bruins, o time de futebol americano da
UCLA.
Só preciso jogar como sempre jogo, nada demais.
Se estou nervoso?
Talvez um pouco, mas assim que começo a correr no campo todo o
nervosismo se vai e a adrenalina começa a subir, eu vou dar o meu melhor
nesse treino e merecer uma vaga como titular.
Instantes depois eu passo a jogada para o grupo de ataque e a colocamos
em prática. Em um passe entrego a bola para o wide receiver e o observo
correr rápido a ponto de fazer um touchdown, que me faz vibrar.
Eu sinto falta do Jordan no campo, nós jogamos juntos por tantos anos!
Sua posição é a de wide receiver e formamos uma dupla incrível em termos
de jogadas. Espero que ele consiga ser admitido na UCLA também.
Decidi estudar aqui na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, por
dois motivos, o primeiro: ficar longe da Jasmine, pois é, tinha que ter uma
mulher envolvida!
Sabe aquele velho e maldito clichê que diz algo sobre o coração escolher
a quem vai amar?
É a mais pura e cruel verdade. Posso dizer com propriedade, pois
aconteceu comigo, cedo demais para meu gosto.
Eu sou apaixonado pela Jasmine desde que era um garoto. Estou com
dezoito anos e esse sentimento torturante ainda está aqui, cravado em meu
peito, lembrando a cada pulsar do meu coração que eu ainda sou
apaixonado por ela.
Nós dois crescemos praticamente juntos, estávamos sempre na casa um
do outro quando éramos crianças, brincar com ela era o que eu mais gostava
na vida.
Depois o Jordan, irmão dela, foi crescendo e nossa amizade também, até
que nos tornamos melhores amigos. E a Jasmine, bem, quando virou
adolescente passou a me deixar de lado, sem fazer questão até de me
cumprimentar às vezes.
O pior é que nem mesmo sua indiferença foi capaz de me fazer deixar de
gostar dela. E ter o irmão como meu melhor amigo não ajudava muito, pois
sempre que eu ia jogar com o Jordan, seja videogame ou futebol americano,
acabava encontrando quem?
Isso mesmo, a Jasmine.
O que é óbvio, já que era a casa dela.
A nossa diferença de idade poderia ser o motivo de ela se afastar assim
de mim, no entanto ser dois anos mais novo que ela não é algo tão gritante.
De qualquer forma, sendo gentil comigo ou não, eu só tenho olhos para
ela, mesmo com as péssimas lembranças de momentos em que ela fez
questão de ser cruel.
Como no dia em que a Kira morreu, ela era nossa cadela de estimação.
Eu tinha quinze anos e toda a família ficou abalada, pois meu pai a deu de
presente para minha mãe quando eu ainda nem existia.
O fato é que a minha irmã e eu fomos passar a noite na casa dos Foley
para nos distrairmos e pararmos de chorar. E o que a Jasmine falou quando
me viu chorando no quarto ficou gravado em minha mente:

“Era só um cachorro! Não deveria estar chorando que nem uma


menininha por nada.”

Melhor deixar a Jasmine de lado e voltar ao segundo motivo que me fez


vir para cá: sempre tive vontade de estar no Bruins.
Comecei há poucos dias, mas tenho gostado da experiência no campus.
Algumas das aulas são maçantes, contudo, tem sido interessante essa rotina
universitária.
Os primeiros dias são difíceis, bate aquela saudade da família, do
momento das refeições juntos, das conversas e do carinho. E é aí que entra
uma das vantagens em ingressar como atleta: desde o primeiro dia de aula
você não fica sozinho, porque tem o time, e isso é realmente algo muito
bom, principalmente para mim que tenho dificuldade em fazer amizades por
causa da timidez.
Outro ponto que ajuda a não ficar sozinho é o fato de ter colegas de
quarto, eu tenho dois e tenho muita sorte por eles serem caras legais. Eu
optei por ficar hospedado na comunidade residencial no campus, pelo
menos por enquanto.
As acomodações são ótimas, tem cama, cômoda e escrivaninha para
cada residente, salas de estudo em todos os andares e lavanderia no térreo.
Ainda há espaços sociais e lounges em todos os edifícios, onde os alunos
podem desfrutar de diferentes programas ao longo do ano.
Outra vantagem em morar aqui é a curta caminhada até as aulas e isso
economiza muito tempo, sem falar que a paisagem deslumbrante do campus
é inspiradora. E não posso me esquecer das refeições saudáveis e deliciosas
que são servidas.
O treinador apita anunciando o fim do treino de hoje. Vou para o
vestiário me sentindo ótimo após receber elogios e estar escalado para ser
titular.
Após o treino de sábado estou morto e tudo o que quero é ficar no
quarto, colocar as atividades das aulas em dia e depois dormir.
Eu me sento à escrivaninha e pego meus cadernos.
— E aí, Williams? Vai na festa com a gente? — Paul me pergunta
sentando-se em sua cama. Ele é um dos meus colegas de quarto e cursa
Direito.
— Festa?
— É, cara! A festa que vai rolar na fraternidade. Você é atleta, tem passe
livre para ir em qualquer festa.
— Não sou muito chegado a festas. — Levo a mão à nuca meio sem
jeito. — Tenho muito dever para fazer e estou cansado, prefiro ficar aqui e
dormir cedo para recarregar as energias.
— Ah, mano! Não estou ouvindo isso! — Michael se levanta da cadeira
onde estava estudando e para ao meu lado. — Estamos na Universidade, é
uma fase e tanto, temos de aproveitar. Aqui você recarrega as energias
enchendo a cara e fodendo uma universitária bem gostosa.
— É tentador, mas hoje não. — Tento dar por encerrada essa conversa
voltando-me para meu caderno aberto.
— Você sabe que as mulheres caem matando para ficar com um atleta,
não sabe? — Michael insiste.
Eu volto a me virar para ele:
— Vão vocês, se divirtam por mim, não cheguem cedo! Quem sabe na
próxima eu vou.
— Só pra ter certeza: você gosta de mulher, não é? — Paul me analisa
com os olhos semicerrados.
— Sim. — Acho graça. — Eu só não quero sair hoje, está bem? A
semana foi bem cansativa, uma mudança de rotina e tanto, tudo o que eu
quero é descansar. Sei que sempre tem alguma festa rolando, então vou em
outra com vocês, certo?
Ambos dão de ombros e retornam sua atenção para o que estavam
fazendo antes, o que me faz respirar aliviado.
Quando saem me perguntam mais uma vez se não vou mesmo, confirmo
e fico tranquilo no quarto estudando.
Ao deixar em dia todas as atividades sigo para uma ampla sala que fica
no prédio, sento em um dos sofás fofos, que mais parecem puffs, e ajeito
meus fones, liberando a primeira música da minha playlist.
Descanso a cabeça no macio do sofá e fecho os olhos.
Acho que a maioria dos universitários deve estar em festas agora, assim
como meus colegas, no entanto eu estou aqui, porque não quero voltar a
uma festa tão cedo depois da última em que fui.
A recordação daquela noite ainda está muito vívida em minha mente, foi
o momento mais doloroso da minha vida, e me recordo como se tivesse sido
dias atrás.
Capítulo 2

Alguns meses antes

— Você apareceu no dia certo! — Jasmine me analisa com as


sobrancelhas erguidas. — Preciso de companhia para uma festa que vai
rolar hoje e você é perfeito pra ir comigo.
— Sério? — Sinto meu coração se acelerar enquanto milhões de
pensamentos passam pela minha cabeça.
Será minha chance de finalmente ficar com ela?
— Se arrume para sairmos às sete, ok?
— Sim. — Até esqueço que devo respirar, estou eufórico.
É sábado e eu precisava de um momento para relaxar, então vim jogar
com o Jordan, sem saber que estava prestes a receber o melhor convite da
minha vida.
Mal consigo me concentrar nos jogos.
— Qual é, cara? Já é a segunda vez que perdemos por sua culpa. Você
não costuma jogar tão mal assim, está com algum problema? — Um vinco
de preocupação surge na testa do meu amigo.
— Não, só estou ansioso. A Jas me chamou para ir a uma festa com ela
hoje.
— Sério?
Balanço a cabeça confirmando.
Jordan sabe da minha paixão por sua irmã e, como o pai, ele me
aconselhou a esquecê-la. O problema é que percebi que isso é impossível e
estou feliz por não ter conseguido, afinal vou poder sair com ela.
Acabo desistindo de jogar e volto para casa.
Peço ajuda à minha mãe sobre o que vestir, preciso surpreender a Jas, de
forma positiva é claro.
Quando finalmente a noite cai eu me despeço de todos, pego a chave do
carro e dirijo em direção à casa da garota com quem sempre quis sair.
Ela entra no carro me analisando desde os tênis pretos, subindo por
minha calça jeans azul escura com desfiados nos joelhos, por minha camisa
preta de algodão de mangas compridas parando o olhar na direção do meu
peito, para então encontrar meus olhos e sorrir.
— Está gatinho. Agora podemos ir? — Jasmine afivela o cinto enquanto
ainda estou reparando em como ela está atraente com esse vestido justo e
curto.
Ela é uma morena linda e alta, de belos cabelos cacheados e um corpo
com curvas bem distribuídas.
Saio do transe de ficar a admirando e dou a partida nos levando para o
endereço que ela mostra no GPS de seu celular.
Assim que chegamos noto a grande quantidade de carros. Desço e dou a
volta abrindo a porta para ela e estendendo a mão para ajudá-la a descer.
— Que cavalheiro! — Toda vez que Jasmine sorri para mim sinto-me
derreter por inteiro. — Vamos! — Sua mão segura a minha e ela me conduz
para dentro da casa, de onde se ouve uma música bem alta.
Há muita gente aqui, passamos com dificuldade pelas pessoas, Jasmine
cumprimenta quase todos, ela é muito popular por causa de seu jeito
extrovertido, ao contrário de mim.
Sou conhecido na escola por ser do time de futebol americano, isso
sempre chama a atenção, principalmente quando você é um bom
quarterback com propostas de várias universidades te concedendo uma
bolsa de estudos.
Eu amo jogar futebol, quando estou no campo é como se o restante do
mundo desaparecesse. Fico concentrado no jogo, na adrenalina, em meu
corpo se esforçando e dando tudo de mim para que meu time alcance a
vitória.
É isso que quero fazer, quero jogar enquanto puder, quero jogar na
universidade e ser um dos selecionados do Draft da NFL, um evento que
acontece anualmente, onde escolhem jogadores para jogar
profissionalmente em grandes times.
Eu sonho com esse momento, tenho me esforçado há anos para
conseguir entrar em uma universidade com boas oportunidades para atletas.
E eu consegui. Só falta escolher qual das propostas irei aceitar.
Jasmine para de frente para a ilha lotada de copos, a maioria cheia com
alguma bebida. Ela solta minha mão, pega um copo e toma um gole.
— Uhn! Está gelado, que delícia! Você bebe? Pelo gosto é Vodka, gosta?
— Ahn... Eu não bebo. — Confesso constrangido, desistindo de
mencionar que ninguém nessa festa tem idade para beber. — E estou
dirigindo, não posso beber e correr o risco de causar um acidente com você
no carro.
Ela ri.
— Você é tão gatinho, mas tão careta também.
Não sei se me sinto contente por ela me achar um gatinho, ou fico
chateado por ser um careta.
Observo ela tomar mais um gole, depois vira o rosto olhando fixamente
para algum ponto. Quando vou olhar na mesma direção ela se vira e me
surpreende tocando meu rosto com a mão livre e se aproximando ainda
mais de mim.
Meu coração salta tornando suas batidas fortes e aceleradas.
— O que acha de dançar comigo? — Sua respiração quente toca minha
boca me fazendo engolir seco com vontade de reduzir a pequena distância e
acabar com meu desejo de beijá-la.
— Ótima ideia. — Minha voz sai um pouco rouca.
Jasmine bebe o restante da Vodka em apenas um gole, deixa o copo
sobre a ilha e volta a segurar minha mão me puxando para a sala, onde há
uma galera dançando.
Ela para em minha frente e começa a mover seu corpo ao som da música
agitada, joga seus braços para cima e move o quadril sorrindo para mim.
Observo como os outros caras dançam e tento imitá-los, não posso fazê-
la sentir vergonha de mim.
Mais alguns minutos de dança ela pega uma de minhas mãos colocando
sobre a sua cintura, aproximando nossos corpos. Sinto o ar me deixar por
instantes.
Tudo só piora quando ela pousa suas mãos sobre meu peito. Sua boca se
aproxima de minha orelha:
— Você é bem forte, não tinha reparado. — Fecho os olhos ao sentir sua
respiração em minha pele.
Ela volta a olhar em meus olhos.
— Treino muito por causa do futebol.
Sua cabeça balança positivamente.
A próxima música começa mais lenta, suas mãos deslizam do meu peito
até a parte de trás do meu pescoço me fazendo arrepiar por inteiro. Ouso
colocar as duas mãos em sua cintura.
— Você está vermelho — ela ri. — Está quente aqui? — Pela sua
expressão ela acha graça.
— Sim, tem muita gente.
Na verdade, eu me sinto pegando fogo por causa do contato de suas
mãos, que agora acariciam os cabelos da minha nuca.
Meu Deus! Eu preciso me controlar ou vou surtar e beijar a Jasmine.
Para meu desespero ela cola seu corpo no meu e isso é tão bom!
Merda!
Não consigo mais me controlar e fico duro, tento me afastar para evitar
que ela me sinta assim, mas tudo o que ela faz é sorrir para mim daquele
jeito divertido e voltar a encostar seu corpo em mim com o rosto ao lado do
meu. Jasmine pressiona seu ventre em meu pau, o que me faz fechar os
olhos e cerrar os dentes para não explodir.
Seu rosto vai se esfregando no meu até parar à frente com seus belos
olhos escuros me fitando.
— Você é a fim de mim, não é?
Respondo com um aceno de cabeça, sua expressão muda
instantaneamente para mais séria, ela abaixa os olhos para minha boca,
contempla meus olhos e bem devagar aproxima seu rosto até nossas bocas
se encontrarem.
Caramba!
Isso está mesmo acontecendo?
É muito surreal a Jasmine estar me beijando.
Seus lábios são muito macios e quentes, eu me deixo ser levado pelo
turbilhão de emoções que se apossa de cada pedacinho de mim.
Ao sentir sua língua deslizar pela minha eu arfo sentindo um desejo fora
do comum percorrer todo o meu corpo. Subo minhas mãos por suas costas e
a aperto mais contra mim.
Nosso beijo se torna intenso e tudo o que quero é que esse momento
dure para sempre. Suas mãos puxam meus cabelos de leve, minha pele está
queimando e sinto um frio estranho no meu estômago, não consigo
descrever bem tudo o que estou sentindo agora.
E em questão de segundos, um momento mágico se torna um pesadelo,
sou puxado pelo ombro e assim que olho para frente, ainda tentando me
recuperar das emoções do beijo, sou golpeado com um soco na boca. Quase
caio.
— Tucker! Não! — Jasmine se coloca à minha frente e espalma as mãos
no peito do cara, ao mesmo tempo em que levo a mão à boca sentindo dor.
— Ele estava beijando você. Pode me dizer que porra foi essa que eu vi?
— Não estamos mais juntos, esqueceu? Você disse isso no último
sábado.
— Aquilo foi uma briga idiota, não era para você pegar o primeiro cara
em sua frente e beijar desse jeito — o cara me fuzila com os olhos azuis.
— Olha, não precisar surtar, está bem? Ele é só o amigo do meu irmão
mais novo, fui eu quem o chamou para vir aqui, ele não tem culpa.
Sou só o amigo do irmão dela?
Isso não pode ficar pior, ou pode?
— Ah, minha morena! — O homem pega no rosto dela sorrindo
tranquilamente agora. — Não precisava arrumar um garoto para fazer
ciúme em mim, era só ter chegado e conversado comigo.
Aquilo me acerta em cheio e tenho dificuldade de respirar.
— Podemos curtir a festa juntos agora — ele se aproxima e a beija.
Quando se afastam consigo pronunciar o nome dela. Tudo o que Jasmine
faz é se virar para me olhar, ergue os ombros como se não pudesse fazer
nada e depois some de vista abraçada àquele homem.
Levo minha mão ao peito sentindo uma porcaria de dor que me dilacera
por dentro.
Ela só me usou. O tempo todo.
Foi por isso que me convidou.
Que me beijou.
As lágrimas começam a inundar meus olhos, nisso saio apressado dessa
maldita festa e corro até o carro. Só quero voltar pra casa e esquecer essa
noite desastrosa.
Entro em casa e vou correndo em direção ao meu quarto.
No momento em que me jogo em minha cama ouço a porta se abrir. Eu
me viro e vejo a minha mãe entrando, me sento na cama sentindo as
lágrimas molharem minha pele.
— O que aconteceu? — Rapidamente ela se senta e me acolhe em seus
braços, onde desabo em pranto.
Por alguns minutos minha mãe fica em silêncio, apenas acariciando
meus cabelos. Quando fico mais calmo ela segura meu rosto entre suas
mãos fitando meus olhos:
— O que a Jasmine aprontou?
— Era tudo mentira. Ela só queria fazer ciúmes no cara com quem está
saindo, parece que se desentenderam na semana passada, e para chamar a
atenção dele ela me levou nessa festa. — Abaixo os olhos me sentindo
arrasado.
— Eu sabia que você não deveria ter ido! — Levanta nervosa. — Meu
instinto de mãe me dizia para não deixar você ir, mas achei que estava
sendo ciumenta. Eu vou falar com essa garota agora!
Minha mãe sai do quarto às pressas e vou atrás, seguro seu braço:
— Não, mãe! Ela com certeza vai chegar tarde.
— O que houve? — Meu pai sai do quarto e repara em meu rosto. — O
que aconteceu?
— O que aconteceu foi que a Jasmine teve a audácia de usar nosso filho
para fazer ciúmes em um “casinho” dela. Isso é inaceitável, Ty!
— Minha mãe quer ir lá e confrontar a Jas, mas ela não voltou para casa.
— Amor, isso não é hora — ele toca o rosto dela e minha mãe se
tranquiliza. — Vamos decidir sobre isso amanhã, está bem?
Sua cabeça faz que sim e eu tenho vontade de chorar outra vez ao ver o
quanto meus pais se amam e eu, estou aqui, de coração partido.
— Como você está, filho? — Meu pai se aproxima de mim.
— Vou sobreviver. Só quero deitar e dormir.
— Qualquer coisa pode nos chamar — sua mão aperta meu ombro de
forma carinhosa.
Finalmente consigo me deitar, nem me dou o trabalho de trocar de
roupa, não tenho força para nada agora.
O momento em que nos beijamos vem à minha cabeça e ainda consigo
sentir o gosto de sua boca na minha, o calor de seu corpo se pressionando
contra o meu.
Como ela pôde?
Jasmine me beijou porque deve ter visto aquele cara. E eu fui tão idiota!
O tempo todo me iludi achando que ela realmente tinha se interessado em
sair comigo.
Eu não sabia que um coração podia doer tanto, e eu quero dormir a fim
de parar essa dor.
Capítulo 3

De volta aos dias atuais

Desperto de minhas lembranças ao sentir alguém caindo em meu colo,


abro os olhos e dou de cara com as costas de uma garota que caiu sobre
minhas pernas. Ela se vira e sorri timidamente:
— Desculpa! — Ao se erguer fica literalmente sentada em meu colo e
seu rosto, na altura do meu, fica completamente corado. — Ah, droga!
Desculpa!
Desajeitada ela tenta sair de cima de mim e acaba caindo sentada no
chão. Eu me levanto e estendo a mão para ajudá-la a se levantar.
— Valeu — agradece constrangida ao ver que estou olhando para ela. —
Outro universitário que não se rendeu às festas hoje? — Tenta sorrir e eu
tiro os fones. — Eu estava dando uma volta pelo campus e você é o
primeiro que encontro. Sinto muito por ter caído em você, eu sou muito
desligada, estava andando e pensando na minha vida sem me dar conta de
que tinha um sofá bem na frente. Desculpa mesmo. Pensei que todos
estivessem em festas essa noite.
— Estou cansado demais pra isso.
— Entendo. Estou te atrapalhando, não é? — Aponta para os fones.
— Ah, não. Eu só estava ouvindo um pouco de música para relaxar um
pouco.
A garota se senta no sofá ao lado, o que me faz reparar em seu rosto um
pouco redondo, nos cabelos castanhos e ondulados, ela tem um sorriso
simpático e um olhar doce.
— A propósito, meu nome é Audrey — estende a mão.
— É um prazer, Audrey. Eu sou o Theo. — Aperto sua mão voltando a
me sentar no sofá em que estava.
— Você está cursando o quê?
— Engenharia elétrica e de computação.
— Uau! Parece bem mais complicado do que meu curso de Relações
Públicas.
— Aposto que ambos têm suas matérias complicadas. É caloura
também?
— Sim, e em plena adaptação. Todo mundo espera por esse momento e
sinceramente, não tenho visto a magia da vida universitária, aquela que a
gente ouve por aí ou lê nos livros.
Eu sorrio pensando na semana difícil que tive.
Nós conversamos por mais alguns minutos, até Audrey se levantar e
sorrir:
— Vou jantar, quer vir também? — Suas mãos vão para trás de suas
costas.
— Ahn, acho que não. Vou voltar para o meu quarto. — Eu me levanto
também.
— Detesto jantar sozinha, mas depois de vários dias tendo que comer
sem companhia sei que me acostumo. Foi bom conhecer você! — Acena e
começa a se afastar.
Fecho os olhos sabendo que minha consciência não me deixará em paz
se não for com ela.
— Espera, Audrey! — Corro até alcançá-la. — Pensando bem, jantar
agora não é tão má ideia.
Caminhando lado a lado vamos até o restaurante mais próximo do
campus.
Mais tarde, deitado em minha cama, sozinho no dormitório, minha
mente é inundada por mais recordações, do dia seguinte à fatídica noite em
que fui para aquela festa com a Jasmine:

“Levantei sem ânimo algum e desci, encontrando meus pais na cozinha


preparando o café da manhã. Meu pai estava fazendo panquecas, enquanto
minha mãe fazia um suco.
— Bom dia, querido! — Largou o que estava fazendo, secou as mãos no
pano de prato e veio em minha direção me abraçar.
— Bom dia. — Beijei seu rosto, recebendo outro.
— Bom dia, Theo! O que acha de me dar aquela ajudinha com as
panquecas? — Meu pai piscou e sorriu.
— Claro, pai!
— Você está melhor? — Sempre preocupada.
— Sim, não precisa se preocupar nem ir à casa dos Foley falar com a
Jasmine, por favor. Não quero que ela saiba que fiquei triste.
— Está bem, querido. — Minha mãe acariciou meu rosto.
Eu fui até meu pai ajudá-lo e comecei virando as panquecas.
— Bom dia, família! — Juliet chegou abrindo os braços.
Nós a cumprimentamos e ela parou ao lado do nosso pai o abraçando,
minha mãe voltou a fazer o suco.
No domingo temos o costume de nos levantarmos às nove para
tomarmos o café da manhã juntos, já que durante a semana é mais difícil.
— Como foi o encontro, maninho? — Ela perguntou sorrindo.
— Juliet! — Minha mãe a repreendeu.
— O que eu fiz?
— Foi um desastre. — Respondi desanimado.
— Puxa, que chato! — Sua mão afagou meu braço. — A Jasmine é uma
idiota, porque você é o melhor cara do mundo!
— Obrigado.
Minha irmã é um máximo.
Juliet fez quatorze anos e somos muito unidos, ela é uma irmã
carinhosa, meiga e amiga. Sei que se eu contar a ela o que a Jasmine fez
ela vai reagir igual a nossa mãe e vai junto para xingar a Jasmine o
máximo que elas conseguirem.
Não tenho ideia de como vou reagir quando ela começar a namorar,
acho que sou capaz de trucidar o cara que a magoar, no entanto sei que
uma hora ou outra ela vai gostar de alguém ou vai ser conquistada por
algum garoto que se apaixonou por ela.
Minha irmã é muito linda, chama a atenção por onde passa na escola,
seu rosto delicado e redondo parece com o de uma boneca, seus olhos são
verdes como os do nosso pai e os cabelos castanhos são longas ondas em
suas costas.
O café da manhã ficou pronto e devoramos tudo à mesa em meio a
conversas descontraídas.
Juliet e eu recolhemos tudo e lavamos a louça.
Quando passei pela sala de jantar ouvi minha mãe praticamente cuspir
o nome da Jasmine, encostei na parede e fiquei ouvindo:
— De jeito nenhum, Tyler! Não tem meio termo! Eu não quero aquela
maluca perto do nosso filho outra vez. Ela despedaçou o coração dele sem
piedade e eu sou capaz de matá-la se ela o machucar outra vez.
Senti o choro vir e engoli com força fechando os olhos.
— Ela não merece o Theo. O Josh e a Aysha são pessoas incríveis que
amo muito, mas a Jasmine é má e não herdou a bondade deles. A forma fria
como ela usou o nosso filho não é atitude de uma pessoa normal.
— Você tem razão, meu amor, mas não precisa proibi-lo de ver a Jas,
está perto de ele ir para a universidade, ele só precisa escolher uma.
Depois disso ele vai conhecer várias pessoas, ter contato com muitas
mulheres e pode ser que se interesse por alguma, ou por algumas.
Decidi não ouvir mais e fui para meu quarto.
Coloquei meus fones de ouvido e acessei minha playlist no celular
liberando a primeira música, deitei em minha cama colocando as mãos
embaixo da cabeça e olhando para o teto.
Meus pais estão certos.
Se a Jasmine não gosta de mim e foi capaz de fazer aquilo na noite
passada, ela não me merece. Vou focar nos estudos e se rolar algo com uma
garota legal da universidade vai ser ótimo para esquecer a Jasmine de vez.
Não tenho mais dúvida sobre qual universidade escolher, antes eu
estava relutando porque não queria estudar longe daqui e passar muito
tempo sem vê-la, já que ela estuda na Universidade Columbia, que fica em
Nova Iorque mesmo.
Agora eu desejo ir para longe, não quero ter de encontrar a Jasmine
mais. Nunca mais se possível. Vou me organizar e ir logo para a
Universidade.”
Capítulo 4

— Que saudade de você, querido! — Minha mãe me abraça quase


esmagando meus ossos, e eu não ligo, porque estava sentindo falta desse
abraço dela.
— Eu também estava, mãe. — Ela se afasta acariciando meu rosto. —
Sinto falta de todos vocês. — Olho para cada um deles.
Meu pai e Juliet são os próximos a me abraçarem.
Após um mês aqui na Universidade eles decidiram reservar esse
domingo para virem me visitar, a fim de passarmos um tempo juntos depois
de tantos dias longe.
Saímos para almoçar em um restaurante aconchegante, que não fica
muito distante do campus, e enquanto estamos à mesa conversando e
aguardando nossos pedidos eu percebo o quanto eu os amo e o quanto senti
falta deles.
Ao deixarmos o restaurante fomos dar uma volta pela cidade, meus pais
andavam abraçados na frente e Juliet caminhava abraçada a mim.
— Tenho uma fofoca pra contar, — ela me olha e sorri — mas antes
preciso saber se posso tocar no nome daquela pessoa.
— Pode. — Rio de sua expressão de surpresa.
— Está bem. No fim de semana passado o nosso pai e o tio Josh
resolveram fazer um churrasco, você sabe como eles adoram isso! — Ela
revira os olhos. — Fomos na casa dos Foley e Jasmine estava lá, ela veio
nos cumprimentar como sempre e nossa mãe fez cara de brava e passou
direto.
Juliet ri enquanto eu imagino a cena.
— Eu aproveitei e fiz o mesmo. Só o nosso pai que a cumprimentou
educadamente, porque você sabe, ele não é de tratar mal uma mulher, mas
isso não significa que ele também não está chateado com a vaca da
Jasmine!
Ergo as sobrancelhas ao ouvi-la falar daquele jeito.
— Não fale assim, maninha! A Jasmine não é alguém legal para se
apaixonar, mas você sabe que ela é uma boa pessoa como amiga, aposto que
se você precisar da ajuda dela a Jasmine não irá pensar duas vezes e irá
fazer o que puder por você.
— É, eu sei, só que ainda não consigo não sentir raiva dela. Você é um
santo por tentar defendê-la mesmo depois do que ela fez com você.
— Não estou a defendendo, acontece que você precisa saber separar as
coisas, é isso.
— OK. Deixa eu continuar então, porque tem mais: vi a mamãe com
uma cara péssima conversando com o tio Josh depois, posso jurar que ela
estava contando o que a Jasmine fez com você.
— Eu deveria saber que nossa mãe não iria deixar pra lá.
Eu esperava mesmo que minha mãe fosse ficar calada? Logo ela? Julie
Williams é uma mãe que jamais fica parada quando algo de ruim acontece
com seus filhos, ela sempre defendeu a mim e à Juliet com unhas e dentes.
É a melhor mãe do mundo.
Ao anoitecer nos despedimos e, ao voltar para o campus, inspiro fundo
reunindo forças para prosseguir sem eles.

Nem vi a semana passando diante de aulas, treinos, academia e deveres.


Quando o sábado finalmente chega agradeço mentalmente ao ver a luz do
dia passar pelas frestas da cortina.
Hoje é dia de treino, mas ontem pedi ao treinador, na verdade eu quase
implorei, para ele me liberar, pois um amigo virá de Nova Iorque para
passarmos um tempo juntos.
Assim, estou livre hoje.
Após tomar meu café da manhã atendo o celular que toca
insistentemente, combino um ponto de encontro e vou direito pra lá bem
ansioso.
Chego no Starbucks e um sorriso se abre voluntariamente. Ele vem até
mim e trocamos um abraço.
— Cara! Não pensei que seria tão difícil encontrar outro amigo para
jogar comigo — dá um tapa em minhas costas.
— É o que acontece quando não dá valor. — Brinco.
— Vou tentar correr atrás do prejuízo e ver se tenho a sorte de fazer
parte do Bruins também. Você sabe que não consegue sobreviver muito
tempo sem mim, seu bobão! — Ele me zoa e nós rimos.
Nós nunca havíamos passado tanto tempo separados, Jordan é como um
irmão para mim, é ótimo ele estar aqui.
O dia com ele foi um máximo! Primeiro visitamos o estúdio da Warner,
não poderíamos deixar de fora já que somos fãs dos personagens da DC.
Mais tarde andamos um pouco pela calçada da fama, Jordan fez questão
de encontrar a estrela da Sharon Stone. E como caminhamos bastante
durante o dia resolvemos terminar a noite em um bar badalado.
Preferi ir dormir no hotel em que ele estava hospedado.
Durante o café da manhã Jordan me dá um peteleco na orelha.
— Qual é, mano? Fico aqui pra te fazer companhia e você faz isso? —
Semicerro os olhos ao mesmo tempo em que ele ri.
— Tenho que te contar um lance.
Ergo as sobrancelhas esperando curioso.
— Meu pai deu um baita sermão na Jas pelo que ela fez com você, ele
estava mesmo bravo. — Jordan faz uma careta. — Ela está de castigo por
tempo indeterminado sem algumas regalias que nossos pais davam pra ela.
— Caramba! Ela já não gostava muito de mim, agora deve estar me
odiando.
— Duvido. — Ele come um pouco de ovos com bacon e me encara. —
Ela parece estar arrependida. Jasmine sempre tenta negociar os castigos que
recebe e dessa vez ela sequer abriu a boca. Eu estava espiando e vi a cara
dela de cachorro abandonado.
Tenho evitado pensar nela com a débil tentativa de não sentir mais nada
por alguém que me magoou tanto, mas agora, só por ouvir Jordan falando
da irmã, sinto meu coração palpitar forte em meu peito.
— Não importa. — Dou uma garfada em um pedaço de bacon.
— Agora você está na universidade, vai poder pegar várias gatas, ainda
mais por ser um atleta, elas adoram! — Dá um tapa leve em meu ombro e
volta a devorar seu café da manhã.
Aproveitamos nossas últimas horas no Six Flags Magic Mountain, um
parque super radical com mais de quinze montanhas-russas.
Já dá para imaginar o quanto nos divertimos e gritamos!
À tarde tenho de me despedir do meu melhor amigo, não sei quando
poderemos nos ver novamente, mas valeu cada minuto repleto de diversão
que tivemos.
Passo a noite sozinho no dormitório outra vez, meus colegas de quarto
aproveitam bastante o fim de semana.
Tento imaginar o tio Josh dando uma bronca na Jasmine por minha
causa e sorrio.
Minhas lembranças voltam no tempo, quando eu tinha quatorze anos e
fui à festa dela de dezesseis anos, naquele dia o tio Josh me deu um sábio
conselho, pena eu não ter conseguido colocá-lo em prática:

“— Parabéns Jasmine! Você está linda! — Meu coração não se controla


dentro do meu peito, ela parece uma obra de arte nesse vestido verde-água
estilo princesa.
— Está mesmo linda, querida! — Minha mãe a abraça. — Parece uma
princesa. Seu pai deve estar todo orgulhoso. — Toca o queixo da Jasmine.
— Sabe como meu pai é. — Sorri mostrando os dentes bem delineados.
Meu pai também a parabeniza e eles se afastam com minha irmã. Eu
fico parado, à frente da Jasmine, tentando encontrar palavras para dizer
algo que não seja estúpido.
— O que foi, Theo? — Ela ergue a sobrancelha e leva as mãos à
cintura. — Vai ficar parado aí me olhando que nem bobo?
— É que você está realmente muito linda. Não que você já não seja, mas
hoje está maravilhosa. — Engulo em seco com dificuldade. — Na hora da
dança você me permite dançar um pouco com você? Seria uma honra. —
Tento ser um cavalheiro.
Seus lábios se apertam segurando o riso, para em seguida romper em
gargalhadas.
— É claro que não! Eu já escolhi um rapaz lindo para dançar a valsa
comigo, jamais escolheria você, não quero passar vergonha na minha festa
de dezesseis anos. Por favor!
E após partir meu coração mais uma vez ela se afasta.
Eu passei quase o tempo todo triste, principalmente na hora em que ela
dançou com aquele cara loiro, foi doloroso vê-la sorrindo tanto para ele.
— Não precisa ficar tão triste assim, campeão. — Um braço se apoia
sobre meus ombros e viro o rosto dando de cara com seu sorriso
reconfortante. — Às vezes o amor é uma droga, não é mesmo?
— Eu só queria dançar um pouco com ela, mas a Jasmine prefere ficar o
tempo todo com aquele cara. — Ergo o braço apontando para o rapaz por
alguns segundos. — Sério, tio Josh! Não sei por que ela me trata assim. —
Expiro frustrado.
— Não tente entender as mulheres, senão vai acabar louco — ri e me faz
abrir um sorriso. — A Jas é bem complicada. É minha filha, eu a conheço
bem, é uma boa garota, mas também é indomável boa parte do tempo.
Josh se move parando em minha frente e apoiando as mãos em meus
ombros:
— Dance com outra garota e pare de desperdiçar seu tempo com essa
cara de enterro. Aproveite a festa! Eu sei que você pode fazer isso sem a
Jas. Você é um bom garoto Theo, não merece sofrer por amor tão cedo,
então faça a fila andar e esqueça a minha filha se ela não o vê da mesma
forma.
— Vou tentar, tio Josh.
Ele pisca para mim e vai para junto da tia Aysha.
Tento seguir seu conselho e procuro por outra garota que possa aceitar
dançar comigo.”

Eu deveria mesmo ter seguido o conselho do meu tio!


Capítulo 5

2 anos depois

É o último quarto do jogo, nada mais do que cinco minutos restantes


para acabar e estamos perdendo por 14 a 17 contra o time da Universidade
de Louisiana, os Bulldogs.
Entre passar a bola para o Harry, nosso running back, e tentar eu mesmo
marcar esse touchdowm garantindo a nossa vitória, eu decido arriscar e
corro. Reúno toda a força que me resta, dois defensores tentam me
bloquear, mas eu persisto e consigo chegar na end zone para o delírio da
torcida e dos meus colegas de time.
Sou carregado por eles e vibramos todos juntos diante de uma conquista
que parecia praticamente impossível.
Após as comemorações seguimos para o vestiário.
Assim que deixo o campo para entrar no corredor ouço alguém gritar
meu nome. Eu me viro e aproximo retirando meu capacete.
— Ai, meu Deus! É mesmo você! — Ela abre um largo sorriso
mostrando estar empolgada por me ver. — Há quanto tempo!
— Oi. — É a única palavra que vem em minha mente, agora perturbada,
por ver ninguém menos que Jasmine Foley em minha frente.
Ela continua linda e, se o Jordan não tivesse me avisado que ela estaria
por aqui, eu poderia estar abalado neste momento, talvez sorrindo que nem
o idiota que ela pensa que eu sou.
— Eu sabia que te encontraria aqui. Arrasou no campo — gesticula
mostrando o campo atrás. — Talvez você ainda não saiba, mas fui
transferida para cá, coisa do meu pai só por cau...
Não espero ela terminar de falar.
— Desculpa, tenho que ir agora. A gente se vê por aí. — Vou em direção
ao vestiário. Não quero ficar conversando como se tudo estivesse bem entre
nós.
Não pretendo me aproximar dela outra vez e acabar com meu coração
partido. Estou em uma ótima fase da minha vida, tenho o time, o Jordan e a
Audrey, não preciso mendigar a atenção da Jasmine como fazia quando
adolescente.
Chego no vestiário e estão todos parados, alguns sentados, nosso
treinador se vira para mim:
— Reunião, Williams!
Apoio as costas em um armário e cruzo os braços, ele deve nos
parabenizar pela vitória.
— Vocês estão contentes com a vitória? — Ele pergunta recebendo
respostas afirmativas de todos. — Pois eu não estou! O time estava
perdendo até cinco minutos antes de o jogo acabar, como é que podem estar
felizes com isso?
Abaixo o olhar para o chão, sabendo que é verdade.
— Têm que entrar no campo e dar o melhor de vocês. Nada de contar
com a sorte sempre, pois um dia ela não estará lá e nosso time vai perder.
Eu não quero uma vitória nos minutos finais, vocês têm capacidade de fazer
melhor.
Talvez tenha sido uma jogada de sorte, no entanto, para mim, foi mais
fruto do meu esforço do que sorte.
— Williams! — Descruzo os braços o fitando. — Você se acha um bom
quarterback?
— Sim, senhor. Eu acho.
— Pois fique sabendo que tem melhores do que você! E isso vale para
qualquer um de vocês — aponta para todos. — Quero ver esse time honrar
a oportunidade de ser um Bruins. Treinamento amanhã às oito!
Todos reclamamos, estamos cansados, foi um jogo difícil.
— Treinador, — eu tento — estamos esgotados. Passamos a semana
toda treinando pesado e hoje o jogo foi acirrado, precisamos descansar.
— Até que poderiam se tivessem vencido com maior vantagem.
Enquanto não forem um time de atletas vencedores irão treinar todos os
sábados! E se mais alguém reclamar terá treino no domingo também! Agora
vão tomar uma ducha! — O Sr. Anderson deixa o vestiário bufando.
Desanimados partimos para o banho.
Ao sairmos do campus Jordan se aproxima de mim:
— Como foi com a minha irmã? Ouvi ela te chamar.
— Eu fiquei tranquilo e não rendi conversa.
— É assim que se faz, mano! — Passa o braço pelos meus ombros. —
Não a deixe acabar com você de novo.
Desde que o Jordan veio estudar aqui nós alugamos uma casa e a
dividimos com mais dois colegas do time. Achamos melhor ter o nosso
espaço e não ficar o tempo todo no campus.
Tive a experiência de morar por um ano na universidade, não foi nada
mal, mas agora prefiro muito mais a casa, mesmo que não esteja tão
próximo à Audrey como antes, contudo sempre nos vemos no horário de
almoço.

O que foi isso?


Não acredito que o Theo mal olhou para mim. Logo ele!
Pensei que iria sorrir quando me visse, como ele sempre fez, ao invés
disso ele ficou sério, me interrompeu e foi embora me deixando sozinha e
incrédula.
Tudo bem que muito tempo se passou e a última vez em que nos vimos
não é uma recordação tão boa, eu sei, no entanto crescemos juntos, eu
esperava uma recepção mais calorosa.
A verdade é que sua indiferença doeu. Se fosse outra pessoa qualquer eu
não me importaria, mas ele é diferente, nossas famílias são unidas e tivemos
uma infância repleta de bons momentos juntos.
Inspiro profundamente sentindo uma pontada de tristeza ao relembrar o
que fiz com ele. Eu fui tão cruel! Eu não pensava nas consequências de
meus atos, fazia o que tinha que fazer para conseguir o que eu queria, e o
Theo foi uma vítima.
Eu sabia que ele tinha uma paixonite por mim naquela época e mesmo
assim eu o usei. Eu era uma pessoa terrível, porém eu amadureci e me
arrependi imensamente do que fiz com ele.
O sermão do meu pai, após saber do caso, foi épico, quando ele
terminou eu estava me sentindo menos do que um cocô de mosquito. Eu
sabia que deveria ter me desculpado com o Theo, só não tive coragem
suficiente.
Agora estou aqui lamentando a frieza com a qual ele me tratou.
Saio do estádio e vou caminhando para meu apartamento, é bem
próximo ao campus. Faço uma parada no Starbucks para comprar um café,
é tudo o que preciso depois do gelo que o Theo me deu.
Ele não mudou muito. Quer dizer, não deu para ver por completo porque
estava com toda aquela proteção que os jogadores usam e os deixam
enormes, mas a aparência de seu rosto mudou muito pouco, está mais
homem agora.
A passos lentos e degustando meu café sigo para meu apartamento sem
conseguir parar de relembrar o reencontro com o Theo.
Vou dar um jeito de encontrá-lo de novo no campus, estarei todos os dias
lá, agora que meu pai deu um jeito de eu ser transferida, a fim de Jordan
ficar de olho em mim.
O que é ridículo!
Tudo isso por causa de um pequeno problema com um professor da
universidade onde eu estava.
Ah, por favor!
Como é uma decisão do meu pai eu obedeço e, sinceramente, não é nada
ruim mudar um pouco, conhecer novas pessoas, estar em outra cidade
acompanhada do meu irmão caçula ( a quem amo demais, mas ele não pode
saber rsrsrs) e do meu amigo de infância, que não é amigo mais, eu acho.
E o Theo está tão lindo, tão atraente.
Preciso pensar em outra coisa até eu poder encontrar o Theo no campus
e conversar melhor com ele.
Como é possível alguém estudar no mesmo campus e você não
conseguir encontrá-lo?
Há dias estou na busca pelo Theo, e o bendito do meu irmão não ajuda,
ele não quis me dizer nenhuma das aulas do melhor amigo. Que saco!
De qualquer forma sei que eles terão outro jogo, será em outra cidade e
eu estarei lá, já anotei na minha agenda para não esquecer.

Hoje é o dia do jogo, estou assistindo ansiosa pelo final. Meu coração dá
um salto sempre que o Theo pega a bola, ainda não entendi por que isso
está acontecendo, acho que é a adrenalina de torcedora.
— Ele é tão gostoso! Tenho de ser a próxima da lista dele! — A garota
ao meu lado fala histérica.
— Até eu quero ser a próxima, amiga, mas é ele quem decide e a fila
está enorme, ele tem muitas opções. — A outra, sentada ao lado da
histérica, diz desanimada.
— Eu sei, mas ele é tão gato que eu o quero mais que qualquer outra!
Ele é o mais gostoso do time.
— Desculpe me intrometer, — sou curiosa demais — mas vocês estão
falando de qual jogador do Bruins?
— Do QB, é claro! — A histérica ergue as sobrancelhas como se fosse
óbvio.
— Ah! É que vários jogadores são gatos.
— Sim, — a outra intervém — no entanto o quarterback é o mais
disputado por todas as mulheres do campus, porque ele não é fácil como os
outros. Além de lindo, fofo e gostoso, ele também é discreto e escolhe a
dedo a próxima mulher que vai levar para ver estrelas.
Ok. Nunca passou pela minha cabeça que Theo seria tão desejado pelas
mulheres do campus.
— E que lista é essa?
— A lista de quem quer sentar nele, amiga! — A histérica quase grita.
— Essa lista acabou surgindo há um tempo, depois que uma das líderes de
torcida confessou ter transado com ele. Ela disse que teve o melhor sexo da
sua vida e que o pau dele é o maior que ela já viu, e o mais potente também
— a garota dá uma risadinha safada.
Estou chocada demais para pronunciar qualquer som.
Como assim, gente?
Elas estão mesmo falando do Theo?
— Só para confirmar, vocês estão falando do Theo Williams? — É uma
pergunta idiota, mas preciso ter certeza.
— Quem mais é o QB, querida? — A outra é irônica.
Eu me ajeito e volto a olhar para o campo procurando pelo número do
quarterback do Bruins, sinto um incômodo em meu estômago ao imaginar
tantas mulheres querendo transar com ele.
Mas é compreensível, tendo em vista que o Theo é lindo, talentoso e
popular. Ele é um quarterback, não me admira ter se rendido a isso e
passado a comer todas as universitárias disponíveis.
Engulo em seco ao lembrar da parte em que falaram sobre o tamanho da
ferramenta dele. Será que é verdade? Eu preciso muito conseguir me
reaproximar dele.
Enfim o jogo acaba, o time venceu com um placar menos apertado dessa
vez. Eu saio do estádio e fico esperando eles saírem do vestiário.
Assim que o vejo meu queixo vai ao chão, só pode ser brincadeira!
Quando é que aquele menino se transformou nesse homem tão lindo e
sexy?
Theo está conversando com o meu irmão e sorrindo, seus cabelos
castanhos cheios estão molhados, ele está usando uma camisa de mangas
compridas que marca bem seu peitoral musculoso, uma calça jeans azul
bem clara e botas marrons.
De repente ficou calor aqui, não é?
Sorrio voluntariamente e vou até ele e Jordan.
— Olá, meninos! — Ambos olham surpresos para mim. — O quê?
Acharam que eu não viria torcer por vocês? Foi um jogo incrível, parabéns!
Ambos agradecem.
— Eu estava pensando em sairmos para comemorar, o que acham?
— Pra mim não dá. Vou indo nessa! — Theo acena se despedindo e vai
embora.
Fico de queixo caído tentando lidar com minha decepção.
— Estamos cansados, Jas. — Meu irmão passa o braço por meus ombros
me abraçando e eu cruzo os braços emburrada. — Além do mais, estamos
quase voltando para casa, temos pouco tempo. Se o ônibus não estivesse tão
lotado de homens eu iria pedir ao sr. Anderson para deixar você vir com a
gente, mas não tem lugar.
Um pensamento passa pela minha cabeça fazendo-me sorrir
discretamente, estou me imaginando no ônibus lotado sentada no colo do
Theo.
— A gente se encontra no campus essa semana — ele me dá um beijo
carinhoso na bochecha e sai.
Por que estou pensando em sentar no colo do Theo?
Que loucura!
Preciso ir embora e tomar um banho demorado para afastar tais
pensamentos esquisitos.
Capítulo 6

O campus não é tão grande quando você está determinada a encontrar


alguém. Eu percorro cada restaurante desse lugar, em tempo recorde, para
finalmente encontrá-lo.
Theo está acompanhado por alguns dos atletas do time e pelo meu
irmão, o que é óbvio, já que esses dois são unha e carne.
Eu pego meu almoço e vou me sentar em um lugar vazio próximo à
mesa em que eles estão. Jordan ergue os olhos e me vê, eu aceno sorrindo,
recebo um aceno de volta e fico esperando que ele fale para o Theo que
estou aqui, mas ele volta a atenção para os amigos, e o cara em quem estou
de olho continua imóvel, de costas para mim.
Seria ousado demais me oferecer para sentar lá com eles, talvez não
porque sou a Jasmine e meu sobrenome é ousadia, no entanto eu não me
sinto tão corajosa depois de ter sido tratada com tanta indiferença.
Começo a comer, sem desviar a minha atenção de suas costas largas.
Então uma mulher se aproxima parando ao lado dele, eles sorriem um para
o outro e conversam.
Ele se levanta e vão andando lado a lado.
Quem é ela?
Mais que depressa eu me levanto e passo perto deles, parando na frente
do Theo:
— Oi! Que bom te encontrar aqui! — Tento meu melhor sorriso. —
Estou estudando nessa universidade há dias e é a primeira vez que nossos
caminhos se cruzam.
— Minha rotina é bem corrida aqui — ele me olha como se eu fosse
uma estranha.
— Que legal uma amiga do Theo estar estudando aqui — a garota de
rosto simpático diz com sua voz angelical. — Eu sou Audrey, prazer —
estende a mão.
— Jasmine — aperto a mão dela e solto rapidamente.
— Temos de ir, tenho aula em alguns minutos — ele analisa o relógio no
pulso e me olha. — Qualquer hora a gente se esbarra por aí de novo.
Theo se vira para sair acompanhado da Miss Simpatia, e eu não aguento,
é indiferença demais para meu gosto:
— Por que está agindo assim comigo, Theo? — Pergunto em alto tom
para ele me ouvir.
Ele para e se vira me encarando.
— Assim como?
A Miss Simpatia bem que poderia dar o fora.
— Com tanta indiferença. Nós somos amigos de infância, ficamos muito
tempo sem nos vermos, mas, poxa! Nós crescemos juntos, você não deveria
ser tão frio comigo.
Ele fala algo baixinho com a garota sorriso, ela se afasta até sumir de
vista enquanto ele chega mais perto fazendo minha respiração se tornar
errática.
— Nós não somos amigos, porque se a sua memória está falhando, na
última vez em que nos vimos você me usou para se dar bem com o cara de
quem estava a fim. Amigos não fazem isso uns com os outros.
Encolho os braços me abraçando, estou me sentindo praticamente nua
com suas palavras, sei que sou culpada.
— Minha intenção não é ser frio com você, estou apenas agindo como
faço com qualquer pessoa estranha para mim. Agora preciso mesmo ir — e
mais uma vez ele dá as costas e se vai.
Eu corro para o banheiro mais próximo, meu estômago está revirando,
quase não dá tempo de chegar ao vaso sanitário para vomitar.
Realmente fui uma pessoa horrível pra ele, como o Theo poderia me
receber de braços abertos depois de tudo?
Ergo o corpo e respiro fundo, caminho até a pia para enxaguar a boca e
jogar uma água no rosto, a fim de ver se me sinto melhor. Eu só não
esperava encontrar a indesejada presença da Miss Simpatia aqui.
— Precisa de ajuda?
Não da sua, querida.
— Estou melhor. — Seco meu rosto com os papéis toalha, respiro fundo
e me viro apoiando o quadril na pia.
— Você é a primeira pessoa com quem não vejo o Theo ser simpático,
ele costuma ser adorável com todos.
— É porque não sou todos — olho para ela com uma expressão que
mostra o quanto estou amando essa conversa. — Qual o seu lance com ele,
afinal de contas? Deve passar muito tempo com ele para dizer como ele age
com todo mundo. — Estou louca para saber se são namorados ou algo
parecido.
— Somos amigos, desde o primeiro semestre. Nós acabamos nos
aproximando por termos muito em comum, e apesar de estudarmos áreas
totalmente diferentes sempre nos encontramos para conversar um pouco ou
combinarmos de sair no sábado.
— Bem parecido com um namoro.
— Talvez — dá de ombros. — Só que não tem beijo na boca, muito
menos algo mais.
— Pelo jeito você teria preferência na tal lista de mulheres que querem
ficar com ele, já que é tão amiga assim. — Talvez eu esteja com um pouco
de ciúme, mas bem pouco mesmo.
Audrey ri jogando a cabeça para trás e volta a me encarar:
— Pode ser que sim, mas não nos gostamos dessa forma, somos só
amigos mesmo, então, — ela se aproxima mais parando a poucos
centímetros — pode ficar tranquila, porque não vou furar a fila na sua
frente. E se precisar de mim, estou aqui — ela se afasta saindo do banheiro.
Eu poderia fazer uma dancinha de comemoração se não estivesse
enjoada, estou com vontade de celebrar o fato da Miss Simpatia não ser
namorada do Theo.
Por que isso deveria importar pra mim?
Fala sério! Qual o meu problema?
O melhor a fazer é voltar para a aula e me concentrar em aprender o
máximo possível.
Termino a maquiagem e dou uma boa olhada no espelho girando um
pouco o corpo para conferir meu look.
Está perfeito!
O cropped preto em renda combina com minha calça jeans azul escuro,
as sandálias de salto alto pretas e uma parte da barriga à mostra, mostrando
meu piercing no umbigo, me deixam sensual do jeito que gosto.
Ajeito meus cachos soltos, pego minha bolsa pequena e saio.
É sábado à noite, dia perfeito para frequentar uma festa cheia de
universitários a fim de curtir um pouco, principalmente se meu alvo estiver
lá, o que creio ser possível, já que a festa está sendo dada por um dos atletas
do time de futebol americano.
Consegui todas as informações com meu irmão, ele só não quis me dizer
se o Theo também vai, mas vou mesmo assim, prefiro arriscar, afinal eu
acredito que ele estará lá.
O carro estaciona em frente à bela casa, há casais se pegando no
gramado da frente. Entro e meu corpo já começa a se mover ao som da
música.
O cheiro de álcool, suor e perfumes misturados invade o ar enquanto
passo por várias pessoas. Vejo mais casais dando uns amassos nos sofás e
continuo na busca por Theo.
Dentro de alguns minutos sinto um alívio ao ver Jordan, ele está no
corredor, encostado na parede de pernas abertas conversando com uma loira
que usa um decote exagerado, de onde seus peitos quase saltam.
— Maninho! — Toco seu braço e ele sorri.
— Não acredito que veio mesmo— recebo um beijo no rosto.
— É sábado à noite, ficar em casa é deprimente.
— Há pessoas que discordam, como o Theo, por exemplo.
O que acabo de ouvir causa um choque em meus neurônios.
— Como assim?
— Ele preferiu ficar em casa estudando, vai ter uma prova na segunda e
achou melhor estudar.
— Sério? — Estou completamente arrasada, eu me produzi toda pra
nada?
Ele confirma com a cabeça.
— De qualquer forma, é muito difícil ele vir a uma dessas festas, só
aparece em casos do tipo aniversário de algum colega, uma comemoração
importante ou quando ele e a Audrey estão a fim de sair para espairecer um
pouco.
Audrey. Ela tinha que estar no meio.
— Entendi. Vou beber alguma coisa e te deixar curtir — pisco para ele e
para a loira que me olha impaciente.
Eu não acredito!
Que absurdo o Theo não aparecer!
Eu tinha tantos planos para essa noite.
Pego um copo de bebida e chamo um carro pelo aplicativo, a festa
perdeu totalmente a graça. Vou embora para casa e beber até dormir.
Acordo tarde na manhã seguinte e me levanto sem ânimo, sento na
banqueta da cozinha apoiando meus antebraços na bancada de mármore.
Digito uma mensagem de texto para Jordan e largo o celular, apoiando a
cabeça sobre a minha mão.
Eu só posso estar obcecada pelo Theo para ficar correndo atrás dele
desse jeito, mesmo ele sendo tão frio. E acho que essa é a resposta para
minhas dúvidas: o que eu quero é acabar com essa indiferença dele e fazer
tudo voltar a ser como era antes.
É isso que me incomoda!
Não tem nada a ver com obsessão, nem atração, ou desejo de ser a
próxima da lista a sentar nele. Não, definitivamente não é nada disso.
Eu vou me trocar para ir tomar um café da manhã naquele Starbucks,
não quero preparar nada hoje. Pego um short, uma regata e um blusão
aberto, encontro minha bolsa e saio.
Quando estou me deliciando com meu café recebo uma mensagem do
meu mano lindo me desejando bom dia. Respondo que quero levar um
presente para ele e que preciso do endereço.
Jordan me envia a localização me fazendo sorrir de exultação. Vou até lá
e tentar conversar com o Theo, resolver nossa situação para sermos amigos
novamente.
Mas primeiro tenho que comprar alguma coisa para o meu irmão. Vou
dar uma volta e ver o que encontro.
Expiro forte em frente a porta da casa onde meu irmão está morando
com os amigos. Era para meu coração estar disparado assim? Sinto que vou
ter um mal súbito desse jeito.
Seguro a caixa do funko do Capitão América, que eu trouxe para o
Jordan, e toco a campainha.
O rapaz que abre a porta apoia a mão sobre o umbral e sorri de lado me
analisando por completo. Ele é muito alto, tem um peitoral bem largo, um
belo par de olhos azuis, cabelos loiros que caem em seus olhos o deixando
extremamente sexy e um sorriso do tipo “sei que está gostando do que vê”.
— Oi, gatinha! Procurando por alguém?
— Sim, pelo Jordan. Ele está?
— Sim. Vocês vão sair juntos ou algo assim?
— Ele é meu irmão — melhor esclarecer de uma vez.
— Ah, é? — Ele se aproxima mais voltando a dar aquele sorriso de lado.
— Chase, a seu dispor.
Eu rio pensando no quanto ele é gato, mas não estou aqui para isso.
— Será que eu posso entrar?
Chase vira o corpo me dando passagem. Eu entro em uma ampla sala
com três sofás, uma mesa no centro com algumas manetes de videogame e
uma tv à frente.
— Vou chamá-lo para você.
— Obrigada. — Fico observando-o subir a escada.
Giro o corpo analisando tudo até vê-lo sair por uma porta. Ele está
segurando algumas uvas e olha para suas mãos. O que me faz perder os
sentidos é ver seu torso nu.
Theo está usando apenas uma calça de moletom me levando ao delírio
com o peito forte, a barriga cheia de gominhos, os ombros largos e as duas
linhas na parte de baixo de seu abdômen que conduzem para uma parte que
não está à mostra.
Foram necessários apenas alguns segundos para meu corpo se incendiar
por completo.
Então ele ergue a cabeça e para ao me ver, arqueando as sobrancelhas.
— Jasmine?
— Ahn — não tem como meu cérebro funcionar estando todo derretido
pela visão desse homem perfeito.
— Você precisa de alguma coisa?
Você. Todinho.
— Eu...
— Hey, mana! — Jordan surge na minha frente. — Cadê meu presente?
Fico seguindo Theo com os olhos enquanto ele sobe as escadas.
Que costas!
E aquela bunda?
Quero apertar ele todinho.
— Me avisa quando terminar de secar o meu melhor amigo.
A voz de Jordan me desperta e eu encarro seu sorrisinho maldoso.
— Deixa de ser idiota! Não é nada disso. Eu estava apenas lembrando
que tenho que marcar consulta com o meu oftalmologista para dizer que
encontrei o colírio perfeito.
— Nem pense nisso! — Repreende.
Estendo o braço entregando a ele o presente que eu trouxe, assim ele
esquece o fato de que eu realmente estava babando ao encarar o melhor
amigo dele.
Sua expressão diz tudo, dá para ver o quanto ele gostou. Eu sabia que ele
iria adorar.
Meu irmãozinho me convida para almoçar e eu aceito, já pensando em
pedir um suco bem gelado para apagar o fogo que o Theo acendeu.
Ele me leva a um restaurante com uma decoração rústica.
— Depois que falou comigo na festa não te vi mais — Jordan me olha
curioso e toma um gole do seu suco de laranja.
— Eu fui embora.
— Você. Foi. Embora? — Ele começa a rir. — Não acredito! Desde
quando você rejeita uma festa regada a bebidas e cheia de homens? — Seus
olhos semicerrados me fitam.
— Estava sem graça — dou de ombros.
— O que você fez com minha irmã? — Ele brinca nos fazendo sorrir.
Eu não iria admitir para ele, mas no momento em que fiquei sabendo
que o Theo não estava na festa perdi toda a vontade de ficar lá, afinal eu
havia me produzido toda pensando nele.
Capítulo 7

— Alô? — Atendo a chamada de um número desconhecido.


— Theo! Que bom que atendeu. É a Jasmine. — O quê? Não acredito!
— Estou precisando de ajuda e o Jordan não atende.
A voz dela parece meio sonolenta.
— Você está bêbada?
— Escuta: eu encontrei um cara aqui na boate, ele me ofereceu uma
bebida e acho que tentou me drogar, bebi apenas alguns goles e estou
começando a me sentir zonza. Eu preciso que alguém me busque antes que
eu apague.
— Ah, meu Deus, Jasmine! — Esfrego a mão no rosto sentindo o
desespero surgir. — Em que boate você está?
— Não sei o nome, estava procurando e entrei nessa, mas sei que tem
algo relacionado à Bolsa de Valores. Não demora, por favor!
— Ok. Só tente ficar acordada, já estou indo. — Desligo e levanto da
cama em um salto, pego a carteira, as chaves do carro e vou correndo bater
na porta do quarto do Chase.
Eu não conheço boates suficientes em Los Angeles para saber em qual
delas a Jasmine está, mas Chase conhece tudo por aqui.
— O que foi, cara? — Ele abre a porta me olhando desconfiado.
Explico para ele, do jeito mais sucinto que consigo, e Chase diz que
conhece a tal boate, para meu alívio. Segundo ele fica no prédio da antiga
Bolsa de Valores e é uma boate luxuosa.
Agradeço e corro, calço meus tênis e vou em direção ao carro ligando
este enquanto procuro no GPS a tal boate. Analiso o caminho e saio
acelerando.
Meu coração bate apertado em meu peito, torcendo para que eu chegue a
tempo de encontrar a Jasmine lá. No caminho ligo para a polícia e peço para
irem para o local, o cafajeste que drogou a Jas tem de ser preso.
Ao chegar quase caio ao descer do carro, tamanho meu desespero. Entro
na boate vestindo uma calça de moletom preta e uma camiseta branca, não
dava tempo de trocar de roupa.
Entre tantos rostos procuro pelo dela e chego a sentir tudo parar quando
a vejo em um canto, sentada de frente para o canalha. Eu me aproximo
pedindo licença.
— Vim te buscar. — Examino seu rosto bem maquiado, os olhos quase
fechando de sono, e cerro os punhos de ódio.
— Ela está comigo — o cara boa pinta e covarde tem a coragem de se
levantar e me encarar desafiadoramente.
Preparo para acertar sua cara quando ouço uma agitação e vejo a polícia
chegando, ergo o braço para virem até mim e digo que fui eu quem ligou e
que o cara que procuram é este à minha frente.
Acabamos indo parar na delegacia com a Jasmine sendo carregada por
mim, ela adormeceu assim que me sentei ao seu lado dizendo que tínhamos
de ir com a polícia.
Realizaram alguns exames e fomos liberados.
Eu a levo para um hotel, pois não sei onde mora e não quero preocupar o
Jordan chegando lá a essa hora com a irmã dele apagada. Já é praticamente
meia-noite.
Feito o check-in entro no quarto e a deito, tiro suas sandálias, cubro seu
corpo e olho ao redor respirando fundo. Decido me deitar no sofá, não me
cabe por completo, mas dá para tirar um cochilo até amanhecer.
Eu fecho os olhos e adormeço, preciso descansar um pouco, tenho que
acordar cedo para não perder a primeira aula.
Meu celular me desperta, levo alguns segundos para me lembrar onde
estou. Sento no sofá me espreguiçando e sentindo o corpo todo dolorido.
Jasmine ainda está dormindo.
Uso o banheiro e peço ao serviço de quarto um café da manhã com
bastante frutas.
Assim que chegam agradeço e começo a comer.
Ouço o barulho dela se mexendo na cama, seus braços se esticam, eu
decido me aproximar. Seus olhos se abrem com dificuldade e ela me vê.
Um vinco de confusão surge entre suas sobrancelhas.
— Bom dia. Se recorda da noite passada?
Ela senta na cama ajeitando os cabelos e seu olhar se fixa na cama, creio
que está tentando se lembrar. De repente afasta as roupas de cama, esbarra
em mim e sai correndo para o banheiro.
Vou até ela, Jasmine se curva e começa a vomitar. Eu me aproximo e
seguro seus cabelos cacheados e volumosos, para que não caiam em seu
rosto.
Assim que ela se recupera senta-se na cama e me encara com seu rosto
abatido:
— Obrigada. Se não fosse você nem sei se estaria viva, só Deus sabe o
que aquele cara pretendia fazer.
Um arrepio percorre minha coluna ao imaginar aquele desgraçado
tocando nela.
— Eu pedi algumas frutas, pode comer se quiser. Preciso ir embora, já
estou atrasado para a primeira aula. — Eu me dirijo até o móvel onde deixei
minha carteira e chaves.
— Não vou conseguir ir à aula hoje.
— É o seguinte: — eu me viro a encarando seriamente — o hotel está
pago até meio-dia, pode ficar e descansar mais um pouco. Agora, eu preciso
te avisar que essa foi a última vez em que servi de estepe para você. Sou útil
apenas quando você realmente precisa, e isso acaba aqui!
Vejo a surpresa em seu rosto.
— Eu jamais deixaria de ajudar uma mulher que corre o risco de ser
abusada, mas não quero que me ligue mais. Não me faça trocar o meu
número de telefone!
Ela parece ter ficado triste, no entanto não vou ceder, eu não quero ser
lembrado por ela só em momentos em que ela precisa de ajuda.
— Eu te trouxe para um hotel porque acho que o Jordan não merecia ver
a irmã dele apagada por ter sido drogada. Você é a mais velha e ainda não
criou juízo! Quando vai deixar de ser tão irresponsável?
— Eu não...
— Não quero ouvir nada! — Ergo a mão a interrompendo. — Você tem
dinheiro naquela bolsa para um taxi ou para chamar um carro de aplicativo?
— Aponto para a bolsa na mesa de cabeceira.
Jasmine concorda com um aceno de cabeça.
— Ótimo! Vou nessa então!
Saio apressado do quarto disposto a ir embora rápido para conseguir
chegar a tempo para a segunda aula, pois a primeira vou perder, com
certeza.
Estou no sexto semestre da faculdade e essa é a primeira vez que perco
uma aula. Tinha que ser por culpa da Jasmine!

Que droga!
Deixo meu corpo cair na cama após Theo fechar a porta.
Em que confusão eu fui me meter na noite passada!
Tudo porque eu queria parar de pensar nele e em como seu corpo mexeu
comigo. Decidi sair para encontrar algum cara que me fizesse tirar o Theo
da cabeça.
Fui para aquela boate e em pouco tempo aquele homem se aproximou,
gostei dele por ser bonito, educado e estar bem vestido, mas o canalha
colocou alguma coisa na bebida que levou para mim.
Ainda bem que percebi a tempo e pedi ajuda. Fui para o banheiro e
liguei para o meu irmão, só que o bendito não atendeu, devia estar ocupado
com alguma mulher. Minha única alternativa era ligar para o Theo, sorte a
minha que ele não trocou o número de telefone.
Eu não sabia que nossa relação podia piorar. Agora ele acha que eu só
lembro dele quando preciso usar alguém e mesmo que tudo dê a entender
isso, não é verdade. Não mais.
Ele foi incrível deixando tudo pago, pedindo café da manhã, segurando
meu cabelo e me salvando na noite passada. Ser meu herói não ajuda a tirá-
lo da minha cabeça, só me faz querer estar com ele mais do que antes.
Como posso consertar as coisas com ele?
Eu preciso encontrar uma forma de me aproximar e fazê-lo entender
que, apesar do meu histórico ruim, eu não tenho a intenção de usá-lo, eu só
quero passar um tempo ao lado dele, conversar, vê-lo sorrir pra mim como
fazia anos atrás.
Ainda não sei direito o que estou sentindo por ele, só sei que reencontrá-
lo foi diferente, que ele mexe com minha cabeça, meu coração e meu corpo.
Eu não consigo parar de pensar nele e desejar estar com ele, o que me
faz chegar à conclusão de que estou ferrada, totalmente ferrada.
Capítulo 8

— Acabei de conhecer a versão morena da Wandinha!


Eu me viro revirando os olhos e encontrando o sorriso inconfundível da
Miss Simpatia.
— Parece que seu fim de semana foi aterrorizante — ela brinca e pega
seu almoço logo depois de mim.
— Pode apostar que sim. — Estou de péssimo humor.
Eu me dirijo a uma mesa e me sento, jogo para trás as duas trancinhas
que fiz hoje de manhã para conter os cachos rebeldes, que amanheceram
uma tragédia.
— Sei que não somos amigas, — ela se senta à minha frente — mas se
quiser desabafar sou do tipo boa ouvinte. — Audrey dá uma piscadinha
para mim.
Eu expiro desanimada largando o garfo no prato:
— Eu sou uma idiota — escondo meu rosto nas mãos e depois volto a
olhar para seu rosto simpático — e piorei tudo com o Theo. A única coisa
que eu quero é me reaproximar dele para que sejamos amigos de novo, mas
domingo à noite eu estraguei ainda mais as coisas, e agora não sei o que
fazer.
— Todos nós erramos, faz parte da vida. Você já tentou se desculpar
com ele?
— Me desculpar? — Faço uma careta.
— Sim, é o que aprendemos a fazer depois de uma mancada. O Theo é
um dos caras mais legais que conheço, ele é bastante compreensivo, se você
estiver arrependida e pedir desculpas eu sei que ele vai te desculpar.
— Então é isso? É só pedir?
Ela confirma com a cabeça mastigando sua comida.
— Está bem. Agora preciso conseguir um momento com ele, o que é
bem difícil, já que parece que algo conspira contra ocuparmos o mesmo
espaço. Sábado eu fui a uma festa achando que ele estaria lá e foi em vão.
— Ele não curte muito ir a festas, no entanto ele vai a algumas comigo.
Se tiver uma nesse fim de semana posso convidá-lo e você se aproxima para
conversar com ele.
— Você faria mesmo isso?
— Claro!
Eu estou começando a gostar da Miss Simpatia. O plano dela me
devolve a animação que eu havia perdido desde segunda de manhã, quando
o Theo foi embora do hotel bravo comigo.
Saber que tenho a chance de voltar a me aproximar dele desperta uma
alegria nova em mim me fazendo ter vontade de sorrir.

O sábado chega e eu não consigo decidir qual roupa devo usar.


Hoje terá mais uma festa, algo normal para os universitários, porém pra
mim é mais do que isso: é a noite em que posso mudar tudo e eu preciso
que dê certo.
A Audrey chamou o Theo para ir nessa festa e ele aceitou, reviro os
olhos ao pensar que ele não negaria um pedido dela, afinal a Miss Simpatia
sabe ser meiga de um jeito irresistível.
Analiso as variadas peças de roupas espalhadas pela minha cama, tenho
de me decidir antes que me atrase demais.
Então opto por uma calça jeans justa azul escura e um tomara que caia
na cor rosé. Aplico leave-in nos cachos molhados os ajeitando para ficarem
bem modelados e termino o visual com uma maquiagem menos carregada
do que de costume, hoje faço apenas o delineador gatinho e passo um
batom nude nos lábios.
Assim que entro onde está rolando a festa sinto meu coração disparar e
as palmas das minhas mãos suarem, mal consigo respirar direito em meio a
todas essas pessoas.
Dou uma volta e parece que ele ainda não chegou, vou até a cozinha e
me sirvo de um pouco de água gelada, isso mesmo: água, não vou beber e
estragar tudo outra vez.
Fico caminhando e recuso as investidas de dois homens, sento no sofá
ao lado de um casal que está quase se engolindo, e ao ver uma
movimentação diferente ergo a cabeça. É nesse instante que sinto meu
órgão palpitar com fervor a ponto de saltar pela minha boca.
Theo passa de mão dada com a Audrey, vejo ela olhando para os lados
até que encontra meu rosto e sorri. Em segundos eles somem no meio das
pessoas.
Respiro fundo várias vezes para me acalmar e criar coragem de ir até
ele. O máximo que pode acontecer é ele não aceitar conversar comigo,
então poderei recolher o restante da minha dignidade e voltar sozinha para
meu apartamento disposta a beber até esquecer tudo e apagar.
Levanto e vou à procura dele o encontrando na cozinha cercado por
pessoas. Passo por todos e toco seu ombro, ele se vira e o sorriso
descontraído em seu rosto morre aos poucos.
Eu poderia desistir e simplesmente ir embora, contudo sei que sou a
culpada por ele reagir assim.
— Oi— cumprimento e ele faz menção de voltar a se virar ficando de
costas para mim. Seguro seu ombro e o faço voltar a olhar para mim. —
Será que podemos conversar? Prometo ser rápida.
— Melhor deixar para outra hora, não quero nada estragando a festa.
Ele se vira e sai acompanhado pela amiga que me lança um olhar de
pesar, afinal nosso plano deu errado.
Eu fecho os olhos decepcionada.
Tudo bem, eu posso superar, sou como um soldado, fui abatida, mas não
vencida. Eu vou me levantar quantas vezes for preciso até que o Theo se
canse de me derrubar.
Frustrada eu volto para casa, não tem a mínima chance de eu conseguir
curtir essa noite.

— Não comente sobre a festa, por favor! — Mal humorada eu peço para
a Miss Simpatia que se aproxima de mim ao me ver no intervalo.
— Tudo bem. Só queria dizer que acho melhor você dar um tempo para
o Theo.
— Um tempo? Tempo pra quê?
— Para ele aceitar conversar com você.
Balanço a cabeça em sinal de que não concordo.
— Ser muito insistente acaba ficando chato. Tem certeza que tudo o que
quer é a amizade dele de volta? Só a amizade?
— E isso importa? Quer saber? Foi um erro ter desabafado com você.
— Que ingrata! Eu tentei te ajudar! — Diz a ofendida.
— Obrigada, não deu certo, vou agir por minha conta.
Eu me afasto sem acreditar que ela sugeriu eu continuar afastada do
Theo! Como se isso fosse possível. Eu não consigo e uma das razões é ele
não sair da minha cabeça, por isso vou continuar tentando.
Não desisto do que quero.
E é assim que continuo na minha luta para o Theo aceitar conversar
comigo. Recebo mais dois “nãos” em apenas uma semana.
É hora de apelar para o Jordan, não tem outro jeito. Ele precisa me
ajudar de alguma forma. Os dois são melhores amigos, o Theo confia nele,
ouve o que ele diz, se meu irmão pedir para ele falar comigo ele vai pensar
e acabar concordando.
Meu desafio agora é convencer o Jordan. Já posso imaginar os palavrões
que irão sair de sua boca, ele não vai ceder fácil, mas posso ser persistente.
Capítulo 9

— Hey, Jas! Você está linda!


— Você também, Sammy! — Pisco enquanto passo por ela.
Vou recebendo cumprimentos conforme caminho pela casa onde está
acontecendo uma super festa repleta de universitários. Uma colega do curso
quem está dando essa festa e me convidou, é claro! O que mais recebo são
convites de festas e de happy hour com os colegas, graças à popularidade.
Ser popular deve ser um dom meu, porque desde que entrei para a vida
escolar eu sou assim, querida por todos, admirada por muitos e invejada por
algumas. Não seria diferente na Universidade.
Mas a razão para eu ter vindo a essa festa tem quatro letras: THEO.
Jordan confirmou que eles virão e ele vai me dar uma força se for
necessário.
Pois é, eu consegui convencer o meu irmão a me ajudar depois de quase
ter chorado e ajoelhado a seus pés. Seguido de seu “sim” recebi apenas uma
ameaça: “Se você o magoar eu vou te matar”, foi a frase mais intensa que já
ouvi dele.
Caminho até a cozinha para beber um copo de água, a ansiedade está me
deixando com sede.
Por que estão demorando tanto para chegar?
Ouço um alvoroço, o que me faz voltar para a sala principal.
Ai, droga! A elite chegou.
Ainda não entendo como meu coração pode bater tão rápido e forte
assim, sinto minhas mãos suarem, porque sei que não vai passar de hoje, ele
vai ouvir o que tenho a dizer, mesmo com a Audrey grudada nele como
carrapato. Ela tinha mesmo que vir?
Ok, parei! Estou sendo injusta, ela é uma boa pessoa e não tenho nada
contra ela.
— E os atletas do Bruins chegaram! — Uma voz feminina praticamente
grita no microfone, quase estourando os tímpanos de todos.
Fico observando eles passarem, sendo recebidos como celebridades. A
festa praticamente parou quando eles chegaram.
Vou esperar um pouco até me aproximar.
Passeio um pouco, vejo meu irmão no maior amasso com uma morena,
ele nunca perde tempo. Continuo e avisto Theo ao lado da Audrey
conversando com algumas pessoas.
É agora!
Eu vou até ele, cumprimento a todos e peço gentilmente para ele me dar
alguns minutos. Theo pede licença, segura meu braço suavemente e nos
leva a um canto onde não tem ninguém.
— Preste atenção, Jasmine — seus olhos estão tão sérios! — Não
importa o que você queira conversar comigo, eu não quero ouvir. Eu estou
bem assim e quero continuar, por isso pare de forçar uma situação.
— Serão apenas alguns minutos, é importante. — Engulo em seco
incomodada com sua frieza.
— Se você ainda não percebeu, eu tenho tentado manter certa distância
entre nós. Respeite isso, por favor.
— Mas você nem ouviu o que preciso te dizer.
— Eu não quero. Continue curtindo a sua vida do jeito que acha melhor,
mas me deixe fora!
Eu mal consigo respirar processando todas as suas palavras, e sem se
importar ele me deixa aqui sozinha. Estou sentindo uma merda de dor no
peito e uma vontade enorme de gritar, porém vou engolir tudo e voltar para
a festa.
Respiro fundo algumas vezes, faço minha melhor expressão de animada
e vou para a sala, onde uma garota visivelmente bêbada tenta acertar a letra
da música no Karaokê.
Sorrio com a ideia que acabo de ter.
Mal a universitária termina de cantar eu me aproximo e pego o
microfone das mãos dela. Pesquiso até encontrar a música que quero e me
viro para frente.
— Quem aí está curtindo a festa? — Pergunto empolgada erguendo um
braço.
Recebo gritos e respostas positivas de todos, que agora prestam atenção
em mim.
— Que ótimo! Fico com um pouco de inveja de vocês, porque não estou
conseguindo curtir nada. Eu magoei um amigo e agora ele não quer mais
conversar comigo. Hoje eu percebo que ele é o melhor amigo que uma
pessoa pode ter e que a única que perdeu nessa história fui eu. Escolhi uma
música que diz muito sobre o que estou sentindo e o que quero dizer. Sei
que meu amigo está ouvindo e se no final da música mudar de ideia só
venha para a sala, não precisa dizer nada, só aparecer aqui no meio de todo
mundo.
Eu aperto o play e canto “Sorry” do Justin Bieber. Algumas mulheres
cantam junto comigo. Lembranças invadem minha mente me mostrando
Theo e eu cantando juntos no karaokê da minha festa de onze anos, ainda
éramos amigos, ele ainda estava do meu lado com seus sorrisos, seu
carinho, sua amizade leal.
Finalizo a canção sentindo um peso querendo esmagar meu peito e
sorrio diante dos aplausos para esconder minha tristeza ao ver que ele não
quis vir para a sala.
Quer saber?
Hora de ser a Jasmine maluca de novo.
Ergo o microfone até a boca:
— Bora curtir na piscina! Quem vem comigo?
Gritos ecoam pela sala, deixo o microfone e saio correndo para a parte
de trás da casa onde tem uma piscina enorme. Paro perto da borda, tiro
minha blusa e pulo na água de sutiã. Várias pessoas vão pulando também.
Mergulho e volto retirando o excesso de água do meu rosto.
— Você canta muito bem — um dos alunos de uma matéria que faço
para perto de mim. — Seu amigo apareceu?
— Infelizmente não.
— Posso ser seu amigo. E tudo o mais que você quiser — o moreno
lindo abre um sorriso conquistador.
— Jasmine!
Eu me viro assim que ouço meu nome sendo pronunciado por essa voz.
Não seguro um sorriso ao ver o Theo em pé perto da piscina olhando para
mim. Um pouco mais distante avisto Jordan, ele acena e volta para dentro.
Vou ter uma chance.
Avanço até a borda, apoio meus antebraços nesta, erguendo minha
cabeça para visualizar seu rosto.
— O que você está fazendo? — Ele se agacha, o que agradeço
mentalmente por não precisar correr o risco de quebrar o pescoço para olhar
para ele.
— Tentando ficar bem depois de você ter ignorado meu pedido de
desculpa. E agora aquele cara diz que quer ser meu amigo. — Viro para
mostrar o moreno bonito, e me volto para o Theo.
Reparo Theo olhar para o homem e me encarar:
— Ele não quer ser só seu amigo. Você é esperta, sabe que ele quer
mais.
— Você me acha esperta?
— Você sabe que é.
— Ouvi dizer que se você tem uma amiga esperta deve mantê-la ao seu
lado.
Ele sorri.
Ai, meu Deus! Ele sorriu para mim!
— Theo, me desculpa. Eu sei que errei feio com você e não há nada que
possa mudar isso. Eu me odeio por ter feito aquilo e se você puder me
perdoar eu prometo que nunca mais vou fazer de novo. Eu sinto falta da sua
amizade, sinto falta de ser alguém importante para você. Por favor me
perdoa! Eu posso te mostrar que não sou mais aquela pessoa.
— Vai me mostrar isso pulando na piscina de sutiã? — Seu tom é
brincalhão.
— Estava frustrada por estar tentando tanto conversar e você não me
ouvir, nem ligar para minha música.
— A música foi boa, não sou fã do Justin Bieber, mas gostei.
— Podia ter aparecido na sala.
— Não sou de me misturar.
— E eu não quero me misturar se você não estiver junto. Me perdoa?
— Eu nunca tinha ouvido você pedir desculpas antes. Eu nem sabia que
Jasmine Foley conhecia essa palavra.
— Para você ver como as pessoas mudam.
— Está bem, eu perdoo você.
— Sério? — Abro um sorriso de orelha a orelha.
Ele confirma balançando a cabeça e eu quero pular de alegria.
— Amigos de novo? — Estendo a mão.
— Amigos — ele aperta minha mão.
Sou ousada e o puxo para dentro da piscina, é mais forte que eu.
Observo ele emergir passando a mão pelos cabelos.
Ele é muito lindo.
— Ótimo jeito de recomeçar!
— Eu sei. — Aproximo mais dele parando a centímetros de distância. —
É para você se recordar de mim com um sorriso.
— Como tem certeza de que vou sorrir ao relembrar desse momento?
Posso sentir raiva, sabia?
— Pode, mas não vai, porque achou divertido.
— Você não tem jeito, Jas — ele acaricia minha bochecha com o polegar
fazendo tudo parar.
— Theo? — Nós dois nos viramos para ver Audrey de sobrancelhas
erguidas olhando em nossa direção. — Resolveu nadar? — Ela cruza os
braços e sorri.
— Jasmine me puxou — ele me olha divertido e caminha para a borda.
Ele vai se afastando com Audrey.
Saio da piscina, visto minha blusa correndo e grito por seu nome. Theo
para e se vira.
— Posso te dar um abraço? — Sei que estou me arriscando demais na
frente de todos, mas e daí? Não ligo se ficarem rindo da minha cara caso ele
diga “não”.
— Pode — responde erguendo e abaixando os ombros.
Eu corro até ele envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço, fecho
os olhos quando seus braços fortes me apertam. Eu não sabia que sentia
tanta falta assim dele.
Tudo ao redor some, como se estivéssemos envolvidos por uma bolha
mágica, onde quero ficar para poder sentir mais e mais o aconchego desse
abraço, o conforto que ele é capaz de me proporcionar.
Abro os olhos quando o sinto se afastar.
— A gente se vê por aí! — Theo acena e vai embora.
Meu corpo não me obedece e dá alguns pulinhos em comemoração.
— Vou ter que ligar para nossos pais e dizer que você ficou louca.
Sossego e sorrio para meu irmão, uma das pessoas que mais amo nesse
mundo.
— O que você disse para ele?
— Que você está se esforçando muito para se desculpar, que se
arrependeu mesmo, que talvez ele devesse levar isso em consideração.
— Te amo! — Abraço meu irmão me sentindo muito agradecida, sem
ele o Theo não teria vindo conversar comigo.
Capítulo 10

Chego ainda sonolento na cozinha e encontro Chase sentado comendo


seu cereal. Nós nos cumprimentamos com um desanimado bom dia e
começo a pegar tudo o que preciso para fazer ovos e bacon.
— Só me explica uma coisa: — ergue sua colher — por que você leva a
Audrey nas festas se não vão transar?
— Porque somos amigos. Não é nada demais amigos saírem para
curtirem uma festa.
— Não uma festa em que todos vão para se pegar. Por um momento
achei que iria ficar com a irmã do WR.
— O quê? — Dou uma risada enquanto mexo os ovos.
— Passei com uma gata e vi vocês na piscina.
— Jasmine é uma amiga de infância. — Derramo os ovos com bacon no
prato e me sento ao lado dele. — Nós dois havíamos nos desentendido e
fomos conversar para resolver a situação.
Chase dá de ombros e volta a comer seu café da manhã.
Ele é um dos melhores jogadores da linha de defesa, seu porte grande o
faz parecer uma muralha no campo e chama a atenção das mulheres, o que
Chase adora.
Ter tocado no nome da Jasmine me leva à noite passada, ao seu pedido
de desculpas e a leveza que inundou meu coração após sua atitude. Eu
jamais esperava isso dela, a Jasmine nunca foi de se desculpar.
Não sei como será a partir de agora, a única coisa que tenho certeza é de
que eu preciso proteger meu coração, porque estar perto dela, sentir seu
perfume e ouvir o som de sua risada a torna atraente demais.
Termino o café da manhã e vou para meu quarto, tenho atividades da
universidade para fazer.

“Oi, Theo. Caso não tenha meu número salvo, é a Jasmine. Como você
é impossível de encontrar no campus decidi enviar essa mensagem para ver
se podemos nos encontrar de vez em quando para conversar um pouco. Sei
que ainda não somos amigos, mas eu gostaria de voltar a ser sua amiga, e
para isso precisamos voltar a conhecer um pouco do outro. Se você
concordar podemos nos encontrar antes da aula para um café, ou quem
sabe mais tarde. Vou ficar esperando sua resposta.”

Sorrio ao terminar de ler o texto que ela me mandou como mensagem.


Estamos no meio da semana e confesso que toda vez que caminho pelo
campus observo ao redor verificando se ela está por perto.
Respondo sua mensagem:

“Oi, Jasmine. Acabei de salvar seu número 😉 . Não vejo problema em


conversarmos um pouco. Podemos tomar café no campus amanhã, o que
acha? Te encontro lá meia hora antes da aula, está bom para você?”

Segundos depois sua resposta chega:

“Está perfeito para mim. Te vejo amanhã 😊.”

Seguro o lábio inferior com os dentes contendo um sorriso ao pensar em


encontrar a Jasmine outra vez.
Será que voltar a ser amigo dela será algo bom?

— Bom dia! — Ela abre um sorriso encantador ao me ver.


— Bom dia. — Ajeito a alça da mochila em meu ombro. — Vamos lá?
Jasmine concorda com a cabeça e caminhamos lado a lado até o Café do
campus.
— Como você está? — Ela puxa assunto enquanto andamos.
— Estou bem, só com um pouco de fome. — Brinco fazendo-a rir.
No Café fazemos nosso pedido e nos sentamos.
— Não acredito que ainda não é de tomar café— ela sopra o líquido
escuro em seu copo.
— Bebo às vezes, geralmente quando fico acordado até tarde fazendo
algum trabalho da universidade.
— Você acabou herdando os hábitos alimentares do seu pai.
— Verdade. Ter uma alimentação saudável faz bem — tomo um gole do
meu suco.
— O que você está cursando?
— Engenharia elétrica e de computação.
— Uau! Só o nome do curso faz meu cérebro entrar em curto. Combina
com você, pois sempre foi muito inteligente.
— Quando você aprende do início fica mais tranquilo, porém confesso
que algumas matérias me deixam a ponto de enlouquecer.
— Imagino.
— E você cursa o quê?
— Comunicação, algo bem mais simples.
— Combina com você.
Contemplo seu sorriso leve e o brilho de seus olhos, a Jasmine tem em
seu rosto a combinação perfeita de meiga e provocante.
— Como é sua rotina aqui? Não deve ser fácil estudar e ainda ser um
atleta.
— Não é. Há semanas em que chego no sábado praticamente morto de
tão cansado, mas eu gosto, principalmente dos treinos. Eu amo tudo o que
envolve o futebol americano e jogar é tudo pra mim, eu me sinto vivo
quando estou no campo.
— E você joga incrivelmente bem.
— Obrigado. Às vezes os treinos são desgastantes e ainda temos a
musculação, mas vale a pena todo o esforço quando seguro a bola e corro
pelo campo sentindo a adrenalina percorrer todo o meu corpo.
— Parece ser bem cansativo mesmo, entendo que o seu amor pelo
esporte faz tudo isso compensar.
É um pouco estranho estar aqui conversando com ela depois de tanto
tempo, mesmo tendo sido amigos e a conhecendo desde pequeno sinto que
estamos distantes, como se não nos conhecêssemos mais.
A ideia dela de nos encontrarmos para conversar um pouco de vez em
quando não é nada má.
Então sinto duas mãos tapando meus olhos, eu as toco e sorrio sabendo
quem chegou:
— Audrey!
— Como acertou? — Ela surge ao meu lado com seu sorriso simpático,
dá um beijo em minha bochecha e cumprimenta a mim e a Jasmine.
— Intuição — respondo.
— Sei. Vão ficar de papo mais um pouco ou vão para a aula também?
Confiro as horas em meu relógio de pulso, em dez minutos irá começar a
primeira aula.
— Estou indo, não posso me atrasar — volto a olhar para Jasmine. —
Foi um prazer conversar um pouco com você, agora temos de ir. — Eu me
levanto.
— Digo o mesmo — ela também se levanta.
Nós nos despedimos com um aceno e vou acompanhando Audrey até a
sala dela.
Capítulo 11

Péssima ideia essa que eu tive de vir tomar café no campus hoje! É
óbvio que eu não encontraria o Theo, mas quis reviver o breve momento de
ontem.
Foi tão bom estar com ele!
E eu quero mais, muito mais.
Não sou de medir esforços quando quero algo e eu quero ser próxima do
Theo outra vez, quero poder conversar por horas com ele sem faltar
assunto, poder abraçá-lo em todo momento que der vontade, e fazê-lo rir, só
para me deliciar com seu sorriso perfeito.
Um Golden boy nunca fez meu tipo, mas parece que esse fato acabou de
mudar.
Espero a noite chegar e envio uma mensagem para ele sugerindo
tomarmos o café da manhã todos os dias no campus.
Começo a roer a unha do meu polegar direito de tanta ansiedade ao
esperar a resposta dele.
Espero e nada.
5 minutos.
10 minutos.
30 minutos.
Decido ir dormir, desanimada por ter ficado sem uma resposta.
O dia começa agitado, tomo um banho e me visto. Como não estou com
muita vontade de cozinhar como um cereal com leite, pego minha mochila,
meu celular e vou para o campus.
A caminho da sala da minha primeira aula a Miss Simpatia surge me
cumprimentando.
— Você sempre se veste fashion assim? — Ela abaixa a mão e a ergue
apontando para o meu visual.
— Gosto de me sentir bonita.
— Autoestima é essencial. Podíamos almoçar juntas hoje, se quiser,
pode me ensinar alguns truques de moda.
— É uma boa ideia.
Combinamos o almoço e vou para minha aula. Ao me sentar pego o
celular para ver se tem novas mensagens e o maior sorriso que tenho se
forma em minha face.

“Oi, Jasmine. Desculpe a demora em responder, eu estava estudando


ontem à noite para uma prova que terei hoje. Por mim não há problema em
nos encontrarmos toda manhã. Já está valendo para amanhã?”

“Claro! E boa sorte na prova.”

“Valeu 😉”.

Mal posso esperar para chegar amanhã.


Enquanto isso, o almoço com Audrey é revelador:
— Você namora? — Pergunto aproveitando a oportunidade.
Ela para a mão com o garfo no meio do caminho até a boca e o devolve
ao prato.
— No momento não. Eu namorei por três anos e meio, porém no último
semestre terminamos, nós acabamos nos distanciando muito por cada um
estudar em uma universidade diferente.
— Muitas vezes a distância prejudica mesmo. É um saco — sorrio em
solidariedade. — O lado bom é que está solteira e pode sair com quem
quiser.
— Não sei mais fazer isso, tipo flertar com alguém, prefiro meu
vibrador, ele me atende bem e não preciso me desgastar tentando conquistá-
lo.
Nós duas rimos.
— Você costuma usar vibrador também? — Ela é direta.
— Não! Não sou muito fã, gosto do original.
— O problema é que nem sempre tem original disponível.
— Sempre tem. Se você se der uma chance e for a uma dessas festas
sozinha, sem levar o Theo, tenho certeza de que irá aparecer alguém para te
dar um sexo incrível. Se quiser posso te ajudar a escolher o look.
— Eu quero!
Gostei muito da ideia de ajudar a Miss Simpatia a encontrar as roupas
perfeitas para chamar a atenção dos homens onde for.
— Você nunca ficou a fim de um cara aqui da universidade?
— Pouco depois que meu namoro terminou eu comecei a me interessar
pelo Jordan.
— Meu irmão? — Fico chocada.
— Sim. Eu cheguei a comentar com o Theo, mas ele pediu para
esquecer, porque o Jordan tem uma paixão secreta por uma mulher que não
o quer, então sai pegando todas.
— Não sabia dessa paixão secreta. Se o Theo falou é verdade, porque
aqueles dois sabem tudo um do outro.
— Pois é. Nesse dia o Theo ainda me disse para não me interessar por
nenhum dos amigos que moram com ele, para ele não ter que partir a cara
de alguém lá se me magoasse. Depois fiquei sabendo que ele deu ordens
rígidas para nenhum dos três se engraçarem comigo.
— Uau!
Será que o Theo é a fim da Miss Simpatia e não tem coragem de se
declarar?
Ou tudo isso é só cuidado por gostar muito da amiga?
De qualquer forma não gostei muito do que acabei de ouvir.

Eu me visto sem deixar muita pele à mostra, porém de um jeito sexy,


para que o Theo me note durante esse café da manhã.
Quando chego ao campus ele está me esperando e, sem permissão, meu
coração acelera ao ver esse homem maravilhoso sorrindo de leve para mim.
Seguimos para o Café, mal me sento vou logo perguntando:
— Sei que não precisava fazer essa pergunta, porque você é super
inteligente e estudioso, mas só para confirmar vou perguntar: você foi bem
na prova ontem?
Ele ri e eu quase caio da cadeira por tanta beleza.
— Sim, tive sorte.
— Quanta modéstia!
Um sorriso tímido surge e ele abaixa a cabeça, quando volta a olhar para
mim há uma mecha de seus cabelos caindo em sua testa. Seguro meu copo
de café com as duas mãos para me obrigar a não ajeitar seus cabelos.
— Por que não me fala um pouco sobre você? — Peço para desviar
minha atenção da mecha em sua testa. — Fora o futebol, o que gosta de
fazer? Que tipo de filme e música prefere, essas coisas.
— Depois que me tornei um atleta universitário quase não tenho tempo
para outras coisas, no entanto ainda gosto muito de jogar videogame, de
nadar, de dormir. — Nós dois rimos. — Agora, música, eu ando preferindo
as mais calmas como clássicas ou um pop leve, com uma melodia gostosa
de se ouvir, nada que faça muito barulho, porque minha mente já anda
cansada o bastante e tudo o que precisa é relaxar.
— Te entendo.
— Agora é minha vez: por que foi transferida?
— Ah! — Não era algo que eu gostaria de contar logo para ele. — Bem,
— coço a sobrancelha procurando as palavras certas — sem rodeios: eu me
envolvi com um professor na outra universidade, meu pai descobriu, achou
um absurdo e deu um jeito de me mandar para cá, perto do meu irmão.
— Sério? — Ele ergue as sobrancelhas surpreso. — Como o tio Josh
descobriu?
— Não consigo esconder nada dele — ergo as mãos e as abaixo. — Eu
amo demais o meu pai, ele é a pessoa mais incrível do mundo e em quem eu
mais confio. Eu amo a minha mãe também, ela é uma mulher foda demais,
no entanto meu pai é diferente e eu odeio decepcioná-lo.
— Quando é que você vai parar de aprontar? — Seu sorriso é divertido.
— Eu não apronto, apenas tento curtir a vida aproveitando as
oportunidades que ela me dá.
— Você não pensa em ter a relação que seus pais têm quando olha para
os dois juntos? Um relacionamento sério com uma pessoa, sabe?
— Penso. Na verdade, comecei a pensar nisso. — Quase disse que ele é
o motivo de eu pensar em relacionamento, mas desisti.
— E antes nunca cogitou em encontrar a pessoa certa?
— Não sei — dou de ombros. — Só me importava em curtir com as
erradas. — Não resisto a rir e ele acaba rindo comigo.
— Não lembro de ver você curtindo a festa onde nos encontramos.
— Depois da nossa conversa eu fui embora. Ultimamente tenho ficado
mais na minha, sabe? Não tenho tido vontade de sair pra curtir como antes.
— Há algo de errado com você? Está ficando deprimida? — Uma
preocupação genuína domina seu olhar.
— Não, não é nada para se preocupar. É só que me sinto diferente, devo
estar amadurecendo — brinco.
— É algo bom, então. — Theo checa as horas em seu relógio. — A
conversa está ótima, porém temos de ir, a primeira aula nos chama — ele se
levanta.
Concordo e me levanto, seguimos caminhos diferentes. A cada passo me
sinto levitando por ter conversado tanto com ele em tão pouco tempo.
Capítulo 12

— Como foi seu fim de semana? — Admiro sua boca se fechando em


volta do canudo para tomar o suco.
— O mesmo de sempre: treino, estudar, jogar um pouco de videogame e
dormir. Aposto que o seu foi mais agitado — sorri para mim me fazendo
derreter.
— Se ficar adiantando algumas matérias da universidade e maratonar
séries for algo agitado, então sim, meu fim de semana foi bem agitado.
— Jasmine Foley passando o fim de semana em casa? Você anda me
surpreendendo bastante.
Eu sorrio orgulhosa de mim por estar conseguindo causar uma boa
impressão nele.
Minha língua coça para dizer que tudo que tenho feito é por causa dele,
é porque eu penso nele quase 24 horas por dia, é por eu desejar estar perto
dele o tempo todo e querer que ele goste de mim como antes.
Vejo Audrey chegar e tapar os olhos dele como fez outro dia, ele
adivinha que é ela, claro! E ao tocar as mãos dela segura uma quando a
Miss Simpatia as retira de seu rosto.
Fico observando a cena: ele ainda segurando a mão dela e dando um
sorriso enorme para ela, ao mesmo tempo em que ela sorri para ele.
— Está diferente hoje, parece mais feliz — Theo nota algo nela.
— Tive um fim de semana bom — ela olha de relance para mim ainda
sorrindo e entendo que ela conseguiu transar.
Como estou me sentindo uma intrusa no meio deles peço licença me
levantando, despeço e sigo para a aula sentindo um aperto ruim em meu
peito.
Audrey e eu almoçamos juntas e ela me conta como teve uma noite
incrível no sábado, até me agradece. Fico contente por ela.
— Como consegue ser só amiga do Theo? — Tenho que perguntar antes
que isso me mate. — Quero dizer, vocês estão quase sempre juntos, vão a
festas, trocam beijos no rosto às vezes, você está solteira, ele também. Não
entendo por que nunca ficaram.
— Porque somos só amigos — seu sorriso meigo surge em seus lábios.
— Algumas pessoas foram feitas para serem amigas. Você não tem um
amigo assim também?
— Sinceramente, não, mas meu pai tem uma amizade desse jeito, os
dois são melhores amigos há anos e são muito unidos.
O assunto muda e ela começa a falar sobre a oportunidade de estágio
que recebeu.

O início das minhas manhãs tem sido bem melhor depois que comecei a
tomar o café da manhã com a Jasmine, pena que passa tão rápido.
Hoje mal nos sentamos já estava na hora de eu vir para a primeira aula,
que é a pior do dia de hoje.
O professor caminha no corredor entregando as provas e quando a
minha chega eu quase surto.
— Sr. Jones, tem certeza de que minha nota está correta? — Ergo a
prova para ele conferir, não pode estar certo.
— Tenho certeza absoluta, Sr. Williams. Você deve estar acostumado a
ser tratado diferente por outros professores que bajulam atletas, eu não faço
isso, então é bom estudar de verdade para as minhas provas e trabalhos.
— Mas eu estudei — estou praticamente desesperado. — E estudei
muito. Eu não sou bajulado por ninguém, minhas notas são resultado do
meu esforço.
— Posso ver o tamanho do seu esforço — ele dá um sorriso zombeteiro
mudando o olhar para minha prova e depois para mim.
Eu me levanto irritado, e apressado vou saindo da sala.
— Se sair levará falta, Sr. Williams! — Seu tom é de advertência.
Não me importo e saio assim mesmo, estou inconformado com o 4
escrito em minha prova. Eu nunca tirei uma nota tão ruim.
Como fui tirar só 4 pontos em uma prova valendo 10?
Vou para o último andar me isolar na ampla sala. Sento no chão atrás de
um sofá, onde apoio as costas e a cabeça.
Eu não posso ter errado tanto nessa prova. Vou corrigir cada questão.
Ergo a mão com a prova e a decepção me invade com um misto de
tristeza e fracasso. Expiro fundo para me recuperar.
Retiro meu celular da mochila, não quero ficar sozinho, mas ao mesmo
tempo não posso tirar ninguém da aula. Então só para desabafar envio uma
mensagem para a Jasmine:

“Estou mal. Tirei uma péssima nota em uma prova, o pior é que estudei
muito, não era para ter me saído tão horrível.”

Envio a mensagem e encosto a cabeça no sofá fechando os olhos. Em


instantes sinto o celular vibrar em minhas mãos. É uma mensagem dela.

“Você não é menos inteligente e admirável porque tirou uma nota ruim,
isso acontece. Esse professor está dando aula ou vai corrigir a prova?”

“Não sei, eu saí da sala.”

“Onde você está?”

“Vim esfriar a cabeça aqui no último andar. Não se preocupe, só mandei


a mensagem para desabafar e me sentir um pouco melhor.”

Ela não responde mais.


Vou ficar aqui um tempo tentando me conformar, de olhos fechados e
escondido de todos.
Minutos depois ouço passos, abro os olhos e dou de cara com a Jasmine
sentando-se ao meu lado deixando sua mochila sobre o chão.
— Você não pode matar aula por minha causa.
— E você não vai ficar aqui sozinho e triste quando precisa de um
amigo.
Eu abaixo a cabeça me sentindo triste.
— Qual é, Theo? Erga a cabeça! Você vai conseguir recuperar essa nota,
eu sei. Tirar nota baixa é um saco, mas acontece. Pode ser que você não
estava em um dia bom quando fez a prova, você é humano, não tem
problema não ser perfeito o tempo todo.
Viro o rosto para olhar para ela e seu sorriso de incentivo me faz sorrir
também. Ela é tão linda!
— Não fica triste, por favor! Você vai recuperar, eu sei que vai, acredito
em você.
— Obrigado — eu abaixo a cabeça e meu cabelo cai em meu rosto.
Sinto o toque leve da ponta do seu dedo em minha testa para endireitar
as mechas que desceram. Volto a olhar para ela com o coração batendo em
um ritmo diferente, mais forte, mais rápido, mais intenso.
— Pretende ficar aqui até quando? — Ela recolhe sua mão.
— Não sei, até eu me sentir melhor, eu acho. — Contemplo o piso à
minha frente.
— Beleza. Vou ficar aqui te fazendo companhia. Não precisa conversar
se não quiser, mas não saio daqui sem você.
— Não faça isso! Você não pode perder aulas.
— Consigo a matéria depois — dá de ombros.
— O tio Josh não vai gostar de saber disso.
— Ele não vai se importar quando souber que fiz isso para poder ficar ao
lado de um amigo que estava triste.
Não resisto a rir e o brilho de seus olhos escuros chama a minha atenção,
é um brilho que eu não via há anos nela.
E como afirmou, ela fica comigo, ora conversando, ora em silêncio. Até
que o horário do almoço chega e nós dividimos uma barra de cereal que
estava em minha mochila. Eu falei para ela comer a barra toda, mas ela a
partiu me entregando a metade.
No fim do almoço eu me levanto, já é hora de voltar, eu não vou ficar
me lamentando, tenho de correr atrás do prejuízo e impedir que a Jasmine
mate mais aula por minha causa.
Quando descemos encontro uma colega que faz a matéria do Sr. Jones.
— Theo! Finalmente te encontrei! — Ela parece estar feliz e tira o
caderno de sua bolsa. — Depois que você saiu da sala o Sr. Jones passou
um trabalho de recuperação para entregarmos amanhã, porque ninguém
conseguiu tirar a média na prova dele.
Jasmine e eu nos entreolhamos.
— Posso tirar foto do seu caderno?
— Claro! — Ela segura e eu tiro foto dos tópicos que o professor exige.
— Muito obrigado mesmo!
— Tudo bem — suas bochechas coram. — Posso te pedir um favor?
Não é em troca de ter falado sobre o trabalho, é para aproveitar que
consegui um motivo para falar com você.
— Pode pedir.
— Você me dá um autógrafo? — A garota estende o braço com o
caderno me fazendo rir.
— Sim.
Ela me empresta uma caneta e eu autografo com o nome dela e uma
mensagem de agradecimento, que a deixa super feliz, a ponto de ir
saltitando.
— Cara! Não devo conseguir dormir nada essa noite para dar conta
desse trabalho — expiro entrando em desespero.
— Antes de surtar me escuta! Tenho dois pedidos para fazer.
— Ok. Não demore, porque não quero que se atrase.
— O primeiro: também quero um autógrafo — nós dois rimos. — E o
segundo: posso te ajudar com seu trabalho.
Fico surpreso agora.
— Sei que não domino nenhuma das matérias que você faz, mas você
pode me enviar esse roteiro para o trabalho, enquanto você treina eu vou
para a biblioteca usar um computador e pesquisar todos esses tópicos.
Depois que chegar em casa é só organizar o conteúdo, acrescentar o que
achar necessário e formatar. Na verdade, eu posso formatar para você.
— Eu não posso aceitar. Você tem suas atividades da universidade,
precisa descansar.
— Amigos ajudam um ao outro. Eu estou tranquila hoje e você está
quase arrancando os cabelos com medo de não dar conta. Eu quero ajudar.
— Está bem — ergo as mãos vencido. — Vou te enviar a foto que tirei.
Muito obrigado.
Jasmine sorri contente e se vira indo para sua próxima aula.
Essa garota é demais!
Capítulo 13

Obrigo minhas pálpebras a abrirem, estão muito pesadas depois de eu ter


ido dormir à uma da manhã, porque fiquei em uma videoconferência com o
Theo até esse horário esperando ele terminar seu trabalho.
Após o treino ontem eu o encontrei para dizer que enviei para ele o
conteúdo que consegui pesquisar, ofereci ajuda durante o trabalho,
acompanhando tudo por videoconferência. E foi o que fiz. Agora preciso de
um café bem forte para me manter acordada.
Caminho rápido até o campus e o encontro com seu sorriso inigualável
para o nosso costumeiro café da manhã.
— Ainda não sei como agradecer por ter me ajudado tanto com o
trabalho!
— Eu sei como: tire uma nota ótima, isso vai me deixar muito feliz.
— É o mínimo que posso fazer depois de ter feito você perder aulas
ontem por eu ter sido um bobo fraco e imaturo.
— Ah, para! Não fale assim! Quer saber? Você se cobra demais e isso
não é saudável, sabia? Precisa relaxar de vez em quando. E acabo de ter
uma ideia! Sai comigo hoje à noite? Sei que temos aula amanhã e você
treinos e tudo o mais, porém você vai poder relaxar um pouco, se desligar
de tantas obrigações.
Eu tenho quase certeza de que ele vai negar, hoje é quinta-feira, duvido
que ele vá querer sair. Theo morde o lábio inferior tentando se decidir.
— Ok.
— OK? Você vai sair comigo? — Não acredito.
— Sim, vou deixar você me mostrar como relaxar.
Meu Deus!
Theo vai mesmo sair comigo!
Mais tarde, desço correndo quando o táxi chega, vamos passar na casa
dos rapazes para buscar o Theo e ir para a boate que escolhi.
Ele entra no táxi me cumprimentando.
— Estava com medo de você estar quase pelada.
Ele nos faz rir.
Ainda bem que pensei bem no look que seria ideal e escolhi uma calça
jeans preta de cintura alta e um cropped branco, que deixa apenas uma
pequena parte da minha barriga de fora. Prendi meus cachos em um rabo no
alto da cabeça e calcei um peep toe preto.
Theo está muito lindo em seu estilo casual e cheiroso.
Como seu perfume é gostoso! Preciso encontrar um assunto que me
distraia da tentação de agarrá-lo.
— Tem uma ideia de onde estamos indo?
— Não sei. Um bar, uma boate, um parque?
— Dentre esses você acertou. E acabamos de chegar. — Eu pisco para
ele quando vejo que o carro parou.
Entramos caminhando de mãos dadas, de jeito nenhum quero correr o
risco de perdê-lo aqui dentro.
— Vamos dançar um pouquinho para você se divertir.
— Não sou tão bom em dançar — faz uma careta fofa que me dá
vontade de morder suas bochechas.
— Tudo bem, não estou aqui para te avaliar, quero te ver relaxado. Só
siga a música, vale tudo, até dancinha da Wandinha — brinco para ele ficar
menos tenso.
Theo começa dançando tímido, então estendo o braço pousando minha
mão em sua cintura para ajudá-lo a se mexer mais.
Em questão de minutos ele está mais à vontade e ri enquanto dança.
Quando começo a suar seguro sua mão e o peço para irmos até o balcão
beber alguma coisa.
Sentados eu me viro para ele:
— O que você gosta de beber?
— Suco. Refrigerante.
— Não, seu bobo! Bebida alcóolica.
— Ah! Eu não bebo. Geralmente sou eu quem está dirigindo, então não
abuso.
— Entendi. Você já provou alguma bebida alcóolica?
— Não.
— Não acredito! Como conseguiu chegar aos vinte sem beber nem uma
cerveja?
Ele ergue as mãos balançando a cabeça em negativa.
— Você vai provar hoje para ver se gosta de alguma. Não está dirigindo,
então pode beber o que quiser. Eu não vou beber demais para ter alguém
sóbrio, ok?
— Você sóbria? — Vejo que ele acha graça.
Peço ao barman uma cerveja e uma dose de vodka saborizada.
— Experimente a cerveja primeiro, é mais leve.
Ele leva a garrafa à boca e faz uma careta levando a mão à boca.
— Isso é horrível! Credo! Tem um gosto estranho, meio amargo, ruim
pra caramba!
Não resisto a rir.
— Tudo bem, nem todo mundo gosta. Prove a vodka, é a favorita de
muitos jovens.
Devagar ele leva a dose aos lábios e prova a bebida, fazendo outra
careta.
— Ah! A vodka é boa, vai? Vire a dose toda.
Reparo que ele faz o que peço, ele toma tudo e aperta os olhos com força
me fazendo rir.
— Melhor que a cerveja, mas... — Ele só balança a cabeça.
Peço água para o barman e uma porção de aperitivos.
— Você não pode ficar bebendo com o estômago vazio, senão vai acabar
passando mal. Quer experimentar outras?
— Vai me fazer tomar todos os tipos até eu ficar bêbado?
— Talvez — brinco.
Nós dividimos os aperitivos enquanto conversamos. Eu me sinto
contente ao vê-lo rir, só quero que ele curta essa noite sem se preocupar
com nada.
Seus lábios abrem um largo sorriso que marca bastante sua covinha
direita, deixando-me com vontade de beijá-lo bem ali.
— O que acha de provar Gin?
— Se queria me matar por ter feito você perder aulas era mais fácil ter
me dado um tiro — ele está se divertindo.
— Prometo te dar um suco antes de irmos embora.
O Gin chega e Theo bebe a dose toda.
— Acho que já estou ficando estranho.
— Vamos parar então. Será que ainda consegue dançar?
Observo ele se levantar, segurar minha mão e me levar para a pista de
dança.
É óbvio que o álcool está fazendo efeito, pois ele está mais solto,
dançando sem aquela timidez costumeira.
Em uma música ele me puxa colando nossos corpos, chego a parar de
respirar assim que sinto seu corpo quente e seu perfume invade minhas
narinas.
Viro o rosto um pouquinho observando as pintinhas que ele tem no lado
esquerdo do rosto, faço uma força descomunal para não beijar cada uma
delas. Tento focar na música e na dança para não estragar tudo.
Ele acaba bebendo mais uma dose de vodka saborizada e continuamos
dançando até quase meia-noite, levo um susto ao ver as horas. Eu o faço
tomar um suco antes de irmos para ajudar a amenizar a ressaca no dia
seguinte.
Vamos embora de táxi e, antes de chegarmos à casa dele, Theo dorme no
carro com a cabeça apoiada em meu ombro. Ligo para o Jordan vir me
ajudar a levá-lo para o quarto e peço ao motorista para me esperar.
— Não acredito que deixou ele bêbado — olha para mim com
reprovação.
— Tudo tem que ter uma primeira vez. Ele está sobrecarregado e precisa
relaxar de vez em quando, só tentei ajudar. Cuide dele amanhã! Não o deixe
perder a hora da aula e o faça comer antes de sair.
— Tá legal. Pode ir.
— Boa noite, maninho lindo! — Eu o abraço, beijo sua bochecha e vou
embora correndo.
Quando chego eu me deito e apago.
Acordo num salto com o toque do despertador.
Sigo a rotina e ligo para o Theo quando vou tomar o meu café, quero me
certificar de que ele não vai perder a primeira aula hoje.
— Oi — ele atende com a voz meio desanimada.
— Bom dia, Theo! Só quero saber se você está bem e quase pronto para
ir à universidade.
— Bom dia. Estou sim, não se preocupe, o Jordan está cuidando bem de
mim.
— Vá se ferrar! — Ouço meu irmão gritando ao fundo.
— Ótimo. Boa sexta para você!
Nós nos despedimos e eu termino meu café da manhã satisfeita por ele
estar bem.
As primeiras aulas são as mais difíceis, fico um pouco sonolenta, no
entanto consigo prestar atenção na maior parte do tempo.
No horário de almoço recebo uma mensagem da Miss Simpatia
perguntando onde estou, pois ela quer conversar comigo. Termino meu
almoço e peço para ela me encontrar na frente do restaurante.
Ela chega com uma expressão nada amigável, é a primeira vez que vejo
seu rosto meigo emburrado.
— Você ficou maluca, Jasmine? — Seu tom é mais alto e grave.
— O que aconteceu?
— Você embebedou o Theo ontem! Fez ele chegar atrasado na primeira
aula hoje. Era para isso que você queria ser amiga dele? Para fazê-lo se
perder?
— Calma, Audrey! Eu só o levei para se divertir um pouco.
— Incentivando-o a ficar bêbado? Que ótima amiga você é!
— Olha, não estou entendendo o motivo de estar tão nervosa comigo. O
Theo está bem e não faltou à aula. Ele estava todo preocupado e precisava
sair um pouco.
— Você está querendo mudar ele e isso não é certo! Acho que foi um
erro ter tentado ajudado você a pedir desculpas — Audrey se vira e sai
apressada.
Eu fico imóvel tentando entender o que foi que acabou de acontecer.
No final da aula vou até o estádio para ver o Theo e quando ele surge
meu coração salta. Eu penso em me aproximar, mas ele é mais rápido e vem
até mim assim que me vê.
— Oi — sorri como sempre.
— Oi. Eu queria me certificar de que você está bem.
— Sério?
— Theo, se eu prejudiquei você ontem eu quero me desculpar — estou
me sentindo mal depois do esporro que levei da Audrey. — Se eu tiver
passado do limite te deixando bêbado e sendo a responsável por você
chegar atrasado hoje, eu peço desculpa, não foi essa a minha intenção, eu só
queria que você se divertisse um pouco. — Disparei a falar rápido levando
a mão à testa tentando decifrar a expressão neutra dele.
— Hey! — Sua mão segura a minha tirando-a da minha testa e a
abaixando. Seu polegar começa a acariciar as costas da minha mão
acalmando meu coração. — Respira! — Ele ri.
— Eu não quero te prejudicar.
— Que neura é essa? Você não me prejudicou em nada. Tive um pouco
de dificuldade para acordar e saber quem eu sou, — ri divertido — mas fora
isso estou bem e vou treinar. A noite passada foi divertida, valeu a
experiência e estou me sentindo bem, de verdade. Você conseguiu me fazer
esquecer um pouco das obrigações e relaxar.
— Verdade? — Se eu fosse mais emotiva iria chorar agora.
— Por que eu mentiria?
— Então vai se cobrar menos a partir de agora? Se culpar menos e
aceitar que não dá para ser perfeito o tempo todo?
— Eu prometo tentar — ele ergue a mão direita com o dedinho
estendido.
Sorrio para sua face tranquila e entrelaço meu dedinho no dele.
— Agora tenho de ir. O treinador vai arrancar minha pele se eu me
atrasar. Obrigado pela noite passada!
É impossível me conter, eu avanço, seguro seu rosto e dou um beijo
estalado em sua bochecha, sorrio para ele e vou embora logo.
Capítulo 14

— Hoje tenho que terminar um trabalho sobre Métodos Numéricos e


Programação, deixei a última parte para a última hora, mas está tranquilo,
acho que dou conta sem minha ajudante.
— Que bom. Um ajudante seria perfeito para uma tarefa que pretendo
fazer no sábado, eu não gosto muito, porém não tenho outra opção. Bem
que alguém poderia ser amigo e me ajudar. — Brinco para ver o que ele vai
falar.
— Dependendo do horário e do que for eu posso te ajudar.
— Não dá, você tem treino. E aposto que se souber o que é vai arrumar
qualquer desculpa para não ir.
— Se puder deixar para domingo e me dizer do que se trata.
— Posso deixar sim. Você não vai querer me ajudar.
— Tente!
— Faxina.
Sua risada rompe em uma gargalhada e eu começo a rir também.
— Se quer mesmo ajuda eu posso ir no domingo.
— Está brincando!
— Claro que não! Amigos são para esses momentos. Pode contar
comigo — pela sua expressão ele está mesmo falando sério. — Tenho três
dias para me preparar psicologicamente, sem contar hoje.
— Quero só ver como vai ser essa faxina — rio ao imaginar ele
limpando uma casa.
— Bom dia! — A Miss Simpatia chega contente.
No início da semana ela veio conversar comigo, pediu desculpas pelo
surto dizendo que exagerou. Quem é que vai entender?
O domingo chega, atendo a porta e meu sorriso se abre em resposta ao
seu. Ele veste uma camiseta que deixa os ombros largos à mostra, e um
boné com a aba para trás. Ele é sempre tão fofo!
— Você veio mesmo! — Abro espaço para ele entrar.
— Foi o combinado — ele passa por mim entrando. Eu seguro seu
queixo e puxo seu rosto para dar um beijo em sua bochecha.
Seus lábios se curvam em um riso de lado marcando sua covinha direita,
do jeito que me derrete toda.
Fecho a porta e me viro, Theo está com as mãos nos bolsos da bermuda
observando minha sala.
— Gostando do que vê? — Paro ao seu lado.
— Bonito e aconchegante para uma Foley — sorri e eu reviro os olhos.
— Você vai conhecendo cada canto enquanto limpa. — Atravesso para a
cozinha indo em direção à pequena área de fora pegar a vassoura e o meu
Mop.
— Nossa! É assim? — Suas sobrancelhas se erguem ao me ver voltar
com os itens.
— Vamos começar limpando o chão, depois tem mais.
— Não oferece nem um café antes? — Seu riso é de diversão.
— Deveria ter tomado café em casa — passo o cabo do esfregão para
ele. — Vou varrer e você vai passando o esfregão. Deixa eu te explicar
como usa.
Assim que coloco o esfregão no balde ele segura firme o cabo me
impedindo de fazer qualquer movimento.
— Eu sei como funciona.
— Mentira! — Cruzo os braços em frente ao peito duvidando.
Theo dá de ombros, molha o esfregão no balde e o encaixa no cesto
forçando para baixo, fazendo-o girar para retirar o excesso de água. Então o
coloca no chão e me encara:
— E então?
— É, você sabe — seguro a vassoura e começo a varrer a sala.
— Não vai colocar nem uma música para ajudar a animar?
— Como você é chato! — Pego meu celular rindo e deixo ligado em
uma rádio qualquer.
Finalmente começamos e eu tenho de me esforçar para não ficar parada
observando seus braços fortes manejando o esfregão.
As músicas que Theo conhece ele começa a cantar e arrisca alguns
passos, eu balanço a cabeça rindo.
— Você é sempre tão animado?
— Acho que sim — ele para me encarando. — Principalmente se for
para ajudar alguém.
— Bom saber! Vou sempre chamar você quando precisar limpar bem
meu apartamento. — Sorrio brincando.
— Sem exploração, hein? — Seus olhos ficam semicerrados e ele volta
a limpar o chão.
Reparo que quando entramos em meu quarto o seu rosto cora, o que me
faz ter vontade de morder suas bochechas, mas é claro que me contenho.
Lembro que Theo sempre foi um tanto tímido e essa sua característica
deve ser uma das coisas que deixam as mulheres da universidade
louquinhas por ele.
Chegamos na cozinha, sua cabeça começa a se movimentar com a
música que começa a tocar, e dessa vez ele canta mais alto fingindo que o
cabo do esfregão é um microfone.
Não acredito quando ele começa a dançar e cantar a plenos pulmões a
música “You”ve got the music in you” do New Radicals. Ele não se importa
com meus risos e se aproxima segurando minha mão e me puxando para
dançar com ele.
— De jeito nenhum! — Tento me soltar, no entanto ele larga o esfregão
e consegue me levar para perto dele pressionando uma mão na minha
lombar enquanto a outra segura minha mão.
Ele nos conduz ao ritmo da música e eu só consigo rir. Sua mão ergue a
minha e esse maluco me gira, voltando a dançar comigo em seguida.
Eu me deixo ser levada, porque estar com o Theo é uma das melhores
coisas do mundo, eu me sinto em paz, contente e levitando.
Quando a música termina voltamos à limpeza.
— Não sabia que você curtia música antiga. — Estou surpresa por ele
saber cantar a letra de uma música como aquela.
— Eu curto vários tipos de música. Acabei me acostumando porque
ficava muito na oficina do meu pai e lá eles gostam de trabalhar com o
rádio ligado, então aprendi a gostar de várias músicas de outras épocas.
Deveria ouvir também.
— Ah, não! Obrigada.
Eu o observo voltar ao trabalho e expiro fundo ao sentir algo batendo
mais forte dentro do meu peito, o que é bastante compreensível tendo em
vista que um homem lindo e doce está limpando o chão da minha cozinha.
Na hora do almoço peço duas pizzas e refrigerante, ele me fuzila com os
olhos, porque segue uma dieta rigorosa para ficar com esse corpo escultural,
contudo acaba comendo vários pedaços de pizza.
Ao retornarmos para nossa missão nós limpamos os vidros, eu lavo o
banheiro, ele limpa os armários e tira o pó dos móveis.
No fim da tarde desabamos nos sofás da sala.
— Jamais pensei que você era do tipo que sabia limpar a casa —
confesso admirada.
— Eu já ajudei muito os meus pais com essas tarefas.
— Estou morta e você nem parece cansado.
— Sou atleta, esqueceu?
— Vai ficar pra jantar? — Eu quero que ele fique.
— Não, preciso ir para casa e tomar um banho. — Theo se levanta e eu
faço o mesmo.
— Pode jantar e depois você vai.
— Obrigado, mas prefiro ir.
— Aceita um café então! Faz um lanche antes de ir, é o mínimo que
posso oferecer depois de sua ajuda e do show incrível.
Nós dois rimos.
— Eu agradeço, mas fica para outro dia — ele caminha até a porta e a
abre.
— Muito obrigada pela ajuda. — Eu me encosto no umbral desanimada
por ele estar indo embora.
— Disponha! — Ele leva dois dedos estendidos à testa e os afasta, tipo
uma continência. — Eu disse que amigos ajudam em tudo. Tenha uma boa
noite e descanse!
— Você também.
Recebo um breve beijo no rosto e fico contemplando seu corpo de costas
se afastando até virar o corredor para entrar no elevador. Dou um longo
suspiro e volto para dentro fechando a porta.
Sinto a falta dele imediatamente.
Que droga!
Capítulo 15

Desço as escadas correndo, a pressa não me deixou esperar pelo


elevador. Minha mochila bate em minhas costas a cada degrau em que piso.
Ao sair do prédio já avisto seu carro e ele encostado na lateral do capô.
Theo sorri e vem até mim:
— Bom dia.
— Bom dia! — Cantarolo e olho para o carro vendo os outros rapazes.
Chase acena do banco do carona.
— Tenho que te falar algo sobre os lugares no carro.
Ergo minhas sobrancelhas sem saber o que esperar.
— Sugeri de você vir na frente comigo, o que é o mais certo já que é
mulher e o restante são homens. Acontece que o seu irmão chorão reclamou
muito por ter de ir lá atrás com mais dois, todos os três jogadores, e
insinuou que ficariam muito apertados. A solução, segundo ele, seria
colocar o Chase na frente, que é o maior, e você ir ao lado dele, que é seu
irmão. Acha que tem problema?
— Claro que não!
— Beleza. Pode me entregar a mochila que vou colocar no porta malas.
Enquanto ele guarda a mochila eu me acomodo no banco de trás ao lado
do meu querido irmão.
Quando Theo me convidou para ir à praia com eles nesse domingo não
pensei duas vezes antes de aceitar, e agora, a caminho da praia com quatro
homens dentro do carro, eu não me arrependo, estou morrendo de rir de
suas gracinhas.
Chegamos à praia Zuma, em Malibu e a vista é fantástica, a água do mar
é cristalina e ao longe é possível ver algumas montanhas revelando uma
beleza ímpar que agrada os olhos de qualquer pessoa.
Mal colocamos nossos pertences no chão, os rapazes retiram as
camisetas e correm para o mar, com exceção do Theo.
— Não vai entrar?
— Vou te fazer companhia — a covinha direita surge me deixando boba.
— Então vamos também!
Retiro minha regata e a saia. Theo segue o exemplo dos amigos e fica
apenas de bermuda, combinamos de corrermos juntos para a água.
Por um momento é como se fôssemos crianças outra vez, Theo, Jordan e
eu, nos divertindo como se a vida fosse leve, simples e feliz, como se não
houvessem problemas ou cobranças além daqui.
Chase desaparece algumas horas depois, Theo me disse que é normal,
ele não sai de nenhum lugar sem ter beijado alguma garota.
Nós almoçamos em um restaurante e depois Theo e eu vamos caminhar
um pouco pela areia da praia, enquanto Jordan e Phil tiram um cochilo.
— Achei que você saía mais para curtir, tipo o Chase e o Jordan —
comento.
— Nunca fui de sair muito — coloca as mãos nos bolsos da frente.
— Mas agora é popular e as mulheres se jogam em cima de você — rio
me lembrando da lista.
— Geralmente nos fins de semana estudo e coloco as matérias em dia,
saio pouco.
Ainda andando viro o rosto para admirar o mar.
— Essa praia é linda. Vocês vêm muito aqui?
— Cada vez que decidimos sair nós escolhemos um lugar aleatório. Já
fomos em outras praias e hoje escolhemos essa, vamos variando a cada
passeio. Nossa rotina é intensa, às vezes precisamos de um lugar mais
tranquilo para desligar a mente e descansar um pouco.
— Você e o meu irmão encontraram ótimos amigos para dividirem a
casa.
— Sim — sorri todo fofo. — Eles são incríveis.
Eu paro em frente a ele, seguro meu corpo para não o envolver e colar
minha boca na dele, pois estou com uma vontade fora do comum de beijá-
lo.
— Tem sido um máximo ser sua amiga de novo e poder desfrutar esses
bons momentos com você.
— Compartilho o mesmo sentimento — seus lábios se curvam em um
leve sorriso.
Voltamos para junto dos outros e nadamos mais um pouco.
Mais tarde nos sentamos na areia para admirar o pôr do Sol. É tão lindo
e mágico que tiro uma foto para guardar, peço aos rapazes para tirarem uma
selfie comigo tendo como fundo o pôr do Sol, e a foto fica fascinante.
Na volta para casa todos estão mais calados, cansados. Eu me despeço
deles agradecendo pelo dia incrível, dou a volta no carro para agradecer ao
Theo por ter me convidado, beijo sua bochecha e me dirijo à entrada do
prédio.
Eu chego em casa e tomo um banho relaxante entre sorrisos bobos e
recordações alegres de um domingo tranquilo e divertido ao lado de quatro
homens que são demais, especialmente o Theo.
Eu ainda não sei direito o que fazer com tudo o que venho sentindo por
ele, como posso me aproximar ainda mais. No entanto não vou me
preocupar com isso, vou aproveitar cada momento que ele puder estar ao
meu lado, não suporto mais nem pensar em ficar sem ele.
Capítulo 16

— Não acredito que você fez isso! — Sua cabeça balança em descrédito
após eu ter contado sobre o domingo em que ajudei a Jasmine a faxinar seu
apartamento.
— Era o mínimo que eu podia fazer depois de tudo o que ela tem feito
para me ajudar. — Paro em frente à porta da sala da próxima aula dela.
— E o que ela tem feito, fora te embebedar? — Arqueia uma
sobrancelha.
— Eu já disse que fui eu quem quis beber, para de falar isso!
— Está bem. Não vou falar. Boa aula para você! — Audrey se despede
beijando meu rosto.
— Obrigado, para você também.
Sigo apressado para minha aula.
Na manhã seguinte, assim que Jasmine e eu nos aproximamos de uma
mesa, para tomar o nosso café de todo dia, Audrey surge nos
cumprimentando.
— Posso tomar café com vocês? Para que vou tomá-lo sozinha se meu
melhor amigo está aqui e minha nova amiga?
— Fique à vontade! — Eu puxo uma cadeira para ela se sentar ao meu
lado.
— Vou fazer o meu pedido e já volto.
Jasmine dá um leve sorriso sem mostrar os dentes e ergue as
sobrancelhas.
— Sendo acompanhado por duas mulheres bonitas, hein QB? Não vai
ficar se achando!
— Tenho bons motivos para ficar, não acha? — Provoco.
— Claro! Afinal há uma lista enorme rolando pela universidade cheia de
nomes de mulheres dispostas a terem uma chance com você.
Disparo a rir, pois já ouvi falarem da tal lista.
— O que é engraçado? — Audrey se junta a nós.
— É que o Theo estava se gabando por ter uma lista de mulheres que
pode escolher.
Balanço a cabeça negando para Audrey.
E a partir desse dia Audrey começou a chegar mais cedo para tomar o
café da manhã com a gente todos os dias.
Na quinta à noite a Jasmine me enviou uma mensagem avisando que não
daria para tomar o café da manhã comigo, pois chegaria para a segunda
aula.

Caminho rumo à sala quando alguém segura meu ombro, eu me viro


encontrando Audrey, séria com uma sobrancelha arqueada.
— Bom dia, Audrey! — Beijo sua bochecha.
— Bom dia — abre seu costumeiro sorriso meigo. — Você e a Jasmine
não apareceram para o café da manhã.
— Ah! É que a Jasmine me avisou ontem que chegaria mais tarde hoje,
então não vim — faço uma careta.
— Certo. Nem se lembrou de sua amiga aqui — aponta para seu rosto—
que estava tomando o café com vocês.
— Own! — Passo o braço por seus ombros. — Desculpe. Como posso
te recompensar?
— Que tal ir a uma festa amanhã?
— Fechado!
— Não vai esquecer, hein?
— Não vou — sorrio.
— Promete? — Ergue a mão com o dedinho para cima.
Pouco depois que nos conhecemos contei a ela a história do meu pai
sobre a promessa de dedinho, desde então sempre que prometemos algo ao
outro é assim.
— Prometo. — Entrelaço meu dedo no seu.
— Agora vai estudar! Não quero que se atrase — beija meu rosto e vai
para sua sala.
Eu a acompanho com o olhar pensando em como Audrey é uma pessoa
especial para mim. Ela é uma mulher maravilhosa, linda por dentro e por
fora, uma amiga para qualquer hora e a pessoa mais doce que conheço.

Encosto o carro em frente ao campus e desço para esperar a Audrey.


Enviei uma mensagem avisando que cheguei. Enquanto espero por ela fico
trocando mensagens com a Jasmine, ela pergunta sobre meu dia e diz que o
dela foi tranquilo, porque há dias atrás alguém a ajudou a limpar o
apartamento.
Sorrio olhando para a tela do telefone.
— Boa noite, sr. Sorriso! — Sua voz suave me faz levantar a cabeça.
— Oi! Como você está linda! — Admiro a bela mulher em minha frente
sorrindo pra mim e usando um vestido vinho justo até sua cintura com um
pequeno decote, o comprimento vai até o meio de suas coxas.
É a primeira vez que a vejo vestindo algo mais atraente.
Audrey se aproxima e trocamos beijos no rosto. Como o cavalheiro que
sou, abro a porta para ela entrar e quando passa por mim sinto o aroma
floral de seu perfume, é um cheiro muito gostoso.
Fecho a porta e dou a volta para entrar e nos levar à festa.
Como sempre, assim que chego, recebo olhares e sorrisos de muitas
mulheres e não estou interessado.
Audrey e eu bebemos um pouco de refrigerante e ela me chama para
dançar. Depois nos sentamos para conversar, é engraçado como nunca
faltou assunto para nós dois.
— Eu gosto tanto de estar com você — seus olhos brilham.
— Eu também.
E inesperadamente sua expressão muda e ela começa a se aproximar de
mim como se... Se fosse me beijar!
— O que está fazendo? — Seguro seus ombros e afasto minha cabeça
um pouco para trás.
— Uhuuuuu! — Pessoas ao nosso redor começam a gritar e a vaiar.
Minha amiga se levanta e sai correndo.
— Qual é a de vocês? — Levanto nervoso com todos e vou correndo
atrás da Audrey.
Eu a vejo do lado de fora.
— Audrey! — Continuo correndo e ela também. — Audrey, espera! —
Eu a alcanço e seguro seu pulso fazendo-a se virar para mim.
— Eu vou embora!
— Tudo bem, eu te levo.
— Não precisa — cruza os braços nervosa.
— Eu não sei o que dizer. — Levo a mão à nuca perdido.
— Você me fez passar a maior vergonha na frente de todas aquelas
pessoas! Agora serei alvo de piada.
— Eu... Em primeiro lugar, você tentou me beijar, me pegou
desprevenido.
— Pensei que poderíamos nos beijar, nós combinamos tanto! Você
nunca imaginou a gente de outra forma?
Engulo em seco com o rumo que essa conversa está levando.
— Audrey, eu gosto demais de você, sabe disso. Eu te acho muito linda,
inteligente e doce, mas não cheguei a imaginar nós dois além de amigos.
— Por causa da tal mulher que me contou?
— Não sei.
— Essa mulher fez parte do seu passado, não acha que é hora de
esquecê-la e dar chance para alguém que te mereça?
— Eu não te contei, mas ela está na UCLA.
— Como assim? — Um vinco forte surge em sua testa. — Eu conheço?
— É a Jasmine.
Sua boca se abre como em câmera lenta.
— Ai, meu Deus! Eu não acredito! — Leva a mão à boca em choque. —
Por isso você a deixou embebedar você! Não acredito! Você faz tudo o que
ela pede feito um cachorrinho, só falta latir pra ela!
— Hey! Não é bem assim. Eu bebi porque eu quis naquela noite, eu que
achei interessante experimentar algo novo para ver se ia gostar. E não sou
cachorrinho! — Como ela pode pensar isso de mim?
Sua cabeça balança em negação.
— Eu não esperava isso. E pensar que eu a incentivei a se desculpar com
você e nos encontrar na festa pra conseguir conversar com você!
— O quê? — Minha cabeça se torna uma confusão. — Aquela noite foi
combinada?
— Ela estava toda angustiada porque disse que tinha piorado a situação
entre vocês e não sabia como fazer você não sentir raiva dela. Falei o óbvio:
pedir desculpas, e como ela falou que não tinha como te encontrar dei a
ideia da festa.
— Não sei como me sinto, vocês... — Passo as mãos pelo rosto sem
saber o que pensar ou sentir.
É como se eu tivesse sido manipulado.
— Eu vou te levar pra casa, preciso ir embora.
— Theo, — ela espalma as mãos em meu peito fitando meus olhos —
não fica chateado comigo, eu adoro você e jamais faria algo que pudesse te
prejudicar.
— Eu sei — toco uma de suas mãos. — Só estou um pouco confuso, a
noite foi cheia de surpresas.
Ela entende e se afasta. Nós caminhamos até o carro.
Após deixá-la em casa eu vou embora.
Desço do carro e envio uma mensagem para a Jasmine. Apoio o quadril
no carro e respiro fundo sem conseguir pensar.
— Oi! O que aconteceu? — Sua voz me faz olhar em sua direção e me
aproximar. Ela está de blusa e calça de pijama, ambos cheios de notas
musicais.
Está ventando aqui fora, parece que logo vai chover e a Jasmine cruza os
braços.
— Você está com frio!
— Tudo bem. Estou mais preocupada em saber o que você precisa
conversar comigo. Não parece ser algo bom pela sua cara séria.
— Espere! — Abro a porta de trás do carro e pego minha jaqueta no
banco de trás. Entrego para ela.
— Obrigada — sorri enquanto veste, fica um pouco grande nela, porém
vai ajudar com o frio. — Tem certeza de que não quer entrar?
— Tenho, não vou demorar.
— Pode ir falando antes que eu desenvolva uma gastrite nervosa bem
aqui.
Eu expiro e me sento no meio fio, apoio o rosto em minhas mãos sem
saber o que dizer.
— Pelo jeito é algo sério — senta-se ao meu lado.
— Jasmine, — ergo a cabeça e a encaro — você me pediu desculpas
porque a Audrey sugeriu isso, e combinou com ela de me encontrar naquela
festa?
É notório como consigo ver o medo surgir em seus olhos.
— Não é como está pensando, eu não usei você nem nada parecido. Eu
estava mesmo triste depois de tudo o que você falou comigo ao me deixar
naquele hotel, eu queria consertar as coisas para sermos amigos novamente.
Eu sentia a sua falta e é incrível como você some naquele campus, eu não te
acho de jeito nenhum. Então veio a ideia da festa, se a Audrey te chamasse
você iria e eu teria a minha chance de me desculpar.
Sei que ela está sendo sincera.
— Eu não me arrependo. Você pode ficar chateado comigo e duvidar da
minha intenção, pode até se afastar por causa disso, mas eu já aviso que vou
ficar atrás de você como antes. Eu vou percorrer todo aquele campus para te
encontrar, vou em todos os restaurantes até poder te ver, vou continuar
tentando, de todas as formas que eu puder, reconquistar sua amizade. Não
tem como eu desistir.
Sinto meu coração batendo como um louco por causa de suas palavras e
do jeito carinhoso que ela olha para mim, contemplo cada traço do seu
rosto, seus olhos, seu nariz delicado, seus lábios macios.
Eu quero beijá-la, quero muito e sinto isso em cada centímetro do meu
corpo, se eu me aproximar mais um pouco poderei sentir o gosto de seu
beijo outra vez.
Então me lembro de Audrey tentando me beijar e me levanto. Jasmine
faz o mesmo me observando com angústia.
— Eu só estou confuso, foram muitas surpresas em menos de duas
horas. Acho que preciso de um tempo.
— Está bem. Quando quiser conversar ou tomar um suco basta me
avisar.
Em um impulso eu a abraço, sinto seus braços em minhas costas e fecho
os olhos. É como se o corpo dela tivesse sido moldado para abraçar o meu,
como se estar junto dela fosse o certo.
Seus braços me apertam mais um pouco e faço o mesmo não querendo
me afastar dela. Em meu peito há batidas fortes e descompassadas,
experimentando um misto de sentimentos como amor, saudade, medo,
tristeza.
— Eu preciso ir — afrouxo o aperto dos meus braços ao seu redor, beijo
o alto de sua cabeça e me afasto indo para meu carro.
Dou a partida e vou embora sem olhar para Jasmine de novo, pois tenho
receio de que não seria forte o bastante para ir embora, eu iria querer voltar
e satisfazer a minha vontade de provar sua boca, sua pele, seu corpo por
inteiro.
Não importa quanto tempo passe, nem mesmo o que houve no passado,
eu não vou superar a Jasmine jamais.
E a Audrey?
Ela quis me beijar! Beijar de verdade!
Eu poderia tentar um relacionamento com ela, há chance de dar certo,
porém eu não seria capaz de me entregar a essa relação por inteiro. Não
enquanto meu coração ainda bate pela Jasmine.
Capítulo 17

Três dias.
Três solitários dias em que me recuso a tomar o café da manhã em casa e
venho aqui para o campus sofrer, descobri que sou dessas que gostam de se
torturar.
Por que me diz se não é tortura vir aqui sabendo que o Theo não virá?
Mas mesmo sabendo eu venho, na esperança de que ele surja com seu
sorriso e sua covinha forte na bochecha, ou mesmo só passe por aqui para
eu vê-lo e diminuir a saudade que sinto.
Eu posso ir até a casa dele com a desculpa de ver o Jordan, posso enviar
mensagem também, mas estou me segurando para respeitar seu espaço e dar
o tempo que ele precisa.
Bem que esse tempo poderia ser menor!
A Miss Simpatia é outra que desapareceu.
Depois que o Theo foi embora eu enviei uma mensagem para ela
perguntando o motivo de ter contado a ele nossa conversa sobre eu pedir
desculpas. Não que ela tenha sido errada em contar, afinal não era segredo,
o problema é que tenho um histórico ruim com ele e sei muito bem o que
ele pensou de mim.
A mensagem não deu em nada, até hoje ela não respondeu.
Tudo bem, vou seguindo minha vida, conversando com meus colegas de
sala e com meu irmão às vezes, já que ele também é bastante ocupado e
quase nunca está livre.
Durante minha última aula fico sabendo que o treino dos meninos hoje
será aberto, a maioria das mulheres está eufórica, inclusive eu, nada vai me
impedir de ir ao estádio do campus assistir a esse treino.
A aula termina e eu sigo juntamente com um bando de mulheres
histéricas.
Ao entrar no estádio os rapazes já estão em ação no campo, corro os
olhos pelas arquibancadas e, não muito longe, reconheço alguém.
Vou até ela e me sento ao seu lado, Audrey permanece imóvel.
— Posso, pelo menos, saber o que foi que eu fiz para você ficar com
raiva de mim? — Não olho para ela.
Sem resposta.
— Se eu falei alguma coisa te incentivando a ter coragem e esperança de
ficar com o Theo eu peço desculpa. Mesmo que seja sobre outro assunto, o
que quer que eu tenha falado para te magoar, minhas sinceras desculpas. —
Eu me viro para ela esperando alguma reação.
Sei que ela deve estar triste pelo que andam falando dela na
universidade. Eu fiquei sabendo que ela tentou beijar o Theo e ele recusou.
— Ele só não gosta de mim dessa forma — finalmente ela fala e seus
olhos entristecidos encontram os meus. — Eu sabia, sempre soube, mas
acabei tomando a decisão de tentar beijá-lo, porque nós dois sempre nos
demos tão bem que poderíamos dar certo juntos.
— Ele se afastou de você depois disso?
— Não — seus lábios esboçam um sorriso. — Ele é tão incrível que
continua me tratando como se o sábado não tivesse existido.
Volto minha atenção para o campo, refletindo sobre o que Audrey falou
e percebo que, no fim, ela não disse nada que explicasse sua distância em
relação a mim. Decido não tocar mais no assunto.
Meu foco está no campo, mais precisamente no camisa 12. Fico
observando seus movimentos, seus passes, sua forma determinada de jogar.
E em questão de segundos outro jogador tenta derrubá-lo, os dois se
chocam e ele cai.
— Theo! — Eu me levanto sentindo o coração batendo na garganta de
tanta preocupação.
Observo ele deitado tocando o pé. Ele se machucou.
Desço a arquibancada correndo e entro no campo. Ignorando os
protestos de pessoas do time eu atravesso o campo e me ajoelho ao lado de
seu corpo:
— Theo!
Ele me encara de olhos arregalados, sei que não esperava me ver no
campo. Eu tiro seu capacete.
— Jasmine! — Alguém me repreende. Olho para cima para encontrar
meu irmão tirando seu capacete e me observando com reprovação. — Você
não deveria estar aqui.
— O Theo se machucou, vim ver se ele está bem— volto a fitar seu
rosto.
Ele se senta resmungando de dor.
— Hey, garota! Não pode ficar no campo! — Um homem se aproxima e
segura em meu braço.
— Não encoste em mim! — Puxo o braço com raiva. — Ninguém me
tira desse campo até eu ter certeza de que meu amigo está bem!
Ignoro todos para prestar atenção no Theo.
— O que você está sentindo?
— Não sabia que era médica — ri zombando de mim.
— Pelo jeito não foi tão grave, consegue até fazer piadinha.
— Meu tornozelo está doendo.
O médico do time se aproxima para examinar o pé dele e um de seus
movimentos faz o Theo reclamar de dor.
— Cuidado aí, doutor! Não está vendo que está doendo? — Sei que
corro o risco de levar uma bronca, mas não aguento ficar calada vendo meu
amigo sentindo dor.
— Você acha que consegue andar até o vestiário? — O médico pergunta
para ele.
— Acho que sim.
O médico e Jordan o ajudam a se levantar e vão o apoiando a caminho
do vestiário. Eu vou logo atrás deles.
Ao chegar, sou impedida de entrar.
Ok, eu entendo.
Vestiário masculino.
Vou ficar aqui esperando por notícias.
Minutos depois, os quais pareceram uma eternidade, sai o médico, meu
irmão e Theo, apoiado naquele, ambos com os cabelos molhados e usando
suas roupas normais.
Eu poderia ter dado banho nele, com o maior prazer.
Pensar nisso me faz sentir o rosto pegar fogo.
Para com isso, Jasmine! Ele está machucado!
Volto à realidade e questiono os dois sobre o que o médico disse:
— Foi só uma entorse — Theo quem responde.
— Só uma entorse? — Meu irmão olha inconformado para o amigo. —
Mano, você vai ficar, no mínimo, sete dias sem treinar. Sorte a nossa que
não tem jogo por esses dias!
— Você não pode forçar o pé. Vai ficar de repouso? — Estou
preocupada. Ele tem que se cuidar.
— Mais ou menos. Não posso faltar tantos dias assim.
— Você está brincando, não é? — Jordan o encara bravo. — O médico
disse repouso, e quanto menos forçar o pé mais rápido vai se recuperar.
— Posso andar de muletas.
— Em casa, quando não tiver ninguém lá para te ajudar e você precisar
mijar ou comer.
Entorto a boca para o lado detestando o modo como os homens falam de
algumas coisas às vezes.
— Se o médico pediu repouso você tem de respeitar!
Jordan o ajuda a se sentar.
— Vou buscar as muletas e o atestado que o médico disse que iria
providenciar. Você fica de olho para ele não se levantar?
— Claro! — Sorrio para meu irmão e vejo Theo cruzando os braços em
reprovação.
Espero Jordan sumir para voltar a conversar com o Theo.
— Como você está?
— Bem, logo me recupero.
— Sei que quer ficar afastado de mim, mas se você deixar eu posso
cuidar de você. Acho que poderia ficar melhor lá no meu apartamento,
deixo café da manhã pronto e comida para você almoçar. Você pode passar
o dia todo com o pé para cima, de repouso, vendo TV, dormindo ou
jogando. Eu peço o Playstation do Jordan.
Theo dá um sorrisinho de lado acentuando a covinha, eu tenho de me
sentar ao seu lado para não me derreter toda em pé.
— Obrigado, mas prefiro ficar lá em casa.
— Theo, você precisa respeitar o tempo de repouso. Tenho certeza de
que os professores darão um jeito para você não perder matéria nem pontos.
— Por que se preocupa tanto comigo? Você invadiu o campo quando me
machuquei — fica sério.
— Porque você é importante demais pra mim. — Revelo do fundo do
meu coração.
Meu irmão volta segurando muletas. Eu me levanto:
— Vocês vão cuidar bem dele lá?
— Fica fria, Jas! — Ele beija meu rosto para me tranquilizar.
Eu os acompanho até entrarem no carro e só depois vou para minha
casa.
Capítulo 18

Ficar de repouso é uma merda! Uma merda ao quadrado.


Meus amigos ficam me carregando para o quarto e para a sala. Hoje,
antes de irem para o campus, eles me acordaram e me desceram, deixaram
na mesinha de centro várias coisas para eu comer e Jordan me deu
orientações severas para ficar quieto.
Estou deitado no sofá com o pé apoiado em uma almofada e sentindo
dor. Por que logo eu tive de sofrer essa entorse?
A Jasmine me deu um susto quando apareceu ao meu lado no campo,
aqueceu meu coração vê-la tão preocupada comigo. Ultimamente minhas
amigas andam me surpreendendo bastante.
Primeiro foi a Audrey com um “quase” beijo, decidi não tocar mais no
assunto e continuar nossa amizade como sempre foi, se ela chegar a se
apaixonar por mim não sei o que farei.
Em segundo veio a Jasmine, tendo uma atitude que reacendeu um pouco
mais o que sempre senti por ela. Quando ela falou que sou importante
demais pra ela, com aquela intensidade no olhar, eu quase me rendi e a
puxei para um beijo, mas as coisas não são assim.
Ouço a porta se abrindo e me sento rapidamente. Alguém deve ter
esquecido algo.
— Ooi! — Essa voz. Não pode ser! — Oi, Theo! — Ela para ao me ver
e sorri segurando a sua mochila.
Será que algum dia ela será menos linda?
Hoje está usando um cardigã rosa claro que deixa seu ombro direito à
mostra, sua calça preta é rasgada nos joelhos e ela calça tênis brancos. Seus
cabelos estão soltos, do jeito que mais gosto, os cachos me fascinam.
— Jasmine? O que está fazendo aqui? Deveria estar na aula.
— Eu sei — se aproxima, deixa a mochila no chão e se senta ao meu
lado. — E esse pé para baixo? Tem que ficar para cima! — Sua testa se
enruga, ela pega uma almofada, coloca no canto da mesinha de centro e
ergue minha perna colocando meu pé sobre a almofada.
— Ainda não me disse o que está fazendo aqui — fito seu rosto.
— Eu sei que talvez ainda precise de espaço e blá blá blá, mas eu quero
ficar com você, eu quero cuidar de você. Com o tornozelo desse jeito vai ter
de ficar quieto durante o dia todo, e como hoje é o primeiro dia deve ser
mais difícil. Pensei que se tiver alguém aqui com você seu dia vai ser
menos entediante.
Como posso negar algo a ela?
Essa Jasmine toda prestativa e preocupada é novidade para mim, uma
novidade que estou adorando.
— Estou sendo uma péssima influência para você a fazendo perder aulas
por minha causa de novo. O tio Josh vai querer acabar comigo — brinco.
— Duvido. — Ela revira os olhos e sorri. — Posso passar o dia aqui
com você?
— Você não me deu muita escolha quando invadiu minha casa.
— Eu não invadi — começa a rir. — Pedi a chave para o Jordan.
— Não se pode confiar nem no melhor amigo hoje em dia! — Balanço a
cabeça sendo dramático.
— Se disser que prefere que eu vá embora para respeitar o tempo que
pediu, eu vou — seu olhar perde o brilho.
— Não direi isso.
— Quer dizer que vai voltar a tomar café comigo todos os dias? — Sua
alegria é quase palpável.
— Só quando eu puder andar.
— Isso é um máximo! — Ela segura meu rosto pelo queixo e dá um
beijo estalado em minha bochecha. — Estava odiando tomar café sozinha!
Ela tira os tênis e sobe as pernas dobradas para o sofá, sentando em cima
delas.
— O que podemos fazer? Jogar, assistir a algum filme, maratonar uma
série, te ajudar a estudar, fazer uma pergunta que não quer calar em minha
mente?
— Que pergunta?
— Por que não beijou a Audrey?
— Ah! Essa pergunta! — Inspiro profundamente. — Eu não esperava
uma atitude desse tipo vindo dela, nós somos amigos há tanto tempo e ela
nunca deu a entender que queria mais. A Audrey é uma mulher linda,
inteligente, meiga e uma amiga especial pra mim. Eu não quero perder a
amizade dela, e amizade é tudo o que posso oferecer.
— Entendi. Tudo bem. Você já tomou o seu café da manhã?
— Ainda não, tenho frutas, leite e cereal para comer — mostro o
conteúdo da mesinha de centro.
— É o que quer comer? Que tal ovos e bacon bem quentinhos e um copo
de suco natural do jeito que você gosta?
— Você não veio aqui para cozinhar.
— Eu vim aqui cuidar de você por um dia, o que envolve: — ergue as
mãos e começa a contar nos dedos — vigiar se está de repouso, te fazer
companhia distraindo você com jogos ou TV e me certificar de que vai
comer bem. Então cozinhar está incluído no pacote.
— Não precisa.
— Ai, Theo! — Ela se levanta e vai para a cozinha.
Jasmine vai mesmo cozinhar para mim?
Sorrio com a possibilidade.
E não demora para o cheiro do bacon chegar até mim fazendo meu
estômago roncar de fome.
— Foi aqui que pediram um café da manhã para atleta? — Suas mãos
posicionam a pequena mesa sobre minhas coxas, contendo um prato com
ovos mexidos e bacon acompanhado de um copo de suco de laranja.
— Obrigado!
— Coma tudo! — Ordena e pega o controle da TV a ligando e
procurando algo que a interesse.
Jasmine tem se mostrado o extremo oposto da pessoa que era quando
adolescente, tem sido uma verdadeira amiga, é divertida e espontânea,
companheira e determinada.
Talvez ela esteja amadurecendo e tenha deixado no passado aquela
personalidade indomável que adquiriu na adolescência, quando queria saber
apenas de curtir, sair com as amigas, beber, voltar tarde da noite e não se
importar com os castigos que recebia dos pais.
Era para eu ter ficado sozinho hoje, ao invés disso, ela preferiu estar
comigo e me proporcionar um ótimo dia.
Nós conversamos bastante em meio a risadas e um clima leve, jogamos
um pouco de videogame e paramos quando ela teve vontade de quebrar a
manete ao perder.
Também assistimos a dois episódios de Itaewon Class, uma série sobre
empreendedorismo, indicada por uma colega dela da universidade.
Só pude levantar para ir ao banheiro, tudo o que eu precisava ela fazia
questão de trazer para mim, sem contar que ficava me perguntando o tempo
todo se eu queria água.
À tarde ela se despede me abraçando e beijando brevemente meu rosto,
pede para eu seguir as orientações médicas e melhorar logo para voltar a
tomar o café da manhã no campus com ela.
Então Jasmine se vai, me deixando com as lembranças de um dia feliz
ao seu lado e aquele sentimento bom de querer mais disso.
Capítulo 19

“Anime-se! Você terá uma surpresa dentro de alguns minutos.”

“Que surpresa?”

“Se eu falar não será mais surpresa. Só confia! 😉”

O início da minha noite de sábado foi conversando com o Theo por


mensagens, e fico super curiosa para descobrir sobre a surpresa. Ele soltou
a bomba e correu, não me mandou mais mensagem nenhuma.
Os minutos se passam e a campainha toca.
Levanto da cama em um pulo.
Não pode ser ele! Não quando tem de ficar de repouso.
Será que ele foi teimoso o bastante para sair de casa?
Corro até a porta e a abro encontrando minha pessoa favorita no mundo.
Praticamente grito não acreditando e pulo passando meus braços por seu
pescoço:
— Pai! — Eu o abraço apertado, estava morrendo de saudade.
— Oi, Jas! Como está a minha princesa?
— Com saudade. — Afasto um pouco para olhar para ele e reparo em
minha mãe e Jordan logo atrás.
— Mãe! — Vou até ela e a abraço apertado também.
Eu os convido para entrarem e meus pais pedem para eu trocar de roupa
para ir jantar com eles.
Já no restaurante pergunto como o Theo sabia sobre eles. Meu pai diz
que passou lá para buscar o Jordan e convidar o Theo também, mas como
ele ainda está com o tornozelo um pouco dolorido resolveu ficar.
— Agora me conte as novidades — meu pai abre seu sorriso lindo.
— A universidade é ótima e estou gostando bastante de estudar lá.
Conheci alguns colegas novos e, acho que é isso.
— Só isso? — Minha mãe ri surpresa.
— E as festas? Aqui não tem? — Meu pai me olha com curiosidade.
— Tem sim. Eu até fui em duas, porém não fiquei tempo suficiente para
ficar bebendo ou encontrar algum cara que me interessasse.
Meus pais se entreolham incrédulos.
— Eu só posso estar sonhando — ele brinca. — Ou você não é minha
filha.
— Ela anda ocupada demais correndo atrás do Theo — Jordan me faz
fuzilá-lo com meu olhar.
— Mentira! Deixa de ser ridículo, garoto! — Dou um tapa leve na parte
de trás de sua cabeça e ele começa a rir. — Ele é um bobão — volto para
meus pais. — Não é nada disso. Theo e eu voltamos a ser amigos e eu gosto
de estar com ele. Tenho estudado bastante e ir a festas deixou de ser uma
prioridade.
Eles me olham como se eu tivesse me tornado um ser de outro planeta
com três cabeças ou algo bizarro assim.
— Se eu soubesse que a UCLA ia te fazer tão bem teria dado um jeito de
te mandar para lá bem antes — meu pai brinca.
— UCLA? — Jordan ri. — Está mais para alguém que está na UCLA.
— Dá pra calar a droga da sua boca? — Quero matar meu irmão.
— Jas! — Meu pai chama a minha atenção.
— Ele está me sacaneando, pai!
— Eu? — Meu irmão faz cara de inocente apontando para seu peito. —
Não fui eu quem fez questão de perder um dia inteiro de aula só para fazer
companhia para um amigo que machucou o tornozelo — gargalha fazendo
meus pais rirem.
Eu cruzo os braços observando os três se divertindo às minhas custas.
— Está tudo bem, querida. — Minha mãe estende o braço e toca minha
mão ternamente. — Você está certa em se solidarizar com um amigo, só não
deixe de procurar saber sobre as aulas que perdeu.
— Eu já fiz isso, no dia seguinte ao que faltei perguntei a algumas
colegas sobre o que eu perdi.
E outra vez me observam como se eu não fosse eu mesma.
— Será que podemos tirar o foco de mim e falarmos de outra coisa?
Vocês poderiam me contar como estão sendo os dias de vocês, o trabalho,
tudo.
Consigo fazer meus pais e meu irmão “dedo-duro” conversarem sobre
outros assuntos, assim o jantar se torna agradável e divertido.
Eu amo demais a minha família e só nessa noite é que percebi o quanto
estava sentindo falta de estarmos reunidos assim.
Após o jantar Jordan volta para a casa dele e eu vou para o hotel com
meus pais, pedi para dormir com eles, quero aproveitar bem o tempo que
ainda temos antes de voltarem para Nova Iorque.
De manhã tomamos o café juntos e, abraçado a mim, meu pai diz
palavras que me deixam muito feliz:
— Sua mãe e eu estamos surpresos com sua mudança. Eu estou contente
por você estar se dedicando mais aos estudos e menos a festas e rapazes,
ansiava por esse dia. É impossível não perceber que você mudou, está mais
contida, menos atrevida e debochada. Seja lá o que tenha contribuído para
toda essa mudança só peço que continue — nós dois rimos. — Estou muito
orgulhoso de você, minha princesa — recebo um beijo na testa.
Suas palavras me tocam profundamente enchendo meu peito de emoção
e contentamento.
— Quero aproveitar e pedir desculpas a vocês dois — revezo meu olhar
entre eles. — Eu não fui uma boa filha por muito tempo. Eu menti,
desobedeci a vocês e não quis saber de ouvir seus conselhos. Eu achava que
tinha que aproveitar a vida e que a forma de fazer isso era saindo com
amigos, beijando o cara que eu quisesse, bebendo e sendo aquela Jasmine
indomável.
As expressões de seus rostos demonstram alegria.
— Vocês são os melhores pais do mundo, eu amo vocês e quero pedir
perdão por tudo de errado que fiz e disse, pelas vezes que os magoei. Vocês
me perdoam?
Os dois sorriem, respondem que sim e juntos vêm até mim me
abraçando. Esse é um dos momentos mais emocionantes da minha vida e eu
vou me lembrar dele para sempre.
Capítulo 20

— Será que tem lugar para mim junto das duas mulheres mais bonitas
desse campus?
Ambas olham para mim abrindo sorrisos que iluminam seus rostos ao
me verem.
— Você voltou! — Audrey é a primeira a me abraçar. — Eu senti tanto a
sua falta! — Ela segura meu rosto em suas mãos. — Você está proibido de
se machucar assim de novo.
— Vou tentar.
Então Jasmine se aproxima passando os braços em volta do meu
pescoço, me envolvendo com seu perfume e o calor do seu corpo.
— Estou feliz por você estar de volta — sussurra em meu ouvido me
fazendo arrepiar, e se afasta. — Que tal fazer o seu pedido e juntar-se a nós?
Faço o que ela pediu e fico ouvindo as duas contarem as novidades.
Audrey me ligou todas as noites e a Jasmine me mandou mensagens. É bom
estar com elas de novo.
Acompanho a Audrey até a sala de sua primeira aula, como tenho feito
esses anos e a noto mais calada hoje.
— Por que está tão calada hoje?
Ela para e vira-se de frente para mim:
— Você ainda acha que podemos ser apenas amigos ou devemos tentar
ser algo mais? Se não der certo continuamos amigos.
Passo uma mão por meus cabelos expirando.
— Eu não acho uma boa ideia. Não quero te magoar, mas tentar algo
mais não parece bom.
— Tudo bem — toca meu rosto suavemente, dá um leve sorriso e vai
para a sala de aula.
Eu espero não estar tomando a decisão errada.

— Minha irmã pediu para te entregar — Jordan abre a mão revelando


uma pulseira preta de tecido. — Ela disse que é para dar sorte e que você
usa se quiser.
Eu seguro a faixa fina de tecido entre meus dedos, reparo que tem algo
escrito no meio e sorrio ao ler:

“It”s possible” ( É possível)

— Vamos ver se dá sorte, me ajuda a amarrar?


Meu amigo amarra para mim em meu pulso esquerdo e entramos em
campo.
Sei que o jogo de hoje não será fácil, o time adversário conta com
jogadores fortes e estratégicos, vem acumulando vitórias ao longo de vários
anos.
O jogo começa e a euforia da nossa torcida nos dá força, conseguimos
vencer os dois primeiros quartos. No terceiro quarto o outro time consegue
nos vencer.
Vamos para o último quarto e não temos tanta sorte, o tempo está
acabando e estamos perdendo. Temos pouquíssimo tempo para reverter o
placar e não consigo pensar em uma boa jogada, pois a próxima será
decisiva, é nossa única chance de vencer e se falhar iremos perder.
Podemos tentar um jogo aéreo, porém acho muito arriscado. Sempre
posso tentar um passe para o wide receiver ou o running back, mas se não
conseguirem pontuar se sentirão culpados.
Meu olhar cai sobre a pulseira em meu pulso e tomo uma decisão, vou
dar tudo de mim. Preciso de muita sorte para conseguir.
A hora de iniciar a jogada chega e corro com a bola a fim de alcançar a
end zone como se minha vida dependesse disso, consigo desvencilhar dos
defensores e sinto a adrenalina a mil ao me aproximar da área que garantirá
a vitória para nosso time. Alcanço a end zone segundos antes do quarto
terminar e dou um salto comemorando erguendo meu braço esquerdo.
O time se reúne à minha volta e me tiram do chão carregando-me
enquanto caminham e pulam pelo campo comemorando mais uma vitória.
Dessa vez o treinador nos elogia e deixamos o vestiário ainda eufóricos
pela vitória. Levo uma cotovelada de Jordan em minhas costelas e vejo
Jasmine sorrindo vindo até nós.
Primeiro ela abraça e parabeniza o irmão, depois faz o mesmo comigo e
percebe a pulseira em meu pulso.
— Você está usando! — Dá para ver que fica radiante.
— Obrigado — ergo o pulso fitando a pulseira, logo volto a olhar para
sua face. — Parece que ela dá sorte mesmo, consegui marcar o touchdown e
pensei em você naquele momento, dedico aquela jogada para você.
— Own! — Leva as mãos ao peito. — Desse jeito vai me fazer
apaixonar por você!
Sinto meu coração parar por alguns segundos e quando volta a bater o
faz de forma errática me deixando ofegante.
— Podem parar com essa melação! — Meu amigo para ao lado da irmã
passando o braço por seus ombros.
— Vão a algum lugar comemorar? — Vira o rosto para ele e o beija.
— Vamos sim, pra casa! — Ele ri.
— Ah! Queria comemorar com vocês.
— Provavelmente vamos pedir comida e jogar videogame até alguém
perder feio e apelar, ou até o sono nos incomodar.
Fico observando os dois, esperando essa conversa deles terminar para
irmos embora e, lá no fundo, torcendo para que Jasmine fique com a gente.
— Ótima comemoração! Posso ir? — Olha para o irmão e depois para
mim.
— Sei lá! Tem que ver com os caras! — Jordan aponta para mim.
— Por mim tudo bem — respondo. — Acho que o Chase e o Phill não
irão se importar, mas podemos ver com eles.
Jasmine nos acompanha saltitando praticamente o percurso todo até o
meu carro. Encontramos nossos amigos e Jordan pergunta para eles sobre
Jasmine ir com a gente, Chase trata logo de se aproximar dela com seu
sorriso conquistador.
— Não ouse dar em cima de mim! — Ela o afasta empurrando-o com a
mão em seu peitoral. — Não estou a fim de nada físico com vocês. Vou
como amiga, entendeu?
Entro no carro rindo e Jasmine vai no banco do carona, protegida de
qualquer gracinha que Chase ou Phill pudessem tentar, apesar de Phill ser
mais na dele, diferente do conquistador que Chase faz questão de ser.
A noite cai entre gargalhadas, palavrões nas derrotas, muita comida e
Jasmine morrendo de rir enquanto joga com a gente.
Em um momento todos nos entreolhamos ao ouvir o barulho forte lá
fora, uma tempestade começa a cair.
— Ah, não! — Jasmine corre até a janela da sala.
Vou até ela parando ao seu lado.
— Você pode ficar aqui até parar.
— Não está com jeito de que vai parar logo.
— Você pode dormir aqui. — Ela me encara surpresa. — Deixo você
dormir no meu quarto, posso dormir no sofá sem problema.
— Não vou fazer isso com você.
— Com esse temporal acho que você não tem muita escolha — sorrio
brincando.
— Talvez eu aceite sua oferta se a chuva não parar. — Volta para junto
dos outros e faço o mesmo.
O sono aperta e um a um os caras vão indo dormir, resta apenas Jordan,
Jasmine e eu.
— Está chovendo demais, Jas — ele encara a irmã. — Vai ter de dormir
aqui e estou cansado demais para ter de dividir a cama com você. Se
importa de dormir no sofá?
— Ela pode dormir na minha cama — ofereço.
Jordan me encara com os olhos arregalados.
— Ah, não! — Começo a rir entendendo o que ele pensou. — Não
comigo — tento explicar constrangido.
— Eu entendi, cara. Não precisa ficar vermelho — toca meu ombro
rindo.
Jordan se despede de nós e sobe para seu quarto.
— Vou te mostrar onde vai dormir — sigo para meu quarto e ela me
segue.
Abro a porta agradecendo internamente por ter organizado aqui ontem.
— Pode ficar à vontade — de repente me sinto sem jeito por ela estar no
meu quarto.
— Bem organizado — gira observando tudo e se senta na cama.
Reparo sua calça jeans.
— Se quiser posso te emprestar uma camiseta para você dormir mais
confortável.
— Ah, eu quero! Por favor. Ninguém merece dormir de jeans.
Vou até o guarda-roupa, retiro a peça de roupa e entrego para ela.
— Só temos um banheiro, fica no corredor. Vou pegar uma roupa para
eu dormir, um cobertor e você pode ficar com o quarto para você.
Assim que escolho uma muda de roupa para dormir Jasmine se levanta e
pousa a mão em meu antebraço.
— Não precisa sair do seu quarto, não quero incomodar desse jeito. Sei
que a cama de solteiro não é muito grande, no entanto o espaço é suficiente
para nós dois. Eu não me importo e vou me sentir melhor se não tirar você
da sua cama.
Engulo em seco nos imaginando na mesma cama.
— Acho que vai ser mais confortável se eu dormir no sofá.
— Pare com isso! Nós já dormimos juntos várias vezes quando éramos
crianças. Vou ficar quieta no meu canto. Não vou conseguir dormir
pensando que você está no sofá todo desconfortável por minha culpa.
— Não sei. — Reluto.
— Você quer que eu passe a noite em claro sabendo o quanto está
cansado e desconfortável por minha causa? Durma na cama, por favor!
Talvez não tenha problema.
— Está bem — me dou por vencido.
— Ótimo! Vou ao banheiro e já volto — sai saltitando.
Eu me sento questionando minha decisão, tomara que eu não me
arrependa. Vamos apenas deitar, dormir e pronto!
Quando Jasmine volta é minha vez de ir ao banheiro e me trocar para
dormir. Ao entrar no meu quarto fecho a porta, ela já apagou a luz e deixou
só o abajur aceso.
Com um frio bem na boca do estômago me deito de lado virado de
frente para ela, seu sorriso me tranquiliza um pouco, mas então ela toca
meu rosto e seus olhos ganham intensidade. Meus batimentos enlouquecem.
— Você se lembra de quando nos beijamos? Não do que houve antes
nem depois, só do momento do beijo.
Respondo balançando minha cabeça.
— Aquele beijo teve algo de diferente, você não achou?
— Não sei — minha voz quase falha.
— Estou curiosa para saber se nos beijarmos irei sentir o mesmo.
Além do meu coração sinto que todo o meu organismo acelera.
— Quero beijar você agora.
Jasmine passa a língua sobre os lábios sem tirar os olhos dos meus,
entreabro minha boca para conseguir respirar e ela se aproxima devagar, sua
mão ainda no meu rosto.
Contemplo sua boca e ela toca meus lábios fazendo-me fechar os olhos
com o contato macio. O beijo é suave, delicado e lento, acompanho seu
ritmo degustando seus lábios doces.
Sem cerimônia sua língua toca a minha, molhada, quente e sensual, um
gemido baixo escapa da minha garganta e o beijo vai se aprofundando e se
tornando mais ardente.
Sinto meu corpo pegar fogo, um desejo intenso se espalha em cada
centímetro da minha pele e levo um braço ao redor de sua cintura fina a
trazendo para junto de mim.
Quando nossos corpos se unem, gememos juntos e é como se tivessem
provocado faíscas que agem diretamente em nosso beijo, nossas bocas se
beijam como se estivessem famintas uma pela do outro.
O corpo de Jasmine pressiona com mais intensidade minha ereção a
ponto de me deixar louco, agarro sua cintura com força. Percebo que ela
retira sua mão do meu rosto e instantes depois a pressiona contra meu pau.
Nesse momento me assusto afastando nossas bocas e retirando sua mão
de mim. Não posso fazer isso.
— Vamos parar por aqui — peço ofegante.
— Por quê? Eu posso te ajudar a aliviar. Você está cansado, teve um
jogo difícil, está excitado e eu posso te proporcionar um pouco de prazer
para te fazer relaxar — morde o lábio inferior.
Cara!
Estou pulsando de tanto tesão e ela não facilita me olhando dessa forma,
como se quisesse me devorar.
— Não posso, Jas. Não assim.
— Assim como? — Reparo seu peito subir e descer por ela ainda estar
ofegante e volto a olhar para seu rosto.
— Sem estar namorando. Só transo se for com namorada, entendeu? —
A surpresa estampa sua face. — Sei que está pensando que sou careta,
porém comigo é dessa forma.
— Não estou pensando que é careta. Na verdade, eu estava pensando nas
mulheres que estão na lista esperando a chance de transar com você —
dispara a rir me fazendo rir também.
— Por hoje já deu de conversa e tudo o mais. Estou com sono e preciso
dormir.
— Está bem. Pode fechar os olhos.
— Se tentar mais alguma coisa vou para o sofá.
— Não vou tentar. Prometo. Pode apagar a luz do abajur e fechar os
olhos.
Eu faço exatamente o que ela pediu e sinto um carinho suave em meu
rosto, ela continua me acariciando devagar, move a mão para meus cabelos,
e está tão gostoso que adormeço logo.
Capítulo 21

Mexo os ovos cantando animadamente, a ponto de ousar dar alguns


passos de dança, ao girar me deparo com o olhar curioso e surpreso do Phil.
Ele está usando um boné com a aba virada para trás, escondendo os
cabelos loiros curtinhos, sua boca dá um leve sorriso suavizando o rosto
másculo.
Seus olhos são um de verde intenso e ele é bem alto, assim como Chase.
— Bom dia! Acordei cedo e resolvi preparar o café da manhã. Você
gosta de ovos e bacon? — Deixo de prestar atenção nele para virar as fatias
de bacon antes que queimem.
— Bom dia. Quem não gosta? — Ele se senta em uma banqueta
apoiando os antebraços na ilha. — Então, sei que não é da minha conta, mas
qual o seu lance com o QB?
A pergunta me pega de surpresa e penso bem antes de responder
qualquer besteira.
Lembro de quando abri os olhos esta manhã e vi seu rosto tão lindo e em
paz, dormindo profundamente. Senti meu coração se aquecer só por olhar
para ele daquele jeito.
Respiro fundo e sirvo um tanto de ovos com bacon em um prato,
colocando-o na frente do Phil.
— Nós somos amigos de infância, eu gosto muito dele.
— Ele tem um coração do tamanho do mundo, merece toda a felicidade
possível. Só não o magoe, ok?
Faço que sim com um movimento de cabeça.
— Que cheiro bom é esse? — Jordan adentra a cozinha. — Mana! —
Ele me beija. — Acordou boazinha e fez o nosso café da manhã? — Meu
irmãozinho começa a se servir.
— Vocês venceram ontem, merecem — sorrio.
— Está muito bom — o elogio vem do Phil.
— Eu vou buscar meu celular e vou voltar para casa.
— Não vai comer com a gente?
— Fica para outro dia. Tenho umas atividades para fazer — beijo o alto
de sua cabeça.
— Eu te levo, se me esperar comer.
— Está bem, obrigada — pisco para ele e subo.
Abro a porta com cuidado e coloco a cabeça na fresta espiando lá dentro.
Pelo jeito Theo ainda está dormindo. Eu entro sorrateiramente e vou até a
mesa de cabeceira pegar meu celular.
Então ele se move e abre os olhos.
— Jasmine? — Esfrega os olhos.
— Bom dia! Só vim pegar meu celular, vou para casa. Pode voltar a
dormir ou descer e tomar o café da manhã, fiz bastante ovos com bacon.
— Eu te levo — rapidamente se senta e estica os braços.
— Não precisa, o Jordan vai me levar assim que terminar de comer.
— Ok. Preciso ir ao banheiro, você já está indo ou vai estar aqui quando
eu voltar?
— Pode ser que eu ainda esteja aqui.
Ele deixa o quarto sorrindo.
Eu arrumo sua cama e logo ele está de volta.
— Não precisava ter feito isso!
— Dormi aqui também. Obrigada por me deixar ficar.
— Não tinha como você ir embora e eu sou um amigo muito legal —
Theo cruza os braços em frente ao peito.
— Eu deixei sua camiseta no banheiro quando me troquei mais cedo,
quer que eu busque?
— Claro que não. Depois eu pego, não se preocupe.
— Sobre ontem, — eu me aproximo mais dele — será que podemos
continuar nos beijando? Sem compromisso, sem exclusividade, só beijando,
porque beijar você é muito bom, muito bom mesmo.
Ele abaixa a cabeça sorrindo.
— Você pode continuar beijando outras, mas eu não quero beijar
nenhum outro homem, só você, quando deixar.
— Não sei o que dizer — balança a cabeça.
— Diz que sim — sorrio sedutora e me aproximo segurando seu rosto
entre minhas mãos. — Prometo me comportar e não ir além do beijo.
Sei que ele está cogitando aceitar, vejo na forma como olha para mim.
Aproveito o momento para unir nossas bocas em outro beijo, suas mãos
tocam minha cintura e eu me entrego a esse momento.
Beijá-lo é diferente, é uma mistura de explosões e de paz, de paixão e
desejo, é um momento em que ele me faz levitar e me derreter em seus
braços. Seu beijo é viciante, daquele tipo que quando termina você quer
outro e outro e assim infinitamente.
Preciso me afastar para respirar quando sinto meu pulmão arder
implorando por ar.
— E então? — Insisto. — Podemos nos beijar de vez em quando?
— Você e suas ideias malucas — está sorrindo, eu consegui. — Tudo
bem por mim.
— Ótimo! Tenho de ir, você vai descer agora?
— Daqui a pouco.
— Então, até amanhã no campus — dou um beijo rápido em seu rosto e
saio do quarto.
Jordan me leva embora e a meu pedido para em frente ao Starbucks. Eu
agradeço a carona e me despeço.
Volto para casa saboreando meu Latte e sorrindo feito boba por ficar
lembrando dos beijos que Theo e eu trocamos.
Não sei quando vou ter oportunidade de beijá-lo novamente, mas se esta
não surgir, eu mesma vou criá-la, porque passar muito tempo sem beijá-lo
está fora de cogitação.
A semana transcorre normalmente, Theo toma o café da manhã todo dia
comigo e com Audrey, ela acabou adotando nosso compromisso das
manhãs e não falta de jeito nenhum.
A rotina é intensa e não consigo nem um momento para beijá-lo, o que
torna esse desejo maior a cada manhã sempre que o vejo todo lindo,
cheiroso e sorrindo com aquela boca atraente.
Hoje é sexta-feira, se eu não conseguir beijá-lo no campus vou até a casa
dele amanhã, porque não posso passar uma semana inteira sem sentir o
gosto da sua boca.
Deixo a aula cinco minutos antes do almoço e envio uma mensagem
para ele enquanto caminho. Pergunto se ele pode me encontrar na sala onde
ele precisou ficar sozinho aquele dia.
Sento-me atrás do mesmo sofá, e segundos depois ele aparece ofegante.
Não acredito que veio correndo, ele já chega sentando-se e perguntando:
— Você está bem? — Um vinco de preocupação surge entre suas
sobrancelhas um pouco grossas.
— Posso ficar melhor. — Agarro seu rosto e o beijo com vontade,
matando meu desejo de sentir seus lábios nos meus, de sentir o gosto de sua
boca, de sentir sua língua em carícias com a minha.
Eu não quero que ele pare de me beijar, não quero que esse fogo que
arde quando eu o beijo se apague.
E acabamos tendo de afastar nossas bocas para buscar por ar.
— Você me atraiu aqui para me beijar — semicerra os olhos sorrindo de
um jeito que aquela covinha direita fica profunda.
— Não tive outra escolha, era isso ou estar fadada ao pesadelo de passar
uma semana sem seu beijo — levo meus lábios até sua covinha beijando-o
bem ali.
Afasto-me um pouco para fitar seus olhos, nesse instante sua boca toma
a minha roubando meu ar e incendiando todo o meu corpo. Ele é carinhoso,
intenso, quente e viciante.
Já disse o quanto o beijo dele é viciante?
— Eu ia te mandar uma mensagem — seus dedos brincam com um dos
meus cachos. — Hoje à noite vou para Nova Iorque.
— Aconteceu alguma coisa? — Preocupo-me com sua família.
— Não, calma! — Seu sorriso doce me faz acalmar. — Só estou com
saudade da minha família e vou passar o fim de semana com eles.
— Isso é ótimo! Eles vão adorar ver você.
— Tem outro detalhe — morde o lábio arqueando uma sobrancelha.
— Diga, por favor.
— Vou levar Audrey comigo.
Ok, por essa pancada eu não esperava.
— Algum motivo especial? — Minha voz quase falha.
— Ela é minha amiga, sempre falei muito dela para minha família e eles
ficam curiosos para conhecê-la. A Audrey é especial pra mim, quero que
ela conheça meus pais e minha irmã.
— Claro — tenho de me conter e não dar uma de amiga ciumenta, afinal
nós dois somos só amigos que se beijam de vez em quando.
Ela vai viajar com ele, mas no fim, quem ele deixa beijá-lo sou eu, então
não tenho motivo para surtar.
— Vai almoçar ou ficar aqui mais um pouco? — Solta meu cabelo.
— Vou ficar.
— Meus amigos estão me esperando para almoçar, — ele se levanta—
tenho de voltar.
— Sim, vai lá! — Eu me levanto e o abraço. — Boa viagem! Dê um
abraço em todos por mim.
Ele concorda e sai caminhando.
Eu volto a me sentar tentando controlar o sentimento ruim que corrói
meu peito ao imaginar a Audrey do lado dele o tempo todo: no avião, na
casa dele, sendo paparicada por todos já que é toda meiga e simpática.
Ah, que horror sentir isso, meu Deus!
Encosto a cabeça nas costas do sofá e fecho os olhos inconformada.
Dá para imaginar como será meu fim de semana.
Uma droga!
O que faço nesses dias?
Fico em casa sozinha adiantando matérias da universidade, degustando
um bom vinho no sábado à noite. Já no domingo trato de maratonar
Friends, porque preciso desesperadamente me distrair e sorrir um pouco.
Ao anoitecer o porteiro do prédio me interfona dizendo que tem um
entregador de pizza falando que tem entrega para mim, ele quer confirmar.
— Não fui eu quem pediu sr. Richardson, devem ter anotado o número
do apartamento errado.
Ouço conversas e o Sr. Richardson volta dizendo que o entregador
insiste que fui eu e pede para eu descer e tentar resolver.
Vou até a portaria bufando, mas meu sorriso se abre involuntariamente
quando o vejo. Corro até ele pulando e abraçando seu pescoço.
— Theo!
— Oi! — Ele aperta minha cintura e eu me permito fechar os olhos e
inspirar fundo seu perfume me deliciando com o seu cheiro e com o
conforto de seu abraço.
— Por que não subiu?
— Vim rápido. Cheguei há pouco e vou embora descansar. Só vim
mesmo trazer algo para você — ele me entrega uma sacola.
Eu abro e tenho uma visão do paraíso: muitos bombons.
— Bombons! — Quase grito. — Obrigada. Eu amo chocolate. Obrigada
por se lembrar de mim.
— Não foi nada. Espero que goste.
— Não tenha dúvidas.
— Até amanhã no campus — acena e me deixa aqui toda boba com
meus bombons.
Capítulo 22

Chego um pouco mais cedo no campus, minhas amigas ainda não


chegaram. Faço o meu pedido incluindo um copo grande de expresso e um
baggel.
Mal me sento vejo Jasmine a caminho.
— Bom dia! — Seu sorriso é tudo o que preciso para alegrar meu dia.
— Bom dia. Fui um pouco ousado hoje e fiz um pedido para você, se
quiser outra coisa pode ir lá e pedir sem problema.
— Não— seus olhos brilham me fitando enquanto se senta. — Como
sabia?
— Costuma pedir isso na maioria dos dias.
— Não reparei que é tão observador — toma um gole de seu café. —
Chegou bem cedo hoje, sr. Observador.
— Queria te ver.
Jasmine fica abalada.
Eu só disse a verdade, pois ultimamente tenho tido cada vez mais
vontade de vê-la, de estar com ela.
— Bom dia, gente! — Audrey se aproxima beijando meu rosto. —
Madrugou hoje, hein?
— Acordei cedo e resolvi vir de uma vez — olho para Jas e ela sorri
abaixando os olhos em seguida.
— Conheci seu pai, Jasmine! Você nunca mencionou o quanto ele é
lindo.
— Acho que não surgiu assuntos sobre família entre nós, porque senão
eu teria me gabado dele com toda a certeza. Tanto meu pai como minha
mãe têm uma beleza admirável.
— Espero poder conhecer sua mãe. Eu gostei muito de ter ido à Nova
Iorque — ela se vira para mim sorrindo e se volta para Jasmine. — A
família do Theo é um amor!
— É verdade, eles são pessoas maravilhosas.
— Engraçado a mãe dele e a irmã não pensarem o mesmo de você. A
Julie até pediu para não tocar no seu nome para não estragar o clima.
Analiso o rosto de Jasmine me sentindo mal por Audrey ter tocado nesse
assunto, consigo notar que um pouco do brilho que ela exalava some.
— Eu sou culpada. Se eu estivesse no lugar dela sentiria o mesmo. Se
me dão licença, — levanta ajeitando a mochila no ombro — tenho de passar
na biblioteca para terminar uma atividade.
E assim ela se vai apressada, deixando metade do baggel, mas fazendo
questão de levar o copo de café.
Antes do almoço envio mensagem para ela pedindo para nos
encontrarmos no último andar.
Assim que minha aula termina eu a encontro sentada no chão.
— Você é muito rápida! Como chegou primeiro? — Fico ao seu lado.
— Não posso revelar meu segredo — brinca, sem o costumeiro sorriso
grande.
— Sei que ficou triste por causa da minha mãe e da Juliet. Olha, eu sei
que se passarem um tempo com você verão como está mudada, e essa
impressão ruim irá desaparecer.
— O pior é que elas estão certas, você é que é bom demais — fixa o
olhar nas mãos enquanto brinca com os dedos.
— Jas, — seguro seu queixo a fazendo olhar para mim — esse baixo
astral não combina com você. Esquece isso! Acho que posso fazer algo para
você melhorar.
— E o que seria? — Sua sobrancelha se arqueia em desconfiança.
— É melhor mostrar — toco seu rosto, aproximo o meu até colar nossos
lábios, para eu começar a beijá-la em seguida.
Vou beijando seus lábios devagar, de um jeito carinhoso para que esse
beijo seja tudo o que ela precisa para sorrir como antes da conversa de hoje
cedo.
Quando eu tinha dezessete anos me senti no céu quando ela me beijou,
pois o beijo da Jas era tudo o que eu queria. Hoje o beijo dela ainda é o que
quero cada vez mais.
Distancio apenas o suficiente para olhar em seus olhos:
— Melhor agora?
— Talvez, acho que preciso de mais — puxa meu rosto e iniciamos
outro beijo, agora mais intenso.
Ao nos separarmos seu sorriso largo está de volta, ela fica muito linda
quando sorri assim.
— Você é o cara mais fofo que eu já conheci, sabia?
Sorrio um pouco constrangido pelo elogio.
— Obrigada por me fazer sentir melhor. Agora deve ir almoçar, tem
treino mais tarde e precisa cuidar da alimentação.
— Adoro como se preocupa comigo — beijo sua bochecha e me levanto
para ir almoçar.
Depois desse momento Jasmine e eu passamos vários dias sem nos
beijarmos.
Continuamos tomando o café da manhã juntos e na quinta-feira ela me
encontra antes do treino, segura minha mão e me leva para trás de uma
árvore de tronco grosso o suficiente para nos esconder. Um instante depois
ela me beija.
Estou amando esse desejo dela de me beijar sempre, espero que eu
nunca acorde desse sonho.
Em seguida ela se despede e eu fico a observando se distanciar. Quando
chega na calçada, um cara surge a puxando pelo braço fazendo-a ficar de
frente para ele, seus braços envolvem a cintura fina juntando seus corpos.
Observo Jasmine o empurrar pelo peito, ela parece brava, porém, ainda
assim, ele não a solta. Cerro os punhos e quando me dou conta já estou
frente a frente com o cretino.
Exijo que a solte e desfiro um soco atrás do outro em seu rosto. Ele infla
as narinas de raiva e vem para cima de mim, consigo me defender e acerto
outro soco nele.
Num giro rápido ele consegue socar meu olho direito.
Como isso dói!
Furioso me jogo em cima dele o derrubando, é hora de voltar a acertar
seu rosto que já está todo ensanguentado.
— Chega, Theo! — O grito dela me faz parar.
Só então me dou conta da plateia que se formou.
Que droga!
Eu me levanto, seguro o braço da Jasmine e caminho com ela até
estarmos mais distantes dos curiosos.
— Você está bem?
— Eu quem deveria estar fazendo essa pergunta. Você poderia ter se
machucado feio.
— Aquele cara estava agarrando você! Quem é ele? Você o conhece? —
Sinto o ciúme queimar em meu peito.
— Ele faz uma matéria do curso comigo, vive dando em cima de mim,
mas eu jamais dei liberdade.
— Se ele tentar qualquer coisa de novo você me avisa.
— Theo, você precisa ir para casa e colocar gelo no rosto, vai ficar roxo.
— Mais tarde faço isso, não posso faltar ao treino. Não se preocupe e me
ligue se precisar.
— Está bem.
Eu volto correndo para o campus e recebo uma advertência do treinador
por estar atrasado.
Capítulo 23

Eu não sabia que o Theo podia se tornar tão violento.


Fiquei assustada temendo que ele se machucasse, e ao mesmo tempo me
sentindo envaidecida por ele estar brigando por minha causa.
O que sinto por ele cresce em proporções assustadoras e eu nunca senti
nada parecido por outro homem, não sei o que fazer ou como parar esse
sentimento forte que expande meu coração.
E o Theo faz tudo inchar ainda mais em meu peito com seu jeito fofo e
carinhoso, com seus beijos viciantes e o jeito que passou a me olhar
ultimamente.
Posso deixar que isso continue, beijá-lo sempre que eu puder, aproveitar
sua companhia quando possível e me esforçar ao máximo para não o
magoar.
Mais tarde decido enviar uma mensagem para ele perguntando como
está, ele responde que está bem, porém irá aparecer no campus com um
hematoma no olho.
A manhã chega e fico esperando para ver como está a situação do olho
dele. Quando Theo aparece só consigo me sentir culpada.
— Meu Deus, Theo! — Audrey levanta correndo e toca seu rosto. —
Então é verdade o boato que está circulando pelo campus?
— Se estão dizendo que entrei em uma briga feia, é verdade. Eu não vou
ficar aqui hoje, vou direto para a sala de aula para evitar os olhares
curiosos.
Ficamos olhando-o se afastar e Audrey se vira furiosa para mim.
— É verdade que ele brigou por sua causa? Não param de falar sobre
isso aqui.
— Não foi bem por minha causa. Um dos alunos tentou me agarrar
ontem, ele viu e foi me defender.
— Você tinha que estar envolvida! Não é à toa que tem cara de encrenca.
Você é a própria encrenca e vai acabar com a vida do Theo desse jeito! —
Audrey pega sua bolsa e sai bufando.
Eu tomo um grande gole do meu café para tentar melhorar meu humor.
— Licença! — Uma mulher loira se senta ao meu lado. — Você está
mesmo transando com o QB do Bruins?
Franzo o cenho odiando aquela pergunta.
— Não é da sua conta! — Seguro minha mochila e trato de sair de perto.
— Espera! — Ela vem atrás de mim. Ah, que ótimo! — Só quero
confirmar se o que dizem sobre o tamanho é verdade.
— Isso só diz respeito a ele. Agora me deixe em paz!
Esse dia começou uma merda!
E eu não sabia que poderia piorar.
Por onde eu passava via risinhos das mulheres, umas cochichando com
as outras, e as mais ousadas se aproximando para perguntar se estou
transando com o Theo e como consegui ser a próxima da lista.
O boato que tomou conta de todo o campus diz que Theo brigou com um
cara que deu em cima de mim, porque está transando comigo e ficou com
ciúme.
Que ridículo!
As pessoas deveriam ter mais o que fazer para não ficarem inventando
histórias falsas sobre a vida dos outros.
Se cada um se preocupasse em cuidar de sua própria vida o mundo seria
muito melhor.
Não encontro mais o Theo e vou embora quase correndo quando as aulas
terminam.
Antes de dormir falo com ele por mensagem, ele me pede para não ficar
pensando nisso, pois não importa o que as pessoas digam ou façam e ele
está certo.

“Amanhã temos jogo à tarde. Estou torcendo para que a pulseira dê


sorte para todo o time, mas desta vez, estou com o pressentimento de que
iremos perder. Se o jogo não fosse em outra cidade eu iria pedir para você
ir. Ver você lá me faria sentir melhor.”

Com essa mensagem ele consegue arrebatar mais um pedaço do meu


coração.

“Eu posso ir, não tenho compromisso nenhum amanhã. Faço isso por
você.”

“Não precisa, seria muito desgastante. Você teria de pegar ônibus e ...
Deixa pra lá. Fique torcendo por nós daqui mesmo.”

“Está acontecendo alguma coisa? Com alguém do time? Algo que está
afetando a todos?”

“Não se preocupe. Deve ser um pressentimento bobo. Vá descansar e ter


uma boa noite de sono para continuar com esse rosto lindo que você tem
😊”
“Obrigada. Descanse também, o dia hoje foi bem puxado para você. E
boa sorte amanhã.”

Passo o sábado todo ansiosa esperando por notícias, aguardando uma


mensagem do Theo ou do Jordan dizendo como foi o jogo. Eles têm que
vencer. Não vou aguentar ver o rosto perfeito do Theo triste, nem do meu
irmãozinho lindo.
E é quando estou a ponto de ter uma úlcera que recebo uma mensagem
do Jordan:

“Nós perdemos ☹.”

Ah, não!
Eles devem estar arrasados.
Preciso fazer alguma coisa.
Horas mais tarde, estou sentada e me levanto com um sorriso assim que
eles chegam, todos encurvados, tristes, é de dar dó.
— Olá rapazes!
Os quatro me encaram surpresos.
— O que está fazendo aqui, Jas? — Meu irmão vem até mim.
— Vim tentar animar vocês. — Eu o abraço.
Chase que é sempre animado e não perde a chance de falar qualquer
cantada boba passa cabisbaixo e destranca a porta. Phil entra logo atrás e
Theo para perto de mim. Seu olhar triste parte meu coração, então o abraço.
Eu entro acompanhada do Theo e do Jordan.
— Ah, não gente! — Falo para os quatro ouvirem. — Eu sei que o jogo
foi ruim, que vocês perderam, mas não é o fim do mundo! A vida não é só
ganhar, a gente perde também e tem de saber lidar com isso. Vocês são
jogadores incríveis, muito talentosos e se esforçam pra caramba para serem
os melhores, não têm nada do que se envergonharem!
Eles prestam atenção em mim.
— Não está tudo perdido. Vocês têm outro jogo no sábado, é a chance de
vencerem de novo. Amanhã será outro dia e durante a semana vocês vão
poder treinar e dar tudo de vocês. Hoje, só aceitem que perderam, que isso
acontece, que vocês são humanos. Vamos fazer alguma coisa e levantar esse
astral de vocês!
— É isso aí, gatinha! — Chase vem até mim me abraçando e me tirando
do chão.
— Eu pedi pizza, logo estará chegando. Vamos comer “porcaria” essa
noite e amanhã vocês voltam para sua alimentação super saudável.
Alguns sorrisos surgem e eu me sinto contente por isso.
Phil liga o Playstation e nos acomodamos na sala para jogar, Theo senta
do meu lado e nossas coxas se encostam uma na outra. Respiro fundo para
conter o calor que sobe pelo meu corpo.
A noite fica melhor depois que eles começam a jogar. As pizzas que
comprei vão embora em minutos juntamente com os refrigerantes, atletas
comem um absurdo!
Noto que meu irmão ainda está triste, então me levanto, pego em sua
mão e peço para conversarmos um pouco. Ele me conduz para seu quarto.
— O que está acontecendo, maninho? Tem mais alguma coisa que está
te deixando triste além do jogo de hoje?
— Um dos jogadores do time teve de se afastar, ele está doente,
descobriu um tumor no pulmão e precisa se dedicar ao tratamento. Ele nos
contou ontem, logo após a consulta.
— Nossa, que triste! — Acaricio seus cabelos.
— E ele faz falta no time, é um cara super divertido que faz todo mundo
rir, se dá bem com todos e joga muito. Ele é tão novo para ter uma doença
assim — seus olhos ficam marejados.
— Não fique assim! — Eu o abraço. — Ele vai ficar bem, você vai ver.
Tem muitas pessoas que fazem o tratamento e ficam livres do tumor. Ele vai
ser uma dessas pessoas e depois vai poder voltar a jogar, só vai adiar um
pouquinho a carreira dele.
Fico triste pelo rapaz, deve ser desesperador saber que está com uma
doença tão grave. É um momento muito doloroso para ele e para toda a
família.
Passo mais um tempo com o Jordan tentando consolá-lo. Ele é sensível
como nosso pai, dá para ver o quanto está afetado pelo que houve com o
amigo.
Decido ir embora antes que fique tarde demais, ele se oferece para me
levar, mas recuso pedindo para ele descansar e dizendo que vou pedir ao
Theo.
Eu me despeço de todos e em questão de minutos Theo estaciona o carro
em frente ao prédio onde moro.
— Jordan me contou sobre o amigo de vocês. — Eu me viro para ele e
começo a acariciar seus cabelos. — Com certeza isso afetou todo o time,
vocês não têm culpa da derrota de hoje.
— É triste demais.
— Eu entendo. Quero te beijar para te ajudar a se sentir melhor, mas não
sei se você quer isso nesse momento. Caso queira podemos subir, porque
não dá para ficarmos nos beijando aqui no carro, na rua. Quer que eu suba
sozinha ou vem comigo?
— Vou com você — abre um leve sorriso.
Como ele escolheu nós subimos, e no meu apartamento seguro sua mão
e o levo até o sofá, sento ao seu lado e acaricio seu rosto levemente com as
costas dos meus dedos.
Ele fecha os olhos com o carinho, eu aproveito para unir nossos lábios
transmitindo através desse beijo tudo o que sinto por ele, o conforto que ele
precisa, a alegria suficiente para minar sua tristeza.
Nosso beijo dura o máximo de tempo que conseguimos, paramos por
instantes até recuperarmos o fôlego e Theo volta a me beijar, mais intenso,
esfomeado, ardente, de um jeito que incendeia todo meu corpo causando
um incomodo entre minhas pernas.
Aperto uma coxa na outra para tentar aliviar a pulsação crescente no
centro da minha intimidade. Deslizo as mãos pelo pescoço dele afundando
meus dedos em seus cabelos, ele solta um gemido baixo me fazendo
intensificar ainda mais o beijo.
Estou vestindo um cropped branco, calça legging e um blusão, o que
facilita para as mãos do Theo deixarem minhas costas e passarem para
dentro do blusão tocando a pele da minha cintura. Gememos juntos com o
contato de suas mãos diretamente em minha pele.
Vou acabar entrando em combustão de tanto calor. Não aguento e sento
em suas pernas sem parar de beijá-lo, fico com uma perna de cada lado e
não seguro o gemido ao sentir seu membro duro contra mim.
Estou ardendo de desejo por esse homem e preciso tê-lo.
Vou beijando seu rosto, traçando um caminho até sua orelha, onde
mordo o lóbulo de leve. Suas mãos seguram meu quadril apertando-me
ainda mais contra sua ereção e o som de seu gemido me deixa louca.
Começo a distribuir beijos molhados por seu pescoço e ergo meu rosto
deparando-me com suas pupilas dilatadas pelo desejo, a boca entreaberta
por causa da respiração ofegante e uma expressão muito sexy.
Avanço para beijá-lo outra vez e não consigo chegar até sua boca, mãos
fortes me seguram pelos ombros.
— Não faz isso, Theo! — É praticamente uma súplica que faço levando
minhas mãos ao seu rosto. — Não pare agora!
— Era pra ser só um beijo — sua voz sai rouca.
— Eu sei, mas um beijo levou a outro e outro, até que as coisas
esquentaram muito.
— Tenho de ir embora — sorri.
— Não tem não — retiro alguns fios que caíram sobre seu rosto e
mergulho meus dedos nos cabelos macios. — Fica aqui hoje?
— É tentador, mas preciso mesmo ir, tenho de ficar em casa com meus
amigos, é um apoiando o outro.
— Entendo, mas acho que está querendo fugir para esconder um pau
pequeno, só pode ser isso — eu o provoco e ele ri.
— Pode sair de cima de mim para eu ir? — Seu sorriso é divertido.
Balanço a cabeça em negação.
Ele segura meu quadril e se levanta comigo colocando-me no chão.
— Obrigado pelo que fez por nós hoje para nos animar — seu polegar
afaga minha bochecha. — E meu pau não é pequeno.
— Então prova!
— Boa tentativa, porém não vai funcionar — a covinha aparece e ele
beija minha bochecha. — Você é demais, Jas.
Theo se aproxima outra vez, beija minha testa e se afasta, dá um último
sorriso antes de sair e fecha a porta.
Eu abraço meu corpo e me sento no sofá já sentindo falta do seu calor,
do seu cheiro, da sua presença.
Começo a recordar dos momentos que acabei de viver com ele.
Como o Theo pode ser tão forte e resistir a mim sentada nele o beijando
daquele jeito?
Capítulo 24

Não sei quanto tempo faz que estou calada observando cada pintinha do
seu rosto, cada vez que suas covinhas aparecem em dobro quando ele abre
um sorriso largo, sendo a minha favorita a da bochecha direita, por ser mais
marcada.
Observo o movimento de seus lábios enquanto fala com a Audrey, o
brilho em suas íris castanhas quando muda seu olhar para mim, o jeito que
passa a mão pelos cabelos ajeitando os fios que às vezes caem para frente.
Suspiro com a beleza desse homem que faz meu coração acelerar como
nenhum outro foi capaz de fazer.
Mordo meu lábio inferior me contendo para não levantar dessa cadeira e
ir até ele, sentar no seu colo e beijá-lo até perdermos o fôlego, como
fizemos em meu apartamento no sábado.
Será que o Theo tem ideia do quanto é lindo e atraente? Sem esquecer de
acrescentar o quanto ele é fofo também.
Acho que eu poderia ficar horas assim, só o admirando e reparando em
cada detalhe desse homem maravilhoso.
— Ah, desculpa! Não dá mais! — Ele diz meio inconformado batendo
na mesa e se levanta olhando diretamente para mim.
Sua mão segura a minha me fazendo levantar, mal tenho tempo de
raciocinar quando sua outra mão se coloca na lateral do meu pescoço e sinto
sua boca tomar a minha em um beijo ansioso.
Meu corpo todo amolece e preciso ser forte para não cair aqui na frente
de todos que estão tomando seu café da manhã. Como é que minhas pernas
ganharam essa consistência mole?
Jogo meus braços ao redor de seu pescoço para segurar nele caso minhas
pernas falhem e aproveito esse momento, o beijo intenso e cheio de carinho.
Só quando Theo se afasta, com os olhos brilhantes fixos em mim, é que
me lembro de onde estamos e acho que ele percebe minha confusão, pois
sorri.
— Não deu para me segurar, você estava me olhando o tempo todo.
— Tudo bem. Vou ficar te encarando mais vezes então.
Ele ri jogando a cabeça para trás e se afasta para pegar sua mochila. Dá
um “tchau” rápido para a Audrey e para mim, depois se distancia.
Vagarosamente eu me sento onde estava, minhas pernas ainda não se
recuperaram totalmente.
— Parabéns! — Ouço Audrey e me viro para ela. Pela primeira vez seu
rosto não combina em nada com a Miss Simpatia. — Você conseguiu
chamar a atenção de todos e receber o que 99% das mulheres aqui desejam
tanto: um beijo dele.
Ela não me dá tempo de dizer nada, pois se levanta rapidamente
segurando sua bolsa e saindo de cara fechada. Acho que agora ao invés de
Miss Simpatia vou me referir a ela como senhorita Trunchbull.
O dia passa rápido e quando vou embora sou parada várias vezes por
diferentes universitárias querendo saber se Theo e eu estamos ficando, se
ele está apaixonado por mim e como eu consegui fazê-lo me beijar no
campus.
Eu me senti uma celebridade cercada por repórteres ansiosas por uma
resposta, eu curti cada “nada a declarar” que eu disse.
Sou parada pelo cara que levou uma surra do Theo, ele está bem
machucado ainda.
— Por que não disse que era namorada de um atleta?
— Porque não sou e você não me perguntou. De qualquer forma você
não tinha o direito de me agarrar como fez.
— Pensei que estava a fim. Vem toda provocante para o campus, deu a
entender que esperava que algum homem te desse um pouco de atenção —
sorri de lado maldoso.
— Que absurdo! Uma mulher não pode mais usar a roupa que quer
nesse mundo? Se uma mulher quiser atenção de um cara ela vai se fazer
entender com atitudes, flertes, não com uma roupa, seu babaca!
Ser mulher está cada vez mais difícil!
No dia seguinte chego no início da primeira aula, avisei ao Theo que não
viria tomar café da manhã no campus, melhor deixar ele conversar a sós
com a senhorita Trunchbull.
Depois da aula vou para a biblioteca fazer um trabalho que preciso
entregar depois de amanhã.
Fico checando as horas e quando percebo que o treino do time deve estar
acabando reúno meus cadernos e vou correndo para o estádio.
Ao chegar lá eles estão reunidos no campo, parece ser uma reunião. Eu
subo escolhendo me sentar no quarto degrau da arquibancada.
Procuro pelo número 12, o que está estampado na camisa do Theo, mas
não encontro. Há dois jogadores sem camisa.
Não pode ser!
Levo a mão ao peito como se pudesse conter as palpitações.
Eles se viram e vejo Theo exibindo o torso escultural.
Os jogadores começam a sair rumo ao vestiário.
Eu me levanto e desço correndo na intenção de conseguir falar com o
Theo antes dele ir, mas meus pés embolam um no outro e eu caio, rolando
pela arquibancada, até que meu corpo finalmente bate no chão duro.
Ouço gritarem meu nome e passos correndo se aproximam.
Só pode ser brincadeira!
Junto minhas forças e ergo o tronco com os braços, sentindo as costas
doloridas.
— Jas, você está bem? — Meu irmão, todo preocupado, se agacha ao
meu lado tocando meu ombro.
— Jasmine! — Theo se abaixa logo em seguida. — Você se machucou?
Torceu ou quebrou alguma coisa?
Vejo outros jogadores parando logo atrás do Theo olhando para mim,
alguns segurando o riso.
Não me contenho e disparo a rir, levo as mãos à frente da boca e tenho
uma crise de riso.
— Gente, ela está bem, podem ir! — Theo pede aos outros.
— Que susto, Jas! — Jordan fica sério e se senta no chão. — Que porra
você estava fazendo?
— Olha a boca! Além de ter uma mulher presente, ela é sua irmã.
Eu viro o rosto para encarar o Theo com vontade de mordê-lo por ser tão
fofo.
— Você quer que eu te leve ao hospital? Pode ter se machucado.
— Estou bem. — Contemplo meu irmão olhando para nós curioso. —
Sério, estou bem! Podem ir tomar o banho de vocês.
— Ok. — Jordan se levanta e Theo diz que vai logo em seguida,
deixando-o ir na frente.
— Não acha melhor ir ao hospital e se certificar de que não machucou
nada? — Segura meu queixo tão suavemente.
— Sabe que a culpa do meu tombo é sua?
— Minha? — Suas sobrancelhas se erguem. — Eu nem estava aqui com
você!
— Mas ficou exibindo esse corpo no campo depois de ter me deixado
daquele jeito no sábado! Meu cérebro não aguentou, perdi a coordenação e
caí, que nem uma fruta podre.
Ele abaixa a cabeça reparando no peitoral nu e começa a rir, aqui na
minha frente, com essa bendita covinha.
— Já que a culpa é minha me deixe te levar no hospital.
— Não precisa, e você sempre dá carona para seus amigos.
— Eles são bem grandinhos para irem embora caminhando, e você é
minha prioridade.
Ai, caramba!
Ainda bem que estou sentada senão correria o risco de me esborrachar
no chão de tão derretida.
Mudo o olhar para minhas mãos em meu colo, pois não consigo encarar
seu olhar tão intenso assim sem querer tocá-lo.
— Deixa eu pelo menos te levar para casa? Só vou tomar uma ducha
rápida, avisar meus amigos que eles irão a pé e depois volto.
— Eles vão me odiar — sorrio imaginando a cena.
— Não vão. Agora vem cá! — Ele se aproxima passando um braço por
baixo de meus joelhos.
— O que está fazendo?
— Tirando você do chão — ele me ergue em seus braços e me coloca
sentada no primeiro banco da arquibancada. — Não vou demorar — recebo
um beijo no alto da cabeça e fico contemplando suas costas largas até
sumirem de vista.
Então me lembro da cena constrangedora de meu corpo caindo e rolando
até encontrar o chão. Começo a rir sozinha.
É cada uma que me acontece!
Logo Theo está de volta e faz questão de me carregar até o carro. Depois
me carrega até meu apartamento, mesmo eu garantindo que estou bem.
No instante em que ele me coloca no sofá agarro seu pescoço e o beijo,
ele se senta e nosso beijo se aprofunda, sua língua busca pela minha a
acariciando a cada encontro, as duas movendo-se em uma combinação
perfeita.
Seu beijo me faz esquecer qualquer problema, qualquer preocupação e
me faz viajar para um lugar mágico onde não há espaço para sentimentos
ruins, apenas paixão, alegria, desejo, paz e amor.
A.M.O.R.
Interrompo o beijo repentinamente me dando conta do que realmente
estou sentindo por ele.
— Alguma coisa errada? — Vejo o vinco de preocupação entre suas
sobrancelhas. — Sentiu dor?
— Não. Não é nada demais.
— Tem certeza?
— Sim, pode ir descansar, você precisa. Tem treino amanhã de novo e
logo o sábado chega, será um jogo importante em casa.
— Está bem, mas se sentir qualquer desconforto me liga, combinado?
— Combinado — sorrio o tranquilizando.
Theo beija a minha testa e vai embora.
Deito no sofá cobrindo os olhos com meu antebraço.
Eu estou apaixonada.
Pela primeira vez na minha vida eu estou apaixonada.
E é pelo meu amigo de infância.
Ele é tudo o que eu preciso.
Eu quero o Theo e eu vou fazer o que for necessário para tê-lo.
Capítulo 25

Deixamos o campo para o intervalo de dois minutos antes do último


quarto, estamos ganhando, o time está motivado e eu quero deixar a Jas
feliz por nossa vitória.
Falando nela, uma voz ecoa pelo estádio:
— Boa noite, pessoal! Vou ser bem breve, porque o tempo é curto.
Eu me viro de frente para o campo e a vejo lá no meio, parada,
segurando um microfone e abrindo um sorriso ao me ver olhando para ela.
O que a Jasmine vai aprontar?
— Hoje eu quero falar um pouco de alguém que é muito especial para
mim. Quando eu o conheci ele ainda usava fralda e já era tão fofo e tão
amigo como é hoje. Nós fomos amigos de infância, mas quando me tornei
adolescente perdi o juízo. Na verdade, eu acho que fui vítima de um feitiço
muito poderoso que me fez afastar dele.
Eu não acredito que ela está falando sobre mim com todas essas pessoas
aqui.
— Nós fomos nos reencontrar anos depois na universidade e eu tive
vontade de me bater ao ver o espetáculo de homem que ele se tornou. Como
pude me distanciar? O fato é que conviver com ele e voltar a conhecê-lo
tem despertado vários sentimentos novos dentro do meu peito. Ele é uma
pessoa sensacional e eu sinto muita falta dele quando não nos vemos, sinto
orgulho quando o vejo jogando e me sinto no paraíso quando ele me beija.
Sorrio me sentindo envaidecido com suas palavras.
Algumas pessoas gritam e assoviam.
— Então foi inevitável: eu me apaixonei por ele e quero pedir para ele
vir até aqui, por favor.
Meus colegas de time me empurram já me zoando e eu vou caminhando
até ela. Fixo meu olhar em seu rosto para esquecer o quanto estou tímido
com toda essa atenção.
— Olhem ele ali! — Ela aponta para mim com a mão livre. — Ele não é
incrivelmente lindo, gente?
Muitos gritos são ouvidos agora.
— O único problema é que a mãe dele é uma fera, mas tudo bem, estou
disposta a tudo por esse quarterback.
Chego até ela parando a uns cinquenta centímetros de distância.
— Não acredito que está aprontando isso comigo — rio.
— Sem mais delongas — segura o microfone com as duas mãos e
inspira profundamente. Seus olhos focam em mim, ela para de sorrir e
contemplando seu olhar percebo seu sentimento por mim, o que faz meu
coração ganhar ainda mais ritmo. — Theo, quero te fazer um pedido do
fundo do meu coração. Namora comigo?
Minha nossa!
O mundo chega a parar por um segundo e as pessoas que nos assistem
gritam e assoviam mais.
Eu sorrio não acreditando que ela está me pedindo para namorá-la.
Então, com o coração batendo forte, balanço a cabeça para mostrar que
minha resposta é “sim”.
Ela pula em mim envolvendo meu quadril com suas pernas e passando
os braços por meu pescoço, seguro em suas coxas para mantê-la assim.
Seus lábios macios beijam os meus e o barulho da plateia é
ensurdecedor, mas me perco em seu beijo por instantes esquecendo tudo ao
nosso redor. Jasmine tem esse poder de manter minha atenção nela e
esquecer tudo o mais, sempre foi assim.
Seu rosto se afasta, porém ela não me solta.
— Não precisa aceitar só porque estamos rodeados de pessoas. Vou
entender se achar que é cedo.
— Eu respondi sim porque eu quero, mas o que você faria se eu dissesse
não?
— Que tudo bem, mas eu não desistiria.
Não resisto a beijá-la de novo até sermos interrompidos pelo meu time,
em alvoroço eles nos erguem e caminham conosco alguns passos pelo
campo, até pedirem para Jasmine voltar a se sentar para o último quarto
começar.
Fico observando-a sair correndo, coloco o capacete para voltar a jogar
sem ainda acreditar que agora ela é minha namorada.
Após o jogo eu a encontro esperando por mim.
— Queria me despedir de você — ela envolve meu pescoço.
— Despedir?
— Sim, como sou sua namorada achei que ir embora logo após o jogo
acabar sem dar nem mesmo um beijo no meu namorado seria falta grave.
— Ah, é? Pois fique sabendo que não sair com seu namorado na noite
em que começaram a namorar é expulsão.
— Vou aonde quiser, não quero ser expulsa.
— Preciso passar em casa para me trocar, pode ir comigo e depois te
levo no seu apartamento para se arrumar.
— Agradeço, mas acho melhor eu já ir, porque provavelmente irei travar
uma batalha árdua com meu closet.
Sorrio e a beijo, observando-a ir embora.
Não me demoro em casa, visto uma camisa branca de algodão de
mangas compridas e as enrolo até quase chegar aos meus cotovelos, pego
uma calça jeans preta e tênis pretos. Ajeito os cabelos e saio.
Jasmine me faz esperar trinta minutos dentro do carro até aparecer. Eu
desço correndo para abrir a porta para ela, e antes de deixá-la entrar coloco
as mãos em sua cintura e reparo em como está linda.
Ela poderia estar usando uma roupa toda rasgada e suja que ainda assim
sua beleza não seria prejudicada.
Hoje ela veste um vestido amarelo de renda, as mangas são longas e
caem em seus ombros, o modelo é bem marcado até a cintura e mais
soltinho embaixo mostrando mais da metade de suas coxas.
— Está curto?
— Não. Você está linda — toco seu rosto reparando na maquiagem leve
valorizando mais os olhos. Nos cabelos ela fez um rabo em cima com os
cabelos da frente e o restante ficou solto. — Posso te beijar?
— Desde quando precisa de permissão para me beijar — revira os olhos.
— Desde quando você passou algo brilhante na boca.
Ela ri e cola nossos lábios.
É hora de sairmos.
Primeiramente eu a levo para jantar, ainda não comi nada depois do jogo
e estou morrendo de fome, espero que ela também esteja. Escolhi um
restaurante aconchegante que serve uma comida deliciosa, já vim aqui com
minha família.
Ficamos conversando um pouco sobre tudo durante o jantar, e cada olhar
dela para mim carregado de paixão deixa meu coração aos saltos.
Em seguida eu a levo para dançar, sabendo que ela ama isso. Nós nos
divertimos dançando um pouco e nos beijando bastante. Dessa vez não
bebemos nada com teor alcóolico, e estou tão contente que movo meu corpo
com o dela no ritmo da música, esquecendo a timidez, ignorando o fato de
que não estamos sozinhos, pois o que realmente importa para mim é que
Jasmine está se divertindo e que sou o responsável por seus sorrisos.
Quando minhas pernas reclamam eu chamo Jasmine para irmos embora.
Paro em frente ao prédio onde ela mora.
— Você pode subir um pouquinho? Sei que está cansado depois de
jogar, mas eu prometo que vai ser rápido. Eu só quero te dar uma coisa que
fiz para você caso dissesse não.
— Você pensou mesmo na possibilidade de eu dizer não?
— Eu tinha quase certeza de que iria me dar o fora na frente de todas
aquelas pessoas.
— Jas, — acaricio seu rosto sentindo a pele macia — eu sou tão
apaixonado por você que dizer “não” era quase impossível, apesar de que o
certo era você me esperar te pedir em namoro. Não pude sequer pensar em
algo.
— Te poupei, você gasta demais seus neurônios com o estudo e com as
jogadas — pisca brincalhona. — Você vem?
— Sim.
Nós vamos para seu apartamento e eu me sento no sofá esperando ela
trazer meu presente.
Jasmine senta-se ao meu lado e me entrega um álbum de capa prateada
escrito “Os melhores”. Eu abro e fico incrédulo:
— Como conseguiu isso?
— Meu pai guardou, ele é desses — dá de ombros.
É uma foto do dia em que nos conhecemos, estamos com nossos pais no
Central Park. Ela tinha três anos e eu apenas um ano e alguns meses. Até a
Kira está na foto.
Passo para as próximas duas fotos e lá estamos nós crianças outra vez.
— Tive a ideia de fazer esse álbum para você ver o quanto somos bons e
lindos juntos, iria tentar mudar sua resposta caso não tivesse aceitado me
namorar.
— Você é incrível, sabia? — Viro meu rosto para ela sentindo no pulsar
em meu peito o quanto estou apaixonado por ela.
Toco seu rosto e bem devagar me aproximo mais para que nossas bocas
se encontrem mais uma vez para nos envolver em uma aura de paixão.
Beijar a Jas é tão bom que não tenho vontade de parar e ela parece sentir
o mesmo. Uma de suas mãos aperta minha nuca e nosso beijo se torna mais
forte, misturando paixão e ansiedade.
Sinto meu corpo começar a esquentar, um calor se instala sob minha
pele, subo minhas mãos por suas costas e a trago para junto de mim.
Ela deixa escapar um gemido em meio ao beijo, pressionando minha
nuca, beijando meus lábios furiosamente ao mesmo tempo em que aperta
mais os peitos em mim gemendo de novo.
Fico duro feito pedra, me sentindo incomodado pelo tecido da calça.
Não aguento mais segurar tanto tesão.
Minha namorada para de me beijar, sua respiração toca minha boca, mas
seus olhos, que ardem de desejo, não se desviam dos meus.
Uma de suas mãos desliza pela lateral do meu pescoço e seu dedo
indicador entra na gola da minha blusa entrando em contato com minha
pele. Eu me arrepio quando ela percorre a costa de seu dedo por toda a
extensão da gola.
Seu sorriso largo surge, ela se levanta e agarra minha camisa me fazendo
levantar. Jasmine vai me puxando até chegarmos ao seu quarto.
Seu corpo cola no meu no momento em que ela me beija e não aguento
mais, seguro em sua cintura a pressionando mais contra minha virilha em
busca de alívio e gemo em sua boca.
Ela se afasta ofegante, tirando minha camisa puxando-a para cima.
Voltamos a nos beijar por mais alguns segundos, sua boca vai para meu
pescoço enquanto suas mãos descem pelo meu peito me enlouquecendo.
— Você tem um corpo magnifico, todo sarado e duro— fala com sua
voz sensual sem parar de acariciar meu peito e minha barriga.
Seguro suas mãos fazendo-a parar e soltar um longo suspiro. Eu me
sento em sua cama sem soltar suas mãos e a puxo para se sentar de lado
sobre minhas pernas.
— Precisamos conversar antes de continuar.
— Certo. Eu quero aproveitar e esclarecer que não quis me tornar sua
namorada por você ter dito que só transa quando namora. Não que eu não
queira transar com você, porque eu quero, quero muito, quero provar você
todinho, mas quando você achar que é a hora.
Ganho uma mordida de leve em minha bochecha direita.
— Se continuar vermelho vou te morder mais.
Só consigo rir.
Capítulo 26

— Eu quero ser sua namorada para ficar com você, para te beijar mais,
para cuidar de você, enfim, porque eu percebi o quanto estou apaixonada
por você.
— Eu acredito em você. E você precisa saber que eu sempre, sempre
mesmo, fui apaixonado por você a ponto de não ter olhos para nenhuma
outra mulher. Com você eu tive o meu primeiro beijo, e guardei todos os
outros para você também.
Meu Deus!
— A primeira vez que fiquei bêbado, minha primeira dança com uma
garota, minha primeira namorada e minha primeira transa.
Estou chocada, o ar chega a faltar em meus pulmões.
— Guardei todas as minhas primeiras vezes para a única mulher que tem
meu coração. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, do quanto fiquei
magoado e sofri, nada foi capaz de me fazer te esquecer e deixar de sonhar
com você, sonhar com o momento em que se apaixonaria por mim e seria
minha. Você é a única mulher na minha vida, você é o meu sonho, Jasmine
Foley.
Só percebo que estou chorando por causa do seu toque tentando enxugar
as lágrimas.
— Então Jasmine Foley chora! — Ele sorri ternamente.
— Eu não mereço você. — Digo sabendo que é a mais pura verdade, ele
é demais pra mim.
— Deixa que eu decido isso.
Seu beijo me inunda de carinho, levo minhas mãos ao seu rosto
acariciando suas bochechas com meus polegares. Estou decidida a dar ao
Theo a melhor noite de sua vida, fazer valer a pena ele ter se guardado para
mim.
Tenho plena consciência de que não o mereço, somos o contraste notável
entre o certo e o errado, o perfeito e o imperfeito, mas ele me escolheu e eu
estou perdidamente e completamente apaixonada por ele.
Eu não estava brincando quando disse que faço tudo por ele, sou capaz
de qualquer coisa para que ele seja feliz.
Saio de seu colo e o faço ficar de pé puxando-o pelo cós da calça.
Reparo o volume, o que faz minha intimidade latejar. Abro o botão e abaixo
o zíper pedindo para ele tirar tudo.
Puta merda!
Como ele é lindo!
Eu já tinha visto seu torso nu, mas vê-lo por completo sem nenhuma
parte do corpo estar coberta é diferente, a visão mais excitante e incrível
que já tive.
Ele é todo lindo.
Mordo o lábio inferior ao ver seu membro longo e duro.
Avanço contra ele praticamente atacando sua boca com a minha,
envolvo sua ereção com a mão movimentando-a em um vai e vem lento que
o faz gemer. Seu gemido reverbera no meio de minhas pernas, aumentando
meu desejo de senti-lo.
Deixo sua boca para seguir beijando até sua orelha, onde mordisco o
lóbulo ao mesmo tempo em que subo minhas mãos pelo torso durinho e
quente.
Suas mãos apertam minha bunda pressionando meu corpo contra o dele
e ele está tão duro que tenho de me controlar para não o jogar na cama e
matar logo minha vontade de sentar nele. Mas eu não posso ir tão rápido,
preciso dar a ele mais do que isso, e vou começar agora.
Desço devagar deslizando minhas mãos pelo seu corpo até ficar sobre
meus joelhos. Seguro seu membro em minha mão.
— Jas, — geme meu nome e eu começo a mover minha mão — não vou
aguentar se fizer o que pretende.
— Imagino que não, mas eu quero sentir seu gosto, quero provar você
inteiro.
Sem perder o contato visual me aproximo e vou lambendo a glande, seus
olhos se fecham. Aos poucos vou abocanhando seu comprimento sentindo a
pele delicada em minha língua. Gradualmente vou acelerando o movimento
de minha mão e da minha boca que o suga faminta.
— Haaaa! Isso é tão gostoso — seus gemidos me fazem continuar até
que ele segura minha cabeça e geme meu nome jorrando dentro da minha
boca.
Ele me ergue do chão, arranca meu vestido ansioso e me beija forte. Em
segundos sou deitada na cama para sua boca sugar meus mamilos enquanto
sua mão acaricia meus seios.
Gemidos vão escapando pela minha garganta à medida que sinto sua
língua, lábios e mãos percorrerem meu corpo. Seus dedos encontram o
elástico da minha calcinha e ouço o barulho do tecido sendo rasgado.
Deliro de prazer quando sua boca degusta entre minhas pernas, ele suga
meu ponto sensível com vigor me fazendo gritar de tanto prazer, me
provando como se eu fosse um manjar apetitoso.
Sinto meu corpo ser dominado por ondas de prazer e é impossível não
gemer alto. Theo volta para mim tomando minha boca com furor.
Nossos corpos estão suados e quentes, ansiosos para sentirem mais um
ao outro. Com a voz rouca ele fala de pegar o preservativo, porém quero
que ele tenha essa experiência completa comigo e digo que confio nele para
não usar, eu faço uso de anticoncepcional e estou com os exames em dia.
Ele fica sobre mim com os olhos enevoados pelo desejo, seu membro
roça em minha entrada completamente molhada e ansiosa para recebê-lo. E
então acontece, ele vai me preenchendo, alargando-me deliciosamente e
esse contato gera gemidos em ambos.
Seu membro longo, duro e quente começa a se movimentar em um vai e
vem enlouquecedor. Logo ele arremete mais forte, ganha mais velocidade e
somos submersos no prazer intenso que essa conexão de nossos corpos está
nos proporcionando.
Cravo minhas unhas em seus ombros sentindo um novo orgasmo
convulsionar meu corpo, o que o levou a gemer e gozar, e eu me deleito
com a visão de seu rosto tomado pelo prazer.
Seu corpo desaba cansado ao meu lado, ele corre a mão pelos cabelos e
vira o rosto para mim sorrindo:
— Isso foi fenomenal.
Sorrio de sua escolha de palavras.
— Tenho de concordar com você — posiciono meu corpo de lado e
estendo o braço para acariciar seu rosto. — Foi incrível!
O sexo com o Theo foi diferente, não foi um ato qualquer de duas
pessoas buscando prazer, como eu estava acostumada, com ele foram dois
corpos gerando um liame baseado em carinho, paixão e prazer.
Dessa vez foi mais íntimo, mais intenso. Meu corpo parecia estar sendo
venerado pelo Theo, degustado com ânsia e carinho ao mesmo tempo. Eu
me entreguei por completo a ele.
A noite estava apenas começando para eu descobrir que namorar um
atleta exige de você um bom preparo físico, porque o atleta é incansável.
Na próxima vez pude saciar meu desejo de sentar nele, foi excitante
estar no controle, provocando reações de prazer até ele se derramar dentro
de mim.
Não sei que horas fomos dormir, a noite se prolongou bastante enquanto
saciávamos os nossos corpos pelo tesão acumulado, até sermos vencidos
pela exaustão.
Desperto com um som estranho, não é meu celular, abro os olhos e vejo
as costas largas e lindas dele sentado, estendo meu braço e toco no seu.
Theo vira o rosto e sorri para mim.
— Bom dia! — Ele se deita e beija minha boca brevemente. — Não
queria te acordar.
— Então fique aqui comigo e vamos dormir mais um pouco — peço
ainda sonolenta.
— Por mais que eu queira eu não posso, tenho treino hoje, esqueceu?
— Ah! — Toco seu rosto fazendo beicinho.
— Não faz isso — sorri e me beija. — Eu volto depois do treino para
ficarmos mais um tempo juntos. Agora preciso mesmo ir. Volte a dormir —
sinto seu beijo em minha testa e o vejo se levantando e vestindo suas
roupas.
O sono me vence e adormeço.
Acordo horas mais tarde me espreguiçando com um sorriso bobo no
rosto por recordar da noite anterior. Eu me levanto morrendo de fome, e
após passar no banheiro vou para a cozinha comer alguma coisa.
Então estar apaixonada por alguém é assim, ter vontade de sorrir o
tempo todo, sentir o coração se acelerar só de pensar na pessoa, e o mesmo
órgão quase explodir por estar sendo cada vez mais inundado por um
sentimento imenso.
Eu não tenho experiência em relacionamento, no entanto eu estou
disposta a fazer o que for preciso para que nosso namoro dê certo.
Assisto um pouco de TV e vou tomar um banho. Pelas minhas contas o
Theo deve chegar logo já que os treinos aos sábados duram cerca de umas
seis horas, é uma rotina bem desgastante e meio exagerada, na minha
opinião.
Visto um cropped branco frente única bem decotado e uma saia verde
clara curta e soltinha. Volto para a sala e o som de batidas na porta me faz
levantar em um pulo.
Capítulo 27

Corro para abrir a porta e me jogo nele o abraçando. O cheiro de seu


perfume misturado ao aroma do sabonete me invade, eu me afasto
admirando seu rosto perfeito, a covinha que surge com seu sorriso, os
cabelos molhados.
— Oi.
— Oi, namorado! — Seguro sua mão o conduzindo para dentro.
Fecho a porta e ele me enlaça pela cintura colando seus lábios nos meus
em um beijo urgente. Seu nariz desce até meu pescoço inspirando
profundamente.
— Eu amo o seu cheiro — sua voz sussurra em meu ouvido para em
seguida seus beijos molhados percorrerem a extensão do meu pescoço.
Já sinto minhas pernas ficarem bambas quando um barulho alto nos
afastar e nos entreolharmos, em seguida começamos a rir.
— Isso é que é estômago de atleta — brinco após ouvir o ronco de seu
estômago faminto.
— É que vim direto pra cá depois do treino — leva a mão atrás da
cabeça, suas bochechas ganham aquele tom de rosa fofo.
— Vou preparar algo para você comer — beijo sua covinha e caminho
para a cozinha, sendo seguida por ele. — Quer comida ou uma vitamina?
— Pode ser a vitamina.
Abro a geladeira em busca de leite e frutas, deposito tudo sobre o
balcão, ao lado do liquidificador. Mãos grandes e quentes envolvem minha
cintura me girando para que sua boca me beije outra vez, esfomeada pela
minha.
Levo as mãos ao seu rosto me deixando levar pela sensação inebriante
de sentir seus lábios nos meus e sua língua explorando o interior de minha
boca.
Arfo no instante em que sua mão acaricia um de meus peitos por cima
do tecido, minha vontade é de tirar esse cropped para sentir o calor de sua
mão diretamente em minha pele.
A necessidade de buscar um pouco de ar se torna insuportável, fazendo-
me afastar nossas bocas ofegantes.
— Sei que agora que você experimentou o sexo e viu como é bom, quer
mais. Eu também quero, mas me ajude a ser uma boa namorada e me deixe
cuidar de você fazendo a vitamina primeiro para você não ficar com fome
— junto minhas mãos em prece.
Ele sorri lindo, passa a mão pelos cabelos e se afasta.
— Tudo bem.
Theo se senta na ilha e eu consigo preparar a vitamina.
— Estou curiosa sobre uma coisa. Sobre a lista — me viro para ver seu
sorriso surgindo. — Você era virgem, então essa lista nunca andou, certo?
— Certo.
— E o boato da universitária que transou com você, no fim é só fake
news.
— Sim — ri abaixando a cabeça.
— Mas ela acertou sobre o tamanho — rio e suas bochechas coram.
Ai, meu Deus! Tem como ele ser menos fofo?
Vou até ele ficando entre suas pernas, seguro seu rosto e beijo suas
bochechas coradas.
— Ela acertou, porém quem provou e viu fui eu. — Deslizo a língua
pelos meus lábios atraindo seus olhos para minha boca. — Não vou deixar
nenhuma outra chegar perto do que é meu.
E lá vamos nós para outro beijo, é impossível resistir, porque beijá-lo é
incrível, e estar com ele e não o desejar está além das minhas forças.
Pouso minha mão em sua virilha sentindo o volume de sua excitação.
Abro sua calça e libero seu membro lindo, grosso e grande, envolvo-o com
minha mão colocando-o na minha boca para aliviar um pouco o tesão dele e
o meu também.
Em poucos minutos lembro que ele está com fome e me afasto para
despejar a vitamina em um copo e entregar para ele.
Ficamos sentados no sofá vendo um pouco de TV.
— Você vai dormir aqui? — Tento fazer aquele olhar de cachorrinho.
— Não — ele ri acariciando meus cabelos. — Hoje vou para casa.
— Ah, Theo! Fica aqui comigo? Aposto que você terá uma noite muito
melhor se dormir comigo.
— Eu não duvido, é só que já dormi aqui ontem e...
— E nada! Você pode dormir aqui quando quiser.
— Vou ganhar o que em troca? — Ele sorri de lado.
— Tudo o que você quiser, inclusive eu inteirinha.
Foi o suficiente para terminarmos no quarto.

Levanto cautelosamente para não acordar o homem espetacular que está


dormindo como um anjo na minha cama.
Preparo o café da manhã cantarolando, me sentindo extremamente
alegre, daquela forma que dá vontade de ficar saltitando.
Quando os waffles estão quase prontos Theo aparece vestindo apenas a
sua calça.
— Bom dia! — Ele me abraça por trás depositando um beijo demorado
em meu pescoço.
— Bom dia — eu me viro prendendo seu rosto entre minhas mãos. —
Alguém já te disse que você é muito lindo?
— Minha mãe — ri brincalhão.
— Seu bobo — puxo seu rosto e o beijo, saboreando sua boca. — Sente-
se para tomar o café da manhã comigo!
Sirvo waffles em um prato e pego leite. Sento na banqueta ao seu lado.
— Espero que os waffles tenham ficado bons. Vou me sentir arrasada se
achar que não cozinho bem, — sua covinha direita surge de leve por causa
do sorriso discreto e eu continuo — não quero que pense em terminar por
eu não ser capaz de fazer uma comida decente para alimentar meu
namorado.
— Ah, sim! Eu vou ficar decepcionado se você cozinhar mal — brinca.
— Como se isso fosse abalar o que sinto por você — seu toque em meu
rosto me faz inspirar fundo. — Demorou demais para você ser minha, ainda
bem que meu pai me ensinou a sonhar grande, dizendo que tudo é possível.
— Lembre-me de agradecê-lo por isso quando eu o vir. A lição dele me
deu a oportunidade de ter um príncipe.
Ele ergue as sobrancelhas.
— O que foi? Você é um príncipe, não sabia?
— Príncipes não existem. Quer dizer, existe aquele príncipe onde a
Monarquia reina, mas esse príncipe de conto de fadas não existe. Eu
inclusive me preocupo com a Juliet por isso, ela vive lendo livros de
romance. É uma leitora compulsiva como nossa mãe.
— Como assim logo você não acredita em príncipe? Você é um príncipe
Theo, não tem outra descrição melhor para te definir. É gentil, educado,
fofo, carinhoso, doce, inteligente, lindo, cheiroso e gostoso — nós dois
rimos.
— Se eu sou o príncipe você é quem? A rainha má? — Ele dispara a rir
e dou um beliscão de leve em seu braço. — Calma! Era só brincadeira.
Você é minha princesa, minha princesa Jasmine.
— Faltou só você dizer que é o Alladim. — Achei graça.
— Não importa quem eu sou, desde que você seja minha.
Uau!
Essa foi para dar aquele frio na boca do estômago.
E com o assunto de príncipe encerrado vamos comer.
Passamos o resto da manhã no sofá, com a TV ligada, mas conversando
e nos beijando a maior parte do tempo. Aproveitei para beijar cada pintinha
do seu rosto, tinha vontade de fazer isso desde que nos reencontramos.
Ele fica para almoçar comigo e depois volta para sua casa, me deixando
repleta de recordações maravilhosas desse fim de semana inesquecível.
Estar no campus outra vez, depois de sábado, é estranho. Parece que já
passou tanto tempo.
Sinto como se estivesse caminhando em câmera lenta, todos olham para
mim. Theo disse que não viria cedo hoje, no entanto eu quis vir por ter
acordado cedo e animada.
Avisto a Audrey tomando seu café e me aproximo, não quero que esse
clima ruim continue entre nós, afinal o Theo adora ela e seria horrível sua
namorada e amiga não se darem bem.
— Bom dia, Audrey! Como você está? — Largo minha mochila na
cadeira ao lado e me sento sem pedir permissão, ela não iria deixar mesmo.
— Bom dia. — Ela está com sua cara de senhorita Trunchbull.
— É o seguinte: — entrelaço meus dedos sobre a mesa e a encaro — eu
não sei o que fiz para você estar assim comigo, antes você era a Miss
Simpatia e agora mudou para senhorita Trunchbull do nada, foi uma
mudança bem drástica e eu agradeceria se me dissesse o motivo.
— Senhorita Trunchbull? — Parece descontente.
— Sim, cara fechada, emburrada, sabe?
— Ah, é? Pois para mim, desde o primeiro dia em que te conheci, só
consegui pensar em Dona Encrenca. E é perfeito! Você só trouxe encrenca
depois que apareceu.
— Quer saber? Eu não tenho culpa se o Theo não quis te beijar, se você
esperou tempo demais para tentar algo com ele! Você esperou que eu
reaparecesse e voltasse a mexer com os sentimentos dele para tomar uma
atitude. Eu lamento dizer, mas você perdeu sua chance por não ter agido
antes.
Ela franze o cenho em desgosto.
— E essa é a diferença entre nós: eu não espero para agir, quando eu
quero eu vou atrás, e foi exatamente o que fiz. Quando eu vi o Theo lindo
daquele jeito eu comecei a sentir algo diferente por ele e esse algo foi só
crescendo em grandes proporções na medida em que passávamos um tempo
juntos. Por fim percebi que não era uma atração qualquer, não era só desejo,
era algo muito maior.
Eu sorrio sentindo meu coração acelerar só de pensar no meu namorado
e no que sinto por ele.
— Eu sou completamente apaixonada por ele, a ponto de fazer tudo para
ficar com ele, para vê-lo abrindo aquele sorriso perfeito que marca a
covinha direita e me deixa toda derretida. Eu nunca tinha me sentido assim,
não ficava com o coração acelerado, nem com as pernas bambas, e agora,
além disso, eu também sinto algo dentro do meu peito que parece que vai
explodir, e às vezes é tão intenso que chega a doer. Eu não quero ter uma
relação ruim com você, pois o Theo te ama como uma amiga especial, não
nos darmos bem pode deixá-lo chateado. Você pode sair com alguém para
tentar mudar o que sente! Que tal o Jordan?
— De jeito nenhum! — Uma voz masculina surge atrás de mim, meu
coração erra uma batida e contemplo Audrey com um sorrisinho de
deboche.
Eu me levanto e me viro lentamente fitando seus olhos castanhos. Ele
cruza os braços e está com uma expressão de quem está se divertindo.
— O Jordan vai fazê-la sofrer.
— Desde quando está ouvindo?
— Desde que você disse que — se aproxima enquanto fala e segura meu
rosto entre suas mãos quentes — é completamente apaixonada por mim.
Seus braços curvam o meu corpo para trás, seus lábios encontram os
meus e eu me entrego a esse beijo cinematográfico e apaixonado.
Ele se afasta bem pouco para sussurrar em minha boca:
— Eu também sou completamente e irrevogavelmente apaixonado por
você — seu hálito quente em meu rosto me deixa fraca, com as pernas
moles e a respiração ofegante.
Capítulo 28

Chase e Jordan estão jogando videogame quando chego no domingo à


tarde. Eu me sento em uma poltrona os cumprimentando.
— Sua namorada ainda consegue andar depois desse fim de semana
intenso? — Chase dá um sorriso de lado que diz tudo.
— Não deveria falar assim perto do Jordan, é irmã dele. — Aviso e vejo
Jordan sorrir sem tirar os olhos da tela.
— Como se ele não soubesse que você está comendo a irmã dele —
Chase se curva de tanto rir.
— Hey! — Jogo uma almofada em sua cabeça. — Mais respeito com a
minha namorada.
— Sabia que sexo demais pode atrapalhar seu desempenho no campo?
Nosso treinador vive falando isso — continua zombando de mim.
— Então era para vocês todos serem péssimos em campo, porque desde
que nos conhecemos que passam noites e mais noites fora.
— O que não acontecia com você até aparecer uma mulher pra te
mostrar a verdadeira utilidade do seu pau.
— Que graça, Chase! — Levanto e começo a subir as escadas.
— QB! — Ele me chama e eu paro no meio das escadas. — Estou feliz
por você, cara!
Balanço a cabeça sorrindo e vou para meu quarto.
Deito em minha cama com as mãos sob a cabeça e rio das palhaçadas do
meu amigo. Eu sei que eles vão zoar com a minha cara por mais um tempo.
Ontem quando cheguei para o treino o time todo resolveu tirar sarro da
minha cara, mas não ligo.
Ter a Jasmine é a melhor coisa que já me aconteceu e esse fim de
semana foi surreal.
— Entra! — Falo para quem está batendo na porta.
— Sou eu! — Jordan entra.
Eu me sento e ele se posiciona ao meu lado.
— Ainda não pude dizer que estou feliz por você, por ser meu cunhado
agora — nós rimos. — Eu torço para que tudo dê certo, sério! Mas será que
estou errado em sentir medo de você ser magoado pela Jas de novo? Porque
eu sei o quanto gosta dela, dá para notar o tanto que você está feliz e, eu não
quero te ver mal por causa dela de novo.
— Eu entendo, mano — toco seu ombro para confortá-lo. — No fundo
eu também tenho medo, porém ela tem se mostrado tão diferente que eu
prefiro acreditar que dessa vez vai dar certo, porque ela está gostando de
mim de verdade, não duvido disso.
Na manhã seguinte, quando vejo Audrey e Jasmine no Café resolvo me
aproximar para cumprimentá-las, até porque ver minha namorada e não dar,
pelo menos, um abraço nela vai contra as minhas forças.
Ao me aproximar, levo o indicador na frente da boca para Audrey não
denunciar que estou aqui e ouço a declaração que Jasmine faz sobre o que
sente por mim.
Sinto um misto de paixão, exultação e paz por saber que ela gosta de
mim dessa forma. Ouço até o final e a beijo emocionado por suas palavras.
— Você se importa de eu acompanhar a Audrey até a sala de aula dela?
— Claro que não — sua mão delicada afaga meu rosto e eu adoro o
toque dela. — Como poderia me importar com qualquer mínima coisa
depois desse beijo de novela, príncipe?
— Está bem, princesa — retiro sua mão do meu rosto para depositar um
breve beijo em sua palma e me despedir.
Caminho com Audrey ao meu lado:
— Eu agradeceria muito se você pudesse não sentir raiva da Jasmine por
eu ser apaixonado por ela. A culpa não é dela.
Audrey revira os olhos e para de frente para mim.
— Só acho que ela não combina com você.
— Tudo bem, cada um tem sua opinião. Você sabe que eu gosto demais
de você, que a considero uma amiga muito especial, e tenho de confessar
que o que eu sinto por você não mudaria mesmo que a Jasmine não tivesse
vindo para cá.
— Ok. Agora preciso ir — ela me beija no rosto e vai para sua primeira
aula.
Durante a semana Jasmine e eu nos encontramos somente para tomar o
café da manhã, pois ambos estávamos abarrotados de atividades e trabalhos
da universidade, porém conversamos muito por mensagem e ela me fez sua
primeira exigência como namorada: eu não deixar nosso namoro prejudicar
meus estudos nem o futebol.
Hoje o time vai viajar para um jogo que teremos amanhã e não posso ir
sem me despedir da minha princesa. Envio uma mensagem para ela logo
cedo, torcendo para que ela veja antes de sair de casa.
Estou no Café a esperando, ela vem caminhando abrindo aquele sorriso
lindo e grande, meus lábios também formam um sorriso contente ao ver que
ela leu a mensagem a tempo.
Eu me levanto e a beijo:
— Bom dia, princesa.
— Bom dia. Gostou da saia? — Afasta mostrando a saia curta xadrez em
branco e preto, daquele modelo que me lembra uniforme de cheerleader.
Para completar o look ela usa uma camiseta branca com um nó na
cintura, o qual ela mesma fez, é a cara dela. Tênis pretos e cabelos presos
em um rabo terminam de compor o visual dela.
Sexy demais!
A Jasmine sempre está sexy, é algo dela, e isso me deixa louco.
Eu a puxo para junto de mim colando seu corpo delicado ao meu, ela
arregala os olhos abrindo a boca ao sentir que estou excitado.
— Gostei de tudo — sussurro.
— Acabei de perceber — ri, segura meu rosto e beija minha bochecha
direita. — Vai sair andando por aí desse jeito?
— A culpa é sua.
— Ah, é? Quem foi que pediu para eu vir de saia hoje?
— Certo. Eu só não estava preparado ainda — brinco e beijo seu
pescoço inspirando o perfume gostoso, o que não ajuda em nada a melhorar
meu estado. — Você vai ter que ficar colada em mim até eu voltar ao
normal.
Ela ri jogando a cabeça para trás.
— Pensa em alguma coisa nojenta, tira o foco de mim, príncipe — toca
a ponta do meu nariz. — Sabia que existe pessoa que come barata? Imagina
só você pegando uma barata e colocando na boca? Eca! — Faz uma careta.
— E quando o bebê está resfriado, escorre coriza pelo nariz e ele lambe?
Que nojo!
— Ah, Jas! Já chega!
— Tem tanta coisa nojenta no mundo!
— Não quero me lembrar disso na hora do almoço.
Ela sorri sapeca e se afasta de mim.
— Quero que veja uma coisa antes da aula começar — seguro sua mão e
a conduzo pelo campus.
Nós entramos na biblioteca, há poucos universitários por aqui nessa
hora. Vamos até as estantes do fundo e entramos em um corredor aleatório
ficando entre livros e mais livros.
Eu a encosto na parede, Jas morde o lábio inferior:
— Não acredito que Theo Williams vai fazer isso!
— É muito arriscado. Você quer tentar comigo ou é melhor desistir dessa
ideia maluca?
— Príncipe, eu sou Jasmine Foley, esqueceu? Adoro correr riscos — ela
se apossa da minha boca beijando-me ansiosamente.
Pressiono meu corpo ao seu, arfamos juntos e nossas mãos começam a
percorrer o corpo do outro de forma ousada. Jasmine abre minha calça
segurando-me em sua mão, que começa a me masturbar.
Cara! Como é gostoso sentir a mão de uma mulher em seu pau. E
melhor ainda é sentir sua boca, mas não temos tempo para isso agora.
Ergo sua saia e coloco minha mão dentro de sua calcinha passando a
massagear seu pequeno ponto de prazer. Sua boca deixa a minha para soltar
um gemido baixo.
Nossos olhares enevoados pelo tesão se fixam um no outro, sua mão
começa a se mover mais rápido me obrigando a segurá-la com minha mão
livre.
Aproximo minha boca de sua orelha para sussurrar:
— Desse jeito vai me fazer gozar e não quero gozar ainda, desejo fazer
isso quando estiver dentro de você.
Ela fecha os olhos gemendo ao atingir um orgasmo.
Retiro a mão de sua calcinha e seguro em suas coxas trazendo suas
pernas para cima, Jasmine as envolve em meu quadril, afasto sua calcinha
para o lado e a penetro devagar sentindo o quanto está encharcada e quente
pra mim.
Deslizo para dentro dela bombeando cada vez mais rápido, sendo
dominado pelo prazer intenso que permeia nossos corpos. Beijo sua boca
selvagemente para abafar nossos gemidos e me derramo em seu interior
sentindo ondas eletrizantes percorrerem meu corpo.
Nossos lábios se distanciam, ofegantes pelo que acabamos de
compartilhar. Jasmine pega meu rosto entre suas mãos e beija meu queixo
subindo até minha boca, seu beijo é lento e carinhoso.
Queria poder ficar assim com ela por mais tempo, não tenho vontade de
sair de dentro dela.
Ela abaixa suas pernas, separando nossos corpos. Retiro uma pequena
toalha do bolso e entrego para ela.
— O que é isso? — Ela ri.
— Cavalheiros sempre carregam um lenço, mas achei que uma toalhinha
seria melhor para a ocasião. É para você se limpar antes de irmos, não
quero que saia por aí com sêmen escorrendo por suas pernas até chegar ao
banheiro.
— Você não existe — ela sorri balançando a cabeça.
Fecho minha calça e me viro de costas para dar a ela privacidade
enquanto se limpa.
— Pronto! — Cantarola e eu me viro, tendo seus braços envolvendo
meu pescoço. — Obrigada por pensar em tudo. Você é mesmo um príncipe!
Tenho sorte por seu meu príncipe — seus olhos brilham e ela me beija mais
uma vez cheia de carinho.
— Vamos viajar hoje à tarde. Eu vou sentir sua falta durante o fim de
semana — afago seu rosto. — Se eu chegar cedo posso te ligar?
— Pode ir direto para meu apartamento.
Nós dois rimos.
— Temos que ir agora — eu me lembro de que precisamos estudar.
Deixamos a biblioteca de mãos dadas e eu a acompanho até sua sala.
Capítulo 29

Os meninos vão jogar à tarde, é manhã e já não estou me aguentando de


tanta ansiedade.
Torço para que eles vençam, porque não quero ver o rosto perfeito do
meu namorado ser inundado por aquela tristeza que vi da outra vez que
perderam.
Também não quero ver meu irmãozinho arrasado.
Pego minha bolsa e vou dar uma volta, comprar um café para sustentar
meu vício e em seguida me render às compras, é tudo o que necessito para
não ter um mal súbito causado pela ansiedade aterradora que está me
consumindo.
Algumas horas depois volto para casa cheia de sacolas e com o humor
renovado. Tomo um banho demorado e me dirijo à cozinha para comer
alguma coisa.
Busco o meu celular na bolsa e vejo notificação de mensagem. É do
Theo! Finalmente o jogo acabou e eles ganharam. Graças a Deus que
ganharam! Ele diz que devem chegar à noite e que amanhã virá aqui para
passarmos o dia juntos.
Que saudade do meu príncipe!

Durmo pensando nele e acordo animada.


Abro as cortinas e paro por alguns instantes para admirar o sol que
estende sua luz por toda a cidade espalhando vida.
Respiro fundo e vou cuidar da minha higiene matinal.
E é quando vou decidir o que vestir que noto a luzinha de notificação
piscando em meu celular. Acesso às mensagens e me desanimo ao saber que
o time ainda não chegou, pois tiveram o inconveniente de o ônibus dar
defeito no meio do caminho.
A última mensagem do Theo foi enviada de madrugada, informando que
toda a equipe estava indo para um motel para descansar enquanto o
conserto do ônibus não é finalizado.
Respondo sua mensagem lamentando o acontecido e pedindo para ele
continuar me atualizando sobre o que vier a ocorrer.
Meu humor muda de empolgada para emburrada, não vou mais passar o
domingo com o Theo e isso é péssimo!
Ele volta a me mandar mensagem à tarde para dizer que estão chegando,
eu retorno:

“Sei que você deve estar muito cansado e com sono, mas quero pedir
para deixar eu ficar com você. Só quero ficar do seu lado, quietinha,
enquanto você descansa. A gente acorda cedo e vai para o campus juntos, o
que me diz?”

“Como recusar algo a você, princesa?”

Sorrio com sua resposta e saio em disparada para jogar na mochila tudo
o que vou precisar para passar a noite fora e ir direto para a universidade.
Abro o aplicativo para solicitar um carro, nesse instante alguém bate na
porta. Atendo com um vinco entre as sobrancelhas, estou de saída e não
posso receber visitas, a não ser que seja meu pai.
O dono do par de olhos castanhos mais lindos do mundo está bem à
minha frente com um sorriso acompanhado de covinhas fofas.
— Oi, princesa!
Eu pulo envolvendo seu pescoço não acreditando que ele está mesmo
aqui. Seus braços fortes me apertam contra seu corpo me provando que não
estou sonhando.
— Você vai ficar aqui? — Admiro seu rosto.
— Não. Assim que cheguei fui entrando no carro para vir te buscar.
— Eu já estava pedindo um carro!
— Teria que cancelar.
— Agora que está aqui por que não fica e descansa?
— Eu não trouxe nada e realmente estou muito cansado, quero a minha
cama — ele ri.
— Entendo. Vou pegar minhas coisas — me preparo para entrar quando
ele segura meu pulso me fazendo virar para ele, sua outra mão pousa em
minha lombar ao mesmo tempo em que sua boca prende a minha em um
beijo cheio de saudade.
Ao chegarmos na casa dele eu vou bater na porta do quarto do Jordan
para vê-lo um pouquinho. Ele sorri ao me ver e eu o abraço apertado o
parabenizando pela vitória de ontem.
— Veio mesmo para passar a noite com o Theo?
— É tudo o que tenho do fim de semana para ficar com ele.
— Sei. Lembre-se de que estou bem ao lado e não quero ouvir gemidos
nem cama rangendo.
Não seguro as risadas.
— Fique tranquilo, maninho! — Coloco minhas mãos em seus ombros
fitando os belos olhos azuis que ele herdou do nosso pai. — O Theo está
muito cansado, vamos ficar quietinhos dormindo, eu prometo— aperto sua
bochecha.
Jordan se senta na cama e bate ao seu lado para eu me sentar, eu faço
isso e o encaro.
— Você sabe que se magoar o Theo não vai mais poder pisar no campus,
não sabe? — Ergo as sobrancelhas sem entender. — Porque todos adoram
ele: o time, as mulheres, os professores, os fãs de futebol, os amigos dele, a
Audrey, todos eles irão te matar se você o fizer sofrer.
Eu engulo sem seco processando o aviso.
— Você é minha irmã, sabe que te amo, mas se você fizer sacanagem
com o meu melhor amigo, como fez antes, eu vou desejar não ter nascido
seu irmão.
— Jordan, — expiro forte — eu sei o quanto fui cruel com o Theo antes
e eu juro pra você que tudo o que eu quero é fazê-lo feliz. Eu estou mesmo
apaixonada por ele, pode acreditar, eu faço qualquer coisa por ele.
— Que bom, Jas. Não quero ver nenhum dos dois triste.
— Não vai, maninho — beijo seu rosto e saio do quarto.
Deito ao lado do meu namorado admirando cada traço do seu rosto,
percorrendo meu indicador pelo seu maxilar, pelas sobrancelhas, pelo nariz.
— Vai dormir de roupa?
— Estou confortável, achei que seria melhor para não fazer você
lamentar estar tão cansado — deslizo a ponta do dedo por seus lábios.
— Jas! — Meu nome soa como uma repreensão.
Resolvo tirar a legging e entro debaixo do edredom de calcinha e
camiseta. Seu braço envolve minha cintura me levando para junto dele,
arrependo-me na hora de não ter tirado a camiseta também, que agora me
impede de sentir sua pele diretamente na minha, porém é melhor assim,
afinal de contas ele precisa descansar.
Seus olhos se fecham, cedendo ao sono, ergo minha mão e fico
acariciando seus cabelos até ouvir sua respiração ficar mais pesada.
Adormeço logo em seguida.
O som do despertador do celular do Theo é insistente, ele pega o celular
e o silencia. Abro os olhos com preguiça.
— Seu celular sempre faz questão de nos acordar cedo.
— Não podemos perder aula e eu fiz questão de ajustá-lo para despertar
mais cedo hoje — dá um sorriso de lado que diz tudo.
— O Jordan vai ficar bravo com a gente — espalmo minhas mãos em
seu peito nu.
— Ele não vai ouvir nada. — Com um beijo ele nos cala e incendeia
nossos corpos ávidos por sentir o outro.
A paixão e o desejo dominam cada parte de nosso ser, nossos corpos se
fundem de forma intensa, quente e linda. Eu não necessito de nada mais que
não seja estar envolvida por este emaranhado de sentimentos e explosões
que me cercam quando estou com o Theo.
Nós dois tomamos um breve banho juntos e descemos de mãos dadas
para comer algo que seja breve de preparar e, segundo meu namorado,
cereal e leite é perfeito nessas horas.
Ao adentrarmos a cozinha cumprimentamos os três rapazes que já estão
comendo seu café da manhã. Theo pega dois pratos, despeja cereal neles e
mistura um pouco de leite me entregando um. Nós nos sentamos à mesa
com os demais.
— Aí, Jasmine! — Chase apoia os antebraços na mesa me encarando. —
Quando vai nos dar outra noite de animação como a do dia em que
perdemos o jogo? Porque ultimamente só tem dedicado noites animadas ao
Theo — ele sorri.
Olho para o lado a tempo de ver um cereal passar voando em direção ao
Chase, acertando-o na testa. Começo a rir.
— E você tem de ser avisada que ele tem mania de jogar as coisas nos
outros — Chase joga o cereal de volta e Theo desvia inclinando a cabeça
para o lado.
— Se forem começar uma guerra de comida, quero avisar que vamos
nos atrasar — é Phil quem avisa com seu jeito sério.
— O Chase é que não sabe guardar a língua dentro da boca — Theo
acusa.
— Achei que ele não conseguia era guardar o pau dentro da cueca —
encaro meu irmão de olhos arregalados pelo que ele acabou de falar.
— Olha só quem fala! Você só perde pra mim, garanhão — Chase faz
uma careta para Jordan.
— Que ótimo que vamos falar de sexo durante o café da manhã depois
de termos passado o fim de semana sem transar por culpa daquele maldito
ônibus — Phil reclama. — A não ser o Theo — ele sorri divertido.
Tenho vontade de rir.
— Só não mando você se foder porque minha namorada está do meu
lado e porque sei que é isso que você quer.
Todos riem e eu abaixo a cabeça dando risada e adorando participar
desse café da manhã com eles.
As provocações continuam até que todos terminamos de comer e nos
levantamos para ir para o campus. Vamos todos no carro do Theo e os três
homens no banco de trás vão reclamando por terem de ficar tão apertados.
No dia seguinte, após o treino, Theo me convida para jantar.
Temos um jantar delicioso saboreando uma comida ótima em meio a
conversas divertidas, eu amo como ele me faz rir naturalmente.
E para fechar a noite com chave de ouro ele volta comigo para meu
apartamento, onde desfrutamos da parte mais gostosa da noite.

Antes de o fim de semana chegar encontro a senhorita Trunchbull pelo


campus, não a tenho visto, pois ela não aparece mais para tomar o café da
manhã por aqui.
— Audrey! Tenho sentido sua falta.
— Duvido muito. A única pessoa que quer do seu lado é o Theo.
— Ele em primeiro lugar, é claro, mas depois vem os amigos.
— Nós não somos amigas e me irrita esse seu ar de superioridade só
porque está namorando o Theo. Deveria estar mais preocupada com a
grande concorrência que tem, a disputa por ele não será tão fácil assim.
— Preocupar com concorrência? — Não seguro o riso. — Disputa? Não
existe concorrência quando a única mulher que ele quer sou eu.
— Cuidado com a confiança em excesso, o tombo pode ser épico.
— Ai, Audrey! Você hoje está muito engraçada, mas eu gostava mais de
você quando era a Miss Simpatia.
— E eu gostava mais de você quando morava em Nova Iorque — bem
atrevida hoje.
— Infelizmente não posso fazer nada nesse caso.
— Quero só ver como você vai lidar com a mãe dele, afinal ela não
suporta nem ouvir seu nome.
— Querida, deixa eu te contar uma coisa: eu namoro é o Theo, não a
mãe dele. E quando eu tiver oportunidade vou me entender com ela,
obrigada por se preocupar. Por que você não se preocupa mais em sair nesse
fim de semana e ter uma noite legal com alguém? Pode ajudar a melhorar
seu humor e parar de me odiar por eu ser namorada do Theo. Pensa nisso!
— Pisco e me afasto.
Ô garota que tem se tornado difícil de suportar!
Como é que pode uma pessoa mudar tanto?
A culpa não é minha se o Theo escolheu se apaixonar por mim.
Capítulo 30

O vento entra impiedoso pela janela gelando minha pele, os pingos de


chuva caem castigando os telhados das casas, eu inspiro o ar úmido. Amo
dias chuvosos, principalmente quando estou em casa.
Esse tempo me faz pensar em Theo e como eu gostaria que ele estivesse
aqui comigo para ficarmos abraçados no sofá debaixo de uma coberta
quentinha.
O último dia em que nos vimos foi no sábado à noite, no domingo ele
tinha de estudar para uma prova que teve essa semana.
Eu desabo sentada no sofá e pego meu celular para enviar uma
mensagem para ele:

“Oi, príncipe! O que você está fazendo?”

“Boa noite, princesa. Estou fazendo um artigo.”

“Que namorado mais dedicado aos estudos! Admiro isso em você,


dentre muitas outras coisas 😉. O artigo é para entregar amanhã?”

“Sim. Espero não levar mais que uma hora para terminar ☹”

“Estou com saudade, queria poder ficar um pouquinho com você


curtindo o tempo chuvoso. Sem você não está tendo tanta graça essa
chuva.”
“Eu também adoraria estar com você, mas preciso terminar o artigo e
está chovendo muito.”

“Eu sei que é impossível, no entanto queria você aqui do meu lado, para
me fazer companhia.”

“Amanhã posso dormir aí, no sábado levanto cedo e vou direto para o
treino, pode ser?”

“É tudo o que me resta kkk. Vai demorar, mas tudo bem.”

“😊”

Puxo a coberta até meus ombros e aumento o volume da TV para


conseguir ouvir além do barulho da chuva. Escolho um filme de comédia
para me fazer rir um pouco.
Algum tempo depois ouço batidas na porta, vou atender achando
estranho e quando abro meu coração para. Ele abre os braços e eu o abraço
o apertando o máximo que posso.
Ele usa um moletom preto com capuz, posso sentir o tecido molhado da
chuva que levou até chegar no carro em sua casa.
— Boa noite, princesa!
— Não acredito que veio! Você só pode ser um sonho! — Agarro o seu
rosto para beijá-lo com emoção.
Em seguida entramos, ele tira a mochila das costas e puxa o moletom
molhado para cima. Vamos até o sofá, ele acaricia meu rosto me fazendo
fechar os olhos com o toque suave e quente.
— Eu vim para ficar do seu lado, mas trouxe caderno e notebook para
terminar o artigo aqui.
— Está perfeito pra mim! Eu só quero você aqui — dou um selinho em
seus lábios e começo a distribuir beijos por todo o seu rosto.
Como ele já jantou ficamos quietinhos no sofá, eu com o ombro e braço
encostados nele e Theo com o notebook sobre as coxas e o caderno apoiado
no braço do sofá.
Eu realmente não o mereço.
Quando ele termina o artigo estou cochilando no sofá e desperto com o
movimento de seu braço fechando o notebook.
— Que bom que conseguiu terminar! Podemos dormir agora? —
Acaricio os cabelos de sua nuca.
— Não vim para dormir.
— Mas está chovendo muito. Você acorda um pouco mais cedo para ir
até sua casa e trocar de roupa. Vamos só dormir. É que dormir agarradinho
ouvindo o barulho da chuva deve ser um máximo.
Ele aperta os lábios para impedir um sorriso, porém acaba cedendo me
fazendo beijá-lo com vontade.
Nós dormimos abraçados, eu me deleitando por estar aconchegada em
seus braços quentes. O Theo é tudo o que preciso.
De manhã levanto antes de o despertador dele começar a tocar para
preparar o café da manhã, ele merece.
No momento em que sirvo em dois pratos ele surge ainda sonolento e
me abraça.
— Bom dia, princesa!
— Bom dia, meu príncipe! Fiz o café da manhã para não ir embora com
fome.
— Por isso aceitei namorar você — brinca e me beija. — E também
porque seu beijo é incrível.
— Vamos comer para você não se atrasar.
Após o café da manhã ele coloca sua mochila nas costas e se despede
com um beijo demorado. Eu apoio as costas no umbral observando-o se
afastar ao mesmo tempo em que meu coração se expande com o que sinto
por ele.
— Theo! — Eu o chamo e ele para se virando para mim. — Eu te amo!
— Cada palavra sai carregada de emoção.
Ele volta com passos rápidos, segura meu rosto e me beija com vigor
roubando meu fôlego, seus lábios são intensos nos meus e sua língua se
move dura e em desespero juntamente com a minha.
No momento em que ele se afasta nossa respiração está descompassada,
sua testa cola na minha.
— Eu te amo tanto, Jasmine! Eu estava guardando essa confissão para o
momento certo e não há momento melhor do que agora. — Sua cabeça se
afasta um pouquinho para seus olhos contemplarem os meus, o castanho
repleto de brilho e amor. — Eu te amo!
Meu coração bate frenético e o que eu sinto nesse instante é tão imenso
que não consigo conter a emoção, lágrimas escorrem por meu rosto, eu não
sabia que podia amar tanto alguém e ser correspondida por um homem tão
maravilhoso.
Seu beijo, agora suave, acalma as batidas no meu peito.

Estou sentada no pequeno degrau da porta esperando, sei que eles irão
chegar a qualquer momento.
O carro aparece e estaciona, todos descem e passam por mim me
cumprimentando. Eu estendo os braços e abraço a razão de eu estar aqui.
— Oi, princesa! — Ele beija suavemente meu pescoço.
— Vim ver você — acaricio os cabelos de sua nuca.
Sem cerimônia nossos lábios se unem movendo-se em sincronia,
demorando-se em um beijo extasiante.
Entramos abraçados e eu o conduzo até a mesa da cozinha, onde seus
amigos nos esperam cheios de sorrisos. Theo sorri em seguida e olha para
mim.
— Parabéns para nós! — Digo empolgada. — Eu não poderia deixar de
comemorar um mês de namoro com meu príncipe. — Seguro seu rosto e o
beijo ouvindo os assovios dos demais.
— Chega de beijo! — Phil nos separa. — Mais tarde vocês se beijam o
quanto quiserem e onde quiserem, mas agora eu quero comer bolo.
Eu rio e vou partir o bolo com o desenho de um gramado e uma bola de
futebol americano.
— Só quero saber se essa comemoração vai ser aqui, porque se for vou
dormir fora — Jordan fala sério.
— Não sei — respondo rindo.
— Amanhã todos nós temos aula, não se esqueçam disso — Phil aponta
para nós dois.
— E eu não consigo dormir com fones no ouvido — Chase dá uma
cotovelada de leve no Theo.
Meu namorado deixa seu pedaço de bolo sobre a mesa e sai. Todos nos
entreolhamos sem entender.
Será que ele ficou com raiva das provocações dos amigos?
Ele costuma aceitar e entrar na brincadeira.
— Vou ver se ele está bem — digo.
— Não precisa— Jordan segura meu braço. — Ele já volta— pisca e não
entendo nada.
Então meu sorriso se ilumina, Theo volta segurando um bouquet lindo
de jasmins. Levo as mãos à boca me sentindo emocionada.
— Achou que eu não lembraria? — Minha covinha favorita aparece e eu
só consigo beijá-lo.
Meu namorado me entrega o bouquet maravilhoso de jasmins brancas
com o miolo rosa claro.
— São lindas! Muito obrigada!
— Não sabia se dava rosa ou jasmim, no fim acabei decidindo por
jasmim por causa do seu nome.
— Eu adorei! — Toco seu rosto me sentindo ainda mais apaixonada.
— E respondendo à pergunta de vocês, — Theo aponta para os três
amigos — nós não vamos dormir aqui.
Após comermos bolo o Theo toma um banho e se arruma para sairmos,
passamos em meu apartamento para eu ficar linda e cheirosa para sair com
meu príncipe.
E onde vamos parar?
Em uma luxuosa suíte de um hotel.
É tudo tão lindo e sofisticado que penso estar vivendo uma cena de
filme.
— Se tudo isso é para comemorar apenas um mês de aniversário
imagine só quando completarmos um ano!
Theo sorri tocando meu rosto.
— Até lá tenho tempo de planejar algo bem interessante. Quanto à hoje,
eu tenho todos os motivos possíveis para querer comemorar, pois a única
mulher por quem me apaixonei, e que amo, é minha namorada. Eu estou
muito feliz por estarmos juntos e quero te amar inteira essa noite.
Envio ao meu cérebro uma mensagem para que ele mantenha minhas
pernas firmes, pois já começo a senti-las amolecendo, ainda mais agora que
Theo beija a minha boca tão sensualmente.
Ele vai despindo meu corpo de cada peça de roupa e o adorando com
seus beijos molhados me deixando louca de tesão. Suas mãos exploram
cada centímetro da minha pele sem pressa e quando sua boca reencontra a
minha nossos corpos colidem soltando faíscas.
Nessa noite cada toque, cada beijo, cada mínimo movimento é mais
poderoso, mais repleto de amor. Posso dizer que estamos amando o corpo
um do outro, proporcionando um prazer arrebatador a fim de saciar nossos
corpos incendiados até os ossos pelo tesão insano.
Com ele dentro de mim me sinto diferente, completa, como se não
precisasse de mais nada a não ser ele e esse encaixe perfeito de nossos
corpos.
Sinto seus movimentos ganhando mais vigor, ele arremete forte e fundo
na ânsia de nos fartar de prazer me fazendo derreter em seus braços e nos
tornarmos um.
Gememos juntos ao chegarmos ao clímax juntos. Relaxo recuperando o
ritmo normal dos meus batimentos ao mesmo tempo em que ele desaba ao
meu lado.
Seu olhar encontra o meu e ele me olha daquele jeito, com as íris
carregadas de paixão e sorrindo, logo em seguida sua boca faz o mesmo que
seus olhos e sorri.
Eu descubro que o amo tanto que cada batida do meu coração ecoa seu
nome, que quando ele olha para mim desse jeito meu mundo para e que seu
toque aquece todo o meu ser.
— Te amo, princesa.
— E eu te amo mais, meu príncipe — afago seus cabelos sentindo meu
coração transbordar de amor.
— Eu te amo até a lua, ida e volta.
— Ah, é? De onde tirou isso? De uma música?
— Não, de um livro. — As pontas de seus dedos deslizam pelas minhas
costas. — Minha mãe costumava ler esse livro para mim e para a Juliet
quando éramos crianças. O livro se chama “Adivinha o quanto eu te amo”,
é uma ótima história e eu achei demais essa frase, então guardei para usar
com uma mulher deslumbrante.
— Você me deixa sem graça. — Dou um selinho nele. — Acredita que
fiquei curiosa agora para saber a distância da Terra até a lua?
— Aproximadamente 384.400 km. Já pensou no combustível gasto? Li
que é em torno de 8 bilhões de litros. Vou gastar uma fortuna para te provar
o quanto eu te amo — brinca.
Eu não aguento tanta fofura, seguro seu rosto e beijo sua covinha direita,
depois todas as suas pintinhas do rosto, para em seguida beijar sua boca até
começar a nos faltar ar.
Capítulo 31

Acho que a cada cinco minutos meus olhos insistem em admirá-la mais
um pouco. Essa ideia de estudarmos juntos está se mostrando péssima.
Como vou conseguir me concentrar em números quando tem uma
mulher linda, cheirosa e sexy ao meu lado, que por sinal, é minha
namorada?
Estamos sentados em minha cama tentando focar nas atividades da
universidade. Essa semana está difícil encontrar um tempo para ficarmos
juntos, então essa foi a única forma que encontramos, embora não esteja
dando certo pra mim.
Jasmine ajeita os cabelos levando-os para o lado, liberando a visão do
seu pescoço nu.
Desisto!
Largo meus materiais e avanço até ela, a deitando na cama me posiciono
sobre seu corpo mordiscando a pele de seu pescoço. Ela dá um grito quando
a derrubo de surpresa.
— O que está fazendo? — Segura meu rosto me encarando com
expressão inquisidora.
— Não dá para me concentrar com você aqui.
— Não é fácil para mim também, mas eu estou me esforçando para ficar
aqui com você — suas mãos passam por baixo da minha camiseta subindo
vagarosamente pelas minhas costas esfregando as unhas contra minha pele
me arrepiando por inteiro. — Se eu te der um pouco de atenção acho que
conseguirá estudar melhor— ela abre seu sorriso lindo e me beija.
Eu me sinto o cara mais sortudo do mundo quando Jasmine me olha
desse jeito, ela tem sido uma namorada espetacular, sempre carinhosa, bem
humorada e companheira.
Quem diria que aquela adolescente indomável se tornaria essa mulher
que me faz tão feliz com seu amor.
— Jasmine??? — Uma voz masculina que não reconheço me faz virar
para ver quem é.
Estou de frente para Jas, combinando sobre nosso fim de semana,
quando um homem fala o nome dela. Ao me virar não tenho tempo de
reconhecê-lo.
— Tucker? — Quase grita. — Como é que veio parar aqui?
Reparo em seu rosto o sorriso na expressão de surpresa combinada com
alegria, e não gosto nada. Os dois se abraçam, eu respiro fundo para conter
a insegurança que acabou de surgir ao relembrar da última e única vez em
que vi esse cara com ela.
— Eu é que tenho que perguntar isso para você! — O cara passa a mão
pelos cabelos loiros sorrindo. — Que loucura! Você não estudava em Nova
Iorque?
— Estudava, até meu pai decidir que seria melhor para mim ficar perto
do meu irmão. Então, aqui estou! — Seus olhos se reviram demonstrando
pouco caso.
Estava tudo bom demais para ser verdade!
Nesse instante ela me olha lembrando que ainda estou aqui, segura
minha mão e me puxa para perto dela.
— Esse é o Theo, meu namorado! — Tomara que ela não tenha falado
isso para fazer ciúme no cara.
— Namorado? Uau! — Sua atenção se volta para mim. — E aí, cara?
Beleza?
Em sinal de educação troco um aperto de mão com ele.
— Espera! Eu te conheço de algum lugar — seus olhos azuis se
semicerram enquanto ele tenta se lembrar. Com certeza me conhece daquela
noite. — Ah! Você é o quarterback do Bruins! Que irado, cara! Assisti a
vários jogos, você é um sucesso no campo, joga demais!
— Valeu — talvez ele não se lembre, melhor assim.
— É Jas, você só escolhe a elite, algumas coisas nunca mudam — pisca
para ela.
— O Theo é o melhor — ela passa o braço por minha cintura me
abraçando, em resposta envolvo seus ombros.
— A gente se vê por aí. Temos de nos encontrar para relembrar os
velhos tempos. — Ele a beija no rosto e se despede de mim com um aceno.
— Meu Deus! — O sorriso no seu rosto me incomoda. — Não acredito
que o Tucker estuda aqui! — Seu corpo para em minha frente.
— Você não vai querer relembrar os velhos tempos como ele disse, não
é?
Ela dispara a rir e coloca as mãos suaves em meu rosto:
— Não precisa ficar com ciúme dele. Eu não sinto nada pelo Tucker, só
achei legal reencontrá-lo depois de tanto tempo.
— Sério Jasmine, você não vai sair sozinha com ele, vai?
— Não, príncipe. Pode ficar tranquilo — sua boca cola na minha me
acalmando.
Depois desse episódio demorei horas para conseguir tirar os dois da
minha cabeça, afinal ela me ama e nunca o amou, porém não gostei nada da
empolgação dela perto dele, me lembrou muito a Jasmine adolescente e eu
tenho medo de que o passado possa se repetir.
Na manhã seguinte, outra surpresa, Jasmine de conversa com o Tucker
bem na entrada da universidade. Eu inspiro fundo para não agir como um
babaca e vou até eles, chego a envolvendo pela cintura e dando um beijo em
sua boca.
— Bom dia, princesa.
— Bom dia — seu sorriso mostra que ela está feliz em me ver.
— E aí, QB? — Tucker ergue a mão em punho em cumprimento.
— Bom dia, Tucker — devolvo o cumprimento.
— A Jas estava aqui falando justamente de você. Ela estava me
contando como começaram a namorar.
— Ela é uma mulher de iniciativa — sorrio admirando o belo rosto dela.
— A gente vai tomar café, quer vir também? — Não acredito que ela fez
isso.
— Claro!
E é assim que termino à mesa ouvindo o maldito do Tucker relembrar
dos momentos mais divertidos que teve com a minha namorada.
— E aquela vez que você bebeu pra caralho e tive de te carregar até sua
casa?
Os dois riem.
— Você ficou puto porque ficou sem sua transa.
Nada melhor do que olhar para o cara à sua frente e saber que ele
transava com sua namorada! Não que eu não soubesse, mas ele estar aqui
perto dela é totalmente diferente.
O pior é que a Jasmine está toda contente, relembrando animada dessa
fase louca de sua vida.
Fico aliviado quando chega a hora de começar a primeira aula,
acompanho minha namorada até sua sala e vou estudar.

Hoje não encontrei o Tucker logo cedo, assim estou no café curtindo a
companhia do meu namorado quando a senhorita Trunchbull resolve
ressurgir das cinzas, e ainda mancando.
— Audrey! O que aconteceu? — Theo se levanta e vai correndo até ela
dar um apoio para ela se sentar.
— Acho que torci meu tornozelo — explica com voz manhosa e uma
careta de dor.
— Precisa tomar cuidado e olhar melhor por onde anda — aconselho
sarcasticamente.
Theo se agacha e segura o pé dela em suas mãos analisando o tornozelo.
— Assim dói? — Pergunta após movimentar um pouco o pé dela.
— Ai! Dói! — Geme, e o som me pareceu mais um gemido de prazer do
que de dor.
— Você precisa ir até a enfermaria — ele se levanta olhando para a
Audrey todo preocupado.
— Sério? Está muito longe e estou sentindo tanta dor.
Que manha! Tenha dó!
— Posso te carregar até lá — é lógico que ele não deixaria de ser o
cavalheiro que é e se vira para mim. — Se der a hora da aula começar você
vai sem mim.
— Está bem, não se preocupe.
Observo seus braços a carregarem, a mão dela no alto do peito dele é
desnecessária. Ele se vira e Audrey apoia o queixo em seu ombro e sorri
para mim.
Vaca!
Ela fez isso de propósito!
Que ordinária!
Isso não vai ficar assim!
Não mesmo.

E não é que na manhã seguinte ela teve a cara de pau de aparecer no


horário do nosso café da manhã? Andando em perfeito estado.
— Como você melhorou rápido! — Eu não podia deixar de tocar no
assunto.
— A enfermeira disse que foi só um mau jeito. Graças a Deus.
— Que sorte! Agora vê se toma cuidado para não se esborrachar toda no
chão, porque meu namorado não vai estar lá para te carregar.
Theo acha graça e Audrey ergue uma sobrancelha em desgosto.
— Ela está brincando, não leve a sério! — Ele tenta fazê-la se sentir
melhor e eu odeio isso.
Estou começando a achar essa mulher um pé no saco, e olha que eu nem
tenho saco!
Para terminar de azedar minha manhã o Theo sai acompanhando a falsa
até a sala dela, o que não me incomodava antes, porém não estou me
agradando nada disso.
Capítulo 32

É sexta-feira, estou no Café com o Theo e o Tucker, rindo das


palhaçadas que este faz. De vez em quando o Theo conversa algo, mas
costuma falar bem pouco quando o Tucker está conosco.
— Agora, — Tucker continua com suas lembranças hilárias — nada
superou aquela festa em que você fez ciúme em mim para voltarmos a ficar,
pegou um otário qualquer que ficou chupando dedo quando você veio
embora comigo — ele morre de rir.
Theo e eu nos entreolhamos, noto a tristeza em seu olhar e me sinto mal
imediatamente.
— Eu lembro, porém aquele rapaz não era otário, eu é que fui uma otária
naquela noite por ter agido daquele jeito. Não me orgulho do que fiz e
prefiro que não toque mais nesse assunto.
— Tudo bem — ele joga as mãos para o alto em rendição. — É que você
é a mulher mais incrível que já conheci, é sempre alto astral e divertida.
— Ainda bem que essa mulher incrível é minha namorada — Theo
passa o braço por meus ombros sério.
— Eu sei disso, QB. Eu é que ainda não me acostumei depois de ter
convivido com ela por tantos anos vendo uma garota que não se prendia a
ninguém. Você tem sorte por ser a elite dos atletas, se não fosse não teria
conquistado a Jas.
— Preciso ir para a sala — meu namorado se levanta e sai sem se
despedir de mim.
— Será que você pode parar de ficar falando do passado na frente dele?
— Repreendo Tucker.
— Não fiz nada demais. Qual é a dele? Não suporta uma concorrência?
— Que concorrência, Tucker?
— Jas, — ele segura minha mão fixando seus olhos nos meus — eu
estou louco para reviver com você o que tínhamos antes, as noites de sexo
eram insanas. Não tem vontade de experimentar e ver se vai ser tão bom?
— Está maluco? — Puxo minha mão.
— Nós éramos incríveis na cama, e te ver assim, tão gostosa, me deixa
com um tesão do caralho. Você não dispensava sexo, não pode ter mudado
tanto.
— Eu tenho namorado agora! — Fico indignada.
— E daí? Ele não precisa saber que nós transamos, pode ser só uma vez.
— Pode parar por aí, Tucker! — Levanto nervosa. — Eu jamais vou
trair o Theo, eu o amo!
Preparo para sair quando ele segura meu pulso:
— Calma, Jas! Só estou te fazendo um convite, pode pensar a respeito e
me dar a resposta depois. Não estou questionando o que sente pelo seu
namoradinho, estou apenas propondo uma transa como antes. Só isso. Pense
com carinho — pisca e solta meu pulso.
— Tchau! — Eu me afasto apressada.
Como tudo pode piorar eu encontro a senhorita Trunchbull na hora do
almoço e não tenho um pingo de paciência.
— Você sabe que está fazendo o curso errado?
— Por quê? — Ela cruza os braços.
— Do jeito que fingiu ter machucado o tornozelo deveria seguir a
carreira de atriz.
Audrey dá um sorriso de lado que me irrita.
— Não importa o quanto você tente, o Theo não vai se apaixonar por
você.
— Como pode ter tanta certeza? Melhores amigos acabam se
apaixonando, e pelo que sei ele não está tão bem assim com você. Acho que
seus dias de namorada estão contados!
— Deixa de ser ridícula, sua mentirosa!
— Acredite se quiser — ela balança os ombros. — Ele me conta tudo,
não se esqueça disso.
Só pode ser mentira!
Ele até me chamou para dormir com ele hoje.

Ainda meio sonolento me forço a abrir os olhos após ter ouvido o


barulho do celular da Jas. Ela dormiu aqui na noite passada e infelizmente
não vou poder passar a manhã com ela por ter treino.
Ela segura o celular, está lendo uma mensagem e, quando consigo ler o
que está escrito, arranco o celular de sua mão e salto para fora da cama.
Leio novamente enquanto ela se levanta.
— Theo, não é o que você está pensando.
— Então me diz o que significa essa porra de mensagem! — Sinto a
raiva em cada parte do meu corpo, parece que minha cabeça vai explodir e
acabo elevando minha voz. — Você deu o seu número para ele!
— Ele é meu amigo, assim como a Audrey é sua amiga — Jasmine
cruza os braços.
— A Audrey não pede pra eu transar com ela! Não acredito que você
pode estar pensando em transar com o Tucker, porque essa mensagem dá a
entender que ele te pediu isso e você ficou de dar uma resposta depois.
Como você me explica essa mensagem?
— Controle seu tom comigo! — Ela aponta o indicador em minha
direção com o cenho franzido. — Antes de tirar suas conclusões e sair
gritando deveria conversar direito. Você disse que a Audrey não pediu para
transar com você, mas do jeito que ela anda dando em cima de você nem
precisa. E você finge não estar percebendo isso ou é ingênuo demais para
achar que é só amizade!
— Acontece que eu jamais a deixaria na dúvida quanto a transar comigo
enquanto namoro você, o que não acontece com você, não é Jasmine? Você
ainda não me explicou essa mensagem. Só por estar fugindo do assunto deu
pra sacar tudo — vou até ela e coloco o celular em sua mão.
— Você precisa confiar em mim.
— Confiar em você? Depois dessa mensagem do Tucker perguntando se
você vai topar transar com ele hoje? Logo o Tucker!
— Está bem. — Jasmine começa a pegar suas coisas e me encara séria.
— Se não confia em mim é melhor eu ir embora — sai do meu quarto
apressada.
— Merda! — Chuto minha camisa que está no chão, onde a Jas a jogou
quando entramos em meu quarto ontem à noite.
Sento-me na cama apoiando a cabeça nas mãos, o texto daquela
mensagem não sai da minha cabeça, consigo imaginar a cara de safado do
Tucker ao escrever aquela porra de mensagem para a minha namorada.
Por que a Jas tinha que dar ideia para esse cara?
Por que ele tinha que reaparecer logo agora quando ela e eu estávamos
tão bem?
Esse cara tem o dom de aparecer em momentos nos quais estou me
sentindo feliz e estragar tudo.
Só que hoje não é o melhor dia para essa discussão, tenho treino daqui a
pouco e preciso me dedicar, teremos jogo amanhã.
Com um peso nos ombros eu me arrumo e vou tomar o café da manhã.
Meus amigos me olham com pena e Jordan coloca um prato com waffles
em minha frente:
— Toma o café da manhã e vamos sair, vai poder descontar sua raiva no
campo.
— Obrigado — aceito e começo a comer sem vontade.
— Não se preocupe, — Phil dirige um olhar compreensivo — vocês vão
resolver isso e tudo vai ficar bem.
É o que espero, porque vai doer demais se ela escolher o Tucker outra
vez.
Dirijo calado até o campo, inúmeros pensamentos povoam minha cabeça
e sinto a ansiedade surgindo e tomando conta de mim.
Eu só queria que a Jas tivesse dito que não quer transar com o Tucker, só
isso, porém ela não o fez e é o que está acabando comigo, a dúvida me
corrói por dentro.
No vestiário, conto para Jordan sobre a mensagem, ele me perguntou o
que rolou para a irmã dele e eu termos discutido.
— Que merda, cara! Escuta, eu não coloco a mão no fogo pela minha
irmã, porque você sabe como é a Jasmine, mas de uma coisa eu sei: ela
gosta mesmo de você, dá pra perceber pela forma como ela te olha. Mais
tarde vocês podem conversar com calma. Descanse depois do treino e vai lá
no apartamento dela.
— Ok. Vou fazer isso.
— Agora vê se muda essa cara de depressão e vamos treinar — Jordan ri
me dando um soco no braço.
Meu melhor amigo consegue me animar um pouco, no entanto não é o
suficiente para eu jogar como de costume, o resultado é uma performance
ridícula em campo errando os passes, caindo, não conseguindo executar as
jogadas.
— Williams! — O treinador berra e quando olho ele faz sinal com a mão
para eu ir até ele.
— Pois não, treinador — eu me aproximo retirando o capacete, passo o
dorso da mão por minha testa para enxugar o suor.
— O que você pensa que está fazendo em campo hoje? E não venha me
dizer que está jogando, porque essa merda não tem nada a ver com futebol.
O que está acontecendo com você hoje?
— Não estou em um dia muito bom, mas vou tentar melhorar, vou me
concentrar mais, senhor.
— Esqueça! Já vi o bastante por duas horas. Vá para o vestiário se trocar
e depois volte para casa. Espero que amanhã esteja bem para o jogo.
— Sim, senhor. Eu vou estar.
Aviso aos caras que estou indo embora e caminho desanimado para o
vestiário. Vou direto para o chuveiro, preciso esfriar a cabeça.
Em alguns minutos estou no carro decidido a resolver as coisas com a
Jas, o que parece que vai ser mais rápido do que pensei, pois assim que
estaciono o carro eu a vejo.
Ela se levanta me olhando um pouco sem graça. Meu coração bate
rápido, em um misto de medo e alívio por vê-la aqui.
— Não consegui ficar em casa, preciso muito conversar com você.
— Jas, eu... — Respiro fundo e corro a mão pelos cabelos. — Acho que
posso ter exagerado.
Jasmine corre até mim colando os lábios nos meus em um beijo intenso.
Levo minhas mãos para as laterais de seu pescoço beijando-a
desesperadamente, forte, como se esse beijo tivesse a capacidade de prendê-
la a mim, de fazê-la apenas minha, de mostrar para ela o quanto somos
perfeitos juntos.
— Theo, eu te amo — sua respiração quente vem contra minha boca
enquanto ela pronuncia com a voz baixa as palavras que eu adoro ouvir de
seus lábios.
— Vamos entrar! — Eu me afasto e seguro sua mão a conduzindo para a
porta, temos de terminar a conversa lá dentro.
Capítulo 33

— Eu não sinto nada pelo Tucker, eu realmente dei o número do meu


telefone para ele como amiga e de jeito nenhum vou te trair — solto uma de
suas mãos e toco o rosto que aprendi a amar tanto.
Estamos de frente um para o outro, ele segurando minhas mãos sem
desviar os belos olhos castanhos dos meus.
— O Tucker falou mesmo em transarmos, mas eu disse para ele que
tenho namorado, achei que esse assunto tinha acabado ali, porém me
enganei. Na segunda eu vou chegar no campus e deixar claro para ele que
não teremos mais nada e pronto! Você não precisa se preocupar, se algum
dia eu me interessar por outro eu vou terminar com você primeiro, no
entanto acho difícil eu enxergar outro cara depois de ter encontrado um
príncipe — sorrio e recebo um beijo avassalador em troca.
Sou carregada para seu quarto, ainda aos beijos. Em segundos ele fica nu
e eu, apenas de calcinha. Seu peito cola em minhas costas ao mesmo tempo
em que sua ereção roça minha bunda e seus braços me envolvem com uma
mão apertando um de meus seios, e a outra usa os dedos para me torturar
por cima da calcinha.
Senti-lo tão grande e duro está me deixando ensopada, elevando meu
tesão a níveis absurdos.
Decido que o momento de tortura acabou e me viro de frente segurando
seu membro, envolvendo-o com minha mão e o masturbando.
Um gemido baixo me faz tirar os olhos de sua ereção para contemplar
sua expressão de desejo. Ele envolve minha cintura com um braço e me
beija furiosamente conduzindo-nos para a cama.
Deitado sobre mim ele avança por minha abertura penetrando-me fundo
e cada estocada ganha força enquanto nossos lábios gemem entre beijos.
Sua língua se move impiedosa, seu beijo é selvagem, e eu me entrego
totalmente ao sentimento que me consome.
— Preciso gozar dentro de você — sussurra me encarando com os olhos
ardentes.
É demais para mim. Sinto ondulações percorrerem meu corpo
distribuindo aquela sensação gostosa. E é nesse momento que o meu
namorado acelera mais seus movimentos, tornando-os implacáveis, a ponto
de podermos ouvir o som de nossos corpos se chocando.
Theo geme com a voz rouca apertando seu quadril contra o meu. Levo
minha mão atrás de seu pescoço e o puxo para um beijo. Ele relaxa o corpo
sobre o meu, permitindo-me sentir a dureza de seus músculos e sua pele
quente e suada.
Mais do que isso eu podia sentir as batidas frenéticas do seu coração, o
que fez um sorriso se formar em meus lábios ao pensar que é por minha
causa que seu órgão está tão acelerado.
Deslizo as pontas dos meus dedos pela pele suada de suas costas
sentindo-me ótima por estarmos bem de novo.
— Não sei como pôde pensar que eu iria querer transar com outro —
penso em voz alta.
Theo ergue a cabeça para me olhar e eu mudo minha mão de posição
passando a fazer carinho em seu rosto.
— Quem perderia com isso seria eu. Imagina só eu perder um príncipe?
— Você insiste nisso — ele acaricia minha bochecha com o polegar.
— Se você não é um príncipe, ninguém mais pode ser. A não ser que
você seja aquele tipo que em um momento se livra do príncipe e se torna o
cavalo — brinco.
— Não acho que eu seja um príncipe, só que cavalo é pesado demais —
ri.
— Não importa, se você se tornar o cavalo em algum momento eu vou
continuar cavalgando gostoso em você.
— Você não tem jeito — sua cabeça balança em negação.
— Agora, falando sério, com você tenho o melhor sexo do mundo.
Nós dois rimos.
— Assim me deixa envaidecido — ele se apoia sobre os cotovelos ainda
sorrindo de leve, mas o bastante para a covinha direita aparecer um
pouquinho para eu tocá-lo bem ali. — Acho que já passamos do nível sexo
para fazer amor.
Aperto meus lábios segurando o riso.
— Quer me chamar de careta, não é? — Seu dedo cutuca minha cintura
desencadeando um grito seguido por risos.
— Nunca falaram essa expressão comigo, só achei estranho.
— E nunca vão falar, porque não vai mais transar com outro cara — sua
mão agarra meu seio esquerdo. — Só eu vou tocar seu corpo— ele abaixa o
rosto e começa a sugar meu mamilo.
Sinto-o ir crescendo dentro de mim até que me preenche toda deixando
minha respiração ofegante. Suas mãos grandes agarram as laterais do meu
quadril e Theo me pede para sentar nele.
Nós nos movemos sem permitir que seu membro saia de dentro de mim.
Fico sentada sobre ele com uma perna de cada lado e ele me puxa tomando
meu ar em um beijo sensual.
Embalada pelo desejo cavalgo nele, nossos olhares se mantendo fixos
um no outro.
— Diz que você é minha — ele pede com a voz rouca.
Seguro seu rosto entre minhas mãos desacelerando meus movimentos
em cima dele.
— Eu sou sua, só sua.
Um arfar escapa de sua boca ao mesmo tempo em que suas mãos
apertam meu quadril nos unindo ainda mais.
— Você não tem ideia do que faz comigo e do quanto te amo — o toque
suave de sua mão afaga meu rosto.
— Eu te amo muito, príncipe — como sou viciada em seu beijo eu colo
meus lábios nos dele beijando-o com toda a paixão e amor que inundam
meu coração.
Nesse momento a porta se abre, nós viramos o rosto para ver quem é e
Theo me abraça.
— PORRA! — Jordan grita tapando os olhos com uma de suas mãos. —
Não acredito nisso! Por que não trancam a porta, caralho? — Ele sai
fechando a porta.
— Foi mal, cara! — Theo responde alto o suficiente para meu irmão
ouvir. — Achei que o treino fosse demorar mais.
— O treinador nos dispensou mais cedo.
Meu príncipe e eu nos encaramos disparando a rir.
— Sorte a nossa, e do Jordan também, que estávamos de lado para a
porta, ele só viu a lateral de nossos corpos.
— Mesmo assim deve ter sido traumático para ele. Você é a irmã dele —
seu rosto se contorce em uma careta. — Vamos nos vestir e tomar uma
ducha. Depois conversamos com ele pra ver como ele está.
Seu sorriso se abre grande marcando muito a covinha direita, deixando-o
irresistível, por isso o beijo mais uma vez antes de me separar dele.
Nós nos encaminhamos para o banheiro e, após uma ducha breve, fomos
para a cozinha. É onde os rapazes se reúnem após o treino, Theo disse que
assim que chegam vão logo preparar um lanche, pois terminam o treino
famintos.
Jordan só passou no quarto porque, com certeza, estava preocupado com
o melhor amigo. Essa amizade deles é admirável.
Adentramos a cozinha de mãos dadas. Chase e Phil me cumprimentam.
— Aaaah! — Meu irmão faz uma careta ao nos ver. — Nunca vou
perdoar vocês pelo que vi, aquilo vai ficar gravado em minha cabeça.
— O que você viu? — Chase é muito curioso.
Theo me leva até a mesa e nos sentamos, um ao lado do outro.
— Theo e Jasmine transando.
— Eu queria ter visto — é claro que Chase diria isso!
Jordan dá um tapa na parte de trás da cabeça do amigo safado.
— Nem deu para ver muita coisa, Jordan. Pare de drama! Você não viu
meus peitos nem minha bunda, vai superar.
— Como se fosse simples. Você estava sentada nele e nua.
— Não precisa contar os detalhes — Theo pede.
— Precisa sim! Os detalhes são a melhor parte — Chase apoia a cabeça
na mão olhando para meu irmão esperando por mais.
— Se manca! — Jordan o empurra de leve. — Acho melhor trocarmos
de assunto.
— E eu acho que agora que está tudo bem entre vocês cada um deveria
dormir em sua casa — Phil está sério. — Temos jogo amanhã e não
podemos correr o risco de vocês se desentenderem e ficarmos sem nosso
QB. Já transaram, estão de boa, podem muito bem deixarem para se
encontrarem de novo após nosso jogo.
Eu viro o rosto para olhar meu namorado e ver sua expressão, pois estou
com vontade de rir, só não sei se é apropriado. Ele se vira sorrindo:
— Não deixe o Phil te intimidar, pode ficar se quiser, ou eu posso ir para
seu apartamento — seu toque é suave em meu queixo.
— Concordo com ele — encaro Phil. — Você está certo e eu vou para
casa daqui a pouco. Mas só estou fazendo isso pelo bem do meu namorado
e do time, não porque você pediu — eu tenho de zelar pela minha
reputação.
Todos riem.
Mais tarde cumpro minha palavra e volto para meu apartamento, que
voltou a ser aconchegante, pois desde que Theo e eu havíamos discutido eu
estava me sentindo sufocada e ansiosa aqui.
Eu me deixo cair deitada no sofá da sala suspirando.
É tão bom estar bem com meu príncipe de novo!
Capítulo 34

— Faça o favor de apagar meu número e não se aproximar de mim


novamente.
— Por que isso agora? — Ele franze o cenho. — É por causa da
mensagem? Seu namoradinho perfeito viu e pediu para você vir me dizer
isso?
— Eu te falei que tenho namorado, achei que tinha sido suficiente para
você esquecer aquele assunto sobre revivermos os velhos tempos, mas você
foi inconveniente e me provou que não podemos ser amigos. — Digo firme
abraçando o caderno que trouxe na mão para devolver a uma colega.
— Você está brincando, não está? — Tucker sorri presunçoso cruzando
os braços.
— Bom dia! — Theo surge passando um braço por meus ombros e
beijando minha bochecha.
Tucker e eu respondemos ao seu cumprimento.
— Tudo bem por aqui? — Ele ergue uma sobrancelha virando-se para
mim.
— Sim — respondo rápido.
— Estávamos aqui conversando e estou chocado ao perceber que
Jasmine não é mais a mesma. — Tucker semicerra os olhos.
— As pessoas mudam. Um dia eu era um otário em uma festa, hoje sou
o quarterback da UCLA e namoro a mulher mais linda do campus.
Não dá para não sorrir emocionada ao ouvir tais palavras.
— Nem todo mundo quer mudar. Eu, por exemplo, — Tucker aponta
para seu peito — estou muito feliz assim.
— Ótimo para você — Theo está sério. — Mas quem sabe você poderia
parar de dar em cima de mulheres comprometidas, como a minha
namorada.
Eita!
Tucker ri.
— Se eu dei em cima dela foi porque ela deu mole pra mim.
Em questão de segundos Theo avança, rapidamente largo o caderno no
chão segurando seu braço e me colocando em sua frente.
— Não faz isso! Vai te prejudicar — eu aviso e ouço a risada zombeteira
do Tucker. Então me viro para ele. — Sai daqui, Tucker! E deixe a gente em
paz!
— A gente se vê por aí — ele tem a coragem de piscar antes de se
afastar.
Eu toco o rosto do Theo o tranquilizando:
— Está tudo bem, ele já foi. Tucker é um babaca e não vale a pena você
brigar com ele e correr o risco de se prejudicar no time.
O homem lindo à minha frente respira fundo e encosta a testa na minha
fechando os olhos, eu o abraço apertado, sem querer soltá-lo.

— Com o dinheiro que você gasta com taxi e carros de aplicativo


poderia ter comprado seu próprio carro. Não prefere ter um carro? O Jordan
fica com a desculpa de que não precisa por enquanto, pois vamos aos
mesmos lugares. Já você, não tem uma amiga para pegar carona.
— Não gosto de dirigir — engulo em seco.
— Logo você que ama ser independente? — Os olhos castanhos me
avaliam.
— Eu não tenho carteira de motorista, satisfeito?
— O quê? Por que não?
Sei que é difícil compreender algo tão absurdo como alguém como eu
ainda não ter uma licença para dirigir, mas é a verdade. Infelizmente.
— Fico muito nervosa e não consigo fazer nada. Fiz um exame e foi um
desastre, então aceitei que não sou boa em tudo, não consigo dirigir e posso
conviver com isso. Assim ajudo aos taxistas e aos motoristas dos carros de
aplicativos.
— Não consigo acreditar — balança a cabeça e se senta na minha cama
apoiando as costas na cabeceira.
Decidimos passar essa noite juntos aqui no meu apartamento e
começamos a conversar antes de dormir, onde tive de contar meu segredo
sobre não dirigir.
— Jas, você é tão inteligente e proativa! Tenho certeza de que é capaz de
aprender a dirigir, talvez precise de mais um pouco de paciência.
— Não consigo e está tudo bem. Sério.
— Você não pensa em poder ter o seu carro e sair nele a hora que bem
entender sem precisar ficar esperando alguém?
— A gente aprende a conviver com nossas limitações e aceitar que há
coisas que não nascemos para fazer.
Solto um grito agudo ao sentir um beliscão em meu braço.
— Por que me beliscou? — Aliso a pele onde levei o beliscão.
— Essa não é a Jasmine que eu conheço, ela não desiste. E para mudar
isso eu vou te ensinar a dirigir.
Eu o encaro sem conseguir processar essa nova informação.
— Não! Não mesmo! — Também me sento na cama. — Não quero
arranhar seu carro ou fazer pior: bater ele em algum lugar.
— Sua falta de confiança me assusta.
— Só esquece isso, está bem? — Passo a mãos por seus cabelos
ajeitando os fios que caíam sobre sua testa.
— Vou te ensinar a dirigir. Vamos reservar algum tempo todos os dias
para você treinar e não vou deixar você desistir se arranhar ou bater meu
carro. Eu mando a conta para o seu pai e continuamos as aulas.
Nós rimos.
— Já te falei o quanto você é fofo? — Coloco minhas mãos nas laterais
de seu pescoço acariciando um pouco acima de seu maxilar com meus
polegares.
— Você fala de vez em quando — com um sorriso ele elimina a
distância entre nossas bocas beijando-me de forma carinhosa.
E foi assim que acabei madrugando hoje e estou sentada no banco do
motorista do carro do Theo, com ele ao meu lado, explicando fatos básicos
sobre o carro e direção.
Ele nos trouxe para uma região menos movimentada da cidade e tenho
uma hora de aula antes de irmos para o campus.
Com toda a paciência do mundo Theo me explica sobre cada função dos
pedais, das informações importantes do painel, posição das mãos no volante
e instruções para dar a partida e sair dirigindo.
— Mãos à obra agora! — Ele me incentiva. — Faz de conta que essa é
sua primeira aula de direção da vida, não tem problema nenhum errar, todo
mundo erra antes de aprender. Certo?
Confirmo com a cabeça fitando os olhos castanhos mais carinhosos do
mundo. Ele aproxima o rosto do meu, sua respiração quente toca minha
boca por alguns segundos até que seus lábios são tudo o que sinto.
Eu ligo o carro disposta a deixar meu namorado orgulhoso, mas tudo o
que consigo durante o percurso é dirigir muito devagar e dar vários gritos
por qualquer coisa: por um carro que me passa, por um caminhão que
buzina e me passa, por um cachorro que atravessa a rua na frente do carro
sem ter amor à sua vida.
O bom é que pelo menos fiz o Theo rir, ele deu várias risadas durante a
nossa aula e enfim, para meu alívio e sobrevivência, ele voltou para a
direção e nos levou para a universidade.
— Você não foi mal, só está com muito medo e precisa trabalhar isso.
Ok. Eu sou a porra de uma sortuda por esse homem perfeito ser
apaixonado por mim.
Tudo o que mereço depois dessa aula é um café em paz com meu
namorado. Embora não seja pedir muito, eu não sou atendida, já que a
senhorita Trunchbull faz o favor de aparecer e se sentar à mesa com a gente
distribuindo seus sorrisos falsos.
Como não estou no clima de aturar tanta falsidade prefiro ficar calada,
Theo faz as honras conversando com essa mulher de duas caras.
Ao terminarmos o café Theo me acompanha até a sala perguntando se
estou bem, pois me notou muito calada.
— Estou bem sim, é que não tenho mais assunto para qualquer conversa
com a Audrey.
— Sério? — Segura meu rosto entre suas mãos quentes. — Não está
triste ou desanimada por causa da aula de direção?
— Claro que não! Seu bobo! — Sorrio e me despeço com um beijo
breve em sua boca.
Quando a aula finalmente termina e me encaminho para fora do campus
não acredito em quem vem em minha direção parando em minha frente. Eu
reviro os olhos.
— Será que podemos conversar?
— Sinto muito, mas não. E me deixe ver se tem um horário vago em
minha agenda para conversar com você. — Finjo folhear uma agenda e
volto a olhar para sua expressão de tédio. — Ah, desculpe! Só tenho vaga
em dia nenhum. Agora, se não se importa, tenho de ir! — Passo por ela e
meu braço é segurado.
— É importante, Jasmine. Eu sei que tenho sido inconveniente...
— Inconveniente? — Eu a interrompo. — Você tem sido um pé no saco,
Audrey! Mesmo eu não tendo um.
— Certo. Eu admito que sou uma péssima perdedora, que fiquei com
muito ciúme do Theo e percebi tarde demais que gostava dele mais do que
um amigo. Eu fiquei com muita raiva de você e quis que desaparecesse,
porém agora eu me dei conta do quanto ele te ama e que isso não vai mudar.
Vocês estavam destinados a ficarem juntos.
Será que colocaram droga no meu café?
A senhorita Trunchbull não pode estar voltando a ser Miss Simpatia,
pode?
— Desculpa por tudo. É o que eu queria dizer — Audrey se vira e vai
embora.
Eu fico imóvel tentando absorver o significado de suas palavras, como
se meus pés estivessem fincados no chão.

Minha segunda aula de direção e tenho certeza absoluta de que não nasci
para dirigir, sou um desastre total! Em menos de uma hora subi no meio fio
e quase bati o carro do Theo.
Óbvio que gritei horrores e ele manteve a calma e me ajudou colocando
a mão no volante e guiando o carro. Assim que estaciono escondo o rosto
nas mãos e começo a chorar pelo susto.
— Ah, Jas! — Sou envolvida por braços fortes recebendo um beijo no
alto da minha cabeça. — Está tudo bem, princesa. Não precisa chorar. Fique
calma!
— Eu sou péssima em dirigir — levanto o rosto contemplando-o entre
lágrimas. — E é horrível você tentar algo e perceber que, por mais que você
tente, não consegue.
— Jas, você está se desesperando à toa. É só a segunda aula, você não
iria dirigir como o Louis Hamilton assim tão rápido, é necessário prática.
Eu não vou deixar você desistir, porque eu sei que você é capaz. Se quiser
podemos deixar a próxima aula para o início da outra semana — ele
acaricia meus cabelos.
Retribuo o abraço e aproveito o tempo que temos para ficar aconchegada
a ele recebendo seu carinho.
Nunca fui de chorar e deixar as emoções me abalarem, nem quando
estava sozinha, no entanto quando estou com o Theo não consigo segurar
minhas emoções, não tento ser forte, não preciso ser forte, porque sei que
ele vai continuar me amando mesmo conhecendo meu lado mais fraco.
— Se não chorar mais eu te compro um café.
Ergo a cabeça para encará-lo e sorrir. Ele sabe como me convencer de
algo.
À noite o Theo vem dormir comigo e vamos juntos para o campus.
Quem encontramos para tomar café?
Isso mesmo, a Audrey, antiga senhorita Trunchbull e atual Miss
Simpatia de novo. Pelo que parece ela estava sendo sincera, já que voltou a
agir comigo como antes.
Capítulo 35

— Bom dia, Jas! — Chase é o último a se levantar e vir tomar o seu café
da manhã. — Obrigado por ter dormido aqui na noite passada.
Ergo as sobrancelhas sem entender.
— Por quê?
— Você deixou o Theo feliz e ele levantou animado para fazer esse tanto
de panquecas pra gente — sorri e pisca para meu namorado.
— Quase todo domingo faço panquecas — argumenta.
— Mas quando a Jasmine está aqui as panquecas ficam ainda melhores
— Phil tem que acrescentar.
— É, mana! Acho que o jeito é você dormir aqui mais vezes — meu
irmão me abraça.
— Vocês são uns bobos — só posso rir.
— Já que está aqui e todos somos praticamente uma família, — Chase se
inclina para frente fixando o olhar no meu — pode me dizer o que você e o
QB estão fazendo antes das aulas? Ele não quis contar, mas você pode me
dizer o que é. Tem sexo envolvido?
Theo e eu nos entreolhamos e rimos.
Eu me divirto bastante quando passo um tempo com esses caras, mesmo
noventa por cento de suas conversas envolverem sexo. E eu entendo: são
homens jovens com hormônios demais.
— A única coisa que vou te contar é que não tem a ver com sexo.
— Então o que é?
— Já te disseram que você é muito curioso?
— Talvez — dá de ombros. — Mas todos merecemos saber, estamos
indo para o campus a pé todos os dias. Tem que ser algo que valha a pena o
nosso sacrifício.
— Ela vai contar — é meu namorado quem garante. — Quando for a
hora certa.
O mistério continuou pairando no ar, porém ninguém mais toca no
assunto.
Ocupamos a tarde toda jogando videogame, nem deu para ver o tempo
passar.
Faz pouco tempo que Theo e eu estamos namorando, mas eu já me sinto
“em casa” quando fico aqui com ele, meu irmão e os amigos. Eu realmente
me sinto à vontade e tenho bons momentos de descontração e diversão,
todos são incríveis e é bom saber que, mesmo longe dos parentes, Theo e
Jordan encontraram outra família.
Ao anoitecer saio com Theo para jantarmos em um restaurante. No
momento em que coloco os pés para fora da casa lufadas de vento agitam
meus cachos.
— O restaurante é longe? — Paro ao lado do carro.
— Não muito. Está com fome? — Seus braços enlaçam minha cintura.
Balanço a cabeça negando.
— É que poderíamos ir caminhando. Vou adorar andar um pouco de
mãos dadas com você.
— Está bem — ele segura minha mão e começamos a caminhar.
O trajeto dura em torno de quinze minutos. Às vezes é bom mudar um
pouco. Acho que nunca cheguei a pensar que gostaria tanto de andar de
mãos dadas com alguém.
Enquanto jantávamos começou a chover.
Belo dia para deixar o carro na garagem!
Nesse momento estamos em frente ao restaurante esperando a chuva dar
uma trégua para que possamos ir embora.
— Essa chuva não vai parar por agora. Vou chamar um Uber — Theo
pega seu celular.
— Espera! — Seguro seu pulso. — Tenho outra ideia — sorrio e o puxo
para debaixo da chuva. — Tomar chuva é bom!
— Você é maluca! — Ele me abraça tirando meus pés do chão, passo
meus braços por seu pescoço e uno nossos lábios.
— Vamos para o meu apartamento? Dorme lá hoje! — Deslizo a ponta
de meu polegar em seus lábios molhados.
— É impossível. A única roupa que tenho está encharcada.
— Não ligo de ficar sem roupa.
— Engraçadinha!
— Podemos muito bem dormir nus como fazemos às vezes. Eu coloco
suas roupas na secadora e quando acordar vai poder vesti-las e passar em
sua casa para se trocar.
Theo vira o rosto para cima e eu aproveito para beijar seu pescoço.
— Eu aceito sua proposta.
Sua resposta me faz pular provocando uma risada nele.
Com um destino definido saímos de mãos dadas, apostando corrida às
vezes, trocando beijos molhados pelo caminho e também caminhando um
pouco de mãos dadas.
— Lembra que quando éramos crianças brincávamos na chuva direto?
— Eu viro o rosto admirando o quão sexy ele fica todo molhado assim.
— Eu lembro. Nossas mães sempre chamavam a nossa atenção.
— E não adiantava, pois na próxima chuva estávamos lá de novo.
— Você era uma péssima influência — ele brinca.
— Acha que ainda não sou? Tenho de zelar por essa reputação de má
garota, do tipo que leva para o caminho errado.
— Você é ainda. Acabou de me influenciar para sair debaixo dessa
chuva gelada.
— Posso te influenciar a fazer coisas muito prazerosas também— mordo
o lábio inferior contendo um sorriso.
— Eu sei. Tenho me deixado ser influenciado nisso — ele sorri.
Fomos chegando no apartamento e indo direto para o banheiro nos
livrarmos das roupas molhadas e tomar um banho bem quente para nos
aquecer.
Estou me sentindo um pouco cansado, e olha que o caminho do
apartamento da Jas até minha casa nunca foi problema para mim. Acho que
o sexo antes de dormir não foi uma boa ideia afinal.
Como dormi lá e estava sem o carro nós combinamos a próxima aula de
direção dela para amanhã cedo.
Minha esperança era me sentir melhor no decorrer do dia, porém isso
não aconteceu, estou me sentindo pior a cada hora. E o maldito incômodo
em minha garganta, que percebi ao acordar, continua aqui.
Dou tudo de mim no treino, esgotando o resto de energia que eu tinha, e
agora só quero ir para casa e me deitar, meu corpo está implorando por
descanso.

— Que merda!
Acordo pior hoje, com o nariz congestionado e a garganta doendo um
pouco mais. Sento na cama resmungando por causa da dor em meu corpo.
Eu não posso ficar doente, o time precisa de mim, eu preciso treinar,
temos um jogo na sexta à noite. Então me recuso a ficar doente e me
levanto para me arrumar e buscar a Jas para nossa aula.
— Bom dia, príncipe! — Entra animada no carro e se aproxima para me
beijar. Eu dou apenas um selinho em seus lábios. — Credo! Que beijo sem
graça foi esse?
— É que não quero te contaminar.
— O que você tem? Está com a voz diferente, falando um pouco
fanhoso. Você está resfriado, gripado ou alguma outra coisa com “ado”? —
Ela ri ao mesmo tempo em que acaricia meus cabelos.
— Acredito que seja um resfriado, mas vai passar logo. De qualquer
forma não quero passar o vírus para você. — Dou a partida no carro.
— Foi por causa daquela chuva, não foi? A culpa é toda minha!
— Pode não ter sido a chuva, é um vírus.
Jasmine parece aceitar e dirijo até nosso local de toda aula.

Com o passar dos dias eu não melhoro como esperava, amanhã será o
jogo e eu estou me sentindo péssimo. Cada centímetro do meu corpo dói,
estou tendo calafrios, tossindo, parece que meus pulmões se tornaram
depósitos de catarro e me atrapalham a respirar.
Estou nojento, quente que nem o inferno e me sentindo horrível. Não sei
como vou treinar hoje. Eu tenho me esforçado todos esses dias pensando
que logo eu estaria bem, no entanto as minhas forças diminuem a cada dia e
hoje vim para o campus praticamente me arrastando.
Nem fui dar aula de direção para a Jasmine, não quero que ela saiba que
piorei.
Entro no campo mal me aguentando em pé, mesmo assim insisto em
jogar. Nos primeiros esforços para correr sinto uma náusea forte e saio para
o vestiário, tentando correr, porque sei que a qualquer momento irei
vomitar.
Consigo chegar a tempo, e depois de vomitar eu me sento no chão,
sentindo que não vou ser capaz de me levantar daqui.
— Cara, o que você tem? — Jordan chega e se agacha. — Você está com
o rosto vermelho. — Meu amigo estende a mão e a coloca em minha testa,
depois em minha bochecha. — Que merda, Theo! Não preciso ser médico
para saber que você está queimando de febre.
— Vou ficar bem — é tudo o que consigo dizer, estou esgotado demais.
— Você disse que era só um resfriado, está na cara que é algo mais
grave. Vou falar com o treinador e te levar no hospital. Tome um banho que
logo eu volto.
Eu bem que tento tirar a camisa e a proteção, só que meus braços não
dão conta, o que mostra que estou uma merda.
Em minutos Jordan volta e após saber que não consigo tirar a porcaria
da roupa ele se preocupa comigo.
— Vou te ajudar. Você precisa de um médico urgente.
Se eu já estava me sentindo péssimo antes, agora estou bem pior por
meu melhor amigo ter de retirar minha roupa e me ajudar a tomar banho.
Em seguida eu me deito no banco esperando que ele tome o seu banho.
Depois vamos para o carro e tenho de pedir para ele dirigir mais devagar.
— Se essa doença não me matar você com certeza vai fazer isso
dirigindo a essa velocidade — brinco.
— Isso não é caso de brincar. — Pelo jeito sério dele sei que está muito
preocupado comigo. — A Jas sabe o quanto você está mal?
— Ela não precisa saber.
Se o Jordan estava preocupado antes, ao voltar da consulta ele estava
surtando no carro, o que estava fazendo minha cabeça querer explodir e a
náusea voltar.
— Cara, eu vou vomitar.
— O carro é seu mesmo — ele me olha do canto do olho.
— Vai ficar com raiva até quando?
— Até quando você aprender a se cuidar para não me deixar sem um
melhor amigo.
Eu sei que ele tem razão. Fui irresponsável não procurando um médico
logo que adoeci, agora a gripe virou pneumonia e vou precisar fazer o
tratamento direito para melhorar logo.
— Hoje vou tomar os remédios, vou seguir as recomendações, descansar
amanhã o dia todo e à noite estarei melhor para poder jogar.
— Está maluco ou só ficou surdo? O doutor foi claro ao dizer que você
não terá condições de jogar amanhã. Você vai ficar em casa se cuidando,
imbecil!
— Pé no saco! — Começo a rir e me arrependo na hora por sentir dor no
tórax.
— Minha irmã vai arrancar suas bolas quando souber.
— Ela vai ficar muito preocupada — falo com esforço.
— E vai surtar com você.
Minhas energias se esgotam, recosto a cabeça no vidro e pego no sono,
estou muito cansado e com frio.
Desperto com leves cutucadas em meu braço, Jordan me acorda para eu
subir para meu quarto. Saio do carro cambaleando um pouco por causa do
sono e do mal estar.
— Vou com você até lá para não correr o risco de cair, bater a cabeça e
me fazer ter mais trabalho para te levar ao hospital de novo!
Eu queria rir, mas é claro que não me atrevi, ou sentiria mais dor e tudo
o que quero evitar nesse momento ruim é dor. Subo as escadas e quando
finalmente posso me deitar meu corpo agradece imensamente.
Precisei tomar alguns comprimidos antes de poder dormir e depois disso
não vi mais nada.
Estou sendo sacudido, resmungo querendo dormir mais e puxo o
edredom até cobrir minha cabeça.
— Acorda, príncipe! — Essa voz.
Ela descobre a minha cabeça, beija meu rosto e me balança mais um
pouco até que eu abro os olhos.
— Está na hora dos seus remédios — toca minha testa. — Você está com
febre e está todo suado. Vai ter de tomar um banho.
— Não — resmungo.
Não quero me mover, meu corpo parece ter levado uma surra e depois
ter sido moído, sem falar da tosse que é uma tortura para meus pulmões
doloridos.
Jasmine coloca os comprimidos na minha boca, em seguida encosta o
copo de água em meu lábio inferior e eu bebo.
— Hora do banho!
— Quero dormir! — Resmungo puxando o edredom para me cobrir
novamente e apenas esse esforço acarreta muita dor em todo o meu corpo.
— Não seja teimoso, Theo! Eu sou a única que pode ser teimosa. Você é
o bom garoto, então se levante e tome banho! Enquanto isso vou separar
algumas peças de roupas suas para você ficar lá em casa.
— Hein? — Descubro a cabeça para ver seu rosto.
— Vou te levar para minha casa pra cuidar de você. Acha que eu tenho
coragem de deixar você com três marmanjos que não devem saber cuidar
nem deles?
Balanço a cabeça tentando fazer o mínimo de esforço, não vou sair
daqui.
— Ah, você vai! Se não for tomar um banho por conta própria eu vou te
arrastar até o banheiro, e você sabe que não sou de brincar, estou falando
sério!
Eu me sento na cama lentamente tentando ignorar os calafrios.
— Jordan.
— Quer que eu peça para ele te ajudar? Se for isso, eu mesma posso te
ajudar no banho.
— Posso ficar com o Jordan — até engolir saliva é doloroso.
— O Jordan tem aula amanhã e jogo à noite, todos os três, você não
pode ficar tanto tempo sozinho, necessita de cuidados e eu sou sua
namorada, vou cuidar de você com muito mais carinho.
Sorrio sabendo que é verdade.
Sem muita escolha reúno minhas forças e me levanto indo para o
banheiro. Tomo um banho do jeito que eu consigo e volto para o quarto
enrolado em uma toalha.
Quando chego no quarto Jasmine coloca minha mochila sobre a cama, a
qual ela encheu de roupas. Eu me sento na cama me sentindo exausto.
— Haaaa! Tadinho do meu príncipe — segura meu rosto beijando-me
com um selinho. — Vou te ajudar a vestir sua roupa.
Com tudo pronto descemos encontrando meus três amigos na sala. Já
prevendo uma despedida não muito rápida, acabo me sentando.
— Você não precisa levá-lo — Chase cruza os braços. — Nós podemos
cuidar muito bem dele, é para isso que os amigos servem.
— Sério? — Jasmine ergue as sobrancelhas em descrédito. — Vocês
precisam frequentar o campus, treinar e jogar, quem cuidaria dele nesse
tempo todo?
— A gente daria um jeito — dá de ombros curvando um pouco os
lábios. Sei que ele está apenas querendo provocar a Jasmine.
— Será que podemos ir? Quero muito deitar e dormir — peço sentindo
cada parte de mim reclamar, ansiando por uma cama e um cobertor
quentinho.
— Vamos! — Jordan dá um passo para frente, Jasmine me ajuda a
levantar.
Nós nos despedimos, e é meu melhor amigo quem nos leva e me ajuda a
ir até o quarto da Jasmine, onde me deito satisfeito e pego no sono
instantaneamente.
Capítulo 36

Despejo calda de chocolate em meus waffles, suspiro fundo me sentindo


um pouco cansada por não ter conseguido dormir direito.
Poderia ser por vários motivos, mas foi por causa da minha preocupação
com o meu namorado doente, com o fato de eu ser culpada por ele estar
com pneumonia.
PNEUMONIA!!!
Se a Julie souber eu estou aniquilada, ela jamais vai aceitar que ele
namore uma pessoa tão irresponsável. Não que eu necessite da aprovação
dela, mas se isso não acontecer é provável que o Theo fique triste. Esse foi
um dos meus vários pensamentos enquanto o sono não vinha.
Outros tinham a ver com o quanto o Theo é lindo, como eu quero cuidar
dele sempre, e os horários dos remédios dele.
Termino meu café da manhã e vou para o quarto levando comigo alguns
comprimidos, água e um copo de leite quente. Deixo tudo na mesa de
cabeceira e me sento na beirada do colchão para acordá-lo.
Toco sua testa verificando quão quente ele está, não parece tão quente
como ontem, no entanto sinto que a febre persiste. Decido colocar o
termômetro para ter certeza, ele continua dormindo profundamente.
O sinal sonoro me faz pegar o termômetro de volta para verificar que ele
ainda está com febre. Eu me abaixo beijando sua bochecha, aproximo
minha boca do seu ouvido e o chamo.
Preciso balançá-lo pelo ombro para que ele acorde. Ao me ver parece
surpreso, logo vai se lembrar de que não está em casa.
— Bom dia, príncipe! — Acaricio seus cabelos. — Como está se
sentindo.
— Horrível — dá indício de um sorriso e acaba tossindo.
— É hora de tomar remédio. Eu também trouxe um pouco de leite para
você tomar.
— Estou sem apetite — reclama.
— Vai ter de começar a comer mesmo sem apetite, caso contrário não
vai melhorar e terá de ser internado. Você não quis comer nada ontem à
noite, não pode continuar assim! — Entrego o copo de água. — Você tem
que se hidratar também!
Ele se senta na cama, segura o copo, coloca os comprimidos na boca e
toma a água.
— Meu time vai jogar hoje e eu não vou estar lá — seus olhos se
abaixam entristecidos.
— Eu sinto muito — faço carinho em seu braço deslizando minha mão
para cima e para baixo. — A culpa é toda minha, se não tivesse te arrastado
comigo para aquela chuva você ainda estaria bem — a culpa me corrói por
dentro.
— Para com isso, Jas. — Sua mão fica sobre a minha. — Eu não sou de
ficar doente, mas todos estamos sujeitos a vírus e bactérias o tempo todo,
você não tem nada a ver com isso. Sério.
— Eu continuo sentindo muito — digo sorrindo após um suspiro longo.
— Não era para você estar na aula? — Seu cenho se franze.
— E deixar você aqui sozinho nesse estado? De jeito nenhum!
— Jas! — Sua voz sai em tom de repreensão.
— Pego cadernos emprestado depois — dou de ombros e pego o copo
de leite. — Agora tome esse leite!
Uma careta se forma em seu rosto me fazendo rir.
— Se não tomar por vontade própria vou te fazer tomar à força.
— Eu estou doente, sabia? Deveria bancar a boazinha comigo, não essa
namorada malvada.
— Se está fazendo piadinhas é porque está ótimo e pode tomar esse
leite.
Eu sou testemunha do seu esforço para beber quase todo o leite, após
fazer isso Theo se deita e dorme de novo. Fico por um tempo sentada ao seu
lado afagando seus cabelos, sentindo, ao ficar olhando para ele, meu peito
estufar com o tamanho do amor que sinto por esse quarterback.
Passo o restante do dia atendendo ao som constante do despertador do
meu celular me lembrando dos horários dos remédios do meu doentinho
favorito.
Na hora do almoço faço uma sopa de legumes com carne para deixar o
Theo mais forte. Ele se esforça e come o máximo que consegue.
No sábado consigo tirá-lo um pouco da cama e passamos boa parte do
dia no sofá assistindo TV. Em alguns momentos ele acabou cochilando com
a cabeça em meu colo.
À noite meu irmão e seus amigos vieram para vê-lo um pouco, ficaram
contando empolgados do jogo da noite anterior e da vitória que
conseguiram na base de muito suor.
Para facilitar pedi pizzas para o jantar e eles fizeram um pouco de
bagunça com suas brincadeiras e risadas altas, eles trouxeram alegria para o
Theo e, observando os quatro amigos rindo contentes, senti meu coração
pulsar mais forte por esses homens bobos.

— Esse café está extremamente quente, mas delicioso.


— Basta ser café para você achar delicioso — seus lábios se curvam em
um pequeno sorriso.
— Isso não é verdade, acho você delicioso e não é café.
Theo ri mostrando a covinha e abaixando a cabeça.
Hoje ele está melhor, é segunda-feira, estamos no campus. Ele poderia
se afastar mais alguns dias até se recuperar completamente, porém é
teimoso demais e quis vir para não perder mais aulas.
Já alertei o Jordan sobre o treino: qualquer sinal de que Theo não está
bem é para me ligar, afinal ele nem deveria se aproximar daquele campo.

Seu coração e o meu batem juntos, descompassados, posso sentir as


batidas por seu peito estar colado ao meu após termos desfrutado de
momentos prazerosos juntos.
Já é quarta-feira, Theo está ainda melhor e veio dormir comigo para
matarmos a saudade de nos sentirmos.
— É seu último semestre, não quis tentar um estágio por aqui? —
Escorrega seu corpo deitando-se ao meu lado virado de lado para mim. —
Eu comecei a pensar nisso esses dias. Provavelmente vai trabalhar em Nova
Iorque na empresa da sua mãe ou pedir seu pai para te indicar para alguma
empresa, ele é um CEO muito foda, qualquer pessoa vai atender a um
pedido dele.
Eu respiro profundamente e me viro de lado também, para ficar de frente
para ele.
— Eu fiz um estágio em Nova Iorque, enquanto estava estudando lá,
consegui por mérito próprio me inscrevendo em vagas de diversos sites.
Está querendo que eu trabalhe aqui para ficar mais perto de você? — Sorrio
segurando seu queixo.
— Seria muito bom, mas se quer trabalhar em NY eu não me importo,
posso muito bem viajar para lá todo fim de semana para te ver.
— Eu vou adorar! — Toco seu rosto com carinho. — Pretendo encontrar
um emprego assim que eu voltar para lá, porém não irei trabalhar com
minha mãe, nem pedir ao meu pai para conseguir um emprego para mim.
Eu quero ser capaz de encontrar um emprego, não quero depender deles
para isso.
— Por orgulho?
— Talvez. Não quero ser comparada a eles. Carregar o nome “Foley”
traz consigo muita responsabilidade. Meus pais são incríveis. Como você
acabou de falar, meu pai é um CEO foda, é respeitado e admirado em toda
Nova Iorque, e minha mãe é uma mulher poderosa que começou um
negócio sozinha e hoje é uma das empresárias mais bem sucedidas no ramo.
Eu engulo em seco, pois é difícil falar sobre isso, nunca havia
comentado com ninguém.
— A minha vida inteira ouvi somente elogios a eles e eu não quero ser
comparada com eles, não quero que digam que não sou tão inteligente como
eles ou qualquer merda desse tipo. Quando comecei a entender melhor as
coisas eu quis ser diferente, por isso fui uma adolescente tão maluca. Eu só
queria mostrar para todos que não sou igual aos meus pais, que não posso
ser comparada com eles. De um certo modo eu meio que me revoltei.
De repente sua mão segurou a minha, seu polegar começou a acariciar o
dorso da minha mão, ele sabe que não é simples para mim, posso ver a
compreensão em seu olhar castanho.
— O Jordan não precisa pensar nisso, porque teve a sorte de ser bom em
um esporte.
— Eu te entendo, mas você não precisa ficar se desgastando com isso.
Eu sei que, não importa onde você trabalhe, você vai se dar bem, porque
você é incrível, é inteligente, é esperta, é proativa. Porra, você é Jasmine
Foley! As outras adolescentes do Ensino Médio te idolatravam, todas
queriam ser como você, não é todo mundo que consegue isso. Você não
precisa ter medo de ser comparada aos seus pais achando que não vai estar
à altura deles, porque você sempre esteve à altura deles.
Sinto seus dedos apertarem minha mão me confortando.
— Você é extremamente determinada, vai à luta pelo que quer e
consegue. Como pode cogitar que não será comparada aos seus pais pelas
boas qualidades deles? Você herdou todas. Você é maluca, — nós rimos —
mas é a mulher mais incrível junto com minha mãe, sua mãe e a Juliet —
ele me faz rir de novo.
O aperto que esse assunto havia trago ao meu peito acaba de ser
afrouxado pelas palavras doces e sinceras do namorado mais lindo do
mundo e eu o amo um pouco mais por isso também.
— Aproveitando que estamos falando de família, quero te convidar para
ir à minha casa. O feriado de ação de graças está se aproximando, eu vou
para casa e sei que você e Jordan também vão, é minha oportunidade de
conversar com seus pais e levar você como minha namorada.
— Esse momento chegará um dia, não é? — Faço uma careta por saber
o quão difícil será ter de encarar a Julie.
— Vou conversar com minha mãe quando eu chegar lá — seus dedos se
entrelaçam nos meus. — Vai dar tudo certo, minha mãe verá o quanto te
amo, o quanto estamos felizes juntos e ficará feliz por nós.
— Dessa última parte eu duvido muito — sorrio ao imaginar Julie
ficando feliz com esse namoro, isso não vai rolar. — Ela pode se conformar,
ficar feliz é algo a longo, longo, longo prazo.
Sorrindo ele aperta seus lábios nos meus, eu o abraço apreciando esse
momento com ele.
Capítulo 37

— Ai, meu Deus! Que saudade! — Sou apertado com toda a força de
seus braços. Recebo vários beijos no rosto e mais um abraço de urso. —
Acho que vou conversar sério com seu pai para não deixarmos você voltar
para a universidade.
Sorrio passando um braço por seus ombros, com a outra mão ergo a
mala que deixei no chão e entro.
— Você está com fome? — Minha mãe para em minha frente segurando
meu rosto em suas mãos.
— Um pouco, mas consigo esperar o almoço.
— Você está tão lindo!
— E você diz isso toda vez que venho aqui.
— E você deveria vir mais vezes, faz muito tempo que te vi.
— Eu se i— eu me sento no sofá, sendo seguido por ela. — A rotina tem
sido uma loucura e temos tido vários jogos. Fico exausto às vezes, mas
prometo — seguro suas mãos nas minhas fitando os olhos dos quais herdei
a cor castanha — que vou tentar vir visitar vocês mais vezes. Eu sinto muita
falta de todos.
— Nós também de você. Juliet sempre reclama por você estar tão longe.
— Falando nela, onde está a boneca da família?
— Na casa de uma amiga, deve chegar a qualquer momento.
— Vou para o meu quarto me trocar e volto. Precisa de ajuda na
cozinha?
— Hoje não, mas me pergunte isso outro dia— pisca nos fazendo rir.
— Te amo, mãe! — Beijo seu rosto e me levanto pegando minha mala
para ir ao meu quarto.
Após um banho eu desço ouvindo a voz doce de Juliet na sala. Ela grita
ao me ver e vem correndo pulando em mim para me dar um abraço
saudoso.
— Mano!
Eu envolvo sua cintura fina com meus braços e beijo sua bochecha.
— Desde quando você passou a ser tão desalmado a ponto de não visitar
sua família? — Franze o cenho ao mesmo tempo em que leva as mãos à
cintura.
— Também senti sua falta, maninha. — Toco seu queixo.
— Você está muito bonito!
— E você está cada dia mais linda, o que me preocupa muito.
Juliet revira os olhos sabendo que estou me referindo a homens se
interessando por ela.
Minha irmã está com dezessete anos agora e no ano que vem vai cursar
ballet na Juilliard, todos temos muito orgulho dela por ter conseguido uma
vaga nessa instituição que é líder mundial em Artes Cênicas. Ela se
esforçou muito e se sacrificou para ser selecionada.
Nós três nos reunimos na cozinha, minha irmã e eu ficamos sentados
separados de nossa mãe pela ilha no meio do cômodo. Juliet começa a me
contar como está sendo seu último ano no Ensino Médio.
Quem estava faltando chega assim que o almoço fica pronto, Juliet e eu
vamos ao seu encontro o abraçando juntos. Nosso pai nos abraça por um
longo momento dizendo o quanto sente minha falta.
À mesa, com minha família, percebo o quanto sinto falta deles, desses
momentos em que ficamos todos juntos.
— E você, filho? Como estão os jogos? Arrasando como QB?
Toda vez que ele toca no assunto de eu estar jogando futebol americano
seus olhos brilham e é notável o orgulho expresso em seu rosto quando
conto sobre os treinos e os jogos. Ele ama isso, poderia ter sido um jogador
se não amasse mais os carros do que o campo. Quem vê um carro
restaurado ou customizado por ele diz que ele nasceu para isso, ele tem um
talento fora do comum e eu o admiro por isso e por tudo.
Tyler Williams é um homem incrível, em quem procuro me espelhar,
pois além de ser um excelente marido, pai e profissional, é uma pessoa com
caráter e força admiráveis.
Após o almoço nos reunimos na sala de estar para ficarmos
conversando. E o assunto que eu estava evitando, pelo menos por hoje, é
trago à tona por minha irmãzinha.
— Quando vai trazer a Jasmine aqui?
Eu automaticamente observo minha mãe, que ergue uma sobrancelha
demonstrando que esse assunto não é o seu favorito.
— Ainda não sei bem. Depois de amanhã vou visitar os Foley e depois
do almoço de ação de graças eu a trago aqui.
— Estou curiosa para ver vocês como namorados — Juliet começa a rir.
— Engraçado que eu não estou nem um pouco curiosa para ver isso —
minha mãe cruza os braços não escondendo sua insatisfação.
— Ah, mãe! — Eu me sento ao seu lado e a abraço. — Eu já disse que a
Jas está diferente, e eu estou feliz com ela.
— Se você está feliz nós também estamos — meu pai quem fala. —
Vamos receber sua namorada de braços abertos — pisca para mim, então sei
que irá convencer a minha mãe.
— Obrigado, pai.
— Tanta mulher no mundo e você tinha que se apaixonar logo por ela?
— A mulher insatisfeita ao meu lado resmunga.
— A gente não escolhe esse tipo de coisa, dona Julie — brinco e deixo
um beijo estalado em sua bochecha.
— Eu sei, querido, só não quero te ver sofrer de novo por ela.
— Mãe, olha pra ele! — Juliet aponta para mim. — Está estampado no
rosto desse bobo o quanto a Jas o faz feliz.
— O bobo foi desnecessário — rindo me aproximo da minha irmã para
fazer cócegas no lado de sua barriga.
— Se os Foley aceitarem, podemos fazer um almoço de ação de graças
reunindo as duas famílias — a ideia surgiu do meu pai. — O Theo pode
perguntar a eles quando for lá. O que acha, meu amor?
Todos os rostos se viram para minha mãe.
— Por mim está tudo bem, eu amo os Foley, vocês sabem, é uma
amizade de anos. Meu único problema é a filha rebelde deles namorar o
meu bebê.
Todos rimos.
No dia seguinte passo a manhã com meu pai na oficina, eu gosto pra
caramba de vê-lo trabalhar, de observar como é inteligente e habilidoso em
todo o processo. Até me arrisco a ajudá-lo em alguns acertos mais fáceis.
Essa oficina me deixa nostálgico, são muitas lembranças da minha
infância e adolescência aqui, bons momentos.
À tarde saímos todos juntos para descontrair um pouco em família e, na
manhã seguinte, após o café da manhã, vou ver a Jasmine.
Capítulo 38

— Não me deixe esquecer de agradecer ao Theo por ter conseguido


domar você tão bem — meu pai está se divertindo.
— Vai esperando! — Ergo uma sobrancelha em desafio.
— Eu lembro, pode ficar tranquilo, pai — meu irmão faz questão de
abrir um sorriso maldoso olhando em minha direção. — Só não me deixe de
fora! Quero ouvir tudo.
— Idiota! Por que não cuida da sua vida e arruma uma namorada?
— Sou jovem demais para isso.
— Sério? Você é só um ano mais novo do que o Theo.
— Ele é diferente — Jordan aperta os lábios segurando um sorriso,
posso prever alguma palhaçada. — Ele é um príncipe — mal ele acaba de
falar rompe em risadas altas.
Meus pais se viram para mim com expressões divertidas em seus rostos.
— Príncipes não são fáceis de encontrar, querida, você tem sorte, assim
como eu — minha mãe beija meu pai no rosto.
— Você é um sapo, Jordan! — Revido.
— Eu não diria sapo, talvez um lobo mau, acho que combina mais com
meu jeito — seu sorriso de canto se forma.
— Mas voltando ao assunto filha, — meu pai estende o braço na mesa
para segurar minha mão com carinho — você está ótima, diferente de um
jeito bom, mais tranquila e mais feliz.
— É sexo, os dois transam como dois coelhos — não acredito que ele
disse isso!
— Vou te matar, Jordan! — Sinto meu rosto queimar e belisco forte seu
braço.
Minha mãe arremessa um morango que acerta na bochecha dele.
— Respeite sua irmã! — Ela o repreende, enquanto ele ri.
— Será que podemos não falar mais disso? O Jordan não tem
maturidade para uma conversa séria — lanço um olhar feroz para meu
irmão. — Amanhã ele vai vir aqui, podem proibir o Jordan de sair do
quarto?
— Ele é meu melhor amigo, não vai deixar você fazer isso comigo,
princesa — volta a rir e eu não me controlo dando alguns tapas em seu
ombro, no braço, na cabeça.
— Já chega vocês dois! — O tom do meu pai é sério nos fazendo parar.
— Não fique provocando sua irmã, Jordan! Deixe-a ser feliz. E se comporte
amanhã na frente do Theo, não queremos passar para o namorado da sua
irmã uma ideia errônea de nossa família — fala em tom de brincadeira e eu
semicerro os olhos para ele desconfiando de que também está me zoando.
— Que dia você vai na casa dele? — Minha mãe se volta para mim.
— Amanhã, assim que ele for embora eu vou com ele.
— Foi tão bom todo esse tempo com você — Jordan diz dramático. —
Pena que a Julie vai te matar amanhã!
— Você está tão engraçadinho, imbecil!
— Não se preocupe com isso — meu pai aperta minha mão. — A Julie
tem um bom coração, mesmo que ela queira te matar ela não vai fazer isso,
não na frente do filho dela.
Ah, que ótimo! Minha família tirou o dia para tirar sarro da minha cara!
Por que eu achei que seria diferente?

— Pode deixar que eu atendo! — Grito descendo correndo as escadas


após ter ouvido a campainha tocar.
Ao abrir a porta meu coração salta forte e eu o abraço envolvendo seu
pescoço com meus braços. Não sabia que tinha sentido tanta saudade até
vê-lo aqui em minha frente.
Eu me afasto para fechar a porta atrás de mim e o beijo com vontade,
para sentir o gosto de seus lábios nos meus, nossas línguas se movendo
famintas por mais contato.
Nós nos separamos ofegantes e entramos assim que nossa respiração
volta ao normal. Temos a surpresa de encontrar todos da minha família de
pé nos esperando cerca de um metro de distância da porta. Minha mãe se
aproxima primeiro o abraçando.
— Oi, Theo! Há quanto tempo não te vejo. Sinto tanta falta de ver você
e o Jordan aqui jogando futebol lá fora ou videogame no quarto dele.
— Essa época foi muito boa, tia Aysha — ele sorri e eu me contenho
para só admirar a sua covinha direita.
— Você está tão lindo! — Minha mãe coloca as mãos no rosto dele.
— É gentileza sua.
— Agora é minha vez de abraçar meu genro favorito — reviro os olhos
diante da bobeira que meu pai fala.
— Oi, tio Josh! — Theo o abraça.
— Como você está, campeão?
— Bem, obrigado. E o senhor?
— Melhor agora que você deu um jeito na Jas! — Ele ri.
— Pai! — Eu repreendo cruzando os braços. — Não comece, por favor!
— Vamos nos sentar! — Minha mãe convida.
— E aí, mano? — Jordan e Theo se cumprimentam batendo de leve as
mãos em punho.
Nós nos sentamos e a conversa gira em torno de UCLA e futebol
americano. Eu deito minha cabeça no ombro do Theo, o que o faz beijar
minha cabeça e entrelaçar seus dedos nos meus.
— Own! Vocês são tão lindos! — Minha mãe leva as mãos ao peito.
— Já que tocou nesse assunto tia, eu quero aproveitar e conversar com
vocês. — Meu namorado endireita as costas deixando-as mais eretas. —
Quero que saibam que minhas intenções com a filha de vocês são as
melhores. Eu respeito muito a Jas e não pretendo magoá-la.
— Que fofo! — Mais um pouco minha mãe vai chorar de tanta emoção.
— Nem precisava dizer isso! — Meu pai apoia os antebraços em seus
joelhos. — Acha que não te conhecemos desde que era só um garotinho?
Eu não poderia estar mais tranquilo e feliz se Jas tivesse outro namorado.
— Agradeço as palavras.
E o almoço fica pronto!
O que é ótimo para mudar o assunto antes que alguém comece com as
piadinhas.
— Sua mãe nos ligou ontem para nos juntarmos a vocês no dia de ação
de Graças. — Meu pai olha para o Theo. — Você acabou se tornando o elo
que une nossas famílias.
— Mas sempre foram unidas — meu namorado observa.
— Agora somos praticamente parentes, e depois de você fazer tão bem
para minha filha ela não pode deixá-lo escapar, não é Jas? — Agora ele se
vira para mim. — Trate de segurar esse homem e se case logo com ele —
sorri.
Theo engasga e Jordan dispara a rir, sendo seguido por meu namorado
assim que este se recupera do engasgo.
— Ela não vai ter problema para pedir ele em casamento, — lá vem meu
irmão dizer algo idiota — porque foi ela que nem esperou o Theo a pedir
em namoro e já foi logo tomando a iniciativa.
— Chega Jordan! — Peço séria.
— Não vejo problema nisso — minha mãe começa. — A Jas sempre foi
de lutar pelo que quer e eu admiro isso. Por que não tomar a iniciativa?
Você fez certo querida, e eu tenho muito orgulho por você ser assim tão
determinada.
Fico contente com as palavras ditas por essa mulher tão poderosa que é a
minha mãe.
— Mas quanto à decoração da festa tenho a ideia perfeita. — O Jordan
não se cansa? — Tem que ser da Jasmine e do Alladim.
— Boa! — Meu pai apoia sorrindo.
— Ninguém aqui vai se casar por enquanto, então é hora de pararem de
me constranger na frente do meu namorado e falarmos de qualquer outra
coisa.
Uma mão aperta minha coxa por baixo da mesa, instantaneamente viro o
rosto para o lado comtemplando seu sorriso. Ele aproxima o rosto da minha
orelha e sussurra:
— Te amo, princesa — então ele se afasta e volta a comer.
Pouco depois do almoço seguimos para a casa do Theo, chegou a hora
de encarar a mulher que não se agrada nem um pouco de eu ser a namorada
do filho dela.
— Algum conselho para mim? — Peço enquanto ele está dirigindo.
— Não discuta com a minha mãe.
— Ah! Esse conselho já diz tudo. Ela ainda me odeia, não é?
— Ela não te odeia, só precisa conversar com você primeiro.
— Puxa! Estou bem mais calma agora! — Uso o sarcasmo para
esconder o nervosismo.
Capítulo 39

— Caramba! Nem lembro qual foi a última vez que te vi — Juliet me


abraça. — Você continua linda.
— Olhe só quem fala — devolvo a gentileza.
Tyler também é simpático ao me cumprimentar, na verdade ele sempre
é, Theo puxou muito dele.
E então meu estômago começa a doer, Julie se aproxima com um olhar
duro, eu sustento seu olhar, pois não sou de me rebaixar ou fugir. Ela ergue
a mão e eu a aperto levemente.
— Que bom te ver, Julie — digo pensando em resolver logo essa
situação.
— Se você não fosse a namorada do Theo eu poderia dizer o mesmo —
ela ergue a sobrancelha e solta minha mão.
— Por que não nos sentamos e conversamos? — Theo toca gentilmente
minha lombar e beija minha bochecha.
— Que tal lá atrás na área gourmet? Ao ar livre é sempre mais agradável
— a sugestão vem de Tyler e todos concordam.
Eu acho ótimo, porque a brisa vai ajudar a diminuir o calor que estou
sentindo por estar frente a frente com a Julie sabendo que ela não vai
facilitar para mim.
Juliet me pergunta sobre a UCLA, se estou gostando e como está sendo
minha experiência. Durante algum tempo conversamos muito, ela me conta
empolgada sobre seu amor pelo ballet e as expectativas quando à
universidade.
Minha sogra busca suco para todos e Tyler a ajuda a servir.
Eu bebo uma boa quantidade de uma vez me deliciando com o líquido
gelado descendo por minha garganta e me refrescando. Theo passa o braço
por meus ombros e dá um leve aperto em meu ombro transmitindo o
conforto que preciso.
— Jasmine, — Julie tem minha atenção, ela se levanta — será que
podemos conversar a sós?
É um golpe em meu estômago, porém engulo o medo e me levanto com
a coragem que sempre me acompanha.
— Claro! — Respondo com a tranquilidade que não estou sentindo.
— Mãe! — Theo se levanta incomodado.
— Só vamos conversar, não se preocupe. — Ela me encara. — Por aqui,
por favor! — A mulher que gerou o homem da minha vida faz um gesto
com a mão para eu segui-la.
Theo aperta minha mão, em resposta lhe dou um sorriso e recebo um
selinho em meus lábios, é mais que suficiente para alimentar minha
coragem.
Acompanho Julie até entrarmos em sua biblioteca, ela fecha a porta e eu
caminho devagar analisando os livros sobre as prateleiras. É livro pra
caramba!
— Eu admiro as pessoas que gostam de ler — digo ainda contemplando
as lombadas de tantos livros. — Se eu gostasse tanto de ler poderíamos ter
algo em comum.
— Mas não temos nada.
Eu me viro para vê-la me observando de braços cruzados.
— Está enganada. Temos em comum o amor pelo Theo.
— Não acho que seja algo a se comparar.
— E não é. Eu sei que o amor de mãe é especial, não estou falando da
dimensão do amor ou o qualificando, só estou dizendo que ambas o
amamos, cada uma da sua forma, é claro.
— Sente-se! — Ela aponta para uma das poltronas cor de rosa.
Eu me sento ansiosa pelo que está por vir.
— Eu a chamei para conversarmos a sós porque será um assunto de
mulher para mulher, o Theo não precisa participar.
Aceno positivamente com a cabeça.
— Você sabe muito bem que não estou dando pulos de alegria por esse
namoro. Quando o Theo me contou que estava namorando você eu vi o meu
pior pesadelo se tornando realidade. Você sabe a dor que causou nele sem se
importar com os sentimentos do meu filho. Praticamente o ignorou por anos
sem uma razão plausível para deixar de ser a melhor amiga dele de repente.
Uau! Ela sabe como acertar um coração, porque o meu já está doendo,
apertando-se em meu peito.
— Da mesma forma que quis sair da vida dele você voltou, e dessa vez
apaixonada por ele. Eu tenho todos os motivos para não estar satisfeita com
essa relação de vocês, eu te conheço bem Jasmine, desde pequena você tem
uma personalidade forte, tanto que seu pai se referia a você como a filha
indomável. Você e o Theo são completos opostos, acha mesmo que pode
dar certo?
— Sim, eu acho. Você está certa em tudo o que disse sobre mim e eu
entendo sua insatisfação em ter alguém assim do lado do seu filho, entendo
de verdade seu medo de vê-lo magoado de novo. Eu cometi muitos erros, eu
sei, mas quem não comete? Fui imprudente e irresponsável algumas vezes,
cruel com o Theo e desobediente aos meus pais, mas eu era adolescente e
adolescentes são assim. Não todos, mas a maioria talvez. Eu não queria me
apaixonar, não estava nos meus planos nem a longo prazo. Se alguém me
dissesse há meses atrás que eu me apaixonaria eu iria gargalhar na cara
dessa pessoa e chamá-la de louca.
Paro alguns segundos para sorrir ao lembrar de como não desejava me
apaixonar e agora, aqui estou.
— Não escolhi me apaixonar pelo seu filho, jamais passou pela minha
cabeça que isso aconteceria um dia, mas aconteceu e eu amo o Theo. Eu o
amo tanto que não consigo imaginar um amanhã sem ele na minha vida.
Sou capaz de tudo por ele, qualquer coisa para vê-lo feliz, para ver o belo
sorriso com covinhas que ele tem, e mais ainda, ver seus olhos sorrindo,
porque ele sempre sorri com os olhos antes de fazê-lo com a boca.
Quando foi que meu coração começou a bater tão forte?
Respiro fundo para aliviar a tensão e é nesse momento que se ouve o
barulho de algum vidro se quebrando.
— O que foi isso? — Julie se levanta e corre até a ampla janela.
Eu faço o mesmo. Da janela podemos ver Tyler e Theo de pé na grama,
aquele com as mãos na cabeça.
— O que aconteceu? — Minha sogra grita da janela.
— Theo quebrou o vidro da janela com a bola!
— Foi mal, mãe! Eu te amo! — Ele grita sorrindo para ela.
Julie se vira e volta a se sentar, sem opção retomo meu lugar na poltrona.
— Eles fazem muito isso quando jogam juntos — ela revira os olhos.
— É bonito de se ver o quanto são amigos.
— O Theo é um amor de pessoa, é difícil alguém não ser amigo dele.
Tyler e ele sempre foram muito unidos, meu marido é um pai incrível.
— Julie, — pigarreio para continuar nosso assunto anterior — quero te
pedir para não me julgar tendo como base o meu passado. As pessoas
mudam. Não é o meu passado ou o meu futuro que me definem, mas quem
eu sou hoje, e eu sei que sou uma pessoa muito melhor e quero continuar
melhorando. Eu me apaixono pelo Theo cada dia mais, te garanto que fazê-
lo sofrer está completamente fora dos meus planos. Só me dá uma chance
para te mostrar que não vou partir o coração dele de novo!
Ela se levanta vagarosamente e estende a mão, assim que me levanto e
aperto sua mão ela sorri e sinto como se um peso tivesse acabado de sair de
cima do meu coração.
— Obrigada! — Eu sorrio feito boba. — Eu gosto demais dessa família
e, eu amo o Theo até a lua ida e volta.
Seu sorriso se alarga.
— Ele citou esse livro para você?
— Sim. Ele contou que você lia muito para ele e para a Juliet.
— Eles adoravam essa história e eu gosto até hoje. Agora, o que acha de
voltarmos para junto dos outros e verificarmos se limparam a bagunça que
fizeram com cacos de vidro?
— Ótima ideia!
Seu braço passa por meus ombros e eu ouso passar o meu por sua
cintura a abraçando, dessa forma descemos e a expressão de alegria do
Theo ao nos ver não tem preço. Ele vem até nós e nos abraça ao mesmo
tempo.
— Eu amo vocês — beija nossas testas.
— Nem adianta querer me adular! — Julie se afasta. — Estou indo
verificar se você e o seu pai limparam o que fizeram.
Meu namorado ergue as sobrancelhas e observa a mãe se afastar, em
seguida me abraça tirando meus pés do chão.
— Estou muito feliz que vocês se entenderam.
— Eu também — acaricio seu rosto.
Reparo em sua boca se aproximando da minha, fecho os olhos para
corresponder ao seu beijo apaixonado desejando que seus lábios não se
afastem dos meus.
— Eu ainda estou aqui! — Ouço a voz de Juliet. — Caso tenham
esquecido.
Nós nos afastamos sorrindo e nos viramos para ela.
— O amor é lindo — Juliet brinca.
Capítulo 40

— Antes de nós voltarmos quero ver se você topa realizar uma fantasia
sexual que tenho — suas mãos deslizam pelo meu peito e sobem até meu
pescoço.
— Qual é?
— Envolve você entrar escondido no meu quarto à noite.
— Isso é perigoso. Se o tio Josh me pegar não sei como vou olhar para
ele — começo a rir imaginando a cena.
— Todos estarão dormindo, é só você chegar bem tarde.
— Isso é loucura!
— Calma! Nem te contei o restante da minha fantasia! — Seus lábios se
curvam em um sorriso maldoso.
Após o almoço de ação de graças, que foi inesquecível com a presença
dos Foley, Jasmine e eu viemos para o quintal de trás da minha casa
enquanto os outros membros de nossas famílias conversam distraidamente.
Minha namorada descreve em detalhes a fantasia que quer que eu torne
realidade, eu mordo o lábio inferior pensando no que dizer a ela...

Não sei quem é mais maluco, se é a Jasmine ou se sou eu, por ter saído
de casa às duas da manhã de sábado para tentar invadir a casa dos meus tios
sem ser descoberto.
Isso é tão errado!
Eu refleti sobre esse assunto a tarde toda de ontem, pensei em todos os
contras, em como é uma falta de respeito para com os meus tios, porém,
correr o risco para deixar minha namorada feliz e satisfeita me ganhou.
Por isso estou saindo do meu carro, estacionado a alguns metros da casa
dos Foley, para encontrar a escada que a Jas disse que deixou próximo à
janela do quarto dela.
Caminho a passos rápidos torcendo para que ninguém me veja na rua
desse jeito a essa hora. Entro no quintal avançando para a lateral da casa,
encontro a escada deitada, eu a levanto e começo a subir tentando fazer o
mínimo de barulho possível.
Dou leves batidas e o rosto de Jasmine surge todo sorridente abrindo a
janela para eu passar. Assim que entro e observo seu olhar me conformo por
ter vindo.
— O que está acontecendo? — Ela começa a atuar. — De repente minha
casa ficou tão quente! — Seu hobbie desliza por sua pele, caindo aos seus
pés revelando a camisola vermelha transparente, que é tudo o que ela está
vestindo.
— Recebi um chamado sobre incêndio aqui — tento ficar sério e retiro o
casaco. Basta seguir o roteiro que ela me enviou.
— Uau! — Jasmine percorre meu corpo o devorando com seus olhos
carregados de desejo. — Realmente tudo está pegando fogo aqui.
Eu retiro o capacete deixando-o na mesa de cabeceira, ela não tira os
olhos de mim. Estou vestindo uma roupa de bombeiro, mas apenas a calça
com suspensórios, nada de camisa, exatamente como ela descreveu sua
fantasia.
— Ainda bem que eu trouxe minha mangueira para apagar esse fogo —
e é nesse instante que não consigo mais segurar as risadas, isso é muito
ridículo.
— Que bom que trouxe sua mangueira, quero ver você usá-la, e precisa
ser rápido, pois o incêndio aumenta a cada segundo. — Jasmine agarra os
suspensórios me puxando, colando seu quadril em meu corpo.
Eu aperto os lábios para não rir de novo, e antes que eu falhe sua boca se
apossa da minha em um beijo sensual e forte. Era tudo o que eu precisava.
Fico observando o tio Josh se despedir dos filhos com abraços e beijos
no rosto, sou o próximo a receber seu abraço.
— Quero falar com você — sussurra e toca meu braço afastando-nos um
pouco de seus filhos. — Na próxima vez em que for lá em casa pode entrar
pela porta — sorri de lado.
Merda!
Levo um choque e tudo em meu corpo para. Engulo em seco a vergonha,
sinto um frio na boca do estômago e fecho os olhos expirando.
Achei que ninguém havia notado minha entrada pela janela na
madrugada de sábado, nem mesmo minha saída cerca de duas horas após
um sexo selvagem e o mais silencioso que conseguimos. Foi intenso, louco
e muito gostoso, Jasmine e eu estávamos com um nível de tesão elevado, o
qual conseguimos saciar ficando esgotados depois.
— Tio Josh... — Minha voz sai fraca.
— Calma! — Ele me interrompe erguendo a mão. — Não contei isso
para te dar um sermão, eu só não podia deixar passar sem aproveitar a
oportunidade para me divertir um pouco — ri. — Com certeza foi
influência da Jas, tudo bem, não estou bravo, sério. Você foi corajoso e
imprudente, poderia ter sido pego.
— Eu sei, desculpa.
— Não precisa se desculpar, jovens se aventuram, fazem loucuras, e eu
estou tão feliz pelo bem que você faz para a Jasmine que não ligo. Será um
segredo nosso, a Julie não pode ficar sabendo de jeito nenhum!
Nós dois rimos agora.
O tio Josh é fantástico, eu o amo muito, então o abraço de novo, mais
apertado dessa vez.
— Espero te ver no Natal — ele se despede.
Volto para junto de Jasmine e Jordan, seguimos para o corredor de
embarque, já anunciaram nosso voo. Em poucas horas estaremos de volta à
Los Angeles, para amanhã retornarmos à nossa rotina universitária.
Capítulo 41

— Está tudo bem por aqui ou o Tucker está incomodando você, Jas?
Eu me viro encontrando Chase sério encarando o outro loiro mais à
frente, ele baixa os olhos azuis para mim.
— Oi, Chase! — Sorrio alegre em vê-lo.
— Qual é, Chase? — Tucker também o cumprimenta.
— Eu vou saber depois que a Jas me responder— suas sobrancelhas
claras se erguem na espera de uma resposta.
— Sim, o Tucker está me incomodando. É o tipo de cara que não sabe o
significado de “cai fora”.
As íris azuis param de me fitar para encararem o outro homem.
— Olhe só, Tucker, preste atenção porque eu vou falar apenas uma vez.
— Ergue o indicador. — A Jasmine é minha amiga e namorada de um dos
meus melhores amigos, então eu acho bom você não se aproximar dela para
o seu próprio bem, a não ser que ela o autorize.
— Sem chance! — Faço questão de deixar claro.
— Eu só estava conversando.
— Ela não quer e pronto! — Chase dá um ameaçador passo para a
frente. Se eu fosse o Tucker não o irritaria. — Vá procurar outra
universitária para conversar!
Tucker ergue as mãos e vai embora.
— Obrigada! Ele é insistentemente chato.
— Quando precisar é só chamar. Agora vou nessa! Tenho treino. Fale de
mim para suas amigas! — Pisca e sai apressado.
Eu fico rindo sozinha desse jeito todo conquistador do Chase.
Espero que agora o Tucker tenha entendido o recado e não me atormente
outra vez.
Após o treino meu príncipe vem passar um tempo comigo.
— Tenho uma programação diferente, — acomodo minhas pernas no
sofá e encaro seus olhos me fitarem curiosos — vamos assistir a um filme
de romance.
Theo não consegue esconder a surpresa, o que me faz rir.
— Sei que não sou adepta aos filmes de romance, mas estava tentando
encontrar coisas que eu pudesse fazer pela primeira vez com você. Comigo
você teve tantas primeiras vezes e eu, bem, você foi o primeiro por quem
me apaixonei, meu primeiro namorado e o primeiro homem com quem fiz
amor.
— Já é o suficiente, não acha? — Sorri se aproximando mais tocando
meu rosto e acariciando minha bochecha. — E estou disposto a tudo para
ser o primeiro e o último.
Suas palavras culminam em um beijo explosivo, do qual preciso me
desvencilhar logo para poder respirar.
— Vamos assistir? — Tenho que focar no filme para não acabarmos sem
roupa aqui no sofá.
— Claro! O que quiser. Que filme escolheu?
— Foi indicação de uma amiga, chama-se Cartas para Julieta, ela disse
que é muito bom.
— Beleza — ele se acomoda me puxando para seus braços.
Está fazendo frio, o inverno está quase chegando, mas aconchegada no
corpo quente do Theo e tendo um cobertor sobre nós no sofá sinto aquele
quentinho gostoso.
— Acho interessante a Casa de Julieta, o romance que permeia o lugar,
as cartas de amor que milhares de mulheres depositam no muro,
esperançosas em receber uma resposta que possa ajudá-las em sua vida
amorosa.
A cena que se passa nesse lugar inspirador me faz refletir.
— Uma Jasmine sensível — sorri, eu ergo o rosto apoiado em seu peito
para vislumbrar seu rosto. — Outra faceta que eu não conhecia.
— Sou uma caixinha de surpresas — brinco recebendo um breve beijo
em minha boca. — Deu vontade de um dia poder viajar para Verona e
visitar a Casa de Julieta, tirar uma foto na sacada e quem sabe deixar um
bilhete no muro.
— Por que deixaria um bilhete? Até onde eu sei sua vida amorosa está
espetacular — abre um sorriso convencido.
— Concordo — ergo o corpo para ter uma visão melhor de seu rosto. —
Posso deixar uma carta agradecendo por ter encontrado o que muitas
pessoas não conseguem.
— E o que é?
— Um príncipe — nós rimos. — Um homem que mudou meus planos
me fazendo enxergar em seus olhos um “para sempre”.
Sua expressão muda, seu sorriso se desfaz e Theo me beija, um beijo
forte, carregado de amor intenso.
— Você não parece real às vezes — sua voz sai em um sussurro
enquanto as íris castanhas me olham com carinho. — Eu esperei muito para
você poder ser minha, Deus sabe o quanto eu desejava isso, e agora que
realmente posso chamá-la de minha você supera minhas expectativas a cada
momento estando em um nível além de perfeita. Jasmine, — sinto seu toque
quente em minha bochecha — eu te amo com tudo o que sou, com todas as
minhas forças, nunca existiu nem vai existir outra mulher para mim. Já ouvi
falar que você encontra o verdadeiro amor uma vez na vida, eu encontrei,
— seu sorriso aquece minha alma — e tenho sorte por isso.
Que se dane o filme!
Eu quero é beijar esse homem encantador que é capaz de me derreter
toda com suas palavras sinceras e românticas, esse homem que amo ver
sorrir, que me faz sentir viva, que desejo ser meu para o resto da minha
vida.
Quanto ao filme de romance?
Nós terminamos de assistir mais tarde.
Capítulo 42

Amarro a caixa com uma fita azul de cetim que dá o toque final que eu
desejava. Sento ao lado da caixa expirando forte.
Londres é o destino de várias viagens que fazemos em família, visitar a
melhor amiga do meu pai e sua família sempre foi empolgante, eu os amo
muito, somos todos uma família, e passar o Natal lá, como sempre fazemos
ano sim ano não, deveria ser tão excitante quanto nos anos anteriores.
Olho de relance para a caixa em minha cama, eu quero consertar todos
os erros que cometi e o que tem dentro da caixa vai me ajudar.
Seguro o meu celular e acesso as últimas fotos, tenho parado para
visualizá-las várias vezes durante os últimos dias. Não me canso de ver
Theo ao meu lado, vestindo terno preto, e segurando um majestoso bouquet
de rosas vermelhas.
Minha formatura aconteceu dias atrás, minha família estava lá, o que é
óbvio, e Theo fez questão de aparecer me surpreendendo com as flores e
com o quão lindo e elegante ele estava.
É por isso e por tudo que eu quero recompensá-lo por todos os
momentos em que o fiz sofrer, por isso tenho um presente de Natal especial
para ele e vou entregar essa noite, mesmo faltando quatro dias para o Natal,
porque amanhã bem cedo estarei a caminho de Londres.
Carrego a caixa em meus braços e saio, despeço dos meus pais e vou até
a garagem abrindo a porta do carona do carro da minha mãe para depositar,
com cuidado, a caixa na frente do banco.
Tudo certo eu dou a volta e me sento no banco do motorista, ajeito o
cinto de segurança e ligo o carro. Ao ouvir o barulho do motor ligando eu
sorrio, não teria conseguido sem ele.
Theo continuou me dando aulas de direção todos os dias, até que eu
aprendi a dirigir bem e a me sentir segura. Nesse momento ele foi comigo
marcar um exame de direção.
Meu namorado acreditou em mim, confiou que eu era capaz de
conseguir, e quando o exame acabou, tudo o que fiz foi sair correndo para
seus braços.
Hoje tenho minha carteira de motorista, algo que eu já tinha deixado de
lado, algo que não era mais um objetivo para mim, mas que meu namorado
fez questão de me mostrar que tudo é possível quando você se esforça
mesmo.
Enquanto você respirar não está acabado, você pode tentar quantas vezes
forem necessárias para que uma hora dê certo.
Ligo o rádio e dirijo ouvindo um pouco de música até chegar à casa dos
Williams.
Toco a campainha e Julie quem me recebe, peço para ela chamar o Theo
por gentileza. Em instantes o vejo descer a escada correndo e vir até mim
me envolvendo em um abraço apertado que me tira do chão.
— Princesa!
— Oi, príncipe — aperto sua bochecha.
— Você adivinhou que eu estava querendo ver você, estou com muita
vontade de beijar sua boca.
— Então não passe vontade!
Sua mão pousa em meu pescoço puxando-me para junto de sua boca em
um beijo faminto e ansioso.
— Ainda não acredito que você vai passar tantos dias longe! — Lamenta
apoiando a testa na minha.
— Volto para passar o ano novo com você — deslizo os dedos por seus
cabelos. — Vim para me despedir e te entregar seu presente de Natal.
— Entre! Seu presente está no meu quarto.
Pego a caixa no carro e o sigo até o andar de cima entrando no quarto.
Eu me sento em sua cama e ele se posiciona ao meu lado.
— Esse presente é um pedido de desculpas por algo que fiz no passado.
— Coloco a caixa sobre suas coxas e ouvimos um barulho vindo lá de
dentro.
Ele ergue as sobrancelhas surpreso, desfaz o laço e abre a caixa voltando
a olhar para mim quando ouço novamente o mesmo barulho.
— Eu menosprezei seus sentimentos quando a Kira se foi — retiro da
caixa um filhote de Rusky Siberiano com pelos brancos e cinzas e olhos
azuis. — Não sei se ainda gosta de cachorro, entretanto eu queria te dar
algo importante.
Suas mãos pegam o cachorrinho, seus olhos voltam a me olhar
marejados, ele está emocionado.
— Obrigado, Jas. Significa muito para mim.
Seguro seu rosto entre minhas mãos para beijá-lo muito, até escutar o
choro do cachorrinho.
— Vai ter de dar um nome para ele.
— Deixa eu ver — ergue o filhote em suas mãos para encará-lo com os
olhos semicerrados. — Vou precisar de tempo — sorri.
Meu coração se enche de alegria ao ver que ele gostou mesmo do meu
presente.
Logo é minha vez de abrir o presente que ele me entrega.
Retiro o papel revelando um fino estojo, o qual abro para encontrar uma
pulseira dourada e delicada, ela possui pequenas pedras rosas penduradas
em toda a sua extensão, no meio há uma plaquinha dourada onde está
gravado:

Jasmine, te amo para sempre.


Seu príncipe.

Eu o abraço agradecendo pelo presente tão lindo. Vou usar essa pulseira
todos os dias.
Capítulo 43

— Hey, Luke! Que saudade de você! — Eu acaricio o filhote fofo que


veio me receber abanando seu rabinho peludo. — Você está crescendo,
hein?
— Vou ficar com ciúme — viro meu rosto para ver Theo com um ombro
encostado na parede e os braços cruzados sobre o peito. — Ganhei um beijo
e um abraço rápido, não recebi toda essa atenção — a pequena curva em
seus lábios denuncia que ele está querendo rir.
— Own! — Levanto e vou até ele mergulhando meus dedos em seus
cabelos. — Meu namorado está carente? — Começo a distribuir beijos por
todo o seu rosto.
Desde que as aulas recomeçaram não temos nos encontrado com a
frequência que gostaríamos, afinal a rotina de atleta é bem puxada e Theo é
bastante dedicado aos estudos.
Nesse fim de semana haverá uma festa em uma fraternidade que não
lembro o nome, os universitários querem curtir um pouco, e os jogadores do
Bruins estarão lá, por isso recebi o convite no meio da semana, quando
Theo me ligou pedindo para ir com ele.
Luke se abaixa sobre as patas dianteiras ficando com o bumbum para
cima e começa a latir olhando para nós.
— O que foi garotão? — Observo Theo o pegar nos braços.
Assim que voltou para Los Angeles meu namorado trouxe consigo mais
um integrante para dividir a casa e Luke conquistou a todos. Quem não se
renderia a um filhote tão lindo?
Levo minha bolsa para o quarto do Theo e me sento, ele faz o mesmo se
sentando ao meu lado.
— Audrey vai na festa também? — Curiosidade minha.
— Talvez. Por quê?
— Porque mesmo ela tendo voltado a ser a Miss Simpatia, — sento em
seu colo de frente para ele pousando minhas mãos nas laterais de seu
pescoço — eu não estou a fim de dividir você com ela, então acho bom ela
ter outra companhia masculina hoje à noite.
— Não vai me dividir com ela? — Ri divertido.
— Claro que não! Eu não vou dividir você com ninguém, você é todo
meu e sou sim egoísta a esse ponto — acaricio seus cabelos.
— Tudo bem, eu nunca vou dividir você, então entendo. Você é só
minha, não tem a mínima chance de outro homem se aproximar de você —
sua boca toma a minha em um beijo ansioso que rouba meu ar.
— Mudando totalmente de assunto, seu aniversário está chegando, vai
fazer vinte e um anos. O que quer de presente?
— Ainda não pensei nisso.
— Tem que comemorar. Vai poder comprar bebidas alcóolicas — nós
rimos.

À noite saímos todos juntos para a tal festa, ao chegarmos já nos


deparamos com uma casa lotada de jovens universitários bebendo,
dançando, se pegando e alguns se aventurando em jogos como beer pong, já
brinquei muito disso.
Aproveitamos a festa conversando e rindo muito com os amigos do
Theo, tiramos um tempo para dançar também, até que me sinto cansada e
peço para nos sentarmos um pouco em algum lugar.
— Você parou de beber? — Pergunta enquanto se senta no degrau mais
alto da varanda de trás.
— Não quero ficar bêbada quando estou com você— toco seu rosto,
porque eu amo fazer isso e porque é extremamente difícil estar perto dele e
não o tocar. — A verdade é que você me faz tão feliz que não preciso de
mais nada, entende? Hoje eu vejo que, apesar de ter vivido rodeada de
“amigos”, ter frequentado inúmeras festas e aprontado muito, no fundo eu
me sentia vazia. Você é a parte que faltava, é minha metade, a razão para eu
querer ser alguém melhor.
Seu sorriso orgulhoso vem acompanhado de um beijo, por onde ele
consegue me transmitir seu amor intenso.

— Jasmine Foley?
— Sim, pois não?
— Srta. Foley, meu nome é Hellen e eu falo em nome da Business &
Business. Analisamos seu currículo e você é exatamente o que buscamos.
Preciso que compareça à empresa para uma entrevista amanhã às 14:00
horas, é possível?
— Sim, claro! — Quero gritar de alegria.
Recebo mais algumas informações por telefone e estou livre para pular
pela sala de TV da minha casa em comemoração. Estou esperando por uma
notícia assim desde o início do ano, quando comecei a enviar currículos
para várias empresas em Los Angeles. A razão de eu querer trabalhar lá se
chama Theo, eu quero muito ficar mais perto do meu príncipe.
Eu vou conseguir esse emprego e fazer uma surpresa para meu
namorado, tenho certeza de que ele irá adorar essa novidade.
Corro para meu quarto, tenho de fazer as malas e ligar para meus pais
avisando que farei uma entrevista em LA amanhã.
Um emprego é tudo pelo que eu estava ansiando, ficar em casa sem ter
nada para fazer estava me fazendo mal, pois ultimamente tenho me sentido
cansada e com dores no corpo de tanto tédio.
Ainda bem que não vendi meu apartamento!
Vou ficar escondida lá até receber a notícia de que estou contratada, para
enfim poder dar a grande notícia para o Theo.

Comunicação é, definitivamente, o meu forte. Não quero me gabar, mas


eu arrasei na entrevista, essa vaga é minha. A próxima etapa é fazer alguns
exames, mostrar ao médico da empresa e ser admitida.
Por não gostar de ficar esperando sinto meu pé sacudindo enquanto
aguardo aqui, no laboratório, o meu nome ser chamado.
Depois disso, só aguardar mais uma ligação da empresa.
Capítulo 44

Luke corre desesperado até a porta latindo que nem doido, parece que
mais alguém aqui está feliz por Jasmine ter vindo passar o fim de semana
conosco.
Abro a porta e ela me abraça apertado, faço o mesmo envolvendo sua
cintura e inspirando fundo seu perfume. Não nos víamos há duas semanas,
poder senti-la é reconfortante, parece que Luke acha o mesmo, pois fica
pulando nas pernas dela exigindo um pouco de atenção.
— Senti sua falta — falo entre seus cabelos.
— Eu também, príncipe — seu aperto se torna mais forte.
Afasto-me um pouco segurando seu rosto delicado entre minhas mãos,
analiso seus olhos:
— Você está bem?
— Sim, só um pouco cansada, e louca por um beijo.
Sem perda de tempo uno meus lábios aos seus desfrutando do sabor de
sua boca macia, de seu gosto único e delicioso.
Logo Jasmine dedica sua atenção ao Luke, caso contrário ele não nos
deixará em paz. Ao entrarmos ela cumprimenta os rapazes, então vamos
para o meu quarto, eu levo sua bolsa comigo.
— Quer descansar um pouco antes do jantar?
— Talvez alguns minutos me façam bem se você me fizer companhia,
quero passar o máximo de tempo que puder com você.
E como ela pede, é assim que acontece: ficamos deitados em minha
cama conversando.
Durante o jantar Jasmine ri e conversa com meus amigos, no entanto
algo nela está diferente, ela parece diferente.

Deitados, em minha cama, Jas está com a cabeça em meu peito


deslizando a mão por minha barriga e lateral do meu torso enquanto nós
recuperamos o fôlego. Acaricio seus cabelos sentindo o perfume doce do
shampoo que ela usa.
— Amanhã você tem treino cedo?
— Tenho, você pode ficar dormindo ou fazendo companhia ao Luke,
sabe que ele adora você.
Não falamos mais, o sono acaba nos vencendo.
Desperto esticando os braços, viro para o lado e não encontro minha
namorada. Ela deve ter ido ao banheiro ou está na cozinha, tem mania de
preparar o café da manhã nos sábados quando passa o fim de semana aqui.
Sento-me e vejo um papel branco dobrado ao meio sobre meu celular,
seguro e abro a folha:

Bom dia, Theo.

Sei que você deve estar achando estranho eu ter deixado essa carta,
afinal não sou disso, não é mesmo?
Eu preciso dizer algo para você e não conseguiria fazê-lo pessoalmente.
Acontece que eu recebi uma proposta de trabalho maravilhosa, é uma
grande oportunidade para eu crescer profissionalmente e ser bem sucedida
em minha carreira, é a realização de um sonho, é tudo o que eu desejei.
O porém é que a empresa fica em Londres, e como não há chance
nenhuma de eu recusar essa oportunidade, eu estou me mudando para lá.
Quero pedir que, por enquanto, não me ligue.
Pode ser que enquanto você lê essa carta eu já esteja voando a caminho
de Londres, da minha nova vida, trabalhando para ser o sucesso que sonho
em ser e poder ser comparada aos meus pais por isso.
Talvez você não entenda a minha escolha nesse momento, no entanto
você vai entender quando for escolhido para jogar em um dos melhores
times do país. E você vai ser, você sabe que é um quarterback muito
talentoso.
Eu não vou poder te dar os parabéns pessoalmente nessa próxima
semana, mas quero que se divirta, que comemore seus vinte e um anos com
seus amigos, com sua família, de alguma forma que te deixe feliz.
Não estaremos mais juntos, contudo quero que saiba que eu desejo todo
o sucesso do mundo para você e toda felicidade, porque você merece.

Abraço,

Jasmine.

Esfrego a mão livre no rosto secando as lágrimas.


Ela não fez isso comigo!
Jasmine não pode ter me deixado dessa forma.
Levanto e saio do quarto apressado, entro no quarto do meu melhor
amigo sem me lembrar de bater. Ele está dormindo, eu me aproximo e o
acordo.
— O que houve? — Senta-se na cama me encarando preocupado.
— Você sabia? — Entrego a carta para ele sentindo mais lágrimas
descerem queimando pelo meu rosto ao mesmo tempo em que tento evitar
que meu coração se rompa em pedaços.
— O quê? Que porra é essa?
Ergo minhas mãos passando-as pelos meus cabelos.
— Liga pra ela. Se eu ligar pode ser que ela não atenda.
Rapidamente ele pega o celular, clica no nome da irmã e deixa a
chamada no viva voz. Ela atende fazendo meu coração palpitar
desesperado.
— Que merda é essa, Jasmine? — Esbraveja. — O que você pensa que
está fazendo? Você disse que não iria magoar o Theo, porra!
— Calma, Jordan! — Ouvir a voz dela faz meu peito doer.
— Calma o caralho! — Com o rosto vermelho Jordan se levanta. —
Como você teve coragem de deixar uma porcaria de carta dessa? Não acha
que o Theo merecia mais do que isso?
— Não tinha outro jeito — sua voz sai fraca.
— Onde você está?
— No aeroporto, quase decolando.
Saio correndo e ouço meu melhor amigo pronunciar um “merda”. Jordan
chega ao carro junto comigo.
— Você não vai fazer isso! Ela não merece, cara!
— Preciso tentar falar com ela — entro no carro já o ligando e
acelerando, deixando Jordan revoltado em frente à casa.
Sei que estou sendo um completo idiota, mas se eu puder trazê-la de
volta terá valido a pena.
Os pingos de chuva engrossam, batendo forte no para-brisa do carro,
semelhantes às lágrimas que não param de cair.
Eu ainda não acredito no que está acontecendo. Não dá para aceitar que
a Jasmine continua sendo aquela garota egoísta.
Não sei o que faço de errado, apenas sinto a pancada na lateral do carro,
que sai capotando rápido até que não vejo mais nada...
Capítulo 45

Que droga!
Abro a bolsa tirando o celular, que toca insistentemente. Olho para o
visor na certeza de que é Jordan querendo acabar comigo, mas trata-se de
um número desconhecido, então atendo, sem poder prever que essa ligação
iria me deixar sem chão.
Entre lágrimas peço ao motorista que mude a rota e que dirija o mais
rápido que puder.
Nunca tive o hábito de roer unhas, mas não tive outra opção para aplacar
o nervoso que eu estava sentindo até finalmente chegarmos.
Dou algumas instruções ao motorista e saio do carro entrando apressada
no prédio. Sou acompanhada até um quarto, dois andares acima.
Respiro fundo três vezes antes de ter forças para erguer minha mão
trêmula e girar a maçaneta. Ao abrir a porta não consigo respirar por alguns
segundos.
Seus olhos me fitam surpresos, tristes, para depois seu rosto se virar para
o outro lado. Eu me aproximo da cama.
— Eu sinto muito.
— Não vai funcionar cantar “Sorry” dessa vez — seu tom é duro.
Reparo nos pequenos cortes no lado esquerdo de seu rosto e no braço.
— Eu sei, só que eu não consegui embarcar naquele avião — as
lágrimas não me obedecem e caem. — O seu rosto não saía da minha
mente, seu sorriso, nós dois juntos. Eu tentei ir embora, mas eu percebi que
não consigo, por mais que eu queira.
— E o que você quer que eu diga? — Seu olhar é um misto de decepção
e raiva. — Você terminou comigo através da merda de uma carta! Passou a
noite toda comigo e não disse nada. O que mais está doendo é ter acreditado
em você, é ter me iludido ao pensar que você havia mudado, quando na
verdade você continua se importando unicamente com você.
Queria poder mudar essa situação, poder abraçá-lo e acabar com a dor
que eu estou lhe causando.
— Você facilmente me descartou por causa de um emprego — ele tenta
enxugar o rosto molhado passando a mão com raiva nos olhos. — Pensei
que o que a gente tinha era importante, que eu era importante para você, e
no fim foi tudo mentira.
— Você é importante pra mim!
— Você deixou isso bem claro naquela carta — diz com sarcasmo. —
Estava indo para outro país sem nem ao menos ter a consideração de
conversar. Você acabou comigo quando deixou aquela carta. Eu só quero
que saia daqui! Sai, por favor! — Aponta para a porta.
— Eu tenho leucemia! — Praticamente cuspo as palavras.
Vejo a confusão em seu rosto.
— O quê?
— Eu queria te fazer uma surpresa e encontrar um emprego em Los
Angeles para ficarmos mais perto um do outro. Uma empresa me ligou e
marcou uma entrevista. Consegui passar na entrevista, então só tinha que
fazer alguns exames e seria contratada. Eu estava ansiosa para te contar
sobre esse emprego.
Preciso inspirar fundo e tentar conter o choro.
— O médico da empresa me perguntou se eu sentia várias coisas, para a
metade eu disse sim, então ele informou que eu tenho leucemia e que
preciso procurar um oncologista para iniciar o tratamento correto o quanto
antes.
Theo não diz nada, nem se move.
— No dia em que recebi a notícia fui para meu apartamento chorar, no
outro dia, o tempo todo, pensei no quanto faria você sofrer sempre que eu
passasse mal, que eu piorasse, você não merece isso. A única solução que
encontrei foi me afastar, porque por mais que me doesse eu sabia que estava
fazendo o melhor para você. Não quero que se prejudique nos treinos ou
nos estudos por ficar preocupado comigo. Tudo o que eu fiz foi pensando
em te proteger do que está por vir.
— Porra, Jasmine! — Rápido ele se aproxima e ainda sentado na cama
toca meu rosto com suas mãos encostando a testa na minha. — Eu te amo!
Eu sempre te amei e sempre vou te amar, não importa o que aconteça,
entende isso, por favor. Eu não consigo amar outra, eu não quero amar
outra, porque você é perfeita pra mim.
Suas palavras me deixam em pranto.
— Vamos enfrentar isso juntos, vou ficar do seu lado e você vai ficar
bem, não conheço ninguém mais forte que você.
Ele afasta nossos rostos e agora posso ver, de volta no castanho de seus
olhos me fitando, todo o amor que ele sente por mim.
— E se eu ficar careca?
— Posso raspar meus cabelos e seremos o casal careca mais lindo do
mundo — sorri acariciando minhas bochechas com seus polegares.
Eu o abraço não acreditando na sorte que possuo por tê-lo.
— Estou com medo — confesso.
— Tudo bem, é normal sentir medo em uma situação dessa. Mas lembre-
se de que não está sozinha. Seus pais sabem?
— Ainda não — eu me distancio um pouco para secar meu rosto. —
Eles e o Jordan são outras pessoas que eu queria proteger para não
sofrerem.
— Eles precisam saber. Seus pais vão correr atrás do melhor médico e
do tratamento mais eficaz que existe.
— Você fica comigo quando eu contar para eles?
— Claro! Vamos tentar providenciar essa viagem para hoje, temos de
comprar uma passagem para levar o Jordan também.
— Ele vai querer me matar por causa da carta. Quero contar para ele só
quando estivermos com nossos pais.
— Eu dou um jeito de acalmá-lo. Agora, tenho que receber alta para
sairmos daqui.
— Você está bem? Ligaram para o meu celular avisando que você havia
sofrido um acidente de carro e que estava falando meu nome.
— Estou todo dolorido, tirando isso estou ótimo, tive sorte — seu
sorriso faz a covinha aparecer, eu o beijo bem ali.
— O que aconteceu com você e que merda ela está fazendo aqui?
Não poderia esperar uma recepção calorosa do meu irmão, ao reaparecer
de mão dada com o Theo depois do que eu fiz. E para compensar os outros
dois se colocam ao lado do Jordan, todos me encarando furiosos.
— É o seguinte: — Theo é sempre o pacificador — eu sofri um pequeno
acidente de carro, estilhaços de vidro voaram, cortaram um pouco meu
rosto e meu braço, mas estou bem. Quanto à Jasmine, tudo o que podem
saber nesse instante é que a situação é grave, então por favor, não a
julguem.
— Mano, como você pode defendê-la? — Jordan está mesmo puto
comigo.
— Você vai saber. Nós temos de ir para Nova Iorque e você vem junto,
já compramos sua passagem, o voo será daqui a duas horas.
— O quê? — Se vira para mim. — Que porra você aprontou dessa vez?
Não vou pra Nova Iorque porra nenhuma!
Meu namorado solta minha mão e se aproxima do seu amigo tocando em
seu ombro.
— Confie em mim, somos melhores amigos há tantos anos, precisamos
de você lá. Eu estou pedindo para vir.
Theo consegue desarmar meu irmão, que concorda com um movimento
de cabeça.
— Pegue o que for precisar. Voltaremos amanhã.
O homem mais lindo e incrível desse mundo volta a segurar minha mão
e nos conduz para seu quarto.
— Descanse um pouco — pede. — Vou pegar algumas coisas e
conversar com meus amigos antes de ir.
— Está bem. — Posiciono meus braços em volta de seu pescoço. —
Obrigada por tudo, príncipe. Principalmente por me amar tanto assim.
— Você é meu tudo, princesa — seus lábios colam nos meus, sua língua
encontra a minha movendo-se lenta entre carícias.
Seu beijo me acalma, é como um bálsamo depois dos últimos dias
tempestuosos. Eu não sei o que faria sem ele na minha vida.
Capítulo 46

Não sei explicar direito o que estou sentindo, se é que sinto algo. Parece
que, devido à enxurrada de acontecimentos e emoções nas últimas horas, eu
estou anestesiado, entorpecido, desnorteado.
A expressão “meu mundo parou” se encaixa com maestria nesse
momento da minha vida, pois foi o que aconteceu quando a mulher da
minha vida revelou que tem leucemia.
Leucemia.
Um tipo de câncer.
Câncer.
Uma doença que causa dor só de ouvir seu nome.
Dor e medo.
Eu tive de guardar tudo o que senti para ser forte e transmitir segurança
e fé para a única mulher que tomou meu coração. Ela precisa de mim, e é
por isso que estou ao seu lado agora, segurando sua mão e observando os
três membros da sua família sentados à nossa frente na ampla sala de estar
da casa dos Foley.
— Se essa tensão toda é para dizerem que a Jasmine está grávida, quero
adiantar que está tudo bem — tio Josh se apressa.
— Quem dera fosse isso, pai — fala desanimada e expira virando seu
rosto para mim.
Deposito um beijo em sua testa a fim de encorajá-la.
— Filha, será que você pode falar logo? — Aysha leva uma mão na
altura do coração. — Não estou gostando nada do que estou vendo nos
rostinhos de vocês.
— Eu acho que não tem como contar de outro jeito. Acontece que fui
fazer alguns exames de admissão e descobri que tenho leucemia.
Vejo o choque nas expressões dos três, é uma notícia impactante, com
certeza. A tia Aysha fica com os olhos marejados de lágrimas.
— Há alguma chance de não ser isso?
— Acho que não, pai. O médico me fez várias perguntas, a maioria dos
sintomas eu tenho sentido ultimamente. Ele recomendou que eu procure um
oncologista — Jas desaba.
Sua família se levanta e vem abraçá-la fazendo-a se levantar. Jordan me
abraça entre lágrimas. É um momento extremamente difícil e doloroso para
todos.
Quando os ânimos se acalmam eu me despeço, o tio Josh me oferece
uma carona.
Em frente à minha casa ele me abraça.
— Vai ficar tudo bem, tio Josh. A Jas é mais forte do que todos nós
juntos e você sabe que a medicina está cada vez mais avançada.
— Você está certo, campeão. — Bagunça meu cabelo. — Obrigado por
ficar ao lado dela.
— Eu amo a Jas.
Sentindo todas as emoções do dia pesarem em meus ombros entro em
casa, recebo o abraço caloroso da minha mãe e me permito desabar,
colocando para fora toda a dor que guardei o dia todo.
Acordo cedo no dia seguinte e saio para correr, exercícios sempre
ajudam a aliviar a mente.
Pouco mais tarde vou para a casa dos Foley com minha família, eles
querem prestar solidariedade aos amigos e oferecer qualquer tipo de ajuda
que aqueles precisem.
Vou direto para o quarto do Jordan:
— Como você está, mano? — Abraço meu melhor amigo notando seu
desânimo, e eu entendo, ficaria arrasado se Juliet dissesse que está com
algum tipo de Câncer.
Conversamos um pouco, digo algumas palavras de força e saio para ver
minha namorada. Ela se levanta da cama em um pulo e vem me abraçar.
— Não está um pouco tarde para ainda estar de pijama? — Brinco.
— É confortável — seu sorriso me anima.
Nós nos beijamos intensamente, sem nos preocuparmos com a exigência
de nossos pulmões por mais ar, continuamos nos beijando porque
precisamos sentir um ao outro, necessitamos desse contato para esquecer o
restante do mundo.
— Você viu meus pais? — Pergunta ao se afastar sentando-se na cama.
— Claro! — Sorrio e sento a abraçando.
— Todos estão tristes, preocupados comigo, é tudo o que eu queria
evitar com a ideia de me mudar para Londres.
— Eles são sua família, não existe a possibilidade de não sentirem nada
diante do que acontece com você. Todos te amam, eu te amo, você não tem
que carregar isso sozinha, não tem que passar por essa fase sozinha,
estamos aqui por você.
— Será que você pode parar de ser tão perfeito? — Sorri e acaricia meu
rosto.
Consigo convencê-la a se trocar e nos juntamos a todos.
Durante o almoço, com as duas famílias reunidas, desfrutamos de
instantes felizes, com todos conversando e brincando, o que me faz sentir
bem, principalmente quando vejo Jas e Jordan sorrindo também.

Uma reunião foi necessária. Primeiro com os amigos com quem moro,
eles mereciam saber o que está rolando e foram muito prestativos comigo e
com o Jordan, eles são demais, são a família que temos aqui.
A segunda reunião foi com o time, poder contar com o apoio deles nos
piores momentos é crucial para continuarmos motivados em campo.
Também contei para Audrey, ela ficou chocada e disse que ligaria para
Jasmine para dizer que esta pode contar com ela.
Capítulo 47

— Parabéns, querido!
— Feliz aniversário, filho!
Meus pais são os primeiros a me darem um abraço, em seguida vem
Juliet e a mulher da minha vida.
Hoje é meu aniversário, razão pela qual fui liberado do treino e estou
aqui, em frente a um restaurante, onde nós iremos almoçar, para em seguida
irmos para um lugar que todos fazem questão de manter segredo.
Entre muitos abraços, beijos e gritos estridentes e graves, eu passo a
tarde em um parque de diversões incrível, com brinquedos alucinantes. São
momentos divertidos e valiosos.
Ao entardecer temos de nos despedir e Jasmine enlaça meu pescoço:
— Eu queria muito poder ficar e terminar esse dia sentando em você —
nós rimos.
— Tudo bem, temos a vida toda para você sentar em mim quantas vezes
quiser — acaricio sua bochecha com meu polegar.
— Tenho de ir por causa da consulta amanhã cedo com um oncologista
que foi indicado por um conhecido do meu pai.
— Não se esqueça de me atualizar sempre.
— Ok. Quero que me prometa que não vai deixar sua preocupação
comigo te abalar no campo nem nos estudos. Você promete? — Ergue a
mão direita com o dedinho estendido.
— Prometo — entrelaço nossos dedos.
— Os meninos se dedicaram muito para preparar uma festa para você,
então por favor, faça tudo para se divertir, por você, por seus vinte e um
anos, por mim. Você está fazendo vinte e um anos, comemore de verdade
essa data.
— Não gosto muito de festas, pedi para eles não fazerem isso, mas fui
ignorado.
— Nem pense em dar o bolo neles, Theo Williams! Vou falar para o
Jordan te levar arrastado.
— Tinha me esquecido do quão má você pode ser quando quer — sorrio
de lado.
— Agora tenho de ir, sua família está me esperando.
Aceno para todos e respiro fundo lamentando Jasmine não poder passar
o resto do dia comigo.

— 1, 2, 3!
Meus amigos do time terminam a contagem e viramos uma dose de
Vodka. Aperto os olhos ao sentir a queimação em minha garganta.
Ao contrário do que pensei, estou me divertindo na festa que
organizaram para mim em uma das fraternidades, estamos curtindo muito e
dando boas risadas.
Vou no embalo dos meus amigos virando mais algumas doses de bebida,
até que sinto minha mente enevoada e meu corpo quente, muito quente.
As músicas continuam altas, sinto vontade de dançar e Jordan vem
comigo, ainda bem que ele não sumiu essa noite, não conseguiria voltar
para casa sozinho.

— Mano, acorda! Temos que ir. Vamos perder mais aulas!


Alguém me sacode, ouço uma voz ao longe pedindo para eu acordar.
Sou sacudido mais forte e abro os olhos com dificuldade, meus olhos doem
com a claridade.
Minha cabeça dói, e não é uma dor qualquer, dói pra caralho. Eu me
sento devagar.
— Temos de ir! Anda! — Jordan está em pé à minha frente.
Passo a mão pelos cabelos observando ao redor. Essa não é a nossa casa,
onde estamos?
Olho para baixo e vejo meu torso nu.
— Cara, cadê a minha camiseta? O que aconteceu?
— A ressaca está brava, hein? — Ri. — Fizemos uma festa para você na
noite passada e estávamos tão bêbados que dormimos por aqui. Se quiser ir
para o campus, precisa se levantar e vir comigo, já perdemos a primeira
aula, mas se formos rápidos chegamos a tempo para a segunda.
— Por que estou sem camiseta? Eu não consigo me lembrar! — Olho ao
redor na ampla sala cheia de copos vazios e alguns universitários que
também beberam demais.
— Você estava com calor e tirou. Agora vamos!
Jordan segura em meu braço me fazendo levantar, vamos até a calçada,
onde um carro encosta e Jordan entra, levando-me com ele.
— Fiz alguma merda? — Essa é minha maior preocupação, não posso
magoar a Jasmine.
— Nem bêbado você consegue fazer merda — brinca atrapalhando meus
cabelos.
Em casa, a primeira coisa que faço, é tomar um analgésico, em seguida
um banho rápido e, pronto para sair, pego uma maçã e saio com Jordan
apressado.
Na aula uma colega joga um bilhete sobre meu caderno, acho estranho e
abro o pedaço de papel:

“Você é muito sexy. Fica comigo?”

O quê?
Viro para ela incrédulo e balanço a cabeça negando.
Eu não estava preparado para a enxurrada de cantadas que fui recebendo
ao caminhar pelo campus, sem falar nas piscadelas e beijos que as
universitárias sopravam em minha direção fingindo enviá-los para mim.
“Você é gostoso pra caralho”
“Gostoso!”
“Faz um show pra mim lá em casa”
“Quero te lamber todinho”
Eu não estou entendendo nada. Sério. Quando foi que elas ficaram tão
atrevidas e por quê?
Um alívio percorre meu corpo quando entro em campo.
— E aí, Gogo Boy? — Um colega do time ri.
— O quê?
— QB! Você está fazendo o maior sucesso!
— Se o futebol não der certo a carreira de Gogo boy é algo a se pensar!
Vários caras riem e eu não entendo nada.
— Ok, muito engraçado. Agora alguém pode me dizer o que é que está
acontecendo? Por que estão me zoando?
— Não sabe mesmo? — Um deles gargalha.
Phil se aproxima de mim segurando o celular e me mostra um vídeo que
me faz arregalar os olhos e abrir a boca literalmente.
— Que merda.
Eu estou em cima do sofá na fraternidade, danço junto com o Jordan e
retiro a camisa a jogando para as universitárias que a disputam. A dança
continua de uma forma sensual e eu não acredito que fiz isso!
— Está bombando em todas as redes sociais — bate em meu ombro e se
afasta.
Vou até Jordan e seguro a gola de sua camisa:
— Você disse que eu não tinha feito merda!
— E não fez! Você estava bêbado e dançou um pouco, o que tem de
mais? Não beijou nem transou com ninguém — sorri.
Solto sua camisa e respiro fundo sem saber se fico com vergonha ou
preocupado. Como é que consegui dançar daquele jeito na frente de todo
mundo?
Deus!
— Não foi fácil para o Jordan aguentar a Tempestade o criticando
durante todas as aulas por sua dancinha, que segundo ela, deveria ser
censurada — Chase cai na gargalhada me fazendo rir.
— Ela é um pé no saco! Adora infernizar a minha vida, mas o melhor foi
que as outras colegas da sala ficaram pedindo um showzinho particular —
pisca exibindo um sorriso maldoso. Meu melhor amigo não tem jeito
mesmo.
Uma movimentação diferente acontece no vestiário, ouço passos dos
caras correndo. Viro a cabeça para o lado erguendo as sobrancelhas para o
Jordan em sinal de pergunta. Em resposta ele ergue as mãos e os ombros.
Decido ignorar e continuar meu banho.
— Corram mesmo para cobrir tudo porque o único pau que quero ver é
do meu namorado! — Essa voz.
Abro um sorriso ao vê-la se aproximando.
— Jas?
Sem cerimônia ela vem até mim colando seu corpo no meu sendo
molhada pelos pingos que continuam caindo do chuveiro, e em um segundo
ela me puxa para um beijo ardente.
— Vamos embora rápido, pessoal! — Ouço a voz de Jordan. — Dêem
ao QB um pouco de espaço!
Sorrio sendo acompanhado por ela, para então voltarmos a nos beijar.
— Eu sabia que era maluca, mas não tanto — ajeito os fios de cabelo
molhados grudados em seu rosto. — Você não pode entrar aqui.
— Ainda não nasceu alguém que é capaz de barrar Jasmine Foley
quando ela necessita ver seu príncipe.
— Não dava para esperar alguns minutos?
— Não, vim direto do aeroporto e já esperei muito. Dois dias
praticamente.
Colo minha boca na sua beijando-a forte como se esse beijo fosse capaz
de impedir que nos separássemos.
— Vamos para meu apartamento? — Pede ofegante.
— Vai embora molhada?
— Você se seca e me empresta a toalha. Vou torcer minha roupa e me
enxugar, vai ajudar.
Caminhamos abraçados até o carro, Jasmine alugou um pelo fim de
semana todo.
— Não vai dar para esperar chegar para poder te perguntar! — Desiste
de ligar o carro e se vira para mim. — Como é que você conseguiu dançar
daquele jeito na festa do seu aniversário na frente de todo mundo?
Fico surpreso, esperava que ela não tivesse visto o vídeo.
— Bem — coço a sobrancelha. — Eu estava bêbado e nem me lembro
direito.
— Na próxima fantasia quero que você dance sensualmente daquele
jeito pra mim. — Afaga minha bochecha direita. — Como as mulheres
estão te tratando? Espero que tenha deixado claro que você tem dona —
ergue uma sobrancelha sorrindo de lado.
— Estavam pegando pesado no primeiro dia, mas hoje teve uma
reduzida, estou dizendo que não gosto disso.
— Vamos deixar a conversa para depois e ir embora para eu não ter que
sentar em você aqui dentro do carro — ri.
Sorrio feliz por poder passar o fim de semana com ela, estava sentindo
muita falta desses momentos só nossos.
Capítulo 48

2 meses depois

Os fones estão bem posicionados em seus ouvidos, observo seus olhos


se fecharem, sua cabeça tomba se apoiando em meu ombro, deposito um
beijo em seus cabelos e aperto de leve sua mão na minha.
Nosso voo decolou há alguns minutos, Jas veio falando o caminho todo,
de sua casa até chegarmos ao aeroporto, toda ansiosa para saber aonde eu a
levarei para comemorarmos seu aniversário, que será amanhã.
Até quando eu conseguir farei suspense quanto ao nosso destino, por
isso os fones, não quero que ela ouça algum passageiro comentar sobre o
país ou a cidade para onde iremos.
Sei que será cansativo para ela, pois serão aproximadamente oito horas
de voo e ela está bastante debilitada por causa do tratamento.
Há quase dois meses Jasmine foi diagnosticada com Leucemia Mielóide
Crônica, o tumor é ocasionado pelo acúmulo de células mielóides, as quais
fazem parte da imunidade do corpo humano.
Esse câncer se inicia nas células mielóides da medula óssea, há
alterações genéticas nestas células imaturas, ocasionando a formação do
gene anormal BCR-ABL, que transforma a célula mielóide em uma célula
leucêmica. Quando as células doentes ocupam a medula óssea e caem na
circulação sanguínea pode infiltrar outros órgãos, principalmente o baço.
Minha garota tem lutado bravamente contra a doença, segue o
tratamento com força e coragem se deslocando ao hospital a cada quinze
dias para uma nova sessão de quimioterapia.
A tia Aysha é quem a acompanha sempre e ajuda quando ela passa mal
após receber a medicação. Não tem sido fácil, Jasmine está abatida e mais
magra, acaba comigo vê-la assim, porém eu sei que isso vai passar, tem
que passar, porque eu sinceramente não sei como viver sem ela.
Semanas atrás teve um jogo, em Los Angeles mesmo, foi no dia
seguinte a uma quimioterapia, e após o segundo quarto eu liguei para ela
durante o intervalo, necessitava ouvir sua voz. Ela atendeu com a voz
fraca e, apesar de ter me dito que estava bem, eu sabia que ela estava
passando mal.
Antes de finalizar a ligação Jasmine pediu para eu ir vê-la depois que
descansasse do jogo. Foi o bastante. Ela precisava de mim. Então
conversei com o treinador e fui embora, ainda faltando mais dois quartos.
Assim que cheguei ao aeroporto sairia um voo para Nova Iorque, mas
já estava lotado. Sem poder esperar pelo próximo tentei comprar uma
passagem abordando as pessoas na fila para o embarque, eu ofereci pagar
o dobro do valor.
Uma senhora, que estava mais atrás na fila, me chamou dizendo que
ouviu sobre o meu caso e me venderia sua passagem. Eu a agradeci
imensamente e dentro de quatro horas estava pousando em Nova Iorque.
Peguei um táxi no aeroporto e desci com o coração acelerado tocando a
campainha da casa dos Foley. Quem atendeu foi a tia Aysha, ela sorriu
contente e me abraçou.
Fiquei na sala esperando por minha namorada, e todo o esforço para
estar ali foi compensado quando Jasmine surgiu abrindo o sorriso grande e
lindo ao me ver. Ela veio até mim abraçando-me apertado.
— Como chegou tão rápido?
— Saí após o segundo quarto.
— Não acredito que fez... — interrompo colocando meu indicador
sobre seus lábios.
— Está tudo bem, não fui prejudicado, posso ser substituído de vez em
quando. Era um caso especial — sorrio aproximando meu rosto do seu
para beijar seus lábios lenta e carinhosamente.
Seu rosto se afasta ofegante.
— Será que podemos nos sentar? Estou um pouco fraca e cansada
hoje.
— Claro! — Eu a carrego em meus braços, sento no sofá a colocando
de lado sobre minhas coxas.
Se fosse antes ela envolveria meu pescoço com seus braços, mas agora
está muito fraca para isso, eu entendo e a envolvo com meus braços.
— Vou passar o fim de semana aqui com você.
— Adoro ter um babá tão gostoso!
Desde então tenho sempre me esforçado para passar o fim de semana
com ela, pelo menos uma parte dele, e espero que esse se torne especial
para ela.
Vencemos a viagem longa e nos dirigimos para o hotel, precisamos de
um pouco de descanso antes de eu levá-la para passear.
Saímos à tarde e ela descobre a cidade:
— Estamos em Verona! — Sua expressão de surpresa e alegria é
maravilhosa.
— Viemos dar uma volta rápida por aqui. Amanhã temos de voltar, pois
sabe que na segunda tenho aula.
— Quero te morder, posso? — Suas mãos seguram meu rosto enquanto
ela morde de leve minha bochecha direita.
Chegamos no lugar que quero que ela conheça e ao passarmos pelo largo
e pequeno corredor ela para com a mão na boca.
— Achei que você iria gostar de conhecer.
— Ah, meu Deus! — Vira-se ficando de frente para o muro repleto de
bilhetes e cartas. — Não acredito que me trouxe à Casa de Julieta! Parece
mentira eu estar aqui!
Jasmine gira o corpo observando as pessoas à sua volta, a casa, a sacada.
— Posso subir? — Aponta para a sacada.
— À vontade.
— Você fica aqui — ordena e entra na casa.
Quando ela surge na sacada seu sorriso ilumina seu rosto e seus olhos
me fitam com paixão. Ergo o celular na mão e tiro uma foto.
— Romeu — pronuncia entre seu sorriso. — Ah, Romeu. Você é todo
meu e eu te amo — cai em risadas arrancando risos meus.
Jasmine volta para junto de mim, eu seguro em sua cintura:
— Sua declaração é bem original.
— Eu sei. Jasmine Capuleto é bem objetiva.
— Já que estamos aqui — seguro sua mão e caminho com ela até a
famosa estátua de Julieta. — Você conhece a superstição de que quem toca
no seio direito da estátua terá felicidade no relacionamento?
Em resposta ela balança a cabeça negativamente.
— Acho que não devemos ignorar.
— Você tem razão, no entanto vai tocar por cima da minha mão, não
quero você pegando em nenhum seio que não seja o meu.
Jogo a cabeça para trás rindo e em seguida a beijo.
Sua mão toca o seio da estátua, eu coloco a minha mão sobre a sua e fito
seus olhos, Jasmine aproxima o rosto para me dar um beijo breve.
Ao retirarmos nossas mãos fico de frente para ela segurando suas mãos.
— Você sabe que eu te amo, que tudo o que quero é ficar ao seu lado,
mesmo que hoje esteja completando vinte e três anos e ficando velhinha —
nós rimos. — E pensar que éramos apenas crianças quando você se tornou
uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sempre foi você e sempre
será você por toda a minha vida.
Seus olhos ficam marejados, ela sempre se emociona quando declaro o
quanto a amo. Aproveito para me abaixar apoiando-me sobre um joelho,
ainda segurando uma de suas mãos.
— O que vai fazer? — Leva a mão à boca.
— É que já que eu te amo para sempre e você está caidinha por mim
decidi que quero você ainda mais perto — viro a cabeça para o lado onde
estão as pessoas.
Minha namorada também olha para o lado e as lágrimas escorrem.
Algumas pessoas seguram um quadrado com uma letra, que juntas formam
a pergunta “Casa comigo?”. Então volta a olhar para mim.
Retiro do bolso a caixinha de veludo, eu a abro revelando o belo anel.
— Casa comigo e me dá a honra de poder chamá-la de minha esposa e
tê-la morando comigo e com o Luke pelo resto de nossos dias? Se disser
não vou pedir mil vezes até aceitar.
— Sim, príncipe. Mil vezes sim — sua resposta age direto em meu
coração descompassado.
Deslizo o anel por seu dedo, seguro seu rosto molhado pelas lágrimas e a
beijo irrevogavelmente apaixonado. Ouço os aplausos dos presentes e
continuo beijando minha noiva.
— Será que agora posso dar os parabéns para a aniversariante e mais
nova noiva?
Eu me afasto um pouco de Jasmine e ela praticamente se joga abraçando
o irmão. Jordan estava filmando tudo, bem escondido.
Seguimos para deixar a Casa de Julieta nos deparando com os pais de
Jasmine e Luke, ela os abraça muito feliz. Eu combinei com eles essa
viagem para comemorarmos juntos o aniversário da Jas e eu aproveitar o
lugar romântico para pedir sua mão em casamento.
A noite foi marcada por um jantar onde todos sorriam e conversavam
animadamente, acompanhados por uma refeição saborosa.
Mais tarde minha noiva e eu voltamos para nosso quarto no hotel, após
ela se despedir da família, que vai embora amanhã bem cedo.
— Está cansada? — Repouso minhas mãos em sua cintura.
— Se for para fazer amor com você não estou — sorri. — É estranho
falar isso — faz uma careta.
— Se estiver cansada não tem problema algum deixarmos para outro
dia.
— Jamais! — Passa os braços por meu pescoço acariciando os cabelos
da minha nuca. — Estou ficando mais velha, porém estou me sentindo
ótima e não quero que me toque como se eu fosse uma peça de cristal que
pode se quebrar, quero que seja intenso. Então, não se poupe!
— Se é o que quer — tomo sua boca em um beijo forte apertando seu
corpo no meu.
Epílogo

2 anos depois

Passo a mão por minha bochecha limpando a lágrima que escorreu.


Sentada em frente ao espelho analiso o reflexo da mulher que me tornei:
uma chorona. E isso é graças ao meu marido, devo a ele o fato de ter me
tornado uma manteiga derretida.
Algumas lágrimas foram derramadas no decorrer desses últimos anos,
lágrimas de dor, de não aguentar mais, lágrimas de emoção, de felicidade,
de alívio.
Em um momento o chão é tirado dos seus pés e no outro é devolvido
para que você volte a caminhar firme. No meu caso esse primeiro momento
foi quando descobri o Câncer e o segundo foi quando recebi a notícia de
que estava curada.
Foi uma caminhada árdua, de muito sofrimento para mim e para todos
aqueles que me amam. E todos são parte da minha vitória.
Durante os três primeiros meses fui submetida a quimioterapia venosa,
que sofrimento! Cheguei a pensar que não seria forte o bastante para
resistir, mas todos seguraram minha mão e me disseram que eu sou forte e
que eu venceria a doença.
Minha mãe me acompanhou e cuidou de mim todas as vezes que passei
mal, muito mal, por causa da medicação. Meu pai me deu carinho, força e
me carregou no colo para me obrigar a sair do quarto. Ele é demais!
Meu maninho lindo vinha me visitar sempre que podia e ficava contando
sobre as fofocas do campus e suas jogadas bem sucedidas, ele me abraçava
e dormia comigo.
Minha sogra esteve comigo durante uma das quimioterapias e ficou ao
meu lado cuidando de mim depois, nesse dia minha mãe teve uma reunião
muito importante.
Para não passar o tempo todo pensando no quanto eu estava mal eu
comecei a trabalhar com minha mãe. Quando eu estava me sentindo bem ia
com ela até a empresa, caso contrário trabalhava remotamente, no conforto
do meu quarto ou no escritório do meu pai em nossa casa.
Após esses primeiros três meses o médico liberou medicação oral, a
quimioterapia seria em comprimido. Adorei essa novidade, era um bom
sinal, significava que a doença já estava um pouco controlada.
Não perdi todos os meus cabelos, houve sim uma queda que diminuiu o
volume, e para disfarçar eu sempre os prendia em um rabo no alto da
cabeça ou coque.
A quimioterapia oral ainda me fazia passar mal, eu vomitava muito, no
entanto era melhor do que a venosa.
Eu fiquei extremamente magra e abatida, porém perseverei.
Um ano e meio depois de ter iniciado o tratamento compareci a mais
uma consulta, nesse dia o médico me deu uma das melhores notícias da
minha vida: eu estava curada! Mais lágrimas minhas e de todos.
E é óbvio que meus pais organizaram uma mega festa para comemorar,
convidando toda a família e amigos. Chase e Phil compareceram, fiquei
muito feliz ao revê-los.
Quem também marcou presença nessa festa foi a Miss Simpatia. É claro
que a Audrey não podia faltar! Ela e o Theo continuam amigos e eu fico
feliz por nada ter estragado essa amizade linda e rara deles.
Faço exames a cada três meses para controle, mas assim que se
passarem cinco anos não precisarei mais fazer tão frequentemente.
Theo e eu nos casamos após sua formatura. Foi um momento lindo,
emocionante e inesquecível. Não sei quem chorou mais: se foi meu pai ou a
Julie.
Meu marido esteve sempre ao meu lado, nos piores momentos. Ele se
esforçou por mim e me carregou quando eu fiquei sem forças, ele me deu
todos os seus sorrisos quando a dor me impedia de sorrir, ele me abraçou
quando tive medo, me achava bonita quando eu estava visivelmente
horrorosa, ele sofreu comigo e me amou em todos os momentos.
Ele foi meu porto seguro, minha alegria, minha vida.
Theo chorou comigo por incontáveis minutos ao receber a novidade da
minha cura.
Mesmo tendo de viajar bastante durante as temporadas de jogo, ele
sempre esteve presente. Isso mesmo, jogo. Ele foi selecionado para um dos
melhores times de futebol americano, não imaginei que seria diferente, ele é
um quarterback fenomenal.
Os quatro amigos, que acabaram se tornando uma família, encontram-se
quando possível, acabaram separados após se formarem, porém nada os
impede de tirarem um tempo para se divertirem juntos.
Agora casados, Theo e eu moramos em Hoboken, assim ficamos
próximos de nossas famílias, o que segundo ele, é para eu não ficar muito
sozinha quando ele tem de viajar.
Eu sou tão feliz que parece mentira. E bem me lembro que quando
éramos crianças Theo disse que quando existe amor tudo é possível, agora
acredito.
Há seis meses fiquei sabendo que estava bem de novo, Theo não perdeu
tempo e já começou a falar sobre bebês. Confesso que isso me assustou, não
sei se levo jeito para ser mãe e depois de tanta medicação forte tenho receio
de não conseguir engravidar, mesmo a ginecologista dizendo que posso sem
problemas.
O fato é que eu não poderia lidar com o fato de não poder dar ao Theo
algo que ele quer tanto, então suspendi os anticoncepcionais, mas não o
informei sobre isso. Deixei para contar quando tiver uma novidade.
Preciso terminar de me arrumar, pois logo ele estará chegando e disse
que vamos jantar fora para comemorar mais uma vitória do time. Eu fico
tão feliz por ele!
Mais alguns minutos e estou pronta.
— O que acha, Luke? — Nosso cachorro levanta a cabeça para me
encarar com seus lindos olhos azuis.
Faço um carinho em sua cabeça peluda, é quando ouço meu marido
lindo chegar.
Vou até ele correndo, pulo nele o abraçando forte e inspirando fundo seu
cheiro.
— Oi, príncipe!
— Oi, princesa — sorri acariciando meu rosto para em seguida me
beijar roubando meu ar. — Você está linda!
— Vou sair com um príncipe, preciso estar, no mínimo, apresentável.
— Está mais que apresentável, está sexy — suas mãos apertam minha
bunda colando meu quadril em seu corpo enquanto mordisca a pele do meu
pescoço. — Posso desistir do jantar?
— Nem pensar! — Eu o afasto. — Eu me produzi toda para jantar fora,
não tem comida pronta e podemos fazer tudo o que você quiser quando
voltarmos.
— Tudo o que eu quiser? — Sorri de lado erguendo uma sobrancelha e
voltando a pegar em minha bunda. — Vou comer rápido então para
voltarmos para casa em tempo recorde.
Balanço a cabeça rindo e o beijo demoradamente antes de sairmos.
Durante o jantar ouço com atenção ele falando sobre o jogo, sobre seu
desempenho em campo. Theo sempre fica feliz quando fala de futebol
americano, ele ama isso e eu amo vê-lo feliz assim. Eu sou capaz de tudo
para manter esse sorriso lindo em seu rosto marcando a covinha maior na
bochecha direita.
Não tenho tempo nem de respirar quando chegamos em casa, mal ele
fecha a porta cola seus lábios nos meus em um beijo intenso, ergue minhas
coxas e nos conduz para o quarto.
— Só um minuto! — Peço assim que meus pés tocam o chão. — Tenho
de ir ao banheiro.
— Ok— senta-se na cama retirando a camisa.
Perco alguns segundos para admirar o torso perfeito e musculoso.
— Sabe que pode pegar, não sabe? — Brinca. — Não precisa ficar aí
babando.
— Bobo! — Sorrio e vou até o banheiro.
Volto rápido para junto dele parando à sua frente, tiro as mãos de trás
das costas e revelo uma caixinha azul transparente. Seu sorriso some
lentamente, ele encara a caixa e ergue os olhos para mim, marejados de
lágrimas.
Dentro da caixa há um par de sapatinhos de bebê na cor branca.
— Isso...? — Coloca as mãos em minha cintura sem conseguir terminar
sua pergunta.
— Você vai ser papai, príncipe.
FIM

Aguarde o livro do Jordan 😉

Como estou feliz por você ter chegado até aqui!


Muito obrigada!
Quero pedir para você avaliar esse livro na Amazon, pois assim irá
ajudar outras pessoas a lerem, além de me fazer saber sua opinião, o que é
muito importante para mim.
Agradecimentos
Quando eu comecei a escrever esse livro não sabia que iria me divertir
tanto, que me sentiria leve e que mergulharia tanto na história.
Esses personagens me proporcionaram momentos incríveis, a Jasmine
com seu jeito debochado e maluco conseguiu arrancar risadas minhas, e o
Theo, “ah, o Theo!”, ele me deixou cada vez mais apaixonada fazendo meu
coração pulsar forte.
Então eu quero agradecer a eles por todos esses bons momentos comigo.
Quero agradecer, como sempre, a Deus, em primeiro lugar, depois a
minha família por seu apoio incondicional e carinho: meu marido Márcio e
minha filha Isabelle, minha mãe linda Aparecida, e meus irmãos
Wellington, Daniele e Ayrton.
Não pode faltar a Yara, minha leitora beta que me acompanha desde
2020 e é uma pessoa maravilhosa, que está sempre ouvindo meus surtos e
me acalmando.
A minha cunhada Priscila por sempre apoiar e ler meus livros, ajudar
nos meus momentos de indecisão e por compartilhar comigo sua
experiência e vitória contra a leucemia.
As minhas parceiras Emily, Gláucia, Luana A., Miriã e Priscila D., que
têm me ajudado sempre a divulgar meus livros com seus posts e vídeos
maravilhosos.
As minhas novas parceiras que também embarcaram nessa nova jornada
comigo. Obrigada Diana, Ester, Lary, Jordanna, Luana J., Sandy e Thalia.
A Hylanna, por sua leitura crítica, suas dicas me ajudaram muito.
A todos que me apoiam de alguma forma.
A todos os meus leitores, vocês são essenciais e me ajudam nos
momentos difíceis com seu carinho e apoio a cada livro que escrevo.
Espero que esse livro tenha levado a você momentos divertidos e
apaixonantes.

Com todo o meu carinho,


Esther Carter.
Vou deixar meus contatos, caso queira bater um papo comigo. Amo falar
sobre livros:

@esthercarterautora

estherromances@gmail.com
Conheça outros livros da autora

Leia:
Um contrato com o
idiota do meu vizinho

A história dos pais do Theo.


Leia o conto:
Um Natal perfeito

Spin off de “Um contrato com o idiota do meu vizinho”

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