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O Bebe Rejeitado Do Quarterback - Marroquim, Di
O Bebe Rejeitado Do Quarterback - Marroquim, Di
SINOPSE
APRESENTAÇÃ O
PLAYLIST
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
NOTAS FINAIS
BÔ NUS
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
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Copyright ©2024 - Di Marroquim
1ª Ediçã o: Abril/2024
Coraçõ es Flutuantes,
Ouça a playlist de O Bebê Rejeitado do Quarterback no Spotify!
Scaneie a imagem abaixo no seu app ou clique sobre ela, para escutar as
mú sicas.
Naquela segunda-feira, acordei atrasado para o treino no giná sio
da Universidade de Michigan. Eu havia sido escalado para jogar no
Michigan Wolverines logo que entrei lá e tentava dar o meu melhor para
ser draftado para a NFL quando terminasse meu período de estudos.
Porém, na noite anterior, havia participado de uma das muitas
festas que aconteciam entre os estudantes e bebi demais, além de ter
passado mais tempo acordado do que deveria, transando com uma bela
gostosa. Estava acabado de cansaço e com um pouco de ressaca.
Infelizmente para mim, isso vinha se tornando frequente. O
chamado da diversã o era muito forte para alguém que tinha apenas 21
anos e eu sabia que meu pai, Adrian Kingston, ficaria puto da vida
comigo, se soubesse como eu estava gastando meu tempo na faculdade.
Ele era mecâ nico de uma pequena oficina em Fowlerville, nossa
cidade natal, a que tinha menos habitantes do estado. Como ele nã o
tinha grana o suficiente para bancar meus estudos, lutei por uma bolsa e
consegui. Mas, pela cara que o treinador Miles fez quando entrei no
giná sio, até isto estava ameaçado.
— Kingston! — gritou, assim que me viu.
Os outros caras do time sentiram que eu iria levar sermã o e se
afastaram, dando passagem para que eu me aproximasse do treinador.
— Quantas vezes falei para você maneirar na bebedeira e nas
farras com as mulheres, só esse ano? — Ele começou dessa forma e
baixei a cabeça, sabendo que a coisa ia ficar feia para o meu lado.
— Vá rias, treinador — respondi, cruzando as mã os na frente do
corpo, em atitude subserviente.
— E quantas vezes você atendeu ao que orientei?
— Poucas.
— Pois é. Agora, o seu está na reta, Kingston. A coordenadora do
seu curso me passou suas ú ltimas notas, preocupada. Se você nã o
melhorar seu desempenho fora de campo, aumentando as notas nas
pró ximas avaliaçõ es, você estará fora do time! Além disso, sua bolsa de
estudos também está em perigo. Me entendeu? — gritou a ú ltima parte.
— Sim, treinador Miles. Vou me esforçar e melhorar, eu prometo!
— Nã o havia outra resposta que eu pudesse dar a ele, a nã o ser essa.
Embora eu nã o fizesse a mínima ideia de como iria conseguir melhorar
meu desempenho medíocre nas provas.
Mais tarde nesse mesmo dia, enquanto estava no vestiá rio depois
do treino, me arrumando para as primeiras aulas, alguns colegas do time
me rodearam.
— Aidan, cara, você vacilou, meu velho — disse um deles.
— É , porra! Curta, mas em véspera de treino, nã o! A gente nã o
pode ficar sem você no time! — reclamou outro.
— Tá bom, galera! Já nã o basta o treinador, agora vocês? —
Fechei a cara para eles.
— A gente é uma equipe. Se um de nó s é ameaçado de expulsã o, a
gente se preocupa, caramba! — amenizou o quarterback reserva.
— Eu vou maneirar nas farras, valeu? — prometi, porque, no
fundo, sabia que eles tinham razã o em reclamar. — Só nã o sei como vou
fazer pra melhorar minhas notas. As matérias parecem que nã o entram
na minha mente, poxa! — confessei.
— Mano, por que você nã o encontra alguém pra te ajudar com
isso?
— Se eu conhecesse alguém que pudesse me ajudar, já teria
pedido auxílio — falei, cabisbaixo.
— Olha, eu sei de uma garota inteligente pra caramba, que talvez
possa te ajudar — disse um dos wide receiver, vindo ao meu socorro.
— Quem é? — questionei, interessado.
— O nome dela é Dakota e trabalha em uma cafeteria perto da
biblioteca Shapiro, no campus central. Eu soube que ela dá aulas
particulares, se você pagar bem. Quem fez aulas com a Dakota conseguiu
melhorar as notas com rapidez.
— Tenho um tempo antes das minhas aulas, vou até lá agora
mesmo procurá -la.
Sem tempo para perder, entrei na minha caminhonete velha,
presente do meu pai quando me mudei para Ann Arbor, e dirigi até a
cafeteria, na qual encontraria a tal garota.
Entrei no ambiente refrigerado e, seguindo as indicaçõ es sobre
sua aparência que consegui com meu colega de time, logo a localizei
atrá s do balcã o.
Dakota usava o uniforme do lugar, os cabelos loiros escondidos
debaixo de uma touca descartável com um chapéu de tecido feio por
cima. Isso nã o ajudava muito na sua aparência, que já era meio...
diferente, com aqueles ó culos de grau enormes no rosto e o aparelho nos
dentes.
Ao ver que me aproximava do balcã o, ela me lançou um sorriso
metá lico, mas profissional, e perguntou:
— Bom dia!. Bem-vindo ao MU’s Café. O que vai querer hoje?
— Olá . Você é Dakota, nã o é?
Franzindo a testa, ela estranhou a pergunta em vez de um pedido.
— Sim, sou eu. E você é?
Estendi minha mã o sobre o balcã o, e ela a apertou.
— Aidan Kingston — revelei, esperando que ela reconhecesse
meu nome como quarterback dos Wolverines. Mas, quando notei que
nã o havia sinal de reconhecimento algum da parte dela, resolvi ir direto
ao ponto. — Olha, eu jogo no Wolverines, e um colega meu de time falou
que talvez você pudesse me ajudar.
Ela cruzou os braços sobre o peito e adotou uma postura de
interesse, esperando que eu continuasse.
— Er... estou com as notas baixas e em perigo de perder minha
bolsa de estudos. Me falaram que você dá aulas particulares... — Lancei
meu sorriso mais charmoso em sua direçã o.
Ela ergueu uma sobrancelha, pouco impressionada com o fato de
eu ser jogador. Isso era novidade para mim. Sempre que eu mencionava
isso, as garotas se derretiam e procuravam saber mais sobre em que
posiçã o eu jogava, como era estar no time da universidade, essas coisas.
Uma ou outra terminava na minha cama, claro, mas tal coisa nã o parecia
que aconteceria com a que estava à minha frente no momento. Dakota
era... totalmente sem graça!
— É verdade, mas nã o estou aceitando novos estudantes no
momento. Minha agenda está cheia — informou, sem se abalar. — Agora,
você vai fazer um pedido, ou nã o? A fila está crescendo aí atrá s!
Dei uma olhada por sobre o ombro e constatei que ela falava a
verdade. As caras de poucos amigos que me encararam fizeram com que
eu desse um passo para o lado, deixando o caminho livre para quem
pediria mesmo alguma coisa na cafeteria.
— Qual é, Dakota! Me ajuda! Vou perder minha bolsa se nã o
melhorar as notas nas pró ximas provas! — pedi, aflito.
Ela atendeu um cliente antes de me responder.
— Olha, estou ocupada aqui. Posso ser demitida se nã o atender
direito quem está na fila.
— Eu posso voltar outra hora, pra gente conversar melhor! —
apelei.
Ela suspirou, vendo que eu nã o ia desistir.
— Eu saio à s 13h. Espero cinco minutos, apenas. Se você nã o
aparecer, eu vou embora, pois nã o posso me atrasar para as minhas
aulas — concedeu, meio a contragosto.
— Ok! Estarei aqui nesse horá rio, eu prometo! Obrigado, Dakota!
Ela apenas acenou de leve com a cabeça diante da minha
promessa, já ocupada atendendo o pró ximo cliente da fila.
Saí de lá apressado, sabendo que teria que fazer malabarismo
para estar de volta no horá rio que ela marcou, mas com a consciência de
que era necessá rio, ou eu me ferraria mais na frente.
Estava de volta ao lugar no horá rio exato que Dakota, agora sem o
uniforme e com o cabelo preso em um rabo de cavalo meio desleixado,
saía pela porta dos funcioná rios, ao lado da cafeteria.
— Oi! — cumprimentei.
— Ah, oi. Aidan, nã o é? — Ela havia gravado meu nome, fato que
tomei como um bom sinal.
— Sim, isso mesmo. Olha, eu preciso de verdade da sua ajuda. Me
falaram que você é a melhor nas aulas particulares. — Nã o tive vergonha
de tentar puxar seu saco um pouco.
Ela nã o se deixou impressionar, apenas ergueu uma sobrancelha
e manteve a expressã o séria que a fazia parecer mais velha. Eu tinha
certeza de que ela ainda nem tinha 20 anos.
— Como te falei, minha agenda está cheia.
— Olha, pago o dobro se você conseguir um horá rio para mim. É
só até as pró ximas provas, eu juro! Preciso recuperar minhas notas.
Ela começou a caminhar e emparelhei minhas passadas com as
dela. A garota andava rá pido!
Dakota parecia pensar, e permaneci calado, somente a
acompanhando, torcendo para que ela me desse uma chance. Depois de
alguns minutos em silêncio, enquanto andávamos na direçã o do prédio
da faculdade de educaçã o, ela parou por fim e virou-se de frente.
— Ok. Vou abrir uma exceçã o para você, só porque é bolsista
como eu. Meu ú nico horá rio livre é nas sextas à noite, e eu dou aulas em
uma sala de estudos reservada na biblioteca Shapiro. Me procure lá na
pró xima sexta, à s 19 horas e verei o que posso fazer para ajudar — falou,
quase em um fô lego só . — Nesse dia, acertamos o valor da hora-aula.
Espero que nã o me faça desperdiçar meu tempo, Aidan.
— Nã o vai, Dakota, eu juro! — agradeci, aliviado.
A sexta-feira parecia que nã o chegaria nunca. O olhar de
reprimenda do treinador todos os dias dessa semana nã o ajudava o
tempo a passar mais rá pido. Parecia que Miles queria de jeito nenhum
que eu me esquecesse de que pisei na bola.
Com muito receio de perder a bolsa de estudos, me esforcei para
me concentrar nas aulas da semana e recusei todos os convites de saídas
para beber no fim de semana seguinte. Nã o poderia dizer o mesmo das
garotas, e já havia marcado um cinema com uma delas para o sá bado à
noite, com segundas intençõ es. Mas o dia pelo qual estava mesmo
esperando com ansiedade era a sexta, quando teria minha primeira aula
com Dakota.
Eu nã o era um cara burro, mas tinha dificuldade em assimilar
alguns conteú dos, sem falar que acabava perdendo as aulas à s vezes,
para poder treinar mais, mesmo que fosse sem a supervisã o do
treinador Miles. Queria dar o meu melhor em campo, pois meu sonho
era ser quarterback pela NFL. Somava a isso o meu gosto pelas festas
regadas a bebidas e belas garotas. Esse era o motivo das minhas notas
terem caído.
Quando liguei para meu pai, falando que precisaria de uma ajuda
financeira para pagar as aulas extras, levei um esporro do meu velho.
Mas, no fim, ele disse que me ajudaria. Eu tinha planos de me dedicar de
verdade a aprender com Dakota, para nã o perder minha bolsa ou ver
meu sonho escapar por entre os dedos.
À s sete em ponto, eu estava em frente à biblioteca Shapiro,
quando ela chegou, carregando uma mochila nas costas.
— Ao menos, você é pontual. — Foi o comentá rio que fez ao me
ver. — Vamos entrar. A sala já está reservada para nó s.
Dakota parecia ser muito séria e focada no que fazia. Nesse
primeiro dia, ela pediu para ver meus cadernos e procurou saber quais
matérias eu tinha mais dificuldade. Mostrei tudo e ela, de maneira
rá pida, traçou um plano de aulas para nos guiar nas pró ximas semanas.
Começaríamos com cá lculo, em que eu nã o era tã o ruim, mas estava com
a nota abaixo do desejado. Eu nã o entendia para que tantas contas em
um curso de gestã o esportiva, mas nã o era eu quem montava o currículo.
— Eu sou aluna de pedagogia, mas tenho facilidade com as
matérias de exatas, entã o acho que podemos ter um bom resultado, se
você continuar estudando além das aulas das sextas — me disse,
compenetrada.
Me comprometi a fazê-lo e ela pareceu ficar satisfeita. Nesse
primeiro dia, ela me deixou com uma lista de exercícios para que eu
resolvesse e trouxesse pronta em nosso pró ximo encontro. Também me
passou o valor que cobrava, que nã o era exorbitante, mas eu havia
prometido pagar o dobro e a espertinha me lembrou da promessa.
— Você me paga sempre ao fim de cada aula, ok? — salientou.
Talvez ela pensasse que eu poderia desistir no meio do caminho e tinha
receio de nã o receber o dinheiro. Era uma preocupaçã o razoável, entã o
concordei.
A ú nica coisa que me denunciava que ela nã o era tã o séria e
compenetrada em todos os momentos da vida foi a capa de seu caderno,
que tinha uma ilustraçã o das princesas da Disney e duas letras D
entrelaçadas no canto, em um adesivo que destoava do restante da capa.
Apontei para o quadrado com as letras e perguntei o que
significava.
— Sã o as minhas iniciais. Dakota Davies — disse, corando um
pouco por causa do motivo infantil em seu caderno.
Achei engraçado e logo pensei em um apelido para ela. Passando
a ponta do dedo pelas letras, afirmei:
— Vou te chamar de Dee-Dee. Combina com você!
— Nã o combina nada! Prefiro que continue me chamando pelo
meu nome. Dakota — repetiu, para enfatizar, fazendo um bico
desgostoso.
— Tudo bem, Dee-Dee — respondi e ela viu que nã o teria como
eu desistir do apelido, entã o achou melhor deixar para lá , visto que
quanto mais reclamasse, mais eu insistiria em usá -lo.
Durante as semanas seguintes, nos encontramos todas as sextas,
e me esforcei de verdade. Fiz todos os exercícios que ela me passava e
estudei nas horas vagas, em vez de cair na gandaia em todo o meu tempo
livre. Dakota era muito aplicada e tinha uma didá tica que me fazia
entender as matérias, coisa que eu nã o conseguia com os professores
das aulas.
Já estava conseguindo vislumbrar o perigo de perder a bolsa
passando, até que, em uma das sextas-feiras, ela chegou na biblioteca
acompanhada da ruiva mais estonteante que eu já havia visto no
campus.
Fiquei impressionado com a garota e nã o iria sossegar enquanto
nã o a conhecesse melhor. Só nã o sabia que isso me atrapalharia mais na
frente.
Eu estava em cima da hora para a aula de Aidan, quando minha
amiga e colega de quarto, Margot Collins, me pediu para esperar por ela.
Para minha surpresa, Margot precisava pegar um livro na
biblioteca. Vindo de alguém que passava mais tempo aproveitando as
festas na universidade do que realmente estudando, nã o era, de fato,
algo surpreendente que ela sequer soubesse onde ficava a biblioteca.
Ai, meu Deus! Falei isso em voz alta.
— Para de me zoar, Dee-Dee! — retrucou minha amiga,
carregando no apelido infeliz que meu aluno tinha me dado e que eu
havia comentado com ela. — É claro que sei onde fica a Shapiro. Pode
nã o parecer, mas estudo, sabe?
— Estuda as marcas de cerveja que servem nas festas espalhadas
pelo campus, né?
Ela fingiu que ia me bater e saímos rindo pelos corredores do
dormitó rio feminino.
Nossa amizade era a coisa mais improvável de acontecer, mas era
muito real. Talvez por nos terem colocado no mesmo quarto e termos
em comum o fato de ambas sermos ó rfã s tenha sido o que nos
aproximou, porque nossas personalidades e histó rias de vida eram
muito diferentes.
Enquanto os pais de Margot deixaram para ela um fundo para
custear a universidade antes de morrer, eu nem sabia quem foram os
meus, tendo sido abandonada em uma igreja quando ainda era um bebê.
Fui criada pelas freiras, que fizeram tudo o que podiam por mim, nã o
deixando que eu ficasse pulando de lar temporá rio em lar temporá rio,
como aconteceu com minha amiga. Quando chegou a hora de entrar na
universidade, elas me ajudaram a conseguir uma bolsa de estudos, pois
nã o teriam condiçõ es de custear minha estadia, mesmo que a
Universidade de Michigan fosse pú blica.
Eu era mais introspectiva, mais calada, com a cara sempre
enfiada nos livros. Isso me garantia notas boas o suficiente para manter
minha bolsa. Já Margot era a alegria em pessoa. Agitava todo lugar em
que chegava, conversava com todo mundo e fazia até a pessoa mais
ranzinza dar um sorriso. Só nã o queria saber muito de estudar. Eu a via
com um livro nas mã os somente nas vésperas das provas, quando ficava
arrancando os muitos cabelos ruivos por afliçã o quando nã o sabia a
matéria. Claro que, nesses momentos, eu terminava ajudando-a e ela
conseguia manter notas razoáveis.
Outra diferença gritante entre nó s duas era nosso aspecto físico.
Enquanto minha amiga tinha longos cabelos ruivos, olhos verdes
chamativos e corpo curvilíneo, eu era sem graça ao extremo: cabelos
loiros escorridos, tã o lisos que mal seguravam uma presilha, ó culos
grandes demais para o meu rosto, porque foi apenas aquela armaçã o
que eu havia conseguido pagar, e, para completar, ainda usava aparelho
nos dentes superiores. Era magra demais, quase nã o tinha peito, bunda
muito menos. Margot chamava atençã o por onde chegava, enquanto eu
passava despercebida com facilidade.
É claro que nã o seria diferente com Aidan. Vi quando ele
arregalou os olhos ao avistar minha amiga ao meu lado.
O quarterback de olhos claros e cabelos loiros era um gato, mas
eu tinha meus receios com caras bonitos demais. Sabia que eles nunca
dariam atençã o para uma garota como eu, sem atrativos, entã o me
considerava imune à beleza deles. Porém, a convivência semanal com
Aidan chegou a me fazer pensar que ele poderia ser diferente de outros
rapazes, que se deixavam encantar apenas pela beleza física. Sua reaçã o
à presença de Margot era um banho de á gua fria na imagem que eu
vinha fazendo dele.
Nã o demorou dois minutos para ele começar a jogar charme para
ela.
— Oi, eu sou o Aidan, quarterback do Wolverines. — Foi logo se
apresentando. — Nunca te vi aqui na biblioteca com a Dakota...
Revirei os olhos com o papinho nada sutil e a indireta direta para
que eu apresentasse minha amiga.
— Essa é a Margot, ela é minha colega de quarto aqui na
universidade — eu disse, querendo partir logo para a aula que tinha
programado para aquela noite. Ela acenou para Aidan, sorrindo com
simpatia. — Podemos ir para a saleta? — perguntei, impaciente.
— Claro, claro... — o rapaz concordou, mas sua atençã o ainda
estava centrada na ruiva ao meu lado.
Eles conversaram um pouco enquanto eu olhava impaciente para
o reló gio, aquelas perguntas bá sicas de quem acabava de se conhecer.
Até que, do nada, Aidan convidou:
— Margot, vamos jogar no pró ximo domingo, gostaria de
assistir? Posso conseguir ingressos para você... para vocês, na verdade
— ofereceu ele, lembrando-se da minha existência no ú ltimo instante.
— Ah, a gente vai adorar, né, Dakota?! — Eu sabia que tinha me
metido em uma roubada no momento que fui incluída no convite.
Margot só ia me dar descanso depois que fô ssemos ao tal jogo.
Depois disso, eles trocaram telefones e nos separamos; ela foi em
busca do livro de que precisava e nó s dois fomos para nossa aula
particular.
Ainda tentei alertá -la sobre a fama de Aidan com as garotas, que
eu sabia nã o ser muito boa. Tinha noçã o de que os relacionamentos dele
nã o duravam muito tempo, afinal eu ouvia de tudo um pouco, por
trabalhar na cafeteria. Porém, de nada adiantou. Margot estava
empolgada com o quarterback gato e passou os dois dias seguintes
falando de ele no meu pé do ouvido, até chegar o dia do jogo.
Aidan passou na cafeteria no sá bado de manhã para me entregar
os ingressos e, perto da hora da partida, Margot e eu nos dirigimos para
o Michigan Stadium, junto de outros torcedores do time da universidade.
Como o Michigan Wolverines ia jogar em casa, muita gente iria para
apoiá -los. O que Margot interpretou como sinal de que o jogador estava
mesmo interessado nela, pois conseguir os ingressos nã o deveria ter
sido tã o fá cil. Eu tinha lá minhas dú vidas, mas as guardei para mim, pois
minha amiga estava encantada com ele.
Desde que haviam se conhecido em frente à Shapiro, os dois
vinham trocando mensagens, e eu já sabia como aquilo iria terminar:
Margot sumiria depois do jogo para encontrar com Aidan e eu voltaria
para o dormitó rio sozinha.
Minha previsã o se mostrou correta. Depois da vitó ria dos
Wolverines sobre o Notre Dame, voltei para o quarto que dividia com
Margot em completa solidã o. Eu nã o ligava de ficar sozinha, aproveitaria
para repassar a matéria da pró xima semana, mesmo ainda estando
tomada pela adrenalina da torcida. Eu só me preocupava com o coraçã o
frá gil da minha amiga. Ela se apaixonava com muita facilidade e se
magoava na mesma proporçã o.
Na manhã seguinte, Margot apareceu no dormitó rio quase
flutuando, com um sorriso bobo no rosto. Precisei ouvir tudo sobre a
noite que ela passara com Aidan, inclusive sobre como ele era bom de
cama, porque era isso que as amigas faziam uma pela outra. Fiquei feliz
por ele pelo menos nã o ter sido um babaca e dispensá -la logo apó s a
noite que passaram juntos.
Nã o... o envolvimento dos dois parecia estar indo bem, e ele até
estava mais focado nos estudos, o que eu considerava algo ó timo, pois se
eu conseguisse fazer o quarterback recuperar as notas que precisava,
sabia que logo eu teria novos estudantes me procurando para aulas
extras. E eu precisava mesmo do dinheiro que essas aulas me rendiam,
já que, somente com meu salá rio da cafeteria. nã o conseguia pagar as
despesas que a minha bolsa de estudos nã o cobria.
Aidan e Margot já estavam saindo há mais de um mês, entã o me
despreocupei quanto a ele magoá -la, pois o que tinham parecia ser firme
o suficiente para calar meus receios.
As provas dele vieram e suas notas subiram, para minha alegria.
Ainda assim, o rapaz me pediu para continuarmos com as aulas, pois
precisava manter o desempenho em alta nã o só em campo, como
também nos estudos. O dinheiro era bom, entã o aceitei. Agora,
revezávamos as matérias em cada semana, cobrindo, além das de exatas,
as da á rea de humanas. Essas eram mais minha especialidade, entã o nã o
foi um problema para mim.
Tudo estava indo muito bem, até que, um dia, peguei Margot
chorando com a cabeça enterrada no travesseiro. Um alarme despertou
em meu cérebro, e algo me dizia que esse choro tinha a ver com Aidan e
o relacionamento dos dois.
Me sentei ao seu lado na cama e alisei seus fios vermelhos com
carinho.
— Quer me contar o que aconteceu, amiga? — perguntei com
suavidade.
Ela tinha estado meio estranha nos ú ltimos dias, como se
estivesse guardando um segredo, mas eu estava tã o preocupada com
meus pró prios problemas — que se resumiam a uma possibilidade de
uma nota abaixo da média em uma matéria na qual eu tinha um pouco
de dificuldade — que nã o dei tanta atençã o.
Naquele momento, Margot ergueu o rosto da fronha molhada e
pude ver seus olhos e nariz vermelhos.
— É o Aidan.
— O que foi que aquele idiota fez? — Eu sabia que ele terminaria
por magoar minha amiga.
— Eu... pensei que estava grávida, e nó s brigamos... ele queria que
eu abortasse, sabe?
Fiquei chocada e nã o consegui esconder o impacto da notícia em
meu rosto. Nã o somente pelo que ela falou, mas também pelo pedido
absurdo dele.
— Hoje cedo, descobri que nã o estava, que havia sido um alarme
falso. Fui correndo contar para ele, aliviada, pois eu nã o queria mesmo
abortar. Ele foi um babaca, Dakota! Me tratou com indiferença e, no final,
disse que era melhor terminarmos e nã o nos vermos mais.
Que imbecil!
A raiva me dominou, pois, além da minha amiga ser uma pessoa
muito doce e nã o merecer ser tratada desta maneira, ela nã o era um
objeto que poderia ser descartado depois que ele se cansasse de brincar.
Vendo minha reaçã o, Margot pediu:
— Por favor, nã o vai arrumar confusã o, amiga! Nã o quero mais
nada com ele, de verdade. É melhor mesmo a gente se separar, cada um
seguir seu caminho. Ainda bem que nã o estou grávida dele. Foi um alívio
quando minha menstruaçã o desceu essa manhã — contou, torcendo as
mã os pelo nervosismo, depois de se sentar na cama. — Me prometa que
nã o vai fazer nada!
— Ele merecia no mínimo um chute nas bolas, Margot! —
reclamei, irritada.
— Eu sei, mas nã o quero que faça nada, por favor! — suplicou. —
Ele merece apenas meu desprezo.
— Ok, nã o vou lá ensinar uma liçã o para esse almofadinha
mimado, pode deixar — prometi, ainda a contragosto.
Quando encontrei com ele na sexta-feira seguinte, o idiota estava
agindo como se nada tivesse acontecido. Me controlei e fui o mais
profissional que pude durante a aula, lembrando a mim mesma, a todo
momento, da promessa que fiz a Margot.
Porém, a gota d’á gua veio quando o vi pelo campus, desfilando
com uma loira peituda, menos de duas semanas depois de arrasar com o
coraçã o da minha amiga.
Prometi que nã o faria nada a ele, mas poderia me recusar a
continuar ajudando-o a conquistar boas notas, mesmo que isso
significasse uma diminuiçã o na minha renda. Nã o iria aguentar olhar
para sua cara cínica, enquanto Margot ainda sofria na calada da noite
pelo babaca.
Quando ele chegou, todo cheio de sorrisos, para a aula seguinte,
comuniquei minha decisã o.
— Mas... por quê, Dakota? A gente tem conseguido um bom
resultado e...
— Você precisa aprender que pessoas nã o sã o coisas, as quais
você pode usar e descartar ao seu bel prazer, Aidan.
Ele fechou a cara.
— Isso é por causa da Margot, nã o é?
— Nã o. Isso sou eu de saco cheio de ajudar um idiota que nã o
merece.
— Triplico o valor do pagamento, Dakota! — falou, desesperado.
— Por favor, continua com as aulas! Tô conseguindo me manter bem nos
estudos por causa delas.
— Procure outra pessoa para te ensinar, Aidan. Nossas aulas
terminam por aqui. E, se for possível, nunca mais apareça na minha
frente!
Juntei minhas coisas e saí da biblioteca com a cabeça erguida,
como uma rainha.
Ele ainda tentou me seguir e argumentar que eu nã o estava
sendo racional. Nã o estava mesmo, pois precisava da grana. Mas era o
que meu coraçã o estava pedindo para fazer e eu nã o voltaria atrá s.
— Por favor, esqueça da minha existência. E se puder, passe longe
da cafeteria. Sei que seu campus é outro, entã o nem precisa ir lá , na
verdade. — Foi a ú ltima coisa que falei para ele, enquanto me afastava
em direçã o ao dormitó rio feminino.
Pensei que nunca mais veria Aidan Kingston na vida, a nã o ser
pelas transmissõ es de jogos, pois ele tinha mesmo potencial para jogar
em um time profissional no futuro e eu gostava demais de futebol
americano para me privar de assistir aos jogos.
Porém, a vida era uma caixinha de surpresas, coisa que eu só
descobriria anos depois.
Sete anos depois...
Acordar com uma gostosa mamando meu pau era o melhor dos
mundos. Nã o, na verdade, eu estava errado: o melhor dos mundos era
receber um boquete enquanto a outra mulher, com quem passei a noite,
sentava na minha cara, para que eu a chupasse com gosto.
Trouxe as duas para casa na noite passada, pois nã o estava com
saco para procurar um quarto de hotel depois de beber bastante
naquela boate. Eu prezava por minha privacidade, mas havia horas em
que a mandava para o espaço. Era só acionar Luke Johnson, meu
empresá rio, antes de deixá -las ir embora, e pronto: ele as faria assinar
um termo de confidencialidade com uma multa altíssima e eu estaria
protegido.
Por ora, queria apenas me concentrar no prazer que estava
dando e recebendo ao mesmo tempo. Eu estava muito excitado, meu pau
já vazando pré-gozo, quando fomos interrompidos pelo barulho
insistente do interfone.
Quem ousava me interromper em um sá bado de manhã ? Para o
interfone estar tocando, era da portaria. Meus amigos mais chegados
tinham passe livre no condomínio, já que eram meus vizinhos no local.
As garotas soltaram uma reclamaçã o, mas a porcaria do interfone
nã o parava de tocar. Já havia quebrado o clima.
Tirei a gostosa de cima do meu rosto, enquanto a outra largava
meu membro enrijecido.
— Eu volto já , meninas! Calma, que tem Thunder para todo
mundo — avisei, me levantando da cama e indo nu, como vim ao mundo,
até o aparelho na cozinha.
— Sr. Kingston, desculpe incomodar nesse horá rio, mas tem uma
moça aqui na portaria dizendo precisar falar com o senhor com urgência
— falou o funcioná rio da portaria, assim que eu atendi.
— Mande embora — retruquei e já ia desligar, quando a voz do
homem se fez ouvir outra vez.
— Senhor, é que ela está com um bebezinho no colo e disse que
foi colega sua de faculdade.
Era só o que faltava! Esse funcioná rio deveria ser novo no
condomínio, para nã o conhecer as desculpas mais utilizadas pelos
paparazzi. Resolvi dar corda, para ver até onde ia o descaramento da
pessoa que se dizia minha colega de faculdade.
— Ah, é? E em que universidade eu estudei e que curso eu fiz? —
perguntei, com um sorriso sarcá stico brincando na face.
Escutei quando ele repetiu a pergunta para alguém, e logo veio a
resposta.
— Ela disse que você fez gestã o esportiva, na Universidade de
Michigan e que era péssimo em cá lculo, a ponto de contratá -la para lhe
dar aulas particulares. — Foi o que ouvi do porteiro. — A moça também
informou que se chama Dakota Davies, mas que o senhor a apelidou de
Dee-Dee.
Arregalei os olhos. Dee-Dee Davies? Em Nova Iorque? É claro que
eu me lembrava da nerd da cafeteria. Eu devia à quela garota, mesmo que
ela tivesse me dito, em nosso ú ltimo encontro, que nunca mais gostaria
de me ver. Porém, só consegui manter minha bolsa graças à s aulas que
ela me deu. E ninguém sabia disso, a nã o ser que me conhecesse da
época da faculdade. Nã o era um segredo, só nã o era algo que a imprensa
desse muita importâ ncia a ponto de virar notícia.
— Deixe-a entrar — disse e desliguei.
Com sorte, ela queria apenas um autó grafo meu, era o mínimo
que poderia fazer por alguém que me ajudou no passado.
Nem me dei ao trabalho de voltar ao quarto, somente me dando
conta de que estava sem roupas no ú ltimo minuto, quando consegui
ouvir passos no piso de cascalho na entrada da minha casa. Procurei em
volta e vi uma manta largada no sofá . Peguei-a rá pido e enrolei em meu
corpo como uma toga romana, escondendo minha nudez assim que a
campainha tocou. A essa altura, meu pau já nã o estava mais em riste,
entã o tudo ficaria bem.
Já havia feito campanhas publicitá rias de roupas íntimas, que
mostravam muito mais do meu corpo do que havia coberto com a manta
do sofá , entã o coloquei um sorriso profissional no rosto e abri a porta.
— Dee-Dee Davies! — exclamei, antes de ser atropelado por um
pequeno furacã o loiro que passou por debaixo do braço com que eu
segurava a porta.
— Desculpe entrar assim, mas é uma emergência! Ela fez cocô ! E
muito! — disse a mulher, correndo para a primeira superfície livre que
encontrou: meu sofá caríssimo, todo branco.
Atordoado, só entã o me dei conta que ela segurava nos braços
uma coisinha rosada de cabelos ruivos. Eu havia me esquecido de que o
porteiro disse que ela estava com um bebê. Seria dela? Dakota Davies já
era mã e? Uau!
Enquanto eu ficava abobalhado, ela já tinha deitado a criança no
meu sofá e estava abrindo a parte de baixo da roupa do bebê. Aliá s, era
um menino ou uma menina? Pelo fato da roupa ser cor-de-rosa, eu
achava que era menina, mas sei lá , vai que ela era uma dessas mã es
modernas que usava todas as cores para qualquer que fosse o gênero da
criança?
Só quando senti o fedor subir da fralda suja foi que me atentei
que meu mó vel imaculado estava correndo um sério risco de ser
manchado de maneira irremediável. Tapando o nariz, me aproximei,
pronto para dizer que ela levasse a criança para cima da minha mesa de
jantar. Afinal, vidro era mais fá cil de limpar depois!
— Nã o fique aí parado, Aidan! Pegue o pacote de lencinhos
umedecidos aí dentro da bolsa, vá ! — ordenou a mulher, impaciente.
Fiquei tã o surpreso, que obedeci sem reclamar, entregando para
ela nã o só o pacote de lenços umedecidos, bem como uma pomada da
embalagem azul e branca e uma fralda descartável nova.
Dakota jogou a fralda suja, cheia de merda, no chã o da minha
sala, bem em cima do meu tapete, depois de prendê-la em uma espécie
de trouxinha. Sério que ela iria deixar aquilo ali? Correndo o risco de
vomitar, me aproximei da bomba atô mica e peguei o pacotinho quente e
fedido na mã o. Mantendo-o o mais longe possível do meu corpo, levei a
coisa para a á rea de serviço, onde coloquei dentro de um saco, dei um nó
e joguei na lixeira.
Quando voltei, ela tinha terminado de abotoar de novo a roupa do
bebê, que ria alto, enquanto sua mã e fazia cosquinhas em sua barriga.
— Amber, sua mocinha peralta! Você tinha que dar um presente
bem na porta da casa do seu papai, nã o é? — disse Dakota, sorrindo para
a criança.
Demorei alguns segundos para absorver o que havia ouvido.
Primeiro, me dei conta de que estava certo: o bebê era uma menina. Só
depois foi que a frase inteira de Dakota fez sentido dentro do meu
cérebro.
Pai?!
Eu?!
Tudo bem que eu ainda estava de ressaca da bebedeira da noite
anterior, mas eu nã o me lembrava de ter me tornado pai de um bebê de
ontem para hoje.
— Dakota? — chamei a mulher, que estava concentrada em
arrumar os itens que acabou de usar dentro da bolsa, cuja estampa da
frente era uma ursinha usando uma coroa.
— Hum?! — perguntou ela, distraída, guardando a pomada.
— Que histó ria é essa de pai?
Foi entã o que a mulher me encarou, parecendo estar me vendo
de verdade pela primeira vez, desde que entrou como um tornado na
minha casa. Vi seu rosto subir e descer, observando meus trajes — ou a
falta deles — e depois ficar vermelha até a raiz dos cabelos.
— Er... oi, Aidan! Quanto tempo, né? — Agora a mulher estava
sem jeito? Soltou uma bomba no meio da sala e agora ficou
constrangida.
— Sim, mas quero saber que conversa de pai é essa que acabei de
ouvir...
Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, ouvi barulhos
de saltos nas escadas. Surgindo na sala, as duas garotas com quem eu
passei a noite estavam vestidas por completo, de bolsas a tiracolo.
— Thunder, a gente vai indo, tá ? — disse uma delas, a de cabelos
castanhos que batiam no meio das costas e que eu adorei puxar na noite
anterior.
A outra veio direto me dar um beijo na bochecha e um apertã o na
bunda, falando:
— Você tem nossos telefones. Quando quiser repetir a dose, liga
pra gente!
E assim, sem cerimô nia alguma, as duas cruzaram minha sala e
saíram pela porta da casa. Teria que acionar Luke com urgência para que
ele as procurasse com o termo para assinarem.
Porém, antes disso, eu tinha um problema muito maior para lidar.
Dakota me encarava de boca aberta e olhos arregalados,
segurando a menina no colo, como se fosse uma tá bua de salvaçã o.
Depois que a porta da rua bateu com a saída das garotas, minha
mente acordou do transe em que entrara no instante que elas surgiram
na escada, com seus vestidos curtos e saltos altíssimos.
Sacudi a cabeça, para clarear as ideias, e questionei mais uma
vez:
— Que histó ria é essa de pai, Dakota?
— Entã o... É ... — Limpou a garganta. — Aidan, apresento sua
filha, Amber Collins. Ela tem apenas seis meses e a mã e dela, minha
amiga Margot, faleceu há poucos dias em um acidente de trâ nsito. Você
precisa ficar com ela, senã o Amber será levada para adoçã o pelo Serviço
Social — despejou de uma vez a mulher parada na frente do sofá , com
uma expressã o desesperada que, com certeza, refletia a minha pró pria.
— Será que você poderia... vestir algo mais apresentável? —
pediu Dakota, as faces afogueadas ao me encarar depois de me dar uma
notícia que poderia virar meu mundo de cabeça para baixo.
Como tudo que estava acontecendo naquela manhã , acenei com a
cabeça de forma atrapalhada e subi para o meu quarto, quase
tropeçando nos degraus, de tã o atordoado eu estava. Encontrei a cama
desfeita, o cheiro de sexo ainda no ar, e um bilhetinho enfeitado de
coraçõ es, com os nomes e telefones das mulheres que haviam saído da
minha casa ainda há pouco.
Nada disso tinha minha real atençã o naquele momento. Meu
cérebro só conseguia repetir em looping a palavra “pai”, quase a ponto
de me enlouquecer.
Fui até o closet imenso e peguei a primeira cueca que vi, junto de
uma bermuda. Nã o me dei ao trabalho de vestir uma camisa e desci de
novo, agora vestido, para encontrar minha ex-colega de universidade.
Eu nã o acreditava que poderia ser uma brincadeira de mau gosto.
Pelo que eu me lembrava de Dakota, ela era séria demais para esse tipo
de pegadinha. Nã o, se ela estava dizendo que aquele bebê era minha
filha é porque acreditava naquilo. O que eu nã o sabia era se eu mesmo
acreditava. Mas achava que ela nã o iria chegar até minha casa assim, do
nada, se nã o tivesse como provar o que estava falando.
— Dakota, desculpa, mas... dá para contar isso direito? Você
aparece na minha porta, depois de anos sem nos vermos, com uma bebê
no colo e me diz que a menina é minha filha. Você nã o acha que vou
acreditar nisso assim do nada, né? — questionei, assim que me vi em
sua presença outra vez.
Ela suspirou, passou a bebê de um braço para o outro e remexeu
na bolsa da menina, tirando de lá dois envelopes.
— Olha, a Margot deixou essas cartas... acho melhor você ler. Uma
delas é para a Amber, mas nã o vai fazer mal se der uma lida — disse e
me estendeu os papéis.
Lembrei-me de imediato da garota ruiva e bela que conheci na
faculdade, que me encantou ao primeiro olhar, mas que me deixou sem
chã o quando falou que poderia estar grávida naquela época. Tive a
reaçã o mais babaca que poderia naquela idade, quando disse a ele que
fizesse um aborto. Por sorte, naquela ocasiã o foi um alarme falso, mas
achei melhor me afastar dela. Acredito que nunca me perdoaria se ela
estivesse mesmo esperando um filho meu e o abortasse.
Com receio do que iria encontrar, peguei os envelopes e abri o
que estava endereçado a mim.
“Aidan,
Se você estiver lendo esta carta, significa que algo aconteceu comigo e que
agora é o único que pode cuidar de Amber, legalmente falando.
Nunca foi minha intenção procurar você por algo que fizemos juntos, pois
ainda lembro do que aconteceu conosco na universidade. Porém, não
posso deixar minha filha... nossa filha... desamparada.”
Stan: Quê? Como? Onde? Por quê? Acabei de abrir o olho, só porque o
celular começou a fazer barulho a essa hora da madrugada.
Thunder: Vou entregar todos vocês pro treinador! Se ele souber que
estã o preguiçosos desse jeito, nã o vai gostar nadinha! Eu já corri pelo
condomínio, dei comida pra Lobinha e troquei a fralda.
Thunder: Será que rola da Amber ficar aí na tua casa com a Maddie e a
Sra. Sanders essa noite? Tô querendo sair com a Dakota pra jantar
fora...
Ken: Stan, me paga 100 dó lares.
Ken: A gente apostou quanto tempo ia levar pra você chamar a Dakota
pra sair depois da investida do Marlon.
Bran: Claro, pode contar com minha babá ! A Sra. Sanders vive falando
como sua filha é linda, vai adorar ficar com ela.
Ken: E onde a gente entra nessa? Nã o vou montar mais nenhum mó vel,
sacou?
Thunder: Sabe aquele contato de vocês no Top of the Rock? Será que
ele nã o poderia me ajudar?
Stan: Sua sorte é que o cara tá na cidade, Thunder. O que você quer?
Reserva pra dois?
Era dia de jogo e, pela primeira vez, minha filha me veria jogar ao
vivo. Como eu ainda nã o queria expor Amber ao escrutínio da mídia,
Dakota e ela ficariam nas arquibancadas, junto do grande pú blico. Eu
preferi nem saber onde elas estariam, para nã o correr o risco de fazer
algum gesto e revelar a presença das duas.
Entrei em campo e, apó s combinar a tá tica com os outros
jogadores, assumi minha posiçã o. O kicker do outro time chutou a bola,
nosso recebedor pegou e começou a correr com ela, tentando nã o ser
derrubado.
Me concentrei no jogo e me esqueci de tudo à minha volta,
fazendo aquilo que eu era treinado para fazer.
A ú nica coisa que ouvia era o refrã o do Imagine Dragons, volta e
meia cantado pela torcida:
“Thunder, thunder
Thunder, thun-, thunder
Thun-thun-thunder, thunder, thunder
Thunder, thun-, thunder
Thun-thun-thunder, thunder
Stan: É, ela tá muito puta com você! Você fez a garota chorar, cara! A
gente quase não conseguiu consolar.
Thunder: Espera, quando vocês viram a Dakota chorando? E que história
é essa de consolar?
Bran: A gente foi vê-la ontem, mas não adianta perguntar onde ela está,
que não vamos contar.
Stan: Tá, eu sei. Não vou dizer onde ela se escondeu, não, podem ficar
tranquilos. Não sou tão burro assim, porra!
Bran: Que só o tempo pode curar a ferida que você abriu no coração
dela, seu babaca!
Stan: Falou bonito, Bran!
Bran: Mas, primeiro, vai lamber suas feridas sozinho por um tempo...
não vai ser fácil fazê-la te perdoar.
Thunder: Bran?
Me perdoa?
Era o penú ltimo jogo da FNL, e o New York Wolves iria jogar em
casa. O ganhador da partida iria disputar o Super Bowl. Eu estava muito
animada para esse jogo, ainda mais porque, depois que Aidan e eu
assumimos publicamente nosso relacionamento, seria a primeira
partida à qual eu conseguiria ir assistir no campo. Por vá rios motivos,
como outro dentinho de Amber rasgando, ou muitas có licas menstruais
minhas, eu nã o consegui assistir aos outros jogos, a nã o ser pela TV.
Entã o a expectativa estava bem alta dessa vez. Queria ver o meu time
sagrar-se campeã o.
Outro motivo para estar tã o empolgada é que meu namorado
mandou fazer camisetas para mim e para sua filha com seu nú mero, e
nã o ficaríamos na arquibancada geral dessa vez. Nã o... iríamos para a
á rea reservada para as famílias dos jogadores. Eu nã o estava ligando
muito para como as outras mulheres dos atletas se vestiam nessas
ocasiõ es. Estava muito orgulhosa de poder usar a camisa com o nú mero
12 pela primeira vez.
Nada de segredos mais, e nada de nos escondermos da mídia.
Agora, era tudo à s claras, e tínhamos o pú blico ao nosso lado, torcendo
por nó s. Finalmente estávamos vivendo um namoro como qualquer
casal normal. Ou melhor... qualquer casal normal em que uma das partes
fosse um jogador famoso da NFL.
Por sorte, meu sogro resolveu ficar conosco até o final da
temporada, entã o Aidan e eu pudemos fazer vá rios programas de casal:
cinema, teatro, passeios no Central Park... além, claro, das programaçõ es
em família. Até as coisas mais banais, como ir ao supermercado, tinham
um novo sabor para nó s.
Chegamos no está dio com bastante antecedência e fomos levados
por Luke para a á rea reservada. Adrian estava exultante de poder ver o
filho jogar ao vivo, mais uma vez. Eu, como torcedora fiel do New York
Wolves, estava empolgadíssima. Dessa vez, até Maddie e a Sra. Sanders
estavam presentes, dividindo o espaço conosco e os demais familiares
dos outros jogadores.
Devidamente uniformizadas com seu nú mero e até mesmo com a
cara pintada nas cores do time, eu carregava Amber de um lado para o
outro, pois todos que estavam no mesmo espaço queriam conhecer a
filha do quarterback.
Como a atençã o da mídia esteve voltada para minha afilhada há
pouco tempo, eu nã o precisava ficar explicando que nã o era a mã e dela,
já que Aidan havia deixado bem claro que ela era filha de Margot em
suas entrevistas.
Isso nã o me incomodava. Eu estava feliz em ser a madrinha da
minha princesa e namorada do pai dela. Na verdade, graças a Melinda
Holtz, todos sabiam meu nome agora, já que ela fazia questã o de
documentar nosso relacionamento em suas notícias sempre que surgia a
oportunidade.
Aidan depois me contou que apelou para a ajuda da mulher,
quando foi me pedir perdã o, e como ela ajudou na nossa reconciliaçã o,
eu já nã o tinha mais tanto aborrecimento com a jornalista. Antes, a cada
nota que ela soltava, eu ficava irritada, pois quase sempre eram
especulaçõ es e a maioria nem tinha fundamento, como aquela dele estar
comprando camisinhas, quando, na verdade, eram remédios para
Amber.
Depois de circular bastante com Amber e seu avô , nos
concentramos perto da família de Brandon, pois a partida iria ter início.
Nesse momento, Maddie aproveitou para dizer para Amber:
— Agora que você é a nova mascote, precisa aprender a uivar
igual a uma lobinha!
— Abaa! Pada! Ba!
— Repete comigo: Auuuuuuuuuuuuuu! — uivou Maddie,
compenetrada em ensinar minha afilhada.
— Uuuuuuuuu! — fez Amber, com o biquinho mais fofo que eu já
vi.
Seu avô , a Sra. Sanders, eu e quem estava mais pró ximo caiu na
risada.
Depois desse uivo motivador, a partida teve início.
Os quatro quartos do jogo foram tensos, apesar dos Wolves
estarem com uma boa margem de pontos adiante do adversá rio. Vá rias
faltas foram cometidas, alguns jogadores machucados... tudo isso me
fazia roer as unhas até quase alcançar a carne. O que me tranquilizava
era que tanto Aidan quanto nossos amigos continuavam ilesos.
Era interessante ver o quanto meu namorado, tã o impulsivo fora
de campo, transformava-se quando pisava no gramado. Ele se tornava
centrado, um cara que tomava as decisõ es com frieza e sabedoria. Nã o se
deixava levar pelas emoçõ es, como eu já achava comum acontecer.
A torcida dos Wolves pressionava, cantando a mú sica do Queen:
“Buddy, you're an old man, poor man
Pleading with your eyes, gonna make you some peace someday
You got mud on your face, you big disgrace
Somebody better put you back into your place
Coraçõ es Flutuantes,
(ATENÇÃO! O trecho a seguir ainda poderá sofrer alterações
antes da sua versão final.)
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Até agora...
E quando Sebastian se desse conta dos motivos pelos quais ela era
tão encantadora, iria sucumbir a essa paixão?
[1] Back at One: mú sica composta e interpretada por Brian McKnight. [2]
Thunder: Mú sica composta por Alex Da Kid / Jayson DeZuzio / Daniel
Platzlman / Daniel Wayne Sermon / Dan Reynolds / Ben McKee e interpretada
por Imagine Dragons. [3] We Will Rock You: Mú sica composta por Brian May e
interpretada pelo grupo Queen.