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SINOPSE
APRESENTAÇÃ O
PLAYLIST
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
NOTAS FINAIS
BÔ NUS
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
CONHEÇA A AUTORA
OUTRAS OBRAS
Copyright ©2024 - Di Marroquim

Revisã o: Laila Nascimento


Leitoras Beta: Charlene Beserra, Hayane Ribas & Tatiana Rocha
Diagramaçã o: Diana Bartalini
Capa: Ellen Ferreira – Ellf Designer
Fotos e imagens: Depositphotos; Canva
Ilustraçõ es: Carlos Miguel

1ª Ediçã o: Abril/2024

Esta é uma obra de ficçã o. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos sã o produtos da imaginaçã o do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Qualquer outra obra semelhante, apó s essa, será considerada plá gio;
como previsto na lei.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Registro de Direitos Autorais realizado junto à CBL – Câ mara Brasileira


do Livro. Certificado: Hash
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Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou a
reproduçã o de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangível ou intangível — sem o consentimento escrito do autor.
A violaçã o dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n° 9.610/98
e punido pelo artigo 184 do Có digo Penal.
SINOPSE
APRESENTAÇÃ O
PLAYLIST
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
NOTAS FINAIS
BÔ NUS
AGRADECIMENTOS
REDES SOCIAIS
CONHEÇA A AUTORA
OUTRAS OBRAS
Aidan Kingston e Dakota Davies se conheceram na faculdade,
mas, apó s ele magoar a melhor amiga da garota, os dois se separaram
para nunca mais se verem.
O tempo passou, Aidan agora é conhecido como Thunder e faz
sucesso como quarterback do New York Wolves enquanto Dakota divide
um apartamento com sua melhor amiga e a filha dela, uma linda
menininha de apenas seis meses, e luta para se manter.
Mas um acidente muda tudo...
Sozinha com a bebê e pressionada pelo Serviço Social, a ú nica
soluçã o que Dakota encontra é procurar o pai da criança.
O problema?
Ele é justamente aquele a quem ela jurou odiar: Aidan “Thunder”
Kingston.
Em um romance enemies to lovers, descubra como Aidan e
Dakota lidarão com a rejeição, o perdão, os desafios que uma criança
pode acarretar na vida do solteiro mais mulherengo do New York
Wolves e como o poder transformador do amor é infalível.

Atenção: Este é um livro para maiores de 18 anos por conter


cenas de conteúdo sexual explícito.
Olá ! Seja muito bem-vindo(a)!

Se este é o seu primeiro contato com um livro meu, fico muito


feliz por ter chamado a sua atençã o e por você resolver dar uma chance
para conhecer a minha escrita!
Se já me conhece de outros livros que escrevi, é muito bom te ver
de volta ao meu universo literá rio!
Antes de embarcarmos nas pá ginas desta histó ria de amor,
gostaria de falar algumas coisinhas importantes...

Este é o meu primeiro livro com temá tica esportiva. Preciso te


dizer que esportes com bola e eu nunca nos entendemos muito bem... eu
era aquela que sempre era escolhida por ú ltimo, nas aulas de educaçã o
física. O que nã o me impediu de tentar aprender a jogar até,
eventualmente, desistir. Me dou muito melhor com um livro na mã o, ou
jogando jogos de tabuleiro ou montando quebra-cabeças. Porém, isso
nã o quer dizer que nã o tenha feito meu “dever de casa” para escrever
este romance. Procurei ler sobre o futebol americano, entender como ele
funciona, para poder trazer essa histó ria para você. Tenha certeza de
que me esforcei ao má ximo e dei o meu melhor, mas algumas falhas
podem ter passado batidas, entã o já peço perdã o com antecedência.
Esta é uma histó ria ú nica, nã o tem ligaçã o com nenhum outro
livro meu escrito anteriormente.
Desta vez, nossa viagem literá ria nos levará a Nova Iorque, lar do
New York Wolves, time fictício, criado apenas para este livro.
Como em meus outros livros, você também irá encontrar neste
aqui cenas apimentadas bastante descritivas e linguagem impró pria nã o
somente durantes as tais cenas. Também há a utilizaçã o de termos que
usamos no dia a dia e que fogem à linguagem culta e normas
gramaticais. Procurei utilizar a forma coloquial de se expressar, durante
as falas dos personagens.
Durante algumas situaçõ es no decorrer da narrativa, me utilizei
de licença poética para facilitar a conduçã o da histó ria.
Este romance pretende ser uma comédia româ ntica leve, sem
gatilhos aparentes. Mesmo assim, se algum tema tratado for sensível
para você e/ou caso se depare com alguma cena que te deixe
desconfortável de alguma maneira, nã o hesite em interromper a leitura.
Sua saú de mental vem sempre em primeiro lugar.

Desejo a você uma ó tima leitura e nos vemos ao final do livro!

Coraçõ es Flutuantes,
Ouça a playlist de O Bebê Rejeitado do Quarterback no Spotify!
Scaneie a imagem abaixo no seu app ou clique sobre ela, para escutar as
mú sicas.
Naquela segunda-feira, acordei atrasado para o treino no giná sio
da Universidade de Michigan. Eu havia sido escalado para jogar no
Michigan Wolverines logo que entrei lá e tentava dar o meu melhor para
ser draftado para a NFL quando terminasse meu período de estudos.
Porém, na noite anterior, havia participado de uma das muitas
festas que aconteciam entre os estudantes e bebi demais, além de ter
passado mais tempo acordado do que deveria, transando com uma bela
gostosa. Estava acabado de cansaço e com um pouco de ressaca.
Infelizmente para mim, isso vinha se tornando frequente. O
chamado da diversã o era muito forte para alguém que tinha apenas 21
anos e eu sabia que meu pai, Adrian Kingston, ficaria puto da vida
comigo, se soubesse como eu estava gastando meu tempo na faculdade.
Ele era mecâ nico de uma pequena oficina em Fowlerville, nossa
cidade natal, a que tinha menos habitantes do estado. Como ele nã o
tinha grana o suficiente para bancar meus estudos, lutei por uma bolsa e
consegui. Mas, pela cara que o treinador Miles fez quando entrei no
giná sio, até isto estava ameaçado.
— Kingston! — gritou, assim que me viu.
Os outros caras do time sentiram que eu iria levar sermã o e se
afastaram, dando passagem para que eu me aproximasse do treinador.
— Quantas vezes falei para você maneirar na bebedeira e nas
farras com as mulheres, só esse ano? — Ele começou dessa forma e
baixei a cabeça, sabendo que a coisa ia ficar feia para o meu lado.
— Vá rias, treinador — respondi, cruzando as mã os na frente do
corpo, em atitude subserviente.
— E quantas vezes você atendeu ao que orientei?
— Poucas.
— Pois é. Agora, o seu está na reta, Kingston. A coordenadora do
seu curso me passou suas ú ltimas notas, preocupada. Se você nã o
melhorar seu desempenho fora de campo, aumentando as notas nas
pró ximas avaliaçõ es, você estará fora do time! Além disso, sua bolsa de
estudos também está em perigo. Me entendeu? — gritou a ú ltima parte.
— Sim, treinador Miles. Vou me esforçar e melhorar, eu prometo!
— Nã o havia outra resposta que eu pudesse dar a ele, a nã o ser essa.
Embora eu nã o fizesse a mínima ideia de como iria conseguir melhorar
meu desempenho medíocre nas provas.
Mais tarde nesse mesmo dia, enquanto estava no vestiá rio depois
do treino, me arrumando para as primeiras aulas, alguns colegas do time
me rodearam.
— Aidan, cara, você vacilou, meu velho — disse um deles.
— É , porra! Curta, mas em véspera de treino, nã o! A gente nã o
pode ficar sem você no time! — reclamou outro.
— Tá bom, galera! Já nã o basta o treinador, agora vocês? —
Fechei a cara para eles.
— A gente é uma equipe. Se um de nó s é ameaçado de expulsã o, a
gente se preocupa, caramba! — amenizou o quarterback reserva.
— Eu vou maneirar nas farras, valeu? — prometi, porque, no
fundo, sabia que eles tinham razã o em reclamar. — Só nã o sei como vou
fazer pra melhorar minhas notas. As matérias parecem que nã o entram
na minha mente, poxa! — confessei.
— Mano, por que você nã o encontra alguém pra te ajudar com
isso?
— Se eu conhecesse alguém que pudesse me ajudar, já teria
pedido auxílio — falei, cabisbaixo.
— Olha, eu sei de uma garota inteligente pra caramba, que talvez
possa te ajudar — disse um dos wide receiver, vindo ao meu socorro.
— Quem é? — questionei, interessado.
— O nome dela é Dakota e trabalha em uma cafeteria perto da
biblioteca Shapiro, no campus central. Eu soube que ela dá aulas
particulares, se você pagar bem. Quem fez aulas com a Dakota conseguiu
melhorar as notas com rapidez.
— Tenho um tempo antes das minhas aulas, vou até lá agora
mesmo procurá -la.
Sem tempo para perder, entrei na minha caminhonete velha,
presente do meu pai quando me mudei para Ann Arbor, e dirigi até a
cafeteria, na qual encontraria a tal garota.
Entrei no ambiente refrigerado e, seguindo as indicaçõ es sobre
sua aparência que consegui com meu colega de time, logo a localizei
atrá s do balcã o.
Dakota usava o uniforme do lugar, os cabelos loiros escondidos
debaixo de uma touca descartável com um chapéu de tecido feio por
cima. Isso nã o ajudava muito na sua aparência, que já era meio...
diferente, com aqueles ó culos de grau enormes no rosto e o aparelho nos
dentes.
Ao ver que me aproximava do balcã o, ela me lançou um sorriso
metá lico, mas profissional, e perguntou:
— Bom dia!. Bem-vindo ao MU’s Café. O que vai querer hoje?
— Olá . Você é Dakota, nã o é?
Franzindo a testa, ela estranhou a pergunta em vez de um pedido.
— Sim, sou eu. E você é?
Estendi minha mã o sobre o balcã o, e ela a apertou.
— Aidan Kingston — revelei, esperando que ela reconhecesse
meu nome como quarterback dos Wolverines. Mas, quando notei que
nã o havia sinal de reconhecimento algum da parte dela, resolvi ir direto
ao ponto. — Olha, eu jogo no Wolverines, e um colega meu de time falou
que talvez você pudesse me ajudar.
Ela cruzou os braços sobre o peito e adotou uma postura de
interesse, esperando que eu continuasse.
— Er... estou com as notas baixas e em perigo de perder minha
bolsa de estudos. Me falaram que você dá aulas particulares... — Lancei
meu sorriso mais charmoso em sua direçã o.
Ela ergueu uma sobrancelha, pouco impressionada com o fato de
eu ser jogador. Isso era novidade para mim. Sempre que eu mencionava
isso, as garotas se derretiam e procuravam saber mais sobre em que
posiçã o eu jogava, como era estar no time da universidade, essas coisas.
Uma ou outra terminava na minha cama, claro, mas tal coisa nã o parecia
que aconteceria com a que estava à minha frente no momento. Dakota
era... totalmente sem graça!
— É verdade, mas nã o estou aceitando novos estudantes no
momento. Minha agenda está cheia — informou, sem se abalar. — Agora,
você vai fazer um pedido, ou nã o? A fila está crescendo aí atrá s!
Dei uma olhada por sobre o ombro e constatei que ela falava a
verdade. As caras de poucos amigos que me encararam fizeram com que
eu desse um passo para o lado, deixando o caminho livre para quem
pediria mesmo alguma coisa na cafeteria.
— Qual é, Dakota! Me ajuda! Vou perder minha bolsa se nã o
melhorar as notas nas pró ximas provas! — pedi, aflito.
Ela atendeu um cliente antes de me responder.
— Olha, estou ocupada aqui. Posso ser demitida se nã o atender
direito quem está na fila.
— Eu posso voltar outra hora, pra gente conversar melhor! —
apelei.
Ela suspirou, vendo que eu nã o ia desistir.
— Eu saio à s 13h. Espero cinco minutos, apenas. Se você nã o
aparecer, eu vou embora, pois nã o posso me atrasar para as minhas
aulas — concedeu, meio a contragosto.
— Ok! Estarei aqui nesse horá rio, eu prometo! Obrigado, Dakota!
Ela apenas acenou de leve com a cabeça diante da minha
promessa, já ocupada atendendo o pró ximo cliente da fila.
Saí de lá apressado, sabendo que teria que fazer malabarismo
para estar de volta no horá rio que ela marcou, mas com a consciência de
que era necessá rio, ou eu me ferraria mais na frente.

Estava de volta ao lugar no horá rio exato que Dakota, agora sem o
uniforme e com o cabelo preso em um rabo de cavalo meio desleixado,
saía pela porta dos funcioná rios, ao lado da cafeteria.
— Oi! — cumprimentei.
— Ah, oi. Aidan, nã o é? — Ela havia gravado meu nome, fato que
tomei como um bom sinal.
— Sim, isso mesmo. Olha, eu preciso de verdade da sua ajuda. Me
falaram que você é a melhor nas aulas particulares. — Nã o tive vergonha
de tentar puxar seu saco um pouco.
Ela nã o se deixou impressionar, apenas ergueu uma sobrancelha
e manteve a expressã o séria que a fazia parecer mais velha. Eu tinha
certeza de que ela ainda nem tinha 20 anos.
— Como te falei, minha agenda está cheia.
— Olha, pago o dobro se você conseguir um horá rio para mim. É
só até as pró ximas provas, eu juro! Preciso recuperar minhas notas.
Ela começou a caminhar e emparelhei minhas passadas com as
dela. A garota andava rá pido!
Dakota parecia pensar, e permaneci calado, somente a
acompanhando, torcendo para que ela me desse uma chance. Depois de
alguns minutos em silêncio, enquanto andávamos na direçã o do prédio
da faculdade de educaçã o, ela parou por fim e virou-se de frente.
— Ok. Vou abrir uma exceçã o para você, só porque é bolsista
como eu. Meu ú nico horá rio livre é nas sextas à noite, e eu dou aulas em
uma sala de estudos reservada na biblioteca Shapiro. Me procure lá na
pró xima sexta, à s 19 horas e verei o que posso fazer para ajudar — falou,
quase em um fô lego só . — Nesse dia, acertamos o valor da hora-aula.
Espero que nã o me faça desperdiçar meu tempo, Aidan.
— Nã o vai, Dakota, eu juro! — agradeci, aliviado.
A sexta-feira parecia que nã o chegaria nunca. O olhar de
reprimenda do treinador todos os dias dessa semana nã o ajudava o
tempo a passar mais rá pido. Parecia que Miles queria de jeito nenhum
que eu me esquecesse de que pisei na bola.
Com muito receio de perder a bolsa de estudos, me esforcei para
me concentrar nas aulas da semana e recusei todos os convites de saídas
para beber no fim de semana seguinte. Nã o poderia dizer o mesmo das
garotas, e já havia marcado um cinema com uma delas para o sá bado à
noite, com segundas intençõ es. Mas o dia pelo qual estava mesmo
esperando com ansiedade era a sexta, quando teria minha primeira aula
com Dakota.
Eu nã o era um cara burro, mas tinha dificuldade em assimilar
alguns conteú dos, sem falar que acabava perdendo as aulas à s vezes,
para poder treinar mais, mesmo que fosse sem a supervisã o do
treinador Miles. Queria dar o meu melhor em campo, pois meu sonho
era ser quarterback pela NFL. Somava a isso o meu gosto pelas festas
regadas a bebidas e belas garotas. Esse era o motivo das minhas notas
terem caído.
Quando liguei para meu pai, falando que precisaria de uma ajuda
financeira para pagar as aulas extras, levei um esporro do meu velho.
Mas, no fim, ele disse que me ajudaria. Eu tinha planos de me dedicar de
verdade a aprender com Dakota, para nã o perder minha bolsa ou ver
meu sonho escapar por entre os dedos.
À s sete em ponto, eu estava em frente à biblioteca Shapiro,
quando ela chegou, carregando uma mochila nas costas.
— Ao menos, você é pontual. — Foi o comentá rio que fez ao me
ver. — Vamos entrar. A sala já está reservada para nó s.
Dakota parecia ser muito séria e focada no que fazia. Nesse
primeiro dia, ela pediu para ver meus cadernos e procurou saber quais
matérias eu tinha mais dificuldade. Mostrei tudo e ela, de maneira
rá pida, traçou um plano de aulas para nos guiar nas pró ximas semanas.
Começaríamos com cá lculo, em que eu nã o era tã o ruim, mas estava com
a nota abaixo do desejado. Eu nã o entendia para que tantas contas em
um curso de gestã o esportiva, mas nã o era eu quem montava o currículo.
— Eu sou aluna de pedagogia, mas tenho facilidade com as
matérias de exatas, entã o acho que podemos ter um bom resultado, se
você continuar estudando além das aulas das sextas — me disse,
compenetrada.
Me comprometi a fazê-lo e ela pareceu ficar satisfeita. Nesse
primeiro dia, ela me deixou com uma lista de exercícios para que eu
resolvesse e trouxesse pronta em nosso pró ximo encontro. Também me
passou o valor que cobrava, que nã o era exorbitante, mas eu havia
prometido pagar o dobro e a espertinha me lembrou da promessa.
— Você me paga sempre ao fim de cada aula, ok? — salientou.
Talvez ela pensasse que eu poderia desistir no meio do caminho e tinha
receio de nã o receber o dinheiro. Era uma preocupaçã o razoável, entã o
concordei.
A ú nica coisa que me denunciava que ela nã o era tã o séria e
compenetrada em todos os momentos da vida foi a capa de seu caderno,
que tinha uma ilustraçã o das princesas da Disney e duas letras D
entrelaçadas no canto, em um adesivo que destoava do restante da capa.
Apontei para o quadrado com as letras e perguntei o que
significava.
— Sã o as minhas iniciais. Dakota Davies — disse, corando um
pouco por causa do motivo infantil em seu caderno.
Achei engraçado e logo pensei em um apelido para ela. Passando
a ponta do dedo pelas letras, afirmei:
— Vou te chamar de Dee-Dee. Combina com você!
— Nã o combina nada! Prefiro que continue me chamando pelo
meu nome. Dakota — repetiu, para enfatizar, fazendo um bico
desgostoso.
— Tudo bem, Dee-Dee — respondi e ela viu que nã o teria como
eu desistir do apelido, entã o achou melhor deixar para lá , visto que
quanto mais reclamasse, mais eu insistiria em usá -lo.
Durante as semanas seguintes, nos encontramos todas as sextas,
e me esforcei de verdade. Fiz todos os exercícios que ela me passava e
estudei nas horas vagas, em vez de cair na gandaia em todo o meu tempo
livre. Dakota era muito aplicada e tinha uma didá tica que me fazia
entender as matérias, coisa que eu nã o conseguia com os professores
das aulas.
Já estava conseguindo vislumbrar o perigo de perder a bolsa
passando, até que, em uma das sextas-feiras, ela chegou na biblioteca
acompanhada da ruiva mais estonteante que eu já havia visto no
campus.
Fiquei impressionado com a garota e nã o iria sossegar enquanto
nã o a conhecesse melhor. Só nã o sabia que isso me atrapalharia mais na
frente.
Eu estava em cima da hora para a aula de Aidan, quando minha
amiga e colega de quarto, Margot Collins, me pediu para esperar por ela.
Para minha surpresa, Margot precisava pegar um livro na
biblioteca. Vindo de alguém que passava mais tempo aproveitando as
festas na universidade do que realmente estudando, nã o era, de fato,
algo surpreendente que ela sequer soubesse onde ficava a biblioteca.
Ai, meu Deus! Falei isso em voz alta.
— Para de me zoar, Dee-Dee! — retrucou minha amiga,
carregando no apelido infeliz que meu aluno tinha me dado e que eu
havia comentado com ela. — É claro que sei onde fica a Shapiro. Pode
nã o parecer, mas estudo, sabe?
— Estuda as marcas de cerveja que servem nas festas espalhadas
pelo campus, né?
Ela fingiu que ia me bater e saímos rindo pelos corredores do
dormitó rio feminino.
Nossa amizade era a coisa mais improvável de acontecer, mas era
muito real. Talvez por nos terem colocado no mesmo quarto e termos
em comum o fato de ambas sermos ó rfã s tenha sido o que nos
aproximou, porque nossas personalidades e histó rias de vida eram
muito diferentes.
Enquanto os pais de Margot deixaram para ela um fundo para
custear a universidade antes de morrer, eu nem sabia quem foram os
meus, tendo sido abandonada em uma igreja quando ainda era um bebê.
Fui criada pelas freiras, que fizeram tudo o que podiam por mim, nã o
deixando que eu ficasse pulando de lar temporá rio em lar temporá rio,
como aconteceu com minha amiga. Quando chegou a hora de entrar na
universidade, elas me ajudaram a conseguir uma bolsa de estudos, pois
nã o teriam condiçõ es de custear minha estadia, mesmo que a
Universidade de Michigan fosse pú blica.
Eu era mais introspectiva, mais calada, com a cara sempre
enfiada nos livros. Isso me garantia notas boas o suficiente para manter
minha bolsa. Já Margot era a alegria em pessoa. Agitava todo lugar em
que chegava, conversava com todo mundo e fazia até a pessoa mais
ranzinza dar um sorriso. Só nã o queria saber muito de estudar. Eu a via
com um livro nas mã os somente nas vésperas das provas, quando ficava
arrancando os muitos cabelos ruivos por afliçã o quando nã o sabia a
matéria. Claro que, nesses momentos, eu terminava ajudando-a e ela
conseguia manter notas razoáveis.
Outra diferença gritante entre nó s duas era nosso aspecto físico.
Enquanto minha amiga tinha longos cabelos ruivos, olhos verdes
chamativos e corpo curvilíneo, eu era sem graça ao extremo: cabelos
loiros escorridos, tã o lisos que mal seguravam uma presilha, ó culos
grandes demais para o meu rosto, porque foi apenas aquela armaçã o
que eu havia conseguido pagar, e, para completar, ainda usava aparelho
nos dentes superiores. Era magra demais, quase nã o tinha peito, bunda
muito menos. Margot chamava atençã o por onde chegava, enquanto eu
passava despercebida com facilidade.
É claro que nã o seria diferente com Aidan. Vi quando ele
arregalou os olhos ao avistar minha amiga ao meu lado.
O quarterback de olhos claros e cabelos loiros era um gato, mas
eu tinha meus receios com caras bonitos demais. Sabia que eles nunca
dariam atençã o para uma garota como eu, sem atrativos, entã o me
considerava imune à beleza deles. Porém, a convivência semanal com
Aidan chegou a me fazer pensar que ele poderia ser diferente de outros
rapazes, que se deixavam encantar apenas pela beleza física. Sua reaçã o
à presença de Margot era um banho de á gua fria na imagem que eu
vinha fazendo dele.
Nã o demorou dois minutos para ele começar a jogar charme para
ela.
— Oi, eu sou o Aidan, quarterback do Wolverines. — Foi logo se
apresentando. — Nunca te vi aqui na biblioteca com a Dakota...
Revirei os olhos com o papinho nada sutil e a indireta direta para
que eu apresentasse minha amiga.
— Essa é a Margot, ela é minha colega de quarto aqui na
universidade — eu disse, querendo partir logo para a aula que tinha
programado para aquela noite. Ela acenou para Aidan, sorrindo com
simpatia. — Podemos ir para a saleta? — perguntei, impaciente.
— Claro, claro... — o rapaz concordou, mas sua atençã o ainda
estava centrada na ruiva ao meu lado.
Eles conversaram um pouco enquanto eu olhava impaciente para
o reló gio, aquelas perguntas bá sicas de quem acabava de se conhecer.
Até que, do nada, Aidan convidou:
— Margot, vamos jogar no pró ximo domingo, gostaria de
assistir? Posso conseguir ingressos para você... para vocês, na verdade
— ofereceu ele, lembrando-se da minha existência no ú ltimo instante.
— Ah, a gente vai adorar, né, Dakota?! — Eu sabia que tinha me
metido em uma roubada no momento que fui incluída no convite.
Margot só ia me dar descanso depois que fô ssemos ao tal jogo.
Depois disso, eles trocaram telefones e nos separamos; ela foi em
busca do livro de que precisava e nó s dois fomos para nossa aula
particular.
Ainda tentei alertá -la sobre a fama de Aidan com as garotas, que
eu sabia nã o ser muito boa. Tinha noçã o de que os relacionamentos dele
nã o duravam muito tempo, afinal eu ouvia de tudo um pouco, por
trabalhar na cafeteria. Porém, de nada adiantou. Margot estava
empolgada com o quarterback gato e passou os dois dias seguintes
falando de ele no meu pé do ouvido, até chegar o dia do jogo.
Aidan passou na cafeteria no sá bado de manhã para me entregar
os ingressos e, perto da hora da partida, Margot e eu nos dirigimos para
o Michigan Stadium, junto de outros torcedores do time da universidade.
Como o Michigan Wolverines ia jogar em casa, muita gente iria para
apoiá -los. O que Margot interpretou como sinal de que o jogador estava
mesmo interessado nela, pois conseguir os ingressos nã o deveria ter
sido tã o fá cil. Eu tinha lá minhas dú vidas, mas as guardei para mim, pois
minha amiga estava encantada com ele.
Desde que haviam se conhecido em frente à Shapiro, os dois
vinham trocando mensagens, e eu já sabia como aquilo iria terminar:
Margot sumiria depois do jogo para encontrar com Aidan e eu voltaria
para o dormitó rio sozinha.
Minha previsã o se mostrou correta. Depois da vitó ria dos
Wolverines sobre o Notre Dame, voltei para o quarto que dividia com
Margot em completa solidã o. Eu nã o ligava de ficar sozinha, aproveitaria
para repassar a matéria da pró xima semana, mesmo ainda estando
tomada pela adrenalina da torcida. Eu só me preocupava com o coraçã o
frá gil da minha amiga. Ela se apaixonava com muita facilidade e se
magoava na mesma proporçã o.
Na manhã seguinte, Margot apareceu no dormitó rio quase
flutuando, com um sorriso bobo no rosto. Precisei ouvir tudo sobre a
noite que ela passara com Aidan, inclusive sobre como ele era bom de
cama, porque era isso que as amigas faziam uma pela outra. Fiquei feliz
por ele pelo menos nã o ter sido um babaca e dispensá -la logo apó s a
noite que passaram juntos.
Nã o... o envolvimento dos dois parecia estar indo bem, e ele até
estava mais focado nos estudos, o que eu considerava algo ó timo, pois se
eu conseguisse fazer o quarterback recuperar as notas que precisava,
sabia que logo eu teria novos estudantes me procurando para aulas
extras. E eu precisava mesmo do dinheiro que essas aulas me rendiam,
já que, somente com meu salá rio da cafeteria. nã o conseguia pagar as
despesas que a minha bolsa de estudos nã o cobria.
Aidan e Margot já estavam saindo há mais de um mês, entã o me
despreocupei quanto a ele magoá -la, pois o que tinham parecia ser firme
o suficiente para calar meus receios.
As provas dele vieram e suas notas subiram, para minha alegria.
Ainda assim, o rapaz me pediu para continuarmos com as aulas, pois
precisava manter o desempenho em alta nã o só em campo, como
também nos estudos. O dinheiro era bom, entã o aceitei. Agora,
revezávamos as matérias em cada semana, cobrindo, além das de exatas,
as da á rea de humanas. Essas eram mais minha especialidade, entã o nã o
foi um problema para mim.
Tudo estava indo muito bem, até que, um dia, peguei Margot
chorando com a cabeça enterrada no travesseiro. Um alarme despertou
em meu cérebro, e algo me dizia que esse choro tinha a ver com Aidan e
o relacionamento dos dois.
Me sentei ao seu lado na cama e alisei seus fios vermelhos com
carinho.
— Quer me contar o que aconteceu, amiga? — perguntei com
suavidade.
Ela tinha estado meio estranha nos ú ltimos dias, como se
estivesse guardando um segredo, mas eu estava tã o preocupada com
meus pró prios problemas — que se resumiam a uma possibilidade de
uma nota abaixo da média em uma matéria na qual eu tinha um pouco
de dificuldade — que nã o dei tanta atençã o.
Naquele momento, Margot ergueu o rosto da fronha molhada e
pude ver seus olhos e nariz vermelhos.
— É o Aidan.
— O que foi que aquele idiota fez? — Eu sabia que ele terminaria
por magoar minha amiga.
— Eu... pensei que estava grávida, e nó s brigamos... ele queria que
eu abortasse, sabe?
Fiquei chocada e nã o consegui esconder o impacto da notícia em
meu rosto. Nã o somente pelo que ela falou, mas também pelo pedido
absurdo dele.
— Hoje cedo, descobri que nã o estava, que havia sido um alarme
falso. Fui correndo contar para ele, aliviada, pois eu nã o queria mesmo
abortar. Ele foi um babaca, Dakota! Me tratou com indiferença e, no final,
disse que era melhor terminarmos e nã o nos vermos mais.
Que imbecil!
A raiva me dominou, pois, além da minha amiga ser uma pessoa
muito doce e nã o merecer ser tratada desta maneira, ela nã o era um
objeto que poderia ser descartado depois que ele se cansasse de brincar.
Vendo minha reaçã o, Margot pediu:
— Por favor, nã o vai arrumar confusã o, amiga! Nã o quero mais
nada com ele, de verdade. É melhor mesmo a gente se separar, cada um
seguir seu caminho. Ainda bem que nã o estou grávida dele. Foi um alívio
quando minha menstruaçã o desceu essa manhã — contou, torcendo as
mã os pelo nervosismo, depois de se sentar na cama. — Me prometa que
nã o vai fazer nada!
— Ele merecia no mínimo um chute nas bolas, Margot! —
reclamei, irritada.
— Eu sei, mas nã o quero que faça nada, por favor! — suplicou. —
Ele merece apenas meu desprezo.
— Ok, nã o vou lá ensinar uma liçã o para esse almofadinha
mimado, pode deixar — prometi, ainda a contragosto.
Quando encontrei com ele na sexta-feira seguinte, o idiota estava
agindo como se nada tivesse acontecido. Me controlei e fui o mais
profissional que pude durante a aula, lembrando a mim mesma, a todo
momento, da promessa que fiz a Margot.
Porém, a gota d’á gua veio quando o vi pelo campus, desfilando
com uma loira peituda, menos de duas semanas depois de arrasar com o
coraçã o da minha amiga.
Prometi que nã o faria nada a ele, mas poderia me recusar a
continuar ajudando-o a conquistar boas notas, mesmo que isso
significasse uma diminuiçã o na minha renda. Nã o iria aguentar olhar
para sua cara cínica, enquanto Margot ainda sofria na calada da noite
pelo babaca.
Quando ele chegou, todo cheio de sorrisos, para a aula seguinte,
comuniquei minha decisã o.
— Mas... por quê, Dakota? A gente tem conseguido um bom
resultado e...
— Você precisa aprender que pessoas nã o sã o coisas, as quais
você pode usar e descartar ao seu bel prazer, Aidan.
Ele fechou a cara.
— Isso é por causa da Margot, nã o é?
— Nã o. Isso sou eu de saco cheio de ajudar um idiota que nã o
merece.
— Triplico o valor do pagamento, Dakota! — falou, desesperado.
— Por favor, continua com as aulas! Tô conseguindo me manter bem nos
estudos por causa delas.
— Procure outra pessoa para te ensinar, Aidan. Nossas aulas
terminam por aqui. E, se for possível, nunca mais apareça na minha
frente!
Juntei minhas coisas e saí da biblioteca com a cabeça erguida,
como uma rainha.
Ele ainda tentou me seguir e argumentar que eu nã o estava
sendo racional. Nã o estava mesmo, pois precisava da grana. Mas era o
que meu coraçã o estava pedindo para fazer e eu nã o voltaria atrá s.
— Por favor, esqueça da minha existência. E se puder, passe longe
da cafeteria. Sei que seu campus é outro, entã o nem precisa ir lá , na
verdade. — Foi a ú ltima coisa que falei para ele, enquanto me afastava
em direçã o ao dormitó rio feminino.
Pensei que nunca mais veria Aidan Kingston na vida, a nã o ser
pelas transmissõ es de jogos, pois ele tinha mesmo potencial para jogar
em um time profissional no futuro e eu gostava demais de futebol
americano para me privar de assistir aos jogos.
Porém, a vida era uma caixinha de surpresas, coisa que eu só
descobriria anos depois.
Sete anos depois...

Apesar de ser mais de oito da noite, o metrô ainda estava


bastante cheio e nã o consegui lugar para sentar. Eu nã o ligava muito,
mesmo voltando de um expediente de trabalho, porque ficava o tempo
inteiro sentada enquanto trabalhava, mal conseguindo levantar para
beber á gua ou ir ao banheiro. Naquele dia, porém, eu estava bem
cansada, talvez por ser uma quinta-feira e o acú mulo do cansaço da
semana estava começando a se fazer presente. Nã o via a hora de descer
do transporte e andar as ruas que separavam a estaçã o do apartamento
que eu dividia com Margot e sua filhinha, Amber.
Cinco anos depois de formada e nã o estava mais trabalhando na
á rea para a qual estudei com tanto afinco. Saí da universidade com
emprego certo, como coordenadora pedagó gica de uma escola de
educaçã o infantil, mas o estabelecimento fechou em dois anos e nã o
consegui mais vaga dentro da minha formaçã o, por conta da minha falta
de experiência no mercado. Entã o, agora, me sujeitava a um trabalho
totalmente diferente, como operadora de telemarketing, porque foi a
ú nica colocaçã o que consegui depois de passar alguns meses
desempregada.
Trabalhava de uma da tarde à s sete e meia da noite, depois
enfrentava o transporte pú blico para voltar para casa e ajudar minha
amiga com sua bebê de apenas seis meses.
Depois que terminamos a faculdade, continuamos morando
juntas, dessa vez no pequeno apartamento que estávamos até os dias
atuais. Margot trabalhava como secretá ria em uma empresa de seguros,
mas, quando deu à luz, foi dispensada e ficou sem conseguir emprego
desde entã o. Era eu quem estava segurando as pontas da casa e de todas
as nossas despesas, nã o muito bem, para falar a verdade. O aluguel
estava atrasado. Bastante atrasado. O senhorio já havia me avisado que
eu teria que abater ao menos uma parte da dívida, ou teríamos que
deixar o local no pró ximo mês.
Quando fiquei desempregada, Margot foi quem segurou tudo nas
costas até que eu conseguisse uma nova colocaçã o. Nada mais justo do
que fazer o mesmo por ela nesse momento de necessidade.
A chegada de Amber em nossas vidas tornou tudo mais difícil,
mas a garotinha era a luz dos nossos dias. Eu era uma tia muito babona e
amava aquela criança como se fosse minha filha.
A ú nica coisa que eu nã o amava em Amber era o seu pai. Mesmo
apó s todo esse tempo, ainda nã o conseguia me conformar que a menina
era fruto de uma recaída de Margot com ninguém menos do que Aidan
Kingston, a quem nã o víamos desde que ele deu o fora nela na faculdade.
Pelo que me contou, depois que insisti muito em saber quem era
o pai do bebê que minha amiga carregava, Margot encontrou com Aidan
em uma boate da cidade e os dois acharam que um “revival” do que
tiveram na faculdade seria uma boa ideia.
Ele agora era um jogador da NFL pelo New York Wolves, cidade
onde morávamos desde a formatura, e se já era bonito e conquistador
enquanto estudávamos, o fato de ser famoso elevou seu ego gigante à
quinta potência. É claro que Aidan dispensou Margot no dia seguinte à
noitada.
Quando ela descobriu a gravidez, achou melhor ficar calada e ter
o bebê sozinha, por se relembrar do aborto que ele sugeriu, quando
estavam juntos. Dei todo o apoio que pude e continuaria sendo o porto
seguro para aquela que eu considerava minha irmã de alma.
Nã o concordava muito com sua decisã o de nã o procurar pelo pai
de Amber, pois achava que ele deveria arcar com a responsabilidade ou
ao menos dar um suporte financeiro, para que a menina pudesse crescer
com mais recursos. Porém, a decisã o final era de Margot e, se ela nã o
queria contar, nã o me restava muita coisa a fazer.
Nó s duas costumávamos acompanhar pela mídia as notícias
sobre Aidan, que agora carregava o apelido de Thunder, devido à sua
atuaçã o como quarterback, ainda mais porque éramos torcedoras do
time da cidade. Nã o perdíamos uma partida dos Wolves. Ele era a ú nica
coisa ruim do time, na minha opiniã o. Nã o por jogar mal, mas pelo que
havia feito com Margot.
Depois da caminhada exaustiva, por fim cheguei em casa e
destranquei a porta do apartamento. Entrei e encontrei Margot dando
comida a Amber, que estava toda suja de macarrã o à quela altura. Sua
mã e nã o estava muito diferente.
— Ela deu um show para comer, de novo? — perguntei, largando
a bolsa no sofá velho que tínhamos na sala.
— Preciso mesmo responder? Acho que a cena fala por si! —
disse Margot, com um sorrisinho de lado. Tinha pedacinhos pequenos
da massa espalhada por todos os cantos, inclusive no cabelo da minha
amiga.
— Tá difícil para ela passar da comida pastosa para a só lida, né?
— Muito! Você pode se trocar para ficar com ela um pouco,
enquanto limpo a bagunça e tomo um banho? Prometo que serei rá pida!
Concordei e corri para o quarto. Tirei a roupa que usei para
trabalhar e coloquei uma blusa velha, combinada a um short confortável,
que logo estariam sujos de molho vermelho, assim que eu pegasse
minha princesa.
A menina ainda estava com as bochechas gorduchas meladas,
quando a peguei no colo. Equilibrando-a no meu quadril, abri a
geladeira e peguei uma maçã .
— Sua mamã e bem que está tentando te dar algo diferente para
comer, mas você adora frutinhas, nã o é, meu amor?
— Abuuu!
— É , a titia sabe. Vamos comer uma maçã zinha raspada para nã o
ficar com essa barriguinha vazia, tá bom?
— Ba!
Fazendo um pouco de malabarismo, consegui cortar a fruta e
peguei uma colher na gaveta.
Me sentei no sofá com a neném equilibrada na minha coxa e
comecei a raspar a maçã , dando a polpa de colheradas naquela boquinha
rosada e sem dentes.
Depois que consegui fazer Amber comer o alimento quase todo,
Margot chegou na sala, enxugando o cabelo vermelho com uma toalha.
— Nã o sei que má gica você faz, mas contigo ela come, amiga —
reclamou ela e eu só ri em resposta.
Era uma conversa recorrente entre nó s duas e nã o era verdade:
Margot era uma ó tima mã e e Amber fazia lambança, mas comia bem. A
prova eram as dobrinhas rechonchudas do seu corpinho e as bochechas
redondinhas que a criança tinha. Além do mais, minha amiga a levava
mensalmente à pediatra, que atestava a saú de da nossa princesinha.
— Dakota, você pode ficar com ela amanhã de manhã ? — pediu,
depois que estendeu a toalha no varal de chã o no canto da sala. — Eu
preciso sair para distribuir alguns currículos. Tenho que voltar a
trabalhar, amiga. Nã o dá para você ficar levando nó s duas nas costas
para sempre.
— Eu faço de coraçã o, você sabe. Quando fui eu quem precisei,
você me ajudou.
— Sei, sim, mas as contas estã o se acumulando e o senhorio
esteve de novo aqui hoje, falando do atraso nos aluguéis. A gente nã o
pode ficar sem teto.
— Isso nã o vai acontecer, vira essa boca pra lá ! A gente vai dar
um jeito, Margot!
— A gente sempre dá um jeito, mas se eu conseguir um emprego
que me permita pagar uma creche para Amber, as coisas vã o melhorar!
Você pode ficar com ela pra mim?
— Claro. Só nã o se esqueça de que tenho que sair ao meio-dia,
senã o nã o consigo chegar a tempo no trabalho.
— Pode deixar, estarei de volta a tempo!
Na manhã seguinte, me vi envolvida nos cuidados com Amber e
quase nã o percebi o tempo passar. A travessa deixou um presente na
fralda que fez com que eu precisasse dar um banho nela, de tanta sujeira
que tinha. Normalmente, ela tomava seu banho à tarde, quando eu
estava no trabalho, mas nã o tive jeito a nã o ser adiantar esse momento.
Nem preciso dizer que saí do banheiro toda molhada, porque a sapeca
gostava de bater na á gua da banheira com a mã ozinha aberta, sacudindo
pingos para todos os lados.
Depois de encher a barriguinha com uma mistura de legumes
amassados com um caldo de carne que preparei, Amber ficou com
soninho e acabou dormindo no meu colo. Corri para colocá -la no berço
que ficava no quarto de Margot, pois precisava me arrumar para o
trabalho. Ela ainda nã o escalava as grades para tentar sair, mas isso nã o
iria demorar muito a acontecer, entã o todo cuidado era pouco.
Tomei um banho a jato e corri para o quarto, enrolada na toalha,
a fim de me vestir. Eram quase onze e meia, e nada de Margot voltar.
Minha amiga tinha meia hora para aparecer, senã o eu me atrasaria e
poderia levar uma advertência do meu supervisor. Três advertências em
um mês e eu estaria fora. Ainda bem que eu nã o tinha nem uma nesse
mês.
Coloquei a mesma blusa de ontem, que eu havia lavado e secado
na noite anterior, e fiz minha maquiagem de todos os dias. Nã o ia ficar
gastando minhas roupas boas para ir trabalhar, entã o havia separado
algumas só para ir à empresa. O tempo estava correndo e nada da minha
amiga voltar.
Liguei a TV baixinho, para nã o acordar Amber, a fim de dar uma
olhada no noticiá rio, enquanto esquentava um pouco de comida para
almoçar antes de sair.
A princesa acordou berrando, quando faltava cinco minutos para
a hora que sua mã e deveria estar de volta. Corri até o berço e a fralda
havia vazado, deixando-a toda molhada. Era claro que ela estaria irritada
e com razã o. Quem gostaria de ficar todo sujo de xixi?
Mesmo sabendo que iria me atrasar, troquei-a com toda
paciência, torcendo para ouvir o barulho da chave girar na porta a
qualquer instante, o que nã o aconteceu.
Era oficial: Margot havia se atrasado, o que significava que eu
também estava. Por sorte, isso nã o era algo que acontecia com
frequência, entã o nã o corria o risco de perder meu emprego.
Eu andava para lá e para cá no meio da sala, com uma Amber
irritadiça no colo, ainda com resquícios do sono, enquanto mantinha um
olho no reló gio e outro no noticiá rio, só para nã o ficar mais aflita do que
já estava. Detestava me atrasar e ser chamada a atençã o, e Margot sabia
disso. Algo deveria ter acontecido para que ela nã o estivesse de volta no
horá rio que combinamos.
Entre as idas e vindas, chacoalhando um bebê de seis meses
bastante resmungã o no colo, minha atençã o foi capturada pela notícia
na TV. Era uma cobertura ao vivo de um acidente que acontecera havia
pouco, entre um caminhã o e um ô nibus cheio de passageiros. A coisa
havia sido feia.
Virei o rostinho de Amber para que ela nã o visse aquelas imagens
fortes do ô nibus que havia tombado na autoestrada, tendo sido
arrebatado em sua lateral pelo caminhã o desgovernado. Segundo a
repó rter, o veículo fora arrastado por alguns metros antes de parar. O
motorista do caminhã o nã o sobreviveu, e alguns passageiros do ô nibus
também nã o. Outros estavam em estado grave e já haviam sido
recolhidos para o hospital mais pró ximo.
Fiquei chocada com o estrago que a TV apresentava: a frente do
caminhã o ficou destruída por completo, e o ô nibus nã o estava em
melhor estado. Quem estava sentado no lado que recebeu o impacto
pereceu na hora.
Fiz uma rá pida oraçã o pelas vítimas, costume que adquiri tendo
sido criada por freiras boa parte da minha vida. Nã o era uma pessoa
religiosa, por assim dizer, mas orava pela manhã e ao deitar, e sempre
que podia assistia a uma missa, em especial no Natal.
Depois de uma notícia tã o impactante, decidi desligar a TV e
ninar Amber com mú sica, para ver se ela voltava a dormir, pois estava
claro para mim que parte da sua rabugice era sono.
Mal comecei a cantar, meu celular tocou de maneira estridente,
em meu quarto. Xinguei em pensamento, por causa do barulho, mas
torci para que fosse minha amiga, avisando que chegaria logo. Talvez
ainda desse tempo de pegar o metrô no horá rio, se ela estivesse perto o
suficiente.
Porém, quando olhei no visor, era um nú mero desconhecido que
me ligava.
— Alô ?
— Alô . Quem fala é Dakota Davies?
— Sim, sou eu.
— Aqui é o tenente Roberts, da Polícia de Nova Iorque. Seu
nú mero está marcado como contato de emergência de Margot Collins.
Meu sangue gelou e tive um mau pressentimento.
— Desculpe dar a notícia dessa forma, mas a senhorita Collins
sofreu um acidente ainda há pouco. O ô nibus em que viajava colidiu com
um caminhã o e ela foi uma das vítimas fatais.
Só por muita intervençã o divina que nã o desmaiei e nã o soltei
Amber, diante do que havia acabado de ouvir. Pelo contrá rio, apertei-a
ainda mais em meus braços, fazendo com que sua irritaçã o se
transformasse em um choro alto.
— Senhora? Está me ouvindo? Dakota? — A voz do tenente
Roberts chegava até mim de um lugar distante, enquanto lá grimas sem
controle desciam pelo meu rosto, em um choro mudo que contrastava
com o berreiro do bebê no meu colo.
Amber e eu havíamos acabado de perder nossa ú nica família.
Alguns dias depois...

Enterrar Margot foi a coisa mais dolorosa que já fiz em meus 26


anos de vida. Achava que nã o havia mais lá grimas para derramar, depois
de passar dias chorando a todo instante, ao mesmo tempo que tentava
me fazer de forte para cuidar de Amber. Quando seu caixã o desceu ao
solo, sequei o rosto pela ú ltima vez naquele cemitério frio e vazio, onde
só estávamos eu, um bebê e a equipe que fazia o sepultamento.
Nã o consegui sequer um padre para vir dizer as ú ltimas palavras
para minha amiga, pois estávamos tã o longe da nossa cidade de origem,
que eu nã o tinha contato frequente com nenhuma paró quia. Apenas
entrava na igreja que me desse na telha, assistia à missa e saía. Isso
quando minha amiga ainda estava comigo, claro, porque fazer isso com
um bebê inquieto nos braços era quase uma missã o impossível.
Consegui alguns dias de dispensa no trabalho, para que pudesse
cuidar dos trâ mites da perda de Margot. Facilitou o acidente ter sido
notícia na televisã o, para que meu chefe me liberasse.
— Vou fazer constar na sua ficha que foi sua irmã quem faleceu,
Dakota — disse ele e eu fiquei muito grata por sua sensibilidade e
compreensã o.
Agora, me restavam apenas mais dois dias e teria que retornar ao
trabalho. Mas com quem eu poderia deixar Amber? Ela nã o tinha mais
ninguém no mundo além de mim.
Ou melhor...
Tinha o pai dela.
Sei que Margot nã o iria querer que eu entrasse em contato com
Aidan, mas eu já havia recebido uma notificaçã o da assistente social e, se
nã o apresentasse a certidã o de nascimento de Amber, constando o nome
de ambos os pais, dentro de três semanas, a bebê iria para um orfanato e
depois entraria no sistema, sendo encaminhada para algum lar
temporá rio.
Nã o podia pedir ajuda à s freiras que me criaram, pois nem
dinheiro para viajar até Michigan eu tinha. Nã o, mesmo com o coraçã o
em luto, eu teria que fazer o que minha amiga nã o queria que eu fizesse:
entrar em contato com o pai de Amber.
Eu sabia que um dos pavores que Margot tinha era, um dia, nã o
estar presente para cuidar da filha. Parecia que ela estava prevendo que
sua vida seria curta, pois escreveu uma carta para Amber, na qual
contava quem era seu pai. Junto desta carta, escreveu outra para ser
entregue a Aidan, caso o pior acontecesse. Porém, ela me fez jurar que
eu nã o o procuraria, a nã o ser em ú ltima necessidade. Era o caso nesse
momento.
Por mais que nã o quisesse que eu entrasse em contato com o
jogador, tinha certeza de que ela queria muito menos que sua filha
tivesse o mesmo destino que ela: pular de família em família, estando
sujeita ao sistema de adoçã o americano, até encontrar alguma que a
adotasse em definitivo.
Aproveitei uma soneca de Amber para procurar nas coisas de
Margot as tais cartas. Localizei-as com certa facilidade. Essa era a parte
menos complicada da situaçã o.
Achar o endereço do jogador também nã o era muito difícil. Ele
morava em um condomínio fechado bastante exclusivo, que garantia sua
privacidade, com todas as mordomias pelas quais o dinheiro podia
pagar.
O difícil seria conseguir ter acesso ao homem. Mas minha
determinaçã o em nã o deixar Amber desamparada era imensa, entã o
esperei que acordasse e arrumei uma pequena mochila com os itens de
primeira necessidade da menina: fraldas, mamadeiras, chupetas, trocas
de roupas, seu ursinho preferido e seus documentos pessoais.
Gastando meus ú ltimos dó lares na carteira, chamei um tá xi que
nos deixou na frente da portaria chique do condomínio.

Acordar com uma gostosa mamando meu pau era o melhor dos
mundos. Nã o, na verdade, eu estava errado: o melhor dos mundos era
receber um boquete enquanto a outra mulher, com quem passei a noite,
sentava na minha cara, para que eu a chupasse com gosto.
Trouxe as duas para casa na noite passada, pois nã o estava com
saco para procurar um quarto de hotel depois de beber bastante
naquela boate. Eu prezava por minha privacidade, mas havia horas em
que a mandava para o espaço. Era só acionar Luke Johnson, meu
empresá rio, antes de deixá -las ir embora, e pronto: ele as faria assinar
um termo de confidencialidade com uma multa altíssima e eu estaria
protegido.
Por ora, queria apenas me concentrar no prazer que estava
dando e recebendo ao mesmo tempo. Eu estava muito excitado, meu pau
já vazando pré-gozo, quando fomos interrompidos pelo barulho
insistente do interfone.
Quem ousava me interromper em um sá bado de manhã ? Para o
interfone estar tocando, era da portaria. Meus amigos mais chegados
tinham passe livre no condomínio, já que eram meus vizinhos no local.
As garotas soltaram uma reclamaçã o, mas a porcaria do interfone
nã o parava de tocar. Já havia quebrado o clima.
Tirei a gostosa de cima do meu rosto, enquanto a outra largava
meu membro enrijecido.
— Eu volto já , meninas! Calma, que tem Thunder para todo
mundo — avisei, me levantando da cama e indo nu, como vim ao mundo,
até o aparelho na cozinha.
— Sr. Kingston, desculpe incomodar nesse horá rio, mas tem uma
moça aqui na portaria dizendo precisar falar com o senhor com urgência
— falou o funcioná rio da portaria, assim que eu atendi.
— Mande embora — retruquei e já ia desligar, quando a voz do
homem se fez ouvir outra vez.
— Senhor, é que ela está com um bebezinho no colo e disse que
foi colega sua de faculdade.
Era só o que faltava! Esse funcioná rio deveria ser novo no
condomínio, para nã o conhecer as desculpas mais utilizadas pelos
paparazzi. Resolvi dar corda, para ver até onde ia o descaramento da
pessoa que se dizia minha colega de faculdade.
— Ah, é? E em que universidade eu estudei e que curso eu fiz? —
perguntei, com um sorriso sarcá stico brincando na face.
Escutei quando ele repetiu a pergunta para alguém, e logo veio a
resposta.
— Ela disse que você fez gestã o esportiva, na Universidade de
Michigan e que era péssimo em cá lculo, a ponto de contratá -la para lhe
dar aulas particulares. — Foi o que ouvi do porteiro. — A moça também
informou que se chama Dakota Davies, mas que o senhor a apelidou de
Dee-Dee.
Arregalei os olhos. Dee-Dee Davies? Em Nova Iorque? É claro que
eu me lembrava da nerd da cafeteria. Eu devia à quela garota, mesmo que
ela tivesse me dito, em nosso ú ltimo encontro, que nunca mais gostaria
de me ver. Porém, só consegui manter minha bolsa graças à s aulas que
ela me deu. E ninguém sabia disso, a nã o ser que me conhecesse da
época da faculdade. Nã o era um segredo, só nã o era algo que a imprensa
desse muita importâ ncia a ponto de virar notícia.
— Deixe-a entrar — disse e desliguei.
Com sorte, ela queria apenas um autó grafo meu, era o mínimo
que poderia fazer por alguém que me ajudou no passado.
Nem me dei ao trabalho de voltar ao quarto, somente me dando
conta de que estava sem roupas no ú ltimo minuto, quando consegui
ouvir passos no piso de cascalho na entrada da minha casa. Procurei em
volta e vi uma manta largada no sofá . Peguei-a rá pido e enrolei em meu
corpo como uma toga romana, escondendo minha nudez assim que a
campainha tocou. A essa altura, meu pau já nã o estava mais em riste,
entã o tudo ficaria bem.
Já havia feito campanhas publicitá rias de roupas íntimas, que
mostravam muito mais do meu corpo do que havia coberto com a manta
do sofá , entã o coloquei um sorriso profissional no rosto e abri a porta.
— Dee-Dee Davies! — exclamei, antes de ser atropelado por um
pequeno furacã o loiro que passou por debaixo do braço com que eu
segurava a porta.
— Desculpe entrar assim, mas é uma emergência! Ela fez cocô ! E
muito! — disse a mulher, correndo para a primeira superfície livre que
encontrou: meu sofá caríssimo, todo branco.
Atordoado, só entã o me dei conta que ela segurava nos braços
uma coisinha rosada de cabelos ruivos. Eu havia me esquecido de que o
porteiro disse que ela estava com um bebê. Seria dela? Dakota Davies já
era mã e? Uau!
Enquanto eu ficava abobalhado, ela já tinha deitado a criança no
meu sofá e estava abrindo a parte de baixo da roupa do bebê. Aliá s, era
um menino ou uma menina? Pelo fato da roupa ser cor-de-rosa, eu
achava que era menina, mas sei lá , vai que ela era uma dessas mã es
modernas que usava todas as cores para qualquer que fosse o gênero da
criança?
Só quando senti o fedor subir da fralda suja foi que me atentei
que meu mó vel imaculado estava correndo um sério risco de ser
manchado de maneira irremediável. Tapando o nariz, me aproximei,
pronto para dizer que ela levasse a criança para cima da minha mesa de
jantar. Afinal, vidro era mais fá cil de limpar depois!
— Nã o fique aí parado, Aidan! Pegue o pacote de lencinhos
umedecidos aí dentro da bolsa, vá ! — ordenou a mulher, impaciente.
Fiquei tã o surpreso, que obedeci sem reclamar, entregando para
ela nã o só o pacote de lenços umedecidos, bem como uma pomada da
embalagem azul e branca e uma fralda descartável nova.
Dakota jogou a fralda suja, cheia de merda, no chã o da minha
sala, bem em cima do meu tapete, depois de prendê-la em uma espécie
de trouxinha. Sério que ela iria deixar aquilo ali? Correndo o risco de
vomitar, me aproximei da bomba atô mica e peguei o pacotinho quente e
fedido na mã o. Mantendo-o o mais longe possível do meu corpo, levei a
coisa para a á rea de serviço, onde coloquei dentro de um saco, dei um nó
e joguei na lixeira.
Quando voltei, ela tinha terminado de abotoar de novo a roupa do
bebê, que ria alto, enquanto sua mã e fazia cosquinhas em sua barriga.
— Amber, sua mocinha peralta! Você tinha que dar um presente
bem na porta da casa do seu papai, nã o é? — disse Dakota, sorrindo para
a criança.
Demorei alguns segundos para absorver o que havia ouvido.
Primeiro, me dei conta de que estava certo: o bebê era uma menina. Só
depois foi que a frase inteira de Dakota fez sentido dentro do meu
cérebro.
Pai?!
Eu?!
Tudo bem que eu ainda estava de ressaca da bebedeira da noite
anterior, mas eu nã o me lembrava de ter me tornado pai de um bebê de
ontem para hoje.
— Dakota? — chamei a mulher, que estava concentrada em
arrumar os itens que acabou de usar dentro da bolsa, cuja estampa da
frente era uma ursinha usando uma coroa.
— Hum?! — perguntou ela, distraída, guardando a pomada.
— Que histó ria é essa de pai?
Foi entã o que a mulher me encarou, parecendo estar me vendo
de verdade pela primeira vez, desde que entrou como um tornado na
minha casa. Vi seu rosto subir e descer, observando meus trajes — ou a
falta deles — e depois ficar vermelha até a raiz dos cabelos.
— Er... oi, Aidan! Quanto tempo, né? — Agora a mulher estava
sem jeito? Soltou uma bomba no meio da sala e agora ficou
constrangida.
— Sim, mas quero saber que conversa de pai é essa que acabei de
ouvir...
Antes que ela pudesse responder qualquer coisa, ouvi barulhos
de saltos nas escadas. Surgindo na sala, as duas garotas com quem eu
passei a noite estavam vestidas por completo, de bolsas a tiracolo.
— Thunder, a gente vai indo, tá ? — disse uma delas, a de cabelos
castanhos que batiam no meio das costas e que eu adorei puxar na noite
anterior.
A outra veio direto me dar um beijo na bochecha e um apertã o na
bunda, falando:
— Você tem nossos telefones. Quando quiser repetir a dose, liga
pra gente!
E assim, sem cerimô nia alguma, as duas cruzaram minha sala e
saíram pela porta da casa. Teria que acionar Luke com urgência para que
ele as procurasse com o termo para assinarem.
Porém, antes disso, eu tinha um problema muito maior para lidar.
Dakota me encarava de boca aberta e olhos arregalados,
segurando a menina no colo, como se fosse uma tá bua de salvaçã o.
Depois que a porta da rua bateu com a saída das garotas, minha
mente acordou do transe em que entrara no instante que elas surgiram
na escada, com seus vestidos curtos e saltos altíssimos.
Sacudi a cabeça, para clarear as ideias, e questionei mais uma
vez:
— Que histó ria é essa de pai, Dakota?
— Entã o... É ... — Limpou a garganta. — Aidan, apresento sua
filha, Amber Collins. Ela tem apenas seis meses e a mã e dela, minha
amiga Margot, faleceu há poucos dias em um acidente de trâ nsito. Você
precisa ficar com ela, senã o Amber será levada para adoçã o pelo Serviço
Social — despejou de uma vez a mulher parada na frente do sofá , com
uma expressã o desesperada que, com certeza, refletia a minha pró pria.
— Será que você poderia... vestir algo mais apresentável? —
pediu Dakota, as faces afogueadas ao me encarar depois de me dar uma
notícia que poderia virar meu mundo de cabeça para baixo.
Como tudo que estava acontecendo naquela manhã , acenei com a
cabeça de forma atrapalhada e subi para o meu quarto, quase
tropeçando nos degraus, de tã o atordoado eu estava. Encontrei a cama
desfeita, o cheiro de sexo ainda no ar, e um bilhetinho enfeitado de
coraçõ es, com os nomes e telefones das mulheres que haviam saído da
minha casa ainda há pouco.
Nada disso tinha minha real atençã o naquele momento. Meu
cérebro só conseguia repetir em looping a palavra “pai”, quase a ponto
de me enlouquecer.
Fui até o closet imenso e peguei a primeira cueca que vi, junto de
uma bermuda. Nã o me dei ao trabalho de vestir uma camisa e desci de
novo, agora vestido, para encontrar minha ex-colega de universidade.
Eu nã o acreditava que poderia ser uma brincadeira de mau gosto.
Pelo que eu me lembrava de Dakota, ela era séria demais para esse tipo
de pegadinha. Nã o, se ela estava dizendo que aquele bebê era minha
filha é porque acreditava naquilo. O que eu nã o sabia era se eu mesmo
acreditava. Mas achava que ela nã o iria chegar até minha casa assim, do
nada, se nã o tivesse como provar o que estava falando.
— Dakota, desculpa, mas... dá para contar isso direito? Você
aparece na minha porta, depois de anos sem nos vermos, com uma bebê
no colo e me diz que a menina é minha filha. Você nã o acha que vou
acreditar nisso assim do nada, né? — questionei, assim que me vi em
sua presença outra vez.
Ela suspirou, passou a bebê de um braço para o outro e remexeu
na bolsa da menina, tirando de lá dois envelopes.
— Olha, a Margot deixou essas cartas... acho melhor você ler. Uma
delas é para a Amber, mas nã o vai fazer mal se der uma lida — disse e
me estendeu os papéis.
Lembrei-me de imediato da garota ruiva e bela que conheci na
faculdade, que me encantou ao primeiro olhar, mas que me deixou sem
chã o quando falou que poderia estar grávida naquela época. Tive a
reaçã o mais babaca que poderia naquela idade, quando disse a ele que
fizesse um aborto. Por sorte, naquela ocasiã o foi um alarme falso, mas
achei melhor me afastar dela. Acredito que nunca me perdoaria se ela
estivesse mesmo esperando um filho meu e o abortasse.
Com receio do que iria encontrar, peguei os envelopes e abri o
que estava endereçado a mim.
“Aidan,
Se você estiver lendo esta carta, significa que algo aconteceu comigo e que
agora é o único que pode cuidar de Amber, legalmente falando.
Nunca foi minha intenção procurar você por algo que fizemos juntos, pois
ainda lembro do que aconteceu conosco na universidade. Porém, não
posso deixar minha filha... nossa filha... desamparada.”

A carta começava dessa forma, e mencionava a noite que


passamos juntos há cerca de um ano e meio atrá s. Eu quase nem me
lembrava mais disso, na verdade. Foi um erro dormir com Margot outra
vez, mas a bebida falou mais alto quando a encontrei naquela boate, tã o
bela quanto nos tempos de faculdade. Pelo visto, eu precisava diminuir a
bebida daqui para frente, se nã o quisesse que outras mulheres
aparecessem alegando terem filhos comigo — nã o que já nã o tivesse
acontecido; sempre havia aquelas que queriam dar o golpe em um cara
famoso como eu.
Quando acordei no dia seguinte e me dei conta da merda que
fizera, fui outra vez um babaca com ela; nã o me orgulhava disso. Desde
entã o, Margot nunca mais me procurou nem nos encontramos por acaso
em lugar algum. Era ó bvio que eu nem desconfiava que ela pudesse ter
engravidado, até porque sempre usava camisinha em minhas transas
sem compromisso. Resolvi dizer isso em voz alta.
— Essa menina nã o pode ser minha, Dakota... a gente usou
preservativo naquela noite.
Ela me encarou, erguendo uma sobrancelha.
— Vai me dizer que você nã o sabe que camisinhas podem falhar,
Aidan?
— Claro que eu sei, poxa, nã o sou idiota! Mas... sempre tive muito
cuidado e... — Dakota me olhou como se eu fosse, sim, um idiota e isso
me irritou. — Olha, eu nã o sou o pai desse bebê, tá legal? Nã o é por
causa de uma carta que eu vou assumir uma responsabilidade que nã o é
minha.
— Como nã o é sua? A menina é a sua cara, Aidan! É sua versã o
feminina em miniatura! Da mã e, só herdou os cabelos ruivos! —
retrucou, brava. — Vai se negar a ficar com ela?
— Ela já tem você, oras! Pelo que diz aqui na carta, você é
madrinha dela. Nã o precisa de mim. Eu nem sei o que fazer com um
bebê!
— Além do pai ser você, nã o tenho como ficar com Amber, apesar
de amá -la como a uma filha. Preciso trabalhar, sou sozinha no mundo,
nã o tenho rede de apoio alguma para cuidar dela.
Foi entã o que me lembrei de Margot ter comentado comigo, na
época que saíamos juntos, que Dakota e ela eram ó rfã s.
— Ainda por cima, é preciso que você regularize a certidã o de
nascimento dela, senã o o Serviço Social pode tomá -la de você! — ela
completou.
— Eu nã o vou ficar com bebê nenhum! — falei alto e claro,
cruzando os braços na altura do peito.
— Nã o vai?
— Nã o.
Dakota, entã o, sentou-se muito à vontade no sofá , com a menina
no colo.
— Se você nã o assumir sua filha, vou ligar para todos os
repó rteres que puder e contar que o grande Thunder está rejeitando a
pró pria cria. E digo mais... só saio daqui quando você concordar em ficar
com ela. Meu emprego já está por um fio, mesmo... — Jogou os ombros,
como se isso nã o tivesse a mínima importâ ncia. — Vai pagar pra ver,
Aidan?
A mulher era infernal! Dei um soco no ar, aborrecido, dei meia-
volta e subi as escadas atrá s do meu celular. Localizei o aparelho nas
roupas jogadas no chã o, resultado da noite de orgia. De imediato,
mandei uma mensagem para os meus amigos do OTB, pedindo socorro.
Depois, disquei o nú mero do meu empresá rio. Afinal, eu pagava uma
fortuna para Luke, ele tinha que resolver os problemas por mim.

Os caras nã o demoraram a aparecer em casa. Um a um, foram


chegando, usando a senha da porta para entrarem. Eram meus vizinhos
no condomínio, por isso quando algum de nó s precisava de ajuda
imediata, chamava pelo grupo e quem podia, atendia. Dei sorte de todos
estarem livres naquela manhã .
Stanley, Kenneth e Brandon eram meus colegas no New York
Wolves e meus melhores amigos. Nosso grupo se chamava OTB por
causa disso: Only the Best — Apenas os melhores — amigos ou
jogadores, enfim, ficava livre para interpretaçã o de quem quisesse.
— E aí, Thunder, qual é a emergência em um sá bado de manhã ?
— perguntou Brandon.
Eu apenas mostrei a mulher e a bebê na minha sala. A essa altura,
Dakota estava agindo como se a casa fosse dela: invadiu minha cozinha
para aquecer leite para a menina, trocou outra fralda em cima do meu
sofá ... tudo com a maior calma possível, como se tivesse todo direito de
estar ali.
— Nã o vai me dizer que a menina é sua! — disse Stan, rindo
como se fosse a piada do século. Só quando eu continuei sério e nã o
respondi foi que ele parou de rir, arregalando os olhos. — A bebê é sua?!
Brandon cruzou os braços e ficou apenas analisando a situaçã o,
como era do seu feitio. Notei seus olhos correrem da criança para os
porta-retratos espalhados pelos mó veis, talvez buscando uma
semelhança. Algo meio difícil de achar, pois eu tinha certeza de que eu
nã o me parecia em nada com a garotinha no colo de Dakota.
— Ela é a mã e da menina? — questionou Ken, indicando a
mulher com o queixo.
Dakota nã o se deixou intimidar pela presença de mais três
homens, grandes como armá rios, em minha casa.
— Nã o, nã o sou a mã e. Sou a madrinha dela. A mã e faleceu —
explicou ela.
Chamei os caras com a mã o e nos fechamos em uma rodinha,
como fazíamos quando estávamos em campo, para combinar as tá ticas.
Ali, expliquei por alto o que estava acontecendo.
— Ela deve estar delirando, eu nã o posso ser o pai de um bebê,
cara! — desabafei, depois de contar tudo, até sobre a carta de Margot.
Eles tentaram me dar apoio, mas o melhor a fazer era mesmo
esperar que Luke aparecesse. Enquanto isso nã o acontecia, eles ficaram
comigo, vigiando as duas intrusas.
Quando meu empresá rio por fim passou pela porta da casa,
Dakota estava sentada no tapete, usando um urso de pelú cia desbotado
para brincar com a menina, conversando como se a criança entendesse
tudo e ela compreendesse os balbucios em resposta.
— O que houve para que você me chamasse cedo em um sá bado,
Thunder? — perguntou o homem que eu empregava já há alguns anos.
Com um aceno de cabeça, ele cumprimentou meus amigos. Já estava
acostumado a vê-los em minha casa, nas mais diversas ocasiõ es.
— Na verdade, sã o dois problemas que preciso que resolva para
mim, Luke. Mas o mais urgente é aquele ali. — Saí da frente para que ele
pudesse ver a loira sentada no meu tapete e a bebezinha em seu colo.
Ele arregalou os olhos.
— Nã o vai querer dizer que a menina é sua filha...
— Sua capacidade de deduçã o me espanta — falei, irô nico.
— Eu falei para você tomar cuidado com a quantidade de
mulheres com que sai, Thunder!
— Nã o vem me dar sermã o, Johnson! Nem sei se a menina é
mesmo minha filha! — Ergui um pouco a voz.
Foi o que bastou para os ouvidos de tuberculoso de Dakota
escutarem o que eu havia dito e ela levantar-se, já com a expressã o
irritada.
— Eu já falei que Amber é sua filha, sim! Será possível que terei
que cumprir minha ameaça? — reclamou, já procurando o celular no
bolso.
— Que ameaça? — questionou Luke, desconfiado. — Você é a
mã e da menina?
— Nã o, nã o sou. A mã e dela era minha melhor amiga e faleceu há
poucos dias — respondeu e notei que repetir aquilo a magoava. — Eu
disse que chamaria os repó rteres e contaria que ele rejeitou a pró pria
filha — falou, apontando para mim.
— Calma, nada de imprensa! Vamos resolver isso — Luke tomou
a frente da situaçã o.
Fiz as devidas apresentaçõ es e expliquei a ele minha versã o dos
fatos, no que fui bastante contestado por Dakota. Dava para ver que meu
empresá rio queria estar em qualquer lugar naquela manhã , menos no
meio daquele fogo cruzado. Meus amigos tentaram mediar a situaçã o,
mas a mulher era um pé no saco.
Por fim, Dakota estendeu para meu empresá rio as cartas que
trouxe e Luke se acomodou na sala para ler. Depois que o fez, me
encarou, sério:
— Você esteve mesmo com essa moça, Margot, como ela relata
aqui?
— Er... sim. Ela era uma ex-namorada... foi uma recaída, e...
— Usou preservativo?
— Claro que sim! — respondi, revoltado. Eu nã o era mais
nenhuma criança, sabia me cuidar.
Luke fechou a cara, resoluto.
— Thunder, nã o se preocupe, vou resolver isso agora mesmo... —
Digitou algo em seu celular e depois, voltando-se para Dakota, disse: —
Senhorita Davies, acho melhor voltar para sua casa com a menina. Logo
mais, irei encontrá -la lá , para acertamos as questõ es referentes à
criança.
— Como assim? — questionou Dakota, surpresa.
— Sua ameaça nã o nos assusta e, se quer resolver as coisas de
maneira amigável, é melhor fazer o que digo. — Aproximou-se dela e
estendeu seu cartã o de visitas. — Se eu nã o estiver em seu endereço
dentro de duas horas, no má ximo, pode cumprir o que prometeu. Por
ora, já chamei um tá xi para que a leve até seu endereço. Anote-o aqui
para mim, sim?
Assustada com a firmeza de Luke, ela nã o hesitou em obedecer.
Anotou as instruçõ es de como chegar ao local em que morava e, em
seguida, foi conduzida por ele, nã o sem protestar, até a porta de entrada.
Meus amigos apenas ficaram olhando, acostumados aos métodos do
meu empresá rio de resolver as questõ es mais complicadas,
principalmente quando eu aprontava algum escâ ndalo relativo a
mulheres e bebidas.
Somente quando Dakota partiu em um tá xi amarelo, foi que Luke
voltou para dentro de casa e nos encontrou jogados cada um em um
assento do sofá . Olhamos para ele em expectativa, esperando que ele nos
apresentasse uma soluçã o para o problema chamado Amber.
— Que maravilha de problema você foi me arrumar, hein,
Thunder? — reclamou meu empresá rio, me encarando com seriedade.
Ele andou de um lado para o outro, pensativo. Quando pareceu
chegar a alguma conclusã o em sua mente, parou e colocou as mã os na
cintura, meio aborrecido, antes de suspirar e dizer:
— Olha, o melhor a fazer é tirar essa dú vida de uma vez. Vou ligar
agora para um laborató rio e pedir que venham até aqui fazer a coleta de
uma amostra do seu DNA, para tirarmos essa histó ria a limpo. Depois,
vou fazê-los coletar da menina. Se ficar constatado que a garotinha é
mesmo sua, nã o terá outro jeito a nã o ser assumir a paternidade. Nã o vai
pegar bem para você recusar, Thunder! — afirmou Luke, assim que se
sentou em uma das poltronas na sala, encarando a mim e aos meus
amigos.
Se o tal exame comprovasse que a menina era mesmo minha, eu
assumiria a responsabilidade, claro. Nunca iria abandonar uma filha,
deixá -la sozinha no mundo. Eu só nã o estava querendo aceitar a situaçã o
tã o fá cil assim, pois era um choque para mim, e eu ainda estava com o
cérebro cheio de resquícios de todo o á lcool que ingeri na noite anterior.
Sem falar que, poxa... a menina tinha seis meses. Por que Margot nã o me
procurou quando estava viva? Tudo bem que havia todo nosso histó rico
ruim para depor contra mim, mas nã o acreditava que eu fosse uma
pessoa má a ponto de renegar minha pró pria filha.
Deixei que Luke fizesse os telefonemas necessá rios, enquanto
passava um café na cozinha, para meus amigos e eu. Assim que
terminou, o homem veio atrá s de nó s.
— Além de madrinha, o que a mulher é da menina? Dakota, nã o
é? — foi logo perguntando.
— Ela e Margot moravam juntas, desde os tempos de faculdade,
pelo que entendi. As duas eram ó rfã s, sabe.
— Entã o nã o há parentesco entre a criança e Dakota.
— Nã o, mas ela parece se dar muito bem com a menina, o que é
natural, visto que a conhece desde que nasceu — comentei. — Mas
Dakota já disse que nã o pode ficar com a menina, que o emprego dela
está por um fio...
— Hum... — Pensativo, Luke coçou o queixo, no qual
despontavam alguns fios de barba. — Já que ela está quase perdendo o
emprego, mesmo... por que nã o oferecemos um a ela?
— O quê?!
— É ... seria a soluçã o perfeita! Você teria alguém para cuidar da
menina em tempo integral, e seria uma pessoa que a conhece melhor do
que ninguém, enquanto o resultado desse exame nã o sai — disse ele, os
olhos brilhando como se tivesse inventado o cuspe sintético. — Vou
contratar Dakota para cuidar da menina, desde que ela a mantenha bem
longe de você — informou ele.
Nã o demorou quase nada, e o pessoal do laborató rio apareceu
para fazer a coleta da minha amostra genética. Assim que eles se foram,
Luke também saiu, dizendo que iria resolver o “problema Amber”. Fiquei
sozinho com meus amigos.
— Cara, eu sei que você confia no Luke e que ele sempre resolveu
todas as suas cagadas, mas acha mesmo que essa é a melhor forma de
resolver essa questã o? — perguntou Kenneth.
— Nã o sei. De verdade, estou muito perdido com tudo isso —
confessei. — Das outras vezes que apareceram mulheres dizendo que
estavam esperando ou que tinham tido filhos comigo, nã o hesitei nem
um segundo, pois sabia que nã o havia a mínima possibilidade de ser
verdade. Porém, dessa vez...
— E se a menina for mesmo sua filha? — questionou meu amigo
Brandon, que era pai de uma garotinha de 7 anos. — Você vai perder
todos os melhores momentos com ela, se deixar que seu empresá rio a
afaste assim de você.
— Cara, eu nã o faço a mínima ideia de como ser um pai! Só sei
jogar, farrear e levar essa vida louca que levo. Nã o me imagino cuidando
de uma criança — retruquei.
— A gente nunca está preparado. Apenas acontece e você tem
que dar o melhor de si. É simples, assim. — falou ele. — Só posso dizer
do que sei, e o que sei é que nã o trocaria nada no mundo pelos
momentos que passei com a minha filha.
— Se você tá na dú vida dessa vez e acha que a menina pode ser
sua, corra atrá s, pô ! — comentou Stanley. Ele viu o pedaço de papel
sobre a mesa de jantar e apontou a ele. — Olha, aqui tá o endereço que a
Dakota deixou. Por que você mesmo nã o vai até lá , e resolve essa
questã o? O Luke pode resolver tudo da melhor maneira para preservar
sua carreira, mas você pode se arrepender depois, se essa menina for
mesmo sua.
— E ainda tem o lance da menina estar correndo o risco de ir pra
adoçã o — lembrou Ken.
— Melhor eu ir ver isso, né? — perguntei, coçando a cabeça,
ainda na dú vida e sem querer aceitar tudo que acontecera nesse pouco
tempo desde que estava na cama com as duas gostosas.
Meus amigos cruzaram os braços, como se tivessem ensaiado o
movimento, e acenaram com a cabeça, me mandando ir. Foi o que eu fiz.
No tá xi, a caminho do apartamento, eu apertava uma Amber
quentinha em meu colo, e tentava nã o cair em lá grimas. Sério mesmo
que fui colocada pra fora da casa de Aidan por seu empresá rio? Sem
conseguir garantir o futuro da minha princesa? Meu coraçã o estava
doendo e eu sentia que havia falhado com Margot em proteger sua filha.
A ú nica coisa que me restava era esperar que o tal Luke
cumprisse o que prometera e aparecesse em minha casa no tempo que
dissera. Senã o, iria mesmo procurar os repó rteres. Eu nem conhecia
nenhum, mas daria um jeito de colocar a boca no trombone!
Antes que o empresá rio de Aidan aparecesse, uma moça de um
laborató rio conceituado na cidade bateu à minha porta, informando que
viera a mando dele, para coletar a amostra de DNA de Amber. Isso já me
deixou um tanto aliviada, pois ao menos ele estava tomando alguma
providência para com a minha princesa. Se ele estava preocupado em
fazer um teste de paternidade, que eu sabia que daria positivo,
significava que a questã o da minha afilhada nã o iria ficar sem soluçã o.
Depois que ela saiu, nã o demorou muito e o pró prio Luke
apareceu, durante a soneca da minha princesa. Ele nã o me parecia ser
má pessoa, mas nã o despertou minha simpatia imediata. Sabia que sua
preocupaçã o era com a reputaçã o e a carreira de Aidan, e que ele faria o
possível para proteger ambas. Só que eu nã o desistiria de lutar pelos
direitos de Amber, nem deixaria que ela fosse levada para um orfanato
de jeito nenhum. Se eu precisasse acampar na porta do meu ex-colega de
universidade até que ele a reconhecesse como sua filha, eu o faria.
O empresá rio entrou em meu apartamento, olhando tudo ao
redor, mas nã o consegui ler em sua expressã o qual sua reaçã o ao lar
humilde que era o nosso.
— Bem, Senhorita Davies... o laborató rio já deve ter passado por
aqui, nã o? — questionou ele, apó s os cumprimentos. Confirmei com um
aceno de cabeça. — A amostra de Thunder também já foi colhida e logo
o resultado deve ficar pronto. Enquanto isto nã o acontece, tenho uma
proposta a fazer.
— Gostaria de sentar? — perguntei, com educaçã o. — Posso
oferecer um café, um suco?
— Nã o há necessidade. Eu serei rá pido — disse ele, dispensando
meus oferecimentos. — Precisamos de alguém para cuidar da menina
enquanto o resultado do exame nã o sai, pois, até lá , vamos pressupor
que Amber seja mesmo filha de Thunder.
Uma sensaçã o de alívio me inundou, mais do que quando a moça
do laborató rio apareceu.
— Nem ele, nem eu entendemos nada de bebês e a garotinha
parece se dar bem com você. Além do mais, precisamos mantê-la longe
da mídia — disse o empresá rio de Aidan. — Por isso, Thunder e eu
pensamos que você é a pessoa mais indicada para cuidar dela, enquanto
nã o temos a certeza da paternidade.
— Por mais que eu ame Amber, e eu amo, nã o tenho como aceitar.
Eu já tenho um emprego, para o qual preciso voltar na segunda-feira.
— Você trabalha com quê? — perguntou o homem.
— Sou operadora de telemarketing — falei, empinando o nariz.
Nã o tinha orgulho de estar trabalhando em algo aquém da minha
capacidade, mas nã o ia parecer fraca diante dele.
— Thunder está te oferecendo um valor alto, desde que você
deixe seu atual emprego, Srta. Davies — explicou o empresá rio. — Cinco
mil dó lares até sair o resultado do teste de DNA.
Arregalei os olhos diante da quantia. Era muito dinheiro! Quando
a esmola era muito grande, o santo desconfiava...
— Quanto tempo demora um exame desses para ficar pronto? —
questionei, cautelosa.
— Cerca de duas semanas.
Me controlei para nã o deixar meu queixo cair. Ele estava me
oferecendo cinco mil dó lares por apenas duas semanas de trabalho?
— E depois? — questionei, raciocinando os pró s e os contras de
aceitar.
— Depois o quê? — Luke questionou e dava para ver pela sua
expressã o que ele nã o entendia o motivo de eu ainda nã o ter aceitado
sua generosa proposta.
— Eu fico como? Você quer que eu largue meu emprego, que bem
ou mal, me sustenta. Dinheiro acaba, Sr. Johnson! — falei, nervosa.
Minha mã o estava tremendo, mas escondi-a atrá s das costas. — Olha, é
melhor vocês procurarem outra pessoa... Eu nã o posso deixar meu
trabalho assim.
— Entendo... você quer uma garantia. — Ele coçou a barba
praticamente inexistente. — O que posso fazer é te conseguir um
emprego, apó s esse período. Tenho contatos em diversos setores do
comércio e da indú stria e...
— Eu sou formada em Pedagogia — lancei a informaçã o. Se
aquilo era um jogo para ele, e tudo me indicava que sim, eu teria que
saber jogar, para nã o ficar desamparada depois. — Quero trabalhar na
minha á rea.
Ele me encarou, pensativo. Dava até para ver a fumacinha saindo
do seu cérebro, enquanto o homem raciocinava. Por fim, me disse:
— Ok, eu tenho conhecidos em uma escola primá ria, onde posso
conseguir uma colocaçã o para você. Desde que cuide da menina em
tempo integral, primeiro, e a mantenha afastada dos holofotes.
— Quanto a isso, acho que nã o haverá problema. Nã o pretendo
expor minha afilhada para o circo da mídia, a nã o ser que vocês nã o
cumpram suas promessas — ameacei, estreitando os olhos.
— Pode ficar tranquila, faremos nossa parte. Estamos
combinados? — disse e estendeu a mã o.
Apertei a mã o dele, que era firme e segura. Passava confiança.
Depois que nos despedimos, Luke Johnson nã o demorou a sair do
meu apartamento. Assim que fechei a porta apó s sua passagem, me
escorei nela, escorregando até o chã o. Ainda me sentia trêmula de
nervoso.
Quando eu imaginaria que minha vida daria uma guinada como
deu? De repente, eu estaria sendo paga para cuidar da minha afilhada e,
depois que o tal exame ficasse pronto, conseguiria uma colocaçã o para
trabalhar mais uma vez na minha á rea de formaçã o. Meu coraçã o batia
descompassado em meu peito, diante da possibilidade.
Eu sabia que nã o havia possibilidade do resultado negar a
paternidade de Aidan, entã o sabia que, depois dele, minha afilhada teria
sua segurança garantida, sem correr o risco de ser enviada a um
orfanato. Estava pronta para enfrentar seu pai mais uma vez, para que
pudesse participar da vida dela de alguma maneira, mas a
responsabilidade de criá -la era dele. Claro que ajudaria no que fosse
possível, até porque nã o esperava que ele soubesse o mínimo sobre
cuidar de crianças, mas ele precisava assumir seu papel de pai.
Quando minhas pernas estavam mais firmes, me levantei para
preparar o almoço de Amber: legumes cozidos em caldo de carne e
cortados em pedaços que ela pudesse pegar com suas mã ozinhas e levar
à boca. Seria uma lambança, mas ela precisava começar a usar os três
dentinhos que tinha na boca e comer coisas só lidas.
Lembrando-me disso, antes de qualquer coisa, me troquei e
coloquei uma camiseta velha, com um short desfiado na barra. Arrumei
os cabelos em um coque desleixado e fui para a cozinha.
Tinha acabado de cortar os legumes e colocá -los na panela,
quando ouvi uma batida à minha porta. Quem poderia ser, agora? Só
esperava que nã o fosse o senhorio, me cobrando o aluguel mais uma vez.
Enxuguei minhas mã os em um pano de prato e me dirigi à porta,
diante das batidas insistentes. A criatura do outro lado iria acabar
acordando Amber antes da hora, com o barulho.
Aborrecida com essa ideia, nem olhei pelo olho má gico. Somente
escancarei a porta e dei de cara com a ú ltima pessoa que imaginaria
encontrar na porta do meu apartamento: Aidan “Thunder” Kingston.
Quando cheguei ao prédio em que Dakota morava, me surpreendi
e nã o foi de maneira positiva. Como ela podia morar em um lugar tã o
decrépito?
O lugar nã o tinha segurança alguma, qualquer pessoa podia
entrar e sair do edifício quando quisesse. Apenas um portã o velho
separava o interior do exterior, o qual atravessei sem precisar dar
satisfaçõ es a ninguém. A porta do prédio tinha venezianas quebradas,
possibilitando que alguém enfiasse a mã o para dentro e girasse o trinco
para entrar, que foi exatamente o que eu fiz.
Na parte interna, o cheiro de mofo era forte e a pintura
descascada nã o ajudava a melhorar o aspecto do local. Fui subindo os
degraus até o terceiro andar com cautela, com receio de pisar em algo
que grudasse no meu tênis caro e nunca mais saísse, pois aquele carpete
que cobria a escada era bastante duvidoso.
Diante da porta que deveria ser a de Dakota, parei e observei que
nã o havia segurança extra alguma para proteger quem morava ali.
Apenas uma fechadura simples, que nã o seguraria nenhum malfeitor.
Estava horrorizado com as condiçõ es em que minha ex-colega de
universidade morava. Como alguém tã o inteligente como ela poderia
nã o ter vencido na vida e estar morando em um local tã o ruim? Eu nã o
conseguia entender.
Tentei colocar uma expressã o neutra no rosto, uma que nã o
demonstrasse tudo que sentia ao ver as condiçõ es daquele lugar, e bati à
porta à minha frente.
Demorou um minuto ou dois para que ela viesse abrir e, quando
o fez, uma Dakota bem diferente da que esteve em minha casa me
recebeu. Ela agora parecia combinar com o desleixo do prédio em que
morava: usava uma blusa velha, larga e que tinha até alguns furinhos
causados por traças; um short todo desfiado na barra, como se tivesse
sido cortado de uma calça velha; estava descalça e o cabelo estava preso
para cima em um coque, que mais parecia um ninho de pomba bêbada.
Talvez por causa disso, eu tenha reparado em duas coisas que
mais cedo eu nã o havia notado: ela nã o usava mais ó culos, deixando os
olhos verdes bem evidentes, e o aparelho que usava no tempo da
faculdade desapareceu. Deu para entrever bem quando ela me
cumprimentou:
— Aidan? O que está fazendo aqui? Seu empresá rio saiu nã o faz
muito tempo.
— Er... oi! Posso entrar?
— Ah. Claro, claro — disse, me dando passagem por um corredor
estreito que se abria em uma sala pequena, guarnecida com um sofá
velho, uma TV de tubo posicionada em cima de uma mesa pequena e um
varal de chã o, colocado logo abaixo da ú nica janela do lugar.
Com apenas uma olhada, vi que nã o havia a menor condiçã o dela
continuar ali com a minha suposta filha. O lugar era pequeno, apertado e
nã o oferecia uma boa condiçã o para uma criança viver.
Eu vinha de uma família humilde, mas nunca vivi em uma
condiçã o tã o ruim quanto a que Dakota vivia agora.
Tentei esconder minhas reaçõ es ao lugar, mas acho que nã o fui
bom o suficiente, pois nã o demorou nada para Dakota colocar as mã os
na cintura e me encarar, com cara de brava:
— O que foi? Minha casa nã o é digna do grande quarterback
Thunder Kingston?
Ela foi tã o irô nica, que nã o consegui me controlar.
— Isso aqui é um pardieiro, Dakota! Como consegue viver aqui?
Com uma criança, ainda por cima?
— Diferente de você, que tem rios de dinheiro para gastar, esse
lugar é o que consigo pagar com o suor do meu trabalho — retrucou ela,
belicosa.
Neste momento, ouvimos uma batida à porta. Ela fez uma careta
e me deixou plantado no meio da sala para ir atender. Nã o pude deixar
de ouvir a conversa, claro.
— Srta. Davies, é melhor ter o dinheiro do aluguel até a pró xima
quinta-feira, senã o vocês terã o que desocupar o apartamento. É meu
ú ltimo aviso! — dizia um homem calvo e barrigudo, que pude ver
através da porta aberta.
— Isso nã o vai acontecer, Sr. Hoffman. Até lá , eu juro que terei seu
dinheiro — prometeu a mulher, aflita. Vi quando ela olhou para trá s, em
minha direçã o, receosa e envergonhada.
O homem à porta acompanhou seu olhar e me encarou. O brilho
do reconhecimento preencheu seu olhar.
— Espere! É o Thunder Kingston que está na sua casa? —
perguntou o enxerido.
Resolvi me adiantar.
— Sim, sou eu mesmo. Hoffman, nã o é?
A expressã o do homem se transformou. De irritado e belicoso,
passou a se mostrar deslumbrado. Eu estava acostumado a ver
transformaçõ es do tipo acontecerem ante a minha presença.
— Sr. Kingston, sou seu fã ! — disse ele e pude perceber quando
Dakota revirou os olhos. — O senhor esteve incrível no ú ltimo jogo e...
— Gostaria de um autó grafo? — ofereci, para cortar conversa.
— Poderia autografar minha camisa? — perguntou ele e virou de
costas para que eu assinasse a roupa que vestia.
— Tem uma caneta, Dakota? — perguntei a ela, que acenou com a
cabeça e foi buscar uma.
— De onde conhece a Srta. Davies? Nunca imaginei que minha
inquilina conhecesse alguém famoso!
— Fomos colegas na universidade. — Foi a minha explicaçã o. Nã o
daria detalhes da minha vida para aquele homem.
— Eu nem sabia que ela havia feito faculdade — respondeu ele,
surpreso.
Dakota retornou com um canetã o preto e eu coloquei minha
assinatura na camisa do homem. Tinha certeza de que nunca mais ele
iria lavá -la, eca!
— Agora, se o senhor nos der licença, Dakota e eu temos muito a
conversar. Relembrar os tempos da faculdade, sabe como é — eu disse,
querendo que o homem fosse embora.
— Claro, claro! Srta. Davies, vou lhe dar mais uns dias, tudo bem?
Pode me pagar até semana que vem — disse o homem, se achando o ser
mais generoso da face da Terra.
Quando ele saiu, ainda encantado com o autó grafo, Dakota se
apressou a trancar a porta. Eu voltei para a sala, com ela logo atrá s de
mim.
— Entã o, Aidan, o que veio fazer em minha casa? Com certeza,
nã o foi para relembrar os tempos de faculdade, como disse ao meu
senhorio — questionou a mulher, de braços cruzados.
— Posso me sentar? — perguntei, já batendo no assento do sofá
velho com as mã os.
Me acomodei e cruzei o tornozelo no joelho da outra perna.
Dakota me encarava com impaciência. Percebi que ela estava fumegando
já , em especial depois de eu ter limpado o sofá antes de me sentar.
— Eu vim ver onde você e minha suposta filha vivem — falei, com
toda calma que pude imprimir à voz. — E estou achando as condiçõ es
péssimas.
— Suposta filha? Amber é sua filha! O exame vai comprovar, você
vai ver! — retrucou, aborrecida. — Quero ver você conseguir manter
tudo limpo e arrumado cuidando de uma criança sozinho, além de ter
que providenciar um funeral.
Senti que peguei pesado, mas achei melhor fazer de conta que
nã o dei atençã o à justificativa dela quanto à sujeira no apartamento,
para nã o piorar mais a situaçã o.
— Sim, o exame... acredito que meu empresá rio tenha oferecido
um valor para que você cuide da menina enquanto o resultado nã o sai,
nã o foi?
— Ele ofereceu, sim, e eu aceitei. Vou ter que sair do meu
emprego, pois é para ficar com Amber em tempo integral — informou
ela, ainda de braços cruzados. — E mantê-la longe da imprensa.
— Hum... ele quer que você cuide da menina aqui? — perguntei,
espantado.
— Onde mais seria, Aidan? É claro que é aqui. Nó s moramos aqui,
se esqueceu?
— Eu dobro o valor que ele te ofereceu, desde que vocês duas
venham morar comigo — afirmei, impulsivo. De jeito algum iria deixar
as duas nesse lugar inseguro.
— Como é? Você sabe quanto ele me ofereceu?
— Nã o, e nã o me importo. Eu dobro.
— Você enlouqueceu! Aidan, o seu empresá rio me ofereceu cinco.
Mil. Dó lares!
— Dez mil nã o sã o nada pra mim, Dakota. Andei olhando as
coisas enquanto subia até aqui. Esse prédio nã o tem segurança
nenhuma! Se essa menina for mesmo minha filha, é meu dever zelar por
sua integridade física — rebati.
— Eu já disse que Amber é sua filha! Nã o vê que a menina é a sua
cara?!
— Desculpe, nã o acho que ela seja parecida comigo, mas o exame
vai dizer a verdade. Enquanto isso, nã o sou um monstro para deixar
vocês duas desamparadas nesse lugar, que nem uma tranca decente na
porta tem!
Percebi que ela ficou nervosa e começou a andar de um lado para
o outro, ao ver que eu estava falando sério.
De repente, um cheiro de comida começou a permear o ar do
apartamento. Dakota parou de perambular e correu até a cozinha. Me
levantei e fui atrá s. Mais um cô modo minú sculo, o que nã o me
surpreendeu.
Ela desligou o fogo de uma panela com legumes cozidos em um
caldo marrom.
— O que é isso?
— O almoço de Amber. Daqui a pouco, ela vai acordar com fome.
— E você, vai comer o quê?
— Ah, eu me viro depois com o que tiver na geladeira.
Sem cerimô nia alguma, me espremi no ambiente apertado e abri
a porta da geladeira, apenas para constatar o que eu já imaginava: estava
quase vazia.
— Ei, o que está fazendo? — reclamou ela, fechando a porta na
minha frente.
— Constatando que nã o tem almoço para você.
— Você nã o tem o direito de chegar na minha casa e...
— Olha, arruma as coisas de vocês e vamos para a minha casa,
ok? Vocês duas vã o ficar melhor lá do que aqui — falei, cansado de
brigar com ela. — Se você for rá pida, ainda vai dar tempo de dar o
almoço da menina quando chegar lá , com mais comodidade.
— Só porque você está me oferecendo o dobro do que seu
empresá rio prometeu? — questionou ela, magoada. — Eu nã o sou uma
indigente, sabia?
— Dakota, nã o estou falando nada disso. Sei que você consegue
se virar, mas estou pensando na criança, neste momento. — Tentei ser
razoável.
— E se o resultado do teste comprovar que ela é mesmo sua
filha? Seu empresá rio ficou de me conseguir um emprego na minha á rea.
— Olha, quanto a isso... se ela for mesmo minha filha, eu vou
precisar da sua ajuda, ao menos por algum tempo... eu nã o faço a
mínima ideia de como cuidar de uma criança, Dakota! Vai correr o risco
de me deixar sozinho com ela? Eu posso te oferecer esse mesmo valor
por alguns meses, até que as coisas estejam sob controle. Quando isso
acontecer, eu mesmo consigo um trabalho para você, prometo! — Dei
minha ú ltima cartada.
Ela pareceu pensar e pensar. Voltei à sala e me sentei de novo no
sofá velho, para que ela pudesse refletir sobre o que eu ofereci em paz.
Daí a pouco, ela veio da cozinha.
— Olha... eu gostaria de poder dizer que cuidaria da minha
afilhada de graça, por causa do amor que tenho por ela. Mas... você está
certo, minha situaçã o nã o está tã o boa que possa negar dinheiro, e o que
recebo no meu emprego atual nã o chega nem perto do que vocês estã o
me oferecendo — disse Dakota, envergonhada. De onde eu estava
sentado, podia ver o rubor nas suas faces. — A gente vai com você.
— Perfeito! Arrume apenas o essencial. Vou comprar tudo o mais
que ela precisar, nã o compensa levar daqui. Enquanto você faz isso, vou
acertar as pendências de aluguel que você tem com seu senhorio. Nã o
quero que o homem pense que você saiu fugida aqui do apartamento.
Ela arregalou os olhos e corou ainda mais. Depois, engoliu em
seco, olhando para o teto. Eu tinha certeza de que estava se controlando
para nã o derramar algumas lá grimas.
— Qual o apartamento dele? — perguntei.
Assim que ela me respondeu, me levantei de onde estava.
— Vou até lá . Irei aproveitar para rescindir seu contrato de
aluguel, ok?
Ela balançou a cabeça, concordando, ainda sem conseguir falar
nada.
Saí do seu apartamento, para que ela tivesse um pouco de
privacidade para arrumar as coisas dela e da menina, e desci dois
andares de escada, a fim de ir bater na porta do Sr. Hoffman.
Demorei algum tempo lá , mas saí com tudo acertado: Dakota nã o
devia mais nada e ainda teria mais um mês para retirar do apartamento
tudo que achasse necessá rio. Depois eu mandaria alguém vir aqui
encaixotar tudo para ela e levar para minha casa. Havia bastante espaço
lá .
É claro que Luke teria que vir até aqui outra vez para formalizar
tudo e garantir que o senhorio de Dakota mantivesse a boca fechada.
Bendito termo de confidencialidade com multa astronô mica para quem
o violasse.
Quando subi de volta ao terceiro andar, ela me esperava na sala
com duas malas, a neném e a indefectível bolsa com a ursinha coroada.
Estavam prontas para partir comigo.
— Durante a semana, daremos um jeito de você vir até aqui para
buscar quaisquer outras coisas que precise ou queira levar. Mas, para cá ,
vocês nã o voltam, independentemente do resultado do exame, ok? —
falei, e ela concordou com a cabeça.
— Obrigada, Aidan — ela agradeceu, com a voz sumida. — Eu
deixei algumas caixas separadas, de coisas que podemos precisar mais
para frente. Se alguém puder buscar...
— Nã o precisa agradecer, Dakota. Mesmo que você nã o quisesse
me ver nunca mais, jamais me esqueci do tanto que me ajudou na
faculdade. Estou apenas retribuindo um pouco — falei e peguei as
malas, uma em cada mã o. — Quanto à s caixas, eu peço para meu
empresá rio buscá -las depois.
Saímos daquele prédio, daquela decadência, em direçã o ao meu
condomínio, no qual, eu esperava, conseguiríamos conviver em
harmonia.
Eu nã o sabia onde estava com a cabeça: trazer um bebê para
minha casa, para viver sob meu teto 24 horas por dia. E, além dele,
Dakota Davies, a mulher que nunca mais queria me ver na vida!
Tentei nã o pensar muito no assunto enquanto dirigia de volta
para o meu condomínio, com as duas no banco de trá s do carro. Um
carro que, aliá s, nem era muito adequado para transportar uma criança,
já que era uma Ferrari conversível com pouco espaço no banco traseiro.
Será que eu teria que ser um daqueles caras que dirigem uma minivan?
Só de pensar nisso, me arrepiei inteiro.
Eu nã o levava o menor jeito com crianças, quem dirá ser pai de
uma? Nã o, esse tal exame de DNA ia provar que Dakota estava viajando
na maionese.
Tinha transado com Margot? Sim. Disso, eu era culpado. Mas
aquela menina banguela nã o podia ser minha, de jeito nenhum! E nã o
adiantava dizer que o bebê parecia comigo... eu nã o conseguia ver essa
semelhança que Dakota estava falando que existia. Só conseguia
enxergar bochechas rosadas e um cabelo muito ruivo.
Chegando em casa, descarreguei o carro, cujo porta-malas estava
cheio só por causa das malas das duas. Se o tal exame confirmasse que
eu era o pai de Amber, eu teria mesmo que comprar um carro maior. Eu
via como era com Brandon e sua filha: sempre tinha um mundo de
coisas para transportar.
Conduzi as duas para dentro de casa e as levei para o quarto de
hó spedes, no primeiro andar. Deixei que elas se acomodassem e fui ligar
para Luke, além de pedir ajuda ao meu amigo pai solo. Na verdade,
Brandon era viú vo: a esposa dele falecera ao dar à luz sua filha, Madison,
que nó s chamávamos de Maddie.
— Luke, mudança de planos! — falei, assim que meu empresá rio
atendeu. — Fui até o apartamento de Dakota e nã o tinha condiçõ es de
deixar as duas naquele pardieiro. Trouxe-as para cá . Preciso que venha
até aqui com um contrato de trabalho redigido. Dobrei o valor da sua
proposta.
Disse logo tudo de uma vez e esperei o esporro que sabia que
viria. Ouvi calado enquanto Luke reclamava, pois sabia que ele faria o
que eu queria no fim.
— Chego aí em uma hora! — Foi o que ele disse antes de desligar
e era só o que me interessava.
Em seguida, liguei para Brandon.
— Fala, Thunder! Resolveu a questão da pequena? — perguntou
ele, assim que atendeu.
— Estou resolvendo... por isso, te liguei. Preciso de ajuda.
Expliquei para ele o que tinha feito e que a menina iria precisar
de vá rias coisas que eu nem sabia quais eram, muito menos onde
comprar. Para minha sorte, Brandon tinha uma babá que cuidava de
Maddie em tempo integral, uma senhora de meia-idade muito simpá tica
e experiente com crianças.
— Vou mandar a Sra. Sanders aí na sua casa, e ela vai com Dakota
ao shopping comprar o que for preciso. Libera o cartão de crédito,
Thunder, que a lista de coisas que um bebê precisa é grande!
Eu estava me esforçando para nã o me assustar, mas quando a Sra.
Sanders, Dakota e Amber voltaram do shopping e eu vi a quantidade de
coisas na minivan do meu amigo, quase tive um treco.
— Isso tudo é mesmo necessá rio? Nã o acredito que um serzinho
desse tamanho possa usar tanta coisa assim — comentei, enquanto dava
vá rias viagens da garagem até o quarto de hó spedes.
— As coisas maiores vã o chegar amanhã , Sr. Kingston. Isso foi só
o que deu para trazer no carro — respondeu a Sra. Sanders, para meu
espanto.
— Coisas... maiores? Que coisas maiores?
— Um berço, pra começar... uma cadeira de balanço, uma cô moda
com trocador... ah, o senhor vai descobrir depois. Nã o esquente a cabeça
com isso. Compramos tudo de que precisa, agora que está cuidando de
um bebê.
— Eu nã o estou cuidando de bebê nenhum. Dakota é quem está .
— Se o senhor diz... — Foi o comentá rio da babá de Maddie. — A
neném é uma gracinha, muito parecida com o senhor.
— Ela nã o é parecida comigo! Nã o pode ser! — Eu estava quase
tendo uma síncope.
— Se o senhor diz... — a mulher repetiu, dando de ombros. —
Bem, eu vou indo. Dakota, querida, foi um prazer. Qualquer coisa que
precisar, ligue para a casa do Sr. Brandon, que a ajudarei sem problemas.
Ela manobrou a minivan para fora da minha garagem e sumiu
pelo condomínio, em direçã o à casa do meu amigo.
Só entã o, Dakota, Amber e eu entramos em casa. Luke já nos
esperava com o contrato que eu havia pedido. Ele chegou pouco depois
que Dakota saiu com a Sra. Sanders e agora estava impaciente para ir
embora.
— Srta. Davies, por favor, assine aqui — disse ele, apontando
para onde ela deveria deixar sua assinatura. — Os termos foram
ajustados para o que a senhorita combinou com Thunder. Salá rio de 10
mil dó lares e garantia de emprego na á rea de pedagogia apó s ser
dispensada da funçã o de babá .
Enquanto ela assinava o documento, aproveitei para cuidar do
outro problema que aquele sá bado me trouxera. Chamei meu
empresá rio na cozinha, para que ela nã o nos ouvisse.
— Luke, lembra-se de que falei que eram duas coisas para você
resolver?
— Sério, Thunder? Depois de uma filha perdida, ainda tem outra
coisa?
— Er... tem, mas essa você resolve fá cil. Já está acostumado, na
verdade.
— Quantas sã o dessa vez?
— Duas, apenas.
Mais uma vez, meu assessor revirou os olhos.
— Me passe os dados que você tiver, vou fazê-las assinar o termo
de sempre.
— Valeu, Luke.
— É pra isso que você me paga muito bem — retrucou ele, a
expressã o séria. — Veja se daqui para frente diminui as farras. Agora,
você tem uma filha e...
— Pode parar por aí. Essa histó ria só vai entrar na minha cabeça
se o resultado do exame for positivo. Enquanto isso, nã o tenho filha, nem
sou pai de seu ninguém!
Ele me olhou, parado no meio do cô modo, com a paciência
esgotada.
— Você transou com a mã e dela, nã o transou?
— Sim, mas... eu usei camisinha, porra.
— Todo método contraceptivo pode falhar. A ú nica chance de
você nã o ser pai da menina seria nã o ter transado com a mã e. E como
você já admitiu que o fez... — Ele deu de ombros, voltando para a sala.
Como eu conseguiria lidar com uma criança? Ou melhor, com um
bebê que nem falava ainda? Se tudo isso fosse verdade, é claro que eu
nã o a deixaria desamparada, mas nã o estava pronto para ser pai. Achava
que nunca estaria, na realidade.

Mais tarde naquele mesmo dia, precisei empurrar a cama de


casal do quarto de hó spedes para que encostasse na parede, a pedido de
Dakota.
— Enquanto o berço que compramos nã o chega, preciso diminuir
os riscos dessa pequena rolar para o chã o, de cima da cama — explicou
ela.
Eu fiz de conta que entendi, mas, para mim, a cama era baixa o
suficiente para nã o oferecer riscos. Porém, achei melhor nã o forçar a
barra nem iniciar uma discussã o. O melhor a fazer, diante da situaçã o em
que me meti, era ficar na minha e de preferência bem longe daquela
coisinha rechonchuda, que conseguia produzir umas coisas muito
fedorentas nas fraldas.
Minha popularidade com a criança nã o andava lá muito boa. A
menina nã o podia olhar para mim que já fazia cara de choro, caramba!
Eu nã o era tã o feio assim, para gerar essa reaçã o. Será que a
apertei demais quando Dakota a colocou nas minhas mã os, agora há
pouco, quando precisou organizar as coisas em cima da cama para
trocar outra fralda? Prometi a mim mesmo que, se algo do tipo
acontecesse outra vez, seria mais delicado, porque eu nã o era um ogro
das cavernas.
Mas juro que meu humor ficou igualzinho ao de um, quando, no
meio daquela noite, comecei a ouvir um berreiro no corredor que tinha
entre os quartos. Esperei, quieto, para ver se era algo que passaria
rá pido, mas depois de meia hora de chororô , nã o aguentei e me levantei
da cama.
Morto de sono, abri a porta só de cueca boxer, para dar de cara
com Dakota andando de um lado para o outro com uma Amber aos
berros no colo.
— Ela chora assim toda noite? — Fui logo perguntando, enquanto
esfregava os olhos para mantê-los abertos.
— Nã o... ela está estranhando o ambiente, eu acho. Pode ser
também um pouco de falta da mã e, afinal nã o faz tanto tempo que
Margot se foi... — Dakota respondeu, limpando uma lá grima de maneira
discreta.
Pelo visto, nã o estava sendo algo fá cil para ela também, cuidar de
uma bebê que nã o tinha mais a mã e, tendo perdido a amiga no processo.
Ela manteve a pose de durona o dia inteiro, essa era a primeira vez que
eu percebia um sinal físico de seus sentimentos, além de quando notei
que esse era um assunto dolorido para ela, mais cedo.
— Já troquei a fralda, já alimentei... nada está fazendo com que
ela pare de chorar. Nã o sã o có licas, porque ela já passou dessa fase há
bastante tempo — enumerou ela. — A ú nica coisa que me resta é andar
com ela, para ver se acalma.
— Tem alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar? — perguntei,
morto de receio de que ela dissesse que sim.
— Acho que nã o... Só ter paciência, que uma hora esse choro
passa.
Assenti com um movimento de cabeça e dei meia-volta, entrando
de volta em meu quarto. Se eu nã o poderia ajudar, ao menos tentaria nã o
atrapalhar.
Só que levou ainda muito tempo para que o corredor voltasse a
ficar silencioso. Eu nã o queria admitir, mas ver a neném chorando me
cortou o coraçã o.

Meu domingo começou quase como um repeteco do sá bado, mas


sem as duas gostosas na minha cama: o interfone tocou logo cedo. Era o
pessoal da loja em que Dakota fizera as compras ontem, para entregar o
que a Sra. Sanders chamou de “coisas maiores”.
Os carregadores deixaram vá rias caixas grandes na minha sala,
porque eu nã o queria acordar Dakota e a bebê, depois da noite de cã o
que elas tiveram.
Bastou eles irem embora para as duas aparecerem no local, ainda
com cara de sono. Amber esfregava os olhinhos, acomodada no braço de
Dakota, mas querendo ver tudo ao seu redor.
— Ah, que bom! Chegaram os mó veis! — Foi a primeira coisa que
ela disse naquele dia. — Bom dia, Aidan! — Só entã o me cumprimentou.
— Bom dia. Conseguiram dormir o restante da noite?
— Sim, graças a Deus! Vou preparar o café da manhã dessa
princesa, quer que faça algo para você? — ofereceu ela, em uma voz
doce. Eu deveria ter desconfiado disso, vindo de quem vinha...
— Ah, se puder passar um café novo, já está de bom tamanho —
falei, já pensando no cheiro da bebida quente.
— Tudo bem — concordou e foi andando em direçã o à cozinha.
— Ah... no meio dessas coisas que chegaram, tem um cadeirã o para
alimentaçã o. Você poderia desembalar e montar ele para mim, por
favor?
Aí estava o golpe, e eu nem o senti vindo. Começou com o
cadeirã o, que localizei com rapidez e montei enquanto Dakota fazia o
café. Depois dele, ela me pediu para montar o berço portá til, no qual
deixou Amber entretida com alguns brinquedos enquanto abria espaço
no quarto de hó spedes para que eu montasse os outros mó veis.
Quando dei por mim, estava de martelo na mã o, a camiseta
amarrada na cabeça para segurar o suor que poderia escorrer da minha
testa, pronto para montar o berço e a cô moda da bebê. Mas, se ela
pensava que eu faria isso sozinho, estava enganada: pedi reforços aos
caras do OTB, que nã o demoraram nada a aparecer.
Nessas horas, era muito bom ter amigos, pois assim nã o precisei
carregar tudo escada acima sozinho. Os pacotes eram pesados e
volumosos demais para alguém carregar sem companhia.
Depois que transportamos tudo, passamos ao menos meia hora
só tentando entender os manuais de instruçã o para a montagem dos
mó veis. O ú nico de nó s que tinha alguma experiência no assunto era
Brandon, e justo ele nã o pô de vir. Logo, Dakota viu nossa dificuldade e se
dispô s a nos ajudar, com a menina presa ao corpo, em uma coisa que ela
chamou de canguru.
Com nosso auxílio para carregar o que era pesado, ela foi
organizando as diversas partes dos mó veis, todos os parafusos, cavilhas
e peças que iríamos precisar. Depois, ficou nos dando instruçõ es,
enquanto montávamos o berço.
Pelo menos, ela teve a decência de nos alimentar. Fez uma
macarronada, que estava até bem gostosa, com as coisas que ela achou
na minha despensa.
— Olha, rapazes, eu falei para o Aidan trazer as coisas da Amber
do apartamento, mas ele achou melhor comprar tudo novo. Sei que a
maioria era de segunda mã o, mas ainda serviam. — Ela tentou se
desculpar enquanto almoçávamos.
Eu nã o iria demonstrar o quanto estava aborrecido de passar
meu domingo fazendo serviço de montador de mó veis, entã o apenas dei
de ombros, como se nã o fosse nada demais.
— Era tudo um bando de velharia — falei.
— Você nem viu nada! — reclamou Dakota, sem se intimidar
diante de Stan e Ken. — Mal passou da minha sala, nã o tinha como saber
o estado das coisas de Amber.
— Pelo sofá velho que você tinha, o restante das coisas nã o
deveria ser diferente — retruquei na mesma hora. — Só prestava para ir
para o lixo.
Pelo visto, foi a coisa errada a dizer, pois Dakota fechou a cara de
imediato e meus amigos me olharam com espanto.
Tentei manter minha expressã o relaxada, para nã o assustar
Amber, que sentiu a tensã o entre os adultos e já começou a fazer aquela
carinha que me deixava desesperado. Eu passei a manhã toda treinando
para nã o fazer cara feia, para a menina nã o chorar, caramba!
O clima tranquilo da refeiçã o tinha ido para o espaço, e ainda
precisávamos terminar de montar o berço e a tal da cô moda. Os meus
amigos, traíras, saíram de fininho da cozinha, voltando para o quarto de
hó spedes e me deixando sozinho com a fera.
— Vou tentar fazê-la dormir um pouco, aqui no andar debaixo. Se
puderem, fechem a porta do quarto para o som das marteladas nã o a
acordar — comandou Dakota, saindo da cozinha com a menina no colo.
O tal berço portá til, que era em formato quadrado e mais parecia
uma jaula sem teto, estava posicionado no meio da sala, e foi na direçã o
dele que elas foram.
Fiquei de longe, olhando enquanto Dakota ninava Amber,
cantando baixinho, e a menina aos poucos ia fechando os olhinhos. Ela
sonolenta era tã o bonitinha...
Também aproveitei que nã o iria ser flagrado para dar uma olhada
melhor na minha ex-colega. Dee-Dee estava bem diferente do que me
lembrava. Nã o que eu nã o tivesse notado isso logo quando nos vimos
ontem, mas, neste instante, podia observar mais detalhes. Na época da
faculdade, ela era muito magra, agora eu conseguia perceber algumas
curvas em seu corpo. Ela tinha uma bunda que... uau! Dava a maior
vontade de apertá -la com minhas mã os grandes.
Quando notei que Amber enfim cochilou, tratei de disfarçar que
estava analisando a mulher que a segurava.
Sua madrinha a colocou com cuidado no colchã o no fundo do
berço e a cobriu com um lençolzinho de malha. Depois, passou por mim
sem dizer uma palavra, subindo as escadas. Nã o demorou nada e voltou
com uma parte da tal babá eletrô nica, prendendo-a na borda do berço
portá til.
— Vai continuar a montagem dos mó veis? — perguntou Dakota,
vendo que eu continuava parado ali, como uma está tua. — Ou vai deixar
seus amigos fazerem todo o trabalho sozinhos?
Eu voltei para minha funçã o de montador junto dos outros caras,
martelo na mã o, até que fui distraído por um movimento de Dakota. Ela
foi pegar uma pecinha de madeira que rolou para debaixo da cama e
ficou de joelhos, empinando a bunda gostosa bem para o meu lado. Fui
obrigado a olhar para ela, nã o tive escolha. Resultado? Martelei meu
dedo com toda força!
— Porra! Caralho! Puta que pariu! — xinguei em voz alta,
sacudindo a mã o machucada, enquanto meus amigos riam da minha
cara.
Ficando de pé com rapidez, ela nã o percebeu o que tinha
acontecido e me olhou, brava.
— Dá pra nã o usar esse vocabulá rio quando estiver na frente da
sua filha? — questionou, enquanto eu ainda segurava o dedo que doía
como o inferno.
— Ela nem tá aqui agora, cacete! Me deixa xingar!
— Nã o sou obrigada a ficar aqui ouvindo palavrã o, Aidan. Quer
saber? Vou ficar com Amber, vocês conseguem terminar sozinhos!
A mulher saiu do quarto como um raio e eu só a vi outra vez pelo
monitor da babá eletrô nica, pegando Amber, que acabava de acordar e já
estava fazendo cara de choro de novo.
Pela segunda noite seguida, fui acordado com o choro de Amber.
Desta vez, nã o fiquei esperando tempo algum antes de me levantar da
cama e ir até o corredor.
— O que será que ela tem hoje? — perguntei a Dakota, assim que
abri a porta.
A mulher me encarou com uma expressã o aflita, mas quando
desceu os olhos para o meu corpo e percebeu que eu estava apenas de
cueca, corou de maneira violenta.
— Eu nã o sei... mas você poderia, por favor, vestir algo? — ela
pediu, virando o rosto para o outro lado, constrangida.
Droga, eu esqueci de novo que agora nã o era mais somente eu
naquela casa. Estava acostumado a dormir assim ou até mesmo nu, mas
precisaria mudar meus há bitos, se Amber continuasse dando show nas
madrugadas.
Voltei para dentro do quarto e peguei um pijama na gaveta, me
vestindo apressado, enquanto a neném continuava chorando.
— Tá , estou vestido agora. Pode olhar — falei quando voltei ao
corredor. — Esse chorinho dela está me deixando preocupado. Nã o tem
algo que a gente possa fazer pra passar? Parece que ela tá com dor, sei
lá !
— Estou muito nervosa, Aidan. Eu nã o sei mais o que pode ser...
agora ela está em um berço, coloquei os lençó is e o travesseirinho que
Amber está acostumada, por causa do cheiro, mas, ainda assim, ela
continua chorando muito — confessou Dakota.
Me aproximei das duas, ainda no corredor, com um sorriso
ensaiado no rosto, por receio da menina chorar mais se eu estivesse com
outra expressã o.
— Por que você tá sorrindo como se estivesse em um comercial
de pasta de dentes? — perguntou ela, estranhando meu rosto. Nã o devia
estar muito apresentável, afinal eu estava com os olhos vermelhos de
sono e a cara amassada do travesseiro.
— É pra nã o assustar a Amber — falei, entredentes, sem
desmanchar o sorriso.
Ela disfarçou uma risada, e me senti bem em ao menos fazê-la rir
em meio à quela afliçã o.
— É só você nã o franzir a testa, Aidan. Isso é o que te deixa com
cara de mau.
Relaxei o sorriso, agradecendo por dentro, pois a bochecha já
estava doendo.
Observei bem a criança chorosa no colo de Dakota e notei que ela
estava babando bastante.
— Ela baba tanto assim o tempo todo?
— Hã ?
— Amber tá com baba escorrendo pelo queixo e descendo pro
pescoço... nã o me lembro de ela babar tanto assim — expliquei.
O rosto de Dakota se acendeu.
— Vem cá ! — disse e entrou no quarto que ocupava com a
menina, segurando a neném no colo. De imediato, deitou uma Amber
que nã o parava de se remexer na cama de casal.
Eu fiquei mais ou menos perto, com receio de piorar a situaçã o.
Dakota alcançou o celular com certa dificuldade, destravou a tela
e ligou a lanterna.
— Me ajuda aqui, Aidan. Coloca sua mã o sobre a Amber pra ela
nã o rolar, que eu vou tentar ver uma coisa aqui na boquinha dela —
pediu.
Obedeci e deu para ver quando ela iluminou a gengiva da criança:
estava inchada e bem vermelha.
— É o dentinho! — exclamou Dakota, e percebi que constatar
isso a aliviou.
— Como assim?
— Tem um dentinho nascendo, por isso que ela anda tã o chorosa
e inquieta. À noite, deve incomodar mais, entã o ela tem chorado
bastante — explicou. — Olha, tá vendo aqui esse tracinho branco? — Ela
me mostrou a gengiva inchada de Amber outra vez e pude mesmo ver
um pontinho branco em meio à vermelhidã o. — Ele está rasgando. Se
você nã o tivesse falado da baba excessiva, eu nã o teria me lembrado de
que isso aconteceu quando os outros dentes nasceram.
Pelo que eu estava vendo na boquinha aberta, ela já tinha 3
dentes.
— E nã o tem nada que a gente possa fazer pra aliviar a dor que
ela deve estar sentindo?
— A Margot passava uma pomada, mas acabou quando o ú ltimo
dentinho nasceu. A essa hora da madrugada, vai ser difícil achar para
comprar.
Caramba... eu nã o aguentava mais ver a menina se contorcer em
cima da cama. Aquilo devia estar doendo muito. Lembrei-me de quando
quebrei um dente quase na raiz e como foi doloroso. Minha gengiva ficou
sensível por dias. Tentei puxar na mente o que a dentista mandou fazer
naquela época, para aliviar o incô modo.
— Já sei! Espera aqui, eu volto logo! — falei e saí do quarto com
destino à cozinha.
Chegando lá , peguei na porta da geladeira duas pedras de gelo, no
compartimento que o fabricava, e um pano de prato limpo dentro da
gaveta.
Com um martelo culiná rio, esmigalhei o gelo em pedaços
pequeninos, dentro do pano.
Corri para o andar de cima, com o pano em formato de trouxa na
mã o.
— Aqui, Dakota. Coloca isso na gengiva dela, vai ajudar a aliviar
— disse e entreguei o gelo para ela.
Nã o sei que milagre aconteceu, pois ela nem questionou. A ú nica
coisa que fez foi passar o conteú do do pano para uma fralda de tecido.
— A fralda é mais fina, vai fazer mais efeito — explicou, mesmo
que eu nã o tivesse perguntado.
De início, Amber continuou se remexendo e chorando,
dificultando um pouco a tarefa de colocar gelo em sua gengiva. Mas
quando percebeu que aquilo estava tirando sua dor, foi se acalmando,
sempre sob a voz tranquila de Dakota, conversando com ela.
Nã o demorou muito, e a neném dormiu. Com receio de acordá -la,
Dakota se deitou ao lado dela.
— Aidan, obrigada! Do jeito que eu estava aflita, nã o iria pensar
no gelo de modo algum — agradeceu.
— Lembrei que gelo é anestésico. Ao menos, a pequena dormiu.
Espero que agora ela descanse pelo restante da noite. Vou voltar para o
meu quarto — falei, enquanto apagava a luz e deixava a duas sozinhas.
Porém, algumas horas depois, Amber começou a chorar outra
vez. Nã o tive dú vidas: corri para a cozinha de novo e já cheguei em seu
quarto com mais gelo picado.
— Acho que passou o efeito — disse Dakota, à guisa de desculpas.
Fiz sinal de que nã o importava e estendi o pano para ela, que fez
o mesmo que antes: transferiu o conteú do para a fralda.
O dia já estava quase raiando quando Amber voltou a dormir,
dessa vez.
— Ao menos, com esse dente ela nã o teve febre — comentou a
mulher.
— Ela poderia ter tido? — Me alarmei.
— Sim, e talvez, se tivesse, eu teria feito a associaçã o mais rá pido.
— Diz pra mim que você sabe lidar com uma criança com febre,
porque eu nã o entendo nada disso! — falei, demonstrando pâ nico.
— Digamos que nã o seria a primeira vez que Amber fica febril —
ela respondeu, me tranquilizando. — Ao menos, o remédio para baixar a
temperatura nã o acabou e eu trouxe comigo do apartamento.
Suspirei, aliviado. Quando olhei para a janela, o sol começava a
surgir.
— Acho que nem vou voltar para a cama, tenho treino daqui a
pouco. Vai ficar bem sozinha com ela? — questionei.
— Vou, sim. Se eu precisar de mais gelo, sei onde pegar. Obrigada!
Acenei com a cabeça e, meio cambaleando de sono, deixei o
quarto da bebê. Deveria dormir um pouco, mas corria um sério risco de
me atrasar e o treinador nã o gostaria nada disso.
Assim, tomei um banho para ver se ficava mais esperto, me
troquei e saí de casa, deixando as duas em segurança.
— Porra, Thunder! Nã o teve noite na tua casa, nã o? — perguntou
Marlon, meu colega de time mais conhecido como Bolt. Ele jogava na
posiçã o de Running Back.
Eu sabia que minhas olheiras estavam imensas e minha cara de
cansaço nã o negava que eu havia passado a noite quase toda em claro.
— A farra foi boa! — comentou Juan, outro colega, com malícia.
Ao ouvi-lo, as gracinhas começaram a chegar de todos os lados.
— Quantas dessa vez?
— Thunder tá se esquecendo de que tem que trabalhar na
segunda-feira.
— Ê , noitada boa!
Só Ken, Stan e Brandon nã o fizeram gracinhas, pois havia contado
para eles, por mensagem, que Amber passara a noite quase toda
acordada. Os outros caras só pararam quando o treinador Jones entrou
no vestiá rio, para averiguar por que seu time estava demorando tanto
para se apresentar no campo. Na hora que olhou para minha cara de
acabado, entendeu o motivo.
— Kingston, uma palavrinha! — disse e saiu do recinto,
esperando que eu o acompanhasse.
Os jogadores silenciaram as brincadeiras na mesma hora, e eu
passei por eles, calado.
Do lado de fora, Herman Jones me esperava de braços cruzados e
expressã o séria no rosto.
— Quantas vezes eu já falei para você que farreie o quanto quiser,
mas, em véspera de jogo e aos domingos, nã o? — foi logo perguntando.
— Calma, treinador, nã o é nada do que o senhor está pensando!
— me defendi.
— Nã o é o que estou pensando, Kingston! É o que eu estou
vendo! — bradou o homem.
Eu baixei meu tom de voz.
— Treinador, eu posso explicar, mas podemos conversar em um
lugar mais privativo? É algo pessoal.
Ele ergueu as sobrancelhas, como se duvidasse de mim, mas fez
sinal com a cabeça para que eu o seguisse até sua sala, algumas portas
adiante. Depois que entramos e ele fechou a porta, sentou-se atrá s de
sua mesa, atulhada de papéis com esquemas tá ticos, e comandou:
— Desembuche!
Contei para ele sobre Amber e como ela havia surgido em minha
vida há dois dias. Falei das duas noites em claro, expliquei sobre o dente
e o homem pareceu compreender que nã o era uma mentira da minha
parte.
— Treinador, por enquanto, nã o quero que mais ninguém saiba.
Estou esperando o resultado do exame de DNA para poder tomar
qualquer providência mais séria. Peço sua discriçã o quanto a esse
assunto.
— Tudo bem, Kingston, me convenceu. — Ele tirou o boné e
coçou a cabeça quase sem cabelos no topo. — Pode ir para o campo, mas
nã o pense que vou aliviar, porque passou a noite cuidando da neném.
— Obrigada, treinador!
Quando eu já estava saindo da sala, ele disse:
— Uma boa dica é congelar suco de frutas e dar para ela chupar.
Minha filha fazia isso com meus netos, quando estavam nessa fase.
Agradeci mais uma vez e corri para o gramado, no qual o restante
da equipe de ataque já havia começado o aquecimento.
Cheguei em casa por volta do horá rio de almoço, depois de
passar em uma farmá cia para comprar a pomada para os dentes de
Amber. Mais para o fim da tarde, eu teria que sair para participar de um
podcast sobre futebol americano, entã o fui dispensado dos treinos pelo
restante do dia. Eu queria aproveitar para dormir um pouco, a fim de
nã o aparecer na gravaçã o com o mesmo ar de cansaço daquela manhã .
Eu só nã o esperava encontrar o caos na minha cozinha.
Tinha uma tigela com macarrã o virada no chã o, uma bebê com as
bochechas cheias de molho e a mã o com restos de massa esmagada;
pedaços de cenoura e beterraba jogados em cima do cadeirã o de
alimentaçã o e uma babá com a blusa toda suja de comida — os cabelos
também!
— Ainda bem que você chegou! — disse uma Dakota com ar de
desespero.
— Passou um furacã o por aqui?
— Ah, a hora da comida, à s vezes, se transforma em um
desastre... mas vou limpar tudo rapidinho, se você puder olhá -la para
mim!
— Mas ela também está toda suja!
— É claro que vou limpar Amber primeiro! — reclamou ela,
fechando a cara.
— Abu! Ba! Dabidu! — pronunciou a menina, batendo com a
mã ozinha aberta no tampo do cadeirã o, fazendo mais sujeira ainda.
Dakota se apressou a pegá -la no colo, levando-a até a pia, na qual
limpou os primeiros estragos. Depois alcançou uma fralda de tecido —
eu já estava acreditando que as tais fraldas eram a soluçã o para quase
todo problema que um bebê podia apresentar — umedeceu e limpou o
molho nas bochechas de Amber.
Assim que a garotinha estava mais ou menos apresentável, ela
entregou-a a mim sem a menor cerimô nia.
— O cercadinho está na sala, você pode colocá -la lá dentro e só
ficar de olho, por favor?
— Que cercadinho?
Dakota revirou os olhos.
— O berço portá til! Também é conhecido como cercadinho.
— Ah, porque parece uma jaula... saquei!
Plantei meu melhor sorriso no rosto, enquanto carregava a
menina com os braços estendidos longe do meu corpo, torcendo para
que ela nã o começasse a chorar, enquanto eu a colocava na jaulinha.
Nos primeiros dois minutos, ela ficou super bem no tal
cercadinho. Havia brinquedos lá dentro, e eu me sentei no sofá diante
dela para ficar observando. Mas nã o demorou nada para ela fazer aquela
cara de choro que eu já conhecia tã o bem.
Me levantei em um á timo, pois tudo que eu menos queria era que
ela abrisse o berreiro de novo. Meus ouvidos já tinham sido
suficientemente massacrados durante a noite.
Nã o hesitei nem um segundo: antes que ela abrisse a boquinha
para chorar, eu a peguei no colo e a acomodei na curva do meu braço,
voltando a me sentar no sofá . Agora, eu tinha um bebê sentado em cima
de mim e eu nã o sabia o que fazer a seguir.
Será que bebês gostavam de assistir à televisã o?
Arrumei a cozinha correndo, com intençã o de tomar um banho
antes que Amber estranhasse a presença do pai e desse por minha falta.
Eu estava cansada demais, precisando dormir um pouco, mas sabia que,
por enquanto, eu era o porto seguro daquela criança, entã o teria que
fazer das tripas coraçã o para nã o a deixar sofrer mais do que já vinha
acontecendo.
Quando passei pela sala, com intençã o de subir para uma
merecida ducha — banho de banheira teria que ficar para quando
tivesse mais tempo disponível —, me deparei com uma cena inusitada,
que achei que ainda demoraria bastante a acontecer.
Aidan estava no sofá , com a TV ligada em um jogo de futebol
americano em um volume baixo, com Amber muito bem acomodada em
seu colo, as costinhas apoiadas na curva do seu braço.
— Tá vendo ali, ó ! Aquele cara sou eu — ele explicava com sua
voz grossa e rouca, em um tom ameno, apontando para a tela com o
braço livre. — Eu sou um quarterback, o responsável por passar a bola
para os recebedores, aqueles caras ali do lado. — Apontou para outros
homens na televisã o.
— Ba! — exclamou Amber, como se estivesse entendendo tudo.
— É , tem que levar a bola até embaixo daquelas traves enormes
em forma de Y, isso mesmo! — O homem falava com empolgaçã o.
A criança nã o somente estava rindo para ele, como também
interagia, e Aidan parecia que estava conseguindo compreender as
expressõ es que ela fazia.
Eu nã o quis interromper um momento tã o importante entre pai e
filha, entã o passei pela sala sem fazer barulho e subi para o meu banho.

Depois de refrescada e com uma roupa devidamente limpa, voltei


para a sala, na qual flagrei os dois dormindo diante da televisã o ainda
ligada. Aidan havia jogado a cabeça para trá s, no encosto do sofá , mas
seus braços envolviam o corpinho de Amber de maneira protetora.
Me deixei ficar ali, parada, por um momento, admirando a cena e
o homem. O jogador havia mudado pouco nesses anos em que nã o nos
vimos. Apenas desenvolvera mais mú sculos e cultivara uma barba
fechada, que lhe conferia uma aparência muito sexy.
Eu poderia me interessar por um homem bonito como ele.
Assim que o pensamento surgiu em minha mente, corei e sacudi
a cabeça, para afastá -lo. Ele era meu mais novo empregador! Onde eu
estava com a mente para dar vazã o a algo assim? Era errado de infinitas
maneiras.
Além do mais, precisava me lembrar do quã o babaca ele havia
sido com a minha melhor amiga. Nã o uma, mas duas vezes!
Devia ser o meu cansaço falando mais alto, para que eu sequer
considerasse uma ideia assim.
Sacudi a cabeça outra vez e, neste momento, um toque de celular
em volume absurdo se fez ouvir.
Aidan despertou com um estremecimento, o que levou Amber a
acordar também, assustada. Nã o precisou nem de um milésimo de
segundo para que seu susto se traduzisse em um choro sentido.
Me adiantei até onde os dois estavam e estendi as mã os para que
ele me entregasse a menina, o que Aidan, atordoado pelo despertar
sú bito, fez com rapidez.
Assim que Amber estava segura em meus braços, ele se levantou
e pescou o celular no bolso da bermuda que trajava.
O homem nã o falava baixo de maneira alguma, entã o foi
impossível nã o ouvir parte de sua conversa.
— Nã o, gata, nã o vai dar. Vã o dedetizar a casa nesse dia, mas
quem sabe a gente pode marcar em outro lugar? — disse, em uma voz
que era praticamente um ronronar.
Um felino grande e robusto me veio à mente. Meus pensamentos
estavam incontroláveis, indo em todas as direçõ es que eu nã o queria.
Sacudi a cabeça e dei mais atençã o ao teor da conversa do que ao tom de
voz do homem que dava uma desculpa sem fundamento para dispensar
a mulher que ligou para ele.
Assim que desligou, olhou pra mim, que já havia acalmado e
colocado Amber no cercadinho, e o encarava de braços cruzados.
— É melhor sua casa ser dedetizada muitas e muitas vezes
enquanto sua filha estiver aqui — comentei.
Eu realmente gostava de viver no perigo. O homem fez uma cara
tã o feia para mim, que se eu tivesse medo de careta tinha saído
correndo.
— Como é, Dakota?
Já tinha aberto a boca, agora nã o ia dar para trá s.
— É isso mesmo. Melhor manter suas mulheres afastadas daqui,
por causa da sua filha! Ela precisa de bons exemplos e nã o de um pai
mulherengo e farrista. — Enfiei o dedo na ferida com gosto, mesmo
correndo o risco de ser demitida no segundo seguinte. — Você precisa
parar de beber como um gambá , se quiser que sua filha veja você como
um modelo a ser seguido! Pensa que eu nã o senti o fedor de á lcool vindo
de você, no dia que a trouxe para esta casa?
Aidan empalideceu e logo depois ficou vermelho. De raiva.
— Quem você pensa que é para vir me dar liçã o de moral? A
Madre Teresa de Nova Iorque? Eu faço da minha vida o que eu quiser,
entendeu? E já falei mil vezes que essa menina só vai ser minha filha se o
resultado do exame de paternidade for positivo. Enquanto isso, foda-se!
Corri e tampei os ouvidos de Amber, para que ela nã o o ouvisse
falando palavrã o.
— Olha como fala na frente dela, Aidan!
— Francamente, ela é só um bebê, nem entende o que a gente
fala! Você é muito fresca, Dakota!
— Ela entende, sim! Entende mais do que você imagina! Ela tanto
sabe que estamos discutindo que já começou a chorar de novo, seu
grosso!
Nessa hora, ouvimos a trava da porta ser desativada, dando
passagem a um Luke ressabiado.
— O que está acontecendo aqui? Tá dando pra ouvir vocês dois
gritando lá de fora! — disse ele, aproximando-se com o rosto sério.
— Essa caga-regras quer se meter na minha vida, dizendo o que
eu posso ou nã o fazer — Aidan se queixou, como uma criança birrenta.
Caga-regras? Eu?
— Só falei pra você nã o trazer mulheres aqui e parar de beber. É
pedir demais, agora que tem um bebê nessa casa? — me defendi diante
do empresá rio, ao som do choro de Amber.
Luke respirou fundo, demonstrando impaciência conosco.
Depois, colocou a caixa que trazia nas mã os no chã o e se aproximou de
nó s.
— Thunder, desculpe, mas Dakota está certa.
— O quê?! — berrou o homem.
— Agora, você tem uma bebê em casa, nã o pode ficar trazendo
ninguém aqui, se nã o quiser a expor. Ainda mais sem o resultado do
exame ter saído. Já pensou se alguma de suas garotas vaza para a
imprensa que o quarterback dos Wolves tem uma filha nã o reconhecida?
O inferno que isso seria? — ponderou o homem.
— Puta que pariu! — soltou Aidan, em alto e bom som.
— Para de falar palavrã o na frente da Amber! — gritei, irritada,
tapando os ouvidos da menina mais uma vez.
Vendo a merda que tinha feito, ele apenas fez um gesto de passar
um zíper na boca. Sosseguei com a promessa nã o verbalizada.
— Olha, eu vou levar Amber lá para cima, para ver se ela dorme
mais um pouco.
— Dakota, passei no seu apartamento e trouxe mais algumas
coisas de lá — informou o empresá rio. — Vi que você tinha deixado
umas caixas em um dos quartos e as trouxe. As outras estã o no carro —
disse, apontando para a que estava no chã o.
— Obrigada! Sã o outras coisas de Amber, que nã o couberam nas
malas.
Remexi na caixa em questã o, me abaixando com certa
dificuldade, por causa da menina no colo, para pegar somente um
brinquedo que eu sabia que Amber gostava. O restante eu veria depois.
Assim que consegui o coelho de pelú cia, me dirigi para o andar de cima
com a menina manhosa, deixando os dois homens se entenderem. Meu
recado, eu havia dado. Se Aidan iria mudar, era problema dele. Porém,
pelo bem de Amber, eu torcia para que ele decidisse parar com as farras.

Consegui acalmar a pequena e fazer com que ela voltasse a


cochilar seu soninho da tarde, interrompido pela ligaçã o que Aidan
recebera.
Com o monitor da babá eletrô nica nas mã os, voltei para o andar
debaixo, pois precisava ver umas coisas com Luke, antes que ele fosse
embora.
Encontrei os dois homens conversando e, pelas posturas de
ambos, o empresá rio estava passando um sermã o em Aidan.
Esperei com paciência um momento oportuno, sem querer
interromper, pois bem que Aidan precisava aprender umas coisinhas
com relaçã o ao trato com uma criança.
Só depois que as coisas pareciam mais calmas entre os dois foi
que me aproximei. Porém, nã o esperava ouvir o que escutei.
— Me desculpe, Dakota — disse Aidan. — Você tem razã o. Por
bem ou por mal, tem uma criança sob meu teto, sendo ela minha filha ou
nã o. Nã o posso colocá -la em perigo ou a expor a pessoas mal-
intencionadas. Nã o se preocupe, nã o pretendo trazer ninguém aqui, até
que essa situaçã o seja resolvida. Também vou maneirar na bebida. Já
entendi que a liberdade que eu tinha foi para o espaço. — Ele quase
resmungou essa ú ltima parte, a contragosto.
Fiquei tã o surpresa pelo fato dele ter admitido o pró prio erro que
a ú nica reaçã o que tive foi acenar em concordâ ncia.
— Ó timo. Acho que assim vai ser melhor, Aidan. Além do mais,
você vai conseguir focar mais nos treinos, cara — disse Luke. — Esse
bando de mulher e as festinhas sã o os responsáveis por você ainda nã o
ter ganho o troféu de melhor quarterback da temporada, tenho certeza.
Esse prêmio vai ser seu, nã o tenho dú vidas.
O grandalhã o ao meu lado concordou com a cabeça, a expressã o
frustrada.
— Agora, Dakota, me deixe saber se tem algo que eu possa fazer
para ajudar vocês dois com a questã o dos dentes de Amber. Aidan me
contou que as duas ú ltimas noites foram bem problemá ticas. — Luke
virou-se para mim.
— Acredito que a pomada que Aidan trouxe quando voltou na
hora do almoço já vai dar um grande alívio. De resto, é questã o de
tempo. Precisamos esperar que o dente rasgue a gengiva, para que ela
pare de sofrer com isso — expliquei.
— Meu treinador disse que é bom congelar suco de frutas e dar
para ela chupar, em vez do gelo puro — disse Aidan, me surpreendendo.
— Seu treinador sabe sobre Amber? — me alarmei.
Ele, entã o, me explicou que nã o teve outro jeito a nã o ser contar
sobre a menina, devido ao estado de cansaço em que chegou ao treino
mais cedo.
— Nã o se preocupe, o treinador Jones entende a necessidade de
manter sigilo. Ele me ligou, nã o faz muito tempo, para conversar sobre a
situaçã o. Alinhamos o modo como iremos agir com relaçã o à
paternidade de Aidan, e está tudo sob controle — disse Luke.
Eu nã o entendia muito da vida de uma pessoa famosa e nem dos
bastidores da liga de futebol americana, mas precisava confiar que esses
dois homens à minha frente iriam proteger Amber de quaisquer perigos
e estresses.
— Voltando à questã o dos dentinhos da pequena... tem frutas o
suficiente para fazer o que o treinador sugeriu, ou passo no mercado e
trago algumas? — questionou Aidan.
— Acho melhor eu fazer isso, enquanto você está na gravaçã o do
podcast, Thunder — disse Luke, no que ele concordou. — É só me dizer
quais frutas ela gosta mais, Dakota.
Eu falei as que Amber mais consumia e que poderiam ser
transformadas em suco com facilidade. Era uma ideia boa, de verdade,
pois iria aliviar a dor na gengiva e alimentá -la ao mesmo tempo.
— Luke, desculpe incomodar, mas tenho duas coisas a pedir. A
primeira é que eu queria saber se você pode trazer o carrinho de Amber
lá do apartamento. — Aproveitei o momento e fiz meu pedido. — Nã o
achei que ele seria tã o ú til, por isso nã o pensei em trazê-lo de cara. Mas
Amber está bem pesadinha e, por mais que eu ficasse com ela em meu
tempo livre, nunca fui aquela que ficava com ela 100% do tempo. Agora,
estou sentindo a necessidade de ter esse apoio, até para levá -la lá para
fora, para tomar um pouco de sol.
— Eu vi o carrinho lá , mas do jeito que ela está crescendo, daqui
a pouco ele nã o servirá mais para ela. Vou passar numa loja de artigos
para bebê e comprar um novo, mais robusto, pois assim durará mais
tempo.
— Nã o precisa, vai gastar dinheiro e ela já tem um.
— Dinheiro nã o é problema, Dakota — disse Aidan, interferindo
na conversa. — Faça isso depois de comprar as frutas, Luke. Daí é o
tempo que termina a gravaçã o e você me traz de volta, combinado?
— Esquema perfeito. — Ele sorriu.
Eu era voto vencido, nã o adiantava reclamar. Se o homem estava
disposto a gastar com Amber, eu nã o me oporia. Além do mais, Luke
tinha mesmo razã o: daqui a pouco, minha princesa estaria tã o grande
que nã o caberia mais naquele carrinho.
— Qual era a outra coisa? — perguntou o empresá rio.
— Eu preciso entregar minha demissã o no meu antigo emprego,
mas nã o tenho como ir até lá com Amber, por causa da clá usula de
confidencialidade no contrato que assinei com vocês. Teria como você
fazer os trâ mites para mim?
— Claro. Só me entregue os documentos necessá rios, que resolvo
essa questã o. Algo mais em que possa ajudar? — perguntou, solícito.
Agora que ele percebia que nem eu, nem Amber éramos uma ameaça
para Aidan, estava me tratando muito melhor.
Me despedi dos dois apó s entregar tudo que Luke precisaria para
fazer meu desligamento do emprego e eles saíram para a tal gravaçã o.
Voltei para o andar de cima, pensando em aproveitar para descansar um
pouco enquanto a pequena ainda estivesse dormindo.
Alguns dias depois...

Impaciente, eu estava esperando que Luke chegasse com o


resultado do bendito teste de DNA. Era uma merda nã o poder sair eu
mesmo e buscar o exame no laborató rio. O ô nus de ser famoso pesava
nessas horas.
Quando ele entrou em casa, avancei para o papel em sua mã o,
para divertimento de Dakota, que olhava a cena com Amber no colo. A
garotinha tinha acabado de fazer sua lambança diá ria na cozinha e agora
estava toda cheirosa depois de um banho que sua madrinha lhe dera.
— Acho que você é o ú nico que nã o acredita que o resultado vai
mostrar 99,9% de compatibilidade, Aidan — provocou a mulher, e tive
que me conter para nã o fazer uma careta em resposta. Agora, Amber nã o
chorava mais quando me via, mas nosso entendimento ainda era frá gil
para que eu arriscasse a fazer cara feia.
— Abre logo isso, Thunder — instou Luke.
Rasguei o papel e notei que minhas mã os tremiam enquanto eu
puxava o laudo de dentro do envelope. Desdobrei ansioso e li algo que os
outros adultos na sala já sabiam: Amber era mesmo minha filha.
Senti o mundo rodar e fechei os olhos. Quando os abri outra vez,
Luke estava parado ao meu lado, as mã os estendidas como se fosse me
segurar e uma expressã o preocupada.
— Pensei que você fosse desmaiar, cara!
— Nã o... mas foi quase! — admiti.
— Eu estava certa, né? Amber é sua — falou Dakota, erguendo a
sobrancelha.
Apenas estendi o laudo para ela, que viu e mostrou para o meu
empresá rio.
Nem ela, nem Luke estavam surpresos com o resultado do exame,
mas eu ainda precisava digerir a ideia de que era pai de uma garotinha
de bochechas rechonchudas e cabelo vermelho.
Tudo bem que, desde que ela chegou em minha casa, tive um
tempo para me acostumar com a ideia, mas, bem lá no fundo, eu ainda
estava confiando em uma reviravolta nessa situaçã o. Agora, nã o tinha
mais como negar. Eu era o mais novo pai do pedaço.
Pelo menos, em meio a essa situaçã o, tinha um consolo: Amber
agora vivia me dando uns sorrisos banguelas, com só quatro dentes
naquela boca cor-de-rosa. O famigerado dentinho havia nascido, e as
noites passaram a ser mais tranquilas.
Porém, Dakota e eu continuávamos nos estranhando ao menos
uma vez ao dia. Que mulher teimosa e infernal! Eu nã o entendia como
meus amigos se davam tã o bem com ela, a ponto de fazer elogios. Ela
também parecia gostar deles e os tratava de forma diferente de como o
fazia a mim. E isso estava me incomodando. Nã o queria admitir, mas
estava aborrecido com essa proximidade dos quatro, principalmente
com Brandon, a quem ela recorria quando tinha alguma dú vida sobre
assuntos de bebês.
Luke foi até a cozinha e me trouxe um copo grande de á gua, ainda
preocupado que eu fosse desmaiar. Assim que terminei de beber em
grandes goladas, ele convocou a mim e a Dakota para a mesa de jantar.
— Pode trazer o cercadinho de Amber para cá , Aidan? Assim
ficamos de olho nela enquanto conversamos — a babá pediu, já
retirando a criança de dentro do berço e caminhando para a outra sala.
Fiz o que ela solicitou e Amber voltou a ser colocada no que eu
considerava uma jaula para crianças. Eu admitia que facilitava a nossa
vida, embora achasse aquele negó cio muito esquisito, e se eu fosse um
bebê, com certeza me sentiria preso ali. Mas a menina nã o parecia se
importar, logo ficou entretida com alguns brinquedos que Dakota havia
deixado lá dentro para ela.
— Bom, agora que temos o resultado do exame de DNA e ele
confirma que Amber é mesmo filha de Thunder, precisamos decidir
quais serã o nossos pró ximos passos — começou Luke, tã o logo nos
acomodamos.
— De que passos você fala? — questionei.
— Acho que a coisa mais importante agora é que Aidan registre
Amber e faça a alteraçã o na certidã o de nascimento, para afastar o
perigo de ela ser levada para algum abrigo — disse Dakota, torcendo as
mã os.
Achei que ela tinha razã o. Eu podia nã o saber como ser um pai,
mas nã o deixaria que levassem a menina. Por mais desconcertado com a
situaçã o que eu estivesse, eu assumiria minha responsabilidade e nã o
deixaria Amber desamparada, nunca mais! Ela era minha filha e eu faria
o melhor para cuidar dela.
— Sim — concordou Luke — O registro de Amber é uma das
prioridades neste momento. Como sou seu procurador, Thunder, eu
passei no cartó rio antes de vir para cá , para me informar sobre o que
seria necessá rio para fazer a alteraçã o na certidã o de nascimento da
menina. Já imaginava que o resultado apenas confirmaria o que eu já
suspeitava, por isso me adiantei. Conseguirei resolver tudo sem que você
precise se expor.
— Ó timo, acho que ainda nã o tá na hora de contar pro mundo
que eu tenho uma filha — falei, um tanto aliviado. Eu sabia que ainda
levaria um tempo para que eu me acostumasse à ideia e tivesse a
coragem necessá ria para dizer aos quatro ventos que eu era um pai.
Por incrível que pareça, Dakota concordou comigo.
— Também acho que é cedo para expor Amber ao escrutínio da
mídia. Ela ainda é muito pequenina e você ainda está se acostumando
com todas essas mudanças — disse ela, com ar prudente.
— Certo, isso já elimina esse assunto da minha lista — comentou
Luke, riscando algo em um bloco de papel que trouxera consigo. —
Porém, Thunder, você precisa comunicar aos seus empregadores, até
porque, por ser sua filha, Amber tem direito ao seu seguro saú de e
outros benefícios que o time oferece aos jogadores com filhos. Quer que
eu faça a comunicaçã o por você?
— Você pode formalizar, Luke, mas amanhã mesmo vou me
reunir com a comissã o técnica e informar a eles sobre a existência de
Amber — expus, determinado a assumir meu papel, mesmo que fosse
aos poucos. Quem sabe, assim, eu nã o iria me acostumando com isso de
ter um ser que dependia dos meus cuidados para crescer com
segurança?
— Outra coisa... consegui manter sua faxineira afastada até o
momento. Preciso saber como quer proceder daqui para a frente, pois o
serviço da casa precisa ser feito e nã o é justo que Dakota acumule isso
com a funçã o de babá — ponderou meu empresá rio.
— Eu nã o cresci tendo quem fizesse as coisas pra mim, Luke.
Pode nã o parecer, mas sei fazer de tudo dentro de uma casa e posso
muito bem dividir as tarefas com a Dakota, se ela topar fazer uma parte
— falei. — Acho arriscado manter a faxineira neste momento, ao menos
no início, pois nã o conheço muito bem a mulher. Vai que o termo de
confidencialidade nã o é suficiente para mantê-la de boca fechada?
— Ai, gente, parece mais que Amber é um segredinho sujo! —
reclamou Dakota.
— Nã o é isso, de jeito nenhum. Apenas estamos querendo
proteger a menina de pessoas mal-intencionadas. Talvez você nã o faça
ideia do quanto sou visado, devido ao que conquistei como jogador da
NFL, mas tenho que tomar todos os cuidados quando estou fora de casa
— expliquei. — Carro blindado e seguranças sã o apenas parte do meu
dia a dia.
— Entendi... se é assim, para proteçã o de Amber, eu aceito cuidar
da casa junto do Aidan. Se a gente dividir direitinho, nã o fica pesado,
afinal eu já tenho que limpar a cozinha, que é o mais difícil pra mim,
toda vez que a pequena faz bagunça mesmo — concordou Dakota.
— Vou providenciar um adicional em seu salá rio — Luke anotou
algo em seu bloco de papel.
— Nã o precisa. Eu moro aqui, agora, entã o nada mais justo do
que ajudar a manter o lugar limpo e organizado — ela disse, impedindo-
o. Depois, virou-se para mim. — Eu já passo bastante tempo na cozinha,
preparando as refeiçõ es da Amber, que tal se eu ficar responsável por
essa parte, cozinhar e arrumar tudo depois, e você cuida da faxina no
restante da casa e das suas roupas?
Dei de ombros, pois tanto fazia para mim. Eu nã o era muito fã de
cozinhar, mas conseguia me virar bem. Só esperava que ela fosse uma
boa cozinheira, porque, se fosse ver pela reaçã o da pequena à comida
que ela preparava, eu estaria em uma roubada.
— Por mim, pode ser assim — respondi, me arriscando a comer
comida ruim por algum tempo.
— Nessa parte da divisã o de tarefas, nã o vou interferir — disse
Luke, tirando o corpo fora da decisã o.
— Nã o precisa, acho que já nos entendemos, nã o é, Aidan? —
confirmou Dakota, me olhando.
— Sim, tudo certo. Agora, Luke, uma coisa... eu vou contar sobre
Amber para o meu pai. Ele precisa saber que tem uma neta.
— Imaginei que fosse fazer isso. Eu até tinha anotado aqui para
te perguntar se iria fazê-lo.
— Que bom que está de acordo, porque nã o abro mã o disso —
afirmei.
Ele apenas acenou com a cabeça e riscou mais um item da sua
lista.

Mais tarde, já de noitinha, muito depois que Luke foi embora,


pedi a Dakota que colocasse um vestido bem bonito em Amber, pois
queria fazer uma chamada de vídeo com meu pai, que ainda morava em
nossa cidade natal.
Investi bastante em sua oficina mecâ nica e agora ele tinha uma
demanda bem maior do que antes, vindo clientes até de outras cidades
para que ele consertasse seus carros. Por causa disso, nã o nos víamos
com a frequência que eu gostaria, mas sempre que podia, fazíamos
chamadas de vídeo para matar as saudades.
Desde muito pequeno, éramos apenas ele e eu, já que minha mã e
faleceu cedo e ele nã o quis encontrar outra companheira. Ele foi quem
me ensinou tudo sobre a vida e era meu modelo de homem íntegro. Ele
só nunca me deu conselhos sobre como ser pai, e era disso que eu mais
precisava no momento.
Com Dakota segurando uma Amber muito graciosa em um
vestidinho verde, sentada ao meu lado no sofá , peguei o celular e fiz a
chamada de vídeo. Daria primeiro a notícia e depois mostraria minha
filha.
O rosto tã o conhecido por mim apareceu na tela, assim que ele
atendeu a ligaçã o.
— Oi, filho! Tudo bem por aí? Esqueceu desse seu velho pai? —
foi logo perguntando.
— Claro que nã o te esqueço! Por aqui, está tudo bem, sim.
Desculpe nã o ter ligado nos ú ltimos tempos. Aconteceram umas coisas
por aqui que nã o me deixaram chegar perto do telefone — contei,
tentando já preparar o terreno.
— Muito trabalho? O treinador Jones está pegando muito no seu
pé? Já falei pra você diminuir a quantidade de bebida que ingere nessas
festas que vai, Aidan...
— Ô , pai! Eu tô diminuindo. Tem semanas que eu nã o coloco um
pingo de á lcool na boca! — Era verdade. Desde que Amber chegou em
minha vida, nunca mais havia bebido. E nã o estava sentindo falta.
— Ainda bem! Sua mã e, lá no céu, está olhando por você, nã o
esqueça. Trate de apresentar uma boa figura para ela, senã o, quando eu
chegar lá , Suzane vai puxar minhas orelhas por eu nã o ter te criado
direito! — Eu ouvia esse mesmo discurso toda vez que nos falávamos.
Nessa hora, Amber, já impaciente por nã o ser o centro das
atençõ es dos adultos e curiosa com aquele homem aparecendo na tela,
resolveu se fazer conhecida.
— Abu-dabidá ! Ba! Ba! — disse e acertou a tela do celular com a
mã ozinha aberta, quase me fazendo derrubar o aparelho.
Quando consegui estabilizar a situaçã o, meu pai me olhava com
uma expressã o curiosa no rosto.
— O que foi isso, Aidan? Eu ouvi um bebê?
Cocei a cabeça com a mã o livre. Nã o era bem assim que eu tinha
pensado em apresentar os dois.
— Entã o, pai... eu liguei, porque tenho algo para contar ao
senhor...
— Conte, pois já estou muito curioso aqui! — ordenou ele.
— Há algumas semanas, descobri que sou pai de uma garotinha.
Porém, somente hoje tive a confirmaçã o de que ela é mesmo minha, por
isso nã o falei nada antes — soltei de uma vez.
— Como é?!
— Eu tenho uma filha de quase sete meses. O nome dela é Amber.
Vou mostrá -la para o senhor — falei e virei a tela do celular para que
focasse a menina.
O queixo do meu pai caiu ao ver a bebê se remexendo no colo de
Dakota. Assim que se recuperou, ele ficou sério outra vez e comandou:
— Aidan Kingston! Trate de me contar essa histó ria direito!
E foi o que eu fiz.
O dia de hoje foi cheio de emoçõ es. Vi um homem enorme quase
desmaiar ao ler o resultado do exame de DNA, depois fiquei aliviada
quando ele disse que iria registrar Amber e terminei em um acordo para
dividir as tarefas domésticas com este mesmo homem. Agora, estava
sentada ao seu lado no sofá , enquanto Aidan contava ao pai sobre a
existência da minha princesa.
No momento, ele estava explicando em detalhes ao senhor
grisalho no outro lado da tela como foi que Amber entrou em sua vida.
Enquanto ele falava, eu segurava uma menininha inquieta e curiosa em
meu colo.
— Pai, ela está muito interessada em vê-lo, me dê alguns
momentos, que vou colocar a nossa chamada na tela da TV, para que
possamos nos ver melhor — disse Aidan.
Em seguida, fez o necessá rio para que, em pouco tempo, o rosto
do seu pai aparecesse na tela enorme que dominava uma das paredes da
sala.
— Pronto! Agora o senhor consegue ver a mim e a sua neta ao
mesmo tempo! — falou ele, com um sorriso.
O pai de Aidan era uma versã o mais velha dele mesmo. Eram
muito parecidos, porém o homem do outro lado da chamada tinha rugas
de expressã o ao redor dos olhos que demonstravam que sorria bastante.
Simpatizei com ele no mesmo instante.
— Mas nã o estou vendo somente a minha neta... e essa moça
bonita que está com ela no colo, quem é? É a mã e dela? — perguntou o
homem mais velho.
Aidan olhou para mim por um instante e logo voltou seu olhar
para a tela.
— Nã o, pai. Essa é Dakota Davies, madrinha de Amber. A mã e
dela, infelizmente, faleceu em um acidente há pouco tempo. Por isso que
ela agora está comigo.
— Nossa, que tristeza! Quer dizer, sobre a mã e da sua filha.
Senhorita Davies, meus sentimentos! Por ser madrinha da minha neta,
acredito que sua relaçã o com a mã e dela devia ser bem pró xima — falou
o senhor Kingston, demonstrando sensibilidade.
— Agradeço, senhor.
— Meu filho, esse mal-educado, nã o nos apresentou direito. Eu
sou Adrian Kingston, muito prazer.
— Da mesma forma, Sr. Kingston.
— Pode me chamar de Adrian, me sinto estranho sendo chamado
de senhor! Posso parecer velho, mas nã o é assim que me sinto! — disse
e sorriu, rejuvenescendo alguns anos diante de mim.
— Tudo bem, Adrian — aquiesci.
— Mas me diga uma coisa... vocês dois... estã o juntos? —
perguntou ele, curioso.
— Pai! — ralhou Aidan. — A Dakota está me ajudando a cuidar
de Amber, só isso. Eu a contratei como babá em tempo integral.
— Ah, que pena... pensei que eu finalmente teria uma nora
decente! Porque das ú ltimas que você arrumou, eu nã o gostei, nã o! —
reclamou o homem, fazendo cara de bravo.
Tive que segurar um sorriso, era muito engraçado ver Aidan
levando bronca do pai, como se ainda fosse um adolescente.
— Espero que ele esteja lhe pagando muito bem, Dakota. Se nã o
estiver, pode me ligar, que eu faço ele aumentar seu salá rio! — disse
Adrian, voltando-se para mim.
— Ah, ele está me pagando bem, sim, pode ficar tranquilo —
afirmei e o senhor do outro lado da tela deu um sorriso maroto para
mim.
— Esse rapaz aí tem dinheiro que nã o sabe mais onde gastar.
Agora, com a chegada da minha neta, acho que isso vai mudar um
pouquinho.
— É , eu já comecei a gastar... comprei um enxoval inteiro para ela,
inclusive os mó veis do quarto, que fui obrigado a montar em pleno
domingo, com a ajuda dos meus amigos — queixou-se Aidan.
— O trabalho engrandece o homem, filho. Você trabalhou para
dar conforto à sua filha e isso é muito bom! Estou gostando de ver. Quem
sabe, assim, você se endireita e para de gastar dinheiro com o que nã o
deve?
— Tá bom, pai... — Aidan fez cara de enfado. Ele devia ouvir o
mesmo sermã o toda vez que ligava para o pai.
Amber escolheu justo esse momento para deixar um presente
fedido na fralda. Eu deveria ter percebido que ela estava fazendo
caretinhas e se espremendo, mas me distraí com a ligaçã o.
— Abaaaa! Buuuu! — exclamou ela, assim que terminou de
preencher a fralda com cocô .
— Minha Nossa Senhora! — reclamou Aidan, tapando o nariz.
— Que foi? Minha neta tava fazendo uma carinha igual a que você
fazia ao encher a fralda, quando era bebê. Ela deixou um presentinho,
nã o foi? — questionou Adrian, divertindo-se com a situaçã o
— Fõi! — disse o jogador, com a voz anasalada, por estar
segurando o nariz.
— Eu vou trocá -la! Adrian, foi um prazer! Espero que nos falemos
outras vezes — me despedi, já me levantando e caminhando com Amber
no colo para as escadas.
Quando subi os primeiros degraus, ainda pude ouvir o pai de
Aidan falando:
— Filho, se você nã o está namorando com essa moça, está
perdendo tempo! Ela é linda, simpá tica e vocês formam um casal de
comercial de margarina! Vê se acorda pra vida e conquista essa mulher,
garoto!

Tentei nã o pensar nas palavras do pai de Aidan nos dias que se


seguiram, e ele parecia que também nã o fez muito caso do conselho
dado. Ainda bem, porque se, de repente, ele mudasse seu
comportamento comigo, seria muito, muito estranho.
Porém, o que o senhor Kingston falou sobre parecermos um casal
de comercial de margarina me fez reparar mais ainda em meu
empregador. Eu nã o me achava bela, mas ele era um verdadeiro Apolo.
Mú sculos nos lugares certos, barriga de tanquinho sem uma grama de
gordura, altura, porte... além de um rosto bonito e carismá tico. Exceto
quando franzia a testa, aí ele ficava com cara de mau. O que nã o o
deixava feio de forma alguma, só assustava Amber um pouco.
Além disso, conforme os dias iam passando, ele foi se abrindo
mais e mais para a filha, e a forma como isso estava acontecendo vinha
me deixando cada vez mais encantada pelo homem. Eu quase conseguia
me esquecer de como ele havia sido um babaca com Margot. Quase!
Sempre que meus pensamentos começavam a viajar demais — e
eles andavam fazendo muito isso nos ú ltimos dias —, eu me obrigava a
me lembrar desse aspecto de sua personalidade, para nã o quebrar a
cara mais na frente. Tudo que eu nã o precisava era ter uma paixonite
por Aidan “Thunder” Kingston, como metade das torcedoras do New
York Wolves.
Porém, era difícil lutar contra o fato de que ele se mostrava
interessado em aprender a cuidar da filha em todos os aspectos e ainda
dava conta da sua parte nos serviços domésticos sem reclamar. Para
completar, elogiava minha comida!
No início, ele pensou que eu ofereceria para ele a mesma coisa
que cozinhava para Amber, e olhava para o prato com expressã o de
dú vida. Tive que explicar que a comida dela tinha que ser diferente,
quase sem sal e com pouco tempero, para que ela se acostumasse com o
real sabor dos alimentos. A partir daí, o homem passou a devorar tudo
que eu colocava à sua frente. E como comia! Eu entendia que para
manter aquela montanha de mú sculos ele precisava se alimentar bem,
mas ainda me espantava com sua alimentaçã o. Fosse eu comer metade
do que ele comia, já teria triplicado de peso.
Alguma coisa estava diferente, desde a ligaçã o para o Sr. Kingston.
Nã o sei se era algo nos olhares que à s vezes eu flagrava Aidan lançar em
minha direçã o ou nos toques acidentais em minha pele, que me faziam
arrepiar dos pés à cabeça. Eu nã o tinha muita experiência com o sexo
oposto, mas até um leigo diria que havia uma certa tensã o rolando entre
nó s.
Quanto a Amber, ele já havia aprendido a trocar suas fraldas, a
dar banho na menina, vesti-la e gostava de levá -la para passear pelo
condomínio, em seu carrinho. Como ele morava distante da portaria,
fazia caminhos pelos quais nã o corria riscos de ser visto por quem nã o
era morador do local. E como todos que moravam ali eram ricos e
famosos, prezavam muito pela privacidade.
Amber nã o mais fazia cara de choro quando ele se aproximava.
Pelo contrá rio, abria o maior sorriso para Aidan.
O mais interessante era ver os dois assistindo ao futebol. Ele
explicava todas as jogadas para a pequena e ela respondia com seus
balbucios sem sentido. Era enternecedor olhar os dois nesses
momentos.
Quanto a mim, Luke conseguiu resolver toda a burocracia em
meu antigo emprego sem grandes problemas. Além disso, foi trazendo
aos poucos as coisas que ficaram no apartamento. Os mó veis nã o, pois
estes eram do local, alugamos já mobiliado. Porém, havia algumas coisas
que foram de Margot que eu gostaria de guardar para que Amber tivesse
uma lembrança da mã e, quando ficasse mais velha.
Foi difícil me desfazer das outras coisas da minha amiga, mas foi
necessá rio. Enviei todas as suas roupas para a paró quia mais pró xima,
através do empresá rio de Aidan, pois poderiam servir para outras
pessoas que tivessem necessidade. Guardei fotos e objetos pessoais em
uma caixa, pensando que, no futuro, Amber poderia querer saber como
sua mã e havia sido, e eu teria como mostrar tudo a ela. Ou eu, ou seu pai.
Amber agora estava devidamente registrada como Amber
Collins-Kingston e o perigo de ela ir parar em um orfanato estava
afastado em definitivo. Isso, com certeza, fazia com que eu dormisse
melhor durante a noite.
Quando completou um mês depois que saiu o resultado do exame
de DNA, Aidan resolveu que a filha deveria ter seu pró prio quarto. Ela
estava dormindo durante a noite toda, nã o teve mais problema com os
dentinhos, entã o ele achou seguro mudá -la para um quarto só dela e
deixar o quarto de hó spedes todo para mim.
Como ainda nã o havia decidido revelar a garotinha para o
mundo, ele mesmo cuidou de pintar e decorar o quarto ao lado do dele,
que antes servia como uma academia particular. É claro que chamou
seus amigos Brandon, Ken e Stan para ajudar na empreitada e, em
apenas um fim de semana, eles conseguiram arrumar tudo. Ficou lindo!
Agora, minha princesa tinha um lindo quartinho todo decorado em tons
de rosa e dourado.
Com oito meses recém-completados, a pequena estava cada vez
mais serelepe. Já engatinhava por toda a casa, e tivemos que colocar um
portã ozinho no pé e no topo da escadaria, para que ela nã o descesse
sozinha. Quem entrava na casa de Aidan agora, nã o diria que era a
mesma casa de pouco mais de um mês atrá s: havia protetores de
espuma nas esquinas de todos os mó veis pontiagudos, tampõ es nas
tomadas e ele já havia entregado para Deus seu sofá branco, agora cheio
de marcas de mã ozinhas.
Além disso, em todo esse tempo, nã o houve uma noite sequer que
ele passasse fora de casa, a nã o ser que fosse por um compromisso de
trabalho. Se eu tivesse algum sentimento por esse homem, estaria
orgulhosa de seu comportamento.
A quem eu queria enganar? Eu estava mesmo orgulhosa dele. Era
um Aidan muito diferente daquele que abrira a porta para mim,
enrolado apenas na manta do sofá !
Até o relacionamento entre nó s dois estava melhor. Já nã o
brigávamos tanto e conseguíamos conviver bem, dividindo as tarefas
para mantermos a casa limpa e a bebê, saudável. Ele começava a me
lembrar daquele rapaz que vislumbrei, antes de ele conhecer minha
melhor amiga. Aquele que eu achava diferente dos outros caras, que
tinha algum conteú do por trá s do rostinho bonito.
Nã o sabia eu que a dinâ mica entre nó s dois estava prestes a
mudar...
Era um sá bado fim de tarde, quase noite, e Aidan assistia à Peppa
Pig com Amber, a menina esparramada no seu colo.
— Esse desenho nã o é lá muito bom exemplo para as crianças,
nã o acha, Dee-Dee? — me perguntou ele, da sala.
Sim, ele voltou a me chamar pelo antigo apelido.
— Nã o sei, eu precisaria parar para assistir e conseguir formar
uma opiniã o a respeito, Aidan — respondi alto, da cozinha.
— Por que nã o para um pouco o serviço aí e vem assistir com a
gente? — convidou.
Porém, antes que eu conseguisse responder, ouvimos a
campainha tocar.
Que estranho! Nesse tempo em que Amber e eu estávamos aqui,
essa era a primeira vez que essa campainha tocava. Quem poderia ser?
Saí da cozinha, enxugando as mã os em um pano de prato, curiosa.
Aidan já estava na porta, com Amber no colo, olhando pelo olho
má gico.
O gemido sofrido que ele deu foi audível.
— Acho que temos um problema, Dee-Dee... — disse e me
entregou a menina. — Temos visitas... eles terã o que conhecer Amber.
Abriu a porta e deu passagem a seus amigos que eu já conhecia e
mais dois homens que, pelo porte, também deveriam ser jogadores, mas
que eu nã o fazia a mínima ideia de quem fossem. Fiquei ali, parada em
um canto, tentando passar despercebida, mas Amber nã o tinha as
mesmas ideias. Ao ver tanta gente, foi logo cumprimentando:
— Abaaaa! Daa! Da!
Eu costumava considerar meu pai um cara muito sá bio em seus
conselhos e procurava segui-los sem hesitar na maioria das vezes. Mas
aquele que ele me deu em nossa ú ltima ligaçã o tinha me colocado para
pensar bastante.
De onde ele havia tirado a ideia de que Dakota poderia ser uma
boa namorada para mim, eu nã o sabia, pois eles haviam acabado de se
conhecer. Como ele podia julgar uma mulher apenas em alguns
instantes? Era um mistério.
O fato é que ele conseguiu plantar essa ideia em minha mente e,
desde entã o, passei a observar a mulher que estava morando comigo
com outros olhos.
Primeiro, claro, me concentrei em avaliar seus atributos físicos.
Dakota evoluiu muito neste sentido, de quando eu a conheci para cá . Me
peguei admirando-a, em especial seus seios e sua bunda redondinha, em
diversos momentos do nosso dia a dia. À s vezes, ela se esticava para
pegar alguma coisa em um lugar alto, e a barra do short que costumava
usar subia, moldando suas ná degas. Outras vezes era a blusa que me
deixava entrever uma faixa da barriga lisa, quase me convidando a tocá -
la ali para sentir a maciez de sua pele.
Como bom apreciador de mulheres, primeiro eu me interessei
por aquilo que me entrava pelos olhos: seu corpo agora curvilíneo, seu
sorriso radiante, sua voz sexy, em especial quando cantava — mesmo
que fossem cançõ es de ninar —, e seu olhar penetrante. Sabia que ela
mais de uma vez havia me flagrado olhando para seus atributos físicos, e
sempre que podia, fazia com que nossas mã os se tocassem por acidente,
ou tocava de propó sito em outras partes do seu corpo. Nada que me
mandasse para a cadeia por assédio sexual, claro, apenas toques sutis
em lugares inocentes de sua pele convidativa. Dakota estava cada vez
mais interessante para mim.
Porém, aos poucos, fui me dando conta de que sua personalidade
nã o era tã o séria e rabugenta quanto eu imaginava e me lembrava. Ela
era muito carinhosa com Amber, e isso, de algum modo, mexia comigo
de uma forma que eu nã o conseguia explicar. Vê-la interagindo com a
minha filha despertava coisas em mim que nem sabia que existiam. Era
um comichã o diferente no peito, algo que nunca havia sentido antes.
Além disso, quando nã o estávamos discutindo — algo que acontecia
cada vez menos — ela era espirituosa e divertida em seus comentá rios e
atitudes.
E, o mais importante: ela adorava futebol americano e entendia
do assunto. Volta e meia, eu assistia a algum jogo com Amber no colo, e
ela sempre fazia observaçõ es inteligentes sobre a partida que estava
passando na TV.
A verdade é que Dakota estava se infiltrando a cada dia em minha
cabeça e em meu coraçã o, mudando a forma como eu a enxergava e me
fazendo desejá -la de um jeito que nã o havia desejado mulher alguma
antes dela.
O que eu ainda nã o havia experimentado com relaçã o a ela até o
momento foi ciú mes. Mas isso mudou no dia que os caras do time
apareceram de surpresa em minha casa.
Eu estava assistindo a um desenho animado com Amber na
televisã o, o da tal porquinha que vivia se jogando nas poças de lama.
Nã o estava achando aquele programa algo muito educativo e comentei
com Dakota, que estava na cozinha preparando o jantar da minha filha.
Convidei-a para se juntar a nó s dois, mas, antes que ela pudesse
responder, a campainha da casa tocou.
Achei estranho, pois, se fossem os caras do OTB, nã o precisariam
tocar, todos tinham minha senha, para um caso de necessidade. Eles nã o
costumavam aparecer sem mandar uma mensagem antes, e eu nã o
recebi nada no nosso grupo. Mas era alguém que tinha passe livre na
portaria, pois, senã o, teria sido o interfone a tocar.
Me aproximei da porta com Amber nos braços e olhei para ver
quem era. O rosto barbado de Marlon inundou minha visã o pelo olho
má gico.
— Acho que temos um problema, Dee-Dee... — falei para ela, que
tinha vindo da cozinha ao ouvir a campainha, e entreguei a menina em
seus braços. — Temos visitas... eles terã o que conhecer Amber.
Nã o dava para ficar enrolando. Me armei com um sorriso, afinal
eram meus colegas de time — deu pra ver que Marlon nã o estava
sozinho — e abri a porta.
— E aí, cara! Já que Maomé nã o vai até a montanha, a montanha
vem até Maomé — disse ele, me entregando um fardo de cerveja. —
Você nunca mais apareceu nos happy hours do time, entã o viemos te
fazer uma visitinha! — Foi entrando em casa, seguido por Juan e logo
depois meus amigos Ken, Stan e Brandon, com caras de preocupaçã o.
Este ú ltimo conseguiu me dizer baixinho, de modo que os outros
nã o percebessem:
— A gente tentou impedir, mas foi uma missã o impossível.
Desculpa!
Amber, que estava quietinha no colo de Dakota, escolheu justo
esse momento para anunciar sua presença:
— Abaaaa! Daa! Da!
Nã o teve jeito: os dois que nã o conheciam Amber se espantaram
com o barulho e logo o interrogató rio começou.
— Quem é o bebê?
— É menino ou menina?
— É menina, nã o tá vendo o brinquinho na orelha?
— Vai me dizer que é sua filha?!
— Pô , cara, por que a escondeu de nó s?
— Quem mais sabe dela? Ou só a gente nã o sabia?
— Caras, caras! — falei, por sobre a cacofonia de perguntas dos
dois, fazendo sinal com as mã os. — Eu vou explicar, mas devagar, beleza?
Assim, vocês vã o assustar a menina!
Amber já estava mesmo começando a mudar para aquela carinha
que me deixava aflito no início da nossa convivência. Mas agora, com
pouco mais de um mês que ela estava comigo, já havíamos conseguido
superar esse estranhamento inicial.
Suspirei, vendo que nã o haveria maneira de preservar minha
menina dos dois curiosos.
— Vamos lá pra sala, que eu conto tudo para vocês — convidei.
— Eu vou dar o jantar dela, Aidan — Dakota se pronunciou, já
levando Amber para a cozinha.
— Tudo bem, Dee-Dee.
— Eu vou ajudar, sei como essa hora pode ser caó tica — disse
Brandon, seguindo a mulher para a cozinha.
Nã o pude deixar de notar que Marlon seguiu a madrinha da
minha filha com o olhar, até que elas desaparecessem cô modo adentro.
Seu olhar nã o era lá muito respeitoso e isso me incomodou.
— Ei, cara, olha o respeito! — Dei um tapa em sua cabeça, na
parte de trá s, para ele parar de secar a bunda de Dakota.
— Ela é a mã e da menina? É sua mulher? — questionou ele.
— Nã o para as duas perguntas. É a madrinha de Amber e está
cuidando dela para me ajudar.
— Ou seja, é a babá . Ela é gata, cara! É solteira, né?
— Que eu saiba, sim — respondi entredentes, já me irritando
com meu colega de time.
— Tá pra mim! — disse ele, esfregando as mã os.
— Bolt, sossega, cara! — Ken veio em meu socorro. — Você nã o
precisa pegar toda mulher solteira que aparece na sua frente. Deixa a
Dakota quieta!
— Que foi? Tá a fim dela, por acaso?
Aquela conversa estava me irritando sobremaneira! Estava mais
do que na hora de cortar as asinhas de Marlon.
— Entã o... — Bati palmas com força, para chamar a atençã o dos
homens reunidos na minha sala. — Vocês queriam saber sobre Amber.
Ela é minha filha, sim. Só soube de sua existência há pouco mais de um
mês, e agora sou responsável por ela, já que sua mã e morreu em um
acidente. É claro que a mídia ainda nã o sabe sobre ela, entã o peço a
discriçã o de vocês quanto a isto — declarei e foquei um olhar bem sério
e feroz em Marlon e Juan.
— Pelo visto, se a gente nã o tivesse aparecido aqui,
continuaríamos sem saber que temos um novo pai do ano entre nó s, hã ?
— brincou este ú ltimo.
— Eu ainda nã o quero expor minha filha à imprensa. Nossos
superiores sabem sobre ela.
— E a panelinha de vocês também, pelo visto — reclamou
Marlon, referindo-se aos meus vizinhos de condomínio.
— Se você tivesse aceitado nosso convite pra vir morar aqui
perto, também saberia, oras — Stan retrucou de imediato, erguendo as
duas mã os, como se ele nã o tivesse culpa por Marlon nã o querer ser
nosso vizinho.
— Sei, sei...
Apesar do running back ser um pé no saco à s vezes, eu sabia que
iria guardar segredo sobre Amber.
— Mas, e aí, vamos tomar uma cerveja? Daqui a pouco, vai ter
jogo de basquete na TV, a gente veio assistir aqui com você — revelou
Juan.
— Ah, foi por isso que resolveram aparecer? — Eu ri.
— Claro, Thunder! O time inteiro sabe que a sua TV é a maior de
todos nó s.
Eles se esparramaram no meu sofá , e pouco depois do tal jogo
começar, Dakota e Brandon vieram da cozinha, meu amigo carregando
Amber nos braços e fazendo gracinhas para ela.
— Ela hoje comeu tudo, Aidan! — comentou Dakota, sorrindo
para mim.
— Que notícia boa! Fez muita lambança?
— Até que nã o. Brandon ficou fazendo macaquices para ela e isso
a distraiu.
Meu amigo e a madrinha da minha filha trocaram um sorriso
cú mplice que fez o bichinho do ciú me me picar. Eu precisava dar um
jeito nisso. Dakota era livre para se interessar por quem quisesse, mas
eu estava chegando à conclusã o de que a queria para mim.
— Sua filha está cada vez mais esperta, Thunder — elogiou
Brandon. — Acho que está na hora de Maddie passar o bastã o de
mascote do time para ela, hein?
— Boa ideia, Bran! Podemos chamá -la de Lobinha, Thunder? —
perguntou Kenneth, empolgado.
Dei de ombros, pois nã o via problema algum.
— Claro.
— Vou comprar uma roupa de lobo que vi numa loja outro dia —
prometeu Stanley.
— Vocês nã o existem... — Sorri.
— Precisa levá -la ao está dio, Thunder! — disse Juan. — Pra dar
sorte pra gente!
— Qual parte de “eu nã o quero expor minha filha” você nã o
entendeu?
— Qual é! Ninguém precisa saber que é sua filha... É só a Dakota
levar ela e as duas ficarem na arquibancada geral — sugeriu Marlon.
Até que nã o era uma má ideia.
— Você gostaria de ir, Dakota? — perguntei a ela, que agora já
estava outra vez com Amber nos braços, visto que Brandon tinha se
adiantado para pegar uma cerveja.
— Eu adoraria! — respondeu, com os olhos brilhando. — Sempre
tive vontade de ir a um dos jogos, mas nunca pude. — Ela deu outro de
seus sorrisos luminosos. De repente, pareceu lembrar-se de algo e fez
uma expressã o marota. — Ei, vocês podem autografar minha camiseta
dos Wolves?
— Olha só ! Temos uma fã aqui! É claro que sim! — disse Juan, de
maneira simpá tica.
Ela, entã o, subiu para buscar sua camiseta, deixando Amber
comigo. Agora, eu já sabia como segurar a minha filha da maneira
correta, sem parecer que estava segurando algo que poderia ser
quebrado em mil pedaços.
— Sua menina é uma gracinha — comentou Juan, fazendo
cosquinhas na barriga dela, que deu seu sorriso quase banguela para
meu colega de time.
— Obrigado! — respondi, como um pai orgulhoso faria.
Ainda bem que meus amigos mais chegados nã o comentaram
nada sobre o fato de eu ter rejeitado a presença dela no início. Agora,
isso nem passava pela minha mente. Estava me tornando um pai babã o.
Quando Dakota voltou com a camisa, reparei que era a que tinha
o nú mero de Brandon nas costas e isso me deixou aborrecido.
Por que não pensei em dar eu mesmo uma camiseta com meu
número para ela? Burro!
— Ganhei esta aqui de presente do Brandon, mas ainda nã o havia
pedido para assinarem para mim — explicou Dakota, reparando na
minha cara fechada.
Entã o todos nó s a autografamos e é claro que Marlon aproveitou
o momento para dar em cima dela.
— Entã o, Dakota... que dia é sua folga? Ou o Thunder está te
mantendo em regime de trabalho escravo? — falou, tentando fazer
graça, sem perceber que nã o estava agradando.
Ela fechou a cara para ele, que, idiota como era, nã o entendeu o
fora silencioso.
— Quando você nã o estiver trabalhando, que tal sair comigo para
um passeio pela cidade? — perguntou o running back.
— Nã o, muito obrigada. Nã o tenho tempo livre e conheço a
cidade muito bem — ela respondeu, a expressã o azeda.
Isso, garota!
Comemorei por dentro quando ela o colocou em seu lugar, e,
como ela falou em voz bastante alta, os outros caíram de gozaçã o para
cima de Marlon.
— Bem, eu tinha que tentar, né? — disse ele, dando de ombros.
Ela seria apenas mais uma de suas conquistas se caísse na conversa dele,
o que nã o aconteceu, para minha alegria.
Depois disso, nos concentramos em assistir ao tal jogo de
basquete e os caras pararam com as gracinhas e brincadeiras, mais
preocupados em saber qual time iria encestar mais bolas.

Bem mais tarde, quando todos já tinham ido embora e Amber já


estava dormindo o sono dos anjos em seu berço, desci para beber um
copo d’á gua na cozinha e me deparei com Dakota adormecida no sofá , a
TV ligada em um episó dio antigo de Friends.
Me permiti admirar suas feiçõ es relaxadas por um instante,
aquela beleza loira ressonando tranquila, antes de me decidir a levá -la
para seu quarto. Me aproximei em silêncio e a ergui em meus braços.
Pretendia carregá -la sem que a acordasse, mas, quando cheguei
no limite entre o corredor e a porta do seu quarto, suas pá lpebras
tremularam e, antes que ela abrisse os olhos, eu a ouvi chamar por mim,
ainda sonhando:
— Aidan...
Um choque agradável percorreu meu corpo. Eu a ouvi tantas
vezes chamar meu nome, nesse tempo que estávamos convivendo, mas
nunca dessa forma, em um sussurro, como uma sú plica.
Entã o ela também estava atraída por mim? Me senti tã o poderoso
por ter conseguido chamar sua atençã o que me demorei ali na entrada
do cô modo, sem me decidir o que fazer depois dessa descoberta. Minha
demora foi o suficiente para que Dakota abrisse os lindos olhos, me
encarando, confusa. Com a voz ainda sonolenta, perguntou:
— Aidan? O que está acontecendo?
Ela estava tã o linda, tã o à vontade em meus braços, que eu nã o
resisti: desci meus lá bios sobre os dela, roubando um beijo que começou
com ternura, mas que nã o demorou quase nada a se transformar em
pura luxú ria.
Se antes eu já estava atraído, aquele momento bastou para que eu
me visse fascinado por aquela mulher.
Eu ainda nã o sabia se era um sonho ou se estava mesmo
acordada.
Aidan me beijava com paixã o, como tantas vezes fantasiei. O
sabor dos seus lá bios era mais gostoso do que, com frequência, eu
imaginava.
Começou com um toque hesitante de sua boca na minha e, com
rapidez, escalonou para uma necessidade maior de intimidade, uma
mistura de saliva e línguas dançando em harmonia.
Agarrei a frente da sua camisa, em busca de apoio e ele me
apertou mais forte em seus braços. Foi quando me dei conta de que era
mesmo verdade e isso me assustou.
Me remexi em seu colo, o que o surpreendeu, fazendo com que
me colocasse no chã o. Com os dois pés no solo, eu me libertei daquele
feitiço que era o beijo de Aidan. E, como uma covarde, fugi para a
segurança do meu quarto, batendo a porta bem na cara dele.
Me encostei na folha de madeira, agora muito desperta, e arfei
por uns bons minutos, a adrenalina da situaçã o correndo em minhas
veias. Toquei em meus lá bios, querendo ter a certeza de que tudo nã o
passou de um sonho sensual.
Onde eu imaginaria que Aidan iria me beijar e de forma tã o
intensa? O que eu deveria fazer a seguir?
Esperei alguns momentos antes de me mexer, atenta aos barulhos
no corredor. Percebi que ele ainda passou instantes parado diante da
minha porta, mas ouvi seus passos quando se afastou.
Só entã o julguei seguro caminhar até minha cama, com as pernas
ainda trêmulas do impacto emocional do que eu acabei de vivenciar. Me
deitei e me cobri até a cabeça, acreditando que, quando eu acordasse no
dia seguinte, descobriria que tudo nã o passou mesmo de um sonho. Um
muito real, mas, ainda assim, produto dos meus anseios mais secretos.

Abri os olhos quando a luz do dia se infiltrou pelas cortinas, certa


de que apenas sonhei que fui carregada e beijada na noite anterior.
— Foi só um sonho, Dakota! Deixa de ser besta! — disse a mim
mesma.
Desci para cozinha e, para minha surpresa, encontrei um Aidan
somente de bermuda segurando Amber no colo.
— Ela acordou mais cedo, hoje — disse ele, me lançando um
sorriso radiante.
— Uhum... — concordei, sem saber direito como agir. Eu nã o era
uma iludida: sabia que nã o havia sido sonho coisa nenhuma, por mais
que quisesse me convencer do contrá rio. O resultado disso é que nã o
sabia como agir diante do homem que havia me beijado na noite
anterior.
Como ele agiria? Como se nada tivesse acontecido?
Era o que eu esperava, mas Aidan tinha outras ideias. Do nada,
sem que eu pudesse esboçar qualquer reaçã o em contrá rio, ele plantou
um beijo em minha bochecha.
— Bom dia, raio de sol! Está cheirosa essa manhã ! — disse ele. —
Que perfume está usando?
— Eu... é... é apenas sabonete.
— Nossa, entã o deve ser seu cheiro natural, pois está uma delícia.
Dá até vontade de morder. Posso?
Olhei com estranheza para ele, que deu uma risada.
— Ok, sem mordidas antes do café da manhã , já entendi.
Quem era aquele Aidan? Desde quando ele me tratava daquela
forma? Será que o beijo de ontem soltou algum parafuso em seu
cérebro?

Depois da reaçã o inesperada de Dakota ao meu beijo, esperei que


ela abrisse a porta outra vez e pulasse em meus braços. Nã o aconteceu.
Frustrado, me recolhi em meu quarto e passei a noite fritando de
um lado para o outro na cama, cheio de vontades nã o saciadas. Provar
aquela boca só piorou tudo.
Eu tinha certeza, pela forma como reagiu, que no dia seguinte, ela
iria agir como se nada tivesse acontecido. Só que eu ia meter o louco!
Nã o daria paz a Dakota enquanto ela nã o estivesse em meus braços
outra vez. A mulher iria ver só !
Me levantei com o dia raiando e saí para correr pelo condomínio,
para descontar a noite frustrada. Voltei, tomei banho e vesti apenas uma
bermuda, de propó sito. Eu já vira como Dakota ficava diante do meu
peitoral repleto de mú sculos, entã o iria usar as armas que tinha, até
fazê-la se render.
Quando passei pelo quarto de Amber, a travessa já estava de pé
no berço, apoiada na grade. Abriu aquele sorrisã o que me deixava todo
derretido, quando me viu.
— Cadê a lindinha do papai? Cadê a lindinha do papai, hein? —
perguntei, me aproximando e tirando-a de sua prisã o noturna.
Ela gargalhou gostoso quando eu fiz um barulho com a boca em
sua barriguinha.
— Tá com fome, minha Lobinha? Gostei do apelido que seus tios
lhe deram. Vamos tomar um leitinho gostoso, vamos?
Saí com ela do quarto e fui até a cozinha, na qual a coloquei
sentadinha no cadeirã o de alimentaçã o e comecei a preparar sua
mamadeira. Era incrível o quanto aprendi a cuidar dela em pouco mais
de um mês.
Antes de Amber chegar na minha vida, nunca havia me
imaginado alimentando uma criança, ainda mais de forma saudável e
correta. Agora, conseguia misturar a fó rmula infantil e a á gua na
proporçã o certa, com as mã os nas costas.
Entreguei a mamadeira cheia para ela, que a segurou com as duas
mã os de dedos gordinhos.
— Baaa! Dabadaaa! — Ela pareceu me agradecer, antes de virar o
bico na boca e se fartar do leite.
Quando Amber havia acabado de tomar tudo e eu já estava com
ela no colo outra vez, Dakota surgiu na cozinha, toda desconfiada.
Bem como eu imaginei, ela iria fazer de conta que nã o rolou beijo
nenhum ontem à noite. Entã o comecei a colocar meu plano em prá tica,
cumprimentando-a de maneira alegre e plantando um beijo inesperado
em sua bochecha.
Os olhos dela ficaram do tamanho de um pires, cada um! Me
diverti por dentro, mas mantive meu papel de playboy conquistador.
— Sabe, Dee-Dee, eu estive aqui pensando com meus botõ es...
— Que botõ es, Aidan? Sua bermuda é de elá stico!
Ah, entã o ela reparou em mim. Aidan 1x0 Dakota.
— Ah, faça de conta que eu tenho botõ es! Enfim... estava eu aqui
pensando com meus botõ es... A gente está precisando de uma folguinha,
nã o acha? Estamos cuidando de Amber e da casa sem parar por um mês
e meio...
— Bebês nã o dã o folga, Aidan. Sinto te informar.
Ignorei sua fala de propó sito.
— Eu tive uma ideia ó tima!
— Que ideia? — perguntou ela, toda desconfiada, cruzando os
braços na frente dos seios, apenas fazendo com que seu decote ficasse
ainda mais em evidência. Ah, delícia! Nã o via a hora de cair de boca
naqueles peitos suculentos. Se dependesse de mim, isso nã o demoraria
muito a acontecer.
— Que tal se a gente pedisse uma ajudinha para a Sra. Sanders,
para sairmos para jantar essa noite? Um vale-night, o que acha?
O queixo de Dakota caiu.
— Você... quer me levar pra jantar?
— Claro! A gente merece! E nada de hambú rguer com batata-
frita! Algo legal de verdade! — falei, de maneira despretensiosa, para
que ela nã o desconfiasse do que eu estava pensando em fazer. Dakota
teria uma surpresa, se eu conseguisse organizar o que pensei durante
minha madrugada insone. Ah, se teria...
Ela se adiantou e colocou a mã o na minha testa, como se medisse
minha temperatura.
— Você tá bem? Tá com febre? Aidan, sou eu... Dee-Dee... a chata,
lembra?
Eu agarrei sua mã o de imediato e plantei um beijo em sua palma,
fazendo-a corar por causa da expressã o de malícia calculada que plantei
em meu rosto. O beijo inocente estava repleto de promessas.
— Eu sei muito bem quem estou convidando para jantar comigo!
— respondi.
— Er... eu... bem...
— Vamos lá , Dee-Dee... a gente está precisando relaxar! Janta
comigo, vai? — Fiz cara de menino desamparado.
— Nã o sei se a gente deve, Aidan... você é meu chefe e...
Quando ela lançou esse argumento, vi que estava na hora de
acabar com o joguinho dela de fazer de conta que nada aconteceu na
noite anterior.
Dakota estava de pé pró ximo a mim, entã o foi fá cil segurá -la pela
cintura e trazê-la para mais perto, mesmo com Amber entre nó s. Encarei
bem dentro dos seus olhos antes de falar:
— Você pode fingir o quanto quiser, Dee-Dee, mas eu quero mais
do que tivemos ontem.
Rá pido, para que ela nã o me afastasse, roubei um selinho de seus
lá bios e a soltei.
— Esteja pronta à s sete da noite — disse e me virei para sair da
cozinha. — Agora, vou trocar a fralda dessa mocinha aqui.
Primeira parte do plano: concluída com sucesso.
Depois de trocar Amber, eu mandei uma mensagem no grupo dos
meus amigos.
Thunder: Brandon, preciso de uma força, cara!
Bran: A essa hora da manhã , meu velho? Nã o dava pra ser mais tarde,
nã o?

Ken: Ó o outro, cheio de preguiça! Acorda pra cuspir, Brandon!

Bran: Tô acordado há séculos. Nã o sou vocês, nã o!

Stan: Quê? Como? Onde? Por quê? Acabei de abrir o olho, só porque o
celular começou a fazer barulho a essa hora da madrugada.

Thunder: Vou entregar todos vocês pro treinador! Se ele souber que
estã o preguiçosos desse jeito, nã o vai gostar nadinha! Eu já corri pelo
condomínio, dei comida pra Lobinha e troquei a fralda.

Ken: Muito bem, pai do ano!


Stan: Sua filha é uma graça, mas tô fora. Quero saber de filho nem tã o
cedo!

Thunder: Voltando pro assunto...


Ken: Que assunto?

Thunder: Tô precisando de uma ajudinha... do Brandon, em primeiro


lugar, mas de vocês dois também!

Stan: Lá vem o golpe!

Bran: Fala, Thunder, o que tu quer?

Thunder: Será que rola da Amber ficar aí na tua casa com a Maddie e a
Sra. Sanders essa noite? Tô querendo sair com a Dakota pra jantar
fora...
Ken: Stan, me paga 100 dó lares.

Stan: Porra, Thunder, foi rá pido demais!

Bran: Nem vem, você apostou sabendo que ia perder!

Thunder: Aposta? Que aposta?

Ken: A gente apostou quanto tempo ia levar pra você chamar a Dakota
pra sair depois da investida do Marlon.

Thunder: Porra, belos amigos vocês. Pera... tava na cara assim?

Bran: Só você mesmo nã o percebia, Thunder! Precisou o Bolt dar em


cima, cara. Que vacilo!
Thunder: ...

Thunder: Vai rolar ou nã o, Bran?

Bran: Claro, pode contar com minha babá ! A Sra. Sanders vive falando
como sua filha é linda, vai adorar ficar com ela.

Ken: E onde a gente entra nessa? Nã o vou montar mais nenhum mó vel,
sacou?

Stan: Já transferi os 100 dó lares. Saco!

Thunder: Sabe aquele contato de vocês no Top of the Rock? Será que
ele nã o poderia me ajudar?
Stan: Sua sorte é que o cara tá na cidade, Thunder. O que você quer?
Reserva pra dois?

Thunder: Nã o... quero reservar o lugar inteiro pra essa noite!

Ken: Porra! O cara quer mesmo impressionar a Dakota. E aí, caras, a


gente ajuda ou nã o? Será que ele tá merecendo?

Stan: Sei nã o... já me custou 100 pilas!

Bran: Deixem de ser pé no saco, bora ajudar o brother! Eu já vou fazer


minha parte!
Ken: É . A parte mais fá cil, né, Bran? Só emprestar a babá .
Stan: Olha, só porque eu quero voltar a dormir... vou ligar pro cara,
beleza? Mas nã o garanto nada!

Bran: Ajuda aê, Ken. Você conhece mais o cara.

Ken: Tá , tá ... considere feito, Thunder!

Thunder: Valeu, caras! Vocês sã o nota 1000! Me desejem sorte!

Stan: Sorte? Cara, se ela nã o se impressionar com o Top of the Rock só


pra vocês, nada mais vai funcionar com essa mulher!

Ken: Vai dar certo! Relaxa, brother! A Dakota tá na sua!

Bran: Boa sorte, irmã o!

Mandei um emoji de dedos cruzados e fechei a conversa. Amber


já estava impaciente, me esperando no berço.
— Bu! Dababu! Badu! Ba! — reclamou ela, quando a peguei de
volta no colo.
— Poxa, filha! Eu acabei de trocar essa fralda! Nã o podia deixar
pra fazer cocô mais tarde, nã o? — perguntei, tampando o nariz e
correndo com ela para o banheiro.
Apesar do incidente nível bomba nuclear na fralda de Amber, que
vazou pelas costas inteirinhas e eu acabei tendo que dar um banho nela
— já que eu nã o queria chamar sua madrinha para me ajudar, com
intuito de deixá -la pensando em meu convite na santa paz —, eu nã o
conseguia tirar o sorrisinho vitorioso do rosto. Naquela noite, eu iria
beijar Dakota outra vez!
Depois que Aidan saiu com Amber e me deixou na cozinha, pude
processar tudo que acabou de acontecer.
Tá, eu já sabia que o beijo rolou de verdade, mas quem era esse
homem jogando charme para cima de mim e ainda me roubando um
selinho do nada?
E mais! Me chamando para jantar fora e ainda me dizendo que
queria mais de mim?
De repente, me subiu um calorã o pelo corpo... precisei sentar e
me abanar, por receio de nã o conseguir me sustentar nas pernas. Algo
assim nunca havia acontecido comigo.
Sempre fui a garota que segurava vela ou que ficava pelos cantos
nas festinhas enquanto inú meros casais se pegavam na minha frente. Eu
tinha zero experiência no campo amoroso, mas nã o por falta de vontade.
Era só que parecia que eu era invisível para os homens, na adolescência
e na época da faculdade. Depois que me formei, a situaçã o nã o mudou
nada.
Até pensei que, com a troca dos ó culos por lentes de contato e
por me livrar do aparelho que me acompanhou a vida quase toda, eu
ficaria um pouco menos invisível, mas nã o foi o que aconteceu.
Aí, agora, do nada, esse homem espetacular, desejado por
milhares, me beija e ainda diz que quer me beijar mais?
Minha nossa senhora da bicicletinha, dai-me equilíbrio, pois eu não
sei lidar com isso, não!
Aidan nem desconfia que foi meu primeiro beijo. Por sorte, eu
correspondi direitinho, pois ele nã o percebeu nada. Também, foi tã o
rá pido...
Corada até a raiz dos cabelos, me forcei a levantar e começar a
arrumar o café da manhã . Sabia que Amber já havia tomado uma
mamadeira, vi os vestígios na pia, mas os adultos da casa também
precisavam comer. E o jogador comia muito bem. Precisava fazer o shake
dele, com frutas e whey, para começar. Mas, antes de tudo, passaria um
café novo.
Depois que fiz a bebida quente, quebrei ovos e misturei com
presunto e queijo, fazendo uma bela omelete. Só entã o bati o shake de
Aidan e fui até o pé da escada, chamá -lo.
— Aidan, seu café tá pronto! — gritei para o primeiro andar.
— Nã o vou poder ir agora! Amber fez uma sujeirada do caramba
aqui! Tô dando banho nela — ele gritou também, com sua voz poderosa.
Arregalei os olhos. Ele sempre empurrava o banho para mim,
mesmo quando era uma emergência. O que estava acontecendo esta
manhã ? O mundo estava de cabeça para baixo?
Os ovos iriam esfriar e ficariam péssimos se ele nã o viesse
rá pido. Decidi comê-los eu mesma, e depois preparar outros para Aidan.
Enquanto mastigava, pensava no convite inusitado. Deixando de
lado a questã o de ele estar dando em cima de mim de maneira
inequívoca, uma mudança de ares nã o era má ideia. Fazia mais de um
mês e meio que o ú nico lugar para onde eu ia eram as ruas do
condomínio. Estava mesmo precisando de um momento de
tranquilidade e diversã o. E eu sabia que, quando queria, Aidan podia ser
uma boa companhia.
A quem eu estava enganando? A promessa dos beijos que ele
deixou no ar era um motivador muito maior do que qualquer outra
coisa. Me arrepiava só de pensar em beijar aquela boca outra vez.
Antes que eu me desse conta, Aidan voltou para a cozinha, com
uma Amber muito serelepe em seu colo.
— Abaaaa! Daaaa! — gritou ela quando me viu e estendeu as
mã ozinhas para que eu a pegasse.
Diante de um pedido desses, eu nã o tinha outro jeito senã o
atendê-la.
— Eu fiz ovos para você, mas eles iam ficar frios, entã o eu comi
— revelei a Aidan, corando.
— Nã o tem problema, eu me viro — respondeu ele, indo até o
liquidificador e apertando o botã o para dar uma mexida rá pida em seu
shake.
Enquanto ele pegava um copo no armá rio e o enchia com o
líquido gelado, eu criei coragem e perguntei:
— Ainda há pouco... sobre o jantar... você falou sério?
O homem virou para mim com rapidez, quase derrubando o
conteú do do copo no chã o.
— Mas é claro que sim! Nã o vai amarelar agora, né, Dakota? Já
falei com o Brandon pra Amber ficar na casa dele e tudo!
— Nã o... nã o. Eu só ... queria ter certeza. Olha, pode ser um
hambú rguer com fritas, mesmo... — falei. — Acho que em meu guarda-
roupas nã o tem nada para ir a algum lugar mais chique do que uma
lanchonete.
— Nã o se preocupe para onde vamos, ok? O importante é
estarmos juntos — retrucou ele, todo galante, me dando uma piscadinha
sexy e um sorriso de arrasar quarteirõ es.
Antes que eu ficasse mais vermelha do que já estava, me segurei
na desculpa perfeita que Amber me fornecia para fugir dali, senã o
poderia acabar falando alguma bobagem e revelando mais dos meus
sentimentos do que eu queria.
— Eu vou... levar a princesinha para tomar sol!
Ele apenas acenou com a cabeça enquanto bebia o shake e eu
corri para fora da cozinha o mais rá pido que minhas pernas permitiram.

Eu devia ter imaginado que Dakota ficaria constrangida por causa


das suas roupas. Hambú rguer com fritas? Lanchonete? Pois sim... isso
era fá cil de resolver.
Bastou ela fugir da cozinha, como se tivesse uma manada de
elefantes atrá s dela, e eu saquei meu celular do bolso da bermuda.
— Luke, eu preciso que você providencie algo para mim, para
hoje antes das cinco da tarde! — fui logo falando quando ele atendeu.
Depois de passar instruçõ es detalhadas do que eu queria,
desliguei e fui para o fogã o, preparar uma omelete para complementar
meu café da manhã .
Eram umas três da tarde quando Luke apareceu em casa, com
uma caixa branca enorme nos braços.
— Está tudo aqui?
— Sim, tudo conforme me pediu — respondeu ele. — Thunder,
por favor, nã o apronta! Se você for flagrado em alguma bebedeira essa
noite, vai ser difícil conter os estragos. Aquela fofoqueira do capeta tá no
pé de vocês, sabe disso!
— Nã o se preocupe, eu nã o pretendo aprontar nada! Agora, sou
um pai, nã o posso mais ficar por aí envolvido em escâ ndalos. Que
exemplo eu vou ser para minha filha, se isso acontecer?
— Quem te viu, quem te vê... — resmungou ele. — É bom mesmo.
Qualquer coisa, estarei a uma ligaçã o de distâ ncia.
— Valeu, Luke. Você é o cara! — me despedi.
Assim que ele foi embora, aproveitei que Dakota estava
colocando Amber para cochilar em seu bercinho, e fui até o quarto que
ela estava ocupando. Deixei a caixa sobre a cama, com um bilhete:

Use hoje à noite!

Durante o almoço, havia combinado com ela que levaria Amber


para a casa de Brandon enquanto ela se aprontava para nossa saída.
Dakota deixou a bolsa arrumada com tudo que a pequena precisaria e,
quando ela entrou no banho, coloquei Amber no carrinho, para irmos
caminhando até a casa do meu amigo. A Sra. Sanders nos recebeu na
porta, toda sorrisos para a minha garotinha. Ao lado dela, uma Maddie
empolgada saltitava, doida para ver o bebê.
— Tio Thunder, sua filha é muito fofinha! — disse a menina,
quando olhou dentro do carrinho, sorrindo para mim.
— Ela é, nã o é? — perguntei, orgulhoso, ao que Madison
concordou com um aceno de cabeça. — Cuida direitinho dela, tá ?
— Pode deixar, tio! Vou fazer de conta que ela é minha irmã zinha!
Como eu nã o sabia se isso era algo bom ou ruim, apenas acenei
em resposta e corri de volta para casa. Afinal, eu queria estar pronto
antes de Dakota.
Me arrumei com cuidado e caprichei no perfume. Uma camisa
social dobrada até os cotovelos e calça de sarja escura. Barba aparada,
cabelo penteado, sapato lustroso nos pés e reló gio de ouro no pulso.
Estava pronto.
Desci as escadas e, como eu imaginava, Dakota ainda nã o havia
saído de seu quarto. Porém, nã o demorou muito e ouvi sua porta bater
no andar de cima. Olhei para o topo da escadaria, em expectativa.
Precisei prender a respiraçã o.
Ela já era bela aos meus olhos com as roupas que usava no dia a
dia, sem maquiagem e com o cabelo preso em um rabo de cavalo ou um
coque desleixado. Agora, estava divina!
— Dee-Dee... uau! Você está ... fantá stica! — Nã o poupei o elogio,
quando ela começou a descer os degraus.
O vestido preto de saia solta evidenciando suas pernas longas e
bem torneadas, o cabelo trançado na lateral, a maquiagem realçando seu
olhar e tornando sua boca ainda mais convidativa, as sandá lias altas...
Dakota estava linda demais!
Ao se aproximar, fiquei inebriado pelo perfume marcante que ela
estava usando, um aroma sensual e doce ao mesmo tempo, que
combinava à perfeiçã o com a mulher que usava.
Se eu fosse um lutador de boxe, teria ido a nocaute naquele exato
instante, com toda a sua beleza.
Ela estava com o rosto um pouco afogueado, envergonhada pelo
meu elogio e pela cara de bobo embasbacado que eu devia estar
fazendo.
— Você tá linda! — disse em voz alta e ela corou ainda mais.
— Nã o precisava ter gastado tudo isso comigo, Aidan! — ralhou
Dakota, de modo suave.
— Valeu a pena — comentei, somente. — Vamos? — perguntei,
oferecendo meu braço dobrado. Ela apoiou a mã o com delicadeza e
saímos para pegar minha Ferrari.

Nã o houve muita conversa entre nó s no caminho até o Rockfeller


Center, apenas uma troca de olhares bastante intensa, sempre que eu
podia desviar a vista do trâ nsito. Mantive a capota do carro elevada,
tanto para evitar os curiosos quanto para preservar o penteado de
Dakota.
Quando ela se deu conta do local em que estávamos indo, ficou
boquiaberta.
— Estamos indo ao Top of The Rock? De verdade?
Eu achei graça do seu espanto. Para mim, ir até lá era algo até
bastante comum, mas ela talvez nunca tivesse ido ao observató rio no
topo do Rockfeller Plaza, com vistas para a cidade de Nova Iorque.
— Sim, é para lá que estamos indo — revelei.
— E vamos poder sentar na viga, igual aos operá rios? — Ela se
referia a experiência que recriava a clá ssica foto dos onze operá rios da
construçã o do Rockefeller Plaza, que se sentaram sobre uma viga para
almoçar, no 69º andar, em 1932.
— Claro que vamos! Vir aqui e nã o fazer isso nã o compensa!
Depois, vamos jantar na The Weather Room. Sei que eles no geral
servem sanduíches, doces e bebidas, mas fiz um pedido especial e
teremos um jantar completo — expliquei. Eu precisava agradecer de
verdade aos meus amigos por terem pensado nessa parte por mim, pois
nunca havia trazido alguém para jantar; era sempre para apreciar a vista
e tomar um café, nada muito elaborado. Dakota era a primeira garota
que eu levava ali, de fato.
Ela estava encantada. E ficou ainda mais quando se deu conta de
que estávamos sozinhos.
— Nã o me diga que você fechou o lugar apenas para nó s dois,
Aidan!
— Culpado! — respondi.
— Nã o precisava disso tudo!
— Você merece o melhor de mim, Dee-Dee — disse e segurei sua
mã o, depositando um beijo em seu dorso. Senti quando ela estremeceu,
mas nã o tinha certeza se era por meu gesto ou se pelo vento que nos
alcançava, na altura que estávamos.
Primeiro, fomos ao The Beam Experience, onde nos acomodamos
sobre uma viga, presos por cintos de segurança. Esse pedaço de viga era
erguido e fazia um giro de 360° sobre a cidade de Nova Iorque. Era claro
que Dakota ia gritar. Até eu fiquei com frio na barriga, preciso confessar,
mesmo que já tivesse feito isso outras vezes. Mas foi algo diferente
poder proporcionar essa experiência para ela, que nã o sabia se gritava,
se apertava minha mã o com força, se olhava tudo ou se segurava a saia
do vestido, que o vento insistia em balançar.
Quando descemos, ela precisou se apoiar em mim, pois estava
com as pernas bambas. Porém, seu sorriso era radiante e Dakota
tagarelava sobre o momento vivido sem cessar. Sorrindo diante do seu
entusiasmo, eu a conduzi para The Weather Room, onde já nos
aguardavam prontos para servir.
Nos acomodamos em uma mesa para dois, com um arranjo de
flores singelo e à luz de velas, e os garçons nos serviram as entradas.
Enquanto fazíamos nossa refeiçã o, observei que os olhos de
Dakota brilhavam como duas joias e suas faces estavam coradas,
deixando-a ainda mais bonita. Estendi minha mã o por sobre a mesa,
segurando a dela e disse:
— Dee-Dee, sei que a gente se conhece há bastante tempo e nossa
relaçã o nã o era das melhores. Mas conviver com você, dia apó s dia,
nesses ú ltimos tempos, me fez te enxergar de outra maneira — declarei,
olhando bem dentro dos seus olhos. — Uma maneira melhor, eu garanto.
Você tem mexido comigo de uma forma como nunca imaginei que
poderia acontecer, e isso me surpreendeu — falei e achei que nã o estava
conseguindo me expressar da forma como eu queria. Resolvi ser mais
direto. — Olha, o que sei é que estou muito a fim de você, acho que você
também está a fim de mim, e eu queria descobrir até onde isso pode nos
levar.
Me calei e esperei que ela se recuperasse da minha declaraçã o, já
que Dakota estava, mais uma vez, boquiaberta diante de mim. Ela piscou
os lindos olhos bem devagar, acho que tentando absorver tudo que eu
dissera.
— Eu nã o gostaria que nossa noite terminasse apenas com esse jantar
— falei outra vez. Decidi me arriscar mais ainda, sabendo que poderia
ouvir um sonoro “nã o”. — Estou cheio de desejo e quero passar a noite
com você. Você quer ficar comigo?
A expectativa da resposta de Dakota estava me consumindo e
senti minha mã o começar a suar, enquanto ela ainda me olhava em
silêncio.
Somente quando ela balançou a cabeça para cima e para baixo, de
forma suave, quase imperceptível, foi que consegui relaxar um pouco.
Ela procurou a taça de vinho e bebeu um gole, antes de conseguir
formular uma resposta verbal.
— Eu... eu também me sinto atraída por você, tem razã o — disse
ela, corando outra vez. — E... eu aceito. — Dakota baixou o olhar,
envergonhada.
Logo em seguida, suspirou e vi quando apertou os lá bios, como se
criasse coragem.
— Porém... há uma coisa que precisa saber... e se quiser desistir
de ficar comigo por conta disso, eu vou entender.
— Eu nã o vou desistir, Dee-Dee. Nada que me diga me fará deixar
de te querer — declarei, firme.
— Por favor, espere... antes que eu perca a coragem de falar... mas
eu preciso que saiba.
Acariciei sua mã o, com delicadeza, tentando passar confiança.
— Pode falar, linda.
— Eu... nunca fiz isso antes.
— Nunca fez o quê? — Nã o entendi o que ela estava tentando me
contar, entã o precisei perguntar.
— Nunca... passei a noite com um homem. — Ela ficou ainda mais
vermelha, a cor se espalhando até para suas orelhas e pescoço.
Ela estava me dizendo que era... virgem? Dakota era virgem?
Tentei nã o demonstrar minha surpresa, para que nã o pensasse que eu a
estava rejeitando, como era seu receio. Na verdade, eu estava me
sentindo honrado por ela aceitar passar a noite comigo, de me escolher
para ser o seu primeiro.
— Tem certeza de que quer que seja eu esse homem? —
questionei, em uma voz que tentava passar tranquilidade. — Eu nã o
posso te dar garantias, Dakota, só o que posso prometer é que serei o
mais carinhoso e paciente dos homens com você esta noite.
— Isso basta, para mim, Aidan — respondeu ela.
— Vamos sair daqui, entã o — disse e me levantei, estendendo a
mã o para que apoiasse a dela e eu pudesse ajudá -la a se levantar.
Já havíamos terminado nossa sobremesa a essa altura. Agradeci
ao maître e nos dirigimos aos elevadores. Meu carro nos aguardava
quando chegamos ao térreo.
Em um impulso, decidi que tornaria esta noite a mais especial
para Dakota. Nã o poderia simplesmente levá -la para a casa em que
vivíamos juntos, era preciso mais.
Assim, levei-a para o Plaza Hotel, no qual pedi a suíte mais
luxuosa disponível. Ela merecia o melhor.
Dakota estava nervosa. Sua mã o tremia e suava, presa na minha.
— Dee-Dee, se quiser desistir, nã o tem problema — falei, perto
do seu ouvido, enquanto subíamos de elevador até o quarto que solicitei.
— Nã o quero desistir, Aidan — ela disse e me deu um sorriso
trêmulo.
Depositei um beijo suave em sua bochecha e senti que ela relaxou
um pouquinho.
Descemos ao andar designado e destranquei a porta da suíte,
sem soltá -la por um instante sequer. Deixei que ela entrasse primeiro no
quarto, trancando a porta ao segui-la.
Dakota olhava tudo ao redor, e sua expressã o demonstrava que
estava encantada com a decoraçã o do lugar. Era mesmo bonita: lustre de
cristal, cabeceira trabalhada em madeira e estofado, mó veis requintados
e um divã acolchoado aos pés da cama. Tudo muito chique e luxuoso,
como o pró prio hotel famoso.
Ela girou sobre os pró prios pés e parou diante de mim.
— Aidan, nã o...
— Shh! — Coloquei meu indicador sobre seus lá bios, impedindo-
a de falar. — Quero que esta noite seja especial, Dee-Dee.
Ela sorriu, tímida, e eu me aproximei mais. Ela deu um passo para
trá s. Eu sabia que era fruto do nervosismo, por isso nã o fiz caso do gesto.
Dakota abraçou a si mesma e se aproximou da janela, que dava
vista para o Central Park.
— Será que Amber dormiu direitinho? Será que deu trabalho
para a Sra. Sanders? — perguntou ela, do nada.
Dei um sorriso, sabendo que ela estava tentando se distrair do
que aconteceria entre nó s logo mais. Cabia a mim deixá -la relaxada e se
descobrir como Amber estava era uma das maneiras disso acontecer, eu
o faria.
— Espere que já descubro — respondi, enquanto ela me olhava
agradecida.
Peguei o celular no bolso e mandei uma mensagem para
Brandon, pedindo que enviasse uma foto de Amber. Enquanto ele nã o
me respondia, me distanciei de Dakota e me sentei na cama, tirando
meus sapatos, a fim de me pô r mais à vontade. Talvez, se eu mostrasse a
ela que nã o precisava ficar tensa, ela se desarmaria um pouco.
Quando meu amigo mandou a foto que pedi, me levantei e me
aproximei dela, tocando em sua cintura com suavidade.
— Aqui, olha! — Mostrei a tela do celular. — A pequena está
dormindo como um anjinho e Brandon disse que ela nã o deu trabalho
algum.
De certa forma, eu também estava querendo saber notícias de
Amber, entã o o pedido de Dakota acabou confortando a ambos.
— Obrigada, Aidan.
— Nã o precisa me agradecer.
— Estou estragando tudo, né? — Ela fez uma carinha de
frustraçã o.
— Nã o está — garanti. — Você está nervosa com uma situaçã o
nova para você, é natural.
— Acho que você nunca ficou com alguém tã o hesitante quanto
eu... — disse e baixou os olhos envergonhada.
Ergui seu queixo e fiz com que me encarasse outra vez.
— Continuo te querendo do mesmo jeito, garanto! Quer saber?
Tive uma ideia que pode ajudar...
— Que ideia?
Fiz sinal para que ela esperasse um momento. Apoiei meu
telefone sobre uma cô moda de estilo antigo e abri meu aplicativo de
mú sica. Escolhi uma bem româ ntica e coloquei para tocar. Em seguida,
estendi a mã o para ela, de maneira galante.
— Dança comigo, senhorita Davies?
Primeiro, ela me olhou espantada. Depois, abriu um sorriso.
Funcionou! Dakota pousou sua mã o sobre a minha, delicadamente.
Puxei-a ao meu encontro e comecei a conduzir uma dança lenta pelo
quarto, ao som de Brian McKnight.
“It's undeniable that we should be together
It's unbelievable
How I used to say that I'd fall never

The basis is need to know


If you don't know just how I feel
Then let me show you now that I'm for real
If all things in time, time will reveal
Yeah

One: You're like a dream come true


Two: Just wanna be with you
Three: Girl, it's plain to see
That you're the only one for me
And four: Repeat steps one through three
Five: Make you fall in love with me
If ever I believe my work is done
Then I start back at one
Yeah, yeah”
(É inegável que deveríamos ficar juntos
É inacreditável
Como eu costumava dizer que nunca me apaixonaria

É preciso conhecer o ponto de partida


Se você você não sabe exatamente como me sinto
Então, deixe-me mostrá-la agora que estou falando sério
Se todas as coisas são a seu tempo, o tempo revelará
É

Um: Você é como um sonho que se tornou realidade


Dois: Só quero estar com você
Três: Garota, é fácil ver
Que você é a única para mim
E quatro: Repita os passos de um a três
Cinco: Faço você se apaixonar por mim
Se algum dia eu acreditar que meu trabalho está terminado
Então começarei de novo no número um
É, é)[1]
Enquanto a mú sica nos envolvia, Dakota ia relaxando cada vez
mais em meus braços. Ao som do refrã o tã o conhecido, comecei a beijar
seu pescoço devagar, aos poucos subindo meus lá bios até encontrar os
dela e os tomar em um beijo, o primeiro daquela noite.
Sucederam-se outros, com direito a mordidinhas trocadas entre
nó s. Agora, sabendo que eu era seu primeiro, eu conseguia perceber sua
hesitaçã o em retribuir minhas carícias, fruto de sua inexperiência. Será
que, além de ser virgem, ela nã o havia beijado outro homem antes de
mim? Pensar nisso me fez sentir poderoso, por ser o cara que a estava
despertando para a paixã o.
Quando senti que ela estava relaxada o suficiente e retribuindo
meus gestos com a mesma urgência com que eu a beijava, deslizei minha
mã o por suas costas até encontrar o início do zíper do seu vestido.
Testei baixá -lo somente um pouco, para sentir sua reaçã o. Como
nã o houve protestos da parte dela, fui em frente, desnudando suas
costas e tocando sua pele macia.
A essa altura, as mã os de Dakota envolviam meu pescoço e seus
dedos enredavam-se por entre os fios do meu cabelo. Sem pressa, fui
tirando seu vestido, passando um braço de cada vez, enquanto ela
apenas me deixava agir, colaborando quando necessá rio. Ela estava
como argila mole em minhas mã os.
Quando o tecido caiu aos seus pés, desci meus beijos para o topo
dos seios moldados pelo sutiã de renda preta. Queria me afastar e
admirá -la em toda sua gló ria naquela lingerie, mas tinha receio de
quebrar o clima, entã o continuei beijando-a e acariciando-a sem parar.
Aos poucos, fui escorregando minhas mã os pelo seu corpo
curvilíneo, necessitando saber quã o pronta ela estava para mim. Toquei
em seus seios por sobre a renda, e ela estremeceu de prazer em meus
braços, soltando um gemido baixo e jogando a cabeça para trá s. Desci
mais minhas mã os, até tocar o triâ ngulo que marcava a frente da sua
calcinha, apenas para senti-lo ú mido. Ó timo, era assim que eu queria
que ela estivesse.
Passei meu braço por trá s dos seus joelhos e a ergui no colo,
carregando-a até a cama imensa. Depositei-a no centro do colchã o e
deixei um ú ltimo beijo em seus lá bios antes de me afastar um pouco
para abrir minha camisa.
Os olhos de Dakota brilhavam para mim, percorrendo meu corpo
sem receio. Seus lá bios estavam inchados e vermelhos dos meus beijos e
eu apenas queria mais. Assim que desabotoei o ú ltimo botã o, voltei a me
colocar entre suas coxas.
Dentro da calça, meu pau estava duro e eu já podia sentir a
umidade em sua cabeça, molhando um pouco a boxer. Porém, ainda nã o
estava na hora de me despir. Primeiro, queria fazê-la gozar com a minha
boca, para que eu pudesse sentir seu néctar em minha língua.
Voltei a beijá -la com sofreguidã o, prendendo seus lá bios entre os
meus dentes e sugando-os um pouco. Ao mesmo tempo, abri o fecho do
seu sutiã , libertando seus seios.
Com um sorriso repleto de malícia, fui descendo meus lá bios por
seu pescoço, marcando sua pele, até que toquei em um bico rígido com
eles, fazendo Dakota arfar embaixo de mim.
— Aidan!
— Por favor, nã o me impeça. Eu estava louco para saboreá -los!
— Nã o... nã o pare!
Era tudo que eu queria ouvir!
Tomei seu seio com a boca, chupando primeiro seu mamilo,
mordiscando-o até ouvir o gemido de prazer emitido por Dakota.
Apertei o outro seio em minha mã o, enquanto mamava o que estava em
minha boca com certa urgência, usando a língua em movimentos
circulares que faziam com que ela estremecesse a intervalos curtos.
— Aidan... Oh!
Ela arranhava minhas costas, mas eu nã o estava nem um pouco
preocupado com as marcas que ela deixaria. Nem se Dakota deixasse
minha pele em carne viva, eu nã o pararia de mamar naquele momento.
Quando me dei por satisfeito, depois de me banquetear em seus
dois seios, comecei a beijá -los com mais lentidã o e desci minhas mã os
para seu quadril, cheio de má s intençõ es.
Dakota arqueava as costas na cama de tanto prazer e eu ainda
nem tinha tocado em seu sexo, o que estava prestes a fazer. Escorreguei
meu rosto por sua barriga, sentindo seu cheiro sem pressa, até alcançar
a calcinha já toda molhada.
Encaixei meus dedos nas laterais da peça e, sem hesitar, puxei-a
por suas pernas, desnudando seu triâ ngulo de pelos loiros e bem
aparados. Que boceta linda, ela tinha. Aliá s, Dakota era toda linda, um
verdadeiro monumento de prazer.
Passei os dedos por suas dobras e ela gritou, tentando fechar as
pernas.
— Shh, linda... está tudo bem.
— Eu... eu sei...
— Afasta as pernas... assim... isso! — Fui abrindo suas coxas outra
vez e, antes que ela pudesse fechá -las de novo, coloquei minha cabeça
entre elas, com o intuito de saboreá -la.
Devagar, abri seus grandes lá bios com a mã o e toquei em seu
clitó ris inchado e vermelho com a ponta da minha língua, apenas para
que ela se acostumasse com a sensaçã o nova.
— Oh, Deus! — gemeu ela.
— É gostoso assim, Dee-Dee? Quer mais?
— S-sim... por favor!
O que eu poderia fazer, senã o atender seu pedido? Agora com
meus lá bios, chupei seu pontinho do prazer, fazendo com que Dakota se
contorcesse na cama e agarrasse meus cabelos com força.
Entre suas dobras, eu sorri e continuei estimulando-a com minha
língua e meus lá bios, até que ela começasse a gemer repetidamente o
meu nome.
— Eu... nã o sei o que tá acontecendo... mas... nã o para!
Ela podia nã o saber, mas eu sabia e muito bem. Ela estava quase
alcançando o orgasmo. Sem perder tempo, enfiei um dedo em sua
abertura ú mida e senti as suas paredes começarem a me apertar.
Intensifiquei os estímulos em seu clitó ris, até que Dakota desse um
estremecimento final e se entregasse ao gozo, encharcando minha mã o
com seus fluidos.
Devagar, retirei meu dedo de dentro dela e lambi todo o néctar
que derramado nele, enquanto ela arfava, largada na cama.
Antes que ela pudesse se recuperar totalmente, despi o restante
da minha roupa, ficando nu à sua frente, meu pau ereto se destacando e
vazando pré-gozo. Eu precisava me enterrar naquela mulher.
Ao se dar conta de que eu nã o tinha mais nada cobrindo meu
corpo, além da camisinha com a qual eu acabara de encapar meu pênis,
Dakota arregalou os olhos.
— Aidan... é muito grande... Nã o vai caber em mim! — exclamou.
— Vai, sim, linda... eu vou ser cuidadoso — prometi.
— Vai doer? — questionou, receosa, entre uma respiraçã o pesada
e outra. Ela ainda estava sentindo os efeitos do gozo.
— Nã o vou mentir: pode doer sim, mas eu vou devagar, ok?
Ela acenou com a cabeça, confiando em mim. Sorri e me coloquei
sobre ela, beijando-a ainda com seu gosto em meus lá bios.
— Coloque suas pernas em volta de mim, linda — pedi e ela
obedeceu, facilitando meu acesso ao seu corpo e ao seu sexo sensível.
Porém, ela nã o conseguiu manter as pernas no lugar por muito
tempo.
— Desculpe, elas estã o tremendo muito.
— É normal, nã o se preocupe — tranquilizei-a, erguendo eu
mesmo suas coxas e me posicionando diante de sua entrada. — Vou bem
devagar, agora.
Pouco a pouco, fui enfiando minha cabeça rosada em sua
abertura, sentindo a resistência do seu corpo virgem ir cedendo
centímetro a centímetro diante da minha espessura. Eu era um cara
grande e meu pênis também era assim. Nã o queria que Dakota sentisse
dor, mas sabia que seria inevitável.
Porém, assim como prometi, fui entrando com cuidado até
encontrar a barreira da sua virgindade.
— Dee-Dee, vai doer um pouco agora, linda, mas logo vai passar.
Corajosa, ela balançou a cabeça para cima e para baixo, me dando
permissã o para prosseguir.
Impulsionei meu quadril para frente, rompendo seu hímen. Ouvi
seu grito de dor e congelei no lugar. De imediato, busquei sua boca
rosada e a beijei, a fim de consolar e me desculpar pela dor causada.
— Só vou me movimentar de novo quando você estiver se
sentindo bem — prometi, assim que afastei meus lá bios dos dela.
Ficamos parados por alguns momentos, apenas sentindo nossos
coraçõ es batendo disparados e ouvindo nossas respiraçõ es arfantes.
Somente quando ela fez um movimento quase imperceptível de cabeça,
me dando permissã o para continuar, me mexi outra vez.
Ainda devagar, acabei de enterrar meu pau em seu corpo macio,
para só entã o me retirar pela primeira vez, também de forma lenta.
Pouco a pouco, fui aumentando a velocidade dos movimentos, de
maneira que fosse confortável para ela.
Somente quando percebi que Dakota gemia de prazer outra vez
foi que meti com mais vontade, buscando agora a construçã o do meu
pró prio gozo.
Ela gemia comigo e até experimentou rebolar, quase me levando
à loucura com o movimento. A dor dera lugar ao prazer, entã o bombeei
dentro dela, o atrito me enchendo de tesã o. Dakota era gostosa e
apertadinha, um verdadeiro deleite.
— Aidan... estou... começando a sentir aquilo de novo! — disse
ela, de olhos bem abertos e expressã o de espanto.
— Isso, linda! Deixa vir! Goza comigo, bem gostoso, vai!
Investi mais algumas vezes e senti minhas bolas enrijecerem,
gozando em seguida em jatos quentes dentro dela. Embaixo de mim,
Dakota também se desfazia, gozando pela segunda vez.
Depois de me desfazer nos braços de Aidan duas vezes naquela
noite, nã o sabia o que esperar. Por mais que achasse que conhecia
aquele homem, a verdade é que o lado amante dele era uma incó gnita
para mim. Nã o fazia a menor ideia de como ele tratava suas parceiras
depois da transa.
Eu achava que ele era daqueles caras que, depois de gozar,
viravam para o outro lado e caiam no sono, mas até nisso fui
surpreendida.
Depois que senti quando ele se liberou em meu corpo, e eu o
segui quase de imediato, Aidan se retirou de dentro de mim com
cuidado para nã o me machucar. Parecia saber que meu corpo estaria
sensível e até dolorido, como estava de fato.
Ainda pude sentir seu membro meio rígido, quando ele se esticou
por cima de mim e depositou um beijo suave sobre meus lá bios.
— Vou buscar algo para limpar você — disse ele, saindo da cama.
Levantou-se e tirou o preservativo, dando um nó nele. Quando ele
fez isso, notei que sua mã o ficou manchada de vermelho. Sangue. Me
mexi na cama e observei a mancha no lençol.
Ai, que vergonha!
Vendo que eu estava corada, ele me tranquilizou antes de ir até o
banheiro:
— Nã o se preocupe com isso, tá ? É natural depois do que
acabamos de fazer — falou Aidan, julgando que eu estava com vergonha
dele. Eu estava era pensando no que as camareiras do hotel pensariam
quando vissem aquilo no lençol, isso sim.
Me encolhi no colchã o, abraçando meus joelhos, sem deixar de
acompanhar Aidan se movimentando, nu, pelo quarto. Eu agora podia
admirar seu corpo todo esculpido sem precisar disfarçar. Ele parecia
uma daquelas está tuas da Grécia antiga, com o diferencial, claro, de que
seu pau era beeeem maior que o dos seus equivalentes de má rmore.
Ainda podia sentir toda a sua espessura e tamanho dentro de mim.
Ele foi até o banheiro, demorou um pouco lá e voltou com uma
toalha branca nas mã os.
— Eu umedeci com á gua morna. Agora, me deixei limpar você —
pediu ele.
Nunca pensei que aquelas mã os enormes pudessem ser tã o
suaves. Ele passou a toalha ú mida entre minhas coxas e em meu sexo,
limpando todos os vestígios de sangue nesses locais.
— Pronto, Dee-Dee. Agora vamos tirar esse cobertor de cima da
cama — disse ele, me segurando no colo e me colocando em cima do
divã . Com rapidez, ele tirou o cobertor com a mancha, embolou-o nas
mã os e jogou ao chã o, em um canto do quarto, junto da toalha, agora
manchada.
Eu apenas acompanhei com o olhar enquanto Aidan cuidava de
tudo para o nosso conforto. Vi quando ele foi outra vez até o banheiro e
voltou de lá sorrindo.
— Acho que um banho quente pode te ajudar a diminuir as dores
que virã o mais tarde.
— Como... você sabe tanto? — Assim que fiz a pergunta, me dei
conta da resposta: ele já havia transado com virgens antes. — Nã o
responda!
Ele deu um sorriso travesso e ficou um pouco sem jeito, mas logo
estava me carregando para o banheiro. A banheira já estava cheia, nos
aguardando.
— Vamos apenas relaxar aqui, ok? Por mais que eu queira ter
você outra vez essa noite, sei que nã o é o momento — disse Aidan, assim
que pousou meu corpo na á gua morna. Seu passo seguinte foi entrar
também e se sentar atrá s de mim, me puxando para que eu apoiasse as
costas em seu peito.
Nos deixamos ficar ali, em silêncio, apenas curtindo a presença
um do outro, o toque pele com pele, a calidez da á gua. De vez em
quando, Aidan me dava beijinhos ternos em meu rosto e pescoço, e isso
me fez sentir muito bem.
Apenas quando nossos dedos estavam começando a enrugar e a
á gua já estava ficando fria saímos da banheira. Aidan, ainda em seu
papel de cuidador, buscou um roupã o branco e fofo para mim, me
envolvendo no tecido macio antes de se cobrir com outra peça
semelhante.
Ele, mais uma vez, nã o me deixou caminhar, me pegando no colo
e levando de volta para a cama, na qual me colocou, deitando-se ao meu
lado em seguida.
Ficamos de frente um para o outro, com ele acariciando meus
cabelos, que a essa altura já estavam desfeitos da trança que eu havia
feito com tanto cuidado mais cedo.
— Espero ter conseguido cumprir minha promessa — disse ele,
baixinho.
— Nã o poderia ter sido melhor — respondi.
— Queria que você nã o tivesse sentido dor — lamentou ele.
— Foi menor do que eu imaginava, nã o se preocupe.
Ele sorriu para mim e me puxou mais para perto, beijando meus
lá bios com carinho e suavidade. A essa altura, eu já estava sentindo os
efeitos do cansaço e nã o demorei quase nada a adormecer em seus
braços.

Eu estava com receio da manhã seguinte. Durante a noite, Aidan


foi muito mais do que eu podia esperar, mas a lembrança de como ele
havia agido com Margot ainda era forte em minha mente. Eu estava
esperando que, de repente, ele virasse uma chavinha e o modo babaca
tomasse conta.
Meu corpo doía, afinal eu nã o era atleta e a atividade da noite se
mostrara mais intensa do que na minha imaginaçã o. Além do mais,
sentia um ardor onde Aidan me possuíra, que, pelo que minha melhor
amiga me contou depois de sua primeira vez, era normal sentir.
Nã o queria abrir os olhos e terminar algo que fora tã o bom, mas
nã o tinha outro jeito. O sol entrava pelas janelas, cujas cortinas
havíamos esquecido de fechar na noite passada. Assim, tentando me
acostumar com a claridade, abri os olhos, piscando para me acostumar.
Me deparei com o rosto sonolento de Aidan, seus olhos claros me
encarando, um sorriso brincando em seus lá bios.
— Bom dia, raio de sol! — cumprimentou, em uma voz
brincalhona. — Sabia que você é linda até enquanto dorme?
Meu coraçã o falhou uma batida.
Dei um sorriso meio incerto para ele, testando a situaçã o.
— O que é essa ruguinha em sua testa? — perguntou ele,
passando os dedos no lugar, como se tentasse desfazê-la. — Está se
sentindo muito dolorida? Quer que prepare outro banho de banheira,
antes de irmos?
— N-nã o precisa... — falei baixinho.
— Eu queria passar o dia inteiro na cama com você, sabe? Mas
tem uma certa garotinha, na casa do meu amigo, que deve estar sentindo
muito a sua falta.
Suas palavras foram uma surpresa para mim. Entã o ele nã o iria
me dispensar, como fazia com as mulheres com quem dormia? Ou essa
era apenas uma forma mais delicada de fazer isso?
— Ela também sente a sua falta — respondi, decidindo que nã o
daria a ele o gostinho de me ver implorando por sua atençã o.
— Será ? Convivo com ela há tã o pouco tempo — perguntou,
inseguro.
— Tenho certeza de que ela sente. Amber só nã o fala ainda,
Aidan, mas se expressa muito bem. E quando você nã o está por perto,
ela fica procurando por você — revelei.
Ele deu um sorriso radiante, com a minha informaçã o. Depois,
aproximou-se e me beijou de uma forma rá pida, mas muito intensa.
— Infelizmente, a gente precisa ir agora — disse, assim que nos
afastamos.
Concordei e daí em diante fomos nos vestir. Nã o demorou muito,
e estávamos a caminho de casa. Uma das coisas que me deixou com
esperança de que Aidan nã o fosse agir como um babaca comigo foi o fato
de ir o caminho todo com a mã o sobre minha coxa esquerda, sobre o
vestido, enquanto dirigia com a outra mã o. Isso e a forma como me
tratou ao acordarmos.
Mas eu disse a mim mesma para nã o me iludir. A ú nica
experiência que eu tinha com esse Aidan conquistador foi pelos relatos
de Margot. Eu nã o sabia de verdade como ele agia com as outras
mulheres. Entã o me mantive sempre alerta para que, caso seu
comportamento mudasse de repente, eu nã o saísse magoada daquela
histó ria.
Tinha certeza de que o que tivemos foi caso de apenas uma noite
e estava conformada com isso. Eu nã o poderia ter tido uma primeira vez
melhor do que a que ele me proporcionou, com todo o cuidado e carinho
com que me tratou. Devia me contentar com isso e nã o querer mais do
que o que me fora oferecido.
Pegamos uma Amber muito faceira na casa de Brandon e
deixamos uma Maddie triste por levarmos a bebê. Pelo visto, a menina
amara ter outra criança em casa e nã o poupou elogios à neném.
Assim que chegamos, Aidan me informou que precisava sair para
correr, e que tinha alguns compromissos ao longo do dia, para os quais
Luke viria buscá -lo.
Entã o fui deixada sozinha com a pequena, algo a que já estava
bem acostumada, mas que, naquela manhã , em especial, teve um sabor
diferente. Senti falta dele e senti que aquele era o fora que eu vinha
esperando desde que acordei mais cedo.
Tentei nã o chorar, mas, boba que eu era, me peguei derramando
algumas lá grimas, as quais limpei com rapidez, respirando fundo e me
fazendo de forte.
— Foi só uma noite. Maravilhosa, mas só uma noite! — disse a
mim mesma. — A gente sentiu desejo um pelo outro e resolvemos ceder
a essa necessidade. Foi só isso!
Passei o restante do dia repetindo isso em minha mente, para ver
se me acostumava com a ideia e evitava uma decepçã o maior quando
visse Aidan outra vez.

Quando ele apareceu em casa outra vez, já havia anoitecido. O


jantar estava pronto na cozinha e eu estava brincando com Amber no
tapete da sala. Tentava fazer com ela empilhasse potinhos de vá rias
cores e tamanhos, mas nã o estava dando muito certo. Ela achava mais
interessante bater um no outro para fazer barulho.
Tentei nã o ficar tensa quando ouvi o barulho da trava eletrô nica
destrancando, mas nã o consegui evitar. Era agora que ele agiria como se
nada houvesse acontecido entre nó s na noite anterior.
Porém, me provando que era uma verdadeira caixinha de
surpresas, Aidan foi logo falando:
— Onde estã o as duas lindezas dessa casa?
Aproximou-se sorridente e, sem hesitar nem por um segundo,
tascou um beijo em minha boca, antes de pegar Amber no colo e brincar
de aviã ozinho com ela.
Fiquei sem açã o e sem saber como agir. Quando me dei conta do
que acabou de acontecer, percebi que meu corpo aqueceu por dentro e
minhas bochechas deviam ter ficado vermelhas.
— O que vamos jantar hoje? — perguntou ele, parando de girar
com a neném, no meio da sala.
— Grelhei peitos de frango e fiz alguns legumes para
acompanhar. — Encontrei a voz para responder.
— Humm, parece bom.
— Você nem experimentou, como pode saber?
— Porque já aprendi que sua comida é sempre boa, Dee-Dee! —
disse ele e foi andando para a cozinha.
Me levantei e segui os dois, um sorriso brincando em meus
lá bios.

Amber nã o deu trabalho algum para adormecer naquela noite. À s


vezes, ela ficava enjoadinha e demorava a dormir, mas parece que ela
estava adivinhando que seu pai queria ficar sozinho comigo.
Assim que a coloquei no berço, senti uma mã o agarrar minha
cintura e me puxar em direçã o a um peito largo e forte.
Aidan.
Sem perder tempo, sua boca buscou a minha, em um beijo
repleto de paixã o.
— Ah, passei o dia inteiro doido para fazer isso outra vez! —
exclamou ele, me mantendo presa em seu abraço.
— Eu... eu pensei que... seria só ontem. — Nã o consegui me
conter e, assim que a frase deixou minha boca, mordi os lá bios, para nã o
falar mais nada.
Senti sua mã o erguer meu queixo e as duas safiras que eram seus
olhos me encararem, sérias.
— Dakota, a noite passada nã o foi suficiente para matar a
vontade que tenho de você. Eu quero mais. Quero ficar com você, sem
prazos — declarou ele. — Mas, se você nã o quiser o mesmo, vou
entender e me afastar. Nã o quero te forçar a nada.
Meu coraçã o parecia que ia sair pela boca, de tã o forte que batia
diante de suas palavras. Precisei engolir em seco para conseguir
encontrar minha voz outra vez.
— E-eu quero! Também quero você, Aidan — consegui dizer.
— Era tudo que eu precisava ouvir! — Ele abriu um sorriso
daqueles capazes de me deixar de pernas bambas. — Venha, vamos para
o meu quarto — disse e me puxou pela mã o, saindo do quarto de Amber
e abrindo a porta ao lado, com uma urgência que era igual a que eu
sentia naquele momento.
Já fazia alguns dias, quase três semanas, na verdade, que eu vinha
trocando minha corrida matinal por outro tipo de atividade física muito
mais interessante.
É claro que depois que eu chegava no centro de treinamento do
time, eu passava uma hora a mais na academia, pois nã o podia perder a
forma, mas acordar com Dakota era um prazer do qual eu nã o queria me
privar tã o cedo.
Desde a noite em que tirei sua virgindade, ela nã o dormia mais
no quarto de hó spedes. Eu ainda nã o entendia por que Dakota nã o
mudava suas coisas de uma vez por todas para o meu quarto, se
dormíamos juntos desde entã o.
Nessa manhã , nã o foi diferente. Estava em uma conchinha
gostosa com ela, aproveitando que o dia havia acabado de amanhecer e
Amber ainda dormia o sono dos anjinhos. Ainda meio adormecida, ela se
remexeu de encontro ao meu corpo e somente isso bastou para acender
meu pau sedento por sua boceta deliciosa.
Comecei a beijar sua nuca e um arrepio passou por sua espinha.
Eu adorava fazer isso, apenas para vê-la se arquear inteira. Ela sempre
reclamava comigo, mas eu nã o deixava de fazer.
— Aidan! — queixou-se ela, em uma voz manhosa e sonolenta.
— Bom dia, raio de sol! Tem alguém aqui morrendo de saudade
de você, sabia? — falei, carregado de malícia, e dei uma rebolada de
encontro à sua bunda, para que ela sentisse minha rigidez.
Depois da nossa primeira vez, comecei a despertar Dakota para
os prazeres do sexo e ela estava cada dia mais solta na cama. Era uma
delícia ver essa mulher desabrochar diante dos meus olhos e saber que
ela era só minha. Que tudo que havia aprendido até agora foi comigo e
nã o com qualquer outro homem. Era uma sensaçã o indescritível ter essa
certeza.
— Hum... — girou no colchã o até ficar de frente para mim,
preguiçosa. — Nã o podemos deixar ninguém com saudades nesse
quarto, né? — disse e levou sua mã o pequena direto para meu pau, que
cresceu ainda mais ao seu toque.
Ao mesmo tempo, ela arqueou um pouco as costas, empinando os
seios em minha direçã o, em um convite silencioso para que eu os
tomasse na boca.
— Ah, peitos suculentos de café da manhã . Tudo que eu
precisava!
Ela soltou uma risadinha, que logo se transformou em um gemido
de prazer quando comecei a acariciar seu mamilo com minha língua.
Enquanto isso, ela fazia movimentos para cima e para baixo em meu
eixo, a mã o envolvendo a minha espessura com a firmeza certa, que eu já
havia ensinado para ela.
Dakota era uma ó tima aluna e muito interessada em aprender a
como dar e receber prazer. A ú nica coisa que ainda nã o havia
experimentado foi me fazer um boquete, mas tudo a seu tempo. Por
agora, eu estava doido para sentir seu gosto outra vez.
— Linda, vem cá ... senta na minha cara. Quero te chupar gostoso,
vem! — chamei, puxando sua mã o do meu pau.
— Quer que eu...
— Nã o, só quero me concentrar no seu prazer, raio de sol.
Sorrindo, ela obedeceu, sentando sobre meu rosto, uma perna de
cada lado da minha cabeça, as mã os apoiadas na cabeceira da cama. De
imediato, a agarrei pela bunda, para que nã o tombasse quando
começasse a estremecer de prazer e invadi suas dobras com minha
língua afoita.
Tive, entã o, um verdadeiro banquete do seu néctar. Chupei, lambi,
beijei e mordisquei, enquanto Dakota gemia sem controle sobre mim.
— Aidan... assim, Aidan! Continua! Assim... — Ela era bastante
vocal e eu gostava quando me dizia como dar prazer a ela.
Só parei de estimulá -la quando ela alcançou seu primeiro
orgasmo daquela manhã e encharcou meu rosto com seus fluidos, os
quais bebi com prazer.
— Agora, linda, cavalga seu homem, vem!
Eu sabia que ela estava com as pernas bambas, mas a visã o dos
seios dela pulando, enquanto quicava no meu pau era excitante demais
para que eu a desprezasse. Assim, ajudei-a para que montasse minha
rigidez e a ajudei a subir e descer em meu eixo. Primeiro devagar,
rebolando bastante, para minha loucura. Em seguida, quando estava
mais recuperada da descarga de prazer que provoquei há pouco, ela
mesma começou a se impulsionar para cima e para baixo.
Agarrei um seio com cada mã o, brincando com seus bicos rígidos
entre meus dedos, enquanto ela quicava cada vez mais veloz. Quando
percebi que as paredes do seu canal apertado começavam a ficar ainda
mais estreitas, apertando meu cacete duro, larguei um dos seios e levei a
mã o até seu clitó ris, oferecendo o estímulo que faltava para ela gozar
gritando meu nome.
Sabendo como ela ficava entregue depois de um orgasmo,
impulsionei meu quadril para cima, dando as ú ltimas bombadas, para
que eu alcançasse meu pró prio prazer, me derramando todo dentro dela.
O prazer foi tanto que tirei as costas da cama, apenas para me
jogar de volta com força no colchã o.
Estávamos ambos ofegantes, mas sorridentes, quando Dakota se
deu conta de um detalhe:
— Aidan, esquecemos a camisinha outra vez!
Já havia acontecido antes, em uma dessas transas matinais.
— Sua pílula está em dia, nã o está ?
Ela havia me revelado que tomava anticoncepcionais desde a
adolescência, por causa de có licas menstruais bastante dolorosas.
— Tá , sim.
— Entã o tudo bem. Nã o vamos encanar com isso.
— Mas e se...
— Se vier, vai ser bem-vindo... afinal já sou pai de uma, nã o deve
ter tanta diferença assim. Mas confesso que espero que nã o venha.
— Eu também espero — disse ela, o semblante preocupado.
— Vem cá , me dá um beijo. Nã o vamos pensar nisso agora, tá
bom?
Ela concordou com a cabeça, desencaixou nossos corpos e se
aninhou em meus braços. Nos beijamos com paixã o e carinho.
O que falei era verdade: se, por um descuido nosso, ela
engravidasse, eu assumiria mais uma vez o papel de pai. Mas preferia
que isso nã o acontecesse. Já havíamos conversado antes, quando nos
esquecemos da proteçã o pela primeira vez, e eu estava encarando o que
viesse numa boa.
Amber realmente mudou minha maneira de ver as coisas. Antes,
eu entraria em pâ nico só de pensar na possibilidade de uma parceira
minha engravidar. Agora, com Dakota, tudo estava sendo tã o natural
que, se acontecesse, nã o seria o fim do mundo e eu queria acreditar que
saberia lidar bem com a situaçã o.

Era dia de jogo e, pela primeira vez, minha filha me veria jogar ao
vivo. Como eu ainda nã o queria expor Amber ao escrutínio da mídia,
Dakota e ela ficariam nas arquibancadas, junto do grande pú blico. Eu
preferi nem saber onde elas estariam, para nã o correr o risco de fazer
algum gesto e revelar a presença das duas.
Entrei em campo e, apó s combinar a tá tica com os outros
jogadores, assumi minha posiçã o. O kicker do outro time chutou a bola,
nosso recebedor pegou e começou a correr com ela, tentando nã o ser
derrubado.
Me concentrei no jogo e me esqueci de tudo à minha volta,
fazendo aquilo que eu era treinado para fazer.
A ú nica coisa que ouvia era o refrã o do Imagine Dragons, volta e
meia cantado pela torcida:
“Thunder, thunder
Thunder, thun-, thunder
Thun-thun-thunder, thunder, thunder
Thunder, thun-, thunder
Thun-thun-thunder, thunder

Thunder, feel the thunder


Lightning then the thunder
Thunder, feel the thunder
Lightning then the thunder
Thunder, thunder
Thunder”
(Trovã o, trovã o
Trovã o, tro-, trovã o
Tro-tro-trovã o, trovã o, trovã o
Trovã o, tro-, trovã o
Tro-tro-trovã o, trovã o

Trovã o, sinta o trovã o


Relâ mpago, em seguida, o trovã o
Trovã o, sinta o trovã o
Relâ mpago, em seguida, o trovã o
Trovã o, trovã o
Trovã o)[2]
Cada vez que eles cantavam, eu sentia minha adrenalina
aumentar e a vontade de marcar um touchdown fazia com que eu
corresse mais rá pido. Porém, eu sabia que, no jogo, nã o adiantava ser a
estrela solitá ria, pois isso poderia prejudicar meu time. Assim, fazia os
passes quando necessá rio, possibilitando que os pontos fossem
marcados, mesmo que nã o fosse eu quem os fizesse.
Dessa forma, alcançamos mais uma vez a vitó ria, fazendo a
torcida ir ao delírio. Sorri, satisfeito, enquanto recebia os cumprimentos
dos colegas e dos adversá rios. Aquela vitó ria tinha um sabor ainda mais
especial, porque eu sabia que minhas duas garotas estavam assistindo a
mim, ali no campo.
Eu havia combinado com Luke dele dar um jeito de levar as duas
até os bastidores sem que os repó rteres percebessem, pois queria
apresentar minha filha ao restante do time. Já estava farto de nã o poder
falar dela durante os treinos. Qual era o pai que nã o gostava de
compartilhar as gracinhas dos filhos?
Foi assim que, quando estávamos no vestiá rio, já vestidos e
prontos para ir para as entrevistas pó s-partida, que as duas entraram
sorrateiras no local.
Os caras que já as conheciam cumprimentaram-nas e Dakota os
parabenizou pela partida.
O tempo era curto, pois logo teríamos que encontrar a imprensa,
entã o reuni os homens em um círculo ao meu redor.
— Caras, queria apresentar para vocês duas pessoas especiais —
falei, chamando atençã o para mim.
Puxei Dakota, que trazia Amber nos braços, pela cintura,
posicionando-a ao meu lado.
— Esta aqui é minha filha, Amber. Eu descobri sua existência há
quase dois meses e ela agora mora comigo — disse e peguei a pequena
no colo, que estava vestida com a roupa de Lobinha que meus amigos
deram para ela.
— Porra, cara, que legal! — disse um deles.
— Ei, olha o palavrã o na frente da criança! — ralhei.
— Foi mal, aê!
Meus amigos se seguraram para nã o rir. Eu era o primeiro a ter a
boca suja naquele time.
— A roupa serviu direitinho — disse Stan, todo orgulhoso.
— Sim, serviu. Esses caras aí — apontei para o lado onde estavam
meus amigos mais chegados, além de Juan e Marlon — resolveram
destituir a Maddie do título de mascote do time e passá -lo para Amber. E
a apelidaram de Lobinha.
— Maddie abriu mã o do seu posto com alegria — revelou
Brandon. — Disse que nã o é mais bebê pra ser mascote!
A risada foi geral. Até que alguém perguntou:
— E essa moça linda, quem é?
Inspirei fundo.
Abracei Dakota pela cintura. Sabia que ela talvez ficasse irritada
comigo, mas, diante daquele bando de gaviõ es, nã o tinha outro jeito.
— Essa é minha namorada, Dakota. Ela é quem está me ajudando
a cuidar de Amber — revelei.
É claro que Dakota olhou para mim com os olhos arregalados,
mas nã o disse nada, só o sorriso vacilou por um segundo, antes de voltar
ao seu rosto.
— Ah, entendi tudo! Por isso que você tava todo nervosinho
naquele dia em sua casa, né, Thunder! — comentou Marlon, em voz alta.
— Desculpa, cara, nã o sabia que a Dakota era a sua garota.
De arregalados, os olhos de Dakota se estreitaram para mim. Eu
sabia que depois viria chumbo grosso para o meu lado.
— Isso aí, cara! Você tava cantando a minha mulher e é claro que
eu nã o gostei!
— Foi mal, aê, dona Thunder! Respeito! — disse ele e deu dois
soquinhos no pró prio peito. — Aqui, a gente é irmã o.
Me segurei para nã o revirar os olhos. Eu sabia que Marlon nã o
dava a mínima pra isso, era o maior fura-olho que eu conhecia, mas era
bom que ele soubesse com quem Dakota estava. Ele ainda tinha mesmo
um pouco de respeito por mim.
Nesse momento, o treinador Jones entrou no vestiá rio.
— Que balburdia é essa aqui? Vocês já deveriam estar lá fora.
— Desculpa, treinador, é que o Thunder tava apresentando a filha
dele pra gente.
— Ah, é essa mocinha aqui? — perguntou ele, já se adiantando
para pegar a Amber no colo. — Muito prazer, princesa... ou melhor, loba!
É isso mesmo, rapazes? Ela é a nova mascotinha? — perguntou, com
minha filha no colo.
— Isso aí, treinador! — respondeu Ken. — É a nossa Lobinha e
vai nos trazer sorte pelo restante do campeonato!
— Muito bem, muito bem! — Herman Jones me devolveu a
menina e eu a passei para o colo de Dakota, pois sabia que estava na
hora de enfrentar os abutres da imprensa. — Agora, todos pra fora desse
vestiá rio.
— Só uma coisa, pessoal! — falei alto, antes que eles
obedecessem. — A mídia ainda nã o sabe sobre Amber, entã o
mantenham a informaçã o apenas para vocês, ok?
Entre exclamaçõ es de “beleza”, “pode contar com a gente” e
outras semelhantes, os caras foram se despedindo das minhas garotas e
saindo. Todos foram muito carinhosos com Amber, que estava adorando
receber toda aquela atençã o, e muito respeitosos com Dakota, que
acenava com a cabeça para cada um que se despedia.
Por fim, como ú ltimo a sair dali, ouvi da boca de Dakota uma das
frases mais temidas pelos homens:
— Em casa, a gente conversa!
Como assim Aidan me apresenta como namorada sem nem me
perguntar nada antes? E aquela demonstraçã o de posse, o que foi
aquilo? Só faltou mijar no meu pé, para me marcar como dele.
Meu sangue fervia enquanto o esperava chegar em casa. Ele
sempre demorava para voltar depois dos jogos, entã o acabei vindo
antes, por causa do horá rio de Amber dormir, que já havia passado e
muito.
Estava quase soltando fogo pelas ventas quando ele chegou,
escondido atrá s de um buquê de rosas enorme. O safado achava que
podia me comprar com flores?
— Tá achando que é só trazer um buquê pra mim que vai ficar
tudo bem, é? — perguntei, brava.
— Eu trouxe chocolates também, olha! — O cara de pau me
estendeu uma caixa de bombons importados da Bélgica.
— Hunf! — Bufei e cruzei os braços, sem querer aceitar nenhum
dos dois presentes.
— Ah, Dee-Dee... me perdoa, vai! Eu sei que fiz errado... que nã o
devia ter dito que você é minha namorada sem te pedir em namoro
antes...
— Você nem sabe se quero namorar com você!
Ele empalideceu.
— Você nã o quer?
— Quero, mas isso nã o vem ao caso agora!
O homenzarrã o suspirou de alívio.
— Eu tinha que deixar claro praquele bando de gaviã o que nã o
podem olhar pra você!
— Você só faltou colocar uma coleira em mim, Aidan! Eu nã o
gostei nadinha!
— Eu sei, meu amor... sei que meti os pés pelas mã os. Reconheço
meu erro. Me perdoa, por favor?
Confesso que me derreti um pouco ao ouvi-lo me chamar de
“meu amor”, mas nã o podia perdoá -lo assim, tã o facilmente.
— Vou pensar!
— Como assim, Dee-Dee?
— Vou pensar se te perdoo. E enquanto penso, vou dormir no
meu quarto.
— Você vai me deixar dormir sozinho? — Ele estava incrédulo. —
Ah, nã o vai, nã o...
De imediato, ele largou o buquê de flores e os chocolates em cima
da mesa de jantar, já que eu nã o tinha feito movimento algum para pegá -
los. Depois, veio para cima de mim, as duas mã os abertas em garras.
— Aidan... o que você vai fazer?
— Vou te mostrar que nã o é uma boa ideia dormir longe de mim...
— Como é?
Nisso, ele chegou perto de mim, me agarrou pela cintura, sem
esforço algum, e começou a me fazer cosquinhas sem dó nem piedade.
Eu, é claro, nã o me aguentei e comecei a rir.
— Aidan... isso... é... covardia! — disse, entre as risadas.
— Só estou usando as armas que tenho para convencer a minha
namorada de que sou tã o irresistível que ela nã o consegue dormir longe
de mim!
— Pode... parar! — disse entre um fô lego e outro. — Você... nã o...
vai... me convencer!
— Entã o, vou ter que usar o plano B!
— Que plano B?
— Esse! — Ele me ergueu no colo e, mesmo eu me debatendo, me
carregou escada acima, enquanto me enchia de beijinhos por todos os
lados.
Entrou no quarto dele e me depositou na poltrona que ficava
perto da janela, ajoelhando-se na minha frente em seguida.
A partir daí, perdi feio, pois ele começou a me acariciar daquele
jeito que sabia me levar à loucura, me enchendo de prazer. Lutei
bravamente, mas acabei cedendo aos seus encantos e terminamos nossa
primeira briga de namorados transando gostoso na poltrona, depois em
cima da cama.
Bem mais tarde, na mesma noite, eu ainda estava acordada,
aninhada nos braços de Aidan, em sua cama.
— Quer dizer que agora sou sua namorada, é?
— É . Só minha, de mais ninguém.
— Meu Deus, que namorado possessivo que eu tenho! — falei e
ri.
— Nã o quero os caras do time rondando você. Principalmente o
enxerido do Marlon!
— Ele nem tem chance, Aidan. Perto de você, nenhum deles tem.
Ele engoliu em seco, ainda meio inseguro. Eu nã o imaginava que
um homem daquele tamanho pudesse se sentir assim, até ouvir sua
pró xima pergunta:
— Nem o Brandon?
— Nem o Brandon. — Tranquilizei-o com relaçã o a um dos seus
melhores amigos.
Nó s havíamos ficado pró ximos, pois trocávamos bastante
informaçõ es sobre as crianças, mas nã o era nada além disso. Nã o era o
amigo viú vo de Aidan quem fazia meu coraçã o bater mais rá pido.
Para amenizar o clima que ficou depois de suas perguntas sem
fundamento, convidei:
— Que tal a gente comer uns chocolates que um certo alguém
trouxe pra casa?
— Ah, agora você quer meus chocolates?
— Claro, você trouxe pra mim!
— Mas você nã o os aceitou!
— Você que pensa! — disse e saí disparada da cama, correndo
escada abaixo, com ele a meu encalço.
É claro que ele me pegou antes que eu chegasse à mesa de jantar.
— Menina má ! Agora, preciso te dar um castigo por fugir assim!
— Castigo? Que castigo?
— Uns tapas nessa bunda redonda e deliciosa, para começar.
Olhei pra ele e fiz um biquinho, que esperava ser sexy. Funcionou.
O clima entre nó s dois passou de brincalhã o para sensual em menos de
um segundo.
Ergui um pouco a camisola que eu vestia, sem lingerie por baixo,
mostrando só um pouco da minha bunda.
— O que está esperando? — perguntei, desinibida.
Esse novo comportamento era resultado da confiança que ele
havia instaurado em mim como mulher. Aidan me fazia sentir desejável,
sexy... linda!
— Ah, mulher! Assim, você acaba comigo! — disse e me puxou
para a mesa, segurando meus cabelos soltos com uma mã o só e
inclinando meu tronco para a frente com a outra.
Com a bochecha colada no tampo da mesa, senti quando ele
desnudou minha bunda inteira, a camisola se acumulando em minha
cintura. O primeiro tapa pegou a ná dega em cheio e eu gemi.
Só a possibilidade de ser preenchida por ele mais uma vez já me
deixou excitada e senti a umidade invadindo meu sexo. Outro tapa, dessa
vez na outra ná dega, me acertou.
— Aidan... — gemi o nome dele.
— O que você quer agora, Dee-Dee? Fala pra mim?
— Quero seu pau, Aidan!
— Onde você quer?
— Enterrado na minha boceta! Vem! — chamei.
O diá logo sacana só fez com que eu ficasse mais encharcada.
Ouvi quando Aidan se livrou da cueca com que estava vestido e
logo afastou minhas pernas, aproximando a cabeça rosada do seu pau na
minha abertura. Eu sabia que estava pronta para ele, entã o dei uma
rebolada, convidando-o a entrar.
Ele nã o se fez de rogado. Pouco a pouco, foi me preenchendo com
seu cacete duro, grande e grosso, enquanto eu gemia e pedia por mais.
Aidan havia me transformado em uma verdadeira safada.
Logo, ele começou a meter com gosto, meu corpo estremecendo a
cada investida. Meu homem segurava meus cabelos em um rabo de
cavalo na sua mã o, sem agredir, mas fazendo com que eu arqueasse um
pouco as costas para trá s. Estava muito gostoso e eu sabia que nã o
demoraria muito a gozar.
Tentei segurar o quanto pude, mas o vaivém do seu quadril,
entrando e saindo de dentro de mim, era irresistível. Em pouco tempo,
eu estava gozando e gritando seu nome. Aidan me seguiu em instantes,
me enchendo com sua porra quente.
A força do orgasmo para os dois foi tã o intensa que ele
cambaleou ao sair de dentro de mim. Eu estava esgotada, largada em
cima da mesa, sem forças nem para me mexer.
Ele foi o primeiro a se recuperar, de nó s dois. Alcançou a outra
extremidade da mesa e abriu a caixa de bombons, pegando um e
colocando em minha boca.
— Depois de uma atividade como essa, preciso alimentar bem
minha garota — disse ele, brincalhã o. — Nada melhor que um chocolate
belga para isso, nã o é?
— Uhum! — respondi, de boca cheia.
Já havíamos nos recomposto, colocado as flores em um vaso e
estávamos nos preparando para voltar ao quarto, quando ouvi um
chorinho sentido, vindo do quarto de Amber.
Aidan e eu trocamos um olhar preocupado e nos precipitamos
escada acima, correndo para o quarto da pequena.
Ela já estava de pé no berço, e o choro que antes era baixinho,
agora já estava em um volume bem mais alto, seu rostinho molhado de
lá grimas.
Quando me aproximei do berço e a peguei no colo, percebi de
imediato: Amber estava pegando fogo.
— Aidan, ela está com febre.
— Com febre?! Ai, meu Deus! E agora, o que a gente faz? —
desesperou-se ele.
— Duas coisas: dar um remédio para baixar a febre e um banho
morno para ajudar.
— Vou preparar o banho, entã o! — disse ele, já correndo para o
banheiro da suíte dela.
Eu, com Amber no braço, fui até a caixa de remédios em sua
cô moda. Peguei o antitérmico e coloquei a dose correta em uma seringa
de plá stico pró pria para dar o remédio. Fiz com que a neném abrisse a
boca e despejei o conteú do da seringa lá dentro. Por sorte, o
medicamento era docinho — eu já havia provado para saber — e ela
tomou tudo sem problemas.
Enquanto Aidan nã o voltava para o quarto, fui despindo a menina
de suas roupinhas de dormir e a levei para o banheiro já sem roupas. O
banho morno já estava preparado e, embora ainda estivesse chorando,
colocamos Amber sentada na banheira, despejando a á gua sobre seu
corpinho quente com nossas mã os em concha.
Quando achei que era tempo suficiente para ela estar ali, e antes
que a á gua esfriasse, nó s a enxugamos e a trouxemos de volta para o
quarto, no qual a vestimos com roupas limpas e a ninamos até que
adormecesse. Era tempo que o remédio já começava a fazer efeito e o
incô modo da febre melhorava.
Eu nã o quis comentar nada, mas percebi que Aidan tremia
enquanto me ajudava, assustado por ter que lidar com um bebê doente
pela primeira vez. Era diferente de quando o dentinho dela estava para
nascer. Acho que ele sentiu, pela primeira vez, o peso de ter um serzinho
tã o miú do dependendo de você para ficar bem novamente.
Resolvi, de comum acordo com Aidan, que iria dormir no quarto
de Amber, onde ele havia mandado instalar uma bicama além dos outros
mó veis.
— Eu também vou ficar — disse ele.
— Mas você tem treino amanhã logo cedo.
— Dane-se o treino. Minha filha está doente.
Assim, ele puxou a cama auxiliar e se deitou nela, enquanto fiquei
na cama de cima.
Foi a melhor coisa que fizemos, pois cerca de três horas depois do
primeiro ataque da febre, a temperatura de Amber subiu outra vez e ela
despertou chorando de novo.
Repetimos todos os procedimentos, só que com um outro
medicamento. Eu me lembrava bem das instruçõ es da pediatra, uma vez
que fui a todas as consultas junto a Margot, e sabia que, em caso de
febre, podia alternar dois tipos de remédio, em intervalos de até três
horas.
Porém, desta vez, observei que Amber levava a mã ozinha ao
ouvido, repetidas vezes, como se algo ali a estivesse incomodando. Nã o
tínhamos remédio para ouvido em casa, e nem sabia qual seria o mais
indicado. Na agonia de fazer baixar a febre, me esqueci de comentar
sobre o fato com Aidan.
Outra vez, quando o remédio começou a fazer efeito, Amber
dormiu. Nó s dois voltamos a cochilar na bicama, até a febre subir outra
vez.
O choro da garotinha estava mais intenso, como se o que a
incomodava estivesse piorando.
— Aidan, acho que tem alguma coisa no ouvidinho dela. — Me
lembrei de comentar. — Olha como ela está levando a mã o à orelha com
frequência.
— Será que ela está com dor de ouvido?
— Nã o sei, nunca passei por isso com ela.
— O que a gente faz agora?
— Febre é sintoma, nã o causa... ela pode estar mesmo com dor de
ouvido — declarei. — Acho melhor a gente levá -la ao hospital do que
ficar só medicando e a situaçã o piorando cada vez mais!
— Também acho! Olha só , já está amanhecendo — disse ele,
apontando para a janela por onde o sol começava a se infiltrar.
— Melhor assim! Vou arrumar uma bolsinha para ela, depois
troco de roupa.
— Nã o é melhor dar outra dose do remédio de febre, antes?
— Sim, sim, é verdade! Estou tã o desnorteada, que já ia
esquecendo.
Preparei o remédio e dei, depois fui organizar o necessá rio para
Amber ir até o hospital, enquanto Aidan foi trocar de roupa. Depois que
ele estava pronto, me troquei e descemos.
Pouco tempo depois que saiu o resultado do exame de DNA,
Aidan comprou uma minivan parecida com a de Brandon e instalou uma
cadeirinha no banco traseiro, para que pudéssemos transportar Amber
em segurança. Essa era a primeira vez que o utilitá rio sairia da garagem.
Eu só gostaria que nã o fosse por um motivo tã o preocupante.
Conferindo para ver se nã o havíamos esquecido nada, nos
acomodamos na minivan e partimos para o hospital.
Acho que eu nunca corri tanto na direçã o de um carro quanto no
momento que estava levando Amber para o hospital. Bom, talvez quando
resolvi apostar uma corrida ilegal em minha cidade natal, antes de
entrar para a faculdade. Mas nunca mais o fiz, pois meu pai, além de me
dar uma boa surra, ainda me deixou sem carro por quase um ano.
— Aidan, nã o precisa dirigir como um louco! — Dakota me disse,
do banco de trá s.
Mas eu só pensava que a febre da minha filha iria subir de novo e
que ela estava sentindo alguma dor que eu nã o conseguia fazer passar.
O fato é que chegamos ao hospital em tempo recorde. Assim que
ajudei as duas a descerem do carro, entreguei a chave a um manobrista e
as segui pelas portas da emergência.
Amber chorava e continuava levando a mã ozinha ao ouvido,
enquanto Dakota e eu fazíamos sua ficha de entrada no pronto socorro.
Somente apó s isso fomos encaminhados para o atendimento.
Eu já estava nervoso com a demora, quando chamaram:
— Amber Collins-Kingston. Consultó rio quatro.
Nos apressamos a atravessar a porta indicada. E lá , de todos os
médicos pediatras que poderiam estar no plantã o naquele dia, tudo o
que eu nã o queria era encontrar justamente aquele médico. Doutor
Samuel Higgins.
Era claro que o homem iria me reconhecer de imediato. Uma
sombra passou por seu semblante, mas foi tã o rá pido que Dakota, ao
meu lado, nem notou. Logo o sorriso profissional estava de volta ao seu
rosto.
— Bom dia! O que os traz ao meu consultó rio no dia de hoje? O
que essa mocinha tem? — perguntou, fazendo uma festinha para Amber,
que afastou a mã o dele na mesma hora.
— Ela passou a noite com febre e está levando a mã o a orelha
com frequência, como se estivesse sentido dor no local — expliquei.
— Demos remédio de três em três horas para baixar a febre,
alternando os antitérmicos, mas ela fica voltando — complementou
Dakota.
— Por favor, deitem-na aqui na maca — pediu o médico, já
pegando o otoscó pio.
O aparelho enviava as imagens para uma tela do tamanho de um
tablet na parede acima da maca. Foi assim que pudemos ver que dentro
do ouvido de Amber estava vermelho e inchado, além de ter um pouco
de pus amarelado.
— A filha de vocês está com uma otite, uma inflamaçã o de
ouvido. Vou passar uma medicaçã o que deverá sanar o problema em
alguns dias.
— Ela nã o é minha filha — soltou Dakota, acho que até mesmo
sem querer.
O médico me encarou, sério, em uma pergunta muda.
— Ela é apenas a babá . Sou pai solo — expliquei, a contragosto.
Nã o precisava dar aquele tipo de informaçã o justo para aquele
profissional de saú de. Quanto mais ele soubesse ao meu respeito, mais
armas teria para me prejudicar.
E eu sabia que isso era algo que ele tinha muita vontade de fazer,
há anos. Desde que seu casamento acabou ao encontrar sua mulher
dormindo comigo.
Em minha defesa, eu nã o sabia que a mulher era casada, mas
sabia que, aos olhos dele, isso nã o era uma justificativa. Foi ela quem me
procurou, buscando um envolvimento casual, mas fui eu quem levou a
culpa pelo fim de um casamento que já estava fracassado há muito
tempo.
Ao menos, a ética médica o impedia de revelar qualquer coisa
que se passasse dentro daquele consultó rio, além de nã o poder tratar
mal minha filha, que precisava de atendimento.
Preferi nã o apresentar Dakota como minha namorada, para que o
homem nã o tivesse ideias de se vingar na mesma moeda. Embora eu
tivesse certeza de que ela nã o lhe daria bola, achei melhor nã o arriscar.
Ao menos, livrava-a de ser importunada por ele.
Porém, do jeito que ela reagiu ao fato de eu ter declarado diante
do time que ela era minha mulher, sabia que a coisa ia feder para o meu
lado quando chegá ssemos em casa.
Eu estava divagando. Voltei minha atençã o para o Dr. Higgins, que
preenchia o receituá rio com os medicamentos que deveríamos dar a
Amber pelos pró ximos dias.
— Terminando o tratamento, traga-a outra vez, aqui ao pronto-
socorro mesmo, pois o médico que estiver de plantã o dará a alta, se for o
caso, ou solicitará exames para averiguar o motivo de nã o ter curado o
problema — explicou ele, arrancando a folha da receita médica e
entregando a Dakota, uma vez que eu estava com Amber nos braços.
— Muito obrigada, doutor! — agradeceu minha namorada com
um sorriso, sem nem imaginar que estava diante de um desafeto meu.
Saímos do consultó rio e do hospital. Achei melhor levar as duas
direto para casa e depois sair para comprar os remédios passados pelo
médico.

Aidan nos deixou em casa e saiu outra vez, em busca dos


medicamentos para a otite de Amber. Agora que sabíamos qual era o
problema que estava causando a febre, eu estava mais tranquila.
Sozinha com a pequena, me lembrei de que notei um clima
estranho entre o médico que nos atendeu e Aidan, mas achei melhor nã o
comentar nada na hora.
Ainda estava pensando se ia interpelar meu namorado quanto ao
fato de ter me apresentado como “apenas a babá”. Ontem mesmo,
havíamos discutido por ele ter me nomeado sua namorada diante do
time, sem antes ter falado comigo. Agora, eu já estava sendo relegada
outra vez ao papel da babá ?
Nã o podia mentir para mim mesma e dizer que o fato de ser
“apenas a babá” nã o havia me chateado. Ele poderia ter dito que eu era a
madrinha da menina, ao menos.
Eu sabia que Aidan nã o era um cara indeciso. Pela pró pria
profissã o, nem poderia ser, pois uma decisã o errada podia levar seu time
à derrota. Ele precisava estar seguro da tá tica que adotaria nas partidas.
Entã o algum motivo havia por trá s daquilo. Sentia que tinha algo
a ver com a tensã o que senti entre ele e o médico. Seria apenas uma
demonstraçã o de ciú mes? Algo como “ah, vou apresentá -la como a babá
para que o cara nã o resolva dar em cima dela, pelo fato de ser minha
namorada”? Como se eu fosse me interessar por outro alguém, hunf!
Eu só precisava descobrir qual era o motivo da tensã o entre os
dois homens, e talvez tivesse minha resposta. Ou, brigar mesmo com
Aidan, ver o circo pegar fogo e depois conter os danos.
Mas a verdade é que, com Amber doente, eu nem tinha forças
para entrar em uma discussã o com Aidan. E eu tinha certeza de que nã o
era algo a se resolver sem brigarmos como cã o e gato.
Namorada ou apenas a babá ? Ele precisaria se explicar
direitinho.
Como a febre de Amber havia baixado, depois da ú ltima dose de
antitérmico que ministramos, ela agora estava dormindo no meu colo.
Coloquei-a no berço, desci para a sala e foi o tempo de Aidan chegar em
casa com os outros remédios.
— Acho que fui flagrado por um paparazzo enquanto estava
saindo da farmá cia — ele foi logo dizendo. — Quer apostar quanto que
aquela jornalista fofoqueira do capeta vai soltar uma nota dizendo que
eu estava comprando um estoque de camisinhas?
— Eu nã o quero apostar nada. Você que vá apostar lá com seus
amigos! — respondi, azeda, pegando a sacolinha com os medicamentos
e subindo de volta as escadas para levá -la ao quarto de Amber.
— Ei, linda, por que essa braveza toda? — perguntou ele, me
seguindo. — Já sei! Nã o precisa nem falar... é por eu ter apresentado você
como a babá no consultó rio do médico, né?
Eu apenas olhei para ele, de cima abaixo.
— Se já sabe, pra que perguntou?
Ele passou a mã o no rosto e depois nos cabelos, frustrado.
— Dee-Dee, eu posso explicar.
Como estávamos parados no meio da escada, ali mesmo eu cruzei
os braços e o encarei, o queixo empinado.
— Entã o explica!
— Acontece que eu já conhecia aquele médico... e sei que ele me
odeia!
— E daí? O que uma coisa tem a ver com a outra? E o que você fez
pra o homem te odiar? — disparei as perguntas, impaciente.
Por mais que eu tivesse dito a mim mesma que nã o ia brigar com
Aidan enquanto Amber estivesse doente, foi mais forte do que eu. Nã o
mandei ele mesmo tocar no assunto!
— Ontem você tava aí fazendo questã o de dizer pra todo mundo
que eu sou sua namorada, e eu nã o ouvi nem um pedido de namoro até
agora! — Joguei minha frustraçã o na cara dele.
— E as rosas? E os chocolates? E a transa gostosa que a gente
teve?
— Nã o ouvi as palavras!
— Sério, Dee-Dee?
— Muito sério! Aí, hoje, você vai e diz que sou “apenas a babá”?
Agora quem pergunta sou eu: sério, Aidan?
— Mulher, o que preciso fazer para que você entenda que estou
louco por você e que se falei dessa forma lá no hospital foi para te
proteger de um possível cara vingativo?
— Nã o sei o que você precisa fazer, mas sei que nã o gostei
nadinha do que ouvi!
Ali mesmo na escada, todo desengonçado, Aidan se ajoelhou na
minha frente e agarrou minha mã o.
— Dakota... minha Dee-Dee... você me daria a honra de ser minha
namorada?
— Para com isso! Eu já sou sua namorada! Desde ontem, lembra?
— Mas eu nã o tinha dito as palavras. Agora eu disse! Entã o,
aceita?
— Aceito, oras!
— Agora que a gente resolveu essa pequena questã o, será que a
minha namorada pode deixar que eu a proteja de um corno vingativo?
Eu acertei um tapa no braço dele com toda a força que eu tinha, o
que significou que nã o o abalou em nada.
— Aidan! Nã o acredito que você dormiu com a mulher do médico
que atendeu Amber!
— Eu nã o sabia que ela era casada, até que o cara invadiu o
quarto e nos pegou no flagra — desculpou-se ele, com cara de
arrependido.
— Eu nã o acredito nisso! Nã o... é demais para minha pessoa! —
disse eu, inconformada com o comportamento pregresso do meu
namorado. — Eu sabia que você era mulherengo e...
— Disse bem: era! Agora, só tenho olhos para você, meu raio de
sol! — Era só o que faltava: ele iria apelar para a breguice?
— Chega, Aidan. É melhor a gente encerrar esse assunto por aqui,
tá bom? Nã o quero mais ouvir nada sobre esse médico e a mulher dele!
— Ex-mulher! Eles se separaram depois disso.
— Que seja! — falei, aborrecida, me soltando da mã o que ele
ainda segurava e subindo os degraus que faltavam para chegar ao
primeiro andar.
— Meu amor, entenda: eu só quis te proteger! Me perdoa, vai!
Juro que nunca mais digo pra ninguém que você é somente a babá de
Amber! — apelou ele, fazendo cara de cachorro arrependido.
Me odiei naquele instante, porque nã o tinha como resistir à quela
cara de arrependimento. Também porque agora eu conseguia entender
o motivo de ele ter dito o que disse no consultó rio. Veja bem, eu
entendia, mas nã o queria dizer que aceitava. A ló gica de Aidan era que,
se ele me apresentasse como a babá , o médico nã o iria me usar para
tentar se vingar por ter sido corno. Já eu, apesar de estar gostando muito
do meu namorado, achava que ele devia pagar por todas as cachorradas
que já andou fazendo por aí, antes de sossegar comigo.
Se isso iria acontecer, era outra histó ria. Eu sabia muito bem que
a chance era de uma em um milhã o.
— Olha, é melhor você ir acionar o Luke a respeito da tal foto que
tiraram de você saindo da farmá cia, para nã o dar margem a fofocas. Por
causa de Amber, tudo o que menos precisamos no momento é isso —
falei, já quase entrando no quarto da pequena.
— Tá vendo? O que seria de mim sem uma mulher tã o sensata
como você para me colocar juízo na mente? — retrucou ele, brincalhã o,
percebendo que o perigo da briga havia sido afastado.
— Anda, Aidan. Some da minha frente, que eu vou dar o remédio
pra Amber, vai!
— Agorinha mesmo, meu amor, minha linda! — Ele ainda soltou
um beijinho para mim, antes de descer de novo as escadas, certamente
para acatar minha sugestã o e ligar para seu empresá rio.
Homens... nunca cresciam e sempre precisavam de uma presença
feminina para colocar um pouco de sensatez em suas vidas.
Com a medicaçã o correta, logo Amber começou a melhorar. A
febre deixou de ser uma constante e ela quase nã o se queixava, do
jeitinho dela, da dor no ouvido. Ainda nã o estava curada por inteiro, mas
Aidan e eu estávamos nos desdobrando para que ela ficasse boa logo.
O jogador vinha me surpreendendo a cada dia, nã o somente
como pai, mas como namorado. Eu nã o sabia como ele conseguia as
coisas sem chamar a atençã o da mídia, mas quase todo os dias quando
voltava para casa, me trazia flores, nem que fosse uma ú nica rosa, ou
algo especial para Amber. Dizia que o papel da vida dele agora era
mimar suas duas garotas.
A ú ltima coisa que trouxe para casa foi um tutu de tule cor-de-
rosa, com o qual vestiu Amber e tirou um monte de fotos, quase
enchendo a memó ria do celular com as imagens da filha em diversas
poses.
— Ela vai ser uma bailarina linda quando crescer, nã o vai, raio de
sol? — Me perguntou, todo babã o, enquanto a menina engatinhava pelo
tapete, o bumbum cheio de fralda e o tutu em volta.
— Ela já é, amor — respondi, admirando os dois.
A briga de dias atrá s havia caído no esquecimento, diante dos
gestos de carinho e cuidado que ele vinha tendo para conosco. Sempre
que podia, ele nos acompanhava em um passeio pelo condomínio, onde,
invariavelmente, parávamos na casa de Brandon, de Ken e de Stan, para
os três “tios” brincarem um pouco com Amber. E se mostrava um amor
com a filha de Brandon, Maddie, que adorava o tio Thunder.
Na cama, nos amávamos cada vez mais apaixonados, Aidan
sempre se mostrando paciente com a minha inexperiência, fazendo com
que eu me sentisse segura para ousar, dar e receber prazer.
Por mais que eu procurasse resguardar meu coraçã o, com medo
de uma decepçã o mais na frente, já estava ficando difícil negar que eu
estava apaixonada por aquele homem. De início, me senti uma traidora,
pois sabia que, apesar dos desencontros, minha amiga Margot o amou.
Mas, aos poucos, fui ficando em paz comigo mesma, pois sabia que ela
entenderia o que eu estava sentindo, ainda mais em sua ausência.
Apesar de, dentro de casa, demonstramos o carinho e a paixã o
que nos unia, Aidan ainda dizia nã o estar pronto para revelar ao grande
pú blico a existência de Amber. Por consequência, eu também continuava
nas sombras. O time inteiro do New York Wolves sabia sobre nó s, mas
era só e, entre eles, eu era tratada como rainha, embora, fora do vestiá rio
e do condomínio onde morávamos, fosse uma simples desconhecida.
Com o avanço da temporada, os jogos se tornaram mais
frequentes, e algumas vezes, Aidan precisou viajar para jogar em outras
cidades. Nessas ocasiõ es, ficávamos com Maddie e a Sra. Sanders na casa
de Brandon, assim os dois jogadores se tranquilizavam de que
estaríamos todas bem.
Quando Amber já estava quase curada da otite e pronta para
retornar ao médico, Aidan insistiu que eu fosse, sozinha, assistir a um
dos jogos. O time jogaria em casa, mas o barulho ainda seria muito
incô modo para a menina. Assim, ela ficaria com a Sra. Sanders, mais uma
vez, e eu iria para o campo.
De início, eu nã o queria ir, mas Aidan me convenceu com a
promessa de jantarmos fora depois do jogo e de estarmos precisando de
um tempo somente para nó s dois.
Querendo me impressionar, disse que teria uma surpresa para
mim, depois da partida. Era claro que isso atiçou minha curiosidade.
Depois de deixar a pequena na casa de Brandon, de quem Aidan
ainda insistia em ter um pouco de ciú mes, pois dizia que seu amigo
aproveitava nossas conversas para jogar seu charme de viú vo para cima
de mim, segui para o campo, de tá xi.
Resolvi nã o usar minha camisa autografada, para nã o chamar
muita atençã o de outros torcedores, e me posicionei no meio da
arquibancada, com um binó culo nas mã os para poder ver melhor as
jogadas no gramado.
Desta vez, os Wolves começariam. Stan, que era o kicker do time,
posicionou-se e chutou a bola, mandando-a para o outro lado do campo.
O recebedor adversá rio a agarrou e começou a correr, tentando vencer o
maior nú mero de jardas possível. Porém, nossa equipe de defesa
continha alguns caras realmente enormes e conseguiu barrá -lo com
certa facilidade.
Eu vibrava com a partida e nem me dei conta de que o primeiro
quarto logo terminou. O intervalo até o segundo quarto era de apenas
dois minutos, entã o só deu mesmo para comprar um hot dog de um
vendedor ambulante que passou pela fileira em que eu estava sentada.
Pelos pró ximos quinze minutos, apó s o segundo quarto ter
começado, eu engoli meu lanche e nã o tirei os olhos do binó culo, de olho
nas jogadas. Em um dos momentos, um jogador do time adversá rio
atingiu Aidan com o joelho.
— Faltaaaa! — gritei como uma louca desesperada, junto de
metade da torcida, que estava de olho no lance.
Um dos juízes da partida jogou a bandeira amarela no chã o, e a
arbitragem marcou a falta. Eu estava mais preocupada com meu
namorado, mas ele logo estava de pé outra vez, o que significava que o
dano nã o foi muito grande.
Pouco depois, o jogo já estava em andamento outra vez. Aidan já
havia marcado dois touchdowns sozinho e, volta e meia, eu ouvia o coro
da torcida, cantando o refrã o da mú sica do Imagine Dragons. É claro que
eu cantava junto, ou melhor, berrava junto!
A vitó ria, ao fim do quarto quarto, foi bem apertada, mas os
Wolves conseguiram levar essa partida e, com isso, estavam mais perto
da final da temporada.
À medida que a arquibancada se esvaziava, fui acompanhando o
pú blico que saia do está dio, porém, antes de chegar à saída, peguei o
caminho dos vestiá rios, como havia combinado com Aidan. Luke já me
esperava, para liberar meu acesso.
Eu nã o sabia como eles conseguiam, mas sempre davam um jeito
de me “contrabandear” para perto dos jogadores sem que a imprensa
notasse.
Dessa vez, nã o entrei no vestiá rio, fiquei esperando meu
namorado ao lado da entrada. Aidan nã o demorou muito.
— Ei, fiquei preocupada com aquela falta. Foi covardia do outro
jogador! — fui logo dizendo, assim que o vi.
— Se a joelhada dele pega um pouco mais pra cima, hoje nã o
conseguiríamos namorar, raio de sol — disse ele, brincalhã o.
— Nem brinca com isso!
Ele me deu um beijo rá pido nos lá bios, pois nã o dava para
demorarmos muito por ali.
— Escute, ainda vou ter que encontrar a imprensa, mas lá fora
tem uma limusine esperando por você. Essa é a surpresa: vamos dar
uma volta de “limo” pela cidade, antes de jantarmos — contou ele,
empolgado. — Luke vai te acompanhar até ela, me espere lá dentro. Vou
tentar ser o mais rá pido que puder, tá ?
Eu sorri, empolgada também. Nunca havia andado de limusine na
vida, seria uma experiência nova para mim.
Depois de nos despedirmos com outro beijo, o empresá rio de
Aidan se aproximou e fomos caminhando até uma saída discreta do
está dio, na qual uma limusine preta e elegante me aguardava.
— Ele deve demorar cerca de meia hora, Dakota. Tudo bem por
você esperá -lo sozinha?
— Sem problemas, Luke.
Entrei na parte de trá s do veículo e olhei tudo ao redor. O banco
era bem confortável, com um espaço enorme na frente. Tinha um mini
frigobar com champanhe dentro e as taças alocadas sobre sua superfície.
Depois que explorei tudo que podia, o que nã o demorou muito,
me distraí olhando o movimento dos ú ltimos torcedores saindo do
está dio, pela janela coberta com insulfilm.
Perto da hora em que Aidan deveria sair pelo mesmo portã o que
atravessei, notei uma aglomeraçã o de mulheres com camisas do time e
saias curtas se concentrando no local. Eram as fã s do Wolves e, até aí, eu
nã o fiz muito caso delas.
O problema surgiu quando os jogadores começaram a sair. Nas
ú ltimas vezes que vim ao está dio com Amber, nó s nã o esperamos a saída
do time, e fomos para casa assim que as partidas terminaram. Era a
primeira vez que eu estava presenciando o ataque das fã s aos atletas.
Elas se penduravam neles, agarravam, e as mais ousadas até os
beijavam. Quando vi isso, fiquei com meus sentidos em alerta. Grudei os
olhos na janela, tentando identificar meu namorado em meio à quela
turba de gente.
Eu sabia que deveria me posicionar dentro da limusine de modo
que, quando ele abrisse a porta, quem estivesse do lado de fora nã o me
visse. Mas quem disse que eu conseguia me desgrudar da janela que
dava vista para o trajeto que ele faria?
Vi quando Aidan saiu, afinal o carro nã o estava estacionado tã o
longe assim. Também vi quando ele parou para dar um autó grafo e
depois tentou se distanciar das fã s. Mas um pequeno grupo delas se
destacou e o rodeou, na metade do caminho entre os portõ es e a
limusine. Para meu desgosto, vi quando uma delas o agarrou pelo
pescoço e plantou um beijo em sua boca, por mais que ele tentasse se
libertar do seu agarre.
Meu sangue ferveu. Nunca pensei que eu teria tanto ciú me em
minha vida. Saí da janela na hora e me encolhi no canto oposto do banco.
Quando Aidan entrou no veículo, percebeu na hora que havia algo
errado.
— Raio de sol?
— Está mais para um dia de trovoadas para você! — respondi,
brava.
Ele trancou a porta e o veículo começou a se movimentar de
imediato. Eu nã o fazia ideia de para onde iríamos, mas estava claro que o
motorista sabia para onde se dirigir.
— Linda, eu nã o tive culpa!
— Eu sei, mas aquela... aquela...
— Shh! Nã o vá falar algo que possa se arrepender depois — disse
ele, aproximando-se e me enlaçando com o braço.
— Você é meu, entendeu? Eu nã o divido! Trate de deixar isso
claro para as suas fã s! — reclamei, irritada.
— Quer dizer que eu sou seu? Só seu?
— De mais ninguém! A ú nica que tem direitos sobre você, além
de mim, é Amber!
— Uau! Eu nã o sabia que minha namorada era uma loba
ciumenta!
— Qualquer mulher ficaria puta da vida se visse outra beijando
seu namorado, Aidan! — esbravejei.
— Amor, eu nem vou te lembrar que nosso namoro ainda é
segredo e que ninguém sabe que esse quarterback aqui já tem dona...
— Hunf! — Cruzei os braços, aborrecidíssima.
— Você vai ficar emburrada o passeio todo, linda? Vai perder a
melhor parte!
— Que seria?
— Poder me beijar e me namorar em plena regiã o da Times
Square.
— Nada convencido você, hein? — retruquei.
— Só estou dizendo... — Ele movimentou os ombros para cima e
para baixo. — Se eu fosse você, estaria aproveitando o tempo para fazer
algo como isso. — Aidan me apertou em seus braços e, sem que eu
esperasse, tomou meus lá bios nos dele.
A partir daí, me esqueci de tudo que havia à nossa volta, pois o
sabor dos lá bios de Aidan me inebriou. Ele explorou minha cavidade,
brincou com minha língua, mordiscou meu lá bio inferior e só sossegou
quando eu estava entregue e ronronando como uma gatinha em suas
mã os.
Enquanto me beijava, sua mã o invadia por baixo do meu vestido,
buscando meus seios, que já estavam com os biquinhos duros. Aidan me
puxou para o seu colo, de frente para ele, e pude sentir a rigidez do seu
pau sob o tecido da calça que vestia.
— Transar em uma limusine em movimento te excita, raio de sol?
— perguntou ele, junto ao meu ouvido.
— Muito!
— Entã o vamos fazer acontecer! — decidiu ele, mas fui eu quem
tomou a iniciativa de soltar o botã o de sua calça e descer seu zíper.
Meu namorado ergueu o quadril de leve, para me ajudar a despir
suas roupas até o meio das pernas, e seu cacete duro, apontando para o
teto, pulou da sua boxer em segundos. Olhei para aquele pênis grande,
as veias saltadas pela rigidez em que se encontrava, a cabeça rosada
vertendo uma gota de pré-gozo e resolvi que iria tentar algo que eu
ainda nã o havia tido coragem de fazer antes.
Afastei suas pernas até o limite em que a roupa permitia e me
coloquei entre elas, me ajoelhando diante dele.
— Amor, você nã o precisa fazer isso, se nã o quiser de verdade —
ele me alertou, prevendo minha intençã o.
— Ah, mas eu quero!
— Desse jeito, você vai me matar aqui!
— Só se for de prazer — respondi, fazendo uma bravata. Eu
esperava fazer o boquete da maneira certa para dar prazer a ele, sem
machucá -lo.
Como inexperiente que era, fui devagar. Primeiro, dei um beijo
molhado em sua glande, depois passei a língua, sentindo seu gosto pela
primeira vez. Lambi sua extensã o, para baixo e depois subindo, como se
estivesse saboreando um sorvete muito gostoso.
Aidan levou a mã o fechada à boca, para nã o gemer alto e chamar
a atençã o do motorista, que estava isolado de nó s dois por um painel
escuro e fosco.
Sentindo que estava agradando, passei minha língua por todo seu
membro, fazendo um movimento em espiral. Depois, dei beijos
estalados por seu comprimento. Só entã o tomei coragem e coloquei sua
cabeça inteira dentro da minha boca, segurando a base com uma das
mã os, em um aperto firme.
De imediato, Aidan segurou meus cabelos, onde eles estavam
presos pelo elá stico, mas sem forçar minha cabeça de maneira alguma.
Fui me sentindo confiante por causa dos sons abafados de prazer que ele
emitia, e engoli seu pau de pouco em pouco, cada vez mais, até sua
cabeça tocar a abertura da minha garganta. Quando isso aconteceu, senti
que estava na hora de começar a me movimentar.
Mexi minha cabeça para frente e para trá s, primeiro devagar,
depois mais depressa, alternando com movimentos de sucçã o e
chupando com gosto o pau duro de Aidan. Dava para notar que ele
estava se contendo para nã o tomar a frente e me deixar no comando, o
que me deixou satisfeita e ainda mais empenhada em dar-lhe prazer.
— Isso, Dee-Dee, chupa assim... — Ele apenas me dava algum
direcionamento quando eu fazia algo de que gostava mais.
Envolvi seu comprimento com a língua, tirando-o para fora da
boca e sugando a cabeça, ao provar o sabor do seu pré-gozo.
— Amor, se você continuar assim, eu vou gozar, mas eu prefiro
fazer isso dentro de você! — disse Aidan, puxando-me para um beijo,
enquanto suas mã os buscavam despir minha lingerie. Ajudei, tirando os
sapatos com rapidez.
Quando se deu por satisfeito, ou seja, quando eu estava nua por
baixo do vestido, ele me sentou em seu colo e me penetrou com apenas
uma estocada.
— Olha onde estamos! — chamou ele, quando estava inteiro
dentro de mim.
Olhei em volta por um momento, e as luzes dos letreiros da
Times Square se infiltraram pelas janelas, iluminando nossos corpos
unidos e nos tornando um só .
Era muita loucura: estávamos dentro de uma limusine,
protegidos pelo insulfilm nas janelas, transando em plena Times Square!
Os letreiros e anú ncios luminosos se sucediam e tudo que eu conseguia
sentir era Aidan me invadindo e me enchendo de prazer, toda vez que
impulsionava seu quadril para cima.
Estávamos tã o cheios de adrenalina que nã o demoramos nada a
gozarmos, quase ao mesmo tempo.
Ainda em seu colo, com seu pau acomodado dentro de mim,
começando a sentir sua porra escorrer, eu o abracei.
Ele arfava, também tomado pelas mesmas sensaçõ es que eu.
— Quer saber, Dee-Dee? Dane-se o jantar!
— Hã ?
— É ! Transar com você assim me deu uma baita fome, preciso de
algo para comer, agora!
Ouvi quando ele acionou o intercomunicador e mandou o
motorista encostar tã o logo fosse possível.
— Você endoidou, Aidan?
— Vamos, tem um lugar aqui pertinho que serve uns
hambú rgueres maravilhosos.
— Mas olha o meu estado!
Ele me tirou de cima do seu colo, avançou o tronco um pouco
para frente e pegou um monte de papel toalha de um compartimento
que eu nã o havia visto antes.
Com rapidez, nos limpou, baixou meu vestido e vestiu suas calças
outra vez. Assim que sentiu o veículo parar, abriu a porta e me puxou
para fora, do jeito que eu estava: descalça e sem calcinha.
Segurando firme em minha mã o, ziguezagueou entre os
pedestres, com pressa, e eu o acompanhei. É ramos dois loucos correndo
como se nã o houvesse amanhã em busca de um hambú rguer no meio da
noite, em pleno coraçã o de Nova Iorque.
Três semanas depois...

A temporada de futebol americano estava indo de vento em popa,


tendo já passado da metade. Os jogos estavam cada vez mais acirrados e
eu estava viajando bastante para as partidas.
Porém, quando estava em casa, me sentia no paraíso. Meu
relacionamento com Dakota só progredia e eu notava que estava cada
vez mais apegado a ela. Será que eu estava me apaixonando por Dee-
Dee? Era bem possível, pois estava cada vez mais difícil imaginar minha
vida sem aquela mulher doce e briguenta ao mesmo tempo.
Amber crescia a olhos vistos e agora, com quase onze meses, já
andava, firmava-se nas perninhas gordas e saía se apoiando nos mó veis
para andar pela casa toda. Daqui a pouco, ela conseguiria andar sozinha
e eu estava ansioso por esse momento.
A otite ficara no passado e, quando a levamos para a consulta de
retorno, fomos atendidos por uma pediatra muito simpá tica, que aceitou
acompanhá -la fora do pronto socorro. Ela marcou consultas mensais
para verificar o desenvolvimento da minha filha de perto.
Ainda era estranho para mim, isso de ter uma filha, mas a cada
dia que passava, eu me via mais e mais no papel de pai, querendo ser um
exemplo e uma referência para a minha garotinha.
Dakota tinha razã o quando dizia que Amber sentia a minha falta
quando eu estava longe. Agora, eu já conseguia perceber sua alegria ao
me ver no fim do dia ou no retorno de alguma viagem. Isso enchia meu
peito de uma forma que nem conseguia explicar direito. Era amor puro,
eu tinha certeza. Faria qualquer coisa para proteger a menina de todos
os males.
Voltando à minha namorada, depois da nossa aventura louca na
Times Square, os fofoqueiros de plantã o andavam especulando quem
era a loira que volta e meia era vista comigo na saída dos jogos, mas
ainda nã o haviam conseguido descobrir sua identidade. Como acabei
expondo Dakota sem intençã o, decidimos que era melhor Amber ficar
com a Sra. Sanders nos dias de jogo. Minha mulher continuava se
misturando em meio à arquibancada geral e, até agora, nã o tivemos
problemas maiores do que apenas as especulaçõ es da jornalista
fofoqueira, Melinda Holtz.
Aquela mulher era uma pedra no meu sapato e nos dos meus
amigos. Desde que Stan dormiu com a criatura e depois lhe deu um fora,
ela passou a pegar no nosso pé de modo constante e nã o queria largar
por nada nesse mundo. Até hoje, quando saía alguma nota escrita por
ela na mídia, a gente aproveitava pra zoar o Stanley em nosso grupo.
Tinha vezes que ele nem ligava, mas, em algumas vezes, irritava-se de
verdade, em especial quando a fofoca era sobre ele mesmo. Isso, para
mim, era muito tesã o reprimido, de ambos os lados.
Aquela manhã começou como quase todas, desde que Dakota e
eu começamos a ficar juntos: com um bom sexo matinal. Alguns dias, ela
estava cansada demais ou “naqueles dias”, e a gente ficava só de
conchinha. Do contrá rio, nossa cama pegava fogo à noite e pela manhã ,
logo cedinho. Mesmo com a rotina pesada que era ter um bebê em casa,
a gente conseguia encontrar energia para namorar bastante.
Foi só depois que ela começou a preparar nosso café da manhã ,
enquanto eu trocava a fralda de Amber, que notamos algo diferente.
Primeiro, meu celular começou a vibrar como louco, recebendo
inú meras mensagens.
Tendo terminado de fazer a troca da minha menina e a vestido
para a primeira parte do dia, pesquei o aparelho no bolso e li a
mensagem que havia sido enviada por ú ltimo em meu grupo de amigos.

Ken: Thunder, liga a TV AGORA!

Me espantei com a ordem e a urgência de suas palavras e, com


Amber apoiada no meu braço e as costas encostadas em meu peito, desci
as escadas para fazer o que ele pediu.
Um noticiá rio local trazia como manchete sensacionalista: A filha
escondida do quarterback.
Na tela, uma imagem de Dakota, Amber e eu saindo do
consultó rio da pediatra, depois fotos minhas na farmá cia, uma bem
distante aqui do condomínio, na qual eu empurrava um carrinho de
bebê, outra de Dakota e eu na saída de uma das partidas do New York
Wolves e, ainda, uma com as fã s do time me agarrando apó s um jogo.
Nada que pudesse realmente nos identificar, mas eu sabia que éramos
nó s naquelas imagens.
— Dakota, vem ver isso aqui! — chamei.
Ela veio da cozinha, enxugando as mã os em um pano de prato.
— Seu shake tá pronto, amor — ela avisou, sem saber o problema
que estava acontecendo.
Quando ela parou em frente à televisã o e viu o que estava
passando, a manchete escrita em uma faixa vermelha no inferior da tela,
empalideceu e deixou cair o pano que estava em sua mã o.
Eu havia deixado o aparelho sem som, mas, quando vi sua reaçã o,
apertei o controle e tirei do mudo.
— Fontes seguras informam que o quarterback do New York
Wolves esteve escondendo a existência de uma filha de onze meses, por
pelo menos três meses, desde que soube da menina — dizia o repó rter da
matéria. — O que não sabemos é o motivo para que ele tenha tomado a
decisão de esconder a garota. Será que ele tem vergonha da menina? A
garotinha terá algum problema de saúde grave ou alguma deficiência
física? Ele foi visto mais de uma vez saindo de farmácias nos últimos
meses, e agora temos certeza de que tais visitas estavam ligadas à criança.
— Meu Deus! — Foi só o que Dakota conseguiu dizer, diante de
tamanha atrocidade verbal.
Da mesma forma que ela, eu estava chocado, mas precisava tomar
alguma providência para conter a sanha por fofocas infundadas da
imprensa. Entreguei a menina em seu colo, quando Dakota, a essa altura,
desabou sentada no sofá , e peguei meu celular outra vez.
— Luke, preciso de você, cara. As coisas estã o fora de controle —
disse eu, assim que ele atendeu ao telefonema.
— Sim, eu acabei de ver na televisão. Estou indo para aí! —
respondeu o homem do outro lado da linha.
Bastou eu desligar, para o interfone começar a tocar,
desesperado.
— Sr. Kingston, a portaria aqui do condomínio está cheia de
repórteres, querendo falar com o senhor. Como devemos proceder? São
muitos, mais de vinte, com vans de reportagem, inclusive.
— Por enquanto, nã o vou dar nenhuma declaraçã o — informei.
— A ú nica pessoa autorizada a entrar no condomínio para me procurar
é meu empresá rio, Luke Johnson — disse e desliguei.
Tudo de que tentei nos poupar nos ú ltimos meses estourou de
uma só vez. O pesadelo acabou de começar.

Luke só conseguiu chegar e atravessar a barreira de jornalistas


mais de uma hora depois. A imprensa ainda noticiava o fato de que
escondi minha filha. Havia desligado a televisã o, pois estávamos todos
muito nervosos, e Amber já começava a sentir os reflexos do nosso
estado de espírito, chorando e demandando mais atençã o do que o
normal. Nosso receio era o de que ela acabasse se machucando em suas
exploraçõ es pela casa, com intuito de chamar nossa atençã o.
Assim que meu empresá rio entrou em minha casa, foi logo
informando:
— Essa informaçã o foi vazada por alguém que conhece sua
rotina, Thunder. Estã o querendo te prejudicar, agora que o Wolves está
avançando na temporada!
No sofá , Dakota ficou mais pá lida do que já estava. E foi isso que
me fez desconfiar. Nos ú ltimos jogos, ela vinha reclamando muito do
avanço das fã s e se mostrando com ciú mes que eu considerava
infundados, pois nã o dava bola para nenhuma outra mulher além dela. E
se ela havia deixado a informaçã o sobre Amber cair em ouvidos errados,
como forma de se vingar pela minha falta de atitude em afastar as
mulheres que sempre me agarravam? Uma vez, logo quando ela trouxe
Amber para mim, ela ameaçou contar para a imprensa sobre minha
filha, e eu nã o havia me esquecido disso.
Só de pensar nessa possibilidade, me enfureci e nã o fui nada
delicado quando virei para ela e a confrontei:
— Eu nã o imaginei que seu ciú me fosse chegar a esse ponto!
— Meu ciú me? Como assim?
— Foi você, nã o foi, Dakota?! Você ficou com tanta raiva daquelas
garotas dando em cima de mim que vazou essa informaçã o para a
imprensa!
Ela me olhou, pá lida e agora espantada.
— C-como é?
— Você nã o gostou que eu nã o afastei as torcedoras do time nos
ú ltimos jogos e resolveu contar para a imprensa sobre Amber, para se
vingar! — repeti, fora de mim. — Você conhece todos os meus passos,
sabe onde eu estou e onde vou estar... só pode ter sido você!
O queixo dela caiu e, se ainda tinha algum sangue colorindo suas
faces, terminou de fugir naquele instante.
Ao mesmo tempo que ela me olhava chocada, minha casa foi
invadida pelos meus três amigos: Ken, Stan e Brandon.
— Cara, viemos assim que a gente pô de! — disse Ken, esbaforido.
Decerto, correu da sua casa até aqui.
Eles nã o perceberam a tensã o reinante ali na sala, até que Dakota
se pronunciou:
— V-você está escutando o que está dizendo? — gaguejou, mas
deu para perceber que estava passando da incredulidade para a fú ria.
— Eu tenho certeza de que só pode ter sido isso! — esbravejei.
— Ei, gente, o que tá pegando aqui? — questionou Stan.
— Vocês nã o acham que essa nã o é uma boa hora para brigarem,
nã o? O Thunder está com um problemã o — falou Brandon.
Em meio à confusã o, Amber começou a chorar mais alto, para
piorar a situaçã o.
— É isso que você pensa de mim, Aidan? Todos esses meses
juntos e é isso que pensa de mim? — perguntou ela, revoltada.
Tremendo visivelmente, ergueu-se do sofá e entregou uma
Amber aos berros nos braços de Brandon, que era de longe o que mais
tinha jeito com crianças. Luke, que nã o conseguiu conter minhas
acusaçõ es, estava com a expressã o aflita.
— Você já ameaçou chamar os repó rteres uma vez! Como posso
confiar que nã o fez isso por causa de ciú mes? — declarei, cruzando os
braços.
Ela riu, mas sua risada nã o tinha nem um toque de humor.
— Você nã o acha que se eu quisesse alertar os jornalistas a
respeito de Amber, já teria feito isso antes? Eu tive meses para isso e
nunca o fiz! Por que faria isso justamente agora, que estava tudo perfeito
entre nó s? Eu nunca chamaria a imprensa! — defendeu-se Dakota,
irritada.
— Isso é o que você está dizendo, mas o que estou vendo sã o
fotos nossas estampando as principais notícias de hoje! — esbravejei. —
Você nã o consegue aceitar que eu sou um cara famoso e que preciso
lidar com as fã s em cima de mim. Está presa no passado, achando que eu
continuo sendo o mulherengo que sempre fui!
— Aidan, cara! Pega leve! Você tá exagerando! A Dakota nunca
faria algo para prejudicar a afilhada! — intrometeu-se Stan,
posicionando-se entre ela e eu, talvez com receio de que a briga se
tornasse algo físico. Mas eu nunca levantaria a mã o para uma mulher,
por mais irritado que estivesse.
Dakota me olhou com uma expressã o séria no rosto, uma que me
meteria medo, se eu nã o estivesse tã o puto da vida.
— Você está certo de tudo que está me falando? É isso que você
pensa de mim? — questionou, a voz firme.
— É claro que estou certo! — respondi, no calor da raiva.
— Pois, se para você, eu sou a culpada dessa situaçã o infeliz, lide
com os repó rteres sozinho! No fim, Margot estava com a razã o: você é
mesmo um babaca narcisista, que acha que o centro do mundo está no
seu pró prio umbigo! Nã o dá para manter um relacionamento com
alguém assim. Está tudo acabado entre nó s. Inclusive o contrato de
trabalho como babá ! Eu vou embora! — disse ela, em um tom de voz
baixo e perigoso. — Só saiba que eu NUNCA faria nada para prejudicar
minha afilhada.
Nã o esperou que eu retrucasse e subiu as escadas correndo.
Só entã o foi que Brandon conseguiu se pronunciar, por sobre o
choro de Amber.
— Thunder, você comeu cocô ? Tá doido? Fumou maconha
estragada? Porque só isso para explicar o que você acabou de fazer, seu
imbecil! — esbravejou ele, irritadíssimo. — Dakota nunca faria algo
assim! Nã o. Foi. Ela!
— E quem mais poderia ter sido? Todo mundo no time tem o
rabo preso de alguma forma e nã o iria revelar nada, por receio de uma
retaliaçã o. A comissã o técnica nã o faria isso. Vocês, meus amigos, muito
menos! — Apontei para os três. — Luke nã o teria interesse nenhum em
me prejudicar! — Indiquei o empresá rio, que acenou com a cabeça,
incrédulo com a cena que acabara de presenciar.
— Eu ainda nã o sei, seu idiota. Mas vou descobrir. Agora, tome
aqui sua filha e trate de acalmá -la! O que menos essa criança precisa
agora é passar por mais esse estresse! — reclamou comigo e me
entregou Amber. Depois, sem pedir licença, subiu as escadas atrá s de
Dakota.
De imediato, comecei a balançá -la, como sempre fazia quando
precisava a acalmar por qualquer motivo.
Enquanto Luke telefonava sabe-se lá para quem, Dakota
reapareceu na sala, com duas malas fechadas, Brandon logo atrá s. Ela
nã o estava brincando, mas eu ainda estava muito aborrecido para me
dar conta da merda que fizera.
— Brandon, pode me ajudar a sair do condomínio, sem chamar
mais atençã o e aumentar esse circo dos infernos que está lá fora? —
pediu ela, a voz calma e fria.
— Vou pedir ajuda a Sra. Sanders — informou ele. — Os
jornalistas já conhecem meu carro.
— Tudo que estou levando é aquilo que trouxe quando vim para
esta casa. De você, Aidan, eu nã o quero nada — declarou Dakota, me
encarando, duas lá grimas escorrendo por seu rosto. — Aliá s, quero sim:
que me esqueça! No que depender de mim, nunca mais precisará cruzar
comigo em sua frente.
Vi quando Stan e Ken se despediram dela, mas estava envolvido
em minha raiva e tentando acalmar minha filha.
Assim, eu vi Dakota sair da minha casa, parando apenas para dar
um beijo em Amber, que chorava sem parar. Pelo que Brandon me
contou depois, ela conseguiu sair escondida no banco traseiro do carro
da Sra. Sanders, aproveitando o horá rio de levar Maddie para a escola.
Para onde ela iria, eu nã o fazia a menor ideia, e nã o estava fazendo muita
questã o de fazer, naquele momento.
— Thunder, pense, cara! — pediu Luke, tentando colocar um
pouco de juízo em minha mente. — Dakota nã o poderia ter feito isso, o
interesse dela sempre foi proteger Amber! Você está sendo irracional.
— Cara, você vacilou feio! — disse Stan, concordando com meu
empresá rio.
— A pior merda que você já fez na vida foi essa, Thunder —
corroborou Ken, balançando a cabeça de um lado para o outro, em
negaçã o.
Agora que a adrenalina causada pela raiva havia diminuído, eu
começava a pensar que eles tinham razã o. E isso me deixava nã o só
envergonhado, como preocupado com como tudo poderia se resolver.
— Se nã o foi Dakota, quem foi? — questionei em voz alta, para os
homens que estavam em minha casa.
— Vamos pensar juntos: uma das fotos que estã o sendo
veiculadas é a de vocês saindo do consultó rio da pediatra que passou a
atender Amber. Será que nã o foi ela? — questionou meu empresá rio.
— A ética médica nã o permitiria que ela revelasse informaçõ es
dos pacientes, Luke! Eu posso nã o saber de muitas coisas, mas isso eu
sei.
— A pró pria médica nã o revelaria, mas e as atendentes? Ou
alguém que estivesse lá na mesma hora e reconheceu você?
— Mas você disse que era alguém que conhece minha rotina...
— Sim, eu falei, por causa do lance da farmá cia e da foto aqui no
condomínio. Eu vi tudo isso antes de vir pra cá . Mas e se alguém deu a
dica para um desses jornalistas de fofoca e eles foram fuçar no seu dia a
dia?
— Melinda Holtz! Se alguém fez isso, só pode ter sido ela, Luke! A
mulher pega no meu pé e dos caras com frequência. Nã o perde uma
oportunidade de veicular uma fofoca, seja verdadeira ou falsa, sobre nó s.
Seria um prato cheio para ela!
— Porra! Desde que você dormiu com aquela cobra, Stan, ela vive
para infernizar nossas vidas! — reclamou Ken, aborrecido.
— Olha o palavrã o, Kenneth! — falei, tapando os ouvidos de uma
Amber que ainda estava amuada nos meus braços.
— Mas Melinda nã o descobriria isso sozinha. Vocês vêm tomando
muito cuidado, até deixaram de levar Amber para os jogos, depois que
começaram a especular sobre você e Dakota — ponderou Stan, tentando
nã o se sentir culpado pelo seu envolvimento passado com a jornalista de
fofocas.
— Entã o alguém deu a dica para ela.
— Quem? É isso que precisamos descobrir! — disse Luke,
resoluto. — Agora você... Você vai tratar de encontrar uma forma de se
desculpar com Dakota, pois o que fez com ela foi muito injusto!
Eu agora começava a me dar conta do tamanho da merda que fiz,
e nã o fazia a mínima ideia de como iria consertar dessa vez!
Luke se afastou para dar mais alguns telefonemas, enquanto
meus amigos me rodeavam, todos em silêncio, provavelmente pensando
em alguma soluçã o para quem poderia ter vazado a informaçã o.
Eu comecei a pensar em todas as pessoas que tiveram contato
conosco nos ú ltimos tempos, mas nã o conseguia pensar em ninguém
que pudesse ter dito algo. Como disse Stanley, vínhamos sendo muito
cuidadosos.
Algum tempo depois, Brandon voltou. Ele havia acompanhado
Dakota até sua casa para organizar sua saída do condomínio e esperou
lá até que ela saísse.
— Agora tá pensando na merda que fez, Thunder? — Já foi logo
perguntando, á cido. — Dakota nã o merecia aquele tratamento.
— Eu já entendi que fiz merda, tá bom? — resmunguei. — Para
onde ela foi? Ela nã o voltou para aquele apartamento caindo aos
pedaços, nã o, né? — perguntei, preocupado.
— Claro que nã o! — Luke disse, interrompendo uma de suas
ligaçõ es para conter os danos. — Aquela espelunca já foi até alugada
outra vez.
— Entã o ela nã o tinha para onde ir! — constatei, começando a
entrar em pâ nico.
— Ao contrá rio de você, Dakota nã o é burra! — atacou Brandon,
que estava visivelmente puto da vida comigo. — Ela foi para um hotel.
Afinal, dinheiro ela tinha, já que você sempre foi um patrã o correto.
Agora, se de lá ela vai para algum outro lugar, eu nã o sei dizer.
— Vou ligar pra ela! — disse e ameacei pegar meu celular.
Fui impedido por Kenneth.
— Nã o vai, nã o. Fez a merda, agora aguenta o tranco! Ela nã o vai
querer te ver nem pintado a ouro na frente dela nesse momento! —
declarou meu amigo.
— O que você precisa fazer é pensar em quem pode ter vazado
essa notícia para que chegasse até Melinda — disse Stan, fazendo uma
careta ao pronunciar o nome da mulher.
— Que suspeitos temos até agora? — perguntou Brandon. —
Você é o cara das tá ticas aqui, Thunder. Pega uma folha de papel! Vamos
listar quem pode ter sido e pensar quais movimentos essa pessoa deve
ter feito para que a notícia chegasse à jornalista do capeta.
Obedeci e nos reunimos em volta da mesa de centro. Luke
terminou de dar seus telefonemas e se juntou a nó s.
— Bom, primeiro pensamos na pediatra de Amber, mas logo a
descartamos por causa da ética médica — disse ele, vendo o que
estávamos tentando fazer. — Sem falar que a mulher nã o teria motivo
algum para querer prejudicar Thunder.
Foi quando acendeu uma luz em minha cabeça. Ao mesmo tempo,
Brandon virou-se para mim e perguntou:
— Foi essa mesma médica que atendeu sua filha quando ela teve
aquela crise de otite, no pronto socorro?
— Bem... nã o foi! — revelei. — E já tenho uma desconfiança de
onde essa fofoca possa ter começado.
— Entã o conta pra gente, porra! — ralhou Stan, nervosinho.
— Calma, seu estressado! — reclamei.
— Olha só quem fala! — disse Ken, com um sorrisinho irritante
no rosto. — Vai que ter que rastejar pra conseguir a Dakota de volta,
você sabe, né?
Ignorei o que ele falou, me concentrando no problema do
vazamento das informaçõ es.
— Seguinte... no dia que a gente foi na emergência com Amber,
quem nos atendeu foi um médico que eu já conhecia — revelei. Percebi
que eles queriam fazer perguntas, mas pedi para que esperassem,
levantando minha mã o. — Esse cara nã o gosta de mim, já há alguns
anos.
— Ele nã o gosta de você assim, do nada? — questionou Brandon,
sem conseguir se conter.
— Nã o, né?! Tem um motivo, claro!
— Que é? — indagou Ken, curioso.
— Eu comi a mulher dele e o cara nos pegou no flagra!
— Ah, tá explicado, irmã o — disse Stan, acenando com a cabeça.
— Mas e a tal da ética médica? — questionou Brandon.
— Sinceramente, acho que o desejo dele de se vingar pelo que
aconteceu é tã o grande que ele passaria por cima disso, com facilidade
— falei, com pesar. — O casamento dele acabou aí e eu soube que ele era
louco pela ex-mulher.
— Ó timo, temos um ponto de partida! Como é o nome dele? —
Bran já estava com o lá pis a postos.
— Dr. Samuel Higgins.
Ele anotou o nome na folha.
— Agora é comigo, rapazes — disse Luke. — Vou acionar meus
contatos para descobrir as conexõ es desse doutor Higgins e saber como
ele pode ter entrado em contato com Melinda Holtz.
— Ela foi mesmo a fonte da fofoca? — perguntou Stan.
— Sim, foi. Isso eu já consegui descobrir. Ela publicou uma nota
primeiro, e aí a imprensa foi à loucura com o furo da jornalista.
— Que merda, cara! — lamentou Kenneth.
— Abaaaa! Da! Babu! — manifestou-se Amber, que até entã o
havia se acalmado um pouco e estava calada em meu colo.
— Ei, Ken, olha o palavreado na frente da minha filha!
— Você pode falar qualquer coisa, né, seu pu...
— Olha a boca!
— Puríssimo filho do senhor Adrian! — corrigiu-se ele, de
imediato.
— Meu pai! — exclamei, diante do que Kenneth havia dito. — Ele
deve ter visto as notícias, afinal esse noticiá rio circula em rede nacional.
Preciso ligar para casa!
— É bom mesmo — disse Brandon. — Ele deve estar preocupado
com vocês.
— Melhor a gente deixar você em paz, agora que o Luke já tem
uma pista, para que você ligue para o Sr. Adrian — disse Stan.
— É , vamo nessa! — concordou Ken.
Tã o rá pido quanto apareceram, meus amigos sumiram, nã o sem
antes fazerem uma festinha para uma Amber que, apesar de amuada
pela falta de Dakota, deu alguns sorrisos para eles.
— Eu também vou, Thunder. Mas deixe sempre o celular por
perto, pois posso precisar de você a qualquer momento. Estou tentando
agendar entrevistas para que você possa contar o seu lado da histó ria —
informou ele, despedindo-se e me deixando sozinho em casa.
Nã o perdi tempo: coloquei Amber no cercadinho e fiz uma
chamada para o nú mero de Dakota.
— Vamos ver se consigo falar com sua madrinha, bebê! — disse
para minha filha, que se segurava na borda do cercadinho, de pé.
— Babadu! Aba!
Mas, para minha tristeza, a mensagem que ouvi apó s a discagem
foi essa:
— O número chamado encontra-se fora da área de cobertura ou
temporariamente desligado.
Desliguei e procurei nos meus contatos o telefone da minha casa
em Fowlerville.
— Só me resta ligar para o seu avô , Lobinha — comuniquei a
Amber, desolado.
— Ba! Da! — ela se manifestou.
— Aidan, o que está acontecendo? — perguntou meu pai, assim
que atendeu.
Contei para ele um resumo do que havia ocorrido naquela
manhã , deixando de lado minha briga com Dakota.
— E sua namorada? Como está lidando com toda essa confusão?
— Entã o, pai... — Cocei a cabeça. Estava na hora de contar para
ele a minha maior burrada. — Acho que ela nã o é mais minha
namorada... Dakota me deixou.
Adrian Kingston estreitou os olhos no outro lado da tela,
desconfiado.
— Qual foi a burrada que você fez para essa moça te largar no
meio desse furacão?
— Poxa, pai... nem para achar que a culpa nã o foi minha?
— Eu conheço o filho que tenho. Desembucha!
Suspirei. É , ele me conhecia pelo avesso.
— A culpa foi minha.
— Isso, eu já sei. Pare de me enrolar e conte por que Dakota foi
embora.
Dessa vez, nã o resumi o que aconteceu. Contei tudo em detalhes
para o meu velho.
— Aidan... tem horas que eu juro que não faço ideia de a quem você
puxou, meu filho! Nem eu nem sua mãe faríamos uma besteira desse
tamanho! — Foi o que ele falou, quando terminei de contar.
Baixei a cabeça, envergonhado. Nã o era a primeira vez naquele
dia que este sentimento me invadia.
— E agora, o que vai fazer?
— Nã o sei, pai. Ela está com raiva de mim, e com razã o. Fui um
estú pido.
Foi a vez do meu pai suspirar ao telefone.
— Bom, enquanto pensamos numa forma de você obter o perdão
da mulher que você ama...
— Como você sabe que eu a amo? Nem eu tenho certeza disso
ainda!
— Aidan, Aidan... se o que você sente por Dakota não for amor, eu
como meu boné! — Meu pai usava um mesmo boné desde que eu era
criança. — Escute seu velho pai... eu sei das coisas! Você ama essa moça. E
não é de hoje!
— Ai, pai... nem eu sei direito o que estou sentindo... a ú nica coisa
que eu sei é que vou ter que rastejar pra conseguir minha Dee-Dee de
volta.
— Ainda bem que, ao menos isso, você sabe! Mas vamos às questões
práticas!
— Que questõ es?
— Quem vai ficar com Amber enquanto você não consegue o
perdão da minha nora?
— Pai, eu nem pensei nisso ainda — fui sincero.
— Pois deveria ter pensado nas consequências que iria ter que
arcar quando fez o que fez, acusando Dakota injustamente!
Eu nem podia reclamar do sermã o, pois eu merecia todas as
palavras com as quais ele quisesse me brindar.
— Nã o tem como o senhor vir ficar aqui comigo uns tempos, nã o?
Pra me ajudar até essa situaçã o se resolver?
— Hunf! Eu sabia que ia sobrar pro velho aqui! — reclamou ele,
mas seu ar era brincalhã o. — Escute, para sua sorte o movimento aqui na
oficina está mais tranquilo, e consigo me ausentar por algumas semanas.
Até porque, se os repórteres de Fowlerville ainda não bateram à minha
porta para me encher o saco por informações sobre minha neta, logo vão
fazer isso. Quanto antes eu sair daqui, melhor.
— Entã o arrume as malas, Sr. Kingston. Vou mandar sua
passagem para fora daí hoje mesmo! — determinei.
— Há! Eu estou sempre um passo à sua frente! Quando vi aquele
furdunço nas notícias da manhã, eu logo pensei: meu menino vai precisar
da ajuda do seu velho pai aqui! As malas já estão prontas! É só me dizer
que horas eu preciso estar na rodoviária!
Para chegar ao aeroporto mais perto, ele precisaria encarar
algumas horas de ô nibus.
Por dentro, estava aliviado que poderia contar com Adrian
Kingston para me ajudar enquanto eu limpava a bagunça que eu mesmo
fiz. Sabia que ele nã o largaria o osso e ficaria me dando mil sermõ es pelo
que fiz a Dakota, mas era um preço mínimo a se pagar pela sua ajuda.
— Assim que a gente desligar, vou comprar as passagens e te
mando tudo pelo celular.
— Ótimo, faça isso. Estou louco para conhecer minha neta ao vivo!
— Pai?
— O quê?
— Obrigado!
— Não precisa agradecer. Pais são úteis nas horas que a gente
mais precisa. Agora é uma delas. Quem seria eu, se não pudesse ajudar
meu único filho a atravessar esse problema?
— Mesmo assim. Obrigado! — agradeci mais uma vez.
— Me agradeça quando conseguir conquistar minha nora de volta,
isso sim.
— Tá bom.
Desligamos em seguida, e fui providenciar as passagens
necessá rias para que meu pai deixasse nossa cidadezinha natal e viesse
para a Big Apple, cuidar de Amber enquanto eu recolocava, ou ao menos
tentava recolocar, as coisas nos eixos outra vez.
Agradeci à Sra. Sanders por me levar até um hotel decente, no
qual eu ficaria por uns dias. Pelo menos, até encontrar um lugar para
morar e um novo emprego. Ao menos, era o que eu esperava fazer.
A verdade é que eu estava muito perdida. As acusaçõ es de Aidan
doíam em meus ouvidos e se repetiam em looping na minha mente.
Além disso, nã o foi só Amber que foi exposta. As minhas fotos estavam
na mídia também e, para alguém me reconhecer na rua, bastaria apenas
um segundo. Aí, minha vida viraria um inferno pior do que já estava.
Trancada no quarto que consegui, enxuguei as lá grimas com
raiva. Eu deveria ter imaginado que, em algum momento, o castelo de
cartas que era nosso relacionamento iria ruir. O que eu poderia esperar
de um homem que trocava de mulher como quem trocava de roupa?
O grande problema nisso tudo era que eu havia me apaixonado
por ele. Nã o adiantava me iludir, dizendo que nã o me apeguei e que
meus sentimentos nã o foram afetados. Seria uma mentira enorme e eu
nã o costumava mentir para mim mesma dessa forma.
Cresci sabendo que era sozinha no mundo e aprendendo que eu
tinha que me bastar por mim mesma. Por alguns meses, vivi a ilusã o de
dividir a vida com alguém, que teria uma pessoa para lutar minhas
batalhas comigo. Mas era apenas isso: uma ilusã o.
Ao primeiro sinal de problema no horizonte, o que recebi foram
palavras duras e acusaçõ es infundadas. O que eu havia feito para
merecer tal coisa? Ciú mes? É claro que eu nã o gostava de ver aquele
bando de mulheres se jogando em cima do cara que se dizia meu
namorado. Que mulher gostaria disso? Juntava-se a esse assédio a
questã o de que ele nã o me assumia de maneira pú blica.
Uma vez, eu perguntei se Amber era o seu segredinho sujo.
Agora, eu chegava à triste conclusã o de que o segredo sujo era eu, pois
ele nã o teria mais como esconder a existência da filha para o grande
pú blico. Já eu, era carta fora do baralho. Enxotada e acusada de ter sido a
responsável por toda essa confusã o. E pelo motivo mais idiota de todos:
ciú mes.
Aidan estava cego. Mas, quando abrisse os olhos, nã o me teria
mais ao seu lado. Estava muito magoada e nã o queria nem pensar em
perdoá -lo.
A ú nica coisa que me preocupava era minha afilhada. Cumprir
minha ameaça de nunca mais ver Aidan significava nunca mais vê-la
também.
Talvez, fosse a hora de me afastar mesmo. Ela agora tinha um pai
para cuidá -la. Logo, a menina me esqueceria. Meu coraçã o doía só de
pensar nisso, mas eu nã o iria voltar atrá s.
Estava tendo essas muitas reflexõ es confusas e caó ticas, quando
meu celular tocou. Olhei o visor. Era Brandon.
— Oi! Obrigada por toda ajuda — fui logo agradecendo ao amigo
de Aidan.
— Nã o precisa agradecer, Dakota. Olha, estou com os outros caras
aqui na recepçã o do hotel. Sem o Thunder. A gente pode subir pra falar
com você? — questionou ele.
Até pensei em negar, mas me lembrei de que todos eles me
defenderam diante das palavras loucas de Aidan.
— Tudo bem — concordei.
Um pouco depois, abri a porta para os 3 homens grandes
entrarem. Estavam todos cabisbaixos e silenciosos. Eu nã o estava em
estado melhor. Sabia que nã o adiantaria tentar disfarçar que eu estive
chorando, entã o nem tentei.
— Oi, Dakota! — me cumprimentaram eles.
— Olá , rapazes.
— A gente resolveu vir aqui pra te atualizar sobre a situaçã o, caso
você esteja disposta a escutar — disse Ken.
Fiz uma careta, pois nã o era meu assunto preferido no momento,
mas eles tinham se dado ao trabalho de vir até ali, entã o o que eu podia
fazer era ouvir o que tinham a me contar.
— Tudo bem, podem falar.
— A gente sabe que você deve estar de saco cheio desse assunto,
por causa da merda que o Thunder fez contigo — falou Stan. — Mas é
que a gente descobriu de onde partiu a fofoca que gerou toda essa
confusã o.
Abracei a mim mesma e perguntei:
— De onde foi, afinal?
Ken e Stan se acomodaram em poltronas que havia no quarto e
Brandon, sem lugar para ficar, sentou-se na cama.
— Sabe aquele médico que atendeu a Lobinha quando vocês
foram na emergência, por causa da dor de ouvido? — questionou este
ú ltimo.
— Sei... o que o Aidan tem uma desavença, né?
— É ... se é que se pode colocar dessa forma. Esse mesmo —
afirmou Ken.
— A gente ainda nã o tem 100% de certeza, mas... — falou Stan
— Achamos que foi ele, por vingança — completou Brandon.
— Mas e a questã o de que ele nã o poderia revelar dados de seus
pacientes? — questionei na hora. — Isso é falta de ética!
— Acreditamos que ele mandou a ética à s favas, Dakota, e passou
a dica para alguém, e esse alguém fez chegar nos ouvidos da Melinda
Holtz. — explicou Ken. — Foi ela quem noticiou sobre Amber primeiro,
isso o Luke conseguiu apurar.
— Aquela jornalista que vive pegando no pé de vocês?
Os três balançaram a cabeça, concordando.
— Por que ela só fala de vocês quatro, hein? Nunca vi uma nota
dela que nã o fosse sobre vocês, quando se trata de futebol americano...
ela nã o fala de mais ninguém do Wolves.
— O Stan dormiu com ela e parece que as coisas nã o terminaram
lá muito bem entre os dois — entregou Brandon, sem hesitar.
— Ah!
— É ... daí, como a gente é amigo dele, ela nos transformou em
alvos do seu veneno — completou Ken, enquanto Stan apenas olhava
para o chã o, muito interessado no padrã o do carpete.
— Entendi! Ela pega muito no pé do Aidan... — comentei.
— É que ele vivia dando motivo, com as farras e as bebedeiras...
Depois que você e Amber apareceram na vida do Thunder, ela deve estar
se roendo, porque nã o tem o que falar da gente. Por isso, aproveitou essa
dica e foi atrá s da notícia — contou Stan.
— Juro que eu gostaria de ter uma conversinha de pé de ouvido
com essa jornalista — falei, aborrecida.
— Você e metade das pessoas de quem ela fala — disse Ken,
rindo.
Depois que o acompanhamos na risada, o assunto morreu e
ficamos meio sem graça, olhando uns para os outros.
— Olha... o Thunder sabe que pisou na bola. — Stan foi o que teve
coragem de tocar no assunto.
— Ele se deu conta disso assim que você passou pela porta —
revelou Ken.
— Desculpem, rapazes, mas por mais que tentem me convencer
do contrá rio, eu nã o vou perdoar o Aidan. — Fui firme.
— Ele nã o está mesmo merecendo ser perdoado agora, Dakota —
ponderou Brandon.
Eu arregalei os olhos, pois nã o esperava que algum deles
reconhecesse isso.
— A gente nã o veio aqui pra tentar fazer você perdoar ele, nã o —
apressou-se a dizer Ken.
— Queremos dizer que estamos do seu lado. Thunder foi um
idiota — pronunciou-se Stan.
Isso me emocionou, pois eu já estava me sentindo fragilizada.
Nã o consegui evitar de chorar na frente deles.
Sentei na cama, perto de Brandon e caí em um choro convulso.
— Shh! Ahhhh! Chore, Dakota. Coloque tudo pra fora — disse ele,
dando tapinhas consoladores nas minhas costas.
— O problema é que você gosta desse idiota, né? — perguntou
Ken, levantando-se da poltrona e chegando mais perto de mim.
— S-sim! — falei soluçando. — Eu... me apaixonei por ele. Por
isso tá doendo tanto. — Coloquei a mã o no peito, como se fosse arrancar
meu coraçã o fora.
— Cara, eu tô com tanta vontade de socar o Thunder! — declarou
Stan, também de pé e andando de um lado para o outro.
— Sem violência, Stanley! — ralhou Brandon.
— Mas ele tá merecendo, Bran!
— A gente sabe, mas nã o vai bater nele mesmo assim — disse
Ken.
— Ele nã o merece seus sentimentos, Dakota. — Foi a conclusã o
de Stan, quando parou de perambular.
— É que a gente nã o manda no coraçã o, rapazes — falei,
fungando.
Os três balançaram a cabeça, concordando.
— Quer saber? A melhor coisa é dar tempo ao tempo... agora você
tá muito magoada, ele só tem cabeça para pensar em resolver a questã o
da exposiçã o da Lobinha... — ponderou Brandon.
— Nã o sei se vou conseguir perdoá -lo algum dia — revelei. — As
acusaçõ es dele foram muito dolorosas para mim.
— Acho que é melhor fazer o que o Bran disse: dar um tempo pra
tudo isso esfriar — falou Ken.
— Também acho. Até porque aquele idiota também é apaixonado
por você, Dakota. — contou Stan.
— Ele pode nem ter percebido isso ainda, mas a gente o conhece
há alguns anos já e nunca vimos o Thunder agir com uma mulher como
age com você — revelou Brandon.
Coraçã o é um bicho traiçoeiro mesmo. Bastou saber que existia
uma possibilidade de que Aidan fosse mesmo apaixonado por mim, para
ele bater diferente e uma nesga de esperança surgir, bem lá no fundo.
Conscientemente, abafei o sentimento, pois precisava me proteger para
nã o me machucar mais do que já estava no momento.
Meu pai chegou de Fowlerville no dia seguinte e já se apossou da
neta de imediato. Amber o adorou, fez nem uma carinha de choro sequer
para o avô , bem diferente do que quando me conheceu.
— Ela é mais linda assim de perto do que pelo celular, filho —
disse Adrian Kingston, babando pela garotinha em seu colo.
Eu apenas sorri. Nã o estava muito na vibe de socializar, mesmo
que fosse apenas com ele. Ainda estava pensando na grande merda que
fiz com Dakota no dia anterior.
Eu nã o tinha ideia do que poderia fazer para consertar as coisas
entre nó s, e quando mandei mensagem no grupo dos caras, nã o obtive
muita ajuda.
Thunder: O que eu faço pra Dakota me perdoar?

Ken: Nada. O que você fez não tem perdão.

Stan: Se conforma que perdeu a garota, mané!

Bran: Você sabe que fez merda. Agora aguenta, cara!

Thunder: É, eu sei que fui um ogro.


Stan: Ogro? É pouco. Você foi um ogro de duas cabeças cheio de perebas
purulentas e hálito fedido!

Thunder: Tô aceitando, porque é assim que tô me sentindo.

Ken: Ainda bem que sabe o tamanho da merda que fez.


Thunder: Dá pra me ajudar?

Bran: A única coisa a fazer é deixar o tempo correr.

Ken: E torcer pra Dakota te perdoar um dia.

Stan: É, ela tá muito puta com você! Você fez a garota chorar, cara! A
gente quase não conseguiu consolar.
Thunder: Espera, quando vocês viram a Dakota chorando? E que história
é essa de consolar?

Ken: Stan, seu idiota!

Bran: A gente foi vê-la ontem, mas não adianta perguntar onde ela está,
que não vamos contar.

Ken: Stan, bico fechado, cara!

Stan: Tá, eu sei. Não vou dizer onde ela se escondeu, não, podem ficar
tranquilos. Não sou tão burro assim, porra!

Bran: Você não é burro, cara. Só é um pouco desligado.

Thunder: Como ela está?


Ken: Como você acha que ela está, seu idiota?

Bran: Ela está arrasada por causa das suas acusações.


Stan: Ela disse que não sabe se vai perdoar você algum dia.

Thunder: Me lasquei. Eu não vivo sem essa mulher, caras!

Bran: Então tenha paciência e vá resolver as questões da Lobinha. Vou


dar o mesmo conselho que dei pra ela: dê tempo ao tempo.

Thunder: E isso significa o quê?

Bran: Que só o tempo pode curar a ferida que você abriu no coração
dela, seu babaca!
Stan: Falou bonito, Bran!

Ken: Eu começaria a pensar em algo bem grandioso pra conseguir o


perdão dela, viu? Porque o que você fez... cara, ninguém merecia o
tratamento que você deu a ela.

Bran: Mas, primeiro, vai lamber suas feridas sozinho por um tempo...
não vai ser fácil fazê-la te perdoar.

Stan: E você precisa mesmo resolver essa confusão que a Melinda


causou.

Thunder: Nem me lembra dessa jornalista do capeta!

A conversa morreu aí, pois eles nã o responderam mais nada


depois disso, nem eu tinha mais o que perguntar.
Tentei ligar para Dakota mais uma vez, mas o celular deu fora de
á rea de novo. Mandei uma mensagem, torcendo que ela visse e me
respondesse:
Aidan: Raio de sol, eu fui um idiota. Minha vida está insuportável
sem você. Pode me perdoar?
Eu deveria ter imaginado que ela nã o iria visualizar, muito menos
me responder. Mas eu tinha esperanças de que uma hora ela o fizesse e
considerasse a ideia de falar comigo. Nã o seria agora, pelo visto.
Entã o fiz o que poderia fazer nessa situaçã o: ajudei meu pai a
cuidar de Amber e, assim que pude, liguei para Luke, para saber como
poderia consertar os danos causados pela fofoca espalhada pela Melinda
Holtz.
Pelo que meu empresá rio me disse ao telefone, meus pró ximos
dias estariam bem cheios, pois ele havia marcado entrevistas em vá rios
programas de TV e de rá dio, para que eu apresentasse a minha versã o
dos fatos. Isso tudo eu teria que conciliar com os treinos pesados, agora
que estávamos nos dirigindo para a reta final da temporada da NFL.
Eu teria que fazer o que Brandon me aconselhou, com relaçã o a
Dakota: dar tempo ao tempo. Até porque o meu seria bem escasso nos
pró ximos dias.
Alguns dias depois...

Eu continuava hospedada no hotel. Me permiti chorar em posiçã o


fetal durante dois dias e depois botei o pé no mundo, atrá s de um
apartamento para morar. Ainda nã o havia encontrado nada que me
agradasse, mas continuava procurando. Nã o era por questã o de
dinheiro, pois durante o tempo que passei trabalhando para Aidan eu
consegui fazer uma boa poupança que daria para me manter por vá rios
meses. Só ainda nã o havia achado o lugar perfeito.
A ideia de voltar para Michigan nã o tinha sido afastada
totalmente, mas acabei me acostumando ao ritmo de Nova Iorque e
gostaria de permanecer na cidade. Além disso, se eu mudasse de estado,
aí é que eu nã o veria mais minha afilhada tã o cedo. Entã o, por enquanto,
o objetivo era encontrar um canto para mim aqui na Big Apple.
Por sorte, apesar das fotos estampadas nos noticiá rios, a
imprensa nã o me descobrira, entã o eu conseguia me movimentar pela
cidade com tranquilidade, sem ter o risco de algum paparazzo a me
perseguir.
De Amber, eu tinha notícias sempre, pois os amigos de Aidan me
mandavam fotos e me informavam como ela estava. Eu já estava
morrendo de saudades da minha princesa, pois, desde que nasceu, eu
nunca havia passado tanto tempo longe dela. Eu sabia que o avô tinha
vindo de Michigan para ajudar com os cuidados da neném. Inclusive, já
havia trocado mensagens com o Sr. Adrian, sem que seu filho soubesse.
Quanto a Aidan, minha determinaçã o de nã o o ver nã o havia
diminuído. Ainda estava bastante magoada com o quarterback, mesmo
que seus amigos me contassem o quanto ele vinha sentindo minha falta.
Para meu infortú nio, meu coraçã o sentia falta dele. Muito. Mas minha
razã o me fazia firme, pois quem teria que dar o primeiro passo nessa
briga nã o seria eu, que nã o fiz nada de errado. Ainda nã o estava pronta
para perdoá -lo.
Mesmo que ainda estivesse chateada, nã o perdia nenhuma das
suas apariçõ es na TV. E, com a repercussã o da existência de Amber, ele
vinha dando muitas entrevistas, em diversos programas e emissoras.
Sem falar nos podcasts e programas de rá dio para os quais foi convidado
e aproveitava para contar a verdade sobre o surgimento de Amber em
sua vida.
— É verdade que até poucos meses atrás, você não sabia que tinha
uma filha? — perguntou a apresentadora do programa ao qual estava
assistindo neste momento.
— Sim, é verdade. A mãe de Amber foi uma ex-namorada da época
da faculdade. Nos reencontramos há algum tempo e ela acabou
engravidando. Porém, decidiu manter a gravidez em segredo. Eu só soube
da existência da minha filha depois que ela faleceu em um acidente de
trânsito — explicou ele, para a entrevistadora. — Desde então, estou
cuidando dela e me descobrindo como pai.
— E qual é o recado que você gostaria de deixar para quem está
nos assistindo, sobre você e sua filha?
— Eu gostaria de pedir que respeitem nossa privacidade. Amber
ainda é muito pequena e não precisa de toda a atenção da imprensa neste
momento de sua vida. O que ela precisa é crescer feliz e saudável. É isso
que estou tentando proporcionar para ela: uma vida normal, igual a de
qualquer bebê. Não queremos ver nossa vida exposta na mídia, então peço
que respeitem esse nosso momento.
— É isso aí, pessoal! Esse foi Aidan “Thunder” Kingston, contando
para a gente as novidades sobre sua família — encerrou a apresentadora
e eu desliguei a TV.
A saudade da minha afilhada estava me corroendo e eu decidi
que já estava na hora de acabar com ela. Liguei para Brandon, que me
atendeu no segundo toque.
— Fala, Dakota! Como você está?
— Estou bem, mas estou morta de saudades de Amber. Será que
existiria a possibilidade de você dar um jeito de trazê-la aqui no hotel
para que eu a visse? Nem que fosse bem rapidinho? — falei, afoita diante
da possibilidade.
— Hum... vou tentar ver se consigo falar com o Sr. Kingston e
vemos uma forma de fazer isso acontecer ainda hoje. Eu te ligo ou mando
mensagem confirmando!
— Obrigada, Brandon!
— Não precisa agradecer, amigos são para essas coisas!
Desliguei a chamada e começou a agonia da espera.
Já era quase final da tarde, quando abri a porta do quarto e do
outro lado encontrei minha princesinha no colo de um Sr. Adrian muito
sorridente.
— Olá , Dakota! Que prazer em finalmente conhecê-la! — disse
ele, alegre.
— Oi, senhor Adrian.
— Nada de senhor, lembra? Me deixa velho!
— Ah, é verdade! — Eu ri. — Posso segurar essa mocinha? —
perguntei, vendo que Amber já estendia as mã os para mim.
— Abaaaa! Badabaaa! Ba! Ba! — ela exclamava, remexendo-se
toda no colo do avô por querer vir ao meu.
— É claro! Ela estava com muita saudade de você — revelou o
idoso.
Aproveitei para abraçar e beijar bem muito a minha garotinha,
pois nã o sabia quando iria poder fazer isso outra vez, ainda mais depois
que começasse a trabalhar. Nosso momento juntas acabou quando
Brandon ligou, falando que Aidan tinha voltado para casa depois de mais
uma entrevista e estava preocupado com a ausência do pai e da filha.
Entã o Adrian se despediu e levou minha princesa de volta. Fiquei
me segurando enquanto eles partiam, mas assim que fechei a porta do
quarto apó s sua saída, desabei a chorar.
Cheguei em casa, cansado apó s mais uma entrevista na TV. Já nã o
aguentava mais as mesmas perguntas, porém parecia que o assunto
ainda estava dando audiência, entã o continuavam me convidando para
aparecer e falar sobre Amber. Algumas vezes, me perguntavam sobre a
loira misteriosa que aparecia comigo e com Amber em algumas fotos,
mas eu sempre dava um jeito de desconversar e nã o revelar a identidade
de Dakota.
Tudo que ela nã o precisava nesse momento era do assédio da
mídia. Ao menos isso, eu podia fazer pela mulher por quem estava
apaixonado.
É , eu, por fim, admiti meus sentimentos para mim mesmo. Me
apaixonei perdidamente por aquela garota e nã o conseguia mais
aguentar essa nossa separaçã o. Porém, nos ú ltimos dias desde que
Amber fora exposta, eu nã o tive sequer um minuto de descanso.
A minha bênçã o era meu pai comigo em Nova Iorque, pois, se nã o
fosse por ele, nã o sabia como daria conta de cuidar da minha filha e
atender à agenda lotada de compromissos em que Luke me enfiou para
reverter a fofoca nociva.
Enquanto meu corpo só conseguia descanso quando me jogava
na cama para dormir à noite, minha mente nã o parava de pensar em
maneiras de me desculpar com Dakota, de fazer com que ela me
perdoasse e voltasse para mim.
Era nisso que eu pensava quando entrei em casa e reparei que
estava tudo muito silencioso. Desde que Amber entrou na minha vida,
aquela casa nã o ficava tã o quieta.
— Pai? Filha? — chamei ambos, sem resposta.
Olhei em todos os cô modos do térreo e do primeiro andar, e nada
deles. Fui até o jardim, mas nã o havia ninguém. Aquele nã o era o horá rio
que meu pai costumava levar a pequena para dar uma voltinha no
condomínio. Isso nã o estava me cheirando a algo comum.
Peguei o celular e mandei uma mensagem no OTB.
Thunder: Caras, meu pai e a Amber estão na casa de um de vocês, por
acaso?

Demorou um pouco para eles visualizarem a mensagem e


responderem. Kenneth foi o primeiro.

Ken: Aqui não apareceram.

Stan: Nem aqui.

Estranhei a falta de resposta de Brandon, ele sempre era o


primeiro a responder.

Thunder: Brandon? Você sabe do paradeiro dos dois?

Apareceu na tela que meu amigo estava digitando, mas nada da


resposta vir. Achei suspeito, pois Brandon digitava rá pido e nã o ficava
enrolando.

Thunder: Bran?

Só entã o foi que ele respondeu.

Bran: Os dois estão comigo. Daqui a pouco os deixo em casa, ok?

Thunder: Ok. Tô esperando.


O que estava acontecendo aqui? Só me restava esperar, mas
estava muito desconfiado dessa histó ria.

Eles demoraram mais de meia hora para aparecer na minha


porta.
— Onde vocês estavam? Já estava preocupado com essa demora.
Meu pai, que nã o era alguém que gostava de mentiras, inspirou
fundo e deu o serviço:
— Fomos ver Dakota.
Brandon colocou a mã o no rosto, cobrindo-o. Claramente, ele nã o
esperava que meu pai fosse contar para onde eles haviam ido no
segundo seguinte que pisasse em casa.
— Ah, foi? E para isso tiveram a ajuda do meu amigo traíra? —
questionei, me voltando para Brandon, já ficando irritado. — Devo
entender que esse tempo todo vocês estã o agindo pelas minhas costas?
Você anda vendo a minha namorada sem que eu saiba, cara?
— Ei, filho, pegue leve com o Brandon. Ele só nos fez um favor ao
me levar para visitar a moça! — ralhou meu pai.
Mas, a essa altura, o ciú me já estava me cegando.
— Você tá dando em cima da Dakota, agora que ela e eu estamos
brigados, Brandon? — perguntei, me sentindo traído pelo cara que eu
considerava mais entre meus amigos.
— Você ficou louco, Thunder? De onde tirou essa ideia sem
sentido? — questionou ele, com cara de poucos amigos. — Olha, nã o vou
nem ouvir o que você tá dizendo, para nã o perder sua amizade. Sei que
isso é a saudade e o desespero falando por você.
— Responde, porra! — Me descontrolei. — Você tá a fim da
Dakota?
— Eu vou tirar Amber da sala. Essa criança nã o vai aprender a
falar palavrã o com vocês! — disse meu pai, indo se refugiar no primeiro
andar, com os ouvidos bem longe daquela discussã o. — Mas nã o pense
que depois nã o vai me ouvir, Aidan Kingston!
Nã o fiz caso da ameaça do meu velho, de tã o focado em ouvir a
resposta de Brandon que eu estava.
— Você enlouqueceu, Thunder. Eu só vou responder, porque
senã o você nã o vai sossegar e a gente vai acabar saindo na porrada, do
jeito que você tá cego e surdo para a razã o — disse Brandon, tentando se
manter calmo, o que só aumentava minha irritaçã o.
— Entã o fala logo!
— Eu nã o tenho nada com a Dakota. Ela é apenas uma amiga que
está passando por um momento difícil.
— Quem me garante que você nã o quer ter alguma coisa com ela?
— Aidan, porra! Vou terminar te batendo, se nã o se acalmar e
demonstrar um pingo de juízo nessa cabeça.
— Responde, cacete!
— Eu nã o quero ter nada com a Dakota, porque já estou enrolado
com outra mulher! — esbravejou Brandon, perdendo a paciência. — E
estou muito a fim dela para conseguir olhar para qualquer outra, ok?
Somente quando ele revelou isso, foi que sosseguei. Ainda
perambulei um pouco de um lado para o outro, tentando acalmar a
adrenalina.
— A gente conhece? — perguntei, me referindo ao nosso grupo
de amigos.
— Nã o.
— Quando a gente vai conhecê-la?
— Talvez, se você casar com a Dakota, eu a leve para o casamento
como minha acompanhante — soltou a informaçã o. — Agora, quer fazer
o favor de parar de ser um idiota ciumento e tratar de tentar resolver
esse problema entre vocês dois? — Meu amigo voltou ao tom de voz
normal e à sua calma habitual.
Parei de andar e cocei a cabeça.
— O problema é que eu nã o sei como! — respondi.
— Você já tentou pedir perdã o?
— Já liguei vá rias vezes para o telefone dela, para tentar
conversar, mas acho que ela me bloqueou.
— É , ela fez isso mesmo — revelou ele, na maior calma, para meu
aborrecimento.
— Tá vendo! Vocês três sabem mais sobre ela do que eu agora!
— Digamos que você nã o anda muito popular com Dakota, meu
amigo.
— É ... eu sei! Mas como eu faço para me redimir, Brandon, se ela
nã o me deixa nem ligar pra ela?
— Você tá mesmo apaixonado por ela, né? — Ele me olhou com
piedade.
— Tô , cara! Muito!
— Acho até que o que você tá sentindo vai além da paixã o, meu
caro. Acho que você está amando e ainda nem se deu conta — filosofou
meu amigo.
— Cara, nã o sei o tamanho do que sinto por ela. Só sei que o tanto
que Dakota mexe comigo, nenhuma mulher mexeu antes. Sem ela, tá
difícil até pra respirar, Bran!
— Com exagero e tudo, né?
— Nenhum exagero aqui, amigo! Eu preciso tanto de Dakota
quanto do ar que respiro.
— Quem diria que o maior mulherengo do time ia ficar rendido
por sua antiga colega de faculdade, hã ? — zombou ele.
— Vai me ajudar ou vai ficar me zoando?
— Olha... o que eu posso fazer é esquecer a anotaçã o de um certo
endereço em cima da sua mesa de jantar... agora, ir até o endereço, é por
sua conta e risco, valeu?
— Cara, vou ficar te devendo pro resto da vida. E me perdoa, de
verdade, por ter sido um babaca com você.
— É só me chamar para padrinho, e tá tudo certo — disse ele,
rindo, antes de ir atrá s de uma folha do bloco que ficava grudado na
porta da minha geladeira.
Pouco depois, Brandon deixava minha casa e eu tinha nas minhas
mã os o nome e o endereço do hotel em que a mulher da minha vida
estava hospedada.
Entrei no Café Bilbouquet, no Upper East Side, de boné e ó culos
escuros. O lugar era frequentado por nova-iorquinos e quase nã o era
conhecido dos turistas. A pessoa a quem vim encontrar já me esperava,
devorando uma avocado toast.
A mulher ruiva era um tanto diferente de como eu a imaginava.
Nã o tinha chifrinhos nem rabo vermelho, claro. Melinda Holtz era uma
mulher bonita, de aparência até bem comum.
Me acomodei à sua frente, em silêncio. Ela apenas ergueu as
sobrancelhas, enquanto terminava de mastigar sua iguaria. Sem pressa,
limpou os lá bios pintados de vermelho em um guardanapo, antes de me
cumprimentar.
— Entã o... Thunder Kingston... muito prazer em conhecê-lo. —
Me estendeu a mã o por sobre a mesa.
— Infelizmente, nã o posso dizer o mesmo, Melinda. Você tem me
dado uma baita dor de cabeça nos ú ltimos tempos — retruquei em
resposta, apertando a mã o que me foi oferecida.
Ela deu de ombros de maneira charmosa.
— Ossos do ofício, meu caro.
— Sei...
— Estou curiosa para saber o motivo de você ter pedido ao seu
empresá rio para me encontrar pessoalmente — disse ela, os olhos
argutos brilhando de expectativa. — Imagino que tenha a ver com a nota
que publiquei sobre sua filha.
— Antes de mais nada, se for possível, gostaria que me contasse
como conseguiu a informaçã o sobre Amber. Até agora, por mais que
investigá ssemos, nã o conseguimos descobrir quem te deu a pista da
existência dela — joguei, nã o esperando que ela fosse responder.
— Um jornalista nunca revela suas fontes — respondeu, piscando
para mim. — Mas, como sei que acabei passando um pouco dos limites
dessa vez, vou te dar um direcionamento... Uma certa atendente de
consultó rio é muito amiga de um conhecido pediatra da cidade, sabe?
— Eu sabia! — Dei um soco na palma aberta da minha mã o.
Depois respirei fundo, me controlando. — Obrigado por compartilhar.
— Por nada — Ela sorriu, e entendi por que meu amigo Stan caiu
em suas garras. A mulher tinha um sorriso bonito, além de outros
atributos femininos. — Mas tenho certeza de que nã o foi apenas para
isso que pediu para nos encontrarmos, estou certa?
— Sim, está . — Suspirei, tomando coragem. — Eu... preciso da
sua ajuda.
— Minha ajuda?
— É ... O caso é o seguinte: você sabe que eu fui visto com uma
loira algumas vezes, inclusive saindo do consultó rio da pediatra de
Amber.
Os olhos dela adquiriram um brilho de interesse.
— Eu sei.
— Acontece que a loira é... ou era... minha namorada, além de ser
a madrinha da minha filha. Quando a notícia sobre Amber surgiu na
mídia, nó s dois brigamos feio. Por minha culpa — contei.
— Hum... continue!
— Ela nã o quer me ver nem atender minhas ligaçõ es. E eu quero
pedir perdã o a ela e reatar nosso relacionamento.
— O grande e mulherengo Thunder Kingston foi finalmente
laçado? — ela perguntou e riu em seguida. — Isso é que é notícia!
— Pois é — admiti. — Estou apaixonado por Dakota e se eu nã o
tiver o perdã o dela, nã o sei o que será da minha vida.
— Uau, que dramá tico! — Um sorriso brincava nos lá bios de
Melinda, sinal de que estava adorando tudo aquilo. — E onde entro
nessa histó ria?
— Quero que me ajude a reconquistar minha mulher! — falei,
firme.
— Eu? — Ela indicou a si mesma com a mã o no peito. — Como eu
poderia ajudá -lo, Thunder?
— Vou te dizer...
Depois que combinei tudo com Melinda, saí da cafeteria com uma
sensaçã o de leveza. Pela primeira vez em dias, eu via uma luz no fim do
tú nel. Agora, precisava colocar em prá tica a outra parte do meu plano.
Desde a hora que acordei naquela manhã , eu vinha recebendo
entregas em meu quarto de hotel. A primeira foi um buquê de rosas com
um cartã o escrito apenas:

Me perdoa?

Só com isso, já soube de quem se tratava. Aidan descobriu onde


eu estava hospedada.
Depois, de meia em meia hora, passei a receber outros buquês
das flores mais variadas, além de ursinhos de pelú cia, balõ es em formato
de coraçã o e até uma cesta de café da manhã recheada de delícias. Todas
sempre com o mesmo bilhete.
Eu nã o sabia o que fazer. Ele permanecia bloqueado em meu
celular, e nem mesmo com todos aqueles presentes, estava querendo
desbloquear seu nú mero. Enquanto refletia com o telefone na mã o, ele
tocou. Era Brandon.
— Dakota, bom dia! Você já viu o que a jornalista do capeta
publicou hoje?
— Nã o, Brandon. Acabei de pegar meu celular.
— Se eu fosse você, daria uma olhada. Principalmente, nos
comentá rios da postagem!
— Ai, meu Deus! Mais dor de cabeça?
— Melhor você ir olhar — respondeu ele, enigmá tico. — Olha e
depois a gente se fala! — disse e desligou.
Sem perder tempo, acessei o aplicativo no qual Melinda Holtz
costumava publicar suas fofocas. Me deparei com a seguinte postagem:
Em baixo, inú meros comentá rios já haviam sido postados.
Comecei a rolar a tela para ler vá rias pessoas falando que eu deveria
perdoar Aidan, algumas falando para eu deixá -lo sofrer mais um
pouquinho e coisas do tipo.
Estava entretida, lendo o que as pessoas falavam, quando ouvi
outra batida à minha porta.
— Quem é? — perguntei, sem tirar os olhos da tela.
— Entrega para a Srta. Davies — uma voz masculina me
respondeu.
Ainda olhando o celular, fui até a porta e destranquei-a.
— Pode colocar em qualquer superfície livre que encontrar, moço
— falei, sem dar muita atençã o ao entregador.
O rapaz entrou no quarto e deve ter deixado o que quer que fosse
a entrega em algum lugar que nã o percebi, pois ainda estava grudada na
tela, lendo os comentá rios.
Quando me dei conta de que ele nã o havia saído ainda, me
lembrei da gorjeta.
— Espere, a gorjeta — falei, já procurando uma nota de dinheiro
no bolso, pois eu tinha deixado algumas depois que as entregas
começaram a chegar em intervalos regulares.
Foi entã o que levantei a vista, apenas para me deparar com um
enorme buquê de rosas de chocolate, embrulhadas uma a uma em papel
vermelho brilhante. Um grande laço e uma etiqueta chamativa
indicavam uma confeitaria famosa na cidade.
— Oh! — Levei a mã o à boca, surpresa.
Nesse momento, de trá s do buquê, Aidan surgiu, a expressã o
demonstrando um misto de saudades e arrependimento.
Dakota me olhava estupefata. Acho que ela nã o esperava que eu,
em pessoa, fosse ousar aparecer no seu quarto de hotel.
Aproveitei que ela ainda estava sem reaçã o para entregar o
buquê de chocolates em suas mã os. Ela se atrapalhou um pouco com o
celular, mas pegou as rosas doces e as abraçou, como se fossem um
escudo.
Assim que ela fez isso, eu dobrei os dois joelhos no chã o.
— Dakota... Dee-Dee... eu vim aqui, mesmo sabendo que você
poderia me enxotar, e com todo direito de fazer isso, porque estou muito
arrependido das coisas que falei para você no dia que descobriram a
existência de Amber — comecei a falar, a mã o estendida na direçã o dela.
— Minha vida perdeu a graça sem você comigo. Eu nã o aguento mais a
solidã o que é estar sem você. Por favor, me perdoa? Sei que nã o mereço,
mas ouça esse coraçã o apaixonado que é todo seu... me perdoa! Volta a
ser a minha namorada, o meu raio de sol, por favor...
— Levanta do chã o, Aidan! — ralhou ela, me encarando com a
face séria.
— Nã o. Eu preciso que você me perdoe, por isso estou ajoelhado
aos seus pés!
— Deixa de graça, homem! Levanta!
Vendo que ela ia se irritar, achei melhor obedecer. Devagar, fiquei
de pé, mas com receio que Dakota me expulsasse do quarto.
— Existe alguma chance, por menor que seja, de que você possa
me perdoar pelas merdas que falei?
— Ainda bem que sabe que falou merda! — Ela colocou o buquê
em cima da cama, atrá s dela e voltou a me encarar, dessa vez de braços
cruzados. É , nã o ia ser fá cil.
— Eu sei! Eu me dei conta da porcaria que fiz assim que você saiu
pela porta da minha casa. Desde entã o, nada mais tem graça pra mim!
Eu nã o sei mais viver sem você, Dee-Dee. Estou perdidamente
apaixonado e preciso confessar que descobri que amo você há muito
tempo! Talvez desde os tempos da faculdade, na verdade.
— Como é?! — Ela me encarou nos olhos, incrédula. — Tá me
achando com cara de besta, Aidan?!
— Sim, é verdade. Eu menti para mim mesmo esses anos todos.
Mas a verdade é que eu me encantei pela garota nerd que usava
aparelho e ó culos enormes, e que era fera em cá lculo e me fez aprender
o que ninguém mais conseguia me ensinar. Eu esperava cada aula com
ansiedade, e tentava dizer para mim mesmo que era apenas porque você
ia me ajudar a continuar com minha bolsa de estudos, mas era você
quem me fazia ansiar. Se lembra de como a gente se dava bem, como
você me fazia rir? Eu nã o tinha aquilo com nenhuma outra garota, Dee-
Dee. Só com você eu podia me abrir e mostrar meu verdadeiro eu.
— Nã o acredito nisso! — Dakota foi dura e fechou a cara, mas
senti que o que falei mexeu com ela. — Por que nã o falou nada disso
naquela época? E, ainda por cima, começou a sair com a minha melhor
amiga?
— Nã o falei nada, porque fui burro, Dee-Dee! E ainda nã o sabia
valorizar uma mulher. Eu era muito babaca, pode dizer! Por favor,
acredite! Nunca fui tã o sincero em toda minha vida. Eu busquei em
outras mulheres, durante esses anos todos, aquela cumplicidade que eu
tinha contigo, e é claro que nã o encontrei. Era você e só você quem
conseguia derrubar minhas barreiras. Foi apenas para você que eu me
mostrei como era, como tinha receio que as pessoas me vissem e nã o me
levassem a sério. Eu era um adolescente idiota que precisava se
autoafirmar. E continuei sendo um adulto idiota por mais todo esse
tempo, até você reaparecer. E você sabe... eu ainda sou. Acho mesmo que
nem mereço a felicidade que é ter você na minha vida, por ser assim tã o
idiota.
— Você foi mesmo um idiota e era um babaca total. Comigo e com
vá rias outras mulheres. Inclusive com Margot. Até um aborto você
sugeriu que ela fizesse — ela acusou.
— Foi a maior estupidez que já fiz. Se você soubesse quanto me
arrependo disso... — revelei, sincero. — Talvez tenha sido essa culpa,
por ter pedido que fizesse algo tã o abominável, que me levou a ficar com
ela outra vez, quando nos reencontramos. Queria consertar a situaçã o, e
acabei vendo que nã o tinha conserto. E eu ainda fui babaca com ela de
novo, sei que isso nã o tem perdã o. Minha vida foi uma estrada cheia de
erros até aqui. Foi preciso que meu pai me abrisse os olhos, me dizendo
como você é perfeita para mim. A ú nica coisa em que nã o errei foi em me
apaixonar perdidamente por você, disso eu tenho certeza.
Vendo que ela estava começando a pensar nas coisas que eu
dissera, uma esperança de que fosse ser perdoado brotou em meu
coraçã o.
— Ah, Dee-Dee. Estou com tanta saudade de você. De te admirar
dormindo, de acordar juntinho, do cheiro do seu xampu no meu
travesseiro, do perfume natural da sua pele... do seu carinho, da sua
paciência... do seu amor...
— Quem disse que eu te amo?
— Ama? Eu nã o sei! O que sei é que eu te amo tanto, tanto... é
uma coisa que explode dentro do meu peito toda vez que penso em
você!
— V-você... disse que me ama?
— Sim! Eu te amo! Muito! Infinitamente! Daqui até a lua e de
volta! Ao infinito e além! Te amo 3000! Te amo em todas as línguas e em
todas as referências româ nticas que você conseguir se lembrar! — me
declarei com veemência. — E para que você nunca duvide do meu amor,
eu fiz uma coisa.
— O-o quê?
— É melhor eu mostrar! — Comecei a desabotoar a camisa que
eu vestia para mostrar algo que eu havia feito no dia anterior.
Ela apenas me encarava com curiosidade, porém os braços já nã o
estavam mais cruzados e sua postura nã o era mais tã o defensiva.
Tirei a camisa e me mostrei para ela.
No lado esquerdo do meu peito, em letras cursivas, estavam
tatuados os nomes das duas mulheres da minha vida: Dakota e Amber.
— Aidan! Você é louco! — ela exclamou, cobrindo a boca com as
mã os, os olhos arregalados de espanto. — E se eu nã o te perdoasse
nunca?
Dei de ombros.
— Nem por isso eu deixaria de te amar! — afirmei, com
sinceridade. — Você é a mulher que eu quero ao meu lado pra vida
inteira, Dee-Dee. Pode me perdoar? — pedi, mais uma vez.
— Sim! Sim! Eu te perdoo, Aidan! E também te amo!
Dakota se jogou em meus braços e a aconcheguei junto ao meu
peito nu, dentro do qual meu coraçã o batia desenfreado apó s sua
declaraçã o.
Ter Dakota outra vez em meus braços parecia um sonho. Um
daqueles que a gente ficava com medo de acordar e descobrir que
estávamos apenas dormindo. Foi por isso que, de modo discreto para ela
nã o pensar que eu era doido, me belisquei. Só me tranquilizei quando
senti a dor fina provocada pelo beliscã o em meu antebraço.
Foi entã o que me dei conta do que ela disse por ú ltimo.
— Você... me ama? — quis confirmar.
— Uhum! — ela balançou a cabeça, ainda grudada no meu peito.
— Eu... posso te beijar? — pedi. — Estou com tanta saudade dos
seus lá bios...
Em vez de me dar uma resposta, Dakota se esticou, ficando na
ponta dos pés, e colou sua boca à minha. Fiquei parado por alguns
instantes, apenas sentindo a maciez e a doçura daquela boca, naquele
contato tã o necessá rio depois do tempo que passamos separados. Era
como... voltar pra casa!
Com a língua, pedi passagem, pois precisava provar do sabor de
Dakota. A partir daí, de um beijo terno passamos a um apaixonado, cheio
de urgência e carência. Repleto de toda a saudade que sentimos um do
outro.
As unhas dela arranharam minhas costas e isso me excitou,
fazendo com que meu pau começasse a enrijecer dentro das calças.
Porém, a porta do quarto ainda estava aberta e qualquer um que
passasse no corredor do hotel testemunharia nosso amasso.
Com relutâ ncia, separei nossos lá bios e nossos corpos. Ergui o
indicador, no clá ssico sinal para pedir um minuto, e fui até a porta,
trancando-a em seguida.
— Pronto, agora sim podemos matar as saudades sem correr o
risco de chocar ninguém! — comentei.
O olhar que recebi em resposta foi pura malícia. Pelo visto, o
beijo nã o servira apenas para me excitar. Dakota estava na mesma vibe
que eu.
— Sabe... já que você queria tanto ficar ajoelhado para me pedir
perdã o... — começou ela, a mã o arrastando suave sobre meu peito, longe
da tatuagem recém-feita e querendo descer para o có s da minha calça,
só me provocando. — Você poderia se ajoelhar para fazer outra coisa
por mim...
Meu queixo caiu. Aquela era a mulher de quem tirei a virgindade
pouco tempo atrá s? Nã o que eu estivesse reclamando, claro! Mas, pelo
visto, ela aprendeu direitinho a pedir pelo pró prio prazer!
— Só se for agora! — respondi e caí de joelhos outra vez em sua
frente.
Nã o perdi um minuto sequer, minhas mã os indo direto para o
botã o da calça jeans que ela vestia, abrindo-o e descendo o zíper logo
depois.
Em um piscar de olhos, Dakota vestia apenas o sutiã de renda,
seu sexo depilado exposto para meu deleite. Dava para ver que a
umidade já havia começado a surgir em seu centro, só de ela pensar que
eu iria chupá -la.
Comecei beijando suas coxas irresistíveis, fazendo com que ela as
separasse para que eu tivesse mais acesso ao seu â mago. Eu estava
doido para sentir em minha língua seu sabor adocicado e matei minha
vontade dando uma lambida direto em seu clitó ris.
Dakota nã o esperava que eu fosse abocanhar de cara o seu ponto
do prazer e estremeceu. Segurei seu quadril no lugar com as duas mã os
e passei a movimentar minha língua por toda sua carne quente. Beijei
seus grandes lá bios, como se estivesse beijando sua boca, e ela gemeu
meu nome.
— Aidan.
Olhei para cima, apenas para ser agraciado com a visã o de sua
expressã o de prazer, de abandono: os olhos fechados, o pescoço
inclinado para trá s, o lá bio inferior preso entre os dentes, os cabelos
loiros balançando livres no ar.
Sorrindo, voltei a me concentrar em proporcionar-lhe a melhor
experiência naquele momento. Eu queria que Dakota se sentisse amada
e venerada como ela merecia, por isso nã o me apressei, nã o fui afoito,
apenas usei a minha língua para enchê-la de prazer.
Senti suas pernas começarem a tremer, sinal de que seu gozo
estava pró ximo. Sustentei-a de pé apoiando minhas palmas abertas em
suas ná degas, cravando meus dedos de unhas curtas nos dois lados, para
melhor estabilizá -la. Tudo isso sem parar de movimentar minha boca
em seu sexo, sugando, chupando, dando leves mordidinhas, enfiando
minha língua em sua abertura e bebendo sua umidade, enquanto Dakota
mantinha as mã os cravadas em meus cabelos. Ela era gostosa demais!
— Aidan! Eu vou...
Nã o parei de estimulá -la, nem para dizer que deixasse o gozo vir.
Apenas queria que ela se derretesse em minha boca. E assim aconteceu.
Ela estremeceu, gozando gostoso e encharcando minha boca com
seu néctar, que bebi com prazer, limpando-a por inteiro.
Só quando senti que ela conseguia sustentar o pró prio peso nas
pernas foi que tirei minhas mã os de suas ná degas e me levantei. Agora,
sim, afoito por um beijo.
E foi durante o beijo que a peguei no colo e levei para a cama,
colocando-a sobre o colchã o apó s afastar o buquê de rosas de chocolate
que lhe trouxera. Me afastando, despi o restante das minhas roupas,
ficando apenas com a boxer preta que já tinha uma mancha ú mida na
frente. Ao ver que eu estava sem a calça, Dakota nã o perdeu tempo e se
livrou do sutiã , seus seios surgindo com os bicos rosados já durinhos de
excitaçã o.
— Eu ainda nã o consegui matar todas as saudades, Aidan —
disse ela, com a voz rouca.
— Nem eu, meu amor! — respondi, sorrindo safado.
Peguei uma das rosas do buquê que eu trouxera e coloquei o talo
na boca, para fazer graça. Fui escalando por sobre seu corpo, até que
nossas bocas estavam no mesmo nível. Beijei-a e passei a rosa para ela.
Ela sorriu de volta e puxou a flor de onde estava, capturando a parte de
chocolate com uma das mã os. Desembrulhou o bombom, mordeu de
leve em um dos lados, me convidando a dividi-lo com ela. Coisa que fiz
com prazer. Foi o chocolate mais gostoso que já saboreei.
— Amor, quero te ver por inteiro — pediu ela, depois que engoliu
seu pedaço do doce.
Ajoelhei-me sobre o colchã o, entre suas coxas abertas e baixei a
cueca, meu pau pulando para fora, duro e pingando pré-gozo.
— Você é tã o lindo! Te quero dentro de mim! — Dakota exigiu.
Eu nã o me fiz de rogado. Segurei meu cacete e me masturbei um
pouco, depois o guiei para sua entrada. Fui me introduzindo pouco a
pouco, para sentir as suas paredes ú midas me envolvendo
gradativamente. Era apenas outra forma de matar minha saudade
daquele corpo tã o amado.
Quando eu já estava todo dentro dela, puxei-a ao meu encontro,
nossas pernas se cruzando, a bunda redondinha de Dakota apoiada nas
minhas coxas. Dei um impulso com o quadril, mas só para ela sentir um
gostinho, pois estava mesmo era querendo abocanhar seus seios
empinados.
Foi a vez dela nã o se fazer de rogada: juntou ambos com as mã os,
aumentando meu prazer. Mordisquei seu mamilo cor-de-rosa, apenas
porque me deu vontade e para ouvi-la gemer meu nome de novo.
— Aidan!
Conectados, nos girei na cama, em um movimento arriscado, mas
executado à perfeiçã o. Agora, Dakota estava por cima e era uma visã o do
paraíso ver sua boceta envolvendo meu cacete rígido.
— Cavalga meu pau, vai! — pedi, minhas mã os se ocupando de
apertar seus seios.
Como ainda há pouco, dei um primeiro impulso, mas deixei que
ela tomasse a dianteira, quicando gostoso para cima e para baixo no meu
cacete comprido.
— Ah! — gemia ela, a cada vez que nossos sexos se chocavam. —
Ah! Ah! Ah!
— Dakota, você é um verdadeiro tesã o!
— Ah!
— Minha!
— Ah!
— Só minha!
— Aidan! Ah!
Ela me cavalgava com maestria, caprichando a cada sentada que
dava. Eu já estava indo à loucura, quando ela começou a alternar as
sentadas com as reboladas.
— Rebola, gostosa! Rebola no pau do seu homem! — grunhi,
cheio de tesã o.
Com a mã o aberta, apliquei um tapa sonoro em sua ná dega
direita, repetindo o gesto em seguida na esquerda.
Só serviu para que ela aumentasse a velocidade do movimento de
vaivém, para cima e para baixo em meu eixo rígido.
Sentia as veias do meu cacete pulsando e minhas bolas
enrijecendo. Eu estava prestes a gozar. E senti que ela sabia disso.
Com um sorrisinho safado, ela saiu de cima de mim, sentou-se
sobre meus joelhos e, sem parar de rebolar, me enfiou inteiro na boca!
— Dakotaaa! Vou encher sua boca de porra!
Ela tirou meu pau de seus lá bios, sorriu para mim e respondeu:
— Tô com saudade de tomar seu leitinho, amor!
Minha nossa! A mulher queria que eu morresse e fosse para o céu
naquele minuto!
Dakota voltou a me tomar, passando a língua por toda a minha
extensã o e depois sugando minha cabeça, do jeito que ela sabia que eu
adorava. Quanto mais ela chupava, mais eu inchava dentro da sua boca.
Até que eu nã o aguentei e me desfiz em jatos fortes, que ela engoliu o
quanto pode e o restante escorreu pela lateral dos seus lá bios. Assim
que terminei de gozar, ela me tirou da sua boca, aparou com o dedo o
sêmen que havia escorrido e o lambeu, enquanto me encarava nos olhos,
me lançando um sorriso safado.
Realmente, aquela era a mulher da minha vida. Igual a ela, nunca
teria outra.
Depois de um bom tempo e um banho de banheira relaxante,
estávamos agarrados na cama, apenas curtindo a presença um do outro.
Foi entã o que lembrei de algo importante.
— Você quer saber quem realmente fez a confusã o toda? —
perguntei, sabendo que ela iria querer.
— Claro! Quem foi?
— O médico corno.
— Aquele mal-amado! Ele feriu a ética médica, Aidan! Vai ficar
sem puniçã o?
— Claro que nã o. Já coloquei Luke na cola dele. Ele vai pagar.
— Acho bom! — disse ela, com cara de brava.
Para desanuviar o clima, resolvi fazer um pedido, com ar de
brincadeira:
— Raio de sol, agora que estou perdoado, você pode me
desbloquear no seu celular?
Ela arregalou os olhos e tateou a mesa de cabeceira atrá s do
aparelho. Ligou-o e foi imediatamente na aba dos contatos, fazendo o
desbloqueio do meu nú mero. A partir daí, o telefone dela passou quase
meia hora vibrando com todas as mensagens que eu havia enviado
durante nossa separaçã o e alertando todas as ligaçõ es nã o atendidas
que fiz nesse tempo longe dela.
— Você realmente está arrependido, hein? — brincou Dakota.
— Eu ainda preciso provar o quanto? — perguntei, no mesmo
humor.
Ela se esticou na cama, espreguiçando-se.
— Hum... nã o sei... talvez depois que você fizer amor comigo mais
algumas vezes, eu consiga me convencer disso — respondeu, manhosa.
— Ah, é? Que tal começar agora? — falei e segurei sua mã o,
levando-a até meu pau, que só de senti-la já começou a endurecer outra
vez.
— Uau! Eu tenho um namorado que é uma verdadeira má quina!
— ela riu, mas me masturbou um pouco, me atiçando.
— Um namorado que encontrou a mulher que faz a má quina
funcionar em perfeito estado, isso sim!
— Hum... acho que quero ver essa má quina em funcionamento...
— Só se for agora, meu amor! Só se for agora!
Mais uma vez, nos perdemos entre os lençó is, tocando fogo na
cama daquele hotel, em uma sintonia de corpos, mentes e coraçõ es.
Algumas semanas depois...

Era o penú ltimo jogo da FNL, e o New York Wolves iria jogar em
casa. O ganhador da partida iria disputar o Super Bowl. Eu estava muito
animada para esse jogo, ainda mais porque, depois que Aidan e eu
assumimos publicamente nosso relacionamento, seria a primeira
partida à qual eu conseguiria ir assistir no campo. Por vá rios motivos,
como outro dentinho de Amber rasgando, ou muitas có licas menstruais
minhas, eu nã o consegui assistir aos outros jogos, a nã o ser pela TV.
Entã o a expectativa estava bem alta dessa vez. Queria ver o meu time
sagrar-se campeã o.
Outro motivo para estar tã o empolgada é que meu namorado
mandou fazer camisetas para mim e para sua filha com seu nú mero, e
nã o ficaríamos na arquibancada geral dessa vez. Nã o... iríamos para a
á rea reservada para as famílias dos jogadores. Eu nã o estava ligando
muito para como as outras mulheres dos atletas se vestiam nessas
ocasiõ es. Estava muito orgulhosa de poder usar a camisa com o nú mero
12 pela primeira vez.
Nada de segredos mais, e nada de nos escondermos da mídia.
Agora, era tudo à s claras, e tínhamos o pú blico ao nosso lado, torcendo
por nó s. Finalmente estávamos vivendo um namoro como qualquer
casal normal. Ou melhor... qualquer casal normal em que uma das partes
fosse um jogador famoso da NFL.
Por sorte, meu sogro resolveu ficar conosco até o final da
temporada, entã o Aidan e eu pudemos fazer vá rios programas de casal:
cinema, teatro, passeios no Central Park... além, claro, das programaçõ es
em família. Até as coisas mais banais, como ir ao supermercado, tinham
um novo sabor para nó s.
Chegamos no está dio com bastante antecedência e fomos levados
por Luke para a á rea reservada. Adrian estava exultante de poder ver o
filho jogar ao vivo, mais uma vez. Eu, como torcedora fiel do New York
Wolves, estava empolgadíssima. Dessa vez, até Maddie e a Sra. Sanders
estavam presentes, dividindo o espaço conosco e os demais familiares
dos outros jogadores.
Devidamente uniformizadas com seu nú mero e até mesmo com a
cara pintada nas cores do time, eu carregava Amber de um lado para o
outro, pois todos que estavam no mesmo espaço queriam conhecer a
filha do quarterback.
Como a atençã o da mídia esteve voltada para minha afilhada há
pouco tempo, eu nã o precisava ficar explicando que nã o era a mã e dela,
já que Aidan havia deixado bem claro que ela era filha de Margot em
suas entrevistas.
Isso nã o me incomodava. Eu estava feliz em ser a madrinha da
minha princesa e namorada do pai dela. Na verdade, graças a Melinda
Holtz, todos sabiam meu nome agora, já que ela fazia questã o de
documentar nosso relacionamento em suas notícias sempre que surgia a
oportunidade.
Aidan depois me contou que apelou para a ajuda da mulher,
quando foi me pedir perdã o, e como ela ajudou na nossa reconciliaçã o,
eu já nã o tinha mais tanto aborrecimento com a jornalista. Antes, a cada
nota que ela soltava, eu ficava irritada, pois quase sempre eram
especulaçõ es e a maioria nem tinha fundamento, como aquela dele estar
comprando camisinhas, quando, na verdade, eram remédios para
Amber.
Depois de circular bastante com Amber e seu avô , nos
concentramos perto da família de Brandon, pois a partida iria ter início.
Nesse momento, Maddie aproveitou para dizer para Amber:
— Agora que você é a nova mascote, precisa aprender a uivar
igual a uma lobinha!
— Abaa! Pada! Ba!
— Repete comigo: Auuuuuuuuuuuuuu! — uivou Maddie,
compenetrada em ensinar minha afilhada.
— Uuuuuuuuu! — fez Amber, com o biquinho mais fofo que eu já
vi.
Seu avô , a Sra. Sanders, eu e quem estava mais pró ximo caiu na
risada.
Depois desse uivo motivador, a partida teve início.
Os quatro quartos do jogo foram tensos, apesar dos Wolves
estarem com uma boa margem de pontos adiante do adversá rio. Vá rias
faltas foram cometidas, alguns jogadores machucados... tudo isso me
fazia roer as unhas até quase alcançar a carne. O que me tranquilizava
era que tanto Aidan quanto nossos amigos continuavam ilesos.
Era interessante ver o quanto meu namorado, tã o impulsivo fora
de campo, transformava-se quando pisava no gramado. Ele se tornava
centrado, um cara que tomava as decisõ es com frieza e sabedoria. Nã o se
deixava levar pelas emoçõ es, como eu já achava comum acontecer.
A torcida dos Wolves pressionava, cantando a mú sica do Queen:
“Buddy, you're an old man, poor man
Pleading with your eyes, gonna make you some peace someday
You got mud on your face, you big disgrace
Somebody better put you back into your place

We will, we will rock you


Sing it!
We will, we will rock you”
(Amigo, você é um homem velho, pobre homem
Suplicando com seus olhos, vai encontrar alguma paz algum dia
Você tem lama no seu rosto, sua grande desgraça
É melhor alguém te colocar de volta no seu lugar
Nó s vamos, nó s vamos sacudir você
Cante!
Nó s vamos, nó s vamos sacudir você )[3]
O final do jogo se aproximava e Aidan corria pela lateral do
campo do adversá rio, em direçã o à sua endzone, na tentativa de marcar
um ú ltimo touchdown. Ele parecia uma locomotiva, nada conseguia pará -
lo. A equipe de defesa tirava os adversá rios do caminho, limpando o
gramado para o quarterback avançar.
Eu torcia as mã os por expectativa e, quando ele entrou na
endzone do time oposto com a bola nas mã os, gritei como uma maluca,
pulando com Amber no colo.
A arbitragem marcou os pontos e encerrou a partida, dando a
vitó ria para os Wolves. Todos que estavam no espaço reservado
vibraram e comemoraram o resultado.
Nesse momento, Aidan, que ainda estava na endzone adversá ria,
virou-se para onde eu estava e fez um sinal de coraçã o com as mã os.
Depois, apontou bem para mim e, em seguida, para o telã o do está dio.
Voltei meus olhos para lá , no mesmo segundo. Em letras garrafais, estava
escrito:
“Dee-Dee Davies, casa comigo?”
Abri a boca, estupefata, e nã o consegui fechá -la por uns bons
minutos. Todos ao me redor me cumprimentavam e eu lá , parada, sem
reaçã o.
Era isso mesmo?
Acabei de ser pedida em casamento diante do está dio inteiro?
De repente, ouvi um coro:
“Dee-Dee! Dee-Dee! Dee-Dee!”
Todos os torcedores, dos dois times, gritavam meu apelido, em
uma cena que estava sendo televisionada em rede nacional.
— Acho melhor você ir lá para o gramado, garota! — disse meu
sogro, com um sorriso de orelha a orelha.
Eu nem tive a presença de espírito de entregar Amber para ele.
Do jeito que estava, suada, descabelada e de unhas roídas depois da
tensã o do jogo, me preparei para descer até o campo.
Luke apareceu do nada para me escoltar, junto de uns caras da
segurança do está dio.
Tremendo igual vara verde e segurando Amber bem forte, eu o
acompanhei.
À medida que eu ia passando, as pessoas abriam caminho. Todas
sorriam para mim, algumas até aplaudiam.
Que loucura!
Foi um longo caminho até o campo e minhas mã os suavam. Eu
sabia quem estaria lá me esperando, mas nã o conseguia deixar de ficar
nervosa. Afinal, que mulher esperaria ser pedida em casamento com o
país inteiro observando?
A caminhada chegou ao fim e uma barreira de metal foi retirada
para que eu pudesse passar. No meu colo, Amber olhava tudo à sua volta
com muita curiosidade.
— Abaaa! Maaaa! Paaa! — Ela agora começara a falar mais
algumas sílabas.
— É , meu amor, estamos indo ver o papai! — respondi, embora
nã o tivesse certeza de que “Pa” significasse “papai” ainda.
No gramado, os jogadores dos dois times estavam formando um
corredor para que eu passasse. E, no fim, rodeado por seus amigos mais
chegados, estava meu namorado.
De joelho no chã o.
Segurando uma caixinha de joias.
Era um solitá rio, ali?
Era sim!
— Dee-Dee, eu te amo! Você é a mulher com que eu quero passar
a minha vida inteira. Diante de todas essas pessoas e da garota mais
especial para mim, a minha filha Amber, você aceita se casar comigo? —
Aidan perguntou e, para minha surpresa, sua voz ecoou por todo o local.
Ele estava usando um microfone de lapela.
Alguém colocou um microfone na minha mã o livre sem que eu
nem percebesse.
Tremendo muito, dei a resposta que o país inteiro esperava:
— Sim, eu te amo e aceito me casar com você!
Mais uma vez, alguém veio em meu socorro, tirando o microfone
da minha mã o, enquanto Aidan se levantava e se aproximava de mim.
Minha mã o estava trêmula quando ele colocou o anel em meu
dedo, mas o sorriso em meus lá bios era o mais feliz de todos.
Todos os jogadores que estavam à nossa volta, acho que todos os
torcedores também, aplaudiram e gritaram comemorando esse
momento conosco.
Do céu, choveram pétalas de rosa, cobrindo o gramado de
vermelho, enquanto nó s trocávamos um beijo apaixonado, selando
nosso amor, enquanto Amber, participando do momento, batia
palminhas, feliz, como se tivesse entendido tudo que acabou de
acontecer.
Alguns dias depois do Super Bowl...

Amber estava completando seu primeiro aniversá rio. Era claro


que eu nã o deixaria essa data passar sem uma comemoraçã o. Assim,
resolvi promover uma grande festa para todos os meus companheiros de
time e amigos mais pró ximos.
No salã o de festas do condomínio, uma mesa com o tema da
Pequena Sereia foi montada e minha filha estava linda, fantasiada de
Ariel. Minha noiva circulava entre os convidados com uma cauda falsa,
que deixava parte das pernas livres, e uma peruca ruiva, também
representando a sereia do filme. Eu estava vestido apenas com uma
bermuda de paetês dourada, uma coroa na cabeça e carregava um
tridente dourado para lá e para cá , como rei dos mares que era o meu
papel.
Tentei fazer meus amigos se fantasiarem também, mas nem
Brandon, que também era pai, caiu na minha conversa.
— Você tá lindo, Thunder! — disse Ken, zoando com a minha
cara.
— Uma verdadeira visã o! — completou Stan.
— Vã o pra porra, vocês dois! — resmunguei.
— Olha o palavrã o, Thunder! Tá cheio de criança aqui! Você é pai,
nã o pode ter a boca suja! — ralhou Bran, sorrindo pra mim.
Deu vontade de mostrar o dedo do meio para os três, mas me
contive. Brandon tinha razã o: os filhos dos outros caras do time estavam
presentes, e a criançada corria para todos os lados. Imagina se me
escutam dando mau exemplo?
Eu estava vivendo um tempo de felicidade e paz na minha vida,
com a presença da minha Lobinha, seu crescimento saudável e meu
noivado com Dakota. A ú nica nota dissonante era o fato de termos
perdido o campeonato para o Kansas City Cheafs e eles terem levado o
troféu Vince Lombardi para casa. Mas, na pró xima temporada, eu tinha
certeza de que venceríamos. Teríamos mais um ano para trabalhar
nossas falhas em campo e melhorar como time. E eu pretendia
participar ativamente dessa mudança.
— Afinal, Luke conseguiu pegar o médico responsável por
começar todo o problema da exposiçã o da Lobinha? — perguntou Stan,
fazendo com que meus pensamentos voltassem ao momento presente.
— Sim. Ele fez pressã o na atendente do consultó rio da pediatra
de Amber. Ela acabou contando tudo. Quando a médica soube do
ocorrido, ela a demitiu sem recomendaçã o alguma. Quem quer ter
alguém que revela informaçõ es dos pacientes em seu quadro de
funcioná rios? — contei.
— Verdade, eu nã o confiaria — ponderou Ken.
— Mas, e aí? A mulher contou a respeito do médico corno... —
disse Brandon. Entre nó s, o Dr. Higgins acabou ficando conhecido dessa
forma. — E ele, nã o foi punido?
— Perdeu a licença para clinicar — contei, com um sorriso
satisfeito.
— Isso aí! Tudo é uma questã o de ética e confiança. Ele deixou-se
levar por interesses pessoais e prejudicou uma paciente e sua família. Já
pensou se com a informaçã o que ele vazou tivesse acontecido algo sério,
como um sequestro, por exemplo, com a nossa Lobinha? — questionou
Ken.
— Vira essa boca pra lá , cara! Deus me livre de alguém fazer mal
à minha filha! — falei, apavorado só de pensar na ideia.
Percebendo que o clima havia ficado pesado, aproveitamos a
passagem de um garçom e pegamos uma lata de cerveja cada um. Nos
entretemos em abrir as latinhas e tomar um gole, para mandar embora
os pensamentos ruins.
— E o casamento, Thunder, quando sai? — questionou Stan, com
ar brincalhã o, tentando fazer voltar o clima leve da festa.
— Calma, cara, deixa o homem aproveitar o noivado um
pouquinho! — ralhou Ken e Brandon somente riu.
— Acho que ainda demora um pouco, amigos. Dakota e eu
queremos que Amber entre com as alianças e, para isso, ela precisa
primeiro aprender a andar.
— Ihhhh, entã o coloque no mínimo um ano aí! — disse Bran. —
Algumas crianças andam logo, outras demoram um pouco mais. Para ela
conseguir andar com firmeza, e fazer o trajeto sozinha até o altar, vocês
vã o ter que esperar.
— Entã o a gente espera, ué! — Dei de ombros. — Nã o estamos
apressados, estamos nos curtindo e tá ó timo assim.
— Só espero que sua noiva seja da mesma opiniã o — ponderou
Ken.
— Ah, a gente já conversou... — contei, tranquilo. — Ela vai
começar a olhar algumas opçõ es de decoraçã o, local, essas coisas que
demoram mais, daqui a uns três meses. Aí, sim, a gente vai marcar a
data. Tem que lembrar que Dakota está iniciando um novo desafio na
pró xima semana e vai precisar se dedicar a isso pelos pró ximos tempos.
— É verdade! Ela vai ensinar na escolinha em que a Maddie
estuda, né? — perguntou Stan.
— Isso mesmo! Ela vai dar aulas para uma turma pela manhã e à
tarde vai atuar como auxiliar da coordenadora pedagó gica, para ir
ganhando experiência na á rea — informei, orgulhoso. — Afinal, foi para
isso que ela fez faculdade.
— Ela começa segunda? — perguntou Brandon
— Isso mesmo — confirmei, sorrindo. — Mas voltando ao
assunto do casamento... Você ainda tá de rolo com a garota que me
contou? Lembre-se de que prometeu levá -la à cerimô nia, hein? —
perguntei, apontando para ele.
— Que histó ria é essa? — quis saber Ken, curioso. Apesar de ser
o mais fechado de nó s quatro, gostava de estar por dentro de todos os
assuntos.
— Ele nã o contou pra vocês, nã o? — Fiz de conta que me
espantei. — Ih, Bran, era segredo? Foi mal, cara! — Dei um sorrisinho
que demonstrava ter feito de propó sito, apenas pelo prazer de zoar meu
amigo.
— Agora nã o é mais, né? Valeu, Thunder! — rebateu ele, com a
cara fechada.
— Eu também quero saber dessa novidade aí... Nosso cavaleiro
solitá rio está de namorada e nã o contou pra gente? — zombou Stan.
— Quem é a felizarda? Covardia o Thunder já a conhecer e a
gente nã o — reclamou Ken.
— Quem disse que eu conheço? — Tirei meu corpo fora.
— Como assim? Ela nã o vai ao seu casamento? — Stan nã o estava
entendendo mais nada.
— Disse o nosso amigo aqui... — Agarrei Brandon pelo pescoço,
em um mata-leã o amigável — que vai nos apresentar a ela na festa do
meu casamento.
— Por... Poxa! — corrigiu-se Stan, antes de soltar um palavrã o. —
Vai demorar muito isso! Quer apostar que, daqui pra lá , ele já nem está
mais namorando?
— Tem certeza de que quer apostar, Stan? Você nã o anda com
muita sorte em apostas ultimamente... — zombou Ken.
— Eu concordo que meu casamento está muito longe para que a
gente tenha que esperar até lá para conhecer a garota do Bran —
declarei. — Amigo, por livre e espontâ nea pressã o, você vai ter que
apresentá -la pra gente.
— Como é? — reclamou Brandon. — Eu nã o sou obrigado a fazer
isso!
— Hum... Madison já sabe que tem uma nova madrasta? —
perguntou Ken, coçando a barba inexistente e dando um sorrisinho
malicioso.
— Nã o! E nem pense em contar nada para minha filha! — agitou-
se Bran.
— Ah, que ó timo! Maddieeee! — chamou Stan bem alto, entrando
no jogo.
— Cala a boca, caral... porcaria! — Brandon pulou em cima do
nosso amigo brincalhã o, tapando sua boca com a mã o.
— Mmmmm — O outro ainda ficou tentando gritar.
— Tá bom, vocês venceram, seus amigos da onça. Eu vou
apresentar a moça para vocês! — capitulou Brandon. — Desde que nã o
falem nada para Maddie. Ainda é cedo demais para ela saber!
— Como somos muito gente boa, vamos dar... duas semanas? —
Olhei para os outros dois, com ar travesso. Eles acenaram com a cabeça,
concordando. — É ... duas semanas para você nos apresentar! Faço
questã o de recebê-los em casa para jantar!
Neste momento, Dakota se aproximou com Amber no colo.
Disfarçamos o assunto e os caras do OTB aproveitaram para juntar nó s
três e tirar uma foto, que logo foi enviada ao grupo.
— Amor, está na hora de cantar o parabéns — informou Dakota,
depois que registramos nossa família aquá tica.
— Vamos lá , entã o!
— Opa, isso significa que vã o liberar os doces logo! Aqueles
cupcakes estã o com uma cara ó tima — disse Stan, passando a mã o na
barriga, guloso.
— Só depois do parabéns, Stan! — ralhei.
— Poxa, nã o rola nem um contrabando para um amigo? —
insistiu ele, fazendo cara de cachorro pidã o.
— Nã o mesmo! Você nã o vai estragar a mesa antes da hora! Ela
precisa estar linda para as fotos! — Quem respondeu foi Dakota,
fazendo-se de brava, mas eu sabia que ela estava se divertindo com meu
amigo bobalhã o.
Nos dirigimos para a mesa enfeitada, convocando meu pai e os
outros convidados pelo caminho. Cantamos a tradicional mú sica de
aniversá rio, celebrando o primeiro ano de vida de Amber, que batia
palminhas e pulava no meu colo, toda contente.
Enquanto tudo acontecia ao meu redor, eu somente pensava em
como a vida sempre tem a sua maneira de nos surpreender. Reencontrei
aquela que estava destinada a ser o grande amor da minha vida, logo eu,
que sequer imaginava que isso poderia acontecer algum dia. Mas
descobri que os sentimentos nã o devem ser podados; ainda tive tempo
de recalcular a minha jogada e, por fim, ganhar o jogo. Juntamente a ele,
veio o maior prêmio de todos, a minha filha, a criaturinha mais adorável
que fez de mim o maior e melhor homem do mundo. Descobrir que era
pai me modificou de uma maneira profunda e eu nã o imaginava mais os
meus dias sem as presenças dos meus dois amores: Amber e Dakota.
Nã o poderia existir felicidade maior que essa. Definitivamente, era o
meu melhor touchdown!
E se, algum dia, me contassem que esse seria o desfecho da
minha partida final, eu nã o acreditaria. Pois nem em meus melhores
sonhos a vida poderia ter me dado presente melhor.
Oi! Que bom que você chegou até aqui! Espero, de coraçã o, que
tenha gostado da histó ria de Aidan e Dakota.
Esta histó ria nasceu sem a pretensã o de ser nada além de um
romance leve, para entreter e te fazer dar algumas risadas.
Nosso mocinho nã o é perfeito, pelo contrá rio, tem muitos
defeitos, mas ao final, espero que você tenha passado um pano rosa com
glitter para ele.
Alguns lugares citados no livro existem de verdade, como a
Michigan University, com sua biblioteca Shapiro e seu time de futebol
universitá rio, o Michigan Wolverines. Mas o café onde Dakota trabalhava
foi criaçã o minha.
Em Nova Iorque, preciso destacar o Top of the Rock, que me
deixou com muita vontade de conhecer, com seu mirante em três níveis.
Mas confesso que nã o teria coragem de participar da experiência no The
Beam, pois tenho muita vertigem em lugares altos.
Espero que tenha gostado de viajar comigo para estes lugares,
desta vez.
Como já falei no início, este foi meu primeiro livro com temá tica
esportiva, mas acredito que nã o será o ú ltimo. Entã o, devo continuar
estudando sobre futebol americano nos pró ximos meses. Se você
encontrou algum deslize a respeito do esporte, por favor, releve. Ainda
estou aprendendo, embora nã o tenha a pretensã o de me tornar
nenhuma expert no assunto.
Por ú ltimo, gostaria de deixar aqui um pedido. Se você leu este
romance em qualquer outro lugar que nã o tenha sido através da
Amazon, saiba que está lendo uma obra pirateada e, com isso,
contribuindo para aumentar a distribuiçã o ilegal de livros na internet.
NÃ O COMPACTUE COM ESSA PRÁTICA! É errado, é ilegal e prejudica
todas as pessoas que dependem dos livros para ter uma vida mais digna.
Além de ser passível de puniçã o por lei. Esta obra tem seus direitos
autorais registrados na Câ mara Brasileira do Livro e reproduzi-la sem a
devida autorizaçã o é crime!
Espero que você tenha gostado da leitura e tenha se apaixonado
por Aidan, Dakota e Amber, tanto quanto eu! Se isto aconteceu, peço sua
colaboraçã o: acesse a pá gina do livro na Amazon e deixe uma avaliaçã o
por escrito. Ela é muito importante para nó s, autores nacionais
independentes, e faz com que este livro possa adquirir visibilidade e
alcançar mais leitores. Com isso, meu trabalho como autora será
remunerado e poderei continuar criando histó rias como essa que
acabou de ler.
Mas, ei, nã o vai embora ainda nã o! A seguir, como bô nus, deixarei
um trechinho do meu pró ximo livro. Espero que curta esse vislumbre do
que está por vir!
Nos vemos na pró xima histó ria de amor!

Coraçõ es Flutuantes,
(ATENÇÃO! O trecho a seguir ainda poderá sofrer alterações
antes da sua versão final.)

Eu estava fodido e mal pago. Para que eu fui inventar para o


Thunder que eu tinha alguém, só para que ele não ficasse enciumado com
a minha amizade com sua noiva?
Agora, eu tinha menos de duas semanas para arrumar uma garota
que topasse ser minha namorada, ou esses caras iriam me infernizar pelo
resto da vida. A única solução que me vinha à mente era contratar uma
namorada falsa. Porque, me fala, qual mulher iria topar fingir um
namoro, apenas para que eu a apresentasse para os meus amigos traíras?
Meu empresário iria pirar, mas era a única solução.
Era nisso que eu pensava enquanto dirigia para deixar Maddie na
escola naquela segunda-feira. A Sra. Sanders havia me ligado na noite de
ontem, seu dia de folga, informando que nã o viria trabalhar hoje, pois
seu netinho estava adoentado e sua filha nã o tinha com quem deixá -lo, a
nã o ser ela. Isso alterou toda a minha rotina.
Parei na calçada da escola e avistei a professora de Madison na
porta, recebendo os estudantes. Ela era uma moça bem jovem, de longos
cabelos castanhos e um nome curioso: Miracle.
Normalmente, eu nã o olharia duas vezes para a mulher e nã o
foram poucas as vezes que nos encontramos: ela sempre me tratou com
gentileza e muitas vezes me ajudou quando a Sra. Sanders precisou se
ausentar, chegando até a cuidar de Maddie em minha casa, uma vez. Mas,
de repente, diante do problema que estava se apresentando, ela adquiriu
uma aura brilhante aos meus olhos, como se eu estivesse me vendo
mesmo diante de um milagre.
Sem perder tempo, desafivelei o cinto de segurança e desci do
carro, contornando-o pela frente. Abri a porta traseira do lado da
calçada para minha filha descer e fiz questã o de carregar sua mochila e
sua lancheira.
— Bom dia, Sr. Myers — cumprimentou-me a professora, com um
sorriso.
— Bom dia, Srta. Dawson — respondi.
— Onde está a Sra. Sanders? — perguntou ela, apó s dar um beijo
na cabeça de Maddie.
— Precisou cuidar do netinho doente.
— Ah, entendo. Se precisar de ajuda, pode contar comigo —
ofereceu ela, ainda sorrindo.
Eu falava ou nã o falava?
Era uma ideia muito louca, mas quais outras mulheres
aparentemente “namoráveis” eu conhecia? Nenhuma!
— Tchau, papai! — Maddie ficou na ponta dos pés para me dar
um beijo no rosto, chamando minha atençã o de volta ao momento.
Me abaixei para facilitar seu carinho e a beijei também, ajudando-
a a vestir a mochila e entregando sua lancheira em seguida.
— Tenha uma boa aula, meu amor! — disse e ela entrou na
escola.
Eu já havia desistido de falar qualquer coisa e me preparei para
voltar para o carro, quando vi a minivan de Thunder se aproximar.
Além de ser o primeiro dia de trabalho de Dakota como
professora e auxiliar pedagó gica da escola, também seria o primeiro dia
de berçá rio para Amber.
Eu sabia que, se eu fosse fazer essa loucura, teria que ser neste
momento.
Dei meia-volta e me aproximei da Srta. Dawson.
— Senhorita, me desculpe a pergunta, mas você é solteira? —
questionei, com certa urgência.
— Sou. — Ela me olhou estranho.
— Está em algum tipo de relacionamento atualmente? — Eu ia
me arrepender disso em algum momento, tinha certeza.
— Nã o. — Sua expressã o passou de sorridente a séria em um
piscar de olhos.
— Olha, por favor, nã o me ache um maluco, nem um tarado, mas
eu preciso muito da sua ajuda, com urgência.
A moça arregalou os olhos.
— E-em que posso ajudar? — titubeou ela.
Eu olhei para trá s por um segundo, e vi Thunder e Dakota se
aproximando, ele trazendo a filha no colo e cheio de mochilas
penduradas nos braços. Pais de primeira viagem, francamente!
Cheguei bem perto do rosto de Miracle e quem visse de longe
poderia pensar que eu estava beijando sua bochecha.
— Só , por favor, entre na onda e nã o me desminta, ok? — falei
rá pido e agarrei sua mã o.
Nesse instante, Thunder chegou ao meu lado.
— Bom trabalho, querida! — eu disse em uma voz alta o
suficiente para que ele escutasse.
— Bom dia, Bran! — ele me cumprimentou com um tapa nas
costas. — Cara, será que eu vou ter o prazer de conhecê-la antes dos
outros? Nã o acredito!
Foi entã o que eu me virei para o meu amigo e, com um sorriso
mais falso que nota de 3 dó lares, apresentei:
— Bom dia, Thunder! Você realmente deu sorte que eu vim trazer
Maddie hoje, e vai mesmo ser o primeiro a conhecê-la — Apertei mais
um pouco a mã o da professora, que suava dentro da minha. — Esta é
minha namorada, Miracle Dawson.
O processo de escrita de um livro envolve nã o somente tempo do
autor. Envolve noites em claro, cansaço físico, dinheiro e outras pessoas.
Muitas pessoas.
Agradecer aos que estiveram envolvidos comigo no nascimento
deste livro é parte importante do processo. Uma das partes essenciais,
eu diria.
Entã o aqui vã o os meus agradecimentos...
Primeiro de TUDO, agradeço a Deus, pois sem Ele nada disso
seria possível. Se hoje posso contar histó rias e pessoas as lerem, é por
permissã o Dele.
À minha família, que abre mã o das horas em que eu poderia estar
com eles para poder escrever. Minha mã e, Silvia, que sempre me
incentiva a continuar, mesmo quando penso em desistir. Minha filha,
Samantha, que abre mã o, mesmo sem saber, de momentos preciosos de
sua infâ ncia nos quais poderíamos estar criando memó rias, em funçã o
do meu trabalho como escritora. E ao meu marido, Romulo, que muitas
vezes me deseja boa noite e se recolhe sozinho, para que eu possa
terminar este ou aquele capítulo. É muito mais do que isso que você
abre mã o, amor, eu sei. Sou grata pelo seu amor e sua compreensã o.
A Vanessa Pavan, da VP Assessoria Literá ria, e sua equipe,
agradeço por todo apoio e trabalho para que este livro chegasse à s mã os
dos leitores.
A Milena Vieira, pelas artes que preenchem meu feed todos os
dias e por toda a paciência com os meus trocentos pedidos de
alteraçõ es. Além da Mih, preciso agradecer à Lissa, da Estante da Lissa, à
Larissa, da LA Creative, e à Gabriele Guimarã es, do @gabilovesbooks_,
pelo material de divulgaçã o ma-ra-vi-lho-so.
A Tati Rocha, que cuida com tanto carinho das minhas redes
sociais.
A Luh, pelo trabalho insistente de divulgaçã o dos meus livros. É
muito bom poder contar com você!
A Mari Vieira, por toda orientaçã o, suporte, carinho e atençã o.
Embora eu acredite que você nã o vá ler esses agradecimentos, nã o posso
deixar de registrar minha gratidã o por me orientar no processo de
escrita deste livro.
A Laila Nascimento, por todo carinho e cuidado na revisã o deste
texto. Pela paciência em consertar meus vícios de escrita e por aceitar
meus prazos apertados.
A Ellen Ferreira, por essa capa espetacular, que conseguiu
traduzir tã o bem a essência desse romance. Nã o me canso de admirar
seu trabalho!
Ao Carlos Miguel, por dar vida aos meus personagens através de
suas lindas ilustraçõ es. E, desta vez, por criar o símbolo do New York
Wolves.
À s minhas leitoras betas Hayane e Tati que lidaram com meus
surtos de ansiedade à medida que essa histó ria ia sendo construída. E à
Charlene, que chegou no finalzinho, mas ainda assim foi de uma ajuda
imensa para que esse romance ficasse o melhor possível. Meninas, vocês
me endoidam, mas eu as amo. Sei que tudo foi para a melhoria da
histó ria e vocês, como sempre, foram cirú rgicas em suas observaçõ es.
Vocês, mais do que ninguém, sabem o desafio diá rio que é escrever e
toparam me acompanhar nessa jornada. Muito, muito obrigada!
A Drica Kelys e sua equipe de divulgadoras, que sempre faz um
trabalho fabuloso ao levar meus livros para novos leitores. Além delas,
meu muito obrigada a todas que tiraram um pouco do seu tempo para
divulgar este livro.
À s amigas autoras (e os amigos, também), que sempre estã o
prontas para abraçar as histó rias que saem da minha imaginaçã o. Em
especial, a Sara Fidelis, que me colocou nesse caminho maravilhoso da
escrita independente e sempre me socorre com as sinopses, e a Crys
Carvalho, que me ajuda a espalhar este romance para o mundo com seu
trabalho como gestora de trá fego nas redes sociais.
À s parceiras superanimadas e engajadas que se transformaram
em verdadeiras animadoras de torcida, e bookstans que toparam contar
aos quatro ventos sobre este livro.
À s leitoras do meu grupo de WhatsApp, o Pessoal da Di, por nã o
desistirem de mim, mesmo quando eu desapareço durante o processo
de escrita de uma histó ria nova. Um agradecimento especial para Tati
Bahia, minha Malévola preferida, que cuida dessa mulherada linda
quando nã o estou por perto (e quando estou, também!).
E a você, que acabou de ler esta histó ria! Meu muito obrigada por
apoiar e incentivar a literatura nacional independente. Espero que você
tenha passado ó timas horas em companhia de Aidan e Dakota!
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para mulheres – Caso o link nã o funcione, envie uma mensagem pelo
Instagram da autora)
Di Marroquim é uma pernambucana que se mudou para
Campinas/SP há mais de dez anos, onde mora até hoje com o marido,
uma filha e sua "mainha". Além disso, tem uma cachorrinha maluca e
três gatos: um antissocial, um que é um verdadeiro lorde e um terceiro
com espírito de meliante.
Ela é uma leitora voraz desde criança e, em 2020, decidiu
enveredar pelo caminho da escrita, publicando seu primeiro livro no
Wattpad e, logo em seguida, na Amazon. Desde entã o, finalizou uma
série de romances contemporâ neos e agora trabalha em outras
histó rias, sempre com a intençã o de deixar suas leitoras de coraçã o
aquecido e suspirando pelos seus mocinhos "gente como a gente".
Suas histó rias de amor mostram relacionamentos saudáveis,
sempre buscando trazer informaçã o aliada à diversã o. Acredita que o
aspecto carnal é algo natural em uma relaçã o amorosa e, por isto, cenas
apimentadas estã o sempre presentes em suas obras.
Além da leitura, Di tem como atividades preferidas o artesanato,
os jogos de tabuleiro, montagem de quebra-cabeças e passeios em
família. Ama a cor roxa, corujas e papelaria fofa.
Todas as obras da autora estão disponíveis em sua página na
Amazon. Aqui, apresentamos algumas delas.

DESTINADOS AO PARAÍSO: A Herdeira Perdida do Magnata


Você acredita que o destino pode bater duas vezes na mesma porta?

Iara Martins mora onde a maioria das pessoas passam as férias:


em uma praia paradisíaca digna dos sonhos, no Nordeste brasileiro.
Geniosa e batalhadora, ela equilibra sua vida de empresá ria e mã e solo
com muita garra e determinaçã o. Dona de uma pousada e mã e de Maria
Flor, viu-se grávida e cheia de responsabilidades aos 19 anos, apó s sua
primeira noite de amor com um estrangeiro irresistível.
Embora o estrangeiro sedutor nunca mais tenha sido visto, ela
nunca teve esperanças de encontrá -lo outra vez.

Até agora...

Alejandro Garcia Bittencourt, um magnata americano do ramo


hoteleiro, é neto de brasileiros, bonito, rico, charmoso e completamente
envolvente. Essas qualidades o fazem achar que nã o encontrará
dificuldade alguma em negociar com a dona da Pousada Paraíso, o local
ideal para a construçã o de um resort, a fim de atender o ú ltimo pedido
do seu avô .
O que ele nunca imaginou era encontrar na dona do lugar a
mulher que o abandonou, apó s a melhor noite da sua vida.
E uma garotinha de olhos idênticos ao seus...

Descobertas, mal-entendidos, desejos adormecidos e uma


criança cupido nos levam para Nossa Senhora dos Milagres, a cidade
perfeita para uma história de amor intensa e única.
DESTINADOS À PAIXÃO: O Sobrinho Indesejado do Milionário

Um romance haters to lovers inspirado nas cenas dos


doramas, no qual os protagonistas precisarão dividir uma única
cama.

Como dorameira assumida, Camila Ferreira, sempre havia


sonhado em encontrar um coreano rico, lindo e que dançasse K-pop,
mas viu tudo desmoronar apó s a morte do homem dos seus sonhos, que
lhe deixou um belo presente: uma gravidez inesperada.

Sebastian Yoon era um milioná rio marcado por uma traiçã o e


havia jurado nunca mais amar uma mulher. Apó s a morte de seu irmã o,
ele recebeu dos pais a difícil missã o de ir até o Brasil e descobrir as reais
intençõ es da mulher que se diz grávida, com seu sobrinho no ventre.

Quando os dois se encontraram, a antipatia foi imediata e faíscas


voaram para todos os lados. Porém, Sebastian estava disposto a cumprir
a missã o de levar Camila consigo, para que ela conhecesse os avó s de
seu bebê.
Mas até quando iriam discutir como cão e gato?

Seria tão errado se deixar envolver com a mulher que antes


conquistou seu irmão?

E quando Sebastian se desse conta dos motivos pelos quais ela era
tão encantadora, iria sucumbir a essa paixão?

Todas essas respostas serão encontradas em Destinados à


Paixão: O Sobrinho Indesejado do Milionário.

[1] Back at One: mú sica composta e interpretada por Brian McKnight. [2]
Thunder: Mú sica composta por Alex Da Kid / Jayson DeZuzio / Daniel
Platzlman / Daniel Wayne Sermon / Dan Reynolds / Ben McKee e interpretada
por Imagine Dragons. [3] We Will Rock You: Mú sica composta por Brian May e
interpretada pelo grupo Queen.

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