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1 SECONDS (Time To Love) - Deby Incour
1 SECONDS (Time To Love) - Deby Incour
1ª EDIÇÃO - 2022
Formato Digital – Brasil
ALERTAS DE GATILHOS
NOTAS DA AUTORA
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
EPÍLOGO
NOTAS FINAIS
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
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Essa é uma leitura com gatilhos como: suicídio, linguagem
obscena, sexo explícito, depressão, ansiedade, pânico, assédios,
machismo e luto. Se qualquer uma dessas coisas lhe causam
gatilhos, por favor, priorize sua saúde mental e não leia este livro.
SECONDS passou por leitura sensível em cenas específicas,
para responsabilidade em determinados assuntos abordados na
história. Nenhum dos temas são mostrados explicitamente,
entretanto, mesmo que falados, precisam ser responsáveis.
Nenhuma romantização deve ser feita e toda ajuda psicológica
e, se necessário, judicial, deve ser buscada quando depressão,
ansiedade, assédios, machismo, aconteça a você em qualquer
ambiente que seja, e tudo que lhe atinge de modo que te machuque
mental e fisicamente, existirem.
Esse livro é de jovens adultos, vivendo seus sonhos,
crescendo em suas carreiras, ou construindo-as. No decorrer de
nossas vidas, até nosso último suspiro, fazemos muitas merdas,
então não esperem que os personagens desse livro sejam perfeitos,
corretos e santos. Se espera encontrar por isso, pare por aqui
mesmo, pois vai se decepcionar.
O esporte apresentado nesse livro como World Golden Jump,
é inspirado no NBA, por conta disso, você poderá encontrar termos,
lugares, regras, e outras semelhanças entre ambos. A Golden é
UMA INSPIRAÇÃO NO NBA, não é ele, então não esperem que
tudo seja regrado da mesma forma. Em respeito a competição de
basquete, ele é usado como inspiração e não é citado dentro da
história, onde o universo é totalmente fictício. Aqui é a minha
história, onde a liberdade de ficção me permite criar, inventar tudo
do modo que eu imaginar. Tudo aqui vem do universo maluco
chamado minha mente, e é nesse universo que convido vocês a
entrarem.
O sol está uma delícia. Palo Alto é um lugar que amo. Desde
que nos mudamos para cá quando entrei para o ensino médio,
nunca me senti mais em casa. O condado de Santa Clara me traz
paz, diferente de toda a agitação de Manhattan, onde vivia com
minha família e onde nasci.
Hoje é domingo, e chamei a Vicky e a Cherry para passarem
o dia comigo em casa, tomar banho de piscina, comer, relaxar, antes
que esses momentos se tornem bem raros, já que em poucos dias
irei acompanhar os Red Fire para baixo e para cima, cobrindo cada
coisa que oferecerem.
Vicky está sentada na beira da piscina, e Cherry se
besuntando de protetor. Cherry é a mais nova entre nós, vai
completar vinte e um anos em breve, e é prima da Vicky. Ambas são
minhas vizinhas e foi assim que nos conhecemos, e o destino é tão
maluco, que Vicky conseguiu emprego junto comigo, e isso só nos
conectou mais ainda. Já sua prima, nossa mascotezinha, veio do
Canadá para cá, onde vivia com os pais e avós materno, antes de,
infelizmente, seus pais sofrerem um acidente de carro quando ela
tinha quinze anos, e ser a única sobrevivente. Seus tios, os pais da
Vicky, trouxeram ela para cá, e cuidam dela como filha, é bonito de
se ver.
Fizemos nosso trio desde que nos conhecemos e não nos
separamos mais. Sempre uma cuidando da outra, e nós duas
cuidando da Cherry, que é bem diferente de nós, com seu jeito
tímido, quieto, mais certinho.
— Ai, vou sentir falta desses momentos. É uma boa
oportunidade, estou animada, mas é foda... — falo ajeitando-me na
espreguiçadeira.
— Estarei de férias da universidade no mês que vem, antes
das aulas voltarem, onde estiver posso dar um jeito de ir te ver! —
Cherry fala, com seu jeito doce e morro de amores.
— Nossa mascotezinha tem razão. Eu não estarei de férias
do trabalho, mas posso atormentar a Jennifer e falar que irei cobrir
alguma coisa na cidade onde estiver, afinal, minha coluna é sobre o
que os atletas estão fazendo e como costumam passar o tempo
livre, desculpa perfeita para ir te ver.
— Vocês são incríveis, sério! — Sorrio.
Elas sorriem, e respiro fundo preocupada apenas com uma
coisa.
Meu irmão passa pelas portas duplas, e vem sorrindo, todo
bobo como sempre é. 1,98m de altura, olhos conquistadores, e um
cretino nas horas vagas, mesmo sendo boa pessoa. Oliver é o ala
dos Tigers e um conquistador barato. Um irmão carinhoso, mas
irritante quando quer, afinal, o loiro sabe que é bonito e que essa
carinha safada consegue o que quer.
— Meninas... — cumprimenta e se senta aos pés da
espreguiçadeira da Cherry. — Última reunião das fofoqueiras?
Kristal não terá mais vida. Vai ver tudo que o irmão dela sofre
durante a temporada. Ela pensa que é apenas curtição e farra.
— Ela não mentiu, Oliver! Você e seus colegas adoram isso.
Toda semana estão estampados nas notícias e iludindo jovens
desavisadas — Vicky fala e começo a rir.
— Bem-feito, poderia ter ficado sem essa! — Pisco para ele,
que finge estar ofendido.
Cherry deixa o protetor de lado e noto suas bochechas
coradinhas. Sempre fica assim quando o meu irmão está por perto.
Quero me recusar a acreditar que logo ela, a mais inteligente de nós
três caiu no papo furado do Oliver, mas o garoto não ajuda, vive de
charme para cima dela e da Vicky, porém a morena não é fácil, ela
realmente apavora os homens. Já a loira tímida... É complicado.
— Certo, sem defesa quanto a isso. Mas é realmente puxado.
— Ela tem que se preocupar com outra coisa... — Cherry fala
e olhamos para ela. — Tyron Sparks, dos Red Fire... Não faça essa
cara, Kris... Você odeia o melhor amigo do seu irmão.
— A Cerejinha tem razão — Oliver a provoca com o apelido
relacionado ao seu nome que ele deu. — Vocês sempre se odiaram.
Crescemos juntos, e nem isso ajudou nessa rixa dos dois!
Reviro os olhos.
— Gente, somos adultos. Eu sei me portar muito bem! —
tento me defender das acusações.
— Gata, vocês se viram há algumas semanas, e quase se
mataram! — Vicky lembra.
Certo, Tyron e eu nunca nos demos bem. Éramos vizinhos
em Nova York, e meu irmão e ele nunca se desgrudaram, ainda
mais que o amor ao esporte os unia sem parar, até cada um seguir
seu time onde foram convocados: meu irmão, para a Califórnia; e
Tyron, onde nasceu e vive até hoje. Times rivais, mas a rivalidade
morre entre os dois, porque nunca existiu, sempre se respeitaram
muito, é uma linda amizade, nunca poderia dizer diferente.
Nós dois sempre implicávamos um com o outro, ele me tirava
do sério com as provocações e me dava apelidos idiotas que até
hoje odeio, sendo um deles “princesinha”, que é exatamente como a
maldita imprensa suja me chama. Eu realmente achei que anos sem
o ver pessoalmente, sendo adultos agora, seria diferente, mas
bastou sermos divergentes em nossas opiniões para o clima
esquentar do pior jeito.
Meus pais adoram o Tyron, são amigos dos pais dele
também, e meu irmão fica dividido, já que até evitar falar do melhor
amigo perto de mim teve que fazer por um tempo.
Não sei quando a minha rivalidade com Tyron Sparks
começou, e o porquê de sempre sermos assim, mas sei que nunca
terminou. E agora terei que cobrir os bastidores do time dele, onde é
armador e um dos mais respeitados do seu time, mesmo com tantas
polêmicas recentes. Ele é um jogador imbatível, faz jogadas
admiráveis, tem uma concentração em quadra que vi em poucos
jogadores, mas o meu problema é quando ele abre a boca para ser
um babaca, é aí que tenho vontade de acertar sua cabeça com uma
bola de basquete ou uma marreta.
— OK... Confesso que isso está me preocupando também.
Mas a Jennifer disse que apenas os Tigers e os Red Fire aceitaram
alguém de fora nos bastidores, e, ainda por cima, sendo jornalista.
Os Tigers eu alertei que não queria... Restou os Red.
Meu irmão franze o cenho e seus olhos azuis me encaram
firmes.
— Por que não quis estar nos Tigers? — Oliver questiona.
Sento-me direito, com os olhares dos três sobre mim agora.
— Para não ter que trocar suas fraldas sempre — provoco
um pouquinho, e ele sorri. Minhas amigas sabem o motivo, mas não
quero que o Oliver se culpe por isso, então prefiro me calar sobre
algumas coisas, não apenas com ele, mas com meus pais também.
— E nossos pais? — indago mudando de assunto.
— Estão cuidando do jantar que querem fazer para a sua
despedida. Eu não me lembro de ter ganhado isso! — Ergue a
sobrancelha.
— Claro, você ganhou os Tigers junto com uma multa por
excesso de velocidade!
— Que ótimo. O Oliver ganha um time e eu ganho xingos dos
meus pais! Eu deveria ser melhor tratada na minha família. Sou um
bom exemplo — Vicky se defende e sua prima e eu rimos.
— O senhor e a senhora Foster merecem um prêmio por
aguentar você. Vicky, você é o diablo! — Oliver diz e ela mostra o
dedo do meio a ele, que ri. — Tão educada! — ironiza.
Desde que ambas entraram na minha vida, meu irmão
sempre as tratou como parte da nossa família, assim como nossos
pais, e não posso dizer o contrário dos dela. Nossas famílias se dão
muito bem e isso só nos uniu mais ainda. Seus pais são donos de
uma empresa que fabrica os melhores equipamentos de academia e
esportes do país. Os produtos da marca Foster são incríveis, e eles
querem muito a chance de conseguir patrocinar a Golden, mas
parece ser uma tarefa bem difícil.
Já meus pais cada um segue uma função diferente, até
porque se amam, mas se matariam se trabalhassem juntos como o
senhor e a senhora Foster. Mamãe é dona de uma rede de clínica
de estética na Califórnia e em Nova York, e papai é dono de uma
rede de hotéis na Califórnia, Nova York e no Tennessee. A Reed
Beauty e a Reed's Hotels são um enorme sucesso no país, e tenho
muito orgulho de tudo que eles conquistaram, mesmo que isso seja
só mais um ponto que me afeta desde sempre e me faz sair nas
notícias da pior maneira, como a escorada da família, a que pega
fama na carona de todos. É como se eu estivesse apagada,
lembrada apenas por apelidos, ou como a irmã do astro do
basquete, ou a filha dos grandes empresários, e nada mais.
— Certo, vim aqui para avisar que chamei os caras para vir
aqui em casa amanhã, curtir um pouco antes da temporada e longe
dos holofotes. Estão convidadas.
— Eu moro aqui. Não teria como não me convidar — aviso.
— Eu sou como da família e minha casa é aqui do lado, dá
até para vir pelos fundos dela, esqueceu? Bem ali, tapado. — Vicky
aponta para a esquerda, onde apenas um muro de arbustos separa
nossas casas e que existe um buraco, feito por ela, onde ela passa
por ele para não ter que dar a volta e vir pelo portão. — Eu viria
mesmo que não me convidasse, gato.
— O que eu quero dizer, suas intrometidas, é que vocês
estão convidadas, e quando me refiro a isso, quero dizer que sem o
lado profissional. Se eu pegar as duas entrevistando de um modo
indireto meus colegas, mato vocês! — avisa sério.
— Quando fizemos isso? — indago.
— Não se faça de sonsa, Kris! A última vez basicamente
transformaram em uma coletiva de imprensa.
— Precisamos de matéria, estávamos atrasadas no trabalho!
— minha amiga nos defende.
Ele balança a cabeça negativamente com a resposta da
Vicky e sorrio.
— E você, não respondeu se vem, Cherry. Você é a única
que controla a língua dessas duas! — só falta se ajoelhar
implorando para ela vir e livrar o rabo dele de passar vexame. Poxa,
foram só umas dez perguntinhas da outra vez e eles responderam
porque queriam, não obrigamos.
— Sinto muito, mas terá que se virar com elas. Provas finais,
preciso estudar e amanhã passarei o dia jogada nos livros depois da
universidade. Boa sorte com elas! — Ela sorri.
— Estou fodido! — Se levanta e rio do desespero do gigante.
— Relaxa, vamos nos comportar, desde que eles se
comportem. Não é porque torço para o time, que defendo as
babaquices deles. O primeiro que der em cima de mim de novo, eu
afogo nessa piscina, Oliver! — aviso.
— Nossa, as cantadas deles então... péssimas. Oliver, como
tem garotas que ainda caem na de vocês?
— Temos nosso charme, Vicky. — Ele sorri todo cafajeste.
— Nojento! — Vicky fala e ele a empurra na piscina. — Seu
idiota! Oliver, você... inferno! Não posso nem xingar, pois seus pais
pensam que sou santa!
— Ninguém pensa, Vicky... — falo e ela me olha nervosa e
dou de ombros.
— Se comportem, crianças! — Oliver se afasta e noto o olhar
de Cherry, antes de desviar rapidamente e nos olhar.
Minha bebezinha... Se a Vicky sonhar com isso, afasta os
dois, e com razão. Oliver é um bom irmão, amigo, filho, atleta, mas
não presta. E eu no lugar da Vicky, sabendo tudo que a prima
passou e passa, a protegeria também, pois já faço do modo que
posso; se estivesse na posição da Vicky, seria mais protetora ainda.
Mas o pior, que realmente sei que ele tem carinho por ela, e cuida
bem dela, mas jamais seria quem ela precisaria, porque nunca se
prende a uma mulher só.
— Vamos dar um mergulho? — indago a Cherry, que nega.
— Por que não? — questiono já imaginando o motivo. — Vem de
short mesmo, se isso te faz se sentir mais confortável.
— Cherry, você tem um corpo lindo, não precisa ficar
escondendo, prima. Além disso, está com a parte de cima do
biquíni, qual a diferença de tirar o short? Estamos só nós aqui, e
mesmo que fosse o contrário, não tem que se envergonhar.
Seu rosto esquenta. Cherry é muito tímida, tem problemas de
autoconfiança e autoestima, e, segundo a Vicky, isso só piorou
depois que ela perdeu os pais. Ela se fechou em muitas coisas. Não
tem amigos além de nós duas e o Oliver. Não vai para as festas da
universidade, e nem mesmo nos diz o porquê. Ela tem seu
mundinho particular. Faz terapia, e, às vezes, parece que fica
melhor, mas são altos e baixos.
Coloco meu short e Vicky sorri com carinho para mim.
— Ficarei de short também. Vamos entrar na água? —
indago estendendo a mão para a pequena, literalmente, a menor de
nós duas.
Ela sorri sem jeito e segura minha mão, e então corremos
para a piscina e pulamos juntas. Sempre assim, uma cuidando da
outra nesse trio.
— Amo tanto essas duas loiras perfeitas! — Vicky nos agarra
e começamos a rir. — Agora me falem, quais os planos para hoje à
noite depois do jantar?
— Dormir? — Cherry indaga e começamos a rir.
— O que eu faço com você, Mascotezinha?! — Aperta a
bochecha da prima. — Vai fazer vinte e um anos, precisa se animar
mais.
— Tenho vinte e cinco e me sinto uma idosa, não posso julgá-
la — digo com sinceridade.
— Viu! A única animada demais é você, Vicky! — Cherry diz
e sua prima ri.
— Sou uma jovem indefesa, buscando divertimento nesse
mundo corrompido! — Muda a voz deixando mansinha, doce.
Reviro os olhos e Cherry ri. Não tem jeito, esse trio vai de mal
a pior. Uma é santa demais, a outra uma perdida, e eu toda errada e
bagunçada mentalmente... Tem como isso dar certo? Não, mas o
destino quis assim, e amamos essa escolha dele.
Mergulhamos juntas.
Paro o carro diante da mansão branca, na Forest Avenue,
próximo a Stanford. A casa está silenciosa, o que diz muito sobre o
tipo de comemoração que meu amigo faz. Oliver sempre respeitou o
lar onde divide com os pais e a irmã, suas farras fora de casa nunca
serão como as que ele tem aqui.
Estar voltando ao lar dos Reed me traz muitas lembranças do
passado. Desde que vieram morar na Califórnia há anos, meu
contato tornou-se limitado ao Oliver. Primeiro, pela correria com o
basquete; segundo, que todas as vezes que venho para cá, é a
trabalho, e meu tempo é limitado a isso.
Tenho um grande carinho pelo senhor e senhora Reed,
sempre foram como pais para mim, diferente da filha deles, Kristal,
que, desde criança, sempre foi insuportável. A garota era uma
peste, adorava me irritar quando éramos vizinhos em Nova York.
Seus pais diziam que era por ciúme em ver o irmão comigo, não
duvido, ela sempre pareceu gostar de ser o centro das atenções.
Nunca me dei bem com ela, e aparentemente, anos depois,
isso não mudou. Tive o desprazer em lidar com ela na rápida visita a
cidade que fiz esse ano, e foi como eu previa, bastou estarmos
perto para nada ter mudado, e automaticamente me vi sendo
transportado ao passado, onde isso era corriqueiro e Oliver
precisava intervir na maioria das vezes. Sou apenas três anos mais
velho que ela, e, ainda assim, parece que tenho muito mais idade, já
que minha mente parece mais madura do que a dela.
Estar aqui essa noite não foi algo que eu queria. Mas Oliver
se reuniu com os colegas de time dele e me chamou, não tive saída.
Pela primeira vez, eu estava na cidade com um dia livre. Gosto de
sair, beber, mas estar junto com os Tigers é um limite sendo
ultrapassado. O único ali que realmente suporto é meu melhor
amigo, e, porra, eu sempre odiei esse time, não seria diferente
agora. Oliver os salva; se ele sair, essa porra cai, afinal, ele é muito
bom no que faz, prova disso, é que sempre que ambos estamos na
quadra, o jogo se torna um vulcão prestes a entrar em erupção, e
ainda assim nos divertimos juntos. Sempre que estamos juntos em
quadra, todos vão à loucura, porque sabem que começamos isso
juntos, como irmãos, e que independente da distância, e o que
aconteceu nesse período, nunca deixamos de sermos importantes
um para o outro.
Desligo o carro alugado, e saio dele respirando fundo. Ajeito
a blusa de moletom preta, e sigo em direção à entrada da casa. O
gramado bem aparado, as flores muito bem cuidadas, e a entrada
extremamente limpa. A Senhora Reed, sempre sendo impecável
nos cuidados com a casa.
Aperto a campainha, e levo as mãos ao bolso do moletom.
Alguns minutos se passam, até que a porta é aberta, não por Oliver,
nem por Kristal, mas por uma jovem muito baixa, loira e de olhos
esverdeados. Parte de seus cabelos estão presos em um laço
vermelho. Veste uma camiseta branca e um short jeans. Suas
bochechas coram instantemente... Acho que já a vi em algum
lugar... Claro, uma das amigas de Kristal, a vi no dia que tive o
desprazer de lidar com a pequena demônio da família Reed.
— Oi... P-pode entrar. Oliver e o time estão nos fundos — fala
timidamente e assinto.
— Obrigado... Você é?
— Ah, sou a Cherry. Com licença, já estava de saída.
— Obrigado, Cherry — agradeço e a garota assente,
passando por mim como um pequeno furacão.
Balanço a cabeça e fecho a porta. O som está um pouco alto,
e os risos e conversas são ouvidos daqui.
Caminho em direção ao som, olhando os detalhes da casa.
Sempre elegante, tudo muito claro, meus pais e os de Oliver
possuem gostos semelhantes, casas enormes, rústicas demais ou
modernas ao extremo, tudo claro, e clean. Nesse caso, a mansão é
rústica, mas tendo a delicadeza da senhora Reed em cada detalhe.
Passo pelas portas duplas de vidro, e noto que não está todo
o time. Tem umas cinco pessoas contando com o Oliver. Estão
absortos, perdidos em suas risadas e conversas, enquanto bebem,
escutam música, comem e agem como os santos que todos sabem
que não são.
Passos atrás de mim me fazem olhar e me arrepender. Kristal
está aqui, olhando-me surpresa, assim como a morena um pouco
mais alta que ela, ao seu lado. A morena é a outra amiga que vi da
outra vez, e me olha com um sorriso debochado, antes de levar à
boca o copo vermelho de plástico.
— Tyron Sparks — Kristal fala e ergo a sobrancelha. — Oliver
não disse que viria.
— Ele precisava? — pergunto e sua amiga parece controlar o
riso.
— Claro que não. Não controlo as festas e os amigos dele.
Ele traz quem quiser. Me admira você ter vindo, afinal, tem o que...
dez anos que nunca mais se juntou a nossa família? Nunca
participou de nada aqui — rebate tentando me ler, descobrir coisas,
porque sempre foi uma intrometida metida a jornalista, o que parece
que se tornou.
Não preciso responder, seu irmão surge me puxando para um
abraço e escuto o bufar dela, passando com a amiga por nós que
diz perfeitamente sem se preocupar: “que ele é gostoso não pode
negar, Kris”.
Reviro os olhos e me afasto do meu amigo.
— Porra, deveria ter avisado que já estava vindo. Nem
escutei a campainha. — Oliver sorri.
— Cherry abriu para mim, antes de parecer fugir.
Ele ri e balança a cabeça.
— Ela é assim mesmo. Amiga da minha irmã. Vamos, os
caras vão gostar de saber que está aqui.
— Sério? Eles me odeiam, Oliver! Porra, por que me obrigou
a vir? — Acerto sua cabeça e ele ri mais ainda.
— Não coloquei uma arma na sua cabeça. E o único que
odeia alguém é você a eles, porque se tornou um velho rabugento
pra caralho.
Ele me empurra para fora, como um imbecil que sabe ser
quando deseja me tirar do sério. Oliver e eu conhecemos
exatamente um ao outro e isso sempre nos deu oportunidades
perfeitas para grandes provocações.
Seus colegas me olham e tento me lembrar de que preciso
controlar meu humor pelo meu amigo, ou estarei fodido. E é com
isso que coloco a porra da minha paciência para funcionar, ou ao
menos tentar, antes de aguentar horas de piadas idiotas,
provocações, e tudo piorar quando o álcool começar a ficar mais
forte dentro deles.
Amanhã tem jogo dos Tigers e domingo dos Red Fire, meu
trabalho começa em cem por cento amanhã, e já estou ficando
louca um dia antes. Olha, da próxima vez que surgir uma
oportunidade assim, eu me amarro na cama para não ter que lidar
com isso tão cedo.
Como minha comida no hotel mesmo, enquanto leio diversos
jornais, estudando bastante como posso trabalhar nisso tudo.
O loiro que se aproxima, e se senta puxando a cadeira, me
faz encará-lo querendo furar seus olhos.
— Lembrou que sua irmã poderia estar em perigo, imbecil?
— questiono e ele ri. Oliver é um traíra.
— Está corrido, Kris. Mas vi que está ótima e de péssimo
humor. O que houve?
Largo o celular e afasto o prato, suspirando, preocupada
novamente.
— Minha chefe me avisou hoje que toda semana preciso
liberar uma matéria. Eu achei que seria apenas uma única matéria
sobre tudo, e não é, Oliver! Eu preciso ter criatividade extrema para
não tornar tudo cansativo ao público. Além disso, o pouco que vi,
não tem nada de interessante acontecendo, ou são coisas que
fogem dos limites declarados a mim. — Faço uma careta. — Isso vai
ser péssimo. Eu nunca deveria ter participado disso!
Ele segura minha mão sobre a mesa e acaricia.
— Para com isso. Você é incrível. Vai fazer o melhor, como
sempre fez. Só está nervosa, são os primeiros dias. Respira fundo,
vai dar tudo certo — diz com carinho e sorrio. Larga minha mão e
rouba a batatinha do meu prato. — E se quer conteúdo, cole nos
jogadores, se infiltre nos bastidores. Use muito bem a área livre que
te deram.
— E isso significa... — tenho até medo de terminar essa
frase.
— Que se quer estar por dentro de tudo, e ter inspiração, vai
ter que andar com quem todos respeitam, e que tem livre acesso a
tudo no time, e informações que de outros não teria intimidade
suficiente ou passaria confiança para que se abrissem com você.
Faço uma cara de choro e desespero.
— Oliver... Tudo menos isso...
Ele sorri e assente.
— Quer uma matéria foda? Então cole no capitão dos Red
Fire. Seja o carrapato irritante que sempre foi ao Tyron Sparks. —
Ele se levanta e pisca para mim. — Seu irmão aqui sabe o que diz.
Seja esperta, linda. — Me sopra um beijo e se afasta.
Eu odeio quando ele tem razão!
Levo uma batata frita à boca e ela desce rasgando tudo, de
tão fechada que minha garganta parece se tornar.
Isso nunca vai dar certo. Tyron e eu colados significa o
mundo prestes a explodir, é como um meteoro imenso prestes a se
chocar com a Terra e acabar com tudo.
Segundos para eu querer matá-lo.
Segundos para ele querer me matar.
Segundos para tudo isso pegar fogo.
Segundos para um dos dois pedir para sair.
Claro que eu viria assistir ao jogo dos Tigers contra os Brave,
gosto de observar o pouco que eles apresentam nesse primeiro
jogo. Não revelam muito, seria burrice, mas o que eu puder pegar
como dica, farei.
Os outros titulares preferiram não vir, optaram por descansar
bem para o nosso jogo de amanhã. Os Brave são um time novo
perto dos outros, surgiram no Texas, e tem tido grande destaque
nos últimos três anos. Já os Tigers assim como os Red Fire, são
mais antigos na Golden, um dos primeiros times a surgir nela.
Entro no elevador para ir direto ao estacionamento onde um
carro me espera para levar ao jogo, mas seguro a porta quando
gritam para esperar. Fecho os olhos por um instante, reconhecendo
perfeitamente a voz.
A loira ofegante força um sorriso e passa para dentro do
elevador. Está toda arrumada. Solto a porta do elevador e aperto o
botão, enquanto as portas se fecham, noto que Kristal não aperta
nenhum botão, e seria coincidência demais estar indo para o
estacionamento também.
Ela fica em silêncio e, quando Kristal Reed está calada, é
porque tem merda vindo. Assim que as portas se abrem, saio
enquanto escuto os passinhos atrás de mim, ecoando pelo
estacionamento.
— Está me seguindo, garota? — indago parando de uma vez
e sinto seu corpo se chocar às minhas costas.
— Porra... Avisa quando for parar! E claro que não estou te
seguindo... Eu só... — Me viro para ela, que esfrega a testa. — Ok...
Talvez eu esteja... Vai ao jogo, né? Encontrei com o Zion e ele disse
que você iria.
Respiro fundo e encaro seu rosto, as bochechas rosadas, a
pouca maquiagem, os lábios cheios, desenhados como os de uma
boneca e rosados pelo gloss, e o olhos verdes piscando curiosos.
Kristal nunca foi feia, mas a vida foi ainda mais gentil com ela,
realçando ainda mais sua beleza, seus traços delicados.
Pigarreio jogando esses pensamentos idiotas para longe.
— Vou. E não, você não vai ficar me seguindo, Reed! —
aviso e ela sorri e eu odeio quando ela me dá esses sorrisos
irônicos.
— Tudo bem, Sparks! — Pisca e se afasta animadinha
demais.
Ela está aceitando isso na boa? Porra, eu devo estar ficando
louco, só pode!
A loira sai cantarolando, me dando uma bela visão do quanto
sua bunda é empinada, ainda mais nessa calça preta e bem justa. A
cintura muito fina, marcada pela blusa de mangas longa e vermelha.
Ela segue lentamente pela saída do estacionamento e algo me diz
que estou fodido, porque ela vai aprontar.
Oliver vai ter que me perdoar, mas eu vou esganar a irmã
dele ainda.
Depois de anos, ter que voltar a conviver com ela é castigo
de alguma forma. Kristal era uma criança irritante e uma
adolescente insuportável. O que ela pudesse fazer para me irritar,
fazia. Os únicos momentos de paz eram quando ela dormia, ou
sentia medo das tempestades, pois colocava suas travessuras de
lado e ficava quieta.
Franzo o cenho.
Será que ela ainda possui o pavor das tempestades? Me
lembro de como ficava, era um pouco preocupante. Lembro-me dos
Reed levarem ela para tratar disso, e passava, até voltar
novamente. Seus pais diziam que tudo começou quando, aos dois
anos, ela ficou presa dentro da academia na casa que eles estavam
de férias no Texas, era toda de vidro, e teve uma forte tempestade
naquele dia, demoraram a encontrar e, quando fizeram, ela estava
em choque.
Quando seu medo vinha e seus pais não estavam por perto,
era o único momento que realmente nos dávamos bem, porque eu
parava tudo para cuidar dela se estivesse por perto, principalmente
quando Oliver deveria ficar de babá por algumas horas, e ele fugia
para jogar com os colegas nas quadras perto de onde morávamos,
e eu era a babá que ele pedia ajuda; por falar nisso, ele me deve
muita grana, pois sempre dizia que iria me pagar e nunca pagou. Se
eu for colocar os juros, Oliver está fodido.
Nem seus pais e nem os meus sabem disso, éramos
vizinhos. Quando os Reed tinham algum compromisso de última
hora, os irmãos odiavam babás, e meus pais sempre iam lá ver
como estavam as coisas, uma família ajudava a outra, Oliver, por
ser o mais velho e já prestes a entrar na adolescência, quem
imaginária que o idiota fugiria e a deixaria sob meus cuidados?
Ninguém acreditaria, porque na certa nos mataríamos. Só que o
mais surpreendente é que não acontecia, ficávamos quietos, ou ela
sempre dormia, e quando as tempestades surgiam nesse período,
eu cuidava dela, e talvez ela nem se lembre disso.
— Porra, por que estou me lembrando disso agora? —
Balanço a cabeça e sigo para onde o carro me aguarda.
Tyron: Eu não vou ficar de fofoca sobre conversas. Caralho, Kristal, seja
específica no que quer!
Começo a rir.
— O que houve? — Cherry pergunta.
— Um ajudante do meu trabalho, aparentemente é bem
impaciente.
Me olham confusas.
Kristal: Seria um péssimo jornalista. Só preciso que me fala como foi tudo,
me inspire, Tyron. Ou só serve para jogar e pegar geral?
Philip: Já notou que não sabe mentir? Não está bem não. Vai, abre a boca!
Kristal: Você é irritante, já te falaram isso, pirralho? Mas tem razão. Não
estou, mas vou ficar. É apenas a ansiedade me fazendo pensar demais.
Philip: Tyron está perguntando com quem tanto falo. Ele acha que a K é
algum amigo, ou namorada... Devo confirmar que é minha futura noiva? Sabe que
vamos nos casar, né?
Kristal: Deixe-o ficar curioso. Seu irmão é uma anta. Mesmo sem nos falar,
consegue me irritar. Ele não tem nada melhor do que cuidar da vida alheia? E
pare de ser nojento, pirralho! Tenho você como irmão!
Philip: Esqueci que o amor da sua vida é o Tyron. Confesse, essa briga
que sempre tiveram é porque se amam, né? Quando foi embora, eu era criança,
mas me lembro de algumas coisas. O jeito que ele te olhava... HAHAHAHA.
Philip: Porque me ama! E sei que tirei um sorriso seu. Nada de ficar triste.
Já basta as provas essa semana... Odeio provas! Não quer vir fazer para mim?
Tyron: Kristal, cadê você? Pode ao menos dar um sinal de vida? Estou
preocupado, garota!
Não contei tudo aos meus pais, expliquei por cima a história,
e pedi para não confiarem em nada da internet que, quando eu
voltar, explico tudo. Eles vão para L.A. assistir aos jogos, assim
como os pais do Tyron, mas será amanhã. Eu escolher ir com o time
é bom, me tira do meu lugar de conforto, onde eu fugiria para os
braços das minhas amigas e família, e agora estou enfrentando tudo
de outro modo: escolhendo o que quero fazer, pensando em mim,
somente no meu desejo.
— Vai ter que vestir nossa camiseta nesse jogo, Kris! — Alf
grita quando me sento no último banco, junto do Tyron.
Ele está no banco à frente do nosso junto do Killian. Os
demais estão espalhados, todos estão juntos, até os reservas.
— Nem morta! — falo rindo e os idiotas começam a me vaiar.
— Não troco o Tigre pelo Fogo! — Me debruço sobre o banco dos
dois à minha frente e o ônibus segue rumo a L.A.
Eles me olham.
— Ué, mas já não está trocando, quando se tornou a senhora
Sparks?! — Tanner grita à frente.
Idiota!
— Eu não me tornei nada! Olha, eu nem sei por que estamos
falando disso! — Fico toda desconcertada, e eles riem mais.
Tyron ri atrás de mim, claro que faria. Ama ver eu me
lascando.
— O que foi, Reed, qual o problema em admitir que ama um
Fogo? — Zion diz e juro que eu vou matar esses idiotas.
— Vou fingir que não notei seu tom. Quantos anos vocês
têm?!
Eles riem mais, e acabo rindo. Tyron me puxa para o banco.
— Sossega! — Se ajeita no banco. — Quanto mais falar,
mais eles vão arrumar motivos para te provocar — cochicha em
meu ouvido.
— Eu sei... Foram treinados no mesmo lugar que você! —
Reviro os olhos rindo. — Eu deveria ter exposto o podre de cada
um! — grito.
Alf se pendura no banco, se virando para nós dois.
— Nunca faria. Eu confio em você. É gente boa demais. E
não temos podres. Somos um grande exemplo de atletas.
— Fale por você! Eu não sou exemplo para ninguém! — um
dos meninos do reserva berra e começo a rir.
— Até que enfim alguém sincero aqui! — retruco.
— Qual é? Vai deixar sua garota ficar nos difamando assim,
Tyron? Sou muito sentido! — Alf pirraça.
Finjo não notar o “sua garota”.
— Eu vou acabar descendo e indo de avião para não aturar
nenhum de vocês! — Me olha de lado. — Isso inclui você!
Olho para o Alf e começamos a rir. O jogador se senta em
seu banco, e não sei, mas o fato do motorista apagar as luzes, me
faz lembrar dos passeios escolares onde faziam isso para calarmos
a boca. Pobre homem, deve achar que está levando o ensino
fundamental.
Uma mensagem em meu celular de um número
desconhecido me faz franzir o cenho.
Tyron: Não consegue ficar sem tentar procurar defeitos em mim? Princesa,
entenda, sou perfeito. Não vai encontrar!
Reviro os olhos e envio emojis mostrando o dedo do meio a
ele.
Tyron: Que romântico. Vai usar uma camiseta com meu número hoje?
Vá à merda! PORRA!
Vejo o time dar uma surra nos Tigers, faltando pouco para o
final. Que isso? Passei a ser pé frio para eles?
— PORRA! LEVANTA, OLIVER! OU EU MESMA TE
COLOCO DE PÉ! — grito irritada.
— Amiga... Cal...
— O CARA ESTÁ SOCANDO O MEU IRMÃO E NINGUÉM
VAI FAZER NADA?! — berro.
Minha mãe puxa meu cabelo e pede para eu calar a boca.
Tyron aperta minha perna e Vicky esconde o rosto com os cabelos.
— EU NÃO VOU CALAR! VAI, TIGERS! — Meu coração nem
existe mais.
— Kristal, se controle! — Tyron pede em meu ouvido e nem
sua voz me controla. — Eu vou te tirar daqui!
— Se juntar ela e o seu treinador, não sei quem é pior! Que
vergonha que a Kristal me faz passar! — Vicky fala e faço uma
careta a ela.
— Toma, Kris. — Paige me entrega uma água. — Vai te fazer
bem.
— Eu vou fingir que nem é minha filha! — meu pai fala
nervoso. — FILHO DA PUTA! — ele grita quando o time adversário
marca três pontos.
E depois não sabem quem eu puxei para o esporte.
— Eles já eram, não é? — pergunto desanimada ao Tyron. —
Faltam dez minutos para acabar o jogo. Eles teriam que marcar uns
sete pontos para vencer! — Encosto a cabeça em seu braço, e ele
passa o braço ao meu redor.
— Um jogo pode mudar em segundos, quem dirá em
minutos. Pare de olhar o marcador e foque no time. Eles estão
sofrendo, mas nós também sofremos e vencemos. Até o minuto
final, ainda existe chances.
Quando me tornei a pessoa sem paciência e fé?
— AAAAAH! Cesta, olha!
— Do time rival, Vicky... Do time rival! — meu pai avisa e dá
tapinhas em seus ombros.
— Ah, sim. Mas foi uma cesta!
— Precisam de oito pontos à frente agora. Minha fé está indo
embora! — digo.
Tyron ri baixinho.
— Se eles perderem, não estarão fora ainda, princesa.
— Mas vão ter mais dificuldades em pontuações nas
eliminatórias!
— Às vezes, me esqueço de que você trabalha com esporte,
e entende bem de basquete. Ok... Pode focar só no jogo e parar de
pensar que tudo acabou? — me pede e assinto.
Já quero me embriagar para eliminar a derrota. Quando virei
a Vicky?
Escondo o rosto, não quero nem assistir os minutos finais.
Não tenho coração para mais emoções. Chega.
Oliver: Cuide do seu jogo, e resolva sua situação com a Kristal, que está
irritante como você. Deixe que eu cuido de mim. Amo você, irmão!
Kristal: Boa noite! Eu também sinto sua falta. Está na Califórnia, e, ainda
assim, não conseguimos nos ver. Castigo pelos anos de xingos, os anos
afastados e o início turbulento do nosso reencontro? Andou xingando o universo,
não foi, idiota?
Mãe: Seu pai e eu estamos torcendo por você. Queríamos estar presentes.
Sentimos muito. Mas hoje, filho, só pedimos que faça o seu jogo. Não nos importa
o resultado, desde que você esteja bem. Te amamos.
Com amor,
Deby.
A verdade é que nem eu sei quem sou, e passo todos os dias tentando me
descobrir. O que posso lhe contar é que comecei a escrever com dezesseis anos,
e hoje tenho vinte e quatro, e posso te assegurar que escrever não me torna
inteligente demais, apenas maluca o suficiente para colocar para fora vozes da
minha cabeça, que alguns chamariam de esquizofrenia, eu diria que tenho medo
de dizer a uma psicóloga que essas vozes realmente existem, e elas me contam
histórias, criam rostos, sons e nos trazem aqui, a esses livros.
Nascida em Guarulhos, casada desde os dezoito anos e vivendo meu
Friends to Lovers e, às vezes, um Enemies to lovers, dona do cachorrinho mais
travesso desse mundo, Cookie — sério, ele me deixa louca. Apaixonada por
romances e não sendo nada romântica, movida a música mesmo cantando muito
mal, da casa de Sonserina com um bizarro gosto para personagens de
personalidade duvidosa — Hello, Mr. Darcy! —, e sempre encantada por vampiros
que brilham, e histórias com vestidos bufantes e carruagens, além de muitas
outras coisas.
Eu sou uma mistura muita louca dentro de mim mesma, mas posso te
assegurar que nem vale a pena tentar entender, pois, como diria Alice no País da
Maravilhas:
“Quem é você?” — perguntou a Lagarta.
“Eu... mal sei, Sir, neste exato momento... pelo menos sei quem eu era
quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças
desde então”. — respondeu Alice.
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RECANTO DAS ALEGRIAS:
IMPROVÁVEL AMOR
RENDIDOS AO AMOR
PAR PERFEITO: CONECTADOS DESDE SEMPRE
FAST LOVE
SLOW DOWN
UM AMOR INESPERADO
LIVROS ÚNICOS:
[1]
Gossip Girl é uma série de livros para jovens adultos escrita por Cecily von
Ziegesar. O livro original tornou-se a inspiração para a série de televisão de
drama adolescente Gossip Girl, criada por Josh Schwartz e Stephanie Savage,
que estreou na rede de televisão The CW Television Network em 19 de setembro
de 2007. (Wikipédia)
[2]
Stars on the Racetrack é uma corrida automobilística criada pela autora Deby
Incour, inspirada na Fórmula 1 e está presente em seus livros “Fast Love”, “Slow
Down” e “Um amor inesperado”, todos na Amazon em formato eBook.