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Copyright©2021 Lady Dark n Evil

Titulo original: Vendida | Triologia Homens Implacáveis


Capa: Lady Dark n Evil
Revisão: Guiomar Lopes
Diagramação: Lady Dark n Evil

1ª Edição
Edição Digital | EUA
Sasha Solotov é uma jovem linda e delicada, viveu toda a sua
vida presa entre os muros da mafia russa, ate que um dia num
trágico acidente perdeu o pai e também a visão. Graças a esse
acidente que a deixou cega ela vive muitos preconceitos e
humilhações dentro da própria família. Ate que um dia seu irmão, seu
próprio sangue, a informa que se casará com um homem
desconhecido devido as dividas que ele acumulou, seu próprio irmão
a entregou como uma mera moeda de troca. E quando ela ouvi a voz
daquele homem sombrio soube que sua vida mudaria por completo.
Christopher Parker sombrio e silencioso é um homem que
carrega muitas feridas, sua nica forma de se livrar dos fantasmas do
passado é causando dor aos outros, dominando e subjugando suas
submissas ele encontrou a forma mais prazerosa de satisfazer seus
desejos sádicos. Ate que um dia seus olhos comtemplam um lindo
anjo tocando piano, ele não pensou duas vezes e decretou que ela
seria dele de todas as formas possíveis. O que ele não sabia e que
ela seria bem mais do que um de seus jogos sádicos.
E assim duas almas entravam em batalha de sentimentos
intensos e sombrios.
Atenção: obra independente, não precisa ler os outros para
entender a história. Mas para melhor entender a série completa
recomendo a leitura.
Querido leitor, esse e um romance sombrio (dark), onde serão
trazidos temas e assuntos polémicos que fazem parte do género
literário em alusão, onde podemos citar nomeadamente: violência
verbal, psicológica, física e psicológica, cenas de sexo explícito e de
dominação e submissão, sexo com consentimento duvidoso,
exaltação do nazismo, assassinato entre outros.
Se for sensível a aos assuntos acima citados ou não aprecia este
tipo de género por favor não prossiga com a leitura. Essa e uma
história fictícia, todas as ações, comportamentos e criação de
personagens são mera criatividade da autora.
Apesar de ler e escrever o género dark não significa que
compactuo com o comportamento violento ou psicológico de alguns
personagens específicos.
ATENCAO: leia e avalie mas não desrespeite o autor. Seja
respeitosa durante a sua colocação de opinião sobre o livro.
Obrigada.

Com carinho
Lady Dark n Evil
A você leitor, por aceitar a embarcar em mais uma aventura
literária com essa autora amadora.
Mesmo sem poder enxergar nada é possível sentir a quantidade
de emoção e sentimentos que passam por ele nesse momento, meu
corpo está suado e minhas coxas friccionam uma na outra em busca
de um alívio que não chega. Desde que cometi aquela loucura eu
sabia que ele me puniria, é sempre assim quando faço algo errado,
ele me mostra que é capaz de me machucar sem nem sequer me
tocar. Daqui é possível ouvir seus passos em contato com o piso de
madeira, entrar no quarto de jogos é quase que como um ritual para
ele, aqui ele é meu senhor.
Estou completamente nua, meus braços estão pendurados e
algemas de couro prendem meus pulsos deixando meu corpo
suspenso, estou completamente exposta para ele, exatamente do
jeito que ele gosta, meu corpo vibra ao ouvir o estalar do chicote no
ar e a seguir na minha bunda, me sinto uma vagabunda blasfema por
ansiar tanto que esse chicote atinja de forma erótica uma parte
específica do meu corpo.
Sinto sua respiração bem atrás da minha orelha, enquanto seus
dedos passeiam pelas laterais do meu corpo e também nos meus
seios que já se encontram enrijecidos, a cada centímetro que seus
dedos descem em direção a minha virilha mais gemidos saem da
minha boca, penso em implorar mas ele odeia que eu o faça quando
está me castigando aqui ele manda e só me dará. Após tanta
espectativa finalmente posso sentir seus dedos gelados na minha
intimidade, passeando por ela, gemo enlouquecidamente até que
seus dedos me abandonam e ele diz que estou fazendo muito
barulho e por isso vai me castigar. Antes que eu pudesse dizer
alguma coisa senti meu seio esquerdo entrar em contato com o
couro do chicote.
― Está pronta para mim anjo? ― Sua voz rouca sussurra no meu
ouvido, emitindo uma energia eletrizante que imediatamente arrepia
todo meu corpo.
― Oh... Sim senhor.
― Qual a palavra de segurança?
― VENDIDA.

Cinco anos antes


São Petersburgo, Rússia

Nem acredito que depois de tanto tempo e de tantos ensaios eu


finalmente vou poder tocar num musical, ele será realizado no
Palácio do Inverno, num evento que será realizado em homenagem
ao antigo governador da cidade. E o melhor de tudo papai estará
presente, ele me prometeu que estará presente pelo menos desta
vez que vou me apresentar num lugar tão importante e em frente das
pessoas mais bem conceituadas de São Petersburgo, a
apresentação será realizado amanhã a noite, e estou ensaiando
como uma louca, seguro na mochila e caminho em direção a saída
do conservatório de São Petersburgo, minha escola de música.
Desde pequena sempre gostei de música, gosto de todos os
estilos desde os mais agitados até às melodias mais calmas, mas
papai me deixou apenas estudar piano, no princípio eu relutei mas
com o passar do tempo eu percebi que é isso que eu quero para
minha vida, a música me acalma, me faz viajar nos diferentes
universos através das notas, um dia se Deus quiser vou poder
compor minhas próprias músicas e me tornar uma grande pianista.
Sempre que vou embora da escola eu fico triste porque aqui eu
sou feliz de verdade, lá em casa o clima é outro, papai e Dimitri estão
sempre trabalhando e nunca tem tempo para mim, Natasha minha
madrasta e sua filha Avani não se fala, estão sempre viajando ou
fazendo compras e nunca me incluem nesses programas que elas
fazem, elas sempre dizem que sou nova demais para sair com elas,
eu sei que isso é só porque elas não gostam de mim, porque Avani
tem dezassete anos e eu farei quinze amanhã, lembrar isso me faz
sorrir porque sempre nos meus aniversários Dimitri me enche de
presentes.
Antes de chegar a saída do conservatório meu segurança me
ajuda a colocar o casaco, o que indica que a temperatura lá fora
mudou, o que era de se esperar da cidade mais fria da Rússia, as
vezes me pergunto quando irei visitar uma cidade ou pais de clima
tropical, pra saber como é ir a praia e realmente aproveitar a água do
mar.
Já do lado de fora do edifício o motorista abre a porta do carro
quando ia entrar uma voz conhecida chama minha atenção.
― Sasha ― Yeva praticamente grita no meio da rua, assim que me
alcança ela segura na cintura e começa a respirar de forma ofegante
e os indícios do inverno rigoroso saem por sua boca em forma de
nevoa ― você vai mesmo embora sem antes me falar como e onde
vamos comemorar seu aniversário?

― Ahh Yeva, você sabe que não tenho quase ninguém para
chamar a essa festa de aniversário, não tenho amigas para além de
você e também amanhã tem o concerto. ― Ela finge uma cara de
ofendida. Eu conheço ela desde criança, nossos pais são amigos e
frequentam os mesmos meios, como por exemplo a máfia, papai
tenta esconder mas eu sei o motivo de vivermos rodeados de
seguranças. Assim como eu Yeva aprecia uma boa música, aqui no
conservatório ela estuda e pratica violino, e de forma clandestina ela
toca guitarra sem que os pais saibam.
― Nada disso, amanhã nós vamos festejar. Não se preocupe eu
peço para o meu pai falar com o seu. Já que eu odeio a bruxa das
montanhas da sua madrasta. ― Gargalhamos. É sempre assim com
Yeva, ela odeia a Natasha por ser tão chata e nariz em pé.
Minha amiga e eu nos despedimos, ela foi até o carro onde a mãe
a esperava com um sorriso e eu entrei no carro onde os seguranças
iam me levar.
Quando os carros dão partida a pontada de inveja que eu não
queria sentir da Yeva por ter sua mãe com ela se apodera do meu
coração. Eu não sei o que aconteceu com minha mãe, na verdade
ninguém sabe, na mesma noite em que nasci, ela me deixou sozinha
no quarto do hospital e nunca mais foi vista. Papai a procurou por
anos, ele também sofreu bastante até que ele se casou de novo e
esse assunto foi esquecido. O nome dela é um assunto proibido na
nossa casa, meu pai é um homem bom, apesar disso ele raramente
me encara e eu sei que isso acontece por causa dos meus olhos que
são igualzinhos aos da minha mãe, nunca vou poder entender os
motivos que a levaram a nos abandonar, talvez se ela estivesse aqui
Dmitri teria se tornado uma pessoa melhor do que é hoje em dia.
Limpo a lágrima solitária encarando as ruas da cidade ficando para
trás, nós moramos fora da cidade, a mansão fica a algures do mar
báltico, do meu quarto é possível ouvir o barulho das ondas em
contato com as rochas isso se as margens não estiverem
congeladas pela neve.
Quando chego em casa o silêncio é minha única companhia como
de costume, vou ao meu quarto, tiro o goro e o casaco pesado. Fico
apenas com o uniforme do colégio, de imaginar que Natasha quase
convenceu meu pai a me trancafiar num colégio interno na Ucrânia,
se não fosse o Dimitri com certeza eu estaria lá nos dias de hoje.
Saio de meus pensamentos com a voz de uma das empregadas me
chamando para almoçar. Me acomodo na imensa mesa fazia.

― A Avani não vai almoçar hoje? ― Pergunto enquanto corto uma


carne. Ela costuma voltar mais tarde do colégio.
― Não senhorita, ela não se encontra em casa. A senhora
Natasha informou que almoçariam fora ― assinto e continuo com
minha refeição, a copeira continua parada no canto da sala a espera
de uma ordem minha que não vai surgir. Essa é outra das loucuras
da Natasha, ela acha que os funcionários da casa ou da onde quer
que seja são escravos que só servem para trabalhar.
Apesar de fazermos parte da tal elite da sociedade russa nunca
gostei de menosprezar quem tem menos do que eu, primeiro porque
não acho certo e segundo porque não gostaria que fizessem o
mesmo comigo. Após terminar minha refeição resolvo dar uma volta
pela casa, sair para o jardim é algo impossível com a neve que cai
incessantemente lá fora. O melhor a fazer nesse momento é para
biblioteca, me distrair com os livros.

****

― Acorda preguiçosa ― escuto a voz de Dimitri bem perto do meu


ouvido e sua mão sacudindo minhas costas. Estou com tanto sono
que não dou atenção nenhuma a ele, ontem virei a noite lendo e
agora estou vivendo as consequências dos meus atos.

― Me deixa Dimitri, eu não quero.

― Sério mesmo que não quer seu presente de aniversário? —


uma felicidade muito grande se apodera de mim me fazendo pular da
cama. Meu irmão gargalha enquanto me segura nos seus braços. ―
Feliz aniversário baixinha. ― Ele começa a cantar feliz aniversário
para mim enquanto me leva para fora do quarto, descemos as
escadas enquanto ele continuo cantando pessimamente com sua
voz horrível.
Quando chegamos ao corredor que leva a biblioteca ele caminha
na direção contrária, até a porta de uma sala de visitas. Ele me põe
no chão e diz: ― seja bem-vinda ao seu paraíso baixinha.

Meus olhos se arregalam com a beleza do ambiente, está tudo do


jeitinho que eu sempre sonhei, desde que comecei a frequentar a
escola de música eu pedia várias vezes ao meu pai que queria um
cantinho meu onde eu pudesse me libertar no piano. A passos
vacilantes eu finalmente avanço para o interior do estúdio, o lugar é
amplo com uma parede totalmente de vidro que dá a linda visão do
jardim coberto de neve, o piso é todo brando tão branco que até
brilha, nas paredes vigoram cores de tons claros como o branco e
rosa bebê. As longas cortinas brancas de cetim leve esvoaçam ao
sopro do vento e no teto um lindo lustre cheio de cristãs reluz.

Tudo é muito lindo, mas nada tira minha atenção e suspiros como
o piano de cauda de cor branca no meio do comodo, nesse momento
é inevitável segurar o choro, sonhei tanto com isso, achei que isso
nunca pudesse acontecer. Com as mãos trémulas toco a madeira
muito bem polida e o ébano brilhante, absolutamente este é o piano
mais lindo que alguma vez vi na minha vida e também o mais caro, o
marfim revestido nos teclados diz tudo. Fico ainda mais pasma
quando vejo a assinatura do dono dessa obra de arte ninguém
menos ninguém mais que Boris Butusov, o último descente dos
maiores designers de piano da história.

― Dimitri isso deve ter custado uma fortuna você já viu a


assinatura? Por acaso você roubou? ― Falo de costas para ele
apreciando a obra de arte, dá até medo de tocar.

― Tudo pela minha princesa. ― O sorriso que estava no meu


rosto se alarga ainda mais depois de ouvir essa voz.

― Pai ― corro até ele e imediatamente estou flutuando com seus


braços me segurando pela cintura ― muito obrigada, eu adorei o
presente. Fico feliz que tenha lembrado.
― Você é a luz dos meus olhos princesa. Desculpa por ser tão
ausente na sua vida. ― Me aninho em seus braços.

Esse é o melhor aniversário na história dos aniversários.


Passamos o dia todo juntos, conversando e fazendo coisas
divertidas que nunca fizemos antes. Quando a noite cai nos
preparamos para sair, o vestido que me deram também é lindo
Dimitri me garantiu que foi ele mesmo quem o escolheu, o colar em
meu pescoço, apesar de simples tem um valor inestimável, também
presente de papai hoje mais cedo e ele me fez prometer que nunca
ia tirá-lo

Com muita emoção eu e meus colegas recebemos os grandes


aplausos de todos os presentes no salão de concertos dentro do
palácio do inverno, posso sentir o chão vibrando pela força que as
palmas estão sendo dadas, de longe vejo meu pai num dos
camarotes parado me aplaudindo com grande sorriso no rosto e um
brilho nos olhos.

― Você foi maravilhosa querida, estou muito orgulhoso de você, te


amo ― sorrio e deito minha cabeça no ombro do meu pai enquanto o
carro sai do trânsito da cidade em direção a nossa casa.

― Muito obrigada papai. Também te amo ― Dmitri não pôde vir e


nem muito menos minha madrasta e a filha. Elas preferiram ficar em
casa. Elas mal lembraram do meu aniversário, não me afetou tanto
afinal de contas as pessoas mais importantes da minha vida
lembraram e é isso que conta. Yeva também me felicitou e disse que
iria me dar meu presente em casa ainda hoje, segundo ela lá me
espera uma grande surpresa.

Quando ia agradecer mais uma vez pelo presente o carro em que


estamos é atingido e a seguir tiros soam para todo o lado, meu pai
me abraça enquanto desconhecidos continuam disparando, tudo
acontece muito rápido, num momento estou dentro do carro e no
outro sou cuspida para longe enquanto o carro capota no meio da
estrada, com a visão turva é possível ver o momento em que o carro
para de rolar, mal consigo me pôr de pé, devo estar muito
machucada pois todo meu corpo arde.

― PAPAI ― grito me arrastando pelo chão ― ele não responde


mas de onde estou vejo o momento em que ele tira sua mão fazendo
sinal para que eu não aproximasse, dos seus lábios foi possível ler o
momento que ele disse que me ama silenciosamente e então o carro
explode, a explosão é tão forte que mais uma vez meu corpo é
jogado longe ― papai ― o chamo com a voz fraca enquanto as
chamas consomem o carro, uma sombra para bem a minha frente
me analisa e depois vai embora ― pai.
Seattle, Washington

A passos largos e precisos percorro o caminho no saguão do


Internacional Financial Bank, por mais que fazer esse percurso
desde a entrada do edifício até o elevador privativo me deixe
inervado e praticamente com o pior humor nas primeiras horas da
manhã, não tenho outra escolha, foi isso que escolhi a quatro anos
quando meu pai morreu, apesar de nunca termos sido o melhor
exemplo de afeto entre pai e filho, sendo filho único, na verdade o
único que restou da família alguém tinha que tomar conta dos
negócios da família, apesar de tudo tenho alguns parentes distantes
que não tenho vontade ou desejo nenhum de encontrar, pessoas são
complicadas por isso faço de tudo para manter distância delas, de
dia tenho que fazer o papel que uma sociedade padronizada como
essa espera, mas a noite, a noite a fera se liberta.

Todos a volta deixam de fazer seus as afazeres para prestar


atenção a minha entrada, o que não era de se esperar depois de eu
ter anunciado que farei algumas mudanças no banco.
Ajeito a gravata de cor preta igual ao termo enquanto o elevador
sobe rumo ao vigésimo nono andar, o apitar da caixa de metal indica
que já estou no andar da presidência, as portas se abrem e a
primeira coisa que vejo quando coloco meus olhos no ambiente é
minha assistente me esperando como sempre com o tablet nas
mãos, apesar de tudo Abigail é muito competente, ela trabalha para
mim desde que assumi o banco.

Como não estou com humor para ouvir a voz de ninguém a


dispenso e caminho até minha sala. Sento na minha cadeira giratória
de couro preto e me viro para contemplar o mau tempo que assola
Seattle nesse momento, está caindo uma chuva torrencial lá fora. O
céu nublado e sombrio expressa exatamente como meu humor está
nesse momento.

Estou administrando esse banco a quatro anos e até agora o


capital do banco cresceu para noventa por cento, não sei o que meu
pai estava fazendo com o dinheiro do banco mas não é nada bom,
sei que ele estava envolvido em coisas ilegais, nunca me dei tempo
para pesquisar. Nunca fomos próximos então isso não me interessa
em nada.

Quem me conhece sabe que minha natureza não me deixa ser


afetuoso e muito menos gentil com as pessoas, situações pelas
quais passei no meu passado não me deixam ter algumas emoções
ou até mesmo sentir alguns sentimentos, e por causa disso as
pessoas tendem a se comunicar comigo de forma cautelosa, é como
se de alguma forma elas soubessem que eu possa reagir de forma
não muito saudosa.

Me viro de volta a minha mesa para começar meu trabalho, sobre


minha mesa estão contratos que precisam ser lidos e assinados,
pedidos de empréstimos milionários e outros assuntos envolvendo a
banca. Uma das vantagens de eu ser quem eu sou é que ninguém
me subestima e nem se atreve a me passar a perna no que eu faço,
e se tem algo eu não gosto, são as dívidas, elas podem ser cobradas
de duas formas: a forma mais convencional possível que é através
do aumento de juros e a adiçam de outro contrato ou então a forma
de cobrança nada diplomática que é a que mas gosto de aplicar.
Para quem me vê como um dos mais conceituados executivos do
mundo corporativo não imagina a fera que se esconde dentro de
mim, foram anos tentando controlar o que está dentro de mim mas
as vezes é necessário libertar ela para que respire, essa coisa gosta
de ver o caus, a violência e principalmente de subjugar ele se sente
satisfeito causando dor e sofrimento. Do jeito que estou falando é
como se isso fosse algo que não tenha procurado mas na verdade o
que mora dentro de mim faz parte de mim, e as vezes é incontrolável
porque ele quer tomar o controle e quando isso acontece nada de
bom acontece e tenho vários exemplos disso. E por causa disso tive
que adotar práticas que me deixassem no controle e que também
satisfaçam a ferra, na verdade essas práticas satisfazem aos dois,
por mais sombrio e perverso que isso possa ser, eu também gosto
de infligir dor, sentir o cheiro do medo gosto quando ultrapasso o
limite de dor que minhas submissas ou qualquer outro ser humano
podem aguentar.

O sexo com elas ( submissas ) é o mais violento que possa ser,


foder com a mais primitiva das forças se tornou minha essência. E
com meu histórico no mundo do sadismo e dominação as candidatas
a satisfazer meus "fetiches" estão cada vez mais escassas.

Se eu fosse um dominador comum, em busca de uma submissa


cuja compartilhe os mesmos fetiches que eu isso seria fácil, mas o
que eu sinto e faço vai mas além do que uma simples dominação. Eu
não espero que minha submissa aceite ou não os meus termos, se
for masoquista é melhor ainda assim não preciso perder meu tempo.
No mundo do BDSM existem limites a serem aplicados e esses
devem ser acordados por ambas partes - dom e submissa, - através
de um contrato. O que eu faço está muito além de contratos, porque
eu não imponho limites e não gosto que eles seja impostos para mim
também, a única coisa aceitável para mim é o contrato de
confidencialidade, isso basta.

A última submissa que tive me chamou de monstro e disse que eu


não entendia nada sobre esse mundo cuja sociedade repudia, e eu
respondi para ela que sim eu realmente não entendia, nem me
interessa entender, porque até esse mundo está sendo padronizado.
Porque lá cada um tem seus objetivos: satisfaz os fetiches de ser um
dom ou submissa e vice versa, até mesmo ir em busca de uma
parceira para vida, ou até mesmo querer seguir com as vontades do
corpo e da mente, e por fim esse mundo é o lugar para onde as
pessoas fogem quando não querem lhe dar com a realidade que é
fazer parte desta humanidade fodida.

Um dia fazer parte desta humanidade fodida me tirou algo


importante, algo que de certa forma me mudou ou então trouxe para
fora o que de mais sombrio e profano crescia dentro de mim, não foi
de um dia para outro que me transformei no que sou. Mas desde a
infância eu sabia que algo em mim não estava bem, mas quando
encontrei a alavanca e o bálsamo que de certa forma purificou meus
pensamentos ela foi tirada de mim, pois é, a vida sendo fodida como
sempre.

Quando o relógio marca seis da noite arrumo minhas coisas para


sair, lá fora a lua anuncia a chegada da noite, o brilho da maior
estrela do universo ilumina o ponto mais alto de Seattle o Space
Needle, Uma das maiores atrações da cidade. Saio do escritório e
encontro minha secretária também se arrumando para ir embora,
passo por ela e sigo até o elevador, já mandei uma mensagem
avisando para meus seguranças que estou saindo. Nunca gostei de
ser vigiado por isso pedi que eles fossem o mais discretos possível,
não gosto de andar sabendo que tem alguém respirando atrás da
minha orelha. No máximo eu suporto ter um motorista, conduzir me
deixa estressado e também não me trás boas lembranças, passam
quase sete anos desde a última vez que segurei num volante.

Pela janela do Mercedes, aprecio a calmaria do lago Washington


enquanto o veículo faz o percurso oeste-leste. Minha propriedade é a
mais afastadas da cidade. Eu vivia indo e vindo para essa cidade até
eu obrigatoriamente me assentar aqui, Seattle continua sendo a
mesma cidade que eu conheço desde que me conheço como gente.
O motorista anuncia que chegamos e mesmo de longe é possível ver
a imponência da mansão, ela ficou muito tempo desocupada até eu
decidir a morar aqui, apesar do exterior mostrar que a construção é
muito antiga seu interior diz completamente o contrário, apesar da
decoração clássica. A estrutura da casa lembra às grandes
fortalezas e palácios do século quinze, combina muito bem com
época que de certa forma foi considerada Idade das trevas. É isso
que a casa imite, paredes escuras feitas com os mais antigos tijolos,
a casa tem três alas e três andares, quatro para ser mais exato mais
essa última é proibida para qualquer um.

Assim que chego ao interior da casa tomo um banho gelado coloco


uma roupa e me tranco no escritório, outro negócio precisa da minha
atenção nesse momento. Como nunca gostei de agitação e de
interação com outros seres humanos faço a gerência e controlo de
lucros dos meus casinos e casas de jogos a partir de casa, em cada
cidade ou país cujo um estabelecimento dessa natureza exista
escolho um representante para cuidar de tudo e mandar os
relatórios, claro que existe outro pessoal controlando tudo o que
meus representantes andam fazendo, e por isso estou vendo aqui
pelos gráficos o casino localizado em Paris está com sérios
problemas, de novo. E quem tem me trazido esses prejuízos não só
monetários como matérias é o maldito do Dmitri Solotov, membro da
máfia russa. Eu não sei se é porque ele é mafioso que acha que
pode fazer e desfazer nos meus negócios e ficar por isso mesmo,
mas logo eu vou mostrar pra ele que não sinto medo de mafiosos.

Leio mais alguns relatórios durante horas, até que um barulho


vindo da janela do escritório chama minha atenção.

— Para um dos maiores ex fuzileiros que o exército americano já


teve essa entrada não foi nada sutil. — Falo quanto noto quem é que
acabou de invadir minha casa.

— E para um bilionário dono do maior banco dos Estados Unidos


essa casa está muito longe da civilização. — Me viro para o dono
dessa voz, sentado numa das poltronas do cómodo está Dominic
Swegger, meu amigo, se é assim que posso defini-lo. — Eu sei que
casas desse estilo são a sua cara e dizem muito sobre sua mente
fodida mas cara, não estamos mas na idade média.
— Está longe de casa Dominic! A que devo a honra da sua
surpreendente visita? — Ele sabe que não sou de muitas palavras
então prefiro acabar de uma vez com sei lá o quê que ele tenha a
tratar comigo.

— Preciso de um emprego — meus lábios de forma espontânea


soltam um sorriso desgostoso enquanto meus olhos olham para ele
de forma debochada, isso realmente é uma grande piada para mim.

— Você nunca gostou de receber ordens e muito menos de


cumpri-las meu caro, não é agora que isso vai acontecer. Ademais
você não precisa trabalhar — o vejo se levantar e servir dois copos
com whisky puros no mini bar, me entrega um copo e outro ele leva
para boca enquanto volta a sentar a minha frente.

— Pode parecer estranho, mas eu realmente preciso de um


trabalho sei que você conhece a pessoa certa capaz de me contratar
por causa das minha habilidades ― ele realmente está chamando
minha atenção agora — o nome Nicholas Shane te diz alguma
coisa?

— O quê Você está aprontando tenente?

— Nada. Eu apenas investiguei e sei que ele é dono de uma das


maiores indústrias de construção de armamento militar e não militar
em todo mundo. E sei que você vai se associar a ele. — Isso sim era
confidencial.

— Sim tudo isso é verdade, mas irei apenas te ajudar se você me


contar a razão para Tudo isso. — O conheço muito bem para saber
que coisa boa não virá depois disso.

— Está na hora da minha vingança Christopher, Está na hora de


honrar minha família. Com esse trabalho e tendo a fama de maior
sniper que a humanidade já viu vou ganhar muito dinheiro. ― Apesar
dos pensamentos presunçosos ele está certo.

— Quero que saiba que nesse trabalho você vai matar pessoas
influentes, presidentes e até mafiosos — tomo mais um gole da
minha bebida.

— Já matei pessoas piores no meu antigo trabalho, e olha que eu


achava que estava servindo o governo — conversamos mais um
pouco sobre o trabalho que ele irá exercer ao se aliar as empresas
do Nicholas. Eu entendo Dominic, ele perdeu tanto quanto eu, e está
mais do que na hora de procurar justiça ou até mesmo vingança, eu
o ajudaria com os meios financeiros mas sei que ele não irá aceitar.
Faço uma ligação rápida para Nicholas e ele concorda em contratar
Dominic. Afinal de contas estamos falando do maior atirador de elite
que o mundo alguma vez teve.

— Estou muito feliz que esteja livre!

— Eu também meu amigo. Espero que assim como eu você


também encontre algo que irá mover seu espírito de justiça — ele se
levanta e vai embora me deixando sozinho olhando para o encriptar
das chamas na lareira e perdido em meus pensamentos.

— Não existe nada e nem ninguém capaz de despertar alguma


emoção ou sentimento em mim. — mesmo sabendo que já estou
sozinho essas palavras saem da minha boca.
Seco meu rosto com o dorso da mão mais uma vez, não sei
quantas vezes esse processo se repetiu no dia de ontem e durante a
noite também, e hoje acordei ainda mais sensível e melancólica que
nunca. É sempre assim toda vez que os acontecimentos de cinco
anos atrás se apoderam da minha mente, é como se eu pudesse
reviver aquela tragédia a cada lembrança que tenho, e de certa
forma a minha deficiência trás imagens nítidas de tudo o que se
passou naquela noite, até mesmo o homem mascarado não sai dos
meus pensamentos.

Nunca imaginei que perderia meu pai tão cedo, naquele dia nós
fizemos tantos planos. Quando soube que não o veria nunca mais foi
como se minha vida tivesse perdido todo o sentido. Eu fiquei alguns
dias em coma e quando acordei meu pai já tinha sido enterrado, e
também recebi uma notícia que mudaria para sempre a minha vida,
os médicos me garantiram que minha situação era algo reversível,
passei por duas cirurgias para reverter minha deficiência mas
nenhuma delas resultou, e no final acabei aceitando que ficaria
assim para sempre, já me conformei, não há muito que se possa
fazer, essa é minha nova realidade agora.
— Ahh Sasha quando você vai parar de chorar hein? ― Saio do
meu devaneio ao ouvir a voz da Avani me advertindo — você está
parecendo uma velha amargurada trancada nesse quarto chorando.
Por isso ninguém quer sair com você, não reclame se um dia Dimitri
arranjar um marido barrigudo e velho pra você. — Suas palavras têm
certa satisfação.

— Você sabe muito bem porquê ninguém sai comigo Avani, e


Dimitri nunca arranjaria um marido pra mim sem antes me consultar.
— Ela gargalha de forma bem audível enquanto suas mãos apertam
minhas bochechas.

— Não seja ingénua, nosso querido irmão não é mas o mesmo


irmãzinha, melhor você se cuidar — ela me solta, e anda em direção
a saída, graças a minha nova situação minha audição ficou muito
aguçada por isso é possível ouvir os saltos dela em contato com o
piso — e para de chorar porque ninguém morreu — e então ela
finalmente bate a porta.

Tento me acalmar e parar de chorar, não saio pra tomar café


porque não quero ouvir minha madrasta cantar mais uma vez
dizendo que estamos falidos e que eu não faço nada pra ajudar e
que nunca vou conseguir arranjar um marido rico para ajudar a
família.

Eu não sei o que aconteceu com o património da nossa família


mas desde que papai se foi as coisas mudaram aqui em casa, de
uma hora para outra o número de funcionários diminuiu, minhas
aulas na escola de música também foram canceladas, certo que eu
já não frequentava mais as aulas. Por causa do acidente meu ano
letivo ficou atrasado e como eu estava em período de negação por
causa da minha condição naquele ano não voltei mais para escola,
só no ano seguinte contrataram uma professora particular que me
dava aulas em casa, e foi assim que terminei o ensino médio, o
sonho de ir pra faculdade estudar música se foi no dia do acidente.

Quando finalmente aceitei minha deficiência eu aprendi a ler e


escrever em braille, apesar de difícil no início com o passar do tempo
aprendi tudo de novo como uma criança quando aprende a ler as
primeiras palavras. Hoje em dia eu já posso ler um romance
completo sem a ajuda de ninguém e principalmente posso ler as
notas musicais apesar de não toca-las, desde aquela noite eu nunca
mais senti os teclados de um piano em contato com meus dedos, é
muito difícil para mim, toda vez que me sento em frente a ele as
memórias me assolam e não consigo me concentrar. Em tudo isso a
minha única felicidade é saber que minha amiga Yeva concretizou
seu sonho de estudar nos Estados Unidos.

Saio do meu devaneio quando ouço uma porta bater bem forte, e
sei muito bem quem é, com a mão tateio a cama em busca do meu
companheiro mais fiel, minha bengala. Ao alcança-la desdobro-a e
então me levanto da cama e começo a andar em direção a porta do
meu quarto, com o tempo meus outros sentidos me ajudaram a
decorar onde fica cada cómodo da casa ou como estão dispostos os
móveis, no princípio os médicos aconselharam minha madrasta a
diminuir os móveis da casa para que isso pudesse me ajudar a me
locomover, mas ela não aceitou isso muito bem, por isso foi difícil
decorar tudo, para chegar até o dia de hoje foi preciso derrubar
muitos vasos até chegar a perfeição.

Bem de vagar caminho pelo corredor dos quartos até chegar a


porta que desejava, respiro profundamente e a cada lufada de ar que
busco é uma forma de acalmar a agitação que se encontra dentro de
mim. De forma suave bato a porta uma três vezes, espero uma
autorização e nada, bato de novo, mas não adiantou nada. Seguro
na maçaneta fria e a giro até que a porta finalmente se abre.

Solto um grito de susto após ouvir a voz de uma mulher também


gritando.

— Dimit...

— Porra Sasha! — Esse é Dimitri mais uma vez zangado e eu não


entendo o motivo. — Custava bater antes de entrar? — Escuto o
farfalhar de roupas e a mulher resmungar alguma coisa para meu
irmão que a seguir responde de uma forma que parte meu coração:
― não se preocupa ela é cega.

Engulo em seco para tentar reprimir o choro que insiste em querer


sair enquanto meus olhos ardem, sinal de que as lágrimas estam
quase saindo.

— Garota sai da minha frente — imediatamente me afasto da porta


para que a mulher pudesse passar, que vergonha! Se eu soubesse
que ele estava acompanhado eu não teria entrado assim.

— Desculpa Dimitri! Eu não queria interromper eu te juro, é que eu


bati e como você não respondia eu resolvi entrar. Mas não se
preocupa já estou saindo você deve querer descansar — ele ficou
fora de casa durante uma semana, deve estar cansado. Dou meia
volta para me retirar até que ele me chama.

— Me fala, o que você queria?

— Só queria perguntar se podia me levar até o cemitério onde


nosso pai está enterrado, ontem foi o aniversário de cinco anos da
morte dele e eu gostaria de ir colocar umas flores, a Avani e a
Natasha se negaram a me acompanhar ontem, e como você não
estava, eu não queria ir sozinha — ontem não só foi o aniversário da
morte do nosso pai mas também foi o dia em que eu completava
vinte anos, e a única que me felicitou foi a Yeva, Dimitri
provavelmente se esqueceu.

— Eu estou muito cansado Sasha, como você mesma percebeu


eu acabo de chegar, o que preciso nesse momento é de um longo
descanso. — Ouço o momento em que ele se atira sobre a cama.

— Eu só achei que faríamos alguma coisa juntos hoje, mas tudo


bem. — Antes de sair continuo: — só acho que nossos pais não
ficariam felizes de te ver assim e também não ficariam satisfeitos de
perceber o quanto estamos distantes — ouço seus passos quando
ele avança na minha direção.
— Que pais Sasha hum? Nós não temos pais, eles nos
abandonaram mete isso de uma vez na sua maldita cabeça — ele
praticamente está gritando na minha cara enquanto meu corpo se
encolhe — e para de querer visitar os mortos, quem disse que eles
gostam de receber flores? Você precisa parar de viver nesse seu
mundo cor-de-rosa, nem tudo nesse mundo são borboletas e
unicórnios garota. — Ele bufa e se afasta de mim.

— Desculpa! Não vou mais te incomodar — sentido a tristeza mais


profunda saio do quarto do meu irmão após ouvir as palavras
dilacerantes proferidas por ele. Ele mudou tanto nesse tempo que
passou, agora nós mal falamos ele nunca está em casa, as datas
comemorativas foram totalmente ignoradas ou cada um vai festeja-
las onde achar conveniente nessa casa.

Ele me deixou completamente sem chão com aquelas palavras


cruéis, e falou que eu vivo num mundo cor-de-rosa, quem dera que
fosse assim, o mundo onde eu vivo agora é totalmente escuro e
sombrio.

Caminho até a cozinha pra comer alguma coisa, ontem não comi
nada e hoje de manhã não tomei o café da manhã. De repente um
vento gélido passou por mim arrepiando minha espinha e trazendo
um forte aperto no meu coração, tão forte que por um momento
esqueço como é respirar. Deus tomara que seja apenas um prelúdio.
Com meu corpo apoiado na parede do quarto de jogos, aprecio
nosso novo brinquedo, submissa para ser mais delicado. A amarei
de costas para mim na pilastra de madeira em formato de cruz, seus
pulsos estão muito bem presos em um nó muito bem feito com
cordas grossas de lã, seu corpo nu está banhado de suor deixando
seu corpo bronzeado ainda mais apetitoso, sua respiração é pesada
e acompanha cada movimento que eu faço pelo quarto de jogos,
suas lindas pernas não param de friccionar uma na outra expondo
sua buceta super molhada, a fera dentro de mim parece gostar da
visão, e eu também. É inevitável não apreciar a visão a minha frente.

Me desencosto da parede enquanto meus dedos passeiam pelas


dezenas de chicotes que se encontram pendurados pelas paredes
do quarto, desde que mergulhei nesse mundo o chicote se tornou
meu fiel companheiro, na minha mão ele pode fazer duas coias, me
descontrolar ou me acalmar. Opto por um chicote com ponta única
de cor preta, seguro nele pela parte revestida por madeira maciça,
chicoteio o ar, como o vento lá fora o chicote transmite um som
deliciosamente maravilhoso, de devagar ando até ela que não para
de gemer e chamar por mim.
— O que você quer? ― Sussurro no ouvido dela e imediatamente
os bicos dos seios delas enrijecem, todos os pelos do seu corpo se
arrepiam e dá sua boca sai o gemido mais convidativo que alguma
vez ouvi.

— Eu quero o meu senhor dentro de mim! — Ela implora tentando


buscar alívio para apaziguar a excitação mais que evidente que ela
está sentido. — Por favor.

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa aproveitei que sua
buceta estava bem visível para mim e dei a primeira chibatada nela,
não posso negar o barulho de buceta molhada em contato com o
chicote fez meu pau se contorcer dentro da calça. Dei uma segunda
surra na buceta dela e ela gemeu ainda mais alto.

— Quer gozar? — Pergunto enquanto meus dedos alisam sua


bunda, ela assente quase chorando ― mas não vai gozar. Meninas
que gemem sem o consentimento do seu senhor não merecem isso.
Ou merecem? — Ela faz que não com a cabeça. Sem muita pressa
faço com que o nó que fiz desça mais para baixo para deixar ela
ainda mas exposta. Seu corpo treme, lágrimas e suor se misturam
deixando o cabelo dela todo molhado e espalhado pelo rosto e pelos
ombros, e com a mesma calma faço uma única trança para trás em
seus cabelos morenos, nada pode nos atrapalhar.

Volto a minha posição anterior e seguro no chicote, e com uma


força controlado dou o primeiro golpe nas costas dela que
automaticamente geme ao sentir o contato desse objeto opressor em
sua pele desnuda. Estou tentando me controlar para que tudo isso
não me consuma e me faça esquecer quem eu sou. Com primazia
desfiro consecutivos golpes nas suas costas até que ela começa a
se contorcer e nem por isso eu paro.

— Para — não dou ouvidos e continuo alimentando a ferra, porque


é isso que essa coisa que morra dentro de mim quer, ele quer que
ela sofra que ela sinta dor até às entranhas. Coloco uma mordaça
nela e continuo fazendo aquilo que minha carne e mente desejam no
momento, porque isso é libertador e trás uma satisfação muito
grande para minha alma podre. Quando vejo os primeiros fios de
sangue escorrendo pelas costas do nosso brinquedo eu paro,
consegui manter o controle.

Solto o chicote no chão e com uma das minhas mãos estímulo o


clitóris inchado até que ela fica tão molhada quanto antes e geme
descontrolada. Apenas desço o zíper da calça jeans e
automaticamente meu pau salta duro como uma pedra, desço a
calça até os joelhos, tiro uma camisinha no meu bolso coloco nele e
sem piedade nenhuma meto nela que se contorce ao me receber.
Antes de começar me agacho sobre seu corpo e sussurro no seu
ouvido.

—Você não pode gozar. Você está aqui apenas para nos servir.
Mesmo sentido a agitação dentro de mim tento manter o controle
para me concentrar no trabalho, cada vez mais está difícil me
controlar, meus dedos doloridos me lembram isso a cada cinco
minutos que os tenciono, ter esses ataques que as pessoas
julgariam ser de raiva é normal para mim, e ontem foi um desses
dias onde eu literalmente explodi, e se não tiver ninguém por perto
para poder machucar, meu corpo é que sofre, os intermináveis socos
que dei na parede ainda estão bem frescos na minha memória e no
meu corpo. Não lembro exatamente qual foi o motivo que me levou a
ter aquela explosão, na verdade eu raramente tenho motivo para
isso. Se eu fosse um ser humano considerado como normal era só
visitar um psicólogo ou alguém especializado nessa área, mas a
educação fodida que recebi não me permite me abrir e muito menos
conversar com ninguém, aquela que foi minha confidente, se foi e me
deixou aqui com essa carcaça dominada por uma besta. Mas a cinco
anos faço uma visita para alguém especializado no ramo.

Após um longo dia trancado no meu escritório do banco decido ir


embora, a noite já perdura lá fora, e com certeza apenas eu e os
seguranças é que estamos aqui até essa hora, quase meia-noite.
Para um homem condenado como eu dormir é um privilégio pelo
qual não posso mais usufruir, meus fantasmas não permitem, se eu
quiser tentar dormir eu tenho duas saídas me dopar que seria a
saída mais fácil ou enfrentar os pesadelos que não me deixam.

Assim que entro no carro ordeno ao motorista que pare em um bar


mais calmo possível, pouco frequentado pelas personalidades de
Seattle, se tem algo que não quero nesse momento é um bando de
puxa saco me bajulando. Essa não é uma saída de lazer, vou para
uma reunião de negócios, na verdade saber sobre as dívidas de
Dimitri Solotov, esse imbecil continua pensando que é milionário, o
modo de vida que leva não transparece que sua família está
praticamente falida, e ele está abusando da sorte, fazendo
empréstimos descabíeis, fazendo uso fruto de todos os benefícios
que meus casinos podem oferecer, e pelo que eu soube ele não só
fez uma dívida enorme no casino de Paris mas em Roma também,
mas isso não vai ficar assim.

Passam cinco minutos desde que cheguei no bar, meu


representante de negócios na Europa acaba de entrar pela porta, o
lugar está praticamente vazio apenas um casal se encontra num dos
cantos do estabelecimento.

— Boa noite senhor Parker — respondo apenas com uma


confirmação silenciosa enquanto trocamos um aperto de mão. Assim
como eu, pede um whisky e senta na cadeira a minha frente.

— E então o que tem para mim?

— Como o senhor já sabe nosso maior devedor no momento é


Dimitri Solotov, membro da máfia russa, nossas fontes confirmam
que sua família se encontra praticamente falida no momento, e boa
parte disso se deve ao tipo de vida que ele vem levando de um uns
tempos para cá. Apesar de tudo a família continua mantendo o
mesmo estilo de vida.

— Em todos esse tempo que ele vem jogando e usufruindo dos


meus serviços o que ele deixou como garantia? — Eu sei muito bem
que clientes como ele optam pelos jogos ilegais que mantenho nos
meus cassinos, lá mesmo não tendo um tostão se você perder a
casa se responsabiliza em pagar aos outros jogadores caso dê como
garantia algo equivalente ao valor que irá emprestar, digamos que
funciona como um banco.

— A mansão da família. É uma majestosa propriedade, uma


construção que data desde o século dezanove, a casa está em
condições ótimas se localiza a leste de São Petersburgo numa
região isolada, é rodeada por uma linda vista da flora e do mar
báltico. — Parece interessante, preciso conhecer essa propriedade
de perto para poder saber se vale ou não apena.

— De quanto é a dívida dele nos dois casinos ?

— Perto de trinta milhões de euros. Com a falência não declarada,


a casa pode não valer quase nada hoje em dia apesar dos hectares
que compõem a propriedade. Mas garanto que seria um ótimo
negócio ficar com a casa, o senhor só precisaria adicionar alguns
milhões de euros para que a propriedade seja sua. — É um negócio
bem sugestivo, pelo que vejo no mapa a propriedade está afastada
da cidade e é bem grande. Só preciso ver tudo de perto. A noite se
estende até um pouco depois das uma e meia da madrugada. Antes
de ir embora informei ao meu piloto que amanhã a tarde precisamos
estar em solo russo.

Abro o portefólio que contém todas as informações que preciso


saber sobre Dimitri, seus negócios, amizades, família, entre outros
assuntos. Ele é um fracassado, tudo começou com a morte do pai a
cinco anos, atualmente a família Solotov é constituída por ele a irmã
mais nova, a madrasta e a filha da madrasta. Aposto que são todas
interesseiras, não tinha como ser diferente fazendo parte de uma
máfia e continuando levando o estilo de vida que levam sendo que
estão falidos. Quando se trata de negócios não sou nem pouco
simpático, eu vou acabar com ele e com tudo o que eu encontrar
pela frente, ele vai se arrepender por ter se metido nos meus
negócios.
Respiro fundo e fecho os olhos, não posso ter uma ataque de raiva
agora, não é conveniente para mim e muito menos para o motorista.
Mas está cada vez difícil controlar isso quando penso em coisas que
me desagradam.

— Chegamos senhor — abro os olhos e logo a frente me deparo


com um portão metálico enorme de cor preta e no meio ele
apresenta o brasão da família Solotov, realmente é uma das famílias
mais antigas da Rússia.

Assim que nossa entrada é autorizada o carro volta a entrar em


movimento. É realmente um lugar interessante, parece que vai ser
um ótimo negócio, apesar do exterior não estar sendo muito bem
cuidado ainda é possível ver os traços de luxo e classe que a família
esbanja. Assim que o carro para em frente a casa meu segurança
abre a porta, saio do carro e a primeira coisa que vejo são duas
mulheres paradas me olhando.

— Senhor Parker certo? — Apenas assinto — em que podemos


ajudar?

— Chame Dimitri Solotov. E fale para ele que tem um minuto para
vir falar comigo. — Quando lanço meu pior olhar a elas me olham
espantadas e com medo imediatamente saem da minha frente.
Comunicação e paciência são outras coisas que definitivamente não
fazem parte de mim, não entendo a necessidade de trocar palavras
desnecessárias com pessoas que mal conheço e que pelo olhar deu
para notar que são duas mulheres na guerra a procura de um
homem rico para sustentá-las. Uma das funcionárias me leva até
uma sala .

— Senhor Parker — não preciso me virar para saber que o dono


dessa voz cheia de si pertence a Dimitri Solotov. — Não esperava
por sua visita. — Finalmente me viro para encara-lo sua mão está
estendida para mim, o ignoro completamente, é um homem com
pouco mais de m metro e setenta e cinco de altura bem abaixo da
minha altura, sua cara acabada não condiz nada com os vinte e sete
anos que tem. O álcool e as drogas estão acabando com ele. Depois
de algum tempo o analisando resolvo me pronunciar.

— Já deve imaginar que minha visita aqui não é nada cordial. —


Seus dedos agitados e a expressão facial denunciam que ele sabe
muito bem o motivo da minha visita, aprendi muito bem a interpretar
as expressões faciais das pessoas mesmo não sendo muito
comunicativo — olha eu não sou mafioso como você, e não me
interessa em nada fazer parte de uma máfia, mas apesar de tudo eu
gosto de recorrer às mesmas formas de cobrança de dívidas. Você
está me devendo milhões senhor Solotov.

Fiquei o tempo todo com as mãos nos bolsos da minha calça nem
me dei o trabalho de sentar, meu segurança entra com os papéis e
entrega nas mãos dele que imediatamente se senta e começa a ler
os documentos. Se o diploma dele for realmente autêntico ele vai
entender tudo o que está nesses papéis sem precisar que alguém o
explique nada. Enquanto ele continua lendo eu me viro para janela
que dá acesso ao lado de fora da casa, e um cómodo chama minha
atenção, ele tem uma parede totalmente de vidro, e pelo que vejo o
interior é totalmente branco e com alguns toques femininos, tento ver
se tem alguém dentro mas não tem ninguém, faz muito tempo que
não fico tão intrigado com algo como agora.

— Mais isso é impossível! — Minha atenção se volta para o


homem sentado atrás de mim — isso é um absurdo, é impossível
que eu tenha acumulado tantas dívidas. — Tiro minha mão do bolso
aliso minha barba enquanto me viro para encarar ele.

— Dimitri eu trabalho com os maiores contadores e economistas


do ramo financeiro, e se tem uma coisa que acredito é na
credibilidade deles e no trabalho que fazem. — Seu olhar é derrotado
pois acabou de perceber que não existe saída.

— Eu não posso perder a casa da minha família. Ela pertence a


nós a gerações — ele esfrega o cabelo freneticamente.
Definitivamente não nasci para suportar lamentações de quem quer
que seja.
— Você procurou isso. Claro que você e sua família não vão sair
daqui sem nada, eu vou dar mais alguns milhões para que possam
se estabelecer em outro lugar — ele parece chocado. A realidade
parece o pesar demais e seus olhos transparecem algo que não
consigo decifrar.

— Tem que haver outra saída. Não posso entregar a casa da


família assim. É a única coisa que nos resta — ele se levanta e
começa a andar de um lado para o outro.

— Não vim aqui saber o que a casa significa ou não para você,
negócios são negócios, deveria ter pensado nisso antes de se
transformar num viciado em jogos. Ademais você colocou essa
propriedade como garantia e... — de repente a melodia mais calma e
triste que alguma vez ouvi na vida soa pela sala tirando toda minha
atenção, até o desgraçado a minha frente está ouvindo e está de
boca aberta — de onde vem isso? — Ele me olha espantado e com
medo, mas algo em mim insiste em querer continuar escutando, e
pela primeira vez eu não me entendo até a ferra dentro de mim
parece estar confusa. — Perguntei de onde vem isso porra! — O
seguro pelo colarinho e o aperto sobre a parede. Seu medo aumenta
quando meu olhar se concentra naquele cómodo de antes, mas
agora a porta na parede de vidro está aberta e por isso o som está
tão audível.

— Interessante — falo trocando meu olhar entre aquele cómodo e


Dimitri que me olha com lágrimas nos olhos enquanto sua cabeça
balança de um lado para o outro. O solto e caminho a passos largos
ao lado externo da casa. A cada passo a melodia fica cada vez mais
audível, assim que alcanço o pátio da propriedade o vento do inverno
russo me recebe e pouco me importo em colocar o sobretudo. Só
preciso saber quem é essa pessoa que está conseguindo acalmar
essa ferra dentro de mim.

Quando finalmente estou em frente a quele lugar que pelo que


vejo é um estúdio de música, meus olhos se arregalam e uma
energia eletrizante percorre todo meu corpo principalmente uma
parte específica dele. Aqueles olhos, nunca vi nada igual, são tão
perfeitos, olhos que me instigam a querer saber seus pensamentos
enquanto toca o piano. Mesmo estático aprecio aquela coisinha
pequena tocando aquela melodia com aqueles dedos finos, ela
domina tanto o piano que toca com perfeição.

Ela parece um anjo ali sentada vestida com um vestido branco que
realça suas poucas curvas, mas ela não parece um anjo porque ela é
um anjo, o meu anjinho. Me aproximo mais para sentir o cheiro do
seu perfume doce, sua pele é tão branca como a neve e seus
cabelos negros são a perfeição, ela está absorta no próprio mundo
que não parece fazer parte desse mundo destruído. Ela será minha.
A observo por mais algum tempo até que sinto a presença do irmão
atrás de mim, ela também parece notar minha presença por isso
para de tocar o piano.

— Quem está aí? — Como não percebi isso antes? Seus olhos
estão sempre fixos num único lugar porque ela é cega, mas isso não
muda os meus planos.

— Sou eu Sasha. — Sasha! Esse é o nome do meu anjinho —


Estou com um amigo mas já estamos de saída. Certo senhor
Parker? — A olho mais uma vez e depois apenas assinto e juntos
caminhamos até o lado de fora. Até nos afastamos dela não falo
nada, ninguém irá me impedir de ficar com ela, nem ela mesma.

— Eu quero ela! — Decreto

— O quê? Você não vai ficar com minha irmã, sei muito bem que
você tem um jeito peculiar de tratar as mulheres. Minha irmã não
será mais uma vítima sua. — Fecho os olhos e respiro fundo para
não fazer nenhuma loucura.

— Não estou perguntando nem pedindo permissão. Estou


avisando que vou levar ela.
O jeito repugnante que Dimitri me olha não me incomoda em nada,
porque todo meu corpo e mente ainda estão em êxtase depois de ter
visto aquele anjinho, tão serena, meiga e encantadora. E apesar de
tudo isso sei que a partir do momento que a tiver comigo vou travar
uma grande batalha comigo mesmo, entre cuidar dela ou deixar a
fera se libertar e fazer com ela o que quiser. Eu sei que posso
quebra-la no meio desse processo, mas eu sou egoísta demais para
deixar ela ter uma vida normal e principalmente longe de mim.

— Você não pode fazer isso. Não pode levar minha irmã, ela é
deficiente visual e precisa de cuidados que só a família dela pode dar
— eu posso imaginar muito bem que tipo de cuidados eles dão a ela,
aquele olhar triste e desolado diz tudo sobre como são as coisas
nessa casa. De certa forma ela não viverá os melhores momentos
comigo, mas o instinto de posse me dominou no momento que a vi.
E em pouco tempo aquele serzinho acendeu uma pequena faísca em
mim, e por mais que eu seja um fodido isso é mais forte que eu.

— Me diz uma coisa Dimitri. Você quer entregar essa propriedade


a mim? — Indago enquanto a surpresa surge no seu rosto. Apesar
de tudo o desgraçado estima a irmã senão ele não seria tão protetor
assim com ela. — Estou esperando.

— Olha me dê um tempo, eu vou arranjar todo seu dinheiro eu


prometo. Mas não posso entregar essa casa, é a única coisa que
posso deixar para minha irmã caso aconteça alguma coisa comigo.
Essa casa é muito especial para ela — interessante! Depois de um
longo tempo encostado na parede e com as mãos cruzadas
finalmente me movimento. Ao notar isso ele imediatamente fica em
alerta, não o culpo, com essa altura e esses músculos não tinha
como agir de modo contrário.

Se não posso tirá-la daqui do meu jeito então vou apelar por outro
caminho nada honrado, se bem que de ambas partes não existe
nenhum resquício de honra.

— Tenho uma proposta! — lanço de repente.

— Qual proposta?

— Eu vou perdoar a sua dívida. Vou pagar qualquer outra dívida


que tiverem com um banco ou uma pessoa singular, vocês receberão
uma mesada suficiente para pagar as despesas da casa e os
salários dos empregados. — Depois de ouvir minhas palavras seus
olhos brilham ao constatar que posso resolver todos seus problemas,
mas do mesmo jeito que a euforia transpareceu em menos de dois
segundos seu rosto mudou para preocupação, apreensão e medo.
Não culpo ele, deve imaginar muito bem o que eu vou querer em
troca.

— Sei muito bem o que você vai querer em troca.

— Sim você sabe. É ela que eu quero, não ouse negar porque
estou te fazendo um favor ao propor tudo isso. Mesmo que você me
negue eu vou levá-la a força. — É impressionante que em menos de
uma hora eu tenha ficado tão obcecado por ela.

— Não posso fazer isso. Tudo bem que não tenho sido o melhor
dos irmãos. Mas você está me propondo que eu venda a minha irmã.
Isso vai muito além de tudo o que eu me transformei. Minha irmã é
inocente e deficiente visual, eu posso ser um filho da puta mas nunca
a entregaria para um cara como você. — Solto um suspiro alto
suficiente para reverbar na sala inteira.

— Você não está em posição de negar nada. Fique sabendo que


se não for você a me dar ela outra pessoa fará.

— Como assim?

— Numa organização como a vossa sempre precisão de um aliado


como eu, dono de um banco, sem escrúpulos e ...

— Tudo bem já entendi. Cara minha irmã não tem noção do que é
viver com caras fodidos como você. Se quiser ficar com minha irmã
eu exijo uma condição — como já imaginava.

— O que você quer?

— Quero que se case com ela. Você não vai usar minha irmã e
depois descartar ela — como se eu realmente fosse fazer isso, ela é
minha desde que a vi até eu parar de respirar. — Ou você casa com
ela ou não tem negócio.

Já me casei uma vez, e pensar nesta possibilidade neste momento


não muda em nada minha vida, isso deixará meu anjinho bem mais
perto de mim, assim a terei para sempre comigo. Provavelmente ela
me odeie por isso, mas não ligo, contanto que ela seja minha o resto
não importa mais. Eu e o imbecil do Demitri combinamos como as
coisas irão acontecer daqui para frente. Meu objetivo era sair da
Rússia com ela ao meu lado mas parece que que meu plano irá
atrasar um pouco. Mas não importa sei que em pouco tempo vou
sentir qual o gosto de devorar um anjo de cabelos negros.

Sentado na poltrona do meu jato analiso o relatório completo sobre


a vida da minha futura esposa desde seu nascimento até os dias de
hoje. O relatório não mente sobre ela. Desde que pus meus olhos
nela eu sabia que ela era uma alma pura e inocente. E não me
enganei, apesar de viver dentro dos muros da máfia seu
comportamento não se moldou por causa da organização, o que
achei interessante foi o súbito desaparecimento da mãe no hospital e
o acidente de carro o tanto quanto estranho que ela teve a cinco
anos com o pai.
As palavras que leio a seguir me deixam tão fora de mim que
quase amasso os documentos nas minhas mãos, foi no maldito
acidente que aqueles olhos lindos perderam o brilho e começaram a
contemplar a escuridão. Mais do que nunca alguma coisa acende
dentro de mim, eu vou encontrar os filhos da puta que provocaram
aquele acidente, e quando isso acontecer coisas boas não vão
acontecer.

Ninguém machuca meu anjo e fica por isso mesmo, sei que a vou
machucar mas enquanto puder a proteger e a defender de mim
mesmo também farei. Porra o que essa menina tem que me faz agir
assim?
Algumas horas antes

Pela enésima vez termino de ler mais um dos escritos de


Alexandre Pushkin, eu gosto de todo o acervo que ele deixou como
grande romancista, mas eu já li demais esses livros, e estou cansada
de repetir as mesmas leituras todas as manhãs. E não tenho como
pedir para Dimitri procurar outros livros escritos em braille porque sei
que devem custar uma fortuna e nesse momento da nossa vida não
podemos nos dar o luxo de adquirir coisas que não sejam de grande
necessidade, e também não quero aborrecê-lo e muito menos
receber uma bronca por causa disso.

Meu irmão mudou tanto desde a morte do nosso pai, não nego que
bem antes disso ele já era meio distante mas o ocorrido de a cinco
anos atrás o deixou completamente mudado, e por mais que ele
negue sei que a morte do nosso pai também o afetou fortemente,
nosso pai era um homem que deixava marcas por onde passava era
um grande empresário e apesar do pouco tempo ele fazia de tudo
por nós.

Com cuidado procuro por meu celular encima da cama, preciso


saber que horas são, por causa da minha rotina eu levanto muito
cedo, bem antes que todos os outros. Me custa admitir isso mas eu
já estou ficando entediada com essa minha rotina. Deixo o livro por
cima do criado mudo enquanto meu celular programado para
pessoas como eu me indica as horas, são oito horas da manhã.
Com a ajuda da bengala chego até o banheiro, tiro meu pijama e
entro de baixo do chuveiro que joga sobre mim jatos de água quente,
com tudo calculado milimetricamente lavo meu cabelo e esfrego meu
corpo, que até hoje para mim é muito estranho não poder saber de
que jeito ele está agora, sei que sou magra, mas não tanto, meus
cabelos são negros desde pequena nunca cheguei de pintar eles. De
banho feito passei uma loção com essência de morangos, desde
pequena sempre gostei de pequena e até hoje isso nunca mudou.

No meu closet busco por roupas íntimas e um vestido para vestir.


Graças a umas das poucas funcionárias que restou na casa minhas
roupas estão organizadas de modo que seja fácil achar tudo que eu
precisar, visto minha roupa íntima e depois o vestido ligeiramente
rodado com altura até o joelho. Em meio a tudo isso a única coisa
que me deixa feliz é saber que posso cuidar de mim mesma sem
precisar da ajuda de ninguém, foi um ganho quando eu finalmente
parei de depender de alguém para fazer as coisas básicas, como por
exemplo cuidar da minha própria higiene.

Por causa da minha lentidão me arrumando tive que tomar meu


café da manhã sozinha, o que já é um costume para mim, hoje
sendo sábado todos devem ter saído para se distrair e
provavelmente Dimitri nem irá voltar hoje, desde o dia que entrei no
quarto dele daquele jeito a dias atrás, nós ainda não falamos, ele
nunca está em casa e quando está ele fica trancado no quarto e fico
com medo de atrapalhar ele por isso agora eu evito ir para lá.

Ouvindo meu próprio silêncio meu coração se aperta e meus olhos


marejam ao me aperceber que estou mais sozinha do que nunca
nessa vida, não tenho ninguém para conversar nem para desabafar
e isso está me pesando tanto, para mim é normal ficar mais de vinte
e quatro horas sem trocar palavras com alguém da minha família, se
pronuncio uma e outra palavra é só com os empregados que apenas
falam o que é necessário.
Com cuidado me retiro da mesa e resolvo caminhar pelo interior da
casa, é minha melhor opção no momento uma vez que não coloquei
um agasalho para enfrentar a temperatura gélida que perdura lá fora.
Quando dei por mim já estava em frente a aquela porta, a qual jurei
nunca mais atravessar, aquele cómodo que sempre me trás
lembranças que por mais que por um momento sejam boas e felizes
depois se transformam em dolorosas o suficiente para me fazer
chorar.

Meu consciente, meu corpo e minha alma sentem falta daquele


instrumento que por mais que eu queira desprezar eu não consigo,
porque no fim eu sei que é daquilo que eu preciso é aquilo que amo
fazer - tocar com a alma e o coração - tal como dizia meu professor
no conservatório de São Petersburgo.
Após tomar imensas lufadas de ar como nunca tinha feito antes,
meus dedos trémulos tocam na maçaneta fria, de forma firme meus
dedos apertam e giram o objetivo que compõe a porta. Um pequeno
rangido indica que a porta se encontra ligeiramente aberta, sou
recebida pelo cheiro familiar do lugar enquanto memórias daquele
primeiro e último dia que estive aqui feliz me assolam.

A passos trémulos caminho até o interior, e de certa forma meu


cérebro ainda conhece a disposição dos móveis e por causa disso
não tropeço em nada, lembro daquela parede de vidro que dava uma
linda vista do pátio da casa, caminho até ela e abro a porta também
de vidro e o vento fraco que sopra lá fora me recebe e causa uma
energia tão boa, que sem pensar muito caminho até o piano, me
sento no banco de frente para ele e abro a tampa. De forma
automática meus dedos percorrem o instrumento delicadamente
como se estivesse fazendo uma espécie de reconhecimento, sim eu
senti falta disso.

Como se estivesse roubando meu dedo indicador já estava sobre


o teclado que representa a nota de Dó maior, uma emoção se
apodera de mim ao perceber que apesar do tempo o piano continua
afinado.
Quando dei por mim meus dedos já transmitiam sobre o piano uma
das mais famosas composições de Chopin, a fantasie-improptu. E
como eu sempre fazia desde que aprendi a dominar esse
instrumento eu mergulhei completamente na melodia que ele
produzia, nesse momento éramos apenas eu e ele, era apenas eu no
meu próprio mundo, era eu tentando esquecer da tristeza e da
saudade que sentia das pessoas que amo, era eu tentando me
libertar após tanto tempo reclusa no meu próprio corpo.

A vida mais uma vez me trás de volta a realidade crua e nada


agradável, e consigo sentir o cheiro de um perfume que nunca antes
senti por aqui, bem forte e com traços masculinos, e é impossível
não sentir a presença de alguém aqui e agora me observando, posso
sentir minha pele queimar enquanto seus olhos saqueiam cada
pedaço de mim. Essa presença é tão forte, sombria e tem mais
alguma coisa que não consigo sentir ainda, quem será?

Fiquei tão absorta tentando decifrar essa pessoa que se quer


pronunciou uma palavra e nem percebi que não estava mais
tocando, eu finalmente tomo coragem e pergunto: ― quem está aí?

Dimitri responde e diz que está com um amigo e que já estavam


de saída, ele nem me deu tempo de perguntar de quem se tratava.
Eles foram embora e eu fiquei aqui sentada ainda sentido essa
sensação estranha, e saber que nunca descobrirei quem era o
homem que me observava me fez voltar a firmar os pés na terra, não
posso sonhar tão alto.

Nenhum homem ficaria comigo nessas condições. Mete isso na


sua cabeça Sasha.
Saio da sala do piano feliz por saber que finalmente estou
deixando meu medo para trás. Apesar do piano me trazer memórias
dolorosas ele também é meu refúgio é onde posso expressar através
da melodia meus sentimentos e minhas emoções. E tocar nele como
a pouco foi revigorante, como se de alguma forma ele tivesse
devolvido um pouco de cor a minha vida, e nesse momento da vida
que me sinto só sem dúvidas ele é meu melhor companheiro.
Lembro do meu grande sonho, ser a melhor pianista da Europa era
isso que eu queria, tocar nas maiores orquestras e óperas da
história, ser orientada pelos melhores maestros que o mundo
conhece e principalmente enaltecer todo o legado deixado pelos
maiores compositores que o mundo da música clássica conheceu.

Esse era o plano, ou pelo menos alguns deles, pena que nem tudo
o que desejamos está a nosso alcance, principalmente quando a
vida resolve trazer mudanças drásticas. Fico imaginando como seria
minha vida hoje em dia se meus pais estivessem aqui comigo e com
Dimitri, sem dúvidas seríamos uma família feliz e unida, talvez até
seríamos como qualquer outra família, seríamos normais.

— Senhorita! — Pulo de susto após ouvir a voz de alguém —


desculpa não queria assusta-la. Só vim avisar que o almoço está
servido.

— Tudo bem. Obrigada — praguejo internamente por ter me


esquecido da bengala no quarto, certo que já domino todo caminho
até a sala de jantar, mas nunca se sabe quando vou esbarrar num
balde ou em alguém. A funcionária se oferece a me ajudar, resolvo
aceitar. Ela segura na minha mão e juntas caminhamos a passos
vagarosos até a sala de jantar.

Me admiro quando ouço alguns risos da Natasha e da Avani na


sala de refeições, o que acho muito estranho para pessoas que
praticamente passam todos os finais de semana fora de casa.
Realmente esse sábado não foi nada monótono, sinto que elas
percebem a minha presença e logo se calam. A empregada me
ajuda a me acomodar no meu lugar.

— Obrigada!

— De nada senhorita — nos próximos minutos a mesa voltou a


mesma animação de antes. Já tentei várias vezes acompanhar as
conversas delas, mas para quem não sai muito de casa e pior ainda
não tem alguma rede social fica impossível, elas estão falando de
pessoas que não conheço, continuo comendo em silêncio.

— Mãe a senhora viu como aquele homem é bonito? —Avani fala


animadamente.

— Que assunto ele vinha tratar com Dimitri afinal? Eles ficaram
horas trancados, na sala de visitas e depois no escritório. — Será
que serão falando do homem estranho que me observava enquanto
tocava piano? Nunca vou esquecer aquela presença sombria.

— Não sei e nem me importa. Procurei o nome dele na internet.


Descobri que é americano, bilionário dono de banco e também tem
casinos e casas de jogos por todo o mundo. Ele seria perfeito para
acabar com a miséria que vivemos nessa casa — ela fala essa
última parte praticamente berrando e tenho certeza absoluta que
falou isso olhando para mim. Mas nós não vivemos na miséria, acho
que estamos vivendo bem para uma família declarada falida.

— É verdade minha filha. Na situação em que estamos daqui a


nada terei que despedir os poucos empregados que restaram. Você
já viu como está o jardim? Sinto até vergonha de receber minhas
amigas aqui. Pior que todo São Petersburgo já está comentando
sobre a nossa situação ― Natasha sempre foi uma mulher rigorosa e
nunca quis criar nenhum tipo de elo ou intimidade comigo, eu não sei
praticamente nada sobre elas.

— Bem que a Sasha podia vender aquele piano, que com certeza
deve custar uma fortuna — o quê?

— Não posso fazer isso, eu sinto muito. Aquele foi um presente do


papai e para mim ele está muito além de valores monetários.

— Mas você nem toca ele garota. A gente aqui nos privando de
algumas coisas básicas sendo que você tem uma relíquia de mais de
um milhão de euros guardada naquele seu estúdio ― eu sabia que
esse piano devia custar muito caro mas, não sabia que era tanto.

— Está decidido nós vamos vender o piano. E não vamos discutir


mais esse assunto.

— Não por favor não façam isso — falo já com lágrimas nos olhos
e uma grande tristeza — a gente arranja outro jeito, mas o piano não,
eu imploro — Natasha grita comigo e me manda sair da mesa e ficar
no meu quarto. Realmente será inútil discutir, minha única esperança
é que Dimitri interceda por mim.
Cansada de implorar me levanto para me retirar, assim que abro a
porta do quarto me jogo na cama e os soluços que segurei na mesa
saem bem audíveis, tão audíveis que qualquer um me ouviria, mas
não mudaria nada porque ninguém viria me consolar. Assim como
das várias vezes que chorei eu própria me consolo e me conformo
com a vida e o tratamento que recebo, pelo menos eles ainda não
me mandaram embora e muito menos me casaram com aqueles
homens nojentos da máfia.
De repente sinto um arrependimento tão grande, por ter ficado
todo esse tempo sem tocar e agora que eu estava decidida a tocar
de novo, o último presente que meu pai me deu com tanto amor, uma
das únicas coisas que me fez lembrar do aniversário mais feliz e
triste da minha será retirado de mim.

— Desculpa papai, por não conseguir manter a promessa de tocar


para sempre — choro convulsionamente enquanto me encolho na
cama e aperto o colar que ele também me deu no aniversário.
Quando acho que minha vida finalmente podia ter um significado de
novo tudo não passa de ilusões, apenas ilusões que uma garota
cega pode ter, só isso. Passei o dia todo na cama chorando sem
parar, chorei até minha cabeça começar a doer e finalmente meu
corpo se entregar ao cansaço.

Não sei quanto tempo dormi, quando acordei o relógio indicou que
já eram seis da tarde. Por causa do péssimo dia que tive decido não
sair para jantar, tomo um banho e visto um pijama confortável.
Sentada em frente a janela - que é o meu limite, pois a porta que dá
acesso a sacada está trancada por precaução - aprecio o som
maravilhoso das ondas do mar, lá fora os grilos já anunciam a
chegada da noite.

A maçaneta da porta sendo girada chama minha atenção mas


mesmo assim continuo na mesma posição, de cotas para a porta do
quarto.

— Custa você deixar pelo menos um abajur ligado? Não sei como
consegue ficar nessa escuridão e você aí sentada está parecendo
uma morta viva — eu não sei se das vezes que a Avani faz
comentários do tipo é porque ela esquece que sou cega ou
simplesmente é por maldade que ela fala essas coisas para me
deixar ainda mais para baixo.

— Não preciso deixar nada ligado Avani, eu sou cega. O que você
quer? — Me admiro comigo mesma por falar desse jeito com ela.
— Então é assim? Sua querida irmã vem saber se você está bem
e é assim que me recebe?

— Desculpa! — Também não sei o que me deu para falar daquele


jeito com ela.

— Esquece. Só vim aqui te parabenizar pelo noivado. Eu sabia


que essa sua cara de sonsa e inocente ia servir para alguma coisa
algum dia. — Mas do que ela está falando?

— Do que você está faltando? Eu não estou entendendo. — Me


levanto e caminho até a cama para me sentar.

— Estou falando do seu casamento com o banqueiro bilionário


irmãzinha — o quê? — sabia que ficaria espantada. Parabéns você
vai se casar com um dos homens mais ricos do mundo e assim vai
poder ajudar sua família. Acredita que ele se propôs a pagar todas
as nossas despesas a partir de agora? Veja o lado bom seu piano
não será mais vendido, além disso quando se casar terá todos os
instrumentos musicais que quiser e terá uma vida de rainha — eu
não sei se ela não percebeu que praticamente está falando sozinha
porque minha mente ainda está processando tudo o que ela está
dizendo. Minha respiração fica acelerada e meus lábios tremem, mas
eu não vou chorar já foi o suficiente no dia de hoje. Sei que meu
irmão é capaz de tudo mas tenho certeza que ele nunca faria uma
coisa dessas comigo, ou faria? Não.

— É mentira ele nunca faria isso comigo. Você só está falando isso
para me atormentar. Não acredito em nenhuma palavra sua, por
favor sai do meu quarto — me arrasto até a cabeleireira da cama me
encosto nela.

— Problema seu se acredita ou não. Para mim a única coisa que


importa é saber que não ficaremos na pobreza. Nem entendo o que
esse cara viu em você, mal sabe o que é um pau — não dou atenção
a suas palavras continuo sentada na mesma posição, travando uma
batalha entre acreditar na Avani ou na honra distorcida que meu
irmão demonstrou sobre mim.
Saio do meu quarto em direção ao do meu irmão, não vou
conseguir dormir sentido essa dúvida prevalecer dentro de mim, eu
rogo a Deus para que tudo o que Avani tenha dito sejam meras
mentiras, caso contrário mais de uma vida serão necessárias para
perdoar meu irmão. Assim que chego a porta do quarto dele eu bato
com força.

— Dimitri!

Quando eu ia bater de novo a porta é aberta de forma violenta.

— Sasha! Você não estava dormindo? — Se tem algo que aprendi


todos tempo que não pude ver as expressões faciais da pessoas foi
saber interpretar a voz delas, o timbre, a dicção e até a própria
formação das frases, se gaguejam quando falam. Isso me ajuda a
saber mais ou menos se estão mentido para mim ou não. E pelo jeito
que a pergunta do meu irmão soou eu logo senti que tem algo de
errado nem mesmo quando abriu a porta ele me recebeu daquele
jeito raivoso de sempre.

— Dimitri por favor, pela memória do nosso pai me jura que tudo o
que Avani disse são apenas calúnias contra você. Me fala que tudo
aquilo são só mentiras por favor — passo a mão em frente da outra,
é sempre assim quando fico nervosa ou ansiosa, e nesse momento
os dois me dominam.

— PORRA! — não não não. As lágrimas que eu não iria que


viessem nesse momento transbordam por meus olhos, pois essa
demonstração de raiva extrema que ele está tendo significa que tudo
aquilo que eu mas temia é verdade sim — eu vou matar a Avani.
Sasha me deixa explicar...

— Não me toca. O que eu te fiz para fazer uma coisa dessas


comigo? Dimitri por favor não faça isso comigo, não destrua minha
vida. Eu não quero me casar com um estranho te imploro.

— Sinto muito irmãzinha. Eu também não queria que fosse assim,


mas aquele desgraçado me encurralou e jurou se eu não permitisse
que se você não fosse por bem com ele, te levaria a força. Eu me
endividei até o pescoço, e ele usou isso contra mim. Eu dei nossa
casa como garantia, mas quando ele viu você ele não quis mais a
casa e sim você — sinto meu mundo cair sobre meus pés e um bolo
se formar na minha garganta, isso está mesmo acontecendo?

— O que acontece se eu não aceitar? — Pergunto mesmo


sabendo que provavelmente a resposta não me alegrará em nada.

— Primeiro nós perderemos a casa e segundo ele te levará a


força, não importa o que você faça.

— E você me vendeu como seu fosse uma mercadoria, como se


de um objeto se tratasse Dimitri. — Fico imaginando tudo o que terei
de passar ao lado de um homem que desconheço. Me encosto numa
das pares do quarto dele e de forma automática meu corpo desliza
até o chão até que eu fique sentada com os joelhos dobrados, não é
possível que em apenas um dia minha vida tenha mudado tanto meu
Deus. — Dimitri você acha que eu mereço tudo isso? Você acha
minha vida tão insignificante até o ponto de tomar decisões sobre ela
sem falar comigo?

— Porra Sasha? Nunca passou pela minha cabeça te entregar


desse jeito...

O corto imediatamente: — você não me entregou você me vendeu.


Sabe porquê? Porque você é egoísta e só pensa em você e em ter
uma vida com mordomias.

— NÓS NÃO TEMOS SAÍDA! — Ele praticamente grita


descontrolado — entenda isso, quanto mais cedo aceitar isso será
melhor para todos nós, não podia arriscar perder a casa da nossa
família. Você deveria agradecer afinal de contas nenhum homem se
casaria com...

Ele parece se controlar para não proferir a palavra que eu sei que
ficou instalada no garganta.
— Pode terminar, ninguém se casaria com uma cega não é isso?
— Me apoio na parede e com impulso me levanto e volto a ficar
parada — Obrigada irmão, muito obrigada por arranjar um
casamento tão bom para mim.

Sem falar mais nada saí do quarto dele aos prantos, me


perguntando o que eu tinha feito de errado para merecer tudo isso.
Lembrar daquele homem faz meu corpo estremecer, não quero
imaginar o que fará comigo quando nos casarmos. Eu nunca beijei
antes nunca tive um namorado, eu não sei nada sobre
relacionamentos e muito menos faço ideia de como é dividir
confidências ou intimidades com o sexo oposto. Entro no meu quarto
e me jogo na cama enquanto as lágrimas grossas jorram por meus
olhos.

— Meu Deus! Eles me venderam e nem se preocuparam com


meus sentimentos Por favor me ajuda, mande um sinal uma luz, eu
não vou suportar tudo isso. Eu sinto que esse homem vai me
quebrar.
E mais uma vez abro os olhos e me sento na cama num
solavanco, minha respiração soa ofegante mesmo no escuro do
quarto, da camisa do pijama também extremamente molhada é
possível ver meu peito subir e descer sobre a luz transmitida pela lua
lá fora, todo meu corpo está suado e o travesseiro está todo
ensopado pelo meu próprio suor, e por incrível que pareça a previsão
do tempo para cidade de Seattle durante a madrugada de hoje não
passa dos trinta graus Celsius de máxima, a roupa que estou
vestindo é fresca e eu não estava coberto e o quarto está bem
arejado. Para dizer que não são os fatores externos que provocaram
o calor incessante e o meu despertar súbito. Foram meus fantasmas,
aqueles que não me deixam dormir e que já me conformei que irão
me acompanhar pelo resto da minha vida fodida.

Suspiro e passo minhas mãos também suadas no meu cabelo, eu


sabia que aquele tempo de um sono tranquilo ia me custar isso, mas
uma madrugada acordado até o sol espreitar no horizonte. Me
levanto da cama e tiro a camisa a largando de qualquer jeito na
mesma, caminho até a porta que dá acesso a sacada e saio para me
esgueirar na espreguiçadeira, olho para o exterior da mansão e
apenas vejo escuridão, e não tinha como ser o contrário pois o
relógio marca um quarto para as quatro da manhã.
Já me acostumei com isso o pouco tempo que consigo dormir se
meu passado me perturbando é suficiente para descansar o cérebro
para no dia seguinte eu estar mais ou menos vivo para o trabalho.

Já passam mais de seis anos e o pesadelo ainda é o mesmo, as


vezes minha própria mente é criativa e aprimora cada vez mais o
pesadelo, o sangue, o fogo os gritos e as vezes as gargalhadas
estridentes daquele filho da puta do meu progenitor, porque para
mim ele nunca foi um pai, foi só alguém que disponibilizou seu
esperma para me gerar, se sinto a falta dele? Nem um pouco a morte
para ele foi pouco depois de tudo o que ele fez, uma pena ele não ter
morrido pelas minhas próprias mãos, quando você é quebrado da
pior forma possível há coisas que você não hesita mais em fazer,
quando não existe nenhum motivo para continuar respirando. Se
pudesse acordava aquele desgraçado e o matava da pior forma
possível deixaria o corpo dele em frangalhos.
Tento conter essa coisa que está crescendo dentro de mim, para
não destruir nada no quarto saio em direção a minha academia, pelo
menos lá eu posso descontar esse ódio em alguma coisa que
aguente.

Sem nenhuma pausa desfiro sucessivos socos no saco de


pancada pendurado na minha academia, mesmo sentido meus
dedos e punhos ardendo e possivelmente sangrando eu não paro,
não quando a vontade de destruir o mundo ainda se apodera de
mim, meu corpo que a pouco se recuperava da enorme quantidade
de suor que meu estava expelindo agora está três vezes mais
banhado pelas gotículas. Quando percebo o cómodo é iluminado
pela luz meio alaranjada eu paro e me viro para a parede
panorâmica que nesse momento mostra o sol nascendo entre as
montanhas do vale de Washington. A respiração sai de forma
descompassada enquanto contemplo a vista parado no tapete de
ginásio, sem mais delongas saio da academia e volto para o quarto
indo para o banheiro a seguir me livro da roupa e me coloco de baixo
do chuveiro cujo solta dezenas de linhas de água gelada bem fortes,
apoio minhas mãos na parede ficando de costas para o vidro protetor
fecho os olhos e lindos olhos azuis intensos se apoderam da minha
imaginação, a pele branca onde desejo mais que tudo deixar minha
marca, os lábios finos cujos não paro de imaginar envolta do meu
membro ereto e sedento, aquele corpo pequeno e magro mais com
as curvas certas acorrentado implorando para ser chicoteado e
fodido ao mesmo tempo a buceta que deve ser... Oh porra.
Quando dei por mim minha mão esquerda já estava fazendo
movimentos de vai e vem frenéticos e minha mente perversa e
profana já projetava mil maneiras de a foder sem limites. Nesse
momento nem ligo se estou sendo um fodido pervertido e nem ligou
o quanto isso seja doentio apenas mergulho na minha própria
imaginação enquanto meu corpo me alerta que a libertação está
próxima, mas me nego que isso acabe, a sensação é tão boa, e mais
dois movimentos em torno do pau eu gozo forte.

— Anjinho — grito por ela de forma trémula enquanto meu


esperma se espalha pelo chão e pelas paredes do box deixando meu
corpo trémulo e flutuando por mais alguns segundos. Isso nunca
aconteceu antes, mas não é nenhuma surpresa, porque assim que a
vi eu e a ferra que mora em mim sabíamos que ela era nossa, que
ela nos pertencia em todos os sentidos possíveis. Eu vou adorar
devorar ela, sei que isso é mais do que simples tesão, está muito
mais além disso eu sinto que te certa forma ela é o que preciso para
aplacar isso que se esconde em mim, esse monstro que sou.

Saí do banho me vesti com um de meus ternos pretos, camisa e


gravata da mesma cor, ao longo do tempo sem perceber eu
simplesmente decretei luto eterno, minhas roupas são todas de cores
escuras, quando se perde muito na vida até mesmo nossas vestes
passam a exprimir encantamento o que somos, e eu não escondo
para ninguém o quanto posso ser sombrio.

Já se passaram duas semanas desde que saí da Rússia, em


menos de uma semana meu estado civil irá mudar para casado, algo
que nunca imaginei que aconteceria outra vez. Existe uma barreira
de gelo em mim que me impede de criar qualquer relação afetuosa
com qualquer pessoa que seja e essa regra não foge das mulheres
também. Não existe mais espaço para esse tipo de coisa dentro de
mim, mas quando vi aquele anjinho tocando piano duas grandes
batalhas começaram dentro de mim a primeira entre a machucar e
protegê-la do mundo e de mim mesmo e a segundo está entre
continuar com meu modo de vida ou buscar pela redenção, será
possível um anjo daqueles se apaixonar por um fodido como eu?
Não, isso seria o extremo do absurdo anjinhos como ela esperam
pelo seu príncipe encantado num cavalo mas serei seu príncipe das
trevas.

Os últimos acertos do casamento já foram feitos, contratei pessoas


especializadas para cuidar de tudo até mesmo o vestido e acessórios
que ela irá usar já foram providenciados. Isso pode parecer frio
demais mas eu não me importo se me caso ou não com ela desde
que esteja do meu lado o resto está ótimo. Limitei o número de
convidados para cem, não sou uma pessoa que gosta de sentir a
presença de várias outras a volta, boa parte dos membros da máfia
russa estarão presentes, sei que isso provavelmente trará problemas
com Enrico mas não me importo, eu não faço parte dessa guerra que
existe entre eles.

Após uma manhã cheia de reuniões e teleconferências caminho


pelos corredores do andar da presidência indo em direção a minha
sala, poucas vezes me sinto saturado mas hoje definitivamente estou
começando a sentir as consequências de noites não dormidas, tarda
mas o corpo sempre clama por descanso, minha desconcentração
nas reuniões foi a prova disso.
Atiro o terno num dos sofás veludo marrom escuro e me deito no
outro maior de cor preta que se encontra de frente para a paisagem
da cidade.

Mas algo em cima da mesa de centro chama minha atenção, meus


músculos tencionam assim que meus olhos vislumbram aquele
maldito símbolo de formato cilíndrico com algumas escritas em
romano antigo de cor dourada, e tenho a certeza que ele é feito de
ouro refinado, o cartão de cor preta reluz sobre a luz do dia e o brilho
do símbolo é ainda maior que ofusca minha visão me fazendo
lembrar de coisas que definitivamente eu não quero lembrar, por
mais que eu não queira admitir por mais que seja banhando de
tatuagens para encobertar a marca que carrego, ela sempre fica me
penicando me fazendo lembrar que ela existe e que é irremovível,
que vou levar ela pelo resto da minha vida.

Sem escolha estico minha mão até alcança-lo, frio exatamente


como todos os que estão por trás dele, atrás do cartão estão escritas
apenas coordenadas geográficas e sei que isso significa que preciso
me locomover até o local descrito do em forma de código. Porra, faz
anos que não me meto nessa merda desde a morte do meu pai, o
desgraçado é que me meteu em seus jogos sujos, desde então me
afastei da GENISIS, uma organização secreta cujo principal objetivo
é manipular, controlar e dirigir os eventos históricos mundiais do
mundo inteiro que acham conveniente para a população elitizada da
humanidade.

Faz muito tempo que perdi o medo deles, eu era um maldito


covarde masoquista que aceitava os maltratos, torturas psicológicas
e físicas do próprio pai, segundo ele queria me tornar um homem
distinto, para ele eu era um fraco e ele precisava me preparar para
assumir dar o império da família e foi assim que ele meteu naquele
mundo. Sei que se procurar saber como esse cartão veio parar aqui
ninguém vai me responder, afinal de contas eles agem de forma
meticulosa como uns malditos fantasmas, nunca vou me cansar de
procurar meios de destruí-los antes que tornem esse mundo ainda
mais podre do que já é.

Mesmo sem ter mais nenhuma concentração permaneço no


escritório até a hora que devo me dirigir ao porto de Seattle, as
coordenadas geográficas indicam que o encontro será feito lá,
quando o relógio marca um quarto para as oito da noite tiro a gravata
e coloco o terno. No estacionamento do edifício meu motorista e
seguranças já me esperavam.

— Para o porto — o motorista acena fechando a porta pela qual


entrei no carro. Se tem algo que aprecio nos meus funcionários é a
descrição.
O carro entra em movimento e desliza pelas ruas da cidade, a
essa hora o trânsito já se encontra calmo. O percurso irá durar cerca
de dez minutos, aproveito esse tempo e tiro meu tablet da pasta,
quero ver meu anjinho. A mansão dos Solotov voltou ao que era
antes, mas agora infiltrei alguns seguranças da minha confiança para
que me mandem relatórios diários sobre tudo o que acontece lá.
Para minha futura esposa contratei uma dama de companhia para a
ajudar com tudo que ela precisa, não gosto de saber que a deixam
por conta própria sendo deficiente visual. Procuro por ela em toda a
casa e finalmente a encontro sentada num dos bancos do jardim que
agora ganhou vida com a ajuda dos profissionais contratados.

Seus cabelos negros acompanham o movimento do vento, como


todas as vezes seus olhos estão concentrados num único ponto, ela
está falando com alguém no celular, alguma coisa dentro de mim
grita quando a vejo soltar um sorriso tímido para pessoa do outro
lado da linha. Ainda com a câmara de segurança focada nela procuro
no tablet o aplicativo que uso para monitorar o celular dela e pelo
que vejo ela está falando com uma de amiga, por isso desligo o
tablet e arrumo ele.

Assim que o carro estaciona em frente a um dos navios atracados


no lugar meu motorista abre a porta me dando espaço para sair, vejo
alguns carros da marca Mercedes e deduzo que eles chegaram. Um
dos homens que estava a minha espera me guiou até o interior de
um dos navios, a porta metálica da cave range assim que é aberta,
no interior dois homens elegantemente trajados estão me
observando. A GENISIS é composta por pessoas de diferentes
esferas da sociedade, políticos, capitalistas, líderes religiosos,
homens que se acham ricos demais e seus filhos e por aí se estende
a lista.

— Espero que tenham uma razão muito convincente para me


convocar a aparecer aqui. — Um deles se aproxima ficando assim
mais visível seu rosto.

— Seu pai tinha algo que nos pertencia e agora queremos de


volta. Na verdade ele armou nos trair e pretendia fazer isso
revelando nossa identidade e o que fazemos — Seu sotaque
britânico reverba no ambiente.
— Não sei o que é e nem me interessa saber. Podem procurar na
casa dele, mas se estão me procurando deve ser porque não
acharam.

— Acreditamos que tenha deixado com você ou num dos cofres do


seu banco. ― Malditos filhos da puta.

— Façam o que quiserem não irei gastar meu tempo com isso —
me aproximo deles — nunca mais entrem em contato comigo e muito
menos se metam no meio do meu caminho. Assim como vocês, eu
também tenho minhas armas. — Dou as costas a eles caminhando
em direção á saída.

— Não pode se livrar da sua natureza. Você nasceu para grandeza


— não dou atenção nenhuma para suas palavras, depois de anos
nunca pensei que voltaria a enfrentar esse caras de novo. Enquanto
caminho em direção ao carro trio meu celular e logo para pessoa
capaz de me ajudar com isso. Depois de dois toques ele atende.

— Eles voltaram!
Sempre achei que nada nunca ia superar a dor que senti quando
perdi meu pai ou quando descobri com apenas dez anos que minha
mãe me abandou ainda recém nascida, até esse momento, até o dia
que meu irmão achou que era meu proprietário e resolveu me
vender. Desde aquele dia minha mente não para de processar sobre
o ocorrido, eu ainda não estou conformada, e juro que se houvesse
uma forma de fugir de tudo isso eu fugiria para bem longe de todos.
Meu coração foi despedaçado pela grande decepção que meu irmão
me fez sentir quando com a voz mais fria disse que eu ia me casar
para salvar a fortuna da família. Se ele realmente não quisesse me
entregar sem dúvidas ele teria contactado a máfia. Mas como até a
organização é repleta de machistas e oportunistas tenho certeza que
me entregariam para meu futuro marido de qualquer jeito.

Tento engolir o choro que está por vir, mas é impossível quando na
sua cabeça passam as diferentes formas de ser infeliz ao lado de um
homem que não se ama. Um nó se forma na minha garganta e se
estende até a boca do estômago, seguro naquela região com a
intenção de aplacar os tremores que se espalham por meu corpo,
mas é impossível, em segundos meu corpo todo está tremendo e de
meus olhos transbordam lágrimas de dor, medo e incerteza do que
virá e será minha vida a partir de hoje.

Eu mal tive tempo para digerir a notícia de que fiquei noiva quando
como uma facada brutal Dimitri me informou que eu me casaria em
três semanas, foi aí que minha paz acabou de vez, porque minha
cabeça por mais que eu tentasse não parava de remoer meu destino
na minha cara. Três semanas se passaram, e nesse tempo minha
vida se resumia em pensar na chegada desse maldito dia. Por causa
da dor eu amaldiçoei meu próprio pai por ter morrido e me deixado
nesse mundo sozinha, porque se ele estivesse aqui sem dúvidas
nada disso estaria acontecendo, estaríamos juntos e felizes tal como
ele me prometeu naquele fatídico dia.

— Querida não chore! — não sei quem é essa mulher só sei que
ela faz parte da equipe que vai me arrumar para o abate ― venha
vamos tomar um banho relaxante na banheira, já preparei tudo para
você — sem parar de derramar uma lágrima se quer segurei na mão
dela e juntas caminhamos, provavelmente estaria me levando até o
banheiro.
Assim que entramos no cómodo eu não sabia o que fazer, aqui
não é a minha casa onde eu já sei onde fica cada cómodo e cada
objeto, saio do meu devaneio quando sinto as mãos de alguém no nó
do robe feito de seda fina que estou usando. Imediatamente me
afasto.

— Desculpe não queria assusta-la, apenas queria ajudar com o


robe. — E nesse momento meu rosto esquenta drasticamente por
saber que alguém me veria nua. O choque é ainda maior quando
lembro que a partir de hoje um homem desconhecido irá me tocar e
usar do jeito que vai entender, afinal de contas ele me comprou, de
repente sinto a única peça que meu corpo traja cair sobre meus pés,
revelando assim a nudez do meu corpo magro ― venha querida,
está tudo pronto, apenas tente relaxar, hoje você vai ter um dia de
princesa.

Mesmo isso dilacerando minha alma, eu entro na banheira que


aparentemente é bem espaçosa. A água está bem morna e a mistura
do aroma das pétalas e dos sais de banho domina minhas narinas e
um suspiro que não esperava sair da minha boca preenche o
ambiente.
Não sei quanto tempo permaneci dentro daquela banheira, mas foi
tempo suficiente para saber que eu não conseguiria relaxar em
nenhum momento por mais que eu tentasse e que meu corpo
implorasse por isso.

Após o banho a sequência de acontecimentos passou tão rápido


tal como as três semanas que roguei a Deus que durassem um ano.
Ali não era mas eu, meu corpo pertencia a aquelas pessoas a minha
volta que ficavam falando o quanto sou linda e que me deixariam
ainda mais linda com todas aquelas coisas que fariam em mim,
nomeadamente, arrumar meu cabelo, fazer minha maquiagem e toda
aquela lista que se deve seguir para deixar uma noiva bonita, em
alguns momentos eu ficava curiosa pois eu queria saber como seria
o resultado final, queria saber como eu fico vestida de noiva e
principalmente se a langerie para noite de núpcias era realmente
linda como todos os profissionais contratados para me preparar
afirmavam.

Finalmente eu estava pronta, uma tristeza profunda se apoderou


de mim ao constatar que não podia me ver no espelho como uma
noiva normal faria nesse momento. Respiro fundo e de forma trémula
minhas mãos passeiam pelo vestido de noiva que estou vestindo, eu
posso sentir o bordado detalhado em torno das mangas, a parte de
cima é justa até a cintura e em baixo composto por uma saia bem
cheia que a cada movimento que eu fazia ela acompanhava, nem o
vestido eu pude escolher.

Meus pensamentos são cortados quando ouço alguém bater a


porta, faz tempos que estou aqui sozinha. Todos saíram depois de
me elogiar e desejar felicidades.

— Sasha! — Depois de tanto tempo no final ele veio. Desde a


nossa discussão eu e Dimitri nos afastamos ainda mais, a pouca
convivência que mantinham simplesmente desapareceu. Ouço seus
passos atrás de mim, ele segura as laterais dos meus braços e vira
meu corpo em sua direção, um beijo casto é repousado na minha
testa, franzo a testa após sentir o cheiro forte de álcool. — Eu vim te
buscar para te levar ao altar, seu futuro marido a espera.

O medo e nervosismo que sentia antes pioraram, porque estou


cada vez mais perto da minha prisão, o choque da realidade me faz
derramar algumas lágrimas.

— Por favor Dimitri, fala para esse homem que eu não quero me
casar. Fala para ele que pode ficar com tudo o que quiser, e que nem
que leve a vida toda nós pagaremos a dívida caso a nossa casa não
seja suficiente para pagá-lo, por favor, eu te imploro. Não me
abandone irmão — sinto seus dedos frios limparem minhas lágrimas
com delicadeza.

— Se recomponha, vou te esperar lá fora — ainda atónita com o


jeito frio e insensível do meu irmão desabo num sofá que por sorte
estava atrás de mim caso contrário estaria esparramada no chão de
tão trémulos que meus pés estão. Após intermináveis minutos, eu
levantei e me recompus, alguém veio me ajudar porque sozinha não
faria nada, Natasha e Avani vieram me desejar felicidades da
maneira mais falsa possível e foram embora tagarelando sem parar
sobre o quanto o jardim estava repleto de homens lindos e
bilionários.
Caminho a passos vagarosos com Dimitri ao meu lado segurando
meu braço, já estamos do lado de fora da casa, e pelo que ouvi não
é aqui que vamos morar, a casa do meu marido fica em Seattle, uma
das cidades do Estado de Washington.

Meus pés, que calçam uma sandália rasa sem salto entram em
contato com a grama fofa do jardim, as sandálias foram a única coisa
que eu pedi, porque não haveria de conseguir andar naqueles
sapatos de salto alto, nunca tive o costume de usar salto, a minha
deficiência também não ajuda muito.

Quando as primeiras notas do prelúdio 24 de Frederich Chopin


chegaram aos meus ouvidos, meu coração deu um tropeço que eu
quase recuei, mas Dimitri me segurou firmemente como a soubesse
da minha intenção de dar meia volta e sair correndo. Minha pele que
mal sabia o que era a luz do sol festejou quando sentiu os primeiros
raios sobre ela, meu coração batia de forma descompassada,
enquanto sentimentos de ódio e medo se misturavam no meu
interior, sei que a distância para meu futuro incerto está apenas a
alguns passos. Quando dei por mim eu já estava parada, e de
repente uma energia que nunca senti antes percorreu meu corpo
quando senti uma mão grande que não era do meu irmão segurar de
forma firme em minhas costas.

O medo se apodera de mim e os batimentos do meu coração


aumentam a velocidade de forma brusca que sinto que a qualquer
momento eu vou cair desfalecida no chão. Sinto Dimitri se afastar e
eu quase chamo por ele para me levar embora, quando a presença
fria e sombria do meu futuro marido domina meu pequeno corpo. A
essência do seu perfume masculino está cada vez mais forte, sinal
de que estamos quase cara a cara, sem esperar sinto sua respiração
no meu ouvido, imediatamente prendo o ar e congelo.

— Quero que se acalme. Afinal de contas de nada me serve uma


noiva demasiada. Não quero mais prolongar esse teatro — aquela
voz máscula e grossa como um trovão dita aquelas palavras de
forma calma automaticamente meu corpo relaxa obedecendo sua
ordem. Minha respiração volta ao normal e aos poucos meu coração
volta aos seus batimentos regulares. Como ele fez isso?

A sequência de acontecimentos externos segue enquanto eu me


tranco no meu próprio mundo, a troca de votos, a troca de alianças, a
afirmação de que é nosso desejo estar um com o outro pelo resto de
nossas vidas, em todos esses momentos para não desabar eu
resolvi me desligar, algo que ultimamente estava resultando.

O salão de festas não estava muito movimentado como


geralmente acontecia nos casamentos de pessoas influentes, era
possível sentir isso, e pelo que eu soube meu marido é dono de um
banco e provavelmente era muito conhecido no mundo dos negócios
e finanças. As pessoas nos felicitaram e algumas mulheres
conversaram comigo, e como era esperado não consegui me
inturmar.

Após uma hora, fui comunicada que já estávamos de partida. Eu


não sei se teríamos lua de mel, mas para um homem como ele essas
coisas devem não lhe interessar em nada. Sua mão grande e fria
segurou a minha e juntos caminhamos até o carro. Vinte minutos
depois estávamos dentro de um avião.
Sentada na poltrona lembrei que minha amiga Yeva não pôde
comparecer ao meu casamento pois nesse momento não se
encontra nos Estados Unidos - país onde ela está estudando - mas
prometeu que assim que regressasse viria me visitar.

A viagem está demorando tanto, faz uma hora que decolámos, era
suposto essa viagem levar menos de uma hora, e como meu marido
parece não ser adepto do diálogo eu fico com receio de perguntar
para onde estamos indo. Estou muito cansada e meu corpo está
começando a reclamar através do sono, tentei me manter acordada
porque não confio nesse homem para saber se não faria alguma
coisa comigo, mas final ele estaria em completo direito de uso.

Está tão quente que posso sentir as chamas começando a


consumir meu corpo, o fogo deve estar bem forte porque posso ouvir
o encriptar das chamas. A dor e a agonia são dilacerantes.

— Me ajudem por favor! — Falo já sem forças, a respiração já está


falhando. — Papai me ajuda. — O silêncio é a única resposta que
obtenho após essa súplica. A cada lufada de ar que tento puxar mais
eu sufoco. Eu finalmente mergulho na escuridão.

Após o interminável sufoco eu acordo num solavanco, e sinto que


estou respirando normalmente e que não estou em chamas, seguro
meu peito que sobe e desce acompanhando minha respiração
acelerada. Tateio toda a região do busto e não sinto aquele tecido do
vestido, e muito menos o peso da saia, toco todo meu corpo até
chegar a conclusão de que estou vestindo um robe bem curto, o
penteado foi desfeito e meu cabelo nesse momento está preso numa
trança.
— Que bom que acordou! — Meu Deus, foi ele que tirou minha
roupa?

— Foi você que que... — as palavras não saem de tanta vergonha.

— Sim fui eu quem tirou seu vestido. Agora somos marido e


mulher e tenho todo o direito de fazê-lo. — Sua voz está distante o
que indica que está em algum canto me observando, pois sinto todo
meu corpo esquentar.

— Onde estamos? — Finalmente pergunto depois de tanto tempo


que essa pergunta ficou instalada na minha garganta.

— Em Paris! — Ele foi categórico com sua resposta, sem abrir


espaço para troca de mais algumas palavras ou perguntas, ouço
seus passos pelo local que acho que deve ser o quarto até sentir a
cama em que estou afundar — está na hora de consumar o
casamento anjo!
Paris, França
Após ouvir aquela frase dita por ele de forma nada romântica, meu
corpo todo começou a tremer e minha mente estava processando mil
formas de fugir de tudo isso ou então acordar desse pesadelo que
minha vida se encontra, quando a essência do seu perfume domina
todo ambiente e principalmente indicando que se aproxima de mim
minha respiração se torna descompassada, irregular e a cada busca
pelo oxigénio minha boca se abre libertando o ar, eu sei que não vou
escapar disso, eu sei que ele está me observando como o predador
que é, e está só esperando o momento certo para atacar e me
devorar como um coelho assustado.

A cada vez que a cama afunda e seu perfume se torna parte do ar


que respiro eu me afasto, já é impossível respirar apenas pelo nariz
a tensão é tanta que agora a boca é que está incumbida de exercer
essa função, é como se eu tivesse corrido uma maratona, meu peito
aquece e começo a sentir meus poros expelindo o suor na testa.
Minha respiração ruidosa é o único som que ouve no ambiente, essa
é a parte do casamento que menos pensei nas últimas três semanas
mas agora sendo a presa dele estou vendo que deveria ter tomado
isso como prioridade nos meus pensamentos.
Quando minhas costas batem na cabeceira da cama como um
soco forte, a realidade me mostra que não tenho mais saída, não há
escapatória para isso, eu fui vendida e meu dono tem todo direito de
fazer o que bem entende comigo.
Sinto seus dedos quentes acariciando minhas bochechas
lentamente enquanto sobem até meus lábios entreabertos, um dos
dedos circunda o formato dos meu lábios e depois se afasta. Desde
que nos casamos eu percebi que diálogo é algo ele evita
esporadicamente, não preciso vê-lo para saber que é um homem
silencioso, sombrio e também posso dizer sofrido, eu sinto que tem
alguma coisa nele que não está bem.

— Não precisa ter medo anjo! — Sua voz assombrosa me tira do


meu devaneio — eu vou te foder tanto menina, você não imagina o
tamanho da tesão que sinto por você, meu anjinho — ele toca meu
cabelo enquanto inala meu perfume no pescoço, estou meio deitada
então isso facilitou — nós estamos loucos para sentir você e seu
sabor feminino. — Nós?

Entro em desespero total após ouvir isso, será que para além dele
terei de me envolver sexualmente com mais alguém? Como se
percebesse meu espanto ele volta a falar.

— Não se preocupe, apenas eu posso tocar você. Meu amigo


inseparável também irá aproveitar do momento.
— Por-por favor — minha voz sai mais trémula do que eu queria —
não me machuca. Eu... não estou pronta para isso. — Sinto as
primeiras lágrimas tornando meu rosto molhado. Ele não fala nada,
apenas se aproxima ainda mais de mim, suas mãos grandes estão
acariciando minhas coxas de forma erótica e carinhosa e algo
desconhecido está acontecendo com meu corpo. Suas mãos vão se
aproximando da minha cintura onde ele me segura com certa
brutalidade mas sem perder o erotismo.

Beijos lascivos e estalados são espalhados pelo meu pescoço,


Deus o que é isso que estou sentindo?
Eu não devia sentir essas coisas, me sinto tão suja. Minhas mãos
largam o lençol no qual estão fechadas em punhos.
— Seu perfume é tão doce anjo — sinto as carícias feitas pelo seu
nariz na curva do meu pescoço e pequenos gemidos involuntários
saem da minha boca, e isso o deixa satisfeito pois ouço seu sorriso.
— Sei que você é virgem, por isso hoje faremos tudo a moda antiga,
sexo baunilha, mas depois disso eu te ensinarei muitas coisas,
depois de tudo você vai mergulhar no meu mundo com total entrega
e submissão, por bem ou por mal.

Não entendo o que essas palavras significam, por isso continuo


calada.
Quando menos espero a alça da camisola desliza pelo ombro e sei
muito bem o que segue, seus lábios seguem para essa região
desnuda do meu corpo enquanto sua barba que deve ser enorme
também espalha sensações no meu corpo, seus lábios esmagam
meu ombro desnudo enquanto uma de suas mãos continua
apertando minha cintura, o percurso que os lábios fazem até minha
boca é tão rápido que não tive tempo para respirar, o que começou
num beijo casto e calmo se transforma em algo extremamente
selvagem, minha mão segura em seu peitoral com intuito de o
afastar porque está se tornando difícil respirar, quando minha mão
entra em contato com a pele do peitoral uma energia vibrante se
espalha por todo o meu corpo. Em poucos minutos estou
experimentando diferentes sensações que nunca antes tinha sentido.
Ele parece ser bem musculoso e bem a grande, oh meu Deus!

Imediatamente me afasto de seu toque mas isso não durou muito


porque me segurou com mais possessividade e me colocou sentada
na cama.

— Para! Eu não quero! — Esperneio enquanto seu peso me


esmaga.

— Agora é tarde anjinho. — Após várias tentativas de me soltar eu


finalmente desisti, foi tolice minha pensar que podia escapar de um
homem duas vezes maior que eu.

Quando ele finalmente largou meus lábios mal tive tempo de falar
alguma coisa e minha camisola foi totalmente retirada do meu corpo,
meu corpo se arrepia todo quando o vento fresco da cidade
parisiense entra em contato com minha pele. Meus seios enrijecidos
são esmagados pelos lábios do meu marido, deixando eles com uma
dureza ainda maior, já se tornou impossível segurar os gemidos,
minhas pernas são abertas com brusquidão, antes que eu pudesse
protestar ele já estava no meio delas segurando minhas coxas
firmemente, sinto seu membro encostar na minha virilha e isso me
deixando ainda mais em brasa pois por conta própria meu corpo
procurava um alívio que nem eu mesma conhecia.
Meu quadril remexe se esfregando cada vez mais rápido naquele
membro que eu devia repudiar.

Quando ele se afastou, dos meus lábios saiu um protesto mais que
audível, não sei o que ele está fazendo mas ele parece estar
procurando algo.
Quando finalmente voltou para cama segurou meus pulsos e sem
minha autorização os amarrou no alto da minha cabeça com algo
que parecia uma corda. Sinto uma pontada de medo e com isso
tento me soltar, mas é impossível, porque os nós foram muito bem
feitos.

— O-o que vai fazer comigo? — Mesmo com medo essa maldita
excitação não se acalma.

— Eu te darei prazer anjo. Nós vamos sucumbir no nosso próprio


prazer. — ele acaricia meus seios que imediatamente voltam a ficar
duros, junto com essa sensação voltam os gemidos tímidos que eu
soltava.— Agora abre essas pernas para mim anjo, quero ver essa
sua buceta pequena e rosada bem exposta.

Mordo os lábios para tentar abafar os gemidos e aperto minas


pernas pois estou com vergonha demais para fazer o que ele manda,
sinto um tapa estalado na lateral da minha coxa, não doeu mas me
assustou. Sua voz estrondosa como um trovão mandou: ― abre
elas! Agora.

Isso não foi um pedido e sim uma ordem, tentei não fazer o que
ele mandou mas meu corpo traiçoeiro o obedeceu. Ouço seu
rosnado após abrir ligeiramente as pernas. E imediatamente sinto
meu corpo ser puxado ainda na mesma posição.

— Tão maravilhosamente suculenta e linda. Está pronta para mim


— gemo alto quando sinto algo molhado e gelado acariciando minha
intimidade, gemo ainda mais alto quando atinge uma parte
específica, uma parte muito sensível.

— Ah oh meus Deus — faço o possível para me soltar e apertar


em alguma coisa mas é impossível. Quando sinto suas mãos
grandes nas laterais das minhas coxas eu chego a conclusão de que
o que está me proporcionando esse prazer não é um objeto e sim
sua língua. Mesmo morrendo de vergonha eu imploro para que ele
continue, minha pulsação se torna ainda mais acelerada e sinto que
algo grande está por vir. A prova disso acontece quando num súbito
tremores fortes e incontroláveis dominam meu corpo de forma
avassaladora, ergo meu quadril gritando seu nome bem alto
enquanto uma sensação de prazer absoluto que começa na região
da bexiga desce até os músculos nervosos da minha intimidade
enquanto mergulho num frenesi incontrolável e então sinto lágrimas
transbordando por meus olhos e escorrerem pelas têmporas.

Após uns trinta segundos minha mente volta a si, e minha


respiração também volta ao normal. Eu fiquei tão entorpecida que só
agora percebi que meu pulsos foram soltos, o relaxamento é tanto
que eu mal me mexo. Meus Deus o que eu fiz? Agora esse homem
vai ter mais motivos para achar que eu compactuei com tudo o que
envolve esse casamento errado.
Sem ligar para minha nudez me viro de lado e começo a chorar.
Sentado na poltrona ao lado da cama saboreio o whisky com gelo
misturado com o sabor delicioso do meu anjo. Ela continua deitada
na cama provavelmente ainda se recuperando do intenso orgasmo
que acabou de sentir. Seu corpo é tão sensível e sei que em pouco
tempo ele irá reconhecer meu toque como o dono dela.

Não deixo de imaginar como seria a ter submissa, amarada e


totalmente molhada como agora a pouco. Sua natureza já me
mostrou que ela será uma mulher com muito fogo na cama, com os
treinos certos ela ficará perfeita, do jeito que gosto.
Saio do meu devaneio quando ouço seu choro tímido, ela deve
estar se culpando por ter sentido prazer, o que ela não sabe é que
ainda não viu nada.

Me levanto e caminho até a cama, retiro a única peça de roupa


que estou vestindo, uma calça moletom, largo ela de qualquer jeito
no quarto enquanto o desejo cresce dentro de mim. Meu membro
está feito uma rocha apontado para seu pequeno corpo trémulo,
estou tão duro que não duvido que sou capaz de a foder até o dia
amanhacer, uma vibração se espalha no meu corpo ao imagina-la
amarada num dos meus postes de açoite com seu corpo cheio de
marcas feitas por um dos chicotes da minha extensa coleção.

Sem precisar da sua autorização e pouco me importando com seu


choro, toco os seios pequenos e roliços que se tornaram a minha
parte favorita no seu corpo. Ela solta um suspiro baixo e não fala
nada, ela não precisa falar, seu corpo já diz tudo, ela sabe que já sou
seu dono em todos os sentidos.

— Agora é a minha vez de gozar intensamente dentro de você


anjo!— Meus lábios famintos devoram os seios dela enquanto meu
pau pulsante implora para mergulhar na carne dela. Mesmo lutando
consigo mesma ela começa a gemer de um jeito tímido quando meus
dedos acariciam seu clitóris inchado. Ela está tão molhada que meu
pau vai deslizar sem muito esforço.

Quando suas mãozinhas quentes tocam meus ombros eu quase


perco o controlo, preciso dela, ela é tudo que eu quero cuidar e
machucar agora.
Já posicionado entre suas pernas seguro meu pau duro e o
encaminho em direção a sua buceta virgem que está toda ensopada
também implorando por mim. Com cuidado impuro meu pau no seu
canal e como esperado ela pede que eu pare, mas não obedeço, é
tarde demais para isso.
Devoro seus lábios enquanto a entro bem devagar.

— Oh porra! — Rosno ainda me deliciando de seus lábios finos


quando meu membro finalmente se acomoda dentro dela, quente e
apertada. — Anjo você é tão gostosa — quando ela contrai os
músculos vaginais, eu quase gozo dentro dela, sei que ela fez isso
involuntariamente, provavelmente um reflexo por causa da dor que
sentiu quando a barreira da sua inocência foi quebrada, um gemido
rouco sai de mim.

Seguro seus pulsos e os posiciono acima da sua cabeça e então


começo as investidas, a estoco firme e forte.
Nunca senti tamanho prazer, eu definitivamente quero me perder
nesse corpo. A fodo comtemplando esses olhos que conquistaram a
mim e a fera, a fodo como se o amanhã não fosse chegar, e a cada
movimento sinto que a libertação está bem próxima.

— Você é minha anjo, minha! — Ela não tem mais escolha, ou ela
me dá tudo de si ou então a arrastarei comigo.
Minha consciência desperta fazendo meu corpo vibrar ao sentir
aquele corpo pequeno enroscado nos meus braços enquanto sua
cabeça descansa no meu peito. Depois de tantos anos é difícil
acreditar que finalmente tive a oportunidade de desfrutar de uma
noite tranquila de sono sem súbitas surpresas. Durante muito tempo
eu não soube o que era isso, esse privilégio me foi tirado a seis anos
atrás, numa inesquecível noite. Olho as horas no celular e ele marca
nove horas da manhã, muito mais tarde do que imaginava. No meu
estado normal a essas horas eu já teria esquecido que tinha
dormido.

Meu corpo se encontra com as forças revigoradas e uma outra


sensação que no momento é impossível decifrar, mas acordar sem
ter um pesadelo se quer me faz achar que talvez haja esperança
para mim, no final talvez ainda exista vida para alguém como eu.

Apesar das horas o quarto de hotel está num breu devido as


cortinas de um verde escuro que ainda permanecem fechadas. Um
suspiro baixinho do meu anjinho chama minha atenção, ainda com
sua cabeça encostada no meu braço contemplo seu rosto, que
mostra o quanto ela dorme serenamente, seus cabelos espalhados e
os lábios finos entreabertos. Ela deve estar mesmo muito cansada,
mas com toda razão.

Primeiro por causada da longa viagem de Washington para cá, e


foi um voo direto sem nenhuma escala. Quando chegamos em Paris
o relógio marcava meia noite, obviamente que não esperei a porra da
festa terminar, saímos muito mais cedo, o casamento se realizou
numa das enumeras propriedades da família, e foi do jeito que
solicitei sem muita gente e sem muitas cerimónias.
Quando chegamos ela já dormia então não foi difícil a tirar da
aeronave e trazê-la para o quarto, ela não pesa quase nada e o sono
dela é muito profundo.

O segundo motivo do seu cansaço, sem dúvidas se deve a


madrugada prazerosa que tivemos, certo que nada ia de encontro
com minha natureza e muito menos como eu queria, mas não posso
negar que apesar de inexperiente ela me proporcionou um prazer
que nenhuma mulher nunca me fez sentir.

Ela também não fica atrás, por ser cega seus outros sentidos
ficaram mais apurados, principalmente o tato ela é muito mais
sensível em alguns pontos do corpo, o que mais me deixa duro é ver
sua carinha e seus olhos lindos revirarem enquanto goza chamando
por mim. Quando meu nome sai da sua boca eu fico tão duro, minha
mão esquerda acaricia sua cintura e aperto a região pois a ereção
matinal está maior que nunca, sei que ela já está acordada só não
mostra isso pois está com vergonha.

Aprecio seu delicado corpo, um corpo que revelou vários segredos


com apenas alguns toques. Seus seios são redondos e menores,
apesar de magra ela tem as curvas certas para deixar qualquer um
louco de desejo, mas eu serei o único privilegiado a toca-la.

Daqui a algum tempo eu a irei ensinar a perder essa vergonha. Irei


a moldar exatamente do jeito que eu gosto, mas por enquanto farei
uma introdução ligeira do que será nossa vida sexual daqui a algum
tempo, por mais que ela não aceite, não terá como fugir disso. E uma
parte de mim também me condena por a submeter a tais coisas, mas
isso é mais forte que eu, o mínimo que posso fazer nessa merda de
casamento é não quebra-la, já basta um fodido na relação.

Saio do meu devaneio quando ouço meu celular tocando. Tiro


minha mão da cintura da minha esposa e estico o braço até o criado
mudo onde o celular está guardado. No visor vejo o nome de
Dominic, e já deduzo qual é o assunto que ele quer tratar.
Antes de atender saio da cama, e cubro o corpo nuo do meu anjo
que imediatamente se encolhe. Coloco a calça moletom que se
encontrava no chão do quarto.

Caminho até a sacada do quarto e quando o celular começa a


tocar pela segunda vez eu finalmente atendo, olhando avista da
cidade.

— Espero que você tenha boas notícias. — É possível ouvir a


agitação do outro lado da linha.

— Tenho boas e más notícias, mas isso depende de como você


define boas e más notícias. — Merda.
— Estou ouvindo!

— É muita sujeira cara, muito mais do que imaginamos a quatro


anos atrás. Vou apenas te falar o básico mas o resto das
informações vou mandar no seu email, nesses documentos está tudo
detalhadamente explícito sobre o que a GENISIS anda aprontando
nos últimos dias. — O que já era de se esperar, esses malditos estão
metidos em tudo, até mesmo nos exércitos mundiais. Dominic é a
prova disso, usaram o esquadrão dele para começar uma guerra
mas como não deu certo mataram a família dele da forma mais brutal
possível. Desde então eu e ele nos empenhamos em destruir os
desgraçados. Após a morte do meu pai conseguimos neutralizar eles
através do congelamento de contas bancárias que continham o
dinheiro sujo deles, com os melhores hackers nós distribuímos o
dinheiro sem deixar rastros, levou mais de dois anos para que se
reerguessem.
— Droga Dominic! — Suspiro passando a mão no cabelo ― o que
mais tem para mim?

— A notícia boa é que já estou perto de descobrir quem é o líder


fundador dessa organização e a má notícia é que a família da mãe
da sua esposa está metida até o pescoço nessa organização. Eu
investiguei e descobri que eles carbonizaram toda a família
Semyonava e restou apenas a Kátia, mãe da sua esposa. Cara
esses desgraçados são doentes.

— Não mais que eu. Agora mais do que nunca eu quero destruir
eles, transformar essa organização que eles tanto exaltam, em pó.
Eles foram longe demais ao me procurar depois de tantos anos.
Descobriu o que eles tanto procuram? — Apesar de não querer nada
que envolva a GENISIS eu preciso saber o que ela tanto queriam
comigo.

— Dentro da CIA eu não descobri nada, mas tenho um conhecido


lá que vai continuar investigando mais afundo. — Ele faz uma pausa
e continua: — Minha última saída foram os Serviços Secretos, um ex
companheiro de batalhas no irão estava me devendo um favor, e foi
lá que copiei os documentos que mandarei para você. Preciso viajar
para Itália em alguns dias então quando eu voltar continuamos com
nossa investigação.

Após trocarmos mais algumas confidências nos despedimos,


bloqueio o celular e imediatamente minha cabeça lateja, mais
problemas para eu gerir, e agora tem mais alguém na minha vida,
merda! Isso não pode acontecer de novo.

A seis anos eu jurei naquele túmulo que esses desgraçados iam


pagar, e quando finalmente se silenciaram por tanto tempo. Eu sou
um fodido morto vivo pois por dentro eu estou morto e se meu corpo
ainda vaga por aí é só porque não sou covarde o bastante para
ceivar meu suspiro. E a volta deles significa mais destruição e morte,
é só isso que o mundo pode obter deles.
Meu corpo já apresenta algumas gotículas de suor provocados
pela temperatura alta que a cidade apresenta no momento, o calor
apesar de moderado é perceptível.
Fiquei tanto tempo aqui que só agora estou me lembrando que
deixei alguém que depende de mim no quarto. Ela vai precisar da
minha ajuda para tudo, a casa já está adaptada para as condições
dela, mas também andei investigando sobre o caso dela e descobri
que é reversível, por não ser congénito.

Segundo o especialista que a acompanhou durante todos esses


anos, ela teve uma lesão nos centros nervosos do olho causada pelo
trauma ocular. Mas dá para resolver isso através cirurgia, Dimitri é
tão filho da puta que nem se preocupou de levar a irmã para fazer
essa cirurgia, e como a família estava perdendo tudo aí ele
definitivamente não ligou mais para o problema da irmã.

Quando voltarmos para Seattle o melhor cirurgião na área da


oftalmologia a espera para realizar a o procedimento, já está tudo
organizado. Saio do meu devaneio quando escuto algo quebrando
no quarto.

As pressas entro pela porta pela qual saí e me deparo com Sasha
parada de olhos arregalados enquanto os restos de um vaso estão
espalhados pelo chão, a passos largos caminho até ela e ordeno que
não se mexa para que não se machucasse, sem muita dificuldade
ergo seu corpo que se encontra enrolado no lençol. Em silêncio
caminho até o banheiro, coloco ela no chão.

― Fique a vontade para fazer suas necessidades, eu vou pedir


nosso café e volto para te ajudar com o banho ― quando volto para
o quarto peço nosso café e que organizem o quarto e as minhas
roupas, a mulher que contratei que será responsável por cuidar de
tudo que diz respeito a minha esposa irá arrumar as roupas dela,
porque eu não entendo nada disso.

Quando entro no banheiro a encontro parada praticamente


tremendo enquanto seus olhos mantém aquele olhar perdido, de
vagar para não assusta-la tiro suas mãos do lençol e seu rosto cora
como sempre acontece quando o lençol alcança o piso do banheiro,
sua pele branca se realça tão bem no meu tom bronzeado como se
fossem fogo e gelo, sinto uma vontade abismal de a beijar por isso
me agacho até alcançar seus lábios, ela geme assim que minhas
mãos apertam seu bumbum delicioso, e meu pau fica mais que
acordado ele está pronto para se perder na carne dela.

Sem desgrudar dela enlaço minha mão direita na sua pequena


cintura e a carrego até o box, apenas me afasto dela para ligar o
chuveiro no modo morno, e então começo a me deliciar dela, ela
corresponde no início mas depois fica tensa e tenta se soltar de mim,
a aperto com mais força e ela começa aquele choro que já conheço
muito bem. A ferra dentro de mim vibra ao vê-la desse jeito por isso
eu continuo mesmo ela resmungando que não quer.

— Por favor eu não quero, me solta. — Sua voz de anjo


suplicando é música para os meus ouvidos. ― Me larga seu
monstro.

— Ahh anjinho você não vai querer ir por esse caminho não é
mesmo?
Desperto sentindo uma de suas mãos grandes envolta ao meu
corpo e a outra sobre minha cintura pressionado aquele local de
forma intensa e brusca, não me atrevo a abrir os olhos, não quero
que ele saiba que já estou acordada. Minha vontade é de gritar com
ele e mandá-lo tirar suas mãos sujas do meu corpo. Não entendo
como eu pude corresponder às investidas dele ontem quando
mantínhamos relações.

Ele me fez sentir coisas inexplicáveis, ele fez meu corpo queimar
em brasa e meu subconsciente mergulhar no mais profundo prazer,
cheguei até achar que ia desmaiar com todas aquelas sensações.
Me sinto tão suja e vulgar por ter o correspondido sendo que
nosso casamento não passa de um negócio para ele, sinto que estou
traindo a memória do meu pai, porque isso está completamente
contra os princípios que me foram transmitidos.

Saio do meu devaneio ao sentir o membro de Christopher


cutucando minhas costas, e nesse momento um formigamento se
forma na região da minha virilha e uma vontade insana de tocá-la se
apossa de mim.
O toque de um celular me trás de volta a realidade como um balde
de água fria, não posso me deixar envolver, ele está longe de tudo o
que eu sonhei para minha vida. Sempre sonhei em casar com um
homem que me amasse que fosse carinhoso, amoroso e a acima de
tudo meu amigo.

Muito diferente do homem com quem estou casada. Ele tem um


jeito tão silencioso, sombrio e as vezes aterrorizante.
Após ele finalmente sair da cama para atender a ligação eu me
derramo em lágrimas silenciosos, não só pela dor que estou sentindo
emocionalmente mas também por me deixar dominar em suas
garras. Ele já sabe que me tem nas suas mãos por mais que minha
mente e coração o odeiem e repudiem seu toque meu corpo as
vezes diz completamente o contrário.

Não sei quanto tempo fiquei imóvel na cama apenas pensando


que rumo minha vida ia seguir a partir de agora, resolvo me levantar
para pelo menos vestir uma roupa. Sento na cama e com a mão
tateio toda cama em busca das minhas roupas mas não as acho.

Sei que não devia fazer isso mas eu saio da cama e fico parada
com as mãos apoiadas na borda da mesma. Deus estou parada feito
um bicho assustado, não sei o que fazer ou onde ir, onde tocar e
onde não.

Não sei quanto tempo fiquei parada com medo de avançar algum
passo e me machucar, até que finalmente ganho força e dou alguns
passos a frente, estava indo tão bem até que esbarrei em algum
objeto de porcelana que imediatamente caiu e se espatifou, o
barulho foi tão alto que com certeza quem estivesse a cem metros ou
mais ouviria, o susto foi tão grande que fiquei estática com as mãos
na boca após soltar um grito. As vezes me sinto tão inútil.

Passos firmes e rápidos soam no ambiente quando as palmas dos


seus pés entram em contato com o piso, ele está descalço.
De repente meu corpo é erguido num rompante, estou tão atónita
que não abro a boca para falar nada, ele caminha comigo em seus
braços e quando abre uma porta me coloca no chão e me diz que é o
banheiro, ele me indica onde está o vaso sanitário e a pia e vai em
bora dizendo que virá me ajudar com o banho. Mesmo com o tempo
fresco senti minhas bochechas esquentarem no mesmo instante.

Quando ouvi a porta bater as pressas fui até o vaso e fiz minhas
necessidades, quando ia caminhar até a pia escuto a porta abrir,
travo no mesmo instante. Ele chega perto de mim e sob meus
protesto desce o lençol que cobria minha nudez, um nó se firma na
minha garganta, tento acompanhar seus movimentos durante o beijo
mas imediatamente acordo quando sinto um se seus braços me
segurar pela cintura e me erguer sem muito esforço, quando
chegamos ao que deduzi ser o box, ele continua com os beijos no
meu pescoço e na boca, quando ele percebe que não está mais
sendo correspondido me aperta ainda mais para perto dele. O choro
estridente que estava preso na minha garganta sai se misturando
com o som da água abatendo o chão do box.

Tento pedir que ele pare, mas ele age como se não estivesse
ouvindo minhas súplicas, quando dei por mim já estava sendo
esmagada na parede fria do boxe, ele vai me machucar.

— Por favor eu não quero, me solta. — Peço antes que seja tarde
demais, ele parece estar possuído. — Me larga seu monstro.

— Ah anjinho você não vai querer ir por esse caminho não é


mesmo? — Meus dentes abatem uns nos outros enquanto meu
corpo todo estremece ao ouvir suas palavras. — Está na hora de
mostrar com quem se casou anjo.

— Por-por favor não me machuca — o soluço do meu choro é o


único som que se ouve agora que a água potente não cai mais sobre
nós, sinto que uma tonelada está sobre mim nesse momento e que
meu coração irá me abandonar a qualquer momento.

— Não vou te machucar esposa! — Respiro mais aliviada pela


resposta, sinto sua respiração calma e demasiadamente controlada
atrás da minha orelha — mas você não irá escapar do seu castigo.
Minha espinha gela e a tremedeira que mal havia cessado
recomeçou acompanhada do choro estrangulado. Ele segura minha
mão me puxando para começar a andar, mas definitivamente não
ouso sair desse banheiro.

— Vamos! — De forma frenética nego com a cabeça e implorando


silenciosamente. — Não vou pedir de novo anjo.

E como um robô meu corpo seguiu seu comando, e nesse


momento a maior humilhação é caminhar ao seu lado nua sem saber
o que acontece a minha volta. Ele me coloca sentada na cama e
depois se afasta, a cada pequeno barulho ou movimento meu corpo
dá uma estremecida longa. O que ele vai fazer comigo? Com a ajuda
das minhas mãos tento tapar os seios descobertos e lembro que
minha intimidade também está exposta.

Nunca na minha curta vida pensei que passaria por algo do


gênero. Algo tão sujo e completamente distante do que sempre
sonhei para minha vida. Não sei se estar casada com um mafioso da
máfia russa se compara a estar casada com Christopher Parker.

Seus passos vagarosos porém, firmes, soam no ambiente, meu


coração palpita de forma desenfreada a cada estalo que um objeto
desconhecido solta no ar.

Meus cabelos que estavam soltos de repente sinto eles sendo


amarrados ou trançados, eu não sei. Meus pés trémulos foram
obrigados a se manter de pé enquanto suas mãos passeiam pelo
resto do meu corpo, minhas mãos são tiradas de forma bruta dos
seios que estava tentando cobrir, e o bico do meu seio é sugado me
fazendo suspirar e praguejar por minha intimidade estar
correspondendo-o.

— Tão linda, tão minha. — Sinto alguma coisa percorrer o caminho


reto da minha barriga até minha intimidade de forma vagarosa, até o
estalo de alguma coisa batendo nas minhas dobras me fazer acordar
da névoa hipnotizante — por mais que você resista, essa buceta
linda já me conhece e me obedece. — Imediatamente fecho as
pernas pois o formigamento permanece na região.

— Para! — Imploro ao sentir o segundo estalo travar no meu


bumbum, lágrimas banham meu rosto porque agora doeu — Por-por
favor para.

— Shhh primeiro o castigo e depois eu te faço gozar. — Meu corpo


é jogado na cama de barriga para baixo e antes que pudesse
raciocinar meus pulsos são amarrados no que deve ser a cabeceira
da cama, sob meus protestos meu quadril é levantado. — Quietinha,
não chore. Você não pode ser fraca, seu inimigo pode usar isso
contra você. Eu sei que dói mas um dia você vai me agradecer.

A cada pequeno movimento a cada ínfimo farfalhar meu corpo fica


em alerta.

— Está pronta para receber seu castigo anjo? — Silêncio! É como


se ele estivesse aguardando a resposta — me responde, ou esse
chicote irá fazer estragos ainda maiores.

— Si-im eu estou.

E antes que eu pudesse soltar a segunda lufada de ar, uma dor


ardente toma conta de mim quando o primeiro golpe corta o ar e
acerta o lado esquerdo do meu bumbum. Ele não deu tempo para
meu corpo se acostumar e o segundo golpe é acertado no outro lado
tirando de mim o grito mais estridente que alguma vez na minha vida
soltei.

Não existem mais palavras para implorar, minhas forças se


esvaíram ao longo de cada golpe que recebi, foram dez. Eu contei
porque queria saber o quanto o castigo iria durar, porque eu sei e
sinto que haverão outras vezes, meus braços trémulos são
desatados do nó que os mantinham presos, meu corpo fraco e sem
forças é alojado em seus braços, a dormência é tanta que não o
impeço. Soluços e estremecidas é tudo que meu corpo consegue
transmitir.
— Shh acabou, com o tempo e meus treinos você vai aprender
como as coisas são e seu corpo irá se adaptar — minha cabeça
descansa em seu peito enquanto ele me carrega dizendo que
estamos indo para o banheiro terminar o banho que foi interrompido
por minha desobediência.

Após o banho e ele me vestiu num roupão felpudo, nos


alimentamos em silêncio enquanto ele me ajudava a comer, esse
homem é doente.

— Agora pode receber sua recompensa, vou fazer você gozar!

Com o maior cuidado ele me carrega e me coloca na cama, um


beijo intenso e voraz é iniciado me sufocando e fazendo com que
minhas vias respiratórias se esforcem ainda mais para puxar o ar. O
nó do roupão é desfeito e minha nudez revelada, apesar do medo de
fazer alguma coisa que não o agrade eu tento correios der da melhor
forma possível, só quero que isso acabar e que ele me deixe em paz.

Minhas pernas são abertas e meu corpo é obrigado a repousar


sobre a cama e relaxar, quando de repente movimentos vagarosos
são feitos no meu clitóris arrancando de mim gemidos que para mim
são totalmente descabidos. O que eu estou fazendo? Ele me bateu e
agora eu estou aqui sentindo prazer com apenas um toque seu.

— Não resista! Quando estiver comigo quero que se entrega a


mim, na dor e no prazer. Apenas sinta. — E foi isso que eu fiz
apenas senti cada sensação que seu toque conseguiu despertar no
meu corpo, cada reação, cada respostas corporal que nunca
imaginei poder sentir.

Quando ele finalmente me deixou em paz, não sabia que horas


eram, se era dia ou noite, só sei que passamos boa parte do tempo
da cama com ele explorando meu corpo do jeito que pôde e sentiu
vontade.
Quando os tremores do último orgasmo cessaram ele disse que eu
podia descansar, então fechei os olhos e minha consciência se
apagou.
Atenas, Grécia

Nunca na minha vida achei que pudesse viver momentos bons


outra vez, bons no sentido lato, pois algumas vezes esses momentos
são misturados com apreensão e medo.
Medo do que pode acontecer a cada palavra ou movimento que eu
fizer, apreensão porque eu praticamente estou vivendo sobre areias
movediças, qualquer passo em falso eu serei consumida pelo meu
dono. Tento conter o nervosismo que me domina para poder sair do
banheiro, pois acabo de ouvir a voz dele do outro lado da porta, e
essa é uma das únicas vezes em quase duas semanas de
casamento em que ele me deu alguma privacidade para tomar banho
sozinha sem o toque dele em meu corpo. Ou seja desde Paris, ele
não me toca e muito menos fala comigo.

Chegamos a três dias em Atenas, depois da má experiência que


tive em Paris agora tento ao máximo não o deixar nervoso, já vi que
isso não é bom para mim. Dá primeira vez a dor ardente do chicote
em minha pele foi minha companhia por três dias, durante três dias
aquelas dores me lembravam que nunca devia contestar nada o que
ele dissesse, e o que me fez o temer ainda mais foi a astúcia que
teve para depois de me infligir tanta dor tentar sarar minhas feridas,
algo que não adiantou. E a segunda e última vez que me arrependi
de ser tão sensível e ingénua foi quando o quarto do hotel ficou
destruído pelo que eu pude ouvir. Ouvir Ele gritando e móveis sendo
jogados de um lado para o outro e coisas quebrando me deu a
certeza de que aquele quarto ficou irreconhecível.

Desde então ele se afastou de mim, minha única companhia tem


sido a Morgan, uma moça contratada para me fazer companhia e me
ajuda com algumas coisas, como a locomoção, vestuário e outras
coisas mais. Ela é simpática mais muito contraída e polida. Aposto
que foi inquerida a apenas falar o autorizado e não criar muita
intimidade comigo, apesar de tudo eu gostei dela, ela me leva para
passear pela cidade e também para aproveitar o sol e a praia lá fora,
algo que eu nunca fiz, a temperatura negativa de São Petersburgo
não permitia certo privilégio.

Mas aqui tudo isso é possível, sentir o sol abraçando meu corpo, a
água do mar em meus pés e o melhor de tudo é ouvir o som das
ondas e as vozes felizes das pessoas, isso é contagiante.

Pulo de susto quando um toque rude e bruto quase derrubando a


porta do banheiro chega aos meus ouvidos, não adianta eu fingir que
estou no banho é bem possível que entre aqui e me arraste mesmo
nua, por isso resolvo atar muito bem o nó do roupão para me
preparar para sair.

— Anjo? — Nunca de sua boca o ouvi proferir meu nome, toda vez
que me chama assim é como se estivesse saboreando o mais
saboroso dos néctares, fico me perguntando como seria o som do
meu nome saindo da sua boca. Desde que nos casamos eu me
transformei no anjinho dele, na sua escrava da dor e do prazer. —
Anda saia daí!

Mesmo temerosa abro a porta de vagar, sentido os pequenos fios


de água escorrem por meu rosto, evidenciando o banho recém
tomado. Eu sei disso assim que ele puser os olhos em mim, não
poderei mais aproveitar o clima tropical da cidade.
— Eu estava no banho — falo cruzando os dedos como forma de
reduzir o nervosismo que se instalou em mim. Um arrepio assustador
se espalhou pelo meu corpo no momento em que senti seus dedos
ásperos na minha bochecha, seu hálito de menta misturado com
alguma bebida alcoólica me deixa inebriada na medida em que sinto
ele se aproximando de mim, por mais que saiba que isso irá me
custar um bumbum dolorido eu esquivo do seu toque continuo
virando o rosto e proferindo a frase — eu preciso me vestir. A
Morgan está me esperando para fazermos o passeio pela cidade.

Sua boca tapa meus lábios com um beijo feroz e sem delicadeza,
ele está sendo tão implacável nesse beijo que eu já tomei
consciência de que está fazendo isso para me punir, eu mal consigo
buscar o fôlego. Quando vi minha cintura já estava refém de um de
seus braços fortes e meu bumbum estava sendo esmagado pela
mão grande que já explorou todo meu corpo como se de um território
desconhecido se tratasse.

Tento buscar de forma urgente pelo ar mas sua boca gulosa não
deixa espaço para tal, e antes que eu pudesse pedir por ar, sua boca
abandona a minha e minhas costas batem com brusquidão na
parede me fazendo soltar um grito de dor e susto, doeu tanto que
meus olhos marejam e aquela névoa de paixão que já pairava no ar
desapareceu, pelo menos para mim, porque para ele aquilo não
mudou nada é só mais um dos seus jogos de dor e prazer, e rezo a
Deus para que a dor não supere tanto assim o prazer.

Ele me fez enlaçar minhas pernas em torno do seu corpo que sem
dúvidas é bem torneado e banhado de músculos, meu roupão é
tirado do meu corpo e mesmo estando pendurada entre ele e a
parede não foi difícil sentir a peça deslizar pelo meu corpo me
deixando completamente nua para ele. Sua respiração ofegante
queima minha pele da curva do pescoço enquanto suas mãos
apertão minhas coxas suspensas, seu membro duro e excitado
apesar de ainda estar dentro da calça já se faz sentir cutucando
minha entrada que já se encontra banhada pelo néctar do prazer. Eu
juro que eu não queria mas é mais forte que eu.
Meu quadril ganha vida e por conta própria rebola sem pudor
nenhum sobre seu membro quente, mesmo sem querer gemidos de
ansiedade saem de nossas bocas se misturando com barulho que
minhas costas fazem a cada vez que ele me prensa na parede com
mais força, estou tão entorpecida que não paro de rebolar. Só quero
que essa vontade acabe de uma vez.
Quando ele tira seu membro de dentro da calça posso sentir meus
músculos vaginais se contraírem pela perspectiva de recebê-lo
dentro de mim.

Ele passa aquele órgão rochoso no meu clitóris me fazendo


rebolar ainda mais frenética nele, e por Deus, isso é tão bom, ele faz
movimentos bem vagarosos com a ponta do seu membro na minha
entrada que sinto que a qualquer momento vou me derramar nele.

— Aih Chris-topher, por-por favor — ele rosna e antes que eu


pudesse raciocinar sinto uma beliscada dolorosa na região do
pescoço, e imediatamente algo quente começa a escorrer naquele
região, minha mão vai até a região até sentir o líquido característico
já conheci muito bem, ele me mordeu? A dor é tanta que começo a
chorar pedindo para ele me largar, antes que pudesse fazer alguma
coisa seu membro potente invade minha entrada arrancando de mim
um gemido de prazer misturado com o grito estritamente da dor —
para.

— Shhh, apenas sinta. Já falei você precisa se entregar a mim na


dor e no prazer. — Seus movimentos são rápidos e frenéticos
fazendo com que minhas costas batam com força na parede, o
prazer em estava sentido foi completamente esquecido por meu
corpo e agora é apenas dor — vou moldar você para que fique
perfeita para mim, você precisa ser forte anjo porque ainda vai
enfrentar um longo caminho até finalmente estar perfeita para mim.
Não vejo a hora desses seus olhos hipnotizantes me encarem
enquanto te fodo fortemente. Quero eles vidrados em mim
vislumbrando o tamanho da minha excitação por você.

Essas palavras são ditas por ele de forma estrangulada devido ao


prazer que ele está sentindo. Eu mal consigo respirar com sua mão
grande estrangulando meu pescoço sem piedade. Sim, ele sente
prazer me infligindo dor, eu fui parar nas mãos de um sádico com
algum distúrbio de perfeccionismo e síndrome de Hulk.

Calábria, Itália

Desde que me casei com Christopher Já viajei mais do que em


toda minha vida, estou conhecendo toda Europa apesar da minha
condição. A alguns minutos ele me disse que estávamos
aterrissando no aeroporto de Nápoles na Calábria uma das regiões
da Itália. Apesar de cega eu ainda tenho todo o mapa da Europa na
minha mente, cada país cada principal ponto turístico.

Suspiro pela enésima vez sentada no acento do carro, seu cheiro


preenche o veículo me fazendo lembrar a cada segundo que ele não
está sentado ao meu lado. Não sei quanto tempo ficaremos na Itália,
mas tomara que seja tempo suficiente para aproveitar o lugar.
Apesar de termos passado apenas duas duplas de dias em Atenas
deu para aproveitar cada lugar que Morgan me levou. Christopher
parece não ter muita paciência e muito menos disposição para fazer
turismo.

As últimas palavras de Christopher naquele dia não param de


martelar na minha cabeça a cada vez que ele me toca me chama e
me possuí, mas até agora eu ainda não pedi nenhum esclarecimento
sobre o que ele disse. Não precisa ser muito inteligente para
interpretar aquelas palavras.

'' Não vejo a hora desses seus olhos hipnotizantes me encarem


enquanto te fodo fortemente, Quero eles vidrados em mim
vislumbrando o tamanho da minha excitação por você. ''

Ele quer que eu faça uma cirurgia para recuperar a visão, os


médicos sempre me diziam que o meu caso é reversível mas eu não
queria me encher de esperança e quebrar a cara depois, por eu ter
me negado a fazer a cirurgia no princípio, Dimitri não insistiu mais e
com o passar do tempo nossa família foi perdendo os bens e aí sim
ficou cada vez mais difícil alcançar a ilusão de um dia poder enxergar
outra vez.

— Vem anjo — saio do meu devaneio quando minha mão é


segurada pela dele me ajudando a sair do carro. E me admiro por ter
ficado tanto tempo divagando em meus próprios pensamentos.
Quando finalmente saio do carro a luz do sol me recebe fazendo eu
suspirar pela sensação gostosa dos raios solares em contato com
minha pele.

Lado a lado caminhamos juntos enquanto minha mão está


pendurada em seu braço, apesar de tudo Christopher respeita minha
deficiência.

— Christopher! Onde estamos? — Quando vi a pergunta já tinha


saído da minha boca.

— Na casa de um sócio. ― Ele para e também faço o mesmo —


eu tenho uma reunião com ele e você ficará com a esposa dele.
Espero que se comporte anjinho.

— Eu vou. Eu juro.

Fomos recebidos por uma mulher que não se apresentou apenas


informou que já estavam nos esperando. Após percorrer alguns
degraus, finalmente alcançamos o interior da casa e assim
abandonamos a luz forte transmitida pelo sol. Christopher se afasta e
entrega minha mão para outra pessoa que me informou ser a esposa
do sócio dele.

— Oi! — Ela tem uma voz tão doce e calma e parece ser bem
jovem.

— Oi. Eu me chamo Sasha. — Juntas caminhamos e então ela me


ajudou a me sentar num sofá confortável. — Qual seu nome?

— Eu me chamo Emanuelle — já apresentadas uma a outra


entramos numa conversa descontraída, sobre a Itália. Nós não
tínhamos muito o que conversar e ainda não nos conhecemos o
suficiente para cada uma revelar suas aflições.

Percebi que Emanuelle é muito comedida com as palavras, ela


parece ser uma mulher triste, algo dentro de mim insiste para que a
pergunta o que tanto a aflige mas antes que pudesse prosseguir
nossos maridos apareceram nos interrompendo. Nos despedimos e
eu prometi visitá-la de novo mesmo sabendo que é bem possível que
Christopher não deixe.
Mais um dia e Christopher me deixou ir visitar minha mais recente
amiga, Emanuelle Ferrari. Esposa do capo da máfia calabresa, a
Ndrangueta. Eu nunca fui de me envolver ou procurar saber sobre as
máfias, mas quando você faz parte de uma que é inimiga da máfia
que o marido da minha amiga comanda é inevitável não saber de
certas informações, pelo que já ouvi falar o marido da Emanuelle é
um homem tão cruel que nem imagino o que ela deve estar
passando nas mãos dele, aquele homem não tem alma e seu
coração é banhando de sangue inocente, ouvir a voz dele foi
suficiente para saber que o sócio do meu marido é alguém capaz de
tudo.

Eu e Emanuelle temos uma história em comum, as duas


nascemos dentro da máfia e nossos casamentos estão longe de ser
convencionais. Vivemos rodeadas de seguranças, de medo e sem
nenhuma certeza sobre o que será das nossas vidas, pois tudo que
diz respeito a nós depende dos nossos donos, eles decidem onde
vamos, com quem falamos e o que fazemos.
Na adolescência eu não senti na pele as consequências de fazer
parte da máfia russa eu apenas tive algumas privações e era
monitorada o tempo todo. Agora as coisas não mudaram tanto pois
apesar do meu marido não ser mafioso eu continuo presa para seu
próprio deleite.

— Venha Sasha! Vamos sentar no jardim. Apesar do inverno estar


apenas começando o sol lá fora é muito gostoso a essa hora —
sorrio para Emanuelle que me ajuda a me locomover, quando
finalmente sinto o cheiro da grama molhada e de algumas flores
características, ela me ajuda a sentar em um banco e depois ela se
senta do meu lado, daqui é possível ouvir a água jorrando de algum
lugar.

— De onde vem esse som de água? — Questiono após alguns


intermináveis minutos de silêncio por parte das duas. Parece que
esse é lugar favorito dela.

— De uma fonte bem a nossa frente, é uma linda estátua de


alguma deusa da antiguidade, arrisco-me dizer que se trata da deusa
Diana é tão lindo de ver — ela imediatamente para sua fala —
Desculpa eu não queria...

— Não se preocupe, eu entendo. Quem sabe um dia eu não tenha


o prazer de apreciar essa obra — quando vi as palavras já tinham
saído da minha boca.

— Sério? Então você vai recuperar sua visão? — Nego com a


cabeça.

— Isso é coisa do meu esposo. Mas não quero cirurgia nenhuma,


eu estou bem assim. Não quero ser um experimento nas mãos de
vários médicos e depois me decepcionar. Eu já aceitei que serei
cega até o dia que Deus me levar. — Mesmo sem querer lágrimas
banham minhas bochechas.

— Eu entendo as suas dúvidas. — Ela suspira e depois continua


— quando eu tinha dezassete anos eu tive um acidente de carro,
nesse acidente minha prima e o bebê que ela esperava não
sobreviveram. E até hoje me culpo por isso, porque se eu não a
tivesse chamado para aquele lugar nada daquilo teria acontecido, se
eu não a tivesse chamado ela estaria aqui viva e com o bebê dela.
Depois de sair do hospital eu fui internada numa clínica psiquiátrica e
vivi mais de quatro anos lá trancada sem saber nada sobre o mundo.
— Que história triste e nós duas estamos chorando já.

— Eu-eu sinto muito.

— No princípio eu me conformei que aquela seria minha nova


casa. Mas com o passar do tempo algo dentro de mim crescia
querendo a liberdade. Até que comecei a perguntar sobre quando eu
teria minha liberdade ou viveria ali para sempre. E quando vi minha
liberdade tinha sido alcançada. Mas para mim, hoje em dia preferia
estar lá do que viver com aquele homem, ele é um monstro Sasha.
Por isso entendo seu receio em fazer a cirurgia, você tem medo que
a nova realidade pós cirúrgica seja pior do que estar cega.

— Sim! — A respondo num sussurro, e me dói tanto saber que ela


esteve trancada por tanto tempo numa clínica, alguma coisa me diz
que tem dedo do marido nisso. — Qual foi o diagnóstico quando
internaram você?

— Alguma coisa sobre transtorno de personalidade e outras coisas


mais que mal lembro os nomes. Só quero esquecer essa fase da
minha vida. — Continuamos conversando durante toda a tarde,
almoçamos juntas e até em certo momento sorrimos juntas. Falamos
do nosso passado e dos nossos passatempos favoritos.

Quando o dia estava se pondo Christopher chegou e disse apenas


uma meia dúzia de palavras antes de irmos embora enquanto ele
apertava meu braço com brutalidade, á passos tropeços finalmente
fui arremessada para dentro do carro sem delicadeza nenhuma, o
que eu fiz agora?

Me encolho no meu canto e não falo nada quando o carro entra


em movimento.
Quando finalmente chegamos ao hotel Christopher foi embora e
me deixou acompanhada da Morgan que me ajudou com o banho e
com a roupa, a meu pedido nós jantamos juntas e quando comecei a
sentir muito sono ela me ajudou a colocar uma camisola e a me
deitar na cama.

Mas assim que descansei a cabeça no travesseiro o sono foi


embora e apenas restaram pensamentos torturantes. Não paro de
pensar no Dimitri, estou casada a quase um mês e até agora ele não
procurou saber de mim e muito menos ligou. Na verdade não sei
nem onde está meu celular desde o casamento que não toco
naquele aparelho.

Meu corpo entra em alerta assim que ouço a maçaneta da porta


girar, batimentos frenéticos dominam meu coração, a coberta está na
altura do meu pescoço, graças a isso posso disfarçar que estou
dormindo. Seus passos duros são a única coisa que se ouve no
ambiente, uma área da cama afunda.

— Scott, está tudo certo para amanhã? — Acho que ele está
falando no celular — ótimo, chegarei em Nova Iorque no jato do meu
sócio no meio da tarde e a noite viajarei para Seattle, prepare meu
jato.

Depois de alguns minutos o silêncio volta a reinar no quarto, até


que o sinto ocupar o lado que lhe pertence na cama. Não sei quanto
tempo fiquei ali deitada esperando o momento que meu consciente
avisasse que eu já estava com sono.

Seattle, Washington

Depois de mais de um mês de lua de mel viajando em alguns


países da Europa nós finalmente estávamos a caminho da nossa
casa. A casa onde provavelmente será minha nova prisão pelo resto
da minha vida ou até Christopher se cansar de mim.
Antes de pegarmos o avião que nos trouxe para cá nós passamos
por Nova Iorque, onde Emanuelle e seu marido ficaram. Nós mal
tivemos a oportunidade de nos despedir direito e cada uma foi levada
para um lado.

Desde o princípio eu desconfiei pelo fato de um homem como o


Christopher querer ter uma lua de mel, mas no final descobri que ele
só viajou porque tinha negócios a tratar em todos os países pelos
quais passamos, isso se confirmou pela sua ausência em quase
todas as viagens, agora eu entendo, não posso criar ilusões de ter
um casamento normal com ele.
Saio do meu devaneio com Morgan chamando meu nome para
que eu me arrume para o jantar.

Essa é uma das poucas vezes que janto com meu marido. Após
me arrumar e me vestir devidamente Morgan me acompanhou até a
sala de jantar, pelo que ela me disse essa casa é enorme e eu vou
levar um certo tempo até saber onde ficada cada cómodo e objeto.

O silêncio durante a refeição é nossa companheira em comum, ele


não fala nada, mas a vontade que tenho agora de o perguntar se
realmente ele me obrigará a fazer a cirurgia, me sufoca, imaginar
que um dia eu possa ver os olhos do meu comprador me deixa em
pânico mas ao mesmo tempo uma curiosidade reina em mim. Não,
eu não quero fazer essa cirurgia.

Depois de do jantar Morgan me levou até nosso quarto onde ela


me ajudou a pentear o cabelo e a colocar uma camisola.

— Morgan essa camisola parece curta demais e o tecido é leve


demais — falo ao sentir metade das minhas coxas nuas e o vento
atravessar o tecido da peça.

— Apenas cumpro ordens senhora — antes que eu pudesse falar


alguma coisa ouvi a porta sendo aberta e logo a seguir fechada. Ela
me deixou aqui sozinha sentada numa poltrona. Eu cheguei aqui
hoje e mal sei onde fica a cama. Respiro fundo e me perco nos meus
pensamentos, faz tanto tempo que não sinto os teclados em meus
dedos e não escuto a melodia que aquele instrumento pode
transmitir. Não sei se algum dia voltarei a tocar porque o meu piano
ficou na Rússia.

Antes que eu mergulhasse numa tristeza profunda seus passos


ecoaram me acordando do meu momento de torpor. Com as mãos
trémulas tento tapar minhas coxas que devem estar bem expostas
agora que estou sentada, de forma rápida umedeço os lábios que
teimam em ficar secos enquanto escuto ele se aproximar.

Sem falar uma única palavra ele segura minha mão, mesmo sem
dizer nada eu entendo que tenho que ficar em pé, começamos a
andar, e a cada passo eu sinto meu coração se apertar porque não
sei o que me espera.
O medo triplica quando o trinco da porta soa no ambiente.

— On-de estamos indo? — Minha voz sai trémula demais, e isso


parece o deixar satisfeito.

— Agora estamos em casa anjo. Preciso te ensinar algumas


coisas básicas, para que fique perfeita para mim. Vem! — Agora eu
estou lembrando ele sempre fala que vai me treinar para que fique
perfeita. Agora entendo a que tipo de treino ele se refere, por reflexo
eu vacilei de um passo — não vamos seguir por esse caminho anjo,
não quero machucar você.

Começo a chorar e a gritar por socorro e antes que eu pudesse


correr para qualquer lugar meu corpo foi erguido e colocado de
cabeça para baixo em seu ombro, não sei se choro por saber como
terminarei a noite ou por minha calcinha estar totalmente exposta por
causa da posição em que estou sendo carregada, isso não é justo.

Enquanto ele caminha sem se afetar pelo peso do meu corpo


magro eu esmurro suas costas mesmo sem poder vê-las, grito até
minhas garganta queimar. Um tapa forte e estalado é desferido no
meu bumbum e uma dor descomunal se espalha naquela região.

— Quieta! — Eu fico calada enquanto um choro estrangulado sai


de mim, seus passos cessam e de repente escuto o som de lago
eletrônico ser ativado.

— Christopher, onde estamos? — É possível sentir que estamos


em outro cómodo, pois a energia que emana é diferente dos outros
cómodos por onde passei. O cheiro de couro misturado com
madeira também denunciam o quanto esse lugar é sombrio e
principalmente, assustador.

Engulo em seco quando meu corpo é colocado em pé sem


nenhum apoio tento segurar no Christopher para que me guie mais
ele tira as minhas mãos do seu braço desnudo e se afasta, não sei
onde pisar, para que lado devo andar. Estou tão desesperada.

— Chris-Chris-topher onde você está... ahh — grito de dor quando


alguma coisa atinge minha pantorrilha me fazendo quase cair — Por-
por favor não faz isso Chris... Aih — outro grito estridente sai da
minha garganta após minha coxa ser atingida. Eu mal consigo
respirar de tão forte que está meu choro.

— Aqui anjo, no meu mundo. Você me chama apenas de senhor,


aqui eu sou seu senhor e seu amo. É aqui onde você me deve
totalmente obediência, entendeu? — Apenas assinto depois de ouvir
aquelas palavras ditas por ele em algum canto desse inferno. —
Agora fala que entendeu anjinho.

— Eu-eu entendi — mais um golpe é acertado no me lábio


fazendo ele arder.

— Complete a frase anjinho. E sem gaguejar.

— Eu entendi senhor. — Seguro o lábio que foi acertado e


constato que ele ficou meio inchado.

— Boa menina! Se continuar assim, a faço gozar como nunca.


Vou fazer sua buceta ser minha escrava, eu vou chicotear ela com a
minha língua. — sinto seu dedo passear por cima da calcinha. —
Agora vamos continuar com as lições.
Meu corpo Estremeceu após ouvir aquelas palavras, a dor que se
espalhou na região na pantorrilha e na coxa não se compara a
tamanha tremedeira que dominou meu corpo quando ele disse que
irá me ensinar outras lições. Com o dorso das minhas mãos limpo as
lágrimas incessantes que teimam em cair quentes como brasa no
meu rosto, nesse processo é possível sentir meu rosto
extremamente molhada, não só pelas lágrimas mas também pelo
suor que transcorre por minhas têmporas, o cabelo chega a grudar
no rosto devido as inúmeras gotículas que meus poros não param de
expelir, o que ele fará comigo?

Neste momento até minha deficiência me fez perder a noção do


tempo, a temperatura nesse lugar está sempre mudando de quente
para amena, não sei se é por causa das chamas que provavelmente
estão ardendo de forma crepitante em alguma lareira ou é meu corpo
que não está confortável com a situação atual. O som que seus pés
descalços fazem soam como trovões de noites tempestuosas em
meus ouvidos, e cada vibração que o piso - aparentemente de
madeira - faz, meu coração pula junto quase me deixando sem ar
suficiente para respirar decentemente.
Em meio minuto ele se encontra atrás de mim, posso sentir sua
respiração pesada e a expiração quente saindo do seu nariz queimar
a região atrás da minha orelha, penso em protestar ao sentir suas
mãos sobre meus cabelos, mas resolvo ponderar, não quero que ele
vire numa fera com as minhas negações. Pelos movimentos que está
fazendo eu percebo que meu cabelo está sendo trançado, e mesmo
transbordando a medo eu me admiro com a sua habilidade, em
alguns segundos meu cabelo já havia sido preso.

— Quem sou eu anjo? — A pergunta sai em um tom de desafio,


ele deve querer que eu não fale o quer ouvir para acertar aquela
coisa opressora em mim. Inspiro uma última vez antes de responder.

— Meu senhor — engulo em seco quando seu membro duro dá


uma cutucada nas minhas costas, mordo os lábios para reprimir algo
a mais que está prestes a crescer dentro de mim.

Os dedos ágeis fazem uma massagem lenta e torturante por cima


da calcinha leve que estou usando, ele está sendo tão carinhoso
nesses movimentos de vai e vem por cima da calcinha que posso
sentir a temperatura alta que emana do seu corpo, já é impossível
reprimir os gemidos porque agora ele está usando a calcinha para
esfregar meu clitóris que a cada movimento fica mais escorregadio.

— Aih Chris-topher, eu eu... — se tornou impossível até falar


porque da minha boca não param de sair gemidos obscenos, e eu
sei que ele gosta disso porque no final serei castigada, mas parece
que meu corpo definitivamente esqueceu disso, diante do prazer que
virá a seguir no momento não passa de um futuro próximo. Quando
tomei conta dos meus atos já estava com minhas mãos acariciando
meus seios já inchados por cima do tecido leve da camisola e meu
quadril rebolava sem parar sobre os dedos ágeis do meu senhor.

— Anh Christopher, por favor eu preciso por favor — estou tão


excitada que não me importo de implorar por alívio que está próximo.
acomichão muito bem conhecida já está se formando no meu ventre
enquanto os músculos da minha vagina começam a se contrair, e
quando eu ia explodir o inesperado acontece.
Christopher tira seus dedos da minha intimidade me deixando
completamente atónita, a dor do orgasmo interrompido é tanta que
sinto vontade de chorar, minhas mãos abandonam meus seios
sensíveis enquanto minhas pernas friccionam uma na outra sentido
meus fluidos lambuzarem até minhas coxas.

— Nem pense nisso. Pare de esfregar as pernas. Aqui você


gozará apenas quando eu quiser. Entendeu? — No silêncio
agonizante apenas assinto — resposta errada anjo.

— Entendi senhor, por favor Christopher — Assim que a última


palavra saiu da minha boca minha intimidade arde de forma não
dolorosa após receber o golpe do chicote. Um grito mesclado pelo
gemido sai pela minha boca — entendi senhor.

Sinto que a qualquer momento meu corpo irá incendiar em chamas


violentas devido a mistura de emoções e sensações que perduram
nele, minha audição aguçada escuta o momento em que um objeto
titilante soa no ambiente, antes de qualquer reação meu corpo muda
de postura quando sinto a presença de Christopher bem na minha
frente, a respiração se torna mais acelerada pois não sei se sua
intenção agora é me dar prazer ou causar dor, meu coração
bombardeia meu peito com batidas fortes que é possível sentir a
camisola acompanhar o movimento do meu peito.

— Me estenda os pulsos — sem pensar e muito menos ponderar


faço o que me foi ordenado, de repente a temperatura gélida do
objeto que está sendo colocado envolta dos meus pulsos provoca
um arrepio forte em meu corpo que chegou até a me fazer
estremecer. Meus pulsos são muito bem prendidos por uma espécie
de algemas, acho eu, e devem ser de couro pelo que posso sentir,
ela deve ter algumas partes revestidas de ferro pois eu posso ouvir o
tintilar do metal, um beijo ardente e possessivo é tudo o que recebo
após esse processo — porra anjinho, não vejo hora de marcar você.

— Chri... — meu subconsciente me alerta fazendo eu parar


imediatamente — senhor por favor.
— Há várias coisas que eu vou te ensinar anjo, uma delas é que
nunca implore por nada — os pulsos são levantados e presos em
algum suporte no teto eu quase fico parada na ponta dos pés pois
meus braços estão esticados demais. Um choro silencioso me
domina e apenas mergulho na minha própria escuridão para me
esquecer de tudo o que acontece a minha volta.

— Eu nunca estabeleci limites com as submissas que passaram


por minhas mãos, mas com você anjo eu vou abrir uma exceção.
Você terá direito a uma palavra de segurança e você deve apenas
usá-la caso eu esteja ultrapassando o limite suportável para você.
Mas assim que você estiver pronta não haverá mais limites e muito
menos palavras de segurança — Deus me ajuda por favor. — Fale
para seu Dom que você entendeu.

— Sim meu amo, eu entendi — faço um esforço descomunal para


que as palavras não saiam entrecortadas por causa da minha voz
embargada. Respiro fundo, porque meus braços já estão doendo por
causa do esforço que estou fazendo.

— Agora quero que pense numa palavra que irá usar a cada vez
que viermos para o quarto de jogos, e tem um porém. Você terá
direito a usar apenas dez vezes a palavra de segurança nas
primeiras dez secções que fizermos. Sobre a palavra, escolha algo
do seu agrado, algo que se identifique com você, você tem um
minuto — por longos trinta segundos torturantes eu pensei mas o
desespero parece ter bloqueado a minha capacidade de raciocinar e
formular palavras.

— Vinte segundos anjo, caso se demore não terá mais direito a


palavra de segurança

— Eu eu — é como se um peso estivesse se acomodado na minha


língua.

— Dez segundos anjo, vamos tornar o nosso jogo mais


interessante, se você perder o tempo te darei dez chibatadas nessa
sua bunda deliciosa que em breve terei o prazer de foder e então
você ganhará mais trinta segundos para me dizer qual palavra de
segurança irá escolher — penso em tudo o que passei até chegar
aqui, nas condições do nosso casamento, e finalmente chego a uma
conclusão — acabou o tempo.

Ele saboreia essa frase camuflada na sua perversão.

— Não, por favor. Eu já escolhi — antes que pudesse continuar


implorando minha camisola é rasgada, deixando meus seios a
mostra e a única peça restante é a calcinha molhada por meus
próprios fluídos.

Quando senti um fio de suor descer no vão dos meus seios o


primeiro golpe foi desferido me fazendo contorcer todo o corpo e
tentar me soltar mesmo sabendo que era impossível.

— Vamos conte para mim anjo — o segundo golpe acerta o outro


lado do bumbum mesmo doendo eu comprimo os lábios para sufocar
o grito.

— Dois ... — e mais um golpe e eu contei tal como exigiu, se não


contasse ele ia recomeçar. A cada golpe que ele desfere
machucando minha carne mais eufórico ele fica, é como se estivesse
possuído, meu bumbum latejava como se tivesse ganhado vida e
pudesse se mexer por conta própria, se realmente é possível esgotar
as lágrimas então isso aconteceu comigo, me remexo quando seu
membro ereto encosta na pele sensível do meu bumbum. — Dói, não
me machuca mais, por favor. Juro que vou obedece-lo meu senhor.

— Me fala anjo. Qual é palavra de segurança?

— Vendida — a palavra sai mais firme no timbre do que eu


imaginei que pudesse sair ao pronunciar — Minha palavra de
segurança é vendida senhor. — Atrás dessas palavras um indício de
raiva as acompanha, porque a forma grotesca pela qual me fez estar
aqui inunda minhas memórias.

É possível ouvir seu rosnado e seu afastamento do meu corpo,


algo dentro de mim diz que ele não gostou muito de ouvir essa
palavra, mas ele sabe que não pode me negar esse direito, apesar
de eu não saber nada sobre os jogos doentios dele sei que é um
direito que ele mesmo me atribuiu. Após tirar minha liberdade, minha
dignidade e meu sossego, essa palavra é minha única segurança e
vou tentar usar ela com destreza.

Fico atenta a cada movimento seu, não sei o que segue a seguir,
mas sinto seu olhar queimar minha pele e me deixar ainda mais
ofegante seu olhar é tão profundo que eu sinto que posso vê-lo com
os olhos da alma.
Em um par de minutos os dois ficamos em silêncio, eu perdida em
meus pensamentos e ele sem dúvidas apreciando a obra de arte.

Quando dei por mim minha calcinha estava percorrendo o caminho


das coxas com destino traçado até o chão, por já estar praticamente
na ponta dos pés foi fácil ele se livrar da peça.
O barulho de alguma coisa vibrando chama minha atenção,
ansiedade e apreensão tomam conta de mim, no momento que ia
pedir para ele me soltar alguma coisa estava passeando pelos bicos
dos meus seios, uma vibração gostosa se espalha naquela região
fazendo minha intimidade voltar a lubrificar depois de tantos minutos.

O objeto percorre o caminho do tórax até minha virilha, espalhando


por todo o corpo a vibração escaldante do objeto, um gemido sôfrego
sai da minha boca quando o objeto vibrante chega aos lábios da
minha intimidade.

— Geme para mim, quero você gritando de prazer — a cada


vibração eu ficava mais encharcada e escorregadia que podia sentir
linhas finas do meu fluído descendo pelo interior das minhas coxas,
eu tento mexer o quadril para sentir mais prazer mas meu bumbum
machucado não permite por isso me limito a ficar parada apenas
sentindo a sensação avassaladora. — Agora goze.

Como um robô meu corpo treme ao mesmo tempo que meu ventre
se contrai e meu clitóris vibra me fazendo quase desfalecer
pendurada.
Eu mal me recuperei do orgasmo intenso e minhas pernas foram
levemente afastadas e antes que pudesse respirar direito um golpe
ligeiro acerta meus lábios vaginais provocando um barulho
características de quando algo molhado é golpeado .

Minhas pernas são erguidas e colocadas ao redor do seu corpo e


de imediato seu membro me penetra profundamente.

— Ohh porra anjinho. Você é tão apertada, tão gostosa e essa


buceta quente é só minha — suas mãos na minha cintura é que me
seguraram enquanto suas investidas duras e brutas chocam nossos
sexos — isso, aperta meu pau anjo, Ohh merda de buceta

— Ohh Deus — praguejo internamente por chamar Deus num


momento como esse, de repente uma vontade de fazer xixi toma
conta de mim — Eu-eu quero fazer xixi. — Por um segundo posso
ouvi-lo sorrindo

— Deixe vir anjo — assim que ouço essas palavras meu corpo
treme intensamente que se não estivesse sendo segurada estaria no
chão agora, tremo tanto que minha consciência está quase me
abandonado, nunca senti algo assim essas reações me fazem gritar
e chorar, ao mesmo tempo que minha intimidade liberta o xixi sem
meu consentimento e mesmo quase desmaiando Christopher dá
mais algumas estocadas e se derrama dentro de mim sem se
importar de apertar meu bumbum dolorido, apenas solto um
resmungo porque estou fraca demais para tentar protestar ou fazer
qualquer outro movimento brusco.

Meus braços sendo soltos é a última coisa que sinto antes da


minha consciência se apagar.
Gozo feito um selvagem na buceta quente e apertada do meu
anjinho enquanto ela também se desfaz em milhares de partículas de
prazer. O orgasmo foi tão intenso que ela ejaculou pendurada e
sendo segurada pela cintura por minhas mãos, após todo meu
sémen se despejar dentro dela levanto a calça com uma mão
enquanto a outra segura ela, a bichinha não aguentou com a
magnitude do prazer e desmaiou.

Com cuidado desafivelo as algemas de couro marron que


prendiam seus pulsos num dos suportes metálicos colocados no teto.
Assim que todo o peso do corpo leve dela está em meus braços a
carrego com cuidado pois ela está tendo alguns espasmos ainda,
caminho com ela em meus braços e me dirijo ao banheiro do quarto
de jogos onde já tem uma banheira com água morna e mais alguns
sais para o banho dela.
Entro na banheira de modelo vitoriano com ela sem me importar
em molhar a calça jeans que estou usando, me sento numa das
extremidades e a coloco entre minha pernas de costas para mim,
assim que o corpo dela sente a água e a bunda gostosa dela sente a
porcelana da banheira ela resmunga e protesta um pouco
— Se acalme anjinho, quero que durma — ela para de se mexer e
finalmente descansa a cabeça no meu peito, já está quase
amanhecendo e ela precisa descansar e recuperar as forças para
saciar a mim e a fera que mora dentro de mim mais tarde. Desfaço a
trança em seu cabelo e seus fios descem como uma cortina de seda
sobre seus ombros, seus seios pequenos de mamilos rosados
reluzem na mesma sintonia com a luz vermelha que preenche o
ambiente, para não fazer mais obscenidades com ela resolvo sair da
banheira de uma vez.

Saio do quarto de jogos com seu corpo enrolado numa toalha, o


silêncio preenche a ala proibida da minha mansão, mas também não
tem como aqui haver um resquício de som por ser a ala proibida, a
única autorizada a vir para esse lado da casa é a governanta. Após
percorrer o caminho até o nosso quarto coloco ela na cama e a cubro
com um cobertor.

Me dirijo ao banheiro e me desfaço da calça encharcada, como já


estava sem camisa e sem cueca apenas entrei no box até os jatos
de água baterem em meus ombros o percorrem meu corpo até o
chão. As cenas de horas atrás não saem da minha cabeça, e ao
mesmo tempo uma luta começa dentro de mim, quando olhei nos
olhos da Sasha a primeira coisa que pensei é que ela seria perfeita
para suprimir essas minhas necessidades sombrias mas ao mesmo
tem um lado meu dizia que ela era alguém que precisava ser
fortalecida. Porra, ela é bem mais do que eu julguei naquele
momento, e não quero pensar nas consequências disso.

Durante a nossa viagem pela Europa em alguns momentos eu tive


que me afastar dela, merda.

Isso não pode se repetir, jurei que a história não ia se repetir e que
eu me moldaria e seria imune a fazer com que alguém ocupasse um
lugar proibido na porra da minha vida fodida. Após o banho coloquei
uma calça moletom e quando olhei o relógio ele marcava cinco e
meia da manhã, para alguém como eu que já está a acostumado a
não dormir não me admira.
Aprecio minha esposa que dorme serenamente como o anjo que
ela é, seus cabelos negros espalhados pela cama enquanto sua
respiração sobe e desce mostrando a curva dos seios gostosos que
ela tem.

Sirvo o whisky, e enquanto o tomo, mais uma vez leio os arquivos


que ele conseguiu sobre a GENIS na base de dados dos Serviços
Secretos do governo. É tanta coisa podre que envolve a guerra pelo
poder que agora entendo o motivo de o governo fazer com que essa
organização não passe de algo utópico e que apenas os jornalistas
enxeridos falam.

No dia que destruí o quarto de hotel em Paris foi exatamente por


causa desses documentos, li vários podres do meu pai e eu não
consegui segurar a raiva fulminante que cresceu dentro de mim, eu
praguejo a todo instante que ele esteja se fodendo seja lá onde ele
estiver, mas ele é tão filho da puta que não me admiraria saber que
conquistou o maldito diabo.

Leio mais algumas linha e finalmente me convenço que a família


materna da minha esposa estava realmente envolvida até o pescoço
com esses desgraçados, e Sasha escapou por um triz por ter o
sobrenome do pai caso contrário também teria sido contaminada
com os discursos elitistas dessa maldita organização, e pelo que me
parece nos últimos dois anos estão se reerguendo, abrangendo
novos membros na hora da seleção, senadores, secretários de
estado, capitalistas, fazendeiros bilionários, generais navais, mas
nessa equação falta apenas um elemento para completar a escória,
um banqueiro.

Respiro fundo e largo os documentos na mesa ao lado da poltrona,


preciso chegar ao topo dessa cadeia, só assim posso acabar com
esses desgraçados. Saio do meu devaneio quando ouço meu celular
tocando, seguro nele e na tela aparece o nome de Dimitri.

— Que porra você quer Dimitri? — Falo sem paciência nenhuma


para saudações matinais.
— Quero saber da minha irmã cara. O que você fez com ela? A
Sasha me prometeu que me ligaria uma vez por semana e isso
nunca aconteceu e o maldito celular dela só anda desligado — todo
esse tempo tenho monitorado ele e como era de se esperar continua
se metendo com pessoas erradas, a maldita da madrasta e a irmã
postiça também continuam as mesmas fúteis de sempre.

— Ela só irá falar com você quando ela me pedir autorização e eu


permitir, e não se preocupe sua irmã está viva, mas não intacta.

— Seu desg... — Encerro a chamada assim que julgo ter falado o


suficiente, ele na do que ninguém sabe que não troco palavras
desnecessárias com ninguém.

Passei o resto da manhã e o início da tarde treinando na


academia, como não existe nada que exija a minha presença no
escritório hoje, então resolvi não comparecer. Fios de suor percorrem
todo meu corpo e minha respiração sai pesada assim que termino de
socar o saco de pancada pendurado.

— Senhor Parker — não preciso me virar para saber que se trata


da acompanhante da minha esposa — desculpe, não queria
atrapalhar. Só queria informar que a senhora Parker já despertou.

— Ajude-a com a higiene e a mostre a disposição das coisas no


closet e no banheiro — antes que ela se distancia lembro de algo —
quero que ela coloque um vestido branco.

Após passar mais alguns minutos na academia finalmente voltei


para o quarto, quando abri a porta me deparei com meu anjo sentada
tomando um copo de suco, ela está perfeita naquele vestido branco
que percorre todos seu corpo até os calcanhares, mesmo sentada a
peça realça perfeitamente suas curvas ligeiras, seu cabelo está
preso em um coque. E eu odeio ver seu cabelo preso quando
estamos aqui fora, apenas lá dentro onde eu posso ser quem sou é
que me enche de prazer ver seu cabelo preso.
Caminhei até ela e vi o momento que ela prendeu a respiração ao
sentir meus dedos soltarem os cabelos, sua língua lambe o lábio
inferior tirando o excesso de suco e suas mãos descansam em seu
colo.

— Como se sente? — Questiono tirando um pedaço de bolo e


colocá-lo em sua boca. Ema mastiga e engole tudo até finalmente
me responder.

— Bem! — Seus olhos denunciam que ela estava chorando e sua


voz meio embargada também me diz isso.

— Porquê estava chorando? — Ela fica quieta — vamos anjo me


responda.

— Eu-eu tenho medo. Você vai me machucar de novo?

— Você quer que eu te machuque? — Ela nega com a cabeça. —


Anjo já falei que se você não aceitar esse meu lado, teremos
grandes problemas no futuro. Vem!

Seguro sua mão quente, a faço levantar mas antes disso ela
protesta mas finalmente me obedece, juntos caminhamos pelo
corredor onde fica nosso quarto até um cómodo que mandei decorar
especialmente para ela, em meio a tantas cores sombrias, o lugar
aonde a estou levando é totalmente o contrário, tem muita luz
transmitida pela cor branca das paredes e dos móveis e também
grandes janelas de vidro por onde entra a luz solar nas manhãs em
que Seattle não está envolvida em nuvens nubladas.

A guio até o banco de frente para o piano dela, mandei trazer ele a
dias atrás da Rússia, o instrumento é tão branco que o vestido dela
se camufla nele, guio seus dedos ágeis sobre o teclado e ela fica
visivelmente emocionada ao sentir o marfim em seus dedos, depois
de alguns instantes me agacho para falar no seu ouvido.

— Quero que toque para mim anjo.


Ela suspira, se acostumando com a presença do seu piano.
Caminho até um dos cantos da sala e me encosto numa das paredes
para a observar melhor, e em menos de trinta segundos seus dedos
já estão deslizando sobre os teclados trazendo uma das sinfonias de
Beethoven.

E assim como aconteceu da primeira vez que meus olhos


pousaram nela, meu corpo é dominado por uma energia diferente.
Daqui é possível ver as lágrimas cristalinas deslizando por suas
bochechas que no momento se encontram coradas, é sempre assim
quando estou por perto.

Não sei quanto tempo fiquei ali a comtemplando, mas foi tempo
suficiente para saber que não importa o meio pelo qual nós nos
unimos, de uma coisa eu tenho a certeza, ela será minha para
sempre, até o fodido do mundo acabar.

Não busco nenhuma cura, consolação ou redenção. Estou


quebrado demais para querer essas coisas, mas ela, ela eu quero
até mesmo no meu mundo sombrio.
Ela rouba toda minha atenção sentada naquele piano, para
qualquer um a ver sentada e tocando pode parecer algo normal ou
habitual, mas a coisa muda quando, uma deficiente visual toca com
perfeição sem falhar nenhuma nota em todas as composições dos
músicos mais clássicos a história da música já conheceu. É
impossível não manter os olhos vidrados nela, desencosto da parede
e caminho em direção a ela pois a sinfonia de Beethoven está nas
suas últimas notas e agora eu preciso de outra coisa nela.

Assim que a última melodia soa no ambiente e seus dedos


descansam sob seu colo, eu seguro seus ombros de maneira suave,
seu perfume doce, com essência de primavera encanta minhas
narinas e o calor que seu corpo emana desperta sensações
indescritíveis em meu corpo, por causa da pele nua na região dos
ombros seus pelos se arrepiam devido ao contado gelado dos meus
dedos.

Minhas mãos percorrem seus braços magros, enquanto gemidos


da noite passada ecoam na minha mente, e como na velocidade da
luz meus dedos abrem o fecho do vestido que se encontra atrás do
seu pescoço, a peça deslizou imediatamente mas não o suficiente
para deixá-la nua na região do busto, para cumprir meu objetivo,
deslizei também o zíper traseiro que compõe o vestido.

A peça deslizou completamente até sua cintura, deixando assim


seus peitos pequenos e redondos a mostra. Os bicos rosados e
pontudos se destacam em tanto branco que envolve o cómodo em
que nos encontramos. Como dois camaleões meus dedos percorrem
bem devagar o caminho até seus seios, e massageio eles bem
devagar sentindo a carne da região me deixar ainda mais duro, daqui
posso sentir sua respiração ofegante a cada lambida demorada que
dou no seu pescoço exposto.

Eu lambo, beijo e toco seus seios e me perco nisso por inúmeros


minutos sem me cansar, de canto do olho vejo suas pernas se
moverem, com certeza uma roçando a outra.
A faço levantar do banco e a coloco parada a minha frente, seus
olhos azuis intensos não escondem o quanto ela deseja isso tanto
como eu, mas sei que por dentro ela trava uma batalha com ela
mesma, e ela sabe que a razão não pode contra o desejo, seguro
suas lindas mãos e as coloco no meu peito, e posso ver admiração
em seu rosto devido as batidas rápidas e frenéticas que está
sentindo vindo do meu coração.

— O que faço com você anjo, hum? — Questiono acariciando a


ponta da sua orelha com meu queixo, ela prende os gemidos, suas
mãos abandonam meu peito e imediatamente tapam seus seios,
como se ela tivesse acordado de algum transe — não tem nada aí
que eu ainda não tenha visto anjo.

— Você-você disse que não ia me machucar! — Ela tentou


controlar a voz ao falar isso, mas seu medo não deixou.

— Eu nunca disse isso anjo, apenas disse que faria de tudo para
que você me aceitasse e se entregasse a mim sem qualquer
barreira, por bem ou por mal. Lembra? — Minha boca esbanja um
sorriso forçado ao perceber que meu anjinho não sabe onde se
meteu ao dizer sim na frente daquele altar, na verdade ela não teve
opção, mas mesmo assim ela ainda não sabe que está fodidamente
casada com um filho da puta.

Seguro no tecido leve dos vestido e o rasgo de cima para baixo em


dois, ela solta um gritinho pelo susto e isso me dá uma fodida
satisfação. Agora o vestido não passa de dois trapos espalhados no
chão, aperto sua cintura fina e ela ofega os sentir meu contato, seus
lábios convidativos me chamam para a arrasar em um beijo cheio de
paixão, e enquanto a beijo como um selvagem primitivo meu pau
quase pula da calça moletom de tão duro que está.

Com apenas uma mão segurei sua cintura por trás e a suspendi
do chão sem separar nossas bocas, a coloquei sobre a cauda do
piano e intensifiquei ainda mais o beijo e minhas mãos não param de
percorrer por suas coxas e também de as apertar, largo seus lábios e
percorro o caminho do pescoço até sua virilha espalhando beijos,
lambidas e chupões. Sem sua autorização abri suas pernas sem
nenhuma delicadeza expondo sua buceta extremamente molhada e
rosada para mim, ela está tão excitada que posso ver o clitóris
pulsando ansiando por mim.

Dei uma soprada nela, isso foi suficiente para minha esposa
estremecer e soltar um gemido nada tímido, após vislumbrar o
quanto ela também me quer, passo minha língua no meio das suas
dobras escorregadias, e ela solta gemidos ainda mais altos e as
lágrimas que quase iam transbordar por seus olhos não existem
mais, sugo sua buceta como se fosse o mais delicioso dos néctares,
o que não foge da verdade, porque ela é doce e exala a fragrância
mais exótica de todas.

Quando finalmente sinto que ela está prestes a gozar minha boca
abandona seu centro do prazer volto a carregar seu corpo, mas
antes disso ouço seu protesto e isso me agrada. A levo em meus
braços até uma das extremidades da sala e a prenso na parede sem
delicadeza nenhuma, abro suas pernas e me acomodo nelas
buscando meu pau pulsante, e como se estivesse necessitando de
uma droga tiro ele de dentro da calça, já lambuzado de pré sémen.
Solto um gemido longo quando meu pau rochoso passa por seu
canal quente e apertado.

— Porra anjinho. — Estoco forte segurando sua bunda ainda


dolorida e cheia de marcas do meu chicote, a cada estocada forte
seu corpo acompanha meus movimentos batendo forte na parede.

— Eu-eu Christopher — Meu nome sai tão trémulo por sua boca
enquanto sua buceta se contrai e aperta meu pau até ela se
desmanchar por completo em meus braços, trémula, exausta e como
sempre corada e envergonhada.

Ah eu vou sentir muita satisfação em tirar esse jeitinho dela. Daqui


a algum tempo ela não vai nem lembrar como é ser frágil e delicada,
porque querendo ou não, não tem como sair desse meu mundo sem
estar corrompido.
Com a ajuda de Morgan eu caminho pelos jardins da casa, por um
milagre hoje Seattle não foi dominada pela chuva constante, faz uma
semana que estou morando aqui na minha nova casa e nunca tinha
tido a oportunidade de sair de dentro dela. Respiro fundo sentido o
cheiro da grama molhada e mais algumas plantas que sem dúvidas
devem ser muitas.

— Venha senhora, vamos nos sentar naquele banco, já deve estar


cansada — assinto com um sorriso no rosto, o braço dela está
entrelaçado com o meu e juntas caminhos em direção ao dito banco.

— Por favor Morgan não me chame de senhora, eu já te pedi. Eu


gostaria que me visse como uma amiga e não como alguém que
paga seu salário. — Ela permanece em silêncio, parece pensar nas
palavras certas para me dizer.

— Eu gosto muito da senhora, nas isso é uma questão de respeito.


Acho que... — ela pondera, e então volta a falar — o senhor Parker
não acharia apropriado.
— Por favor, eu só queria ter alguém com quem possa conversar,
e você é a única pessoa para além do meu marido que mantenho
contato e — também ponderei, não podia falar para ela que eu não
falo com minha família e muito menos com minha única amiga desde
o dia do meu casamento. O Christopher está me isolando do mundo,
mas do que eu já era na Rússia.

O seu silêncio me diz que o assunto deve ser encerado e assim o


faço, porque não quero aborrecê-la com meus assuntos. Mas a falta
que sinto de Yeva é tanta que meu coração até dói, ela deve estar
muito preocupada comigo, e Dimitri? Eu prometi dias antes do
casamento que ligaria para dar notícias, o único jeito vai ser falar
com Christopher, porque se eu pedir a Morgan ela não vai aceitar
sem a prévia autorização do patrão dela.

Sem muita opção fiquei ali sentada em silêncio, ficar sentada o dia
todo no piano já estava me deixando meio cansada, e sem ninguém
para me ajudar não posso trabalhar em novas composições. Meus
livros todos em braille ficaram na Rússia, logo, aqui não tem mais
nada para fazer.

Depois de tantos dias preso na casa comigo hoje Christopher


finalmente foi trabalhar, quando acordei ele não estava na cama,
como já é de costume, parece que ele não dorme, foram poucas as
vezes que percebi sua presença na cama depois de acordar, e por
mais que pareça masoquista eu gosto de saber que ele está em
casa, apesar da sua presença me causar um pouco de medo ainda.

Se conversamos são apenas algumas trocas de palavras. O único


lugar onde ele solta mais de duas dezenas de palavras é no quarto
de jogos, lá ele fala até mais que o necessário para me deixar
atormentada.
Uma parte de mim anseia para saber na verdade como é o quarto
de jogos, se ele é realmente como imagino, e uma parte mais
profunda do meu coração quer conhecer o rosto do homem que tem
despertado tantas coisas diferentes em mim.
Para Sasha, eu devia me preocupar em como será minha vida
quando o número de palavras de segurança acabar, Deus ele vai me
matar. Mas eu não tenho saída, me restaram apenas seis palavras
de segurança, em uma semana tivemos várias secções, onde em
cada uma ele me ensinava algo diferente, algumas lições eram
prazerosas e outras nem tanto, por isso em algumas vezes tive que
recorrer as palavra de segurança.

As vezes ele nem me inflige dor mas a sensação de não saber o


que me aguarda ou do que fará comigo, me deixa com medo
suficiente para recorrer á palavra de segurança.

Passei o resto da tarde sentada no jardim mergulhada no meu


próprio silêncio, Morgan me levou para almoçar e depois me
acompanhou até a sala onde se encontra meu piano a pedido meu.
Ter meu piano aqui me faz bem, porque ele é um pedaço do meu
país é uma lembrança viva do amor que meu pai sentia por mim, e
pensar nele ainda me parte o coração e me deixa sem chão. É tão
difícil acreditar que ele não está mais aqui.

Saio do meu devaneio ao escutar os passos característicos de


Christopher, tudo denuncia ser ele, o perfume, a presença sombria e
a energia pesada.
Sei que ele me observa para em algum lugar e ele sabe que sinto
sua presença. Então resolvo fazer o pedido

— Chri... — eu penso melhor se ele vai deixar ou não, então


resolvo tentar — Christopher! Eu posso ligar para minha amiga? A
Yeva? — Ele suspira e faz alguns movimentos até que se dirige a
mim.

— Aqui está seu celular novo. Ele já está programado para tudo
que você precisa. Funciona através do comando de voz, algo que
com certeza você já sabe usar e também sabe as funcionalidades do
aparelho. Os contatos da sua amiga, o meu e do seu irmão já estão
gravados. São as únicas pessoas para quais está autorizada a ligar.
— Sinto seus dedos alisando minhas bochechas — mas você não irá
depender durante muito tempo disso, afinal de contas fará a cirurgia.
— Não! Por favor, eu não quero fazer a cirurgia Christopher — ele
nem me deu ouvidos e saiu andando me deixando falar sozinha —
Christopher! Christopher!

Me engasgo no meu próprio choro, pensado se realmente ele me


obrigará a fazer a cirurgia sem ao menos se preocupar com a minha
opinião. Mas isso é algo que devia ser decidido a dois, não é assim
que acontece em casamentos normais? Claro, nosso casamento não
é como os outros.

— Senhora! — Limpo as lágrimas sem esconde-las, Morgan está


acostumada com elas tanto quanto eu.

— Sim Morgan.

— O senhor Parker a aguarda para o jantar. — Tomara que hoje


ele não me leve para o quarto de jogos, porque estou
emocionalmente exausta para aguentar aquela tortura.

Ele nem me deu tempo para falar com minha amiga, eu fiquei
inerte pensando que nem percebi que tanto tempo tinha passado.

— Por favor me dê um minuto. — Com o comando de voz mando


o celular ligar para o contato da Yeva, e em três toques ela
finalmente atende.
A cada vez que levanto o garfo para degustar a refeição com muito
esforço parece que ela vai perdendo o sabor, minha garganta está
seca, por isso a cada engolida eu sinto que os alimentos estão
machucando minha garganta, mas se eu me negar a comer será
pior, Christopher tem um jeito bem peculiar de me punir, e eu não
quero sair machucada nisso tudo.

A única coisa que me alegra no momento é o fato de ter


conseguido falar com minha amiga depois de tanto tempo, antes de
nós entrarmos numaconversa choramos silenciosamente enquanto
cada uma ouvia a respiração da outra. Eram choros de saudades
misturados com alívio e felicidade. Depois disso ela me fez inúmeras
perguntas sobre como eu estava, se meu marido me tratava bem ou
não e eu respondi que sim que ele me trata bem, sendo que
cinquenta por cento do que eu disse para ela, era mentira. Se ela
realmente descobrisse tudo o que antecedeu o meu casamento, sem
dúvidas condenaria todas as gerações da família Parker.

Perguntei pra Yeva como ela soube que eu estava casada, e então
ela me contou que viu nas manchetes dos maiores jornais e revistas
dos Estados Unidos, segundo ela não tinha como um homem como
Christopher se casar e o mundo não saber, sendo um dos homens
mais ricos do país, e sendo que na cerimônia estiveram presentes
diferentes personalidades do mundo todo. Ela disse que ligou para
os pais para confirmar a informação, e foi isso que eles fizeram,
lembro que a mãe dela foi um grande consolo para mim no dia da
cerimônia.

Conversamos por quase dez minutos, eu só queria ouvir a voz


dela, ela prometeu que viria me visitar um dia desses para me contar
as inúmeras novidades que tinha sobre sua vida aqui nos Estados
Unidos, e é óbvio que eu não neguei receber sua visita, não o faria
senão ela desconfiaria. Yeva sempre foi muito inteligente e esperta e
com certeza ela sabe que tem algo de errado comigo, como não
podia mais prolongar nossa conversa me despedi dela e Morgan me
trouxe para sala de jantar.

E como sempre Christopher está quieto assim como eu


aproveitando seu jantar. Depois de muito esforço para engolir a
comida eu finalmente desisti, eu definitivamente estava sem apetite
algum e a única coisa que quero nesse momento é iro para o quarto
e dormir.

— Christopher hoje vamos para o quarto de jogos? — Quando vi a


pergunta já tinha saído, praguejo internamente por fazer tal pergunta.
Mas eu estava coberta de razã,o nesses últimos dias depois do
jantar o nosso destino seguinte era o quarto de jogos.

Das vezes que fomos para aquele cómodo ele obrigou meu corpo
a fazer cada coisa, que as vezes duvido se em alguma dessas vezes
sairei viva de lá. E o pior de tudo é saber que enquanto ele me inflige
dor ele apenas retira de si de forma moderada seu espírito sádico, eu
sinto que ele pode ser ainda mais sádico e cruel do que já é, ele
apenas está se controlando, na verdade sinto que ele usa o quarto
de jogos para controlar algo ainda maior que mora dentro dele, algo
que duvido muito que eu possa suportar ou aguentar, ele guarda um
monstro que sei que se for liberto irá me esmagar da pior forma
possível.
— E você quer ir? — Volto a realidade com essa pergunta
pairando no ar — ah anjo você é uma caixinha cheia de surpresas.
Eu não estava pensando em ir hoje, mas com esse convite tentador
eu não posso recusar — não, o que eu fiz? — Vá se preparar, já
sabe como a quero.

Ele se refere a estar nua e ajoelhada num dos cantos daquele


quarto abominável, não vou negar que ele me dá muito prazer no
momento certo, mas a que custo? Depois de derramar lágrimas e
implorar por sua clemência. As vezes acho que esse discurso de não
querer me quebrar e apenas querer me tornar uma pessoa forte é
mentira, pois as estratégias que ele está usando me tornarão uma
pessoa masoquista, e sinto que chegarei num extremo onde não
sobreviverei sem sentir dor, ser machucada será algo tão vital quanto
respirar para mim.

Eu sei que se eu tentar pedir para ele repensar a resposta


continuará sendo a mesma, por isso mesmo isso machucando meu
coração de forma dilacerante eu seguro na minha bengala que está
na cadeira ao lado e a desdobro, pelo menos o caminho da sala até
nosso quarto eu conheço muito bem.

Assim que alcanço o último lance de escadas meu coração


começa a dar fortes batidas, a agonia que sempre me acompanha
quando chega esse momento também se apodera de mim, seguro
na maçaneta gelada da porta do nosso quarto e finalmente a giro
até que a porta abre. Já tendo o percurso em mente por isso vou
direto para o closet, descanso a bengala num canto de fácil acesso.
Com calma retiro toda a roupa que estou vestindo, até mesmo a
roupa íntima.

Num dos compartimentos do closet estão organizados todos os


meus robes de seda, segundo Morgan estão organizados de tons
mais claros até os mais escuros, e sei que Christopher gosta de tons
escuros por isso pego um dos últimos robes pendurados.
Assim que o visto sinto o tecido quente da peça esquentar meu
corpo, bem antes de puder fazer algum movimento sua presença me
faz travar.
Seus dedos gelados se entrelaçam com os meus, e já sei que
chegou a hora, caminhamos os dois em silêncio, tal como nos outros
dias, a diferença é que hoje pareço mais apreensiva do que o
comum. Após abandonarmos a outra ala da mansão ouvi o barulho
eletrônico da porta, parece que ela abre através de uma senha. Ele
me guia para o interior e depois disso a porta é fechada, e nesse
momento não somos mais marido e mulher, agora somos dom e
submissa.

— Já sabe o que fazer anjo — ele solta minha mão e então os


passos feitos por seus pés descalços indicam que ele está se
afastando. Seguro na ponta do nó que fiz no robe e o puxo, o nó se
desfaz imediatamente e com apenas um movimento delicado me
desfiz da peça. Agora eu estava completamente nua, caminho até o
lugar que ele sempre ordena que eu fique - com a prática e muita dor
eu acabei gravando muito bem esse lugar - dobro meus joelhos e me
ajoelho, minhas mãos descansam por cima das coxas.

Meu cabelo é preso em uma trança cuja já é muito bem conhecida


por mim. Meu dom solta um beijo na minha boca e se afasta de
novo.

— Está pronta para mim anjo?

— Sim senhor! — Não penso duas vezes, respondo


imediatamente sua pergunta, por mais que não esteja pronta prefiro
responder que estou.

— Pronta para sentir dor e prazer da forma mais profunda? —


Engulo em seco, os poros começam a formar as primeiras gotas de
suor que a qualquer momento irão me deixar encharcada.

— Pronta para receber dor e prazer senhor — assim que essa


frase sai da boca a primeira chibatada é acertada no meu bumbum.
Por causa do susto eu quase saio da posição, o momento que tive
para me acostumar com a ardência no bumbum foi suficiente para
que outro golpe fosse acertada no outro lado, uma eletricidade
estranha se espalhou por meu corpo e milhares de sensações
avassaladoras tomam conta de mim, uma comichão estranha
começa nos bicos dos meus seios e como se adivinhasse minhas
sensações ele atingiu meu mamilo esquerdo com o chicote e meu
corpo todo se arrepiou. — Venha!

Ele segura minha mão, mas diferente das outras vezes onde ele
costuma me algemar e me deixar pendurada, apenas me encaminha
até um canto, dou um tremelique quando minhas costas entram em
contato com alguma superfície gelada, meus pulsos são erguidos e
presos em uma espécie de algemas separada pois meus braços
tomam uma distância um dos outro entre meu corpo, sopro o ar
quando minhas pernas são abertas de forma bruta e presas pelos
calcanhares também por algemas de couro.

Neste momento minhas pernas e meus braços estão abertos,


tento acalmar minha respiração mas não sei o que me aguarda então
é impossível controlar isso. Posso sentir o suor escorrer por minhas
têmporas enquanto passos firmes e precisos do meu dom se
aproximam de mim.
Posso sentir sua respiração quente junto a minha boca, sua língua
hábil lambe meus lábios e um gemido contido sai por minha boca me
fazendo praguejar por o odiar e também desejar o que ele pode me
dar de bom nesse lugar.

Sinto que algo quente, com aroma amadeirado e suave está


sendo despejado em meus peitos, o líquido desliza até minha
barriga, as mãos grandes de Christopher começam a espalhar o tal
líquido - que parece um óleo - por toda parte frontal do meu corpo
me tornando escorregadia e me deixando ainda mais excitada, esse
óleo parece afrodisíaco pois não paro de desejar seu membro rígido
dentro de mim, eu mal posso esfregar minhas pernas em busca de
alívio pois elas estão tão afastadas uma da outra que até posso
sentir meus fluídos escorrendo por minhas coxas.

— Ahh — gemo feito uma depravada ao sentir a boca quente dele


chupando meu mamilo esquerdo enquanto sua mão acaricia meu
outro seio enrijecido. A cada sugada minha intimidade se contrai pela
espectativa de tê-lo dentro de mim, estou a beira do colapso e
prestes a implorar por mais, mas ele odeia quando eu faço isso. Ele
gosta de me ver agonizar e implorando com os olhos ele sente
satisfação em ver o desespero estampado no meu rosto e na minha
intimidade extremamente molhada e melada. Quando eu estava
quase pedindo por mais ele se afasta.
Respiro profundamente soltando o ar ruidosamente, me debato pra
tentar me soltar e tocar uma região que precisa da minha atenção.

Antes que pudesse continuar com isso ouvi aquele objeto que já
me proporcionou orgasmos impossíveis de descrever fazendo aquele
som característico, um vibrador, foi isso que ele me falou. Assim que
o objeto desliza sobre minhas dobras e toca meu centro de prazer eu
perco a noção de tempo e espaço, meu quadril não para de mexer
querendo cada vez mais sentir aquela fricção. Gemo e choramingo
porque sei que não posso chegar ao ápice do prazer sem antes ele
autorizar.

— Por-por favor senhor me deixe... — eu mal terminei a frase e


meu corpo começa a convulsionar enquanto minha intimidade se
contrai e minha mente flutua, meus espasmos não param e minha
respiração acelerada também não cessa. Passam alguns segundos
quando finalmente consigo me recompor. Engulo em seco ao
perceber que os meus atos impensados irão trazer consequências
dolorosas pra mim e muito prazerosas para ele. — Chri... senhor, eu
sinto muito muito, Eu-eu tentei eu juro mais foi impossível segurar —
lágrimas quentes como brasa queimam meu rosto.

Christopher se afasta tirando o vibrador da minha vagina, mil


maneiras de ser castigada passam por minha cabeça e em nenhuma
delas eu saio intacta, fiquei tão envolvida nessa névoa coberta por
pensamentos que gritei de susto e dor quando acertou o chicote nas
minhas dobras já entre abertas pelo vibrador, mais um golpe e meus
fluidos do orgasmo fazem um som característico quando o chicote
me acerta de novo naquela região.

— Anjo, você adora me dar prazer não é? Falei para você gozar?
— apenas nego com a cabeça e já é impossível segurar no choro,
ele vai me punir — Então vamos a sua punição.
Respiro fundo para controlar o que está crescendo dentro de mim,
ela tenta se desculpar trazendo justificativas aceitáveis pelo fato de
ter feito algo sem minha prévia autorização. A quem eu quero
enganar, no fundo eu faço o que faço com ela para que saia da linha
e me desobedeça e dessa forma eu possa a punir. Neste jogo eu
prezo completamente pelo contrário, não quero que ela me venere
como seu Dom, apenas quero tirar o pior dela, quero que ela me
desafie a cada vez que ordenar algo, quero que ela me odeie a cada
vez que eu demonstrar algum tipo de afetuosidade quero que grite
de dor toda vez que quebrar a porra das regras para que eu a puna,
porque para mim isso é uma necessidade. Preciso a fazer sentir dor
para que a ferra dentro de mim se acalme, a minha sobrevivência
também depende disso, mas necessito lhe dar prazer também,
porque a desejo como nunca desejei outra.

Não posso negar, apesar de frágil e delicada Sasha é uma


verdadeira selvagem na hora do sexo, e quando goza é impossível
não ficar ainda duro com seus olhos revirando. Ela nunca esteve em
posição que demonstrasse tal coisa. Mas pelo simples fato dela
gemer e gritar obscenidades e seus olhos demonstrarem fogo a cada
vez que meto fundo nela, eu sei que criarei uma pequena
ninfomaníaca.

O encriptar das chamas que ardem forte na lareira do quarto me


trazem de volta, adoro sentir essa temperatura alta aqui dentro, já
que lá fora a coisa é completamente diferente, baixas temperaturas,
o humor nada agradável e o principal, as pessoas e a porra da
sociedade padronizada, não que me importe com o que pensam ou
não de mim, a porra da vida fodida é minha e com ela faço o que eu
quiser.

Meus olhos percorrerem o corpo suado e cansado dela, o efeito do


orgasmo passou tão rápido pois ela sabe que receberá um castigo.
Caminho até a parede onde se encontram enumeras gavetas, nas
quais se encontram um número incontável de prendedores de
mamilos, plugs anais, vibradores das diferenciadas formas e
tamanhos e efeitos, mordaças, bolas estimuladoras, vendas, entre
outros acessórios.

Escolho algo diferente, afinal de contas ela será castigada, e não


compensada. Escolho uns prendedores de mamilos feitos sob
encomenda, esses eu nunca usei mais sei muito bem qual o efeito
deles, nada prazeroso para ser exato. Com Sasha apenas usei uma
vez os prendedores convencionais, não posso negar, gostei do efeito
nela, não os puxei dos seus bicos rosados e ela gozou até não se
aguentar mais nada.

Seguro nas duas peças de prata, mesmo sob efeito das luz led,
elas reluzem como duas joias devido aos diamantes cravados neles.
As pontas por onde os mamilos são apertados são revestidas de
uma material capaz de esmagar os bicos dela, se assim eu quiser,
mas não é isso quero, pois ainda desejo imensamente chupar eles
inteiros e pontudos como sempre foram.

Após fechar a gaveta por onde tirei os prendedores, dei mais uma
olhada no meu anjo, o bichinho está quase tendo um colapso de tão
assustada, a grelha onde a mantenho presa deixa seu corpo
completamente exposto, ela está completamente aberta para mim.
Seu corpo demonstra o quanto está exausta, por ficar nesta posição,
o que ela não sabe é que ainda existem dezenas de posições para
imobilizar seu corpo do jeito que desejar, deitada, sentada,
ajoelhada, parada, de pernas abertas ou fechadas, encima ou em
baixo. E ela irá passar por todas elas.

Caminho devagar em sua direção, as gotas de suor se mistura


com minhas tatuagens ficando ainda mais visível, meu jeans surrado
esmaga meus pau duro como uma rocha. Ficar excitado com o
sofrimento alheio nunca pareceu tão doentio quanto agora.
Sua respiração fica ainda mais ofegante quando sente minha
proximidade, suas lágrimas deslizam por suas bochechas coradas, o
grito silencioso de socorro não passa despercebido por mim, ela está
aterrorizada, e uma parte monstruosa de mim festeja por isso.

Me aproximo ainda mais como um leão pronto para degustar de


sua presa, não resisto e dou uma cheirada em seu pescoço cujo está
impregnado pelo perfume doce e delicado, seu cheiro de inocência
misturado com medo me deixam eufórico. Quando uma lágrima
desliza de forma uniforme desde a base do seu olho até seu queixo
eu não resisto e lambo ela de baixo para cima. Seu corpo estremece
e seus lábios fazem movimentos como se quisesse falar alguma
coisa, mas as palavras ficam presas em sua garganta.

— Tão doce e saborosa — as palavras são ditas por mim de forma


roca, excitante e bem baixa em seu ouvido. O ar quente que sua
boca aberta pela respiração expele entra em contato com minha
pele nua e isso deixa não só a mim fodidamente eufórico mas ao
meu pau também.
Seguro nos prendedores em cada mão, as peças parecem simples
pinças, encacho cada um em cada bico dos seios pequenos e
redondos isso me dá uma fodida água na boca que me controlo para
não engolir cada peitinho em minha boca.

Assim que sua pele entra em contado com a temperatura gélida


dos objetos ela suspira baixinho, largo os objetos para assistir seu
peito fazendo movimentos rápidos de sobe e desce, evidenciando
que os objetos já estão fazendo o trabalho para o qual foram
desenhados e construídos.
A princípio ela irá sentir uma vibração, como se fosse uma espécie
de choque elétrico, essa sensação dura cerca de um minuto, e pelo
gemidos deduzo que é exatamente o que ela está sentindo nesse
momento, ele geme baixinho, a pressão que os objetos estão
fazendo em seus bicos aliado ao pequeno choque querendo ela ou
não estimulam seus os músculos nervosos da sua buceta.

Me aproximo dela para curtir o momento, suas coxas brilham


devido aos resquícios de seu gozo de minutos atrás, com meu dedo
indicador estímulo seu centro macio e pontudo, praguejo por ela ser
tão apetitosa e por ter uma buceta que meu pau adora estar
envolvido. Ela está tão quente, tão desejosa e praticamente jorrando
a líbido. A acaricio de forma lenta até a sentir escorregadia e
inchada.

— Por favor está doendo, tira — imediatamente tirei meu dedo pra
prestar atenção no real trabalho que aqueles prendedores fazem, a
região ao redor dos mamilos está ficando cada vez mais
avermelhada devido a pressão que está sendo feita nos mamilos —
está doendo.

Aperto sua cintura enquanto ela se contorce de dor e chora de


forma estridente, ela mal consegue respirar de tão forte que seu
choro sai, as lágrimas se misturam com o suor do seu rosto, os
lábios estão trémulos e ela mordeu os lábios para reprimir o grito.
Sem dúvidas essa é uma cena para nunca esquecer. Em meio
segundo sangue brotava por seus mamilos, dá sensação que a
qualquer momento eles irão estourar. Aquele sangue escorrendo traz
a tona memórias de anos atrás, e isso me confundi por um segundo,
e me nego a reviver aquele dia nesse lugar. Não irei contaminar meu
santuário com memórias tão abomináveis quanto.

— Vendida! Vendida — essas palavras saem entrecortadas mais


firmes por sua boca, é perceptível o quanto está exaurida, ela nem
chora mais apenas funga enquanto seu corpo treme, nem sei como
arranjou forças para lembras da safe word. Com cuidado para não a
machucar retiro os prendedores e os devolvo no lugar. Destranco as
algemas de coro e seu corpo quase caí mole no chão se não fosse
pela minha rapidez. A peguei no colo e caminhei até o banheiro.

— Você foi fantástica anjinho. Agora restam apenas quatro


chances para usar a sua palavra de segurança — mesmo quase
desmaiado eu sei que ela me ouve e que percebe cada palavra que
procuro. Sem me demorar dei um banho nela e a vesti com de
minhas camisetas três vezes maior que ela. A ajeitei de novo em
meus braços e saí do quarto de jogos indo em direção ao nosso
quarto.

Dirijo a uma velocidade moderada na estrada principal que leva a


Weston, a Land Rover desliza sobre o asfalto molhado pela chuva
intensa que caiu durante a tarde de hoje, apesar da tarde chuvosa a
cidade voltou a calmaria, algumas gotas teimosas ainda brotam
sobre o vidro do carro, moderadas o suficiente para eu ver a estrada
sem dificuldades. Viro meu rosto para o banco onde estão guardados
o buquê de rosas e a torta de limão, a favorita dela nas últimas
semanas.

Um sorriso surge no meu rosto quando lembro da tatuagem que fiz


hoje, provavelmente ela vá me matar por fazer isso. Mas já está feito
e não tem como voltar atrás, nunca tive a curiosidade de fazer uma
tatuagem mas com a notícia maravilhosa que recebi não tinha como
ser o contrário eu precisava fazer algo que marcasse toda minha
vida, algo que durasse toda minha vida, precisava fazer algo que por
mais que minha mente esquecesse meu corpo lembraria, nada
melhor do que uma tatuagem para isso.

Seguro firme no volante, porque a felicidade é tanta que só capaz


de largar ele só para gritar o quanto sou o fodido do homem mais
sortudo do mundo, ela não te merece cara, eu sei que não, mas tudo
isso parece o certo a se fazer.
Mais uma vez olho o relógio e ele marca um quarto para às onze
da noite, não preciso me preocupar de não encontrá-la acordada ou
não, ela não dorme sem antes comer a torta de limão.

No fim da rua avisto nossa casa, o jardim muito bem cuidado, o


condomínio está calmo o que era se se esperar a essa hora num
condomínio familiar. Assim que estaciono o carro em frente da
garagem recolho meus pertences e também o passaporte para entrar
em casa. Tranco o carro e caminho até a entrada principal que
ostenta uma porta de quase dez metros, meus passo são o único
som que se ouve, olho na sala e não vejo ninguém a procuro na
cozinha e é a mesma coisa.

— Stacy já estou em casa e trouxe uma surpresa para você — falo


enquanto tiro o casaco me sentado no sofá onde alguns livros dela
estão espalhados, ela provavelmente estava estudando. Espero
cerca de dois minutos ansioso para ouvir seu grito de alegria ou
então ouvir suas reclamações devido a alta quantidade de
hormônios. — Stacy! Baby você está aí?

De novo o silêncio. Será que ela está dormindo? Pra tirar minhas
dúvidas levanto do sofá e vou em direção às escadas que dão
acesso ao andar de cima. Caminho pelo corredor até que vejo a
porta do nosso quarto aberta mas a escuridão toma conta dele.
Provavelmente hoje ela cansou de me esperar, empurro a porta e
vou até o interruptor para ligar as luzes, assim que o faço quando me
viro para nossa cama o que vejo nela me choca de tal forma que
cambaleio devido a tonteira e me seguro na parede.

Quando recobro a minha sanidade corro até a cama e seguro seu


corpo pequeno gelado, os lábios estão arroxeados e sua respiração
está tão lenta que parece que a qualquer momento ela irá parar de
respirar de vez.

Não, não, não.

— Stacy amor! Fala comigo baby — sacudi seus ombros até que
vejo seus olhos castanhos abrirem de vagar, seus cachos cheios
estão espalhados pelo travesseiro, seu rosto cor de chocolate está
cheio de hematomas, ela tenta falar alguma coisa mas a obrigo a
ficar calma, seguro no celular para ligar para o 911, mas seu rosto de
medo olhando para o próprio ventre também me fazem vidrar essa
região. Não.

Sangue.

— Christopher! Acorda por favor — ouço uma voz conhecida


chamando por mim, enquanto mãos quentes seguram meu ombro.
— Por Deus, você está tendo um pesadelo.

Quando dei por mim já estava despertando ofegante e suado


como de costume, porra. Não posso esquecer que já é um privilégio
de ter noites normais de sono. Vestindo apenas o moletom saio da
cama e caminho em direção a porta, já sei o que preciso fazer para
extravasar.

— Christopher Você está bem? — Ignoro sua pergunta. Saio do


quarto e caminho em direção ao único lugar que pode me acalmar no
momento.
Meus ouvidos estão zumbindo tão forte que minha cabeça dói
como se fosse explodir a qualquer momento, o cheiro de alcatrão
queima minhas narinas, o cheiro é insuportável mas eu mal consigo
me mexer para mudar de posição. O ranger de metal e o estilhaçar
de vidro chamam minha atenção do outro lado da estrada, o nosso
carro está completamente destruído, virado de baixo para cima,
levanto mais a cabeça e uma poça enorme formada por meu próprio
sangue está formada no asfalto, meu ombro esquerdo dói de forma
dilacerante.

— Pai? — O chamo, mas não obtenho nenhuma resposta.


Passam alguns segundos até que finalmente vejo o cabelo grisalho
do meu pai aparecer pela janela quebrada do carro, seu rosto está
completamente banhado de sangue, seu rosto demonstra a tamanha
dor que está sentindo, não só por estar machucado mas sim por me
ver desse jeito. Com muito esforço tento arrastar meu corpo sobre o
asfalto que rala algumas partes do meu corpo que estão expostas,
se não fosse pelo casaco pesado sem dúvidas eu teria machucado
ainda mais meus membros superiores, mesmo assim as meias finas
não resistiram as pedrinhas espalhadas pela estrada e pelo vidro,
posso sentir essas partículas cravadas nas minhas pernas e algumas
no meu rosto.

Faço mais força e apoio todo meu peso num único braço mas
antes de fazer qualquer movimento papai levanta a mão e apenas
nega com a cabeça, ele está dizendo para eu ficar onde estou,
minhas lágrimas fazem meus olhos arderem ainda mais.

— Papai não por favor — ele faz um sinal com a mão como se
quisesse me mostrar algo em seu pescoço, mas não me detenho
nisso porque a única coisa que quero é que ele saia dali e me leve
para casa para festejar o resto do meu aniversário como
combinamos mais cedo. Seus olhos marejados me olham com
admiração e com amor, antes que eu pudesse ver mais alguma coisa
ele diz que me ama de forma silenciosa e isso me faz chorar
copiosamente porque sinto como se fosse uma despedida. Em
segundos uma luz forte veio do carro e um vento forte atirou meu
corpo para ainda mais longe, quando consegui recobrar um pouco a
consciência, apesar da minha visão estar desfocado eu podia ver as
chamas consumirem o carro no meio da estrada.

— Papai — estou tão fraca que mal consigo chorar, tudo está
doendo e minha visão está cada vez mudando a cor, e meu corpo
não para de tremer devido a extrema baixa temperatura de São
Petersburgo durante as noites.
De repente uma sombra apareceu bem ao meu lado, não podia ver
seu rosto mas percebi que a pessoa está me olhando — pai!.

Limpo as lágrimas que não param de sair por meus olhos, é assim
toda vez que essas memórias se apoderam de mim. Cada
acontecimento daquele momento depois do concerto nunca saiu da
minha cabeça, cada som, cada gesto e cada imagem. Tudo isso
continua vivo dentro de mim, mesmo depois de quase cinco anos
terem se passado. E o pior de tudo também veio quando acordei no
hospital e me disseram que meu pai tinha morrido e que eu tinha
ficado cega. Naquele momento eu não queria acreditar eu achei que
não sobreviveria em minha situação, porque eu estava devastada
naquela época, num minuto você presencia uma explosão e no outro
você acorda e não enxerga nada, nem mesmo a escuridão, você vive
num mundo oco e sem cor.

Tento esquecer um pouco isso, porque lembrar por tudo que


passei não me faz bem no final do dia. Mas às vezes é inevitável não
querer reviver aqueles acontecimentos, a curiosidade também me
instiga a querer entender o último final que meu pai fez, naquele
momento eu não levei muito a sério, mas agora realmente entendo
que aquilo foi alguma pista ou uma mensagem, eu não sei só sei que
alguma coisa me diz que meu pai não fez aquele sinal a toa.
E também tem aquela sombra estranha que vi antes de ficar
inconsciente, pelo tamanho eu sinto que era um homem e me
observava intensamente através da mascara. Quem era ele?
Provavelmente fazia parte do grupo que nos atacou.

E pelo jeito dentro de alguns dias provavelmente minha visão irá


voltar, mas e se não der certo? Será que estou pronta para encarar o
mundo de novo? Com certeza não, não estou pronta para encarar o
rosto do homem que me tem para seu próprio deleite, fico
imaginando qual será a cor dos seu olhos, já sei que ele é alto e
forte. Mas e os olhos? Os olhos são o espelho da alma, e acho que
olhando e vendo seus olhos posso saber o que está por trás de
Christopher Parker.

Passam dois dias desde a última vez que falamos, na verdade


desde o dia que fui torturada, nunca pensei que sentirei tanta dor na
minha vida como senti naquele dia. Achei que fosse morrer amarada
naquele quarto de jogos, o que mais me chocou foi a sua calma para
lhe dar comigo naquele estado, como se ele não saísse afetado de
tudo aquilo. O quão ele foi machucado ou quebrado ao ponto de não
se importar se está ou não machucando alguém?

E quando ele finalmente me livrou daquele lugar eu finalmente


estava inconsciente, despertei quando escutei seus rosnados e seus
gritos chamando por alguém cujo nome não lembro no momento,
mas eu fiquei tão assustada que tentei o acordar e quando toquei
seu corpo ele estava tão banhado de suor que seu lado da cama
estava encharcado como se tivesse despejado algum líquido ali.
Quando ele finalmente acordou por poucos segundos achei que
ele fosse me dar uma surra de tão nervoso que se encontrava,
perguntei se ele estava bem e ele simplesmente me ignorou e saiu
do quarto batendo a porta me deixando sozinha.

Inspiro o cheiro de madeira molhada que entra através das janelas


que abri quando entrei na sala do piano, não sei porquê mas esses
últimos dias tenho acordado tão desanimada, mais do o normal na
verdade. Até tocar piano nunca pareceu entediante como agora.
Meus dedos apenas pechem os teclados de forma desajeitada da
primeira nota de Dó até a oitava nota de Dó.

— Senhora Parker! — Como se ela tivesse esquecido que a pedi


para não me chame de senhora, mas uma vez ela o faz, e já estou
me acostumando com isso.

— Pode falar Morgan— falo me levantado do banco que fica em


frente ao piano.

— Seu marido pediu que a ajudasse a arrumar uma mala para


viagem, porque partem em uma hora para nova Iorque. — O quê?

— Como assim? O que vamos fazer em Nova Iorque? — Eu ainda


me sinto perdida, primeiro por causa da viagem repentina e segundo
porque de repente Christopher lembrou que eu existo.

— Provavelmente vão a algum evento importante pois o senhor


Parker encomendou um vestido numa das melhores estilistas do país
e também mandou trazerem joias. E já está tudo pronto em Nova
Iorque, eu irei a ajudar com isso também quando chegarmos lá —
sem ter mais o que reclamar aceitei a mão que Morgan me oferece
para que juntas caminhássemos até o meu quarto. Enquanto
caminhamos uma pergunta surge assim de repente, eu sei que não
devia a deixar desconfortável com minhas perguntas, mas eu me
sinto mal de vê-la aqui todos os dias cuidando de mim.

— Morgan! Porquê você nunca sai para se divertir ou visitar sua


família? Você parece muito jovem e não vejo motivo para ficar aqui
trancada comigo e deixar sua vida passar assim.

— Não quero falar da minha vida particular senhora, apenas faço o


trabalho para o qual fui contratada. — Ela pontua de forma
implacável sem me dar oportunidade para reformular argumentos
para a fazer mudar de ideia. — Sinto muito por ser tão rude com a
senhora.

— Não se preocupe. Eu que peço desculpas por colocá-la nessa


situação. Prometo não te importunar mais com isso — na verdade o
que eu queria era alguém para conversar, mas já vi que não vai
acontecer. Depois de percorrermos as escadas e atravessar o
corredor já estávamos dentro do quarto e enquanto Morgan
arrumava minha mala eu fui tomar banho. Depois de me banhar
coloquei um vestido confortável e um casaco por cima, o tempo aqui
em Seattle não anda muito bom. Depois de colocar o casaco Morgan
me ajudou a sair do quarto e minha mala foi levada para o carro, eu
e ela iremos juntas até o aeroporto porque Christopher já está na
cidade então nos encontraremos lá mesmo.

A viagem até o hangar foi rápida, quando o carro trava numa


velocidade moderada a porta do meu lado é aberta, o vento fraco
que sopra lá fora trás até mim o cheiro do perfume do meu marido e
antes que pudesse pensar em algo uma mão grande segura minha
mão e a outra minha cintura, e uma eletricidade estranha percorre
todo meu corpo.

— Chris-Chris-topher — sua mão gelada alisa minha bochecha e


seus dentes selvagens mordiscam meu lábio inferior.

— Vem! — Meu braço é segurado com força e assim sou guiada


para um lugar que desconheço. Quando sinto os primeiros degraus
uma paz interior se volta a mim quando percebo que estamos
entrando no avião, sou acomodada em uma das poltronas e meu
sinto é colocado e assim ele dá ordem para que a aeronave dê voo.

Ouço o farfalhar de papéis e deduzo que ele está trabalhando,


mesmo estando sentado a distância de mim sinto que está bem perto
quase no meu pescoço.

— Vem anjo! — Saio do meu devaneio quase pulando de tão


distraída que sua voz me pegou. Ele retira meu sinto e segura no
meu braço me fazendo levantar, o aperto da sua mão naquela região
é firme e nada delicado, nunca o vi tão raivoso para não dizer
agressivo quanto hoje. Após alguns passos ouvi uma porta abrir, nós
demos alguns passos e depois disso aporta fechou.

Ele não me deu tempo para nada e minha boca foi esmagada em
um beijo urgente e agressivo, eu mal consigo respirar direito porque
ele está roubando todo o meu fôlego. Meu casaco é rasgado com
urgência, e isso está me deixa assustada. Suas mãos apertam meus
seios me causando dor, uma vez que meus mamilos não estão cem
por cento recuperados.

— Espera Christopher ainda está doendo — ele não me deu


ouvidos e começou abrir o zíper do meu vestido, tento me afastar
mas ele me aperta ainda mais contra seu corpo, — por favor para.

Me solto dele e tento correr mas falho miseravelmente pois


tropecei em alguma coisa e cai no chão, meu corpo é tirado do cão e
então ele me coloca de costas para ele, posso sentir seu membro
cutucar meu bumbum enquanto uma das mãos levanta meu vestido
sem nenhuma dificuldade até cintura, minha calcinha é rasgada e
meu clitóris é estimulado de forma vagarosa, eu luto com tudo para
não ceder mas é impossível quando se luta com alguém que já
conhece muito bem meu corpo, ele conhece meu corpo mais do que
eu que sou a dona. Após sentir que eu estava suficientemente
molhada para ele o ouvi abrir o cinto da calça.

Eu o odeio

O odeio tanto por fazer todas essas coisas comigo, primeiro me


trata bem depois me causa dor da pior forma possível, e agora me
humilha desse jeito.
Não luto mais, porque sei que não vai adiantar nada, eu estou em
desvantagem agora. A única coisa que desejo no momento é que
essa aeronave caia direto no oceano para que eu possa esquecer da
minha existência.

— Porquê está fazendo isso comigo? — Eu só quero que isso


acabe, só quero dormir e esquecer de tudo. Esquecer do quanto a
vida pode ser dolorosa e cruel para pessoas como eu.

Só quero ser livre.


Em algum lugar no continente Europeu.

Ali estava aquela mulher sentada no mesmo lugar de sempre


apreciando a natureza perdida em seus próprios pensamentos para
não sucumbir a tristeza e a algum tipo de demência devido ao estado
depressivo e a extrema pressão pela qual ela costuma passar nas
mãos do seu raptor.

Seus cabelos negros e longos misturados com apenas alguns fios


castanhos esvoaçam acompanhando a direção do vento fresco
daquela manhã. Na sua mente ela repete seu próprio nome, para
nunca se esquecer quem ela é, porque de vez em quando há
momentos que exigem que ela esqueça quem é, de onde veio e
qual motivo a mantém viva.

Sobre o tempo ela não faz ideia do quanto se passou, mas o


suficiente para que sua aparência mudasse, não tão drasticamente
como ela esperava pois todas as mulheres da sua família dificilmente
tem a sua aparência modificada depois de passarem alguns anos.
Mesmo em idade avançada todas permaneciam com um aperto
jovial.
Seus olhos azuis de um tom intenso igual a duas safiras vidram o
violino que está encostado numa das poltronas do seu quarto, para
não dizer sua prisão. Aquele violino era seu único amigo, o único que
ainda a matinha acordada, o único que roubava seus sorrisos e até
mesmo suas palavras que com o tempo ela acabou as guardando
apenas para si.
Por conta própria ela aprendeu a tocar famosas melodias mas
também compôs algumas.

As vezes ela se perguntava em que país estava, porque várias


vezes quando era dopada ou abusada até desmaiar acordava em
outro lugar, com o tempo ela parou de controlar porque não
adiantaria nada, aqui ela não tem acesso a telefone, televisão ou
internet. Qualquer meio de comunicação é restrito a ela, aqui ela é
uma prisoneira, é apenas um corpo composto por uma pequena
alma que sente ainda um pouco de esperança para um amanhã
melhor. Mas também existem motivos maiores que a fazem ficar de
pé e continuando respirando mesmo passando por tantas
adversidades.

De vez em quando ela pode sair para passear pelo jardim mas sob
supervisão dos guardas e se o dono de seus pesadelos permitir. O
homem que ela mais odeia e deseja mais que tudo matar a faz refém
a anos, tempo suficiente para ter lhe quebrado e o pior, e tudo o que
mais odeia nele é fato de a torturar com coisas que acontecem fora
dos muros, ela odeia quando ele abre aquela boca asquerosa para
falar do sofrimento das pessoas mais preciosas da sua vida.

Os seus tesouros.

É assim que ela se refere a eles. Jurou para si mesma quando foi
ali trancafiada que um dia ainda contemplaria os olhos dos seus
tesouros, nem que fosse a última coisa que faria antes de ser
aniquilada. Diferente das outras manhãs lembrar que ainda existe
vida lá fora a faz reviver um dos dias mais importantes da sua vida.

Muitos anos atrás


Lá estava ela vestida em um lindo vestido de noiva branco todo de
renda costurado a mão, o vestido era o espelho da alma bondosa e
serena da pessoa que o vestia, trazendo em suas mãos apenas uma
rosa branca ela caminha em direção ao homem que escolheu para
passar o resto da sua vida. Ela está tendo o casamento dos seus
sonhos, tudo como sempre imaginou.

O amor que sentiam um pelo outro era visível aos olhos de todos,
um amor genuíno e puro, duas almas que resolveram se unir pela
vida toda, era esse o sentimento que todos sentiam naquele
momento.

Quando a noiva finalmente chegou ao altar foi difícil conter o choro


de emoção, pois depois de tanto tempo e depois de tantos
problemas e discussões eles finalmente estavam juntos, mesmo não
sendo do agrado de alguns eles finalmente estavam conseguindo se
unir. Para além do casamento algo mais já os matinha ligados e
quando ela confessou ao noivo no meio do casamento que a noite
que eles fizeram amor de forma clandestina trouxe um resultado
maravilhoso, ele mesmo sendo um homem duro se emocionou na
frente de todos.

Esse dia um jurou para o outro que não importa as consequências


viveriam um pelo outro e pelo amor que sentiam intensamente e
principalmente protegeriam seus tesouros como duas ferras.

A única voz que ela ouve a anos chama sua atenção a tirando da
pouca felicidade que sentia recordando de suas memórias felizes o
sorriso que estava estampado no seu rosto some imediatamente ao
ver seu raptor postado a observando.

— Hallo haustier (bichinho) — seu corpo estremece só de ouvi-lo a


chamando desse jeito, e ela sabe que só a chama a assim quando
fará alguma coisa com ela, ela permanece sentada olhando para ele,
e o homem também faz o mesmo.

Sua aparência assustadora é o que chama mais atenção por


causa da cicatriz que ele ostenta no lado direito do rosto, um homem
alto, cheio de músculos. Vestindo apenas uma calça moletom, ele
adentra completamente no quarto trancando a porta atrás de si.

— Sentiu saudades do seu dono? Hum? — A questionou puxando


seu cabelo extremamente comprido, ela deu um grito e recebeu um
tapa bem forte que a fez sentir sua bochecha se cortar por dentro —
tanto tempo aqui e você ainda não se acostumou com meu
tratamento? Sinto saudades dessa sua voz pedindo socorro, como
você não fala então a farei gritar enquanto meu pau acaba com essa
sua buceta.

O corpo da mulher é jogado de qualquer jeito sobre a cama e


imediatamente ela se encolhe no canto enquanto aquele que se
determinou seu dono dá gargalhadas acendendo um charuto e o
traga a seguir soltando a fumaça, deixando o quarto todo em meio a
névoa sufocante.

Internamente a pobre mulher não para de orar pedindo


silenciosamente por ajuda, uma ajuda que ela sabe que não irá
chegar.
Com apenas um olhar do monstro brutal que estava a sua frente
ela fez o que sabe que tem que ser feito se levanta da cama e se
dirige até onde ele se encontra para agradá-lo do jeito que ela já
conhece muito bem.
Capítulo 20

Merda! Mas que porra eu estou fazendo?


Por um milésimo de segundo eu ia quebrar uma alma, e eu estava
disposto a fazê-lo algo maior que eu me incentivava a tal
barbaridade. Nunca senti tanto ódio por alguém quanto eu sinto por
mim mesmo nesse momento, não posso ser igual aquele lixo, posso
ter uma cabeça fodida mas sou melhor que ele e não farei nada para
estragar isso, não vou culpar a raiva e a sede de vingança que nunca
será saciada porque o autor dos meus tormentos está nas
profundezas do inferno igual o próprio diabo.

Continue!

Aquela voz, aquela outra parte de mim que chamo de ferra grita
dentro da minha cabeça, me deixando ainda mais estragado do que
já estou, posso sentir a podridão vindo de dentro de mim, eu sou
mesmo um doente filho da puta que não merece uma coisa preciosa
como essa, mesmo não a merecendo eu a quero. Se é isso que as
pessoas chamam de ser egoísta, então não me importo de sê-lo.
Sou um maldito egoísta filho da puta.
O corpo dela não para de tremer em meus braços, minha ereção
baixou momentaneamente assim que recobrei a consciência e voltei
ao controle, baixo seu vestido marrom enquanto isso ela continua se
encolhendo em meus braços, merda.
Meus lábios tocam de forma delicada sua testa enrugada, ela
provavelmente está confusa com minha mudança repentina, não a
culpo eu sou inconstante demais que às vezes também não me
entendo.

Algumas lágrimas secas se evidenciam em seu rosto


extremamente pardo, suas maçãs estão coradas quase na mesma
tonalidade que os lábios finos que sua boca ostenta. Com ela em
meus braços caminho até a cama de casal no quarto do jato em que
estamos, sem largar a coloquei deitada e também me deitei ao seu
lado apertando seu corpo pequeno e quente contra o meu, ela
estremece e se debate um pouco mas no fim ela entende que não a
farei mal e que por mais que eu queira não a deixarei, nunca.

— Ainda faltam cerca de duas horas de viagem até nosso destino,


descanse um pouco — saboreio seus lábios doces em um beijo
casto, e sei que apesar do pouco tempo juntos Sasha sabe que não
a pedirei perdão. Para mim não vele de nada uma palavra dita sem
efeito nenhum, os feitos são mais importantes que palavras, do meu
jeito e com o passar do tempo ela entenderá meu pedido de
desculpa. Porque palavras podem ser esquecidas, mas ações,
nunca.

Presto atenção no seu rosto e aos poucos seus olhos pestanejam


demonstrando o quanto aquele acontecimento a afetou, dando
apenas um suspiro ela fecha os olhos e sua respiração acompanha
seu sono.

Nos últimos dois dias eu evitei minha esposa, não queria ficar em
sua presença enquanto a lembrança da outra me assombrava, não
quero que essas duas partes da minha vida se misturem e muito
menos se confundam, meu passado fez o que sou hoje, ele dita as
minhas ações hoje em dia e por mais que eu não queira Sasha ficou
com o pior de mim, enquanto a outra teve de tudo de bom que eu
podia sentir, ser e dar.

Por isso esse afastamento foi necessário, a memória de Stacy


estava muito viva nos últimos dias, eu posso ser um filho da puta
mas não até o ponto de pensar em outra enquanto minha esposa
dorme ao meu lado, pensar na Stacy não me afeta mais como
homem, mas sim como um ser humano que sente culpa e que é
corroído pela derrota e pelo fracasso, sim eu fracassei, e perdi algo
irrecuperável, o amor.

Minha falecida esposa dizia que todo ser humano é feito de amor,
e todos podemos dar e receber amor, basta querer, leigo engano ela
teve. Porque ela era o amor em pessoa e mesmo assim ela não
escapou da crueldade do ser humano, agora me pergunto se valeria
mesmo apenas nutrir tal sentimento? Não preciso responder tal
pergunta, pois os fatos são contundentes.

Mesmo não querendo admitir também me sinto exausto, não


apenas mentalmente mas fisicamente também, meu organismo está
cobrando por cada noite que fiquei acordado sem dormir. Estico o
braço para pegar o celular que está no criado mudo, Sasha se mexe
um pouco e volta a dormir colocando sua mão em meu peito, aciono
o despertador para me acordar dentro de uma hora e meia, coloco o
aparelho de volta no lugar e fecho os olhos para sentir um pouco o
privilégio de dormir.

Abro os olhos vagarosamente ao escutar o meu aparelho celular


soando, o pego e desativo o despertador, e me admiro por ter
dormido por duas horas consecutivas e não despertar e
principalmente não ter tido nenhum pesadelo. Me sinto até melhor
agora minha esposa ainda dorme serenamente mas preciso acorda-
la porque pelos meus cálculos o jato deve pousar em alguns minutos
e assim que chegarmos no hotel precisaremos nos arrumar para ir
até o evento no Palace Hotel, um dos hotéis de Nicholas, me socio, e
se não fosse por causa da assinatura dos contratos eu nem iria.
Após acordar minha esposa e nos dirigimos de volta aos nossos
acentos o piloto anunciou a nossa aterrissagem e finalmente
estávamos em solo nova-iorquino.
Durante o voo dormi tanto que só despertei quando Christopher
me chamou me avisando que iríamos pousar em instantes. Era
possível ouvir a agitação da cidade ainda percorrendo os degraus da
aeronave.
Dentro do carro apesar de não poder ver nada eu podia sentir a
energia agitada da grande cidade, sempre tive curiosidade de
conhecer Nova Iorque e nesse momento me sinto deslumbrada por
estar aqui.

É tão bom ouvir várias vozes, pode parecer estranho mas para
uma pessoas que já viveu boa parte da vida isolada e ainda vive em
isolamento, conhecer Nova Iorque se equipara a um acontecimento
épico. Mesmo depois de ter passado por aquela situação humilhante
no avião não consigo esconder o tamanho da minha felicidade, sei
que Christopher está com os olhos em mim agora, mas não dou
nenhuma atenção, permaneço calada e centrada em ouvir cada
ínfimo barulho que a cidade pode proporcionar.

Sobre o que aconteceu mais cedo, meu coração ainda não está
cem por cento recuperado daquele susto, por um segundo achei que
ele teria a coregem de... de fazer aquilo comigo, me obrigando.
Agora estou animada mas um pouco insegura em ficar com ele,
Christopher é um homem muito inconstante, num segundo ele está
calmo e silencioso e no outro ele é pura raiva e a explosão em peso,
e não sei se tenho capacidade para suportar toda essa carga dele.

O medo que há pouco sentia por ele triplicou, se surgisse uma


oportunidade de ir embora eu juro que faria de tudo para conseguir.

Após estarmos estabelecidos no hotel, meu esposo me deixou


sozinha com Morgan que imediatamente começou a me ajudar para
que eu ficasse linda para o tal evento. Faz muito tempo que não vou
a um desses eventos importantes, eu tenho medo de fazer algo de
errado e o Christopher me deixar sozinha e eu me perder.

— Morgan você também vai? — A questiono enquanto ela me


ajuda a desfazer minhas malas.

— Não senhora. Seu esposo avisou que não irão precisar de mim
hoje a noite.

— É uma pena, porque apesar de você não gostar de conversar


eu gosto da sua companhia, e nesse evento eu vou me sentir muito
solitária. — O assunto morre assim que abro meus sentimentos para
ela, tomei um banho demorado pois precisava relaxar meus
músculos, Morgan chamou o cabeleireiro e o maquiador. Todos muito
simpáticos me fizeram rir o tempo todo, não me lembrava da última
vez que soltei tantas gargalhadas ao mesmo tempo, apesar da
minha condição eles me trataram muito bem.

No final elogiaram e me disseram que estava ainda mais bonita,


assim como a maioria das pessoas eles ficaram admirados com a
cor dos meus olhos e eles até cogitaram que eu podia ser modelo e
obviamente que achei essa ideia hilariante, não tenho jeito muito
menos estilo para ser modelo de que tipo for.

Após conversamos por mais algum tempo sobre moda e sobre


todos os atores de filmes de Hollywood que eles admiram finalmente
se despediram e foram embora prometendo me arrumar em qualquer
ocasião que eu quiser. Morgan me ajudou a colocar o vestido, o qual
deixa um dos ombros nus e outro lado ostenta uma manga comprida,
pela textura do tecido percebo que ele é todo de veludo e justo no
meu corpo, será que estou tão bonita assim?

Despois de colocar as sandálias Morgan me deixou sozinha


informando que meu marido viria me buscar, após esperara cerca de
vinte minutos senti vontade de ir ao banheiro, então assim o faço
com a ajuda da bengala. Depois de fazer meu xixi arrumei o vestido
e lavei as mãos, estava prestes a sair quando percebi que a porta
estava entreaberta e dá para escutar a voz de Christopher falando
com alguém no quarto. Então me aproximo para ouvir melhor.

— Certo! Amanhã mesmo estarei de volta a Seattle e virei


diretamente para sua clínica — há um momento de silêncio — vou
mandar meu assessor te enviar os relatórios sobre o caso dela, o
antigo médico dela na Rússia foi quem me deu a documentação e
me garantiu que o caso dela reversível — não, meu Deus. Então
amanhã eu vou fazer a cirurgia?

Pulo de susto quando a porta é aberta e forma brusca, tento


disfarçar que escutei tudo, mas ele sabe que escutei. Ele me segura
pela cintura me incentivando a caminhar.

— Está linda anjo! — Minhas bochechas esquentam violentamente


após escutar seu elogio. Ele raramente me elogia.

— Obrigada! — O caminho até o tal evento não durou muito, visto


que está decorrendo no centro da cidade.
Já dentro do carro é possível ouvir o tumulto de pessoas lá fora,
devem ser os jornalistas. Assim que a porta é aberta seguro a mão
de Christopher com força, tenho medo que ele me largue e eu me
perca no meio dessa multidão que estou ouvindo chamando meu
marido pelo sobrenome.

Não sei como aconteceu, mas, num minuto ouvia o barulho


ensurdecedor daquelas vozes no outro, estava num lugar silencioso
apenas ouvindo o barulho dos nossos passos.
Não tardou até chegarmos ao salão, tento acompanhar o ritmo
andante de Christopher mas em alguns minutos é muito difícil.
Depois de nos acomodarmos em nossos lugares ele permaneceu em
silêncio e eu também, depois de uns dez minutos a mão de alguém
toca o meu braço.

— Sasha! Sou eu a Emanuelle. — E uma felicidade muito grande


ressurgiu de dentro de mim.

— Emanuelle! — Nos abraçamos e percebo que ela não está bem,


ela tenta esconder mas sei que tem algo de errado com ela.
Entramos em uma conversa descontraída até uma terceira pessoa
aparecer. Ela se chama Rosa Angélica e é esposa de um dos sócios
de Christopher, gostei de conhecê-la. Conversamos sobre diversas
coisas nos três juntas.

Fazia tempo que não conversava tanto com as pessoas que às


vezes não sabia se estava exagerando em algumas vezes. Depois
do jantar nossos maridos disseram que iam sair pra alguma reunião
de negócios eles não explicaram nada. Depois de alguns minutos de
conversa sozinhas, Rosa Angélica confessou que irá fugir do marido,
ela contou um pouco do que é sua vida de casada e eu fiquei
literalmente chocada com tudo, será que estou passando pelo
mesmo e ainda não percebi?

Reflito sozinha dentro de mim enquanto Emanuelle chora por não


ter coragem de fazer o mesmo com Rosa Angélica, não a condeno,
ela está casa com um dos maiores mafiosos que o mundo já
conheceu. Mas e eu? Onde eu me encaixo em tudo isso?

Sempre desejei ter minha própria vida longe da máfia, longe do


inferno que era viver com minha família e longe do comportamento
estranho de Christopher. E isso e faz eu me lembrar que em poucas
secções perco o direito de uso da palavras de segurança, meu corpo
se arrepia ao imaginar que ele poderá me usar do jeito que quiser
sem se importar com o esgotamento do meu corpo. Eu estou perdida
e não sei o que fazer. No final opto por mostrar o certo por
Emanuelle, por mais que eu não seja feliz nessa empreitada pelo
menos minhas amigas serão.

— Sasha nós vamos fugir.


Mas o que estou fazendo? Será que isso realmente vai dar certo
para nós três?

Essas perguntas perduram na minha mente desde o momento


que abandonamos o hotel, as três estamos vagando pelas ruas
silenciosas demais onde apenas o eco dos nossos passos são
ouvidos, e nesse momento não sei se caminhar por tais ruas é mais
seguro do que sermos encontradas. Nenhuma de nós conhece Nova
Iorque estamos nos arriscando em tentar a sorte e não paro de
implorar a Deus para que isso dê certo ou então se formos
encontradas aqueles três homens implacáveis não terão nenhuma
piedade por nós, e não quero imaginar o que cada uma irá receber
como castigo por tal afronta.

Pelo caminho Rosa Angélica falou com uma amiga que disse que
tinha um primo que podia nos ajudar a sair de Nova Iorque. Nos
desfizemos de alguns dos nossos pertences, como celulares e as
joias para que não fossemos rastreadas, apenas ficamos com o
dinheiro e as roupas. Mesmo transparecendo uma certeza
inexistente uma luta incontrolável se formava dentro de mim, para as
meninas eu era a mais centrada a menos medrosa aquela que
carregava coragem.

Mas no fundo eu me conheço, e eu não passo de uma covarde


medrosa. Um bicho assustado que sabe que a qualquer momento
será levada de volta á gaiola de dorada, sei que tarde ou cedo eu
voltarei para meu algoz e mesmo sem querer admitir uma parte de
mim irá gostar disso, por que sim, eu tenho um lado que gosta
daquela perversão toda que ele faz comigo no quarto de jogos, uma
parte de mim já estava viciada daquele jogo doentio de dor e prazer,
uma parte da mim já estava começando a implorar para sentir o
couro dos chicotes dele no meu corpo nu e pendurado.

Mas não vou deixar esse lado vencer, porque eu ainda existo e
vou lutar com todas as forças para que meu corpo esqueça que já
gostou de sentir dor. Eu vou me resgatar, vou resgatar o meu eu que
estava sendo contaminado por um sádico doente, que num momento
me tratava como a mais delicada flor e no outro momento me via
como seu objeto de prazer. Porque ele sentia o mais absoluto prazer
em me ver exaurida após intermináveis minutos de chibatadas e
gritos de dor e prazer, ele entrava em êxtase quando me via tremer
de prazer ao mesmo tempo que fios de sangue escoriam por alguma
parte do meu corpo.

Não sei quando Christopher e a fera irão me achar, mas farei de


tudo para aproveitar a pouca liberdade que consegui alcançar, eu
preciso disso, porque ficar com ele já estava me deixando confusa,
estava mexendo com minha cabeça e meu coração, e que Deus me
perdoe mas homens como ele já tem um lugar reservado no inferno.
Homens como ele não amam apenas tomam como posse, homens
como ele não demostram carinho apenas cuidam e protegem.
Demorei muito tempo para entender que ele era um quebrado que
não está em busca de alguma salvação e para meu azar eu cruzei o
caminho dele.

Após intermináveis minutos caminhando pelas ruas secundárias


de Nova Iorque nós finalmente estávamos entrando na Estação
Central, seguimos as indicações de Mary a Amiga de Rosa Angélica.
Em menos de cinco minutos é possível passos ecoando no
subterrâneo. Eu mal sabia o que estava acontecendo só sei que os
homens mandaram a gente mudar as roupas depois tiraram algumas
fotos nossas para fazer os documentos novos, quando vi já
estávamos as três dentro do metro que iria nos levar até o Bronx.

— Meninas eu estou com medo! Quando ele me achar ele vai me


matar — de nós três a Emanuelle é a que mais teme o marido e não
tiro a razão dela, para o azar da minha amiga ela foi se casar com o
pior dos mafiosos. Como estamos sentadas uma do lado da outra
estico meu braço para abraçá-la pelo ombro, seu choro também me
angustia porque de certa forma eu é que a incentivei a aceitar essa
fuga e espero que tudo isso vala a pena senão eu nunca irei me
perdoar se alguma coisa acontecer com ela.

— Amiga fica calma. Não vai acontecer nada, agora nós temos
uma a outra para proteger não chora por favor.

— É Emanuelle se acalma. Faça isso pelo bebezinho que está aí


dentro — aos poucos ela vai se acalmando. E então cada uma
mergulha em seus próprios pensamentos para esquecer a tensão
que paira no ar.

Não sei se algum dia voltarei pra Rússia, mas espero que isso
aconteça. Porque toda minha história está lá e a dos meus pais
também. Meu irmão está lá, e sei que apesar de ser um
inconsequente ele irá sentir minha falta e eu também, ele é minha
única família. Lembrar dele me aperta o coração, mesmo depois de
tudo o que ele me fez o chamado do sangue é mais forte que
qualquer desavença que tenhamos tido.

Depois de longos minutos de viagem pelo subsolo de Nova Iorque


finalmente chegamos no Bronx. Fomos levadas até a rodoviária onde
pagaremos o ônibus que irá nos levar até Pensilvânia e de lá
embarcaremos num voo que nos levará a um destino ainda
desconhecido.
Ninguém quer saber para onde iremos, eles tem toda razão caso
sejam descobertos serão os primeiros a sofrer as consequências da
nossa suposta insolência aos olhos deles.

Depois do carro nos deixar na rodoviária fomos imediatamente


comprar bilhetes que nos levariam até a outra cidade. Já
acomodadas dentro do transporte público é possível sentir o alívio de
cada uma, pois foi um grande ganho pelo menos chegar até aqui.

— Meninas já decidiram para onde iremos?— Rosa Angélica


questiona quebrando o silêncio.

— Eu não faço ideia. Não conheço país nenhum para além da


Itália — Emanuelle pontua.

— Eu sempre quis morar em um país onde o clima é tropical, bom


vocês sabem como é a Rússia e em Seattle só chove.

— Então iremos para América latina. O clima lá é muito bom, já li


vários livros sobre aquela região. — e então entramos numa
conversa sobre as diferenças climáticas entre a América latina e a
Europa, e por uns míseros segundos nós esquecemos que éramos
fugitivas se três homens Implacáveis.
Nunca tive paciência para manter diálogos por muito tempo, sendo
nos negócios ou na vida pessoal. Por isso não abri minha boca
desde que me tranquei num dos escritórios do hotel com esses dois
homens a minha frente. Um com a mente mais fodida e doente que a
do outro e o que os dois têm em comum? São obcecados por suas
esposas, chega a ser doentio a forma como eles às cercam e o jeito
nada convencional que as mulheres foram envolvidas nos seus
casamentos, essa realidade não foge do meu. No final também só
um fodido igual a eles, ou até pior.

Não quero imaginar o que pode acontecer se eu ficar obcecado


por minha esposa. Provavelmente a manterei acorrentada na cama
do quarto de jogos até a morte, espero não chegar nesse nível de
perversidade ou então viverei com seu ódio também até a morte.

Mas do que nunca me sinto muito inquieto, como se sentisse que


algo está por vir, e uma ansiedade descomunal de voltar para aquele
salão se apodera de mim. Já não consigo ficar tanto tempo sem
olhar aqueles olhos transparentes. Com o tempo aprendi a ler cada
gesto, cada movimento, cada desvio que suas pupilas fazem, cada
traço no seu rosto. Ela não esconde mais nada de mim, posso não
me expressar muito por palavras mas sou um grande observador e
tenho capacidade de memorizar muito acima do normal.

— Uma vez que está tudo dito sobre o contrato, acho que
podemos retornar ao salão de festas — os dois homens me olham
sem entender como eu si e a conversa está te minada se eu mal
prestei atenção ao que falavam e não escondi para ninguém que não
estava com a mínima vontade de intervir em alguma coisa, minha
assinatura é suficiente. O quero nesse momento é levar minha
esposa e ir embora de uma vez e sair dessa maldita cidade.
Depois de mais algumas minutos finalmente estávamos assinando
os contratos. Enrico irá se associar a nossa empresa virada á
construção e produção de armamento militar que por acaso a GENIS
tentou comprar. Porra, tinha me esquecido desses malditos e sinto
que então armando alguma nesse momento e essa desistência ema
relação a mim sei que é só fachada.
No momento em que os três íamos sair da sala Bruce chefe de
segurança do Nicholas adentra com uma cara nada boa e anuncia
que a esposa do Nicholas sumiu, isso não me afetou em nada. Mas
no momento em que ele disse categoricamente que Sasha e a
esposa do Enrico também desapareceram eu fiquei em alerta.

Deu-se início as buscas pelo hotel e pelas redondezas e nada foi


encontrado, a princípio achamos que elas tivesse sido sequestradas
mas alguma coisa me dizia que aquele trio ainda usa nos
surpreender. Intermináveis horas analisando as câmaras de
segurança do hotel. O resultado disso depois Enrico possesso que
até matou volta de três homens sob nossos olhos e Nicholas jurava
matar a esposa assim que a encontrasse.

Elas tinham fugido.


San Tiago del Cuba, Cuba

Intermináveis horas de viagem, milhas de distância e meus


pensamentos continuam fervilhando e me alertando sobre a loucura
que já foi cometida. Já está feito e não tem mais volta.

Quando Rosa Angélica me ajuda a sair do avião assim que dou o


primeiro passo em direção ao exterior uma sensação maravilhosa
dominada meu corpo ao sentir a luz dos sol beijando meu rosto, um
sorriso se forma em meus lábios e uma emoção imensurável me
dominada, não consigo acreditar.
Finalmente eu estou livre. Agora eu posso recomeçar com as
pessoas que realmente querem meu bem e que sei que irão me
apoiar e acompanhar nesse novo percurso.

E espero que essa felicidade dure o tempo necessário para eu


me recuperar e encontrar de volta meu verdadeiro eu, não tenho mas
nada nesse mundo, a não ser me apegar a esperança de que um dia
eu possa viver um algum resquício de uma felicidade genuína.
Sentado no banco traseiro da Mercedes meus olhos se
concentram no sol que nasce em meio aos aranha céus que
transformam nova Iorque num império de concreto e homens de
terno, meus olhos estão lá fora mas minha mente está arquitetando
mil maneiras de castigar um anjo fujão.
Ela sabe o quanto a necessito, ela sabe que tem uma parte de
mim que estava começando a depender dela e do corpo dela.

Depois de horas a espera dos resultados das buscas resolvi voltar


para o hotel. Nós as subestimamos demais e esse é o resultado,
mas quem esperaria que um grupo de mulheres constituído por uma
cega, uma esposa submissa e uma medrosa teria coragem de fazer
tal coisa, elas são bem mais inteligentes do que pensamos e se isso
for realmente parte da identidade delas nós estamos fodidos.

Sei que onde quer que ela esteja não para de pensar em mim, seu
corpo irá sentir falta de mim e da libertação que posso a
proporcionar, cada maldito por dela irá implorar por mim assim que
sua mente devolver cada momento de puro prazer que tivemos e
principalmente ela sabe que a qualquer momento eu a trarei de volta
nem que seja arrastada pelos cabelos, ela sabe que essa fuga não é
para sempre.

E quando eu a encontrar o lugar dela estará aqui a esperando, e


ela sabe que irá se arrepender porque um anjo não provoca uma
ferra e fica por isso mesmo.
Nova Iorque

Soco mais uma vez com toda força possível o saco de pancada
enquanto lembranças e fantasmas do passado fervem como nunca
em minha cabeça. Mesmo banhando de suor e quase cansado nada
me distrai nada tira essa lembranças da minha cabeça, e sei mais do
que nunca o motivo disso estar acontecendo, é sempre assim
quando uma certa data se aproxima, é como se minha mente
tomasse o controle de meus pensamentos automaticamente assim
que meu corpo começa a sentir os primeiros resquícios do outono,
definitivamente outono não é a minha estação predileta em todos os
sentidos possíveis.

Para além de marcar uma data nada agradável do passado


também marca algo mais recente, a fuga de um anjo que precisa ser
cortado as asas. No final Sasha realmente me surpreendeu, parece
até uma piada pensar que ela fugiu de mim, ou pelo menos deixar
ela pensar que fugiu de mim. Mas a cada hora e minuto que passam
os gritos de prazer dela ecoam na minha cabeça a cada vez que
penso mil maneiras de castiga-la quando a encontrar.
Nunca foi tão delicioso dar dor e prazer a alguém o quanto foi com
ela, preciso admitir que por detrás daquele rosto bonito e aqueles
olhos inocentes se esconde uma pequena devassa, as infinitas
noites, madrugadas e até dias de paixão que tivemos são a prova
viva disso, não, não foi a droga de um maldito sonho. Eu realmente
tinha uma coisa maravilhosa nas mãos, e não há nada no mundo
que irá me fazer desistir dela. Quando coloquei os olhos nela algo
dentro de mim se acendeu e senti o quanto ela era perfeita para as
minhas perversidades, não vou desistir tão fácil dela, ela é uma
raridade, e apesar de saber que uma parte dela repudia e abomina
meus jogos sádicos eu a quero ainda mais, porque existe um lado
dela que precisa ser explorado, existe uma parte dela que gosta
daquilo e sei que é essa parte que a irá fortalecer.

E mesmo sabendo das consequências de a deixar forte e


resistente eu não vou parar. Durante anos me dediquei nesse jogo
exatamente para satisfazer meus próprios desejos sádicos, mas
com ela é diferente, agora eu faço esse jogo por nós dois. Primeiro
porque existe uma parte de mim que precisa disso e segundo porque
ela precisa ser forte para viver nesse maldito mundo, caso contrário
ela será engolida.

Fraco!

Aquela maldita voz grita dentro da minha cabeça me deixando com


mais fúria e com isso desfiro socos intermináveis no saco, merda,
por umas horas tinha esquecido da existência dessa voz na minha
cabeça, e pela data que se aproxima sei que esse lado meu estará
mais inquieto que nunca.

Nós vamos mata-la, tal como aconteceu com a outra. Eu vou


adorar isso.

— Porra! — definitivamente essa é a época perfeita para ter uma


conversa com a única pessoa que tem me escutado a cada vez que
tenho esses surtos, merda, a Sasha tinha que fugir justo agora? Por
outro lado isso foi até bom, porque não sei o que faria com ela no
quarto de jogos nesse estado se ela estivesse aqui, sem duvidas ia
destruir ela. Quando estou assim eu perco o controle muito fácil e
assim coisas boas não advém dos meus atos.

Mas antes de viajar de volta para Seattle tenho um compromisso


marcado aqui em Nova Iorque. Por isso antes de deixar meus
punhos em carne viva saio da academia que fica no meu
apartamento. Resolvi sair do hotel e vir ficar aqui, odeio aquela
agitação de pessoas entrando e saindo do meu quarto. Ademais
precisava ficar sozinho com meus pensamentos, enquanto as buscas
pelas fujonas está em processo, Nicholas e Enrico estão cuidando
disso. E em breve também tomarei as devidas providências quanto a
isso.

Caminho pelos silenciosos corredores do imóvel ouvindo apenas


meus próprios passos provocados por meus pés descalços. O
interior do meu corpo está ardendo em chamas e o suor percorrendo
escorre como se eu tivesse me molhado na chuva, não me sinto
satisfeito porque a irá dentro de min ainda se faz presente. Flexiono
meus pulsos e fito as marcas avermelhadas que se encontram nas
juntas dos dedos, eu estava quase rasgando minha pele.

Entro no banheiro e a primeira coisa que faço é me livrar da única


peça de roupa que trajo. Entro no box e coloco a água na
temperatura mais baixa que posso, as enxurradas da água
extremamente fria deslizam sobre meu corpo baixando assim a
temperatura alta que emanava de dentro de mim, os movimentos de
sobe e desce provenientes do meu peito denunciam o quanto estou
ofegante.

De repente um corpo pequeno de curvas delgadas e pele branca


aparece em minha mente, amarado e com marcas evidentes
deixadas por mim. O gemidos, as súplicas tudo isso volta como
enxurrada, e como eu sabia que aconteceria meu pau ficou duro mas
que nunca. Maldita seja.

Preciso admitir meu corpo já estava se acostumando a ter o corpo


dela a todos o momento que eu sentisse vontade. E eu sinto que um
dia ela irá usar essa arma contra mim.
Aliso minha ereção enquanto meus olhos estão fechados
contemplado uma das nossas sessões no quarto de jogos, ela toda
arreganhada para mim enquanto todos seu corpo está amarado de
forma firme no suporte suspenso, suor e sua líbido se misturando
com meu pré sémen, nossos gemidos ficando cada vez mais altos e
praticamente chorando de excitação enquanto sua buceta apertada
esmaga meu pau nem dando espaço para ele ir mais fundo.

Meto nela com toda força enquanto minhas mãos apertam suas
coxas deixando marcas de dedos e minha boca sedenta não para de
chupar os mamilos rosados e durinhos. Ela grita meu nome enquanto
sua buceta me aperta ainda mais internamente a sensação de tê-la é
tanta que fico extasiado que passar meu pau naquele entrada
maravilhosa dá a vontade de nunca querer gozar, mas fica
impossível quando seus músculos vaginais praticamente espremem
meu pau de tal forma que gozo urrando feito um homem das
cavernas.

O efeito do gozo é tão forte que preciso me segurar na parede


enquanto meu pau repele as últimas gotas do esperma. Abro os
olhos já de volta á minha realidade, minha respiração está mais
ofegante do que no momento que entrei nesse banheiro, e mesmo
estando de baixo da água fria eu sinto a combustão dentro de mim,
definitivamente a minha dependência por aquele corpo está cada vez
mais evidente.

Praguejo internamente por não ter levado a tal da empregada.


Assim ela não teria fugido se aquela mulher estivesse o tempo todos
ao lado dela.

— Anjo, anjo parece que você terá que voltar para casa o mais
rápido possível. Não quero imaginar o que a fera fará se fosse não
voltar.
Já mandei prepararem o jato e provavelmente chegarei a
Washington apenas ao amanhecer uma vez que o relógio marca
nesse momento nove na noite.
Me concentrar no trabalho me fez sair um pouco da realidade e
escapar das empreitadas a que minha mente me submete. Se
alguma vez fiz algum tratamento para isso? Obviamente, o que não
resultou em nada, as vezes acho bom que as lembranças do passos
me atormente, porque isso faz eu me sentir vivo é como se eu
necessitasse disso para saber que existem pessoas que não
merecem viver nesse mundo. E mais uma vez ter de enfrenta-los.

Saio do meu devaneio quando o som da campainha ecoa pelo


apartamento de forma estridente. Como meus seguranças estão do
lado de fora e eu estou sozinho levanto da poltrona e caminho até a
porta a abrindo de seguida. E a minha frente está uma das poucas
pessoas que me conhece o suficiente para saber que não estou no
meu melhor momento.

— Dominic! — Nos cumprimentamos com um aperto de mão.

— Você está péssimo — são suas únicas palavra antes de entrar.


Ele olha para todo ambiente, mesmo afastado do exército ele
continua com a postura militar, mas também não o culpo. — Porquê
me fez vir até aqui? Sabe que odeio cidades.

— Preciso da sua ajuda! — Sirvo dois copos de whisky e o entro


um deles — achei mais viável te chamar para nova Iorque que fica
perto do Texas do que você viajar para Washington.

— Vivemos numa era cibernética. Era só ter ligado —


definitivamente ele odeia a cidade. Não é toa que vive no extremo
norte do Texas.

— Esse assunto não pode ser discutido por celular ou


teleconferência.

— Então pode falar — ele se senta num dos sofás após tomar em
apenas um gole a dose de whisky que tinha o servido.

— Nossos planos terão que mudar um pouco.

— A que você se refere?— Ele questiona ainda confuso.

— Preciso que pause as investigações sobre a GENESIS e sobre


a família Semyonava, preciso que seu foco mude nesse momento.
Preciso que encontre alguém. — Ele cerra os olhos e sei que irá se
negar porque ele odeia fazer esse trabalho.

— Não sou a porra de um detetive e sei muito bem que você tem
como contratar os melhores nesse ramo para achar seu mais novo
brinquedinho.

— Se tem algo que você faz melhor para além de atirar a


quilómetros de distância é achar pessoas que não querem ser
encontradas — ele me analisa de forma minuciosa.

— Vocês três são doentes! — Ele se levanta e serve mais uma


dose de whisky. Chego a conclusão de que já saiba o que aconteceu
— agora virei detetive que procura o brinquedo sexual de um
banqueiro.
— Posso contar com você? — Ele apenas assente — quando a
achar nós retomamos nossas investigações. — Me sento no sofá a
sua frente e pergunto: — como está sendo trabalhar com o mafioso?

— Até agora não me arrependo de ter matado nenhum dos que fui
designado a matar. Ele é outro obcecado pela esposa. Te dou um
conselho não se vicie nela, você sabe que no final vai se foder feio.
Você e os outros dois. — Até hoje a norte da sua família o afetou de
forma drástica, as vezes que ele se importa menos com a vida do
que eu.

Nos próximos minutos continuamos conversando sobre como


iremos proceder com as investigações sobre a GENESIS e quais
serão nossos próximos passos.

Seattle, Washington

A aeronave desliza sobre a pista de pouso depois de mais de


cinco horas de viagem. Assim como eu Nicholas e Enrico também
regressaram para suas cidades.
Meu relógio de pulso marca seis e meia da manhã e apesar de ser
cedo sei que a pessoa a quem visito a seis anos nessa época do
ano está me esperando.

O piloto anuncia que o pouso foi feito com sucesso, meus


seguranças retiram minha mala e a da minha esposa e vejo o carro
que irá me levar para casa em frente ao jato, em alguns passos já
estou no interior de veículo.

— Para onde senhor? — meu motorista pergunta assim que me


acomoda no banco traseiro.

— Para clínica Saint George.

Depois de trinta minutos de viagem o veículo estaciona no meio fio


em frente a um grande edifício no centro de Seattle. Apesar do
tempo que passou o lugar não mudou em nada.
Meus passos ecoam pelo saguão enquanto caminho até o
elevador que iara me levar até o vigésimo quinto andar.

Quando a caixa metálica apita informando que já estou no meu


destino saio da mesma e caminho até a porta de cor branca que fica
no corredor a esquerda do elevador, ainda a uma distância de três
metros da porta a mesma é a aberta. E isso não me surpreende em
nada visto que a pessoa sem dúvidas sabia que eu viria.

— Que bom que veio!


O que é isso que estou sentindo? Ansiedade? Culpa? Remorso?
Será que ainda sou humano suficiente para sentir tais coisas?
Porque as vezes duvido que eu seja.

É a porra de um turbilhão de emoções e sentimentos que mal sei


decifrar qual deles me deixa assim, me sentindo incapacitado de
controlar minhas próprias emoções. Já passam trinta minutos desde
que me sentei no que deveria ser a mais confortável das poltronas
para pacientes que procuram esse tipo de serviço, cujo não me
interessa em nada. O que é contraditório porque nesse momento me
encontro sentando em frente a um dos maiores especialistas na área
a que estou tentando a anos esquecer ou pelo menos controlar,
trauma, é assim que chamam.

Já me foi dito que o que tenho não tem nada a ver com trauma, e
sim auto sabotagem, ou seja, segundo as avaliações médicas eu
tenho tendência a me auto deflagrar por um incidente que de certa
forma não tinha como evitar. Mas eu sei que isso não consta a
verdade, eu sei e conheço minha culpa no que aconteceu aquela
noite. Assumo a minha culpa, e meus pensamentos não são
tendenciosos a auto sabotagem, simplesmente não posso viver
enquanto aqueles que conspiraram e ajudaram o homem que me
concebeu a destruir a chance que eu tinha de voltar a viver, não
quando após anos vivendo sob as ordens daquele doente eu
finalmente tinha encontrado um motivo para viver, não quando as
vidas dos centros da minha naquela época foram ceifadas sem
piedade ou humanidade alguma.

— Como você se sente sobre a data de hoje? — A pergunta é


solta de forma momentânea na sala silenciosa onde apenas se
escuta o silêncio e minha respiração quase que controlada. Não
acredito que estou aqui. Todo ano é a porra da mesma pergunta,
como eu me sinto esse ano sobre essa data? E para falar a verdade
esse ano as coisas mudaram, esse ano a raiva e a ira vieram
misturadas com outros sentimentos, mesmo que camuflados eles
estão lá. Prefiro não discutir o quanto essas perguntas são
repetitivas, apenas recosto no encosto da poltrona e cruzo as
pernas.

— Me sinto exatamente igual, ao ano passado e aos outros


anteriores — seus olhos não abandonam os meus, pois busca em
mim alguma coisa fora do comum — mas, esse ano alguns
acontecimentos fizeram com que esse dia saísse uma pouco da
monotonia.

— Como por exemplo seu casamento? — Tinha me esquecido que


sou famoso suficiente para até a camada médica saber do meu
casamento.

— Sim pode ser! — Respondo sua questão de forma cautelosa,


porque minha relação com minha esposa ainda é algo a ser
entendido por mim, ou seja, algo que nem eu mesmo entendo.
Apenas sigo meus instintos e até agora nada me deixou insatisfeito.

— Como se sente sobre seu casamento? Acha que de alguma


forma ele mudou alguma coisa em você em relação a esse dia ou em
relação a algum aspeto da sua vida? — Se esse casamento mudou
minha vida? Obviamente que sim. Antes de me casar o trabalho era
meu maior passa tempo em oitenta por cento do meu tempo e
disponibilidade e agora, pelo menos até antes da minha esposa fugir,
meu tempo era dividido em cinquenta por cento trabalhando e a
outra metade o tempo era gasto estando dentro da minha esposa.

Após alguns minutos raciocinando sobre esse assunto, finalmente


resolvo responder sua questão: — Claramente que o casamento
mudou alguns aspetos da minha vida, agora tenho alguém que
depende de mim, não só em termos económicos mas também no
que respeita a sua segurança.

— Não senhor Parker, não é isso que quero saber. Quero que me
diga se de alguma forma o casamento mexeu com seu interior, seu
coração e sua mente por exemplo — com as minhas mãos juntas e
com meus cotovelos apoiados nas laterais da poltrona apenas penso
em uma resposta que não irá delongar mais esse assunto sobre
minha vida conjugal.

— Definitivamente o casamento não mexeu com meu interior, mas


a pessoa com me casei com certeza provocou um abalo dentro de
mim — essa palavras são suficientes para responder suas
perguntas, que tire suas próprias conclusões. Por um momento vi um
lampejo de espanto naqueles olhos, seis anos vindo aqui e até hoje
nunca me interessei em nada no que os olhos castanhos que me
encaram podem me dizer, não quando olhos azuis quase reluzentes
assombram minha mente em alguns momentos.

— O que tem a me dizer sobre os pesadelos? — Se sorrir fosse


algo que me acompanha com certeza eu estaria gargalhando de
forma estridente agora mesmo.

— Os pesadelos me acompanham na porra de todas as noites e


dias da minha vida quando fecho os olhos. Digamos que é parte da
minha essência parte de quem eu sou. — Seu olhar continua o
mesmo, me conhece o suficiente para não se assustar com minhas
palavras — mas algo estranho acontece quando durmo com minha
esposa, como se a parte que reativa os pesadelos se mantivesse
adormecida quando meu corpo encosta no da minha esposa, quando
estou com ela na cama meu organismo por conta própria relaxa e
quando dou por mim já estou respirando na curva do pescoço dela.
Mesmo eu sendo um fodido que não a merece não a deixarei ir.

— Então você considera ela como sendo sua âncora? — Ela não é
minha âncora, com certeza não. Ela é aquela que desperta a
perversão total existente em mim.

— Por enquanto ela é só minha esposa. Existe uma linha tênue


entre nossa relação conjugal e ao fato dela ser um tipo de âncora
para mim. — Mas uma vez aquele silêncio reconfortante que tanta
aprecio volta a se instalar na sala.

— Se fosse definir o acontecimento de anos atrás no dia hoje em


uma única palavra, qual seria? — Para além das perguntas sobre
meu casamento isso também é novo.

Morte

Aquela voz no meu subconsciente grita quase explodindo minha


cabeça, pois as gargalhadas também são estridentes.

— Morte — falo por fim após meu breve monólogo interior.

— Porquê morte?

— Essa pergunta tem uma resposta óbvia.

— E qual seria? — Sua voz profissional vem misturada com


desafio e curiosidade em saber minha resposta. Cinco minutos se
passaram eu continuo mudo sem responder, nem reponderei, por
isso com apenas um olhar decreto que prossiga com a próxima
questão.

— Qual seu pensamento hoje sobre a morte da Stacy e do seu


filho?
San Tiago del Cuba, Cuba

Após infinitas tentativas hoje eu finalmente consegui arrumar as


compras sem a ajuda das meninas. Foi preciso muita prática e
treinamento para conseguir tal coisa. Estando as duas grávidas não
quero que se esforcem e muito menos façam movimentos que irão
prejudicar a elas e aos bebés. Por isso preferi aprender de tudo para
ajudar no que for, Rosa Angélica me ajudou nesse processo, não só
a mim mas a Emanuelle também. Porque de nós três Rosa Angélica
é a que teve mais contanto com a vida real do que nós.

Ela domina os afazeres domésticos e a cozinha melhor que nós


que não sabíamos nem fritar um ovo. Diferente de nós ela veio de
uma família humilde e teve uma mãe amorosa que a ensinou todas
essas coisas. Apesar de tudo estou aprendendo aos poucos, e para
fazer algumas coisas eu ainda necessito de ajuda delas por causa da
minha deficiência que em limita.

Fecho todas as portas dos armários e me preparo para tomar um


banho, o dia está tão quente hoje. Mas no final não me arrependo
nem um pouco de estar num país cujo o clima é tropical, Cuba é
maravilhoso, e não falo apenas do clima, mas a energia boa e a
alegria que as pessoas emanam é contagiante e cada dia que passa
me apaixono mais por esse país e principalmente pela cidade onde
moramos, San Tiago del Cuba.

Após me despir entro e no box, sinto a água fresca cair sobre mim
e solto até um gemido de satisfação devido ao calor intenso que
estava sentido, bem diferente da Rússia.
Eu e Emanuelle é que fomos fazer as compras, as duas
trabalhamos em uma escola no período da manhã até mais ou
menos o meio-dia, Rosa Angélica trabalho em tempo integral numa
biblioteca por isso ela só voltará mais tarde, á nossa saída da escola
eu e a Emanuelle fomos ao super mercado fazer algumas compras,
por ela estar numa fase crítica da gravidez eu carreguei as compras
todas pesadas sozinhas.

Sinto tanto pela minha amiga, ela está sempre cansada e com
dores e o pior o tempo todo pensando nas consequências da nossa
fuga. E eu a entendo.

Faz exatamente um mês desde que fugimos dos nossos


carrascos, se é que posso chamá-los assim.

Se penso no que acontecerá caso sejamos encontradas? Claro


que sim, a cada lufada de ar que puxo apenas ouço a voz de
Christopher falando barbaridades. Agora entendo quando ele me
falou que nunca me deixaria ir, que eu pertencia a ele. É porque
mesmo estando a milhas de distância continuo aprisionada a ele,
não fisicamente, mas mentalmente e pela alma, ele drena toda
minha energia a toda vez que me lembro dele.

Sinto que ele sabe que a todo momento estou pensando nele, ele
sabe que me angustia essa incerteza sobre o amanhã. Mas eu tento
ser forte por minhas amigas pois quero que elas tenham um pouco
de paz e sossego em sua vidas como gestantes. Tem dias que é
difícil segurar as lágrimas e gemidos de desespero. Por muitas noites
enquanto as meninas dormem eu me entrego a dor e a tristeza nas
lágrimas, eu sou humana e sentir é o que me torna um ser racional.
Respiro fundo para repelir a melancolia que tenciona se apoderar
de mim.

A água gelada deixa meus seios endurecidos e meus pelos


arrepiando assim como acontecia quando Christopher me levava a
acompanhá-lo em seus banhos, o que não terminava em banho e
sim em meu corpo sendo esmagado por seu corpo grande contra a
parede gelada do box.

Para me desligar dessas lembranças, desligo a água e me enrolo


numa toalha e saio do banheiro indo para o quarto que compartilho
com Emanuelle.

Enquanto deslizo minhas roupas pelo corpo lembro do meu irmão


e no tamanho da sua preocupação em não saber sobre mim, e
duvido muito que Christopher diga a ele que fugi. Meus esposo pode
ser muito cruel quando lhe é conveniente ou para mostrar que não
tem medo de nada ou de ninguém. Saber de que material ele é feito
ia me ajudar muito a entende-lo melhor. Mas às vezes acho que
também não entende-lo será melhor para minha saúde mental

Após me vestir, acordo minha amiga que não parava de protestar


pois seu sono estava muito bom e ela não queria acordar por nada,
mas ela precisa almoçar.

— Tive um sonho tão bom Sasha — ela diz animadamente


enquanto nos acomodamos na mesa.

— E o que você sonhou? — Fico feliz que ela tenha sonhando


com algo diferente para além do marido aterrorizante.

— Sonhei com meus pais, no quanto éramos felizes juntos. Minha


mãe era uma pintora assim como eu e era a mulher mais alegre e
feliz que eu conheço e meu pai apesar de sério também era o
homem mais amoroso do mundo — sua voz soa entrecortada,
provavelmente falar deles a emociona.

— Sim pelo que você falou eram realmente felizes. — falo sentindo
um nó na garganta.
— E você? Nunca me falou da sua mãe. O que ela faz? Onde ela
está?
— Qual seu pensamento hoje sobre a morte da Stacy e do seu
filho?

Sem desviar nem por um segundo o meu olhar encaro a terapeuta


extremamente ruiva, tão ruiva quanto um indivíduo de nacionalidade
irlandesa. E em dado momento minha mente fica oca como se
tivesse ficado impossível pensar, porque é isso que acontece quando
uma pergunta tão invasiva como essa é feita.

Quando solicitei os serviços da doutora Alisson meu intuito não era


e continua não sendo buscar uma solução para que o acham ser o
meu problema, eu simplesmente precisava ter a avaliação impessoal
de alguém que fosse capaz de me ouvir sem ser invasivo. E pela sua
confidencialidade eu pago mais de cem mil dólares a cada ano que
venho aqui.

E uma batalha começa dentro da minha cabeça, entre responder


sua perguntar e dizer o que ela quer ouvir ou simplesmente ligar o
foda-se e contar o que realmente penso sobre a porra desse dia. O
dia que minha família morreu e o antigo Christopher também foi
morto, nascendo assim uma versão ainda mais quebrada de mim,
essa é uma verdade que costumo aceitar com muita facilidade, às
vezes acho que naquele dia não foi uma versão minha que nasceu e
sim uma parte que já estava em mim que decidiu se aflorar, no final
somos todos peças defeituosas, viemos para esse mundo falhados e
com algo que já vem enraizado em nós.

— Vai responder a minha pergunta senhor Parker? — Mas uma


vez a voz da mulher a minha frente preenche meus ouvidos. A cada
ano ela vem se mostrando mais sensual e despojada diferente de
anos atrás quando a conheci, ela era do tipo tímida, perguntava
apenas aquilo que achava que eu responderia e principalmente, ela
tinha pavor de mim. Mas com o tempo todas essas evidências foram
desaparecendo na mesma velocidade que o tempo.

— O que posso dizer Alisson? — A questiono me levantando da


poltrona pois a uma hora que eu sempre março já excedeu — eles
estão mortos, o que você pode fazer quando a pessoa morre? —
Seu silêncio é a resposta que eu precisava — exatamente, nada!

Ela também se levanta da sua cadeira com a intenção de me


acompanhar até a porta, apenas levanto a mão a impedindo — não
se incomode. A transferência de sempre foi feita para sua conta
bancária.

Não me preocupo em me despedir ou falar que nos veremos no


próximo ano, porque em trezentos e sessenta e cinco dias muita
coisa pode acontecer, e quanto mais o tempo passa menos sinto a
necessidade de vir aqui, eu faço mais isso porque seu trabalho é
ouvir quem paga. Porque em nada essas conversas afetam os
fantasmas que rondam minha cabeça e a fera sádica que habita
dentro do mim.

— Até o próximo ano senhor Parker. Espero conhecer sua esposa


em breve — eu estava prestes a segurar a maçaneta da porta antes
de ouvir essa frase. Paro o que estava prestes a fazer e me viro para
encara-la, e sua face empalidece quando vislumbra meus traços
faciais contraídos de forma hostil.
Avanço até onde ela se encontra, com a voz mais controlada
possível pronuncio: — não a quero perto da minha esposa nem perto
de mim fora desta sala, sempre que você me ver por aí
simplesmente me ignore, não cruze meu caminho, não me dirija a
palavra e muito menos ouse olhar para minha esposa. Está avisada.

— Não se esqueça doutora, você tem muito mais a perder. Um


telefonema e você se reduz a nada em todos os âmbitos da sua vida.
— Não esperei para ouvir seus pedidos de desculpa, era só o que
me faltava ter que lhe dar com uma psicóloga me perseguindo, por
mais e nosso contato esteja mito mais alem do que nessas paredes.

Após sair do edifício, mando meu motorista me levar até a


mansão. Foram horas de viagem, preciso de um banho gelado e
mudar de roupa para ir até o escritório.
Pelo caminho minha mente me leva a reviver um acontecimento de
quando meu progenitor estava vivo. Meu corpo até vibra ao lembrar
do meu punho indo de encontro ao seu rosto ganancioso, eu
praticamente o desfigurei quando descobri o que fez naquela noite
antes de eu chegar em casa, o deixei em carne viva e
completamente ensanguentado, me arrependo de não tê-lo matado.
E outras fizeram esse favor ao mundo.

Passaram dois anos até eu descobrir que o que aconteceu


naquele dia foi culpa dele, ele foi o responsável por matar a pouca
humanidade que alguma vez existiu em mim. Sei que não tenho mais
solução, já me conformei que irei viver com a mente fodida pelo resto
da porra da minha vida.

Mas meu corpo viverá feliz desfrutando daquele corpinho de pele


extremamente branca e mamilos deliciosos de beliscar, já posso
sentir a textura do interior daquela buceta gostosa em volta do meu
pau duro como uma rocha.

Merda, até encontrá-la sou condenado a apenas imagina-la sendo


tocada por minhas mãos.
Sei que Emanuelle não fez essa pergunta com intenção de me
machucar, é só uma pergunta inocente. Mas é inevitável não sentir
meu coração rasgar quando suas palavras ecoam na minha cabeça,
me fazendo lembrar de forma forçada que cresci sem uma figura
materna comigo, vivi toda minha vida até hoje sem nunca ter sido
acalentada por palavras ou carinhos de uma mulher que pudesse
chamar de mãe, a Natasha não conta, ela exercia de forma
implacável o papel de madrasta.

— Sasha! Você está bem? — não, porque eu não tenho uma mãe
como você teve Emanuelle. Respondo grosseiramente dentro de
mim, e é lá onde essas palavras permaneceram, porque eu nunca
diria isso para minha amiga.

— Eu estou bem. É só que a sua pergunta me surpreendeu — isso


foi mais um sussurro, porque mal abri a pouca para proferir tais
palavras.

— Desculpa não queria te deixar desconfortável com minhas


perguntas. Sinto muito por ser tão invasiva — não a culpo por ser tão
espontânea. Emanuelle viveu tanto tempo reclusa que ela se anima
com o mínimo de interação que consegue manter com as pessoas.

— Não se preocupe por favor. Não me incomodo com a sua


pergunta. É que às vezes eu me sinto mal ao falar sobre a minha
mãe — respiro fundo, soltando uma lágrima — a verdade é que eu
nunca vi minha mãe. No dia em que nasci ela simplesmente
desapareceu sem ninguém se aperceber, Ela me deixou quando
ainda era um bebê de algumas horas. Desde criança perguntava
para meu pai o porquê que eu não tinha uma mãe como todas as
outras meninas, ele sempre me contava histórias até que um dia
quando ele viu que eu tinha a idade certa ele me contou que minha
me abandou no quarto de hospital em que estávamos internadas no
dia que nasci.

— Amiga, eu lamento tanto — as duas estamos chorando, para


mim por algo que ainda dói falar e ela por causas dos hormônios da
gravidez.

— Não vou negar me parte o coração não ter crescido com minha
mãe ao meu lado. Meu pai sempre evitou falar sobre a minha mãe,
ele sofreu bastante com o desaparecimento repentino dela, e por
causa disso ele se transformou num homem distante meio frio. Mas
ele se esforçava para ser um bom pai. Quando ele se casou com a
minha madrasta eu devia ter apenas uns quatro ou cinco anos de
idade, e fiquei tão feliz, porque finalmente achei que teria uma mãe e
de bônus eu tinha ganhando uma irmã. Com o passar do tempo
minha madrasta deixou bem claro que não era minha mãe e que
nunca seria. Lembro que esse dia eu chorei tanto, eu tinha apenas
seis anos quando ela finalmente destruiu meus sonhos de ter uma
família perfeita, porque para mim ela era minha mãe e perguntei ao
Dimitri porquê que nossa mãe não gostava de mim e apesar de novo
naquela época Dimitri já era crescido se comparado a mim, e foi
então que ele me disse que aquela não era nossa mãe, ainda lembro
muito bem das suas palavras duras" aquela mulher não é nossa
mãe, nossa verdadeira mãe é uma vadia que nos abandonou" foi o
que ele disse.
— Depois disso eu finalmente me conformei. Mas sabe as vezes
eu sinto que nossa mãe não nos abanou eu sinto que por algum
motivo de força maior ela teve que ir embora. As vezes sonho com
ela enquanto escuto ela pedindo por ajuda.

— E você conhece o rosto dela?

— Sim. Uma vez eu estava no quarto do papai procurando por ele


e por acaso encontrei uma foto, sabe daquelas bem antigas? Nela
tinha uma mulher sentada num balanço que fica no jardim da nossa
casa, ela estava sorrindo enquanto suas mãos faziam carinho na
barriga saliente e um menino loiro também sorrindo segurava por
cima das mãos da mulher. O que mais me chamou atenção naquela
foto foram os olhos da mulher, azuis tanto quanto os meus. Naquele
momento eu tive a certeza que ela era minha mãe, senti uma
vontade muito grande de roubar aquela foto mas pensei melhor e
resolvi deixar porque por algum motivo ela ainda estava guardada no
quarto do meu pai. O nome da minha mãe era um assunto proibido
em casa, não existam fotos dela espalhadas pela casa por isso
resolvi não comentar com ninguém sobre a foto.

— Você acha que um dia irá encontrar sua mãe? — nos já


estamos mais calma e mantemos nossa conversa sobre nosso
passado e nossas famílias.

— Eu não sei. Mas eu sinto alguma coisa me dizendo que minha


mãe está por aí precisando de ajuda. Por muitas vezes pensei em
procurá-la, mas sempre soube que meu pai nem meu irmão
permitiriam isso. E quando fiquei cega a possibilidade de procurá-la
diminuiu ainda mais.

— E seu irmão? Acha que hoje em dia procuraria por vossa mãe?
— Da última vez que falei sobre nossos pais Dimitri fechou a porta
do quarto dele na minha cara.

— Não. Dimitri não tem bons sentimentos sobre nossos pais.


Apesar do seu jeito distorcido de demonstrar seus sentimentos, sei
que Dimitri me ama e que sempre irá me proteger.
— Eu também queria dizer a mesma coisa sobre a minha gêmea.
A Antonelli me odeia tanto, eu nunca vou entender o motivo disso.
Ela simplesmente me abomina.

— Essa sua irmã não sabe o que está perdendo ao ter você como
irmã. Eu ia adorar ter uma irmã como você. — e não estou mentindo,
daria qualquer coisa para ter uma irmã tão meiga e carinhosa quanto
Emanuelle, — falando em irmã, já pensou no nome para o bebê?

— Ainda não, na verdade estou esperando para saber o sexo, não


vou mentir eu queria muito uma menina. Mas o que vier eu estarei
feliz da mesma forma.

Passamos o resto da tarde conversando sobre bebés. E por um


momento me imaginei estando grávida e mesmo por um milésimo
imaginei Christopher sendo pai. Será que ele tem planos de um dia
ter filhos ou se juntar a alguém de novo?

Não mais maltratar minha cabeça com esses pensamentos,


porque isso não é da minha conta.

Mas porquê imagina-lo com outra, está sendo tão doloroso para
mim? Se o que mais quero é ficar o mais longe possível dele, porquê
minha mente me leva a pensar nele a todo o instante?

A menos que ele tenha conseguido um de seus objetivos.


Mesmo ardendo como Brasa por dentro, continuo me equilibrando
nas argolas olímpicas suspensas, apesar do saco de pancada ser
meu acessório predileto quando se trata de treinamento às vezes é
necessário variar. Mesmo concentrado no meu treino é possível ouvir
os passos de alguém se aproximando, e essa pessoa faz isso como
se já não soubesse que falei que não queria ser interrompido por
ninguém.
Largo as argolas olímpicas e fixo meus pés no chão da academia,
pelo vidro a minha frente é possível ver o sol se pondo, anunciando
que ficarei mais uma noite sem sentir e ver minha esposa perto de
mim.

Nunca pensei que depois de tantos anos mais alguém despertaria


esse meu lado possessivo, e aquela anjinha conseguiu sem nenhum
esforço me deixar obcecado por ela, e principalmente, o seu corpo
que me entende muito bem, a cada vez que jatos de água escorrem
por meu corpo no chuveiro meus pensamentos são assombrados por
seus olhos revirando enquanto ela goza sob meu comando.

— Senhor Parker — a acompanhante da minha esposa me tira do


princípio do que seria uma seção de lembranças eróticas, e praguejo
internamente por tamanha ousadia, merda, isso me torna um filho da
puta pervertido, e sinceramente não me importo, desde que toquei
aquele corpo, ele se transformou na minha única fonte de
pensamentos eróticos capazes de me deixar duro. Me viro para olhar
a empregada parada na porta de vidro que nos separa, muitas vezes
a vejo me espiando por aí de forma furtiva.

Mal entendo porquê ainda a mantenho aqui, porque quando Sasha


voltar não precisaremos de seus serviços porque ela irá
imediatamente para a clínica fazer a maldita cirurgia, por bem ou por
mal. A foder apertando aquele seios apetitosos e enquanto aqueles
olhos azuis me encaram é uma de minhas fantasias doentias.

— Senhor Parker — ela torna a chamar meu nome, como se na


primeira vez eu não tivesse ouvido. Prestando mais atenção em seu
rosto consigo ver que ela me lembra alguém cujo não lembro quem
no momento, mas com certeza um rosto familiar.

Morgan é muito jovem e diria atraente segundo os padrões de


preferência de alguns homens para se prender a um trabalho de
acompanhar de uma deficiente. É uma mulher negra de mais ou
menos um metro e setenta de altura, não é magra nem corpulenta, é
dona de belas curvas me atrevo a dizer. Mas ela não me atrai em
nada porque atualmente apenas um corpo me deixa em estado
hipnótico quando penso no que posso fazer em determinadas partes
dele.

— O que deseja? — pergunto terminando minha análise em seu


rosto.

— O senhor tem uma visita, aliás, a visita é para senhora Parker,


mas como ela não se encontra eu vim chamar o senhor — porra,
quem será? A Sasha nunca recebeu visitas aqui. A interesseira da
madrasta e a filha nunca se atreveram nem a chegar perto dos
portões da mansão assim como as adverti, jurei que se ousassem
pisar em solo americano teriam as cabeças decepadas.

— Quem é?
— Uma senhorita, ela diz se chamar Yeva Petrova, diz ser Amiga
da senhora Parker — deve ser a filha de um dos membros da máfia
russa, quando mandei investigarem o Dimitri, li no relatório sobre a
irmã alguma coisa sobre essa amiga dela, parece que as duas
praticamente cresceram juntas. Não me importa em nada a presença
dela qui, mas estou curioso em saber o motivo da visita.

— Mande-a esperar. Dentro de quinze minutos vou recebê-la —


sem me preocupar em vestir a camisa saio da academia indo
diretamente para meu quarto, tomo um banho rápido para limpar os
vestígios de suor que a pouco banhavam meu corpo. Ainda essa
noite tenho um compromisso social, depois do banho visto um dos
ternos pretos mas não coloco a grava, apesar de ser algo formal não
vejo a necessidade de colocar uma, e também eu odeio ver gravatas
em tornos do meu pescoço, elas ficam bem melhor prendendo
pulsos de um corpo nuo.

Desço às escadas olhando as horas quando a governanta me diz


que a tal visita se encontra em uma das salas de estar, caminho até
o cómodo e ainda a distância vejo uma mulher loira sentada em um
dos sofás.

— Boa noite! — minha intenção não era assusta-la, mas ela


estava tão distraída de tal forma que praticamente pulou do sofá
quando ouviu minha voz. Aos poucos ela se vira para me encarar
ainda sentada, assim que olha para minha cara seus olhos se
arregalam como se ficasse surpresa ao me ver, não a culpo, meu
rosto com essa barba não me deixa com nenhum ar de amigável. Em
silêncio ela me analisa como se buscasse alguma falha, que são
várias, provavelmente ela deve estar lamentado por sua amiga que
está nas mãos de um homem como eu, consigo ler a mensagem nos
seus traços faciais, ela deve imaginar tudo o que faço com a amiga.

Tenho cem por cento de certeza que ela me investigou e descobriu


sobre as minhas preferências. Não me importo que meio mundo
saiba disso, várias submissas passaram por minhas mãos e é
inevitável dizer que alguma violou as regras revelando sobre mim.
— Senhorita Petrova? — Chamo sua atenção por ver que ela não
sai do transe. — Boa noite!

— Bo-a no-ite eu... ham

— Você é amiga da minha esposa. Disso eu já sei. — Também me


acomodo no sofá em frente ao dela, ela ajusta sua postura e engole
em seco.

— A funcionária me disse que a Sasha não está, eu vinha visitar


ela.

— É isso mesmo. Ela não está em casa no momento, ela viajou


para espairecer com algumas amigas — uso a mesma desculpa que
Nicholas usou para despistar a imprensa. Vejo espanto em seu olhar,
ela definitivamente não esperava ouvir que sua melhor amiga tinha
viajado com outras amigas, e imagino que na cabecinha dela devem
estar passando milhares de ideias sobre onde a amiga realmente
está.

— E o senhor sabe quando ela volta? — Apenas nego com a


cabeça. Assim que levanto ela também faz o mesmo, já tirei dela o
que queria. Apenas confirmar se ela realmente não sabia do
paradeiro da minha esposa e das outras duas fujonas. Pelos vistos
terei que aguardar pelo serviço do Dominic.

— Bom, então eu vou indo — sedo espaço para ela passar e antes
que ela alcance a porta de saída chamo sua atenção.

— Senhorita Petrova! — Mesmo tremendo Ela se vira para me


encarar — não se preocupe, eu não matei a minha esposa. Quando
ela voltar irá receber notícias dela.

Assentindo ela se despede e vai embora, não foi difícil deduzir que
ela achava que matei minha esposa, vivendo na máfia acho que as
mulheres esperam de tudo lá dentro, só queria assegurar a ela que
a amiga estava viva, mas não sei se na sua volta ela estará inteira
quando eu puder minhas mãos nelas.
Coloco minha mão no interior da banheira para sentir a
temperatura da água, que por sinal está gostosa de sentir. Lá fora
chove como nunca tinha visto aqui em Cuba. Brinco um pouco com a
espuma que se encontra sobre a água enquanto o cheiro aromático
dos sais de banho domina todo o espaço do nosso banheiro.

Apesar de pequeno, nosso banheiro tem uma banheira espaçosa,


suficiente para tomar um banho relaxante depois de um dia cheio de
agitação e muito trabalho. Me sinto mais livre agora, mais capaz de
fazer minhas próprias coisas.
Nunca achei que viver assim poderia ser tão bom, sem pressão,
sem medo de fazer algo errado, sem a presença dominadora me
assombrando, sem culpa e principalmente sem ninguém para me
lembrar o quanto minha deficiência me impõe limites.

Aqui em Cuba eu estou aprendendo que posso tudo, é apenas


uma questão de ter força de vontade.

Desfaço o nó do robe que estou vestindo e logo de seguida a peça


desliza por meu corpo me deixando completamente nua, coloco o
robe num dos suportes da parede e com cuidado entro na banheira e
deslizo sobre ela até meu corpo ficar coberto pela espuma até a
região acima do busto, e automaticamente minha cabeça descansa
sobre a base da banheira me deixando ainda mais a vontade.

Definitivamente estava precisando disso, fazia muito tempo que


não tomava um banho tão relaxante.

Sempre imaginei ter momentos românticos com o amor da minha


vida, como por exemplo compartilhar a banheira para relaxar juntos
ou até mesmo conversar e trocar confidências, esses eram meus
sonhos quando adolescente.
Até que descobri que nem todos os homens são adeptos do
romantismo, e com Christopher eu aprendi isso no verdadeiro
sentido da palavra.

Ele não é nenhum homem das cavernas, mas ele não tem nada de
sensível. Eu não sei nem a metade sobre a vida dele antes de nos
casarmos ou até mesmo coisas sobre seu dia a dia, apenas sei o
básico, que ele é dono de banco, é americano, rico, influente, sádico,
doente da cabeça. Apenas sei coisas que quase todo mundo sabe
dele, mas ele nunca me deixou saber mais além disso.

Tivemos zero momentos românticos, e nossas sessões no quarto


de jogos não contam como algo em casal, porque dentro daquele
quarto nós assumíamos outros papéis, nossas personalidades
mudavam lá dentro, quando estávamos os dois dentro do quarto de
jogos somos apenas dom e submissa, senhor e escrava, sádico e
expirante a masoquista.

Ele estava quase conseguindo me perverter, eu sinto que faltava


pouco até eu me viciar na dor, meu corpo estava começando a
gostar de sentir golpes fortes desferidos por seus chicotes. Eu ia
chegar numa fase que começaria a pedir para ele bater mais forte e
sem piedade, essa fuga foi a melhor coisa que me aconteceu, se não
eu teria me perdido completamente.
Eu me perderia porque o tamanho da dor era proporcional ao
prazer que ele me dava, orgasmos tão fortes que minha pele chega a
arrepiar só de lembrar. Fecho os olhos e deixo minha mente e meu
corpo sedento por prazer me levarem a reviver memórias que eu
deveria repudiar.

Minhas mãos se encontram amarradas para trás em cordas


formadas por nós fortes, meus braços também se encontram
envoltos em cordas me deixando ainda mais sem ter como mover os
membros superiores.

Como a boneca que sou, ele me guia até a cama e me coloca de


bruços sobre os lençóis de seda macios, seus dedos ágeis passeiam
por meu corpo me fazendo libertar pequenos gemidos, meu corpo o
pertence e isso é indiscutível.

Sem esperar meu quadril é erguido e dessa forma apenas minha


cabeça e meus joelhos estão sobre a cama, me sinto completamente
exposta apesar de estar vestindo peças íntimas finíssimas, posso até
sentir o ar passando por minha vagina coberta pela calcinha
minúscula. Respiro de forma ofegante quando sinto alguma coisa
passando por minhas costas, minha posição me impossibilita de
esfregar minhas coxas para aliviar a tensão na minha intimidade.

Os bicos duros dos meus seios são acariciados tão delicadamente


que posso sentir meu orgasmo se formando na região do meu
ventre.

— Mandei você gemer anjo? — não consigo responder devido a


imensidão de sensações que passam por meu corpo quando ele dá
um tapa forte no meu bumbum. — responda!

Ele esbraveja.

— Não sen-hor. — gozar é tudo o que mais quero agora para


acabar de uma vez com essa tortura. — ahh meu Deus.

Estremeço toda quando ele acaricia minhas dobras por cima da


calcinha extremamente molhada. A tortura segue e sei que a
qualquer momento vou explodir. Rebolo sedenta em seus dedos e
mal consigo controlar os movimentos do meu corpo.

— Senhor por favor — mais um tapa e minha excitação triplica,


meu corpo treme pois o orgasmo está na ponta das minhas
extremidades nervosas pronto pra sair, mas estou prendendo ele —
deixa eu... por favor.

Já posso sentir as lágrimas molhando o travesseiro enquanto


meus soluços se misturam com os gemidos, porque mesmo abalada
meus corpo não deixa de responder a seus estímulos hediondos.

— Você quer gozar anjinho?

— Sim, sim senhor eu quero, eu quero.

E assim aconteceu, apenas um tapa estalado nos meus lábios


molhados foi suficiente para me fazer tremer toda e me contorcer
sobre a cama enquanto meus músculos se contraiam me deixando
entorpecida beirando entre a realidade e o efeito alucinogénio do
orgasmo.

— Christopher ! — grito seu nome enquanto um orgasmo


alucinante sacode todo meu corpo me fazendo estremecer no interior
da banheira. Depois do efeito do orgasmo cessar eu finalmente
acordo para realidade — meu Deus! O que eu estou fazendo?
Três meses depois

Lembranças do passado

Tento manter minha concentração no volante mas o corpo


ensanguentando e desacordado da minha esposa não me deixa me
concentrar totalmente na estrada. Eu liguei para emergência, mas
não consegui esperar por eles vendo ela sangrando e sofrendo com
dores.

Os machucados em seu rosto estão começando a inchar a


deixando ainda mais irreconhecível, seus traços delicados e lindos
não estão mais lá, ela esta fria e seus lábios não param de tremer,
olho para seu ventre, e uma raiva descomunal me consome me
fazendo apertar bem forte o volante carro.

— Chris! — A voz fraca, o esforço que ela fez apenas para chamar
meu nome faz eu me sentir completamente estraçalhado por dentro.
Pela primeira vez algo estava dando certo na minha fodida vida, e
mais uma vez eu teria que aprender a perder.
— Amor, não se esforce, fica tranquila estamos quase chegando
no hospital — precisamos chegar, ou eu nunca vou me perdoar.

— Não vai dar tempo. Nós já perdemos ele, não é? — um nó se


forma na minha garganta quando finalmente me dou conta de que
provavelmente meu filho não esteja mais aqui, que talvez ele tenha
perecido sem ao menos ver o mundo aqui fora. — Eu te amo!

Merda de vida fodida

Um segundo contemplando seu rosto agonizando foi o suficiente


para que meu carro fosse atingido, e depois disso, tudo acontece em
câmara lenta, nossos corpos reviram no interior do veículo a medida
que o carro também vai capotando pela estrada molhada, seguro no
corpo da minha esposa mas alguma coisa me diz que é tarde
demais, pois o resquício de respiração que eu via subir e descer por
seu peito não existe mais, nós dois somos um conjunto de sangue e
machucados horríveis.

Quando achei que perderia os sentidos em qualquer momento de


tanto que o carro ficava rebolando, ele finalmente estabiliza e apenas
ouço o barulho da chuva lá fora e a lataria do carro chiando como se
fosse ceder a qualquer momento.

O corpo pequeno da minha esposa não treme mais, ela está


esfriando cada vez mais, não sinto sua respiração quente no meu
pescoço, apenas o sangue saído do seu nariz. Seus dedos
pequenos não estão mais apertando minha camisa.

Sim ela não está mais aqui.

Os dois não estão mais aqui.

Meu corpo busca forças não sei de onde, para finalmente


conseguir quebrar um dos vidros blindados do carro, e carregar o
corpo sem vida da minha esposa. Sinto que meus pés carregam
toneladas devido ao esforço que estou fazendo para me arrastar pelo
asfalto, o cheiro de queimado está em toda parte, e até agora me
admiro por ter saído vivo daquele carro.
Respirando de forma ofegante, o sangue seco em meus olhos me
impede de enxergar com precisão, por isso me agacho junto com o
corpo desfalecido, e me sinto um filho da puta estragado por não
conseguir derramar uma lágrima se quer por eles, eu sou
contaminado, e já me acostumei a conviver com a morte.

Se eu já era quebrado, a partir de hoje serei apenas uma casca


que vaga pelo mundo se alimentando apenas com a dor dos outros.

Presente

Mais de seis anos se passaram e apenas a dois meses eu


descobri que aquele maldito acidente não aconteceu por distração ou
imprudência da minha parte. Aquilo foi só um bônus do meu
progenitor, depois dele ter abusado e espancando minha primeira
esposa, para ele aquilo não foi suficiente, ele precisava eliminar o
mal pela raiz, é assim que ele falava.

Sua cabeça preconceituosa e racista não o deixava aceitar meu


casamento, para ele mulheres como a Cindy apenas servem como
prostitutas e não para serem assumidas perante a sociedade, e para
meu azar eu tive essa audácia de desafia-lo ao me casar com ela,
naquela época eu jurei que ele não controlava mais minha vida mas
me enganei completamente e a notícia da gravidez o deixou ainda
mais doente, e foi por causa disso que naquele dia eu perdi a minha
chance de ser normal, posso assim dizer. Me admiro que ele tenha
conseguido abusa-la sabendo que carregava o próprio neto, mas
para ele, meu filho era só uma coisa, sem direitos.

Ele deve estar se contorcendo no túmulo nesse momento por eu


ter me casado com uma cega, e dessa forma me colocando longe da
perfeição. Mas o que ele não sabia é que a partir do momento que
minha esposa parou de respirar ele acordou outra coisa dentro de
mim, uma coisa que seria capaz de estraçalha-lo se ele ainda
estivesse respirando.
Ele já caiu, agora resta apenas aquela organização narcisista, nós
os neutralizamos uma vez, mas agora eu preciso acabar com eles de
uma vez por todas, porque no último encontro eles deixaram bem
claro de agora eles podiam me acertar num alvo que aos poucos se
transforma num ponto fraco para mim.

Na noite do encontro com a GENIS

Depois da assinatura da renovação de contratos de alguns


acionistas do banco peço uma dose de whisky. O restaurante está
ligeiramente vazio, apenas nossa mesa composta por cinco homens
contando comigo, e nas outras mesas apenas vejo duas a três
pessoas.

Depois de cinco minutos o garçom finalmente me traz meu copo


com o whisky, levanto o copo sobre a mesa para levá-lo a boca
quando algo chama minha atenção, o guardanapo que veio junto
com o copo tem algo escondido, e não preciso pensar muito para
saber o que é. Em apenas um gole tomo o whisky e me levanto sem
me despedir dos outros, por minha saída ter sido repentina sei que
meus seguranças estão logo atrás de mim.

Vou em direção a área da cozinha do restaurante, a atravesso e


logo a seguir já estou na saída de emergência do estabelecimento.

— Senhor Parker!

— O que vocês querem agora? Já falei que não voltarei pra porra
da vossa organização. — Hoje eles estão em número de dois,
mantemos uma distância de cerca de três metros.

— Existem coisas que podem induzi-lo a aceitar o que propomos.


O senhor é um ponto chave nessa organização e sabe muito bem o
motivo — eles querem ter o monopólio de bancos, e o meu banco é
um dos mais importantes e conhecidos no mundo. Eles quererem
controlar a porra da economia mundial.
— Como por exemplo o quê? — questiono mesmo sabendo qual
ponto de minha vida eles irão tocar.

— Sua esposa por exemplo — merda, Dominic precisa ser mais


rápido — o senhor não ia querer ficar viúvo pela segunda vez sendo
tão jovem, a diferença é que agora a morte da falecida não seria
culpa do seu pai. Lembra do acidente que a matou?

— Do que você está falando?

— Acidentes podem ser provocados senhor Parker. — Essa é a


primeira vez que eles conseguem prender minha atenção por tanto
tempo. — Mas deixemos o passado de lado, o importante é o futuro
nesse momento, e tudo depende do seu desempenho.

Um deles se aproxima de mim e me passa um cartão.

— O aguardamos na Alemanha senhor Parker. Sua presença é de


extrema importância para o nosso líder — então eles querem que eu
conheço o filho da puta por trás dessa merda toda? E algo me diz
que apesar de toda essa amenidade toda eles estão aprontando algo
sujo. — Ah, já ia me esquecendo, o senhor por acaso ainda não
encontrou o pendrive? Ele pode estar guardado em algum cofre do
seu banco.

Pelos vistos ainda existe algo que posso usar como arma contra
eles, preciso achar esse pendrive, sem dúvidas é algo que pode
acabar com eles, senão não estariam tão preocupados em encontrá-
lo.

— Não se preocupem, — falo enquanto analiso o cartão preto com


detalhes dourados em minhas mãos — assim que achar esse tal
objeto, entrarei em contato. Quanto a minha ida para Alemanha a
qualquer momento me farei presente lá.

— Contamos com a sua presença senhor Parker — eles se viram


e caminham no meio da névoa noturna que envolve todo o beco
pouco iluminado.
Não sei se ficar cara a cara com o líder desses lunáticos é algo
que irá me agradar, mas é um mal necessário.

De volta ao presente

Merda

Já se passam quatro meses desde o desaparecimento de Sasha,


e se passaram dois desde que incumbi a Dominic a missão de achá-
la esteja onde estiver. Mas ao invés de procurar minha esposa foi
matar o presidente italiano. A morte foi anunciada a algumas
semanas pelos meios de comunicação.

Já era para ele me trazer o relatório sobre o paradeiro dela, eu não


posso sair daqui para Alemanha sem saber o paradeiro dela, e isso
não é por causa da segurança dela, mas também pelos meus
instintos carnais que já estão falando alto pela necessidade de tê-la
acorrentada a mim outra vez.

Posso ser tudo o que as pessoas quiserem mas não sou infiel,
quando faço um juramento é para cumpri-lo, eu cumpro a risca com
os meus compromissos.

Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho de passos


rápidos e rígidos se aproximando, e já sei muito bem de quem se
trata. Me levanto para encara-lo se aproximando de mim, logo atrás
a governanta vem correndo, com certeza para dizer que a minha
visita entrou na propriedade sem ser anunciado.

Com apenas um aceno dispenso ela antes que se aproxime


demais.

— Vejo que estava me esperando Christopher — sem ser


convidado ele ocupa a poltrona ao lado da que eu estava sentado
antes dele entrar.
— Merda Dominic! Não podia matar o presidente italiano depois de
me dizer onde a minha esposa está? — o questiono também me
sentando, e como sempre ele está no modo ex fuzileiro, ele está com
a cabeça tão fodida que acho que vive na posição de contra ataque a
todo instante, como se a qualquer momento alguém fosse ataca-lo.

— Para aquele trabalho eu fui pago. Já você me pediu um favor.


Não vi a necessidade de colocar o seu assunto na frente dos outros.

— Você não cansa de ser a máquina de matar do Enrico? — Ele


solta uma gargalhada forte enquanto coloca um cigarro na boca e
logo de seguida passa o isqueiro nele para começar com tragadas
fortes.

— Ele está mais impaciente que nunca, um deslize e ele está


matando. E tudo isso por causa de um mulher — desde a morte da
esposa Dominic nunca mais foi o mesmo, se transformou num
homem frio, em alguém que não se preocupa mais com a vida de
quem se encontra em sua mira, agora ele não mata para defender o
país e sim para sobreviver.

— Achou ela? — é a única coisa que preciso saber agora.

— Sim achei seu brinquedinho — ele fala sem emoção nenhuma,


e eu me pergunto se alguma vez ele voltará a sentir algum afeto por
alguém. — E ela está ótima isso eu posso te garantir.

— Onde elas estão?

— Veja por conta própria — ele retira um envolve da mochila e me


entrega, sem esperar o abro e imediatamente retiro o conteúdo. Vejo
algumas fotos das três fujonas, em algumas elas tão conversando na
praia, em outras caminhando pelas ruas de alguma cidade cheia de
cor e pessoas e posso garantir que estão em algum país da América
latina.

Me concentro mais nas fotos da minha esposa, onde em algumas


ela está sorrindo e em outras está brincando com algumas crianças.
Leio também o relatório que Dominic trouxe, nele está tudo
detalhado sobre como elas tem vivido, pelos vistos elas se
adaptaram muito bem, nem quero imaginar como tem sido para duas
gestantes e uma cega viver numa cidade daquelas.

— Como pode ver elas estão ótimas, vivendo uma boa vida longe
dos três maridos possessivos. Eu já fiz minha parte o resto é com
você. Como pôde ver elas estão em San Tiago del Cuba, uma
pequena cidade localizada na região sul de Cuba. É um lugar calmo,
sem grande nível de criminalidade e a atuação do cartel no lugar é
quase impercetível.

— Preciso que providencie proteção para elas, mas que sejam


discretos para que elas não percebam — é mais seguro para ela
ficar lá enquanto eu resolvo outros assuntos, nesse momento ela fica
melhor longe do que ao meu lado.

— Não vai contar aos outros?

— Não! Ela está mais segura lá do que ao meu lado no momento.

Dominic me conhece o suficiente para saber que tem merda


acontecendo.

— A GENISIS?

Apenas assinto, e mostro o último cartão que recebi deles.

— Merda! Pelos vistos as nossas buscas por algo que irá destruí-
los continuam.

— Nós vamos para Alemanha.


Com muito esforço e apesar da dor dilacerante em meu coração,
encaro a única foto que tenho do meu amado. O homem da minha
vida, o homem a quem pertenço por mais que seja subjugada e
mantida refém por uma alma cheia de maldade e sem coração.
Por muito tempo eu tentei resistir, não só por mim, mas por minha
família. Mas no final eu acabei me entregando a dor e ao sofrimento,
meu corpo não me pertence mais, minha alma foi acorrentada pelas
vontades de um homem tão cruel quanto um narcisista possa ser. A
única coisa que posso chamar de minha, é a minha mente. Apesar
dela não estar intacta pelo menos me proporciona certa privacidade
para poder ter meus próprios pensamentos, lá eu tenho espaço para
reviver minhas lembranças mesmo que de forma furtiva.

Sentada na penteadeira do meu quarto observo meu estado. E me


admiro que apesar do tempo e do que eu tenho vivido minha pele
não apresente os traços de uma mulher com mais de quarenta anos.
Quarenta e três para ser mais precisa, por causa das leis da máfia
eu me casei muito cedo, assim que completei despeito anos meu pai
me entregou ao meu amado, um homem que aprendi a amar com o
passar do tempo e com o casamento nosso amor se fortaleceu ainda
mais.

Meu coração se parte em dois toda vez que lembro que


compartilhamos tão pouco tempo juntos, e que por mais que algum
dia eu escape desses muros eu nunca poderei o ver outra vez e
muito menos poderei gritar o quanto o amo, porque por
desobediência minha o mataram, e agradeço a Deus que minha filha
tenha saído ilesa daquele acidente trágico, lembro até hoje do dia
que aquele monstro chegou com uma foto do meu marido dentro de
um caixão de madeira maciça. E mesmo sem vida eu pude ver ali os
traços do homem que sempre amei, naquele dia uma parte de mim
morreu, aquele dia eu perdi totalmente as esperanças, o único
homem capaz de me salvar não estava mais aqui.

Meu dono tem toda razão quando afirma que eu viveria sob seu
jugo até o dia que um dos dois parar de respirar, e ele adora me
torturar com isso, e minha única resposta para suas provocações é o
meu silêncio. A única coisa que me dá certeza de que continuo
respirando são as lágrimas que derramo todos os dias a cada vez
que lembro dos meus tesouros, e me corrói saber que agora eles
estão sozinhos, sem mim e sem o pai.

Uma lágrima quente percorre meu rosto assim que lembro da


carinha da minha menina pequena. Ela nasceu tão pequena e
branquinha, seus olhos azuis eram o verdadeiro espelho dos meus,
essa é a única marca e tenho certeza que ela carrega de mim e não
quero imaginar o que foi para o pai dela olhar em seus olhos e saber
que aqueles olhos não eram os meus e sim da nossos filha.

Meu dono me contou que ela se casou, quando recebi essa notícia
fiquei tão contente porque de alguma forma minha filha teria uma
família de verdade, mas ele não demorou a estragar minhas
imaginações ao me lançar que o marido da minha filha era tão sádico
quanto ele, que ela também está sofrendo o mesmo que eu, porque
foi vendido pelo próprio irmão a esse homem que hoje em dia é o
marido dela.
Chorei por noites imaginando o quanto ela tem sofrido, ela é só
uma menina. E não fazer nada por ela está me matando, fico
imaginando todas vezes que ela chamou por mim enquanto chorava
mas eu não estava lá. As vezes desperto durante a noite ouvindo
seus choros de menina, e não sei se isso é realmente uma
premunição ou é apenas a minha mente brincando cruelmente
comigo.

Me levanto e caminho até a janela do quarto, e por ela aprecio o


jardim de decoração sombria, igual ao proprietário. Os murros
monstruosos que estão em volta da propriedade são o verdadeiro
sinônimo de soberba e poder, fico pensando se alguém imagina que
por trás desses murros ele mantém uma prisoneira, uma escrava, ou
um bicho, como ele me chama.

Bichinho.

Mesmo depois de vinte e um anos ele não cansa de se aproveitar


do meu corpo, ele se excita quando me vê chorando ou implorando
para ele parar de me bater, ele é um doente que se satisfaz me
subjugando de todas as formas possíveis. Seus toques apenas me
deixam com asco, e apesar de eu tentar ser forte eu não consigo
lutar contra ele. Um homem forte e musculoso, ele é duas vezes
maior que eu, não sou nada perto dele, eu praticamente fico invisível.

Meu corpo reage assim que sinto sua presença atrás de mim, seu
perfume inconfundível é o único aroma que perdura no ar. Não me
incomodo em me virar para ter a certeza de que é ele. Apenas
espero por ele, reagir é a pior coisa que posso fazer agora.

Suas mãos grandes apertam meus abraços, e como sempre ele


inala meu perfume na curva do pescoço enquanto uma de suas
mãos aperta meu seio, seu membro excitado é a prova evidente da
sua visita ao meu quarto logo cedo da manhã.

— Meu bichinho — com apenas um movimento ele desfaz o nó do


meu robe, e logo de seguida minha camisola está no chão feito um
trapo inútil — os anos estão fazendo muito bem a você. Continua
linda e gostosa, vamos logo com isso que mais tarde tenho uma
surpresa para você.

Ele me vira de frente para ele e dou te cara com seu peito nu, e
assim começa mais uma de minhas torturas. Ele usa meu corpo de
forma que bem entende e que satisfaça seus instintos predatórios, e
eu, aceitei tudo em silêncio. Em algumas vezes ele me obriga a
correspondê-lo e noutros momentos ele não liga que esteja
penetrando uma morta viva.

E isso segue até ele se sentir satisfeito.

Me encolho na cama como um bicho acuado quando ele


finalmente se dá por satisfeito, nua e humilhada eu apenas puxo
alguma coisa para poder esconder minha nudez. Quando acho que
ele vai sair, o improvável acontece.

Depois de vestir a calça moletom que ele vestia apouco, se


aproxima de mim e acaricia minha cabeça como se estive fazendo
carrinho num cachorrinho.

— Quero que fique linda, do jeito que você sabe que eu gosto. A
nossa visita deve estar prestes a chegar.

Visita?

Todo esse tempo que ele me mantém presa aqui nunca deixou
ninguém me ver, várias vezes parada naquela janela eu vi muitas
pessoas chegarem aqui, algumas levando muito tempo e outras nem
tanto. E hoje ele me diz que teremos uma visita? Essa ideia me
arrepia porque sinto que isso não irá me deixar feliz.

Me levanto da cama e vou em direção ao banheiro para me


arrumar, não quero me atrasar nem desobedece-lo, da última vez
que fiz isso fiquei duas semanas sem comer e tive meu corpo cheio
de machucados, e isso aconteceu a quatro anos, antes da morte do
meu amado.
Se já não estivesse acostumada a sentir as dores que costume
sentir no pós abuso, eu estaria coxeando e reclamando agora, as
marcas dos seus dedos estão por toda a parte e minha pele bastante
parda não ajuda muito ma hora de esconder tudo isso.

Depois do banho coloco um dos infinitos vestidos brancos no meu


closet. Penteio meus cabelos negros de fios longos e lisos e os
mantenho soltos. É assim que ele me quer quando me manda ficar
linda, ele é obcecado por uma versão angelical minha. Meu café já
foi servido, e mesmo sem muito apetite me sento para colocar
alguma coisa no estômago, quase todas as refeições eu faço aqui no
meu quarto, em casos extremos sou obrigada a compartilhar a mesa
com o meu dono.

Depois de se passarem alguns minutos enquanto eu reviro a


comida a minha frente, a porta é aberta, a minha frente está o motivo
dos maiores pesadelos da minha vida. Elegante, vestido num terno
preto de cabeça aos pés, o anjo negro que aprendi a conhecer está
me olhando intensamente que até sinto a marca dele situada no meu
pescoço vibrando. Uma marca que irei carregar a vida toda, nela as
iniciais AZ chamam atenção banhadas em ouro.

— Linda e do jeito que eu gosto. Depois que a visita for embora


nós vamos nos divertir bastante. — Ele me oferece a mão para que
eu possa me levantar e de forma automática meu corpo responde a
seus comandos.

Juntos caminhas pelos corredores da fortaleza sombria, sua mão


não sai nem por um segundo das minhas costas, quando finalmente
chegamos a uma das salas e me surpreendo por estar a tanto tempo
aqui e nunca ter visto o cómodo antes, ele odeia que eu fique
circulando pela casa e me cruze com seus homens, o último que
mostrou alguma curiosidade sobre mim teve a cabeça decepada por
uma das suas espadas bem na minha frente, e desde então os
seguranças mantém distância de mim.

Faz muito tempo que não tanto medo, mas agora sem saber o que
vem a seguir eu tremo em antecipação.
— Sente-se — me indica uma poltrona aveludada de cor preta
com alguns detalhes dourados. Sem resistir me sento nela, e assim
tenho a visão da entrada da sala de estar. Parado atrás de mim ele
não para de alisar meus cabelos. — Espero que em breve você
acabe com essa mudez, afinal de contas tenho assuntos a discutir
com você, mesmo seu silêncio me agradar tanto.

Observo seus movimentos enquanto suas mãos firmes e cobertas


por tatuagens servem um whisky. Sempre achei estranho um homem
alemão como ele tão defensor dos princípios alemães ser tão adepto
de tatuagens.

— Senhor! — Um homem que entendo ser o mordomo chama


nossa atenção — anuncio a chegada do senhor Parker.

Meu coração congela ao ouvir esse nome, mesmo não o


conhecendo.

E depois disso vejo passar pela porta um homem alto, forte e


barbudo. E ele é tatuado, posso jurar que o corpo dele é coberto por
elas. Sua presença é familiar, sombrio tal quanto meu opressor.
Assim como eu, ele não esconde que me observa de forma intensa,
ele é um homem ligeiramente jovem. Tão frio que mal consigo
manter meus olhos nos seus, a implacabilidade está evidente nele.

Imediatamente baixo meu olhar, não quero ser castigada por


encarar outro rosto que não seja do meu dono.

Mas me surpreendo quando ele segura me queixo de forma firme


me fazendo levantar o rosto para encarar o homem na minha frente,
e eu não entendo a sua atitude, um choro fica preso na minha
garganta e meus olhos ardem.

— Ela é linda não é? — a satisfação é palpável em sua voz ao


falar isso, ele está me expondo como uma obra de arte rara de se
encontrar, porque é isso que eu sou, uma arte, alguém sem vida —
ela é mais que linda. É uma perfeição. Uma das minhas perfeitas
propriedades.
Não me abalo ao ouvir algo do gênero, já virou costume ouvir ele
me chamando nomes.

— Diga Olá ao seu genro bichinho!

Genro?

Esse homem parado a minha frente é o marido da minha filha, isso


já entendi. E saber que é com ele que meu tesouro partilha sua vida
me corta a alma de forma dilacerante.

Meu dono me contou tanta coisa sobre ele.

Ele é um deles! É um monstro igual a esse com quem moro. A


diferença é que eu fui sequestrada e minha filha foi comprada como
um objeto em exposição.

— O que quer comigo Antonín Zimmerman?

O tom nada amigável que ele usa para chamar a atenção do meu
dono me diz que nesse momento estou no meio de uma guerra entre
dois demônios.

E só quero que eu e minha filha saiamos de tudo isso vivas,


porque ilesas não sairemos.
Através do tablet, sentado no assento traseiro do carro leio o
relatório que os homens designados a vigiar e proteger minha
esposa e as outras me mandaram a alguns minutos. E até agora
pelo que estou lendo, nada saiu do controle. Mas parece que uma
delas, a esposa do Enrico nesse caso teve uma complicação com a
gravidez, nada de grave. Já a ladra dos meus pensamentos nos
últimos tempos continua com a mesma rotina, dar aulas de música,
brincar com as crianças da tal escola, passear pela praia são suas
atividades diárias e claro cuidar das mulheres grávidas dos outros.
Nunca me atreverei a contar para eles que achei elas e fiquei calado.

Mas às três sabem o que as aguarda, aposto que a noite quando


cada uma está tentando dormir mas suas mentes não deixem,
apenas pensam o que nós três faremos com cada uma, e Sasha
sabe o que a aguarda.

Arrumo o tablet e recosto minha cabeça no encosto do confortável


assento, sinto que as noites que fiquei sem dormir estão me
cobrando um descanso, pois meu corpo reclama de cansaço e minha
cabeça não me deixa raciocinar direito, e nem sei se isso é
verdadeiramente pelo cansaço ou por causa do destino desta
viagem. Provavelmente sejam os dois que estão sugando minhas
forças, porque o trabalho já não me suga tanto quanto antes, porque
ele virou minha âncora enquanto a esposa fujona não volta. Por
muito tempo eu neguei isso, mas se tive noites de um sono tranquilo
nos últimos meses foi graças a ela, é como se de certa forma ela
ofuscasse todas as minhas memórias quando dividimos a cama.

Merda

Sim, ela me tem. De todas as forma possíveis ela me tem e


conquistou até a maldita da ferra que não para de me instigar a fazer
obscenidades.

— Senhor chegamos — me viro e olho pela janela, e vejo no lado


de fora o meu jato preparado já apostos para decolar rumo a solo
alemão. Eu sei que estou indo para um território inimigo e por isso
tive que tomar minha próprias precauções. Dominic e meu chefe de
segurança me ajudaram a montar uma equipe que irá fazer a minha
guarda enquanto estiver na Alemanha, alguns já estão lá e outros
irão viajar comigo e com Dominic no mesmo jato.

Saio do carro e logo de seguida me ponho caminhando em direção


ao jato. O piloto me avisa que está tudo pronto então apenas ordeno
que o jato levante voo. Me acomodo em uma das poltronas e antes
que pudesse me distrair com alguma coisa Dominic aparece e se
senta a minha frente.

E por causa do seu histórico violento com a GENIS ele teve que
entrar no avião disfarçado de assistente de bordo. Não podíamos
arriscar dele ser visto entrando no mesmo jato que eu, sabemos que
estão me vigiando.

— Aqui! — ele joga uns papéis em meu colo enquanto se ajeita na


poltrona — mais algumas coisas podres que descobri e
principalmente já tenho o nome do anfitrião desta reunião. Foi uma
cortesia daquele meu amigo que trabalha no Pentágono.
Abro a pasta que contém os documentos. Vejo algumas fotos do
homem, ele apresenta boa forma apesar da idade. Alto e forte,
cabelos grisalhos mais que não deixam nada transparecer os seus
mais de quarenta e cinco anos de idade.

Antonín Zimmerman

Seu nome está escrito como título da extensa biografia dele. Aqui
diz apenas que ele é um investidor em diferentes áreas do mercado
que sejam rentáveis para ele e para os associados, filho de um
general do exército militar alemão, um homem muito conceituado e
que fez muito trabalho para o sistema nazista que vigorou por anos
na Alemanha.

Dominic percebe o meus espanto e ele me manda ler as páginas


que se seguem, e assim o faço. E acabo descobrindo que essa
organização é mais do que eu pensava. O seu surgimento e sua
ligação com o sistema ditatorial se encontram em vários pontos.

Esse homem quer começar a porra da terceira guerra Mundial?

— Eu também fiz essa cara quando liguei os pontos. Nunca vi


homem tão doente quanto esse, a podridão que exala do dinheiro
dele é repugnante. Em tempos como esses ele escraviza velhos e
crianças em prol do próprio bem estar. Ele é um maldito nazista que
pretende começar uma guerra para mostrar que a Alemanha
continua sendo a maior potência mundial, tal como ele armou para
mim e o meu esquadrão naquela missão de captura ao Nazif, ele
pretendia começar uma guerra entre os Estados Unidos e a Rússia
as nossas custas. Ele mandou matar milhares de pessoas em uma
aldeia numa das florestas da Tailândia, tudo isso porque queria
explorar os recursos da região, os sobreviventes viram que era uma
guerra perdida e acabaram abandonando suas casas e indo embora.
E te garanto que ninguém ficou sabendo disso, ele comprou o
governo e a polícia. E mandou fazer um aterro sanitário para colocar
todos os corpos lá. Ele mandou estuprar mulheres, mandou fazer
experimentos científicos ilegais em pessoas forçadamente. —
Mesmo Domínic tendo se transformado num homem insensível
posso sentir o pesar em suas palavras. — Dizem que ele esconde
algo na fortaleza, ele era um homem que vivia mudando de
residência durante anos e aonde quer que ele fosse levava essa
pessoa. E o curioso é que ele não é casado, nunca foi na verdade.

— Provavelmente algum filho ou parente ou alguma puta —


Indago enquanto continuo escolhendo os relatórios.

— Pode ser! A única coisa que tenho certeza é que um dia eu vou
acertar um tiro bem no meio da testa desse desgraçado, e não farei
isso escondido entre prédios ou florestas de roupa camuflada, será
cara a cara e olho no olho a apenas uma distância de um metro. —
Eu sei que ele irá cumprir com o que está dizendo, quando mexeram
com a família dele não sabiam o que estavam acordando.

— Você me falou que a família Semyonava tem alguma ligação


com ele — pontuo após me lembrar de uma de nossas conversas,
mas os relatórios anteriores não diziam muita coisa sobre o assunto.

— Na verdade eu não entendo muito bem. O avô da sua esposa,


nesse caso o pai da mãe dela, se meteu em uns problemas com a
máfia alemã, como contador da máfia Rússia ele também prestava
alguns serviços externos, até que foi chamado pelos alemães para
fazer uma auditoria e foi aí que sumiu um dinheiro. Ele foi acusado
de roubo e foi intimado a pagar ou matariam a ele e sua família, até
que Antonín Zimmerman se ofereceu a pagar se ele oferecesse a
filha dele como esposa, o pai da Katia aceitou o trato. Não sei
exatamente o que houve na época mas o acordo não foi cumprido
porque o pai da Kátia conseguiu o dinheiro e pagou a dívida por
conta própria e desse modo livrou a filha do casamento com o
nazista alemão e ela s casou com o pai da sua esposa.

— Como você soube disso tudo? — As vezes me surpreendo com


suas capacidades.

— Tive a ajuda de alguns conhecidos do passado — apenas


assinto e continuo lendo os papéis a minha frente — você deveria ir
dormir, até um viciado em heroína ficaria com melhor aspeto estando
ao seu lado.

Arrumo todos os papéis e resolvo seguir o conselho do Dominic,


estou muito cansado e a viagem até a Alemanha será longa.

Assim que entro no quarto, cómodo esse que faz parte do jato, me
desfaço do sobretudo o largando em qualquer canto do lugar. Me
acomodo na cama e imediatamente lembranças do que aconteceu
nessa cama e nas paredes desse quarto a meses durante a minha
dita lua de mel me assolam de forma violenta como uma avalanche.

Fecho os olhos e meu corpo agradece pois está sentido que aos
poucos eu vou cedendo a teimosia de manter os olhos abertos para
que os fantasmas do passado não se apoderassem dos meus
sonhos.

Quando despertei nós estávamos prestes a aterrissar, por isso


tomei um banho e me alimentei na companhia do Dominic que me
repassava o plano.
Para casa do tal do Antonín apenas levarei alguns seguranças
pessoas, mas Dominic e os outros ficarão atentos, por isso coloquei
uma camisa social de cor preta cujo um dos botões superiores
contém uma câmara com áudio escondida. Nem se eu passar por
algum detector eles irão achar o dispositivo. Criação de um dos
funcionários do Nicholas.

— Caso as coisas deem errado eu e os outros invadiremos o local


— e espero que isso não seja necessário.

— Ele não me chamou aqui para me matar. Eles precisam de mim


vivo, porque afinal de contas é o meu banco que querem e sabem
que não darei isso para eles. Se me matam o banco fica com a
minha esposa mas se eles a matarem começam uma guerra com a
máfia russa, ontem eu falei com Aleksei - líder da máfia russa - e o
deixei a par de tudo. Os desgraçados ameaçaram a minha esposa,
e sei que irão aprontar alguma.
Eu e Dominic nos separamos, ele foi com os outros e eu estou
esperando no interior do carro os homens que irão nos guiar até a
casa do narcisista.
Em cinco minutos eles chegam e assim todo comboio de carros
composto pelos meus seguranças se move indo em direção às
estradas de Munique.

A cada quilómetro percorrido mais nos afastamos do movimento


da cidade, e nos aproximamos da vegetação densa que rodeia às
estradas, a estação de outono misturado com as primeiras
sensações do inverno deixam o cenário da estrada gótico e
melancólico, como se tudo ao redor morresse ou apodrecesse a
cada vez que nos aproximamos da prosperidade.

Tal como pensei, os murros compridos com certeza construídos


bem antes do século XIX são a primeira coisa que me dizem o
quanto o homem que reside na propriedade é tão sombrio quanto eu,
os portões metálicos que carregaram o que parece ser o brasão da
família nos dão as boa vindas.

O carro estaciona em frente às grandes portas de madeira preta,


antes que eu pudesse segurar na maçaneta da porta do carro para
abrir e sair, alguém se antecipa.
Um homem de meia idade, de postura polida é quem me recebe.

— Senhor Parker — apenas dou um aceno e ele me indica o


caminho que devo seguir. Caminhamos juntos até o interior da casa,
e não me surpreendo ao perceber o quanto a decoração excêntrica é
o verdadeiro sinônimo de um homem que quer dominar o mundo e
mandar em tudo e em todos.

Estou a uns passos atrás do mordomo, ele informa que chegamos.

—Senhor! — Assim que o mordomo diz isso eu imediatamente


atravesso o batente da porta — anuncio a chegada do senhor
Parker.
Assim que entro vejo ele parado atrás de uma poltrona enquanto
segura um copo de whisky. Mas o que realmente chama minha
atenção é a mulher sentada na poltrona, se eu não tivesse a certeza
de que a minha esposa está a milhas da Alemanha é uma cidade de
Cuba podia jurar que estou vendo ela agora vinte anos mais velha.

O cabelo negro e liso, os olhos tão idênticos que por um segundo


acho que estou olhando para minha esposa agora. Os traços
extremamente fortes de uma beleza e sua pele branca. Assim como
eu ela me encara em curiosidade, mas eu não demonstro isso, e
muito menos que ver ela me impactou.

Como uma submissa ela desvia os olhos assim que percebe que
me encarou por tempo demais, o medo estampado, o corpo
contraído assim que ele toca seu queixo para me encarar, dizem
tudo sobre como as coisas funcionam entre os dois.

Ele é a ferra e ela a presa. Essa mulher está ao lado desse


homem a mais de vinte anos. Ela é a tal pessoa que ele tanto
esconde e que leva para todos os lados a cada vez que se muda.

— Ela é linda, não é? — Aperto os pulsos e cerro os olhos quando


ele finalmente dirige a palavra a mim — ela é mais que linda. É uma
perfeição. Uma das minhas perfeitas propriedades.

E sei que ela é muito mais que uma propriedade para ele, senão
não estaria com ela por tanto tempo. Seu olhar possessivo e certa
obssessividade sobre ela me dizem que ela ocupa sobre ele muito
mais que uma posição de uma obra de arte sem vida, e ele esconde
muito bem isso.

— Diga Olá ao seu genro bichinho.

A mulher sobressalta depois que essas palavras são ditas, e


alguma coisa me diz que eu não sou nenhuma novidade aqui, ele
sem dúvida falou sobre mim para ela, com certeza para a atormenta-
la sobre a filha, se é que ela lembra que tem uma. Ela está morta em
vida, eu posso ver isso.
Merda!

Ele não ameaçou diretamente a mina esposa, mas o que


acontecer com uma irá afetar a outra caso elas se encontrem.

Maldito doente filho da puta.

Tendo percebido que entendi seu jogo ele ri de forma presunçosa


enquanto alisa o ombro da mulher que não para de estremecer a
cada vez que sua pele sente o atrito do toque dele.

— O que quer comigo Antonín Zimmerman?


— Gosto de você por isso senhor Parker — ele solta tais palavras
no ar enquanto repousa o copo de whisky no aparador situado atrás
dele — é direto, frívolo e não gosta de rodeios. Essa é uma
qualidade muito rara nos homens de hoje em dia. Mas permita-me
dizer, que de vez em quando é necessário ter a paciência e a
perspicácia de uma hiena para conseguir chegar ao sucesso ou
alcançar algum objeto. Veja o meu exemplo, levei mais de cinco anos
planejando a melhor estratégia de tirar essa bela — ele parece
procurar o melhor termo para usar no momento — esse lindo adorno
da Rússia.

A mulher a minha frente parece sentir nojo de cada palavra


proferida por ele, ela sabe que é dela que ele está falando.

Sei que no fundo ele se acha igual a mim, consigo ver o lado
sádico nele, a maldade e frieza brilham nos seus olhos. Podemos até
ter colocado duas mulheres sob nosso jugo de formas nada
convencionais, mas a minha relação com a Sasha envolve muito
mais do que puro sadismo, entre nós existe o que as pessoas
chamam de, química, nossos corpos se comunicam e se entendem
quando entramos no meu mundo juntos, eu conheço todas as suas
sensações os pontos sensíveis do corpo dela.

Mas esse homem, não é igual a mim. Não sou narcisista e muito
menos escravizo seres humanos. Eu não procuro pelo poder.

Assim como eu ele está atento a todos os meus movimentos. O


asco camuflado pelo silêncio, dizendo o quanto ela grita por dentro,
provavelmente implorando por alguma ajuda. Fico imaginando a
como minha esposa irá reagir ao receber essa notícia.

— Suponho que irá contar pra sua esposa o que viu aqui.

— O que faço ou não faço com minha esposa não lhe diz respeito.
Vamos logo ao que interessa, não pretendo ficar muito tempo na
Alemanha. — Sua gargalhada parece ter saído de algum filme de
terror de tão rouca que é.

— Por favor sente-se — ele me indica uma poltrona que se


encontra de frente a que a mãe da minha esposa se encontra. Ele
continua parado atrás dela como se a estivesse vigiando, não, ele a
está venerando.

E agora as palavras do Domínic surgem de forma gritante na


minha mente quando me lembro delas.

" Vocês ainda vão se foder por se apegar tanto as vossas


mulheres"

Ele tem toda razão, Antonín tem Katia Semyonava como sua mina
de ouro, aquela que ele pode usar para me chantagear em relação a
minha esposa. Mas também a tem como sua ruína, porque do
mesmo jeito que ele a vê como um ser fraco e indefeso ela também
pode ser aquela que pode destruí-lo de alguma forma se ela for uma
mulher inteligente e perceber que o tem nas mãos. Que al invés dela
ser o bicho de estimação dele ela pode se transformar naquela que
detém o poder.
— Como bem disse. Não gosto de rodeios, então vamos logo ao
ponto deste encontro — cruzo as pernas e repouso meus cotovelos
nos apoios da poltrona enquanto busco internamente pelo resto da
paciência que me resta.

— Claro vamos a isso. Levanta bichinho — em um movimento


automático a mulher se levanta o cedendo o espaço, ele se acomoda
na poltrona recém desocupada com um sorriso no rosto. Ele deixa as
pernas ligeiramente abertas e em um movimento lento ele bate uma
das coxas olhando para mulher ao seu lado que imediatamente
entendo a ordem, e como um robô ela se senta sobre suas coxas
com as pernas de para o lado — linda, e perfeita.

Depositando um beijo no ombro da mulher que de jeito nenhum


recusa seus toques ele começa a alisar as costas da mulher sem
desviar seus olhos de mim. E imagino o que está acontecendo, o
desgraçado está duro.
Meu corpo todo estremece de medo quando seu membro duro
feito uma rocha se remexe debaixo de mim. Faço uma oração a
Deus para que ele tenha um pouco de pudor e não tencione em ter
relações comigo agora e aqui em frente desse homem, que pelo
olhar já percebeu o que está se passando, abaixo o rosto de
vergonha.

Mas não devia sentir, é para isso que estou aqui Antonín já me
disse isso. Mas saber que tem alguém nos olhando enquanto ele não
se compadece com minha humilhação. Suas mãos grandes apertam
de forma ousada minha coxa esquerda, mordo meu lábio inferior
para conter o choro.

Ele se aproxima do meu ouvido e sussurra: — não vejo a hora de


rasgar esse vestido e te foder da forma mais brutal e primitiva que
existe enquanto olho para seus olhos banhados de lágrimas.

Por um milésimo de segundo tenho a estúpida ideia de levantar e


ir para meu quarto, mas penso melhor e permaneço no mesmo lugar
onde fui designada a estar. Porque ao invés de passar o resto do dia
sendo abusada estreia sendo espancada.

— Bom, senhor Parker. Já é do seu conhecimento que nós


precisamos do seu banco para que nossa missão tenha sucesso
desta vez. Aposto que meus intermediários o tenham informaram
sobre isso — não me atrevo a levantar o rosto mas sei que o tal
senhor Parker permanece com os olhos em nós.

— Sejamos sinceros senhor Zimmerman, eu sei muito bem quais


são as suas intenções com meu banco na sua organização. Os
outros membros de nacionalidade americana sabem sobre suas
pretensões com tudo isso? — Me sinto um mero gravador de
informações, porque não entendo nada do que estão falando.

— Digamos que eles sabem que tudo isso é para um bem maior —
ele diz isso apertando minha cintura de forma sexual. — Por isso
precisamos do seu banco, preciso confessar, o banco prosperou
mais sob sua gestão. Você conseguiu fazer mais dinheiro do que seu
pai fez em vinte anos como presidente do banco. Não nego que
temos outros bancos á nosso serviço, mas o seu ultimamente tem se
destacado bastante, atraindo as diferentes esferas da sociedade,
não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo. É por isso que
queremos que se junte a nós e a nossa causa.

— Controlando a porra dos exércitos dos país não desenvolvidos e


em via desenvolvimento e seus respetivos governos? Controlar a
economia, os meios de comunicação, os capitalistas, os fundos
financeiros mundiais? É para isso que me querem? Não, não
pretendo monopolizar o mundo com vocês e muito menos começar a
porra da terceira guerra mundial.

Meu Deus!

O horror toma conta de mim, e me atrevo a olhar para Antonín com


meus olhos arregalados.
— Não fale dessa forma. Você a está assustando — não é só ele
que me assusta. Praticamente grito essas palavras no meu
subconsciente, porque nunca teria coragem de as tirar da minha
boca, senão receberia uma surra que me deixaria em coma, se
cometesse tal insolência, ele sabe quais são meus pensamentos,
apenas me castigaria por falar sem sua autorização. Também duvido
muito que conseguiria falar alguma coisa, não sei o que é pronunciar
uma palavra a muitos anos.

As mãos frias como seu coração, que duvido muito que exista,
fazem carinho no meu rosto que mostra o quanto fiquei admirada
com o que o marido da minha filha disse.

— Ademais, caso o senhor se negue haverão consequências. E


nesse caso temo que não seja a minha enteada a ficar viúva e sim
você — não. Olho para seu rosto buscando alguma piedade por mim,
mas a única coisa que vejo é um abismo. É por isso que ele me quer
aqui, ele quer que eu implore pela vida minha filha — imagina o
quanto ela ficaria feliz de ver a mamãezinha dela, viva e linda.

— Já falei que a Sasha não tem nada haver com seus jogos
estúpidos — Sasha? Então o nome do meu tesouro é Sasha, então
meu amado colocou nela o nome que nós sempre desejamos.

— Tudo depende de você. É muito fácil, é só aceitar e pronto.


Você sabe que tem um lugar garantido dentro da GENIS. — Engulo
em seco ao ouvir o nome da tal organização — preciso admitir que, o
que você e aquele seu amigo fizeram a anos nos desestabilizou. Mas
agora nós voltamos e desejo cumprir com os planos que graças ao
seu amigo nós tivemos de adiar. Preciso admitir ele realmente é bom
no que faz. Perdi muitos soldados graças a ele.
— Ele teve toda razão, você se meteu com a família do homem
errado.

— Tal como fiz quando me meti com a sua família? — O homem


aperta os próprios punhos como se buscasse o autocontrole — não
foi meu desejo fazer aquilo. Foi tudo obra do seu pai, ele solicitou
meus homens e não podia negar. Seu pai era um membro muito
assíduo na nossa organização, é uma pena que tenhamos o matado
por tentar usurpar meu lugar, e o pior ele deixou informações muito
sigilosas largadas por aí.

Eu só quero dormir, e esquecer tudo o que estou ouvindo. Tapo


meus ouvidos não querendo ouvir mais suas barbaridades, mas ele
imediatamente segura nelas as repousando em meu colo.

— Sim, seus intermediários me falaram sobre algum pendrive em


algumas ocasiões. Mas eu não sei e não me interessa saber sobre
isso. Não sei se devo agradecê-lo pela cortesia de ter matado meu
pai? — A frieza desse homem me assusta. — E não me ameace,
apesar de tudo, você também sai perdendo enquanto não achar esse
pendrive.

— E muito menos você sai ganhando enquanto não achar a sua


esposa fujona — Antonín gargalha enquanto se remexe para colocar
seu membro excitado numa posição que me fará senti-lo melhor me
cutucando. E me pergunto como ele consegue ficar excitado numa
situação como essa. — Eu sei que sua esposa fugiu, junto com a
esposa do mafioso e do desgraçado do Nicholas Shane. Ele é outro
que se nega a fazer parte da organização.

Não sei se fico aliviada por saber que minha filha não está mais
nas mãos do marido ou com medo por ela, uma vez que está
exposta demais por aí.
Quando ao massacre feito aos seus homens, Antonín se refere a
matança que Dominic fez quando descobriu quem eram os
responsáveis pela morte da sua família. E foi assim que nos
conhecemos, éramos dois homens impulsivos que acabavam de
perder suas famílias, nós só queríamos sangue, e foi isso que
conseguimos

Merda

Pelos vistos essa negociação será mais complexa do que eu


pensava. De jeito nenhum eu vou me aliar a esse desgraçado. Uma
parte de mim pouco se importa com o que ele faz ou deixa de fazer
com a mãe da minha esposa, mas o outro lado, aquele lado que irá
foder com a minha vida, me diz que se eu deixar alguma coisa
acontecer com essa mulher, minha esposa nunca irá me perdoar.

— Porquê não fazemos assim senhor Parker — pouco se


importando com as lágrimas da mulher que está sobre seu colo, ele
procede — você apenas deixa seu banco a disposição da
organização, e não precisa se aliar a nós. Dessa forma todos saímos
ganhando, sua esposa feliz ao seu lado e está linda arte ao meu
lado. E se ela se comportar direito e você me disponibilizar seu
banco talvez eu possa deixá-la ver a filha.

Filho da puta

A mulher está com os olhos arregalados, e deles brotam lágrimas


de esperança. Esse desgraçado sabe como brincar com a cabeça
dela.

— Mas se e somente se o seu genro me disponibilizar o banco é


que você verá sua filha, benzinho — uma gargalhada estridente
domina o ambiente — vamos, implore para ele, só assim verá sua
filha. Peça para ele que lhe dê esse prazer de comtemplar o rosto
dos seus filhos. Tudo depende dele, vamos bichinho.

Mesmo sem poder pronunciar uma palavra eu consigo ver os olhos


dela implorando, lágrimas agressivas não param de transbordar por
seus olhos, é como se ela não soubesse como falar. Os lábios
trémulos denunciam o quanto ela está desesperada para tentar falar
alguma coisa.

Sem falar mais nada ele se levanta ao mesmo tempo que pega o
corpo da mulher em seus braços: — tic toc Senhor Parker. Lhe darei
um tempo para que pense melhor, enquanto isso vou desfrutar dessa
linda mulher.

Ele se vira caminhando em direção a um corredor, e ainda parado


chega um momento que a mulher vira a cabeça mesmo sendo
carregada por ele, e de seus lábios eu leio a frase

"Por favor, me deixe ver meus filhos"

E então eles desaparecem pelos corredores da casa, e já imagino


muito bem o que o desgraçado fará a seguir.

O mesmo caminho que segui para chegar ao interior da casa, é o


mesmo que percorro na hora da saída. Olho mais uma vez para a
enorme mansão e assim entro no carro. O motorista segue até uma
propriedade familiar que tenho aqui em Munique.
É lá que me encontrarei com o Domínic.

— Retiro o que disse mais cedo sobre acertar um tiro bem no meio
da testa daquele narcisista filho da puta, eu vou tirar o couro
daquele desgraçado ainda em vida e dar para os crocodilos —
Dominic esbravejo depois da minha chegada na propriedade.

Assim como eu, ele ouviu com precisão o desenvolvimento da


conversa através da câmara que eu levava.

— Preciso trazer minha esposa de volta. — Pontuo enquanto tiro o


sobretudo.

— Não meu caro. Nós precisamos acabar com eles primeiro. Caso
contrário ela não terá mais um marido daqui a algum tempo.
Meus pensamentos nos últimos dias tem me levado a pensar que
preciso fazer de tudo para que a história não se repita, desta vez eu
não vou deixar, não depois de tudo o que perdi. Me ajeito no banco
traseiro do carro enquanto o mesmo percorre o caminho de volta a
minha mansão. Enquanto isso os acontecimentos dos últimos dias
não param de assombrar minha cabeça, e pela primeira vez na vida
eu preciso assumir que o Dominic está certo.

Enquanto Antonín Zimmerman respirar eu não seguirei com minha


vida, se, se tratasse apenas de mim, eu não me importaria de dividir
o mundo com ele, mas agora que tenho alguém que depende mim,
esse mundo ficou pequeno para nós dois, e espero que encontremos
logo essa merda de pendrive, ou então teremos que agir de acordo
com os métodos do Domínic, ou seja, armas, violência e sangue por
toda parte. Assim como fizemos a seis anos atrás, e sei que talvez
esse lado sanguinário do Domínic é o único jeito que temos para
acabar com essa maldita organização. E combinamos que a em dois
meses não acharmos o tal do pendrive com as informações, teremos
que fazer um plano de ação com o intuito de invadir a fortaleza do
alemão, e para isso iremos precisar de ajuda, muita ajuda na
verdade. Porque mesmo sentindo meu corpo vibrar só de imagina-lo
coberto de sangue até o cérebro, eu sei que mata-lo não será tão
fácil.

Sangue

Essa palavra não me causa tantos surtos psicóticos quanto antes.


E não sei se é porque já tenho plena certeza do que houve naquele
dia na estrada enquanto eu tentava salvar a vida da minha esposa e
a do meu filho levando-a para o hospital, ou porque uma parte minha
já se conformou de que é necessário seguir em frente. E ultimamente
perder o controle é algo não tenho experimentando em demasia, não
sei explicar se é porque assim como eu a ferra sente falta de um
corpo específico ou porque está esperando o momento certo para
me deixar fora de controle.

Assim que o motorista estaciona o carro em frente a porta principal


da casa, meu segurança abre a porta, e assim que saio do veículo
sou recebido pela luz solar forte do meio dia. Um verdadeiro
privilégio nesses lados da cidade.

Antes que eu pudesse me dirigir ao interior da casa a governanta


vem ter comigo, e pela cara dela sei que é algum problema. Era o
que me faltava.

— Senhor Parker, um homem que se diz irmão da senhora Parker


se encontra no interior da casa. Tentei impedi-lo de entrar, mas ele
estava disposto a armar um escândalo — realmente, Dimitri veio me
incomodar num mau dia.

— Eu vou recebê-lo, mas o estado em que sairei da presença dele


irá ditar sobre sua futura demissão ou não — o espanto em seu rosto
não me incomoda em nada, não dei a chance dela falar alguma
coisa. Saí indo em direção a casa, e como esperado encontro Dimitri
sentado em uma das salas. Seu rosto cansado, denuncia o quanto
as drogas o tem desgastado, ele está mais magro e seus olhos
fundos e com as extremidades avermelhadas, fariam qualquer um o
confundir com a morte ambulante.
Assim que ele se apercebe que está sendo observado ele levanta
para me encarar. E prestando mais atenção nele agora consigo ver
alguns traços da mãe nele. Desde o nariz ligeiramente fino até a
boca.

— Onde está a minha irmã? — Se não o conhecesse diria que ele


está preocupado demais para alguém sem escrúpulos.

— E porquê deseja saber? Ela é minha e não devo satisfação do


que faço ou deixo de fazer com ela. A partir do momento que você
aceitou meu acordo, estava abrindo mão dela. — Ele me olha
incrédulo e se senta sacudindo o cabelo curto demais com as mãos.

— Cara eu sei que sou um drogado filho da puta, mas minha irmã
é importante para mim. Eu não estaria aqui agora se ela não fosse.
Todo os dias eu morro de remorso toda vez que lembro que a vendi a
um doente feito você. Não vim aqui levá-la, só quero saber como ela
está. Fazem meses que não sei nada sobre ela Christopher — sim,
ele realmente parece preocupado com a irmã. E nesse momento ele
não é o único. Apesar de nossos motivos serem diferentes.

— Se isso te deixa tranquilo, sua irmã está ótima, ela apenas fez
uma pequena viagem, mas em breve estará de volta. — Ele me
analisa de forma desconfiada, mas não ligo para o que ele pensa de
mim, suas opiniões no momento não interessam em nada e não me
ajudam a resolver meus problemas. Na verdade os problemas os
quais meu pai me meteu quando resolveu se achar um deus e entrar
naquela organização.

— Quando vou poder vê-la?

— Depois da cirurgia você pode vir visitá-la. Sem dúvidas ela irá
ficar contente em voltar a ver seu rosto. Apesar do lixo humano que
você é.

— O quê? Que cirurgia minha irmã irá fazer? E para de me chamar


de lixo, porque se for assim, eu não sou o único. Não se esqueça
que foi você quem me impôs a ideia de te vender minha irmã — ele
está tão viciado que qualquer alteração de humor ele recorre aos
cigarros. E é o que ela faz nesse momento. Tira um cigarro e o traga
depois de acende-lo com um isqueiro.

— Não falarei mais nada para você Dimitri, espere que eu entre
em contato com você quando eu achar necessário. Você conhece o
caminho de volta á saída — dou as costas para ele e caminho em
direção às escadas, fazendo o percurso até meu quarto. Só o que
preciso nesse momento é uma bebida e colocar meus pensamentos
em dia.

E claro, me deliciar das lembranças do meu anjinho.


Dois meses depois
Mais uma vez aquele calafrio agonizante arrebata todo meu corpo
de forma brutal me tirando completamente o sono, a concentração e
principalmente a paz. Algo que ultimamente as desconfianças e o
medo não tem me deixado sentir. Eu não me sinto mais segura.

Toda vez que coloco os pés na rua, sinto que sou observada e
seguida em todos os lugares. E isso acaba comigo porque não quero
preocupar as meninas, por isso fico no silêncio. Eu quero acreditar
que ainda não fomos descobertas. Mas sei que seis meses é tempo
demais para que três homens como aqueles não saibam onde
estamos. Principalmente se estivermos falando do Christopher,
Posso imaginar o seu estado alterado quando descobriu que eu tinha
fugido.

Com muito cuidado me levanto da cama colocando um robe por


cima da camisola, Emanuelle dorme num sono profundo, posso ouvir
sua respiração calma, e esta é uma das raras vezes em que ela
dorme com calmaria. Agora sou eu que não tenho paz, e nas últimas
semanas tenho vivido com o coração apertado, e sonhado demais
com minha mãe.
E até hoje me pergunto como é possível sonhar com alguém, com
quem mal convive e muito menos conheci.

Bem diferente do Christopher, com esse homem eu sonho até


acordada. Toda vez que ele invade meus pensamentos, meus pelos
eriçam, e meu poros transbordam em infinitas gotículas de suor.
Mesmo tão distante e mesmo tendo passado tanto tempo ele ainda
me domina, me sinto estragada por ter permitido que as coisas
chegassem a esse nível, mas também não é como se ele tivesse me
dado alguma escolha. Ele não conseguiu só dominar meu corpo,
mas minha mente também.

Depois de percorrer o pequeno corredor que leva até a cozinha.


Abro a geladeira, e me sirvo com um copo de leite. Isso me ajuda a
me acalmar um pouco quando não consigo dormir.

— Papai, eu sinto tanto sua falta. — Como todas as vezes aperto o


colar que se encontra no meu pescoço, foi presente dele no meu
último aniversário que passamos juntos. Toda vez que toco nele eu
me sinto perto dele, essa é a única coisa que pude levar comigo da
Rússia que me fizesse lembrar dele, além disso ele me fez prometer
que nunca ia tirar ele, aconteça o que acontecer.

E desde então eu cumpro essa promessa. Para além do meu


casamento, nada mais me atormenta tanto quanto o dia da morte do
meu pai. Naquele dia eu não prestei atenção, mas com passar dos
anos revivendo aquele dia, eu consegui notar que meu pai estava
estranho naquele dia, como se de alguma forma ele sentisse que
aquele seria nosso último dia juntos.

Papai

Eu nunca vou me habituar com sua ausência, e o pior de tudo é


não poder compartilhar as minhas mágoas com meu irmão. Dimitri
sabe se recuperar rápido de cada baque da vida. Ele sabe controlar
suas emoções, mas sei que no fundo sofre tanto quanto eu.
Depois de devagar nos acontecimentos dos últimos anos e dos
últimos meses resolvo ir me deitar. Não vai adiantar nada eu ficar a
madrugada acordada, sendo que amanhã eu vou estar com as
crianças da escola.

Volto para o quarto e quando me acomodo na cama, o meu


movimento faz com que Emanuelle desperte.

— Amiga, tudo bem?

— Sim eu estou bem. Volte a dormir. — Ela tenta se manter


acordada para me fazer companhia mas seu corpo e o bebê não
deixam, e logo ela volta a ressonar. A gravidez tem a deixado
cansada, por ser um caso delicado, ela não está mais trabalhando.

Quando minha mente cansa de me relembrar que tem sádico por


aí esperando por mim, eu mergulho num sono pesado.
No dia hoje estou mais distraída que nunca, qualquer voz
desconhecida ou barulho faz com que eu sinta todos os olhos em
mim. E o mais frustrante de tudo é não poder ver quem está me
observando ou me seguindo, meu instinto não falha, e sei que estão
me seguindo.

Ele está prestes a me capturar.

Para não parecer paranoica eu sigo meu dia, dando aula de piano
e brincado com as crianças. Na hora de voltar para casa, sigo o
caminho com o coração na mão. Apesar de estar na companhia de
um dos guardas da instituição. A escola se ofereceu a
responsabilizar alguém para me levar para casa, uma vez que a
Emanuelle está de licença.

Quando o guarda me deixa exatamente na porta do nosso


apartamento, um alívio enorme faz meu corpo relaxar, porque pelo
menos cheguei segura. Nunca comentei com as meninas, mas
desde a nossa chegada aqui nós nunca fomos investigadas. Foi
muito tempo no meio da máfia para saber que isso é algo estranho
uma vez que estamos em dos países que mais trafica drogas, e as
vezes russos e americanos não são bem-vindos em alguns países
da América latina.

Quando entro em casa Emanuelle me informa que ia começar a


preparar o jantar. Me junto a ela, e juntas preparamos nossa refeição
enquanto conversamos sobre os bebés, até agora ela não conseguiu
ver o sexo. Diferente da Rosa Angélica que já sabe que dentro dela
cresce um casal.

Quando eu ia começar a arrumar a mesa a porta é aberta num


rompante e Rosa Angélica entra toda desesperada chamando por
nós.

— Meninas, eu não quero parecer paranoica. Mas acho que eles


nos acharam.
E todo resto que Rosa Angélica fala a seguir é impossível de
captar, porque meu subconsciente parece ter parado no tempo,
exatamente no momento que ela disse que provavelmente já fomos
descobertas. As batidas do meu coração aumentam numa
velocidade incontrolável a medida que o sinto ficar pequeno, tão
pequeno, que puxar o ar se transforma em algo doloroso.

E no final a única parte que meus ouvidos captam da conversa é


que devemos ir embora o quanto antes. Uma parte de mim quer
avisar as meninas de que não vai adiantar nada fugir agora, tal como
eu pressentia, nós fomos descobertas. E que Deus nos acuda
quando cada uma estiver em sua determinada prisão.

Eu vou voltar para meu comprador, para o meu senhor.


Saio da teleconferência depois de horas ouvindo o plano de ação
que o Dominic está desenhando para invadir a fortaleza do tal
Antonín. Teremos que ser muito cuidadosos, afinal de contas não
queremos a máfia alemã nas nossas costas e muito menos o
governo.

Levanto da minha cadeira giratória e fico de frente às grandes


janelas que dão acesso a visão da cidade.

E me dou conta que já passam seis meses desde a última vez que
meus olhos comtemplaram aqueles olhos hipnotizantes revirarem
enquanto o corpo da dona se contorce em meus braços, gozando
sob meus comandos. Até hoje seu cheiro feminino perdura em
minhas narinas como o mais doce aroma, e meu pau ainda lembra
com exatidão a maciez da buceta dela.

Porra

Ou eu estou ficando ainda mais fodido da cabeça ou realmente


preciso foder urgentemente, quando ela estiver de volta.
Provavelmente me afundarei nela por dias, e sem descanso nenhum.
E claro a castigarei primeiro.

Porque por mais que eu queira, não consigo separar esse meu
lado estragado, do marido que eu deveria ser. Isso seria impossível,
afinal ambas as partes fazem parte de mim.

A notificação da chegada de alguma mensagem de texto no meu


celular me desconcentra dos meus pensamentos. Seguro no
aparelho que se encontra em cima da minha mesa e o desbloqueio.

Me surpreendo quando vejo o nome do Nicholas na tela.

" Acharam elas. Estão em Cuba. "

Merda.

Isso não deveria ter acontecido agora, não agora que um inimigo
maior que qualquer coisa está a solta ameaçando a vida dela.

Mas uma parte, vibra como nunca por causa dessa notícia. Aquele
lado meu que provavelmente a tenha traumatizado ou estragado.

Nosso anjo está de volta.


— Amiga fica aqui sentada, eu vou procurar saber quanto tempo
nosso ônibus vai demorar para sair — assinto às palavras de
Emanuelle. Porque assim como eu ela está nervosa por causa da
demora. O caminho de casa até a rodoviária foi feito sem
sobressaltos. Apesar de o tempo todo eu ter ficado com o coração na
mão.

Tamanha era nossa ansiedade e medo, que mal dormimos,


receamos dormir porque qualquer coisa nos deixava em alerta e
consequentemente perdíamos o sono, e também não queríamos
perder a hora. Decidimos pegar o primeiro ônibus do dia, e nem que
seja para viver vagando pelo mundo, nós faremos, desde que seja
bem longe deles.

Como se o ato de apertar a mochila nos meus braços dependesse


da minha vida, eu me concentro em cada movimento e barulho a
minha volta, Emanuelle falou que voltaria logo. E de um momento
para o outro meu corpo fica completamente imóvel e trémulo ao
mesmo tempo, meus dentes batem e é como se a temperatura
tivesse tido um queda de dez graus Celsius, um frio aterrorizante
percorre todos meu corpo de forma tão lenta que acho que a
qualquer momento irei perecer sentada no banco do espera.

Os barulhos a minha volta param e é como se todos tivessem


parado para ver algo, e no segundo seguinte alguns gritos
misturados aos barulhos estridentes de disparos, e ordens
pronunciadas por algum homens.

Meu Deus, me ajuda.

— Sasha! — Posso ouvir minha amiga gritar meu nome, em meio


a esse tumulto todo. Mas fica impossível localiza-la, me sinto tão
perdida e uma inútil. Tão inútil que mal tenho força para me mover e
a ajudar pois ela não para de gritar para que seja quem for que a
esteja segurando, a soltasse.

E antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, uma


presença conhecida invade meu espaço pessoal com sua altivez e
presença sombrio. O cheiro característico, a sensação aterrorizante
que sempre sinto quando ele está por perto me domina, meu lado
submisso e obediente ressurge como uma fénix renascida das cinzas
do inferno.

Ele está aqui

Como já era de esperar todo meu corpo é dominado por


eletricidade intensa assim que o toque dos seus dedos entra em
contato com minha bochecha que nesse momento estão ardendo
feito Brasa devido ao seu toque. Ele se delicia do silêncio que grita o
quanto estou dominada pelo terror. Não sei como agir, não sei se
grito, se peço clemência ou simplesmente o mando me deixar viver
minha vida em paz.

— Quanto tempo anjo — o sussurro sai como um rosnado em meu


ouvido, o estremecer do meu corpo me dá a certeza que ele não me
pertence mais — levanta, nós vamos para casa agora.

Ele não pede e nem pergunta, ele manda e decreta, se eu


concordo ou não é assunto meu. E não sei de onde mais lá fundo
uma parte minha se indispõe a obedece-lo de imediato, mas prefiro
ser mais sensata comigo mesma, se eu me negar ou aceitar não irá
mudar nada, eu serei levada de volta a minha prisão de qualquer
jeito.

— Vamos anjo, me obedeça. Já aturei sua rebeldia por seis


meses. Agora está na hora de voltar ao que éramos antes. Eu
mando e você como uma boa menina obedece, eu como lobo mau e
você a coelhinha assustada que é, eu como seu marido e você
minha esposa linda e obediente, eu como como seu senhor e dom e
você como a perfeita submissa que ensinei a ser.

Quando sinto suas mãos grandes em volta da minha cintura me


obrigando a levantar sem minha autorização eu ganho a certeza de
que não já há mais jeito. Eu posso ir embora, mas preciso saber das
meninas antes.

— Christopher, as meninas. Preciso me despedir delas por favor.


Me castigue como quiser mas não me prive disso. — E antes que eu
pudesse pronunciar mais uma das minhas súplicas meu corpo é
tirado do chão e erguido por ele sob meus protestos. — Christopher
por favor, tenha piedade, me deixa dizer adeus a elas. Por favor.

E como sempre ele não me dá ouvidos e continua caminhando


comigo em seus braços enquanto eu numa tentativa falha esbofeteio
até onde posso em seu corpo grande e firme.

— Seu monstro. Eu te odeio — o mesmo peito onde eu gastava


minhas forças o esbofeteando é onde eu acabo descansando minha
cabeça para chorar e me lamentar.

O tempo seguinte para mim passou como seu estivesse em órbita,


flutuando sem controle. Só sei que estávamos em movimento, num
momento no carro e eu sentada no colo dele enquanto ele falava no
celular, e no outro momento eu o ouvia falar para alguém decolar o
avião imediatamente. Quando tentei me recobrar já estava sendo
colocada no que parecia ser uma cama, e por estar mentalmente
cansada e ainda muito abalada com o que houve eu imediatamente
mergulhei no sono depois de ouvir a voz dele mesmo que de longe
me mandando dormir porque teríamos uma longa viagem.

Desperto ao sentir a queimação na minha pele, e meu corpo se


encontra mais aceso que nunca, o que eu acho estranho porque
esse tempo todos eu estive dormindo. O vestido simples que eu
estava usando aos poucos vai sendo levantado até minha virilha.

— Senti tantas saudades anjo. Saudades desse corpo e ver minha


marcas nele. Esse seu cheiro que me descontrola mesmo eu sendo
o homem mais cauteloso — a voz rouca e a barba macia em minha
pele e os toques infinitos que não param de arrepiar todo o meu
corpo fazem eu me lembrar que estou de volta.

— Christopher, por favor me diz que minhas amigas estão bem,


pelo amor de Deus — imploro enquanto deixo ele fazer o que quiser
com meu corpo, pois nesse momento minha preocupação é outra. —
Faz o que quiser comigo, só me diz que elas estão bem e seguras.
Elas estão grávidas, tenha um pouco de piedade por favor.

Uma gargalhada contida vem dele, enquanto escuto o farfalhar de


roupas.

— E você teve piedade de mim quando foi embora? Hum anjo —


grito assustada quando a parte superior do meu vestido é rasgada,
agora meus seios estão totalmente expostos para ele uma vez que
não usei sutiã. — Você não imagina as merdas que aconteceram na
sua ausência, e agora que a tenho de volta nunca a deixarei escapar
de novo. Eu sei que sou um fodido egoísta, e que talvez eu só pense
em mim, mas você é minha. E só te direi o que quiser saber sobre
suas amigas depois de nossos corpo matarem as saudades que um
tem do outro.

Ele começa chupando com avidez os meus seios nus e indefesos


enquanto suas mãos prendem meus braços no topo da minha
cabeça. E meu corpo traiçoeiro começa a fazer o reconhecimento e o
desejo latente começa a crescer dentro de mim, sem meus
comandos.
Os dedos ágeis massageiam meu clitóris por cima da calcinha
molhada e seus gemidos altos e desesperados são o único o som
que domina o lugar. Seu membro que meu corpo muito bem conhece
esta quase pulando para fora da calça de tão duro de excitação.

Quando seus lábios tocam os meus, é como se eu voltasse a


reviver as inúmeras vezes que me entreguei a ele, o beijo é tão
avassalador que meus gemidos acompanham os seus. Seus lábios
sugam minha língua, e sei que ele sentiu tanta saudades dos meus
seios pois nesse momento toda atenção de suas mãos está neles.

— Está na hora de sentir esse seu sabor inesquecível — depois de


entender o que ele quis dizer, minha calcinha é rasgada com
brusquidão, e me pergunto se até o final dessa viagem meu corpo
sobrará com alguma peça de roupa. Ele afasta minhas pernas, e
passa os dedos no meio da minha fenda exposta e molhada me
fazendo soltar suspiros baixos. — Tão lisa, brilhante e implorando
por uma língua sedenta.

— Christopher! — chamo seu nome enquanto meu corpo se


desprende numa batalha impossível de saber quem irá vencer, a
razão ou as vontades da carne.

Quando sinto a primeira lambida na minha glande inchada eu


tenho a certeza que não resistirei aos desejos obscenos. Ele beija e
chupa minha vagina com maestria e com todo cuidado para não me
deixar gozar.

Meu corpo começa a se preparar para explodir no mais intenso


prazer, eu estou pronta para isso. Já Posso sentir a antecipação do
meu corpo, ele vibra e meus músculos se contraem quando minha
mente relembra o quanto é bom sentir um orgasmo.

O barulho de sua língua passando por minha intimidade e meus


gemidos nada comportados são como duas melodias combinadas. E
até mesmo esse som faz com que meu corpo fique inebriado na
névoa do prazer que está prestes a chegar.
A libertação está próxima e com minhas próprias mãos eu prendo
a cabeça dele entre minhas pernas através do cabelo.

— Oh sim Christopher — quando achei que eu finalmente teria o


relaxamento após minutos sendo torturada. A boca dele me
abandona. E ao invés do meu corpo se dividir em milhares de
partículas de prazer, ele simplesmente transmite a vibração de
abandono e o choque é tanto que não sei como reagir.

É claro que ele não me daria prazer depois da afronta que foi a
minha fuga. Imediatamente fecho minhas pernas e me encolho na
cama cobrindo o que posso do meu corpo encoberto por trapos que
a pouco podiam se considerar roupas decentes.

— Você é muito inteligente anjo. E sabe que eu não a deixaria


gozar assim sem pagar nenhum preço. Eu queria que você sentisse
como é achar que vi ter algo e de repente perder. Não nego que
nesse momento o que mais quero é me enterrar dentro de você — a
vontade de chorar é tanta mas me seguro. — lembra quando te falei
que queria estar dentro de você enquanto seus olhos me encaram?

Sei que ele está se aproximando pois um dos lados da cama


afundo devido ao seu peso.

— Você lembra?

Meu Deus, não.

— Por favor Christopher eu não quero. Eu estou bem assim, já me


conformei com a minha condição. Não precisa se incomodar com
isso. — me dá medo ouvi-lo sorrindo, porque raramente ele faz isso.

— Mas não é incomodo nenhum anjo, digamos que é um fetiche


que fui ganhando ao conviver com você. Eu quero saber como é
sentir seus olhos nos meus, te tocar enquanto seus olhos me
encaram. — Ele suspira passando a mão na minha cintura. — E tem
outros assuntos que você irá precisar de ter todos os seus sentidos
funcionando para enfrenta-los. Algo muito maior está por vir, e
preciso que você esteja preparada.
Não entendo nada do que ele diz, e por isso paro de implorar
porque sei que não irá adiantar nada, e por isso me isolo no meu
próprio mundo, depois da humilhação de a pouco não sei se vou
conseguir me recuperar, ainda é possível sentir meus fluídos
escorrendo pelas coxas e meu coração bater descompassado.

— Eu te odeio tanto — falo já enfraquecida de tanto chorar.

— E eu prefiro seu ódio a imaginar que alguma vez poderá sentir


algo parecido com o que vocês chamam de amor. — Continuo quieta
e ele me cobre com um lençol e fica quieto ao meu lado.

E então minha vida passa como um filme na minha cabeça, até


esse momento a ficha ainda não caiu. Num momento eu estava rindo
e conversando com minhas amigas e noutro fui capturada e levada
de volta a minha prisão pelo meu raptor. É tão difícil me acostumar
que sou uma mulher casada.

Me encolho ainda mais quando as turbulências levianas e


sucessivas agitam a aeronave. E agora sei que não tenho mais
escapatória, depois de tantos anos eu provavelmente voltarei a
enxergar.

Depois de um par de horas, o piloto estava avisando que iríamos


aterrissar. Com a ajuda do próprio Christopher eu chego até a
poltrona e sou prendida no acento, antes disso ele me vestiu com
outras roupas depois de se desfazer dos trapos que eu estava
vestindo. Eu pareço não ter mais vida própria, meu esposo faz tudo
por mim.

Até na saída do jato eu tive que ir em seus braços, de tão extrema


que é a minha fraqueza. Eu não sei se estamos em Seattle ou em
qualquer outra cidade do mundo, porque as coisas com o
Christopher são assim, silenciosas e incógnitas.

— Onde estamos? — Questiono após me sentir um pouco apta


para voltar o nosso diálogo.
— Estamos em Seattle, de volta a nossa casa. — Depois disso ele
volta ao silêncio, se ao menos ele tentasse ser um marido melhor, eu
me sentiria mais a vontade perto dele, porque o medo eu deixei de
sentir a muito tempo.

— Você vai me deixar ver minhas amigas? — Pergunto enquanto


um pouco de esperança cresce dentro de mim. Eu só preciso me
comportar e ele não irá me privar de tantas coisas.

— Nós dois sabemos que isso tudo depende apenas de você. —


Antes que eu pudesse falar alguma coisa, o veículo para — vamos,
já chegamos. Você preciso fazer uns exames e provavelmente
dentro de três semanas fará a cirurgia.

Ele me segura pela mão me ajudando a sair do carro, e juntos


caminhamos ao meu novo destino incerto que foi importo sobre
meus protestos.
A ansiedade me consome, os tremores transmitidos por minhas
mãos não me deixam sossegar. Pareço um bicho acuado.

Três semanas

Isso foi tempo demais para ter passado feito dois dias, parece que
foi ontem que meu marido foi me buscar, e desde então eu sou uma
mistura de preocupação e medo, preocupação pois até agora não
tive notícias das minhas amigas e medo porque não sei como serão
as coisas depois da cirurgia.

Desde a minha volta as únicas pessoas com quem tive contato são
o Christopher, que mal se desgruda de mim desde a minha volta, e
também tem a Morgan que costuma trazer minha roupas e alguns
pertences pessoais e objetos de higiene, que por acaso anda
estranha, certo que ela nunca foi receptiva às minhas conversas,
mas agora ela mais distante que nunca e em suas poucas palavras
sinto o tom de sarcasmo.
E ainda não ganhei coragem para a questionar se fiz algo de
errado.

Não sei quantos exames eu tive que fazer até chegar o dia de
hoje, o grande dia. Christopher demonstra de uma forma tão fria e
distante que está do meu lado nesse momento que mesmo assim me
sinto sozinha, eu não sei o que aconteceu com ele para que se
tronasse num homem incapaz de desmontar carinho e afeto. Ele
pode cuidar da minha segurança e do meu bem estar, mas não é
isso o que eu preciso. E sempre que penso nisso, as palavras que
ele me disse á semanas revigoram na minha mente.

Ele não acredita no amor, e deixou muito claro que não quer que
eu o ame. Meus sentimentos por ele são muito confusos, só sei que
é uma mistura de medo e vício ou dependência.

Respiro fundo e dissipo esses pensamentos da minha mente, esse


não é o momento para travar uma batalha interna sobre meus
sentimentos por ele. Ainda tenho uma vida inteira para pensar nisso
ao lado dele.

Ouço cada movimento seu, ele deve estar trabalhando pelo


computador, porque nunca o vi se distanciar de mim desde a minha
internação. Trocamos uma e outra palavra a cada uma hora as
vezes entre um grande intervalo de horas. Quando seus passos
ecoam no ambiente indicando que vem na minha direção eu me
preparo para ouvir suas palavras.

— Alô Nicholas! — a um momento de silêncio — sua esposa está


por perto? — meu deus ele vai me deixar falar com a Rosa Angélica?
— claro, sim eu soube. — Após ele conversar alguns minutos com o
marido da minha amiga sobre negócios e sobre alguma coisa que
houve no dia do nosso resgate ele finalmente se aproxima se
acomodando na borda da cama hospitalar. — Tome! Você tem dois
minutos para falar com a sua amiga.

— Rosa Angélica — mesmo na dúvida sobre quem está do outro


lado da linha eu falo seu nome.
— Sasha! Meu Deus do céu Sasha é você amiga?

— Sim sou eu — e nós duas somos tomadas pela emoção, alívio e


saudade são as únicas palavras que definem o que estamos
sentindo. Rosa Angélica me conta que está no sítio dos pais lá no
Texas. E me conta que os bebés estão bem, nós duas não falamos
muito a vontade devido a presença de nossos maridos que estão
monitorando nossa conversa. Ela procura saber sobre Emanuelle
mas não sei o que responder porque ainda não tive a oportunidade
de falar com ela. Ela questiona como estou.

— Eu vou fazer uma cirurgia que provavelmente irá devolver


minha visão se tudo correr bem. Os médicos estão confiantes. —
assim como eu ela lamenta por não estar ao meu lado nesse
momento.

— Está na hora de desligar — uma voz que suponho ser do


marido dela fala do outro lado.

— Nicholas por favor — mesmo com a voz abafada é possível


ouvir Rosa Angélica suplicar — tchau Sasha — mesmo com a voz
embargada é possível ouvir ela se despedindo de mim

— Tchau amiga. — E então o celular é retirado das minhas mãos.


Eu estou tão cansada de chorar que me seguro para não desabar, e
o pior é que sei que ainda não chorei e nem me lamentei o suficiente
desde a minha volta. O verdadeiro pesadelo me espera em casa.

Saio do meu devaneio quando ouço alguém bater a porta: —


senhor e senhora Parker, a sala de cirurgia e os médicos já estão
prontos para começar com a operação.

Engulo em seco após ouvir essas palavras. Está na hora. Sou


colocada numa maca que será usada para me transportar até a sala
de cirurgia, estou com tanto medo que minha única opção é chamar
pelo meu marido.

— Christopher — sentir sua mão acariciando a minha de certa


forma me acalma e me traz um pouco de conforto.
— Eu estou aqui anjo, apenas relaxe — ele deixa um beijo na
minha testa sua mão abandona a minha e eu faço o que ele me
disse, tento relaxa.

Quando uma das engenharias me informa que já estamos na sala


de cirurgia sinto o exato momento em que meu corpo é movido de
um lugar para o outro, e começo a ouvir máquinas funcionando e
algumas coisas sendo conectadas ao meu corpo.

De repente começo a sentir uma demência em todo meu corpo e


um sono pesado começa a se apoderar de mim.

— Sasha, preciso que conte até dez para mim em voz audível. —
Tento dizer que isso é impossível pois sinto que a qualquer momento
eu irei dormir.

— Um, dois — eu mal consigo abrir a boca. — três.

— Vamos começa ela já está dormindo.

É a última coisa que escuto antes de mergulhar definitivamente no


sono avassalador.
Já passam duas horas desde que minha esposa foi levada para
sala de cirurgia. Aproveito esse tempo para trabalhar o máximo que
posso pelo Notebook, Desde a sua volta eu não tive tempo para
pisar na empresa, principalmente agora que preciso estar mais que
atento nela, a segurança já foi reforçada, e apenas homens
completamente confiáveis é que terão contato direto com minha
esposa. Estão todos avisados que qualquer vacilo e cabeças vão
rolar.

O prazo que aquele doente filho da puta nos deu está acabando e
até agora não tivemos êxito na busca pelo tal pendrive. E as provas
que temos contra eles não o atingiriam, elas apenas afetariam os
membros do baixo escalão, e todos eles seriam mortos antes de
colocar os pés no tribunal, por isso a necessidade de cortar a cabeça
do líder. Porque os outros integrantes não passam de meros peões
que podem ser movidos do jeito que ele bem entende. Não é atoa
que o antigo capitão do Domínic sabotou uma de suas missões.

Mesmo sob protestos Sasha finalmente aceitou fazer a cirurgia, ela


acha que faço isso simplesmente por causa dos meus desejos
obscenos, mas também estou fazendo isso porque vejo uma
necessidade dela estar apta para enfrentar o que está por vir, porque
se ela não for forte, facilmente irá se quebrar, e eu não quero isso.
Eu preciso que ela esteja forte suficiente para saber que em qualquer
lugar onde estiver saberá se defender ou esperar ser salva por mim.

Ainda não sei como ela reagirá quando souber sobre a mãe e tudo
mais que envolve a família dela e o alemão. O pior é saber se aquela
mulher sairá viva das garras daquele animal.

Descobri que Antonín é um homem muito convencido e muito


presunçoso, seu ego ainda irá o destruir, porque ele é
demasiadamente autoconfiante, e isso não e nada bom para um
homem como ele que acha que pode exercer poder sobre qualquer
um que sentir vontade, o fato dele achar que pode dominar a todos
com suas ideias estapafúrdias irá fazer com que dê o tiro no próprio
pé, isso não irá demorar a acontecer.

Ou ele vai se autodestruir ou os seus associados irão o abandonar


quando se aperceberem que o barco está se afundando.

Após aguardar por mais alguns minutos me levanto e saio do


quarto em busca de notícias, hoje a minha paciência está na escala
de zero a zero. Quando ia cruzar o corredor vejo minha esposa
sendo trazida por duas enfermeiras através da maca. Ela ainda está
no oxigénio e seus sinais vitais ainda estão sendo monitorados.

Após ser colocada na cama posso analisá-la com mais vagar, seus
olhos se encontram vendados por dois curativos. E ela ainda dorme
tranquilamente, pelos vistos o efeito da anestesia ainda não acabou.

— Como foi a cirurgia? — Pergunto ao médio atrás de mim,


porque não consigo desgrudar os olhos dela. Da sua pele e da
beleza que tanto encantou a fera que me me habita.

Merda, como eu estou fodido.

— Foi um sucesso, assim como falei inicialmente. O caso da sua


esposa não era grave como eu disse. Agora só falta acordar para
sabermos se tudo correu cem por cento bem.

— Em quanto tempo veremos o resultado? — estou tão ansioso


feito um adolescente.

— No máximo uma semana podemos tirar os curativos e esperar


para ver se ela responderá bem a nova condição — assinto e logo
dispenso o médico.

Me sento na borda da cama e fico apreciando ela como se da mais


valiosa obra de arte se tratasse. Mas na verdade é isso que ela é,
uma arte, que apenas eu posso tocar e sentir, só minha e sem
margens para dividi-la com ninguém.

Não vejo a hora de voltarmos para casa para podermos retomar


aos nossos jogos.

Preciso voltar a domina-la.


Os últimos dias tem sido muito agitados e tumultuosos aqui na
fortaleza, o tempo inteiro vejo homens de terno indo e vindo, e como
sempre ninguém me nota, pois sou só um mero objeto decorativo.

Alguma coisa me diz que algo está para acontecer, porque de uma
hora para outra a segurança que cuida de mim triplicou. E raramente
ganho a autorização de passear pelos jardins, passam dias que não
sei o é sentir a grama em meus pés, Antonín está mais obcecado
que nunca. E nem a minha forma de tentar burla-lo com meus falsos
carinhos está funcionando mais.

Até hoje me surpreendo com seu nível de loucura. Mesmo


convivendo com ele a anos, a cada ação dele eu me surpreendo
ainda mais.

Fico imaginando se o homem que me foi apresentado como meu


genro já contou para mim filha que eu existo e sou mantida presa
aqui. Eu queria tanto que uma esperança se acendesse, mas sei que
não serei salva, aquele homem tinha o olhar mais frio e vazio que
alguma vez já desde que comecei a conviver com o demónio e ele
não tem cara de quem sente piedade vou clemência pela mãe da
esposa.

Mas a ameaça que o Antonín o fez provavelmente o fará repensar


em me deixar ver minha filha, por uma lado eu não quero que ele
seda às ameaças desse maníaco que trata a vida humana como
nada, mas por outro lado eu quero poder ver meus filhos nem que
isso significa submeter o mundo á tirania de um maldito nazista.

Me sinto agoniada e a ansiedade já tomou conta do meu ser, eu


não sei se Antonín irá cumprir com o acordo, ele é um homem tão
instável, que nunca se sabe como agir perto dele. Seu humor muda
de zero a dez em menos de trinta segundos, e azar o meu se isso
acontecer enquanto eu estiver por perto.

Estou devidamente arrumada. Hoje nós iremos jantar juntos. Ele


decretou isso, e estou pronta para seguir suas ordens, sejam elas
quais forem. Ir contra suas vontades é a pior coisa que posso fazer,
por isso eu nunca resisto, resistir só irá aumentar a dor e irá querer
fazê-lo me punir da pior forma possível.

Nunca atendi o motivo dele querer compartilhar algumas refeições


comigo, eu não sei se é pelo fato da cabeça doente dele imaginar
que somos um casal normal, que segundo ele, fomos impedidos de
ser quando jovens.

Mas eu nunca quis me envolver com ele. Eu não tenho culpa se


meu pai resolveu me entregar para o meu amado e não para ele.
Quando ele me contou que meu pai havia feito um trato com ele, no
qual, ele pagaria as dividas da minha família e dessa forma meu pai
me daria para ele como esposa eu não acreditei. Mas graças a Deus
meu pai conseguiu arranjar o dinheiro que precisava e dessa forma
eu não precisaria me casar com Antonín, que na época não ficou tão
feliz. E por causa disso ele esperou o momento certo para me raptar
e matar toda a minha família.

Não faço ideia de quanto luto eu tive que aguentar sozinha presa
aqui. A cada vida que ele tirava sentia prazer de esfregar na minha
cara, para me atormentar e me mostrar no quanto sou insignificante
nesse mundo.

A dor e o sofrimento são tantos, que por várias vezes,


pensamentos mórbidos e suicidas se apoderaram de mim. Por várias
vezes pensei que através da morte eu teria minha libertação. E num
desses pensamentos eu corri para prática, me jogando na piscina da
casa, mas para o meu azar ele me salvou, e jurou que nada me
tiraria do lado dele, nem mesmo a morte. Foi nesse dia que percebi o
quanto minha situação era grave.

E desde então me conformei e parei de pensar em me matar.

Mas ultimamente tenho pensado no quão insano seria segurar


numa faca e cravá-la no meio do peito do meu algoz.

Mas eu nunca teria coragem de fazer algo o tipo.

Ou teria?
A ansiedade me consome.

Esfrego as mãos suadas no cobertor hospitalar. E nem entendo o


motivo de estar tão ansiosa para ver o resultado da cirurgia, porque
não fui eu quem solicitou por ela. Mas mesmo assim a ideia de poder
finalmente ver o rosto do meu marido me deixa com os nervos a flor
da pele.

Sua presença não me atormenta nesse momento, o que está


tirando minha calmaria é saber se tal cirurgia deu certo ou não, e eu
não devia me sentir assim, afinal de contas esse não era um desejo
meu.

Esse é um desejo do meu marido, e querendo eu como não tenho


que cumprir.

Seu silêncio me deixa ainda mais inquieta, desde a sua chegada


ele mal abriu a boca para falar alguma coisa, mas também o que ele
diria? Nossa taxa de diálogo é tão inexistente que não me admira
que eu tenha ganhado o hábito de apenas falar quando ele me dirigir
a palavra.
Seus surtos de raiva através dos quais ele destrói tudo o que ele
vê pela frente estão raros hoje em dia. O pior dia de todos foi quando
ele praticamente destituiu o quarto de hotel em que estávamos
hospedados em Paris, aquele dia eu achei que também seria
arremessada contra a parede. Deste então eu soube que estava
casada com um homem instável, mas de um tempo para cá ele está
mais contido e silencioso, tão silencioso que chega a assustar.

E mesmo as vezes vendo o medo na minha cara eu sei que ele


não me deixará ir, ele já me afirmou que é egoísta demais para
deixá-lo acontecer. E por mais que ele me dê a liberdade, para onde
eu iria? Rosa Angélica e Emanuelle estão em suas casas com seus
respectivos maridos, a casa que era dos meus pais já foi
monopolizada por Natasha e sua filha, Dimitri abomina minha
presença mais do qualquer outra coisa e tem a Yeva, ela está
estudando e tem planos para o futuro e não quero que ela pare sua
vida para atender uma inútil como eu. Já basta eu ser o estorvo que
Christopher atura.

Uma agonia se apodera de mim ao constatar que estou


começando com meus complexos de inferioridade. E não entendo
porquê isso tinha que começar justo agora, logo hoje, provavelmente
é um sinal de que mais uma vez a vida não irá sorrir para mim, por
mais que eu seja otimista.

Suspiro pesadamente ao lembrar que apenas dois curativos


separam meus olhos do efeito pós cirurgia.

A sua aproximação é denunciada pela presença do aroma do seu


perfume característico e forte. E ele está bem perto pois sinto sua
vibração bem perto de mim. Ele tinha saído mais cedo, e antes de ir
embora ele disse que voltaria e que ia resolver alguns assuntos, os
quis não procurei saber e ele não se sentiu incomodado em não me
contar.

— Como se sente? — me espanto com seu interesse repentino em


saber como estou, para alguns pode parecer algo normal mas para
mim é algo que vejo como um grande acontecimento.
Mesmo espantada com sua pergunta eu acalmo minha respiração
que está começando a ficar abalada devido a sua aproximação.

— Bem — e resolvo ganhar coragem para manter um diálogo


saudável com meu esposo — conseguiu resolver suas pendências?

Um arrepio violento se apodera de mim e minha respiração se


descontrola quando sinto seu hálito quente ao pé do meu ouvido,
seus dedos que conhecem muito bem cada canto do meu corpo e o
exploraram como um livro aberto alisam minhas bochechas.

— Posso dizer que sim — ele fala com ironia, engulo em seco
quando ele se aproxima ainda mais de mim — mas o resto eu vou
resolver em casa, enquanto um certo corpo que eu me viciei está
acorrentado e gritando por mim implorando para gozar feito uma
deusa do sexo.

Eu praticamente gemo quando ele pronúncia tais palavras


enquanto ei me arrepio até alma ao mesmo tempo que seus dedos
alisam meu mamilo por cima da roupa hospitalar que estou vestindo.
Meu centro está começando a formigar mas meu subconsciente grita
na minha cabeça que estamos em um hospital e que se eu me
deixar levar, serei flagrada por algum médico ou enfermeiro nua e de
pernas abertas enquanto meu marido está no meio delas.

E ele não vai te deixar ter um orgasmo, sem antes ser castigada.

E mais uma vez caio sobre minha atual realidade. Mas mesmo
assim meu corpo insiste em quer corresponder às sua torturas.

Quando ele ia meter sua mão no interior da minha roupa para


poder explorar a vontade o meu corpo uma batida na porta me trouxe
de volta a realidade me tirando da minha nuvem de excitação.

— Pelos vistos não é agora que irei te foder com minha língua
enquanto se contorce nessa cama toda molhada para mim — suas
palavras me abalam de tal forma que esfrego minhas pernas uma na
outra. O tom de voz que ele usou me dá a certeza do quanto ele está
excitado como eu.
— Está pronta senhora Parker? — o médico questiona, e
internamente eu respondo que não, não estou pronta para receber
mais um golpe da vida. E se antes os toques de Christopher
conseguiram me deixar desnorteada saber que é agora que o
médico verá o resultado da cirurgia meu coração voltou a se situar.

Covarde.

— Sim — minto descaradamente, e em algum canto desse quarto


Christopher saber que não falo a verdade. Ouço o barulho de algum
móvel sendo arrastado e logo a seguir a presença do médico bem ao
lado da cama hospitalar denunciam que ele está sentado pronto para
fazer o seu trabalho.

— Primeiro vou tirar os curativos, não tenha pressa em abrir os


olhos. Me diga, sente dor nos olhos ou em alguma parte específica
da cabeça? — apenas nego com a cabeça pois não estou pronta
para falar no momento — isso é ótimo.

Num momento sentia os dedos do médico ao redor dos meus


olhos e cabeça e no outro me sentia completamente livre dos
curativos que estampavam meus olhos. Um nó se forma na minha
garganta, se ansiedade matasse com certeza eu estaria agonizando
agora com destino marcado para morte.

— Por favor tente abrir os olhos aos poucos, não precisa ter
pressa. — concordo e apertando o tecido macio que está sobre meu
corpo eu vou abrindo meus olhos, e no mesmo momento uma
emoção incalculável toma conta de mim.

Será que realmente ainda existe esperança para mim?

Depois de tantos anos isolada de tudo no meu próprio mundo eu


finalmente posso ver alguns lampejos de iluminação. Está tudo
embaçado mas posso ver que o cómodo em que me encontro é bem
iluminado, para além disso posso também ver alguns vultos,
parecem pessoas, ainda não tenho a certeza. As lágrimas também
não estão cooperando nesse processo.
Sim, eu estou enxergando

— Consegue ver alguma coisa? — ainda me sinto perdida, fiquei


tanto tempo apenas usando a minha audição aguçada que nesse
momento é difícil associar a imagem ao som.

— Sim eu consigo ver, mas está desfocado. Eu consigo ver a


iluminação do quarto, e posso arriscar em dizer que as paredes são
da cor branca ou creme, não sei definir.

— Muito bem, isso já é um grande progresso. Agora quero se


concentre em meu rosto — e assim o faço, e pela primeira vez
depois de anos consigo vislumbrar um sorriso de alguém, o médico
coloca uma espécie de lanterna em meus olhos e começa a me
examinar — quero que se concentre na minha mão e me diga
quantos dedos você vê.

Olho para sua mão, mas continuo vendo as coisas sem muita
nitidez, não sei de onde mas arranjo forças suficiente para me
manter concentrada exatamente na mão do médico, e quando as
coisas vão ficando cada vez mais nítidas e sólidas me emociono
porque finalmente saí do abismo para vislumbrar tantas cores.

— Eu estou vendo três dedos — falo encarando o rosto do médico


que não deve ter mais do que cinquenta anos de idade, seus traços
joviais e os poucos cabelos alvos me dizem o quanto ostenta boa
saúde.

Fiquei minutos mergulhada em admirar meu novo estado que só


agora reparei na terceira pessoa presente no quarto, no conjunto de
músculos ambulante parado a minha frente me olhando da forma
mais predatória e primitiva que existe, o olhar frio e distante ainda
me fazem desacreditar que ele é o homem com quem compartilharei
o resto da minha vida.

Ele é um anjo negro, e irá me levar junto com ele até as


profundezas do inferno.
Meus olhos o observam desde os pés até a cabeça e ele não
move um único músculo. Sua altivez e os trajes pretos da cabeça
aos pés acompanham sua presença sombria e aterrorizante. Os
músculos muito bem distribuídos, ele é duas vezes maior que eu e
agora entendo o motivo de conseguir me dominar e carregar meu
corpo como um saco de batata. Os olhos extremamente castanhos
que quase se confundem com o preto da escuridão de uma noite
tempestuosa. Fogo e abismo é tudo o que posso ver em seus olhos.

Meu Deus, eu estou casada com um cão do inferno.

A intensidade com a qual me olha só me faz pensar no quanto


estou perdida quando ele finalmente decidir que irá reivindicar seus
direitos de marido. Engulo em seco sem conseguir desgrudar meus
olhos dos músculos que estão marcando no seu terno.

Como meu corpo suportou um homem desse tamanho ?

— Gosta do que vê? — minhas bochechas esquentam brutalmente


com suas palavras, e minha atenção agora está centrada em sue
lábios carnudos e na barba cheia e bem feita. E os inúmeros
pecados cometidos por nós passam pela minha cabeça como um
filme — Mais tarde anjo, mais tarde você vai ter o que quer.

Quero poder gritar que não quero nada, mas seria inútil, e eu
estaria mentindo se o dissesse por isso permaneço quieta tentando
me recuperar da visão a minha frente. Ele é tão lindo como um anjo
das trevas, e me pergunto o que tanto viu em mim. São tantas
perguntas que tenho para ele, mas sei que não adiantaria nada fazê-
las agora.

— O médico disse que hoje mesmo você terá alta, tome um banho
se prepare. Iremos para casa em alguns minutos.

Insensível
Eu poderia inventar alguma desculpa para não receber alta tão já,
mas prefiro acabar logo com isso. Com ajuda da enfermeira tomo um
banho e desta vez eu morro de vergonha porque é constrangedor
que alguém que não seja meu marido me veja nua. Quando
Finalmente eu estava vestida num conjunto de moletom saímos eu e
meu marido do quarto hospitalar, a mão dele não desgruda da minha
cintura nem por um segundo.

Ao seu lado eu sou tão minúscula, e tão insignificante. Agora eu


sei o que acontece a volta quando ele está passando, todas
mulheres se viram para observa-lo. E não tinha como ser diferente,
ele chama muita atenção, agora sim eu vejo isso.

E uma parte muito profundo de mim não gosta disso.

Será que ele se envolveu com alguém na minha ausência?

O caminho para casa está sendo feito em silêncio como sempre,


mas agora é diferente, agora eu posso apreciar tudo o que há na
estrada. Fecho olhos ao mesmo tempo que baixo o vidro do carro
para sentir a brisa do fim de tarde no meu rosto. Assim como eu ele
não fala nada, talvez seja melhor assim.

Quando finalmente o motorista anuncia s nossa chegada à


mansão Parker, me admiro com a imponência do lugar. As paredes e
a vegetação se entrelaçam de tal forma que o lugar fica espantoso.
Nada me preparou para isso. Após sair do carro meus olhos
reclamam pela claridade do dia, mas eu faço como o médico
recomendou, eu os faço acostumar a nova realidade.

A mão do meu marido segura na minha e juntos caminhamos até o


interior da mansão. E é como se eu estivesse aqui pela primeira vez,
os móveis os cómodos as pessoas, tudo parece novo para mim. Até
meu próprio corpo.

Eu e Christopher nos separamos, ele foi até o escritório e disse


que nos veríamos na hora do jantar e eu fiquei vagando pela casa,
tentando fazer o reconhecimento, tatear sobre os objetos é muito
diferente de poder enxergar. E vou levar um tempo até voltar a
decorrer aonde fica cada cómodo.

— Senhora Parker — me viro após reconhecer essa voz. Vejo uma


mulher mais ou menos dois anos mais velha, pela negra, e muito
bonita e deu um corpo espetacular. — Fico feliz que esteja de volta.

— Muito obrigada Morgan.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? — nego com a cabeça e


definitivamente sua voz está mais hostil que nunca ultimamente.

— Eu vou me deitar um pouco até a hora do jantar — ela dá


apenas um aceno e logo se retira, e vejo o exato momento em que
ela aperta os punhos. Provavelmente o dia dela não esteja correndo
bem, por isso não a chamo, faço o caminho até meu quarto. E me
surpreendo ao localizá-lo sem me perder.

Quando abro a porta, sou recebida escuridão. Nem me incomodo


em ligar a luz, apenas me atiro na cama e me perco no meu sono
pesado.
O farfalhar de roupas e a presença de alguém no quarto fazem
com que eu acorde. E assim que abro os olhos, dou de cara com um
Christopher de costas para mim vestindo apenas uma calça social.
As costas largas estão repletas de tatuagens, eu mal consigo tirar os
olhos dele.

Mas o que realmente chama minha atenção, é peça que se


encontra sobre a cama. Um robe de tecido preto e transparente,
suas alças são tão finas que passam despercebidas, um vestido
também da mesma cor repousa na cama. E nesse momento me
sinto um animal sendo levado para o abate.

Eu já sei o que tudo isso significa, ele não perde tempo.

Ele me quer no quarto de jogos.

— Se prepare anjo. Sabe que não gosto de atrasos.


Um sopro, consequência do vento fraco que sopra lá fora trás um
frescor diferente ao meu rosto e corpo. E não tinha como ser
diferente tendo em conta a peça que estou vestindo, isso não se
defere de estar nua. Através da iluminação transmitida pela lua
posso ver meus mamilos debaixo da peça íntima. Ele soube escolher
muito bem a peça, sei que com apenas um movimento das suas
mãos brutas ele seria capaz de rasgar a peça, e também sei que ele
irá se deliciar demais com tal coisa, porque ele gosta de ser
selvagem e brutal no sexo.

Me viro em direção a porta do nosso quarto após ouvir a mesma


sendo aberta. Não admiro quando o vejo parado me encarando,
agora que ele está de frente sem camisa é possível ver com mais
nitidez todas as suas tatuagens, ele traja apenas uma calça jeans
surrada nos joelhos.

Está na hora.

Não é o momento certo para sentir esse frio na barriga que estou
começando a sentir, mas não posso fazer nada. Nem sempre é
possível controlar as reações do corpo quando nos deparamos com
determinadas situações. E nem parece que foi a uma hora que me
sentei na mesa com ele para jantar. Ele estava mais elegante do que
eu podia imaginar o ver, e eu também estava, trajada dentro daquele
vestido, ele não precisou falar nada e eu sozinha deduzi que
estávamos comemorando.

Só não sei se estávamos comemorando a minha volta, a minha


recuperação ou o fato de que finalmente depois de tanto tempo longe
ele ia me levar para o quarto de jogos.

Mas agora, agora não é meu marido que está parado a minha
frente. Meu dom é quem está me encarando nesse momento, e já
posso ver a chamas encriptando por seus olhos, seu caminhar
predatório e fatal fazem com que meu corpo fique imóvel no mesmo
ponto, e mesmo sabendo o motivo dele me olhar com tanta
profundidade eu não desvio meu olhar do seu, ele me devora da
cabeça aos pés através do desejo latente que seus traços já não
podem esconder.

Estamos a uma distância considerável, e de repente ele estende a


mão para mim, e entendo que devo segurar nela. Por isso dou o
primeiro passo, e depois o segundo e no final minha mão já está
repousada sobre a dele. Ele está ardente, tão quente que me
pergunto se ele ainda é humano.

— Está pronta? — faço que sim com a cabeça, ele solta um


sorriso ladino e me vira de costas para ele — ainda não, falta uma
coisa.

Estremeço por causa do arrepio que senti quando ele sussurrou no


meu ouvido. E quando ele começa a fazer a movimentos precisos
no meu cabelo é que me dou conta de que sim, faltava uma coisa.

A trança

Mas um elemento que nunca deve fazer falta em nossas secções.


É como um ritual para ele. Depois de ter meu cabelo preso na trança
ele volta a segurar na minha mão e me encaminhar até porta.
A cada passo que damos no extenso corredor várias portas de
cómodos que ainda desconheço ficam para trás, ainda não tive
tempo de explorar a casa. Abandonamos a ala onde se localiza
nosso quarto e caminhamos por um outro corredor, muito escuro e
silencioso demais, os móveis são tão antigos mas muito bem
conservados.

Saio de minhas imaginações quando me dou conta de que


estamos em frente a uma porta de madeira pesada. Ele tira a chave
do bolso a coloca na fechadura da porta, três giros e a porta se
destranca. É impossível ver como é por dentro pois o lugar ainda
mergulha na escuridão da noite.

E de repente luzes iluminam o local ao sentir nosso presença, mas


a intensidade das luzes é baixa, tão baixa que parece que a lareira
acesa é que está produzindo a iluminação. Mesmo de costas para
ele sei que me estuda como se eu fosse de alguma espécime
diferente.

Mas você é.

Meu subconsciente grita comigo. Mas mesmo assim não tiro a


atenção de cada canto do quarto. De um lado vejo uma interminável
coleção de chicotes e chibatas que pendem na parede, há variadas
cores tamanhos e tipos de couro, e no outro canto vejo uma espécie
de armário de madeira preta com incontáveis gavetas. No centro do
quarto sobre a cama enorme se encontra estendido um lençol de
seda de cor vermelha, e por cima da cama se encontra uma
estrutura de metal em formato de uma cruz, acheo que serve para...

Pendurar a pessoa

Engulo em seco ao mesmo tempo que o encaro informando de


forma silenciosa que de jeito nenhum quero estar pendurada naquela
coisa. Volto a minha atenção ao resto do cómodo, bem ao lado da
cama existe uma espécie de grelha, e é onde eu fui amarada e
chicoteada por enumeras vezes até explodir em orgasmos intensos.
Para além da grelha no quarto de jogos também se faz presente uma
espécie de pilastra de madeira que parte do chão até o teto.

O cheiro de bálsamo e madeira está para todo lado se misturando


com o aroma das chamas feitas pela lenha. E bem em frente a
lareira se encontra uma espécie de mini pódio de madeira, uma
pequena estrutura com cerca de um metro nos quatro lados. E se
minha memória não me engana é onde eu devo ficar para iniciar a
noite.

Lanço um olhar a ele que com apenas um aceno confirma que é


onde devo ficar. Caminho até o local, subo na estrutura e me coloco
de joelhos, a cabeça baixa e as mãos sobre minhas coxas com as
palmas pra cima.

— Estou pronta senhor.

Meus batimentos cardíacos acompanham cada passo que ele dá.


Pelo canto do olho o vejo caminhando em direção a secção de
cordas e algemas. O barulho tintilantee indica de que ele escolheu
uma algema, são as favoritas dele quando quer me castigar. As
cordas ele usa quando quer me deixar arreganhada e deitada.

Parado a minha frente ele me estende a mão e eu a seguro ainda


de cabeça baixa. Num segundo eu estou parada a sua frente e no
outro meu corpo é espremido contra a pilastra. Minhas mãos
conduzidas até o topo da minha cabeça enquanto beijos exigentes
são implantados na curva do meus pescoço. E o inesperado
acontece, ele tapa meus olhos com uma venda de seda.

Suas mãos grandes amassam meus seios e eu já consigo sentir o


desejo crescendo em mim, a ponta do dedo dele acaricia meus
lábios vaginais por cima do tecido leve do body. Fico quieta
apreciando a cada sensação, porque está bom demais.

A peça que estava vestindo é rasgada de uma única vez, tal como
previa. Sei que ele vai me torturar, e não sei se estou preparada para
isso.
Mesmo sem poder enxergar nada é possível sentir a quantidade
de emoção e sentimentos que passam por ele nesse momento, meu
corpo está suado e minhas coxas friccionam uma na outra em busca
de um alívio que não chega. Desde que cometi aquela loucura eu
sabia que ele me puniria, é sempre assim quando faço algo errado,
ele me mostra que é capaz de me machucar sem nem sequer me
tocar. Daqui é possível ouvir seus passos em contato com o piso de
madeira, entrar no quarto de jogos é quase que como um ritual para
ele, aqui ele é meu senhor.

Estou completamente nua, meus braços estão pendurados e


algemas de couro prendem meus pulsos deixando meu corpo
suspenso, estou completamente exposta para ele, exatamente do
jeito que ele gosta, meu corpo vibra ao ouvir o estalar do chicote no
ar e a seguir na minha bunda, me sinto uma vagabunda blasfema por
ansiar tanto que esse chicote atinja de forma erótica uma parte
específica do meu corpo.

Sinto sua respiração bem atrás da minha orelha, enquanto seus


dedos passeiam pelas laterais do meu corpo e também nos meus
seios que já se encontram enrijecidos, a cada centímetro que seus
dedos descem em direção a minha virilha mais gemidos saem da
minha boca, penso em implorar mas ele odeia que eu o faça quando
está me castigando aqui ele manda e só me dará. Após tanta
espectativa finalmente posso sentir seus dedos gelados na minha
intimidade, passeando por ela, gemo enlouquecidamente até que
seus dedos me abandonam e ele diz que estou fazendo muito
barulho e por isso vai me castigar. Antes que eu pudesse dizer
alguma coisa senti meu seio esquerdo entrar em contato com o
couro do chicote.

― Está pronta para mim anjo? ― sua voz rouca, sussurra no meu
ouvido, emitindo uma energia eletrizante que imediatamente arrepia
todo meu corpo.

― Oh... Sim senhor.

― Qual a palavra de segurança?


― Vendida

E mais uma vez aquele silêncio angustiante, apenas o encriptar


das chamas é que acompanha a minha respiração acelerada. Estou
tão necessitada por ele que nesse momento não me importo de me
rebaixar e ser tudo o que ele quiser.

Ouço o exato momento em que ele si distancia e depois volta no


maior silêncio, afasta ligeiramente minhas pernas e introduz no meu
canal alguma coisa gelada.

— Fique de costas para mim — e assim o faço. Tento buscar apoio


na pilastra pois meus braços estão começando a doer por causa da
posição em que estou.
Nada me preparou para a vibração acelerada vinda do meu centro,
alertar minhas coxas para aplacar o efeito dessa coisa vibrante. —
Não as feche.

— Por-por favor. Eu preciso ahhh — mordo meu braço para calar


minha boca que solta gemidos altos. Não sei mais o que fazer para
implorar, me contorço de dor quando um golpe forte e violente é
desferido nas minhas costas.

Não, ele não fez isso.

Bem antes de completar meu monólogo interno outro golpe acerta


minha pele tirando de mim o grito mais alto que alguma vez tirei na
minha vida. A intensidade da dor superou até a excitação
avassaladora que estava sentindo, e mais um golpe e praticamente
pulo tentando fugir dele. Num ato de desespero e medo eu recorro a
única palavra capaz de me deixar segura.

— Vendida — mesmo entre lágrimas e estremecidas eu consigo


pronunciar a palavra. Mas ouvir essa palavra parece tê-lo deixado
ainda mais raivoso e por isso mais um golpe implacável é lançado
sobre mim, — vendida senhor.

Não sei o que está acontecendo, mas ele não me ouve. É como se
ele não pudesse mais controlar suas ações. E agora não sei se sairei
desde quarto viva. E mais golpes sucessivos são fazem minha pele
arder e meu sangue borbulhar por dentro.

— Chris-to-pher pelo amor de Deus você está me machucando.


Por favor para — me sinto enfraquecida mal me aguento em pé. Meu
corpo treme de forma involuntária e eu já não posso sentir mais a dor
porque os golpes não estão mais me machucando. Ele conseguiu o
que queria, me deixar imune a dor física, me deixar forte de tal forma
que minha pele se blindasse de adrenalina, ele está quase
conseguindo o que tanto disse que evitaria.

Ele prometeu que não me quebraria.

E antes que eu pudesse me render sua voz em meu ouvido me


acorda.

— Eu sinto muito — eu apenas choro, ele me vira de frente para


ele e quando minhas costas batem na pilastra eu gemo de dor — eu
sinto muito. Eu me descontrolei. Isso nunca mais vai acontecer eu
prometo. — Existe desespero em suas palavras.

E como se nada tivesse acontecido ele começa a me beijar, e o


pior de tudo é que eu o correspondo em meio às lágrimas. O beijo
vai ficando intenso, me surpreendo quando meu centro se lubrifica
ansiando por ele. A venda é retirada dos meus olhos sem se
distanciar do seu objetivo de explorar minha boca.

Ele me segura pela cintura e me faz enlaçar minhas pernas em


torno do seu quadril, na velocidade da luz ele desce o zíper da sua
calça e retira seu membro duro apontando para mim. Me esfrego
como uma cadela no cio sobre seu membro que liberta seu pré
sémen se misturando com minha excitação.

E quando mais uma vez ele me prensa contra a pilastra e dessa


vez eu não reclamo, me sinto uma doente por estar compactuando
com tudo o que ele faz comigo. Meus seios são esmagado por suas
mãos ágeis, não paro de mexer meu quadril friccionando minha
buceta em seu membro que está implorando para me penetrar.
Apesar do desejo que Christopher sente por mim agora, ele ainda
está receoso em me possuir depois do que aconteceu a pouco. E eu
nesse momento só quero gozar, depois pensarei no que aconteceu.
Sei que ele está esperando por uma confirmação minha para
prosseguir.

Então digo o que ele quer ouvir.

— Por favor senhor. Me foda.

E assim ele o faz quando de maneira lenta me penetra olhando em


meus olhos, soltamos um gemido em uníssono quando ele entra
completamente em mim, e em nenhum segundo enquanto ele se
mexe seus olhos abandonam os meus.

— Oh sim. Mais forte por favor — sou fodida da forma mais


selvagem e forte possível — oh senhor, isso

— Minha. Oh baby que buceta deliciosa. Porra, só vou parar de


meter em você quando o sol estiver nascendo — e um tapa é
desferido no meu bumbum. — Você será minha perdição Sasha.

E pela primeira vez desde o meu casamento, eu sei como meu


nome soa em sua voz. Hoje não fui só eu quem quebrou as regras.

Ele acaba de me provar que não é impenetrável como me fez


pensar.

Ele ainda tem um coração.


Não tenho noção nenhuma de tempo e espaço nesse momento,
me sinto entorpecida e sob efeito de alguma droga. Mas sei que meu
corpo está sendo carregado por ele para algum lugar da casa, o
cansaço me domina completamente e eu mal posso me mover. Não
faço ideia de quanto tempo ficamos no quarto de jogos só sei que
devem ter se passado horas, foram inúmeros orgasmos que no
momento mal posso contar, ele me possuiu como um desesperado,
como se aquela fosse a nossa última vez.

Até agora sinto em cada canto do meu corpo o ardor das marcas
de seus beijos exigentes, ele me marcou de todas formas possíveis,
e mesmo assim, nada conseguiu fazer eu esquecer que antes de
todo aquele prazer ele me fez sentir a pior dor de todas quando de
forma brutal desferiu golpes certeiros nas minhas costas e em outras
partes com o chicote. Ao lembrar disso automaticamente meus
olhos expelem lágrimas quentes mesmo eu estando de olhos
fechados, quando ele mergulha nossos corpos na água quente, uma
dor enorme se espalha por todo meu corpo e isso cria um
estremecer repentino em mim.
Como se soubesse que as consequências do seu descontrole
ainda me afetam ele me dá banho tomando todo cuidado para não
me machucar ainda mais, e eu não faço nada, apenas quero
permanecer na minha bolha fechada, estou cansada, meus
sentimentos muito confusos, minha vida está uma bagunça. O aroma
dos sais misturados na água se espalham no ambiente e de certa
forma meu corpo começa a relaxar.

Mesmo o ambiente estando completamente silencioso minha


mente continua gritando comigo e me chamando de doente por ter
conseguido me entregar a ele por livre e espontânea vontade depois
do que ele me fez naquele quarto, eu não consigo entender o que
houve comigo. Eu devia sentir nojo, medo dele, devia repelir sua
presença. Mas nesse momento também preciso dele. Porquê me
custa tanto odeia-lo por ter me comprado e por me manter ao seu
lado?

Deus estou tão confusa

Sei que provavelmente eu criei uma certa dependência por ele,


provavelmente alguma síndrome. Porque não é só dentro daquele
quarto que meu corpo queima por ele, é como se de certa forma eu
já soubesse como lhe dar com ele nos dois mundos. Me tornei na
submissa que o dominador que mora dentro dele precisa mas
também sou a esposa que ele necessita.

Estou tão cansada de pensar, é nisso que dá tentar entender


coisas que provavelmente nunca terei resposta coerentes. Abro os
olhos e o vejo sentado a minha frente no interior da enorme banheira
do nosso quarto, pelos vistos hoje ele preferiu fazer o banho aqui e
não no quarto de jogos.

Seu olhar está sobre as marcas que o chicote deixou, e sei o


quanto elas irão demorar desaparecer visto que minha pele é muito
branca. E eu não paro de observar suas tatuagens, e sei que elas
têm algum significado. A ansiedade de perguntar o porquê das
tatuagens me corrói mas mesmo assim me seguro, apenas quero
aproveitar esse momento onde nós dois nos deliciamos do silêncio.
Não paro de admirar nos traços de sua beleza, os olhos de olhar
intenso, e tal como ele sempre desejou passamos toda noite
sucumbindo ao prazer enquanto nossos olhos travavam uma guerra
silenciosa, e foi algo tão surreal que agora entendo suas razões para
querer que eu voltasse a enxergar.

Suas mãos estão acariciando minhas coxas que se encontram


uma separada da outra devido ao seu corpo que se encontra entre
elas. Quando dou por mim minha mão direita está subindo em
direção ao seu peito todo tatuado, só quero sentir a textura, saber
como é toca-lo aqui fora, no mundo real. Assim que finalmente
alcanço sua pele coberta pelas marcas de tinta, por cima da camada
posso sentir cada batida do seu coração, queria saber como é
penetrar em seu coração blindado de frieza e dores do passado.

Ele me deixaria entrar?

Meu olhar curioso o faz soltar um riso fraco, como se soubesse no


que estou pensando. E não me admira que ele saiba, pois ele sabe
me ler como ninguém mais consegue. Solto um pequeno gemido
quando seu dedo polegar massageia meu mamilo de forma tão lenta
e torturante.

— Chris-to-pher — quero dizer para ele que estou cansada e que


que a resposta do meu corpo é involuntária.

— Fica tranquila, sei que precisa descansar. A noite foi longa e


preciso que recupere suas forças. Mas tenho todo direito de toca-la
uma vez que você também está me tocando anjo — como se
acordasse de um choque imediatamente tiro minha mão do seu
peito. — Venha, vamos descansar. Precisa passar alguma coisa
nessas marcas.

Não precisei responder nada porque ele imediatamente me tirou


da banheira e saiu comigo do banheiro mesmo nós dois estarmos
pelados. Ele abre uma porta branca e constato que é o closet dele.
Os tons escuros das roupas dele estão por toda parte e não sei
porquê não fico chocada com isso.
Ele me coloca sentada em uma poltrona que existe num dos
cantos, veste uma calça moletom de cor preta e então abre uma das
gavetas retirando de lá alguma coisa. Se aproxima de mim e vejo
que está segurando uma espécie de uma pomada, depois de abrir a
embalagem ele despeja o conteúdo nas próprias mãos e então
começa a passar nas minhas costas e em algumas outras partes do
corpo onde o chicote me acertou. Meu rosto arde violentamente
quando ele me manda ficar de pernas abertas para então passar
uma outra pomada na minha região íntima, eu definitivamente nunca
vou me acostumar com essa intimidade que temos.

A ardência que estava sentindo por causa da água cessou, parece


que a tal pomada está começando a fazer o trabalho. Meu marido sai
por um instante e logo depois volta com um copo de água e um
frasco, parecem comprimidos.

— Tome isso, irá ajudá-la a dormir e também amenizar as dores —


assim como ele disse engulo o comprimido e bebo a água, mal
passaram dois minutos e eu estou sentindo o sono querendo me
consumir. Ele me manda levantar e assim o faço, coloca uma de
suas camisetas em meu corpo e por eu ser baixinha fica parecendo
um vestido. — Vamos para cama.

É a primeira vez que o vejo tão atencioso comigo, certo que ele
sempre está de olho em mim, mas agora ele está tão... diferente eu
diria.

Nos acomodamos na cama e quando olho o relógio digital que se


encontra sobre a mesinha de cabeceira fico espantada ao constatar
que está quase amanhecendo. Um edredom quente e confortável é
colocado sobre meu corpo e então eu fecho os olhos quando meu
corpo não se aguentar mais de sono.

Desperto sentido a mão pesada do Christopher sobre minha


cintura e sua respiração calma e silenciosa bem atrás da minha
orelha. Sem fazer nenhum movimento eu olho o relógio que no
momento marca seis horas da manhã. Dormi apenas por duas horas
e agora não estou mais sentindo sono, o que aconteceu ontem a
noite me atormenta e o único jeito de eu me afastar um pouco
dessas lembranças é tocando.

Com muito esforço e cuidado eu consigo me desvencilhar da mão


possessiva do homem ao meu lado e finalmente saio da cama. Saio
do quarto e caminho pelos corredores que levam até a sala do piano,
E no meio do caminho me deparo com um espelho, e por curiosidade
olho meu reflexo, estou meio pálida, mais do que o normal. Baixo um
pouco a camisa pelo ombro e vejo as marcas de ontem ganhando
uma outra tonalidade, e fica impossível não derramar lágrimas com
meu atual estado.

Volto a fazer meu caminho a sala do piano com um turbilhão de


coisas passando pela minha cabeça. E tenho a impressão de ter
visto um vulto em uma das portas, mas provavelmente sejam só
meus olhos que ainda não se acostumam por completo com a nova
realidade.

Serei capaz de nutrir sentimentos por um homem assim, ou são


coisas da minha cabeça?
Desperto subitamente quando não sinto o corpo que estava sobre
meus braços desde o momento que adormeci. O quarto continua na
penumbra uma vez que as cortinas continuam fechadas e as luzes
apagadas.

Me levanto da cama e o lado dela está vazio como era de se


esperar, faz muito tempo que não dormia tanto num sono pesado,
me sinto até estranho com isso. Abro a porta do banheiro e o mesmo
se encontra vazio.

Onde ela se meteu?

— Anjo? — ela não me responde, e após abrir as portas dos dois


closets concluo que ela não está no quarto — Sasha!

Sei que nesse momento ela precisa de espaço depois do que


aconteceu ontem. Por algum motivo que desconheço eu me
descontrolei, e deixei a ferra tomar o controle, e naquele momento
eu já não via o rosto de quem estava chicoteando, apenas queria
satisfazer meus instintos sem me importar com a dor que infligia a
ela. Faz muito tempo que não me arrependo por muita coisa na
minha vida, mas desta vez algo em mim despertou quando vi as
consequências do meu descontrole no corpo da minha esposa.

O choro dela a tremedeira e tudo isso fez eu me sentir um maldito


filho da puta. E mesmo assim o desejo que sente por mim não
cessou mesmo ela sabendo que estava cada vez se envolvendo no
meu jogo sujo. Assim como eu, ela também precisa de mim.

Merda

Pelo rumo que as coisas estão tomando serei eu o maior depende


dela, e se ela fosse uma mulher ardilosa com certeza aprenderia a
usar isso pra conseguir o que quiser de mim.

Quando saio do quarto a melodia calma e bem formada pelo piano


preenche toda a casa. E sei que não preciso me preocupar que ela
esteja fazendo alguma loucura pois já sei onde ela está. Já reparei
que ela toca para esquecer dos problemas ou simplesmente para se
trancar no próprio mundo e pensar. E espero que depois dessa
terapia dela, ela não me afaste.

Chego a conclusão que estou completamente fodido quando uma


parte minha se corrói ao pensar nessa possibilidade dela me rejeitar.
Não a culpo se o fizer, eu a machuquei imensamente ontem, mas
não permitirei que ela coloque alguma barreira entre nós. Nem que
seja necessário que eu a conquiste como a porra de um marido
dedicado.

Parado no batente da porta da sala de piano a vejo fazendo


movimentos com os braços, e os olhos dela estão fechados, e
mesmo enxergando ela prefere continuar tocando sem ver. É como
se ela preferisse sentir os teclados do que vê-los.

Pela janela que se encontra em frente ao piano posso ver que


Seattle acordou com o céu nublado hoje, a chuva cai sem pretensão
de parar tão já. E como sempre continuo a observando
completamente hipnotizado pela melodia e seu corpo dentro da
minha camisa.
Quando a última nota do elegante piano soa ela finalmente abre os
olhos e se vira para me observar. E sei que ela já tomou uma
decisão.

Me aproximo vagarosamente dela e repouso minhas mãos sobre


os ombros dela, e seu corpo vibra com meu toque. E quero tanto
toca-la mais além, a faço levantar e com a maior facilidade seguro
ela nos meus braços. Ela sabe que não precisa falar mais nada, eu
já sei a resposta dela e agora eu demonstrarei para ela que a
decisão dela tem valor no nosso casamento.

Atravesso o batente da porta do nosso quarto e fecho a porta logo


de seguida. Repouso seu corpo no centro do quarto e nós dois
estamos nos encarando, sei que vai levar um tempo até ela se abrir
e falar abertamente comigo mas não me importo, quando ela se
sentir pronta irá dizer para mim o que precisa ser dito.

Mas agora, agora eu só quero senti-la de todas as formas


possíveis. Rodeio meu braço em sua cintura fina, e ela arfa com o
meu movimento. Grudo nossas testas enquanto mantemos uma
guerra de suspiros e hálitos quentes. Meu membro está duro e com
uma ansiedade gigantesca de penetrar a buceta excitada e gulosa
dela.

Sugo o pescoço cheiroso ao mesmo tempo que meus dedos


fazem um caminho direto rumo a primeira refeição que terei hoje.
Como era de se esperar ela está tão molhada que posso sentir o
líquido da sua excitação começando a escorrer por suas coxas, aliso
a pele macia por cima dos lábios que já estão aberto implorando
para serem esmagados por meu pau.

Os gemidos dela são a música que eu precisava ouvir nesse


momento, ela joga a cabeça para trás aproveitando o meu toque e
não para de se mexer por cima dos meu dedos. Sinto que a qualquer
momento eu vou gozar aqui parado nas calçadas de tão gostoso que
é sentir seu clitóris inchado piscando, retiro meus dedos sob seus
protestos e os direciono até minha boca.
Seu doce sabor é o melhor que alguma vez tive o prazer de provar.

Volto a enrolar meu braço sobre a sua cintura e a carrego em


direção a nossa cama, deito ela e com apenas um movimento me
desfaço da minha camisete que ela estava vestindo.

Seguro no pé muito bem formado e de unhas pequenas e bem


cuidadas e começo por beijar ele, vou subindo até o joelho, e então
alcanço as coxas deliciosas. E finalmente a buceta escorregadia
dela, e como um esfomeado lambo ela de uma forma tão profunda e
intensa que ela grita meu nome puxando meus cabelos, e isso é
como um incentivo para mim, porque não paro. Sigo chupando ela
sem intervalo e ela implora por mais.

— Só vai gozar comigo dentro de você — avanço para os seios


que me enlouquecem e os chupo avidamente.

Eu preciso dela.

Me levanto e tiro minha calça moletom a jogando para longe. Volto


a me aproximar da cama, e me surpreendo quando ela abre as
pernas por conta própria para me receber, e isso foi suficiente para
me debruçar por cima dela e imediatamente a penetrar. E como eu
senti saudade da buceta dela me apertando e me dando tanto
prazer.

— Oh anjo, você ainda vai acabar comigo — após estar


completamente dentro dela, espero um pouco para me recuperar e
me acalmar um pouco porque sei que qualquer movimento é
possível que eu exploda.

Começo com movimentos lentos e calculados, porque quero


aproveitar cada momento disso, cada milésimo de segundo cada
poro do corpo dela. E desta vez a nossa conexão na cama está tão
forte que ela também participa de tudo.

E imediatamente mudo de posição e a deixo ficar por cima. Quero


sentir como é ela cavalgando em cima de mim e falando
obscenidades para mim.
— Me dê prazer anjo.
Desde a minha volta ao meu casamento as coisas tem se
mostrado estar levando um rumo diferente, não sei se é por causa da
minha fuga ou por alguma outra razão que eu desconheço, mas algo
me diz que meu casamento ainda irá me reservar inúmeras
surpresas.

O silêncio reconfortante de sempre perdura no ambiente, mas


também não precisamos de palavras, nossos corpos disseram por
conta própria tudo o que precisava ser dito. Quando fui para sala de
piano, eu ia pensar, analisar o rumo das coisas e tomar uma decisão,
eu precisava saber se me distanciava dele ou aguentaria seu jeito
até que a morte nos separe. Eu quase desisti porque tenho medo de
me machucar devido aos sentimentos que estou nutrindo por ele
mas repensei melhor e é mais viável aguentar tudo com ele, do que
viver infeliz para sempre ao lado dele, porque sei que nunca me
deixará ir embora.

Me remexo aconchegada em seus braços que estão envolvendo


meu corpo. Não restam dúvidas sobre o que acabou de acontecer.
Nós fizemos amor.

Foi tão devagar, cheio de carinhos, beijos castos, muita paixão e


mensagens corporais que ninguém mais entenderia, a não ser nós
dois. Eu apreciei cada momento entre nós, pela primeira vez desde o
nosso casamento tivemos um sexo tão especial. Desta vez eu não
estava arreganhada encostada numa parede, nem fui amarada, não
estava com medo e meu corpo não foi colocado sobre amaras e
muito menos chicoteado ou usado pelos inúmeros objetos de fins
eróticos que existem.

Desta vez éramos apenas eu e ele, como marido e mulher.

Quando ele pediu que lhe desse prazer fiquei tão espantada. Com
paciência e carinho ele me mostrou como e o que devia ser feito, até
que nós dois chegássemos ao ápice do prazer com ele apertando
minha cintura por cima dele, foi tão intenso que até agora posso
sentir os resquícios de lágrimas nos meus cílios.

Deitada sobre seu peito ouvindo as batidas frenéticas do seu


coração aliso toda região contendo as tatuagens, e desta vez eu não
consigo segurar a curiosidade.

— Porquê tantas tatuagens? — Mesmo sabendo que


provavelmente minha pergunta não será respondida eu tento a sorte.

— Não são simples tatuagens, são marcas da vida. São o que eu


sou hoje em dia, elas me definem e carregam mensagens que só eu
posso entender — mas eu também quero entender, porque eu sei
que alguma coisa aconteceu que o deixou desse jeito, certo que sua
essência é de um homem silencioso e contido, mas sei que alguma
coisa aconteceu com ele que fez com que ele ficasse assim, mais
implacável. Meus dedos passeiam por cada pequeno detalhe das
tatuagens e travo numa que chama minha atenção. Parece uma sigla
de três letras CES feitas em uma fonte muito linda e detalhista.

— O que isso significa? — Pergunto apontando para tatuagem em


destaque, ela é diferente de todas as outras, e está isolada, sem se
misturar com todas as outras.

E como se eu tivesse cutucado uma ferida dolorosa ele me afasta


de seus braços sem falar nada e veste o moletom de volta.

— Eu vou buscar o seu café da manhã — e ele saiu sem falar


mais nada. Chego a conclusão de que esse assunto é algo que ele
não quer partilhar comigo, e eu vou respeitar isso.

Mas porquê tenho a impressão de que aquilo está relacionado com


outra mulher?

Ele volta ao quarto empurrando um carinho recheado de


alimentos, e nunca me senti tão faminta quanto agora. E como se
estivéssemos nos entendo como um casal de verdade nós
degustamos a nossa refeição em silêncio.

Alguns dias depois

Após intermináveis minutos conversando com a Yeva eu


finalmente encerro a ligação. E desde a minha volta não é a primeira
vez que nos falamos pelo celular, e a pouco estávamos combinando
de nos ver um dias desses. Ela se disponibilizou de vir para Seattle,
mas falou que morre de medo do Christopher, dessa forma
combinamos de nos ver no centro da cidade, assim podíamos
passear pela cidade uma vez que nunca tive a oportunidade de sair.

O difícil vai ser conseguir a autorização do Christopher,


ultimamente ele age como se estivéssemos em perigo, sempre
soube que a casa é vigiada por muitos seguranças mas agora eles
estão por toda parte.

Após caminhar um pouco pelo jardim decido me sentar num dos


bancos para apreciar a vista das montanhas, o sol está tão gostoso
de sentir, nesse momento é que sinto saudades de Cuba e das
meninas, falando nisso Rosa Angélica já teve os bebés e agora está
internada no hospital junto com eles, uma vez que nasceram com um
mês de antecedência, assim que ela tiver alta Christopher prometeu
me levar para Chicago.

Me dou conta de que hoje estou por minha conta, Christopher


voltou a trabalhar e Morgan saiu disse que ia visitar alguém muito
importante para ela na cidade. De pensar que meu esposo quase a
mandou embora porque segundo ele, ela não tinha mais serventia
uma vez que não estou mais cega, mas eu implorei e pedi para que
não fizesse isso, depois de tanta insistência ele aceitou o meu
pedido. Apesar de ultimamente ela não me fazer mais companhia
não quero que fique sem emprego.

Saio do meu devaneio quando alguém me cutuca pelas costas, me


viro para ver quem é, mas mal posso acreditar quando o rosto que
vejo é o do meu irmão olhando para mim apesar da sua cara
abatida.

— Dimitri! — Salto em sua direção e ele me recebe em um abraço


forte, e assim como eu sei que ele morreu de saudade, choro por ter
ficado tanto tempo sem poder vê-lo ou conversar com ele, e por mais
que ele tenha feito o que fez comigo eu continuo o amando, ele é
meu sangue minha única família desde que nosso pai nos deixou —
irmão eu senti tanto a sua falta.

Nos separamos e ao mesmo tempo um segura o rosto do outro


como se não acreditássemos que realmente estamos juntos agora.

— Não chora baixinha — e depois de muito tempo eu vejo algo em


seus olhos, lágrimas. Ele chora comigo ao se aperceber que não
estou mais cega — Você cresceu tanto. Eu vim aqui tantas vezes
procurando por você mas nunca me deixavam te ver. Seu marido me
disse que você estava viajando.

— Sim eu estava — de mãos dadas caminhamos até o banco


onde eu estava sentada a pouco tempo e nos sentamos — na
verdade eu tinha fugido — falo escondendo o rosto nas mãos, pois
Dimitri faz uma cara nada boa.
— O quê? Sasha você ficou louca? Seu marido em um dos
homens mais ricos do mundo o que você acha que teria acontecido
se algum bandido ou sequestrador tivesse descoberto que você
estava por aí bancado a esposa revoltada? — ele realmente está
furioso comigo, baixo meu olhar e encaro minhas mãos — baixinha,
não fique assim, eu fiquei zangado porque você foi imprudente nessa
sua travessura e se colocou em perigo. Agora sei que você está bem
não te darei nenhuma bronca, esse direito não me pertence mais,
por favor não faça mais isso. Mas agora me conta aonde você
estava?

— Numa pequena cidade portuária em Cuba. O lugar mais lindo e


cheio de agitação e de pessoas animadas e simpáticas, bem
diferente de San Petersburgo quando está coberta de neve. Vivi os
momentos mais felizes da minha vida lá com minhas amigas.

— Que amigas?

— A Rosa Angélica e a Emanuelle. — Expliquei para ele quem são


elas e seus maridos.

— Não acredito que a esposa do filho da p... — sei muito bem que
ele ia xingar o marido da Emanuelle — esquece. Continue me
contando sobre essa sua aventura pela América latina.

E assim passamos a tarde, almoçamos juntos, relembramos


algumas coisas do passado e evitei falar dos nossos pais porque sei
que Dimitri não gosta quando falamos sobre eles.

Quando ele foi embora o sol já estava se pondo dando espaço a


noite, mas a despedida dele não sai da minha cabeça, fiquei até
muito agoniada, como se algo de ruím fosse acontecer.

E como não tenho nada para fazer resolvo fazer um tour pela casa
uma vez nunca me dei tempo para tal. Exploro os lugares que nunca
sequer coloquei os pés, e sei que não conhecerei toda essa casa em
apenas algumas horas, por isso faço tudo rápido. Conheço a
cozinha, a qual encontrei funcionários tão silenciosos que apenas se
dirigem a mim quando necessário, exploro também alguns quartos.

Tento abrir a porta do escritório do Christopher mas me dou conta


que logo ao lado da mesma se encontra um painel onde
provavelmente se coloca a senha ou a digital. Desisto e busco outros
lugares, como por exemplo a sala de leitura, a biblioteca, que ainda
irei explorar com mais atenção, mas agora preciso de um banho.

Estou caminhando pelo corredor que leva ao meu quarto quando


um outro lance de escadas chama minha atenção, e sei muito bem
para que parte da casa ela vai. E mesmo meus instintos gritarem que
devo dar meia volta e ir para o quarto e permanece firme na missão
de continuar bisbilhotando.

Deixo o último degrau da escada para trás e me deparo com um


corredor escuro e silencioso. No fundo é possível ver a porta do
quarto de jogos, e sei que ela está fechada e trancada, Christopher
guarda por conta própria a chave. E aquele lugar era o único lugar
interessante que eu tinha para explorar nesse andar, mas, mais no
fundo do corredor uma outra porta chama minha atenção, a madeira
maciça e a maçaneta no estilo da idade média atiçam ainda mais
minha curiosidade, pelo caminho encontro um interruptor por onde
consigo trazer um pouco de luz ao lugar.

Olho para trás para ver se alguém me seguiu mas não vejo
ninguém. Então dou continuidade ao meu percurso, quando
finalmente me deparo com a porta na minha frente não penso duas
vezes em segurar na maçaneta, meu coração bate de forma
descompassada e a adrenalina me deixa no pico da ansiedade, testo
a maçaneta para verificar se ela se encontra trancada ou não, me
surpreendo quando ela abre, engulo em seco e empurro a porta.

Sou recebida por um ambiente escuro e sem vida, a poeira e as


teias de aranha estão começando a tomar conta do lugar.
Praticamente não existe nenhum móvel, a não ser pela poltrona num
dos cantos e uma escrivaninha logo ao lado, e sobre ela se
encontram alguns porta retratos pelo que posso ver.
Me aproximo do móvel e seguro na primeira fotografia, por causa
da penumbra e poeira não consigo ver quem está na foto. Quando o
vento sopra e consigo move a cortina branca e de tecido leve e
dessa forma trazendo para o interior do cómodo a luz formada pela
lua me admiro quando de repente alguma coisa reluz num dos
cantos. Caminho até lá e a cada passo é como seu eu recebesse um
facada ou golpes no coração.

Um berço!

— O que faz aqui? — o porta retratos que estava nas mãos cai e o
vidro se espatifa fazendo um barulho estridente.
Desde que acorrentei Sasha á minha vida, ir até ao escritório se
tornou algo que faço de vez em quando. E após muitos dias em casa
averiguando de perto a sua recuperação resolvi que estava na hora
de voltar a trabalhar, apesar dos últimos acontecimentos não posso
me ausentar do banco, existem coisas que exigem minha atenção.

Hoje minha esposa irá receber a visita do irmão. E espero que ele
não meta coisas na cabecinha dela, ou então nós iremos acertar
nossas pendências e não vou descansar até o achar no buraco onde
ele se esconde.

Meu celular vibra no bolso interno do terno. Retiro o dispositivo e


estranho ao ver um número desconhecido brilhando na tela, disco
em atender e posiciono ele no ouvido.

— Sou eu Parker!

— Dominic! Já devia imaginar que era você.


— Só liguei para informar que está tudo pronto para nossa
operação. Em num máximo uma semana estaremos invadido a
fortaleza Zimmerman. As provas que eu estava esperando daquele
meu contato dos serviços secretos chegaram, e é suficiente para
ferrar quem não irá morrer. — Morte e seus derivados são palavras
assíduas a cada cinco frases pronunciadas por Domínic.

— Certo, espero que dê tudo certo. Preciso que faça algo por
mim?

— Quem? — ele sabe que precisa que investigue alguém.

— O nome dela é Morgan Jackson, ela trabalha como companhia


da minha esposa. Mas já faz um tempo que desconfio dela, na
verdade toda vez que olho para ela tenho a leve impressão de a
conhecer de algum lugar.

— Tudo bem. Me manda as informações que ela te apresentou na


hora da contratação.

— Certo. — Falamos um pouco sobre como iremos proceder no


dia do ataque e depois disso nos despedimos terminando a ligação.

O carro estaciona no subterrâneo do prédio, saio do veículo e me


encaminho até o elevador privativo.

E quando abro a porta da minha sala a primeira coisa com a qual


me deparo é uma mulher ajoelha no chão de cabeça baixa em
posição de submissão, os cabelos ruivos que chamariam a atenção
de qualquer um, são o que denuncia de quem se trata o corpo de
curvas chamativas está completamente nuo, sempre soube que ela
me daria problemas.

Merda

— Estou pronta para servi-lo amo.


Quando comecei a fazer minhas sessões de psicoterapia com a
Alisson nunca imaginei que voltaria para aquele consultório outras
vezes seguidas em anos diferentes, mas eu voltei, porque a merda
daquele dia do acidente me atormentava de tal forma que falar
parecia amenizar os pensamentos fodido que não saíam da minha
cabeça, a culpa, o remorso a saudade entre outros sentimentos que
podemos nutrir pelos que achamos ser nossa salvação.

Quando nos cruzamos num dos clubes - eu e a doutora Alisson


neste caso - que eu mais frequentava sabia que haveria uma fase
que ela me traria problemas, sabia que devia ter saído daquele
quarto quando percebi que naquele dia ela seria minha submissa.
Mas a perversão e o meu lado sádico não resistiram quando a viram
nua, amarada e respirando ofegante olhando para o chicote em
minhas mãos, assim como eu, ela se excita com a dor. Mas em
sentidos diferentes, porque ela gosta de sentir dor, é uma
masoquista nata e eu gosto de infligir ela.

Tranco a porta do meu escritório, e me aproxima dela, ela está


viciada nisso. Mas eu não posso mas dar a ela o alívio que ela
precisa, não quando tenho em casa tudo o que preciso. Saio da
frente dela e vou em direção ao sofá onde ela deixou o sobretudo.
Seguro na peça e a coloco por cima de seus ombros.

— Levanta Alisson! — e imediatamente ela assim o faz, de cabeça


baixa. Ela continua agindo como se estivéssemos tendo nosso
momento, dom e submissa — por favor vista-se e saia da minha
sala.

O espanto é tanto em seu olhar que ela chega a ficar meio


desnorteada.

— Senhor, por favor não me tire da sua vida. Você não foi mais no
clube e desde a última vez que estive no quarto de jogos na sua
casa você me descartou — com os dedos massageio minhas
têmporas porque não quero me irritar aqui no escritório, senão sou
capaz de arremessar ela pela janela.

— Alisson para com essa merda. Eu sou um homem casado, e


você já sabe disso. Não haveria razão para continuar frequentando o
clube e muito menos me envolver com você. Nossos laços nesse
mundo acabaram e já agora não necessito mais dos seus serviços
como psicóloga, porque você já está confundido as coisas. —
Vocifero sem conseguir segurar a raiva.

— Você precisa de mim. Porque você não vive sem ser um dom,
isso faz parte da sua essência. E eu sou a única capaz de aguentar
toda sua potência — me sento na minha cadeira para observar sua
loucura melhor.

— Não se engane, eu nunca usei toda minha potência em você.


Encontrei alguém melhor e que é capaz de aguentar o pior de mim.
Então não se iluda. — Enquanto ela respira de forma alterada e
ofegante feito um touro raivoso, seguro no meu celular e mando uma
mensagem de texto para meu chefe de segurança mandar um
equipe para retirá-la da minha sala. Esse show já consumiu muito do
meu tempo.
— Quem? A tonta da sua esposa cega? Faça me o favor
Christopher — num instante eu estava sentado e no outro estava
com minha mão em volta do pescoço dela, e uma ligeira vontade
doente de quebrá-lo me surgiu. Mas me segurei, porque esse não é
momento para ser acusado de homicídio.

— Nunca mais se atreva a abrir essa sua boca suja para falar da
minha esposa sua puta — ela está começando a ficar vermelha e
está cada vez mais ficando sem fôlego só mais um pouco e ela
morre — entendeu?

Ela assente toda desesperada tentando bater meus braços para a


soltar, sem delicadeza nenhuma solto o pescoço e ela cai no chão
fazendo um barulho estrondoso buscando por ar, as marcas dos
meus dedos estão lá e não me importo com isso. Ela me olha com
medo e surpresa, pelos visto ela notou que realmente sou capaz de
a matar apenas com minas mãos.

— Eu te avisei que se me atormentasse eu ia ferrar com a sua


vida. E eu tenho um defeito, nunca esqueço o que prometo. —
Destranco a porta do escritório, e dois seguranças entram
acompanhados por uma equipe de um hospital psiquiátrico. —
Senhores, aquela é a doente.

— O quê? — numa tentativa falha de fugir, os enfermeiros


seguram nela — Christopher, Seu maldito. Você vai se arrepender
por isso. — Ela esperneia e grita mas não é solta. Até que aplicam
um calmante nela para ser levada sem grandes transtornos.

Após toda confusão eu dou por iniciado o meu dia de trabalho. E a


cada uma hora eu assessava as câmaras de segurança da casa
para observar todos os movimentos da minha esposa.

Quando o relógio marcou seis da noite eu dei por terminado o meu


dia no trabalho, não estava mais conseguindo me concentrar em
nada por causa do dia da operação se aproximando, o prazo que
Antonín me deu para ceder acabou, e até agora ele não reagiu.
Provavelmente está armando alguma coisa.
Quando finalmente o carro estaciona em frente da minha casa,
abro a porta e saio do veículo, volto a colocar meu sobretudo e
alguma coisa no último andar da casa chama minha atenção. O
cómodo que não visito a muito tempo, desde que me casei para ser
mais preciso, está iluminado, e sei que é porque a luz do corredor
está ligada.

Ninguém aqui me desafiaria e desacataria uma ordem minha


invadindo minha privacidade. Meus funcionários estão extremamente
proibidos de ao menos chegar no último andar.

A única capaz de fazer tal coisa, é uma baixinha de olhos azuis. E


de uns tempos para cá ela tem ficado curiosa demais, fazendo
perguntas que ainda não posso responder me dando olhares
sugestivos quando fica com curiosidade. O que eu menos preciso
depois do dia estressante que tive é de ouvi-la me perguntando
sobre o quarto e os objetos que estão lá. E no momento não quero
pensar em quem foi capaz de abrir a porta para ela, porque assim
como o quarto de jogos aquele lugar deveria estar trancado.

Caminho até o interior da casa, ignoro a saudação da governanta


que me recebe na porta, a fuzilo com meus olhos, pois é função dela
e da outra empregada vigiar minha esposa no interior da casa. Assim
que alcanço a escada subo dois degraus de uma vez, e isso se
estende até chegar ao corredor do último andar, tal como desconfiei
a bisbilhoteira ligou uma das luzes do corredor.

Me encosto no batente da porta e observo cada movimento seu,


ela não me vê pois está de costas pra mim observando as fotos que
estão por cima da escrivaninha, até que ela percebe o berço no
canto do comodo e decide caminhar até lá. E é possível ver o quanto
ela ficou impressionada.

— O que faz aqui? — minha voz a assustou tanto que ela deu um
pulinho depois de espatifar pelo que vejo um dos porta retratos —
anda anjo, a caça ao tesouro acabou por hoje. Vamos sair daqui, já
chega de aventuras por hoje.
Ela não pensa, apenas me obedece imediatamente caminhando
em minha direção, quando ela tenta passar pela porta eu bloqueio o
caminho para que não saia. Mesmo nessa escuridão moderada é
possível ver seus olhos brilhando.

— Quem foi que abriu a porta para você? — Seguro seu queixo
para que sustente o olhar no meu.

— Quando cheguei ela já estava destrancada. — Ela está


tremendo.

— Ninguém é autorizado a entra aqui anjo — me posiciono mais


perto dela para dar leves beijos em seu pescoço apertando sua
cintura coberta pelo vestido leve.

— Desculpa eu não sabia.

— Certo! — saímos juntos do cómodo abandonado fechando a


porta, seguro na mão dela para juntos caminharmos — venha, eu
quero comer você antes do jantar.

Não preciso olhar para saber que as bochechas dela mudaram de


tom assim que ela ouviu minha frase de marido tarado.

E foi impossível não rir.

— Ah anjo!
Maldito

Praguejo internamente ao vê-los caminhando em direção às


escadas, espero mais alguns minutos até finalmente sair do meu
esconderijo numa das portas. E mais uma vez meu plano para que a
esposa descubra que ele já foi casado falha, ele não confessou nada
para ela, mas sei que consegui pelo menos plantar uma dúvida na
cabeça dela.

Porque tal como a Stacy ela vai morrer se continuar com um


homem assim, e se ela não se afastar dele não vou me importar de
matar os dois quando a hora chegar.

Não vou descansar enquanto não vingar a morte da minha irmã. E


não é só, depois que tudo acabar sairei muito bem remunerada.

A mais ou menos seis anos quando eu estava presa na


penitenciária estadual do Texas recebi a notícia de que minha irmã
estava morta, assassinada pelo próprio marido a sangue frio, um
anónimo me entregou todas as provas.
Fotos da minha irmã toda coberta pelo próprio sangue, e não
entendo como ele não teve piedade sabendo que ela estava grávida
do próprio filho. Nem isso sensibilizou seu coração frio e cruel.

Eu e Stacy nunca fomos tão próximas apesar de irmãs gêmeas,


ela era a menina sensível simpática e bondosa que todo mundo
queria como amiga, já eu, era conhecida como a rebelde por todos,
até por nossos pais, que a vida inteira deram atenção a ela e se
esqueceram que éramos duas.
Quando tínhamos dezassete anos nossos pais faleceram e dessa
forma éramos apenas nós duas e o mundo, como ela sempre foi
dedicada aos estudos conseguiu ganhar uma bolsa para uma das
melhores universidades do país e dessa forma se mudou até aqui no
estado de Washington. Ela se formou com honras em arquitetura, e
segundo ela tinha encontrado o homem da vida dela, nós apenas
nos falávamos pelo celular, um par de anos depois dela ter se
formado eles casaram, não houve festa nem convidados, foi algo só
para os dois. Segundo a Stacy, o noivo dela era bastante
conservador e não gostava de chamar muita atenção.

Enquanto eu, levava a mesma vida medíocre no Texas ela estava


casada com um herdeiro milionário, foi então que meu namorado
teve a mirabolante ideia de assaltar um banco, tudo deu errado e
então fomos presos por tentativa de assalto. Cumpri cinco anos de
prisão.

Quando saí da cadeia meu principal objetivo era arranjar um jeito


de me aproximar dele sem ele saber quem eu era. Quando achei que
não daria mais jeito alguém bateu a velha porta da casa dos meus
pais dizendo ser meu amigo e tal como eu também buscava por um
mundo melhor, segundo ele, pretendia mudar o acontecimento das
coisas e que precisava de mim. Ele disse que me ajudaria a me
infiltrar na casa do Christopher , e tudo o que eu precisava fazer era
mandar relatórios sobre tudo o que acontece na casa.

O que eu não contava é que o desgraçado vivia numa mansão


impregnada por seguranças em toda parte, até o que é acessado
pela internet pelos funcionários eles podem averiguar. E por esse
lugar estar distante da cidade é praticamente impossível acessar
internet pelos dados do celular, e dessa forma sou obrigada a me
deslocar ao centro da cidade para acessar alguma rede de internet
pública, uma chamada ou mensagem de texto para Alemanha é
praticamente impossível sem internet.

Antonín Zimmerman

Esse homem me ajudou e prometeu que acabaria com Christopher


assim que conseguisse o que precisa dele. E para que eu não fosse
descoberta, tive que passar por inúmeras sessões de cirurgia
plástica em meu rosto, pois ele me reconheceria em um segundo se
não tomasse tais providências. Mudei meu nome e tudo relacionado
ao meu passado, esse alemão é tão poderoso que conseguiu mudar
toda minha identidade na base de dados estaduais. Como se eu
fosse outra pessoa. Stefany Moore morreu quando se deu lugar a
Morgan Jackson.

Uma mulher solitária, sem família. Sem vida amorosa mas com
conquistas académicas que nunca imaginei na minha vida existirem.

Quando recebi um e-mail do pessoal do Zimmerman dizendo que


eu seria contratada pelo pessoal do Christopher para trabalhar como
uma espécie de dama de companhia da sua atual esposa, eu já
estava pronto para colocar em prática o nosso plano. E que esposa
chata ele arranjou, ela fica o tempo todo querendo saber sobre mim
ou perguntando sobre coisas que não lhe dizem respeito e não vejo
a hora de tudo isso acabar, porque já estou me sentindo
claustrofóbica nesse lugar.

Saio imediatamente do interior da mansão e vou direto para a área


das casas dos empregados, e pelo que vi o casal está jantando. Não
entendo como ela consegue suportar ficar ao lado de um homem
como aquele. Será que ela não consegue ver o olhar assassino que
ele tem? Tudo bem que ele é lindo e atraente, mas nem isso é
suficiente para me desviar da minha missão.
Tomo um banho rápido e me arrumo para dormir, não tem muita
coisa para fazer aqui, Sasha já está enxergando, ela é tão tonta e
bondosa igual a Stacy que pediu ao marido para não me mandar
embora uma vez que ela não está mais cega. E como ainda não é o
momento certo de ir embora eu continuo aqui.

Provavelmente a Stacy esteja se contorcendo no túmulo por causa


do que estou fazendo, mas ela precisa entender. Isso não é só pelo
dinheiro, mas sim por justiça. Se fosse possível eu dava um tiro na
cabeça daquele maldito sádico sem pestanejar.

Mas quando o Antonín conseguir tudo que quer dele não vou
hesitar em atirar bem no meio da testa dele. Essa casa e todos
outros imóveis dele irão ficar para mim, assim como o Antonín me
prometeu.

— Quem mandou você destrancar a porta daquele quarto? — pulo


da cama ao ouvir essa voz no meio da penumbra do meu quarto.

Merda.
Depois de tanto tempo eu estou sentindo a textura da página de
um livro normal, um livro que posso ler olhando para cada letra ao
invés de senti-las, como foi durante mais de cinco anos da minha
vida.

A biblioteca da casa é tão recheada que peguei esse livro que


estou lendo aleatoriamente, porque fiquei tão fascinada que mal
soube o que pegar. E esse não é o único, são muitos outros depois
da noite que Christopher me flagrou saindo daquele cómodo, quando
ouvi a voz dele me perguntando o que eu estava fazendo lá juro
que quase senti minha alma me deixar, e o pior é que eu ainda não
consegui descobrir algo que me dê a certeza do que eu estou
pensando.

Meu Deus, porquê ele tinha que dificultar as coisas?

Depois que saímos de lá eu não parei de pensar naquele lugar e


muito menos no berço nem por um segundo, ele esconde coisas de
mim eu sei disso, e eu devia respeitar que tenha seus próprios
segredos mas eu não quero, eu quero saber tudo sobre ele.
Porque eu estou apaixonada.

Ele acabou conseguindo sem esforço nenhum entrar no meu


coração, e agora não sei se vou conseguir lidar com tudo isso. Não
sei como ele irá reagir quando souber disso, nem se quer sei se
tenho coragem para contar. E nosso casamento está numa fase tão
intensa que fica impossível não me afundar ainda mais em
sentimentos por ele. Ultimamente nosso sexo tem sido tão diferente
do que estou acostumada, desde aquele dia que ele me machucou
nunca mais voltamos para lá.

Não que eu não goste de estar lá, porque na verdade é bom, mas
essa fase está muito melhor.

Minhas bochechas chegam a esquentar só de lembrar tudo o que


fazemos juntos quando estamos juntos no quarto, ou no banheiro ou
no escritório dele, que é onde ele me possuiu ontem quando eu por
acaso estava passando pela porta e ele me flagrou o espreitando.

Fecho o livro com a intenção de sair da sala de leitura, coloco o


livro em cima de uma mesinha que se encontra ao lado da poltrona
na qual estou sentada. Que por sinal é bem confortável para quem
passa muito tempo lendo. Me levanto e quando ia dar o primeiro
passo uma tontura forte toma conta de mim me fazendo dar um
passo atrás e voltar a me sentar.

Fecho os olhos e respiro fundo para que o mal estar passe, leva
alguns minutos até eu me sentir cem por cento recuperada.
Permaneço mais um tempo sentada com medo que as tonturas
voltem. Não entendo o que está acontecendo, ontem também senti a
mesma coisa quando levantei da cama de manhã, mas deve ser
porque ontem eu dormi muito, só acordei ao meio dia.

Hoje provavelmente porque me levantei depressa sendo que fiquei


tanto tempo sentada, já vi várias vezes explicarem que isso acontece
muito, só pode ser isso, porque fome não é, eu tenho comido como
um esfomeada.
Com todo cuidado e da forma mais vagarosa possível eu volto a
me levantar e desta vez eu não sinto nada. Saio da sala de leitura
indo em direção a cozinha, ainda falta um tempo até servirem o
almoço mas eu preciso comer alguma coisa.

Tal como nos outros dois dias procuro pela Morgan primeiro para
saber se ela quer me acompanhar, mas não a encontro. Esse é o
terceiro dia que não a vejo em nenhum lugar da casa, não sei o que
aconteceu e ela não me disse nada. O jeito vai ser perguntar ao
Christopher se sabe alguma coisa dela porque os outros funcionários
não sabem de nada.

Entro na majestosa cozinha, e para minha sorte nenhum dos


funcionários está nela. E de repente me dá vontade de comer pizza,
eu não sei como pedir, opto por procurar nas inúmeras portas
algumas bolachas. Finalmente acho uma porta onde seu conteúdo
grita a comida gordurosa e doce, seleciono tudo o que preciso e vou
comer tudo assistindo a algum filme.

Quase grito de susto quando a governada entra na cozinha de


repente.

— Senhora Parker, posso ajudá-la? — nego com a cabeça


enquanto tento terminar de mastigar a bolacha.

— Não obrigada. Já peguei o que eu precisava. Desculpa invadir a


cozinha.

— Por favor não se desculpe, a casa é sua senhora. — ah sim,


claro. — Se quiser posso preparar um lanche antes do almoço, vejo
que está com fome.

— Não, obrigada. Isso é suficiente para aguentar até a hora do


almoço — me despeço dela enquanto ela me lança um olhar muito
esquisito, como se ela soubesse de algo que não sei. Antes de sair
da cozinha me viro para olha-la — a senhora por acaso sabe se a
Morgan já voltou?
— Não senhora. — Assinto e volto a fazer meu caminho até a sala
de cinema. Me acomodo num dos confortáveis assentos. E depois de
muito tempo essa é a primeira vez que tenho um dia totalmente
relaxante, apesar dos pequenos problemas, como por exemplo meus
sentimentos pelo Christopher e o segredo que ele guarda naquele
quarto.

Depois de mais de uma hora, ora comendo ora atenta na enorme


tela, alguém bate na porta e vejo que é a governanta.

— Senhora! Desculpa interromper, mas o senhor Parker deseja


falar com a senhora — ela me entrega o telefone e vai embora.
Respiro fundo e coloco o aparelho do ouvido.

— Porquê não atende minhas ligações? — arregalo os olhos


espantada porque mal sei aonde está meu celular, eu raramente uso
aquele aparelho. — Na verdade é que quero saber porque nunca
está com ele em mãos?

— Ele deve estar no quarto e nesse momento eu estou na sala de


cinema.

— Eu sei que está na sala de cinema — ele anda me vigiando?


Ouço ele suspirando ruidosamente até voltar a falar — quero que se
arrume, em dez minutos o motorista e alguns seguranças irão levá-la
para encontrar sua amiga.

Que amiga?

Me pergunto internamente.

— Mas Christopher de quem você está falando?

— Da sua amiga russa, aquela que vive te ligando. Eu ouvi quando


ela te vi convidou para se encontrarem no centro da cidade — não
sei se pulo de alegria ou simplesmente me belisco porque isso só
pode ser um sonho — então se prepare. Ela também já foi informada
do vosso encontro. Nada de ficar em lugares movimentados, não fale
com pessoas estranhas e se sentir, ver ou ouvir algo estranho fale
com os seguranças que imediatamente me ligarão.

— Tudo bem, vou seguir ao pé da letra todas as suas


recomendações. Obrigada — falo meio sem jeito porque é raro ele
fazer uma gentileza assim.

— Certo. Até mais tarde! — Ele desliga e saio às pressas para me


arrumar. Quando entro no closet, escolho uma calça jeans preta,
uma blusa manga longa e com gola alta de cor marrom. E nos pés
opto por um tênis branco, olho para as inúmeras bolsas que estão
sobre as prateleiras e acho um exagero, uma vez que nunca usei
nenhuma. Mas mesmo assim opto por levar uma delas para colocar
meu celular e outras pertences.

Assim que coloco os pés no lado de fora da casa o motorista já


estava me esperando com a porta traseira do carro aberta. Entro no
veículo e me acomodo, trinta segundos depois estávamos deixando
para trás os portões da mansão Parker.

Aprecio o dia lindo que está hoje, e me sinto tão feliz, nunca
pensei que viveria tantas coisas assim num dia. Sinto que aos
poucos Christopher vai me dando um pouco de liberdade, porque eu
achava que ele nunca mais me deixaria sair daquela casa.

Pela janela aprecio a linda cidade de Seattle, consigo até tirar


algumas fotos quando passamos por alguns pontos turísticos como
por exemplo a Space Needle.
O carro estaciona em frente a um lindo edifício, e assim que saio
do mesmo escuto um gritinho muito bem conhecido por meus
ouvidos.

— Sasha — Yeva corre até mim, me abraçando e levantando meu


corpo do chão ao mesmo tempo. Também a aperto forte em um
abraço, nós duas começamos a chorar devido a tamanha felicidade
que sentimos em nos ver depois de tanto tempo. A saudade é tanta
que chega a doer o coração — eu senti tantas saudades de você,
sua baixinha, nem acredito que aquele ogro do seu marido te deixou
vir me ver.

Rio pela sua frase, e limpo minhas lágrimas com o dorso da mão.

— Também senti muitas saudades. E ei, não chame meu marido


de ogro. Ele é só silencioso e não é de falar muito.

— Olha só para você, está tão apaixonada que mal enxerga isso
nele. — Viro meu rosto para que ela não veja minhas bochechas
coradas. — Ele mal teve a decência de me ligar, e delegou alguém
para confirmar nosso encontro.

— Quem disse que eu estou apaixonada?

— Essa sua cara lavada toda vez que você fala dele — ela
gargalha tão alto que algumas pessoas no shopping param para
olha-la. Essa é a Yeva que eu conheço, não consigo entender como
apesar de ter esse espírito alegre ela seja minha amiga, somos
totalmente o oposto uma da outra — amiga essa sua cara não
esconde o brilho que surge quando você ao menos fala o nome dele.
E agora com você frente a frente posso afirmar que você está sim
apaixonada por ele.

— Para! Não estamos aqui para falar do meu casamento e sim


para nos divertir.

— Mas me esclarece uma última coisa. — Me viro para encara-la


— o pau dele é daqueles grande, médio ou nem por isso. Ele é tão
grande que que dá para deduzir que o pau também seja.

— Yeva! — não sei onde colocar a cara e essa comodidade que


ela tem para falar essas coisas não me admira, eu aposto que
mesmo sendo da máfia ela não seja mais virgem — não vou falar da
minha vida sexual com você.

Se ela soubesse as coisas que Christopher praticamente me


obrigou a aprender ela acharia que sou outra. Deixamos a minha
vida sexual de lado mas sem antes ela querer confirmar esse boato
de que meu marido é um Dom.

No resto do passeio entramos em lojas aleatórias comprando


besteiras que provavelmente nunca vamos usar. Num dado momento
a vontade de comer pizza volta quando vejo uma pizzaria em um dos
andares. Puxo ela até lá e quando entramos somos direcionados a
uma mesa, e tudo isso com os seguranças nos observando a uma
distância confortável.

— Desde mais cedo eu estou com uma vontade muito grande se


comer pizza, nunca senti tanta vontade assim — digo enquanto
aprecio o cardápio, que por acaso já está me deixando com água na
boca, já posso sentir aquela massa deliciosa nas mãos e os milhões
de sabores do recheio. — Porquê está me olhando assim Yeva?

Ela está me olhando de um jeito tão estranho.

— Para além desse desejo súbito por pizza tem sentido mais
alguma coisa?

— Agora que você está perguntando isso, sim, tenho sentindo um


mal estar esses dias. Umas tonturas na verdade, será que estou
ficando doente? — ela gargalha como se o que eu disse fosse
alguma piada, o meu pedido chega e imediatamente começo a
devorar a pizza.

— Qual método contraceptivo você costuma usar? Tipo camisinha,


injeção você sabe...

— Na verdade não sei direito, na época eu estava tão abalada


com o fato de me casar com um desconhecido que não prestei muita
atenção para os detalhes quando a médica indicada por ele me
explicou como funciona o método. Mas eu uso um chipe
anticoncepcional.

— E qual é o período de renovação dele?


No mesmo momento congelo com a pergunta, eu negligenciei
tanto as coisas naquela época, que mal me lembro de uma única
palavra dita pela médica hoje em dia. Eu dou de ombros e respondo:
— eu não sei.

— Então acho que vou ser titia — me engasgo com meu suco
olhando para ela que bate palminhas — é isso que acontece quando
duas pessoas transam que nem dois coelhos e sem proteção. Presta
atenção nos sintomas, vontades súbitas por comida, tonturas, você
me disse que andava muito sensível na nossa última ligação, e isso
tem nome. Se chama gra-vi-dez.

Não, não pode ser possível.

— Isso não significa nada, não acredito que esteja grávida, eu


mesma sentiria se estivesse — ela fala alguma coisa sobre comprar
um teste e eu continuo comendo mesmo esse assunto martelando
na minha cabeça.

Depois de comermos voltamos a dar mais algumas voltas, até que


Yeva entrou sozinha numa farmácia para comprar o tal teste. E mal
posso definir o nível da minha ansiedade agora, neste momento com
a realidade tão evidente fico com medo que o teste dê positivo,
Christopher não é o tipo de homem que ficaria feliz com uma notícia
assim.

— Aqui está! — Ela me entrega a caixinha e reparo nela bem


concentrada. — Vamos em um dos banheiros para você fazer, não
vou me aguentar de curiosidade se você for fazer em casa.
Quando íamos até uma das portas que levam aos banheiros um
dos seguranças avança na nossa direção.

— Senhora Parker, precisamos ir. Seu marido a espera no lado de


fora do estabelecimento — franzo o cenho olhando para Yeva que
também faz o mesmo. Sem discutir mais caminhos com o homem.

E assim que vejo Christopher parado ao lado do carro que me


trouxe com a porta aberta eu sinto meu peito apertar e um mal
pressentimento tomar conta de mim.

— Entre no carro! — Não o obedeço, continuo parada olhando o


ele.

— O que aconteceu Christopher!? — De repente Dimitri me vem


na minha mente, e não entendo Porquê. — Christopher o que
aconteceu? — Eu praticamente grito segurando seu terno, chorando
desesperada.

— É o Dimitri! Ele morreu.

Não consigo mais me situar, meus membros não me obedecem. E


antes de apagar lembro de ser segurada pelos braços fortes do meu
marido.
Ajeito meu vestido no lugar depois de aquele maníaco sair do
quarto e me deixar em paz. E pelo visto a pessoa com quem ele está
falando ao celular é muito importante para aceitar ser interrompido
de fazer suas perversidades com meu corpo.

Levanto da cama e coro até a porta para tentar ouvir a conversa,


não escuto quase nada porque a porta está fechada. A agitação aqui
na fortaleza é tanta que não quero pensar no que está por vir, porque
sei que tudo será resumido em sangue e mortes. O prazo que ele
deu ao marido da minha filha já acabou, sei disso porque eu contei
cada dia para saber quando eu veria meus filhos.

Me afasto da porta assim que ouço os passos dele se


aproximando. Fico parada em frente a janela de costas para a porta.
Ouço o exato momento que ele entra no quarto e se aproxima de
mim.

Me abraça pela cintura e começa a beijar meus ombros.


— Estava ouvindo minha conversa atrás da porta nem bichinho?
— apenas nego com a cabeça — não me engane, eu vi sua sombra
pelo vão da porta. Tenho uma notícia triste para você, no final você
poderá ver apenas sua filha mais nova, porque o seu primogénito
está morto, obra dos italianos. — E ele ainda sorri.

— Não — e depois de tanto tempo sem conseguir falar, essa


palavra é a única que sai. E um choro forte toma conta de mim. Até
quando eu vou viver nesse sofrimento sendo escravizada e vendo os
que eu amo morrendo sem poder fazer nada?

E o pior de tudo é ver o quanto esse doente ama me ver destruída


a cada vez que chega para me dar uma notícia como essa.

— Eu vou te matar Antonín Zimmerman — sussurro depois dele


sair do quarto quando se sentiu satisfeito de me usar.
Coloco o corpo pequeno da minha esposa sobre a cama do quarto
que se encontra no meu jato, não precisa muito para saber o quanto
ela está cansada, seu copo meio agitado indica que provavelmente
está tendo algum pesadelo. Quando ela acordou depois de ter
desmaiado em frente ao shopping me perguntou se havia sonhado
ou eu realmente contei a ela que o irmão tinha morrido, então
confirmei para ela que sim, Dimitri está morto. Desde então ela não
para de chorar, fizemos o caminho até o aeroporto com ela em
prantos e quando a aeronave decolou e ela se apercebeu que
estávamos indo rumo a Rússia ela chorou ainda mais.

Por isso decidi dar um calmante para ela, não quero que passe
mal durante a viagem, mandei minhas funcionárias preparem nossos
pertences, a viagem até a Rússia vai levar algumas horas e não
quero que ela esteja acordada esse tempo todo porque sei muito
bem como será. Ela não está cem por cento dormindo, mas aos
poucos o calmante vai fazendo o seu trabalho.

Tiro seus sapatos e coloco uma coberta sobre seu corpo. Ela se
remexe mas depois fica quieta, me sento ao seu lado para acariciar
seus cabelos negros.

Meu anjo

— Christopher! — me viro imediatamente e ela continua dormindo,


está apenas sonhando — não me deixa, fica comigo por favor não
vai.

— Eu estou aqui anjo, não irei para lugar nenhum. Meu lugar é
com você — retiro meus sapatos e me deito ao seu lado, como se o
que eu disse a tivesse acalmado ela para de se agitar — nada nem
ninguém irá me tirar do seu lado, nem mesmo o diabo.

Beijo o topo da sua cabeça enquanto ela se aconchega em meus


braços.

— Eu te amo! — Ela diz de repente mesmo mergulhada no próprio


sono. Faz anos que não ouço essas três palavras, faz tanto tempo
que mal me lembrava que elas existiam. Se eu mal as ouvia muito
menos as pronunciava, até mesmo a Stacy apenas as ouviu de mim
em seus últimos segundos de vida.

Não entendo, mas uma parte de mim vibra só de imaginar que


essas palavras dela não foram mera consequência do seu sono
delirante, mas a outra parte, a mais sensata e racional não quer se
prender a isso porque no momento certo isso servirá como arma
para qualquer um que queira me destruir, até eu mesmo. Isso pode
servir como arma para mim na medida em que terei muitos motivos
para a manter do meu lado para sempre.

E ela merece muito mais do que isso, ter filhos, cachorros e todas
as outras merdas que as mulheres sonham em ter, coisas que a
minha natureza não está pronta a dar, mas aos poucos estou me
tornando mais liberal com ela, mas não o suficiente para pensar em
formar uma família.

Sasha
Tão pequena e já conseguiu fazer um grande estrago na minha
cabeça e ocupar grande espaço na minha vida.

Os últimos dias tem sido tão corridos que achei que seria muito
bom para ela sair um pouco de casa e se distrair um pouco com
aquela amiga intrometida, o que não contava é que Enrico me ligaria
para informar a morte do irmão dela.

Merda

E não é só aqui que as coisas estão feias, na Itália também, e


como sempre Dimitri estava metido em problemas, não entendo
como ele teve a ideia de aprontar contra o Enrico, mas no final ele
não foi morto pelo mafioso e sim por um outro traidor, o Fabrizio,
aquele cara nunca me desceu, e agora eu entendo porquê. Dominic
também está na Itália, e não imagino o que ele está fazendo lá mas
soube que ajudou a salvar a esposa do Enrico das mãos desse
Fabrizio.

E não menos importante, estive abrigando na minha casa durante


mais de sete meses a irmã bandida da Stacy.

Morgan

Lembranças

— Quem mandou você destrancar a porta daquele quarto? — ela


pula de susto e se levanta da cama me encarando com os olhos
arregalados. Não tinha como ser diferente.

Não sei como não percebi isso antes, os olhos, aqueles olhos que
tanto olhei e venerei. Mas obviamente uns são diferentes dos outros,
os da Stacy transbordavam a ingenuidade, bondade, simpatia e
esperança, principalmente esperança. Porque ela era tão dedicada
nas coisas que se dedicou um bom tempo para me conquistar e me
convencer que ainda havia uma chance para mim.

Já os olhos da irmã, demonstram completamente o contrário,


maldade, perspicácia, astúcia e muitas outras coisas que não sejam
do bem. Sim é uma inimiga á minha altura.

— Estou esperando uma resposta — digo para ver até aonde vai o
seu jogo. E tomara que ela não demore muito para me falar tudo o
que preciso ouvir, porque tive que fazer um sexo rápido com minha
mulher depois que Dominic me mandou os relatórios sobre ela. Meus
seguranças, aqueles que fazem o trabalho nada honesto que mando
estão lá fora nos aguardando. Ela sairá daqui ou dentro de um saco
para cadáveres ou sangrando devidos as surras que darão nela. —
Vamos fala logo, não tenho a noite toda.

— Eu -eu não abri nada senhor. Nem sei do que está falando. —
Sim, ela gosta de jogar, e tomara que seja uma ótima jogadora
porque eu adoro um bom jogo.

Me aproximo feito um felino até onde ela se encontra, ela umedece


os lábios demonstrando que está começando a ficar nervosa.
Estamos frente a frente e ela não se move, direciono minha mão até
sua bochecha, faço um carinho nela me lembrando que por baixo
daquele rosto novo existem traços parecidos com os da minha
falecida esposa.

Continuo minha supervisão por seu rosto, ela está excitada, posso
sentir isso, está consumida pela adrenalina e eu também estou, mas
não por estar excitado e sim por saber que depois de muito tempo
quebrarei um pescoço em breve.

E sem ela esperar a surpreendo com um aperto no cabelo,


segurando todo ele com uma única mão, o aperto tão forte que ela
geme de dor e me olha com os olhos brilhantes.

Ela já sabe que foi descoberta.

— Pensou que ia me enganar até quando? — questiono sem me


afetar com seus golpes em meus braços. Com uma das mãos ela
desfere um soco na minha cara que me faz segurar a região, pelos
visto ela aprendeu muito na cadeia. Ela consegue se soltar e correr
pelo quarto em direção ao banheiro, caminho até ela e quando ela
percebe minha presença de novo tenta fugir me apontando um
canivete.

Puxo ela pela pantorrilha e ela cai batendo a cabeça na base do


vaso sanitário, me abaixo e volto a segurar seus cabelos num
punhado para que consiga ver meus olhos, seu nariz não para de
expelir sangue, e não é só o nariz que o vaso acertou, o olho roxo e
o queixo rasgado denunciam que também foram afetados.

— Pensou que ia me enganar até quando?

— Vai a merda seu doente filho da puta — gargalho, pois ela


acabou de falar algo que já sei muito bem sobre mim.

— Ah sim eu vou, mas depois de você me contar todos os planos


do Antonín — chamo pelos seguranças para a levarem até uma
parte específica da mansão onde posso fazer o que quiser com ela
sem ninguém perceber ou ouvir alguma coisa. Quando dois homens
seguram seus braços um em cada lado ela me olha com o ódio mais
mortal que eu podia receber.

— Nós vamos matar você e aquela tonta da sua esposa seu


maldito. Eu te odeio — mesmo berrando ela não é solta de nenhum
jeito. Mando que a levem para o subterrâneo onde existe tudo o que
precisamos para um momento como esse.

No entanto volto pra casa pois preciso me certificar de que a


Sasha já está dormindo, uma vez que ela criou essa mania de ficar
zanzando pela casa. Entro no quarto e o local se encontra na
penumbra exceptuando pelo abajur ligado, Sasha está dormindo no
meio da cama vestindo uma das minhas camisetas com um livro em
seu colo, pelos vistos ela me esperou até que apagou, cubro seu
corpo com um edredom, retiro o livro e apago o abajur saindo do
quarto logo a seguir.

Entro no subterrâneo onde a própria a Morgan ou Stefany seja la


qual for o nome dela, está pendurada pelas mãos por correntes, não
tenho receio de torturar mulheres, traidores são todos iguais, não
comporta se for homem ou mulher.

— você tem duas opções, ou me ajuda a acabar com seu chefe e


morre da forma mais rápida possível ou não me ajuda e morre
também, mas só que de uma maneira lenta e dolorosa. — A
camisola que ela veste está completamente molhada de suor é
possível ver sua respiração no agitada.

— Então ficarei muitos dias aqui até você me dar o golpe de


clemência. — Me aproximo do corpo trémulo de pura raiva e rasgo
as alças, a parte de cima da peça cai e fica presa na sua cintura.
Caminho em direção á mesa de ferramentas, e escolho um
prendedor de mamilos, mas esse é diferente, ou seja, nada
prazeroso, pois é revestido dezenas de nano pregos, tão pequenos
que é impossível vê-los a olho nu.

Sem pressa nenhuma coloco cada um em cada mamilo, olhando


em seus olhos aperto cada prendedor, nos primeiros segundos ela
não reage pois não sente nada ainda, mas quando sangue saindo
dos mamilos escorre por seu corpo ela grita de uma forma estridente.

— Ah seu filho da puta filho do diabo.

Música para os meus ouvidos.

De volta ao presente

Aquela maldita continua lá presa, e ficará muito tempo mais se não


cooperar comigo. O painel que rastreia nossa viagem indica que
estaremos na Rússia dentro de uma hora. E Sasha continua
dormindo, ela realmente está cansada e não me agrada vê-la assim.

O quarto está coberto pelo escuro, porque também não resisti e


acabei dormindo, a viagem leva mais de dez horas e ela precisa
comer.
— Anjo — sussurro em seu ouvido e ela me ignora, encaminho
minha boca até sei pescoço e beijo a região sem me importar que
ainda esteja dormindo, e pela primeira vez consigo prender minha
atenção em seu colocar que a distância o pingente se confundi com
um botão de rosa. Mas vendo melhor agora, parece um daquele
pingentes que podem ser adicionados conteúdos ao interior.

Com maior cuidado possível, seguro na joia e pressionado um dos


lados o pingente se abre revelando o seu conteúdo.

O pendrive.

São Petersburgo, Rússia

Assim que o jato pousou em solo russo fomos até a mansão da


família Solotov, a pedido da Sasha, porque se dependesse de mim
nós ficaríamos num hotel, mas o luto é algo que se deve respeitar e
por isso não ia negar um pedido desses a ela.

Quando chegamos fomos recebidos pelas duas interesseiras, a


madrasta da Sasha e a filha. Que fizeram um drama irritante por
causa da morte do Dimitri, e como eu já sabia o que minha esposa
precisava, mandei servirem alguma coisa para ela e a mandei dormir
porque ela não tinha começados a chorar e novo.

Alguns membros da máfia estiveram aqui para dar suas


condolências, alguns amigos do pai da Sasha e do próprio Dimitri
também estiveram aqui, ele morreu sendo um traidor e todos sabiam
disso.

Tomo um gole de whisky enquanto leio mais um e-mail do Dominic,


já informei a ele que estou na posse do tão famoso pendrive, e aliado
a tudo que ele já tinha conseguido será suficiente para ferrar com a
vida de alguns membros da GENIS.

Meu sogro foi muito esperto, e olhando os fatos com certeza foi o
filho da puta do Antinin que arquitetou aquele ataque que deixou a
Sasha cega.

— Christopher! — tiro os olhos do notebook que está em meu colo


para encarar minha esposa que está parada vestida com um
conjunto de moletom — você pode vir dormir por favor? Eu não
consigo dormir sozinha.

O rosto dela está vermelho, merda, eu odeio vê-la desse jeito. Tão
destruída. Ela se vira para ir embora, deve achar que a estou
ignorando. Fecho o notebook e guardo o pendrive em meu bolso.

Me levanto da poltrona e caminho atrás dela que está quase


subindo as escadas. A surpreendo ao carregar seu corpo em meus
braços e ela imediatamente encosta a cabeça em meu peito e
desengata a chorar.

— Senhor Parker precisa de alguma coisa? — me viro e a


madrasta da Sasha está parada no hall nos encarando.

— Não preciso de nada — tinha a pretensão de continuar meu


percurso mas desisti e me viro pra encara-la sem me importar com o
peso leve da minha esposa — e quando eu for embora a quero fora
dessa casa, você e a parasita da sua filha. Não vou continuar
sustentando duas putas preguiçosas.

Não espero por sua resposta e continuo subindo as escadas até


chegar no quarto em que estamos acomodados. Me deito sobre a
cama e Sasha se acalma um pouco.

— Será que ele sofreu quando morreu? — Ela pergunta se


sentando.

— Não tem como saber anjo. Agora durma, não quero que passe
mal. Não se incomode com isso. — Ela assente e se deita ao meu
lado me encarando.

— Mas eu ouvi que ele traiu a máfia e... — e então o choro


começa de novo e só para quando ela finalmente dorme, depois de
algum tempo também a acompanho num sono mais leve.

Como já era de se esperar a questão do enterro do Dimitri já tinha


sido resolvida, pelo que vi das fotos, Enrico fez tanto estrago no rosto
dele que ficou irreconhecível e por causa disso o caixão não será
aberto, ele está nojento.

Sasha e eu estamos sentados lado a lado enquanto o bispo ou


padre tece algumas palavras sobre a morte, e minha atenção está
em cada pessoa aqui presente, porque não estou com um bom
pressentimento e eu raramente sinto eles. E neste momento Dominic
está a caminho da Alemanha porque amanhã começa a operação,
também irei para lá após levar Sasha para um lugar seguro.

O resto da cerimônia corre sem sobressaltos no cemitério familiar,


gerações e gerações da família Solotov estão aqui enterrados.

Meu celular toca e no mesmo momento Sasha diz que vai visitar a
sepultura do pai, apenas assinto e mando os seguranças irem com
ela junto com a amiga que só agora vi que também estava aqui.

— Fala — pronuncio assim que coloco o celular no ouvido olhando


as pessoas de dispersarem do cemitério.
— Senhor aconteceu algo!

— Que merda aconteceu agora? — Vocifero para o segurança do


outro lado da linha.

— A mulher, a prisoneira ela fugiu — eu mal completei quarenta e


oito horas fora e já acontece isso.

— Como... — Interrompo minhas próprias palavras ao ver um


cartão preto e dourado sob meus pés.

Merda

Desligo a ligação e quando ia abaixar para pegar o cartão vejo a


amiga da minha esposa voltando sozinha e ela parece muito perdida
e desnorteada.

Sasha

Eles estão aqui.

— Onde está a Sasha? — Pergunto encarando ela que mal sabe


formar um palavra — onde está minha esposa?

Ela chora e não fala o que preciso ouvir, mando meus seguranças
averiguarem o que aconteceu e se comunicarem com os outros e
volto ao meu ponto inicial para ver o que o cartão que eles deixaram
diz.

E apenas duas palavras estão escritas na parte traseira do cartão.

Cheque mate

Eles a levaram.
São Petersburgo, Rússia

Receber a notícia da morte do meu irmão foi o pior golpe que a


vida poderia ter me dado nesse momento da minha vida, eu senti o
mundo cair sobre minha cabeça quando Christopher me disse de
forma tão direta que meu irmãozinho estava morto, e que não
poderei mais ver ele.

Olho pela janela e nunca imaginei que alguma vez ficaria feliz de
ver a neve brotar do céu como agora. Meu irmão será enterrado
amanhã e não sei se terei forças suficiente para vê-lo dentro de um
caixão, nada me preparou para um dia como esse, a dor é tão
grande que me sinto fraca, cansada e desgastada, e principalmente
sem rumo. Christopher saiu do quarto achando que eu estava
dormindo, mas na verdade eu apenas estava de olhos fechados
perdida em meus pensamentos e lembranças do passado, foram
tantos momentos bons que vivi aqui com meu pai e meu irmão, mas
agora nenhum dos dois está aqui para me proteger como sempre
prometeram.

Enxugo as lágrimas com o dorso da mão, se tornou algo


automático chorar por tudo e nada, levanto do sofá que se encontra
perto da janela, no centro do quarto está um carinho com alguns
alimentos que uma das empregadas trouxe aos comandos do meu
esposo, se Christopher souber que ainda não comi é capaz de me
acordar no meio da noite só para fazê-lo. Caminho até o carinho tiro
a tampa do prato e assim que o cheiro da comida quente tipicamente
russa invade minhas narinas meu estômago imediatamente
embrulha e uma vontade fora do normal de vomitar toma conta de
mim.

Saio correndo até o banheiro e me jogo no chão perto do vaso, o


vómito sai como uma enxurrada tirando de mim todas as minhas
forças, tanto internas quanto externas, os lanches que comi mais
cedo tudo o que comi sai, e dói tanto que de forma espontânea meus
olhos se derramam em lágrimas enquanto minha garganta arde de
forma descomunal.

E agora nem sei mais porquê estou chorando. Depois de me sentir


melhor aperto a descarga e lavo minha boca, definitivamente não
vou comer. Volto a me deitar e numa poltrona ao lado da cama vejo a
bolsa que usei mais cedo e a caixinha que a Yeva me deu está
aparecendo. Seguro nela e leio as instruções, esse não é o momento
para uma gravidez. Não sei como Christopher irá reagir a notícia de
uma gravidez repentina. Mas o que eu posso fazer?

Deus o que eu faço?

Suspiro e continuo encarando a caixa em minhas mãos, será que


a Yeva está certa e eu realmente estou grávida? Começo a chorar
porque minha cabeça e meu coração estão uma confusão agora, o
mais sensato seria eu fazer esse teste agora. Assim acabo de uma
vez com as dúvidas, porque Yeva conseguiu meter essa ideia na
minha cabeça.

Entro no banheiro e sigo cada instrução escrita no teste, e pelo


que entendi o dispositivo me dirá se estou grávida ou não e mais ou
menos de quantas semanas. Me sento num banco para esperar o
resultado, através do espelho a minha frente encaro meu reflexo, e
não gosto do que vejo, em apenas algumas horas perdi o tom de
pele maravilhoso que ganhei com o clima tropical de Cuba e os dias
de paixão que desfrutem Christopher em nossa casa. Não tinha
como ser diferente com tantas coisas acontecendo.

Olho para o teste para ver o resultado.

Positivo

Três semanas

Uma felicidade muito grande se apodera de mim ao finalmente


acordar do choque, dentro de mim está crescendo um serzinho
inocente e que não tem culpa do que acontece no mundo, e muito
menos de ter o pai que tem. Fico imaginando a como ele irá reagir a
uma notícia dessas ou como será nosso futuro depois do nascimento
desse bebê.

E então desengato a chorar porque não sei como vou contar para
o Christopher que as nossas inúmeras noites de sexo infinito tiveram
uma consequência sólida que virá para o mundo em meses.

E por mais que eu não reúna coragem preciso contar isso para ele,
Christopher odeia mentiras e ser enganado. Ele precisa saber.

Sem me importar com meu rosto molhado devido as lágrimas saio


pelos corredores da casa procurando por ele, o encontro sentado
numa das salas de estar, ele deve estar trabalhando, já que está
concentrado no laptop brilhante sobre seu colo e de forma frenética
ele passa os dedos pelo teclado.

Não sei como, mas a cada passo que dei até chegar aqui minha
coragem foi se esvaindo e me sinto uma covarde por isso, eu devia
ser forte por esse filho que cresce dentro de mim. Mas saber que
posso decepcionar o Christopher também me destrói. Após minutos
o encarando ele finalmente se apercebe da minha presença.

— Christopher Você pode vir dormir comigo? É que eu não estou


conseguindo dormir sozinha — minto descaradamente porque não
consigo confessar o que vinha fazer aqui.
Você precisa deixar de ser fraca Sasha, é para isso que ele te
colocou no quarto jogos.

Meu subconsciente grita comigo. Me sentindo ridícula e cansada


eu dou meia volta para caminhar de volta ao quarto porque ele
também não me deu atenção nenhuma. Assim que meu pé direito
alcança o primeiro degrau das escadas meu corpo é erguido.

Encosto minha cabeça em seu peito, e o choro me toma


novamente. E desta vez não é só pela morte do meu irmão, é
também por toda essa situação pela qual estou passando e também
passarei nos próximos meses.

Ele vai me odiar.

Quando me falaram que Dimitri estava morto não passou pela


minha cabeça em perguntar como ele morreu. E agora vendo o
caixão fechado enquanto o padre faz o sermão eu chego a uma
conclusão por conta própria. Meu irmão foi morto a surras, e
provavelmente foi acusado de traição uma vez que não foi velado na
sede da máfia.

No final da cerimônia algumas pessoas me saúdam e algumas


ficam espantadas ao constatarem que não estou mais cega, algumas
nem notaram que alguma vez estive cega. Olho todas as pessoas
se dissipando e de repente a lembrança do meu pai me invade. Me
aproximo de Christopher que está prestes a me chamar para irmos
embora.

— Eu vou visitar a campa do meu pai. Vou colocar algumas flores


— não espero por sua autorização apenas dou meia volta me
encaminhando até onde fica a sepultura do meu pai enquanto ele
atende a um telefonema. Yeva me acompanha e claro alguns
seguranças nos seguem. Não conto para ela que já fiz o teste e seu
positivo, com toda essa situação ela deve ter esquecido de me
perguntar sobre o assunto e eu agradeço por isso. — Faz muito
tempo que não venho aqui, até achei que não conseguiria achar o
túmulo do meu próprio pai.

Eu e minha amiga nos abraçamos, ela beija minha testa e me faz a


encarar.

— Eu vou dar a privacidade que você precisa. Vou ficar bem ali —
ela aponta para um banco de madeira situado no local, eu assinto e
pego as flores para colocar. Aliso a lápide onde se encontra gravado
o nome do meu pai e meu coração se aperta.

— Papai eu sinto tanto a sua falta. Porquê o senhor e o Dimitri me


deixaram? Eu não sei se vou conseguir viver sabendo que nenhum
dos dois estará aqui para mim — Seguro na minha barriga com uma
maneira de demostrar silenciosamente para ele esteja onde estiver
que estou grávida — aqui está crescendo seu netinho ou netinha que
com certeza irá querer saber tudo sobre o senhor. E também...
Minha frase é interrompida pelo barulho estrondoso de alguma
coisa caindo. Viro na direção em que um dos seguranças estava
parado e vejo seu corpo deitado no chão e a camisa branca estava
coberta de sangue. Coloco as mãos na boca em choque, e logo de
seguida todos os outros seguranças que estavam cuidando da minha
proteção também jazem pelo chão do cemitério de forma
consecutiva.

Olho para Yeva e ela também está em choque assim como eu,
nenhuma das duas sabe o que fazer, porque agora estamos
rodeadas por homens desconhecidos cobertos por máscaras.

Eu conheço essas mascaras, nunca me esqueceria delas, são


idênticas as do homem que me observava agonizar depois do
acidente de carro que tive a alguns anos. E antes que eu pudesse
reagir sinto uma picada no pescoço e logo de seguida vejo tudo
escuro.

Um gemido de protesto sai por minha boca quando recobro a


consciência sentindo uma dor horrível na região do pescoço, como
se tivesse me deitado numa posição não muito boa. Quando noto a
escuridão em que o lugar que me encontro logo minha mente projeta
tudo o que se passou antes de eu apagar, os seguranças caindo de
repente, o sangue em suas roupas pelo chão do cemitério, minha
amiga em choque e depois a escuridão.

— Christopher — chamo por ele, pois é o primeiro que vem a


minha cabeça no momento, porque por um milésimo de segundo eu
quero pensar que ele vai surgir em algum lugar dessa escuridão e
me dizer que está tudo bem , mas quando chamo por ele duas três
vezes eu me dou conta de que ele não está aqui e que eu estou
sozinha. Não faço ideia de onde estou, e isso me aterroriza, passo a
mão na minha barriga em forma de proteção ao meu bebê quando
ouço o ranger da porta se abrindo.

Minha respiração sobe e desce pelo peito de forma acelerada,


meus lábios estão entreabertos em busca de ar porque sinto que a
qualquer momento terei um ataque de pânico. De repente uma luz é
acesa e o lugar fica iluminado, e só agora me dou conta de que
estava sentada sobre uma cama esse tempo todo. O quarto é todo
elegante mas no momento os detalhes são o de menos, o que
realmente está chamado minha atenção é o homem de presença
assombrosa parado a minha frente me olhando com um sorriso
nojento no rosto.

— Quem é você? — Me atrevo a perguntar após me sentir


incomodada com sua inspeção. A medida que ele vai se
aproximando meu corpo vai recuando sobre a cama até minhas
costas baterem na cabeceira. Seu olhar está me rasgando porque
ele parece tão demoníaco. Apesar de ser um homem que aparenta
estar na faixa dos cinquenta anos, ele ainda está conservado, é
musculoso e forte e não quero imaginar o que ele fará comigo.

— Eu sou alguém que queria muito olhar para seus olhos


peculiares. Eu adoro eles, mas em outro rosto claro — ele está rindo
do meu medo e terror. Mas eu não entendo nada do que fala.

— Por favor não me machuca, eu estou grávida por favor não faça
nada comigo — imploro enquanto lágrimas quentes escorrem por
minhas bochechas.

— Então o Christopher Vai ser papai? Isso está ficando cada vez
melhor — ele conhece meu marido, e com certeza se estou aqui é
por causa dele.

— Você conhece meu marido? — Pergunto mesmo tremendo de


medo. — O que quer de mim afinal?

— Mas é claro que conheço seu marido querida e é por causa dele
que você está aqui, de você não quero nada mas dele eu quero algo
que ele se nega a me dar por puro orgulho — quando eu ia abrir a
boca para pedir mais uma vez pela vida do meu filho ele coloca seu
dedo na minha boca — não gaste suas energias me pedindo algo
que não posso dar no momento, sei que está enfraquecida devido a
merecida morte do seu irmão, não quero que passe mal aqui e seu
marido ache que a tratei mal. Mas não se preocupe ele virá buscá-
la, eles sempre vem.

É sua última frase antes de me dar as costas e sair do quarto, é


possível ouvir a chave ser virada e a porta sendo trancada. Me deito
e me enrolo com meu próprio corpo, e só agora reparei que estou
sem os sapatos, mas continuo com as roupas que usei mais cedo
para o enterro do meu irmão.

Eu mal enterrei ele e já fui sequestrada, eu só posso ter algum tipo


de maldição para essas coisas.

— Christopher Você precisa me achar por favor. Pelo nosso filho.

E mais uma vez meu corpo entra em estado de alerta quando


alguém abre a porta, a escuridão não me permite ver quem é mas
pela cilureta dá para ver que é uma mulher, e ela está parada me
observando enquanto eu estou deitada.

Quem será ela?


Minha filha

Quando ele me disse que minha filha estava aqui, bem ao lado do
meu quarto, eu não pude acreditar, mas me lembrei que ontem de
noite eu vi um dos homens dele pela janela carregando uma mulher
nos braços, o que eu não sabia é que àquela mulher era minha filha.
Mal posso conter a emoção, então assim que ouvi que ele tinha
saído do quarto dela eu saí correndo do meu só para vir aqui vê-la, e
ela parece tão assustada.

Parada no batente da porta e graças a iluminação existente no


corredor posso ver ela sentada na cama com os olhos brilhantes,
não só pela curiosidade mas também pelo luto que é possível ver em
seus olhos. Me dói tanto saber que ela está sozinha no mundo agora
sem o pai e sem o irmão. Não sei como ela reagiria se eu contasse
que sou a mãe dela, esperei vinte e um anos para viver esse
momento e agora não sei o que fazer, eles viveram acreditando que
eu os tinha abandona, e no final eu também acredito nisso, porque
nunca tive forças para lutar e tentar fugir, mas agora, agora as coisas
mudaram e farei de tudo para proteger minha menina.
Assim como eu ela também me analisa, por causa da iluminação
inexistente no quarto ela não pode ver meu rosto, mas eu posso ver
cada detalhe dela, e sim, ela é minha filha. O rosto, a pele, o cabelo
o jeitinho dela eu sei que ela. Antonin não brincaria com algo assim,
não quando ele sabe que isso pode me torturar e brincar com a
minha cabeça, esse é o jogo favorito dele, sei que minha filha está
aqui porque provavelmente foi sequestrada, e rogo a Deus para que
esse homem com quem ela se casou tenha algum sentimento por ela
que o faça vir salva-la.

Eu quero tanto me aproximar e dizer para ela o quanto sinto muito


e que eu estou aqui para ela, mas não sei como fazer isso. Nem
sequer sei se vou conseguir pronunciar alguma palavra em frente
dela. Dou um passo a frente e ela também se remexe na cama e
coloca a mão na barriga, como se tentasse proteger ela, e eu
conheço muito bem esse instinto.

Ela está grávida.

A felicidade é tanta que imediatamente dou mais alguns passos,


mas antes de completar o penúltimo passo para alcançar a cama
uma voz que ainda comanda tudo o que eu sou hoje em dia se ouve.

— O que está fazendo aqui? — permaneço calada enquanto


minha respiração se altera um pouco. Não sei o que responder, ele
puxa meu cabelo por trás e me dá um tapa forte que me faz cair no
chão do quarto, gemo de dor porque no tombo machuquei a costela
e meu cotovelo — você gosta de me desafiar não é bichinho? O que
está fazendo aqui?

Me encolho no chão do quarto escuro com medo dele continuar


me batendo, mesmo depois de anos eu nunca me acostumaria com
isso. Machucada eu não vou poder cuidar da minha filha aqui. Vejo o
exato momento que ele caminha para longe e de repente o quarto
fica iluminado.

— Então é ela que você queria tanto ver? — ele se aproxima de


mim e segura meu braço com força me obrigando a levantar do chão
— então vamos vê-la. Sabe quem é essa mulher aqui na sua frente
menina?

Não tenho coragem de olhar nos olhos dela, não era assim que eu
imaginava nosso encontro, cheio de violência, não queria que ela
vice a submissão que tenho por esse homem doente, porque no final
isso também me torna uma pessoa doente, se eu conseguir sair viva
daqui, irá levar anos até eu me recuperar.

— Quero que olhe nos olhos dela e diga quem é — faço que não
com a cabeça porque estou com vergonha, meu rosto está horrível
por causa do tapa e das lágrimas não quero que ela fique
horrorizada comigo. — Se não olhar para ela agora e confessar
quem é você eu juro que o próximo tapa será dado na cara dela e
não me importa se dentro dela cresce um bastardinho

— Não-não isso não por-por favor — foi uma grande luta proferir
essas palavras, tanto tempo sem falar e minhas primeiras palavras
são essas.

— Olha para ela e diga quem é você — sua voz é tão brutal que
nós duas nos assustamos com sei tom. — Anda, não tenho a porra
do dia todo Katia.

— Eu... — faço uma pausa e encarro seus olhos tão idênticos aos
meus — eu sou sua mãe — isso foi mais um sussurro que qualquer
outra coisa. Ela me olha de um jeito que parte meu coração, me sinto
um trapo nesse momento. Ela deve estar confusa e toda essa
situação não vai fazer bem para a gravidez.

— Está contente? Espero que sim, porque não pense que sairá do
meu lado para ficar com a sua filhinha — assim como eu ela também
está chorando, mas não sei se é por ter descoberto que estou viva,
não sei se é pela emoção ou por causa do que ela está vendo da
minha vida hoje em dia — vamos! Deixe ela descansar porque se
depender de mim ainda ficará muito tempo aqui, quero ensinar uma
lição para aquele seu marido arrogante.
— Não por favor, não faço nada com ele — escuto a voz dela
desesperada implorando pelo marido. Enquanto eu sou arrastada de
volta para o quarto.

— Eu te odeio — consigo dizer.

— Você não me odeia. Só está magoada. Me odiando ou me


amando, é comigo que você ficará até eu deixar de respirar. Já
chega de show por hoje, quero que se arrume, nós vamos viajar.

Para onde vamos?


Para quem tenha encontrado esse pendrive, seja um dos meus
filhos ou alguém que queira destruir a GENISE isso significa que
estou morto, com certeza assassinado por essa organização. Nesse
pendrive reúno provas importantes que podem destruir boa parte dos
membros desta organização que tem sido a maldição da
humanidade, eu roubei essas provas das mãos de Robert Parker, ele
planeava trair a GENISE e ficar no lugar líder da organização, nesse
caso Antonín Zimmerman.Meus filhos eu descobri a algum tempo
que a mãe de vocês esteve presa durante todo esse tempo a um
homem repugnante, e ele tem feito coisas horríveis com ela.
Espero que um dia vocês me perdoem por ter proibido vocês de
falarem sobre a vossa mãe, hoje em dia eu me arrependo
amargamente por isso, e espero que vocês a encontrem.

E então o vídeo termina. Fecho o laptop e fico pensando em tudo o


que ele disse. Então minhas suspeitas sempre estiveram certas,
aquela mulher sempre esteve lá presa contra a própria vontade.
Nesse momento negociar o pendrive com aquele filho da puta não é
mais nenhuma escolha, ou ele me entrega minha esposa por bem ou
então sangue será derramado.
Assim que a amiga da minha esposa me disse com suas palavras
trémulas que minha esposa tinha sido sequestrada minhas suspeitas
se confirmaram, Antonin estava com ela.

E neste momento mil maneiras de esmagar um cérebro passam


pela minha cabeça, nem que eu tenha que mover céu e terra eu vou
acabar com aquele filho da puta, isso não é mais sobre mim e sim
sobre a minha mulher e todos os outros que ele prejudicou com sua
cede de poder e soberba.

E ainda tem a fuga da Morgan, até agora estou intrigado em como


ela conseguiu escapar, ela estava um lixo quando a deixei no
subsolo antes de sair para o trabalho naquele dia, ela também é
outra que não irei poupar quando a encontrar, eles acabaram de
despertar meu instinto assassino, e não vou descansar enquanto não
ver sangue.

— Estamos quase aterrissando — assinto para Dominic que se


encontra sentado a minha frente concentrado no laptop — desta vez
não vamos falhar. Eu vou amar fazer uma festa de tortura com
aquele desgraçado, vou cortar cada pedaço dele ainda em vinda.

E não duvido de nenhuma das palavras ditas pelo Dominic, acho


que o que ele viu nas guerras servindo no Iraque e Afeganistão, a
tortura a família dele o deixaram completamente imune a pena e
qualquer outro sentimento que se assemelhe a remorso. Assim como
eu ele é um homem fodido da cabeça.

Dez minutos depois o jato estava pousando em uma pista do


território alemão, nessa operação teremos a participação de mais de
cem homens, o plano é invadir a fortaleza e matar todos os que
vermos pela frente, salvar minha esposa e a mãe se tudo correr
conforme o planejado.

Após nos distribuirmos entre os inúmeros carros que nos


esperavam no hangar o caminho até a fortaleza é rogado pela
repassarem do plano original. A noite perdura e apesar do frio
torturante, prosseguimos com a viagem. A adrenalina consome meu
corpo e cada porro meu vibrar em espectativa. Desta vez não posso
falhar, não deixarei nada acontecer com ela.

Cada vez mais nos aproximamos dos grandes murros que


separam esse lado de fora do que acontece lá dentro, e uma parte
minha interna me alerta sobre essa situação estar fácil demais.

— Isso está fácil — Domínic fala do banco da frente como se


tivesse acabado de ler os meus pensamentos.

— Também acho o mesmo.

Optamos por deixar os carros a uma distância segura do portão, e


ao invés de invadirmos usando todos os homens optamos por deixar
alguns escondidos aqui fora no meio da vegetação enquanto eu, ele
e mais uns outros homens entramos. Arrumo meu colete a prova de
balas, seguro minha Glock e então saímos em direção a casa.

Até a invasão foi fácil demais, mesmo assim mantemos nossa


formação, e a adrenalina que me consumia antes agora triplicou a
intensidade, respiro fundo por mais que eu seja forte o suficiente
para enterrar mais uma pessoa que atingiu certos espaços da minha
vida eu não estou pronto para perde-la, pelo menos não assim.

Sim, isso já está muito estranho.

Até agora ninguém retaliou nossa invasão, nem ao menos uma


sombra está nesse lugar, o jardim que pelo que me lembro ser um
lugar repleto de seguranças armados até aos dentes, tinha
seguranças até no topo da casa e em todos extremos mas agora
está vazio, e nosso plano de invasão estava baseado no que a
câmara escondida que eu levava pôde captar.

Ou isso é uma armadilha ou eles foram muito espertos e fugiram a


tempo.

— Isso me cheira a armação — Dominic fala pela escuta enquanto


entramos no interior da casa, e como o exterior tudo está escuro em
sem ninguém, o silêncio é tão gritante que apenas se ouvem os
grilos lá fora e os nossos passos em contanto com o piso da casa.
— Vamos nos separar e ver o que achamos.

Assinto, eu e mais alguns homens avançamos para o andar de


cima, enquanto Dominic e os outros fazem a varredura pelo tério. A
cada passo que dou em direção às portas enfileiradas no corredor
silencioso mais seu cheiro doce me domina, e não sei se estou
realmente sentindo esse cheiro ou é só a minha mente brincando
comigo.

Abro algumas portas e nada. Até que finalmente uma chama


minha atenção, devido a iluminação que é possível ver pela frecha
da porta. Com apenas um giro a maçaneta destranca a porta me
dando a visão de uma tela, e nela é possível ver um vídeo passando,
é a Sasha deitada nesse mesmo quarto chorando e falando algumas
palavras impossíveis de ouvir devido ao choro mas não passa
despercebido por mim quando ela chama meu nome e ela se dá
conta que não estava lá com ela. Ele abraça a própria barriga e se
encolhe ainda mais.

Apenas eu posso fazê-la chorar, somente eu posso provocar suas


lágrimas e as enxugar ao mesmo tempo, e esse desgraçado está
brincando com a cabeça dela. Me aproximo da tela e me dou conta
de que ela tem apenas um minuto de duração, pois a mesma cena
passa dezenas de vezes e eu não paro de encarar o sofrimento dela.

Em cima da cama um objeto brilhante chama minha atenção. Me


aproximo e seguro no objeto, é o colar dela, o qual ela nunca tira
nem mesmo na hora do banho, e junto dele se encontra um bilhete.
Seguro e vejo a frase escrita sob uma caligrafia masculina muito
bem talhada e elegante.

"Se não me der o que eu quero, não só tirarei de você a sua


adorável esposa mas também o mais novo integrante da família. "

O que esse desgraçado quer dizer com isso? E uma raiva


incalculável me domina e a calmaria que vigorava em mim a pouco
se vai, a raiva é tanta que destruo o quarto todo porque mais um vez
eu falhei, mas uma vez eu desapontei alguém com quem me
importo. E agora não sei se serei capaz de me recuperar de mais um
golpe da vida.

Ela não pode me deixar, eu jurei para ela que nunca ia a


abandonar e que nunca me afastaria dela, mas agora me sinto um
autêntico fracassado porque estou falhando com ela... a frase que li
no bilhete reverba na minha cabeça me fazendo tirar conclusões
precipitadas.

Será mesmo possível? Ela não seria capaz de me esconder algo


do gênero.

— Merda! — Grito socando a parede com meu próprio punho até


sentir meus ossos da região chiando e reclamando estar prestes a
quebrar. Mas mesmo assim não paro de ir de encontro a parede,
estou vendo tudo escuro e nesse momento só preciso descarregar
minha raiva em alguma coisa ou em alguém.

— Christopher, nós precisamos sair daqui. Isso é uma arma... —


nossa interligação foi interrompido por um forte estrondo. Num
momento eu estava parado e no outro uma explosão arremessou
meu corpo para longe, o impacto do meu corpo contra a parede foi
tão forte que sinto o gosto de sangue na boca, meus ouvidos estão
zumbindo, e minha visão está escurecida, mas posso ver a
quantidade de fumaça e poeira em todo lado, meu peito dói de forma
descomunal e por isso não para de chiar a cada vez que de forma
esforçada eu puxo o oxigénio.

Assim de longe ouço a voz de Domínic chamando por mim, mas


não consigo responder porque estou me engasgando com meu
próprio sangue.

— Fala comigo cara, Christopher? — tento falar alguma coisa mas


as palavras não saem — nós vamos te levar para o hospital. Eu sinto
muito cara.
— A... minha mulher ela... — não consigo terminar porque a porra
do meu peito está doendo com esse esforço todo.

— Nós vamos achar ela. Não vamos deixar aquele filho da puta
destruir sua vida outra vez.

— Ela...ela vai me dar um filho — minha mente viaja entre a ilusão


e a realidade e eu mal consigo manter meus olhos abertos.

— Merda! Rápido tragam a merda desse helicóptero — ao longe


escuto a voz de Domínic gritando mas eu estou exausto demais
minhas forças se esvaem de mim, e sinto que estou no meu limite.
Eu prometi que nunca ia abandonar ela, mas parece que o diabo não
concorda com isso, porque ele insiste em querer me levar agora.
— Não não não — grito quando de repente o quarto onde fui
mantida presa por algumas horas voa pelos ares devido a explosão
forte que teve no cómodo com meu marido lá dentro — Christopher
por favor não faz isso comigo por favor meu amor — Choro em frente
a televisão a minha frente ajoelhada no chão. E aquele homem atrás
de mim não para de gargalhar feliz com o que aconteceu.

Esse doente armou para ele. O que ele não sabe é que uma parte
minha também se foi naquela explosão, meu corpo todo treme. O
homem da minha vida não está mais aqui, ele se foi e não pude dizer
o quanto o amo e que o fruto da nossa união cresce dentro de mim.

— Nós perdemos ele — um dos homens no vídeo diz, e então a


tela é desligada.

— Meu Deus por favor não faz isso comigo. Não o tire de mim por
favor — a mulher que até agora não aceito ser minha mãe me
abraça por trás fazendo carinho em mim me falando palavras para
acalentar minha dor. Mas nem isso resulta.
— Isso, chore minha menina. Eu vou estar aqui para enxugar
todas as suas lágrimas. Estarei aqui com você.

— Mamãezinha — choro em seu peito ainda sem acreditar que ele


não está mais aqui.

Não sei se vou conseguir viver sem ele.


Seis meses depois

Aliso minha enorme barriga olhando para o lindo jardim a minha


frente, ele adora quando me sento aqui, tanto é que não para de
chutar, mamãe disse que ele será um grande jogador de futebol, mas
eu não acho, porque com certeza se tiver o génio do pai será um
grande homem de negócios.

Se passaram seis meses desde o dia que tiraram o homem da


minha vida de mim, e hoje estou com sete meses de gravidez, mais
algumas semanas e meu anjinho estará em meus braços.

Anjinho

Até um simples apelido faz eu me lembrar dele. Eu era o anjinho


dele, nunca pensei que sentiria tanta falta de ouvir essa palavra
saindo da boca dele. Ele se foi a seis meses mas quanto mais o
tempo passa mais o amo e mais me conecto com ele, esteja onde
estiver. Nosso filho é a prova viva de que tudo o que vivemos não foi
apenas um mero sonho, e as vezes me culpo por não ter contado
para ele que estava grávida. Mas meu filho crescerá sabendo que o
pai é um dos melhores homens do mundo. E apesar de eu estar
cativa aqui ele fez de tudo para nos salvar.

A boa parte de tudo isso para além da gravidez é ter reencontrado


minha mãe, após aquele fatídico dia eu e ela tivemos tempo
suficiente para conversar e esclarecer as coisas, nesse momento da
minha vida ela tem sido meu porto seguro, porque toda essa
situação ainda é muito recente para mim, todo mundo quer saber
onde está a viúva de Christopher Parker.

O desgraçado do Antonin tinha tudo muito bem planejado. Ele


matou meu marido porque sabia que comigo ele poderia ter acesso
ao banco e suas filiais no mundo todo. Me obrigou a assinar um
monte de documentos que eu não entendo, eu tentei resistir mas ele
ameaçou a vida da minha mãe e a do meu filho se eu não o fizesse.
Por isso mesmo meu coração doendo por abrir mão do que seria do
meu filho eu assinei aqueles papéis, e assim ele teve direito total
sobre tudo o que era do Christopher, sendo eu a herdeira universal.

Suspiro mais uma vez após sentir mais chute, ele está mais
agitado que nunca. Não tem um dia que eu não sonhei com
Christopher e em todos eles, ele me diz que nunca irá me deixar e eu
digo que o amo, mas quando acordo e vejo o vazio na cama eu
choro porque ele não irá voltar. Ele me faz tanta falta, sinto tanta falta
daquele jeito dele de ser, silencioso, sombrio, protetor e claro
possessivo.

Mas não posso me entregar a tristeza, apesar de ter vivido dois


lutos consecutivos eu preciso me reerguer, assim como minha mãe
disse, pelo meu filho eu preciso ser forte e arranjar um jeito de ir
embora daqui. Assim como eu ela está disposta a fugir desse
homem com quem ela tem sofrido a anos. Cada palavra dita por ela
relatando tudo o que tem sido a sua vida eu também chorava com
ela. Desde pequena alguma coisa me dizia que minha estava em
alguma parte do mundo sofrendo.

Ela disse que resistiu todo esse tempo com a esperança de rever a
mim e ao Dimitri, ela ficou muito triste com a morte do meu irmão,
mas feliz por me ter ao seu lado e saber que será avó de um menino.
Esse bebê é que tem nos fortalecido, é por ele que estou em pé e
pretendo fugir desse lugar nem que para isso eu tenha que derramar
sangue pelo caminho.

Aqui é tão calmo e tão silencioso que já imagino porquê do meu


filho gostar do lugar, estamos na Itália, numa propriedade bem
afastada de tudo pelo que vejo, tão perto da minha amiga Emanuelle,
mas sei que se eu fizer algum telefonema na hora serei descoberta.

Minha única distração são a leitura, a comida e a escolha das


roupas do meu príncipe, obviamente que não saio da propriedade
mas uma especialista da área vem aqui todos os meses trazer
roupas de gestante para mim e as roupinhas do meu filho. A
gestação está me fazendo bem de certa forma, meu tom de pele
pálido foi diminuindo, engordei alguns quilos e meus peito incharam,
até achei estranho mas mamãe garantiu que é algo normal.

Fico imaginando qual seria a reação do Christopher se ele me


visse grávida, ele era tão viciado em sexo que acho que apenas
pensaria em me possuir devido ao corpo avantajado que ganhei. Não
sei se alguma vez voltarei a sentir o que ele me fazia sentir mas
nossas noites de paixão nem se quer ser se nesse mundo exista
algum homem capaz de me dar prazer da mesma dimensão que
estou acostumada, e o principal, acho que nunca teria coragem de
me envolver com outra pessoa sendo que ele ainda é muito presente
na minha mente e no meu coração.

— Aí meu amor você faz tanta falta. Eu nem pude ao menos te


enterrar — eu ao menos sei onde estão os seus restos mortais, me
pergunto aonde levarei meu filho no dia dos pais.

— Oh filha você está se torturando outra vez? Já falei que isso não
é bom para o bebê — minha mãe senta do meu lado no banco e me
abraça.

— Eu sei, eu sei. Só que para mim ainda é difícil acostumar que o


perdi mãe. Não é justo alguém que a gente ama morrer injustamente
sendo que nesse mundo existem pessoas que apenas pagariam
seus eros com a morte.

— Essa dor nunca irá passar, cabe a você, saber como a gerir
para que não sugue sua vida.

— Como a senhora consegue parece tão serena após perder meu


pai e o meu irmão e ainda estar presa aqui? — questiono enquanto
mãos encarando.

— É muito fácil minha vida, é só lembrar sempre dos momentos


que vivi feliz com seu pai e seu irmão. Verá que em breve toda vez
que lembrar dele você irá sorrir ao invés de chorar — Assinto e então
ela me ajuda a levantar para que entremos pois o almoço já foi
servido.

Mantemos uma conversa descontraída sobre música, outra coisa


que temos em comum é a música clássica, mas paramos nossa
conversa quando ouvimos vozes alteradas vindo do interior da casa.
Nos entre olhamos e entramos no interior da casa, uma mulher
morena e Antonín estão discutindo na sala de estar, então nos
apressamos porque não queremos ser vistas, quando achei que já
tínhamos andado suficiente uma voz chama meu nome.

— Sasha — eu conheço essa voz. Então me viro para comprovar


minhas suspeitas, mas o rosto que vejo a minha frente está horrível.

— Morgan? — sussurro seu nome enquanto ela me lança o olhar


mais mortal do mundo. Não sei como reagir o estado o rosto dela me
chocou.

— Sim sou eu, e isso que você está vendo no meu rosto foi
cortesia do seu marido antes dele ir para inferno — ela ri, e eu não
paro de olhar a cicatriz enorme que está em seu rosto, ela parte do
queixo e sobe até sua bochecha, uma outra cicatriz começa na
sobrancelha e é possível ver ela seguir até seu coro cabeludo — sim,
você estava casada com um demónio e nesse momento ele deve
estar sendo queimado pelas chamas do inferno.
Fico horrorizada pelo jeito que ela está falando do Christopher,
nunca vi a Morgan com tanto ódio como agora.

— Morgan o que aconteceu? Porquê Christopher faria uma coisa


dessas com você? E porquê você me olha como seu tivesse feito
algo de errado?

— Porque você assim como a minha irmã é uma burra e tonta.


Nem entendo como foi possível você viver tanto tempo ao lado dele
e permanecer viva.

— Já chega Stephany — Stephany? — vamos acabar logo com


isso, venha ao meu escritório.

Olho para ela incrédula só agora me dou conta que ela é só mais
uma das pessoas que trabalha para esse homem. Como eu pude me
enganar tanto? Agora entendo o fato de nunca ter feito nenhum
esforço para aceitar minha amizade.

Minha mãe segura na minha mão me chamando de volta a


realidade. O almoço transcorre no maior silêncio, diferente dos
outros dias. Minha mãe sabe que nesse momento conversar com
meus próprios pensamentos irá me fazer muito bem. Depois do
almoço eu fui para meu quarto descansar um pouco.

Mas me dirigi para o quarto a toa, porque apesar do silêncio eu


não consigo dormir pensando em tudo o que aconteceu comigo
desde que fui capturada até o dia de hoje quando vi a Morgan. Eu
não sei o que esse homem pretende com tudo isso mas com certeza
coisa boa não é, minha mãe me explicou alguns retalhos sobre o que
é essa organização GENISIS, mas ela não tem muita coisa porque o
que ela sabe ouviu escondido pelas paredes da casa ao longo dos
anos. E segundo ela essa organização precisava do banco do meu
marido para fazer alguma coisa, e era tudo o que faltava para
completar os planos deles, mas Christopher jamais cedeu e por isso
armaram meu sequestro e depois o mataram, tudo isso pelo dinheiro,
é impressionante o quanto a alma humana pode ser podre as vezes.
Escuto alguém batendo ma porta e logo de seguida minha mãe é
quem entra.

— Tudo bem minha filha? — Estamos convivendo juntas a tão


pouco tempo e ela já me conhece como ninguém.

— Nada demais mãe, apenas lembrando de algumas coisas e


também ainda estou chocada com a participação da Morgan em tudo
isso. A senhora viu o que o Christopher fez com ela? — minha mãe e
assente e eu continuo — significa que ele sabia que a Morgan não
era quem dizia ser.

— Sim isso é verdade. Pelos vistos ele estava torturando ela,


provavelmente estava procurando respostas. Mas nós nunca
saberemos — minha garganta se fecha ao ouvir essas palavras.

— Sim nós nunca saberemos. Porque meu marido está morto,


mãe eu estou cansada desse lugar a gente precisa ir embora daqui
depressa antes que nossas vidas pereçam sem nós percebemos. —
Nós já planejamos vários planos de fuga mas até agora não deu para
executar nenhum, porque esse lugar tem seguranças em toda parte.
— Eu juro que se pudesse dava um tiro na cabeça daquele
desgraçado.

Esbravejo com raiva porque tudo isso está me deixando exaurida


demais e sem mais energias.

— Então esse é o seu plano mirabolante? — escuto Morgan


falando irónica de repente ao entrar no meu quarto.

Ela se aproxima de nós e para a minha frente.

— Morgan por favor saia do meu quarto.

— Não vou sair porque esse quarto não é seu, você está aqui de
favor porque se Antonin resolver mandar você embora, irá parar de
baixo de uma ponte porque não é mais milionária, em breve essa
casa, a casa em que você morava e todo resto serão meus, porque
eu serei a mulher com a qual Antonín passará o resto da sua, e não
com duas inúteis como vocês.

— Porquê tanto ódio? Porquê me odeia tanto?

— Não se sinta espacial minha querida, não tenho ódio


especificamente por você, e sim por todas mulheres iguais a você e
a minha irmã. Ingénuas e burras. — Ela aponta para minha cabeça e
depois ela bate nela com o dedo.

— Eu não tenho nada haver com a sua irmã e nem ao menos a


conheço. — Esbravejo me levantando porque estou cansada que ela
me insulte.

— Você tem sim, porque as duas foram mulheres do mesmo


homem — não posso negar que estou surpresa porque não sabia
desta parte da vida do Christopher — sim, seu querido amado
também era casado com a minha irmã, e sabe o que ele fez? Matou
ela e o filho que ela esperava, matou o próprio filho.

Nego freneticamente com a cabeça porque sei que meu esposo


não seria capaz de tal coisa.

O berço

Agora está tudo explicado, aquele lugar é onde ele guardava as


lembranças do primeiro casamento.

— Ele era um maldito assassino que agora está pagando por isso
no infer... — antes que ela termine a frase dou um tapa na cara dela
e faz virar o rosto e me fulminar com o olhar.

— Não vou permitir que insulte a memória do meu marido na


minha frente — ela ia revidar com outro tapa mas minha mãe foi
rápida e segurou no braço dela, e só agora eu prestei atenção na luz
vermelha apontando para a cabeça da Morgan. — O que é isso? —
aponto para luz que agora está em seu peito. Como se tivesse
entendido o que é ela sai correndo mas antes que pudesse chegar
na porta um disparo acerta sua orelha e o órgão sai voando para
longe. Ela cai no chão com rosto cheio de sangue e grita de dor.

Eu e minha mãe nos abaixamos para não ser acertadas.

Será que estão invadindo a propriedade?

Morgan tem a pretensão de sair do quarto e avisar os outros sobre


o ataque, então eu caminho até ela e a jogo de novo no chão para
que não saia do quarto. Então começa uma luta entre nós duas, sem
me importar com o sangue golpeio o lado dela que está sem a orelha
a fazendo gritar de dor.

— Sua puta desgraçada, vou matar você e esse seu bastardo —


ela consegue se levantar e me jogar na cama, antes que eu pudesse
levantar ela sobe em cima de mim quase se sentando na minha
barriga e começa a me dar tapas no rosto, minha visão começa a
ficar turva e sangue começa a escorrer por meu nariz, faço um
esforço para pegar a faca que mantenho escondida em baixo do
travesseiro e assim que alcanço eu cravo no ombro dela fazendo ela
sair de cima de mim e me chingar dos piores nomes que existem.

Ela sai correndo, dou uma rasteira nela e subo em cima dela,
aperto o pescoço dela ao mesmo tempo que bato sua cabeça no
chão, bato com toda força que posso, e não me reconheço.

— Nunca mais insulte a memória do meu marido e muito menos


ameace meu filho — e num último golpe ela apaga. Respiro de forma
ofegante ainda sentada em cima dela sem acreditar no que fiz. —
Será que a matei? — questiono enquanto minha mãe me analisa.

— Acho que não, o peito continua se mexendo — ela me ajuda a


me levantar e trocar o vestido, fazendo tudo isso em silêncio porque
as duas continuamos em choque com o que acabou de acontecer —
será realmente a casa foi invadida?

— Só tem um jeito de saber. Essa pode ser nossa única


oportunidade de finalmente ir embora deste lugar— espreito pela
janela e vejo o caos formado lá fora. Alguns seguranças estão caídos
e alguns disparam para o meio da vegetação. Uma sensação
estranha se apodera de mim, é algo tão forte que chego a ficar
desnorteada. Eu só senti isso quando...

O Christopher estava prestes a chegar na Rússia.


Sem me aperceber de novo estou encarando a foto da minha
esposa, ela está mais linda do que me lembro. A gravidez está
fazendo muito bem a ela, e dentro de algumas semanas ela terá o
bebê, enquanto ela não sair daquele lugar eu não vou sossegar,
mesmo em algumas fotos aparecendo enquanto sorri eu sei que ela
sofre com a minha suposta morte.

Porque foi isso que aconteceu, eu morri por cinco minutos mas de
alguma forma alguma coisa dentro de mim se reacendeu algo que
me obrigou a lutar pela minha vida, porque não só ela dependia de
mim outro intruso estava chegando na minha vida, e eu precisava
manter a promessa de nunca abandona-la.

Quando acordei no hospital e me falaram que fiquei em coma por


quatro meses não pude acreditar, mas Domínic me explicou como
tudo aconteceu, eu estava tão fodido que tiveram que me induzir ao
coma. Quase perdi alguns membros e fiquei surdo, mas com o
tratamento fiquei novo em folha.

E desde então estamos trabalhando numa nova forma de capturar


Antonín, expusemos tudo o que estava no pendrive para a media,
com esse escândalo ele deve estar mais preocupado em eliminar os
o que foram expostos do que cuidar da própria segurança, e é por
isso que é o momento certo para atacar.

— Pronto para trazer sua família de volta?

— Mais do que pronto.

Estou chegando anjo.


— Mas que merda ela está fazendo? — Questiono ao ver Sasha
se atirando para cima da Morgan através do meu binóculo. Estamos
a mais de um quilómetro de distância da propriedade e tal como
suspeitamos Antonín está mais preocupado em eliminar os membros
da GENISIS que foram expostos do que com a segurança da casa, e
eu não podia perder a oportunidade de matar a vadia da Morgan
quando a vi gritando com minha esposa, que pelo que vejo aprendeu
muito bem a se defender, uma vez que a vi dando uma boa surra na
Morgan. Mas o tiro não foi fatal — Domínic acho que está na hora de
entramos, não quero que aquela vadia ataque minha mulher.

— Equipe um e dois avançar — ele fala pela escuta e logo de


seguida vários homens surgem pela mata e escalam os murros da
propriedade, e com muita facilidade conseguem entrar, enquanto
alguns invadem por terra outros permanecem nas sombras como
reta guarda.

A adrenalina é tanta que já posso sentir minhas mãos arrancado o


coração daquele filho da puta. E analisando agora o fato de Domínic
ser controlado me ajudou muito para não sair dos Estados Unidos
por conta própria e vir até aqui meter uma bala na cara do
desgraçado, desta vez ele foi muito precipitado ao aceitar minha
morte, mas esse erra o objetivo dele quando implantou aquelas
bombas naquele quarto, então Domínic resolveu dar a ele o que
tanto queria, quando fui induzido ao coma ele espalhou pela media
que eu estava morto para a informação ganhar mais credibilidade.

Assim que um dos homens sinaliza de que o lado externo da casa


está controlado eu me levanto saindo imediatamente do nosso fato
camuflado, não vou deixar a vida da minha esposa e a do meu filho
nas mãos dos outros.

— Que porra você está fazendo? — meu companheiro me


pergunta se afastando do rifle que aponta para casa.

— O óbvio, eu vou pessoalmente. Irei buscar minha família, não


que eu não confie nos homens do Enrico mas preciso me certificar
que ela não sairá com um único aranhão deste lugar. — Ele me
encara em negativa mas sabe que nada irá me deter.

— Merda de homens apaixonados. Já tinha avisado que um dia


vocês iam se foder por ser tão dependentes das vossas esposas.
Um levou um tiro e quase morreu, o outro foi traído e ainda quase
explodiu dentro de uma casa e você praticamente explodiu dentro do
um quarto. — Ele volta a posição inicial e segura no rifle como se
não tivesse acabado de falar nada — não falo mais nada, se está
disposto a morrer por causa de uma buceta problema seu.

— Não fode Dominic — ele sabe que estou me segurando para


não socar sua cara agora por falar dessa forma da minha esposa —
apenas faça o que mais sabe fazer, atire e mate, eu gosto de ver o
perigo cara a cara — desço a montanha coberta de vegetação
carregando minha arma. Antes de atravessar o portão da
propriedade escuto o exato momento em que Domínic avisa que em
breve também irá se juntar a mim. Eu sabia que ele não resiste a um
banho de sangue.
Os tiroteios estão por toda parte, e é por isso que eu preferi vir e
ver tudo com meus próprios olhos.

Merda

Esse lugar é enorme e não sei por onde começar a procurar minha
esposa, me encaminho até o interior da casa, abro porta por porta e
nada dela apenas alguns funcionários com medo de serem
alvejados. Uma mancha vermelha chama minha atenção no último
degrau da escada, e então é para lá que eu vou, sigo o percurso do
sangue até que chego ao quarto onde minha esposa estava a pouco
tempo, ela fez um bom trabalho, a recompensarei por isso. O fato de
Sasha ter contido a ação da Morgan quando ela quis espalhar que
estávamos atacando foi suficiente para que nosso plano não
falhasse.

Tomara que ela não esteja perto daquele filho da puta agora.

Quando eu ia voltar a descer as escadas um tiro ecoa em algum


lugar da casa e logo de seguida escuto o grito da Sasha.
Após saírmos escondidas do quarto eu e minhas mãe vagamos
pela casa sem rumo, os tiroteios estão por toda a parte e não
sabemos qual o lado da justiça nesse momento. Não sabemos se
esse ataque é da polícia ou algum inimigo do Antonín, nós estamos
completamente de fora do assunto.

— Precisamos arranjar um jeito de fugir — sussurro para minha


mãe que está agachada comigo por baixo da mesa. É possível sentir
a intensidade de tremores da minha mãe, ela está apavorada.

— Não minha filha, é muito perigoso. Ele vai nos achar e me levar
de novo, eu sei que te prometi que seria forte por nós três. Mas
quando Antonin Fica bravo ele vira um demónio e não quero
imaginar nas atrocidades que ele irá fazer comigo caso eu o desafie
desse maneira — eu entendo ela. Está cativa desse homem a anos
que de forma automática a mente dela se nega a desobedece-lo
dessa forma, é difícil negar mas esse homem estragou a minha mãe,
quando ele está por perto é possível ver a submissão dela perante a
ele, e o desgraçado fica satisfeito toada vez que vê o olhar
atormentado da minha mãe.
— Mãe eu sei que a senhora está com medo. Mas precisa ser forte
para que consigamos sair daqui com vida. Sem o papai, o Dimitri ou
o Christopher agora estamos por conta própria nós duas. Precisamos
fazer nossas vidas valerem a pena mãe, por favor, eu quero que meu
filho cresça longe de toda essa violência — nos abraçamos e minha
mãe me promete que será forte e que fará de tudo para que
tenhamos um novo recomeço longe daqui.

Resolvemos sair de baixo da mesa, mas antes que pudéssemos


dar um passo, o engatilhar de uma arma chama nossa atenção bem
atrás de nós. Nos viramos e um Antonín nos observa com seu olhar
fulminante capaz de destroçar qualquer alma que tenha vida.

— Olhem só, então as fujonas estavam aqui bem escondidas.


Katia vem — minha mãe nega freneticamente, eu me posiciono na
frente dela para impedir que ele se aproxime.

— Você não vai mais colocar essa suas mãos imundas na minha
mãe nunca mais — ele gargalha Enquanto brinca com a arma que
está em suas mãos.

— Menina tola. Tão tola igualzinha a mãe. Nada nem ninguém irá
me separar dela, não é bichinho? — minha assente e caminha até
ele sob meus protestos.

— Mamãe não por favor. Não o deixe tomar o controle por favor.

— Minha para sempre. — Ele alisa as bochechas dela e o fato da


minha mãe estar derramando lágrimas de medo não o afeta em nada
— agora diga que me ama — esse homem é louco meu Deus. —
Anda quero ouvir da sua boca dizendo que me ama benzinho.

No fim eu entendo ele. A falta de amor e afeto faz com que as


pessoas passem a fantasiar coisas que talvez nunca se irão se
concretizar, no fundo Antonin é um homem que se sente rejeitado
porque minha mãe nunca pôde o amar, porque o amor dela pertence
e sempre pertencerá ao meu pai, e ele sabe disso e por mais que
mantenha minha mãe refém de seus desejos sujos ela nunca será
dele de corpo e alma.

— Já chega Antonin, Minha mãe não te ama. Ela ama e sempre


amará meu pai — ele esbraveja e segura o braço da minha mãe com
força arrancando dela um gemido de dor — solta ela por favor você a
está machucando — ele não cede.

Recuo um passo quando de repente Morgan surge por uma das


portas todas ensanguentada se e machucada pelas surras que dei
nela.

— Eu vou te matar sua desgraçada — ele avança em minha


direção no mesmo momento que Antonin puxa minha mãe para
longe — Antonín aonde você vai? Filho da puta, você não vai me
deixar aqui.

Ele não responde nada e continua arrastando minha mãe com ele.
Não posso fazer nada porque tem uma arma apontada para minha
cara nesse momento, qualquer movimento e serei alvejada. Em
nenhum segundo Morgan demostra alguma desistência em relação a
apertar o gatilho.

— Morgan por favor eu estou grávida, por favor. Pense no que a


sua irmã acharia da sua atitude nesse momento. Por favor me deixe
pelo menos ter meu bebê — ela bate a arma na própria cabeça e ri
de mim.

— Não se engane não vou poupar sua vida. Por isso não implore.
— Ela torna a apontar a arma para mim, e minha única reação é
fechar os olhos — vai se juntar ao filho da puta do seu marido sua
cadela.

E então dispara. Um líquido viscoso respinga no meu rosto de


seguido um baque de um corpo caindo a minha frente faz eu abrir
meus olhos, foi impossível não gritar ao notar que o líquido
espalhado no meu rosto é o sangue da Morgan, e ela está caída e
morta seu rosto está completamente desfigurado.
Ela atirou nela mesma?

O estado da arma em sua mão denuncia que ela explodiu, não sei
como mas ao invés da bala sair pelo cano ela foi para direção
contrária atingindo seu rosto. Os olhos sem vida estão me encarando
e foi impossível não sentir um calafrio aterrorizante com essa cena.

Saio correndo na direção que minha foi levada sem me importar


com o sangue espalhado pelo meu rosto e corpo. Minha mãe é o
importante agora, eu não saio daqui sem ela. As hélices de um
helicóptero fazendo um barulho ensurdecedor me alertam que
provavelmente esse é o meio de fuga que Antonín irá usar.

Desço as escadas praticamente correndo até o andar de baixo,


meu filho não para de mexer, provavelmente deve estar sentindo o
quanto a mãe está agitada.

— Agora não bebê, por favor — pelas enormes janelas já é


possível ver a aeronave sobrevoando a propriedade e bem no final
do corredor minha mãe anda tentando acompanhar seus passos
largos enquanto ele grita com ela sobre alguma coisa se ele morrer
ela também morre.

Esse homem está doente.

Eles entram pelo subsolo da casa, não sei onde isso vai dar e
mesmo assim eu continuo os seguindo. Pelo caminho seguro numa
barra de ferro de espessura grossa e meio pesado, faço o mínimo
barulho possível para que ele não me veja. Quando finalmente
alcançam a saída do subsolo eu me apreço até finalmente ficar
praticamente atrás dele. Minha mãe luta com todas as forças para se
soltar dele, o que é impossível visto que ele é duas vezes maior que
ela.

O barulho de um estrondo forte faz com que eu me desequilibre e


segure na parede, pois até a estrutura de concreto teve um abalo
após o forte barulho que se ouviu. Parece ter sido uma explosão.
— Merda — Antonín esbraveja e segura o celular logo de seguida
— que merda foi essa? Quem foi que explodiu o meu helicóptero.
Desgraçados. Mandem um outro agora ou mato você e toda a porra
da sua família.

Aproveito que ele está distraído com o celular e me aproximo por


trás cautelosamente, com toda força que possuo seguro na barra de
ferro e acerto um golpe forte na cabeça do desgraçado que vai no
chão sangrando.

— Mãe — trocamos um abraço forte, faço uma supervisão nela e


vejo que para além da bochecha e o olho inchados, provavelmente
consequência das surras que ele deu nela, não está machucada em
outro lugar — vem mãe vamos embora.

Saímos correndo em disparada antes que ele acorde. Corremos


uma coisa de duzentos metros e quando nos viramos para trás
ficamos aterrorizada ao constatarmos que o corpo caído de Antonín
não está mais onde o deixamos. De repente duas sombras em
formas de homens aparecem rebolando pela grama um tentando
golpear o outro.

Eu quase tenho uma queda de pressão quando no meio daquela


confusão de músculos vejo uma barba muito bem conhecida por
mim, e apesar das roupas pretas até os pulsos, é possível ver os
desenhos das tatuagens nas mãos.

Não, isso é apenas minha mente brincando comigo nesse


momento de carência. Eu estou começando a confundir as coisas.

O Homem enorme atira o corpo ensanguentando do Antonín para


longe e se vira para me encarar. Como se seu olhar tivesse me dado
uma espécie de choque meus olhos lacrimejam e um silêncio
perdura no ar apesar do caos instalado. Ele caminha em minha
direção e eu permaneço imóvel apoiada por minha mãe uma vez que
meus pés ameaçam fraquejar.
— Eu estou ficando maluca. — sussurro, então a miragem a minha
frente sorri e acaricia minha bochecha — mãe estou vendo uma
miragem do meu marido e posso sentir o toque e o cheiro dele. Quão
louca a senhora acha que estou?

— Meu anjinho — não definitivamente eu não estou sonhando. Eu


acabei de ouvir a voz dele, e quando ele me chamou de anjinho todo
meu corpo vibrou e cada célula minha gritou em reconhecimento. —
Sou eu meu anjo.

Apesar dos fatos estarem na minha cara eu não quero aceitar.


Pode ser uma ilusão e eu não quero me apegar e depois quebrar
meu coração. Mas quando sinto o toque da sua mão quente na
minha barriga eu perco o fôlego, e é como se meu filho também
reconhecesse ele pois não para de chutar como se quisesse gritar
para pai que ele existe. Olho para o homem a minha frente e seus
olhos brilham, não vejo decepção, raiva ou rancor em sus olhos, ele
está... feliz.

Ainda trémula conduzo minha mão até seu rosto e aliso cada canto
dele.

— Você está aqui? Você voltou para mim? — ele assente e eu


ainda não posso acreditar — você está mesmo aqui e...e eu estou
grávida. — baixo meu olhar porque ainda é difícil confessar isso só
agora — desculpe por não ter dito antes eu sinto muito.

Ele segura meu rosto para nos encararmos.

— Shh, eu estou aqui agora, eu prometi que nunca te deixarei e eu


vou cumprir essa promessa até o dia dos nossos últimos suspiros. —
Ele me abraça tão forte como se quisesse sentir que eu realmente
sou real, assim como eu ele traduz a saudade.

Tudo acontece muito rápido, num momento Antonín estava parado


para atirar no Christopher, mas um vulto surge de repente o jogando
no chão e desferindo incessantes socos na cara dele. Eu e minha
mãe olhamos horrorizadas para o tal homem, ele é um assassino
frio, a crueldade é tão evidente em seu rosto que me pergunto se
tem um coração batendo no peito dele.

Os detalhes dele não me prendem por muito tempo pois uma dor
descomunal começa a se fazer sentir na minha barriga. Estão todos
tão concentrados em prender Antonín que ninguém repara no
momento que me ajoelho no chão para conter o grito de dor.

— Christopher! — ele se vira e olha para mim exatamente no


momento que minha mão passa pela coxa onde o sangue escorre —
eu estou perdendo o nosso bebê.
Não anjo você não vai me deixar.

Grito num monólogo interno parado na sala de espera do hospital.


Ela veio o caminho todo desmaiada e perdeu muito sangue, isso
estava me preocupando, achei que ela fosse entrar em trabalho de
parto, mas os médicos me garantiram que irão fazer de tudo para
que meu filho viva mais um pouco na barriga da mãe para que se
fortaleça um pouco mais.

Porra

Isso está demorando demais, a mãe dela não para de chorar


sentada no sofá. Tal como eu está preocupada com a filha.

— Vocês mataram ele ? — Não precisa ser nenhum gênio para


saber que ela está falando do Antonín.

— Ainda não, mas em breve ele estará morto. Aquele lixo não é
mais assunto meu nem seu, a pessoa indicada irá cuidar para que
ele chegue ao inferno como merece — ela assente e volta a se
trancar o próprio mundo.

Antonín não é o único que irá para o inferno em grande estilo a


Morgan também, ela praticamente ficou sem rosto após a arma
disparar na direção contrária. Ela é um problema a menos.

Depois de mais de trinta minutos o médico vem ter connosco.

— Como está minha esposa? — penso meu um pouco e prossigo


— e meu filho?

— Os dois estão bem. Melhor do que pensávamos, ficarão apenas


alguns dias em observação, mas recomendo que sua esposa
mantenha repouso. Não se esforce e nem carregue coisas pesadas
e não faça movimentos bruscos — ele me olha com uma cara e
depois prossegue — se é que me entende.

Assinto e caminho até o quarto onde ela está. Ela está olhando
para janela e quando percebe minha chegada ela se vira para me
encarar.

— como se sente anjo? — me sento na poltrona perto da cama.

— Estamos bem — vou levar um tempo a me acostumar de que


agora seremos três. — Como você sobreviveu a explosão? Eu vi
quando as bombas explodiram com você lá dentro como saiu vivo?

Então explico para ela como tudo aconteceu, falo também da


minha relação com Antonín e o motivo de eu estar tão envolvido com
ele e nos planos sujos que ele tinha para o mundo.

Passamos alguns dias no hospital e quando o médico finalmente


autorizou a alta embarcamos para nossa casa junto com sua mãe, e
mais uma vez ele desapareceu e só irá reaparecer quando precisar
de algo ou vice versa.

Seattle, Washington
Já passam alguns dias desde a nossa volta para casa, e por mais
que eu e Sasha estejamos nos aproximando eu sinto ela meio
distante, ela não é mais a minha Sasha, eu vejo o quanto ela quer
questionar quer saber das coisas mas esse meu jeito de ser não
permite que ela se abra por completo. Ela é tão minha que para além
de marca-la na minha mente e na porra do meu coração eu a
marquei no meu corpo.

A mãe dela tem se adaptado muito bem com nova realidade, ela
tem me ajudado a ficar de olho na filha, por causa da gravidez
existem certas coisas que ela não pode fazer e eu estou quase
ficando de bolas roxas porque ela sempre me provoca ficando
pelada pelo quarto expondo aquelas curvas que tem me deixado
com água na boca, a vontade que tenho as vezes é de joga-la na
parede e me perder nas suas curvas novas, ela está tão gostosa que
só de me lembrar no quanto a buceta dela é apertada eu já fico duro.

Saio do escritório para procurar por ela, voltar a vida normal está
levando o seu tempo pois tenho que reorganizar as coisas do
escritório e também ficar de olho nela. E como sempre a acho na
sala de cinema, onde sem sido um de seus lugares favoritos.

— Vem anjo, preciso de mostrar algo — ela segura minha mão e


caminhamos juntos até que quando chegamos a escada a seguro
em meus braços.

— Christopher isso é um exagero eu posso subir uma escada por


conta própria. — Ela reclama fazendo um bico nos lábios.

— Eu sei que pode anjo mas eu não quero que o faça. — Quando
passamos o andar do nosso quarto ela fica meio aflita pois estou a
levando para o andar onde fica o quarto de jogos.

Paro em frente a porta pretendida e a abro. A coloco no chão e ela


entra no ambiente em choque.

— Onde estão todas as coisas? — ela pergunta ao se aperceber


que me livrei de todas as coisas da Stacy.
— Anjo olha para mim — e assim ela o faz — eu quero te pedir
desculpas por não ter contado para você este lado do meu passado,
você merecia saber de tudo. Por mais que eu não queira eles
sempre irão ocupar um lugar aqui — aponto para meu peito.

— Você ainda a ama não é? — Ela pergunta enquanto se vira para


a janela, sua voz soa triste e desesperada.

— Não, eu não a amo mais porque ela não está mais aqui, nem
meu outro filho. Mas você e nosso filho estão aqui e vocês são tudo
o que preciso — ela se aproxima e segura minha camisa, eu
permaneço imóvel vendo cada movimento dela. Ela começa
desabotoado minha camisa deixando toda parte frontal do meu corpo
exposta para então ela passar os dedos em cada tatuagem, e eu
não protesto porque se ela quiser que eu me queime agora eu me
queimo, se ela me der um tapa eu também vou aceitar.

— Essa tatuagem você fez em homenagem a eles não é? — ela


pergunta das iniciais que a algum tempo quis saber o que significam.

— Sim, são as iniciais do meu nome da Stacy e do nosso filho —


os olhos dela brilham e eu quero muito dizer a ela que tem um lugar
na minha vida. Por isso tiro a camisa e me viro de costa para ela.

— Christopher o que é isso? — a dias tatuei ela grávida nas


minhas costas. Quem vê de longe pensaria que é alguma santa de
tão perfeita que ficou ela tatuada na minha pele. Os dedos trémulos
tocam cada canto da arte — é tão linda. — ela sussurra. Mas se não
saímos daqui em instantes sou capas e a locar naquele escrivaninha
a foder feito um depravado.

— Anjo é melhor nós saímos daqui agora ou — solto um gemido


profundo e rouco ao sentir os lábios sedosos delas passando por
minhas costas e sua língua perfeita me torturando.

— Ou o quê?

— Ou te colocarei sobre aquela mesa e te foderei feito um doente


— quando ela solta uma risadinha de menina safada meu pau quase
salta da calça.

Que se dane

Seguro nela e a coloco sobre a mesa, abro as pernas dela e quase


tenho uma síncope ao ver a buceta toda molhada a minha frente sem
calcinha. Aposto que ela estava esperando o isso tanto quanto eu.
Da minha língua chega a escorrer saliva só de imaginar lamber ela.

— Safada — dou um tapinha na bucetinha dela e ela geme quase


gozando , me abaixo para sentir seu cheiro feminino, e não resisto
de passar a língua bem no meio das dobras atingindo assim seu
clitóris piscante — hum que delícia anjo. Essas curvas estão me
deixando louco.

Chupo ela bem devagar para sentir cada gota do seu néctar, Ela
se contorce puxa meu cabelo rebola na minha boca mas não goza.

— Por favor Christopher.

— O que você quer anjo? — meu dedo entra e sai da sua fenda
apertadinha enquanto eu chupo os peito que estão enormes.

— Me fode — ela esbraveja e praticamente grita e eu quase rio da


cena. Ao se aperceber da minha demora ela desfaz o meu cinto e
baixa minha calça — me foda agora.

Sem esperar mais a penetro bem de vagar e nos dois suspiramos


ao sentir um ao outro tão profundamente conectados. Me novo de
vagar dentro da buceta gulosa dela.

— Isso me come amor — ela está delirando de prazer e eu estou


me segurando para não gozar agora. Se comer uma mulher grávida
é tão bom assim então ela ficará sempre grávida — isso mais forte.

Bombo com tudo dentro dela, mais rápido porque sei que ela está
tão próxima que já posso sentir as reações do seu corpo.
— Goze anjo goze para seu marido, goze no meu pau — ela
treme e grita meu nome tão alto que não duvido que boa parte da
casa tenha ouvido, me movo um pouco mais e também me derramo
dentro dela e perco a noção de tempo e espaço — você é tão
gostosa anjo.

Os dois respiramos ofegantes encarando um os olhos do outro sob


a luz da lua brilhante lá fora.

— Eu te amo tanto Christopher. Por favor não parta meu coração.

— Eu sei anjo e é por isso que eu também te amo. — Lambo as


lágrimas dela provavelmente ela nunca esperou ouvir essas palavras
vindas de mim, mas eu comecei a amar essa mulher no dia que a vi
— não posso prometer algo que talvez não irei cumprir, mas caso
parta seu coração eu mesmo irei juntar os pedaços e concerta-lo
outra e outra vez até que eu pare de quebrá-lo.

Em algum lugar dos Estados Unidos


Narrador
O homem observava o seu prisoneiro de forma tão letal que com
apenas um olhar ele mataria uma alma fraca. A vida o machucou e
roubou tanto dele que agora ele não se importar mais com os outros
e muitos menos com a droga do mundo. Agora ele segue apenas os
seus instintos assassinos.

— Depois de tanto tempo ter você aqui preso praticamente caindo


aos pedaços não me parece tão divertido — os músculos enormes
distribuídos por todo seu corpo bronzeado são o que chama mais
atenção a cada movimento seu.

— Sério? — o outro sorri mesmo todo ferido e sujo e a exalando o


cheiro da podridão dos próprios excrementos, que por acaso foi
obrigado a come- los no dia de ontem. — Porquê não me mata de
uma vez? Essa tortura não irá trazer a sua família perfeita de volta.
— Ele gargalha mas seu corpo cansado e deteriorado em vida
protesta no processo.

Ele sempre foi calmo e paciente por isso a frase do seu prisoneiro
não o afetou como pretendia. Mas nas o afeta o suficiente para tirar
dele um simples suspiro.

— Hoje é dia de jogar tiro ao alvo — fala enquanto passeia suas


mãos nas diferentes armas expostas sobre a mesa — estou na
duvida se escolho a Glock ou opto mesmo pelo modo tradicional do
jogo, o arco e flecha. O que você escolheria? — antes que o homem
pudesse responder ele o silencia e procede: — ham esqueci, você
não pode escolher uma arma. Porque você será o alvo do jogo. —
Para quem não conhece diria que ele é um louco psicopata pela
forma que sorri só de pensar em como irá aplicar cada jogo sujo em
seu prisoneiro.

Eles não sabem o que acordaram quando mataram sua família e


seu melhor amigo.

Ele era um matador, um homem sem alma e sem nenhum outro


tipo de emoção ou sentimento, estava quebrado o suficiente para
saber que até respirar já era insuportável.
Ele era o atirador de elite.
Quatro meses depois

Olho de forma minuciosa para a minúscula criatura deitada sobre o


berço, assim como eu, seus olhos fortemente azuis iguais aos da
mãe estão vidrados em mim. Apesar de ter apenas dois meses de
vida ele solta um sorriso como se eu tivesse acabado de falar algo
engraçado. Ou ele está mesmo rindo da minha cara.

Aos poucos eu vou me adaptando a essa nova modalidade que é


a minha vida. E por mais que eu tente me desfazer de certos
aspectos da minha vida, as sombras ainda vivem em mim e acho
que ninguém conseguirá mudar isso, nem mesmo a Sasha, nem o
nosso filho. Eu amo os dois , eu mataria como também morreria por
eles, mas algo em mim ainda reacende querendo subjugar e dominar
e não sei como entrar numa abordagem como essa com minha
esposa sem ser indelicado, eu não sei ser delicado.

Desde aquele dia que a machuquei nunca mais a levei para lá, não
quando naquele dia vi em seus olhos lágrimas de dor e medo, nunca
comentei isso com ela mas aquele olhar amedrontado com o qual ela
me olhou ainda me assombra hoje em dia. Mas eu jurei para ela que
mudaria e vou fazer o impossível para seguir essa promessa ao pé
da letra.

Saio do meu devaneio quando escuto o novo intruso da casa


resmungando, o nascimento dele me deixou praticamente no
celibato, porque Sasha está tão emocionada com o fato de ser mãe
que ela praticamente carregou o quarto dele para o nosso quarto, e
por noites sou obrigado a ver ele sugando o seio da minha mulher
enquanto ela sorri para ele eu fico como um mero telespectador.

— Onde está sua mãe? — Pergunto ajeitando minha gravata, e


me dou conta que estou esperando pela resposta de uma pergunta
que fiz a alguém que não sabe nem lavar sua própria bunda ainda.
Porra, ser pai não parece tão interessante agora — você não vai
chorar não é?

Ele me analisa e a chupeta que a pouco estava em sua boca cai


para o lado, travamos uma guerra de olhares e antes que eu
pudesse fazer alguma coisa ele começa a chorar.

Seja homem Christopher segure no seu filho e o faça parar de


chorar.

— Merda — me agacho e seguro ele com as duas mãos, o tiro do


berço e o seguro a uma distância segura em frente de mim — Sasha!
— assim que ele se apercebe que está no meu colo ele se cala e
começa a me analisar outra vez.

— Oi amor — olho em direção a porta e uma Sasha gostosa


dentro de um vestido que revela mais do que devia entra no quarto
sorrindo — oi meu amor — ela fica parada imóvel ao se aperceber
que estou segurando nossos filho, seus olhos brilham e ela
praticamente pula de alegria — aí meu Deus eu esperei tanto por
esse momento.

Ela começa a brincar com nossos filho que agora está em meu
colo e meus olhos não saem dos seus peitos fartos que estão quase
saltando para minha cara.
Porra, eu realmente preciso de sexo ou vou ficar maluco.

Ela retira seu mais novo companheiro dos meus braços e caminha
com ele até uma poltrona onde costuma alimenta-lo, sigo até o mini
bar e sirvo uma dose de whisky, meu corpo está precisando de algo
espirituoso. Sento na poltrona do canto enquanto observo eles dois.
Não posso negar minha esposa está contente com sua vida nova,
com a mãe morando connosco e o nosso filho ocupando a cabecinha
dela, ela aos poucos esquece pelo que passou a meses atrás. Mas
Kátia continua afetada, não tem como ser diferente depois de mais
de vinte anos cativa de um doente feito o Antonín.

E pelas notícias que tive ele está sendo muito bem cuidado pelo
Dominic. Hoje em dia a GENISE não passa de um assunto
esquecido, todos os envolvidos foram presos e condenados, até a
esfera mais baixa da organização está atrás das grades, é certo que
provavelmente nem todos foram presos, alguns permanecem
escondidos atrás das máscaras de grandes empresários, políticos ou
servidores públicos. Mas um por um eles irão cair.

Saio do meu devaneio quando Sasha se levanta para colocar


Lincoln no berço.

Lincoln, esse nome foi escolha dela após ver a árvore genealógica
da minha família, não sei como ela descobriu isso mas resolveu
colocar o nome do meu bisavô, ele foi o grande fundador do
Internacional Financial Bank, o banco da nossa família. Não me
opus com a escolha do nome, afinal de contas é só um nome.

Meus olhos ficam hipnotizados quando vejo o vestido dela levantar


ligeiramente enquanto ela se esgueira sobre o berço para colocar
nosso filho dormindo, vejo o lindo par de coxas e meu pau se remexe
no interior da calça, como um depravado faminto me levanto do meu
assento e me encaminho até ela.

Solto um gemido assim que meu pau duro vai de encontro com
sua bunda que atualmente está mais chamativa que nunca, ela dá
um pulinho pois a assustei e eu sorrio com isso.
— Sou eu anjo — aperto sua cintura e solto um beijo no ombro
dela — estou com tanta saudade de estar dentro de você anjo —
olho pra meu relógio de pulso para ver as horas — temos alguns
minutos antes dos convidados chegarem — ela também quer, tanto é
que não para de esfregar a bunda no meu pau, com as duas mãos
seguro na barra do vestido e o levanto de vagar até ter a visão do
paraíso — você está tão gostosa anjo.

Encaminho meu dedo indicador para sua calcinha rendada e ele


mergulha tão fácil no meio das suas dobras molhadas que parece
que ela espera por isso tanto quanto eu.

— Você precisa ser castigada por ser um menina má e andar com


a buceta do seu marido molhada por aí — sussurro bem baixo em
seu ouvido e ela geme e pede que eu a foda da forma mais crua e
selvagem, é isso mesmo que eu quero a foder duro até que suas
pernas fiquem bambas e ela fique com a voz rouca de tanto gritar por
mais.

A puxo pela cintura e a encosto na parede, com apenas um puxão


rasgo a calcinha minúscula que ela usava, e quando eu ia abrir o
cinto da minha calça alguém bate a porta. Não me importo e continuo
buscando o meu pau duro, mas antes que eu pudesse deslizar para
dentro dela ela se afasta e ajeita o vestido.

— Que porra você está fazendo? — questiono olhando para ela


que respira ofegante assim como eu. A aperto de novo na parede e
aperto seu lindo pescocinho sem fazer muita pressão.

— Christopher Pode ser a minha mãe — olhos para e depois para


porta, então assinto e a solto. Coloco a porra do pau no lugar e fico
de costas para porta, não que me importe que minha sogra me veja
duro. Mas não é ela quem está na porta é a governanta.

— Desculpe senhora, só vim avisar que as visitas chegaram. —


Sim visitas, parte da mudança seria eu aceitar receber pessoas na
minha casa, o que Sasha chama de meus amigos.
Ela sai correndo do quarto e a sigo logo atrás. Quero gritar com ela
e dizer que tome cuidado mas é tarde demais porque ela já está lá
em baixo gritando e pulando abraçando as esposas dos meus
sócios. Elas parecem três loucas, desço às escadas e caminho até o
hall onde todos se encontram. Nós três paramos para observar as
três tagarelas que parecem terem esquecido a nossa presença, sem
dar nenhuma atenção a nenhum de nós elas saem correndo indo em
direção às escadas.

De repente os empregados aparecem carregando malas para o


andar de cima, direciono meu olhar mais mortal para Nicholas e para
Enrico.

— Não me olhe assim Christopher, já recebi olhar pior que o seu


— Enrico fala enquanto puxa um charuto do bolso.

— Desde quando minha casa virou acampamento de férias? —


Sasha disse que seria uma visita rápida e que as amigas vinham
apenas ver o nosso filho.

Nicholas gargalha olhando para mim.

— Ela não avisou que passaríamos uns dias aqui não é? Você
está fodido — é tarde demais para mandar todos eles embora, o jeito
vai ser aceitar todos eles aqui.

Assim como eu Nicholas e Enrico se casaram com suas esposas


em circunstâncias nada honradas, nunca considerei eles como meus
amigos, mas sim sócios de negócios, apenas nossas esposas é que
são amigas, e pelo que estou vendo elas já sentem liberdade
suficiente para nos ludibriar.

Os três estamos sentados na sala de estar falando sobre futuros


negócios, quando de repente na televisão passou uma notícia de
última hora.

" Notícias de última hora, Scott Sanders, juíz máximo da corte da


justiça foi encontrado morto está manhã em seu escritório, e
segundo o relatório da polícia provavelmente ele tenha sido alvejado
a longa distância, a uma distância de um quilómetro e meio para se
mais exata, o que indica que o autor do crime seja um atirador de
elite muito bem treinado."

Nós três nos encaramos pois sabemos muito bem quem foi o autor
desse crime.

Era hora da sua vingança.


São Petersburgo, Rússia

Nos últimos meses eu tenho tentado me adaptar a minha nova


vida, durante os dias eu tenho sido uma mãe e uma avó amorosa
que minha filha e meu neto merecem. Mas a noite quando ninguém
está vendo, eu choro imensamente de medo desespero, toda vez
que fecho os olhos no escuro é a ele que eu vejo me atormentado. E
ele irá perdurar nas minhas lembranças para sempre, não importa o
que eu faça, estarei acorrentada a essas lembranças até meu último
suspiro de vida.

Sei que ele está sendo torturado da forma que merece mais nem
isso faz meu coração ficar em paz. Sinto que ainda não descobri o
meu lugar, me sinto perdida e sozinha ao mesmo tempo. E por mais
que eu seja feliz ao lado da minha filha e do esposo eu me sinto uma
intrusa. Anos se passaram e as coisas mudaram tanto mas algo em
mim jamais irá mudar, o amor e a saudade que sinto pelo meu
amado.

Caminho até a janela e olho o tempo frio lá fora, a neve cai de


forma incessante, apenas se escuta o chiar do vento contra as
árvores e também o encriptar das chamas vorazes que ardem na
lareira. Ficar um tempo aqui sozinha onde vivi os momentos mais
felizes da minha vida com meu amado irá me fazer muito bem,
precisava desse momento. Apesar de relutar da minha ideia, minha
filha acabou aceitando e agora deve estar aproveitando a companhia
de todas as suas amigas.

Um barulho no corredor chama minha atenção, quando ia levantar


para ver quem é uma sombra surge quase arrancando de mim um
grito de susto, mas quando vi o rosto do Logan, chefe de segurança
do meu genro eu me acalmei. Logan é um homem muito simpático,
deve ter no máximo uns cinquenta anos e tal como eu seu olhar
demonstra o luto eterno no qual ele vive.

— Desculpa não queria assusta-la — ele se acomoda no sofá a


minha frente para começar a observar a lareira.

— Não faz mal — ele assente e me oferece uma caneca com


chocolate quente.

Então falamos de diversos assuntos, música, teatro entre outros


assuntos culturais. Apesar de ter ficado tanto tempo cativa eu não
pude deixar de apreciar algumas coisas e suas evoluções, mesmo
sendo um doente, Antonín gostava de arte e música, tanto é que ele
me mandava tocar violino para ele e as vezes mandava organizarem
peças teatrais ou musicais para nós dois.

Nunca vou me esquecer de tudo o que vivi com ele, eu preciso


contar a minha história completa a alguém algum dia.
Com meus dedos dedilho o tecido leve e rendado da minha
langerie que consiste num sutiã bem leve e sem esponja apenas
revestido de renda, através dele é até possível ver os mamilos
rosados, o sutiã é acompanho por uma calcinha preta tão pequena
que é como se eu estivesse nua. Uma cinta liga e meias finíssimas
de cor preta finalizam o conjunto. As meninas é que me ajudaram a
escolher.

Em frente ao espelho faço uma trança única que reúne meus


cabelo negros atrás.

Christopher ainda está trabalhando no escritório, ele tem feito de


mim a mulher mais feliz do mundo, mesmo com o jeito carrancudo
dele de ser. Eu sei que ele se esforça para que sejamos uma família
comum. Mas também sei que ele tem suas necessidades, sei que
apesar de tudo dentro dele ainda vive um ser sádico e dominador
que necessita de satisfazer esse desejos primitivos.

Todas as noites eu vejo fogo nos olhos do meu marido quando ele
me observa, ou quando alguma parte do meu corpo fica exposta. E
hoje eu vou dar isso a ele, não só porque ele precisa mas também
porque ele me ensinou a gostar, e a perversão que se desenrola no
quarto de jogos me faz alcançar patamares do prazer que jamais
achei que pudesse suportar.

Nosso Lincoln está com a babá, uma vez que minha mãe não se
encontra, ela ainda está na Rússia curando suas feridas, e eu
entendo que ela necessite desse momento sozinha. Minhas amigas
e seus respectivos maridos já foram embora, nós três ficamos de nos
encontrar outra vez nos próximos meses vou até apresentar a Yeva
para elas. Amei ver elas e os filhos também que já estão bem
grandinhos. Não posso dizer o mesmo dos maridos, Acho que isso é
mútuo, porque nós três temos medo dos maridos umas das outras.
Mas cada uma sabe como domar o seu.

Tanta coisa aconteceu na minha vida desde o meu casamento que


não me vejo sem estar casada e ao lado do homem que amo.

Quando ouvi pela primeira vez ele confessando que também me


amava eu chorei de emoção, porque sei o quanto é difícil para ele
pronunciar tais palavras, pra ele ainda é muito difícil demonstrar
afeto, mas não me importo de ajudá-lo nesse processo.

E não é só a mim que tem demonstrado amar, mas ao nosso filho


também. Ele é meio desajeitado quando se trata de segurar um bebê
mas com o tempo sei que irá se adequar, afinal de contas eu quero
ter mais filho. Quero sentir de novo aquela sensação de segurar um
filho nos braços recém saído do ventre.

Entro no quarto de jogos e acendo a lareira e imediatamente as


chamas começam a consumir a madeira, ilumino também alguma
velas aromáticas pelo ambiente, o cheiro de ébano e madeira é uma
mistura tão boa que já me excito de imaginar o que irá acontecer
nesse lugar assim que ele entrar por aquela porta.

Antes de sair do quarto deixei um bilhete informando onde estaria


e por cima do mesmo coloquei um chicote.
Com apenas um passo já estou em pé parada na plataforma de
madeira, me ajoelho em posição de submissão e coloco as mãos por
cima das minhas coxas, olho para baixo e me sinto pronta.

Pronta para ser a escrava do meu senhor.

A adrenalina me consome e a cada segundo que passa minha


calcinha se torna um mar de excitação porque meu coração sente
que ele se aproxima, e quando a porta é finalmente aberta eu quase
gozo ao imagina aquele chicote batendo minha buceta molhada. Ele
sabe que já estou transbordando a excitação assim também como
sei que ele está duro imaginando eu amarada enquanto ele me
possuiu fortemente.

Nós dois nos perdemos por alguns segundos em nossos próprios


pensamentos eróticos até que ele para a minha frente, pés descalços
e o jeans surrado são visíveis apesar do meu olhar baixo.

— Está pronta para mim anjo?

— Sim senhor!

— Que bom, porque se acabaram as palavras de segurança.

Sim, eu já estava completamente pronta para mergulhar no seu


mundo sem mais reservas e sem mais limites.

Estou pronta para servir o meu senhor.


Para o meu homem Implacável.

FIM
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me permitir poder
escrever e poder mostrar o que a imaginação pode nos proporcionar.
Em segundo lugar agradeço a você leitor por disponibilizar seu
tempo para dar atenção ao meu trabalho.
As minhas leitoras do wattpad também agradeço imensamente
pelo apoio e pelas mensagens e carinho.
PRESA – Homens Implacáveis 1
Rosa angelica uma linda jovem sonhadora e dedicada tem a sua
liberdade roubada por um homem implacável que fez de tudo a ter
presa ao seu lado, ela se ve diante de ma realidade incapaz de
acreditar.
Nicholas Shane um homem soberbo, possessivo, atroz e cruel
que ira se render ao amor e aos encantos da doce e inocente rosa
angelica, que por acaso ira cruzar seu caminho e assim decidir o se
destino.
ENTREGE - Homens Implacáveis 2
Emanelle Mancini viveu cinco anos de sua vida em ma casa de
repouso supostamente por ter algum problema de saúde mental. O
que ela não sabia e que esse confinamento se deve ao início da
sede de vingança de um mafioso cruel que fara da vida dela um
verdadeiro terror.
Enrico Ferrari e o capo da mafia mais poderosa que existe na
Itália, senão a do mundo. Homem terrível, frio não sente piedade,
nem mesmo a jovem a quem ele culpa pela morte de sua esposa e
filho ira escapar da sua maldade.
Instagram: https://instagram.com/lady_dark_n_evil

Wattpad: https://www.wattpad.com/user/LadyDarknEvil

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