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ALICE - Imperio Familia Caccini - Ane Le
ALICE - Imperio Familia Caccini - Ane Le
Mas engana-se quem pensa que ela amava fazer parte dessa
organização. Tudo que Alice mais sonhava era em viver uma vida normal.
Proporcionando regalias para ela, Alice sempre ficou escondida de
toda sujeira e sua família a mandou para Milão, com intuito de que ela
estudasse e realizasse o sonho de se tornar uma famosa estilista. Adotando
uma nova identidade para não correr perigo, finalmente ela se sentia livre
e apesar das regras impostas por sua família, Alice pensou estar vivendo a
sua tão sonhada vida normal.
Ele era o combo perfeito para que ela vivesse o seu conto de fadas…
mas o que Alice não podia imaginar, era que por trás daquela fachada de
bom moço, escondia um mafioso perigoso.
Alice pensou que estava segura ao fugir daquele homem, mas após
alguns anos ele voltou para tomar o que era dele: ELA!
NOTAS DA AUTORA
Olá, meu querido leitor, tudo bem? Que bom tê-lo por aqui, seja
mais uma vez, seja a primeira vez!
Peço, por favor, que antes de iniciar a leitura, leia essa nota e se
atente aos gatilhos presentes neste livro.
— Sim. Esses olhinhos brilhando aí, com toda certeza, não são à
toa.
— Não sei.
— Tem certeza?
— Não posso ficar dando mole, seu pai pode mandar alguém para
nos vigiar durante o dia.
— Ele só está tentando ser gentil, nossa conversa não foi muito
agradável ontem — desconversei. Não podia imaginar que um homem
como aquele, provavelmente bem mais maduro que eu, estaria interessado
em mim.
Ele não era velho, muito pelo contrário, mas percebia-se que
também não era um adolescente bobo da minha idade.
— O mensageiro que veio entregar disse que vai passar aqui às 20h
para te buscar.
Sentia tanto por ele não poder ser quem ele realmente era, me doía
tanto ver ele se escondendo, com medo de que as pessoas descubram. Tendo
até que se submeter a ir em prostíbulos com o monstro do seu pai para
provar a sua masculinidade. Meu amigo merecia mais, ele merecia viver
livre, merecia ser ele, as pessoas iam amar tanto conhecer o Romeu que eu
conheço, tenho certeza absoluta disso.
— A gente vai sair dessa, Alice, talvez esse deus grego seja a sua
chave para a liberdade.
Virei-me para perguntar onde ele estava, mas o homem que havia
me acompanhado já não estava mais ali.
Não sabia o que fazer. Será que devia chamar por ele? Mas sequer
sei o seu nome.
— Boa noite! — respondi com a voz baixa, pois ainda estou absorta
demais em todos os sentimentos que ele me fazia sentir.
Ele estava ainda mais maravilhoso sem terno, apenas com uma calça
jeans e uma camisa polo branca… Céus, lindo demais!
— Não.
— Primeiro me fale o seu nome, essa é uma coisa que ainda não
consegui descobrir a seu respeito.
— É tão velho assim que não pode dizer a sua idade? — Estreitei os
olhos.
— É seu namorado?
— Ele é meu amigo, alguém da confiança dos meus pais e está aqui
para me fazer companhia, apenas isso. — Tentei ser breve e não falar
demais sobre esse assunto.
— Não. E os seus?
— Alemanha.
— Sinto muito.
Assenti.
— Está aqui a trabalho? — perguntei, achando melhor mudar o
rumo da conversa.
— Sim.
A cada sorriso que ele me dava, era uma borboleta diferente que
voava em meu estômago.
— Condição?
— Apenas uma música, Alice, não vai fazer essa desfeita, vai? —
Mordi o canto da boca, pensativa. — Não seja sem educação, vamos lá, é só
uma música.
Que Deus me dê forças para suportar ficar tão perto assim desse
homem.
Capítulo 3
Enzo Ziegler
Vim para Milão para fazer um serviço para a família Caccini, afinal
estamos firmando nossa aliança, que meu pai começou e agora estou dando
continuidade.
— Você não dança nada mal. — Sua voz doce, leve e extremamente
agradável invadiu os meus ouvidos.
Eu queria ficar mais tempo com ela, então quando ela disse que
queria ir embora, a única coisa que me veio à cabeça foi chamá-la para
dançar comigo e até que não foi uma má ideia, muito pelo contrário, seu
corpo junto ao meu foi a melhor parte dessa noite. Seu cheiro doce, mas não
enjoativo, estava me deixando embriagado e tudo que eu queria era mais de
Alice.
A música acabou e ela se afastou, encarando-me com seus incríveis
olhos feiticeiros.
— Agora eu tenho que ir, muito obrigada por essa noite, Enzo.
— Eu que agradeço, Alice, fazia tempo que não me sentia tão bem
assim na presença de um outro alguém — fui sincero e a vi corar.
— Não tem nada que eu possa fazer para convencê-la a ficar mais?
— insisti, na esperança de que ela ficasse mais um pouco.
— Não precisa.
— Faço questão.
Deixei claro em minha voz que não voltaria atrás na minha decisão.
Levá-la até o seu quarto era o mínimo que poderia fazer após essa noite
incrível.
— Então, tá.
— Eu também, Enzo.
— Podemos sair?
— Sair? — perguntou um pouco alterada, o que me fez repensar se
meu convite foi adequado.
— Algum problema?
Confesso que fiquei frustrado. Esse era um dos muitos motivos por
eu nunca ter me interessado por uma menina tão nova.
— O Don Caccini ligou e pediu para que você retornasse assim que
possível.
Fui para o escritório, que ficava dentro da suíte, e liguei para Rocco
Caccini. Esse cara era chato demais.
— Ok.
— Viagem produtiva?
— Bastante.
— Só estou deixando porque sei que não vai durar, quem seria a
louca para te suportar? — Pude ouvir sua risada.
Eu quero ela, quero muito ela e a terei. Com toda certeza ela será
minha.
Capítulo 4
Alice Caccini
— Pare de gracinha.
— Você jantou com ele ontem e vai passar a tarde com ele hoje,
você realmente acha que não tem nada demais? — Arqueou as sobrancelhas
e usou aquele tom de voz acusadora que só ele sabia fazer.
Só depois que perguntei é que me dei conta do quão idiota era essa
pergunta.
— Não.
— Ótimo, venha.
A verdade era que eu tinha medo de viver o que seja lá que estivesse
começando.
— Está sim, está fugindo de mim, toda vez que me aproximo, você
foge. — Sua mão foi parar na minha nuca, segurando-a com firmeza, e
encostou sua testa na minha, misturando nossas respirações.
— O que, Alice?
Não respondi.
Não entendia ao certo o que ele queria dizer com “não tem mais
volta”, mas eu topava. Não importava o que fosse, eu só queria ser beijada
por ele.
Puxei o ar com força, sabendo que não teria volta. Estava tão
entregue que não conseguia dizer não. Eu não quero dizer não.
— Não foge, por favor, não foge disso que está acontecendo —
pediu, ainda com nossas testas encostadas.
Eu queria e iria me perder nos seus beijos e nos seus braços. Porque
tudo em mim gritava, implorava para que isso fosse feito.
Caramba, se for tudo isso que estou sentindo… céus, quero nem
imaginar!
Afastei nossas bocas e o encarei com timidez, sentindo meu rosto
pegar fogo.
— Calma, Alice, não precisa fugir. Não sou nenhum maníaco, não
vou fazer nada que você não queira. — Assenti, verdadeiramente sentindo
confiança nas suas palavras. — Só vamos ficar aqui nos beijando, tudo
bem?
— Um pouco.
O encaixe do nosso beijo foi tão bom, que mesmo com toda a minha
inexperiência, ele conseguiu fazer com que o meu primeiro beijo fosse
maravilhoso.
— Você não me falou a sua idade. — Lembrei que ele não quis me
contar. — Olha, não me importo com isso, mas é que estamos nos
conhecendo, seria legal eu saber a sua, já que você sabe que eu tenho
dezoito.
— Já resolvi.
— E agora está a passeio? — Dei uma golada no suco, mas sem
desviar os olhos dele, que me encarava fixamente.
— Não.
Meu coração errou uma batida e pisquei umas duas ou três vezes
antes de conseguir responder.
— Você não pode ficar falando essas coisas. — Minha voz saiu
como um sussurro. Arriscaria dizer que as batidas do meu coração eram
mais altas do que meu tom de voz.
Essa era a única certeza que eu tinha neste momento: não queria
fugir do Enzo. Queria fugir mesmo era da vida que eu tinha e que Enzo não
sabia. Me senti um pouco triste por estar enganando esse homem que
parecia ser uma pessoa tão boa.
Mas talvez ele seja a minha válvula de escape no meio desse caos.
Capítulo 5
Alice Caccini
Me despedi dele por causa da hora, até queria continuar lá, mas não
queria matar Romeu do coração, por isso vim embora. Enzo trouxe-me até a
porta da minha suíte, gentil, como tinha feito na noite anterior.
Enfim, fui dormir sorrindo à toa, feliz demais pelo o que tinha
acontecido.
— Fofoqueiro.
— Apenas curioso.
— Por que você ficou com essa carinha? Parecia tão contente.
— Ele não falou nada sobre a gente se ver novamente. Quer dizer,
ele disse que teríamos outras vezes, mas não disse quando — expliquei.
Tudo estava tão bom, levar uma vida "normal" era tão gostoso, não
sabia porque ainda existe essa droga de máfia, a vida era tão mais leve sem
ela. Se todas as meninas pudessem experimentar um pouco dessa liberdade
que estou tendo a oportunidade, seriamos imensamente mais felizes.
Lembrar da máfia deixou-me um pouco triste. Sei que se eu não
arrumar um jeito de sumir nesse mundo, meu conto de fadas logo acabará.
Isso tudo tem prazo certo para acabar e mesmo que esteja começando, eu já
sofria só de pensar no fim.
— Você já sabe, não irei entrar, você precisa levar uma vida mais
normal possível, para não levantar suspeitas. Estarei te rastreando, então
não tire os brincos, coloquei o rastreador neles. Passarei para te buscar na
saída, me ligue qualquer coisa — repassou as instruções, deixando-me na
frente da faculdade.
— Amiga?
— Sim?
— Enzo.
Mais que idiota, Alice! Você conheceu o homem faz dois dias e já
está assim? Burra! Burra! Iludida!
Mas que droga! Não conseguia parar de pensar nela… quando foi
que eu me senti assim alguma vez na vida?
— Nada.
Mayla me conhecia tão bem que era difícil esconder as coisas dela.
A conhecia praticamente a minha vida toda.
Eu era bom no que fazia, mas Mayla não ficava para trás, ela era
uma hacker foda para caralho e era até vergonhoso ela me entregar esse lixo
de relatório.
— Esse hacker que se diz melhor que eu, anda muito ocupado
ultimamente. Pra que tanto interesse nessa garota? É apenas uma pré-
adolescente, acabou de completar dezoito anos, o que teria demais? Temos
coisas mais importantes para resolver do que ficar pesquisando sobre
garotas mimadas, não temos? — Estreitou os olhos na minha direção e
jogou os braços para o alto, deixando evidente toda a sua irritação. — Ah
que droga, Enzo! Não vai me falar que você ficou com essa ninfeta? Que
merda! — bradou, bastante irritada. — Ela é uma adolescente, desde
quando você fica com alguém que mal saiu das fraldas?
— Não é nada disso, Mayla, não fiquei com ninguém — menti, sem
um pingo de remorso. Foda-se, eu não iria confessar que fiquei encantado
numa adolescente. — Agora senta aí e me conta as últimas novidades.
— Claro.
— Não, se aquele idiota quiser, ele liga para o meu celular e quando
eu estiver com paciência, atendo ele.
— Eu sei disso.
— Acho que você tem que aproveitar a sua vida, daqui a pouco o
conselho vai te cobrar um casamento e você terá que cumprir com suas
obrigações e a moça terá que ser do nosso mundo, você sabe disso, não
preciso ficar te lembrando. Então curte agora, aproveita enquanto pode, se
você quer tanto essa menina, então vai atrás dela.
Até dois dias atrás eu nem sabia o que era beijar na boca.
— Ótimo, obrigada!
Não bonito como o Enzo. Acho que não vou encontrar ninguém tão
lindo como ele.
— Não.
Abri a boca diversas vezes para falar alguma coisa, mas nada que
não fosse um surto vinha à minha mente, então estava me mantendo calada.
— Enzo...
— Oi?
Ah, mas pera aí… quem esse gostoso estava pensando que era para
chegar assim? Achando que manda em mim.
— Nada, você não tem o direito de fazer nada, você não é nada
meu! — retruquei novamente, cuspindo as palavras com raiva.
— Tive que resolver uns problemas, mas voltei, voltei por você,
Alice. — Finalmente ele conseguiu tocar na minha mão e aquela
eletricidade infernal voltou a percorrer todo o meu corpo.
— Estou falando a verdade, Alice, estou aqui por você, voltei por
você e ficarei aqui o máximo que conseguir por você, somente por você.
Retribuí o seu abraço como se tivesse anos que não nos víamos.
Uma saudade enorme pairando sobre nós. Não havia como explicar essa
conexão de almas que existia entre a gente.
— Eu também — confessei.
— Enzo...
— Tudo bem.
— Agora sim.
— Por que?
Ele olhou em meus olhos e sorriu. Meu coração errou uma batida e,
como uma boa iludida que eu era, sorri também.
Entramos na casa e ela era ainda mais bonita por dentro. O jardim
que rodeava toda a casa deixava tudo ainda mais charmoso.
— Exatamente isso.
— Por que?
— Por que me trouxe aqui, Enzo? Por que foi embora sem falar
nada e voltou? Por que fez todo aquele show? Por que você acha que tem
algum direito de me cobrar alguma coisa? O que é isso que está
acontecendo?
Aqui, agora, não existia minha vida de mentira. Era apenas eu, ele e
esse sentimento louco e repentino que nos dominou com tanta força.
Pensei em várias coisas que nos impedia, mas resolvi deixar quieto.
— Enzo, eu disse que estava cedo para isso — repeti o que havia
falado e ele claramente ignorava.
A única preocupação que queria ter hoje era o tanto que queria
beijar essa boca linda e gostosa que ele tem.
Estava tão feliz, que sequer estava pensando nas consequências que
isso poderia trazer.
Existia amor à primeira vista? Se era verdade que existia eu não sei,
mas que eu me apaixonei no momento em que coloquei os olhos em Enzo,
ah, isso eu não tinha dúvidas.
Estava a tarde toda agarradinha com meu namorado. Sorria toda vez
ao pensar nisso,
— Não posso.
— Você não pode falar com os meus pais, meus pais nem podem
saber que eu estou com você. — Enzo olhou-me com os olhos estreitos
diante do meu surto.
— Por que seus pais não podem saber que você está comigo? —
Levantou, claramente incomodado.
Eu iria para o inferno… com toda certeza eu iria para o inferno por
estar mentindo desta maneira para esse homem e o envolvendo no meu
mundo sombrio.
Obviamente que eles não falaram sobre namorar, até porque não
pensaram que eu fosse capaz de tamanha loucura, mas deixaram nas
entrelinhas, assim como deixam sempre que me ligam, sobre eu não
esquecer de onde venho e os deveres que terei que cumprir.
— Entendi. Tudo bem, então. Mas isso não vai atrapalhar nós dois,
não é?
— Não, não vai — garanti, mesmo sem ter certeza. — Meus pais
viajam muito e quase não nos vemos pessoalmente, mas estão sempre em
contato comigo e nesse tempo que ficarei aqui estudando terei que ir vê-los
poucas vezes.
— E depois?
— Eu te levo.
— Oi, você está bem? — Ignorei o seu chilique, passando por ele e
indo para a sala.
— Oi, você está bem? — Ele me imitou com uma voz engraçada e
fazendo gestos estranhos. — Está bem é o caramba! Onde você estava?
— Não sei, algum bloqueador de GPS[v], por isso quero saber onde
estava!
Não ia ter para onde correr mesmo, então contei todos os detalhes
para ele, tim-tim por tim-tim, sem me esquecer de absolutamente nada,
inclusive comentando até as caras e bocas e trejeitos que fizemos.
— Sim, sei que conheço ele a pouco tempo, mas sinto que ele é a
pessoa certa.
— Então fala com ele, vamos embora hoje mesmo! — Empolgou-
se, deixando o surto de medo para trás e aderindo a um novo surto: o de
ansiedade.
— Você não pode contar a verdade, ficou louca? Você inventa que
quer sumir da vida dos seus pais por outro motivo. Se você falar a verdade,
o homem vai sair correndo. Quem em sã consciência arriscaria a própria
vida desse jeito?
— Você sabe que eu tenho razão. Já era, Alice. O que está feito, está
feito. Além do mais, você tem sangue Caccini correndo nas suas veias, há
um pouco de perversidade por trás dessa carinha angelical e olhinhos
brilhantes. Então não se faça de rogada, porque você pode até estar
pensando no bem do gostoso, mas com toda certeza está pensando mais em
você.
Balancei a cabeça de um lado para o outro, revirando os olhos e
detestando que Romeu falasse tantas verdades na minha cara.
— Que seja, vamos esperar um pouco e eu farei o que tiver que ser
necessário para nos tirar desse inferno.
— Eu também... Eu também!
1 ano depois.
Os dias tem passado muito rápido, rápido até demais. Já faz um ano
que estou me envolvendo com Enzo e nesse tempo, graças a Deus, tudo tem
dado certo.
Depois daquele episódio de ciúmes que Enzo teve com Harry, no dia
que começamos a namorar, nunca mais tivemos problemas desse tipo. Enzo
era um amor de pessoa, um cara muito tranquilo e brincalhão.
Sobre o Harry, nunca mais o vi, nem para poder pedir desculpas.
Fiquei sabendo somente que ele tinha se mudado, achei até estranho, mas
talvez ele já tivesse planejado isso e não havia comentado nada comigo nas
poucas conversas que tivemos.
— Sim.
— Vamos. — Apertei sua mão com força. — Enzo vai estar nos
esperando e vamos direto para casa dele.
— O que foi?
Encarei os seus olhos e dei meu maior sorriso, o mais sincero e feliz
para ele, como resposta.
Sempre fui criada com muita riqueza, mas uau! Isso aqui era
impressionante. Parecia até um castelo, com um quintal enorme e um
jardim na frente de dar inveja.
— Gostou?
— Obrigada!
— Eu ouvi ela falando que queria falar com você sobre negócios,
ela trabalha na sua empresa também? — questionei, curiosa por mais
informações, que ele parecia relutante em me dar.
— Sim.
— Ah, entendi… E ela mora aqui por perto? Percebi que não tem
casas nas redondezas — continuei questionando, eu não sossegaria
enquanto não soubesse tudo.
— Ela mora aqui.
— Hm…
— Se você sabe o que quero saber, por que não diz logo? — Bufei,
irritada.
Uma coisa é certa: se ela fosse alguém tão importante assim na vida
dele, ele com certeza teria falado sobre ela, então não tem porque eu sentir
ciúmes. Talvez eu esteja vendo coisas onde não tem.
Queria ser feliz, desejava ser livre. Queria viver todas as coisas que
tinha vontade ao lado do Enzo, eu o amava demais. Esperava e torcia com
todas as forças para que ele entendesse quando eu contar e que ficasse ao
meu lado.
— Hm, entendi.
Queria pular por ouvi-lo falar que me amava com todas as letras,
mas me contive apenas com um enorme sorriso.
— Desculpa. Você tem razão, não tem motivos para ter ciúmes. —
Passei os braços em volta dele, também o abraçando e colamos nossos
lábios.
Peguei o meu livro dentro da bolsa e deitei na cama para ler, vendo
se assim o tempo passava.
— Tenho certeza.
— Olha, não tenho certeza e nem quero encher a sua cabecinha com
besteiras, mas acho que sim. A maneira com que ela olha para ele não me
pareceu fraternal, diferente dele. Então acho que você não tem nada com o
que se preocupar. Pelo que entendi, ela sabe o seu lugar.
— Você sabe que não vai ter como voltar atrás, não sabe?
— Sei.
— Sabe que te apoiarei em qualquer decisão?
Romeu correu porta afora e pegou uma sacola que parecia estar no
canto da porta e eu não havia visto. — Aqui. — Entregou-me, animado.
— Eu amei, é linda!
— Use e abuse.
Eu amo meu amigo. Romeu era mais que um amigo, era meu irmão.
Sabe aquela pessoa que vive tudo ao seu lado? Desde a sua vitória até a sua
derrota? Então, ele é essa pessoa e eu sou muito grata por tê-lo em minha
vida.
Lembro que no começo Enzo morria de ciúmes dele, até o dia que
descobriu sobre a sua sexualidade. Descobriu não, né? Romeu contou.
Depois disso, eles dois se tornaram grandes amigos também e aí sim minha
felicidade ficou maior. Saber que meu namorado e meu melhor amigo se
dão bem era gratificante demais.
Capítulo 9
Enzo Ziegler
— Enzo, qual o motivo dessa pressa toda? Vamos fazer essa merda
direito! — Mayla reclamou, já impaciente com a minha ansiedade.
— Não se mete nisso — bradei, deixando claro que não queria que
ela se metesse na minha história com Alice. — Todo mundo dentro daquela
casa sabe que é proibido falar sobre esse assunto, isso vale para você
também — avisei.
— Eu sei, calma. Não vou falar nada, mas acho que você precisa
jogar limpo com a garota. Ela tem o direito de saber onde está se metendo e
se quer se meter nesse meio. — Desaprova minha atitude em esconder de
Alice a minha verdadeira face. — Cuidado, Enzo, mentira tem perna curta e
pode destruir qualquer relação, seja ela a mais forte de todas.
Detestava saber que ela estava certa, mas não tinha coragem de abrir
o jogo agora, tinha medo que ela me abandonasse, que vá embora com
medo de mim. Não podia arriscar, não posso perdê-la.
Fui direto para o banheiro tomar um bom banho, tirar todo o cheiro
de sangue que residia em mim e estar à altura para deitar ao lado dela.
Essa mulher foi desenhada pelo melhor pintor do mundo, não tenho
dúvidas.
A suavidade dos seus toques fez meu corpo se arrepiar por inteiro.
A beijei, não conseguindo ficar longe por muito tempo dos seus
lábios doces. Assim como eu, era possível sentir que Alice também estava
embevecida. O tesão, juntamente com uma química indescritível, se fazia
presente enquanto nossas línguas duelavam em completo desespero um pelo
outro.
Abandonei os seus lábios, pois sabia que precisava de mais, e agora
que Alice queria me dar tudo, eu não perderia tempo.
Mordi o outro lado antes de abrir sua vulva com os meus dedos e
passar a língua por seu clitóris.
Suguei Alice com toda vontade que carreguei comigo durante esses
doze meses que passei batendo punheta incansavelmente pensando em
como seria gostoso fodê-la.
Lambi a sua boceta por inteiro e parei no seu clitóris, tomando dela
um orgasmo incrivelmente gostoso.
Sinceramente? Nem sei o que faria se ela dissesse que não. Estava
há um ano no cinco contra um, meus dedos já estavam calejados e estava a
um passo de enlouquecer sem estar dentro dela.
— Tudo bem?
— Sim, mas tem como ser de uma vez só? Acho que assim vai doer
menos.
Pensei que a estava marcando, mas era Alice que me marcaria para
sempre após o nosso primeiro sexo.
Essa foi a primeira vez da minha morena, mas sem dúvidas, a minha
melhor vez.
Romeu insistiu para que fizéssemos um exame hoje, ele cismou que
estava grávida.
Sua hipócrita!
Obviamente que estou com medo, mas ao lado dele sinto-me segura
e irracional o suficiente para acreditar que vamos resolver tudo… juntos.
Daqui uns dias terei que voltar para Itália, meu período de estudos
aqui na Alemanha estava acabando, ou seja, as coisas têm que serem
resolvidas antes, ou então acabaremos mortos, nós quatro: eu, Enzo, o
possível bebê e Romeu.
Logo eu percebi que ele era novato, ninguém nessa casa falava
comigo além das mulheres, e de homem mesmo só Saymon e Enzo, os
outros que trabalham aqui mal me olhavam.
— Vou deixá-la ir, mas você não irá falar nada para ninguém do que
aconteceu aqui, entendeu?
Tudo bem que ele foi um idiota, mas não deveriam levá-lo para o
hospital? Com certeza ele precisa de uns pontos e colocar o nariz no lugar.
Estou tão nervosa, com o corpo todo tremendo, que mal conseguia
assimilar as coisas direito.
Mayla riu.
— Ah, garota, quer mentir logo para mim? Logo eu, uma mentirosa
de mão cheia? — Sorriu ainda mais. — Mas fique tranquila que o seu
segredo está guardado comigo a sete chaves. — Ela passou a mão na boca,
como se tivesse fechando-a com um zíper.
Quis me estapear por levar essa mentira tão longe. Quão idiota eu
era para pensar que toda essa cascata de mentiras ficaria encoberta?
Enzo não pode descobrir por outra pessoa que não seja por mim.
Agora no começo da noite ele teve que sair para resolver uns
assuntos da empresa e agradeci tanto por isso.
— Vai com ela, você precisa ver com os seus próprios olhos.
— Veja com seus próprios olhos, mas antes me prometa que não vai
fazer nenhum barulho?
— Mayla? — chamei por ela tão baixo que pensei que não fosse me
ouvir, mas ela se aproximou, mostrando que ouviu. — Por que Enzo está
fazendo isso? — O nó que se formava em minha garganta estava se
tornando insuportável.
— Pode deixar que eu cuido disso, não é à toa que ele até hoje não
descobriu sobre você.
— Desde o começo.
— Não quis contar nada para Enzo, ele estava feliz e eu não queria
estragar isso, achei também que fosse só um passatempo, mas as coisas
fugiram do controle. Até hoje eu fiz de tudo para que ele não descobrisse
sobre você e nem que a sua família desconfiasse. Ou você acha que
conseguiu esconder esse tempo todo de todos por conta de uma ajuda
divina? — Pisquei, atordoada. — Ouvi sobre o que você está passando, se
for gravidez, tire essa criança, para o bem de todos. — Abri a boca para
responder, mas me faltou palavras. — Acho melhor você ir, vai se atrasar.
Voltarei para casa dos meus pais e vou desistir da faculdade, ficarei
mais escondida do que nunca agora e precisarei orar bastante para duas
coisas: não estar grávida e Enzo não me encontrar.
Que Mayla seja tão boa quanto foi durante esse ano, que ela consiga
passar Enzo para trás e me manter escondida. Esses eram meus únicos
desejos nesse momento.
Capítulo 11
Alice Caccini
Como a filha e a irmã mimada que sou, meus pais e meus irmãos
aceitaram tranquilamente a minha mentira quando eu disse que queria
passar mais tempo com eles e que não sabia se realmente queria continuar
estudando moda, mas que se futuramente eu quisesse seguir essa carreira, já
tinha aprendido o suficiente.
— Eu trouxe com tanto carinho, meu amor, você não deveria fazer
essa desfeita — resmungou enquanto eu afundava o meu rosto no
travesseiro.
Eu só queria sumir.
— Por quanto tempo acha que vai conseguir enganar a sua família
com essas desculpas de que está sentindo cólica e dores de cabeça? Alice,
eles já estão começando a desconfiar, você tem que reagir.
Romeu me fez rir e, em meio a todo esse caos, isso significa muito
para mim.
Hoje Romeu ainda não tinha aparecido por aqui, ainda bem, pois ele
falaria horrores por me ver deitada nessa cama, sem ânimo nenhum.
Sofria por ter vivido uma mentira com um homem que tanto amei,
mas sofria ainda mais por ter perdido o fruto desse nosso amor. Eu perdi
muito e a única coisa que me restou foi meu amigo, meu irmão. Romeu tem
me dado tanta força.
A voz de Romeu ecoou por minha mente e foi exatamente isso que
decidi fazer. Levantei e fui logo tomar um banho, optando por vestir roupas
mais coloridas e alegres.
Por falar nele, olhei no relógio e estranhei ele não ter chegado ainda.
Não... Meu amigo não. Meu Deus, por que isso está acontecendo
comigo?
Deitei-me na grama, não tendo mais forças para nada. Acabou tudo.
Sentia-me mais vazia do que nunca.
Dias atuais.
Encontro-me mais uma vez sentado nesse escritório, planejando
minha vingança contra Alice. Já passei tantas horas, incontáveis dias,
muitos meses nessa mesma mesa, sentado nessa mesma cadeira, procurando
qualquer coisa que me levasse até ela e não achava respostas. Eu queria
respostas para arrancar de mim toda a dor e vazio que estava sentindo.
Foram dois anos atrás de Alice e finalmente eu a encontrei. Para a
minha total surpresa, ela não era quem dizia ser. Alice Ferrari, a filha
mimada de pais ausentes, na verdade era Alice Caccini, a irmã mais nova de
Rocco Caccini, o homem que hoje é o meu maior aliado no submundo da
máfia.
Confesso que quando descobri, fiquei atordoado e até pensei em
justificar a sua partida.
Queria encontrar Alice e conversar com ela, dizer que agora estava
tudo bem, éramos aliados e que nosso casamento não teria problemas,
bastava eu conversar com a sua família, mas tudo foi por água abaixo
quando Mayla trouxe uma moça na minha casa e essa mulher contou que
trabalhava junto com o médico que atendeu Alice logo após a sua fuga. O
que eu descobri deixou meu coração dilacerado, eu nunca poderia imaginar
que a mulher que eu amei mais que tudo na vida, era capaz de tirar o nosso
filho.
Eu não conhecia a verdadeira Alice, eu me enganei a respeito dela,
deixei me iludir, deixei a emoção tomar conta e fui deixando a razão de
lado, coisa que nunca mais vai acontecer.
Alice tirou nosso filho, ela foi capaz de matar o nosso filho!
Quando a mulher me trouxe o laudo do aborto dela e me confessou
que foi uma escolha da Alice, eu duvidei, claro que duvidei, a mulher que
eu pensei conhecer não era capaz disso. Fui atrás do médico e ele me
confirmou o que já sabia.
Foi a partir daí que eu realmente comecei a odiá-la.
Já se passaram vinte e quatro meses da sua partida e eu ainda
conseguia sentir a dor de quando eu descobri que ela havia me deixado.
Claro que com o tempo foi amenizando, mas eu ainda conseguia me
lembrar com perfeição da maldita, sentir o seu cheiro e posso jurar que
sentia o seu toque. Isso me faz sofrer pra caralho.
Até hoje não consegui entender como Alice conseguiu me enganar
durante um ano sobre a sua identidade e pior ainda, sumir no mapa sem
deixar qualquer rastro. Eu, um hacker de alto reconhecimento, comecei a
duvidar da minha habilidade.
Mas como nada fica escondido para sempre, eu a encontrei e serei o
seu maior pesadelo.
Não sei o motivo que a fez ir embora de repente, nunca entendi o
porquê. Vivíamos tão bem, nos amávamos tanto. Pelo menos era isso que eu
pensava. Contudo, devo ter me enganado, o amor só existia da minha parte.
Alice poderia ter me falado quem era e, mesmo que eu ainda fosse
inimigo da sua família, me aliaria só para tê-la. Eu faria qualquer coisa para
ter aquela mulher.
Durante meses eu sofri muito, vivia bêbado e fumava tantos cigarros
por dia que o cheiro de álcool e nicotina estavam impregnados em mim.
Não dormia, não comia, só queria beber. Cheguei a emagrecer quase vinte
quilos.
Nunca havia me imaginado nessa situação. Saymon e Mayla mais
uma vez foram o meu pilar, a minha base, sem eles eu já teria caído há
muito tempo.
Deixei o meu império largado, Saymon teve que tomar as rédeas da
situação e administrou tudo com maestria. Serei eternamente grato por isso.
Eu já não pensava em mais nada, apenas nela, naquela maldita que
me abandonou.
Depois de um longo tempo de sofrimento, eu consegui me reerguer,
não foi fácil, mas eu sobrevivi.
O amor dói, como dói. Hoje eu entendia o porquê do meu pai
sempre dizer que não podíamos deixar esse sentimento nos dominar. O
amor nos tornava fracos e eu pude comprovar.
"O amor nos deixa fraco, o ódio nos fortalece"
E foi exatamente assim que eu consegui me recuperar. Todo o amor
que eu sentia por Alice se transformou em ódio e vingança. Eu ainda a
queria, claro que queria, mas também queria destruí-la. Queria que ela
sentisse exatamente o mesmo que eu senti e vou fazer com que ela se
arrependa eternamente por ter brincado comigo, por ter tirado a vida do
nosso filho. É uma promessa.
— Ainda nesse escritório? Já está tarde. — Mayla entrou sem bater
na porta, tirando-me dos meus pensamentos obscuros. — Que tal você ir
para o meu quarto? — sugeriu, assanhada.
Mayla estava com uma camisola sexy e um sorriso safado no rosto.
Ela era uma mulher linda, não podia negar, linda e atraente.
Não estava nos meus planos me envolver com ela, apesar de sempre
saber do seu interesse, eu preferia fingir que não via. Porém, em um dia de
muita bebedeira, onde novamente ela me ajudou, acabamos na cama e
depois disso, ela sempre insistia para repetirmos a dose. Apesar de relutante
e de não me lembrar da noite em que ficamos juntos, acabei cedendo.
Sempre deixei claro para Mayla que era somente sexo.
Saymon foi totalmente contra, mas continuei com essa loucura, onde
não existe cobrança e muito menos sentimentos, apenas nos curtimos e
apreciamos um sexo quente e gostoso.
— Vou daqui a pouco — avisei e ela se aproximou, empurrando
minha cadeira giratória e se sentando no meu colo.
— Poxa, queria tanto agora. — Inclinou o rosto para sussurrar no
meu ouvido. — Estou com tanto tesão.
Empurrei sua perna, abrindo-a e passei a mão por cima da sua
calcinha, sentindo-a extremamente molhada. Puxei-a de lado e acariciei a
sua boceta, ouvindo-a gemer e rebolar contra os meus dedos por alguns
minutos.
— Eu vou gozar... — comunicou, já melando os meus dedos com o
seu gozo intenso.
Continuei dedilhando-a até que tivesse seu prazer por completo.
— Chupa — ordenei, tirando os dedos de dentro dela e fazendo-a
chupar. — Agora ajoelha e me chupa.
Abri minha calça, libertando o meu pau que já estava duro feito
rocha. Mayla o cobriu com sua boca quente e molhada, dando-me prazer.
Mayla ainda não sabia que eu iria atrás de Alice, pretendia contar
outra hora. Sabia que ela iria surtar, com razão, ela pensava que eu ainda
estava disposto a perdoá-la e retomar nosso relacionamento, mas as coisas
não são mais desse jeito e a última coisa que desejo é perdoá-la.
Eu vou sim atrás da Alice, vou atrás dela porque ela é minha, minha
por direito e se ela sabe quem eu sou, ela tem consciência disso.
Vou atrás dela porque ela merece sentir um pouco da dor e
sofrimento que me causou.
Maldita! Nem nessas horas ela sai dos meus pensamentos.
Capítulo 13
Alice Caccini
Sobre Enzo? Bom, é algo que por mais que eu tente insistentemente,
eu não consigo apagar da minha vida. Já tentei de todas as formas matar
esse amor que a cada dia parece só crescer aqui dentro do peito.
Tem dias que acordo sufocada com todos esses sentimentos e não
sei o que fazer. Sentia que a qualquer momento ia morrer de tanto
sofrimento acumulado, mas Deus é tão bom que me mandou um novo anjo.
Confesso que está sendo tão bom, eu me sentia tão sozinha e agora
tenho com quem conversar. Ainda não consigo me abrir totalmente para ele,
tenho medo de me apegar muito às pessoas e depois perdê-las, exatamente
como aconteceu há um tempo atrás.
Tudo isso é por mim, para que eu possa seguir em frente e ter algo
com que ocupar a mente, mas tudo isso também é por ele, meu irmão, a
pessoa que mais acreditou, confiou e investiu em mim.
Estava tão feliz que nem tinha palavras para expressar o quanto era
grata a vida por esse recomeço.
Quanto ao pai de Romeu, ninguém nunca mais teve sinal dele, mas
minha vontade de vingança ainda existe, eu não desisti, mais cedo ou mais
tarde alguém há de achar esse infeliz e aí eu vou querer a cabeça dele dentro
de uma bandeja para mim. Jamais perdoarei o que ele fez com meu amigo.
Jamais.
Entrei com o pé direito no meu Ateliê e a felicidade de ver tanta
gente aqui no dia da inauguração foi imensurável. Todo trabalho, todo
esforço para que todas as peças estejam prontas aqui hoje valeu a pena.
Meu coração bateu tão acelerado que pensei que fosse parar. Minhas
mãos suaram e a impressão que eu tive era que eu ia desmaiar.
Caminhei depressa até o homem e toquei o seu ombro, assim que ele
se virou, senti alívio imediato. Não era ele.
Onde eu estava com a cabeça para pensar que ele apareceria aqui?
Calma, Alice, ele nunca vai te achar, calma!
Capítulo 14
Alice Caccini
Uma vez até que tentei, planejei tudo direitinho, mas quando chegou
a hora, eu descobri uma coisa que me fez mudar os planos e agora me
encontrava aqui, perdida no meio desse mundo cruel. Pelo menos eu
consegui estudar e abrir meu próprio negócio, a maioria das mulheres do
nosso mundo não fazem nem metade disso, o que é muito triste.
Fui direto para o meu escritório, estava sem saco para ouvir meu pai
e meu irmão falando que ela era responsabilidade de Rocco e que não
podemos nos meter. Que coisa mais ultrapassada!
— É assim que você recebe o grande amor da sua vida? Você já foi
mais carinhosa. — Abriu um sorriso debochado, típico dele.
— Se eu fosse você não faria isso, você não vai querer contar toda a
verdade para sua família, ou vai?
— Claro que não, meu amor, não viria de tão longe só para isso.
— Eu sei que errei nisso, mas que droga! Eu só queria viver uma
vida normal.
— Que vida normal, Alice? Que porra de vida normal? Você sabe
que nesse mundo não tem vida normal. Você deixou a gente se aproximar,
você deixou essa merda toda chegar até aqui.
— Qual?
— Não posso? É claro que posso. Aliás, não só posso, como eu vou.
— Você vai me pagar muito caro por ter ido embora, por ter tirado a
vida do meu filho.
Nos seus olhos havia uma mistura de raiva e muita, muita dor. Eu
entendo que ele tenha sofrido muito, mas poxa, eu também sofri bastante.
Ele saiu da sala me deixando desesperada. O que ele vai fazer? Vai
contar para todo mundo? Eu estou perdida!
Eu menti, menti mais uma vez olhando nos olhos dele. Tive medo,
pude comprovar o quanto Enzo estava consumido pela raiva e rancor por
mim, então não tive outra alternativa.
Quando ele perguntou do nosso filho eu disse a primeira coisa que
veio à minha cabeça que fosse razoavelmente aceitável. Enzo acreditaria
que eu não tirei o nosso filho se eu contasse que já havia voltado para a casa
dos meus pais?
Enzo sabia que voltar para casa grávida era um suicídio, mas o que
ele não sabia era que eu estava disposta a morrer pelo nosso bebê.
Eu tive que falar que estava em Nova York num desfile quando tudo
aconteceu.
Tinha medo de sair por aquela porta e descobrir que ele contou para
minha família. Não sei o que vai ser de mim se ele falar toda a verdade.
Não sabia que precisava tanto de um ombro amigo até ter um.
— Só preciso de um abraço.
— Tudo bem, mas se precisar conversar saiba que você tem em mim
um amigo.
— Claro.
— Vamos supor que duas pessoas vivem em um relacionamento
totalmente errado, um relacionamento onde é impossível que essas duas
pessoas fiquem juntas, um relacionamento escondido da família. Um dia, a
mulher decidiu ir embora escondida desse homem que ela estava se
relacionando. Descobriu que estava grávida e acabou perdendo esse bebê
num aborto espontâneo, você acreditaria?
— Acho que entendi aonde você quer chegar. Nesse caso você quer
saber o que eu pensaria se eu fosse o homem do outro lado da história?
— Sim.
— Eu estaria magoado?
— Sim.
— Mas ela não tirou, ela perdeu, só que da forma que ela perdeu, eu
duvido muito que alguém fosse acreditar que não foi de propósito.
— Sim.
— Sim?
Eu era tão contraditória, que ao mesmo tempo que ficava feliz com
o seu sumiço, sentia-me estranhamente triste.
Feliz por saber que meu segredo estava seguro e triste porque meu
coração bobo não cansava de amar esse homem.
— Quem será que mandou essa flor tão exótica para você?
— Obrigada pela águ... — Parei de falar assim que vi que não era o
Cris.
Não vou retribuir o beijo… não vou retribuir o beijo… não vou…
Fraca.
Covarde.
Burra.
O beijo tinha desejo, mas muito maior que ele, era a saudade que se
fazia presente. Eu o puxava contra o meu corpo e ele me puxava contra o
seu, como se pudéssemos nos fundir.
Uma mão sua abandonou a minha cintura, esticando-se, sem
abandonar os meus lábios, para jogar algumas coisas de cima da minha
mesa no chão. Um tapa estalado atingiu a minha bunda, fazendo-me gemer
contra a sua boca e fui erguida, sendo colocada sentada sobre a mesa. O
meu vestido levantou e o seu corpo enorme encaixou-se no meio das
minhas pernas e eu pude sentir o seu pau duro friccionar contra a minha
calcinha, encharcando-me.
Senti o gosto metálico na minha boca, que logo foi substituído por
uma chupada.
— Tem certeza?
— Você veio até aqui só para isso? — minha voz saiu carregada de
mágoa. Não podia acreditar que ele estava fazendo isso.
— Eu também passei por muitas coisas, Enzo, você acha que foi o
único que sofreu?
Meu Deus!
— Amiga, que camisola linda, certeza que essa cor rosé ficará
lindíssima em você! — Abriu um largo sorriso, que logo se fechou quando
me encarou. — Por que você está chorando?
Se ele tivesse contado para eles sobre nós dois, uma hora dessas eu
já estaria sendo escorraçada por meus pais e meus irmãos.
— Tenho sim.
Respirei aliviada por saber que não era Enzo e que era trabalho,
assim poderia me distrair.
— Obrigado.
— Que legal, Alice! Seu ateliê é lindo, as roupas são muito bonitas.
Vim para prestigiar o seu trabalho, gostaria de um terno da sua criação e um
italiano me pareceu perfeito.
— Vou pedir para que Cris tire suas medidas e começarei a trabalhar
nele hoje mesmo.
— Ótimo!
Ele me interrompeu.
A situação não era boa, Harry ainda permanecia ao meu lado, Enzo
com um olhar mortífero, eu desesperada e Cris sem entender nada.
— O que você está fazendo aqui, Enzo? — Forcei para que a minha
voz saísse o mais tranquila possível, mesmo que por dentro eu tivesse
surtado.
— Eu não sei se você sabe, mas esse — apontei para toda a minha
sala — é o meu local de trabalho e esse homem, que o nome é Harry, veio
aqui para fazer um terno comigo, que aliás, esse lugar aqui é para isso, para
criar roupas! — gritei, perdendo qualquer paciência que me restava.
— Que se dane tudo isso! Eu não quero esse cara aqui, não quero
esse cara em lugar nenhum, por que eu não matei esse merda? — Enzo
passou a mão na barba, visivelmente nervoso.
— Alice, você me disse que não tinha mais nada com esse cara! —
Harry acusou-me, também nervoso.
— Solta ele, Enzo, por favor. — Segurei o seu braço, tentando puxá-
lo, mas sem sucesso
— Eu deixei ele ir tranquilo, mas esse merda gosta de brincar com o
perigo.
— Solta ele, ele não vai mais voltar, não é, Harry? — O homem
ficou quieto e meu desespero só ia aumentando. — Não é, Harry? —
perguntei novamente, dessa vez gritando.
Enzo soltou ele com toda força e o pobre coitado caiu no chão.
Pensei em ir ajudá-lo, mas antes mesmo de eu agir, escutei ele falando.
Encarei Enzo, deixando evidente todo o meu ódio por ele. O que
não era muito diferente de ser visto nos olhos dele.
— Esqueça tudo isso, Alice, nada disso mais será seu, pode começar
a vender suas coisinhas, você não tem mais tempo para continuar aqui.
— Licença, sei que não faço parte dessa história, mas como assim
fechar? Eu ficarei sem meu emprego? — Olhamos para Cris, finalmente
dando conta de que ele estava ali, quieto, apenas assistindo toda essa cena
ridícula. Ele colocou a mão no peito, fazendo um drama.
— Amiga, você viu como esse Superman pegou aquele homem pela
gola da camisa e levantou? Ele não fez nenhum esforço. — Cris entrou todo
afobado, fazendo comentários.
— Não quero falar disso, Cris. Esse homem vai destruir a minha
vida, eu estou perdida, não tem saída, não vejo nenhuma solução.
— Usa a kriptonita.
O encarei desacreditada.
— Você está de brincadeira, não é? Pelo amor de Deus, Cris! — Me
levantei, indo pegar a minha bolsa. — Vou para minha casa que eu ganho
mais.
Despedi-me dele e saí dali com a alma pesada por tantos problemas.
Esperava que dias melhores estivessem por vir, não aguentava mais.
Capítulo 17
Alice Caccini
— Sim.
— Pode falar.
— Seu irmão quer conversar com você, mas antes eu queria dizer o
quanto te amo — falou, com os olhos marejados.
— Vou pedir para que o seu irmão entre, nos vemos lá embaixo.
— Buongiorno, sorella.[x]
— Buongiorno, fratello.[xi]
— Vou ser direto, sem rodeios para que isso não precise levar mais
tempo do que o necessário.
— Você sabe que sempre deixamos você fora dos negócios, que
permitimos que você estudasse, tivesse um trabalho, uma vida até então
normal. Só que chega uma hora que as coisas fogem do nosso alcance, você
entende? — Assenti. — Você já passou da idade de se casar, conseguimos
adiar o máximo, mas chegou um momento que não tem como adiar mais.
— Sim.
Fechei os meus olhos e respirei fundo, segurando minhas lágrimas.
— Não.
— É muito velho?
— Não.
— Não complica as coisas, Alice. Você sabia que esse dia iria
chegar.
— Infelizmente não posso fazer nada, são regras e regras tem que
ser cumpridas. Não posso mudar as coisas só porque você é minha irmã. Eu
queria, acredite, queria te tirar de toda essa merda, mas infelizmente eu não
posso. — Apesar de toda a sua seriedade, pude sentir carinho em suas
palavras e como ele está desconfortável com essa situação.
— Filha?
— Eu não quero me casar com ele, vocês não podem deixar que eu
me case com ele, por favor, não façam isso comigo — pedi, desesperada,
andando de um lado para o outro.
— Por que esse desespero todo, Alice? Por acaso você conhece esse
rapaz? — Meu pai olhou-me desconfiado.
— Por favor, papai. — Corri até ele, segurando o seu braço. — Não
faz isso, tudo que eu te peço é que não me deixe casar com esse homem,
por favor papai, eu imploro — pedi aos prantos, eu estava desesperada.
— Mãe?
— Sim.
— Mayla ligou, disse que não está conseguindo falar com você e
quer saber porque você não atende as ligações dela.
— Ah, claro, eu ia chegar para uma pessoa fora da máfia e falar: olá,
eu sou um mafioso. — Ri. — Enfim, ficamos juntos esse período e depois
ela sumiu, eu não a vi mais, não consegui manter contato e quando fui até
Milão, descobri que ela não estava mais fazendo o curso lá.
— Você também mentiu, Alice, e pior ainda, fugiu! Você sabia que
o seu destino estaria ligado a mim eternamente e mesmo assim foi embora
— falei, completamente decepcionado e magoado. Eu amei tanto essa
mulher.
E ainda amo.
— Por mim está ótimo. — Estava ansioso para me casar com ela
logo.
— Ótimo!
Ela era bonita e Alice e Rocco se pareciam mais com ela, já o idiota
do Renzo se parecia mais com o pai.
— Claro.
Não quero ouvir ninguém defendendo Alice. Ela não merece defesa.
Eu tive apenas três dias, isso mesmo, três dias para confeccionar o
meu vestido de noiva. Foram três noites sem dormir direito e com muita
ajuda de Cris, o vestido ficou perfeito, exatamente do jeito que era para ser.
Dava até dó de usar esse vestido lindo para essas pessoas ignorantes,
que não sabiam apreciar um belo vestido como esse.
Nós dois não nos falamos depois do meu noivado. A decepção era
tão visível em seus olhos que quando o encarei, senti-me destruída por
dentro. O olhar dos meus irmãos não era diferente. Eu decepcionei todos
que me amavam.
— Licença, é aqui que tem uma noiva linda? — Melanie deu duas
batidas na porta, antes de entrar.
— Nem fala, já suspirei várias vezes por vocês dois — Mel falou
rindo, arrancando risadas de mim e Luara.
— Desculpe se a minha fala vai parecer um pouco rude, mas ele não
tem que achar nada, mamma. O vestido é meu, foi desenhado por Romeu e
eu não vou abrir mão de usá-lo por nada e nem ninguém.
— Minha filha, você será esposa dele daqui alguns minutos, tente
não desobedecê-lo, por favor, não quero que nada aconteça com você.
— Pode ficar tranquila, não vou fazer nada que possa me machucar.
Mas o vestido não está em negociação, é esse ou então não terá casamento.
— Podemos ligar para Kharoll, ela consegue um vestido para você
em poucos minutos — sugeriu que ligássemos para a estilista que por anos
foi quem atendeu a nossa família.
— Tudo bem, Alice, nós entendemos o que você quis dizer — Mel
me tranquilizou com toda a sua calmaria.
— Vincent, eu tentei falar com ela, mas ela não quis me ouvir —
mamãe explicou.
Não iria me condenar por um erro que cometi anos atrás, já estava
pagando o preço por isso. Se ele quer me odiar, então ok, problema dele.
Só esperava que ele não tivesse tantos pecados para pagar, já que era
um ótimo julgador.
Fiquei tão feliz que ele tenha gostado da minha escolha e que não
esteja me repudiando como tantas outras pessoas.
— Não.
— Ah, sim! Fico feliz por você. — Sorri. Feliz por mim também por
não ter que aguentar mais aquele cheiro horrível. — Vamos ficar morando
aqui?
— Agora suba, Alice — ordenou, mas não com ignorância, sua voz
era calma.
— A gente não precisa disso, não sei se você se lembra, mas eu não
sou mais vir... — Nem conclui a frase e ele me interrompe.
— Você não está nada mal também — falei sorrindo e ele também
sorriu com a minha resposta.
Enzo não precisava fazer nada para me deixar com tesão, bastava
ele me olhar como estava me olhando agora: com puro desejo em seus
olhos. Ele me olhava como se na sua vida só existisse eu. E isso era bom
pra caramba.
Tudo que eu pensei era que ali já havia sido morada, mesmo que por
poucos dias, do fruto do nosso amor.
— Ahhhh!
E assim ele fez. Entrou em mim, batendo a sua pelve contra a minha
bunda e metendo com força, segurando forte em minha cintura para me
manter de pé. Enzo parecia gostar da visão privilegiada que estava tendo,
pois seus olhos pareciam estar em chamas, enquanto ele urrava.
Fechei os olhos e apertei o balcão com força, sentindo os espasmos,
mais uma vez, me atingirem.
— Abre os olhos, morena, quero que você veja sua cara de safada
enquanto goza — pediu, apertando-me ainda mais forte e entrando ainda
mais fundo.
Era alucinante.
Senti Enzo gozar logo depois, esporrando seu líquido quente dentro
de mim.
Perdi até a fome com esse jeito mal-humorado dele. Tomei apenas
um café preto e me levantei. Saymon me avisou que as malas já estavam no
carro e que Enzo me esperava na garagem.
— Sim.
Engoli em seco, já sabendo que deixaria toda a minha vida aqui para
trás.
Dei de ombros.
— Certo, posso passar na casa dos meus pais? — reformulei a frase.
— Sim, senhor.
— Eu não vou, mas você pode subir, Alice. Você tem muitas coisas
para organizar.
Quer saber? Não ia ficar aqui aturando esses dois. Subi as escadas
em passos fortes, meus saltos fazendo um barulhão ecoar por toda a casa.
Entrei no quarto feito um furacão e bati a porta com toda força que
eu tinha.
Toc-toc.
— Dona Alice? — Ouvi a voz de Maria, a mulher que trabalhava na
casa há muitos anos e que fazia uma comida deliciosa.
— Maria, eu nunca fiz isso, não sei nem por onde começar — fui
sincera e ela riu.
Não estava falando que limpar chão fosse uma coisa indigna, mas
ele estava fazendo isso para me humilhar.
Ele sabia que eu nunca sequer peguei uma vassoura na vida. Que
raiva! Agora estava com vontade de pegar a vassoura e sentar na cabeça
dele.
Mas como eu não era mais uma mulher que desistia das coisas fácil,
muito menos daria a ele o gostinho de me ver sofrendo. Arregacei as
mangas e fui para o closet, por onde eu iria começar. Confesso que senti
vontade de deixar as roupas dele todas fora de ordem, mas não ia arrumar
confusão.
— É tão bom te ver aqui, você vai ficar, não é? Você não sabe o que
o energúmeno do Enzo fez comigo, você acredita que ele me colocou para
limpar esse quarto e eu vou ter que ajudar a Maria nas tarefas de casa? Não
que isso seja uma coisa indigna, mas ele estava fazendo de propósito, ele
queria me humilhar na frente da Mayla. Aposto que eles tem um caso e ela
não me ajudou no passado por gostar de mim e sim para ficar com ele.
— Claro... Por isso você conhecia tanto sobre flores — concluí. Cris
sabia o significado de todas as flores que Enzo me enviava.
— Exatamente.
— Não.
— Por isso ele sabia que Harry estava lá, por isso a camisola no
quarto, você contava tudo, você me enganou. — Levantei, atordoada,
afastando-me dele.
— Me desculpe, Alice.
— Você é gay?
— Desculpa.
Não falei nada com Enzo ainda, porque do jeito que ele estava,
duvido que acredite em mim.
— Tem certeza?
— Tenho sim.
— Nada mudou, apenas estou com muita coisa para resolver e sem
cabeça para essas bobagens.
— Já disse que não estou com tempo para essas coisas e muito
menos para essas conversas, não enche o meu saco. — O tom de voz dele
era rude.
Quem ela pensava que era para afirmar o que sentia ou não?
Mocréia!
Pensei em entrar, mas resolvi esperar para ver qual a reação dele.
— Vai falar que não gosta do nosso sexo? Hein? Deixa eu te lembrar
como é gostoso.
Estava enojada.
— Não. Eu já disse que não. Não vou trair a minha esposa nem com
você e nem com ninguém. Sou casado e peço que você respeite isso. Nossa
relação é estritamente profissional a partir de agora e se quiser, nossa
amizade pode permanecer, mas com respeito. Não teremos nenhum tipo de
envolvimento além desse.
Ah, sua cadela! Minha vontade era entrar e dar uns tabefes na cara
dela, mas preferi ouvir mais um pouco.
— Isso não vai fazer com que eu a traia, nada vai fazer, agora deixa
eu trabalhar em paz.
— Enzo, eu até tento ignorar essa garota, mas ela abusa! — Mayla
resmungou.
— Pode tirar essa pose de boa moça, sua vadia. Estava agora mesmo
dando em cima de um homem casado e sendo totalmente rejeitada. É ruim,
não é, Mayla? É ruim querer um homem que você nunca vai ter.
Mayla olhou dele para mim com fúria e saiu dali sem falar mais
nada.
Estou vibrando por dentro, mas ao mesmo tempo com muito ódio de
Enzo.
— Isso foi depois que você foi embora, eu nunca fiquei com ela
quando estava com você — rapidamente se explicou, evidentemente
nervoso, passando a mão na barba.
— Sim, tanto faz. Você me disse que nunca viu ela com desejo, mas
estava mentindo. Você não me deve satisfação, Enzo, não precisa ficar se
explicando, eu já entendi tudo.
— Você tem razão, não te devo satisfação, mas queria que soubesse
que nada foi feito por suas costas, eu nunca te trai, quando aconteceu você
já tinha ido embora há muito tempo.
— Claro, eu virei as costas e ela foi te consolar. — Ri,
debochadamente. — Tadinho de você, Enzo.
— Se eu não tivesse ido embora isso não teria acontecido, é isso que
estava falando? Será mesmo que não teria? Talvez o desejo sempre existiu,
Enzo.
— Mais tarde uma pessoa virá aqui arrumar o seu cabelo e cuidar de
você — avisou, deixando-me confusa. — Tenho um jantar de negócios e
você vai me acompanhar.
— Ô garota, espera!
Até pensei em ignorar, mas o lado ruim que existia em mim fez
questão de parar e enfrentá-la.
— Ele nunca vai ficar em paz com você, ele nunca vai te perdoar
por ter tirado o filho dele.
— Vai lá, conta pra ele, vamos ver em quem ele vai acreditar.
A cachorra sabe que Enzo duvida de tudo que eu falo, mas tudo
bem, uma hora ele vai acreditar.
— Veremos. — Dei as costas para ela e voltei para a cozinha.
Ela riu.
— Eu não podia falar nada, mas eu tinha certeza que quando você
voltasse, o senhor Enzo não ficaria mais com aquela chata — sussurrou essa
parte, sorrindo. — Ele te ama, menina, o senhor Enzo te ama muito, eu
pude comprovar o sofrimento daquele homem quando você foi embora.
— Então lute por ele, lute por ele antes que aquela bruxa da Mayla
faça a cabeça dele, pode ter certeza que ela vai armar para vocês de novo.
— Ele pode até não me querer mais, mas eu te garanto que com ela
ele não vai ficar, isso eu te garanto, Maria, eu jamais vou deixar aquela vaca
ficar com meu homem, jamais!
Mas, porra, ela não podia me julgar. Eu sofri pra caralho sem ela,
quase morri sem essa mulher.
Tudo bem que nada justifica eu ter ficado justo com a mulher que
falei para ela não sentir absolutamente nada. E pode até ser horrível o que
vou falar, mas eu realmente não sentia nada por Mayla, nenhum desejo. Fui
levado pela carência e pelo momento.
Tá legal, posso até ter errado nisso, mas ela me deixou, foi embora
sem se importar com tudo que sentíamos e estávamos construindo.
Durante o jantar, eu quase não pude dar atenção para Alice, tive que
participar de muitas reuniões e várias conversas chatas desses idiotas que só
sabem puxar o meu saco.
Mas acho que ela até agradeceu, duvido que quisesse estar perto de
mim.
Saymon fez companhia a ela, eu ordenei que ele não saísse do seu
lado nem por um segundo. Sei que ninguém aqui seria louco o suficiente
para chegar perto dela, mas nunca se sabe quando tinha um doido querendo
morrer.
— Eu não sei, ela não quis falar, acho que bebeu demais.
— Não, estou um pouco tonta e tem muita gente ali dentro. Enzo…
— ela segurou forte no meu paletó, quase me derrubando — , mata ele? Por
favor, mata ele, arranca a cabeça daquele infeliz.
Não aguentei e tive que rir junto com Saymon. Alice foi
cambaleando até o carro, reclamando que estávamos rindo dela.
Durante o trajeto ela ficou deitada em meu colo, falando coisas que
mal dava para entender, enquanto Saymon dirigia. Pedi que ele me levasse
para o apartamento mais próximo que eu tinha.
Coloquei nela uma camisa minha que tinha aqui e a coloquei deitada
na cama.
— Oi?
— Vem cá. — Bateu do seu lado vazio na cama.
— Você vai matar mesmo ele? — Alice estava tão bêbada que
ficava emendando um assunto por cima do outro.
Saymon foi para a varanda fumar, pois evita ficar perto de mim
nessas horas. Ex-viciado pode recair a qualquer momento. E eu fiquei aqui
de cabeça quente pensando que perdi anos ao lado de Alice, alimentando
um ódio sem necessidade, porque deixei Mayla entrar na minha cabeça.
Fiz um esforço enorme para abrir os meus olhos, mas não consegui.
Misericórdia, parecia que tinha uma banda de rock tocando dentro da minha
cabeça. Exagerei na bebida ontem.
Não teve jeito, tive que abrir um pouco os olhos para finalmente
conseguir encontrar um remédio e um copo de água no cantinho da mesa.
— Não é necessário.
— É tudo verdade.
— O nosso.
— Eu ainda não sei nada sobre ele, mas fique tranquila, não me
esqueci da promessa que te fiz.
Balancei a cabeça em sinal positivo e sorri.
Sabia que essa vingança não traria o meu amigo de volta, mas eu
poderei viver em paz sabendo que vinguei a sua morte. Jamais viverei
aliviada sabendo que aquele assassino está vivendo tranquilamente por aí,
enquanto o meu amigo morreu a troco de nada.
Eu era uma pessoa boa, muito boa por sinal, mas não pisa no meu
calo, porque aí eu me transformo em uma pessoa muito ruim.
Queria poder dizer que ela não precisava nunca mais ter medo de
nada nessa vida, que enquanto eu respirar, nada de ruim acontecerá, que
ninguém fará nada contra ela e nem contra nós dois, mas esse ainda não é o
momento para termos essa conversa. Depois que resolvermos nossas
pendências, falaremos sobre nós dois.
Entrei na sala com Saymon ao meu lado e os dois me olharam
apreensivos, sem entender o motivo dessa reunião de última hora.
— O que aconteceu?
— Sobre a noite que Alice foi embora, o que você tem para me
dizer? — Fui direto ao assunto.
— Não, Senhor.
— Alice, fala para mim o que aconteceu naquela noite em que você
foi embora, por favor — pedi.
— Pode ir.
— Sei que talvez você nunca me perdoe pelo que fiz, mas quero que
saiba que meus sentimentos por você são e sempre foram verdadeiros. No
meu coração, nossa amizade e todos os momentos que vivemos juntos serão
eternos, eu gosto muito de você e desejo que você seja muito feliz, você
merece tudo de bom.
— Sim.
Não podia negar que gostei de ver Mayla saindo daquela casa, eu
não a queria mais ali. Mayla nunca quis me ajudar, ela usou da minha
imaturidade e, provavelmente, sabia muito bem o porquê me escondia, usou
da minha fragilidade para me afastar de vez de Enzo, deixando assim, o
caminho livre para ela.
Mas confesso que fiquei chateada por Cris ter ido embora também.
Apesar de não estar conversando com ele, eu sabia que todos os dias ele
estava ali. Já não sentia mais raiva dele, claro que ainda tinha um pouco de
mágoa, mas eu gostava muito dele.
Falei com Enzo sobre, mostrei até fotos na época… ele lembrou!
Olhei para ele diversas vezes, emocionada, mas não consegui falar
nada e ele apenas sorria para mim.
— Tá bom.
Assim que Enzo saiu, fui para o banheiro tomar banho, enrolei-me
no roupão e deitei-me desse jeito. Viajar era cansativo demais e eu queria
ficar bem descansada para aproveitar as belezas deste lugar. Acabei
pegando no sono rapidamente.
Acordei ao escutar uma música tocando por todo o ambiente. Abri
os olhos e demorei um pouco, por conta da sonolência, a entender qual
música estava tocando. Um enorme sorriso se formou em meu rosto quando
reconheci a melodia: Scorpions - You And I. Enzo amava essa música e já
cantou-a para mim diversas vezes.
Desci as escadas devagar, olhei pela sala e não encontrei ele. O som
estava vindo da parte externa da casa.
Enzo, aos trinta e seis anos, estava ainda mais bonito do que quando
o conheci a três anos atrás. O tempo só o fez bem.
— Não.
Eu realmente não estava com fome, não de comida. Minha fome era
outra, minha fome era de amor e carinho.
— Por que não esperou para conversar comigo naquela época? Por
que fugiu e me abandonou?
— Eu cometi erros piores que o seu, Alice, é você que tem que me
perdoar.
— É o que eu mais quero, morena... Uma vida inteira vai ser pouco
para te recompensar por esses dias que tanto te fiz mal. Eu estava cego de
raiva, queria que você pagasse por todo o sofrimento que me causou.
— De que?
Nesse momento o que eu queria era paz, meu marido e uma vida
feliz.
Não era orgulhosa, nunca fui e nunca vou ser, o que eu queria era
viver.
Não paramos de nos beijar nem por um segundo. Estava com minha
boca inchada, mas pouco me importava, eram tantas saudades acumuladas
que eu precisava recompensar todo esse tempo perdido.
— Nunca!
Sua boca voltou a tomar a minha com fome e suas mãos passearam
por debaixo do meu vestido, incendiando todo o meu corpo com o seu
toque.
— Alguém pode nos ver. — Minha voz saiu com dificuldade porque
ele beijava e mordia o meu pescoço, arrepiando-me, mas ainda tive um
pouco de sensatez antes de me entregar por completo.
Enzo tirou o meu vestido, sem desviar os olhos dos meus, o clima
exalando tesão.
O vento podia até estar gelado, mas a quentura do meu corpo era
superior, então pouco me importei com a brisa fria.
Meu sutiã foi aberto, sendo jogado para o lado e finalmente pude
sentir a sua língua contornar o bico do meu peito. A outra mão continuava
no meio das minhas pernas, levando-me cada vez mais à loucura.
Mas meu sorriso logo deu lugar para um gemido sôfrego quando sua
boca fez um ótimo trabalho, junto com a sua língua, levando-me ao
orgasmo em poucos segundos.
Enzo era sexy pra caramba e pelo visto, estava disposto a me matar
de tesão.
Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas eu eternizei esse
momento na minha memória. Nessa noite, eu e Enzo nos amamos com
paixão e muito fogo sob a luz do luar.
Então tudo que me veio à mente foi: que Deus te ouça, pois tudo que
eu mais quero é construir uma família ao seu lado e viver até a eternidade
feliz, amando e sendo amada.
— Eu acho uma ótima ideia, estou com saudades deles. Mas não vai
te atrapalhar nos negócios?
— Não.
— Por que come tantos salgadinhos? Isso não faz mal para a saúde?
— questionei, preocupada com a sua saúde.
Já estávamos caminhando para a praia.
— Salgadinhos — brinquei.
— E você!
Toda vez que Enzo falava essas coisas bonitas para mim, meu
coração ficava retumbante dentro do peito. Parei de andar e o puxei pela
camisa, beijando-o. Meu Deus, como eu amo esse homem!
Ele riu.
Caramba, Enzo era muito, mas muito bonito mesmo. Hoje ele estava
com uma camisa de um tecido mais fino de cor branca e uma bermuda azul
da cor do mar, de óculos escuros, cabelos bagunçados por conta do vento e
um sorriso nos lábios de destruir qualquer calcinha. Inclusive a minha já
era.
Coloquei meu vestido que tinha a cor azul tiffany, passei uma
maquiagem leve e calcei minhas sandálias.
— Como pode ficar um pouco mais linda a cada segundo que passa?
— falou galanteador.
Voltei a ficar de frente para ele e peguei, dentro da caixinha que ele
estava segurando, os brincos, que também tinham o formato de uma gota.
Tirei os que estava usando e troquei pelos que ele me deu.
— Gostou? — indagou-me.
— Muito! Obrigada por esse presente. — Sorri, agradecida e
circulei o seu pescoço com os meus braços, dando um selinho casto em seus
lábios e sussurrando contra a sua boca. — Eu te amo!
Gente, mas ela nem está fazendo questão de disfarçar, quanta falta
de educação.
— Sim?
— Não, claro que não. — Riu ainda mais e eu tive que rir também.
— Tá bom.
Assenti.
Como assim morto? Ela estava mentindo, não teria como ela saber
sobre isso. Enzo não o matou, ele não tinha porque fazer isso, ele não é tão
ruim assim. Foi só uma visita de amigos, ele não faria isso, ele não pode ter
feito isso.
Caminhei de volta para a mesa, cada passo dado com cuidado. Não
me sinto bem, o vinho e o que eu ouvi daquela mulher não me fizeram bem.
— Não estou me sentindo muito bem, acho que bebi muito vinho,
quero deitar — menti, não querendo arrumar confusão dentro do
restaurante.
E assim ele fez, pagou a conta e fomos embora. Não conseguia parar
de pensar no que aquela mulher me disse. O inimigo era tão ardiloso que ela
foi me encontrar justo aqui, quando eu e Enzo estávamos bem.
— Vou te perguntar uma coisa, por favor, não minta para mim —
pedi, já sentindo as batidas retumbantes do meu coração
Mas já dei tempo suficiente para ela se acalmar, então decidi que era
hora de subir.
Ela pareceu convencida de que não tinha para onde correr, bufou e,
irritadamente, sentou-se na cama.
— Enzo… — sussurrou.
— Entendi. Se você pudesse escolher, você não queria ter a vida que
tem hoje?
— Desculpe...
— Não peça desculpas por aquilo que você não se arrepende, eu sei
que tudo que você mais deseja é ir embora e viver a tão sonhada "vida
normal" que você sempre quis.
— Eu não sou isso! Eu não sou uma droga de uma mafiosa, eu não
quero matar ninguém! — bradou, nervosa.
— Matei porque ele queria o que é meu. Eu avisei antes e ele voltou
porque quis.
— Ele não falou isso, você está tentando deixar a situação mais
confortável para justificar o que fez.
— Você quer que eu diga a verdade ou quer que eu diga algo que
não vai te machucar?
— Você gosta?
— De matar? — Assentiu. — Quem merece sim, não mato nenhum
inocente.
Vejo uma lágrima rolar em sua bochecha, que ela limpa rapidamente
com o dorso da mão.
— Fala. — Não me virei para olhá-la, não queria que ela visse como
estava abalado.
— Por que?
— Vamos embora amanhã cedo.
Meu pai sempre teve razão, o amor é a pior desgraça que existe na
vida de um homem.
Eu a amo tanto que sou capaz de abrir mão dela para que seja feliz.
Está decidido, se essa for a sua escolha, mesmo que me mate por dentro,
vou deixá-la ir.
Capítulo 28
Alice Caccini
Hoje fez uma semana que voltamos de viagem e não nos falamos
mais. Ele tem me evitado ao máximo, não faz nenhuma refeição em casa e
só vem para dormir e ainda dorme em outro quarto. Nem trabalhar no
escritório aqui dentro ele não quer mais e isso tem me deixado tão triste.
Pensei que minha escolha de cara seria ir embora, mas não, dói tanto
pensar em ficar longe dele e dos seus carinhos, que não tive coragem de
tomar nenhuma decisão ainda. Eu sei, sou covarde, sonhei tanto com esse
momento de poder ser livre e quando tenho a oportunidade, não consigo
aproveitar.
— Estou sim.
Tenho jantado na cozinha com ela nesses últimos dias. Enzo não
vinha para casa comer e eu não ia me sentar naquela mesa enorme sozinha,
já que Maria se recusava a sentar lá para jantar comigo.
— Por que ainda não foi embora? Ele te deu a chance que você
tanto queria.
"Não tem como a gente voltar atrás, está feito, é nosso destino,
temos que ser espertas e inteligentes. A única maneira de viver bem e em
paz é jogando com as armas que temos."
Era a primeira vez que ele trocava mais do que meia dúzia de
palavras comigo.
— Obrigada, Saymon!
— E então?
Passei pela cadeira que ele me indicou e parei na sua frente. Ele
afastou um pouco a cadeira para me olhar e eu me aproximei, passando as
pernas em volta da sua cintura e os braços pelo seu pescoço, sentando-me
no seu colo.
— Eu não quero ir embora, ficar sem você nunca foi uma opção. Me
desculpa, meu amor. — Dei um selinho na sua boca. — Me desculpa por
ser tão boba. Eu te aceito como você é, isso não quer dizer que eu concorde,
mas eu aceito. Eu te amo com todos os seus defeitos, não quero e nem vou
embora, nunca. Vamos ficar juntos para sempre!
Não dei tempo para ele responder e ataquei a sua boca. Ele retribuiu
o beijo com fervor.
— Eu também...
Ele apoiou uma mão no meu ombro, me impulsionando a sentar
ainda mais rápido e com a outra apertava meu quadril com força. Joguei a
cabeça para trás, inebriada por tanto prazer.
Fiz o que ele pediu e gozei enquanto chamava o seu nome. Fui
preenchida por seu jato quente de sêmen.
— Nunca!
Senti seu pau pulsar dentro de mim, avisando que nossa transa não
havia acabado por aí.
— Eu até achei que você já estivesse, anda comendo tão bem nos
últimos dias e até deu uma engordadinha.
— Enzo vai continuar te amando, com toda certeza, ele é louco por
você. Sobre o conselho, eu não sei, mas tenho certeza que ele daria um
jeito, mas não vamos pensar nisso, você vai conseguir.
Ela mais uma vez tem razão, ele faz questão de enfatizar isso todos
os dias.
— Você tem razão, vou conversar com ele sobre isso hoje e vou
procurar um médico, muito obrigada, Maria! — Virei-me para o lado, a
abraçando.
Mal pude acreditar quando Enzo disse que tinha a mesma tipagem
sanguínea que ele precisava, se disponibilizando a doar e sendo solícito
quando disse ao médico que doaria o quanto fosse necessário para salvar a
vida do meu irmão.
Mas apesar da sua boa vontade, ele não poderia doar tanto, mas
Giovanni, irmão da Mel, também era compatível e doou também. Ambos
salvaram a vida do meu irmão e eu era muito grata aos dois.
Enzo não se opôs em ficar aqui aguardando comigo, ele era tão
compreensivo, me ajudou, me deu forças, foi meu apoio e meu emocional
nesses últimos dias. Adiou todos os seus compromissos para estar aqui ao
meu lado e eu valorizava tanto essas demonstrações de carinho e cuidado.
Ainda não conversei com ele sobre a questão: filhos. Mas no fundo
eu sabia que ele achava estranho ter passado todo esse tempo e eu ainda não
estar grávida, mas como um bom gentleman que é, não comentou nada.
Visitamos Renzo, meu marido implicou com ele sobre ter doado
sangue e meu irmão revidou, então já tinha certeza de que ele estava bem.
— Amor, agora temos que voltar para casa, tenho muitos assuntos
para resolver — falou assim que saímos do quarto do hospital, dando
privacidade a Melanie e Renzo.
— Tudo bem.
Embora eu ame estar na Itália ao lado da minha família, sabia que
aqui não era mais o meu lar e que ele tinha milhões de coisas para resolver
na Alemanha que foram adiadas para ele ficar aqui comigo.
Abracei meus pais, Rocco e Luara, e pedi para eles falarem com
Renzo e Melanie, não queria atrapalhar o momento deles.
— Surpresa.
Não tentei mas persuadi-lo porque sabia que era em vão, ele não ia
falar mesmo.
Esperei ele tomar banho, tomei um banho também, esperei ele fazer
alguns telefonemas, comemos e agora estava aqui impaciente esperando.
— Então foi você — o infeliz falou com a voz bem baixa e com
bastante dificuldade.
— Obrigada por isso, agradeço muito por fazer esse infeliz pagar
pelo que fez com o Romeu, mas eu não quero saber o que você vai fazer
com ele, não tenho estômago para isso.
Fiquei na ponta dos pés, segurei o seu rosto entre minhas mãos e dei
um beijo carinhoso nos seus lábios
Não podia negar que estava feliz demais em saber que Enzo
conseguiu pegar aquele maldito que matou o meu amigo e o faria pagar
caro por isso. Queria que ele sofresse tudo que Romeu sofreu na vida por
causa do preconceito dele. Tenho certeza que Enzo vai fazer com que a cada
segundo de tortura ele se arrependa por tudo que fez a Romeu.
— Foi a primeira vez que aconteceu, acho que fui com muita sede
ao pote.
— O quê?
— Não, não quero que Enzo saiba, se for positivo eu quero fazer
uma surpresa — falei, animada.
— Oi, Saymon.
Ele só falava dessa maneira séria comigo quando estava perto dos
outros funcionários, segundo Enzo era para poder dar exemplo, mas eu não
gostava disso.
Cris: É rápido, não irei tomar muito o seu tempo. Atrás dessa
farmácia tem uma pracinha, podemos nos encontrar lá?
Eu: Sim.
Respirei fundo, pois sabia que ela realmente seria capaz disso.
— Cadê o Cris?
Fiz o que ela pediu e sem que ela visse, deixei minha bolsa em cima
do banco da praça.
Era evidente que eu estava com medo, mas eu sabia que Enzo iria
me encontrar. E embora eu tenha errado em ter fugido do segurança,
tadinho tão calminho que nem teve tempo de perceber que eu faria isso, eu
não fiz de má intenção, eu só queria fazer uma surpresa e tudo teria dado
certo, se não fosse pela Mayla. Oh, mulherzinha rejeitada, insuportável.
— Sim, senhor.
— Diga, Saymon.
Eu o conheço muito bem para saber que tinha alguma coisa errada.
— A Alice...
— Ela sumiu.
— Peça para que limpem isso — falei com Saymon. — Estou indo
para a sala de comando, vou vasculhar as câmeras que ficam ao redor do
supermercado, ligue para os irmãos dela também.
— Sim, senhor.
— Saymon, me dá um cigarro.
— Não tenho — repetiu, deixando claro que não iria ceder ao meu
pedido.
— Você pode ser meu chefe, mas também é meu amigo, não vou
deixar você cair mais uma vez, você precisa ter foco, não é matando seus
funcionários, não é um cigarro e nem essa droga de bebida que vai te ajudar
a encontrar sua mulher, você tem que ter foco, Enzo, precisa ficar bem para
poder encontrá-la.
— Mesmo assim, cara, se concentre nas coisas que você tem que
fazer. Sei o quanto você ama ela, mas não pode fazer disso a sua derrota.
Soltei a garrafa enquanto o encarava. Ele estava certo, eu tinha que
fazer de tudo para encontrá-la, não podia perder a cabeça agora.
"Meu amor, não sinta raiva de mim, eu tive meus motivos para fazer
isso.
Te amo e sempre te amarei!
Obs.: Estaremos sempre juntos.
Com amor, Alice"
— Você sabe que se não quiser continuar casado com ela podemos
levá-la e decidir o que fazer, ou você pode tomar qualquer decisão referente
a isso — explicou Rocco.
Como a mulher da farmácia não falou que ela comprou isso? Que
porra! Um bando de mentirosos nesse mundo.
— Sim, disse que ela entrou no carro com uma outra pessoa, mas
não conseguiu ver quem era pois estava de costas e de blusa de frio com
capuz, mas parecia ser uma mulher.
Desgraçada! É ela!
Por que eu não matei essa vadia? Olha o que a porra de uma
consideração tá me causando, uma dor de cabeça dos infernos e minha
esposa correndo risco. Consideração é um caralho, mandarei Mayla para o
inferno sem dó.
— Sim?
Será que era o Cris? Não conseguia enxergar nada com esse negócio
na cabeça.
Fui muito burra em ter acreditado nas mensagens do Cris, mas não
desconfiei, não pensei que ele fosse capaz de me fazer mal e já tinha tanto
tempo que a irmã dele estava sumida, na minha cabeça ela já tinha
superado.
— Eu fui embora como você orientou, Mayla, ele foi atrás de mim,
fui obrigada a casar. Você não poderia ter evitado isso? — Entrei no seu
jogo louco.
— Eu tentei, tentei de todas as formas, fiz de tudo para que ele não
te encontrasse, mas no fundo eu sabia que uma hora ou outra ele ia te achar,
eu deveria ter te matado quando foi embora.
— Por favor, não faça nada comigo, eu prometo que vou embora
novamente e te garanto que dessa vez ele não vai me encontrar.
— Ele vai te encontrar, enquanto você estiver viva ele nunca vai te
deixar. Eu vi como ele ficou quando você foi embora, você o destruiu de
todas as formas possíveis e depois, quando voltou, foi como se nada tivesse
acontecido, foi como se você curasse todas as feridas dele apenas com sua
maldita presença... — Ela parou de falar e pareceu estar pensando.
Eu sinto muito por tudo que ele passou, muito mesmo, se eu pudesse
voltar atrás, com o pensamento que tenho hoje, faria diferente.
Até pensei que o sentimento dela podia ser apenas ressentimento por
ter sido rejeitada, mas não, ela o amava, o amava muito, mas um amor
doentio, era perceptível.
— Você não entende? — Riu. — Ele sempre vai ser obcecado por
você, sempre! Na vida do Enzo nunca existiu outra mulher, eu fui apenas
um remédio para as suas feridas, mas você era a cura, você sempre foi a
cura dele, agora me diga, o que você tem que eu não tenho? Por que ele não
pode me amar?
— Não temos nada para conversar, vai para o inferno, sua cadela.
Fechei os meus olhos, esperando o tiro, mas ele não veio. A porta
foi aberta com tudo e o comparsa dela entrou apressado.
— Temos que sair daqui, temos que sair daqui agora! — falou,
assustado.
— Por que?
Aproveitei que ela se virou para a porta e corri para uma outra porta
que tinha dentro do quarto, acredito que seja um banheiro.
— Sua cadela! — gritou, disparando dois tiros.
Fiquei o encarando e tentando entender o que fez ele vir até aqui
sabendo que a qualquer momento eu poderia matá-lo.
— E você sabe onde ela está? — perguntei, ele era a minha única
esperança no momento.
— Não tenho certeza, mas uns dias atrás eu vi que ela estava
querendo alugar um casebre, não muito longe daqui. Achei estranho, mas
ela disse que estava querendo ficar sozinha, que queria se afastar de tudo e
todos, enfim, a Mayla é boa em manipular as pessoas, mas disso você já
sabe — falou olhando para mim.
— Sim?
— Você tem que ser rápido, Mayla não está bem, a vida da Alice
corre risco — alertou-me.
— Vou pedir que espere aqui até que eu volte. — Mais uma vez
assentiu. — Depois disso você estará livre.
— Estamos juntos, cara, vamos achar uma saída juntos. Você vai
voltar para casa com Alice e vai ser feliz com sua família, fica tranquilo, vai
dar tudo certo.
— Valeu.
— Agora coloca essa cabeça oca para funcionar, você só presta para
pensar, então faz o seu serviço — Renzo falou em tom de deboche e eu abri
um sorriso fraco.
— Não, senhor.
Seguimos para onde as marcas nos levavam. O bom era que só tinha
um trajeto a ser feito aqui nesse lugar, não tinha outras ruas.
— Cadê a Alice?
— Deve estar morta dentro daquele banheiro. — Apontou com a
cabeça para a outra porta, sorrindo.
— Você acha que eu vou morrer do jeito que você quer? — Soltou
uma risada medonha. — Eu não vou te dar esse gostinho. — Apontou a
arma para a própria cabeça. — Eu fiz de tudo por você e mesmo assim você
preferiu outra pessoa, eu espero que ela te faça sofrer muito e que te
abandone novamente.
— Você não vai morrer fácil assim — falei, satisfeito por vê-la viva.
— Levem ela — pedi para os irmãos Caccini.
Enquanto eles levavam Mayla aos gritos para o carro, eu corri para
abrir a porta do banheiro.
— Alice? Meu amor sou eu, está me ouvindo? — Minha voz saiu
desesperada.
— Que bom que você chegou. — Abriu um sorriso fraco para mim
e se jogou em meus braços.
Rapidamente tirei a minha camisa, a peguei no colo e pressionei a
sua ferida com a camisa, tentando estancar. Saí correndo com ela da casa
em direção ao carro, precisava levá-la ao hospital com rapidez
— Vai ficar tudo bem meu amor, eu prometo. — Beijei sua testa
suada.
— Obrigado!
O vício sem dúvidas é a pior praga que pode existir, eu estava cada
vez mais louco para fumar.
— Ela já sabe?
— Vamos.
— Enzo?
— Oi?
— Por que você está com essa cara, amor? Não está feliz pelo bebê?
Está chateado comigo?
Não precisava ser claro nas palavras, ela sabia do que estava
falando.
— Alice, não se preocupe com isso, quero ter filhos com você se for
da sua vontade e não por causa da droga do conselho.
— Eu quero ter filhos com você, quero ter uma família, mas acho
que isso não é para mim, perdi nosso primeiro filho e agora o segundo,
quantos mais eu vou perder? — Chorou copiosamente e a puxei para um
abraço. — Se você não quiser continuar comigo, eu entendo, sei como você
deseja ser pai.
— Está tudo bem, vai ficar tudo bem, eu prometo. — Acariciei suas
costas e cabelo.
Fui até a cafeteria para pegar um café, depois de ter certeza de que
ela estava bem, consegui finalmente comer e beber alguma coisa.
— Valeu, Rocco.
— Até.
Era óbvio que eu estava triste. Minha esposa estava triste, então eu
também ficaria. Claro que eu queria ter filhos com ela, amo Alice demais e
quero tudo dela. Mas não vou pressioná-la nunca. Se Alice não quiser mais
ter filhos, então assim será. Que se foda a porra do conselho! Por minha
mulher eu passarei feito um trator, esmagando tudo e todos que forem
necessários para vê-la feliz.
Capítulo 33
Alice Caccini
Quando voltei para casa, Cris veio me ver. Eu o abracei tão forte que
quase o sufoquei, eu não sabia o quanto estava precisando de um abraço
amigo até vê-lo na minha frente. Apesar das circunstâncias em que nos
conhecemos e nos tornamos amigos, ele é uma pessoa muito especial na
minha vida e sou muita grata por toda força e por todas as vezes que foi
meu ombro amigo.
Pedi para que ele ficasse e voltasse a morar aqui, mas ele disse que a
vida dele aqui já não fazia mais sentido e foi embora para os Estados
Unidos. Temos nos falado todos os dias e estava muito feliz em saber que
ele está feliz e que encontrou enfim seu caminho. Como ele nunca foi
reconhecido por seu pai, então ele não se tornou oficialmente um membro
da máfia, o que é uma grande vantagem para ele, pois assim podia viver
uma vida tranquila e longe de todas as obrigações que a máfia impõe.
Estava sem fazer nada e fui até o escritório para dar um cheiro e um
amasso no meu maridão. A porta estava entreaberta então decidi entrar sem
bater, mas parei ao ouvir a conversa.
Sabia que era feio ouvir atrás da porta, mas eu queria saber de quem
eles estão falando.
— E você?
— Até parece, não vou deixar que Alice chegue perto dela.
Fiquei surpresa por dois motivos. O primeiro por saber que ela quer
me ver e o segundo por saber que ela ainda está viva.
— Então vamos.
— Agora?
— Oi.
Meus olhos se inundaram de lágrimas quando ela tentou abrir os
dela, mas por conta do inchaço não conseguiu e soltou um gemido de dor.
— Sim, muita.
O homem trouxe a água e eu dei a ela, que bebeu tão rápido que
quase se engasgou.
— Quer mais?
— Claro. — Virei a cabeça para olhar para Enzo, que negou com a
cabeça — Por favor, espera lá fora — insisti.
Eu não sabia ser ruim, e não desculpar essa mulher, que eu sabia que
iria morrer, era demais para mim. A desculpei de coração para que ela fosse
em paz.
— Pede para o Enzo me matar logo, por favor, eu não aguento mais
sofrer...
— Eu sei que ele nunca me deixaria viver e para ser bem sincera?
Eu não mereço e nem quero viver, mas gostaria que esse sofrimento
acabasse — concluiu.
— Obrigada!
— Acaba com o sofrimento dela, por favor, faz isso pra gente poder
seguir em frente e em paz, vamos virar essa página e viver nossa vida.
— Você quem manda, morena. — Sorri, feliz por ele não ter negado
o meu pedido. — Faço qualquer coisa por você. — Puxou-me para um
abraço.
Obs.: Não vou descrever essas cenas de tortura em especial. Eu gosto de escrever histórias
Dark, mas um Dark mais leve e tortura contra uma mulher seria muito difícil para mim descrever,
então espero que vocês entendam e me desculpem se acabei frustrando as pessoas que queriam esses
detalhes.
Por mim eu a deixaria sofrendo até não aguentar mais, mas Alice é
muito boa e esse era o motivo pelo qual eu não queria que ela viesse falar
com essa desgraçada, eu sabia que ela ia convencer a minha morena a
acabar com o sofrimento dela.
Nunca bati em uma mulher, mas essa mulher não era uma mulher
inocente, essa mulher era a culpada por meus dois filhos terem morrido, por
todo o meu sofrimento, por ter afastado o amor da minha vida, por ter a
sequestrado, e o pior de tudo, por ter machucado minha morena. Isso era
inadmissível para mim.
Eu dei todas as chances para que a Mayla ficasse viva e fosse viver
sua vida, tive consideração por todos os anos em que ela ficou ao meu lado
e me ajudou, mas ela não soube aproveitar.
— Vou acabar com o seu sofrimento, mas não porque eu quero e sim
porque a Alice pediu. — Deixei claro para ela que não estava sendo
benevolente porque queria.
Voltei para casa, tomei banho e fui jantar com minha esposa.
No começo foi muito difícil ver todo o seu sofrimento, isso estava
me matando por dentro, estava de mãos atadas e não tinha nada que eu
pudesse fazer para tirar essa dor dela e isso era frustrante demais. Mas aos
poucos ela foi superando, e juntos, estamos construindo nossa linda história
de amor. A partir de agora tenho certeza que só terá coisas boas e momentos
felizes, chega de sofrimento, chega de ver minha morena triste. Enquanto
eu respirar, farei todo o possível para manter sempre esse lindo sorriso em
seu rosto.
— Gostou?
Ela era doce e o seu gosto era o meu preferido do mundo. Suguei até
a última gota do seu gozo e só parei porque ela puxou os meus cabelos.
Deslizei o meu pau por sua entrada quente. Era uma sensação fodida
de tão boa, não dava para explicar.
— Até a lua?
Rocco
Renzo
Entrei no quarto e encontrei minha mulher deitada em nossa cama,
com os cabelos cor de cobre espalhados por nossos lençóis, e ela me
presenteia com um enorme sorriso e eu me desmancho inteiro.
E farei tudo que estiver ao meu alcance para que a cada dia Melanie
seja ainda mais feliz.
Eu amo minha vida de mafioso, mas não tem explicação para essa
vida de marido e pai.
— Apenas agradecido.
— Por?
Primeiro foi há uns dois anos atrás quando eu conheci meu irmão,
sim, meu pai traiu minha mãe e teve um filho fora do casamento. Quando
descobri, o moleque já estava grande e só fiquei sabendo pois a mãe dele
ficou muito doente e precisou de alguém para ficar com o filho dela.
A princípio ele não quis vir para minha casa, gênio difícil,
igualzinho ao papai, mas consegui convencê-lo e agora estou treinando-o
para assumir suas funções dentro da máfia. O cargo dele é de subchefe e
embora tenha começado seu treinamento tarde, é perceptível que o sangue
de um mafioso corre em suas veias, mata a sangue frio, sem qualquer
resquício de remorso em seus olhos.
Alice está linda, como sempre, e depois que foi mãe ela ficou ainda
mais maravilhosa. Minha esposa é perfeita!
— Eu acho que unir nossas máfias será muito bom, para ambos,
mas um acordo apenas de boca é muito vago, não que eu esteja falando que
vocês não irão cumprir com a palavra de vocês, mas o futuro é incerto,
preciso de certezas, me entendem?
— Um acordo de casamento.
Meu coração gelou. Rocco e Renzo também ficaram visivelmente
desconfortáveis. Todos temos filhas e mesmo sabendo que isso vai
acontecer, não estamos preparados.
— Eu entendo você como pai, mas você não está pensando como
Capo — o infeliz argumentou.
Sei que ele estava sendo coerente com sua fala, mas pouco me
importava. Foda-se! Ele que vá para a casa do caralho com a sua
coerência e seu filho.
Ele se levantou e foi embora. Juro que eu queria ter metido uma
bala no meio da testa dele.
Aquele moleque tinha que ter gostado logo da minha filha? Porra,
eu entendo que ela é linda, mas é a minha princesinha.
— Amor, sei que é difícil, dói em mim, mas não teremos saída,
infelizmente, de qualquer forma quando ela fizer dezoito anos teremos que
fazer isso — falou, com a voz embargada, mas cheia de sabedoria.
— Me desculpa por isso, morena, me desculpa mesmo — pedi, de
cabeça baixa.
Minha esposa nunca ficou atrás, sempre esteve ao meu lado e é ela
quem me torna esse homem forte, sem ela eu não sou nada, caminhamos
juntos.
FIM!
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus todos os dias por ter me mostrado o caminho em
um dos momentos mais difíceis da minha vida, que foi através dessa luz
que descobri o amor pela escrita.
Deixo meu agradecimento mais que especial também para todos que
estão ao meu lado me dando apoio todos os dias: à todos vocês que
chegaram aqui e me deram uma oportunidade.
À minha grande amiga Val, que sempre está ao meu lado me dando
apoio.
Luara cresceu com espírito livre, sonhadora e não imaginava que uma
tempestade estava para chegar. Sofreu a maior decepção da sua vida quando
descobriu que o seu pai, o homem que sempre acreditou ser o seu herói, deu
a sua mão em casamento quando ela ainda era um bebê para o homem que
hoje era considerado o mais temido de todos os tempos, como quitação de
uma dívida.
Ela estava prestes a entrar para a escuridão, já que estava de casamento
marcado com o Don da máfia mais temida e poderosa de toda a Itália,
conhecido por seus inimigos como Diabo.
E agora, o que ela faria ao saber que tinha uma passagem apenas de ida para
o inferno?
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Melanie Salvatierra é uma jovem de apenas 17 anos, que foi criada por seu
pai, o Capo da máfia mexicana. Ela nunca havia saído de casa, foi criada
numa redoma até o seu pai descobrir que lhe restavam poucos dias de vida.
Num ato desesperado de deixar a sua filha protegida, o Capo mexicano
selou um acordo com a máfia italiana, prometendo a sua única filha em
casamento para o subchefe.
O Subchefe da máfia italiana, Renzo Caccini, é um homem de 34 anos, frio
e calculista. Ele executa os serviços mais sujos e silenciosos dentro da
organização. Conhecido por todos como “a morte”, ele é um exímio
matador.
Sua vida era organizada e tranquila, mas tudo mudará quando uma
ruiva, dezessete anos mais nova, passar a ser sua responsabilidade.
Ao completar a maioridade, Melanie é obrigada a se casar com Renzo e
mergulhar de cabeça na escuridão do subchefe sombrio e gélido.
Revelações serão feitas e ela descobrirá que toda a sua vida foi uma
completa mentira.
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Ele é um mafioso impiedoso.
Ela foi salva por ele.
Ele é sombrio.
Ela o considera um anjo.
Chiara Collalto foi salva pelo Don quando tinha apenas 12 anos e, desde
então, é mantida sob os seus cuidados.
Lorenzo não queria uma mulher dentro da sua casa, ainda mais uma mulher
tão desorganizada como Giovanna.
Em meio ao caos da convivência, eles descobrem que o amor não bate na
porta, ele entra sem pedir licença.
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[i]
À fragrância possui uma mistura de almíscar, cravo quente, baunilha, bergamota e tangerina
siciliana picada.
[ii]
É um profissional especializado em moda e estilo pessoal que trabalha com indivíduos para
ajudá-los a melhorar sua aparência.
[iii]
É ter uma queda ou um interesse por alguém.
[iv]
É o procedimento usado pelas agências de viagens e pela rede hoteleira para identificar a saída de
um hóspede de um hotel.
[v]
É um sistema de navegação por satélite que fornece a um aparelho receptor móvel a sua posição,
assim como o horário...
[vi]
Relógio de pulso de luxo.
[vii]
Iniciais de Alice e Romeu. Empresa fictícia.
[viii]
Meu Deus, que susto!
[ix]
Sentiu minha falta, meu amor?
[x]
Bom dia, irmã.
[xi]
Bom dia, irmão.
[xii]
É um curativo adesivo para qualquer corte, arranhão ou machucado.
[xiii]
É uma universidade privada situada na cidade de Cambridge, estado de Massachusetts, nos
Estados Unidos.
[xiv]
Cayo Ambergris é uma pequena ilha de Belize, na qual vivem cerca de 15 mil pessoas, sendo
que a maioria habita em San Pedro, na extremidade sul.