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1. PROTEGIDA DO DON
2. NAS GARRAS DO SUBCHEFE
3. A OBSESSÃO DO CONSELHEIRO
4. PROIBIDA PARA O CAPITÃO
5. SPIN-OFF ACORDO COM O DOUTOR DA
MÁFIA
6. APRISIONADA AO SUBCHEFE
Este é um romance Dark contemporâneo, nada tradicional.
Ele contém assuntos polêmicos, incluindo temas de
consentimento questionável, agressão física e verbal, linguagem imprópria
e conteúdo sexual gráfico.
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ESTRUTURA HIERÁRQUICA
Com certeza não era, ela que era desatenta demais e nunca me
notava nos lugares. Estendi minha mão e peguei aquela bolsa de pano da
mão dela.
— Ficou surda? Será que preciso abrir mais essa orelha? Ordenei que
leve isso para o senhor Brunner, ele precisa disso, o pobre senhor mora
naquela casa solitária e sozinho.
Quem a via falando assim até julgava que era uma boa mulher, na
verdade, Kina era, com todos, menos comigo. Sem falar nada apenas
assenti, sentindo minha orelha latejar em meio ao puxão ardente da minha
cunhada.
Isso tinha cara de ser coisa da Leli, ela que fazia esse tipo de ações,
apenas para me ver ir até a mãe dela e pedir mais roupas. Mesmo que
tivesse a mesma idade das gêmeas, elas eram maiores que eu, e eu acabava
ficando com as roupas usadas delas. Provavelmente Leli estava querendo
um sobretudo novo, por esse motivo estava destruindo o meu aos poucos,
dessa forma a mãe seria obrigada a me dar o da filha e comprar um novo
para ela.
Sempre que Kina inventava de fazer um dos seus pães de boa ação
sobrava para eu sair mais cedo de casa para entregar isso. Chamava de pão
da boa ação, minha cunhada era conhecida por ser uma mulher de boas
ações.
— Kina não é minha mãe, e eu não estou com fome. — Tentei puxar
meu braço, mas minha força em nada se comparava com a dele. — Tenho
aula, senhor Brunner...
Uma casa pequena e fria, uma mesa de madeira com quatro cadeiras
em cada ponta, os tons marrons predominantes. Julgava que todas as casas
da rua da comunidade tinham o mesmo formato, mas essa era diferente,
com menos divisão que a casa do meu irmão.
Minhas tranças caíram sobre meu rosto, a mochila que estava nas
minhas costas deslizaram sobre o meu corpo. — Brinque com isso. —
Jogou uma boneca na minha direção, seu material duro se chocando em
minha cabeça
O tanto que eu pedi para Kina não me mandar naquela casa. Estava
com medo, muito medo, e sabia que ninguém ia sentir a minha falta. Meu
irmão nem ao menos me via como uma irmã, apenas como uma pedra em
seu sapato. Um fardo que foi obrigado a sustentar quando mamãe se foi.
Pela cortina com estampas floridas da casa, notei que o dia parecia se
tornar mais escuro, será que já estava anoitecendo? Sempre soube que
ninguém sentiria a minha falta, mas sentir na pele, doía, doía muito.
— Você disse isso há quinze dias, agora não tem mais o amanhã, ou
entrega a quantia agora ou... — a frase dele morreu quando passou a mão na
cintura, pegando uma arma, meus olhos se arregalaram, mais do que o
normal.
— Você viu isso, menininha? Seu pai merecia morrer, você também
merece isso?
— E... ele não é meu pai, eu não moro aqui... — murmurei temerosa
com medo ao ver os sapatos daquele loiro se aproximando de mim.
Com certeza ele não era o meu anjo da guarda, mas foi a palavra final
daquele homem que me salvou de não morrer ali.
— Leve-a para perto da casa dela, Frei, e garanta que ela não falará
nada do que viu aqui — o loiro ordenou a um dos seus homens.
Por algum motivo senti verdade nas palavras dele, estendi minha
mão, tocando sobre a luva de couro do meu salvador e ele abaixou seus
olhos azuis, que se encontraram com os meus.
— Obrigado por salvar a minha vida, nunca falarei sobre isso com
ninguém. — Ele ficou me olhando por longos segundos, até que a minha
mão soltou a dele.
— Felicie, o que aconteceu? Por que essa demora? Por que não foi
pra aula?
— Tudo que eu posso dizer é que hoje eles foram os meus salvadores
— falei apenas aquilo.
Não ia falar mais, sabia a família com a qual convivia, sabia que
mesmo falando tudo seria eu a culpada, de alguma forma eles me
culpariam, por isso me calei, caminhando pela calçada, me preparando para
o castigo que receberia.
CAPÍTULO UM
— O que ainda faz aqui? Não era para estar lá atrás? — A mulher
arqueou uma das suas sobrancelhas.
— Não ache que pode falar assim comigo. — Não olhei na direção
dela, apenas segui para a cozinha mordendo o meu lábio com força e
reprimi ali toda a minha vontade de xingar Kina.
— Sim, eu sei, mas não tenho para onde ir, não tenho economias,
nem mesmo roupas eu tenho, como vou sair daqui?
— Onde come um, comem até mesmo dez. — Ela quis fazer a minha
cabeça.
Essa não era a primeira, e nem seria a última vez que ela iria fazer
esse convite, mas não queria dar mais trabalho pra ela.
— Posso saber o assunto da vez? Não tem nada para fazer, Felicie?
— a mulher em sua forma soberba de falar fez com que eu revirasse meus
olhos, virando meu rosto para o outro lado, assim ela não via o meu ato.
Tá, tá, talvez a parte do nosso, não devia ser da minha conta, afinal,
Yago Zornickel, era o tipo que fazia o gosto de todas as mulheres da
comunidade. Seus cabelos loiros, os olhos azuis, a barba sempre feita,
aquele olhar enigmático que direcionava para as mulheres que estavam na
sua mira.
Mas somente uma mulher sem amor à vida se casaria com alguém
como ele, já o vi em ação, eu o vi tirar a vida de um homem bem na minha
frente e vi-o também atirar em uma mulher no meio do bar da nossa família,
tudo porque ela não quis fazer o que ele mandou.
Por sorte os sonhos acabaram. Mas cheguei a cogitar que nunca mais
conseguiria dormir decentemente.
Era sempre assim, Nann Zornickel, Leli Zornickel. Será que elas
esqueceram que ele matou uma mulher apenas por não fazer o que ele
queria que era acender apenas o maldito do cigarro dele? Se isso era razão
para matar alguém, quem garantia que em uma discussão com a sua esposa
ele apenas não a matava?
Peguei o pano em meus dedos, seguindo para trás daquela janela com
a película escura, não tinha como me verem de esguelha ali, apenas meus
olhos podiam analisar tudo que se passava ali. Sempre que ele vinha, eu o
ficava encarando, mas obviamente fazia aquilo escondido. Afinal não tinha
como não olhar a beleza peculiar daquele homem.
O loiro tirava dos seus cabelos a boina preta e passava a mão por
eles. O nariz reto e pontudo, a boca sempre franzida, como se estivesse
forçando os lábios. Nunca o vi sorrindo, toda vez que o via ali com seus
homens estava sério, com exceção daquele dia, há oito anos, quando me
esboçou um pequeno sorriso, o qual nem ao menos podia dizer que foi um
sorriso.
Com o estilhaçar de algo indo ao chão, meu devaneio foi quebrado.
Virei o meu rosto e vi Leli entrar alarmada na cozinha.
— Oh, céus. Precisamos que limpe a catástrofe que Nann fez, aquela
garota não sabe nem como se portar na frente de um homem como um
Zornickel — a gêmea causou um alarde diante do que a irmã fez.
Aquilo era tão comum, que nem ao menos fiquei surpresa. Fui até a
pia nos fundos da cozinha, peguei a vassoura, pazinha, um balde e pano.
Não tive visão do estrago que foi feito, então peguei um pouco de cada.
Passei pelas portas duplas que davam para a frente do bar, apenas
naquelas ocasiões minha presença ali era solicitada. A voz do meu irmão
deixava explícito que ele tentava puxar assunto com o mafioso.
Não falei nada, fazer isso seria pedir um castigo de Kina, me abaixei
tentando conter a sujeira causada pela bebida derrubada ali, apenas
passando o pano sobre o líquido, empurrando os cacos sobre um pequeno
amontoado.
Estava quase tudo limpo, e nem ao menos tive o vislumbre de olhar
aquele homem sem um vidro com película na minha frente.
Minha boca se entreabriu, nada saiu por ela, apenas hipnotizada, por
aquele ato, com aquele homem. Com facilidade tirou o vidro do meu dedo e
ergueu seus olhos, encontrando-se com os meus que estavam sobre o ato
dele.
Seu cabelo loiro para o lado, as tatuagens em seu pescoço, sem nem
ao menos conseguir distinguir os desenhos que estavam ali, pois meu estado
de hipnose não me permitia fazer tal ato.
— O... obrigado — foi tudo que saiu da minha boca. Puxei o ar com
um pouco mais de força que o necessário e senti o cheiro amadeirado dele,
com uma pequena mistura de nicotina.
— Se tem algo que não suporto ver é uma mulher sangrando — o
loiro falou baixo, como se não quisesse que ninguém nos ouvisse.
— Ah... — gaguejei outra vez sem saber o que falar, sem saber como
reagir.
Aquela foi a primeira vez que Yago Zornickel falara comigo, sem ser
o episódio de oito anos atrás.
— Temos assuntos do nosso clã para resolver, esse será o nosso único
intuito lá — quem respondeu não foi Yago, e sim o homem que estava junto
dele.
Segurando meus apetrechos em minhas mãos, passei ao lado do
balcão, e instintivamente, como se sentisse algo sobre mim, virei o meu
rosto, encontrando aquele par de olhos azuis fixados em mim, ele os tinha
sem nem ao menos disfarçar, como se quisesse me furar com aquele olhar.
— Nós duas sabemos, viu a forma como o mafioso olhou para você?
E eu poderia jurar que ele apertou as mãos quando viu a bruxa apertando o
seu braço. — Ela soltou um suspiro sonhador.
— Tudo que sei é que o prefeito falou que vai fazer um baile de
máscaras, como se fosse realeza, não sei qual o intuito dessa baboseira. —
Anali deu de ombros.
— Olha, se aquela bruxa não lhe der um vestido eu mesma farei isso.
— Piscou um olho em cumplicidade.
— Mamãe, preciso ser a garota mais linda de todo aquele baile. Yago
Zornickel vai ter olhos apenas para mim...
— Sabemos, Leli, que meus olhos verdes são mais fascinantes que os
seus — Nann ao meu lado passou a falar.
— Irmãzinha, é melhor que fique em casa, esse baile vai apenas fazer
com que crie falsas expectativas, precisamos de você em nossa casa.
— Queria tanto ir naquele baile, ser uma garota como qualquer outra,
como fazer isso sem correr o risco de ir morar na rua?
— Isso não tem importância, não tenho como ir, não tenho vestido,
não tenho métodos de me locomover até aquele lugar, e mesmo se eu fosse
correria o risco de não ter mais onde morar. — Murchei meus ombros,
desligando a torneira.
— Bom, você tem o mesmo corpo que a minha filha, podemos dar
um jeito, é um baile de máscaras, querida. — Sem entender onde Anali
queria chegar, deixei o meu pano sobre a pia, direcionando meu olhar para a
senhora.
— Todas as garotas da comunidade vão para esse baile, por que você
não poderia?
— A bruxa e toda a família não vão estar lá? Como ela vai descobrir
que você foi? — Anali segurou na minha mão, nossos olhos se fixando um
no outro.
— Essa mulher fez uma bela de uma lavagem cerebral aqui — Anali
tocou a minha cabeça, como se estivesse falando do meu cérebro — Felicie,
você é linda, uma menina apaixonante, com o seu próprio brilho, bondosa
demais, e sempre deixa o medo te dominar, precisa se arriscar minha
querida, você precisa aprender a viver, e não ser dominada por seus medos.
Aquilo que ela falou foi como um balde de água fria sobre mim. Em
meus vinte anos tudo que fiz foi viver em função daquela família, sobre
tudo que eles queriam que eu fizesse. Não sabia nada sobre como era ser
uma garota. Sabia como servir apenas a eles, tudo que eu sabia era limpar
aquele bar e a casa do meu irmão.
Ivaan tinha aquele bar há sete anos, por ser localizado bem na rua que
levava em direção à sede dos mafiosos, e pra facilitar mais, um dos poucos
bares da comunidade que permitia todas as vontades daqueles homens
ilegais.
Era como se todos ali soubessem que a In Ergänzung fosse uma
máfia, um grande clã, que tinha seus protegidos, não sabia como funcionava
ao certo, mas todos vendavam seus olhos e os tratavam como os reis
intocáveis.
Ergui meu olhar para o relógio, vendo o tik tak soar às oito horas da
noite, uma batida se fez presente na porta, meu coração bateu tão forte que
eu podia jurar que ouvi a sua batida ecoar na cozinha vazia.
Por sorte, meu irmão era pão-duro, e não queria gastar dinheiro com
câmeras de segurança, afinal, na visão dele ele já tinha os fora da lei do seu
lado, quem é que ia mexer com ele? Tranquei a porta, levando a chave no
bolso da minha calça jeans.
— Apenas pense que por uma noite será uma menina como qualquer
outra, poderá dançar, sorrir, sentir mãos de homens em seu corpo,
possivelmente dar o seu primeiro beijo. — Senti minhas bochechas
esquentarem diante daquela última frase.
— Ketti usou esse vestido na festa de quinze anos dela, como pode
ver, está intacto, e vai com certeza caber no seu corpo.
— Ah... — gaguejei, aquela peça que eu usava era uma das melhores
que eu tinha.
Há muito tempo não ganhava nada, por aquele motivo não sabia
como reagir com o pequeno gesto.
— Eu... eu... não sei nem como agradecer. — Tentei conter minhas
lágrimas.
Anali saiu do quarto, logo voltando com algo em sua mão, e estendeu
para mim uma linda máscara de pedrinhas, reluzindo em tons azuis
conforme a virava.
— Enfia essa máscara naquele lugar — para não falar a palavra cu,
freei minha boca, fazendo o meu capitão suspirar ao meu lado.
— Já estou usando...
— Use outra, não vou usar esse caralho da máscara, porque nem
queria estar nesse inferno socado de garotas jovens. — Torci meu lábio.
Não dei atenção aos seus protestos. Segui pelo salão, procurando
pelo senhor Cormac Fluckiger, se o encontrasse com facilidade, tinha a
possibilidade de resolver nossos assuntos rapidamente e assim ir embora
daquele lugar em tempo de não atirar na cabeça de alguma jovem oferecida.
Yan podia muito bem ter vindo com a sua esposa, Luna amava esse
tipo de evento, mas estava certo de que isso tinha dedo da minha mãe. Zara
não perdia a oportunidade de me colocar em uma situação com muitas
meninas solteiras.
— Não gosto de garotas lindas — fui direto, com o meu mau humor
transparecendo sobre a minha fisionomia.
Não queria estar aqui, Yan deixou bem explícito que precisava
apenas assinar os malditos contratos por ele. Naquele momento queria
esquecer que meu irmão é o Don da nossa máfia, e socar o seu rosto.
Não olhava para nada ao meu lado, meu foco era único, o bar que
tinha ali ao canto, isso se aquele movimento no canto da porta não tivesse
chamado a minha atenção.
Virei meu rosto pela primeira vez naquela noite para analisar algo.
Parando de caminhar, fixando meus olhos na mulher que não andava, e sim
flutuava pelo chão. Dexter também parou ao meu lado. Meus olhos
desceram por aquele vestido azul-claro, rodado em suas pernas, que
apertava sua cintura e revelava que minhas mãos podiam apertá-la com
tranquilidade. O decote era discreto, mas exibia o delicado seio, sobre a
curvatura dele. A boca tinha um brilho labial que chegava a reluzir à
distância deixando explícito o quanto a sua boca era pequena e carnuda,
sobre os olhos uma máscara que combinava com o vestido. Ela só tinha um
defeito, me impossibilitava de ver a tonalidade dos seus olhos ao longe.
Antes de direcionar o olhar para mim, ele semicerrou a sua visão para
o homem ao meu lado, o qual não recordava o nome.
Dobrou seu braço, minha mão deslizando pelo paletó dele que não
me surpreendeu ao perceber que devia ser de grife, diante do modo como o
tecido se ajustava sobre ele.
Pelo que notei Yago não gostava de todo aquele assédio em cima
dele. As portas aos fundos do salão de festa estavam abertas, o vento frio se
chocando em meu rosto, devia ser por esse motivo que ninguém estava na
pista de dança aberta, mesmo que fosse linda, o frio impedia qualquer um
de querer ir até ali.
Meu conto de fadas não podia acabar com o meu príncipe atirando na
minha cabeça.
— Quem me garante isso? — Quis puxar o meu braço, mas Yago não
deixou.
— Como poderia usar minha bala com algo tão belo — declarou sem
desviar os olhos dos meus. — Vem?
— Está frio aí fora. — Mordi o canto do meu lábio.
Yago soltou a minha mão, com facilidade tirando o seu paletó, fiquei
encarando-o atônita. Passando a mão por trás de mim, pousou o paletó em
meus ombros.
Com a ajuda dele subi os três lances de escada. O espaço era circular,
em volta havia cercas feitas de ferro com muitas flores, tornando tudo muito
encantador.
— Isso não é justo, tenho quase certeza de que sabe o meu nome. —
O sorriso ladino fez parte do meu lábio.
— A menos que não seja dessa comunidade, não tem como não saber
quem sou eu.
— Sim, não sei por que, mas tenho impressão de que conheço esses
olhos azuis, quem é você, me diga, ou posso me tornar um homem louco —
ele insistia no assunto, e toda aquela tensão palpável, fez com que eu me
sentisse mais cativa daquele homem.
— Diga, pequena.
— Não...
— Qual a sua idade? Como que uma garota tão bela nunca foi
beijada? — sussurrou, arrastando agora a sua mão para a minha bochecha.
— Pois para mim não existe outra definição que não seja anjo —
sussurrou com seu hálito se chocando na minha boca.
O que parecia loucura, afinal sabia o que ele era, sabia que esse
homem à minha frente era um matador, talvez todo esse perigo que o
circulava me deixou excitada, embriagada por mais dele, querendo me
aventurar nos bosques proibidos.
Seu rosto virou para o lado fazendo assim um suspiro escapar por
meus lábios, aquele ato me pegando desprevenida. Mas o que me fez
acordar daquele sonho e me afastar dele foi o barulho de celular. Afastando-
se suavemente de mim, ele tirou o celular do seu bolso. Meus olhos se
abaixaram e ali no visor eu vi 00:00.
Engoli em seco, como não percebi que já era tão tarde? Preciso voltar
para o bar, preciso passar a madrugada fazendo todas as coisas que Kina me
pediu, se não ela vai descobrir que eu dei uma escapada. A realidade me
dando um soco no estômago, fazendo com que eu percebesse que tudo
aquilo não voltaria a se repetir.
Oh, céus, como eu queria falar o meu nome. Mas não podia, quando
Yago soubesse quem eu era, sentiria vergonha de ter beijado uma simples
faxineira.
— O que foi?
A noite estava amena, o frio noturno não atingia meu corpo, talvez eu
fosse um tanto frio, como diziam meus irmãos.
— Essa noite foi a vez de Petrus ter febre, e como Luna já não
dormiu nada na noite passada falei para ela dormir, embora eu tenha quase
certeza de que será praticamente impossível aquela pequena se deitar na
cama e adormecer — meu irmão falava com carinho ao se lembrar da
esposa.
— Sim, pois Heinz teve febre ontem e hoje amanheceu com o nariz
congestionado, e agora o irmão está apresentando os mesmos sintomas. —
Balancei a cabeça.
Yan ergueu o seu rosto, olhou para trás de mim, eu virei o meu olhar
querendo ver o que ele via e presenciei a minha cunhada usando o seu
longo robe, totalmente discreto para caminhar na casa. Luna tinha os
cabelos negros soltos em seu ombro, os olhos azuis que contrastavam com a
beleza dela.
— Por que não estou surpreso que você saiu da cama? — Meu irmão
foi logo se levantando do sofá.
Yan puxou a esposa para perto dele, os dois tinham uma conexão que
nem mesmo eu conseguia compreender, na verdade, não compreendia
nenhuma conexão dos homens casados da minha família. Não conseguia
entender por qual razão eles faziam de tudo por suas esposas.
— Não ligue para o que eles falam, quando chegar a sua vez vai se
apaixonar...
— Deve ser por isso que somos tão parecidos, então. — Voltei a
entregar o seu copo depois de tomar um longo gole da bebida. — Vou
dormir, estou cansado, e irritado pelo que dona Zara aprontou dessa vez.
Subi um degrau por vez, indo até o terceiro andar, o mais vazio de
toda a sede, onde tinha certeza de que ficaria no silêncio, adentrei o meu
quarto, passando a mão no lado de dentro do meu paletó pegando aquele
colar novamente. Centrei o meu olhar naquela pedrinha, me vindo flashes
de memória.
Não sabia por qual razão, mas me veio uma vontade desenfreada de
ir atrás da menina naquele instante mesmo, agora que sabia quem ela era, ia
sanar todas as minhas curiosidades a respeito da garota, uma delas era dar
um nome para aqueles olhos lindos, precisava descobrir o nome dela.
CAPÍTULO NOVE
Talvez não tivesse sido tão esperto da minha parte dormir no chão, as
minhas costas naquele momento estavam gritando comigo.
— Não quero ver ninguém reclamando de dor nas costas, ninguém
mandou não ser mais eficiente e terminar antes. — Kina em seu tom de
soberba se virou e antes de entrar na parte da frente se virou, me
direcionando aqueles olhos de águia. — Não ache que só porque fez tudo
isso vai ter folga, pode fazer o seu dever.
— Não tenho dúvida disso, veio se certificar que você não tinha ido
ao baile. — Revirou os olhos.
— Vou dar mais uma olhada no carro hoje quando chegar o fim do
expediente — Anali tentou me confortar.
— Uau... nossa, eu sabia, sabia que ele iria te notar, não tinha como
não notar a sua beleza, já prevejo ele vindo resgatá-la em um cavalo branco.
— O sorriso sonhador de Anali me fez quebrar as expectativas dela.
— Anali, ele não sabe quem eu sou, não falei o meu nome, fiquei
com medo, essa noite vai ficar para sempre na minha memória como se
fosse um sonho. Mas eu tenho certeza de que Yago Zornickel nem sonha
quem sou eu. — Daquela vez um sorriso forçado se fez presente em meu
lábio.
— Como que ninguém sabe quem era aquela garota horrível? — Leli
foi quem falou parecendo até mesmo irritada.
— Não acredito que ela foi a única que dançou com o Zornickel, e
ainda beijou ele. BEIJOU O MEU HOMEM! — Nann fez com que eu
torcesse o meu lábio diante do seu grito.
— Sim, ela dormiu aqui, até achei que fosse um morador de rua
quando adentrei a cozinha — Kina disse de forma soberba.
O barulho da sineta da porta de entrada do bar revelou que tinha
algum cliente entrando.
Curiosas, as gêmeas foram até o vidro onde dava para ver o bar,
querendo saber quem estava entrando ali. Nann deu um dos seus gritinhos.
— Ah, é ele, o mafioso... meu Deus, como estou? Será que ele veio
nos ver após o baile de ontem?
— Cala boca, Nann, ele nem reparou no seu rosto. — Leli deu um
cutucão na irmã debochando.
Troquei um rápido olhar com Anali, afinal o que Yago estava fazendo
no bar, a essa hora, um dia após darmos aquele beijo?
CAPÍTULO DEZ
Meu irmão tentou tirar o colar da mão de Yago, mas o loiro foi mais
rápido fechando a mão, mantendo-o em seus dedos.
Mas Yago semicerrou os olhos, como se soubesse que aquela não era
a dona do colar, ele apenas perguntou de quem era julgando que falariam o
meu nome. O mafioso sabia que o colar era meu, ele sabia quem era a dona.
— Saiba que isso ainda não acabou. — Kina largou o meu braço, e
ao me soltar, ela empurrou com um pouco de força, o que fez com que eu
perdesse o equilíbrio, sentindo um braço forte me segurar.
— Se eu souber que tocou mais alguma vez nela, saiba que não
hesitarei e usarei a minha arma. — Yago me puxou pra perto dele.
— Agora que a minha menina está livre, não tenho mais nada para
fazer aqui. — Anali bateu as mãos uma na outra indo para a cozinha.
— Venha, pequena — Yago murmurou para mim.
Segurando no meu pulso o segui, sem saber o que seria de mim. Sem
saber qual seria o meu destino, ouvindo o tilintar do sino quando passamos
pela porta.
— Aqui, querida, acho que isso é tudo que você tem. — Senti minha
bochecha esquentar diante da minha vergonha, em saber que minha vida era
resumida a uma bolsa que tinha apenas os meus documentos.
Sempre andava com meus documentos, pois nunca sabia o que seria
do meu dia.
Voltei o meu olhar para Yago que ainda segurava o meu pulso.
— Você pode vir para a minha casa, querida — Anali falou quando
peguei a mochila da sua mão.
— Eu... eu... — não queria aceitar, pois sabia que ela tinha uma
família para sustentar e agora aparentemente também estava desempregada.
— Ela vem comigo — a voz de Yago fez nós duas erguermos o rosto
para ele. — Tenho uma proposta para fazer a você, por isso virá comigo.
O tom de voz dele era sempre mais baixo do que o normal, calmo
como se falasse daquela forma para testar as pessoas ansiosas que falavam
com ele.
— Felicie? — Anali me chamou querendo saber se iria com o loiro,
afinal sempre falava que tinha medo da forma de vida que ele levava.
Anali sabia que eu me virava bem sozinha, afinal sempre fui sozinha.
Estava com medo, porém ansiosa e um tanto amedrontada com tudo isso.
CAPÍTULO ONZE
Não podia levá-la para a sede, na verdade, não esperava que ela
praticamente acabaria em meus braços com tamanha facilidade. Ao meu
lado estava a pequena mulher encolhida, as mãos no meio das suas pernas.
Ela usava uma roupa horrível, uma calça jeans tão surrada que
parecia até mesmo um jeans velho, o casaco de lã chegava a exalar cheiro
de algum produto de limpeza, a mulher tinha os cabelos em uma trança no
canto do seu ombro. Não se parecia em nada com a mesma mulher ousada
da noite anterior.
Qualquer garota teria se orgulhado em dizer o seu nome, mas ela não,
não o falou, como se não quisesse que a encontrasse.
— Olha pra mim. — Ela fez um gesto para o seu corpo, como se
estivesse fazendo pouco caso de si mesma.
— Quando souber que eu não tenho nada mais que essa bolsa vai me
largar em qualquer lugar. — A menina amuada abaixou o rosto como se
estivesse se sentindo a espécie mais inferior de qualquer inseto.
— Quem falou isso para você? Aquela mesma mulher que apertou o
seu braço? — completei a frase ao tirar as minhas conclusões.
— Sim...
— Pequena, apenas uma pessoa amargurada falaria que alguém tão
bela quanto você seria desinteressante. Bom com esses trajes, talvez... —
minha frase morreu quando as bochechas dela se tornaram vermelhas.
— Eu... eu... não tenho roupas decentes, usava tudo que não servia
mais nas gêmeas — ela gaguejou desviando o olhar para o chão já que eu
ainda segurava o seu queixo.
Agora fazia todo o sentido ela não querer falar o seu nome, saber que
ela passou a noite trabalhando enquanto eu estava em minha cama
confortável dormindo fez com que algo se apossasse de mim, uma vontade
desenfreada de esfregar o rosto daquela família dela no chão da rua.
— Desde que eu perdi meus pais, essa foi a melhor noite da minha
vida. — Seus olhos brilharam tão repentinamente que ali eu vi a garota que
conheci na noite passada.
— Não, não vamos na sede, embora eu more lá. Eu tenho uma casa,
próxima da sede, mas não moro nela. — Dei de ombros.
— Você tem uma casa e não mora nela? — Felicie perguntou ainda
confusa.
Sabia que podia parecer loucura da minha parte propor isso para ela.
Mas o que acontecia era que nunca, nenhuma outra garota conseguiu a
minha atenção como aquela. Por aquele motivo, se fosse prático, ela podia
ser minha, colocaria dentro dela um filho e assim minha mãe ia parar de
encher a minha paciência.
No começo podia ser que fosse difícil para nós dois, mas depois que
ela estivesse com um bebê na barriga podia ocupar o seu tempo com a
criança.
Fiquei olhando enquanto o carro passou reto por ele, não entramos
por aquela entrada o que me fez soltar um suspiro aliviada, o carro seguiu
passando ao lado do muro alto. Nunca tinha ido para aquele lado da
comunidade e fiquei admirada em como o muro era longo.
— Com certeza não, não tenho o dom para isso, nem um pouco de
paciência para tal feito. — Fez uma careta olhando aquilo.
— Coisa da minha mãe, ela toca isso, e acha que meus futuros filhos
podem gostar dessa coisa, ou até mesmo a minha esposa. Sabe tocar,
Felicie?
Yago tirou o seu paletó deixando-o sobre um móvel, por sorte ele não
quis falar sobre o assunto. Observei-o ir até um canto da sala onde havia o
que parecia ser um pequeno bar, pegou em sua mão um copo, e o encheu de
um líquido cor de âmbar.
— Alcoólico? Ah, com certeza não. — Fiz uma careta deduzindo que
ele me oferecia uma das suas bebidas.
— Não, não vou te oferecer álcool, embora eu acredite que não tenha
muita coisa na despensa. — Ele veio na minha direção, fazendo um gesto
para sentar-se no sofá — antes de qualquer coisa gostaria de conversar algo
importante com você.
Fiquei com o meu corpo tenso diante do que Yago gostaria de falar
comigo, foquei meus olhos nos dedos longos dele que passavam sobre a
borda do copo apoiado no encosto do braço.
— Felicie, isso tudo pode ser seu, apenas vai precisar me dar algo em
troca — a forma como Yago falara me fez franzir a testa olhando naquele
momento para os impactantes olhos azuis.
Yago levou o seu copo de bebida em seus lábios, quase que pedi para
ele me dar um gole daquilo, pois estava sóbria demais para entender aquela
conversa.
— Não, se tem uma coisa que as mulheres daquela sede não são é
submissa, mas não precisa espalhar, assim continuamos sendo perigosos —
tinha um tom de deboche na sua voz.
— É que eu acabei de dar o meu primeiro beijo, se tem algo que não
penso é esse tipo de coisas.
— Mas vai por mim, passará a pensar. Por esse motivo será fiel
somente a mim — quando ele falou isso deduzi que o mesmo ia ser para
ele, por aquele motivo não perguntei nada.
Como alguém como eu, que por muito tempo não tinha ninguém
cuidando de mim, uma pessoa que se importasse comigo, agora tinha um
homem implorando pela minha atenção, querendo a minha companhia.
— Por que eles não podem saber que você vai se casar? — Fiz outra
pergunta.
— Do que mais você gosta? — Ele parecia querer saber mais sobre
mim.
— Bem... acredito que fui tão privada nesses anos que eu não sei do
que gosto. — Desviei meus olhos dos dele, sentindo-me envergonhada.
— Então por treze anos viveu com eles? — assenti. — Sabe o que
não entendo, é que você tem vinte anos, por que não saiu da casa deles?
— Todos esses anos vivi em função deles, não saía, não conheci
nada, apenas ali, quando ainda não tinham o bar, sempre tinha que deixar a
casa arrumada, e depois com o bar tinha que deixar ambos arrumados. Não
sei fazer nada além disso. Tenho medo do mundo, de sair por aí sem rumo
certo. Medo desse casamento louco que acabei de aceitar — falei toda a
verdade para ele.
— Então está explicado, você não era uma pedra, era a empregada
que aqueles infelizes não precisavam pagar. A real razão daquela mulher te
querer ao lado deles era para não perder a mão de obra gratuita. Te fizeram
uma lavagem cerebral, anjo, ninguém merece passar pelo que você passou.
— Yago fez com que eu voltasse a olhar nos seus olhos.
— Não está sozinha, estou aqui — sabia que ele não queria falar
daquele momento, da presença física dele, e sim deixando explícito que
tomaria conta de mim.
— Não, o quê? Você não faz o tipo vingativo só por não a ter beijado
no carro. — A forma como o loiro franziu as sobrancelhas foi engraçada.
— Não é isso, ainda não comi nada, meu bafo deve estar horrível. —
Senti minhas bochechas esquentarem.
— Não faço o tipo que mente, eu disse que iríamos sair daqui. Meu
primo Owen se casou em Berna escondido de todos, vou apenas trilhar o
mesmo caminho dele. Como quem não quer nada, fiz algumas perguntas a
ele de como tinha sido, fingindo que tinha um pastor causando problemas
por lá. Assim Owen me passou todos os dados do homem que casou ele, até
mesmo a capela em que foi realizada.
— Para mim é, muito importante. Não sou do tipo calmo, o que você
está vendo na sua frente, talvez seja eu querendo conquistar a sua
confiança...
— Então quer dizer que posso não gostar de conviver com você? —
Engoli em seco com aquela possibilidade.
— Por que não podemos entrar primeiro? — Sabia que ela soltaria
uma das suas curiosidades.
— Dê seus pulos, quero roupas limpas para ela! — ordenei sem abrir
brecha para um diálogo.
Voltei para onde deixei Felicie, ela ainda estava parada no mesmo
lugar, sem nem ao menos ter movido o seu pé.
— Jogue fora, Felicie, não quero ver a minha futura esposa usando
esses trapos! — Fui direto percebendo que meu tom rude fez a menina se
assustar e praticamente sair correndo para o banheiro.
Ela fechou a porta, segui para a cama, onde me sentei, olhando para a
porta fechada. Fiquei em silêncio e pude ouvir o arrastar das roupas pelo
corpo dela. Perguntei-me como seria ter aquela pequena mulher nua. Estava
sendo muito pervertido desejar ardentemente uma garota virgem?
Porra! Tudo que eu conseguia pensar era em como ela devia ser linda
nua, nos lábios levemente carnudos, nos olhos azul-escuros, na pele que
tinha uma tonalidade dourada como se fizesse bronzeamento artificial, ao
contrário da minha que parecia mais um fantasma. Ao menos podia ter
puxado a melanina da minha mãe, mas até mesmo isso tinha que ser os
Zornickel escancarado.
— Foi mais fácil do que pensava, o hotel tem uma lojinha, não é algo
digno da esposa de um subchefe. Mas ao menos não vai infestar o carro
com aquele cheiro ruim — Dexter torceu o lábio, até mesmo eles sentiram.
— Yago — ela sussurrou meu nome, seu timbre suave, meu nome
nunca saiu tão deliciosamente perigoso nos lábios de alguém. — Posso sair
com esse roupão?
Mesmo que não a estivesse vendo, podia jurar que naquele momento
suas bochechas deviam estar corando.
— Aqui tem roupa para você, vista-as e vamos descer para jantar —
a menina apenas assentiu e seguindo ao meu lado, colocou a mão para fora
do tecido e pegou a sacola.
— É que eu fiz tudo como você mandou, joguei todas as roupas fora,
incluindo até as minhas peças íntimas. — Arqueei minha sobrancelha,
tentando não focar na palavra íntima.
— Provavelmente isso não deve ter aí, não iria pedir para o meu
homem comprar uma lingerie para a minha futura esposa. Deixa que eu
resolvo isso. Fique sentada aí.
Ergui meus olhos quando Yago voltou ao quarto, ele foi rápido.
Notando que eu tinha tirado tudo da bolsa, veio na minha direção, e me
entregou uma sacola menor. Aquela eu fiquei com vergonha de abrir na
frente dele, sabendo o que deveria ter ali dentro.
— Dentro da sacola tem três peças de lingerie, quero que use a preta.
— Arregalei meus olhos.
Virei meu rosto para trás olhando a minha bunda, percebendo que ele
pegara o tamanho certo para mim. Tirei o roupão, o sutiã também ficou
certo. Como ele acertou meu número?
— Sim, estou. — Sem avisar Yago abriu a porta a qual eu não tinha
trancado.
E foi o que ele conseguiu, pois me fez perceber que ele, sim, era
experiente, eu por outro lado, não sabia nada sobre o sexo oposto.
— Ah, aposto que isso foi para me punir pela forma invasiva que
tenho mania de fazer muitas perguntas — resmunguei.
— Às vezes me sinto falando com meus sobrinhos. Mas sem sombra
de dúvidas isso não foi uma punição, está muito leve para ser punição —
Yago se virou me deixando ali sozinha.
— Como não vai usar essa coisa, não vou deixar que ande descalça
pelos corredores. — Foi direto em direção à porta.
Calei-me, sem soltar o paletó dele, e ele desceu a escada, indo para o
lado de trás do hotel, onde tinha uma loja pequena de roupas. Com
facilidade o loiro me sentou sobre uma banqueta. Logo uma mulher se
aproximou. A forma como ela olhou para Yago fez com que eu me sentisse
desconfortável.
Apenas por ela ter falado algo mais fez com que eu percebesse que
Yago esteve aqui antes.
Apenas assenti, Yago saiu do carro, sendo seguido por seus homens,
ele bateu na porta fechada e ao lado da minha porta tinha um homem
cuidando da minha segurança.
Por longos segundos fiquei naquele carro sozinha, até que o mafioso
saiu da capela, indo em direção ao carro. Abrindo a minha porta, estendeu a
mão para mim.
— Achou que seria como? Pastor Jacó tem apenas esse horário e o
velho caindo aos pedaços se recusa a fazer a cerimônia amanhã. Ao menos
a idade avançada não o fez menos ganancioso — murmurou sem que eu
entendesse o que Yago falou.
Eu me mantive em silêncio, caminhando ao lado de Yago e
adentramos aquela pequena capela, que parecia até mesmo abandonada,
mas o lugar estava limpo, o que deixava claro que tinha pessoas que a
frequentavam.
Ele não precisa ser fiel à esposa dele? Isso queria dizer que ele podia
se deitar com qualquer outra mulher enquanto estivesse casado comigo? O
que valia para mim, não valia para ele?
Voltei o meu olhar ao meu agora marido. Yago segurou nos dois
lados do meu rosto. Seu corpo se colou ao meu, ele aproximou a boca da
minha, e instintivamente meus olhos se fecharam.
O beijo foi suave, nossos lábios se encaixaram. E eu apenas me
entreguei àquele momento, mesmo que nem ao menos tenha sentido a
língua dele sobre a minha, um beijo rápido, logo ele se afastou.
— Assim como? — Virou o seu rosto, através das luzes dos postes
percebia a tonalidade dos olhos dele sobre os meus.
Yago não disse nada, apenas se calou, como se ficar calado fosse
melhor. Não insisti, apenas mexendo naquele anel na minha mão, como se
pudesse sentir o peso dele. Tão lindo, um pequeno gesto de união.
Não perguntei para onde iríamos, ele disse que iríamos ao shopping,
mas acreditava que não seria naquele momento. Adentramos em uma rua
mais movimentada, comecei a me questionar se ali era o centro de Berma,
era tudo tão diferente da nossa comunidade.
— Calma, calma... apenas pensei que ela estava sozinha... afinal não
é todo dia que vemos uma gatinha...
Segurei a mão do meu marido e senti todo o corpo dele tenso. Sem
me importar com aquele desconhecido, com toda a minha força empurrei o
corpo duro feito uma rocha para dentro do elevador, que se fechou, e apertei
no número três.
As portas se abriram, tentei fazer com que Yago viesse comigo para o
nosso quarto no terceiro andar. Coloquei a minha perna na porta, para assim
mantê-la aberta e falei decidida para ele.
— Venha comigo, não vamos fazer da nossa primeira noite de
casados uma noite de sangue.
— Se quiser ir até aquele homem, vá. Mas vá sozinho. Saiba que não
compactuo com nada disso. Foi apenas um moleque, um garotinho que não
sabe nada sobre a vida — completei. — Me dê o cartão do nosso quarto.
Estendi a minha mão, querendo que ele me desse o cartão pois não ia
presenciar a loucura que ele queria cometer.
— Que essa seja a última vez que alguém dê em cima de você bem
na minha frente. Não sei reagir bem a isso — resmungou irritado ao meu
lado.
— Ótimo, subchefe.
Era estranho ter alguém me chamando de marido. Mas era isso que
eu era, o marido dela, agora um homem casado.
— Você é tão lindo, por que não? — Felicie não fazia o tipo que
usava filtro, ela falava sem pensar, talvez se devesse ao fato de ter sido
sempre privada.
Porra! Felicie era ainda mais linda do que eu imaginava sem roupas.
CAPÍTULO DEZENOVE
— Felicie, olhe para mim — sua fala não foi uma pergunta, e sim
uma ordem.
— Quero que tire as mãos que estão sobre os seus seios — pediu
outra vez.
— Por qual razão iria querer fazer de luz apagada, quando tudo que
eu mais quero é apreciar o seu corpo?
Senti a mão dele tocando a minha que estava sobre o meu seio e
abaixei-a. Lentamente ergui o meu rosto, buscando pela reação dele ao ver
os meus seios por baixo do sutiã de renda que deixava marcados os meus
mamilos, os quais eu senti se tornarem intumescidos com aquele olhar do
meu marido.
Tirou o seu paletó, pegou a sua arma, que ele mexeu, deixando-a
desengatilhada e sobre um móvel, passou a mão na barra da sua camisa de
botões, tirou-a de dentro da calça e sem conseguir desviar meus olhos fiquei
analisando-o abrir cada botão.
Meu marido estendeu uma taça para mim, dei um passo na sua
direção e segurando-a, rapidamente levei-a aos meus lábios, precisando
daquele alívio, de algo que umedecesse a minha garganta e talvez me desse
um pouco mais de coragem.
Yago deu início ao beijo, lento, suave, a língua dele tocava a minha e
arrancava suspiros do fundo da minha garganta.
Não parou, o beijo se tornou mais intenso, eu podia até sentir o ponto
da minha intimidade se tornar cada vez mais úmido e apertei as minhas
pernas uma sobre a outra. Um gemido rouco escapou da minha boca quando
ele afastou o rosto, nossos olhos se encontrando, o lábio levemente rosado
dele se tornado vermelho diante do nosso beijo.
— Você é tão apetitosa que poderia passar uma semana sem parar me
fartando do seu corpo — a forma como ele falou fez com que eu me
sentisse o morango mais suculento de todos.
Yago se levantou, abriu o seu cinto, tirou-o da sua calça, jogando-o
ao chão, não fui capaz de desviar meus olhos quando ele abriu a calça,
abaixando-a, revelando uma cueca azul-escura, daquelas no estilo boxer,
que apertavam as suas coxas, aquele homem era tão branco que podia ser
facilmente confundido com aquele vampiro do filme que eu assisti quando
passava em uma madrugada no televisor, Edward Cullen, uma versão
vampiresca com tatuagem e bem mais selvagem.
Coloquei uma perna em cada lado do corpo dela, abaixei o meu rosto,
deslizei a minha língua no meio dos seios dela, lambendo o chocolate e me
deliciando com aquela fartura de chocolate sobre a pele inocente da minha
esposa.
Raspei o meu nariz por sua pele, passei a sugar o outro mamilo dela,
seus seios eram de tamanho mediano, proporcional ao seu corpo, minha
mão o cobriu por inteiro, apertou-o, sabia que aqueles seios foram tocados
apenas pelas minhas mãos, apenas eu a vi nua, somente eu tinha o poder
sobre aquela garota.
Minha fome pelo corpo dela era imensa, mas precisava ser paciente,
precisava lembrar que essa era a primeira vez dela, não podia assustá-la
logo na sua primeira transa.
Passei a descer a minha boca por seu corpo, lambi o chocolate que
estava em sua barriga, conheci cada canto da pele da minha esposa, sua
barriga lisinha, a pele dourada, o sobe e desce da respiração ofegante de
Felicie.
Segurei nos dois lados da sua calcinha, passei a deslizar por suas
pernas, as quais se ergueram sutilmente durante o processo, voltei o meu
olhar para a mulher, ela se apoiou em seu cotovelo, os olhos me analisando.
Minhas mãos rasparam pela perna dela, eu as abri, fazendo com que
as mantivesse dobradas para eu poder me agraciar com as suas belas dobras.
Mesmo com aqueles pelos ali. Nada a fazia ser menos linda, os pelos
castanhos cobriam boa parte da boceta dela, segurei na parte de dentro das
suas pernas, resvalei meu dedo e pude ver o brilho do seu mel grudado
sobre os pelos pubianos.
Porra, ela estava tão excitada que eu podia jurar que meu pau
deslizaria como luva em sua boceta.
— Vou te comer com tanta força que com o tempo nem vai sentir o
tamanho dele — murmurei cobrindo o seu corpo com o meu.
Ela assentiu sem falar nada, não parei o meu pau até chegar no final
dela, como se sentisse suas barreiras totalmente abertas para mim. Tirei
meu membro e o introduzi novamente.
Senti meu corpo quente, as gotículas de suor por toda a minha pele.
Como um lobo selvagem passei a foder aquela boceta com força, apertando
os seios dela com uma das minhas mãos, minha esposa tombava a cabeça
pra trás, afastando os lábios dos meus. Os gemidos altos escapavam por
seus lábios entreabertos.
Yago foi meio frio após o nosso ato sexual, ou será que devia usar a
palavra sexo? Não era mais uma mulher virgem.
Estava sozinha, pois Yago se vestiu e falou que precisava fazer uma
ligação. Fui até a cama, passei a organizar os cobertores, tirei o que estava
sujo, deixei-o em um canto do chão, dei a volta na cama, pegando a
pequena tigela de morango, o chocolate não caía mais na cascata, mas
estava no fundo da tigela parado.
— Vai ficar com dor de barriga diante de todo esse doce. — Meu
marido se aproximou e se abaixou na minha frente.
Desliguei a torneira, tentando passar por ele para ir me deitar, mas fui
impedida quando me puxou pelo braço.
— Tudo bem, vou parar. Até porque você tem apenas alguns hábitos
meio infantis. — Torceu o lábio como se quisesse continuar me
provocando.
— Esse seu lado provocador não condiz com suas expressões sempre
sérias. — Ergui minha mão tocando o seu rosto.
— Isso porque você criou na sua mente uma visão minha totalmente
errada.
— Pequena, pensa pelo lado bom, terá o resto da sua vida para se
adaptar...
Sem abrir brecha para uma nova discussão, Yago entrou no banheiro
falando que ia tomar banho.
— Sempre faz isso quando acorda? — sua voz rouca denunciou que
ele dormira também.
— Isso o quê? — franzi a minha testa confusa.
— Estrago?
— Não é o estrago que está passando pela sua mente, e sim o estrago
que seria ela chupando o meu pau. — Seus olhos não se desviaram dos
meus, como se quisessem analisar a minha reação diante do que falara.
— Não sabia que poderia fazer isso, não é mesmo? — Seu corpo
cobriu o meu e segurou nas minhas duas mãos, levando-as sobre a minha
cabeça.
— Também não sabia que dava para fazer aquilo, tudo que eu sabia
era o básico do básico. — As feições dele duras sobre mim, a tensão
preenchendo o nosso meio.
— Existem muitas coisas que eu posso fazer com você, mas não
vamos descobri-las agora, temos que ir ao cartório. — Rapidamente ele saiu
de cima de mim.
Virei o meu rosto vendo-o passar a mão no seu membro por baixo da
cueca, não era a mesma cueca de ontem.
— Tem uma nova muda de roupa para você naquela sacola, use-a
junto com a última lingerie que eu te dei — assenti vendo nesse momento
que estava completamente nua debaixo da coberta.
— Fez, você fez sim, e foi bem sensual, quando estiver consciente
vou adorar que faça isso, sentando-se no meu pau. — Passou a mão sobre o
membro que ainda estava duro.
Não sabia dos seus defeitos, das suas qualidades, o que ele era capaz
de fazer. Tudo que sabia eram as histórias nada boas que contavam da máfia
da qual ele fazia parte, e agora era esposa dele. O mesmo homem que vi
matar um homem bem na minha frente quando eu era criança.
Sei que ele não devia se recordar de mim. Yago já salvara a minha
vida uma vez e ele nem ao menos se recordava disso.
— Ah, não, não precisa. — Virei meu rosto para ele assustada. — Já
está fazendo demais por mim, não vou abusar.
Após levar a minha esposa para almoçar, decidi que estava na hora de
voltarmos para a realidade, quando precisaria encarar a minha família, e os
muitos interrogatórios deles.
— Felicie Zornickel, vai aceitar, não tem como ficar sem poder se
comunicar com ninguém — da forma como falei deixei explícito o que era.
— Isso é demais, sei que não deve ter pegado o aparelho mais
simples, por que precisa ser assim? Tudo do mais absurdamente caro? —
Ela nem ao menos mexeu na sacola, como se buscasse razões para o meu
presente.
Felicie soltou um longo suspiro, se dando por vencida. Sabia que ela
não devia estar acostumada com aqueles gestos, mas também sabia que em
breve ia se acostumar com meus presentes, com a forma que merecia ser
tratada. Afinal ela ia carregar o meu filho. E obviamente existiriam ocasiões
que passaria mais tempo longe de casa.
A verdade era que não me via dormindo em um lugar que ela não
estivesse, apenas pela primeira noite que tivemos, me peguei cogitando as
próximas vezes que íamos acordar juntos.
— Você falou sobre não envolver sentimentos, que podemos ter uma
boa convivência, uma família de fachada, e nos seus votos, não foi
mencionada a palavra fidelidade, isso quer dizer que nosso casamento será
aberto a outros casos? — Senti o nervosismo de Felicie começar a se tornar
explícito.
— Não! Mas por que você pode e eu não? Por que existe essa
diferença? — Minha esposa seguia em seus questionamentos.
— Bom, você acabou de falar que não quer outro homem, e já eu,
não posso dizer o mesmo — a minha fala foi agressiva e me culpei a partir
do momento que a falei.
Felicie não questionou, mesmo os olhos se tornando brilhantes pelas
lágrimas que estavam se acumulando ali, ela as segurou, bravamente, sem
querer mostrar suas fraquezas para mim.
Voltei a olhar para Felicie, não falei mais nada, não era isso que eu
queria? Uma família de fachada? Algo que não envolvesse sentimentos,
pelo menos assim ela entenderia, e não cobraria de mim futuros
sentimentos. Estava sendo frio, e calculista, traçando a rota que havia
calculado no começo de tudo isso.
Dar todos os presentes que ela merecia era fácil, agora quando
envolvia sentimento, se tornava diferente.
A última vez que estive aqui era uma mulher solteira, agora era
casada e presa àquele homem. Se pesquisar em um dicionário a palavra
emocionada, com certeza estará o meu nome como referência. Não me
arrependia de ter tomado aquela decisão, apenas me emocionei ao pensar
que por um momento meu marido podia ser apenas meu.
Aquela era a relação tranquila que ele falou? Ele ia me dar o mundo,
em troca precisava aceitar que ele ia se deitar com quem quisesse?
Precisava dividir o meu marido com todas?
Fiquei ali parada em frente à porta esperando que ele aparecesse para
digitar a senha. Seus passos se fizeram audíveis quando se aproximou
digitando-a, sem nem ao menos me falar a sequência de números. A porta
foi liberada. Entrei primeiro que ele, diante do movimento com a mão que
fez para eu entrar.
Aquilo tudo era meu? Tirei o meu salto do lado de dentro da porta,
onde tinha o suporte para calçados.
Nem nos meus melhores sonhos me vinha algo como aquilo, uma
pena que as consequências eram maiores.
— Deixem as roupas da minha esposa na sala — Yago falou logo
atrás de mim. — Você vai poder ter empregados para auxiliar na
organização da casa, e se preferir pode deixar que alguém arrume o seu
closet. — Virei meu corpo olhando as lindas feições do meu marido pela
primeira vez após horas.
— Bom, mas a sua vida não é mais a mesma, agora é minha esposa,
terá que cumprir o seu papel de esposa. — Cruzou os braços.
— E quais seriam esses papéis? Além de ceder o meu corpo para que
você coloque um filho nosso dentro de mim? — questionei sabendo que
estava deixando a raiva dominar o meu corpo.
— Tudo bem, apenas fale quando achar que o seu fantoche precisa
estar pronto ao seu dispor — com toda a calma que restava dentro de mim,
eu o respondi.
Outra vez ele ficou me olhando, buscando pela minha reação, que
droga, ficar me esperando explodir, era bem irritante.
Fomos interrompidos pelos homens que deixaram minhas novas
roupas ali na sala. Percebi a quantidade infinita de roupas e meus olhos se
arregalaram, pois nem ao menos pensara que eram tantas.
— Todas as roupas que você tocou nos mostruários e não provou por
medo de não ser o meu gosto, mandei que a vendedora colocasse na conta
— prontamente me respondeu.
— Bom, tudo que entra uma hora sai, depois você volta a usar essas
roupas. — Balançou os ombros como se tudo aquilo que me dera não fosse
nada.
Mas tudo que eu via ali era uma quantidade exorbitante de roupas,
era apenas uma mulher, por qual razão ter tantas?
Sentia-me como se fosse a bonequinha de luxo de Yago Zornickel.
— Vou sair — a voz do meu marido fez com que erguesse meus
olhos daquelas bolsas. — Preciso que fique aqui hoje, vou trabalhar, ver se
alguém desconfia de algo, e pensar na melhor forma de contar para eles que
estou casado.
Uma terceira vez balancei a minha cabeça, talvez ele quisesse que eu
falasse algo, mas sentia como se fosse enganada, ele não falou antes de nos
casarmos que apenas eu teria que ser fiel, deixou tudo nas entrelinhas. E eu
que acreditei no meu conto de fadas, julguei que tudo seria perfeito.
— Bom, vou indo nessa. — Meu marido deu poucos passos na minha
direção, parando diante de mim, segurando nos dois lados da minha
bochecha, fazendo com que olhasse nos olhos dele. — Vai me ligar caso
aconteça qualquer coisa?
— Tenho outra pessoa para ligar que não seja você? — murmurei
sem conseguir desviar meus olhos daquelas imensidões azuis.
— Não, você não tem, sou apenas eu a única pessoa que você vai ter
pelo resto da sua vida — a possessividade dele sempre presente em todas as
suas falas firmes.
— Ótimo, caso algo ocorra, vou ligar para a única pessoa que eu
tenho — sussurrei percebendo em minha fala a birra presente.
Sem nada para fazer levei todas as bolsas para o andar de cima,
deixando-as no closet, as diversas subidas e descidas de escadas, me
fizeram até mesmo suar.
Quando estava levando a última bolsa ouvi o barulho da porta sendo
aberta, por uma curta fração de segundos cheguei a cogitar que podia ser
meu marido, mas era apenas Dexter.
Apenas assenti indo até ele e pegando as três sacolas de sua mão, não
eram pesadas.
Claro que Dexter não responderia, era fiel demais ao seu chefe.
Dexter deixou duas marmitas prontas, pensei que era uma para mim e
outra para o meu marido, foi quando ele não apareceu em nenhum momento
que percebi que as duas eram para mim.
Passei a tarde arrumando o closet, e nem ao menos terminei ainda
porque ficaram algumas sacolas com roupas, pela forma que se dividiam os
espaços entre o closet, deduzi que um lado era meu e outro de Yago, por
aquele motivo apenas usei um dos lados.
— Não — foi vago indo até os pés da cama onde havia uma bolsa de
couro, abriu-a e tirou de dentro uma calça social.
— Não existe motivo, foi apenas uma mensagem, e nela está tudo
muito bem explicado. — Seus olhos apenas brevemente me olharam
quando os abaixou novamente.
— Explicado? Não tem nada explicado aqui, errou? Errou por qual
razão, não se manda uma mensagem assim e espera que a outra pessoa vai
apenas ler e ficar “ah, que legal, ele errou comigo”, errou, por quê? Ficou
com outra mulher? Fez algo que poderia me machucar? Se você é
acostumado a não dar respostas, é bom que não largue mensagens cifradas
pelo ar e julgue que a outra pessoa ficará quieta — como uma metralhadora
passei a falar sem parar.
Não falei nada vendo Yago pegar as suas roupas e voltar para o
banheiro, onde demoradamente se trocou e logo em seguida saiu, estava
impecavelmente arrumado, o cabelo loiro penteado para trás, parecendo um
príncipe do mal.
Apaguei a luz do abajur para que tudo ficasse escuro e eu não visse a
cara dele.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
Quase acabei matando mais alguma das putas, isso porque odiava
quando vinham se esfregar em mim e não solicitara aquele tratamento.
— Não queira achar que eu sou boba, senti em sua camisa o cheiro
de perfume feminino, pelo menos foi sensato em se banhar. — Notei que no
escuro ela não me via e abri um pequeno sorriso.
— Se tem algo que não acho sobre você é isso, pequena, você não é
boba, às vezes um pouco ingênua. — A mão de Felicie rapidamente agarrou
no meu paletó, desajeitadamente, apenas querendo me empurrar para longe
dela.
— Estou com sono! — sabia que ela falou aquilo para me afastar
dela.
— Engraçado, pois acabara de falar que fiz com que perdesse o seu
sono — murmurei aproximando ainda mais o meu rosto do dela, querendo
tocar o meu lábio sobre aquelas pétalas de rosa, de tão suaves e macios que
eram os lábios dela.
— Então, por quê? Por que tinha cheiro de mulher na sua roupa? —
Diante de tamanha convicção dela, minha esposa impulsionou a mão em
meu paletó sentando-se na cama, meu rosto foi vagarosamente para trás, o
nariz dela roçando o meu. Podia sentir a respiração ofegante de Felicie.
Ela queria uma resposta minha, porra! Era por isso que não queria
um casamento de verdade, por aquela razão, ficar dando para a minha
esposa satisfação de onde eu fui. Era assim que começava, logo ia estar
igual a um lunático precisando avisar até mesmo quando ia ao banheiro.
— Não está contente com a minha resposta? Falei que não fui para a
cama com ninguém, mas se ficar nessa cobrança vou fazer questão de estar,
assim vai ter razão para ficar bravinha!!! — Segurei nos dois pulsos de
Felicie e a empurrei para trás, com um pouco mais de força do que
esperava.
Sem esperar que ela falasse algo, empurrei o seu cabelo para o lado, e
percebi que não tinha acontecido nada.
— O que está fazendo? — a mulher logo perguntou querendo se
esquivar de mim.
— Não sou invasiva, somos casados, o mínimo que poderia falar era
onde estava!
— Não sei qual roupa usar. — Ele lançou seus olhos para as roupas
que eu já tinha arrumado.
— Sim, eu tenho uma memória muito boa por sinal, mas acontece
que eu não quero que me veja nesse momento, afinal nosso casamento não
é... como eu posso dizer... um casamento de verdade, isso não inclui fazer
coisas que casais normais fazem, sabe, do tipo trocar de roupa um na frente
do outro. — Dei de ombros, fazendo-o cair na própria armadilha quando
não quis me falar aonde foi.
— Feche a porta quando sair. — Virei-me para que Yago não tivesse
a visão da minha bunda.
— Vejo que é realmente muito boa de memória, boa até mesmo para
jogar minhas palavras contra mim mesmo...
Sem falar nada se virou fechando a porta junto dele. Fiquei ali
sozinha, vesti o vestido, o qual tinha um zíper nas costas, obviamente não
conseguiria fechar, será que esse foi o intuito dele? Fazendo com que eu
pedisse a sua ajuda? Pois naquele momento o meu orgulho seria maior,
olhei os outros e percebi que havia vários de manga longa, pegando um sem
zíper.
— Por que não usou o vestido que te dei? — Levou o celular nas
suas costas para que eu não o pegasse.
Não tinha nada acusatório nele, mas tinha fotos, fotos minhas que
tirei ontem quando provei algumas roupas, no bloco de anotações alguns
poemas que eu gostava de escrever, tinha vergonha que ele pudesse ver, ou
até mesmo rir de mim por aquelas fotos, ou poemas.
— E não vai encontrar, pois tirei todas elas dessa casa, porque eu que
vou depilar a boceta da minha esposa. — Arregalei meus olhos quando
Yago se levantou da cama.
— Então quer dizer que sabe o poder que seu corpo tem sobre o
meu?
Depois do balde de água fria que joguei sobre nós, meu marido
segurou em meus dedos, seguindo em direção à porta.
Pelo visto agora iríamos conhecer a família dele. E com toda certeza
do mundo, não estava preparada para estar em uma casa cheia de mafiosos.
CAPÍTULO VINTE E OITO
Esfreguei uma das mãos sobre a outra, vendo o carro adentrar o outro
portão. Queria fazer uma nova pergunta, mas se fizesse aquilo era como se
eu desse o próximo passo, mas como não sei controlar a minha língua,
acabei falando:
— Caralho, você nem ao menos toma fôlego para falar tudo isso —
Yago resmungou parecendo irritado. — Não falei, afinal, por que vou forçar
dois momentos irritantes, se posso fazer em um único? E ninguém vai te
matar, garota.
Minha porta foi aberta, podia jurar que devia estar babando. A mão
do meu marido foi estendida para mim.
Segurando em sua mão, sentindo-a quente, ele não tinha usado mais
aquela boina, e as luvas de couro, não devia estar sentindo frio para não
usar aquilo. Meus pés tocaram o chão de cascalho. Toda a volta daquela
sede era feita de gramado, árvores. Devia ser lindo aquele lugar quando
estava nevando.
— Quer um pano? — Yago perguntou fazendo com que virasse o
meu rosto para ele.
Passamos pela senhora, sem soltar a minha mão, meu marido foi por
aquele lugar, meu salto tilintando suavemente no chão. Ainda admirada,
olhando tudo à minha volta, era tudo muito estiloso, moderno, grande, com
lustres enormes.
— Bom, conheçam a minha esposa — aquilo foi tudo que ele falou,
arregalei meus olhos, ele não podia preparar o território, não podia me
apresentar primeiro? Precisava ser assim, seco, sem nem ao menos suavizar.
Obviamente os homens ali presentes se levantaram, não sabia quem
são eles, não sabia nada sobre a família de Yago.
— Isso mesmo que ouviu, não queriam que eu me casasse, aqui está
a minha esposa, Felicie Zornickel. — Meu marido deu um empurrãozinho
nas minhas costas, como se me empurrasse para os leões, dei dois passos
ficando mais próxima do centro da sala
Por ela o ter chamado de querido, devia ser a esposa dele. O que me
fez ficar confusa, será que eles eram simpáticos com suas esposas?
— Tudo bem, Belinda, se puder, leve Yelena com você para o quarto
de brinquedos. Luna já está lá — quem pediu foi o tatuado, estava quase
implorando para que aquela pequena criança ficasse talvez eles não me
matassem se tivesse uma menina presente.
— Ah, vovô, essa noite eu sonhei que você me dava uma deliciosa
barra de chocolate.
Mesmo que fosse um senhor com mais idade, era nítido naquele
olhar que eu via o meu marido ali, xerocado no pai dele, uma versão com
cabelos mais escuros, sendo que os de Yago eram de uma tonalidade mais
clara.
— Mamãe tem razão, gritos não vão nos levar a lugar algum. — O
tatuado se voltou para mim. — Será que ao menos pode apresentar a sua
esposa? Não cometeu a loucura de se casar com alguém que não sabe nada
sobre a vida, não é mesmo?
— Ótimo, será que sempre preciso ser o mais sensato dessa casa? Ele
sabe o suficiente, o suficiente para colocar uma infiltrada entre nós, e poder
nos matar. — Aquele de cabelo meio cacheado chegava a passar a mão em
seu cabelo diante da impaciência.
Não sabia o que fazer, devia dar um aperto de mão? Ficar quieta no
meu canto? Por sorte a senhora veio na minha direção, Yago soltou a minha
mão e ela me abraçou, tínhamos a mesma altura, o cheiro delicioso de Zara
impregnando em meu olfato.
— Meu nome é Felicie Ludwig, perdi meu pai com cinco anos para
um acidente de carro, minha mãe não suportou a perda do marido e tirou a
própria vida quando eu tinha sete anos, com essa idade fui morar com meu
irmão e a esposa dele, que ela já tinha filhas gêmeas. Minha cunhada não
era a melhor pessoa, e durante todos esses anos foi como se eu fosse a
empregada deles, e a pessoa que mais deveria me proteger não queria cuidar
de mim que era o meu irmão. Mas bem, eu tinha um lugar onde dormir,
uma mesa onde comer. E isso foi o bastante por todos esses anos — passei a
falar um pouco de como era a minha história, algo que possivelmente nem
mesmo meu marido sabia.
— Ele não faz a minha vida infeliz não, disse que vai me dar o
mundo, às vezes fico me perguntando se arrematei o último romântico. —
Tinha percebido que era boa em debochar.
— Ótimo, ou você a trata bem, ou ela ficará nessa casa até termos
certeza de que dentro dela cresce um Zornickel. Nitidamente ambos não
estão se suportando, obviamente isso não daria certo, você odeia falar e dar
satisfação da sua vida, e ao que tudo indica ela é o oposto. Tome uma
decisão na sua vida, enquanto isso, ela ficará na nossa proteção — Yan
parecia o chefe de todos eles, tinha a voz altiva.
— Felicie é minha esposa, e vai voltar para a minha casa — Yago
falou sério.
— Primeiro, vai provar que vai saber cuidar dela, depois vai tirar ela
daqui — até mesmo o pai dele saiu em minha defesa, o que estava
acontecendo, como tudo se virou tão rápido?
Parecia que era o meu marido que estava contra mim. Ou eram eles
que sabiam mais sobre Yago do que eu mesma sabia?
Fiquei confusa olhando para todos à minha volta, sem saber o que
estava acontecendo ali na minha frente.
— Yago? — Chamei pelo loiro que por um bom tempo foi como a
visão de um príncipe para mim.
Ele ficou me olhando por longos segundos, até que finalmente falou.
— Vá, Felicie, você mesmo disse que isso era um erro. — Meus
olhos turvos se concentraram nas mãos apertadas dele, como se ele
estivesse lutando com os seus demônios.
— Você não tinha esse direito — retruquei. — Não tinha!
Não gostava das manias daquela garota, detestava a forma como ela
falava demais, inferno, estava querendo estrangulá-la há poucos minutos,
como que agora estava querendo gritar e implorar que ela viesse comigo
para a nossa casa, afinal o lugar dela era lá, ao meu lado, junto do marido
dela!
Voltei o meu olhar para o meu irmão, Yan sempre foi uma das minhas
referências, mas naquele momento estava odiando-o por ter tomado a
decisão de tirar a minha garota de mim, de ter me induzido a julgar que não
era bom pra ela.
— Porra, Yan, por que não fica na sua? — Rugi com o meu irmão.
— Eu? Você tem trinta anos, deveria ter convicção quando disse para
a menina ficar aqui, quem é o marido dela, é você, e não eu. Errei uma vez
quando quase afastei Yanni da esposa dele, mas esse caso é diferente, eu
queria que você tivesse ido atrás dela. Mas você não foi. E outra, não
separei os dois, continuam muito bem casados, Felicie está aqui, está
protegida. E se você fez dela uma Zornickel. Vamos protegê-la. — Yan
deixou a sua frase fechada, como se não quisesse que eu tocasse mais
naquele assunto.
— Não foi apenas ele que interferiu, fomos todos nós — a única voz
que podia me fazer parar reverberou. Heinz bateu a sua bengala no chão,
assim fazendo meus olhos se encontrarem com os do meu pai. — Você,
Yago, de todos os meus filhos é o que mais tinha medo se acaso fosse se
casar, não revela seus sentimentos para nós, todos temos receio do que pode
fazer com aquela menina. Eu tenho receio, e olha que costumo não ter medo
de nada. Por uma época da minha vida, errei por muitos motivos com a sua
mãe, e não quero que erre com aquela menina.
— Então passe a agir como o marido dela! Não titubeie na frente dos
outros, não faça ela quase chorar na frente de outras pessoas, não mande ela
se calar quando estiverem na presença de outras pessoas. E o mais
importante, se orgulhe da esposa que tem. — Meu pai sempre foi a minha
imagem de homem. Cresci vendo-o tratar a minha mãe com afeto e carinho,
nele tinha a imagem de um homem, de um pai, de um marido.
— Diante de toda essa bomba que lançou para nós, fico feliz em
saber que pude ver o meu último filho solteiro, casado, agora só resta trazer
o meu neto. — Segurou no meu ombro com a sua mão que não estava na
bengala e me puxou para um abraço.
— Cala boca, seu velho capenga, vai nos irritar por muitos anos —
retruquei de uma forma debochada, como sempre falávamos, e com uma
liberdade que somente naqueles momentos tínhamos.
Não sabia o que falar, apenas queria aquela mulher que falava aos
quatro ventos, sem papas na língua, a forma doce com que sorria, que
suspirava, não podia permitir que Felicie ficasse longe de mim quando tudo
que eu queria era ela ali comigo, por mais que ainda não soubesse como
lidar com todas aquelas emoções que cresciam dentro de mim.
CAPÍTULO TRINTA E UM
A mãe de Yago abriu uma das portas para que eu entrasse primeiro,
olhando tudo à minha volta, parecia até mesmo um quarto de visitas.
— Estou com tanta raiva dele nesse momento, poderia socar aquele
rosto perfeito, esfolar ele no chão — falei sem pensar, com as lágrimas que
caíam por minha face.
— Te entendo completamente, já passei por muito disso. — Virei o
meu rosto, abrindo um sorriso forçado.
— E... ele disse que ia me dar tudo, me fez mudar a minha vida, me
moldar na dele. E o mínimo que eu pergunto, ele não me responde. Que
maldito bordel é esse? Por que ele não falou que foi nesse lugar? É tão
difícil assim me falar das coisas? — perguntei passando a minha outra mão
embaixo dos meus olhos, querendo limpar as minhas lágrimas inutilmente
que não paravam de cair.
— Não é querendo defender Yago, mas se tem algo que ele não é, é
mentiroso, se ele falou que não ficou com outra mulher é porque
provavelmente não ficou, mas sim ele foi até o bordel na noite anterior.
Uma batida na porta fez com que nós duas erguêssemos os olhos, por
ela passaram as duas mulheres que eu vi antes na sala.
— Sei que as duas estão se mordendo por dentro para saber como
tudo aconteceu, na hora certa vão descobrir — minha sogra falou.
— Não existe não, querida, é apenas uma novidade para nós, ele
nunca pisou em um shopping com qualquer membro da nossa família,
muito menos comprou roupas para nós e pelo que entendi, ele comprou um
closet inteiro só para você. — Minha sogra se levantou da cama.
— Bom, podemos contratar uma chefe do lar para a sua casa, o que
você acha, assim terá alguém para auxiliar você? — minha sogra foi quem
falou.
— Será que aquela ainda vai ser a minha casa? — resmunguei sem
saber mais o rumo da minha vida.
— Bom, com tudo que ele aparentemente fez, obviamente não vai
deixar você ficar longe dele.
— Estaria sendo muito abusada se pedissem para contratar uma
pessoa? — pedi vendo a careta que a minha sogra fez.
— É que eu tenho uma pessoa, ela sempre fez tudo por mim, até
mesmo largou o emprego dela. Anali tem uma filha que precisa dela, um
marido acamado, tenho tanto medo de que ela não consiga um emprego e
foi a pessoa que mais fez por mim nesses últimos anos — mesmo Zara
falando que não tinha como, continuei a insistir no assunto.
— Se você der todos os dados dela, posso pedir para o meu marido
dar um jeito, não existe nada que eu peça com jeitinho que Yan não dá um
jeito de fazer. — Luna piscou um olho para mim.
A noite chegara e já não sabia se iria ficar ali naquela enorme sede,
ou se Yago ia aparecer e me levar para a nossa casa.
— E é, mas não tem nenhuma roupa sua aqui, então vai vir comigo...
Meu movimento foi notado por todos, até pela minha sogra que
estava no piano. Yago fez o mesmo tocando nas minhas costas com a sua
mão.
Será que o quesito família ajudava? Será que no topo da base ficavam
apenas os familiares, então aquilo queria dizer que o próximo Don devia ser
Petrus ou o pequeno Heinz.
Assim que meu marido se sentou ao meu lado, não contive a minha
curiosidade e acabei falando:
— Ah, tá! Agora a culpa é minha, você usa a minha foto como fundo
de tela do seu celular, e a culpa é minha — retruquei percebendo que o
carro já estava estacionando em frente à nossa casa.
— Ah!
— Não acabei, vai sentir toda a raiva que eu senti e estou sentindo...
— Isso é por ter essa bunda gostosa, e perfeita para mim. — Senti o
exato momento em que seu pênis resvalou pela minha bunda.
Foi até o fundo, tocando-me por inteira. Virei meu rosto de lado,
daquela forma tive um breve vislumbre de Yago, da forma como me tomava
com força, das mãos dele apertando a minha bunda.
— Vamos, Felicie, diga para o seu marido quem pode te fazer ter um
orgasmo? — voltou a exigir.
— Se não falar não vai ter o que quer... — Um sorriso sádico se fez
presente nos lábios do meu marido, deixando explícito o prazer dele com a
minha angústia.
Meu marido não parou, não soltou meu cabelo, não deixou de me
olhar, nossos corpos suados, a pélvis dele batendo em minha bunda, o
barulho ecoando na casa, sem conseguir me controlar, eu me entreguei.
— E pode? — perguntei.
— Posso, não fisicamente, seria incapaz de ferir algo tão belo, mas
não tenho controle sobre meus instintos, e posso acabar machucando-a
psicologicamente. — Ele tirou a camisa, jogando-a no chão.
— Sou mais forte do que você pensa — murmurei mordendo a ponta
do meu lábio analisando o peito dele.
Assim que passei a lâmina arrastei o meu dedo, de uma forma lenta,
erguendo meus olhos em alguns momentos, notando que ela mordia os
lábios.
Lentamente segui passando a lâmina, aproximando-a dos lábios
vaginais, tomando cuidado para não a cortar, fazia tudo minuciosamente,
jogando poucas gotículas de água para tirar os pelos. Bati a lâmina ao lado
da banheira sobre um pequeno suporte, assim não entrava na água.
Se com aqueles pelos ela já era perfeita, agora estava divina, tão lisa,
pequena, impecável. Aproximei meu rosto, abrindo os lábios vaginais com
os meus dedos, passando a minha língua bem ali no meio. Ouvindo o
gemido dela.
Minha esposa tombou a sua cabeça pra trás diante do puxão que dei
em seu cabelo.
— Ei. — Virei meu corpo sem entender a razão dele ter feito aquilo.
— Por que vai enrolar isso no seu corpo? — meu marido questionou
confuso.
— Sim, pensei que você estava cansada, mas até mesmo cansada
parece um gravador furado. — Yago estava deitado de lado.
Encolhi-me sobre o peito dele, fechando meus olhos, mas o sono que
devia vir acompanhado do cansaço não veio, me deixando inquieta. Queria
começar a falar, sobre qualquer assunto, mas como fazer isso com uma
pessoa que detestava falar?
— Não sei, mandei mensagem para ele, mas ainda não me respondeu
— prontamente Yago me deu a sua resposta.
— E como vai ficar nós dois? — fazer perguntas era comigo mesmo.
— Como assim?
— Por favor, que fique apenas entre nós — a voz dele parecia meio
assustada, e engraçada.
— Nem mesmo com a sua família você conversa, como consegue ser
tão solitário assim? Quando vivia naquela casa, com a minha antiga família,
me sentia sozinha, triste, sem ter ninguém para falar e isso me fazia muito
mal — resmunguei puxando mais assunto com ele.
— Ainda bem que você mencionou, antiga família, pois agora o seu
lugar é ao meu lado. E quanto ao fato da solidão, eu gosto de ficar sozinho,
gosto de ler um bom livro no silêncio, apreciar uma boa música, tomar o
meu uísque, sempre fui o mais quieto dos meus irmãos, e isso nunca foi um
problema, ter os meus pensamentos apenas para mim, fazia com que os
outros não se intrometessem no que eu faço — processei tudo que ele tinha
me falado.
— Assim como?
Acordar com a cama vazia ao meu lado não foi a melhor forma de se
acordar. Ainda precisava me acostumar ao fato de que não éramos um casal
de verdade, embora ele fizesse parecer que éramos em alguns momentos.
— Parece que faz uma eternidade que não nos vemos — declarei
quando nos afastamos, passei a mão embaixo dos meus olhos e limpei as
minhas lágrimas.
— Eu quem o diga, a última vez que te vi, pelo que me lembro estava
solteira. — Ergueu as sobrancelhas daquela forma ladina que sempre fazia.
— Levou bem ao pé da letra quando eu disse para você não ter medo, não é
mesmo?
— Sempre quando desejar algo, quero que conte primeiro para mim,
sou o seu marido, posso fazer tudo que estiver ao meu alcance por você —
sempre carregado no seu timbre possessivo ao falar.
— E sei disso, mas foi apenas uma ocasião em que a sua mãe falou e
me veio Anali na mente, Luna disse que iria me ajudar, e por alguma razão
foi parar rapidamente nos seus ouvidos — resmunguei percebendo como as
notícias corriam rápido.
Não a julgava, Yago tinha toda aquela marra no olhar que fazia
qualquer um se amedrontar.
— Preciso ir para a sede, acredito que devem ter muito para
conversar. — Ergui o rosto, quando Yago falou.
— Real? Mas não houve nada demais, ele vive frisando para mim
que somos apenas um casal de fachada. — Balancei meus ombros.
— Bom, quem muito fala sobre algo, é porque quer fugir desse
sentimento — minha amiga largou aquela incógnita e se aproximou dos
alimentos. — Quanta comida.
Será que ele não ia trazer as suas roupas? Sempre trazia poucas
mudas apenas para uma troca, não sabia por qual razão ele estava fazendo
isso. Ou apenas não teve tempo de trazer todo o resto ainda.
30 dias depois...
“Saiba que se você não aparecer nessa casa hoje, ou responder essa
maldita mensagem, vou sumir da sua vida!”
Vesti uma das calças jeans, junto de um casaco de lã, o tempo estava
se tornando cada vez mais frio, e pequenos indícios de neve já se faziam
presentes. Saí do meu quarto, o cheiro delicioso do café da manhã
preparado por Anali impregnado no ar. Minha barriga se revirou, a fome
fazendo com que até mesmo os meus lábios salivassem.
— Sim, até parecia que queria subir a escada, mas o celular tocou e
ele saiu rapidamente — Anali queria me confortar.
— Sabe o que não entendo, por que ele está assim distante?
Estávamos bem, não é porque a minha menstruação desceu que eu não
posso ter um filho, por Deus, será que preciso procurar um médico, e ter o
laudo de que não sou infértil? Qual a razão de ele estar agindo assim? O que
eu fiz de errado? Será que agora, literalmente, ele está querendo ser apenas
o marido de fachada? Não sei mais o que pensar, Anali, não sei... — bati
minhas mãos em minha cintura.
Não sei o que seria dos meus dias nessa casa sem ela, mesmo que
estivesse ali como chefe do lar, estávamos conversando a todo momento.
Meu celular vibrou ao meu lado, com pressa o peguei em minha mão,
achando que podia ser o meu marido. Mas era Zara fazendo um convite
para mim:
— Sogra — chamei por ela, depois de tanto ela pedir, peguei a mania
de chamá-la de sogra. — Ele está na sede, não é mesmo?
— Todas as vezes que venho nesse lugar tenho esses olhares, então já
me acostumei a toda essa invasão. — Zara balançou levemente o ombro.
— Não sei... — minha voz morreu quando Zara saiu do meu lado, se
afastando para entrar na loja, me deixando ali sozinha.
— Não sei... foi tudo tão rápido. — Fungou apertando o meu peito,
suas mãos agarrando com tanta força que podia sentir as unhas arranhando
a minha pele.
Não falei nada, apenas afaguei os cabelos dela. Mamãe não era, e
nunca seria culpada pelo que aconteceu, pedi que meus homens fossem até
o local do acidente, queria saber quem estava no carro.
Ergui meu rosto vendo o meu pai colocar a sua mão nas costas da
mamãe, que saiu dos meus braços, indo para os dele.
— Ainda nada, tudo que eu sei é que ela está passando por exames
— mamãe fungou enquanto falava.
Passei a mão em meu cabelo, irritado! Não era para ter acontecido
aquilo, aquela noite ia para nossa casa, precisava conversar com Felicie,
tirar toda aquela confusão de dentro do meu peito. Precisei passar alguns
dias longe dela, tinha necessidade daquele espaço, Felicie foi como um
furacão de grau gravíssimo, devastando com tudo dentro de mim.
Saciar-me das curvas dela por todas aquelas noites, não devia ser
suficiente, Felicie merecia muito mais do que um homem sem coração que
não sabia retribuir todo o carinho que ela tinha direito.
Estava disposto a dar a ela sua liberdade e uma casa em um lugar que
ela pudesse viver longe de mim. Podia ser que longe de mim ela
encontrasse alguém digno de todos os seus sorrisos genuínos, pois eu não
era.
Todos da minha família já sabiam daquela minha decisão e
obviamente foram todos contra, afinal de acordo com a minha mãe eu
mudei quando ela apareceu na minha vida, mudei? Só podia ser impressão
dela, afinal não mudei nada.
Não podia ser ingrato e manter aquele pequeno anjo ao meu lado, ela
merecia muito mais que um homem ranzinza como eu. Nunca ia poder amá-
la. Aquilo que sentia era apenas saudade, e saudade era um sentimento
passageiro, ia passar, e logo aqueles sorrisos que brilhavam na minha
memória iam sumir, se dissipar.
Meus dois irmãos estavam ali, Yan e Yank junto de Belinda. Luna
decidiu não vir, porque ela ficou com as crianças na companhia da babá.
Virei o rosto quando notei o meu irmão atendendo o seu celular, seus
olhos encontrando com os meus, nitidamente estava falando com um dos
nossos homens.
— Fala o nome dessa pessoa logo, sei que você sabe. — Rugi
sabendo que era capaz de terminar de matar aquela pessoa com as minhas
próprias mãos.
— Kina Ammann — quando meu irmão falou o nome da maldita da
cunhada de Felicie minhas mãos se fecharam em punhos cerrados. Meus
olhos se tornaram nublados.
— Felicie está com o cirurgião ortopédico Bryan Lins, ela está com
uma fratura exposta na tíbia, serão necessários fixadores externos. O exame
de sangue da senhora acabou de sair e como não informado sobre o estado
foi pedido que informasse a família dela...
— Ah, os exames feitos nela deram todos bons, ela estava consciente
na hora que chegou na emergência, apenas não falava palavras conexas, os
exames neurológicos estão bons, assim como todos os outros, apenas
encontramos o beta HCG dela alto demais...
— Isso quer dizer que ela pode estar grávida, irmão — Yan declarou
puxando o meu corpo pra trás.
— Yago, para, caralho! Se contenha, não tem nada que possa fazer
nesse momento, sua esposa está na cirurgia, apenas espere!!!
— Estamos aqui por você, irmão — Yan que me segurava com mais
firmeza, falou querendo me dar força.
— Vou matar cada um daquela maldita família se algo acontecer com
a minha esposa. — Passei a aliviar o meu corpo.
Não tinha como, não tinha como viver em um mundo onde aquela
maluquinha não existisse.
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
Mesmo que ela fosse a razão da minha vida, não podia ser a razão da
vida dela.
Dexter estava passando pelo luto mais estranho que eu já vi. Ele se
fixara tão grandemente no trabalho que chegava a dormir dentro dos carros
de segurança. Tentei por diversas vezes falar com ele, mas como não era
bom com palavras, não insisti.
Mas os meus olhos se encontraram com Yan, ele percebeu que ia para
qualquer lugar, menos para o banheiro.
Apenas assenti, assim como ele disse que viria junto, nenhum dos
outros se importou. Sabendo que meu irmão estava seguindo os meus
passos, me afastei da sala de visitas onde se encontrava a minha família.
Dexter que estava em um dos nossos carros parados ali, abriu a porta
vindo na nossa direção.
— Cada vez que enfiar esse canivete na sua barriga vai se lembrar de
cada maldito momento que fez a sua irmã de empregada — minha voz saiu
abafada, meus olhos fixos nos dele, vendo ali o medo explícito, desenhado
nas suas íris.
O seu grito saiu estrangulado pela minha mão que tampava sua boca,
com força levei aquele canivete até onde pude, percebendo os olhos dele
cada vez mais esbugalhados.
— Meu irmão, ele já está morto, pode parar. — Percebi que Yan
voltara a falar, sem me dar conta de que nem ao menos estava piscando.
— Dexter não está indo dormir na casa dele, não é mesmo? — meu
irmão perguntou preocupado.
— Estou desconfiado que não, até mesmo está andando com roupas
no carro — logo o nosso assunto se dissipou quando Dexter voltou com
uma camisa preta.
— Queria uma morte mais lenta, ou melhor que ela sentisse como o
idiota do irmão da minha esposa sentiu — murmurei pensativo.
— Gostei dessa ideia meu irmão, ter a morte de Ivaan em meus dedos
já faz com que me sinta mais aliviado e vingado, vamos dar um jeito de
fazer a outra ir com o marido. — Entramos no hospital caminhando em
direção à sala de visita.
— Não vou falar onde estava, senhora Zara Zornickel, o que precisa
saber é que fui vingar a minha esposa, afinal ninguém mexe com uma
senhora Zornickel. — Heinz abriu um pequeno sorriso para mim deduzindo
o que eu tinha feito.
Não consegui abrir os meus olhos, não tinha forças, tentei... tentei e
tentei, mas não consegui. Aquele sussurrar ao meu lado fez com que eu me
concentrasse nele, conhecia aquelas vozes, não estava sonhando, então, não
estava morta?
A dor vinha direto no meu coração, como facas sendo atiradas, ele ia
romper o nosso casamento? Aquela era a razão do sumiço de Yago? Não
queria mais nada comigo?
Quis gritar, espernear, mas tudo que meu subconsciente fez, foi me
levar para uma nova rodada de sono, meu corpo exausto se entregando
àquela imensidão.
Outra vez, mas daquela estava tudo silencioso, será que ninguém
mais ia falar ao meu lado? Encontrava-me flutuando novamente, como se
pudesse mexer meus braços e rodar, rodar e rodar. Estava tudo tão bom, por
que precisava acordar?
— Como ela está? — Aquela voz tão conhecida por mim reverberou
ao meu lado, mesmo ele falando baixo, parecia que soou gritando dentro de
mim.
Outra vez me deixei levar por aquela imensidão, daquela vez ela
tinha cor clara, não consegui descansar muito bem sobre ela, mas me
entreguei.
Por que ia voltar? Para você me dizer que não me queria mais?
Preferia ficar aqui, flutuando.
Até mesmo Zara estava ali? Por que eles não me deixavam dormir
mais cinco minutinhos? Isso me fazia lembrar de mamãe quando ela me
acordava e eu apenas queria dormir mais.
Não queria acordar, não podia acordar, queria dormir mais, poder
dormir tudo que eu não pude em toda a minha vida. Por aquele motivo,
voltei a me entregar à imensidão, criando uma afinidade com ela, me
jogando sobre ela.
Outra vez aqui? Porque não me deixavam flutuar, estava tudo tão
bom, queria ficar lá, sozinha, talvez estivesse convivendo demais com
aquele loiro que parecia um príncipe, ele podia ser o meu príncipe, mas
príncipes não abandonavam, e ele queria me abandonar.
— Sei que deve estar bom aí, querida. — Ao ouvir aquela voz senti
por um breve momento uma vontade incessante de sorrir, mas não consegui.
Anali estava ali? A minha amiga, a única mulher que me fez perceber
que não merecia viver naquela prisão, mas do que adiantava? Vim parar em
outra, um casamento que desde o princípio nunca deia ter acontecido.
Apenas queria abrir meus olhos para xingar aquela pessoa que me
tirou do meu momento de flutuação. Aquele choque me fez sair do meu
estado de inércia.
— Sei que deve estar se perguntando como posso sentir falta de algo
que eu odiava, mas agora eu vejo que nunca foi ódio, tudo que eu não
gostava não se intitulava a você, pois sinto falta das coisas mais absurdas
quando se trata da minha esposa... você precisa voltar... precisamos de
você, nosso filho precisa da mãe dele acordada...
Meus olhos se concentraram nos azuis que estavam fixos aos meus,
não consegui falar nada, minha garganta estava seca.
Yago não questionou, pegou uma garrafa de água, que parecia estar
pronta para mim ali ao lado da cama, com um canudo, levando-a à minha
boca, senti aquilo tocando o meu lábio e com suavidade puxei o líquido,
sentindo-o percorrer por toda a minha garganta.
— Tem outra pessoa que possa ficar aqui comigo? Você está com o
cheiro horrível. — Obviamente era mentira, nem ao menos estava sentindo
o cheiro dele.
— Vou pedir que tirem você daqui — fui firme mesmo estando com
a voz fraca.
Abri meus olhos, sentindo uma dor presente em minha perna quando
tentei mexer nela, meus olhos se enchendo de lágrimas diante daquela dor
aguda. Quis me levantar e olhar melhor. A dor me dominando com ainda
mais força.
— Schii, pequena, não pode forçar seus pés, deixa que eu ajusto a
cama — Yago mudou a forma de falar, daquela vez mais carinhoso.
— A sua tíbia foi fraturada, por ela ter ficado exposta, foi necessário
colocar uma pequena barra fixada por parafusos sobre o seu osso, para a
reconstrução dele — meu marido explicou ao meu lado.
Aquele treco em volta da minha perna era assustador, não consegui
falar nada, meus olhos foram para a minha outra perna, aquela estava com
uma faixa, um curativo.
— Pontos sobre o corte. Foi sorte que o carro pegou apenas sobre
uma das suas pernas, e que apenas o osso quebrou. Tudo nesse acidente foi
uma grande sorte. — Ergui meus olhos.
— Não precisa mentir, eu ouvi a sua conversa com a sua mãe, ouvi
quando disse que iria romper o nosso casamento — murmurei ignorando o
olhar dele.
— Mas como isso pôde acontecer? Sendo que eu tive o meu ciclo —
perguntei atônita.
— Vamos tentar ouvir o coração? Pode ser que não consigamos, pois
ainda é muito novo — ela parou de falar mexendo em alguns botões.
De repente foi como se o tempo parasse e tudo que eu podia ouvir era
aquele, tum, tum, tum, rapidamente, um coraçãozinho batendo rápido. Senti
a mão do meu marido afagando a minha, não a tirei, pois aquele momento
era nosso, meu, dele e do nosso filho.
Queria aquele filho, com tudo que habitava dentro da minha alma, eu
queria o meu bebê, mas também queria o pai dele por mim, não pelo bebê,
desejava que Yago quisesse ficar ao meu lado por quem eu era.
Ela tirou o aparelho, Yago pegou o papel que ela estendeu limpando a
minha barriga, nossos olhos se encontrando em meio ao processo. Podia ver
em meus braços vários arranhões, o que me fazia pensar em meu rosto,
como será que ele estava?
Voltei a ficar sozinha com Yago, tentei puxar a minha mão que ainda
estava sobre a dele, mas obviamente ele não deixou. Nossos olhos se
encontraram, ele não disse nada, como se estivesse esperando que eu falasse
algo, e obviamente não me controlei, acabei sendo a primeira a falar:
— Tem razão, tem razão sobre tudo, fui falho quando deveria ter
estado ao seu lado eu fugi. Julguei que o ideal era ficarmos longe, o fato de
você aparentemente não estar grávida foi como um sinal para mim, um sinal
de que aquilo tudo era um erro. Estava me tornando um maldito viciado em
você, queria que chegasse todas as noites rapidamente apenas para estar na
sua cama, isso não é normal, querer desesperadamente viver a todo
momento ao lado de alguém não é normal. Merece bem mais que um
homem confuso como eu ao seu lado — daquela vez fui eu que fiquei em
silêncio, assimilando as palavras dele.
Então ele se afastou por orgulho? Por que julgou que estar ao meu
lado era um erro? Por Deus! Sou a esposa dele, como podia ser um erro?
— Sim, se for por essas razões tão banais que falou, eu quero! —
declarei encarando aqueles lindos olhos azuis.
— Farei questão de fazer você perceber que posso ser bem mais que
isso...
Porra! Felicie não era para ter ouvido sobre os meus planos de
separação, não tinha que ser daquela forma. Minha esposa acabou de
acordar, e jogou na minha cara o quão fraco eu era. E não a julgava, pois me
sentia fraco, eu fui com ela, não lutei pelo nosso casamento, na primeira
oportunidade a deixei sozinha.
Desci as escadas, aquela casa não era a mesma como quando chegava
e a ouvia escutando suas músicas em volume alto, por diversas vezes me
pegava olhando-a escondido. Felicie era perfeita, a garota mais perfeita que
já conheci, e estava disposto a entregá-la de bandeja para outro homem.
PORRA!!!
— Mamãe falou que sua esposa ouviu muitas das conversas que
estavam falando próximo dela, incluindo a de vocês dois quando disse que
iria se separar. — Yan tomou a frente como sempre, seu filho se
aproximando dele, meu irmão segurava com uma das suas mãos seu copo
de uísque e com a outra puxava o filho para se sentar na perna dele. —
Estamos aqui para saber exatamente quais são as suas intenções com ela.
Você trouxe essa garota para a nossa família, fez todo mundo se apegar ao
modo dela, Baby propôs até mesmo uma votação para saber quem estava ao
seu lado e ao lado dela.
Minha sala era composta por dois sofás grandes, estava sentado no
mesmo sofá que Yan, na minha frente se encontravam meu pai, e meus dois
outros irmãos.
— Tá, sei, se for assim todos vocês foram influenciados por suas
esposas — eles se calaram outra vez. — Vão se foder, alguém por acaso
ficou do meu lado?
— É por esse motivo que estamos aqui. Vai cuidar dela? Vamos
precisar adaptar a sede? — Yan perguntou preocupado.
— Sim, eu vou cuidar dela, não acredito que julgaram que não
cuidaria da minha esposa — outra vez todos se calaram duvidando de mim.
— Já mandei vocês se foderem hoje?
— Okay, vou cuidar sim de Felicie, ela vai ficar na nossa casa, e serei
eu a lidar com ela — fui sério no meu tom de falar, sem deixar nenhuma
brecha.
— Sabe que está lidando com bem mais do que uma simples
confiança, qualquer deslize seu pode acabar fazendo ela odiá-lo ainda mais.
— Papai estava preocupado, pois sabia como era o meu gênio
despreocupado com tudo.
— Errei com Felicie, errei quando pensei que ela poderia ser mais
feliz com outro homem do que comigo, errei julgando que não merecia
aquela mulher, ainda me acho indigno dela. Mas ter a sensação de perder
ela foi sufocante, como se me tirassem o ar para respirar. Me fazendo
perceber que somente eu posso protegê-la de todo o mal, somente eu posso
estar ao lado daquela mulher, não posso me permitir cometer o mesmo erro
pela segunda vez. — Levei o copo à minha boca, pois precisava recuperar o
meu fôlego.
— O garoto tá aprendendo a ser homem — Yank zombou balançando
a sua cabeça.
— Está certo, meu irmão, e saiba que estamos ao seu lado, se votei
contra você foi porque não tinha visto você falar uma frase tão longa há
muito tempo. — Yan me fez revirar os olhos.
— Calma, a mulher dele está grávida, ele vai se obrigar a conter essa
boca suja, agora não vai ser somente o Yago despreocupado. — Yank
trocou um rápido olhar com Yan.
— Falando em pai, Zara falou que Felicie disse para ela que vocês
ouviram o coração do bebê hoje — papai queria saber.
Sabíamos que Heinz tinha a idade avançada, estava com 78 anos, não
era mais nenhum jovem, foi ele que nos criou, ele que nos fez sermos quem
somos, e se tinha um homem que era mais porra louca que ele desconhecia.
Como uma frase podia estragar com tudo? Como fui capaz de falar
aquilo na frente dela? Caralho, aquilo nem ao menos justificava o fato de
ter ficado aqueles dias fugindo de Felicie. Agora ela estava grávida, com
um pequeno fruto nosso dentro dela, e nem ao menos queria a minha
proximidade.
Abaixei o meu rosto beijando a testa dela. Felicie tinha um dos seus
olhos roxos, com a batida sobre a vitrine acabou que feriu ali, mas por sorte
não houve ferida exposta, alguns arranhões superficiais na face, sobre a
testa, as bochechas, começando a criar pequenas cascas.
— São lindas, Yago, primeira vez que ganho flores. — Ela quis
manter a compostura de durona, mas não resistiu levando o nariz até aquele
buquê, dando uma longa cheirada.
Naquele momento virei meu rosto vendo que mamãe tinha tirado
fotos, fiz uma careta para Zara, afinal qual a razão daquilo?
— Qual é, meu filho? Não vou perder a primeira vez que meu filho é
romântico, vocês ficam tão lindos juntos. — Mamãe fez aquele semblante
sonhador que sempre fazia quando via seus filhos encaminhados. — Mas
querida, não aceite somente isso de desculpa, esse homem precisa rastejar
bem mais...
— Yago! Filho de quem é, se não for domado, vai pensar que será
tudo muito fácil sempre. — Estava quase colocando-a para fora assim
manteria minha esposa longe daquelas falas que podiam persuadi-la.
— O que você quis insinuar quando mencionou que por sorte era
apenas a minha mãe? — Perguntei franzindo a minha testa, parando ao seu
lado.
Revirei meus olhos, percebendo que teríamos uma longa noite pela
frente.
— Não sei por que ainda duvidou se iria ficar aqui com você,
obviamente vou. Por mim nem teria saído daqui, mas me expulsaram —
terminei a frase resmungando
— Pedi que ninguém falasse até você ganhar alta, não quero que
tenha preocupações.
— Por quê? O que eu fiz para eles? Não sou uma pessoa má, por qual
motivo meu irmão sempre me odiou. — Ergui meu dedo limpando a
lágrima que caíra.
— Prometi que iria te proteger, e ele foi uma ameaça, ele mexeu com
a minha esposa, mexeu com a esposa de um mafioso, e isso não tem perdão.
Matei ele, matei vingando a minha esposa, ele poderia ser o Papa, mas se
fizesse algum mal a você, mataria — minhas palavras foram diretas, sem
devaneio, fazendo-a perceber que era mais do que importante para mim.
— E enquanto a Kina?
— Foi você?
— Deve estar boiando por algum rio. Não tenha pena dele, Felicie,
não tenha piedade do homem que te fez de empregada por anos, foi a favor
de todas as loucuras que aquela mulher fazia com você, e queria a sua
morte, aquele acidente não foi apenas um acidente, era para ser a sua morte,
a sua morte! — frisei a última frase sendo um tanto rude e percebendo que
os olhos tristes dela estavam começando a chorar pela morte do irmão,
queria tirar aquilo de Felicie.
— Então preciso aceitar que isso foi o melhor, se não fosse agora
seria mais para a frente, se não fossem eles, poderia ser eu — ela falou
decidida, aquela era a minha esposa, uma mulher à altura para estar ao meu
lado.
CAPÍTULO QUARENTA E SEIS
— Por qual razão vai usar aquilo, se tem os dois braços do seu
marido? — retrucou subindo os lances de escada da nossa casa.
Zara que estava junto abriu a porta para Yago passar. Finalmente
ganhei a alta do hospital, não aguentava mais ficar naquele quarto, ainda
mais sendo monitorada a todo momento por Yago, ou das vezes que ele foi
inconveniente com o médico apenas pelo homem estar fazendo o trabalho
dele.
— Nunca fui antifilho, apenas falava que não queria, pelo simples
motivo de não ter encontrado a pessoa certa.
Fiz uma careta quando Yanni levou a mão à boca assobiando para
chamar seus filhos. Logo veio o menor de todos eles, ao seu lado, a menina
de cabelos longos e olhar ladino, ela puxava pelos braços o outro menino,
por último veio o menino mais velho, com olhos negros, e cabelo meio
revoltado.
— Esse é o meu filho mais velho, Luke, depois a nossa Ava. — Luke
apenas ergueu a mão acenando, ao contrário da pequena Ava que se jogou
nos meus braços, me fazendo soltar uma careta. — Cuidado, filha, ela está
machucada.
— Que sorte, um único filho e esse quase não fala — Yago zombou.
— Devo ter falado muito de você na minha gravidez, para ele vir
com esse gênio — Polina respondeu o meu marido.
— Não sei, tenho a impressão de que Aaron não vai seguir no nosso
clã — Owen falou meio desanimado.
Uma mulher ruiva se aproximou, a tia de Yago, mãe de Owen, ela era
alta, exuberante e linda, trocamos um abraço, assim como o marido dela me
abraçou. Estavam todos ali, os outros tios de Yago, Klaus e Edvige, que eu
já tinha conhecido estavam presentes.
— Tia Felicie vai acontecer com você igual aconteceu com a mulher
do Dexter? — Abaixei o olhar vendo os intensos olhos azuis de Yelena
fixos em mim.
— Tem apenas sete anos, não precisa entender esses assuntos, seu
único dever é estudar e brincar — ela falou com carinho para a filha.
— Acredito que não, muito jovem ainda, talvez com uns dezoito anos
— a mãe respondeu.
— Agora que Dexter não tem mais uma esposa, ele vai poder se casar
com outra mulher? — Yelena voltou a fazer uma pergunta sobre Dexter.
— Não sei, querida, se ele quiser sim — foi Belinda que respondeu à
pergunta da filha.
— Com toda certeza, não! Você tem somente sete anos, ele é um
homem de 25. Precisa ao menos ser alguém da sua idade. — Yank fechou o
semblante para a filha.
— Nunquinha?
— Ah, que chato. — Dando-se por vencida, ela pulou do sofá e saiu
correndo.
Belinda apenas assentiu, fiquei sentada com Beli, ela passou a mão
em seus longos cabelos loiros, ela e a filha eram muito parecidas, com a
única exceção dos olhos, sendo que a menininha tinha os olhos azuis do pai,
e Belinda tinha a tonalidade castanho-escuro.
— Dizem que ter filha menina é mais fácil, isso quando não temos
uma pequena geniosa. — Belinda puxou o ar com força, soltando-o
lentamente.
— Logo ela esquece, deve ser apenas uma fixação de criança —
tentei acalmar a mãe.
— Não sei, minha filha não faz do tipo que teima com algo, e ela
segue nesse assunto por uns três dias, sabia que tinha algo por trás dessa
curiosidade dela. Qual a razão de uma menina de sete anos querer ser
prometida para alguém?
— Será que ela não anda vendo muitos desenhos de princesas e está
idealizando no Dexter um príncipe. — Foi a primeira coisa que me veio à
mente.
Amoroso? Não com certeza ele não era amoroso, aquela palavra
remetia a amor, e lógico, ele não me amava. Assim como eu também não.
Isso, eu não o amava. Ao menos era aquilo que queria colocar na
minha mente.
Não tinha como amar alguém que queria estar longe de mim, que no
primeiro tropeço preferiu estar longe. Quando ele se visse encurralado ia
novamente se afastar, era aquilo que Yago fazia, se afastava quando a água
batia na bunda. E eu não seria tola de me entregar a ele daquela forma, de
corpo e alma, entregando o meu amor. Um sentimento que eu não sentia.
Ia ficar frisando aquilo na minha mente toda vez que achasse que
podia sentir algo por ele, toda vez que seus dedos tocassem o meu corpo e
sem querer eu quase me entregar para o meu marido. Teria que ser forte,
carregava dentro de mim o nosso filho. Não sabia o que queria de Yago.
Mas com certeza era bem mais que apenas o status de esposa dele.
Bem mais que o simples fato de ser somente uma esposa, queria
mais, muito mais, e quando eu descobrisse o que era aquele muito mais,
poderia ter mais nitidez sobre as minhas dúvidas.
CAPÍTULO QUARENTA E OITO
— Sabia que isso era pretexto para me ter longe de você, sabe que já
te vi sem roupa não é mesmo? — Meu marido arqueou a sobrancelha.
— Sim, pedi que a minha mãe mandasse trazer quando você estava
no hospital.
— Por quê?
— Bom, você passou dias sem tomar banho ao meu lado, o que é um
dia?
Yago grudou o pacote no meu joelho com fita, assim poderia molhar
que não passaria para o ferimento que ainda não estava nem ao menos
próximo da cicatrização.
— Toda vez que vejo esses hematomas no seu corpo tenho vontade
de ressuscitar aqueles malditos apenas para matá-los outra vez. — Grunhiu
me fazendo lembrar do meu irmão.
Às vezes me sentia culpada por não sentir a morte dele como devia
por ser meu irmão, mas não senti. Ele nunca me quis na sua vida, por
aquela razão não foi como sentir algo profundamente.
— Vou precisar tirar a sua calcinha — ele rapidamente mudou de
assunto percebendo que não tocaria no assunto da morte de Ivaan, algo que
evitava falar. Apenas queria esquecer que um dia vivi aquela fase da minha
vida.
— Olha aquele bicho na porta. — Olhei curiosa sem ver nada, voltei
o meu olhar para o meu marido que tirava a mão do seu bolso.
Busquei pela minha calcinha no chão, estranhando não a ver ali, mas
logo voltei o olhar para o meu marido e ao perceber que ele observaria a
minha intimidade, tapei-a rapidamente.
— Sabe que coloquei minha língua diversas vezes no meio das suas
pernas...
— Quem vai tirar o seu sutiã se as duas mãos estão na sua... — olhou
para baixo indicando a minha boceta.
— Felicie, prometo que não farei nada com você, por mais que eu
tenha vontade, que minhas mãos cocem para endeusar cada parte do seu
corpo, sei que esse é um momento de fragilidade seu, não vou ultrapassar
seus limites durante o banho. Apenas por tê-la aqui, no nosso quarto, com
vida e ainda mais tendo dentro de você o nosso filho, por hora é o que me
faz extasiado, posso dar minhas investidas em outros momentos. Não
precisa corar agora minha pequena — ele falou uma grande frase.
Ainda não estava acostumada com aquele Yago falador. Sem falar
mais nada deixei-o colocar as mãos atrás de mim, abrindo o meu sutiã, foi
necessário tirar a mão da minha boceta para tirá-lo completamente.
— Bom, realmente é só uma ajuda, sei que você não gosta dos pelos
grandes. — Seus intensos olhos azuis se fixaram nos meus.
Porra, foi a maior tortura que já passei na minha vida. Nem mesmo
os meses que fui testado psicologicamente e fisicamente para ficar apto a
ser um dos membros desse clã, foi tão torturante do que ver a lâmina
passando sobre as dobras dela, ao mel que se formava sobre as dobras da
minha esposa, e mesmo com Felicie respirando com dificuldade ela não se
entregou. Sendo resistente, não se jogando aos meus braços. Se ela foi,
como eu não podia ser?
Por aquela razão não a provoquei, apenas fiz o meu trabalho, embora
a minha vontade fosse querer acabar com a minha boca no meio das suas
pernas.
Porra, estava ficando ainda mais obcecado por aquela menina do que
já era.
— Não, eu não sei, estou sentindo cada dedo seu sobre o meu peito,
você tinha medo de mim? Ou se sentia atraída? — perguntei erguendo a
minha mão, tocando o seu queixo.
— Não sou e nunca serei bonzinho, com os outros, mas para com a
minha família eu dou a minha vida. E você é a minha família, a minha
esposa, a mãe do meu filho — sem titubear queria aquela mulher, almejava
pelos suspiros dela, o calor dos nossos corpos suando um sobre o outro. —
Tive tanto medo de perder você, chegar nessa casa e encontrá-la silenciosa
não é a mesma coisa do que chegar e encontrá-la barulhenta.
Como resistir àqueles olhos azuis? Como ser inerte ao homem que
me olhava como se eu fosse a mulher mais importante de todo o universo?
— Fui fraco...
— Sim...
— Isso não faz sentindo, tudo isso é confuso. — Mordi meu lábio.
— Pensei que seria mais difícil, esposa — ele murmurou com aquele
típico deboche.
Senti minha face corar, obviamente ele sabia tudo sobre o corpo de
uma mulher, até mesmo quando eu queria sair por cima e ganhar algumas
poucas disputas. Meu marido se virou saindo do quarto, sabia que ele estava
indo buscar o meu remédio.
Fiquei ali deitada esperando por ele. Agora não existiam mais
segredos, confidenciei a ele sobre a primeira vez em que me resgatou.
— Você sabe como ser persuasiva, né? Mas gato não, são bichanos
manhosos demais, desapegados da vida, e só sabem miar e pedir comida.
Qual a graça nisso?
— Promete?
— Não, quero eles soltos, iguais aos seus. — Passei a mão em meu
cabelo me olhando no espelho.
— Fica tão linda de trança, filha, por qual motivo não quer fazer? —
Mamãe me fez revirar os olhos.
— Então pode fazer essas tranças, pois a senhorita vai ser a minha
menininha para sempre. — Papai se abaixou para que eu fosse até ele.
— Vamos com calma, minha menina, deixa para crescer quando for
mesmo necessário. — Afastei-me dele.
Com cuidado abri a porta, olhei para fora, encontrando o meu quarto
vazio. Na pontinha dos meus pés segui até o lado da minha cama, abrindo a
primeira gaveta, peguei uma folha pequena, a caneta e escrevi no meio dela:
( ) Sim ( ) Não
Sabia tudo sobre aquele homem de olhos verdes, ele era alto e bonito.
Fiquei muito triste pela esposa dele, mas já passou. Precisava ser
rápida.
Não entendia qual a razão daquilo ser tão errado. Vovó se casou
forçadamente, Polina também, até mesmo a tia Astrid. Aquilo nem ia ser
um casamento forçado, porque eu queria. Uma menina de oito anos não
podia ser decidida?
Peguei aquele papel, dobrei e coloquei-o em meu bolso, saí do quarto
saltitando, sorrindo ao ver papai e mamãe parados ao lado do bolo,
iniciando a cantiga de aniversário, a qual eu cantei junto.
Que demora do meu tio Yago, a todo momento ficava olhando para a
porta procurando por ele. Sabia que quando ele chegasse o capitão que
estava sempre ao lado dele, estaria junto. Balancei meus pezinhos
impacientes batendo-os no sofá onde estava sentada.
— Nada — menti.
— Você é louca, agora mesmo que vou falar. — Ava fez menção de
se levantar, tínhamos apenas alguns dias de diferença de idade.
— Sua louca, ele vai te achar uma doida. — Ava revirou os olhos.
— Claro, né, primos são pra essas coisas. — Bem naquele momento
titio Yago passou pela porta.
Saí pela porta onde titio Yago entrou, olhando à minha volta, vendo
ali o meu futuro marido. Segui em direção a ele, tentando ter toda a
confiança do mundo. Parei ao lado do homem alto, de imediato Dexter não
me viu, com o meu dedo cutuquei o seu braço.
Talvez não fosse tão fácil como esperei, ele estava me ignorando.
— Meu anjo, não tem nada de errado, e se for o que estou pensando,
que fiquei sabendo pela sua mãe, saiba que é jovem demais, uma criança
ainda, não precisa pensar em casamento...
— Esse homem não é para você, ele é muito mais velho, e você,
minha querida, merece o mundo. — Piscou um olho, ajudando a secar
minhas lágrimas e a entrar na casa.
— Mas o médico disse que era bom usar as muletas, depois vai ficar
mais difícil para recuperar os meus movimentos — falei o óbvio que em
nada surtiu efeito.
Não fui a única a perceber aquilo, o pai dela foi até a filha pegando-a
no colo. A menina se debulhou em lágrimas abraçando o pai e ninguém
entendeu o que estava acontecendo. Meu marido se aproximou dos dois,
todos os homens ali circulando a garotinha, como se estivessem
protegendo-a.
— Não, você não vai. — Yago parecia irritado com o que quer que
estivesse acontecendo.
— Sim, mas o que Dexter tem a ver com isso? O meu capitão está
passando por um caralho de vida, após perder a esposa e a filha, quer mais o
que dele? Quer que ele assuma a sua filha de oito anos? Quer fazer essa
união entre eles? Porra, Yank, tire essa névoa do seu olho, o que Dexter fez
foi o certo!!! — Yago rugiu com o irmão mais velho que ele.
— Mas não me sinto confortável em saber que ele está aqui por perto
— Yank voltou a falar como se estivesse protegendo a sua filha.
— Bom, vou sair no lucro, todos sabemos o quão leal Dexter é para o
nosso clã. — Owen que era o subchefe de Nova Iorque esboçou um sorriso.
Yelena já não estava mais ali perto, todas as mulheres a levaram para
a cozinha assim podendo acalmá-la.
— Falei para aquela doida que isso não ia dar bom. — Virei o rosto
vendo a pequena Ava sentar ali.
— Nossa, de onde você veio? — Levei um breve susto com a
aparição silenciosa da menina.
— Quando seu marido fizer a sua cabeça para terem vários filhos,
não caia na pilha dele, é maravilhoso ter muitos filhos, mas por Deus, tem
dias que eu escapo a um fio de não ficar louca. — Baby se sentou ao meu
lado.
Mesmo que Yago não quisesse assumir, senti pelo olhar dele que
ficou sentido com a ida de Dexter. Os dois tinham uma boa convivência.
Assim que todos eles foram embora, voltei o meu olhar para Yago,
queria que ele viesse me pegar, afinal estava cansada e com vontade de usar
o banheiro. Meu marido se aproximou, se abaixando ao meu lado.
— Pra você, que não precisa fazer isso — murmurei quando ele me
pegou em seu colo.
— Se isso se tornar menos constrangedor para você, posso começar a
usar o banheiro de porta aberta.
— Agora se vira, não vou fazer xixi com você me olhando. — Meu
marido se virou conforme revirava os olhos.
CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS
Voltamos para a sala da casa, ergui meus olhos para o movimento ali
presente, Yan estava no telefone com alguém com o qual ele falava meio
alterado.
— Sim, querida, eles vão até aquele lugar. Há algum tempo Yan vem
querendo fechar aquele estabelecimento, isso foi apenas mais uma das
razões, aquele bordel está trazendo muitos problemas, até mesmo chamando
a atenção do delegado, que já pediu que Yan encerrasse aquele
estabelecimento se não quisesse chamar a atenção para o nosso clã.
— O que está querendo dizer é que o meu marido era como se fosse
o cafetão delas? — Engoli em seco, aquela visão me trazendo gastura.
— Ótimo, assim como terão coisas que não vou precisar compartilhar
com você, afinal, nem tudo precisa ser compartilhado. — Senti a raiva
começar a me dominar.
— Não, você não pode ficar andando, a sua perna pode ser
prejudicada. — Aquele era o marido extremamente protetor que eu
conhecia.
— Tenho as muletas para isso, mas até mesmo elas você conseguiu
manter longe do meu alcance. — Bufei.
— Vão logo, deixe que eu cuido dela. — Ouvi a voz da minha sogra.
— Não tem alguém que entre para essa família e se sinta à vontade,
sempre ficamos confusas, mas não é uma confusão ruim, é algo bom. Pois
sempre teremos alguém para nos proteger. Sei que agora deve estar furiosa
com o seu marido. E não é querendo entrar na defesa dele, mas Yago te
ama, nunca vi ele tratando uma mulher da forma que te trata. — Virei meu
rosto para Belinda.
— Bom, não temos que nos intrometer nesse quesito e tenho certeza
de que se o eu te amo não veio ainda, ele vai vir. — Belinda piscou um
olho.
Voltei o meu olhar para a porta, que estava vazia, por onde o meu
marido tinha passado. Sei que ele não seria capaz de me trair, o que me
deixava triste era sempre descobrir aqueles segredos dele.
— Acham que eu sou o quê? Uma tola? Uma boba? Não! Isso aqui é
meu, e minhas meninas fazem o que bem entenderem, inclusive matar cada
um dos seus mafiosos...
Rapidamente segui até ela, a garotinha ergueu seus olhos cor de mel
na minha direção.
Ela fez um biquinho, falando as palavras erradas. Não sabia que Nora
tinha uma filha.
Troquei um rápido olhar com Yan, não podia deixar aquela menina
aqui sozinha, não vivendo naquelas condições. Meu irmão pareceu entender
os meus pensamentos, apenas assentindo, e voltando a falar com as outras
garotas ali presentes:
Ninguém falou nada diante das palavras de Yan, ele ainda estava
sendo bondoso em dar esses trinta dias, elas desafiaram um clã de mafiosos,
tiveram a oportunidade de ficar quietas em seu canto, continuando a fazer o
que faziam, mas julgaram que podiam mais, e aquele era o fim delas, assim
como seria o fim de qualquer outro que nos desafiasse.
Virei as costas junto dos nossos homens, meu irmão ordenando que
limpassem aquela bagunça. O nosso soldado que tinha sido esfaqueado foi
levado para o hospital. Assim que saí daquele bordel, o vento frio nos
atingiu.
— Não sei, apenas não podia deixar ela naquele lugar sujo —
declarei quando tudo que vinha na minha mente era a minha Felicie.
Na forma como ela por anos foi empregada, vivendo nas situações
mais precárias, não podia deixar que o mesmo acontecesse com aquela
menina indefesa.
— Por um momento pensei que essa garota era sua filha — Yan falou
ao meu lado fazendo com que eu virasse o rosto para ele.
— Minha filha? Ficou louco? Acho que estive umas duas vezes na
cama de Nora, e nunca fiz sexo sem camisinha. Felicie foi a minha única
exceção. — Franzi a minha testa para Yan.
Passei pelo tempo frio, a porta foi aberta para nós três, as vozes
vinham da sala, onde todos adentramos, o primeiro olhar que busquei foi o
da minha esposa, ela estava sentada na poltrona que geralmente meu pai se
sentava com o seu pé um pouco elevado. Até mesmo Heinz cedera o seu
lugar para ela? Definitivamente, Felicie tinha conquistado o coração de
todos ali presentes.
— Ah, que alívio, por um momento pensei que era uma filha sua. —
Zara me fez arregalar os olhos.
— Mãe, eu acredito que ela use fralda, mas está suja. — Fiz uma
careta.
— Tenho algumas fraldas de Heinz que sobraram, ele não usa mais,
deve ter alguma coisa na gaveta — Luna se prontificou indo para a escada.
— Qual o seu nome? — perguntei para a menina, percebendo seus
olhinhos cor de mel sobre os meus.
Lógico que Felicie estava com raiva de mim, afinal, escondi dela que
eu tinha aquele bordel como uma sociedade, que eu já tinha desfeito.
Meu marido nos levou para o nosso quarto e foi logo me sentando na
cama, afastando as minhas pernas com cuidado e se colocando no meio
delas.
— E você pagou?
— Sim, paguei. Mas Nora não se deu por vencida, pois ela queria a
nossa proteção, e mesmo com nossos homens ainda frequentando aquele
lugar não estava bom para ela. Nora queria tudo por escrito, passou a
chamar a atenção dos civis, fazer o que sempre pedíamos que não fizessem.
Se tem algo que prezamos é a boa vizinhança com todos. Não gostamos que
saiam falando sobre a nossa família abertamente. E ela estava fazendo isso,
mentiras, calúnias. E Yan deu um ponto final.
— Sim.
— Sim...
As mãos de Yago foram subindo por meu vestido, nossos olhos fixos
um no outro.
— Pequena, abra seus olhos e olhe no fundo dos meus olhos. — Fiz
o que ele mandou. — Não lhe trato como uma criança. Você nunca foi
cuidada por ninguém, e agora que tem alguém cuidando de você, acha que
está sendo tratada como tal, quando não está. Eu quero cuidar da minha
esposa, quero poder te mimar, deixar bem explícito por todos os dias da
nossa vida o quanto eu te amo.
— Não vamos deixar que mais nada nos atrapalhe — murmurei entre
o beijo.
— Mais nada...
— Repete...
— Te amo, meu príncipe, falar isso é como tirar algo que estava
entalado dentro de mim — sussurrei revirando meus olhos em meio àquele
prazer que dominava o meu corpo.
— Yago, seu cheiro. — Fiz uma careta na qual ele sorriu. — Vamos
impregnar os nossos lençóis com esse cheiro horrível.
— Tem razão, por mais que eu queira me enterrar no meio das suas
pernas, vamos tomar um banho primeiro, dessa vez eu posso dividir o box
com você — perguntou me ajudando a sentar.
— Nada tira da sua mente esse bendito gatinho não é mesmo? — ele
falou enquanto ia no banheiro pegar os acessórios para tampar os ferros da
minha perna.
— Por favor, que essa seja a primeira e última vez, não quero passar
pela dor de quase te perder outra vez. — Terminando de fechar o plástico,
segurou na minha cintura, aproximando o rosto da minha barriga. — Dá pra
acreditar que aqui dentro cresce o nosso filho?
— Nosso filho... meu e seu, isso parece o meu conto de fadas meio
torto. — Sorri babando na cena que era ver o meu marido abraçando a
minha cintura como se estivesse abraçando o nosso filho.
— Sim marido — mesmo com toda a sua vergonha explícita, ela não
titubeou.
Peguei a mão dela, levando até a base do meu pau, deixando que seus
dedos circulassem o membro e apertando a minha mão por cima da dela,
passei a movimentar os dedos dela, para cima e para baixo, fazendo-a
perceber que não precisava lidar com fragilidade. Tirei a minha mão
percebendo que com facilidade, ela pegou o jeito.
— Pelo contrário, está perfeita, para o primeiro oral, sua nota é dez.
— Sorri com malícia.
— Quem é o único que pode te tocar, te dominar e ainda por cima tê-
la por inteiro? — grunhi segurando na base do meu pênis batendo em seu
rosto.
— Oh... você meu marido. — Felicie levou um breve susto quando
voltei a penetrar a sua boca com o meu pênis.
— Toma, Felicie, toma todo o meu pau; — Apertei o seu cabelo com
mais força, ouvindo o barulho alto da sucção da sua boca. — Não vai
vomitar, é apenas o meu pau fazendo-a entender o que é ser a esposa de um
mafioso...
Após meus últimos espasmos, tirei meu pênis da sua boca, seus olhos
vermelhos se encontrando com os meus.
— Isso foi o seu marido querendo que entendesse que sempre estará
aprisionada nesse casamento comigo. — Abaixei tirando a mão do seu
cabelo, segurando em seu queixo.
— Não dá, a pressão que faz o meu pé para baixo, faz ele doer —
Felicie murmurou.
Parecia que nada antes dela fazia sentido, era como ver o mundo com
um outro olhar, talvez até mesmo mais colorido.
Sem forçar, sem extravasar a raiva, a primeira vez que eu fazia sexo
por amor, com a minha esposa, com a única mulher que já dominou o meu
coração. Parecia que no final quem estava acabando aprisionado, era eu,
aprisionado pelo coração doce da minha amada.
— Vai, marido, sempre estarei ao seu lado para lhe dar o apoio moral.
— Yago voltou o seu olhar para mim.
Sabia que o pretexto do sexo dele era exatamente para não arrumar a
cama, tentei não rir dos desastrosos atos do meu marido, mas era quase
impossível, quem com trinta anos não sabia arrumar uma cama? Sim, Yago
Zornickel.
— Não existe visão mais linda que essa. — Voltou a vir novamente
na minha direção. Colocando meus fios de cabelo atrás da orelha. — Minha
esposa... nosso filho...
Aproximou o lábio do meu, dando um beijo suave, lento, podendo
sentir a forma como nos encaixávamos, os arrepios que os toques dele me
causavam. Como eu amava aquele homem.
Apenas assenti, Yago estava apenas com uma calça de moletom, nem
ao menos colocou uma camisa para ir atender a porta, talvez soubesse que
era alguém da sua família.
Assim que ouvi o barulho da porta ser aberta, a voz de Zara ecoou na
residência junto com o chorinho de uma criança, olhei para os lados vendo
as minhas duas muletas ali. Estiquei meus braços pegando-as.
— Sendo assim, trouxe uma mala de roupa com fraldas para ela, e
algumas roupinhas de Heinz, são roupas de menino, mas amanhã vamos
comprar muitas roupinhas para essa mocinha, e como aqui tem dois quartos
vagos, já vamos deixar um totalmente preparado para ela. — Minha sogra
foi rapidamente pensando em tudo. — Viu, filho, como eu sempre tenho
razão em tudo, os dois quartos eram essenciais para os meus dois netos.
Minha sogra logo voltou com uma bolsa em sua mão estendendo-a
para o seu filho.
— Aqui dentro tem tudo que uma garotinha de três anos precisa, leite
em pó, mamadeira, fraldas. Sabem trocar fralda? — Zara franziu a testa
confusa.
— Ainda vou ser maior que você — Heinz retrucou da sua forma
esquentada.
Yan ergueu o olhar para o pai soltando uma gargalhada sabendo que
ele e os irmãos faziam a mesma coisa.
— Com uma grande diferença, não pretendo ter mais filhos. — Yan
torceu o lábio.
— Nasci primeiro, isso aqui um dia vai ser tudo meu. — Petrus tinha
a ganância dos Zornickel, sempre olhando para tudo ao seu lado,
observador.
— Uma arma que nem tem. — Os dois iam começar a brigar outra
vez quando o pai segurou na gola de ambas as camisas.
— Meu pai nunca esperava que aquele filho torto dele pudesse ter
essa grande família — Heinz se pegou divagando.
— Seu pai não esperava ver você apaixonado, quem dirá, com essa
grande família — zombei.
— Petrus teria orgulho do legado que deixou. — Com o polegar
acariciei a sua bochecha.
— Será que posso ter a minha esposa no meu colo? — ele sussurrou
com a voz rouca.
— Acredite se quiser, mas Felicie pediu para a menina ficar lá, eles
vão adotar a garotinha, dá pra acreditar na guinada que a vida de Yago deu?
O nosso menino mais marrento de todos, casado, com um filho a caminho e
acabou de adotar uma menina, que loucura. — Meus olhos passaram a se
encher de lágrimas de orgulho.
— Com essa eu posso dizer que o meu trabalho nessa terra foi
concluído com sucesso, todos os meus filhos casados, com filhos, uma
família estabelecida — Heinz murmurou pensativo.
— Com toda certeza, meu único papel agora será mimar a minha
doce e adorável garotinha. — Passando a mão sobre a minha nuca ele
puxou com um pouco de firmeza fazendo nossos lábios se encaixarem.
Tenho certeza de que Felicie ia falar que era um robô, caso a menina
gostasse de robôs. Mas como ela disse o oposto à minha esposa entrou na
onda.
— Claro que não, pequeno anjo. Você está usando fralda, não vai se
molhar, e se molhar, nós usamos outras roupas, e se você quiser posso te
ajudar a usar o banheiro, o que acha? — Felicie com cuidado se aproximou
da pequena limpando as lágrimas.
— Posu molar aqui com vucês? — mesmo com a voz rouca pelo
breve choro, com as palavras erradas, ela pediu.
Minha esposa abriu ainda mais o seu sorriso, deixando claro que
queria aquilo.
— Se você fez xixi na fralda, eu posso trocar ela, e acredito que deve
estar cansada, o que acha de dormir aqui na nossa cama, conosco essa
noite? — minha esposa pediu e a garotinha abriu um grande sorriso
entusiasmado.
— Eba!!!
— Será que ela não vai chutar o seu pé enquanto dorme? — sussurrei
preocupado.
— Vamos ficar de olho, quero Katarina aqui ao nosso meio. —
Felicie estava realmente animada como nunca a vi antes.
Katarina podia não ser minha filha de sangue, mas tinha certeza de
que faria tudo por aqueles doces olhos cor de mel. Não existia uma pessoa
que seria capaz de negar o quanto ela era preciosa nas nossas vidas.
Sair da minha casa e deixar Felicie aos cuidados de Anali não era
bem o que eu queria, mas precisava resolver aquele problema antes que
algo saísse fora do planejado.
Sem esperar por mais um pio delas, me virei saindo daquele bar.
Meus homens já foram orientados a ficar de olho naquelas duas ratas. Não
que eu acreditasse que essas gêmeas pudessem fazer algo, mas não queria
acabar brincando com a sorte.
Yago passou a mão em seu cabelo tirando a sua boina. Era impossível
não ficar fascinada com a beleza daquele homem. Com uma sacola na sua
mão, ele veio em direção à pequena sentada no chão da sala.
Estendeu uma embalagem para mim, e havia quem jurava que aquele
homem não sabia ser romântico.
Era estranho pensar daquela forma, mas era como se não imaginasse
mais a minha vida longe daquele homem.
CAPÍTULO SESSENTA E DOIS
— Por qual razão vai andar se tem o seu marido para levá-la no colo?
— O semblante ladino estava explícito em seus olhos enquanto me deitava
em nossa cama.
— Pela razão de agora ter duas pernas boas para andar? — Arqueei
uma sobrancelha.
Meu médico me orientou a andar nessas primeiras semanas com o
apoio de uma bengala, ainda mais com o peso que a minha barriga estava
tendo agora.
— Você consegue ser ainda mais linda com essa curva. — Yago se
colocou sobre as minhas pernas, ergueu o meu vestido, passou-a pela minha
bunda, fazendo a minha barriga ficar à mostra.
— Axel fala para essa sua mãe teimosa, que ela precisa assumir que
fica ainda mais linda, sem colocar a culpa em você — Yago falou próximo
da minha barriga trazendo aqueles pequenos calafrios que era ter o meu
filho se mexendo.
Com um gesto de volto logo, Yago foi para o quarto de Katarina. Ela
tinha um quartinho somente dela, com a cama das princesas, todas em tons
rosados como ela mesma escolheu. Até mesmo Axel já tinha o seu
quartinho. Foi apenas descobrirmos o sexo do bebê que minha sogra já
definiu toda a decoração e eu praticamente agradeci, com o meu pé ainda
machucado quando descobrimos o sexo do bebê, não consegui cuidar de
nada. Queria ter o meu tempo todo para o meu marido e a minha filha.
Yago a salvou assim como me salvou. Não tinha como ele não ser o
nosso príncipe.
Percebendo que os dois estavam demorando, peguei a bengala ao
lado da cama, caminhando com cuidado, indo em direção ao quarto que
estava com a porta aberta. Parei no parapeito da porta. Sorri ao ver o meu
marido cantando a canção de ninar para Kat.
Katarina não era mais a mesma garotinha assustada que chegou aqui,
ela tinha muito medo, vivia chorando por qualquer coisa achando que
iríamos brigar com ela. Até perceber que tudo que ia receber de nós era
amor e compreensão.
Não tinha como não se sentir sensibilizado pela situação dela, não
sabia o que ela passava nas mãos da mãe dela, pois tudo a assustava.
Minha filha mudou durante esses seis meses, até mesmo deixou de
usar fraldas, usando sozinha o banheiro, dando orgulho para nós a cada dia
que passava.
— Senta essa bocetinha no meu pau, faça-me feliz apenas como você
sabe fazer — meu marido pediu implorando.
— Não tem nada que você me peça que eu não faça chorando... de
prazer. — Sorri de forma maliciosa.
E aquela era somente mais uma das muitas noites nossas juntos. Na
nossa casa, na nossa família.
Não eram quatro dias, muito menos quatro anos, eram quarenta anos,
praticamente a metade da minha vida vivendo ao lado dela.
Não era de ficar emocionado, mas naquele momento eu estava.
Flashes vinham na minha memória, o nascimento do meu primogênito que
eu perdi, o reencontro com eles depois de um ano do nascimento de Yan.
Cada detalhe da gravidez dos meus outros filhos, quis viver
incessantemente cada momento junto dela, perdi a gravidez de Yan, por isso
com Yank, Yago e Yanni estive ali, em cada suspiro agonizante dela, cada
contração que fazia aquela mulher forte gritar, estive ali. Segurando na mão
dela, fazendo-a perceber, que nunca, por nada nessa vida, cometeria o erro
de deixá-la escapar de mim outra vez.
Minha família estava toda ali reunida, meus irmãos, os filhos deles,
seus netos. Assim como os meus.
Nunca houve dúvidas, desde que bati meus olhos naquele pequeno
garoto de um ano, sabia que ele seria o futuro da In Ergänzung. Nunca tive
dúvidas sobre Yan, ele nasceu para estar no comando, assim como sentia o
mesmo do seu filho Petrus. Ah, se meu pai soubesse o garoto inteligente
que carregava o seu nome.
Parei ao lado da minha esposa, passando a mão em seus dedos
gelados, como sempre Zara estava nervosa.
— Está passando tão rápido, são 40 anos, por que precisa ser tudo
assim? Tão depressa? Podemos desacelerar o tempo? Quero ficar mais cem
anos ao seu lado. — Seus olhos se encheram de lágrimas.
— Deve ser por isso que ela permanece viva então, os loucos se
completam. — Virei meu rosto vendo o meu irmão soltar uma gargalhada.
Segurando nos dois lados do meu rosto, ela me beijou. Sem esperar o
aval do pastor, apenas precisava sentir a minha esposa em meus braços.
Pois mesmo quando fosse embora, tinha certeza de que voltaria para
puxar a perna de cada maldito homem que ousasse se aproximar da minha
esposa.
— Não, Yago isso é loucura. — Meu irmão colocou suas mãos sobre
a mesa, apertando o canto do mogno com força.
— Seria loucura se ele fosse mais jovem, Petrus já tem treze anos,
vai continuar colocando o seu primogênito nessa redoma de vidro? — Yank
tomou o meu partido levando à sua boca o seu charuto.
— Quero ver quando chegar a sua vez o que vai fazer, Yago. — Yan
suspirou levando a mão no cabelo.
— Axel respira a máfia, assim como o pequeno Heinz, qual o
problema com Petrus? — Cruzei minhas pernas, pegando o charuto que
Yank estendeu para mim.
— Nenhum problema, ele tem tudo para ser o novo Don, apenas não
sinto que ele está preparado...
Bem nesse momento uma batida se fez presente na porta, nós três nos
viramos olhando para o menino que colocou a cabeça para dentro.
Havia algum tempo estávamos tendo aquela conversa com Yan, ele
parecia irredutível quanto ao fato de inserir filho mais velho nos assuntos da
máfia, isso porque o filho se parecia intelectual demais para tais feitos.
Quando na verdade, sempre notei Petrus pelos cantos observando tudo.
Meu sobrinho, diferente de todos nós, não era sanguinário desde nascença,
mas ele sabia o seu lugar naquele clã. Sabia que um dia seria o chefe à
frente de tudo aquilo.
— Em toda família tem aquele tio mais maneiro, nessa, sou eu. —
Sorri em meio ao meu deboche. — Mas pode ficar tranquilo, não foi nada
demais.
Petrus foi logo puxando uma cadeira para se sentar ao lado do pai.
Quando o peguei em meus braços fui atingido por uma bola de neve.
Ergui o meu rosto.
Felicie soltou uma gargalhada alta correndo de mim, era fácil atingir
a minha pequena esposa, ela não era tão rápida quanto eu. Joguei a bola em
seus pés, apenas para não a atingir.
— Te peguei — murmurei.
Katarina era considerada como uma filha legítima nossa, pedi para os
meus irmãos nunca falarem para os seus filhos que ela não era uma
Zornickel de sangue, não queria que ela fosse tratada com indiferença por
ser adotada, então perante a certidão de nascimento dela, com o meu nome
estando como o pai dela, ela sempre ia ser uma Zornickel legítima, e
ninguém precisava saber da verdade.
Felicie foi a minha luz no fim do túnel. Com o seu jeito doce, ela me
moldou, me fez ser o homem mais feliz, me deu uma família, e me ganhava
todos os dias com os seus sorrisos.
— Ele não estava bravo, apenas com saudade da filha que foi estudar
em Nova Iorque. — Pisquei um olho para ela, sabendo que Yank está sim,
bravo.
— Sair com Heinz? — Virei o meu rosto sem entender o que ele
queria dizer com sair.
— No mínimo fazer essas coisas chatas que eles fazem, correr pela
floresta, atirar pedras nos pobres bichinhos indefesos. — Katarina torceu o
lábio.
— Não tem o que falar, por esse motivo fica me imitando. — Heinz
revirou os olhos, indo até a mesa e pegando um pedaço de torrada com os
dedos sujos.
— Credo, Heinz, olha a sua mão, seu nojento. — Heinz olhou para a
mão e para provocar ainda mais a minha filha levou tudo à boca,
mastigando com ela aberta.
— Vamos logo, antes que Katarina jogue essa faca em você. — Axel
se levantou da sua cadeira.
— É, bom não está — resmunguei sabendo que ele estava doido para
sair.
— Sim, levei alguns tombos, por isso estou sujo, a neve nojenta está
derretendo e ficando escorregadia — Heinz bateu a mão na roupa
denunciando o seu estado.
Axel tinha quatro anos de diferença que Heinz, meu filho tinha dez
anos e Heinz quatorze. Mesmo com aquela diferença de idade os dois
viviam correndo juntos, aquilo porque Heinz amava viver no meio do caos,
procurando enrascada para se envolver.
Axel era uma cópia fiel do meu marido, até mesmo o corte de cabelo
ele gostava de fazer igual, os dois estavam sempre juntos, o nosso filho
vivia aquela máfia, respirava o clã, e por diversas vezes dizia que ia seguir
os passos do pai.
— Mãe, vou para o meu quarto, quero terminar de ler um livro. Tia
Anali está quase chegando, prometi a ela que iria até a casa dela, visitar a
Liza, a senhora me deixa dormir lá? — ela perguntou fazendo um bico,
juntando as mãozinhas.
Olhei para o meu marido vendo-o assentir, não era a primeira vez que
Katarina dormia na casa de Anali, sempre deixávamos soldados de guarda
na casa quando ela ia. Afinal, tínhamos medo de que algo pudesse
acontecer com a nossa filha. Ninguém da família da mãe biológica dela veio
atrás da menina, por aquele motivo Kat era ainda mais oficialmente uma
Zornickel.
As gêmeas, Nann e Leli, fiquei sabendo que se casaram e tinham suas
famílias, bem longe de mim. Pois se havia algo que queria era distância
delas.
Fiquei sozinha com o meu marido, virando o meu rosto para ele.
— Luna pediu que fosse até a sede, ela está querendo programar uma
festa de aniversário para o Yan. — Sorri vendo a careta que Yago fez.
— Nem quero pensar que em cinco anos será a nossa filha indo para
a faculdade — murmurei suspirando.
— Vai ser um longo dia ao lado dele reclamando que o lugar da filha
dele deveria ser ao seu lado, e não em Nova Iorque, longe dos seus olhos.
Mesmo ela estando perto de Yanni e Baby, não é suficiente para ele. —
Yago soltou uma longa lufada de ar.
— Querido, em algum momento alguém falou que seria fácil a vida
de adulto? — declarei vendo o rosto dele se aproximar do meu.
— Não sei a vida dos outros, mas a minha é maravilhosa, tenho uma
esposa, linda, doce e super quente na cama. — Seu lábio tocou sutilmente
no meu. — Anos podem se passar, mas o meu amor por você, jamais
passará...
FIM.
RECADINHO DA AUTORA
Querida leitora, gostaria de pedir que deixasse uma avaliação, é muito importante saber
sua opinião.
Ainda pode haver alguns erros no texto, que já estão sendo corrigidos. Então, peço que
deixem a opção de Atualização Automática — existente na sua página Dispositivos e Conteúdo,
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versão atualizada do livro.
Obrigado, por terem lido meu livro, ficarei muito feliz em encontrá-los(as) em minhas
redes sociais.
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Enrico Ferrari é o subchefe da Cosa Nostra. Um homem que traçou o seu destino optando
pela vida solitária com mulheres em sua cama sem precisar assumir um compromisso.
Pietra Vacchiano, a princesinha da máfia, filha do chefe da Cosa Nostra, sempre nutriu um
amor platônico, que ela escondia de todos, pelo subchefe.
Enrico viu Pietra crescer e a tem como uma sobrinha, mas ela o ama, ama de todas as
formas.
O destino acaba fazendo os dois precisarem dividir a mesma casa. A garota, que sempre
escondeu os seus desejos pelo subchefe, acaba fazendo eles aflorarem ao provocá-lo.
Um romance proibido: ele não pode desejá-la por ser filha do seu chefe e melhor amigo.
Ela quer que ele a deseje.
Enrico fará de tudo para a garota não o ver como um príncipe, mas parece que a garota
ama o errado, o anti-herói.
Pietra se tornará a perdição do subchefe da máfia, e, quando ele menos esperar, não
conseguirá escapar das teias de sedução em que a garota o colocou.
Um dark romance em que o príncipe não existe, e o anti-herói é quem conquista a cena.
A REDENÇÃO DO MAFIOSO
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Ferney Aragón é o chefe do Cartel Los Sombríos, um homem que carrega a fama de ser
impiedoso e não poupar a vida de ninguém.
Amélia Zornickel é a princesinha delicada da Máfia, ela foi criada em uma redoma de
vidro, fazendo todos à sua volta se encantarem com o seu brilho.
Amélia foi dada em casamento ao chefe do Cartel quando tinha quinze anos, o casamento
foi realizado um dia antes de completar dezenove anos.
Uma garotinha que foi entregue à fera da Colômbia.
Dois opostos: ele é a fera, ela a princesinha.
Ferney se vê preso a uma união com uma menina que é o oposto de tudo que ele já
conhecera. O monstro do Cartel não conhece sentimentos bons, ele foi cruelmente lesado pela vida,
por esse motivo nunca deixou que ninguém se aproximasse.
Mas será que Amélia e toda sua generosidade irá tocar um território totalmente
desconhecido dentro do Rei do Cartel?
Um homem cruel, uma mulher amorosa, os opostos podem se encaixar quando tudo já
poderia ser considerado perdido?
PROTEGIDA PELO DON
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Yan Zornickel é o novo chefe da máfia In Ergänzung, um homem que sempre teve o rumo da
sua vida moldado pelo seu pai. Centrado e reservado, falava com propriedade que se casaria com a
sua prometida, teria herdeiros e nunca se envolveria sentimentalmente com ninguém.
Isso até um pequeno furacão de cabelos negros e olhos azuis intensos cruzar o caminho dele.
Em uma noite atípica de Nova Iorque, Yan quase atropela uma desconhecida, uma garota que
estava fugindo.
Luna Rivera foi mantida em cativeiro por dez anos. Quando estava sendo transportada para o
seu comprador, ela conseguiu fugir.
Ela correu. Correu sem destino. Precisava apenas fugir, até quase ser atropelada por um
homem misterioso e todo tatuado. Yan imediatamente sai em proteção da garota, ceifando a vida
daqueles que vinham atrás dela.
Luna pensou que havia encontrado um herói, o que ela não imaginava é que ele estava longe
de ser um. Uma garota inocente, que passou dez anos da sua vida sendo maltratada, sem ver a luz do
dia.
Um homem que pretende proteger a garota, mas que não será nem um pouco amistoso com
ela.
Será que Luna encontrou o herói? Ou será que Yan terminará de quebrar a garota que surgiu
em sua frente?
Ele não busca amor.
Ela busca uma nova chance de viver.
Será que, em meio aos seus próprios demônios, eles vão se apaixonar?
NAS GARRAS DO SUBCHEFE
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Heinz Zornickel, está sendo pressionado a gerar herdeiros para seu clã, sendo um dos Don
mais temido, o problema é que nenhuma mulher o atrai o suficiente para querer tê-la todas as noites
em sua cama e por isso segue sua vida sem se importar com casamento ou com um futuro sem filhos.
O que muda quando ele para em uma boate, onde o dono lhe deve uma alta quantidade de dinheiro.
Lá ele conhece a doce Zara Dixon, filha do proprietário, que será uma bela recompensa pela dívida
do pai dela.
Zara Dixon cresceu em um meio conturbado, porém nunca deixou que isso a impedisse de ser
uma garota sonhadora e iniciar seu curso de literatura inglesa. Até o dia que o mafioso mais temido
aparece na boate do seu pai, querendo tomá-la como pagamento de uma dívida.
Zara não vê escolha, pois a vida do seu pai está em jogo. E Heinz quer a garota e fará de tudo
para tê-la.
Será que Zara será solícita ao homem?
Em um mundo onde o machismo predomina, a jovem terá que ter altivez para poder ser
ouvida pelo homem que quer tomá-la para si.
AVISO: Este é um romance Dark contemporâneo, nada tradicional.
Ele contém assuntos polêmicos, incluindo temas de consentimento questionável, agressão
física e verbal, linguagem imprópria e conteúdo sexual gráfico.
Esta é uma obra de ficção destinada a maiores de 18 anos.
A autora não apoia e nem tolera esse tipo de comportamento.
Não leia se não se sente confortável com isso. Se você quer um príncipe encantado, essa
leitura não é para você.
KLAUS – RAPTADO POR ELA
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Klaus Zornickel desde criança seguiu seu caminho sozinho, passando de um internato para
outro, até descobrir que fugir era a melhor escolha, o que o leva ao mundo do tráfico.
Tudo muda quando, já adulto, sua família de sangue vem atrás dele e ele descobre pertencer a
uma família de mafiosos.
Por ser irmão do Don é nomeado subchefe da máfia In Ergänzung.
Vivendo na sombra do seu irmão, acaba sendo confundido e raptado no lugar do chefe.
Edvige Vogel nutre um sentimento de raiva pelo Don da In Ergänzung, seu plano de vingança
foi arquitetado por anos e tinha tudo para dar certo, isso se não tivessem raptado a pessoa errada.
A mulher se encontra num beco sem saída quando vê a pessoa errada na sua frente e ele em
nada se parece com o Don.
O homem na sua frente é sedutor e tem um sorriso fácil.
Duas pessoas destinadas a se odiar, mas com um desejo mútuo entre eles.
Ela será capaz de resistir ao subchefe?
Será que sua mágoa por esse clã conseguirá unir mundos opostos?
Será que pela primeira vez, a In Ergänzung poderá unir um homem e uma mulher?
OTTO – PROMETIDA AO SUBCHEFE
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Otto Zornickel, o subchefe da In Ergänzung que está à frente dos negócios em Nova Iorque,
desde jovem soube que seu destino estava traçado com a doce Astrid Lehmann, devido a um contrato
firmado enquanto ela ainda era um bebê.
Com o passar dos anos, ele virou um mulherengo, colocando na sua cabeça que nunca
tomaria essa mulher como sua, inclusive decide que não irá consumar a união após o casamento.
Porém, ele não imagina que aquela criaturinha havia crescido e se tornado uma linda
mulher.
Astrid é a personificação da mulher perfeita, mas a sua língua afiada tira qualquer homem
do eixo. Ela foi criada para ser a mulher perfeita para ele, o problema é que quando ela saiu do
colégio interno descobriu a liberdade e não quer ser mandada por um homem.
Será que eles conseguirão se entender?
Será que Otto não cairá em tentação se entregando a doce ruiva?
Será que Astrid deixará seu gênio indomável de lado e se entregará a essa paixão ardente que ambos
negam que existe entre eles?
VERENA – VENDIDA AO CHEFE
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Verena Zornickel foi treinada para servir a um único homem, seu futuro marido.
Aos treze anos descobre que foi prometida ao Don da Cosa Nostra.
Tommaso Vacchiano é um dos Dons mais temidos. Chefe sarcástico, sem meias palavras,
ninguém consegue parar o homem.
Ele deseja firmar uma aliança com a In Ergänzung e obtém isso através de um jogo sujo. Em
um momento de fragilidade do Don da máfia Suíça, Heinz, o convence a selar o casamento da sua
irmã, Verena, com ele.
Dois clãs de poder...
Pessoas influentes.
Em um mundo onde o machismo reina, uma mulher de coração bondoso entra para a família
italiana.
O casamento sela a união de dois clãs, algo que tem tudo para se tornar um tormento na vida
da jovem menina.
Um homem atormentado por um passado obscuro, prestes a descobrir que na sua vida só
precisa de uma luz no fim do túnel.
Verena será capaz de tocar o coração de Tommaso?
Mas afinal, ele tem coração?
A SENTENÇA: A ENTEADA VIRGEM DO CONSIGLIERE
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Tiziano Vitale é um CEO cafajeste que vive a vida regada a luxo.
Ambicioso, transformou sua empresa de perfumes em um império.
Sempre negou o fato de ter uma filha, escondendo de todos a sua existência.
Porém, tudo muda quando a mãe da garota sofre um grave acidente e ele se vê obrigado a
assumir a guarda da menina de cinco anos.
Uma criança que vem se recusando a ter uma babá...
Um pai que nega a existência da menina em sua casa.
Pai e filha não se entendem.
Monalisa Sartori, foi demitida devido a uma injustiça da sua ex-patroa, e sem poder se dar ao
luxo de ficar desempregada aceita a proposta para trabalhar na casa de um milionário.
Ao ver a situação de tristeza que a menina se encontra devido à falta da mãe, Monalisa decide
conquistar seu coraçãozinho.
O que ninguém esperava é que a mulher não conquistaria somente a menina, mas o milionário
também.
Tiziano se vê envolvido em uma teia de sedução e decide ter a babá em sua cama, mas ela se
nega, dando prioridade ao coração da garotinha.
Monalisa conseguirá resistir às investidas do patrão?
No jogo do prazer e sedução, eles deixarão os sentimentos de fora?
MEU DJ ARROGANTE: UMA NOIVA PARA HECTOR
(LIVRO ÚNICO)
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Ela é uma garota comum, que sempre acaba falando demais, ele é um homem famoso e
discreto. Tudo está para mudar quando ela fala em um jantar que eles estão noivos.
FAKE DATING.
UM CONTRATO DE 30 DIAS.
ELA TEM UM CRUSH NELE.
ELE ODEIA SE ENVOLVER COM FÃS.
UMA SÓ CAMA
Juan Hector Zimmerman, conhecido no mundo dos famosos como DJ Hector City, um homem
que tem um passado discreto que odeia cavoucar sua história nada orgulhosa.
Ele que vem de uma longa linhagem de ouro, a ovelha perdida da família, o único que não
seguiu os passos dos Zimmerman, não querendo acabar em uma sala de escritório, bancando o
empresário de terno e gravata.
Juan abandonou tudo, tornando-se um grande DJ, o homem mais bem pago da atualidade, com
isso, tem uma extensa fila de mulheres ao seu redor.
Kelsey Pierce, trabalha como assistente em uma rádio.
Ela é fã dele, desastrada, e sempre acaba falando demais ou cometendo loucuras quando está
bêbada.
Eles se conhecem pessoalmente em uma entrevista para a rádio.
Um jantar é marcado.
E no calor do momento ela acaba falando que eles são noivos.
Ele tem uma imagem a zelar, odeia que seu nome esteja entre os holofotes.
Ela é o oposto do que ele procura em uma mulher, a começar pelo fato de ser uma fã dele.
Pessoalmente eles vão se odiar tanto a ponto de se desejarem.
Uma cláusula é certa, eles não podem se relacionar fisicamente, mas será que conseguirão
resistir aos prazeres de seus corpos?
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Fazza Bin Khalifa Ahmad Al-Sabbah é o emir de Agu Dhami, um sheik controlador que tem
todos em suas mãos.
Helena Simões é apaixonada pelos Emirados Árabes Unidos. Seu sonho sempre foi conhecer
um sheik, por isso envia e-mails ao emir de Agu Dhami que infelizmente não são respondidos.
Isso muda quando um e-mail que não era para ser enviado é lido pelo sheik.
Fazza fica encantado pela brasileira, imediatamente, dá um jeito de trazê-la ao seu encontro e
usando seu poder de persuasão faz Helena assinar um contrato de casamento.
O que ela não sabe é que o contrato não pode ser quebrado, a menos que pague uma alta
quantia.
Helena se vê nas garras do sheik e é obrigada a se casar com ele.
Mas há um porém, ela precisará dividi-lo com suas duas outras esposas.
Uma mulher disposta a ter o sheik só para si...
Um homem que quer controlar tudo à sua volta, principalmente sua nova esposa…
Um relacionamento que começou da forma mais errada possível.
Isso poderá dar certo?
O SHEIK OPRESSOR – LIVRO DOIS
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Hassan Amin Hussain Al-Bughdadi é o governante de Budai, um dos emirados mais rico entre
os sete emirados árabes. Um Emir centrado, sem pretensões de gerar um herdeiro, ou até mesmo de
ter uma esposa.
Isso até conhecer um joalheiro, e descobrir que a dona da inspiração para aquele colar é a linda
filha daquele senhor.
O Sheik ficou fascinado pelo colar, propondo o casamento sem nem ao menos conhecê-la.
Malika Ali Al-Makki é a filha do joalheiro, sempre quis se casar por amor, apaixonada pelo
Sheik Khalil, julgou que ele seria o seu marido.
Isso até um dos maiores homens a querer.
Hassan quer a jovem.
E usará de todo o seu poder para tê-la.
Mas será que Malika conseguirá se entregar ao seu novo marido, mesmo sabendo que seu
coração em pedaços pode pertencer a outro?
Hassan pode ser um Sheik Opressor, mas fará de tudo para proteger a sua nova esposa, mesmo
que para isso precise controlar a vida da garota.
A VIRGEM DO CEO
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Zion Clifford é CEO da Enterprises Holdings Clifford, vive uma vida regada de luxo, além
de ter sempre belas mulheres ao seu lado e não tem vergonha de esbanjar toda a luxúria que seu
dinheiro pode proporcionar.
Tem na vida uma única paixão, sua boate, onde ele reina ao lado do seu amigo e sócio, Alex
Carter.
Um lugar onde nada é proibido, um mundo onde as mulheres podem tudo.
Hattie Parker, uma jovem estudante que passa a cuidar do sobrinho rebelde depois que a mãe
do menino morre em um acidente de carro.
Devido a rebeldia do sobrinho, ela decide procurar o então pai do garoto para quem sabe ele
ter uma figura paterna em que possa se espelhar.
O que ela não esperava era que o pai em questão é um grande monumento, uma beldade em
pessoa. Só tem um porém, ele é um completo cafajeste, arrogante e não dá atenção a ninguém que
não tenha pelo menos um metro e setenta de altura e peitos de fora.
Hattie faz de tudo para atrair a atenção do "intocável", como Zion é conhecido, até que
consegue invadir a casa dele.
O que ela não esperava era um primeiro encontro desastroso.
Zion nunca se deparou com mulher mais desastrada, de língua afiada e linda, muito linda. Já
Hattie se vê diante de um dos maiores pegadores de Los Angeles.
O propósito desse encontro será apenas unir pai e filho?
Como a atração que surgiu logo de imediato, será negada diante de uma mulher inocente que
odeia homens convencidos?
Como a tensão que existe entre os dois será escondida debaixo do tapete se não param de se
alfinetar a todo momento?
Uma mocinha que pode ser virgem, mas que não se intimida diante da grandiosidade de
riquezas que tem o CEO.
Um romance "cão e gato" que vai enlouquecer a cabeça do leitor.
UM CONTRATO COM O MILIONÁRIO
A PROSTITUTA E O SUGAR DADDY
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Otávio Mancini, CEO de uma rede de academias, vive uma vida perfeita, é casado, pai de dois
filhos adultos, com o terceiro neto a caminho.
Tem uma rotina sólida, com uma família invejável da alta sociedade. Isso até sua mulher pedir o
divórcio.
Diante disso, Otávio se vê sem escolha e a tristeza o assola.
Davi, seu amigo, vendo sua tristeza e desanimo, contrata uma garota de programa para alegrar a
noite de Otávio, lhe dando boas-vindas a nova vida de solteiro.
Paola Garcia, uma jovem ambiciosa que usa do seu charme para conseguir todos os luxos que
almeja.
O que ela não esperava era encontrar um cliente atraente e que a tratasse como uma princesa,
nem que fosse apenas por uma noite.
Ele se encanta pela beleza da garota e se sente atraído por cada detalhe do seu corpo, tanto que
decide fazer uma proposta a ela, manter exclusividade, sendo sua garota de programa particular.
Será que eles conseguirão manter apenas o profissionalismo?
Será apenas desejo carnal que existe entre os dois?
Isso é o que vamos descobrir em Um contrato com o milionário.
[1]
Über In Ergänzung, nur Gott: Idioma alemão “Sobre In Ergänzung, só Deus”.