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2° Edição – 2022
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução no todo ou em
parte, por quaisquer meios, sem a autorização da autora.
Brittany Herrera nunca teve uma vida comum, sempre viveu em meio a
violência e, posteriormente, tentando fugir dos inimigos. Anos se passaram,
e, pela primeira vez, ela sente que pode viver algo normal... Viver um
romance, mas o homem por quem é apaixonada é o cafetão, o dono de
clubes privados e depravados, que tem sociedade com um cartel de drogas,
pai solteiro e que também é o ''sócio'' do pai de Brittany.
Brittany não acreditava que viveria um amor, ainda mais sendo com
Alejandro...
Alejandro Rivera se interessou por Brittany no primeiro instante em que a
conheceu, porém, entendeu que uma mulher como ela jamais iria aceita-lo
em sua vida. Após a descoberta da sua filha, Alejandro precisa de ajuda
com o bebê, e Brittany é a pessoa que se oferece para ser a babá... Agora os
dois estão mais próximos e Brittany decide que é a hora de deixar os
traumas do passado e tentar viver.
Mas o passado ainda está ao redor, a espera de uma brecha para a vingança.
Porque tudo começou por Brittany, e é por ela que tudo deve terminar...
Sumário
Nota da autora
Livros da série
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
(1) Bônus
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
(2) Bônus
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
(3) Bônus
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
(4) Bônus
Capítulo 27
Epílogo
Segredos obscuros – Livro 5
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Contatos da autora:
Alguns livros da autora
Nota da autora
Essa é a nova versão do livro que, anteriormente, era
intitulado:
Por amor a você – Estúpido (Livro 3).
Christopher e Jessica
comigo.
com Carmen.
aqui?
— Sendo protegida.
— E esse sutiã cirúrgico? — aponto para seu sutiã que está quase
a mostra. — Juan! — grito duas vezes e ele entra correndo em casa. —
minha bunda, você negou porque disse que isso aqui é proteção e não
— Sim!
— Se você fizesse cirurgia, teria que ser em algum hospital por
aqui, e teríamos que cuidar de você...
— O cara esquisito.
enfermeiro da Carmen?
— Viu, cara esquisito, nem preciso dizer seu nome, todo mundo
— Fofoqueiro! — acuso.
fala calmamente. — Era bem louca, super esquecida... Sofia sempre foi a
Juan me contou tudo o que passou, queria vir antes, mas ele me impediu.
— Por isso colocou silicone, tava tão mal que fez cirurgia
plástica.
— Foi em um açougueiro?
Alejandro.
solteira do rolê. Jessica, Camille e Vicent tem a vida deles, não posso
ficar indo atrás dessa galera sendo que eles têm a própria vida. Por isso
— Eu sei, Juan, mas Britt está certa, ela pode estar bem e
estamos vendo problema que não existe. Ela é uma mulher forte,
— Fora que ela é linda e gostosa, ela pode ter Alejandro na hora
que quiser.
com orgulho. — Só que eu sou louca, sou meio desbocada, falo o que
penso e sou virgem!
desinteressante e louca.
Não quero virar e dar de cara com Alejandro, não sei quanto ele
escutou.
Espera, ela ama Dulce Maria? Eu perderei meu bebê, que não é
tenta apertar sua bochecha. Totalmente sem jeito com criança, tão sem
jeito que até Dulce retira a mão de Brianna.
— Ela não foi com sua cara. — pego Dulce e agora sim ela sorri.
— Sabe como é, difícil gostar de quem a abandonou, e disso eu entendo.
— claro que eu preciso alfinetar Carmen e Juan! — Quer mesmo dar
nome mesmo?
— Brittany.
ordens...
filha de Juan. — O que gostaria de falar é que Dulce tem uma babá, o
Alejandro quem diz isso. — Não está aqui para descansar, sabe muito
bem disso, tampouco para termos algo e nunca terá qualquer tipo de
contato com Dulce. A partir do momento que entregou o bebê, você
perdeu seus direitos...
filha, agora que retorno não posso tentar conviver com ela?
Eu não faço ideia do que essa mulher faz aqui, também não sei o
que fez da vida e o que fará, mas, pelo que posso notar, pelo menos
Alejandro sente raiva dela.
Alejandro se aproxima.
— Brianna não vai morar comigo e nem será a mãe de Dulce. —
Alejandro sussurra. — Porque sei bem que a última coisa que ela quer na
vida é ser mãe...
corajosa com pessoas perigosas, mas ser tão retraída para falar com o
cara que gosta? Defendeu tanto Jessica, lutou por ela, mas não consegue
fim, acreditei que ele não me quisesse mais, afinal, que mulher
insuportável eu sou! Mas do jeito que Alejandro falou comigo agora...
mesmo!
— Você precisa de pessoas por perto...
— Ok, Brittany, mas o que quero dizer é que depois daquilo que
falou para Henry, sobre o segredo que guardou por tanto tempo, sinto
como se tivessem mais coisas, talvez não tão alarmantes como aquilo,
mas tem coisas que você guardou somente para você, para poupar
Jessica e porque nós dois. — aponta para Carmen e ele. — Não
quisemos escutar.
bem...
— Brittany?
— O que?
— Jessica sabia?
para o outro. — Sei que Jessica sempre foi a mais frágil, mas ela deveria
— Eu juro que não sei como você e Juan enxergaram Sofia desse
modo tão sensato, nem falo por ela ser cafetina, e sim do jeito áspero,
que passava mais tempo fora que dentro de casa, e Juan é um homem do
comandar tudo, demonstrava ser calma, tudo aquilo que Juan e eu não
adulta muito calma, Jessica parecia assustada, então você pedia para ela
confirmar o que você tinha dito e pronto, parecia que você a comandava.
— Sim, e pra você ver, não acreditávamos tanto nisso, tanto que
mandamos para um psiquiatra te examinar, rezávamos para que não
fosse real, para que não fosse uma psicótica, mas deu tudo aquilo que
ser medicada.
seria internada.
tentamos consertar nossos erros agora, tentamos ser os pais que não
Olho para Carmen, minha mãe, mas nunca a chamei desse modo,
igual a Juan. Por anos nutri raiva deles. Jessica queria ligar para Juan e
crianças e ele nunca acreditou em mim, então não quis ser recusada
novamente.
Mas olha só, agora moro com ele, confiando que Juan salvará
e por que ela está com as costas ferida? — e é assim que Eric, meu
irmão, entra no meu escritório. — Sério, cara, ela tá praticamente
fazendo um strip-tease lá na outra casa, alguns seguranças olham, mas
— Eu nem sabia que ela estaria na casa ao lado, pedi para que ela
entrasse no carro e fui avisado que ela estaria bem ali. Ideia de Juan, ele
acredita que trazer Brianna para perto fará com que Charlie se mova de
algum modo. Temos uma quase certeza que tudo o que Brianna fez, foi
para ficar com Henry ou Charlie. Ela apareceu e entregou Dulce, no
pedindo ajuda quando tem a certeza que estamos juntos. Ou pode ser um
plano de Charlie, para ela ser informante, ou pode ser que Brianna se
ferrou e veio buscar ajuda. Eu acho que ela se ferrou, aquelas feridas nas
costas mostram que ela levou uma baita surra.
foi extremamente ferida nesse tempo distante. Ele acha que se forçarmos
para que ela fale, poderá ser pior. Eu acredito que ela falaria, mas Juan
quer apelar para o bom senso. Quem sabe dando proteção, Brianna fale
já teria colocado Brianna em uma jaula e teria tirado a comida dela, ela
definharia, poderia ficar calada, mas Juan nunca facilitaria a vida dela.
começar pela filha que nunca conheceu e deve estar sofrendo com
Charlie, as outras duas filhas que ele nunca acreditou e sofreram, e então
temos Whitney, Camille e Christian, ou seja, várias pessoas que sofreram
primeiro feito após assimilar que fez merda com Brittany foi justamente
sair de vez do cartel. Passou a liderança para seu antigo braço direito.
Poderia ser Carlos, mas ele não quis, pois queria vir ajudar Juan. Todos
os homens estão aqui estão por Juan para ajuda-lo, porque ele não
Mas não falará disso por enquanto, quer manter a fama de chefe
Mas foi notório como Juan ficou mal ao descobrir das duas filhas
na pobreza, e que não confiaram nele para pedir ajuda. Assim como está
direito. Mas eu deixei claro que não quero nada com essa mulher.
— E Brittany?
— E então?
corações, está tendo o coração arrasado por uma mulher confusa. Pior,
ainda é a filha do seu chefe, para complementar, a filha do Juan!
chefe, mas nada hierárquico como antigamente, e nem foi por isso que
convidei Brittany para jantar. Ela parecia uma pessoa pra mim e outra
para vocês, eu quero saber quem ela é de verdade.
— Você entende que ela tem baixo autoestima, certo? Temos que
começar por esse ponto. Você é a única pessoa da terra que não acha
Brittany louca, porque ela sempre foi vista desse modo, e pelo que pude
entender, isso acontece desde a infância. Eu acho que ela tem um lado
insano, mas é um lado forte, de uma mulher que luta por quem ama, que
nesse caso foi a Jessica. Acredito que Britt foi chamada de louca tantas
vezes que ela simplesmente aceitou isso e está nem aí, mas ela não
consegue ficar ao seu lado, pois acredita que você não vai querer uma
mulher assim. E vai por mim, cara, Brianna pode ferrar tudo.
bronzeado é aquele?
— O bronzeado que prova que ela estava bem por algum tempo,
bonita. Tem mulher que não aceita essas aproximações numa boa, então,
Alejandro, não fique muito próximo de Brianna, porque Brittany pode
entender tudo errado e pelo que conheço dela, ela pode se afastar de vez.
para mim quando eu ia até elas, era fácil, mas Brittany? Já fui cordial, já
fui direto, já tentei ser amigo, mas nada dá certo. Não sei o que fazer.
— Eu sou normal!
quer, mas ela é tímida com você. Vai aos poucos, tente deixa-la
tranquila, assim será mais fácil.
(...)
A outras mulheres que não são desse modo são porque tem
aceitam que elas transem com clientes, no acordo deles, elas podem
transar por dinheiro, então nunca olharam pra mim de outro modo,
tampouco deram em cima.
Apaixonei mais.
E agora ela está na minha frente, já que veio trazer Dulce para
casa.
— Não. — dou risada. — Foi você quem deu esse apelido a ela?
minha filha, e voltando ao assunto de Brianna, ela não mora aqui, nem
vai morar, está em outra casa. Não temos e nem teremos nada.
— Não falou nada, foi descansar, já que está cansado por fazer
merda nenhuma! Você trabalha mais que ele.
— Você a conhece?
ele está tão obstinado a ter meu perdão que posso chama-lo de ‘’rainha
— Não, não tem graça alguma ele saber que gosto dele. Agora eu
preciso ir.
Pensa um pouco.
de pelúcia.
Brianna de sutiã!
Foda-se!
Por que Juan resolveu ser um homem bom agora? Seria mais
fácil torturar Brianna para saber a verdade, não trata-la como se uma
fosse uma ótima pessoa, porque ela grudará em mim e só dificultará
Alejandro é tão lindo, tão forte, tão grande... Não é como aqueles
bombados de academia. Né por nada não, mas sinto uma enorme aversão
a caras marombados, marombeiros, sei lá como se chama. Mas
Alejandro?
Suspiro novamente.
E a voz dele?
— Ah, Whit, eu não sei como tirar isso de mim. — coloco minha
— Não sei como pode se colocar tão pra baixo, Britt. — olho
para ela. — Você é uma mulher tão incrível, leal, forte, divertida e é
chegou.
— Drama queen.
perguntou se já rolou algo e Carmen disse que não, mas espera que
— Importa que ele tem que falar comigo primeiro! — ah, pronto,
homem que quiser sair com uma filha minha, terá que passar por um
teste.
que ele realmente está obstinado a ter algo sério com você.
também acha a ideia uma merda. — Pelo amor de Deus, que ideia
imbecil e arcaica.
mais dezoito’’.
— Por que pergunto, meu Deus? — olha para cima. — Por quê?
é bandido? Sim...
— Que?
— Porque me ama.
(...)
— Todos?
para trás, onde Carlos mexe no celular. — Não sei de onde tirou essa
história sem pé nem cabeça.
aconteceu, Carlos?
— Chris ficará feliz em saber que foi o primeiro a passar por algo
Agora que não mora comigo, não posso mais te atazanar, e Vicent fica na
lua de mel dele com Eric. Carlos é meu mais novo amigo...
murmura.
— Tão linda como insulta a mãe, mas não tem coragem de ter
qualquer diálogo com o seu amorzinho. — claro que Carmen tem que
retrucar.
todo mundo dessa sala bufa e dá risada. — Ok, retraída, mas é instigante
homem faz.
— Ele mereceu!
Whitney, que está arás dele, revira os olhos. — A partir de agora, todo
genro terá que lutar com o sogro. Quando tiverem uma filha mulher,
tenham certeza que esses homens vão amar o que inventei, melhor
dizendo, Alejandro vai amar fazer isso quando for o momento de Dulce,
até o Matthew vai querer entrar na onda, é a cara dele fazer isso.
já se viu querer minha filha e não vir falar comigo? — termina de descer
as escadas. — Vamos, Carlos, vamos ter uma conversa com Alejandro.
‘’Ah, mas ela fugiu por proteção, deu Dulce para o bem dela, é
hidratado. Está na cara que essa mulher estava em algum local com sol,
piscina ou praia, talvez os dois. A marca de biquíni e esse cabelo sedoso
não negam que ela estava muito bem, talvez tenha sofrido em algum
vira para frente e se recompõe, encarando Juan. — O que pensa que está
fazendo?
Ela me encara.
— Juan...
ser mãe.
— Não está errada, Brittany, mas eu acho melhor irmos com
— Por que Juan pergunta isso? — ela indaga. — Por que precisa
Ok, mais cedo ou mais tarde precisarei contar que matei duas
pessoas e que Jessica foi molestada.
sem camisa. Suspiro. Carmen escuta e sorri ao meu lado. Idiota! — Acho
mais eficaz torturar Brianna para sabermos a realidade da história dela.
— Eu concordo plenamente com Alejandro. — Carlos fala.
onde ele está? Que se ela ligar para ele, ele atenderá do esconderijo? Não,
Carlos e Alejandro! Temos que ir com calma. — a conversa é toda feita
com quase sussurros. — Ameaçar de nada adianta, vamos dar corda,
Então Brianna realmente está do outro lado, agora sim que ela
não encostará em Dulce!
— Mas eu vim aqui falar de outro assunto. — Juan fala mais alto.
Meu senhor Jesus Cristo, a vergonha alheia vai começar. — Alejandro, o
que quer com Brittany além dela ser a babá de Dulce? Eu gosto de deixar
as coisas bem claras por aqui, a minha filha é uma mulher séria, de
família...
emocionalmente bem por escutar suas palavras. — Mas ela não aceita
meus convites, então não sei se sua filha me quer ou não, se ela me
— Que? — grito.
ela não aceita os convites, mas pensei que fosse por minha causa. —
Juan se acha tanto. — Porém, fica de aviso. Alejandro, se quer algo com
Brittany, fale comigo, lutaremos e aí te darei a mão da minha filha, fora
isso, não. — Juan me pega pelo braço. — Vamos, Brittany!
minha filha e não fala comigo? Fale o que for, Brittany, mas só
acrescentei a parte que vou bater nele, de resto existe uma hierarquia que
não foi respeitada! Você é uma garota séria, de família, e foda-se que sua
mãe e eu não valemos nada, você vale e precisa ser tratada como tal.
te quer ele virá me encontrar e pedirá permissão, porque ele sabe o que
faço e precisa ter coragem de me encarar. É vergonhoso? Deve ser.
também não. Se eu pudesse escolher, você não ficaria com nenhum deles.
— Você é um deles.
— De tudo e todos.
homem sério, por isso sempre fico com vergonha de estar perto dele,
e do que ainda acham sobre ser louca. Mas ok que amigos achem isso,
mas um cara como Alejandro? Eu gosto dele, por isso tenho receio do
que ele pensará quando me conhecer mais. Só isso que penso, Juan, nada
a mais que isso. Sem traumas. Mas você tem. Tem medo que eu tenha
traumas porque não me ajudou no passado, tem medo que algum homem
agora. E talvez até com Christopher tenha sido isso, porque você pensa
muito no passado e se culpa, tenta evitar qualquer merda. Mas vai por
— Por ela, não por mim. Ela já odiava pensar que quase foi
abusada, imagina saber que foi?
venha falar comigo. Você assiste toda essa ficção sobre máfia e afins, vai
— Ok, Juan, está certo. Mas não tenho nada com Alejandro e
talvez ele acredite que nunca teremos, por isso nunca falou com você. E,
precisa de tanto.
— Eu concordo que quero ser o pai que nunca fui, mas acabo
exagerando.
envergonhe.
— É, viveríamos em pé de guerra.
— Brittany...
Suspiro.
Capítulo 5
BRITTANY
conversar com Juan, não ouvi gritos, então acho que não foi tão ruim.
— Só poderia dar nisso mesmo. Segundo Juan, por conhecer essa galera,
— Vale tanto a pena que tenho vergonha de ficar perto dele, então
semanas eu sinto como se algo tivesse bloqueando sua vida, não sei
explicar, mas sinto algo diferente, talvez Juan também perceba e está
após. Mas contar a Jessica como aconteceu, seria pior, porque o trauma
dela ao saber e viver as tentativas de estupro já foram horríveis, imagina
odiar por ter escondido, e talvez nem entenda o motivo de não ter falado
nada na época, afinal, foi um crime contra Jessica e ela deveria saber...
Um crime que desencadeou duplo homicídio e por isso somos
nos assassinatos, nas surras que levei, da merda que tive que fugir,
realmente, nada disso me importa, mas o que penso é no que ela sofreu e
eu preferi esconder para poupa-la de mais sofrimento, sendo que eu
odiaria ser poupada da verdade.
omito a realidade. — São muitos homens de cartel, aí tem meus pais, tem
Alejandro, Carlos... — dou de ombros. — Sempre foi você e eu, agora
você mora com seu marido e filho, tem sua vida e eu fico aqui, é meio
estranho ainda.
família, e ela ser incrível. É mais sobre viver com tanta gente ao lado que
brincadeira.
— Sim. — confirmo. — Não a conheço, mas é a nossa irmã, uma
irmã que sofre o que sofremos ou pode estar pior, então sim, se eu tivesse
uma pista eu iria atrás dela.
— Quero deixar claro que não estou confusa por querer salvar a
nossa irmã. — começa a falar. — Mas agora estou confusa porque você
falou com bastante convicção, Juan colocou Carlos para ficar na sua cola
e evitar que faça besteira, ele acredita nas suas palavras ou você fez algo
que dá credibilidade nas suas ameaças e promessas?
está aqui, algo aconteceu e não quer me contar porque acha que estou
vivendo bem e não quer estragar isso. — cruza os braços. — Brittany!
Respiro fundo.
— O que aconteceu?
Seria tão fácil abrir a boca e falar sobre como tudo ocorreu,
compartilhar a verdade com Jessica. Mas ali, com Henry, foi para fazê-lo
sofrer, sei que se falar com Jessica ela poderá sofrer ou ficar pensando
ocupada.
— Depois.
— Brittany...
minha vida, me culpar por ter escondido uma coisa ruim que aconteceu
com ela, sendo que ela deveria saber. Quis proteger, mas depois quis
contar, quis proteger novamente e virou uma bola de neve que me culpo.
— Eu juro, Jess, não é que não queira contar, mas agora eu percebo que é
muito difícil ver como tudo ocorreu e eu não fiz nada.
fizeram com você ou você fez algo, eu sempre estarei aqui. Te darei o
tempo necessário, mas eu gostaria de saber o que tanto te deixa
preocupada agora.
coragem para encarar Alejandro após aquela vergonha que Juan me fez
passar.
vai querer saber o que vai rolar entre nós dois ou dirá que não dará certo
e é melhor que eu continue como babá, nada além disso.
— Olha, se ele te perguntar o que vai rolar, devo dizer que Juan
está certo. Continuar em uma história que nunca aconteceu nada, após
aquele ultimato de Juan, significa que Alejandro realmente quer algo
sério com você. E, Brittany, pare de achar que ele é muito pra você, eu
Britt.
— Eu sou louca...
ama desse jeito, se Alejandro não te quiser por ser você mesma, você
merece alguém melhor.
— Ok, me convenceu! Conversarei com Alejandro e veremos o
que ele quer comigo.
Capítulo 6
BRITTANY
Nunca tive grandes interesses na vida real, por anos nunca fiquei
Nunca foi estranho pensar que beijei uma única vez na vida, que
sou virgem, que não tenho interesses amorosos, nunca fiz dramas sobre o
assim.
troço ali.
de ajuda?
palavra.
Entro na sua casa e procuro pela minha salvação: Dulce, com ela
lado. — Carlos também está lá fora, acredita que não fugirá dessa casa.
— Vocês realmente acreditam que vou atrás da gêmea? — olha
pode acreditar que você seguiria qualquer pista sobre sua irmã, então
você é um alvo. Jogue uma pista sobre Jennifer, você acredita, vai atrás
eixos que necessitamos, e é mais ou menos isso que quero conversar com
você. Juan nunca foi desse jeito que estamos vendo agora.
— Um dramático.
sobre sua vida, aquela dificuldade que você passou junto com Jessica.
Está tentando ser uma pessoa melhor, uma pessoa mais sensata, se assim
posso chamar. O que ocorreu há alguns minutos, acredito que tenha a ver
com toda essa situação, ele quer ser uma pessoa melhor. Juan quer
proteger você, já que não conseguiu fazer isso anteriormente. E eu não
havia entendido isso, se tivesse compreendido teria falado com ele antes.
— Não compreendi o assunto.
— Mas é claro que ser uma mulher adulta não basta, Juan tem
que opinar na minha vida porque resolveu ser pai.
dificuldades que passaram, Juan não se importaria, mas ele está muito
protetor e muito arcaico, mas antes que eu converse com ele, continuo
Engulo em seco.
Suspiro.
Pareço uma adolescente idiota, deve ser isso, pulei essa fase
porque estava pensando em matar pessoas e fugir de casa.
— A julgar pelo seu suspiro, espero que seja uma boa resposta.
— Certeza?
Penso um pouco.
dos outros, por isso eu acabo sendo o meu normal de sempre. Mas você é
entende muito bem o que quero dizer, mas quer me fazer falar!
Respira fundo, lembra tudo o que fez na vida, não é difícil ter
louca, porque parece ser um homem sério, e um homem sério não vai
querer uma louca por perto, apesar de ter transado com Brianna, isso
mostra um desvio de inteligência, mas ok, pensou com outra cabeça,
Pisco meus olhos, sinto minhas mãos mais suadas que antes.
chão. — Mas eu nunca passei por isso aqui. Nunca tive uma conversa
ameaçados e irritados’’.
psicótica.
Christopher foi um babacão com ela desde sempre, nem sei como ela se
apaixonou.
— Doce vingança 2.
Henry, sendo que antes disso estavam falando como Brittany é louca.
Quando era uma mulher calma e calada, eu tinha interesse em você, mas
eu pensava que não ia me querer pelo que sou. Aí você me esconde quem
cabeça, porque entendo o que Alejandro quer dizer, mas sou tímida com
ele! — Os dois acreditam que um não vai querer o outro pelo que são de
verdade, no entanto, sabemos como o outro é, mesmo assim queremos,
quem é.
Penso no que ele acabou de falar.
ruborizo.
— É disso que falo, Brittany, essa mulher que fala as coisas sem
pensar, porque não tem vergonha. Em vários momentos você fala assim
ficar pensando: ‘’Por que eu falei isso na frente de Alejandro? Ele vai me
achar uma louca e não vai querer mais nada comigo’’. Eu continuarei
— Quais questões?
Eu não sei... Droga, minhas únicas questões é que acho que ele é
demais pra mim, do nada tenho baixa autoestima e estou pensando que
sou um ser humano inferior.
Do nada!
com homem!
— Dramas femininos que nunca tive na vida. — respondo. —
Porém, agora estou tendo e acho muito bizarro. Eu nunca tive vergonha
na minha vida, nunca me interessei por qualquer homem... — fecho os
Está sendo difícil, eu sabia que se tivesse mais que cinco minutos
coisa sairia.
você.
— O que preciso fazer para mostrar que seu jeito de ser não me
incomoda em nada?
muito novo que está acontecendo tardiamente, tipo isso. Sabe aquela
Acho que se eu tivesse passado por isso antes, agora eu poderia ser
tímida, mas não tão tímida assim. Eu quero, mas minha mente está me
boicotando.
você.
mente essa questão da autoestima, porque sei que é a falta dela que está
me dando esse bloqueio com você.
— Acho que viveu tanto por Jessica, depois por ela e Lucas, que
não consegue viver apenas por você.
— Minha vida meio que ficou vazia sem eles, ainda mais agora
que Vicent namora. — encolho os ombros. — Eu vivi por eles e por
deslocada que nem sabia conversar com o sexo oposto sem ameaçar e
irritar. Sério, Alejandro, o que viu de tão interessante para ficar afim de
uma pessoa como eu? Não tem sentido!
— Você acabou de falar que viveu para cuidar da sua irmã e para
trabalhar, olha o quanto lutou para salvar sua vida e a da sua irmã, na
verdade eu acho até que lutou mais por Jessica que por você. Aposto que
— Juan te contou?
— Meus peitos são dois limões, quero dois melões. — e você não
reclamará quando estiver apertando meus novos peitos, mas essa parte
— Nada.
— Não pensei no que diria, apenas falei! É isso que minha mente
faz comigo, quando menos percebo, já falei o que penso.
— Assunto pessoal, ainda bem que não falei nada, por milagre
entrelinhas.
— Jantar?
— Estarei aqui.
exemplar, que na cabeça dele significa regular com quem a filha de vinte
sentado na calçada a minha espera. Assim que ele me vê, levanta e espera
para saber meus próximos passos.
irritei direito hoje, ou seja, não fanfiquei que ficará com a gêmea perdida.
que afetou seu bom humor de todo santo dia? Chateado que até eu tenho
o outro.
— Vai, pequeno gafanhoto, conte o motivo do seu estresse.
— Tem como você fingir que ama Juan? — sua pergunta me pega
totalmente de surpresa.
— Pra que?
um homem bom’’ por sua causa! Porque é a única pessoa que o trata mal
pelo o que ele fez no passado. Então a culpa está o corroendo a ponto
dele querer mudar. Só que, Brittany, a mudança de Juan pode afetar todos
Então, já que odeia Brianna, tente ajudar Juan a voltar a ser quem era,
porque garanto, quando isso acontecer, essa prisão aqui terminará.
— Pode ser como eu, pegar uma baita grana e viver de renda.
traficante, envolvido com coisas ilegais e legais, ele entende bem sobre
— Como assim?
amor da sua vida, como foi suas primeiras interações com ele?
queria. Como tinha aquela fantasia de ser salva por alguém, imaginei que
pudesse ser ele. Mas como Matt também estava confuso, foi bem...
Estranho.
Pensa um pouco.
— Acho que não. — pensa mais. — Não, não tinha. Está tendo
algum problema com Alejandro?
também não viveu uma vida normal, pensei que poderia ter um exemplo.
como seria, você sabia como era, mas tinha que ignorar para sobreviver.
Não sei se estou fazendo sentido.
— Acho que sim. — sorrio de maneira fraca para ela, não pelo
que ela falou, e sim por perceber que estou certa. — É basicamente o que
estou pensando, sabia como é a vida, mas não pude vivê-la porque fui
adulta antes da hora, com uma enorme carga nas costas, e não foi Jessica
sendo como uma filha pra mim, e sim a carga de fugir e sobreviver.
Sempre pulei fases porque tive que ser a adulta, mas o comportamento da
idade sempre ficou impregnado em mim, agora que posso viver, não sei
como reagir. Já você foi privada de viver, mas sem aquela enorme carga
de fuga, trabalho, cuidar de casa...
— Por pior que fosse, não tive que viver uma fuga, mudança de
país, de cidade, emprego, conviver com o medo de ser encontrada.
Convivi com o medo do próximo passo daqueles pais que conheci, mas
não tinha tanta noção da vida aqui fora para sonhar. — aperta meu
ombro. — Acho que o melhor sempre é ‘’ser você mesma’’. Eu fui do
jeito que sou com Matt, acho que Jessica e Vicent fazem o mesmo, a
minha mãe com Juan... Talvez não tenha segredo.
— Pior que não tenho, mas com Alejandro isso está surgindo.
Acho que preciso fazer o básico, respirar fundo e apenas seguir em
frente. Dar essa chance e acreditar que não sou uma idiota, mesmo que eu
seja...
— Brittany, você é a pessoa mais elogiada desse lugar, até
Christopher fala bem de você, e todos sabem como se amam.
Camille, agora encarando a criança, que sorri pra mim. — É verdade que
você vai dar uma surra em Brianna?
— Escutei minha mãe falando com Juan, ele disse que devem te
monitorar porque você pode dar uma surra em Brianna. Mas se der uma
viro-me para Carlos, que parece não entender o que quero dizer. —
Christian disse que escutou Juan falando isso com Whitney, ela mandou
cabeça. — Eu não brigo por homem, mas brigaria por Dulce, será que
tem algo a ver com isso?
pacífico, isso preocupa a todos. Então sim, se puder, converse com ele,
porque pode dar muita merda. Ele compartilhou o básico conosco, antes
ele compartilhava tudo.
— Dramático, como sempre. — suspiro. — Mas ok, esperarei a
— Quinze pras doze. Tem algo para fazer além de ficar indo de
casa em casa?
Dou risada.
Entendi o ponto de vista dele, esse lance de dar corda a Brianna, mas sei
lá, parece simplista para o que Juan é. Por mais que tenha a coisa de
culpa por não ter cuidado das filhas... Não sei, algo não se encaixa.
saíram da antiga função para ajudar o chefe deles, ser mantido no escuro
só faz com que eles pensem que estão aqui para nada.
o caroço — e deixa o bagaço cair. Pego os bagaços, mas agora ela quer
que eu coma o que ela está jogando fora e praticamente enfia na minha
boca, eu como.
— Deus do céu, isso é muito nojento. — olho para Eric, que faz
uma careta.
confusão, mas já que não tenho mais ligação com qualquer cartel, agora
ficarei mais próximo a ela. Sem ajuda de Brittany.
— Brittany vai odiar saber disso, ela não tem nada para fazer,
facilmente pra você? Quero dizer, acha que ela perderá essa timidez em
um piscar de olhos?
— Acho.
— Deus do céu. — balança a cabeça de um lado para o outro. —
Vai por mim, eu andava com garotas no ensino médio e via de perto
como elas agiam, podem aceitar o convite, mas quando realmente são
tímidas, elas demoram muito para se soltar com o cara que elas estão a
fim. Brittany aceitou o jantar, não aja como se isso fosse um primeiro
— Não é isso, cara, mas é que você é bem pra frente, Brittany
não. Então qualquer coisa ‘’acelerada’’ que você faça, pode ser um
tenho lugar de fala nessa questão. Vai querer escutar a voz da experiência
ou vai se basear nas mulheres com quem ficou? Porque o sorriso delas,
novo!
(...)
Pode ser? Se acordar, ela vai segurar você e mudará de assunto. — abre
os olhos. — Você não dorme, não é mesmo?
Brittany falou sobre não ter vivido a adolescência, mas agora sou
A campainha toca!
Brittany!
Quase suspiro de alívio ao ver que ela está aqui, que não me
— Ah, meu amor, sentiu minha falta? — Brittany fala com voz de
criancinha, pegando Dulce nos braços e enchendo de beijos. — Sentiu
minha falta, não foi? Não foi? — Dulce ri e bate palmas. — Eu sei que
— Bom, acho que fez algo para essa garotinha estar acordada até
agora.
Dulce. — Nem parece que disse que queria passar o dia todo com a filha.
escape.
— Prometo que hoje ela não será, apesar de amar brincar com ela.
— Entendo o que quis dizer e estava nervoso com isso, mas foi
bastante tranquilo. Não há nada que eu já não saiba, sei trocar fralda, dar
banho, o que ela come... Foi bastante ok, menos na hora dela dormir.
estou feliz que Dulce está nos meus baços, assim eu terei uma válvula de
escape. Satisfeito?
pizza...
— Tem pizza?
— Sim, pizza!
— Eu amo pizza! Teve uma época que era meu maior vício, pizza
e Coca-Cola! Perfeito!
teve uma preferência a mais por pizza. Segundo Vicent, se Brittany quer
comemorar algo, será com pizza, depois lasanha e macarrão. Então como
restaurante caro.
caros, pequenos e quase não tenho interesse nos pratos que vejo. Mas
pizza? — sorri. — Tem que ser um péssimo cozinheiro para fazer essa
minha vida, inclusive quero ir a Itália para saber coimo é o sabor no país
original.
realizar seu sonho, mas com a pizza sendo o segundo amor da sua vida,
ou o terceiro.
bem vermelha.
verdade é essa. As outras amariam um jantar caro, luxo, você não. Você
sorri para uma pizza na minha casa, é o que prefiro.
— Menos um ponto.
— Eu assarei.
Obrigado, Dulce!
Eu amo pizza forno a lenha, eu amo massa, a verdade é essa! Qual sua
comida favorita?
— Se merecer, talvez.
— Churrasco.
mim.
assunto. Assim como casar, era tudo sonho adolescente, não algo
— Você cria histórias para os outros, talvez para não encarar sua
própria história.
— Essa, a mulher que ajuda a todos, mas não pensa nela mesma.
E quando pensa, coloca empecilhos que só dificulta tudo. Às vezes é bom
sermos egoístas. Porque as pessoas que cuidamos criam a própria vida, e
— Do que Juan não fala? Meu Senhor! Esse homem vive para
— O que foi?
— Iguais!
mas é péssimo!
— Ele mereceu!
com Juan.
— O primeiro passo foi dado, Brittany. Por isso não havia falado
com Juan antes de conversarmos, mas ele já sabe. Quando uma pessoa do
cartel tem interesse na filha de algum membro, eles basicamente já têm
— Como é que é?
Capítulo 10
BRITTANY
justamente porque não sei o que quer. No entanto, Juan sabe que tenho
interesse por você, assim como sabe que você tem por mim. No cartel
funciona dessa maneira, por isso temos dois tipos de homens aqui: os que
querem as filhas dentro do assunto, porque assim alguém pode querer
uma possível relação. Quando queremos a filha de alguém que faz parte
do cartel, não é aceito ficar, temos que namorar, ser algo sério, em muitos
entender?
você, sim, Juan já deve saber desse jantar, então todos os outros sabem.
No geral, já temos uma espécie de relacionamento e se antes não te
olhavam por ser filha do Juan, agora que não olharão mesmo, pois está
comigo. Mas se você não quiser, falo com seu pai e pronto, não existirá
mais nada. Não precisa de contato físico para que entendam que
tudo ok. Achei que estivéssemos falando sobre ‘’Você é minha e ponto
final!’’.
psicopata? Quero dizer, acha que ele sente algo por ela?
— Não sei dizer, ele a usou e ela deve sofrer, pode ser os dois,
— Seus pais?
boa criação por parte dos meus pais. Minha mãe era como Sofia, a
cafetina que todas as prostitutas procuravam, que era confiável. Meus
pais tinham boates, cada um se dividia nas noites para cuidar dos locais.
Minha mãe me levava com o Eric para uma senhora tomar conta. Uma
senhora era paga para cuidar dos filhos de quem trabalhava a noite
naquelas ruas. Os filhos das cafetinas, prostitutas, traficantes... Era essa
senhora e a filha, acho que tinham umas vinte crianças ali, de bebês a
crianças de uns dez anos. Era uma gritaria, choro, um fedor insuportável.
Elas não cuidavam, elas só queriam saber do dinheiro, e as mães sabiam
disso, mas não tinham outra opção. No entanto a minha mãe tinha opção,
meu pai também, os dois tinham dinheiro, mas sempre foram os pais
relapsos. Por anos vivi com meu irmão a base de macarrão instantâneo,
pão, suco, coisas nada saudáveis, mas era aquilo, não tínhamos uma
grande expectativa de vida fora dali, o plano era crescer um pouco e ir
como, nunca fui pai, nem mesmo para Eric, sempre fomos irmãos, no
entanto, eu nunca deixaria Dulce para trás, mas como cuidar dela? Fiquei
com essa preocupação, cheguei com ela e pronto, você a pegou dos meus
braços e disse que me ajudaria em tudo. — sorri pra mim. — Eu não sei
o que seria de nós dois sem você, Brittany, eu ficaria completamente
perdido.
como tinha antigamente, mas tenho Dulce e agora sinto que tenho
Alejandro.
para o outro e depois ele solta a minha mão, voltando a sua atenção para
a pizza no forno. — Seus pais morreram?
— Sim, inconsequentes, realmente morreriam cedo.
fala tanto de Jessica porque ela o aceita, você não, então acaba dando
uma certa indignação nele e sabemos como Juan é dramático. Mas e
você? Sei que ama irrita-lo, mas sente algum amor por ele?
elogio.
— Já que não sairei com um garoto de programa para que ele vire
pouco.
interessada.
enlouqueciam.
A noite que mais enchia era a noite das mulheres, Jesus! O local
era uma mulher tímida, provavelmente estava ali por pura necessidade,
inventou.
idiotice. Não que ele tenha se chamado de idiota, mas você entendeu o
corta a primeira fatia, o queijo até estica, estou com água na boca.
Dulce está olhando a pizza, ela está bem quietinha, até parece que
entende e quer nos deixar mais à vontade, mesmo que ainda esteja
acordada.
— Eric deveria ter me contado que sabe fazer pizza! Isso aqui
— Nem um pouco.
Eric.
Ele falaria algo, até abriu a boca, mas logo fecha e retorna ao
daria algo em troca, mas você é diferente e não posso chegar com esse
linguajar.
— Nem todo reggaeton é uma baixaria, tem uns que são sobre
crimes, outros sobre amor, festejar e inclusive quero te dizer que esse é
um ótimo jeito de fazer Dulce gastar energia e dormir, é só dançar com
— Então quer dizer que para Dulce dormir eu tenho que fazê-la
gastar energia e não fazer algo calmo?
dormiu, você fez tudo ao contrário, por isso ela está até agora acordada.
Pelo menos está quietinha.
— Acho que você deve ter pedido muito em voz alta e Dulce
compreendeu, vai por mim, ela parece entender as coisas, já que não
— Puxou ao pai.
inteligência.
conteúdo que estava ali dentro dela e, bem, podemos imaginar como isso
terminou.
dava descarga.
— Talvez tenha recebido outra oferta e foi melhor do que tirar seu
dinheiro, mas ela não ganhou nada e retornou. — suponho. — Só estive
com Brianna em duas ocasiões, não a suporto, mas não sei dizer qual é a
dela.
— Espero que não envolva Dulce, porque não tem quem me faça
entrega-la para Brianna, ainda mais imaginando com quem ela estava.
Capítulo 11
BRITTANY
— Não.
— E o que fizeram?
— As pessoas conversam, Carmen.
— Vicent dá risada. — Mas o jantar durou umas duas horas, então, deu
— Olha só, temos mais uma vadia no recinto, por isso nos demos
precisa acontecer, e não, não é por ser uma depravada, é uma realidade.
fala seriamente. — Sei que foi o primeiro encontro, mas querida, você
quer esse homem, ele te quer, não vá devagar como uma tartaruga,
— Que?
— Eu amo sua mãe, apesar dela ser uma péssima mãe. — Vicent
suspira.
assunto. — Sei que eu sou a pessoa mais sensata desse recinto, já que não
dei de primeira...
constrangem, eu sou a única com esse poder. Sei que se reuniram aqui
para descontar todo o constrangimento que já causei a vocês, mas quando
Jess sussurra. — Conheço a irmã que tenho e só para que se lembre, Juan
também te envergonhou e ele tem uma luta marcada com seu amorzinho.
Olho para Jessica, que está sorrindo, porque fez isso apenas para
(...)
musiquinha.
— Bom dia pra você também, Carlos. Creio que meu mau humor
passou pra você. — brinco um pouco. — Sabe como isso pode ser
melhorado? Pois é, quando ficar com minha irmã.
gostos, então eu disse que ele precisava de uma namorada para ficar mais
leve, ele se irritou e, do nada, falei que ele ficaria com minha irmã
— Sim.
— O que respondeu?
— Que foi apenas um jantar. Eu não tinha muito o que responder.
Talvez Juan entenda que tenho vinte e sete anos e não dá para
espero que ele tire essa imbecilidade da cabeça, de lutar com Alejandro
por minha honra.
quatro, não somos dois adolescentes e nem temos uma diferença gigante
mataria, a verdade é essa. Juan ficou confuso naquele dia, pela primeira
vez pediu conselhos pra mim. Depois a Alejandro, Eric, Oliver, e assim
foi indo, Juan não pede conselho, ele conta uma historinha e pede sua
opinião, tudo para não dar o braço a torcer, mas naquele dia, ele falou
‘’Preciso do conselho de vocês, o que fariam no meu lugar?’’. Ele tinha
ódio de Christopher, ao mesmo tempo que ele tinha noção que fez o
mesmo com vocês, Juan praticamente abandonou vocês, na cabeça dele,
‘’Se ele realmente quiser mostrar que está arrependido, ele vai lutar
— Não, Juan viu que Christopher realmente iria até o fim para
provar que mudou, que é digno do perdão de Jessica, mesmo que,
naquele momento, fosse Juan a sua frente. Então nesse ponto acredito
que não é o ego de Juan falando mais alto, querendo competir e dizer que
precisa da aprovação dele. É realmente sobre ‘’Esse homem tem coragem
— Entendo, muitas pessoas tem pais horríveis, que por mais que
confirmando, entendo que não quer falar do assunto. — Ok, somos todos
ferrados.
Suspiro.
que a resposta será afirmativa, todos sabem o drama que Juan fará sobre
o assunto.
como está?
— Não, mas espero ter alguma resposta, e que esse encontro não
Juan, entendo que ele sente muito pelo que fez comigo, Jessica, e a
gêmea perdida, mas tem essa questão que ele está pegando leve com
Brianna, por culpa, ao mesmo tempo ele some e parece que trama algo?
Pior é que todos devem pensar que a mudança de Juan é por mim,
para me impressionar e ganhar meu perdão. Logo eu, que ameaço e
cumpro a maioria, não faz sentido ele querer pegar leve com alguém por
minha causa...
Ah, sinto falta dos meus bebês, e só tem dois dias que não cuido
deles!
sem meus bebês e isso já fará dois dias! E sim, são meus bebês, eu sou a
tia deles!
— E se Brianna...
— Sim, ela é a mãe, tem os direitos dela, mas ela não quer ser
mãe. Por algum motivo não posso me encontrar com Brianna para
entender o que ela realmente quer, mas tenho certeza, não é amor de mãe.
— Ele me dedurou?
improvável, mas olhem só, estão juntos! Posso ter alguma razão sobre
Carlos e Jennifer.
encarando.
— O que é? — pergunto.
se preocupe. Mas e então, Alejandro falou que ele não pode ver Brianna,
tem algum motivo para isso?
— Creio que Juan não gostou de ver Brianna na rua naquele dia,
no caso, na porta de Alejandro, não sei, talvez ele não queira esse tipo de
movimentação.
nunca achamos nada sobre Jennifer. E o pior é que já vimos Charlie, mas
Juan não quer ataca-lo.
calado.
Ou, até mesmo, Jennifer poderá estar presa e ficará presa para
— Falando nesses loucos, tem uns dias que não vejo Henry. —
falo e olho para Carlos, que dá um pequeno sorriso. — Ah, não negue,
dele. O jeito como ele fica puto e alguém dá um soco na cara dele, depois
o choque... — suspira. — Talvez se fizéssemos isso com Brianna,
saberíamos de algo mais.
farei questão de dizer a Juan que ele pode fazer o que bem entender com
Brianna. Porque se existe qualquer porcentagem de chance dela querer
(...)
— Armas?
adentramos o local.
aponta para uma porta. — Pode ir, provavelmente essa conversa será em
particular.
mexendo em um notebook.
— Ok.
— Vindo de Alejandro...
— Ele respeitou meu momento.
— Filha do chefe.
— Ok, ele vai lutar comigo, não sei se esse encontro acontecerá
tão cedo.
altamente tóxica.
então não venha desviar o assunto, Juanito! — ele sorri para minha fala.
— Eu sou de Alejandro, certo? — não responde. — Se jantamos, você
concorda com isso e só quer socar a cara dele para dizer ‘’Olha aqui,
viu nele...
meu riso. — Não comece. O que quero dizer, é que com toda a sua
com Vicent e vimos que uma boate precisa de bartender. Nunca fiz nada
disso na vida, mas fui até lá. Não era para preparar drinks, era só para
servir, isso eu conseguiria fazer. Então nunca senti aversão pelo local,
tampouco com Alejandro. Entendo a problemática de cafetões e
outra pessoa, por outro lado, eu via como era aquele ambiente, não me
senti mal ali.
Por muitas pessoas terem medo de trabalhar nas ruas, por conta
agenciarem tudo. Tem os que não valem nada e tem aqueles que até
valem alguma coisa... Como pensavam de Sofia, e realmente ela era
parecia respeitoso, ainda assim um chefe, não era amigável, mas era bem
mudar nossa relação e acredito que tem traumas, por não termos uma
convivência comum, queria ajudar... — pensa um pouco. — E talvez sua
grande questão seja mais familiar que qualquer coisa sobre Henry e
Sofia.
— Você a salvou.
perseguidas até hoje. Ela acredita que foi pela fuga, pela briga com
Charlie, por sabermos que essa família não vale nada, mas é sobre eu ser
uma assassina.
— E você acha que Jessica sentirá algo de ruim por você por esse
motivo?
— Não, mas não contei a ela. Tive treze anos para contar e nunca
falei nada, porque sempre pensava: ‘’Jessica está triste, está mal, pra que
falar disso agora, pra piorar?’’. Agora que está bem eu penso: ‘’Ela está
tão feliz, pra que contar agora?’’.
embora e tinham razão, aquela vida não é para vocês. Deixei pra lá, não
quis levar essa merda até vocês, impedi uma ajuda. Então, quando
descobri a verdade, também pensei se deveria aparecer em suas vidas,
que seria mais fácil com Jessica, com você seria mais duro, mas eu
precisava tentar e ainda tento. Não é sobre mim, mas quero que entenda
que tem algumas decisões que precisam ser tomadas. Jessica pode não
gostar de ter tido essa parte ocultada, mas estamos falando da Jessica!
Ela tem um bom coração, é tão calma que chega a ser bobinha. — damos
risada no momento. — Pelo amor de Deus, ela se apaixonou por
Christopher!
sim o que não contou. E digo mais, aí no fundo, você se culpa por não ter
evitado, por não ter lutado antes. E te digo, você lutou, lutou muito e
conseguiu. E se estão aqui hoje, é graças a você. Não se cobre tanto, você
mulher.
nível de calma, não tanta calma, mas algum nível. — não entendo o que
ele quer dizer. —Quando Franklin, aquele antigo cafetão, sumiu, comecei
a dar atenção aos outros integrantes daquele local. Cássia também estava
Penso um pouco...
Alguns dias... Cássia era como se fosse uma cafetina... Juan quer
minha calma, mas nem tanto...
Brianna há alguns dias, todos queriam uma tortura, porque está na cara
que ela tem envolvimento nessa questão, mas como já disse, talvez ela
alguém, e essa pessoa sim poderá nos levar até a peça principal, que é o
Charlie.
compra de Camille, mas não temos uma ideia da relação de Cássia nessa
história. Não sei como se envolveram com Charlie, talvez para salvar a
vida de alguém, não sei. Brianna viveu bem, então talvez alguma coisa
tenha acontecido e tudo mudou. Charlie está sozinho nessa, Henry está
alguns capangas e essas duas mulheres, mas ele também tem Jennifer, ela
é uma arma nesse momento. Ele deve imaginar que não queremos o mal
dela, então usará disso para ir se safando, por isso temos que pensar a
mas nem tanto. Como já falei, nada acontece! O que temos nesse
traidor, o que Charlie sabe é que vivemos uma vida segura, mas, ainda
assim, comum. Brianna está aqui porque pediu pela ajuda de Alejandro.
teve aquela ameaça de Hillary sobre Lucas, nunca foi diretamente algo
contra você.
— Dulce.
estão ao lado de Charlie são leigas nesse assunto. Brianna nem ao menos
lembrou que poderia ser rastreada. Sabemos onde Cássia está, mas essa
sim é mais resistente, ela não fez qualquer ligação ou foi ao encontro de
Charlie, mas sabemos onde ela está, já é alguma coisa. Brianna ligou
Brianna, que queremos respostas, não é para mostrar que estamos tão
interessados nela. Mas você, Brittany, tem um motivo para fazer algo e
causar desespero nela. Desespero a ponto de Brianna ligar para Cássia
que Cássia falará algo e Charlie ficará tão puto que cometerá algum erro.
cometerá um erro?
— Eu sei do que estou falando, só falta uma coisinha para ele dar
presença.
— Não, por um milagre ele está bem com isso, no entanto, ainda
quer brigar, isso ele não abre mão. Mas o que quero falar é algo mais
sério, é sobre Brianna.
— Na verdade ela ainda fará, Juan pediu para te contar isso hoje,
como sou ansiosa, vim logo. Então, não se irrite e não faça nada.
basicamente, fazer com que Brianna tenha medo novamente e ligue para
Cássia, e se Cássia souber que Charlie me odeia, ele poderá agir sem
pensar e pronto, conseguiremos pega-lo. — Alejandro parece não
entender nada do que digo. — Brianna quer Dulce porque eu amo Dulce,
talvez ela nem saiba disso, mas Charlie sabe. Obviamente ele sabe.
— Sempre pode ter, ainda mais que Brianna já disse que quer
— Juan deixou.
— Que?
— Quer dizer, ele não deixou, ele cedeu. Basicamente, Juan
tem. Então Juan está dando corda. Porém, não se preocupe, não é um
plano dar Dulce para Brianna, e sim dar uma brecha para que Charlie
acredite que, aos poucos, vocês estão cedendo. Vocês ainda não estão
— Acha mesmo que Charlie cairá nessa? Que vai acreditar que
— Juan tem alguma fonte que informou que Charlie está meio
quase insano, perdido. É uma tentativa para ver se Charlie cai nessa.
no desespero ela fez isso. Charlie me odeia, Juan pediu para que eu
— Se Juan sabe sobre tudo isso, ele sabe onde Charlie está,
sempre soube. Ele quer atacar sem deixar Jennifer para trás...
— Sem que Charlie perca a cabeça e mate Jennifer. Só Charlie
tem contato com Jennifer. Segundo Juan, um passo em falso e ele pode
JENNIFER
Primeiro dia.
Primeiro dia onde Alejandro concorda em deixar Brianna ter esse
devaneio que está conseguindo ser mãe de Dulce, primeiro dia que
poderei atazanar a vida dela e primeiro dia que Juan está de volta ao lar.
— Sabe, Juan, estava pensando em algo. — cantarolo.
— O que? — sua paciência é incrível!
— Gostaria de aprender a atirar!
Juan fecha o jornal e começa a rir.
— Não é uma piada! — me defendo. — Nós conversamos sobre
esse assunto, você mesmo concorda que corro perigo, que sou a pessoa
que Charlie mais odeia, ou seja, eu preciso aprender a atirar!
— Ah, Brittany, nem pensar. — abre o jornal novamente e
começa a folhear.
— As pessoas usam internet para ler notícias.
— Foda-se a internet, prefiro o papel.
— Porque é velho!
— Mais um lindo dia de implicâncias de pai e filha. — Carmen
ficou calada esse tempo todo e agora vem falar! — Tão lindinhos.
— Juan, quando Oliver voltará? — provoco.
— Espero que nunca. — Carmen cantarola.
— Em breve. — Juan responde. — Ele sente saudades da nena
dele.
— Vá se ferrar, Juan! — Carmen grita. — E eu apoio a ideia de
Brittany!
— Obrigada, Carmen! — agradeço.
— Ela precisa aprender a se defender, vai que todos os seguranças
morrem e só ela fique em pé? É bom ter uma arma e saber usar.
— Que bela história. — penso um pouco. — Mas Carmen tem
razão. Sei que pensa que sou louca, que sairei matando gente, mas
Juanito, eu não sou assim. Só matarei se for necessário.
— Brianna.
— Eu concordei em não fazer algo grandioso com ela. Sei que ela
está com Charlie, mas como você mesmo disse, pode ser por conta de
uma ameaça. Então estou serena.
— Também não exagere. — Carmen sussurra.
Juan olha pra mim, depois para Carmen.
— Ok, Brittany, te darei algumas aulas por precaução. Porém,
assim que tudo isso terminar, sem armas!
— Você acha que sou uma psicopata?
— Acho que não tem controle da própria raiva.
— Olha quem fala. — Carmen bufa. — Disse a pessoa mais
calma desse mundo, que está marcando uma luta com o genro.
— Ele ainda não namora Brittany!
— Se um homem do cartel tem interesse na mulher que faz parte
da família de outro membro, automaticamente, eles têm uma relação. —
relembro. — Ainda mais sendo a filha do chefe.
— Eu acho essa regrinha tão idiota, nem se beijaram e já tem
relacionamento? — Carmen balança a cabeça de um lado para o outro. —
Pensando pelo lado bom, pelo menos Alejandro ainda não te viu com
calcinhas sensuais...
— Como é? — Juan fecha o jornal com tanta força que até rasga.
— Sua filha usa calcinhas de vovó. — fecho os olhos e respiro
fundo. — Sabe como é, um homem como Alejandro precisa de algo
mais, uma lingerie sexy sendo usada pela mulher amada...
— Nem pense...
— Ok, galera, já estou indo! — falo bem alto e levanto da
cadeira. — Não falarei de calcinhas com meus pais.
— Você me chamou de pai?
— Eu te irritei? — Carmen coloca a mão no peito. — Fico feliz
por isso.
— Ela nos chamou de ‘’pais’’ e está preocupada com isso?
— Foi maneira de falar, Juan, Brittany claramente quer se
esquivar desse assunto.
— Tchau! — grito e deixo os dois no dilema ‘’somos pais ou
Brittany só falou isso para mudar o assunto sobre como usa calcinha
grande e de cores neutras?’’.
Sem problemas, galera, já comprei calcinhas sensuais na
internet!
Porque, obviamente, estou me preparando para todas as primeiras
vezes com Alejandro.
E assim, sorrindo, me encontro com Carlos.
— Sorriso de gente idiota, Brittany.
— Não é sobre Alejandro. — cruza os braços. — Ok, é algo
relacionado a ele, nada de mais. Então, podemos ir?
— Sim, podemos.
Isso significa dar alguns passos até chegar na casa de Alejandro,
que está com a porta aberta.
Sem nem bater eu entro porque sei que a cenoura siliconada está
aqui.
Chego à cozinha e vejo vários homens conversando, incluindo
Alejandro, já Brianna fica se inclinando na bancada, mostrando a poupa
da bunda, porque está com um short muito curto.
— Bom dia. — falo para todos.
— Bom dia. — dizem ao mesmo tempo.
Brianna vira para mim. Percebo que o short foi cortado, muito
mal cortado. Ela sorri para mim com arrogância, mas não diz nada.
Alejandro vem na minha direção.
— Podemos conversar? — confirmo.
Ele me leva até o andar de cima, ficamos na porta do quarto de
Dulce.
— Brianna falou que gostaria de ficar um tempo a sós com Dulce
e neguei. Não me importo se tem que dar corda a essa mulher, ela não
chega perto de Dulce, ainda mais sozinha.
— O que ela fez?
— Obviamente ela não está aqui pela filha e temo pelo que
realmente quer. E se o plano não for levar Dulce e sim fazer algo com ela
aqui mesmo?
— Não se preocupe, Juan não falou nada sobre deixar Brianna
com Dulce.
— Mesmo se falasse, eu negaria no mesmo instante. Ok deixar
Brianna sentindo que está conseguindo algo, mas não aceito colocar
minha filha como isca.
— Eu também não deixaria, e creio que nem Juan. Se algo
desandar, mudaremos esse plano. Até o momento está tudo bem.
— Claro, Juan pediu para você ser a algoz de Brianna.
— É a melhor parte. — sorrio.
— Sabe o que vai fazer?
— Pedi para Juan me ensinar a atirar, espero que ele concorde
com minha ideia de usar Brianna como alvo.
— Eu amo seu senso de humor.
— Eu não estava brincando.
— Sabia que falaria isso. É bom conhecer a verdadeira Brittany
pela primeira vez.
— Gosto de saber que aceita minhas doideiras. — a voz de Dulce
falando coisas sem sentido algum começa a soar. Alejandro pega o
celular e mostra na tela que ela já está acordada. — Como sempre está
querendo participar das nossas conversas.
— Quando isso deve parar? Quando pediremos para que ela
durma e ela entenderá?
— Talvez daqui a um ano? — dou risada com seu
desapontamento. — Eu só não digo que deveria ter se prevenido o triplo
porque amo Dulce...
— Ser pai é isso, mas tudo bem. — abre a porta do quarto, e uma
Dulce em pé no berço começa a gritar ‘’papai’’.
Eu queria ter ensinado ‘’mamãe’’, mas não sabia se seria correto,
cuido dela, mas não sei se Alejandro estaria de acordo com isso então só
ensinei ‘’papai’’.
— Oh, deveria chamar ‘’mamãe’’ também. — Alejandro dá um
beijo no rosto de Dulce. — Ou ela não aprendeu?
Alejandro fica me encarando, esperando a minha resposta.
— Não ensinei. — encolho os ombros.
Ele abre a boca para falar algo, mas desiste.
— Darei banho e vou arruma-la, quer me ajudar? — por fim, faz
essa pergunta.
— Claro, até trocar fralda é melhor que encarar Brianna.
Mas eu não faço nada, Alejandro faz tudo e eu só fico admirando,
quase babando nele.
Sei que é obrigação de pai e blá blá blá, mas não nego que quase
suspiro por vê-lo cuidando de Dulce. Ele sempre cuidou, mas não na
minha frente, já que eu me recusava em ficar perto dele sozinha.
E agora aqui estou eu, encarando-o sem camisa.
Dulce o molhou por completo. Ele está trocando de camisa na
minha frente. Dulce está em meus braços e eu babo no seu pai.
Lindo, maravilhoso, eu faria qualquer coisa nesse exato
momento...
— Gostando do que vê? — seu sorriso malicioso me faz corar.
— Talvez.
— Se Dulce não estivesse em seus braços...
Poxa, Dulce!
Te odeio, Brianna!
Agora é essa cenoura siliconada que entra no quarto, sem ser
convidada, e tenta tirar Dulce dos meus braços.
— Olá, minha linda. — Brianna tenta pegar Dulce novamente e
me afasto dela. — Ela é minha filha!
— Que você abandonou! — Alejandro fala no meu lugar. — Juan
está passando por alguma crise existencial e quer te deixar sendo mãe,
mas eu, como pai, não deixarei que isso aconteça.
— Foi um erro, Alejandro! — grita e Dulce a encara, agora
prestando atenção no seu escândalo. — Eu já falei, estava mal e...
— Foi curtir sei lá onde e deixou Dulce para trás? Pior, deixou na
boate e se mandou, nem se preocupou se eu seria bom ou não.
— Você cuidou de Eric!
— Como irmão, não como pai!
— Não importa! Você é o pai de Dulce, deixei em um lugar
seguro...
— Enquanto foi curtir com algum cliente? Com um homem? Foi
foder por aí e deixou a filha para trás sem registro algum...
— Estou de volta!
— Onde estava?
— Não é da sua maldita conta!
— A minha filha não ficará com uma mulher que sumiu e do
nada retorna com as costas toda ferida, levou uma surra, ela pode correr
perigo e você quer ser mãe? Pelo amor de Deus, não faz qualquer
sentido!
— Eu quero ser mãe e não corro qualquer perigo!
— Então de onde são essas marcas?
— Sadomasoquismo extremo!
— E porque pediu ajuda de Juan?
— Porque o cliente era meio psicótico.
— Então quem ele era? Conte, Brianna, quem sabe assim eu
poderei ajudar.
— Ajudar? — ela ri. — Você terminará de me ferrar...
— Eu também posso te ferrar. — é a minha vez de falar. — Eu
posso ser até pior que qualquer homem que está aqui.
E como se eu tivesse contado uma piada, ela dá risada.
— Não estou brincando, Brianna! — falo alto. — Se existe
alguém te ameaçando, é um perigo para Dulce, e se é um perigo para
Dulce, eu vou protegê-la. E se não falar, farei da sua vida um inferno.
— Eu não tenho medo de vocês.
— Mas tem medo de quem lá fora? — Alejandro pergunta. — Eu
realmente não acho que foi ameaçada, acho que ganhará algo em troca de
Dulce, tem gente que gosta de crianças. — percebo que Brianna fica um
pouco tensa. — Não acredito que ame alguém, talvez ganhe algo com
isso. A oferta do cliente foi alta e você largou Dulce, se ferrou, mas será
que foi ameaçada ou ganhará uma recompensa?
— Nem uma coisa e nem outra, só quero minha filha.
— Eu não acredito em você. — ela olha pra mim. — E você
mexeu com a pessoa errada.
— Repito, eu não tenho medo de você e não me importo se é filha
de Juan!
— Se não se importa, é porque acredita que alguém com mais
força ajudará você. — agora ela encara Alejandro, que acabou de falar
isso.
— A lei.
— A lei nunca será maior que o cartel. — Alejandro se aproxima
de Brianna. — E pode acreditar, Brianna, seja lá o que lhe foi prometido,
essa pessoa não tem mais como te pagar por isso. Então é melhor
colaborar do que atrapalhar.
Ela pensa um pouco, sua mão está trêmula.
— Eu quero ser mãe, já disse.
— Ok, Brianna. — Alejandro se afasta. — A escolha foi
totalmente sua.
Capítulo 15
BRITTANY
Dia seguinte
(...)
Carlos me avisa que já vai fazer o curativo em Brianna. Deixo
Dulce com Alejandro e dou a desculpa que tomarei banho, por isso saio
da casa dele, para ir onde moro com Juan.
Mas, ao invés disso, vou para a casa onde Brianna está e subo as
escadas, entro no quarto e olha ela ali!
Brianna está deitada de bruços e completamente nua. Ela só está
ferida nas costas, mas tem que mostrar a bunda seca para Carlos.
Carlos faz um sinal para eu me aproximar e me entrega o álcool.
Vai queimar e eu gosto disso. Brianna pensa que estou brincando,
mas não estou.
O que vou fazer é desnecessário? Não sei, mas eu quero fazer
isso. Ainda mais sabendo da ligação dela com Charlie.
— Vai queimar um pouquinho.
Quando Brianna percebe que estou aqui, jogo o álcool em suas
costas. Ela se debate e grita de dor.
— Sua vagabunda! — ela levanta da cama.
— Se aproxime de Dulce que eu faço pior. Brianna, eu não estou
brincando. Afaste-se dela!
Ela continua gritando e chorando de dor.
Agora eu espero que ela faça algo, que ligue para Cássia para
informar o que aconteceu e Cássia entre em contato com Charlie, que a
ideia de Juan faça algum sentido.
Que Charlie fique tão irritado a ponto de tentar fazer algo sem
pensar... E que esse ‘’algo’’ não envolva nenhuma pessoa que amo.
Capítulo 16
ALEJANDRO
(...)
— Então, acham que estou sendo louca de pensar algo assim? —
pergunto e recebo a troca de olhares de Eric e Vicent. — Ok, me acham
louca! Eu quis falar com Alejandro, mas não sei onde ele está, talvez
esteja trabalhando ou sei lá.
— Está em reunião. — Eric responde. — Mas vamos falar de
Brianna. Você acha que Brianna pode ter rabo preso com Charlie e está
sendo ameaçada?
— Os parentes de Cássia desapareceram, certo? — Eric confirma.
— Então eles podem estar sendo ameaçados e Cássia está nessa para
salva-los. Mas Brianna? Como os parentes dela estão?
— Bem. — Eric responde. — Mas pode ser uma ameaça distante,
Britt. Temos que lembrar que na época de Camille, Henry ainda estava
livre, os negócios iam bem, eles teriam gente suficiente para sequestrar a
família toda de Cássia, caso fosse necessário. Mas quando Brianna
surgiu, Henry já estava preso e os negócios estava em declínio.
— E como Charlie teria acesso a Brianna? — questiono. —
Como ele conseguiu tira-la do bem e bom e trouxe nessa loucura? Eles já
estavam juntos!
— Tem sentido. — Vicent concorda comigo.
— Tem, mas ao mesmo tempo não tem. — Eric fala.
— Eles não teriam dinheiro para sequestrar a família dela, mas
tem para manter pessoas vigiando a casa? — cruzo meus braços e encaro
Eric. — Fiquei pensando nisso antes de ataca-la, e só isso faz algum
sentido. Brianna já estava com Charlie e Henry. Se Cássia e Franklin
estavam nessa, por que Brianna não estaria? Talvez por isso ela deixou
Dulce para trás, não poderia levar um bebê para aquele lugar, sabemos o
que fazem com crianças. Mas agora ela está sendo ameaçada, repito, ela
está sendo ameaçada, então prefere entrar no jogo do que correr o risco
de Juan descobrir.
— Descobrir que ela faz parte dos negócios de Henry e Charlie?
— Eric pergunta calmamente, ainda sem crer na minha teoria.
— Faz algum sentindo sim! — falo um pouco alto, mas depois
falo baixo. — O problema é que já inventei mil e uma histórias, já
fanfiquei horrores, e como odeio Brianna, todo mundo vai achar que é
cisma, e não me darão ouvidos!
Como foi no passado.
— É que sei lá... — Eric coça a nuca. — Não é que não faz
sentido, Britt, faz e não faz.
— Eu acredito em sua teoria. — Vicent aperta meu ombro. — E
se precisar de ajuda, estarei aqui.
Aperto sua mão.
— Mas acredita por fazer sentido ou só por amizade?
— Faz sentido e não faz, então prefiro acreditar por nossa
amizade. E se precisar de ajuda, estarei aqui para te ajudar a descobrir.
(...)
Após contar o que aconteceu para Juan, ele pediu para que
continuássemos a comemoração, como se nada tivesse acontecido. Por
isso estou no fundo da casa, dançando com Jessica e Camille.
Grito quando Ryan Castro começa cantando ‘’Malory’’.
E claro que eu danço essa música, de um jeito que Juan até se
aproxima e diz que devo me comportar.
— Vinte e sete anos! — grito e puxo para que ele dance comigo.
— Vai, Juan, para de ser chato!
— Essa música tem danças inadequadas.
— Eu não acredito que estão discutindo sobre isso no meio da
festa.
— Jess, controle sua irmã!
— Camille vai me ensinar a dançar no pole dance! — provoco.
Juan rosna de raiva e dou risada junto com Jess. Ele grita e pede
para trocarem a música, colocar qualquer uma que seja mais romântica.
— Música romântica? — arqueio a sobrancelha. — Ótimo!
Assim eu posso dançar com Alejandro.
— Vocês sabem que no fundo se amam, não é mesmo? —
olhamos para Jess. — Ah, qual foi? Implicam um com o outro, mas todos
sabem que no fundo se amam.
— Não engoli que essa garota não torceu por mim!
Dramas!
— Quer saber a verdade, Juan?
— Acho melhor não. — responde rapidamente.
— Saberá sim! — ignoro sua resposta. — A verdade é que eu não
queria que essa imbecilidade acontecesse, que nem você e nem Alejandro
saíssem machucados. — aponto para o rosto de Juan, que está inchado.
— Tudo isso por uma idiotice, então, sendo sincera, minha torcida foi
para que terminasse logo. Sim, gritei por Alejandro, porque, como disse,
isso foi uma digníssima imbecilidade!
A seriedade que ele tinha antes se esvai e dá lugar a um sorriso de
alívio.
— Já passou, agora só espancarei Alejandro novamente se ele
fizer alguma merda contra você. Mas eu acho que ele não fará.
— Espancar novamente? — dou um riso de deboche, que o deixa
bem irritado. — Ai, Juanito, amo seu senso de humor e seu ego bem
inflado.
— Eu venci, Brittany!
— Ok, Juanzito.
— Pergunte a qualquer um, eles sabem quantos socos eu dei...
— Ok, Juanito.
Seu suspiro é tão alto que escuto, mas ele decide não discutir e
vai embora.
— Quando falará algo legal para Juan? — Jess pergunta.
— Não sei se tenho algo legal para falar. — dou de ombros. — É
óbvio que gosto dele, mas, no momento, não tenho nada para falar de
legal com ele. E talvez essa seja a essência da nossa relação. Carmen
aceita isso muito bem.
Olhamos para Carmen, que está sentada na cadeira ao lado de
Whitney, rindo juntas.
— Carmen sente falta de Oliver. — murmuro para Jess.
— Ela te contou isso ou são vozes da sua cabeça?
— Desde que Oliver saiu, para sei lá aonde, ela está mais séria,
distante, sente falta dele. Ela pode negar o quanto quiser, mas sente
saudades do Oliver!
— Juan não contou o que Oliver está fazendo?
— Disse que voltou para a Colômbia, resolver algo do cartel. —
dou de ombros. — Talvez não seja isso, mas Juan não me contará nada.
— Agora mudando um pouco o assunto, como está com
Alejandro?
— Nos beijamos novamente e quero ir logo aos finalmentes.
— Oi?
— Jess, eu nunca fui puritana. Já perdi a vergonha com
Alejandro, rápido assim. Então, se hoje ele me quiser, é só suspender
meu vestido e fim.
— Está sem calcinha? — ela prende o riso. — Eu te traumatizei
com esse assunto?
— Eu nunca esperei encontrar alguém no meio desse caos,
melhor dizendo, nunca esperei que Alejandro fosse me desejar. E minhas
partes de baixo são sem graça ou bem adolescentes, nada sexy.
Encomendei em uma loja, mas a entrega está um caos, é melhor ficar sem
mesmo.
— Talvez ele não ligue para a sua calcinha...
— Eu ligo! Não me sentirei a vontade com minhas peças feias.
— Mas se sentirá à vontade completamente nua?
— Sim, acho a minha Larissinha bonita.
— ‘’Larissinha’’? — prende o riso.
— Sim, nunca ouviu ninguém chamando assim? — nega com a
cabeça. — Vocês precisam usar a internet, meu senhor!
— Eu não sei se estou em choque por chamar sua vagina de
‘’Larissinha’’ ou por você estar super afim de transar com Alejandro.
— Eu descobri que não sou assexuada.
— É safada, pelo que estou vendo.
— Querida, a mamãe aqui sempre leu livro erótico, você sempre
foi a tonta revirando os olhos por meus amores literários.
— Seus livros só tinham homens escrotos com mulheres. —
pensa um pouco. — Ok que eu me apaixonei por um, mas, para a minha
defesa, Chris estava níveis abaixo. Pelo amor de Deus, tinha livro que o
cara transava a força com a mulher e do nada ela estava gozando?
Amarrava a força e do nada ela estava amando?
— Para a minha defesa, quando cheguei nessas cenas eu parei de
ler, porque realmente não dá. Mas agora eu leio livros de homens menos
ogros, porque, realmente, não tá dando para aturar tanto homem babaca,
escroto e dominante de maneira doentia, em um lugar só. Por isso quero
Alejandro, um homem real. — suspiro. — Que está colocando a filha
para dormir. Sério, do nada comecei a ver vários livros de viúvos e pais
solteiros, pensei ‘’Que novo fetiche é esse?’’, mas quando Alejandro está
com Dulce eu suspiro. É tão fofo. Entendo a galera amando esses pais
solteiros e viúvos, aclamados por fazerem na a mais e nada a menos que
a sua obrigação. — suspiro. — Ah, Alejandro!
— Oh, sua fanfic está sendo realizada. — aperta minha bochecha.
— Só falta transar pela primeira vez, achar um máximo, na madrugada
repetir e pela manhã fazer anal e dizer que é a coisa mais maravilhosa e
não é tão ruim quanto falaram, e a virgem vira expert no sexo.
— Eu sei que isso é coisa de livro, participei de grupos literários e
as mulheres sempre falaram isso, que essa coisa da virgem transar de
todos os modos na primeira noite é a mais pura ficção e ainda sendo
hiper exagerada. Ou seja, darei a noite, dormirei e, quem sabe, amanhã,
eu possa repetir a dose, mês que vem eu penso no anal.
— Te conheço há mais de duas décadas e nunca sei quando está
brincando.
— Será que estou brincando? — fecho um pouco os olhos e
inclino a cabeça para o lado. — Não sei, Jess, em breve te informarei,
pois contarei cada detalhe dos meus dias e noites repletos de
depravação...
— Alejandro está vindo, pode continuar o assunto com ele.
— Não. — sorrio. — Em breve falarei com ele sobre ser
amarrada.
— Eu nunca sei se é brincadeira ou não...
— Em breve...
— Te contarei. — ela sabe o que falarei. — É, eu sei, Brittany.
Agora eu verei Christopher, que deve estar discutindo que levou menos
socos que Alejandro. Tentando ter alguma honra em ter sido o primeiro a
apanhar do sogro.
Jess sai e Alejandro se aproxima.
— E aí, Dulce dormiu? — pergunto.
— Sim, ela, Lucas e Christian, todas as crianças dormiram.
Camille ficou com elas, Matt também está indo pra lá.
— Camille ainda não curte festas.
Por conta da vida naquela casa de prostituição e por ela ser bem
tímida, Camille quase nunca participa de algo que envolva muita gente.
Ela garante que está bem e que prefere ficar mais na dela, talvez em
algum momento ela se sinta mais à vontade, ou pode ser algo dela
mesma. Eu, por exemplo, não curto sair com pessoas que não conheço,
tipo a vez que Jess resolveu sair com Avadia e teve que me levar junto.
Odeio sair com gente que não conheço, porque minha vontade de
conversar é abaixo de zero.
— Por que Juan trocou a música? — Alejandro pergunta.
— Ele disse que eu estava dançando indecentemente, sendo que
eu só estava brincando, não fiz nada de mais. — nem posso, já que
poderei fazer um movimento errado e ficarei nua nessa festa. Tudo por
vergonha das minhas peças íntimas. — Eu falei que colocar música
romântica poderia ser pior.
— Você sabe dançar?
— Claro que sei! — prende o riso quando dou minha resposta. —
O que foi?
— Eu te vi dançando no casamento de Jessica e Christopher,
aquilo não foi uma dança.
— É uma brincadeira, eu sei dançar e cantar.
— Eu também já te escutei cantando, está lado a lado com a
dança.
— Eu seria facilmente a Eponine em ‘’Os miseráveis’’. Sei cantar
e minha atuação é ótima!
— Claro que sabe.
— Alejandro...
— Brittany...
— Você me chama pelo nome completo.
— Percebi que muitos te chamam de Britt, menos Carlos e Juan,
quando está com raiva, então eu meio que quis te chamar assim também.
— Carlos me odeia e Juan odeia quando o irrito, qual o seu
motivo?
— Não éramos íntimos. — encolhe os ombros. — Todo mundo
que te conhece te chama Britt, mas quem não conversa tanto chama de
Brittany, achei que fazia sentido. Mas posso de chamar de Britt.
— Eu gosto de Brittany. — porque sua voz sai mais grossa do que
quando fala ‘’Britt’’. — Eu posso te chamar de ‘’Alê’’.
—- Não.
— ‘’Randro’’.
— Piorou.
— Não teremos qualquer apelido?
— Só se você gostar de algo carinhoso.
— Você gosta de algo carinhoso?
Pensa um pouco.
— Não sei. — responde. — Por que estamos falando disso? Ah,
é, você mudou o assunto porque disse que não sabe dançar e nem cantar.
— Eu posso provar que sei fazer os dois, quer dizer, pelo menos a
dança, não preparei minhas cordas vocais para um showzinho particular.
Estica a mão na minha direção.
— Então dance comigo. — faz o convite.
— Eu amo Selena. — me refiro a Selena Quintanilla, que está
cantando no momento. — Te provarei que sei dançar.
Aceito seu convite para dançar e começamos.
Tem mais gente dançando, o que me deixou mais à vontade desde
o início para dançar com Jessica.
Por essa música não ser lenta, — na verdade é cúmbia —
dançamos nos movimentando mais. Entre risos e alguns elogios da parte
de Alejandro, terminamos a dança, mas logo em seguida começa ‘’Amor
prohibido’’.
— Eu amo essa música! Amo a Selena! — falo alto. — Ela não
deveria ter morrido, ainda mais daquela maneira!
— Acho que Juan concorda com você. — aponta para Juan, que
também canta a música ao lado de Carlos.
— Ele está bem? — pergunto a Alejandro.
— Você sabe que seu pai bebe e fuma, não é? Que fuma a melhor
de todas.
— O que isso quer dizer?
— Erva da boa, por isso ele está tão animadinho.
— Jess, Whit e eu somos as únicas não maconheiras dessa
família? Christopher e Matt já fumaram, óbvio que sim, aqueles olhinhos
apertados não me enganam.
— Bem-vinda a família evoluída do século vinte e um, Brittany.
— Dulce não vai fumar!
— Amém!
— Nem o menino!
— Já sabe o sexo do bebê?
— Juan só teve meninas, mas Jess teve um menino, talvez a nossa
genética facilite a chegada de um menino.
— Porque estamos falando de genética?
— Porque falamos da família maconheira!
Ele dá risada, como estamos de mãos dadas, ele me leva para
dentro de casa. Eu sigo sem fazer perguntas.
— Podemos ir ao seu quarto? — pergunta.
Deus, será agora?
— Aproveitando a calma de Juan? — pergunto, levando até meu
quarto.
— Você não vai querer continuar lá embaixo, vai por mim.
— O que acontecerá lá embaixo?
— Pediram para chamar algumas mulheres do clube.
— Oh, uma festinha ‘’mais dezoito’’. — entendo o que ele quer
dizer. — Mas eu já vi coisas do gênero.
— Um bando de velho babando nas mulheres e tocando nelas, te
garanto que ali em baixo a coisa será mais intensa.
— E você acha que Juan me deixaria presenciar algo assim? —
viro-me para ele.
— Na verdade elas podem aparecer, os homens sairão, Juan não
deixará nada disso acontecer na casa dele, com filhas e crianças aqui.
Porém, como sou um bom namorado, estou te tirando de lá mais cedo.
— Namorado? Não lembro de ter feito o pedido.
Aponta para o próprio rosto.
— Isso aqui serve até como pedido de casamento.
Pior que é verdade, começando a entender as ideias de Juan. É
sobre ego, mas também sobre até onde um homem vai por uma Herrera.
Olhando assim até que concordou com as idiotices de Juanito.
Abro a porta do quarto e entramos, depois eu tranco.
— Quer namorar comigo? — olho para Alejandro. — Eu juro que
não sei fazer esse pedido, mas sabe bem que gosto muito de você, talvez
até um pouco além. Você e minha filha... Gosto de pensar no que
podemos virar no futuro. Então, quer namorar comigo?
— Já pensou se eu falasse que não depois de você levar uma
surra?
— Eu ficaria tão puto, passei por esse drama todo pra você não
me querer? Mas eu lembro que te pedi primeiro. — se aproxima e segura
a minha cintura. — E me garantiu que me quer como eu te quero.
— Ou até mais.
— Será? — arqueia uma sobrancelha. — Duvido um pouco.
— Duvida do meu interesse em você?
— Tímida do que jeito que? — fica muito próximo a mim. —
Não sei se acredito.
— Eu perdi a timidez.
— Para falar sem pensar, sim. Mas para me beijar? Ainda acredita
na sua fanfic que sempre preciso tomar a iniciativa?
E naquele mesmo impulso de sempre, de falar sem pensar,
sussurro:
— Estou sem calcinha.
E eu não sei como não ruborizo, pelo contrário, mordo meu lábio
e sorrio para os olhos arregalados de Alejandro.
— Não estava esperando por isso, não é?
— A cada dia que passa você me surpreende mais. — coloca o
dedo indicador no meu queixo e suspende, beija meu rosto e vai para o
lado, depois desce, chegando ao meu pescoço, mas depois ele volta e
olha nos meus olhos. — Será que preciso perguntar se é isso mesmo que
quer?
Sorrio para ele em resposta.
E sua resposta é beijar minha boca.
Sua boca está na minha, sua língua também. Seu corpo está
colado ao meu e sua mão passeia pelas laterais do meu corpo.
Sua boca desce pelo meu pescoço, depois sobe novamente e volta
para a minha boca.
boca em um deles. Ele chupa, suga, dá uma mordida, depois vai para o
outro e faz a mesma coisa.
da sua parte. — coloca a mão na minha vagina. — Que deixa claro que
está pensando coisas bem, inadequadas, se assim posso dizer.
— Minha fanfic!
tempo e imaginei que você fosse querer algo mais nessa festa, então vim
— Precisa ou quer?
— Quero. Agora.
Agarro o lençol com força, tento lembrar que tem gente no quarto
ao lado, e tento não gemer alto...
mais.
Muito melhor.
aquele alívio, aquela onda que toma conta do meu corpo todo...
Perfeito!
— Oh, não, depois de tudo isso não poderá ter vergonha na minha
frente. — beija meu queixo. — Agora que conheço a Brittany que
ALEJANDRO
(...)
Um presente.
Meu pai disse que tem um presente para mim. Mas, que tipo de
presente eu posso querer? Já tenho carro, casa... O que mais poderia
querer?
Olho para o meu irmão, que está ao meu lado, enquanto assiste
um programa inútil na TV.
— Onde está o meu pai? — pergunto. — Quero a porra do meu
presente! Tenho mais o que fazer do que fiar esperando por ele.
— Só espero que ele não traga a puta da sua mãe. — faz cara de
nojo. — Imagine só aquela negra aqui.
— Eu sou negro. — lembro-o.
— Mas é diferente. — fala mais suavemente. — Nós somos
irmãos de sangue, tem sangue branco nas suas veias, diferente da sua
mãe que é negra. Muito negra.
Meu pai entregou Camille porque disse que não queria uma
menina na casa, por meus irmãos sempre frizarem sobre a negritude da
pessoa, achei que fosse racismo, mas eu fiquei e sou negro. Meu pai
disse que fiquei porque além de ser homem, me pareço muito com ele.
Camille é uma garota, então não teria serventias... Pelo menos,
não por enquanto.
Mas sei que meu pai me ama e ele jamais me abandonaria, se
não ele já teria feito.
Com Whitney foi à mesma coisa, ele gostou dela e acabou
levando para casa, mas ele não poderia apresentar uma negra às
pessoas que ele conhece.
É racismo, eu sei, mas eles não são racistas comigo!
— Charlie. — olho para frente e vejo o meu pai. — Trouxe o seu
presente.
— E onde está? — pergunto. — Só vejo a sua mão vazia.
— Está aqui.
Ele vai para o lado e vejo uma garota atrás dele. Levanto-me do
sofá e caminho em direção à garota.
Eu a conheço!
Jessica?
— O que isso significa? — pergunto ao meu pai.
— Ela é obediente e vai fazer dez anos, está sendo moldada para
ser uma mulher exemplar. A sua mulher.
— Jessica?
Meu pai vem a minha frente e fala bem baixo:
— É a gêmea de Jessica. — arregalo meus olhos. — Isso mesmo.
Você gostava daquela garota, enquanto não temos a verdadeira, você
pode ficar com a cópia.
— Onde ela estava esse tempo todo?
— Esperando algum comprador, vi como Jessica teve uma
evolução no corpo, então espero o mesmo de Jennifer. Uma adolescente
com corpão vale muito mais que uma criança frágil.
— Mas por que está me dando se ela vale tanto?
— Pra você se acalmar um pouco, Charlie. Anda muito nervoso,
muito irritado. Quem sabe com uma cópia da sua amada, você para um
pouco e relaxa mais? Ela é toda sua, basta ser obediente, Charlie. Se
não voltar a me obedecer, eu pego essa garota novamente, está me
entendendo?
— Acha mesmo que essa garota me fará mudar? — dou risada.
— Ok, veremos.
Olho para a garota que está assustada a minha frente. O seu
cabelo está solto e é da altura do ombro, os seus olhos são castanhos
claros e sua pele é como se fosse bronzeada, mas sei que não deve tomar
sol.
Olho para o seu corpo e noto que ela, realmente, não parece uma
menina de dez anos, ela parece mais velha... E já vem obediente.
Vou até ela e ajoelho, para ficar na sua altura.
— Olá, garota. — falo com a voz bem baixa, para não assusta-la.
— Qual o seu nome?
— Jennifer. — ela responde rapidamente.
Perfeito! Ela é obediente.
— Olá, Jennifer. Eu cuidarei de você. — sorrio para ela. — Você
me pertence a partir de agora. É a minha mulher.
Agora
Os tiros nem estão doendo. O que está doendo é o meu peito. A
dor de ver Jennifer atirando em mim.
Bato no chão como uma criança birrenta e choro, esse sou eu
sofrendo por Jennifer.
Como ela pode fazer isso?
— Mais um, Jennifer! — e o filho da puta desgraçado continua
incentivando. — Um no joelho, e assim por diante.
— Por quê? — grito com Jennifer. — Você jurou amor por mim!
Jennifer foi dada porque eu queria Jessica, sempre quis.
A verdadeira função de Jennifer seria a venda, mas ela era muito
criança, muito pequena e magra, o preço para ela nunca foi alto. Foi
cuidada por uma senhora até ter alguma fisionomia melhor e valer mais...
Porém, como eu era louco por Jessica, meu pai acreditou que me dando
uma garota mais frágil e solicita, eu o obedeceria, porque se não entrasse
na linha, perderia Jennifer.
E por Jennifer eu andei na linha, obedeci meu pai, trabalhei para
ele... E agora ela atira em mim?
Na primeira oportunidade ela se volta contra mim?
Joga tudo o que vivemos no lixo?
— Eu jurei me livrar de você! — ela cospe todas essas palavras e
isso dói. Dói no fundo da minha alma. Eu poderia morrer nas mãos de
qualquer pessoa, mas Jennifer? Isso nunca! Isso nunca passou por minha
cabeça. — Eu passei todos aqueles dias torcendo para que algum dos
seus inimigos te matasse, eu poderia não sentir a sensação boa que estou
sentindo agora, mas me livraria de você. Eu fiquei feliz quando seus
irmãos morreram. Mesmo sem saber quem foi, eu digo que amo as
pessoas que fizeram isso com eles.
— Jennifer, não entende que tudo isso é um plano para que fique
contra mim? Lembra dos nossos momentos, mais de dez anos juntos!
Ela me ama! Sei que me ama!
— Você nunca me ajudou em nada! Você só me fez sofrer desde
criança! Eu sempre te odiei e isso nunca mudará!
— Não, Jennifer... — eu não sei o que pedir, é como se eu não
conhecesse essa mulher a minha frente... E não conheço! — Por que,
Jennifer?
— Porque eu te odeio, não é óbvio? Não é obvio que tenho nojo
de você? Eu não ficava gelada e tremendo por te amar, eu ficava naquele
estado por te odiar e por ter nojo. Você nunca me causou nada além de
pânico e nojo!
Escuto os sons de tiros sendo disparados. Sinto as balas me
perfurando e a risada do homem que contratei para me ajudar... E que
pertence ao cartel de Juan.
Nunca servi para nada disso. Meu pai estava certo, sempre muito
instável, muito sentimental... E agora perco tudo pelo meu próprio erro.
Mas nada disso me abala, o que mais me abala é isso estar sendo
feito por Jennifer.
— Eu te amo, Jennifer. — murmuro, com a voz fraca. Sei que já
estou morrendo.
Vejo Jennifer em cima de mim. Minha visão está ruim e já estou
fraco, obviamente já perdi muito sangue.
— Eu...
— Me ama? Você me ama, Charlie? Pois eu te odeio. Eu sempre
vi a hora de fazer isso. Agora você está aí, no chão, chorando, sabe o que
me lembra? Lembra meu passado, quando era eu que estava chorando e
você me fazia ''engolir o choro''. Eu chorava assim, talvez pior que você.
Você ainda está tendo sorte. Charlie, eu passei mais de seis anos sofrendo
ao seu lado, você sofreu por apenas alguns minutos.
— Jennifer, eu...
— Poupe suas palavras, elas não servirão de nada. Você não
estará aqui para mais nada. Você vai estar como o seu pai e seu irmão,
também queria ter feito isso com eles, mas já que eles morreram há muito
tempo, só me restou você. — outro tiro é dado. — Adeus, Charlie.
Capítulo 23
BRITTANY
Dia seguinte
(...)
Ter essa conversa com Jessica parece melhor agora que Charlie e
Henry já estão mortos. Por isso a chamei até o meu quarto.
— Jennifer está dormindo? — pergunta.
— Sim, está cansada, muitas informações em menos de vinte e
quatro horas. — bato na cama e Jess senta à minha frente. — O que está
achando da nova irmã?
— Eu acho que está sendo estranho para Jennifer, provavelmente
nunca soube de uma pessoa idêntica a ela nesse mundo. Como já tinha
ideia sobre sua vida, esperava por essa reação, mas ela...
— Jennifer se passava por você. Ela comentou sobre aquele vídeo
que te separou de Christopher. Jennifer foi chamada pelo seu nome, não
sei o que se passa na mente dela, até porque, acabamos de nos conhecer,
mas dá para entender a reação que tem.
— Sim, claro que dá para entender. Só não sei se em algum
momento ela vai querer se aproximar, porque nós duas também passamos
por certas situações, e sabemos como foi difícil deixar alguém entrar em
nossas vidas. Entendo o lado de Jennifer, só é estranho pensar que é
justamente por minha causa.
— Não é por sua causa ou sua culpa, Jess. — seguro sua mão. —
Sabemos como pessoas ruins agem, quando não tem como fazer aquela
pessoa sofrer, ela pega uma que tenha relação. Você não fez nada para
que isso acontecesse, para que houvesse essa culpa. O nosso grande feito
foi nos defendermos, e, do nada, Henry decidiu que seria uma boa ideia
dar uma criança ao filho, e esse filho cresceu querendo nos atingir e usou
nossa irmã, que não sabíamos da existência, para isso. Ou seja, sem
sentido algum!
— Nunca fez sentido algum, essa é a verdade. Fugimos, ok, mas
por que tudo isso?
Respiro fundo, eu já contaria, mas Jess acabou trazendo esse
assunto.
— Em uma das nossas conversas, antes da minha conversa com
Alejandro, você disse que eu estava estranha. Então, eu te chamei aqui
para falar sobre isso. Por muitos anos eu evitei tocar nesse assunto para
não piorar tudo, e quando estava tudo relativamente bem, não consegui
contar porque pensei que poderia estragar seu momento feliz, ao mesmo
tempo que pensei que eu poderia ter contado antes, e não contei. Me senti
mal por esconder tudo isso de você, então virou uma bola de neve, um
ciclo de achar que fiz certo, depois de me culpar, querer contar, ver que
está tudo bem, desistir e depois retornar ao ‘’fiz certo’’, me culpar e por
aí vai.
Jess não entende nada do que estou falando, mas pede para que eu
continue.
— O pontapé para a nossa fuga foi o que fiz, o que desencadeou
toda essa perseguição com nós duas. Eu matei os dois filhos de Henry.
Sofia sabia disso, mas Henry não acreditou que fui eu, ele me achava
incapaz de fazer algo assim, então desconfiou dos seus capangas e saiu
matando esses homens, quando finalmente entendeu que fui eu, já
estávamos fugindo...
— Espera, você matou os dois filhos de Henry? Ele tinha dois
filhos? E por que nunca me contou? Eu nunca te julgaria, não tem sentido
algum te julgar nessa situação...
— Eu me vinguei de algo que aconteceu com você. —
interrompo. Jess pisca os olhos, fica confusa, mas pede para que eu
prossiga com a história. — Tinha aquele homem que sempre estava com
David. Lembra que antes da nossa fuga você passou alguns dias
reclamando de incômodo nas partes íntimas?
Agora ela entende o que quero dizer.
— Não... Mas... — ela não consegue formular uma frase. — Mas
eu era virgem...
— Dedos. — vejo como ela engole a saliva com força e fica
tensa. — Um dia antes desses incômodos acontecerem, estávamos bem
cansadas praticamente lentar, até que você ficou desacordada e eu
paralisada. Eu conseguia abrir os olhos, tinha consciência, mas não
conseguia mexer nada, nem abrir a boca e nem meus olhos piscavam. Eu
vi quando aquele cara fez tudo aquilo com você desacordada, eu só
queria levantar e impedir, mas não tinha como, Jess. Mas David chegou
ao local e disse que ele não poderia fazer aquilo, que aquele cara tinha
que parar, ou perderia a parte preciosa, ou seja, sua virgindade, e que
deveria ser por trás, caso ele quisesse fazer algo. E eles fariam, mas
alguém chegou chamando por eles e nada aconteceu. Mas se eles fariam
naquela noite, eles poderiam fazer na noite seguinte, e foi com esse
pensamento que eu decidi que mataria os dois e que fugiríamos. Mas,
para a minha surpresa, Sofia sabia de tudo. Você estava com incômodo
nas partes íntimas, mas já tinha passado por tanta coisa e tínhamos que
fugir dali, pensei que se te falasse a verdade você quebraria naquele
momento e se Sofia sabia e não fez nada, se você falasse ou sofresse pelo
assunto, seria pior ainda, ela poderia contar que você estava fazendo um
alarde sobre o assunto. Então preferi falar que poderia ser infecção, pela
falta de banhos constantes, já que fomos privadas disso, Sofia aceitou
minha mentira, afinal, melhor pra ela. E assim eu fiz o plano todo em
minha mente, rezando para que Sofia, pelo menos, tivesse alguma
decência de entender que aquilo te machucou. E acho que ela entendeu,
não para o bem, claro, mas sim que a ‘’mercadoria’’. — faço aspas no ar.
— Estava com sequelas.
Jess derrama lágrimas silenciosas.
— Não é que foi uma surpresa sobre Sofia ser ruim. — continuo.
— Mas é que havia alguma esperança dela, pelo menos, esperar, sei lá, a
pessoa estar ao menos acordada. Não sei explicar, acho que foi meio
inocente da minha parte.
— Ao longo dos anos eu tive aversão por homens. — começa a
falar. — Não gostava do modo como me olhavam, não gostava do meu
corpo porque culpava todas essas curvas e volumes, acreditei que era isso
que me fazia virar um pedaço de carne, que não merecia qualquer
respeito. Ao mesmo tempo que não entendia porque minha cabeça
funcionava daquele modo, então associei tudo isso ao que vivi, mas lá no
fundo eu sentia que aquilo não fazia sentido, sentia que tinha algo mais,
no entanto, continuava sem repostas e atribui tudo isso a época que
seríamos prostituídas. E talvez lá no meu subconsciente, eu tenha uma
certa ideia do que aconteceu, mas não tinha como confirmar.
— Eu percebia, por isso falei do ciclo. Você parecia bem, então
não queria estragar nada disso contando o que aconteceu. Mas tinham
vários momentos que você estava mal, ficava confusa, comentava sobre
homens mostrando sentir nojo, mas você não entendia muito o motivo de
sentir isso. Eu pensava em explicar, mas tinham várias situações que era
algo normal e você entendia de maneira ruim, se eu contasse a verdade
tudo seria pior. Você levaria tudo a um nível mais elevado, não tínhamos
dinheiro para terapia, nada! Então deixei que essa história fosse indo e
indo, mas eu sabia que já deveria contar, só que...
— Seria uma pessoa com mais traumas ainda, sem qualquer
modo de ter auxílio profissional. Eu já era um caos só por causa de
olhares, sabendo que fui estuprada seria pior ainda. — enxuga as
lágrimas, mas elas ainda caem. — Eu não sei explicar o que sinto...
— Imaginei...
— É que... — para de falar um pouco e respira fundo. — É como
se eu já soubesse que algo tinha acontecido, eu tinha ideia que era
virgem, já que Christopher foi meu primeiro e só sangrei uma única vez,
mas algo me dizia que eu tinha passado por uma situação no passado. Eu
não conseguia pensar que passei por aquilo intacta. Porque você era vista
como louca, inconsequente e violenta, mas eu era a boba e idiota, todos
olhavam pra mim, me desejavam, era como se algo gritasse que eu tinha
sofrido algo. Então o que sinto agora não é nem surpresa, é tipo ‘’É, eu
sabia’’. Não sei explicar.
— Não sente raiva?
— De você? — olha pra mim e acaba dando risada. — Se eu
sentisse raiva você deveria me bater, porque você evitou que algo pior
acontecesse. E bem, se me falasse na manhã seguinte, eu teria chorado,
teria paralisado, acho que sim, teria fugido, mas o resto daqueles dias,
dos anos, eu não sei o que seria de mim. Eu já não gostava dos olhares
dos homens, se soubesse do que aconteceu acho que nem sairia de casa,
até porque eu ainda era uma adolescente... Minha mãe... — engole em
seco e vejo que prende o choro, respira fundo. — Eu entendo o que quis
dizer de Sofia, por mais que esperássemos o pior dela, é uma surpresa
pensar que ela sabia do que aconteceu, deixou e se calou. Então a minha
mente não processaria nada disso, eu não teria nem ao menos tentado
viver, ou teria, para ajudar em casa, mas o medo de ser encontrada seria
tão grande que não conseguiria sair de casa. Porque o que vivi foi medo,
mas não entender o que realmente aconteceu me fez pensar ‘’Talvez não
tenha sido algo tão grave, talvez eles nem lembrem da nossa existência’’.
Eu acho que sinto mais raiva ainda de Sofia, sinto raiva daqueles
homens, mas eles já morreram, e sinto algo como ‘’é, eu sabia que algo
aconteceu’’. Eu não sei o que sinto sobre o que aconteceu comigo.
Jessica chora alto e com força, seu corpo até balança e eu vou
abraça-la. Ela coloca a cabeça em meu ombro, acaricio suas costas, sem
saber o que dizer... Nem sei se tem o que dizer.
Jessica acabou confirmando aquilo que pensei, se ela soubesse
antes, ela não teria vivido nada, teria vivido pelo medo, pelo trauma, não
sairia de casa e eu não teria como ajudar, porque um caso assim é com
profissionais, e ainda não estávamos legalizadas nesse país, como
conseguiria um tratamento em um local do governo, sendo que não havia
documentação para isso?
Roubamos dinheiro na fuga, o que deu para comprar passagens e
chegar até aqui. Na verdade, o dinheiro acabou aqui e fomos procurando
algo para fazer. Até conseguir um emprego ‘’ok’’, e regularizamos nossa
vida.
Mas não teria sido assim se Jessica soubesse da verdade.
Confesso que em vários momentos pensei se não seria egoísmo
da minha parte, no entanto, egoísmo seria penar em mim, mas eu
realmente pensei em Jessica, em como ela não teria um tratamento
adequado, o quanto sofreria e não conseguiria viver.
— De tudo o que aconteceu, Britt, eu também tenho outra certeza.
— se afasta e olha nos meus olhos. — Você nem foi uma irmã, foi uma
mãe mesmo. — é a minha vez de soluçar ao chorar. — Porque cuidou de
mim até nessa situação, e mesmo aqui nessa casa, com tudo protegido, eu
sei que continuou cuidando para que nenhum mal me atingisse. Então
não, não sinto algo ruim sobre o que fez, pelo contrário, se tudo de bom
que aconteceu na minha vida tem um motivo, esse motivo foi você. Eu
não teria qualquer força para aguentar aquela barra na adolescência, não
teria mesmo e eu sei que me sentiria culpada de atrapalhar sua vida...
— Nunca atrapalharia...
— Mas na minha mente não seria assim, eu me conheço. Eu teria
me entregue, e só Deus sabe o que eu faria. — engole em seco. — Saber
disso anos depois é estranho, confuso, me dá raiva, mas dá uma sensação
de ‘’acho que foi melhor assim’’. Ainda pensarei nisso, ficarei penando
em como aconteceu, em que momento eu apaguei, em como fui tratada
após isso, porque é do ser humano ficar remoendo o passado, mas acabou
antes que uma defloração maior acontecesse. — enxuga as lágrimas com
força. — Eu odeio eles e dane-se se morreram, estou com raiva.
— Eu... — eu não sei o que dizer.
— Eu amo você, Britt. E agora entendo ainda mais essa sua
selvageria com todos os homens que se aproximavam de mim.
— Eu envenenaria Christopher, nunca foi uma brincadeira.
— Eu amo que você o odeia, mas também o ama.
— Eu não amo!
— Ele me faz feliz.
— Obrigação dele, já que você é muita areia para aquele
caminhão caindo aos pedaços. — dá risada. — Eu vivi com medo dessa
conversa, acho que esperei que tudo terminasse para que você tivesse
algum alívio.
— Se eu soubesse disso antes eu teria te acompanhado nas suas
sessões de conversas com Henry!
— Você faria algo?
— Não, mas teria o prazer de ver você fazendo, sei como você é
ótima em fazer alguém sofrer.
— Não me liberaram para torturar, Juan não me quer sanguinária.
Então eu contava e recontava os assassinatos, já que era perseguida por
ter matado os filhos branquelos de Henry. Charlie foi o único que restou
e Henry teve que aceitar, óbvio que o racismo de Henry nunca aceitaria
um negro retinto na família.
— Nunca te julgaria por nada disso. — beija meu rosto. — Pelo
contrário, só tenho a agradecer e dizer que te amo muito.
Ainda chorando em seus braços, murmuro, com a voz embargada:
— Também te amo, Jess.
Capítulo 25
BRITTANY
Horas depois
(...)
— Achei estranho quando disse que ia para uma reunião do cartel
e levou Dulce junto.
— Não foi de negócios nem algo muito barulhento, e como você
tinha Jennifer e Jessica, achei melhor ficar com Dulce. E então, como foi
com as irmãs?
— Bem melhor do que imaginei. Jessica entendeu toda a situação
e Jennifer acordou, dei um sanduíche e vitamina de banana a ela, mas não
comeu tudo e nem bebeu, depois voltou a dormir.
— Ainda é confuso ter tanta gente nova na vida dela.
— Sim, aceito isso por uns três dias, depois é melhor incentivar a
sair do quarto e comer, levar ao psicólogo, caso ela queira, porque se não
quiser, obrigar é pior.
— Você é uma mãe para essas mulheres e não imagina sendo
mãe? — arqueia uma sobrancelha.
— Nunca pensei tanto no assunto sendo na vida real, e eu tenho
dois bebês na minha vida, um terceiro só se for de Camille.
— Ok filho dos outros, mas não o seu?
Aponto para Dulce, que está dormindo em seu carrinho.
— Sabe, papai, tem um bebê que só sabe andar e falar ‘’papai’’
corretamente até o momento.
— Ela já pede ‘’aga’’ também. Que é água.
— Uau! Daqui a pouco ela já pode ajudar a mamãe a arrumar a
casa.
— Sabe que agora já pode pagar por uma faxineira.
— Falarei isso com Juan.
— Vai continuar extorquindo o homem?
— Minha indenização! Ainda falta meu silicone, minha lipo...
— Nem precisa, mas já que quer tanto.
— Quando meus peitos e minha bunda estiverem grandes,
lembrarei de você falando que não precisava.
— Você já é perfeita do jeito que é, mas se quer aumentar. —
aperta a minha bunda. — Não reclamarei, cuidarei de você no pós-
operatório também.
— Ok, já tenho um enfermeiro particular. Quem cuidará dos seus
negócios?
— Eric, está na hora dele fazer alguma coisa além de subir e
descer com Vicent, as férias dele terminaram.
— Mas ele não é do cartel?
— Decidiu não ser mais.
— E Juan aceitou?
— Se não aceitasse, provavelmente Vicent bateria de frente com
ele, e vai por mim, Juan odeia dramas de outras pessoas. Acho que Juan
falará disso com você. Agora você tem um jantar comigo, Jennifer parece
se sentir confortável com Whitney, então...
Aponto para Dulce.
— Whitney também aceita olhar Dulce por algumas horas, assim
como Carmen. — fala. — Sei lá, Carmen está estranha, falou para cuidar
bem de você, que você é uma amor de pessoa e que se eu te machucar ela
corta meu pau e vai enfiar na minha bunda e depois ela chamará Juan
para terminar a vingança. O que deu nela?
— Espírito materno batendo de maneira tardia. — dou risada. —
Mas agora você tem que me alimentar, estou sonhando com pizza desde
que comi aquela. E espero que seja tão boa quanto.
Capítulo 26
BRITTANY
Uma semana depois
JENNIFER
(...)
Positivo.
É isso. Estou realmente grávida e Carlos é o pai.
Quantas vezes eu rezei para que isso não acontecesse? Carlos não
se importa comigo, ele só se importa com o cartel, nada mais.
Espero ele chegar em casa enquanto olho para o resultado do
exame. Estava com medo do resultado, porém, eu não poderia mais
esperar. Eu tinha que saber a resposta. E aqui está ela.
Grávida de uma pessoa que não gosta de mim.
A campainha toca, chamando a minha atenção. Não é Carlos, ele
tem a chave de casa.
Levanto do sofá e guardo o meu papel no bolso. Caminho até a
porta e, quando abro, dou de cara com uma mulher.
Merda! É aquela mulher.
— Olá, preciso falar com Carlos.
Ela é mais bonita que eu... Eu me odeio!
— Ele não está. — tento controlar a minha vontade de chorar.
— Sabe a que horas ele volta?
— Não.
— Ah. Ele disse que estaria me esperando. — ela olha para os
lados. — Diga que Vanessa veio aqui e está na cidade, eu preciso
conversar com ele.
— Eu falarei. — fecho a porta com força.
Por que eu continuo nesse lugar? Não é como se eu gostasse de
estar aqui. Eu amo as pessoas, mas elas sempre estão felizes e eu... Eu
sempre estou sofrendo por Carlos e nem posso falar sobre isso.
Com esse bebê agora, não mudará nada, na verdade vai piorar
tudo.
Decidida sobre o que fazer, vou até a cozinha e pego a minha
mochila. Ela já estava arrumada, mas eu ainda tinha esperanças de falar
com Carlos, agora não mais. Ele estará feliz ao lado do seu grande amor
e eu... Bem, eu estarei mudando de vida.
Saio de casa e vou até a rodoviária. Avisto o carro de Oliver e me
aproximo.
Oliver me salvou de Charlie, é bem simpático comigo e sei que
está indo em uma viagem para ver a filha, e Carmen pegará carona com
ele, pois estão indo a outro país. Eles podem me levar a algum lugar.
— Nena, aconteceu algo? — ele pergunta, olhando para mim e de
depois para a minha mochila.
— Quero ir embora.
— Por quê? O que aconteceu?
— Jennifer? — Carmen sai do carro e também me encara sem
entender nada. — O que está acontecendo?
— Eu apenas preciso sair desse lugar, não me sinto bem aqui.
— Jennifer, eu...
— Oliver, tudo bem. — Carmen interrompe. — Ela vem conosco,
eu sou como uma tia, nós a ajudaremos.
— Mas...
— Oliver, nós vamos para a cidade vizinha, não é como se
estivéssemos voltando para a Colômbia nesse mesmo instante! — eu não
entendo o tom de voz de Carmen, mas Oliver apenas concorda com ela.
— Pode ficar conosco, entendo como essa aura de família feliz pode ser
um pouco sufocante.
— Eu só quero sair daqui, apenas isso. Não é sobre as pessoas. —
dou um sorriso fraco, porque é sobre meu bebê e Carlos. — Podemos ir?
— Então, andem logo, pessoas! — Oliver fala com a voz mais
animada. — Temos uma longa viagem pela frente.
É isso, adeus pessoas que eu amo.
Agora eu só preciso de uma vida nova para mim e para o meu
filho.
(...)
Atualmente
(...)
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