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direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios.


Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte da autora.

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou


armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de
qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico,
fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito
da autora/editora.

Design da capa por Indiana Massardo

Revisado e preparado por Mayara Machado

Leitura crítica de Narjara Pedroso


SUMÁRIO

SINOPSE
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
EPÍLOGO
CAPÍTULO 1
AGRADECIMENTOS
SINOPSE

O trisal mais quente da máfia está de volta e as aventuras


dessa vez serão em meio a celebrações natalinas.

Depois de dois anos sem poderem cumprir a tradição de


passarem o Natal na casa dos pais dele, Gabriel e Alícia estão
prontos para embarcarem para a Inglaterra, dessa vez com Chace
ao seu lado.

Só que os pais de Gabriel não aceitam muito bem essa história


de que o casal agora é um trisal e deixam seu descontentamento
bem óbvio. Como se conquistar a aprovação da família não fosse
desafio o suficiente para os três, bilhetes misteriosos ameaçam a
segurança dos mafiosos, e eles precisam descobrir quem está por
trás disso.
Em um conto de Natal cheio de mistério e com um pitada de
dark, venha matar a saudade do trisal mafioso e descobrir se Chace
vai conseguir conquistar os corações dos sogros como conquistou
os dos dois executores.
APRESENTAÇÃO

‘Malícia: Um Natal Mafioso’ é a continuação do livro ‘Malícia:


Um Trisal Mafioso’, portanto é recomendada a leitura do livro antes
do conto, lá é explicado como foi formado o trisal.
‘Malícia: um Trisal Mafioso’ se passa na cidade de Boston, no
ano de 2024, dentro da máfia comandada pela Família de Angelis, e
esse conto se passa dois anos depois, em 2026, na cidade de
Londres.
Espero que goste da leitura e, se quiser, pode compartilhar sua
experiência comigo nas redes sociais.
Meu Instagram é: @autoraindymassardo e fico muito feliz em
receber mensagens dos leitores.
Nessa máfia os cargos de poder são:
Don: O chefe que comanda a Família e maior autoridade na
hierarquia.
Consigliere: O conselheiro do Don e o segundo em comando,
no caso da ausência do Don.
Underbosses ou capitães: São os homens de confiança que
têm controle de uma região específica dominada pela Família,
reportam diretamente ao Don.
Chefes: São responsáveis por controlar os soldados e
reportam diretamente ao Underbosses da sua região.
Soldados: Homens feitos que fazem os trabalhos menores: a
segurança, a limpeza, entre outros, e se reportam diretamente aos
Chefes da sua região.
Executor: É a pessoa responsável por cobrar dívidas e tirar
informações dos inimigos ou traidores. Não é um cargo, mas sim
uma medalha de honra que indica frieza e poder dentro da máfia.
AVISO: Esse é um Romance Dark com temática de máfia e
contém assuntos polêmicos que podem ser sensíveis para alguns
leitores. Essa é uma obra de ficção destinada a maiores de 18 anos.
A autora não apoia e nem tolera esse tipo de comportamento.
Gatilhos: Violência extrema, tortura, morte, cenas de sexo
explícito.
Este conto é para você, querida leitora, que veio me atazanar
nas redes sociais pedindo uma certa cena...
Eu trouxe ela e muito mais, aproveite <3
CAPÍTULO 1

Chace
Boston, 2026

Inspiro calmamente o cheiro doce do perfume de Alícia,


enquanto meu cérebro começa a acordar, relutantemente saindo da
névoa que se tornou meu último sonho, e que agora já não consigo
mais identificar sobre o que era, porém posso sentir meu coração
acelerado no peito.
Será que tive outro pesadelo?
Envolvo o corpo macio e quente em meus braços, meu peito
nu encosta em suas costas e, só então, sinto sua bunda grande e
deliciosa esfregando contra o meu pau.
É uma safada mesmo!
— Se continuar esfregando essa bunda gostosa no meu pau…
— aviso com a voz rouca de sono, ainda sem ter coragem de abrir
os olhos.
— Você vai finalmente acordar e me foder gostoso, gatinho? —
Alícia questiona, o tom de voz brincalhão não esconde o tesão por
trás das suas palavras.
— Só mais cinco minutinhos... — peço em uma última tentativa
de continuar abraçado com ela, mas meu pau já acordou e, quanto
mais Alícia se esfrega, mais próxima minha ereção fica da boceta
quente e molhada que tanto amo.
— Me fode de ladinho, não vai nem precisar se mover — Alicia
provoca e sorrio, envolvendo seu corpo ainda mais apertado em
meus braços. Minha mão encontra o peito firme e os mamilos
eriçados endurecem com o meu toque. — Vamos, gatinho, daqui a
pouco o bunny vai avisar que o café está pronto e eu quero um
orgasmo antes disso.
— Podemos convidá-lo para participar — sugiro enquanto abro
os olhos e encontro o caminho do pescoço dela, minha boca viaja
para a pele clara e sensível, tiro os cabelos loiros do caminho antes
de beijá-la, fazendo-a arrepiar.
— Sabe como ele é com o café da manhã... Agora me fode,
gatinho, não vou falar de novo! — O tom de voz impaciente é um
aviso de que a brincadeira acabou.
— Só porque está pedindo com jeitinho.
Me afasto dela rapidamente para alcançar o pacote de
camisinha, que já está aberto em cima da cômoda, ao lado da
cama, e passo o olhar pelo apartamento, encontrando Gabriel
concentrado na cozinha, preparando o café da manhã.
Já consigo sentir o cheiro delicioso de panquecas e de café
passado, e sei que ele não vai demorar a nos chamar.
Só com uma mão — e com muito orgulho das habilidades
adquiridas ao longo desses dois anos de muito sexo — desenrolo o
preservativo no meu pau e, assim que ele encontra a boceta de
Alícia, deslizo para dentro de uma vez só.
— Se abre para mim, amor — falo em seu ouvido e ela ergue a
perna direita, dobrando o joelho em cima das minhas coxas,
empinando ainda mais a bunda contra o meu pau, fazendo-me ir
mais fundo a cada estocada. — Gostosa demais, eu amo como sua
boceta já está toda molhada para mim.
— Caralho, gatinho — Alícia geme, segurando-se nos lençóis
enquanto fodemos devagar, aproveito cada estocada e sua boceta
aperta meu pau, fazendo-me delirar.
Levo a mão que estava em seu peito para a sua boca e Alícia
envolve meus dedos com sua língua molhada, sabendo exatamente
o que eu quero.
Ela lambe cada um deles até estarem bem úmidos e, só então,
os levo para o meio das suas pernas, encontrando o clitóris inchado
e, assim que encosto nele, Alícia grita de prazer.
— Isso, amor, só se solta e me deixa te dar um orgasmo
delicioso — falo baixinho enquanto faço movimentos circulares com
a mão e continuo fodendo sua boceta bem devagar. — Eu sei que é
assim que você gosta.
— Sim, caralho, gatinho, você é tão bom nisso.
Eu amo quando ela me elogia, por isso começo a aumentar a
velocidade, tanto da minha mão quanto das investidas do meu pau,
e Alícia responde inclinando o corpo mais para frente.
A posição é perfeita para ir bem fundo nela e, quando sinto sua
boceta me comprimir ainda mais, sei que está perto.
— Vem, amor, goza no meu pau.
E é isso o que ela faz, com gemidos deliciosos Ali se contorce
em um orgasmo fodidamente lindo de assistir, com a boca aberta e
os olhos fechados, ela parece a porra de uma deusa.
Alícia chama meu nome e sua boceta encharcada molha ainda
mais meu pau e a cama quando a faço ter um squirt, mas não paro
de masturbá-la enquanto continuo batendo fundo nela.
— Gatinho, eu vou… — Alícia avisa e, logo depois, se
contorce ainda mais em um segundo orgasmo, suas pernas tremem
e sua boceta aperta tanto meu pau que preciso fechar os olhos para
não gozar, mas é quase impossível.
A cada estocada escuto os sons dos nossos corpos se
chocando e o cheiro delicioso de sexo, esse é meu limite, não
consigo mais me segurar e gozo com força na camisinha.
A névoa do orgasmo vai se dissipando até que ela se vira e
toma meus lábios para si, em um beijo carinhoso.
Estamos os dois ofegantes e com um sorriso no rosto quando
vejo Gabriel do outro lado do apartamento, escorado na pia da
cozinha, usando uma camiseta preta e uma calça jeans.
Aqueles olhos azuis, fixos em nós, fazem meu coração bater
ainda mais rápido.
Então o desgraçado lambe os lábios e trava a mandíbula em
seguida, provando que viu tudo e, pela expressão que agora
conheço muito bem em seu rosto, ele gostou.
— O café está quase pronto — Gabriel avisa e Alícia não
demora a pular da cama, esticando os braços acima da cabeça,
enquanto caminha até o banheiro completamente nua e suada da
nossa sessão de sexo.
Respiro fundo mais uma vez antes de criar coragem e sentar
na cama, tiro o preservativo e dou um nó na ponta, só depois a sigo
até o banheiro e tomamos uma ducha rápida juntos.
A diabinha continua me provocando, mas sei que Gabriel está
nos esperando para tomar café, por isso me controlo.
Alícia coloca uma bermuda jeans toda rasgada e um top cor de
rosa, então me joga uma cueca vermelha, uma calça jeans escura e
camiseta branca com estampa colorida, ela adora escolher minhas
roupas e eu não me importo com isso, sendo sincero eu até prefiro.
— Bunny, você fez panquecas hoje? — Alícia pergunta ao se
jogar nos braços de Gabriel e dar um beijo em sua boca, ele a
segura bem a tempo e corresponde ao afeto com um sorriso
sincero.
— Sim, mas é melhor tomar o Whey também, temos
treinamento de manhã — ele aconselha e Ali faz cara feia, o que me
faz rir e ambos me olham enquanto sento na bancada e me sirvo de
café. — Você deveria nos acompanhar.
— É melhor não, sabe o que aconteceu da última vez que
treinamos juntos — respondo e tomo um gole de café sem açúcar,
que cortei há um tempo, já que não vou treinar todos os dias e
quero manter meu corpo da melhor forma possível para ficar bem ao
lado deles.
— Só porque nós terminamos transando não significa que o
treino não foi bom, aliás, uma boa foda depois de pegar pesado é o
melhor cardio possível — Alícia repreende e se senta ao meu lado,
puxando o prato com panquecas que Gabriel preparou para ela.
— Isso porque vocês têm a resistência física de dois
rinocerontes, eu não aguento essas brincadeiras — pontuo e Alícia
solta uma gargalhada gostosa. — Você está rindo, mas é verdade.
— Mais um motivo pelo qual você deveria treinar mais, ganhar
resistência. — Gabriel é quem aponta e meu rosto queima quando
ele me olha, sei muito bem sobre qual resistência ele está falando.
— Eu sei — respondo, desviando do seu olhar. — Estou
treinando, só não quero ir com vocês até que eu consiga
acompanhar o ritmo, só isso.
— Relaxa, gatinho, o Bunny e eu treinamos juntos há muitos
anos, é por isso que eu consigo derrubá-lo e você ainda não, mas
sua hora vai chegar — Ali diz e se inclina na bancada para me beijar
rapidamente antes de voltar as suas panquecas, que ela coloca
maple syrup e frutas vermelhas por cima.
— Se prefere assim, tudo bem, contanto que treine sozinho e
não com nossos seguranças — Gabriel avisa.
Não entendo o motivo desse ciúme dele comigo, mas desde o
dia que ele chegou e eu estava na academia com o Renan, ele
proibiu todos os soldados de treinarem comigo.
— Concordo, se precisar de ajuda pode nos chamar, não fica
pedindo para nossos homens. — Agora é Alícia quem vem com a
crise de ciúmes.
É tão ridículo, e tão fofo, quando eles começam a agir assim,
como se alguém tivesse coragem de dar em cima de mim, sabendo
que sou namorado deles.
— Estou em um relacionamento tóxico, vocês sabem disso,
não sabem? — pontuo com sarcasmo.
— Sim! — ambos respondem ao mesmo tempo e começamos
a rir.
A conversa volta aos treinos e a agenda do dia enquanto
tomamos o café da manhã.
Amo esses momentos com eles, não teve um dia em que não
fizemos pelo menos uma refeição juntos, e é isso que nos une cada
vez mais.
Somos uma família, da nossa forma e com as nossas regras e
manias.
— Gatinho — Alícia chama minha atenção quando termino o
último gole de café e me preparo para levantar da mesa, mas paro e
olho para ela, percebendo que está séria, fico nervoso —, temos um
assunto para tratar com você antes de sair.
— O que aconteceu? Eu fiz alguma coisa errada? — questiono
olhando de Alícia para Gabriel, que está tão sério quanto ela.
Droga, com certeza eu fiz merda!
— Relaxa, gatinho. — Alícia pega minha mão e aperta. —
Você tem tido pesadelos com a sua família e nós estamos
preocupados.
— Pesadelos? Eu não lembro de… — Droga, é por isso que
acordo assustado e é óbvio que eles perceberam.
Logo depois do incêndio e do sequestro, fiquei meses tendo
pesadelos, eu nunca lembrava sobre o que era, mas Alícia e Gabriel
me contavam que eu murmurava o nome da minha mãe e chamava
pela minha tia.
Nessa época fiz terapia mais frequentemente e participei de
um grupo que unia pessoas que estavam passando por um período
de luto.
Ajudou muito e os pesadelos pararam por um bom tempo, não
sei porque voltaram agora.
— Vou falar com Carina na minha próxima consulta — aviso, já
sentindo o peso que essa sessão de terapia terá.
— Sim, ela precisa saber, mas o que temos para falar com
você não é bem sobre isso — Alícia avisa. — Sabe como ano
passado passamos o natal com meus irmãos, porque tudo ainda era
muito recente e eu não estava completamente recuperada?
Faço que sim com a cabeça e encaro seus olhos verdes com
curiosidade.
— Normalmente o bunny e eu não ficamos aqui no natal — ela
continua e posso sentir uma pitada de apreensão em sua voz.
Alícia está nervosa?
— Meus pais moram na Inglaterra e nós os visitamos nessa
época, gostaríamos de saber se você estaria de acordo em
passarmos o natal com eles esse ano, mas com os pesadelos
ficamos com medo de que essa época possa ser um gatilho para
você — Gabriel explica em uma frase longa demais para ele.
— Você… está me convidando… para conhecer seus pais? —
gaguejo, porque parece algo tão impossível.
Eu sei que os pais de Gabriel moram na Inglaterra e, pelo que
ele falou, eles não podem vir para os Estados Unidos, mas nunca
imaginei que nós iriamos para lá.
Droga, Chace! É óbvio que se eles não podem vir, Gabriel e
Alícia que viajam para vê-los.
— Sim — ele responde.
— Tia Clara e tio Henry vão amar conhecer você — Alícia
anuncia com um sorriso sincero no rosto. — Eles são demais, sério,
e você vai amar Londres, gatinho.
— Eles sabem… sobre… você sabe, nós? — balbucio a
pergunta e sinto meu rosto esquentar de vergonha.
— Sim, mas devo avisá-lo que meus pais são antiquados —
Gabriel comenta e posso sentir um pouco de apreensão na última
palavra.
— Relaxa, amor, quando eles conhecerem nosso gatinho vão
acolhê-lo na família, tenho certeza disso. — Alícia aperta mais
minha mão enquanto fala. — Os tios só são de outra época, eles
ainda acreditam que Gabriel e eu nos casaremos e teremos filhos.
— Sério? — questiono surpreso.
— Sim. — Alícia solta uma gargalhada alta. — Depois que
assumimos nosso namoro e eles finalmente entenderam que nada
nesse mundo nos separaria, começaram a encher o saco sobre
casamento e essas baboseiras.
— Você quer dizer: depois que pararam de me ameaçar de
morte por ter corrompido a princesinha deles — Gabriel pontua e
sorrio com a frase brincalhona feita por ele.
— Para, eu não deixaria seus pais te matarem, não depois do
trabalho que tive para te convencer a me comer. — Ela se joga no
pescoço de Gabriel, que não segura o sorriso e a beija com carinho.
— E é por isso que eles vão aceitar nosso gatinho, eu tenho tudo o
que quero, os tios me criaram, eles sabem como sou.
— Como assim eles te criaram? — questiono.
Sei que Alícia passou um tempo na Inglaterra quando era mais
nova, mas não sei exatamente os detalhes.
— Quando meus irmãos perceberam que eu estava indo por
um caminho autodestrutivo, eles me mandaram para a casa dos
pais do Bunny. Fiquei alguns anos lá e tia Clara e tio Henry me
acolheram como uma filha, eles me chamam de princesinha até
hoje.
— Mal sabem que é uma diabinha, isso sim — Gabriel brinca e
ela dá de ombros.
— Bem, você vai ver, nós partimos em uma semana para
passar o natal lá. Você vai amar a Inglaterra, gatinho, vou te encher
de presentes e podemos visitar todos os lugares mais legais e, se
você quiser, até os turísticos! — Alícia solta o pescoço de Gabriel e
começa a divagar sobre seus lugares favoritos em Londres e como
quer me levar em todos eles.
— Mas só se você estiver preparado — Gabriel a interrompe,
olhando diretamente para mim com a expressão preocupada. — Eu
imagino como é difícil para quem perdeu alguém que ama nessa
época, por isso, se não estiver pronto, podemos deixar para o ano
que vem.
— Não — o interrompo e, para a minha surpresa, percebo que
estou ansioso com a possibilidade de conhecer seus pais. — Eu
quero… quero ir.
— Eu sabia que você ia curtir a ideia, gatinho, eu sabia! —
Alícia contorna a bancada e se joga em meus braços, beijando meu
rosto várias vezes enquanto me faz sorrir com seu entusiasmo —
Você vai amar a viagem, tenho certeza disso.
CAPÍTULO 2

Alícia

Eu amo a Inglaterra, só fui embora daqui porque o que eu


queria estava me esperando nos Estados Unidos.
Quando coloquei na cabeça que voltaria para conquistar
Gabriel e entraria para a máfia como uma executora, soube que não
tinha mais como continuar aqui, porém sempre que retornamos para
visitar a família Esposito sinto essa nostalgia.
Ainda mais que eles moram em Londres, a capital da Inglaterra
é conhecida por sua vida noturna, a qual eu aproveitei muito nos
anos que passei aqui.
Os bares e clubes noturnos da capital são famosos, mas o que
me fazia fugir de casa eram as raves clandestinas que aconteciam
esporadicamente pela cidade e só um grupo de pessoas sabia a
data e local.
Na época eu fazia parte desse grupo e foi nessas raves que
me apaixonei pela música e aprendi com os melhores DJ’s como
fazer uma apresentação épica.
Nos festivais e boates famosas são os DJ’s profissionais,
aqueles consagrados no mundo musical e que já tem fama e
carreira, que se apresentam.
Já nos becos e raves clandestinas você encontra de tudo,
desde o iniciante até os mais famosos.
Eu amo esse cenário, porque aprendo muito ao ouvir um DJ
iniciante, aonde posso perceber seus erros e como eu faria
diferente, penso em táticas para levar o público à loucura.
Foi assim que aprendi e, foi me enfiando entre os iniciantes,
que comecei a tocar, entre erros e acertos encontrei meu ritmo.
Parei para ouvir quem sabia mais do que eu e estava disposto
a me ajudar, foram tantos nomes que daria um livro.
Minha vida em Londres faz parte do meu passado, meu
período antes do Gabriel, totalmente diferente do que vivo depois
dele, e agora com o Chace, nosso amor só cresceu e evoluímos
ainda mais.
Sobrevoando o céu azul de Londres não controlo o sorriso e a
sensação de voltar para casa que tenho quando chego aqui.
A única coisa que me deixa apreensiva é olhar para o lado e
ver meu gatinho todo assustado, sentado com Gabriel e segurando
sua mão, Chace não conseguiu relaxar durante toda a viagem,
aparentemente ele tem medo de voar.
— Já estamos chegando, gatinho — falo para tentar acalmá-lo.
— Olha para fora, Londres é linda vista do alto.
— É muito alto, Ali, prefiro não olhar — Chace responde e
Gabriel passa o braço pelos seus ombros, acolhendo-o em seu peito
de forma protetora.
— Logo estaremos no chão, não precisa ter medo — Gabriel
avisa com a voz calma e calorosa.
— Desculpa, eu não sabia que tinha medo de voar — Chace
comenta e vejo seus olhos castanhos brilhando com as lágrimas
contidas.
— Relaxa, gatinho, é normal. Muita gente tem medo de avião
— informo e caminho até eles. Sento no colo de Chace, que envolve
minha cintura com um braço, como ele sempre faz, então dou um
beijo carinhoso em seus lábios e seguro sua cabeça com as duas
mãos, fazendo-o olhar no fundo dos meus olhos. — Vai ficar tudo
bem, nós estamos aqui com você.
— Obrigado, Ali — ele murmura contra meus lábios e sinto seu
corpo relaxar um pouco, o que me deixa mais calma e feliz, odeio
ver meu gatinho assim.
O avião se prepara para pousar e Chace fica tenso
novamente, mas agora preciso sair dos seus braços e sentar no
banco de frente para eles.
O que me conforta é que Gabriel não o solta até que
pousamos em segurança, só quando o avião para completamente
que vejo Chace soltar a respiração que estava segurando e abrir os
olhos.
— Viu só, não foi tão ruim assim — comento e me levanto.
— Tem como voltar de navio? — Chace questiona e eu solto
uma gargalhada.
— Gatinho, se você ficou tenso assim no avião, não quero nem
imaginar como seria passar alguns dias dentro de um navio —
retruco e ele arregala os olhos. — Assim que voltarmos para casa
podemos testar, mas por enquanto não precisa pensar nisso, vamos
aproveitar os dias que temos de férias.
O carro já está nos aguardando na pista de decolagem, mas
Gabriel me faz sinal com a cabeça, por isso abro a porta e faço
Chace entrar antes.
— Gatinho, espera aí alguns minutos que o Gabriel e eu
vamos resolver um assunto, é rapidinho. — Dou um beijo em seu
rosto confuso e fecho a porta, caminhando com Gabriel até o avião
onde nossos homens estão descarregando as bagagens.
— Eu deixei um hotel reservado, caso as coisas não saiam
como planejamos — Gabriel avisa.
— Vai dar tudo certo, amor, seus pais não são loucos de tratar
nosso gatinho mal.
— Não sei, quando liguei para avisar que estávamos vindo,
meu pai pareceu tenso.
— Tio Henry só está demorando a se acostumar, ele nunca
teve problemas com você gostar de homens e de mulheres, não vai
ser agora que isso vai mudar.
— Sabe que não é por isso — retruca respirando fundo antes
de continuar —, minha mãe é o problema.
— Ela vai se acostumar também, relaxa, bunny. Se você ficar
estressado assim, o Chace vai perceber e eu não quero ele ansioso,
vamos pensar positivo e tudo vai dar certo, afinal, é natal — aviso
de forma séria, mas sorrio no final para tentar fazê-lo relaxar.
Gabriel sempre fica tenso quando visitamos seus pais, ainda mais
nessa época. — Agora vamos, não quero ele desconfiando de nada.
Pego na mão de Gabriel e o puxo de volta para o carro, dou
uma última olhada nos dois carros de apoio que irão nos seguir e
vejo o rosto dos soldados que vieram conosco, além de alguns
enviados pelo tio Henry.
Seguimos viagem até sair da movimentada Londres, o
caminho todo fico de olho em Chace, que começa a se animar ao
ver a cidade.
Gabriel e eu apontamos alguns pontos que iremos visitar e
finalmente meu gatinho sorri e relaxa um pouco.
— Não vamos ficar na cidade? — Chace questiona ao
perceber que a paisagem muda, saindo dos prédios para as árvores
e campos de vegetação.
— Já estamos chegando — aviso.
Vejo o caminho que percorri tantas vezes, a pé ou com o carro
do tio Henry, para chegar até a cidade, e tenho aquela sensação de
nostalgia.
Eu realmente dei trabalho a eles, mas algo me diz que, se eles
quisessem me manter trancada, teriam feito isso, mas foi o
contrário, aqui me senti livre para tomar decisões e, com isso,
passei a me conhecer e entender o que eu realmente queria.
Assim que o carro passa da grande árvore que marca a
entrada da rua, toda enfeitada para o natal, já consigo ver o Hever
Castle, e aponto o local para Chace, que arregala os olhos de
surpresa.
— É um castelo? — pergunta, abrindo a janela e colocando a
cabeça para fora. O gatinho parece não acreditar no que está vendo
e, quando o carro para na entrada, ele dá um pulo no banco e olha
diretamente para Gabriel. — Seus pais moram em um castelo?
— Sim — Gabriel responde simplesmente e preciso segurar o
riso.
— Você é a porra de um príncipe mesmo! — Chace solta o
comentário e já não consigo mais me controlar, começo a gargalhar
tanto que sinto lágrimas se formando em meus olhos.
— Ele é nosso príncipe, gatinho — comento, mas Chace
continua olhando para Gabriel com aqueles orbes castanhos
brilhando de admiração. — Calma, Gabriel é da nobreza, já que seu
pai vem de uma longa linhagem de duques.
— Você é da Família Real? — Chace pergunta diretamente a
Gabriel.
— Não, meu pai é um duque, só isso. Não me peça para
explicar essa merda porque eu estou pouco me fodendo para o que
significa — Gabriel responde daquela forma que ele sempre faz
quando o assunto é sua família.
— Uau! — o gatinho exala admirado e tenho certeza que, a
partir desse momento, ele não verá Gabriel com os mesmos olhos.
CAPÍTULO 3

Gabriel

Voltar para esse lugar me faz estremecer, todas as vezes que


vejo o grande Hever Castle, no qual passei uma parte da minha
infância, quando visitávamos meus avós, as memórias inundam
minha mente e, com elas, vem a saudade deles.
As paredes de pedra se aproximam cada vez mais e posso
sentir meu coração acelerar ao ver a construção que data do ano de
1270, coberta com a neve que caiu na noite anterior.
O castelo já foi reformado algumas vezes e agora está todo
enfeitado para o natal, com diversas árvores cheias de luzes, bolas
vermelhas na entrada e em pontos estratégicos que deixam o local
ainda mais bonito, dando um toque de cor.
A neve que cobre o chão deixa tudo em clima de inverno e
natal, exatamente como me lembro de todos os anos que passei
aqui.
Minha família adquiriu o castelo, e toda a área em volta,
quando meus tataravós resolveram que queriam morar aqui.
Apesar do sobrenome italiano, meus ancestrais ganharam o
título de nobreza quando meu tataravô abrigou o rei em uma forte
nevasca, o mesmo estava caçando e não conseguiu voltar ao
castelo.
Diz a história que eles beberam por três dias seguidos e,
quando a nevasca passou, o rei agradeceu a hospitalidade dando a
ele o título de Duque de Hever, este passou por gerações e agora
está com meu pai.
Hoje o local serve como atração turística e meus pais vivem
em uma construção separada, mas ainda usamos algumas partes
dele em datas especiais, como o natal.
Assim que o carro para na entrada principal, a primeira pessoa
que vejo é minha mãe.
Clara Bolena Esposito, a duquesa de Hever, está nos
aguardando na porta de entrada, com um luxuoso conjunto social
amarelo que vai até os joelhos e um sobretudo de pele jogado por
cima.
Seus cabelos brancos estão presos no topo da cabeça em um
coque elaborado, o mesmo que me lembro de vê-la usando durante
toda a sua vida, mas o que faz meu peito apertar ao descer do
carro, são seus olhos azuis marejados de lágrimas que ela não
deixa cair.
Ao seu lado está meu pai, Henry Esposito, duque de Hever,
com seu luxuoso terno de três peças cinza e os cabelos brancos
penteados para trás.
Ele não perdeu a pose poderosa que sempre teve, ainda mais
quando nos encara com seriedade no olhar.
Claro que essa pose toda vai para o inferno quando Alícia
corre até ele, se jogando em seus braços, o que faz meu pai ter que
perder toda a compostura para segurá-la em um abraço apertado.
— Tio Henry, que saudade, eu quero ver um sorriso e não essa
cara fechada — Alícia provoca e segura o rosto do meu pai com as
mãos, forçando-o a olhar diretamente para ela, até que Henry abre
um sorriso sincero e, só então, ela o solta. — Isso mesmo, é assim
que eu gosto.
— Princesa, você não mudou nada. — Meu pai aponta e Alícia
dá um beijo em seu rosto, coisa que ele só aceita dela.
— Mudei sim, você vai ver quantas tatuagens novas eu tenho.
E você nem imagina a cicatriz que ficou da droga do tiro que levei
daquele maldito…
— Ah, querida — Minha mãe a interrompe e abre os braços
em um convite, o que é algo que a Duquesa só faz para Alícia, visto
que, normalmente, ela não gosta de abraços ou demonstrações de
carinho assim. — Eu estava preocupada, dois anos é muito tempo
longe.
— Eu sei, tia Clara. — Alícia sai dos braços do meu pai e
caminha até minha mãe, mas agora ela toma mais cuidado ao
abraçá-la, visto que Clara já está com setenta anos e não é mais a
mulher que a carregava por aí quando criança. — Desculpa não ter
vindo antes, mas as coisas estavam complicadas.
— Eu sei, querida, eu sei. — Minha mãe abraça Alícia com
mais força. — Fico feliz que vocês vieram.
— Gabriel, seja bem-vindo de volta, meu filho — meu pai me
chama e vou até ele, cumprimentando-o com um aceno de cabeça,
ao qual ele responde da mesma forma.
Ao seu lado minha mãe fica tensa e sei que ela gostaria de me
abraçar agora, mas só o pensamento de ter alguém me tocando é
motivo para que todo o meu corpo tencione, e preciso lutar contra a
vontade de me afastar deles.
— Bem-vindo, meu filho, você está tão diferente desde a última
vez que o vimos — minha mãe comenta e forço um sorriso para
tranquilizá-la, ao qual ela corresponde inclinando a cabeça para o
lado e me avaliando com o olhar afiado que somente dona Clara
tem. — Ganhou alguns quilos também.
— É tudo músculo, tia Clara — Alícia me defende, mas solta
uma risadinha e pisca o olho direito para minha mãe, fazendo-a rir
também. — Agora temos uma pessoa especial para apresentar a
vocês — ela anuncia e sai dos braços da minha mãe para caminhar
até Chace, que ficou atrás de mim, quase escondido em um
sobretudo preto que cobre todo seu corpo. — Tio Henry, tia Clara,
esse é Chace King, nosso namorado.
Dou um passo para trás e fico ao lado do meu garoto,
enquanto ele olha para meus pais.
Sinto a apreensão e me dói ver a forma com que ele se retrai
sobre o olhar avaliativo da minha mãe, por isso coloco uma mão na
base da coluna dele e fico mais próximo, tentando protegê-lo de
qualquer coisa que possa magoá-lo.
— É… é um prazer conhecê-los… senhor e senhora Esposito
— Chace gagueja ao falar e, para a surpresa de todos, o garoto se
abaixa em algo como uma reverência, mas ao perceber o que fez,
seu rosto fica completamente vermelho e sinto seu corpo tremer. —
Ou… desculpa… seria milorde e milady? Desculpa, eu…
— Relaxa, gatinho. — Alícia tenta acalmá-lo, pegando a mão
do garoto antes de olhar novamente para meus pais, mas dessa vez
seus olhos verdes não estão mais calmos e carinhosos, ela os
encara como uma leoa protegendo seu filhote. É a porra de um
aviso para que meus pais se comportem. — Pode chamá-los de
sogro e sogra — ela brinca e começa a rir.
— Seja bem-vindo a nossa casa, Chace King — meu pai é o
primeiro a falar, sua voz sai mais fria do que antes, o que me faz
estremecer por um momento, mas assim que vou falar algo, Chace
dá um passo à frente e estende a mão, todo corajoso, para
cumprimentá-lo.
— Obrigado, senhor Esposito — Chace agradece sem
gaguejar e com mais confiança do que achei que ele teria,
finalmente ergue o olhar para encarar meu pai, que aperta sua mão.
— É um prazer conhecê-lo, Chace — minha mãe comenta e
abre um sorriso educado, mas logo depois ela troca um olhar rápido
com meu pai, o que me deixa apreensivo. — Agora vamos entrar,
está muito frio aqui fora e o almoço será servido em alguns minutos.
— Finalmente, eu estou morrendo de fome — Alícia comenta,
quebrando o clima tenso quando solta a mão de Chace e enrosca o
braço no da minha mãe, caminhando ao seu lado para dentro do
castelo com meu pai seguindo logo atrás delas.
Espero alguns segundos antes de seguir o grupo e Chace me
acompanha, não o deixo sozinho e continuo com a mão em suas
costas porque sei que isso o deixa mais confiante, não quero que
meu garoto se sinta mal e, se isso acontecer, eu o tiro daqui na
mesma hora.
— Vocês mudaram alguma coisa aqui? — Alícia questiona ao
entrarmos na sala de jantar, que foi decorada para o momento com
vários enfeites natalinos. — Eu posso jurar que tinha uma daquelas
armaduras estranhas em algum lugar.
— Sim, querida, a armadura foi enviada para restauração
depois que um cano antigo quebrou e molhou a sala de jantar no
ano passado, também trocamos os tapetes porque os outros ficaram
manchados — minha mãe responde com a voz animada que ela usa
para falar com Alícia. — Como estão seus irmãos, princesa?
— Eles estão bem, Lorenzo vai ter mais um filho, não sei como
pode procriar tanto — Alícia responde e espera meu pai se colocar
em seu lugar na mesa, depois minha mãe se senta na cadeira do
lado direito dele e Alícia se acomoda ao seu lado, me sento ao lado
de meu pai, trazendo Chace comigo.
— Fico feliz por eles, pelo menos alguém vai continuar com a
linhagem da Família de Angelis — meu pai comenta
sarcasticamente e Alícia solta uma gargalhada.
— Não vamos começar com isso, tio, senão a tia Clara vai me
encher o saco com essa história de filhos — Alícia brinca e Chace
fica tenso ao meu lado.
— Eu já disse que vocês teriam filhos lindos, jamais vou me
conformar que não terei netos, para quem vamos deixar esse
castelo? — minha mãe reclama, toda vez que visitamos ela fala
sobre isso, claro que ela não sabe que fiz vasectomia anos atrás.
— Por que se preocupar com isso, tia Clara, se vocês não vão
estar aqui para saber? Bunny, Chace e eu, prometemos aproveitar
ao máximo esse castelo enorme quando nos aposentarmos e
depois deixamos para alguém que merece e vai seguir com os
cuidados que o local precisa — ela responde e minha mãe respira
fundo ao seu lado.
— Só acho que é um grande desperdício, mas a escolha é de
vocês, não falarei mais nada — Clara pontua, o que é uma mentira,
porque todo ano ela fala a mesma coisa e todo ano vem com as
mesmas cobranças.
— Ano que vem a gente terá a mesma discussão, tia, eu te
conheço — Alícia provoca e minha mãe sorri. — Agora, me conta,
como estão as coisas por aqui?
E assim meus pais começam a falar sobre a propriedade e os
negócios, pontuando como o turismo aumentou nos últimos anos e
que a arrecadação quase está pagando os reparos necessários no
castelo.
Claro que eles ainda precisam investir muito dinheiro para
manter o local aberto, mas se tem uma coisa que meus pais tem
são fundos para usar com o que quer que eles desejem.
— O mais difícil está na divulgação, a empresa que
contratamos nos deixou na mão justamente no natal — meu pai
reclama e olho diretamente para Alícia, já sabendo o que ela vai
fazer.
— Mas isso é o de menos, nisso Chace é especialista e pode
ajudar vocês, é ele quem cuida de todo o marketing da boate e está
começando a pegar trabalhos externos para outras empresas, ele é
demais, tio. — Alícia encara Chace, que fica vermelho com o elogio
e não sabe para onde olhar.
— Não queremos atrapalhar as férias de vocês, já estamos em
contato com outras empresas, é só uma questão de tempo — meu
pai responde.
— Relaxa, tio, Chace pode ajudar, não pode, gatinho? —
Alícia insiste e meu peito aperta, não gosto de ver meu garoto
acuado assim, mas talvez seja bom para ele.
— Claro… vocês já tem algo encaminhado? — Chace
pergunta e finalmente ergue o olhar da mesa e encara meu pai com
mais confiança do que achei que ele teria.
— Temos quase tudo encaminhado, eu não entendo disso,
mas a empresa disse que era só continuar o que eles já tinham
pronto.
— Se puder me mostrar os arquivos e me passar o contato da
empresa, posso estudar a estratégia que eles estão usando e
finalizar a parte do natal e ano novo. — Chace sugere e meu pai
aceita, então eles começam a falar sobre o que já foi feito pela
empresa de marketing e meu garoto dá diversas sugestões
inteligentes que podem ser aplicadas.
Olho para Alícia que sorri, orgulhosa, a diabinha planejou isso,
tenho certeza.
CAPÍTULO 4

Chace

Acho que o pai do Gabriel foi com a minha cara, ou pelo


menos está tentando.
Depois do almoço ele me levou para o seu escritório e me deu
acesso a campanha de marketing que a empresa havia preparado.
Está tudo pela metade, eles deixaram algumas artes prontas,
mas não fizeram nada nas redes sociais, nem campanhas pagas,
nada.
Por isso a primeira coisa que faço é montar um plano de
marketing e, com a aprovação do orçamento, começo a trabalhar.
É reconfortante me sentir útil, mesmo que essas sejam minhas
férias, acho que saber que estou fazendo algo que vai ajudar a
família de Gabriel me anima, talvez assim seus pais venham a me
aceitar.
Claro que Alícia não me deixa ficar no computador o dia todo.
Depois de acordar e tomar café, trabalhei um pouco de manhã,
mas a tarde ela já tinha um itinerário pronto e me apresentou a
cidade, os pontos turísticos e, é claro, à noite vamos para as festas
mais badaladas.
Gabriel odeia devido a quantidade de pessoas, é sempre muito
lotado, especialmente as raves clandestinas, mas Alícia não deixa
ninguém chegar perto dele e sempre encontra um local mais vazio
para ficarmos enquanto ela dança e conversa com seus conhecidos.
Como diabos essa mulher conhece tanta gente eu nunca vou
saber, segundo ela são pessoas que fazem parte do seu passado,
DJ’s que a ajudaram a chegar aonde está hoje e amigos que fez
quando morou aqui e que continuam na cidade.
Alícia consegue se enturmar em qualquer lugar, às vezes
invejo essa habilidade dela, queria ser mais extrovertido e fazer
amizades com essa facilidade, mas me animo por tê-la em minha
vida, assim não preciso desse esforço todo, tanto ela quanto Gabriel
me fazem sentir bem em qualquer lugar.
Estamos em uma rave natalina em algum lugar de Londres,
parece um bar abandonado que foi, provisoriamente, decorado para
essa festa com luzes vermelhas e verdes brilhando em alguns
pontos, não tem um bar propriamente dito, mas algumas pessoas
vendem bebida e sabe-se lá mais o que pelos cantos.
O som foi improvisado por um DJ em cima de um carro e as
pessoas vão chegando e curtindo o momento, algumas estão
fantasiadas de Papai Noel, rena, até de duendes, mas a maioria
parece não saber nem aonde está, só se movimentam conforme as
batidas da música.
— Está gostando da cidade, gatinho? — Alicia questiona alto
para que eu consiga ouvi-la mesmo com a música tocando.
— Sim, mas só porque estou com vocês — respondo,
chegando mais próximo dela. Seguro em sua cintura e a beijo com
vontade, tomando sua boca para mim, seus lábios se abrem e logo
nossas línguas estão em uma batalha deliciosa. — Eu amo você —
declaro olhando em seus olhos verdes e ela sorri, daquela forma
sincera e feliz, que faz meu coração acelerar ainda mais no peito.
— Também te amo, gatinho — Alícia responde e morde meu
lábio inferior, jogando os braços em meu pescoço quando a música
muda para um ritmo mais calmo e envolvente, então sinto seu corpo
se mover contra o meu e logo estamos dançando, ou melhor, ela
está dançando e eu aproveitando cada movimento que Alícia faz. —
Eu tenho dois namorados e nenhum deles sabe dançar.
— Pobre de você — Gabriel fala e se aproxima, ficando atrás
dela.
Ele coloca uma mão sobre a minha na cintura dela e a outra
afasta os cabelos loiros da nossa mulher, dando-lhe acesso a seu
pescoço, o qual ele se abaixa para beijar.
— Pelo menos eles beijam bem — Alícia brinca e toma minha
boca novamente, dessa vez com mais necessidade e já posso sentir
meu pau apertar na calça. — Bem demais.
— Tem outra coisa que a gente faz muito bem — comento com
coragem e a safada sorri ainda mais.
Beijando meu pescoço, ela deixa minha boca livre e Gabriel
não perde tempo, logo seus lábios estão nos meus e posso sentir
sua barba roçando na minha quando sua boca quente e macia me
envolve em um beijo delicioso.
Aos poucos estamos nos movendo em sincronia com a
música, com Alícia dançando no meio de nós dois.
Ela rebola a bunda em Gabriel, enquanto se segura em meu
pescoço e joga a cabeça para trás, abrindo um sorriso maravilhoso,
que faz meu peito explodir de felicidade.
— Acho melhor levar vocês para casa — ele fala depois de um
tempo e Alícia faz que não com a cabeça, mas ao olhar para o lado
percebo que tem mais gente nos olhando e que devemos estar
dando um belo de um show.
— Eu estou pouco me fodendo, só quero aproveitar a música
— Alícia responde.
Virando-se de frente para Gabriel, ela envolve seu pescoço e
domina sua boca, forçando-o a corresponder com a mesma
intensidade, e a visão dos dois faz todo o meu corpo arrepiar.
Porra, temos que ir embora logo ou vamos acabar fodendo
aqui mesmo.
— Vamos, safada, o carro está logo ali do lado. — Gabriel se
desvencilha do beijo de Alícia e, com um movimento rápido, ergue
nossa mulher e a joga em seus ombros, como um troglodita, e ela
solta um grito de surpresa.
Ele a leva assim até o estacionamento, enquanto Alícia finge
protestar, mas vejo o sorriso em seu rosto e, se ela realmente
quisesse, tenho certeza que conseguiria sair dos braços dele,
mesmo com esse micro vestido rosa todo brilhante por baixo do
casaco e o salto alto.
— É bom me colocar no chão e me foder logo em seguida,
senão eu vou ficar realmente puta — ela avisa e Gabriel a joga no
banco de trás da limusine preta.
— Encontre outra coisa para fazer, bem longe daqui — ele dá
a ordem para o soldado que está de motorista e o homem não
demora a se afastar, deixando-nos sozinhos na parte de trás do
carro. — Agora, sim, você me paga.
— Pago, me dá esse pau aqui — Alícia provoca e Gabriel
entra no carro já abrindo o cinto, faço o mesmo que ele e fecho a
porta atrás de mim. É apertado aqui dentro, mesmo que seja bem
espaçoso, somos três pessoas com muito tesão e Gabriel é enorme.
Alícia está sentada no banco com as pernas abertas e a
expressão safada no rosto, assim que Gabriel abre a calça e liberta
seu pau, ela lambe os lábios de forma provocativa e não demora
para se aproximar dele e levá-lo inteiro dentro da sua boca. A visão
é fodidamente quente.
Só melhora quando ela se coloca de quatro no banco e Gabriel
ergue uma perna no assento do carro, ficando de lado com o pau
grande e delicioso para fora.
— Gatinho, vai demorar muito para se juntar a nós ou prefere
ficar só olhando? — Alícia convida.
— Nem mais um minuto — respondo e vou até meus dois
amores.
Alícia tira o casaco e leva uma mão para a barra do seu
vestido, ela o levanta, mostrando-me que está nua por baixo, e não
preciso de mais nada para saber o que ela quer.
Pego uma camisinha do bolso de trás da calça antes de abrir o
zíper e liberar meu pau, que já está pingando de tesão, me coloco
atrás de Alícia e de frente para Gabriel, que se inclina para frente e
me beija enquanto ela volta a chupar seu pau.
Estou no paraíso e essa é a minha vida, tenho eles para mim
TODOS OS DIAS.
— Agora fode nossa mulher antes que ela me faça gozar —
Gabriel murmura contra meus lábios e não penso duas vezes,
coloco a camisinha e deslizo para dentro dela, sua boceta molhada
e quente já está pronta para me receber.
— Caralho, que delícia — gemo assim que meu pau entra
completamente nela, é a porra do paraíso e Alícia sabe disso, a
safada começa a rebolar e exigir ação, então entro e saio dela com
vontade, socando fundo na sua boceta como sei que ela gosta.
— Faz ela gozar, garoto, mete com vontade — Gabriel exige e
posso sentir no tom da sua voz grossa o quanto ele está com tesão,
assim como Alícia que geme com o pau dele fundo em sua
garganta.
E como sempre acontece quando estamos juntos, o mundo
parece não existir, somos três pessoas envolvidas em nosso amor.
Sinto o cheiro de sexo no ambiente fechado, vejo como os
vidros do carro estão embaçados e só consigo ouvir os sons de
gemidos e dos nossos corpos se chocando e, porra, é a melhor
sinfonia do universo.
CAPÍTULO 5

Alícia

Meus homens me levam às alturas, enquanto Chace me fode


com força, Gabriel estremece na minha boca, sinto seu pau
pulsando a cada chupada e, por isso, aumento a pressão dos meus
lábios, eu sei muito bem como ele gosta e o levo até o fundo da
minha garganta.
— Vai, garoto — Gabriel ordena e Chace leva uma mão até o
meio das minhas pernas, eu já estou a ponto de gozar e, quando
seus dedos encontram meu clitóris sensível e começam a fazer
movimentos circulares, todo o meu mundo desaba e sou só
sensações. — Porra, amor.
Essas são as últimas palavras de Gabriel e sei que ele está me
dando a chance de parar de chupá-lo, mas continuo, quero sentir
sua porra na minha boca e meu homem me dá.
Tomando o controle ele me fode até que seu pau se contrai,
dando-me o que tanto quero, e engulo cada gota do seu prazer.
É delicioso e enlouquecedor, ainda mais quando Chace
aumenta a velocidade das estocadas, combinando com os
movimentos da sua mão em meu clitóris.
Já não me seguro mais e gozo com força, contraindo cada
músculo do meu corpo em uma explosão de sensações que só
esses dois homens conseguem me fazer sentir.
Não precisa de muito para que meu gatinho me acompanhe,
algumas estocadas depois, Chace goza e me segura com firmeza,
seus gemidos e palavras desconexas me fazem sorrir, mas estou
mole do orgasmo e Gabriel me abraça, beijando meu rosto até que
sua boca encontre a minha.
— Você é a porra da mulher mais perfeita desse mundo, amor.
— Gabriel elogia contra meus lábios, sua voz grossa e ofegante me
faz arrepiar, amo quando ele me adora dessa forma, me sinto a
mulher mais poderosa do mundo.
— Magnífica, você é incrível, Ali — Chace sussurra em meu
ouvido, depois beija a pele sensível na volta do meu pescoço,
fazendo todo o meu corpo arrepiar.
Amo estar no meio dos meus dois homens, aqui me sinto em
casa.
— Eu sei, eu sei — falo e eles sorriem. — Agora vamos para
casa, preciso de um banho e algo para comer, estou morrendo de
fome.
— Claro que está — Gabriel comenta e é o primeiro a se
afastar.
Guardando o pau na calça ele se recompõe, enquanto Chace
dá um beijo na minha bunda e abaixa meu vestido, só depois tira a
camisinha e volta a se vestir.
Assim que chegamos em casa, tomamos um banho com mais
uma boa rodada de sexo e Chace vai dormir, esgotado, enquanto
Gabriel e eu descemos para comer alguma coisa.
Na cozinha encontramos seus pais, sentados na pequena
mesa, ambos de pijama vermelho, dividindo um pedaço de bolo de
cenoura na penumbra da madrugada, como muitas vezes já os vi
fazer.
— Ah! Pegamos vocês — falo alto e eles dão um pulo na
cadeira, assustados, até ver que somos nós, então relaxam e
começam a rir. — Hábitos antigos nunca morrem, não é mesmo?
— Ainda tem um pedaço na geladeira se quiserem nos
acompanhar — tia Clara convida e Gabriel aceita.
Caminhando até a geladeira, ele pega o bolo e duas colheres
na pia, então sentamos os quatro na mesa e começamos a comer, a
única luz vinda dos eletrodomésticos e da lua, que brilha intensa no
céu e ilumina a mesa pela janela.
Depois de um tempo em silêncio, enquanto apreciamos o bolo,
reparo na troca de olhares entre os pais de Gabriel e sei que está
acontecendo alguma coisa.
Esses dois não conseguem disfarçar nada, ainda mais de mim,
que convivi com eles por anos e conheço essa expressão
preocupada em seus rostos.
— Então, vocês vão falar o que está acontecendo ou preciso
buscar a garrafa de vinho? — questiono e largo a colher, sentindo o
gosto delicioso do último pedaço do bolo em minha boca.
— Esperta como sempre, princesa — tio Henry comenta e
força um sorriso que não me convence.
— Qual é o problema, pai? — Gabriel pressiona.
— É melhor contar para eles, Henry, quem sabe podem nos
ajudar — tia Clara fala para o marido e o tom de voz preocupado me
deixa em alerta.
— Não é nada que eu não consiga resolver, amor, deixa eles
aproveitarem as férias e… — Henry repreende e, quando ele
ameaça se levantar, seguro sua mão e o faço olhar diretamente
para mim.
— Para o inferno com as férias, eu quero saber exatamente o
que está acontecendo aqui e porque a tia Clara está com medo,
vamos lá, não temos o ano todo — declaro com seriedade e,
quando não sorrio, tio Henry percebe que a batalha está perdida e
respira fundo.
— Tudo bem. — Ele fecha os olhos por um tempo e sua
expressão se fecha em preocupação antes de abri-los novamente.
— Há algumas semanas estamos recebendo ameaças, não é nada
realmente preocupante, são só bilhetes que encontramos pelo
castelo.
— E sobre o que são esses bilhetes? — Gabriel questiona.
— Não sabemos ainda, mas alguns fatos citados me fazem
acreditar ser de alguém que sabe com o que nossa família é
envolvida — Tio Henry explica.
— Com a máfia — complemento e ele concorda com a cabeça.
— Quero ver estes bilhetes.
— Vou pegar — tia Clara se levanta e, alguns minutos depois,
volta com uma caixa preta de joias em suas mãos, colocando-a na
mesa, ela abre a tampa e tira os pequenos bilhetes de dentro.
Cada pedaço de papel não tem mais do que duas linhas que
foram recortadas de uma folha de ofício maior.
As frases separadas não fazem sentido, mas quando juntam-
se duas delas, o quebra-cabeça começa a se formar.
“É melhor olharem por onde andam, porque estamos à
espreita e eu sei que podem pagar, mesmo que seja com dinheiro
sujo.”
“Uma família linda, que se ama e apoia uns aos outros, esse
foi o meu pedido, meu único pedido.”
“Se viver uma mentira feliz é melhor do que saber de uma
verdade amarga, eu prefiro a primeira opção, pelo menos…”
“Vocês podem pagar, eu sei que sim.”
“Eu quero voltar no tempo, antes de tudo isso acontecer, antes
dele…”
— Tio, isso é claramente uma ameaça, você imagina sobre o
que essa pessoa está falando? — questiono e tio Henry faz que não
com a cabeça. — Onde os bilhetes foram encontrados?
— No castelo, na área de visitação — tia Clara responde.
— Quero ver as câmeras de segurança e…
— Eles foram encontrados em pontos cegos do nosso sistema
de segurança, seja quem for que está por trás disso, tem acesso às
câmeras e sabia muito bem onde colocar cada bilhete para que não
fosse pego nas imagens — ela responde e me entrega um tablet,
que só agora percebo que ela estava segurando, nele vejo as
imagens das câmeras e ela me mostra os lugares em que os
bilhetes foram encontrados.
— Preciso da lista de nomes dos visitantes, eles foram
encontrados todos no mesmo dia? — pergunto e Henry faz que não,
mostrando as datas no arquivo de segurança. — Então vou rodar
um programa de reconhecimento facial em todas as imagens das
câmeras, se alguém fez o tour mais de uma vez, teremos nosso
primeiro suspeito.
— Nenhum nome se repete, mas talvez a pessoa tenha usado
uma identidade falsa. — Tia Clara me mostra a lista gigante de
pessoas que fizeram o tour no castelo durante as semanas que os
bilhetes foram encontrados.
— Seja quem for que esteja fazendo isso, eu garanto que
vamos encontrá-lo, e ele vai se arrepender por ameaçar nossa
família.
E essa é a porra de uma promessa.
CAPÍTULO 6

Gabriel

Percebi que havia algo de errado assim que chegamos, mas já


sei como meus pais funcionam, por isso esperei até eles resolverem
nos contar o que está acontecendo, só não poderia imaginar que
fosse algo tão sério assim.
— Por que você não falou algo antes? Por que esperar até
agora? — questiono diretamente meu pai, que está na minha frente.
— Achamos que a ameaça havia sido contida — ele responde.
— Como? — Alícia pergunta.
— Conseguimos identificar o homem que colocou o último
bilhete, nosso segurança o viu deixando o local onde o papel foi
encontrado. Seu pai o interrogou por duas horas, mas só
descobrimos que ele havia ganhado cinco mil libras para fazer o
passeio e deixar o bilhete no local indicado — minha mãe explica
com calma e sem vacilar, mesmo sabendo que interrogar significa
torturar.
Clara Esposito é uma mulher da máfia e está acostumada com
isso.
— De onde veio o dinheiro? — questiono.
— Uma conta no Havaí. Rastreamos o dinheiro até um senhor
de noventa e três anos de idade, que está morrendo em um hospital
psiquiátrico, estão o usando como laranja e nada mais — Henry
explica e respira fundo antes de continuar. — Só estamos falando
sobre isso agora porque nos preocupamos com vocês e porque
vocês trouxeram um outsider para dentro da família, sabem muito
bem como isso é perigoso.
— Chace não é só um outsider, ele faz parte de nós e o
protegeremos com nossas vidas — repreendo com firmeza.
— Não me faça começar a falar sobre isso — minha mãe
expressa e fecha a cara, olhando para meu pai.
— Ah, não, tia! Agora você vai falar, porque não sairemos
daqui sem saber qual é o motivo de vocês serem contra nossa
relação — Alícia desafia com confiança. — Chace é nosso
namorado, do Gabriel e meu, nós o amamos e vamos protegê-lo de
tudo e de todos.
A ênfase em ‘todos’ passa o recado de que vamos protegê-lo,
mesmo que seja dos meus próprios pais.
— Ele é só um garoto, Alícia — meu pai contrapõe e olha
diretamente para ela. — Um garoto que não deveria ter se envolvido
com a máfia. Você deveria tê-lo matado quando Don Lorenzo
mandou, esse era o seu trabalho — agora ele fala diretamente para
mim, repreendendo-me com aquele tom de voz impositivo.
— Não, nós não vamos ter essa discussão — advirto com
raiva. — Eu nunca vou me arrepender da escolha que fiz naquela
noite.
— Bunny trouxe o gatinho para nossas vidas, nós o amamos,
tanto quanto nos amamos, por que é tão difícil entender isso? —
Alícia indaga, a mágoa escorrendo pelas suas palavras, ela ama
meus pais e sei o quanto dói ouvi-los rejeitar Chase.
— É só uma atração momentânea, querida. Logo vocês vão
perceber que uma relação só pode ser formada por duas pessoas,
vocês foram feitos um para o outro, nada, nem ninguém, é capaz de
atrapalhar isso — minha mãe fala.
— Já chega, eu não sei mais como explicar que Chace não
está atrapalhando nada, ele faz parte de nós, faz parte do nosso
amor. — Me exalto como nunca antes fiz com meus pais, mas é
preciso. — Se vocês não são capazes de aceitá-lo na família, nós
também não temos mais lugar aqui, por isso temos um quarto de
hotel nos esperando.
— Vocês… Não, meu filho, não é isso o que queremos. —
Minha mãe arregala os olhos, assustada.
— Não vou deixar que Chace pense que não é bem-vindo na
casa dos meus próprios pais — aviso.
— Sabe que ele é bem-vindo, nós só estamos pensando no
melhor para vocês, somos seus pais e consideramos Alícia como
uma filha, por isso queremos que sejam felizes — meu pai se
defende, baixando a voz.
— Tio Henry, nós estamos felizes, é isso que vocês precisam
entender. Eu sei que vocês são de outra época e essas baboseiras
todas, e é só por isso que estamos dando tempo para que aceitem
nosso amor, mas esse tempo vai acabar logo e é melhor mudarem
de opinião bem rápido, porque vocês nos conhecem e sabem que
paciência não é nossa maior virtude — Alícia avisa com seriedade,
olhando para meu pai e minha mãe, antes de se levantar da mesa e
virar para sair.
— Usem o restante da noite para pensar sobre isso. —
Levanto e fico ao lado de Alícia. — Esperamos uma mudança na
atitude dos dois pela manhã.
— Só lembrem que, se Chace não faz parte dessa família,
Gabriel e eu também não fazemos — Alícia complementa e saímos
antes que eles possam pensar em falar algo.
Essa discussão infundada acabou há muito tempo, na verdade
nem deveria ter acontecido, mas se meus pais querem agir assim,
eles merecem um ultimato.
Assim que saímos da cozinha, um movimento no final do
corredor chama nossa atenção e meu coração para por um
segundo.
Levo a mão até a arma guardada no cós da minha calça, mas
Alícia segura meu braço e aponta para um chinelo amarelo no meio
do caminho, o qual reconheço imediatamente.
— Ele ouviu — anuncio e ela concorda com a cabeça. —
Merda!
Corremos de volta para o quarto e posso sentir meu coração
batendo mais rápido, não era para ele ter ouvido nossa conversa,
nada daquilo deveria chegar aos ouvidos de Chace.
— Gatinho — Alícia chama assim que entramos no quarto.
Chace está sentado na cama, o rosto completamente
vermelho, as mãos unidas em frente ao corpo e o olhar concentrado
no chão.
— Está tudo bem, eu entendo… — ele começa a falar, mas em
dois passos estou na sua frente envolvendo seu corpo em um
abraço que sei que ele precisa.
— Não está tudo bem, mas vai ficar — falo e sinto seus
ombros relaxarem minimamente, mas logo depois ele coloca uma
mão em meu peito e me afasta.
— Vocês me prepararam para isso, eu só… sei lá, achei que
quando seus pais me conhecessem eles fossem mudar de ideia —
Chace expressa com dor na voz.
— Eles vão, só estamos aqui há cinco dias, gatinho. — Alícia
senta do outro lado de Chace e pega sua mão.
— E se… — Ele começa, mas vejo que não tem coragem de
continuar.
— Se o quê? — Alícia pressiona.
— E se eu realmente estiver sobrando? Vocês são perfeitos
juntos e eu sou só um garoto.
Porra, cada palavra que ele fala é como uma facada em meu
peito, não posso admitir que meu garoto se sinta assim, ainda mais
quando quem causou essas dúvidas foram meus próprios pais.
— Nunca mais diga algo assim — repreendo com firmeza.
— Nós te amamos, gatinho, tanto quanto nos amamos. Droga,
por que as pessoas não podem entender isso e nos deixarem em
paz? — Alícia reclama, agora olhando diretamente para mim, seus
olhos verdes tremem de raiva, a mesma que sinto nesse momento
ao ver a dor em Chace.
— Você quer ir embora? — questiono, dando-lhe a chance de
decidir.
— Não, falta cinco dias para o Natal, eu não quero acabar com
a comemoração de vocês e…
— Chace, eu estou perguntando se você quer ir embora, não
me importo com a porra do Natal, me importo com você — anuncio
olhando diretamente para ele, que finalmente ergue o rosto para me
encarar. — O que você quer?
— A gente te ama, gatinho, só queremos o melhor para você
— Alícia fala.
— Eu sei, eu amo vocês e é por isso que quero ficar — ele
declara com a voz mais confiante. — Eles são seus pais, você sabe
o privilégio que é ter os dois com você? Não quero ser motivo para
brigas e, se é tempo que eles precisam para me aceitar, posso dar
isso a eles. Não sou nenhum garotinho que vai correr assustado por
que meus sogros não gostam de mim. Doeu ouvir aquilo, mas talvez
com o tempo eles passem a me aceitar.
— Você é admirável, gatinho. — Alícia coloca uma mão no
queixo de Chace, segurando-o com firmeza para beijar seus lábios
com doçura. — Nunca mude.
— Não posso prometer isso, sabe o quanto já mudei desde
que conheci vocês? — Ele brinca e agora abre um sorriso lindo e
vejo seus ombros relaxarem. — Viver significa aceitar as mudanças
e abraçar quem nos tornamos com o tempo.
— Eu sabia que a terapia funcionava, só não imaginava que
seria tanto assim — Alícia brinca e todos começamos a rir.
CAPÍTULO 7

Alícia

Eu odeio ver o sofrimento no rosto do meu gatinho, por mim


nós saíamos daqui agora mesmo, estou pouco me fodendo para o
Natal ou o que quer que isso signifique, mas ele decidiu encarar
esse problema de frente e, porra, estou orgulhosa dele.
No dia seguinte, Chace ficou no escritório com o tio Henry e
Gabriel, que prometeu não sair de lá e, se algo acontecesse, ele
ficaria responsável por cuidar do gatinho.
Já eu aproveitei o dia de folga para investigar esses
misteriosos bilhetes, fechei a biblioteca e comecei pelas câmeras de
segurança posicionadas próximas aos locais onde foram
encontrados os papéis.
Assistindo às imagens encontrei cinco pessoas suspeitas e
enviei a foto do rosto delas para meu contato dentro da Bratva.
Não demorou muito e Andrei Petrov me enviou os relatórios
sobre as pessoas, infelizmente todos voltaram limpos.
Eram só turistas, a única coisa em comum foram depósitos de
cinco mil libras na conta de cada um antes do dia da visitação.
— A pessoa está usando os turistas para fazer o trabalho sujo
— falo comigo mesma, então passo o restante do dia coletando
informações sobre os turistas e conectando pontos que eles possam
ter em comum, depois de muitas horas em frente ao computador,
finalmente tenho uma pista. — Achei!
— Encontrou alguma coisa, querida? — Tia Clara entra na sala
de vigilância, com seu conjunto social azul-escuro e o cabelo
arrumado demais para ficar em casa, ela segura duas xícaras com
chá e me entrega uma.
— Sim, finalmente, passei o dia todo nisso e consegui
encontrar algo em comum entre os turistas. — Aponto para o
computador e ela caminha até mim, dando a volta na mesa de
madeira para conseguir ver a tela. — Aqui, eu chequei hotéis, locais
de visitação, praças, mas nada batia com as datas em que os
bilhetes foram encontrados, então pedi um favor a um amigo e ele
me mandou os extratos de cartão de crédito das pessoas e dos
seus companheiros, e olha isso.
Mostro os documentos na tela e a área marcando o British
Smoke House, um restaurante famoso em Londres, onde todos os
suspeitos jantaram uma noite antes da visitação no castelo.
— O dono é Marco Antônio Davis, vou enviar os dados para
meu contato e talvez ele descubra algo sobre ele — falo, já
enviando uma mensagem para Andrei, que me responde com um
sarcástico: “Quem me deve favores pela vida toda é você, diabinha”,
mas alguns minutos depois recebo o dossiê completo sobre o dono
do restaurante e todos os seus funcionários.
— Nós conhecemos ele, Marco é um amigo antigo da família e
não faria algo assim, inclusive temos uma parceria em que eles
indicam a visitação ao castelo como ponto turístico na cidade —
Clara comenta.
— Se tem uma coisa que eu sei nessa vida, é que não se deve
confiar cegamente em ninguém.
Abro os documentos e já nas primeiras linhas, onde fala sobre
o financeiro da empresa, minhas suspeitas com o homem
aumentam.
O restaurante está à beira da falência, com duas hipotecas no
prédio.
O homem não consegue mais dar o giro e, aparentemente, a
entrada de caixa está tão baixa que já não paga mais os
funcionários, que dirá o banco.
— Não é possível, Marco jamais entraria em uma dívida tão
alta assim, a não ser que… — tia Clara me pede licença e pega o
mouse do computador para analisar os documentos, logo depois ela
parece encontrar o que estava procurando. — Dois anos atrás
Marco perdeu seu marido, Henrico, para um câncer de garganta,
eles tentaram de tudo, cada tratamento disponível, mas infelizmente
não foi o suficiente.
— Segundo os relatórios foi nessa época que ele fez a
primeira hipoteca na casa, depois uma no restaurante, acho que
para conseguir pagar a da casa ele pegou uma segunda hipoteca no
restaurante e isso virou uma bola de neve. — Aponto para os
relatórios de juros e as dívidas imensas que o homem acumulou
nesse tempo. — Ele está para perder tudo logo depois do ano novo.
— Eu sei o que você está pensando, princesa, mas Marco não
faria algo contra a nossa família.
— Homens desesperados tomam atitudes desesperadas, tia.
Não posso deixar de investigá-lo, estamos próximos do Natal e
acredito que quem está mandando os bilhetes vai tentar algo logo.
— Nós podemos falar com ele, Marco é um amigo, eu não
quero que o machuquem sem sabermos se está realmente
envolvido com isso tudo. — Ela respira fundo, afastando-se da mesa
para sentar na cadeira em frente a minha. — Podemos ir jantar lá
essa noite, a família toda, o que acha?
— Não, eu não posso colocar vocês em perigo caso ele tente
algo, o restaurante é território inimigo.
— Nós temos segurança suficiente e sabemos nos defender
caso algo aconteça — tia Clara fala com confiança e, sim, ela sabe
se defender melhor que muitos dos meus soldados.
Vendo a mulher em seu terninho social, toda arrumada e com
a aparência de uma avó, ninguém imagina que ela tem pelo menos
duas armas escondidas pelo corpo e sabe-se lá quantas facas, fora
o veneno que guarda no anel.
— Não é com você ou tio Henry que estou preocupada, não
posso colocar Chace em perigo. Se algo acontecer, ele é a escolha
mais óbvia.
— Então vamos só nós, como nos velhos tempos, um jantar
em família e…
— Não vamos ter esta discussão novamente, tia. Um jantar em
família envolve nós três, ninguém fica para trás e é melhor parar
com essas insinuações porque eu estou sendo paciente, acredite se
quiser. — Ergo as sobrancelhas e olho diretamente para ela,
assumindo minha pose mais séria para que saiba que é para valer o
que vou falar. — Já Gabriel não vai aguentar muito tempo, e eu não
quero ver nossa família se separar porque vocês não aceitam nosso
amor, isso quase aconteceu antes, ou você não se lembra?
— Claro que lembro, quando meu filho se afastou de nós,
esses foram alguns dos meses mais difíceis da minha vida.
— Então é melhor lembrar bem dessa época e não repetir os
mesmos erros, vocês quase nos perderam ao irem contra nosso
amor, quer realmente tentar fazer a mesma coisa agora?
Ela não responde, mas sei que consegui atingir um ponto fraco
em minha sogra, se tem algo que tia Clara defende, acima de tudo,
é sua família, ela só precisa entender que agora a família aumentou,
não como ela imaginava, mas aumentou.
— Se não podemos ir todos, o que acha de uma noite das
garotas? — ela sugere, mudando de assunto, mas deixo que faça
porque sei que tanto ela quanto tio Henry só precisam de um tempo
para se acostumar.
— Acho que será perfeito, sogrinha — respondo com uma
brincadeira e ela sorri. — Só acho melhor manter isso entre nós por
hoje, Gabriel não vai me deixar levar sua mãe para uma possível
armadilha se souber o que estamos planejando.
— Tem razão, querida, vou marcar o jantar — ela avisa,
levantando-se. — Obrigada por tudo, Alícia.
— Não precisa agradecer, só vamos pegar esse desgraçado e,
quem sabe, dividirmos uma torturinha?
— Se chegar a isso, eu deixo essa parte para você, querida. —
Ela pisca um olho em minha direção, então sai da biblioteca e me
deixa sozinha com meus pensamentos e teorias.
CAPÍTULO 8

Chace

Trabalhar com Henry Esposito o dia todo me fez perceber duas


coisas: a primeira é que posso sentir medo de alguém sem que ele
seja super forte ou musculoso, como Gabriel.
E essa pessoa não precisa nem estar apontando uma arma
para a minha cabeça, basta que esteja no mesmo ambiente e me
faça qualquer pergunta.
A segunda é que consigo admirá-lo, mesmo que ele me odeie.
— Senhor Esposito, já organizei toda a campanha nas redes
sociais para o período pós-Natal e Ano-novo, tomei a liberdade de
deixar os posts todos programados para janeiro, com os arquivos
que a empresa mandou criei as artes e toda a campanha, mas a
partir de fevereiro vocês precisam contratar alguém — explico,
mostrando a programação que montei na tabela de publicações e a
planilha de gastos para o próximo mês.
— Nossa, você fez tudo isso em poucos dias? — Henry
questiona admirado, o que faz meu peito aquecer de orgulho e
preciso controlar um sorriso.
— Não é nada, como estou de férias e não tinha nada mais
para fazer, já deixei tudo pronto — respondo dando de ombros.
— E esses arquivos serão postados automaticamente? — ele
pergunta, olhando para o computador como se fosse uma máquina
de outro mundo.
— Sim, mas se não for um problema para o senhor, eu posso
salvar as senhas e acompanhar as postagens quando voltarmos aos
Estados Unidos, se acontecer alguma coisa eu resolvo de forma
remota.
— Não vejo problema algum, será de grande ajuda até que
uma nova empresa seja contratada — ele responde e estende a
mão em minha direção. — Muito obrigado, Chace, você nos salvou
nessa crise.
— Imagina. — Correspondo seu aperto e sinto meu rosto ficar
vermelho, então olho para o lado e vejo Gabriel com um meio
sorriso no rosto, sentado na poltrona ao lado do pai e com aqueles
olhos azuis brilhando, por isso sei que ele está feliz, o que me deixa
ainda mais animado e envergonhado ao mesmo tempo.
— Vamos comemorar com um jantar em família hoje, vou ligar
para sua mãe e… — Henry para de falar ao pegar o telefone e ler
uma mensagem. — Bem, acho que hoje seremos só nós, as
mulheres acabaram de avisar que querem um tempo sozinhas.
— Alícia não vai estar em casa? — questiono Gabriel, que faz
que não com a cabeça e aponta para meu celular em cima da mesa,
onde vejo uma notificação de mensagem no nosso grupo,
provavelmente é ela avisando que vai sair com dona Clara.
— O que acha de uma noite de jogos? Faz anos que não
fazemos algo assim, meu filho — Henry sugere. — Chace, você
sabe jogar pôquer?
Droga, saber, saber, eu não sei, mas como posso dizer que
não quando meu sogro está tentando me incluir nessa noite de
jogos?
— Claro, não sou muito bom, mas é tudo questão de sorte,
não é mesmo? — falo e começo a rir logo depois.
Se controla, Chace!
— Então está combinado, espero vocês na sala de jogos,
preparem suas apostas...
— ... e que o melhor mentiroso vença! — Gabriel complementa
a frase do pai, que se levanta e sai da sala com um sorriso
orgulhoso no rosto. Só quando a porta se fecha, e não ouvimos
mais os passos de Henry no corredor, é que Gabriel volta a falar. —
Você não sabe jogar pôquer.
— Bem… saber, saber, daquela forma que alguém fale ‘nossa,
que jogador de pôquer o Chace é’ eu não sei…
— Sabe as regras?
— Então… — começo a falar, mas paro e desvio o olhar dele,
sentindo meu rosto queimar de vergonha.
Eu deveria ter aceitado quando meu tio tentou me ensinar, mas
confesso que preferia jogos online do que de cartas.
— Relaxa, garoto, eu te ensino as regras básicas e, no mais, é
só contar com a sorte e aprender a ler as pessoas. — Gabriel
levanta e contorna a mesa, virando a minha cadeira de frente para
ele. Coloca uma mão em cada lado, até estar com o rosto a
centímetros do meu. — Você vai ser péssimo nisso, mas não tem
problema, o objetivo não é ganhar.
— Fala isso porque você provavelmente é o melhor jogador de
pôquer que existe.
— Por que acha isso?
— Porque você tem a melhor poker face do mundo, consegue
esconder seus sentimentos e ficar com essa expressão vazia, como
se nada estivesse acontecendo, mesmo que o mundo esteja um
caos.
Ele olha fixamente para mim, sem mudar a expressão fechada
em seu rosto, provando o meu ponto.
Gabriel permanece assim pelo que parece uma eternidade, até
que seu lábio finalmente ergue em um sorriso lindo e seu rosto
relaxa.
— Porra, garoto, eu vou te foder contra essa mesa — Gabriel
avisa com a voz cheia de tesão, que faz todo meu corpo arrepiar e a
droga do meu coração acelerar.
Ele não está falando sério, está?
— Gabriel, seu pai acabou de sair daqui, e se ele voltar e…
O desgraçado não me deixa continuar quando cala a minha
boca com a sua em um beijo duro e dominante.
Seus lábios me dominam e logo esqueço o que ia dizer,
envolvendo seu pescoço com uma mão e usando a outra para abrir
sua calça, libertando seu pau.
— Está com pressa? — ele questiona contra a minha boca,
mordendo meu lábio inferior para arrancar um gemido meu, e eu
não sei o que dá em mim, mas eu o quero agora, mesmo que
aquela porta não esteja trancada e alguém possa entrar.
Talvez, só talvez, esse seja um dos motivos pelo qual esteja
com tanto tesão: o medo e a apreensão de ser pego no flagra.
— Eu quero você, agora — exijo e Gabriel toma o controle.
Erguendo-me da cadeira, ele segura minha cintura com suas
grandes mãos e me vira de costas para ele, sua boca viaja pelo meu
pescoço e a barba roça em minha pele, enquanto suas mãos hábeis
abrem minha calça, abaixando-a com a cueca até os meus pés.
— Porra, garoto, olha só o que você faz comigo. — Ele esfrega
seu pau grande e duro na minha bunda, abrindo-a com as mãos
para me provocar, então leva uma até o meu pau e começa a me
masturbar, dominando cada sensação do meu corpo quando
sussurra contra meu pescoço — Eu te amo, sabe disso, não sabe?
Sua declaração sai em um rosnado que ecoa próximo do meu
ouvido, fazendo meu coração acelerar ainda mais e meu pau pulsar
em sua mão.
Sinto seus lábios quentes e macios percorrerem meu pescoço
novamente, até chegar ao lóbulo da minha orelha, o qual ele suga
levemente antes de morder, e estou fodidamente perdido em cada
sensação que Gabriel me faz ter.
— Eu também te amo — respondo e me empino contra ele,
provocando-o.
Escuto o barulho do pacote de preservativo, e logo Gabriel o
desenrola no pau, começando a provocar meu cu com os dedos.
— Não temos lubrificante — avisa e dou de ombros
— Foda-se — respondo em um surto de coragem, porque
nesse momento ele pode me foder sem nada se quiser, eu
realmente não vou me importar.
Ele cospe nos dedos e volta para o meu cu, introduzindo-os
aos poucos, fazendo-me estremecer ao senti-los entrando
calmamente, é bom demais.
Meu homem sabe muito bem o que fazer para me levar até a
porra do paraíso e já não me importo que estamos fodendo no
escritório do pai dele, ou que alguém pode entrar a qualquer
momento, a única coisa em minha mente são os sons que saem da
minha boca misturados aos rosnados deliciosos dele.
— Gabriel… — gemo jogando a cabeça para trás, chamando
por ele, sentindo seu dedo entrar e sair, me fazendo delirar.
— Calado.
— Gabriel, eu quero… porra! — Nem eu sei mais o que quero
quando ele coloca outro dedo, alargando-me ainda mais. — Eu
quero você.
— Só vou te foder se prometer ficar calado — avisa mordendo
minha orelha, fazendo-me estremecer de tesão.
— Eu prometo — minto, porque já sei que é impossível, e ele
sorri, sabendo que é mentira, mas continua me provocando.
— Se segura na mesa — ele ordena e eu faço exatamente
isso, empinando mais minha bunda, minhas mãos espalmam firmes
na madeira a minha frente e não dou a mínima para os papéis e
canetas espalhados.
Logo sinto seu pau exigindo paragem, ele é grosso e grande,
bem maior que seus dedos, e na primeira penetração tenho aquela
sensação de ardor, mas Gabriel vai com calma e cuidado, deixando
eu me acostumar com seu tamanho antes de colocar mais um
pouco e, aos poucos, a pressão e o ardor são substituídos por uma
nova e deliciosa sensação.
E eu quero mais, porra, eu preciso de mais!
— Porra, garoto, eu amo assistir meu pau entrando fundo em
você.
Logo ele está completamente dentro de mim e solto a
respiração, sentindo o alívio misturado com tesão quando ele
começa a sair e entrar, fodendo meu cu da forma que meu homem
sabe que eu gosto, com carinho e firmeza, até que eu consiga me
soltar e realmente aproveitar as sensações.
Estou completamente perdido em nós, Gabriel segura minha
cintura com uma mão, controlando os movimentos, enquanto tento
rebolar contra seu pau, exigindo mais dele, até que ele envolve meu
pau com a mão livre e começa a me masturbar com firmeza.
— Você está tão duro pra mim, porra, Chace — murmura em
meu ouvido. — Eu amo a forma que seu corpo reage ao meu.
É a porra da minha perdição, a partir de agora não controlo
mais os sons que saem da minha boca, muito menos a forma como
meu corpo corresponde ao dele.
O pau de Gabriel entra e sai do meu cu, em estocadas firmes e
rápidas, e meu corpo se abre para ele, que me fode gostoso até que
estamos os dois ofegantes e prontos para gozar.
As sensações são intensas demais e estou completamente
perdido quando ele segura minha cintura com uma mão, enquanto a
outra continua em meu pau, fazendo-me enxergar a porra das
estrelas quando fecho os olhos para absorver tudo.
No momento que seu pau encontra aquele ponto sensível,
posso sentir a droga dos meus joelhos falharem e Gabriel precisa
me segurar com mais firmeza.
— Se solta, garoto.
— Gabriel… — Não consigo terminar a frase e gozo na mesa a
nossa frente, sujando com a minha porra os papéis que eu estava
trabalhando antes, e não demora muito para Gabriel me
acompanhar, despejando tudo no preservativo.
Ele se afunda em mim uma última vez, antes de colar minhas
costas em seu peito e me abraçar firme por trás, segurando meu
corpo com seus grandes braços de forma protetora.
Ele me envolve por completo e me perco em seu abraço,
Gabriel é bem maior do que eu, tanto em altura como em largura, e
isso faz eu me sentir pequeno em seus braços, porém é
aconchegante e parece o lugar perfeito para estar.
— Porra, garoto… — Gabriel sussurra com a voz ofegante.
— Eu sei.
CAPÍTULO 9

Alícia

— Você vai me contar o que está acontecendo? — Gabriel


questiona entrando no closet, mas ele não se aproxima, só fica
escorado na porta com os braços cruzados na frente do corpo e
aquela expressão paciente que as vezes me dá nos nervos.
— Não. — Dou de ombros enquanto pego o meu vestido preto,
de mangas longas e que tem um decote maravilhoso na frente. —
Você cuida do nosso gatinho, deixa que eu resolvo essa merda
sozinha.
— Alícia…
Viro-me em sua direção e caminho até ele com calma, só de
lingerie, o que o faz desviar o olhar para o meu corpo rapidamente,
antes de voltar a me encarar quando beijo sua boca com carinho.
— Relaxa, bunny, eu sei o que estou fazendo.
— Tudo bem — ele responde depois de um tempo, então
respira fundo e deixa os braços caírem ao lado do corpo —, mas se
algo acontecer…
— Eu te chamo, prometo! — Ergo o dedo mindinho e pego sua
mão para que faça o mesmo, então enroscamos os dedinhos e eu
os beijo, sorrindo para fazer meu bunny relaxar.
É só a droga de uma ameaça, provavelmente o tal do Marco
vai confessar tudo assim que eu tiver meus cinco minutinhos com
ele.
Me afasto dele novamente e começo a prender os coldres de
couro pelo corpo, coloco um com facas na minha perna direita e
outro com uma arma pequena na esquerda, minha Glock vai na
bolsa e pego o presente que minha querida sogra me deu: um anel
com uma joia rosa falsa que contém uma gota de veneno.
Matar alguém envenenado não é bem o meu estilo, prefiro
sujar minhas mãos de sangue, mas gosto de agradar a tia Clara e,
por isso, vou usá-lo esta noite.
Deixo meus cabelos cacheados caírem soltos nas minhas
costas e faço uma maquiagem mais clara, evidenciando meus olhos
e deixando a boca em um tom rosa vibrante.
Durante todo esse tempo Gabriel não sai da porta, ele me
assiste com o olhar de um falcão enquanto fico pronta e, porra, é
uma sensação deliciosa ter meu homem me admirando assim.
Ele sabe como fazer eu me sentir a mulher mais linda do
mundo.
Assim que termino, dou uma volta no closet para mostrar todo
o meu look para ele, e sorrio ao ver Gabriel mordendo o lábio
inferior.
— Você está magnífica, amor — ele elogia e sei que é
verdade, porque não preciso nem olhar no espelho para saber que
sou uma grande gostosa, mas amo quando essas palavras saem da
sua boca.
— Eu sei, agora vai lá ensinar nosso garoto a jogar pôquer,
sabe que ele vai ser péssimo nisso, não sabe?
— Já passei as regras com ele e falei sobre as jogadas.
— Muito bem, agora é só ensinar ele a não ficar vermelho toda
vez que for mentir e você tem um jogador de pôquer. — Solto uma
gargalhada ao imaginar Chace na mesa com Gabriel e meu sogro,
ambos jogadores profissionais, e meu gatinho tentando acompanhá-
los. — Só deixa ele ganhar uma, faça nosso gatinho feliz.
— Pode deixar.
***
O restaurante de Marco não é estranho, assim que entramos
reconheço o lugar, já jantamos aqui algumas vezes anos atrás,
porém o ambiente está diferente, eles devem ter reformado ou algo
assim.
— Nós já viemos aqui antes? — pergunto e Clara faz que sim
com a cabeça.
— Henry e eu te trouxemos aqui quando você era mais nova e
depois, quando vocês começaram a passar o Natal aqui, vínhamos
quase todos os anos jantar nesse restaurante — ela anuncia,
pegando-me de surpresa por não ter reconhecido o local de
imediato. — Era um restaurante italiano, ele mudou tudo depois que
Henrico ficou doente, ele era o chef de cozinha e Marco não
suportou a ideia de continuar sem seu amor.
— E agora é uma casa de carnes, por isso eu não reconheci o
ambiente — falo e entrego meu casaco para a recepcionista, que
me encara admirada, mas mantém a compostura e só olha
realmente para o meu corpo quando finjo que não estou vendo, a
safada dá uma boa encarada na minha bunda assim que nos
afastamos e preciso sorrir pelo atrevimento.
— Sua mesa está pronta, milady, o senhor Davis virá em breve
para recebê-las — o hostess anuncia e puxa a cadeira para minha
sogra sentar, depois faz o mesmo para mim antes de se retirar com
uma pequena reverência.
Como tudo nessa época do ano, o local está todo decorado
para o Natal, com uma árvore grande e enfeitada com bolas
douradas no centro do salão, os pratos e adornos das mesas
seguem o mesmo padrão branco e dourado da árvore, em uma
decoração simples, porém muito bonita.
Uma música lenta toca nos alto-falantes, enquanto as pessoas
conversam e seguem com seus jantares.
Com uma olhada rápida em volta vejo que a maioria dos
presentes são turistas e famílias que se reúnem uma vez por ano
para fingir felicidade.
Não é que eu não goste de Natal, eu amo essa época porque
tem tudo o que eu mais prezo nesta vida: família e presentes.
Só que nem todas as famílias são como a minha e presenciar
a falsidade nas interações ao meu redor faz meu estômago
embrulhar.
— Lady Esposito, é uma honra recebê-la em meu humilde
estabelecimento. — Um homem alto, de barba e cabelos brancos,
com um terno cinza-escuro e gravata roxa, caminha em nossa
direção e o reconheço de imediato como Marco Antônio Davis, seu
olhar vai diretamente para tia Clara, que estende a mão delicada, a
qual ele beija com carinho.
Poderia ser um simples cumprimento cordial, porém a forma
evasiva com que ele olha para os lados antes de encarar minha
sogra me faz desconfiar ainda mais do homem, o que só piora
quando sua postura fica tensa ao perceber que estou aqui.
— Marco, acho que você se lembra da minha nora, Alícia de
Angelis — Tia Clara me apresenta e estendo a mão para
cumprimentar o homem, que só agora lembro de ter conhecido em
outras vezes que jantamos aqui, mas ao invés de apertá-la, ele a
beija como fez antes.
Eu odeio receber beijos nas mãos, mas deixo que o faça para
estudar seus movimentos.
— Seja muito bem-vinda, senhora de Angelis.
— Senhorita — corrijo com um sorriso falso no rosto. — Eu já
vim aqui antes, estava falando sobre isso há pouco com minha
sogra.
— Nós trouxemos Alícia quando ela era mais nova e depois,
junto com nosso filho, não sei se você se lembra — Clara comenta e
Marco finge espanto, então suas sobrancelhas relaxam e ele abre
um sorriso ainda mais falso que o meu.
— Claro, como está crescida, perdoe-me por não reconhecer a
senhorita — expressa, gesticulando com as mãos para voltarmos a
sentar, então um garçom se aproxima com os cardápios e Marco
nos entrega, porém minha sogra recusa.
— Confio em você, traga as sugestões do chefe e um bom
vinho, tenho certeza que estaremos bem servidas — Clara pede e
Marco entrega os cardápios ao garçom, que se retira
imediatamente.
— Como desejar — Marco responde e se prepara para sair, a
postura tensa continua me incomodando, mas tem algo a mais, uma
apreensão que me faz ter a certeza de que esse homem está
escondendo alguma coisa. — Espero que tenham um ótimo jantar,
se precisarem de mim estarei…
— Antes de terminar o que ia falar, gostaria de se juntar a nós?
— convido, indicando um dos lugares vazios na mesa para quatro
pessoas.
— Seria uma honra, senhorita — Ele arregala os olhos por um
milésimo de segundo, antes de encobrir a surpresa com um sorriso
—, mas dessa vez terei que recusar, preciso manter o restaurante
funcionando.
— Claro, nós entendemos — tia Clara responde. — Obrigada
por nos receber, Marco.
— O prazer é todo meu — ele fala e então se retira,
caminhando mais rápido do que o necessário.
CAPÍTULO 10

Gabriel

Meu pai organizou o jogo em uma sala de jogos específica do


castelo, o local está todo decorado com armaduras antigas e uma
mesa redonda de pôquer, com cinco cadeiras dispostas, enquanto
um garçom nos aguarda para servir as bebidas e uma mesa com
comida foi preparada no canto.
Chace realmente não consegue esconder nada, mentir, então,
é praticamente impossível.
Todas as vezes que ele tem alguma carta boa na mão, eu sei,
porque ele sorri daquele jeitinho fofo que faz quando está feliz, mas
tenta esconder essa felicidade e seus olhos brilham em
antecipação.
Quando ele não tem nada, o garoto tenta mentir, mas seu rosto
adquire aquele tom avermelhado que o deixa ainda mais fofo e,
porra, eu só quero deixar ele ganhar uma vez.
Depois de alguns copos de cerveja, Chace fica mais confiante
e atrevido, aumentando suas apostas e até mentindo um pouco
melhor.
Já não consigo mais saber se ele está vermelho por causa da
bebida ou por estar tentando nos enganar sobre quão boa é sua
mão.
Claro que meu pai também percebeu o quanto Chace é ruim
no pôquer e, assim como eu, Henry Esposito está se divertindo a
noite toda com as tentativas falhas de Chace em mentir sobre suas
cartas, enquanto aprecia seu whisky caríssimo.
Meu pai convidou Carlo, seu chefe de segurança, e Mario, um
dos seus homens, para completar a mesa e animar ainda mais o
jogo.
Eles são bons e não demoraram para perceber quando eu
deixava Chace ganhar uma mão para vê-lo feliz.
Depois de algumas rodadas, e um pouco mais de bebida do
que estou acostumado, vejo Chace sorrir do outro lado da mesa e
sei que ele tem uma boa mão.
O garoto não esconde nada, por isso dobro a aposta de Carlos
e meu pai me acompanha.
— Então, qual é a jogada? — questiono meu pai, que mostra
uma quadra de As. — Muito bem, eu perdi.
Viro minhas cartas para baixo, eu realmente não tenho nada
dessa vez, então espero Chace fazer a sua jogada, já que Carlo e
Mário também desistiram.
— Full house! — Chace mostra dois reis em sua mão, que
combinados com o rei e os dois As da mesa, formam um full house
alto. — Eu ganhei! — Ele comemora, pegando as fichas da mesa, e
eu sorrio de orgulho do meu garoto. Porra, é tão bom vê-lo feliz.
— Sorte de principiante — meu pai comenta, mas vejo seu
olhar brincalhão, ele não se importa em perder.
— Desculpa, sogrinho — Chace brinca, mas logo fica vermelho
e arregala os olhos, percebendo o que falou.
Ele me olha e não aguento, começo a rir e sou acompanhado
por meu pai e os seguranças, claramente meu garoto já bebeu mais
do que deveria, assim como eu, e está na hora de irmos para a
cama.
— Acho melhor encerrarmos a noite aqui — anuncio, virando o
restante da bebida do meu copo, e Chace faz o mesmo, mas ele
está tomando cerveja e eu whisky.
Não estou acostumado a beber, só em ocasiões específicas e,
por isso, já consigo sentir os efeitos do álcool.
Com esse último copo, a mesa de pôquer fica turva e sinto o
mundo todo girar momentaneamente, preciso de alguns segundos
para voltar a enxergar direito e, com isso, tenho certeza que estou
bêbado demais.
— Você está bem? — Chace se levanta e dá a volta na mesa,
ficando ao meu lado quando cambaleio. Droga, bebi mais do que
percebi.
— Tudo bem, garoto, eu só bebi um pouco mais do que estou
acostumado.
— Vem, se segura em mim — ele oferece e ergue meu braço
para apoiar em seus ombros, mas controlo meu peso, afinal sou
bem maior e mais forte do que ele, se deixar meu corpo todo cair
em cima dele, quebro meu garoto.
— Tudo bem, eu consigo… — Tento andar, mas minhas
pernas não obedecem e cambaleio, a visão fica turva e embaçada
quando tento me concentrar em um ponto e, droga, se não fosse por
Chace eu estaria no chão. — Droga!
— Vem, vamos para o quarto. — Chace me segura e caminho
ao seu lado, sem a menor noção de para onde estamos realmente
indo, mas confio nele para me guiar.
— Você precisa de ajuda? — meu pai oferece atrás de nós.
— Não, eu cuido dele, senhor Esposito, tenha uma boa noite
— Chace responde confiante e me leva para o andar de cima.
Sei que chegamos ao quarto quando caio de costas na cama e
vejo o teto branco girar, como se o mundo todo estivesse dando
voltas e eu estivesse parado no tempo.
Fecho os olhos com força e cubro meu rosto com as mãos
para me impedir de ficar enjoado, mas porra, é quase impossível.
— Chace, eu acho que vou… — Sinto meu estômago reclamar
e me viro para o lado, despejando todo o conteúdo que estava
dentro de mim em uma lixeira, que magicamente apareceu em
minha frente.
— Isso, bota pra fora, amanhã você vai se sentir melhor... —
Escuto a voz calma e tranquila de Chace, enquanto sua mão quente
afaga minhas costas, provavelmente foi ele quem trouxe a lixeira e o
agradeço mentalmente, já que não consigo falar e vomitar ao
mesmo tempo.
Droga, Alícia vai me matar quando descobrir que fiquei bêbado
e, ao invés de estar cuidando do Chace, é ele quem está ao meu
lado, cuidando de um velho bêbado que não consegue segurar a
bebida.
Também, que ideia idiota foi essa de acompanhar meu pai,
justamente com seu whisky mais caro, aquilo lá é puro álcool.
Quem diabos bebe isso como se fosse água e não fica
bêbado? Ah, sim, Henry Esposito é a resposta.
Acredito que com o tempo ele adquiriu alguma resistência
sobre-humana ao álcool, porque não é possível.
Vou fazer uma anotação mental e perguntar como ele fez isso,
porque preciso saber, não posso passar mal assim toda vez que for
beber, é humilhante demais.
Só espero que Alícia não precise de mim essa noite, seja lá o
que ela esteja planejando confio que minha mulher pode dar conta
sozinha, porque eu não consigo nem ficar sentado, que dirá mirar
uma arma em alguém.
CAPÍTULO 11

Alícia

O jantar foi servido e Clara e eu engajamos em uma conversa


animada, mas minha atenção não saiu de Marco e seus
funcionários, que nos atenderam muito bem, porém pareciam tão
nervosos quanto o chefe.
— Fiquei sabendo que vocês não estão mais morando na
mansão de Angelis — tia Clara chama minha atenção e sorrio para
ela.
— Não, compramos um prédio próximo a minha boate e
reformamos tudo, vocês deveriam ir nos visitar um dia e conhecer
nossa casa — sugiro.
— Sabe que não podemos entrar nos Estados Unidos, querida.
Seu tio seria preso assim que desembarcasse no aeroporto, ou
morto na hora de sair do avião, é perigoso demais.
— Nós temos seguranças e os tempos mudaram, tenho
certeza de que conseguiremos colocá-los em segurança e… —
Tenho uma ideia perfeita para resolver este problema.
— Nós já nos acostumamos com o fato de não podermos
visitá-los, princesa, e vocês são jovens e podem vir mais do que
uma vez por ano para nos ver.
— Não se faça de coitada, tia Clara. Eu sei muito bem que a
senhora tem mais armas do que eu escondidas nesse conjuntinho
da Gucci — brinco e ela me dá um olhar atrevido.
— Isso porque você insiste em usar roupas coladas, que não
escondem nada, ou acha que não percebi o coldre marcado na sua
perna.
— São dois coldres — corrijo e ela solta uma risada
controlada. — Relaxa, tia, vou resolver esse probleminha, agora
temos aliados importantes na grande e poderosa Rússia, tenho
certeza que eles podem nos ajudar.
— Não queremos dever mais favores a eles, é melhor deixar
tudo como está e…
— O assunto está encerrado, eu vou resolver isso, já falei —
corto o que ela ia falar, pontuando minha decisão.
Quando eles saíram dos Estados Unidos, praticamente fugidos
da polícia e da máfia irlandesa, foram proibidos de retornar ao país
e, mesmo que isso tenha acontecido há muitos anos, meu tio
prefere não colocar a vida dele e de sua mulher em perigo.
Foi por isso que meu irmão precisou assumir como
Consigliere, com menos de vinte e cinco anos de idade, porque a
família Esposito já não podia mais ficar lá.
Don de Angelis conseguiu fazer um acordo para que Gabriel
permanecesse no país, pedindo ajuda à Bratva, foi assim que
começou a aliança entre a nossa família e a máfia russa.
É por isso que todos nos deixam em paz, mesmo que a
Família Esposito esteja marcada para morrer, Gabriel tem a
proteção da Bratva e ninguém pode encostar nele.
Eu só descobri sobre isso porque ouvi uma conversa do meu
irmão com tio Henry antes deles me mandarem para a Inglaterra.
Ser uma grande metida sempre compensa.
— Você contou a ele? — tia Clara questiona se referindo a
Gabriel.
— Claro que sim, e quando meu plano der certo, vocês podem
ir nos visitar e conhecer nossa casa.
— Falaremos sobre isso amanhã — ela encerra o assunto e
concordo com a cabeça.
— Agora vou resolver nosso problema mais imediato, a
senhora pode pedir a conta enquanto eu vou ao banheiro?
— Claro, te espero no carro — ela responde, já sabendo o que
fazer.
Levanto e dou uma última olhada no salão, memorizando o
rosto de cada um dos funcionários que estão me olhando, mas finjo
um sorriso e caminho em direção ao banheiro.
Antes de entrar, pego o corredor que vai até o escritório e lá
encontro Marco, de costas para a porta falando com alguém ao
telefone.
— Deu certo? Você conseguiu pegar ele? — ele questiona de
forma eufórica, uma gota de suor escorre pelo seu pescoço.
Percebo que ele está sem o paletó e sua camisa social clara está
encharcada. — Muito bom, elas ainda estão aqui, mas assim que
saírem eu te encontro no esconderijo.
Com isso ele desliga e seus ombros relaxam por um momento
enquanto ele respira fundo e olha para frente.
— Eu consegui, finalmente terei meu restaurante de volta, a
última parte de Henrico que sobrou nesse mundo... — Marco
comenta com dor na voz e isso confirma que é ele por trás dos
bilhetes e ameaças, só que também implica que ele não está
trabalhando sozinho.
— Isso vai depender da sua colaboração a partir de agora —
falo da porta e tiro minha Glock da bolsa, apontando diretamente
para sua cabeça quando ele se vira para me encarar. — É melhor
manter as mãos para o alto, não queremos um acidente, não é
mesmo?
— Você… o que você pensa que está fazendo? Abaixe essa
arma, eu…
— Eu ouvi a sua conversa, vamos lá, é melhor me contar tudo
o que está acontecendo e quem é seu aliado, agora mesmo.
— Eu não tenho aliado, você está louca, menina.
— Vamos pelo caminho mais difícil, então? — questiono e me
aproximo dele, com um movimento rápido prendo seu braço para
trás.
Mesmo ele tentando lutar contra mim, é só um velho fora de
forma, logo estou com seus dois pulsos presos atrás das costas e
consigo amarrá-los com uma braçadeira que carrego na bolsa.
Marco não tenta gritar, ele sabe que não tem saída quando um
dos meus homens aparece na porta do escritório, fechando-a logo
em seguida para nos deixar sozinhos.
Eu os instrui a proteger tia Clara e limpar o salão assim que ela
pedisse a conta, então em poucos minutos o lugar estará vazio e eu
poderei tirar as informações que preciso, sem me preocupar com os
gritos.
— Já que você prefere seguir pelo caminho mais difícil,
lembre-se que eu avisei — falo e o prendo na cadeira, tirando as
facas do coldre da minha coxa, começando o processo de reunir
informações, do meu jeitinho.
Até que Marco aguenta bastante para um homem da sua idade
– e que não faz parte do crime organizado –, mas em meia hora,
depois de ter tirado algumas camadas de pele e cortado um dedo
dele fora, o desgraçado finalmente começa a falar e me conta tudo.
Só que a cada frase meu corpo estremece de medo, porque se
tudo o que ele fala for verdade, as pessoas que eu amo estão em
perigo e eu preciso salvá-los agora mesmo.
CAPÍTULO 12

Chace

Gabriel não pareceu ter bebido tanto para passar tão mal
assim, mas acho que por ele não estar acostumado, seu organismo
não reagiu muito bem. Porém seu pai bebeu quase o dobro e está
bem, isso é estranho.
Pego o celular para ligar para Alícia, já passou da meia noite e
ela ainda não voltou, estou preocupado, tem alguma coisa
acontecendo que eles não me contaram.
É essa mania desses dois de me protegerem de tudo que me
deixa puto, porque daí eles ficam de segredos e, quando essas
merdas estouram, eu não sei o que fazer.
O telefone toca duas vezes e, antes da terceira, Alícia atende.
“Ei, gatinho, tudo bem aí?” — ela pergunta e posso ouvir sua
respiração ofegante e a voz em um tom eufórico demais.
— Alícia, o que está acontecendo? Onde você está?
“Logo estou voltando para casa, Gabriel está com você?”
— Sim, ele passou mal por causa da bebida, mas agora está
dormindo, o que está acontecendo?
“Te explico tudo quando eu voltar, mas não sai do quarto, tudo
bem? Estou resolvendo alguns probleminhas aqui e logo estarei
com vocês, cuida do bunny para mim, ele vai acordar amanhã se
sentindo um lixo. ”
Escuto sua gargalhada do outro lado da linha e isso me deixa
um pouco mais aliviado, mas ainda preciso saber o que está
acontecendo.
— Alícia, o que você está aprontando? Eu não vou ficar aqui
trancado se você estiver em perigo, Gabriel está desmaiado e eu…
“Gatinho, faz o que eu estou pedindo uma vez na vida, eu te
conto tudo amanhã.”
Com isso ela desliga, sem nem um beijo, e me deixa aqui, com
o celular ainda no ouvido, indignado por estar de fora de seja lá o
que ela está aprontando.
Eu realmente não gosto de me envolver com a máfia, mas
estamos na Inglaterra, aqui não tem essas coisas.
Várias hipóteses perturbam minha mente enquanto ando de
um lado para o outro no quarto.
Alícia estava ofegante, o que por si só não é um bom sinal,
mas ela jamais faria algo errado, ela não seria louca de nos trair.
Não, tem que ser outra coisa, ela deve estar resolvendo algum
problema dos pais do Gabriel, afinal ela saiu com a dona Clara para
jantar.
— É isso, ela não está nos traindo, preciso confiar em Alícia —
falo em voz alta para ver se essas palavras entram na minha
cabeça.
Droga, eu preciso saber o que está acontecendo.
Por isso, caminho até a porta e abro com cuidado, tentando
não fazer barulho, mesmo tendo certeza que Gabriel não vai
acordar até amanhã, com uma baita dor de cabeça e uma enorme
ressaca.
Quando consigo dar um passo para fora sou barrado por
quatro seguranças, que me olham com aquela cara fechada habitual
deles.
— Senhor King, por favor permaneça em seu quarto — um
deles ordena ficando na minha frente para que eu não passe pela
porta.
— Por quê?
— Temos ordens da executora para não deixá-lo sair — ele
responde.
— Era só o que me faltava, agora sou um prisioneiro? —
reclamo jogando as mãos para o alto. — Eu só quero buscar água,
Gabriel não está muito bem e…
— Nós traremos para o senhor, não se preocupe. — Ele faz
um aceno com a cabeça para o segurança que está mais afastado e
o mesmo se retira. — Agora volte para dentro, por favor.
— Mas eu… — Ele não me deixa continuar a falar e dá dois
passos para frente, me forçando a dar quatro passos para trás, até
que eu esteja dentro do quarto novamente, então o homem
simplesmente fecha a porta na minha cara.
Que diabos! O que será que está acontecendo nessa casa,
quatro dias antes do Natal?
Bem, já que não posso sair, tento ligar novamente para Alícia,
mas ela não me atende, então fico cuidando de Gabriel enquanto
ele dorme na nossa cama.
Primeiro tiro seus sapatos e troco suas meias por uma mais
confortável, depois, com muita dificuldade, consigo tirar sua roupa e
fazê-lo deitar embaixo das cobertas.
Sei que ele prefere dormir sem nada, por isso o deixo só de
cueca e deito ao seu lado, abraçando-o por trás para esquentá-lo
com o meu corpo.
Lembro quando foi o contrário, quando eu estava tão bêbado
que desmaiei, depois de quase fazer uma besteira.
Sei que ele cuidou de mim, posso não saber tudo o que
aconteceu, mas tenho flashes de lembranças em que eu estava
deitado em seu peito, me esquentando no calor do seu corpo.
Gabriel é um homem protetor, é isso o que ele faz, e sou o
homem mais feliz do mundo por tê-lo em minha vida.
Assim como Alícia, só que ela tem uma forma diferente de
cuidar, ela é uma mulher de ação, não fica trancada em um quarto
até o perigo passar, ela está lá fora nos protegendo de sabe-se lá o
que.
Quanto a mim, resta estar aqui por eles e amá-los acima de
tudo.
Meus dois mafiosos, que carregam consigo meu coração, e
por quem eu daria a minha vida.
CAPÍTULO 13

Alícia

Eu amo muitas coisas e duas pessoas em especial.


Além dos meus dois homens, só tem uma coisa que consegue
fazer todo o meu corpo vibrar animado: ouvir os gritos de desespero
das minhas vítimas.
Depois que Marco confessou estar confabulando com alguém
de dentro do castelo para sequestrar meu tio, coloquei meus
homens em ação e, por sorte, conseguimos conter a ameaça antes
que eles saíssem de lá.
Claro que meu tio já tinha feito a maior parte do trabalho,
matando um dos soldados que tentou amarrá-lo, enquanto saia no
soco com Carlo, seu chefe de segurança.
Meus homens chegaram bem a tempo e contiveram o homem
antes que meu tio o matasse.
Levaram Carlo para uma das masmorras no subsolo do
castelo e é bem aqui, entre quatro paredes de pedra, com o vento
frio e úmido nos cercando, que arranco mais uma camada de pele
de Marco, fazendo-o gritar feito um porco no abate.
— Sério mesmo que você foi burro a ponto de pensar em
sequestrar meu tio, quando dois executores estão na cidade? — falo
e ele grita em resposta, gorgolejando com o sangue que sai de sua
boca, e quase desmaiando.
Não deixo que faça, jogo um balde de água fria nele,
acordando e o fazendo tremer de frio.
Pego uma faca, com a lâmina mais grossa e pesada, e acerto
com tudo o dedão do pé, decepando-o em um golpe certeiro.
— Eu só… eu queria… — ele tenta falar, mas as palavras
saem desconexas.
— Nós frequentamos seu restaurante por anos, Marco — tia
Clara comenta. Ela não saiu da sala enquanto eu torturava minhas
duas vítimas e, em momento algum, fez uma só expressão de nojo.
É por isso que essa mulher sempre foi minha inspiração. — Se
estava com problemas, poderia ter vindo até nós.
— E aceitar dinheiro sujo? — ele consegue responder e depois
cospe no chão, olhando diretamente para a minha tia. — Vocês não
passam de bandidos.
Com isso solto uma gargalhada alta, ele tem coragem de nos
chamar de bandidos quando estava tentando sequestrar meu tio?
— Já chega — falo com autoridade e pego outra faca, essa
com a lâmina mais fina, porém longa e afiada. — Isso vai mandar
uma mensagem para quem ousar pensar em fazer algo contra a
minha família — aviso e, só então, cravo a lâmina na base da sua
barriga, fazendo força para cima, abrindo-o com um golpe só, até
que as tripas começam a cair no chão e preciso me afastar.
Os gritos finais de Marco não duram muito e, assim que
param, me concentro em minha próxima vítima.
Estou pouco me importando com o cheiro de sangue misturado
com vísceras, vômito, urina e fezes, que sai do corpo pendurado ao
meu lado e impregnam em meu vestido luxuoso.
— Agora, querido Carlos, qual foi a sua motivação para
participar dessa merda? Você sabia que nós o pegaríamos, não
pode ser tão burro a ponto de pensar que sairiam impunes.
— Alícia, deixe-o ir. — Escuto a voz de tio Henry vinda da
porta e não acredito no que ele acabou de falar, mas então olho
para o homem que me criou e vejo a seriedade em seu olhar. —
Carlos, ele ameaçou sua filha?
— Filha? — questiono olhando de um para o outro.
— Ele a pegou, eu não sei onde ela está — Carlos responde.
— Ela está em segurança agora — tio Henry esclarece e, só
então, o homem que eu prendi em uma cadeira relaxa visivelmente
e começa a chorar.
— Perdoe-me, senhor Esposito, por favor, eu não ia deixar que
ele fizesse algo contra o senhor, era para segurá-lo por um tempo
até que ele conseguisse o dinheiro e depois eu o soltaria. Por favor,
precisa acreditar em mim — Carlos implora, as lágrimas escorrendo
pelo seu rosto. — Eu sou a única coisa que ela tem, Mariana já
perdeu a mãe, por favor, não a deixe sem um pai também.
Esse discurso não me comove em nada, mas vejo que tio
Henry não dá o braço a torcer e decido respeitar sua decisão, afinal,
esta é a sua casa e foi ele quem saiu no soco com seu chefe de
segurança, cabe a ele dar o veredicto.
— A partir de agora você não trabalha mais aqui. Pegue sua
filha e suas coisas e saia da cidade, eu não mancharei seu nome,
portanto conseguirá emprego facilmente, mas nunca mais volte a
Londres, está entendendo? — Tio Henry anuncia seriamente.
— Eu farei o que o senhor quiser, muito obrigado — Carlos
responde e, com isso, meu tio e tia saem da sala sem falar mais
nada.
Espero até não ouvir mais os saltos da minha tia batendo no
piso de pedra e só então volto a encarar Carlos.
Coloco uma mão no seu pescoço e aperto até garantir que ele
sinta falta de ar, então olho no fundo dos seus olhos escuros.
— Se eu ouvir seu nome novamente eu vou te encontrar, nem
que para isso precise ir até o inferno, mas esteja avisado que
ninguém mexe com a minha família e sai impune, essa é a primeira,
e última vez, entendido?
Quando ele tenta confirmar com a cabeça, aperto seu pescoço
um pouco mais até que ele começa a se engasgar e lutar contra
meu aperto, só então o solto e vejo as marcas vermelhas dos meus
dedos em sua pele clara, isso vai fazê-lo levar minha ameaça a
sério.
— Descartem o corpo e limpem essa bagunça — ordeno meus
soldados, que confirmam com a cabeça. — Quanto a esse aí, eu
quero que vocês o deixem ali, assistindo, enquanto esquartejam o
corpo e dão um fim ao traidor, assim ele saberá o que o espera caso
apronte novamente.
— Sim, executora — os homens respondem em coro e posso
ver a admiração em seus olhares, mas agora nada disso importa,
preciso encontrar um chuveiro e roupas limpas antes de voltar para
o meu quarto.
CAPÍTULO 14

Gabriel
Acordo sentindo como se alguém estivesse martelando minha
cabeça. Porra, nunca tive uma ressaca tão forte assim!
— A bela adormecida resolveu acordar. — Escuto a voz de
Alícia, mas ao invés de me fazer suspirar, é como se cada sílaba, de
cada palavra, atingisse diretamente meu cérebro, e só consigo
sentir a dor absurda em minha cabeça.
— Porra — balbucio, ainda sem coragem de abrir os olhos.
— Relaxa, bunny, o médico colocou um soro em você para
aliviar os sintomas — ela anuncia e só então sinto algo em meu
braço.
— Droga, bebi demais.
— Não, amor, você foi drogado, eles colocaram ‘Boa noite,
Cinderela’ na sua bebida para sequestrar o tio Henry. — Com isso
abro os olhos de uma vez, grande erro, o quarto está claro demais e
parece que o sol veio queimar meus neurônios, mas foda-se, já
aguentei dores bem piores, não é uma droga de ressaca que vai me
derrubar.
— Como assim? — questiono sentando-me na cama e
sentindo meu estômago reclamar, mas seguro tudo o que está lá
dentro e encaro Alícia.
Ela passa a próxima meia hora me contando tudo o que eu
perdi.
Chace não está no quarto e é melhor assim, nós preferimos
manter os assuntos mais pesados entre nós, não tem porquê
envolvê-lo nessas coisas.
— Porra, justo Carlos, eu jamais desconfiaria dele — comento
e aceito o copo de suco que ela me entrega, tomo alguns goles até
que meu estômago reclame e então paro.
— Relaxa, já lidei com Marco, e tio Henry perdoou Carlos
porque a filha dele era refém do seu comparsa.
— Droga, como está meu pai? Ele sofreu alguma lesão?
— Henry Esposito matou um soldado e, segundo nossos
homens, estava levando a melhor contra Carlos em uma luta corpo
a corpo, seu pai sabe se defender, amor — ela responde animada e
confesso que isso me deixa ainda mais orgulhoso de ser filho deles.
— E minha mãe?
— Tia Clara aguentou uma tortura todinha, só saiu quando seu
pai saiu, eu já disse, sua mãe é foda pra caralho.
Ela tem razão, às vezes esqueço que meus pais são um casal
de mafiosos aposentados.
Meu pai veio de uma família muito rica e, quando seu irmão
mais velho morreu, ele herdou o título nobre de duque, mas não
quis ficar na Inglaterra e se mudou para os Estados Unidos, lá ele
conheceu minha mãe.
A família dela tinha várias empresas de importação e
exportação, então ambos eram ricos e bem resolvidos, mas queriam
aventura, eles precisavam de mais adrenalina, por isso quando o
melhor amigo do meu pai virou Don Vitório de Angelis e o convidou
para ser seu Consigliere, ele aceitou na hora, com a condição de
que minha mãe também tivesse voz ativa nas decisões.
A máfia precisa de mulheres. Clara Esposito, Alícia de Angelis,
Daniele Corleone, e tantas outras que estão vindo por aí, provam
esse argumento.
— Vamos tomar um banho que Chace está nos esperando
para o café e precisamos ir atrás do presente de Natal dele, a moça
me mandou mensagem hoje falando que podemos retirá-lo na
véspera de Natal. — Alícia me ajuda a tirar o soro e me escoro nela
para ir até o banheiro.
— Será que ele vai gostar? — questiono enquanto
aproveitamos a água quente e já consigo sentir a dor de cabeça
diminuindo pouco a pouco.
— Claro que sim, você vai ver, nosso gatinho vai amar o
presente que escolhemos para ele.
***
Os dias que se seguiram até a véspera de Natal foram calmos,
eu não sou a pessoa que ama essa época, mas gosto de ver que
meus pais estão bem e felizes, também amo presentear Alícia e ver
o sorriso em seu rosto quando finge surpresa com o que escolhi dar
da imensa lista que ela faz todos os anos.
Esse é o segundo Natal que passamos com Chace, o primeiro
que vamos realmente comemorar, porque no do ano passado o
clima estava pesado ainda.
Ele tinha acabado de perder toda a sua família e Alícia estava
se recuperando do tiro, nós passamos com os de Angelis, mas não
teve clima para grandes comemorações.
Coloco o último pacote de presente embaixo da árvore, Alícia
sempre me deixa encarregado de fazer isso, ela ama o Natal e, para
manter a magia, prefere ver seus presentes só de manhã, como se
tivesse sido o Papai Noel quem deixou embaixo da árvore.
Prazer, Papai Noel!
A sala de estar da casa dos meus pais está toda decorada
com os melhores artigos de luxo que o dinheiro pode comprar,
meias foram penduradas na lareira com os nossos nomes, as quais
eu encho com doces e aproveito para comer os biscoitos de Natal
que Alícia deixou.
— Eu lembro quando fazia tudo isso para você — meu pai fala
do outro lado da sala, pegando-me de surpresa. — Depois veio
Alícia e eu fazia igual para ela, mesmo que ela já soubesse que
Papai Noel não existia, a garota sempre amou ganhar presentes.
— Sim, é culpa de vocês que ela seja mimada assim — brinco.
— Falou o homem que está colocando doce nas meias de
Natal e comendo os biscoitos — ele responde e não seguro o riso.
— Fico feliz em ver o amor que vocês compartilham e preciso dizer
que, mesmo sem realmente entender a relação de vocês com o
Chace, eu soube que era amor no momento em que você colocou
uma mão nas costas dele quando chegou, se aquele homem pode
te tocar é porque ele é importante para você.
— Ele faz parte de nós — falo simplesmente, porque essa é a
única forma que consigo explicar nosso relacionamento.
Chace, Alícia e eu, formamos um amor que se completa
quando estamos juntos.
— Desculpa pela forma que agimos no começo, só estávamos
confusos, sua mãe e eu estamos arrependidos e prometemos que
não acontecerá novamente — meu pai informa com seriedade e,
quando encaro os grandes orbes azuis do homem que mais admiro
nesse muito, sei que ele está sendo sincero.
— Obrigado — respondo e reúno o máximo de coragem
possível para caminhar até ele e estender a mão em sua direção.
Então, com os olhos marejados, ele a aperta e suporto a
vontade de correr até que o contato seja desfeito, mas posso sentir
o quanto isso foi importante para ele e gostaria de abraçá-lo, mas
sei que não consigo.
Por enquanto, esse é o maior contato físico que tivemos desde
que fui torturado.
EPÍLOGO

Chace

— Gatinho, acorda logo. GATINHOOOOOO! — Desperto em


um susto com Alícia em cima de mim, as mãos em meu rosto
enquanto ela me enche de beijos. É a melhor forma de acordar. —
Feliz Natal, meu amor!
— Feliz Natal, Ali — respondo e ela beija minha boca com
carinho, sorrindo contra meus lábios, daquela forma que eu amo
senti-la sorrir.
— Agora vamos, o bunny está esperando lá embaixo com os
presentes.
— Deixa só eu trocar de roupa, não quero que os pais dele me
vejam de pijama e…
— Relaxa e vem logo. — Ela pega minha mão e praticamente
me arrasta da cama, percebo que também está usando seu pijama
de Natal vermelho, que combina com o meu e do Gabriel, que são
verdes. — Fecha os olhos.
— Eu vou cair da escada — reclamo.
— Acha mesmo que vou te deixar cair? Confia em mim,
gatinho.
Com isso faço o que ela pede e fecho os olhos, Alícia segura
minha mão com carinho e me conduz pelos corredores.
Quando chega à escada, já consigo ouvir a música de Natal
tocando lá embaixo e sinto um cheiro delicioso de biscoitos,
misturado com chocolate e canela, o aroma é tão bom que faz meu
estômago roncar de fome.
— Vem, gatinho, temos uma surpresa para você — Alícia avisa
e me ajuda a descer as escadas.
Quando chegamos ao último degrau, sinto outras mãos em
minhas costas, maiores e tão familiares quanto as dela, não preciso
abrir os olhos para saber que Gabriel está ao meu lado.
— Feliz Natal, garoto. — Ele beija meu rosto carinhosamente
ao falar. — Pode abrir os olhos.
Quando faço sou atacado por uma bola de pelos, que se joga
em meu peito e Gabriel precisa me segurar para eu não cair.
O grande cachorro é um labrador preto que, ao ficar de pé, é
mais alto que Alícia.
Ele começa a me lamber desesperadamente quando o seguro
e acaricio suas orelhas.
— Esse é o meu presente? Vocês estão me dando um
cachorro? — questiono e todos riem.
Olho para o lado e vejo o senhor e a senhora Esposito com um
sorriso tranquilo no rosto, o que me deixa mais calmo.
— Ele é nosso, pensamos em pegar um filhote, mas esse
grandão sobrou da última ninhada e achamos que ele seria perfeito
para nós — Alícia comenta e o cachorro finalmente tira as patas do
meu peito e vai até ela, só então vejo que a safada tem petiscos nas
mãos. — Quem disse que não teríamos filhos?
— Eu não estava falando desse tipo de filho — a senhora
Esposito comenta, mas logo depois sorri.
— Aceite o que eles estão dispostos a nos dar, querida — seu
marido comenta e ergue o copo em minha direção. — Bem-vindo a
família, Chace — ele fala e posso sentir meus olhos arregalarem de
surpresa e emoção.
Porra, ele realmente está me aceitando na família!
Então passamos o restante da manhã tentando adivinhar os
presentes que cada um ganhou, obviamente Alícia foi além e
comprou tanta coisa que, quando terminamos de abrir tudo, já havia
passado da hora do almoço e todos estavam contentes e felizes,
exatamente como eu sempre quis que minha família fosse.
Esse pensamento me faz lembrar do Natal na minha casa.
Quando eu era pequeno, tia Camila sempre dava um jeito de
arrumar uma árvore de Natal e enfeitá-la com coisas feitas em casa,
por nós dois.
Minha mãe, se estivesse em uma fase boa, fazia sua famosa
torta de maçã para a ceia e meu tio trazia um peru para assar.
Mesmo que não tivéssemos tudo o que vejo em minha frente,
na grande mesa que foi preparada no castelo, o ambiente familiar, o
carinho e amor uns pelos outros, são os mesmos que eu sentia com
minha família, por isso sei que meus sogros finalmente me
aceitaram e posso aproveitar o dia.
Damos o nome de Hatter para nosso grandão, em homenagem
ao chapeleiro maluco do livro Alice no País das Maravilhas.
Ele já conseguiu comer uma almofada enquanto
almoçávamos, provando que dará trabalho, mas que também nos
dará amor e teremos uma companhia a mais dentro de casa.
No fim do dia estamos cansados, mas felizes com tudo o que
aconteceu.
Os pais de Gabriel se retiram e nos deixam sozinhos na sala
de estar, onde o fogo da lareira esquenta o ambiente.
Estamos os três em um grande sofá, com uma caneca de
chocolate quente nas mãos e uma manta toda colorida jogada sobre
nós, mantendo-nos quentinhos e aconchegados, talvez até demais.
— Agora que todos foram dormir, podemos finalmente
comemorar o Natal — Alícia comenta com um sorriso safado no
rosto.
Ela se levanta do sofá e pega nossas canecas, colocando em
cima de uma mesa, sem tirar os olhos verdes de nós dois.
A safada ergue o suéter vermelho, com o desenho de uma
rena que ganhou de presente da nossa sogra, e nos mostra que
está sem sutiã.
— Ali, alguém pode nos ver… — repreendo olhando para os
lados, mas não vejo ninguém.
A música Natalina é o único som no ambiente, fora o barulho
das roupas de Alícia caindo no chão e o estalar da madeira
queimando na lareira.
Quando volto a olhar para ela, vejo-a completamente nua e
com aquela expressão depravada em seu rosto, que faz cada célula
do meu corpo vibrar.
— Nós vamos foder na noite de Natal, gatinho, e essa pode
ser uma das nossas tradições daqui para frente.
— Eu gosto disso — Gabriel responde, tirando o próprio suéter
verde e erguendo a mão convidativamente para Alícia se aproximar
dele. — Eu gosto muito dessa tradição.
Ela monta de frente para ele, com uma perna de cada lado do
seu corpo, enquanto Gabriel alisa sua pele macia com as mãos,
percorrendo cada centímetro de uma forma deliciosamente excitante
de ver.
Dessa vez não espero o convite e se alguém nos encontrar…
bem, foda-se.
Ninguém teria coragem de falar nada para Alícia e Gabriel, por
isso tiro meu suéter verde, com uma árvore de Natal bordada nas
costas, e já abaixo minhas calças e cueca, ficando completamente
nu para eles, que me olham lambendo os lábios.
— Hoje eu quero… bem, se vocês quiserem, sabe… —
gaguejo ao falar e os dois sorriem.
Gabriel estende a mão em minha direção, puxando-me para
me beijar, com aqueles lábios deliciosos, sua língua me invade
assim que dou espaço e não controlo um gemido.
— Sou seu, garoto, considere como mais um presente. — Ele
me dá permissão e posso sentir meu rosto ficando vermelho.
Claro que em dois anos transando nós variamos muito as
posições e Gabriel também gosta de sexo anal, mas confesso que
geralmente é ele me fodendo, o contrário acontece menos.
Talvez precise de mais coragem para mudar isso no futuro.
— Eu vou pegar as camisinhas. — Me levanto, mas ele segura
minha mão e não me deixa sair.
— No meu bolso, tem lubrificante escondido atrás da árvore de
Natal — Gabriel avisa.
— Seus safados, já estavam preparados, não é?
— Sempre, gatinho, até parece que você não nos conhece. —
Alícia brinca, esfregando-se na ereção de Gabriel, que é o único
vestido ainda.
— Achei que chegaríamos até o quarto... — me defendo e eles
riem.
— E perder uma foda bem natalina assim? Nunca! — ela
explica e vou até a árvore de Natal, encontro o lubrificante e Gabriel
já colocou as camisinhas na mesinha ao lado do sofá. — Agora vem
aqui, eu quero chupar bem esse pau.
Caralho, Alícia me deixa fodidamente duro só com as suas
palavras.
Ela para de se esfregar em Gabriel e eu me sento ao lado
dele, logo sua boca está na minha e sua mão forte segura meu pau,
fazendo movimentos constantes.
Porra, eu amo a forma que ele me domina, já estou derretido.
Enquanto isso, Alícia coloca uma almofada no chão e se
ajoelha em minha frente, beijando a parte interna das minhas coxas,
até chegar nas minhas bolas, as quais ela lambuza com sua língua
e, ao senti-la subir, Gabriel larga meu pau e a deixa no comando,
porém ele não para de me beijar.
Eles estão me dando prazer, meus dois mafiosos se
concentram em mim, e é uma das melhores coisas do mundo, eu
me sinto um deus, assim como eles.
— Vai fundo, amor — Gabriel ordena e Alícia coloca todo o
meu pau em sua boca, levando-me até o fundo da sua garganta e
fazendo todo o meu corpo arrepiar.
Não controlo um gemido, mas logo Gabriel me cala com seus
beijos e domina minha boca, nossas línguas travam uma batalha
sensual enquanto Alícia me chupa com vontade.
— Porra, assim eu vou… — aviso e Gabriel sorri.
— Ainda não, garoto, você vai gozar dentro de mim hoje.
— Deita, bunny — Alícia ordena, largando o meu pau.
Me levanto e dou espaço para Gabriel se deitar, ele tira a calça
e a cueca, liberando o pau grande e grosso, que já está lambuzado
com o pré-gozo, e a visão me faz salivar, mas não é isso que
faremos agora.
— Está pronto, gatinho? — ela questiona.
— Porra, sim — respondo e pego um preservativo da mesinha.
Alícia coloca duas almofadas embaixo da bunda de Gabriel e
depois o monta, ficando com uma perna de cada lado do corpo dele.
Vejo o momento que sua boceta engole o pau do nosso
homem e Alícia joga a cabeça para trás, satisfeita para caralho.
Ela aproveita as sensações enquanto visto o preservativo e me
preparo.
Assim que fico de joelhos no sofá, Gabriel abre mais as pernas
e eu as seguro ao lado do meu corpo.
Ele é grande e todo musculoso, a porra da visão desse
homem, todo aberto e entregue a mim, é como estar no paraíso.
Ainda mais com Alícia subindo e descendo em seu pau, os
cabelos loiros jogados em suas costas, que já estão deliciosamente
suadas, as mãos de Gabriel envolvem sua cintura e ela não controla
os gemidos fodidamente gostosos que saem da sua boca
maravilhosa.
— Amor, assim alguém vai nos ouvir — murmuro contra seu
pescoço, tirando os cabelos do caminho para beijar a pele delicada
da região e fazê-la arrepiar todinha.
— Foda-se, que aproveitem o show — ela responde e eu
sorrio olhando para Gabriel, que nos admira com aquela expressão
séria, porém o olhar pegando fogo de tesão.
— Vem, garoto, é a sua vez — ele comanda e não precisa falar
duas vezes.
Passo lubrificante em meus dedos e espalho um pouco no
caminho entre suas bolas, chegando até o cu, então massageio o
local, entrando com a ponta do dedo antes de tirar e colocar de
novo, tudo isso sem tirar os olhos dele, e sem que Alícia pare de
subir e descer em seu pau.
Logo Gabriel perde a pose de durão, sua boca escancara de
prazer quando ele solta uma série de palavrões e eu sei que ele
está pronto.
Troco meus dedos pelo meu pau e, aos poucos, vou entrando
nele, sentindo suas paredes me apertarem daquela forma deliciosa
que me faz ver estrelas.
Porra, é bom pra caralho ter meu homem entregue assim!
Quando estou completamente dentro dele e o sinto relaxar,
começo a realmente me divertir, tirando meu pau até a cabeça, só
para socar tudo de novo, cada vez mais fundo e com mais força,
sentindo-o me apertar.
— Vai, gatinho, fode nosso homem, eu quero ouvir o bunny
gritar — Alícia ordena e faço o que ela manda.
Enquanto fodo Gabriel, ela senta no seu pau, ainda mais
rápido, e eu coloco as mãos na cintura dela, em cima das de
Gabriel, segurando-a contra meu peito para conseguir beijar seu
pescoço deliciosamente suado, enquanto nós fodemos
enlouquecidamente.
Estamos conectados e, nesse momento, somos como a porra
de uma tempestade, colidindo como as nuvens no céu, nossos
corpos produzem sons como os trovões e brilham perigosamente
como os raios.
Esse é o nosso amor: uma explosão eletrizante de sentimentos
entre três pessoas diferentes, que juntas formam uma unidade.
— Porra, garoto — Gabriel geme e vejo seus dedos apertando
mais a cintura de Alícia, forçando-a para cima, ajudando nossa
mulher a rebolar em seu pau. — Vem amor.
Ele pede e sei que Alícia está tão perto de gozar quanto eu,
minhas bolas estão fodidamente apertadas enquanto fodo com força
o cu de Gabriel.
Levo uma mão para o meio das pernas dela e começo a
massagear seu clitóris, fazendo movimentos circulares, até que ela
se rende às sensações e sinto seu corpo inteiro tremer com o
orgasmo, e a visão é delirante.
Uma troca de olhares com Gabriel me diz que ele sente o
mesmo e que ver nossa mulher gozar é o que faltava para que
explodíssemos.
— Porra, porra, porra! — ele exclama e logo depois estremece,
gozando forte com seu pau ainda dentro de Alícia, enquanto eu o
fodo.
Essa é a minha deixa, com mais duas investidas me liberto e
encho a camisinha com os jatos fortes de porra que saem do meu
pau, que me fazem desabar em um orgasmo fodidamente intenso.
Nos jogamos no sofá, Gabriel abre os braços e Alícia deita em
um lado e eu do outro.
E é dessa forma, ofegantes, suados e incrivelmente felizes,
que terminamos um dos melhores natais que eu já tive.
Porque, com eles, todos os momentos da minha vida são
assim: intensos e especiais.
FIM.
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OUTROS LIVROS DA AUTORA:
Série Caminhos de um Capo:
Nascida para Proteger
Nascido para liderar
Nascido para Amar
A psicóloga da máfia

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MALÍCIA: UM TRISAL MAFIOSO
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CAPÍTULO 1

Alícia

— Não! Por favor, não faça isso, ela é só uma criança. —


Escuto a voz da mamãe e ela parece estar chorando, mas não
consigo ver nada através da venda que cobre meus olhos. — Ela
não tem culpa de nada...
Um barulho alto de algo caindo me assusta e quero gritar, mas
eles colocaram uma fita na minha boca. Sinto meu coração acelerar
e as lágrimas ensoparem o tecido, tento me mover e não consigo,
eu estou com muito medo.
— Fique longe dela, seu verme imundo — agora é o papai
quem ordena, ele não está chorando como a mamãe, sua voz é
firme e poderosa, o papai é poderoso. — Se colocar as mãos na
minha filha...
— Vai fazer o quê? — outra voz debocha. Diferente das que
ouvi antes, essa é mais calma e grossa, como a do meu irmão mais
velho, então ele começa a rir e o som me faz arrepiar — Está com
medo de que a sua menininha descubra o lixo humano que é o pai
dela?
— Ali, fica calma, minha filha, não escute nada do que estão
falando — mamãe suplica e quero fechar meus ouvidos, como ela
sempre me pede para fazer quando tem discussão lá em casa, ou
quando o papai e meu irmão começam a falar de trabalho e eu não
devo ouvir.
— Ela não sabe? — o homem questiona e então sinto mãos
grandes e calejadas apertando meus braços até doer e me fazendo
ficar de pé. Eles amarraram minhas mãos nas costas, mas não
minhas pernas. — Está na hora de ver quem o papai e a mamãe
realmente são, e o que acontece com gente assim.
— TIRA AS MÃOS DELA! — papai grita com raiva, muita raiva.
— Vem, menina, vou te ensinar uma lição que você jamais irá
esquecer — o homem sussurra em meu ouvido. Sinto seu rosto
próximo, algo pinica minha bochecha antes do tecido afrouxar e a
luz branca do ambiente atingir meus olhos.
Por um momento não consigo ver nada, fiquei tanto tempo no
escuro que pisco várias vezes até me acostumar à claridade, e
então eu os vejo.
Papai está amarrado com os braços acima da cabeça,
pendurado em um gancho na parede, seu terno, antes limpo e
perfeitamente alinhado, agora está rasgado e imundo.
Nunca vi o papai sujo assim.
E ele está sem sapatos, onde o papai deixou os sapatos? Ele
vai pegar um resfriado, a mamãe sempre me manda pôr calçado
para não ficar doente.
— Alícia, vai ficar tudo bem — papai tenta falar com calma,
mas ele continua bravo. — Deixe-a ir, farei o que quiser, mas deixei
minha esposa e minha filha saírem daqui.
— Don Vitório de Angelis, o grande líder da família mais
poderosa de Boston, tem a cara de pau de implorar por misericórdia.
— Viro meu rosto para encontrar o dono da voz, é um homem de
cabelos brancos, parece mais velho que o papai, ele tem mais rugas
no rosto. — Olá, criança, não se preocupe, sou um antigo amigo do
seu pai.
Ele aperta ainda mais meu braço e suspiro de dor, tento sair da
sua mão, mas não consigo, as cordas em meus pulsos estão
ajustadas demais e, não sei, minhas pernas parecem não querer
responder.
— Suas mãos estão doendo? — questiona e concordo com a
cabeça. — Muito bem, eu te solto se prometer ser uma boa menina
e ficar quietinha, você promete?
Olho para o papai, seus olhos verdes encaram os meus e
parece que ele está assustado agora, se o papai está com medo é
porque esse homem é mal, então devo fazer o que ele fala.
Balanço a cabeça para cima e para baixo, as lágrimas
escorrem ainda mais pelo meu rosto e eu não consigo parar de
chorar. Sinto o alívio nos meus pulsos quando ele me solta, mas
dura pouco porque logo suas mãos apertam meu braço e ele me
empurra contra a parede. O movimento brusco me faz perder o
equilíbrio e caio no chão com força.
Escuto a mamãe gritar.
Viro-me para encontrar seus olhos azuis assustados, ela está
com o rosto inchado e sujo, o cabelo preto, sempre bem arrumado e
penteado, agora parece um ninho de passarinho, como ela fala que
o meu fica de manhã, ao acordar.
Mamãe ainda está com o vestido rosa escuro que ela escolheu
para o casamento do meu irmão, mas assim como as roupas do
papai, seu vestido está manchado, mamãe nunca usou uma roupa
que não estivesse impecável.
Ela grita ainda mais quando o homem chega próximo de mim,
isso parece enfurecê-lo, vejo seus olhos revirarem e ele tira uma
arma de dentro do casaco.
Já vi muitas assim, o papai e meus irmãos vivem armados,
mas eu sou proibida de encostar em uma. “É perigoso”, eles dizem.
Se é perigoso por que eles têm?
— NÃO, ALEJANDRO, NÃO! — papai grita.
Só tenho tempo para olhar para a mamãe, então escuto um
barulho muito alto.
Um tiro.
E a voz da mamãe se cala.
Meu pai berra com ainda mais raiva, porém não consigo
desviar minha atenção da mamãe.
Ela caiu para o lado, seus olhos azuis, da mesma cor dos de
Matteo, meu irmão do meio, ainda estão abertos, mas tem uma
marca vermelha logo acima, na sua testa.
Ela não se move.
Sua boca está um pouco aberta.
Vejo um líquido bem escuro se acumular ao lado do rosto da
mamãe.
O chão é cinza claro e o líquido é ainda mais escuro que o
rosa do seu vestido, e está manchando o tecido.
— Filha — papai chama, mas não consigo parar de olhar para
a mamãe. — Olha aqui, Ali. — O apelido me faz virar o rosto e
encarar meu pai, ele nunca me chama de Ali, só a mamãe e meus
irmãos. — Fecha os olhos, filha, vai ficar tudo bem.
Encaro o papai e ele está com o rosto vermelho, como se
fosse chorar, mas o papai não chora.
— A mamãe está dormindo? — Vejo o papai respirar fundo,
será que ele ficou bravo com a pergunta?
— Sim, amor — papai responde.
— Não criança, sua mamãe está morta — o homem anuncia e
começa a rir, mas não é uma risada de alegria, o som me deixa com
medo. — Acha mesmo que vou poupar sua filha?
Ele disse que a mamãe morreu? Não, o papai disse que ela
está dormindo e ele não mente, esse senhor deve estar se
confundindo.
O velho caminha até o papai e fica muito perto dele, seu corpo
magro bloqueia minha visão, só vejo suas costas subindo e
descendo, a mão direita ainda segura a arma enquanto a esquerda
está fechada.
— Deixe-a ir, ela não tem nada a ver com a nossa guerra. —
Papai é corajoso e o enfrenta.
— Ela é o motivo da guerra.
Então tudo acontece bem rápido, acho que o papai bateu com
a cabeça no velho, porque ele perde o equilíbrio e consigo ver o
papai dando um chute na mão dele.
A arma que segurava cai no chão, bem nos meus pés e faço o
que vi em um filme que assisti com meus irmãos. Pego a arma, é
um pouco pesada, então preciso usar as duas mãos, ergo em
direção ao velho que se virou de frente para mim, não penso em
nada quando fecho os olhos, levo o dedo ao gatilho e aperto.
Não consigo manter minha mão firme quando o som do
primeiro tiro irrompe pela sala, a arma lança meus braços para trás,
mas volto a segurar com força e atiro de novo.
Abro os olhos com calma, olho para frente e vejo o homem
velho caído no chão, o rosto para baixo, aquele mesmo líquido que
sai da mamãe escorre dele também.
— Alícia. — Ergo o olhar e encontro o do papai, ele parece
mais calmo agora. — Filha, você precisa fazer o que o papai vai te
falar agora, tudo bem? — Ele me espera responder, mas não sei o
que quer que eu faça. — Ali, levanta... Agora!
Com dificuldade consigo me levantar, minhas mãos começam
a tremer, então jogo a arma para longe e vou até o papai. Desvio do
velho caído no chão, com medo dele acordar e me machucar de
novo.
— No bolso do casado dele... tem um celular... — papai aponta
com a cabeça para o velho — pega o aparelho, filha.
Com relutância me abaixo e faço o que pede e ergo para
entregar ao papai, mas ele move a cabeça de um lado para o outro.
— Não consigo digitar agora, preciso que ligue para o seu
irmão… — a voz do papai vai ficando mais fraca enquanto ele me
dita os números, digito no aparelho e faço a chamada. — Aperta no
símbolo do alto-falante, querida.
Aperto no símbolo e logo a voz do meu irmão mais velho
irrompe pelo aparelho, ele parece confuso e tem muito barulho na
chamada.
— Ali, o que... — meu irmão fala, mas aponto o telefone para o
papai, como ele ordenou.
— Lorenzo, Alejandro... — Papai começa a tossir e gotas
vermelhas saem da sua boca.
— Nós estamos chegando, pai, Gabriel já está no prédio —
meu irmão mais velho fala alto e a notícia de que ele está vindo me
deixa mais calma, logo Lorenzo vai tirar a gente daqui.
— Alícia... Cuide dela... — A cabeça do papai pende para
frente e ele fecha os olhos.
— Papai? — chamo baixinho, mas ele não responde. — Papai,
o que eu faço agora? — pergunto, mas ele não abre os olhos. —
Acho que ele dormiu. Você vem buscar a gente, Lo?
Meu irmão não responde, talvez a ligação tenha caído, mas
ainda escuto vozes, só não consigo identificar o que falam. Acho
que uma delas é do Matteo, meu outro irmão.
Olho para o papai de novo, não quero acordá-lo, ele fica muito
bravo se alguém o acorda. “Papai trabalha muito e precisa dormir.”
É o que a mamãe sempre fala.
— Ali — meu irmão chama e volto minha atenção ao telefone.
— Gabriel está chegando, fica com ele, tudo bem? Não desliga o
telefone, senta no chão longe do papai, e não olha para ele. Pode
fazer isso por mim?
— Sim, só vem logo, eu estou com frio — peço e me sento do
outro lado da sala, virada para a parede, como se estivesse de
castigo. Aliso meu vestido branco de dama de honra e vejo que
também está sujo.
Droga, mamãe me pediu para cuidar dele, pelo menos até a
cerimônia. A noiva do meu irmão vai ficar zangada se eu entrar com
o vestido sujo para entregar as alianças.
Eu espero que ela não brigue comigo, ela parece ser legal.
Pelo menos, nas vezes em que a vi quando fomos provar os
vestidos para o casamento, ela sorriu para mim.
Penso no meu irmão e em como a mamãe e o papai estavam
nervosos para o casamento dele, eu não entendi bem o porquê,
mas de uma hora para a outra eles começaram a preparar tudo.
Andrea foi lá em casa com a sua família só duas vezes e depois eu
a vi na loja de vestidos.
Ela é bem bonita e educada, e a mamãe disse que meninas
precisam ser assim. Eu tento, mas fica difícil às vezes, ainda mais
quando as irmãs de Andrea me olharam torto na loja de vestidos. Só
porque elas são alguns anos mais velhas que eu, não quiseram
brincar comigo enquanto a mamãe provava a roupa.
Lembrar do casamento faz minha barriga roncar, eu só tomei
café da manhã. Não sei quanto tempo faz que estamos aqui, mas
parece uma eternidade. Penso na Alice do meu livro e no que ela
faria no meu lugar, ela teria sorte e encontraria uma forma de chegar
até o País das Maravilhas, Alice sempre consegue fugir da vida real.
Um tempo depois escuto uma fechadura abrir, olho para uma
porta em que não havia reparado até agora, porque é da mesma cor
da sala, e assim que ela é aberta Gabriel entra correndo.
Primeiro ele não me vê, seus olhos passam onde a mamãe
está, depois para o papai, então para o velho no chão, e só depois
seu olhar encontra o meu. Sinto as lágrimas brotarem novamente,
dessa vez de alívio.
Gabriel veio nos salvar.
Ele é forte e agora tudo vai ficar bem.

***

Abro os olhos rápido demais e pisco várias vezes até que se


acostumem com a claridade do sol que entra pela janela. Por que
nunca lembramos de fechar as malditas cortinas à noite?
Sinto o tecido do travesseiro gelado e úmido e sei que são
minhas lágrimas. As imagens, que agora são meras lembranças e já
começam a se dissipar da minha mente, fazem meu coração apertar
em uma sensação de dor já familiar.
É o mesmo pesadelo de sempre.
São as mesmas memórias.
Assombrações do passado marcadas a ferro em minha mente.
Tateio a cama até encontrar o que procuro, meus dedos
repousam no peito quente e firme do homem ao meu lado. Sua pele,
antes clara, agora está quase toda coberta por desenhos em preto e
branco, tatuagens feitas por mim para disfarçar as marcas do seu
passado.
As figuras cobrem cicatrizes antigas de queimaduras que ainda
podem ser vistas entre as linhas, passo o dedo por seu abdômen, o
local onde fiz a última tatuagem, a pele ainda está em processo de
cicatrização, desprendendo partes de tecido morto que são
substituídos por uma camada nova e mais bonita.
Meu olhar percorre seus braços fortes, um está dobrado acima
da cabeça e reparo nos fios mais claros que se misturam com os
pretos dos seus cabelos curtos e bagunçados, o outro braço está
tão próximo ao meu corpo que sinto seu calor. Em algum momento
durante a noite devo ter me virado e saído do seu abraço.
O lençol branco de cetim que cobre o meu corpo faz um
péssimo serviço em esconder o dele, que está deitado de barriga
para cima com a ereção coberta, mas as pernas fortes e
musculosas ainda à vista.
Devo ter roubado o lençol novamente, mas ele não se importa,
enquanto quase congelo durante a noite, seu corpo sempre está
quente, mesmo completamente pelado.
Assisto seu peito subindo e descendo, a respiração tranquila e
harmoniosa me faz querer me aconchegar ali e voltar a dormir.
Travo uma batalha interna entre continuar admirando seu sono ou
deitar sobre ele e correr o risco de acordá-lo.
— Precisa parar de me olhar assim logo de manhã, Ali. — A
voz grossa de Gabriel é como música para os meus ouvidos, ele
limpa a garganta e se vira de frente para mim. — Bom dia, amor.
Ergo a cabeça para que seu braço se encaixe no vão do meu
pescoço e deixo que me puxe para seu peito, aninhando-me em
meu lugar favorito. Sinto sua boca no topo da minha cabeça e o
beijo delicado me faz sorrir.
— Gosto de te ver dormir — confesso e fecho os olhos, inspiro
profundamente o aroma do seu perfume amadeirado e forte,
misturado com o cheiro de Gabriel. — Parece tão calmo e
inofensivo, como um coelhinho.
Sua risada faz o peito vibrar e meus lábios se abrem ainda
mais, passo a mão pelo seu braço e acaricio os músculos fortes,
vejo o lençol descer ainda mais da sua cintura, revelando a deliciosa
ereção matinal.
— Gostaria de dizer o mesmo, mas você passa a noite toda se
debatendo — Gabriel acaricia a curva do meu corpo e desliza o
lençol para baixo, revelando meus seios desnudos e os mamilos
eriçados —, é uma guerreira até dormindo.
Ele não precisa falar nada, sinto sua respiração mais pesada
quando seus lábios beijam meu rosto, levanto mais a cabeça,
dando-lhe acesso à minha boca, que ele toma em um beijo calmo e
carinhoso. A barba, que ele mantém aparada e eu adoro, raspa em
minha pele, fazendo-me arrepiar.
Desço minha mão pelo abdômen definido até seu membro e
acaricio a pontinha, sentindo a umidade do pré-gozo, que espalho
antes de acariciar a base. Gabriel contém um gemido e morde meu
lábio inferior, empurrando levemente o quadril contra minha mão.
Sinto a sua mão deslizar até o meio das minhas pernas e
erguer uma para dar-lhe acesso à minha boceta. Sei que estou
molhada, desde o momento em que acordei ao lado do meu homem
senti o familiar formigamento em minha boceta.
Deixo que seus dedos me provoquem por um tempo,
deslizando do clitóris para minha entrada em sintonia com a forma
que masturbo seu pau, mas quando sinto que quero mais, coloco a
mão em seu peito e o forço a deitar de costas, então me levanto e
monto nele, com uma perna de cada lado do seu corpo. Posiciono
seu membro duro em minha boceta, e me abaixo de uma vez só.
— Caralho, amor — Gabriel solta em um rosnado sedento e
leva as mãos para a minha cintura, ajudando-me a controlar os
movimentos dos meus quadris. Seus olhos azuis ficam mais claros
pela manhã e consigo ver as pequenas manchas mais escuras que
pintam uma tela que só ele tem. — Rebola gostoso — ordena,
prendendo o lábio inferior com os dentes para conter um gemido. —
Isso, porra... assim...
Mantenho meu olhar firme em seu rosto, analiso cada uma das
rugas de expressão que se intensificam enquanto ele morde o lábio
inferior para conter um gemido. Eu amo assistir esse homem
sentindo prazer, e é por isso que rebolo com mais intensidade.
Segurando-me em seu peito, cravo minhas unhas na pele tatuada e
me inclino para tomar a sua boca.
Amo estar por cima, no controle, ainda mais com Gabriel.
Nossas línguas se encontram em um beijo mais forte e
desesperado, já começo a sentir o orgasmo se formando, não
controlo mais os gemidos quando ele leva a mão entre nós e
estimula meu clitóris inchado e sensível.
— Assim, amor, goza no meu pau — pede e já não consigo
mais manter o ritmo, então ele assume o controle, socando fundo
dentro de mim, me fazendo pular. Gabriel atinge aquele ponto que
me faz gritar feito uma vadia.
E é delicioso.
Entrego-me ao prazer em um orgasmo poderoso que faz
minhas pernas tremerem ao redor do seu corpo, ele sente meu
canal apertar e aumenta ainda mais a velocidade das estocadas, o
olhar selvagem e descontrolado ainda em mim quando goza
chamando meu nome.
Sinto seu membro pulsar na minha boceta e me encher com a
sua porra quente enquanto ele desfruta do orgasmo, abraçando-me
ainda mais forte. Beija meu rosto carinhosamente até que nossas
respirações voltem ao normal.
— Melhor café da manhã do mundo — brinco e sou agraciada
com sua risada. — Vamos tomar um banho, meu irmão vai te matar
se descermos só quando escurecer de novo.
— Droga. — Gabriel pega o celular na mesa ao lado da cama.
— São 3h da tarde, ele vai me matar de qualquer forma.
— Pelo menos vai morrer bem fodido — digo e me desvencilho
do seu abraço com um sorriso no rosto, que ele imita ao me assistir
andar até o banheiro. Faço questão de rebolar minha bunda, já que
sei que ele está me olhando.
Eu tenho uma certeza na vida e é a de que quando estamos
juntos, Gabriel está sempre com os olhos em mim.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer do fundo do coração aos meus amigos que


me apoiam a continuar escrevendo, sem julgamentos, e sempre
com uma palavra de carinho.
À minha mãe, que me incentivou a ler e que comprou Harry
Potter para uma menina que acabou se apaixonando pelos livros
por causa daquele mundo encantado. Obrigada, mãe, sei que se
estivesse viva estaria comemorando comigo e com orgulho de mais
esta conquista.
Quero deixar um agradecimento amplo e especial a todos que
vieram na minha DM pedir a cena final, esse conto é para vocês.
À todas as autoras do Milícia das Gostosas, que era para ser
um grupo de amigo secreto de Natal, e acabou se tornando um
lugar de apoio e companheirismo.
Às autoras que me apoiam e inspiram a cada dia.
Às bookstan maravilhosas que me apoiam e às parceiras
lindas que foram incríveis neste lançamento!
Agora às minhas MAFIOSAS, que estão no grupo do whats e
surtam comigo todos os dias, vocês não têm ideia do quanto são
importantes na minha vida e de como me motivam a continuar.
A beta / revisora mais incrível e surtada que já tive, May
obrigada por fazer de Malícia uma experiência única, por abraçar
cada um dos personagens e surtar comigo em cada plot.
E agora quero agradecer a você, que deu uma chance ao meu
livro e se aventurou nesta nova leitura, obrigada de coração.
Indiana Massardo é uma libriana romântica, leitora voraz de
romances e tem 29 anos. Formada em Engenharia Civil, não segue
a profissão, é artista há mais de 5 anos. Trabalhando com arte
realista em aquarela no perfil oficial @indymassardo, agora também
segue na carreira de escritora no perfil @autoraindymassardo.
Atualmente vive sozinha com seus gatos e cachorros, sonha
em ter uma estabilidade financeira para poder viver mais
tranquilamente.
Este é seu 9 livro publicado e está muito orgulhosa do mundo
que criou e dos personagens fortes que nasceram disso.
Promete muitos lançamentos dentro deste universo,
especialmente com personagens femininas fortes e muito clichê
invertido.

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