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Silva
1º edição
— Parece que a noite passada foi boa, hein? — Olho confusa para
Patrícia que é ajudante na cozinha.
Algumas vezes, como nesse momento, ela dá uma escapada para vir
falar comigo.
— Por que você acha isso?
Ela empurra meu ombro em um gesto brincalhão e não pensem que
somos tão próximas para ela se comportar assim comigo. Patrícia é
extrovertida e meio desligada da vida, o tipo de pessoa que você não
consegue ficar com raiva e faz amizade com todos.
Bem diferente de mim, que trabalho no restaurante Delights há
quase dois anos e não converso com quase ninguém.
Eu me pareço mais com Oliver, o gerente calado e na dele.
— Você está bocejando e é a décima vez que faz isso.
Humm, não dormi e esse é o ponto, depois do pesadelo amanheci o
dia assistindo televisão e quando deu sete da manhã, vim para o trabalho,
mesmo que meu turno só começasse às onze.
Simplesmente, não conseguia me sentar e esperar, precisava de algo
para me distrair e nada melhor que o trabalho.
— Eu assisti aquele filme que você indicou, Continência ao amor,
depois dele fui assistir outro e quando dei conta, a noite já tinha passado e o
dia amanhecia.
Ela dá uma risadinha.
— O que você achou do filme?
— Posso ser sincera?
— Sim, por favor.
— Sem palavras para descrever tamanha perfeição. Eu amei, valeu
pela dica.
— Eloá, vou depois te passar uma listinha de filmes e séries que
você vai amar.
— Patrícia, Michael está te procurando para lavar a louça.
Ela se assusta com a súbita chegada do senhor Oliver.
— Já estou indo, senhor, depois nos falamos, Eloá.
Assinto para ela que sai correndo e Oliver aperta os olhos para onde
Patrícia fugiu, suspirando.
— Se essa garota não tomar jeito, vai acabar sendo demitida.
— Ela é uma boa pessoa — comento e ele me olha com a testa
franzida.
— Boas pessoas têm que ter responsabilidade, senhorita Moore.
— Sim, senhor.
— O que você tá fazendo aqui? Seu horário é… — Ele olha para o
relógio no pulso e se volta para mim. — Às onze e são nove agora.
Olho para minha mão.
— Eu… Tive um pesadelo e ficar em casa não era uma opção.
Oliver sabe dos meus problemas, afinal quando fui contratada passei
por uma entrevista com ele que fez algumas perguntas e tive que responder.
Falei das consultas que teria que ir uma ou duas vezes na semana, com a
psicóloga, mas não contei a causa do meu problema. Porém, ele sabe um
pouco, como por exemplo, da insônia e pesadelo.
— Depois do almoço vai tomar um sorvete.
Rapidamente levanto a cabeça.
— Mas, senhor… — Paro de falar quando ele levanta a mão.
— É uma ordem, senhorita Moore.
— Sim, senhor.
Ele assente e sai.
Oliver é um homem de poucas palavras.
Ando pelo salão para ver se as mesas estão organizadas, pois, logo
será a hora do almoço e tudo precisa estar perfeito.
— Michael, o pedido da mesa oito.
Em plena sexta-feira, o restaurante está uma verdadeira loucura na
hora do almoço e Billie e eu estamos de um lado para o outro para dar conta
de tudo.
Entrego o pedido que estava pronto de outra mesa e volto para o
salão para atender as pessoas que aguardam. Depois de anotar os pedidos,
levo as comandas para Michael e pego, enfim, o pedido da mesa oito que
acabou de ficar pronto.
— Deseja mais alguma coisa? — pergunto para as três mulheres.
— Não, estamos bem.
Eu me afasto e não dou dois passos quando meu corpo bate com um
corpo quente e forte. Braços agarram minha cintura e olho para o rosto da
pessoa com o coração batendo acelerado por quase ter caído.
— Me desculp… — As palavras morrem no fundo da garganta
quando sou engolida por íris azul gelo.
Perco a capacidade de respirar e o tempo parece congelar a nossa
volta.
Seus olhos estão atentos em mim e seus lábios se puxam de lado em
um lindo sorriso.
Dentes alinhados, lábios cheios, barba loira rala, como se estivesse
de dois a três dias sem se barbear, nariz reto, maçã do rosto bem-marcada e
tão lindo.
— Você está bem? Precisa de ajuda?
Sua voz é grave, como se quase não usasse e minhas mãos coçam
para tocá-lo, mas me controlo.
— Moça, você tá bem?
Ele volta a perguntar, mas não tenho condição para responder, então
apenas balanço a cabeça para cima e para baixo.
— Bom, vou soltar o seu corpo, afinal acho que não seja algo
apropriado para a ocasião.
Olho em volta dando conta que estamos no meio do restaurante.
— Obrigada — agradeço, me recompondo.
Fujo para a cozinha e no meio do caminho vejo Oliver que está me
olhando com a sombra de um sorriso no rosto.
— Meu Deus, parecia cena de filme — Patrícia diz quando me
entrega o pedido.
— Uma cena que eu quase estaria com a cara no chão. Que cena! —
ironizo.
— Mas não caiu... Caiu nos braços do bonitão.
— Tá, Patrícia, depois nos falamos.
Vou servir a mesa quatro e quando termino, passo pela mesa do
príncipe de olhos de gelo.
É assim que o chamo mentalmente.
O senhor que o acompanha faz o pedido, já o príncipe de olhos de
gelo só quer uma dose de uísque.
Percebo que não tem mais um sorriso em seu rosto e ele parece estar
com raiva de alguma coisa.
Saio para pegar seus pedidos, porém, quando volto, ele não está
mais e o senhor dispensa a bebida.
Sem pensar direito, saio para a calçada a procura dele, contudo, não
o encontro. Sorrio desanimada, afinal quem quero enganar?
Nunca deixei um homem se aproximar de mim e ele não seria
diferente.
Volto a trabalhar e depois do almoço saio rumo a uma pracinha
próxima, onde tomo um sorvete como o senhor Oliver mandou.
Só volto para o trabalho quase às quatro da tarde, ajudo Billie com
as mesas e quando terminamos vou embora, para voltar no dia seguinte e
fazer as mesmas coisas.
E assim que venho vivendo...
Por volta das seis da noite chego em casa e ao passar pela porta
encontro Scarlett arrumada, passando o meu batom vermelho.
Não me importo dela usar minhas coisas, até porque já perdi as
contas de quantas vezes ela veio no meu apartamento para pegar algo para
usar, como hoje que ela usa minhas roupas.
— O que aconteceu que você está tão feliz?
Ela ri.
— Miguxa, consegui um trabalho.
Eu me jogo no sofá sorrindo.
— Estou tão feliz por você! Ai, meu Deus, onde é e quando
começa? — pergunto animada.
Vejo uma linha de preocupação no meio da sua testa, mas logo
desaparece e um sorriso radiante toma conta do seu rosto.
— Vou te falar tudo, mas não agora. Estamos indo comemorar o
meu novo emprego.
Solto um gemido.
— Estou cansada, Scarlett, e tenho que trabalhar amanhã.
O restaurante abre de segunda a sábado e tenho folga apenas no
domingo, portanto, ter uma noitada e ir trabalhar no dia seguinte vai acabar
comigo.
— Amiga, é para comemorar meu novo emprego. Eu pago tudo!
Hoje é por minha conta.
Suas mãos se juntam como se estivesse implorando e seus lábios se
puxam em um biquinho.
— Tão madura, fazendo biquinho. — Tento não rir.
— Estou conseguindo te convencer?
Reviro os olhos enquanto ela pula e dá gritinhos de animação.
— Ok, mas não vou voltar muito tarde.
— Tudo bem, voltamos por volta das quatro da manhã.
— Scarlett… — pronuncio seu nome em tom de aviso e ela
gargalha.
— Tá bem, tá bem, a hora que você quiser vir, voltamos.
— Tudo bem, vou tomar um banho e me arrumar.
— Fica bem gostosa, pois, vamos ver se encontramos alguém para
você cavalgar.
Olho com a cara feia em sua direção e ela ri.
— É brincadeira, amiga.
— Eu odeio você! — comento indo para o quarto.
— Você me ama como eu te amo e só para constar, se até os trinta
não se casar vou me casar com você. Vamos colocar as aranhas para
brincar.
— SCARLETT, FICA QUIETA! — berro e a safada ri.
Minha amiga não conhece a palavra filtro, fala o que pensa sem um
pingo de vergonha.
Entro no quarto ainda escutando sua risada e meus lábios se puxam
em um sorriso.
Ela é louca, mas me diverti muito.
Tiro os sapatos, solto o cabelo ruivo natural e me dispo do uniforme
que é um terninho preto com camisa branca. Nua, entro no banheiro que
fica no quarto.
Scarlett usa o do corredor.
Debaixo do chuveiro, com a água quente beijando minha pele,
consigo relaxar um pouco. Passo a mão pelo cabelo, fechando os olhos, e o
cara que vi no restaurante mais cedo aparece nítido na minha mente.
Ele é o homem mais lindo que meus olhos já viram. Aposto que é
educado, divertido e beija bem.
Aqueles lábios grossos e rosados, os dentes alinhados e…
— ELOÁ, DEIXA PARA SER DJ[1] QUANDO VOLTARMOS.
— CALA A BOCA OU OS VIZINHOS VÃO OUVIR — berro do
banheiro.
As paredes do prédio são finas e sei quando a vizinha ao lado tem
companhia. Seus gritos são um aviso e não quero que as pessoas pensem
que fico me tocando.
Mas com Scarlett gritando, o país inteiro vai saber.
Saio do banheiro, enrolada na toalha, ligo o secador e seco o cabelo.
Não vou fazer nada com ele, afinal no natural, fica lindo.
Meu cabelo é ondulado e volumoso.
Com o cabelo seco, abro o guarda-roupa, pego a calça jeans com
costura reta de cintura alta, cropped sem decote que mostra um pedacinho
da minha barriga e nos pés uso um All Star preto. Passo apenas delineador
nos olhos e batom vinho
Não gosto de muita maquiagem, pois, amo minhas sardas e nunca
passaria nada que pudesse cobri-las.
— UAU, que linda! — Scarlett diz quando a encontro na sala.
— Obrigada, amiga.
— Como sou mulher suficiente vou te falar, tenho inveja de você.
Lá se vem ela...
— Por que você tem inveja de mim? Você é linda, tem esse corpo,
cabelo maravilhoso e esses olhos azuis perfeitos.
— Por que tenho inveja de você? Deixa-me ver, começa com seu
cabelo... Você dorme e parece que acabou de sair de um salão de beleza. O
rosto só precisa de um batom e delineador para estar dizendo, “foda-me”, e,
para completar, seu corpo é perfeito. Preciso passar pelo menos seis horas
colocando massa no rosto para chegar perto da sua perfeição. Oh, vida
injusta!
Rio abraçando a minha amiga louca.
— Deus, como eu te aguento?
— Porque você me ama. Agora vamos.
Pegamos nossas bolsas e saímos.
Scarlett é linda, não gosta de usar tanta maquiagem como eu e sua
beleza é natural.
Mas essa é Scarlett Lee, louca e intensa.
CAPÍTULO 2
Thales Boseman
— Cara, não entendo o que você faz aqui quando poderia estar na
ala vip, pegando algumas gostosas — Bent, o barman que trabalha no Dig
Dog diz enquanto agita uma bebida e serve para uma garota.
Iria ficar em casa, mas isso não iria resolver o que tenho que fazer
na segunda-feira.
Vim para a casa noturna para relaxar e como toda vez que estou aqui
fico no bar servindo.
— Cara, essa é minha forma de encontrar carne boa. Lá em cima só
tem patricinha metida que não sabe chupar um pau. Agora, aqui, tem
variedade. As gatas adoram um barman e não um bilionário, isso deixo para
Joseph que desempenha um ótimo papel.
— Então, você está aqui para pegar mulher?
— Isso aí. Você não achou que era por você.
— Eu não ligaria de comer um bilionário — diz rindo.
— Eu não ligaria em socar seu nariz se chegasse perto da minha
bunda.
Gargalhamos.
— Olha, aquela morena ali está de olho em você.
Ele olha para a direção onde mostrei e vai atender a morena.
— Então o que você vai querer essa noite, princesa?
Uma loira ri com as amigas e faz o pedido de bebidas doces com
guarda-chuvas. Eu sirvo as garotas e ficamos trocando uma ideia.
Acho que se tudo der certo até o fim da noite tenho uma ménage[2]
marcada. Meu pau se agita com a possibilidade.
— Thales, a morena está perguntando seu nome — Bent se
aproxima falando no meu ouvido e sorrio.
— Poxa, cara, achei que ela queria você.
— E quer.
— E, por que ela quer saber o meu nome? Se for para um trio, já
arrumei um e é melhor que ver o seu pau.
— Não é pra ela, é para a amiga, a ruivinha ali. — Ele ri.
Olho para a direção que ele falou e vejo a mesma menina do
restaurante. Ela parece não estar em seu ambiente natural, seus ombros
estão tensos e ela parece assustada, diferente da amiga que está agitada.
— Thales, ela não é o seu tipo, é suave pra caralho e até parece uma
virgem.
Rio disfarçando meu interesse.
— Eu gosto de uma virgem, assim como um desafio e ela parece ser
ambos, então diga o meu nome.
— Já falei. Ela quer saber se você quer ficar com a amiga.
— Fala para a ruiva me encontrar nos fundos.
Bent, sai para falar com elas enquanto fico observando tudo.
Esse anjo não deveria ter entrado no meu caminho, a primeira vez
eu deixei ir, só que uma segunda é atentar demais.
— A amiga falou que se você quiser elas estarão na ala vip ou na
pista.
Encolho os ombros olhando para a mulher que sai puxando o meu
anjo, então continuo com o atendimento sem afastar meus olhos dela.
Vejo quando Joseph se aproxima da amiga e ela sai com ele,
deixando a ruivinha sozinha. Observei que ela passou o tempo todo com a
amiga sem beber nada e acho que a morena nem percebeu isso.
Depois que a amiga sai com Joseph, ela dança mais uma música e
vai embora, então jogo o pano para Bent.
— Estou indo e Joseph saiu com sua possível foda, acho melhor ir
atrás de outra.
— Porra, ela parecia ser fogosa, mas se o chefe a pegou, procuro por
outra. Até mais, cara.
— Até. — Saio em direção à porta que ela saiu.
Vou pegar o que me pertence.
CAPÍTULO 3
Eloá Moore
Thales Boseman
Coloco meu corpo atrás do da Eloá, estudando sua resposta.
Ela está tensa e não é por menos, pois é sua primeira experiência
com Shibari. Pego a corda que trouxe, pronta para essa prática. Elas foram
compradas especialmente para Eloá, pois vermelho vai ficar lindo em
contraste com a sua coloração da sua pele. Pego o meio da corda, faço uma
boca de lobo[6], passo a corda por cima dos seus seios, propositalmente,
pois depois que essas cordas forem removidas da sua pele, seus seios
estarão muito sensíveis. Nesse momento, consigo restringir os movimentos
dos seus braços.
— Mãos para trás — ordeno e ela obedece.
Puxo a corda, desço uma parte, em seguida passo por seu antebraço
esquerdo, indo para o direito. Deixo a corda nos seus cotovelos para não
agredir sua pele. Faço um nó e desço uma polegada da corda até os seus
pulsos e aproximo a boca do seu ouvido.
— Você está bem? — pergunto.
Cada pessoa tem seu limite e mesmo prestando atenção no corpo
dela, não sei o que está em sua mente…
Ainda tem a questão dela estar arisca quando a toquei outro dia.
— Estou bem.
— Não esqueça que estamos trabalhando na nossa confiança, Eloá.
Do mesmo jeito que você está confiando em mim, vou confiar em você para
saber como está seu estado mental.
Seu coração se encontra acelerado, mas seu corpo não está mais
tenso. Sei disso porque estou acompanhando seu estado físico.
— Estou falando a verdade.
Dou um beijo no seu ombro.
— Que bom. — Termino a amarração e pego a outra corda, ficando
na sua frente agora.
Passo a corda por seu pescoço e não aperto, mas vejo medo em seus
olhos. Abaixo a cabeça e beijo seus lábios.
Ela não precisa dizer a palavra para eu saber seu limite, pois seus
olhos são tão expressivos que posso ver a sua alma inocente.
Desfaço a amarração do seu pescoço, deixando apenas seus braços
contidos e seguro seu rosto entre minhas mãos.
— Me descreva o que você está sentindo.
Seus olhos focam nos meus.
— Medo por estar com os movimentos restritos e segurança. Não
sei como explicar, apenas sei que você não vai deixar nada acontecer a
mim. Mas o que sobressai é paz, sinto como se o peso que carrego todo esse
tempo fosse retirado das minhas costas.
No fim da sua fala, seus olhos já estão transbordando de lágrimas
que escorrem livres pelo seu lindo rosto. Eu a pego em meus braços e a levo
para cama, onde a embalo no casulo que são meus braços, a ninando.
Esse sentimento que Eloá está experimentando se chama, rope
space é algo semelhante ao momento alto durante uma corrida. Seus
[7]
Eloá Moore
— Oh, meu Deus, você poderia colocar uma música melhor do que
Taylor Smith?
Eloá ri.
Estamos no carro, viajando para a casa dos seus pais e não faço
ideia de como vai ser esse encontro.
Passamos o resto da semana entre irmos para o trabalho e transar a
noite toda. Toda vez que estou com ela, à minha mercê, esqueço de tudo e
existe apenas nós dois.
Não estou apaixonado, mas o filho da puta do meu pau se viciou na
sua boceta apertada. Porém, irei cuidar disso.
— Essa vai ficar, já troquei cinco vezes e todas você não gosta.
Batuco os dedos no volante, rindo.
— Como vou gostar quando você só coloca Miley Cyrus, Selena
Gomez e Demi Lovato. Sinto que estou namorando uma adolescente.
Ela gargalha jogando um salgadinho no meu rosto.
— Você tá parecendo um velho, isso sim, e elas cantam muito.
Quando era adolescente assistia à série Hannah Montana e aos filmes da
Disney que a Demi fez.
Finjo surpresa.
— Quando era adolescente? Achei que ainda era — eu a provoco.
— Para de implicância com a minha escolha de música. Que tal
você escolher, senhor que entende de música boa? — Ela tenta engrossar a
voz para parecer com a minha.
Sem afastar a atenção da estrada, pego o celular no console do carro
e coloco na minha playlist. A música Earned it, do The Weeknd,
preenche o som do carro.
Olho rapidamente para Eloá e dou uma piscadela para ela que está
usando um vestido de verão de alças finas.
Esse fim de semana o clima está agradável, tanto que estamos indo
para a casa dos seus pais de roupa de verão. Estou de bermuda, camisa polo
e tênis.
Deixo o celular de volta no lugar, descanso a mão na sua perna e ela
solta um suspiro.
— Então, que tal minha escolha para uma viagem a dois?
Um toque meu e a sua postura muda. Ela lambe os lábios e suas
pernas esfregam uma na outra.
Adoro ver como tenho o poder de em um simples olhar ou um toque
a deixar molhada.
— Fiz uma pergunta.
Eloá deixa o salgadinho de lado e bebe um pouco de água, antes de
responder.
— Uma ótima escolha, contudo, não deixo de preferir o meu.
Meus lábios se puxam de lado.
— Tenho por mim que você vai gostar da minha escolha sempre que
sairmos em uma viagem.
— Ah, é? Por que acha isso? — Dou uma olhada rápida para ela,
voltando em seguida minha atenção para a estrada.
Mesmo que a rodovia esteja calma essa noite, sempre pode aparecer
um carro, um animal, ou qualquer outra coisa.
São quase sete da noite, saímos do apartamento da Eloá às seis e
pelo GPS, vamos chegar às oito. São três horas de viagem e tenho muito
tempo para brincar com ela.
Massageio seu joelho, levando um tempo nele, então subo para sua
coxa e sua respiração acelera. A massagem continua, um aperto aqui, outro
ali, saboreando a reação que seu corpo me proporciona. Meus dedos raspam
o forro da sua calcinha, mas não a toco.
Ainda não...
Brinco com sua perna, escutando seus gemidos e choramingo, o
melhor som que quero ouvir.
— Desliga o som — ordeno e ela obedece.
Agora, o único som que se escuta no carro é o que sai dos seus
lábios.
— Thales, por favor…
Eloá se remexe no banco, inquieta, levo a mão na sua calcinha e
dessa vez afasto a peça para encontrar sua boceta molhada. Meus dedos
enroscam no pelo suave. Eloá não se depila como algumas mulheres, ela
apara os pelos que são macios e ruivos.
Minha boca chega a salivar para estar comendo a sua boceta.
Empurro três dedos dentro dela enquanto com o polegar acaricio seu
clitóris.
— Oh, Thales… — ela geme olhando para mim.
Seus olhos estão pidões, lábios presos entre os dentes e a visão que
nunca irei esquecer.
— Preciso de você dentro de mim…
— Estou dentro de você, querida, Cerejinha.
Sua boceta aperta meus dedos e seu rosto fica desesperado enquanto
se contorce de prazer.
— Seu pau, oh! Preciso que me foda…
— Amo quando você fala de uma forma suja, mas temos que chegar
na casa dos seus pais e se parar para te comer vamos chegar atrasados para
o jantar.
Balança a cabeça.
— Não me importo, quero você, por favor. — Seus olhos enchem de
lágrimas.
Se eu entrar dentro dela, não chegaremos hoje na casa dos seus pais
e não é seguro ficar parado em uma estrada.
Jamais irei colocar a Eloá em perigo.
— Eu me importo!
— Mas…
Movimento mais rápido os dedos, fazendo com que ela se cale.
Eloá pulsa em meus dedos, seu corpo estremece e seus olhos
encontram os meus no segundo que começa a gozar.
— Você é perfeita!
Ela está tão perdida no seu orgasmo que acredito que não pode me
ouvir.
Afasto meus dedos depois que ela termina de gozar, levo até os
lábios e chupo seu mel.
— A minha sobremesa — comento.
— Eu ainda quero você… — diz com a voz abafada.
— Eu sei, também estou dolorido por sua causa, mas por agora
temos que nos contentar com seu gosto na minha língua e meus dedos na
sua boceta.
Eloá arruma sua roupa e quando termina seguro sua mão até
estacionar o carro em frente à casa da família Moore.
A casa é um sobrado antigo, contudo, bem conservado, com uma
varanda com cadeiras, balanço e banco para se sentar. Na entrada tem a
garagem e um jardim com plantas e rosas.
Tudo muito simples, mas lindo.
Logo que saímos do carro, um casal sai da casa e Eloá se afasta para
abraçar os seus pais.
O senhor tem a pele branca e o cabelo grisalho, onde ainda dá para
ver algumas mechas ruivas. Usa óculos, porém dá para notar a sardas ao
redor do nariz.
Agora sei com quem Eloá se parece.
Já sua mãe é um pouco mais baixa que seu pai e loira.
É nítida a felicidade deles por ter sua filha em casa.
Fico ao lado do carro, assistindo o sorriso nos lábios dos três.
Essa é realmente uma família...
Eloá tem uma sorte grande por ter seus pais e eles a amarem tanto,
afinal não são todos que tem o mesmo.
Entre os dois, Eloá olha para mim, fazendo um gesto com a mão
para me aproximar, então cautelosamente me aproximo deles.
O casal me estuda, mas não com um olhar hostil, é mais do tipo
surpreso por sua filha trazer um homem para a casa deles.
— Papai, mamãe, esse é o Thales. — Dando um sorriso, ela
completa: — Meu namorado.
Estico o braço, estendendo a mão para eles.
— Me chamo Thales Boseman, é um prazer conhecer vocês.
Seu pai ignora minha mão estendida, me puxando para um abraço,
como ele fez com sua filha. Quando me solta é a vez da sua mãe. Em
seguida os dois me colocam entre eles e olho para Eloá que está rindo.
— Seja bem-vindo, Thales, não sabia que a nossa menina ia trazer
alguém… — sua mãe fala, então seu pai continua:
— Um namorado, contudo, estamos muito felizes por vocês. Vamos
entrar, acabei de tirar uma fornada de biscoitos no forno.
Eles praticamente saem nos arrastando para dentro da casa e
passamos por um curto corredor, onde tem um suporte para colocar as
chaves e um armário para os casacos em tempo de frio. Seguimos em frente
e entramos em uma sala ampla, com design antigo, dois sofás, com
almofadas bordadas a mão e uma mesa de madeira bruta no centro. A
poltrona de couro marrom no canto, tenho para mim, que é do pai da Eloá, e
a televisão está instalada no painel de madeira que tem algumas prateleiras
com fotos.
A sala fica para trás e em nossa frente está a cozinha de onde o ar
vem carregado com o perfume delicioso de biscoitos.
No ambiente há uma mesa com seis cadeiras e ao centro da mesa
estão os biscoitos. Olho em volta e percebo que não é uma cozinha
moderna, pois não tem os eletrônicos que usamos, sem máquina de lavar e
admiro muito sem micro-ondas.
— Meu pai faz os melhores biscoitos, Thales, prova isso.
Eloá pega um biscoito, me entrega e dou uma generosa mordida.
— Humm, delicioso.
— Te falei, aprendi a cozinhar com ele. — Ela beija a bochecha do
pai.
— Thales, eles não são os únicos na cozinha aqui, por isso não coma
muito porque tenho uma lasanha no forno — a mãe de Eloá, que descobri se
chamar Isla, diz e o ciúmes em sua voz não nos passa despercebido,
inclusive ela faz bico.
Seu marido se aproxima, a abraça e ela se derrete em seus braços.
— Thales, foi o amor da minha vida quem me ensinou a cozinhar.
Tudo o que sei foi graças a ela. — Ele beija seus lábios.
Eloá olha para eles rindo, como se essa atitude deles fosse algo
natural.
— Você foi um ótimo aluno e é por este motivo que estamos juntos
até hoje.
— E estaremos por muitos e muitos anos.
— Sim, meu amor.
O semblante da mãe de Eloá de chateada dá lugar a um feliz.
— Thales, enquanto as mulheres terminam o jantar, vamos pegar a
mala de vocês no carro.
— Sim, senhor.
— Apenas George, garoto, não me faz parecer velho na frente da
minha garota. — Ele dá uma piscadela para a esposa que cora.
— Desculpa, essa não foi minha intenção, você está em ótima
forma.
— Estou mesmo.
Rio, o seguindo para fora da cozinha.
Estou adorando essa família.
CAPÍTULO 10
Thales Boseman
Pode ser coisa da minha cabeça, porém, toda vez que meus olhos se
encontram com os de Thales no outro lado da mesa, imagino que ele esteja
sabendo do meu passado.
Por que Miranda teve que falar sobre aquilo hoje de manhã?
Estava tão bem.
Agora fico paranoica e se não fosse por esse assunto estaria
aproveitando o jantar maravilhoso que meu namorado preparou para mim.
A tarde quando estava no restaurante, recebi uma mensagem de
Thales avisando que tinha feito uma reserva em um restaurante essa noite.
Quando ele passou o endereço para nos encontrar no local, fiquei perplexa.
Este restaurante é conhecido por seus frequentadores ser da alta sociedade e
não sei se minha roupa está à altura do lugar, contudo, ao lado desse homem
as pessoas não dão tanta importância para a minha escolha de vestimenta.
Estou com um macacão verde escuro de cetim, estilo calça, de mangas
longas com decote atrás, saltos agulha e maquiagem delicada.
Observo em volta e percebo as mulheres com joias extravagantes.
Devo ser a única que está usando um anel simples que ganhei do
meu pai aos quinze anos e brincos pequenos.
— Sua beleza é única... Todas as outras com suas roupas e joias
extravagantes não conseguem prender os olhos do seu acompanhante como
você, prende os meus.
Sua voz é calma e faz meu corpo reagir ao seu encanto.
Thales está olhando para mim, com aquela intensidade que me faz
ficar com a boca seca.
— Se estou te prendendo, como pode ter notado as outras? —
Aperto os olhos.
Ele bebe um gole do seu vinho tinto enquanto tenho uma taça ao
meu lado, intocada, pois decidi ficar apenas na água.
— Eu não as notei, mas notei seus parceiros que não afastaram os
olhos do que me pertence. — Dá uma risada forçada e continua: — E isso,
minha cara, me dá um forte desejo de arrancar os olhos deles, por olharem
você.
Com a mão trêmula pego a taça com água e dou um gole antes de
colocar de volta no lugar. Ele fica parado, esperando para ver o que irei
dizer e se não disser a verdade, Thales irá saber.
— Presumo que deveria estar assustada por essa declaração?
Seus olhos descem pelo meu pescoço parando nos meus seios, então
volta para meu rosto.
— E como você está?
Thales sabe a verdade, mas ele quer ouvir de mim.
Abaixo a cabeça para o meu colo e murmuro.
— Excitada!
Não escuto barulho de nada até que uma mão grande é colocada no
meu campo de visão.
— Venha.
Seguro sua mão e ele nos leva para longe da mesa.
Devido a ansiedade não consegui comer muito e esperava que
pudesse aproveitar a sobremesa, mas vejo que terei outro tipo de doce.
Entramos em um elevador e Thales aperta um botão que não dou
muita importância, pois o seu perfume me distrai brevemente.
— Estamos indo para onde?
Não importa onde ele vá me levar desde que estejamos juntos, só
perguntei, pois, não sabia que esse restaurante tinha andares.
Será que há outro restaurante privado?
Minha mente para de girar com a voz de Thales.
— O restaurante é lá embaixo, aqui em cima é o hotel.
Meus lábios se abrem, mas antes que possa falar qualquer coisa,
chegamos ao nosso destino. Andamos por um corredor até pararmos em
frente a uma porta onde ele insere um cartão que tirou do bolso.
A porta abre, entramos e me afasto dele para contemplar a cama
com dossel clássico. Passo a mão pela estrutura de madeira bruta com
cortinas delicadas.
Sorrio ao olhar para Thales por cima do ombro, que está com as
mãos nos bolsos, me observando.
— Você lembrou?
— Sim, queria te dar algo antes de tudo…
Franzo a testa sem compreendê-lo.
— Antes de quê?
Thales anda tão misterioso há duas semanas, mas essa está pior que
antes. Algumas vezes, o pego me olhando de um jeito frio, mas quando
percebe que estou olhando, coloca aquele sorriso sexy que me faz esquecer
até o meu nome.
— Hoje não, amanhã conversamos… — Sua mão chocalha para
cama e seu rosto suaviza. — Era como imaginou?
Sorrio voltando para a cama.
— Não! É melhor, porque você está aqui — afirmo, voltando a
explorar a cama.
Pouco depois de conhecer Thales, comentei quando estávamos
assistindo um filme antigo onde apareceu uma cama com dossel
clássico, que sonhava na minha adolescência ter uma noite com
alguém especial em uma cama dessa. Ele não falou nada, apenas
obtive um barulho como um arranhar da garganta e acabamos
transando no meu sofá.
Mas aqui vejo que Thales me ouviu, mesmo quando pensei que não.
Não noto sua aproximação até ter suas mãos rodeando minha cintura
e seu hálito quente faz coçar minha orelha.
— Você está linda, creio que não tenha dito isso antes.
Ele falou três vezes pelo menos, quando nos encontramos na entrada
do restaurante, ao puxar a cadeira para me sentar e ao servir minha taça de
vinho.
— Mesmo que tenha falado, ainda quero ouvir você dizer que sou
linda — murmuro sem me virar.
Suas mãos saem da minha cintura, passa pelas minhas costas em
uma carícia íntima e fecho os olhos contemplando o seu toque.
— Você é a mais bela de todas, uma pedra preciosa nas minhas
mãos.
Suspiro com o meu zíper sendo aberto. Ele remove a peça que cai ao
redor dos meus pés, me deixando apenas de calcinha e sutiã. Ele morde meu
ombro e deixo um grito escapar pela súbita dor, mas logo Thales está
beijando e sugando a pele, acalmando a dor que ele causou. Ele sobe
lambendo meu pescoço e ao parar no ouvido, sussurra:
— Eu serei o único a te ferir, mas também serei o único a te curar.
Meu corpo vira uma gelatina dentro dos seus braços.
Thales beija meu pescoço e ombro quando suas mãos estão
massageando meus seios duros e pesados.
— Diga o quão você está molhada?
Choramingo.
— Muito, estou escorregando.
Ele ri.
— Terei que provar. — Deixando meu seio, sua mão desce
mergulhando dentro da calcinha.
Mordo os lábios para conter o gemido que sobe pela minha
garganta. Ele toca meu clitóris e estou gemendo e esfregando a bunda no
seu pau enquanto seus dedos entram e saem de dentro de mim.
— Oh, é demais…
Minhas paredes se contraem e gozo em seus dedos.
Estou com a respiração pesada quando tenho dois dedos empurrados
na minha boca e meu clímax explode em minha língua.
— Esse é seu doce sabor, o qual irei ter na minha língua. — Afasta
as mãos de mim. — Deite-se na cama de pernas abertas para mim.
Tiro os saltos e subo na cama fazendo como foi mandado. Olho para
meu homem que olha para o meu corpo como se fosse comer e não duvido
que ele faria tal coisa.
Thales sobe na cama ficando entre as minhas pernas, ele remove a
calcinha e o sutiã. Seu corpo paira sobre o meu então sua boca faminta me
devora.
Ele me beija como se fosse a última vez, mas sei que não será.
Nunca terá uma última vez entre nós.
Sua boca desce passando pelo meu corpo até meus seios onde ele se
alimenta da minha carne macia. Gemendo, morde meu seio esquerdo e
então faz o mesmo com o outro.
Ele continua a explorar o meu corpo, passando pelo umbigo onde
afunda a língua. Agarro seu cabelo loiro implorando para ir aonde quero sua
boca.
Mas esse homem sabe o que é uma provocação e brinca comigo até
estar ao ponto de ter um segundo orgasmos sem ter tocado na minha boceta.
Estou ofegante quando sua boca encontra minha carne sedenta.
Jogo a cabeça para trás sem largar seu cabelo e grito seu nome
quando balanço meu corpo, gozando.
Sua língua gira no meu clitóris e sua voz rouca se faz presente:
— Uma suculenta cereja.
É assim que ele se refere ao meu botão do prazer.
Thales se afasta apenas o tempo de colocar uma camisinha e voltar
para cama se posicionando entre as minhas pernas. Seu pau grande e grosso
encontra a passagem apertada da minha boceta. Ele empurra ganhando
espaço e quando está completamente dentro, nossos olhos duelam.
Thales entra e sai com suaves estocadas, ele não me fode, ele faz
amor.
Nosso corpo é uma mistura de membros se esfregando.
Minhas unhas vão deixar marcas nas suas costas amanhã, como
meus quadris ficarão com marcas onde suas mãos apertam, porém, não nos
importamos, afinal somos apenas duas almas que se conectaram para
sempre.
— Eu te amo. — Eu nunca falei essas palavras, mas meus olhos já
falaram, contudo, quero que ele escute essas três palavras saindo dos meus
lábios.
Ele me olha antes de abaixar a cabeça e beijar meus lábios, suave e
carinhoso, no mesmo ritmo que entra e sai. Seu pau pulsa no mesmo
momento em que minha boceta aperta e um arrepio desce por minha
espinha.
Thales quebra o beijo, voltamos a nos olhar e gozamos assim, um
assistindo à expressão do outro.
Depois que nosso corpo se acalma, ele sai de dentro de mim, me
puxando para seus braços, onde descanso a cabeça em seu peito, ouvindo
seu coração.
Parece que passou muito tempo até que ele quebrar esse silêncio
confortável.
— Você é uma das poucas pessoas com quem me importo.
Será essa a forma de Thales dizer um eu te amo?
Não me importo se for, pois, vejo isso nos seus olhos.
— Eu vejo — digo sonolenta.
— Também vejo — ele responde.
Fecho meus olhos deixando o sono me levar.
Esse dia foi o melhor, fiz amor com o cara que amo em uma cama
que sonhei em ter a minha primeira vez.
Nada vai estragar essa felicidade...
Sorrio e durmo.
CAPÍTULO 12
Eloá Moore
Eu não sabia que o amor nos faria tão feliz, afinal não consigo parar
de sorrir e minhas bochechas devem estar coradas com as lembranças que
rodeiam minha mente do que aconteceu noite passada.
Thales me amou até o sol entrar pela janela, nos avisando que a
noite passou e era um novo dia, cheio de possibilidade.
Quando ele me deixou em casa, me deu o beijo mais longo que já
tivemos, então olhou nos meus olhos e falou, “te vejo a noite”.
Queria dizer, “vamos passar o dia na cama”, mas sei que ambos têm
compromissos que não podem faltar.
— Tem duas mesas que precisam ser atendidas, senhorita Moore.
Deixa para sonhar quando estiver no seu horário de descanso.
Me assusto com sua voz grave de Oliver, que está parado ao meu
lado e balanço a cabeça.
— Desculpa, senhor, isso não irá se repetir. — Me viro para sair.
Dou dois passos de distância quando ele me chama.
— Estou contente que esteja feliz, senhorita Moore.
Olho em sua direção, mas Oliver já se foi.
Ele é rígido, porém, do jeito dele gosta de todos aqui do restaurante,
até dá Patrícia que o tira do sério falando muito.
Atendo as mesas e passo as próximas horas assim. No meu horário
de descanso normalmente vou para o parque, mas hoje prefiro ir para o
quartinho que é disponibilizado para os funcionários e cochilo por uma
hora.
Estou com sono, afinal não dormi absolutamente nada noite passada
e o cochilo é bem-vindo.
Depois desse tempo, volto ao trabalho me sentindo melhor.
Quando chega a minha hora de ir embora, passo no mercado, pois,
meu sorvete acabou e quero comprar pipoca para assistir a um filme com
Thales.
Hoje não terá sexo, quero apenas curtir a companhia do meu
namorado.
Meu empenho de subir a escada aumenta quando vejo seu carro
estacionado no outro lado da rua.
Quando chego no meu andar, estou ofegante, mas não paro, empurro
a porta e entro, o encontrando no meio da sala, de terno.
Um homem implacável.
— Essas roupas não vão servir para o nosso programa de hoje —
comento abrindo as sacolas e falando o que comprei. — Pipoca para o filme
que deixarei você escolher, sorvete para logo depois, o que você me diz? —
Sorrio, porém, meu sorriso morreu quando começo a notar coisas que deixei
passar com minha euforia quando o vi.
Ele não veio me beijar como de costume, mas acima de tudo o
homem parado no meio da minha sala não é o mesmo que se despediu de
mim, essa manhã.
Deixo as sacolas em cima do sofá e me aproximo dele,
cautelosamente.
— Oi, aconteceu alguma coisa? — pergunto com cuidado.
Seus olhos frios sustentam os meus então um papel é erguido e
posto no meu campo de visão.
— Preciso que você assine estes documentos.
Thales não responde a minha pergunta e quando me manda assinar
os papéis, não sinto calor na sua voz, ela é fria e calculista.
— Do que se trata esses papéis?
Suas sobrancelhas se levantam.
— Não tem importância... Teria se você tivesse uma escolha, coisa
que você não tem.
Com a mão trêmula, passo pelo cabelo tentando encontrar a graça
no que ele fala, mas não consigo.
— Como que não teria uma escolha? Você está brincando? Porque
não tem graça, Thales.
Ele me olha como se eu fosse um inseto que pudesse pisar a
qualquer momento. Minha vontade é de encolher, mas não faço isso,
levanto o queixo à espera de uma explicação que não demora a chegar.
— Esse é um documento que já está assinado por mim, e no exato
momento que você parar de ser uma tonta e assinar, estaremos casados.
Sorrio e ele me olha parecendo perturbado com minha reação ou
falta de uma.
— Essa é a forma de você me pedir em casamento? — Rio
enrolando meu cabelo que estava no meu rosto e o deixo preso no topo. —
Temos pouco tempo de namoro, não podemos nos casar assim, vamos com
calma, tá bem?
— Você é mais inteligente do que isso, Eloá. Não seja a porra de
uma burra que não entende o que está acontecendo aqui. Você vai assinar
esses papéis agora.
Dou um passo para trás.
— Você perdeu a cabeça? Não irei me casar e você não pode me
forçar a isso. Agora sai do meu apartamento. — Viro, indo abrir a porta,
mas não chego a alcançar a maçaneta, pois paro assim que ele começa a
falar.
— Você sabia que a minha empresa, a Boseman é proprietária de
vários restaurantes, inclusive o que você trabalha?
Ele está com um sorriso predatório.
— E o que isso tem a ver com essa loucura de casamento?
— Essa é a pergunta que esperava que fizesse, ou você assina os
papéis e nos casamos ou vou demitir todos que trabalham lá. E tenho poder
para fazer com que eles nunca consigam trabalhar em outro lugar.
Balanço a cabeça.
— Por quê? O que eu te fiz? Você não é assim.
Thales, não é esse homem sem uma humanidade nos olhos.
— Esse sou eu de verdade, minha cara. Você conheceu a
personagem que criei para conquistar sua confiança e saber todos os seus
pontos fracos. É isso que eu faço, estudo meu adversário e quando sei onde
atacar, dou minha jogada final. Você se importa com aquelas pessoas e fará
qualquer coisa para não ferrar com suas vidas, não é mesmo?
Com passos lentos me aproximo dele, sentindo meu rosto banhado
de lágrimas.
— Você está mentindo, não faria isso.
Thales puxa do bolso o celular.
— Quer experimentar? — cantarola.
— Eu te amo. — Seguro seu olhar, voltando a repetir. — Eu te amo,
Thales. Eu te amo tanto que as suas palavras são como punhais no meu
coração. — Encosto a testa em seu peito sentindo o cheiro do seu perfume.
Suas mãos seguram meus pulsos, me afastando dele.
— Não me importo com seu amor, quero aqueles papéis assinados
agora.
Engulo algumas vezes para conseguir falar.
— Depois que eu assinar não irei te perdoar. Eu não vou perdoá-lo,
você está ciente disso?
— Não me importo com amor, Eloá, existem coisas mais
importantes que essa besteira.
Fico em silêncio, ele mostra o celular e sei que não tenho mais
tempo.
— Tudo bem, eu assino, mas com uma condição.
— Você não está em posição de fazer exigência, Eloá.
— Não ligo, é pegar ou largar. Quero um documento garantindo o
trabalho dos meus amigos e se eles forem demitidos, ganharão uma boa
grana e conseguirão encontrar trabalho onde quiserem. — Mesmo com os
olhos escorrendo lágrimas, olho para ele, firme. — Eu não assino nada sem
esse documento!
O tempo estende entre nós até que ele assente.
— Tudo bem, minha noiva, vou te dar o seu presente de casamento.
Agora já está tarde para resolver este tipo de documento, mas amanhã você
será minha.
O deboche em sua voz me ferve o sangue.
— Você tinha dito que tem pipoca…
— SAIA, SAIA DA PORRA DO MEU APARTAMENTO!
Ele fez isso de propósito, eu sei disso.
Passando por mim, Thales sai, tranco a porta e então caio no chão.
Um grito sofrido sobe pela minha garganta e o deixo sair junto com as
lágrimas. Meu peito parece que está se rasgando ao meio, então choro e
grito até não ter mais forças para sair do chão.
Passei anos sem acreditar no amor, afinal depois de tudo que passei,
o amor de um homem não era algo que queria na minha vida, mas o
encontrei. Thales me fez ver o mundo com outro olhar e quando ele olhava
para mim e sorria, me apaixonava mais um pouco. Até que ele veio e
arrancou meu coração do peito e esmagou entre os dedos.
Não sei se vou sobreviver depois disso.
CAPÍTULO 13
Eloá Moore
Eloá Moore
Thales Boseman
Thales Boseman
O carro para em frente à casa dos meus pais e fico no banco olhando
para a casa.
A última vez que estive aqui foi com Thales...
Naquela varanda foi onde sentamos e contei as histórias da minha
infância. Cada canto dessa casa traz uma lembrança de nós dois juntos.
Não me arrependo em ter dito ontem que o amava.
Sim, eu ainda o amo e uma parte tão tola minha espera que um dia
antes que esse amor acabe, ele diga que me ama também.
A cada dia que passo naquela mansão, me sinto mais longe de mim
mesma. No início era a raiva que me mantinha firme, mas com o passar dos
dias a raiva foi se dissolvendo, então me vi vazia e sozinha.
Ele me jogou naquela mansão para ser sua esposa e mal conversa
comigo. Passei o dia de ontem no jardim para não ter que olhar nos rostos
dos empregados e ver pena.
— Eloá, quer que a espere?
Eu me afasto dos meus pensamentos com a voz do Chris.
— Não, pode voltar para casa, Chris, vou ficar aqui por alguns dias,
não é necessário você ficar.
— Como quiser. Ajudarei com a mala.
— Obrigada, não é necessário. — Pego a pequena mala e saio do
carro.
Espero na calçada até que Chris vai embora para seguir para a porta
da casa dos meus pais.
Faz meses que não venho aqui, mas sinto como se fossem anos.
Nas ligações que tive com a mamãe, ela me contou que meu pai
sempre falava com Thales. Não falei nada para ele que sabia desse contato
que estava tendo com meus pais, pois presumi que era sua forma de ficar de
olho para ver se eu tinha dito algo a eles.
Abaixo em frente a porta e pego a chave embaixo do tapete, aprendi
isso com a minha mãe, de deixar uma chave embaixo do tapete, tanto que
no meu apartamento tem uma.
Destranco a porta e entro seguindo o barulho da televisão. Encontro
os dois sentados no sofá, mamãe tricotando e meu pai assistindo ao jogo.
— Então é assim que vocês ficam quando estão sem mim? — Deixo
a mala no chão para correr até eles e me jogar entre os dois.
— Oh, que surpresa mais agradável! Sentimos saudade, filha —
mamãe diz.
— O que estava acontecendo que ficou sem nos ver? Você nunca fez
isso, Eloá — meu pai pergunta.
Meus olhos enchem de lágrimas com a voz triste do meu pai, mas
engulo para eles não notarem e dou uma desculpa.
— O restaurante teve alguns ajustes e acabei ficando fazendo horas
extras para treinar os novos funcionários. Contudo, estou aqui e quero
aproveitar esse momento com vocês.
Eles trocam um olhar, mas não faz perguntas.
— Você tá com fome? Deve ter passado horas na estrada. Veio de
carro?
— Não, pai, vim de ônibus.
— O que aconteceu com o seu carro? — Ele se afasta um pouco
para olhar em meu rosto, que tento esconder a todo custo para ele não
perceber a mentira.
— Nada, só não queria dirigir.
Papai me encara, talvez à procura de mais explicação, contudo, não
tenho uma para te dar.
— Vou esquentar a macarronada do jantar de ontem.
Minha mãe vai para a cozinha, deixando meu pai e eu, então deito a
cabeça em seu colo e ele acaricia meu cabelo como fazia quando era
pequena. Pisco os olhos algumas vezes afastando as lágrimas.
Estar aqui com eles deixa as minhas emoções à flor da pele.
— Você sabe que estou aqui por você sempre, né, filha?
Balanço a cabeça, concordando.
— Sim, eu sei.
— O que está acontecendo? Você não tá bem. A última vez que
esteve aqui tava tão feliz. Teve alguma recaída?
— Não, pai, não tive nenhuma recaída, mas não quero falar nada,
não quero ter que contar uma mentira para o senhor.
Ele suspira pesado.
Entendo que meu pai só quer me ajudar, mas não posso falar a
verdade, tanto que o anel de casamento deixei na mansão.
— Tudo bem, mas tem algo que quero de você?
Viro no sofá para estar com a barriga para cima e vejo o meu pai.
— O que o senhor quer?
Ele bate o dedo na ponta do meu nariz e ri.
— Quero que enquanto estiver nessa casa, tudo o que está
acontecendo para te deixar assim fique lá fora. Aqui você pode rir,
gargalhar e ser feliz sem pensar em mais nada. Você pode fazer isso,
garotinha?
— Posso, eu posso fazer isso, pai.
— Perfeito, vamos almoçar e então ir para a garagem dar uma
olhada no meu carro. Você ainda sabe sujar as mãos?
Sorrio.
— Sei, e melhor do que você.
Na cozinha, minha mãe nos chama, avisando que a comida já está
quente. Levantamos e seguimos para a cozinha. Ocupo meu lugar na mesa,
assim como meus pais.
— Eloá, poderíamos ir à praia, o que acha? Já faz um tempo que não
vamos.
Engulo uma porção de macarrão antes de responder minha mãe.
— Acho perfeito, mas estou sem biquíni. — Não planejava ir à
praia, então não trouxe roupa adequada.
— Tenho alguns maiôs, um deve servir em você.
— Tudo bem, mãe.
Continuamos a comer e quando terminamos, meu pai e eu ficamos
com as louças enquanto mamãe volta para o seu tricô.
Com a cozinha organizada, seguimos para a garagem.
— Pai, vou dar um pulo no meu quarto e já volto.
— Não tenta fugir.
— Não vou, velho.
Entro no meu quarto, vou até o guarda-roupa e vasculho dentro até
encontrar o macacão que usava na oficina. Ao vestir, percebo que fica um
pouco justo na bunda, mas dá para usá-lo.
Volto para a garagem e papai ri quando me vê.
— De volta aos velhos tempos?
— Sim. O que quer que eu faça?
— Troca o óleo que vou consertar o farol que um idiota quebrou
semana passada.
— E como foi isso?
O trânsito é uma coisa de louco, por isso meu pai é muito tranquilo e
respeitoso, não posso imaginá-lo em uma briga de trânsito.
— Foi no mercado. Passei para comprar o ingrediente que faltava do
bolo que estava querendo assar. Foi questão de cinco minutos, entrei e
quando voltei, encontrei meu farol assim. Falei com os seguranças e eles
viram nas câmeras. Um barbeiro[9] não soube estacionar e fez isso. O pior é
que não esperou, ligou o carro e foi embora.
— Que imbecil! O senhor pegou a placar?
— Não peguei, não vale a pena a dor de cabeça, filha.
— Realmente, e olha o lado bom, vamos trabalhar juntos.
— Tá, vendo? Sempre tem um lado bom.
Rimos e então começamos a trabalhar no seu carro.
Quando era pequena, passava os domingos aqui, na garagem, com
meu pai, e foram momentos maravilhosos, como está sendo agora.
CAPÍTULO 20
Eloá Moore
Não faço ideia de que hora seja, acredito que já é madrugada quando
Eloá desperta. Ela não fala ou abre os olhos para que eu saiba que já está
acordada, contudo, há tanto tempo observo seu sono que reconheço quando
está acordada. Inalo o aroma do seu cabelo, detectando o cheiro do mar.
Ela esteve na praia, presumo.
— Como você está se sentindo? — murmuro.
Ela não responde de imediato, levando seu tempo e respeito isso.
— Segura.
A batida em meu peito falha.
Quero afastá-la e dizer que não pode ter esse sentimento ao meu
respeito, entretanto, não faço isso. Eu a seguro mais forte, dizendo sem
palavras que sim, ela estará protegida em meus braços.
— Você não quer saber o que aconteceu? — pergunta com a voz
fraca.
— Quero, mas posso esperar o seu tempo e quando quiser falar
estarei aqui.
Sua mão que tinha afrouxado quando dormia, agarra minha camisa
com um aperto firme.
— Eu tinha vinte anos quando tudo aconteceu… — Faz uma pausa,
puxa uma respiração profunda e contínua: — Meu pai não queria que eu
fosse cursar gastronomia na cidade vizinha, inclusive tivemos um
desentendimento por conta disso.
“Mas eu sou tão teimosa quanto ele e não desisti.
“Ao perceber que não cederia, ele me deu o meu carro. Assim,
poderia ir e voltar todos os dias.
“Aceitei prontamente, afinal meu maior sonho era ser uma excelente
chefe de cozinha.”
Fecho a mão por cima da dela, transmitindo força e dizendo, “estou
aqui e mataria um dragão por você”.
— Por cerca de dois meses fiz a trajetória de casa para a
universidade. Consegui fazer alguns amigos e foi bom, porque sempre tive
dificuldade para me comunicar com as pessoas. Entre esses amigos, conheci
um garoto.
“A família dele é daqui, mas ele preferia morar no campus.
“Nos aproximamos e como nunca tinha tido um namorado ou
alguém como ele interessado em mim, fiquei superfeliz…”
Seu corpo estremece.
— Estou aqui — asseguro.
Eloá continua com os olhos fechados, como se estivesse revivendo o
acontecimento.
— Seu nome é Mateo Viegas. Ele era tudo o que as garotas
desejavam e quando andamos pelo campus, todos nos olhavam e
comentavam o quanto éramos perfeitos juntos.
“Então, Mateo deu uma festa e eu não queria ir porque tinha um
trabalho para entregar no dia seguinte.
“Ele ficou puto, porque tinha uma namorada e nem na festa que ele
daria, ela iria.
“Mesmo relutante, me arrumei e dirigi para a tal festa”.
O primeiro soluço corta o quarto, acompanhado de outro e mais
outro. Ela chora baixinho e mesmo quando volta a falar, as lágrimas não
param.
— Ele me fez beber. Eu não queria deixá-lo bravo e bebi, o
deixando contente.
“Não sei ao certo quando Mateo me levou para o seu quarto, mas
lembro o que ele fez comigo ali dentro…
“Primeiro, foram minhas roupas rasgadas, aí vieram os tapas que ele
dava em meu rosto quando eu gritava e implorava para ele parar.
“Ele nunca parou...
“Ele não só me estuprou naquele quarto, ele me violou como
mulher. Eu não era dona do meu corpo e não podia me defender por conta
da embriaguez”.
Eloá levanta a cabeça e com seus olhos vermelhos olha para mim,
com tanta dor, como nunca vi antes.
— Depois disso tudo, vivi com medo. Tenho acompanhamento
semanal com uma psicóloga e desisti do meu sonho, enquanto ele continuou
com os dele.
Engulo o ódio que sinto e suavizo a voz para falar com ela.
— Você não foi a polícia?
Eloá ri dolorosamente.
— Ir à polícia? Eu fui, mas o pai do Mateo era o prefeito da cidade.
Ele conseguiu me desmentir até quando tinha os exames que fiz como
prova. Mateo alegou que éramos namorados e que foi consensual tudo o
que ele me fez. Para completar, ainda afirmou que o ameacei em troca de
uma quantia, que se ele não me desse o valor pedido iria na polícia acusá-lo
de estupro. Aqueles que achava serem meus amigos, depuseram a favor
dele. — Suspira pesado. — Era a palavra de uma mulher contra a palavra
de um homem e filho de um prefeito. Que chance eu tinha?
Rosno.
— Todas as chances. Você é a vítima de um abuso bárbaro e esse
desgraçado deveria apodrecer na prisão.
— Mas vivemos em uma sociedade que não liga para a vítima, mas
para o dinheiro.
Eloá não está errada e sei disso, mas não deixa de ser revoltante.
— O que aconteceu hoje que te fez ter um gatilho[11]?
Seu corpo fica tenso.
— Ele voltou e me encontrou na praia.
Minha voz sai carregada de ódio que não é direcionada a ela.
— O que ele te fez?
O medo em seus olhos atiça a fúria em mim.
— Ele prometeu fazer tudo outra vez.
Prendo a respiração para conter o impulso de fazer algo nesse
momento, onde ela ainda está tão frágil em meus braços.
— Eu nunca deixaria isso acontecer. Você confia em mim?
— Quando ele falou aquilo, me senti naquele quarto. Mas, no fundo
do meu coração, sabia que ele não poderia me fazer nada, porque a única
pessoa que pode me machucar é uma e ela é você, Thales.
Passo a mão em seu rosto sentindo suas lágrimas molharem meus
dedos.
— Eu sou o único a te machucar, entretanto, nunca te machucaria
assim. A partir desse momento serei bom para você, Eloá. Pode acreditar
que não irei te decepcionar e nem o amor que tem por mim.
Seu rosto se aproxima do meu, então nossas bocas se tocam e a
beijo suavemente. Ao nos afastarmos, olho em seus olhos.
— Descansa mais um pouco, estarei aqui quando acordar.
— Tudo bem. — Ela dá um sorriso lento em seguida deita a cabeça
em meu peito.
Seu emocional deve estar tão abalado que ela não demora para
voltar a dormir, mas dessa vez, não fico velando seu sono. Eu a deixo na
cama e saio de fininho para não a acordar. Calço os sapatos que tinha
chutado enquanto Eloá dormia, a cubro, dou um beijo na sua testa e em
seguida saio do quarto. Desço a escada e ao chegar na sala encontro George
sentado em sua poltrona olhando para o nada.
— Ela está bem?
Eu me aproximo dele, me sentando ao seu lado.
— Não, mas ficará.
— Ela te contou? — Sua cabeça vira e seus olhos verdes como os da
filha me olham com curiosidade.
— Sim, me contou tudo.
Ele assente.
— Ela chamou por você… — Ele dá um sorriso triste — Eloá nunca
chama por ninguém, nem por mim, mas ela chamou por você.
Aperto o maxilar.
— Você tem um taco de beisebol por aí?
Seus olhos se estreitam.
— Isla deixa um atrás da porta.
Levanto e vou até à porta onde encontro o taco. Dou uma
inspecionada e sei que vai servir.
— Eu o levo. — George me encontra na porta com as chaves do seu
carro na mão.
— Não vai ser bonito de se ver. Você quer ir mesmo assim?
— Foi com a minha filha que aquele desgraçado mexeu. Você quer
mesmo saber se eu quero ir?
— Não, vamos.
Seguimos para a garagem e cada um ocupa seu espaço. George
dirige para a casa do homem que vai aprender a nunca mais colocar suas
fodidas mãos no que não te pertence.
CAPÍTULO 22
Thales Boseman
Olho para casa logo à frente, dou uma inspecionada para ver se tem
câmeras e então saio do carro com George.
O dia não irá demorar para nascer, por isso precisa ser rápido.
— Eles não têm câmeras e nem seguranças? Se acham tão deuses
assim? — murmuro para George.
— A cidade é pacífica e todos amam a família dele.
— Porque não sabe quem são — resmungo estudando a estrutura do
muro, de costas para George que com certeza tem a mesma conclusão que
eu.
— Você será o motorista da fuga.
Suspirando, ele responde:
— Tudo bem, se eu fosse mais jovem iria pular com você.
— Não tenho dúvidas. Vou pular e então você joga o bastão.
Ele assente, saímos do carro e caminhamos para o outro lado da rua
que está deserta, para a nossa sorte. Paramos próximo ao muro, entrego o
bastão para George, encontro um apoio e escalo o muro.
— Pode jogar — aviso e ele joga o bastão para mim. — Me espera
no carro. Qualquer coisa vai embora, eu sei me cuidar — murmuro para ele.
— Estamos juntos, vou te esperar!
Vejo que ele é tão teimoso quanto a filha.
— Vou tentar não demorar, mas não garanto nada.
Sigo para a casa indo para a porta dos fundos que sempre é a mais
fácil de se abrir. Com a ponta do bastão quebro o vidro, enfio a mão na
abertura que criei e destranco a porta.
Não paro para reparar na casa.
Faço uma vistoria pelos cômodos no andar de baixo e ao não
encontrar ninguém, subo a escada fazendo o mesmo pelo caminho.
É madrugada de domingo e presumo que os empregados estejam de
folga.
Não encontro ninguém, então me dirijo para a última porta no fim
do corredor. Abro e no meio da cama está o filho da puta, nu.
Sei que é ele, porque no caminho fiz uma pesquisa em suas redes
sociais, afinal não quero pegar a pessoa errada.
Com passos lentos me aproximo da cama, levanto o taco acima da
minha cabeça e quando ele desce acerta o meio das suas pernas. Os berros
que ele dá são como uma linda música que irei ouvir bastante essa noite.
— Você está prestes a saber, em primeira mão, o que um estuprador
de merda merece…
Seus olhos arregalam de horror.
Ele ainda não viu nada, mas vai ver, ou melhor, vai sentir.
Eloá Moore
Desperto com o rosto colado em um peito quente e em um
rompante, me afasto. Olho para cima e encontro os olhos azuis gelos que
me olham atentamente e em seguida sorri.
— Bom dia!
A voz grave de Thales me cumprimenta.
— Bom dia! — respondo fechando os olhos quando o
acontecimento do dia anterior preenchem minha mente.
Ele deve ter notado a mudança sutil do meu corpo, porque logo suas
mãos estão segurando meu rosto.
— Estou aqui e não pretendo sair. Nada de mal irá acontecer a você.
Abro os olhos para encontrar com os dele e então faço a pergunta
que desde que começamos a namorar tive medo de fazer.
— Você ainda vai ficar?
Uma linha aparece na sua testa.
— Não pretendo ir à lugar algum.
— Não entendo, você não está com nojo de mim, depois de saber de
tudo? — Estudo seu rosto e não encontro nojo, mas raiva.
— Eu nunca sentiria nojo de você, Eloá. Sempre será o anjo
inocente que eu corrompi. No entanto, estou furioso por tudo o que passou.
Seu rosto se suaviza e ele tira uma mecha de cabelo do meu rosto
colocando atrás da orelha.
— Você não me falou antes, por que tinha medo de não a querer
mais?
Mordo os lábios.
— Sim, esse foi sempre o meu medo.
Ele ri.
— Você não vai se livrar de mim, tão cedo, Cerejinha.
Encostamos nossas testas e fechamos os olhos, aproveitando esse
momento de conexão.
— Vou te dar um banho e então te alimentar, seus pais estão
ansiosos para vê-la.
Eu me afasto dele.
— Posso tomar banho sozinha. Sinto muito por eles terem me visto
assim. — Abaixo a cabeça triste, por ter tido uma recaída na frente dos
meus pais.
— Eu faço questão de te dar banho. Não quero nada a mais do que
lavá-la e cuidar de você. Não se desculpe pelo que aconteceu, ou com o que
não está em seu controle. Seus pais te amam, só querem vê-la bem e estão
preocupados.
— Tudo bem.
Saímos da cama e Thales me leva para o banheiro, onde me ajuda
tirar o vestido, o maiô e então entra no box comigo. Ele liga o chuveiro, me
guiando para baixo da água quente.
Molho meu cabelo, em seguida despeja uma quantidade de shampoo
na mão, levando para minhas madeixas ruivas. Ele massageia meu couro
cabeludo e fecho os olhos, apreciando seu cuidado e carinho.
Eu o sinto duro em meu estômago, entretanto, em nenhum momento
ele tenta algo.
Durante todo processo do meu banho, ele não faz nada erótico com
uma segunda intensão. Ele me enrola em uma toalha e nos leva de volta
para o quarto, onde sento na cadeira em frente a penteadeira. Pega minha
escova de cabelo e penteia meu cabelo, desembaraçando os fios.
— Acho melhor deixá-los secar naturalmente, o dia estará quente —
ele comenta deixando a escova de volta no lugar onde estava.
— Tudo bem.
Seus olhos encontram os meus pelo reflexo do espelho, olhamos um
para o outro então ele se afasta, não demorando para voltar com uma troca
de roupa.
— Vista-se que vou tentar encontrar outra camisa com o seu pai, não
trouxe mala.
Franzo a testa, pois não tinha percebido até agora que ele não usa a
camisa dele, mas uma do meu pai.
— Onde foi parar a sua camisa?
Thales encolhe os ombros.
— Sujei ontem e seu pai me emprestou uma.
Sem me dar chance para fazer mais perguntas, ele me deixa no
quarto, sozinha.
Visto a roupa que ele deixou em cima da cama, um short de algodão
e blusão. Ao terminar, saio do quarto e encontro Thales no corredor.
— Você está linda.
Minha coluna fica ereta.
Ontem estava em um momento delicado onde não pensava com
clareza, entretanto, quando estava me vestindo, meus sentimentos foram
postos no lugar e tudo que vivi nesses meses voltaram com força. O homem
que acabou de dizer que sou linda, fez parte de tudo que passei nesses
meses, o mesmo que desprezou meu amor.
— Você já pode ir, estou bem e como tinha permitido que eu ficasse
dois dias, voltarei amanhã.
O sorriso em seu rosto morre, ele dá um passo em minha direção e
não me afasto.
— Só vou quando você for. Vamos descer para você comer alguma
coisa.
— Thales não vamos seguir por esse caminho, onde você vai me
enganar e fingir que me ama para em seguida quebrar o meu coração.
O homem é alguns centímetros maior que eu, tanto que preciso
olhar para cima. Suas mãos seguram em cada lado do meu rosto e sua
cabeça abaixa.
Imagino que irá me beijar, mas ele não faz isso, apenas murmura
próximo a minha boca.
— Eu queria ter essa conversa na nossa casa, entretanto, vejo que
você precisa dela agora… — Seus lábios vão para minha orelha onde ele
morde para em seguida chupar a pele dolorida.
Meu corpo estremece de luxúria.
— Tá sentindo? Esse é o tipo de dor que quero te causar. Não quero
vê-la triste, Eloá. — Seus lábios dão uma última lambida antes de afastar,
para estar com nossos olhos nivelados. — Esse casamento começou do jeito
errado, mas você me ama e, para mim, você é o meu coração. Será que isso
não é o suficiente para tentarmos? Eu não posso mais chegar em casa e
encontrá-la triste. — Seus lábios raspam os meus, mas ele não me beija. —
Não é armação, ou estou planejando algo contra você, só quero ser a pessoa
que você ama e ver você sorrir quando olha para mim.
Esperei tanto por Thales falar algo parecido com o que está dizendo,
mas achei que nunca iria chegar esse momento até agora…
Não vejo mentira em seus olhos.
Thales não percebeu, mas quando ele tentava me seduzir acabou se
apaixonando.
Você pode até fingir amar alguém, mas seus olhos são outra coisa.
Os olhos desse homem refletem amor todas as vezes que me olha.
Até mesmo agora, quando espera por uma resposta minha.
Fico na ponta dos pés, levanto os braços e coloco em volta do seu
pescoço.
— Eu posso perdoá-lo uma vez, não duas, guarde bem isso, Thales.
— Meus lábios tocam os dele e sorrimos com nossos lábios ainda colados.
O beijo é quente, cheio de saudade, medo e promessas.
Nos afastamos ofegante e ele desce meu corpo lentamente, pois em
algum momento durante o beijo, Thales me ergueu.
— Devemos descer ou vou acabar fazendo algo que não seja
apropriado para ser feito na casa dos seus pais.
Dou uma risadinha.
— Sim, melhor irmos.
Agarrado a minha mão, descemos a escada.
Ao passar pela sala, a televisão está ligada em um jornal local e
meus pais estão assistindo.
— O que vocês estão assistindo? — pergunto.
Os dois viram com os semblantes assustados enquanto uma imagem
aparece na televisão, fazendo meu corpo ficar tenso. Então, a imagem fica
atrás quando a jornalista dá a notícia.
— Bom dia! A notícia que vou dar hoje não é boa. O que temos até
agora é que o filho do ex-prefeito, Viegas, foi espancado essa madrugada
em sua residência.
“Tudo indica que os bandidos invadiram a casa para roubar e ao
encontrar Mateo Viegas dormindo, eles o espancaram.
“Seus pais não estavam na residência.
“O senhor e a senhora Viegas não emitiram qualquer nota sobre o
incidente, ou retornaram as nossas tentativas em entrar em contato.
“Temos apenas a nota do hospital sobre o atendimento de Mateo,
onde informa que o jovem foi espancado nas suas partes e há uma grande
chance dele não poder ter filhos.
Mas essa última parte ainda é uma especulação.”
A jornalista continua explicando que a população está assustada.
Não consigo entender o que ela continua falando, porque meu pai
desliga a televisão antes de conseguir ouvir mais alguma coisa. Giro a
cabeça para Thales que está tão tranquilo que chega a ser assustador.
— Foi você? — questiono, lembrando da troca da camisa. — A sua
camisa... Foi por isso que não está a usando?
Ele dá de ombros.
— Ele só teve o que mereceu. Não vou mentir para você dizendo
que não fui eu, porque foi e só não o matei por causa do seu pai.
Com os olhos arregalados, olho para o meu pai.
— PAPAI? — berro.
Ele faz o mesmo gesto de Thales, dando de ombros.
— Ele mereceu. Deveria ter feito isso bem antes, assim ele não tinha
vindo atrás de você.
Passo a mão pelo cabelo.
— Vocês podem ter um monte de problemas com a polícia. Jesus
Cristo, papai!
Thales me puxa para seus braços.
— Relaxa, nada vai nos acontecer, afinal Mateo não vai dizer nada.
Ele vai continuar com o relato que foi um bandido. Agora para de se
preocupar e vamos comer.
Tento debater o assunto, mas ele me para com um beijo, então
seguimos para a cozinha.
Não sinto nem um pouco de dó de Mateo e se Thales tivesse
arrancado seu pau e bolas, seria um bem que ele faria para a humanidade.
Minha principal preocupação é ele entrar em problemas, mas já que não vai,
fico tranquila.
Sentamos na mesa e tomamos nosso café, entre risos e conversas
fiadas.
Peço a Deus, que dessa vez essa felicidade seja para sempre.
CAPÍTULO 23
Thales Boseman
A água escorre por seus seios que balançam com cada investida que
dou, entrando e saindo da sua boceta escorregadia. Os bicos rosados
endurecidos me deixam tão duro, ao ponto de querer estar derramado todo
meu clímax em seu interior, entretanto, seguro o máximo que posso.
Seus olhos verdes brilham implorando para gozar em resposta, rio,
puxando seus lábios entre os dentes, grunhindo.
— Não sei se posso ficar longe de você.
Seu rosto toma uma expressão entre estar quase gozando e triste por
nos separar.
— Então não vá.
Beijo seus lábios furiosamente e quando me afasto, vejo que eles
estão rosas devido o beijo.
— É preciso, mas prometo voltar o mais rápido possível.
Eloá crava suas unhas por trás do meu pescoço.
Seu corpo está esmagado entre a parede do banheiro e o meu corpo,
suas pernas em volta dos meus quadris enquanto a fodo com força.
Um até logo nunca foi tão quente e doloroso como está sendo esse.
Sua boceta apertada se contraí com o clímax, ordenhando meu pau,
tirando cada gota que tenho para dar. Próximo ao seu ouvido, murmuro:
— Eu te amo.
Sua cabeça se afasta do meu pescoço para estar com seus olhos
duelando com os meus.
— O quê? — questiona surpresa.
— Eu te amo.
Sua boca se parte em um grande sorriso então ela está me beijando,
apaixonadamente.
Essa foi a primeira vez em que falei essas três palavras.
— Também te amo, não demore.
Saio de dentro dela, colocando Eloá sobre seus pés.
— Eu não vou, pois, até se quisesse não conseguiria ficar longe de
você.
— Nem eu.
Terminamos o banho e seguimos para o quarto.
Eloá veste um roupão com uma toalha enrolada na cabeça enquanto
me arrumo.
Alguns meses passaram desse que nos acertamos e durante esse
tempo venho aproveitando cada segundo com essa mulher.
Mas por ser o CEO da empresa Boseman, preciso fazer algumas
viagens, só que consegui adiar o máximo possível para não ficar longe dela.
Contudo, agora preciso cumprir com a minha obrigação.
Irei em uma viagem de duas semanas que não posso adiar mais.
Termino de arrumar a gravata e me dirijo para a cama.
— Vem aqui — eu a chamo.
Ela se arrasta na cama até mim e seguro seu rosto entre as mãos.
— Prometa que vai ao médico da família.
Ela faz biquinho.
— Estou bem.
Estreito os olhos e ela revira os seus.
— Mas, irei ao médico, por mais que saiba o resultado, comi algo
que não me fez bem.
— Pode ser que sim. No entanto, só ficarei tranquilo quando saber
que está bem.
Seus olhos enchem de lágrimas e ela pisca rapidamente.
— Não faz isso... Pensa nessa viagem como algo que vai só aquecer
ainda mais o nosso casamento.
— Eu posso pensar em algo que não seja ficar longe de você para
aquecer o nosso casamento.
Sorrio.
— Também posso. — Abaixo a cabeça e tomo seus lábios nos meus
para logo em seguida, relutante, me afastar. — Eu te amo... — Três palavras
que achei que nunca falaria para Eloá, mas que agora escorrem com tal
facilidade dos meus lábios.
— Também te amo.
Seguro sua mão e saímos do nosso quarto.
Descemos a escada e Eloá me leva até a garagem onde meu
motorista me aguarda e a pequena mala já está no porta-malas. Me despeço
da minha esposa e entro no carro, mas antes de partir, olho para ela que está
a ponto de chorar.
Ela fica parada até o carro sumir e não a ver mais.
Prometo a mim mesmo que se for fazer outra viagem a levarei
comigo, mas por agora me contentarei em vê-la em quinze dias.
Estou indo nessa viagem sem a preocupação que o filho da puta do
Mateo possa querer se aproximar dela, já que está preso.
Mandei um investigador procurar algo que poderia levá-lo à prisão,
afinal pessoas como ele, tendo a proteção dos pais, não iria parar apenas
com o que ele fez com a minha mulher e sabia que iria encontrar algo.
Só não imaginei que seria tanto.
Ele está sendo acusado de violentar vinte mulheres no total. Quando
a primeira apareceu, deu forças para as outras terem coragem de ir à
delegacia. Contratei advogados especializados nesse caso para defendê-las,
pois não só tenho a intenção de fazê-lo sofrer, como também não acho certo
o que elas passaram e não teve ninguém para ajudá-las.
Eloá teve seus pais, mas a maioria dessas mulheres não e farei de
tudo para que a justiça seja feita.
Eloá Moore
Quatro dias foi o tempo que passou desde que Thales saiu em uma
viagem de negócio e sinto tanto a sua falta.
As ligações que tivemos durante esse tempo só aumentou a saudade
que sinto dele.
Como prometido, fui ao médico, fiz alguns exames e seguro o
resultado na mão nesse momento, com uma pitada de medo do que irei
encontrar no envelope.
— Você quer um chá, Eloá? — Ruth pergunta parada na minha
frente.
Foi ela quem trouxe o resultado que foi entregue por uma
transportadora.
— Não, Ruth, estou bem. — Forço um sorriso. — Poderia me
deixar a sós?
— Claro, Eloá, qualquer coisa estarei na cozinha.
Espero a governanta sair para abrir o envelope, pois tenho uma
pitada de suspeita do que irei encontrar.
Pouco depois que Thales viajou, abri minha gaveta no banheiro à
procura de um curativo, pois tinha cortado o dedo quando ajudava a Ruth
na cozinha e o que encontrei na gaveta, me fez passar esses dias sem
dormir, ansiosa para o exame chegar.
Suspiro pesado enquanto seguro o papel e leio o que está escrito.
Uma emoção forte toma conta de mim e descanso a mão na barriga
lisa que em breve estará arredondada.
Estou grávida!
Como Thales vai receber essa notícia?
Com risos ou raiva?
Um sentimento de proteção e possessividade me agarra, e se ele não
quiser, terei esse bebê, afinal é meu filho ou filha.
Levanto da cadeira para pegar o telefone, pois quero dar a notícia e
no último minuto, decido não ligar para ele. Porém, preciso falar com
alguém, por isso ligo para o meu pai.
— Estou grávida — digo logo que ele atende o telefone.
— O QUÊ? — ele grita do outro lado.
— Isso mesmo que ouviu, pai, estou grávida.
Ele grita pela minha mãe.
— Isla, vamos ser avós, nossa garotinha está grávida.
A linha faz alguns ruídos então a voz da minha mãe aparece.
— Oh, meu Deus! Você tá grávida, filha? Que notícia maravilhosa!
— Acabei de abrir o resultado, mãe, vocês são os primeiros a saber.
— Quando vai falar para o Thales? — meu pai pergunta.
— Quando ele voltar, ele está em uma viagem.
— Ele vai ficar muito feliz, garotinha. Estou ansioso para nos ver no
próximo fim de semana.
— Também estou, pai.
Logo eles entraram em um assunto que preciso ter alguns cuidados e
a conversa rende, só terminamos a ligação porque eles me fazem prometer
que vou comer algo, pois acabo falando que não tinha almoçado bem.
Depois que desligo, me dirijo para a cozinha para pedir para Ruth
preparar um lanche e depois disso vou para o jardim, onde passo boa parte
do tempo.
Tento conter a ansiedade que estou para contar a novidade a Thales.
— Seu pai vai ficar tão feliz quando souber de você — falo com a
minha barriga.
Ele me ama e vai amar um pedacinho nosso.
CAPÍTULO 24
Thales Boseman
Eloá Moore
Eu não sabia o que era dor até perdê-la e ser abandonado por Eloá...
Não existe uma palavra para descrever o quão doloroso foi chegar
de viagem em casa e não a encontrar.
Desesperado, saí à sua procura em todos os lugares que imaginei
que ela poderia estar. Contratei os mais renomados detetives para encontrá-
la e nada.
Depois de dois anos, ainda espero encontrá-la, olhar em seus olhos e
perguntar o motivo de sua partida.
Por que me deixou quando a amava tanto?
Essa é a pergunta que continuarei aguardando resposta até o meu
último dia nessa Terra. Todos os fins de semana, paro meu carro em frente à
casa dos seus pais e espero ela aparecer, mas nunca aconteceu.
Sua mãe me olha com ódio, já seu pai toda semana que me vê, acena
com a cabeça e se senta na varanda.
Não nos falamos, entretanto, vejo tristeza e desapontamento no rosto
dos dois.
Eu sei que fiz muita coisa com Eloá, mas ela me perdoou, estamos
bem e felizes. Então, o que aconteceu para ela me deixar?
Será que Steven tem razão e Eloá fez o mesmo que fiz com ela?
Será que ela me fez amá-la para depois quebrar o meu coração?
Mesmo que ela tenha feito isso, não me importo. E se ela voltar,
rastejarei diante dos seus pés, implorando para que nos dê mais uma
chance.
— Algo mudou?
Sou puxado dos meus pensamentos com a voz do Joseph.
Ele me entrega uma cerveja e se senta ao meu lado em uma
espreguiçadeira.
— Não, tudo está do mesmo jeito. Você perguntou a ela se sabe de
alguma coisa? — Aponto a garrafa de cerveja para Scarlett, esposa de
Joseph que brinca com o filho dos dois na piscina, o pequeno Ethan.
— Thales, se Scarlett soubesse onde Eloá se encontra, ela não
falaria nada. Somos amigos e elas são amigas, da mesma forma que não
falaria nada de você, minha mulher não vai falar onde a sua está.
Solto um grunhido.
Dois dias depois que Eloá foi embora, essa maluca invadiu a minha
casa com Joseph segurando Ethan logo atrás dela. Ela descobriu tudo e foi
arrancar meu pau, suas palavras, é claro.
Ela queria saber onde a amiga estava e quando não a encontrou, foi
embora.
Agora toda vez que ela olha para mim, dá um sorriso do tipo que
diz, “sei onde Eloá está, mas não irei dizer. Quero que você sofra
lentamente”.
— Eu me contentaria apenas em saber se ela está bem. Porra, não
tenho uma noite de sono sem ter pesadelos de que algo ruim aconteceu com
ela.
Joseph, olha para sua família na piscina, enrugando a testa.
— Eu te entendo, pois, não posso me imaginar longe da minha
família.
Coloco a garrafa na mesa, me levantando.
— Preciso ir, cara, nos vemos depois.
Vim hoje com um fio de esperança de que Scarlett poderia falar
onde Eloá está, no entanto, seu rosto deixou mais do que claro que nada
mudou.
— Você vai encontrá-la — Joseph diz e rio tristemente.
— Espero que sim.
Caminho para longe dali, dirijo para casa e quando estaciono o carro
na garagem não tenho forças para sair. Deito a cabeça no banco, fecho os
olhos e meu celular toca no console. Abro os olhos e vejo o nome de um
dos detetives que contratei. Penso em não atender, já que será a mesma
resposta, porém, por fim atendo.
— Diga, alguma notícia? — Espero por ele dizer que não.
— Eu a encontrei, senhor.
Me endireito rapidamente.
— O que disse? — Não posso acreditar que escutei bem o que ele
falou.
— Eu a encontrei, a sua esposa. Ela está em um enterro.
Ordeno que me diga onde é o lugar e ele me passa o endereço. Ligo
o carro e vou atrás da minha esposa que me abandonou.
Eloá Moore
Thales Boseman
FIM.
Olha eu outra vez aqui, meus amores.
Gente, o que tenho para falar dessa duologia que é
MARAVILHOSAAAA?
Que simplesmente amei escrever a história desses dois casais, cada
um com seu encanto.
Tenho que confessar que a história da Eloá e Thales veio quando
estava escrevendo o capítulo dela com Scarlett na casa noturna.
Ali foi que dona Eloá veio com tudo.
Confesso que pensei em deixar o livro “O bebê do Bilionário” para
escrever, “A noiva do bilionário”, no entanto, o livro de Scarlett e Joseph
tinha que ser o primeiro.
O que tenho a dizer é que estou imensamente feliz em entregar esse
livro para vocês e fechar essa duologia maravilhosa.
Depois me digam o que acharam do plot twitter?
Podem vir no meu Direct que vou adorar responder a todos.
Vamos aos agradecimentos...
Agradeço a Deus e a minha santinha, Nossa Senhora Aparecida, que
me dão forças todos os dias.
Aos meus filhos.
As minhas amadas leitoras que surtam junto comigo em cada livro e
espero ter conseguido dar nessa história o que vocês esperavam.
E vou dar o crédito a minha amiga e revisora, Letícia, essa mulher é
mais que uma revisora, ela é a pessoa que está comigo na criação da
história. Se tenho a ideia falo para ela que me escuta e dá conselhos
valiosos.
Obrigada, Lê.
Gente, beijos da Diih e até logo suas lindonas.
Amo todas vocês.
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t3EahHaSSa9TySPIJ95sg?si=yAjYfBbjS7KVDaUBXIGZtQ
SOBRE A AUTORA
[1]
Quando Scarlett, se referiu a DJ, ela quis dizer que Eloá estava se masturbando no banheiro.
[2]
A expressão francesa ménage à trois se refere a uma relação erótica e afetiva que envolve três
pessoas.
[3]
Kink ou perversidade é o uso de práticas, conceitos ou fantasias sexuais não convencionais,
desviantes ou peculiares. O termo deriva da ideia de uma "curvatura" no comportamento sexual de
alguém, para contrastar esse comportamento com os costumes e as tendências sexuais "regulares" ou
"baunilhas". É, portanto, um termo coloquial para comportamento sexual não normativo.
[4]
Palavra de segurança qualquer que seja a prática de BDSM deve ter consenso então após usar a
palavra de segurança a outra pessoa deve parar imediatamente.
[5]
Shibari é uma técnica japonesa de amarração com cordas.
[6]
Boca de lobo é como alguns chamam a forma de pegar a corda no meio e fazer um laço.
[7]
Os praticantes conhecem estes momentos de reação do corpo e mente como rope space.
[8]
Durante a prática de Shibari pode resultar em um aumento dos níveis de diferente hormônio,
como a dopamina e endorfinas, criando uma espécie de transe.
[9]
No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com o tempo, passou
a ser relacionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou seja, mau motorista.
[10]
É um personagem fictício da série animada de televisão, Bob esponja.
[11]
Os gatilhos emocionais podem ser pessoas, palavras, opiniões ou situações que desencadeiam
uma reação emocional intensa e excessiva dentro de nós. Entre as emoções mais corriqueiras quando
um gatilho é desencadeado estão raiva, tristeza, ansiedade e medo.