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Cena da festa

Segundo ato: festa.


Tomei o espumante todo de uma vez, em um só gole. Já não me sentia bem e
reencontrar o Filippo depois de tudo me deixava ainda pior.
-Diana, não é melhor beber água? – disse Lilian preocupada.
Ela veio atrás de mim na cozinha.
-Não, eu precisava de algo mais forte – falei apreensiva.
Para completar Filippo apareceu.
-Diana, precisamos conversar – disse sério.
Como se eu quisesse olhar na cara dele, muito menos falar com ele.
-Não tenho nada para falar com você, melhor procurar a Emily. Ela deve estar
louca para falar com você – falei ríspida.
Ele revirou os olhos.
-Por favor, será que depois de tanto tempo não podemos conversar
civilizadamente? – suplicou.
Olhei para Lilian pedindo ajuda.
-Na verdade está passando da hora de vocês conversarem. Eu vou distrair o
Demétrio – disse Lilian e saiu.
Com certeza se meu primo visse o Filippo me importunando arrumaria
confusão.
-Você tem cinco minutos, seja rápido – falei incisiva.

Quarto ato: lembrança.

Quando falei isso comecei a me sentir esquisita, a bebida queimava em minha


garganta e comecei a ficar tonta, mas não demonstrei.
-Diana, depois daquela noite que me viu com a Emily que não nos falamos,
você não quis me ouvir e seu avô não me deixou chegar perto de você. Fui
mandando para Londres e nunca mais nos vimos – começou a se explicar.
Enquanto ele falava eu só piorava.
-Para de enrolação – reclamei.
Melhor acabar logo com esse suplicio e ir embora, preciso da minha cama.
-Eu juro que nunca ficaria com a Emily se não achasse que era você. Você me
mandou uma mensagem para que eu te encontrasse e quando cheguei lá
achei que era você – jurou.
Eu nem ligava para o que ele dizia, a cozinha girava ao meu redor e eu
apaguei, mas na verdade eu não apaguei. Era como se eu estivesse em um
filme 6D, meu corpo agia e minha mente ficava adormecida, apenas assistindo.
Perdi a noção de tudo e não consegui mais controlar meu corpo, muito menos
minhas ações.
-Não estou interessada no passado, muito menos no que você fez ou deixou de
fazer com aquela piranha. Estou interessado no que quero fazer com você,
agora – falei empurrando ele na parede.
Eu dei um beijão nele com todo o desejo acumulado, parecia que eu morreria
se parasse de beija-lo.
Meu corpo está em combustão e precisa do dele, estou para explodir de
desejo.
-Calma Diana, eu quero conversar com você, me explicar – disse me
afastando.
Que patético.
-Para de cena, está na sua cara que é louco por mim e que me quer. Na
verdade, não só na sua cara – falei apertando o brinquedinho dele.
Ele gemeu de prazer.
-Não quero você só por uma noite, não quero ser só mais um. Eu te amo,
nunca te esqueci. Você é o amor da minha vida e eu voltei para te reconquistar
– falou decidido.
Não aguentei e comecei a rir.
-E eu quero esse seu corpinho gostoso, agora – falei indo para cima dele.
Joguei ele na cadeira mais próxima e sentei em cima.
Agora ele não me escapa, beijei sua boca e rebolei em seu colo o deixando
louco.
Depois comecei a distribuir beijos e chupões por seu pescoço e colo, fui
abrindo os botões da blusa dele.
-Espera, você está louca? Estamos na cozinha da casa do Logan, pode chegar
alguém – disse apreensivo.
Ele tentou se esquivar, mas não o deixei sair.
-Problema de quem aparecer que vai ficar chupando o dedo e morrendo de
inveja – soltei.
Voltei a beijar essa boca maravilhosa, mas já não estava mais contente só com
a boca, quero mais.
Terminei de abrir os botões da blusa dele e dedilhei o peitoral até o cós da
calça.
-Para Diana, assim não – ralhou irritado.
Ele conseguiu me tirar do colo e se levantar.
-Que saco, como você é chato. Deixa de se fingir de puritano, eu sei que você
não é nenhum santo – esbravejei.
Não acredito que ele vai inventar de ser careta logo agora. Ele quer enganar
quem com essa cena?
Ele morou sozinho em Londres, sem falar que todas as convenções puritanas
se acabam no momento que se entra na universidade, ele já se formou, santo
ele não é. Nem quando namorávamos ele era. Se fingia de garoto exemplar,
sempre respeitoso, mas tudo não passava de uma fachada. Ele se fingia de
certinho para mim e para a família dele, mas na verdade era um cafajeste.
Tenho certeza que a Emily não foi a única com quem ele me traiu.
-Eu não sou nenhum puritano e muito menos santo, mas não quero ser
flagrado por ninguém e muito menos que algum engraçadinho filme e jogue na
internet, não nasci para estrelar filme pornô e prezo pela minha intimidade –
reclamou.
Se o problema é esse....
-Quarto é o que não falta nessa casa, agora vem comigo e para de cena – falei.
Fomos para o andar de cima e Filippo me levou para o quarto que ele
costumava ficar quando dormia na casa do Logan.
Quando entramos eu tranquei a porta e o joguei na cama.
-Espera Diana, nós ainda não terminamos nossa conversa – falou tentando
levantar.
Que saco! Será que ele não sabe ser homem?!
-Eu não quero papo, quero sexo. Agora usa essa boquinha linda para outra
coisa que já estou cansada da sua voz – ralhei.
Não deixei ele falar mais nada, comecei a beijar o corpo dele inteiro tirando sua
roupa e aproveitando cada parte daquele corpo gostoso. Ele é ainda melhor do
que eu pensava, devia ser proibido ser tão gostoso.
Beijei cada gominho da barriga dele e fui em direção ao “caminho da
felicidade”, ele já estava apenas de boxe preta. Não perdi mais tempo e tirei
sua cueca o deixando completamente nu.
Fiquei de queixo caído, ele não é um parquinho de diversões, é a Disneylândia
toda. Aproveitei bastante aquele paraíso todo.
Um tempo depois cansei das preliminares e parti para a ação de verdade, já
estava “subindo pelas paredes”.
Tirei toda a roupa e ele ficou babando, deixei que me admirasse um pouco.
Ele me beijou inteira, mas eu já estava cansada de beijos e toques, quero ele,
agora.
Demonstrei a ele o que eu queria.
-Vou pegar o preservativo na minha carteira – falou tentando levantar.
Que saco, será que ele não percebe que estou cansada de esperar?
-Eu quero agora – falei o jogando de volta na cama.
Ele ainda tentou resistir, mas o fiz desistir.
Ele me fez sua e fui maravilhoso, era como se eu estivesse sufocando e de
repente voltasse a respirar no momento em que ele me tomou em seus braços.
Fizemos várias vezes e depois caímos exaustos na cama, dormi em seus
braços, plena e completamente satisfeita.

Primeiro ato: prolongo.

Aos poucos fui retomando a consciência, estava sem forças para acordar e
toda dolorida, era como se eu tivesse corrido uma maratona ou sido pisoteada
por elefantes, estava exausta.
A cama estava quentinha e aconchegante, eu não queria levantar e enfrentar
um novo dia, queria ficar nesse paraíso acolhedor para sempre.
Mas, como querer não é poder, o jeito foi abrir os olhos e enfrentar a vida.
Por causa da claridade meus olhos arderam e quase não consegui abrir.
Que droga, esqueci de fechar as cortinas.
Para piorar minha cabeça começou a dá pontadas. Ótimo, para completar,
minha querida amiga de longa data, a ressaca, resolveu dar o “ar da sua
graça”, mais uma vez. Seja bem-vinda.
Quando finalmente consegui abrir os olhos percebi que não estava em meu
quarto. Não era o meu quarto na casa do meu avô nem o meu quarto no meu
apartamento. Onde estou?
Levantei meio trôpega e ainda sem enxergar direito, minha cabeça latejava
muito e meus olhos ainda não se acostumaram com a claridade.
Foi quando lençol caiu que tomei um baita susto, o maior da minha vida. Eu
estou completamente nua e isso não é o pior, tem um SER na cama. Um ser
do sexo MASCULINO.
Peguei o lençol para me enrolar e acabei descobrindo ELE, como eu já
imaginava, ele também está do jeito que veio ao mundo.
Mas, o corpo dele nu não foi a única coisa que vi quando puxei o lençol, tinha
algo bem pior. A cama estava manchada de sangue e isso só pode significar
uma coisa, MINHA VIRGINDADE.
Respirei fundo, pedi ajuda a Deus e meu paizinho que está no céu, fui olhar
QUEM é o desnudo.

Terceiro ato: susto.

Quando vi quem era meu mundo caiu.


ISSO SÓ PODE SER UM PESADELO!
EU NÃO POSSO TER PERDIDO MINHA VIRGINDADE COM O FILIPPO!
NÃO, ELE NÃO, É CRUEL DEMAIS!
-ACORDA SEU IDIOTA – gritei o mais alto que pude.
Ele acordou desnorteado.
Ainda não acredito que depois de tudo que sofri por ele acabei me entregando!
Perdi minha virgindade justamente com o homem que mais odeio no mundo, o
homem que me fez desistir do amor, o homem que me tornou fria, que tirou
minha alegria de viver, a minha esperança nas pessoas, que me fez descobrir
a realidade da maneira mais cruel, que destruiu todos os meus sonhos.
Ele me destruiu, me reduziu a cinzas, nunca mais fui a mesma depois que o
peguei com a Emily e agora estou aqui, em um quarto qualquer, com ele, sem
roupas e sem lembrar de nada do que aconteceu, apenas uma mancha de
sangue para me dizer que perdi, perdi meu último sopro de esperança, a única
coisa que me restava, a minha virgindade.
Eu tinha resistido, mesmo desiludida e em farrapos eu não tinha me entregado
a ninguém. Nem nos meus momentos de fuga, de cair de bêbada, eu não me
entreguei.
Mas e agora? O que será que aconteceu? Como eu fui me entregar justamente
a ele? Nem bêbada eu faria isso.
Ele só pode ter me dopado, é isso, ele me dopou, por isso eu não lembro.
Vieram à minha mente algumas recordações embaçadas e fragmentadas.
Eu não me sentia bem, Lilian tentou me ajudar e depois Filippo apareceu
pedindo para conversar, eu aceitei e depois disso não lembro mais de nada.
Depois disso é só escuridão.

-Ei, Diana. Estou falando com você. Por que me acordou aos berros? – disse
Filippo chamando minha atenção.
Tentei me controlar para não arrancar o pescoço dele.
-O que você queria? Café da manhã na cama e beijos? – ralhei irritada.
Ele se espreguiçou, nem ligou que não tinha nenhuma peça de roupa cobrindo
o corpo.
-Seria adorável, mas não faz o seu tipo. Ou melhor, não combina com a nova
Diana. Vou tomar banho, quer vir? – convidou.
Como ele pode ser tão sínico?
Como eu não falei nada ele foi sem mim, não tive como não olhar para aquela
bunda, afinal, aquilo não é uma bunda é um monumento.
Que droga Diana! Ele se aproveitou de você e você ainda fica secando a bunda
dele?!
Aproveitei enquanto ele tomava banho para colocar minha roupa de volta,
ainda bem que ela estava no quarto.
Enquanto esperava por ele tentava lembrar de mais alguma coisa, mas não
conseguia.
Ele saiu logo do banheiro apenas com uma toalha enrolada na cintura.
É hora do confronto.
-O que fez comigo? – confrontei.
Ele me olhou confuso.
-O que eu fiz com você? É mais fácil dizer o que você fez comigo, isso sim –
soltou.
Ele foi pegar a roupa que estava espalhada pelo chão.
-Não seja sínico! Eu te odeio Filippo Fassoni, jamais iria para cama com você
por vontade própria! – ralhei.
Ele gargalhou.
-Vontade foi uma coisa que não lhe faltou na noite passada. Se está querendo
insinuar que me aproveitei de você está bastante equivocada. Se teve alguém
que se aproveitou, e muito, foi você – falou sério.
Eu estava tentando me controlar, mas está ficando difícil. Estou quase para
esganar ele.
-Eu jamais transaria com você, por mais bêbada que estivesse, até porque eu
era virgem e você era o último homem no mundo com quem eu perderia minha
virgindade! – gritei.
Tentei segurar as lagrimas, mas não conseguia, era humilhante demais dizer
em voz alta.
-Virgem? Você só pode estar brincando comigo. Depois de praticamente me
obrigar a fazer sexo com você vem fazer essa cena toda? Nunca pensei que se
transformaria em uma vadia manipuladora – falou abismado.
Vadia manipuladora? Como ele pode me chamar assim depois de ter me
drogado para me levar para cama?
-E você é um sacana com requintes de crueldade, um estuprador! E eu tenho a
prova de que não estou mentido – falei mostrando a mancha de sangue.
Ele ficou chocado.
-Como...não...não é possível, você deve ter se cortado e manchado a cama de
sangue. Você não pode ser virgem, não depois de ter agido daquele jeito –
falou mais para si do que para mim.
Como ele ousa pensar isso de mim?
-Pense o que quiser, não me importo com sua opinião. Você já era a escória
para mim e agora mais do que nunca eu te odeio. Eu não quero te vê nunca
mais – falei furiosa.
Eu ia sair, mas ele me puxou pelo braço.
-Então é esse seu objetivo? Quer me culpar, me colocar como o “lobo mal da
história”, se arrependeu de ter transado comigo e fez essa cena toda para que
todos pensem que eu te forcei – falou revoltado.
Do que esse louco está falando? O que ele pretende se fazendo de vítima?
-Eu não posso me arrepender de uma escolha que nunca fiz. E com certeza a
culpa é sua, porque para isso ter acontecido você me dopou e abusou de mim
enquanto eu estava inconsciente – falei ríspida.
Ele ficou furioso.
-Eu jamais faria algo assim, muito menos com você. Tudo que eu queria era
me explicar e te convencer de que tudo foi armação da Emily, eu nunca te traí
com ela. Foi você que não quis me ouvir, que me seduziu – ralhou.
-O que? De onde tirou isso? – esbravejei.
-Eu fui um idiota em achar que poderia te reconquistar, eu me deixei levar por
você. Eu senti tanto a sua falta, não consegui te esquecer. Quando você
começou a me beijar eu não resisti e acabei fazendo o que você queria – falou.
-Agora quem está fazendo cena é você! Você nunca aceitou não ter
conseguido transar comido e colocou algo na minha bebida para me dopar e
depois veio com essa historinha de conversa para ficar sozinho comigo –
ralhei.
-Não precisa inventar essa história absurda para me afastar. Agora sou eu que
não quero nunca mais olhar na sua cara. Você não é a minha Diana, não é a
garota doce por quem me apaixonei. É uma versão sombria dela, sem alma –
falou enojado.
-Isso foi o que sobrou depois que você destruiu minha alma, apenas um corpo.
Quando eu estava conseguindo me reerguer você veio e destruiu tudo de novo.
E eu não estou inventado nada! – gritei.
-Eu não te forcei a nada, a única coisa que fiz e me arrependo foi ceder ao seu
capricho, agora eu vejo que só o que você queria era sexo. Você só queria o
meu corpo e não se importa com os meus sentimentos – falou magoado.
-Se acha que vai me manipular porque eu não lembro de nada está enganado.
Eu já fiquei bêbada várias vezes e nunca esqueci o que fiz ou perdi o controle,
até porque eu não bebi quase nada ontem – joguei.
Ele me olhou confuso.
-Como assim não lembra? Você está falando sério? – perguntou abismado.
-A última coisa que me lembro é de estar na cozinha da casa do Logan
conversando com você. Depois disso é tudo escuridão – contei.
Ele ficou pensativo.
-Isso só pode ser parte do seu plano, é isso. Tudo isso foi um plano seu, está
querendo se vingar de mim, vai me acusar de ter te dopado e te estuprado.
Você nunca me perdoou e aproveitou a chance para se vingar, é isso – falou.
-Deixa de ser patético, eu não quero vingança e sim distancia de você, jamais
me submeteria a algo tão baixo. Até porque, mesmo que você não acredite, eu
era virgem e não perderia minha virgindade com você, nem por vingança –
soltei.
-Se você quer se fingir de vítima problema seu. Eu estou bem com a minha
consciência, sei que não fiz nada de errado. Se quer vingança vá em frente.
Você já me decepcionou mesmo, uma decepção a mais uma a menos não faz
diferença – falou cansado.
-Eu já disse que não arquitetei plano nenhum de vingança, muito pelo contrário!
Você que armou para transar comigo, por vingança ou desejo reprimido, não
sei! – gritei furiosa.
-Diana, eu cansei dessa história. Se o que quer é que ninguém saiba não se
preocupe, eu não vou contar. Não gosto de expor minha vida intima, muito
menos a de outra pessoa – encerrou.
-Eu também cansei de você se fazendo de bom moço e ainda me caluniando.
Tentando me convencer de que a culpa é minha. Eu sei que jamais ficaria com
você e nada que me disser vai me convencer do contrário – falei decidida.
-Realmente, você mudou muito. É uma menina mimada e dissimulada, queria
transar comigo, mas é orgulhosa demais para admitir. Quando acordou
inventou essa história ridícula de que eu te dopei para sair como vítima. Se o
que queria era uma noite comigo já teve, agora pode inventar o que quiser para
quem quiser, o importante é que eu sei o que realmente aconteceu. E você
Diana, se tornou tudo que eu mais abomino em uma mulher. Tudo que eu
queria era te reencontrar, me explicar e voltar com você, mas agora eu quero
distancia – discursou.
Bati palmas.
-Que discursinho mais lindo e digno, se pensa que vai me enganar com essa
cena de “homem de caráter” pode desistir. Tem razão quando diz que sabe o
que realmente aconteceu, você sabe o que fez e espero que nunca mais durma
em paz com peso na consciência por ter dopado uma mulher para conseguir
transar com ela. Você não é o homem que eu pensava que era, na verdade
nunca foi, você me enganou desde sempre e eu como uma idiota acreditei.
Emily não foi a primeira e não seria a última, se eu não tivesse descoberto.
Você iria para a faculdade e me trairia com várias, enquanto eu ficaria te
esperando e acreditando em todas as suas promessas – joguei na cara dele
tudo que estava “entalado na garganta”.
-Pense o que quiser de mim, não adianta me explicar para quem não merece.
Adeus Diana, espero que quem fique com o peso na consciência seja você –
encerrou.
Ele saiu e me deixou sozinha no quarto.

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