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Imposition

Silânia Gonçalves

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Capítulo 1

Estava com meus fones de ouvido no volume máximo, tentando fazer com
que a música abafasse meus pensamentos, mas nem a bateria da música de metal mais
pesada conseguia me fazer parar de pensar em todos os meus problemas, todos de uma
vez e desordenados.
Tinha passado o dia procurando emprego colocando meu currículo em todos
os ligares possíveis, até como garçonete eu tentei, mesmo sendo formada e tendo feito
muita coisa durante minha graduação.
Eu era uma aluna excelente, sempre com boas notas e muito engajada,
várias atividades extracurriculares e ótimos estágios no currículo, porém, dois anos
afastada do mercado de trabalho estavam dificultando que as empresas me
contratassem.
Afinal, uma publicitária parada a dois anos estava “enferrujada”, por melhor
que eu fosse meu currículo, eles não queriam arriscar.
Estava saindo da última empresa que fui, era o grupo Aporc International,
era uma transnacional que trabalhava com energia eólica, apesar de sua sede ser aqui
nos Estados Unidos, seus parques eólicos estavam instalados na América do Sul,
principalmente no Brasil. Eu já havia estudado sobre energias renováveis e
principalmente o marketing que havia entorno delas e eu me interessava muito pelo
assunto. Inclusive, cheguei a fazer trabalhos tendo o Aporc como objeto de estudo.
Claro que não concordo com a política deles e os criticava em meus
trabalhos, mas sempre sonhei em trabalhar em uma empresa desse porte. Mas,
claramente, mal me olharam e disseram não, nem chegando a olhar direito meu
currículo.
Eu estava bem-vestida, claro que com roupas de liquidação, mas estava
adequada ao ambiente, calça social, blusa social branca e blazer, cabelos presos em um
coque alto e sapatilhas pretas.
Porém, o ambiente era muito chique e requintado, até as recepcionistas
estavam bem-vestidas e elegantes. Mas ninguém se comparava a mulher que me
atendeu, quando a vi senti admiração, com certeza eu queria ser assim no futuro. Bonita,
elegante e segura de si.
Todos a tratavam com maior respeito e admiração, cheguei a pensar que
fosse a dona da empresa ou até mesmo uma das acionista, mas descobri que ela era o
braço direito do acionista majoritário e que tudo na empresa passava por ela antes de
chegar a ele.
A mulher loira natural de belos olhos azuis e corpo escultural se chamava
Olivia Crown, devia ter mais de 30 anos, para chegar no patamar que ocupava, mas sua

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aparência era de uma mulher bem cuidada, daquelas que fazem de tudo para não
envelhecer.
Me senti um zero a esquerda perto dela, uma simples garotinha de 24 anos,
com nenhum atrativo magra e alta, de cabelos castanhos e olhos castanhos, sem graça.
Com menos de cinco minutos de conversa (o tempo que ela levou para me
enxotar) minha admiração caiu por terra. O que ela tinha de bonita tinha de arrogante.
As pessoas não a respeitavam e admiravam como eu pensava, tinham medo dela.
Ela foi insuportável comigo, me destratou e humilhou, ridicularizou meu
currículo e chegou a perguntar se eu tinha filhos (ela achava que esse era o motivo da
pausa de dois anos).
No final, saí sem nem terminar a entrevista, não seria humilhada dessa
forma, posso ser pobre, mas tenho meu orgulho. Eu lutei muito para estudar e me
formar, abri mão de viver para chegar até aqui, não vou deixar ninguém me humilhar.
Saí tão descontrolada que não conseguia enxergar direito, estava lutando
contra as lagrimas. Só ouvi o barulho e senti o impacto.
Uma carro blindado preto e muito chique tinha me atingido, eu caí sobre
meu braço e senti uma dor lancinante.
-Não se mecha, pode piorar a situação – disse um senhor de meia idade.
Ele já estava começando a ficar grisalho, mas era grande e forte, me ajudou
a levantar e me levou até o carro.
-Desculpa, eu não vi o carro – falei choramingando.
Era só o que me faltava, agora além de desempregada estou machucada.
-Senhor Warcraft, sinto muito, mas a moça está muito machucada e precisa
ir com urgência ao hospital – disse o senhor bastante preocupado.
Pela dinâmica dos dois dava para perceber que o que estava me ajudando
era o motorista e o homem a quem ele se reportava era o patrão.
Era um belo homem, devia ter seus 30 anos, mas era fechado, Apesar de ser
loiro de olhos azuis, sua beleza não era angelical, ele tinha um rosto anguloso e
másculo, postura séria.
-Não temos culpa se a senhorita resolveu se jogar na frente do meu carro,
chame uma ambulância e já estará fazendo muito por ela – disse frio.
O homem ficou abalado.
-Mas senhor, olhe o estado do braço dela, por favor, vamos ao menos deixar
a garota no hospital mais próximo, prometo que será rápido – pediu.
Ele suspirou.
-Tudo bem Ravi, mas farei isso por você – terminou.

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Ravi me ajudou a entrar no carro, por mais que eu quisesse ir embora dali,
depois de tudo que aquele homem arrogante e prepotente disse, eu não conseguia, a
cada minuto que passava meu braço doía mais.
Quando olhei direito, percebi que estava curvado de um jeito estranho, com
certeza estava quebrado.
Fui o caminho inteiro com o maxilar travado, segurando o choro, tudo
girava e eu sei que desmaiaria a qualquer momento.
Eu só queria chegar logo ao hospital, não só para ser socorrida, mas para
ficar longe daquele homem.
Tentei ao máximo não olhar para ele, mas sentia seu olhar fulminante em
mim, parecia que queimar.
Quando chegamos, na pressa de fugir da situação fui abrindo a porta com as
forças que me restavam, mas antes que eu conseguisse terminar de sair do carro minhas
forças faltaram e eu caí.

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Capítulo 2

Acordei estava em um local branco e ouvi um barulho de bipe irritante.


-Abby, finalmente acordou, pensei que não acordaria mais – disse uma voz
irritada.
Era Rachel, minha irmã mais velha. Na verdade, meia irmã. Sua mãe faleceu
quando ela era pequena e o pai dela se casou com a minha mãe, depois eu nasci.
Meus pais morreram quando eu tinha 16 anos e ela tinha 26, temos 10 anos
de diferença. Quando meus pais morreram fui morar com minha avó materna, que
sempre me amou muito e de quem sempre fui muito próxima.
Ela já era idosa e doente, fiz de tudo para continuar cuidando dela enquanto
estava na universidade, esse foi o motivo de ter escolhido uma universidade próxima de
casa. Porém, quando me formei, ela piorou, sofreu um acidente e estava sem andar, tive
que abandonar minha carreira e cuidar dela. Esse foi o motivo de ter passado dois anos
fora do mercado de trabalho, mas eu não gostava de contar essa história, não queria que
tivessem pena de mim, quero ser contratada pela minha capacidade.
Após a morte da minha avó, tive que morar com minha irmã, o nojento do
marido dela e os dois filhos pequenos. Como minha avó gastou todas suas economias e
teve que hipotecar a casa para pagar seu tratamento, quando ela morreu o banco
executou a dívida e eu fiquei na rua, tendo que recorrer a minha única parente viva.
Minha irmã, mesmo contra sua vontade (nunca fomos próximas), me
acolheu. Ela odiava a mim e a minha, achava que tiramos o nosso pai dela. Por mais que
minha mãe sempre tenha sido boa para ela, a mesma não aceitava a morte de sua mãe e
não aceitava a nova família do pai.
Logo que fez 18 anos Rachel se casou com o namorado da escola e foi
embora, aparecendo apenas em datas comemorativas. Depois da morte do nosso pai só
tivemos contato na partilha de bens (a casa do nosso pai que foi vendida e o dinheiro
dividida para nós duas).
Como eu usei o dinheiro da venda da casa para financiar meus estudos
(mesmo com bolsa eu precisava me manter), o dinheiro já tinha acabado quando minha
avó faleceu.
Por isso eu estava tão desesperada em procurar emprego, além de viver de
favor na casa da minha irmã, eu tenho muitas dívidas e não tenho como me manter.
Além da minha relação complicada com minha irmã, ainda tem o marido
dela. Que está sempre procurando uma oportunidade para dar em cima dele mim, ela

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acha que já que estou vivendo as suas custas (minha irmã não trabalha), tenho que fazer
tudo que ele quiser (agrados sexuais). Minha irmã ao invés de me proteger fica com
ciúmes porque o marido tem desejo por mim.
Eu busco passar o máximo de tempo possível fora de casa, quando estou lá,
faço de tudo para ajudar ela e ser útil, limpo a casa, lavo roupas e ajudo a cuidar das
crianças (dois meninos, um de 4 e outro de 6).
Mas para ela nada disso é suficiente.

-O que aconteceu, Rachel? Onde eu estou? – perguntei desnorteada.


Não lembrava de nada.
-Você não teve o que fazer e foi atropelada, para completar, quebrou o braço
e teve que passar por uma cirurgia. Que obviamente, não temos como pagar – jogou e
saiu irritada.
Era só que me faltava, mais dívidas. Tenho que sair daqui o mais rápido
possível, as taxas médicas são caríssimas.
Pouco tempo depois um senhor grisalho entrou no meu quarto empurrado
uma cadeira de rodas com um senhor bem idoso nela.
Reconheci Ravi e lembrei do acidente.
-Ravi? Você ainda está aqui? Desculpa o incomodo, espero não ter causado
problemas com seu patrão – falei preocupada.
O senhor que estava com ele sorriu de forma doce.
-Não se preocupe, ele está comigo e meu filho jamais brigaria com o Ravi.
Sei que ele tem aquele jeito arrogante, mas é só fachada. Eu sou Walter Warcraft – disso
o senhor risonho.
Apesar da aparência abatida, ele tinha belos olhos azuis e com certeza já foi
muito bonito quando jovem.
-Abigail Jones – falei para os dois.
A essa altura Ravi já deve saber meu nome, mas nunca me apresentei.
-O senhor Warcraft faz tratamento neste hospital, ele fez questão de
conhecer a senhorita quando lhe contei que a moça do acidente estava internada aqui –
explicou Ravi.
Foi aí que ele me contou que eu estou internada a mais de dois dias, fiquei
desacordada porque estava muito fraca e anêmica.
Claro, como passo o dia fora procurando emprego e fugido do meu
cunhado, não me alimento, não tenho dinheiro para isso. Rodo a cidade a pé, não tenho
dinheiro para a condução.

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Ravi contou que quando eu desmaiei ele não pode me deixar aqui sozinha,
entrou comigo e procurou nos meus pertences algum contato de emergência, foi assim
que ele localizou a minha irmã. Só saiu do hospital quando ela chegou.
Pelo que o Sr. Walter disse (ele me obrigou a chamá-lo pelo primeiro nome),
o filho dele Ethan (agora sei o nome dele) ficou furioso e teve que pegar um taxi para
voltar para casa e foi assim que ele ficou sabendo do acidente.
Como todos na família gostam muito do Ravi, ele não foi demitido nem
sofreu nenhuma consequência. Mas Walter ficou muito interessado na história, achou
um gesto de bravura de Ravi me ajudar.
Eu contei a eles minha história, me senti tão acolhida e amada como não me
sentia desde a morte da minha avó.
A conversa estava tão boa, que eu contei tudo pelo que estou passando e até
mesmo sobre meus pais, coisas que não conto a ninguém.

-Abby, o Jack está aqui, veio me buscar e quis lhe vê, agora que acordou –
disse Rachel com cara de paisagem.
Ela devia estar furiosa, faz de tudo para deixar o marido o mais longe o
possível de mim. Com certeza ele veio contra a vontade dela e ela ficou aqui para que
não ficássemos a sós.
Como Ravi e Walter estavam no quarto ela não pode mostrar sua raiva.
Jack entrou cheio de sorrisinhos, mas ficou surpreso ao ver os dois senhores.
-Cunhadinha, fico feliz que esteja recuperada, não imagina como faz falta na
nossa casa – disse Jack tentando passar a mão em mim.
Eu o afastei.
-Imagino – falei seca.
-E vocês? Quem são? Pensei que Abby e Rachel não tivessem mais parentes
– comentou.
Foi Rachel quem respondeu.
-Esse senhor quem atropelou a Abby e o outro não sei quem é – disse
Rachel desinteressada.
Foi minha vez de falar.
-Ravi não me atropelou porque quis, a culpa foi minha, estava distraída. E
esse senhor é o Walter, ele veio me visitar – relatei.
Não queriam que eles soubessem quem o Walter eram, com certeza seriam
irritantes o bajulando e aposto que ele não gostaria.

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-Já estamos de saída, espero que receba alta logo Abby e se recupere bem –
disse Ravi.
Ele tinha um ar acolhedor, bem de pai.
-Foi um prazer conhecer você, é uma mocinha muito gentil e educada –
elogiou Walter.
Eles saíram.
-Só o que faltava, esse velho babão atras da nossa Abby – comentou Jack
com raiva.
Me controlei para não dizer que o único velho babão agras de mim era ele
(ele tem 40 anos enquanto eu tenho 24).
Minha irmã namorava com ele desde que estava no último ano e quis logo
se casar para sair de casa. Como ele já trabalhava (ele é contador) ela o escolheu.
-Acho melhor a gente ir, temos que buscar as crianças e a Abby precisa
descansar – disse Rachel levando o marido.

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Capítulo 3

Fiquei mais quatro dias no hospital, contra a minha vontade. Disseram que
devido a minha saúde debilitada não poderiam me deixar sair sem fazer um check up
completo. Até exames ginecológicos eles fizeram, ainda bem que a médica era muito
gentil e me tratou muito bem. Como sou virgem, fiquei muito tensa.
Sim, tenho 24 anos e sou virgem. Não que eu esteja me guardando ou algo
do tipo, apenas não apareceu a pessoa acerta. Até porque, eu estava muito ocupada
estudando e cuidando da minha avó.
Antes de dormir pesquisei sobre a família Warcraft, para minha surpresa,
eles faziam parte da nobreza britânica, pensei que o sucesso do grupo Aporc se desse a
transnacional, mas era apenas o sucesso recente, eles vieram da Inglaterra onde tinham
propriedades rurais e várias outras empresas de exportação e muito mais. Inclusive,
soube que o Sr. Walter é um conde inglês, fiquei admirada, ele é tão simples, nunca
imaginei. Mas é como dizem, verdadeiros ricos não são esnobes.

Finalmente recebi alta, nem acredito.


Como sempre Rachel está atrasada, com certeza quer estar bem longe na
hora que eu for acertar a conta do hospital. Eu sei que ela jamais me emprestaria o
dinheiro, até porque ela não tem e eu jamais pediriam ao Jack, sei muito bem como ele
iria cobrar.
Fui à administração, vou ter que fazer um empréstimo no banco, mas não sei
como. Meus cartões estão vencidos e tenho altas dívidas.
Porém, quando cheguei lá, estava tudo pago.
-A senhorita foi atropelada pelo motorista do Grupo Aporc, sua conta foi
paga pela empresa – informou a moça.
Saí desnorteada.
-Senhorita Abby, vim lhe buscar – disse Ravi.
Ele estava contente.
-Ravi, muito obrigada, mas não precisa, minha irmã está vindo. Ravi, diga a
Walter que assim que eu conseguir um emprego pagarei tudo a ele, com juros e correção
monetária. Não precisava ele ter pago minha conta, vocês não tiveram culpa do meu
acidente – falei.
Ele ficou surpreso.

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-O senhor Walter não pagou sua conta do hospital, ele me pediu para vir lhe
buscar e verificar se a senhorita estava, me pediu para lhe oferecer o dinheiro, mas não
pagou sua conta. Sabia que a senhorita ficaria chateada – contou.
Se ele não pagou? Quem foi?
Nessa hora Rachel chegou.
-Ravi, minha irmã chegou, vou com ela, não quero que ela saiba de nada.
Mas fui à administração, o grupo Aporc pagou minha conta médica, como se meu
acidente fosse culpa do grupo – contei.
Ele ficou surpreso.
-Se foi assim, só pode ter sido o Sr. Ethan. O Sr. Walter está afastado do
grupo a algum tempo. Se ele tivesse pagado estaria no nome dele, não no da empresa –
explicou.
Fiquei em choque.
Não pode ser! Aquele arrogante prepotente.
-Eu não posso aceitar, mesmo que fosse o Sr. Walter, eu não poderia, muito
menos aquele arrogante do filho dele, que me tratou como se eu fosse lixo – falei
furiosa.
Rachel estava vindo até nós.
-Se já está pago, não tem o que fazer – respondeu.
Isso não vai ficar assim.
-Diga ao seu patrão que eu vou pagar, nem que tenha que trabalhar de
faxineira, mas pagarei tudo – falei.
Encerramos o assunto com a chegada da minha irmã, ela me buscou e fomos
para casa.
-Se já não conseguiu emprego antes, imagina agora com esse braço doente.
Aliás, como pagou a conta do hospital? E o que aquele homem fazia lá? Está tendo um
caso com ele? – perguntou quando chegamos.
Eu já estava com dor de cabeça de tanto que tinha pensado no que aconteceu
no hospital.
-Eu fiz um empréstimo no banco. O Ravi é só um amigo, ficou preocupado
comigo e ele me vê como uma criança, o que é o certo para um homem na idade dele –
falei seca.
Nem todos os homens são como o Jack.
Fui para o meu quarto, ainda estou drogada dos remédios e com muitas
preocupações.

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Os dias que se seguiram foram os piores, tive que aguentar as piadinhas da
minha irmã e indiretas do meu cunhado. Como ainda estou me recuperando, não posso
procurar emprego.
O máximo que estou fazendo é ajudar a cuidar do Luca e do Bernardo, que
são uns amores, adoro meus sobrinhos, as únicas pessoas que me amam (mesmo que
minha irmã tente colocar os dois contra mim).
São dois moleques magrelos e cabeçudos, brancos de cabelos e olhos
negros.
Um dia estava voltando com eles da escola (era perto da casa da minha irmã
e eu estava indo buscar e deixar os dois), vi um carro preto parado na esquina.
Conheço esse carro.
-Senhorita Jones, que bom que está bem. E esses lindos meninos, quem são?
– disse Ravi.
Como certeza ele ainda estava preocupado e veio me fazer uma visita.
-Estou bem, obrigada. Esses são meus sobrinhos. Luca é o mais velho, tem 6
anos e Bernardo o mais novo, tem 4 anos – apresentei.
Os meninos, muito educados, acenaram para ele.
-Eu não vi aqui apenas para lhe vê, vim em uma missão, o Sr. Warcraft quer
falar com a senhorita – explicou.
Nossa, Walter gostou mesmo de mim.
-Por falar no Sr. Walter, como ele está? – perguntei.
Ravi ficou um pouco confuso.
-Ele está bem, pelo menos na medida do possível em sua doença. Mas é o
Sr. Ethan que quer lhe encontrar. Disse que tem assuntos pendentes com a senhorita –
explicou.
A dívida, parece que finalmente ele veio cobrar, bom, eu pago nem que seja
pra ser faxineira. Meu braço está quase totalmente recuperado, eu consigo.
-Entendo, deixarei os meninos em casa e volto em 10 minutos – falei.
Levei os garotos e disse a minha irmã que sairia para uma entrevista de
emprego, não é bem mentira.
Peguei minha bolsa e estava saindo.
-Vai para a entrevista de emprego desse jeito? Não me estranha ninguém
querer contratar você – soltou.
Eu estava de jeans, tênis, moletom e jaqueta.
-No emprego o que importa é minha capacidade intelectual, não minha
aparência – menti.

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Sei que tenho que ter boa aparência para as entrevistas de emprego, mas
para ser a faxineira do Grupo Aporc minha roupa está ótima. Se bem que estando lá
dentro, posso mostrar minha capacidade e subir de cargo, claro, se não depender da Sra.
Crown.

Capítulo 4

Fui encontrar Ravi, no caminho conversamos sobre ele, que me contou um


pouco mais da sua vida. Ele era de uma família de imigrantes indianos, trabalhava para
a família Warcraft desde muito novo, os tinha como sua própria família.
Ele tinha uma filha de 18 anos, mas estava divorciado da esposa. Ele amava
muito a filha, mas brigava muito com a ex esposa e isso atrapalhava a relação com a
filha.
Ele disse que eu lembro sua filha, por isso ficou tão preocupado quando me
viu caída e machucada.
Chegamos em um condomínio fechado, era muito chique, um prédio
enorme.
-Senhorita, pode subir, ele a aguarda. Estarei aqui para levar a senhorita para
casa. Ah, vá até a cobertura, é lá que o Sr. Warcraft a aguarda – explicou.
Fiquei tensa, pensei que iria para o grupo Aporc, não para a casa da família
Warcraft, Rachel tinha razão, eu devia ter me vestido melhor.
Provavelmente Ethan deve achar que não sirvo nem para ser faxineira da
empresa, vai me colocar como faxineira da casa. Pelo menos Walter estará por perto e
poderemos conversar mais, sei que a tarde que passamos juntos no hospital fez bem a
ele.
O prédio tinha mais de 20 andares, quase não cheguei à cobertura.
Quando fui bater à porta, percebi que estava aberta.
Entrei e não vi sinal de ninguém, nem empregados nem moradores.
Segui até uma porta aberta, devia ser o escritório.
-Pode entrar, senhorita Jones – disse uma voz masculina fria.
Era ele, Ethan Warcraft.
Entrei bastante nervosa, o escritório era grande e cheio de livros, mas
nenhum objeto pessoal ou fotos de família.
-Estou aqui como solicitou. Estou disposta a pagar minha dívida com o
Grupo Aporc, nem que seja como faxineira. Mesmo que eu seja formada, mas tenho
certeza de que não estou no perfil da sua empresa, não vou me iludir que queira me

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contratar para algo nesse nível. Mas estou disposta a trabalhar no que for – falei de uma
vez.
Não vou deixar que ele me humilhe, já sei que estou em suas mãos e tenho
que pagar essa dívida.
-Bom, que bom que está tão bem-disposta e sabe seu lugar. Mas não será
faxineira da empresa, não é esse o cargo que tenho em vista – falou.
Ele era insondável, não dava para perceber nada, seu olhar era frio e
calculista, suas expressões neutras.
-Entendo, imaginei que não confiaria em mim nem para o cargo de faxineira
da empresa, mas tudo bem. Eu posso trabalhar aqui como faxineira, terei prazer em
servir sua família – falei.
Se ele pensa que algo que disser vai me humilhar está enganado, vim
preparada para tudo.
-Primeiro que essa não é a casa da minha família, é meu apartamento
privativo, venho aqui quando quero privacidade. Segundo que não quero que seja
faxineira, tire isso da cabeça, parece um disco arranhado – falou cansado.
Pela primeira vez ele esboçou reação, aprece já está cansado de mim.
-Então o que quer de mim? Qual o cargo que tem a me oferecer? – perguntei
nervosa.
Não vou me iludir que ele queira me colocar como estagiária ou algo do tipo
no escritório.
-Minha esposa – falou sério.
Eu quase desmaiei.
-O que? Você só pode estar brincando, você não me suporta – falei
exasperada.
Ele suspirou.
-Infelizmente não. Eu preciso de uma esposa e pela tradição da minha
família, ela precisa ser virgem. Você foi a única virgem maior de idade que encontrei,
afinal, não posso me casar com uma criança. Além disso, meu pai gostou de você, o que
facilita minha vida – explicou.
Como assim esposa virgem?
A conta do hospital! O check up!
-Foi você! O check up não era uma necessidade do hospital, você me
manteve lá e me mandou fazer todos aqueles exames! – ralhei furiosa.
Ele não tinha esse direito.

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-Por favor, fiz um favor a você, jamais se recuperaria naquela casa, sem se
alimentar direito e sem descanso. E quanto ao check up, eu precisava saber se era
mesmo virgem e se não tinha doenças. Preciso de uma esposa saudável e que possa me
dar filhos saudáveis – jogou.
Filhos? Esse homem só pode estar louco.
-Você não tinha o direito! Eu posso estar em dívida com você, mas não sou
nenhuma prostituta! Você é asqueroso – cuspi.
Ele bufou.
-Pare de cena, qualquer mulher ia querer ser a esposa de um milionário,
ainda mais você, com as dívidas que tem e a vida que leva. E quanto as prostitutas, você
está bem melhor que elas, é um casamento, de fachada, mas um casamento. Você vai ter
que se deitar comigo, não vou mentir, preciso de um herdeiro e claro desvirginar minha
esposa como manda a tradição. Mas é só isso, depois você estará livre, não precisamos
nem nos vê. Se for discreta, pode até arrumar um amante, não me importo, contanto que
já tenha me dado filhos legítimos, pelo menos dois, para garantir. E pode ser mulher,
minha família deixou essa tradição estupida de filho homem para trás, pelo menos isso –
divagou.
Ele só pode estar louco se pensa que vou aceitar isso.
-Eu não vou compactuar com a sua loucura, posso ser pobre e está lhe
devendo, mas não vou me vender! – gritei.
Ele jogou alguns papeis em mim.
-Menina tola, minha proposta salvará sua vida, se continuar com essa
teimosia vai acabar se tornando mesmo uma prostituta ou amante do seu cunhado –
encerrou.
Quando olhei os papeis tomei um susto, era um dossiê da minha vida, tinha
tudo nele, até fotos da minha irmã, do meu cunhado e dos meus sobrinhos. Ele tinha
colocado alguém para me vigiar, tanto no hospital como em casa.
-Isso não vai acontecer, seu pervertido maluco – gritei e saí de lá chorando.
Corri o mais rápido que pude.
Ravi veio atras de mim quando passei em disparada por ele.
-Não precisa me levar, eu vou sozinha – falei para ele.
Segui sem rumo, até chegar em um parque, sentei em um banco e comecei a
chorar.
Chorei por horas, até que não tinha mais lagrimas.
Voltei para casa, era uma longa caminhada, mas estava acostumada.
-Onde estava? Já são quase dez da noite e você não voltava – disse Rachel
preocupada.

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Não estava com forças para lidar com ela.
Fui para o meu quarto e me tranquei lá.
Apaguei imediatamente, estava exausta.

Capítulo 5

Acordei sendo imprensada na cama.


-Sua vagabunda, todo esse tempo me negando e agora pensa que pode dar o
que é meu para qualquer um? Se você pensa que vai arrumar um namorado e me deixar
na mão está enganada! Você vai me pagar por todos esses meses que viveu em baixo do
meu teto e comeu da minha comida – dizia Jack furioso.
Ele estava em cima de mim e segurava meus pulsos com força, me
prendendo embaixo do seu corpo.
-Me solta! Eu não tenho nenhum namorado e muito menos terei algo com
você! Eu prefiro morar na rua, comer do lixo do que ser sua! – cuspi na cara dele.
Tentei me soltar, mas ele era maior e mais forte.
-Me solta! Socorro! – gritei desesperada.
Ele não vai me ter, nem que eu morra lutando!
-Ninguém vai te ouvir, Rachel saiu com as crianças, ela pensa que eu estou
no trabalho, mas inventei uma desculpa para não ir hoje, só para termos a casa inteirinha
para nós. De hoje você não passa Abby, você será minha! – disse com uma fúria
animalesca.
Consegui me concentrar e dei uma joelhada em suas partes intimas, corri
para fugir, mas ele me pegou na sala, antes que eu chegasse na porta.
Me debati o quanto pude, mas já estava sem forças para lutar.
Foi quando estava quase desmaiando que vi dois homens entrarem na casa e
pegarem meu cunhado, eu apaguei.

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Acordei em um lugar escuro, era muito grande e confortável, nunca estive
em uma cama tão boa, mas estava desnorteada, não sabia como vim parar aqui.
Tentei levantar, mas minha cabeça estava girando e meu corpo inteiro doía.
Será que aquele desgraçado....?
Mas onde estou?
Um hospital que não é, confortável desse jeito.
Foi então que uma bela garota entrou, ela era muito jovem e tinha longos
cabelos ruivos e olhos verdes.
-Você acordou! Finalmente – disse animada.
Ela devia ter 18 anos no máximo, era linda e tinha um jeito meigo.
-Quanto tempo fiquei desacordada? Quem é você? – perguntei.
Não queria ser rude com a garota, ela parecia ser uma boa menina, mas eu
estava assustada.
-Você ficou desacordada por horas, já estava quase para obrigar o Ethan a
chamar um médico. Eu sou Camille, mas pode me chamar de Cami, sou a irmã caçula
do Ethan. Estamos no apartamento dele, ele me trouxe aqui para cuidar de você, tenho
certeza de que você não ia querer nenhum homem por perto depois do que aconteceu e
ele não ia mandar os seguranças te darem banho – explicou.
Irmã do Ethan? Estou de volta no apartamento? Seguranças?
-Obrigada, mas o que houve? Não lembro de nada – contei.
Não porque, mas me senti bem com ela e sabia que poderia confiar.
-Pelo que entendi, um homem tentou violar você, mas os seguranças do meu
irmão impediram....
Nessa hora Ethan entrou no quarto.
-Já chega Cami, ela acordou, está bem, você já pode ir – disse Ethan
carrancudo.
Ela foi até o irmão e beliscou ela.
-Não faça essa pose de durão comigo, sabe que não cola. Vou deixar vocês
conversarem. Até depois Abby, foi um prazer te conhecer – saiu sorridente.
A garota era uma verdadeira força da natureza, nunca vi ninguém tratar ele
assim, nem eu que sou incontrolável tenho essa cara de pau.
Mas ela é irmã dele, é diferente.
-Que história é essa de seguranças? Você ainda está me seguindo? – ralhei.
-De nada, Abby. Foi um prazer salvar você. Mas claro, você é tão orgulhosa
que preferia que eu deixasse aquele seu cunhado nojento lhe estuprar – jogou.

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Ele me salvou, de novo, mas não tem o direito de ser achar meu dono.
-No mínimo você fez isso porque acha que vou acabar aceitando sua
proposta e sendo sua esposa de facha, não deixou que ele me violasse para que eu não
perdesse meu valor para você e seus negócios – falei seca.
Ele não me engana, sei que vê apenas como uma mercadoria e não quer uma
mercadoria defeituosa.
-Que bom que entendeu. Vou mandar você para a casa do meu pai até nosso
casamento, não que eu vá tocar em você, mas pelas aparências, é melhor assim. Cami
vai cuidar de você, nós vemos na cerimônia – soltou.
Ele surtou, só pode!
-Não vai haver casamento nenhum, pensei ter deixado claro que não serei
seu brinquedinho! – sibilei.
Ele se controlou o máximo que pode, mas vi a fúria em seus olhos.
-Você não tem mais para onde ir, eu sou sua única opção, deixe de ser
orgulhosa e colabora. Você pode fazer isso por bem ou por mal. Você escolhe, se
preferir eu deixo você presa aqui até o casamento. Finjo que é uma cerimônia intima e
obrigo você a casar, nem que seja amarrada e amordaçada – sibilou.
Eu odeio esse homem!
-Você acha que só porque é rico você pode tudo?! Eu vou até a polícia e
denuncio você! – ralhei.
Ele riu.
-Ótimo e eu denuncio você, além de executar sua dívida. Tenho excelentes
advogados você me deve muito e eu posso te deixar na cadeia pelo resto da sua vida se
tentar me denunciar. Agora seja uma boa menina e cumpra seu papel. Apesar de ser
geniosa, é bem-educada e inteligente, sei que querendo, não me fará passar vergonha
sabe como se portar e conversar. No resto, Cami pode lhe ajudar. Claro, se deixar de
teimosia e aceitar nosso acordo – propôs.
Eu não tenho para onde ir, nem amigas eu tenho, ia acabar na rua e lá seria
muito pior do que na casa da minha irmã. Ele tem razão, por pior que seja esse acordo
ridículo é minha melhor opção. Até porque, ele pode e vai me obrigar. Eu nunca tive
chance contra ele, no momento que dele decidiu que eu seria sua esposa, meu destino
estava traçado. Mas isso não quer dizer que vai ser fácil para ele, ou que serei uma
cadelinha adestrada.
-Eu aceito a proposta, temos um acordo, mas eu terei minha vida
independente de você, se pensa que estarei aos seus pés cumprindo seus caprichos está
enganado – encerrei.
Ele suspirou.
-Ótimo, cumprindo suas obrigações de esposa e não me envergonhando
pode fazer o que quiser – encerrou e saiu.
17
Ele me deixou só, foi quando percebi que estava com uma camisola de ceda
e um robe de seda, nunca vesti nada assim, parecia fazer carinho na minha pele.
Fui ao banheiro, lá tinham produtos de higiene e uma roupa casual.
Tomei banho, coloquei a roupa (jeans, moletom, jaqueta e tênis) e saí do
quarto.
A casa estava vazia, mas tinha um lugar a mesa posto para mim. Tinha
sanduiche, suco natural e algumas frutas.
Comi.
Tinha uma caixa e um bilhete.
Tinha um celular na caixa, era de última geração, nem parecia o meu.
No bilhete tinha escrito: “ Quando terminar de comer desça, Ravi a espera
para levar a casa do meu pai”.
Seco e cheio de ordens, a cara do Ethan.
Peguei o celular novo e desci para encontrar Ravi.
-Senhorita Jones, que bom que está bem, fiquei muito preocupado com a
senhorita, ainda bem que aceitou a proposta do Sr. Ethan, não sabe como rezei para que
aceitasse, temi pela senhorita sozinha no mundo. A conheço a pouco tempo, mas sei que
não está feliz e deve estar contrariada, se sentindo mal e humilhada, mas confie em
mim, é o melhor para a senhorita. Se me permiti, se fosse minha filha, era o que eu ia
querer para ela – falou.
Suspirei.
-Se eu fosse sua filha não estaria passando por isso, o teria ao meu lado –
encerrei.

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Capítulo 6

Fomos para a casa dos Warcraft, era uma mansão gigantesca com vários
seguranças e portões enormes, não sei como pensei que morariam naquela condomínio,
por mais luxuoso que fosse, por mais chique, requintado e grandioso, aquela cobertura
não seria digna de ser a residência oficial da família.
Quando entrei Ravi tirou minhas coisas do carro, parece que os seguranças
além de me resgatar ainda pegaram tudo que era meu.
Cami veio me receber toda animada.
-Que bom que está aqui, meu irmão mandou trazer suas coisas, pode ser que
tenha algo sentimental e tudo mais, mas pegue apenas o que for importante,
compraremos roupas novas e tudo que precisa – falou sorridente.
Um banho de loja, porque não imaginei.
Primeiro fui falar com o Sr. Walter, gostei muito dele.
Hoje ele estava molinho devido a doença (ele tem câncer, está em estado
terminal). Quando me viu, logo se animou.
Cami se uniu a nós e os dois falaram horas como estavam felizes com meu
casamento com Ethan.
Não queria estragar a alegria deles reclamando e mostrando meu
descontentamento, nem a forma escusa como Ethan conseguiu me fazer aceitar esse
casamento.
Eles me contaram que Ethan era muito apegado a mãe, Clemence, ela
morreu a alguns anos, deixando o filho amargurado e fechado, ele mudou totalmente
após a morte da mãe, focou em seus estudos e depois no trabalho.
Fiquei sabendo que no dia do meu acidente ele tinha sido informado de uma
cláusula para a sucessão do Grupo Aporc. Como o pai dele estava doente e naturalmente

19
ele seria o herdeiro, tinha assumido a presidência. Porém, para se manter no cargo, ele
deveria se casar. Segundo a tradição da família, a moça tinha que ser virgem.
Era uma tradição muito antiga, desde a era vitoriana e perdurava até hoje,
sendo registrada no estatuto da empresa e sendo uma cláusula fixa para a sucessão dos
bens.
Por isso ele estava tão irritado no dia e tinha me tratado com tanto desprezo.
Se bem que, eu acho que ele é assim normalmente, só estava pior.
Cami me confidenciou, depois que saímos do quarto do Walter, que Ethan
mandou investigar toda a minha vida (coisa que eu já sabia). E que também tinha
mandado homens atrás de uma esposa virgem para ele, mas não conseguiram encontrar
uma garota na faixa etária que ele procurava.
Que quando ele descobriu que eu era mesmo virgem, parou de procurar e
focou em mim. Segundo ele, eu preenchia os requisitos, por ter estudado, ser ligada a
família, ter cuidado da minha avó e cuidar muito bem dos meus sobrinhos. Mas,
principalmente, por Walter gostar de mim. Afinal, ele teria que aprovar a futura noiva,
para que o casamento fosse realizado.
Segundo Cami, o irmão já se envolveu com muitas mulheres, mas nunca se
apaixonou de verdade. A paixão dele eram os negócios, só isso o que importava.
Mais tarde, naquele dia, recebi vários e-mails dos meus credores, todas as
minhas dívidas estavam pagas.
No dia seguinte Cami me levou para começar os preparativos para o
casamento. Tínhamos apenas uma semana para organizar tudo (quanto antes nos
casarmos mais fácil seria para Ethan ter o controle total da empresa, ele não queria
correr o risco que o pai falecesse antes do casamento e sua reivindicação fosse
contestada).
Durante essa semana, além dos preparativos para o casamento, compramos
roupas novas para mim, calçados, joias e tudo que eu fosse precisar para ser a Sra.
Warcraft.
Eu sei me vestir e me portar bem, mas não tinha dinheiro para comprar
coisas boas e caras. Além disso, algumas coisas mais refinadas de etiqueta precisei da
ajuda da Cami.
Era o último dia de compras antes do casamento, Cami me arrastou até uma
loja de roupas intimas.
-Isso já é demais! Vai ser um casamento de fachada e você sabe muito bem
disso, não suporto seu irmão – ralhei.
Para Walter eu fingia ter aceitado a proposta e está interessada no filho dele,
mas Cami sabia a verdade.
-Tenho certeza de que com o tempo vocês vão se apaixonar, vocês são
perfeitos um para o outro, mesmo que não saibam disso – falou animada.

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Ela tinha essa ideia maluca de nos unir, dizia que foi o destino que me
colocou no caminho do Ethan naquele dia, que somos predestinados e toda essa
baboseira.
-Sem chance – falei revirando os olhos.
Ele não se importou.
-Mesmo que você não ache que vão se apaixonar e ficar juntos por amor,
nós sabemos que esse casamento vai ser consumado e que você terá que dar pelo menos
dois herdeiros a ele – ponderou.
Essa é a parte que mais me preocupa, casar já seria difícil, ter que fingir para
o Walter e futuramente para todos. Mas me entregar vai ser a pior parte. Por mais que eu
não seja romântica, não quero me entregar a um cara que não gosto, pior, que mal
suporto.
Além de me sentir uma prostituta, me vendendo para ele. Me sinto suja só
de pensar.
Mas isso guardo para mim, não quero encher Camille com essas coisas,
deixa a garota viver em seu mundo encantado.
Quanto ao meu futuro marido, não o vejo desde o dia em que me obrigou a
aceitar sua proposta, como eu queria que fosse assim. Ser a esposa dele apenas no papel
e viver com Cami e Walter. Mas infelizmente, não será possível, após o casamento
Ethan voltará para casa e terei que me entregar a ele.
Eu pensava que ele morava no apartamento, mas era apenas um lugar que
ele ia as vezes, quando queria ficar sozinho. Ele estava lá esses dias apenas pelas
aparências. Pelo menos, quando ele voltar, ficaremos em quartos diferentes.
Mas, infelizmente, terei que ir ao quarto dele na noite de nupciais, para
consumar o casamento. Depois teremos alguns encontros nos meus períodos férteis,
para que eu engravide e se tudo der certo, logo carregarei o herdeiro e estaremos livres.
-Abby, infelizmente temos mais um compromisso hoje e desse você não
gostara nada – disse Cami.
O que será dessa vez?
-Só espero que não sejam apetrechos sexuais. Depois da lingerie não duvido
mais de nada – brinquei.
Estava tentando amenizar a situação, notei que ela estava muito tensa.
-Então, a sua consulta com a ginecologista no hospital era apenas uma
forma do meu irmão saber se você era virgem e poderia ser a escolhida. Mas, minha
família tem uma tradição. A noiva deve ser examinada pelo médico da família no dia
anterior ao casamento. Ele atestará sua virgindade e eu, como o membro do sexo
feminino responsável por você, serei a testemunha – explicou.
Fiquei tonta.

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-Em que século vivemos? Parece que voltamos a era medieval – falei em
choque.
Ela tentou me acalmar.
-Você sabe, minha família é da nobreza britânica e nós temos os costumes
antigos eternizados em estatutos e leis internas. Infelizmente, somos obrigados a
cumprir esse protocolo terrível – se desculpou.
Se tenho que fazer, vamos logo, não quero Ethan reclamando que não estou
seguindo minhas obrigações, afinal, o que é mais uma loucura no meu desse circo que
estou vivendo.
O médico era frio e carrancudo, foi seco em suas palavras. Mas Cami estava
ao meu lado todo o tempo, inclusive segurou minha mão durante o exame.
Ele atestou minha virgindade e ela assinou como testemunha. Eles
preencheram o documento ridículo exigido pela tradição familiar dos Warcraft.
Inclusive, ela me confidenciou que no dia que for se casar terá que passar
pelo mesmo protocolo, mesmo sendo uma Warcraft de sangue, caso não o faça, será
expulsa da família e perderá o direito aos seus bens e até ao seu nome. E serei eu que
estarei ao seu lado e farei o papel que ela exerce agora.
Fomos embora e eu me tranquei no meu quarto, não desci para jantar, me
sentia muito mal e humilhada com o que tive que passar hoje, mas nada se compara ao
que virá amanhã.

22
Capítulo 6

No dia seguinte Cami me acordou cedo, passaríamos o dia em um SPA, nos


preparando para a cerimônia.
Tive um dia de princesa, cheia de massagens, esfoliações e tudo que tenho
direito. Estava irreconhecível até para mim mesma.
Como estava me alimentando bem nos últimos dias, ganhei corpo, como eu
era magra feito uma tabua, fiquei mais encorpada, minhas pernas antes finas e longas,
agora estavam um pouco maus grossas e bem torneadas, meu bumbum, antes
inexistente, ficou um pouco mais avantajado e estava empinado. Até meus minúsculos
peitos cresceram um pouco.
Meu rosto não estava mais parecendo o de uma caveira, com olhos
profundos, estava harmonioso. Meus olhos estavam até mais vividos, ficando cor de
mel, o sofrimento havia escurecido meu olhar.
Meus cabelos estão cheios de vida, agora tenho ondulações e até mesmo
cachos grosso, além dos meus longos cabelos castanhos claro estarem mais brilhosos,
parece até que em algumas partes fiz luzes.
Para completar minha pele está linda, sedosa e iluminada.
A boa alimentação, aliada aos cuidados estéticos me transformaram, nunca
me vi tão bonita.
A maquiagem feita para o casamento era discreta, nada muito chamativo,
apenas realçando meus traços.
Meus cabelos estavam presos apenas em uma parte, onde foi colocada a
coroa, além de terem feito cachos grossos neles.

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O vestido era lindo, estilo princesa, cheio de rendas e predarias, bem-
comportado, mas com renda no busto e nos braços, um misto de vela e não revela.
Eu estava pronta para o casamento.
Sr. Walter entraria comigo na igreja, Ravi empurraria a cadeira de rodas.
Cami foi na frente, ela entraria com Ethan.
-Você está linda, minha menina. De hoje em diante, será minha filha
também – falou emocionado.
Eu estava feliz m ter uma família novamente, ser novamente amada.
Nos casamos em uma igreja anglicana, a religião oficial dos britânicos. Foi
tudo feito conforme a tradição da família Warcraft.
Depois foi a festa, no clube mais requisitado e importante da cidade.
Tinham muitas pessoas e eu não conhecia ninguém, fui apresentada a todos,
que me cumprimentavam e me desejavam as felicitações.
Passei a noite fingindo ser uma noiva feliz e apaixonada.
Recebi muitos elogios, todos diziam que eu era muito linda e educada.
Ethan não tem do que reclamar, cumpri meu papel com perfeição, mas ele
continuava com aquela cara mal humorada.
-Vamos, está na hora – disse me puxando pelo braço.
Tudo quem eu queria era fugir desse momento.
-Eu cumpri meu papel com perfeição, será que não podemos adiar a
consumação, pelo menos por está noite. Estou cansada – pedi.
Ele suspirou.
-Sinceramente, se fosse por mim adiaria até mais doque isso, mas faz parte
da tradição da minha família. Temos que consumar o casamento – explicou.
Cami tinha me contado, após a consumação ela deveria buscar o pano
branco que foi colocado em cima do leito nupcial, nele deveria conter meu sangue
virginal. Ela deveria levar ao pai, tabelião e advogado. Só assim o casamento seria
enfim aceito.
Segui de volta para a mansão Warcraft com Ethan, seguimos o caminho todo
em silencio.
-Vou deixar que tenha seu momento e se prepare, quando estiver pronta, vá
até o meu quarto – disse quando chegamos.
Fui até meu quarto, tomei meu banho, passei os óleos e essências que Cami
separou para ocasião. Vesti a camisola de seda branca, era um misto de vela e não revela
como o vestido de noiva, mas dessa vez mais revelador. Coloquei o robe de seda por
cima e segui meu destino, fui até o quarto do Ethan.

24
Eu estava muito nervosa e tudo que eu queria era fugir, mas não tinha jeito,
sei que ele nunca me deixaria ir embora e tenho certeza que os milhares de seguranças
não estão aqui apenas para nos proteger, mas também para garantir que eu fique presa
aqui e faça tudo que o patão deles quer.
É isso Abby, melhor colaborar, ele já disse que seria por bem ou por mal.
-Com licença – falei entrando de cabeça baixa.
Ele estava sentado em uma poltrona com um copo de whisky na mão. Vestia
um robe de seda, mas o dele era negro.
Quando entrei ele veio até mim e circulou ao meu redor.
-Cami está de parabéns, ela fez um milagre com você. Nunca imaginei que
aquela garota desleixada pudesse parecer uma mulher tão bonita e educada. Nem
precisei inventar nenhuma história sobre sua origem, todos acharam que você vem de
boa família – falou me observando.
Me segurei para não surtar.
-Posso ser pobre, mas a minha família era ótima, fui muito bem educada e
eu estudei muito, sempre fui dedicada e durante meus estágios circulei em altos ciclos
sociais. Eu sei me portar – defendi.
Ele suspirou.
-Sim, é verdade, desculpe. Não devia ter sido tão rude com você. Eu sei que
você é capacitada e no passado teve uma família estruturada que cuidou e educou muito
bem você – falou.
Ele parecia diferente, não tinha mais tantas barreiras erguidas.
-Claro, viu tudo no dossiê que seus capangas fizeram sobre mim. Afinal,
apesar de desesperado, não poderia casar com qualquer uma – soltei.
Não tem como controlar minha boca, quando vi já falei.
-Sim, realmente você foi um golpe de sorte, confesso que não esperava
encontrar alguém que atendesse a todos os requisitos e fosse virgem. Cheguei a pensar
que seria impossível encontrar alguém assim. E por isso lhe agradeço. Sei que
começamos mal, mas espero que possamos ser civilizados e fazer esse acordo o melhor
possível para nós dois. Por falar nisso, parabéns, você se portou muito bem hoje –
elogiou.
Tive que me segurar para não esganar ele.
-Começamos errados? Você me prendeu, me chantageou e me obrigou a
casar com você! – ralhei.
Ele ponderou e suspirou, sentando na cama.
-Tem razão, eu fui péssimo com você, desde o dia que nos conhecemos.
Primeiro descontei minha raiva em você, sendo que não tinha culpa de nada. Depois fui

25
um verdadeiro tirano fazendo as piores coisas possíveis para te obrigar a casar comigo.
Fui um verdadeiro monstro e peço desculpa por isso. Sei que não vai acreditar em mim,
mas eu não sou assim. Posso ser implacável nos negócios e muito reservado, mas não
sou nenhum monstro. Eu só precisei agir assim para conseguir ter o que é meu por
direito. Jamais permitiria que o legado da minha família fosse entregue a outro. Sei que
deve me achar ambicioso e mesquinho, mas não é só pelo dinheiro nem pelo poder. É o
meu nome, a minha família e isso é o que mais importa para mim – contou reflexivo.
Pela primeira vez ele estava sendo de verdade, sem barreiras.
-Se eu acredito ou não em você não importa. Não adianta se desculpar
agora, já está feito – falei seca.
Por mais que ele pareça sincero, não deixarei que ele me engane ou me
humilhe mais. Ele só quer que eu cumpra com minha parte no acordo e acha que sendo
gentil vai me fazer colaborar.
-Abigail, por mais que nosso casamento seja de fachada, nós vamos ter que
consumar e eu preciso de filhos. É melhor que a gente pelo menos consiga conviver
bem. Não precisamos ser amigos, mas precisamos pelo menos nos dar bem. Como
minha esposa, iremos a eventos juntos e teremos compromissos sociais e familiares.
Estou tentando melhorar as coisas entre nós agora. Antes eu não podia ser sincero, nem
gentil com você, precisava ser firme. Mas agora estou me abrindo com você. Eu
imagino como você está se sentindo e juro que se eu pudesse jamais a obrigaria a nada.
Nem a ficar comigo essa noite, nem a se casar. Só quero que entenda que eu precisava
fazer isso – explicou.
Ele estava exasperado.
-Tudo bem, vamos dizer que eu acredite em você. Mesmo que esteja se
sentindo assim sei que se eu me recusar a me entregar você vai me obrigar – fui direta.
Não importa o que ele diga, a situação continua a mesma.
-Sim, infelizmente terei que fazer. Mas eu prometo, que se você continuar
agindo como agiu durante a festa e cumprir com sua parte eu serei o mais delicado
possível. Eu não sou um insensível! Eu sei que vai ser difícil para você, se econtinua
virgem com a idade que tem deve ter se guardado para um grande amor, ter que se
entregar a mim hoje será a coisa mais difícil que fará na vida e por pior que pense que
sou ou por mais que ache que só me importo comigo, eu sinto muito por você. Por
favor, Abigail, não me obrigue a te forçar. Eu prometo que depois dessa noite a deixarei
em paz o máximo possível. Vou evitar os eventos e os filhos podemos esperar um pouco
antes de começar a tentar. Mas eu preciso que se entregue agora, é essencial,
infelizmente – falou.
Ele estava praticamente suplicando, nunca o vi assim.
Lembrei de Walter e Camille, eles falam de Ethan como se fosse uma pessoa
completamente diferente do Ethan que eu conheci, muito mais parecido com esse que
está a minha frente.

26
Ravi também sempre defendeu o patrão e pelo que ele conta, Ethan sempre
foi como um filho para ele, o tratou bem e com respeito.
Sei que a morte da mãe o atingiu, eles eram muito ligados. Sem falar que ele
tem uma postura implacável nos negócios e para ele o casamento era parte disso.
-Tudo bem, pode fazer, só seja rápido e espero que não nos vejamos por
muito tempo – falei firme.
Ele pareceu ainda mais estressado.
-Abigail, por favor, não me olhe desse jeito e nem haja assim! Estou sendo
sincero e me abrindo com você! – ralhou.
Suspirei.
-E eu vou fazer o que você quer, pronto, você ganhou – soltei.
Ele bufou.
-Mas parece que você não ouviu nada que eu disse! Eu quero melhorar as
coisas entre nós. Recomeçar, deixar tudo aquilo para trás! – reclamou.
Agora ele parece um mimadinho de 5 anos fazendo birra.
-Ethan, sinceramente, eu estou tendo que lidar comigo mesma, com meus
pensamentos e meus sentimentos, não tenho como lidar com a sua crise de consciência
agora. Não importa se está sendo sincero ou não, se sente por mim ou não. Isso não
muda o que vai acontecer. Só quero que isso acabe logo, só quero ir para o meu quarto e
ficar sozinha – desabafei.
Essa conversa só está piorando tudo, se ele simplesmente tivesse continuado
sendo o robô de sempre, feito e acabado teria sido muito melhor. Essa tentativa dele de
redenção só faz tudo ser pior.
-Tem razão, pensei que essa conversa facilitaria as coisas para você, mas
tem razão quando diz que nada disso muda nossa situação – falou sério.
Ele se recompôs e voltou a ser o cara frio que conheci.
Ele apagou as luzes do quarto, deixando apenas o abajur aceso e fez o sinal
para que eu me deitasse.
Tirei o robe e me deitei na cama, segurando com toda força nos panos de
cama.
Ele tirou o robe preto e vi que estava apenas de cueca, devido ao escuro não
consegui vê direito, mas ele tinha o corpo forte e musculoso, era um homem grande e
com certeza era bonito.
Foi então que se deitou em cima de mim e tirou nossas peças intimas,
colocando seu corpo sobre o meu, com o rosto escondido no meu ombro.
É agora.

27
Ele entrou uma vez em mim, foi uma dor lancinante, mas eu tranquei meu
maxilar para não chorar, mas não consegui conter as lágrimas.
Ele entrou e saiu poucas vezes e logo terminou.
Ethan vestiu sua cueca de volta e colocou o robe.
Eu ajeitei meu vestido (não sei onde minha calcinha foi parar) e coloquei o
robe.
-Posso ir? – perguntei.
Só quero sumir.
-Não, vou mandar mensagem para Cami avisando para ela subir e pegar o
lençol branco. Não disse antes para que não ficasse mais nervosa do que já estava. Meu
pai, Cami, o tabelião e o advogado vieram logo depois de nós, estão no escritório
esperando o momento da comprovação da consumação – explicou.
Fiquei rubra de vergonha, estavam todos lá embaixo nos esperando, sabendo
exatamente o que estava acontecendo.
Fraquejei e quase caí, só queria chorar.
Me segurei para não soluçar, mas foi impossível conter as lagrimas.
Ele me olhou com um olhar triste, mas não disse nada, não queria piorar a
situação.
Logo Cami bateu à porta.
Ethan abriu para ela que pegou o pano o mais rápido que pode.
-Sinto muito, pode contar comigo para o que precisar, estarei aqui – falou
acolhedora.
Ela saiu.
-Agora você pode ir, está livre – suspirou.
Juntei todas as minhas forças pra sair.
-Por enquanto – soltei.
Não consegui segurar minha boca mais uma vez.
Ele estremeceu.
Minhas palavras causaram o efeito que eu queria, o deixei ainda mais
abalado.
Era o mínimo que ele merecia depois de tudo que me fez passar.

28
Capítulo 7

Fui para o meu quarto e tranquei a porta, não quero ver ninguém.
Corri para o chuveiro e chorei tudo que estava entalado.
Chorei por horas até o dia amanhecer.
Saí do banho e vesti um moletom que era meu, das poucas coisas minha que
restaram.
Fui até a cama e apaguei.

Fui acordada por batidas na porta.


-Sra. Warcraft, seu café da manhã – disse Sônia, a governanta da casa.
Abri a porta e a senhora de cabelos brancos e pequenos olhos negros,
cobertos por óculos grandes entrou.
Ela colocou a bandeja na mesa que tinha no meu quarto e saiu sem falar
nada, provavelmente Ethan deu ordens para que ninguém me incomodasse nem
comentasse nada sobre o casamento.

29
Meu quarto era bem grande, tinha uma varanda grande, cama gigantesca,
poltrona, mesa com cadeira, frigobar, televisão, uma escrivaninha com cadeira e um
notebook. Um banheiro espaçoso, com banheira. Tinha até mesmo um closet
gigantesco.
Durante a semana Cami me ajudou a encher o closet com tudo que eu
precisaria, também compramos muitas coisas de higiene e beleza para mim.
Eu tinha passado tudo que era meu do meu antigo notebook para o novo, fiz
o mesmo com o celular.
Formatei meus aparelhos antigos e dei para doação, não estavam novos, mas
estavam em bom estado e tenho certeza de que alguém que precisa faria bom proveito.

Fui tomar meu café da manhã, mesmo sem vontade. Tenho que me obrigar a
comer algo, por mais que não queira.
Em meio as frutas e sucos tinha uma caixinha preta, lembrei da última vez
no apartamento do Ethan, quando aceitei me casar, ele tinha deixado uma como essa
com um celular para mim.
Na época, pensei ter perdido o meu aceitei porque achava que ele tinha me
dado aquilo para entrar em contato comigo quando preciso.
Mas agora sei que era um presente e tem bem uma forma de me enquadrar
no estilo de vida dele.
O que será dessa vez?
Abri e tinha um colar e brincos de brilhantes, fiquei chocada com o que vi.
O que ele quer com isso? Cami já comprou tudo que preciso para estar
apresentável como Sra. Warcraft.
Será que é alguma joia de família? Mais uma tradição?
Não, ele jamais me daria uma joia de família, provavelmente precisava que
eu usasse isso em alguma ocasião especial.
Peguei o cartão que acompanhava o presente.
“Obrigado por sua colaboração, saiu tudo como esperado. Continue
colaborando”.
Quando li fiquei em choque.
E eu que pensei que ele não pudesse me humilhar mais!
Como fui burra em acreditar na sua cena de arrependimento, ele só queria
me sensibilizar para ter minha colaboração!
Saí furiosa, enxergava tudo vermelho de tanto ódio, estava consumida de
irá.

30
Entrei em seu quarto como uma bala, nem me importei em bater.
Joguei a caixa e o cartão nele.
-EU NÃO SOU PROSTITUTA! GRANDE SEUS PRESENTES CAROS
PARA AS SUAS PUTA! – gritei.
Ele estava saindo do banho, com um roupão preto que estava quase se
abrindo.
-Você ficou louca?! Como entra no meu quarto desse jeito?! Já disse que só
venha aqui quando eu lhe chamar! Pensei que depois da nossa conversa de ontem tinha
ficado claro que não nos veríamos por um tempo. Se não me engano, você exigiu não
me vê nos próximos dias. Agora invade meu quarto como uma louca sem nem mesmo
bater na porta? – falou irritado.
Ele nem se importou com o que eu falei, nem com minha cena. Estava
apenas irritado porque entrei sem bater.
-Por mim nunca mais olharia na sua cara, mas não posso aceitar mais essa
humilhação! Já basta tudo que passei depois que você decidiu que eu seria a sua esposa!
– ralhei.
Ele finalmente olhou para as joias, agora espalhadas no chão.
-Era só um presente, para lhe agradecer. Não precisava dessa cena toda.
Você é muito histérica – reclamou.
Bufei.
-Foi você que me tratou como se eu fosse uma prostituta e estivesse me
pagando por ter transado com você! Coisa que eu fui obrigada a fazer! – insisti.
Se ele pensa que vou aguentar calada mais essa humilhação está enganada.
-Por favor, Abigail, você está sendo ridícula. Se não quer o presente
problema seu, agora não venha fazer cena no meu quarto a essa hora da manhã. Já estou
atrasado para ir ao escritório – falou cansado.
Ele tirou o roupão e antes que ficasse nu na minha frente eu me virei.
-Como ousa tirar a roupa na minha frente?! Não dava para me esperar sair?
Estamos conversando! Não é nada educado da sua parte ficar nu enquanto conversamos
– argumentei.
Ele é insuportável.
-Não tem nada aqui que você já não tenha visto e se não viu ainda vai ver, se
não lembra é a minha esposa e preciso de herdeiros. E quanto a conversa, por mim já
está encerrada. Se não quer meu presente problema seu, não darei mais, já entendi. Não
precisa ficar me enchendo com sua cena de indignação. Agora saia do meu quarto que
eu preciso me arrumar e sair para trabalhar – encerrou.
Ele passou por mim abotoando a calça e indo buscar a camisa.

31
Saí indignada, não adianta tentar argumentar com ele.
Sem falar que eu ainda estava chocada com seu desprendimento em ficar
pelado na minha frente. Mesmo que sejamos casados, nosso casamento é de fachada.
Além disso, quando ficamos juntos ele deixou o quarto na penumbra e eu mal vi seu
corpo.
Algo estalou na minha mente.
Eu era virgem, ele provavelmente fez isso para não me assustar. Algo me diz
que nas próximas vezes não será tão rápido e muito menos só uma vez. Melhor evitar ao
máximo a próxima vez.

Passei o resto do dia trancada no quarto chorando, não toquei nas bandejas
de comida que eram trazidas para mim.
Ouvi batidas na porta, era Camille, deixei que ela entrasse.
-Abby, você não pode ficar assim. Você tem que reagir, você é uma garota
forte! Reage! – falou me acolhendo.
Sei que ela tem a melhor das intenções, mas não estou no clima para
conversa e não quero ser rude com ela.
-Cami, sinceramente, agradeço que queira me animar, nos próximos dias
precisarei muito de você e da sua amizade, mas agora só quero chorar – falei.
Ela me abraçou.
-Entendo, só quero que saiba que estou aqui para o que precisar, nem que
seja para ficar calada ao seu lado - falou.
Deitei em seu colo e chorei enquanto ela fazia carinho em meus cabelos.
Me senti uma criança novamente, nos braços da minha mãe.
Tudo que eu precisava era de carinho e acolhimento, a única coisa boa que
essa avalanche chamada Ethan Warcraft trouxe pra minha vida foi Cami, Walter e Ravi.
-Obrigada, você não sabe como me ajudou. Você. Seu pai e o Ravi são
maravilhosos para mim – falei sincera.
Ela sorriu e limpou as minhas lagrimas.
-Abby, o Ethan não é um monstro, ele só estava muito pressionado com as
cláusulas da sucessão. Meu pai fez de tudo para mudar o estatuto, mas não tinha como,
estava tudo muito bem amarrado. Apesar de como foi eu agradeço muito a você por
tudo que fez. Eu sei que não foram só as ameaças do meu irmão, você fez isso também
por mim e pelo meu pai. De verdade, obrigada por tudo. E quanto ao Ethan, sei que ele
não cumpriria as ameaças, era tudo fachada – contou.
Coitada, não conhece o irmão que tem.

32
-Não tem que me agradecer, só de existir e cuidar de mim já faz tudo.
Quanto ao seu irmão, sei que você o ama e provavelmente com você ele é diferente, mas
não acredito na bondade dele – soltei.
Sinceramente, depois de hoje não acredito mais na cena do Ethan de bom
moço.
-Ele lhe machucou? Ele me prometeu que seria gentil com você e que
depois do casamento deixaria de agir como um escroto com você, disse que era apenas
fachada – falou exasperada.
Coitada, acreditou nele.
-Fisicamente não, ele até tentou conversar comigo, tentou se redimir, mas
sei que ele só queria que eu colaborasse. Desculpa Cami, mas para o seu irmão sou
apenas uma peça do jogo, uma obrigação – desabafei.
Ela suspirou.
-Vocês são iguaizinhos, tenho certeza de que ele desabafou com você e
você, teimosa ergueu todas as barreiras contra ele. Ele, intimidado pela sua reação
ergueu as barreiras dele, aí foi um embate de titãs – refletiu.
Pode ser que ela tenha razão, mas eu definitivamente não confio no Ethan e
não vou mais deixar que ele me pegue de surpresa como hoje.
-Cami, vamos concordar em discordar. Não vamos deixar que o Ethan fique
entre nós – encerrei.
Ela sorriu.
-Aceito, não vou mais tentar ser a cúpida de vocês, vou ser paciente e
esperar, sei que um dia os dois vão deixar a teimosia de lado e vão ver que eu estava
certa o tempo todo – falou.
Com certeza ela fica no ouvido dele do mesmo jeito que no meu, coitada,
vai esperar pra sempre que a gente se apaixone.

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Capítulo 8

No dia seguinte acordei cedo, tomei um banho, me arrumei e saí.


Tomei apenas um café e fui a pé mesmo.
Todos estraram ao ver saindo a pé e sozinha, mas não falaram nada,
provavelmente após ter cumprido meu papel, Ethan liberou minha saída sozinha, sem a
presença de Cami, Ravi e o segurança.
Passei o dia em busca de emprego, coloquei meu currículo em todos as
empresas que tinham meu perfil. Agora que não tenho mais dívidas nem preciso de
emprego com urgência, posso focar em um emprego a minha altura.
Com meu novo visual fui mais bem recebida, não que eu tivesse me vestido
com todas aquelas roupas de grife, joias e sapatos de marca, mas não vestia mais roupas
de liquidação. Além disso, os tratamentos de beleza, a boa alimentação e os cosméticos
melhoraram minha aparência.
Ao final do dia voltei para a casa exausta e faminta.

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Fui tomar banho e pedi que levassem meu jantar no quarto.
Enquanto comi Ethan entrou como uma bala no meu quarto.
-O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO SAINDO POR AÍ SOZINHA?!
AINDA MAIS A PÉ E PROCURANDO EMPREGO! – ralhou furioso.
Eu já o vi com raiva, mas não se comparava a como ele estava agora.
-Boa noite, senhor educado. Não foi você mesmo que reclamou porque
entrei no seu quarto sem bater? Agora está fazendo o mesmo? – rebati.
Sei que isso vai deixar ele ainda mais irado comigo, mas não resisti ao
ímpeto de soltar essa piadinha.
-ESTOU POUCO ME IMPORTANDO COM ETIQUETA E EDUCAÇÃO
AGORA! QUERO SABER PORQUE VOCE FEZ ISSO! ESTAVA QUERENDO ME
ENVERGONHAR? – sibilou.
Ele estava a ponto de me esganar.
-Não, só estava seguindo minha vida. Se não se engana, combinamos que eu
poderia ter minha vida além de você. Já cumpri com minha parte e combinamos que
você me daria um tempo de paz – expliquei.
Se ele acha que vou passar meus dias esperando ele me chamar para o
quarto para tentar me engravidar está enganado.
-No nosso acordo você teria que se portar como minha esposa, se comportar
como tal e se portar bem! Sair por aí, a pé, procurando emprego é exatamente o
contrário disso! Você é a esposa de um bilionário! Você tem carros, motoristas e
seguranças a seu dispor. Se o Ravi não estiver é só pedir a Sonia que ela providencia
outro para você! Além disso, não precisa mais trabalhar, suas dívidas estão pagas e
como eu disse, eu sou bilionário, posso muito bem lhe sustentar e dar tudo que quiser –
falou furioso.
Se ele pensa que vou ser uma perua está enganado.
-Dinheiro não é tudo, eu estudei e me esforcei a minha vida toda para ser
uma profissional qualificada, ter uma carreira. Não é porque você apareceu no meio do
meu caminho e me desviou do meu objetivo que eu vou deixar tudo para trás – defendi.
Ele suspirou.
-Se você quiser pode estudar, pago cursos para você, uma pós-graduação.
Pode fundar alguma coisa beneficente, algo do tipo. Não me importo, mas não trabalhar
na concorrência, muito menos sair por aí procurando emprego. Ainda bem que ninguém
ligou Abigail Jones a Abigail Warcraft, ainda bem que você teve o senso de usar seu
nome de solteira – falou.
Se ele pensa que vou ser um bibelô está enganado.
-É claro que não vou usar seu nome por aí, eu nem queria esse casamento. E
eu já disse que não vou deixar minha vida nem meus sonhos – ralhei.

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Ele suspirou.
-Se concentre em me dar herdeiros e depois vemos o que fazemos com suas
aspirações profissionais – encerrou.
Ele já ia embora, mas eu o impedi.
-Por falar nisso, antes de começarmos a tentar vamos a um médico, faremos
exames para saber se não temos nenhum problema que atrapalhe e para saber qual a
melhor data. Quero que seja o mais preciso possível, para que não tenhamos que ficar
tentando. Aliás, como você mesmo disse, tem muito dinheiro, podemos fazer uma
inseminação artificial – argumentei.
Era uma boa, assim não precisaríamos mais transar.
-Quanto ao médico, não se preocupe, Camille está encarregada em levar
você a especialista em reprodução para vê tudo isso, não se preocupe, ficaremos juntos
o mínimo possível. Quanto a inseminação, esquece. Seria um escândalo na mídia.
Melhor se emprenhar em engravidar o mais rápido possível e da primeira vez, para não
termos que tentar muitas vezes – falou prepotente.
Quis voar no pescoço dele.
-E quanto a você? Precisamos saber se não tem problema também, ou tem
algum bastardo escondido? – questionei.
Ele suspirou.
-Não, sempre tive muito cuidado e não tenho tempo para isso. E eu não
tenho problemas, já fiz todos os exames, não se preocupe – explicou.
Nossa, pensei que ele seria uma daqueles homens que se acham os machões
e nunca teriam problemas para engravidar uma mulher.
-Ótimo, mas não pense que vai ficar assim, vou arrumar um jeito de seguir
com minha carreira, mas não se preocupe, vou encontrar uma forma de fazer isso sem
envergonhar você – assegurei.
Ele ficou satisfeito.
-Estamos entendidos então. Agora tome esse cartão, para quando quiser
alguma coisa não ter que ficar me pedindo, também depositei um dinheiro na sua conta,
vou lhe dar uma pensão mensal. Caso queira fazer algum curso ou algo do tipo é só me
avisar que eu pago. Se precisar de mais dinheiro para alguma coisa é só pedir – falou me
entregando o cartão.
Tive que me controlar para não surtar.
-Eu já disse que não sou prostituta! – ralhei furiosa.
Ele bufou.
-Mas é minha esposa e tem que viver como tal. Agora deixa de orgulho
besta e para de cena. Ou prefere que eu prenda você nessa casa como antes? Você já

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sabe, ou se porta como uma boa esposa e colabora comigo ou sofrerá as consequências
– encerrou.
Dessa vez ele saiu antes que eu protestasse.

Depois desse dia não vi mais o Ethan, Cami disse que ele foi passar uns dias
no apartamento dele queria ficar sozinho. Eu adorei isso.
Meus dias foram normais, sempre passava um tempo com Walter, era o
ponto alto do dia dele.
Camille está na universidade, ele estudava psicologia, estava no segundo
ano. Não que ela fosse trabalhar um dia, mas ela gostava de estudar a mente humana e
adorava fazer trabalhos humanitários com crianças. Ela pretendia seguir carreira como
pesquisadora e continuar seus projetos sociais.
Um dia resolvi ir com ela visitar as crianças do orfanato que ela ajudava, foi
um dia maravilhoso, me senti muito bem e útil.
Quem sabe eu volte a estudar? Fazer uma nova graduação ou fazer uma pós-
graduação, o céu é o limite agora que tenho dinheiro. Posso fazer o que quiser. Ficar
sentada em casa sem fazer nada é que não vou.

-Abby, vim te avisar que marquei sua consulta com a Dra. Sammer para
amanhã. Como já faz mais de um mês do casamento e você não engravidou na primeira
vez, teremos que começar o tratamento – disse Cami.
Eu já estava pronta para dormir e ela veio até meu quarto.
Minha menstruação desceu a uma semana, acabando com meus planos de
não ter que transar de novo com Ethan.
-Isso é a cara de ser uma ordem do seu irmão. Só não sei como vou
engravidar se não o vejo a um mês. Mas sinceramente, eu preferia não ter que ver
mesmo – suspirei.
Ela me deu um sorriso cumplice.
-Desculpa, infelizmente não podemos ir contra isso. E como você mesma
diz, é melhor resolver isso de uma vez e se livrar. E quanto ao meu irmão, ele estará de
volta assim que a médica definir a melhor data para a concepção – explicou.
Nos despedimos e ela saiu.
Melhor dormir logo, tenho certeza de que terei um dia longo, não será
apenas a consulta, sei que a médica passara diversos exames e conhecendo o histórico
da família Warcraft eu farei todos eles amanhã mesmo, bem fácil me mandarem para
casa cheia de remédios estimulantes.

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Estava quase dormindo quando ouvi o barulho de mensagem no meu
celular.
Quem será? Quase ninguém tem meu número novo (mudei de número para
deixar minha vida antiga de volta, quero distância do Jack e da Rachel).
“Lhe dei o tempo que pediu, agora é hora de cumprir com suas obrigações”.
Direto e mandão como sempre, claro que só poderia ser o Ethan.
Tentei dormir pensando na parte boa.
Sempre quis ser mãe, sempre adorei crianças e principalmente, vai ser
maravilhoso ter alguém que vem de mim, que será um amor incondicional e será tudo
para mim.
Tinha medo de ter filhos e não poder dar o melhor para eles, mas com o
Ethan sei que essa criança terá tudo. Mesmo que ele não se importe com o filho e seja
apenas um herdeiro para ele eu o amarei e darei todo o amor, carinho e atenção por nós
dois.
Além disso, vejo como Walter está cada dia mais fraco, quero que ele
conheça o neto ou neta antes de partir, sei que seria a maior alegria da vida dele.
Afinal, eu não tenho como lutar contra tudo isso, só será pior para mim,
melhor vê o lado bom das coisas. E como a Camille me disse, estou fazendo isso não só
pelo Ethan (mesmo que ele não mereça), também faço por ela e por Walter.
Estou assegurando o futuro da família Warcraft, o legado e toda essa
baboseira.
Pelo que Camille me disse, caso Ethan não tenha filhos, ela não terá direito
a nada, a reformulação que permite a filha mulher ter direito na linhagem hereditária só
atingi os filhos do Ethan, já que foi uma reformulação atual da família real britânica.
Se o Ethan morresse tanto ela como eu ficaríamos sem nada, o parente
homem mais próximos herdaria tudo e se nós não tivemos filhos o mesmo acontece.
Então, todos só estaremos seguros após o nascimento do meu filho ou filha,
que mesmo que seja uma menina, terá o direito de herdar tudo.
Agora entendo um pouco do fardo que Ethan carrega, não é só o legado da
família, é a segurança da irmã. Por pior que ele seja, ela ama a Camille e faria tudo por
ela.

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Capítulo 9

Eu tinha começado minha pós-graduação, escolhi fazer minha


especialização em marketing empresarial, uma coisa que sempre quis fazer, mas nunca
pensei ser possível.
Nos meus planos eu me formaria, trabalharia e subiria na minha profissão
aos poucos, um plano de carreira. O marketing empresarial era o que eu almejava, mas
não tinha condições de estudar para aquilo, teria que ser pelo caminho difícil, aprender
na prática.
Porém, com a mudança de chave pela qual passei, tive uma guinada nesse
sentido, agora eu tenho dinheiro e posso fazer o que eu quiser. Já que o Ethan não quer
me deixar trabalhar, construirei minha carreira de outra forma. Estudando, me tornando
uma especialista, eu posso seguir como uma pesquisadora e quem sabe até prestar

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consultoria para grandes empresas, não é possível que ele fosse encrencar com isso
também, não o faria passar vergonha.
Antes de começar o curso tive que consultar ele, ele me pediu o programa
do curso e a ementa para analisar, depois de alguns dias aprovou minha matrícula e fez a
inscrição.
Odeio ter que passar pelo aval dele para fazer as minhas coisas, mas,
infelizmente, dependo dele. Além disso, não é só a questão financeira, por mais que
Camille diga que o irmão não é um monstro, sei que ele é bem capaz de cumprir com
suas ameaças e me deixar presa.
Então, mesmo a contragosto, tenho que obedecer a ele e me comportar, pelo
menos por enquanto. Até me familiarizar com tudo e montar uma estratégia para lidar
com Ethan.
Por enquanto, minha estratégia é observar.

Mais uma tarde em família (Com Walter, Camille e Ravi, eles que considero
minha nova família, nada de Ethan).
Estávamos à beira da piscina conversando animados sobre as minhas aulas,
eu estava na primeira semana e estava amando tudo. Estava adorando dividir isso com
ele, quando minha avó era viva eu sempre corria para contar a ela como foi meu dia ou
minha semana, o que fiz, as novidades, as aulas, os professores e tudo mais.
Agora eles fazem esse papel para mim e pelo tom da conversa dava para
perceber que os três estavam adorando e verdadeiramente felizes por mim. Walter
estava até com um aspecto melhor.
-Manina, porque não começa a trabalhar no Grupo Aporc? Você é tão
inteligente, tão bem-preparada e agora se especializando, tenho certeza de que teria
grandes contribuições – falou Walter.
Todos estremeceram, infelizmente ele não sabe como eu e Ethan nos damos
mal e o que aconteceu da última vez que resolvi que queria trabalhar.
-Papai, a Abby tem que se dedicar ao futuro bebê, um curso pode ser
trancado e retomado, mas um emprego é diferente. Além disso, não ficaria bem a esposa
do dono da empresa ser estagiária na mesma – atalhou Camille.
Ela mediu as palavras e tentou ser conciliadora, não queria me magoar, nem
deixar que o pai soubesse como o irmão estava agindo.
-Estagiária? Abigail tem potencial para bem mais que isso! Ela pode muito
bem ter um cargo a sua altura, tenho certeza de que não faria feio, muito pelo contrário
– defendeu Walter.
Por mais que eu quisesse isso, Ethan jamais permitiria.

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-Acho que esse não é o momento e tenho certeza de que Ethan não gostaria
muito da ideia, ele está focado em ter um herdeiro agora, quem sabe no futuro –
encerrei.
Ele desconsiderou.
-Ethan é muito metódico e pragmático, não precisa essa pressa toda em ter
um herdeiro. Tenho certeza de que não morrerei tão cedo, nem ele – brincou.
Como eu queria que isso fosse verdade, por mais que ele falasse assim,
todos sabemos que não lhe resta muito tempo.
Além disso, estamos sujeitos a tudo, quem sabe acontece alguma coisa e
Ethan morre de uma hora para a outra? Precisamos estar seguras e ele não vai arriscar
perder o legado da família.
-Seu filho só se preocupa com o bem estar da família, apenas isso – atalhou
Ravi.
Walter não ligou.
-Menina, não vá pela cabeça do meu filho, você tem todo direito de
conquistar seu espaço, você tem muito talento, não pode desperdiçar trancada nessa
casa. E eu a conheço bem, sei que sonha em ter uma carreira brilhante, vá em busca dos
seus sonhos – incentivou.
Suspirei, era tudo que eu queria.
-Mas Ethan é o dono da empresa e ele com certeza não vai concordar com
isso. Vou seguir meus sonhos, mas de outro jeito – assegurei.
Ele me fitou.
-Ele pode ser o dono, mas não é o único. Você tem suas ações, podem ser
menores que a dele, mas o suficiente para reivindicar um cargo na empresa – contou.
Isso não pode ser, nunca imaginei.
-Tem certeza disso? Não está se confundindo? – perguntou Cami.
Ele ficou irritado.
-Tenho câncer, não demência! – ralhou.
Cami estremeceu, não queria ter irritado o pai.
-Desculpa, só não sabia disso, ninguém nunca me disse nada e a mamãe se
dedicou inteiramente a nós, não sabia que ela tinha ações – explicou.
Walter suspirou.
- Clemence nunca se interessou por negócios, foi criada em outra época, as
mulheres se dedicavam a casa e aos filhos. Por isso sempre tomei conta de tudo sozinho.
Mas ela sempre soube que tinha uma parte na empresa e se quisesse poderia reivindicar
um acento no conselho – explicou.

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Isso me deu uma ideia.
Com certeza Ethan não queria que eu soubesse disso.
Provavelmente estava tudo no contrato que assinei sem ler, estava tão
esgotada e à mercê dele que nem pensei em ler o contrato de casamento antes de assinar.
Dei um jeito de sair o mais rápido que pude e ir para o meu quarto.
Essa informação mudava tudo, preciso montar minha nova estratégia.

Passei a noite em claro e pela manhã estava de pé bem cedo.


Resolvi tomar um bom banho, me vestir perfeitamente, para Ethan não ter o
que reclamar, não o farei passar vergonha.
Tomei apenas um café e pedi ao Ravi para me levar ao Grupo Aporc, farei
uma visita ao Ethan.
Quando entrei todos pararam para me olhar, com certeza deviam ter visto
fotos minhas na internet, fotos do casamento, com certeza todos sabem quem sou.
-Bom dia, sou Abigail Warcraft e estou aqui para ver meu marido – anunciei
a recepcionista.
Se alguém tinha alguma dúvida, agora foi confirmado.
-O Sr. Warcraft está em uma reunião do Conselho, sinto muito – disse a
recepcionista nervosa.
Eu não vou esperar mais, já vim até aqui, não vou desistir.
-Não tem problema, eu espero por ele – falei.
Subi para o último andar do prédio, onde ficava a sala da presidência e a
sala do Ethan. No dia que vim para minha entrevista de emprego passei por elas ao me
dirigir a sala da Olivia Crow.
Os funcionários ficaram tensos, sabiam que iriam ouvir do patrão, mas não
ousariam ir contra a esposa dele.
Quando cheguei tive uma ideia, pode ser loucura, mas é minha chance.
Bati na porta e entrei na sala, a secretaria tentou me impedir, mas fui mais
rápida.
-Bom dia a todos, acho que meu querido esposo esqueceu de me avisar
dessa reunião, mas não tem problema, já estou aqui – falei radiante.
Todos ficaram de boca aberta me olhando.
-Peço licença a todos, vou falar com a minha esposa em particular – disse
Ethan.

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Ele estava furioso, tenho certeza de que se não fosse pelas aparências me
mataria ali mesmo.
Ele me conduziu até a sala dele, se segurando o máximo possível.
A sala era ampla e elegante, mas impessoal.
-O que pensa que está fazendo vindo até aqui?! Pincipalmente, o que deu
em você para invadir a reunião do conselho?! – vociferou.
Tentei parecer impassível, não vou deixar que ele me desestabilize.
-Seu pai me contou tudo, eu tenho ações na empresa e uma cadeira no
conselho. Mas isso, você não me contou. Sempre fala das normas e regras que tenho que
seguir, mas escondeu a única parte que me interessaria. Mesmo sabendo que tenho
sonhos e uma carreira para construir. Tentou me dissuadir para que eu aceitasse
migalhas e eu até caí na sua historinha, mas agora que sei de tudo, você não vai me
impedir – falei segura.
Não sei como consegui dizer tudo isso, já estava sendo difícil manter a pose.
-Meu pai está velho e doente! Não acredito que veio até aqui baseada nas
palavras dele – bufou.
Eu sabia que ele diria isso, por mais que ame o pai, jamais me entregaria
tudo de bandeja.
-Não adianta mentir, ele está doente mais é são. Eu fui até o escritório e
peguei copias do nosso contrato de casamento e do estatuto da sua família, está tudo
aqui. Além de todas a clausulas sobre virgindade, consumação e herdeiros, tinha uma
falando nos direitos da esposa. Eu tenho 25% da empresa e todo o direito de reivindicar
um acento no conselho – falei firme.
Joguei os papeis nele e isso me deu grande satisfação, lembrei do dia que ele
jogou o dossiê que seus capangas fizeram sobre mim, tudo que apuraram e as fotos que
tiraram ao me seguir e vigiar por dias.
Ethan ficou vermelho de fúria, seu olhar me paralisou,
Ele saiu me arrastando sem se importar com nada.
-Remarque a reunião e desmarque meus compromissos do dia – gritou sobre
o ombro para a secretaria enquanto me arrastava.
Tentei me livrar, mas ele era mais forte.
-Me solta! Não é você que preserva tanto a imagem? Dessa vez não sou eu
que estou lhe fazendo passar vergonha, é você mesmo! – gritei quando estávamos no
elevador.
Ele não me respondeu, nem se dignou a me olhar.
Quando chegamos ao estacionamento ele pegou as chaves do carro e me
jogou dentro.

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-Matias, volte para casa com Ravi, eu vou dirigir – ordenou.
Nenhum dos dois ousou falar nada, por mais que Ravi quisesse intervir, ele
conhecia Ethan muito bem, não era o momento.
Enquanto estávamos no carro ele dirigiu feito um louco, mas não ousei falar
mais nada, meu rompante de coragem e petulância passou, agora me segurava ao banco
como se daquilo dependesse minha vida.
Não era assim que eu tinha imaginado que seria. Planejei conversar com ele,
mostrar os papeis e pedir um cargo na empresa, algo que não fosse atrapalhar ele, mas
de onde eu pudesse começar. Cheguei a cogitar ameaçar reivindicar meu acento, mas
achava que o convenceria e chegaríamos a um meio termo.
Não sei o que deu em mim, quando cheguei e soube da reunião meu sangue
ferveu, eu sabia que tinha o direito de está lá e ele escondeu isso de mim. Eu fiz tudo
por ele, mesmo que de maneira torta, ele estava lá graças a mim, a minha colaboração.
Mas a quem eu queria enganar? Ele jamais iria ceder, a não ser que eu
fizesse uma cena como a que fiz, mas algo me diz que mesmo assim não vou conseguir
o que quero. Muito pelo contrário.
Percebi que não estávamos indo até a mansão, no começo pensei que era
outro caminho que eu não conhecia, mas depois percebi que estávamos indo para o lado
oposto.
Estremeci, o que ele pretende? Ele está furioso, não sei o que fará comigo.

Capítulo 10

Quando ele parou, percebi que estávamos no condomínio onde ficava o


apartamento dele.
Ele me trouxe aqui para me castigar, sem a interferência de ninguém.
Eu gelei.
-Desce do carro! – ordenou.
Se ele pensa que vou colaborar está enganado.
-Não! Eu vou para casa! Se quiser depois conversamos, mas não vou ficar
aqui sozinha com você! – ralhei.
Foi então que ele me surpreendeu, me pegou no colo e me jogou em seu
ombro como se eu fosse um saco de batatas.

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Posso ser magra, mas não sou uma pluma, até porque, ganhei corpo nos
últimos tempos, pela alimentação de qualidade.
Lembrei que Camille me disse que Ethan adora se exercitar, é o que o
matem são, ele corre todos os dias e malha.
Ele subiu comigo no ombro pelo elevador de serviço, nem se dignou a
estacionar o carro, deixou de qualquer jeito no meio fio, mal fechou a porta depois de
me tirar de lá, apenas chutou.
Ele entrou comigo no apartamento e subiu as escadas, estava me levando
para o quarto em que acordei no dia que Jack tentou me violentar.
Ele me jogou na cama e começou a tirar o casaco, abrir as abotoaduras da
blusa social e tirar a gravata.
-Você não quer tanto algo para fazer? Eu te darei! Vamos logo providenciar
esse herdeiro, assim você se ocupa com a gravidez e a criança e me deixa em paz! –
ralhou.
Não pode ser, não acredito que ele vai fazer isso!
Sei que o dia estava chegando, que teria que me entregar novamente, estava
me preparando psicologicamente para isso. Mas não desse jeito! Não com ele nesse
estado de fúria. Com certeza ele me machucaria.
Claro que sim, essa era a ideia dele, me castigar e não tem castigo maior que
esse. Desde os primórdios foi assim, os homens se impunham as mulheres e as
obrigavam a fazer o que eles queriam.
-Ethan, por favor. Me deixa ir. O dia que a médica marcou para nossa
tentativa é daqui a uma semana, eu prometo que cumprirei minha obrigação. Mas agora
não, nem desse jeito – supliquei.
Sei que ele não vai me ouvir, mas é impossível não tentar.
-Você vai ficar trancada aqui e vamos transar todos os dias até que você
fique gravida! Agora tira a roupa se não quiser que eu faça isso! – ralhou.
Ele continuou a se despir, dessa vez abriu os botões da blusa e a tirou.
Da outra vez estávamos na penumbra e eu não vi direito, mas agora podia
ver seu peito forte a abdômen trincado, com certeza esse homem tem força para me
manter aqui e fazer o que quiser comigo.
-Não Ethan, por favor. Não faz isso – supliquei.
Tentei controlar as lagrimas, mas não consegui.
Ele tirou a calça e veio para cima de mim.
-Pensasse nisso antes de me desafiar, eu lhe alertei da última vez, agora vou
lhe castigar – sibilou.
Tentei me livrar dele, mas já estava rasgando minhas roupas.

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-Você ainda dizia que não era um monstro! Ainda me fez querer te entender
e compreender o que estava passando e porque estava agindo daquela forma – falei mais
pra mim doque pra ele.
Ele estava furioso, não iria ouvir nada do que eu dissesse.
Mesmo contra minha vontade comecei a soluçar.
Então ele parou, seu olhar mudou.
-Viu o que você quase me fez fazer?! Você me tira do sério e me faz agir
como louco! – gritou furioso.
Ele saiu de cima de mim e foi embora sem olhar para trás, só ouvi quando
ele trancou a porta.
Fiquei estupefata, não acredito que ele parou, eu jurei que estava perdida,
que ele faria e que me machucaria, cheguei a pensar que bateria em mim durante o
processo, de tão furioso que ele estava.
Olhei para mim mesma, minhas roupas estavam rasgadas, meus braços
estavam vermelhos onde ele me apertou.
Fiquei sem reação, não sabia se ficava feliz porque ele conseguiu se
controlar e me deixou ou se ficava com raiva do que ele tentou fazer comigo.
Mas lembrei do castigo que ele me deu, ele pode ter parado agora, mas me
deixou trancada aqui, nada me assegura de que ele tenha desistido de me deixar presa
aqui e que me obrigue a transar todas as noites.
Ele pode ter parado para não me forçar agora, enquanto está com raiva, pode
ter parado para não me bater nem me machucar. Mas ele pode muito bem me deixar
aqui até que eu transe com ele e fique grávida.
Me encolhi na cama, abraçando meu corpo e chorei,

Algumas horas depois ele voltou, estava com outra roupa e tinha uma sacola
em mãos.
-Se vista, Ravi a espera para lhe levar para casa. Espero que dessa vez me
esculte e pare de me desafiar, na próxima eu juro que a deixo presa – falou.
Ele jogou a sacola e saiu.
Me vesti o mais rápido que pude, peguei minha bolsa e fui embora correndo,
vai que ele muda de ideia e resolve me prender?
Voltei para casa, Cami estava aflita me esperando.
-O que aconteceu? Ravi me disse que Ethan saiu com você da empresa e ele
estava furioso, Ravi disse que nunca o viu naquele estado – disse Cami.
Ela estava no meu quarto, não queria que Walter soubesse o que aconteceu.

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-Fui lá falar com ele, ia pedir um cargo na empresa, tentaria dissuadir Ethan,
mas quando cheguei ele estava em uma reunião do conselho. Eu fiquei furiosa por ele
ter escondido de mim meus direitos e fui até lá. Interrompi a reunião e reivindiquei meu
acento. Juro que fiz isso de forma educada, mas ele ficou furioso. Nós brigamos e ele
me levou para o apartamento, ele quase me estuprou, mas no último segundo voltou a si
e parou – contei tudo a ela.
Eu precisava desabafar e sei que ela não vai me julgar.
-Não acredito que meu irmão fez isso! Nunca pensei que ele fosse capaz de
algo tão horrendo! Eu quero esganar ele! Quando ele aparecer vai me ouvir! –
vociferou.
Ele me ajudou a tomar banho e cuidou de mim até que eu dormisse.
No dia seguinte eu acordei tarde, mas soube por Sonia que Camille foi até o
apartamento do irmão bem cedo e ainda não havia voltado.
Fiquei esperando por ela em seu quarto.
-Camille, não precisava confrontar o Ethan por mim. Não quero ficar entre
vocês, sempre se deram bem. O que ele fez comigo não muda o irmão que ele é para
você – falei quando ela chegou.
Ele suspirou cansada.
-Muda sim, muda tudo. Eu sou mulher também, ao te agredir ele está me
agredindo, agredindo todas as mulheres, agindo como um completo idiota. Esse não foi
o homem que nossa mãe crio e eu precisava lembrar ele disso – contou.
Uma feminista nata, eu também costumava ser, mas estou tão abalada que
nem sei mais quem sou.
-Obrigada – foi o que consegui dizer.
Ela me abraçou.
-Ele está muito arrependido e morrendo de vergonha de mim, mas sabe que
isso não anula o que ele fez – disse.
Eu sinceramente não quero saber do Ethan agora.

Quando fui para o meu quarto, percebi que tinha uma mensagem dele no
meu celular.
“Sei que o que eu fiz não tem perdão, por mais que eu me arrependa e possa
jurar mil vezes que não sou assim, sei que não vai acreditar e jamais confiará em mim
de novo. Você tem toda razão, eu mesmo estou com nojo de mim, feri meus princípios e
isso não tem volta. Eu te imploro, nem que seja pela Camille, pelo meu pai e até por
você mesma, continue com o acordo. Eu não vou mais te obrigar a fazer nada, mas te
peço que não desista, que siga com nosso plano”.

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Nem parecia ele, sem mensagens curtas cheias de ordem, um texto cheio de
humildade, isso não parece nada Ethan.
“Farei por eles e por mim, mas não abro meu do meu cargo”.
Mandei uma resposta pela primeira vez, espero que ele esteja sendo sincero
e não tentando me enganar para ter o que precisa.

Capítulo 11

No dia seguinte fui avisada por Sonia que uma mulher me esperava no
escritório.
Quem será? Será que Rachel veio atras de mim? Estranhei que não tenha me
procurado até agora, a essa altura já deve ter visto na internet que estou casada com um
bilionário.
Desci e fui ao encontro da mulher, mas, para minha surpresa, era Olivia
Crow.
-Sra. Warcraft, meu nome é Olivia Crow e eu sou gerente comercial do
grupo Aporc – se apresentou formalmente.
Apertei sua mão.
-Abigail Warcraft, o que devo a visita? – questionei.
Como é estranho me apresentar dessa forma.

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-Sra. Warcraft, estou aqui a pedido do seu marido. Tenho aqui alguns
documentos a cerca do programa de marketing da empresa, segundo ele, a senhora é
publicitária e está se especializando em marketing empresarial e atuará como
consultora. Ele pediu que a senhora analisasse os papeis e marcasse uma reunião com
ele para debater sobre as mudanças que gostaria de fazer. Segundo o Sr. Warcraft, suas
decisões passaram pelo crivo dele e a senhora se reportará apenas a ele – falou séria.
Como mulher de negócios ela tinha uma postura imperativa, mas não
conseguia ser impenetrável como Ethan, dava para vê em seus olhos como estava
contraria.
-Obrigada, falarei com Ethan – encerrei.
Não gostei nada da forma avaliadora com a qual ela me olhou.
-Por acaso seu nome de solteira era Abigail Jones? – perguntou intrigada
Então ela me reconheceu.
-Sim, já nos conhecemos, mas a circunstância era outra – falei por cima.
Ethan nunca me mandou negar minha origem, claro que eu não deveria
espalhar, mas fui perguntada diretamente.
-No seu casamento mal nos vimos, na empresa também, mas hoje a
reconheci. Até porque, você está muito diferente da garota que foi pedir emprego no
Grupo Aporc naquele dia. Mas hoje, vestida assim, consegui reconhecer – falou
prepotente.
Tenho que ser firme, ela me humilhou naquele dia, mas hoje isso não
ocorrerá.
-É verdade, mas agora as coisas são diferentes, quem diria que perdi o cargo
de assistente, mas agora sou dona de parte da empresa e consultora da mesma – falei
altiva.
Ela franziu o nariz.
-Um golpe de sorte, se casar com o dono da empresa, justamente depois de
ser descartada. Parece que o talento é algo superestimado hoje em dia. Principalmente
para moças jovens e ambiciosas – soltou.
Que cobrinha, tentei ser educada, mas não vai acontecer.
-Com certeza não foi sorte. Por acaso está querendo insinuar alguma coisa?
Melhor se colocar no seu lugar, eu não sou mais aquela menina que você humilhou.
Agora eu sou sua chefe – falei.
Ela ficou pálida.
-Ethan jamais me demitira por sua causa, eu sou o braço direito dele naquela
empresa, sou essencial e todos sabem disso – assegurou.
Ri de escarnio.

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-Cuidado, o Sr. Warcraft, meu marido, não iriam gostar de saber que você
está falando comigo dessa forma. Saiba o seu lugar.... A propósito, medo não é respeito
e eu não tenho medo de você. Não sou sua subalterna, como os outros, já você.... –
deixei no ar.
Ela ficou furiosa.
-Eu estou naquela empresa a anos, tenho uma carreira brilhante, não serei
subjugada por uma garota que acabou de sair da faculdade. Quer dizer, nem isso você é,
já que passou dois anos desempregada – jogou.
Se ela pensa que me atinge está enganada.
-O que não diminui em nada meu potencial, até porque é preciso mente
nova para trazer mudanças e pode ter certeza, uma nova era vai começar no Grupo
Aporc, mas não se preocupe, diferente de você eu acredito mais na cooperação do que
na intimidação – falei.
Indiquei a saída para ela, por mais que nossa discussão tenha sido acalorada,
não vou baixar mais o nível dela.
Pelo visto, ela também não quis, afinal, estava ali a trabalho.
Fui para o meu quarto e estudei os papéis pelo resto do dia, estava
empolgada e cheia de ideias.
Fiz um plano de ação e preparei uma apresentação.
Trabalhei nisso por dois dias inteiros, Sonia tinha que mandar minha comida
para o quarto, só via a Cami porque ela vinha falar comigo.
Quando estava tudo pronto mandei um e-mail para Ethan, solicitando a
reunião.
Como ele tinha sido formal ao enviar Olivia, quis agir da mesma forma,
afinal, apesar de ter imposto a ele essa condição, não quero nepotismo. Eu lutei pelos
meus direito e porque sei que sou capaz.
Ele me respondeu, logo em seguida, marcou uma reunião oficial em seu
escritório amanhã as 8.
Eu claramente não dormi de ansiedade.

As 8 em ponto eu estava em frente a sua sala, me preparando para entrar.


Todos me observavam, com certeza devem imaginar que temos uma relação
estranha, nos casamos de uma hora para outro e a cena do Ethan na reunião do conselho
também não colaborou.
Espero que eles pensem que nosso jeito formal com relação ao meu cargo
seja algo respeitoso com a empresa e o local de trabalho.
-Bom dia – falei constrangida ao entrar.

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Não nos vimos mais depois da última briga, nossa conversa foi apenas por
mensagem.
-Bom dia – respondeu formal.
Dava para perceber que por trás da máscara de empresário sério ele estava
constrangido.
-Trouxe um plano de ação e fiz uma apresentação. Podemos começar – falei
mantendo o tom formal.
Ele assentiu.
-Fique a vontade – respondeu.
Fiz minha apresentação e ele ouviu tudo calado, mas atento.
-Abigail, suas ideias são muito boas e você tem visão, mas é tudo muito
radical, não podemos mudar a forma como as coisas são feitas – falou quando acabei.
Sabia que ele diria isso, mas não vou desistir.
-Eu sei, mas esse é o intuito. Eu estudei bastante a produção de energia
eólica na América Latina, principalmente no Nordeste Brasileiro. O esquema usado
atualmente, aliado as elites locais, propagando a energia verde está falido. A população
e a comunidade acadêmica estão ganhando voz, logo colocará a massa de manobra
contra as empresas. Não é só o que é certo ou ético, mas também o pioneirismo –
argumentei.
Ele ponderou.
-Vou estudar sua proposta com mais afinco e lhe darei uma resposta em
breve. Mas garanto que não é possível aplicar tudo que você está propondo, mas farei
uma contraproposta e nós continuaremos o debate até chegar a um meio termo –
afirmou.
Eu nunca imaginei que ele estaria aberto a discussão.
-Tudo bem, mas lembre, foi assim com a sustentabilidade e o
desenvolvimento sustentável, já vinha sendo amplamente discutido, mas quando se
tornou imposição do capitalismo todos tiveram que aderir – lembrei.
Ele assentiu.
-Tem razão, mas sabemos muito bem que nem tudo que está no papel ou é
divulgado acontece de verdade – ressaltou.
Infelizmente ele tem razão, mas isso não vai me parar.
-Só mais uma coisa, sei que impus esse cargo e essa participação a você,
mas quero provar minha capacidade. Não quero nepotismo e nem quero que me enrole
para que eu faça o que você quer – deixei claro.
Ele concordou.

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-Não farei isso, não pretendo lhe enganar nem lhe enrolar, mesmo que não
acredite em mim. De verdade, fiquei impressionado com a sua apresentação, claro que é
muito idealista e típico de uma jovem como você, mas realmente faz sentido e concordo
que tem fundamento tudo que disse. Só temos que ser realistas, além disso, mudanças
bruscas não nos levam a nada – afirmou.
Saí de sua sala feliz, saiu tudo melhor do que eu imaginava, claro que não
foi meu sonho dourado de ser elogiada e aclamando, mas não foi o passa fora que eu
esperava.
Fui para casa animada.
-Nossa, o que aconteceu? Parece que você está em um filme musical de
tanto que saltita – disse Cami.
Nos encontramos na entrada da casa.
-Fiz minha apresentação e Ethan está disposto a considerar, ainda vamos
discutir os termos até conciliar tudo, mas foi bem melhor do que eu esperava -falei
sorridente.
Ela ficou muito feliz.
-Eu sabia, sua apresentação estava excelente, meu pai conhece um talento
quando vê. Quanto ao Ethan, apesar da forma como vem agindo, ele não é um monstro
– falou.
Preferi não discutir sobre Ethan, estou feliz demais para isso.
Nos despedimos, ela estava de saída para a aula.

Fui para o meu quarto, tomei um banho, pedi um lanche a Sonia (não tinha
me alimentado direito antes de sair, estava muito nervosa).
Resolvi descansar um pouco, não dormi nada esses dias e estou tão feliz e
aliviada, parece que tirei um peso das costas.

Acordei já estava escuro, dormi demais.


Vi que tinha uma mensagem do Ethan.
“Amanhã é a data que a médica marcou para a tentativa de concepção.
Gostaria de sair para jantar antes, para tentar amenizar as coisas. Mas se preferir que
seja da mesma forma que da última vez, faremos como você achar melhor”.
A última vez foi horrível, mecânico, marcado, com todos esperando, mas
jantar com Ethan não é algo que eu quero.

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Se bem que, como esposa dele, uma das minhas obrigações e o acompanhar
em jantares e eventos, logo terei que fazer isso também. Além disso, ser vistos jantando
fora fará bem a nossa imagem de casal.
“Vamos jantar fora”.
Uma resposta curta e objetiva.

Capítulo 12

Ethan marcou nosso jantar para as 8, ele disse já ter feito reserva e que viria
me buscar. Cami me ajudou com a roupa, cabelo e maquiagem.
Eu estava apreensiva e ela também, só espero que ele não seja um grosseirão
e que dessa vez dê certo, não quero ter que repetir o ato tão cedo (mesmo que eu
engravide tem o herdeiro 2, para garantir).

No horário combinado Ethan chegou, iriamos com o Matias hoje, um dos


motorista/segurança da família, Ravi estava de folga hoje.
Odeio ter que andar com motorista, mas como a família Warcraft é muito
rica, eles têm medo de atentado, sequestro essas coisas. Mesmo que todos tenhamos

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carteira de motorista, temos que andar com motoristas, que são seguranças treinados,
isso quando não temos que ser escoltadas por mais seguranças, dependendo da ocasião.
Ethan estava muito bonito e elegante e não estava com aquela cara fechada
de sempre, o que era um milagre.
-Boa noite, obrigada por aceitar meu convite para jantar. Queria me
desculpa pelo nosso último encontro – falou.
Ele estava tenso.
-Ethan, por favor, não quero voltar naquele assunto. Pelo menos hoje, vamos
agir diferente, fingir que somos pessoas diferentes. Acho que será mais fácil – falei.
Pensei isso enquanto me arrumava, não quero repetir a última vez.
Vamos nos enganar, pelo menos por uma noite.
-Entendo, o que sugere? – questionou interessado.
Tive uma ideia brilhante.
-Pelo menos por hoje, eu serei Katy e você Tony, somos colegas de trabalho
e você me convidou para jantar – sugeri.
Ele riu, pela primeira vez uma risada de verdade.
-Vamos fingir uma historinha? É essa sua grande ideia? – perguntou.
Ele parecia está se divertindo.
-Sim, assim as coisas ficam mais fáceis – falei.
Ele concordou.
-Se isso facilita as coisas para você, tudo bem. Vamos dar uma chance a sua
ideia, pode ser divertido – falou animado.
E assim foi, conversamos sobre coisas que nunca falamos antes, nada de
família nem trabalho, falamos do que gostamos de ler, de ouvir, de assistir. Sobre
viagens, ele me contou os lugares que já conheceu e eu disse os lugares que sonhava em
visitar.
Durante o jantar nós bebemos bastante, ele escolheu um vinho muito bom e
eu adorei, tomamos a garrafa inteira.
-Então, Katy, o que acha de irmos para o meu apartamento? – convidou.
Fiquei tensa, essa é a hora da verdade, tudo foi para chegarmos a isso.
-Bom, a Abby jamais faria isso, mas a Katy é uma garota atrevida e vai
aceitar o convite do Tony – falei.
Ele gargalhou, estava bem soltinho.

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-Bom, o Ethan pretendia ir para a mansão, mas o Tony tem uma ideia
melhor. O que acha de a gente ir para o apartamento? Lá não terá ninguém nos
observando nem futricando o que estamos fazendo – comentou.
Fiquei tensa, não quero nem lembrar a última vez que estive com ele
naquele apartamento, mas ele tem razão. Cami e Walter estão na casa e fico com
vergonha deles saberem que estarei no quarto do Ethan transando com ele para produzir
um herdeiro.
-Acho a ideia do Tony melhor, concordo que seria bom termos privacidade –
concordei.
Saímos do restaurante e ele avisou ao motorista para nos levar ao
apartamento dele.
Ainda bem que viemos com motorista, pois estamos bem bêbados, espero
que isso facilite as coisas.
Continuamos conversando e rindo no carro por todo o caminho.
Quando chegamos ao apartamento me deu um frio na barriga.
-Abigail, sinto muito por isso, mas agradeço que tenha aceitado continuar –
falou tenso.
Mesmo com a bebida está aqui fez algo mudar nele, ficou tenso de novo.
-Katy, hoje eu sou a Katy. Esqueceu? Pelo menos por enquanto. E a Katy
quer ir para acama com o Tony – falei.
Subimos para o quarto, mesmo tensos tentamos entrar novamente nos
personagens e nos reconectar como no restaurante.
Ele veio até mim e colocou a mão em meu rosto, aproximando nossos rostos
a ponto de me beijar.
-Posso? – pediu.
Assenti.
Mesmo que já tenhamos transado e sejamos casados, nós nunca nos
beijamos.
Ele colou nossas bocas e senti sua língua pedir passagem, senti o gosto da
bebida em sua boca.
Enquanto nos beijávamos ele me puxou para cintura me aproximando do
seu corpo, senti seu calor e seu corpo musculoso sobre o meu e estremeci.
Era muito bom sentir seu corpo no meu, um fogo subiu por minhas pernas,
nunca me senti assim.
A bebida e o desejo me deixaram corajosa, coloquei minhas mãos em suas
costas e comecei a apertar ele também.

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Ele começou a tirar seu casaco e eu o ajudei, queria tocar seu corpo, sentir
seu calor, seu cheiro, estava inebriada com as novas sensações.
Ele começou a beijar meu pescoço e foi descendo para meu colo, desceu a
alça do meu vestido e eu queria mais, não senti vergonha nem me senti obrigada aqui,
eu o quero, o desejo.
Enquanto ele me beijava, me tocava e me despia eu fazia o mesmo com ele.
Adorei tocar cada parte do seu corpo, ele é perfeito, alto, forte, musculoso,
com um cheiro másculo maravilhoso, eu estava fervilhando de desejo, nunca me senti
assim, estava totalmente inebriada, entregue.
Esqueci tudo, eu sou a Katy agora e ele é o Tony, é só uma noite, isso não
muda nada.
Me deixei levar, o beijei, o toquei, puxei seus cabelos e aproveitei cada
segundo que o tinha em meus braços.
Estávamos nus e entregues, na primeira vez estava escuro, não vi nada, no
dia que ele tirou a roupa e ficou só de cueca eu estava tensa e nervosa demais para
prestar atenção em seu corpo. Mas dessa vez é diferente.
Agora eu prestei atenção em cada detalhe dele, o tocando por inteiro e
aproveitando cada parte dele.
Dessa vez, quando ele entrou em mim foi diferente, doeu no começo, mas
depois ficou bom. Durou muito mais do que da outra vez.
Quando acabou voltei a mim.
Puxei o cobertor, me cobri e me deitei ao contrário, com as penas para cima
na parede.
-A Dra. Summer me mandou fazer isso após a relação, para ajudar na
fecundação – falei.
Algo despertou nele com minhas palavras.
-Tudo bem, pode ficar à vontade – falou indo ao banheiro.
Não resisti a olhar para ele quando saiu, é realmente uma delícia.
Briguei comigo mesma por isso.
Já foi, já fizemos o que tinha que ser feito, tenho que voltar a ser eu.
Ele voltou pouco depois enrolado na toalha e se vestiu lá no quarto mesmo,
afinal, não tem nada que ele não tenha visto.
-Você poderia me emprestar algo para vestir? Não vou dormir com essa
roupa – falei prendendo o lençol ao meu corpo.
Ele estranhou.
-Dormir? – perguntou estranhando.

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Fiquei em choque, quase botei tudo para fora.
Ele pensa o que? Que vou voltar para casa a essa hora?
-Imaginei que pudesse ficar aqui pelo menos por essa noite, já está tarde e
eu estou cansada. Não se preocupe, eu fico no quarto de hospedes – assegurei.
Ele pegou um pijama para mim.
-Aqui não tem quarto de hospedes, como é meu refúgio, fiz uma reforma
para ampliar o meu quarto e o escritório. Mas pode dormir aqui, a cama é grande o
suficiente para nós dois. Não é como se nós não tivéssemos acabado de transar – falou
jogando a roupa na cama.
Peguei a roupa e fui ao banheiro, tomei um banho me sentindo um lixo.
Não acredito que vou ter que dormir com ele. Mas o que eu queria? Que ele
fosse dormir no sofá? Obvio que ele não faria isso.
E eu não vou dormir no sofá, não darei esse gostinho a ele, de achar que sou
uma menininha boba.
Como ele mesmo disse, nós já transamos, dividir a cama não é nada.
Não vou me deixar abalar, hoje sou a Katy, não a Abby.
Terminei o banho e vesti a roupa que ele me emprestou.
Fui até o quarto, ele já dormia, estava apenas de calça de dormir.
Ele está lindo, dormindo parece um anjo, a fachada de durão some e ele
parece bem mais jovem e lindo.
Esquece isso, vocês estão aqui para produzir um herdeiro e nada mais. Para
ele foi só mais uma transa como as muitas que ele já deve ter tido, só sexo. Com certeza
ele usa esse apartamento para isso, afinal, não vai levar as mulheres para casa do pai.
Deitei e apaguei, estava exausta.

Acordei estava sozinha na cama, levantei, tomei banho e vesti minhas


roupas de ontem, deixei a roupa dele no cesto de roupas suja no banheiro.
Peguei minha bolsa e desci.
Não tinha ninguém na casa.
Tinha comida para mim na mesa e uma caixa com um cartão como da outra
vez.
“Obrigado pela colaboração, espero que dessa vez dê certo, me avise
qualquer novidade”.

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Só isso, seco como sempre. Pelo menos dessa vez ele não deixou um
“presente/pagamento”.
Comi e desci, sabia que ele teria deixado um dos motorista/segurança me
esperando.
Ainda bem que era o Matias, como não temo intimidade ele foi o caminho
em silencia e eu agradeci por isso, seria vergonhoso se fosse o Ravi.
Corri para o meu quarto e me tranquei, não quero ver a Cami, estou com
vergonha.
Chega Abby, foi só sexo e era preciso. Nós estávamos fingindo ser outras
pessoas, apenas isso, fizemos o que era preciso e se tudo der certo estarei gravida e não
precisaremos fazer de novo tão cedo!

Capítulo 13

Ethan sumiu, pelo que Cami disse ele fez uma viagem de negócios de última
hora.
Quando ele voltou ficou no apartamento e não apareceu aqui.

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Ethan falou comigo apenas por Email, muito formal, fazendo sua
contraproposta, eliminando quase todas as minhas sugestões e reformulando o que
deixou. Sei que mais do que isso não vou conseguir.
Foquei na minha especialização e nas atribuições que me foram dadas no
Grupo Aporc.
Fui algumas vezes lá, mas não encontrei com Ethan.
Estava conhecendo aos poucos os funcionários e me dando bem com eles,
todos me respeitavam e no começo ficara intimidados, mas depois viram que eu era bem
diferente de Olivia.
Já ela, me odiava e sempre me dava indiretas de como eu não tenho
capacidade em estar lá e estou apenas por ser esposa do Ethan.

Infelizmente minha menstruação veio, não foi dessa vez, terei que ficar com
Ethan de novo e isso me causa calafrios, tudo que eu queria era distância dele.
Pensei em enrolar para falar com ele, tentar evitar ao máximo a situação,
mas ao que parece a médica se reporta diretamente a ele e o matem a par de tudo (Cami
não falou nada, como eu pedi, ela me prometeu).
“No dia marcado pela Dra. Summer estarei aí, vá até o meu quarto” .
Foi a mensagem que ele mandou pra mim no mesmo dia da consulta.

O dia marcado chegou mais rápido do que eu imaginava, tentei ao máximo


não pensar no que aconteceria, mas foi impossível.
Tomei meu banho, loquei uma das camisolas que comprei com Cami antes
do casamento, coloquei um robe de seda e fui para o quarto dele.
Era horrível pensar que Walter e Cami estariam aguardando ansiosamente
para que nós produzíssemos o herdeiro Warcraft.
Cheguei ao quarto do Ethan, bati e ele permitiu minha entrada.
Ele estava em sua poltrona me aguardando, com um robe de seda, como da
última vez, deve estar só de cueca.
-Vamos acabar logo com isso – falei tirando meu robe.
Tirei minha calcinha e coloquei no móvel de quarto ao lado da cama, não
quero perder essa como perdi a outra.
Depois deitei e aguardei que ele viesse até mim
-Se é assim que você quer, assim será – falou.

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Então ele tirou o robe e eu me assustei, me recompus o mais rápido que
pude, espero que ele não tenha percebido meu momento de fraqueza. Estou querendo
demonstrar frieza e imparcialidade como ele.
Mas foi impossível não me abalar, nem que seja por um momento com a
visão dele completamente nu.
Certo que já o vi nu antes e sabia que ele tiraria a roupa, mas como da
última vez ele estava de cueca, não esperava que dessa vez estaria nu.
Ele veio até mim e se colocou entre minhas pernas, dessa vez ele não
diminuiu as luzes.
Tentei relaxar, mas estava difícil, não tivemos nenhuma interação, nenhuma
preparação, isso era horrível.
Mesmo contra minha vontade acabei recordando a noite que passamos no
apartamento, como ele me tocou e como foi bom.
Aos poucos fui relaxando, sentindo seu corpo no meu, seu calor, sua pele
macia e seu cheiro. Não era bom como da última vez, mas era o que eu tinha.
Ele terminou, coloquei minha calcinha de volta e saí sem dizer nada.
Fui para o meu quarto tomar banho e chorar, estou me sentindo um lixo.

Ethan sumiu novamente, nem mesmo na empresa nos víamos.


Olivia estava sempre atras de mim, fazendo de tudo para me irritar, estava
odiando como todos gostavam de mim e me admiravam, muitas das implementações
que Ethan permitiu que eu fizesse estavam sendo um sucesso e ele estava furiosa com
isso.
Mais uma vez minha menstruação veio, infelizmente terei que transar com
ele de novo, definitivamente não quero repetir a última vez.
-Sra. Warcraft, se me permite, não é só o dia mais fértil, existem dias do seu
período fértil, sinceramente, quanto mais tentarem mais fácil será. Se é que me entende
– disse a Dra. Summer ao final da consulta.
Assenti e saí.
Definitivamente, não quero fazer uma vez, muito menos várias, foi horrível
demais.
Então lembrei da vez no apartamento, aquilo sim foi bom.
Sabe de uma coisa? Vou encher a cara e transar com gosto com Ethan, não é
como se ele fosse feio, ele pode ser insuportável, mas é uma gostoso.

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Eu vou aproveitar, nem que ele não queira, afinal, diferente dele eu não
posso transar com ninguém, nem me apaixonar nem viver enquanto não dê esse herdeiro
a ele, sem falar que Walter tem pouco tempo, quero que conheça o neto ou neta, ele quer
tanto.
Sem falar que, como Walter, Camille e Ravi sonham tanto em me vê
grávida, em ter um bebê correndo pela casa, até eu me apaguei a ideia.

Passei o dia na universidade, estava começando a fazer amigos, Ava e Sam,


eles trabalhavam na própria universidade, seguiram carreira acadêmica, me inseriram
nesse universo, eles eram bem divertidos.
-Ei Abby, vamos beber, tem um pub aqui perto que é ótimo – disse a negra
de olhos vividos e cabelos cacheado, ela era lindíssima, um espetáculo, parecia uma
boneca de tão perfeita.
Hoje era sexta, eu estava disposta a ir para casa e falar com Ethan para
termos nossos encontros durante a próxima semana, todos os dias.
-Vai Abby, você está sempre correndo para fazer algo, nunca saiu com a
gente – disse Sam.
Ele é branco, alto, de olhos e cabelos castanhos, ele faz o estilo magrelo
nerd, mas é muito divertido e engraçado, além de ter um rotos bonito, sem falar que seu
óculos lhe dá um chame intelectual.
Apesar de sermos amigos os únicos que tenho que não são da família, eles
não sabiam sobre meu casamento, nem sobre o Grupo Aporc.
Eu consegui me matricular na especialização com meu nome de solteira,
aqui seria apenas Abby.
-Vocês venceram, mas só um pouquinho, tenho coisas para fazer –
concordei.
Fomos para o pub, ficava ao lado da universidade e estava cheio de jovens,
como hoje é sexta, parece que todo mundo teve essa ideia.
Eu nunca fui ao pub ou festa de fraternidade durante a graduação, estava
ocupada demais tentando ser a melhor da turma e cuidando da minha avó.
Sabe de uma coisa, vou aproveitar hoje tudo que abdiquei.
Eles pediram chope e eu os acompanhei.
Tinha sinuca lá, eu adoro, comecei a jogar com Sam e Ava.
Quanto mais eu bebia mais me soltava, estávamos nos divertindo muito.

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À medida que a noite passava eles instalaram uma caraoquê e foi tudo que
eu precisava para me soltar mais ainda, quando menos vi estava cantando a plenos
pulmões e todos me olhavam.
Acabei quase me mijando, estava enrolando para ir ao banheiro, estava bom
demais, mas a bebida estava cobrando seu preço.
Quando saí um cara me prensou na parede, ele era grandão e muito bonito,
negro de olhos verdes.
Ele tentou me beijar e por um momento eu quis, mas lembrei que não posso,
por pior que seja minha relação com Ethan ele é meu marido e eu não sou assim.
Me afastei do cara e voltei pra minha mesa.
O cara veio atras de mim.
-Ei gata, sei que você quer, não foge – falou me puxando pelo braço.
Sam veio até nós.
-Deixa a garota em paz, ela está comigo – disse ele se metendo entre nós.
Não que ele tivesse interesse em mim e achasse que rolaria algo, ele fez isso
para me defender.
O cara foi embora.
-Obrigada, Sam – agradeci.
Ele piscou.
-É pra isso que servem os amigos – falou.
Olhei meu celular e estava cheio de chamadas, tanto de Cami como de Ravi.
Droga, já está tarde.
Mandei minha localização e pedi que Ravi viesse me buscar.
Aproveitei meus últimos momentos com meus amigos enquanto Ravi
chegava.
Ele mandou uma mensagem dizendo que chagou.
-Tenho que ir – falei.
Ava e Sam ficaram tristes.
-Está cedo, fica mais um pouco – insistiu Sam.
Ele estava muito louco.
-Daqui a pouco nós vamos, podemos ir todos juntos. É perigoso ir sozinha a
essa hora – disse Ava.
Amo como eles se preocupam e cuidam de mim.
-Não se preocupem, tenho carona e é de confiança – falei.

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Me despedi deles.
Odeio mentir, se bem que eu não menti, só omiti que era meu motorista.
Encontrei Ravi na entrada, o rapaz que me agarrou antes ainda quis me
seguir, mas quando me viu entrar no carro voltou.
-Está tudo bem? – perguntou preocupado.
Ele nunca me viu nesse estado.
Droga, amanhã vou ouvir do Ethan.
Tive uma ideia.
-Sim, pode me deixar no apartamento do Ethan? Não vou voltar para caso
hoje – falei.
Ele estranhou, mas obedeceu.
Ainda bem que ficava perto, tentei evitar uma conversa com Ravi, não
queria receber sermão.
Me despedi dele e fui para a cobertura.
Só espero que ele não esteja com outro.

Capítulo 14

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Toquei a campainha e nada dele atender, será que não está em casa?
Toquei mais.
Ele abriu a porta com uma cara de sono, vestindo apenas calça de dormir.
-Abigail? O que faz aqui a essa hora? – perguntou consultando o relógio.
Era mais de meia noite.
-Vim resolver nosso probleminha, segundo a Dra. Summer precisamos
praticar mais vezes, então resolvi começar – falei me jogando em cima dele.
Ele me segurou, mas não deixou que eu o beijasse.
-Você está bêbada? O que você andou aprontando? – questionou me
colocando pra dentro.
O empurrei.
-Nada demais, estava só fazendo uma reparação histórica, afinal, passei toda
a graduação inteira trancada estudando e cuidando da minha avó. Agora fui aproveitar
um pouquinho. Mas não se preocupe, estava apenas curtindo com meus amigos, a parte
do sexo guardei para você – falei.
Tentei agarrar ele de novo, mas dessa vez eu calculei mal e acabei caindo.
-Sinceramente, você parece uma criança inconsequente. Mas não adianta
discutir com você agora, você precisa de um banho e cama – falou me pegando no
braço.
Ele me levou até o banheiro e me jogou no box, abrindo o registro.
-Ei! Essa água está um gelo! – reclamei.
Tentei sair, mas ele não deixou.
-Vê se assim você volta a si – reclamou rabugento.
Que homem irritante.
-Lá vem você e essa carranca! Por que é tão irritante?! – reclamei.
Odeio quando ele assume essa postura.
-Será que é porque você me acordou no meio da noite caindo de bêbada? Eu
estou cansado, tive uma semana exaustiva e só queria descansar, mas a minha esposa
resolveu virar uma adolescente rebelde – vociferou.
Fiquei na minha, ele está furioso.
Ele me enrolou no roupão e me levou para o quarto e jogou um pijama para
mim.

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-Não vou precisar disso, pelo menos não agora – falei jogando a roupa
longe.
Fui para cima dele e dessa vez meu foco era sua calça de moletom, que já
estava destruída pelo meu banho.
-Chega Abigail, vista essas roupas e vá dormir! – ralhou.
Ele me afastou do seu corpo.
-Que saco Ethan! Você sabe que precisamos fazer logo esse bebê, seu pai
está morrendo e eu quero que ele conheça o neto! E eu quero aproveitar que estou
bêbada e que estamos aqui, não quero mais fazer daquele jeito, foi horrível! – reclamei.
Ele suspirou.
-Foi você quem quis daquele jeito, pensei que seria mais fácil. Mas agora
que disse, tudo bem, não faremos mais daquele jeito, já entendi – concordou.
Venci!
-Ótimo, agora tira essa roupa e muda essa cara. Volta a ser aquele Ethan
safado e gostoso daquele dia – falei animada.
Ele bufou.
-Abigail, eu não vou tocar em você, pelo menos não nesse estado. Quando o
porre passar conversamos – soltou.
Se ele pensa que vou obedecer está enganado.
-Eu não quero conversar, eu quero o seu corpo gostoso no meu – falei.
Comecei a me despir, não é possível que ele vá me rejeitar.
Eu posso não ser uma beldade, mas ele é homem.
Fiquei nua em sua frente e se não estou enganada por um momento ele me
desejou.
-Abigail, veste essa roupa e pare de cena! – ralhou furioso.
Parece que mexi com ele.
-Não vou vestir – teimei.
Ele bufou.
-Se você não vai vestir, visto eu! – vociferou.
Ele pegou a roupa e colocou em mim mesmo com meus protestos.
Não falei mais nada nem fiz mais nada depois da cara de odeio que ele fez,
parecia que ia me trucidar.
Ele me colocou na cama, jogou o cobertor em mim e saiu.
Voltou pouco tempo depois de pijama.

65
Eu apaguei.

Acordei com a luz em meus olhos, minha cabeça doía muito.


-Finalmente, pensei que não acordaria nunca. Vai tomar um banho e eu lhe
espero lá embaixo – disse Ethan.
Ele estava abrindo as cortinas, agora sei por que a luz me acordou.
Tentei me localizar, percebi que estava no apartamento dele e aos poucos fui
lembrando do mico que eu paguei.
Que vergonha, só queria me esconder.
Fui ao banheiro e percebi que tinham roupas minhas lá e não eram as que eu
estava vestindo ontem.
Parece que Ravi veio trazer minha roupa, que vergonha, a essa altura todos
já sabem o que aconteceu.
Preferia que ele tivesse deixado mais um dos seus bilhetes mandões.
Mas, aqui é o apartamento dele e hoje é sábado. Ele não vai sair por minha
causa.
Melhor acabar logo com isso.
Tomei banho, me vesti e desci para encontrar Ethan.
Ele estava no tablet, lendo algo, o meu café estava na mesa.
Até em casa ele é formal e se veste como se fosse sair para trabalhar a
qualquer momento.
Tomei apensa um café preto, meu estomago estava embrulhado.
-Pronto, pode começar o sermão – falei quando terminei meu café.
Sentei a sua frente em outro sofá.
-Bem que você merecia depois do que aprontou. Afinal, é o que
adolescentes rebeldes recebem, mas, apesar do seu comportamento, já passou dessa fase
faz tempo. Então vou pular essa parte. Só quero saber se o termos do nosso acordo
foram violados – falou sério.
É sério isso?
Mas eu mereço depois da cena que fiz.
-Não, ninguém lá sabe que sou sua esposa. Me matriculei como Abigail
Jones e nunca falei nada sobre ser casada muito menos sobre você. Não sabem nem do
meu cargo no grupo. E quanto a ficar com outros, não aconteceu, estava apenas com um
casal de amigos me divertindo de forma saudável – expliquei.

66
Odeio ter que dar essa explicação, mas é o mínimo depois de tudo.
-Realmente, sobre sexo você deixou bem claro ontem. Só esperava que
tivesse conversado isso comigo de forma civilizada e não jogado tudo na minha cara
quanto estava bêbada. Quer dizer, você estava só bêbeda, não é? Não usou nada?
Alguém pode ter tentado “batizar” sua bebida? – questionou.
Lá está o arrogante que tanto odeio.
-Não, meus amigos são de confiança e o único cara que tentou me
importunar o Sam colocou para correr. Não usei nada e não uso essas coisas, nem tenho
vontade. Agora você pode parar de agir como meu pai? – ralhei.
Ele fez uma careta quando falei o nome do Sam.
-Isso não estaria acontecendo se você não tivesse agido como uma
inconsequente. E quanto ao rapaz, não me importo que encontre alguém, mas só depois
dos dois herdeiros garantidos e tem que ser discreta – soltou.
Dessa vez não consegui segurar minha raiva
-Eu e Sam somos amigos! Amigos! Existe amizade entre homem e mulher!
Nem eu tenho interesse nele nem ele em mim, nem na Ava, nossa outra amiga, somos
apenas amigos! – deixei claro.
Ele se assustou com minha revolta.
-Tudo bem, entendi, não precisava ficar brava assim. Só estava esclarecendo
as coisas, mas não tocarei mais no assunto. Você é livre para viver sua vida, seguindo os
termos do nosso acordo – reforçou.
Odeio quando ele fica repetindo esses termos do acordo.
-Pela enésima vez, eu conheço muito bem os termos do nosso acordo e
estou ciente de cada um deles, não precisa me lembrar a cada segundo! – vociferei.
Ele engoliu em seco.
-Ótimo, agora temos outro assunto. Porque não conversou comigo sobre as
novas recomendações da Dra. Summer? – questionou.
Tenho certeza de que fiquei vermelha.
-Imaginei que soubesse, sei que ela sempre faz um relatório após nossas
consultas – declarei.
Consegui me recuperar.
-Verdade, mas queria que você tivesse conversado comigo sobre o assunto,
afinal, sei que exijo demais de você e não queria piorar nossa situação, nem que se
sentisse obrigada, na verdade, mais obrigada do que já se sente – falou constrangido.
Suspirei.

67
-Enfim, iria mandar uma mensagem ontem a noite falando do assunto, ia
combinar para que caso você aceitasse, passasse a semana na casa, para que tentássemos
por todo o período fértil, como a Dra. Summer sugeriu. Mas parece que em minha
embriaguez resolvi resolver o assunto pessoalmente – respondi constrangida.
Eu queria abrir um buraco no chão agora.
-Percebi, mas devia ter me dito quanto se sentia desconfortável. Eu também
me sinto, mas desde o começo deixei claro que agiria como quisesse. Abigail, sei que no
começo era uma moça jovem e inexperiente, mas agora já é uma mulher e sabe muito
bem como as coisas funcionam. Você sabe que não precisa ser ruim, não é? Existe uma
coisa chamada sexo casual, não precisamos nos apaixonar, temos nosso acordo, mas não
precisa ser uma obrigação tão dolorosa, podemos nos divertir, não estamos no século
XVIII. E pela forma como agiu ontem, você não me despreza tanto como gosta de
afirmar – jogou.
Eu mereci essa, depois de ter chamado ele de safado e gostoso.
Nossa, nem acredito nas barbaridades que disse, muito menos nas coisas que
fiz.
-Realmente, quando não está sendo um escroto arrogante, irritante e
prepotente, você até que tem um corpinho bom e sabe fazer algumas coisas – respondi a
altura.
Por mais que eu esteja morrendo por dentro, não vou deixá-lo tripudiar de
mim.
-Ótimo, pedi que Cami separasse algumas coisas suas e Ravi trouxe hoje
pela manhã, você passará a semana aqui. Como deixou claro, prefere a privacidade do
meu apartamento e sinceramente eu também. Então estamos de acordo – encerrou.
Lá vem o mandão de novo.
-Claro, até porque, foi para isso que arrumou esse lugar – comentei.
Ele riu.
-Não, aqui é meu recanto particular, nem mesmo meu pai e Cami vêm aqui,
você foi a única mulher aqui. A única vez que minha irmã pisou aqui foi quando a
chamei para cuidar de você – explicou.
Fiquei em choque.
Provavelmente deve haver outro em que ele leva as mulheres, ele é muito
rico e cheio de regras, com certeza tem um imóvel para cada coisa, bem a cara dele.
-Estou livre agora ou tem mais alguma demanda? – questionei.
Espero que ele não queira começar os “trabalhos” agora.
-Pode ficar à vontade, imagino que precise se recuperar. Nos vemos a noite
– falou.

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Ele pegou suas coisas e saiu.
Ótimo, paz e sossego.
Voltei pra cama, minha cabeça está explodindo e a conversa só piorou
minha situação.
Apaguei.

69
Capítulo 15

Quando acordei já estava escuro.


Ethan estava com os cabelos molhados e terminava de abotoar os últimos
botões da camisa.
-Já ia lhe chamar, pedi comida para nós, espero que goste de comida
japonesa. Se não, posso pedir outra coisa para você – falou.
Corri para o banheiro, dormi o dia inteiro e estou horrível.
-Sushi está ótimo para mim – falei apressada.
Escovei meus dentes, tentei dar um jeito no cabelo, mas ele não estava
colaborando (principalmente porque Ethan apenas molhou meus cabelos e eu fui dormir
sem pentear).
Prendi em um coque, passei desodorante e perfume.
Não vou trocar de roupa para ficar em casa, esse moletom está ótimo, até
porque, terei que tirar mesmo.
Não estou com vontade de colocar uma camisola sexy e me oferecer de
bandeja como sobremesa, já me rebaixei demais.
Segui para a cozinha, mas descobri que ele estava na sala, tinha organizado
tudo na mesa de centro e estava sentado no tapete, um clima informal.
-Você tem vinho ou algo alcoólico aqui? – perguntei.
Ele estranhou.
-Tem whisky. Pensei que não fazia o tipo que bebia, por acaso tem tendencia
alcoolistas? – questionou.
Suspirei.
-Não, na verdade nunca bebi até o dia do nosso jantar quando tomamos
vinho, mas acho que a bebida vai facilitar as coisas, como daquela vez – expliquei.
Já ia até o bar.
-Não precisa disso, deixa comigo, vou te mostrar que não precisa estar
bêbada para que seja bom. Além disso, fico incomodado, não sou tão desprezível ao
ponto de você ter que beber para transar comigo – falou e piscou para mim.
Ele estava bem mais descontraído, parece que a raiva da manhã passou.
Sentei no tapete com ele e começamos a comer, eu estava faminta, passei o
dia sem comer.

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Tivemos um papo agradável sobre assuntos diversos, realmente, quando ele
não estava sendo uma babaca arrogante até que era legal.
Sem falar que ele estava lindo com a camisa levemente aberta, tinha que me
controlar para não ficar “secando” ele.
Quando terminamos de comer ele me puxou e ficou por cima de mim, no
tapete mesmo.
-Vamos lá, chegou a hora de realizar seu desejo de ontem – brincou.
Nem consegui ter raiva da sua prepotência, ele estava sexy demais.
Ele nem me beijou nem nada, foi direto para meu seio puxou o zíper do
moletom para baixo exibindo meu mamilo e começou a chupar.
Nem eu percebi que meu mamilo estava duro e aparente no moletom, deve
ter sido meus pensamentos pecaminosos sobre ele durante o jantar.
Mas parece que ele percebeu
Foi incrível, eu nem sabia que queria que ele fizesse isso.
Relaxei e me deixei levar por ele.
Aos poucos ele foi se infiltrando pela minha calça folgada, colocando a mão
por dentro da calça e me tocando aos poucos, como eu queria que ele tocasse por dentro.
Então, como se tivesse ouvido meus pensamentos, ele puxou minha calcinha
para o lado e começou a me tocar, foi incrível.
Eu queria tocar nele também, sentia sua excitação encostando em mim, mas
não tinha coragem.
Logo ele cansou de lutar com a roupa, mesmo sendo folgada atrapalhava seu
acesso.
Ele tirou minha roupa e eu o ajudei, queria mais estava incrível.
Ele parecia ter sede de mim, quanto mais ele me tocava mais eu pirava.
Logo ele desceu com a boca e no começo eu tive vergonha, mas seus toques
me fizeram ceder, estava bom demais e eu queria mais.
Estava bom demais, mas eu quero ele.
Comecei a desabotoar sua blusa, mas estava difícil.
-Quero te tocar também – falei em um torpor.
Ele parou e tirou a roupa, com mais facilidade do que eu.
Logo ele estava completamente nu a minha frente e era um delícia.
Ele pegou minha mão e colocou em seu membro, me ensinando como fazer.
Ele suspirou de prazer, nunca o vi tão entregue, sem máscaras nem barreiras.

71
Me jogou no chão e ficou por cima de mim, entrou em mim e começou o
movimento que eu aprendi que não era tão ruim assim, era como se eu tivesse
necessidade dele.
Sentir ele em mim preencheu um vazio que não sabia que sentia.
Quando acabou ficamos caídos cansados.
Não falamos nada.
Quando saí do meu torpor peguei minhas roupas para me vestir.
-Deixa aí, você não vai precisar disso, estamos só começando – falou.
Ele subiu nu e eu fui atras dele.
A noite foi intensa, ele fez coisas maravilhosas em mim e me ensinou a
fazer coisas nele, mas em nenhum momento nos beijamos, ele não tentou e eu não iria
fazer isso.
Apaguei nua em cima dele, não tinha forças para nada.

Quando acordei ele estava dormindo ainda, o dia ainda não tinha
amanhecido.
Ele dormia ao meu lado, nu e com os cabelos bagunçados, a penas o lençol
cobria precariamente seu corpo.
Levantei e fui ao banheiro, estou cheia de marcas, mas foi maravilhoso.
Tomei um banho e vesti uma roupa, descobri que minhas coisas estavam no
closet dele.
Desci, bebi água e resolvi fazer um lanche, passei o dia anterior sem comer
e fiz muito exercício.
Depois voltei para a cama, mas não conseguia dormir.
Ficava lembrando do que aconteceu, foi bom demais, com certeza quero
repetir.
Não devia ter dito aquelas coisas a ele, agora tornei um desafio para ele me
fazer gostar de transar com ele.

Não sei quando dormi, mas acordei com Ethan puxando minha roupa.
-Pensei ter deixado claro que não precisaria de roupa, você está
atrapalhando meu trabalho aqui – reclamou.
Então ele rasgou minha roupa, eu estava com uma camiseta e um shortinho
leves.

72
Rasgou minha calcinha e ainda bem que eu estava sem sutiã (só uso quando
saio, até porque meus peitos são pequenos), se não ele teria rasgado também.
Dessa vez não tive vergonha e o ataquei também, já sei como ele gosta.

Ele está bem empenhado em sua nova função, agora essa criança saí, nós
praticamente só parávamos para comer, até o banho era juntos.
Quando a segunda-feira chegou acordamos cedo, ele foi para a empresa e eu
para a universidade.
Ao final do dia, nos encontramos em casa e fui surpreendida com ele
entrando no chuveiro comigo quando chegou da empresa, como eu cheguei antes e fui
tomar banho, ele chegou enquanto eu estava no banho e resolveu começar os
“trabalhos”.
A semana passou voando, quando estávamos juntos no apartamento
estávamos transando.
Nos vimos no escritório, mas mal nos falamos e ele foi completamente
formal.

-Bom, a semana do período fértil passou, vou voltar para casa e acho que
dessa vez dará certo. Não é possível, tentamos até demais – falei.
Ele foi para o chuveiro.
Era segunda pela manhã e estávamos nos preparando para o nosso dia.
-Faz como quiser, qualquer coisa me avisa – falou seco.
Arrumei minhas coisas e fui para a universidade, pedi a Ravi para levar
minhas coisas de volta.
Quando cheguei em casa naquele dia Cami fez de tudo para que eu contasse
a ela como foi, mas eu com certeza não iria contar a ela como o irmão era uma máquina
de fazer sexo e como ele acabou comigo.

73
Capítulo 16

A semana passou lenta e chata, Ethan não apareceu mais, só nos vimos na
empresa, mas ele fingiu não me vê.
Sam e Ava me convidaram para uma festa de fraternidade, estamos velhos
para isso, mas quando eles souberam que eu nunca tinha ido a uma dessas durante a
graduação, tornaram questão de honra me levar para curtir uma.
Ava tinha alguns amigos que eram da fraternidade e nos arrastou com ela,
pelo que vi o tal amigo era um contatinho, essa sim aproveita a vida, não se apega a
ninguém, diferente de Sam que faz a linha romântico, mas ele parece ter encontrado
uma garota que o interessou.
Dessa vez eu não bebi, não queria pagar um mico como da última vez.
Mas estava aproveitando o jogo de sinuca e o caraoquê, descobri que adoro
essas coisas.
Estava bem divertido, conheci um rapaz, o nome dele era Luke, ele era ruivo
de olhos verdes, muito bonito e educado. Fazia o estilo tímido e descobrimos ter muita
coisa em comum.
Adorei ele, mas infelizmente não posso viver minha vida agora quem sabe
no futuro.
Deixei claro para ele que só rolaria amizade e recusei trocar telefone, pelo
menos por enquanto.
Jogamos juntos e ele era muito legal.
Resolvi que estava na hora de ir embora, resolvi pegar um carro por
aplicativo, não quero que ninguém na mansão saiba que eu estava aqui, inventarei que
estava passeando por aí sozinha, que fui jantar fora e tudo mais. Não era muito tarde,
era razoável.
Ele foi para fora esperar o carro comigo.
Estávamos conversando e rindo juntos, o carro estava demorando um pouco.
-Tem certeza que vai me dispensar? Sei que está focada na sua carreira e sou
mais novo, mas acho que uma noite não vai atrapalhar sua vida. Já disse que estou
disposto a esperar seu tempo – tentou me convencer.
Suspirei, era tudo que eu queria.
-É complicado – foi a única coisa que disse.
Não quero mentir.
Ele me olhou profundamente e eu quase desmaiei, que olhar.

74
-Nem um beijo? Só um beijo e prometo que nunca mais peço nada –
insistiu.
Quase cedi, mas do nada senti meu braço ser puxado.
-Vamos embora antes que você seja presa pro abuso de menores – disse
Ethan furioso.
Fiquei em choque.
Como ele veio parar aqui?
-O que está fazendo aqui? – questionei furiosa.
Ele não estava interessado em conversar, estava tentando me arrastar.
-Solta a garota, eu posso ser um moleque, mas sei tratar uma mulher,
diferente de você, velhote - disse Luke ficando entre nós.
Certo que Ethan exagerou insinuando que ele era um pirralho (ele tem 21
anos). Mas o Ethan não é nenhum velho (ele tem 32 anos).
-Quem você pensa que é para dizer como eu devo tratar minha esposa? Vai
atras de uma garota da sua idade e para de dar em cima da minha mulher! – ralhou.
Nessa hora Sam e Ava tinham visto a confusão e tinha vindo até nós, eles
ficaram me olhando assombrados.
-Desculpa não ter dito nada, é complicado – tentei explicar.
Saí com Ethan juntando o pingo de dignidade que me restava.
Entrei no carro com ele, ele estava sem motorista.
-Se estava tão desesperada por sexo por que não me procurou? Pensei ter
deixado claro que poderia resolver seu problema ou está tão gulosa ao ponto de pegar
um adolescente cheio de hormônios. Pensei ter te satisfeito – reclamou.
Eu queria esganar ele.
-Primeiro, ele é um adulto, maior de idade. Segundo, eu não estava fazendo
nada demais, já tinha dispensado ele, não tenho culpa se ele estava insistindo. Ele não
sabia que eu era casada, nenhum deles sabia até agora e eu já tinha deixado claro que
aqui você não existia. Agora me diga como me achou e o que está fazendo aqui? –
perguntei furiosa.
Ele franziu o cenho.
-Depois da sua ceninha naquele dia comecei a acompanhar sua localização
pelo celular, para evitar outro momento como aquele. Fiquei surpreso quando descobri
que estava em uma fraternidade, pensei que não chegaria tão baixo. Eu fiquei no carro,
apenas observando, quando vi o garoto tentando te beijar – explicou.
Urrei de ódio.

75
-Você não tinha o direito! Não sou propriedade sua! Tenho direito de viver
minha vida e não estava fazendo nada demais! Tinha tudo sob controle! Ainda não
acredito que fez aquela cena ridícula e me expos para os meus amigos! – vociferei.
Ele bufou.
-Vê se agora eles param de arrastar você para esses lugares, chega desses
rompantes juvenis, você provavelmente está gravida de não deve se arriscar. Logo vai
ter que trancar o curso e quando voltar provavelmente não os encontrará – defendeu.
Odeio quando ele age assim, como um escroto arrogante.
-Não importa! A vida é minha e quem decide sou eu! Agora me leva para a
mansão, não vou para o apartamento! – ralhei.
Falei quando vi que ele estava indo para o apartamento.
-Não, você vai comigo para o apartamento e vou te mostrar como sou bem
melhor que aquele pirralho! – falou furioso.
Sério isso?
-Por acaso está com ciúmes? Se pensa que vou transar com você depois
dessa cena está enganado. Até porque o período fértil já passou e como você mesmo
disse a essa altura já devo estar grávida, então, não precisamos repetir tão cedo – soltei.
Nessa hora ele entrou no estacionamento do condomínio.
-Pensei que tínhamos combinado satisfazer nossas necessidades juntos e
pelo que vi hoje você está precisando e muito. Pensei ter apagado seu fogo semana
passada, mas pelo visto estava enganado, você tem um fogo dos mil sóis, mas não tem
problema, terei o maior prazer em continuar tentando – encerrou.
Se ele pensa que ganhou está enganado.
Ele me jogou no ombro e subiu comigo.
Pensei que seguiria assim até o apartamento, mas não, ele me puxou para si
no elevador mesmo, eu o empurrei.
-Já disse que não quero! – vociferei.
Ele nem ligou.
-Quer, eu sei, só está bravinha, mas te faço esquecer rapidinho – falou
safado.
Ele colocou a mão em meu local mais sensível e tive que me segurar para
não gritar.
-Você está louco? Estamos no elevador! Tem câmeras aqui! – ralhei.
Ele riu.
-Não ligo, mas se você é tão tímida, posso esperar até chegar ao
apartamento, mas é só isso – disse mandão.

76
Quando chegamos ele me levou para dentro e mal fechou a porta já estava
tentando tirar minha roupa.
-Eu não vou transar com você! – gritei.
Ele riu safado e começou a tirar a roupa.
-Tem certeza? – provocou.
Ele tirou a roupa lentamente, me fazendo pedir por cada segundo.
Deixei de me fazer de forte e me entreguei.
Logo estávamos nus e fazendo loucuras.
Transamos pela casa toda.
Passamos mais um fim de semana trancados no apartamento transando
loucamente, dessa vez nem pedimos minhas roupas, sabia que não teriam utilidade,
quando eu queria vestir algo colocava uma blusa dele e uma boxe.

No dia seguinte acordei irritada, me deixei levar no momento, mas agora


terei uma conversinha com Ethan.
Depois do café da manhã comecei.
-Por que está me seguindo como um maníaco? – questionei.
Ele me olhou sério.
-Porque você se comporta como criança e suas atitudes refletem em mim, na
minha posição. Preciso de herdeiros legítimos e uma esposa no mínimo estável. Na
minha posição, não posso virar fofoca – rebateu.
Respirei fundo.
-Isso não lhe dá o direito de me vigiar e me seguir. Eu errei uma vez,
admito, mas já ficamos combinados que não faria novamente. Eu saí com meus amigos,
não bebi e iria voltar cedo, sem problemas, mas você foi lá e fez um escândalo, me
expos. Se virarmos fofoca será por sua culpa, afinal, até ontem ninguém sabia que eu
era sua esposa – joguei.
Ele ficou vermelho de raiva.
-Nada demais? Aquele garoto estava tentando de agarrar, eu só te defendi! E
eu tenho certeza de que aqueles jovens bêbados não me conhecem ou se conhecem não
teriam capacidade para me reconhecer devido ao nível de álcool e drogas – soltou.
Ele parecia uma criança birrenta quando era contrariada.
-Ele queria me beijar, mas em nenhum momento forçou nada e se tivesse
feito eu sei me defender. Além disso, Sam estava lá e teria corrido para me ajudar, como

77
já fez antes. Mas não precisaria, Luke não faz esse tipo. E mesmo que ninguém tenha
lhe reconhecido, eu tenho a obrigação de me explicar para os meus amigos! – ralhei.
Ele bufou.
-Está irritada assim por causa do garoto? Esse tal de Luke? Está interessada
nele? – questionou.
Suspirei.
-E se eu estiver? Você deixou claro que nosso casamento é de fachada e que
depois eu poderei me relacionar com quem eu quiser – soltei.
Ele ficou furioso.
-Depois de DOIS herdeiros! Pensei que isso estava claro entre nós, por
enquanto, você só pode ficar comigo. Esse foi nosso acordo. Eu vou suprir suas
necessidades e realizar seus desejos, você não precisa daquele moleque que mal saiu das
fraldas! – vociferou.
Foi impossível não rir.
-Você está com ciúmes? É isso? Está querendo competir com um garoto,
que segundo você, nem saiu das fraldas. O que eu discordo, afinal, ele tem quase minha
idade. A não ser que você pense que sou uma criança também. No caso, você seria um
podofilo – brinquei.
BOA! Quero ver ele retalhar essa!
-Não, Abigail. Eu sou um homem de verdade e muito melhor que aquele
garotinho. Quanto a você, apesar de parecer uma criança birrenta em alguns momentos,
já é uma mulher adulta. As mulheres amadurecem primeiro e você é mais velha do que
ele. Agora se quer se explicar para os seus amigos problema seu, parando de agir como
uma inconsequente não terei motivos para ficar de olho em você – encerrou.
Se ele pensa que vai acabar assim está enganado.
-Eu ainda não terminei, quero que exclua o rastreador. Eu já disse que não
vou mais agir daquela forma e pelo que me consta, quem agiu como um louco foi você!
– exigi.
Ele suspirou.
-Tudo bem, é justo. Agora se afasta do garoto, pelo menos por enquanto.
Depois, se quiser ir atras dele não é dá minha conta – exigiu.
Sabia que não seria fácil assim.
-Estamos combinados – concordei.
Ele pegou o celular e eu fui conferir se ele estava mesmo excluindo e se não
estava tentando me enganar.

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-Já excluí, não precisa ficar em cima achando que vou fazer alguma
artimanha, nós temos um acordo e eu vou seguir. Ou por acaso você quem mais alguma
coisa? – falou em cima de mim.
Na hora minhas pernas derreteram.
Foi impossível resistir, ele jogou o celular no sofá em me pegou nos braços,
me levando para o quarto.
Tiramos nossas roupas o mais rápido que podíamos, quase rasgando no
processo.
Logo estávamos nos braços um do outro, transando como loucos.
Estou viciada nesse homem, nem parece que transamos a poucas horas.
Quando ele chegava perto de mim eu estremecia, como se nunca tivesse
ficado com um homem, pior, como se nunca tivesse transado com ele, que é
basicamente o que mais tenho feito nos últimos tempos.

79
Capítulo 17

Passei o fim de semana no apartamento do Ethan, Cami nem estranhou, nem


ela, nem Ravi nem Walter me procuraram.
Na segunda tive que encarar Ava e Sam.
Após a aula fomos nos sentar em um dos bancos do campus para conversar.
-Por que nunca nos contou que era casada? – perguntou Ava direta.
Pensei em mentir, mas não quero fazer isso, já os decepcionei demais.
-É complicado, não temos uma relação muito boa. Não quero que pensem
que eu estava me divertindo e mentindo para todos, só queria separar minha vida
acadêmica do meu casamento – expliquei.
Não era toda a verdade, mas não era mentira.
-Abby, eu o reconheci. É o Elliot Warcraft, ele é só o cara mais rico da
cidade, pior, ele é um conde inglês! – disse Sam chocado.
Suspirei.
-Por isso mesmo que não falei nada, odeio ser tratada diferente, como se não
fosse uma pessoa normal. Quero ser eu mesma, não a esposa dele – contei.
Pelo menos essa parte era verdade.
-Pensei que fossemos amigos, que confiasse na gente – insistiu Sam.
Ele estava muito abalado.
-Confio, só não sabia como contar. E eu estava amando ser eu mesma de
novo – falei.
Eles me analisaram.
-Abby, por acaso ele é abusivo com você? Ele parecia um homem das
cavernas naquele dia – reclamou Ava.
Ela estava bem preocupada.
-Não posso mentir que as vezes ele age como um troglodita, mas na maioria
do tempo ele é um cara legal. Ele só é muito sério e cheio de regras – contei.
Sam riu.
-Pode até ser, mas ele estava morrendo de ciúmes, isso sim. Ele parecia que
ia matar o Luke só com o olhar – brincou Sam.
Será? Cheguei a pensar nisso, mas depois desconsiderei, quando Ethan falou
que só estava preocupada com fofocas e reputação eu achei bem mais plausível.

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-Não minha amiga, ele com certeza estava morrendo de ciúmes. Conheço
bem o tipo, possessivo. Cuidado, não deixa o gato mandar em você ou será um caminho
sem volta. Por mais que ele seja uma delícia, mulher nenhuma deve deixar que um
homem mande nela, por mais gostoso que ele seja – aconselhou Ava.
Fiquei vermelha com os comentários sobre Ethan, só conversava sobre ele
com a Cami e com certeza ela não vê o irmão assim.
Eu não sou burra, sei que ele é lindo e vejo como a Olivia me odeia por
ciúmes dele, mas era estranho quando vinha de uma amiga, que apesar de falar essas
coisas não estava interessada nele, só quer o melhor para mim.
-Não se preocupa, sei lidar com Ethan. Já conversamos sobre isso, ele vai
ficar na dele – esclareci.
Ele ficou aliviada.
-É tão estranho ouvir você falar dele assim, aquele homem é implacável.
Lembro de ter encontrado com ele em uma reunião de negócios e todos o temiam e
admiravam. É estranho imaginar você dando carão nele como se fosse uma criança –
comentou Sam.
Ava riu.
-Também o vi em um jantar uma vez, tive a mesma sensação, mas depois da
cena de ciúmes, não duvido mais de nada. Abby, você conseguiu abalar o lorde de ferro
– brincou Ava.
Essa eu estranhei.
-Lorde de ferro? – questionei.
Ela riu.
-Ele é um lorde inglês e implacável nos negócios, logo, um lorde de ferro –
explicou.
Gostei do apelido.
Depois conversamos descontraídos, voltando a ser como antes, ainda bem
que eles me perdoaram.

Eu quase não pisava mais na mansão Warcraft, ou Ethan mandava


mensagem pedindo que eu fosse para o apartamento ou eu resolvia ir.
Já tinha deixado tudo que precisava lá e como saía com meu notebook e
celular, tinha tudo que era preciso para estudar e trabalhar.
Nós não podíamos chegar perto um do outro que ficávamos nus em
segundos.

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Nós transavamos dia e noite, era bom demais.
Eu nunca tinha feito sexo, estava descobrindo esse mundo novo e ele não
queria parecer velho ou tinha uma birra ridícula de macho querendo se provar, então, ele
não negava fogo nunca.

82
Capítulo 18

Acordei o dia estava amanhecendo, do total nada e não consegui mais


dormir, estava cheia de energia.
Desci e fui beber água, resolvi comer algo, estou com fome.
Fiz um sanduiche e comi.
Voltei para o quarto e nada de sono.
Ethan estava dormindo tranquilo, ele fica lindo dormindo, tão calmo, eu
adorava ver ele dormindo, parecia outra pessoa, sem máscaras, sem barreiras.
Ele se mexeu e acabou afastando o cobertor, deixando seu corpo
parcialmente exposto.
Ele estava nu, como sempre, dormimos cansados após o sexo e sem roupas.
No começo eu ainda vestia uma calcinha em uma blusa dele, mas depois
desisti, era muito melhor e mais prático dormir sem nada.
Fiquei olhando para ele e estava praticamente salivando de desejo, seu corpo
escultural parcialmente exposto estava me deixando cheia de ideias.
Nós já fizemos muitas coisas na cama, mas eu nunca o chupei, achava
nojento, mas agora estou com um desejo louco de fazer isso.
Sei que é errado, que ele está dormindo, mas não consigo manter minhas
mãos longe dele.
Sem conseguir me conter, minhas mãos já estavam nele, acariciando,
deixando-o prontinho para o que eu queria.
Ele começou a gemer e aos poucos foi abrindo os olhos, ainda atordoado.
A visão dos seus olhos turvos me deixou ainda mais desejosa., não resisti
mais e coloquei minha boca nele, provando seu gosto pela primeira vez.
No começo foi estranho, mas eu estava com tanto desejo que deixei isso
para lá, aproveitei cada instante.
Ele estava revirando os olhos de tanto prazer, gemia loucamente.
Eu sabia o que ia acontecer, mas não me importei, não queria parar, quero
ele até o fim.
Quando acabou caímos na cama extasiados.
-Nossa, o que deu em você? – perguntou chocado.
Nem eu sei.

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-Desculpa, não devia ter feito isso, pelo menos não assim – falei.
Agora que a emoção está passando percebi como fui invasiva.
-Não se preocupe, eu adorei, na verdade, pode me acordar assim sempre que
quiser, estou à disposição – brincou.
Ele foi para o banho e eu fui atrás.
-Se é assim, ótimo. Agora é a minha vez, se pensa que acabou está enganado
– falei agarrando-o por trás.
Esse homem é uma delícia, ele me deixa louca, se eu pudesse passava dia e
noite com ele nessa cama.
Transamos no banheiro, foi incrível.
-Nossa, você está parecendo uma ninfomaníaca, sei que é jovem e está
tentando recuperar o tempo perdido, mas eu me rendo. Não estou conseguindo
acompanhar o seu ritmo. Você vai me matar desse jeito – suplicou enquanto se vestia.
Estávamos nos vestindo para sair, ele iria trabalhar e eu para a aula.
-Não era você o macho alfa? Que ia me ensinar, que era um homem de
verdade e bem melhor que os outros? – provoquei.
Com certeza ele é tudo isso, eu que estou uma louca desvairada por sexo,
mas eu não ia perder a chance de alfinetar, adoro abalar o grande ego dele.
-E sou, mas tenho direito a ficar cansado também. Mas não se preocupe,
quando eu me recuperar, quem vai pedir clemencia é você – ameaçou.
Terminamos de nos arrumar, tomamos nosso café e seguimos para nossas
obrigações do dia.

À noite, Ethan cumpriu com sua promessa, transamos loucamente em todos


os lugares da casa, fomos dormir exaustos e só paramos porque teríamos compromissos
no dia seguinte.
Teríamos reunião do conselho, pela primeira vez Ethan me deixaria
participar e eu estou mega animada com isso.
A reunião seria após o almoço e eu tenho aula pela manhã.
Claro que antes de sairmos eu ataquei o Ethan mais uma vez, nossa, eu
estou realmente uma ninfomaníaca.
Mas ele não reclamou, muito pelo contrário, foi bem feliz e satisfeito para o
trabalho.
Almocei em um restaurante próximo ao campus e de lá fui para o grupo
Aporc, cheguei na hora exata da reunião.

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Fiquei calada, observando tudo e aprendendo, no final fiz algumas
pontuações que me eram pertinentes e pelo que percebi agradei a todos em minhas
considerações.
Ethan foi extremamente profissional e não quis me assassinar quando fiz
minhas considerações, o que é um bom sinal.
Ao final da reunião, Ethan foi para sua sala e eu fui me reunir com a equipe
de marketing, tinha alguns ajustes que eu gostaria de fazer.
Ao final, estava tudo calmo e próximo ao fim do expediente, eu poderia
simplesmente ir embora, não tenho horário a cumprir, mas aquele jeito sério do Ethan
me deixou cheia de ideias.
Fui até a sala dele, apenas conversaria com ele, queria sentir o clima. Quem
sabe ele não resolvesse ir para casa comigo.
Falei com a secretaria, ela me anunciou e esperei que ele me recebesse, tudo
direitinho, como manda o figurino.
-Abigail, o que houve? Algum problema com as novas alterações? –
questionou preocupado.
Ele estranhou que fosse falar com ele sem uma reunião marcada.
-Não, só queria saber se tudo bem para você as considerações que fiz. Sei
que ainda estou aprendendo, mas não consegui me conter – me desculpei.
Ele sorriu e eu estremeci, ele nunca foi o Ethan de casa quando estamos na
empresa, mas agora ele estava descontraído.
-Não tem problema, suas opiniões foram pertinentes e todos adoraram,
também não precisa ter medo de falar, eu sei que fui um troglodita naquele dia, mas
acho que melhorei. Ou você tem medo de mim? – questionou.
Ele está me provocando e eu nem quero nem vou resistir.
-Não tenho medo de você, só não quero estragar minha noite – soltei.
Ele estremeceu com meu comentário e foi o que faltava para que eu fosse
até ele e sentasse em seu colo.
-Abigail, estamos na empresa – resistiu.
Dava para vê o quanto ele me queria.
-Eu sei, mas ficar te olhando daquele jeito tão sério me deixou cheia de
ideias – falei em seu ouvido.
Senti sua ereção crescer, quando menos esperei, ele me jogou em sua mesa
sem se importar com nada.
Baixou suas calças, subiu minha saia, puxou minha calcinha e entrou em
mim de forma bruta.

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No passado, quando ele fez isso, eu não gostei, era ruim sem preliminares,
mas agora, era tudo que eu mais queria.
Eu precisava dele, de lhe sentir por inteiro.
Estávamos indo a loucura, quando fomos surpreendidos.
-Ethan, você precisa parar aquela garota! – dizia Olivia.
Ela entrou sem bater, sem ser anunciada e sem se importar com nada.
Quando nos viu naquela posição ficou em choque.
-Como ousa entrar assim na minha sala? – perguntou Ethan furioso.
Nós nos recompomos.
-Desculpa, não sabia que estavam usando a sala da presidência de motel –
falou acida.
Fiquei rubra.
-A sala é minha, o horário de expediente já acabou e eu estou transando com
a minha esposa, o que não é da sua conta, nem de ninguém. Agora você não devia entrar
sem bater, nem sem ser anunciada – falou sério.
Ele a fuzilava com o olhar, cheguei a sentir pena dela.
-Desculpe, pensei que como o expediente acabou e sua secretaria não estava
mais aqui, não teria problema entrar. Afinal, já fiz isso inúmeras vezes e você nunca
reclamou – jogou.
Senti a indireta e fiquei furiosa.
Já imaginava que os dois já tiveram alguma coisa, pode ser que ainda
tenham, não sei. Mas sei que o ódio que ela tem de mim é ciúmes do Ethan.
-Já deixei claro para você varias vezes para focar nas suas atribuições e não
se meter onde não é chamada, se insistir em me contrariar, minha única saída será te
demitir – disse Ethan seco.
Não sei quem ficou mais chocada, se foi eu ou se foi ela.
-Acho melhor ir embora, não vou atrapalhar a conversa de vocês. Ethan, nos
vemos em casa – falei.
Ele me puxou e segurou minha mão.
-Já disse tudo que tinha que dizer a Sra. Crow. Vamos para casa – encerrou.
Saímos juntos, de mãos dadas e ela ficou lá furiosa e perplexa.
Não tinha mais ninguém na empresa.
Fomos para casa em silencio.
-Ethan, você tem alguma coisa com a Olivia? – perguntei.

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Sei que não devia, mas não segurei.
-Não, mas tive, no passado, já faz um tempo na verdade. Mas ela criou
fantasias de que um dia ficaríamos juntos, por mais que eu sempre tenha deixado claro
que era só sexo – falou.
Claro, só sexo, como sempre, como comigo.
Ethan não tem amor, não se apaixona, para ele o que importa é a família e os
negócios, mulheres são apenas prazer e no meu caso uma obrigação.
Não vou me iludir, ele quer herdeiros e me manter longe de outros homens e
de quebra ter alguém com quem transar sempre.
Sexo, é a isso que se resume nossa relação.
Ele foi para o banho e eu fingi estar ocupada com um trabalho, mas na
verdade estava me sentindo estranha, vê como Olivia ficou e a forma como Ethan a
tratou não fez com que eu me sentisse superior ou que eu ficasse feliz por ele ter dado
um basta nela.
Muito pelo contrário, só me fez imaginar que um dia ele poderá me tratar
assim.
Mas não, eu não vou deixar isso acontecer.
Eu não suporto ele, é só sexo, é só um homem bonito, com um corpo
gostoso que sabe fazer coisas incríveis na cama.
Darei a ele seus herdeiros e depois cada um seguira sua vida, quem sabe eu
não reencontre o Luke, ou conheça outro homem.
Foquei nisso e tentei esquecer o resto.

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