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Para Nityana CS, uma das mulheres mais inteligentes que eu conheço,
deu-me a brilhante ideia, força e motivação para escrever este romance. Sem
esquecer a minha capa de super-homem, o meu forte escudo que passou horas
e horas a ajudar-me, a minha querida e doce Nadavy. Sou-vos eternamente
grato.
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Sinopse
Mila Alves, prestes a completar 22 anos, vê a sua vida a mudar num estalar
de dedos. Emprego novo, óptimo desempenho académico, tudo parece às mil
maravilhas, excepto o estranho que ela apaixonou-se e sentiu-se atraída como
nunca sentiu por outro homem. Começa uma relação de muitos entraves
psicológicos em que parece que só o sexo resolve os problemas dos dois.
Uma relação de dois estranhos que zelam pelo amor que sentem um pelo
outro, mas também guardam numa caixa de vidro os problemas que de vez em
quando aparecem para cobrar o seu lugar dentro das duas mentes
aparentemente felizes.
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Capítulo 1
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Eu ignorava o despertador enquanto ele dava vida a minha
preguiça. Adormeci até lembrar-me que tinha um compromisso por cumprir.
Quando despertei já eram nove horas.
— Merda! O que fui eu fazer… – Resmunguei ainda ensonada.
Num pulo abandonei a cama e fiz a minha higiene apressadamente,
vesti uma pólo preta, calças jeans e sandálias rasas castanhas da Aldo, sacudi
levemente o meu cabelo crespo com madeixas grisalhas. Agarrei a
minha bolsa, os meus cadernos incluindo o meu bloco de notas e caminhei até a
paragem onde apanhei um candongueiro para o Primeiro de Maio. Pelo
caminho liguei incansavelmente para o CEO com quem tivera marcado o
compromisso e sem sucesso. Tentei confortar-me, provavelmente as minhas
colegas já lá estavam. Verifiquei o telemóvel e encontrei mensagens delas.
De: Tchizé
“Bom dia, Mila. Não estou bem, não poderei aparecer, mas conto contigo
e com a Kaila”.
De: Kaila
“Olá! Mila, esqueci-me completamente que hoje tenho de levar a minha
irmãzinha ao dentista, desculpa-me.”
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Ela estava com um visual espetacular, tranças longas e num vestido verde-
escuro justo até ao joelho que deixava o seu lindo corpo maravilhoso.
— Liud!! Bons olhos te vejam. – Deu-me um longo abraço. – Estás boa
meu bem? O que fazes aqui? – Questionou-me surpresa ao soltar-me.
— Boa? Só provando. – Sorri. – Estou óptima e muito atrasada, tenho um
compromisso com o CEO da P.R. Entertainment. Dá-me o teu número e falamos
assim que der jeito.
A Patrícia retirou o seu cartão de visita da bolsa e deu-mo, despediu-me
com um beijo no rosto.
— Vai lá e boa sorte. – Desejou. – Ele deve estar fulo com o teu atraso, ouvi
dizer que é muito exigente. Até breve. – Despedi-a.
Peguei o elevador para o último andar e pus-me a correr em direção ao
Hall de entrada da P.R.Entertainment. Apressei-me até ao fundo do corredor e
encontrei a sala do Sr. Paulo Rodrigues. Em três toques bati a porta e em
seguida abri-a.
— Licença, peço imensas desculpas pelo atraso e ... – Logo fui
interrompida pelo Sr. Paulo.
— Entre Srta. Liudmilla. – Enquanto olhava fixamente para mim.
Entrei em silêncio, meio constrangida e sem ainda trocar olhares, fechei a
porta. Era um espaçoso escritório com uma decoração antiquada de tijolos
pequenos e madeira, cores mortas e todo organizado. Paulo, era elegante e
bonito tal como eu imaginara, usava um traje simples que salientava
perfeitamente o seu corpo e combinava com o cargo que ocupava. Ele estava
sentado na ponta da sua secretária com os pés e braços cruzados.
— A que se deve o atraso Srta. Liudmilla? – Olhava fixamente para mim
com um olhar sarcástico.
Como uma boa angolana, senti-me envergonhada por não ter uma
desculpa em mente.
— Desculpe, eu adormeci e perdi... – Comecei a falar e fui interrompida
em seguida.
— Esqueça isso! – Estendeu-me a mão. – Paulo Rodrigues, CEO da P.R.
Entertainment. – Apresentou-se.
— Liudmilla Alves, mas pode tratar-me por Mila. – Esbocei
um leve sorriso e estendi a minha mão sobre a dele. – Estudante de Gestão e
desempregada. – Sorrimos.
— Ainda é jovem e tem muito pela frente, sente-se por favor. – Mostrou o
seu lindo sorriso.
Sorriso esse que mexeu com a minha Deusa erótica. Era um homem
à moda antiga que enquadrava-se perfeitamente ao século XXI.
Seria um pecado ir todos os domingos à igreja e babar-me por aquele homem,
enquanto a minha Deusa implorava para ser amassada por ele.
— Srta. Mila, Srta. Mila, Srta. Mila! – Ele aumentou o tom da sua voz.
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— Sim, sim! – Respondi enquanto eu despertava muito
envergonhada. – Poderia ser meu tutor ou algo do género? – Perguntei-lhe
antes dele começar a rir-se de mim.
— Depois de olhar para mim daquele jeito, acho justo Srta.
Mila. – Ele tirou sarro de mim e eu fiquei ainda mais envergonhada. Acho que
ele ficou com pena de mim, por isso cedeu. – Adoraria. – Acrescentou.
Depois de algumas perguntas elaboradas pelas minhas companheiras e
eu, ele levantou-se da cadeira e como um cavalheiro estendeu-me a sua mão
para que eu pudesse levantar-me também, juntos fomos até a porta e ele abriu-
a para que eu pudesse passar.
— As senhoras primeiro.
— Obrigada. – Agradeci e desastrada como sou bati com o meu pé no seu
ao tentar passar.
Antes de atingir o chão de madeira laminado, ele segurou-
me firme, tão firme que dava para sentir o seu perfume mais intenso e os seus
dedos em mim. Imaginei-me a ser maltratada entre os lençóis desarrumados
com a minha roupa interior dispersa em qualquer lado do quarto da minha
imaginação feminina. Da minha boca não conseguia sair um agradecimento
decente.
— Está bem? Desculpe-me, por não ter tirado o pé. – Ele ofereceu a culpa
a si mesmo e endireitou-me. Por segundos senti-me protegida por aquele
homem estranho para os meus olhos.
— Eu estou, estou bem. – Disse enquanto eu olhava para os seus
olhos negros.
— Tem a certeza?
— Sim, eu tenho.
Vagueou os seus olhos pelo meu rosto, o que retirou um pouco do
meu oxigénio. Soltou-me e colocou uma distância física entre nós, mas os seus
olhos escuros como as noites misteriosas dos filmes de suspense ainda
procuravam por alguma coisa, fazia-me perder o controle dos meus
olhos envergonhados. Nunca mais senti borboletas por alguém daquele jeito.
— Não me perdoaria se não estivesse bem, Mila.– A sua voz grossa fez-
me gelar e quando disse o meu nome, eu entendi o motivo da Kaila dizer para
termos cuidado ao entrevistar o homem.
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— Obrigada. – Agradeci antes de passar por ele e alcançar o corredor com
paredes de mármore. – A decoração foi ideia sua? – Perguntei admirada
quando juntos caminhávamos pelo corredor.
— Não, foi ideia da minha mãe e da minha irmã.
— Elas são boas.
— São sim.
O silêncio venceu as nossas línguas enquanto caminhávamos. Depois
dele mostrar-me a sua empresa, continuou a responder a mais perguntas.
— Parece muito mandão. – As palavras saíram da minha boca antes de eu
poder travá-las.
Lembrei-me que a Kaila também falou acerca disso. Ela era filha de um
amigo dele, por isso conseguimos tão rápido a entrevista. Estávamos a caminhar
ainda, quando ele parou.
— Exerço um cargo de muita responsabilidade, Srta. Mila. – Disse sem
rasto de humor no seu sorriso, olhei fixamente para ele e ele olhou para mim da
mesma forma como se fosse uma das suas funções.
O meu batimento cardíaco acelerou e eu já nem conseguia disfarçar
tamanho nervosismo. Era estranho um desconhecido ter tanto efeito sobre
mim.
Ele não era o homem mais lindo que eu conhecia, era um tanto irritante
quanto sedutor saber que os olhos escuros daquele negro brilhavam sobre mim.
O modo como ele apertava os seus dentes, criava em mim imaginações
selvagens. Queria que ele parasse de fazer aquilo, bem, na verdade, dentro de
mim gostava.
— Além disso, a responsabilidade garante o futuro de um homem. – Ele
continuou com a sua voz grossa.
— Não acredita que devia curtir um pouco pela idade que tem? – Fiz uma
das questões elaboradas.
— Eu pago salário de mais de dois mil funcionários, Srta. Mila, e isso dá-
me total responsabilidade. – Explicou. – Se decidisse não ser duro com os meus
sócios, no final do mês os meus funcionários não teriam como colocar comida
na mesa.
— O sector administrativo trata disso, Sr. Paulo. – Tentei abafar aquela
conversa chata.
— Eu sou o sector administrativo. – Respondeu num tom nada agradável.
Claro que eu saberia disso, se não fosse a primeira vez na sua empresa.
Mas puta merda, ele era tão arrogante e convencido. Mudei de assunto.
— O que é isso? – Apontei para um troféu em miniatura, exposto numa
das diversas prateleiras decorativas que lá estava.
— É o prémio de melhor caçador de talentos. – Respondeu com um
pequeno sorriso, mas dessa vez não me deixei levar pelo mesmo.
— Investe em DJ's e músicos, porquê especificamente?
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— Eu gosto de música e nada melhor do que fazer o que se gosta, não é? –
Deu de ombros.
— Também investe na luta contra a fome. – Afirmei. – Porquê Sr. Paulo?
Para não ser mal visto pela sociedade? – Ironizei.
— Não! – Sorriu. – A sociedade vai sempre falar, eu sei o que é passar
fome por isso ajudo campanhas do género e detesto solidariedade com câmeras.
– Fez uma pequena pausa. – Fale-me sobre si enquanto mostro-lhe o último
piso.
Sério?
Oh meu Deus!
O que eu diria para um homem bem-sucedido?
Que adoro uma saída com as amigas?
Que fico colada na internet para além de estar horas e horas a estudar
incansavelmente?
Que sou viciada em livros?
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Era difícil perceber.
Agitei a minha cabeça e o meu coração voltou ao normal.
Para quê criar coisas aonde não existem?
Quando entrei, senti o cheiro do almoço e a tia Telma estava do outro lado
do balcão com o seu mojito. Sorri e ela fez o mesmo, aproximei-me, peguei na
sua taça e dei um grande gole. Ela tapou a panela e aproximou-se.
— A visita de estudo foi assim tão má ou decidiste admitir que faço
um mojito melhor que os cubanos?
— Ele, ele é... tão, sabes tia? – Gesticulei o máximo que pude para que ela
percebesse.
— Toma. – Disse enquanto enchia outra taça e arrastou pelo balcão até as
minhas mãos. – Mais um gole e diz.
— Ele é tão misterioso.
— O quê?
— Lindo, cheiroso e aquelas mãos sobre o meu corpo. – Suspirei que
nem aquelas princesas da Disney depois de verem o seu príncipe.
— Mãos no teu corpo? – A tia Telma questionou assustada. – Ai,
ai, menina. O que é que fizeste?
— Nada tia. – Me recompus. – Ele apenas ajudou-me a não cair.
— Ah, é? Melhor. – Ela disse. – Pediu o teu número?
— Não, mas eu tenho o dele.
— Nada de ligar, Mila, não há homem que não te queira por perto
só para olhar. – Elogiou-me.
A minha insegurança quanto à minha autoestima duvidou dela.
— Então porquê que ele não pediu o meu?
— Ele só está a jogar contigo, filha. – Passou a mão pelo meu queixo. – Ele
não é como esses meninos, sabes que a melhor forma de conquistar uma mulher
é fazer ela pensar que quer mais do que ele.
— E eu quero.
— Aí está!
Senti a minha barriga a congelar só de lembrar da sua mão cravada em
mim com instinto de posse, controle e proteção. A sua pele linda, que brilhava
quando a luz batia forte nele. Dei outro gole daqueles só de pensar no curto-
circuito que ele havia provocado em mim.
Jesus amado!
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Anunciei que abriria a porta e a tia Telma deu atenção a panela
da caldeirada. Apressei-me para não deixar o Sr. Rogério à espera e
sem perguntar quem era, abri-a. Assustei-me quando vi a mesma roupa, carne
e osso que fez-me dar longos goles no mojito da minha tia.
— Paulo.
Mas que tipo de tia deixa a sobrinha sozinha com um homem estranho?
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Peguei num mapa e o oxigénio não estava lá por mais que eu procurasse,
tentei ignorar o efeito que a sua presença exercia sobre a minha Deusa erótica,
mas isso era uma missão impossível. Ele estava ali, bem próximo a mim,
espalhava um perfume divino, incrível e dono de si. Os meus pensamentos
viajaram para o meu quarto trancado e proibido onde eu sentia aquele todo peso
sobre o meu corpo e ele dentro de mim, com os seus fortes gemidos. Do jeito
que já me decepcionei por amor, preferia imaginar sexo do que eu a casar com
aquele homem.
Senti algumas pontadas no pescoço e nos ombros. Encostei-me para trás
e fui massageando o ombro.
— Estou exausta, é quase final do dia e não me dá jeito nenhum
ir à biblioteca hoje. – Franzi a testa em descontentamento e o Paulo olhou para
mim.
— Penso que a Srta. Mila é quem precisa curtir um pouco mais e não eu.
— Acredito que sim ando tão atarefada com a faculdade que esqueço-me
completamente de relaxar.
— Vamos sair e depois se vai livrar de mim. – Ele olhava para mim com
um sorriso meio sensual.
Cada minuto que eu passasse com aquele homem eu não entendia
absolutamente nada.
Comecei a pensar que ele tinha as mesmas intenções que eu, para a minha
bendita sorte.
— Aceito, porém, terei de arranjar-me. Ok? – Fiz uma careta com a língua
de fora.
— Ok!
Saí a correr em direcção ao quarto de banho. Tomei um duche
rápido, escolhi um vestido floreado com as costas descobertas, sandálias, fiz
uma maquiagem básica e um puff. Encharquei-me com o meu melhor perfume
e fui em direcção à sala onde ele aguardava-me pacientemente.
— Pronta! – Apresentei-me meio atrapalhada a procura da minha
bolsa. – Podemos ir.
— Melhor verificar a carteira. – Disse irónico.
Agarrei a bolsa e lá fomos em direção ao seu carro.
— Aonde vamos? – Perguntei ansiosa. – Enquanto explodiam músicas
antigas do Anselmo Ralph.
— Logo verá, Srta. Mila.
Dessa vez sentia-me mais a vontade com ele, apesar de ainda existir aquele
muro divisório de estudante e guia de curso. Vagueamos pelas ruas de Luanda
numa conversa calma e animada sobre empreendimentos. Sobre os jovens e o
factor “imediatismo”. Ele dizia quem nem sempre precisamos fazer dinheiro
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com aquilo que gostamos, mas sim, com aquilo que dá dinheiro desde que não
seja ilícito.
— Chegamos. – Ele esbanjou o seu sorriso.
— Spazio de Belle. – Eu disse admirada. – O que viemos cá fazer?
— Terá o dia de uma verdadeira princesa. – Sorriu enquanto trocávamos
olhares.
Fomos directos à recepção. O Paulo escolheu o serviço pretendido e logo
em seguida apareceram dois massagistas que direcionaram-nos cada
um para uma sala. Despi-me, envolvi-me em toalhas e deitei-me de barriga para
baixo.
Enquanto massageavam-me lentamente com uma certa pressão sensual,
imaginava o Paulo sendo o massagista e como possivelmente terminaria essa
tão sonhada massagem. Relaxei e libertei todas as tensões logo nos primeiros
minutos. Terminada a minha sessão, fui em direcção à recepção, onde
encontrei o Paulo.
— Então, o que tens a dizer?
— Obrigada. – Agradeci timidamente. -
Foi muito relaxante, estava mesmo a precisar.
— Não tens de quê. – Sorriu enquanto fechava a conta com a
recepcionista.
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Capítulo 2
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Que homem louco!
A felicidade era nova para mim, nunca mais tinha sentido algo assim. As
rosas eram como a cereja no topo do bolo.
— Ligo para ele? – Questionei como se não fosse a minha vontade.
— Claro que não, ele está a fazer o jogo de homem de verdade. – Ela
disse. — Tu fazes o tradicional, deixa ele martelar um pouco a cabeça.
Convencido de um raio!
Rimos as duas, mas não parava de olhar para as rosas, eu nem sabia como
cuidar delas de forma perfeita. Em seguida o meu telemóvel começou a tocar e
pela primeira vez o nome dele ocupou o ecrã do meu telemóvel. Eu não sabia o
que dizer, seria menos vergonhoso urinar-me nas calças do que atender àquela
chamada.
— Não vais atender? – A tia perguntou.
— Disseste para não ligar. – Relembrei-lhe. – Não me pressiona, tia! –
Disse sem forças para pegar um telemóvel que pesava quase nada.
— Mila, eu disse para não ligares, não para não atenderes. Se não
atenderes, eu atendo. – Ela esclareceu.
— Não. – Atirei o telemóvel para o cadeirão distante de nós.
— Estás a comportar-te como uma criança.
— E ele está a ser um mentiroso.
— Mila! Pára com isso, ele é bonito e procura o sucesso todos os
dias. Julgas que ele tem mais tempo de conquistar-te com “já comeste ou
dormiste bem”?
— Mas se ele quiser apenas fazer sexo comigo?
— Ao menos vocês pegaram-se.
— Eu não sou uma vagina à venda na praça, tia.
— Não, não és, mas ele não parece o tipo de homem que desiste e ele já
notou que tu queres, tu não sabes mentir quando queres alguma coisa. – Ela
disse. – Lembras-te no Brasil quando disseste que não querias os saltos, mas
não os tiravas desde que entraste no provador? – Relembrou.
— É diferente. – Tentei confortar-me.
— Está bem, mas tenho a certeza que ainda vou ver muito esse jovem
aqui.
Depois da novela das vinte e uma da Globo, abandonei a sala com as
minhas rosas e o meu telemóvel. Dentro do meu pijama curto, que ajudava a
suportar o calor, o meu telemóvel começou a vibrar na minha mão. Era
ele, resolvi atender.
— Paulo, desculpa...
— Estou na tua porta. – Interrompeu-me antes de desligar a chamada.
Abri a porta devagarinho para não acordar a tia Telma e tive a visão
dele com a barba não feita, cabelo escovado, camisa branca com um botão
aberto, bermuda jeans e um ténis branco.
— Conseguiste. – Ele simplesmente disse.
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— Consegui? – Questionei.
— Sim, o teu jogo funcionou. Estou aqui!
— Eu amei as rosas, desculpa. – Falava igual a uma menininha. – Tive
vergonha de falar na presença da minha tia.
— Sabes que acabaste de entregar-te? – Perguntou calmo como
sempre, enquanto ignorava as minhas desculpas.
— Paulo, eu estou caída por ti e sei que sabes disso. O que isso vai dar, eu
não sei!
Ele aproximou-se e pela primeira vez senti as minhas
bochechas repousarem na palma da sua mão. Dava para sentir a sua nova
fragrância, suave e fresca, assim como cheiro a amoras nas suas mãos.
— Eu não vou para casa sem beijar-te , Mila, eu não
conseguiria concentrar-me no trabalho. Quero que também queiras ser
beijada. – Olhou atentamente para mim. – Então vamos procurar resolver isso
rápido, se for para sair contigo, prefiro sair e ter a certeza de que és minha. Não
quero andar contigo, não poder tocar-te ou deixar outros filhos da puta olharem
para ti.
O seu olhar e aquelas palavras foram desnecessárias no momento porque
eu já estava entregue, eu sabia que ele tinha noção. Simplesmente abanei a
cabeça em confirmação. A sua fragrância intensificou-se até que senti os seus
lábios grossos a africano nos meus, num beijo lento de lábios a conhecerem-se
e intensificou-se ao dançarmos com as nossas línguas. Encostou-me à parede e
levou os braços a mesma, senti-me presa, mas não tinha vontade nenhuma de
fugir daquela comarca.
— Mila, eu só precisava beijar-te, se não pedires para sair daqui, eu vou
acabar por foder-te e oferecer-te a minha língua. – Aquelas palavras só
ofereceram-me mais tesão.
— Vamos para o meu quarto.
Senti o vazio do meu cérebro e juízo nenhum era capaz de travar o fogo
que eu sentia entre as minhas pernas. O que isso daria, eu não sabia, mas já não
era uma menina.
Baixei a maçaneta da porta e entrei a oferecer-lhe as costas. Quando olhei
para ele, estava ainda mais lindo com aquela luz do meu quarto, o seu cabelo
escovado brilhava como a sua pele. O Paulo não tirava os olhos de mim e pela
primeira vez na minha vida senti-me indefesa no meu próprio quarto, deixei o
perigo entrar. Não era segredo nenhum que fiquei sem ar diante dele.
Por que ele tinha aquele efeito sobre mim?
Quando eu conseguiria ficar imune a ele?
Ele olhou para o quarto, franziu os seus lábios e soltou um sorriso de tirar
o fôlego.
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Naquele momento, tinha-me tornado numa espécie de desafio para ele, a
sua presa. Ele estava calmo, o que deixava-me mais excitada.
— Bem, este é o meu quarto. – Soltei como se não estivesse pronta a ser
devorada.
O sorriso do Paulo desapareceu e deu lugar à seriedade, marcou dois
passos até tocar no meu corpo e ofereceu-me uma energia estranha, plantou
dois beijos no meu rosto e aproximou-se a minha orelha esquerda, estava
totalmente perdida dentro de um quarto que eu conhecia cada mosaico.
— Eu vou foder-te devagar e fundo primeiro, ok? – Ele disse e eu
concordei rendida a imaginar aquele homem a possuir-me lento e fundo, a
sentir cada detalhe do seu pau dentro das minhas partes molhadas. –
Depois vamos foder a sério. – Acrescentou.
Já não era um efeito de prazer que ele tinha sobre mim, ele já estava a
dominar-me. Notei que estava parada há uns minutos sem conseguir marcar
um passo, senti um tremor pelo corpo todo seguido de uma fraqueza
entre as minhas pernas quando ele tirou devagar a minha blusa por baixo e
beijava os meus ombros. Limitei-me a procurar equilíbrio nos seus largos
ombros enquanto os seus lábios preenchiam-me de beijos pelo corpo, eu estava
a entregar-me ainda mais para alguém que poderia arruinar a minha vida como
os outros, mas, naquele momento, eu não estava preocupada com isso.
— Tens cara de decepção, perigo e ruína. – Com a respiração ofegante eu
disse as minhas primeiras palavras.
— Cala-te. – Sussurrou enquanto os seus lábios roçavam na minha orelha.
Uma das suas mãos apertava a minha barriga, os seus
dedos estavam cravados em mim. Dava para sentir o seu pau nas minhas coxas,
duro e pronto. Imaginei-o na minha boca, a saborear cada
centímetro. Ele agarrou forte a minha nuca e a minha bunda.
— Quero-te, Mila.
Soltei-me, recuei dois passos e sentei-me na cama. Ele caminhou a passos
lentos e bem ao pé de mim, soltou bem devagar cada botão sem tirar os olhos de
mim.
Passei a língua pelos meus lábios e mordisquei o inferior. Ele atirou a
camisa ao chão, expulsou os seus ténis e baixou o seu calção, deu-me a imagem
mais gostosa que eu tanto esperava. A roupa interior era branca e o formato do
seu pau era visível, a boxer estava molhada com a génesis do seu
espermatozóide. Ajoelhou-se no chão, levantei um pouco os quadris e ele tirou
o meu calção, mas quando chegou quase aos meus pés, ele expulsou
simplesmente a minha perna esquerda e fez subir o calção até a coxa da direita.
Começou por plantar beijos electrizantes na minha perna e em seguida nas
minhas coxas com as mãos cravadas na minha cintura, foi quando deu beijos na
minha vulva.
Puta merda.
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O suspense dele ao guardar a sua língua dava-me mais prazer, eu não
aguentava esperar tanto, mas ele tinha toda a calma do mundo, isso irritava o
meu prazer, acordava todos os meus sentidos.
Passou a língua de cima para baixo algumas vezes e dava uma parada na
glande do clítoris, o que fez com que eu me esfregasse na cama desarrumada.
Ele investiu com carícias firmes e possessivas através da sua língua e os seus
dedos ainda cravados em mim, não me deixavam fugir nem um pouco
daquele prazer.
— Filho da puta. – Eu tentava segurar-me em alguma coisa enquanto ele
chupava e gemia sem falas para mim.
Enquanto eu gemia baixo, ele dava total atenção ao meu clítoris
e isso fazia-me esquecer a minha tia, que dormia no quarto adjacente. Eu jurava
que se ela não estivesse, os vizinhos já saberiam o nome dele.
A minha respiração ficava mais ofegante, a minha pombinha mais
molhada e pronta para ele. A minha garganta queimava de tanto gemer e só
conseguia respirar pela boca. A excitação consumia-me, eu rebolava e
esfregava-me, quando eu olhava para ele, a visão era incrível.
Ele enfiou devagar os seus dois dedos até ao céu da minha vagina
num vem-vem que fez-me sentir uma energia a percorrer pelo meu corpo. Eu
tentava fugir dele a choramingar de tanto prazer, esquecendo e mandando
lixar quem ouvisse até que gozei e deixei de sentir as minhas pernas.
Antes de dizer alguma coisa, vi-o a levantar-se e a baixar a boxer até ao
joelho. Com uma das suas mãos abriu as minhas pernas e preencheu-me com o
seu pénis grosso bem devagar, fez com que eu abrisse mais as pernas para que
ele coubesse e era uma sensação do diabo.
— Ah, Mila. – Disse e pegou firme no meu pescoço, eu quase que não
respirava, mas não tinha forças para lutar contra. – És tão ácida e saborosa. –
Disse e tirou bem devagar, em seguida voltou a enfiar. Roçava mais no céu da
minha vagina e deu uma pequena intensidade.
Os nossos gemidos desajeitados davam-me mais prazer e o cheiro dele só
ajudava ainda mais. Ele mexia os quadris enquanto enfiava sem nenhuma
vergonha, sentia que ia rebentar se ele não me fizesse gozar novamente. Nunca
tinha ficado tão excitada assim, eu estava absolutamente entregue. Se a minha
tia entrasse no quarto e visse-me a ser possuída enquanto mexo-me como uma
cobra entre os lençóis, eu não me importaria.
— É isso que nós vamos ter, Mila, uma entrega mútua, eu vou ensinar-
te tudo e tu vais dizer-me tudo. Com isso já sabes como vamos explodir, certo?
— Sim, sim... Simmm! – Eu disse entre gemidos e com um descontrole
irreconhecível.
Segurou forte o meu queixo e beijou forte os meus lábios, dava para sentir
uma ligeira dor que desaparecia com o prazer. Quando gozamos, ele puxou para
fora e beijou as minhas coxas, seguindo a minha barriga e os meus seios, de
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forma possessiva e firme. Ele cumpriu com a sua promessa em foder-me com
força e, com a minha cara na almofada, colocou-me de quatro, mas antes, fiz-
lhe um pedido.
— Quero sentir o teu pénis na minha boca. – Pedi com a confiança a
transbordar perante a sua presença, ele olhou para mim e sorriu.
— Vem acabar comigo, Srta. Mila.
Não me fiz de fingida e fui sem piscar, caí de boca naquele pau. Passeei
com a língua bem na cabeça, olhei-o nos olhos e dei-lhe uma mamada. Desci
com a língua por todo pénis, chupei-o, enquanto isso masturbava-o.
— Calma, assim venho-me na tua boca. – Ele disse entre gemidos.
Mas eu estava a adorar ter aquele convencido a obedecer às minhas
ordens.
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Capítulo 3
De: Unitel
“UNITEL: O saldo do seu cartão é inferior a 30 Kzs. Para continuar a
fazer chamadas deve recarregar o seu cartão com um mínimo de 350 Kz ou
pedir um adiantamento de saldo enviando uma SMS para o 19116 com o texto
ADIANTA.”
De: Paulo
“Olá, meu doce! Lamento, fiquei sem carga e tive de fazer algumas coisas
com a minha irmã.
Quanto ao que tivemos: Não prometo um final feliz, pois não quero que
tenha um fim.”
Aquilo fez-me ter uma esperança perigosa, olhei para as minhas rosas e
imaginei-me a ser mimada, bem cuidada tal como elas e maltratada na cama
como ontem.
— Jesus!!! – Disse quando vi a minha tia aos beijos com o namorado.
— Olá! – Disse o Hélder quando se levantou. – Ainda bem que és tu.
— Sério? Não querem que eu volte para o meu quarto? Vou só pegar um
copo. – Riram-se.
— Não, Mila! Eu já estou de saída, tenho de dar aulas.
O Hélder era todo fofinho fisicamente com os lindos olhos castanhos que
a tia adorava. Ele era também professor no Instituto Superior de Ciências
Sociais e Relações Internacionais, no Talatona.
Ele levantou-se, deu uma palmada nos meus ombros e deu mais um
gole no chá, estavam a tomar o pequeno-almoço e aos beijos. Isso eu também já
queria com o Paulo.
Tirei algumas uvas da mesa e fui para perto do balcão pegar algumas
frutas no cesto para fazer uma salada.
— Alguém quer salada de frutas? – Perguntei.
— Nunca mais fizestes salada de frutas. – Ela olhou bem para mim. –
E esse sorriso no teu rosto. – A tia questionou ao examinar-me.
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— Sim, estás mais radiante. – Disse o Hélder.
Tudo aquilo só fez-me lembrar a enorme língua dele a deslizar no meu
clítoris.
— Mas eu vou querer sim. – Disse a tia.
Eu simplesmente sorri.
O telemóvel tocou, encostei-me na parede da cozinha e atendi.
— Olá Kaila! – Atendi surpresa com a sua ligação.
— Olá! Mila! – Respondeu de forma urgente. – Sabias que o Paulo pagou
tudo?
— O quê? Como assim?
— Isso mesmo, fui lá para pagar como combinamos no início, mas o
jovem disse que ele pagou tudo, até o material que vamos usar.
— Ok, já te ligo. – Eu disse chateada.
— Aconteceu alguma coisa? – A Telma, que conversava baixinho com o
namorado, perguntou.
— Sim, vou para o meu quarto, já volto. – Avisei.
— Ainda posso esperar a salada?
— Sim. – Corri para o meu quarto.
Enviei um Adianta só e liguei para ele.
— Olá!
— Paulo. – Respondi chateada.
— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou calmo.
— Claro que sim! Eu gosto de ti, ok! Mas não tens de pagar as minhas
cenas da universidade. – Ouvi um riso discreto do outro lado, que levou-me ao
auge da frustração.
— Eu não fiz isso para agradar-te, Mila! – Ainda calmo. – Eu
já te tenho, quero agradar-te de outras formas até namorar contigo. Pediste-
me para ser teu tutor, esqueceste? – Ao dizer aquilo lembrei-me que quando
estava constrangida no escritório dele, eu pedi-lhe.
— Mas... Ainda assim.
— Então devolves-me, fica melhor para ti? – Pensei por segundos na
possibilidade.
— Sim, tudo bem!
— Quero ver-te, Mila.
As palavras dele derreteram-me, dava para sentir a saudade na sua voz.
22
As duas últimas palavras fizeram com que eu olhasse para a minha cama e
sentisse os meus lençóis recheados com o seu perfume.
Mas eu queria chateá-lo também, nada mais justo.
— Eu não sou uma boneca, Sr. Paulo, quero respeito.
— Ok, como desejas ser tratada? Diz-me e assim poupamos muita coisa.
— Adivinha.
— Eu não tenho tempo para essas coisas. – Respondeu-me. – Eu já sei
como fazer com que vibres de prazer, agora quero saber como fazer-te
entender que quero-te por completo.
Aquilo deixou-me arrepiada.
— Só falas de sexo.
— Tu queres mentiras? – Perguntou. – Eu não posso fingir que desde
ontem quero foder sempre contigo e que, desde o dia em que entraste no meu
escritório, eu quero ter-te mais vezes no ecrã do meu telemóvel e na minha
cozinha que anda tão vazia. Queres isso, Mila? Cozinhar comigo?
— Quantas se derretem nesse teu xaxo? – Questionei, mas estava
derretida com cada palavra.
— Sobre sexo? Muitas, sobre ter-te na tela do meu telemóvel? Eu não
lembro da última vez que senti essa merda de necessidade em ter alguém
assim. Por isso diz, Mila.
Fiquei no silêncio e com uma felicidade no rosto.
— Falo contigo pessoalmente sobre tudo isso. – Respondi e ele desligou
a chamada depois de se despedir.
Diabos!
O que fui eu fazer?
Lembrei-me dele bem ao meu lado. Não conseguirei resistir, não
conseguirei fingir que não queria ser dele por completo.
Fui para a cozinha apavorada, encontrei a tia Telma sozinha com a sua
salada já feita e a minha no balcão. Peguei, e antes mesmo de sentar, ataquei a
fruta recheada com iogurte natural que a minha tia fazia por encomendas.
— Estás bem? – A tia Telma questionou quando a minha bunda alcançou
a cadeira.
— Sim, porque não? Não parece?
— Mila! Não sou como aquelas tias chatas, mas eu peguei-te nos meus
braços, cuidava de ti enquanto a tua mãe passeava com o teu pai. Preciso
continuar ou já podes contar?
— Não, não precisas! É o Paulo. – Confessei.
— Isso eu já sei. Quero saber, além dele dormir aqui, o que aconteceu? Ele
não ligou depois do sexo?
23
Eu falava com ela sobre tudo, eu tinha 21 anos e ela 35, 8 a mais que o
Paulo, mas fiquei constrangida.
— Sabias que ele dormiu aqui?
— Sim, ouvi-o a sair.
— Que vergonha. – Levei um monte de frutas a boca.
— Conta!
— Ele ligou.
— Isso não é bom? Só queres sexo?
— Não, mas o que um homem realizado como ele vê em mim?
— Mila, não te subestimes, és linda e inteligente.
— Ele pode ter melhor, só acho. – Fiz um sinal em rendição.
— E o que é melhor?
— Ah, sei lá, epah, eu não sei. – Ela abandonou a cadeira e foi até a pia da
cozinha.
— Não estás bem, acredita, ele não é o tipo de homem que desiste de algo
fácil, eu senti isso. Notaste como ele estava à vontade aqui em casa?
— Notei. – Lembrei-me que o Paulo não era mesmo homem de estar
intimidado com alguma coisa.
— O que faço? Ele vem aqui.
— Ouve e responde. Fácil.
— Não sei, ele tem uma pinta de convencido e parece que já tem respostas
prontas. Os olhos escuros dele acabam com o meu juízo. Até um homem que te
chama na rua faz melhor, ele acha que estamos no século XV?
— Ele enviou-te flores, isso é bom! – Dei de ombros.
Depois de devorar a salada em desespero, fui tomar um duche e decidi
vestir uma roupa de “hoje não pretendo sair de casa”.
Enquanto eu passava o meu creme perfumado, a tia Telma chamou por
mim. Ao tentar correr como sempre, bati com o dedo na perna da cama.
Resmunguei de dor, tentei suportá-la por segundos e depois fui lá ter. Quando
alcancei a sala, o Paulo estava sentado com o braço apoiado no encosto do sofá,
dentro de um terno preto com riscas cinza nada visível, a fitar-me, com a
barba tratada e o cabelo feito. Levantou e fechou o botão superior apenas.
— Poderia dar-nos uns minutos, Telma? Por favor! – Ele pediu.
Mesmo a pedir favor, parecia mandão.
— Sim, claro. – Ela consentiu para a minha desgraça.
A minha tia lançou-me um beijo antes de abandonar a sala,
ele aproximou-se e as borboletas todas acordaram.
— Estás descalça, Mila. – Disse com um semblante desgostoso.
— Vou já calçar. – Fui para o quarto e ele seguiu-me. – Achei
que fôssemos falar na sala.
Ele ignorou e abriu uma das minhas gavetas, eu
não percebia absolutamente nada.
24
— Quantas peças minhas preciso trazer? Vais dar-me uma gaveta,
certo? – Perguntou preocupado.
— Queres ter coisas tuas no meu quarto? – Fiquei surpresa mas o sorriso
já morava no meu rosto.
— Sim, vou fazer o necessário para provar-te que eu quero muito mais do
que uma foda. – Ele disse calmo como se fosse uma coisa normal de se ser dita.
— Bem, não sei.
— O que é que não sabes, Mila?
Ele tirou a visão linda que eu tinha das suas largas costas e virou-se pra
mim. Aproximou-se e senti a sua Dior Intense.
— As coisas não funcionam assim, Paulo.
— E como é que as coisas funcionam, Mila? – Perguntou. – Ensina-me.
— Não pareces um homem que precisa disso.
Ele deu-me as costas novamente, vi o seu rosto quando desabotoou o
botão superior e se sentou na mesma cama em que me entreguei. Pediu para
que me sentasse ao seu lado ao bater na cama.
— Estou bem aqui. – Ele franziu a testa e suspirou.
— Por favor, Mila! Aceita o que digo e senta. – Não percebi se foi uma
ordem ou um pedido, apenas acatei.
— Gostei do novo visual. – Eu disse quando me sentei, mas queria
mesmo atirar-me a ele porque estava um espanto com o novo corte que
deixavam as suas ondas mais visíveis.
As minhas mãos estavam inquietas, então decidi juntá-las. O Paulo levou
a sua mão à minha coxa esquerda, senti o quanto elas era quentes e lembrei-
me da forma como agarravam-me com vontade e prazer na noite anterior.
Não me esforcei para retirá-las e senti os meus países baixos a
pipocarem, mas eu não queria dar a segunda vez de mão beijada.
Com a mão vaga ele acariciou as minhas bochechas e beijou-me. Foi tão
rápido o alcance dos seus lábios quentes nos meus, a sua boca sabia a chá
vermelho, uma delícia para continuar. Enquanto as nossas línguas
dançavam, os seus gemidos entre os nossos lábios faziam o meu juízo
não encontrar o meu cérebro e fazia-me esfregar as pernas para acalmar a
minha tesão.
— Quero foder-te, Mila, eu fico maluco ao pé de ti. – Disse ofegante, entre
beijos.
— Então, o que falta? – Questionei só de imaginar a sua língua a lamber o
meu clítoris.
— Tu achas que eu só quero isso e isso irrita-me, daremos uma pausa
nisso até tu pedires-me.
~
Três dias sem ver o Paulo, eu sentia aquela saudade horrível. O espaço que
ele decidiu dar não me fazia bem, uma coisa era não tê-lo, a outra era só pedir
25
para o ter. Acordei irritada com o meu orgulho que impedia-me de fazer o que
queria e desejava ser dele por inteiro. Esse desejo ultrapassava todos os
pensamentos sobre decepção.
Depois de sentir a água quente queimar levemente o meu rosto, sequei-
me e voltei para o meu quarto. Estava desanimada, pois só falávamos por
mensagens, eu estava com saudades. Quando acabei de preparar-me, peguei a
minha bolsa e a minha capa, onde estavam alguns resumos para a defesa.
Caminhei para a sala e encontrei a tia Telma deitada no sofá a dormir dentro do
seu pijama favorito, logo imaginei que foi daquelas noites de insónia e acabou
por adormecer no sofá. Pus me andar para a universidade.
— Temos a apresentação de um Trabalho Guiado por Liudmilla Alves,
Kaila Sebastião e Tchizé Gourgel. Fazem-se presentes? – Perguntou o
professor enquanto olhava a volta.
O jovem que o Paulo pagou para ajudar-nos durante a defesa estava
presente. Queria tanto que ele também estivesse aqui, provavelmente estaria
orgulhoso em ver-me apresentar tão bem um trabalho guiado por ele.
Terminamos a apresentação com uma excelente nota e todas as aulas deram-se
por terminadas.
Tirei o telemóvel da bolsa, para dar uma olhadinha às horas e deparei-me
com um e-mail.
26
“Olá bb! Obrigada, quero chegar logo a casa para ter o meu Paulo
substituto e as minhas rosas pretas.
Há uma lágrima de alegria em mim.”
“Estou feliz em saber que adoraste, Srta. Mila. Se eu estivesse aí, dava-te
um abraço bem forte, porque és o meu 69. O teu 6 encaixa perfeitamente no
meu 9 e é essa reciprocidade que eu pretendo contigo, querida. Estou com
saudades do teu olhar tímido sobre o meu.
Beijo.”
“Eu quero ser o teu 6 sempre, Sr. Convencido. Bem que poderíamos
experimentar essa posição.”
Sem querer, eu já estava a pegar o lado dele ordinário, mas lá fui com o
telemóvel na mão e um sorriso no rosto.
“Assim espero!
E como correu a apresentação do trabalho?”
Alarguei ainda mais o meu sorriso só de saber que ele se lembrava da data
do meu trabalho.
27
“Correu lindamente :-D
Com um Guia como tu e uma excelente aluna como eu, CLARO! Era de
longe ser o pior.Obrigada, Sr. Paulo, tenha uma boa tarde.
Beijos!”
Que estranho!
De: Paulo
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“Estou aqui colado ao portátil, mas com saudades de sentir o teu sabor,
meu doce. Amanhã estou aí às dez da manhã e não vejo a hora. Tenho uma
conferência no HCTA e se for para aturar tanta gente chata, que seja na tua
companhia junto do teu sorriso.
Beijos!”
29
Capítulo 4
30
— És tão linda.
Fiquei corada, ainda que lembrasse que ele já viu melhor. Assim que
ele entrou, dei um empurrão na porta de madeira chinesa.
— Não me enviaste mensagem de bom dia. – Eu disse enquanto
caminhávamos no corredor com as coisas.
— Se quiseres, venho todas as manhãs antes do trabalho.
— Vais acostumar-me mal.
— És um mal necessário.
Deixamos tudo na mesma cama em que eu ainda conseguia ver-me a ser
devorada deliciosamente por ele.
Ele mostrou-me um vestido verde-escuro já passado a ferro com a etiqueta
da lavandaria pendurada e explicou-me que comprou com a ajuda da sua irmã.
Foi esperto, poupou-se da minha crise de dúvidas.
— Como será lá? Como queres que eu me comporte?
Tentei arrancar-lhe alguma informação e mostrei-lhe a minha
insegurança de não estar habituada com eventos do género.
— Chato, só precisas sorrir para mim.
Engoli em seco ao ouvir aquelas palavras e fiquei cabisbaixa, senti-
o mais próximo com o seu perfume fresco e suave. Levou a sua mão ao meu
queixo e obrigou-me a olhar para ele, depois de passar o polegar pelos meus
lábios, beijou-os.
— Não quero envergonhar-te perante aos teus sócios.
— Se disseres mais alguma merda do género, vou enfiar com muita força
da próxima vez.
Aquilo fez a minha Deusa erótica acordar.
Abri a minha boca para tentar explicar, mas ele calou-me com um beijo
molhado. A sua língua fez movimentos lentos, fazia com que eu desejasse que
fizesse o mesmo entre as minhas pernas. Quando envolveu-me forte nos seus
braços, senti-me sem saída.
Dei por mim, no tapete do quarto com ele e com o meu juízo de férias.
— Paulo. – Chamei-o baixinho.
— Cala-te! Eu estava inquieto para tocar-te desde que abriste a porta com
essa camisa transparente.
— Não era para te provocar.
Ai meu Deus!
Gemi quando ele abriu as minhas pernas de forma bruta, eu já estava toda
molhada quando ele riscou com o dedo na minha entrada. Parou exatamente
aonde queria com uma massagem que me cortava o oxigénio e para o meu azar
de delícias ele cravou a boca num dos meus seios. A onda de calor
nascia nas partes do meu corpo que recebiam total atenção.
— Paulo, nós precisamos nos arrumar. – Disse entre gemidos.
31
— Eu preciso fazer-te gozar, Mila, não paro de pensar em como és linda
quando gozas. – Todo meu corpo começou a ficar sensível às suas
investidas. – Quero que fiques bem preparada para mim. – Sussurrou. – Ficas
tão linda quando gemes assim. – Ele fez uma pausa. – Gostas de mim?
Confirmei com a cabeça.
Ele enfiou dois dedos sem pressa nenhuma. Revirei os olhos quando
depois da dorzinha, o prazer apareceu. Já estava mais do que entregue, diante
daquele homem ainda estranho para mim, ainda vestido enquanto eu estava
com a camisa toda aberta e sem roupa interior. Eu estava entregue a um homem
que sabia usar os seus lindos dedos de unhas bem feitas, mas que nem a casa eu
conhecia. Era gostoso, o meu corpo ficava inquieto no chão, a confiança dele nas
suas habilidades era tremenda. A vontade de ter um orgasmo era enorme.
— Eu quero que olhes bem para mim, porra! – Ele ordenava.
Era impossível com as ondas que os dedos provocavam o seu encontro
com o céu da minha vagina. Segundos depois, com o vem-vem dos seus dedos
e o trabalho desastroso do seu polegar no meu clítoris pela falta de controle do
meu corpo, fez-me gozar enquanto rebolava gostoso nos seus dedos a ouvir as
coisas ordinárias que ele falava.
Eu estava sensível demais, mas, quando a sua língua tocou no meu clitóris
e começou a passear por ele, a vontade voltou com toda a força do mundo. Juro
que tinha forças para gritar mais alto que um lobo em noite de lua cheia. O
linguado nas minhas partes íntimas fez-me imaginar mais uma daquelas
sensações de estar próxima à morte. A sua língua entrou em mim e eu não me
contive, gritei de forma audível o seu nome. Gozei pela segunda vez, o meu corpo
sacudiu-se violentamente e senti as minhas pernas endurecidas, não tive
sucesso nenhum em tentar afastar-me, ele era duas vezes maior que eu.
Eu estava sem forças, mas ainda assim tive de levantar-me.
Disse-me para usar um sutiã qualquer e fez-me deitar no mesmo lugar.
Sem tirar a sua pólo vermelha, apenas baixou o calção jeans com a sua roupa
interior. O seu pau duro saltou para fora, feliz e babado. Vê-lo à luz do dia era
incrível, cada veia, aquela cabeça rosa fez-me ficar boquiaberta.
Passou o seu pénis na minha entrada e enfiou-o com força, senti dor e
prazer, a sua expressão era de saudades e raiva. Segurou no sutiã que estava no
meu corpo e só aí percebi que era para ele ter o controle do meu corpo enquanto
se movimentava. E foi assim nos minutos seguintes, um vai e vem bruto com os
gemidos dele mais altos e vorazes do que me lembrava da última vez.
— Implora! – Ele disse com uma chapada média no meu rosto.
Era a primeira vez que alguém teve a coragem, sempre quis isso, apenas
sentia medo de que o meu antigo parceiro não concordasse. A dor desapareceu
rápido e eu fiz o que ele pediu. Tentei levantar-me quando uma
onda eléctrica percorreu as minhas pernas, ele manteve-me no chão, largou o
sutiã, apertou o meu pescoço e fodeu-me com mais força. O facto de não poder
ver o corpo dele por causa da roupa, oferecia-me raiva e prazer.
32
— Mila. – Alguém chamou-me a partir da sala e o Paulo parou.
— Meu Deus, deve ser a tia Telma. – Eu disse assustada.
Usei um robe de seda às pressas enquanto o Paulo lavava as mãos e o rosto
na casa de banho.
Graças a Deus, era a minha prima Laudivánia Ventura. 1,65m de altura,
era mais baixa em relação à mim, cabelo castanho-escuro, natural e crespo,
olhos castanhos, lábios rosados, cabeça grande. Arqueada, com a parte de
baixo grande, seios médios e vitiligo em todo corpo, que deixava-a
mais linda. Era das mais lindas da família.
— Como estás, vaca? – Perguntei-lhe a gozar e a rezar para não entrar no
meu quarto.
— Tanto tempo para alguém aparecer, possas! – Disse mimosa.
— Ah! Tu reclamas muito. – Resmunguei.
— Tenho fome. – Disse, foi até a sala e eu segui-a.
— Tens sempre fome, meu Deus! – Rimos.
— Estás a esconder alguma coisa. – Disse ao apontar para mim, com uma
expressão de desconfiança.
— Eu? Imagina, não!
— A tia Telma?
— Foi ao supermercado.
— Ok! Então esconde bem esse chupão no centro do peito. – Ela disse.
Fechei o robe envergonhada e sorri para ela que devorava algumas frutas
na mesa.
— Agora, se não contares quem é o azarado que vai suportar os teus choros
do nada, eu entro no teu quarto, porque esse chupão é bem recente.
— Ok! Chata!
O Paulo apareceu na sala em poucos segundos e ela ficou espantada,
assim como eu. Logo ela percebeu que ele não era homem de se esconder e
imaginei como seria a relação dele com a Díria, a minha irmã mais velha.
— Este é, este é o, o Paulo. – Apresentei-o envergonhada.
— O namorado. – Ele disse firme nas suas palavras.
Meu Deus!
33
Ele estava ao telemóvel em lágrimas e limpou tão rápido quando me viu.
— Nós falamos depois, Yara, amo-te maninha. – Desligou o telemóvel.
Fingi que não o vi chorar, mesmo que ele estivesse lindo naquela calça
preta da Prada, camisa branca, laço preto, ainda sem o casaco, o rosto dele
estava horrível.
— Está tudo bem? – Questionei intrigada.
— Sim, está tudo bem. – Respondeu. – Precisava da tua ajuda, qual desses
usar?
Ele elevou duas garrafas de perfumes que estavam na
cama. Um era Gentleman Givenchy Paris e o outro era Issey Miyake Nuit
D’issey Noir Argent. Senti o aroma de ambos e escolhi o primeiro.
Ele sorriu para mim e beijou-me, mas ainda não estava convencida de que
estava tudo bem com ele.
— Se a tua prima não estivesse aqui, despia-te, deitava-te de barriga para
baixo no descanso dos braços do sofá, sem preliminares, e comia-te de trás. –
Disse após fechar o vestido. Ainda irritada por não saber o que se passava,
aquilo fez-me lembrar que tínhamos algo a terminar. – Estás linda. –
Ele elogiou, o que eu também queria ouvir.
34
— Vou a uma conferência. – Disse a torcer para que ela não me
perguntasse com quem.
— Académica? – Questionou para minha alegria.
— Sim, mãe, isso mesmo. – Menti.
— Ok! Tem uma semana de pausa na universidade, vens na segunda-
feira? – Ela perguntou e a saudade rompeu todas as portas.
— Sim, estou com saudades.
— Está bem, farei a transferência hoje na conta do BPC, tens o cartão?
— Sim, mãe.
— Ok, o teu pai e a tua irmã vão com certeza pular de alegria. – Ela disse
e despediu-se.
Demoramos uma hora e alguns minutos para chegar ao
local. Acomodamo-nos nas cadeiras da fila da frente, e, como eu já imaginava,
era uma conferência internacional de carácter musical.
— Como estes lugares não foram ocupados, querido? – Questionei
olhando para muitas pessoas bem vestidas no local e alguns famosos também.
— Porque são nossos, querida, eles vão tratar-nos bem para eu dar o braço
a torcer e assinar parcerias com algumas empresas.
— E não são boas parcerias?
— São querida, mas não preciso. – Disse ele enquanto tirava o telemóvel
do bolso.
— Não achas incorreto usar o telemóvel aqui? – Questionei sem muito o
que falar.
Qualquer coisa era boa para falar naquele momento, eu não estava
habituada àquele meio, era um pouco desconfortável.
— É! Mas é por uma boa causa. – Em seguida ele guardou-o e entrou uma
mensagem no meu telemóvel.
— Não achas incorreto o telemóvel não estar no silêncio aqui, querida? –
Ele perguntou ironicamente assim que o som da mensagem alertou-me. Sorri,
tirei o telemóvel e era uma mensagem dele.
De: Paulo
“Pára de tentar esconder as tuas estrias, eu adoro tudo que faz parte do
teu corpo. Notei o que fizeste antes da tua prima chegar. Agora presta atenção
nessa conferência chata, a minha maior distração és tu”.
Sorri para o conforto que ele tentou passar-me sobre o meu corpo e pela
mensagem inesperada. Olhamos fixamente um ao outro e sorrimos
genuinamente.
Depois de três longas horas de chatices e boa informação, o evento deu por
terminado e começou o cocktail para os mais chegados. Caminhávamos até ao
35
local do cocktail e de repente apareceu uma moça muito linda,
cabelo castanho cacheado com tons dourados.
— Olá, Sr. Paulo! Tudo bem? – Cumprimentou-lhe sem ao menos dar-me
a mão como é a boa educação.
— Sim, estou bem e espero que tu também. – Respondeu.
— É visível. – Disse ela e revirou os olhos para mim. – Segunda-feira faço-
lhe uma visita e falamos com mais calma.
— Ok! Desfrute da festa.
— Porque não nos apresentaste? – Perguntei irritada com a atitude da
moça.
— Porque eu não gosto dela e tu não gostaste dela, então precisarei de ti
na segunda-feira o dia todo para salvares-me dela, querida. – Rimos alto.
Chegamos ao local do cocktail. Era um espaço grande, piso castanho-
escuro, paredes brancas, uma elegante e requintada decoração. No decorrer da
festa apareceu um amigo do Paulo, cumprimentou-o e em seguida
cumprimentou-me, apresentei-me a este que tivera ficado mais tempo a
agarrar-me a mão e a olhar-me fixamente. O Paulo não gostou nada. O seu
amigo retomou as atenções ao Paulo e falavam sobre assuntos profissionais.
— Vamos continuar a conversa na copa enquanto pegamos alguma
bebida. – Disse o Paulo ao amigo. – Importas-te querida? – Dirigiu-se a mim.
— Não Paulo.
— Queres alguma coisa para beber?
— Algo refrescante, por favor. – Respondi.
E lá foram, distraí-me a observar as pessoas e o espaço, quando olhei
novamente para a copa vi o Paulo com algumas mulheres, o seu amigo já não se
encontrava lá. Olhei fixamente para ele, enciumada, e ele notou. Fiquei de
costas para a situação.
— Não vais precisar de um garçom, eu estou aqui. – Disse ele com duas
taças de Classic Champagne.
— Sim, sei. Para mim e para elas. – Disse eu a arquear as
sobrancelhas. O Paulo apenas riu-se.
No decorrer do cocktail, as pessoas vinham ter com o Paulo, mas notei que
ele fazia de tudo para dispensá-las e não deixar-me sozinha, pois era um
ambiente novo para mim.
— Paulo, segura a minha taça, vou ao toilet retocar a maquiagem, volto
já. – Disse e ofereci-lhe um beijo. Ele segurou-me pelo braço e deu-me um beijo
como deve ser.
— Ok, senhorita.
Fui ao toilet, retoquei a maquiagem enquanto ouvia as típicas
histórias nos banheiros femininos. Mulheres a falarem mal de outras e dos seus
próprios namorados. Ao voltar esbarrei-me com o meu ex-professor, Lírio
Contreiras, que seduzia as alunas.
36
— Olha quem eu vejo, Liudmilla Alves. – Disse ele enquanto sorria e
beijava a minha mão.
Estava dentro de um terno cinza com o cabelo picante e a barba com falhas
brancas.
— Como está professor Contreiras? – Perguntei tímida com a situação.
— Estou bem e tu querida? Acompanhada? – Perguntou.
— Óptima, obrigada, estou sim. – Tão logo respondi, senti a presença de
alguém atrás de mim, com a mão no meu rabo. — Oh. – Disse eu admirada e
constrangida. – Professor este é Paulo Rodrigues, CEO da P.R.Entertainment e
meu namorado. – O Paulo estendeu a mão ao professor e deram um aperto de
mão forte.
— Prazer, professor Lírio Contreiras. –Apresentou-se.
— Mila, é o senhor de quem me tinhas falado? Certo? – Perguntou e eu
acenei afirmativamente com a cabeça.
— É um homem de muita sorte. – Disse ele enquanto sorria.
— Sei que sou, obrigado. – Respondeu irónico. – Licença, meu caro. –
Disse e conduziu-me para distante do professor ainda com a mão no meu
rabo. – Não te quero ver a falar com outras pessoas além de mim. – Disse com
ar sério. – Noto que a maior parte dos homens aqui olham para ti como se
quisessem tirar o teu vestido.
— Não gosto de ciúmes possessivos e tu estavas a falar com outras
mulheres nem por isso reclamei, mas está bem, Sr. Mandão.
— Não quero repetir.
— Não imagino quando tivermos problemas, quero saber como vais
resolvê-los.
— Eu resolvo alguns dos meus problemas com uma boa foda,
senhorita, agora vamos sair daqui, estou cheio de fome e não me apetece comer
nada daqui.
Saímos do local de mãos dadas. Dirigimo-nos ao carro e fomos até a casa
dele, foi chato pelo caminho, pois estava rabugento. Entramos, sentamo-nos
e o Paulo pousou as minhas pernas no seu colo, retirou os saltos altos e
massageou as minhas pernas.
— Deves estar cansada, meu amor. – Disse ele.
— Sim, mas ainda tenho forças para cozinhar para ti, Antiquado.
Minutos depois levantei-me, fui para a cozinha e fiz frango no forno com
batatas. Comemos enquanto mantínhamos uma boa conversa. Terminamos,
retirei os pratos da mesa e levei-os até a pia da cozinha.
— Gostaste da comida, querido? Ou preferes algo melhor?
— Melhor? – Questionou enquanto olhava fixamente para mim, com o
laço desamarrado ainda no seu pescoço e os primeiros botões desabotoados.
— Sim bebé. – Respondi com o joelho esquerdo na mesa e a perna direita
na cadeira.
— Já não estás chateada?
37
— Não sei babe, essa mesa relaxa-me. – Respondi ao lamber os lábios
enquanto ele tirava o relógio.
— Mesas são lugares para comer, Srta. Mila, não para relaxar.
— E já não queres comer? Saciaste toda a tua fome? – Provoquei.
— Há uma que deixei a meio hoje e a minha mãe diz sempre que não se
desperdiça comida.
— E como pensas em deixar a minha sogra feliz?
— Comendo.
— Como?
— Aquecendo-a. – Ele disse e eu suspirei sensualmente.
— Mais querido, mais, diz mais coisas. – Ele sorriu malicioso, mas sempre
sentado a olhar pra mim.
Bateu com a palma da mão nas suas coxas e fez um sinal para que eu o
trepasse. Engatinhei pela mesa até ele, beijei-o e desci no seu colo.
Comecei por beijar o seu pescoço e eu gemia próximo à sua orelha. Notei a sua
respiração ofegante. Ele apertou forte o meu rabo como ele gostava e levantou-
me com as pernas entre a sua cintura, enquanto o ajudava a tirar a camisa.
— Leva-me ao quarto e acaba comigo. – Pedi.
— Não dá tempo, vamos foder aqui mesmo, Mila, começou na mesa e
vamos terminar nela.
— Então, eu quero-te dentro de mim agora. –
Disse eu com uma atitude que não sei de onde surgiu.
Ele abriu ainda mais as minhas pernas, depois de colocar-me no chão e
subir o meu vestido. Abriu o zíper da calça e fez o seu pau saltar para fora.
— Aí está ele querida, ordena-o!
Peguei naquele pau e eu sentia as veias na minha mão, dirigi-o até a
entrada. Começou por penetrar-me lento, mas quando eu menos esperava, deu-
me uma remada forte e eu gritei. Depois foram mais três lentas e uma bem
forte. Tentei controlar a minha respiração.
Levantou um pouco mais a minha perna e começou a movimentar-se um
pouco mais rápido, eu não estava mais em mim.
Senti lágrimas no meu olho direito, arranhei forte o seu peito e implorava
pelos seus lábios nos meus.
Não queria parar apesar da dorzinha, mas pedi-lhe para trocar de
posição. Fomos ao seu enorme sofá e num só movimento sentei-me nele. Senti o
seu pénis a tocar no meu útero, dei leves reboladas e ouvi-o a gemer grosso com
chapadas fortes no meu rabo.
— Gostas bebé? – Perguntei-o ao morder o lábio inferior.
O Paulo fechou os olhos e apertava-me o seios. Comecei a rebolar mais
forte e alternei em movimentos de vai e vem. Era tudo tão intenso, uma mistura
de prazer e dor, mas era óptimo sentir aquilo. Ele levantou-se do sofá comigo no
seu colo, pôs-me contra a parede e agarrou firme a minha cintura enquanto
remava mais forte. A tesão só aumentava. Voltamos para o sofá e dessa vez pôs-
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me de quatro, pegou e puxou o meu cabelo firmemente e dava remadas mais
leves, eu gemia e pedia para não parar. Ele tirava o pénis, e voltava a penetrar-
me.
— Paulo... não pares, ah, filho da mãe, estou quase lá...
Ele apertava e beliscava levemente o meu rabo, o prazer era intenso e
quando finalmente gozamos, caímos no sofá exaustos e adormecemos depois de
carícias no seu peito e beijos na minha testa.
Era um momento único e tornou-se ainda mais especial com ele ao meu
lado, difícil de acreditar que aquele HOMEM era o MEU HOMEM.
Quando levantei-me, notei a sua ausência e notei também que estava na
cama, talvez ele trouxe-me durante a noite. Vesti a camisa dele e a minha
calcinha, verifiquei em alguns cómodos da casa e nada.
Andava descalça no chão de mármore, fui até a cozinha e lá estava ele a
fazer um batido sem camisa, apenas de calça jeans e descalço. Tivera feito o
pequeno-almoço para mim. Fiquei encostada a parede com os pés cruzados e
admirei aquele homem enquanto se mantinha distraído. Aproximei-
me, abracei-o por trás e dei um beijo no seu ombro.
39
Capítulo 5
40
Parecia um tribunal de primos, sentia-me como um preso com o monte de
perguntas que eles faziam, tive de fazer um relatório geral do Paulo.
— Liga para ele, Mila. Vá lá. – Pediu o Edy.
— Não, ele vai achar que sou uma chata.
— Ah, cala lá, tu estás é chateada com ele. – Disse a Laudivánia.
— Então porquê? – O Edy questionou. – Ainda agora, já têm brigas?
— Ah! Não é bem assim. Ontem passamos por uma loja de roupas, eu tinha
alguns trocos, não era muito, mas pedi para ele levar-me a uma loja mais
próxima. Vocês acreditam que ele levou-me na loja da sua ex? – Eles ficaram
surpresos.
— Filho da mãe! – Disse a Laudivánia.
— Calma, Mila! Ele disse-te isso? – O Edy questionou sabendo que eu
era paranóica.
— Bem, não, mas como ela sabia o nome dele? – Eles riram e a Laudivánia
deu uma chapada nas minhas coxas de tanto rir, senti-me uma comediante.
— Mas eu falo sério, ela olhava para ele como sei lá. – Disse irritada só de
lembrar daquela filha da mãe muito bonita.
— Eu acho que já não sabes o que é ter ciúmes e pegaste o primeiro que
matou o teu subconsciente e estás a dar vida.
— Não é paranóia, nosso sexto sentido não falha. Aquela vaca gosta dele.
– Falei ainda mais furiosa.
— E ele? Também gosta dela nessa tua imaginação sem nexo? – Riram
quando o Edy perguntou.
— Vocês estão a apoia-lo porquê? – Questionei irritada. – Eu é que sou a
vossa prima!
— Apoiamos sim. – Ela disse entre risos.
— Ah! Para mim deu, vou para sala falar com uns gatos no Twitter e vou
aproveitar procurar o perfil do Paulo. – Disse o Edy.
— Ele tem Twitter? – Questionei surpresa.
— Não sei, mas procurar o perfil dele deve ser mais fácil do que te
aturar, prima.
— Vou contigo, não porque quero saber dele, vou ver novelas.
— Sei, novelas! Ok, bebé! – O Edy disse e abandonou o quarto.
Fechei a porta e seguimos todos para a sala. O Edy estava com as pernas
cruzadas e a mexer no seu telemóvel.
Será que achou o perfil dele?
Tem comentários de outras mulheres?
Como deve ser ele no mundo virtual?
— Possas, o filho da mãe é um broto.
— Talvez! – Tentei disfarçar. – Encontraste?
— Talvez? Sério? Já viste o monte de mulheres lindas atrás dele no
Twitter? – Ignorei-o e comecei a ferver por dentro. – Devias! Há uma
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então de pele clara, olhos castanhos, comenta sempre as fotos dele, mas ele
nunca responde. Eu até acabaria por virar bissexual por causa dela.
Pela descrição era a moça misteriosa daquela boutique, só pode ser, mas
por hoje eu não queria falar disso, filha da mãe.
— Eu vou mandar uma mensagem ao cunhado. – Disse ele e ignorei.
— Queres uma tosta? – Perguntei para tentar abafar aquela conversa.
— Sim! Por favor. – Respondeu a Laudivánia.
— Pode ser, bebé. – O Edy também respondeu, mas sempre concentrado
no seu telemóvel.
Para o meu alívio, não falamos mais sobre o Paulo. Fiz as tostas, comemos
enquanto o Edy conversava no Twitter e eu no Facebook a partir do meu
telemóvel, a Laudivánia babava no cadeirão. As horas foram passando e já eram
quase uma hora, olhei para ela e já estava a dormir. Decidi fazer o mesmo,
enrolei-me na minha colcha branca e adormeci. Naquela noite, tive um sono
tranquilo.
O silêncio era estranho, as luzes estavam acesas, eu estava muito cómoda
e aquecida, parecia que estava na cama do Paulo. O meu travesseiro tinha a
forma de uma lua, mas naquele momento parecia que eu estava com a cabeça
entre as coxas de alguém.
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— Acho que a tua amiga da boutique gostaria de foder contigo. Visto que
até no Twitter comenta as tuas fotos. – As palavras saíram da minha boca, sem
mesmo eu saber se era verdade ou não.
— Ah! Então é isso? Ela é irmã gémea da minha ex ou, melhor, de alguém
que passei apenas uma noite, ela ainda me quer, mas eu não quero mais.
— Assim será comigo? Foder e depois deixar?
— Srta. Mila! – Ele estava indignado. – Primeiro: ela não foi minha
namorada e isso estava bem claro entre nós. Segundo: Tu não és uma simples
relação sexual quando quero, és a mulher que preciso. E mais! Antes que digas
"vocês são todos iguais", come o teu pequeno-almoço ou então, eu como-te.
— O meu "matabicho", queres dizer. – Ri mesmo chateada. Era
engraçadinha a nossa primeira discussão. Ele levantou as sobrancelhas, mal-
humorado. – Ok, ok! Sr. Mal-humorado. Eu vou já comer.
O Paulo trouxe galão, variados tipos de bolos e salgados desde dónuts a
empadinhas de frango, e um batido de frutas com chocolate. Tudo para
complementar e aumentar ainda mais as minhas gorduras. Como estava irritada
e geralmente nas primeiras horas do dia fico sem fome, bebi apenas o batido de
frutas com os dónuts, enquanto ele ficava a piocotar* no seu telemóvel
olhava para mim de quando em vez deitado na minha cama a apoiar-se na
almofada. Terminei de comer, levantei-me sem dizer uma palavra e fui directo
ao WC, tomei um duche e voltei ao quarto com o cabelo molhado e só de toalha.
— Querida, estou cheio de fome. – Disse ele ao olhar para mim, num
confronto de quem vai pestanejar primeiro.
— Ainda há bastante comida aí, Sr.Paulo. – Ele levantou-se.
Ele sabia que ao aproximar-se eu acabaria por entregar-me. Chegou
perto, olhou fixamente e notei que serrou os dentes.
— Posso secar-te? – Perguntou naturalmente.
— Queres secar-me ou molhar-me ainda mais? – Sorri tímida com os
olhos dele vidrados em mim.
— Pára de gozar comigo.
Era divertido gozar com ele, fingir que não queria também, mas ele
merecia ficar sem sexo por um bom tempo.
Irmã da ex?
Quem acredita nisso?
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— Estou pronta, Sr. Paulo. – Apareci depois de uns minutos.
— Estás linda, querida. – Ele estendeu a mão com um sorriso malicioso.
Gemi com um sorriso doce enganador, ele ficou ainda mais aliviado
quando segurei a sua mão.
— Então e a mala, querida? – Perguntou surpreso.
— Não há necessidade, tenho roupas lá, querido.
— Ok! Vamos, ainda bem que não carrego nada. – Sorrimos os dois.
E, como sempre, ele abriu a porta para mim, esperamos o elevador por
alguns segundos. Chegou o elevador e entramos, só nós os dois, a imaginação
era pecadora, estávamos num lugar apertado e abafado pelo cheiro dele. Ele
pegou no meu pequeno rabo.
Oh merda!
O que esse homem tem?
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— Tens de passar a confiar em mim, estás a ser protector de uma forma
exagerada, e como pensas que eu volto?
— Ele fica contigo até regressares.
— Oh, meu Deus! Ele tem a sua vida, pára! Pára! Eu não preciso de
segurança ou babá.
— Eu pago o salário dele para tal coisa, Srta. Mila. Pára e vamos descer.
A energia entre nós era negativa, a voz dele passou de sedutora para
irritante. Não esperei ele abrir a porta, desci e dirigi-me em direcção ao
Renault. O Paulo fez o mesmo, em seguida deram um aperto de mão e o Paulo
sorriu de forma educada para o Miguel.
— Esta é a minha namorada, Liudmilla Alves. – Disse o Paulo ao largar a
mão do Miguel e este estendeu para mim de forma profissional.
— Olá Sr.ª Alves, espero por si no carro. – O Miguel disse e entrou no
carro.
— Ele não é de falar muito, é um antigo polícia, bem treinado para tua
segurança. – Disse o Paulo em seguida.
— Não era preciso tanto. – Falei aborrecida.
Plantei um beijo nos lábios dele e em seguida entrei no carro.
O Miguel arrancou e seguimos viagem, trinta minutos depois ele chamou-me.
— Sr.ª Alves, aonde gostaria de almoçar antes de deixarmos
Luanda? – Perguntou educadamente.
— Estou sem fome, Miguel, depois aviso.
— O patrão mata-me se descobrir que deixamos Luanda sem comer,
senhora.
— Não te preocupes, Miguel.
Puta merda!
Quando é que ele vai entender que não sou uma criança?
Essa proteção dele é exagerada!
A minha raiva aumentava ainda mais.
Depois de uma hora e alguns minutos pedi para que ele parasse num
restaurante em Viana e pedi-o que aguardasse. Encomendei uma comida rápida
a um bom preço.
Seguimos viagem novamente, e, por incrível que parecesse, o Paulo e
eu não trocamos mensagens durante às 15 horas de viagem. A
minha companhia era o Miguel Ângelo, que não era de falar, e as barras de
chocolate que eu mordia com muita raiva.
Às 5 horas da manhã já estávamos na Lunda-Sul e uma hora depois em
casa da Yadíria, minha irmã mais velha.
— Senhora, senhora! Chegamos. – O Miguel chamou-me e eu
despertei do sono de apenas uma hora. – Pela localização enviada pela sua irmã,
está é a casa.
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— Possas! Tive saudades. A nova casa é um espanto.
A casa era de muros curtos, vivenda de cor branca, um i20 vermelho e
um Mitsubishi Pajero branco preenchiam a garagem da casa, havia ainda um
jardim à direita da garagem como ela sempre imaginou.
O Miguel estacionou fora de casa e em seguida desci para abraçar a Yadíria
que regava o jardim.
— Minha caçula! – Disse ela com um sorriso de alívio e de saudades. Abriu
a porta e deu-me um abraço forte, tão forte que nem pude mexer os meus braços.
— De cota não tens nada, estás com um brilho de invejar. – Rimo-nos.
Despedi-me do Miguel, que procuraria um hotel. Entrei e acomodei-me,
era uma casa com decoração simples e moderna, teto falso, nenhuma mistura
de cores em toda casa.
— Vem cá sua feia, vou mostrar-te o teu quarto, as tuas coisas transferi
quando mudei de casa, não te preocupes. – Disse ela ainda com um sorriso.
— A mãe? – Questionei com muita vontade de abraçá-la.
Diferente de Luanda, Lunda-Sul estava fria e húmida, já dava para sentir
a minha constipação a caminho.
— Ela estará aqui amanhã. Deve estar a aprontar alguma para amanhã,
não sabes como ela é? – Disse a Díria, que abraçou-me no corredor. Tinha uma
lâmpada fundida, mas as outras davam uma boa iluminação.
— Espero que não tenhas esquecido dos meus ursos de
pelúcia. – Disse enquanto fazia cara de mimo.
— Nem podia. – Ela esbanjou o seu sorriso. – Aqui está querida, vou
preparar o pequeno-almoço para ti e para o teu cunhado. – Disse ela ao soltar a
minha mão.
O quarto era uma suite linda, de cor lilás, com o desenho de um bigode
numa das paredes, guarda-fato de parede com espelho, uma cama Queen
Size com lençóis brancos e detalhes liláses, criados-mudos, uma cómoda e a
minha prateleira com os meus antigos ursos de pelúcia. Dirigi-me a janela, dei
uma vista de olhos a rua e avistei o edifício da Caixa-Social e dos
antigos combatentes, senti uma brisazinha e lembrei-me da minha infância cá.
Abri a cómoda, tirei um vestido e estendi-o na cama, fui tomar um banho.
Abri a torneira, deixei-a que a banheira se preenchesse enquanto eu apreciava o
movimento da água, senti-me relaxada. Fechei os olhos e apareceu-me a
imagem do Paulo com o seu jeito sério, misterioso e sedutor, lembrava-me de
cada momento que passei com ele e sorria.
Lembrei-me também da vez que ele estava a chorar e o meu sexto
sentido alertou-me que ele tinha alguma coisa para contar-me.
Como a vida dava voltas. Tivera passado uns 30 minutos, quando a Díria
veio ter comigo, a chamar-me para o pequeno-almoço. Apressei-me a vestir,
deixei o telemóvel a carregar no quarto e fui para a cozinha. Encontrei o meu
cunhado a terminar o seu pequeno-almoço e a despedir-se da minha irmã.
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— Olá cunhada! Linda como sempre. – Disse enquanto beijava as minhas
bochechas.
— Olá Cucú*! O plano da Díria de engordares deu certo, noto alguns
pneus. – Disse eu com um sorriso satisfatório.
— Assim as colegas vão saber que ele já tem refeição em
casa. – Murmurou a minha irmã e rimos os três.
— Só tu, amor. – Disse o Aristides com um beijo na boca e outro na testa
de Díria. – A casa é tua, cunhada.
— Bom trabalho, cunhado. – Ele abandonou a casa.
Tomei o pequeno-almoço com a minha irmã, mas pensava no Paulo, se
estivesse presente obrigaria-me a alimentar-me como ele gosta, como se eu
fosse uma criança. Terminamos o pequeno-almoço, a Díria despediu-se e foi
trabalhar. Ela administrava um centro médico no centro de Saurimo. Passei a
tarde sozinha a dormir, ao final do dia recebi uma mensagem dela ainda na
cama.
— Não, não! Liudmilla, tem de ser ele a ligar. – Falei para mim mesma.
Voltei para o quarto, limpei o rosto e insisti no meu mantra, era muito
irritante toda aquela proteção. Abanei a cabeça porque sabia que lá no fundo
adorava tudo o que ele proporcionava, nunca tinha me sentido tão importante,
nem mesmo quando tirasse as melhores notas da turma.
Olhei para o criado-mudo e notei que o meu telemóvel estava
completamente carregado.
— Mila, é a primeira e última vez que dou o braço a torcer, da próxima
deixo ele fazer. – Disse para mim mesma. Peguei no telemóvel, dei um suspiro
e liguei para ele.
— Alô. – Disse ele num tom sexy, para lixar-me os sentidos.
— Sim... Paulo... Estás bem?
— Não muito bem, mas enfim e tu, estás a gostar de estar aí?
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— Estou bem, estou... estou sim a gostar. – Menti para ele, eu
estava muito aborrecida.
— Ok. – E ficamos 3 minutos em silêncio, suspirei e quebrei o silêncio.
— Paulo, precisamos falar acerca desta cena de estares sempre a tratar-me
como se fosse uma criança, é que eu odeio mesmo. – Disse meio irritada.
— Srta. Mila, és minha namorada e és importante para mim, tratar-te-
ei sempre desta forma de acordo as minhas possibilidades e sempre que for
possível. – Respondeu num tom sério.
— Ok, está bem, mas tu exageras, sei muito bem cuidar de mim e posso
fazer as coisas por mim mesma.
— Eu disse, não voltarei a repetir e não se fala mais nisso. – Ele
respondeu e pairou sobre o ar novamente aquele silêncio constrangedor.
— Odeio este silêncio. – Falei. – Paulo, estou cheia de saudades tuas e
apetece-me bué estar contigo. Não quero essa má química novamente entre
nós.
— Eu sei querida, esquece isso. Queres estar comigo hoje?
— Mas amor, tu estás a trabalhar.
— Estamos no século XXI, já se trabalha por computador, sabes?
— Sei, mas... – Antes mesmo de terminar a frase ele interrompeu-me.
— Se quiseres, estou aí em 20 minutos.
Não acreditava naquilo que ouvia e fiquei mesmo a questionar-me como?
— Mas amor, tu estás cá? Como? –Perguntei e ele limitou-se a rir.
— Fiz-te uma pergunta, amor. –Ele riu novamente. –Peço ao Miguel
para vir buscar-me.
— Oh, amor.
— Falamos depois querida, vou só terminar algo, beijinho. Amo-te.
— Amo-te igual, babe. – Disse eu admirada.
Espera!
Ele disse que me ama?
E eu respondi o mesmo?
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— Tornaste-te em tudo, querido.
— Eu sei, querida.
— Ohhh, acho que sim. – Disse ironicamente e rimos os dois.
Ele dispensou o Miguel, segurei a sua mão e fomos para dentro de casa.
— Esta é a casa da minha irmã.
— É simpática e acolhedora. – Disse ele gentilmente.
— Queres comer alguma coisa? – Perguntei.
— Por acaso até quero. – Sorriu e franziu uma das sobrancelhas.
— Não gozes amor, não me refiro a isso, mas já notei que não
queres, vamos para o meu quarto que lá ficamos mais a vontade.
Fechei a porta e fiquei parada, encostada à porta a olhar para ele. Vi-
o encostado na cama e passou-me uma imagem pecadora pela cabeça.
— Parece que já estás preparado, querido, queres que eu faça algo
especial? – Perguntei enquanto olhava fixamente para ele.
— Porque não vens até aqui?
— Hoje estou difícil, porquê não vens até aqui e como cavalheiro abres as
portas da aeronave para irmos à Lua? – Perguntei. – Eu posso fazer tudo,
querido! Tudo! Mas, tens de obrigar-me a fazê-lo. – Murmurei mimosa. Ele
levantou-se e aproximou-se de mim sensualmente.
— Consegues imaginar o quanto eu te desejo? – Perguntou.
Fiquei com a respiração presa, ele aproximou-se, passou dois dedos no
meu rosto e terminou no queixo, esticou-me de prazer.
Tentei sair de perto, mas eu já não era dona de mim, como
se eu estivesse enfeitiçada. Ele inclinou-se e beijou-me, lento e sensual, os seus
lábios eram exigentes e os meus só obedeciam. Ele começou a tirar a minha
camiseta lentamente e em seguida beijou o cantinho da minha boca
devagarinho e terminou no pescoço. Quando a camiseta chegou ao
chão, observou-me e soltou um sorriso doce enganador. Sorte que semanas
antes de conhecê-lo, eu trabalhava o abdómen.Graças a Deus.
— Querida, tens seios lindos, quero beijá-los de igual para igual sem
deixar nenhum com ciúmes.
Ele encostou mais perto e beijou-me de novo, dessa vez com mais fome. A
sua língua perdida encontrou a minha. Uma mão no meu cabelo e a outra, sem
rumo, na minha cintura, traseiro, que era o que ele procurava, pois apertou-o
com carinho. Senti o seu pau, eu desejava-o. Acariciei-o gentilmente e ele
gemeu. Estava a ficar duro demais.
Ele conduziu-me até a cama e quando pensei que ia atirar-me, ele ajudou-
me a deitar com a sua mão na minha cintura e a outra apoiava-se na cama.
Desceu e mordiscou a ponta dos meus seios, soltou a sua terrível língua na
minha barriga e deslizou até ao umbigo, a sua saliva deixou uma sensação fresca
em mim. Gemi, com a respiração a caminhar para outros rumos. As suas
mãos moviam-se dentro da minha calça curta, deslizava pelas minhas coxas e
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traseiro, baixou a calça devagar até aos pés e começou a subir com o nariz, roçou
os meus pés, pernas, coxas e a minha pombinha.
— Cheira tão bem, pena que não podes sentir. – Disse devagar e a sorrir.
Sem tirar os olhos de mim, voltou a percorrer a mesma trajetória: Pernas,
coxas e por fim para na glande do meu clítoris.
— Não imaginas o que pretendo fazer contigo, querida Mila, estar dentro
de ti é perfeito.
Filho da puta!
Essas palavras só pioravam a minha fome.
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— Filho da puta.
Ele deu-me uma chapada na nádega direita e disse-me que eu estava de
castigo. Ordenou que eu me deitasse e eu obedeci. Desta vez ele penetrou-me
sem dó nem piedade, a dor era suportável e o prazer era cada vez maior. Parecia
que o seu pau crescia a cada remada, os nossos corpos começaram a ficar
suados, ele foi de forma profunda, os meus gemidos enfureciam-no ainda mais.
— Quero foder-te por baixo, sobe querida. – Era uma voz de ordem,
introduziu mais dois dedos, assim que retirou eu pude subir e comecei a cavalga-
lo de forma lenta e tortuosa. Ele introduziu o dedo na minha boca. – Gostas? –
Perguntei.
Apenas sorri tímida e chupei mais uma vez aquele gosto ácido, podia ser
nojento mas era safado e gostoso. Isso deu-me mais vontade de agachar-me por
cima dele enquanto equilibrava-me no seu peito e sentia o calor dele em todo
meu corpo.
Continuei a rebolar e em movimentos de vai e vem, era óptima a sensação
de estar a comandar. Parei e subi até ao seu rosto, ele começou a chupar-me
enquanto eu rebolava e friccionava, era um minete dos deuses. Eu estava a ficar
sem forças, caí para o lado e ele veio logo para cima de mim, abriu-me as pernas
e prendeu-me as mesmas com as suas mãos, continuou com as remadas e
gemíamos os dois fortemente, sem medo de sermos apanhados. Eu arranhava-
o e pedia para ir mais devagar, continuamos naquela posição até chegarmos ao
orgasmo. O clímax com ele era dos mais intensos.
Ele deitou-se de barriga para cima ao meu lado e eu encostei a cabeça ao
seu peito, ficamos assim por bons minutos. Sugeri-lhe um banho, os dois com
segundas intenções, claro, puxei-lhe pelo braço, fomos a casa de banho aos
beijos e liguei o chuveiro sem mais demoras. Com a água a escorrer beijei-lhe o
pescoço, desci até ao peito e fui até ao pénis. Comecei por masturbá-lo e dei
leves beijos, passei a língua e mordiscava, o Paulo gemia e apertava-me o cabelo.
Comecei a chupá-lo com gosto, os gemidos e suspiros aumentavam, subi e dei
beijos pela barriga até a boca. Ele virou-me bruscamente num só movimento.
— Brutamontes. – Disse num tom sensual.
Ele riu-se. Empinou-me o rabo, agarrou-me pela cintura e penetrou-
me. Fazia movimentos leves, beijava as minhas costas e eu apenas suspirava.
Aumentou a velocidade e mudou-me de posição, dessa vez virada para frente
levantou a minha perna direita e apoiei-me em seus ombros. Nos
beijávamos, nos mordíamos enquanto nos deliciávamos com os prazeres do
sexo. Chegamos mais uma vez ao orgasmo e estávamos exaustos. O Paulo
ajudou-me a ensaboar-me e eu a ele, terminamos e fomos ao quarto enrolados
em toalhas, pois mesmo cansados tínhamos de nos despachar antes do meu
cunhado chegar a casa. Deitei-me na cama e uma parte da toalha deixou o meu
corpo descoberto.
— Ainda há tempo para um lento e fundo? – Ele
perguntou ajoelhado entre as minhas pernas que estavam fora da cama.
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— Não, Paulo. – Eu disse toda sensível a sentir os seus lábios nas minhas
coxas. – A Yadíria não é de entender essas coisas. Ela ainda acha que sou uma
criança, ou melhor, vocês todos me tratam assim, só a tia Telma me entende. –
Disse ao lembrar da nossa briga.
— Então dorme lá no hotel e nós conversaremos sobre isso.
Ainda cansada, sentei-me e olhei para ele ainda ajoelhado entre as
minhas pernas. Aquele homem ajoelhado entre as minhas pernas a insistir em
ter mais uma noite comigo.
— Eu adoraria, mas não. A Díria não aceitaria isso. – Eu disse. Ele
suspirou, beijou a minha coxa e eu beijei as suas ondas, sentindo ainda o
maravilhoso cheiro do seu cabelo. – Vais voltar para Luanda?
— Queres que eu volte? – Ele respondeu com outra pergunta.
— Não! – Respondi rapidamente.
— Então não volto, não tenho nada urgente para tratar lá. – Disse e olhou
para mim. – Urgente és tu, Mila.
Segurei o rosto dele pelas bochechas e colei por vários segundos os meus
lábios nos dele. Se fosse um sonho, eu estaria a aproveitar muito bem antes de
acordar.
52
Capítulo 6
Twitter
Notificações:
@A_Sofia92
O Paulo não é o que tu pensas,
investiga mais sobre ele...
Twitter:
Mensagens de @A_Sofia92:
O Paulo não é o que tu pensas, investiga mais sobre ele.
Ele tem registos criminais.
9:12
Ele foi libertado por falta de provas, mas a menor que ele abusou
sexualmente, tem uma versão diferente.
9:14
Entrei em choque e fiquei apavorada com aquela notícia que podia ser
calúnia ou não, pois conheço o Paulo há bem pouco tempo. Eu
estava completamente apavorada e liguei a insistência dele em mim como uma
de suas táticas para atrair mulheres a oferecerem-lhe confiança. Eu precisava
53
partilhar a minha angústia com alguém, mas a minha irmã não era uma boa
opção. Ela detestava isso de conhecer e confiar num homem tão rápido, era
sempre o conselho dela.
Merda!
A mensagem fez-me olhar de forma diferente para o Paulo. Foi lançada
para cima de mim como uma avaliação surpresa. Não dava ainda para gerir
aquelas palavras. Li novamente e o espanto só crescia.
Porra!
Será que não passou de um conto de fadas com um criminoso?
Eu não me vejo sem ele, meu Deus!
Anisia Sofia
@A_Sofia92
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Modelo Angolana
Luanda/Angola
Sofia Retweeted
Portal Angola
Cadeia não é lugar para quem dá a vida pelos outros #LiberdadeJá
#LiberdadeJá
_____________________________________
Cliquei na foto de perfil da Sofia e notei que não a conhecia. Era magra,
cabelo curto e um tom de pele escuro arrasador. Comecei a pensar se não era
mais uma ex-amante revoltada do Paulo. Aproveitei e pesquisei sobre o Paulo
na Google e confirmei que as notícias eram verdadeiras, mas mesmo
assim eu não quis acreditar, escorreu uma lágrima de tristeza pelo meu
rosto. Liguei para aPatrícia, pois precisava falar com alguém que
conhecesse o Paulo e fosse da minha confiança. Quando passamos por uma
bomba de combustível, pedi para o senhor parar o carro.
— Mas porquê? – Perguntou a Díria assustada. – Passa-se alguma coisa?
— Preciso usar a casa de banho. – Menti descaradamente.
— Mas essas casas de banho são horríveis, Mila! Não há higiene nenhuma,
ainda pegas uma doença. Não! Aguenta mais um pouco, faltam alguns minutos.
— Preciso muito, não demoro nada.
— Jesus! Está bem. – Ela disse e abandonou o carro depois de parar.
Eu queria tirar aquilo a limpo, não conseguia ficar daquele jeito,
eu entreguei-me.
— Patrícia? – Chamei-a em tom baixo atrás da casa de banho.
— Mila, está tudo bem? – Ela perguntou. – Essa voz? Passa-se alguma
coisa?
— Patty... Eu estou de rastos... O Paulo... – Antes mesmo de prosseguir ela
interrompeu-me.
— Calma, meu amor, respira. – Ela pediu. – Explica o que aconteceu.
— Uma estranha mandou-me uma mensagem misteriosa no Twitter a
dizer que o Paulo tem registos criminais porque abusou de uma
menor. - Expliquei. – Fiquei em choque, acho que ele deve ter percebido que se
passava algo...
— Oh meu Deus e agora? O que pensas fazer?
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— Preciso da tua ajuda. – Fiquei em silêncio por alguns segundos.
– Quero que investigues tudo sobre ele. – Pedi. – Sei que conheces pessoas da
polícia, sei também que não é o certo, pois devia ter perguntado a ele mas...
Tenho medo.
— Complicado, mas verei o que posso fazer a respeito e depois digo-te
qualquer coisa. – Ela disse. – Fica calma. Ele não notou que ficaste estranha?
— Ainda não falamos. – Respondi seca.
— Que mau, mas não fiques triste, isso deve ser calúnia, duvido que seja
mesmo verdade.
A Patrícia tinha o hábito de ver o lado bom das pessoas, já eu, me
assustava, já sofri muito ao confiar nas pessoas.
— Espero que sim. Quando tiveres notícias, diz-me qualquer coisa por
favor.
— Não penses muito nisso, dar-te-ei notícias. Cuida-te e não o trates mal
por enquanto.
— Está bem, obrigada amor.
— Beijo.
Corri para o carro. Fiquei especada no banco de trás por minutos, parecia
que tinha ficado inconsciente, era difícil acreditar em tudo
isso. Se era um pesadelo, era uma boa hora para acordar.
O espaço era rosa e branco, à sua volta tinham plantas vivas e
bonitas, estavam em tudo e quanto é canto. O clima da Lunda-Sul era bom para
as plantas. A música calma e relaxante tocava e ofereciam uma certa calma, a
fragrância do espaço dava para sentir desde a primeira porta em que fomos
recebidas. Eu queria tanto um banho doce, não via a hora de pegar no catálogo
e babar pelas opções.
A minha mãe saiu depois de abrir uma enorme porta de vidro. A minha
mente ganhou um relaxar ao ver o brilho nos seus olhos só de me ver.
— Minha menina. – Ela disse ao abrir os braços.
Estava dentro de um robe rosa com a marca Emilice Clara.
Apertou-me forte e beijou o meu rosto, ela emanava um cheiro doce e
prazeroso, eu acreditava que era mais um dos mimos do meu pai, ele adorava
comprar perfumes e tinha um prémio de ouro imaginário em escolher
perfumes, ele era bom.
— Mãe. – Chamei-a.
Eu disse com uma lágrima de felicidade e apertei-a bem forte, aquele
abraço foi a melhor coisa depois daquele sexo há horas. Ela pegou as minhas
bochechas e reparou-me por completo.
— Tens te alimentado? – Fez aquela pergunta típica das mães.
56
— Tenho sim, mãe, juro!
— Não parece, entrem, vou apresentar-vos a minha amiga, Emilice Clara.
Depois de horas de tratamentos de princesa, chegamos à casa da minha
irmã. O meu pai estava no jardim do quintal com a sua taça de vinho e o meu
cunhado com a sua também. O meu pai era um militar à moda antiga. Saber se
eu estava bem, servir a comida dele, dar-me dinheiro e responder as minhas
mensagens com “ok” era suficiente como prova do amor dele por mim. Eu
amava-o, nunca me deixou em maus lençóis e nunca bateu a minha mãe. Numa
sociedade banhada pela violência doméstica actualmente, era de agradecer isso
também.
— Fofoqueira. – Disse a tia que arrumava e limpava os pratos, eu ri.
— Precisa de ajuda? – Perguntei.
Eu não tinha nada para fazer, a minha irmã e a minha mãe tinham
saído para procurar presentes para uma tia que estava de data marcada para o
seu alambamento. Sem querer imaginei o Antiquado e eu, perante as nossas
famílias e ele dentro de roupas tradicionais.
— Não precisa, filha. Vai ver TV.
— Não, vou ajudar-te. – Respondi-lhe manhosa e comecei a arrumar os
pratos.
Em seguida, o meu telemóvel tocou e era aPatrícia.
— Tens sorte que agora tenho algo a fazer. – Disse para a tia na cozinha e
corri para o quarto. Ainda sentia a combinação do aroma do Spa Emilice
Clara em mim. — Tô* Patrícia?
— Mila? – Ela chamou-me. – Desculpa meu amor, estavas a dormir?
— Não. – Respondi. – Tens notícias? – Perguntei. – Diz, por favor. – Pedi
aflita.
— Sim e infelizmente não são nada agradáveis. Mas... – Antes mesmo
dela terminar a frase, interrompi-a.
— Porquê?! Merda... AIII CREDO! – Disse eu com medo.
— Mila, calma. – Ela pediu. – Estive a investigar com um colega meu que
estagiou durante uns meses na empresa do Paulo e ele confirmou, porém sem
provas. – Ela disse. – A minha irmã ligou para alguns amigos do tribunal
provincial e disseram que a miúda tinha alguns problemas e que não era a
primeira pessoa que ela acusou de estupro. Antes do Paulo, foram mais duas
pessoas, um jovem músico e um senhor.
— O quê?
— Isso mesmo, Mila. O caso estava a favor do Paulo, mas ele aceitou
negociar com os advogados dela para abafar tudo aquilo. Isso é o que sei e
como estudante de Direito, é estranho ele não querer limpar o seu nome visto
que ele estava prestes a ser inocentado. Desculpa, mas eu acho que tens de
57
falar com ele, a jovem encontra-se internada no hospital psiquiátrico de
Luanda.
— Ok, obrigada. – Respondi confusa. – Vou ver o que posso fazer,
obrigada mesmo Patty.
— Ohh!! Quê isso? Qualquer coisa aqui estou.
— Adeus, beijos. – Desliguei a chamada triste, confusa e com os olhos
marejados.
Eu só queria perceber o que é que se estava a passar, era um misto de
sentimentos, uma guerra entre o meu coração e o meu cérebro.
Culpado ou inocente?
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Voltei a casa no final da tarde, cansada, decidi a tomar um banho, comer
qualquer coisa e depois dormir. Enquanto eu secava-me no quarto, entrou uma
notificação de e-mail no meu PC, mas não era uma notificação recente.
De: Unigest.distribuidora@hotmail.com
Para: liudmilla.alves@gmail.com
Assunto: Confirmação da vaga de emprego
59
dor. Fiz a minha oração da noite e deitei-me, fiquei a ouvir músicas até
adormecer.
Tive pesadelos durante o sono e acordei várias vezes durante a
madrugada. Acabei por despertar cedo.
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Capítulo 7
Depois de uma das semanas mais turbulentas da minha vida, havia uma
balança equilibrada de coisas boas e más. Na segunda-feira despertei às
6 horas, aproveitei organizar a casa rapidamente e hidratar o cabelo. Ao
terminar tomei um banho e fui preparar-me. Coloquei um vestido azul
justo, acima do joelho, calcei saltos altos agulha creme com uma bolsa a
condizer.Caprichei na maquiagem com um batom nude e passei o leave-in no
cabelo formando os meus cachos. Passei um perfume da BVLGARI, agarrei na
bolsa com o PC e fui tomar o pequeno-almoço. Comi apenas a salada de fruta e
saí apressadamente, só tinha mais uma hora para lá estar. Chamei um táxi
particular e fui directamente ao edifício sediado na Mutamba onde estava
instalada a empresa.
Antes de empurrar a enorme porta na ausência do senhor guarda, senti o
meu estômago gelar. Era o meu primeiro emprego, era um passo na minha vida
profissional, o destino estava a tirar o Paulo do meu caminho e a colocar algo
melhor na minha vida. Eu estava decidida de que o Paulo foi só uma decepção,
aqueles olhos pretos, aquela linda pele e o cheiro maravilhoso, não passaram de
uma decepção apressada.
Ao entrar cumprimentei a recepcionista, pedi informações e fui directo
para a sala de reuniões. Encontrei alguns dos colegas, apresentei-me e sentei-
me, pois a chefe ainda não tivera chegado. A sala era enorme e toda branca,
estava tão tímida que não conseguia olhar à volta em condições. Passado 20
minutos a chefe chegou, chamava-se Edna Soraya Teixeira, morena alta, magra
e elegante, de nacionalidade brasileira, aparentava ter 40 e poucos anos.
Apresentou-me aos novos colegas, explicou detalhadamente as minhas
funções, indicou um dos colegas para mostrar a minha secretária e o resto das
instalações, mas antes disso passei pelo gabinete dela para discutirmos e eu
poder assinar o contrato.
Logo à saída do seu gabinete, um dos colegas parecia-me muito familiar,
ele aproximou-se e estendeu a mão para mim.
— Thomson Leandro, lembras-te de mim? – Estendi a minha mão e
dei um aperto bem forte, olhei-o fixamente.
— Desculpe, não faço ideia, mas o teu rosto é familiar. – Disse e
esbocei um sorriso tímido.
— Fui teu colega no ensino de base, em Saurimo.
— Calma aí... – Esbocei um grande sorriso. – Thomson dentes de coelho?!
— O próprio. – Ele mostrou os dentes, num lindo sorriso.
— Que fixe, estás cá há quanto tempo? – Questionei.
— Há 4 anos, mais ou menos. – Respondeu. – Vamos, vou mostrar-te o
resto da empresa. – Segurou as minhas costas educadamente.
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Ele mostrou-me os outros departamentos e a minha secretária no
departamento de Gestão e Marketing.
Foi um dia de trabalho normal. Caras novas, uma chefe muito atenciosa
e boa recepção para os novos. Não me arrependi de ter assinado, foi uma boa
companhia para esquecer Paulo. Antes de terminar o expediente, o Thomson
veio até mim.
— Liudmilla, atrevo-me a convidar-te para um jantar logo à noite e não
aceito um não como resposta. – Disse com um grande sorriso que mexia com o
juízo de qualquer uma. – E assim podemos rir um pouco sobre o passado e
brindar o presente que nos uniu como colegas novamente. Que ironia do
destino!
Ele tinha razão.
— Aceito o teu convite, depois ligo para confirmar.
— Ficarei à espera. – Disse ele ao abandonar o departamento, depois de
trocarmos os nossos contactos.
Eram 18 horas, estava na hora de ir para casa. Deixei tudo em ordem,
peguei no meu telemóvel e verifiquei se tudo estava em ordem na minha bolsa.
Dirigi-me ao elevador, desci e na saída despedi-me dos seguranças.
— Até amanhã, fiquem bem. – Acenei.
— Tchau mana. – Disseram eles com um sorriso de satisfação, pois
não eram todos que davam valor ao trabalho deles.
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— Boa noite Sr.ª Alves, trago isso a pedido do Sr. Rodrigues. Passar bem.
– Disse ele sem ao menos deixar-me falar.
Uma pequena percentagem de mim queria dizer para levar de volta, mas
parecia que a maior parte dela queria saber o que era. No meio de tanta
tristeza, o meu coração e a minha mente precisavam abastecer-se com uma
notícia dele.Voltei a deitar-me no sofá e tirei primeiramente o bilhete.
Oh Merda!
Não...
Não! Mila, o que te deu?
Como foste escrever sobre o jantar?
Bem lá no fundo eu sabia que minha Deusa interior queria causa-lo
ciúmes.
Sua burra!
63
Para: Thomson Leandro
“Olá Thomson, está confirmado o jantar para às 21 horas?”
64
— Um dos nossos sócios disponibilizou-se a oferecer-lhes um dos nossos
melhores vinhos. – Ele explicou. – Aconselho-vos a aceitar, pois o vinho branco
é um bom acompanhante para o prato.
— Sócio? Quem? – Perguntei ao garçom.
— O Sr. Paulo Rodrigues, está naquela mesa. –Disse o garçom ao
apontar para o Paulo que acenava para nós.
Oh puta merda!
Será que este homem colocou alguém a seguir-me?
— Tu o conheces? – O Thomson perguntou com cara de poucos amigos.
— Sim! É meu Ex... É meu namorado. – Respondi atrapalhada e
notei que o Thomson ficou intimidado, acredito que foi por saber que
não tinha como concorrer com alguém que é sócio daquele restaurante ou
mesmo pela sua postura de alto nível. – Podemos comer? – Perguntei de forma
a disfarçar tamanho constrangimento. – Acho que quentinho é mais saboroso.
— Sim, sim... – Ele respondeu desanimado.
Tentamos fingir que o Paulo não estava a míseros metros da nossa mesa,
a comer calmamente, a apreciar o vinho com uma conversa boa. Mas, não dava
para negar que no fundo, as minhas atenções estavam viradas para ele.
Terminamos de comer e pedimos a sobremesa que estava uma
delícia, o Thomson pediu um Pétit Gateau e eu Maçã Assada com creme de leite.
Assim que terminei, pedi licença e fui ao toilet retocar a maquiagem, ao voltar
olhei de forma sensual para o Paulo e ele retribuiu com aquele sorriso sexy
que deixava-me louca. Sentei-me novamente e continuamos a nossa
conversa. Minutos depois o Paulo dirigiu-se até nós, pegou na minha mão e
puxou-me para que eu me levantasse.
— Paulo, larga-me e deixa-me em paz. – Murmurei irritada e o Thomson
franziu a testa.
— O que é que se passa aqui?! – Ele perguntou alterado. – Podes parar
com isso, por favor?
— Fica sentado e aprecia o vinho, está bem? – O Paulo disse num tom
calmo e autoritário.
Olhei para o Thomson muito constrangida, mas parecia que o meu lado
maléfico saltava de alegria por ver o Paulo com ciúmes.
— Desculpa-me Thomson.
Eu estava envergonhada, peguei na minha bolsa, levantei-me e
abandonei-o. O Paulo, com uma mão, segurava a minha cintura e depois
segurou a minha mão sem desejo de larga-la. Dirigi-me para fora do
restaurante até ao estacionamento.
— Sr. Rodrigues, não tinhas o direito de fazer isso. – Murmurei.
— Eu não vou fazer "cenas" em público, entra para o carro
e vamos conversar. – Ele disse.
Tinham algumas pessoas no estacionamento, então decidi acatar com a
sua ordem transformada em pedido. O meu subconsciente também não
65
conseguiu negar aquela ordem, quando dei por mim, estava no assento do seu
carro. O silêncio era gritante, dava para ouvir as outras pessoas no
estacionamento. O Paulo estava calmo e quieto com a mão na
cabeça, acreditava eu que ele estava nervoso por dentro. Ele trancou as portas e
não me atrevi a reclamar disso.
— O Thomson é apenas um ex-colega da escola e... – Decidi quebrar o
silêncio, mas fui interrompida.
O Paulo virou-se para mim, franziu a testa enquanto os seus olhos escuros
queimavam os meus desejos de beijá-lo. Tinha imensas saudades de beija-lo e
esquecer os problemas.
— IMAGINO! Deve ser daqueles que não pegava nenhuma na
escola. – Disse ele alterado.
— Paulo, por favor, ok!? – Revirei os olhos.
Ele estava tão sexy de punhos fechados, imaginava-o a foder-me com
força aqui mesmo, se não tivesse o Miguel no volante.
— Eu estou a falar a sério, Srta. Alves.
— Possas! Quem devia estar chateada sou eu, Paulo, tu mentiste-
me! – Disse decepcionada, com uma lágrima que preparava-se para escorrer
pelo meu rosto.
O Paulo aproximou-se e plantou beijos no meu rosto enquanto seguia a
trajectória da lágrima.
— Desculpa querida, tens toda razão, apenas exagero porque quero-te de
volta. – Ele disse mais calmo e triste. – Miguel, por favor! – Ele disse.
— Está bem, senhor. – O Miguel e abandonou o carro.
— Não interessa, abusaste uma menor, UMA MENOR PAULO! –
Repeti vezes sem conta a chorar e cabisbaixa.
— Querida, tenho vários inimigos, eu perdi muito dinheiro com este
processo. Ela tentou seduzir-me, eu não aceitei e ela fez um escândalo. –
Explicou.
— Sei. – Respondi friamente.
— Acredita em mim, querida. – Ele murmurou num tom de criança triste.
— Um homem a negar sexo? – Perguntei incrédula.
— OH QUERIDA! Primeiro, eu não faço sexo com quem não me sinto
atraído; Segundo, só um homem desesperado e negado por outras se
entrega a qualquer uma; E terceiro, eu tinha namorada naquela altura, a Sofia,
e eu não gosto de aventuras desde que deixei de assistir "TARZAN". – O Paulo
disse num tom irritado.
Sofia?
Só podia ser mais uma recalcada!
Eu sabia!
Como fui tola.
66
Se eu pedisse desculpas por não deixá-lo falar antes, ele ficaria chateado
e faria montes de perguntas.
OH DIABOS!
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— Não vou pedir! – Respondi-lhe séria. – Tiveste uma semana para correr
atrás de mim e não o fizeste. – Bocejei.
— E como achas que eu sabia todos os teus passos? – Ele perguntou para
a minha admiração.
Em resposta fui para o quarto, mas ele não me seguiu, permaneceu no
sofá. Quando alcancei o quarto, pus o pijama e atirei-me entre as colchas e
lençóis. Depois de alguns minutos, ele entrou no quarto e eu fingi que estava a
dormir. Ele subiu na cama e encostou-se ao meu ouvido.
— Pena que tens trabalho mais tarde, se não fodia-te até não teres mais
forças e em seguida jogaria tudo na tua boca para aprenderes a ouvir-me. – Ele
sussurrou.
Puta merda!
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Ele olhou para mim e continuou a comer em silêncio. Fui até
a geladeira, tirei um iogurte Grego natural açucarado, cortei umas rodelas de
banana e misturei. Comecei a comer assim que me sentei, enquanto isso fiquei
a ver as notificações nas redes sociais. Ele observava-me.
Acabei de comer, levantei-me da mesa e fui até ao cesto do lixo deitar a
casca de banana, o Paulo também levantou-se e ficou atrás de mim.
— Sei que estás louca por um beijo meu. – Disse enquanto acariciava o
meu rosto.
— Não. – Tentei sair, mas ele era forte.
— Queres sofrer por um beijo meu o dia todo? – Perguntou. – Quando
podes pedir um agora. – Ele fez uma pausa. – Basta pedires.
Afastei-me com uma distração dele e fui para o banho, a meio do caminho
parei no corredor.
— Já tomaste banho? – Perguntei.
— Já sim. Precisas de ajuda? – Perguntou ele ao soltar o mesmo sorriso
cativante e pitoresco.
69
Capítulo 8
70
sempre. Aproximei-me dele e ele olhou na minha direção com um sorriso
diferente do que ele mostrava para elas, senti uma electricidade boa dentro de
mim. Como um casaco dos anjos, ele abraçou-me por poucos segundos e
suavemente beijou a minha mão.
— Olá querida.
Olhei para a Neusa que continuava boquiaberta por ele, com uma vontade
de saltá-lo em cima e comê-lo entre os lençóis.
OH DIABOS!
Não beijes a minha mão, beija a minha boca!
Uau!
Franzi as sobrancelhas.
— Querer não é ter. – Respondi secamente.
— Di-lo que os hospitais em Angola são péssimos, ele pode
sofrer com dores até ser atendido pelos danos que vou causá-lo se ele
tentar. – Rimos.
Reconheci o caminho que seguíamos, era para a casa dele. Não
reclamei, porque tive saudades da nossa primeira vez lá e pretendia fazer
estragos na sua casa como ele fazia na minha. Estacionamos e dirigimo-nos até
ao seu apartamento. Era estranho estar lá novamente, mas sentia-me bem ao
estar com ele.
Ele olhou para mim sem jeito com um sorriso até às orelhas.
Era tão bom estar com quem amávamos.
Ele seguiu em minha direcção e a minha Deusa começou a ferver, dei um
passo para trás e tropecei num dos móveis. Ele sorriu em resposta. As minhas
71
pernas começaram a ficar com um calor excitante, desejos
maléficos atravessavam a minha Deusa erótica, mas sabia que ele não me
tocaria sem que eu implorasse. Ele aproximou-se e tirou a minha bolsa.
— Queres ir ao cinema? – Ele perguntou.
— Pode ser, Paulo. – Respondi sem conseguir disfarçar a minha
respiração. — Queres que eu prepare algo para comermos agora?
Ele sorriu levemente e a minha boca tornou-se num indivíduo perdido no
deserto precisando da saliva dele. Ele aproximou-se e abraçou-me.
— Querida, se formos juntos à cozinha, tu sabes que vamos comer outros
alimentos...
Senti um desejo a deslizar pelas minhas veias. Ele soltou-me e foi em
direcção à garrafeira, voltou com um copo.
— Prova, querida, e imagina que sou eu. É Kauffman Vintage, vais gostar.
O sabor era estranho, mas ele tinha razão. Eu sentia algo suave e quente
que deslizava pela minha garganta, parecia um Paulo dentro de mim.
Ele deu um shot e olhou para mim como se a Vodka lhe tivesse acendido
desejos maléficos.
— Desculpa-me por não te ter deixado falar. – Eu disse secamente para
abafar aquele momento quente. – Desculpa-me mesmo querido, és um
bom motivo para acreditar no amor e eu prometo estar sempre ao teu lado.
Ele franziu a testa como se não acreditasse nas minhas palavras, como se
eu falasse apenas sob a tortura da excitação ou do vinho.
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— Ainda não beijaste o meu pescoço, querida. – Sorriu.
— Eu sei, querido. Vou beijar todo o teu corpo. – Continuou a
sorrir docemente contra a minha pele, senti a sua barba e a sua respiração.
— Querida? – Chamou-me.
— Sim, querido.
— Por favor, vamos ao cinema, se não eu vou foder-te.
— Está bem, vamos ao menos tomar banho. – Respondi com a intenção de
provocá-lo.
Começamos a tirar a roupa enquanto nos observávamos. Em
seguida apertei a sua mão firmemente e caminhamos até ao banheiro.
— Vamos apenas tomar um duche, querida. – Ele disse.
— Sim, não te preocupes.
— Quem devia se preocupar és tu. – Ele disse e logo ofereceu uma chapada
ao meu rabo. Foi tão rápido e quente.
Entramos para o duche, abrimos o chuveiro e ligamos o vapor. Para a
sua personalidade "Educadamente pervertida", ele estava muito quieto e como
para "uma boa entendedora meia palavra basta" enquanto a água escorria-lhe
pelo corpo comecei por plantar beijos sedutora e vagarosamente no seu peito, o
Paulo correspondia com gemidos baixos a cada duas mordidas, puxou-me
contra o seu corpo e apertou o meu rabo com as duas mãos.
Desci lentamente e fui deixando chupões, continuei a descer até ao seu
umbigo e ele gemia grosso com o meu nome no final.
— Mila… Não vás por aí... – A respiração dele estava ofegante.
Ignorei as suas falácias e continuei a descer, a pila dele estava dura e
totalmente erecta, agarrei-a e comecei por beijar a sua glande. Ele contorcia-se
de prazer enquanto puxava os meus cabelos, dei leves lambidelas de uma ponta
a outra enquanto masturbava-o com a mão esquerda e com a mão direita o meu
clítoris. Chupei-o com gosto e olhei para ele de vez em quando, adorava a sua
expressão facial. O Paulo gemia em tom médio e atirava-me alguns palavrões
enquanto eu matava a saudade de sentir a sua pila a escorregar entre os meus
lábios.
— Aiii Porrraaa... Ahhh Filho da Puta... Uhmmmm... Não pára Mila,
continua assim... Ahhhhh está quase... uhmmm. – Enquanto fazia pressão na
minha cabeça, puxava-me os cabelos e dava leves remadas.
Eu continuava a chupá-lo, quando notei que estava no seu clímax, subi
vagarosamente com beijos e mordidas do seu pénis até a sua boca. Dei-lhe um
beijo intenso e virei-me, peguei no gel de banho e comecei a passar pelo meu
corpo como se nada tivesse acontecido.
— Mila? Não vais fazer isso? Vais? – Perguntou incrédulo. – Porra! Mila
isso não se faz. – Disse ele ao olhar para mim.
— Ahm! Não te esqueças, disseste que não íamos fazer nada. Temos
cinema, lembras-te?
— Sério querida?
73
— Oh, vira-te, deixa-me passar o gel nas tuas costas. – Disse a sorrir com
ar malicioso.
— Vais pagar-me por isso, senhora, ah vais. – Ele disse e eu ri.
— Sim, pois. – Respondi-lhe e ajudei-o a ensaboar-se.
Ficamos no chuveiro mais de 30 minutos, era divertido meter-me com ele
ali. Saímos do banho e fomos para o quarto aos beijos. Eu sentia-me bem,
pois era sempre bom dominar o Paulo.
— Eu vou deixar essa passar, Mila!
Apenas sorri e para deixar-me mais sem jeito ele beijou os meus dedos
sensualmente. O Paulo era do tipo de homem que procurava fazer diferente,
desde os elogios até ao como agradar. Era um cavalheiro, se assim podia dizer,
mas a viver no século XXI.
74
alguns anos, por este motivo eu sussurrava tanto na sala, contava-lhe as partes
do filme. Hoje completamos 57 anos de casados. – O Paulo e eu ficamos
impressionados. Sem saber se ficávamos tristes pela cegueira dela ou felizes
pelos longos anos de casamento. Apenas sorrimos, pois estávamos a ter uma
lição de amor naquele momento.
— Se quer alguém por sua beleza, não é amor, é desejo. Se quer alguém
por sua inteligência, não é amor, é admiração. Se quer alguém por ser rico, não
é amor, é interesse. Se quer alguém e não sabe porque, isso sim é amor. – Fez
uma pausa. – Meus filhos, o amor é como 69. – Disse a senhora com as mãos na
boca e rimos todos. – Pois! Acham que nós não sabemos o que é isso? –Depois
de uma boa conversa e conselhos, o Paulo pediu um abraço e eu fiz o mesmo.
— Por favor, caro casal, atrevo-me a oferecer-lhes um presente
sem aceitar um não como resposta. – Disse o Paulo
educadamente acompanhado de um sorriso. – Aqui está o meu cartão,
amanhã quero oferecer-lhes um jantar nesse restaurante, e serão servidos pelo
nosso chefe de cozinha.
— O que demos para merecer? Além de roubar o vosso
tempo? – Perguntou o mais velho.
— Deram-nos uma lição de vida, obrigado. – Sorrimos e algumas pessoas
olhavam para nós, o motorista do casal chegou ao local e despedimo-nos.
Eu estava morta de sono que quase parecia um zombie na série "The
Walking Dead", mas era um cansaço bom, estar mais feliz do que
estava era impossível.
Dirigimo-nos a saída, validamos o ticket e fomos de mãos dadas para o
carro. Afastei o banco para trás e fiquei a mexer no telemóvel, o Paulo ligou o
carro e fomos para a casa dele, andava sem pressa e falamos muito pouco
durante o caminho. Chegamos e eu dirigi-me para a entrada, o Paulo veio
logo com as minhas coisas. Entramos para o elevador e eu quase dormia em pé.
Chegamos ao andar, entramos no seu apartamento e fui logo para o quarto.
Despi-me, vesti a camisola dele, atirei-me a cama e adormeci depois de um dia
de reconciliação entre nós. Eu amava o meu estranho Antiquado.
75
— Mila. – O Edy, que estava encarregado de decorar o quarto comigo,
chamou por mim. – Isso é teu, bebé? – Ele mostrou-me um vibrador de clítoris
e um papel escrito com batom.
— Não! – Respondi curiosa e comecei a ferver.
— Então não deve ser nada. – Ele disse e levou o papel para trás, para que
eu não visse.
— Mostra, Edy! – Ordenei chateada com a sua brincadeira.
Ele entregou-mo e eu li-o.
Caiu uma lágrima que não consegui travar e deixei cair algumas rosas da
minha mão.
— Bebé, lamento! – O Edy disse cabisbaixo.
— Lamentas? Não fizeste nada! – Disse eu com raiva.
— Ele não te merece. – Sussurrou ao meu ouvido enquanto abraçava-me.
Deixei rolar mais lágrimas e eu não tinha vontade nenhuma de parar de
chorar, só queria tirar para fora aquela dor confusa.
Ele era homem, claro que fodia com outras pessoas, mas quando foi a
última vez dele?
Porra!
Sentia-me mais perdida do que da última vez. Não conseguia tirar a
imagem do Paulo a fazer outras mulheres gritarem de prazer. Não conseguia
deixar de imaginá-lo, não mesmo, ele a foder naquela mesma cama em que eu
estava a decorar, ele nunca usou aquele vibrador em mim.
Sentia-me usada, palhaça e pequena para caramba.
— Tirem-me daqui. – Disse para o Edy derrotada.
— Está bem, amor.
Acordei num susto, era tudo um sonho, não passava de um sonho. O Paulo
estava bem ao meu lado a dormir com as mãos nas minhas pernas. Suspirei e
fui para a cozinha depois de retirar a sua mão.
— Meu Deus, o que foi aquilo? – Questionei-me depois de dar um grande
gole de água.
Tentava talvez afogar aquele maldito sonho, mas era tudo tão real, eu
estava aqui, nessa mesma casa, como assim não era real?
76
— Tive um sonho, que mais parecia um pesadelo horrível. – Expliquei.
— Oh! Meu doce! – Ele disse e caminhou até ao meu encontro.
— Estavas a foder com outras pessoas. – Comentei uma das partes do
sonho.
— O quê? Mila! – Ele segurou o meu rosto quando me alcançou.
— Isso mesmo, estavas a foder com outras pessoas. Diz-me uma coisa,
tens um vibrador de clítoris? – Ele olhou pra mim sem perceber nada.
– Responde, Paulo!
— Sim, mas está noutra casa.
— Que outra casa? Então é verdade?
— Mila! Por favor, pára com isso e vamos para a cama. – Ele disse e
segurou firme a minha mão.
— Quantas vezes já fodeste naquela cama? – Ele olhou para mim
chateado, estendeu-me a mão e obedeci mesmo sem querer.
Ele só largou a minha mão para mostrar-me uma grande quantia que
estava na fatura que ele exibia para mim, era o preço da cama e a data era
recente.
— Acho que estou a ficar doida. – Disse constrangida.
— Foi só um sonho, vem cá e dá-me um abraço. Eu sou teu, apenas teu.
– Ele disse e enfiou as mãos debaixo da minha T-shirt pijama para sentir a
minha pele. – Eu gosto de ter-te aqui, Mila.
— Eu sei que não sou fácil de lidar, sei que tenho as minhas crises.
— Precisas fugir de mim para me fazeres desistir. – Ele disse e cheirou o
meu cabelo.
— Desculpa-me Paulo.
— Shhh. – Pegou no meu queixo e plantou dois beijos no meu rosto.
— Queres dormir? – Balancei a cabeça em negação. — Queres dar
continuidade ao cinema?
— Como assim? – Questionei sem saber o que ele tentava dizer.
— Vem comigo, já já verás.
Sentamo-nos no enorme sofá da sua sala, deu-me um beijo e andou de um
lado para outro. Eu estava forrada num cobertor enquanto apreciava o
meu homem. Ele preparou pipocas, pegou em chocolates e procuramos
qualquer coisa para ver na sua enorme TV. Bem agarradiços, eu sentia o seu pau
duro, mas ainda assim ele não tentou nada, apenas apertava-me forte
e oferecia-me conforto.
Dois dias depois, fui à universidade para escrever uma carta e só depois
disso fui ao trabalho. Pouco fiz por falta de alguns requisitos atrasados, o tempo
voou e só faltavam minutos para o final do meu expediente. O Thomson
apareceu do nada com um largo sorriso.
77
— Ontem fizeste um trabalho cinco estrelas, não tive dúvidas e o
departamento já não as tem também.
— Obrigado por acreditares em mim, estou a dar o meu máximo e
pretendo dar em filantropia a equipa. – Sorrimos.
— Então, como disseste, há outro jantar? – Ele parecia mais animado
comigo, mas eu disse aquilo sem pensar.
Sabia que o Paulo ficaria bravo, e não só pelo Paulo, também estávamos
a conhecer-nos agora e isso não ficaria bem para a minha relação. Não
imaginava o Paulo num jantar com uma das suas lindas funcionárias.
— Não sei ainda. – Respondi a sorrir, cabisbaixa, esperava pela minha
hora de regresso a casa, mesmo sabendo que faltavam longos minutos para
tal. – Darei uma resposta em breve. – Ele apenas sorriu.
— Está bem, eu espero Sr.ª Mila. Vemo-nos amanhã. – Ele disse.
— Boa noite, Thomson.
— Boa noite, Mila.
Voltei a casa, exausta, atirei-me no sofá e liguei para a Patrícia para
debatermos sobre o que fazer durante a noite, pretendíamos dar um tempo e
relaxar um pouco.
— Tenho uma ideia. – Murmurei.
— Tens? Qual? Ir à casa do Paulo como de costume? – Sorrimos e ela
continuava a tirar sarro de mim.
— Hoje a chefe deu-me folga, vaca! – Rimos novamente. – Vem a minha
casa com algumas meninas e vamos organizar uma night, como nos velhos
tempos. – Acrescentei.
— Está bem! Já já estou aí. – Ela disse e desligou.
Fui tomar um duche, ainda no banho tocaram a campainha. Apressei-me,
enrolei-me numa toalha e fui abrir a porta. Era a Patrícia e algumas meninas
que estavam na sua festa há meses, todas boas pessoas, o Edy e a Laudivánia já
estavam presentes.
— Então meninas... – Cumprimentei cada uma com dois
beijos. – Entrem.
— Um ano para abrir a porta. – Disse a Patty em favas.
— Ah vai, estava no banho, oh.
— A Laudivánia e o Edy? – Ela questionou porque não abriram a porta e
eu dei-lhe uma olhada.
— A Laudivánia está ocupada ao telemóvel e o Edy não gosta de ti.
— Eu também não gosto dele.
— Isso é problema vosso só não quero que estraguem a minha noite.
A Patrícia foi para a cozinha, as outras meninas acomodaram-se na sala.
Fui ao quarto e optei por vestir algo casual, calções jeans e uma T-shirt justa
amarela. Voltei para a sala, pus a minha playlist a tocar enquanto observava
a Patrícia abrir uma garrafa de Corona Extra, a rolha saiu desajeitadamente e
ela soltou uma gargalhada. Começamos com a noite. Foi muito
78
animada, conversas, sexo, rapazes, mulheres, “azinimigas”, danças malucas,
alguns cocktails e muitas gargalhadas.
Duas horas da madrugada e já era tarde para algumas, a Laudivánia ia
passar a noite comigo e as outras meninas voltaram às suas respectivas casas,
assim como o Edy que tinha um encontro com um homem misterioso. Fomos
as duas para o meu quarto, a Laudivánia em menos de 10 minutos adormeceu e
eu estava sem sono. Mandei uma SMS ao Paulo.
Oh diabos!
Puta merda!
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Repetia isso nos meus pensamentos, antes mesmo de abrir os olhos.
Ganhei coragem, abri os olhos e não havia ninguém, nem mesmo a Laudivánia.
Lembrei-me que ela avisou-me que sairia cedo. Olhei para o despertador e há 14
minutos que já eram 7 horas. A sensação era estranha, parecia que o
perfume BLEU DE CHANNEL cheirava em todo o meu quarto. Levantei-me
ainda cansada e fui até a cozinha, lá estava o Paulo a preparar o pequeno-
almoço. Suspirei receosa, pois sabia o que me aguardava.
— Olá amor. – Ele virou-se e eu soltei um sorriso falso de dentes
serrados. — Vai tomar banho e vem comer, eu espero-te. – As palavras dele
soaram como uma ordem do diabo. Como sempre ditatorial nas suas palavras.
Os olhos dele ficaram ainda mais pretos, pareciam o final de uma chama
que ainda queimava. O seu tom não era nada agradável, a quem eu queria
mentir, o Paulo tinha os momentos em que era brincalhão mas quando estivesse
sério, apenas era educado e sarcástico, nunca agradável.
Olhei para ele com vontade tê-lo e do pequeno-almoço, mordisquei os
lábios para ver se ele reduzia a tensão e sorrisse para mim, mas eu ainda sentia a
cabeça a girar. Ele olhou de forma ameaçadora e decidi fazer o que ele pediu ou
melhor, mandou.
Em passos lentos fui a casa de banho e tomei um banho lento e demorado,
enquanto a água atingia em cheio o meu rosto, pensava no que aprontar para
mudar o humor do Paulo. Terminei o banho, ajeitei o cabelo e fui ao quarto,
passei o hidratante no corpo, vesti uma suetér, devido ao frio, e calções jeans.
Voltei à cozinha e o Paulo estava sentado à minha espera para tomarmos o
pequeno-almoço. Aproximei-me dele e inclinei-me perto do seu rosto.
— Agora já posso ao menos dar-te um beijinho? – Antes mesmo dele
responder-me dei-lhe um monte de beijos. Afastei-me e sentei-me na cadeira
ao seu lado. – O senhor tem de parar de mimar-me dessa maneira, são
pequeno-almoços, presentes, saídas... Estás a habituar-me mal. – Sorri
enquanto servia o chá.
— Isto não é nada, Srta. Mila. – Respondeu desanimado.
Olhei fixamente para ele, tentei perceber o que se passava.
— Amor? E esse ânimo? O que se passa?
— Não pretendo ser sarcástico ao responder-te. – Disse e olhou
fixamente para os meus olhos.
— Está bem querido. – Levantei os braços em rendição.
Tomamos o pequeno-almoço, mas existia uma nuvem negra por cima de
nós, era estranho. Quando terminamos, comecei a tirar a louça da mesa e decidi
provocá-lo enquanto estava distraído a mexer no telemóvel. Aproximei-me por
trás, pousei as mãos nos seus ombros e apertei levemente como se o massagea-
se, baixei-me e passei a língua no seu pescoço.
— Vamos terminar aquilo? – Sussurrei no seu ouvido direito.
O Paulo apenas suspirou, continuei a massageá-lo e a fazer chupões
no seu pescoço. Eu conseguia sentir a sua loção de banho, sabia a chocolate. Em
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seguida, sentei-me no seu colo e beijei-lhe. Ele correspondeu com um
beijo apaixonado, passou a mão pelo meu pescoço e a outra dentro da minha
suetér. A intenção era ele ser dominado, mas acabou por ser o contrário,
com os seus beijos ele invocava profundamente a Deusa erótica que existia em
mim, puxou-me para trás pelos cabelos e passou a sua língua no meu pescoço,
subia até ao queixo, mordia e chupava-me o lábio enquanto eu desabotoava a
sua camisa.
— Vamos para o quarto? – Perguntei a meio da respiração ofegante.
— Quero foder-te em todos os cómodos da casa, para que te lembres
sempre de mim em cada canto dela. – Sussurrou grosso no meu ouvido.
— Para lembrar-me de ti não preciso necessariamente disso... só... – Gemi
antes mesmo de terminar a frase, ele levantou-se comigo, colocou-me sentada
por cima da mesa e tirou-me o suetér.
— Deixa tudo em mim em pé como tu sabes, querida. – Pediu.
— Nem era necessário pedires, babe. – Respondi a olhar de forma sensual
para os seus olhos.
Abri o botão e o zíper da sua calça, ajoelhei e tive a visão do seu lindo rosto
quando olhei para cima. A visão ficou ainda mais do que perfeita quando eu fiz
o pau dele saltar para fora. Sorri para ele que estava com cara de poucos amigos.
Passei a língua no seu pau, chupei lento duas vezes e voltei a olhar para ele que
segurou firme numa das cadeiras próximas para ter equilíbrio. Enfiei tudo
e senti-o a romper a minha garganta, ele gemeu para o alto. Algumas babas
tentavam cair, mas eu segurava sem nojo para lubrificar na hora de o masturbar.
Masturbei-o com as mãos vezes sem conta sem tirar o olhar daquele lindo
rosto a gemer para a minha Deusa erótica. Bati com o pau na minha cara, sabia
que não dava tesão, mas os homens sentiam-se bem com aquilo. Segurei firme
no seu rabo e deixei entrar novamente até a minha garganta.
— Enfia... Mais fundo... Enfia, Mila! – Ele dizia com o rosto para o alto.
Depois de se vir na minha boca e eu sugar tudo como se fosse a última
Coca-Cola no deserto, fez-me subir de forma bruta, virou-me e atirou-me na
mesa da cozinha. Os meus seios estavam sobre o vidro liso da mesa, os meus pés
estavam no chão e o meu rabo à mercê dele. Senti a mão dele a apertar a minha
nuca de forma bruta fazendo com que o meu rosto ficasse totalmente na
mesa, sem que eu pudesse movê-la.
— Ai! – Gritei quando senti a sua mão a esbofetear o meu rabo. Aquilo ia
deixar marcas. –Aí! – Gritei novamente quando ele plantou no mesmo
sítio. – Amor. – Choraminguei.
— Cala-te! Se é o único momento em que posso maltratar-te, então vou
aproveitar. – Disse e deu outra com mais força. Aquele lado estava dormente e
quente, eu já não aguentava outra de tanta dor. – Vais mais beber ao ponto de
não ir trabalhar? – Tentei responder que não com a cabeça, mas não dava certo.
— Não. – Respondi a choramingar mesmo.
— Ok! Acredito que estamos entendidos.
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— Sim amor, sim, nós estamos, nós estamos. – Repeti só para não sentir
outra bofa.
— Vou tirar a minha mão e vais continuar quieta nessa posição.
— Sim, sim amor. Eu vou.
Aquela dor só desapareceu quando ele ajoelhou e abriu as minhas pernas.
Quando começou a lamber e a chupar suavemente o meu clítoris, eu já não
lembrava de nada que não fosse a vontade dele de continuar com aquilo.
Quando levava a língua ao meu cú, eu contorcia-me toda à procura de qualquer
coisa para segurar. Ele chupava-me o clítoris com todo gosto do mundo, lambia-
me toda. Depois daquelas bofas, eu merecia sofrer da melhor forma.
Quando os dedos dele entraram delicadamente e faziam uma curva para
baixo, senti que estava completamente molhada, pronta para ser
arrebatada, o meu útero clamava, o meu tanque estava cheio de água para
molhar todo o seu pau. O Paulo masturbava-me e chupava-me toda, cada toque
era maravilhoso, eu estava toda sensível.
— Filha da puta, ai caralho! – Coisas ordinárias abandonavam a minha
boca enquanto se avizinhava o orgasmo. – Eu devia faltar mais vezes ao
trabalho. – Disse ao sentir uma satisfação dos anjos dentro de mim.
O Paulo esbofeteou o meu rabo, mas dessa vez a borracha do prazer
apagou a dor em segundos. Sorri entre gemidos. Ele voltou a pôr a língua na
minha pombinha, dessa vez chupava e enfiava o dedo simultaneamente,
despertando-me outros terramotos. Em poucos minutos, eu estava
completamente sem forças nas pernas, continuei deitada na mesa a aproveitar
os míseros segundos do clímax enquanto o Paulo masturbava um pouco o seu
pau e enfiou-o em mim. A sensibilidade era alta, mas em poucos segundos
voltei a sentir um prazer dos diabos da sua pila. Eu gemia de prazer, aquilo
causava-me arrepios intensos. Eu gemia mesmo alto enquanto era maltratada
pelo meu Antiquado bruto.
— Vai doer um pouco.
Eu mal conseguia responder, ele agarrou-me pela cintura e penetrou-me
profundamente, senti uma dorzinha no fundo que segundos mais tarde
tornavam-se prazerosas. Tentei cravar a minha mão, mas aquilo era vidro. Os
nossos gemidos saiam em simultâneo, o que dava-lhe mais vontade.
— Vem cá! – Disse depois de alguns minutos com a sua voz grossa e cheia
de tesão, que entrou perfeitamente nos meus ouvidos e obedeci de imediato. Ele
sentou na cadeira e eu trepei-o, ele sorriu satisfeito. – Obediente como eu gosto.
– Mordeu o meu queixo.
Enquanto o trepava como se não existisse amanhã, senti a sua mão no meu
cabelo, acariciando de forma doce e enganadora. Em seguida puxou-
o, obrigando-me a expôr a garganta. Soltei um leve gemido.
— Minha.
— Tua! – Respondi entre gemidos. Ofeguei com o seu pau a entrar sem
dó. – Ahh... Paulo... Tem... Dó... Da... Tua namorada! Mas se... tu Pa... – Entre
82
prazeres e gemidos, fui intercalando as palavras. Ele deu uma remada forte e eu
ofeguei novamente.
Era incrível como eu desejava-o e que ele tinha mais vontade de possuir-
me. Ele gemia com força e ignorava o meu pequeno apelo. Tirava lentamente e
penetrava sem dó. Eu estava perdida, ele tirava-me a fala. Mesmo
eu estando por cima, ele conseguia controlar o meu corpo, que era nada
comparado à sua força física.
As palavras "pára", "não quero" e "chega" eram desconhecidas naquele
momento. Em seguida, fez com que eu entrasse e saísse rápido, subia e
abrandava o meu corpo, como se estivesse a se masturbar sentado, e gemia,
gritava como um lobo em lua cheia. Tentei não me mexer muito para controlar
o meu orgasmo apressado, mas parecia impossível, eu estava possuída pelo seu
pau, era intenso e fogoso. Eu não queria chegar lá ainda. Tentei distrair-me
mas os seus gemidos, pareciam um ritual invocando a chuva na minha vagina.
— Não pára, caralho... Ah... Oh... Vaiii!
— Vai, isso querida. – Ele murmurou com uma palmada no meu rabo.
Cheguei ao orgasmo. Foi tão intenso que precisava de uma pedra de
gelo nas minhas costas, porque aquela sensação era dos infernos de tão quente
que o meu corpo estava. Ele tirou o seu pénis e masturbou-se, nada mais justo
que ajudá-lo. Ambos de joelhos no chão e ele gozou nas minhas pernas e barriga.
Deitou-se no chão e eu fiz o mesmo.
Depois de alguns minutos de carícias e silêncio, ele
vestiu apenas a calça jeans, deixando uma parte íntima visível.
Dirigiu-se à cozinha com a minha cueca e eu segui-o.
— O que estás a fazer? – Perguntei curiosa.
— Preciso de uma Coca-cola com gelo, estou quente por dentro. Vocês não
compraram Coca-cola? – Ele perguntou a sorrir e eu fiz o mesmo, pois, ele
sabia o que aconteceu.
— Não, querido.
— Isso serve. – Ele disse assim que encontrou uma Somersby.
Ele deu um gole, aproximou-se, agarrou o meu queixo e plantou-me um
beijo molhado. As minhas pernas ainda estavam fracas, então equilibrei-me no
balcão.
— Vamos aproveitar, ao meio-dia tenho trabalho. – Segurou a minha mão
e beijou os meus dedos.
Oh merda!
Como ele consegue ser tão calmo?
Olhei para o pescoço dele e notei marcas de chupões, o meu lado malicioso
sorriu.
83
Em seguida olhei para as minhas pernas e notei manchas secas do seu
esperma.
— Que nojento. – Tirei sarro dele.
— Sei. – Disse ele a sorrir.
Fiz-lhe uma careta e ele mordeu-me o ombro.
— O Sr. Sério sabe brincar?
— Estou a aprender contigo. – Ele sussurrou e ofereceu-me um beijo
gostoso com sabor a paixão. Depois olhou-me nos olhos a fundo. – Eu amo-te
meu 6.
Aquelas palavras entraram de forma ilícita nos meus ouvidos, sem ao
menos prepará-los para tamanha felicidade. Tentei dizer o mesmo, mas ele
travou-me com um dedo entre os meus lábios.
— Calma amor, não diz agora. – Ele pediu. – Diz
quando eu menos esperar, são apenas palavras, o que fazes por mim prova
tudo.
— O que queres comigo? – Perguntei.
— Tudo o que um dia reclamaste em sonhos ou antes de
dormir. – Respondeu-me friamente.
— Tu não conheces os meus sonhos. – Franzi a testa.
— Até agora, já mostraste alguns. E sobre o que imaginavas antes de
dormir, já tens: EU!
— Te amo bobo. – Sorri.
84
Capítulo 9
85
apartamento de um primo como o meu Paulo. Comecei a sorrir e olhei para o
Paulo que mostrava uma expressão horrível.
— PAULO! – Ela olhou para ele. – A presença dela no meu casamento é
indispensável. – Ela disse decidida. – As minhas amigas não vão acreditar
que o Paulo tem uma namorada. Ela é linda! – Disse enquanto pegava o meu
rosto com um brilho sincero nos olhos.
Recompensei com um dos meus melhores sorrisos. Senti a mão do Paulo
na minha cintura.
— Eu não vou levar a Mila no mesmo lugar que aquela louca, eu sei
que a Sofia estará presente. – De tudo que ele disse, apenas foquei-me no nome
citado.
Ela era linda, olhos castanhos, cabelo preto como o dele, mas o tom de pele
era quase acima de uma mulata, um pouco arqueada e gostosa só de olhar.
— Ah! Paulo! Deixa disso, ao menos ela vai ter a certeza que não és gay.
— Oh, Yara! Eu nunca faria sexo com uma louca para provar que não sou
gay. – Disse o Paulo que segurava forte a minha mão esquerda.
Lembrei-me que ele falava com uma Yara no meu quarto, o que confirma
as minhas suspeitas sobre ela ser a irmã dele.
— Quando será? – Perguntei no meio de suas falácias.
— Próximo final de semana. – Respondeu a Yara com um sorriso. – Não
acredito, o Paulo não contou?
— Não estás a falar a sério? – Perguntou o Paulo, incrédulo.
— Nós vamos sim, cunhada. – Disse eu com um sorriso enganador, pois
eu pretendia era olhar para a Sofia.
O Paulo estava furioso, dava para sentir na forma como ele apertava
fortemente a minha mão.
— Porquê que nunca disseste que tenho uma cunhada e que ela era
tão linda? – Perguntei para Paulo com os olhos serrados.
A Yara apertou a minha mão e aproximou-se do meu ouvido esquerdo.
— Ele não é gay? – Perguntou. – Nunca vimos ninguém com ele além
da Sofia!
— Oh! De mulher para mulher, ele é FOGO! – Rimos as duas como
grandes amigas.
— O que vocês estão a falar senhoras? – Perguntou o Paulo – Yara, o
Miguel vai levar-te, nós temos que descansar. – Disse o Paulo.
— Está bem, está bem. Estás apaixonado, né? – Perguntou ela ao
caminhar até ao Paulo com um sorriso engraçado.
Possas!
Era uma honra ter a primazia de deixá-lo assim pela primeira vez.
A minha Deusa erótica saltitava de felicidade.
— Se ele comportar-se mal, avisa-me, meu bem. – Disse ela com uma
careta feliz e o Paulo retribuiu-lhe com a sua careta, ele pouco ria mesmo.
86
Vi-a há vários metros de mim até abandonar o apartamento. O Paulo
segurou firmemente a minha mão.
— Vem comer próximo a mim, sem sexo, apenas a TV e tu. – Disse sério.
— Ok, vamos assistir séries. – Disse eu com o controle em minha posse.
— Hey! O que se passa com vocês mulheres? – Perguntou confuso. – Fiz
salada para ti e não posso assistir o jogo? – Disse a sorrir e dirigiu-se na minha
direção.
— Pára... Pára... PAULO – Eu suplicava sem saber o que se passava na
cabeça do senhor sem humor.
— Se eu não parar?
— Eu... Vou... – Atirei-me no seu colo e descemos para o sofá.
— Sai de cima de mim. – Resmungou.
— Só saio porque tens de ir buscar a minha comida.
Atirei-me para o lado e ele levantou-se, foi buscar a salada e voltou com
dois pratos servidos. Enquanto comíamos, víamos TV.
— Paulo, estou cheia de sono. – Disse a bocejar. – Vamos dormir amor.
Levantei e estiquei a mão para ele levantar-se também, mas ele puxou-me
novamente para o sofá.
— Deita-te aqui no colo, caso adormeças, eu levo-te. Quero acabar de ver
essa série. – Disse.
— Está bem. – Concordei. – Ainda bem que sabes que sou a Chefe e tens
que levar-me ao colo.
Deitei-me encolhida e adormeci. Acordei na cama sem roupa interior, só
com a camiseta dele, virei para o lado e ele ainda dormia. Não quis incomodar,
deixei-o dormir e fiquei a mexer no telemóvel. Uma hora depois ele acordou,
deu-me um beijo no ombro e levantou-se logo.
— Vamos para o banho, querida, para não chegarmos atrasados.
— Afff, a caminha estava tão boa. – Reclamei. –Amor, onde vamos? Dá-
me uma pista por faaaavoooor. – Fiz cara de pedinte.
— Não digo. – Respondeu ao ir directamente à casa de banho.
87
Ela estava dentro de um vestido creme, as suas curvas apareciam
perfeitamente, era linda.
— Boa noite, Dr.ª Soraya.
— Boa noite filha. – Ela desejou e parou de repente. – Na verdade, poderia
roubar-lhe alguns minutos?
— Sim. – Respondi e esperei que ela dissesse o que precisava.
— Não, deixe para lá, falaremos sobre isso depois.
— Tem a certeza? – Perguntei.
— Sim, sim! Vá descansar, filha.
— Obrigada.
Peguei no meu telemóvel e na minha bolsa. Abandonei o edifício para
mais uma noite linda em Luanda.
— Boa noite Sr.ª Alves. – Cumprimentou o Miguel ao abrir a porta
do Renault com um sorriso profissional.
— Hey Hey! Não precisa Miguel. – Disse-lhe para que perceba que não
preciso de tanto.
— O Sr. Rodrigues exige que sejamos cavalheiros com as senhoras.
— Tens razão, o Paulo parece que não é deste século. – Disse a sorrir e a
deslizar para dentro do carro.
Ele fechou a porta, ocupou o seu lugar e partimos ao encontro
do Paulo. Minutos depois, estacionou e alguém abriu a porta do carro do lado
de fora, era o Paulo com um sorriso.
— Pensei em ti todo o dia, querida Mila. – Disse enquanto ajudava-me a
sair do carro e plantou um beijo de arrepiar nos meus dedos.
— Eu também amor. – Respondi corada, oferecendo-lhe um beijo
apaixonado de poucos segundos.
Sorriu para mim, segurou firme a minha mão e dirigiu-me para porta do
restaurante.
— Jantar fora? Óptimo! – Disse-lhe feliz. –Adorei a surpresa, Paulo.
— Essa não é a surpresa, querida. – Respondeu ele para aumentar a
minha curiosidade.
O restaurante era simples e acolhedor, cadeiras e mesas em madeira
escura, com fundo branco, preenchido de peças artesanais e luzes
fracas. O restaurante era um pouco vasto, mas não estava muito cheio, o que
não nos dificultou para escolhermos uma mesa. Nos sentamos e apareceu uma
moça linda, que caía bem no uniforme.
— Boa noite! O que desejam? – Perguntou ela com um sorriso serrado e
notei que o Paulo não escaparia.
— Boa noite minha senhora, não queremos demorar muito. – Disse ele.
– Vamos querer coelho no forno com grelos, se tiver, e uma salada grega para a
minha dona por favor. – Ele disse as últimas palavras enquanto sorria para
mim.
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Quando ele disse "dona", a expressão facial da moça
mudou completamente.
— Claro. – Disse ela de forma profissional.
— E por favor, deixo o vinho ao vosso critério, de preferência tinto.
— Claro senhor. – Respondeu ela novamente.
— Sabes muito sobre vinhos. – Constatei depois da jovem abandonar a
nossa mesa.
— Oh querida, existem montes de informações disponíveis na internet.
— Ok, mas não gosto muito de vinhos.
— Eu sei querida. – Disse ele num tom calmo.
— Então porquê levaste uma garrafa no nosso primeiro encontro? Ou
melhor na invasão à minha residência? – Perguntei com um sorriso.
— Cá entre nós, deixa-me contar-te um segredo: eu comprei diversas
bebidas, mas subi com a garrafa de vinho e pedi para o senhor da recepção ficar
com o resto. – Eu ri da sua confissão.
— Bobo, então se eu dissesse que detesto vinho, já tinhas outras escolhas?
Safado! – Murmurei com os olhos serrados e ele sorriu apenas. – E se eu não
conseguir me habituar a tudo isso que tens? E se eu não conseguir ser aquilo
que idealizas? – Aproveitei o momento e perguntei.
Pela primeira vez consegui perguntar ao Paulo aquilo que me intrigava.
O seu poder financeiro e a opinião das pessoas. Sabia que não devia pensar
nisso, mas existiam momentos em que era impossível.
— Querida, idealizar um namoro perfeito é afogar-se nas desilusões que a
mente cria em nós! Eu não te idealizo, eu amo o que realmente és e tu és o que
pretendo. OUVISTE? – Perguntou ele de uma forma audível e plantou um beijo
na minha mão.
Apenas sorri, pois as suas palavras entraram de forma pitoresca em meus
ouvidos. Foi como uma excelente terapia para o fim dos meus pensamentos
negativos.
— Isso é fome, que te faz falar à toa. – Ele lançou a piada e ambos
sorrimos.
Jantamos calmamente com uma conversa agradável ao som de clássicos
angolanos. Era impressionante como o Paulo conseguia conquistar o meu
melhor lado, com pequenos gestos. Eu sentia-me a mulher mais APAIXONADA,
BABADA e FELIZ DO MUNDO!
Terminamos o jantar e fomos para casa, tomamos juntos um banho
bem relaxante. Era tanto carinho e amor que só faltavam corações a flutuarem
no céu como nos desenhos animados. O Paulo, depois do banho, foi até
a cozinha e fez um chá de pêssego para nós e fomos directo para cama, pois o
final de semana seria longo.
Durante a madrugada, despertei várias vezes.
— Délcio? O que fazes aqui? Como entraste? – Questionei ao meu ex-
namorado, que estava na cozinha do Paulo.
89
Ele estava vestido de preto e tinha sangue nas mãos. Ele mordeu uma
maçã vermelha e olhou para mim com ódio.
— Responde! – Comecei a chorar.
— A culpa é tua, Mila, a culpa é toda tua. – Ele riu de forma assustadora.
Corri para o quarto onde eu estava com o Paulo anteriormente e ninguém
estava lá. Senti algo escorregadio a passar pelos pés e quando
verifiquei, era sangue.
— A culpa é tua, tu fizeste isso ao Paulo! – Ele apareceu na porta do
quarto. Lágrimas invadiram os meus olhos.
— Mana, eu quero voltar! – A cabeça do meu falecido irmão flutuava em
volta do Délcio.
— Mila, Mila! Fica comigo, fica comigo.
Ouvi a voz do Paulo, mas não o conseguia ver. Via apenas o meu irmão a
chamar por mim e o Délcio a rir-se.
Acordei num susto tremendo e eu estava nos braços do Paulo.
— Foi só um pesadelo, meu doce, só um pesadelo. – Disse ele. – Estou
aqui, estou aqui.
As suas últimas palavras fizeram-me sentir a mesma dor que senti durante
o pesadelo, quando não o via lá.
— Eu te amo. – Eu disse assustada.
— Eu sei, não fala nada. Respira apenas. – Ele disse sem largar as minhas
mãos.
Aquilo ainda parecia tão real, a cabeça do meu falecido irmão ali, o meu
ex naquela porta, olhei para a porta a lembrar-me de tudo.
— O que aconteceu? – O Paulo questionou quando notou a minha
respiração mais calma.
— Nada, foi só um pesadelo. – Não entrei em detalhes.
Não quero que ele desapareça da minha vida depois de descobrir tudo isso,
assim como o outro ex depois do Délcio fez. Ele não suportava os meus
pesadelos. Eu acreditava que estava tudo bem, eu não lembrava disso há quase
dois anos.
— Eu estou aqui. – Ele disse ao beijar a minha testa, a acordar-me
daqueles pensamentos.
Ele deitou-me no seu peito e fez-me adormecer.
90
laranja, ovos mexidos, salsichas grelhadas e bacon. Levei ao quarto e pousei por
cima da cama cuidadosamente.
— Bom dia, amor. – Saltei para cima dele e dei-lhe um monte de beijos
para o acordar.
— Bom dia, querida. – Espreguiçou-se.
— O soninho foi bom?
— Ao teu lado melhor é impossível. – Ele disse e beijou os meus dedos
com os olhos a vaguearem pela minha cara, com certeza procurava um rasto de
tristeza.
— Cuidado! Não te mexas muito ou entornas tudo. – Avisei-o. – Fiz um
miminho para ti, pequeno-almoço na cama com tudo o que tens direito. –
Tentei abafar os seus olhos.
— Oh querida, não era preciso tanto trabalho.
— Era sim, agora senta-te e come. – Saiu-me um tom autoritário e doce.
— Ok, minha querida, ok. – Disse o Paulo a exibir o seu sorriso enquanto
alcançava o sumo de laranja.
91
— Claro que sim, é lindo. – Abracei-o sem jeito e sem palavras por ele
proporcionar-me um futuro dia relaxante.
Os raios de sol iluminavam cada pedacinho do Paulo, tornando-o ainda
mais desejável.
— Aqui tem senhor, como ordenou. – Virei-me e vi um senhor com uma
sacola com escritas “Pé na Areia”.
— Abre querida, só faltava isso para o nosso passeio. – Disse o Paulo
recebendo a sacola e entregando-me.
— Pé na Areia? Adoro essa loja!
Revirei de forma cuidadosa a sacola e eram roupas de praia, desde
biquínis a calções jeans e protector solar.
— O que é que vocês mulheres não adoram? – Perguntou ironicamente. –
Vai trocar-te e eu passarei o protector, antes que fiques com a pele
queimada. – Ele murmurou. – Podemos seguir por favor. – Ele disse ao
senhor.
— Ok, senhor mandão, só não sei o que vai queimar-me. O sol ou as tuas
mãos. – Murmurei com um beijo no seu rosto.
Dirigi-me ao balneário que estava a uns metros de distância do mar, despi-
me da roupa que tinha e pus o biquíni, enquanto isso tentava adivinhar que
outras coisas ele supostamente tivera preparado para nós e entrei num
completo estado de excitação.
Corri ao encontro do Paulo, que observava os raios do sol sobre o
mar enquanto ouvia Mar azul de Paulo Flores e Yola Semedo. Eu estava a
caminhar atrás dele para tentar assustá-lo mas os meus planos foram
frustrados.
— HEY! Pensei que fugiste querida. – Disse com o seu doce sorriso.
— Para onde querido? Já viste aonde estamos?
— Do jeito que encantas-me, pareces uma sereia, logo o mar não
seria um problema para ti. – Ele disse com os seus olhos cravados no meu
corpo.
— Pois... Sereia... – Falei sem jeito.
— Oh, minha querida... Tu não tens noção, não tens mesmo! Tenho muita
sorte em te ter. – Ele disse com um brilho nos seus olhos e eu sentia o meu corpo
a aquecer mas não era do dia ensolarado.
— Tu é que não tens ideia, amor. – Pestanejei.
— Asuen Suetam é mesmo uma boa estilista, é um prazer olhar para cada
pedaço de ti.
Abracei-o para não olhar naqueles olhos maliciosos e pedi-lhe para passar
o protetor. Deitei-me numa das cadeiras de praia e ele desatou o meu top.
Senti a brisa a acalmar o meu corpo e em seguida as mãos do Paulo a
vaguearem pelas minhas costas. Os movimentos eram sensuais e intensos, ele
não passava só o filtro, mas relaxava-me também com uma excelente
massagem. Ele também explorava uma pequena percentagem dos meus seios.
92
— Mor, estás a excitar-me. – Eu disse relaxada.
— Eu sei querida, é uma massagem tântrica. – Ele respondeu-me
secamente.
— Não acho boa ideia fazeres isso aqui.
— Apenas relaxa. – Ele ordenou.
Em seguida ele passou o filtro nas minhas pernas e pés.
Meu Deus!
Eu não sabia que o pé proporcionava tanta excitação.
O Paulo utilizava apenas os seus polegares e com pequenos
círculos, a minha mente voava e toda excitação foi até a minha pobre vagina que
afogava-se num mar quente de toques. Ele atormentava as minhas coxas e
glúteos com os dedos, onde cravava levemente e passava meio tímido. Em
seguida mordeu o meu rabo e esperei as suas mãos em outra parte do
meu corpo.
— Querida, tens de trocar o biquíni. – Disse ele. – Queres beber alguma
coisa? – Ele perguntou ao dirigir-se para dentro.
— Sério? – Questionei incrédula. – Oh querido, quero mais filtro no meu
corpo. – Disse eu com um tom mimoso e verifiquei o meu biquini. Eu estava
completamente molhada. A parte de baixo era cinzenta, o que deixava visível o
quanto eu estava molhada. – Pode ser uma Somersby de maçã, por favor.
Ele dirigiu-se para parte interior do iate e voltou com uma Somersby e
uma Corona com o limão já dentro da garrafa, sentou-se ao meu lado e
ficamos à sombra enquanto apreciávamos o mar e mantínhamos uma boa
conversa.
Eram 14h e eu estava cheia de fome, o Paulo pediu ao senhor para
confirmar as reservas no lugar onde íamos passar o final de semana. Depois
de tudo feito, entramos no iate e vestimos os coletes. O senhor deu arranque ao
motor e enquanto isso distraíamo-nos a fazer algumas fotos para o Snapchat.
Sim, a ideia foi minha, ele detestava fotos e queria aproveitar a brisa do mar.
— Amor, aonde vamos? – Questionei.
— Mussulo.
— Fixe! – Proclamei entusiasmada.
Chegamos depois de meia hora, o Paulo desceu primeiro e ajudou-me a
descer na ponte. Dirigimo-nos onde supostamente íamos nos alojar, no "Resort
Cherne Village". Era um lugar bonito, espaçoso com piscina, alojamentos, local
para diversão e um restaurante.
— Gostas? – Perguntou ao esboçar um sorriso.
— Melhor do que esperava, amor. Obrigada. – Respondi afagando-me no
seu ombro.
— Volto já, vou buscar as chaves. – Ele disse e acenei com a cabeça em
resposta.
93
— Sabes o que mais gosto em ti? – Perguntei-lhe.
— Sim sei. – Ele respondeu.
— O quê?
— Tudo. – Respondeu cheio de si. – Tu adoras-me.
— Miux, convencido. – Ele apenas limitou-se a iluminar os meus olhos
com um sorriso seu. – Não te rias.
— Ok, agora é a sério, o quê?
— A maneira como consegues agradar-me até em pequenos detalhes.
— Vou levar isso como um elogio. – Respondeu e sorriu.
— É sério, querido, estou mesmo caidinha por ti.
— Não tenhas medo, é recíproco... Foi bom conhecer-te.
— Não me faças sofrer querido. – Disse eu sem pensar, mas não deixava
de ser verdade.
— Oh, querida. – Disse ele ao segurar a minha mão e plantando um beijo
em meus dedos. – Esse poder tu também tens, eu sofri quando não querias mais
saber de mim. – As palavras dele ecoaram nos meus pensamentos e evocaram
os meus sentimentos mais profundos.
— É um prazer ter-te na minha vida – Soltei o que já devia ter dito há
muito tempo e ofereci-lhe o meu melhor sorriso.
— Não sabes o que dizes Srta. Mila, tu és um presente. – Ele disse com um
pequeno sorriso. – Agora vamos comer.
Limitei-me a sorrir, pois as suas palavras não soaram de forma autoritária
mas sim, de forma atrapalhada.
— Estás a rir do quê? – Perguntou com o sorriso estampado na sua face.
— Ficaste sem jeito e não consegues suportar isso.
— Eu não fico sem jeito, eu sou Paulo Rodrigues. – Ele disse sem olhar-
me ao menos.
— Sei, sei querido. – Voltei a comer e ele olhou para mim.
— Confesso que fiquei sem jeito com as tuas palavras, que sensação
estranha. – Ambos sorrimos. – Mas, eu não quero nunca, nem mesmo por um
momento, que aches que foste fácil de conquistar, porque não foste querida. –
Respondi com um simples gesto, pois este também foi um medo meu.
Afinal numa sociedade como a nossa quem não vai pensar que estou aqui
com ele por causa do seu dinheiro?
— Querida, as minhas atitudes mais lindas que tu zelas em tua mente, é
tão pouco do que eu vou proporcionar-te. Então compra um cartão de memória
porque é muito amor que eu ainda vou "enviar". – Ele fez uma pausa.
– E quando pensares que foste fácil, então pensa que eu também fui. E, Mila,
não é a sociedade que proporciona-me carinho, ternura, respeito e
reciprocidade no amor, quem faz tudo isso és tu. Então deixa a sociedade
pensar, porque quem sente o que eu sinto está ocupado a amar a sua Mila
também.
94
Depois de arrepiar-me com as suas palavras, senti uma lágrima a
escorrer sem que eu me apercebesse. O Paulo levantou-se educadamente e
beijou o meu rosto sem se importar com as pessoas ao redor, era tão romântico
e constrangedor. Eu daria tudo para voltar a ouvir tudo o que ele disse.
— Eu preciso de ti e eu amo-te. – As suas palavras causavam-me
excitação. – És a melhor parte do meu dia. – Acrescentou, em seguida ajoelhou-
se e abraçou-me.
Depois de alguns minutos mais lindos e constrangedores da minha vida,
terminamos o almoço, fomos para o alojamento, tomamos um banho e
decidimos descansar.
Acordei, mas ainda com os olhos fechados e perdida no tempo, estiquei-
me toda na cama e não senti o corpo do Paulo, assustada abri os olhos e a
primeira vista era o Paulo, o meu namorado à moda antiga, o meu homem a
sorrir para mim.
— Bobo. – Eu disse com uma visão ainda imperfeita, mas com um sorriso
no meu rosto.
— Por ti querida, só por ti. – Disse ele enquanto sentava na cama, passou
a mão no meu rosto.
Aproximou-se até ao meu rosto e mordeu levemente a minha
bochecha, ajudou-me a apoiar a minha cabeça no seu colo. Em seguida comecei
a receber mimos em todo o rosto e palavras lindas em meus ouvidos.
— A cada dia gosto mais de dormir contigo, acho que a tua tia vai perder-
te Sr.ª Rodrigues.
— HUM... – Eu disse com uma gargalha e ainda mais encabulada.
— Isso foi um sim? – Ele perguntou em seguida.
— Talvez.
— Talvez?
— Sim, talvez. – Respondi por pura birra.
— Tu só obedeces-me mesmo quando eu te fodo. – Ele disse secamente e
sorrimos os dois. – Amo-te querida, amo-te e quero amar-te cada vez mais. –
Ele disse bem próximo à minha orelha, a as suas palavras acordavam os meus
sentimentos e o meu coração batia mais forte.
— É recíproco, amor. – Respondi corada.
Ele inclinou-se e de forma brincalhona beijou todo o meu rosto deixando-
o molhado de saliva, entrei na brincadeira nojenta dele e comecei a beijar o seu
corpo quase nu. O que era brincadeira tornou-se em excitação, mas não
sabia se era recíproco. Com a minha pouca força consegui deitá-lo na cama e
subi lentamente até ao seu ouvido.
— Quero-te aqui, longe de casa. – Sussurrei.
— Oh querida. – Ele gemeu com um pequeno suspiro.
— Cala-te. – A excitação fez-me enfrentá-lo.
— Querida, eu não quero cansar-te, eu vou foder-te com muita força.
— DU-VI-DO... – Eu disse baixinho.
95
— Pensei que quisesses relaxar. – Ele disse com os olhos cravados nos
meus seios e em seguida mordeu o lábio inferior.
— Eu posso parar se quiseres. – Menti para que ele acabasse logo com a
minha Deusa erótica.
— Sua maléfica descarada, gata insaciável. – As palavras, o olhar e o
sorriso dele eram divertidos e ardentes. – Não. – Ele disse.
— Não? – Perguntei com a minha Deusa erótica a ferver.
— Sim, eu disse não. – Ele disse a sorrir.
Franzi os lábios e deitei-me na cama a olhar para o outro lado. Ele deitou-
se em cima das minhas pernas e continuei quieta, chateada. Senti a sua mão na
minha minha roupa interior e começou a fazer movimentos com o seu
polegar, descia e subia nas minhas partes íntimas. Concentrei-me para não
gemer, mas ele continuava e em seguida deu-me uma chapada no rabo.
— Continua porra! – Gritei com a tesão à flor da pele e ele torturava-me
com um sorriso.
— Assim? – Ele perguntou para a minha tortura com o mesmo
movimento.
— Sim! – A minha resposta veio acompanhada de gemidos.
Ele expulsou a minha roupa interior e ordenou-me para que eu ficasse de
4. Baixou e passou a língua pela minha entrada, repetiu o movimento 3
vezes. Abriu-a bem com os seus dedos e começou a fazer movimentos circulares
no meu clítoris com a sua língua e a sua barba, que roçava segundo os seus
movimentos, deixava-me arrepiada. Eu gemia sem parar.
— Vamos fazer isso rápido, o teu outro presente espera por ti. – Ele
disse com uma chapada no meu rabo e eu simplesmente esperei.
Ele baixou os seus calções e começou a penetrar-me lentamente. A cada
movimento do seu pénis seco, eu sentia-o a afogar-se no meu rio interno. A
minha posição e a sua mão forte na minha cintura não me davam jeito
para defender-me dele, apenas obedecer. Ele torturava-me de forma lenta
mesmo sabendo que eu queria mais fundo. Ele acelerou um pouco e começou a
falar de forma ofegante.
— O teu corpo é lindo, deixas-me louco, só me provocas, caralho!
Eu tentava fugir das suas palavras, mas a minha Deusa erótica era tão fã
que dançava de excitação no seu pénis. Ele puxou todo o seu pénis para fora e
proporcionou-me uma remada forte. Eu gemi alto e chorei em seguida, ele
começou a penetrar-me sem dó.
— Eu não te vou magoar, mas não te vou poupar. – Ele disse enquanto
puxava o meu cabelo expondo a minha garganta. – VIRA. – Ele acrescentou e
eu obedeci, não me arrependia de o ter provocado. – Quero olhar nos teus olhos
enquanto gozas. – Ele disse.
Acenei positivamente com a cabeça e choramingava, com as pernas
abertas de vontade. Ele ofereceu uma pequena mordida nos meus seios e
encaixou o seu pénis sem ajuda das suas mãos. O seu pénis estava novamente
96
em minha posse, o seu corpo movimentava-se novamente em cima do meu.
Levantei as pernas para cintura dele, mais forte eu arranhava a cada remada
com a respiração fora do normal. Soltei um sorriso de tesão enganando a dor
que surgia antes do prazer. A sua mão estava firme no meu pescoço, os seus
lábios próximos a minha orelha e gemia grosso para minha satisfação.
Ele tirou e remou forte.
— Queres que eu pare, querida?
— Não, e não faz essa voz no meu ouvido por favor. – Murmurei
a choramingar.
— Então diz para que eu não pare. – Ele murmurou novamente com a
mesma voz.
Apertei o corpo dele contra o meu para não lhe dar muito espaço e pedi-
lhe para que me fodesse, que não me deixasse escapar. Foi quando ele soltou as
minhas mãos do seu corpo e prendeu-as com as suas na cama. Ele começou a
foder-me, enquanto o meu corpo se contorcia de tanto balançar com os seus
movimentos. Eu gritei e ele não parava. Tentei controlar-me, porém o meu
ponto final expulsava a vírgula da minha mente. As sensações eram estranhas
no meu corpo, mas ao mesmo tempo as melhores e eu sabia perfeitamente o que
era, eu jurava que podia encher o deserto do Namibe com o que eu sentia ao se
aproximar.
— Não... Pá...ra... Por... Favor. – Ofeguei ao ritmo da velocidade dele.
Ele apertou forte o meu pescoço e eu segurei a mão dele para que não
apertasse tanto. Ele investiu mais, muito mais com o que eu disse, gemia com o
seu olhar ao céu, as suas veias eram visíveis enquanto ele rasgava-me por
dentro, rasgava-me com força. A dor e o prazer lutavam no meu interior e pará-
lo não fazia parte das minhas intenções, nem passava perto da minha mente.
Quando dei por mim, estava a gritar e a gozar sem conseguir tocá-
lo, pois as minhas mãos ainda estavam presas na cama com a mão dele que
voltou a tirar do pescoço. Eu sentia algo forte a sair de mim numa velocidade
rápida, tão rápida que podia vencer todos os integrantes dos VELOZES E
FURIOSOS. O meu corpo tremia e a minha boca não se fechava, os meus
olhos se fecharam para a raiva de Paulo que obrigava-me a abrir e lágrimas
escorriam pelos meus olhos. Ele mordeu os lábios em satisfação e atirou-se para
o lado. Encostou e segurou a minha mão esquerda.
— Não queres gozar? – Perguntei ao limpar as lágrimas com a mão solta e
com o pensamento de que, talvez ele não tivesse gostado.
— Gozei quando disse para tu virares. – Ele disse a sorrir
enquanto ajudava-me a limpar as lágrimas.
— Sério? Vocês homens conseguem fazer depois de atingir?
– Perguntei confusa.
— Oh querida! Vocês pensam que sabem muito sobre nós. – Ele disse na
brincadeira. – Sobre a tua pergunta isso depende. A minha tesão não morreu, é
a prova de que adoro fazer contigo.
97
— Safado.
— Vem cá chorona. – Ele disse ainda mais próximo do meu rosto e limpou-
me com a sua mão, ofereceu-me um beijo intenso com direito a uma dança entre
as nossas línguas. – Aiii. – Ele gritou depois de eu morder o seu lábio inferior
propositadamente. Apertei o meu corpo no dele para que ele não fizesse cócegas
ou algo parecido em mim.
— Bem feito, quem mandou me fazeres chorar? – Eu disse com uma voz
de mimo ainda colada ao seu corpo.
— Bom.
— Bom o quê? Não fica zangado, oh! – Eu disse cheia de medo.
— Depende, se beijares-me. – Disse o Paulo.
— Promete que não me vais morder também. Por favor, amor.
— Não sei, vais ter de confiar apenas. – Ele disse para piorar o meu medo,
embora a situação fosse engraçada.
— Oh amor, não morde, fizeste com força, doeu, oh! – Tentei fazer-lhe
sentir-se culpado e ele sorriu.
— Vou pensar, agora beija-me, Mila.
— Babe... – Supliquei para que ele não fizesse.
Ele soltou-me do seu corpo e repetiu o pedido. Aproximei-me do seu rosto
e afastei-me, ele ficou parado e eu tirei sarro da situação. Fiz o mesmo e ele
franziu a testa. Para não o chatear mais, aproximei-me para beija-lo
e ele simplesmente esquivou os meus lábios e beijou o meu queixo.
— Vamos já para o banho, chorona. – Sorriu e dirigiu-se à casa de banho.
— Não sou nada txee, doeu ya! – Disse saltando da cama e seguindo-lhe
para o mesmo lugar.
98
irritado, passava com frequência a mão no seu cabelo e parecia muito
pensativo. Foi ter comigo e não parecia nada feliz.
— Vem, vamos dar uma volta. – Ele suspirou em seguida.
Decidi não questioná-lo e obedeci segurando a sua mão, dirigimo-nos até
a saída.
— Paulo, Paulo. – Era uma voz estranha, virei-me e era um senhor alto de
cabelo curto com um sorriso.
— Oh merda. – Resmungou baixinho. – Só me faltava essa.
– Acrescentou.
— Então, Paulo, nunca mais. – Disse o senhor com um sorriso e apertando
a mão de Paulo, que soltou um sorriso nada verdadeiro.
— Olá! Tudo bem, Jorge? O que te traz aqui? – O Paulo questionou-o.
— Sabes como é, uma fugida no trabalho, uns "pega-pega" agradáveis.
— Sei, sei. É bom saber que estás cá com a Adriana e as crianças.
– Ele respondeu com um sarcasmo no ar. O senhor apenas sorriu.
— Então, não me vais apresentar a jovem?
— Claro! Liudmilla este é o Jorge, um amigo meu e Dj. – Dei-lhe a mão e
sorrimos um para o outro. – Precisamos ir, foi bom ver-te. – Disse o Paulo
comigo em sua posse.
— Claro, claro não quero atrapalhar. – Disse ele meio atrapalhado.
Bem eu também ficaria, pois o Paulo conseguia ser maléfico com as
pessoas sabia-se lá porquê.
Ele apertou novamente a mão do Paulo e a minha em seguida e seguimos
caminhos diferentes.
— Paulo. – O senhor voltou a chamá-lo. – O governador está aqui,
aproveitamos e falamos sobre alguns números que não estamos a entender
sobre algumas operações na Namíbia, sim?
O Paulo apertou forte a minha mão e soltou-a. Foi ao encontro
dele, apontou-lhe o dedo e disse coisas inaudíveis para mim. Algo não me
entrou bem.
Governador?
99
Ficamos a olhar para o mar, a vista não era assim tão linda mas a presença
do Paulo tornava-a pitoresca. Para a minha tristeza, ele soltou um suspiro nada
desejável.
Merda, ainda agora começou a sorrir.
— O que foi querido? – Questionei aborrecida.
Ele gaguejou para construir o início da conversa.
— É que, eu não sei se é boa ideia irmos ao casamento da Yara. – Ele
disse sem olhar para mim.
Questões surgiram e atormentaram a minha mente.
Seria por causa da Sofia?
Ele ainda sentia algo por ela?
Ou seria a família dele?
Bem, a Yara gostou de mim.
— O que te atormenta? – Perguntei de forma doce com os abraços a sua
volta.
— Muita coisa... - Ele disse e encostou-se mais.
— O que aconteceu Paulo? Fala comigo, querido.– Pedi.
— Sabes que eu vou sempre defender-te, certo? – Ele ignorou a minha
pergunta e criou uma frase que atormentou ainda mais os meus pensamentos.
Ele parecia muito sério e também angustiado, eu podia sentir isso pela
forma como ele abraçava-me.
— Não queres ir comigo ao casamento da tua irmã? Eu percebo
perfeitamente amor. – Perguntei e soltei outra ideia para acalma-lo. – Mas eu
quero ir sim.
O Paulo soltou um suspiro e caiu no silêncio.
— Queres ver a Sofia, não é? – Perguntou minutos depois.
— Talvez.
Eu queria ver aquela besta que tentou afastar-me dele.
— Como sabes? Mencionei sobre ela? Eu não me lembro. – Acrescentei,
ele largou-me e começou a rir.
— Só podia ser ela a dizer que eu abusei de uma criança.
— Como tens tanta certeza?
— Ela disse-me que tu não eras confiável e que ela faria de tudo para ver-
me só para o resto dos meus dias.
— Aquela vaca, caralho. – O Paulo apenas observou-me e não disse nada.
— Estás chateada? – Ele sentiu-se culpado, porque isso causou-me
tristeza. Sabia que ele não gostava de ver-me triste.
100
— Oh Paulo! Eu não estou chateada contigo, estou passada com
aquela vaca. Imagina se um ex meu tentasse estragar a nossa relação com
historinhas? – Questionei. – Se ela disse que quer ver-te só, é porque ela não vai
descansar. Eu não quero ficar sem ti por um erro meu. – Acrescentei, tentei
explicá-lo porque já cometi um erro ao ignorá-lo por essa situação e não queria
novamente acreditar naquela vaca.
— Não me vais perder, não porque ela quer, ok? – Ele tentou acalmar-
me com as suas palavras e um par de beijos na minha testa.
— Prometes que vais tentar mostrar-me o erro, caso eu não saiba que ela
está por trás disso? – Perguntei, apavorada só de pensar que ela poderia fazer
mais das suas.
— Vem cá, querida. – Ele suspirou e transmitiu-me segurança com um
forte abraço. – Não é isso que me incomoda. – Ele acrescentou.
— Não? – Questionei confusa e soltei-o.
— Querida, vamos dar tempo ao tempo. Não é nada grave, talvez seja a
pressão no serviço. – Ele dizia coisa com coisa, decidi esquecer isso e deixa-
lo falar quando se sentisse preparado, embora me intrigasse.
— Vamos aproveitar as poucas horas que nos restam e não vamos pensar
em “Sofias”. – Murmurei.
— Sim querida, esquece e vamos sair daqui. – Estendeu-me a mão e eu
dei-lhe a minha.
Caminhamos até a uma tenda onde alugavam carros e motos de praia.
Escolhemos um carro de praia com três lugares, o Paulo ajudou-me a subir, pus
o cinto, logo depois ele subiu e fez o mesmo.
— O que vais aprontar?
— Apenas aprecia. – Disse ele e ligou o motor. – Só não grites muito, se
não ainda pensam que estou a raptar-te. – Acrescentou.
Ri-me, apenas. Estava tudo calmo, até que ele acelerou fundo e fez uma
curva maluca. Olhei para ele espantada.
— Pensavas que eu fosse o Sr. certinho?
Ele limitou-se a rir e acelerou novamente. Fiquei eufórica, estávamos a
divertir-nos muito, optamos por atalhos com pouca movimentação e fomos
parar contra a costa. Estava deserto, estava lindo, o mar com uma tonalidade
mais escura, o cheirinho, a brisa, os barcos e as redes de
pesca abandonados, tornavam a vista ainda mais bonita. E o simples facto de
estar com ele fazia aquele momento único e especial.
Paramos e descemos, sentei-me na parte de trás do carro, o Paulo
aproximou-se e parou entre as minhas pernas, apoiei os meus braços em seus
ombros, olhamo-nos e rocei o meu nariz no dele.
— Estás feliz? – Perguntei.
— Não estou feliz, eu sou feliz.
— Oh! Sério?
— Sim.
101
— E porquê? – Questionei-o convencida do que a sua resposta seria.
— Porque simplesmente achei o meu sonho, achei quem eu pensava todas
as noites antes de dormir. Não és igual a personagem do meu sonho, mas és
quem eu procurava, Srta. Mila, acredita, é tão bom descansar nos braços de um
amor e saber que já não preciso procurar outro abrigo. – Simplesmente sorri,
pois foi bem melhor do que aquilo que eu esperava ouvir.
Beijei-o e ficamos ali por alguns minutos, era muito relaxante, era uma
paz interior indescritível.
— Vamos embora? Estou com fome. – Ele disse.
— Sim, pode ser. – Respondi, pondo novamente os braços nos seus
ombros para descer.
— Conduzes tu. – O Paulo disse num tom brincalhão.
— Conduzo sim, direitinho para o Alto das Cruzes se preferires.
102
Capítulo 10
103
— Só mereço isso? – Ele questionou e eu apenas sorri.
— Não quero ser chata. – Respondi e dei continuidade à minha
gargalhada.
— Mas tu és chata, querida. – Ele tirou sarro de mim.
— Não sou chata, responde só as tuas amigas não quero
atrapalhar. – Disse à espera que ele retrucasse.
— Oh querida, é isso? Uau! Que ciúme bobo. – Ele disse. – São apenas e-
mails do serviço, estive ausente, lembras-te? – Respondeu o que eu pretendia
para minha alegria.
— Sei, sei, serviço... Sei. – Fingi convencida.
— Queres provas? – Ele questionou.
— Eu não pedi, mas se queres... – Acrescentei não dando importância.
— Está bem, então não envio.
— Hum! – Exclamei e ele sorriu.
— Vou continuar aqui e depois falamos está bem?
— Beijinhos para ti e para as tuas amigas. – Acrescentei um assunto sem
cabimento para prolongar a nossa conversa.
— Beijo. – Ele respondeu e consegui ouvir o seu riso, desligou depois
de me despedir.
— Ah, eu queria falar mais. – Disse depois dele desligar.
Quando restabeleceram a energia, eram quase dez da noite. Eu estava na
sala com o Hélder, que depois apareceu, e jantamos os três. Enquanto bebia a
terceira taça de vinho, eu babava no modo como eles interagiam. Tive a certeza
ao ver a cumplicidade, a maneira discreta como trocavam carícias e os olhares
fogosos. Aquilo lembrou-me as minhas relações passadas, onde eu era assim e
ninguém era para mim.
Era uma pedra que eu sentia a crescer no meu ténis e talvez no do Paulo
também. Naquela noite em que tive o pesadelo, não consegui oferecê-lo
cumplicidade e contar aquele pesadelo, e eu sentia que ele não me contava
muita coisa do seu passado também, sei lá, parecia que não conhecíamos os
nossos cofres escuros.
Sempre que me perguntasse se era um amor real, lembrava-me de quando
estávamos brigados. A cada segundo eu sentia vontade de correr para ele, de
dizê-lo que podia sempre contar comigo e que precisava do seu consolo. Sentia-
me tão frágil quando ele olhasse para mim, mas ainda assim
sentia que iria magoar-me e isso assustava-me, eu não queria abrir a caixa que
me fazia lembrar do Délcio.
104
deixei que o sono me oferecesse uma trégua nos questionamentos que
percorriam a 200km/h, mas as coisas nem sempre começam e terminam bem.
Depois de debater alguns assuntos que eu não concordava com a
Boss, encontrei um ramo de flores por cima da minha mesa e comecei logo a
sorrir. Era um ramo de lírios amarelos e brancos, segurei-o e cheirei-o, notei
que tinha um cartão, abri-o e li o que dizia.
Thomson Leandro".
105
— Bem, eu queria um vestido com uma cor escura, talvez um azul, um
preto, bordô ou cores nude, com aberturas, rachas ou então de mangas
compridas.
— Sei exactamente o que queres. Farei uma selecção de modelos e depois
ligo para combinarmos uma hora para amanhã.
Depois de planearmos, despedimo-nos.
Desde que a irmã dele convidou-me para o seu casamento, eu senti os dias
passarem tão depressa quanto a brisa na Baía de Luanda. Talvez pela ansiedade
tremenda que corria pelas minhas veias, eu queria tanto conhecer a família
dele, o outro lado da sua vida e claro, também para saber quem era a tal Sofia.
106
— Desses?! – Ele questionou ao franzir a testa.
— Sim, de casar.
— Acho que é preciso ter alguém especial para ser “desses” e
acho que tenho alguém especial. – Ele respondeu e segurou a minha cintura, em
seguida proporcionou-me um leve beijo de poucos segundos.
— Oh, babe. Assim não consigo aqui com o laço, estás sempre a distrair-
me. – Disse e rimos em simultâneo. – Não sei, eu acho muito cedo.
— Qual é a tua definição de cedo nesse assunto?
— Sabes muito.
— Isso é um não sei? – Ele questionou e apertou o meu rabo.
— Paulo, assim vamos chegar atrasados.
— Tu e eu? Crianças, ciúmes, bom dia sem computador ou telemóvel, a
famosa briga do jogo de futebol ou novela. Então! Não pensas nisso? – Ele
questionou e beijou a minha testa.
— Claro que serão sempre novelas, quem te mandou conquistar-me? –
Notei um certo brilho nos seus olhos, as minhas palavras para ele foram uma
afirmação de que eu pensava num futuro com ele.
— Eu sou tão feliz ao teu lado, posso dar uma de durão e alfa, mas tu és a
minha princesa e a minha chefe, não importa o que vão dizer. Afinal, quem está
feliz sou eu e quem está na plateia são eles. – Ele disse e passou a mão no meu
cabelo.
Era impossível estar mais feliz do que naquele momento, enquanto a
mão dele percorria o meu pescoço nu, eu sentia ternura nas suas palavras e os
meus ouvidos faziam festa.
— Se eu borrar a maquilhagem, a culpa é tua, oh!
— Eu consigo ver-te por detrás da tua maquilhagem e mesmo assim
continuar apaixonado. – Ele disse e segurou forte a minha mão. – Agora vamos.
— Pára, oh! – Apertei a sua mão e deixei-o guiar-me.
Já tinham passado trinta minutos das 16 horas, os nossos caminhos
deram-se na Igreja Sagrada Família no Maculusso, onde realizar-se-ia a
cerimónia religiosa. Chegamos e o Paulo arranjou um lugar para estacionar,
desceu do carro, abriu a minha porta e ajudou-me a descer.
— Mato quem não tirar os olhos de ti, estás deslumbrante querida. –
Disse.
— Oh pára! Obrigada amor. – Apresentei-lhe o meu melhor sorriso.
Se a minha melanina permitisse, estaria mais encarnada que a camisola
do Benfica de tão sem jeito que fiquei.
Ele deu-me um dos seus braços e dirigimo-nos para a entrada da igreja, a
mesma estava decorada com uma mistura flores nude e brancas, um
tapete vermelho a destacar o corredor e a típica decoração das igrejas
católicas. Notei que algumas pessoas cochichavam após a nossa entrada e
certamente algumas deviam ser familiares do Paulo. Faltavam quinze minutos
107
para o início da cerimónia e eu estava com as tripas às voltas de tão ansiosa, o
Paulo notou o meu nervosismo.
— O que foi querida? Sentes-te bem? – Perguntou preocupado.
— Sim. – Menti, mas ofereceu-me um sorriso e um beijo para os meus
dedos, o que me acalmou.
O telemóvel voltou a tocar, durante a trajetória o mesmo não parava. Ele
tirou o telemóvel do bolso secreto e “Governador” era o que vinha escrito no
ecrã. Suspirou e pediu um minuto.
— Paulo, a cerimónia vai começar.
— Eu já volto! – Disse e abandonou o seu lugar.
Olhei a volta para descobrir se via alguma Sofia e nada. O noivo já se tinha
posicionado e vinte minutos depois a noiva chegou. A Yara estava esbelta
e transluzia um lindo sorriso que dava um xeque-mate ao seu lindo vestido
comprido e justo, que desenhava perfeitamente o seu corpo, decotado nas
costas, mangas compridas em renda com detalhes em flores e alguns
brilhantes, o véu de cauda e um buquê de rosas nude a estilo tropical.
O Paulo chegou a meio e fiquei chateada com ele. Era o casamento da sua irmã
e essa merda de Governador já irritava-me.
A cerimónia demorou três horas e foi emocionante. A Yara e o noivo
pareciam muito felizes e o Paulo também. Após a cerimónia, saímos da
igreja, o Paulo aproveitou o momento e apresentou-me alguns familiares, que
foram muito carinhosos comigo, fiquei feliz pois eu temia que fosse diferente.
Dirigimo-nos ao carro pois tínhamos que seguir o cortejo. Olhei novamente a
minha volta e nada da Sofia. O Paulo olhou desconfiado e quebrei a tensão.
— Estás feliz? – Perguntei-lhe.
— Muito. – Sorriu.
— Serás o próximo. – Olhei para ele e pisquei o olho.
Tentei, mas não consegui não rasgar os meus olhos com um sorriso e o
Paulo corria comigo nessa meta pois os seus brilhavam intensamente.
108
— Achas que eles não fazem sexo ou coisa assim? – Ele questionou-me
com um sorriso maléfico.
— Bobo! – Disse a sorrir.
O luar era intenso e a noite uma criança. A garagem onde entramos era
enorme.
— Amor, é um salão? – Questionei surpresa.
— Não, é a casa dos pais do noivo. – O Paulo bufou para mim. – Estás
pronta? – Ele questionou-me depois de preencher a vaga.
— Sim amor. – Ele sorriu para mim, desceu do carro e fez o habitual.
— Vais sempre abrir a porta para mim? – Questionei ao meu príncipe. Ele
soltou um sorriso e fez uma vénia. – Oh! Babe pára. – Ele sorriu e
beijou a minha mão esquerda com um simples toque dos seus lábios. – Tens a
certeza que este século serve para ti? – Atirei uma piada ao meu príncipe
antiquado.
— Nunca te perguntei se tens a certeza que não és uma princesa
encantada.
— Estás muito feliz hoje.
Pois essa era a verdade, ele estava nota 10. Desde a sua elegância até ao
seu cavalheirismo. Por um momento imaginei-me naquelas histórias
encantadas na Televisão Pública de Angola aos sábados de manhã.
— Vamos? – Ele tirou-me da imaginação.
— Sim. – Ignorei o meu medo, pois eu iria conhecer os seus pais e
possivelmente a Sofia.
— Eu vou estar sempre perto. – Ele disse e conseguiu transmitir-me certa
segurança.
— Como sempre amor. – Murmurei com um sorriso.
— Estás um absurdo. – Ele disse e apertou forte a minha mão.
Fiquei sem jeito quando pisei no tapete que direcionava até ao salão. Foi
quando senti a mão dele a minha volta e a minha segurança voltou.
Luzes, fotógrafos, flores e flores, pessoas a sorrirem e uma porta enorme
para aquilo que chamavam de salão da casa, assim foi todo o caminho até ao
salão. Não havia nenhum músico, mas o palco tinha uma linda decoração, assim
como todo o salão que estava mais repleto de flores do que convidados.
— Hey, seu safado. – Virei-me distraída e era um jovem de cabelo curto,
alto e magro com um sorriso talhado ao Paulo.
— Vai te foder. – Disse o Paulo com um sorriso.
— A Yara tinha razão, ela é linda! – Elogiou-me como se eu não estivesse
ali. – Como é que namoras esse sério sem graça? – Ele questionou-me depois
de beijar a minha mão e deixar-me ainda mais encabulada.
Em poucos segundos, idealizei que fosse o irmão mais novo dele, o lado
cavalheiro era mesmo de família.
— Obrigada. – Agradeci e encostei-me ao corpo do Paulo com
um grande sorriso.
109
— Vai te foder. – O Paulo disse novamente para ele.
— Depois eu te conto o quanto ele é fraco em algumas coisas cunhada,
agora tenho de encontrar uma moça que mexeu comigo lá na igreja e rezar para
que não seja prima.
— Está bem. – Eu disse impressionada com a sua sinceridade e soltei um
sorriso.
— Ele nem me disse o nome. – Murmurei para o Paulo depois dele seguir
pelo salão.
— Não te preocupes, ele fará questão de voltar e contar coisas da nossa
infância. – As suas palavras voaram com uma certa ironia.
O Paulo levou-me para o local com mais convidados e ofereceu-me uma
taça de champanhe que estava na posse de um dos vários garçons.
— Não queres?
— Não querida, acho que só tu precisas para enfrentar os meus pais. – Ele
deixou-me ainda mais nervosa.
— Eles são ciumentos quanto à isso?
— Mila, meu amor, eu nunca apresentei uma namorada para
eles. – As suas palavras foram como uma coroação, mas o medo era visível.
— Sério?
— A Sofia é amiga da Yara e já frequentava a casa.
— Sério? – Atirei novamente.
— Queres perguntar para ela agora? – Ele questionou-me com um sorriso
malicioso.
— Não, oh! – Eu disse e dei um gole.
— Segura a minha taça, vou à casa de banho. – Disse eu ao descobrir o
caminho para lá. Ele concordou e recebeu a minha taça em seguida.
Estive defronte ao espelho durante minutos, a olhar para o meu
rosto, totalmente assustada e a ensaiar a minha performance.
— Eu sou a Mila...Eh... Muito prazer senhora.
Oh puta merda!
É assim tão difícil porquê?
110
naturalidade e começou a passar o batom em seus lábios. Idealizei que fosse
namorada do irmão do Paulo.
— Desculpa? – Tentei perceber e fitei-a a partir do espelho.
— Ele também já apresentou-me aos seus pais e eu não sabia o que
dizer. – Ela disse sem ao menos olhar para mim e numa autêntica naturalidade
repassou o batom.
— Ele? Ele quem, oh jovem? – Questionei-a na terceira pessoa,
pois eu não sabia o nome do irmão do Paulo.
— Achas que o batom fica-me bem? O meu ex está aqui e quero resgatá-
lo! – Ela questionou-me a fugir do assunto, mas a verdade era que o batom era
perfeito nos seus lábios. – Não te preocupes vai correr tudo bem. – Ela
disse ao dirigir-se para a porta. – Que falta de educação a minha, fofa, eu sou a
Sofia. – Ela disse e abandonou a casa de banho.
Virei-me na sua direcção enquanto ela desfilava porta fora e fiquei a
processar o que aconteceu.
— Não pode ser, é ela... e ela disse "resgatar o ..." WTF. E o Paulo... Ele
mentiu-me... Mas para que efeito?! Como pode iludir-me de tal maneira?
Apoiei-me ao lavabo de cara baixa e fiquei assim no que parecia uma
eternidade. Não conseguia pensar e apetecia-me explodir a festa toda, olhei-me
ao espelho, respirei fundo, ajeitei o vestido e acalmei-me.
— Tu és a Liudmilla Alves e não te deixas intimidar por umazinha
qualquer.
Abri a porta e marquei poucos passos até alcançar novamente o salão.
— Temos de ocupar a nossa mesa, aonde estavas? – O Paulo esbravejou.
— Ok. – Respondi e ele nem reparou que eu estava brava.
Simplesmente segurou a minha mão e arrastou-me gentilmente até a
mesa. Ocupamos os nossos lugares e nada daquilo era mais uma beleza para
mim. Tudo não passava de um filme mudo.
— Decidi ficar aqui contigo, querida, mas depois ocupamos os nossos
assentos na mesa dos meus pais. – Ele disse e eu simplesmente dei de ombros.
Aproximou-se um garçom e serviu os nossos copos com vinho, água e
sumo, mas a minha vontade era servir umas boas palavras ao Paulo. Em seguida
o garçom deixou cair um pouco de água e molhou a toalha de mesa.
— Oh meu Deus! Desculpe-me por favor, é a minha segunda vez a fazer
isso. Desculpe-me. – O garçom disse e eu aproveitei o momento.
— Oh, não faz mal! Ao menos assumes que é a tua segunda vez a fazer isso,
há quem não o faz! – Respondi e olhei em seguida para o meu bife com
natas que parecia ter um bom aspecto.
— Obrigado. – O garçom sem perceber apenas se retirou.
— Estás bem? – O Paulo questionou-me.
— Só tenho fome. Vamos comer? – Questionei-o e ele deu de ombros.
Terminamos o jantar em que tentei sempre não dar conversa ao Paulo e
pedi variados doces ao garçom para aliviar a minha mente. Eram esses
111
momentos em que eu precisava de um bom chocolate. Quando os doces foram
servidos alguém chamou pelo Paulo.
— Olá mãe, olá pai. – Disse ele ao beijar a testa da sua mãe, em
seguida deu um aperto de mão ao seu pai.
Tentei preparar a melhor máscara antes dele apresentar-mos.
— Procuramos por ti, Paulinho. – Disse a mãe dele.
— Desculpem-me, eu ia mesmo fazer isso. Quero apresentar-vos a minha
namorada.
Ele disse com entusiasmo, estendeu a sua mão para eu apoiar-me e
levantei-me timidamente, magoada, mas com uma força para segurar a
máscara.
A mãe do Paulo estava deslumbrante com um lindo vestido de traje
africano, um modelo moderníssimo que lhe assentava perfeitamente e o seu pai
não fugia disso, pois estava de arrasar dentro de um lindo terno cinza. Os dois
pareciam dois actores daqueles filmes de agentes especiais reformados
da MI6. Sorri para eles que me cumprimentaram educadamente com um
enorme sorriso.
— Mãe, pai, ela é Liudmilla, o motivo das minhas ausências nas últimas
semanas. – Disse ele.
112
— Gestão, senhora. – Eu disse e levei a mão a boca com um sorriso.
– Desculpa mãe. – Murmurei sem pensar em corrigir o meu erro.
— Oh, ela chamou-me mãe! Vocês ouviram? – Ela disse e ofereceu-me o
rosto. – Adorei-a, começamos muito bem. – Ela disse a segurar a minha outra
mão e soltamos todos um lindo sorriso. – Gestão? Interessante! Eu preciso de
uma gestora para a minha empresa, mas vamos falar disso depois, filha. – Ela
murmurou com um lindo sorriso. – Filho, nós já vamos. Mila, foi um prazer
conhecê-la, minha querida. Ainda são três horas, aproveitem a festa. – Ela
disse e ofereceu-nos dois calorosos beijos no rosto. O pai do Paulo fez o mesmo
e em seguida deu a mão ao Paulo.
— Parabéns aos dois! – Disse ele.
— Obrigado/a. – Respondemos em simultâneo.
Seguiram pelo salão até perderem-se na multidão.
— Vês como és fascinante? Eles adoraram-te! – Ele beijou-me.
— Desculpa. – Murmurei depois do beijo, arrependida.
— Desculpa porquê, querida?
— Por alguma vez ter duvidado de ti.
— Vem, vamos dançar. Isso deve ser sono. – Ele murmurou sem perceber
e sorriu para mim.
Dirigimo-nos ao centro do salão, onde estavam todos a dançar, o Paulo
beijou a minha bochecha e sussurrou no meu ouvido.
— São três horas, Chère! Uma dança e vamos fazer coisas de adulto.
— Exemplo? – Questionei enquanto passava a mão pelo acampamento
mais alto do país sem ninguém se aperceber.
— Adoro a nossa telepatia, querida. – Ele sussurrou ainda mais safado e
passou o polegar pela minha nuca.
Ele parou.
— Paraste porquê?
— Estamos aqui para dançar. – Ele murmurou e mordeu a minha
bochecha.
Em seguida soltou um sorriso delicioso e os seus olhos pretos ofereceram
toda a escuridão maléfica ao meu corpo, a invocação da Deusa erótica.
O QUE EU POSSO DESEJAR MAIS NESSE MOMENTO?
Eram três horas da manhã e eu estava com o meu príncipe, que olhava
para mim da mesma forma desde que nos conhecemos. O Gabriel Tchiema
envaidecia os nossos ouvidos num ritmo calmo.
— Eu adoro o Gabriel Tchiema. – Eu disse.
113
— Ele é mesmo fascinante. – Ele concordou e aproximou-se.
Ele dançava muito bem, o seu corpo e o ritmo da música conseguiam
trazer toda a calma que eu precisava. Olhei para ele e notei um sorriso no seu
rosto.
— O que foi? – Questionei.
— Tu és péssima querida.
— Só não quero humilhar-te. – Murmurei e abracei-lhe.
— Sei. – Fingiu convencido. – Mas és incrível, não me imagino sem ti. Já
fiquei uma vez e espero que seja a última.
— Também não foram dias agradáveis para mim.
— Então vamos ser sempre sinceros? – Ele pediu.
— Sim amor.
— Ok! Para começar, eu detesto a tua forma de dançar.
— Sério? – Perguntei de forma brincalhona.
— Não. – Ele disse e prendeu os lábios para não sorrir.
Grandes nomes da nossa indústria musical levaram-nos a ficar colados até
às 4 da manhã.
— Chega querida, temos de ir. – Ele disse.
— Eu sabia que eras um fraco. – Respondi, segurei a sua mão e seguimos
pelo salão.
— Mila, Paulo! Vocês já vão? – O irmão do Paulo apareceu entre
a multidão.
— Mila? Estou contente por finalmente conhecer-te. – Mesmo cheia de
sono e com algumas luzes, reconheci a Sofia.
Olhei para o Paulo e este olhou para a Sofia, ele parecia surpreso.
— Ela é muito linda, Paulo. – Ela elogiou-me.
Por segundos o meu coração caiu aos pedaços. Sempre fui uma pessoa
negativa, tirei conclusões sem antes saber o que se passa. Ela era linda e o pior
é que ela fazia parte do mundo dele.
114
Ele não seria tão mau carácter de fazer isso comigo. Falar com a sua
amante bem na minha cara.
Decidi não falar nada, pelo menos até alcançarmos o carro ou mesmo em
casa.
Não o deixei abrir a porta para mim, deslizei para o banco do
seu Audi depois de eu mesma abrir a porta. Ele suspirou, julgava eu que ele já
sabia que nevaria no deserto do Namibe. Ele entrou para o carro, ligou o motor
e olhou para mim.
— O que foi querida? – Ele questionou com aquela cara de foder com
qualquer pessoa que estivesse chateado.
— Abre um "contrato" com a boca da tua ex, talvez ela dirá o que foi
"querido". – Falei a transbordar pura raiva.
115
Homens mesmo não sabem de nada. Nossa, diabos!
Será que ele não entende que o problema é a lâmpada fundida da ex dele?
Lindo menino.
Quase em minha casa e o meu humor já estava bem melhor, mas para o
meu santo azar.
— E aquele menino do teu trabalho? – Ele questionou para minha
inquietação.
Oh meu Deus, ele verá as flores... Ele vai pensar em coisas que não
existem.
— Paulo, ele não é nenhum menino, porquê o tratas sempre mal? – Meio
atrapalhada o contrariei.
— Agora vais defendê-lo? – Ele questionou e desviou os olhos da estrada.
— Pergunta não se responde com pergunta.
— Sabes muito bem que ele quer a tua roupa interior no chão.
— Mas Paulo, eu não desejo outro que não sejas tu, como podes pensar
isso?
— O problema não és tu e eu sei que sabes disso.
— Não achas que para acontecer alguma coisa eu tenho de aceitar? Achas
que vou aceitar?
— Ok Ok! Lamento, mas tu és minha, Mila, e há homens que não sabem
respeitar um não, pois acreditam que devem ter tudo. – Ele disse enciumado,
transparecia medo e raiva.
116
Ele tinha razão, eu não podia fingir que o Thomson não tinha outras
intenções, era tão visível.
O que eu faria?
Tinha de esclarecer tudo com o Thomson, não queria brincar com os
sentimentos dele, pois eu sabia o quanto isso chegava a doer.
Olhei para ele e fiquei cabisbaixa. Pousei o cotovelo direito na porta e
apoiei a cabeça na minha mão com o punho fechado. Talvez eu sentisse raiva de
mim naquele momento, talvez eu tivesse alimentado isso. Bem, eu julgava que
fosse o meu lado negativo a tentar causar ciúmes ao Paulo.
Olhei para o Antiquado e ele parecia triste. Não me causavam lindos
efeitos vê-lo daquele jeito, mas mesmo assim ele ofereceu-me um sorriso depois
de estacionar.
— Obrigado Mila, contigo tenho marcado passos nisso que é o amor.
— Amo-te. – Murmurei e tentei jogar-me no seu corpo, mas não deu certo,
ele ajudou-me com o cinto de segurança.
— Tenta novamente. – Disse ele, atirei-me no seu corpo e ele beijou o meu
cabelo. – Vai querida, precisas descansar, mas vou subir contigo, calma.
Ele desceu e abriu a porta para que eu descesse, estendeu a mão e ajudou-
me a sair do carro.
— Pareces cansada com esses saltos, tira-os e eu levo-te ao colo.
AI MEU DEUS!
Esse homem?
Possas, se não fosse eu no meu lugar, teria inveja de mim mesma.
117
— Sabes que podemos muito bem ficar aqui. – Eu disse e na verdade
não sabia o que estava a dizer.
Antes mesmo de eu terminar a frase, ele interrompeu-me.
— Ainda bem, prefiro a tua cama.
— Não, vamos para a tua casa, quero dormir bastante. – Acrescentei ao
pensar na chata da Laudivánia e do Edy que iriam querer saber como foi o
casamento, principalmente daquela vaca da Sofia.
Depois dele ajudar-me a subir, ficamos ligeiros minutos no quarto onde
tirei algumas coisas para levar, estava muito cansada. Para a minha alegria, ele
não tinha notado nas flores.
Quando chegamos a sua casa, ele ajudou-me a tirar a roupa para que eu
pudesse dormir.
— Não pude deixar de reparar nas lindas flores que tinhas ao pé da janela.
Ofereceram-te ou compraste? – Perguntou.
O meu coração acelerou, fiquei perdida nas palavras pois se dissesse a
verdade ele ficaria chateado, insinuaria e pensaria coisas. Eu não queria
ocultar-lhe nada, eu odiava mentir-lhe, de uma forma ou de outra ia estragar as
coisas. A verdade é que eu não sabia o que dizer e eu não queria uma
relação à base de mentiras, já bastava não ter contado sobre o pesadelo com o
Délcio.
— Humm... Bem, foi... Foi o Thomson que ofereceu-mas... e... – O Paulo,
estagnou as suas mãos no meu corpo e passou a mão no seu rosto. – Paulo
desculpa, seria indelicadeza minha se as recusasse e ele deu-me as flores com a
mais bela das intenções.
— Claro que são belas, querida. Como não?
— Sério, era uma forma de parabenizar-me pelo excelente trabalho que
tenho feito lá.
— Sei! E eu nasci ontem. – Ele disse alterado. – Minha querida, deixa-
me contar-te que todas as técnicas utilizadas por esse rapaz, eu as tenho
dominadas e utilizei-as há muito tempo. Portanto, só tu é que não notas que ele
quer a minha menina.
— Mas Paulo, se calhar nem é isso que tu pensas.
— Está bem, acredito que ele não olha para ti, com a intenção de saber a
cor da cueca que só a mim pertence. Devias ao menos me ter em consideração,
contar-me ao invés de esperares que eu descobrisse. E se eu não as visse?
— Dizendo como não, a reacção seria essa.
— Porra... – Passou a mão pela cabeça e suspirou. – Porra, Mila! Tu tens
de dizer a verdade, cabe a mim decidir se dói ou não.
— Ah! E tu contas tudo? – Questionei ao lembrar alguns dos seus
pesadelos.
Nunca tinha visto o Paulo assim e tudo isso por ciúmes, ficava tão
descontrolado que às vezes eu duvidava que era ele ali mesmo, pois geralmente
quando isso acontecesse ele tinha autocontrole. Apetecia-me rir. Era fofo vê-lo
118
a ferver de ciúmes, apetecia-me também gritar, pois era sufocante quando
alguém sentisse ciúmes, mesmo conhecendo a verdade.
119
Capítulo 11
120
— É assim que vais resolver os nossos problemas toda hora? Fugir e
pensar sozinha? – Ele soltou-me e disse.
Ofereci-lhe o meu silêncio, nada da minha boca conseguia sair.
Ele fechou uma das mãos e socou a parede até que segurei a sua mão que
ficou magoada. Peguei assustada e perguntei-me se aquele soco seria para mim.
— Pára com isso, por favor. Eu ainda estou aqui.– Disse sem olhar para o
seu rosto.
— Eu não quero ficar sozinho.
— Mas nós não estamos a falar.
— Mas eu sei que estás aí.
O telemóvel dele vibrava entre os lençóis e eu sabia que era um dos taxistas
da empresa que eu havia contactado. Mesmo sem querer soltei-o, peguei apenas
o meu telemóvel e fui à casa de banho. Coloquei um vestido largo e a minha
cueca. Não me sentia bem, ele não me tocava da mesma forma, não me olhava
da mesma forma.
Passei por ele com o beijo no seu rosto e segui o seu enorme corredor que
nunca mais dava na sala. Ele seguia-me, bem devagar e algo em mim também
não conseguia dar passos largos. Antes de conseguir alcançar a sua enorme
porta, ele puxou-me forte pelo braço, encontrou-se comigo contra a porta, tirou
a chave e atirou-a para longe, baixou a calça do seu pijama.
— É suficiente? – Questionou. – É suficiente para acreditares que sempre
que estou contigo eu controlo-me para não te foder ou fazer amor contigo?
Não resisti e beijei a sua boca, desesperada. Deitei-o nos três degraus à
beira da porta, baixei a porcaria daquela cueca que já não fazia sentido ter no
meu corpo. Depois de ver o meu pacote de droga entre
as suas pernas. Bastante excitada, ajoelhei por poucos segundos e deixei toda
água da minha boca no seu pau antes de sentar-me bem devagar e bem agachada
enquanto eu via aquele olhar que incendiava-me. Depois de estar a cavalgar bem
devagar sem tirar os olhos de mim, ele levantou-se comigo no seu corpo sem
dificuldade alguma e soltou-me brutalmente no sofá.
— Reclamas de excitação e fodes-me devagar? – Ele disse e sorriu
malicioso. – Segue-me! – Ele ordenou e eu segui-o entre o corredor até ao seu
quarto enquanto eu olhava para as suas costas.
Ele puxou outra cama que ficava debaixo da cama principal, que não era
do meu conhecimento, e nela haviam cordas e outros acessórios. Olhei para o
telemóvel dele atirado na cama principal e era o taxista, mas não tive forças para
atendê-lo. Num ápice ele atirou-me na cama e vendou os meus olhos.
— Tu não precisas ver, só precisas sentir. – Disse quando amarrou-
me com força.
Sentia-me desejada novamente. Tudo estava escuro, senti que ele
ajoelhou perto dos meus pés e prendeu-me as pernas com algo que
as impossibilitava de fechar. Assustei-me mais quando algo começou a vibrar,
mas o meu lado puta não conseguiu perguntar o que era.
121
— Mila. – Ele chamou-me grosso.
— Sim. – Respondi ao tentar vê-lo, era impossível.
— Vou deixar as tuas mãos livres, não me vais tocar nem tentar ver-
me. Ok? – Apenas aceitei.
Quando senti aquela vibração no meu clítoris, eu não tinha
dúvidas que as minhas mãos ficariam inquietas.
O Paulo deu máximo naquela coisa e pressionou fortemente, uma
vibração que chegava às profundezas da minha alma. Noutro momento deixei
de sentir o dito brinquedo erótico e senti algo a cair na cama. A minha
preocupação começou a aumentar já que o meu sentido mais importante estava
impossibilitado.
— Paulo, Paulo! – Eu chamava-o.
Será um teste para saber se o obedeço e não tiro isso dos meus olhos?
Apalpei a cama à sua procura até que decidi atar com as consequências e
tirar a venda. O meu coração desapareceu quando vi-o caído, inconsciente na
cama.
— Paulo, Paulo, meu Deus! – Lágrimas de preocupação preencheram o
meu rosto.
Encontrei as chaves e soltei aquela porcaria dos meus pés. Ele respirava,
mas respirava fraco. Eu não tinha força nenhuma para o levantar.
— O que é que eu faço? Meu Deus, Paulo! – Chamei em pânico.
A minha mente não trabalhava e as lágrimas só pioravam na intensidade.
Eu não aguentaria perder mais uma pessoa para a morte por minha causa.
Peguei no telemóvel dele e liguei para o Miguel, que graças a Deus estava
no prédio. Corri para pegar as chaves na sala e abri a porta, depois de me cobrir
somente com o vestido e ele com uma toalha. O Miguel entrou e juntos corremos
para o quarto, ele analisou a situação e olhou seriamente para mim.
— Não se preocupe, Srta. Alves, - Ele disse calmo. – o Sr. Rodrigues não
deve ter tomado o seu remédio. – Depois de explicar-me pediu para que eu me
retirasse por um momento.
A minha preocupação aumentava. Imaginei-me no hospital enquanto os
médicos tentavam salvar o meu irmão à portas fechadas.
— Pode entrar, Srta. Alves. – Ele disse e não pensei duas vezes.
Ele estava deitado na cama principal entre as almofadas, olhava para mim
como se fosse uma coisa normal, ou ainda, nem mesmo no Miguel eu vi
preocupação alguma.
122
Ele deu palmadas para que eu me sentasse ao seu lado na cama.
Caminhei lento e a imagem dele sem reação ainda não tinha desaparecido da
minha cabeça. Eu ainda conseguia alcançar aquela imagem, mas não
conseguia descrever o que senti naquele momento.
— Tu és tão forte, Mila.
Fiquei no silêncio.
123
— Mila, tudo isso é novo pra mim, tenta entender. Eu não precisava contar
o que fosse antes ou depois do sexo. – Explicou. – Era tudo tão carnal com as
outras mulheres. Elas não me enfrentavam como tu fazes.
Ele falava sobre sexo e eu imaginei-o a entrar e a sair em outra mulher.
124
— Sim. – Respondi perdida no seu sorriso. Ele olhou para mim ainda
mais sorridente, coisa que não via por longas horas. – Do meu jeito, pode ser?
Concordei com a cabeça, sem ao menos saber o que realmente ele queria
dizer com aquilo. Ele beijou a minha testa, em seguida os meus lábios
e agradeceu-me por entendê-lo.
— Vem cá. – Ele estendeu a sua mão depois de ter deslizado para fora da
cama, dentro de uma roupa interior branca.
Levou-me à casa de banho. Não me cansava de admirar o seu gosto por
decoração interna. Aquilo parecia um salão de beleza dentro da sua casa de
banho, no canto esquerdo, havia uma parte para lavar somente os pés e fazer as
unhas.
Ele deixou a banheira encher de forma lenta. Eu estava sentada e ele
ajoelhado, começou por lavar os meus pés com um sabonete líquido exótico de
ameixas da Boticário. As suas mãos deslizavam sobre os meus pés enquanto
que o cheiro grudava em toda casa de banho, era tão relaxante. Em seguida usou
um vibrador nos meus pés, que quase provocou-me um orgasmo. A tensão
desaparecia do meu corpo e sempre que ele olhasse para mim, mesmo de
joelhos, ele continuava lindo e tinha sempre o seu melhor sorriso, o meu sorriso
preferido.
Depois lavou as minhas mãos com Nativa SPA sabonete líquido para as
mãos BLUEBERRY, o cheiro era divinal, este eu também usava.
Perfeito foi na banheira, o banho com o sabonete esfoliante e o iogurte
feito com flores de ameixa. No final, ele passou o creme nas mãos, nos pés e nas
outras partes dos corpo o que me prontificou. Eu estava cheirosa e molhada para
ele, uma vontade de senti-lo a penetrar-me lentamente acordou o meu prazer.
— Tens a certeza? – Perguntei enquanto gemia com as pernas abertas na
sua cama e a sua língua quente deslizava pelo meu clítoris.
Ele ignorou-me e a sua língua tirava as minhas forças de perguntá-
lo novamente.
— Eu não tenho pressa em fazer-te gozar. – Respondeu e subiu para
beijar a minha boca com os seus dedos a circularem no meu clítoris que ficava
bem saliente e sensível. – Porra, Mila! Amo os teus peitos. – Ele disse e
abocanhou gostoso. Mordia, lambia e chupava para aliviar a dor.
Tirei o seu pau e comecei apunhetar bem devagarinho.
— Vai, chupa gostoso. – Eu gemia e apertava o seu rosto nos meus seios.
Eu senti-os duros na sua boca e ele babava com fome. Depois de
mudarmos as posições, com a outra mão em baixo, ele começou a passar o seu
pau cheio de baba bem na glande do meu clítoris e eu não me segurei. Peguei
naquele pau duro novamente e comecei a fazer pequenos movimentos. Eu
queria-o dentro de mim, eu amava as suas preliminares, mas ele sabia misturar
o violento e o lento fundo sempre que estivesse dentro de mim.
Pela primeira vez, tive a coragem de atirar o Paulo Rodrigues para cama,
e peguei firme no seu pau, dava para sentir a obra rija nas minhas mãos, passei
125
a língua de baixo para cima e engoli com toda fome e vontade do mundo. Com
os dentes pressionados nos lábios, eu sugava-o sem faltar o deslizar da minha
língua. O seu pau latejava e preenchia a minha boca, fazendo as bochechas
estufarem. Ele gemia grosso, apertava forte os lençóis e chamava por mim sem
errar letra nenhuma.
— Isso, Mila, isso! Porra, tu me entendes tão bem meu doce, safada.
Sempre que eu tentasse algo novo e não soubesse se ele estava a gostar,
ele elogiava de forma devassa. Era sempre prazeroso fazer sexo com ele, ele
deixava as coisas picantes e simples para minha satisfação.
Coloquei as bolas na boca e chupei-as enquanto ele se masturbava.
Cheirava a uma das loções que utilizou no banho. Enfiei tudo, deixei uma parte
fora e tossi no seu pénis. Ele sorriu malicioso e pediu para que eu tivesse calma.
— Eu não quero calma, eu quero bruto! – Exigi. –Estou com raiva do que
aconteceu e estou muito excitada. Eu odeio-te, Paulo! – Ele sorriu.
Atirou-me para o lado inverso da cama e logo senti os lençóis na minhas
costas, ele abriu as minhas pernas, inseriu a vara mágica sem cerimónias e
senti-o a preencher-me. Soltei um gemido e ele tapou a minha boca com a sua
mão cheirosa. Fiquei sem ar e mais vezes conseguia ter ar. Ele enfiava fundo e
não tirava os olhos de mim, batia no meu rosto sempre que eu desviasse os olhos
de tanta excitação.
Quando ele fez-me cavalgar nele com as mãos firmes no meu rabo, puxou-
me e caí com um dos seios na sua boca. O ápice da sensação foi quando a ponta
do seu dedo começou a fazer círculos na génese do meu ânus. Fechei os olhos
para me concentrar na sensação que produzíamos um ao outro.
— Isso mesmo. – Disse ele ao lamber os meus seios até chegar ao outro
mamilo, passou suavemente a língua pela pontinha dura e hipersensível. –
Trepa gostoso, Mila. Porra, és uma maravilha, caralho!
Ao mexer os quadris, desfrutei da sensação maravilhosa de tê-lo dentro de
mim por inteiro. Sem pudor e sem remorso, fiz uma espécie de entra e sai e
rebolei ao mesmo tempo sobre o seu pau, sempre a tentar alcançar o meu ponto.
— Goza dentro de mim, por favor. – Disse eu com toda vontade do mundo
em sentir o seu leite dentro de mim.
Ele esbofeteou três vezes fortemente no meu rabo, agarrou forte a minha
cintura e enfiou bem fundo e forte até gozarmos.
Sentia-me protegida e acima de tudo respeitada. O Paulo conseguiu em
apenas poucos dias ganhar-me por inteira e o mais incrível de tudo era que ele
só tinha olhos para mim por mais esbeltas que fossem outras mulheres. A sua
maneira de cuidar de mim era a prova de que ele era merecedor de todo meu
amor.
Tive um sono levíssimo e bem profundo, acordei com a voz maravilhosa
do John Legend a cantar All of me, um batido de Nutella, morangos e crepes no
criado-mudo e o Paulo bem ao meu lado a ler um livro. Espreguicei-me e olhei
para o relógio, eram 14 horas.
126
— Bom dia amor. – Abracei-o.
— Boa tarde querida! – Respondeu-me.
Reparei em mim e estava sem a camisola.
— Paulo, aonde está a minha camisola? – Questionei-o meio assustada.
— Calma querida, pediste para tirar durante o sono.
— Contigo nunca se sabe. – Saltei para o seu colo.
Dei-lhe um beijo e fui à casa de banho. Completamente nua, IMAGINA.
Poucos minutos depois regressei ao quarto e o Paulo não estava lá. Não
dei a mínima para isso, saltei a cama e alcancei a camisola que estava
próxima dela. Reparei que havia também sumo natural de laranja e comecei a
comer antes que ele me obrigasse a fazê-lo.
— Hey! Boa menina, ainda bem que já estás a comer...
Antes dele terminar saltei da cama, fui ao seu alcance e beijei o meu
príncipe. A sua boca estava quente, os seus lábios lubrificados e sua saliva
sabia a limão. Ele envolveu os seus braços no meu corpo e apertou forte o meu
rabo.
127
— Lê para mim. – Eu disse ao olhar para o seu rosto que não estava
tão visível por causa do livro.
— Bem, "és a rapariga mais bonita que eu alguma vez tinha visto. É como
tentar olhar para o sol".
— Acho bom. – Eu disse.
— Sabias que a personagem feminina também faz o que acabaste de fazer?
– Ele perguntou e soltamos um sorriso.
Decidi levantar-me da cama. Caminhava para a casa de banho quando o
telemóvel dele vibrou.
Eu não quis ser bisbilhoteira.
Quem estou a mentir?
A verdade é que eu fui verificar sim e nas notificações do ecrã estava
escrito Sofia.
De: Sofia
“Preciso falar contigo pessoalmente, por favor.”
De: Governador
“Paulo, o Jorge foi notificado pela polícia fiscal, que merda podemos
fazer? Ou melhor, faz alguma coisa!”
128
Depois de mais um, ele entrou no quarto e caminhou até mim. O meu
Antiquado estava de calções.
A T-shirt branca ficava-lhe bem, assim como eu na vida dele, claro. Beijou
o meu rosto e soltei um sorriso.
— Esse teu sorriso é a causa de eu seguir-te, ele fez-me acreditar nisso que
chamam amor. – Ele disse e os seus olhos reluziam sobre o meu rosto. – Se um
dia eu fizer alguma porcaria, nunca me vou perdoar. – Ele disse e passou o
polegar nos meus lábios. Em seguida beijou o canto da minha boca.
— Como consegues fazer isso? – Murmurei baixo e completamente
apaixonada.
— Shhhhh! – Ele disse e beijou a minha testa. Eu embalava-me nesses
pequenos encantos que ele proporcionava- me.
— Responde! – Exigi a minha resposta.
— Nem tudo são palavras querida, atitudes são bem melhores. Tu sabes
que eu amo-te... Essa é a única resposta.
— Tens um efeito incrível sobre mim. – Murmurei.
— Eu sei e respeito isso. – Mordeu a minha orelha depois de levar a sua
boca até ela. – Vem comigo. – Ele disse e segurou a minha mão.
129
— Enquanto tomavas o teu pequeno-almoço, aproveitei. –
Respondeu. – Vamos minha futura, estou esfomeado.
— Futura? – Questionei com um sorriso. – Eu posso cozinhar aqui para ti.
— Nada disso, eu quero comer em tua casa. – Ele atirou contra a minha
sugestão.
130
Capítulo 12
Semanas depois, sem chatices, sem Thomson e sem Sofia, para completar
a minha felicidade ele aceitou ir ao seu médico comigo.
Depois daquela surpresa na casa dele, que parecia um sonho, decidi
comprar algumas coisas para ele, estávamos a completar mais um mês de
namoro. Eu não sabia o que oferecer ou como não parecer que
lhe queria prender na minha humilde vida. Não queria que fosse mais uma
relação passageira, já estava habituada com decepções amorosas mas não estava
preparada para superá-lo ou esquecê-lo, nunca.
Depois de deixar tudo na sua casa para a surpresa, segui para o seu
escritório. Quando entrei na sua sala, ele abandonou o seu Mac e soltou um
sorriso doce.
— Estás bem? – Questionou com as suas mãos a segurarem firmemente o
meu rosto.
— Sim, sim amor. Acredito que estás ocupado, sou uma chavala mesmo,
combinamos às 17 e já estou aqui a atrapalhar.
— Mila. – Ele disse grosso e com cara de poucos amigos. – Quando eu
entrei nessa relação eu sabia que algumas coisas não seriam como antes, é teu
dever teres saudades e procurares matar à tua maneira.
— Não estás chateado mesmo? – Perguntei dócil.
— Não, pelo contrário. Agora dá-me um abraço, Chavalote. – Sorrimos e
ele beijou-me.
— Gostaste mesmo? – Perguntei ansiosa e procurei observar a
sua expressão facial. – Não quero que faças as coisas só para me deixar bem,
lembras-te da nossa conversa sobre contar tudo?
— Mila! Cala-te e abraça-me. – Ele disse e cobriu-me.
Eu estava na cozinha com o meu príncipe, ele tinha os seus olhos em mim
enquanto eu cozinhava a caldeirada de cabrito, pois a tia já tivera feito o arroz.
Não sei porquê mas lembrei-me da Sofia. Talvez porque as mulheres
cismam com outras mulheres que atravessam o seu caminho, e se ela me vinha
sempre a mente, era porque existia algo errado nisso.
— As tuas notificações? – Perguntei.
— As minhas notificações? – Questionou surpreso.
— Sim. – Atirei.
— Tu queres dizer "Sofia"? – Ele rectificou e eu murmurei em
confirmação. – Falarei com ela amanhã como combinamos.
— Falar? – Perguntei.
131
— Sim, nós temos um negócio, nada de mais.
— Negócio?
— Sim querida, nada de mais.
— Está bem, não precisas contar. – Menti.
— Está bem babe. – Ele disse.
Feio miux, acho-o ainda mais atraente quando estou zangada, acho que
ele faz propositadamente.
Ele passou por mim com as laranjas e apertou forte a minha bunda com a
sua mão livre.
— OH! – Choraminguei.
132
— Shhhhhh!
— Miuxxx!
— Mila, pára com isso, desejas assim tanto discutir agora?
— Sim, isso inquieta-me.
— Mas não vamos. Se continuares, pego no carro e vou para casa.
— Desculpa amor.
— Parece que hoje eu não te FODI bem. – Ele disse sem humor nenhum.
Se soubesses.
133
Ele desligou a chamada e levou a mão a cabeça.
— Olá! Mila, terminaste rápido o duche. – Ele disse quando notou a minha
presença.
— Sim. – Eu disse sem perceber porra nenhuma.
134
— Oh, ri comigo pah. – Corri até alcançá-lo e esfreguei-me nele. – Fiquei
chateada e falei sem pensar. – Disse com o meu rosto contra o seu
corpo. – Oh, e hoje levei algumas chapadas tuas durante o sexo. Então estamos
quites. – Murmurei e levantei o rosto divertida.
Ele soltou um sorriso esforçado, mas já era bom para o meu coração.
— Mila, nós temos uma relação amorosa e eu tenho várias relações de
negócio.
Lembrei-me de perguntar sobre o Governador e de qual Governador se
tratava. Mas travei as minhas palavras, sim, eu estava a aprender a controlar-
me.
— Vou tentar colocar isso na minha cabeça, não te preocupes.
— Por favor. – Ele disse e examinou o meu rosto.
— Que tal fazermos um negócio, aqui e agora? – Perguntei depois
de o beijar por três vezes.
Ele riu da minha proposta.
— Sério, calma, já volto.
Fui ao meu quarto e peguei umas folhas A4 brancas e duas
esferográficas. O Paulo estava do outro lado da mesa confiante e com olhar
sarcástico.
— Nunca subestimes o adversário. – Eu disse. – Primeira cláusula, aponta
aí. – Eu disse como uma mulher de negócios numa reunião.
— Feito, Mila.
— Mulheres só podem mandar mensagens em caso de negócios e se forem
realmente tuas amigas.
Ele olhou-me firme e ajeitou-se na cadeira, parecia que eu tinha
acordado o seu lado negociante.
— Eu não tenho amigas. – Ele atirou.
— Amor... Quer dizer, Paulo! Não precisas mentir, não gosto mas é
normal.
— Eu não digo isso para deixar-te feliz, Srta. Mila.
Isso intrigou-me e procurei saber tudo, era um lado que me poderia dar
informações sobre a vida dele fechada.
— Como era a tua relação com mulheres antes de mim? – Comecei a
morder a ponta da esferográfica de tanta ansiedade.
— Fodia algumas, outras não, se queres saber como me divertia. – Fez
uma pausa. – Alugava hotéis, usava algumas hospedarias e dificilmente
saíamos.
Sorri.
— Como assim? – Atirei mais ansiosa.
— Quando não é sério, a pessoa não pode ligar, pedir saídas, essas
coisas que estás a fazer-me viver. – Ele disse sério, esse era o mundo dele, o
mundo dos negócios.
— Porquê? Ou melhor, nenhuma tentou além?
135
— Claro que sim, mas, quando eu faço um acordo, eu procuro seguir as
regras.
— E porque não fizeste comigo? Talvez eu só queria isso naquele dia na
tua empresa.
Ele soltou um sorriso de leve.
— Quando eu tentei fazer isso, já estava a sentir algo diferente.
Soltou um sorriso.
— Ok, melhor então, se tiveres uma amiguinha de verdade, avisa-me. E
qual é a tua proposta para a primeira cláusula?
— Nenhuma, Mila. Eu só quero foder-te agora.
— Paulo. – Eu disse assustada e um pequeno desejo tomou conta de mim.
— Vamos apressar isso.
Ele disse e despi a parte de cima para o provocar. Ele queimava-me com
os seus olhos escuros, com os seus mistérios.
— Muito calor. – Atirei.
— Mila, se tu não voltares a vestir, vou até aí e enfiarei a minha pila na tua
boca.
Soltei um sorriso e não escondi a maravilha que era a sua ideia da minha
expressão facial.
— Não podes, estamos num momento de negociação e tens de respeitar. –
Eu disse séria.
— Filho da puta, Mila. – Ele disse com uma vontade de deslizar dentro de
mim o seu Paulinho.
Os nossos olhares não se desgrudavam, o cabelo dele estava desarrumado
e dava um ar excitante.
— És lindo, sabias?
Ele franziu os lábios num pequeno e delicioso sorriso.
Os seus olhos brilhavam e eu estava com uma vontade de atrapalhar o seu
sorriso com um beijo de tirar o fôlego.
— E o que eu ganho com isso, ou seja, se eu seguir a primeira?
— Bem, sexo anal é que não. – Respondi.
Ele franziu a testa daquilo que seria o auge das minhas piadas.
— O quê? Tu pensas em sexo anal um dia? – Perguntou.
— Não Paulo, o cú não, o cú não oh! – Respondi entre risos. – Talvez
depois do casamento.
Ele simplesmente fitou-me.
— Segunda cláusula, Mila.
— Bem, a segunda é, sempre que um familiar teu convidar-me, cabe
somente a tua chefe, claramente eu, responder. – Ele soltou um sorriso. – Mas
ainda não ganhas o cú. Vou é reduzir os ciúmes para não te afugentar.
— Ok. – Ele disse.
Por uns segundos fiquei a apreciar o Antiquado. Só de olhar para
ele sentia uma energia positiva.
136
~
137
No final do expediente dirigi-me a minha sala para pegar as minhas
coisas e encontrar-me com o Paulo. Peguei o elevador e ao fechar as portas, as
mesmas travaram e abriram-se novamente, dei de cara com o Thomson.
Não! Não!
138
Olhei para ele que estava com uma expressão cautelosa, de pavor.
— Está sim Boss, ele ofereceu-me apenas uma “boleia”. – Respondi.
— Boleia. – Ela atirou e revirou os olhos. – Ainda bem que já não vais
precisar disso filha! – Disse de forma irónica para o Thomson. – A empresa vai
passar a disponibilizar transporte com um desconto justo.
139
— Tive saudades tuas. – Ignorei o assunto e ele sorriu.
— Senhor. – A funcionaria reclamou a sua presença.
— Sim Bruna, estás dispensada. Desculpe-me. – Ele disse educadamente.
— Senhor, e a reunião às 18 horas?
— Faça uma acta, eu não preciso comparecer. – Ele disse despreocupado.
– Vou sair com essa fofura, ela não é linda? – Ele questionou e a minha Deusa
interior deu uma de diva.
Ela sorriu.
— É sim. – Ela disse com um sorriso e retirou-se.
Lembrei-me do que aconteceu com o Thomson e soltei um suspiro.
— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou preocupado.
Olhei para ele com medo, mas queria que ele soubesse. Prometemos
contar tudo um ao outro. Ele precisava saber que tinha razão. Mas eu sentia
que não era boa altura, não queria vê-lo furioso.
— Oh, amor, nós não somos casados. O que as pessoas vão pensar? –
Questionei sem medir as palavras, aquilo que ele mais odiava.
— Querida, as pessoas vão sempre falar. Certo ou errado. – Olhou para
mim. – Sei que não posso oferecer-te um carro. Primeiro, por seres teimosa e
segundo, a tua tia não ia achar certo ainda. Mas tu podes muito bem tirar
emprestado. Se danificares, pagas é claro. – Ele disse divertido.
140
— Não pagarei porcaria nenhuma. – Atirei com um sorriso.
Ele sorriu e beijou o meu nariz.
Levei a minha boca à sua orelha.
— Vamos inaugurar o carro no banco de trás, pára com esse drama. –
Terminei e mordi a sua orelha.
— Tu enlouqueces-me Mila, és tão agradável de se olhar e ter. Não há "se"
ou "talvez", eu amo-te. – Ele disse com brilho nos olhos.
O medo de não ouvir mais isso invadia a minha mente.
— Eu amo-te igual. – A verdade é que eu não sabia mais o que
dizer. – Mas… – Murmurei alto.
— Mas? – Ele questionou surpreso.
Suspirei e abracei-o.
— E se um dia...
Ele agarrou os meus braços e empurrou-me contra a sua mesa mas
sempre a proteger-me. Invadiu a minha boca com a sua língua como se
tivesse com raiva do que eu tentava dizer. Apertou forte o meu rabo e eu senti os
grandes lábios da minha pombinha a separarem-se. Ele pressionou o meu
corpo contra o seu e mordeu forte o meu lábio inferior. Choraminguei enquanto
ele mordia e ele afastou-se.
— Isso dói. – Eu disse chateada. – Não és o sério da relação? Agora és o
maluco?
— Eu sinto isso quando abres a boca para falar essas besteiras. – Ele
disse sem humor. As nossas respirações estavam ofegantes. – Deixa-me ver. –
Ele murmurou com o polegar no meu lábio.
Ele proporcionou-me beijos carinhosos.
— Tens a tua resposta nesses beijos. – Ele disse e continuou a beijar no
local da dor. A verdade é que não percebi.
— Tenho a minha resposta nesses beijos? – Separei-me dele e questionei-
o.
— Sim querida, não consigo te fazer mal. Pois eu sei que vou ficar
pior ao ver-te assim. Por exemplo: eu mordi-te e agora estou aqui triste a
tentar tirar essa dor do teu lábio, mas sei que ainda dói. Eu tenho que ter isso
como exemplo. – Fez uma pequena pausa. – Sei que desculpas não vão tirar essa
dor e não me vai deixar feliz. Assim é a minha corrente para o nosso amor, não
fazer para não te magoar e eu não acabar triste e sem ti. – Ele acrescentou.
Ainda sentia a dor, mas valeu a pena ter ouvido aquilo.
— Mas ainda dói, oh, quero mais beijos. – Eu disse divertida e mimosa.
Ele riu e abraçou-me forte. — És muito importante para mim, querido. –
Murmurei ainda em sua posse.
— És agradável, minha Chère.
Soltei um sorriso agradável no seu pescoço.
141
— Vem. Vamos comer alguma coisa, sei que estás faminta. – Ele disse e
segurou a minha mão.
Levei a minha mão ao queixo e pensei em algo diferente que os homens
detestam.
— Ah sim! Quero fazer as unhas querido, conheço alguém bem
próximo. Quero fazer isso primeiro, esta é a minha ordem. – Ele franziu a testa.
— Sério? – Balancei a cabeça em confirmação. – Mas as tuas unhas estão
perfeitas, Mila.
— Tu não vais entender. – Atirei. – Vamos amor. – Choraminguei. –
Lembras-te que eu já fiquei na tua empresa enquanto trabalhavas? – Eu dei
início a uma chantagem e ele riu.
— Tu és maléfica, querida. – Abracei-o.
Chegamos a Nailshop, acomodamo-nos e a jovem que faz as unhas pediu
para escolher uma cor.
— Amor, branco ou preto? – Perguntei-o.
— Preto.
— Branco. – Contrariei-o.
— Então por que perguntaste? – Ele franziu a testa.
— Para contrariar-te. – Ri-me.
Enquanto fazia as unhas, o Paulo estava sentado e entediado, com o
cotovelo apoiado ao joelho a olhar para não sei onde.
Quase na recta final das minhas unhas, o telemóvel dele explode com a sua
melodia.
— Desculpem. – Ele disse e caminhou para fora.
Em seguida ele atendeu e parecia bravo.
Ele olhou para mim a partir do enorme vidro do salão e lançou um sorriso
desnecessário. Eu fiz o mesmo.
A minha mente tornou-se num mar negativo. Ele passou a mão no cabelo
e levou o rosto para cima.
142
— Empresa, querida, nada de mais.
— Tá bem! – Disse descontente.
— As unhas ficaram um absurdo, gostei.
O elogio dele não entrou como pretendido.
— Obrigada. – Respondi seca.
— Aí está ele. – Ele disse com a chegada do Miguel que estacionava o
carro.
Caminhei triste, ele puxou a minha mão e beijou-me. Um beijo sem graça
nenhuma para mim, eu sentia que o seu assunto não envolvia trabalho.
Ele cobriu o meu rosto com as suas mãos, acreditava eu que ele
notou o descontentamento vindo de mim.
— Querida, vai ter com uma amiga o Miguel esperará por ti o tempo que
for preciso, e se quiseres durmo contigo, vou apenas pegar uma muda de roupa
antes disso.
Balancei a cabeça em negação.
— Não, vou para casa. — Respondi cabisbaixa e desconfiada com essa
saída repentina dele.
— Depois ligo, amor. — Despediu-se com um beijo e foi-se embora.
Pedi ao Miguel que me deixasse em casa. Pelo caminho tentei arrancar
alguma coisa a respeito dessa saída repentina do Paulo.
— Miguel?
— Sim Srta. Alves ou prefere Sr.ª Rodrigues? — Brincou Miguel Ângelo e
eu ri-me.
— Por agora Alves. – Pedi. – Bem... Sabes o que aconteceu na empresa? É
que o Paulo saiu de forma repentina e parecia tenso.
— Pelo que saiba, não aconteceu nada, Srta. Alves.
Claro que o Miguel não me vai dizer né? O Paulo é chefe dele e não vai
quebrar a confiança que deposita nele. Mas ele também devia saber que eu sou
a chefe do Paulo e tenho que saber tudo, miux.
Suspirei.
— Está bem.
143
Capítulo 13
De: Sofia
"Estou ansiosa para nossa viagem na qui..."
144
— Ah! Os meus ciúmes são... – Antes de eu terminar a frase ele mandou-
me levantar.
Dei favas e levantei furiosa, mas isso não o deixou chateado, o importante
para ele era ver-me a obedecê-lo.
Entrei no quarto, dirigi-me à casa de banho e tranquei a porta.
— PAULO, BOA VIAGEM PARA SI E PARA A SOFIA! – Berrei-lhe de
forma fria depois dele bater à porta.
Manteve-se um silêncio absoluto durante alguns minutos e logo a
seguir ouvi a porta de entrada a abrir-se e a fechar-se em seguida.
145
— Estou a pedir com educação. – Ele parecia divertido ao estar meio
furioso e carinhoso.
146
A verdade é que eu tinha medo de que isso interferisse na nossa relação.
Foi duro sentir que ele tinha ido embora, eu não queria por nada voltar a sentir
isso. Foi uma mistura de dores horríveis a suportar, estava com o medo a
percorrer pelas minhas veias.
— Paulo, tinhas razão sobre o Thomson. – Disse e mostrei-lhe as mãos em
forma de rendição. – Calma, amor. Antes que fales alguma coisa, eu acreditava
que fosse só amizade, eu cresci com ele e ele tem uma boa relação com a minha
irmã, eu peço desculpas.
— Ele não é uma ameaça, querida. – Ele disse frio.
— Querido, se depender de mim não é mesmo, mas eu tenho medo,
receio... Não sei bem ao certo. E estás tão calmo quanto à isso.
— Porquê? – Ele disse surpreso.
— Bem, a Boss falava de um jeito, como se fizesse um alerta. Talvez ele
fosse assim "amigável" com todas. E se ele tentar...
— Shh. – Ele consolou-me com um sorriso.
— Amor, é sério. – Atirei contra o seu sorriso.
— Querida, quanto à isso, não te preocupes.
— Como não?
— Eu sei o que digo. E sim querida, ele tem um currículo nada agradável.
– Franzi a testa e ele deu uma mordida na minha comida.
— Andaste a investigá-lo, não é? – Questionei surpresa.
— Eu tenho de proteger-te. – Ele atirou contra a minha pergunta.
— Paulo, não podes fazer isso. – Disse chateada.
Combinamos contar tudo um ao outro e nesse momento eu julgava ser a
pior pessoa da relação por ter dois segredos e com isso a minha coragem de
contar sobre o Délcio desaparecia da minha cabeça.
— Eu nunca fui com a cara dele, Mila! Fiz e voltaria a fazer.
— Então vais fazer isso com todos os meus amigos? Ou melhor, com
aqueles que tu não vais com as suas caras?
— Ele agora é um amigo? – Questionou seco.
— Tu percebeste. Mas por que motivo tu não me disseste nada sobre as
coisas que ele faz ou fez? – Perguntei.
— Porque tu não deves acreditar em mim apenas com provas. – Ele atirou
e eu senti-me culpada por não acreditar antes.
— Se ele fizesse alguma coisa Paulo? Eu devia estar preparada, não achas?
— Eu já disse que isso seria e é impossível.
Cerrei os olhos e direcionei o meu olhar para ele, pensei novamente nas
suas palavras.
Oh merda.
147
— Paulo! – Eu disse chateada. – Eu não sou uma criança e sei cuidar
muito bem de mim, ok? Não achas que isso é desnecessário? – Disse e
abandonei o seu colo.
Não sei se estava chateada ou feliz. Claro que era bom sentir-me segura,
mas ele devia consultar-me. As relações são a dois.
— Desnecessário? – Ele riu. – És desnecessária? – Deu uma pausa.
Bem, na verdade fiquei sem palavras e cruzei os braços irritada.
Ele inclinou o meu queixo para baixo e beijou os meus lábios salgados de
lágrimas secas. Levantei-me da cama, mas ele fez com que eu me deitasse sem
se importar com a comida.
Nos olhamos fixamente, apreciei os seus olhos pretos que apreciavam o
meu rosto por completo.
— Eu não mereço essas lágrimas, querida. Não de tristeza. –
Mantive o meu silêncio. – Fazer-te chorar de tristeza não é um objetivo meu. –
Ele acrescentou.
Senti uma lágrima a caminho. Detestava ser uma chorona, porra!
— Por favor acredita sempre em mim, eu ainda farei muitas coisas
maravilhosas, porque TU fazes isso comigo. – Disse. – Sim, Srta. Mila, és
maravilhosa e eu também tenho muito medo de perder-te. Só quero zelar
pela tua segurança. – Ele acrescentou e eu concordei a cabeça. – Preciso ir.
— Nãooooo! – Choraminguei. – Ainda não terminamos e Paulo, eu sinto
que estes seguranças não têm nada relacionado ao Thomson.
Ele fez uma cara de poucos amigos e eu achei que seria a melhor hora para
saber sobre a procuradora e o governador.
Ele esfregou o seu nariz no meu braço.
— Que cheiro agradável, Srta. Mila.
— Isso não me convence, fica mais um bocadinho, oh. – Cruzei os braços
descontente. – Eu quero tocar em outros assuntos.
Ele riu da minha reação.
— Alegro-me com a tua presença, és a melhor parte do meu dia. Mas eu
tenho de ir. – Ele parecia triste e senti uma pequena pitada de tristeza no meu
peito..
Abracei-lhe forte.
— Quanto tempo? – Questionei.
— Não sei. Talvez por três dias.
Apertei-lhe ainda mais depois da sua resposta.
— Três dias com aquela vaca. Eu não mereço... Mas ok, Paulo, tu não
escondes nada de mim, certo? – Coloquei-o entre a espada e a parede.
— Prometo ligar-te querida. – A sua resposta aumentou a minha
incerteza.
— Eu acompanho-te, amor.
— Não precisa, termina o teu pequeno-almoço, ligarei às 12 horas para
lembrar-te o quão importante é o almoço.
148
— Como se eu fosse uma criança. – Respondi e franzi a testa.
— Eu também te amo e vou sempre cuidar de ti, bebé. – Ele levantou-se e
beijou a minha testa.
Caminhou até a porta.
— Eu não disse isso. – Resmunguei triste e irritada com a sua ida.
— Beijo amor.
O gajo se acha.
No meu guarda-roupa optei por uma camisa jeans clara sem mangas e
uma calça jeans um pouco mais escura. Fui mais casual já que era sexta-feira.
Já se tinham passado três horas desde que o meu Antiquado partiu. Até
aqui eu consegui resistir em saber que ele estava com aquela besta, mas eu
não podia resistir por mais tempo.
149
Para: Paulo Rodrigues
“Tu também amor.
Tenta não comer "Vacas" :)”
150
É o babe...
Afff... Possas!!
Mas prontos, provavelmente vai ligar depois.
Ele não foi capaz de fazer isso comigo, só devo estar a sonhar. É a
Sofia. Ele está tão entretido com ela que se esqueceu de mim.
Pouco me importa.
151
Caminhei até a janela e deixei o vento tomar posse do meu rosto. Claro,
ela era praticamente uma modelo, tinha dinheiro, porquê eu?
Eu já devia ter desconfiado, essa merda de seguir o coração não era grande
coisa.
Porra, o que faço?
Eu queria uma desculpa convincente e verdadeira, não queria perder o
meu Antiquado, mas também não queria viver uma mentira.
Ouvi-o caminhar.
Oh merda, ele estava bem perto!
Senti-me paralisada, como se eu quisesse o seu abraço.
— Não briga comigo, amor. – Ele soou triste. – Não me faças chorar com
o teu desprezo, por favor Mila.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
A desconfiança invadia mais e mais a minha mente.
Minutos passavam e o silêncio permanecia. Fi-lo sofrer sem dizer nada
para que sentisse o que eu senti ontem.
Olhei para a rua e fiquei distraída na movimentação das zungueiras,
guerreiras da banda e sacudi a cabeça, decepcionada com ele.
Ele tentou quebrar o silêncio.
— Por favor Paulo. – Disse e criei uma barreira via chamada.
— Odeias-me? – Ele questionou.
Eu te amo idiota!
152
— Achas que eu quero ter razão? – Questionei-o.
Ele suspirou alto e comecei a sentir o meu coração apertado.
Nasciam lágrimas sobre o ventre da minha raiva.
— Isso é um fim? – Ele questionou e a sua questão oferecia-me imagens
de como seria ficar sem ele.
— Desliga a chamada, Paulo!
— NÃO! – Ele soou autoritário. – Eu já disse que não.
— Paulo, isso doeu, tanto tempo quando dava para dares um jeito, se
ninguém sente ou sentiu o que eu senti, vão todos julgar que é um simples
drama. – Expliquei.
Se ele estivesse aqui para me abraçar, juro que não faria nada para o
largar.
— Desliga.
— Por favor Mila.
— EU DISSE DESLIGA! – Ele respondeu com um ok.
Imaginei o rosto dele e fiquei mais triste ainda, ele parecia pior. O meu
anjo da guarda balançou a cabeça favorecendo o Paulo, mas o meu lado maléfico
ignorava isso e fez-me pensar que eu podia sofrer mais e mais futuramente. Na
verdade, parecia que essa birra toda da minha cabeça era medo e não só por
causa da chamada. O Paulo era um desafio, um desafio que eu não sabia se era
capaz de vencer.
— Isso me vai magoar. Mila!
— Eu também estou magoada.
— Querida, eu sei que tu sabes que eu digo a verdade.
— Paulo eu só quero... Só quero pensar e ficar só. – Ele desligou.
Caminhei até a cama e abracei o urso que ele ofereceu-me. Atirei-o à porta
depois de lembrar-me disso. Alguns minutos passaram e o choro não parava,
ele ligou novamente.
— Alô! Paulo. – Disse a tentar disfarçar a voz de choro.
— Esqueci-me de alguns papéis aí, pedi ao Miguel para apanhar. – Ele
disse triste e o pior permanecia na minha mente como se esse fosse o único
motivo que o fez voltar.
Todos os tipos de dores invadiram o meu corpo
quando parecia que voltaria a desligar, pois eu sabia que ele não voltaria a
ligar.
— Diz, Mila, diz para eu não desligar. – Ele murmurou gentilmente.
— Fica. – Murmurei entre dentes com lágrimas nos olhos. – Fica na
chamada e na minha vida.
— Quem disse que eu iria sair da tua vida? – Uma ligeira percentagem de
saudades invadiu o meu corpo. – Isso é irritante, eu amo-te, Mila. – Ele disse
mesmo irritado e ouvi-o a bater em alguma coisa enquanto eu chorava
silenciosamente. – Merda! Eu amo-te mesmo Mila. – Ele disse, mas sempre de
costas. – Ela não viajou comigo, ela tinha que fazer outras coisas, apenas
153
aproveitamos a oportunidade de estarmos lá e ela cumprir o contrato de
trabalho. Eu tenho as mensagens, mas não pode ser assim. Não mesmo, eu não
tenho que mostrar sempre provas para acreditares em mim. – Ele soou triste
e irritado.
Chorei irritada e com raiva de tudo, ele enviou as provas pelo WhatsApp.
— Satisfeita? – Ele questionou.
Limpei as lágrimas e revirei os olhos para o ecrã para ver o que ele me
tinha enviado.
Sofia
13h56
"Paulinho, a minha mãe precisa de mim, ela não melhorou. Desculpa-
me."
Paulo
14h03
"Por favor não peças desculpas, eu lamento e desejo melhoras. Fique
bem."
— Não chora por mim, não de tristeza eu já pedi isso antes. – Ele
disse triste. – Eu não quero fazer o mesmo, olha o que tu estás a fazer com o
teu lindo rosto. Pára!
— Eu... Tenho muita... Raiva. – Disse entre lágrimas.
— Eu também estou a tentar ter muita raiva.
— De mim? – Perguntei.
— Sabes como ter? Eu não consigo.
Ele parecia muito furioso.
Porra.
Eu queria tanto pular nos seus braços, eu precisava disso, só Deus sabia o
quanto eu precisava.
— Eu só queria relaxar, beijar tudo quanto é rosa no teu corpo. – Ele
disse com uma pitada de saudades. – Mas estou aqui a ouvir-te chorar.
154
Ele podia simplesmente dizer-me que não viajou com ela ou puta que...
Seria mais fácil, porra.
Como fui deixar meu príncipe assim?
Triste, frustrado e com raiva das minhas palavras.
Como?
Odeio-me.
155
tentasse conversar com o Paulo, talvez eu não estaria aqui sozinha. Ainda em
momentos de medo o meu subconsciente julgou-me por não ter conversado
com o Paulo. Alguém abriu a porta e eu fiquei na esperança de que fosse a tia.
Vi apenas os pés e uma parte das suas pernas através da parte inferior da cama.
A minha esperança acabou por morrer porque eu sabia que a tia não
usaria ténis, muito menos de madrugada.
Caminhou em direção à cama.
— Levanta!! – Ordenou. – Levanta-te porra e não faz
barulho! – Ele falou como se me conhecesse. – O teu namoradinho? Não está
para te proteger, não é? – Ele perguntou ironicamente. – Levanta-te
porra! E se gritares, tu e a tua tia morrem.
Continuei apavorada e não conseguia acreditar que isto estava a
acontecer, uma das coisas que eu sempre pensei que nunca viveria, apenas
veria na televisão. Ele foi ao meu encontro, segurou forte os meus braços
e puxou-me para cima, estava tudo muito escuro mas eu conseguia ver a arma
em sua posse.
— Por... favor pare... Pare... – Eu disse aos soluços. – Pare... Por favor...
— Eu ainda não fiz nada.
As palavras dele transmitiram-me tudo de mais negativo que eu alguma
vez tinha sentido em toda minha vida, eu preferia encontrar duas lagartixas do
que estar a viver isso. Ele atirou-me na cama e passou a arma pelas minhas
pernas. Gritei sem me importar com a arma em sua posse.
Acordei e conseguia ver a luz do sol atrás das lâminas deixadas pela
cortina.
156
Será que a tia esqueceu-se das chaves?
Sem mais questões, corri e abri a porta.
— Bom dia Sr.ª Alves. Por favor. – Era o Miguel. Ele cumprimentou-me e
entregou-me o pequeno-almoço.
— E o Paulo? – Perguntei. Ele deu-me um sorriso confortável e eu entendi
que ele não vinha. — Me desculpe, bom dia.
Ele balançou a cabeça e foi. Fechei a porta e ouvi batidas em seguida.
Quem seria agora?
Abri e era o Miguel novamente.
— Eu adoro-vos, ele parou de ser muito chato desde que te conheceu. –
Ele disse e mesmo triste a minha Deusa sorriu. – Ele também está muito triste.
Era a primeira vez que o Miguel dizia coisas sem ser respostas sobre as
minhas questões.
— Podes ajudar-me? – Aproveitei a situação.
— Impossível Sr.ª Alves, ele não gosta muito de falar sobre isso comigo.
Além do mais ele deixou o telemóvel no carro e está desligado. – Ele disse como
se eu já não soubesse.
— Espera! – Pedi. – Diz-lhe que dei isso, por favor. – Disse e entreguei um
papelzinho escrito.
Governador?
— Do Kwanza Norte?
— Sim. – Respondeu. – Preciso ir senhora.
— Obrigado, Miguel Ângelo.
Ele foi e deixou-me ainda mais triste em saber que ele viajaria novamente.
— Que semana de merdaaa. – Gritei.
Tinha um papel na minha lancheira.
“Não há motivos para passares fome, Srta. Mila. Por favor obedece e
come.”
157
Estamos ou não estamos?
158
Abri os olhos e a luz da lâmpada bateu em cheio no meu rosto.
— Estás bem Mila?
Eu não conseguia ver devidamente, apenas o nome dele surgiu na minha
mente.
— Paulo... Paulo... – Murmurei inquieta.
— Calma filha, vou ligar. Como está gravado o contacto? – A Boss
perguntou.
— Tenho de ir ao hospital. – Eu disse ainda fraca para levantar.
— Calma filha.
O meu corpo ainda não funcionava completamente.
— Preciso ir ao hospital, Chefe. Preciso voltar a ligar. – Murmurei.
— Está bem, está bem eu levo-te.
Depois do copo de água, ela apoiou-me com uma boleia.
— Não chores Mila, o gajo é forte. Tenho a certeza que ele vai ficar bem. –
O irmão dele ofereceu-me conforto e tentou acalmar a minha enorme dor.
A mãe do Paulo estava devastada no colo do Sr. Rodrigues e a Yara tremia
toda ao tentar levar a garrafa plástica com água à boca.
A Dr.ª Soraya tirou-me dos braços do Acácio e deu-me um copo de água.
Ela ajudou-me a alcançar a minha boca.
Isso fez-me lembrar de momentos em que estive no colo do
Paulo enquanto ele ajudava-me a comer. Eu tentava pensar positivo mas tudo o
que era negativo passava pela minha cabeça naquele momento.
A Sr.ª Rodrigues levantou-se e caminhou até ao meu encontro com o
seu rosto inchado. Ela abraçou-me forte e eu retribui com os braços nos seus
ombros, chorei em silêncio com ela.
Olhamos uma para outra.
— Ele... vai ficar... bem. – Ela murmurou.
— Vai sim. – Eu disse e comecei a chorar.
Balançamos a cabeça concordando uma com a outra e abracei-lhe
novamente. Consegui sentir a sua dor no seu abraço. Limpei as minhas lágrimas
com as costas das minhas mãos e deitei-me no seu ombro.
Fechei os meus olhos e imaginei o que os médicos estavam a fazer com ele.
Abalei-me ainda mais quando imaginei a minha vida sem ele. Lágrimas
voltaram a cair sem pausa alguma, os meus dedos estavam todos escorregadios
de lágrimas.
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o na minha vida, ele tornou-se numa das pessoas mais importantes para
mim. Eu não queria só ter três ou bilhões de estrelas na minha vida, eu
precisava da minha Lua, eu precisava dele, eu precisava do Paulo. Eu queria o
meu Antiquado.
— Ele vai ficar bem, ele vai ficar bem, ele vai ficar bem, ele vai ficar bem...
– A Sr.ª Rodrigues repetia sem cessar.
A Yara saiu e voltou com a Sofia. O pior era que isso pouco me importava,
tudo o que me deixava em baixo tinha se tornado indiferente.
A partir da TV do hospital eu conseguia apenas ouvir as notícias sobre o
acidente.
"Um autocarro chocou contra um Volvo XC90..."
Antes do repórter terminar eu desliguei-me para não me atormentar mais
do que já estava.
Graças a Deus.
160
Depois desta notícia uma parte do meu coração estava aliviado.
— Já podemos vê-lo? – Perguntou a Sofia.
Fitei-a com um olhar que deixou-a quieta.
— Por agora não, mas amanhã já podem. – Ele disse. – Vou atender outros
pacientes.
Antes mesmo dele retirar-se, pedi-lhe que prestassem os melhores
cuidados ao Miguel, pois se o Paulo soubesse que ele foi mal assistido era capaz
até de processar o hospital.
Já era tarde e pedi aos pais de Paulo que fossem a casa descansar, seria
muito desconfortável para eles passarem a noite no hospital, não havia
condições para isso.
Olhei para a Sofia.
— Bem, querida, obrigada por teres vindo, mas o Paulo já está bem e já
podes ir descansar. – Eu disse-lhe.
— Não te preocupes comigo.
— Preocupo-me sim e acho bom acatares o meu conselho. – Disse-lhe de
forma irónica com um olhar de quem a vai decapitar e acreditei que ela
percebeu o recado.
— Hum, pois. Yara, já vou. Se precisares de algo, é só ligares.
— Obrigada Sofia, foste uma boa amiga.
161
— Oi. – Eu disse com as lágrimas que me restaram. – Estava
com tanto medo... e... perdoa-me... pelas minhas birras. – As
minhas lágrimas se intensificaram.
— Vem, cá! – Ele disse e deu duas palmadas no lugar da cama em que ele
queria que eu me sentasse.
Em seguida segurei a mão dele, ele passeou com os seus dedos no meu
queixo e subiu para os meus lábios.
— Beija-me. – Ele disse e foi ao encontro dos meus lábios. – Comeste? –
Ele questionou-me preocupado.
— Paulo! Quem deve estar preocupada aqui sou eu. E sei que ouviste as
minhas desculpas, tenho me comportado mal e me deixado levar pelos ciúmes.
— Ok! Quando estiver fora dessa cama, vou foder-te a sério!
Soltei um sorriso, já não me lembrava disso nos últimos dias.
162
Merda! Os ciúmes estavam prontos para agir, não desejava isso nem ao
diabo. Olhei fixamente para a Sofia e aproximei-me mais dele à espera da
reação dela.
— Paulo! – Ela chamou-o entre sorrisos.
— Sofia. – Ele soou educado. – Por favor amor. – O Paulo pediu a minha
ajuda para alcançar uma posição confortável, depositou a maior parte do seu
peso em mim. – Obrigado amor. – Agradeceu.
Dei-lhe um beijo.
— Então! – Ela exclamou. – Como estás?
Como bonho?
163
Capítulo 14
164
A sua língua no meu corpo era uma sensação incrível.
— Não pára, por favor, Paulo... Não...
Disse quando senti novamente a ponta da sua língua no meu clítoris, uma
lambida, duas... E a sensação já não me deixava contar, estava perdida nos
números e na sua deliciosa língua quente que cozia bem o meu feijão pequenino.
Comecei a gemer alto quando ele pegou o ritmo novamente, eu não podia delirar
calada, fugir era impossível, pois ele mantinha a sua firmeza, mesmo que eu
quisesse atrapalha-lo um pouco, não conseguiria. Senti o meu abdómen duro a
cada tremida do meu corpo. O Paulo abriu ainda mais as minhas pernas.
— Isso, quero te comer assim.
— Amor... eu... já não tenho forças. – Choraminguei.
— Shiu... Tens te comportado muito mal. – Ele disse e olhou-me com cara
de poucos amigos. – Agora vamos foder a sério.
Enfiou todo o seu pau dentro de mim e levou uma das minhas pernas para
o seu ombro. Apertou o meu pescoço e deu uma chapada na minha
bochecha. — Tu és minha, filha da puta. OUVISTE?
Nem deu tempo de responder e enfiou fundo, com um sorriso malicioso.
Meu Deus!
Deitou-se de costas na cama e mandou-me cavalgá-lo. Comecei
num ritmo meio rápido e ele segurou-me o pescoço.
— Calma, calma. – Disse com a sua voz grossa. – Começa devagar
até apanhares o ritmo, eu sou teu, não tenho pressa.
Balancei a cabeça e comecei a rebolar lento e ele tinha razão,
apanhei o ritmo e confesso que já estava dorida, mas eu rebolava com muito
prazer no meu Antiquado, enquanto ele lambia e chupava os meus
seios. Naquela altura eu estava mais louca ainda do que cansada.
— Deixa tudo dentro de mim... ahhhhh... por... favor. – Ele sorriu
— Tens a certeza?
— Cala a boca... Paulo... eu... não tenho... a certeza de nada agora.
A tesão deu-me coragem até de manda-lo calar a boca e confesso que
gostei, afinal, eu estava no comando.
Ele encheu-me com o seu leite e vi todas as veias do seu corpo
mais visíveis, gemeu alto e grosso.
Levantei e comecei a chupar o seu pau que ainda estava coberto com o seu
leite. O Paulo se contorcia todo na cama com os punhos fechados e começou a
dar socos na cama.
165
húmida. Continuei a lamber e a chupar, enquanto olhava nos seus olhos
incrédulos.
— Vais pagar... ahhhhh... Porra, Mila! – Falou com a voz abafada.
— Ai, é? Então deixa aproveitar te sugar. – Disse com a minha voz safada
e voltei a sugar o Paulinho.
166
— O que queres fazer? – Ele questionou e beijou a minha bochecha.
Fiquei corada e entregue ao meu homem antiquado.
— Tenho fome.
Ele sorriu, segurou o meu queixo e em seguida a minha mão. Fomos até a
cozinha. O balcão não era daqueles tradicionais próximo a uma parede, mas sim
no centro da cozinha.
— Senta-te. – Ele pediu calmo depois de puxar um banco. – Come um
pouco de choco com molho de alho, fiz enquanto dormias.
Provei e estava no ponto, eu gostava de vê-lo a cozinhar, a forma
dele pegar os ingredientes faziam-me lembrar dele na cama.
— O que vamos almoçar? – Questionei e dei outra garfada.
— Já vamos ver. – Ele disse e encheu uma taça com sangria branca. –
Bebe!
— Tu adoras mandar em mim, não adoras? – Questionei divertida.
— É para o teu bem. – Ele disse sério.
— Iiih! Parece que alguém está com um péssimo humor.
— Haverão dias em que não vou sorrir, Mila, mas não quer dizer que não
te amo.
Ele tirou amêijoas da geleira e em seguida começou a cortar os pauzinhos
de salsa. Derramou fios de azeite numa panela rasa de indução,
machucou alguns dentes de alho e com as mãos girou em torno do azeite.
— Massa com amêijoas? – Questionei com o sabor daquele choco na
minha boca.
— Sim.
— Posso ajudar com a massa? – Questionei e abandonei a cadeira.
Ele sofreu um acidente, ainda que goste de o ver a cozinhar para mim, ele
parecia cansado.
— Por favor, amor. – Ele acenou em concordância. – À moda italiana ou
brasileira? – Ele sorriu.
— Brasileira, porque vou acrescentar tomate. – Respondeu.
Eu adorava massa com amêijoas, o sabor da salsa e o cheiro do mar, era
incrível.
Será que ainda está irritado com a conversa que teve há uma hora?
167
— Sim, como eu te disse, nem tudo que faço é totalmente legal, mas o
Governador Penellas…
— Espera, Penellas Santana? – Interrompi-o. – Paulo, ele tem muitas
acusações.
— Eu sei.
— Sabes? – Perguntei e acabei por perder o apetite. – Como foste
envolver-te com essa gente?
— Mila, por favor. – Ele disse, foi até a cozinha e eu segui-o.
Quando entrei na cozinha, fui logo pegar um copo de sangria.
— Não me vais responder? – Perguntei à espera de uma resposta.
— Mila, não há nada que eu não possa resolver, só não quero a polícia atrás
de mim, quando souber como resolver eu digo, mas agora não. E eu não tenho
nada para fazer hoje na empresa, eu pago bem a Yara para substituir-me. Só não
vamos entrar numa briga por causa disso.
— Disso? Com um governador que tem a fama de corrupto?
— Mila, esse é o meu mundo, é o mundo dos negócios.
— Ok! Não questionarei mais nada. – Disse e levei a mão ao rosto.
Ele chegou perto e pegou firme a minha cintura.
— Calma, eu estou aqui, nada de mal vai acontecer.
— Eu só não quero ser uma inútil. — Disse triste e sentia-me descartável.
— Meu Deus, quem disse isso? Por favor. – Ele chegou perto e abraçou-
me. – Por favor, fica comigo, aqui em casa. Preciso de ti para pensar melhor. Eu
amo-te.
Aquilo não devia deixar-me calma, mas deixou-me.
Parecia que chegamos naquela altura da relação em que começamos a conhecer
os nossos parceiros a sério, aquela altura em que precisamos saber se vamos
continuar a enfrentar o mundo e rezar para a relação não afundar. Porque se a
ideia era fugir uma futura decepção, eu tinha de pular já desse barco.
Fugi daquele abraço e dei-lhe as costas. Ele chegou perto e beijou o meu
pescoço, quase que deixava cair o copo e soltei um pequeno gemido.
— Sabes, quando não tenho uma estratégia em mente e estou
no escritório, penso quando deslizo a minha pila dentro de ti e beijo os teus
lábios.
Fiquei com uma vontade de gozar e ser arrebatada, rasgada por ele. Senti
a minha cueca a pingar só de ouvi-lo a dizer aquilo.
— Estás pronta? – Questionou com a voz mais grossa e enfeitada pela
energia do seu desejo.
— Para? – Questionei como se não soubesse.
— Me fazeres gozar na tua boca depois de fodermos.
A minha boca encheu-se de água só de imaginar a pila dele dentro dela
com os meus lábios a deslizarem nele. Ele beijou-me e ficou mais prazeroso
quando senti as nossas línguas em sintonia. Eu passeava as minhas mãos nas
suas costas com a vontade de tê-lo dentro de mim a enfiar lento e
168
fundo. Não o deixei comandar, ajoelhei e baixei a calça pijama dele e meti-o logo
na boca quando saltou na minha cara.
— Ahhh... Mila... isso, chupa assim, eu quero deixar tudo na tua boca.
Ele enroscou os dedos no meu cabelo, elevou o seu rosto e começou a
gemer grosso, o que me mais dava vontade e prazer.
O seu órgão quente dentro da minha boca a roubar o meu ar era muito
tentador, fiz uma garganta funda e vi o meu Antiquando à procura de um
refúgio. Segurei firme a sua bunda, voltei a enfiar fundo e chupei, chupei
e chupei até ele gemer mais alto. Ele não era um homem de vergonha,
ele gostava de deixar claro de que estava a gostar e isso ajudava muito.
— Filho da puta. – Ele observou-me banhado de prazer. – Gosto quando
parece que a tua vida depende disso.
Ignorei-o, comecei a masturbar a sua pila com as mãos e usei também a
boca, sentia as suas veias na palma das minhas mãos. Mas eram os seus
gemidos, a respiração ofegante e a sua mão a ditar o ritmo que matava a minha
Deusa erótica.
Ele deixou tudo na minha boca e tive de estar preparada para não me
apanhar desprevenida na hora de engolir tudo e comecei a sugar, era a parte
que eu mais adorava porque ele ficava muito sensível ao ponto de procurar uma
parede para ter equilíbrio. Ajudou-me a levantar e beijou a minha boca com
prazer. Como se o seu beijo estivesse banhado com um forte agradecimento.
— Eu vou me desfazer daquele filho da puta do Penellas. – Ele disse como
se já tivesse tomado uma decisão.
Imaginei que aquilo não acabaria bem, era assim nos filmes
e acreditava que era assim na vida real.
169
— Não, mas eu acho que pode ser bom para a nossa empresa. A Chefe está
muito empolgada.
Ele olhou-me impassível.
— Está?
— Sim. – Olhei novamente para horas. – Preciso ir.
— Estás a fugir de mim? – Ele perguntou com um sorriso satisfatório.
170
de desviar o olhar dele. Era como se uma força sobrenatural me atraísse para
ele, era impossível não olhar para ele.
Ele abriu a boca e eu travei as suas palavras com um dedo entre os seus
lábios.
— Tenho saudades. – Mesmo assim ele disse e os seus olhos transmitiam
desejo.
— Tens? – Perguntei e ele sacudiu a cabeça bem devagarinho. – Vou
pensar nisso. – Tentei fazer-me de difícil.
— Eu não estou a pedir.
Senti um arrepio entre as minhas pernas e fez-me apoiar no balcão à
procura de equilíbrio.
— E achas que eu quero? – Investi.
— Oh Mila, Mila, Mila, sempre divertida.
Ele foi ao meu encontro e eu fiquei quieta sem saber em que mais investir
para irrita-lo.
— Tu queres foder-me? – Pela primeira vez sentia-me fodidamente um
Paulo Rodrigues.
Ele riu e passou a mão no meu cabelo.
— Sim, eu preciso fazer isso contigo, preciso muito. – Ele suplicou
divertidamente. – Já terminamos? – Ele questionou contra as minhas birras.
— Porquê? – Questionei com os lábios inquietos. – Só de lembrar da nossa
última vez, eu fico molhada.
Ele puxou-me e beijou-me sem mais nenhuma palavra. Entreguei-me no
seu doce beijo e segurei-me nele para não cair.
Ele envolveu-me nos seus braços e senti-me possuída.
— Vem. – Ele disse baixinho e grosso no meu ouvido.
Ele cheirou o meu cabelo e terminou no meu pescoço enquanto eu sentia a
sua respiração quente e as suas mãos a passearem pelo meu corpo.
— Vamos para o quarto. – Ele disse ao roçar o nariz em mim.
— Quero aqui, fode-me aqui. – Sussurrei.
Ganhei atitude e empurrei-lhe até a parede, puxei o seu lábio sobre o meu
e passei os dedos no seu rosto. Eu jurava que amava muito aquele homem, ele
merecia ter-me sem dúvidas.
Deliciosamente ele apertou forte o meu rabo e respirou com satisfação
sobre os meus lábios. Eu estava descontrolada e aceitava fazer qualquer
coisa sobre o efeito da sua sedução.
— Esperei o dia todo. – Ele disse sobre a minha boca, senti os seus lábios
movendo-se.
— Então tira a minha roupa, por favor. – Supliquei.
171
Ele tremia enquanto desabotoava cada botão da minha camisa,
eu conseguia sentir as saudades na sua pequena pressa. Ele deitou a camisa ao
chão e beijou seco os meus ombros subindo até ao pescoço.
— Minha vez. – Eu disse satisfeita com os seus lábios no meu corpo.
Tirei a sua T-shirt, beijei o seu peito cheiroso e a sua expressão
facial era divertida. Ele colocou-me de barriga para o balcão, abriu o meu sutiã
e invadiu as minhas costas com os seus lábios. Eu conseguia sentir o seu
pénis endurecendo sobre o meu rabo e isso foi como um despertador para
minha Deusa erótica. Ele trepou as minhas costas com uma palmadas no meu
rabo.
Ele virou-me, ofereceu um abraço sensual e deixou a ponta dos seus dedos
vaguearem pelas minhas costas enquanto a outra mão apertava o meu rabo.
— Tive tantas saudades. – Ele admitiu para minha alegria. – Sempre tão
doce. – Ele disse e lambeu o meu pescoço com uma mordida na minha bochecha
em seguida.
172
Ele mordeu o meu lábio inferior, puxou a minha saia para cima e baixou a
minha roupa interior. Deitados no chão da cozinha, um dos meus pés estava por
cima das suas costas enquanto ele beijava a minha barriga.
173
a sair e a entrar duro, eu choraminguei. Ele continuava e apertou os meus braços
deixando-me imóvel.
— Vais aprender a ouvir-me, Srta. Mila.
Ele fez mais três vezes.
— Amor. – Supliquei.
— Shiiuu.
Ele mandou-me calar com uma só palavra e investiu vezes sem conta no
castigo por eu não o ter ouvido da última vez. Respirei ofegante quando ele
parou. Tentei preparar-me para mais. Ele enfiou devagarinho e fez movimentos
lentos, enquanto sussurrava coisas no meu ouvido, eu estava num profundo
tesão que nem conseguia perceber praticamente o que ele dizia.
Era muito bom.
Pousou os dedos no meu clítoris e começou a masturbar-me enquanto
fodia-me, mas dessa vez com as costas sobre o chão.
— Vou fazer-te chegar ao clímax que nem as pernas vais sentir depois
disso.
Apenas gemi em resposta. Minutos depois, explodi com um grande grito,
empurrando-me contra o seu corpo. Ele levou-me ao colo até ao quarto e deitou-
me de costas na sua cama.
— Ainda não acabamos bebé, hoje és minha tal como nos outros
dias. – Disse e mordeu-me o lábio, em seguida dirigiu-se ao closet e tirou de lá
uma das suas gravatas.
— Já estás com ideias, amor. – Disse-lhe divertida e cansada.
Ele subiu em mim, amarrou-me os pulsos e lançou-me os braços para
cima.
— Quietinha, não movimentes os braços até eu soltar-te. Obedece! – Disse
com os olhos cheios de tesão.
Apenas assenti com a cabeça.
Deslizou as suas mãos ao quadril e subiu até aos seios. Apertou-os e
beijou-os delicadamente, abriu-me as pernas e entrou com os dedos na minha
vagina.
— Quente e molhadinha.
— Não tem como não estar, contigo assim. O meu corpo reconhece o seu
dono. – Sussurrei entre gemidos.
Enquanto brincava no meu interior, o polegar fazia movimentos no
clítoris, eu apenas me contorcia e morria de vontade de cravar as unhas na sua
pele. Retirou os dedos e começou a esfregar o seu pénis na minha entrada.
— Penetra-me, preciso sentir-te. – Murmurei.
— Calma, aprecia cada toque.
Continuou a roçar na entrada e depois de tanta tortura, penetrou-me
lentamente. Senti cada centímetro da minha vagina a ser preenchida, enquanto
ele passava a mão pelo meu cabelo.
174
Fez-me um chupão no pescoço e penetrava-me lentamente, arqueei-me
toda, ele puxou-me o cabelo com força e começou com as suas remadas rápidas.
Era um misto de sensações, não dava para descrever o tesão que eu
tinha por esse homem. Ele conhecia o meu corpo tão bem que conseguia
satisfazê-lo por completo.
— Sou teu e de mais ninguém. Ninguém vai te tirar esse direito. – Disse
bem perto do meu ouvido e começou a gemer ao ritmo das suas fortes remadas.
E eu gemia em resposta.
— Geme minha Mila...
— Paulo, preciso tocar-te. – Disse entre gemidos.
— Calma, está quase. Merda sabes tão bem. – Ele ignorou a ideia de
soltar-me.
Comecei a contrair e descontrair a vagina várias vezes, apertando o seu
pénis. Me vim deliciosamente com ele dentro de mim, ficando ainda mais sem
forças.
— Mila... Porra, sabes que não me aguento desse jeito. – Começou a remar
ainda mais rápido alcançando o famoso ponto G. Desatou-me os pulsos e eu
cravei as unhas na sua cintura, ele abriu-me as pernas na tentativa de as prender
no alto.
— Abre os olhos, quero olhar para ti enquanto atinjo, porra!
O Paulo atingiu dentro de mim, gemendo freneticamente. Senti os seus
jatos de semém escorrendo dentro de mim. Ainda com o seu pénis dentro, deu-
me um beijo molhado e sussurrou-me entre os lábios.
— PERDIÇÃO.
O seu olhar cruzou o meu. Os seus olhos escuros combinavam
perfeitamente com o meio escuro do quarto e o seu cheiro suave
dava racionalização a minha mente. Notei as marcas no meu pulso, enquanto
ele me fazia carinho.
— Não sinto dores, não te preocupes. – Tentei disfarçar.
— Sério?
— Sim, eu ficaria amarrada a noite toda contigo. É uma ideia engraçada
mas...
— Não é uma questão de dor, há momentos em que me perco durante o
sexo, então, se não estiver confortável, tens de dizer-me.
O Paulo dava-me vida. Ele amarrou novamente o meu pulso esquerdo sem
muita força e eu fiz o mesmo sorrindo. Estávamos os dois amarrados. Era
divertida a forma dele dar vida aos meus pensamentos bobos, me sentia bem
com isso. Tinha a cabeça no seu peito e sentia que o sono seria daqueles de
esquecer os problemas. Ou seja, sem pesadelos.
— Confortável? – Ele questionou. Abracei-lhe como resposta, cheia de
sono.
175
Eram 7 horas, o Paulo estava na cozinha sem camisa, apenas com o
mesmo calção.
— Tão cedo? – Ele questionou para a minha frustração. Queria dar-lhe
aqueles abraços de bom dia como nos cinemas.
— Como? – Atirei chateada. – Como notaste a minha presença?
— Minha casa amor. Vem cá. – Mesmo contrariada beijei as suas costas e
encostei no balcão.
— Meu Deus, que fome! Vai demorar muito?
Ele riu.
— Querida são apenas tostas mistas, a tua salada de frutas está bem aí. –
Ele disse e apontou para mim. – Falta o teu sumo natural de maracujá.
Beijei os seus lábios e fui ao encontro da minha salada.
— É tão bom ser chefe. – Atirei depois da primeira colher. Ele riu.
O Paulo era muito sério na sua vida familiar ou profissional, mas comigo
ele mostrava o seu lado divertido.
— Como vai o trabalho?
— Melhor do que trabalhar com um Paulo Rodrigues. – Respondi e ele
franziu o topo do rosto.
— Sou assim tão péssimo?
— Pior é que não. És tão mandão. – Disse e levei algumas fatias de manga
a boca.
Ele riu novamente. Ele estava muito sorridente. Bom, muito bom.
— Há progressos?
— Temos uma reunião com um investidor. – Dei-lhe a boa notícia.
— Investidor? Que bom, que bom. Puxei um relatório sobre a vossa
empresa e não é nada mal, sempre conseguiu agradar os investidores.
176
para ter-te por completo. As suas palavras transmitiram-me segurança. Ele não
deixava de ter razão. – E preciso falar com a Yara, ela é a minha advogada.
— É sobre o Penellas?
— Sim, e não só. – Ele respondeu tenso.
Bem, na verdade ele ficava sempre assim quando eu tocasse no assunto do
governador e da Sr.ª polícia.
Sacudi a cabeça confirmando. Ele tirou a salada do meu alcance e
ofereceu-me uma tosta mista.
— Por favor. – Ele pediu educadamente.
— Sempre foste assim?
— Como?
— Educado.
— Sou?
— Muito. – Respondi. – Como consegues? Ser tão paciente comigo?
— Amar-te é suficiente? – Balancei-me de um lado para o outro dizendo
que quero mais.
— Preciso entender.
— Se eu não for, quem será? – Ele questionou. – Leva isso à boca, querida.
– Ordenou. Sorri e levei a tosta à boca. – Não é esforço nenhum. E sinto-me
satisfeito com o que recebo em troca. – Ele atirou e levou a sua tosta à boca.
— Amo-te.
— Amo-te igual, maracujá. – Ele atirou mais uma vez divertido.
177
Capítulo 15
Era o dia da ''suposta'' grande reunião. Olhei para o meu rosto no espelho
de uma das casas de banho da empresa e notei uma grande diferença. O meu
brilho, o meu sorriso e o meu chupão no pescoço transmitiam fé de que
tudo correria bem, mas o que deixava-me feliz era saber que a minha irmã
estava em Luanda e podia finalmente apresentá-la ao Paulo de uma boa forma.
Céus, a minha vida ia tão bem que não dava para acreditar.
Calma!
Paulo? Yara?
Sério?
Mas o que eles fazem aqui?
Ele é o investidor?
O que ele está a fazer?
Para piorar ele preencheu o lugar próximo ao Thomson com tantos outros
vagos. A Yara atirou-me um cumprimento carinhoso e eu ofereci-lhe o meu
melhor sorriso, mas continuei sem saber o que o Paulo queria e isso
dava comigo em doida. Depois de cruzados os nossos olhares, fiz uma pequena
leitura dos seus lábios.
— Olá! Meu doce.
— Liudmilla, Liudmilla, Liudmilla!
Acordei depois do chamado da Dr.ª Soraya.
— Sim, desculpem-me! – Olhei para ele que sorria. – Tu me pagas, Paulo.
- Sussurrei irritada.
A vergonha surgiu como uma inimiga, todos estavam sentados menos a
tola da Mila. Ocupei o meu lugar à esquerda da Chefe.
178
Enquanto a minha mente implorava por concentração, preenchi os meus
pensamentos com positivismo, porém ele não aparecia. Provavelmente tinha
deixado no espelho da casa de banho há uns minutos.
— Dr.ª Yara, Sr. Paulo Rodrigues. – Começou a Boss. – Quero agradecer
a vossa presença, é um privilégio. – Ela disse e soltou um sorriso profissional.
Thomson olhou-me desconfiado depois de ouvir o nome do Paulo.
— O prazer é nosso, tem uma agradável empresa, Dr.ª Soraya. – Ele
elogiou.
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Surpresa e sem palavras.
Falar de negócios com o Paulo não era desejo de qualquer um.
— Me desculpe. – Foi a única coisa que eu consegui dizer e ele sorriu.
Cão!
Sabes que odeio isso. Vais ficar semanas sem sexo!
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Fitei-o mais uma vez e franzi a testa, mas permaneci sentada sem escrever
os últimos acontecimentos, sem conseguir entender a súbita viragem
dos mesmos. Olhei para a minha chefe que estava intrigada juntamente com o
Thomson. Todos levantavam-se e eu tentei fazer o mesmo de uma forma
digna, tentei manter o equilíbrio na minha inocente mente.
Senti um toque leve no meu ombro em seguida.
— Querida. – Era a Dr.ª Soraya e eu já adivinhava o assunto. – Ele é o...?
– Antes dela tentar adivinhar eu assenti. – Homens como ele estão em via de
extinção. – Ela descreveu o Paulo como se lhe fizesse lembrar alguém. – Ele vem
aí. – Acrescentou. — Boa sorte!
Eu senti os seus maravilhosos dedos preenchendo uma parte do meu rabo.
A Boss ficou pasmada com a atitude dele, esse cão não tinha nada de
Antiquado. Virei-me e ele beijou suavemente a minha testa.
— A senhora pode dar-nos alguns minutos, por favor? – Ele pediu.
— Claro, meu provável sócio.
O Paulo riu-se e segundos depois virou as atenções para mim.
— Comeste alguma coisa? – Questionou com os seus dedos no meu rosto.
Balancei a cabeça em negação, ainda sem palavras e corada, pois o que
não faltava era gente na sala e o Paulo devia saber que isso não era muito
profissional, mas isso não lhe importava.
— Vais brigar comigo?
— Não tenho motivos? – Questionei sobre a sua questão.
— Vais terminar a licenciatura. Porquê não confiar em ti?
— Está bem.
— Por favor, vamos falar sobre isso em casa.
— Mas eu preciso sair, espairecer... Há muito que não saímos os dois,
juntinhos. – Eu tinha algo em mente, ele iria se arrepender.
— Está bem, Mila, o irmão de Miguel vai substituí-lo a curto prazo. Às 18h
ele estará aqui.
— Está bem amor.
Ele beijou-me novamente no mesmo lugar e os nervos acalmaram-se.
— Vejo-te mais tarde.
Assenti com a cabeça num gesto lento e calmo.
A Yara despediu-se de mim e seguiram caminho para fora da sala.
— Ele é teu namorado? – Duas jovens questionaram-me com um certo
brilho nos olhos e eu revirei discretamente os olhos para o circo que começaria.
Eu as tinha visto no campo administrativo da empresa, na recepção ou
algo assim.
— É sim. – Respondi com um leve sorriso.
181
— Parabéns.
— Eh! Parabéns. – A outra acrescentou.
— Obrigada, agora preciso ir. – Disse com o mesmo sorriso.
No decorrer do meu expediente notei que algumas colegas cochichavam
entre si algo que supostamente tinha a ver com o que aconteceu na reunião.
182
— Sim. – Plantei um beijinho nos seus lábios.
— E não avisas?
— Bem, parece que somos um casal que não avisa, eu tenho seguranças
e não sei, vou representar-te numa grande empresa e não sabia.
Ele sorriu e aproximou-se.
— Então tu aceitas? – Perguntou com um sorriso malicioso. E isso irritou-
me, em que século ele estava que não percebeu que isso foi “um
desafio?” – Pensaste em mim o dia todo?
— Eu penso em ti o dia todo, Paulo!
— Uiiii. – Ouvimos o Edy na sala!
— Tem pessoas? – O Paulo questionou mais surpreso do que já estava.
— Sim, vem...
Quando entramos, não foi como eu deixei tudo planejado na minha
cabeça, não era o começo perfeito. Eu queria deixá-lo irritado pelo facto de não
ter avisado sobre tudo isso, assim como ele fez na reunião. Mas estávamos a
falar do Paulo, e era claro que quem ficou intimidado com tantas pessoas
estranhas não foi ele, mas sim o pessoal.
— Boa noite a todos, lamento estar tão formal. – Ele disse firme e todos
responderam, menos a minha irmã.
O Edy, atrevido que é, levantou-se e apresentou-se sem eu
mesma começar.
— Olá! Eu sou o Edy, não precisas dizer o nome, a maluca aqui não pára
de falar sobre ti. – Disse com um sorriso para o Paulo sentir-se à vontade.
Ele só apertou a mão do Edy e não entendeu que devia sorrir também.
Bem, quem queria enganar? Desde quando ele não estava à vontade?
A Díria e o meu cunhado levantaram-se e ofereceram a mão ao Paulo,
mas a Díria estava com uma cara de poucos amigos, o que eu não
estava mesmo a perceber. Ela não era assim! Mas, por outro lado, o meu doce
cunhado disse algo agradável depois de dizer o seu nome.
— Bom conhecer-te pessoalmente e fico feliz em saber que a minha
cunhada está feliz.
O Paulo soltou um pequeno sorriso, voltou a oferecer a mão ao meu
cunhado e agradeceu.
Quando sentamos à mesa para o jantar, eu segui a minha irmã até a
cozinha para pegar as bebidas.
— Mana, aconteceu alguma coisa? – Perguntei preocupada.
— Não! Vamos lá agradar o teu namorado, espero que seja uma pessoa
simples para o nosso jantar da banda.
183
— Oh! Mana... – Antes de eu terminar, ela passou com a fúmbua.
Aquilo fez-me até esquecer a minha insignificante vingança.
184
— Dá um tempo a ela, sabes que ela te ama e vai sempre desconfiar de
qualquer pessoa. – Disse. – Sabes que nem em Luanda ela quer ver-te, ela sente
que deve proteger-te de tudo, julga que ainda és uma criança. E não só, tu sabes
a tragédia entre ti e o Délcio. – Fez uma pausa. – Eu vou ajudar-te. – Piscou. –
Feliz noite! – Ele desejou e beijou a minha testa.
Ofereci um sorriso de agradecimento pelas últimas palavras. Mas só de
ouvir essa versão, talvez ela precisasse disso, conviver mais com o
Antiquado. Também fez-me pensar em como contar sobre o Délcio ao
Paulo. Meu Deus...
— Tu não pareces tão feliz. – Ele disse e aproximou-se.
Segurou o meu rosto como se estivesse a estudá-lo e no final plantou
um longo beijo na minha testa e em seguida nos meus lábios. Isso fez-me
acordar um pouco as veias da minha felicidade. Quando os nossos olhos
encontraram-se, lembrei-me do primeiro dia que o vi e fiquei perdida no
mistério e no perigo que os seus olhos escuros guardavam.
Eu amava-o e não era mais um na minha vida. Estava disposta a aceitá-lo
fosse como fosse.
— Eu amo-te, Mila! Sinto que a minha energia positiva depende de ti, eu
penso em ti todos os dias.
Quando ele terminou, abracei forte o seu corpo, estava com medo, medo
do pior, sei lá!
Apoiada nele, tentei relaxar, aproveitar o momento, saborear o raro prazer
de ouvi-lo a dizer coisas bonitas. Gostava de vê-lo assim vulnerável, fazia-
me sempre lembrar que dentro de todo o seu mistério, que parecia não ter medo
de nada como o Batman, não passava de um ser que também sentia dores.
Apertei ainda mais forte o corpo dele.
Mas, em seguida lembrei-me daquilo que a minha irmã disse e
infelizmente lembrei-me de quando estávamos mal. Sinceramente, fiquei de
rastos. Acreditava mesmo que estava tudo acabado entre nós, porra, eu
amava aquele cão.
— Eu tenho medo. – Libertei as minhas palavras.
Ele soltou-me e voltou a investigar o meu rosto.
— Ninguém nunca te fará mal, eu prometo. Ninguém, Mila, ninguém. –
Suspirei.
— Paulo, é tudo tão rápido, será que somos um casal normal? Nós
resolvemos as coisas com sexo.
— O que tem de errado? Existem casais felizes em fotos na internet, mas
na realidade tudo está uma merda. Quando estou irritado, eu quero acabar-
me contigo na cama e a mesma coisa quando estou feliz, que mal tem?
Mesmo triste soltei um sorriso, porque essa era a nossa relação e
eu amava.
— Quanto à reunião? — Troquei de assunto para que ele percebesse que
mulher é um bicho.
185
— Foda-se, Mila, não digas asneiras! Eu conheço-te e fui teu "tutor" em
alguns trabalhos da universidade. – Fez sinal de vírgulas altas com os dedos e
prosseguiu. – Sei que tens potencial para isso, e nada melhor que esta
oportunidade para lançar-te antes mesmo de teres findado a tua formação.
— Sei. – Suspirei cabisbaixa. – Epah, isto tudo está a ir depressa demais e
não quero lixar as coisas. Quero dar passos por mim mesma, sabes? – Voltei a
olhar para ele. – Devias ter me consultado.
Ele segurou a minha mão para sentarmos.
— Para quê? És mais cabeça dura que eu e sabia que não concordarias, por
isso...
— Não quero que as pessoas digam que ela subiu na vida porque o namor...
— Hey! nem termines essa frase, as pessoas vão sempre dizer e a opinião
delas não me importa... E está encerrado o assunto! – Ergueu-se e deu-me um
beijo.
186
O Thomson aproximou-se e cumprimentou a minha irmã com um beijo
na face e ela retribuiu gentilmente.
— Não mudaste nada. – Disse o Thomson.
— Digo o mesmo. Como estás, rapaz? – Respondeu a minha irmã toda
sorridente.
— Óptimo. – Virou-se para mim e o Paulo.
O meu príncipe apertou a minha mão na sua fazendo ciúmes. Era
impossível o Thompson alcançar o meu rosto para o tradicional dois beijos.
— Mila! – Disse com um sorriso e fiz o mesmo depois de pronunciar o seu
nome também.
Aproveitou e estendeu a mão para o Paulo. Este apertou firme sem um
sorriso e sem franzir a cara como ele adorava.
— Amor, este é o Thomson, quase que namorava com a Mila. – Ela disse
para o meu cunhado aquilo que vi como a merda toda.
Chega, basta, porra, o meu namorado está aqui. O Paulo soltou um
sorriso de forma a entender o plano da minha irmã para irritá-lo.
— Vamos esperar a Díria no carro. – Disse ele depois de largar a mão do
Thomson.
— Não, na verdade eu já não tenho cabeça para essa saída, a cabeça não
pára de doer. – Disse irritada com o lado infantil dela.
Mas ela pouco se importou e continuou a falar com o Thomson.
— Cunhada, eu já disse, ignora e além disso, a irmã do teu namorado vai.
Lembrei-me o quanto eu pedi para convencer a Yara para que também
fosse. Sim, ele tinha razão, eu iria sim!
Olhei para o Paulo que estava calmo, limpo e cheiroso porque não entrou
na lama que ela tentou criar como um campo de batalha.
Segurou firme o meu rosto, plantou beijos nos meus lábios e disse
baixinho.
— Vamos, o meu psicólogo disse que isso acontece entre os casais normais.
– Sorrimos.
Sorrimos porque faziam alguns dias que falamos sobre casais normais,
mas eu continuava irritada.
No restaurante a conversa foi agradável e a Yadíria comportou-se. A Yara
estava linda com o cabelo preso. A conversa foi agradável e o Paulo
parecia muito feliz, principalmente quando eu sorrisse.
Olhei para o ele, que estava a conversar com o meu cunhado. A sua calça
jeans, T-shirt lisa e toda preta, de alguma forma criaram um visual incrível, dava
uma vontade de agarrá-lo na hora.
Enquanto decorria a conversa na nossa mesa, o Paulo olhou para o meu
prato e para o meu rosto.
— Come, Mila! – Ele disse leve e autoritário.
— Ainda bem que ele é todo teu. – A Yara disse e rimos. Talvez porque ela
e eu tínhamos a certeza de que ele era um mandão de primeira.
187
Não pensei duas vezes e comecei a comer novamente.
— As mulheres não entendem que é uma preocupação nossa, nós
queremos sempre ver-vos com saúde. — O meu cunhado explicou algo
importante. Mas o Paulo nunca explicaria isso.
O Antiquado era o tipo de homem de poucas explicações, ele julgava que
o facto de me amar era o suficiente para obrigar-me a fazer algumas coisas boas
que eu não conseguia ver. Ou seja, o seu amor era a explicação.
Depois de terminarmos, eu segui para casa de banho e a Yara fez o
mesmo.
— Oi. — Ela cumprimentou feliz.
— Oi! — Retribuí com um sorriso.
— O que tens? Estás bem diferente! — Ela constatou enquanto secávamos
as mãos.
— Uff!!! Sabes, isso é meio vergonhoso, podes não contar ao Paulo?
— Claro, claro! Tem como eu ajudar, Mila? — Ela disse e aproximou-
se com um ar de preocupação.
— Na verdade não! O problema é a minha irmã, ela não foi com a cara do
Paulo.
— Ah! Mila, isso acontece, um exemplo vivo sou eu! Pior ainda, sou mulata
e sabes como é a nossa sociedade. – Disse na ironia. – Há uma tia do meu
marido que não me suportava, mas quando descobriu que eu tinha alguns
“privilégios” financeiros? Rhum! Embora não seja o caso da tua irmã. — Ela
disse e segurou a minha mão. — Esquece isso, o Paulo nem vai fazer uma
tempestade. – Olhou para mim com ternura. – O que eu quero dizer é que
deves ter paciência, tal como ele, por favor, por favor mesmo, Mila!
— Mas porque motivo? – Perguntei.
— Bem, eu sei que já notaste que ele não é o comum dos homens. Mas
entende, nós passamos por muito e ele hoje não tem em quem confiar. Ele ama-
te!
Ela disse e eu ofereci-lhe um sorriso.
— Ele disse-te que tem problemas com o nosso pai? — Ela questionou e eu
neguei com a cabeça. – Eu tenho a certeza que ele vai contar tudo! Mas quero
que saibas que o Paulo é o tipo de pessoa que procura carregar sozinho os seus
problemas e tem medo de perder quem ama por causa deles.
— Entendo, obrigada! — Eu apertei a sua mão.
— Agora vamos lá, temos de marcar uma saída só nossa! Tenho uma irmã!
– Ela disse com um largo sorriso.
Ofereceu-me um forte abraço e eu adorei.
Quando saímos da casa de banho, a agente da polícia, Rossana
Lopez, estava numa discussão com o Paulo e quando tentei saber o que se
passava a minha irmã puxou-me pelo braço e “arrastou-me” para fora do
restaurante. Só consegui ver a Yara a ser algemada, o marido da Yara furioso
com o Paulo que estava calmo e pedia para a Yara se acalmar.
188
Quando chegamos a casa, a minha irmã ligou para todos os familiares a
explicar o sucedido e repetia dentro do táxi privado que eles não passavam de
criminosos. Mas como poderia ela julga-lo sem saber de nada? Como?
Irritada com aquilo, o que era uma coisa boa, um jantar para unir todos,
acabou numa bela merda, filha da puta, como ele estava?
— Fica longe daquela família, Mila. Estás avisada, nós não podemos viver
o mesmo que aconteceu com o teu ex.
Ela disse e uma onda de culpa bate no meu coração, os meus olhos
ficaram molhados e a minha mente voltou para aquela época em que o meu
irmão morreu. Não, não, meu Deus, eu não era culpada.
Ela cerrou os dentes.
— Estás avisada. – Ela disse e eu olhei para o meu cunhado que estava com
um copo de Gin, com uma expressão de impotência.
Eu não queria responder, eu não queria lhe dar mais motivos para contar
aos nossos familiares, procurei ficar calma que nem o Paulo.
Em seguida o meu telemóvel tocou.
— É ele, não é? — Ela perguntou furiosa e eu ignorei-a.
— Lamento, meu doce! A Yara esqueceu-se de fazer alguns pagamentos
de impostos e ela queria isso, a Srta. Rossana quer manchar a minha
reputação e está irritada por não conseguir encontrar provas que me
incriminem. Eu lamento mesmo e a Yara também. – Explicou assim que
atendi.
— Está bem. Eu depois digo para ela que está tudo bem! – Respondi em
soluços.
Ele suspirou e o Antiquado parecia triste.
— Ok! Faz o que quiseres da tua vida. — A minha irmã disse, seguiu para
o quarto em seguida o meu cunhado fez o mesmo.
Procurei deitar-me no sofá com o pouco de forças que ainda tinha.
— Estou a caminho. — Ele disse, acreditava eu que ele sentia que eu
precisava da sua presença.
— Não, não Paulo, é melhor ficar sozinha.
— Mila!
— Por favor, por favor... Eu preciso. — Menti para ele.
Ele suspirou fundo e ouvi-o a bater em qualquer coisa, imaginei os seus
olhos a ferverem de raiva.
— Promete que não vais fazer merda nenhuma? – Tentei travar as
lágrimas com a palma minha mão antes de pedir.
— Gin, James Blunt e pensar em ti, vou fazer isso. Mas por favor, não
fiques triste. Amanhã eu falo com a tua irmã.
Quando ele disse as últimas palavras lembrei-me dela toda furiosa.
— Melhor noutra altura. – Aconselhei.
— Ok! Eu amo-te, não me interessa o resto.
— Tá bem.
189
Desliguei a chamada.
Quando olhei para garrafa, notei que já estava no fim. A vontade de ligar
e ouvir a voz dele era a única coisa a girar dentro da minha cabeça. Eu amava-
o muito.
190
Capítulo 16
191
Olhei para a sua mesa e vi um copo de Gin.
— Não é muito cedo? – Questionei.
— Já não aguentava ficar sem te ver. — Ele ignorou a minha questão.
Ele pediu-me para sentar numa das cadeiras e eu caí de joelho próximo às
minhas pernas. Eu conseguia olhá-lo perfeitamente e admirá-lo como meu.
— Mila, eu quero-te ocupada a pensar em mim sempre. – Ele disse, beijou
as minhas pernas e isso deu uma visão melhor do seu cabelo cheiroso. — És um
vicio que eu não preciso de ajuda para ultrapassar ou largar. – Disse
deliciosamente.
O meu coração leva até a minha mente os momentos lindos que já
vivemos.
Ele estava ajoelhado e o seu rosto na palma da minha mão.
— Eu amo-te tanto, Paulo! — Disse e senti uma energia a percorrer o meu
corpo.
Um funcionário abriu a porta, era um senhor.
— Desculpa Chefe!
O Paulo nem sequer levantou ou ficou envergonhado com a presença dele.
— Não te preocupes, eu pedi para entrar quando regressares. Cancele
tudo!
— Sim, Sr. Rodrigues.
Quando o senhor saiu, eu tive os olhos dele a oferecerem-me atenção
novamente.
— Eu tenho medo, Mila!
Pela primeira vez consegui ver isso nele. Medo de me perder? Senti um
pingo de satisfação.
— Eu só queria ficar sozinha, eu amo-te e estou aqui, a morrer de
saudades.
— Não é só isso. — Ele levantou-se e caminhou até a janela enorme e
eu fiz o mesmo.
— O que foi? — Questionei com as mãos nos seus ombros e ele
segurou forte a minha cintura.
— Tenho medo de ser igual ao meu pai, uma pessoa fria e que todos
detestam. A tua irmã detesta-me e sem a bênção dos teus pais, como vai
ser? Tenho pensado muito nisso ultimamente.
Quando ele disse pai, por mais triste que fosse o momento, fiquei feliz em
saber que eu poderia saber um segredo dele, saber algo da sua vida, ajudar a
matar um dos seus demónios.
Ele olhou para mim como alguém que já não tivesse nem um anjo da
guarda com tantos demónios que precisava enfrentar.
— Com a minha família daremos um jeito, mas o que aconteceu entre ti e
o teu pai?
Ele suspirou.
192
— Muitas coisas, o meu pai batia forte na minha mãe e eu via sempre isso!
Ele batia por que ela reclamava das chegadas tardias dele, batia quando eu fazia
merdas e dizia ser culpa dela, batia por que sim. — Abracei-o e senti um pouco
da sua dor. Imaginei-o tão pequeno a presenciar tudo aquilo. — Quando
completei 11 anos, eu enfrentei-o e ele mandou-me estudar no estrangeiro. Um
amigo disse-me que ele voltou a bater feio nela e quase tirava-lhe um olho. —
Quando ele disse isso, lembrei-me da primeira vez que vi a minha sogra e vi uma
cicatriz próximo às sobrancelhas.
— E por que ela não o deixa? – Perguntei e ele suspirou irritado.
— Tu sabes como são as mulheres africanas, acreditam que são a “Mulher
Maravilha”, que tudo aguentam e tudo suportam.
Ele tinha razão, lembrei-me que a tia Telma teve uma relação abusiva e
lembrei-me do Délcio também.
Ouvir tudo aquilo deixava-me de rastos e despedaçada, os olhos dele
ardiam de raiva, só faltavam as lágrimas.
— Podes chorar, amor. — Tentei encorajá-lo a deitar tudo fora.
— Já chorei muito quando era uma criança. – Suspirei e ofereci-lhe outro
abraço. – Tenho medo de ser igual a ele contigo, quando fodemos, por vezes me
perco na tesão e fico bruto, tenho medo de não ser um bom pai, saber... — Antes
dele terminar, interrompi-o.
— Tu és incrível, Paulo! Tu ajudas as pessoas, tu estás aí para os teus
irmãos. — Ele também interrompeu-me com um beijo.
Os meus lábios matavam as saudades ao saborear os dele até as nossas
línguas criarem uma sintonia maravilhosa.
— Não sabes o quanto eu tive saudades. — Eu disse.
— Não sabes o quanto és a minha terapia, eu sou obcecado por ti, tu
catalisas todos os meus demónios e atiras para fora.
— Paulo, eu também preciso contar algo do meu passado. — Disse, mas
lembrei-me que ele podia tentar fazer alguma coisa. — Mas por favor, promete
que não vais fazer nada? Ele é perigoso. — Eu disse assustada, ele franziu o rosto
e já nascia raiva nos seus olhos. – Quando eu era mais nova, o meu ex batia-me,
e quando ganhei coragem para terminar, ele me... uff... ele violou-me. – O Paulo
soltou-me e tirou a gravata. — As minhas amigas diziam que eram aquelas
despedidas de ex-namorados e eu tentei aceitar isso, mas não parava de sonhar
com... com aquilo, com ele a... — Eu disse e comecei a chorar só de lembrar no
pior, em seguida senti-me dentro do abraço do Paulo.
— A culpa não é tua, amor, como ele se chama? — Fingi não ouvir.
— E quando o meu irmão mais novo descobriu, foi tirar satisfações e...
arrrggg! – Comecei a chorar forte. – Ele matou-o... Paulo... Ele matou o meu
único irmão... Por minha culpa. E nunca conseguimos provar nada. — Ele
apertou-me forte e eu senti a raiva em todo o seu corpo.
— MILA, como ele se chama?
— Não, ele é...
193
— MILA!
— Délcio... Délcio Contreiras.
Eu disse e ele pediu mais referências, em seguida ele tirou o telemóvel do
bolso e fez uma chamada.
— Alô! Miguel? Sim, Délcio Contreiras, natural de Malange, ok! –
Desligou. – Ele vai pagar por isso... — Ele abraçou-me mais forte. – Vamos! –
Ele disse e antes que eu perguntasse… - Já vais saber. Tenta avisar a Telma!
Durante o caminho para abandonar a empresa dele, ele ligou para a sua
irmã.
— Alô! Yara, vou tirar uns dias de descanso, ainda tens o número de alguns
administradores de Benguela? Ótimo, e do Governador de Luanda? Ok! Diz que
vou precisar do helicóptero dele e faz-lhe lembrar que deve-me um grande
favor.
A viagem de helicóptero de uma fazenda nos arredores de Viana até a
província de Benguela foi assustadora, mas o Paulo tentou sempre manter-
me calma. Chegamos à noitinha e o Paulo pediu a permissão a um
administrador para ocupar uma zona a beira-mar com aquelas tendas enormes
e românticas. Depois de tanto chorar de tristeza, os meus olhos choravam de
alegria, depois daquilo com a minha irmã e a revelação de alguns segredos
nossos, eu precisava daquilo. Eu, na verdade, merecia aquele momento, eu só
queria abrir as pernas, sentir tudo que ele tinha no corpo que podia dar-me
prazer e dormir de um jeito que eu já não me lembrava nas últimas
madrugadas.
Depois de comermos massa com cogumelos e tiras de chocos ao alho à
beira-mar, sentir a água a bater nos meus pés, apreciar aquele momento incrível
e tudo o que ele preparou só para deixar-me feliz. Nós decidimos entrar e a
empresa que preparava tudo arrumaram as coisas.
— Meu Deus! Depois de tudo que já passei, encontrar-te foi mais do aquilo
que sempre rezei. – Eu disse toda sem jeito.
— Tu és a melhor parte do meu dia, Mila! Não suporto tanto tempo
distante de ti.
— Digamos, que o vinho deixou-me a arder.
Ele sorriu malicioso e na verdade não era o vinho, era muito tempo sem
sentir o Paulinho a separar os meus lábios vaginais. Beijei os seus lábios
e soltamo-nos ofegantes.
— Fode-me, por favor. — Disse com os lábios colados aos dele.
— Desde quando precisas pedir, é meu dever, baby!
194
Ele quase esmagava a minha cabeça na almofada e enfiava duro num
ritmo de pouca dor e mais prazer. Quando ele decidiu tirar a mão da minha
boca, eu sorri satisfeita com o que ele estava a fazer. Ele apertou forte o meu
pescoço e enfiou-o. Eu gemi e ele saltou para fora de mim, em seguida para fora
da cama.
— O que foi amor? – Questionei surpresa e fui ao seu encontro.
Ele respirava de forma ofegante.
— Não consigo tirar tudo da minha cabeça, eu sinto que estou a magoar-
te.
Segurei o seu rosto e beijei o seu peito.
— Amor, a ti eu entrego-me e não há nada mais satisfeito. Eu gosto, e no
final, tu ofereces-me todo o carinho do mundo. – Senti a sua respiração a voltar
ao normal. – Vem! – Segurei a sua mão para continuarmos. Deitei-me e abri as
minhas pernas ao máximo. – Quero que me comas bem lento, nada de pressa
hoje, quero sentir-te, quero descrever o momento sem perder nada na minha
memória.
Ele obedeceu-me e senti a sua pila a preencher tudo, eu podia contar cada
sentimento e apertei forte os lençóis quando ele enfiou tudo. As minhas unhas
cravaram em qualquer coisa que dava quando ele enfiava lento e fundo.
— Isso, isso Paulo, sem pressa! – Eu estava a ensina-lo a conter a sua raiva
embora sentia um pouco quando enfiava bem fundo.
Ele segurou firme o meu pescoço e fazia um incrível jogo de cintura
enquanto beijava a minha boca bem lentinho.
Ele dentro de mim era sempre incrível, eu sentia a sua força, o seu amor, a
sua paixão, o seu desejo e deixava tudo bem claro que eu era a sua dona.
Demonstrava sem vergonha. A delícia era ver aquele homem com raiva
a preencher-me toda e a minha vontade de gozar na pila dele com a respiração
ofegante e os nomes sujos no meu ouvido deram luz a esse desejo. Quando gozei,
cravei as minhas unhas nas costas dele e mordi forte o seu ombro.
Ele depois começou a enfiar forte, o Paulo Rodrigues estava de volta,
firme, com a sua pila mais dura a oferecer-me um misto de dor e prazer. Em
seguida forrou a minha pombinha com o seu líquido quente e vi-o a delirar.
— Desgraçado. — Procurei alcançar a sua boca, beijamo-nos com
satisfação e agradecimento pelo prazer oferecido um ao outro.
Abandonamos a tenda e fomos dar um lindo passeio à beira-mar.
Vesti a cueca e uma camisa azul marinho dele, que enrolei apenas três
vezes.
— Acho que estou no paraíso, não sabia que o nosso país era assim tão
lindo. – Disse quando notei a água tão limpa e tudo sem lixo como algumas
praias em Luanda. Era bom saber que nós jovens agora nos importávamos com
o meio ambiente.
195
Ele parou, largou a minha mão e segurou as minhas bochechas, com
aquele olhar que ele usava para dizer que me amava, preencheu o rosto com a
barba não feita.
— Nunca vamos voltar aqui, é isso que vai tornar isso especial. Então, não
precisas saber o nome. – Ele disse e beijou a minha boca. – Amo-te,
Mila. – Sorri quando ele disse as últimas palavras.
— Eu já sabia. – Disse e sorri novamente. – Estou a conhecer tão bem o
Sr. Rodrigues.
Ele sorriu e beijou o centro da minha testa.
— Tu és o meu vício, eu seria capaz de matar por ti. — Ele disse e senti um
arrepio só de imaginar o que ele faria se encontrasse o Délcio.
– A lua está incrível, não está? — Disse para ele.
— Não sei, eu não sou tão apreciador dessas coisas, eu prefiro-te a ti.
Sorri corada.
– Pára, oh!
— Sério, eu prefiro as tuas pernas compridas, esse teu rostinho. — Disse e
puxou-me mais perto. — Esse teu rostinho de anjo, não entendo como a minha
pila nunca tem piedade de ti. – Eu ri-me.
— Como consegues sair do romântico para o safado num estalar de
dedos?
— Eu acho que vamos foder aqui! — Ele disse e engoli um seco.
— Aqui? — Eu disse e olhei para os funcionários que olhavam-nos.
— Sim!
— Paulo, tem pessoas aí!
— Importante és tu.
— Pára oh! – Disse e bati no ombro dele. – Amor, como foi o início no
mundo dos negócios? – Tentei aproveitar para saber mais.
— Difícil, muitos pensam que tive ajuda do meu pai porque ele tem alguma
coisa. Mas não! Eu falhei muito, depois descobri que os primeiros degraus são a
paciência, calma, inteligência não só académica e conhecer as pessoas certas.
Mas eu devo muito a Yara, ela é até hoje um degrau importante.
— Qual foi a tua maior realização?
— Quando entraste na minha sala. – Sorri da sua brincadeira.
— Eu estou a falar a sério!
— Pareço o tipo de homem que brinca? – Ele disse ao observar-me.
— Não... Mas...
— És um negócio que estou disposto a pagar todas as ações.
— Tu és o dono...
— Tu és a dona...
Beijei o peito dele e senti o seu cheiro maravilhoso.
— O que achaste da Yara? — Ele questionou e aquela imagem dela
ser detida pela Rossana Lopez invadiu a minha mente.
— Gostei dela, muito carinhosa comigo e sempre sorridente.
196
— Ela nem sempre foi assim, a Yara só lidava comigo e mais ninguém. —
Ele disse e suspirou como se estivesse a lembrar de algo ruim.
Apenas abracei-o e olhei para o mar que acarretava uma brisa
maravilhosa. Será que o Paraíso não estava espalhado pela Terra?
197
Nunca me senti tão embriagada de amor. Não via a hora de apresentá-lo
aos meus pais, era tão bom saber que ele também queria. Decidi deixar de blá
blá blá e procurei saber como venderíamos aqueles sapatos, decidi então
pesquisar na internet e procurei também estar a par de coisas ligadas a empresa
que eu não sabia, queria orgulhar o meu Leão.
Leão?
198
— Acho que devíamos estar bem uma com a outra, já que vamos ver-
nos muitas vezes.
— Jesus! – Exclamei de forma audível. – Por favor, preciso trabalhar.
Desejo-te um lindo dia, ok?
Desliguei a chamada e apertei com força o meu telemóvel, descarregando
toda raiva nele.
Em seguida concordei comigo que precisava de uma boa quantidade de
chocolate. Peguei na minha bolsa e apressei-me para pegar o elevador.
199
Antes de respondê-la o meu telemóvel vibrou dentro da bolsa e era o
Paulo.
— Falando nele... – Rimos as duas e atendi.
— Mila. – Chamou-me.
— Mila porquê? Estás com quem? – Atendi enciumada e a Horácia soltou
gargalhadas nada audíveis. – Amor, chefe, bebé, minha namorada! Diz quero
ouvir. – Murmurei mimosa e ele riu.
— Estou no meio de uma reunião, minha futura esposa. – Fiquei corada
só de ouvi-lo a dizer aquilo e, melhor ainda em saber que deixou a reunião de
lado só para ligar. – E por favor come, agora não precisas de trabalhar
tanto. – Ele terminou.
— Está bem amor. – Respondi-lhe feliz.
— Ligo depois! Eu amo-te, Mila.
— Amo igual amor! Beijo. – Ele desligou.
— Dá inveja, ya! – Disse a Horácia.
— Já não preciso de chocolate, o meu amor já mudou o meu dia.
Rimos em simultâneo como loucas.
Nos aproximamos e a porta do restaurante abriu.
— Mas conta aí, ele não tem um irmão? – Perguntou e bateu no meu
ombro.
— Tem sim, mas acreditas que tenho poucas relações com a sua família?
— É normal, não? – Disse enquanto seguíamos para alcançar uma mesa.
— Não sei, acho que sim. Ele por vezes parece muito fechado e... Sei lá!
Não gosto disso, parece que a Sofia é mais ligada a eles e isso tira-me os créditos
todos.
— Sofia. – Revirou os olhos. – És feliz, isso vê-se nos teus olhos.
Sentia falta mesmo de uma boa conversa entre mulheres. Era bom receber
bons conselhos.
— Mas não tenho muito o que reclamar, talvez ele tenha os seus motivos.
— Isso mesmo... Vem, vamos comer que eu tenho umas novidades. Que
tal Linguini de Lagosta para lembrar os velhos tempos?
— Nem mais!
Foram grandes momentos de fofocas e muitas gargalhas para animar o
meu dia, só faltava um bom sexo com o meu misterioso amor para ver
unicórnios. Terminamos o almoço e voltei para o escritório, de volta ao
trabalho. Nunca tive uma hora do almoço tão divertida e eu pensava que aquela
cabra estragou o meu dia.
Peguei no telemóvel e mandei uma mensagem ao Paulo.
200
De: Paulo Rodrigues
Acredito que não, às 16h o Audi vai estar aí. Já orientei o Miguel. Assim,
podes sair sozinha.
Ele parece estranho. Sinto na sua voz.
201
Meu Deus! Ela deve estar preocupada! Merda, não imagino o Paulo.
202
Depois daquela noite horrível, tinha problemas em dormir sozinha. Foi
apenas um simples barulho que me fez acordar e pensar que o Délcio estava em
qualquer lado.
Procurei o telemóvel desorientada e ensonada. Notei que só
passaram duas horas desde que cheguei. Pela falta de energia no edifício, decidi
pedir asilo à tia. Dei três toques na sua porta.
— A porta está aberta. – Entrei e notei que ela também estava acordada.
Papéis na sua cama e duas lanternas.
— Não consigo dormir. Preciso de asilo! – Disse com mimo estampado no
meu rosto.
— Vem cá bebé. – Ela abriu os seus braços e corri desajeitada até a sua
cama.
— O que estás a fazer acordada Telminha?
— Já terminei. Amanhã tenho uns assuntos para tratar.
— Está bem... Não vou incomodar nada!
Rimos em simultâneo.
— Sei que não. – Ela disse com um lindo sorriso.
Ela tirou os papéis da cama e pediu-me para afogar-me no seu colo.
— O que aconteceu?
— Muita coisa, com aquilo que a Yadíria fez! – Fiz uma pausa. – Gostas do
Paulo?
— Claro que sim, a Yadiria é só precipitada.
Ela disse e fez um adorável cafuné. Eu sabia que ela queria saber o que
aconteceu hoje.
— Me descuidei tia, não estou tão feliz como pareço.
— Eu sei. – Ela disse. – O Paulo estava pior quando passou por
cá. Amanhã tenta falar com ele, está bem?
Balancei a cabeça imaginado o seu rosto de preocupado. O meu príncipe
devia estar tão furioso, era uma dor saber que ele provavelmente
não dormiria bem.
Em seguida ela beijou a minha testa.
203
Capítulo 17
Passava um pouco das oito da manhã quando deixei a cama da tia, ela já
não estava em casa. Caminhei pelo corredor até a cozinha, deixei o telemóvel no
balcão e preparei o meu pequeno-almoço, imaginando-o do outro lado a
implorar o pequeno-almoço enquanto apreciava-me. Quando
o cappuccino ficou pronto cansei-me de soprar antes de arriscar um gole.
O telemóvel tocou e rezei para que fosse o Paulo.
— Sim. – Atendi aborrecida depois de notar que não era ele.
— Aconteceu alguma coisa? Porquê essa voz? – Questionou a Yadíria.
— Nada. – Respondi sem sal.
Eu ainda não estava bem com ela.
— Está bem! – Ela disse desconfiada. – Vou ser curta e objectiva, Mila.
Acrescentou e fiquei perdida no drama das suas últimas palavras. O
que vinha a ser dessa vez?
— O Paulo violou alguém, sabias disso?
Ouvir aquilo chocou-me, sabia que ela correria para contar aos nossos
pais e eles julgariam que ele fosse igual ou pior que o Délcio.
Fiquei sem saber o que responder.
— Responde Mila. – Ela atirou autoritária.
— Ele já provou que não.
Meu Deus! Agora vai deixar a sua família e o trabalho de lado só para
provar que tem razão?
— Já?
— Sim, já! – Suspirei.
— Mila, ele é muito jovem e tem muito dinheiro. Desculpa, mas és minha
irmã e vou preocupar-me sempre! Então diz-me, ele é apenas um empresário
com esse todo dinheiro que dizem que ele tem? – Ela fez montes de perguntas e
imaginava a péssima manhã à minha espera, porra, eu merecia.
Odiava quando o dia começasse desse jeito. Porém, na verdade, eu já
pensei em perguntá-lo. Eu não acreditava que fosse de forma ilegal.
— Mana, ele é uma boa pessoa, por favor!
— Mila, não sei, não sei mesmo! A Yara foi detida. É sua irmã e
advogada. – Parei por alguns segundos e pensei.
— Quem contou-te isso? Foi o Thomson, não foi?
Imaginei aquele filho da mãe e fiquei irritada.
— Thomson? Porquê o Thomson faria isso? Eu tenho a mensagem
anónima e não é o número dele, porque eu tenho gravado.
Só pode ser a Sofia, mas o Thomson não fica de fora dessa merda.
204
Prendi o fôlego por alguns instantes.
— Esquece mana. – Pedi porque não tinha energias para dar luz a
conversa.
— Ok! Pensa nisso, Mila, levar um rico ao tribunal é perda de tempo. Ele
talvez saiu porque tem muitos amigos nesse meio.
Imaginei o Paulo como uma má pessoa, a violentar uma menor e isso saiu
da minha cabeça como um foguete. Era impossível cogitar isso como uma
verdade.
— MANA! – Supliquei tentando não falar mais sobre o assunto.
— Mila ok, ok! Eu estarei de olho nele! Beijo.
— Está bem! Beijo.
Desliguei triste com aquela conversa e, quando dei um gole, já estava frio.
Horrível! Imaginei e pousei-o no balcão, fui preparar-me para conversar com o
Paulo sobre ontem à noite.
Antes de passar pela empresa dele decidi consultar o saldo da minha conta
e fiquei perdida em saber que ganhava oito vezes mais a pedido do Paulo. Isso
fez-me imaginar as palavras de Yadíria mais cedo. Era muito dinheiro meu
Deus, eu podia oferecer 50.000 kz a cada amiga minha. Peguei um táxi e fui ter
com ele.
O vermelho preencheu o semáforo e aproveitei atravessar com a multidão.
Em seguida fiz um sinal em algumas funcionárias dele, já nos tínhamos
esbarrado por aí, quando vi duas morenas lindas como naquelas
publicidades de cremes da Nívea. Elas pareciam ter 18 ou 19 anos, tudo fazia-
me lembrar a conversa com a Yadíria.
Elas tinham aquele brilho que surgia depois de um sexo de cortar a
respiração. Uma delas retocou a maquiagem e subiram no Volvo do Paulo, o
Miguel arrancou em seguida mas consegui notar que havia mais alguém no
carro, mas este parecia ser um homem.
Passei sem dar um sinal nos seguranças e corri para o elevador sem
perguntar nada nas recepcionistas.
Vou matá-lo.
Vou matá-lo.
Vou matá-lo.
205
Sem bater, abri e lá estava ele a apreciar o dia através da sua enorme janela
com os braços cruzados. Ele virou-se quando fechei a porta e transmitiu-me
uma imagem pouco habitual. Ele parecia irritado, ou talvez triste por ter feito
alguma coisa que não devia ter feito.
— Prefiro não falar agora, Mila.
Ele caminhou até a sua cadeira e eu tentei impedir.
— Espera! Estás maluco? - Disse com as mãos no seu peito.
Quando peguei nos seus bíceps notei que dois botões estavam abertos e
ele levou as mangas para cima o que não era habitual.
Mas estar assim tão perto era irritante, saber que alguém estava com
quem faz-me sorrir e respirar amor. Eu queria tanto pegar a minha bolsa e sair
daí. Imaginar a língua dele, a pila dele em outra mulher.
Ele olhou fundo para os meus olhos.
— Sou maluco porque prefiro não falar? – Disse como se não tivesse feito
absolutamente porra nenhuma.
— Porquê que as mangas da tua camisa estão assim?
— Aconteceu algo que eu prefiro não falar.
As suas palavras mataram o que ainda mentia o meu coração. Matou
aquilo que ainda desejava lhe dar ouvidos, que mesmo vestida de palhaça ainda
acreditava que ele não fez aquela merda.
— Vai para casa, por favor. – Acrescentou sem dizer o habitual: "O Miguel
vai levar-te" ou coisas do género.
— O Miguel pode me levar? – Testei-o.
— O Miguel não está aqui.
— Vai demorar muito?
— Mila, por favor! – Ele atirou contra o meu interrogatório
e parecia chateado. – Porquê tantas perguntas hoje?
Procurando bases para as minhas perguntas, olhei a volta e notei que o
escritório estava desarrumado. Coisa que ele odiava. Olhei para o cesto de lixo e
notei que haviam três garrafas de champanhe. Pela primeira vez consegui sentir
muito ódio do Paulo.
Peguei na minha bolsa e saí do seu escritório a correr. Alcancei a porta e
saí numa velocidade para alcançar o elevador, vi que ele estava atrás de mim,
era irritante saber que ele me alcançaria de qualquer das formas. Mas eu não
queria parar por nada desse mundo.
— Mila pára, Mila pára! – Ele gritava.
— Vai a merda, vai... Brincar... Com outra... Filho da puta. – Disse com a
mão na face depois de clicar tanto, eu sabia que tinha que esperar o elevador.
Lágrimas invadiram a minha face e mesmo que eu limpasse eu sabia que
não pararia de chorar tão cedo.
Primeiro a minha irmã, agora ele?
Claro, a minha vida estava boa demais para ser verdade.
206
Achavas o quê, Mila? Mais uma linda história para Walt Disney?
A princesa Mila?
207
— Porquê? Tens medo? Diz, tens medo que a mamã descubra o filho que
ela tem?
Ele suspirou e deu um soco em qualquer coisa deixando-me assustada.
— Eu não te trai, PORRA! – Ele gritou no meu rosto quando se aproximou
novamente.
— E aquelas garrafas? – Questionei sem medo.
— Tu também tinhas montes de garrafas na mesa ontem, não? Com os teus
amigos?
— Paulo estamos a falar de ti e não de mim! Eu não entendo porque não
consegues admitir. Eu sim, eu consigo, por isso estou aqui para pedir desculpas
por ontem e encontro isso!
— Encontras o quê? Garrafas? – Ele questionou.
Aproveitei a sua distração, empurrei-lhe e corri até ao lixo onde notei
um batom marcado na garrafa.
— Ainda vais negar? – Mostrei-lhe.
Ele apenas olhou para mim.
— Se não vais responder abre a porcaria da porta, preciso da minha cama.
— Para chorar? É isso?
— Sim, por ser tão burra ao pensar que alguém como tu pode amar alguém
como eu.
— Pára de rebaixar-te, tu sabes que és muito. Eu só não quero falar, estou
com raiva e chateado, e sabes que não estou bem nos últimos tempos.
— Muito? Foram preciso duas, duas Paulo. Ouviste? Duas, hoje, aqui.
Ele olhou para o alto.
— Diz-me uma coisa e responderei o que queres saber.
Ele disse e caminhou em minha direção, eu fui para o outro lado.
— Já te dei motivos um dia?
— Não precisamos recorrer ao passado. Estás a fazer isso hoje.
Sabia que doeria, mas eu precisava ficar distante dele.
Ouvi dois toques na porta.
— Paulinho. – A sua mãe chamou a partir da porta.
Ele suspirou e mandou-me lavar o rosto no WC do seu escritório, recusei-
me a obedecê-lo.
— Se a minha mãe não estivesse aqui, fodia-te a sério, caralho!
Ele suspirou, tirou a chave do bolso e abriu a porta.
— Mãe!
A mãe dele deu-lhe um abraço.
— Não acredito que ele fez isso.
— Eu também não, mas não se preocupe com isso. Eu pedi para que
ficasses em casa.
Não entendia nada do que eles conversavam e quando ela virou as
atenções para mim. Saí a correr de vergonha e notei que ele não me seguiu dessa
vez. Abandonei o edifício a soluçar, passando pela recepção onde algumas das
208
recepcionistas olharam para mim satisfeitas. Apanhei o primeiro táxi que
passava no Alameda.
Já em casa, entrei quase a tropeçar e atirei-me na cama. Verifiquei o
telemóvel e nenhum sinal dele, gritei de frustração, desliguei e atirei o telemóvel
contra parede.
Por mais impossível que fosse entender a realidade das coisas, tudo
começava a fazer sentido ao meu cérebro, queria raciocinar e encaixar as coisas,
mas o meu coração insistia em acobertar o Paulo. Fiquei de rastos.
No dia seguinte, liguei o meu telemóvel e encontrei mensagens apenas do
Miguel.
Respondi-lhe de imediato.
209
garrafa plástica de água ao seu lado como de costume. Ele adorava água
e tinha sempre uma garrafa ao seu lado a todo o momento.
Bocejei ainda com um pouquinho de sono. Tentei ser arrogante, mas
esqueci como usar este sentimento contra ele.
— Não consigo dormir!
— A Telma disse-me. – Ele disse sem ao menos olhar-me.
— Só por isso estás aqui? – Questionei e abracei a minha
almofada ainda ensonada.
Ele suspirou e olhou para mim. Parecia cansado, angustiado. Bem, parecia
o misterioso, perigoso e antiquado de sempre.
— A Soraya disse que não estás bem e parece que não tens mantido a tua
alimentação como planejamos.
— E por isso estás aqui? – Questionei novamente.
Ele levantou-se.
— Não.
Caminhou na minha direção e deitou-se na cama.
Senti as minhas saudades por ele a morrerem só com a sua presença na
cama e com o cheiro do seu perfume que parecia que não sentia há dois
anos. Não podia mentir que estava com saudades. Naquele momento eu estava
a ser aquilo que eu sempre repreendi no meio das amigas.
Amiga, se ele te magoou, então não te merece, lhe trata mal, lhe deixa!
210
— Liudmilla, por favor, são duas horas, eu preciso saber que estás a dormir
e assim voltar ao trabalho.
— Não te preocupes comigo, podes voltar ao computador. – Provoquei-o.
— Eu não pedi a tua opinião, vem! – Ele disse e fez aquela cara de vilão.
Revirei os olhos e deixei a minha cabeça perdida no seu colo.
Cão!
Senti a sua mão quente a passear pelo meu rosto vezes sem conta,
enquanto a outra oferecia-me um belíssimo cafuné. Esfreguei o meu rosto no
seu colo, senti os seus lábios na minha testa e não consegui reclamar. Quando
senti os seus dedos novamente, gemi baixinho e senti um sono calmo a caminho.
O barulho da porta do meu quarto atrapalhou o primeiro sono confortável
que eu tive depois daquele pesadelo. Mas, o meu olfato já estava fora de si
quando senti o cheiro de crepes com Nutella, fruta e um cappuccino, mas
mesmo assim fingi ainda estar a dormir.
Decidi abrir os olhos quando notei que ele sentou na cama.
— É assim tão grave? – Foi o "bom dia" que ofereci para ele.
Ele suspirou.
Ele estava dentro de um calção e uma T-shirt Nike de treino, todo suado.
— Paulo, ainda dói e não é um pequeno almoço na cama que vai resolver
isso.
— Mila, come! Eu pareço-te o tipo de homem que resolve as coisas com
pequeno-almoço?
— Não Paulo, não vou comer. – Enfrentei-o. — Talvez não fiz isso durante
a madrugada porque estava ensonada.
— Está bem, diz! – Como se ele não lembrasse daquelas filhas das putas.
Só de imaginar, porra, caralho! Senti uma tremenda raiva.
— Diz? Tenho que dizer alguma coisa? Sinceramente, ya! – Ele respirou
fundo. — Olha! Não vou mentir que um lado chama por ti, acredita em ti. Mas
pensa comigo... Tenta pensar comigo, Paulo!
— Eu sei, eu sei. – Ele cortou-me. – São amigas do meu irmão mais novo.
Lembrei-me do jovem que estava no carro e encaixava-se.
— A minha mãe já falou com ele. Eu não queria falar naquele momento,
mas ele será internado.
— Não percebi. Internado?
— Ele fez sem a minha permissão, uma das suas aventuras. – Ele disse-me
seguro e aproximou-se de mim. – És muito na minha vida.
Não sabia o que sentir naquele momento.
— Precisas falar com ele? – Neguei com a cabeça.– E vais continuar
assim?
— Paulo foram quase oito dias a pensar em merdas, não vou saltar no teu
colo de alegria agora. Mas, internado?
211
— Eu não pedi isso. – Ele atirou seco. – Descobri que ele tem usado drogas
pesadas e... Ele disse-me naquele dia que a culpa era minha, e queres saber?
Sim, é minha, eu nunca fui o irmão mais velho herói, eu sou igual ao meu pai.
Ele tem um péssimo pai e um péssimo irmão, o que adianta eu dar-lhe tudo e
não dar amor? Eu nunca joguei futebol com o meu irmão, nunca saímos juntos...
Porra, eu fico focado nessa merda desde que ele disse-me. – Ele disse a ferver e
apontou para o computador.
Fiquei triste e pior, não sabia o que dizer. Imaginava também a minha
sogra. Ela não merecia ver o seu cassule internado por causa de drogas. Ele
sempre pareceu calmo.
A minha armadura quebrou e os meus pensamentos ficaram pintados com
uma enorme tristeza.
Só de imagina-lo triste nesses últimos dias, não era fácil ver o irmão assim.
Ofereci-lhe um forte abraço, sentindo o seu cheiro. Fiquei a dormir naquele
abraço delicioso e já estava toda perdida suplicando em pensamentos o seu
beijo. Apertei-o mais forte.
212
— Bom dia Liudmilla, como estás? Incomodei-te?!
— Não, claro que não. – Disse e olhei para ele com cara de mentirosa.
— Desculpa estar a ligar agora, se bem que daqui a algumas horas
estaremos juntas. Preciso que passes pelo escritório do Paulo Rodrigues, para
pegares os carimbos que ele mandou fazer, antes de seguires para a empresa,
por favor.
— Claro que passo, não te preocupes. – Olhei para o Paulo.
— Obrigada querida, até já.
— Até já, Boss!
Levantei-me e olhei para ele. Ficamos a olhar um para o outro no que
pareceu uma eternidade.
— Se estás a espera que eu salte para cima de ti, estás mal enganado.
Aquilo foi uma recaída, as coisas não funcionam assim. Apesar de não teres tido
culpa e não conheceres aquelas raparigas, não deste nenhuma explicação e
deixaste-me sofrer por 8 dias.
— Mila...
— Paulo, eu vou tomar um banho porque preciso ir trabalhar e tens de dar-
me os carimbos para eu levá-los para a empresa.
Ele expulsou a T-shirt do seu corpo, em seguida o calção e o Paulinho
cumprimentou-me deliciosamente entre as suas pernas. O meu corpo paralisou
por momentos e soltei um sorriso de leve. Deu-me as costas e eu senti uma
vontade de beijá-lo e abraçá-lo.
— Te achas, ya! – Eu disse, mas ele ignorou e seguiu para a casa de banho.
Estávamos os dois nús a partilhar o chuveiro e eu com uma enorme
vontade de ser rasgada. O Paulo era um cão mesmo.
— Alguém prometeu-me um duche, não? – Disse, mas ele passou sem
pressa a sua loção de duche que oferecia-me um cheiro dos Deuses. – Paulo. –
Choraminguei.
— Pede. – Ele disse depois de terminar e deixou-me aí.
Porra, que achado, ya! Ah, é? É assim? Ok...
Quando alcancei o chão do quarto novamente,encontrei-o dentro da sua
roupa íntima branca.
— Eu ando meio irritada. – Disse a terminar de passar o meu óleo
corporal.
Ele olhou e sorriu malicioso.
— Mila, pede! Pede e eu fodo-te, aqui e agora.
Ignorei-o e decidi jogar sujo, deixei a minha toalha cair ao chão e rodeei o
quarto nua a fingir que estava à procura de algo que não existia nesse universo.
Tirei algumas peças de roupas e pousei-as na cama.
— Mila...
Encarei-o ainda nua. Eu estava naqueles dias em que sentia-me
totalmente linda dos pés a cabeça.
— Sim diz.
213
Cruzou os braços e olhou-me sério.
— Hoje às 20 horas em ponto no Victoria Garden, vou estar a tua espera
no Bar. Sem talvez ou meio talvez.
— Está bem Paulo.
Comecei a vestir sensualmente a sua frente, optei por uma camisa de cetim
nude, calça jeans e salto agulha de cor preta. Arrumei as minhas coisas e
petisquei um pouco da comida que ele trouxe antes de finalmente sairmos.
Ele olhou para o relógio e suspirou, parecia-me tenso, nem atrevi-me a
perguntar o motivo. Terminei de comer, levantei-me, peguei nas minhas coisas
e dei a mão a ele. Ele entrelaçou a sua mão na minha e saímos de casa
sem nos largarmos até entrarmos no carro. Eu ainda estava chateada, na
verdade não estava, quem é que eu queria enganar?
Sr.ª Rodrigues.
Não sei o que sinto quando chamam-me assim. Apesar de não sermos nem
noivos, era uma honra. Segui o maitre que levava-me até ao Paulo.
Entramos num espaço que tinha imensa gente, acreditava que era por
ser o começo do final de semana, porém não via o Paulo, avançamos algumas
mesas e aqueles olhares masculinos banhavam o meu corpo, deixava-me com
uma certa raiva. Tudo mudou quando entramos numa sala privada. Logo que
avistei-o senti borboletas no estômago, comecei a tremer de ansiedade, parecia
214
que era a primeira vez que nos víamos. Levantou-se para receber-me, estava tão
lindo dentro da sua roupa formal, apetecia-me despi-lo e comê-lo ali mesmo de
tão bom que estava.
Ajudou-me a sentar e agradeceu o maitre.
— Estás comestível hoje. – Disse-lhe com um olhar atrevido.
— Só hoje? Nos outros dias não?! – Perguntou-me.
— Não vás por aí, Paulo. – Sorri-lhe.
— Já fiz os pedidos, vamos apressar-nos. Não era o previsto mas já estou
duro só de olhar para ti. Quero deitar abaixo esse vestido.
— Oh. – Dei um gole na minha bebida. – Espera até veres o que tenho
debaixo dele. – Pisquei-lhe o olho.
Serviram-nos e apreciamos a salada de camarão com frutos secos.
Estava a adorar tudo aquilo, era bom ter o Paulo de volta e principalmente saber
que era tudo aquilo que eu pensava. Foi um jantar bastante agradável e
aproveitamos resolver-nos de todos o males-entendidos.
Terminamos o jantar, ele levantou-se e deu-me a mão para ajudar-me a
levantar. Apanhamos o elevador mais próximo e com a sua mão na minha levou-
me até a uma suíte.
Abriu a porta e a surpresa tomou conta de mim. Velas e pétalas de rosas
espalhadas pelo chão com um aroma maravilhoso a exalar pelo quarto.
— Paulo... – Disse com as minhas mãos a preencherem o meu rosto de tão
admirada que estava.
— Apenas aprecia, amor. – Ele disse como se aquilo fosse nada.
Entrei em passos lentos, o quarto estava lindo, a decoração era muito
romântica e sem contar com a música All of me, que tocava baixinho no fundo.
Eu apreciava cada detalhe, meu Deus.
— Não era preciso tanto, querido. – Virei-me e abracei-o.
— Tu mereces muito mais. É uma das formas para pedir-te desculpas pelo
que passaste nos últimos dias. – Disse com o rosto próximo ao meu. – Eu amo-
te Liudmilla Alves e não vejo a hora de carregares o meu sobrenome.
Beijei-o e ele deitou-me na cama ainda vestida, agarrou na minha perna
esquerda, tirou o sapato e beijou a mesma perna, subiu o vestido e continuou a
plantar beijinhos. Aquilo fez as borboletas dançarem dentro de mim. Fez o
mesmo com a outra perna. Passeou as suas mãos no meu corpo, abriu o fecho
lateral do vestido e tirou-o devagar exibindo a minha lingerie preta.
Tirou-me o vestido lentamente como prometeu na mesa e respirou fundo
ao ver-me só de lingerie.
— Ah Mila! Filho da puta, eu amo o teu corpo.
Desde o primeiro dia que estivemos juntos, eu tinha a sensação de ser bem
apreciada, igual ao prato preferido dele.
Os seus olhos estavam inquietos percorrendo e queimando todas as
saudades que esses oitos dias trouxeram ao meu corpo.
215
— Sou capaz de suportar muita coisa, mas ficar longe de ti são dores
insuportáveis. – Murmurou enquanto cheirava o meu cabelo com a mão no meu
pescoço.
Ele beijou o meu queixo e acordou-me para a vida com uma mordida no
meu lábio inferior.
— Por favor, faz-me esquecer esta semana de merda! – Ele suplicou e eu
abri o seu zíper em seguida.
O seu pau saiu duro como nunca vi, depois de baixar a sua boxer branca e
acertar em cheio a minha barriga. A minha mão preencheu o seu membro
grande e grosso, arranhando sem causar dor e ao sentir suas as veias deixou-me
toda molhada.
— Tira essa camisa AGORA! – Disse-lhe autoritária e senti-me tão bem
quando ele obedeceu tão rápido.
Depois de tirar a camisa, ele levou a parte de frente do sutiã para cima sem
abri-lo e ficou boquiaberto só de olhar para eles. Baixou-se, chupou e largou o
seio todo molhado com a sua saliva o que o fez ficar ainda mais duro.
Apertou forte a minha cintura o que fez-me tremer de tesão. Uma energia
percorreu as minhas pernas e quase perdi o equilíbrio. Os momentos de
autoritária passaram para submissos só com os seus toques.
Encaixei as minhas pernas na sua cintura o que lhe permitiu apertar o meu
rabo como ele gostava e esfregou o seu pénis por cima da minha lingerie quando
demos uma pequena distância dos nossos corpos.
Desprendeu as fitas que ligavam o sutiã à cueca beijando ao mesmo tempo
a minha barriga.
Sentia o meu coração a mil, estava a ser o momento mais perfeito do
mundo. Desceu até a minha coxa e deslizou a sua língua quente tirando
lentamente a minha cueca.
— Fico perdido com o teu cheiro, Mila. — Murmurou enquanto beijava
ainda a minha coxa e foi subindo, o que levou-me a tirar as costas do colchão
levando a mão ao seu cabelo com a boca aberta.
A sensação maravilhosa que senti com a sua língua percorrendo a minha
coxa, levou-me a contorcer e a procurar equilíbrio no colchão. Na verdade, eu
deslizava no colchão igual a uma cobra.
Sem manter nenhuma distância do meu corpo como se as saudades ainda
morassem nele. Esfregando-se todo no meu corpo até beijar a minha boca.
— Meu Deus! Não vamos mais ficar longe um do outro, ok? – Balancei a
cabeça depois da sua questão.
Distraída, com a sua mão livre ele apertou o meu rabo o que me levou
a abrir totalmente as pernas e ele penetrou-me lentamente, diferente como das
outras vezes.
— Paulo!
216
Senti o seu pau quente deslizando dentro de mim sem pressa
nenhuma, sentindo cada movimento como se o dia tivesse 88 horas, mas a
sensação era única e as horas não importavam nada.
Fizemos amor a luz de velas, esquecendo tudo e todos, firmando os laços
que nos unia e matando todos os nossos desejos.
Lembrei-me de ter adormecido no seu peito enquanto ele sussurrava-me o
quão importante era para ele e passando a mão no meu rosto. Aquela sensação
de dormir depois do sexo, eu ainda conseguia senti-lo a deslizar lento e fundo
dentro de mim, a ser preenchida com cada centímetro do seu pau cheio de veias
e duro só para satisfazer-me. Os momentos em que reduzíamos mais um
bocadinho a velocidade só para os nossos lábios se encontrarem num beijo lento
e desajeitado com o balançar do vai e vem dos nossos
corpos completamente colados.
217
queria gravar aquilo para ver sempre que eu precisasse. Ajoelhei-me também e
abracei-o forte.
— Amo-te Paulo. – Disse e atirei-o ao chão porque o mais importante era
ele e depois o seu gesto. E também porque não me aguentava de alegria e não
conseguia olhar para ele sem lacrimejar.
Isso durou até ele encontrar os meus olhos e deixar-me quieta como ele
fazia a partir do seu olhar. Segurou a minha mão, confirmei com a cabeça e senti
a frescura do anel a deslizar no meu dedo, os nossos olhares cruzaram-se e os
seus olhos brilhavam como nunca os vi.
Eu não acreditava...
218
Capítulo 18
219
— Hey! Vem cá.
Ele percebeu que eu não conseguia explicar, aproveitei também as
mesmas palavras calorosas.
— Quando conseguires estou aqui para ouvir-te. Tenho a mínima noção e
era visível que um dia tocarias nessa ferida fora de nossos corpos.
Suspirei porque não encontrava palavras até que ele deu uma solução que
caiu muito bem.
— Se dividirmos as nossas despesas? Excepto os meus presentes, claro!
E vi a nascer um sorriso no meu rosto.
Lembrei dos zeros no meu novo salário.
— 50-50!
E saltei para o seu corpo.
— Não, 60-40!
Já era de bom tamanho, senti-me compreendida mesmo sem ter
explicado. Senti confiança no ar e balancei a cabeça dizendo que sim.
— O Miguel vai levar-te e depois passo por lá.
— Está bem, amor. – Disse e beijei o seu rosto.
Horas depois, já estava a caminho do trabalho. Triste só de lembrar a sua
cara implorando para ficar. Prometi dar vida à confiança que ele atirou para
mim no dia em que disse para representa-lo.
O trajecto foi rápido e o Miguel já estava do lado de fora abrindo a porta.
— Obrigada.
— Bom desempenho, Sr.ª Rodrigues.
Sorri agradecida.
Antes de alcançar a grande porta, o meu telemóvel começou a vibrar.
— Alô!
— Mila?
— Sim?
— Não sabes quem fala?
Isso irritou-me por completo, não estava naqueles dias de brincar de "bola
de cristal".
— Por favor! – Disse irritada.
— Thomson! – Disse para piorar.
— Sim. – Tentei manter a boa educação.
De repente, vi um jovem muito parecido com o Délcio a passar e o meu
coração pulou de medo, o que deu vida aos meus passos rápidos que nem me
permitiu saudar o porteiro.
220
— Mila, Mila... — A voz do Thomson acordou-me e eu já estava dentro da
empresa. – Há uma linda jovem cá, que quer falar contigo. – Ele disse.
Por que está ele a fazer o trabalho da minha secretária?
— Obrigada, encontrar-lhe-ei na minha sala. – Desliguei.
Estava aliviada por ter chegado ao corredor de tão cansada que estava com
a noite de ontem. Quando levei a mão a maçaneta, o meu sorriso fez-me pensar
que foi uma linda noite só de olhar no meu lindo anel.
A senhora estava na minha sala e olhava para o meu retrato com o
Paulo, virou-se quando ouviu a porta a bater.
O meu pequeno sorriso desapareceu quando vi que era Sofia.
Santo Deus!
— Olá Liudmilla.
— Olá... Sofia...
Tentei manter a boa educação.
Eu mereço.
Alcancei a minha cadeira e não a pedi para ela se sentar, mas ainda assim
o fez.
— Vou ser directa. – Disse e levou a mão à mesa.
— Graças a Deus. – Murmurei em seguida.
— Calma!
Ela atirou com um sorriso satisfatório. Era visível que ela estava feliz
ao ver-me assim.
— Por favor, tenho coisas para fazer.
— Bem, vou abrir uma loja de cosméticos com uma amiga íntima, muito
íntima e preciso de uma estratégia de marketing bem feita.
— Sim, e?... – Eu disse com uma cara de sonsa.
— Bem, quero muito que sejas tu a fazer isso. – Disse e sorriu mostrando
os seus dentes brancos.
— Sofia, vou ser sincera. O sol é único, Deus é só um, mas não acredito que
na cidade de Luanda para não falar do país, só há uma única pessoa para
elaborar este projecto.
— Claro, tens toda razão e, sei também que começamos com o pé
esquerdo.
— Então?
Questionei aborrecida com aquela conversa e cruzei os braços.
221
— A minha amiga é a mãe do Paulo, ela disse que acredita em ti, então pedi
para eu mesma falar contigo.
Senti que ela estava a esfregar-me aquelas palavras todas sem dó.
Ela sabia que não ia passar pela minha cabeça dizer não a um projecto que
engloba a minha sogra.
Podia muito bem pedir à Patrícia para fazer isso mas no meio de todo
esse show dela, tinha as minhas vantagens, estar próxima da mãe dele e
conhecê-la melhor. Acreditava que ela escolheu-me por amor e não como essa
víbora estava cá a usar de forma diferente.
— Está bem, eu mesma entrarei em contacto com a minha sogra.
O seu sorriso maléfico enterrou-se no seu rosto num segundo.
— Mila, posso?
Depois de dois toques na porta, a Boss questionou-me se podia entrar.
— Por favor, Boss.
— Bom dia! Atrapalho?
A Sofia respondeu com o mesmo sorriso e eu não pensava em apresentar-
lhe a Boss. Em seguida fiz o mesmo.
— Não, Boss! Não atrapalhas nada, por favor!
— Já tens o projecto para os sapatinhos, filha?
— Sim, mas pretendo analisar melhor.
— Achas necessário?
— Bem, é um caso... – A Chefe corta-me.
— Podem terminar e depois falamos sobre isso, ou... – Foi a minha vez de
corta-la.
— Não te preocupes Boss, ela já está de saída. – Disse com um sorriso
enganador para não levantar questões depois.
— Certo. – Disse a Sofia, despediu-se e abandonou a sala.
— Continuando, Boss...
— Ah que Boss qual quê? Soraya pah! – Disse com aquele sotaque
brasileiro e aproximou-se.
Soltei uma gargalhada, mas já era um hábito. Sempre quis ter uma chefe
para tratá-la assim e ela era tão boa comigo que não consegui resistir.
— Está bem. – Disse ainda sorrindo. – Soraya. – Ela soltou um
sorriso. — Eu acho melhor analisar, Bos... Soraya. S-O-R-A-Y-A.
Rimos as duas.
— Sabendo que é um projecto especial.
— Tens toda razão.
— Há outros projectos que quero analisar ainda hoje com a tua ajuda e a
do Thomson. Viajo próxima semana e quero deixar tudo em ordem. Podes sair
tarde? O jantar é por minha conta.
— Está bem Bos... Soraya, Soraya... Está bem.
— Rhum... vais levar umas palmadas. – Ela disse com sotaque angolano e
rimos.
222
Depois de uma pequena conversa típica de mulheres, liguei para o Paulo
a avisar que terminaria tarde. Ele disse que não era justo e reclamou mais um
pouco.
223
Chamei a Boss e pelo seu olhar malicioso notei que devia levar.
Queria misturar a minha alegria com a pura ilusão. Se ele não me deixava
gastar quase nada daquilo que eu ganhasse do meu trabalho por ser um homem
à moda antiga, porquê não misturar a ilusão com a minha
alegria? Levei lingeries pretas, brancas e uma rosa clara. Sabia que não seria
um preço a que estava habituada, mas aquilo seria como uma terapia
para a minha querida mente.
— Obrigada Soraya, estava a precisar disso. – Disse já na empresa.
— Desde que chegaste aqui tudo corre bem, tenho de manter-te feliz,
imagina perder-te?
Rimos.
— Então, e o meu sócio?
Era algo a que não estava tão acostumada a falar, dificilmente tinha
alguém para falar sobre o Paulo.
— Ah! Ele está bem. – Disse com um sorriso só de lembrar o dele.
— Tem tratado bem de ti?
Sabia que ela não era uma fofoqueira e muitas vezes provou ser uma boa
pessoa, sobretudo quando o Paulo sofreu aquela tragédia.
— A nossa relação é tão nova a cada dia, chega inclusive a dar
medo, sabes?
— Não precisas ter medo, já disse e volto a repetir. Aquele homem ama-te.
— Mas quando brigamos vejo toda essa felicidade como um preso vê o sol.
Tão próximo ao mesmo tempo impossível de senti-lo.
— O amor é mesmo assim, mas com respeito e carinho, o sexo só
complementa. Não liga estou a dizer blá blá blá.
Rimos as duas.
— Mas o quê que te atormenta?
Essa questão fez-me recuar naquela manhã em que a minha irmã
questionava-me sobre a realidade profissional do Paulo. E por mais que a
Soraya fosse de confiança, ela não era a pessoa indicada para falar sobre isso,
mesmo na ponta da minha língua. A minha mãe sempre dizia: "Não precisas
falar tudo a quem confias, para não te arrependeres".
— Nada mais Soraya, acho que devíamos começar. Às 20 horas o Paulo
está aqui, duvido que ele se atrase.
— Tens toda razão, já abusamos do intervalo.
Mostrei o projecto à Soraya e fiquei feliz quando ela aprovou, o Thomson
depois apareceu, deu alguns reparos e, com isso era possível ser um sucesso.
Fiquei feliz em ver um projecto meu a voar com as suas próprias asas ao alcance
do sucesso. Com a ajuda da Patrícia e dos técnicos informáticos da empresa,
conseguimos projectar em 3D e a chefe adorou, inclusive o Thomson.
Faltavam apenas minutinhos para às 20, a Soraya não estava na sala,
apenas estava com o Thomson que assinava alguns papéis para o investimento
do pequeno projecto.
224
— Pronto, tudo pronto. – Disse ele com um sorriso.
— Obrigada! Amanhã mesmo começo.
Ao tirar de suas mãos, senti que ele dificultou um pouco prendendo entre
os seus dedos.
— Estás sempre linda, Mila.
Suspirei, como mulher sabia aonde essas conversas dariam quando se
tratasse de homens persistentes.
— Obrigada. – Ainda assim procurei ser educada.
Ele aproximou-se e não pensei duas vezes.
— Thomson, eu preciso de ti profissionalmente e hoje notou-se isso. Mas
a minha relação é mais importante, é a minha felicidade e, com base nessa
felicidade, consigo criar bons projectos como este. Se encostares novamente em
mim, juro que falo com o Paulo. Assim começo a sentir-me ameaçada.
— Babe, não te preocupes, a tua irmã disse para cuidar de ti.
— Ah! Por favor!
Antes mesmo de dizer-lhe umas boas, ouvi uma voz e o meu coração foi
além.
— Porquê tão perto da minha namorada? – Ele afastou-se
rapidamente, era o Paulo.
— Sr. Paulo, estamos a terminar.
O Paulo aproximou-se e beijou a minha testa.
Tinha medo que o Paulo desconfiasse de alguma coisa, tivemos uma boa
reconciliação e não queria que nada nem ninguém estragasse com tudo
isso. O Paulo encarou-me firme nos olhos e eu não consegui esconder.
— Estás bem?
Balancei a cabeça com medo de gaguejar se falasse.
Para a minha felicidade a Boss entrou.
— Sr. Paulo, como vai? Desculpas por ter roubado a minha amiga.
O Paulo suspirou, mas eu sentia a desconfiança.
— Soraya. – Disse com um sorriso e estendeu a mão pra ela.
— Quer saber como vão as coisas? – A Soraya questionou depois do aperto
de mãos.
— Confio nela. – Disse e olhou para mim. As palavras dele expulsaram o
medo dentro de mim.
— Thomson, pode mostrar-me onde está a máquina de café enquanto elas
terminam? Está tarde e sei que não vou encontrar outra pessoa que possa
mostrar-me.
O Paulo não era fã de café. Meu Deus! O que ele queria com isso?
— Posso ir buscar, amor.
— Não! Termina, ele ajuda-me. Não é, Thomson? – Thomson apenas
balançou a cabeça.
225
Lá saíram os dois e eu não conseguia prestar atenção no que a Chefe dizia
naqueles minutos que se seguiram.
O Paulo entrou com o seu café sem o Thomson. Encostou-se à porta e
sorriu para mim.
— És linda. – Li pelos seus lábios.
Sorri e voltei a prestar atenção à Chefe. Depois de alguns segundos voltei
a encará-lo, deu um gole no seu café e fez cara feia. Comecei a rir.
— O que estás a rir filha? – A Soraya questionou e virou-se para ele que
fez uma cara de coitado. – Assanhados. – Ela disse.
Notei que ele estava feliz e isso animava-me.
— Já posso levar a minha namorada? – Perguntou entediado.
— Calma amor.
Fui até ele e dei-lhe um beijo molhado.
Já eram 22 horas quando Paulo deixou-me em casa.
— Planos para amanhã?
— Vou continuar a amar-te e a ter a mesma vontade de foder contigo. –
Brincou com a questão.
— Oh, Paulo! Tenho planos e quero saber se também tens.
— O que pretendes fazer?
— Hoje recebi uma vista da tua ex-namorada. – Ele suspirou. — Ela não
tem vergonha na cara, sério, é incrível a sua coragem.
— Mila, Mila... – Ele cortou-me. – Sabes que não gosto de falar de outras
pessoas. Diz o que queres fazer amanhã.
— Vou a casa da tua mãe. E queria ir contigo.
— Vai com o Miguel, ainda estou chateado com o meu irmão.
— Esquece isso, amor, eu já esqueci.
— Ainda assim, não pretendo ir, Mila. – Ignorei-o, pois sabia como
convencê-lo.
Tão rápido já estava a abrir a porta de casa, depois de várias semanas
finalmente o elevador voltou a funcionar.
— Tiaaaaa! – Gritei de felicidade.
— Filha, como estás?
A tia Telma estava de roupas íntimas no sofá a ver novela.
— Acho que alguém precisa do namorado.
— Vai te lixar macaca. Assustaste-me à sério!
— Ok né!
— Lembraram de mim, incrível... – Ela disse e eu ri.
— Não exagera, tia. Eu estou sempre aqui, e lá também.
Joguei-me no sofá, deixei os pequenos sacos de compras no chão e
despertei a atenção dela.
— Tem para mim? – Questionou e se esticou toda para alcançar os sacos.
226
— Só há coisas aí para quem quer agradar o namorado! Mas como sou uma
boa sobrinha… O saco branco tem coisas para quem só fica em casa.
— Vai rindo...
— Babe, estás pronta? – Era uma voz masculina.
Olhei para a tia Telma surpresa.
— Obrigada pelo presente, beijo e tenta dormir "Alone".
Fiquei boquiaberta depois do sarro dela.
Depois dela abandonar a sala, olhei para a biblioteca aberta que criei na
sala. Imaginei-me com ele, sentados no chão a ler um daqueles romances
eróticos enquanto esfregava-me no seu corpo. Suspirei de saudades e em
seguida olhei para o ecrã do meu telemóvel procurando uma mensagem sua.
Fui ao quarto, tirei a roupa e vesti a lingerie da Intimissimi com rendas
bem provocantes e tirei algumas fotos.
Sem pensar duas vezes abri a janela do seu WhatsApp e enviei
escrevendo:
“Vou ter isso debaixo do meu vestido na casa da tua mãe, quem sabe me
mostras o teu antigo quarto. Beijo! Bons sonhos”.
227
— O que a senhora quer para o pequeno-almoço?
Ela não me olhava nos olhos e parecia intimidada, sabia bem o quanto
isso era horrível.
— Podes tratar-me por Mila, e tu? Como posso chamar-te?
— Milena.
— Mila, Milena. – Gozei e rimos as duas, mas ela dentro de um sorriso
inaudível.
— Pode ser uma sandes mista, não estou com muita fome.
— Está bem. Vou já fazer isso.
— Obrigada e, não precisas arrumar o meu quarto, gosto de fazer isso eu
mesma.
— A Telma disse-me.
— Está bem, obrigada, Milena!
Depois de tomar um banho gostoso e vestir-me como prometi na
mensagem. Fui até a cozinha e o pequeno-almoço já estava na mesa.
O meu telemóvel começou a tocar e sabia que não era ele. Era o toque da
minha irmã.
— Mana? – Disse enquanto arrumava a minha bolsa.
— Sim bb! Estás bem? – Ela parecia com uma nova energia.
— Estou bem, e tu?
— Fixe também! Ocupada?
— Não, pequeno-almoço rápido e nada mais.
— O Paulo? – Suspirei, não queria que ela tocasse novamente naquele
assunto.
— Está bem. Preciso falar contigo sobre isso do Thomson cuidar de mim.
— Mila, falamos depois, preciso atender alguém.
Senti que me estava a despachar, mas não reclamei.
— Tá! Tá bem, nós falamos depois.
Já estava cansada dessas desconfianças! Fiquei sem fome e saí de casa
para o trabalho com os pensamentos no inferno.
Aquilo que parecia uma linda manhã começou a tornar-se numa merda do
caralho! Já estava habituar-me a isso, uma semana perfeita e a outra o Diabo
decidia fazer uma porra de visita para infernizar tudo.
228
— Bom dia né? Possas!
— Desculpa, amiga, não estou bem! Preciso descobrir umas coisas.
— Porquê não pedes ao Paulo?
— Esse é o problema.
— Ela está aqui comigo, passo? – Confirmei.
— Miúda?
— Caroline.
— Tudo bem?
— Não, e contigo?
— Estou bem, o que foi? Aconteceu alguma coisa?
— Sim! Estou com algumas dúvidas e preciso da tua ajuda. Podes
investigar alguém?
— Claro! Mas quem?
Naquele momento não consegui soltar o nome dele.
— Calma! Já te ligo. - Desliguei e parei.
Lembrei-me da Sr.ª Rossana Lopez naquele quarto do hospital e fiquei
meio paralisada.
Não, não, não! Não faria isso, eu acreditava nele.
Voltei a ligar.
— Agora estou preocupada, está mesmo tudo bem? A Caroline disse que
não pareces bem.
— Estou a caminho, preciso do teu colo!
— Vem! A Caroline já vai para o trabalho.
— Está bem.
Decidi mesmo ir a pé, eram apenas 30 minutos para sua casa. Mas quando
saí do prédio, o Paulo estava a minha espera.
Camisa branca, ténis a condizer e calças de ganga. Estava tão
lindo. Limpei rápido as pequenas lágrimas. Meu Deus, que chorona que eu era.
— O que fazes aqui?
Não era bem a primeira coisa que se devia dizer quando tivéssemos o
nosso namorado perto.
— Provocas-me e essa é a primeira coisa que dizes? – Abracei-o forte e
comecei a chorar.
Ele abriu logo a porta e ajudou-me a entrar. Parecia que o meu lado
choraminga estava de volta.
Ele entrou e olhou para mim.
— Preciso te perguntar uma coisa. – Disse sem gaguejar mas com
lágrimas.
— Sobre o que eu realmente faço? – Atirou seco.
— Como sabes?
— A tua irmã ligou para mim.
— Oh meu Deus! – Levei a mão ao rosto.
229
— Ela é tua irmã, é normal. Eu sei que ela leu coisas em jornais antigos na
internet.
— E é verdade? – Aproveitei a situação.
— Falamos disso depois do jantar com a minha mãe.
Lembrei-me do jantar e sabia que não podia recuar.
— Agora precisamos trabalhar. – Acrescentou.
— Não vou, não agora. Preciso ver a Patrícia! – Ele suspirou.
— Está bem, mas vamos falar depois.
— Está bem, preciso caminhar.
— Podes levar o carro.
— E tu? Vais pegar boleia dos seguranças invisíveis? Ou melhor, eles
existem por minha causa ou porque és...
Travei para não falar nenhuma besteira, estava chateada com ele sem
motivos.
Ele ligou o carro e deixou-me na casa da minha amiga. Abri a porta e saí
rápido antes que começasse a chorar na rua.
Quando entrei no apartamento dela a chorar, ela abraçou-me.
Sinceramente, não sabia porque estava a chorar e isso irritava-me ainda
mais.
— Vou pegar um copo com água. – Disse a Caroline.
— Não, vai trabalhar, eu fico com ela. – A Patrícia insistiu.
— Está bem. – A Caroline beijou o meu cabelo e saiu.
— Vem. – A Patrícia levou-me até ao sofá. – Vocês brigaram? – Respondi
que não com a cabeça. – Então?
— Não sei! Estou confusa.
Depois de uns minutos fiquei mais calma e contei tudo.
— Acho que devias acreditar nele, e esperar até hoje à noite.
A Patrícia ofereceu-me um abraço tentando consolar-me.
— O que posso fazer por ti amiga? — Perguntou em seguida.
— Não te preocupes, isso passa, talvez depois de saber tudo. O problema
não é esperar até mais tarde, eu sei que ele ama-me, mas isso é irritante, ele já
sabe tudo sobre mim, até sobre o Délcio eu contei. Porra, eu não sei quase nada
sobre ele e quando toco no assunto, sinto-o perdido, chateado e até
mesmo medo nos seus olhos.
— Mila, não é medo de te perder? – Questionou. – Há coisas que é melhor
deixar no passado. Eu já ouvi coisas, mas eu não posso alimentar especulações
na tua cabeça.
— E se for tudo verdade? – Insisti.
— Mila, vem cá. – Ela pediu e eu encaixei-me num abraço confortável.
Já não estava tão nervosa, nem as lágrimas saíam como há minutos.
— O Paulo...
— Não vamos falar dele. Não agora, por favor. – Cortei-lhe.
— Está bem. Tens fome? Ainda não tirei a mesa.
230
— Não Patrícia. Acho que preciso de um pouco de álcool.
— Não, não! Tu não és disso e...
— Por favor! – Cortei-lhe novamente.
— Ainda assim, Mila, sabes que a Caroline não gosta dessas coisas cá em
casa.
— Aquele restaurante que me disseste da última vez que falamos? – Estava
com tanta vontade que ideias não faltavam.
— Está bem, vamos, é do outro lado da rua.
Já sentia as lágrimas secarem.
— Mas nada de exagerar, não vais à casa da tua sogra a cheirar álcool.
— Está bem. Desmancha-prazeres, possas.
— Possas, possas, bué chorona só.
— Txe! Relaxa pah, nunca choraste pelos teus cães?
— Ah! Cala-te, obra do demónio.
Fomos então trocar-nos e aproveitei enviar uma mensagem de desculpas
à Chefe. Decidimos usar calções curtos, uma pólo e havaianas. A Patrícia
tinha sempre ótimos calções e era o melhor para os olhos de quem gostasse de
apreciar boas pernas.
— Não estás a esquecer alguma coisa? Telemóvel ou coisa assim? –
Questionou antes de trancar a porta.
— Prefiro deixar o telemóvel, assim fico distante de tudo por alguns
minutinhos. Acho que tenho tudo. Vamos logo!
231
— Toma as chaves, vai lá buscar.
Olhei para o moço com um sorriso, esperando que ele concordasse com a
ideia, mas fez uma cara de quem quer mas não pode.
— Alguma coisa? – Um jovem questionou o garçom.
— Sim, elas estão com um problema. Dizem que esqueceram-se da
carteira.
— Eu trato disso, depois pago. – Disse e deu uma palmada no ombro do
garçom.
Já imaginava os próximos minutos, se não pedisse o número, aí sim
Deus estaria comigo. Melhor agradecer e perguntar se podia pagar de volta.
— Olha! Não precisam devolver. – Ele adiantou-se.
— Obrigada, mas a nossa casa é aqui perto e insisto que aceite.
— Vocês não percebem? Eu conheço-vos, estava do outro lado a martelar-
me quem são e só agora lembrei.
— Sério!? – Questionou a Patrícia e a minha expressão facial questionou
da mesma forma.
Alto, olhos castanhos e cara de criança. Não podia ser.
— Adriano? – Questionei.
— Sim Mila.
— Meu Deus! – A Patrícia sorriu.
Foi nosso colega no ensino de base. Havia quem dissesse que ele gostava
de mim, mas quem sempre o viu com outros olhos era a Patrícia. Sempre o
via como o doce rapaz que nos recebeu no nosso primeiro dia numa escola
nova. Ele sempre foi tão gentil com as pessoas em geral. Meses atrás li uma
notícia de que ele ajudava famílias afectadas pela chuva no país.
— Então? Frequentas sempre este restaurante? É que... Eu moro do outro
lado e nunca... – Disse a Patrícia.
— Nem sempre, - Ele cortou. – tenho algumas empresas de ajuda técnica
em outras províncias. Por este motivo estou raramente por estas bandas.
— Informática? Sério? Então conseguiste o que querias desde muito
cedo?
Sorrimos todos. Eu não era assim tão boa de memórias. Esse tipo de
encontros exigia isso e não sabia como interagir. Sabia que foi nosso colega, o
resto não me vinha à memória.
— Que bom! Estou desempregada, mas a Mila não.
Quando a Patrícia disse aquilo, senti-me como uma criança numa
conversa de adultos.
— Há espaço! Se quiseres. – A Patrícia propôs.
— Ela vai trabalhar comigo. – Pela primeira vez tive o que falar.
— Ainda assim, obrigada. – Disse ela.
— Em que trabalhas Mila?
— Basicamente com Marketing.
232
— Deixaste a economia de lado? – Questionou. – Ainda assim fico feliz.
Sempre foste boa nisso. Lembras-te quando vendíamos bolos para doar o
dinheiro? Só vendíamos tudo por causa das tuas estratégias.
— E da Patrícia, ela sempre teve jeito também.
Eu nem lembrava disso. Dizem que "nem sempre somos nós a ver os
nossos talentos", mas a Patrícia era um génio.
— E o Paulo?
Fiquei toda confusa quando ouvi aquela questão. Como assim e o Paulo?
Como ele sabia do Paulo? Isso não cheirava bem, ele disse que não nos
reconhecia há bocadinho. O irritante era que estava a ser obrigada a falar de
quem não queria no momento.
— Como sabes ?
— Já vi-vos há uns meses, com a cara dele sempre trancada, preferi não
me aproximar e também não tinha a certeza.
— Ele não é como mostra ser. – Sem querer já estava a defender o Paulo.
Amava-o muito, não dava para esconder.
— Eu sei, mas ele é muito profissional e sempre deixa claro que "trabalho
é trabalho e fora disso nada relacionado".
— Não percebi.
— Nem eu. – Disse a Patrícia.
— Trabalho com o teu namorado, a minha empresa presta serviços no
sistema informático das empresas dele.
— Isso quer dizer que sabes de tudo da empresa dele? Tudo?
A Patrícia olhou-me com cara de poucos amigos e notei que ela estava a
ler-me os pensamentos.
— Sim, tudo! Mas é confidencial, assinei um contrato.
— Ok! Mas...
— Olha, a Mila tem um projecto e precisa de ajuda. – A Patrícia cortou-
me.
Meu Deus! O que ela estava a fazer?
— Bem, eu aceito ajudar sim.
— Ela aceita. – Adiantou a Patrícia.
Puta que pariu!
— Lembro-me que sempre quiseste ter um restaurante? – Questionei para
acabar com aquela conversa antes que me obrigassem a deixar a minha palavra
como assinatura.
— Sim! Não é só meu, mas tenho 50% assim como a minha irmã.
— Aquela que estava sempre de viagem? – Interagiu a Patrícia.
— Sim, ela mesma. E este aqui é o meu restaurante.
— Uau! Parabéns. – Adiantou a Patrícia e fiz o mesmo.
Olhei para o relógio.
— Acho melhor regressarmos.
— Eu acompanho-vos.
233
Saíamos do restaurante e seguimos até ao outro lado da rua com o
Adriano.
Comecei a pensar nele, com essa percentagem de álcool presente eu
não queria estar brigada. Ainda bem que não estava com o telemóvel, já entendi
a frase "se beber fique longe do telemóvel".
— Mila... – A minha mente não precisou descrever aquela voz, muito
menos precisei virar-me para saber quem era. A expressão facial dele já era
visível.
Mas uma coisa eu sentia além do seu perfume. Sentia os ciúmes no ar e
uma alegria dentro de mim.
A questão era qual seria a expressão facial a oferecê-lo?
Zangada? Triste? Ou a verdade? De que estava feliz, tive saudades e
queria estar bem porque confiava cegamente nele? O álcool fazia a minha
pombinha parecer um quiabo de tanto que babava.
Senti a sua mão firme na minha cintura, como se nada tivesse
acontecido há umas horas. Derreti-me toda e o álcool não ajudava muito, que
bandeira!
Aproximou-me mais do seu corpo e cumprimentou a Patrícia.
— Paulo.
— Adriano.
Os dois apertaram forte as mãos. O Adriano não ficava atrás, era um
homem de postura também.
A Patrícia puxou o Adriano.
— Bebeste, não bebeste? – Ele questionou quando eles
ficaram distantes de nós.
Aquela pergunta foi engraçada. Quis ser rude e perguntar o por quê? Mas
naquele momento o álcool queria paz.
— Como sabes? – Perguntei e sorri com sabor a Martini.
— Porque não estás a chorar e não estás a fingir que não me amas.
Rimos.
— Pensei que íamos falar na casa da tua mãe?
— Recentemente prometi não te deixar triste novamente, então estou
aqui. E não quero que a minha mãe desconfie de alguma coisa.
Não sei porquê, mas comecei a ficar dividida entre a paz e a
briga. Acreditava que o efeito já estava a passar.
— Ok... – Disse grossa sem me aperceber. – Aqui não.
— Ok! Vamos para o meu carro. – Pegou no meu braço.
— Não, vamos para casa dela. Preciso trocar-me.
— Está bem. – Ele disse sem sugerir nada como sempre faz.
— Patrícia, vamos?
Eles aproximaram-se.
— Obrigada pela proposta, Adriano, e também pela gentileza. – Disse para
irrita-lo. – Acho que vou aceitar.
234
— O prazer é todo meu, Mila. – Atirou o Adriano do jeito que eu queria. –
A Patrícia já tem o meu número.
O Paulo suspirou e a Patrícia olhou-me com cara de "estás a brincar com
fogo, amiga".
— Já podemos ir? – O Paulo questionou e seguimos até ao apartamento
da Patrícia.
235
da verdade. Olha, talvez eu possa compreender. – Tentei incentivar com as
últimas palavras.
— E ajudas, princesa. – Disse e encostou um pouco mais.
— Princesa não, não agora, Sr. Rodrigues, possas. – Balancei a cabeça e
comecei a ficar nervosa. – Eu amo-te Paulo, não posso basear-me em ver-
te, beijar-te. Eu preciso resolver ou ajudar a resolver os teus problemas
também. Julgo que mereces uma mulher que faça tudo o que tu achas certo.
— Por favor, Mila. – Ele disse e tentou amolecer-me com o toque dos seus
dedos no meu rosto mas retirei a sua mão.
— Por favor digo eu.
— Mila... – Tentou acalmar-me.
— Não, olha bem para a minha cara e vê as minhas lágrimas, diz se isso é
bom. Diz! – Gritei furiosa. – Sim, Paulo, essa merda dói muito.
— Mila é perigoso! Há coisas na minha vida que não vais compreender, eu
tenho a minha mente escura desde criança, psicólogos não conseguem
explicar. Há dias que eu tenho medo de mim mesmo.
— Eu não sei o que é segurança? Pensei que éramos amigos,
companheiros e tudo aquilo que faz parte de uma relação, mas parece que estava
errada, sou apenas alguém que está aqui para os teus desejos.
— Sim, Mila, para os meus desejos e tudo isso que faz parte de uma
relação. Lamento, eu não sei como explicar, tu és o meu medo, em três minutos
contigo eu falo mais do que em 24 horas. Tenho medo de não aguentares, antes
de apareceres, eu sabia todos os becos do meu mundo, agora não há porra de
becos nenhum, tu és a direção para eu sorrir nessa merda a cada dia.
— Não, Paulo, tu não notas, que dissesses isso antes.
Antes de arranjares seguranças e motoristas para convencer-me de
que era tudo para o meu bem. Mas na realidade está relacionado com a tua vida.
O que contaste sobre aquele acidente foi mesmo a verdade?
Levou a mão ao rosto.
— Como foi com a Sofia?
— Mila! – Ele olhou para mim furioso.
— Responde!
— Não vou responder a isso.
Estava tão decepcionada, só de pensar que há minutos pensei em querer
estar com ele e esquecer isso. Foda-se!
— Tu precisas deixar de ser tão protetor, autoritário e prepotente,
Rodrigues, não há motivos, mas que nunca vais mudar é visível.
Encostou e levou a mão a minha face.
Afastei-me irritada. Se não vai contar nada, vai para vida.
— Preciso ficar sozinha, não vamos resolver nada do jeito que
estou. Preparei-me para saber a verdade e, ver como te ajudar, como nos ajudar.
Mas enganei-me, outra vez!
236
Ele não reclamou, beijou a minha testa e não reclamei disso. Retirou-se,
fechou a porta e eu fiquei sentada na cama sem reação. Parecia que a nossa
relação estava toda lixada, antes ele não aceitava de primeira, antes ele voltava.
Por outro lado, ele precisava ver que eu não era uma criança. Ele podia até
ter vivido coisas ruins, mas todos nós vivemos. Não dava para acreditar que
aquele momento de merda ainda não tinha terminado, estava tão entusiasmada
com o projecto.
Olhei para o anel no meu dedo e fiquei com raiva, não o retirei porque lá
no fundo um sentimento não se apagava com uma pequena ou grande
discussão.
Fui largando as peças íntimas no chão e entrei no duche. Água nenhuma
em meu rosto conseguia limpar os toques dele no meu corpo, os nossos
momentos eróticos como naqueles livros de Nityana CS invadiram forte o meu
psicológico lixado pela frustração. Acreditava que só não sentia as lágrimas por
causa da água. Não sabia se era o meu coração a chorar ou o meu corpo a
implorar que ele entrasse e me fizesse sua como sempre.
Queria tanto saber o que se passava, mas queria mais ouvir e ter o homem
que me amava no duche.
Saí da casa de banho enrolada na toalha da Patty.
— Mila. – Era a Patrícia.
— Assustaste-me, oh! – Disse trombuda.
— O Paulo pediu para ficar aqui contigo.
— Ele acha o quê? Que vou me enforcar? Foda-se!
— Dá para ver que ele não disse nada.
— Pior, deu uma de que, "é para o teu bem bonho".
— Mas e se... – Cortei.
— Não adianta tentar lhe defender.
— O que queres fazer então?
— Agora mais do que nunca falar com a tua irmã. – Eu estava decidida a
investigar a vida dele.
— Mila. – Ela disse preocupada
— Preciso saber, como vou namorar alguém assim? Diz? Como?
Enquanto falávamos, aproveitei vestir as roupas íntimas que preparei para
uma noite com o Paulo.
— O que pretendes?
— Ainda não sei, mas tu vais ajudar-me.
— Tenho outra opção?
— Não.
Os meus pensamentos cantavam uma faixa intitulada "mata esse
mistério", e estava pronta a fazê-lo sem pensar nas consequências.
237
Tudo o que eu sentia por ele era amor, em tudo quanto era canto do meu
corpo, mas não podia simplesmente ficar estagnada por amor. O Paulo
precisava ver-me de outra forma e começaria agora.
A Patrícia acordou-me daqueles pensamentos com um abraço
desajeitado.
— Te amo muito. – Disse ela e simplesmente apertei-a sem dizer nada.
Precisava aproveitar aquele abraço amoroso, sabia que não teria da outra
pessoa que eu amava durante algum tempo. Entrou uma mensagem e fui lá ver.
238
— Tu és minha, CARALHO!
Já estávamos num beijo de respiração profunda.
— O que faço contigo? – Questionei com as lágrimas secas.
— Posso escolher? – Ele questionou e sorriu.
Tirou uma de suas mãos do meu rabo e abriu o sutiã com a outra.
— Odeio-te. – Murmurei ainda trepada nele.
Senti os meus seios livres e o sutiã a passar em nossos rostos até ele deitar
ao chão.
— Agora brigamos tanto. – Disse vulnerável e entregue. – Mas ainda
penso em ti todos os dias e quero-te como sempre.
— Tenho medo. – Eu disse a verdade.
— Só vais perder-me quando te cansares de mim, Mila.
— Nunca, nunca.
Não pelo momento, mas sim pelo bater do coração dele sobre o meu corpo
que eu dei-lhe mais um voto de confiança.
— Leva-me para a cama, mas não fica nem um centímetro distante do meu
corpo nos próximos minutos.
— Porra, Mila. – Disse divertido.
— Sim, vais gemer assim para eu ouvir, amor.
Senti os lençóis na parte traseira do meu corpo. Já sentia que o meu
primeiro seria tão rápido. Se brigaríamos depois, ok, mas agora vamos foder,
passamos de dois estranhos desde que nos encaixamos a primeira vez, era o
Paulo, era o meu Paulo Rodrigues. O meu misterioso, perigoso e Antiquado
amor.
Estava ansiosa pelo toque da sua língua quente no meu prato de entrada,
sentia a obrigação de estar com as pernas abertas de modo exagerado. Quando
tive o primeiro toque, gemi baixinho, mas o meu desejo erótico gritou por causa
da saudade e vontade de ser possuída pelo homem que eu amava.
Queria pedir ele dentro de mim, mas não tinha forças e ele castigava-me
de excitação, castigava-me com aquele olhar único sobre o meu corpo nu e pior,
quando esfregava lento a sua pila na região norte da minha pombinha. Eu já
estava igual a um quiabo pronto, toda melada que sentia a escorrer.
Deslizou pelo meu corpo num estalar de dedos e quando a boca dele
encontrou a minha, eu gemi ao sentir o seu pénis dentro de mim.
— Como tiraste a calça? – Questionei-o e ele tapou a minha boca em
seguida, não com um beijo, dessa vez com as mãos.
A minha pombinha estava tão sensível e aqueles movimentos lentos
levaram-me a perdição. Eu tentava rebolar um bocadinho a cada investida dele.
— Queres lento?
— Cala-te e fode-me como tu sabes, pára de me torturar, eu odeio-te!
Ainda assim, aquilo era prazeroso. Levantou a minha perna esquerda e
fodeu-me duro, eu sentia perfeitamente o seu pénis despido. A luz acesa dava
uma linda expressão facial dele que em seguida sorriu deixando-me mais
239
perdida. Acordando-me com uma chapadinha no rosto, colocou-me de quatro e
puxou-me até encaixar o seu pénis depois de uma chapada no meu rabo.
— Oh Mila! – Gemeu grosso e satisfeito do que sentiu.
Naquele instante o quarto ficou mais quente, ele acelerou como se
estivesse a tirar tudo para fora mordendo-me as costas de forma desastrosa. E
em seguida encheu a minha vagina com o seu latir de prazer.
— Ah, agora sou todo teu também.
Escorreguei e cai com a boca no seu pénis.
Olhei para ele, pisquei-lhe lento e ofereci-lhe a melhor cara de safada e
satisfeita.
— És a única que cobre os meus desejos, Mila, assim como tens o meu
amor.
Levei a língua ao seu pénis, ele gemeu mas puxou-me para cima sem
nenhuma dificuldade. Não percebi, ele não era de dispensar sexo.
— O que foi? Fiz algo de errado?
— Não, quem faz sou eu, meu amor. Vamos para o chão como na nossa
primeira vez. Quero abraçar-te.
Ele abraçou-me forte, senti o medo a escorrer do seu corpo e
tentei transmitir todo o meu amor naquele abraço. Na verdade, eu
não percebia, nós paramos do nada.
Eu amava aquele homem, amava-o demasiado que chegava até a
doer, mesmo nas pequenas decepções. Suportei muito para desistir dele,
não conseguia imagina-lo com outra mulher. Esperava nunca dizer "vai ser feliz
com outra pessoa".
— És a maior aventura da minha vida, não tenho dúvidas...
— "O roto a falar da rasgada". – Revelei a verdade, mas ainda não sabia o
que se passava.
Estava com medo de perguntar e magoá-lo mais, por mais que eu quisesse,
as minhas perguntas por vezes deixavam-no mais triste.
Estávamos juntos talvez porque ninguém conseguia ver o outro com outra
pessoa. Não acreditava que a nossa relação era normal, parecia um livro de
romance de dois autores loucos. Dava para ver o medo pintado no seu rosto e
o mesmo nascia na minha espinha.
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— Ninguém nunca te vai fazer mal, Chefe! – Sorri, mas com medo.
– Fizeste-me amar e querer-te perdidamente. És o meu real vício, Srta. Mila.
— Não mais do que eu. Enquanto eu tiver lágrimas vou chorar contigo,
enquanto lutares por mim vou fazer o mesmo...
— "Homem não chora" – Ele citou a frase divertido. – Eu sei que não vais
descansar até descobrires esse mistério. – Ele disse.
— Shiu! – Tapei-lhe a boca. – Não vamos falar disso.
Ele tinha toda razão, olhei para ele sentado ao pé de mim. Limitou-se a
sorrir. Felizmente, ele nunca escondia o que sentia por mim, ele era um
homem sem medo de mostrar o que sentia, sem medo de se entregar mesmo
sabendo que o amor tinha consequências, mas acima dessas consequências ele
tratava-me como um bem maior e com todo amor.
241
Capítulo 19
242
~
Sacudi a minha cabeça para esquecer aquilo e abri a porta com as minhas
chaves. O apartamento estava às escuras e nenhum sinal dele, segui apenas
a música até ao seu escritório. Ele ouvia uma música muito triste de James Blunt
e tinha uma garrafa ao seu lado. Quando acendi a luz, ele olhou-me triste,
sentado no chão.
— O que se passa? – Perguntei angustiada e levei a minha bolsa a mesa.
— Este sou eu, Mila, não queres saber quem sou? – Questionou. – Este
sou eu, quando não tenho de mostrar a sociedade que sou forte, quando
não tenho de fingir que não sinto dores. Este é o meu mundo, o meu verdadeiro
mundo.
— Paulo, por favor, não diz isso. – Eu disse e ajoelhei aos seus pés
para abraçá-lo. Já não tinha a gravata e a camisa aberta. — Queres conversar? –
Perguntei triste. – Juro que vou entender.
243
— Conversar? Achas que eu sei conversar, Mila? Eu sei foder, sei fazer
negócios, mas não sei conversar. A minha vida era baseada em foder várias
mulheres para não me sentir sozinho. Eu era o exemplo vivo de “Um rei sem
coroa” e agora que tenho a coroa, ela pesa.
— Eu amo-te e aceito ficar sem saber.
Ele sorriu sarcástico e deu um gole no seu Gin.
— Mila, tu e eu sabemos que não, que não vais! – Fez uma pausa. – E já
agora, eu já fiz lavagens de dinheiro para vários políticos, criei
empreendimentos para justificar o dinheiro... Ainda queres ficar comigo?
Balancei positivamente a cabeça em lágrimas, mas ele sorriu novamente e
deu outro gole.
— Tu não sabes o que estás a dizer.
— Pára de tratar-me como uma criança, eu também posso proteger-
te com o meu amor.
— Recebi uma mensagem de um amigo a dizer que a Rossana vai
tentar atingir-te para chegar a mim, e nós sabemos que se isso acontecer eu
estarei perdido.
— Então vamos lutar juntos! – Eu disse e ele suspirou. – Mas porquê que
continuas a fazer lavagens?
— Eu não posso parar, eles têm coisas contra a Yara e o meu pai, se eu não
continuar, tudo isso vai para os jornais e para a internet. Essas coisas eu não te
posso dizer, é algo muito íntimo para a Yara. – Fez uma breve pausa. – Porra,
Mila, eu não sei namorar, eu tento, mas será que sei? Tu estás sempre a chorar
e eu não te pedi em namoro para te fazer sofrer! Prefiro magoar-me, magoar-
te eu não consigo, eu amo-te e não consigo estar distante.
— Então não fiques. – Segurei o seu rosto e plantei beijos de desespero.
— Achas que sou o homem ideal? Mesmo com todo esse perigo e várias
coisas que ainda não sabes? – Perguntou com uma voz triste.
— Sim, Paulo, não se foca em relações que na internet parece um conto de
fadas, talvez eles estejam bem piores.
Os meus olhos se fecharam, não sabia ou não estava tão certa do que eu
estava a falar. O medo de lhe perder ou de nunca mais sentir algo assim invadiu
as minhas defesas. Mas aonde davam aulas sobre resistir ao amor? Alguém
poderia dizer-me?
O meu coração estava prestes a encontrar o caminho para a minha boca,
eu estava a perder o meu chão.
— Enquanto estávamos juntos na casa da Patrícia, eu parei porque tive
uma vontade de bater em alguma coisa. Quando voltei da Suíça, conheci a
Laura, uma portuguesa que trabalhava como psicóloga da Yara, trabalhava
comigo também. – Começou. – Ela disse que tinha um método para eu esquecer
o meu pai, tudo que eu vi na minha infância dentro da minha família, o modo
de vida que tive na Suíça... Ela dizia… Epa! Ela dizia para eu bate-la com força
enquanto nos fodíamos, no princípio eu batia com força. – Ele explicava e eu
244
chorava. – Mas queres saber, depois passei a gostar, eu sabia que não era certo,
mas eu batia nela. Chegou uma altura que o meu prazer era mais ao bater
durante o sexo do que o meu pau na vagina dela. Aquilo só piorou, porque
eu sentia-me como o meu pai.
— Não amor. – Tentei confortá-lo com o meu amor cego. – Há mulheres
que gostam.
— Eu não disse que isso pode meter-me na cadeia, Mila, mas eu não estou
a falar em apertar o pescoço, puxar pela nuca ou bater no teu rosto e rabo, estou
a falar em algo doente, ela hoje está internada porque ela também tinha
problemas psicológicos, o pai dela batia nela enquanto fodia-lhe e a irmã mais
nova com uma arma na mão.
— Meu Deus. – Eu disse afogada no mundo escuro do Paulo.
— Eu tenho medo de fazer isso contigo, eu tenho medo, Mila.
— Paulo, não digo por estar cega de amor, mas eu já tive uma relação do
género e tu és de longe. Se queres mudar isso na tua vida, eu vou ajudar. Tu
entendeste sobre o Délcio, há pessoas que não me aceitavam depois de saberem,
por isso tive medo, o mundo vê a vítima de um estupro como a culpada.
Ele suspirou.
Atirei-me no corpo dele e abracei-o de forma desajeitada, estávamos
próximos, mas ao mesmo tempo distantes. O medo separava-nos, a angústia, o
medo de magoar um ao outro, mas fisicamente eu não conseguia nem um
segundo, isso eu tinha a certeza absoluta.
— Paulo, desculpa-me. – Disse e beijei-o de forma selvagem. – A nossa
história não vai acabar assim, não mesmo, Paulo. A Rossana que tente, tudo
escuro pode cair sobre nós, mas nós vamos matar a porra de todos os nossos
demónios. – Eu disse com garra, porém, em lágrimas.
Ele levantou-se e fez o mesmo comigo sem dificuldades, quando
ele observou-me com aqueles olhos escuros que guardavam demónios na sua
alma, eu senti-me presa.
— Amas-me assim tanto? – Perguntou e beijou lento os meus lábios.
— Tanto, tanto que até assusta-me. – Ele beijou a minha testa.
— Eu amo igual, mas o medo de magoar-te física e mentalmente é maior.
— Eu posso ser uma chorona, parecer um vidro, mas não posso fazer nada,
tu és a minha proteção, eu nunca me senti tão segura.
— Esse é o problema, eu sou perigoso. Eu sou a tua proteção e o teu perigo.
— Comigo não. – Beijei-o que dava até para sentir o sabor salgado das
minhas lágrimas nos nossos lábios. – Fode-me Paulo, se a nossa relação só
resolve-se assim, que seja, fode-me! A partir de hoje faz amor comigo quando
desejares uma namorada, fode com força quando brigarmos ou não e faz o que
fazias antes quando sentires os teus demónios a flor da pele.
Ele beijou a minha boca e apertou forte a minha nuca.
— Tu não sabes o que estás a dizer, meu doce. – Disse próximo da minha
boca.
245
— Talvez, mas eu quero tentar, e tu sabes que não quero mais ninguém,
nem hipoteticamente.
— Eu não consigo viver sem ti e tu não és uma chorona.
— Sou sim. – Respondi corada e triste.
— Nenhuma pessoa fraca consegue suportar o Paulo Rodrigues. – Ele
disse grosso.
— Só não penses em deixar-me, eu vou suportar tudo isso.
Naquele momento parecíamos vidros, dava para ver tudo escuro dentro
de nós, parecia que o Diabo fez moradia em nossos corpos durante a vida toda
e agora desejava sair.
Ele apertou-me de forma exagerada e segurou firme o meu cabelo que até
doía, mas não reclamei. Beijou-me com uma vontade de assustar. A cada
investida assustadora e selvagem eu tremia, mas também saboreava a
intimidade que reinava entre os nossos corpos banhados de medo e
tristeza. Com a mão na minha nuca ele fazia tudo com a minha boca e com a
outra mão ele agarrava-me de forma bruta e possessiva.
— Filho da puta, eu amo-te, Mila! Sim, eu amo-te tanto, que eu acordo e
fico feliz em saber que estás no meu mundo. Tu és a melhor versão que o meu
coração de ferro já actualizou, contigo eu sinto, eu sei e eu aceito tudo.
— Então faz comigo, quero ver.
— Tens a certeza?
— Sim. – Eu disse assustada mas ofereci-me coragem.
Caminhamos até ao quarto de hóspedes, o Paulo tirou a minha roupa
devagar e amarou forte as minhas mãos, nem perguntou se doeu.
— Mila, eu vou vedar o teu rosto. Quero que sejas cega a este “eu” que tu
nunca conheceste.
— Está bem.
Ele suspirou, talvez ele desejasse ouvir um a minha desistência.
Quando ele vedou os meus olhos, jogou-me na cama.
— Fica de quatro, não quero te ouvir a gemer, nem ao prazer, nem a
dor. – Ele disse autoritário e eu concordei só com o balançar da minha
cabeça. – Mila, não é incrível como romantizam nos filmes ou livros, isso vai
deixar marcas e eu sei que não és o tipo de pessoa que gosta de dor e prazer.
Tens a certeza? – Perguntou mais uma vez e não podia mentir, eu queria estar a
fazer amor ou o nosso sexo selvagem normal de qualquer casal, mas se
eu queria-o para a vida toda, eu precisava ter a certeza e não me arrepender
depois.
Dava para ouvir algo a vibrar. Eu ainda estava com a cueca e ele colocou o
vibrador do clítoris bem na minha pombinha, fez a minha cueca segurar para
não cair. Aquilo dava-me uma sensação ótima, mas eu queria saber o
que vinha a seguir. E claro, ele disse para não gemer.
— Isso vai fazer esqueceres um pouco a dor.
246
Ele esbofeteou forte o meu rabo como nunca o fez e eu suspirei de dor, em
segundos o vibrador em mim fez desaparecer a dor e deixou a
excitação, a minha cueca estava a ficar inundada.
Enquanto eu esperava outra, ele desamarrou-me e deixou os meus olhos
livres também. Quando tirou o vibrador do clítoris, sentou na cama e levou a
mão ao rosto.
— Não consigo, Mila, não consigo. Nem é deste jeito que eu fazia isto, eu
meti o vibrador para não sentires muito a dor, porque eu não consigo ver-te a
sentir dores insuportáveis.
Ajoelhei na cama e abracei-o por trás.
— Queres um tempo? – Perguntei derrotada e sem argumentos para
insistir.
— Não sei. – Pela primeira vez ele disse que não sabia o que queria e eu
comecei a chorar, aquela imagem do “fim” invadiu forte a minha mente e o meu
coração.
Fui para o outro quarto e tentava vestir em lágrimas, mas tive que conter
para atender a chamada da Patrícia.
— Mila, por favor, acalma-te, e conta o que aconteceu.
— Eu... não... consigo falar, eu não consigo.
Eu sentia as lágrimas no meu rosto e o meu coração fora do meu corpo, na
minha cabeça só passavam todos os bons e maus momentos que tivemos. Desta
vez era sério, não havia uma luz no fundo do poço. Lembrei-me de nós em
Benguela.
Como?
Como ele gastou tanta energia para agora desistir assim do nada?
Tem outra pessoa?
Meu Deus isso dói, estou a ficar paranóica.
247
Depois de desligar, uma vontade de vomitar se estendeu dentro de mim e
fui a correr para a casa de banho, tirei tudo. Ele surgiu do nada ofegante e
tentou aproximar-se.
— NÃO, PAULO! Fica aí mesmo. – Ele aceitou contra sua vontade, tentou
marcar um passo.
— Estás bem?
— O que isso te interessa? – Perguntei triste, irritada e com vontade de
vomitar.
— Mila, eu não terminei.
— Ah, é? Mas eu estou... Agora deixa-me em paz. – Disse alto mas ele não
obedeceu.
Ele limitou-se a ficar imóvel a olhar, dava para sentir vontade dele
em ajudar-me.
Fim.
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