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MOON PHASES

SILÂNIA GONÇALVES
PROLONGO

“Sou como as fases da lua, sempre me modificando”.

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PARTE I

LUA NOVA

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Capítulo 1: O dia que tudo mudou

New Bern, 1988


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O dia estava nublado, o vento frio açoitava meus longos cabelos, era
um sinal, a chuva estava vindo, seria uma longa tempestade, não era um bom
momento para estar fora de casa.

Tudo que eu queria agora era uma manta quentinha, em frente a


lareira com uma caneca de chocolate quente, feita pela minha mãe. O melhor
chocolate quente do mundo. Mas, infelizmente, jamais viverei um momento
como esse.

Seria engraçado se não fosse trágico, um momento tão bobo,


corriqueiro e agora é tudo que eu mais queria na vida.

Não valorizamos o que temos, somente após perder o que temos


que vamos valorizar. Nunca estamos satisfeitos, sempre queremos mais.

Mas eu terei mais, eu serei mais, mais do que sou, mais do que
sonho ser. Eu juro, agora, nesse momento, diante do tumulo da minha mãe, eu,
Victoria Martin, juro que serei mais, muito mais, eu vou ter tudo que sempre
quis, serei rica e poderosa e tudo que desejar será meu!

-Vic, melhor irmos. A chuva está vindo, se continuar aqui ficará


doente – disse Candice, minha melhor amiga.

Candice Adams, a garota mais linda e popular da New Bern High


School, a garota de ouro da cidade. A garota perfeita, com a família perfeita e a
vida perfeita. Alta, loira e linda, com seus olhos azuis cheios de vida, pele de
porcelana, cabelos longos e com cachos definidos, um sorriso doce no rosto.

-Tem razão, só preciso me despedir – respondi.

Enquanto todos saiam eu fui deixada para trás, ali, imóvel,


ajoelhada, suja de barro e com as mãos enterradas no barro. Libertei minhas
lagrimas, só agora me permiti chorar de verdade, coloquei tudo para fora, toda
a angustia que me consumia.

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Agora sou oficialmente órfã, meu pai morreu quando eu tinha alguns
meses de vida, ele era policial e tinha sido morto em uma troca de tiros em um
posto de gasolina na cidade vizinha.

Ele era um policial exemplar e honrado, mesmo que estivesse em


uma viagem a passeio (estava voltando de uma visita que fez a um velho
amigo de infância) não pode deixar de interferir quando percebeu que os
homens que estavam na loja de conveniência eram bandidos estavam se
preparando para um assalto.

Ele era um ótimo policial, experiente, sua e perspicaz. Sua maior


qualidade como policial (identificar bandidos em potencial) foi sua derrocada.

Porém, nunca foi reconhecido e também nunca se interessou em ser


promovido, estava satisfeito com a vida que tinha, não era ambicioso, amava
verdadeiramente a profissão, se importava apenas com o bem estar da
população.

E agora minha mãe, estava tão cansada depois de dois plantões em


seguida, que acabou dormindo ao volante e caiu em uma ribanceira e morreu.
Ela era enfermeira e sempre fazia horas extras em busca de nos dá uma vida
melhor. Mesmo que o Estado nos pague uma pensão (uma merreca), ainda é
pouco e não supre nossas necessidades básicas. Por isso ela se matava de
trabalhar.

Meu irmão mais velho, Jude, nunca foi estudioso, sempre usou mais
os músculos do que a mente. Jude é alto, 1,80 de altura, queimado de sol,
olhos castanhos, cabelos da mesma cor, não é incrivelmente lindo, com o rosto
perfeito. Ele é comum, com um rosto agradável e queixo quadrado, o que o
torna especial é o corpo, sempre foi, mesmo quando era mais novo, antes o
futebol americano e agora o trabalho braçal. Um homem forte, com uma
postura máscula, o tipo de cara que ninguém quer enfrentar em uma briga.

Jude tem 22 anos e trabalha fazendo serviços nas casas da cidade.


Na época da escola era um bom atleta, mas nunca teve interesse de ser algo
mais, não quis fazer faculdade e nunca se interessou em sair da cidade. Antes

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mesmo de terminar os estudos começou a trabalhar, queria ter o próprio
dinheiro para poder beber e curtir festas em paz.

Já eu, sempre fui diferente de todos eles, mesmo tendo apenas 16


anos eu sabia que não viveria nessa cidade por muito tempo. Tudo que mais
quero é ir embora daqui, ir para uma cidade grande, ser alguém na vida, ser
rica e poderosa. Voltar aqui apenas para mostrar a todos como eu consegui,
como eu venci.

Por isso sou uma aluna aplicada e bastante estudiosa, a mais


inteligente da escola e melhor da turma, sempre com as melhores notas. Não
tenho dinheiro guardado para a faculdade, como a maioria dos meus colegas,
preciso de uma bolsa de estudos integral.

Eu sou alta, 1,74, branca (não tanto quanto Candice, mas sou
branca), longos cabelos castanhos e ondulados, sou magra, meu corpo esguio
não tem curvas, tenho seios pequenos, pernas longas e finas, cintura fina,
quadril nem muito largo, mas também não é inexistente. Não sou esquelética,
mas não sou gostosona como a Any (namorada do meu irmão), nem definida
como a Candice, sou normal.

Meu rosto é bem expressivo, com sobrancelhas bem marcadas,


cílios grandes e olhos castanho chocolate, todos dizem que tenho um olhar
penetrante. Any diz que seu eu quisesse teria um olhar fatal. Minha boca é bem
desenhada, mas não é carnuda. Não sou incrivelmente linda como a Candice,
nem gostosa como a Any, mas sou bonita, uma beleza comum em uma garota
comum.

Não me visto de forma antiquada, mas também não vivo exibindo


meu corpo, até porque não tem o que exibir. Não negligencio minha aparência,
mas também não tento me tornar outra pessoa com muita maquiagem e roupas
extravagantes.

-Vic, a chuva já começou, vamos – disse Jude.

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Dei uma última olhada no tumulo da minha mãe e aceitei a ajuda de
Jude para levantar.

Seguimos juntos até o carro, uma picape velha caindo aos pedaços.

-Se quiser passar uns dias na minha casa, pode ser difícil voltar para
a sua casa, as lembranças....

Começou a dizer Candice.

-Prefiro ir para casa, melhor enfrentar tudo de uma vez, protelar será
pior – falei tentando ser forte.

Jude me abraçou.

-Eu cuido dela, agora seremos só nós dois – disse beijando minha
testa.

Nós dois e a Any, agora que ela vai se enfiar na nossa casa, na
cama do Jude, para ser mais especifica.

Any Moore tem 17 anos, estatura mediana, olhos e cabelos negros,


os cabelos dela são longos e lisos (não naturalmente), ela não é muito bonita
de rosto, mas é bem feita de corpo, com seios fartos que ela adora exibir em
decotes Ela está no último ano e é líder de torcida.

Any sempre foi louca pelo meu irmão, se aproximou de mim para
chegar até ele e eu idiota, querendo ser popular e andar com os veteranos
(isso aconteceu no ano passado, quando eu estava no primeiro ano) cai como
uma boba na armadilha dela.

Ela conseguiu em pouco tempo seduzir meu irmão, mas ele nunca
quis nada sério com ela, era só mais uma. Mas, nos últimos meses ele estava
deixando as festas de lado e os dois estavam quase namorando mesmo.
Agora, tenho certeza que ela vai se aproveitar do momento e prender ele de
vez.

-Amiga, não esquece, o que precisar eu estou aqui – falou Candice e


me abraçou.

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Eu retribui e me despedi dela.

Candice foi até o carro do namorado, que claro, era um carro de


última geração, presente do pai dele.

Dylan Collins, namorado da Candice, era o típico garoto americano,


alto, loiro, olhos azuis, corpo sarado (não tanto quanto o meu irmão, mas eram
sarado), um belo rosto, no estilo principezinho. Era um rapaz de ótima família,
os pais eram advogados renomados e a família dos mesmos residiam na
cidade a várias gerações.

Dylan e Candice são um casal desde que se entendem por gente,


sempre foram inseparáveis São o casal perfeito, tem planos de cursarem a
universidade juntos e depois se casarem. Os dois são filhos exemplares e
estudiosos, tiram boas notas (não tanto quanto eu).

Segui com Jude até o carro do mesmo. Obviamente a chicletinha da


Any estava encostada no carro nos esperando. Ela não perderia a chance de
consolar meu irmão e se aproveitar do momento de fragilidade dele para se
mostrar a candidata perfeita a ser namorada dele.

Eu mereço...

Fomos para casa e no caminho a chuva ficou muito forte.

Chegamos em 10 minutos, a cidade é pequena, tudo é perto.

Quando desci do carro a tempestade estava forte, com raios, trovões


e relâmpagos. Tive que correr e ainda fiquei encharcada.

Deixei meu casaco e os sapatos na entrada e subi para o meu


quarto, quero ficar bem longe do casalzinho.

Tomei banho, coloquei meu pijama moletom e fui sentar no meu


sofá de janela, fiquei olhando a chuva cair e pensando na minha vida.

Preciso ser forte e recomeçar, o que me prendia a essa cidade se


foi, minha mãe não está mais aqui e agora eu posso ser quem sempre fui e
escondi por causa dela. Agora nada vai me segurar!

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Por causa da minha mãe eu sempre fui a garota tranquila e quieta. A
garota responsável que ajuda nas tarefas domesticas, que se dedica aos
estudos e que se preocupa com seu futuro, sem interesse em garotos. A garota
certinha, a garota comum de cidade pequena.

Mas na verdade, isso é apenas um personagem que interpreto para


todos que conheço, o personagem da filha perfeita que minha mãe sempre quis
ter. Sou tudo que as pessoas esperam da pequena Victoria, a pobre menina
órfã.

A verdadeira Victoria, a que vive escondida dentro de mim é


ambiciosa, almeja ir embora dessa cidade e ser muito rica e poderosa. A
verdadeira Victoria tem vários desejos que as beatas dessa cidade
desmaiariam só de imaginar.

-Vic, posso ficar um pouco aqui com você? – perguntou Jude me


tirando dos meus pensamentos.

Ele estava parado na porta do meu quarto, de calça moletom e


camiseta, os cabelos molhados mostravam que ele tinha acabado de sair do
banho.

-Claro. Mas e a Any? – perguntei fingindo interesse.

Tudo que eu queria era que ele dispensasse aquela cobra e eu não
precisasse mais olhar na cara dela.

-Pedi que ela fosse para casa, não estava no clima para aguentar as
chatices dele – respondeu por cima.

Sabia que tinha mais e ele não queria me contar. Provavelmente ela
queria transar, já que é tão burra que nem parou para pensar que no momento
ele precisa de colo e não de sexo. Mas, como ela só pensa e sexo e só serve
para isso é só o que sabe fazer.

Obviamente Jude não quis me contar por me julgar muito inocente.

-Vem aqui, sei do que você precisa – falei sentando na cama e


colocando o travesseiro no colo.

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Ele veio e deitou na cama com a cabeça no meu colo. Fiz cafune na
sua cabeça e ele começou a chorar.

Passamos um tempo de irmãos juntos, conversamos sobre nossa


mãe, os momentos da nossa infância, ele falou um pouco do nosso pai, como
ele já tinha 6 anos quando ele morreu tinha algumas lembranças do mesmo.

Era o que nós dois precisávamos nesse momento, só nós dois no


mundo inteiro entendíamos e sentíamos a mesma coisa naquele momento.
Nós nunca havíamos tido um momento de irmãos antes. Não é que nos
odiássemos, mas não éramos muito próximos.

Ele era bem mais velho, tinha seu grupinho de amigos, não se
importava de brincar com uma pirralha remelenta. Depois ele cresceu,
começou a ir para festas e eu era a irmã caçula ingênua e pura que ele tinha
que proteger. Me deixava bem longe das festas e principalmente dos amigos
dele, que não podiam nem olhar para mim. Mas eu não me importava com isso.
Não gostava de festas nem queria os idiotas perdedores dessa cidade.

Mas apesar de não sermos próximos, nem amigos, sempre nos


demos bem, afinal, somos irmãos. Quando eu precisava dele ele estava lá para
mim e quando ele precisava de mim eu estava lá para ele.

Como nossa mãe trabalhava muito era Jude que cuidava de mim
quando era mais nova. Depois que cresci era sempre eu que fazia nossa
comida. Algumas vezes cuidávamos um do outro quando doentes. Mas nunca
fomos aqueles tipos de irmãos inseparáveis, melhores amigos e até mesmo
confidentes.

-Vic, sei que para você é ainda mais difícil. Não lembra do nosso pai
e agora perdeu a mamãe. Ainda é muito nova, não conhece nada da vida. Não
precisa se preocupar, eu estou aqui e vou cuidar de você – disse Jude depois
de um tempo.

Fiquei feliz em saber que ainda tenho alguém no mundo, mas isso
não muda o que sou ou o que sinto. Jude é meu irmão, mas ele não vai me
impedir de ser quem eu sempre fui, quem estou destinada a ser.

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Por hoje eu vivi o luto pela minha mãe, aproveitei o acolhimento do
meu irmão. Por hoje serei a Vic de sempre, mas amanhã tudo mudará.
Ninguém vai perceber, mas eu mudarei.

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Capítulo 2: A nova eu

Acordei com a luz do sol no meu rosto, devo ter esquecido de fechar
as cortinas. Tentei me mexer, mas tinha um corpo pesado em cima de mim,
abri os olhos imediatamente em susto. Fiquei aliviada quando vi que era
apenas o Jude que dormia pesadamente em cima de mim.

Logo lembrei de tudo que aconteceu, da morte da nossa mãe, do


nosso momento de irmãos.

Levantei e fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes.

Quando estava terminando de escovar os dentes o Jude chegou,


ainda com cara de sono.

-Bom dia, irmãzinha – falou dando um beijo na minha cabeça.

Como nosso casa não é muito grande e só tem dois banheiros, um


no quarto que era dos nossos pais e um que eu e Jude dividíamos, tinham
portas de ligação que ligavam nossos quartos ao banheiro.

-Bom dia, vou preparar nosso café da manhã – falei e saí.

Voltei para o meu quarto e troquei meu pijama por uma calça jeans,
coloquei uma blusa de mangas compridas e calcei um tênis.

Quando ia para a cozinha percebi que não tinha fechado a porta do


banheiro direito, tinha ficado um pouco aberta.

Ouvi o barulho do chuveiro, parece que meu irmãozinho está no


banho. Logo me veio uma curiosidade de espiar.

Certo, Jude é meu irmão, mas ele é um gato. Eu nunca vi um


homem nu na minha frente, claro que sei como é, não sou burra, mas nunca vi
de verdade, assim, pessoalmente. Sempre quis saber como é.

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Já tinha cogitado espiar o Jude antes, afinal, era o jeito mais fácil de
“matar” minha curiosidade, mas nunca o fiz. Tinha medo da minha mãe me
pegar no flagra, ou Jude perceber e contar a ele.

Mas agora é diferente, nossa mãe não está mais aqui. Eu também
decidi mudar, ser eu mesma e fazer as coisas que sempre quis e nunca tive
coragem. Decidi espiar meu irmão no banho, será minha primeira ação como “a
nova eu”. Se ele me vê invento uma desculpa.

Fui com calma, comecei a observar de longe, como se tivesse


apenas passando. Fui me aproximando aos poucos, ele estava de costas
lavando os cabelos.

Seu corpo era um monumento, parecia desenhado de tão perfeito.


Costas largas, com músculos definidos, braços fortes e musculosos, pernas
grossas e definidas. Claro, o melhor de tudo, o seu bumbum quadrado e
grande, não era enorme, mas era considerável. Eu gostei e senti vontade de
apertar, queria ver se era durinho como parecia.

Ele se virou e eu tomei um susto achando que seria a hora que ele
ia me pegar e fazer um escândalo. Comecei a pensar mil formas de me
justificar, mas ele estava de olhos fechados tirando o shampoo do cabelo.

Respirei aliviada e comecei a admirar seu corpo nu, agora de frente


(onde realmente importa).

Seu corpo é tem músculos definidos e como na parte de trás parece


um desenho de tão perfeito. Os braços fortes, os ombros largos, o peitoral
definido e o abdômen “chapado”, com aquele “V” do obliquo definido e os
gominhos, as coxas grossas com os músculos definidos.

Como sempre, o melhor fica para o final, terminei minha inspeção


nas suas partes intimas. É obvio que não estava em seu melhor momento,
afinal, ele está tomando banho e está fazendo bastante frio. Apesar de ser
vigem eu estudei, sei que o órgão masculino muda seu aspecto quando está
excitado, fica maior e mais vistoso. Mas o do meu irmão, mesmo em repouso já
me parecia grande e bem interessante. Fiquei imaginando como seria excitado.

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Essa será minha próxima meta, darei um jeito de ver o Jude em seu
momento de plenitude total e absoluta, mas obviamente não será agora.

Tratei de sair antes que ele abrisse os olhos e me visse o espiando.

Foi para cozinha preparar nosso café da manhã.

Fiz o de sempre, ovos, bacon, café e torradas.

Pouco tempo depois Jude desceu vestido para o trabalho.

Comemos em silencio.

Ele se despediu de mim e disse que não voltaria para o almoço.

Resolvi ir até a casa da Candice, tudo que eu não queria era passar
o dia sozinha em casa.

A casa da família Adams ficava próxima a minha, eram apenas 15


minutos a pé. A cidade é pequena e tranquila, pacata. Enquanto ia até a casa
dos Adams passei por alguns conhecidos que me pararam para prestar suas
condolências.

Minha mãe era bastante conhecida na cidade, vinha de uma família


de moradores bem antigos da cidade, sempre viveu em New Bern, nunca saiu
da cidade. Meu pai também tinha o mesmo histórico, os dois se conheciam
desde criança e namoravam desde a escola, algo normal em New Bern, agora
que isso estava começando a mudar.

Levei o dobro do tempo para chegar até a casa de Candice devido


as inúmeras condolências. Não poderia escapar dessa “balela”, foi o jeito
interpretar a pobre órfão.

Quando cheguei a casa da minha melhor amiga ela correu para me


receber, logo tratou de me bajular e fazer o máximo para me deixar melhor. Era
irritante, mas foi o jeito suportar e fingir que estava agradecida por isso.

Eu odeio a Candice Adams, odeio com todas as minhas forças, é a


pessoa que mais odeio no mundo. Ela sempre teve tudo enquanto eu não tinha
nada. Ela é rica, bonita e idolatrada.

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O pai dela, Arthur Adams é médico, o melhor cirurgião da cidade e
renomado em todo o condado, só mora em New Bern em respeito ao legado da
família e por causa da esposa. Apesar de ter mais de 50 anos é um homem
muito bonito e bem cuidado, se alimenta bem, pratica tênis duas vezes por
semana, além de ser bastante charmoso e educado.

A mãe dela, Beatrice Adams era pediatra, mas após o nascimento


da Candice deixou de trabalhar para se dedicar a filha, inicialmente seria por
pouco tempo, mas ela não conseguia deixar a filha para trabalhar. Agora,
estava voltando aos poucos ao trabalho, agora que Candice está quase adulta
e logo irá para a faculdade.

Os dois tentaram ter outros filhos, mas não conseguiram, parece que
Beatrice tinha algum problema, então, Candice terminou como filha única e
menina dos olhos dos pais e de toda a cidade, vinda de uma família tão rica e
respeitada. Candice cresceu sendo muito amada e mimada.

Enquanto isso, eu, nem conheci meu pai, minha mãe fazia o que
podia, mas tinha que trabalhar em dobro para nos sustentar. Acabou que eu e
Jude ficávamos mais sozinhos em casa do que com ela. Jude fazia o que podia
para cuidar de mim, mas era uma criança como eu.

Então, a caridosa senhora Adams sempre se oferecia para cuidar de


mim. Claro, ela precisava de alguém para fazer companhia a sua princesinha e
pousar de santa para a cidade. Eu era sempre deixada de lado, Candice
sempre vinha em primeiro lugar, tudo de melhor era sempre para ela. Os
melhores brinquedos, as melhores roupas, as viagens de férias, depois os
garotos mais bonitos.

Eu tinha que fingir ficar feliz com isso, fingia me conformar e ser feliz
mesmo assim, não deixava transparecer a inveja que sentia. Para todos
Candice era minha melhor amiga e minha irmã de coração. Para todos eu
amava a família Adams, eles eram como minha segunda família.

Na escola não era diferente, Candice sempre se destacava pela


beleza, simpatia, amabilidade e disponibilidade. Era inteligente, não tanto
quanto eu (única coisa que eu me destacava), mas compensava sendo

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engajada nos projetos da escola, sempre disposta a ajudar, sempre nas
campanhas para ajudar os pobres, sempre vencia os concursos de beleza,
sempre cheia de amigos, recebendo carinho e atenção dos professores,
admirada por todos.

Quando passamos para o Ensino Médio ela chamou ainda mais


atenção. Todos os garotos corriam atrás dela, se digladiavam por um pouco de
atenção. Já eu, era apenas a melhor amiga dela, a que levava os recados, a
que eles perguntavam as coisas sobre ela. Minha única chance de
popularidade foi com a ridícula da Any cheguei a cogitar que finalmente as
pessoas me notariam quando a Any sentou comigo na hora do almoço. Mas
todos sabiam que era apenas o interesse dela no meu irmão mais velho.

Depois que ela conseguiu o que queria nem falava comigo, fingia
que eu não existia. Apenas na frente do Jude lembrava que eu existia e se
fingia de boazinha, eu respondia com o mesmo cinismo, claro, mas era
péssimo ter que aturar ela.

E depois veio o maior e mais cruel golpe que a Candice me deu, ela
me tomou o Dylan. Ele era o meu melhor amigo, meu único amigo de verdade,
o único que me via como Victoria, não como a pobre órfã de pai com uma mãe
batalhadora, nem como a nerd, nem como a melhor amiga da Candice Adams.
Não, para o Dylan eu era apenas a Vic, a amiga dele de infância.

Meu pai e o pai dele eram amigos de infância, eu e o Dylan nos


conhecemos desde que nascemos. Sempre fomos inseparáveis, gostamos das
mesmas coisas, éramos muito aventureiros quando criança, gostávamos de
correr, acampar no quintal, andar de bicicleta, jogar e muito mais. Nunca fui
uma garota que gostou de brincar com bonecas, sempre preferi correr e brincar
com os meninos.

Tudo isso mudou quando eu comecei a frequentar a casa dos


Adams, passava o dia trancada no quarto da Candice brincando de boneca.
Claro, com isso, os dois acabaram se aproximando e se tornando melhores
amigos. Assim nos tornamos um trio, foi a melhor época, fazíamos várias
brincadeiras, até mesmo aprontávamos com a Candice.

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Foi então que chegou a adolescia e eu comecei a ver meu amigo de
infância de uma forma diferente. Percebi que não era apenas amizade, eu
queria ficar cada vez mais perto dele, sentia que queria viver a vida ao lado
dele.

Claro, ele também ia ficando cada vez mais lindo, o corpo ia


mudando, ficando mais forte e ele ia ficando mais homem. Mas o rosto não
mudava, era sempre aquele rostinho de anjo da infância. Ele só ficava ainda
mais lindo.

Mas claro, o príncipe tinha que ficar com a princesa, como todos ele
se apaixonou pela Candice, para ele eu era uma irmã. A família dos dois
estava em jubilo, as duas famílias mais ricas, importantes e tradicionais da
cidade.

Eu, tive que fingir mais uma vez que estava muito feliz pelos dois,
fazer a cena da irmã dos dois que ficava feliz com a felicidade dos dois, de
quebra ainda ficava de vela. Isso aconteceu logo no começo do primeiro ano, já
fazia mais de 1 ano.

Os dois, bobos e certinhos como sempre, nunca fizeram nada


demais, sempre nos beijinhos. Eu era a confidente dos dois, Candice sempre
falava que ia fazer como a mãe, se guardar para o casamento e que o Dylan
era um amor, que nunca a pressionou e aceitava a condição dela. Dylan
também falava que amava muito a Candice e não se importava de esperar.

Dois idiotas, claro, se eu fosse a namorada dele não ia esperar um


minuto, Ia esperar um tempinho para valorizar, mas só charme. Melhor assim,
enquanto ela espera eu aproveito a carência dele e uso a meu favor. Afinal, ele
é homem e adolescente, essa é a época mais difícil, sei muito bem disso.

E agora chegou o momento que tanto esperei, vou colocar meu


plano em ação, vou seduzir o Dylan. Mas tenho que ter muito cuidado para que
ele não perceba, afinal, sou a doce e meiga Victoria Martin, a pobre e inocente
órfã, que precisa de todo carinho e atenção. Vou usar isso ao meu favor e vou
conseguir o Dylan.

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Como um presente do universo para mim, o Dylan veio assistir um
filme conosco a tarde. Foi aquela boa e velha sessão pipoca, como nos velhos
tempos, nos tempos que eu ainda tinha sonhos de viver um romance de conto
de fadas com ele.

Depois do filme eu disse que iria para casa, afinal, tenho que
preparar o jantar do Jude. Candice, toda preocupada com minha segurança
não queria que eu fosse embora sozinha. Dylan, cavalheiro como sempre, se
prontificou em me deixar em casa.

Fiz uma ceninha de sou adulta, mas logo aceitei, afinal, isso fazia
parte do meu plano de conquista. Conheço muito bem esses dois patetas,
sabia que isso iria acontecer.

Quando chegamos a minha casa eu comecei o teatro. Fiz minha


melhor cara de tristeza e enquanto fingia coçar os olhos coloquei o dedo bem
forte dentro dos meus olhos para que lacrimejasse.

-Vic? O que houve? Por que está chorando? – perguntou Dylan


bastante preocupado.

Como os homens são patéticos, não podem ver uma mulher


chorando que correm para fazer papel de herói.

-São as lembranças da minha mãe. Por mais que eu tente ser forte,
por mais que tente não pensar, no fim do dia a dor vem com mais força. Parece
que nunca vai acabar – falei fazendo voz de choro.

Uma parte de mim sentia tudo isso que eu estava dizendo, obvio,
acabei de perder a minha mãe e eu a amava. Mas essa parte de mim está
trancada bem no fundo da minha mente.

-Entendo. Mas pensa pelo lado positivo, ela está bem e feliz no
paraíso. De lá ela está te vendo e tem orgulho da garota forte que você se
tornou. Essa garota que está lutando para superar o luto e seguir em frente –
falou me abraçando.

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Coloquei minha cabeça em seu ombro e senti seu aroma masculino,
era muito bom sentir seu corpo quente e macio junto ao meu, melhor ainda
seria sem roupa entre nós.

-Você acha mesmo? Acha que ela terá orgulho de mim? – dei meu
primeiro golpe.

Sei como os homens não resistem a uma mulher frágil que precisa
da proteção deles. Uma mulher submissa que precisa de aprovação.

-Claro que sim. Você é inteligente, tem um futuro brilhante pela


frente. Já ajudava sua mãe com a casa e agora vai saber cuidar perfeitamente
de tudo e do seu irmão. Tenho certeza que ela já tinha muito orgulho de você e
terá mais ainda – falou me consolando.

Se minha mãe estivesse realmente nos vendo não estaria nada


orgulhosa, principalmente depois que eu espiei meu próprio irmão pelado,
tenho certeza que não era dessa forma que ela gostaria que eu cuidasse dele.

-Obrigada por suas palavras, você é um bom amigo – falei secando


as falsas lagrimas.

Já fiz muito teatrinho por hoje, se exagerar vou me tornar a chata


chorona, tudo que eu não quero. Tenho que saber dosar meu drama, o
caminho pro sucesso é o equilíbrio.

-Vic, sei que as vezes posso parecer distante, mas sempre estarei
aqui para você, sempre serei o seu melhor amigo desde a infância. Candice é
minha namorada, mas você é minha irmã de coração – falou me abraçando.

Isso foi golpe baixo, ele acabou comigo, mas eu não vou desistir.
Candice pode ter vencido essa batalha, mas a guerra está longe de acabar,
Dylan Collins ainda será meu!

Desci do carro em direção a minha casa com a sensação de dever


cumprido, o teatrinho de hoje foi bom, na medida certa e bem convincente,
afinal, a formula do sucesso de uma mentira é o fundo de verdade.

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Quando cheguei em casa fui direto para a cozinha preparar o jantar,
não fiz nada muito elaborado, Jude se contentava com qualquer coisa, desde
que fosse em grande quantidade.

Antes que eu terminasse ele chegou, estava bem cansado, suado e


sujo, após um longo e exaustivo dia de trabalho.

-Boa noite, irmãzinha. Como foi seu dia? - perguntou.

Bem melhor que o dele, com certeza.

-Bem, já o seu deve ter sido bem cansativo. Suba, tome banho e
venha jantar. Já estou terminando – falei.

Ele fez careta, ele odiava tomar banho quando chegava cansado do
trabalho, só queria comer e depois vê TV. Mamãe odiava isso, toda noite era
uma briga.

-Mamãe deixou uma substituta a altura, você é uma cópia exata da


senhora Martha Martin – reclamou.

Mesmo reclamando ele foi para o banho.

Terminei de fazer o jantar e subi para tomar banho.

Jude ainda estava no banheiro, ouvi o barulho do chuveiro.

Testei a porta de ligação pelo meu quarto, não estava trancada, o


que não0 era novidade, ele nunca trancava (diferente de mim).

Peguei minhas coisas e fui tomar banho no banheiro do quarto dos


meus pais, como sempre fazia quando Jude estava usando o nosso.

Me vesti no quarto dos meus pais. Provavelmente Jude vai querer se


mudar para ele agora, afinal, é o mais velho. Eu vou embora dessa cidade
mesmo, não ligo. O que me irrita é imaginar a irritante da Any se apoderando
da minha casa e dormindo com o meu irmão no quarto dos meus pais.

Fiz uma anotação mental, tenho que dá um jeito de me livrar da Any.


Já devia ter feito isso antes, não podia ter permitido que ela conseguisse ficar
com o Jude, ela me usou para conseguir se aproximar dele, o mínimo que
merece é ser descartada por ele como o lixo que é. Depois dou um jeito nela.

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Quando saí do quarto dos meus pais dei de cara com o Jude, ele
estava saindo do banheiro só de toalha.

-Por que não usou a porta de ligação do seu quarto? – questionei


intrigada.

O banheiro tem 3 portas, a porta normal, para o corredor, a porta de


ligação para o meu quarto e a de ligação para o quarto do Jude.

-Está emperrada, não tive tempo de consertar. E você? Se mudou


para o quarto dos nossos pais? – perguntou intrigado.

Ele deve estar pensando que me apropriei do quarto antes que ele
fizesse.

-Não, apenas estava usando o banheiro, já que você estava no


nosso. Você demora demais no banho, é pior que mulher – reclamei.

Ele riu de escarnio.

-Você nunca teve que fazer trabalho braçal, não sabe o quanto de
sujeira tem para tirar do corpo após um dia de trabalho. Por isso tenho tanta
preguiça de ir tomar banho, sei que será longo e trabalhoso – explicou.

Ah irmãozinho, você não sabe como eu adoraria te ajudar e te


poupar o esforço, teria o maior prazer em limpar cada milímetro desse corpo
perfeito.

Para com isso, Victoria! Pensamentos sacanas com o Dylan é uma


coisa, com o Jude é completamente diferente! Ele é seu IRMÃO! Uma espiada
por curiosidade é uma coisa, desejo carnal é outra!

-Se vista e vamos jantar antes que a comida esfrie – falei mandona e
corri para o meu quarto.

O que está havendo comigo?! Estou libertando meu verdadeiro eu,


mas parece que existe uma parte obscura de mim que nem eu mesma
conheço.

Tratei de esquecer isso, foi jantar, afinal, estava faminta.

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Eu e Jude jantamos em silencio, depois ele ficou na sala vendo TV e
eu fui para o meu quarto ler um pouco. Parece que a irritante da Any vai passar
alguns dias sem aparecer, melhor assim.

Já era mais de meia noite e eu não conseguia dormir. Ficava


pensando no Jude, sentindo falta da noite de ontem, de dormir com ele. Era tão
ruim ficar sozinha. Também não parava de pensar no seu corpo nu, ele é muito
lindo. Nunca pensei que meu irmão fosse tudo aquilo.

Não sou burra, nem cega, muito menos surda, eu ouvia os


comentários das garotas sobre ele, também achava ele gato. Mas é o meu
irmão mais velho folgado, apenas isso.

Só que agora é diferente....

Desisti de tentar dormir e fui até o quarto do meu irmão, ele dormia
profundamente.

Pensei em apenas me deitar lá com ele, mas eu queria que ele


acordasse, queria que me abraçasse como ontem.

-Jude! Acorda! Jude! – chamei quase gritando.

Ele tem sono pesado.

-O que houve Victoria?! Como me acorda desse jeito?! – acordou


assustado.

Quando ele sentou na cama o cobertor caiu até a cintura e percebi


que ele estava nu da cintura para cima, não sei se estava apenas sem blusa ou
realmente nu.

--Desculpa, mas não consigo dormir. Não estou me sentindo bem.


Posso ficar um pouco aqui com você? – pedi fazendo a garotinha inocente.

Fiz minha melhor cara de ingênua.

-Não precisa se fingir de forte, sei que está sendo bem difícil para
você. Mas, como eu disse, estou aqui. Vem, dorme comigo essa noite – falou
abrindo espaço para mim na cama.

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Quando ele puxou o cobertor percebi que estava apenas de cueca
boxe preta. Ele estava uma delícia.

Deitei no pequeno espaço, a cama é de solteiro, apesar de eu ser


fina ele é musculoso e grande, ocupa bastante espaço. Ficamos colados um no
outro. Pude sentir bem mais do seu corpo do que ontem, já que ontem ele
estava completamente vestido.

Ele me abraçou e me fez carinho até que dormimos.

Acordei com alguma coisa me cutucando e tomei um susto quando


descobri o que era. Parece que o Jude estava com uma ereção matinal, o que
é bastante normal, já li sobre isso. Ainda mais agora, que ele está alguns dias
sem transar com a Any, ele é bem ativo, ficar sem sexo é atípico para ele.
Apesar de psicologicamente ele não está no clima o corpo dele não está
acostumado a essa privação.

Lembrei do dia que o espiei no banho e como eu queria ver quando


estivesse em toda sua glória, essa é minha chance. Ele está dormindo
profundamente, não vai acordar agora. Vou puxar a cueca dele para baixo, dá
uma olhadinha e depois coloco de volta no lugar, ele nem vai perceber.

Com bastante calma e cautela eu coloquei minha mão no elástico da


cueca....

-VICTORIA MARTIN O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! –


gritou Jude tirando minha mão da cueca dele.

Tomei um baita susto e ele parecia está furioso.

-Desculpa, não era nada demais, eu juro! Só estava curiosa – tratei


de me explicar.

Obviamente vesti a carapuça da pobre garota inocente.

-Como nada demais?! Você estava tirando minha cueca! Eu sou seu
irmão, Victoria! Isso é errado! – falou enraivado.

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Até que para um cafajeste ele é cheio de princípios, como é
hipócrita. Mas era o que eu poderia esperar desse machista de mente
atrasada, sempre quando se trata de mim ele é um retrógado.

-Me deixa explicar por favor. Eu só estava curiosa – comecei.

Ele colocou as mãos na cabeça e tentou se acalmar.

-Ok, pode se explicar. Espero que tenha uma explicação muito boa –
falou irritado.

Comecei meu discurso:

-Eu sou virgem, obvio, tenho certeza que sabe disso....

-É obvio que é, eu cuidaria pessoalmente do cara que tentasse


mudar isso – rosnou.

Depois da explosão de fúria dele eu continuei:

-Eu já li sobre como os homens são, como eles mudam quando


sentem desejo, em resumo, eu sei tudo na teoria, mas eu nunca vi um homem
nu de verdade. Quando acordei e te vi assim eu fiquei curiosa, só ia olhar para
saber como é. Era só isso, eu juro. Eu não sinto nenhum desejo por você,
muito menos tenho uma paixão secreta, era apenas curiosidade – expliquei.

Ele levantou da cama e começou a andar de um lado para o outro


do quarto por um tempo, sem nem se importar em está só de cueca na minha
frente.

-Eu entendo você e acho muito bom que seja tão inocente assim, um
problema a menos para que eu me preocupe. Se eu te mostrar você promete
que será nosso segredo? Ninguém jamais pode saber sobre isso. Depois que
eu mostrar vamos fingir que isso nunca aconteceu e principalmente, você ficará
longe dos garotos dessa cidade. Eu vou te deixar me ver para impedir que
resolva “matar sua curiosidade” de forma mais perigosa. Estamos entendidos
Victoria? – perguntou sério.

Era tudo que eu queria, sabia que ele ia acabar cedendo, tudo que
ele mais quer é me manter longe de garotos. Ele não quer se preocupar que

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algum garoto idiota se aproveite da irmã caçula dele, isso foi o que ele sempre
fez. Além do mais, agora eu sou responsabilidade dele.

-Temos um trato, isso nunca aconteceu – assegurei.

Claro que eu estava mentindo, pretendo está nos braços do Dylan o


mais rápido possível, aproveitando tudo que a Candice está desperdiçando
com convenções puritanas.

Mas voltando ao meu irmãozinho...

-Eu não acredito que estou fazendo isso.... O que eu não faço para
manter minha irmã caçula pura e casta .... – reclamou.

Como o Jude faz cena, aposto que com as garotas que ele pega e
depois joga fora como se fossem descartáveis ele não se preocupa, não liga
para a honra delas.

Então, em um momento glorioso ele baixou a cueca e deixou que eu


visse a melhor parte do seu corpo e eu quase babei. Era para a ereção ter
acabado depois do susto e da nossa discussão, mas não, ele estava bem
acordado e apontando para mim, parece que meu irmãozinho ficou animadinho
com a situação, mesmo que ele não queira admitir.

Já eu, fiz de tudo para não demonstra como gostei do que vi, fiz uma
cara de pateta assustada (a cara que ele esperava e desejava que eu fizesse).
Mas internamente eu estava adorando, além de estar salivando, como eu
queria tocar, nossa, deve ser incrível.

O QUE É ISSO VICTORIA! DESEJAR O MEU IRMÃO JÁ É


DEMAIS!

Saí correndo do quarto dele e me tranquei no meu quarto.

Sentei no chão com as costas na porta.

O que acabou de acontecer? Eu não posso está desejando o meu


próprio irmão, isso é demais até pra mim.

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Tentei me acalmar, isso é bobagem, deve ser porque foi o primeiro
homem que eu vi nu. Com certeza depois que eu conseguiu o Dylan nem vou
lembrar disso.

Depois disso eu não tinha mais coragem de olhar na cara do Jude,


ele também ficou distante, mal nos falávamos, só quando era estritamente
necessário. Para completar a Any voltou a frequentar nossa casa, para ser
otimista, na realidade ela se mudou mesmo. Jude finalmente assumiu o
namoro com ela e ela está se achando a dona da casa. Em resumo, está
insuportável viver nessa casa, o que resultou na minha temporária mudança
para a casa da Candice, dos males o menor.

Capítulo 3: Primeiro passo para ser eu mesma


27
Já fazia dois meses da morte da minha mãe, eu tinha voltado a
seguir minha vida. Vivia mais na casa da Candice do que na minha, Jude mal
falava comigo e a Any estava pousando de Sra. Martin. Continuava com meu
plano com o Dylan, estávamos cada vez mais próximos, ele sempre estava
cuidando de mim, preocupado comigo e não desgrudava de mim.

Era uma quinta-feira de manhã, Dylan passou na casa da Candice


para nos levar para a aula. Eu estava cansada, não via a hora do fim de
semana começar, as atividades na escola estavam exaustivas e meus planos
parados. Em resumo, minha vida estava uma droga. Já estava quase
desistindo dos meus planos e aceitando essa vida tediosa, sonhando com o fim
do Ensino Médio, que sabe na faculdade as coisas seria diferentes? Ou eu
estava errada? Meu destino era ser mesmo a frágil e sem sal Victoria Martin?

Enquanto eu divagava sobre minha sofrida existência (bem


adolescente dramática) percebi um burburinho na escola, a “rádio corredor” só
falava no aluno novo.

Ótimo, mais um garoto desavisado para correr atrás da Candice.


Nem me interessei em ouvir o que falavam sobre ele, sabia que logo ele me
procuraria com alguma desculpa para se aproximar da Candice ou se fosse
dos mais ousados falaria logo sobre ela.

Não era a primeira vez que chegavam novatos na nossa escola, era
difícil, mas as vezes acontecia de alguém se mudar para a cidade com a
família e os filhos começarem a estudar aqui, a única escola da cidade. Mas
eram ocasiões raras e geralmente não eram pessoas que valessem a pena.
Sempre ficava esse burburinho, afinal, todo mundo se conhece desde sempre,
cidade pequena, todos crescemos aqui e só saímos para a faculdade, muitos
voltam, se casam, têm filhos e assim segue geração após geração.

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As aulas foram chatas como sempre, estava indo para minha última
aula antes do almoço, essa era a única aula que eu não fazia com a Candice e
também a única que eu realmente gostava, era aula de mecânica. Geralmente
só tinham homens na minha turma, eram raros os casos de mulheres que
escolhiam essa disciplina, mas eu adora e era a melhor da turma.

-Bom dia, alunos. Hoje temos um aluno novo entre nós. Esse é Noah
Campbell, ele veio transferido de Los Angeles – apresentou o Sr. Turner.

Eu estava distraída organizando meu material, mas quando o


professor falou sobre o novato eu resolvi olhar, melhor conhecer logo o novo
infeliz que vai me infernizar por causa da Candice.

Quando levantei a cabeça para olhar o garoto tomei um susto, ele


era diferente de tudo que eu imaginei, diferente de todos os garotos que
conheci.

Ele era alto, mais alto que o Dylan e que o Jude, não era tão
musculoso como o meu irmão, mas era forte, os cabelos eram pretos e lisos,
um pouco compridos para o cabelo masculino, mas não chegava a ser do
tamanho do cabelo de uma mulher, ele era branco e seus olhos azuis, o que se
destacava bastante.

Mas o principal eram a tatuagem no pescoço, que eu tenho certeza


que era apenas uma pequena parte exposta de alguma tatuagem que ele tinha
nas costas ou no peito. Ele tinha um pircing na sobrancelha e outro no nariz e
as roupas eram bem diferentes. Ele vestia uma calça preta, colada ao corpo,
botas pretas, blusa preta também colada ao corpo e um casaco de couro preto,
além de uma corrente na calça e munhequeira na mão esquerda.

Ele é incrivelmente lindo e diferente, não é como os bocós dessa


cidade. Mas o principal, ele tem uma aura que emana poder, que faz as
pessoas terem medo dele. Também tem um fogo no olhar, como se ele fosse
um conquistar, alguém que tem tudo o que quer.

Depois do breve momento de observação percebi que ele veio


sentar junto comigo afinal, eu sou a única que não tem um companheiro de
laboratório, os garotos não me aceitam na aula, se recusavam a sentar com

29
uma garota na oficina, diziam que não tinham tempo nem paciência para me
ajudar e ou ensinar. Ficaram com mais raiva ainda quando desde a primeira
aula mostrei ser melhor do que todos eles.

O garoto sentou ao meu lado, mas me recusei a falar com ele, ele
podia ser diferente e muito lindo, mas não serei como as caipiras ridículas
dessa cidade que não podem ver um garoto novo que ficam em cima.

-Nem mesmo em Los Angeles vi uma garota cursando essa


disciplina, não imaginei que veria em um fim de mundo como esse – falou para
mim.

Ok, agora ele resolveu falar comigo e ainda para me insultar.

-Machismo, serio? Parece que você não é tão descolado como tenta
aparentar – soltei.

Parece que é só a aparência mesmo, um personagem, no fundo ele


é só mais um idiota.

-Calma, também não precisa vir toda armada para cima de mim, foi
só um comentário. Posso ter me expressado mal, mas foi positivo – se
defendeu.

Calma Vic, não posso descontar minhas frustrações nele, ainda sou
a doce e meiga Victoria Martin. A garota que fingi tristeza e consola os garotos
que são dispensados pela Candice.

-Desculpa, só estou cansada da mente pequena dos homens –


respondi.

Ele riu

-Não se preocupe, não tenho essa mentalidade limitada dos caipiras


dessa cidade – assegurou.

Assenti para ele.

Logo o professor começou a aula e paramos de conversar.

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Quando a aula acabou peguei minhas coisas e saí o mais rápido
possível de lá. Esse garoto é problema, preciso ficar longe dele.

Estava tão apressada e distraída que acabei colidindo com alguém.

-Desculpa – falei atordoada.

Só depois percebi que esse alguém era o Dylan.

-O que houve Vic, você está estranha – estranhou ele.

Eu estava suando frio e aposto como estou pálida.

-Nada demais, acordei indisposta hoje – menti.

Ele me abraçou e beijou minha testa.

-Se precisar de mim estou aqui, para qualquer coisa – assegurou.

Sei que o jogo da coitadinha estava dando certo, mas eu já estou


cansada dele, odeio fingir fraqueza.

Seguimos juntos para o refeitório e eu percebi que Noah vinha logo


atrás de nós.

Quando chegamos a Candice já estava lá, fizemos nossos pratos e


ficamos conversando amenidades durante o almoço.

Noah sentou na mesa vizinha a nossa e não parava de observar, ele


nem mesmo tentava disfarçar.

-Não gostei desse garoto novo, ele me dá medo – disse Candice.

Parece que não fui a única a ficar arrepiada.

-Eu também não, ele não é como os garotos da cidade. Ele é


perigoso, soube que os pais o mandaram para viver com os avós porque não o
aguentavam mais, ele já tinha sido expulso de outras escolas – contou Dylan.

Parece que meu julgamento estava correto, esse garoto é problema.

Fiquei calada, não queria falar sobre ele.

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Depois do almoço segui com Dylan e Candice para a aula de
cálculos, teríamos essa os três juntos.

Eu não parava de pensar em Noah Campbell, o olhar dele me


queimava, era tão profundo e parecia me vê de verdade, vê quem eu realmente
sou.

Hoje teria treino do time de futebol americano e das líderes de


torcida. Candice era a chefe das líderes de torcida e Dylan o capitão do time de
futebol, é claro, aquele velho clichê americano. Eu, obviamente, não fazia parte
da equipe, mas como precisava esperar por eles ficava na arquibancada lendo.

Estava distraída na minha leitura quando alguém puxou o livro das


minhas mãos.

-Robótica avançada, jurava que estaria lendo romance – disse Noah


sarcástico.

Ele sabia muito bem que eu não era esse tipo de garota.

-Não faz meu estilo – respondi pegando meu livro de volta.

Ele olhou no fundo dos meus olhos e eu me senti nua, nunca


ninguém me olhou assim.

-Eu sei, percebi na primeira vez que te vi, você tem um fogo no
olhar. Você é como eu, mesmo que finja o contrário – falou firme.

Me arrepiei inteira, sabia que ele não estava apenas “me cantando”,
ele me viu por trás do personagem, ele sabe quem sou.

-Você só pode ser louco – desconversei.

Saí de lá o mais rápido possível, tenho que ficar longe dele ou tudo
que construí ira desmoronar, esse garoto será minha perdição.

-Espera, não faz assim. Desse jeito você me decepciona – disse


vindo atrás de mim.

Ele segurou o meu braço.

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-Me deixa em paz, você está me confundindo com alguém – falei
tentando me soltar.

Ele riu.

-Desse jeito você parte meu coração. Para de fingir que não sentiu o
que eu senti. Nós temos uma conexão, somos iguais. A diferença é que eu
assumo quem sou, já você se esconde atrás do personagem da garota perfeita
– falou.

Não adiantava mais esconder, não posso mentir para ele, ele não é
como os idiotas dessa cidade que acreditam em todas as minhas mentiras.

Quando eu ia confessar a verdade o Dylan apareceu.

-Deixa ela em paz, ela não é como as garotas que você está
acostumado. Se pensa que fará nessa cidade o mesmo que fez em Los
Angeles está enganado. Melhor você se comportar se quiser continuar. Nossa
cidade é tranquila e pacata porque os moradores a conservam assim, não
deixaremos nenhum arruaceiro estragar nossa paz – disse Dylan empurrando o
Noah.

Noah apenas riu da cena de bravura dele.

-Eu sei que ela é diferente. Já você, se acha que me deu medo está
enganado. Até breve, Victoria – falou superior.

Ele não se abalou em nada e me olhou ainda mais profundamente.

Dylan me tirou de lá.

-O que ele queria? Ele te machucou? – perguntou preocupado.

Resolvi mentir, é claro.

-O de sempre, saber sobre a Candice. Ele é só mais um desavisado,


mas não se preocupe, já falei para ele que Candice é comprometida e ele não
tem chance – dei a resposta padrão.

Muito melhor que todos pensem que ele é mais um no fã clube dela.

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-Você jura que é só isso? Vi vocês dois nas arquibancadas, depois
você sumiu, vim atrás e te encontrei com ele. Você não me parece bem – falou
preocupado.

Melhor dá uma desculpa e me livrar logo.

-Não foi por causa dele, estou indisposta hoje, deve ser o começo de
um resfriado. Acho melhor ir para casa – menti.

Precisava ficar sozinha com os meus pensamentos, preciso saber


como agir.

-Eu te levo em casa, melhor não andar sozinha a essa hora. A


cidade não é mais tão segura – falou.

Só o que me faltava, Dylan vai querer ser minha babá.

-Não precisa, moro aqui perto e a Candice vai estranhar sua


ausência – desconversei.

Só quero ir embora e caminhar vai me ajudar a esclarecer os


pensamentos.

-Digo para ela voltar de carona com uma das meninas da torcida, ela
vai entender – encerrou.

Ele estava irredutível, não adiantava discutir.

Voltamos para o campo de futebol, Dylan explicou a situação para


Candice e ela logo se compadeceu da querida e frágil amiga. Em poucos
minutos estava no carro do Dylan a caminho da minha casa.

-Pronto, a donzela está entregue em segurança. Não precisa se


preocupar – falei quando ele estacionou na minha casa.

Ele me abraçou forte.

-Eu me preocupo com você Vic, quero te proteger e cuidar de você –


falou chateado.

La vamos nós....

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-Eu sei e agradeço, mas se preocupe com a Candice, ela é sua
namorada – respondi amarga.

Foi impossível não dá essa resposta, estou cansada de tudo isso. As


vezes tenho vontade de jogar tudo pro auto e falar umas verdades na cara de
todo mundo.

Calma Vic, isso ainda é o efeito do Noah sobre você!

-Mas você é minha melhor amiga, sempre foi. A Candice tem a


família dela, não precisa tanto assim de mim. Já você só tem o Jude, que está
mais para adolescente irresponsável do que chefe de família. Convenhamos
que é você que cuida dele, não o contrário, como deveria ser – soltou.

Realmente, mas sempre foi assim, nem me abalo muito com isso,
até porque eu sei bem me cuidar.

-Jude já é adulto e eu sei me cuidar, não se preocupe – o


tranquilizei.

Ele suspirou.

-Queria que encontrasse alguém especial, que cuidasse de você.


Mas nunca encontrei um candidato a altura e não quero que namore qualquer
um só para não ficar sozinha – confessou.

Minha vida amorosa, serio Dylan?

-Não se preocupe, não sou nenhuma adolescente desesperada,


muito pelo contrário, meu interesse é outro. Quero estudar, conseguir uma
vaga em uma boa universidade e ser alguém na vida por mim mesma – falei
parte da verdade.

Ele pareceu aliviado.

-Ainda bem que você é ajuizada, facilita meu trabalho de anjo da


guarda. Mas não esqueça se precisar de mim estou aqui, para qualquer coisa –
falou e me deu um beijo na testa.

Essa preocupação dele já está me irritando, ele está se mostrando


um chato.

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-Pode deixar, adeus – falei me despedindo.

Quando fui dá um beijo na bochecha dele sem querer ele se mexeu


e acabou sendo no canto da boca.

Ele ficou tenso e eu saí correndo do carro, parece que não é só


preocupação, acho que alguém está com ciúme.

Então é isso, Dylan nunca me enxergou porque sempre tive ao lado


dele, mas agora, que alguém me notou ele se sente ameaçado e está com
medo de me perder. Ele quer namorar a Candice, mas quer que eu esteja
sempre ali para ele, sozinha. Se ele pensa que me engana com aquela história
de alguém especial que me mereça está enganado, ele só quer me manter
longe de outros garotos, no fundo ele quer as duas como quando éramos
crianças (como amigos), mas não assume nem para ele mesmo.

Mas depois eu cuido do assunto Dylan, agora preciso me trancar no


meu quarto e pensar sobre meus próximos passos. Não posso deixar Noah
Campbell ser minha fraqueza, tenho que dá um jeito de mudar a situação a
meu favor.

Quando entrei em casa vi a cena mais bizarra da minha vida.

-O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! – gritei furiosa.

Jude e Any estavam completamente nus e transando no sofá.

Inicialmente fiquei assombrada, depois furiosa (É O MEU SOFÁ),


mas depois fiquei admirada, digamos que meu irmão é bem eficiente nesse
quesito e a Any parecia estar gostando bastante (devido aos gritos e caras e
bocas que fazia).

Jude sentou o mais rápido possível e colocou uma almofada no colo


para esconder sua nudez, já Any não se importou nem um pouco.

-Sexo, é claro. Você pode ser virgem, mas obviamente não é burra,
cunhadinha – falou a biscate se achando.

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Ela ficou parada na minha frente completamente nua, devia querer
me intimidar, queria que eu tivesse inveja do corpo dela, mas tudo que eu
queria era puxar a piranha pelos cabelos e jogar na rua.

-Isso eu sei, mas a sala não é local para isso! Tivessem ido para o
quarto! Agora vou ter que lavar o sofá! Que nojo – reclamei.

Jude enfiou a calça de qualquer jeito enquanto discutíamos (o que


era desnecessário, afinal, eu já vi tudo mesmo).

-Afinal, o que está fazendo aqui Victoria? Não estava na casa da


Candice? – perguntou.

Agora eu estava com vontade de arrancar os olhos e a língua do


meu irmão.

-Se não se lembram essa é a minha casa e eu ainda moro aqui –


falei séria.

Jude ficou envergonhado.

-Tem razão, nós erramos. Essa casa também é sua e tem todo
direito de estar brava. Isso não irá se repetir. Vamos ficar só no meu quarto de
agora em diante – prometeu Jude.

Saí vitoriosa para o meu quarto.

-Cunhadinha e quanto ao sofá, se fosse você lavava também a


cozinha, o banheiro, a escada, sabe de uma coisa? Lava logo a casa toda,
afinal, transamos em todos os lugares – disse Any petulante.

Essa foi a gota d’água, eu vou quebrar a cara dessa garota.

-Chega Any, nós que estamos errados, para de implicar com a Vic. E
sabe de uma coisa? Você vai lavar a casa inteira! – ordenou Jude.

Por dentro eu estava fazendo a dancinha da vitória.

-O que? Jude, você não pode fazer isso! – falou desesperada.

Parece que meu irmãozinho está se cansando dela, aleluia.

37
-Ou você limpa tudo ou nunca mais põe os pés aqui, você escolhe –
falou vindo para as escadas.

Seguimos para o andar superior.

-Só mais uma coisa Jude, será que eu posso usar meu quarto ou
vocês usaram ele também? – perguntei.

Ele ficou chocado.

-Claro que não, nem seu quarto nem o quarto dos nossos pais. Eu
jamais faria algo assim – tratou em se defender.

Bufei.

-Aposto que Any queria se apossar do quarto dos nossos pais e


transar escondida no meu quarto. Deve ter sonhado em me fazer dormir em
cima das cobertas sujas – falei cansada.

Ele veio até mim.

-Sim, você conhece ela, mas eu jamais deixaria. Victoria, Any não
passa de uma distração enquanto não me apaixono de verdade por alguma
garota. Mas você minha irmã, é tudo que eu tenho – falou olhando nos meus
olhos.

Fiquei feliz em saber, tenho certeza que se um dia eu pedisse ele


deixaria ela por mim, mas não quero fazer isso, não combinaria com a doce e
meiga Victoria Martin, o fim deles será de outra forma.

-Tudo bem, só controla ela – encerrei.

Ele não me deixou sair, me puxou e me abraçou.

-Desculpa ter me afastado de você depois daquele dia, eu fiquei


confuso, mas agora vejo com clareza que não foi nada demais. Não precisa
sair da sua casa por causa da Any, vou colocar ela em seu devido lugar –
assegurou.

Parece que alguém não conseguiu cumprir a parte em que


fingiríamos que aquilo nunca aconteceu.

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-Jude, esquece aquilo, eu já esqueci. Quanto a Any, a vida é sua, só
não quero que ela passe dos limites e muito menos ache que é mais dona da
minha casa do que eu – falei.

Ele me deu um beijo na testa.

-Vou conversar com ela, se ela aprontar de novo termino tudo com
ela de uma vez. Ela está ficando irritante e nós dois sabemos que opções não
me faltam, se ela quiser continuar comigo vai ter que se comportar. Se ela fizer
alguma coisa com você me diga, sei que ela age de maneira bem diferente
com você quando não estou presente e agora até na minha presença ela está
sendo horrível – falou.

Ele nem imagina....

-Não se preocupe comigo, eu sei lidar com a Any Moore – assegurei.

Finalmente fui para o meu quarto.

Capitulo 4: O que não mata fortalece

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Na sexta fingi está doente e não fui para a escola, passei o fim de
semana trancada no meu quarto, inventei para todos que estava resfriada. O
que obviamente era mentira, estava no meu “retiro espiritual”, precisava me
conectar comigo mesma e traçar meus próprios passos.

Como prometido, Jude fez a Any limpar toda a casa, na verdade ele
a fez lavar tudo, além dos panos de cama, do sofá almofadas, cadeiras da
cozinha e tudo mais. Ele disse que a partir de agora seria assim, tudo que ela
sujasse teria que lavar, que eu não sou empregada dela e muito menos vou
tocar em lençóis sujos de sexo. Ela fez uma cena, mas ele disse que se ela
não quisesse assim que fingisse que ele não existia, pois para ele, ela estaria
morta.

Jude não amava a Any, muito menos gostava dela, só estava com
ela por conveniência, era apenas garantia de sexo sem esforço, antes da morte
da nossa mãe eles não tinham nada sério e ele ficava com outras, mas, depois
que nossa mãe morreu ele ficou muito mal e ela se aproveitou disso para se
tornar a namorada oficial, principalmente depois do dia que dormimos juntos no
quarto dele, acho que foi pelo que aconteceu que ele resolveu assumir Any
como namorada e se afastar de mim. Tenho certeza que ele sentiu alguma
coisa, só não quer assumir, nem para ele mesmo. Deve ter se sentido mal por
desejar a própria irmã, por mais que Jude seja um cafajeste ele é todo certinho
com a família.

Mas Jude não é problema para agora, por enquanto ele está
fazendo tudo que eu quero e é isso que importa, depois eu penso o que faço
em relação a ele e a Any. Minha preocupação atual é Noah Campbell.

Noah está me desestabilizando, ele me deixa nervosa e me


enfraquece, apenas um dia com ele e quase deixei minha mascara cair. Além
disso, ele sabe quem sou de verdade, ele me enxerga além do personagem
que criei para mim. Não posso deixar que eles destrua meu disfarce e acabe
com meus planos, passei a vida toda mantendo essa fachada para ser
arruinada por um garoto. Tenho que dá um jeito nisso, tenho que transformar a
situação a meu favor.

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É isso! Se não pode com ele, junte-se a ele! Ele não precisa ser meu
“calcanhar de Aquiles”, podemos nos aliar, é só saber o que ele quer!

A segunda-feira chegou e eu estou decidida, vou confrontar Noah


Campbell e saber o que ele quer!

Jude foi me deixar na escola e quando cheguei Dylan e Candice


vieram falar comigo.

-Vic, que bom que está melhor. Você sumiu o fim de semana inteiro
– disse Candice preocupada enquanto pegávamos nossas coisas em nossos
armários.

Nossos armários eram vizinhos.

-Eu estava resfriada, quinta de manhã já não estava me sentindo


bem, acordei indisposta, mas à medida que o dia foi passando piorou. Passei
esses três dias de cama – menti.

Era a história padrão que inventei para justificar meu sumiço.

-Ligamos para sua casa, Jude disse que não saiu da cama. Ainda
quisemos fazer uma visita, mas ele disse que você não queria ver ninguém –
disse Dylan.

Jude falou que eles ligaram, mas eu queria distancia de todos.

-Desculpa, mas vocês sabem como odeio que me vejam quando


estou doente, só precisava de repousou – falei.

Isso era verdade, fico horrível quando estou doente.

-Isso é bobagem, mas pelo menos adiantou, você me parece ótima –


disse Candice.

E eu realmente estou, finalmente estou sentindo que minha vida vai


mudar. Todos esses anos sempre fui muito sozinha, tinha que encenar na
frente das pessoas, era muito chato e cansativo. Mas agora será diferente, pela
primeira vez serei eu mesma com alguém, mal posso esperar.

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-Sim, minha mãe era enfermeira, me ensinou muita coisa –
concordei.

Isso também não era mentira, minha mãe me ensinou muitas coisas,
sei me cuidar bem e cuidar dos outros, caso precise.

-Então, já que está tudo bem vamos para a aula, a semana está
apenas começando e algo me diz que será puxada – disse Dylan.

Fomos para a aula.

No intervalo entre as aulas dei um jeito de fazer sinal para Noah, que
me seguisse. Eu tinha aula de educação física, mas falei com a professora,
expliquei que estava terminando de me recuperar e ela logo me dispensou da
aula, todos os professores me adoram e acreditam em tudo que falo. Candice
também achou melhor que eu não participasse da aula.

Aproveitei para encontrar com Noah em uma parte bem deserta que
fica atrás do campo, lá é bem escondido e ninguém nunca vai até lá.

-Parece que alguém resolveu para de fugir de mim – disse animado.

Eu tinha ensaiado essa conversa muitas vezes.

-Você não é o primeiro e não será o último garoto que se interessa


pela Candice e me usa como forma de se aproximar dela. Ela namora com o
Dylan e nunca o deixará, então, faça um favor a si mesmo e esqueça ela – fiz o
discurso padrão.

Ele começou a rir.

-Me poupe, Victoria. Nós dois sabemos que meu interesse é outro e
por favor, para de se menosprezar, nós sabemos que não é assim. Pensava
que tínhamos evoluído, que finalmente ia parar de fingir comigo – falou fingindo
desgosto.

Como esperado, ele não acreditou na minha ceninha.

-Então, vamos ao que interessa. O que você quer? Sem joguinhos


Noah Campbell, diga de uma vez o que quer – falei desafiadora.

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Então ele me puxou e mesmo que eu não quisesse estremeci em
seus braços. Ele se aproximou de mim e pensei que ia me beijar.

Nesse momento esqueci tudo e me deixei levar, só queria sentir.

-Você, quero fazer uma parceria. O que acha de sermos aliados? –


propôs.

Bom, era o meu plano, mas confesso que no momento estava mais
interessada em beijar esse garoto marrento.

-E o que eu ganho com isso? – perguntei presunçosa.

Ele me soltou e se afastou de mim.

-Tudo que sempre quis, a destruição de Candice Adams – soltou.

É, parece que ele sabe mais de mim do que eu pensava, mas ele
pode está apenas jogando.

-E o que te faz pensar que é isso que eu quero? Candice é minha


melhor amiga, minha irmã de coração – menti descaradamente.

Ele caiu na gargalhada.

-Você é boa nisso, parece que quando repetimos tanto uma mentira
ela até se parece verdade, fez esse teatrinho por tanto tempo que ele faz parte
de você- falou com admiração.

Se ele pensa que vou ceder fácil assim está enganado.

-Então, segundo você, eu terei o que sempre quis, mas e você? O


que ganharia em troca? Afinal, sei que não é nem um pouco altruísta, alguma
coisa você quer – dei a última cartada.

Esse era o principal. Todo mundo quer alguma coisa, isso é o que
dá sentido à vida e só posso confiar nele depois de saber tudo que quer.

-Simples, quero você – falou tranquilamente.

Essa é boa, se ele pensa que vou cair nesse papinho galante está
enganado.

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-Agora é você que está se menosprezando, por favor, não nos
conhecemos a muito tempo, mas tenho certeza que você não é o tipo do garoto
que acredita em amor à primeira vista e devoção eterna – joguei.

Ele deu um sorriso presunçoso.

-Não, mas acredito em almas gêmeas. E você minha querida


Victoria, é minha alma gêmea do mal – confessou.

Pela primeira vez vi que ele estava sendo sincero, mas não posso
acreditar nisso, ele não é do tipo romântico.

-Agora você está sendo patético, estou decepcionada. Estava


realmente esperançosa que fosse diferente, mas estou vendo que é apenas um
metidinho que se acha inteligente. Seu truque não deu certo, não precisa mais
encenar – falei frustrada.

Eu estava profundamente magoada, ele quase conseguiu me


enganar, esse era mais esperto que os outros, mas ainda bem que percebi a
tempo antes de ser tarde demais.

Ele queria me seduzir para que eu o ajudasse a conseguir a


Candice, provavelmente acha que tenho inveja dela e quero o Dylan, quer se
fingir de meu amigo e aliado para separar os dois e tentar uma chance com ela.

Fui embora decepcionada.

Pelo menos não confessei nada de relevante, ainda posso sair


dessa ilesa como a melhor amiga preocupada.

-Não é nada disso Victoria, esquece a Candice de uma vez por


todas! Eu não estou interessado nela, de verdade. Ela é bonita, confesso que
transaria com ela fácil, mas não se resume a isso. Eu não estou interessado na
garota perfeita e sem sal, rainha da escola e menina de ouro da cidade. Eu
estou interessado na mulher fatal e poderosa que se esconde atrás da fachada
de pobre garota órfã, amiga perfeita, aluna perfeita e desprezada por todos os
garotos burros e idiotas, que são cegos e não vêm como você é incrível. O que
tenho que fazer para te provar que o que estou dizendo é verdade? – falou.

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Esperei, ele parece está dizendo a verdade e eu posso muito bem
testar ele.

-Se acha que uma declaração de amor vai me convencer está


enganado – falei friamente.

Ele veio até mim.

-Eu sei, por isso vou te dá uma prova. Sei que não pode confiar em
mim assim tão fácil. Você tem muito a perder, enquanto eu não tenho nada –
falou.

Vamos lá, quero ver do que ele é capaz.

-Quero que cometa um crime e se torne foragido da polícia – soltei.

Um plano ser formou em minha mente, é tudo que eu sempre


precisei.

-O que quer? Que eu roube um banco? Mate alguém? Eu faço isso


por você, mas não preciso me tornar um foragido. Sou esperto, não serei pego
– assegurou.

Dei um sorriso sarcástico.

-Sei bem disso, mas para o que eu quero, é essencial que todos
saibam que foi você e que esteja foragido. Então, está disposto a isso? – soltei.

Ele ponderou.

-Bem, eu posso me virar, nós podemos até ir embora e recomeçar


depois, com outros nomes em outro lugar. Tenho contatos, posso fazer isso –
concordou.

Ótimo, ele não perde por esperar.

-Quero que estupre uma garota e que todos saibam que foi você –
contei.

Ele suspirou aliviado.

-É só isso? Quer que eu estupre a Candice? Sinceramente, seria


melhor drogar ela e fingir que ela quis ficar comigo, assim a reputação dela

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estaria acabado. Podia fazer com que o Dylan nos flagrasse, ou quem sabe até
a escola inteira – sugeriu.

Que bobinho, ele não sabe do que sou capaz.

-Não é a Candice. Sou eu, você será meu perseguidor e eu a pobre


vítima inocente e indefesa – confessei.

Dessa vez ele ficou chocado.

-Você? Mas assim teríamos que nos separar, pensei que também
me quisesse, sei que me deseja – falou confuso.

É Noah Campbell, pronto para mim, consegui te vencer no seu


próprio jogo! Sinta o prazer de ser desestabilizado.

-Claro que quero bobinho, mas tenho planos maiores e para isso,
preciso desse incidente. Está disposto a me ajudar? É pegar ou largar? Ou eu
posso muito bem sair correndo gritando e pedindo socorro. Em quem você
acha que todos vão acreditar? – ameacei.

Ele ficou nervoso.

-Calma Victoria, não precisa ser assim. Eu quero você, já disse,


estou disposto a te ajudar com seus planos, mas depois que você conseguir o
que quer será minha. Vamos embora juntos, recomeçar em outro lugar – falou.

Será mais fácil do que eu pensei, ele realmente está apaixonado,


posso manipula-lo.

-Temos um trato. Encontrarei um lugar para nos encontrarmos, darei


um jeito de te avisar. Mas não se preocupe, terá bastante tempo para se
preparar, tenho algumas coisas para fazer antes de colocar meu plano em
ação – falei.

Ele me puxou novamente e dessa vez nos beijamos.

Eu nunca havia beijado ninguém antes, não sabia como fazer, mas
logo meus instintos me guiaram e fui maravilhoso. Seu hálito quente, seu gosto
maravilhoso ne seu corpo junto ao meu. Seus lábios são macios, mas ele tem
uma pegada feroz, parece que vai me devorar e eu adoraria ser devorada. Seu

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corpo contra o meu é incrível, não vejo a hora de explorar cada centímetro
dele.

Me afastei dele antes que sucumbisse ali mesmo.

-Esperarei ansiosamente o seu contato – falou.

Ele foi embora e eu fiquei um tempinho lá para me acalmar.

Finalmente encontrei alguém que gosta realmente de mim, que me


vê como realmente sou e que se interessa pelo meu verdadeiro eu. Nunca
imaginei que isso iria acontecer, é tão bom não está mais sozinha.

Agora eu tenho opções. Eu poço esquecer tudo isso, focar longe


dele e seguir minha vida como a doce e meiga Victoria Martin, ser amiga da
Candice e do Dylan, um dia madrinha de casamento deles, dos filhos deles.
Cuidar do meu irmão e esperar que ele cuide de mim, ir para a faculdade, ter
uma carreira, me apaixonar e ter uma vida simples, esquecer esses planos de
vingança e ser o que todos esperam de mim.

Eu também posso continuar com meus planos, separar a Candice e


o Dylan e ficar com ele. Ou posso fazer todos pagarem por tudo que me
fizeram e ir embora dessa cidade com o Noah. Posso forjar minha própria
morte e recomeçar.

A primeira opção está claramente descartada, eu jamais vou me


contentar com tão pouco. Mas estou em dúvida entre a segunda e a terceira.
Nos meus planos eu ficaria com o Dylan, mas agora para conseguir isso vou
precisar da ajuda do Noah e terei que ficar com ele no final. O que não é nada
mal, com o Dylan teria que continuar fingindo, mas com o Noah posso ser eu
mesma.

Mas ainda não estou decidida entre os dois, com qual deles quero
ficar. Eu posso muito bem apenas usar o Noah, ninguém nunca acreditara nele
e eu estarei livra para ficar com o Dylan. Mas não sei se aguentaria continuar
fingindo com ele.

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Depois eu decido isso, ainda vai demorar para que eu tenha que
tomar minha decisão final, por enquanto eu vou aproveitar os dois, depois eu
decido.

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Capítulo 5: Agora sim, eu mesma

A semana passou rápido repleta de atividades, trabalhos e até


mesmo uma prova surpresa, como sempre eu estava preparada e com a mente
afiada. Noah não voltou a me procurar, fingimos não nos conhecer e nos
mantemos distantes.

Dylan está menos paranoico, inventei que fui me encontrar com


Noah para convence-lo de uma vez por todas a se afastar da Candice, afinal,
precisava de um álibi, caso alguém tenha me visto com ele ou algo assim.
Além de precisar manter Dylan sob controle.

Tudo estava bem, Noah estava agindo normalmente, na medida do


possível para ele. Sempre flertando com as garotas que corriam atrás dele,
mas sem nunca passar disso. Para todos os efeitos ele tinha desistido da
Candice e agora seguia em frente.

Enquanto isso, quando tinha tempo dava um jeito de fugir para a


velha cabana de caça do meu pai, ficava bem distante e ninguém usava a
muito tempo. Eu limpei e arrumei, levei algumas coisas para que ficasse
aconchegante.

Devido esse meu plano passei a semana sem ir até a casa da


Candice, inventei que como as coisas com Jude estavam bem eu tinha que
cuidar da casa e dele. As provas e trabalhos também se mostraram ótimas
desculpas.

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Como Jude passa o dia fora não percebeu nada, o que facilitou
muito meus planos. Estava tudo saindo como planejei, a cabana estava pronta
e totalmente habitável, agora, faltava o principal, avisar o Noah para me
encontrar lá.

Eu sabia onde os avos do Noah moravam, por isso, ates de ir para a


cabana passei em frente à casa dos avós dele, era uma bela e confortável
casa, grande e com uma gramado incrível, típico das famílias ricas da cidade.

Quando passei por lá, para minha sorte ele estava na garagem
lavando o carro, olhei para ele e pisquei discretamente, para que ninguém
visse, depois segui para o supermercado que ficava próximo e comprei
chocolates e mais algumas bobagens.

Quando saí, percebi que Noah me segui. Fui até a cabana mantendo
uma distância segura e fingindo estar distraída.

-Garoto esperto, entendeu meu plano mesmo sem que eu explicasse


– falei quando chegamos.

Eu pretendia passar por lá várias vezes até que ele entendesse que
deveria me seguir, era arriscado, mas era melhor que falar com ele ou mandar
um bilhete. Ainda bem que ele é esperto e entendeu de primeira.

-Sabia que seria algo parecido, não podemos ser vistos juntos. Você
tem que ser o mais distante possível para que não a culpem ou achem que
estava apaixonada por mim Já entendi o que quer – falou.

Gostei quero ouvir o que ele pensa de mim.

-Então, Noah Campbell, qual sua teoria? – perguntei.

Ainda estávamos do lado de fora da cabana, ainda não estava


preparada para entrar com ele. Ainda não tinha certeza se era isso mesmo que
eu queria, depois que passarmos dessa porta não posso mais desistir.

-Você é uma garota incompreendida, com uma mentalidade


diferente, porém, ao invés de se revoltar e ser a “esquisita” da cidade resolveu

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criar um personagem para si mesma, é mais esperta que o normal, até do que
eu mesmo, nunca consegui negar minha natureza, nem esconder como você
faz e olha que tentei. Foi por isso que me interessei por você, você, minha
cara, é uma versão melhor de mim, você é tudo que eu sempre quis ser, por
isso quero você para mim – começou.

Bajulador, mas bastante sedutor.

-Já me disse porque se interessou por mim, mas quero saber mais.
O que acha que quero? O que pensa que eu planejo? – perguntei.

Quero ver até onde ele irá, quero ver se é realmente tão esperto.

-Simples, você quer vingança. Eu pesquisei sobre você, sei que sua
família apesar de tradicional nunca teve muitas condição, que seu pai morreu
poucos meses depois que você nasceu, que sua mãe trabalhava muito e que
os Adams lhe acolheram, você foi praticamente criada na casa da Candice.
Mas você não tem a mesma mentalidade dos caipiras dessa cidade, você não
vê a atitude dos Adams como bondade, sabe que eles só estavam se
aproveitando das suas necessidades para conseguir uma companhia para a
filha. Você cresceu naquela mansão, mas era apenas a amiga pobre, não tão
bonita, muito menos tão rica. Os melhores brinquedos, a atenção, o carinho, os
elogios e até mesmo os garotos, tudo era para a Candice. Por isso que você
quer destruir a vida dela, não aceita que ela seja tão feliz enquanto você não
tem nada. Até o seu grande amor ela roubou. Descobri que Dylan era seu
melhor amigo antes de começar a frequentar a mansão Adams, que ele e
Candice se aproximaram por sua causa. Então, você tirará o Dylan da Candice
e assim, ela saberá o que é não ter o que tanto almeja. Você mostrara a cidade
que superou a Candice e assim, todos irão lhe admirar – contou.

Era como se ele tivesse lido meus pensamentos, como se me


conhecesse a vida inteira, ele realmente me emocionou de verdade, pela
primeira vez na minha vida.

-Como soube tudo isso? – perguntei em choque.

Ele veio até mim e acariciou meu rosto.

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-Eu pesquisei muito, conversei com muitos velhinhas fofoqueiras que
se encantaram com minha beleza e até mesmo tive que levar uma empregada
da casa Adams para a cama, isso foi horrível, mas valeu a pena, ela quem me
contou toda sua história. Quanto ao resto, o que realmente importa, como você
se sente, eu deduzi – contou.

Estou sem palavras.

-Sou tão previsível assim? Não sei como ninguém me descobriu até
hoje – falei sarcástica.

Ele não se controlou e começou a gargalhar.

-Apenas para mim, porque eu sou como você. Sei como se sente
porque passei por algo semelhante, mas com a minha família de sangue –
explicou.

Suspirei aliviada, mas agora estou curiosa.

-Então, agora é sua vez, conte sua história – pedir.

Ele olhou ao redor.

-Melhor entrar ou você pretende me deixar plantado aqui? – cobrou.

E agora, minha grande decisão.

-Tem razão, vamos – concordei.

Entramos na cabana, eu fui na frente.

Quando entramos fui invadida por recordações da minha infância,


antigamente mamãe nos levava para a cabana nos aniversários do nosso pai,
mas a muito tempo deixamos essa tradição de lado, mamãe estava sem
tempo.

Era uma cabana pequena, com uma pequena cama de madeira,


uma mesa de madeira com quatro cadeiras, uma lareira, um banheiro simples,
com chuveiro, sanitário e pia, um pequeno fogão a gás e uma geladeira. Eu
trouxe roupas de cama novas e limpas, agua, comida e utensílios domésticos.
Como não tem energia peguei umas lanternas em casa.

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Entramos e sentamos a mesa, em cadeiras frente a frente.

-Então, eu sou o filho caçula e totalmente indesejado. Meu irmão é


10 anos mais velho. Foi muito esperado por meu pai, ele o criou para ser seu
sucessor. Então, minha mãe engravidou. Além de não querer mais filhos, meu
pai até que se conformou esperando ter uma menina, para que fizesse
companhia a minha mãe, já que o filho mais velho estava sempre ao lado do
pai. Então, eu nasci homem e além disso minha mãe morreu no meu parto. Em
resumo, meu pai me odeia. Meu irmão é o filho perfeito, o grande herdeiro e eu
sou o maior erro da vida dele, se pudesse voltar no tempo com certeza teria
feito com quem minha mãe me abortasse.

“Eu cresci e ao invés de ser um bobão que suplicasse por sua


atenção eu sempre o confrontava, fazia tudo para irritar o velho, o
envergonhava. Fui preso várias vezes e expulso de todas as escolas, tive até
casos escandalosos com algumas esposas de companheiros de negócios dele,
o fiz perder vários contratos. Tudo que estava ao meu alcance para destruir a
vida dele eu fiz”.

“Quanto ao meu irmão, Paul, ele sempre quis se aproximar de mim,


mas sempre o odiei, ele era o queridinho enquanto eu era desprezado. Foi
quando tive minha grande chance. Paul se apaixonou por Bonnie, uma doce e
meiga filha de um dos sócios do meu pai. Eles são do Alabama, um local muito
conservador, a garota foi criada como uma princesa. Nossas famílias ficaram
em jubilo com o namoro dos dois, logo planejavam casamento. Foi então, que
eu entrei em ação. Tirei do meu irmão tudo que ele mais desejou e amou.
Seduzi a pobre Bonnie e a levei para a cama e com requintes de crueldade fiz
com que meu irmão nos pegasse juntos, na cama. Foi um escândalo”.

“Paul ficou devastado, tentou até se matar. Bonnie ficou devastada,


foi humilhada pela família, todos ficaram com tanta raiva que a renegaram. Os
negócios entre nossas famílias foi rompido. Bonnie ainda veio atrás de mim,
toda apaixonada e iludida, queria que eu a ajudasse, que a assumisse, só
assim sua família aceitaria de voltas e os negócios seriam reestabelecido. Meu
pai me suplicou para que eu aceitasse, faria de tudo para que eu o ajudasse,
chegou até a me oferecer o lugar de primogênito”.

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“Essa foi minha grande vingança, não aceitei. Joguei na cara da
Bonnie que só a usei, que nunca me apaixonei por ela, que era insuportável e
que só consegui trazer com ela porque imaginava a dor que meu irmão sentiria
quando nos visse. Joguei na cara do Paul que tirei a virgindade da noivinha
dele, que ela ficou louquinha por mim e suplicou para que eu a quisesse, como
eu sou bem melhor que ele”.

“Meu pai surtou de vez, me jogou na rua, mas meus avos, as únicas
pessoas que me amavam, mandaram me buscar e aqui estou eu, finalmente
vingado e podendo recomeçar, viver minha vida sem a sombra do meu pai.
Para completar, encontrei você, tudo que eu sempre quis e não sabia, tudo que
eu precisava”.

“Victoria, eu não sou nenhum príncipe encantado, muito menos um


garoto sonhador, nunca quis me apaixonar, nunca sonhei em me casar, eu só
queria me divertir, eu só pensava no meu próprio prazer. Não sei nem com
quantas mulheres eu dormi, foram mulheres maduras e experientes que me
ensinaram muitas coisa, outras garotas bobinhas e inocentes desavisadas que
eu desvirtuei, tiveram também garotas da minha idade que também só queriam
se divertir. Enfim, fiz tudo que quis, mas comecei a sentir um vazio e quando te
vi, senti que era o que faltava, senti que fomos feitos um para o outro”.

“Quanto mais descobri sobre você mais percebi como era minha
alma gêmea, nós nascemos um para o outro Victoria, tudo o que vivemos até
hoje só prova isso. Tudo que passamos nos mudou. Nós já nascemos com
personalidade diferente dos outros e nos moldamos ao longo dos anos”.

Contou sua história e em vários momento me vi nela, mas percebi


uma coisa, eu posso ser bem maior do que almejo, eu sempre serei mais.
Candice é só o começo, meus planos mudaram, tenho outras ideias. Minha
vingança será ainda maior, todos não perdem por esperar.

-Você passou no teste, agora sei que posso confiar em você – menti
descaradamente.

Agora terei que usar ao máximo meu lado atriz, ele tem que confiar
em mim.

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-Eu sabia que era um teste, você só queria saber até onde eu iria
por você – falou se achando.

Coitado, seu ego será sua derrocada.

-Tem razão quanto a minha vingança contra a Candice, mas ela será
maior que isso. Quero me vingar da família dela inteira e você irá me ajudar –
assegurei.

Ele sorriu presunçoso.

-Com toda certeza, você terá sua vingança, será meu presente para
você. Mas quanto ao Dylan, tenho uma ideia melhor. Venhamos e
convenhamos que sou melhor que ele. Além disso, como Bonnie, ele não é
inocente, merece sofrer – sugeriu.

Ciúmes, parece que nem tudo é perfeito.

-Nós podemos ser uma dupla, parceiros, mas não pode ter ciúmes.
Somos livres, monogamia não é uma opção – deixei claro.

Ele riu.

-Eu sei e também não quero isso. Apenas tenho uma ideia melhor.
Depois que conseguir o que quer com o Dylan deve deixar ele, fazer com que
sofra, como você sofreu quando ele escolheu a Candice – sugeriu.

Ele tem razão, eu já havia pensado nisso.

-Sinto lhe informar, mas era o que eu planejava, afinal, iremos


embora juntos – menti.

Eu vou ter os dois, fazer o que quiser com eles e depois os


descartarei nenhum dos dois está a minha altura, meus planos são outros.

-Então, como posso lhe ajudar? – perguntou.

Agora as coisas estão ficando interessantes.

-Quero que provoque o Dylan, que faça chacota com ele, você vai
fazer com que ele questione seu posicionamento em relação a Candice. Quero

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que ele a pressione, que os dois comecem a brigar e de preferência que ele
comece a beber. Desestabilize ele, vamos infernizar a vida daqueles dois –
expliquei.

Ele ficou em jubilo.

-Isso será fácil e eu vou adorar – falou maléfico.

Ótimo, agora vamos a outra parte do meu plano.

-Calma gatinho, você ainda não sabe da melhor parte do meu plano,
na qual você será essencial – falei sedutora.

Levantei da cadeira e fui até ele.

-Não vejo a hora de saber qual é, mas tenho algumas ideias – falou
animado.

Chega de brincar, fui até ele e sentei em seu colo, de frente para ele,
com uma perna de cada lado.

-Eu posso parecer um anjo, mas nós sabemos muito bem que eu
tenho que seduzir se quero ter êxito. Nada melhor que um homem experiente
para me ensinar. Você vai me ensinar como agradar um homem, quero que me
ensine tudo! Quero saber deixar os homens aos meus pés, suplicando por
mais! – falei.

Está mais do que na hora de deixar de ser uma virgenzinha que não
sabe fazer nada.

-Vou ter o maior prazer em fazer isso. Mas não se preocupe, Dylan é
virgem, só de você querer transar com ele já vai ter o jogo ganho. Ele tem 16
anos e é virgem, com certeza está enlouquecendo – assegurou.

O problema não é o Dylan, ele é fácil, mas tenho outros alvos.

-Dylan é virgem, mas Arthur Adams é um homem experiente, vou


precisar de todas as armas para seduzir ele. Eu desconfio que ele tenha tido
amantes, mas mesmo assim, será difícil ele querer ter um caso com a melhor
amiga da filha – contei.

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Eu já tinha pensado nisso várias vezes, mas não tinha coragem. Não
me sentia preparada, sabia que seria difícil e eu seria desmascarada. Porém,
Noah me mostrou que eu posso sim seduzir um homem e principalmente, ele
vai me ajudar e assim eu vou saber direitinho o que fazer. Vou dá a Arthur
Adams o melhor sexo da vida dele.

-O pai da Candice, nossa Victoria, você é melhor do que eu


imaginava. Você sonha alto, mas tenho certeza que vai conseguir, aquele velho
babão estará nas suas mãos em breve – assegurou.

Então eu o beijei, foi incrivelmente maravilhoso como da outra vez,


na verdade foi melhor, dessa vez eu estava sentindo muito mais do corpo dele,
cada parte.

Hora de esquentar as coisas, posso ser virgem, mas não sou burra,
sei algumas coisas que os homens gostam.

Enquanto o beijava comecei a me mexer no colo dele, estava


ficando cada vez mais gostoso. Depois fui tocando seu corpo, primeiro no
peito, depois no abdômen e fui descendo, até que cheguei na calça, não resisti
e passei a mão em um local que nunca ousei tocar em nenhum garoto, um
local que sempre quis sentir.

Pelos gemidos ele estava gostando e muito, continuei tocando, até


que resolvi parar de torturar e tirar a roupa dele, não via a hora de tirar tudo,
que ele completamente nu para que eu possa tocar em casa parte do seu
corpo.

Tirei suas roupas aos poucos, aproveitando cada detalhe que ia se


revelando e obvio, descobri as tatuagens dele, era um uraboro no pescoço,
tinha a estrela de sete pontas no obliquo. Tinha umas escrituras em outra
língua em círculo no braço esquerdo e um símbolo em mandarim na base da
coluna.

Depois foi a vez da calça (ele já tinha tirado os sapatos, as meias a


jaqueta de couro). Ele estava de cueca boxe preta e ele é ainda mais lindo
assim. O corpo musculoso e definido, pernas torneadas, braços fortes,
musculoso, o abdômen sarado, obliquo definido e gominhos.

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Tinha poucos pelos, o tal caminho da felicidade, não via a hora de
percorrer o tal caminho e foi o que fiz, sem aviso, puxei a cueca dele.

-Nossa, parece que alguém está bem ansiosa. Eu não vou fugir, sou
todo seu – falou.

Eu vou aproveitar cada detalhe.

Eu já tinha visto um homem nu, mas não o toquei, mas agora não
perderei a oportunidade. Ele era bem dotado, não era como meu irmão, mas
era maravilhoso, adorei e adorei mais ainda “brincar” com ele.

Ele começou a querer tirar minha roupa.

-Não, isso hoje não – falei o parando.

Ele ficou frustrado.

-Sério isso? Vai dá uma de puritana? – ralhou.

Estava bom demais para ser verdade.

-Não é isso, já está tarde, preciso ir antes que o Jude chegue. É bom
desenvolver o auto controle, ou paramos por aqui – intimei.

Ele respirou fundo.

-Você venceu, mas na próxima será minha vez – exigiu.

Ele foi procurar suas roupas pela cabana e aproveitei para ver seu
corpo nu de costas, nossa, que bunda, é grande e bem redonda, branquinha,
da vontade de morder e apertar.

Ele vestiu as roupas enquanto eu o observava, simplesmente


perfeito.

Ele foi embora primeiro, esperei um pouco e fui embora também.

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Capítulo 6: Que os jogos comecem

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Finalmente comecei a colocar meu plano em pratica, já fazia um
mês que tinha meus encontros escondidos com Noah, ele me ensinou muitas
coisas, continuo virgem (preciso dessa virgindade por enquanto), mas de resto
já fizemos tudo e eu adoro passar longas horas nos braços dele.

Já o Dylan está bem incomodado, Noah é uma força da natureza,


ele está levando o Dylan a loucura, nunca o vi tão irritado do dia para a noite
ele passou de menino de ouro, príncipe encantado a piada da escola. Noah
conseguiu se tornar o garoto mais disputado e centro das atenções. Todos
querem agradar ele, ser tão descolados como ele, de uma hora para outra
virou moda ser diferente, a mentalidade puritana agora é atrasada.

Candice, obviamente, se mantem forte em suas convicções e prega


a todos o puritanismo, ele está firme e forte nos laços tradicionais, defende com
“unhas e dentes” o seu posicionamento. De repente, nosso grupinho passou de
trio de ouro a excluídos, mas eu estou adorando isso.

Fim de semana chegou e eu fui passar na casa da Candice, ela já


estava começando a desconfiar que eu quase não ia na sua casa, a desculpa
de cuidar do Jude não a convencia mais. Além disso, tenho planos para esse
fim de semana, é hora de mexer com a cabeça da Candice, e claro, começar a
seduzir o pai dela.

Eu estava arrumando minhas coisas no sábado de manhã, Dylan


viriam me buscar para irmos para a casa da Candice.

-Vic, podemos conversar? – disse Jude batendo na porta.

O que houve?

-Claro – falei controlando minha ansiedade.

Ele parecia bem nervoso.

-Anny me contou o que está acontecendo na escola, sobre o garoto


de LA. Não gostei desse garoto, quero você longe dele. Ela me disse que os
viu conversando algumas vezes – começou.

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Lá vem o Jude dá uma de irmão mais velho e responsável, obvio
que a Anny fez a cabeça dele.

-Jude, não se preocupe, o meu grupinho é o excluído, os únicos em


toda a escola que não concordam com ele e que o detestam. Ele veio falar
comigo por causa da Candice, como sempre acontece quando algum garoto
novo chega na cidade. Não se preocupe, foi o de sempre, mas ele já desistiu
dela – expliquei.

Ele ficou bem aliviado.

-Que bom, quando ela começou a contar eu nem me importei, sabia


que você não era dada a modinhas, mas quando ela disse que os viu
conversar eu fiquei preocupado. Sei que é chato vir te interrogar, mas é meu
dever como seu irmão mais velho. Além do mais, agora eu sou o responsável
legal por você – se desculpou.

Sei que ele odeia essas coisas, mas apesar de irritante foi até fofo.
Só mostrou como minha fachada é boa, ele logo acreditou em mim.

-Eu sei, agora somos só nós dois, temos que cuidar um do outro. Eu
não queria, mas tenho a obrigação de irmã de te alertar – comecei.

Ele ficou preocupado.

-Alertar? Como assim? – perguntou intrigado.

Comecei a cena.

-Não ache que é retaliação ou intriga, eu estava criando coragem


para contar, mas tinha medo de te magoar, ou de você não acreditar em mim.
Por favor, não fale nada, apenas observe. Não é comigo que tem que se
preocupar e sim com a sua namorada, ela vive correndo atrás do Noah –
contei.

Era verdade, Anny não pode ver novidade, foi logo correndo atrás do
Noah, mas eu pedi que ele ficasse longe dela, não me preocupava com as
outras, ele tem que se divertir e manter a fachada, mas a Anny não. Agora será
diferente, vou dizer para o Noah encoraja-la.

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-Eu acredito em você, já tinha percebido que a Anny estava
estranha, não era mais tão grudenta e estava indo a algumas festas sem mim.
Obrigado, irmãzinha, vou ficar de olho nela. Vou pensar no que faço com a
Anny, ela já está me cansando. Mas, se ela acha que vai me trocar está
enganada, vou mostrar quem manda – falou maldoso.

É isso que adoro em Jude, ele sabe ser vingativo quando quer,
somos realmente irmãos.

Parece que não precisarei me vingar da Anny, meu irmãozinho fará


isso por mim.

Jude se despediu e saiu.

Terminei de arrumar minhas coisas na hora exata, Dylan me


esperava no carro.

-Bom dia – falei animada.

Fazia tempo que não visitava a Candice, tinha que parecer feliz em
passar um tempo com ela.

-Bom dia – falou sem vontade.

Dylan está bem quieto e chateado.

-Parece que alguém não está tendo um bom dia. Vamos Dylan, se
abre comigo, qual o problema? – perguntei fingindo preocupação.

Hora da manipulação.

-Você acha que sou trouxa como todos dizem? Que os tempos
mudaram e eu estou sendo bobo e retrógado? – questionou.

É agora!

-Bom, seria burra em negar a mudança, mas resta a cada um de nós


escolher quais coisas são benéficas e quais são maléficas. Por exemplo,
antigamente, as mulheres não podiam estudar, não lidavam com tecnologia e
era difícil uma cientista mulher, mas isso é tudo que quero ser. Para mim essas
mudanças são bastante positivas. Como também, algum tempo atrás, pessoas

62
de classes sócias diferentes não podiam se relacionar, até mesmo nossa
amizade seria proibida - discursei.

Não posso ser totalmente liberal, sou a santinha ainda, mas não
posso ser radical, tenho que deixar ele ainda mais confuso.

-Eu sei Vic, odeio esse tipo de pensamento e apoio suas decisões
profissionais. Mas não é disso que estou falando, estou falando no meu
relacionamento com a Candice, você sabe. Vic, é complicado falar sobre isso
com você – falou constrangido.

Fingi constrangimento e pensei coisas aleatórias para ficar


vermelha.

-Sobre isso não sei opinar, não tenho um namorado e nunca tive.
Não sei como vocês se sentem. A única coisa que eu sei é que os homens são
deferentes das mulheres em relação ao desejo, afinal, meu irmão mais velho é
a maior prova disso. Mas Dylan, você devia discutir essas coisas com a
Candice, seja sincero com ela, com você mesmo. Você sabe que a sinceridade
é muito importante entre um casal e o diálogo é a chave de um relacionamento
duradouro – aconselhei.

Acho que fui bem, me fiz de santa e inocente, fui uma boa amiga,
deixei ele mais confuso e ainda vou fazer ele pressionar a Candice.

-Tem toda razão, você é muito madura e sensata obrigada Vic, você
me ajudou muito – falou me dando um beijo no rosto.

Ele estava bem mais animado.

Depois da nossa conversa fomos a casa da Candice.

O dia passou rápido, fizemos alguns trabalhos da escola e


estudamos para as provas que estavam por vir. Depois do jantar o Dylan foi
embora eu e Candice fizemos uma festinha do pijama, com muita pipoca e
chocolate.

63
Candice não estava como de costume, ela estava estranha e
distante, por várias vezes percebi que ela queria falar alguma coisa e acabava
por não falar.

-Candice, pode começar a falar. Eu te conheço, sei que algo está te


preocupando, está nítido, você não está nem prestando atenção no filme –
intimei.

Eu pausei o filme no VHS.

-É o Dylan, nós estamos com problemas. Ele está muito diferente,


não estou gostando nada do comportamento dele – desabafou.

Ela estava muito abalada, está saindo tudo como eu planejei.

-Explica melhor, que comportamento é esse? – me fingi de burra.

Está na hora de manipular a Candice, vou deixar ela louca.

-Você sabe que ele sempre concordou que nos casássemos virgens
após o fim da faculdade, mas agora ele começou a reclamar, coisa que nunca
havia feito. Além de estar “assanhadinho” – começou.

É hora do show.

-Candice, isso pode ser apenas uma fase. Noah anda causando
uma revolução na escola e isso pode estar afetando o Dylan. Conversa com
ele, mas para isso você tem que saber o que quer. Então Candice, qual seu
posicionamento? – soltei.

Isso é fundamental, não adianta nada fazer essa revolução toda na


vida dos dois se no final servisse apenas para aproximar ainda mais os dois,
fazendo com que eles transassem e não se largassem nunca mais.

Mas acho que isso não vai acontecer, afinal, estou apostando todas
as minhas fichas nisso. Conheço a Candice desde sempre, ela é muito puritana
e radical, não vai aceitar.

-Se ele me ama de verdade tem que me esperar e principalmente


me respeitar. Não sou o tipo de garota influenciável, eu sei o meu valor e não
vou aceitar nada menos do que os meus padrões – falou opiniosa.

64
Sabia!

-Então se mantenha firme, converse com o Dylan e deixe bem claro


como se sente e que se ele te ama vai te esperar. Você tem que dizer essas
coisas para ele. Não quero me meter, vocês são meus melhores amigos e eu
os amo muito, não posso nem quero me meter, nem escolher um lado. A única
coisa que posso e devo fazer como amiga é aconselhar e apoiar os dois na
decisão que tomarem. Mas, a decisão de cada um é importante e deve ser o
que cada um realmente quer, não adianta escolher algo por influencias
externas e depois se arrepender – discursei.

Perfeito, me mantenho de fora do conflito, saio como boa amiga, não


opinei diretamente e fiz com que os dois entrem em conflito. Sinceramente,
esse conflito estava fadada a acontecer, Dylan é homem, no fundo sempre quis
algo a mais, deve até ter imaginado que com o tempo a Candice ia ceder, só
precisava de um “empurrãozinho”.

Já a Candice, ao contrário dele, sempre se manteve fiel a seus


princípios. Ela não vai aceitar nada antes do casamento e nada do que o Dylan
falar ou fizer mudará isso.

-Tem toda razão, terei uma conversa séria com o Dylan. Obrigada
Vic, você me ajudou muito – falou animada.

Depois da nossa conversa fomos dormir.

Acordei de madrugada com muita cede, mas a agua que tinha no


quarto acabou, então, fui até a cozinha.

Quando cheguei na cozinha dei de cara com o pai da Candice, o Sr.


Arthur Adams.

Ele é um homem grisalho de meia idade, mas é muito charmoso,


branco de olhos azuis, alto e em forma.

Arthur estava “assaltando a geladeira” comendo um pedaço de torta


de morango com chocolate.

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-Desculpa, não sabia que tinha ninguém na cozinha, pensava que
estavam todos dormindo – menti descaradamente e fingi está envergonhada.

Eu sei que o pai da Candice adora essa torta e quando a cozinheira


a faz ele sempre levanta de madrugada para comer. Ele acha que ninguém
sabe e nunca me viu o espionando, sempre me mantive discreta e guardei
essa informação para um momento oportuno.

Por isso, eu me vesti esperando a oportunidade, coloquei uma


camiseta sem sutiã e um short curto, algo bem comum, mas que ao mesmo
tempo valoriza meu corpo. Uma roupa que Candice não desconfiaria, até
porque, para sair do quarto usamos roupão por cima. Mas como estava tarde e
eu “achava” que ninguém estaria na cozinha não me preocupei.

-Não se preocupe Victoria, eu nunca estive aqui – disse brincando.

Percebi que ele ficou me observando, mas fazia de tudo para não
olhar.

Fui buscar água na geladeira.

-O senhor está comendo com tanto gosto que está me dando água
na boca – provoquei levemente.

Ao mesmo tempo que parecia apenas uma garota desejando doce,


mas para um homem como ele, me vendo daquele jeito com certeza passariam
coisas pela cabeça dele.

-Não se prive desse desejo, devemos aproveitar as coisas boas da


vida, pegue um pedaço e venha comer comigo – ofereceu.

Fui toda animada, com esse jeito de garota inocente

Durante esse mês eu e Noah investigamos muito o ilustre cirurgião


Sr. Arthur Adams, descobrimos que ele teve alguns casos ao longo dos anos,
com mulheres jovens, com menos de 30 anos. O primeiro foi quando a Candice
era bebê, Beatrice chegou a descobrir, mas eles se reconciliaram, ele usou o
pós parto como desculpa e ela aceitou. Depois disso ele passou anos sem ter
casos extraconjugais.

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Mas, nos últimos anos (crise de meia idade) ele recomeçou a ter
casos, com garotas cada vez mais jovens e sempre diferentes. Ele é esperto,
sempre encontra garotas para esses casos casuais nas viagens de negócios
que faz, em congressos, sempre uma garota diferente.

Voltando a cozinha, comemos juntos conversando amenidades.

-Obrigada, Sr. Adams. Estava ótimo – agradeci.

Já ia subir quando ele me chamou.

-Espera Vic, não me chame de Sr. Adams, me chame de Arthur, nós


já nos conhecemos a muitos anos e somos muito próximos. Se precisar de mim
é só falar. Sei que sempre estou ocupado, é difícil ter um tempo em casa, até
mesmo para a Candice, mas se precisar de mim, não hesite em me procurar.
Estou aqui para o que precisar – ofereceu.

Fui até ele totalmente inocente e o beijei na bochecha.

-Estou muito feliz em saber disso, me sinto mais segura – falei e saí.

Deixei ele louco com minha inocência e fragilidade, tudo que os


homens gostam, principalmente quando chegam nessa idade.

Voltei para o quarto e fui dormir, com a sensação de dever cumprido,


a primeira parte do meu plano correu bem, agora, falta ver o desenrolar dos
acontecimentos para colocar a segunda parte em ação.

Capítulo 7: Novidades

Uma semana depois Candice me procurou em jubilo.

-Vic, tenho ótimas notícias – falou em êxtase.

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Eu estava na biblioteca revisando a matéria da prova que ocorreria
após o almoço.

-Nossa, estou feliz em ver sua animação – fingi.

Ela sentou na minha frente e começou a contar:

-Conversei com o Dylan, como você falou. Fomos totalmente


sinceros um com o outro. Eu entendi o lado dele, são muitos anos de namoro
ainda até o casamento e como homem ele tem suas necessidades. Falei com
meus pais e eles encontraram uma solução. Eu e Dylan vamos casar ao final
do Ensino Médio! – contou empolgada.

Fiquei de queixo caído, mas me recompus, não posso deixar


transparecer.

-Que maravilhoso, estou muito feliz por vocês. Espero que eu seja a
madrinha – falei fingindo alegria.

Calma, ela venceu essa batalha, mas a guerra ainda está longe de
acabar.

-Meus pais falaram com os pais do Dylan, eles vão comprar um


apartamento para nós perto do campus em Charlotte e vamos nos mudar após
a lua de mel. Vou passar o ano que vem cuidando dos preparativos e você vai
me ajudar – comemorou.

Fingi ter amado a notícia e está ansiosa, passamos o resto do


horário do almoço tendo ideia para o casamento.

Depois da prova eu fingi me sentir mal e Dylan foi me deixar em


casa, precisava ficar sozinha com ele, precisávamos conversar.

-Vic, não quer que eu entre e fique um pouco com você até o Jude
chegar? Não quero te deixar sozinha – falou preocupada.

Acho que é uma boa ideia, mas vou fazer charme.

-Não quero te atrapalhar, vou só subir e deitar – falei.

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Sabia que ele não me deixaria subir no meu estado de tontura.

-Deixa ao menos eu te deixar lá em cima, prometo que não vai me


atrapalhar em nada. Tenho uma hora antes do fim das aulas, posso ficar um
pouco com você e voltar a tempo de buscar a Candice – afirmou.

Sabia que ele reagiria assim.

-Adianta dizer que não? – brinquei.

Ele sorriu.

-Que bom, pensava que teria que entrar à força – entrou na


brincadeira.

Fomos até meu quarto, ele me ajudou na escada e depois me


colocou na cama.

-Dylan, Candice me contou que conversaram e se resolveram. Fico


muito feliz pelos dois. Como está em relação ao casamento? – joguei.

Precisava saber a opinião dele.

Como esperado, a reação dele não foi das melhores, ele parecia
bem confuso.

-Vic, você é minha melhor amiga, sei que posso confiar em você.
Mas também é melhor amiga da Candice e vocês conversam sobre tudo. Seria
pedir demais que mantivesse o que vou te contar em segredo? – falou
envergonhado.

Ótimo, está melhor que o esperado.

-Dylan, se me pedir segredo eu jamais vou comentar com ninguém.


Se precisa desabafar estou aqui para você, espero poder te ajudar da melhor
forma possível, nem que seja te ouvindo – declarei.

Ele ficou mais aliviado.

-Aceitei a ideia do casamento porque meus pai e os dela adoraram a


ideia e planejaram tudo. Também não quero perder a Candice e pela conversa
que tivemos essa era a única maneira de continuarmos juntos – confidenciou.

69
Como eu imaginava....

-Não posso opinar, não quero te influenciar para que me culpe


depois, a única coisa que posso dizer é que pense bastante e pese os pós e
contras. Ouça seu coração – falei.

Ele sentou ao meu lado na cama.

-Obrigada Vic, você sempre tem os melhores concelhos – agradeceu


satisfeito.

Eu fiquei fazendo uma ceninha básica de amiga carente e frágil, ele


adora isso em mim e adora mais ainda ser meu herói.

Acho que o saldo foi positivo, ele não está satisfeito com o
casamento, está fazendo mais por obrigação. Os hormônios masculinos na
adolescência estão agindo a meu favor, Dylan está subindo pelas paredes sei
que será fácil seduzir ele. Também percebi que ele tem interesse em mim, está
sempre buscando minha aprovação e pedindo minha opinião. O problema dele
é que se importa muito com a opinião dos outros e não consegue enxergar o
que ele realmente quer.

Mais alguns ajustes e a segunda parte logo estará em ação.

Precisei ter um encontro de emergência com o Noah, tinha que ser


rápido, antes que o Jude chegue.

Quando Dylan e Candice me deixaram em casa eu saí correndo


para a cabana, já tinha piscado discretamente pro Noah (nosso sinal), então
ele me seguiu.

Quando ele chegou foi logo me agarrando.

-Estava com saudades – falou me beijando.

Retribuí o beijo, mas só porque ele queria, não estava afim.

-Noah, foco, estou sem tempo – falei afastando ele.

Odeio quando ele fica grudento, já estou cansando dele.

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-Pensava que queria me vê porque estava com saudade. Faz tempo
que a gente não se encontra – falou chateado.

Eu estava ocupada manipulando a Arthur, enrolando a Candice com


os preparativos do casamento e sendo o “ombro amigo” do Dylan.

-Estou cuidando da minha parte do plano, por isso estou ocupada.


Mas te chamei aqui por outro motivo, Anny Moore – comecei.

Ele revirou os olhos.

-Aquela garota é uma chata – falou cansado.

Até o Noah não gosta dela.

-Ela foi falar de nós dois pro Jude e ele veio me procurar para que
eu ficasse longe de você. Fiz uma cena e ele acreditou em mim, mas mesmo
assim temos que tomar cuidado com ela. Já faz tempo que quero dar uma lição
nela, já fiz a “caveira” dela pro Jude. Quero que você dê corda para ela – pedi.

Ele deu um sorrisinho sacana.

-Pode deixar, vou fazer tudo que você quer é só dizer – falou.

Sabia que podia contar com ele.

-Não quero que fique com ela, não me importo que fique com
qualquer uma, mas ela não. Deixe ela na vontade – exigi.

Ele ficou presunçoso.

-Tudo bem, você sabe que só faço o que você quer. Se você quiser
eu não fico com nenhuma outra – declarou.

Droga, ele está insuportável, não vou aguentar por muito tempo.

-Agora tenho que ir – falei.

Nos despedimos e logo eu estava de volta em casa.

71
Noah fez o que eu pedi estava cada vez mais próximo da Anny e a
biscate estava se achando. Meu irmão logo ficou sabendo e veio confirmar
comigo, fiz a cena do não quero me meter, mas...

Com Candice e Dylan estava saindo tudo como esperado, desde o


noivado dos dois as coisas não iam bem. Dylan estava distante e sempre
encontrava desculpas para não andar conosco, as vezes ele ia na minha casa
conversar e falava que não tinha certeza se queria casar antes da faculdade,
que seria uma experiência incrível e está casado durante esse período podia
atrapalhar. Ele me confessou que já tinha planejado dá um tempo no
relacionamento com a Candice enquanto os dois faziam faculdade, mas não
tinha proposto porque sabia que ela não aceitaria e acabaria deixando ele.
Parece que o Dylan não é tão santinho.

Já Candice não deixa que nada a abale, está focada nos


preparativos para o casamento e tenta não pensar na ausência de Dylan, ela
está se enganando.

Já o Sr. Adams e eu estamos cada vez mais próximos, conversamos


as vezes, ele me fala sobre sua juventude e sonhos, como as vezes sonha com
uma vida em sua cidade maior e que só continua aqui pela esposa e a filha. Eu
faço de tudo para provoca-lo de forma inocente, uma verdadeira ninfeta,
percebo os olhares dele para mim, meu plano está dando certo.

No fim de semana as coisas mudaram, Jude apareceu em casa na


sexta à noite e disse que eu fosse para a casa da Candice e passasse o fim de
semana lá, que ele precisava fazer uma coisa importante. Que quem
perguntasse eu dissesse que não sabia nada, que fingisse preocupação, mas
que não ficasse preocupada, que segunda ele voltaria e me buscaria na escola.
Fiquei curiosa, mas não perguntei nada, sabia que tinha haver com a Anny,
todos estavam falando como ela corria atrás do Noah e Jude estava sabendo,
mas fingia não saber.

72
Liguei para Candice e fingi está com medo de passar a noite
sozinha, que Jude ainda não havia chegado e já estava tarde, logo o pai dela
se ofereceu para vir me buscar.

-Vic, se seu irmão não está sendo um bom guardião legal para você
sabe que pode ir morar conosco. Nossa casa sempre será sua – ofereceu.

Sabia que ele me queria mais vezes lá, gostava de conversar


comigo e as vezes “assaltávamos” a geladeira juntos.

-Obrigada, não sabe como essas palavras são importantes para


mim, mas tenho que cuidar do Jude, era o que minha mãe iria querer – menti.

Como sempre fazendo a santa.

-Entendo, mas o que precisar estarei aqui – assegurou.

Dei um sorriso inocente.

O fim de semana passou rápido, Anny estava louca atrás do Jude e


eu assumi com perfeição o papel de irmã preocupada. Dylan se ofereceu para
me ajudar a procurar por ele, mas não encontramos nada.

-Victoria, sei que isso é difícil para você, mas já fazem dias que seu
irmão sumiu. Devemos contatar a polícia, algo grave pode ter acontecido –
disse a Sra. Beatrice Adams.

Ela e Candice eram praticamente idênticas, sendo a mãe dela mais


velha e com algumas marcas da idade.

-Depois da aula vou a delegacia, Jude nunca me deixaria sem


notícias por tanto tempo, muito menos faltaria ao trabalho – menti.

Já tinha me informado na construtora que ele trabalha, ele tirou


alguns dias de folga.

-Não se preocupe, ele vai aparecer. Estamos aqui com você – disse
Candice e me abraçou.

73
Fomos para a escola, eu não via a hora que as aulas acabassem
para saber o que Jude estava aprontando.

-Então Vic, nada do seu irmão? – perguntou Dylan preocupada.

Fiz a mesma ladainha.

-Depois da aula eu te levo na delegacia e vou com você e casa –


ofereceu.

Eu tinha dito a todos que precisava ir em casa buscar mais coisas e


ver se Jude não tinha voltado, era a desculpa para levar minhas coisas para a
aula.

-Obrigada, você é um ótimo amigo – agradecia.

Ele me abraçou.

As aulas passaram lentamente, como se testassem minha paciência.

Quando estava a caminho do carro do Dylan com ele e a Candice vi


a caminhonete do meu irmão.

-Vic! – chamou.

Corri para ele e o abracei.

-Onde estava? Eu fiquei desesperada! Já ia denunciar seu


desaparecimento na polícia - falei fingindo agonia.

-Sei que não devia ter sumido assim, mas estava precisando relaxar
e curtir um pouco, coisa de homem – falou.

Nessa hora Dylan e Candice que estavam apenas ouvindo se


enfureceram.

-Coisa de homem? Você não é mais apenas um jovem


irresponsável! Agora você é o chefe de uma família! Sua irmã precisa de você!
– ralhou Dylan.

74
-Isso muita irresponsabilidade da sua parte, Jude. A Vic sempre faz
de tudo para cuidar de você e é assim que retribui? – completou Candice.

Ele ficou furioso com os dois.

-Minha irmã é a coisa mais importante na minha vida e jamais


ousem me acusar de não cuidar bem dela. Se eu estou aqui agora é por causa
da Victoria. Eu só precisava de um fim de semana de folga e sabia que ela
ficaria bem na casa Adams, ou ela não é mais bem-vinda? – questionou.

Ele jogou pesado, cada vez vejo mais como meu irmão parece
comigo.

-Claro que sim, Vic é minha irmã, minha casa sempre será a dela! –
ralhou Candice ofendida.

Ela ficou revoltada.

-Ótimo, agora que está tudo resolvido vou levar minha irmã para
casa. Precisa passar na casa da Candice para pegar suas coisas? – me
perguntou.

Ele mudou de postura como se nada tivesse acontecido.

-Não, minhas coisas estão no carro do Dylan, eu pretendia ir em


casa hoje – contei.

Quando nos dirigimos para o carro Anny apareceu correndo.

-Jude! Que bom que apareceu, eu estava tão preocupada! – falou


pulando no pescoço dele.

Ele a empurrou.

-Me solta garota, estou cansado de você – ralhou.

Nessa hora a escola inteira parou para olhar o que estava


acontecendo. Anny era a garota mais popular da escola (do lado das vadias,
das santinhas era a Candice). Anny adorava exibir meu irmão, ela não era
apenas apaixonada por ele como ele era um troféu. Ele foi um dos garotos
mais disputados que já pisou na nossa escola, mesmo depois de anos que ele
acabou o Ensino Médio ainda era assunto entre as garotas, um dos mais

75
desejados da cidade. Ele não era muito bonito de rosto (como Dylan e Noah),
mas o corpo....

-O que está acontecendo Jude? Você some um fim de semana


inteiro, deixa a todos nós preocupados e agora age assim? Come a se explicar!
– exigiu.

Ela estava fazendo uma cena, como se mandasse nele.

-A única pessoa aqui que merece uma explicação é a minha irmã, a


única com quem me importo. Você só merece meu desprezo, já teve o
bastante de mim por uma vida toda, deve agradecer por eu ter te aturado por
tanto tempo. Você é insuportável e o sexo nem é tão bom assim, muito pelo
contrário, você vive se gabando mas é péssima de cama, só estava com você
porque é gostosa e eu estava com preguiça de arrumar outra. Porém, nem isso
vale mais a pena – falou para todos ouvirem.

Todos ficaram em choque, principalmente a Anny.

-O que está dizendo Jude? Você está louco? O que aconteceu com
você esses dias que ficou fora? – falou assombrada.

Nesse momento a cena virou um espetáculo público, todos se


aglomeraram em volta para assistir.

-Comi umas putas bem melhores que você, eu realmente estava


precisando. Te aturei por muito tempo, precisava de uma boa foda para
compensar. O fim de semana foi incrível, agora aproveita o chifre, você com
certeza será a corna do ano, até porque nem me lembro com quantas transei –
jogou na cara dela.

Ela ficou furiosa e partiu para cima de mim.

-Isso é coisa dessa capeta da sua irmã! Ela não consegue arrumar
ninguém e fica colocando você contra mim! Agora eu vou acabar com essa
santinha sem sal! – disse vindo para cima de mim.

Dylan ficou na minha frente.

76
-Na Vic você não toca – falou sério impondo toda sua presença e
tamanho.

-Não ouse falar da minha irmã e muito menos tocar em um fio de


cabelo dela! Victoria é uma garota de família e respeitável, diferente de você
que é só um corpo bonito para alivio rápido. Mas sinto informar que nem para
isso serve direito, então, para os homens que acham que porque você é
gostosa vale a pena o sacrifício de te aturar vou logo avisando que é
desperdício de tempo e esforço. Se bem que o esforço não é grande, você é
fácil e fica se oferecendo, até serve para uma rapidinha quando se está
precisando, bobo fui eu que me acomodei nessa zona de conforto, mas pode
ter certeza, não cometo mais esse erro. Agora arrume outro para ficar com os
meus restos, isso é, se alguém ainda forte te querer, afinal, você já está muito
rodada – discursou.

Jude estava bem sério, frio e calculista, não se abalava e muito


menos levantava o tom de voz, mas a frieza das suas palavras pareciam
dilacerar a Anny. Ela foi totalmente humilhada.

Mas se ela acha que é o suficiente está enganada. Procurei Noah na


multidão, indiquei Jude e pisquei para ele, espero que tenha entendido meu
recado.

-Vamos Jude, chega de cena – falei puxando meu irmão.

Fui buscar minhas coisas no carro do Dylan e depois segui para o


carro do meu irmão em silencio.

Enquanto isso, todos estavam comentando sobre a cena, o


burburinho era grande e logo todos começaram a rir e apontar para Anny,
como se ela fosse uma atração de circo. Ela saiu correndo desconsolada.

Eu e Jude fomos para casa.

-Então era esse o seu plano? – questionei quando chegamos em


casa.

Ele foi para o quarto dele e fui atrás para saber mais sobre o fim de
semana.

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-Sim, se ela achava que podia me ridicularizar na frente da cidade
inteira me fazendo de corno estava bem enganada. Fiz com que ela fosse a
corna e em alto estilo – falou maléfico.

Porque incesto é pecado? Eu e Jude fomos feitos um para o outro,


Noah pode se vangloriar dizendo que sou sua alma gêmea do mal, mas com
certeza meu irmãozinho é bem mais parecido comigo, que pena que isso só
prova como nenhum de nós dois foi trocado na maternidade e somos
realmente irmão.

-Onde estava? O que fez o fim de semana inteiro? Sei que disse que
eu não me preocupasse, mas eu cheguei a ficar realmente preocupada e se
não aparecesse hoje eu iria a polícia – menti.

Fiz a cena da pobre irmãzinha para que ele me contasse tudo como
forma de me tranquilizar. Sabia que se só perguntasse por curiosidade ele não
falaria.

-Fui visitar uns colegas do tempo de escola em Charlotte, eles estão


recém formados e me levaram para algumas festas. Passei o fim de semana
bêbado e me divertindo com muitas garotas. Você logo saberá os boatos e
pode acreditar em tudo que dirão, por mais insano que pareça – afirmou.

Fiquei chocada, Jude sim sabe aproveitar a vida.

-Jude, tem certeza que está tudo bem e que não sente nada mesmo
pela Anny? – perguntei por desencargo de consciência.

Nunca achei que ele fosse apaixonado por ela nem nada disso, mas
depois de toda essa cena....

-Não mesmo, aprenda Vic, o orgulho ferido é a maior fraqueza de


um homem e um homem quando se vê ameaçado é capaz de coisas que você
nem pode imaginar – aconselhou.

Nossa, meu irmão acabou de me dá uma ótima ideia. Sério mesmo


que não podemos ter um caso?

Depois de falar isso ele começou a se despir.

78
-O que está fazendo? – perguntei assustada.

Ele tirou a roupa por completo e foi até o banheiro.

-Vou tomar um banho, preciso descansar depois desse fim de


semana incrível. Não faz essa cara Vic, não tem nada aqui que você já não
tenha visto e pelo que me lembro foi você mesma que pediu para ver –
encerrou.

Ele foi para o banho como se isso fosse a coisa mais normal do
mundo.

Será que Jude está flertando comigo? Não, acho que não, para ele
sou uma santa, ainda deve estar bêbado, ou já que somos irmãos e eu já o vi
nu ele não se importa.

Fui para o meu quarto tentando tirar os pensamentos “impuros” da


cabeça. Preciso colocar a segunda parte do meu plano em ação o mais rápido
possível, está na hora de me livrar dessa virgindade.

No dia seguinte o assunto na escola era o fim de semana do meu


irmão e como a Anny era a maior corna da história da cidade. Pelo que soube
meu irmão transou com no mínimo 20 garotas durantes esses dias, que ele
participou de muitas festas em todas as horas do dia, bebeu muito, fez sexo
explícito, transou com duas garotas ao mesmo tempo e ainda participou de
uma orgia. Pelo que disseram ele fez bastante sucesso em Charlotte, como
também muitos corações partidos.

Com tudo isso que soube sobre ele comecei a imaginar que Jude
não tem limites quando o assunto é sexo, posso ter chances.

Já Anny não veio a escola, virou a chacota da cidade, tanto pelo que
meu irmão fez nessa viagem como pela humilhação em frente à escola. Os
garotos da cidade estão com vergonha de um dia terem desejado ela, pelo
visto ninguém nunca mais vai querer ficar com ela.

79
Após uma semana Anny voltou a escola, mas nem parecia a
mesma, estava abatida e maltrapilha, todos a ridicularizavam e Noah a fez
passar por mais uma cena humilhante e constrangedora, dessa vez no
refeitório, na hora do almoço. Disse que tinha nojo dela e que era melhor todos
se afastarem para não pegarem uma doença.

O que era bem sem noção, afinal, se tinha alguém que poderia ter
pego uma doença nessa história era Jude, que transou com várias garotas
desconhecidas, mas como sempre, o homem é o todo poderoso e admirado e
a mulher a vadia humilhada.

Em resumo, Anny era tratada como uma leprosa e minha vingança


contra ela estava completa, com certeza ela foi bem mais humilhada do que eu.
O melhor é que não tive que fazer praticamente nada, obrigada irmãozinho por
isso.

80
Capítulo 8: Lolita

Finalmente o momento de colocar a segunda parte do meu plano em


ação!

Jude passou esses dias distante e mal falava comigo.

- Jude, qual o problema? Não vai me dizer que esta sofrendo pela
Anny? Está com saudades dela? – joguei.

Já faziam quatro noites que ele não descia para o jantar, se trancava
no quarto quando chegava do trabalho.

Eu me estressei de vez e fui tirar satisfação com ele em seu quarto.

-Não, estou apenas de ressaca moral acho que exagerei na minha


vingança – falou envergonhado.

Achei ótimo, mas como a santinha que finjo ser tenho que fazer a
garota inocente que ficou horrorizada.

-Realmente, não falei nada porque não quero me meter, mas fiquei
até com pena da Anny – menti descaradamente.

Ele ficou com um brilho maléfico no olhar.

-Não estou com nenhum pingo de pena dela, estou adorando ver a
humilhação que está sofrendo. Estou com vergonha do que fiz nas festas,
estava muito bêbado e acabei passando dos limites – confessou.

Então é isso....

81
-Não quero te magoar, mas fiquei horrorizada com as coisas que
soube, juro que tento fugir dos comentários, mas é impossível quando as
pessoas vêm diretamente falar com você. Não queria te dizer, mas não está
sendo agradável ser sua irmã ultimamente, digamos que estou sabendo muitas
coisas que não deveria saber sobre o meu irmão mais velho – contei.

Realmente, ele voltou a ser o assunto da escola, ainda mais


desejado, as garotas até esqueceram um pouco do Noah. Sempre tem alguma
me procurando para saber sobre ele ou tentando se aproximar, mas não sou
mais a bobinha que a Anny usou, sei manter distância. Isso sem contar os
comentários sobre o corpo do Jude (que eu conheço muito bem) e a sua
performance sexual (que eu adoraria conhecer), os comentários viram de
Charlotte até aqui.

-Desculpe te fazer passar por isso, se te conforta não era isso que
eu pretendia, pelo menos não as cenas em público e as orgias, mas estava
bêbado demais, ou quem sabe até drogado, ninguém sabe o que colocam
nessas bebidas de festas, ainda bem que você não gosta de festas. Pelo
menos que isso lhe sirva de lição, irmãzinha, fique longe das festas e das
bebidas que lhe oferecem – falou cabisbaixo.

Então é esse o problema dele, por isso está desse jeito.

- Jude, entendo que esteja constrangido, mas eu estou aqui com


você. Não posso garantir nada com relação as outras pessoas, mas da porta
dessa casa para dentro você está seguro, não vou te julgar nem rir de você,
você é meu irmão mais velho e estou do seu lado. Não precisa se isolar – o
confortei.

Eu e Jude nunca tivemos uma relação de proximidade, mas depois


da morte da nossa mãe isso mudou, estou gostando cada vez mais dele, vendo
como somos parecidos.

-Vic, eu estou com vergonha de você também, na verdade mais de


você do que dos outros, as pessoas dessa cidade não importam para mim,
mas você sim! Quando fui te buscar na escola ainda estava bêbado e
provavelmente drogado, quando chegamos em casa eu agi muito mal com

82
você, eu me mostrei para minha irmã caçula e ainda falei aquele absurdo. Me
desculpa Vic, vi sua carinha de assustada e a decepção quando falei aquilo
com você. Eu estava fora de mim, quando o efeito passou eu fiquei com ódio
de mim mesmo – explicou.

Se ele soubesse com o eu adorei, fiquei assustada e não gostei do


que ele disse, mas adorei a cena, além daquele corpo lindo e gostoso a
sensação de liberdade, a forma como ele ficou à vontade, foi maravilhoso.

-Não vou negar que suas palavras me magoaram, eu não sou como
a Anny e você me tratou como se eu fosse ela. Mas você também não mentiu,
de certa forma eu tenho culpa, fui eu que comecei – fiz drama.

Me fazer de coitadinha era minha maior qualidade.

-Você não tem culpa de nada, foi apenas curiosidade juvenil, sei que
foi totalmente inocente, eu que estava fora de mim e acabei descontando a
minha fúria em você. Jamais se compare a Anny, você não é da laia dela, é
bem superior – falou me abraçando.

Depois de desabafar Jude foi jantar.

Nossa relação de irmão voltou ao normal, mas eu não conseguia


mais negar o desejo que sinto por ele. Pensava que era porque ele era o único
homem que eu tive acesso, mas percebi que não. Já faz mais de um mês que
estou tendo um caso com Noah e não consegui esquecer o meu irmão. No
começo, quando era tudo novo eu deixei de desejar o Jude, mas agora esse
desejo voltou com força total.

Pode ser porque Noah me decepcionou, está se mostrando um


chato, chiclete e bobo apaixonado, quem sabe quando eu finalmente conseguir
o Dylan as coisas mudem? Afinal, sempre fui apaixonada pelo Dylan, pode ser
isso que falte no Noah.

Ainda tem o Sr. Adams, um homem mais velho, experiente, que tem
uma conversa agradável, é charmoso e com certeza deve ser ótimo de cama.
É isso mesmo, não preciso me preocupar com esse desejo pelo meu irmão
mais velho, é coisa de adolescente, quando eu finalmente tiver outros homens
nem vou lembrar disso.
83
Finalmente estava tudo pronto para a segunda parte do meu plano,
Noah já tinha servido para o que eu precisava e eu quero me livrar dele, mas,
pare que funcione tenho que fazer com que ele colabore, para isso, tenho que
engana-lo.

-Noah, está na hora da nossa prova de amor. Já está tudo pronto,


hoje será nosso grande dia – declarei.

Estávamos na velha cabana e já era noite.

-Tem que ser assim? Dylan é um bobão, jamais perceberá que você
não é mais virgem e quanto ao pai da Candice, ele já está na sua mão, temos
todas as provas conta ele – argumentou.

Como sempre, ele querendo que eu desista do plano para que ele
possa continuar na cidade, atrás de mim.

-Noah, tem que ser assim. Se eu continuar virgem nenhum dos dois
vai ter coragem de ficar comigo, essa é a única forma que eu deixarei de ser
virgem e continuarei sendo a pobre vítima. Sem falar que os dois vão ficar
ainda mais protetores e mais suscetíveis a mim. Você me prometeu, esse foi
nosso pacto – chantagiei.

Ele suspirou.

-Tudo bem, mas vamos nos encontrar pelo menos uma vez por mês,
não vou aguentar ficar longe de você – exigiu.

Eu sabia que pra mantê-lo na linha teria que continuar com ele,
também preciso manter Noah como aliado, posso precisar dele futuramente.

-Claro que sim, também não conseguirei ficar longe de você. Sabe
que te amo, você é minha alma gêmea do mal. Eu tinha outras opções, mas
nelas teria que perder minha virgindade com Dylan ou Arthur, mas prefiro que
seja com você – menti.

84
Foi o jeito fingir está perdidamente apaixonada, só assim terei a
colaboração dele.

-Me convenceu, achei um ótimo motivo e fico muito feliz que tenha
pensado assim – falou todo animado.

Iludido....

Noah colaborou bem com meu plano, apesar de marrento e do jeito


grosseiro ele foi bastante carinhoso e cuidadoso, fez tudo que pode para ser
um momento especial, mesmo que não precisasse disso e muito menos eu
quisesse. Eu só quero executar o plano e claro, o prazer do momento, afinal,
estou louca para fazer tudo com ele faz tempo, apesar dele está praticamente
insuportável ainda é muito gostoso, faz valer a pena.

Depois do momento fofo e romântico foi a hora da encenação,


colocamos nossas roupas de volta e começou a ação.

Noah me puxou pelos cabelos e me jogou na cama, enquanto eu me


debatia ele rasgou minhas roupas, eu revidei, mordi, arranhei, fiz tudo que
podia. Quanto mais eu lutava mais ele me batia.

Por fim ele me invadiu, não uma, nem duas, nem três, mas quatro
vezes, me fez sangrar muito e me machucou bastante.

Quando terminamos eu estava acabada, totalmente machucada e


desgrenhada, com certeza precisava de um médico.

-Ótimo, agora me amarre e deixe apenas o lençol me cobrindo. Você


fez como combinamos? – instrui.

Ele me amarrou fortemente a cama, tanto meus braços como


minhas pernas.

-Sim, deixei que muitas pessoas me vissem te seguindo ao longo do


tempo, mas nada muito chamativo, nem que desse para eles verem que você
sabia – confirmou.

Ótimo, assim, logo que meu irmão desse por minha ausência faria
um alarde a várias testemunhas diriam que viram Noah me seguindo.

85
-Agora você precisa ir embora, mas deixe algumas coisas na cabana
que liguem você ao crime e que façam parecer que você pretende voltar –
repassei o plano.

Ele fez como ordenei

-Isso não é um adeus, é um até logo. Apesar de como foi, eu adorei


nossa primeira vez. Te prometo que só ficará melhor. Não vejo a hora de te ver
de novo – declarou.

Eu também adorei, mas não a parte que ele acha.

-Nem eu, estou contando os segundos. Agora vá antes que te


encontrem aqui – menti.

Só queria que ele fosse embora.

Ele me deu um último beijo e foi embora.

Enquanto esperava que me encontrassem (tomara que meu irmão


perceba logo e os idiotas dessas cidade digam que me viram vir para a cabana
e que Noah Campbell estava me seguindo), fiquei pensando em minha primeira
vez.

Eu estava ansiosa, já fazia tempo que queria experimentar, estava


cansada de apenas imaginar como seria. Noah é muito bonito e tem um corpo
maravilhoso, queria muito provar. Por incrível que pareça eu não gostei
nenhum pouco do momento romântico, só queria que acabasse, não me
interessei.

Mas a segunda parte....

Foi muito bom, o jeito brutal e selvagem, fiquei louca de tesão e


adrenalina, gostaria mais ainda se eu estivesse no comando. Parece que não
sou malvada só na vida, mas também na cama.

Calma Victoria, essa foi apenas a primeira vez, ainda virão muitas,
além de vários outros amantes que terei.

Pouco tempo depois (ainda bem), invadiram a casa.

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-VICTORIA! – gritou Jude descompensado.

Ele correu para me abraçar.

-Ainda bem que te encontramos, estávamos desesperados –


completou Dylan.

Ele estava em colapso.

-Vic, eu quase morri do coração - disse Candice.

Ela estava tendo uma sincope.

-Deixem que eu a examine, não é minha área mas posso fazer a


avaliação inicial – disse o Sr. Adams.

Ele era o que estava mais calmo e centrado.

-Vamos leva-la para o hospital, não toquem em nada, essa é uma


possível cena de crime – disse o xerife Wiley (tio Carl).

O xerife era o melhor amigo de infância do meu pai, na época do


falecimento dele, os dois eram simples policiais, pouco tempo depois tio Carl foi
promovido (promoção que seria do meu pai se ele não tivesse morrido). O
xerife sempre nos visitava, era como um tio para nós.

Ele é um senhor de meia idade, um pouco acima do peso e careca.

Nessa hora Jude, Dylan e Candice finalmente perceberam que


aquilo não se tratava apenas de um sumiço e que eu não estava “dormindo”.

Tudo aconteceu muito rápido, logo fui levada ao hospital e


examinada. Obviamente, foi diagnosticado o estupro.

Quando fui devidamente cuidada e levada ao quarto veio o


interrogatório.

-Victoria, testemunhas afirmaram que viram você indo para a antiga


cabana do seu pai. Por diversas vezes Noah Campbell a seguiu, você sabia
disso? – perguntou tio Carl.

Nessa hora todos explodiram.

87
-O QUE ESTÁ QUERENDO INSINUAR?! MINHA IRMÃ É A VITIMA
NESSA HISTÓRIA! – ralhou Jude.

-Minha amiga não é esse tipo de garota, você devia saber, a


conhece desde criança! – me defendeu Candice.

-ESSE NOAH É O CULPADO, UM DELINQUENTE, DESDE QUE


CHEGOU NA CIDADE NOSSAS VIDAS JAMAIS FORAM AS MESMAS! DEVIA
ESTÁ ATRAS DELE, NÃO INTERROGANDO A VIC! – acusou Dylan.

-Xerife Wiley, está obvio que a garota é inocente e isso se trata de


estupro – afirmou o Sr. Adams.

Ela acompanhou meu caso juntamente com a médica ginecologista


que foi designada.

-Eu conheço a Victoria desde que nasceu, é como uma filha para
mim. É claro que não estou acusando ela de nada, estou apenas fazendo
algumas perguntas para entender o que aconteceu, se ela sabia que Noah
Campbell a perseguia. Todos aqui conhecemos a Victoria, sabemos como ela
tem um bom coração e não o denunciaria, tentaria resolver a situação na base
do diálogo. Agora fiquem calados ou terão que se retirar só deixei que ficassem
porque essa é uma conversa informal – explanou tio Carl.

Os ânimos se acalmaram.

-Eu nunca percebi nada, eu juro, nem imaginava. Ele só havia falado
comigo algumas vezes quando chegou, estava interessado na Candice, como
todos os outros, apenas falei que ela tinha namorado e que ele desistisse, que
não tinha chance. Depois disso não conversamos mais, jamais pensei que ele
me seguiria – comecei meu discurso.

Tio Carl fez algumas anotações enquanto falava.

Candice ficou desolada e Dylan furioso, mas teve que se conter ou


seria expulso.

-E a cabana? Várias pessoas disseram que a viram indo para lá


várias vezes. Por que ia lá sozinha? Sem avisar a ninguém? – prosseguiu.

88
Por enquanto está ótimo, só perguntas propicias para o meu drama.

-Nós íamos lá quando crianças, era o lugar do papai. Depois que


crescemos e mamãe ficou cada vez mais ocupada deixamos e ir, quando ela
se foi eu resolvi voltar a frequentar o lugar, para recordar os dois. Era meu
lugar secreto, eu limpei e arrumei, ia lá quase todos os dias após a aula. Ficava
horas pensando, lembrando deles, lendo e escrevendo. Jamais imaginei que
meu lugar preferido se tornaria o mais odiado – falei em lagrimas.

Candice correu para me acalentar, Dylan segurou minha mão.

-Entendo Victoria, seu pai adorava aquele lugar. Realmente, nossa


cidade não é perigosa, você realmente não teria motivos para se preocupar,
mas infelizmente, esse forasteiro veio para destruir nossa paz – consolou tio
Carl.

-Xerife, já temos o suficiente por hoje. A garota está abalada, já


temos provas, não precisa constrange-la ainda mais pedindo detalhes. Está
obvio que o garoto agiu de má fé, a perseguiu e escolheu o melhor momento
para atacar. Victoria é uma moça ingênua, acostumada com a tranquilidade da
nossa cidade, estava apenas tentando superar o luto – discursou o Sr. Adams.

Tio Carl ponderou.

-Tem razão, Dr. Adams. Já tenho o resultado dos exames e do laudo


médico, temos muitas testemunhas, além do quase flagrante. Já estamos em
buscar de Noah Campbell, provavelmente nos viu se aproximar e fugiu. Ele
deixou alguns pertences na cabana, os avós reconheceram, de certo pretendia
voltar – encerrou tio Carl.

Depois do interrogatório uma enfermeira me deu um sedativo e


dormi pacificamente.

No dia seguinte Jude, Candice e Dylan foram me buscar no hospital.


Candice insistiu que eu ficasse na casa dela, mas Jude não deixou. Eu disse
que queria ficar na minha casa, então, Candice resolveu passar o dia lá,
cuidando de mim, Dylan também.

89
Quando Candice e Dylan saíram o Jude entrou.

-Vic, sei que deve estar se sentindo muito mal agora, com medo e
assustada. Mas eu estou aqui, se você quiser, eu posso ficar aqui com você.
Se não se sentir confortável eu faço uma cama no chão – ofereceu.

Tudo que eu queria era ficar abraçadinha por ele.

-Eu confio em você e preciso de um abraço – falei carente.

Ele veio para a cama comigo e deitou ao meu lado, ele me abraçou
e ficamos juntinhos.

No dia seguinte fui até a delegacia com meu irmão para prestar meu
depoimento.

-Senhorita Martin, pode contar tudo, não precisa ter medo – falou tio
Carl.

Jude segurou na minha mão.

-Conheci Noah Campbell na escola, ele sentou ao meu lado no


primeiro dia de aula. Nunca fomos amigos nem conhecidos, o único contato
que tivemos foi porque ele se interessou pela minha melhor amiga, Candice
Adams, uma coisa que sempre acontece com garotos novos na cidade. Ne
época não achei estranho nem nada, depois que eu expliquei que ela
comprometida e que ele não teria chances o mesmo se afastou, o que sempre
acontece. Ele se tornou popular e disputado na escola e eu continuei com meu
grupo de amigos. Depois disso não nos falamos mais e só o via na escola.
Nunca percebi olhares dele nem nada, segui minha vida como sempre.

“Em relação a cabana, eu ia lá quase todos os dias após a aula para


pensar, ler, estudar, escrever. Gostava de ficar lá porque me recordava meus
pais, era uma forma de me sentir próxima a eles. Nunca percebi ninguém me
segundo quando ia para lá, mas admito que não prestei atenção nisso. Moro
em New Bern desde que nasci cresci nessa cidade e conheço todas as

90
pessoas, não tinha motivos para me preocupar com nada, nossa cidade
sempre foi calma”.

“No dia que tudo aconteceu eu tinha ido, como sempre, para a
cabana e estava fazendo minha lição de casa quando ele apareceu. Eu me
assustei, poderia esperar qualquer pessoa me encontrar lá, cheguei a pensar,
quando abriram a porta, que era meu irmão Jude, ou meus melhores amigos,
Candice e Dylan. Mas era Noah, ele estava estranho, provavelmente bêbado e
drogado”.

“Eu pedi que fosse embora, que não éramos amigos, mas ele
começou a rir e disse que eu me achava melhor que ele, que me achava
superior por andar com a Candice e o Dylan, que eu fiz a cabeça da Candice
para não querer ele e que o humilhei o dispensando por ela. Que eu iria pagar
com isso, que ele me destruiria e que depois do que ele faria comigo eu
deixaria de ser a garota perfeita. Ele queria se vingar, me humilhar e fazer com
que eu fosse a piada da cidade. Eu inda tentei fugir, mas ele é bem mais forte
que eu, ainda gritei, mas a cabana fica muito afastada, ninguém me ouviu”.

-Eu lutei até o último segundo, o machuquei como pude, mas no fim
ele venceu. O resto vocês podem imaginar. Por favor, não me façam falar mais
do que isso – encerrei entre lagrimas.

Fiz toda a cena de coitadinha, chorando o tempo todo e colocando


toda a emoção que pude.

-Já chega, minha irmã ainda está muito abalada, esse depoimento é
muito difícil para ela, é inaceitável que a façam passar por isso depois de tudo
que aconteceu – reclamou Jude.

Tio Carl veio até mim.

-Sinto muito, querida, mas precisávamos do seu depoimento para


constar nos altos. Não se preocupe, farei o que for possível para que não
precise mais depor. Já temos os laudos, o estupro foi confirmado, foi
constatado que você era virgem, além das agressões físicas no seu corpo,
como também os indícios de luta no seu corpo. Já temos tudo que precisamos,
Noah Campbell é oficialmente foragido e está sendo perseguido, ele será preso

91
e lavado a julgamento. Eu te prometo, Victoria, vou colocar esse homem na
cadeia, ele vai pagar pelo que fez – assegurou tio Carl.

Depois fomos embora

92
PARTE II

LUA CRESCENTE

93
Capítulo 9: Contagem regressiva

New Bern, 1989

94
Um ano se passou após a segunda parte do meu plano, agora,
depois desse “hiato” previsto finalmente chegou a hora da terceira parte, que
para mim será a melhor.

Faltam apenas 4 meses para o fim do semestre e eu tenho muita


coisa para fazer: inscrição da faculdade, terminar o Ensino Médio, ajudar a
Candice com os preparativos do casamento, fazer o Dylan abandonar ela na
porta da igreja, ter um caso com o pai dela e destruir o casamento dos pais
dela e de quebra ter um caso com o meu irmão (sim, não ligo mais se é
errado).

Enquanto a terceira fase ficava em hiato eu cuidava para que o


momento em que eu a executasse desse certo, durante esse ano foi a
coitadinha e grade vítima. Como Noah estava foragido (ele mudou de nome e
mudou o visual, estava vivendo em uma pequena cidade bem longe daqui),
Dylan assumiu o papel de meu segurança particular, estava sempre ao meu
lado, não desgrudava de mim, ficava mais comigo do que com a Candice. Eu
percebi que Dylan sempre gostou de mim também, mas por causa da pressão
da família acabou escolhendo a Candice.

O Dr. Adams era outro que estava sempre preocupado comigo e


estávamos cada vez mais próximos, as vezes eu o visitava em seu consultório
com desculpa de levar uma comida caseira para ele, ninguém estranhava,
todos achavam que ele era o meu pai de coração e achavam muito bonita
nossa relação. Mas, eu sei, na verdade ele está louquinho por mim e agora que
não sou mais virgem está mais propicio a ter um caso comigo, só não tentou
nada até agora por causa do meu “trauma”, mas isso mudará em breve.

Quando ao Jude, esse é o mais difícil e também o que mais quero.


Depois do que aconteceu ficamos ainda mais próximos, ele dormiu comigo por
meses, só o mandei voltar para o quarto dele pois não conseguia mais segurar
o desejo que sentia, muitas vezes durante a noite eu acordava e tocava nele,

95
mas tinha muito medo dele acordar e perceber, assim minha fachada seria
estragada.

Como ele está solteiro desde o episódio com a Anny, tem me dado
ainda mais atenção. Ele se sente culpado pelo que aconteceu comigo. Deixou
de ir para festas e ficar com várias garotas, agora se dedica a cuidar de mim.
As vezes passamos o fim de semana inteiro sem sair de casa, vendo filmes,
comendo, conversando, rindo juntos.

Por mais que eu seja ambiciosa, meu foco seja dinheiro e poder, eu
sempre quis me apaixonar, ter alguém. Por toda minha vida acreditei ser
apaixonada pelo Dylan, mas agora vejo que só quero provar a essa cidade que
posso ter o garoto de ouro, o mais belo e mais rico. No início com o Noah,
achei que tinha encontrado o grande amor da minha vida, minha alma gêmea,
mas agora eu vejo que ele não passa de um rostinho bonito e um corpinho
gostoso, que eu posso manipular para atingir meus objetivos. Por algumas
vezes eu cheguei a cogitar que Arthur séria o homem pelo qual me
apaixonaria, por ser charmoso e maduro, ele é bastante interessante, mas
mesmo assim não é ele. Só quero viver uma aventura, aproveitar toda a
experiência dele e causar um escândalo.

No final das contas, Jude foi o homem por quem me apaixonei de


verdade, o único que realmente amo, meu irmão mais velho, ele é o homem da
minha vida. Tentei lutar conta isso, me iludi pensando que era apenas
curiosidade, depois tentei me forçar a pensar que era mero desejo, mas a cada
dia que passa vejo que é amor. Como eu queria ser adotada, ou que ele fosse
a adotado, ou que fossemos apenas vizinhos, ou amigos, foi a única vez que
algum desejo se sobressaiu ao meu desejo por dinheiro e poder. Eu largaria
tudo pelo Jude, aceitaria fugir e viver com pouco, trabalhar duro e poder ficar
com ele. Tudo que eu quero é ficar com Jude, mas, essa será minha última
cartada.

Não posso deixar que esse amor atrapalhe meus planos. Primeiro
vou executar meu plano e depois vou atrás do Jude, eu o terei, por bem ou por
mal. Se ele me quiser fugiremos juntos ao final do meu plano, se não, eu o terei
e depois irei embora para nunca mais voltar, vai depender dele.

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Chegou a hora da primeira parte da terceira fase, meu alvo nessa
parte é o Dr. Arthur Adams. Preparei uma torta de chocolate com morangos
que ele adora e fui até seu consultório.

-Boa noite, Sra. Stuart, vim visitar o Dr. Adams, trouxe um presente
para ele – falei toda animada.

A Sra. Stuart já tem seus 50 anos, é gorda, cabelos começando a


ficar branco, é baixa e morena. Ela é bastante gentil e carinhosa, me adora.

-Boa noite, Senhorita Martin. Acho tão bonita sua dedicação a


família Adams, mostra como você é grata a eles. O Dr. Adams está com o
ultimo paciente do dia, quando ele sair você pode entrar – falou encantada.

Sorri de forma doce.

-A família Adams é a minha família, desde sempre cuidaram de mim,


me acolheram, são tudo para mim. Além do meu irmão, são tudo que tenho –
menti descaradamente.

Ela se agradou da minha resposta.

-Claro, entendo perfeitamente. Agora, querida, será que poderia


avisar ao Dr. Adams que precisei sair um pouco mais cedo, meu netinho está
doente e preciso fazer uma visita – falou.

Os astros estão a meu favor, era tudo que precisava ser deixada
sozinha com Arthur.

-Claro, vá. Sei o quanto deve está angustiada.

Nos despedimos e ela foi embora.

Pouco tempo depois, o paciente de Arthur saiu.

Fui até o consultório e bati na porta.

-Com licença, Dr. Adams. Vim lhe trazer essa torta que acabei de
fazer especialmente para o senhor – falei sorridente.

97
Eu coloquei um vestido bem comportado, bem inocente, mas que ao
mesmo tempo marcava minhas curvas e me valorizava.

-Vic, já disse que quando estivermos sozinhos pode me chamar de


Arthur e esqueça o senhor, não sou tão velho assim – falou galante.

Fingi constrangimento.

-Desculpa, eu já tentei, mas fico constrangida – falei timidamente.

Ele veio até mim e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da
orelha.

-Não precisa, afinal, somo bastante íntimos – falou malicioso.

Fingir não ter entendido o duplo sentido.

-Agora deixa eu colocar uma fatia da torta, vamos comer juntos,


Estou faminta! Que pena que a Sra. Stuart teve que sair mais cedo, não vai
poder comer conosco – falei chateada.

Ele ficou bem animado quando soube que estamos sozinhos.

Eu desfiz a cesta que trouxe e nos servi a torta.

Enquanto isso, Arthur fechou a porta, disfarçadamente.

O jogo está ganho!

Comemos a torta animadamente.

-Está divina, como tudo que você faz, tem mão de fada – elogiou.

Usei minha tática de pensar em coisas obscenas para ficar corada.

-Obrigada, mas assim me deixa envergonhada – mentir.

Ele colocou a mão na minha perna.

-Não precisa ficar assim, mas confesso que você fica ainda mais
linda quando cora – falou se aproximando de mim.

Chegou o momento.

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Eu o beijei (para meu plano da certo eu teria que dá o primeiro
passo, ou não sairia como planejado).

Toquei seus lábios com os meus, de forma doce e calma, apenas


encostando, como se eu fosse uma garotinha inocente dando seu primeiro
beijo.

Quando ele começou a aprofundar o beijo eu me afastei.

-Desculpa, eu não devia ter feito isso! Eu sou só uma garotinha boba
e iludida que fica fantasiando com coisas que não pode ter! Eu sei que me vê
como uma filha e eu idiotamente fico alimentando fantasias. Me perdoa e não
conte nada a ninguém, eu prometo me afastar – falei em prantos.

Eu sabia que se ele me beijasse e eu correspondesse ele acharia


que eu era uma vadia que estava só esperando o mento. Que por causa do
meu suposto trauma teria que fazer uma cena, me afastar e tudo mais, iria
demorar muito mais e não tenho tempo para isso (além de não querer
prolongar a situação).

Então, eu o beijei e fiz toda a cena do arrependimento, me fazendo


passar por uma garotinha inocente, o que superaria o meu trauma, já que eu
seria apaixonada por ele, facilitaria as coisas e ainda o atiçaria.

-Calma, Vic. Não se martirize. É perfeitamente normal que tenha se


apaixonado por mim. Principalmente depois de tudo que aconteceu. Apesar de
conhecer você desde criança nunca fomos muito próximos, faz pouco tempo
que nos aproximamos e pude realmente te conhecer. Eu gostei muito do que
vi, você é uma garota espetacular e eu acabei me apaixonando por você
também. Mesmo que isso seja errado, eu sou um homem casado e você é a
melhor amiga da minha filha, mas ninguém manda no coração. Eu lutei contra
esse sentimento, principalmente depois do que aconteceu com você. Sei que
estava frágil e não queria me aproveitar disso, nem lhe assustar. Mas agora,
depois da sua confissão, não posso mais esconder esse sentimento. Eu quero
você Victoria Martin – declarou apaixonado.

Eu podia ver que ele estava mentindo, ele está interessado em mim
e realmente teve medo de me assustar e gerar um escândalo, mas ele não

99
está apaixonado, só quer me usar e me iludir, mas mal sabe ele que quem será
usado e iludido será ele.

-Você realmente me quer? Essa é a melhor coisa que já ouvi na


minha vida, não sabe como sonhei com isso – menti.

Se bem que em parte não é mentira, realmente sonhei várias vezes


em transar com ele loucamente, tanto na mesa do escritório como na mesa da
cozinha da casa dele, eu daria tudo para que a grande senhora da sociedade,
Beatrice Adams, nos pegasse transando na sua imponente mesa de jantar.

-Victoria, chegou a dizer que te amo. Meu casamento não está bem,
já fazem alguns anos que eu não tenho nada com a Beatrice, só não nos
divorciamos por causa da Candice. Estamos esperando o casamento dela para
anunciar nossa separação – declarou.

Mas uma vez ele está mentindo, Beatrice continua totalmente iludida
achando que tem o marido perfeito e com certeza eles ainda transam, já espiei
os dois algumas vezes, queria ver a performance do meu futuro amante (que
pelo que eu vi é ótima, Beatrice que não colabora).

-Sinto muito deve ser muito difícil para você – menti.

Ele voltou a se aproximar de mim.

-Me sinto muito sozinho, mesmo tento uma esposa. É uma situação
horrível, não sabe como estou carente – mentiu descaradamente.

Depois de cada um desempenhar seu papel deixamos o jogo de


lado e nos beijamos, dessa vez com volúpia.

Primeiro ficamos apenas nos beijos e aos poucos ele foi me


excitando, apesar de ter sido lento foi bom, ele sabe muito bem como
convencer uma mulher a fazer o que ele quer. Ele é bastante sedutor e lento,
foi me atiçando com beijos e caricias.

Depois de um longo tempo me excitando que ele começou a tirar


minha roupa, aos poucos, para não me assustar. Me fiz de tímida e acanhada,
mas sempre deixava ele prosseguir.

100
Por último foi a vez dele de se despir, apesar da idade ele tem um
corpo muito bonito e torneado, bem conservado, é higiênico, sendo depilado e
cheiroso (o que me deixou muito feliz, não gosto do estilo rustico).

Melhor do que o corpo dele é o que ele sabe fazer na cama, nossa,
foi incrível, muito melhor do que com o Noah, mas também não chegou no
nível me deixar apaixonada.

-Vic, está tudo bem? Olha, eu te amor e eu prometo que vou deixar
a Beatrice e ficar com você. Só preciso que espere até o casamento da
Candice. Depois do casamento nós ficaremos juntos, eu prometo, Mas por
enquanto, ninguém pode saber que estamos juntos, me prometa – falou.

Uma clássico calhorda....

-Eu sei e entendi. Eu sou a garota mais feliz do mundo inteiro – falei
animada.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

-Mulher, agora você é mulher – encerrou.

Nos vestimos e fomos embora.

Continuei a me encontrar com Arthur, tivemos momentos ótimos no


consultório dele, mas não era o local apropriado para isso, por mais que todos
acreditem que ele é como um pai para mim e que eu sempre vá lá levar comida
para ele.

Arthur alugou um apartamento nos arredores da cidade para que


nos encontrássemos, mas já transamos na casa dele quando eu vou dormir lá.
O que eu adorei, já consegui transar com ele na cozinha, na sala, no banheiro
social e até mesmo no quarto dele e no da Candice (quando as duas estavam
longe de casa cuidando dos preparativos do casamento).

101
Capítulo 10: Faltam 3 meses

102
Agora é a hora da segunda parte da terceira fase do meu plano,
vamos ao Dylan Collins.

Dylan estava cada dia mais estressado com o casamento, ele tinha
começado a beber e estava cada vez mais diferente. O Noah foi embora, mas
o legado dele não. Muitos na escola seguiam seu estilo de vida, então, nós
continuamos sendo perseguidos, principalmente o Dylan.

Estava na escola, era dia de jogo, nosso time jogaria contra o time
de uma cidade vizinha. Eu fiquei na arquibancada assistindo enquanto Dylan
jogou e Candice liderou a equipe da torcida.

Nós perdemos por muito pouco, Dylan ficou furioso com isso.

Depois do vestiário fui encontrar os dois.

-O que acham de pizza e filme na minha casa? – ofereceu Candice


quando estávamos os três juntos.

Dylan estava bem chateado e ela estava tentando animar ele.

-Pizza e filme? Sério isso? Estou cansado disso! A GENTE


SEMPRE FAZ ISSO! EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO! – ralhou.

Parece que alguém chegou ao limite.

-Eu só estou tentando te animar – se defendeu Candice.

Nessa hora Jude chegou para me buscar.

-Gente, vou deixar vocês dois sozinhos. Acho que precisam


conversar – falei.

Não tava querendo ouvir a “ladainha”.

-Aproveita e leva a Candice com você, eu preciso ficar sozinho –


falou irritado.

Ele saiu sem nem ouvir nada.

103
Eu e Jude fomos deixar a Candice em casa, ela ficou em silencio o
caminho inteiro, estava se controlando para não chorar.

Voltamos para casa, fiz nosso jantar e depois assistimos um filme e


acabamos dormindo na sala.

Acordei com o telefone fixo tocando.

-Alô, Martin, aqui é o Lewis, do time do Dylan. Ele está muito bêbado
e passando mal. Eu liguei para a Candice, mas ela está furiosa e não quer
conversa. Só você pode ajudar – falou.

Parece que minha chance chegou.

-Me diz o endereço, estou indo – falei.

Ele me deu o endereço e eu anotei, já sei onde ele está.

-Vic, quem era? O que houve? – perguntou Jude.

Ele acordou quando eu estava quase saindo.

-Dylan está passando mal, vou ajudar. Vou pegar seu carro – falei e
saí.

Não deixei ele nem reclamar.

Eu dirijo, dificilmente mas dirijo o carro do Jude.

Em poucos minutos eu cheguei na casa do Lewis, a rua estava


escura, mas a música estava alta. Quando entrei estava cheio de adolescente,
parecia que na escola inteira estava lá, estavam todos bebendo muito.

-Martin? O que a santinha veio fazer em uma festa? Seu irmã sabe
que a ex virgenzinha super protegida está em uma festa a essa hora da
madrugada? – disse Anny.

Ela estava com uma roupa minúscula e muito bêbada, ela já tinha
terminado o colegial e trabalhava em uma loja de conveniência. Ninguém

104
nunca esqueceu o episódio com meu irmão, mas ela se assumiu de vez como
uma vadia após se recuperar e está sempre trocando de namorados, ao que
parece, nunca superou meu irmão.

-Sinceramente não tenho tempo e muito menos paciência para


aturar você – falei cansada.

Quando me afastei ela me puxou pelo braço.

-Pode parar com a pose de superior, sua fachada não me engana.


Tenho certeza que você tinha um caso com o Noah e forjou aquele estupro
para que ninguém descobrisse que não é a santinha que aparenta ser – jogou.

Parece que a acéfala da Moore é a única que me enxerga como


realmente sou e descobriu tudo.

-Me solta e me deixa em paz, não sou da sua “laia” – falei ríspida.

Nessa hora o Lewis chegou.

-Martin, ainda bem que veio, não sei mais para quem ligar. Os pais
dele estão fora da cidade e a Candice disse que não viria – falou preocupado.

O segui até um quarto no andar superior, Dylan estava deitado em


uma cama no escuro.

-Dylan, o que houve? – perguntei nervosa.

Corri até ele.

-Eu acabei bebendo demais, estou tonto, não consigo andar, muito
menos dirigir – falou grogue.

Eu o ajudei a levantar.

-Vamos, eu te levo para a minha casa, vou pedir ao Jude para te dar
um banho e faço um café forte – falei.

Lewis me ajudou com ele.

Conseguimos colocar Dylan no carro e Lewis voltou para a festa.

-Vic, eu quero ir para a minha casa – falou sonolento.

105
Tudo está a meu favor, os pais dele não estão na cidade, Candice
está com raiva dele e ele está muito bêbado.

-Seus pais não estão em casa, você não pode ficar sozinho e com
certeza precisa de um banho – falei sentindo o cheiro de vomito.

Banho era algo que ele realmente precisava.

-Fica comigo, não quero que ninguém além de você me veja nesse
estado. Só preciso dormir e vou me recuperar, quando eu acordar estarei bem
para tomar banho sozinho e com certeza não quero o Jude me dando banho –
reclamou.

Se ele soubesse que por nenhum momento passou pela minha


cabeça deixar Jude banhar ele, isso foi apenas uma desculpa.

Quando chegamos na casa dele o ajudei a ir até o quarto, tirei seus


sapatos, meias e casaco.

Logo ele apagou.

Desci e fui ligar para Candice.

-Lewis, já disse que por mim o Dylan pode ir parar em um hospital,


mas eu não vou socorrer ele. Para de me ligar – disse Candice chateada.

Parece que alguém está furiosa.

-Sou eu Candice, a Vic – falei.

O tom dela mudou.

-Vic? Aconteceu alguma coisa? Noah voltou? – perguntou


assustada.

Não.... ainda....

-Eu estou na casa do Dylan, Lewis me ligou e eu fui socorrer ele. Te


liguei para vir para cá ficar conosco, os pais dele não estão aqui – falei.

Ela ponderou.

106
-Vic, tudo que não quero agora é falar com o Dylan, principalmente
no estado que ele está. Invente que o trouxe para cá, vou explicar a situação
para minha mãe e pedir para que ela confirme. Meu pai está fora da cidade,
então não teremos problema – assegurou.

Melhor impossível, era a desculpa que eu precisava. Ia pedir ao


Jude para fingir que o levei para nossa casa e ele cuidou do Dylan, mas sabia
que ele não gostaria nada disso.

Me despedi dela e liguei para o Jude.

-Victoria? Eu espero sinceramente que seja você, já estou para ir


atrás de você, não devia ter saído de madrugada, muito menos sozinha! –
ralhou.

Ele está furioso.

-Calma, eu estou na casa da Candice, trouxe o Dylan para cá. Vou


dormir aqui com ela, mas quando o dia amanhecer eu volto para casa, prometo
– falei.

Torci para ele não inventar de ir me buscar, principalmente agora


que acha que estou na Candice, ainda bem que estou com o carro dele, se não
ele iria.

-Tudo bem, ainda bem que está segura, mas nunca mais faça isso.
Estou te esperando, se demorar vou buscar você – falou autoritário.

Acho bom ser rápida, tenho que ir embora logo.

Quando cheguei no quarto do Dylan as coisas não estavam como eu


planejei (ia me aproveitar dele enquanto dormia e depois dizer que ele me
agarrou).

Ele testava caindo no chão e cheio de vomito ao redor.

-Agora você não tem escapatória, já para o banho – falei séria.

Ele se remexeu no chão.

-Não consigo, vá para casa, quando eu acordar tomo banho e limpo


tudo – resmungou.

107
Fui até ele e o ajudei a levantar.

-Não vou te deixar nesse estado e muito menos nesse chiqueiro –


falei levando ele para o banheiro.

Eu o coloquei com roupa e tudo dentro do chuveiro com a agua bem


fria, para ver se ele acorda. Joguei bastante shampoo tanto no cabelo dele
quanto pelo corpo para lavar a roupa.

Depois que o cheiro foi embora o tirei e coloquei duas toalhas, uma
na cabeça e uma no corpo.

-Vic, sei que quis ajudar, mas agora eu vou ficar resfriado com essa
roupa molhada, eu estou tão grogue que não consigo trocar de roupa – falou
zonzo.

Tudo está ficando bastante interessante.

-Bom, essa é uma situação de emergência e não é como se eu


nunca tivesse visto um homem nu – falei firme.

Mesmo zonzo ele ficou chocado e bastante nervoso.

-Vic, você não precisa fazer isso....

Começou a tagarelar.

-Calma Dylan, não confia em mim? – falei fingindo tristeza.

Ele começou a gaguejar.

-Não é isso, só que o seu trauma...

Tentou dizer.

-Dylan, eu tenho um irmão mais velho, que por acaso é muito


folgado e eu passei a minha vida inteira dividindo o banheiro com ele –
expliquei.

O que é uma mentira, Jude sempre teve o maior cuidado para que
eu nunca visse nada, só nas raras exceções que isso aconteceu.

-Se é isso, fico bem mais tranquilo – falou aliviado.

108
Eu o coloquei sentado na cadeira da escrivaninha e fui buscar um
pijama moletom limpo e cueca.

O ajudei a tirar a roupa, o corpo dele é muito bonito, tem uma


pequena cobertura de pelugem loira a partir do umbigo, ele é forte e tem o
abdômen definido, não tanto quanto meu irmão, mas é bem bonito.

Quando ele estava só de cueca nós dois ficamos tensos.

-Tem certeza que não consegue fazer essa parte? – falei fingindo
constrangimento.

Não posso deixar meu lado safada se sobressair

-Vou tentar, coloca a toalha no meu colo e eu tento tirar no começo –


falou.

Fiz como ele disse, com muito sacrifício ele conseguiu tirar e descer
até depois da toalha, eu o ajudei tirando o resto.

Depois eu subi a cueca limpa até o limite da toalha e me virei para


que ele subisse o resto.

Passado o momento mais delicado eu o ajudei a vestir a calça e a


camiseta.

O mudei para o sofá e fui limpar o quarto e trocar os panos de cama.

-Tudo pronto, já pode dormir. Quer que eu lhe faça um café? –


ofereci.

O ajudei a mudar do sofá para a cama.

-Não, já fez muito por mim, muito mais do que eu poderia pedir que
fizesse – falou.

Agora é hora de jogar.

-Dylan, você é uma das pessoas que mais amo no mundo, eu faço
tudo que estiver ao meu alcance para te ajudar. Pode contar comigo para tudo
– assegurei.

Ele me puxou.

109
-Fica aqui na cama comigo, não quero ficar sozinho. Eu preciso de
você Vic, do seu carinho – falou.

Me deitei com ele, coloquei a cabeça dele no meu colo e comecei a


fazer carinho nos seus cabelos.

Com poucos minutos ele dormiu....

Esperei um pouco para ter certeza que ele estava dormindo e fiz
alguns testes, como beliscões, ela estava completamente apagado.

Como não sou burra e não pretendo dá sorte ao azar coloquei


algumas gotas do remédio que tomava para dormir, tinha recebido no hospital
local após o meu “trauma”. Eu, como não precisava, deixei guardado para
ocasiões como essa. Era só misturar na água e pronto, não tem gosto nem
cheiro.

Com Dylan dopado e completamente vulnerável eu comecei a tirar


suas roupas lentamente, aproveitando cada segundo.

Durante muitos anos sonhei em vê-lo nu, em tocar seu corpo,


imaginei como era tê-lo para mim e agora posso fazer o que quiser com ele.

Dylan dormia tranquilamente e parecia um anjo, o rosto perfeito


completamente calmo, o cabelo levemente bagunçado e o corpo totalmente
relaxado.

Os ombros dele são largos, peitoral definido, abdômen marcado e


poucos pelos. Após tirar a camiseta toquei levemente seu corpo, o beijei por
inteiro aproveitando cada parte, depois tirei a calça e mais uma vez o toquei.
As pernas dele são torneadas devido ao esporte, ele é branco e os pelos são
loiros.

Por último tirei sua cueca e dessa vez eu olhei bem para cada
detalhe, diferente de quando o ajudei com o banho, no qual me fazia de
puritana, agora eu examinei cada detalhe das suas partes intimas. Já não sou
mais virgem faz um tempo, tenho uma vida sexual ativa (me encontro com
Noah uma vez por mês e já faz um mês que tenho encontros secretos com
Adam), então, ele não é o primeiro e muito menos o último homem que vejo nu,

110
tenho como comparar. Com certeza é bonito (não sou como essas falsas
puritanas que acham feio e têm nojo, muito pelo contrário), fiquei satisfeita, é
do jeito que eu gosto.

Comecei a diversão....

Primeiro o toquei levemente e depois comecei a estimular


apreciando cada movimento. Verifiquei se ele continuava dormindo, estava
tudo saindo como planejado.

Como ele estava dopado tive mais trabalho em deixa-lo excitado (o


que não achei ruim), mas consegui depois de usar a boca. Com certeza ele
nunca teve nada a mais que a própria mão, ao sentir algo diferente o corpo
dele reagiu.

Eu estava gostando bastante da situação, nunca tinha dominado


antes, a sensação de poder é muito boa.

Quando ele estava no ponto certo tirei minhas roupas por completo e
me deitei em cima dele, como foi bom sentir seu corpo no meu, seu calor.
Tinha planejado ser fria e apenas fazer, mas não resisti, é o Dylan, sempre o
quis, sonhei muito com ele e queria que tivesse sido meu primeiro, não vou
conseguir ser fria agora.

Peguei seus braços e me envolvi em um abraço, fiquei um tempo


colada a ele, apenas aproveitando o momento.

Depois peguei suas mãos e fui guiando por meu corpo para que me
tocasse, em minha cabeça imaginei que ele estava retribuindo, que me deseja
e que estamos transando (não que eu estou abusando dele).

Depois de um tempo resolvi terminar o que comecei, antes que o


efeito do remédio passe e ele acorde.

Fiquei por cima e fiz tudo, mais uma vez fui envolvida pela sensação
de prazer de estar dominando, me satisfiz de um jeito que nunca tinha
acontecido antes.

Quando acabei nos cobri e deitei com a cabeça em seu peito.

111
O despertador tocou pouco tempo depois.

Dylan acordou e eu fingi que continuava dormindo.

-O que está acontecendo aqui?! – gritou assustado.

Ele pulou da cama.

-Dylan? Nossa, não dormi quase nada, preciso ir antes que o Jude
venha atrás de mim – falei sonolenta.

Dylan estava parado na minha frente, completamente nu e


assustado.

-Vic, o que você está fazendo aqui? Meu Deus, eu estou nu! O que
aconteceu? – falou confuso.

Ele pegou a calça bem rápido e se vestiu.

-Você não lembra de nada? Dylan, eu juro que achava que a


bebedeira tinha passado. Eu não devia ter aceitado, como eu fui burra –
encenei.

Enquanto falava me enrolei no cobertor e peguei minhas roupas.

-Vic, eu estou com uma dor de cabeça horrível e não consigo nem
pensar direito. O que aconteceu? Por tudo que é mais sagrado, me diz o que
aconteceu – suplicou.

Ele estava desesperado.

-Você disse que me amava e eu burramente acreditei – soltei.

Depois corri e me tranquei no banheiro para me vestir.

-Victoria Martin, sai desse banheiro agora! Eu preciso que me conte


tudo que aconteceu! – falou no meio de uma crise nervosa.

Terminei de me vestir e saí.

-Sim, Dylan Collins, aconteceu o que você está pensando. Mas não
se preocupe, já percebi que você só estava bêbado e desesperado por sexo.

112
Se aproveitou que não sou mais virgem e me usou. Já entendi tudo, burro fui
eu de acreditar em você – falei devastada.

Eu saí correndo.

Ele ainda foi atrás de mim, mas estava grogue e não conseguiu me
alcançar.

Peguei o carro do Jude e fui embora, sem dúvida essa foi uma das
minhas melhores cenas.

Quando cheguei em casa Jude já estava na porta.

-Eu já a atrás de você! – ralhou.

Ele está furioso.

-Eu não podia abandonar meu amigo, mas eu estou bem, eu estava
na casa da Candice, que é praticamente minha casa também. Não precisava
dessa cena – falei cansada.

Ele bem abraçou forte.

-Você se arriscou muito saindo àquela hora sozinha, devia ter


esperado, eu ia com você. Nunca mais faça isso. Vic, você é a única pessoa
que tenho, a única que restou, não posso te perder – desabafou.

Ele andava assim ultimamente, super protetor e sempre dizendo que


eu era a única pessoa que ele tinha.

Se fosse qualquer outra pessoa eu odiaria, mas como é ele eu fico


feliz, isso me dá esperança, ele pode retribuir meus sentimentos, só não tem
coragem de assumir.

-Chega de drama, vai para o trabalho que eu vou dormir, passei o


resto da madrugada acordada mediando as brigas entre o Dylan e a Candice,
preciso descansar – menti.

Nos despedimos e ele foi trabalhar.

113
Tomei banho e fui para minha cama, como hoje é sábado tenho o
dia inteiro livre, vou esperar o Dylan aparecer para conversar, com certeza ele
virá antes do Jude chegar do trabalho. Ele deve está desesperado agora
tentando lembrar as coisas que aconteceram

Logo eu dormi.

Acordei com a campainha tocando, fiz minha melhor cara de choro e


fui atender.

-Vic, nós precisamos conversar – disse Dylan.

Tentei fechar a porta na cara dele, mas ele não deixou.

-Eu não tenho nada para falar com você, quero fingir que nunca te
conheci – falei.

Ele estava devastado, parecia ter chorado muito.

-Por favor, Victoria, me deixa entrar. Isso não pode ficar assim, você
tem que me ouvir – suplicou.

Eu deixei que ele entrasse.

-O que quer? Veio me pedir para esquecer o que houve? Dizer que
estava bêbado? Me pedir para guardar segredo? Se está com medo que eu
conte a alguém não se preocupe, eu jamais contaria, até porque, eu sairia de
vadia na situação – joguei.

Ele veio até mim e pegou nas minhas mãos.

-Claro que não. Vic, sou eu, Dylan. Eu não sou assim e você sabe
disso. Eu posso ter bebido demais e não me lembrar de nada, mas eu jamais te
acusaria. Eu só quero que me conte tudo, me ajude a entender. Por favor, por
todos os nossos anos de amizade, conversa comigo. Só preciso que me conte
o que aconteceu, eu juro que não estou te culpando de nada, mesmo que eu
não me lembre de nada sei que sou o único culpado de tudo. Eu te conheço
Vic, sei que se aconteceu alguma coisa entre nós fui eu que tentei, sei que
você não me seduziu nem nada – falou.

114
Respirei fundo.

-Lewis me ligou de madrugada pedindo ajuda, você estava muito


bêbado e passando mal, seus pais estavam viajando e a Candice está com
ódio de você. Eu peguei o carro do Jude e fui te buscar, ia te trazer para a
minha casa, mas você não quis, pediu que eu te levasse para a sua casa. Eu
fiz como pediu e enquanto fui ligar para Jude e Candice você vomitou tudo e eu
tive que te colocar em baixo do chuveiro, te ajudei com o banho, depois limpei
seu quarto e troquei os panos da sua cama. Depois te coloquei para dormir,
mas você pediu que eu ficasse, que não queria ficar sozinho. Eu pretendia
penas te colocar para dormir, mas foi aqui que você confessou....

Nessa hora eu comecei a chorar para dá ênfase.

-Eu lembro vagamente disso, inclusive que você colocou uma toalha
no meu colo para não vê minhas partes intimas. O que não adiantou muito com
o que aconteceu depois....

Falou constrangido.

-Você disse que me amava, que sempre esteve dividido entre mim e
a Candice, mas que seus pais lhe pressionaram a namorar com ela, fizeram
você acreditar que ela era a garota perfeita para você. Que depois do noivado
você começou a perceber que não queria se casar com ela, pelo menos não
agora. Foi aí que você percebeu que era de mim que você gostava e que devia
ter me escolhido. Foi então que confessei que também sempre fui apaixonada
por você, mas que não queria perder sua amizade nem a da Candice, por isso
sempre escondi isso. Preferia sofrer vendo vocês dois juntos do que perder a
amizade dos dois, o que me confortava era saber que os dois estavam felizes.
Foi então que você me beijou e no meio de tudo aquilo aconteceu. Eu ainda
disse que era melhor não, mas você não quis me ouvir e me convenceu, eu
sempre fui tão apaixonada por você, estava tão feliz que me deixei levar –
encerrei.

Ele ficou chocado.

Eu falei tudo isso de acordo com minhas impressões sobre os


sentimentos dele por mim, criei uma história o mais aceitável possível.

115
-Vic, eu ainda estou muito confuso, eu tentei lembrar, mas está
difícil. Mas tudo que falou só pode ser verdade, primeiro porque eu confio em
você, sei que não está mentindo e segundo porque é o que realmente sinto. Eu
sempre tive dúvida entre as duas mas além da pressão dos meus pais eu
achava que você não me queria. Você sempre foi super séria e certinha, só
pensava no seu futuro, em fazer faculdade, esse foi um dos motivos que me
fez escolher a Candice. Realmente, eu não queria casar com ela agora, tinha
muitas dúvidas, algumas vezes cheguei a cogitar me declarar para você, mas
depois do que aconteceu ano passado eu desisti, você estava traumatizada e
provavelmente a última coisa que queria era um namorado. Tive medo que se
afastasse de mim, por isso guardei meus sentimentos em segredo. Tudo isso,
a pressão do casamento, a situação na escola, foram os motivos que me
fizeram começar a beber, mas agora eu percebo, eu bebia para ter coragem de
assumir o que sinto e pelo visto foi o que aconteceu. Por mais que não tenha
sido como eu queria, eu finalmente me declarei para você e agora vejo com
clareza que é você que eu quero. Me desculpa por não ter lembrado e por ter
reagido daquele jeito, eu estava bêbado. Em nenhum momento quis te iludir e
me aproveitar de você, eu te amo. Eu vou agora mesmo até a casa da Candice
e terminar tudo com ela, eu vou enfrentar meus pais e vou assumir o que sinto
por você – declarou.

Nossa, minha impressão estava certa, ele realmente me ama e me


deseja, ainda mais do que eu pensava. Minha fachada de santinha foi o que o
deteve, muito mais que a pressão dos pais. Mas ainda não é o momento, quero
fazer a Candice ser bem corna.

-Não Dylan, você não pode fazer isso, pelo menos não por
enquanto. Candice vai nos odiar e eu não quero isso. Todos vão achar que te
seduzi, que sou uma falsa e esperei a primeira oportunidade para roubar o
namorado da minha melhor amiga. Precisamos pensar em uma solução
melhor, não podemos agir de “cabeça quente” – tratei em dizer.

Ele ponderou.

116
-Você tem razão, também não quero magoa a Candice, nem que
você seja hostilizada. Sei como são as pessoas dessa cidade, não quero que
fique difamada – concordou.

Ótimo, está saindo tudo como planejado.

-Por enquanto vamos deixar tudo como está, para o bem de todos.
Vamos pensar uma forma de ficarmos juntos – assegurei.

Ele veio até mim e me beijou.

-Agora que finalmente você é minha não quero perder mais tempo,
quero ficar com você e quero me lembrar disso – falou me prensando contra
seu corpo.

Ele já estava bem animadinho.

-Agora não, Jude chegará em breve. Mas daremos um jeito de nos


encontrar escondidos, também não vou conseguir esperar – menti.

Nos despedimos e ele foi embora.

Como eu queria, agora tenho mais um amante, eu e Dylan nos


encontramos escondidos na casa dele quando os pais não estão, como uma
irmã da mãe dele está doente ela passa mais tempo fora da cidade do que em
casa, o pai dele trabalha o dia inteiro, a casa fica livre para nós.

Dylan está afoito, passou muito tempo se privando dos prazeres da


carne, agora que descobriu esse novo mundo está encantado, por ele
passaríamos uma semana inteira no quarto. Está sendo difícil fugir dele para
encontrar com Arthur, mas como ele é muito ocupado e casado nossos
encontros são menos frequentes.

Ainda tenho meu compromisso mensal com Noah, eu inventei desde


o começo um retiro que faço uma vez por mês em uma cidade vizinha, mas na
verdade é uma desculpa para passar um fim de semana por mês com ele.

Dylan e Candice se acertaram, ele parou de beber e pediu desculpa


pela cena que fez, mas vive fugindo dela. Candice, por sua vez está focada no

117
fim do Ensino Médio, preparativos para o casamento e ida a universidade, tudo
isso a distrai e assim ela se ilude. Ela me confidenciou que acha que Dylan
está distante porque tenta controlar o desejo que sente por ela, que acha que
com o casamento tudo voltará ao normal. Eu, obviamente, concordo com ela e
a incentivo.

Mais um mês se passou e agora tenho que lidar com três amantes,
minha vida sexual está bem agitada e estou adorando isso, estou recuperando
o tempo perdido.

Capítulo 11: Faltam 2 meses

118
Agora é a vez da terceira parte da terceira fase, a parte mais
importante. Chegou a hora de investir em quem eu realmente amo, Jude.

Sei que vai ser difícil e principalmente arriscado, posso está dando
um “tiro no meu próprio pé”, mas estou disposta a arriscar, mesmo que isso
estrague meu plano (já tenho um plano B caso isso aconteça).

Cheguei do meu encontro com Arthur, era sábado e eu passei a


tarde com ele no nosso lugar secreto foi uma ótima e prazerosa tarde, mas já
estou cansando dele, parece um velho babão, nem conversa mais comigo, só
quer sexo e nem liga se estou gostando ou não. Não vejo a hora de me livrar
dele, já passou a adrenalina de ser amante de um homem casado e fazer
Beatrice ser “corna” em sua própria casa.

Mas enfim, em casa. Parece que as coisas estão a meu favor,


quando cheguei no meu quarto ouvi o barulho do chuveiro, só pode ser o Jude.
Esperei que ele desligasse e entrei.

Jude estava completamente nu passando sabonete no corpo era


uma verdadeira tentação, fiquei hipnotizada seguindo suas mãos.

-Vic? O que está fazendo aí? – perguntou assustado.

Ele tratou logo de se cobrir.

-Cheguei agora e não percebi que estava no banho, não ouvi o


barulho do chuveiro – falei.

Foi uma desculpa convincente.

-Agora que já sabe que o banheiro está ocupado pode se retirar e


esperar que eu saia – falou sério.

119
Não resisti ao ímpeto de brincar e deixar meu irmão ainda mais
constrangido.

-Jude, só estamos nós dois aqui, não precisa fingir. Nós dois
sabemos muito bem que eu sei o que você tem entre as pernas. Já pode parar
com a tentativa ridícula de esconder, não está dando certo, você é muito
grande para isso – brinquei.

Ele ficou vermelho.

-Para com isso Victoria e saí agora desse banheiro! O que deu em
você hoje? Você bebeu? Está usando drogas?! – perguntou furioso.

Ele estava com raiva, mas também estava preocupado.

-Jude, você me deixou vê, mas nunca me deixou tocar, estou


curiosa. Deixa vai, ninguém nunca vai saber, eu prometo – pedi.

Desconsiderei totalmente o que ele falou e resolvi arriscar tudo de


uma vez, não consigo mais me controlar.

-Ficou louca? Você é minha irmã caçula! Eu nunca devia ter


mostrado – ralhou.

Ele ligou o chuveiro bem rápido para tirar o sabonete do corpo e


pegou a toalha. Ele se enrolou e foi para o quarto dele.

Não desisti, fui atrás.

-Jude, me deixa tocar, eu quero saber como é quando eu quero


fazer – falei amargurada.

Fiz minha melhor cara de choro, com os olhos cheios de lagrimas.

-Vic, por favor, não faz isso. Você sabe que não consigo te negar
nada, mas isso já é demais. Nós somos irmãos! – rosnou.

Percebi que ele falava isso mais para ele mesmo do que para mim,
ele quer.

-Por favor – supliquei.

Fui me aproximando dele aos poucos com cara de inocente.

120
Ele deixou.

Quando fiquei de frente para ele, faltando apenas um passo eu


toquei na junção da toalha.

Ele estava paralisado.

Aproveitei seu momento de hesitação e puxei a toalha a derrubando


no chão e o deixando completamente nu, novamente.

Antes que ele acordasse do choque e me parasse o toquei, o toquei


como sempre quis, como sempre sonhei em fazer.

Ele não resistiu, fazia muito tempo que ele não ficava com uma
mulher, tendo apenas a companhia da própria mão, ser tocado por uma mulher
é algo completamente diferente. Principalmente para ele, que desde que se
entende por gente tem quem faça por ele.

Fiz da melhor forma possível, do jeito que aprendi que os homens


gostam e aos pouco fui adaptando de acordo com a preferência dele, do jeito
que eu notava que ele gostava mais.

Ele já estava totalmente entregue quando fiquei de joelhos a sua


frente, fiz o que aprendi que os homens mais gostam e não foi difícil levar meu
irmãozinho ao ápice do prazer.

Quando ele se recuperou explodiu em fúria.

-VOCÊ FICOU LOUCA?! EU VOU TE INTERNAR EM UM


HOSPÍCIO! VOCÊ ESTÁ DOENTE GAROTA! SAÍ DO MEU QUARTO AGORA!
– me enxotou.

Ele estava transtornado.

-Muito conveniente ter esse surto de sensatez somente depois de


gozar na minha boca. Você queria tanto quanto eu, para de fingir e assume,
seja homem e não venha colocar a culpa só em mim! – falei séria.

Já foi o suficiente por hoje, fui para o meu quarto e não saí dele o
resto do fim de semana inteiro.

121
Já estava ficando desesperada.

Será que me equivoquei? Quis tanto o Jude que imaginei que ele
também me quer?

Eu acertei com Arthur, o que era bem obvio, se tratando do histórico


de traições dele e de como ele gosta de garotas cada vez mais novas para se
sentir jovem.

Dylan também estava obvio que me desejava, sabia que ele sempre
gostou de mim e da Candice e a escolheu por pressão dos pais. Ele estava
bêbado e carente, é um adolescente cheio de hormônios e estava desesperado
por sexo, só ofereci o que ele tanto queria.

Mas Jude não, Jude é um homem, ele pode ter a mulher que quiser.
Ele está no auge de sua forma física e é sempre disputado pelas garotas. Além
de ser meu irmão, isso com certeza está pesando e muito contra mim.

Jude sempre cuidou de mim e me super protegeu, apesar de não


termos sido próximos quando crianças e até mesmo na minha adolescência
(antes da morte da nossa mãe), eu sempre fui sua irmãzinha caçula que ele
devia cuidar e proteger. Depois da morte da nossa mãe ficamos mais próximos
e unidos, ele assumiu toda a responsabilidade por mim.

Depois do que aconteceu com o Noah ele ficou se culpando e ainda


mais protetor. Não arrumou mais nenhuma namorada e com o tempo deixou de
sair à noite e de ficar com várias garotas, já faziam alguns meses que ele
estava completamente sozinho. Eu achava que ele estava apaixonado por
mim, como eu por ele, por isso ele não ficava mais com outras garotas. Eu
mudei meus planos para que ele fizesse parte deles, arrisquei tudo tomando a
iniciativa.

Mas, e se eu estiver errada?

Será que esse tempo todo ele está apaixonado por outra garota? Se
é por isso que ele não ficou mais com várias e parou de ir as festas?

122
Não pode ser, eu vi o jeito que ele ficou quando eu o toquei, ele
queria, não só por carência, ele me deseja. Eu vi como ele estava lutando
contra o desejo, como tentava fugir.

Será que eu estava apenas me iludindo?

Já era tarde da noite de domingo quando Jude bateu na porta do


meu quarto.

-Chega de greve de fome, Victoria. Tome um banho e dessa para o


jantar. Isso é uma ordem! – ralhou esmurrando a porta do meu quarto.

Ele não tinha falado comigo nenhuma vez depois do que aconteceu
ontem à noite, eu ouvi os passos dele no corredor, ouvi o barulho do chuveiro
no quarto dos nossos pais, mas nada do Jude falar comigo.

-Você não é meu pai! Você não manda em mim! – ralhei de volta.

Ele deu um murro na porta.

-Se não sair desse quarto eu vou arrombar a porta, eu juro. Vou
colocar você em baixo do chuveiro e enfiar comida a força na sua boca! –
gritou.

Fiquei tentada a desafiar, mas nunca o vi tão furioso, melhor


obedecer.

-Você venceu e a hipocrisia reina mais uma vez nessa casa – falei
vencida.

Ele bufou e saiu pisando duro.

Tomei meu banho, coloquei um pijama moletom e desci para a


cozinha.

Eu não queria comer, na verdade não conseguia. Estou muito mal,


eu preciso do Jude, nunca quis ninguém tanto assim. Me recuso a perder ele,
pela primeira vez estou sem meu alfabeto de planos e sem forças para fazer
joguinhos.

123
-Ótimo, agora coma e sem reclamar – ordenou.

Ele tinha comprado a comida de um restaurante qualquer, nem


prestei atenção no que estava comendo, só me forcei a comer o tanto que
pude. Apesar de estar faminta não conseguia nem sentir o gosto da comida.

Desisti depois de algumas garfadas, já estava com vontade de


vomitar.

-Sinceramente, cansei. Não vou ficar aqui sendo obrigada a comer


como se fosse uma criança, muito menos compactuando com a sua hipocrisia
– ralhei.

Subi correndo para o meu quarto e comecei a arrumar minhas


coisas, vou ligar para o Dylan e pedir que me leve para a casa da Candice, não
vou conseguir continuar aqui desse jeito.

-Para com isso agora! Você não vai a lugar nenhum! Chega de fugir
para a casa da Candice! A casa dos Adams não é a sua casa nem eles são
sua família! Sua casa é essa e sua única família sou eu! – gritou.

Ele pegou minha bolsa e jogou longe.

-Não vou participar do seu teatrinho de família padrão, de irmão


mais velho que cuidou da irmã após ficarem órfãos. Cansei de fingir que as
coisas não aconteceram, de viver uma mentira – joguei.

Ele respirou fundo.

-Victoria, nós dois passamos por muitas coisas, é normal que


tenhamos problemas emocionais e psicológicos. Você principalmente, nunca
conheceu nosso pai, era muito apegada a nossa mãe e ainda o que aquele
idiota fez com você. Você deve estar com algum transtorno, situações
traumáticas deixam marcas ....

Ele discursou, mas eu não estava interessada em psicologia barata.

-Eu não estou com problemas psicológicos, para de tentar dizer que
eu estou doente e colocar a culpa de tudo nos nossos traumas pessoais. Eu
não estou louco, eu vi o seu jeito e estou vendo agora, por mais que você

124
esteja tentando se manter forte. Você me quer Jude, você também me deseja!
Eu sei disso! Para de ter medo e assume! – gritei.

Já estava fora de controle, não vou conseguir guardar mais as


coisas.

-Você está se ouvindo Victoria? Nós somos irmão! Isso é errado! É


pecado e proibido por lei! Incesto é crime! Eu posso ser preso! Vão achar que
eu abusei de você! Quem iria acreditar que você me agarrou?! Se isso vier a
tona eu serei apedrejado pelos moradores dessa cidade! – argumentou.

Então é isso, ele está com medo!

-Ninguém precisa saber! Eu vou terminar o Ensino Médio esse mês,


logo vou para a universidade, podemos fugir juntos. Podemos fingir nossa
própria morte e viver com identidades falsas. Podemos ir para um lugar que
ninguém nos conhece e recomeçar! Podemos ficar juntos Jude! O que não
posso é ficar sem você! Não vou suportar te vê com outra! Você é meu, só
meu! – desabafei.

Ele ficou em choque com minhas palavras, estava tentando “digerir”


tudo.

Antes que ele se recuperasse e recomeçasse o discurso eu o beijei.

No começo ele não correspondeu, ficou estático, mas depois se


deixou levar e retribuiu o beijo.

Foi um beijo urgente e caloroso, estávamos nos devorando, era


como se a qualquer momento fossemos morrer e precisássemos um do outro
para sobreviver.

Mas ele me afastou.

-CHEGA! AGORA SIM VOCE FOI LONGE DEMAIS, PASSOU DE


TODOS OS LIMITES! EU VOU TE INTERNAR VICTORIA! – gritou.

Não pode ser, não posso está enganada, eu senti, senti o seu beijo
como ele me quer, não estou louca!

125
Agora é o momento, vou partir para o tudo o nada, não tenho outra
saída.

-Não adianta fingir, nem lutar contra o que senti, não vou desistir de
você – falei o impedindo de sair.

Tranquei a porta do meu quarto e joguei a chave longe.

Fiquei a sua frente e retirei toda a minha roupa, ficando


completamente nua a sua frente.

Nunca fui a mais bonita, muito menos a mais “gostosa”, sei que sou
magra e tenho poucas curvas, mas também sei que a confiança é fundamental.
Também sei que sou sensual, que tenho um olhar fatal e sei seduzir como
ninguém.

Foi o que fiz.

Ele ficou paralisado me olhando, admirado com minha coragem e


tentando se conter.

-Vic, por favor, não faz isso – suplicou.

Ele perdeu a postura e se agarrava ao um fino fio de sensatez, suas


forças acabaram e ele não conseguia mais resistir.

-Tarde demais, eu já fiz – falei.

Fui até ele e o beijei novamente, dessa vez ele não resistiu.

Jude me colocou nos braços e me levou até a cama e tirou suas


roupas em seguida.

O admirei e me deleitei com cada segundo, ele estava se despindo


para mim, tinha parado de resistir e estava se entregando de vez.

Quando ficou completamente nu ele deitou por cima de mim e


começamos a nos tocar, nos acariciar e nos descobrir.

Foi diferente de tudo que já tive, eu nunca gostei do sexo


convencional e romântico, nem mesmo na minha primeira vez. Só fiquei
realmente excitada quando Noah e eu simulamos estupro, nas vezes que

126
transei com Arthur imaginando a cara de Beatrice e Candice se nos
encontrassem juntos, e, claro, quando abusei do Dylan. Tirando essas
ocasiões o sexo para mim não foi tão bom, foi prazeroso, mas chato.

Agora não, eu estava aproveitando cada momento e estava me


deliciando com suas caricias, estava gostando do jeito carinhoso dele comigo.
Ele foi super cuidadoso e me tratou da melhor forma possível, sempre me
perguntava se estava tudo bem, se podia continuar, dizia que se eu quisesse
parar por ele tudo bem.

Ele sabe que não sou mais virgem mas acha que foi em um estupro
e que estou traumatizada. Além de ter medo que depois eu me arrependa e
coloque a culpa nele.

Quando acabou eu deitei em seu peito e ele nos cobriu.

-Jude, não precisa ter medo, eu não estou arrependida, tudo que eu
disse foi do fundo do meu coração, eu te amo e quero ficar com você, eu
enfrento tudo por você. Até mesmo desisto de fazer faculdade para ficarmos
juntos, tudo que eu quero é você – falei.

Nunca tinha sido tão sincera na minha vida.

-Eu também quero você, mesmo que isso seja errado. Não sabe
como fico aliviado de você não está arrependida, tive muito medo de quando
acabasse você ficasse com raiva de mim, dissesse que me aproveitei de você
– confessou.

Depois dessa confissão nos entregamos novamente um ao outro e


foi ainda melhor, mesmo que parecesse impossível ser melhor do que o que já
foi.

127
Capítulo 12: Falta um mês

Finalmente acabamos o Ensino Médio e com isso chegou a hora da


quarta parte da terceira fase do meu plano!

Preciso pressionar o Dylan, tenho que deixar tudo pronto para a


quarta e última fase do meu plano.

Também preciso falar com Noah, minha vingança contra a família


Adams será perfeita!

-Onde vai tão cedo? – perguntou Jude.

Nós estávamos dormindo juntos todas as noites no meu quarto,


pegamos a chamados nossos pais e trocamos pela minha (não tivemos
coragem de nos mudar juntos para o quarto deles.

-Encontrar com a Candice, ela está histérica com os preparativos


para o casamento, será em uma semana – menti.

Eu ia encontrar com o Dylan, estamos a uma semana do casamento


e está na hora de propor fuga a ele.

128
-Não se como você aguenta a Candice, ela passa o dia inteiro atrás
de você, pedindo sua opinião, querendo sua ajuda, até parece que é você que
vai casar – falou cansado.

Já pensei em sequestrar a Candice e me fazer passar por ela, no fim


da cerimônia que descobririam que Dylan casou comigo e não com ela. Mas
desisti, não quero casar com ele, a única coisa que queria dele eu já tive, seu
corpinho gostoso.

-Ela é minha melhor amiga, somos irmãs de coração e eu estou


muito feliz em estar lado dela nesse momento tão especial. Mas, não se
preocupe, a noite eu serei só sua – falei maliciosa.

Para confirmar o que eu estava dizendo lhe dei um beijo na boca, e,


claro, como não podia faltar, dei um aperto nas suas partes intimas.

Como eu queria passar minha vida inteira na cama com o Jude, já


faz um mês que estamos juntos em segredo, mas ainda sinto uma necessidade
gritante de estar com ele.

Mas, como não posso e tenho muita coisa para fazer, fui embora.

Fui até a casa do Dylan, como sempre, os pais dele estavam fora da
cidade. Como ainda é muito cedo são poucas as pessoas na rua. Também já
faz tempo que entro na casa dele escondida, sei ser discreta. Se alguém me vê
não vai estranhar, somos amigos de infância.

Eu já tinha a chave da porta dos fundos, entrei direto e fui para o


quarto dele.

A porta estava aberta, mas ele não estava no quarto.

A luz do banheiro estava ligada e a porta entreaberta, ouvi o barulho


do chuveiro ligado.

Fui até o banheiro em silencio e aproveitei para olhar bem para ele
enquanto estava distraído tirando o shampoo do cabelo.

129
Ele é lindo, o corpo é maravilhoso, sempre sonhei em ter Dylan para
mim. Agora é tão fácil, tão simples. Acabou que perdi o interesse, continuou
achando ele bonito, mas já estou cansada dele.

Mesmo assim fiquei admirando seu corpo e pensando em como a


Candice é burra, está esperando pelo casamento (que não haverá), podendo
aproveitar o que tem. Bem feito para ela, esperou tanto e agora não vai ter ele.

-Vic? Faz tempo que está aí me observando? – perguntou quando


percebeu minha presença.

Ele não ficou nem um pouco timo, já passou dessa fase faz tempo,
afinal, não tem o que esconder, conheço cada detalhe do corpo dele.

-Cheguei agora, ia dizer bom dia, mas não resisti e fiquei te


admirando – falei sedutora.

Tenho que agradar e muito ele hoje, para que ele colabore e faça
tudo que eu quero.

-O que acha de se juntar a mim? Naquele dia você me deu banho e


eu nunca tive a oportunidade de te retribuir – falou malicioso.

Dylan estava praticamente um ninfomaníaco. Ele não perdia a


chance de transar, aproveitava todas as oportunidades. Coitado, estava a tanto
tempo sonhando em fazer sexo que agora não quer ficar sem.

Resolvi fazer o que ele queria, assim ele ficara mais suscetível.

Tirei minha roupa lentamente, fazendo com que ele salivasse.

Já estou bem experiente na arte da sedução, já faz tempo que


estamos transando e não preciso mais me fingir de inocente, também sei do
que ele gosta.

Assim que terminei de tirar minha roupa ele me puxou para o


chuveiro e foi logo me beijando.

É isso que não gosto nele, é muito afoito, não sabe fantasiar, nunca
quer fazer algo diferente, quer logo transar e pronto, não aproveita o momento.

130
Mas, como o que eu quero é agradar ele cedi, fiz do jeito que ele
queria, no chuveiro mesmo.

Depois fiz algo que estava deixando para um momento especial


(esse), chupei ele.

Ele delirou de prazer.

Depois fomos para a cama dele e lá fizemos mais uma vez, dessa
vez eu fiquei por cima, coisa que nunca tinha acontecido antes (com ele
consciente), ele gostou bastante e eu também, gosto de dominar. Ele,
preguiçoso e egoísta, adorou não fazer grande esforço e ter prazer.

Depois que ele estava completamente satisfeito foi o momento de


colocar essa parte do meu plano em ação.

-Dylan, eu tenho que ir, vou encontrar com a Candice, hoje é última
prova do vestido de noiva dela – falei começando a me vestir.

Ele odeia quando saio assim que terminamos, ele tem esse lado
romântico de querer dormir abraçadinho depois.

-Não vai, fica comigo – suplicou.

Ele estava todo meloso (bem satisfeito sexualmente).

-Não posso, você sabe. Mas Dylan, o casamento já é na semana


que vem. Do jeito que está a situação você vai acabar casando com a Candice!
Você tem que fazer alguma coisa! Ou você está me iludindo? Só está me
usando? – fiz cena.

Ele veio até mim.

-Claro que não! Você me conhece Vic! Eu não sou assim! Faz tempo
que eu quero terminar com a Candice, você que não deixa. Não quer que ela
fique com raiva da gente quando descobrir que estamos juntos! – jogou.

Sim, eu sempre fazia esse drama, tanto para me fazer de boazinha


como para enrolar o máximo ele, para que tudo saia como planejei.

131
-Sim, já pensei muito e só tem uma solução. Dylan, ela já vai te odiar
de todo jeito, mas não a mim. Ela não pode saber de nós dois, jamais irá me
perdoar. O único jeito que temos de ficar juntos é fugir – soltei.

Já tinha ensaiado esse discurso muitas vezes.

-Fugir?! Como assim? Como isso magoaria menos a Candice? –


falou confuso.

Essa é a parte mais difícil, convencer ele.

-Você vai embora sem dizer nada a ninguém, nem a ela nem aos
seus pais. Eu fico aqui e finjo não saber de nada, depois, eu vou te encontrar.
Todos vão pensar que fui para a universidade, mas vou te encontrar – contei.

Ele ficou ainda mais confuso.

-Vic, a Candice merece uma explicação! É o mínimo que podemos


fazer por ela! E os meus pais? Eles vão ficar loucos! – falou nervoso.

Ele foi logo se vestindo, não dá pra ter uma discussão dessas
pelado.

-Dylan, seus pais nunca nos aceitaram juntos, Candice me odiara


para sempre, eu serei criticada na nossa cidade e nunca mais poderei pisar
aqui! O meu plano é perfeito! Nós fugimos, fazemos faculdade, depois
voltamos juntos e casamos. Dizemos que nos reencontramos e nos
apaixonamos. Seremos independentes e ninguém irá nos separar, Candice não
nos odiará. Depois você manda uma carta pedindo perdão, dizendo que não
estava preparado para o casamento. É o melhor para nós! – manipulei.

Ele ponderou.

-Seu plano é perfeito, mas como vamos nos sustentar? Eu dependo


dos meus pais e você só tem a pensão do seu pai. Como vamos fazer
faculdade? Nos manter? – questionou.

Essa era a melhor parte.

-Dylan, você tem uma conta universitária que seus pais fizeram
desde que você nasceu. Além disso, todos sabem que tem muito dinheiro no

132
cofre do seu pai. Seria mais que suficiente para nós dois. Podemos ir para a
Florida, já nos inscrevi na universidade de lá. Nós fomos aceitos, você em
direito e eu em engenharia – falei entregando a carta de admissão.

Eu já tinha tudo pronto para nossa fuga, mas claro, eu não vou ficar
na florida, meu destino é a Califórnia, mas preciso ficar com o Dylan por um
tempo, tanto para afastar ele de vez da Candice como para roubar todo o
dinheiro dele. Será assim que conseguirei minha vingança e minha liberdade
para sempre!

-Vic, você ficou louca? Eu não vou roubar meus pais! A parte da
Candice você tem razão, desse jeito ela não nos odiaria, mas quanto aos meus
pais eu não aceito! Não vou mentir para eles, nem roubar os dois. Eu vou
conversar com eles, eles me amam, vão aceitar nós dois e vão guardar nosso
segredo, tenho certeza – assegurou.

Droga! Sabia que ele ia colocar dificuldade.

-Dylan, ele iriam me expor para a cidade inteira e eu seria humilhada


e expulsa daqui. Você sabe como é a mentalidade do povo de New Bern! Se
você me ama de verdade fará como estou dizendo! Eu pensei muito, essa é
nossa chance! – exagerei.

Não posso deixar que os pais dele atrapalhem meus planos, sem
falar que os quero desesperados achando que perderam o filho,
decepcionados que o filhinho perfeito os roubou!

-Claro que eu te amo! Mas não posso fazer isso com meus pais! Me
dá um tempo, vou convencer eles! – pediu.

Nessa hora tudo começou a girar e eu não conseguia mais controlar


nada.

O que está acontecendo comigo?

-Nós não temos tempo – foi o que consegui dizer.

Nessa hora tudo ficou preto e eu caí.

133
Acordei estava em uma sala branca, tudo era muito branco.

-Vic, que bom que você acordou! Quase morri do coração! – disse
Dylan.

Ele estava todo amarrotado e com uma cara de desespero muito


grande.

-Calma, o que aconteceu? – perguntei.

Já percebi que estava em um hospital, não sou burra. Mas como


cheguei aqui?

Só lembro de ter passado mal, será que quando cai me machuquei?

-Você desmaiou e eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer, te


trouxe para o hospital – contou.

Como esse menino pode ser tão idiota?!

-Dylan, foi só um desmaio, não precisava me trazer para o hospital,


você é muito exagerado. Provavelmente foi uma queda de pressão ou
hipoglicemia – falei já me levantando.

Ele é muito exagerado.

-Vic, não foi só um desmaio. Eu realmente me precipitei e exagerei


em te trazer, foi o que a enfermeira Mackenzie disse quando cheguei com
você. Mas depois que você foi atendida e examinada foi descoberto que você
está gravida – falou sério.

Não pode ser! Ele só pode está louco! Eu não posso está gravida!
Eu tomo anticoncepcional escondido a mais de um ano! Noah sempre compra
para mim!

-Dylan, isso só pode ser algum engano, eu não posso está gravida!
– ralhei.

Nessa hora e enfermeira Mackenzie entrou.

134
Ela é da idade da minha mãe, alta, magra e negra. As duas eram
muito amigas.

-Victoria, não tem erro nenhum. Eu pedi exames específicos para


confirmar, você está gravida de um mês, fizemos a ultrassom enquanto você
estava desacordada – falou séria.

-Por favor, tia Marie, isso não pode sair desse consultório. A senhora
era a melhor amiga da minha mãe, me viu crescer. Não pode fazer isso
comigo, eu vou ser linchada na cidade – supliquei.

Ela olhou para nós dois.

-Eu já chamei seu irmão, ele é o responsável legal por você. Mas
não contarei a ninguém além dele. Eu a tenho como se fosse minha filha,
Victoria. Mas esse rapaz é noivo da sua melhor amiga, não é certo o que estão
fazendo – advertiu.

Eu preciso dá um jeito nisso.

-Não se preocupe, eu casarei com a Victoria, é ela que eu amo. Eu


já deixaria a Candice por ela, agora, com esse bebê, ele é a certeza que eu
precisava. Eu vou resolver tudo, nós nos casamos o mais rápido possível –
falou Dylan.

Droga! Isso não pode acontecer! Eu quero matar esse bebê idiota.

-Não, Candice vai me odiar, todos vão pensar que fiz de propósito
para roubar você dela! Por favor, que isso se mantenha em segredo. Eu
preciso pensar e vê o que vou fazer – supliquei.

Eles ponderaram, mas antes que dissessem alguma coisa o Jude


chegou.

-Vic, o que aconteceu? – perguntou preocupado.

Todos ficaram calados, esperaram que eu dissesse algo.

-Por favor, eu preciso falar com o meu irmão, a sós – pedi.

Os dois se retiraram.

135
-A tia Marie me ligou, eu vim o mais rápido que eu pude. O que
aconteceu? – perguntou preocupado.

Tenho que inventar um história e rápido.

-Jude, não vou enrolar. Eu estou gravida – soltei.

Ele ficou pálido, pensei que ia desmaiar.

-Como eu fui burro! Você era só uma menininha inocente! Como eu


fui idiota! Nem pensei em proteção, devia ter comprado remédio para você! –
se lamentou.

Gostei disso, ele culpado vai fazer com que aceite fugir comigo.

-Jude, a tia Marie sabe, nossa sorte que ela pensa que Dylan é o
pai. Pedi que ela guardasse o segredo. Para todos os efeitos eu tive um pico
hipoglicêmico. É o que o Dylan pensa – menti.

É a melhor saída.

-Tudo bem, agora vamos embora. Eu preciso pensar, tenho que


arrumar um jeito de nos tirar dessa situação – falou confuso.

Eu também preciso pensar, tenho que encontrar uma forma de


manipular tudo a meu favor.

-Jude, precisa fingir que acha que foi hipoglicemia, por favor, é muito
importante – supliquei.

Ele me abraçou.

-Eu sei, não se preocupe, vamos sair dessa – assegurou.

Então eu relaxei pela primeira vez depois que soube que estava
gravida.

Fui trocar de roupa e tia Marie veio me ajudar.

-Vic, o que disse ao Jude? Sei que não disse a verdade, se tivesse
dito o rapaz Collins estaria em uma maca e o hospital inteiro saberia da sua
gravidez – falou séria.

136
Preciso fazer com que ela fique calada.

-Tia Marie, eu invente que foi hipoglicemia. Preciso que a senhora


me ajude a encobrir tudo, pelo menos até que eu resolva as coisas com Dylan
e nossas famílias. Por todo amor que tem por mim, por sua amizade com a
minha mãe, precisa guardar esse segredo – supliquei.

Estou nas mãos dela, caso isso se espalhe estou acabada.

-Não se preocupe, por mim ninguém ficará sabendo – assegurou.

Terminei de me vestir e saímos.

-Vic, será que posso falar com você? – pediu Dylan.

Preciso assegurar que ele não faça nada de imprudente.

-Claro, vamos – falei.

Nos afastamos um pouco.

-O que disse ao Jude? Pensei que quando ele saísse do quarto me


mataria – falou preocupado.

Acho bom que ele esteja com medo do meu irmão.

-Disse que foi hipoglicemia, o que diremos a todos. A nossa sorte


que a enfermeira Mackenzie é a melhor amiga da minha mãe. Ela nunca se
casou, nem teve filhos, eu sou a filha que ela nunca teve, por isso vai guardar
nosso segredo – esclareci.

Ele respirou aliviado.

-Eu vou falar com meus pais. Agora mais do que nunca eles terão
que nos aceitar juntos, pelo nosso filho – falou decidido.

Preciso apavorar ele, só assim colaborará com o plano, parece que


esse bebe era o que eu precisava, não sabia, mas precisava.

-Não, eles vão querer que eu tire o bebê, jamais vão aceitar um neto
bastardo, ainda mais filho de uma garota pobre. Candice vai nos odiar para
sempre e todos me chamarão de golpista. Eles vão nos afastar, tenho certeza.
Dylan, não sei nem o que seriam capazes de fazer comigo e com esse bebê.

137
Se me ama, se quer ter esse filho comigo, agora mais do que nunca temos que
seguir meu plano. Dylan, sei que são seus pais, mas eles se importam muito
com as convenções. Você no máximo será mandado embora para uma
universidade no exterior, mas eu sofrerei todos os tipos de humilhações e
retaliações. Dylan, se você não aceitar fugir comigo eu fugirei sozinha, não vou
deixar que matem nosso filho, nem que destruam minha vida – jóquei minha
última cartada.

Ele ficou estupefato.

-Eu preciso pensar, mas por enquanto prometo manter tudo em


segredo. Depois conversamos, preciso de um tempo para assimilar o que está
acontecendo. Mas prometo, assim que tomar uma decisão, você será a
primeira a saber – assegurou.

Com isso ele foi embora e eu fui para casa com o Jude.

-O que o Collins queria com você? – perguntou Jude assim que


chegamos em casa.

Ele não pode desconfiar de nada.

-Estávamos preparando uma surpresa para a Candice, ele só queria


saber se podia continuar com os planos – de uma certa forma disse a verdade.

Por isso sou tão boa mentindo, eu uso a verdade e a manipulo ao


meu favor.

-Você como sempre fazendo tudo pela Candice, está na hora de


pensar mais em você! – ralhou.

Se tem uma coisa que faço e muito bem é pensar em mim.

-É isso que vou fazer, preciso ficar sozinha e assimilar tudo que
aconteceu. Será que pode ficar no seu quarto por hoje? – pedi.

E como preciso....

-Eu também preciso de um temo para pensar – concordou e saiu.

138
Preciso reorganizar meu plano, tenho que usar esse bebê a meu
favor.

De certa forma, ele já serviu para concretizar a quarta parte da


terceira fase, agora de um jeito ou de outro o casamento da Candice será
estragado.

Agora só resta saber qual a decisão do Dylan, espero ter


aterrorizado ele o suficiente para que colabore com o meu plano.

Tenho que usar esse bebê para convencer Jude a fugir comigo,
tenho que fazer com que ele me encontre depois que eu roubar todo o dinheiro
do Dylan. Mas ele não pode saber de nada, para ele o filho é dele e só usei
Dylan como desculpa no hospital.

Arthur também é um problema a ser resolvido, ele é médico, dá


plantão no hospital pode acabar descobrindo. Tenho que falar com ele o mais
rápido possível. Posso usar esse bebê para tirar dinheiro dele, preciso de um
plano B.

Mas a pergunta que não quer calar, que está martelando na minha
cabeça desde que soube da notícia, é: Quem é o pai?

Estou gravida de um mês, nesse último mês eu transei com quatro


homens diferentes, até mesmo com o Noah, que tenho encontros menos
regulares, esse mês nos vimos duas vezes e não uma.

Com Arthur eu me encontro uma vez por semana. Ele e Noah são os
menos prováveis, mas mesmo assim, não tem como eliminar os dois.

Dylan e Jude são os mais prováveis, transo com os dois quase todos
os dias. Dylan está sempre arrumando desculpa para nos encontramos e Jude
dorme comigo todas as noites.

Não tenho a mínima ideia de qual dos quatro é o pai.

139
Capítulo 13: A véspera

O dia do casamento estava chegando e eu estou apreensiva, Dylan


ainda não me deu uma resposta, a única coisa que disse foi que queria me
encontrar na noite anterior ao casamento, no limite da cidade.

Jude está distante, mal nos falamos, desde que descobrimos minha
gravidez não dormimos mais juntos.

Preciso encontrar Arthur e Noah hoje ainda, estamos na véspera do


casamento e o tempo está contra mim, preciso agir, ou não terei minha
vingança!

-Finalmente Vic, você demorou muito! Já estava para desistir e ir


embora, pensava que não ia parecer – reclamou Noah.

Tive que tomar todo cuidado para encontrar com ele perto do lago.

-Eu tinha que ser discreta, estava esperando a melhor hora. Se


alguém nos vê juntos eu estou perdida – falei.

Aproveitei a pausa após o almoço, a cidade estava vazia.

-Vic, estamos nos arriscando muito, é melhor a gente fugir logo. A


polícia está inteira atrás de mim, não aguento mais essa vida. Vamos para o
Canadá de uma vez – falou preocupado.

Ele tinha bastante dinheiro da herança da mãe dele e comprou uma


casa para nós no Canadá, só não foi embora ainda por minha causa.

140
Quanto a mim, vou usar ele para o que preciso e depois vou sumir
no mundo, ele jamais me encontrará.

Não o amo e muito menos quero ficar com ele, pensei em fazer com
que ele fosse preso, para que não fosse atrás de mim, mas ele não merece.
Apesar de tudo me ajudou muito e foi a única pessoa que me enxergou de
verdade. O único erro dele foi se apaixonar por mim e se tornar possessivo,
tenho planos maiores e ele me atrapalharia.

-Noah, nós fizemos um acordo, você vai me ajudar com minha


vingança e depois vamos embora juntos – lembrei a ele.

Só espero que ele não vá desistir logo agora, preciso da ajuda dele.

-Eu sei, mas vou me arriscar muito Vic, você sabe que eu posso ser
preso! - falou preocupado.

Vou ter que reforçar meu controle sobre ele.

Me aproximei dele de forma sedutora.

-Noah, não se subestime, você é muito esperto. Nós dois somos,


temos tudo sob controle. Você me prometeu, você disse que a minha vingança
seria sua prova de amor por mim – joguei.

Enquanto falava fui fazendo carinho no seu lugar mais sensível, do


jeito que ele mais gosta.

Depois que falei tudo de forma bastante sedutora o beijei.

Ele não resistiu e me jogou na arvore mais próxima, levantou minha


saia, afastou minha calcinha e me invadiu.

Ele estava louco, cheio de desejo acumulado, foi bastante bruto e


estava desvairado.

Ao contrário do que poderia imaginar foi a melhor vez que


transamos, foi selvagem, brutal e eu adorei cada segundo.

Noah me possuiu de uma forma animalesca, sem nem um pingo de


amor e carinho, somente desejo, puro.

141
Depois que ele terminou nos recompomos.

-Você conseguiu, como sempre. Farei tudo como combinamos. Por


falar nisso, aqui está a bolsa com o dinheiro que me pediu, tem mais do que o
suficiente para a sua viagem – falou tirando a bolsa do carro.

Ele me entregou, estava repleta de dinheiro, como ele disse, tinha


mais do que o suficiente. Juntando esse dinheiro com o que eu vou tirar do
Arthur e o do Dylan eu estou feita. Ainda não é o que eu quero, mas vou poder
me manter por pelo menos um ano, pagar faculdade e tudo.

-Ótimo, vai servir para a minha viagem, tenho que fazer várias
paradas para despistar todo mundo – mentir.

Usei a desculpa de despistar as pessoas para que ele demore a me


procurar, como também para tirar dinheiro dele.

-Vic, depois disso você será minha para sempre, entendeu? Só


minha! – falou possessivo.

Ele estava cada vez mais possessivo, não queria nem aceitar meu
caso com Arthur e Dylan, eu dizia que fazia parte da minha vingança. Ele fingia
aceitar, mas ficava agressivo comigo e como eu tinha medo dele desistir de
tudo e me desmascarar eu inventava que só tinha transado com cada um duas
vezes, que ficava enrolando eles. O que era mentira.

-Calma Noah, nós temos um acordo, mas do que isso, agora temos
um pacto de sangue. Eu estou gravida Noah, esse bebê é a prova do nosso
amor, da nossa união – menti.

Quando falei isso ele ficou em jubilo, estava quase chorando.

-Victoria, esse é o melhor presente que você poderia me dá! Mas


espera, tem certeza que é meu filho: Quanto a Arthur e Dylan? – questionou.

Noah será mais difícil de enganar, ele sabe de tudo (quase tudo).

-Estou gravida de pouco mais de um mês. Você sabe muito bem que
só transei duas vez com cada e faz tempo, só pode ser seu, até porque nos
encontramos mais do que o normal ultimamente – falei.

142
Ele logo abriu um sorriso novamente.

-Claro, é só pode ser meu mesmo. O universo nos daria esse


presente, fomos feitos um para o outro e esse bebê é a prova. Agora mais do
que nunca estou disposto a fazer tudo por você, não só sua vingança, mas
tudo mais. Vou te dá o mundo Victoria, para você e para nosso filho. Você será
uma rainha quando estivermos juntos – assegurou.

Eu podia muito bem ir para o Canadá com ele, Noah é rico, me daria
uma ótima vida, mas eu quero mais do que isso. Eu quero o Jude, quem eu
realmente amo. Além disso, não suporto o Noah, não vejo a hora de ficar longe
dele.

-Eu sei disso, não vejo a hora. Mas agora eu preciso ir, tenho coisas
a resolver do nosso plano, assim como você – encerrei.

Nos despedimos e eu fui embora no carro do Jude.

Eu inventei que tinha alguns formulários da universidade para enviar


pelo correio, que ficava na cidade vizinha. Assim, Jude me emprestou o carro e
eu inventei mais coisas para resolver, para ficar o dia inteiro fora e com o carro
dele.

Depois do meu encontro com Jude, foi a vez do Arthur.

Dos quatro, Arthur é o que menos gosto, apesar de Noah achar me


conhecer de verdade o Dr. Adams é o mais perigoso, ele não me ama, só tem
desejo pelo meu corpo, pela minha juventude e pela fantasia que eu
represento.

Ele é inteligente, esperto e vivido, mais difícil de enganar, tenho que


ter muito cuidado com ele.

Fui até nosso lugar secreto e preparei um banho de banheira para


nós, quando ele chegou eu o estava esperando nua, na banheira cheia de
espuma.

143
-Que bela surpresa, estou mesmo precisando relaxar – falou
animado.

Eu levantei completamente nua, coberta apenas pela espuma.

-Venha, eu faço uma massagem e te ajudo a relaxar – falei


convidativa.

Logo ele se despiu e veio ao meu encontro.

Fiz uma massagem relaxante em suas costas e depois passei a


acariciar seu corpo inteiro enquanto o limpava.

Para finalizar, sentei em seu colo e fiz com que me invadisse, o


enchendo de prazer.

Ele delirava com minhas caricias.

Depois que o deixei completamente satisfeito foi hora de jogar


pesado.

-Arthur, vou ser direta com você. Eu irei embora em breve, vou fazer
minha faculdade de engenharia em Charlotte, como sempre foi meu sonho,
você sabe. Sei que você não deixará a Beatrice nunca, já percebi isso. Eu me
iludi achando que comigo seria diferente, mas tudo bem, eu compreendo, sei o
meu lugar. Foi bom para nós dois, é isso que importa – comecei.

Todos achavam que eu iria para Charlotte, só Dylan achava que


iriamos para a Florida (realmente irei encontrar com ele lá), mas meu real
destino é Raleigh, com o Jude, ou quem sabe, com todo esse dinheiro,
podemos ir para Europa, mudar de nome, fingir nossa própria morte. Assim
poderemos ser um casal de verdade.

-Garota esperta, sabia que você não era tão bobinha e inocente.
Que bom que entende e está disposta a colaborar. Mas me diga, o que quer
em troca? Sei muito bem que todo esse clima e toda essa conversa para e
agradar é porque você quer algo – intimou.

Sabia que ele não acreditava totalmente em mim, não ao ponto de


arruinar meus planos, mas sabe que não sou uma garotinha inocente.

144
-Eu preciso de dinheiro, eu estou gravida e quero fazer um aborto.
Quero tirar o bebê e ir embora dessa cidade, fazer minha faculdade e seguir
com meus sonhos – contei.

Ele não se abalou.

-Eu já sabia estava de plantão quando Dylan a levou para o hospital.


Acompanhei seu caso e fiz com que todos ficassem em silencio sobre isso.
Você foi muito esperta, até a melhor amiga da sua mãe acreditou que o filho
era do Dylan – contou.

Tinha algo a mais nisso, ele está me sondando, ele está desconfiado
que Dylan possa realmente ser o pai.

-Sim, tive muita sorte que foi ele que me levou para o hospital e que
foi tia Marie que me atendeu. Pobre Dylan, nem imagina que estou gravida e
muito menos que as pessoas acham que ele é o pai. Tia Marie me tem como
filha, não contou nada nem a ele, mesmo achando que ele era o pai – menti.

Ele assimilou e pareceu acreditar, sabe que nós somos muito


amigos e acha que eu amo a Candice como uma irmã e não seria capaz de me
envolver com o noivo dela. Além de achar que Dylan me vê como irmã, que é
loucamente apaixonado pela Candice.

Ele é homem, sabe como os homens são, mas acha que como
Dylan ainda é virgem e está vivendo o primeiro amor, ainda é um bobinho,
como ele foi antes de se casar com a Beatrice.

-Não se preocupe, eu já tinha tudo planejado para te dá o dinheiro


para o aborto, pensava que teria te convencer, mas fico feliz em saber que está
disposta a fazer isso. É uma garota esperta, não quer perder seu futuro por
causa dessa criança e tem toda razão – concordou.

Nos vestimos e ele me entregou uma maleta cheia de dinheiro, tinha


mais dinheiro do que eu pensava em pedir, muito mais do que o que o Noah
me deu.

145
Depois disso nos despedimos e eu fui embora, ainda tenho uma
missão para hoje.

Fui encontrar com o Dylan nos limites da cidade.

Quando cheguei no local ele já estava lá, no carro.

Quando desci do carro ele correu e me abraçou.

-Vic, como senti sua falta. Desculpa ter sumido, eu precisava pensar.
Eu estava errado, você estava certa o tempo todo, meus pais jamais nos
deixaria ficar juntos – falou e me beijou.

Nossa, Dylan está estranho, algo aconteceu.

-Dylan, espera, me explica, o que aconteceu? – perguntei.

Ele estava todo amarrotado e muito nervoso.

-Eu fugi de casa, tive uma briga muito feia com os meus pais. Eu
tentei conversar com eles, falar sobre nós, mas assim que disse que não
estava certo sobre o casamento eles fizeram uma cena. Percebi que estava
cedo, meus pais são muito piores do que eu imagina, eles me ameaçaram,
disseram que me deserdariam se eu desistisse do casamento – contou.

NÃO! ESSE IDIOTA NÃO PODE TER BOTADO TUDO A PERDER.

-O que você fez? – perguntei tentando me controlar.

Calma, não posso botar tudo a perder também, mesmo sem dinheiro
minha vingança é mais importante, com o dinheiro dou um jeito.

-Vou dar uma lição neles, fingi concordar com tudo, mas quando
eles saíram eu fiz uma limpeza no cofre e nas joias da minha mãe, nada que
ela vá perceber de imediato. Deixei uma carta no meu quarto, dizendo que
participaria de uma despedida de solteiro e que dormiria na casa do Lewis, que
iria de lá para o casamento – contou.

Nossa, Dylan ganhou pontos comigo, parece que ele também tem
uma veia vingativa, adorei!

146
-Fico triste que tenha descoberto isso da pior forma possível, mas eu
estou aqui, do seu lado. Eu e esse bebê seremos sua família agora –
assegurei.

Ele me abraçou aliviado.

-Amanhã de manhã vou no banco retirar todo o dinheiro da minha


conta, para que eles não possam nos encontrar, melhor não ficar sacando ao
longo da viagem. Vou vender eu carro e viajarei de ônibus, vou para a florida e
fico no hotel que combinamos, quando você chegar vamos procurar uma casa
para nós – combinou.

Nossa, ele está tão esperto, estou até com vontade de ficar com ele.
Seria bom viver essa fantasia com ele, se bem, que viverei por um tempo,
pouco tempo, mas viverei. Como eles ficará com todo o dinheiro, sem usar
contas em banco, isso será mais fácil.

-Então vá o mais rápido possível, te encontro assim que puder, só


preciso ver como a Candice ficará, depois vou me despedir do meu irmão e irei
embora – concordei.

Ele me abraçou e me beijou.

-Fique com esse dinheiro, para suas despesas durante a viagem,


não quero que falte nada a você e ao nosso filho, compre a melhor passagem,
compre roupas novas e tudo que precisa – falou me entregando um envelope
com dinheiro.

Não era muito, mas daria para tudo que ele falou e sei que quando
chegar na Florida ele me dará muito mais.

Nos despedimos e ele foi embora.

Voltei para casa com o carro cheiro de dinheiro, preciso fazer


minhas malas e esconder tudo isso o melhor possível.

147
Quando cheguei Jude não estava, aproveitei para rasgar o forro das
minhas malas e esconder o dinheiro nelas. Depois fiz minhas malas, quero ficar
o mínimo possível nessa cidade. Só o tempo de ver toda a derrota e sofrimento
da Candice e convencer Jude a me encontrar.

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Capítulo 14: O grande dia

No dia do casamento eu acordei cedo, acompanharia a Candice no


dia de noiva dela, eu estava em jubilo, hoje seria meu grande dia, o dia que eu
triunfaria sobre a família Adams, o dia que os destruiria para sempre a acabaria
com a Candice de uma vez por todas! Quero está linda e assistir tudo de
camarote!

-Vic, eu estou tão nervosa – começou Candice.

Estávamos na banheira, em um banho relaxante, ambas de biquíni e


com máscara de argila.

-Calma, relaxa e aproveita o tratamento. O casamento será perfeito,


você contratou os melhores profissionais e cuidou de tudo em mínimos
detalhes – acalmei ela.

Não vejo a hora dela descobrir que todo esse trabalho foi em vão.

-Não é a isso que me refiro, eu me esforcei muito e será tudo


perfeito. Estou ansiosa com minha primeira vez com o Dylan. Já faz muito
tempo que eu sinto que ele quer, ele esperou muito. Vou confessar, eu também

149
quero muito já sonhei com esse momento tantas vezes. Dylan é muito lindo, já
o imaginei nu muitas vezes – confessou.

Coitadinha, mal sabe ela que já fiz tudo e mais um pouco com o
noivinho dela, que esperou esse tempo todo em vão, que nunca o terá. Como
eu queria jogar na cara dela que eu já o vi nu, inúmeras vezes, que fiz mais do
que vê.

-Bom, sobre isso não tenho como opinar, mas sei que será perfeito,
vocês se amam e tenho certeza que Dylan será um cavalheiro – menti
descaradamente.

Não vejo a hora de ver a Candice cair do cavalo, como eu queria


jogar tudo na cara dela, mas um dia, quando eu tiver tudo que quero farei isso,
no dia que ninguém poder me atingir eu voltarei e mostrarei a todos quem sou.

-Como eu fui idiota, não devia estar falando sobre isso com você,
com certeza te traz lembranças tristes. Me perdoa Vic, estou tão nervosa que
nem sei mais o que estou dizendo – falou chateada.

Agora ela se arrepende de esfregar a felicidade na cara da melhor


amiga, a pobre menina virgem e inocente que foi estuprada.

-Tudo bem, entendo que esteja feliz e fico feliz com a sua felicidade
– menti.

Continuamos conversando, planejando nossa vida em Charlotte. O


combinado é que estudaríamos os três na mesma universidade, Candice
queria ser pediatra, Dylan advogado e eu engenheira.

Eles comprariam um apartamento perto do campus e eu moraria em


um alojamento universitário. Inicialmente Candice queria que eu morasse com
eles, mas nem os pais dela nem os do Dylan aceitaram, não queriam que eu
me metesse entre eles. Eu logo disse que preferia morar no alojamento
(mentira), então eles aceitaram.

Depois, mudei tudo ao meu favor, tendo um caso com o Dylan e


roubando ele da Candice.

150
Candice ainda quis comprar logo o apartamento, mas Dylan disse
que preferia comprar após a lua de mel, ainda teriam tempo, queria escolher
junto com ela. O que era desculpa, ele sabia que não casaria e queria o
dinheiro. Como o apartamento seria presente dos pais dele, os mesmos
depositaram na conta dele para que os dois escolhessem e comprassem após
o casamento. Dylan planejava usar o dinheiro para comprar um apartamento
para nós em Raleigh.

Eu invente que faria um curso de verão, era desculpa para escapar


logo após o casamento deles (que não aconteceria).

Finalmente estávamos prontas, Candice estava deslumbrante,


parecia uma princesa. Mas eu não ficava por baixo, meu cabelo, minha pele,
minha maquiagem, minha roupa, estavam tudo perfeitos. Eu nunca me vi desse
jeito, nunca estive tão bonita na vida, parecia outra pessoa. Não tão bonita e
encantadora como a Candice, mas com certeza uma bela mulher.

Eu fui na frente, afinal, sou a madrinha, Candice viria meia hora


depois com os pais.

Quando cheguei na igreja, Jude estava a minha espera.

-Nossa Vic, quase não te reconheci, você está tão linda – falou
admirado.

Fiquei feliz em receber o elogio dele, ele é o único homem que


quero, para quem sempre irei me arrumar.

-Obrigada, não vejo a hora que você tire essa roupa de mim.
Enquanto Dylan e Candice aproveitam a noite de núpcias deles, nós
aproveitamos a nossa – falei maliciosa.

Ele engoliu em seco.

-Em casa nós conversamos sobre isso – encerrou.

151
Não gostei do tom dele, provavelmente está preocupado com o bebê
mas assim que chegarmos em casa o convencerei de fugir comigo.

Fui para o meu lugar, no altar como madrinha, assistirei ao


espetáculo de camarote.

Vinte minutos depois a Candice chegou, todos estavam inquietos, o


burburinho entre os convidados era grande. O pais do Dylan eram os que
estavam mais inquietos, além de bastante irritados.

Logo uma das daminhas de honra me deu um recado da Candice,


ela queria que eu fosse até o carro.

Fui encontrar com ela, quando cheguei nos degraus da igreja a


avistei do lado de fora da limusine, andava de um lado para o outro, a mãe dela
tentava acalmar e o pai dela parecia furioso.

-Vic, o Dylan sumiu! Os pais dele disseram que ele deixou uma carta
dizendo que sairia com o Lewis, mas o Lewis disse que nunca combinou nada
com ele, que até sugeriu que ele saísse com os rapazes do time, mas ele não
aceitou. Eu estou aflita, acho que o Dylan fugiu para não casar comigo. Ele
estava estranho desde que ficamos noivos, mas eu achava que depois do
casamento tudo se resolveria – desabafou.

Fui até ela e a abracei.

-Calma Candice, isso deve ter sido um mal entendido, talvez Dylan
tenha resolvido aceitar a proposta do Lewis de despedida de solteiro, mas
quando chegou lá os rapazes não estavam e resolveu aproveitar sozinho. Ele
pode ter bebido muito, ter ido dormir tarde e acordado atrasado. Logo ele
chegará correndo e pedindo mil perdões – menti.

Eu sabia que Dylan não apareceria, mas quero alimentar falsas


esperanças nela, quero que se frustre mais ainda.

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-Victoria tem razão Candice, Dylan te ama e jamais te abandonaria.
Ele deve ter se atrasado, ainda é cedo, ele deve ter pensado que você se
atrasaria muito mais, por isso está demorando, vamos esperar mais um pouco
– disse Beatrice.

Ficamos tentando acalma a Candice.

Pouco tempo depois Arthur me chamou.

-Você sabe de alguma coisa? Por acaso tem alguma chance desse
bebê ser do Collins e você está tentando me enganar? – questionou.

Ele estava perdendo o controle, é um homem muito perigoso.

-Claro que não, eu e o Dylan somos como irmãos. Ele estava


comigo no dia que passei mal justamente porque estávamos preparando uma
surpresa para a Candice – menti.

Ele pareceu acreditar.

Esperamos por mais meia hora, os convidados já estavam


começando a ir embora, todos já haviam percebido que não haveria
casamento. Os pais do Dylan estavam envergonhados e Candice arrasada, ela
nem tentava manter a aparência, já tinha tirado o véu e estava com a
maquiagem borrada, o penteado desgrenhado e o vestido sujo e amarrotado.

-Melhor irmos embora de vez, já chega de humilhação Candice, seu


noivo não irá aparecer e se ele aparecer será um homem morto! Eu juro minha
filha, vou descobrir o que aconteceu e punir os culpados – falou para ela, mas
não tirava os olhos de mim.

Nessa hora Jude veio até nós e me abraçou, ele notou o olhar de
Arthur para mim e assumiu uma postura protetora.

-Vamos Vic, estão todos indo embora. Sei que Candice é sua melhor
amiga, mas agora é um momento que ela precisa ficar com a família – disse
Jude.

153
Hora do show!

-Tem razão, Jude. Candice, eu vou com o meu irmão, mas amanhã
vou na sua casa. Mas agora, acho melhor comunicarem que não haverá
casamento, para que todos possam ir embora – soltei.

Ela concordou.

Nessa hora, o pai dela entrou e foi para o altar, todos fomos atrás,
até mesmo as pessoas que estavam dispersas pelo local.

-Amigos e amigas, infelizmente, como já devem ter percebido, não


haverá casamento. Sentimos muito e venho aqui em nome da minha família me
desculpar com vocês pelo transtorno. Não se preocupem, a família Collins
cuidará de devolver os presentes e ressarcir qualquer prejuízo de vocês, é o
mínimo que podem fazer depois do circo que o filho deles aprontou – falou
sério e grosseiro.

Esse foi o sinal que elas esperavam.

-Circo? Você ainda não viu nada Dr. Adams! – disse uma loira que
estava escondida nos fundos da igreja.

Ela deve ter uns 30 anos, é muito bonita e se veste muito bem.

-Quem é você para falar assim do garoto? Pelo menos ele foi
homem suficiente para desistir de casa, diferente de você que finge ser um
homem integro e devoto a família, mas vive traindo sua esposa – disse uma
ruiva.

Atrás dela apareceram outras mulheres, tinham mulheres de 20 a 40


anos, todas muito bonitas, de etnias diferentes.

-Você não é só um cafajeste que traí sua esposa e encontra


amantes em todos os congressos e viagens de negócios, como também se
aproveita do seu poder e do seu dinheiro para obrigar moças jovens a terem
casos com você, colocando em jogo o emprego e a carreira delas – disse uma
morena mais jovem.

154
Algumas delas eram residentes do hospital, tinham algumas
enfermeiras que foram embora da cidade a muito tempo, outras já haviam sido
secretarias dele, até mesmo algumas ex empregadas da família.

-Isso mesmo, hoje estamos aqui, todas reunidas para mostrar a


todos o crápula que você é de verdade! Esse monstro asqueroso que está
disposto a arruinar vidas em trocar do próprio prazer, que não se importa com
ninguém além de si mesmo! Você, Dr. Arthur Adams, é a escória da sociedade!
– disse uma negra alta de corpo escultural.

Todas a apoiaram.

Depois se seguiram vários depoimentos, de mulheres que foram


amantes dele, de outras que foram embora para fugir dele, além de algumas
que tiveram de se relacionar com ele para evitar perder seus empregos.

Candice e Beatrice estavam aos prantos, totalmente


descompensadas.

-CHEGA! BASTA! VÃO EMBORA! O SHOW ACABOU! – gritou


Candice.

Ele só queria fugir de lá.

-Se o que queriam era nos humilhar e destruir nossa família fiquem
satisfeitas, vocês conseguiram, mas saibam que não atingiram somente a ele,
como também a mim e a minha filha. Que somos tão vítimas como vocês, não
deviam ter nos exposto dessa forma. Podiam ter me procurado e contado tudo,
não precisavam fazer esse espetáculo público – disse Candice.

Ela estava totalmente humilhada, ela sempre se importou muito com


as aparências.

-Por acaso teria acreditado em nós? Se quer nos ouvido? – disse a


morena.

Nesse momento todos estavam paralisados assistindo tudo como se


fosse o final de uma novela mexicana.

155
-Todos sabemos que não. Se estamos aqui, não é só por nossa
vingança contra ele, é para deter esse monstro, evitar que ele faça com uma
garota inocente o que fez conosco! Nós estamos aqui por você, Victoria Martin!
– declarou a loira, que parecia ser a líder delas.

Nessa hora todos se voltaram para mim.

-Isso mesmo, enquanto ele finge ser um homem integro e de


respeito, ótimo marido, pai perfeito, na verdade está assediando a melhor
amiga da filha dentro da própria casa! O Dr. Adams está pressionando a moça
a ter um relacionamento secreto com ele, mesmo que ela não queira e tente
fugir. Ela confidenciou isso a um amigo, ele investigou a vida do Arthur e
chegou até nós. Foi ele que nós reuniu e nos trouxe até aqui, para acabar de
uma vez por todas com esse canalha! – disse a ruiva.

Nessa hora Arthur veio para cima de mim.

-Sua putinha! Foi você que armou tudo isso! Se fingiu de coitadinha,
de inocente, até mesmo de compreensiva só para me expor ao ridículo! Você é
uma cobra! Nós te ajudamos e é assim que retribui?! Você sempre nos odiou!
Teve inveja da Candice! Você é uma vagabunda! – berrou.

Ele tentou chegar até mim, mas os homens que estavam próximos a
ele não deixaram.

-Eu não fiz nada! Eu juro! Eu só desabafei com o Dylan! Contei a ele
que você estava me pressionando, mas pedi que mantivesse segredo! Não
sabia que ele faria tudo isso! – menti descaradamente.

Eu combinei tudo com Noah, ele contratou detetives particulares que


descobriram tudo sobre Arthur, depois, com os endereços de todas as
mulheres com que ele se relacionou, Noah foi até elas, se fazendo passar por
Dylan e pediu ajuda, por mim, sua pobre amiga indefesa, que já tinha sofrido
muito e estava vivendo um inferno sendo perseguida pelo Dr. Adams.

-É mentira dessa vagabunda! Foi ela que se jogou para cima de


mim! Ela ia para o meu escritório usando pretextos para me seduzir! Nós
tivemos sim um caso, mas foi consensual! Foi ela que me seduziu! – gritou.

156
Nessa hora eu fiz minha grande cena.

-Eu jamais faria algo assim! Eu o via como um pai! Para mim sempre
foi o pai que nunca tive, que não conheci! Eu realmente ia ao seu escritório,
mas por gratidão, por tudo que você e sua família sempre fez por mim! Eu
buscava seu auxilio, seus conselhos, mas como um pai, nunca nada mais que
isso! Você que começou a me assediar, tentar de tocar, chegou a me oferecer
dinheiro! Mas eu sempre neguei, me afastei! Mas você me perseguiu! Quando
não aguentei mais desabafei com o Dylan, mas não sabia que ele faria algo
assim! – falei aos prantos.

Usei todo meu talento para me fazer parecer a criatura mais


inocente do mundo e pareceu dar certo, todos me olhavam com pena.

-Seu desgraçado! Você tentou se aproveitar da fragilidade da minha


irmã! Mas agora vai se entender comigo! Quero ver você me intimidar! Vou te
mostrar o beijo que merece e com certeza vou te tocar muito! – disse Jude
furioso.

Ele partiu para cima do Artur e deu um murro na boca dele, depois
começou a socar e chutar muito.

Ninguém impediu, estavam todos furioso com o Dr. Adams, todos


achavam que ele merecia.

No final foi Candice que interviu.

-Para com isso Jude! Ele errou, mas você não é nenhum assassino!
Não estrague sua vida por causa dele! Ele não merece! Deixe que a justiça
cuide dele! Que ele apodreça na cadeia por seus crimes – disse Candice.

Depois disso alguns convidados se reuniram e tiraram Jude de cima


de Arthur, que estava bastante machucado.

-Vamos embora Candice, já tivemos decepções de mais por uma


vida inteira – disse Beatrice.

Candice veio até mim.

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-Por que não me contou? Por que desabafou com o Dylan e não
comigo? Eu sou sua melhor amiga! Eu teria lhe defendido! – falou arrasada.

Ela estava aos prantos.

-Não queria que você sofresse, não queria que se decepcionasse.


Eu nunca tive um pai e sei como é difícil não ter um pai. Mas você tem, não
queria que o odiasse, preferia aguentar calada – menti descaradamente.

Agora mesmo que todos se compadeceram do meu sofrimento.

-Me perdoa Vic, me perdoa por estar no meu mundinho perfeito e


não ter percebido nada. Na verdade, eu fui muito egoísta esse tempo todo.
Estava obvio que Dylan não me amava e que estava sendo obrigado a casar
comigo, você estava sofrendo. Mas eu só pensava em mim e não conseguia
ver o sofrimento dos dois – confessou.

Ela me abraçou e depois foi embora arrasada, sendo amparada pela


mãe.

Depois de toda essa confusão as mulheres levaram Arthur amarrado


para a delegacia, todas prestaram queixas contra ele, até mesmo eu. Fui a
primeira a dá meu depoimento e depois disso fui embora com Jude.

-Agora você vai me contra tudo direitinho. Por que escondeu o que
estava acontecendo? Por que contou para o mauricinho Collins e não para
mim? – questionou Jude quando chegamos em casa

Está na hora de me fazer de vítima para Jude e convencer ele a ir


embora comigo.

-Tive medo. Tive medo que não acreditasse em mim, que achasse
que eu o provocava, que como me relaciono com você seria capaz de me
relacionar com ele também. Jude, eu te amo muito, se estou me relacionando
em segredo com você é porque não posso viver sem você. Eu tentei de todas
as formas resistir a esse amor, fugir desse sentimento, mas não consegui.

158
Você sempre me viu como uma garota inocente e pura, depois que
começamos a dormir juntos sua visão mudou. Não sei o quanto mudou, mas
tive medo que me achasse uma piranha, uma vadia que dormia com qualquer
um. Por isso não contei nada – contei.

Fiz toda uma cena de sofredora, chorando.

-De onde tirou isso, Victoria?! Eu jamais pensaria isso de você! Eu te


conheço desde que nasceu, sei que não seria capaz de nada disso! Sei que
me ama, que só por isso estamos juntos escondidos, que jamais se
relacionaria com outra pessoa como se relaciona comigo. Sei que só nos
escondemos porque somos irmãos. Victoria, se não fossemos irmãos você
estaria preparando o nosso casamento, não o da sua melhor amiga! Eu te amo,
Vic! Nunca mais esconda nada de mim! Já basta eu não ter conseguido
estraçalhar aquele desgraçado do Noah Campbell! Mas com aquele cafajeste
nojento do Adams eu extravasei e limpei sua honra! – falou.

Eu o abracei e fiquei verdadeiramente feliz com a declaração dele,


ele também me ama e faria tudo por mim.

Depois dessa conversa tomamos banho juntos, mas não foi nada
sexual, foi mais carinho e atenção.

Depois de limpos ele pediu uma pizza e comemos abraçadinhos


vendo um filme, ele achava que eu estava mal e queria me consolar.

Ao final da noite, fomos dormir juntos, no meu quarto, como não


fazíamos a tempos.

No dia seguinte quando acordei Jude não estava mais no quarto,


quando desci ele estava na cozinha, tinha preparado o meu café da manhã.

Ele estava estranho, distante, algo aconteceu, mas agora não tenho
tempo para conversar com Jude, vou ver a Candice, quero me deliciar com
minha vitória, a família Adams foi destruída!

159
Quando cheguei a casa da Candice estava tudo silencioso, a
empregada disse que Candice não saiu do quarto desde ontem, nem a mãe
dela.

Fui até o quarto e bati na porta.

-Candice, sou eu, Vic. Vim me despedir – chamei.

Sabia que essa era a única forma dela abrir. Realmente quero ir
embora o mais rápido possível, já comprei minha passagem para Charlotte,
viajo amanhã de manhã cedo. Não aguento mais os olhares de pena das
pessoas dessa cidade.

-Como assim se despedir? – perguntou assim que abriu a porta.

Ela estava de pijama e com a cara inchada de tanto chorar.

-Eu vou para Charlotte amanhã cedo, não posso mais ficar nessa
cidade. Muitas coisas ruins me aconteceram aqui, preciso recomeçar – falei.

Ela me fitou pensativa.

-Foi por isso que o Dylan me abandonou? Você sabia que ele não
apareceria? – questionou.

E tudo sempre volta a ela, sabia que ela não superaria fácil, está
tentando encontrar culpados e se iludindo que ele voltará arrependido.

-Ele não me disse nada. Mas serei sincera, algumas vezes ele me
confidenciou não está segurou sobre o casamento, que foram os pais dele que
impuseram esse casamento. Ele achava que ainda era novo para casar,
chegou a dizer que queria aproveitar a vida. Eu o aconselhei, tentei ajudar,
achava realmente que ele estava decidido a se casar. Mas parece que não,
agora sei porque ele se afastou de mim nas últimas semanas, estava fazendo a
investigação e planejando tudo, não queria que eu desconfiasse – inventei.

Ela ponderou.

-Tem razão. Foi melhor assim, prefiro que ele tenha me deixado
agora, do que ter me casado com ele e sermos infelizes. Quanto a você, não

160
serei egoísta pedindo que fique, na verdade, já fui egoísta demais. Te desejo
tudo de melhor em Charlotte. Eu resolvi não morar mais lá, vou passar esse
ano viajando, depois decido o que fazer da vida, preciso me recuperar.
Manteremos contato por cartas. Isso não é um adeus, é um até logo – falou e
me abraçou.

Nos despedimos e fui embora.

Foi maravilhoso ver o quanto Candice estava destruída, só não foi


melhor porque não vi o estado da Beatrice, mas aposto que está péssima.

Capítulo 15: O grande ato

Voltei para casa, Jude não estava, fui me preparar e fazer os últimos
ajustes para partir no dia seguinte.

Vou esperar por ele, precisamos conversar, tenho que convence-lo a


me encontrar daqui a mais ou menos um mês. Será tempo suficiente para que
eu roube o Dylan e me estabeleça em Raleigh.

-Victoria, preciso falar com você – disse Jude entrando no meu


quarto.

Eu estava terminando de fechar a última mala.

-Eu também preciso – falei.

Ele veio até mim e sentamos na cama, um de frente para o outro.

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-Eu pensei muito, tudo que aconteceu me fez perceber como agi
errado depois que nossa mãe morreu. Eu não cuidei de você como devia,
quando você mais precisou eu estava mais ocupado pensando em como seria
massacrado pelos meus amigos caso a Anny me traísse com o Noah. Não
percebi que você corria perigo. Mesmo depois disso, eu tentei mudar, tentei
melhorar, cuidar de você. Mais uma vez você esteve em perigo, foi perseguida
por um homem e eu sequer percebi. Mas o pior de tudo não foi minha
negligencia, foi o que eu fiz. Você é só uma menina, uma criança praticamente,
você está pedindo socorro, precisa de uma presença masculina, protetora, de
um pai. Na sua ingenuidade confundiu os seus sentimentos. Victoria, eu sou
seu irmão mais velho, tenho que ser seu melhor amigo, seu pai, seu porto
seguro, não seu amante. Eu me deixei levar pelo desejo, por essa paixão
louca, mesmo sabendo que é errado. Você é uma criança, não conhece nada
da vida. Mas eu não, eu sou um homem adulto, experiente. Eu me aproveitei
de você, da sua fragilidade. Eu nunca devia ter cedido, eu me iludi pensando
que poderíamos ficar juntos, que poderíamos nos amar de forma carnal, mas
agora eu vejo que eu sou o monstro, que sou pior que o Arthur, pior que o
Noah. Eu me aproveitei de você, da sua fragilidade e das suas necessidades.
Me perdoa Vic – discursou.

ELE FICOU LOUCO? SÓ PODE!

-Jude, jamais se compare aqueles dois nojentos! Jude, eu te amo!


Você não se aproveitou de mim! Eu quero ficar com você! Eu fiz planos para
nós! Para o nosso filho! Vamos embora! Me encontra em Raleigh e de lá
podemos ir para a Europa, podemos mudar de nome! Poderemos enfim nos
casar e ficar juntos, em um lugar que ninguém nos conhece, onde ninguém
sabe que somos irmãos! Eu te amo Jude, eu quero ficar com você! Eu, você e
o nosso filho! Vamos recomeçar longe daqui! Vamos construir nossa família! –
falei.

Ele precisa vir comigo! Ele não pode querer acabar com tudo agora.

-Não! Isso é errado! Nós somos irmãos! Vic, você precisa tirar essa
criança! Isso não pode nascer! É uma aberração! Um bebê de dois irmãos!
Você precisa tirar isso de dentro de você! Você vai embora e tira essa criança!

162
Vamos esquecer tudo que aconteceu! Vamos deletar tudo! Precisamos ficar
longe um do outro! Assim será mais segurou! Você, vai encontrar um garoto
digno de você, um garoto com quem poderá se casar, vai construir uma família.
Eu vou encontrar uma garoto e farei o mesmo. Depois disso poderemos nos
reencontrar, como irmãos, como sempre deveria ter sido! – declarou.

Não pode ser! Ele não pode fazer isso comigo!

-Nunca! Eu não vou tirar essa criança e muito menos desistir de


você! Eu te amo Jude! Nós vamos ficar juntos! Não chame o nosso filho de
aberração! Ele é o fruto do nosso amor! A prova de como nos amamos! –
ralhei.

Ele me pegou pelo braço.

-Você está doente Victoria! Só estando muito doente para continuar


insistindo nessa loucura! Eu já acordei e se você não quiser acordar desse
surto eu vou te internar! Isso não vai continuar! Nós somos irmãos! Entendeu?!
Irmãos! Eu juro Victoria, jamais voltarei a tocar em você! Ou você tira essa
criança e segue com sua vida ou eu faço isso por você! Eu tiro isso de dentro
de você e te interno em uma clínica psiquiátrica! – berrou.

NÃO!

-Você não seria capaz disso, Jude! Eu tenho certeza! – rosnei.

Calma Victoria, você vai resolver isso! Jude vai fazer o que você
quer, ele já veio com essa conversa antes e depois acabou cedendo.

-Você sabe que posso fazer isso! Sou seu guardião legal! Não
duvide de mim Victoria! Acabou tudo, eu jamais tocarei em você de novo, ou
você faz como eu disse ou eu te obrigo a fazer! Mas de uma coisa eu te
assegurou, nós dois não ficaremos mais juntos! Eu nunca mais encosto um
dedo em você! – encerrou.

Ele saiu pisando duro.

Deitei na cama e comecei a chorar.

163
Conheço meu irmão, ele fala sério. Ele está se culpando por tudo
que eu fiz, eu exagerei na dose, o discurso conta o Arthur e essa criança
fizeram os princípios morais do Jude “acordarem”. Ele faria tudo para me
proteger, até mesmo para me proteger dele e de mim mesma!

Não tenho saída, não vou tirar essa criança, tenho quase certeza
que é dele, sinto dentro de mim que esse filho é do Jude. A prova do nosso
amor, o que me faz ter certeza que um dia estivemos juntos, que não foi um
sonho, nem um delírio meu!

Terei que mudar meus planos, tenho que ir embora antes que Jude
faça o que prometeu, eu ainda tenho o Dylan, poderei ficar com ele pelo menos
até o bebê nascer.

Dylan será um bom pai, depois do Jude é o que eu mais gosto. Eu


um dia amei o Dylan, quis ficar com ele, ter uma família. Vou viver esse conto
de fadas, está decidido, eu vou ficar com o Dylan, teremos esse bebê e depois
eu penso no que farei.

Mas agora, eu preciso do Jude uma última vez, preciso me despedir.

Tomei um banho demorado, esfoliei minha pele e passei um óleo


que Candice me deu, quando estava totalmente limpa e cheirosa, com a pele
macia e delicada, totalmente atrativa, coloquei minha lingerie vermelha, tinha
comprado para meu reencontro com Jude em Raleigh, mas os planos
mudaram.

Depois, coloquei um robe de ceda por cima.

Finalizei com um perfume, e claro, enchi um lenço de clorofórmio e


coloquei dentro do meu sutiã, para caso ele não queira colaborar, terei minha
noite de despedida, nem que Jude não queira!

Fui até o quarto do Jude, a porta estava trancada.

-Jude, abre essa porta, preciso falar com você – falei.

Ouvi passos, mas ele não abriu a porta.

-Pode falar, estou ouvindo – respondeu.

164
Ele estava encostado na porta.

-Abre a porta Jude, quero me despedir de você, eu vou embora –


falei.

Ele demorou um pouquinho, mas acabou abrindo.

-Victoria, sei que fui duro com você, mas é o melhor para nós. Fico
feliz que tenha entendido – falou quando abriu.

Ele estava com os cabelos molhados e bagunçados, vestia apenas


uma calça moletom.

- Não concordo, mas você não me deixou outra alternativa. Agora o


que me resta é dizer adeus – falei entrando no quarto.

Eu o abracei.

No início ele ficou sem ação, mas depois retribuiu o abraço.

Quando ele foi me soltar eu o beijei, o beijei com todo o desejo,


como se fosse o último beijo.

-Vic, assim não. Já conversamos sobre isso – falou me empurrando.

Eu tranquei a porta do quarto bem rápido e coloquei a chave dentro


do meu sutiã.

-Eu entendi, já disse. Mas não vou embora desse jeito, quero me
despedir de você, em alto estilo – falei.

Quando disse isso tirei o robe de seda e revelei minha lingerie


provocante.

-Pensei que tinha deixado claro que jamais tocaria em você de novo.
Sem despedidas Victoria, pelo menos não desse jeito – falou irredutível.

Ele adquiriu uma postura séria e inabalável.

-Tudo que vivemos merece uma despedida a altura, até porque,


comprei essa linda lingerie para usar com você, quando fosse me encontrar em
Raleigh, como não vai mais acontecer, pelo menos vou usar na nossa
despedida – declarei.

165
Me aproximei dele de forma sedutora.

-Sinto muito, mas não – falou seguro.

Se ele pensa que vou desistir está enganado.

-Querido irmão, você está preso nesse quarto comigo e só sairá


daqui quando eu quiser. Não vamos perder tempo, eu sei que me quer, que me
deseja – falei maliciosa.

Eu o joguei na cama nessa hora e sentei no colo dele.

-Um dia eu te desejei, mas agora tenho nojo de mim, do que


fizemos, foi errado e me arrependo de tudo. Não quero fazer aquilo nunca
mais, por mais que meu corpo queira. Não aguento mais me sentir um monstro
impuro, com desejos sujos pela própria irmã. Não adianta tentar me seduzir, eu
não vou ceder. Eu acordei Victoria, a única coisa que sinto agora é asco! Eu
nunca devia ter cedido e embarcado nessa loucura com você! – ralhou.

Ele me tirou no colo de forma brusca.

-Você não me deixa outra alternativa, irmãozinho – falei.

Fui até a porta e fiquei de costas para ele, tirei o lenço do meu sutiã
e esperei.

-O que está esperando? Abre logo essa porta – falou se


aproximando de mim.

Quando ele estava bem perto de mim joguei o lenço no nariz dele e
cobri, me agarrei a ele com toda minha força e segurei o lenço tampando seu
nariz e boca até que ele caísse.

Jude é mais alto que eu e mais forte, sabia que em uma luta ele
venceria com facilidade, precisava usar minha inteligência, por isso coloquei a
chave do quarto no sutiã. Assim o enganei, ele pensava que eu tinha tirado a
chave e quando se aproximou para pega-la da minha mão eu o surpreendi com
o clorofórmio, depois disso foi só ser persistente, ele foi pego de surpresa e a
dosagem de clorofórmio era grande, logo ele desmaiou.

Com ele desmaiado eu o arrastei até a cama e o coloquei nela.

166
Ele dormia como um anjinho.

Depois tirei sua calça moletom e a cueca que vestia, o deixando


completamente nu, como eu sentiria falta desse corpo maravilhoso.

Mas eu não quero fazer com ele como fiz com o Dylan, não, eu o
quero bem acordado, mas para isso, preciso que esteja em desvantagem.

Peguei algumas cordas no sótão e o amarrei, tanto os pés como as


mãos, prendei bem a madeira da cama, um de cada vez, para que ele ficasse
com os braços e as penas abertos.

Depois que ele estava bem preso joguei um copo de água no rosto
dele, para que acordasse.

-O que está fazendo sua louca? Quer me matar?! – ralhou.

Fui até ele e tracei o caminho da sua clavícula até a região intima
com um dedo.

-Claro que não, mas com certeza vou me aproveitar e muito desse
corpinho, eu disse que teríamos uma despedida – falei firme.

Ele ficou assustado.

-Para com isso agora Victoria! Me solta! Isso é uma ordem! – berrou.

Comecei a rir, uma gargalhada espalhafatosa.

-Você não manda em mim, na verdade não manda em nada, nem no


próprio corpo. Agora, sou eu que mando! – assegurei.

Ele ficou chocado.

-Como eu fui burro, esse tempo todo achando que eu era o monstro,
que me aproveitei de você, mas você é a doente aqui, você é o monstro. Você
me manipulou, me seduziu e agora que eu me livrei do seu encanto quer me
forçar a ficar com você! – constatou.

Eu sorri maliciosa.

-Isso mesmo, eu tentei te convencer a fugir comigo, mas você não


quis, agora vou ter que escolher minha segunda opção, Dylan Collins. Eu

167
estava com vocês dois, esse tempo todo. Eu prometi fugir com ele, por isso ele
abandonou a Candice no altar. Mas eu não queria ficar com ele, eu queria
você. Mas agora, que você me desprezou, eu vou te usar uma última vez, fazer
tudo que tenho vontade e depois irei embora, para os braços do Dylan.
Aproveitar tudo que era para ser da Candice, mas que ela, com suas bobagens
puritanas perdeu.

Como foi bom dizer isso em voz alta, mostrar como eu consegui,
como fui superior, além do mais, eu quero que a Candice saiba que Dylan
desistiu de casar por mim. Sei que Jude contará, ele não falará sobre nós nem
o que estou prestes a fazer, terá vergonha e medo. Mas contará sobre mim e
Dylan e eu quero que todos saibam.

Eu estarei bem longe daqui, ninguém poderá me atingir!

-Você é uma sínica, uma manipuladora ardilosa. Passou a vida toda


fingindo ser uma boa menina, mas só esperava o memento certo para agir,
enganou a todos nós. Tenho ódio de mim por não ter percebido e me odeio
mais ainda por ter me deixado levar por você! – jogou.

Quando mais ele falava, mais eu me excitava, todo esse ódio e


repulsa dele só me deixava com mais tesão, ele não imagina como está
deixando tudo mais interessante.

-Pode continuar reclamando e me odiando, mas eu não vou me


deter. Eu vou ter você pela última vez, Jude Martin, mesmo que você tenha
asco de mim – declarei.

Ele ficou louco, estava se debatendo e tentando se soltar.

-Não adianta, você sabe que eu sempre fui a melhor em dar nós,
além de ser precavida. Coloquei duas cordas em cada parte, você não se
soltará – expliquei.

Sei que ele é forte e sabia que ele lutaria, me assegurei de ser
impossível para ele que se solte.

-Não posso fugir, mas não irei retribuir. Serei como um boneco
inflável, um manequim de loja – encerrou.

168
Não tem problema, sei que o corpo dele irá reagir, será mais forte do
que ele.

Então eu comecei.

Toquei todo seu corpo, primeiro com minhas mãos, depois com
meus lábios e por último com minha língua. Apreciei cada segundo, sabia que
seria a última vez que o teria, vou aproveitar ao máximo.

Mesmo contra a vontade dele seu corpo reagiu aos meus toques,
mesmo que ele não queira acabou ficando excitado, demorou, mas ele ficou.

Depois, tirei minhas roupas e sentei em cima dele, o colocando


dentro de mim e aproveitando a sensação maravilhosa.

Ver sua reação de repulsa e ultraje foi o melhor, me deliciei com sua
raiva e apreciei cada segundo de contato entre os nossos corpos.

Assim foi durante o resto da noite e a madruga, eu o toquei, o beijei,


senti seu corpo e me deliciei com seu “amiguinho” que está mais para
“amigão”.

Ele não disse mais nada, parecia ter feito voto de silencio.

Mas não deixou de me olhar com nojo e fúria.

- Agora terei que ir embora, o dia já amanheceu e logo pegarei o


ônibus, mas não se preocupe, não deixarei assim, não quero que te encontrem
desse jeito. Será como você pediu, vamos esquecer tudo isso, vai ser como se
nunca tivesse acontecido. Tenho certeza que não quer que ninguém saiba que
você transava com sua irmã caçula, muito menos que foi subjugado por ela.
Você, tão másculo, tão forte, ficou totalmente indefeso nas mãos de uma
garotinha de 17 anos – desdenhei.

Ele bufou.

- Aposto que ninguém acreditaria em mim se eu contasse, o que não


vai acontecer, porque eu quero fingir que isso nunca aconteceu, esquecer tudo.

169
Esquecer que um dia tive uma irmã. Vou apagar sua existência da minha vida,
assim como espero que apague a minha. Agora não terá volta, nada do que
você me disser vai me convencer, jamais confiarei em você de novo e estarei
sempre alerta, você nunca mais conseguira me forçar de novo! – assegurou.

Eu sei disso, cheguei a pensar em sequestra-lo, mas não quero


fazer isso com ele, foi bom dessa vez, mas tenho certeza que jamais me
perdoaria se repetisse isso. Uma vez, como experiência, foi ótimo, satisfez
meus desejos mais obscuros, mas outras vezes eu não seria capaz. Além de
ser perigoso.

Terei que deixar Jude para sempre e me conformar com o Dylan, um


dia eu sonhei em viver um história de amor com ele, chegou o momento desse
sonho se tornar realidade.

Depois de tomar banho, me arrumar para a viagem e terminar de


arrumar minhas coisas voltei ao quarto do Jude.

-Isso não é um até logo, é um adeus, para sempre. Não voltaremos


a nos vê, eu o deixarei, não se preocupe, não tentarei mais nada com você,
aproveitei ao máximo essa noite porque realmente foi uma despedida. Mas eu
quero que saiba, só fui verdadeira com você e com a mamãe. Eu realmente a
amava e eu te amo. Você foi o único homem que amei na minha vida, por você
eu estava disposta a deixar de lado meus sonhos de poder e riqueza, mas
como não me quis eu vou lutar por eles agora mais do que nunca, é o que me
resta. Quanto a esse bebê, eu não sei se você é o pai, ou se é o Dylan, mas eu
o terei, jamais mataria nosso filho, mesmo sem ter nenhuma certeza eu sinto
que é seu. Adeus Jude, nunca se esqueça, eu estarei em algum lugar desse
mundo pensando em você. Eu vou te amar para sempre, mesmo que nunca
mais te procure e que viva com muitos outros homens, mas somente a você
meu coração pertencerá, lembrarei de você todos os dias da minha vida. Você
pode até tentar esquecer, fingir que nunca aconteceu, mas por dentro sempre

170
lembrará que teve uma irmã, uma irmã que te ama, que um dia você amou e
que tem um filho – me despedi em lagrimas.

Eu abri meu coração de verdade, cada palavra dita veio dele.

-Por mim pode passar sua vida inteira frustrada pensando em mim,
mas eu vou te esquecer e vou ser feliz com outra mulher. É assim que me
vingarei de você! Terei filhos com ela e serei o melhor marido do mundo, serei
para ela o que nunca serei para você! – cuspiu.

Enchi mais uma vez o lenço com clorofórmio e o dopei, dessa vez
usei uma dose ainda mais alta, preciso que ele durma até que eu esteja longe
daqui.

Eu o desamarrei e o cobri com o cobertor.

Fui embora sem olhar para trás.

171
Capítulo 16: Cereja do bolo

Eu entrei no ônibus para Charlote, mas esse não era meu destino,
só precisava que todos me vissem ir embora e que minha passagem fosse
confirmada.

Desci na cidade vizinha, o ônibus fazia várias paradas ao longo do


trajeto e eu sabia disso. Já tinha comprado um carro velho e simples e deixado
em um estacionamento próximo a rodoviária.

Com essa primeira parte realizada eu parei em um posto de


gasolina, coloquei uma roupa toda preta e folgada, prendi meu cabelo e segui
para a casa de campo da família Adams.

Quando cheguei coloquei uma meia cobrindo meu rosto e o capuz,


estava com uma roupa masculina e folgada, como sou magra e alta estava
parecendo um homem.

Quando entrei tive a melhor visão da minha vida, Candice e Beatrice


Adams, amarradas e amordaçadas.

Durante essa madrugada Noah e alguns homens contratados por ele


invadiram a casa da família Adams e sequestraram as duas.

Depois de me deliciar com a visão das duas amarradas e


amordaçadas fui falar com Noah do lado de fora.

-Tudo saindo como planejado? – perguntei.

Ele estava em jubilo.

172
-Sim, se prepare, você terá um verdadeiro show – assegurou.

Voltamos para a sala, as duas ainda estava desacordadas.

Peguei um balde e joguei nelas, elas acordaram assustadas.

-O que está acontecendo aqui? Onde estamos? – perguntou


Beatrice nervosa.

Ela e Candice examinaram o local assustadas.

-Noah Campbell? O que faz aqui? O que fez conosco?! – falou


Candice tentando se soltar.

Ela e Beatrice estavam assombradas.

-Não fiz nada, ainda. Mas vou fazer – disse maléfico.

Eu fiquei sentada na cadeira principal da casa, assistindo tudo de


camarote. Para que elas não desconfiassem de nada os outros quatro homens
que haviam sido contratados por Noah estavam todos vestidos da mesma
forma que eu e com o rosto coberto. Estavam todos em locais estratégicos,
prontos para intervir se preciso.

-Se é dinheiro que vocês querem é só dizer quanto, eu pago o que


for preciso, mas não nos machuquem – suplicou Beatrice.

Noah deu gargalhadas.

-Sinto lhe informar que não queremos dinheiro, mas eu quero e


muito machucar vocês – jogou.

Nessa hora Beatrice começou a chorar.

-Não adianta tentar negociar com esse monstro asqueroso, não


vamos nos desgastar com isso. Mas se você pensa que vai se livrar está
enganado, a essa hora a polícia já deve estar nos procurando – disse Candice.

Ele sorriu presunçoso.

-Não se preocupem, os empregados foram dispensados, acham que


vocês fizeram uma viagem de descanso – contou presunçoso.

173
As duas se desesperaram, tentaram se soltar e fizeram um
escarcéu.

Tanto eu como Noah nos deliciamos com o desespero das duas.

Noah pegou a Candice pelo cabelo e a arrastou para o sofá, a jogou


nele e ficou por cima.

Ela se debateu, mas quanto mais ela se debatia mais Noah ficava
satisfeito, ele começou a rasgar as roupas dela.

-NÃO! FACA O QUE QUER COMIGO! DEIXA A MINHA FILHA! –


berrou Beatrice.

Ela ficou desesperada se debatendo e teve que ser contida por dois
dos homens, estava quase conseguindo se soltar.

-Calma, não precisa ficar ansiosa, logo vou te dar atenção mas
primeiro, vou consolar sua pobre filha. Deve estar arrasada, não é Candice? O
noivinho te abandonou no altar. Você esperou tanto, se preparou tanto, é até
injusto todos os cuidados que teve no SPA para a sua noite de núpcias e
acabar indo chorar na cama, não posso aceitar isso, é um desperdício muito
grande. Por isso estou aqui, você terá a melhor noite de núpcias da sua vida,
se bem que estamos de dia – brincou.

Ela ficou furioso e tentou chutar ele de todo jeito.

-Como se você pudesse se comparar ao Dylan, você nunca será ele!


– ralhou.

Ele começou a gargalhar.

-Realmente, sou bem mais experto que ele, vou fazer a única coisa
que ele queria fazer com você, mas não vou precisar casar para isso. Dylan
estava tão desesperado para fugir de você que nem tentou te levar para a
cama, usando a proximidade do casamento como desculpa. Mas fico feliz por
isso, vou adorar tirar a sua virgindade, do mesmo jeito que fiz com a Victoria –
falou animado.

Ela rosnou de ódio.

174
Todos achavam que Dylan não pareceu porque não estava pronto
para casar, inclusive Noah. Eu fingi para ele que estava manipulando Dylan
como amiga, para que ele fugisse e fosse curtir a vida como universitário. Ele
nem sonha do meu caso com ele.

Eu estava me deliciando com cada momento, já Noah estava


cansado de enrolar.

Ele terminou de rasgar a roupa da Candice e consumou o ato, de


forma forte e brusca, a segurando com força e batendo nela em alguns
momentos.

Ela chorou e esperneou, mas estava com os braços e pernas


amarrados, além do Noah ser mais forte.

Como foi bom ver a Candice perdendo aquela pose superior, gostei
mais ainda destruir de uma vez por todas o sonho dela de casar virgem, de ter
o casamento perfeito.

Outra coisa que adorei foi ver a cara da Beatrice ao ver a filha ser
violada, ter seus sonhos destruídos, ela estava sofrendo mais do que se
tivesse sido com ela. Como sempre a melhor forma de atingir uma mãe é
machucando a filha.

Quando ele terminou com a Candice foi para a Beatrice, que nem
reagiu tamanho o estado de choque que se encontrava, estava quase
catatônica.

Depois que ele acabou com a Beatrice teve uma surpresa especial
para mim.

Ele colocou as duas amarradas, cada um em uma coluna da sala,


abraçadas a coluna e completamente nuas. Pegou um chicotear e começou a
chicotear as duas, como sem fossem escravas e ele o senhor.

Fui até ele e peguei o chicote, comecei a chicotear as duas,


principalmente a Candice, colocando em cada chicotada todo meu ódio,
frustração e inveja, tudo que aguentei e engoli calada ao longo dos anos.

Agora sim, estou vingada e posso seguir minha vida.

175
Noah apagou as duas e fomos embora.

-Estou com saudades – falou quando chegamos ao carro.

Que ódio, só quero me livrar dele.

-Logo estaremos juntos e será para sempre, só preciso despistar


todo mundo e você tem que fugir o mais rápido possível – falei.

Ele sabia que estava correndo perigo, demos um beijo de despedida


e ele foi embora.

Mas aí percebi que era nosso adeus derradeiro, posso não amar ele,
até mesmo não suportar, mas ele fez muito por mim, minha vingança foi
possível graças ele.

O puxei de voltei e dei mais um beijo, nosso último beijo, nele


coloquei toda minha gratidão.

Depois disso nos separamos.

Fui até metade do caminho para a Florida, depois disso vendi o


carro, me livrei das minhas coisas, comprei roupas novas e meu visual.

Cortei meu cabelo reto, no tamanho médio, clareei um pouco as


pontas e comprei um óculos sem grau. Comprei algumas roupas mais sérias e
adultas. Depois peguei um voo para Florida e de lá um ônibus para Clermont,
fui ao encontro do Dylan.

Ele também tinha trocado de veículos e mudado um pouco o visual,


pro recomendação minha, não queremos ser encontrados.

Quando cheguei ao hotel que combinamos e o encontrei foi


surpreendente, ele estava uma versão mais velha e madura de si mesmo,
usando roupa social e óculos de grau falso, gostei bastante, achei até sexy.

176
-Gostei do visual – falou quando me viu.

Eu sorri maliciosa.

-Também adorei o seu – soltei.

Nos beijamos e logo fomos para a cama, matar a saudade.

Até que será bom ter o Dylan ao meu lado, vou gostar de viver esse
conto de fadas moderno com ele.

PARTE III

LUA CHEIA

177
Capítulo 17: Mãe em tempo integral

Clermont, Florida, 1991

178
Estava com meu filho no colo, o amamentava.

Calebe estava com um ano de idade e era o bebê mais lindo que já
vi na vida, branquinho, cabelos negros e olhos azuis, tinha um olhar magnético,
o olhar mais lindo que vi na vida, mesmo sendo um bebê dava para ver que
seria um homem lindo e destruiria corações.

-Boa noite, como passaram o dia? – disse Dylan.

Ele estava fazendo faculdade de direito e já estava trabalhando em


um escritório pequeno, não ganhava muito, mas era o suficiente para vivermos
bem, não com luxo, mas bem.

-Estamos ótimos, Calebe está cada dia mais guloso e mesmo já


comendo sopinha e papinha não abre mão de mamar – comentei.

Sim, meu filho é muito saudável, se alimenta muito bem e eu faço


questão que seja assim.

-Nosso filho é perfeito, nunca pensei que poderia ser tão feliz assim.
Obrigada Vic, por abrir meus olhos, se não fosse pela noite que passamos
juntos eu não teria tido coragem de fugir daquele casamento com a Candice e
assumir meu amor por você – falou.

Mal sabe ele tudo que fiz para chegarmos até aqui.

-Agradeça a bebida, foi graças a ela que tudo aconteceu – brinquei.

Então, Dylan foi para o banheiro, tomar banho e se arrumar para o


jantar.

Depois de amamentar Calebe eu o coloquei no tapete da sala com


alguns brinquedos e fui esquentar o jantar.

Os dois últimos anos tinham sido assim, vivendo uma vida simples e
tranquila, como uma dona de casa, depois mãe. Eu cuidava da casa, do Dylan
e depois que o Calebe nasceu dele também. Isso não era novidade para mim,
desde muito cedo ajudava minha mãe com as atividades domesticas, estava
acostumada. Mas criar uma criança foi diferente, nunca tive essa experiência.

179
Foi muito difícil depois que o Calebe nasceu, nem eu nem Dylan
tínhamos experiência e não tínhamos ninguém para nos ajudar. Mas também
foi diferente de tudo que vive, nunca pude imaginar que amaria alguém tanto
assim, logo eu, que sempre fui tão egoísta, mas Calebe é tudo para mim, por
mais difícil que tenha sido eu busquei forças onde nunca imaginei ter, mesmo
sem experiência eu estudei e aprendi tudo que pude, dei o meu melhor para o
meu filho.

Desde que minha barriga começou a crescer e eu comecei a sentir


uma vida se formando dentro de mim tudo mudou, eu o amei, mesmo sem
conhecer, amei mais que tudo, mais do que a mim mesma. Ele se tornou tudo
para mim, foi a melhor época da minha vida, não estou mais sozinha, eu
consegui gerar outra pessoa, um pedacinho de mim.

Minha gestação foi incrível, a cada dia amava mais o pequeno ser
que crescia dentro de mim, mais do que seria possível imaginar. Dylan foi
presente e me ajudou em tudo que podia, se desdobrava entre a faculdade e
os cuidados comigo, depois com nosso filho, somente esse ano ele começou a
trabalhar.

Dylan me ama genuinamente, ele confessou ser apaixonado por


mim desde criança, mas tinha medo que eu não o quisesse e me afastasse
dele, por isso ele ficou com a Candice, além, claro, da pressão dos pais. No
começo tive receio de não me adaptar bem com ele, eu amo o Jude e estava
sofrendo muito com o desprezo dele, mas por incrível que parece eu fui muito
feliz com Dylan.

Durante muito tempo tive uma paixonite pelo Dylan, depois que
conheci o Noah me revoltei com ele e o quis apenas como uma forma de
vingança, depois me apaixonei por Jude e esqueci o que um dia senti por
Dylan, mas, depois que vim encontrar com ele na Florida tudo mudou.

Eu reencontrei meu antigo eu, aquela Victoria pré adolescente que


era apaixonada pelo Dylan em segredo, mas que não acreditava ser capaz de
conquistar ele. Então eu aproveite esse conto de fadas, vive intensamente meu
sonho juvenil com Dylan, nós dois, apaixonados, fugindo e nos amando, com o
nosso filho a caminho, formando uma família.

180
Ele quis casar comigo, mas eu não quis, disse a ele que iriamos nos
casar em New Bern, com a presença da nossa família, que quando ele se
formasse e estivesse trabalhando eu faria faculdade. Quando nós dois
estivéssemos estabilizados financeiramente voltaríamos para casa, com nosso
filho e faríamos todos nos aceitarem.

Ele concordou, apesar de algumas vezes discutirmos porque ele


quer voltar, diz sentir falta dos pais, dos amigos, da nossa cidade. Mas eu não
quero voltar assim, ainda não me sinto segura. Eu sempre o convenço, mas ele
ultimamente tem insistido muito no assunto.

Também tenho medo de reencontrar Jude, eu nunca o esqueci,


todos os dias antes de dormir e na hora que acordo eu lembro dele, as vezes
ao longo do dia também e sempre sonho com ele. Eu não suportaria voltar e
encontrar ele com outra mulher.

Também não atingi meu objetivo, só volta para minha cidade quando
for rica e poderosa, inabalável!

Quanto a paternidade de Calebe eu imaginei que teria a resposta


quando ele nascesse, mas ele não parece com nenhum dos quatro e ao
mesmo tempo é uma mistura deles, na verdade, os traços que se destacam
nele são os meus. Jude, Arthur, Dylan e Noah se parecem e parecem comigo,
principalmente Jude, cheguei a imaginar que Calebe realmente é meu filho com
meu irmão por parecer tanto assim comigo, mas e os olhos azuis? Claro que
ele pode ter herdado da minha avó, mas mesmo assim, pode ser de um dos
outros, sinceramente, só um exame de DNA para esclarecer essa dúvida, mas
não farei isso. Ele foi registrado como meu filho com Dylan e assim será.

-Vic, vamos jantar? Estou faminto – disse Dylan.

Ele saiu do quarto com uma roupa comum do dia a dia.

-Claro, já ia lhe chamar – falei.

181
Nós jantamos juntos e depois fomos ver TV na sala enquanto
brincávamos com Calebe.

Nós parecíamos uma família perfeita.

Já estava ficando tarde e Calebe estava sonolento, o levei para o


quarto dele dei um banho, dei o ultimo mamar e o coloquei para dormir.

Fui para o meu quarto, tomei banho e quando saí do chuveiro


encontrei com Dylan que veio escovar os dentes.

-Nossa, com essa sua rotina de mãe em tempo integral e com meu
emprego novo estamos tão ocupados que nunca mais tivemos tempo para nós.
Nunca mais tinha te visto nua, estava com saudades – falou me puxando.

Ele me agarrou e me beijou, sem se importar que estou toda


molhada.

-Dylan, você se molhou inteiro – reclamei.

Ele riu malicioso.

-Não tem problema, é só tirar a roupa – falou safado.

Foi o que ele fez, tirou toda a roupa.

Nos beijamos e ele me puxou para o quarto, fomos para a cama.

Depois de algum tempo de prazer deitamos abraçados em baixo do


cobertor.

-Eu estava precisando de um momento como esse, eu te amo


sabia? Mesmo com todas as dificuldades, com tudo que passamos, a saudade
da minha família, da minha vida fácil, você e Calebe fazem tudo valer a pena –
confessou.

Infelizmente eu não sentia o mesmo, já fazia um tempo que estava


cansada de viver assim, só não fui embora por amor ao meu filho, mas o conto
de fadas acabou para mim, estou enjoada do Dylan, sinto necessidade de ficar

182
com outros homens, além de não aguentar mais essa vida simples, não era
isso que eu queria.

-Não pense que não sinto falta do meu irmão, da Candice, mas não
quero voltar para New Bern agora, nem assim. Dependeríamos dos seus pais e
eles não nos aceitariam. Também não sei como Candice reagiria. Vamos fazer
como combinamos, quando estivemos formados e estabilizados voltaremos.
Calebe já estará grande, Candice terá refeito a vida, será mais fácil – insisti.

Ele bufou.

-Você sempre diz isso, mas eu não aguento mais! Não quero
esperar! Victoria, nós podemos casar no civil, meus pais não poderão nos
separar! Nós temos um filho! Candice merece saber a verdade! Ela pode ficar
com raiva no começo, mas vai acabar entendendo. Por mim nós voltamos
ainda esse ano! – vociferou.

Droga, a cada dia ele está mais convencido a voltar.

-Estou cansada, não vou discutir com você – encerrei.

Virei para o outro lado e fingi dormir.

Infelizmente chegou a hora que eu mais temia, vou ter que ir


embora.

Eu bem que tentei, eu tentei me apaixonar de verdade pelo Dylan,


viver uma vida certinha, de esposa e mãe perfeita, mas não dá, não nasci para
isso! Preciso ser quem realmente sou!

Por mais que ame o Calebe eu vou ter que deixa-lo, não posso levar
uma criança comigo, para ele será melhor ficar com Dylan, tenho certeza que
será muito bem criado e cuidado.

Minha decisão está tomada, chegou a hora de parar de brincar de


casinha, vou recomeçar.

183
Capítulo 18: Ano sabático

Comecei a preparar tudo no dia seguinte a minha última discussão


com Dylan.

Eu tinha convencido o Dylan a colocar a casa que moramos em meu


nome como uma segurança contra seus pais, assim como também a conta no
banco era no meu nome, dessa forma, os pais dele não podiam tomar tudo que
temos caso nos encontrem. Com o carro é da mesma forma.

Eu procurei compradores para nossa casa, era um bairro em


expansão e tinham muitos casais recém casados interessados em imóveis no
local. Como Dylan trabalha o dia inteiro e estudo foi fácil encontrar os possíveis
compradores sem ele perceber. Da mesma forma fiz pequenas retiradas da
nossa conta ao longo do tempo.

Em poucos meses consegui reunir todo o dinheiro e vender a casa.


Escondi todo o dinheiro nas minhas bolsas, como fiz da outra vez.

No fatídico dia da minha fuga comecei tudo cedo, comprei um carro


velho, o mais barato que consegui, paguei em dinheiro.

Deixei o carro perto da rodoviária.

Fiz minhas malas, banhei Calebe, dei sopinha e depois dei de


mamar, o coloquei para dormir e fui embora.

184
-Adeus meu filho, jamais esqueça que eu te amo e vou voltar para
buscar você, no dia que eu conseguir chegar onde sempre quis eu volto por
você. Você é minha vida – falei e dei um beijo em sua testa.

Chamei um taxi e fui para a rodoviária.

Depois saí despercebida e peguei o carro que tinha escondido,


minhas malas já estavam nele, pelo menos a maioria.

Era final da tarde, perto da hora do Dylan chegar, não queria deixar
Calebe sozinho por muito tempo, mas precisava de pelo menos duas horas de
vantagem.

Dirigi o mais longe que pude, depois de dirigir a noite inteira parei
em uma cidade que nem vi o nome. Troquei o carro, comprei roupas novas e
mudei meu cabelo, agora sou ruiva (a cor que sempre combinou comigo),
como sou branca nem parece que foi pintado, combinou perfeitamente.

Também mudei meu visual, pintei meus cabelos de loiro,


comprimento médio, corte desfiado e selvagem, roupas sensuais, com decotes,
bastante preto e vermelho, roupa de couro, maquiagem forte, batom vermelho
e botas de couro com salto alto. Estava no estilo mulher fatal.

Eu sempre me cuidei muito, tive cuidado com minha alimentação,


com minha pele e fiz exercícios em casa mesmo, tenho uma genética boa, nem
pareço que tive um filho, como foi parto normal não tenho nenhuma cicatriz.

Eu estou sensual e bela, do jeito que sempre fui, deixei aflorar ao


máximo meu melhor lado.

Cansei desses dois anos fingindo ser quem não sou, tudo que mais
quero agora é aproveitar ao máximo, vou curtir esse ano e aproveitar ao
máximo tudo que perdi.

Fiquei mudando de cidade em cidade, deixando pistas falsas por


onde passava, não queria ser encontrada. Minha mudança de visual também
ajudou muito, fiquei irreconhecível.

185
Para me manter (não quero acabar com o meu dinheiro, tenho
planos para ele), comecei a trabalhar em uma cafeteria perto de um campus
universitário em Los Angeles, Califórnia. Era um ótimo lugar, animado e cheio
de jovens bonitos com quem eu podia me divertir.

Nas minhas folgas eu participava de festinhas nas fraternidades e


logo fiquei famosa entre os rapazes, completamente diferente do que já fui um
dia. Agora me chamava Betty (fiz uma identidade falsa), era mais seguro
passar esse ano escondida e fingindo ser outra pessoa, assim, Victoria Martin
sumiria do mapa para sempre!

A cafeteria não era frequentada apenas por estudantes, como


também por professores e até mesmo homens de negócios, vi nisso uma
oportunidade. Via como esses babacas casados ficavam babando por mim,
eles me lembravam o Arthur, se fingiam de bons homens e no final eram
cafajestes.

Comecei a cobrar para ficar com esses homens, primeiro com coisas
simples, mas depois fui gostando e aumentando o nível. Logo me tornei
requisitada entre eles, estava curtindo minha vida do jeito que sempre quis e
recuperando o tempo perdido.

Estava cansada e entediada, passei dois anos transando só com o


Dylan, apesar dele continuar bonito e gostoso como sempre foi, eu estava
cansada. Principalmente porque ele nunca inovava, era sempre a mesma
coisa. Como tínhamos outras responsabilidades também não tínhamos tempo
para nós, foram dois anos de privação, agora tenho muita coisa para
extravasar.

Eu estava vivendo assim, participando das festinhas na fraternidade,


transando com muitos rapazes jovens e bonitos, realizando todas as minhas
fantasias sexuais mais escusas (transar com dois ao mesmo tempo, transar
com mulheres, transar com homens e mulheres ao mesmo tempo e até mesmo
ser assistida enquanto faço isso). Pobre Jude, se sentiu tão mal e culpado

186
depois que fez algo parecido para magoar a Anny, mal sabe que sua irmãzinha
está fazendo bem pior e nem se importa, muito pelo contrário.

Continuo me encontrando com os homens casados por dinheiro,


além de ser outra fonte de renda (preciso de todo dinheiro que conseguir
arrumar), é excitante, descobri que gostava dessas fantasias, de viver outras
vidas e fingir ser outras pessoas. Gostei de vender meu corpo em troca de
dinheiro, alguns dos homens com quem dormi eram até bonitos, só queriam
uma aventura diferente ou estavam passando por dificuldades no casamento.

Logo descobri um clube de strip tease e fui trabalhar nele, larguei a


cafeteria de vez (trabalho chato e remuneração baixa, só estava lá pela
localização e oportunidades). Nesse clube conheci homens ainda mais ricos e
influentes, as vezes era contratada para participar de festinhas particulares em
iates, fiz até viagens com esses clientes.

Vivi um ano dessa forma, aproveitando a vida ao máximo, um


homem diferente por noite, muitas vezes mais de um, festas e muita bebida,
mas nunca drogas, não quero me viciar e acabar com a minha vida, não sou
burra. Também não bebo muito, só para me divertir, sei meu limite.

Mas já estava cansada disso, essa não foi a vida que sonhei,
experimentei um pouco do luxo com esses clientes ricos, mas eles me viam
apenas como uma puta paga. Com os garotos da fraternidade também era só
diversão. Chegou a hora de mudar de novo, já fiz mais que o suficiente para
despistar quem estivesse me procurando, hora de voltar a ser a boa e doce
Victoria Martin, mas dessa vez repaginada, chega da “caipira” mal arrumada.

Juntei todo o dinheiro que guardei, fiz minhas malas, vendi o carro e
fui embora novamente.

Queimei meus documentos falsos e mudei de visual novamente.


Meus cabelos já tinham crescido novamente, fui em um bom salão e os pintei
de ruivo, mas nada muito forte nem extravagante, consegui que fizessem com
que eu parecesse ruiva natural, como sou branca e tenho algumas sardas
187
realmente deu o resultado esperado, para completar o visual comecei a usar
cachos grossos, assim fiquei angelical.

Comprei roupas novas, nada muito vulgar nem extravagante como


estava usando antes, mas eram roupas bonitas, bem menininhas, vestidos
florais, jeans, algumas jaquetas e botas cano curto de couro e sem salto.
Usava maquiagem leve, apenas rímel, protetor solar, um leve blush rosado e
protetor labial rosado.

Capítulo 19: O recomeço

Nova York, 1993

Dessa vez meu destino foi Nova York, uma das maiores cidades do
mundo, chegou a hora de atingir meu verdadeiro objetivo de vida.

Enviei meu currículo para a universidade de Columbia, tenho ótimas


notas e fiz muitas atividades extras no meu período escolar, sempre fui uma
aluna brilhante e muito elogiada pelos professores, já ganhei inúmeros prêmios
em feiras de ciências, chegando a concorrer em premiações regionais.

Columbia é uma universidade privada de muito renome, por isso


tinha que juntar tanto dinheiro, para me manter e pagar a universidade. Como
justificativa por meus anos afastada dos estudos usei a morte dos meus pais e
os cuidados com o meu irmão e uma suposta família que inventei para ele.

Obviamente foi aceita, estava ansiosa para o início das aulas,


finalmente realizarei meu sonho de ser engenheira e cursar uma universidade,
mas a formação profissional não é meu único objetivo.

Preciso encontrar um marido, um homem muito rico, de família


importante, um homem que seja inteligente, mas que seja manipulável, que vá
servir aos meus propósitos.

188
Sei que o “golpe do baú” é algo antigo e até mesmo ultrapassado,
mas para chega onde quero, sendo mulher, preciso de um homem ao meu
lado. Com certeza encontrarei o candidato perfeito na universidade, de
preferência no meu curso, preciso de um marido engenheiro!

Me mudei para um pequeno apartamento bem próximo ao campos e


comprei um carro simples para mim, não quero viver nos alojamentos
universitários e muito menos em uma fraternidade, também não quero ficar
sem carro. Sei que são muitos gastos, mas se eu economizar bem vou
conseguir pagar a universidade e me manter, qualquer coisa eu arrumo um
emprego de meio período. Só não posso recorrer a prostituição novamente,
agora sou eu mesma de novo e tenho que ser uma moça de família, totalmente
respeitável. Betty morreu junto com a vida que eu levava antes.

Foi bom ter vivido tão intensamente esse ano, serviu para recuperar
o tempo perdido e aproveitar bastante antes de me tornar novamente uma
santinha. Realizei todas as minhas fantasias e desejos sexuais, agora vou
realizar meus sonhos profissionais.

Mas uma coisa não mudou em mim, nem como Betty, nem agora
como essa nova Victoria, meu amor por meu filho. Jamais esqueci o Calebe,
penso nele todos os dias, choro muitas vezes sentindo sua falta, as vezes a dor
chega a ser física. Sonho com ele, imagino como ele deve ter mudado,
crianças crescem e mudam muito rápido. Será que se eu o visse o
reconheceria? Será que ele lembra de mim? Sente minha falta?

Só sei a resposta para uma dessas perguntas, só sei que eu o


reconheceria, meu coração de mão me diria, jamais vou esquecer meu filho.
Também tem o seu olhar, é o meu olhar, mas nos seus límpidos e meigos
olhos azuis. Eu o reconheceria em qualquer lugar, mesmo quando ele for
adulto.

Outro que não esqueço um dia sequer é o Jude, eu o amo de


verdade, mesmo depois de tudo, mesmo depois de ter dormido com tantos
homens, ter feito todas essas coisas não deixo de pensar nele, de o desejar, de

189
sonhar com ele, de imaginar que ele também me ama e que quer ficar comigo.
Jude sempre será o amor da minha vida, não importa quantos anos passem.

Finalmente meu primeiro dia na Columbia University, me arrumei o


mais angelical, doce e meiga possível. Coloquei um vestido floral, com uma
jaqueta jeans por cima e calcei minhas botas cano curto sem salto, deixei meus
cabelos impecáveis e coloquei uma maquiagem bem simples. Estou perfeita, a
menininha mais linda e ingênua do campus.

Fui para a aula, cheguei cedo e fui logo tratando de encontrar um


bom lugar, bem na frente.

Peguei um dos livros que seriam usados na disciplina e continuei a


leitura, tinha passado o último mês me preparando, estudando e lendo tudo
que tinha sido recomendado na minha matricula. Serei a aluna mais inteligente
da turma, aplicada e esforçada.

Estava distraída com a leitura e fazendo as anotações no meu


caderno quando fui surpreendida por alguns livros caindo na minha mesa.

-Desculpa, eu acabei tropeçando e derrubando meus livros em você.


Mil perdões, sou muito desastrado – falou um rapaz alto e magrelo.

Ele estava vermelho, parecia ser muito tímido e estava bastante


constrangido.

-Sem problemas, acontece – consolei.

Realmente senti pena dele, era o primeiro dia de aula e ele estava
pagando mico na frente da turma inteira.

Ele juntou os livros e segurei para um lugar vazio do outro lado da


sala.

Logo o professor chegou e começou as apresentações.

A aula foi ótima, fiz várias anotações e estou totalmente animada.

190
Encontrei o mesmo rapaz de hoje mais cedo em algumas outras
aulas, mas não falei com ele, nem ele comigo.

Quando as aulas acabaram fui até meu carro e descobri que o rapaz
que conheci essa manhã tinha colocado o carro na vaga ao lado da minha.

O carro dele é muito bonito, novo, carro do ano, com certeza é um


filhinho de papai, um dos riquinhos da universidade.

-Olá, parece que ainda vamos nos esbarrar muito. Obrigado por hoje
mais cedo, eu estava muito nervoso e depois que tropecei e derrubei meus
livros na sua mesa tive medo que fizesse um escândalo, como a maioria das
garotas faria, com certeza me humilhariam. Mas você foi gentil e fez parecer
besteira, corriqueiro – agradeceu.

Estou começando a me interessar por esse garoto, ele me parece


um ótimo candidato a marido, já percebi que é rico, é um garoto tímido, resta
saber se atende aos demais itens da minha lista.

-Sei como deve ter se sentido, também sou tímida e não gosto
nenhum pouco desse tipo de atenção – concordei.

Ele sorriu, tem um sorriso encantado.

-Meu nome é Theon, Theon Harris – se apresentou.

Retribui o comprimento.

-Victoria, Victoria Martin – falei.

Theon até que é bonitinho, com certeza ele é fofo. Apesar de ser alto
e magro, até mesmo desengonçado, tem um rosto bonito, ainda um pouco
infantil. Seus cabelos são castanhos escuros e bem cortados, olhos castanhos
com um brilho astuto, ele é branquinho com a pele perfeita, a barba bem feita e
um sorriso doce. Seus olhos são gentis e sinceros, sua boca apesar de
carnuda não é exagerada.

191
Ele se veste de um jeito simples, mas “arrumadinho”, as roupas são
folgadas, o que mostra que seu corpo é magro e liso, sem músculos. Ele com
certeza é mais velho do que aparenta, se não, não estaria na universidade. A
aparência dele é de 16 anos, mas provavelmente tem 18 anos.

Depois de nos apresentarmos eu me despedi dele e fui logo embora.

Já fazia um mês do início das aulas, eu já estava acostumada o


ritmo universitário, estava me destacando e os professores já me adoravam.
Não tinha feito amizade com ninguém, mas era sempre gentil e educada com
as pessoas que falavam comigo, buscava sempre ficar quietinha no meu canto.

Alguns garotos metidos a gostosões se aproximaram de mim, aquele


tipo de cara que adora uma conquista e não pode ver uma novidade. Com
certeza eles acham que sou alguma virgenzinha burra que vai acreditar no
papinho deles. Em nenhum momento fui rude ou mal educada com eles, mas
me mantive sempre distante e imparcial, logo eles desistiram, viram que não
teriam chances comigo e buscaram outros desafios.

Durante esse mês vi Theon várias vezes, mas mal nos falamos,
apenas nos cumprimentávamos por olhares e acenos. Percebi que ele me
olhava muito, tentava disfarçar, mas eu acaba flagrando os olhares, mas fingia
não ter notado.

Durante esse mês eu o investiguei, descobri que a família Harris é


muito rica e bem relacionada socialmente, o pai de Theon é um empresário
renomado, a família dele é dona de um banco e tem muitos investimentos na
bolsa de valores. A mãe do Theon também vem de uma família rica, mas a
família dela atua no ramo imobiliário, mas ela não cuida dos negócios da
família, tudo fica nas mãos do irmão mais velho dela, que é casado, mas não
tem filhos.

A mãe do Theon é muito engajada em causas sociais, ajuda muitos


lares infantis e é apaixonada por crianças, está sempre fazendo grandes
eventos beneficentes.
192
Theon é o queridinho da família, o único neto, seus avos ainda são
vivos, tanto por parte de pai como por parte de mãe. O pai do Theon é filho
único, o que torna Theon o único neto das duas famílias, muito mimado e
bajulado por todos.

Descobri que Theon sempre foi muito tímido, porém bastante


inteligente, sempre foi um aluno brilhante e muito premiado na escola. Ele
nunca teve amigos e sempre foi isolado. É o candidato perfeito para o que eu
quero.

Tive medo de não ser aceita por sua família, por eles serem todos
muito ricos e aristocratas, tive medo que me investigassem, descobrissem a
verdade sobre mim e me expusessem como uma interesseira e golpista.

Mas muito pelo contrário, eles são muito simples e todos muito
caridosos, seriam facilmente tocados por minha triste história.

Está decidido, já tenho um alvo, agora só preciso de um plano de


ação!

Capítulo 20: Conquista

No segundo mês de aulas o professor de introdução a robótica nos


passou um trabalho de dupla, por sorte ele mesmo dividiu as duplas pelo que
conhecia dos alunos. Eu e Theon fomos escolhidos por ele como duplas.

-Tenho certeza que se sairiam muito bem juntos, pelo currículo dos
dois teremos um ótimo projeto – falou o professor.

Sorrimos timidamente.

193
Theon estava bastante nervoso, já percebi que sua timidez é seu
grande problema, mas para mim é uma vantagem.

Parece que tudo está a meu favor novamente, hora de conquistar


esse garotinho assustado, mas tenho que tomar muito cuidado, tenho que ser
paciente, tenho que agir de forma calculada, ele tem que pensar que foi ele que
me conquistou.

-Olá, Victoria. Quando podemos começar o projeto? – perguntou


Theon nervoso.

Tínhamos saído da aula e ele veio atrás de mim no corredor.

-Eu tenho alguns trabalhos e provas para estudar, mas acho que
sexta-feira depois das aulas podemos começar – sugeri.

Não menti, mas exagerei, hoje ainda é terça-feira. Quero deixar ele
na ansiedade e me mostrar uma garota comprometida com os estudos.

-Claro, está ótimo para mim. Também tenho muitas atividades e


estarei ocupado – falou constrangido.

Ele parecia aqueles nerds atrapalhados de filme adolescente.

-Então, nos encontramos após as aulas na biblioteca – falei e saí.

Não deixei que ele dissesse nada. Não queria que ele sugerisse
outro lugar, tenho que parecer super certinha, nada de ir para a casa dele, nem
chamar ele para minha, como também sem convites para a cafeteria.

Passei os dias focada nos meus estudos, mas as vezes era difícil
me concentrar, pensava no Calebe. Como estará meu bebê? Sinto tanto a falta
dele. Também penso no Jude, será que ele esqueceu? Será que ele encontrou
outra pessoa? Também penso se os dois estão juntos. Dylan deve ter recorrido
aos pais depois que fui embora, sem casa, sem dinheiro e com um bebê, com
certeza ele voltou a New Bern. A essa altura todos já sabem que estivemos

194
juntos durante esse tempo e que Calebe é nosso filho. Com certeza Jude já
deve ter dito a muito tempo que eu fui encontrar com Dylan e que estávamos
juntos, ele pode não ter revelado o resto, mas isso ele contou, tenho certeza.

Será que quando Dylan voltou com Calebe Jude os procurou? Será
que Jude ainda pensa que Calebe pode ser seu filho? Mesmo que não, ele
ainda seria seu sobrinho, por mais que tenha ódio de mim, meu filho não tem
culpa de nada.

Afastei esses pensamentos, não posso deixar meu passado me


derrubar, não agora que cheguei tão longe. Tenho que focar no meu futuro, em
Theon, tenho que conquistar esse nerd rico.

Finalmente a sexta-feira chegou, me arrumei como de costume, mas


caprichei um pouquinho, nada muito exagerado, não quero que ele me ache
atirada nem nada disso.

Fui para Columbia, passei o dia normalmente e fingi está sempre


muito ocupada, esse era meu encanto, sempre com um livro, sempre
estudando, uma verdadeira aluna exemplar.

Ao final das aulas fui ao banheiro me retocar um pouco, passar


perfume e desodorante, além de limpar a minha pele, pentear os cabelos e
retocar a maquiagem, nada muito exagerado, só o básico.

Depois de pronta segui para a biblioteca, Theon ainda não tinha


chegado.

Escolhi uma mesa desocupada próxima aos janelões, como era


sexta a biblioteca estava quase vazia, todos estavam se divertindo nas
festinhas que já começavam assim que as aulas terminavam.

Procurei alguns livros que já tinha previamente pensado serem úteis


para o projeto e comecei a trabalhar.

195
-Desculpa o atraso, resolvi trazer café, mas a cafeteria estava
lotada, pelo menos ainda está quente – falou Theon apressado.

Ele estava levemente ruborizado e um pouco ofegante, deve ter


vindo correndo.

-Obrigada, estou mesmo precisando de café – menti.

Eu preferia uma boa cerveja, ou até mesmo vodca, vê a agitação do


final de semana me lembrava o quanto aproveitei essas festas de fraternidade
enquanto estava em LA.

-Então, já vi que começou a pesquisa, em que posso ajudar? –


perguntou sentando a minha frente.

Depois disso começamos a fazer o projeto.

Passamos horas envolvidos no projeto de um software de


inteligência artificial que servia para auxiliar e integrar empresas de pequeno
porte. Theon é muito inteligente e gostei muito de estudar com ele, foi a
primeira pessoa que se equivaleu a mim no quesito empenho em projetos, ele
tem muitas ideias boas e apesar da timidez na hora de expressar sua opinião
como cientista ele se transforma.

Foi um final de tarde e começo de noite bastante produtivo, claro


que não seria rápido assim, é um projeto grande e vai demandar bastante
tempo e estudo, mas nossa produtividade foi muito boa, além de sermos uma
ótima dupla, o professor acertou, pelo menos como engenheiros nós nos
completamos.

-Nossa, já está muito tarde, a biblioteca vai fechar. Melhor irmos


embora – falei.

196
Faltavam apenas alguns minutos para as 22 horas, a hora que a
biblioteca fechava.

-Vamos arrumar nossas coisas e ir embora antes que sejamos


expulsos – concordou.

Arrumamos nossas coisas e fomos embora,

Enquanto seguíamos para nossos carros vimos o movimento dos


alunos, todos animados com o início do fim de semana.

-Não sei como eles conseguem ter toda essa energia para festas
depois de passar a semana inteira em aula, sem falar nas provas e trabalhos.
Não tenho tempo nem para respirar, muito menos para pensar em festas –
menti.

Estava fazendo charme.

-Com certeza eles se importam mais com a diversão do que com o


futuro profissional, disso tenho certeza. Mas, para mim não faz diferença,
mesmo se não tivesse trabalhos nem provas eu não iria a essas festas –
comentou.

Sabia que ele diria isso, já esperava, é a minha deixa.

-Eu penso da mesma forma, mas não gosto de dizer em voz alta,
não quero ser tachada de chata. Prefiro não comentar – comecei.

Ele sorriu.

-Sei como é, você não gosta de se meter em encrencas. Mas sei


que uma garota como você já deve ter recebido muitos convites para essas
festas, tenho certeza que muitos dos rapazes de fraternidade devem estar
disputando você – falou timidamente.

Modéstia à parte era verdade, sempre tinha um espertinho tentando


me levar para a cama.

-Você está exagerando, já recebi alguns convites sim, mas não foi
nada demais, sempre recusei com educação, mostrando que os estudos são

197
minha prioridade aqui, mas não foi nada demais. Nada digno de filme –
brinquei.

Ele gargalhou.

-Entendo, mas voltando ao nosso projeto. Tivemos um bom


progresso hoje, mas precisamos continuar – começou.

Ele quer me ver de novo e está usando o projeto como desculpa.

-Claro, durante a semana podemos marcar de nos encontrar na


biblioteca de novo – concordei.

Tenho que continuar me fingindo de moça de família, sempre


recatada.

Nos despedimos e fomos embora, cada um no seu carro.

Passamos mais alguns meses assim, já era o fim do semestre e


nosso relacionamento se limitava ao nosso projeto, que estava incrível, mas eu
não estou satisfeita.

Estou ficando carente, preciso de um homem, nem que seja apenas


para uns beijinhos, já faz tempo que não sei o que é ficar tanto tempo sozinha.
Não posso me arriscar ficando com algum garoto por aqui, mas preciso
arrumar um jeito de acabar com minha carência, ou não conseguirei seguir com
o plano.

Theon é um fofo, sempre gentil e educado, pode não ter o corpo do


Dylan nem do Noah, muito menos do Jude, mas não é feio, muito menos
desprezível. Tenho medo que quando ele finalmente deixar a timidez de lado e
me corresponder eu acabe indo para a cama com ele, o que não pode
acontecer.

Já sei, farei uma viagem para Las Vegas, usarei documentos falsos,
me disfarçarei e terei alguns momentos de prazer.

198
Eu e Theon estávamos fazendo os últimos ajustes do nosso projeto,
já tínhamos o software pronto, estávamos apenas terminando a apresentação.

-Victoria, foi muito bom fazer esse projeto com você, fico admirado
com sua inteligência e capacidade. Você será uma ótima engenheira e tenho
certeza que terá grandes feitos – comentou.

Adoro ser bajulada.

-Obrigada, mas assim me deixa constrangida, ainda mais vindo de


alguém como você, uma rapaz brilhante, que eu admiro muito – soltei.

Fiz meu melhor olhar de timidez e usei minha técnica para ruborizar.

-Está falando sério? Pensa mesmo isso de mim? – perguntou


lisonjeado.

Hora de bajular um pouco.

-Claro, tive o prazer e a honra de passar esses meses convivendo


com você diariamente, nunca conheci alguém tão inteligente e com ideias tão
boas. Às vezes fico triste ao lembrar que o projeto está no fim, não queria
encerrar nossa parceria, verdadeiramente acho que somos uma ótima dupla –
comentei.

Plantei a sementinha, afinal, me esforcei tanto nesse projeto não só


para mostrar a ele minhas qualidades como profissional, mas porque quero
fazer disso um sucesso e algo rentável, mas para isso, preciso dele.

-Eu pensei a mesma coisa, nosso projeto é muito bom e também


adorei fazer dupla com você. Eu já tinha pensado várias vezes e sugerir que
continuássemos, que aprimorássemos e um dia quem sabe pudéssemos
comercializar. Mas tinha medo que você tivesse outros planos, que não
quisesse continuar com o projeto – falou timidamente.

Ótimo, pelo menos profissionalmente está dando tudo certo.

-Claro, seguiremos com nosso projeto, estou muito feliz com isso –
concordei.

Ele me fitou tenso.

199
-Tem outra coisa, será que dessa vez podemos ir até a cafeteria,
temos que comemorar nossa parceria profissional – convidou.

Que ótimo, estamos evoluindo.

-Bom, se é para comemorar o sucesso do nosso projeto eu aceito,


estou realmente em jubilo, é um sonho realizado – comemorei.

Fomos juntos até a cafeteria, ainda era tarde, como estávamos na


última semana de aulas algumas disciplinas já tinham encerrado e estávamos
com tempo livre para nos dedicar a finalização do projeto.

Durante o café conversamos sobre nossa infância e adolescência na


escola, quando soubemos que queríamos ser engenheiros e sobre nossos
sonhos para o futuro.

Soube um pouco mais sobre ele, como sempre foi excluído e até
mesmo motivo de chacota entre os adolescente, cheguei até a sentir pena,
mostra como nem mesmo com dinheiro você está livre de passar por isso.

Por muitas vezes coloquei a culpa do que sofri na escola na minha


condição social, mas Theon era um dos alunos mais ricos da escola dele,
quem sabe até o mais rico. Mas isso não impediu que fosse excluído.

Contei a ele que também fui excluída, contei sobre meus pais e
nossa vida simples.

-Então vai visitar seus pais nas férias? Deve ser difícil ficar longe
deles. Eu resolvi fazer faculdade aqui para não me separar da minha família,
somos todos muito ligados – comentou.

Hora do show.

-Infelizmente, meu pai morreu quando eu era apenas um bebê e


minha mãe morreu quando eu estava no primeiro ano do Ensino Médio – contei
emocionada.

Deixei minha emoção genuína sobre meus pais aflorar.

-Sinto muito, não quis te magoar – tratou logo em se desculpar.

Sorri para ele, de forma triste.

200
-Não tem problema, você não tem culpa, nunca poderia imaginar
que sou órfã – consolei.

Ele respirou fundo.

-Mas tem amigos na sua cidade? Algum parente? – questionou.

Ele estava verdadeiramente interessado em saber mais sobre mim.

-Tenho um irmão mais velho, mas não quero falar sobre ele. Não
tenho amigos nem outros familiares. Não tenho motivos para voltar a minha
cidade, na verdade, quero ficar o mais longe possível – soltei.

Ele ficou ainda mais impressionado e ao mesmo tempo estava com


pena de mim.

-Desculpa se te fiz relembrar coisas difíceis, mais saiba que estou


aqui para o que precisar – falou segurando minha mão.

Que fofo, todo príncipe encantado no cavalo branco.

-Tenho que ir, nos vemos depois – falei apressada.

Juntei minhas coisas e fui embora correndo, tudo parte do meu


show, quero que ele fique ainda mais curioso e tenha o máximo de pena de
mim que for possível.

Finalmente o grande dia da nossa apresentação, fomos a melhor


dupla incomparavelmente, todos ficaram com inveja do nosso projeto e nosso
professor nos elogiou muito, inclusive nos apoiou e muito a continuar com ele.
Como não somos burros, antes mesmo de apresentar o trabalho nós
patenteamos a ideia, para evitar que alguém roubasse nossa ideia.

-Victoria, será que podemos nos ver durante as férias? Gosto muito
da sua companhia e queria muito te encontrar fora da universidade – falou
quando estávamos no estacionamento.

201
Sabia que ele não resistiria.

-Se está me convidando porque sente pena de mim, saiba que não
precisa. Já estou acostumada a ficar sozinha, até mesmo prefiro. Tenho muita
coisa para estudar e adiantar durante as férias, não se preocupe, estou bem –
falei na defensiva.

Espero não ter exagerado.

-Não é nada disso. Você sabe que sempre fui um paria, nunca tive
amigos, também estou acostumado a ficar sozinho, Mas com você foi diferente,
me identifiquei desde o primeiro momento, além de te admirar muito. Já fazia
tempo que queria te convidar para sair, mas sou muito tímido e tinha vergonha,
ficava sempre adiando, mas agora tomei coragem, não vou conseguir ficar as
férias inteiras sem te vê – confessou.

Ufa, foi na medida certa.

-Desculpa ter sido rude, estou acostumada a ficar na defensiva a


minha vide inteira, não gosto de ser motivo de pena, muito menos de caridade,
não me entenda mal, não sou mal agradecida, só estou cansada de gente se
promovendo em cima do meu sofrimento – expliquei.

Ele ficou intrigado.

-Deve ser difícil, mas não vou pressionar, quero conquistar sua
confiança, no dia que estiver preparada você me contará sua história. Mas um
cinema e um jantar com um amigo você não recusaria, não é? – ofereceu.

Ele estava se esforçando, tentando vencer a timidez.

-Tudo bem, eu aceito, podemos ir no próximo fim de semana, tenho


algumas coisas para colocar em ordem no meu apartamento e vou aproveitar a
primeira semana de férias para isso – concordei.

Ele ficou em jubilo.

Nos despedimos e fomos cada um para sua casa.

Hora de descansar um pouco e fazer minhas malas, preciso de uma


semana de férias, nem longe daqui e aproveitando ao máximo.

202
203
Capítulo 21: Válvula de escape

Finalmente férias e eu preciso escapar por pelo menos uma


semana, já estou desesperada por sexo, nunca passei tanto tempo sem transar
depois que perdi minha virgindade.

Eu queria muito ter continuado com Noah, se não fosse a


possessividade dele estaríamos juntos, podíamos fingir que éramos irmãos e
continuar como amantes enquanto eu dava o golpe, mas ele jamais aceitaria.

Estava tudo pronto para minha viagem, pegaria um taxi para o


aeroporto e de lá um avião para Las Vegas, não quero ir de carro e me arriscar
a ser reconhecida depois.

Coloquei peruca, óculos escuros, casaco de couro e botas de salto,


me vesti assim no banheiro do aeroporto, para não ser reconhecida.

Fiquei hospedada em um hotel cassino, sempre tive o sonho de


viajar para Vegas e aproveitar tudo que a cidade do pecado tem de melhor.

Sei que estou esbanjando muito dinheiro com isso, mas eu mereço,
preciso de refazer para fisgar o Theon Harris de vez, se eu não escapar agora
para extravasar não aguentarei ficar enrolando ele me fingindo de boa moça.

Também quero aproveitar que com meu bom desempenho e apoio


dos meus professores eu consegui uma bolsa integral na universidade, o que
reduz e muito meus custos.

204
Logo começarei a comercializar meu software juntamente com o
Theon e ganharei bastante dinheiro, além, claro, da fortuna dele. Sei que ele
está apaixonado, é questão de tempo até que me peça em namoro e depois
em casamento.

Cheguei ao hotel cassino, era um dos mais luxuosos, fiquei em uma


das melhores suítes e estava aproveitando ao máximo todo o luxo, nunca tinha
experimentado nada assim, mas daqui para frente minha vida será cheia de
luxo, poder e riqueza.

Depois de um longo e relaxante banho de banheiro eu me arrumei


toda, com muita maquiagem, uma roupa sensual e claro, me disfarcei com
peruca e lentes de contato.

Fui para o restaurante do hotel e tive uma refeição incrível, graças a


boa educação que recebi com a família Adams eu sabia todas as regras de
etiqueta e principalmente como me portar nas altas rodas sociais.

Agora é a hora da diversão de verdade, fui para o cassino e comecei


com as apostas, eu não sou burra, sei muito bem que é um “jogo de cartas
marcadas” primeiro você ganha e depois perde tudo, por isso, fui cautelosa e
joguei apenas poucas vezes e ganhei todas, não quis arriscar jogar mais.

Flertei com alguns homens interessantes, mas a maioria eram


velhos babões e estou cansadas dele, já me basta Arthur Adams. Meu caso
com o pai da Candice não foi muito bom, no começo eu gostei da conquista, de
levar um homem experiente a loucura e principalmente, fazer Beatrice Adams a
maior corna da história de New Bern. Mas depois eu cansei dele, era um velho
babão que se achava esperto, achava que estava me enganando e se
aproveitando de mim, como sempre fez com todas, mas mostrei a ele que sou
diferente, ele se perdeu em seu próprio jogo e no final, foi desmascarado.

Mas não quero lembrar disso, muito menos me sujeitar a esses


velhotes novamente, dessa vez quero ser eu a me aproveitar, quero ser eu a
pagar e mandar nos homens, quero está do outro lado.
205
Ouvi algumas conversas e descobri um clube exclusivo para
mulheres, neles gogo boys faziam shows e divertiam as clientes.

Peguei um taxi e fui até esse clube, realmente é incrível, logo que
cheguei vi belos homens de corpo perfeito dançando no palco e alguns outros
já estavam flertando com umas clientes, era um clube exclusivo, não estava
cheio e logo consegui uma mesa. Pedi um drinque e apreciei o show.

Eles não eram nada tímidos e faziam o show completo, acabando o


espetáculo sem nenhuma peça de roupa no corpo e desciam desnudos para
delírio do público.

Logo me interessei por um moreno alto que me lembrou Jude, mas


ele não estava entre os que se exibiam no palco, mas tinham muitas mulheres
ao seu redor, ele conversava com elas de forma galante, mas não se envolvia.

Joguei meu olhar fatal para ele, depois de um tempo nos encarando
ele veio sentar na minha mesa.

-Já passaram muitas mulheres por esse clube, mas tenho certeza
que você nunca veio aqui antes, jamais esqueceria um olhar como o seu.
Prazer, meu nome é Logan – se apresentou.

Ele usou apenas o primeiro nome, o que é comum em lugares como


esse, provavelmente nem seja o nome dele de verdade.

-É a minha primeira vez em Vegas, mas estou apenas de passagem


e resolvi conhecer o lugar, ouvi muitas coisas boas sobre esse clube – falei
superficialmente.

Já estou salivando só de imaginar as loucuras que quero fazer com


esse homem.

-Obrigado, fico muito feliz em saber que meu estabelecimento está


fazendo tanto sucesso. Mas me diga, o lugar faz jus a propaganda? –
questionou sedutor.

Gostei dele, dá para notar como conseguiu ser o proprietário do


lugar sendo ainda tão jovem, com certeza ele deixou muitas ricaças loucas e
elas pagaram muito por horas de prazer com ele.

206
-Na verdade, é ainda melhor. Mas não estou interessada em
conversa fiada, viam aqui justamente para pular essa parte. Me diga seu preço
e vamos logo para o quarto – intimei.

Hoje quero ser direta e mandar, quero exercer meu poder com esses
homens do mesmo jeito que muitos fizeram comigo quando eu estava nessa
posição.

-Como disse, sou o proprietário do lugar, não faço mais esse tipo de
coisa, pelo menos não por dinheiro – falou firme.

Isso não vai me parar, eu terei esse homem!

-Já entendi, está querendo se valorizar, tudo bem. Quanto Não


importa quanto quiser, eu pago – falei séria.

Ele riu.

-Garota, você não precisa disso, muito pelo contrário, tenho certeza
que muitos homens dariam verdadeiras fortunas por noites de prazer com você
– argumentou.

Não estou gostando disso, pelo jeito ele não vai aceitar.

-Sim, já fiz isso, mas agora quero aproveitar o outro lado, se é que
me entende. Essa é sua última chance, faça seu preço ou eu arrumarei outro –
falei decidida.

Ele se irritou.

-Já disse que não estou a venda, mas fique à vontade e escolha um
dos meus garotos, tenho certeza que irá adorar – falou fingindo cortesia.

Ele ficou irritadinho, gostei.

Mas agora não estou com tempo para joguinhos, preciso acabar
com esse jejum forçado, não aguento mais ficar sem sexo. Ele seria o
candidato perfeito, mas já que se fará de difícil não vejo outra saída a não ser
escolher outro, ou melhor, outros.

Foi o que fiz, vou deixar ele ainda mais irritado, escolhi um loiro, um
moreno, um ruivo e um negro.

207
Escolhi a melhor suíte e fui com eles para uma festinha particular.

Eles dançaram pra mim, bebemos e nos esbaldamos, foi uma noite
incrível, me revezando entre os quatro, apenas recebendo prazer.

Quando o dia amanheceu fui embora.

-Espero que tenha aproveitado sua noite – disse Logan quando nos
encontramos na saída.

Ele estava inquieto, provavelmente passou o tempo todo esperando


que eu saísse.

-Sim, foi incrível, parabéns, seu clube realmente é maravilhoso e


quanto a seus garotos, esses eu não tenho palavras para descrever – falei
maliciosa.

Ele reprimiu um rosnado de fúria.

-Que bom, espero que volte está noite, tenho certeza que meus
garotos estarão dispostos a repetir a festinha particular – assegurou.

Sorri maléfica.

-Sinto muito, não repito homens. Essa noite buscarei novas


diversões, que sabe antes de ir embora eu volto para experimentar outros
garotos – soltei.

Ele engoliu em seco.

-Será um prazer – concordou cordialmente e saiu.

Voltei para o hotel e dormi o resto do dia inteiro.

Nos dias que se seguiram eu fui para algumas festas e conheci


alguns jovens que estavam aproveitando as férias em Vegas, foi bom curtir
loucamente com os jovens da minha idade, conheci vários rapazes e me diverti
muito com eles, mas não esqueci Logan. Não vou embora sem aproveitar
aquele corpinho gostoso, sei que ele vai acabar cedendo.

208
Na minha última noite em Vegas voltei ao clube,

Caprichei no meu visual, nunca estive tão sedutora, estava quase no


limite do vulgar.

-Que bom que voltou, está belíssima. Cheguei a imaginar que não a
veria mais, disse que estava de passagem e demorou quase um semana para
voltar – falou ansioso.

Pelo visto ele me esperou todas as noites.

-Vim para me despedir do seu clube, ele foi um dos lugares que
mais gostei na cidade, não poderia ir embora sem aproveitar um última noite
aqui – falei.

Ele ficou mais ansioso ainda.

-Mas com certeza voltará mais vezes, é uma mulher que gosta dos
prazeres da vida, não ficará muito tempo longe da cidade do pecado – sondou.

Ele estava receoso de não me vê nunca mais.

-Na verdade, como eu disse, não gosto de repetir. Aproveitei ao


máximo minha viagem porque será a única que farei, além do mais, me casarei
em breve. Essa é minha despedida de solteira – confidenciei.

Não era de tudo mentira, realmente não me arriscaria a vir a Vegas


de novo e não gosto de mentir, também pretendo me casar o mais rápido
possível com Theon e essa será mesmo me despedida de solteira.

-Se é assim, tenho a obrigação de lhe proporcionar uma noite


especial. Vá até a suíte e espere lá, mandarei meus melhores rapazes e não se
preocupe, nenhum será repetido – assegurou.

Aceitei de bom grado, alguma ele está aprontando.

Fui até a suíte e esperei pacientemente, alguns minutos depois ele


chegou.

209
-Então, cadê os rapazes? Quero ver se sabe escolher bem, estou
apostando no seu bom gosto e na sua experiência – falei sedutora.

Espero que ele esteja entre os rapazes ou sou capaz de dopa-lo


para conseguir ficar com ele, não vou embora sem ter esse homem.

-Eu sou o melhor e como você disse, sou bastante experiente. Sou o
melhor que Vegas já viu, afinal, para conseguir chegar até aqui tão jovem é
porque sou o melhor – falou seguro.

O analisei da cabeça aos pés.

-Pensei que você não estivesse à disposição, mas ao que parece eu


estava certa quando disse que você estava querendo se valorizar. Mas não
tem problema, eu pago o que me pedir. Agora tire a roupa, quero ver se é tão
bom assim – intimei.

Ele veio até mim e quando estávamos quase colados falou olhando
nos meus olhos, de cima para baixo.

-Como eu disse, não faço mais por dinheiro e sim por prazer, agora
eu posso me dá esse luxo. O meu preço é você, nunca uma mulher me
encantou como você. Quero uma noite com você, prometo que será a melhor
da sua vida – assegurou.

Coitado, ele pode ser o melhor entres os prostitutos desse clube,


mas nunca superará o Jude.

-Sinto muito, mas aqui o único que está à venda é você. Se quer
passar a noite comigo diga seu preço e faça o que eu mandar, se não, mande
os seus rapazes para fazer o serviço – encerrei.

Ele ficou revoltado.

-Qual o seu problema garota? Você sabe quantas ricaças já


ofereceram verdadeiras fortunas por uma noite comigo depois que deixei de
me vender? Eu nunca aceitei nenhuma proposta, por mais tentadora que fosse.
Mas com você eu estou disposto a fazer de graça e você está recusando? –
ralhou.

210
Ele perdeu a paciência.

-Porque eu quero um garoto de programa, não um amante. Eu quero


ser servida, quero comandar e não um encontro romântico. Eu quero o seu
corpo, quero pagar por ele e usufruir, não quero seus sentimentos – soltei.

Quanto mais ele se nega a se vender mais eu desejo seu corpo,


mais eu desejo tê-lo subjugado a mim.

-Você é doente, só pode. Eu não vou aceitar isso – falou ultrajado.

Bufei.

-Desde quando michê tem princípios? Vou ser clara, ou aceita minha
proposta ou vá embora daqui e mande seus rapazes. Essa é minha última noite
e eu vou aproveitar ao máximo, com ou sem você. Mas não se esqueça, vou
embora para nunca mais voltar – falei firme.

Se ele não aceitar minha proposta o jeito vai ser dopar ele e fazer
tudo enquanto está apagado, depois vou embora e ele nunca mais me verá.
Mas claro, deixarei um ótimo cache.

-Já vi que você está irredutível, pelo pouco que vi de você não
adianta tentar conversar, será do seu jeito. Mas eu aceito sua proposta, já
passei esses dias angustiado achando que não a veria nunca mais, não quero
me arrepender e passar o resto da minha vida pensando em você. Conheço
muito bem as obsessões e é assim que começam – falou contrariado.

Ele não queria que fosse assim, mas não poderia aceitar não me ter,
mas se ele pensa que será bom está enganado, é agora que me vingarei de
todos os meus ex clientes.

-Ótimo, então tira a roupa agora – ordenei.

Ele quis fazer dancinha, um clima de mistério, mas eu não aceitei, fiz
com que parasse de tentar me seduzir e entendesse de uma vez por todas que
só quero seu corpo.

-Eu mandei que tirasse a roupa, obedeça um acabamos aqui –


vociferei.

211
Ele ficou contrariado, mas fez o que eu pedi.

Depois, mandei que ficasse parado enquanto eu o observava,


analisei todo seu corpo, dei algumas voltas ao redor dele para não perder
nenhum detalhe.

-Serve, agora me sirva – encerrei.

O tratei como uma nada, como se fosse apenas um corpo, um


boneco inflável.

Em nenhum momento esbocei prazer ou deixei que fizesse qualquer


tipo de carinho, apenas dei as ordens para que ele executasse, como foi bom,
me senti imensamente satisfeita em humilha-lo, em ter prazer no mal que o
causava.

Por alguns momentos delirei, pensei que ele fosse o Jude, que
estivesse aos meus pés suplicando por mim, por minha atenção.

Depois de usar ele do jeito que quis vesti minhas roupas e joguei o
valor que combinamos em cima dele.

-Guarde seu dinheiro, apesar de você ter se mantido frigida e ter me


humilhado o quanto pode eu não aceitarei mais essa humilhação. Eu fingi
aceitar ser pago, mas apenas para conseguir ter você. Mas como eu disse, não
faço isso por dinheiro, pelo menos não mais – falou colocando a roupa e saindo
do quarto.

Tenho que confessar, ele conseguiu se sobressair no final, mas isso


não muda nada. Eu o usei como um garoto de programa, na verdade, nem os
garotos dele eu tratei assim, muito pelo contrário. No final, eu saí ganhando,
tive o que queria de graça, mas não perdi o prazer de jogar o dinheiro nele,
mostrando como ele é fácil e vendido.

Fui embora sem olhar para trás, realizei mais sonhos e fantasias,
agora estou pronta para me tornar a Sra. Harris.

212
Capítulo 22: Encontro romântico

Finalmente estou em casa e novamente focada no meu plano, hoje


seria o grande dia, meu encontro com Theon.

Hoje estava frio coloquei uma calça jeans, blusa de mangas, casaco
por cima e a minha bota cano curto sem salto. Coloquei minha maquiagem leve
de sempre a caprichei no perfume.

Eu tinha dado a ele meu endereço e tínhamos combinado que ele


me buscaria as 16 horas.

Assim que ele chegou eu já o esperava, não queria atrasar para que
ele não achasse que estava me produzindo para o nosso encontro.

-Oi, boa tarde. Como foi sua semana? – perguntou ele quando entrei
no carro.

Acho melhor não dizer o que fiz durante minha semana, ele não
gostaria nada.

-Foi bem cansativa, não parei a semana inteira – camuflei a verdade.

Enquanto íamos ao cinema conversamos sobre as nossas


expectativas para o próximo semestre.

Quando chegamos ao cinema ele comprou os ingressos para um


filme de comedia romântica que estava em alta na época, comprou pipoca e
refrigerante para nós.

213
O filme até que não era tão ruim, rendeu algumas risadas.

Conversamos bastante sobre nós, as coisas que gostamos, pelo


menos não tive que mentir muito, tirando vídeo game gosto das mesmas coisas
que ele. Nos demos bastante bem.

-O que acha de irmos jantar? Tem um restaurante muito bom de


comida japonesa que eu gosto muito – ofereceu.

Eu amo comida japonesa, mas como finjo ser uma menina inocente
do interior tenho que fingir não conhecer.

-Nunca comi esse tipo de comida, não sei se vou gostar – menti
descaradamente.

Ele ficou assombrado.

-Nossa, as vezes esqueço que você vem de uma cidade pequena e


que não conhece nada daqui. Não posso deixar que viva em Nova Iorque e
nunca tenha provado sushi! Victoria, têm muitas coisas incríveis aqui para você
conhecer – falou todo animado.

Ótimo, teremos mais encontros.

-Eu adoraria, mas ficou com medo de me perder, nunca estive em


uma cidade tão grande. Prefiro o conhecido caminho da minha casa para a
universidade – menti.

Ele me olhou incrédulo.

-Não se preocupe, você acabou de ganhar um guia. Vivem aqui


minha vida inteira, posso te apresentar as melhores coisas da cidade. Isso é,
se você aceitar – convidou.

Ótimo, o peixe mordeu a isca.

-Não sei, não quero te incomodar e também tenho algumas coisas


para estudar – comecei.

Ele pegou na minha mão.

214
-Victoria, você é muito esforçada e uma garota brilhante, mas não
pode se esconder atrás dos livros a vida inteira. Eu vou adorar te apresentar a
cidade – assegurou.

Sorri docemente para ele.

-Você venceu, mas outro dia. Eu fiz muitas coisas essa semana,
estou cansada – falei.

Ele assentiu.

-Tudo bem, me dê seu número de telefone e nós conversamos –


falou.

Eu aceitei.

Trocamos nossos números e ele me levou até em casa.

Quando paramos em frente ao meu prédio nos despedimos, mas ele


tentou me beijar.

-Desculpa, ainda não estou preparada – falei timidamente.

Ele ficou bem nervoso, com certeza fez um grande esforço para
tomar a iniciativa.

-Tudo bem, mas não desista de passear comigo. Prometo que vou
respeitar os seus limites, ou melhor, vou conquistar você. Só me dá uma
chance, prometo que não irá se arrepender – suplicou.

Está sendo melhor do que eu imaginava.

-Não fique chateado, o problema é comigo. Eu gosto muito de você,


de verdade, nunca conheci alguém assim, que combine tanto comigo e que me
compreenda tanto. Mas eu não estou preparada, não agora. Desculpa – soltei
nervosa.

Espero não exagerar, não quero que ele desista de mim, já perdi
muito tempo e esforço, mas não posso ser fácil.

-Victoria, eu sei que alguma coisa deve ter acontecido com você,
algo muito grave. Entendo que não esteja pronta e respeito você, mas eu

215
estarei aqui, para o que precisar, sempre que precisar. Não vou desistir de
você, nunca encontrei uma garota assim antes, as vezes não achava nem
possível isso – confessou.

Sorri timidamente.

-Tudo bem, podemos ser amigos e nos conhecer melhor. Vou


aceitar que me mostre Nova Iorque e vamos ver o que acontece – concordei.

Ele ficou em jubilo.

Nos despedimos e eu fui para o meu apartamento.

Nos dias que se seguiram conversamos algumas vezes por telefone


e marcamos alguns encontros.

Nós fomos primeiro visitar a Estátua da Liberdade, que é bem maior


e mais imponente do que eu imaginava. Depois fomos fazer um piquenique no
Central Park, fizemos uma longa caminhada e eu fiquei maravilhada com a
beleza do lugar.

Também visitamos a Time Square onde Theon comprou algumas


lembrancinhas de NY para mim, como se eu fosse uma turista. Também fomos
ao teatro, obvio, ele me levou para assistir alguns jogos de beisebol, basquete
e futebol americano, mas eu não gostei muito.

Também fomos patinar juntos, o que eu gostei muito e achei incrível,


fomos para alguns shows, coisa que nunca fiz na vida. Claro e evidentemente
fomos ao museu, o que eu fiquei encantada, além dos parques de diversão.

Foi realmente como se eu estivesse em uma viagem de férias e


fosse turista, eu amei cada segundo, me deixei levar de verdade, como uma
criança descobrindo o mundo e durante esse mês eu me dediquei de verdade a
aproveitar genuinamente o que estava acontecendo.

216
Cheguei até a ter um carinho especial por Theon, não que eu esteja
apaixonada (meu coração já tem dono), mas ele é um cara muito legal e está
sendo maravilhoso comigo. Além de termos muitas coisas em comum.

Hoje era nosso último dia de férias e finalmente aceitei o convite


dele para jantar no restaurante de comida japonesa, dessa vez coloquei salto
alto e um vestido mais revelador e elegante, era um restaurante chique e caro,
quero está à altura. Também caprichei um pouco mais na maquiagem.

Dessa vez me atrasei levemente, somente quando Theon buzinou


eu desci.

-Nossa, você está linda. Não que já não seja linda, mas está ainda
mais linda – falou abobalhado.

Sorri timidamente.

-Assim você me deixa sem graça – fiz charme.

Imaginei como ele seria pelado para ficar corada.

Fomos ao restaurante que realmente era muito chique, como


imaginei.

Fomos recebidos com toda pompa e circunstância, como ele disse


que sempre ia lá imaginava que era um dos clientes mais ilustres.

A comida realmente estava incrível e fomos muito bajulados pelos


funcionários do restaurante.

Eu fiz aquele charme de não sei como de pauzinho (o que é mentira)


e de não sei se vou gostar.

Foi uma noite incrível.

Theon me levou para casa e dessa vez eu o beijei.

217
Ele ficou assombrado.

Foi um beijo simples e singelo, só toquei os lábios dele, mas para


ele foi muita coisa, com certeza ele nunca beijou ninguém.

-Nossa, não imagina como estou feliz que eu tenha conseguido


conquistar você. Tive tanto medo que nunca mais olhasse para mim depois
daquela vez que tentei te beijar, que não tentei de novo – confessou.

Eu já tinha previsto isso, por isso o beijei, sabia que teria que ser eu
a tomar a iniciativa.

-Obrigada por não ter desistido de mim, mas por favor, vamos
continuar indo com calma, ainda não estou pronta para me abrir por completo –
pedi.

Ele pegou nas minhas mãos e olhou nos meus olhos.

-Eu prometo te esperar o tanto que for preciso, jamais vou lhe
pressionar a nada, será tudo do seu jeito. Só de me dá uma chance eu já fico
imensamente feliz. Mas Vic, você aceita ser minha namorada? – pediu.

Durante esse mês que ficamos mais próximos eu pedi a ele que me
chamasse de Vic.

-Eu aceito, a partir de hoje somos oficialmente namorados –


concordei.

Ele parecia que explodiria de tanta felicidade.

Dei mais um beijo singelo nele e fui para o meu apartamento.

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Capítulo 23: Novo semestre

Finalmente começamos o novo semestre e eu sou oficialmente a


namorada de Theon Harris. Daqui a mais ou menos um ano ele me pede em
casamento e em dois estaremos casados. Vou deixar ele louco, subindo pelas
paredes.

219
O novo semestre já começou com tudo, se eu achava que o anterior
foi pesado, imagina agora, o primeiro semestre parecia um sonho.

Eu e Theon estávamos muito ocupados com nossas atividades na


universidade, sempre que possível estudávamos juntos na biblioteca.

Apesar de namorados mal nos beijávamos ou trocávamos caricias,


estávamos sempre na biblioteca ou pelo campus, estudando juntos, fazendo os
trabalhos de grupo ou em dupla, até mesmo ajudando um ao outro nos
trabalhos individuais.

São raras as vezes que conseguimos ir ao cinema, ou jantar juntos,


nem que seja em uma lanchonete. Eu nunca o convidei para entrar no meu
apartamento ele nunca nem desceu do carro, mas ele queria muito que eu
conhecesse a família dele. Eu sempre conseguia enrolar, tenho que fazer ele
ficar na minha mão antes disso, por mais que a família dele pareça ser
generosa não posso me arriscar.

-Victoria, já estamos namorando a seis meses, já está mais do que


na hora de você conhecer minha família. Estão todos ansiosos, você não me
deixa nem dizer seu nome – reclamou.

Nós tínhamos acabado de ficar de férias e finalmente pudemos ter


um jantar romântico, mas ao final da noite ele tinha que estragar tudo insistindo
na história da família.

-Theon, você prometeu que não iria me pressionar e eu já disse que


tenho um passado difícil, que vou lhe contar tudo, mas ainda não estou
preparada. Tenho medo que sua família mande me investigar – repeti.

Esse era sempre meu discurso, mas eu usava isso a mal favor,
assim, ele não deixaria jamais que me investigassem.

-Victoria Martin, eu juro que jamais farei isso e minha família também
não. Eu já contei a eles que você pertence a outra classe social, eles não se

220
importaram. O que eles querem é me vê feliz. Acredite em mim, minha família
apesar de ser muito rica não é mesquinha e muito menos esnobe – contou.

Já enrolei tempo demais, chegou a hora de contar minha triste


história, que será totalmente manipulada a meu favor.

-Tudo bem, você venceu. Vamos subir, vou te contar toda minha
história, depois disso podemos marcar o encontro – declarei.

Ele ficou em jubilo.

Fomos até meu apartamento, que é bem pequeno e simples, apenas


o quarto, banheiro e a sala, que é sala e cozinha.

Era pequeno, porém bastante organizado e limpo.

Sentamos no sofá e peguei uma agua para nós.

-Vic, seja o que for, não precisa ter vergonha nem medo. Já conheço
o suficiente de você para saber que é uma garota incrível, o que quer que
tenha acontecido com você no passado não vai mudar em nada o que sinto –
assegurou.

Eu sei bobão, você vai ficar ainda mais apaixonado depois da minha
triste história.

-Como eu disse, sou órfã. Meu pai morreu pouco tempo após meu
nascimento e minha mãe morreu quando eu estava no primeiro ano do Ensino
Médio. Eu tenho um irmão mais velho, temos seis anos de diferença, foi ele
quem ficou cuidando de mim após a morte da nossa mãe – comecei.

Parei para beber um gole de água, Theon me acompanhou.

-Não precisa ter pressa, pode levar o tempo que precisar –


incentivou.

Assenti.

-Mesmo antes da morte da minha mãe, eu era praticamente órfã.


Nós não tínhamos muitas condições e ela trabalhava muito, eu a amava muito,
ela foi a melhor mãe que pode sempre fez tudo por nós – falei entre lagrimas.

221
Eu estava tentando me manter fiel ao máximo a história, caso a
família dele mandasse detetives para averiguar minha história.

-Eu entendo, não precisa justificar, apesar de nunca ter conhecido a


pobreza eu sempre ajudei na fundação de caridade da minha família, sei como
é difícil. Também sei como deve ser difícil para você falar nela – me apoiou.

Ótimo, ele está caindo como um patinho.

-Quando eu era criança uma família muito rica e importante da


minha cidade me acolheu. Eles tinham uma filha da minha idade e a esposa
não conseguia ter outros filhos, estava passando por momentos muito difíceis
devido a inúmeros abortos. Eles cuidavam de mim enquanto minha mãe estava
trabalhando e ajudavam quando preciso. Eu os tinha como minha segunda
família, Candice, a filha deles, era como uma irmã para mim. Apesar de perder
minha mãe, eu ainda tinha uma família e estava conseguindo me reerguer. Até
que minha vida foi destruída por um mauricinho idiota que foi mandado para
nossa cidade porque a família não o suportava mais – soltei.

Nessa hora iniciei uma crise de choro.

Theon tentou me acalmar, me deu agua e depois de um tempo me


recompus (tudo encenado).

-Já entendi o que quis dizer, não precisa continuar. Isso é muito
grave, mas você não tem culpa de nada, foi vitima dele. Imagino que na sua
cidade isso foi um escândalo e eles te julgaram errado, mas aqui não é assim.
Eu jamais te deixaria por algo assim – tratou em dizer.

Coitado nem sabe o que está por vir.

-Mas isso não é tudo, eu pensava que esse tinha sido o pior
momento da minha vida, mas estava apenas começando. Depois que isso
aconteceu meu irmão começou a me culpar, ele dizia que eu tinha me
oferecido. Entenda, ele sempre foi super protetor comigo. Ele era um cafajeste
e apenas usava as garotas, mas não queria que nenhum dos rapazes da
cidade chegassem perto da irmã dele. Mas depois disso ele começou a me
tratar muito mal me culpar e até mesmo a me agredir. Eu pedi socorro a
Candice, pensei que minha segunda família me acolheria, mas foi então que
222
veio a decepção. Eu não era nada para eles, apenas alguém que eles tiveram
pena e que eles usaram da história triste para posar de família modelo na
cidade. Candice, que para mim era uma irmã, me tinha apenas como alguém
para fazer tudo por ela. Já o pai dela foi bem pior, para ele eu não era mais
uma moça digna, depois do que aconteceu comigo ele se achou no direito de
me ter, dizia que eu o devia por tudo que fez por mim a vida inteira. Eu fugi o
máximo possível, mas estava encurralada, Candice e a mãe dela não ligavam
para mim, meu irmão achava que eu era uma vadia, a cidade inteira me
criticava, até mesmo Dylan, meu melhor amigo e noivo da Candice, ele
também achava que eu era uma vadia – contei.

Ele ficou chocado.

-Está mais do que explicado porque você não quer voltar para New
Bern – ponderou.

A cada fala minha ele ficava mais chocado.

-Mas tudo piorou no dia do casamento da Candice, o noivo dela


fugiu e abandonou no altar. Para completar um grupo de mulheres apareceu
acusando o pai da Candice de assédio e no meio disso veio à tona que ele me
perseguia. Ele, para se defender, colocou a culpa em mim, disse que eu me
ofereci e que tínhamos um caso. Mesmo com tantas mulheres o acusando e
depois de preso todos me viam como culpada, inclusive a Candice. Meu irmão
ficou furioso e naquela noite ele fez algo que jamais imaginei, apesar de já ter
me batido algumas vezes e me tratar muito mal ele fez pior, ele fez comigo o
mesmo que o mauricinho esnobe fez. Eu não aguentei, peguei o pouco de
dinheiro que tinha juntado ao longo da vida para ir para a universidade e fugi.
Todos achavam que eu tinha ido para Charlotte fazer faculdade, mas eu sumi
no mundo, passei três anos mudando de cidade em cidade, trabalhando muito,
como babá, garçonete e até mesmo faxineira, juntei dinheiro e só agora
consegui recomeçar, fazer minha faculdade e me livrar de uma vez por todas
da família Adams e do meu irmão mais velho. Eu passei esses anos me
escondendo, não quero que eles me encontrem, quero que eles achem que
morri – encerrei.

Theon estava catatônico, não disse uma palavra.

223
-Realmente, é bem pior do que eu imaginava, agora tudo faz
sentido. Por isso você é tão séria e calada, por isso demorou tanto a se abri
comigo, por isso se isola do mundo. Você passou por coisas muito difíceis,
você é muito jovem para ter passado por tanta coisa assim. Não consigo nem
imaginar como conseguiu se reerguer e recomeçar. Eu tinha dito que nada que
me dissesse mudaria o que penso de você, mas mudou. Agora eu a admiro
ainda mais, confio ainda mais em você e quero mais ainda está ao seu lado,
cuidar de você e te proteger, você jamais passará por algo assim de novo.
Victoria, já fazia tempo que eu queria te dizer isso, mas estava esperando o
momento certo, mas agora sei que esse momento chegou. Eu te amo você é a
mulher da minha vida e eu quero me casar com você – se declarou.

Nossa, foi ainda melhor do que eu pensava.

Eu fiquei emocionada (fingi).

-Theon, não sei nem o que dizer. Durante muito tempo eu tive meus
sonhos de menina destruídos, cheguei a pensar que jamais seria feliz
novamente, julgava que passaria minha vida inteira sozinha, que jamais me
apaixonaria. Tudo isso antes de conhecer você, mas quando o conheci me
encantei imediatamente, mas tinha medo de não ser correspondida, ou que
você apenas brincasse com meus sentimentos e depois que sua família não
nos aceitasse. Eu fugi de você porque não queria me apaixonar, não queria
sofrer novamente. Até que você, com esse seu jeito meigo e carinhoso foi aos
poucos conquistando minha confiança e fez com que eu voltasse a sonhar.
Mas mesmo assim eu tinha muito medo que ao saber do meu passado você
me rejeitasse, que sua família não me aceitasse, por isso tinha tanto medo de
conhecer eles e de que me investigassem. Theon, na minha cidade todos me
acusam de vadia, meu irmão chegou até a me difamar dizendo que eu fugi com
o noivo da Candice, soube até de histórias inventadas por eles nas quais eu
estava gravida e tinha obrigado Dylan a fugir comigo. Tive muito medo que me
julgassem errado, que quisesse nos separar e até mesmo que o
convencessem a me deixar. Theon, eu sei eu cada um tem seu lado da história
que o favorece, mas eu posso assegurar que eu estou dizendo a verdade –
supliquei.

224
Eu estava aos prantos e o olhava nos olhos, uma verdadeira atriz.

-Victoria, é claro que eu acredito em você, sei muito bem como é a


mente ultrapassada das pessoas dessas cidades pequenas, para eles a culpa
é sempre da mulher. Mas não se preocupe, eu tive uma ótima educação e
aprendi que essas coisas são um absurdo. Tenho certeza que minha família
pensará da mesma forma. Peço sua autorização para contar tudo a eles, tenho
certeza que a acolherão antes mesmo de conhecer você. Eu não me importo
com o que eles falam ou pensam de você, eu te conheço, vejo sua essência,
sei que é verdadeira e que foi uma vítima. Victoria, isso não a diminui, só a
torna mais digna. Eu te amo Vic, casa comigo, por favor. Prometo que serei o
melhor marido do mundo, você finalmente terá uma família de verdade, nos
deixe cuidar de você – insistiu.

Eu o abracei forte.

-É tudo que eu mais quero nesse mundo – concordei.

Então nos beijamos docemente, foi o beijo mais intenso que tivemos,
mas não foi nada demais, não chegava a ser um beijão.

-Eu vou conversar com minha família e contar a novidade, logo


faremos um jantar de noivado, assim, assumimos nosso compromisso e você
conhece minha família – falou animado.

Ele estava saltitante.

-Claro, não vejo a hora – respondi.

Nos despedimos e ele foi embora.

Vai ser tudo ainda mais rápido do que eu planejava, isso é ótimo,
não vejo a hora de viver no luxo.

225
Capítulo 24: O jantar

Apenas dois dias depois foi o nosso jantar de noivado, Theon estava
muito ansioso e logo que soube da minha história tratou de contar tudo a
família dele, que como eu imaginava, ficou com pena de mim e quiseram me
acolher, como o filho.

A mãe dele organizou o jantar o mais rápido possível, nele estaria


presente toda a família de Theon. Os avós paternos, os avós maternos,
juntamente com o tio e a tia dele.

Eu coloquei uma roupa elegante, porém discreta, também simples,


apenas arrumadinha, para passar boa impressão.

Theon foi me buscar as oito em ponto e seguimos em seu carro para


a sua casa.

226
A mansão Harris era ainda maior e mais imponente do que eu
imaginava, era enorme, com um belo e maravilhoso jardim, além de piscina e a
casa, em arquitetura vitoriana, tão grande que era preciso um mapa para não
se perder.

Quando entramos estavam todos na sala principal, estavam


sentados nos esperando. Eram todos extremamente elegantes e educados.

-Boa noite, querida, seja bem vinda. Eu sou Genevive Harris, dou a
mãe do Theon. Esse é meu marido, Andrew Harris – apresentou a mãe do
Theon.

Ela é alta, loira e tem uma postura perfeita, seus olhos são
castanhos como os de Theon. Ela parece ser uma pessoa muito doce e meiga.

-É um prazer receber você em nossa casa, Theon não para de falar


em você, estávamos ansiosos para conhecer essa garota fascinante que
encantou nosso filho – confidenciou o pai dele.

Eu os cumprimentei educadamente.

-Sr. e Sra. Harris, é um prazer está aqui e agradeço muito os


elogios, espero ser merecedora dos mesmos – falei humildemente.

Todos ficaram encantados com minha educação.

-Eu sou Eleonor Carter e esse é meu esposo Robert Carter, somos
os avós maternos do Theon. Você é ainda mais bonita do que ele nos disse –
apresentou a avó dele.

Ela é alta como a filha, tem olhos azuis e o cabelo branco bem
penteado, está elegante e tem uma postura altiva.

-Meu neto soube escolher, além de linda você é muito educada –


acrescentou o avó de Theon.

Cumprimentei os dois.

Foi a vez dos avós paternos de Theon.

-Eu sou Eva Harris e esse é meu marido Aron Harris, somos os avós
paternos do Theon. Temos o imenso prazer de receber você na nossa família,

227
sempre foi nosso sonho que Theon encontrasse uma garota e se apaixonasse,
pelo que vejo você é a candidata perfeita – disse Eva.

Ela é branca de cabelos escuros, também bastante elegante.

-Sejamos sinceros, estamos contando os segundos para que se


casem em encham essa casa de filhos – adiantou o avô dele.

Era um senhor bem parecido e conservado para a idade.

-Eu sou Belinda Carter e esse é meu marido Christopher Carter, ele
é irmão da Genevive, nós somos os tios do Theon – apresentou a tia dele

Ela é belíssima, ruiva natural, olhos azuis e um sorriso doce, muito


elegante e estilosa.

-Nunca vi meu sobrinho tão feliz, sou imensamente grato a você por
isso, Theon é como um filho para mim – contou o tio dele.

O tio dele é loiro de olhos castanhos, um homem bonito e


conservado.

Conversamos um pouco, falei sobre mim, meus sonhos, minha vida


escolar e acadêmica. Todos foram muito educados e gentis, apesar de ricos
eram pessoas muito doces.

Eu atuei da melhor forma que pude, me mostrando uma moça


educada, doce, meiga, inteligente e esforçada. Encantei a todos e ao final do
jantar já me tratavam como parte da família.

-Foi incrível, minha família adorou você. Não vejo a hora de


estarmos casados, minha mãe e a tia Belinda estão ansiosas para começarem
os preparativos – falou ansioso.

Foi melhor do que eu imaginava, todos caíram como patinhos na


minha armadilha.

228
-Calma, casamento leva tempo e tenho que conciliar a universidade
com os preparativos para o casamento. Mas já marquei de sair com elas
amanhã, precisamos aproveitar as férias – falei.

Também não vejo a hora de estar morando em uma mansão


maravilhosa com todo o conforto e cheia de empregados para me servir.

-Vic, será que podemos subir, tenho algo importante para falar com
você – falou sério.

Que safado, mal ficamos noivos e ele já quer me levar para a cama,
agora que descobriu que não sou virgem deve estar ansioso para me ter. Mas
coitado, vai ficar na vontade até o casamento.

Por mim eu já teria transado com ele a séculos, apesar dele não ser
nenhum gostosão sarado ele é bonitinho, essa ar de inocente me atrai, quero
tirar a inocência dele. Estou subindo pelas paredes, desde minha viagem a
Vegas que não fico com ninguém.

-Theon, acho melhor não – comecei.

Ele me interrompeu.

-Não é o que está pensando, eu realmente quero conversar –


assegurou.

Nossa, o que será que ele quer falar comigo?

Será que a família dele me investigou? Será que descobriram sobre


o Calebe?

Eu me preparei muito bem, criei a história perfeita, esperei o


momento certo e encenei perfeitamente, não é possível que mesmo assim
tenham me investigado.

Não importa, eu sempre joguei apostando em todas as


possibilidades, já tenho uma história pronta caso isso aconteça.

-Tudo bem, vamos – concordei.

Fui na frente e ele me seguiu.

229
Sentamos no sofá de frente um para o outro.

-Vic, chegou a hora de eu me abrir com você. Nós nunca


conversamos sobre essas coisas antes, mas eu sou virgem. Na verdade, eu
nunca nem tinha beijado uma garota antes de você. Eu sempre fui excluído,
mas também nunca tentei interagir com as pessoas, não gostava das pessoas
mesquinhas e esnobes da alta sociedade. Eu sempre sonhei em me apaixonar,
em conhecer uma garota especial com quem eu me casaria e construiria uma
família, esse sempre foi meu maior sonho. Cresci vendo o amor dos meus pais,
dos meus avós e dos meus tios, sempre sonhei em ter isso para mim. Sei que
em Nova Iorque esse pensamento está antiquado, mas eu sou assim, foi assim
que fui criado. Eu não sou como os garotos dessa cidade, eu te chamei para
essa conversa porque eu quero te garantir que eu vou esperar até o nosso
casamento, não precisa te preocupar, eu não vou te pressionar e muito menos
tentar algo com você. Eu já tinha isso em mente antes, mas agora estou ainda
mais convicto. Principalmente depois de tudo que você passou, eu jamais faria
algo assim. Sei que esse também era seu sonho, mas infelizmente aconteceu
de forma diferente. Mas agora Vic, nesse recomeço, vamos apagar o passado
e construir uma nova história. O que acha? – desabafou.

Eu tive vontade de ter um ataque de risos, ele é ainda mais patético


do que eu imaginava. Que desperdício.

Mas tudo bem, fica mais fácil para mim, eu já o enrolaria mesmo.
Desse jeito será mais fácil resistir, do jeito que estou carente estava com medo
de que se ele tentasse eu cederia.

-É tudo que mais quero, você é o príncipe encantado dos meus


sonhos. Obrigada por ser tão perfeito, as vezes parece que estou delirando –
menti descaradamente.

Fingi está emocionada.

-Sabia que reagiria assim, imaginei que ficaria tensa e com medo
que eu a pressionasse, por isso resolvi falar logo – contou.

Agora é minha hora de surpreender ele.

230
-Tem algo que eu queria conversar com você também, não falaria
agora, mas já que estamos sendo sinceros eu quero falar. Eu quero um
contrato pré nupcial, não quero ter direito aos seus bens, quero conquistar as
minhas coisas com o meu esforço, não quero que ninguém ache que estou me
casando com você por interesse, eu estou me casando com você por amor.
Quero deixar isso claro para todos – falei firme.

Ele ficou chocado.

-Não diga isso, ninguém pensa isso de você. Victoria, você será
minha esposa, tudo que é meu é seu. Isso é um absurdo, nem eu nem minha
família aceitaremos isso – falou irredutível.

Eu continuei insistindo, mas ele não aceitou, acabou que ele foi
embora antes que nós brigássemos.

Passei o resto das férias cuidando dos preparativos do casamento,


ainda insisti com ele e com a família dele sobre o contrato pré nupcial, mas
como eu calculava, eles não aceitaram, muito pelo contrário, estava mais que
provado para eles que eu não era interesseira e muito menos golpista (o que é
um erro, é justamente o que sou, com a diferença que sou mais esperta).

Capítulo 25: Quase no topo

Nova York, 1995

231
Finalmente, depois de um ano do noivado estava tudo pronto para o
meu casamento.

Foi um ano cheio, tive que me desdobrar para cuidar dos


preparativos do meu casamento, supervisionar as obras da minha futura casa,
além de estudar e me dedicar a minha carreira. Pelo menos foi bom para me
manter ocupada e longe do Theon, assim eu caí em tentação nem fiquei tão
carente.

Nesse ano eu também ingressei no alto círculo social de NY,


participando de jantares e eventos importantes, conhecendo pessoas ricas e
influentes. Além, claro, de me engajar nas obras de caridade da Fundação
Harris, o que para mim foi entediante, mas cumpri meu papel com louvor, para
quem assistia eu era uma moça muito bondosa e gentil, engajada ao máximo
no bem estar do próximo.

O mais difícil foi ajudar todas aquelas crianças e não transparecer o


quanto aquilo me machucava, me fazia recordar meu filho e como eu sofro
longe dele. O mais difícil para mim é ficar longe do Calebe e nem sequer saber
o que acontece com ele.

Lutei muitas vezes contra mim para resistir a vontade de fugir para
buscar ele, poderia inventar outra história, mas sabia que ele seria minha
fraqueza, seria o motivo da minha queda. Resisti até as ideias de mandar
detetives ou voltar escondida, ninguém em New Bern pode me encontrar, foi
muito difícil encobrir meus rastros, não posso me entregar.

Também não posso correr o risco de contratar detetives e ser


descoberta pela família do Theon, já foi muito difícil garantir que eles não
contratassem detetives para me investigar. Tive muita sorte, a família dele
acreditou de verdade em mim e caíram como patinhos na minha história.

Minha condição social mudou totalmente, assim que me tornei noiva


do Theon a mãe e a tia dele me levaram para as melhores butiques de Nova
Iorque, além dos salões de beleza e muito mais. Estou uma nova e repaginada
Victoria, muito elegante e sofisticada. Elas também cuidaram de refinar minha

232
educação, disseram que já me porto muito bem socialmente, mas que preciso
ser um pouco lapidada.

Eu já havia evoluído muito desde que saí de New Bern, deixei


aquela “caipira” desarrumada para trás a muito tempo. Era só uma fachada
para esconder minha verdadeira personalidade e beleza, até porque, beleza
não é só aparência física, a atitude é fundamental.

Ainda não cheguei onde quero, a aparência que sempre sonhei para
mim, mas esse ainda não é o momento, por enquanto ainda tenho que
aparentar ser uma moça inocente, mesmo que elegante e refinada.

Outra coisa que me agradou muito foi que a família Harris tratou de
alugar um apartamento para mim, em uma região nobre da cidade,
apartamento esse que já vinha mobiliado. Além, claro, de um carro novo e de
última geração. Apesar de não serem esnobes eles presam pelo conforto e as
aparências, ao me tornar noiva de Theon eu não posso mais ser uma garotinha
simples e pobre.

Ao longo desse ano eu também tive que usar ao máximo meu lado
atriz, sempre recusando os presentes caros e as mudanças que eles queria me
proporcionar, mas no final eu sempre cedia alegando que estava fazendo isso
por eles. O que era uma mentira, no fundo eu estava adorando tudo.

Estou vivendo com muito luxo e conforto, de um jeito que nem a


família Adams vivenciou, na frente dos Harris os Adams são coitados. Mas o
que tenho agora nem se compara ao que terei quando me casar com Theon.

Eu amei cuidar de cada preparativo para o meu casamento,


supervisionar cada detalhe da minha casa nova e me deleitei com todo luxo
que estava ao meu dispor. Sempre foi meu sonho ter uma casa grande e
luxuosa, além de um casamento esplendoroso.

Nossa casa ficaria em um condomínio de casas de luxo, ficava perto


da mansão dos pais dele, mas não tão perto assim. Foi um presente dos avós
paternos de Theon, eles acreditam que precisamos ter nossa intimidade e
independência. Eles nos deram apenas o terreno, nós construiríamos a casa

233
como quiséssemos. Theon, obviamente, deixou que eu fizesse tudo como
queria.

Eu encontrei com engenheiros, arquitetos e decoradores, com a


ajuda deles projetei minha casa dos sonhos. É uma casa elegante e moderna,
ampla e de muito bom gosto, com muitos quartos, salões, jardim, piscina e até
mesmo dois escritórios, um para mim e outro para Theon, além de uma
biblioteca gigantesca.

Com relação ao casamento, tive a ajuda das mulheres da família,


elas me deram total liberdade, mas estavam sempre ao meu lado para me
ajudar, como elas são mais experientes que eu me deram dicas preciosas
sobre como organizar eventos para a alta sociedade. Eu prestei muita atenção
a tudo que elas me ensinavam, quero ser tão refinada e elegante quanto elas,
não quero parecer aquelas novas ricas exageradas, metidas a peruas que
todos riem pelas costas.

Outro ponto importante foi que deixamos meu passado em segredo,


como Theon me prometeu, será como se tudo que vivi antes de ser noiva dele
nunca tivesse acontecido. Devido toda a influência da família Harris ninguém
da alta sociedade sequer ousou questionar de onde eu vim, apenas me
trataram com todo o respeito que era esperado. Por meu refinamento,
educação e inteligência todos acreditava que vim de família rica, me trataram
como uma igual, jamais sequer imaginaram que tenho origem humilde.

Então, nesse um ano aprendi tudo que era preciso para ser a Sra.
Harris, agora sou em aparência e modos uma grande dama da alta sociedade
nova-iorquina.

Mas para isso se tornar oficial falta o casamento, que irá consagrar
minha ascensão.

Passei o dia no SPA me cuidando e me preparando para o meu


grande momento, foram muitos banhos relaxantes, tratamentos de pele e de
cabelo, além de todos os mimos e paparicos que eu poderia querer.
234
Tive o vestido dos meus sonhos, desenhado pelo melhor estilista do
momento, além do cabelo, maquiagem e joias, tudo perfeito, digno de uma
rainha.

Finalmente eu estava pronta, deslumbrante e perfeita, parecia irreal


de tão bela. Tudo na medida certa, nada exagerado, realmente perfeita.

A cerimônia foi impecável, reuniu a mais alta sociedade, todos me


tratando da melhor forma possível. Estava tudo muito lindo, organizado e
luxuoso. Foi melhor do que nos meus sonhos.

Eu me comportei muito bem e fui muito elogiada por todos, logo “caí
nas graças” da alta sociedade, estão todos encantados por mim, com minha
beleza, inteligência e elegância, além de educação e refinamento.

Para completar, teremos uma lua de mel perfeita, um mês inteiro


viajando pela Europa, como eu sempre sonhei. Nunca saí dos Estados Unidos,
estava ansiosa para conhecer a Inglaterra, a França, a Itália e a Grécia.

Começaríamos nossa viagem por Paris, meu lugar dos sonhos.

Genevive e Belinda fizeram questão de me ajudar com as compras


para a viagem, me aconselhando em relação as melhores roupas. Me
ajudaram também com as malas, como vamos de jatinho particular não preciso
me preocupar com o excesso de bagagem.

Os hotéis, restaurantes e passeios ficaram por conta do Theon, que


conhecia muito bem todos esses lugares e seria mais uma vez meu guia, tenho
certeza que ele não irá me decepcionar.

-Está pronta meu amor? A partir de agora seremos marido e mulher


e temos uma vida inteira pela frente para construir juntos, não vejo a hora de
começar – disse Theon animado.

235
Eu tinha ido trocar de roupa com a ajuda da mãe e da tia dele, agora
estávamos prontos para a viagem e todos aguardavam para se despedir de
nós, o chofer já tinha colocando nossa bagagem no porta malas do carro.

-Mais do que pronta, não vejo a hora de começar – falei segura.

Nos despedimos de todos e partimos para o aeroporto, nosso jatinho


estava a nossa espera. Seriam longas horas de viagem, mas todo o luxo e
conforto do jatinho fariam com que fossem passadas da melhor forma possível.

236
Capítulo 26: No topo do mundo

Finalmente chegamos a Paris, foi um voo demorado, mas


confortável, conseguimos até dormir.

Eu cheguei extremamente animada para conhecer a cidade e


desfrutar de tudo que Paris tem a oferecer.

Fizemos o check in no hotel, deixamos nossa bagagem e fomos


passear pela cidade.

Tivemos o resto da tarde e começo da noite para passear, depois


voltamos para o hotel. Tomamos banho e nos arrumamos para o jantar no
restaurante mais chique da cidade.

Foi fascinante, a comida é perfeita, a culinária francesa é uma das


melhores do mundo.

Depois do nosso casamento esplendorosa, da longa viagem e do


momento turistas chegou o momento tão esperado. Eu estava no banheiro,
tinha vindo trocar de roupa e me preparar para minha primeira noite com meu
marido.

237
Coloquei uma camisola romântica e ao mesmo tempo sedutora, rosa
bem clara, escolhida pela mãe do Theon (fiz cena para aceitar, mas
obviamente estava louca para usar, era justamente o que eu imaginava para
nossa primeira noite).

Penteei meus cabelos, fiz uma maquiagem simples, passei uma


loção por meu corpo, coloquei perfume e fui para o quarto, encontrar meu
inocente, puro e casto marido. Já faz tempo que sonho em tirar a inocência
desse homem.

Theon também mudou muito nesse ano, estava mais maduro e


seguro de si, nosso noivado o fez muito bem, ele já não é mais tão tímido. Só a
mudança de postura já o fez mudar muito, mas ultimamente eles estava se
cuidando melhor, se importando mais com aparência.

A mãe dele o ajudou com um novo visual, mais aduro e mais sério,
bem homem de negócios. Além disso, ele começou a praticar tênis com o pai e
o tio, o que desenvolveu seu corpo. Mas ele continuava com aquele ar de
menino inocente, o que me deixa louca.

Não sou apaixonada por ele, muito menos vou ama-lo um dia (só
ami e amarei o Jude), mas sinto muito desejo por ele, nunca passei tanto
tempo com um homem sem ao menos tirar uma “casquinha”. Ele sempre se
portou muito bem comigo, até mesmo nossos beijos sempre foram bastante
castos.

Estou subindo pelas paredes de ansiedade, estou a muito tempo


sem sexo, não vejo a hora de acabar com esse celibato que me foi imposta.
Também estou louca para conhecer cada detalhe do corpo do meu maridinho,
além de ter o prazer de tirar a inocência dele.

Sem mais delongas, parti para meu objetivo da noite, tirar a


virgindade do meu marido.

Quando cheguei ao quarto Theon estava na varanda apreciando a


vista da cidade.

-Um doce por seus pensamentos – brinquei.

238
Percebi que ele estava tenso e resolvi tentar distrair.

-Eu prefiro um beijo – respondeu de prontidão.

Dei um beijo singelo em seus lábios.

-Estou pensando em nós dois no que está prestes a acontecer. Ao


mesmo tempo que estou ansioso me sinto apreensivo. Tenho medo de te
machucar, de te pressionar, ou que você tenha alguma recordação triste –
confessou.

Ele estava muito fofo, todo preocupado.

-Theon, eu tive um ano inteiro para me preparar para esse momento,


estou totalmente segura. Eu te amo e quero me entregar a você, quero
construir novas recordações, dessa vez boas – argumentei.

Só espero que ele não queira ficar enrolando, estou quase para
embebedar meu maridinho e abusar dele.

-Não sabe como me deixa feliz e aliviado ao ouvir isso – falou


satisfeito.

Nesse momento não resisti mais aos seus encantos de bom moço e
o beijei, dessa vez de forma ardente, como nunca nos beijamos antes.

Como eu estou com uma camisola final e apenas um robe por cima,
deu para sentir bem mais do seu corpo. Ele também estava vestindo apenas
uma calça de dormir e uma camiseta.

O corpo dele realmente mudou, quando ele começou a jogar tênis


tinha os braços finos quase sem músculos, mas agora está com os braços
definidos e tonificados, com alguns músculos. Não chega a ser como Jude,
nem mesmo Dylan, mas já é uma evolução para ele.

Enquanto nos beijávamos fomos nos soltando e nos aproximando,


logo estávamos colados um ao outro e sentíamos o calor dos nossos corpos, a
maciez da pele, mesmo com as roupas finas entre nós.

239
A brisa noturna era gélida, mas se dissipava ao entrar contato com
nossos corpos em combustão. Eu podia sentir seus músculos através da
camisa, seus pelos se eriçando em antecipação, além do seu cheiro masculino.

Logo o desejo nos dominava e nossas mãos ganhavam vida própria


buscando traçar caminhos desconhecidos por nossos corpos. O ar chegava a
faltar, mas não queríamos nos soltar, queríamos cada vez mais sentir o corpo
um do outro.

-Melhor entrarmos – convidei.

Ele ficou apreensivo com a eminencia do ato.

-Tudo bem, mas vamos apagar as luzes – concordou.

Ele pode ter mudado nesse último ano, mas continua aquele mesmo
garoto tímido que conheci, confesso que isso só me deixa mais excitada.

Apagamos as luzes e fomos para a cama, não estava totalmente


escuro, a lua e as estrelas nos iluminavam, estávamos na penumbra, confesso
que ficou ainda mais interessante assim.

Aos poucos fomos nos despindo, primeiro meu robe, depois a


camiseta dele, a partir daí ficou mais constrangedor.

O preparei bom beijos e cariciais, até que ele me deixou tirar sua
calça, fiquei impressionada com o volume que encontrei, não imaginei que
esse menino tímido fosse tudo isso.

Seu corpo também me surpreendeu, estava definido e os músculos


aparentes, além de não ter pelos. Não sei se ele se depila ou se realmente não
os tem. Nenhum dos homens com quem fui para a cama era assim, mas
confesso que gostei. Será que lá também é assim? Não vejo a hora de
descobrir.

Theon estava começando a ousar, tinha levantado minha camisola


até o limite dos meus seios e explorava a pele descoberta, apreciando cada
detalhe.

240
Quando percebi que ele não teria coragem de tirar minha camisola e
estava apreensivo que eu tirasse sua cueca eu resolvi ousar, o encarei nos
olhos e tirei minha camisola enquanto o fitava de forma sexy. Ele ficou sem ar
ao contemplar meu corpo semi nu, o desejo o inundava nesse momento.

Me colei ao seu corpo fingindo constrangimento, mas na verdade o


que queria era sentir sua pele na minha sem roupas entre nós, seu corpo
quente e másculo, como eu ansiava por esse contato íntimo.

Depois de alguns minutos ele já estava tocando minhas costas e


beijando meu colo, noite o quanto ele me desejava e tinha receio de me tocar,
então, novamente, facilitei as coisas para ele, peguei suas mãos e coloquei nos
meus seios.

Theon me olhou atordoado, estava abismado com o que estava


acontecendo, mas estava muito satisfeito.

Continuamos com os beijos e caricias, nos demorando em cada


detalhe e aproveitando cada segundo, nunca ninguém havia me tocado com
tanta reverencia, nunca recebi um carinho tão genuíno, nunca me senti tão
venerada.

Mas eu não consigo mais resistir, quero tocar nele também, vê seu
corpo e também sentir.

O deitei na cama e fiquei por cima dele, primeiro o beijei na boca e


depois desci por seu corpo, quando cheguei na cueca ele estremeceu, o
encarei passando confiança, mas ele estava tremulo.

-Desculpa, estou com muita vergonha, será que podemos ficar em


baixo do cobertor? – suplicou.

Ele parecia a ponto de chorar.

-Claro, não se preocupe, eu entendo – assegurei.

Nos cobrimos e aos poucos voltamos aos beijos e caricias, ele


deixou que eu o tocasse mas apenas por baixo do cobertor, não me deixava
vê.

241
Depois de algum tempo assim ele finalmente permitiu que eu tirasse
sua cueca, o toquei intimamente e fiquei impressionada com toda sua
extensão, sou uma mulher experiente e vivida, já perdi a conta de com quantos
homens transei, mas esse menino conseguiu me surpreender de uma ótima
forma.

Estava louca para ver seu corpo por inteiro, mas sabia que ele
estava constrangido demais para isso, não quis forçar e acabar gerando um
atrito entre nós, ele poderia até desistir e eu estou excitada demais para parar.

Usei o tato para desvendar seu corpo, percebi que ele não tem pelos
na região intima também, isso está me intrigando. Ele só tem pelos nas pernas,
mas são ralos.

Também descobri um bumbum pequeno, mas empinado, que é


macio e eu gostei bastante de apertar, até porque não tem pelos.

Mas o melhor foi o júnior, nossa, ele é incrível e já planejo muitas


coisas para fazer com ele, que pena que Theon é tão bobinho, tem uma
preciosidade dessa entre as pernas e não sabe usar, mas não tem problema,
terei o maior prazer em ensinar.

Ele está muito excitado e chegou até a tirar minha calcinha, o que
me impressionou. Mas depois disso ele parou com as caricias e tentou me
penetrar, ele foi um pouco desengonçado e não estava conseguindo encontrar
o local certo, eu já estava quase explodindo de tanto desejo, mas consegui me
conter, não posso fazer isso por ele, seria demais.

Finalmente ele conseguiu encontrar e me penetrou, sem nenhum


jeito e totalmente desnorteado, mas por isso eu já esperava.

-Estou te machucando? Se quiser eu paro – ofereceu.

Bom não está, mas se eu disser isso aí que nunca mais terei sexo.

-Pode continuar, já sabíamos que doeria, não é nenhuma novidade –


respondi.

Ele começou a se movimentar o que melhorou e muito a sensação,


mas assim que comecei a gostar ele terminou.

242
Theon deitou ao meu lado ofegante.

-Nossa, foi incrível, melhor do que nos meus sonhos – declarou.

Para ele, porque eu estou com mais desejo do que antes, isso só fez
despertar o vulcão que havia dentro de mim.

-Preciso de um banho, já volto – falei e dei um selinho nele.

Fui até o banheiro, tomei um banho rápido e recoloquei a camisola e


a calcinha.

Tive uma ideia brilhante, não vou ficar na vontade.

Como sempre, trago comigo meu kit de emergência, nele escondi


um sonífero em uma embalagem de perfume.

Servi um copo com agua para Theon e coloquei o sonífero nele.

Quando voltei para a cama Theon estava terminando de colocar a


camiseta.

-Está tudo bem? Eu fiz algo errado? Te machuquei? – perguntou


nervoso.

Hora de enrolar.

-Um pouco, mas não é sua culpa, posso não ser mais virgem, mas já
faz tempo que aquilo aconteceu – menti.

Tive um filho de parto normal e transei muito, pode ter diminuído,


mas jamais ter ficado como virgem de novo, mas para Theon isso faz tempo e
só foram duas vezes, então, seria mais logico fingir.

-Desculpa, eu tentei fazer da melhor forma possível, mas não tenho


experiência nem para quem perguntar. Ainda pesquisei, mas não é a mesma
coisa – confessou.

Fiquei verdadeiramente com pena dele.

-Theon, foi apenas nossa primeira vez, aprenderemos juntos não se


preocupe. Beba um pouco de agua e vamos dormir – consolei.

243
Ele aceitou e logo bebeu todo o conteúdo do copo.

Deitamos abraçados e em pouco tempo ele estava dormindo


profundamente devido ao remedinho que coloquei na água.

Corri para o banheiro e me arrumei, ainda eram duas da manhã, a


noite estava apenas começando.

Coloquei um vestido de noite que levei para sair com Theon e


coloquei um longo casaco de couro por cima, cobrindo tudo, coloquei minhas
botas altas, luvas, cachecol e uma boina.

Liguei para a recepção e pedi um carro para o hospital mais


próximo, pedi que não comentassem com meu marido, não queria que ele se
preocupasse.

Quando estava saindo do quarto olhei para Theon, que dormia


profundamente, ele estava uma tentação naquela cama, eu podia muito bem
tentar fazer tudo com ele enquanto dormia, do jeito que eu gosto, até me
satisfazer, mas desisti, Theon sempre foi bom para mim, ele não merece. Logo
ele vai aprender e se soltar, me dará prazer sem que eu abuse dele.

O que preciso agora é de um homem experiente, que saiba e muito


bem o que fazer com uma mulher.

O motorista me levou para o hospital, de lá peguei um taxi para uma


boate próxima que eu ouvi falar enquanto estava no restaurante com meu
marido.

Meu objetivo era contratar um profissional, mesmo que não


encontrasse um na boate poderia ouvir algo sobre algum lugar para encontrar.

Quando cheguei a boate fui direto ao bar e pedi um drinque, a noite


estava animada e o lugar estava cheio.

244
Enquanto analisava o local percebi que um rapaz me olhava, ele era
apenas um pouco mais velho que eu, provavelmente estava lá com os amigos,
era do tipo caçador e estava atrás da sua presa.

Trocamos olhares e logo ele se ofereceu para me pagar um drinque.

Não estava afim de papo, disse em seu ouvido que me encontrasse


no banheiro em alguns minutos, foi para o banheiro e fiquei a sua espera, logo
que ele chegou o puxei para um boxe já abrindo seu cinto.

Ele não reclamou, muito pelo contrário, estava adorando a aventura.

Em poucos segundos ele estava dentro de mim e foi avassalador,


ele sabia muito bem o que fazer e em pouco tempo explodi em prazer, mas
ainda não estava satisfeita, fizemos mais vezes até quase cairmos de
exaustão. Sem querer ele acabou me machucando intimamente, mas a culpa
foi minha, eu estava feito uma louca desesperada mandando que ele fosse
mais rápido e mais forte.

Depois de satisfeita saí sem dizer nada, peguei um taxi para o


hospital e de lá pedi novamente um carro para o hotel, cheguei por volta das
cinco da manhã.

Apenas agradeci ao pessoal do hotel e reforcei meu pedido de sigilo,


dei uma boa gorjeta e fui para o meu quarto.

Tomei banho, recoloquei minha camisola e voltei para a cama.

Theon ainda dormia como um anjinho, me aconcheguei a ele e


agora sim, depois de completamente satisfeita, pude dormir em paz.

Infelizmente tive que trair meu marido em plena nossa noite de


núpcias, não era o que pretendia, mas foi o jeito, eu estava louca de desejo e
não conseguiria me controlar. Se não tivesse feito isso provavelmente acabaria
sendo descoberta por Theon, ele estranharia todo meu apetite sexual e as
coisas que eu ia querer fazer.

Quanto ao meu machucado íntimo, ele vai pensar que foi causado
por ele.

245
Quanto a traição, eu obviamente não pretendia ser fiel, mas não
esperava que fosse tão cedo, só quando eu enjoasse do Theon.

Acordei com o barulho do chuveiro, Theon já levantou e está no


banho. Meu desejo foi me juntar a ele, mas o assombraria, tenho que me
controlar, ainda sou uma mocinha tímida, com um grande trauma no passado.

Mas, posso espiar, ele nem irá desconfiar, não vejo a hora de ver
seu corpo por inteiro, principalmente o que ele tem entre as pernas. Ontem ele
me deixou na vontade, mas agora vou matar minha curiosidade.

Fui a passos lentos até o banheiro, ia abrir só um pouco da porta e


espiar, mas descobri que estava trancada, além disso, a chave estava na
fechadura, não tinha como ver nada, também não tinham brechas na porta.

Voltei para cama emburrada, mas ainda esperançosa. Vou fingir que
estou dormindo, assim, quando ele voltar para o quarto vai se vestir aqui e eu
vou espiar.

Pouco tempo depois ele veio, mas já estava completamente vestido,


para minha tristeza. Vai ser mais difícil do que eu imaginava.

Me espreguicei e fingi está despertando.

-Bom dia, meu amor. Dormiu bem? – perguntou vindo até mim.

Lembrei do sexo louco que tive com o desconhecido da boate, não


sei nem o nome dele, mas é melhor assim.

-Perfeitamente bem – falei sonhadora.

Fui tomar banho e escovar os dentes enquanto ele pedia nosso café
da manhã no quarto.

Quando voltei, tomamos café da manhã juntos.

246
Aproveitei para insistir com Theon para adiantar nossa viagem para
Londres, disse que estava ansiosa para conhecer Londres e que Paris não era
tão legal quanto eu imaginava. Ele, como sempre quer me agradar, logo
aceitou e após um telefonema estava tudo providenciado.

Na verdade eu estava com medo de encontrar com o homem com


que transei no banheiro da viagem, ou que alguém tenha me visto e isso acabe
chegando aos ouvidos do Theon. Não posso ser desmascarada, me arrisquei
muito, mas estava precisando. Agora só me resta ir embora o mais rápido
possível.

Ainda no mesmo dia fomos da France para a Inglaterra, fomos de


carro mesmo, na Europa a proximidade entre os países é grande.

Fizemos uma ótima viagem e quando chegamos a Londres fomos


direto descansar no hotel, mas a noite saímos para jantar e passear um pouco.

Naquela noite tive que fazer cena de que não estava preparada para
fazer amor com ele de novo. Theon foi super compreensivo e me deu muito
carinho e atenção.

Na verdade eu estava louca para transar com ele de novo, quero


que ele me deixe ver seu corpo, mas tenho que manter minha fachada.

Assim foi nossa lua de mel, me controlando para não transar direto
com Theon e deixar meus reais desejos aflorarem. Nós transávamos, mas era
no escuro e não era toda noite. Ele era sempre muito carinhoso, mas ainda
muito tímido e sempre escondia o corpo. O que estava me irritando muito,
estou morrendo de curiosidade.

Tive que me controlar para não procurar mais amantes, assim teria
que mudar de cidade um dia sim e outro não, acabaríamos voltando para casa
na primeira semana.

247
Quanto aos passeios, foi tudo perfeito, eu adorei. Theon foi um ótimo
guia e visitamos lugares muito bonitos e interessantes.

Estávamos na Toscana, na Itália, era nosso último dia de viagem,


amanhã voltaríamos para os Estados Unidos. Eu já não aguentava mais o sexo
singelo com Theon, sempre a mesma coisa, sempre a mesma posição e ainda
no escuro. Preciso de um encontro com um homem de verdade.

Aproveitei que era minha última noite na cidade para repetir a


mesma coisa que fiz em Paris.

Depois de ir para cama com o meu marido o dopei e fui me arrumar,


inventei a mesma desculpa do hospital, pedi um carro, no hospital pedi outro
carro e fui para uma boate.

Na boate conheci um rapaz loiro que me lembrou Dylan, logo sabia


que ele seria a presa perfeita. Fomos para o apartamento dele, mas como eu
estava desvairada por sexo já iniciei fazes carinho nele no carro mesmo e
depois o chupei do jeito que sei que os homens gostam.

No apartamento transamos loucamente muitas vezes, de todos os


jeitos e formas que eu adoro, ele é bem experiente e bem ousado, topou tudo
que eu propus. Passamos a madrugada inteira fazendo sexo selvagem,
quando acabamos eu estava exausta e novamente machucada.

As vezes chego a questionar se sou ninfomaníaca, consigo passar


tempo sem sexo, mas quando passo muito tempo sem fazer quando faço
novamente eu só paro quando estou machucada.

Depois de estar finalmente satisfeita eu fui embora, novamente sem


nem dizer meu nome ao rapaz.

Fiz o mesmo caminho, hospital, hotel e quando cheguei o dia estava


amanhecendo.

Tomei banho e fui para a cama exausta.

248
Foi acordada algumas horas depois for Theon, precisávamos nos
preparar para a viagem de volta a Nova York.

De volta aos Estados Unidos fomos jantar com a família do Theon,


eles nos fizeram muitas perguntas e já sonhavam com futuros bebês, mas eu
tratei de mostrar que minha prioridade é minha carreira, mas fiz uma cena de
como sonho em ser mãe, o que é mentira, já tenho Calebe, ele é meu filho e só
ele amarei assim.

Depois do jantar fomos para nossa casa nova, todas nossas coisas
já estavam lá, já tínhamos empregados a nossa disposição, além da casa está
limpa, arrumada e abastecida, a nossa espera.

-Vic, hoje é nossa primeira noite na nossa casa, tem que ser
especial – sugeriu Theon.

Eu estava passando minha loção hidratante e ele vinha do banho,


estava só de toalha, o que era um milagre, ele nunca ficou assim na minha
frente, sempre saia do banho vestido.

-O que quer dizer com isso? – perguntei intrigada.

Por favor forças do universo, que ele finalmente fique pelado na


minha frente.

-Nós dois somos tímidos, de certa forma casamos virgens e por isso
passamos por momentos de constrangimento. Mas, n´s já estamos casados a
um mês, essa é nossa casa, não faz sentido continuarmos nos escondendo um
do outro – explicou.

É tudo que mais quero.

249
Como ele ficou com vergonha na nossa primeira vez eu tive que
fingir sentir a mesma vergonha, em nenhum momento tentei nada, sempre
esperando que ele tomasse a iniciativa (o que era uma tortura).

-Eu entendo o que quer dizer e acho que tem razão, temos que
vencer mais essa barreira, afinal, somos um do outro para sempre, não tem
porque continuar tendo vergonha – concordei.

Parece até um sonho! Não acredito que finalmente verei Theon em


toda sua gloria.

Ele veio até mim, quando estávamos de frente um para o outro, a


ponto de nos beijarmos, ele soltou a toalha no chão.

Meu ímpeto foi de olhar para baixo e matar minha curiosidade, mas
logo ele me puxou e me beijou.

Nos beijamos e nos acariciamos por um longo tempo, depois ele me


levou para a cama.

Ele tentou me deitar na cama, mas eu me afastei.

-O que houve? – questionou preocupado.

Aproveitei para olhar para ele, é ainda melhor do que eu imaginava,


seu corpo é definido e tonificado, a ausência de pelos o deixa ainda mais
interessante (ele me confidenciou que odeia pelos e que usa um creme
depilatória, além de “aparar” os pelos das pernas). Mas o melhor era o centro
do seu corpo, simplesmente perfeito, totalmente suculento e desejável, o mais
bonito e impressionante que já vi, sabia que esse garoto tinha algo de especial,
por trás de toda timidez, o garoto desengonçado arrasa “lá em baixo”.

-Minha vez – respondi.

Tirei toda a minha roupa, ficando completamente nua a sua frente


pela primeira vez, ele praticamente babou, me devorou com os olhos.

Foi até ele na cama e naquela noite deixamos os receios e timidez


de lado, nos tocamos e acariciamos avidamente, sem pudores, do jeito que eu
tanto queria.

250
Ele já estava um pouco mais experiente, não terminava mais tão
rápido, já conseguia se controlar, inclusive, conseguiu fazer mais de uma vez.

Depois dormimos nus e exaustos.

Aos poucos fomos nos soltando e logo Theon estava interessado em


diferenciar as coisas, aproveitar novas posições e fantasias.

Já usávamos nossa imensa banheira para tomarmos banho juntos e


transar no banheiro, também transamos na sala, na cozinha e até mesmo na
piscina, Theon estava se mostrando bastante safado.

Logo já compartilhávamos nossos desejos sem receio e sempre


buscávamos agradar um ao outro. Aos poucos fui ensinando Theon as coisas
que eu mais gostava e como ele deveria fazer. Em um ano Theon se tornou um
novo homem, sem pudores e longe de ser tímido, mas continuava romântico e
carinhoso. Foi um ano maravilhoso, cheio de descobertas e eu estava
imensamente feliz e contente com a “arma” do meu maridinho, agora sim ele
fazia jus ao presente que tinha entre as pernas, aprendeu direitinho como usar.

Eu aproveitei e muito tudo que tenho direito, fiz tudo que quis com
Theon e sempre que tínhamos tempo estávamos na cama, ou até mesmo em
outras partes da casa.

Porém, Theon deixou de ser novidade, mesmo com toda sua


potência e com a experiência recém adquirida eu cansei dele. Não nasci para
ficar com um homem só (a não ser Jude), aos poucos fui perdendo o interesse
pelo meu marido e inventado desculpas para fugir dele na cama.

Cheguei ao topo, mas ainda não estou satisfeita, sinto que ainda me
falta algo, mas vou descobrir o que é. Agora tenho todo o dinheiro e poder que
sempre sonhei, posso ter tudo o que quiser.

251
252
PARTE IV

LUA MINGUANTE

253
Capítulo 27: Retrospectiva

Nova York, 2016

O dia começou agitado, esse fim de semana a Harris Technology


completa 20 anos e estamos preparando uma magnifica festa.

Eu consegui realizar meu sonho de abrir minha própria em presa de


tecnologia em 1996, claro que com toda ajuda e respaldo da família do Theon,
obviamente a empresa é minha e dele. O nosso software que desenvolvemos
no primeiro semestre da faculdade foi só o começo ao longo dos anos fomos
desenvolvendo novos softwares empresariais e agora até mesmo aplicativos.

Atualmente somos uma das maiores empresas de tecnologia do


país, de grande renome e respaldo internacional. Inicialmente como a
credibilidade da empresa era devido ao nome Harris Theon ganhou a maior
parte dos créditos, eu era seu braço direito, Mas agora o mundo mudou, as
mulheres já ocupam o mercado de trabalho e todos os méritos são creditados a
mim. Claro que Theon continua muito importante na empresa, ele é um ótimo
engenheiro e tem muitas ideias boas, mas sou eu quem mando em tudo.

Eu cuido do marketing e da administração, além do trabalho como


engenheira. Sou uma executiva muito conhecida e até mesmo recebi prêmios

254
internacionais, sempre saio em grandes revistas. Adoro está na mira dos
holofotes, estou sempre cuidando da minha aparência e aos 44 anos estou
bem melhor a cada dia.

Ao longo dos anos fiz algumas intervenções estéticas, mas nada


demais, somente para manter minha beleza e juventude, o mais drástico foi o
silicone, mas tive muito cuidado e não exagerei, não quero ficar vulgar, só
queria deixar meus seis empinados e perfeitos, além de um pouco maiores,
sempre tive pouco peito e odiava usar sutiã PP, mas só fui até o M.

Meu cabelo também mudou, continuo usando meus cabelos


vermelhos, antes usava o cobre médio, para parecer natural, sempre mantive
meu cabelo e sobrancelhas bem pintados e todos acreditavam que era minha
cor natural. Depois que me tornei mais independente e não precisava mais da
aparência de boa moça adotei o cobre avermelhado e nos últimos anos estou
usando a tonalidade vermelho cereja, além de ter adotado os cabelos curtos,
bem mais práticos e modernos.

Quando ainda era uma mocinha ingênua usava meus cabelos


longos e com cachos, depois mudei para o médio desfiado e agora estou no
Chanel bem curto, o que destaca meu rosto afilado e meu longo pescoço, me
dando ainda mais elegância e sensualidade.

Sempre estou bem produzida, com os cabelos lisos e alinhados, de


forma perfeita, maquiagem bem feita, unhas pintadas, usando salto alto e
roupas elegantes. Aos poucos fui adicionando sensualidade ao meu visual,
mas nada vulgar, sou uma mulher de negócios, poderosa e totalmente
desejável.

No começo eu tive medo que as pessoas em New Bern me


reconhecessem, mas com as mudanças no meu visual nem eu mais me
reconhecia, estava muito diferente na menininha boba que fugiu de lá a tantos
anos atrás. Eu era totalmente apagada e insignificante, ninguém jamais me
reconheceria.

Meu casamento com Theon era estável, nós dois nos damos muito
bem profissionalmente, somos uma ótima dupla nos negócios. Ele continua o

255
romântico apaixonado que conheci, está sempre tentando me agradar e faz
tudo por mim, mas não é possessivo muito menos grudento. Apesar de
trabalharmos juntos cada um tem seu espaço e respeitamos muito isso.

Eu nunca amei Theon, nem seria capaz de amar, mas incrivelmente


tenho um carinho especial por ele, infelizmente fiz muita coisa ruim até chegar
até aqui e não mereço seu amor, sei que se um dia ele descobrir quem sou de
verdade nunca mais olhará para mim e estou preparada para lidar com isso
quando acontecer. Mas em alguns momentos me pego sonhando, querendo
ser a garota que fingi ser. Mas infelizmente não sou e não posso mudar minha
natureza.

Theon também mudou ao longo dos anos, a maturidade o fez muito


bem, a cada ano que se passa ele fica mais maduro. Dois anos depois que nos
casamos ele já parecia realmente um homem, estava se cuidando bastante,
investiu no visual formal, o estilo perfeito para um empresário de sucesso.

A alguns anos ele começou a fazer academia, confesso que eu


praticamente o obriguei. O tênis já tinha feito muito por seu corpo, mas a
academia ajudaria mais ainda. O que aconteceu, ele finalmente se tornou um
homem forte e musculoso, mas nada exagerado, até porque seu biótipo é
outro.

Eu também faço academia, além de exercícios funcionais com um


personal particular, sempre dedico muito tempo cuidando do meu corpo e da
minha pele. Uso muitos produtos de beleza, sempre frequento clinicas de
estética, salões de beleza e SPAs.

Depois de tantos anos tentando passar despercebida agora eu


quero tudo que tenho direito, que todas as atenções, os tratamentos de beleza
e muito mais. O que mais gosto é ser desejada pelos homens e causar muita
inveja nas mulheres.

Quanto a parte sexual do meu casamento, essa é a mais difícil,


apesar de ter carinho por Theon não o amo, o desejo e atração sexual que
tinha por ele no início passou depois de um ano. Confesso que por erro meu,
depois que ele começou a aprender como me satisfazer eu virei uma louca e

256
transava com ele dia e noite, o que resultou no desgaste da minha atração por
ele. Eu devia ter dosado isso, quem sabe teria durado pelo menos cinco anos,
seria meu sonho.

Pelo menos tive como desculpa a criação da empresa, ele sempre


me elogiou por ser focada e esforçada, achou que minha mudança era
justificativa por minha preocupação e emprenho.

Dois anos depois da criação da empresa, em 1998 tivemos nossa


filha, Alicia, que hoje está com 18 anos e começou a fazer faculdade. Eu usei o
nascimento de Alicia para novamente justificar minha falta de interesse sexual.
O que todos diziam ser compreensível, filhos tomam nossa atenção por pelo
menos 10 anos.

Theon também sempre foi muito comprometida com seu trabalho e


ficava horas trancado no seu laboratório, o que me deixava totalmente livre. Ele
é realmente perfeito para mim, não poderia esperar melhor. Além de ser
totalmente apaixonado e dedicado a mim, é muito rico e influente, sem falar
que é um ótimo parceiro de negócios, além de me dá todo o espaço que
preciso.

Ao longo dos anos tive muitos casos extraconjugais, inicialmente


viajava para outras cidades, me disfarçava e procurava por casos de uma
noite, as vezes recorria a profissionais. Mas isso só acontecia quando eu
estava a tempo de explodir de desejo.

Nos últimos anos estou mais imponente e empoderada, não tenho


mais medo de ser descoberta, tenho muito dinheiro guardado em paraísos
fiscais, além de ser uma mulher muito poderosa, tenho o homem que quero e
eles nem ousam tentar me expor, têm medo, sabem que facilmente me livro
deles.

Sou muito desejável, muitos dos homens com quem me relacional já


ficam satisfeitos só em ter minha atenção, eles também só desejam algo
casual, tenho muito cuidado ao escolher.

257
Prefiro rapazes mais jovens, no máximo 35 anos e no mínimo 24, é
a faixa etária perfeita para mim, como dizem, estou na idade da loba e quero
aproveitar e muito.

Já cheguei a sustentar alguns rapazes ambiciosos, tínhamos tratos,


eu os ajudava e em troca eles me satisfaziam de todas as formas, mantendo
total sigilo. Por vezes cheguei até a ter casos com alguns funcionários da
empresa, rapazes jovens em início de carreira. Alguns tentaram usar isso para
me chantagear, mas dei um jeito que a carreira do mesmo fosse destruída
juntamente com sua credibilidade, sempre tive muito cuidado para não ser
exposta.

Cheguei até mesmo a me relacionar com filhos de algumas “amigas”


(mulheres da alta sociedade que eu aturo por conveniência), mas jamais um
garoto menor de idade, não sou louca nem tenho vontade, não gosto de
garotinhos bobinhos, prefiro os homens bem másculos e os garotões. Não
tenho interesse em homens da minha idade, muito menos em homens mais
velhos, extrapolei minha cota de velhotes no tempo que fui garota de programa,
eles eram muito nojentos e só visavam o próprio prazer, fiquei traumatizada.
Além do que me lembravam Arthur, que eu odeio muito e tenho asco só de
recordar que um dia o desejei.

As vezes quando estava triste ou carente recorria a Theon, as vezes


desejava seu jeito carinhoso, quando passava algum tempo sem ir para a cama
com ele chegava a sentir sua falta. Nem sempre o queria e o desejava, na
maioria das vezes transava com ele por obrigação, mas as vezes, raramente o
desejava e o queria.

Meu marido é um homem muito bonito e atraente, sei que muitas


mulheres tentam chamar sua atenção, se ele quisesse teria muitos casos
extraconjugais (coisa que eu aceitaria e entenderia), mas ele sempre foi um
bobo apaixonado, nasceu para ser um homem de uma mulher só, nunca quis
nenhuma delas.

Mas para mim, o mais difícil foi ter outro filho, eu não queria, cheguei
a cogitar fazer uma histerectomia escondida e fingir ser estéreo. Para mim meu

258
único filho sempre será Calebe. Mas a família Harris me pressionava muito,
além de ser um grande sonho de Theon ser pai.

Também era uma época diferente, se uma mulher não tinha filhos
ela era julgada e taxada de incapaz. Além do mais, preciso de um herdeiro
(mesmo que eu já tenha um para quem eu quero deixar tudo).

Cheguei a cogitar ter uma gravidez de fachada e comprar uma


criança, assim, no momento certo eu poderia descartar essa criança e fazer de
Calebe meu único herdeiro, mas desisti. Theon sempre foi o melhor marido do
muito e eu só me aproveitei dele, é o mínimo que posso fazer, Além do mais, a
família Harris merece essa criança, devo isso a eles.

Aceitei engravidar e acabei tendo Alicia, mas nunca me dei bem com
ela. Eu queria um menino achava que com um filho eu poderia transferir o amor
que tenho por Calebe a ele, que sabe fossem parecidos, como eu amaria ter
um novo Calebe, por muito tempo sonhei com isso, cheguei a cogitar colocar o
mesmo nome e recomeçar.

Eu não quis saber o sexo da criança, queria que fosse surpresa,


mas sentia que seria um menino, minha nova chance, meu novo Calebe, mas a
vida me deu uma rasteira, quando descobri que era uma menina algo dentro de
mim quebrou e desde aquele momento a odiei.

Deixei que Theon escolhesse o nome, a mãe dele e a tia ficaram a


todo momento conosco e foram mais elas que cuidaram da minha filha do que
eu. Minha raiva e frustração foram tão grandes que não tive leite para a
amamentar, o que me deixou muito feliz, era tudo que eu não queria.

Já para a família Harris Alicia foi a melhor coisa que aconteceu, eles
sonhavam com uma princesinha, todos queriam uma menina e tiveram seus
desejos atendidos.

Apesar de fingir felicidade e gostar da garota eu nunca a suportei,


sempre a deixei nas mãos de babás e da família do Theon, usava o trabalho
como desculpa.

Quando criança, Alicia sempre buscava a mim, queria me agradar,


mas acabou desistindo ao longo dos anos. Agora, já adulta, mal tem contato
259
comigo, mesmo morando da mesma casa, mas apesar disso é muito liga a
Theon e os dois se dão muito bem.

Com relação a família Harris, os avós paternos e maternos de Theon


foram morrendo ao longo desses anos, só restaram os pais dele e os tios, que
não conseguiram ter filhos e sempre foram muito pressionados externamente a
não adotar nenhuma criança, o que para mim foi ótimo, tornou Theo o único
herdeiro das duas famílias. Os tios acabaram realizando o desejo de ser pais
com ele e de serem avós com Alicia.

E assim foi nossa vida durante esses 20 anos, como uma família
modelo da alta sociedade. Eu consegui chegar ao topo, ser muito rica e
poderosa, mas nunca fui completamente feliz, sempre me faltou e me faltará
algo, meu filho Calebe e Jude, o grande amor da minha vida.

A essa altura ele está com 50 anos, me imagino se continua bonito,


se está bem cuidado, sem mantem a boa forma, ou se não. Se ele se entregou
de vez a bebida, se é um ogro desleixado e está barbudo e barrigudo. Imagino
se ele casou de novo, se teve filhos.

Penso em Calebe, ele já está com 26 anos, já deve estar formado,


trabalhando. Será que está casado? Que te filhos? Será que sou avó? Será
que ele e Jude têm contato?

E Dylan? E Candice? Será que se reencontraram? Por muitas vezes


imaginei se quando ele voltou para New Bern retomou seu relacionamento com
Candice e se eles se casaram. Fiquei furiosa ao imagina que ela poderia está
criando meu filho como seu, o que não posso aceitar. Mas acho que não, ela é
orgulhosa demais, jamais perdoaria pela traição.

Provavelmente tanto ela como ele se casaram com outras pessoas e


seguiram suas vidas separados. Quem sabe foram todos embora de New Bern,
com certeza têm lembranças ruins e não iriam querer continuar lá.

Já cogitei voltar, até mesmo contratar detetives e descobrir como


estão todos, mas ainda não posso, ainda não é o momento. Tenho muito
dinheiro, mas com certeza perderia todo meu prestigio, minha posição social e
meu poder. Com certeza Theon lutaria para ficar com a empresa e me

260
expulsaria, mesmo que o mundo tenha mudado a alta sociedade ainda é muito
tradicional e preconceituosa. Além disso, tudo que temos é no nome do Theon,
mesmo que sejamos casados com comunhão de bens seu dinheiro e influencia
será superior, não sairei sem nada, mas perderei muita coisa.

Já cogitei matar Theon, matar sua família, assim estaria livre, mas
por pior que eu seja não sou capaz de matar, posso ser ambiciosa e
manipuladora, mas matar é outro nível. Até porque, apesar de ter mentido e ser
falsa a vida inteira, no fundo gosto de todos eles, não seria capaz de lhes fazer
mal.

Um dia, quando os pais e tios dele morrerem, que ficamos só nós


dois, que formos mais velhos, eu abrirei o jogo e contarei tudo a ele, pelo
menos parte da verdade, manipulando a meu favor, ele vai ficar com raiva, mas
sei que entenderá. Ele me ama de verdade, aceitará tudo e ficará do meu lado,
assim, poderei buscar por Calebe.

Mas preciso esperar a morte dos pais dele e dos tios, eles não
aceitariam e o pressionariam e me deixar. Assim sigo minha vida, esperando o
momento certo, me controlando para não tentar descobrir nada nem saber de
nada, pois, se eu for atrás de noticiais não resistirei e tudo estará perdido.

Meu grande erro foi ter tido Calebe, sem Jude eu consigo viver, sei
que ele não me quer, mas sem Calebe não, mas jamais conseguiria ter
abortado ele, não seria capaz.

261
Capitulo 25: dia a dia

Comecei o dia cedo, com meu shake matinal e meus exercícios com
minha personal. Depois tomei meu banho quente e me arrumei para ir a
empresa, estava com o dia cheio.

Na empresa tive que verificar os preparativos da festa em


comemoração aos 20 anos de criação da Harris Technology. Além disso tive
uma reunião com alguns investidores, outra reunião com a equipe de criação e
ao final do dia estava exausta.

Ainda não era a hora que eu costumava ir embora, mas como tive
um dia muito cheio estava planejando me dá ao luxo de sair mais cedo, afinal
eu mereço.

Mas, meus planos “caíram por terra”, minha secretária ligou dizendo
que tinha um rapaz à minha espera e que eu tinha uma entrevista marcada
com ele. Ela me lembrou que tinha sido um pedido especial da Alice, que o
rapaz era amigo dela.

262
Mesmo a contragosto resolvi receber ele, Theon ficaria uma fera se
eu não atendesse ao pedido da sua princesinha. Mesmo longe daqui, no seu
ano sabático, Alice me frustra.

Autorizei a entrada do rapaz e já aguardava um garotinho mimado e


oportunista.

-Boa tarde, senhora Harris – disse educadamente.

Fiquei impressionada, ele não é nada como eu imaginava, deve ter


por volta dos 30 anos, além de ser bem másculo e musculoso, moreno da cor
do pecado, barba bem feita, estiloso e muito bonito.

-Kevin Colton, não é? Pensei que fosse mais jovem, pelo que me foi
passado é amigo da minha filha – questionei.

Ele sorriu simpático.

-Conheci a Alice na Europa, fizemos algumas trilhas juntos e falei


que estava interessado em voltar aos Estados Unidos e ela me falou sobre a
Harris Technology, ela me disse que não tinham uma pessoa especifica para
cuidar do marketing da empresa e que era algo necessário. Então ela falou
com o pai e ele marcou essa entrevista – contou.

Só podia ser coisa do Theon, fazer os gostos da filha mimada. Mas


Alice interessada na empresa? Isso é novidade. Ela nunca se interessou pelo
legado da família, sempre estava mais preocupada com o meio ambiente e em
tirar fotos. Para fazer faculdade de administração foi preciso negociar e ela só
aceitou depois que Theon atendeu seu pedido de ano sabático.

-Você tem alguma formação na área? Experiência profissional? –


questionei.

Ele me entregou uma pasta.

-Aí está meu portfólio e meu currículo. Fiz alguns trabalhos free
lancear na Europa, mas estou em busca de emprego fixo – explicou.

Observei seu currículo, ele se formou Ohaio e depois disso foi para a
Europa, como eu imaginava tem 30 anos.

263
-Entendo, mas você sabe que isso não é o suficiente para conseguir
emprego em uma empresa do porte da Harris. Nós nunca contratamos um
funcionário especifico para essa função pois nunca tivemos necessidade,
somos uma empresa de renome e eu gosto de cuidar pessoalmente da
imagem da empresa. Se fosse contratar alguém iria atrás de um profissional
mais conceituado. Não é porque é amigo da Alice que o emprego é seu, a
única coisa que ela poderia garantir era essa entrevista, quanto a sua
contratação, isso sou eu que decido – fui clara.

Ele ficou nervoso.

-Sra. Harris, sei que não tenho a experiência necessária e muito


menos estou à altura da sua empresa, mas compenso em criatividade e
esforço, só o que peço é uma chance, prometo que não irá se arrepender –
tratou em dizer.

Nessa hora me surgiu uma ideia, esse garoto é bem gatinho e com
certeza Alice o mandou aqui porque está interessada nele, ela adora esses
garotos alternativos. Com certeza acha que conseguindo o emprego para ele o
rapaz ficará a seus pés.

Essa semana ela estará de volta do seu ano sabático e quer ter o
futuro namoradinho a seu dispor, mas se ela pensa que vai ser como ela quer
está enganada. Vou mostrar a ele quem manda, a quem ele deve agradar e
obedecer.

-Um dia já fui uma jovem talentosa e que precisava de uma chance,
você conseguiu me convencer, mas você está em período de experiência,
lembrando que eu cuidarei pessoalmente da sua avaliação, a imagem da
empresa é algo muito importante – deixei claro.

Ele se animou imediatamente.

-Obrigado, a senhora não irá se arrepender – garantiu.

Com certeza não.

-Você começa amanhã, mesmo. Ao final do dia quero uma reunião


com você para que me apresente suas ideias – encerrei.

264
Já estou cheia de planos sobre o que farei com esse corpo
maravilhoso, com certeza ele é um ótimo exemplar da espécie.

Fui para casa e preparei um relaxante banho de banheira, cheio de


espuma e com meus sai de banho preferidos, servi uma taça de vinho e fui
relaxar.

Estou bem cansada e estressada, a hidromassagem ajudará a


melhorar meu humor, além, claro, das coisas maliciosas que passam por minha
cabeça enquanto relaxo na banheira, melhor que isso só ter o jovem Colton
massageando minhas costas, completamente nu.

Depois do banho fui jantar, Theon apareceu para o jantar, mas


estava muito concentrado em um novo projeto, estava trancado no laboratório
nos últimos dias, nem pisava na empresa.

-Então Vic, como foi a entrevista com o amigo da Alice? –


questionou.

Ele não se intrometeria nas minhas decisões, mas com certeza


tentaria me convencer a fazer o que Alice quer.

-O rapaz está em período de experiência, resolvi dá uma chance a


ele, para não dizer que nunca faço nada pela nossa filha. Ele de longe tem o
perfil necessário, mas se mostrou esforçado – contei.

Vamos ver se o rapaz terá futuro na empresa, vai depender de como


ele se comportar não só profissionalmente.

-Já entendi porque deu a chance ao rapaz, lembrou de si mesma,


não foi? – soltou.

Em parte também foi por isso, me vi nele.

-Também, mas em parte foi pela Alice. Acho que ela está
interessada nele – comentei.

Ela jamais falaria sobre essas coisas comigo, mas com Theon é
diferente.

265
-Também acho, ela me disse que está muito apaixonada e que nos
apresentará o rapaz durante a festa da empresa. Logo imaginei que seria esse
– concordou.

Isso só fica mais interessante, não a nada melhor para a minha


vaidade do que vencer minha filha na disputa por um homem.

Encerrei minha conversa com Theon e fui para o nosso quarto,


enquanto eu me distraía e descansava tendo a companhia de um bom livro,
ele, mais uma vez, ficou até tarde no laboratório.

Resolvi dormir, assim amanhã chega logo e eu posso “dá o bote” no


garotão.

Enquanto eu dormia senti mãos por meu corpo e beijos no meu


pescoço.

Será que estou sonhando?

Mas logo percebi que era Theon, ele tinha acabado de sair do banho
e estava envolto apenas por uma toalha.

Lembrei de quando o vi assim pela primeira vez, a mais de 20 anos


atrás, com certeza ele está bem melhor agora, mais másculo e musculoso. Mas
eu não estou interessada, quero está com todo o pique para minha nova
conquista, já faz tempo de não dou uma das minhas “escapadas” e mais tempo
ainda que não encontro um candidato tão interessante, não só pela beleza do
rapaz, como também pela situação.

-Theon, estou cansada, tive um dia cheio e terei uma semana


agitada, esse fim de semana será a festa e tenho muitas coisas para fazer e
me preocupar – argumentei.

Ele ficou chateado, mas aceitou.

-Entendo – falou cabisbaixo.

Ele foi se vestir e antes mesmo que voltasse para cama eu dormi.

266
Finalmente o momento tão esperado chegou, todos já tinham ido
embora e eu liberei minha secretária, ficamos apenas eu e Kevin na minha
sala. Ele me apresentou suas ideias e até que ele tem talento, realmente
gostei, esse garoto tem futuro, resta saber aproveitar as oportunidades que a
vida lhe dá.

-Então? O que a senhora achou? – perguntou ansioso.

Ele estava bem nervoso, pelo visto tinha se dedicado ao máximo,


me parece que ele realmente quer esse emprego.

-Gostei das suas ideias, você tem futuro garoto. Agora, só resta a
você, se comportar bem e assim chegará longe – comecei.

Fui me aproximando dele enquanto falava.

-Sei que não estou acostumado ao ambiente formal, mas garanto


que sei me adaptar, se a senhora achar melhor começo a usar terno para vir ao
trabalho, não tenho problema com isso – assegurou.

Bobinho, nem imagina o que o espera.

Empurrei a cadeira que ele estava sentado e coloquei minha perna


no descanso de braço.

-Não é desse tipo de comportamento que estou falando. Quero


saber se você saberá aproveitar a oportunidade que estou lhe dando. Você
pode crescer muito aqui dentro ou eu posso destruir sua carreira para sempre,
você escolhe – deixei claro minha oferta.

Ele ficou chocado.

-Desculpe, mas não me relaciono com mulheres casadas, muito


menos com minha chefe. Não sou desse tipo - falou sério.

Isso está ficando ainda mais interessante, quanto mais difícil mais
gostoso.

267
-Acho que ainda não entendeu, ou faz o que eu quero ou eu demito
você e ainda armo um escândalo dizendo que você tentou me agarrar. Não
preciso nem dizer como todos logo acreditarão em mim – ameacei.

Ele estava suando frio.

-Por favor, Sra. Harris, eu preciso desse emprego, preciso dessa


chance, mas não posso fazer isso. Estou apaixonado pela sua filha, não posso
ficar com a mãe dela. Também tenho meus princípios, não sou nenhum
vendido, tenho meu talento e sou esforçado, não quero ascender desse jeito –
discursou.

Que bonitinho, mas se ele pensa que me convencei está enganado.

-Kevin Colton, essa é sua última chance, eu não estou brincando e


seus discursinho só me deixa mais irritada, quanto mais me rejeitar com mais
raiva eu ficarei e pior será para você. Não venha com conversa de princípios,
sei que não é nenhum sacrifício ficar com uma mulher como eu, sei que sou
muito desejável e atraio a atenção dos homens por onde passo, posso ter o
homem que eu quiser e nesse momento é você que eu quero – encerrei.

Ele ficou contrariado, mas cedeu.

Ele deixou que eu tirasse sua roupa e ficou parado enquanto eu o


tocava, ele tem um corpo realmente maravilhoso e não faz feio lá em baixo,
apesar de ter sido frio durante todo o ato compensou em beleza e gostosura.

A situação como um todo me excitou, a recusa dele, a frieza com


que agiu, saber que ele e minha filha estão tendo alguma coisa, tudo isso me
deixou com muito tesão.

Quando acabamos, ele se vestiu e já estava de saída quando o


parei.

-Nem preciso dizer que o quero longe da Alice, nunca mais se


aproxime da minha filha, o caso de vocês acabou. Quero você disponível para
mim ou já sabe o que lhe aguarda – decretei.

Fui para casa em jubilo, não vejo a hora que minha filhinha querida
volte da Europa e descubra que está sem namorado.

268
Antes da festa da Harris eu transei mais uma vez com meu novo
brinquedinho, dessa vez no banheiro masculino da empresa, o surpreendi lá.
Claro que foi após o fim do expediente, não quero ser descoberta, pelo menos
não agora.

Finalmente o dia da festa chegou e com ele minha filha, Alice


chegaria pela manhã e a festa seria a noite.

Eu passei o dia fora no SPA e no salão, não a vi, só nos


encontraríamos na festa.

Quero estar deslumbrante.

269
Capitulo 29: Aquele olhar

A festa estava perfeita, tudo saindo exatamente como planejei, toda


a alta sociedade reunida, os maiores empresários do país, alguns
internacionais, além de vários investidores.

Eu estava perfeita, vestida para matar em um elegante, sofisticado e


sensual vestido vermelho com fenda lateram e decote profundo, no limite do
sexy e elegante para o vulgar, mas eu sempre consigo dosar, tenho o auxílio
de profissionais maravilhosos que cuidam da minha aparência.

Cumprimentei a todos, tendo rápidas conversas com a maioria dos


convidados, dando atenção especial aos mais importantes, posei para muitas
fotos, tinham muitos paparazzies ne até mesmo reportagens na porta do clube
onde estava ocorrendo a festa.

Estava sempre ao lado do Theon, como o casal lindo e perfeito que


somos, obviamente despertando a inveja de muita gente, do jeito que eu gosto.
Vê o olhar de desejo das mulheres para o meu marido é uma das melhores
coisas do mundo para mim, é até afrodisíaco, hoje, quando estivermos na

270
nossa cama, terei o maior prazer de desfrutar de tudo que tenho direito,
imaginando a frustração delas.

É assim que muitas vezes encontro desejo para transar com Theon,
sempre após alguém momento no qual ele é alvo de desejo das outras
mulheres, quanto mais ousada a tentativa da mulher maior o desejo que eu
sinto.

Os pais dele e os tios também estavam na festa, sempre sendo


parabenizados por nosso sucesso, todos tecendo elogios a Theon e a mim.

Para completar o quadro da família perfeita Alice chegou, minha filha


é muito diferente de mim, parece muito mais com o pai e com a família dele,
tem uma beleza exótica, com cílios e sobrancelhas marcadas, boca e nariz
perfeitos, além dos brilhantes olhos cor de mel, o cabelo longo e ondulado é de
um loiro escuro com reflexos de mel, parece pintado, mas é totalmente natural.

Alice é alta e tem o corpo cheio de curvas, isso com certeza ela não
herdou de mim, que por muitos anos foi uma “tabua”, só consegui minhas
curvas após muitos exercícios e o meu tão sonhado silicone.

Alicia é perfeita, tem uma beleza exótica, uma pele perfeita e brilho
natural, chama atenção onde passa. Sempre foi assim, o que dá muita raiva,
Alice me lembra a Candice, não parece nem um pouco com ela fisicamente,
mas a forma como causa admiração em todos sem nem mesmo se esforçar.

Ela sempre foi doce e carinhosa com todos, desde muito nova foi
apaixonada pelos animais, atualmente é vegana (o que está na moda hoje em
dia), mas mesmo quando criança, sem saber sobre isso, ela já não comia
carne, frango ou peixe, tinha pena dos animais.

A medida que foi crescendo se tornou ainda mais engajada na


defesa dos animais como também das plantas, da natureza em geral, com o
estilo alternativo, sempre participando de manifestações e muito mais, o que
me deixa furiosa. Por muitas vezes foi presa e ficou em apuros, chegou a
quase arruinar alguns negócios da Harris com alguns empresários importantes
por causa dessa militância.

271
Ela não se interessa pela empresa, mas adora criticar tudo que faço,
sempre querendo mudar a política da Harris, quer tudo perfeito, só pensa na
“economia verde”. Tenho até medo quando essa garota terminar os estudos e
começar a trabalhar na empresa, não quero nem imaginar as brigas que
teremos.

O mais me irrita é que Theon sempre fica ao lado dela e faz tudo
que ela quer, está sempre mediando nossos conflitos e punindo pela
princesinha dele. Foi um alivio para mim quando ela resolveu tirar esse ano
sabático e viajar pelo mundo tirando fotos e conhecendo novas culturas.

A fotografia era seu hobie preferido desde a infância, na


adolescência isso se intensificou, foi muito difícil fazer ela desistir de ser uma
artista, pelo menos nisso tive o apoio da família do Theon, Alice é a única
herdeira de um grande legado, tem que saber administrar tudo que vai herdar
um dia.

Minha esperança é que ela se casa e tenha filhos, meus netos, que
com eles eu me dê bem e consiga passar um pouco de mim a eles, de um jeito
que nunca pude fazer com Alice.

Sei que eu sempre impliquei com ela, a rejeitei quando nasceu, mas
depois que ela cresceu eu realmente tentei, eu queria molda-la, fazer dela uma
nova versão de mim, mas não tinha como, ela era uma cópia do pai, jamais
seria como eu. Desisti de vez, essa eu perdi para o Theon e os Harris.

Minha esperança é que Calebe se pareça comigo, ele sempre foi


muito parecido comigo, mas quando o deixei era apenas um bebê, além disso,
não estive ao seu lado enquanto crescia, nem sequer sei por quem foi criado,
se por Dylan, ou pelos pais dele.

-Aí está você Victoria estava lhe procurando. Alice foi receber o
namorado ele acabou de chegar. Está super ansiosa para nos apresentar ao
rapaz – falou Theon em jubilo.

272
Eu tinha vindo ao banheiro me retocar após a sessão de fotos.

-Mas o namorado dela não é nosso novo funcionário? Já o conheço,


provavelmente está ansiosa para que vocês se conheçam – falei.

Alice e Theon são muito próximos, ela deve estar super ansiosa para
apresentar o namorado ao pai e Theon é louco pela filha, vai querer interrogar
o rapaz por horas antes de se dar por satisfeito e constatar se ele é digno da
princesinha.

Alice nunca nos apresentou ninguém, com certeza teve


namoradinhos, mas nenhum importante o suficiente para isso. Ela deve estar
realmente apaixonada. Não vejo a hora de frustrar seus planos, a primeira
decepção a gente nunca esquece, essa garota precisa aprender uma lição ou
duas, a vida não é perfeita.

Segui Theon de volta ao salão, estou ansiosa para que vê a cara


que Kevin fará ao ser apresentado ao meu marido, com certeza ficará
tremendo de medo. Darei um jeito de transar com ele durante a festa, tem um
deposito nesse clube que é perfeito para isso, já usei para esse finalidade
algumas vezes. Mas agora será ainda mais excitante, adorarei fazer minha
filhinha de corna, juntamente com o pai dela.

Depois terei uma conversinha com Kevin, já está na hora dele


terminar tudo com Alice, a quero em prantos por ter sido rejeitada, como eu
queria poder jogar na cara dela que foi trocada por mim, que eu estou com seu
namoradinho.

Quando chegamos perto de Alice ela estava conversando com os


avós e os tios avós, o rapaz estava ao lado dela, mas não é Kevin, ele estava
de costas, mas era obvio que não era o mesmo.

Esse além de ser alto e ter um belo corpo tem uma postura
diferente, não é tão vulgar como Kevin, tem porte e elegância, além de ser
branquinho, a Kevin é mais escuro, mais bronzeado. Além disso, Kevin tem
tatuagens e usa roupas alternativas, esse rapaz tem a pele lisa e se veste
muito bem, com roupas boas e caras.

273
-Pai, mãe, esse é meu namorado. Nos conhecemos a pouco mais de
um mês, mas tenho certeza que o amo – disse Alice encantada.

Quando o rapaz virou para nos encarar eu fiquei paralisada, com


certeza nunca o tinha visto na vida, com certeza ele é um dos homens mais
lindos que já vi, mas não foi isso que me paralisou. Foram seus olhos, era o
meu olhar em olhos azuis. E isso, só uma pessoa no mundo tem.

-Olá, Sr. e Sra. Harris, meu nome é....

Eu o interrompi.

-Calebe?! Calebe Collins, esse é seu nome, não é? – questionei sem


conseguir me controlar.

Foi mais forte do que eu, sei que estava me entregando e chamando
a atenção de todos, mas pela primeira vez na vida não me importei.

Por muitos anos reprimi meu verdadeiros sentimentos, a única coisa


boa e genuína que existia dentro de mim, meu amor materno.

Mas agora eu não consigo mais, sempre soube que meu filho seria
minha perdição por isso nunca o procurei, mas agora ele está a minha frente e
eu não posso me segurar.

-Sim, esse é meu nome. Como a senhora sabe? – questionou


intrigado.

Ficaram todos nos olhando abobalhados, logo a festa inteira parou


para nos observar.

-Mãe, você o conhece? De onde se conhecem? – perguntou Alice.

Todos se faziam a mesma pergunta.

Nesse momento minhas ultimas forças se foram e o mundo se


apagou a minha frente.

274
Capitulo 30: O sol, a lua e a verdade

Quando acordei estava no escritório administrativo do clube, eu


estava deitada no sofá, Theon segurava minha mão.

Genevive e Robert nos observavam ao longe, Alice conversava com


Calebe afastada de nós, os dois estavam intrigados.

275
-Victoria, ainda bem que acordou? O que houve? Você nos assustou
– disse Theon preocupado.

Todos se aproximaram quando notaram que acordei.

-Victoria, por favor, nos esclareça o que está acontecendo. Estamos


todos muito assustados – disse Genevive.

Ela estava aflita.

-Victoria, de onde conhece o rapaz? Ele garante que nunca a viu na


vida – questionou Robert.

Não tinha mais o que fazer, já foi exposta e com meu filho a minha
frente não serei capaz de o renegar.

-Você é filho de Dylan Collins, não é? Você é da Carolina do Norte,


não é mesmo? – questionei para confirmar.

Meu coração de mãe não tem dúvidas mas não resta confirmar.

-Sim, esse é o nome do meu pai biológico. Mas eu fui criado por
meu tio, irmão da minha mãe, Jude Martin. Fui criado por ele e sua esposa,
eles foram meus verdadeiros pais. É assim que me conhece? É amiga do meu
pai? Já viu alguma foto minha? Nem eu nem ninguém me acha muito parecido
com ele, todos dizem que sou mais parecido com minha mãe, só os meus
olhos são os do meu pai. Não é possível que tenha me reconhecido pela
aparência com ele – falou.

Agora, observando melhor vi muitos traços meus nele, da minha


família.

-A cor dos seus olhos é do seu pai, mas o seu olhar é a da sua mãe.
O meu olhar em olhos azuis, foi o que sempre disse, meu menino – confessei.

Não resisti e o abracei, a mais de vinte anos esperei por esse


momento sonhei em ter meu menino em meus braços.

-Como assim meu menino? O que quer dizer com isso Victoria? –
questionou Genevive.

-Nós exigimos uma resposta Victoria! – completou Robert.

276
Mas foi Theon que respondeu.

-Seu nome de solteira era Victoria Martin, Jude é o nome do seu


irmão. Esse rapaz é seu filho, não é Victoria? – falou Theon.

Ele falou compassadamente, mas com certeza estava se


controlando para não explodir e ainda tentava assimilar.

-Filho?! Como assim filho?! Sempre pensei ser filha única, sua única
filha! Você teve um filho antes de se casar com meu pai?! Só pode, ele jamais
esconderia outro filho! – gritou Alice.

Ela estava transtornada.

Calebe estava sem reação, ainda tentava se recuperar e não tinha


correspondido ao meu abraço, tinha ficado paralisado.

-Victoria Martin, esse era o nome da minha mãe biológica, mas


todos achavam que ela estava morta. Ela nos abandonou em Clement quando
eu tinha um pouco mais de um ano, meu pai a procurou muito, meu tio disse
que ele contratou até detetives, mas jamais a encontraram. Eles achavam que
ela estava morta, por todos esses anos acreditamos que ela morreu. Meu pai
biológico, Dylan, colocou a culpa dela ter ido embora em mim, por isso ele me
deu para meu tio me criar, atualmente ele mora em Raleigh, as vezes volta a
New Bern e me visita, mas só quando meus avós o obrigam – contou.

Fiquei furiosa, Calebe já não teria mãe, Dylan não podia ter feito
isso. Mas pelo menos Jude o criou, sinto no meu coração que ele é o
verdadeiro pai de Calebe, sempre quis que fosse, mas agora, vendo meu filho
crescido, vejo muito de Jude nele.

Se bem que Calebe é meu filho e Jude meu irmão, é perfeitamente


normal que se pareçam, ainda mais porque Jude o criou.

-Três coisas não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua
e a verdade. Sempre soube que esse momento um dia chegaria, me preparei o
máximo que pude para ele, mas nunca pensei que seria assim e que estaria
tão despreparada. Sim, Calebe é meu filho – confessei.

Foi a vez de Genevive passar mal, Robert a acolheu.

277
-Por que nunca voltou? Por que não me procurou? Porque me
abandonou? – questionou Calebe.

Ele estava devastado.

-Muitas coisas aconteceram e eu prometo que contarei tudo, o que


precisa saber é que o amo, abandonar você foi a coisa mais difícil que fiz na
vida. Eu jamais o esqueci, penso em você todos os dias da minha vida, dia e
noite. Mas eu tive que ir embora e não podia levar você. Não podia trazer uma
criança para um futuro incerto, você tinha que ficar em segurança. O abandonei
pensando está fazendo o melhor para você, agora vejo que realmente fiz. Jude
com certeza foi o melhor pai que você poderia ter. Só espero que ele não tenha
se casado com a Anny Moore e feito dela sua mãe, isso eu jamais perdoaria –
falei furiosa.

Só de imaginar Anny conseguindo se casar com Jude eu tinha


vontade de matar, muito menos imaginar que meu filho a chama de mãe.

Ele riu.

-Não, Anny o perseguiu por um tempo quando eu era mais novo,


mas acabou desistindo e indo embora. Meu tio se casou com a mulher mais
linda e incrível que conheci na vida, ela com certeza foi a melhor do mundo.
Seu nome de solteira era Candice Adams, ele me disse que ela era sua melhor
amiga – contou.

NÃO!

Dessa vez eu surtei e comecei a quebrar tudo

-DURANTE MUITOS ANOS IMAGINEI QUE DYLAN PODIA TER


VOLTADO PARA CANDICE E QUE ELA O ESTIVESSE CRIANDO, MAS
IMAGINEI QUE ELA NÃO SERIA TOLA A ESSE PONTO. FICAVA FURIOSA
SÓ DE IMAGINAR VOCÊ A CHAMANDO DE MÃE! MAS GARANTIA A MIM
MESMA QUE JAMAIS ISSO SERIA POSSIVEL. MAS O DESTINO COMEÇOU
A COBRAR SUA DÍVIDA COMIGO, TIVE TUDO QUE QUERIA E AGORA
CHEGOU A HORA DA MINHA CADA, MAS COM CERTEZA ESTÁ SENDO
BEM PIOR DO QUE EU IMAGINEI. JAMAIS, NEM NO MEU PIOR PESADELO

278
IMAGINARIA QUE CANDICE SE CASARIA COM JUDE! NÃO, ELA NÃO! ATÉ
ANNY SERIA MELHOR DO QUE ISSO! – urrei.

Estava descontrolada quebrando tudo, a fúria era incontrolável, eu


queria destruir tudo, foi o maior golpe da minha vida. Candice e Jude juntos,
seria pior do que a morte.

--Calma Victoria, por favor. Sei que seu irmão e sua amiga falsa a
magoaram muito mas não pode ficar nesse estado! Pelo menos eles cuidaram
bem do seu filho, o criaram com todo amor e carinho – tentou me acalmar
Theon.

Eu o chutei para longe.

-SERÁ QUE AINDA NÃO PERCEBEU QUE ERA TUDO MENTIRA?


EU MENTI ESSES ANOS TODOS! JUDE FOI, É E SEMPRE SERÁ O AMOR
DA MINHA VIDA! ELE É O VERDADEIRO PAI DO CALEBE – joguei.

Não posso afirmar com certeza, mas meu coração diz que Calebe é
filho de Jude.

Também não tenho mais porque mentir, já foi exposta, agora só me


resta agora contar tudo, terei o maior prazer de jogar toda a verdade na cara de
todos, não tenho mais nada a perder.

-O que você está dizendo Victoria? Você me contou que seu irmão
tinha lhe violentado, por isso fugiu de casa! – pressionou Theon.

Nessa hora Robert interviu.

-Não se humilhe mais ainda tentando buscar explicações dessa


mulher, está provado que é uma cobra, uma falsa. Nos enganou muito bem,
com certeza uma excelente mentirosa, a melhor golpista que já conheci e olha
que conheci muitas, mas não passa de um oportunista – disse Robert.

Ele estava furioso.

-Isso mesmo, é uma mentirosa, fomos todos enganados por ela, por
mais de vinte anos, agora sabemos que tudo que nos contou era mentira –
completou Genevive

279
Os dois saíram furioso, não queria mais saber de nada.

-Então Calebe é meu irmão? É isso? Eu estou apaixonada pelo meu


próprio irmão? – constatou Alice chocada.

Não resisti e comecei a rir.

-Como o destino nos prega peças. Eu nunca me reconheci em você,


sempre a desprezei por ser tão diferente de mim, mas finalmente encontrei
algo em comum entre nós e logo isso. Você, minha cara Alice, está apaixonada
pelo seu irmão mais velho, do mesmo jeito que eu, que sempre fui loucamente
apaixonada pelo meu – sacaniei.

Ela ficou furiosa.

-Jamais me compare com você, não sou uma louca doente como
você! Eu me apaixonei por Calebe, mas jamais imaginei que fosse meu irmão.
Agora que sei disso jamais terei algo com ele, além de um relacionamento
fraternal – confrontou.

Bobinha, tão ingênua, tão jovem, não conhece a vida.

-Você acha que não disse tudo isso a mim mesma quando percebi
que estava apaixonada por Jude? Acha mesmo que não tentei resistir? Jude
também achou que era loucura, que era doença. Mas, não adiantou de nada,
em pouco tempo fomos para a cama e deixamos de lutar contra o que
sentíamos, sucumbir ao desejo e a paixão é bem mais fácil, além de ser bem
melhor – afirmei.

Ela se enfureceu.

-Você me dá asco! – ralhou.

Alice saiu furiosa pisando duro.

-Agora eu quero a história toda Victoria, dessa vez sem mentiras. É


o mínimo que mereço depois de tudo isso. Você já foi desmascarada, não tem
mais o que esconder – disse Theon.

Ele estava muito sério, nunca o vi tão determinado e seguro de si.

280
-Eu também quero saber tudo, meus pais, quer dizer, meus tios,
sempre se recusaram a falar sobre você, sempre viveram cheios de segredo.
Chegou a hora da verdade – disse Calebe.

Eu suspirei.

-Eles não podem contar a verdade, porque nem eles sabem, nem
Dylan, nem Candice nem mesmo Jude, a única pessoa que sabe toda a
verdade sou eu. Jude suspeita que você é filho dele, mas não tem certeza, com
certeza deve ter passado a vida toda se questionando, isso é, se não tive feito
o exame de DNA escondido – expliquei.

Os dois estavam dispostos a escutar tudo e eu a contar, mas não


pode ser assim. Tem que ser em alto estilo.

-Vamos para New Bern amanhã cedo. Calebe, reúna Dylan, Jude e
Candice, além de Arthur e Beatrice, se ainda forem vivos. Eu contarei tudo,
mas quero todos reunidos – ordenei.

Os dois ficaram inquietos.

-Depois você faz sua reunião de família, mas agora eu quero a


verdade. Não vou esperar para que me conte, muito menos participar do seu
circo! – ralhou Theon.

Nunca vi Theon assim, estou começando a ficar com tesão no seu


lado másculo e raivoso, seu ódio é um afrodisíaco.

-Ou fazem isso ou continuaram sem saber de nada – encerrei.

Fui embora sem esperar a resposta de nenhum dos dois.

Fui para casa e me tranquei no meu quarto, Theon não apareceu.

Não dormi a noite toda, estou ansiosa pelo confronto, para jogar
toda a verdade na cara de todos.

281
Capitulo 31: pão e circo

Quando o dia estava amanhecendo Theon chegou esmurrando a


porta, antes mesmo que eu me levantasse para abrir ele a derrubou.

-Você tem meia hora para me encontrar na entrada da casa, já está


tudo organizado, o jatinho está a nossa espera, Calebe e Alice irão conosco –
informou Theon.

Ele foi para o banheiro e se trocou lá, sem me dá a chance de falar


nada.

Tratei de arrumar uma pequena mala enquanto ele estava no banho,


peguei minhas coisas e fui para um dos quartos de hospedes, lá me arrumei,
quero está perfeita.

A viagem no jatinho foi rápida e confortável, além de silenciosa,


todos ficamos distantes uns dos outros e não trocamos uma palavra sequer.

Descemos uma cidade próxima e lá tinha um carro a nossa espera.

Seguimos novamente em silencio, quando passamos direto pela


minha antiga casa, que estava diferente.
282
-Esperem, eu preciso descer aqui – falei decidida.

O motorista parou o carro.

-A casa não é mais da família desde que você foi embora papai,
quer dizer, tio Jude, vendeu. Agora pertence a outra família – disse Calebe.

Nossa, parece que Jude estava mesmo disposto a recomeçar, não


sei como não foi embora da cidade.

-Preciso de alguns minutos – concluí.

Alice revirou os olhos.

-Até parece que tem sentimento – soltou.

Ela estava furiosa, até mais que Theon e Calebe.

-Você tem 5 minutos, nada a mais que isso – decretou Theon.

Ele está bem mais determinado e seguro de si depois de toda a


confusão do dia anterior.

Desci do caso ne pisei novamente no meio fio daquela que foi minha
casa durante os primeiros 17 anos da minha vida, é estranho imaginar que
passei mais tempo longe dela do que vivendo nela, sempre esteve tão presente
em minhas lembranças, essa sempre será a minha casa.

Posso ter sido tudo de pior, mas realmente amei minha família, um
dia fui uma menina pura e ingênua, mas a vida me mudou, nada foi fácil para
mim, conheci a dor, a tristeza e o sofrimento muito cedo, não tive o direito a
uma “bolha de proteção”, isso define parte do que sou.

Mas também não coloco toda a culpa nas coisas ruins que me
aconteceram, muita gente passa por coisa pior e se torna alguém bom, eu
tenho tendência ao mal, faz parte de mim, isso nada nem ninguém pode
mudar, nem mesmo eu.

Enquanto estava parada na rua observando minha antiga casa vi


que as pessoas na rua parava para me olhar, que conversavam entre si.

283
-Chega Victoria, se não entrar no carro agora seguirá a pé – disse
Theon.

Voltei para o carro.

-Preciso me recompor, vou para um hotel. Calebe, diga a Jude e


Candice que preparem um banque na mansão Adams. Eu os encontrarei lá –
decretei.

Alice ficou furiosa.

-Isso já é demais! Você foi desmascarada, pare de pousar! Você não


manda mais em nada! – ralhou Alice.

Foi Calebe que respondeu.

-Prefiro que seja assim também, quero conversar com meus pais
antes – concordou Calebe.

Ele tentou apaziguar a situação.

-Eu também acho que seria melhor nos prepararmos mais um


pouco. Preciso de um banho e de descanso. Vamos para um hotel, a noite
resolvemos essa situação – impôs Theon.

Antes ele parecia ansioso pela conversa, mas agora estava


diferente, mais pensativo.

Fomos para o melhor hotel da cidade, de lá o motorista levou Calebe


para a casa dos Adams, que agora é conhecida como casa dos Martin,
segundo Calebe me corrigiu.

Quem diria, meu irmão conseguiu algo que nem eu consegui, a


melhor casa da cidade, que pertencia a família mais rica e tradicional, agora
pertence a ele.

No hotel Theon pediu 3 quartos separados, está mesmo querendo


distancia de mim.

Fui para o meu quarto, tomei banho e descansei.

284
Mais tarde, naquele mesmo dia, tomei um longo e relaxante banho,
me preparei com minha roupa escolhida a dedo, mais um vestido sensual, mas
dessa vez preto, como o momento merece.

Na hora marcada desci para encontrar Theon e Alicia, seguimos


para a mansão Martin.

Eu tinha aproveitado para me atualizar, fiz algumas pesquisas na


internet e descobri que Arthur tinha sido preso e condenado, tinha morrido
alguns anos depois na prisão, em uma briga. Já Beatrice, teve depressão e
depois de alguns anos também acabou morrendo do coração.

Também descobri que sou o assunto do momento, provavelmente


algum dos funcionários do clube nos espiou as escondidas e vendeu a história
para algum jornal. Fiquei impressionada com a rapidez com a qual os tabloides
fizeram uma pesquisa sobre minha vida.

Tinha matérias e mais matérias contando sobre minha origem


humilde, a morte dos meus pais, minha adolescia em New Bern, minha
amizade com Candice Adams, agora Martin e seu ex noivo, Dylan Collins. Além
do escândalo no casamento os escândalos, o noivo que não apareceu e as
denúncias contra o pai da noiva.

Também falavam sobre meu caso com Dylan, que fugi com ele e
que tivemos um filho. Além, claro, da cereja do bolo, que na verdade o bebê
não era filho de Dylan Collins e sim de Jude Martin, fruto de incesto.

A essa altura toda a alta sociedade de Nova York já descobriu que


bajulou por muitos anos uma nada, uma ninguém, uma golpista e alpinista
social. Como também, todos em New Bern descobriram que a insignificante
Victoria Martin se tornou a Sra. Victoria Harris, grande engenheira e empresaria
de sucesso, esposa de um dos homens mais ricos e influentes do país, além
de sócia fundadora da Harris Technology, a maior empresa de tecnologia
empresarial do país.

285
A satisfação pessoal foi imensa, poder jogar na cara de toda a alta
sociedade que eu enganei a todos, que os venci em seu próprio jogo. Como
também de mostrar a essa cidadezinha que eu consegui, eu cheguei ao topo.

Finalmente chegamos ao nosso destino, a casa não tinha mudado


quase nada, estava impecável como sempre, a única mudança era o nome na
caixa de correio, ao invés de “Adams” tinha “Martin”.

Segui aquele caminho tão conhecido e me senti com 17 anos de


novo, eu estou de volta.

Quando adentrei o recinto todos ficaram paralisados.

Calebe estava sentado no sofá conversando com um Dylan mais


velho do que eu lembrava mas ainda assim lindo, ele mantinha a beleza da
juventude, mas estava mais maduro, mais seguro e já começava a aparentar
marcas da idade.

Candice estava a mesa, fazendo os últimos retoques para o jantar,


realmente tinha feito um banquete, como exigi, estava tudo lindo e refinado
como costumava ser nos tempos áureos nos quais a família Adams era ilustre
e respeitável, sempre recebendo pessoas importantes.

Por último ele, Jude, esse estava mudado.

Jude foi o que mais mudou, estava longe de ser aquele rapaz
desleixado, com aquele estilo trabalhador braçal, muito pelo contrário, estava
impecável, muito bem vestido e arrumado, além de estar bem penteado e com
a barba bem feita. Estava ainda mais bonito, conservava o porte e os músculos
da juventude, mas parecia agora algo mais sofisticado, lapidado em academia,
não era mais devido ao esforço do trabalho.

Se estivéssemos em um dos jantares do meu ciclo social Jude


estaria despertando o interesse de todas aquelas velhas casadas e recalcadas,
teríamos muitos cochichos e sorrisinhos.

286
-Então, 27 anos depois, estamos todos reunidos outra vez, nessa
mesma casa. Não posso negar que estou extremamente feliz em rever a todos,
principalmente você Jude, está quase uma cópia de Arthur Adams, Candice
conseguiu mesmo te transformar em seu cachorrinho, jamais o imaginei dessa
forma – falei amargurada.

Ainda não consigo aceitar os dois juntos.

-Guarde seu veneno para você Victoria, Candice não é


manipuladora como você, muito pelo contrário, ela é tudo que você mais queria
ser e jamais será, por isso a inveja tanto. Parece que não adiantou de nada
fazer tudo que fez, chegar onde chegou e não ter sido feliz. Posso ver nos seus
olhos a frustração. A vida te ensinou uma lição da forma mais difícil, você
poderia ter sido grande por mérito próprio, sempre foi inteligente e esperta,
tinha um futuro brilhante pela frente, mas escolhe o caminho errado. De que
isso adiantou? Um dia a vida cobra e com juros. Isso é só o começo do seu fim
– discursou Jude.

Como ele está cheio de floreios, nem de longe parece aquele ogro
machista com quem cresci.

-Por favor, sem discussões. Viemos aqui por respostas, acusações


não nos levaram a nada, depois que ela terminar de contar tudo vocês podem
brigar o quanto quiserem – pediu Theon sensato.

Era tão estranho ter todos juntos no mesmo lugar.

De um lado, Dylan, Jude e Candice, que fazem parte do meu


passado, representam a garota que fui um dia. Do outro Theon e Alice, minha
família, eles representam a mulher que me tornei. No meio de tudo Calebe, o
divisor de aguas na minha vida.

-Ele tem razão, vamos ouvir o que a Victoria tem a dizer, como ela
mesma disse, já se passaram 27 anos, já esperamos demais por todas essas
respostas – concordou Candice.

Ela é patética, mesmo depois de tudo mantendo a pose de


boazinha.

287
-Bom, não vamos perder os bons modos, afinal, se Beatrice fosse
viva ficaria decepcionada com nossa falta de educação. Candice, sei que agora
você é a Sra. Martin, mas se me permite gostaria de fazer as apresentações –
comecei.

Foi a vez de Alice se pronunciar.

-Como se você fosse deixar que alguém tomasse o lugar de


destaque de você. Faça seu show, mamãe, afinal, isso aqui mais parece pão e
circo na Roma antiga – disse Alice sarcástica.

Ninguém falou mais nada, então segui com minha grande noite.

-Theon, esses são Candice, antiga Adams e agora Martin, ela foi
minha melhor amiga de infância, além de uma das pessoas que mais odiei no
mundo. Esse é Dylan Collins, ele foi meu melhor amigo de infância, além da
minha paixão de adolescia, meu grande sonho. Na verdade ele foi muitas
coisas na minha vida, como meu amante, meu quase marido e oficialmente é
pai do meu filho Calebe, que você já conhece. Mas, como sempre, o melhor
para o final. Esse é Jude Martin, meu irmão mais velho, que sempre foi mais
que um irmão para mim, foi o pai que eu não pude conhecer, em alguns
momentos meu melhor amigo e claro, o melhor de tudo, o único homem que
amei de verdade, o amor da minha vida, como também, o melhor que já tive na
minha cama – soltei venenosa.

Eu pretendia fazer as apresentações singelas, mas não resistir a


destilar meu veneno.

-Candice, Dylan e Jude, esses são, Theon Harris, meu querido


marido, agora conhecido como o maior corno da alta sociedade de Nova York,
a esse momento deve ser o motivo de chacota entre todos que conhecemos e
até mesmo os que não conhecemos. E essa moça metida é Alice Harris, minha
filha e maior decepção da minha vida, mas não tem problema, eu realmente
não queria que ela tivesse nascido – encerrei.

Acho que peguei pesado com os dois, mas agora que posso falar
vou me libertar de tudo que prendi durante todos esses anos, finalmente
poderei falar tudo que sempre quis, sem filtro.

288
-É Jude, eu odeio concordar com você, mas tenho que admitir que
você teve razão esses anos todos, ela é uma cobra, eu que fui burro de ficar
tentando justificar seus atos e encontrar desculpas para suas ações. Mas o que
mais me arrependo é de ter rejeitado o Calebe por causa dela, ter colocado a
culpa de tudo em uma criança inocente, que não pediu para nascer, muito
menos para ter a mãe que tem. Me perdoa filho, sei que isso não vai mudar
nada que aconteceu nos últimos 26 anos, mas é o que eu poço fazer, te pedir
perdão do fundo do meu coração – discursou Dylan.

Calebe ficou emocionado e abraçou Dylan, pelo jeito dele era algo
que quis ouvir a vida inteira, Dylan também estava aos prantos.

-Que bonitinho, mas você está desatualizado Dylan, Calebe é filho


do Jude, não seu. Você foi só o trouxa que eu usei para assumir a paternidade
dele. Do mesmo jeito que Theon foi o trouxe que eu usei para me tornar uma
senhora respeitável – soltei.

Acho que está bom de vinho para mim, eu tinha tomado quase uma
garrafa inteira enquanto me arrumava para vir, queria estar preparada e
confiante para essa conversa.

Quando cheguei aqui antes de falar qualquer coisa já fui me


servindo de mais vinho, mas é melhor parar, se continuar assim logo estarei
bêbada e não terei condições de falar tudo que quero.

-Eu e Jude conversamos, você esteve com nós dois nos mesmo
período, nossas chances são as mesmas – rebateu Dylan.

Não me segurei, comecei a gargalhar.

289
Capítulo 32: Cartas na mesa

-Verdade, sempre fui muito fogosa, sempre passava a noite


transando com o Jude, mas logo que acordava já ia para a sua casa passar
horas transando com você, quando voltava para casa mais horas de sexo com
Jude. Como era bom, as vezes me recordo daquele tempo e sinto falta, pelo
menos aproveitei ao máximo, sabia que não duraria. Mas tem algo que vocês
dois não sabem, não são os únicos possíveis pais do Calebe, são os mais
prováveis, mas não as únicas alternativas – comecei.

Todos ficaram chocados, menos Jude, ele estava pleno.

-Eu sabia, sempre soube que tinha mais podridão sua que
continuava escondida, sempre soube que tinha muito mais e que um dia
descobriríamos. Quem foram os outros Victoria? Vamos, cartas na mesa, quero
nomes! – ralhou Jude.

Ele estava furioso, mesmo que quisesse demonstrar que estava feliz
por estar certo eu podia ver a raiva em seus olhos.

- Arthur Adams e Noah Campbell – soltei.

Candice só não caiu porque Jude a segurou.

Dylan deu um murro na parede, com toda sua força.

290
-Quanto mais você fala mais ódio eu sinto, não de você, de mim, por
ter sido tão burro, tão patético. Eu perdi a minha vida inteira por você, sua
cobra, mas agora eu tenho asco de você! – urrou Dylan.

Como ele é dramático.

-O que foi Dylan? Se arrependeu de ter abandonado a noivinha pura


e casta pela melhor amiga vadia? Deve ter sido frustrante depois de ter sido
abandonado por mim voltar a cidade e encontrar Candice casada com o Jude.
Mas não coloque toda a culpa em mim, você não queria se casar, mesmo
antes de termos um caso – desdenhei.

Dylan estava espumando de raiva mas foi Candice quem respondeu.

-Quando Dylan voltou com Calebe eu não estava casada com Jude,
nem tinha nada com ele. Eu estava fazendo faculdade em Charlotte, Dylan me
procurou, nós conversamos e ele me contou tudo. Eu já o tinha perdoado, no
fundo foi melhor assim, melhor do que nos arrependermos depois de já
estarmos casados e passarmos a vida toda em um casamento de mentira,
como foi o dos meus pais. Nem eu nem ele quisemos reatar, continuamos
amigos, mantivemos contato, mas só isso – contou Candice.

Nossa, que maduros, estou impressionada.

-Eu e Candice nos casamos quando Calebe tinha 10 anos, ela


estava trabalhando como pediatra no hospital e cuidou de Calebe quando ele
teve pneumonia e passou um tempo internado. Foi assim que nos
aproximamos e acabamos nos apaixonando – completou Jude.

Que história mais chata, bem a cara da Candice pousar de bondosa


e prender os homens na sua teia de admiração e gratidão.

-Quando eu voltei para New Bern, assim que descobri que você
além de ter me abandonado tinha roubado todo o meu dinheiro e vendido
nossa casa, eu fui morar com os meus pais, mas queria retomar minha carreira
e ficar longe daquele bebê que me lembrava tanto a mãe dele. Meu pais iriam
cuidar dele, mas Jude não deixou, nunca o vi tão determinado, ele acabou nos
convencendo que seria melhor que ele criasse o sobrinho. Agora sei porque,
ele acreditava que Calebe era seu filho e o queria junto a ele – terminou Dylan.
291
Jude o recusou no calor do momento, sabia que ele jamais
abandonaria um filho, ele sabe o que é crescer sem pai, sempre quis ser pai
para compensar isso, sempre dizia que seria o melhor pai do mundo.

-Como conseguiu criar um menino tão pequeno sozinho? Não vai


me dizer que a Anny também cuidou do meu filho?! Seria demais! – ralhei
furiosa.

Se já não bastasse a Candice.

-Não Victoria, pensei que tivesse ficado claro para você a muitos
anos que eu jamais ficaria com a Anny de novo, quando dou minha palavra que
jamais voltarei a ficar com uma determinada mulher eu cumpro – rabateu com
raiva.

Respirei aliviada.

-Se eu me lembro bem, você quebrou esse juramente comigo. Ou


esqueceu nossa última noite? Para mim foi a melhor de todas – falei maliciosa.

Ele estremeceu, mas não falou nada.

-Nos poupe desse tipo de detalhes – interviu Alice.

Não liguei para o que ela disse.

-Nossa Jude, eu pensava que você tinha se articulado para me


desmascarar perante a todos, que tinha se esforçado para mostrar a todos
minha verdadeira face, mas na verdade foi um covarde. Está adorando apontar
o dedo para mim, mas quando se refere a você sempre encobre a história. Não
contou a Dylan sobre o caso que tivemos até a verdade vir à tona e ainda
escondeu nossa última noite. Sabe, eu tive medo que me denunciasse por
aquilo, mas sabia que seu ego e sua masculinidade seriam maior que isso –
acusei.

Ele estava espumando de raiva.

-Ele não contou nada ao Dylan porque eu pedi, não queria reabrir as
feridas, no fundo me iludia pensando que Calebe podia ser filho do Dylan. Mas
sobre o caso de vocês ele me contou, antes de me pedir em casamento, ele

292
disse que não poderia esconder algo tão grave de mim. Eu sempre soube de
tudo Victoria, me cansei com Jude ciente do passado dele. Se acha que suas
intrigas iriam nos separar está enganada – defendeu Candice.

Ela está se achando, coitada....

-Tem certeza que ele contou tudo? Tudo mesmo? Duvido que ele
tenha contado sobre minha última noite em New Bern, sobre o que aconteceu
depois que fui me despedir de você – pressionei.

Jude estava quase explodindo de fúria.

-Sim, ele contou, contou como foi fraco, que mesmo depois de ter
jurado não tocar mais em você ele se rendeu, que ele não resistiu e vocês
ficaram juntos uma última vez – falou imperiosa.

Ri de sua petulância.

-Ele mentiu para você, não foi assim que aconteceu. Eu sabia,
sempre soube, isso você jamais contaria – joguei na cara do Jude.

Foi Theon que falou, ele estava tão calado que nem parecia
presente no recinto.

-Então a história do abuso não era de tudo mentira, você foi mesmo
embora porque seu irmão a violentou – interveio Theon.

Coitado, está procurando algo de bom em mim, ficará chocado.

-Não, muito do que lhe contei tinha um fundo de verdade, afinal,


para uma mentira perfeita é necessário que ela seja baseada na verdade –
respondi.

Jude conseguiu se controlar e se posicionou.

-Eu não violentei a minha irmã, foi ela quem me violentou. Victoria
me estuprou aquela noite – contou Jude.

Ele estava muito envergonhado, mas ao mesmo tempo aliviado.

De tudo que foi falado, com certeza isso foi o que mais chocou a
todos.

293
-E eu que pensava que ter um caso com o irmão já era absurdo,
mas isso já é demais – se enfureceu Dylan.

Hora de chocar mais um pouco.

-Eu fiz quase o mesmo com você Dylan, na nossa primeira vez. Eu
dopei você para que transasse comigo, não acha estranho que nunca tenha
lembrado de nada? Mesmo depois que a ressaca passou? – contei.

Dylan entrou em negação.

-Claro que não, eu lembro de ter te chamado para ficar na cama


comigo. Você está inventando isso, quer nos chocar. No máximo se aproveitou
que eu estava bêbado, sabia que seria mais fácil me seduzir. Agora vejo que
você sempre soube que eu era apaixonado por você e não pela Candice, só
estava esperando o momento certo para agir – argumentou.

Coitado, o afetei onde mais dói, na sua masculinidade.

-Em parte você tem razão, eu realmente sabia que você me queria,
mas achava que também gostava da Candice e que estava em dúvida entre
nós e que a escolheu por pressão dos seus pais. Não sabia que você me
amava tanto, que sempre tinha sido apaixonado por mim, não por ela, que a
escolheu por achar que eu não o queria, claro, também pela pressão dos seus
pais. Eu também tinha que esperar o casamento está próximo, não podia
deixar que você desistisse tão cedo, tudo que eu mais queria era que você
abandonasse a Candice na igreja. Mas eu realmente o dopei coloquei um
remedinho na sua agua e quando você dormiu eu fiz tudo com você enquanto
estava desacordado, confesso que foi bastante interessante, uma experiência
diferente, de poder. Só não foi melhor do que quando fiz quase o mesmo com
Jude – confessei.

Todos ficaram sem palavras.

-Realmente, você é doente – disse Alice por fim.

Estou adorando vê as caras de espanto de todos.

294
-Ela é sádica mesmo, por muitos anos eu tentei me enganar, fingir
que de certa forma eu queria, que eu permiti, me manter no controle, mas
agora eu vejo que estava tentado me enganar, me iludir – admitiu Jude.

Ele nem imagina o quanto sou sádica.

-Foi maravilhoso te dominar, te ter tão indefeso, o que mais gostei foi
vê nos seus olhos sua fúria. Inicialmente eu pensei em te dopar e abusar de
você enquanto estivesse desacordado, como fiz com Dylan. Mas desisti, você
merecia mais, queria que estivesse consciente, que visse tudo. Você foi tão
prepotente ao dizer que eu jamais o teria de novo, eu tinha que te mostrar
quem manda – detalhei.

Candice saiu de lá correndo, provavelmente lembrando do próprio


abuso.

-Quando penso que já vi o pior de você, você me surpreende,


negativamente, claro – disse Theon.

Hora de contar mais um pouco.

-Quase fiz o mesmo com você, na nossa noite de núpcias. Não sabe
como fiquei frustrada quando não me deixou te ver nu, estava muito curiosa,
tinha passado muito tempo com você, sem nunca ter visto nada, nem mesmo
uma mãozinha boba. Além de estar a muito tempo sem sexo, estava subindo
pelas paredes. Mas desisti, resolvi esperar você ficar mais desinibido, imaginei
que seria interessante o processo de descoberta, tinha razão, foi algo novo. Eu
te dopei sabia, várias vezes, para escapar durante a noite e transar com outros
homens. Fiz isso principalmente na nossa lua de mel, você não conseguia
saciar meu desejo, depois de transar com você eu ficava com mais vontade do
que antes. Eu te dopava e saia em busca de outros homens, homens de
verdade, que me proporcionassem horas de prazer – abri o jogo.

Todos estavam enojados.

-Você devia ter sido atriz, Hollywood está perdendo um talento. Você
me enganou direitinho, jamais imaginaria que era tão experiente assim, fingiu
muito bem. Como Dylan disse, nós dois fomos burros, acreditamos em você,
no seu amor. Mas pelo menos ele viveu essa ilusão por pouco tempo, mas eu
295
vivi mais de vinte anos com você e jamais sequer desconfiei de nada –
declarou Theon.

Coitado, ele não merece toda essa humilhação, vou apaziguar um


pouco dizendo as coisas boas.

-Como disse, para uma boa mentira a verdade é necessária. Nem


sempre foi mentira ou encenação, eu nunca o amei, isso não posso negar, mas
eu gosto de você. Eu tinha carinho por você, sempre tive, te admirava e por
algum tempo senti desejo por você, em muitos momentos tive atração física.
Principalmente após nossa lua de mel, quando você começou a se soltar
comigo. Nosso primeiro ano de casados foi incrível, eu realmente te desejava e
transava com você cheia de vontade, até porque, você tem um presente divino
entre as pernas, só não sabia usar, mas depois que aprendeu foi ótimo. Podia
não ter o corpo do Jude, ou até mesmo do Noah ou do Dylan, mas
compensava nas partes intimas, tive muitos homens, tanto antes de você como
durante nosso casamento, mas se isso te alegra, o “Theon Junior” foi o mais
gostoso, meu preferido, é perfeito. Sim Jude, pode ficar assustado, o dele é
melhor do que o seu, eu também não imaginava encontrar um melhor, mas
acabei encontrando – contei.

Nessa hora Candice voltou para a sala.

-Mas nem isso fez você se contentar com o seu marido e esquecer o
meu - cortou revoltada.

Ela deve ter ouvido tudo do banheiro social, enquanto se limpava


após vomitar muito.

-Uma coisa é sexo e outra é amor, por melhor que o sexo seja uma
hora a gente cansa, se não tiver amor o tesão não dura muito. Foi o que
aconteceu com Theon, eu nunca o amei, depois de ter feito tudo que queria
com ele acabei enjoando, voltei a procurar amantes, sempre trocando, as
vezes nem repetia, estava ficando cansada deles cada vez mais fácil. Foi aí
que descobri que não era o homem e sim as circunstâncias, eu precisava de
situações que me deixassem excitada. Percebi que sempre que alguma mulher
desejava o meu marido, se interessava por ele e sentia inveja de mim, eu

296
voltava a sentir desejo por ele. Que quando eu estava a muito tempo sem sexo,
que estava carente, ou que passava por algum momento difícil e ele me
acalentava, eu sentia desejo por ele de novo. E foi assim, nessas pequenas
coisas, que sustentei meu casamento. Sim, as vezes cheguei a ficar bêbada e
imaginar Jude no lugar do Theon, sei que todos devem estar se perguntando
sobre isso – declarei.

Pela primeira vez Theon estava fora de si.

-AGORA SOU EU QUE AFIRMO, JURO, PROMETO, O QUE FOR,


JAMAIS A TOCAREI DE NOVO, NEM DEIXAREI QUE ME TOQUE. NÃO
ADIANTA SE EXCITAR COM A SITUAÇÃO, POR MIM MORRERÁ DE
DESEJO, AGORA QUE SEI A COBRA QUE É NÃO ME ENGANARÁ NUNCA
MAIS! – gritou Theon.

Pior que ele tem razão, desde que ele ficou frio comigo e assumiu
essa postura determinada e seguro eu fiquei com tesão nele, mas agora está
maior.

-Quero ver se será capaz de cumprir com o que está dizendo. Olha
que nem precisarei te dopar ou te amarrar. Eu te conheço Theon Harris, você é
romântico, do tipo de homem que se apaixona apenas uma vez na vida, você é
do tipo que faz amor e não sexo. Pode até fugir de mim, mas jamais me
esquecerá, muito menos ficará com outra mulher. Se não desistir e me aceitar
de volta com certeza passará o resto da vida sozinho, remoendo seu amor por
mim – assegurei.

Ele me encarou sério e olhou no fundo dos meus olhos.

-Sim, diferente de você sou uma pessoa verdadeira, sou romântico e


meus olhos são verdadeiras janelas para minha alma, mas já perdi mais de
vinte anos da minha vida por sua causa, não perderei nem mais um dia por
você. Realmente, se você tivesse morrido ou até mesmo se separado de mim
para ficar com outro, eu realmente passaria o resto da minha vida sozinho,
pensando em você e remoendo meu amor. Mas depois de tudo isso? Depois
de ver sua verdadeira face? Não, agora terei ainda mais desejo de viver, ânsia
de recomeçar, conhecer alguém que vá me amar de verdade, alguém que me

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mereça. Se o que queria de mim era dinheiro e poder, espero que tenha
aproveitado enquanto teve, porque saíra desse casamento sem nada. Você irá
para a sarjeta, que é o seu lugar. Se gosta tanto de sexo, vá vender seu corpo
por dinheiro, foi o que fez estando casada comigo todos esses anos, a única
diferença era que eu era seu único cliente, agora terá vários, quem sabe agora
consigo saciar seu desejo incontrolável – decretou.

Ele fala a verdade, dá para ver em seus olhos.

-Eu já fiz isso quando deixei Dylan, passei um ano me prostituindo,


não só pelo dinheiro, eu gostava da situação, tive boas experiências. Claro que
tiveram coisas ruins, por isso eu parei e nunca mais fiz isso e não será agora
que farei. Agora estou do outro lado, sou eu que contrato os serviços de
garotos de programa, até descontei em alguns deles a raiva que tinha de
alguns clientes que me maltrataram. Como dizem, um dia é da caça e o outro
do caçador. Agora eu sou a caçadora. E se não lembra, querido marido, foi
você que insistiu que nos casássemos em comunhão de bens, além disso,
mesmo que não fosse, eu sou sócia fundadora da Harris Technology. Você
pode contratar os melhores advogados, mas eu ainda sim terei meus direitos –
argumentei.

Ele sorriu maléfico.

-Você acabou de confessar dois crimes nessa sala, temos várias


testemunhas. Se você não abrir mão de tudo que tem direito, repassando tudo
para Alicia eu a coloco na cadeia, de uma forma ou de outra ficará na sarjeta,
você escolhe – ameaçou.

Tive uma crise de risos.

-Você esquece, queridinho, que Dylan e Jude teriam que me acusar,


além de deporem e enfrentar julgamento, toda a burocracia, com certeza
nenhum dos dois aceitaria passar por essa humilhação. Além do mais,
ninguém acreditaria neles, homens estuprados e abusados, isso sim seria um
circo – gargalhei.

Dessa vez foi Alice quem me enfrentou.

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-As coisas mudaram mamãe apesar de bem menores a menos
frequentes, a violência sexual realizada por mulheres, tendo homens como
vítimas existe e aos poucos está sendo motivo de debate. Ainda são poucos os
homens que denunciam, ou até mesmo assumem, muitos tentam se enganar,
como vimos aqui. Mas ela existe e está sendo combatida – assegurou Alice.

Como sempre a defensora dos oprimidos.

-Eu estou disposto a denunciar, vou até a última estancia se


necessário, se é para parar você eu sou capaz de tudo – concordou Jude.

Jude está mesmo revoltado comigo.

-Eu também, chega de ser manipulado por você, chegou o momento


de pagar por tudo que fez – se manifestou Dylan.

Como se eles fossem conseguir alguma coisa.

-Vocês dois foram meus amantes, ninguém jamais acreditará que os


forcei a nada, muito pelo contrário, acharam que são recalcados que se uniram
por vingança – rebati.

Foi Theon que se pronunciou.

-Não somos você, estamos unidos por justiça, não por vingança –
declarou Theon.

Alice se meteu novamente.

-Além disso, temos mais um acusador. Depois que saí da sala de


administração do clube, encontrei Kevin, como eu estava chorando ele me
socorreu, desabafei com ele e ele me contou o que você fez. Você o
chantageou e o obrigou a transar com você. Isso é coação, além de ser
assedio no ambiente de trabalho. Tenho certeza que ele estará disposto a lhe
acusar, ele ficou furioso, estava procurando uma forma de lhe acusar, teve
medo que não acreditassem nele, por isso não a denunciou, mas com certeza,
depois de tudo isso, ele a denunciará – afirmou Alice.

Tinha que ser o revoltadinho do Colton.

-É Victoria, sua lista de crimes está crescendo – disse Dylan.

299
Agora foi Candice quem interveio.

-Tem mais um crime para a lista, o meu sequestro. Sempre imaginei


que Noah tinha feito tudo por vingança, que sempre me desejou e por isso
sequestrou e mim e minha mãe, além de nos ter violentado. Mas agora, só fica
claro como ele fez tudo isso a mando seu, com certeza fez parte da sua
vingança – afirmou Candice.

Não adianta negar, nem tentar esconder, até porque, vou adorar
jogar a verdade na cara das duas.

-Sim, para mais esses dois crimes. Como eu disse, filha, o que me
excita é a situação, vê aquele homem subjugado a mim foi maravilhoso,
principalmente porque eu percebi logo que ele estava interessado em você e
você nele, eu o ordenei que ficasse longe de você. Transei com ele imaginando
sua cara ao levar um fora, como sofreria e ficaria deprimida ao ser rejeitada,
você precisava ver que a vida não é perfeita, nada melhor que uma decepção
amorosa para isso. Não imaginava que você já tinha arrumado outro, mas a
decepção foi ainda maior, não é queridinha. Por falar nisso, a pergunta que não
quer calar, você seguiu mesmo meus paços e transou com o seu irmão mais
velho? – questionei.

Todos ficaram em silencio, com certeza já tinham se perguntando


isso.

-Gostaria muito de dizer que não, mas infelizmente, não sou


mentirosa como você. Então, sim, nós transamos – assumiu em lagrimas.

Theon a abraçou.

-Calma filha, não se culpe, vocês dois são inocentes, vocês não
sabia de nada – a confortou.

Jude se aproximou dela.

-Vocês não são como nós, nós sabíamos que o que estávamos
fazendo era errado. Nós crescemos juntos, sempre soubemos que somos
irmãos, nós erramos cientes do nosso erro. Vocês não, jamais poderiam
imaginar que eram irmãos. Não se culpem – acalmou Jude.

300
Parece que Alice não é tão bobinha, espero que tenha aproveitado
bastante, tenho certeza que os dois vão se corroer de desejo por dentro, mas
não voltaram a ficar juntos.

-Quem bom que assume sua parcela de culpa Jude, até porque, eu
só forcei as coisas entre nós uma vez, todas as outras vezes você quis e nada
pode mudar isso – joguei.

Ele bufou.

-Não precisa me lembrar disso, estou ciente dos meus erros, não
posso apagar o que fiz, mas posso deixar de errar, que foi o que eu fiz –
assegurou.

Candice o abraçou, dando apoio.

-Você já se redimiu dos seus erros, até porque, sempre tentou evitar
isso, foi ela que o seduziu e usou. Já disse mil vezes e repito, você pode ter
uma parcela de culpa, mas a maior culpada é a sua irmã, foi ela que buscou
isso – consolou Candice.

Como sempre, a boa e caridosa Candice.

-Mas não esqueça Jude, que lá no começo, quando eu pedi para te


vê nu, você deixou, se naquele tempo tivesse negado não teríamos chegado a
ter um caso. Porque naquele tempo eu só estava curiosa mesmo, não o
desejava nem o via como homem e um possível amante. Como também no dia
que você estava bêbado e drogado e ficou desfilando pelado na minha frente,
naquele tempo eu ainda não te queria, naquele tempo você ainda era meu
irmão, apenas isso – assegurei.

Jude engoliu em seco

-Isso é um absurdo, vocês não vêm como isso é completamente


sexista, você o culpa, dizendo que ele a provocou, do mesmo jeito que os
homens fazem com as mulheres, os abusadores. É como se víssemos a
situação, só que as avessas – reclamou Alice.

Candice se pronunciou.

301
-Tem razão Alice, acho que esse assunto já está mais do que
encerrado, temos outras coisas para discutir, como o meu sequestro – disse
Candice.

Claro, como sempre, ela tem que ser a estrela.

-O que foi Candice? Não está gostando de ouvir o que eu já fiz com
o seu marido? Deve ser difícil saber que está com os meus restos, que me
esbaldei nesse corpinho muito antes de você. Mais uma vez eu venci você,
afinal, enquanto você sonhava com sua primeira vez perfeita com o Dylan eu
transava com ele. Ou pensa que esqueci nossas conversas? Você mesma,
toda santinha confessando que sonhava em transar com o Dylan. Nossa, como
eu tive vontade de jogar na sua cama como eu transava com ele e muito,
estava tento tudo que você sonhava. Transei com ele inúmeras vezes
imaginando sua cara ao descobrir sobre nós – tripudiei.

Ela não se abalou, na verdade começou a rir.

-Sim, isso aconteceu mesmo, mas olha que engraçado, agora é


você que está na minha posição. Como você mesma disse, sempre amou o
Jude, sempre sonhou em ser a esposa dele, em criarem o filho de vocês
juntos, por mais que tenha tido um caso com ele, nunca o superou, nunca
deixou de desejar ele como homem. Mas isso, só eu tenho. Isso mesmo, eu
tive a vida que você tanto sonhou, eu me casei com o amor da sua vida e criei
seu filho como meu. O mundo dá voltas Victoria, você sempre me invejou,
desejou ter a minha vida, mas na única vez que quis algo realmente seu, para
você, sem copiar de outra pessoa, não teve. Eu tenho, não porque a invejo, ou
porque quero me vingar como você, mas porque aconteceu, naturalmente.
Você destruiu minha vida, mas eu a reconstruí e inda melhor – espezinhou.

Dessa vez ela conseguiu me derrubar, dessa vez ela me jogou na


lona, ela conseguiu destruir todas as minhas barreiras e me atingir de verdade.

Sentei na poltrona mais próxima, antes que caísse.

302
Capítulo 33: Não me dou por vencida

LEVANTA VICTORIA, VOCÊ NÃO PODE SE DAR POR VENCIDA!

-Mas eu não só roubei o Dylan de você, não, fiz bem mais que isso!
Eu destruí sua família, toda a soberania dos Adams, a empáfia e petulância,
vocês deixaram de ser a família perfeita, modelo e exemplar. Eu os expus e os

303
humilhei! Mostrei a todos quem Arthur Adams era de verdade, que não
passava de um cafajeste e assediador, que usava do seu dinheiro e poder para
intimidar as pessoas obrigar a todos que fizessem o que ele queria. Eu destruí
a pose de superior da sua mãe, Beatrice Adams se tornou motivo de pena e
assunto para fofocas, não era mais a esposa perfeita com o marido perfeito e a
vida perfeita. E por último você, Candice Adams, tão bonita, tão perfeita, tão
desejada e invejada. Você foi abandonada no altar, foi trocada pela sua melhor
amiga, uma garota que todos julgavam sem sal, insignificante. Você viu toda a
ilusão da vida perfeita desmoronar, seu pai não era o herói que imaginava, sua
mãe estava devastada, sem forças para se reerguer, para recomeçar e você
teve todos os seus sonhos destruídos, eu fiz questão de destruir todos, um a
um. Você não imagina como eu sonhava em assistir sua queda, enquanto você
planejava o casamento perfeito eu planejava minha vingança perfeita. Expor
seu pai, acabar com a pose da sua mãe e destruir seu casamento era pouco.
Eu tinha que destruir seus sonhos de uma vez por todas, foi aí que usei Noah
para o bônus do meu plano de vingança, a cereja do bolo. Eu mandei que ele a
sequestrasse e a estuprasse, que destruísse seu sonho de casar virgem e de
ter a primeira vez perfeita. Mais do que isso, pedi que levasse sua mãe junto e
a fizesse assistir tudo e no final, a estuprasse também. Queria que as duas
sofressem, juntas, que assistissem uma ao sofrimento da outra. Melhor ainda,
eu estava lá para assistir a tudo, sim Candice, eu não perderia esse momento
por nada, eu não só mandei, como também participai. Naquele dia, peguei o
ônibus para Charlotte, mas desci na primeira parada e fui de carro para a casa
de campo, lá encontrei Noah e os capangas que ele havia contratado. Assisti a
tudo de camarote, mas Noah era ainda mais sádico do que eu, quis me
agradar, a ideia das chicotadas foi dele, eu não tinha planejado essa parte, foi
seu presente para mim. Agora, vendo em retrospecto, percebo como fui boba e
boazinha, eu poderia ter sido bem pior. Eu devia ter deixado marcas no seu
rosto, ter destruído sua beleza, assim Jude jamais se apaixonaria por você, os
dois não teriam se casado e você não teria criado meu filho como seu! – ralhei.

Coloquei toda minha raiva em minhas palavras, queria magoar e


machucar.

304
Todos estavam perplexos, Candice chorava compulsivamente nos
braços de Jude.

-Não teria adiantado, eu me apaixonaria por ela da mesma forma, eu


a amo pelo que ela é, não por sua aparência física. Mas você não conhece o
amor, Victoria, apenas o desejo e a obsessão. Você não me ama, você é
obcecada por mim, eu fui o único que a rejeitou, por isso você nunca me
esqueceu, não porque me ama – declarou Jude.

Fiquei intrigada, será que ele tem razão? Não, não pode ser, quando
estávamos juntos eu o queria mais e mais, diferente dos outros, que quando
deixavam de ser novidade eu cansava. Não, eu amei Jude, amei de verdade.

-Você é uma assassina! Você matou a minha mãe! Ela teria se


recuperado das decepções com o meu pai, mas não aguentou o que nos
aconteceu, principalmente, não aguentou vê o meu sofrimento. Ela entrou em
depressão e definhou até morrer, por sua culpa! Mas também assassinou os
meus filhos não nascidos, os filhos que eu um dia poderia ter e você não
permitiu! Mas, você teve seu troco, mais uma vez o destino te deu uma
rasteira. Eu ganhei um filho, o melhor filho do mundo, um filho que me ama, o
melhor que eu poderia ter. Enquanto você perdeu o seu filho, passou a vida
inteira sofrendo com a ausência dele, enquanto ele estava nos meus braços,
enquanto ele me chamava de mãe! Enquanto eu fui a mãe dele! Eu o criei e o
amei! Fui eu que cuidei dele quando estava doente, era para mim que ele
corria quando precisava de ajuda, era por mim que gritava quando se
machucava, era para mim que fazia todas as apresentações da escola no dia
das mães, que fazia todos os cartões e presentes artesanais. Você não
assassinou todos os meus sonhos, você tentou, mas não conseguiu. No fim eu
me cassei, com o homem da minha vida, que me ama incondicionalmente e
que faz tudo por mim. Eu tive um filho, um filho maravilhoso, que é melhor do
que nos meus sonhos. Eu sou imensamente feliz. Diferente de você, que
passou a vida inteira amargurada, lembrando de algo que nunca teve,
enquanto eu vivi o que sempre quis! – discursou Candice.

Para encerrar, ela me deu um tapa bem estalado no rosto,


colocando toda sua revolta nele.

305
-Eu escolhi a vida que tenho, eu escolhi ser rica e poderosa, eu
podia ter ficado com o meu filho, eu podia ter ficado com o Dylan, podia ter sido
a Sra. Collins, se eu não tivesse ido embora teríamos nos casado, voltaríamos
a New Bern juntos, com o nosso filho e seriamos uma família modelo, mas eu
não quis. Era pouco para mim, eu queria mais e eu tive mais. Eu sou a Sra.
Harris, uma dama da alta sociedade, além de uma empresária de sucesso e
uma engenheira excepcional. Eu tenho a minha empresa dos sonhos, uma
carreira invejável sou rica e poderosa. Tenho um marido bonito, inteligente e de
boa família, sou invejada pela maioria das mulheres do meu ciclo social. Eu
tenho tudo, estou no topo, como sempre quis! – rebati.

Era isso que sempre dizia a mim mesma, o que fazia valer a pena
todo meu sacrifício.

-Mas você não queria o Dylan, você queria a mim. Esse discursinho
pronto não engana ninguém. Você estava disposta a abrir mão de tudo por
mim, dos seus sonhos, eu que não quis. Você queria fugir comigo, fingir nossas
mortes e ir para a Europa, criar identidades novas, queria que nós ficássemos
juntos e criássemos nosso filho. Mas eu não quis, eu não aceitei. Então foi para
sua única opção, ficou com Dylan, mas não o amava, não conseguiu aguentar
por muito tempo a fachada, por isso foi embora – disse Jude.

Ela estava frio e sanguinário.

-Você só me quis enquanto eu era da Candice, só queria ter o que


era dela, por isso quando eu estava apaixonado por você não me
correspondeu, só se interessou por mim depois que eu comecei a namorar com
ela, essa é a verdade! Só viveu aquele tempo comigo porque precisava de
ajudava com a sua gravidez, de um pai para o seu filho. Depois que ele estava
maior, que podia ficar sem você nos abandonou, jamais tentou de verdade
construir uma família comigo, por isso não quis casar, tantas vezes que eu
insisti em me casar com você, mas você deixava para depois, a verdade era
que não queria ser casada, precisava ser solteira para casar com um homem
rico e influente – completou Dylan.

A decepção era evidente em seus olhos, como também em suas


palavras.

306
-Quanto a mim, fui apenas uma presa fácil, se aproveitou da minha
timidez e ingenuidade, eu era o candidato perfeito, que atendia a todos os seus
requisitos, do mesmo jeito que me enganou poderia ter enganado outro, deve
ter feito uma lista, caso não conseguisse comigo passaria para os seguintes,
quem sabe até não tiveram outros que iludiu antes de mim, outros mais
espertos que a desmascararam, afinal, de você podemos esperar tudo –
encerrou Theon.

Os três estavam juntos contra mim, me acusando.

-Sei que me vê com um monstro, acham que sou fria e não tenho
coração, mas essa não é a verdade. Em algum momento eu tive sentimentos
genuínos por cada um de vocês, eu não sou tão fria e calculista assim,
somente me coloco em primeiro lugar, faço o que é melhor para mim. Dylan,
quando eu estava na pré adolescência eu era apaixonada por você, antes
mesmo de você e a Candice começarem a namorar, mas não achava que teria
alguma chance, por isso, eu não demostrava, não queria que ninguém
soubesse, tinha vergonha e medo. Medo que se afastasse de mim e vergonha
que rissem de mim. Jude, eu realmente o amei, amei como irmão, por toda a
nossa vida, amei nossa mãe, por isso só comecei a agir após a morte dela, eu
a respeitava e não queria que se decepcionasse comigo, por isso criei para
mim a fachada da filha perfeita, a filha que ela sempre sonhou. Jude, por mais
que não acredite eu o amo de verdade, não é somente uma obsessão, é amor.
Theon, realmente eu me aproximei de você por interesse, realmente o escolhi
por atender meus requisitos, também tinha outras opções, mas eu escolhi
você, era você que eu queria. Eu realmente cheguei a pensar que em algum
momento me apaixonaria, isso só não aconteceu porque meu coração sempre
pertenceu ao Jude, mas eu sempre tive carinho por você, até mesmo por sua
família, gostava genuinamente de todos vocês, não como eu demonstrava,
nem era aquela moça bondosa que fingia ser, mas de alguma forma gostava.
Quanto ao Calebe eu não preciso nem dizer, eu o amo incondicional e jamais o
esqueci, não o procurei porque sabia queria minha fraqueza, que sem ele eu
não conseguiria viver, ele é o motivo de estarmos aqui hoje. Foi por amor a ele
que aceitei confessar todos os meus pecados, retornar e me redimir dos meus
erros – desabafei.

307
Sei que não sou uma pessoa boa, mas não sou tão má assim.

-E quanto a mim, mamãe? Quanto as minhas apresentações que


você faltou? Quanto aos meus cartões que você jogou no lixo escondida?
Quanto aos carinhos que me negou? Eu nunca lhe fiz nada! Porque me odeia
tanto?! Nunca teve nenhum sentimento genuíno por mim?! – questionou Alice.

Ela tentava parecer forte, mas estava devastada.

-Eu tentei gostar de você, mas só sentia ódio. Ódio por ser obrigada
a ter você, ódio por você ter nascido uma garota, ódio por ser tão fraca, tão
diferente de mim, tão parecida com a Candice. Sim, você era a cópia dela na
infância, sempre tão bondosa e caridosa, tentando ajudar todo mundo. Por isso
eu te desprezo tanto, por isso quero te machucar, por isso coagi o Kevin,
queria que ele destruísse seu coração, queria que fosse rejeitada e trocada por
mim, do mesmo jeito que fiz com a Candice – assumi.

Pensei que Alice me daria um tapa, mas foi Theon que o fez.

-Sei quem uma mulher não se bate nem com uma rosa, sempre fui
contra a violência, mas você conseguiu despertar o pior de mim, me fazer
cometer tamanha atrocidade. Você pode ter me usado, me humilhado, me
machucado, pisado em mim e feito tudo que quis comigo, eu aceito, mas a
minha filha não! Alice é muito melhor do que você, que bom que é tão
diferente, que bom que se parece com a Candice e não com você, fico
verdadeiramente feliz que a vida tenha te frustrado mais uma vez. Sei que
muito disso se deve a mim, eu criei nossa filha com todo amor do mundo, dei a
ela amor e carinho por mim e por você. Sabe por que Alice é tão bondosa?
Porque ela teve a mim, como também a minha família. Da mesma forma como
Calebe teve Jude e Candice, realmente a melhor coisa que você fez foi
abandonar a ele, proporcionar ele a sorte de ter pais de verdade, que o
amaram e cuidaram dele, que o ensinaram a ser uma pessoa melhor, diferente
da mãe pérfida e maléfica. Sua semente maligna não frutificou, seus filhos são
o oposto de você – declarou Theon.

Alice abraçou o pai, agradecendo por sua defesa.

308
-Sempre fui feminista e contra a violência, mas no caso desse ser,
que nem humano pode ser, para ter tanta maldade, nós esquecemos todos os
nosso princípios. Não se preocupe pai, se que todos nessa sala o
compreenderão – assegurou Alice.

Candice consolou os dois.

-Não adiantou ter mandado fazer histerectomia em mim para que eu


não realizasse meu sonho de ser mãe, mas na verdade quem nunca foi mãe foi
você, nunca terá esse prazer e satisfação do amor materno, algo tão sublime
não pode atingir um ser tão maléfico como você – argumentou Candice.

Agora eu fiquei assustada.

-Histerectomia? Do que está falando? Assumo que mandei que


Noah a sequestrasse, que levasse Beatrice junto, que as estuprasse e que as
fizesse sofrer, até mesmo assisti a tudo. Mas foi isso, não mandei que ele
fizesse mais nada! Já admiti e não tenho porque mentir, até mesmo porque,
isso seria uma coisa que eu jamais faria, mesmo que não acreditem, tenho
meus limites – assegurei.

Ser julgada por meus erros eu aceito, mas ser julgada injustamente
jamais.

-Para de mentir Victoria, você não tem limites, muito menos


princípios, você mesma disse que destruiu todos os sonhos da Candice! –
rebateu Jude.

Eu ia me defender, mas Dylan respondeu.

-Não foi ela, está obvio. Victoria está aqui assumindo tudo que fez,
se tivesse sido ela teria admitido a culpa. Ela está adorando jogar a verdade na
nossa cara, está plena se vangloriando das suas maldades. Já assumiu muitos
crimes, um a mais ou a menos não faria diferença – argumentou Dylan.

Jude concordou.

-Tem razão, isso deve ter sido coisa do Noah, da mesma forma que
as chicotadas, ele deve ter feito isso como um bônus para agradar a amante –
completou Jude.

309
Sim, só pode ser, Noah sabia que Candice adorava crianças e por
isso queria ser pediatra, deve ter feito isso para me agradar.

-Tem razão, Noah é bem mais sádico do que eu, ele sim era
obcecado. Mas eu juro mesmo que não acreditem, tenho minha consciência
limpa em relação a isso, eu jamais ordenei que Noah fizesse isso, muito menos
ia querer. Da mesma forma que não quero a morte de ninguém, sou contra o
assassinato, já cogitei essa possibilidade várias vezes, mas como disse, tenho
meus limites, isto está fora de cogitação – assegurei.

Foi a vez de Candice se pronunciar.

-Pode não ter dado a ordem, nem a intenção, mas indiretamente é


culpada, foi você quem colocou Noah nas nossas vidas e começou tudo isso.
Se não tivesse contaminado ele com sua sede de vingança nada disso teria
acontecido, minha mãe ainda estaria viva e eu teria tido meus próprios filhos,
não que isso fosse diminuir o amor que tenho por Calebe, diferente de você eu
sei somar amor, multiplicar, jamais subtrair – afirmou Candice.

Nisso ela tem razão, indiretamente a culpa é minha, mesmo que eu


não quisesse. Pensei ter Noah sob controle, mas ele é uma sádico, com
certeza é pior do que eu.

-Aproveitando que estamos falando no Noah, como surgiu a parceria


entre vocês? Pensei que o odiasse, ele a violentou isso não pode ser mentira,
eu vi seu estado quando a encontramos, você foi levada ao hospital, tiveram
laudos médicos comprovando o abuso e várias agressões. Isso não pode ser
mais uma mentira sua – desacreditou Jude.

Eu sou uma ótima mentirosa, vocês nem imaginam.

-Sim, Jude tem razão. Noah deve ter procurado ela depois,
provavelmente Victoria ficou assim após o trauma, foi isso, já li muito sobre as
reações pós traumáticas, ela deve ter desenvolvido dupla personalidade,
alguma síndrome – concordou Dylan.

Ele realmente quer se iludir.

310
-Ou aflorou algo que já tinha nela, seu lado ruim. Cada pessoa reage
de uma forma diferente, ela já tinha esses sentimentos guardados e depois do
que aconteceu deixou que seu lado ruim a dominasse, à medida que
caminhava pelo caminho do mal era consumida pela maldade – opinou
Candice.

Theon ponderou.

-Não sei, não a conheço tão bem como vocês, não a conheci antes
desse trauma, mas pode ser que tenham razão – expos Theon.

Alice os olhou descrente.

-Não, ela é pérfida e maléfica, não duvido nada que tenha armado
isso também – argumento.

Estou começando a ter orgulho dessa garota.

-Nossa, agora sim a reconheço, realmente, você saiu de mim,


filhinha querida. Sim, eu armei tudo, fiz com que fosse o mais realístico
possível, foi até a realização de uma fantasia minha. Noah no começo não
queria, mas acabou concordando, no fim ele até que gostou – admiti.

Mais uma vez, choquei a todos.

-Não sei como ainda consigo me surpreender com o que vem de


você, depois de todos esses anos e principalmente depois de tudo que admitiu
aqui – assimilou Jude.

Ele sentou no sofá cansado.

-Por que fazer isso? Ele era seu maior aliado, era mais vantajoso
para você que estivesse perto. Por que incriminar o Noah? – questionou Dylan.

Que perspicaz, Dylan não decepciona.

-Para punir ele? Algum tipo de vingança? – opinou Candice.

De certa forma também, queria me livrar dele.

-Não, algum proveito ela tiraria da situação, Vic é assim, está


sempre tirando vantagem de tudo – discordou Theon.

311
Bingo!

-Sim, papai tem razão, arrisco em dizer que fazia parte do plano dela
para seduzir o noivo da melhor amiga. Com certeza ele não iria para a cama
com ela se ela fosse virgem, sem contar que todos ficariam com pena dela e
assim ela seria o centro das atenções. Sem contar que Noah não aceitaria
ajudar na vingança sem ter algo em troca, ela precisava de uma justificativa
para não ser mais virgem. Uniu o útil ao agradável – conclui Alice.

Nossa, devia ter dado mais atenção a ela, é muito inteligente e


esperta, agora estou vendo como temos coisas em comum. Chego a ficar
orgulhosa.

312
Capitulo 34: “Almas Gêmeas do Mal”

-Parabéns Theon e Alice, vocês acertaram. Agora, se me permitem,


vou contar minha história com Noah. Se fosse um filme, ou um livro, daria o
nome de “Almas Gêmeas do Mal”, como ele costumava dizer que éramos –
sugeri.

Todos concordaram.

-Tenho uma ideia melhor, conte tudo desde quando nossa mãe
morreu, assim fica melhor de entendermos. Pelo que disse, começou a agir
após a morte dela – contra pôs Jude.

Verdade, assim é melhor, não deixo nada de fora.

-Vamos lá, então. Durante toda minha vida tive muita raiva
guardada, rancor, frustrações, ódio e até mesmo inveja. Sempre vi que a
família Adams me tinha como um brinquedo, alguém para entreter a filha deles,
uma órfã com história triste para que eles fizessem caridade e pousassem de
bondosos. Comecei a perceber isso quando estava com 12 anos, antes disso
eu ainda era ingênua e inocente, senti que era amada por eles, que fazia parte
da família, que Candice era minha melhor amiga e irmã – comecei.

Candice ficou furiosa.

-Nós sempre a tratamos como parte da família, fizemos tudo por


você! Não venha distorcer a história! – interrompeu Candice.

Revirei os olhos.

-Será que mesmo depois da máscara do seu pai cair ainda não
percebeu que sua vida, sua família perfeita, era tudo ilusão? Acorda Candice! –
ralhei.

Ela bufou.

313
-Eu e minha mãe não somos o meu pai, não pode nos culpar pelos
erros dele! – se defendeu.

Como ela me cansa.

-Quer ouvir a história ou vai insistir nessa discussão que não vai
mudar nada? – insisti.

Jude a puxou.

-Vem Candie, não adianta argumentar com que não está disposta a
ouvir, para ela só adianta a visão deturpada que tem dos acontecimentos –
aconselhou Jude.

Ele a levou para sentar no sofá.

-Depois que minha mãe morreu eu decidi mudar, decidi que era hora
de assumir quem sou, quem sempre fui e buscar ser quem sempre sonhei. Eu
me contive, continuei sendo a garotinha dela, enquanto ela viveu eu mantive
minha fachada e não fiz nada que realmente queria. Eu estava decidida a
aguentar tudo calada até o dia que eu fosse para a universidade, que somente
lá assumiria quem sou, mas o destino não quis assim. Quando ela se foi, levou
com ela a menina boa e ingênua que fui um dia, aqui ficou apenas o pior de
mim, uma garota ambiciosa e com sede de vingança. Foi assim que tudo
começou – continuei.

Jude me confrontou.

-Nunca pensei que diria isso, mas, ainda bem que nossa mãe está
morta. Mesmo que esperasse ir para a universidade para se rebelar, uma hora
ela ia acabar sabendo e sofreria da mesma forma. Se a amava tanto, devia ter
lutado contra o seu lado mal, ter seguido os ensinamentos que ela nos deu.
Victoria, ser ambicioso não é um defeito e sim uma qualidade, isso quando se
usado com sabedoria. Você devia ter usado sua inteligência e esperteza para o
bem, ter ido para a faculdade, estudado, se dedicado e conquistado suas
coisas por mérito próprio. Você tinha um potencial incrível, capacidade para
vencer na vida por si própria não lhe faltava, não precisava usar as pessoas
para isso. Quanto a vingança, como a Candice mesmo disse, tanto ela quanto
a mãe a amavam, a tinham como parte da família! Certo, Arthur não prestava,
314
nesse quesito você fez bem em alertar a elas sobre ele, mas não precisava ser
daquela forma. No demais, você podia ter seguido sua vida, seu caminho. Você
seria muito mais feliz e principalmente, teria a todos nós – discursou Jude.

Isso me tocou profundamente, não vou admitir, nem demostrar, mas


como eu queria que tudo isso fosse possível, cheguei a mergulhar em um
universo paralelo. Uma vida diferente passou a minha frente, uma vida na qual
eu era diferente, eu tinha ido para a faculdade com Dylan e Candice, eu ainda
tinha Candice como irmã, como um dia eu tive. Eu tinha conquistado meu
espaço por mérito próprio, por meu esforço.

-Tudo poderia ter sido diferente Vic, se você não tivesse se fechado
para o mundo, focado em erguer muros e fachadas. Eu teria visto que tinha
chance com você e teria me declarado, ou até mesmo, você poderia ter me
alertado do erro que estava cometendo em uma conversa, não do jeito que fez.
Poderia ter conversado comigo, com a Candice, ter contado como se sentia.
Agora eu vejo, podíamos ter feito tudo diferente. Vic, sei que pensa que ama o
Jude, que ele é o homem da sua vida, mas não é. Ele é o seu irmão, sempre
foi, o que sente por ele é obsessão, você quer o que não pode ter, Jude
representa o impossível para você, por isso que o quer tanto. Quando abraçou
seu lado mal, desenvolveu essa obsessão por ele, por isso não conseguiu se
apaixonar de verdade por mim ou por Theon, não conseguiu manter o interesse
por nenhum homem por muito tempo, por isso só a situação lhe excita. Você
tem noção de tudo isso Victoria? Você tem noção que poderíamos ter ficado
juntos, sermos felizes de verdade? – ilustrou Dylan.

Sim, Dylan pode ter razão, nunca parei para pensar dessa forma,
mas realmente faz sentido. Eu lutava pela atração que sentia por Jude, na
verdade, no começo foi só curiosidade. A medida que eu mergulhava na minha
vingança, mais eu desejava meu irmão e sedia a tentação.

Na verdade, parando para analisar, antes de tudo isso, eu era


apaixonada pelo Dylan, gostava dele de verdade de um jeito genuíno. Depois,
quando comecei vinha vingança, tive raiva dele, o culpei por ter escolhido a
Candice, sem nem perceber que errei ao me anular, a não demonstrar o que
sinto, não ter dado a ele a oportunidade de me escolher.

315
Quando finalmente fiquei com Dylan eu não sentia mais o mesmo
por ele, só pensava em me vingar da Candice e no desejo que sentia pelo
corpo dele. Quando Jude me rejeitou e eu escolhi ficar com Dylan também não
me interessei em me apaixonar de verdade, só usei o amor que sentia por mim
para ter um porto seguro enquanto estava frágil, alguém para me sustentar, um
pai para o meu filho, e, claro, suprir minha carência sexual, afinal, tinha
passado um ano com Noah, nos últimos meses tinha quatro homens a minha
disposição, não queria ficar sem sexo. Que homem transaria com uma mulher
gravida? Somente o homem que fosse “casado” com ela.

Mas não posso me deixar abalar, agora já foi, não tem mais jeito.

-Sim, tudo poderia ter sido diferente. Até mesmo se você tivesse se
declarado quando eu estava namorando com Dylan, ou depois que ficamos
noivos. Se você tivesse sido sincera com nós dois, tudo seria diferente. No
começo, por ser jovem e imatura, eu ficaria chateada, choraria, espernearia,
mas depois aceitaria e não deixaria de ser amiga de vocês, teríamos
continuado os três juntos – Concordou Candice.

Tenho que fazer eles calarem a boca, se eles continuarem falando


eu vou surtar.

-Mesmo que não tivesse dado certo com Dylan, quem sabe se
tivéssemos nos encontrado em algum congresso, em algum lugar e tivéssemos
nos apaixonado. Sem mentiras, sem armações, sem um passado macabro.
Nós também poderíamos ser felizes. Na verdade, até mesmo se tivesse
cometido todos os erros, mas se arrependido, verdadeiramente, confessado,
buscado o perdão. Eu teria ficado ao seu lado, teria apoiado você. Victoria,
você teve muitas chances ao longo da vida, todos nós aqui poderíamos ter
ajudado você, mas você escolheu o caminho errado. Você insistiu no erro, você
buscou a solidão e o sofrimento. O problema não é o que você fez, claro que
foram coisas absurdas, mas principalmente não está arrependida, nem se
abalar com o que fez, muito pelo contrário, está se vangloriando, está satisfeita
em nos mostrar do que foi capaz – completou Theon.

CHEGA!

316
-NÃO ADIANTA FICAREM COM ESSE DISCURSINHO! NÃO VAI
ADIANTAR DE NADA! – gritei.

Os quatro se calaram.

-Não adianta perderem o tempo de vocês com ela, já é caso perdido


– decretou Alice.

Sim, realmente sou.

-A chance de vocês passou a muito tempo, quem sabe, se tivessem


se importado comigo de verdade teriam me enxergado de verdade – encerrei.

Eles desistiram e resolveram me deixar terminar a história.

-Enfim, com minha decisão tomada eu tive uma grata surpresa do


destino, a chegada de Noah Campbell. Diferente de todo mundo, Noah me viu
como sou de verdade, desde o primeiro momento, no primeiro olhar, ele viu
minha alma. Nos reconhecemos um no outro e a partir daí surgiu uma aliança
entre nós, quer dizer, para mim era aliança, mas o Noah realmente se
apaixonou. Ops, ia esquecendo de algo fundamental. Candice, Noah nunca te
quis, eu inventei isso para justificar nossas conversas. Isso mesmo queridinha,
finalmente um homem nessa cidade que não se apaixonou perdidamente pela
princesinha. Engraçado, ele foi o único que não te quis, mas foi o que
conseguiu o que todos queriam, tirou sua virgindade – sacaniei.

Candice pulou em cima de mim furiosa e se agarrou comigo


puxando meus cabelos.

-PORQUE VOCÊ MANDOU! SUA VIBORA PESSONHENTA! –


berrou.

No final, Jude e Dylan acabaram tirando ela de cima de mim.

-Ela não vale a pena, não deixe que ela tenha algo para usar contra
você – aconselhou Dylan.

Jude a abraçou e levou de volta para o sofá.

317
-Dylan tem razão, não adianta estragar sua vida com quem não
merece, o castigo dela virá, na verdade, já começou, ou melhor, está só
começando – garantiu Jude.

Nessa hora Jude a beijou e fui eu que voei em cima dos dois os
separando.

-Se vocês pensam que vão continuar juntos estão enganados! Eu


jamais vou permitir isso! Espero que tenha aproveitado enquanto pode
Candice, porque agora eu voltei e Jude será meu novamente! – ameacei.

Foi Theon quem me tirou de cima dos dois.

-Já chega Victoria, termine a história e para com as suas ameaças


que não darão em nada. Acabou para você, já foi desmascarada, você já
perdeu, não percebe? – disse Theon.

Enquanto eu viver ainda tenho chances, eu posso ter perdido a


batalha, mas não a guerra.

-Vamos todos nos acalmar ou nunca chegaremos ao final da história


– apaziguou Alice.

Todos se acalmaram.

-Eu pedi a ajuda de Noah no meu plano de vingança, essa seria sua
prova de amor por mim, o que era mentira. No começo eu até que me
interessei por ele fiquei feliz em encontrar alguém que se interessasse por mim,
ainda mais alguém como ele. Mas o melhor era que ele me via de verdade,
como ele eu poderia ser eu mesma. Mas depois ele foi ficando grudento e
chato, começou a ficar possessivo e eu me desinteressei, só usei o que ele
senti por mim para manipular ele, para que fizesse o que eu queria. Nós nos
encontrávamos as escondidas na cabana, ele me ensinou tudo que eu
precisava saber sobre como seduzir um homem, afinal, eu precisava dessas
técnicas para ter Arthur e Dylan nas minhas mãos. Depois eu acabei usando
para seduzir Jude também. Até que foi divertido, Noah era muito bonito, tinha
um corpo espetacular, além de saber muito bem como dar prazer. Mas eu não
podia “ir até o fim” com ele, minha virgindade era muito preciosa, precisava ser
perdida no momento certo. Foi assim que elaborei todo meu plano. De um lado
318
ele me ensinava o que eu precisava saber das artes da sedução e de outro
causava uma reviravolta na escola, tudo mandado por mim. Queria Dylan
pressionado, sabia que ele não era tão santinho e que como todos os homens
tinha desejos, então, usei Noah para atiçar isso nele – recomecei.

Dylan deu um murro na parede com raiva.

-Como eu fui burro! Caí direitinho na armadilha de vocês! Quando


lembro que ainda ia te pedir concelhos, Victoria! Com certeza você ria de mim
pelas costas! – ralhou Dylan.

Ele nem imagina o quanto.

-Voltando a história, eu instrui Noah para que se deixasse ser notado


enquanto me seguia, assim, quando eu sumisse teríamos testemunhas para
afirmar que ele me seguiu. Também deixava bem evidente a todos que
costumava ir a cabana, para quando eu sumisse me procurassem lá. Com tudo
preparado, chegou o grande dia. Por insistência de Noah, tivemos um
momento romântico, que para mim foi muito chato. Mas depois, quando ele
simulou o estupro, nossa, foi incrível. Fizemos tudo o mais real possível,
realmente batemos um no outro, ele realmente foi forte e brusco comigo, foi
bem melhor que o sexo romântico, mil vezes – recomecei.

Todos ficaram abismados.

-Você é doente, devia estar em uma camisa de força – disse Alice.

Bobinha, não sabe i que está perdendo.

-Bom, como simulamos tudo perfeitamente e tomamos todas as


precauções, Noah fugiu me deixando lá, abandona, para ser encontrada pela
polícia. Claro, tomando o cuidado de deixar seus pertences, para que ficasse
comprovado que foi ele e para todos acharem que ele pretendia voltar. Assim,
me tornei uma pobre vítima de abuso. Dessa forma, perdi minha virgindade
com uma justificativa plausível, estava apta a me tornar amente de Arthur e do
Dylan, os dois não ficariam mais com ressalvas quanto a transar comigo. Além
disso, chamaria a tenção deles, como eu planejava. Os dois ficaram super
preocupados comigo, cuidando de mim e cheios de super proteção. Só que eu
não imaginava que isso me aproximaria tanto de Jude e que com todo o amor,
319
carinho e proteção que ele me deu eu acabaria me apaixonando. Foi assim que
ocorreu a primeira fase do meu plano – contei.

Jude bufou.

-Você distorce tudo, eu só queria cuidar de você. Você não tem


noção como eu me culpei pelo que te aconteceu, como fiquei mal, tive ódio de
mim mesmo, achava que não tinha sido um bom guardião legal. Até mesmo
depois que você fez o que fez comigo, eu me culpei. Para mim você estava
mal, fragilizada pelo abusou e eu me aproveitei de você, achava que você tinha
ficado daquele jeito como consequência do que sofreu. Quantas noites de sono
eu perdi pensando o que eu poderia ter feito de diferente. Mas agora estou
livre, vejo que não tive culpa de nada, você que não presta, você que é um
monstro e eu não tenho culpa de nada – falou aliviado.

Só de ser gostoso, isso com certeza ele tem culpa. Não tinha como
resistir. Se ele fosse feio tudo seria diferente.

-Enfim, dei um ano de pausa no meu plano, precisava preparar tudo,


manipular as emoções de todos até que tudo ficasse no ponto que eu queria.
Enquanto isso, me encontrava as escondidas com Noah, na minha suposta
terapia. Ele aproveitou esse ano para reunir provas contra o Arthur e preparar
nossa surpresinha no casamento. Quando o momento certo chegou, eu seduzi
Arthur, na verdade, só sucumbi a sedução dele, esse foi o mais fácil. Ele já
estava interessado em mim e me seduzindo, só precisei fingir estar
apaixonada. Ele foi tão cafajeste que tentou me iludir, dizia que deixaria
Beatrice após o casamento da Candice e ficaria comigo. Eu sabia que era
mentira, mas fingi acreditar. Depois, quando descobriu sobre a minha gravidez,
antes mesmo que eu contasse, ele já me esperava com muito dinheiro para
que eu abortasse o bebê e fosse embora da vida dele para sempre. Eu,
obviamente, aceitei. Eu precisava mesmo reunir todo o dinheiro que
conseguisse – retomei.

Candice estava furiosa.

-E eu me culpando de tudo! Eu não acreditei no meu pai quando me


disse que você o seduziu, que tiveram um caso, mesmo depois que você fugiu

320
com Dylan, não acreditei em nada, ele morreu dizendo que no seu caso era
inocente, mas eu não acreditei. Minha mãe também, sofreu muito por você, se
culpou de tudo. Muitas vezes conversamos, tentamos entender, quisemos ter
feito tudo diferente. Mas você estava mentindo, como sempre. Pelo menos algo
de bom você fez, ter ajudado aquelas mulheres a falarem. Pelo menos para
isso sua vingança serviu – disse Candice.

Sim, fico muito feliz com o que eu fiz, principalmente com o


sofrimento que causei as duas e ao Arthur.

-Seu pai era asqueroso, tenho ânsia só de lembrar que fui amante
dele. No começo foi bom, gostei da adrenalina de ser amante de um homem
casado. Foi incrível transar com ele na sua casa, ficava imaginando a cara que
você e sua mãe fariam se nos encontrasse. Adorei transar com ele na sua
cama, na cama da sua mãe. Ele não queria, mas eu sabia como manipular, ele
não resistia e acabava cedendo. Jude pode te dizer perfeitamente como eu sei
convencer um homem, na verdade, Dylan e Theon também. Realmente, Noah
foi um excelente professor – me vangloriei.

Todos ficaram enojados.

-Ninguém aqui está interessado na sua longa lista de conquistas.


Nós queremos que conte a história toda, falando a verdade, dessa vez –
insistiu Alice.

Dei uma gargalhada estridente.

-Mas, querida filha, a minha lista de conquistas é a história toda. Já


ia esquecendo, não foram só vocês que fizeram parte da minha vingança,
também usei o Noah para me vingar da Anny Moore. Sim, irmãozinho, isso
mesmo que você ouviu. Fiz com que Noah a seduzisse, ela sempre gostou de
ser o centro das atenções, logo, ter a atenção do Noah para ela era
fundamental. Ela achava que você nunca descobriria, já que não estudava na
escola. Ela queria ficar com os dois. Mas eu jamais aceitaria isso, não depois
de tudo que ela aprontou comigo. Ela me usou, me manipulou e depois me
jogou fora como se eu fosse nada. Ela só queria se aproximar de você, as
minhas custas. Não pense que ela te ama, ou que já te amou, para ela você

321
era apenas um troféu. Mesmo depois de tantos anos que tinha saído da escola,
ainda era um dos caras mais desejados, não só na escola, como também da
cidade. Você e o Dylan, claro, mas nenhuma delas se atreveu a tentar roubar
ele da Candice, achavam impossível. Devem ter ficado todas pasmas quando,
eu, a amiguinha sem sal da abelha rainha conseguiu roubar o noivinho dela.
Em resumo, eu armei para o fim do seu relacionamento com a Anny, você
ainda me deu um bônus humilhando ela daquela forma. Obrigada, Jude, você
me vingou. Foi naquele dia que vi como somos parecidos e percebi que Noah
não era minha alma gêmea do mal, era você – expliquei.

Jude ficou enojado.

-Sou muito diferente de você, me arrependo amargamente do que fiz


com Anny. Logo depois que você foi embora ela foi a primeira pessoa que
procurei, pedi perdão e tentei retomar nossa amizade, mas ela não desistiu de
mim, mesmo eu insistindo que o que existia entre nós acabou. Na verdade, eu
nunca amei a Anny, só tinha medo de ficar sozinho. Eu fui um hipócrita com
ela, porque eu a traí inúmeras vezes, mas não fui capaz de aceitar uma traição
dela, que nem tinha sido consumada, era só a intenção. Mas foi bom, nos livrou
daquele relacionamento toxico que tínhamos. Também aprendi como jamais
devo tratar uma mulher. Depois disso resolvi me “aposentar” da minha vida de
festas e mulheres, já tinha estourado minha cota – contou Jude.

Nossa, Jude santinho, essa é nova.

-Também me procurou, contou que Victoria tinha fugido para


encontrar o Dylan e que os dois estavam juntos, que ela estava gravida. Foi ai
que começamos a nos aproximar. Mas logo depois eu fui embora, fui para a
universidade. Quando eu voltei, nos reencontramos no hospital enquanto o
Calebe estava doente – completou Candice.

Jude beijou as mãos dela.

-Eu confesso que comecei a me encantar naquela conversa, as


vezes me pegava pensando em você. Nossa, como critiquei o Dylan, o chamei
de tantas coisas, o odiava por ter abandonado uma mulher tão incrível quanto

322
você, Candie. Mas que bom que ele foi burro o suficiente para fazer isso,
deixando o caminho livro para mim – agradeceu Jude.

Nossa, essa cena me dá ânsia de vomito.

-Ainda mais para ficar com a cobra da Victoria, mas foi bom, eu não
amava a Candice, teríamos sido infelizes. Na verdade, nesses anos todos eu
fui um verdadeiro idiota, trocando de mulheres, sem querer ter algo sério com
ninguém, alimentando falsas esperanças. Mas o pior foi culpar o meu filho,
perder o crescimento dele e ter sido um pai tão medíocre como fui – confessou
Dylan.

Jude e Candice o acolheram.

-Todos cometemos erros, o importante é que está arrependido –


consolou Candice.

Ela o abraçou.

-Agora está livre para recomeçar, você tem apenas 44 anos, os 40


são os novos 30, aproveita – aconselhou Jude.

Que patético, novo trio de ouro.

323
Capítulo 35: Será esse o fim da história?

-Será que podemos voltar a história ou vão continua com essa


ceninha patética de cumplicidade? Que coisa mais chata – reclamei.

Theon revirou os olhos.

-Você está com inveja, tentou machucar eles, mas no final estão
unidos e querem distância de você – retaliou Theon.

Theon está morrendo de ciúmes, certeza.

-Que ótimo, agora iremos todos ao futuro casamento Dylan. Melhor


ainda, seremos os padrinhos, imagina? Eu e Theon, Jude e Candice, padrinhos
de casamento do Dylan? Seria cômico se não fosse trágico – ironizei.

Dylan bufou.

-De você quero distância, com certeza faria alguma coisa para
estragar tudo – rebateu Dylan.

Com certeza, já imaginava dopar a noiva dele e assumir o lugar dela


na noite de núpcias, são mais de vinte anos que não transo com o Dylan, ele
deve estar bem mais experiente, deu até vontade de experimentar.

-Você pode até se casar com outra, mas na despedida de solteiro


você será meu. Ou melhor, na noite de núpcias – ameacei brincando.

Todos me fuzilaram com o olhar, mas não se dignaram a rebater.

-Vamos encerrar logo esse circo, já estou exausta – reclamou Alice.

Também estou, mas não quero admitir.

324
Porém, o que mais me intriga é o Calebe, ele está observando tudo
atentamente, mas não disse uma palavra, nem parece que está aqui, as vezes
esqueço sua presença entre nós.

Sei que eu devia tentar me redimir com ele, dizer o que sinto de
verdade, tentar manipular as coisas a meu favor. Mas não consigo, é mais forte
do que eu. Esperei mais de vinte anos para jogar na cara deles tudo que fiz,
não vou conseguir me controlar.

-Resumindo, iludi Dylan, usei Noah para meus propósitos depois o


joguei fora. Com Arthur eu o usei e fui usada, mas no final consegui minha
vingança. Já Jude, eu realmente o amei e queria fugir com ele, mas ele me
dispensou e pagou por isso. No final, o jeito foi ficar com Dylan, minha segunda
opção. Mesmo que não acreditem, eu tentei, tentei amar o Dylan e viver uma
vida certinha, pelo tempo que estivemos juntos realmente quis que ele fosse o
pai do meu filho. Mas não consegui, minha ambição é maior do que eu, jamais
conseguiria ser feliz assim, eu precisava de mais. Por isso fui embora – resumi.

Eles estavam absorvendo.

-Aí está a prova de que nunca amou ninguém de verdade, diz que
nunca esqueceu o Jude, mas a verdade é que nunca esqueceu a rejeição dele.
Se eu tivesse fugido com você teria feito a mesma coisa comigo. Só ficou todos
esses anos com Theon porque era o que precisava, mas teve vários amantes,
válvulas de escape. Voce é tão doente, está tão contaminada pelo mal que não
consegue amar, um sentimento tão puro e genuíno como o amor jamais
poderia viver dentro de um ser tão nefasto como você – disparou Candice.

Por um momento percebi como ela tem razão, eu não amo Jude,
realmente, só o quero ainda porque ele me rejeitou. Agora tudo ficou claro.

Até mesmo Dylan, que eu tinha enjoado a anos, agora que o


reencontrei e que ele está com ódio de mim, eu voltei a desejar.

Theon também, eu o tive até ontem, estava cansada dele, mas foi só
ele dizer que tem nojo de mim e que nunca mais ficará comigo que eu o desejei
novamente.

Mas eles esquecem uma coisa.


325
-Tem razão, não amo nenhum deles. Só tem uma pessoa, além da
minha mãe e do Jude, que amei, o Calebe. Eu não amei o Jude como homem,
como meu amente, não, nesse quesito Candice tem razão, se ele tivesse
fugido comigo, eu teria feito a mesma coisa que fiz com o Dylan. Da mesma
forma, se Dylan tivesse me rejeitado eu teria ficado obesecada por ele. Mas eu
amei o Jude, como irmão, dessa forma eu o amei de verdade, como amei
nossa mãe. Mas, eu amei o Calebe como nunca amei ninguém na minha vida,
ele eu amei de verdade, sem obsessão e sem falsidade, ele foi a única coisa
que fiz de bom na minha vida. Sim, eu errei em abandonar meu filho, não nego,
mas não pude fugir a minha natureza. Eu passei a vida toda incompleta, todos
os dias pensava no meu filho e sonhava em reencontrar ele, me preparava e
planejava isso, esperava o momento certo. Muitas vezes cheguei a pensar em
desistir de tudo e voltar para buscar meu filho. De inventar uma história para
Theon sobre ele, ou antes ou depois do casamento, mas era arriscado. Vivi
travando lutas internas entre o meu amor de mãe e a minha ambição. Mas o
que importa é que o destino agiu e agora estamos juntos outra vez – encerrei.

Calebe finalmente se levantou e veio até mim.

-Sim, o destino agiu, mas para acabar com suas maldades,


enquanto você planejava vinganças a vida se vingou de você. Você foi
desmascarada, perdeu a família que tinha, como também perdeu dois homens
quem a amaram incondicionalmente, você teve duas chances de ter uma
família feliz, duas chances de ser mãe, mas desperdiçou as duas, agora é
tarde. Como eu disse ao Dylan, eu o perdoo, ele pode ser meu pai ou não, mas
eu entendo tudo que ele fez, ele agiu com o coração, deixou que as emoções o
dominassem. Mas você não, você foi fria e calculista, você só pensou em si,
jamais nos outros, por isso jamais será feliz. Você perdeu meu pai, Jude, como
irmão e como homem. Mas você fez um bem a ele, você foi embora e permitiu
que ele fosse feliz, de verdade, com uma mulher incrível e maravilhosa, mulher
essa que merece a família que tem, mulher essa que merece ser chamada de
mãe. Você para mim sempre será Victoria, a mulher que me abandonou,
porque a minha mãe se chama Candice, Candice Martin – declarou.

Cada palavra dele foram como adagas no meu coração, nunca sofri
tanto, parecia que eu estava sendo dilacerada.
326
Já Candice, estava em jubilo, chorando de emoção.

Calebe foi até ela e a abraçou, Jude se juntou aos dois.

-Eu te amo meu filho, você e seu pai são as melhores coisas da
minha vida – disse Candice.

NÃO! NÃO PODE SER!

-Amanhã faremos o exame de DNA, mas não importa o resultado,


meus pais são Jude e Candice Martin – assegurou.

Fui ao chão, sem me importar com a humilhação, sem me importar


com mais nada. Calebe era tudo pra mim, a única coisa boa que me restava.

-Como Calebe disse, a vida e o destino se vingaram de você, você


odiou tanto a Candice, teve tanta inveja dela, fez de tudo para destruir os
sonhos dela, mas não conseguiu. No fim, ela teve tudo que você sempre quis,
até mesmo ser a mãe do seu filho, a mãe que você jamais seria e jamais será.
Você abriu mão de ser mão do seu filho por ambição, mas agora está
humilhada e sem nada, é isso que acontece com quem tenta subir na vida da
pior forma. Nada de bom e solido pode ser construído em cima de mentiras e
maldades. Acabou para você Victoria! – declarou Theon.

Me recompus.

-Ainda não acabou, ainda sou casada com você com todos os
direitos, se não lembra, foi você mesmo que insistiu nisso. Além do mais, a
empresa é nossa, construímos juntos. Eu tenho direito a metade de tudo, você
sabe muito bem disso. Além disso, tenho muito dinheiro guardado, em paraísos
fiscais, não sou burra, sabia que isso um dia poderia acontecer – joguei.

Para minha surpresa, foi Calebe quem respondeu.

-Você vai abrir mãe de tudo, vai passar tudo para Alice, sua legitima
herdeira, já que eu, não quero saber de você, muito menos do seu dinheiro.
Mas ela merece, afinal, tudo que construiu foi a partir do dinheiro do pai dela.
Vai transferir tudo para sua filha, seu dinheiro, sua parte na empresa, na casa,
suas ações, tudo. Vai ficar sem nada – exigiu Calebe.

327
O que deu nele?!

-Não é porque eu te amo que vou fazer tudo que você quiser, jamais
vou ficar na miséria! Nem por você, Calebe – assegurei.

Então ele pegou o celular e me mostrou.

-Eu filmei tudo, todas as suas confições, está tudo aqui, além, claro,
dos testemunhos de todos aqui. Não se preocupe com a legalidade dessas
filmagens, um velho amigo do meu pai nos ajudou. Enquanto você descansava
no hotel eu preparei tudo, sabia que confessaria muitas coisas e que
poderíamos usar contra você. Então, você escolhe, ou perde tudo e fica com
sua liberdade, ou vai para a prisão. Qualquer uma das opções você ficará sem
nada, afinal, a primeira coisa que farão é confiscar seus bens – rebateu.

Fiquei chocada, esse menino conseguiu me surpreender, realmente,


meus filhos puxaram a mim.

-Eu perdi, admito. Mas saio realizada, tive minha vingança, pude
jogar tudo que fiz na cara de todos vocês. Mas o melhor de tudo, eu deixei
minha semente no mundo, meus filhos. Vocês podem me renegar, mas estão
cada vez mais parecidos comigo. Sabe qual minha vingança final? Uma que
nem planejei, a vida se encarregou. Os dois vão sofrer, porque estavam
apaixonados, mas jamais poderão ficar juntos, porque são irmãos. A não ser,
claro, que queiram seguir meu exemplo e fiquem juntos mesmo sendo irmão,
seria a cereja do bolo. Mas são certinhos demais para isso, toda essa bondade
e perfeição será a ruina dos dois – terminei.

Fui embora sem olhar para trás.

Preciso aproveitar meus últimos momentos de paz.

328
36: CONSEQUÊNCIAS

JUDE MARTIN

Minha vida está de cabeça para baixo, de novo. Novamente por


causa da minha irmã, acho que esse é o talento da Victoria, revirar minha vida
e me deixar a beira da insanidade. Foi assim a tantos anos atrás, quando
embarcamos na loucura de termos um caso mesmo sendo irmão. Agora ela
ressurgiu das cinzas e mostrou ao mundo os meus pecados.

Não fomos expostos apenas em nossa pequena cidade, como


também em todo o país. Já que minha irmã se casou com um magnata
milionário de família nobre e conhecido nas altas rodas da sociedade. O
escândalo do nosso relacionamento incestuoso está em todos os lugares. A
mídia está nos perseguindo e os conhecidos virando a cara como se fossemos
leprosos.

Mas o pior era dentro de casa, Caleb não me perdoou por nunca ter
contado a verdade a ele. Candice não tinha culpa nisso, ela sempre quis contar
tudo a ele, fazer o DNA e descobrir a verdade, eu que não tinha coragem. Além
disso, o segredo era meu, o responsável por ele era eu.

Mas eu não queria que ele me visse como um doente, que tivesse
nojo de mim, nem mesmo que tivesse pena. Não queria destruir a imagem que
ele tinha de mim. Sei que errei, mas por mim, ninguém nunca saberia dessa
história.

Claro que quero ser o pai biológico no Caleb, eu o amo como um


filho, mesmo que inicialmente tenha errado ao querer fazer com que a Victoria
fizesse um aborto. Eu não parei de pensar nesse bebê nem se quer por um
minuto desde que minha irmã foi embora gravida. Fiz de tudo para encontrar

329
ela, tudo que eu mais queria é que ela não tivesse feito o aborto, como eu
imaginava que ela não fez. Sabia que ela havia fugido para que eu não a
obrigasse a abortar. Como na agradeço por isso. Por mais que tenha a odiado
por muito tempo, tenha “pintado” Victoria como a grande vilã, nesse ponto ela
estava certa e eu estava errado.

Também sei que ela não é a única culpada, eu também a desejei,


por mais que ela não fosse a boa menina que eu pensava, por mais que tenha
descoberto sua verdadeira personalidade, isso não muda o que eu fiz, o que eu
senti. Isso só nos aproxima, me mostra como somos mais parecidos do que eu
pensava. Eu não era o cara errado e ela a princesinha certinha, nós dois
somos errados.

Mas eu busquei fazer tudo diferente, eu mudei, pedi perdão as


pessoas que machuquei, busquei por minha irmã e meu filho. Por mais que não
fosse certo o que fizemos, queria dar apoio a ela nesse momento. Claro que
jamais voltaria a tocar nela, muito menos assumiria ser o pai do filho dela. Mas
seria o tio mais presente que uma criança poderia ter. Victoria seria uma mãe
solteira e eu, como responsável por ela, cuidaria dela e da criança. Poderíamos
inventar alguma história sobre o suposto pai depois.

Foi aí que Dylan voltou a cidade com Caleb nos braços e eu soube
que era minha chance de fazer tudo diferente. Dylan não queria a criança, os
pais dele também não, mas eu o quis. Mesmo sem saber se era mesmo o pai,
eu o amei assim que o vi e o criei como meu, mesmo que ninguém soubesse
disso.

Mas agora as mentiras se foram, todos sabem a verdade. Mas ainda


resta a dúvida, que agora ainda é maior. Quem é o pai do Caleb? Eu, Dylan,
Noah ou o Dr. Adams?

Antes tinha 50% de chance de ser meu, agora apenas 25% de


chance.

330
No dia seguinte as revelações nós fizemos os testes. Eu e Dylan
doamos amostras do nosso DNA. Como Arthur já havia falecido, foi Candice
quem dou a amostra no lugar dele. Também conseguimos uma amostra de
DNA da tia do Noah, que estava morando na antiga casa dos avós dele.

Agora é esperar o resultado.

Enquanto isso, nada segue como antes.

Dylan está arrasado por ter renegado Caleb por toda a vida, por ter
destruído a própria vida. Ele está buscando reconstruir a relação com o filho,
por mais que haja a possibilidade de não serem realmente pai e filho.

Candice está cuidando de Caleb, a maior vítima dessa história. Ele


está sofrendo por ter sido enganado a vida toda e ter descoberto isso
justamente quando tinha achado que estava vivendo o ápice da felicidade,
julgando ter encontrado o grande amor de sua vida.

Theo e Alice também estão sofrendo com todas as revelações, pelo


que soube ela e a mãe nunca tiveram uma boa relação e agora eles sabem
porquê. Alice também estava apaixonada por Caleb e os dois viviam o começo
de um grande amor, que foi completamente destruído.

Alice e Caleb são fortes, apesar de tudo estão tentando construir


uma relação de irmãos, nem que para isso eles precisem se afastar por algum
tempo. Eles são diferentes de mim e Victoria, vão conseguir superar.

Theo está concentrando suas forças em deixar Victoria na sarjeta,


fez questão de humilhar a ex esposa publicamente, ela jamais será aceita no
alto ciclo social novamente. Além de ficar sem apoio para seguir com sua
carreira de sucesso, ninguém quer vincular nada com a imagem dela. Os
demais sócios da empresa deles estão fazendo pressão para que ela passe
suas ações para Alice e se afaste o mais rápido possível.

Quanto a minha irmã, está na suíte presidencial de um hotel de luxo


em Los Angeles, esperando o resultado do teste de DNA e claro, torrando até o
último centavo enquanto ainda pode, pois a pressão dos processos e dos
advogados dos Harris está grande, estão tentando tirar tudo dela.

331
Não a vi mais desde o dia das revelações.

Estou dando um tempo ao Caleb, o conheço muito bem e sei que


tentar me justificar agora só piora as coisas entre nós, ele precisa de tempo.
Sei que no fundo ele me ama e irá me perdoar, só precisa pensar.

Minha relação com a Candice ficou abalada, por mais que ela
soubesse de tudo, o reencontro com nosso passado foi difícil, foram muitas
emoções. Nós dois precisamos de tempo, precisamos nos acalmar, depois que
tudo isso passar, vamos voltar a ser o casal apaixonado de sempre.

Eu também tentei me aproximar da Alice, afinal, ela é minha


sobrinha e não tem culpa das coisas que a mãe fez. Ela não me odeia, me
considera vítima da Victoria, o que eu discordo, não sou um maluco como
minha irmã, mas não sou nenhum santo.

Theo me pediu perdão por me odiar por todos esses anos, sem me
conhecer, apenas acreditando nas mentiras da minha irmã.

De certa forma todos acabamos nos unindo, todos fomos vítimas


dos planos da Victoria.

Candice se tornou uma super mãe defensora de todos, acolheu Alice


e Theo, e até mesmo o Dylan. Estamos todos nos apoiando nesse momento
tão difícil.

332
CAPÍTULO 37: GRAN FINALY

JUDE MARTIN

Finalmente saiu o resultado do teste de DNA, nos reunimos na


minha casa para conferir o resultado.

Candice ficou encarregada de ler o resultado para todos nós.

Estávamos eu, Dylan, Caleb, Theo e Alice tensos e suando frio.

-Caleb, meu querido, o teste só confirmou o que nossos corações


sabiam. Jude é mesmo o seu pai – disse emocionada.

Eu nunca senti uma alegria tão grande na minha vida, era como se
ele tivesse nascido naquele momento, como se o médico o tivesse colocado
em meus braços pela primeira vez.

Eu abracei meu filho, agora sem dúvidas, sem questionamentos, o


abracei como se fosse morrer se me separasse dele.

Nós dois choramos como bebês.

-Caleb, eu te amo meu filho! Sempre amei! Me perdoa por nunca ter
contado nada você! Por ter quase obrigado sua mãe a tirar você! Não sabe
como me arrependo e me envergonho de tudo isso! Como agradeço todos os
dias por ela ter sido louca e seguido com a gravidez! Você é tudo que mais
importa para mim! – falei entre lagrimas.

Estavam todos emocionados nos vendo.

-Eu já te perdoei, eu te entendo, compreendo todas as suas


decisões e tenho certeza que no fundo você sempre me quis, só estava
assustado. Você me criou, fez tudo por mim, mesmo escondendo que podia ser
meu pai. Eu te amo e te perdoo – respondeu também entre lagrimas.
333
Depois disso foi só alegria, diferente da última vez que nos reunimos
nessa sala, hoje foi um dia de coisas boas, de comemoração, de amor.

Eu e Theo dividimos fotos e momentos da infância dos nossos filhos.


Eu, Dylan e Candice contamos sobre nossa juventude, sobre meus pais.

Tentamos sempre evitar falar na Victoria, mas era impossível.


Sempre ela surgia nas conversas como a cola que uniu todos nós na mesma
história. Apesar de agora sabermos a verdade sobre ela, nenhum de nós
esqueceu a Vic criança, a garotinha inocente, a garotinha que ainda nos amava
e que não odiava o mundo.

Ao final da noite, cada um foi para seu lugar. Dylan para a casa dos
pais, onde ficava quando estava na cidade. Theo e Alice para seus quartos de
hotel. Caleb para seu antigo quarto em nossa casa. Eu e Candice para o nosso
quarto, onde parecia haver uma parede de gelo entre nós na cama.

-Jude, querido. Eu sei que está em jubilo está noite pelo resultado do
DNA, eu também estou. Mas precisamos conversar – disse Candice quando eu
saí do banheiro pronto para dormir.

Ela estava preocupada.

-Eu sei que estou ausente ultimamente sei que não sou o único que
sofreu com as armações da Victoria. Desculpa por não poder te dar a força que
merece nesse momento difícil – me adiantei.

Por mais que ela seja forte e conforte a todos, ela também precisa
ser confortada e eu foquei tanto em mim, que acabei esquecendo dela.

-Eu estou bem, de verdade. Faço terapia a anos e estou indo mais
vezes por semana agora. Não é sobre mim que quero falar. Jude, você precisa
de ajuda. Você reprimiu muita coisa, passou por uma experiencia traumática e
tenta se enganar ....

Começou....

334
-Candice, entendo que se preocupe comigo, mas eu não quero falar
sobre isso, por favor – interrompi.

A última coisa que eu queria era discutir com a minha esposa o meu
estupro.

-Entendo, não precisa falar sobre isso comigo. Mas de verdade,


você precisa de ajuda profissional, a terapia vai te fazer bem – insistiu.

Lá vem ela com essa história de terapia, ela sempre quis me


“evangelizar” na doutrina da psicanálise.

-Tudo bem, vou pensar sobre isso. Mas depois, não quero estragar
minha alegria – encerrei.

Sei que ela vai continuar me cobrando até que eu acabe cedendo,
mas vou resistir bravamente enquanto eu puder.

Ela me deu um beijo de boa noite, mas eu tinha outra ideia.

Desde o fatídico dia da volta da minha irmã que eu e Candice não


transamos, mas hoje eu estou inspirado, afinal, depois daquela “avalanche”
finalmente tivemos um dia bom, cheio de coisas boas e a melhor notícia do
mundo.

Afundei o beijo e a puxei para mim.

-Jude, o Caleb está em casa e ele não é mais criança, ele vai nos
ouvir – reclamou vermelha de vergonha.

Eu senti que apesar de sua recusa inicial ela também me queria.

-Você disse bem, ele não é mais criança, já sabe muito bem o que
estamos fazendo e se ele nos ouvir vai saber que o pai dele está fazendo a
mãe dele, a mulher mais feliz do mundo – argumentei.

Ela desistiu de negar o que nos dois queríamos, logo estávamos


pegando fogo, arrancando a roupa um do outro, quase rasgando.

Estava com saudades da sua pele macia, seu cheiro de rosas, ela é
perfeita.

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Nos entregamos um ao outro inicialmente com pressa (fazia tempo
que estávamos de jejum), mas depois fomos lentos, aproveitando cada
segundo.

Acordei com meu celular tocando, o dia nem tinha amanhecido.

Atendi assombrado, era o Theo.

-Jude, vocês precisam vir com urgência para a delegacia de New


Bern – falou com a voz tremula.

Chamei Candice e Caleb.

Quando chegamos Theo estava lá com Alice e Dylan.

-É a Victoria, ela está morta. – disse Dylan perplexo.

Na hora um misto de emoções passou por meu corpo, de amor a


ódio. Várias Victórias passaram a minha frente, desde o bebê que minha mãe
trouxe da maternidade até a mulher madura que jogava na minha cara tudo
que fez.

Ela tinha deixado uma carta, para todos nós. Estava pregada na
arvore, em frente a antiga cabana do nosso pai, onde ela cometeu suicídio.

Pelo que os policiais explicaram, ela tocou fogo na casa, que um dia
foi seu refúgio, encontraram fotos carbonizadas, cadernos, garrafas de Vodka e
cartelas de comprimidos. Ela se anestesiou com os comprimidos e a bebida e
ficou esperando o fogo consumir tudo, inclusive nela mesma.

O corpo estava na autopsia, mas Theo e Alice reconheceram as


roupas, sapatos e bolsa dela, além do carro dela está do lado de fora, os
documentos estavam no carro.

Também identifiquei uma velha caixa da nossa mãe, que Victoria


pegou para si após a morte dela, devia ser nela que guardava suas
recordações.

Finalmente peguei a carta para ler.

“Caleb, Jude, Alice, Theo, Candice e Dylan, estou escrevendo essa


carta para me despedir de vocês. Não esperem um pedido de desculpas nem

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arrependimentos, eu faria tudo de novo se fosse preciso. Eu tive a vida que
sempre sonhei, cheguei onde queria. O que importa não é quão longa sua vida
é, mas o quanto que você vive e eu vivi muito. Eu sabia que esse dia chegaria,
o dia que todos saberiam a verdade, já estava preparada para tudo que
aconteceu. Eu tive meus momentos finais como sempre sonhei, com todos
vocês, finalmente podendo dizer o que sempre quis.

Não quero viver além disso, não quero ir para cadeia e muito menos
ficar pobre. Não quero conviver com o ódio do Caleb nem com o desprezo do
Jude. Prefiro encerrar minha passagem pela vida dessa forma, linda e
poderosa, enquanto ainda posso. Só esperei para saber o resultado do DNA,
não podia partir sem ter a resposta para a maior dúvida da minha vida. Mas eu
a tive e ela foi a melhor possível. Eu sempre quis que fosse assim e foi, por
isso sempre amei tanto meu filho, ele é a provar do nosso amor impossível,
Jude. Contra tudo e contra todos nós ficamos juntos, nós tivemos um filho
perfeito.

Não acredito em Deus, logo, não pecamos e quanto a ciência, está


aí para todos verem, um fruto de incesto que nasceu perfeito. Só resta o
estigma dessa sociedade toxica. E mesmo aos religiosos, ao que me consta,
as filhas de Adão e Eva tiveram que ter filhos com os próprios irmão para
povoar o mundo, não é mesmo? Isso sem contar nos outros episódios bíblicos
com incesto. Mas isso não vem ao caso.

O que importa é que por mais que eu tenha feito coisas horríveis, eu
os amo. Eu te amo Jude, como nunca amei ninguém. Eu te amo Caleb, mesmo
distante, mesmo tento abandonado você.

E por mais incrível que pareça, eu te amo Alice. Eu queria que você
fosse parecida comigo e te odiava por ver tanto da Candice em você, mas
agora vejo que não, você não é parecida com ninguém, você é você e é isso
que importa. Seja feliz. Você também Theo, no fundo gostei de você e um dia
quis ser a garota que fiz você acreditar que eu era.

Já você, Candice, por mais que eu te odiasse e te invejasse, um dia


você foi minha melhor amiga, um dia a amei como uma irmã e agora, no meu
final, é aquela Victoria criança que se despede de sua melhor amiga e

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agradece por tudo que fez e por quem sempre foi, quem sabe em outra vida o
meu lado mal não aflore e sejamos amigas de verdade?

Quanto a você Dylan, obrigada por me amar tanto e cuidar de mim.


Quem sabe em uma outra vida (sem o Jude), você pudesse ser o meu grande
amor. A Vic adolescente que tinha uma paixonite por você está dando adeus.

É isso, amei odiar vocês e espero que sem minha sombra maligna
possam viver e serem felizes!

Adeus.

Victoria Martin”.

O velório foi fechado, as únicas pessoas que se importavam com ela


éramos nós, os demais eram curiosos, ou repórteres.

Apesar de tudo de mal que ela nos fez, foi impossível não sofrer com
sua morte e querer que fosse diferente, mas como ela disse, não tinha futuro
para ela.

Tenho certeza que se ela não tivesse morrido ainda estaríamos


todos remoendo nosso rancor contra ela.

O resultado da autopsia saiu, ela teve uma overdose de remédios e


depois foi carbonizada, o DNA deu positivo, comprovando sua morte. Assim,
Alice e Theo herdaram seus bens (Caleb renunciou aos seus direitos como
filho). A mídia fez um estardalhaço com toda a história e mesmo odiada, ela se
tornou uma espécie de símbolo de sensualidade e poder feminino, uma coisa
bem louca e toxica, que não deve ser confundida com os ideias feministas e a
luta das mulheres por seu lugar.

E assim, da mesma forma como ela ressurgiu, ela se foi, de repente.

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