Você está na página 1de 261

~1~

M.N. Forgy

#1 What Doesn't Destroy Us

Série The Devil's Dust

The Devil's Dust Copyright © 2014 M.N. Forgy

~2~
SINOPSE
Quando a vida protegida de Dani é virada de cabeça para baixo
por segredos de sua mãe, ela encontra proteção com o pai alienado fora
da lei. Contra todas as advertências, ela se apaixona pelo motoqueiro
mau, Shadow. Ele é uma besta e uma beleza em um colete de couro
com um coldre de arma. Dani pode aprender a viver dentro das regras
do clube? Ela é mais parecida com o pai do que ela poderia imaginar?

Shadow tem crescido entre os drogados, prostitutas e assassinos.


A única família que ele já tinha confiado era o Devil's Dust Motorcycle
Club. Ele fará qualquer coisa para um irmão; até mesmo matar. Na
verdade, matar é tão fácil, ele fez uma carreira por disso. Seu único
arrependimento é não ser capaz de matar a própria mãe inútil. Quando
Dani aparece com seu temperamento provocante e charme inocente,
Shadow começa a questionar seu estilo de vida violento. Mas ele pode
confiar nela com seus demônios?

Sexo.

Sangue.

Traição.

Será que Dani e Shadow deixarão laços familiares os destruir?

~3~
A SÉRIE

The Devil's Dust – M.N.Forgy

~4~
Capítulo Um
DANI
Eu sou acordada e assustada com um
tumulto vindo das escadas.

O quarto está escuro e minha visão está


embaçada pela falta de sono. Eu pisco algumas
vezes e olho o relógio em minha cômoda: 02h15min
da manhã. Só pode ser brincadeira.

Eu rolo de volta e com raiva fecho meus olhos.


Eu tenho certeza que é minha mãe voltando tarde
do trabalho com Stevin. Ele é o chefe ou colega de trabalho dela. Eu não
estou certa. Inferno. Eu nem sei qual é o trabalho deles. Eu também
não me importo. Ela também está namorando ele, o que eu acho bem
desesperador. O relacionamento deles é estranho, e minha mãe é muito
reservada sobre... O que quer que eles sejam. Ele é rico, bonito e é a
única razão por nós estarmos morando neste apartamento clássico no
coração de Nova York. Minha mãe já mencionou que ele tem uma
poupança dos seus avós e que sua família é rica. Eu tenho certeza que
ela só me contou isso como uma explicação para a nossa mudança da
lixeira que nós estávamos. Ela era uma dançarina na época e eu
questionei como nós poderíamos pagar este lugar.

Sem aviso, a porta do meu quarto é escancarada e bate contra a


parede, enchendo o quarto com um baque alto. A luz se acende e minha
mãe anda rápido em direção à minha cama, jogando o cobertor para
fora de mim. Sinto como se meus olhos estivessem sido agredidos, e eu
estremeço com a indesejável claridade.

— Que porra, mãe? — eu grito, ainda meio dormindo.

— Vamos, saia da cama. Se vista e arrume uma mala pequena.

Eu pisco meus olhos os abrindo, e olho a aparência da minha


mãe. O seu usual e elegante cabelo cor chocolate está embolado e há
sangue seco de um corte em sua bochecha. Eu nuca vi minha mãe tão
perturbada antes, eu fico completamente alerta em relação a isso.

~5~
— Pare de me encarar e arrume a mala. Agora. Nós não temos
muito tempo!

Minha mãe fala antes mesmo de eu sequer abrir minha boca para
perguntar o que aconteceu.

Por que ela está tão abatida? Quem fez isso com ela? Onde está
Stevin? E pra que porra de lugar estamos indo? Eu tenho todas essas
perguntas e nenhuma resposta, mas eu sei antes de perguntar que pelo
olhar da minha mãe e o tom em sua voz não está para brincadeira. Meu
coração treme quando começo a entender a situação e pego minha
mala.

Eu olho para o que estou vestindo: uma camiseta miserável e


calcinhas. Pego uma par de jeans azuis, uma camisa azul apropriada e
minhas botas pretas na altura dos joelhos. Não é elegante, mas vai ter
que servir. Corro até meu banheiro e escovo meu cabelo castanho
escuro e ondulado. Encarando meu reflexo, eu noto meus olhos verdes
fundos pela falta de sono, parecendo sem energia. Meus olhos são a
minha assinatura, eles são de um verde muito claro, parecem místicos.
Já falaram que meus olhos são como piscinas de heras, ou o quer que
isso seja. Eu jogo meu cabelo em um coque atrapalhado e penteio a
minha franja de lado.

Coloco algumas coisas que eu juntei do banheiro na mala aberta


na minha cama e junto com algumas roupas extras e sapatos. Eu pego
algumas outras coisas como minha bolsa, iPod, óculos de sol e desço as
escadas

Minha mãe já está esperando por mim na porta. Eu noto que o


sangue foi limpo de sua bochecha, mas sua face ainda está vermelha e
um pouco inchada. Ela agora está usando uma blusa branca e limpa
com botões do meio para cima. Ela sempre se veste com perfeição,
mesmo na pior hora, a qual poderia, possivelmente, ser agora. Eu
gostaria que ela me contasse o que esta acontecendo. Eu estou em
perigo?

— Vamos Dani. Nós perderemos o nosso voo, — ela diz irritada.

— Mãe, que merda está acontecendo...

Ela me corta ao ir andando da porta do nosso apartamento até o


elevador. Minha frustação cresce e sigo atrás dela.

Minha mãe caminha ate o meio-fio e grita por um taxi. A brisa fria
sopra ao redor, cobrindo minha pele cor de oliva com arrepios. Eu olho

~6~
para cima, nos altos prédios, absorvendo o máximo que eu posso; essa
talvez seja a última vez que eu os vejo.

Um taxi amarelo encosta e minha mãe bate no porta-malas. Isso


causa um barulho alto e agudo. Ela joga sua mala e arranca a minha
da minha mão, a jogando para dentro também.

— Aeroporto JFK, — ela fala ao motorista, evitando contato visual


comigo. — Rápido, por favor.

O caminho até o aeroporto é silencioso. Eu tenho tantas


perguntas, mas estou com medo das respostas que posso receber. Eu
sei que eu deveria perguntar, mas não consigo formar as palavras.
Então eu só encaro a janela, silenciosamente dizendo adeus a minha
vida. Bem, seja a vida que eu tive. Eu tive amigos, mas ninguém
próximo o suficiente para notar que eu parti. Eu tenho um emprego no
café local, mas eles só irão colocar outra pessoa no meu lugar. Na
verdade, sendo colocada em uma situação tão desesperadora me leva a
ver que eu realmente não tenho muito que mostrar sobre a minha vida.
É depressivo. Ter uma mãe super autoritária faz isso com você. Ela não
permite que eu tenha uma vida social. Então, claro, encontrar amigos
na faculdade que somente fiquem em casa e assistam filmes é difícil.
Porra, eu acabei de comemorar meu aniversário de 21 anos e foi, como
sempre, deprimente: jantar chique, vinho e pais incluídos.

Nós chegamos ao aeroporto e o taxista tira nossas malas do carro


enquanto minha mãe joga um pouco de dinheiro no assento. Eu pego
minha mala e a sigo. Desacelero minha caminhada enquanto ela segue
em direção a um homem grande e robusto com uma grande barriga, na
qual os braços estão cruzados rente ao peito. Ele está usando um jeans
azul rasgado e uma camiseta preta onde as tatuagens parecem
serpentear para fora e reivindicar cada centímetro de seus braços
cabeludos. Minha mãe caminha diretamente até ele, sua linguagem
corporal é confiante, então eu acelero meu passo e tento a alcançar.
Enquanto eu me aproximo eu vejo que seu colete de couro tem vários
patches1. O da esquerda se lê ―TRIGGER‖ e o da direita ―Ghost MC‖.
Meu ar fica preso na garganta; MC como em clube de motoqueiros? Eu
já assisti vários documentários e programas de TV o suficiente para
saber que um clube de motoqueiros não é algo para se brincar.

Eu olho um pouco para baixo, em seu colete de couro, e vejo um


remendo em forma de diamante que diz ―1%‖. Minha garganta aperta

1Pacthes são símbolos costurados na jaqueta de um MC que se refere à posição deles


no clube.

~7~
mais enquanto eu tento falar, preocupada em quais são as intenções da
minha mãe. Eu não lembro exatamente o que 1%2 significa, mas eu sei
que não é nada bom.

— Mãe?

Ela joga sua mão para cima para me calar.

Que merda que ela está fazendo? Isso não é algum pedestre
ocasional pedindo informações.

— Eu sou Lady, você tem algo pra mim de Bull? — minha mãe diz
confiante.

Lady? O nome dela não é Lady, é Sadie. E quem é essa porra de


Bull?

O homem assustador chamado Trigger a olha.

— Sim, aqui estão suas passagens de avião. Bull mexeu uns


pauzinhos para conseguir o próximo voo para vocês. Vocês têm uma
hora antes do voo partir para LA.

O homem grande e robusto entrega um envelope a minha mãe,


sua voz é profunda e ameaçadora.

Ele aponta para minha mãe.

— Diga a Bull que isso nos deixa quites.

Ele me olha e depois a minha mãe

— Boa viagem garotas, — ele diz e vai embora.

— Sim, obrigada. — ela diz abrindo o envelope e espiando dentro.

Que porra é essa? Ela age como se estivesse falando com uma
merda de uma garotinha. Ela não está nem um pouco perturbada, mas
eu estou prestes a me mijar de medo.

— Você se importa em me dizer que porra é essa que está


acontecendo? — eu amaldiçoo minha mãe, cansada de toda essa
charada.

Seus olhos se arregalam com o meu linguajar. Ela não está


satisfeita; vai entender. Minha vida inteira me falaram como agir e o que
falar. Sempre me disserem para permanecer no caminho certo; o

2 Significa que o clube é fora da lei.

~8~
caminho que minha mãe e Stevin estavam pagando para mim. Consiste
basicamente em fazer nada a não ser escola. Mal sabe ela que eu ainda
estou indecisa sobre faculdade. Ela teria um derrame se soubesse que
eu não tenho a minha vida inteira planejada. Ela nunca me deixou fazer
nada selvagem ou imprudente. Ela sempre me impede e grita sobre
como eu ajo como meu pai e como ela atravessou o inferno para me dar
uma vida melhor, um caminho melhor, para eu estragar tudo. Parece
que este é o único momento em que ela está presente, para me dizer o
fracasso que eu sou. A última vez que eu tentei alguma independência,
eu tinha 19 anos e estava cansada de estar presa.

— Você parece gostosa para caralho, se você não transar essa


noite, então não há esperança para as mulheres, — disse Daisy, olhando
meu tomara que caia preto.

— Você parece bem gostosa também, — eu elogiei Daisy, e lhe dei


uma piscadela sensual.

Daisy era a nova funcionária da cafeteria, com quem eu logo tive


afinidade. Ela conhecia uma boate que não pedia identidade, então nós
fomos para lá tentar pegar uns caras quentes.

Eu me olhei no espelho pela última vez: vestido preto, saltos


vermelhos e bolsa vermelha. Sim. Eu parecia uma femme fatale.

Meia hora mais tarde, ainda rindo, nós chegamos à boate só para
encontrar minha mãe e Stevin esperando na entrada.

Merda! Filha da puta!

— Danielle Lexington, no que você está pensando? — minha mãe


fala, agarrando meu braço fortemente.

— Sai fora! — eu gritei para ela, causando uma cena.

— Você parece uma prostituta. Coloca a seu traseiro no táxi e


vamos pra casa agora, — ela grita na minha cara, a saliva voando contra
minha pele.

— Eu tenho 19 anos. Sou uma adulta. Você não pode mais ficar
mandando em mim, — eu grito de volta para ela, puxando meu braço de
volta para descontar.

— Você quer ser uma adulta, aja com uma, — ela vaiou de volta.

Eu fechei meus olhos e respirei bem fundo, raiva preenchendo a


minha espinha. Eu queria socar a mulher que se intitula minha mãe.

~9~
— Eu estou cansada de suas merdas, eu tenho dinheiro suficiente
para me mudar, — eu disse calmamente, pronta para ver o golpe do
abandono em seu rosto. Gastei quase um ano poupando, mas eu
finalmente tenho o suficiente para um começo decente, um começo sem a
minha mãe.

Ela sorriu, fazendo minha coragem incomum fugir.

— Oh querida, — ela zombou — Eu já limpei aquela conta, você não


tem nada. — ela gargalhou igual eu imagino o diabo, me fazendo
suspirar de horror.

— O quê? — eu perguntei completamente enfurecida.

— Vá em frente, saia, se mude, vá viver nas ruas. Você veio do lixo,


você também pode viver como lixo, — ela disse, assinalando, pela
milionésima vez, como eu sou nada mais que a filha do meu pai.
Finalmente, alguém que ela despreza mais que eu: meu pai, quem quer
que ele seja.

— Foi isso que eu pensei, volte para o taxi. — ela me empurrou na


direção do taxi.

— Eu tentarei explicar no avião, Dani. Nós não temos tempo


agora. — minha mãe sussurra, enquanto me puxa da viagem à terra da
memória.

Mais tarde eu descobri que a única razão para eu ter sido pega
em fragrante naquela noite foi por causa da merda da vizinha que vivia
no andar abaixo de nós. Ela era a espiã da minha mãe, sempre
xeretando a minha vida. Ela estava lá fora quando nós chegamos em
casa naquela noite, tão satisfeita por eu ter chegado em segurança,
perguntando a minha mãe se ela tinha feito seu trabalho corretamente.
Seu trabalho era me dedurar, isso sim. Eu era uma adulta aprisionada
vivendo com a minha mãe. Meu relacionamento com minha mãe é tipo
―aceitar a situação e não gerar confronto‖. Mesmo sendo uma opção
miserável, às vezes as ruas não pareciam tão ruins...

Falta uma hora para subirmos a bordo do voo. Eu ainda estou


curiosa como Trigger conseguiu passagens para nós tão rapidamente e
sobre quem é Bull. Mamãe suspira alto, chamando minha atenção.

— Eu acredito que deveria te contar toda a história, — minha mãe


diz ao correr as mãos em seu rosto, irritada.

— É isso seria legal, — eu respondo sarcasticamente.

~ 10 ~
— Eu conheci seu pai em uma festa em L.A. a mais ou menos 22
anos. Ele era muito bonito, você se parece bastante com ele. — ela me
olha, seu rosto está ilegível. Eu não estou certa se eu trago memórias
boas ou dolorosas, mas julgando pelo jeito que ela age em relação a
mim, eu suponho que sejam dolorosas.

— Nós estávamos em uma festa quando uns bêbados começaram


a assediar a mim e uma amiga. Minha amiga caiu fora, mas eu não fui
tão rápida. Aqueles homens sórdidos avançaram em mim, eu estava em
desvantagem. Eles me empurraram para o chão de deram um tapa e
começaram a... — ela inala profundamente antes de continuar. — Bom,
foi aí que seu pai apareceu; ele os espancou até tirar a última gota de
sangue. — ela começa a rir com o pensamento, o que eu acho
assustador. — Ele os fez ajoelhar e se desculparem comigo. Um até se
mijou. — ela balança a cabeça para clarear o pensamento. — Eu fui até
sua casa na traseira da sua moto, achando que havíamos começado
algo especial. Pensei que eu tinha a chave para o mundo. Larguei a
escola e meus pais me deserdaram depois que descobriram que eu
estava namorando um cara de um clube de motoqueiros. — ela suspira
fortemente. Bastante arrependimento estava evidente em sua voz. Eu
quase me sinto mal por ela.

— Nós estávamos juntos dia e noite por mais ou menos cinco


meses. Aí eu falei que o amava e ele mudou. Ele não me ligou ou falou
comigo por dias, então eu fui procurar ele e o encontrei com alguma
puta do clube. Eu fugi de lá no primeiro voo que consegui. — ela pausa
e olha para o embarque de passageiros. — De qualquer forma, um mês
depois eu descobri que estava grávida. Eu não queria o mesmo caminho
pra você, então eu não contei para ele. Não faria diferença. Então eu dei
meu jeito de prover você, para garantir que você seguisse o caminho
certo, não como eu ou seu pai. — ela finaliza com lágrimas nos olhos e
respiração irregular. Eu sei que ela não queria me contar nada disso.

— Você está prestando atenção? — ela pergunta enquanto estala


as costas e senta, se endireitando em seu assento. O modo auto piedade
sob si mesma deve ter acabado.

Minha cabeça está completamente confusa com essas


informações. Eu estou entendendo ela, mas sinto meus nervos lutando
no limite.

— Na verdade, eu poderia tomar uma bebida, — eu digo


levantando minha mão para chamar a atenção da aeromoça. Toda essa
informação fez eu me sentir arrasada.

~ 11 ~
— Dani, não! O que você é? Uma bêbada? — ela pergunta,
arregalando os olhos, balançando sua cabeça com desapontamento.

— Ah não, nós não gostaríamos que alguém pensasse isso,


gostaríamos? — eu debocho. Ela está sempre preocupada com o que os
outros pensam sobre ela. Meu comportamento dando ela o pior de seus
rótulos através da criança que age como o pai vigarista.

Ela vira a cabeça na direção oposta.

— Assim como seu pai, — ela sussurra aborrecida.

Mesmo depois de ter escutado toda a merda que ela derramou


sobre mim, apenas aos olhos da minha mãe, uma cerveja me tornaria
uma bêbada.

— Você vai me dizer o que aconteceu com seu rosto? E por que de
repente você está me contando sobre o meu pai? — eu pergunto, por
um instante chateada por ela ter escondido tudo isso de mim. Eu nunca
me permiti perguntar sobre meu pai. No que diz respeito a minha mãe,
ele é só um doador de esperma. Então eu estou confusa. Porque agora
ela está me colocando para fora tudo que eu sempre quis saber?

Virando a cabeça na minha direção, ela diz em voz alta:

— Eu estou chegando lá, — atraindo a atenção de todos a nossa


volta. Abaixando sua voz, ela continua — Quando eu deixei seu pai, eu
fui uma garçonete em um restaurante em NY por vários anos, mas só
isso não era o suficiente. Então, eu comecei a dançar em boates por
dinheiro. Era desprezível, mas pagava as contas e comprava suas
bonecas. — ela vira sua cabeça para longe, evitando contato visual.

— Uau, você era uma stripper? — eu pergunto chocada. Agora


minha voz está muito alta, fazendo com que todo mundo vire de seus
assentos e olhe para nós.

— Shh, Dani, — ela diz, lançando facas com seus olhos e


gesticulando para eu abaixar o volume. — Eu entretia as pessoas. — ela
fala completamente convencida que há uma diferença entre as duas.

— Stripper, — eu balbucio debaixo da minha respiração.

Eu não posso acreditar no que eu estou ouvindo, minha mãe era


uma stripper. Eu sabia que ela era uma dançarina, mas eu nunca teria
pensado que ela tirava a roupa nem em um milhão de anos. Quando eu
era criança ela me contou que ela era uma dançarina eu pensei que ela
fazia shows da Broadway ou algo parecido. Eu não acredito que ela tem

~ 12 ~
escondido tudo isso de mim. Tudo que ela havia me dito é que meu pai
é um lixo e que não queria ter nada a ver conosco. Bem,
aparentemente, ele não queria nada apenas com a minha mãe, ele nem
sabe que eu existo. Eu não sabia que ele era de um clube de
motoqueiros, ou que minha mãe já esteve numa moto.

— Stevin começou a aparecer todas as noites perguntando por


meu nome, — ela diz, agarrando novamente os meus pensamentos
frenéticos. — Ele me disse que eu não precisava estar num lugar como
aquele e que o deveria deixar cuidar de mim. Eu, primeiramente, hesitei
claro. No entanto, as contas são altas demais para quem vive em NY e
meus pais não estavam falando comigo. Aí Stevin e eu começamos a
nos relacionar, então eu concordei. Ele me deu um emprego,
proporcionava coisas pra mim e pra você e então eu me apaixonei por
ele. Até a noite passada. E foi isso.

Ela fecha seus olhos apertadamente para evitar olhar para mim
novamente. A tensão de repente se arrasta no ar entre nós, e me pega
desprevenida. Me concentro nela atentamente, tentando entender por
que o repentino mal-estar.

— Nós estávamos no escritório do Stevin trabalhando até tarde e


o seu celular começou a tocar. Quando ele atendeu foi como se sua
atitude mudasse em 180º. Ele me falou para pegar minhas coisas e ir
para casa imediatamente. Eu acho que não fui rápida o suficiente. Dois
policiais entraram no escritório seguidos por dois seguranças de Stevin.
Eu estava na minha mesa desligando meu computador quando escutei
dois tiros. Eu corri para dentro do escritório com medo deles terem
atirado no Stevin e em seus guardas. — ela pausa e coça sua testa,
onde eu noto gotas de suor se formando.

— Quando eu vi os policiais mortos no chão, eu corri. Eu escutei


Stevin mandando seus guardas me perseguirem. Um me pegou e eu
lutei contra eles, só para levar um tapa. Eu o chutei nas bolas e corri
até o elevador, — ela diz. Suas palavras estão saindo de sua boca tão
rapidamente que eu mal posso acompanhar.

— Uh, — ela tropeça. Seus olhos estão arregalados e com um


olhar de descrença. — Stevin saiu de seu escritório apontando uma
arma em mim, mas, felizmente, a porta do elevador se fechou antes dele
começar a atirar. — seu corpo está tenso, trêmulo e curvado. Ela não
está me contando à história toda, minha mãe é uma mentirosa de
merda. Baseado em seu suor, suas palavras tropeçadas e seu estado
frenético, eu tenho certeza que ela está escondendo algo. Isso me deixa

~ 13 ~
nervosa, o perigo que parece que nós estamos correndo deve ser sério.
Eu deveria saber tudo, e eu não sei.

— Eu liguei para o seu pai. Ele irá nos proteger até descobrirmos
em que direção seguir, — ela diz, finalmente olhando em minha direção.
Seu corpo de repente aparenta estar calmo e sossegado.

— Meu-meu pai? — eu gaguejo, sem entender o porquê de nós


estarmos correndo para um cara que minha mãe sempre quis manter
longe de mim, a última pessoa que eu pensei que ela correria para pedir
ajuda.

— De qualquer forma, Stevin é um homem poderoso. Eu não sei o


quão fundo é seu bolso, então, deixar NY é a nossa melhor opção. — ela
observa a minha reação, evitando a minha pergunta sobre meu pai.

— Bull irá nos proteger, — ela diz, acenando com a sua cabeça,
muito certa de si mesma.

— Isso é demais para eu assimilar, — eu digo enquanto exalo,


notando pela primeira vez que estava prendendo a minha respiração.
Meu dedo indicador e meu dedão estão no meu lábio inferior também,
algo que, segundo Victoria, minha terapeuta, aparentemente eu faço
quando estou nervosa. Quando eu era mais nova, minha mãe dizia que
eu agia muito como o meu pai e isso a preocupava, a levando achar que
eu precisava de um terapeuta. A verdade é que eu odiava Victoria. Ela
sempre estava do lado da minha mãe, mesmo quando eu sabia que ela
estava errada. A única vez que Victoria fez sentido foi em relação ao
hábito que eu tenho de brincar com meu lábio inferior. Eu nem mesmo
percebia que estava fazendo isso, mas agora eu me pego fazendo isso
quando estou nervosa ou mentindo, ou ambos.

— Olha, eu sei que você não consegue entender agora, — minha


mãe diz enquanto pega uma de minhas mãos com as suas. Essa nova
afeição me deixou confusa. Ela não demonstra nenhum instinto
maternal desde que começou a trabalhar para Stevin. Eu tiro os dedos
dos meus lábios e sinto meu corpo enrijecer com o toque.

— Nós precisamos do tipo de ajuda que um clube fora da lei,


como o que o seu pai pertence, pode nos dar. Eu não os deixarei
machucarem você ou te arrastarem para aquele mundo dos infernos
deles. Você não vai ser como eles, Dani. Você tem um futuro, não se
esqueça disso, — ela diz, olhando diretamente nos meus olhos.

— Umm, okay, — eu digo, chocada pela supermãe que de repente


está sentada na minha frente.

~ 14 ~
— Eles são foras da lei, Dani. Eles tentarão te arrastar para o seu
maldito estilo de vida, — ela diz, suspirando alto. — Eles são
implacáveis e porcos. Não os deixe te enganar. — ela começa a morder o
lábio inferior, desligando a luz sobre nossas cabeças. Como de costume,
ela acabou de falar sobre isso e nenhum argumento a fará mudar de
ideia.

Mas, por que meu pai nos ajudaria se ele não se importa
conosco? Ela contou sobre mim para ele no telefonema? E, se esse
clube de motoqueiros é tão moralmente errado, por que nós estamos
correndo até eles por ajuda?

~ 15 ~
Capítulo Dois
DANI
Eu acordo quando o avião aterrissa, me
surpreendo ao perceber que eu consegui dormir
depois de toda a merda que a minha mãe colocou
para fora nas últimas horas. Eu fui me arrastando
atrás dela para a esteira de bagagens e esperei
alguns minutos, o que pareceu uma eternidade,
antes de as enxergar na esteira. Peguei a minha
mala quando passou e caminhei até a saída mais
próxima.

Enquanto eu saía do aeroporto, a luz do sol batia em meus olhos


sensíveis. Eu parei e peguei na minha bolsa os óculos de sol. Enquanto
meus olhos se adaptavam, eu percebi que minha mãe não estava mais
do meu lado. Eu não estou certa sobre quem nós estamos procurando,
mas eu notei um grande SUV, com duas motos pretas estacionadas em
frente à placa: ―PROIBIDO ESTACIONAR‖. Havia dois homens nas
motos e parei dar uma olhada neles. Eu espero que meus óculos de sol
me impeçam de parecer uma louca que gosta de encarar as pessoas.
Um dos caras está apoiado em sua moto, ele é mais velho, talvez uns 40
anos. Uma bandana preta está amarrada em volta de sua cabeça. Seus
cabelos loiros, sujos e longos voam por baixo da bandana e repousam
nos seus ombros bem constituídos. Uma longa barba, combinando com
um grosso bigode do mesmo loiro sujo, mas com partes brancas. É tão
grosso que cobre sua boca a ponto de quase não ver seus lábios. Ele
está usando um colete de couro sobre uma camisa branca e jeans
pretos, que me faz lembrar um pouco de Trigger do aeroporto em NY.
Suas pernas estão cruzadas na sua frente, enquanto ele está apoiado
em uma das motos, seus dedos rodam um palito de dente na boca. A
tentativa de parecer casual não me engana, toda sua imagem grita ―fora
da lei‖.

O outro cara não está olhando para mim. Ele tem um cabelo
negro e bagunçado no topo e mais curto nos lados. A parte de trás da
sua jaqueta preta de couro sem mangas tem um esqueleto esmagando
um crânio. Se lê ―DEVIL‘S DUST‖ na parte de cima do crânio esmagado
e ―Califórnia‖ embaixo. Ele está usando uma blusa branca, calça jeans

~ 16 ~
azul e botas pretas de motoqueiro. Ele se vira e eu fico paralisada. Ele é
impressionante, lindo mesmo, e ele transpira ―Bad Boy‖. Sua pele é
bronzeada e eu posso ver uma tatuagem no bíceps esquerdo
espreitando por sua manga curta. Não consigo descobrir o que é, pensei.
Eu vejo seus lábios se transformarem em um sorriso arrogante e
percebo que ele me pegou o olhando.

Merda. Eu sorrio de volta. Olhando nos olhos dele, eu descubro


que eles são azuis claros. Claro que eles são azuis, o contraste com o
cabelo negro é marcante. Esses olhos azuis possuem uma presença
animalesca. Ele estica seus braços e os cruza na frente do seu peito. O
tecido da camisa branca estica apertadamente em volta dos músculos
de seus braços no processo. Meus lábios de repente se abrem, eu não
consigo respirar com essa tentação de pé na minha frente, embora, ao
mesmo tempo, esteja completamente intrigada. Surpreendentemente,
pela primeira vez desde que minha mãe me acordou no meio da noite,
eu me sinto segura. Eu não tenho ideia de como! Ele parece tudo,
menos seguro.

Minha mãe agarra meu braço e para o meu suplício, começa a


caminhar em direção a eles. Minha mente ainda está processando
lentamente tudo que ela me disse no avião. Eu lembro que nós estamos
buscando proteção de um clube de motoqueiros e a deixo me levar até
eles.

O cara mais velho se levanta da moto enquanto nós nos


aproximamos, o mais novo se volta para minha mãe.

— Lady, eu presumo? — o delicioso motoqueiro diz a ela.


Enquanto ele se aproxima eu posso ver o patch na frente de seu colete
que se lê ―SHADOW‖. Ele é ainda mais sedutor de perto. Mas por trás
de toda a beleza, eu sinto a fera. Ele tem o olhar de alguém que foi
machucado, mas possui o dom natural para esconder isso. Eu sinto
minhas coxas apertando para aliviar a dor entre as minhas pernas.
Porra! O que há de errado comigo? Não é possível que ele esteja me
excitando, é?

— Inferno, esta é a Lady, — o motoqueiro mais velho exclama,


sua voz é rouca da idade e dos cigarros. — Como você tem estado,
porra? — de perto, eu noto rugas ao redor dos seus olhos e boca, a
idade não tem sido bondosa com ele.

— Meu nome é Sadie, — minha mãe rebate, seu tom é frio e nada
amistoso. Esse cara, obviamente, conhece minha mãe. Pelo jeito que ele
está todo animado em a ver, eu acredito que eles devem ter sido amigos

~ 17 ~
em algum ponto. O olhar no rosto da minha mãe, no entanto, é tudo
menos de felicidade em ver um velho amigo.

Eu sinto a presença de Shadow e o olho. A profundidade de seus


olhos azuis desperta algo em mim e minhas bochechas coram. Eu tenho
que desviar o olhar. Eu sei por experiência que caras como ele são
geralmente mulherengos. Eu nunca fui usada, mas já ouvi caras
conversando na faculdade, caras que são bonitos assim. Apesar de
nenhum deles jamais me afetar como esse. Aqueles caras eram apenas
meninos comparados a Shadow. Ele é todo homem. Eu escuto as
palavras da minha mãe na minha mente. ―Eles são foras da lei, Dani.
Eles tentarão te arrastar para dentro de seu maldito estilo de vida.‖ Eu
fecho meus olhos apertadamente, tentando me livrar do efeito
devastador que Shadow tem sobre mim.

Eu abro os olhos e tento me concentrar em minha mãe e no


motoqueiro mais velho. Eu olho no bordado do colete: ―LOCKS‖.
Embaixo há outro que se lê ―VICE-PRESIDENTE‖ e ele tem um bordado
com ―1%‖. Locks é um nome estranho, talvez ele seja bom em quebrar
fechaduras ou algo parecido.

Eu volto a olhar sobre o colete de Shadow, curiosa agora.


―Sargento de Armas‖ está bordado debaixo do seu nome e eu noto que
tem o ―1%‖ também. Esses caras são tudo menos seguros, mas de
alguma forma eu sinto que eles nos protegerão da merda que minha
mãe nos enfiou. Dentre as opções, sei que Stevin correrá para caralho
quando vir esses criminosos.

Locks esfrega sua mão contra a bochecha da minha mãe e eu vejo


seu corpo tencionar ao toque.

— Eu matarei o filho da puta que fez isso com você, Lady. Isso eu
prometo! — ele diz com tanta ferocidade em seu tom que eu sei que ele
não está mentindo.

Eu volto a olhar Shadow e ele está olhando para o que Locks está
se referindo: o hematoma no rosto da minha mãe.

— Essa é a Danielle, — minha mãe diz, apontando para mim. —


Danielle, esse é Locks. Nós nos conhecemos há muito tempo. — minha
mãe volta a apontar para Locks, sua apresentação faz com que ela não
seja mais o foco da conversa.

— Oi. É muito bom conhecer vocês. Vocês podem me chamar de


Dani, — ambos me encararam; o olhar fixo de Shadow me deixou
desconfortável. — Amm... Vocês têm motos adoráveis. — eu disse

~ 18 ~
nervosamente. Eu estou tentando ser educada, mas só sai idiotices.
Todos riem. Ótimo, eu tenho certeza que eles pensam que sou uma
burra ingênua. Eu sopro o ar para minhas bochechas e suspiro em
derrota.

— Bull quer que nós o encontremos no clube para passar por


cima de tudo isso. Ele não pôde estar aqui. Tinha que amarrar algumas
pontas soltas. Negócios do clube, — Locks explica enquanto volta à
atenção para minha mãe. — Nós temos os prospectos no ―carro de
entregar compras‖ para levar vocês e suas merdas para o clube. —
Locks pega nossas bagagens e vai em direção a SUV preta.

Uau! É uma Escalade. Eu não estou certa de como uma Escalade


se torna conhecida como ―carro de entregar compras‖.

Eu começo a subir no banco traseiro, levando um susto por causa


de uma voz suave e profunda. Dou um pulo e viro com um uivo, só
faltando bater minha cabeça na moldura da porta.

— Locks não sabe merda nenhuma sobre veículos, a não ser que
seja uma moto. Essa Escalade provavelmente pode comprar toda sua
fodida casa, — Shadow sorri, ignorando meu estado assustado. Ele se
inclina do lado da SUV, seus olhos me devorando, me fazendo sentir
nua.

Puta merda, ele é lindo. Mais de perto eu noto que seu oceano
azul tem uma borda cinza tempestuosa em torno delas, formando a
figura de um furioso oceano brigando com um céu tempestuoso. Seus
lábios são macios e sensuais, o inferior mais carnudo que o superior,
me fazendo morder meu próprio lábio para reprimir a tentação. Eu
deixo sair um estrangulado sopro, eu não percebi que estava
segurando. O efeito que ele tem na minha respiração o faz perigoso à
minha saúde. Seu sorriso se torna largo e convencido enquanto ele
enfia uma mecha solta de cabelo atrás da minha orelha. Ele sabe do
efeito que tem sobre mim. Pelo jeito que ele se parece, eu tenho certeza
que ele tem calcinhas caindo por ele o tempo todo. Eu fico furiosa
quando penso sobre isso. Que jogador. Eu já quero enfiar meu pé na
sua bunda.

Ele segura sua mão para me ajudar a entrar no carro e eu a


agarro sem pensar duas vezes. Meu corpo traíra instantaneamente se
esquenta ao toque dele, como se estivesse em chamas. Seu aperto fica
mais forte e ele me puxa para mais perto; nossos corpos ficam a
centímetros de distância. Eu posso sentir o cheiro do seu perfume ou do
seu sabonete, misturado com o leve odor de suor e cigarro. O cheiro

~ 19 ~
causa uma umidade que encharca a minha calcinha. Meu corpo se
aproxima do dele e eu quase arquejo pela atenção dele agora.

— Ahamm, — minha mãe limpa sua garganta, já no banco de


trás. — Nós temos um problema? — ela pergunta, sugestivamente, me
tirando do torpor que Shadow me envolveu. Eu claramente não tenho
nada em comum com ele, somente isso deveria me fazer querer manter
distância. Quem é esse cara? E por que eu estou tão atraída por ele?

Eu puxo a minha mão da dele rapidamente, tirando minha


cabeça de quaisquer ―olhos de céus tempestuosos e motoqueiros bad
boys‖ e subo no ―carro de entregar compras‖. Eu tiro meus óculos de sol
e me viro para Shadow, para o agradecer, fazendo questão de jogar um
tom de sarcasmo em minha voz para mostrar que eu não estou afetada,
apesar de ser uma grandíssima mentira. Eu estou qualquer coisa muito
mais que afetada por ele. Quando nossos olhos se prendem, seu sorriso
instantaneamente cai, sua mandíbula se aperta, seu corpo fica duro e
sua boa levemente se separa, ele parece ter visto um fantasma. Sua
mudança de comportamento me pega de surpresa. Antes que eu possa
perguntar se alguma coisa está errada ele bate a porta, a fechando.

Que porra? Talvez ele só seja um babaca tirando sarro, brincando


com a minha mente. Se eu tenho qualquer senso, eu vou ficar bem
longe dele. Eu coloco meus óculos de sol de volta no meu rosto e me
viro para frente. O jeito que meu corpo grita pelo cara desmente a
tranquilidade que eu estou tentando aparentar. Isso vai ser uma merda.

Locks e Shadow nos seguem bem de perto enquanto saíamos, as


motos emitem um rugir estrondoso em seus despertar. Os dois
prospectos, como Locks os chamou, estão sentados na frente, calados.
Suas cabeças são tudo que eu posso ver deles. O que está dirigindo tem
um moicano Mohawk e o que está no assento passageiro é careca com
tatuagens de um arame farpado por toda a sua cabeça. Meu corpo
ainda se sente alto pelo encontro com Shadow, minha pele está
formigando por todos os nervos periféricos. Ele nem está no carro
comigo e ainda consegue enviar borboletas crepitando caoticamente em
meu estômago. Está me custando tudo que tenho para não me virar e
ver o ―sexy sobre rodas‖ atrás de nós. Eu me pergunto se eu conseguirei
andar em uma dessas motos antes disso tudo acabar. Eu acho as
motos sexys e perigosas. Ugh, o que há de errado comigo? Eu preciso
pular fora dessa terra da fantasia. Esses caras são criminosos e eu
preciso estar aqui pela minha mãe. Preciso resistir ao charme ―play boy‖
de Shadow, e ficar focada.

~ 20 ~
É uma curta distância antes de estacionarmos numa área
arborizada com dois prédios históricos inseridos detrás da estrada
principal. A frente tem portas de vidro duplo com pequenas janelas
gradeadas aqui e ali. A direita está um prédio de estanho mais velho,
com duas garagens. Um estacionamento entre os dois prédios está
cheio de motos. Enquanto eu saio do SUV, escuto o estrondo de mais
motos. Eu olho para trás e vejo Locks e Shadow já descendo de suas
motos, então eu percebo que não são eles. De repente, um enxame de
motos pretas para e estaciona próximo a Locks e Shadow. O grupo de
foras da lei fazem minhas mãos tremerem de medo. Como minha mãe
pôde pensar que isso era seguro?

— Ora, ora, ora, olha só o que o gato trouxe de volta. Como você
está, Lady? — chama uma voz desconhecida da gangue que acabou de
estacionar. Um homem alto e musculoso, na frente dos outros, faz seu
caminho em nossa direção. Ele tem óculos negros em seu rosto, e
cabelos pretos que se emaranham em volta de seus olhos e ouvidos. Ele
está vestindo uma camisa preta rasgada com jeans azuis apertados que
se dobram em suas botas. Seus ombros são amplos e seus braços são
tonificados e bronzeados. Ele se abaixa e agarra a mão da minha mãe e
dá um leve beijo com seus lábios no dorso da mesma. Ela arranca sua
mão da boca dele com força. Eu quase posso sentir o ódio derramando
dela. Meus olhos se lançam ao colete preto de couro que ele está
vestindo.

‗BULL‘. ‗PRESIDENTE‘.

Minha mente viaja de volta a Trigger no aeroporto de NY. Ele disse


a minha mãe que isso faria ele e Bull quites. Esse é o Bull, esse é o meu
pai e ele é o presidente do clube. Puta Merda! Esse é o cara que eu
sempre era comparada enquanto crescia. O homem que baseou minha
vida com nada a não ser atos de desaprovação, ele fez da minha vida
um inferno e nem ao menos sabe disso.

— Ainda tão charmoso como sempre, não é Bull, — minha mãe o


atormenta. — Diga ‗oi‘ para minha filha, Dani. — ela gesticula sua mão
em minha direção. Eu percebi que ela não falou ‗nossa filha‘.

Eu tento falar, mas meus lábios não se moveram. Eu sinto meu


coração pular uma batida e percebo que não estava respirando. O que
mesmo que eu diria para um homem que eu não sei praticamente
nada? Toda vez que eu pensava sobre meu pai eu vislumbrava uma
estrela do rock ou um doutor. O presidente de um clube de motoqueiros
nunca esteve na minha lista de pais falsos.

~ 21 ~
— Bem, olá querida. — ele é de fato charmoso. Eu estendo minha
mão para o cumprimentar e ele a começa levantar em direção à boca
dele como ele tinha feito com a minha mãe. Eu deslizo meus óculos
para fora do meu rosto e os coloco sobre a minha cabeça para conseguir
uma visão do homem que me fez. Bem antes de seus lábios tocarem as
costas da minha mão, ele levanta sua visão e olha para mim. Em um
instante seu largo sorriso some e sua boca cai aberta.

— Que porra é essa, Sadie? — ele pergunta atordoado. Seus olhos


piscam freneticamente entre minha mãe e eu.

— Obviamente ela é sua filha, Bull. — minha mãe diz


sarcasticamente, com um pingo de ódio. — Eu não teria pedido sua
ajuda só para mim.

Toda a multidão de motoqueiros se reúne ao meu redor como se


eu fosse uma aberração da natureza, como se eu fosse um projeto de
ciências. Eu não tenho ideia o que eles estão olhando, mas o jeito que
todos estão boquiabertos me fez sentir desconfortável e puta.

Bull me olha de volta e suspira fortemente. Ele pega seus óculos


de sol e os desliza para fora de seu rosto bronzeado. Ele tem olhos
verdes, como piscinas de hera; meus olhos. Eu tenho os olhos do meu
pai. Agora eu sei o que todos estão olhando. Minha respiração se torna
pesada, eu a tento controlar, mas estou perdendo a batalha. Há tanto
para se assimilar, esse é meu pai. Este é o clube dele. Faz sentido
agora, o porquê de Shadow ter agido do jeito que agiu quando eu tirei
meus óculos. Assim que ele viu meus olhos, ele soube que eu era a filha
de seu presidente. Eu o procuro na multidão e o avisto se apoiando
contra o SUV. Ele se move e começa a andar em nossa direção.

— É, não há como negar isso, prez, — ele diz com um sorriso


entre os dentes.

Eu arfo por ar, mas não consigo respirar. Meu corpo fica
vacilante. Eu tento me agarrar em algo, nada aparece, mas não tem
nada para segurar. A escuridão sobrepõe minha visão, meus joelhos se
curvam e eu entro em colapso.

*****

~ 22 ~
Minha cabeça está latejando enquanto eu abro meus olhos para
um ventilador de teto poeirento em um quarto desconhecido.

— Onde eu estou? — eu resmungo, percebendo que meus


pulmões não mais gritam por ar.

— Você está no clube. Eu te trouxe para um dos quartos. Você


desmaiou, — diz uma voz familiar. — Sua mãe e Bull estão acertando
suas merdas. — eu olho ao lado da cama para encontrar Shadow
ajoelhado lá. — Você caiu bem do lado de fora do clube. Como está a
sua cabeça? — ele pergunta enquanto escova meu cabelo atrás da
minha orelha. Seus dedos se demoram na minha orelha causando uma
onda de adrenalina para encher meu sangue, me fazendo sentir
drogada.

— Eu-eu… tá tudo bem, — eu gaguejei aquele sentimento familiar


de não estar apta a respirar rasteja de volta para os meus pulmões. O
homem me perturba de um jeito que eu nunca experimentei, eu não
tenho controle algum sobre o meu corpo quando estou perto dele.

— Respira Dani. Eu não vou morder você, a não ser que você
queira. — ele pisca.

Ai meu Deus, não pisca pra mim. Minhas coxas se arrepiam pelo
desejo subindo pelas minhas pernas.

Eu sento na cama, o rosto do Shadow a centímetros do meu.


Meus olhos caem em seus lábios cheios. Eu me pergunto como eles
seriam na pele de uma mulher. Eu lambo meus lábios, querendo o
gosto dos dele, quebrando o contato visual com seus lábios eu noto que
ele também está olhando para os meus lábios. Com um repentino
sentimento de coragem, eu me empurro para frente e roço meus lábios
contra os dele. Meu repentino sentimento de coragem rapidamente se
evapora. Ele me quer tanto quanto eu o quero? Ele sente a atração
entre nós?

Ele deixa escapar um rosnado enquanto me agarra pelas pernas


bruscamente e as vira para o lado da cama. Seus dedos afundam em
minha pele. Me levantando pela bunda, ele me lança contra a parede.
Seus lábios colidem nos meus, sua língua exigindo entrada. Eu aceito a
intrusão, ele tem um gosto incrível e perigoso. Ele serpenteia sua mão
para longe da minha bunda e agarra o meu cabelo, os puxando
fortemente. Ele está sendo duro, como se estivesse me mostrando que
tipo de cara ele é. Mal sabe ele que eu não consigo ter o suficiente disso.
Minhas mãos se agarram na frente da sua camisa para puxar nossos
corpos mais perto, minhas pernas se envolvem mais apertadas em volta
~ 23 ~
da sua cintura. Eu não posso acreditar no que eu estou fazendo, minha
mãe me avisou para manter distância. Mas, eu não posso me segurar,
eu sei que eu estou brincando com o próprio demônio e eu quero mais!

De repente ele me empurra para longe, quase me derrubando sob


a minha bunda.

— Eu não posso fazer isso, Dani, — ele sussurra roucamente — E


você faria bem em ficar longe de mim...

— O quê?

O fogo inflamado entre nós se extinguiu com água do ártico. Eu


tento me recompor, me sinto barata e fácil. Sua frieza súbita afoga
minha excitação, me encharcando de raiva.

— Você só se machucaria no final, — ele diz passando a mão por


seu cabelo bagunçado, com seu tom arrogante. Ele me olha de cima a
baixo, fazendo sentir como se eu não pudesse lidar com ele. — Confia
em mim.

— Eu sou uma garota crescida, eu posso cuidar de mim mesma,


— eu disparo de volta.

Ele zomba, me irritando ainda mais. Eu tento o empurrar longe


da minha frente, ele pega meu pulso, puxando meu corpo de volta a
centímetros do dele. Eu tento libertar meu pulso, mas ele só reforça seu
aperto.

— Eu não sou um dos seus garotinhos de NY tentando brincar de


homens de negócio, Dani, — ele zomba. — Se você fosse minha, eu te
foderia em cada momento de sua vida em todas as chances que eu
tivesse. Eu te mostraria do que seu corpo é capaz. — ele sussurra
agora, seus lábios roçando contra minha pele. — Mas na verdade, você
nunca poderá ser minha. — seu tom de repente é frio. Ele me empurra
para longe dele. Meu corpo está confuso. Eu estou excitada ou irritada?
Eu o odeio, mas ainda o quero.

— Você é a filha do presidente. Eu não tenho vontade de ter


minhas bolas em um prato tão cedo, — ele diz com uma súbita
carranca.

Uma batida soa na porta e imediatamente se abre.

— Shadow, me deixe ter uma palavra com a minha filha, — Bull


ordena enquanto entra no quarto.

~ 24 ~
— Qual é seu nome completo, Dani? — Bull senta na cama e bate
no lugar ao lado dele, me convidando a sentar. Eu me obrigo a
obedecer.

— Danielle Lexington, — consigo botar para fora, a gravidade da


situação ainda é esmagadora.

— Eu vejo que sua mãe te deu o sobrenome dela, — ele diz


sarcasticamente.

— Qual é o seu nome? Eu sei que não e Bull.

— Leo Goodmen.

— Por que eles te chamam de Bull?

Ele ri entre os dentes, suas sobrancelhas se elevam.

— Eles falam que eu sou um cabeça dura.

— Engraçado, minha mãe tem falado isso comigo inúmeras vezes,


— eu respondo. Eu me vejo mais nesse homem nos últimos cinco
segundos do que na minha mãe em minha vida inteira.

Ele corre sua mão através de seu grosso cabelo negro. — Se eu


soubesse que você existia, Dani, eu teria estado lá. Nunca perdoarei sua
mãe. Eu só posso imaginar as coisas que ela falou de mim durante
esses anos. Quando ela se foi, nós não estávamos em nossos melhores
termos. — ele olha para mim com uma cara triste.

— Só para dizer que eu estava agindo como meu pai. Se eu


perguntasse sobre você, ela simplesmente me ignorava. Ela é uma
pessoa bem reservada, sobre tudo. Trabalha muito também. Então nós
não possuímos uma conexão real. — eu respondo honestamente. — Eu
acabei de descobrir sobre você no avião.

— Bem, sua mãe me contou tudo que aconteceu. Vocês ficarão


aqui até as coisas passarem, você ficará livre do perigo aqui. Eu
colocaria vocês na nossa casa segura, mas temos um evento filantrópico
chegando e nós temos outras filiais sendo mantidas lá.

— Evento filantrópico? — eu estava chocada em escutar que foras


da lei eram anfitriões em um evento filantrópico.

— Sim, um menininho e sua mãe bateram com um motorista


bêbado. Eles não podem pagar as contas do médico, então nós
reconstruímos uma moto e a iremos leiloar para a família. As coisas
ficam meio doidas durante o pós-festa. Eu sei que eu não tenho sido

~ 25 ~
seu pai por mais de dez minutos, mas eu preferiria que você ficasse
neste quarto quando a festa começar. — ele tem tanta tristeza e
arrependimento em sua voz. Eu não poderia odiar esse homem nem se
eu quisesse. Eu sei, tanto quanto qualquer um, que minha mãe é uma
pessoa difícil de amar. O que aconteceu quando eles eram mais jovens
não é da minha conta, mas algo me diz que ele não é tão ruim quanto o
que minha mãe o fez parecer para mim.

Minha mãe abre a porta, nem se importando em bater. Ela evita


contato visual com meu pai.

— Obrigada por nos receber aqui, Bull, nós já nos sentimos bem-
vindas, — seu tom é falso enquanto ela rola seus olhos.

— Sim, qualquer coisa para manter minha filha segura, Lady. —


ele pode dizer pelo tom dela que ela está sendo uma vadia.

— Sim, eu posso ver que você é um pai muito bom, — ela retruca,
jogando suas mãos em seu quadril enquanto suas sobrancelhas se
enrugam.

— Se não fosse por ela, eu mandaria espancar e chutar sua


bunda ingrata, — ele grita, apontando para na porta. Seu corpo, tão
grande e tenso, sua voz, sinistra e dura, me faz sentir medo. — O que
você fez foi imperdoável, não me contando que eu tinha uma filha. — aí,
ele não está errado. Eu ainda estou chocada por saber que ela nunca
contou a ele sobre mim. Algo que eu não estou certa se eu a perdoarei
também.

— Por que diabos eu te contaria? Você me falou que não me


queria. Eu desisti de tudo para estar com você, e você deixou mais do
que claro que não se importava. — sua voz é tremula, emocionada. Eu
nunca vi minha mãe ter qualquer tipo de emoção. Eu nunca pensei que
ela fosse humana o suficiente para isso, ela praticamente me ensinou a
esconder meus sentimentos.

— Isso não significa que eu não a iria querer e você sabe disso, —
ele estala, apontando em minha direção. — E eu nunca disse que não te
queria. — seu tom perverso se torna frio, me fazendo virar em meu
assento. Isso é tão desconfortável, eu posso pegar uma coca ou algo?

— Eu não queria essa vida para ela, ela está num caminho ótimo,
tem um futuro e não é um lixo de motoqueira.

Ai.

~ 26 ~
Ele fica em silêncio. Isso e tão embaraçoso, mas eu estou com
meu pai nesse caso. Eu olho fixamente para minha mãe, ela está
mijando nele todo, enquanto ele tem sido gentil o suficiente por nos
ajudar a sair da merda que ela nos enfiou.

— É assim que você me vê. né? Um lixo de motoqueiro, — ele diz


maciamente, machucado.

Eu levanto, não sabendo ao certo o que falar, mas eu não posso


permitir que minha mãe o espezinhe mais.

— Há um quarto no final do corredor, você pode ficar lá, Lady.


Isso é muito para Dani absorver. Eu tenho certeza que ela pode querer
um tempo sozinha.

— Não me diga o que minha filha precisa, você não sabe de nada
sobre ela, — sua face se mortifica. — Ela precisa de sua mãe e isso que
ela terá. Você não tem nenhuma piranha para encontrar?

— Já chega! — eu grito, jogando minhas mãos para cima. Eu não


posso retirar isso e levar adiante essa briga por mais tempo, merda. Eu
pensei no que Shadow me disse, sobre que eles tinham discutido isso
mais cedo.

Bull se levanta e sai, batendo a porta atrás dele. Minha mãe cai
na cama e descansa sua cabeça em suas mãos.

— Eu nunca deveria ter trazido você aqui. Eu não deveria ter te


envolvido. — ela levanta sua cabeça e olha para mim. — Eu sei que sua
cabeça está girando com nojo deste lugar, e aquele homem se
chamando de seu pai.

— Eu concordo com ele mãe, eu preciso de algum espaço. — ela


olha para cima, para mim, com descrença. Não é com muita frequência
que eu discordo dela. — Eu sei que você está passando por algo terrível
com Stevin agora, mas como você pôde esconder tudo isso de mim? Eu
merecia saber, e você foi egoísta em não me contar. Só porque Bull não
te quis, não significa que ele não queria ser meu pai. Você sabe o quão
difícil é crescer sem um pai e para piorar você se recusava a me falar
qualquer coisa sobre ele.

Ela escarneia em resposta.

— Não seja tão dramática. Eu fiz o que eu pensei que era certo,
Dani. Você não é uma dessas pessoas, você é melhor. — ela me choca,
eu nunca havia a ouvido falar que eu era uma boa pessoa, ou melhor,
que qualquer um se essa é a questão. — Quem ela está tentando

~ 27 ~
enganar com essa merda de mamãe do ano? — Eu te darei espaço, —
ela continua, — Mas você me dirá se você sentir que qualquer coisa está
te deixando desconfortável, qualquer coisa. Se um deles vier para cima
de você, você me avisa. Eles são porcos, selvagens. Uma garota bonita
como você, eles virão voando até a sua porta. — ela levanta, fazendo seu
caminho em direção à porta. — Com esperança, eles serão inteligentes e
ficarão longe, sendo você a filha do presidente, — ela balbucia.

— Sim mãe, eu entendo. Eles são ruins, malvados, sujos, lixos de


motoqueiros, — eu debocho. Eu abro a porta, tentando a fazer sair.
Estou confusa com tudo isso. Eu não acho que eles são os inimigos. Na
verdade, eu acho isso bem familiar. Talvez eu esteja destinada a ser um
lixo de motoqueira. Eu posso literalmente sentir as paredes da escola,
religião, aparências, qualquer coisa que não seja meu pai, entrando em
colapso ao meu redor. Eu estou entorpecida agora. Não sei o que sinto
ou quero mais. Tudo que eu sempre acreditei é uma mentira. Eu não
sei quem sou mais.

~ 28 ~
Capítulo Três
DANI
Os vários dias passados têm sido em geral
sem variação. Minha mãe mantém distância na
maior parte do tempo. Ela somente continua
perguntando se alguém está me incomodando,
interpretando o papel de mãe preocupada. Bull e eu
estamos nos aproximando. Na maior parte do
tempo, nós só conseguimos falar sobre filmes e
música, porque, claro, minha mãe se intromete em
qualquer chance que ela arruma. Ela realmente tem
me irritado.

Eu também averiguei o resto do clube e encontrei uma old lady


chamada Babs. Ela é casada com Locks. Ela tem um cabelo vermelho
claro e olhos verdes. Seu corpo é grosso e seus modos são de uma
pessoa geniosa, eu já a amo. Ela tem me ensinado muito sobre gírias de
motoqueiros, como uma old lady, que significa que uma mulher
pertence a um membro do clube, e está fora dos limites. Eu tenho
encontrado algumas putas do clube, é assim que Babs as chama de
qualquer forma, Juliet, a ruiva tatuada; Lips, uma figura morena grossa
com obviamente, preenchimento labial; e Candy, uma loira peituda com
óbvios silicones.

Juliet é linda. Ela tem varias formas de estrelas e corações como


você possa imaginar tatuado por todo seu braço. Eu estou certa que
quando ela nua existam mais. Combina bem com ela. Na verdade me
faz querer fazer uma tatuagem. Engraçado, eu costumava pensar que
garotas com tatuagens eram lixo.

Lips é robusta, mas não gorda. Ela tem sardas claras por todo
seu rosto. Ela é linda e se veste com classe, ela realmente não se parece
com uma puta do clube em nada.

Candy não parece gostar de mim, ela evita contato visual e sua
linguagem corporal é muito fria em minha direção. Ela é magra, tipo
uma supermodelo, e dificilmente usa qualquer roupa. Sua atitude grita
vadia e me lembra demais da minha mãe. Eu estou certa que nós
bateremos cabeças antes desta ―brincadeira‖ acabar.

~ 29 ~
Eu tenho visto Shadow aparecer dentro e fora do clube, aqui e ali.
Ele entra coberto por graxa e faz meu coração fazer tique taque tica
bumba. Nós não conversamos, tentamos manter nossa distância. Mas
eu o pego sempre me encarando. Ele me encara com fome em seus
olhos e acaba com meu fôlego; ele é um tirador de folego, ainda
arrogante e com o pior sorriso que um homem pode ter. Ele faz meu
sexo apertar e umedecer a cada sorriso, ele é tão exasperante. Algumas
poucas vezes, quando ele teve que passar perto de mim, ele esfregou
seu braço contra o meu. O local que ele brevemente fez contato se
inflamou. É a pior preliminar de todos os tempos, pura tortura sexual.
Seus lábios carnudos, braços musculosos, abdômen esculpido, belo
bumbum e covinhas incríveis que fazem meus lábios incharem com a
antecipação de explorar cada centímetro dele.

Já faz alguns dias desde que vi Shadow, então eu ocasionalmente


levanto a questão à Babs que notei a falta de alguns homens.

— Eles foram numa uma corrida de moto. Algo que os garotos


fazem para lidar com os negócios do clube. Eles devem retornar em
breve. — ela está limpando o bar depois de me alimentar com um
delicioso café da manhã. — Além disso, nós não ganhamos o privilegio
de saber em que as corridas deles consistem ou por quanto tempo eles
ficarão fora. — eu estou chocada ao perceber que, enquanto seu marido
faz de Deus sabe o que ou por quanto tempo, ela só fica em casa e
brinca de Betty Crocker para o resto dos homens do clube. Ela fala
muito sobre as regras do clube e a responsabilidade de ser uma old
lady. Se essa é uma das tarefas, eu não estou certa se eu faria uma boa
old lady.

É meia noite e eu estou amplamente dispersa escutando meu


iPod. Música sempre tem sido uma saída para minhas emoções. Nos
meus mais duros momentos e problemas, a música fala palavras de
cura que eu não posso encontrar sozinha. Eu não tenho conseguido
dormir a semana inteira, tudo é tão novo para mim. Meu estômago
também fala, com um rosnar, então eu pego um short xadrez para
vestir. Talvez se eu comer, eu possa finalmente cair no sono. Eu meto
meu iPod na cintura dos meus shorts e penduro os fones ao redor de
meu pescoço, eu vejo meu soutien caído e a coisa rendada me lembra
que eu só estou usando uma fina blusa preta sem soutien. É tão tarde
que eu duvido que alguém esteja acordado. Eu só pegarei uma
comidinha e correrei de volta pra cá. Eu abro a porta e noto que a
maioria das luzes do corredor estão apagadas. Mas eu posso dizer que
as luzes estão acesas na sala principal onde tem o bar. Eu desço o

~ 30 ~
corredor nas pontas dos pés e entro na cozinha sem fazer barulho, não
notando ninguém na minha rápida excursão.

Eu abro a grande geladeira de aço inoxidável e comida estocada


em todas as prateleiras, claramente para o evento filantrópico que virá.
Eu pego um prato e o abro para encontrar um churrasco de carne de
porco, o cheiro captura meus sentidos e faz meu estômago roncar mais
alto. Eu o puxo para fora e o coloco no balcão. Pratos, porco, pães e um
micro-ondas, perfeito! ‗Dark horse‘ da Katy Parry começa a retumbar
através de meus fones de ouvidos, me lembrando de que eu ainda estou
com meu iPod. Eu amo essa música, então eu recoloco meus fones e
começo a dançar ao redor da cozinha procurando por coisas para
completar minha refeição. Eu fico sugada na música e começo a cantar,
mas tento não o fazer muito alto.

Quando a música finalmente acaba eu tenho tudo que preciso no


balcão. Eu ponho a carne de porco no micro-ondas para esquentar e
escuto uma profunda risada. Meu coração pula uma batida.
Arrancando os fones da minha orelha, eu giro na direção do som para
encontrar Shadow.

Ele está se apoiando contra o balcão, usando uma calça cinza de


moletom pendurada em seus quadris de um jeito delicioso. Ele não está
vestindo uma camisa, me permitindo ver seu estômago firme, digno de
uma lambida. Ele está segurado um pote de sorvete de chocolate e seu
braço se move em um movimento para encher a colher. Eu reparo que a
tatuagem eu seu bíceps é muito detalhada, um corvo preto sentado em
um crânio. Seu cabelo está molhado como se tivesse acabado de sair do
banho. Um pingo de uma cascata de água cai sem cuidado de seu
cabelo em seu peito, e me faz arfar.

— Não se importe comigo, só estou aproveitando o jantar e um


show. Por favor, continue. — ele pisca.

Eu franzo minhas sobrancelhas de volta. Como ele se atreve a


ficar boquiaberto em meu momento particular e quando ele voltou,
porra? Aí ele lambe a colher, a limpa de qualquer chocolate, sua língua
a viola sem misericórdia. Meus lábios se separam e um pequeno gemido
escapa de minha boca.

— Vê algo que gosta? — ele pergunta, ostentando um sorriso de


playboy.

~ 31 ~
Eu rolo meus olhos de volta ao micro-ondas, ajustando meu prato
e molho BBQ3. Eu tento pensar em algo para dizer, mas não me vem
nada. O micro-ondas apita e eu pego meu prato rapidamente, ignorando
o quanto está quente. Eu encolho meus ombros, e o deixo no balcão.

— Eu só notei que você não está usando seu colete. — eu digo,


não é completamente uma mentira.

— O colete? Você quer dizer meu ―colete‖? — ele pergunta quase


ofendido. Eu encolho meus ombros de novo, tentado parecer
desinteressada. Eu sei que ele ainda está lá. Eu sinto sua presença. É
linda, mas encorpa uma pitada de fera. Eu viro um pouco minha
cabeça, o pegando em minha visão periférica. Ele ainda está inclinado
no balcão, me olhando.

— Você tem um problema? — eu digo acidamente, virando em sua


direção. Algumas risadas falsas vêm do bar na sala do lado, pegando
minha atenção. Shadow também olha para a porta brevemente antes de
se virar de volta, com um olhar lascivo. Eu acabei de me colocar em
uma armadilha, merda.

— Sim, eu acho que eu posso dizer que eu tenho um problema. —


ele me olha de cima a baixo, seu tom é sexy, sugerindo que eu poderia
concertar seu problema.

— Sim, por favor, me deixe concertar seu problema, — meu


interior grita com a profundidade de uma tensão sexual. Mas eu me
lembro do seu charme fingido, de como ele é tão metido e irritante; os
jogos que ele gosta de brincar. Ele é um mulherengo e eu não serei fácil;
mesmo se isso me matar.

Eu rio e me viro sedutoramente, inclinando sobre a ilha que nos


separa. Eu noto que sua respiração se segura, confirmando que eu o
afeto e fazendo isso muito mais difícil. Eu lambo meus lábios
vagarosamente, o olhando de cima a baixo, como ele já tinha feito
comigo.

— Bem, eu sugiro que você tenha uma delas... — meus olhos


apontam para a porta onde as risadinhas continuam... — Para arrumar
seu pequeno... — meus olhos piscam para a sua virilha onde eu tenho
certeza que é tudo menos pequeno. —... problema. — meu tom é frio e
distante.

3 Barbecue.

~ 32 ~
Eu me viro para alcançar meu prato e Shadow salta sobre o
balcão. Ele enrola sua mão em meu cabelo fazendo meu couro queimar.
Puxando minha cabeça para trás, ele impulsiona sua pelve em minha
bunda, seu comprimento é tudo, menos pequeno. Sua dureza tem
minhas veias correndo em um prazer erótico. Calor inunda minha
úmida entrada, gritando para que Shadow tenha seu caminho comigo.
A reação de meu corpo me faz corar.

Ele inclina seu rosto para perto de meu ouvido, seu hálito cheira
a chocolate, me fazendo o querer mais. Eu gemo, meu corpo está
desafiando os avisos em minha mente.

— Você pode tentar agir como se não me quisesse, agir como você
tivesse o controle, — ele respira na minha orelha enquanto empurra
sua virilha com mais força contra mim. Ele ainda puxa meu cabelo, me
fazendo arquear as costas. Ele afasta devagar seu quadril para trás e
minha bunda se impulsiona contra sua virilha tentando reaver o
contato. A ação me pega de surpresa. Shadow deixa sair uma risada
malvada.

— Mas seu corpo não pode mentir, — ele belisca meu lóbulo me
fazendo, praticamente, gozar na hora, a dor atirando em meus dedos do
pé, os fazendo curvar com prazer. — você não tem nenhum poder.

Ele rosna e me empurra para frente, liberando meu cabelo e


corpo. A chocante perda de calor é como um tapa na cara. Eu o vejo
caminhar para longe, suas costas nuas belamente tatuadas com o
nome do clube e o emblema. De repente, eu me sinto barata, usada e eu
quero acabar com a sua arrogância dele.

*****

Meu lanche da meia-noite tirou um pouco do rosnado do meu


estômago e depois de muitas reviravoltas, eu finalmente cai no sono.
Apesar disso, essa manhã, eu só queria ficar no meu quarto. Eu ainda
estou brava comigo mesma por esperar por Shadow e pelo meu corpo
traíra.

Passando tempo discutindo comigo mesma não vai resolver nada,


embora, eu, de alguma forma, finalmente tive uma lavagem cerebral e
ficou claro que eu não quero Shadow e seus jeitos escandalosos, apesar
da minha atração. Além do mais, eu escuto uma grande comoção lá fora

~ 33 ~
e minha natureza intrometida não pode resistir à tentação de descobrir
o que está acontecendo.

Caminhando para fora, até a garagem, vejo alguns caras puxando


uma moto preta. Eu paro para admirar as polidas linhas sexys e me
imagino em cima dela só por um minuto.

— Essa é a moto que o clube está doando para a caridade, —


Shadow fala atrás de mim, me assustando para caralho. — É uma
Bobber, não é minha moto favorita, mas servirá. O leilão é daqui à uma
hora. — eu só posso franzir minhas sobrancelhas para ele, meu corpo
ainda está ferido e apertado dos jogos que ele jogou ontem à noite. Mas
quando eu vejo a sincera alegria em seu rosto, minha raiva se derrete.
Logo em seguida, meu corpo começa e esquentar e flashes de ontem à
noite atacam minha mente. Eu sou como uma cachorra no cio, merda.

Eu percebo que estou brincando com meu lábio e jogo minha mão
para o lado, ele claramente me deixa nervosa.

— Oh, eu pensei que fosse uma Harley. Elas não são as melhores
motos? — eu não sei nada sobre motos, só o que eu vi em comerciais
sobre Harleys e escutei os caras da minha faculdade falando sobre elas
serem tão ótimas.

Ele aperta o peito com as duas mãos e suspira.

— Uma mulher segundo meu coração. Você já esteve em uma


moto? — seu tom me parece juvenil ao invés de áspero e sombrio, é
uma mudança. Ele é fofo, ficando todo animado falando de motos.

— A não ser que você queira dizer uma moto, não. Eu moro em
Nova York, nós pegamos taxis em todos os lugares. — eu digo sorrindo.

Ele agarra a minha mão e me puxa para longe da garagem em


direção ao estacionamento, seguimos até uma moto diferente, preta.
Essa tem linhas pratas por todo o tanque de gasolina que se parecem
como sombras varrendo sobre uma escuridão negra. Eu a amo.

— Essa é a minha moto. É a Dyna Super Glide. — vendo a


confusão em meu rosto, ele continua. — Essa é uma Harley. Ela pega o
que quer que seja que dou e não reclama sobre isso. Ela é uma
namorada perfeita. — ele está sorrindo de orelha a orelha. — Vamos dar
uma volta e eu te mostro porque elas são as melhores motos. O leilão é
bem entediante, eles não sentirão a nossa falta. — ele pisca, fazendo
fogos de artifícios saírem das minhas vísceras.

~ 34 ~
— Aqui está um capacete, o coloque. — ele me entrega um
capacete preto. Ele não está brincando, ele quer que eu ande naquela
coisa.

— Eu não sei, minha mãe me mataria se ela descobrisse, — eu


retruco insegura. Eu sei que minha mãe teria um derrame se me visse
subindo na traseira de uma moto, especialmente com qualquer uma
que não fosse Bull. Mas quem eu estou enganando, Shadow é muito
atraente e dizer ―não‖ não é uma opção, e eu realmente quero dizer
não?

— Não, ela não te matará. Ela vai me matar. — ele inclina sua
cabeça, armando suas sobrancelhas e me dá um sorriso iluminado. —
Além do mais, você sabe que você quer. — ele é tão arrogante e seguro
de si mesmo como sempre. Mas ele está certo, eu quero subir naquela
moto com ele.

Me aproximar de Shadow é como brincar com fogo, mas eu acho


que sou como um inseto da luz, porque eu pego o capacete e ponho em
minha cabeça. O mero pensamento de ir contra os desejos de minha
mãe já é uma onda, mas o pensamento de ter Shadow entre as minhas
pernas é intoxicante.

Ele amarra a fita por de baixo de meu queixo, esfregando um de


seus dedos calosos através de meus lábios. Eu me esqueci de tudo
enquanto encaro aqueles olhos tempestuosos. Ele balança sua cabeça,
como se tivesse que limpar qualquer que seja o pensamento que estava
correndo através de sua bela cabeça, ele joga, sem esforço, uma perna
sobre a moto e a liga. Ela rosna por vida. O estrondo troveja pelo chão,
subindo em minhas botas e entre as minhas pernas. Quem diria que
uma moto poderia ser tão excitante.

Eu monto atrás de Shadow, insegura de onde colocar minhas


mãos. Primeiro, eu as coloco atrás de mim, depois em minhas coxas.
Ele se vira de lado com um sorriso e me alcança. Ele puxa meus braços
em volta de sua cintura torneada, forçando meu corpo mais próximo ao
dele. Eu posso sentir suas costas duras como pedra contra meus peitos.
Meus mamilos se endurecem com o contato. A mistura de dor e prazer
acelera minha respiração e eu só quero rasgar sua camisa e sentir seu
peito nu.

— Você tem que me tocar para montar, mas está a salvo comigo,
— ele diz, me tirando de meus pensamentos superestimados. — Se
segure firme, eu gosto de ir rápido. — meus braços e pernas se apertam
ao redor dele enquanto ele acelera. Ele não estava mentindo quando

~ 35 ~
disse que gosta de ir rápido. Ele disse que eu estou segura com ele e eu
me sinto segura com ele pilotando, isso sim. De qualquer outra coisa,
eu tenho certeza que ele vai pisotear, como o meu coração.

A brisa quente acaricia minha pela. Me faz sentir livre,


independentemente livre. O cheiro de Shadow preenche meus pulmões,
eu não estou acostumada com esse cheiro masculino. Eu apoio minha
cabeça contra sua cabeça e inalo, não sei se ele estará outra vez tão
perto de mim de novo. Suas reações em relação a mim são tão
imprevisíveis que eu não sei o que fazer com elas. Ele retroage e
descansa sua mão do lado da minha coxa. Seu toque faz pensamentos
eróticos reaparecerem. Ele me jogaria fora como uma camisinha usada
quando acabar comigo? No entanto, mesmo confusa, eu não consigo
tirar o pensamento de ter suas mãos por todo meu corpo nu da minha
mente. Eu aposto que ele é uma dinamite na cama. Eu tenho certeza
que já esteve com incontáveis mulheres, só o pensamento disso me
deixa inquieta. Eu não sei por que, ele não é meu para reivindicar.
Mesmo assim, os pensamentos me fazem querer arrancar meus olhos.
Eu odeio como ele me afeta, eu nunca duvidei de mim mesma antes,
ainda sim, aqui estou me punindo por não ser a garota ideal para
Shadow. Eu, provavelmente, sou muito inexperiente para um cara
perigoso como ele.

Nós paramos em um estacionamento com uma placa que diz


‗Praia de Santa Mônica‘. Uma brisa voa sobre nós enquanto
estacionamos, cheira salgado e úmido. Cheira como um novo começo.
Nada nas últimas 24 horas teriam sido permitidas na minha vida
passada. Nada tinha me preparado para essa montanha-russa
emocional. Eu respiro profundamente e sinto que meus muros de
isolamento desmoronam. Olhando para a beleza física de Shadow, meu
espírito se acalma.

— Praia? É aqui que você trás todas as garotas que montam na


traseira de sua moto? — eu implico. Balanço minha cabeça enquanto
retiro o capacete, permitindo meu cabelo se ondular por baixo de meu
ombro até meu peito. Ele fica lá, enquanto a brisa o varre do meu peito
e bate em meu rosto.

— Na verdade, eu nunca tive uma mulher na traseira da minha


moto antes, — ele diz, enquanto coloca nossos capacetes na moto. A
expressão em seu rosto mostra que ele está maravilhado e atordoado
por suas ações. Eu o olho em confusão, o que ele quer dizer com isso, e
por que eu fui a primeira a andar em sua moto?

~ 36 ~
Ele sai de seu estado vulnerável correndo seus habilidosos dedos
em seu cabelo sem falhas. Meus dedos coçam pela tentação de agarrar
aqueles maravilhosos cachos.

— As mulheres geralmente vêm até mim. Além do mais, se eu


quero uma garota eu só a pego, sem perguntas, — ele diz seguramente,
seu tom é sério. Eu rolo meus olhos e sou lembrada por que eu deveria
me manter distante dele.

Ele caminha para dentro da praia. Eu o posso sentir encarando


minhas costas enquanto eu caminho na frente dele, então eu balanço
meus quadris curvilíneos, zombando dele. Eu literalmente o escuto
rosnar em resposta, me fazendo morder meus lábios para sufocar
minha risada. Nós sentamos na areia morna da praia a centímetros um
do outro. Ele inclina uma sobrancelha, levantando uma mão para
bagunçar seu grosso cabelo preto. Porra, ele é sexo num palito, e eu
quero comer, lamber e tocar esse palito. Minha mão queima com o
pensamento de puxar seu cabelo, enquanto nossos corpos estão em um
abraço sexual. Eu mudo minha posição, tentando me sobrepor à
pulsação em minhas calcinhas. Envergonhada, minhas bochechas
coram em um vermelho criminoso. Eu sei que ele não pode ler meus
pensamentos, mas ter uma imaginação tão suja é totalmente fora do
meu padrão.

— Então, você e sua mãe são próximas? — ele pergunta, me


tirando do meu bizarro sonho diurno.

— Ah, não de verdade. Quando eu era mais nova nós éramos,


mas nos últimos anos nós crescemos separadamente. Ela trabalha
muito, e quando não está trabalhando, ela está com Stevin. — ele
balança a cabeça em entendimento, incitando para que eu continuasse.
— Eu quero dizer, nós moramos juntas, mas geralmente estamos
fazendo nossas próprias coisas separadamente. — eu escavo minhas
mãos na areia tentando as manter ocupadas ou eu, talvez
simplesmente, vou começar a tatear o homem.

— Então você vive com a sua mãe? Quantos anos você tem? — ele
pergunta incrédulo.

Eu não rio ou sorrio de volta. A situação com minha mãe é mais


do que embaraçosa. Ela é a maior manipuladora que eu conheço. Ela
me mantém escondida dentro do alcance do braço e não vai me deixar
sair do ninho ou fazer qualquer coisa por conta própria. É como se ela
estivesse me guardando por algum motivo, mas eu não tenho nem
noção do por que.

~ 37 ~
— É complicado, — eu respondo olhando para longe.

— Ah, eu entendo. Uma olhada na sua mãe e eu posso dizer que


ela é uma vadia raivosa em uma missão, — ele me conforta. — Você
está na faculdade ou algo? — ele pergunta genuinamente curioso.

Eu suspiro pesadamente. Faculdade, outro fardo que minha mãe


me força.

— Bem, eu estou trabalhando em um diploma geral agora porque


eu não sei o que eu quero depois disso. Minha mãe continua me
empurrando por todas essas carreiras como advogada ou policial, algo
da área jurídica, mas isso não é pra mim.

— Que loucura, ela está realmente tentando te empurrar para a


direção oposta do seu pai, — Shadow replica balançando sua cabeça. —
Então o que há pra você? — ele pergunta virando sua cabeça, seus
olhos me perfurando.

Eu meio que rio, percebendo que estou contando para ele mais do
que queria.

— Ok. — ele diz, percebendo que eu não estou respondendo


aquela pergunta. — Me conta, tem algum estúpido homem de negócios
se perguntando para onde sua garota se foi? Quanto aos seus amigos?
— ele me olha com olhos enevoados.

Como eu deveria responder essa pergunta? Mesmo se eu disser


que estou saindo com alguém, isso não o parará se eu estiver em seu
radar para me encaixar em sua cama e ser mais um ponto em seu
cinto.

— Minha mãe nunca gostou do meu gosto em homens, ela


sempre os perseguiu. Ela pode ser feroz quando ela quer ser. — eu
sorrio, não respondendo sim ou não. — E quanto a amigos, eu tenho
alguns, mas ninguém próximo. — eu duvido que eles percebam que eu
saí.

Eu sinto meus cabelos se arrepiarem em meu pescoço e minha


frequência cardíaca acelera.

— Por que você está me encarando assim? — eu pergunto antes


de o olhar desconfortável por baixo de seu escurecido olhar fixo.

Ele sorri, olhando para baixo na areia antes de levantar sua


cabeça e me pegar com aqueles olhos ardentes. A ternura que vejo lá faz
meu coração pegar fogo.

~ 38 ~
— Você sempre brinca com seu lábio quando está nervosa? — ele
pergunta. Eu solto minhas mãos e suspiro pra mim mesma. Eu tenho
estado ao redor dele por cinco minutos e ele já sabe meus tiques; estive
em volta de minha mãe por toda a minha vida e ela nunca notou.

— Então, quais são seus planos agora?

Já não falamos de mim o suficiente? Eu suspiro pesadamente.

— Eu não tenho nem ideia. Depois de ver como a outra metade de


mim vive, eu estou confusa sobre o que está no meu futuro.

— O que você quer dizer? — ele joga uma concha do mar na água,
fazendo os músculos de seu braço flexionar. Meus lábios entreabrem e
uma pesada respiração escapa. Eu me lembro dele me pegando da
minha cama no clube como se eu fosse um brinquedo, pesando nada.
Ele se vira e me olha de novo com aqueles pesados olhos azuis, depois,
me joga aquele sorriso largo e convencido dele. Ele sabe o que ele está
fazendo. Foda-se ele.

— Uh. — eu paro, tentando me lembrar qual é a pergunta. — Eu


quero dizer, eu fiz tudo que minha mãe pediu sem questionar. Ela
queria que eu ficasse no ―caminho‖ correto dela, nunca pensando no
que talvez eu quisesse. Eu nunca fui contra ela porque ela é minha
mãe. Eu pensei que esse caminho era para eu ter um bom futuro e
porque ela se importava. Embora, depois de ver toda à situação, eu
penso que esse ―caminho‖ é uma batalha silenciosa que minha mãe
travou com meu pai todo esse tempo. — eu paro e fecho meus olhos. —
Eu sei que eu soei como uma princesinha birrenta, — eu confesso, me
sentindo exatamente desse jeito.

Ele sorri e pega minha mão para fora da areia da praia, dando um
aperto de leve. Mesmo esse toque terno faz um enxame de borboletas na
parte de baixo de meu abdômen. Esse simples gesto mostra que ele
consegue se relacionar com o que está danificado. Shadow está fazendo
tão fácil se abrir com ele, o que é perigoso. Revelando minha
vulnerabilidade está me fazendo sentir perto dele, algo que eu sei que
ele não quer. Eu preciso virar a mesa nessas perguntas, e rápido. Ele é
um jogador, e ele está jogando o jogo muito bem. Eu não estou
acostumada com alguém jogando um encanto tão forte, eu caio em seu
feitiço facilmente.

Eu levanto minha sobrancelha inquisitivamente e puxo minha


mão da dele. Minha mão fica fria instantaneamente, querendo o seu
toque de volta.

~ 39 ~
— Qual é o seu lance? — eu pergunto, debochando dele por sua
pergunta mais cedo.

— Ah, além do clube você não vai querer saber, — ele diz
cinicamente.

Não estou certa se ele está falando de drogas, ou mulheres ou


algo mais sinistro, eu viro minha cabeça para longe dele.

— Não, eu não quero, — eu respondo, ganhando um riso abafado


dele.

— Vida do clube, baby, — ele diz irreverentemente. Não é triste


que eu queira ser parte da vida de seu clube? Na verdade não, eu só
quero Shadow.

— E quanto a você? Como você parou em um clube de


motoqueiros? — eu pergunto, tentando sair do assunto dele ser um
prostituto.

— Em outra hora, — ele diz ficando de pé. Espera, o quê?

— O quê? Sério? Eu acabei de cuspir minha historia de vida


completa e não ganho nada de você? — eu me levanto, colocando
minhas mãos em meus quadris. Se ele pensa que não me contará nada
sobre ele, ele está enganado.

— Eu só não me abro para os outros, Dani, — ele responde


honestamente, com tristeza em sua voz. Obviamente alguém já o
machucou no passado e isso o assombra.

— Eu não disse que você tem que me contar todos os seus


segredos e se casar comigo, mas eu gostaria de saber algo sobre você.
Amigos não podem conversar? — seus olhos se arregalam quando eu
digo amigos. Passei dos limites por querer ser sua amiga? Eu quero que
ele se abra pra mim, honestamente, eu quero saber tudo sobre ele. Ele
fica parado lá procurando pelo meu rosto, eu me sinto nua quando ele
me encara com aqueles olhos famintos.

— Eu vivi pendurado ao redor do clube por alguns anos. Quando


seu pai viu que eu não iria a lugar algum, ele me fez um prospecto. Eu
fui um prospecto por cerca de um ano ou mais quando nos estávamos
fazendo uma corrida e fomos atacados de surpresa por um clube rival.
Nós estávamos em menor número e eles estavam armados até os
dentes. Nós estávamos atirando de volta esporadicamente para
conservar munição, mas não conseguíamos uma pausa. Eu finalmente
levantei de trás da minha moto e só comecei a atirar em tudo. Eu atingi

~ 40 ~
um dos caras deles e eles fugiram. Já era tarde demais para Smokey,
nosso ―Sargento de Armas‖. O cara que atirou nele também morreu
mais tarde pelo o que eu ouvi. — Shadow fecha seus olhos e balança
sua cabeça. Ele é de tirar o fôlego, mesmo perturbado. — Seu pai disse
que eu mostrei lealdade e bravura, que seria uma honra me chamar de
seu irmão. Ele me patenteou como o novo Sargento de Armas. — ele
levanta a cabeça e me encara com aqueles olhos maravilhosos.

Eu o quero abraçar pelo que aconteceu com eles, mas eu sei que
ele não está procurando por simpatia. De fato, eu estou certa que só o
fato dele estar me contando algo tão pessoal é provavelmente muito
difícil para ele. Eu realmente pensei que ele me falaria sua cor preferida
ou para eu ir me foder. De verdade, ele é tão quebrado como eu, nós
dois somos danificados. Eu alcanço minha mão e pego a dele,
enlaçando nossos dedos, sua mão é muito maior que a minha. O fogo
que estava lá quando nossas mãos se tocaram mais cedo começa a
reacender. Ele empurra sua mão para longe duramente e balança sua
cabeça. Porque ele está balançando sua cabeça? Por mim, ele mesmo
ou nós?

— Dani, não leia nada nesta situação, não há nada entre nós.
Estarmos juntos é um inferno que nós não podemos pagar para ver. —
ele pressiona sua mão em minhas costas para me guiar em direção a
sua moto. — Venha, vamos voltar para o clube. — sua mão em minhas
costas lança ondas de êxtase através de minhas veias. Eu quero que ele
me incline em sua moto e tenha seu caminho comigo, quem ainda se
importa se eu sou apenas e só mais um ponto em seu cinto.

Eu suspiro internamente. Meu corpo, alma e mente estão tão


confusos. Eu não posso negar o jeito que Shadow me afeta, mas ele está
certo. Qualquer coisa entre nós nos levará a um inferno ainda maior do
que o que nós já vivemos. Meu pai o mataria e minha mãe me mataria,
ou me jogaria na rua com nada, como ela tem me ameaçado minha vida
inteira. Nossas vidas como conhecemos mudaria para sempre se nós
nos tornássemos qualquer coisa a mais que amigos. Eu me sinto viva
quando estou com Shadow, tão alta em adrenalina que eu jogo a
cautela no vento. Nós somos perigosos perto um do outro. Talvez fosse
do nosso melhor interesse, se nós apenas fodermos com os olhos
através de uma sala. Mas ficarmos sozinhos num quarto, tendo céu e
inferno no mesmo lugar, seria monumental.

~ 41 ~
Capítulo Quatro
DANI
O percurso de volta da praia foi estranho;
Shadow está tenso o tempo todo comparado com o
quanto relaxado ele estava no passeio de ida. Ele
mantém suas mãos no guidão e não na minha coxa.
Eu posso dizer que ele não está feliz em ter me
contado algo pessoal. Eu gostaria de não o ter
pressionado a compartilhar.

Nós estacionamos no clube e eu vejo minha


mãe do lado de fora. Dizer que ela tem uma
carranca em seu rosto é um eufemismo. Eu desço da moto e ela
instantaneamente começa a gritar comigo, independentemente das
muitas pessoas ao redor. Aparentemente o pós festa começou.

— Onde você tem estado? Por que você está em uma moto com
um tipo desses? — ela insulta. Eu levanto uma sobrancelha. Eu que
nunca vi minha mãe bêbada antes.

Ela agarra meu braço enquanto eu tento passar por ela.

— Me responda agora, — ela grita, chamando mais a atenção de


todos.

Eu arranco meu braço para longe dela e olho fixamente na


direção dela, ela tropeça para trás com a força do meu puxão. Como ela
se atreve a perguntar onde eu estava? E por que eu estava na traseira
da moto dele é menos ainda seu problema. Foda-se ela e suas mentiras.
Eu não vou mais seguir cada desejo e comando dela. É hora de começar
a pensar por mim mesma, vivendo a minha própria vida. Enquanto
continuo a passar por ela, ela começa a gritar com Shadow para ele
ficar longe de mim. Eu tenho certeza que ele não discutiria sobre isso.

O clube está abarrotado com pessoas. Eu sinto o cheiro de


perfume barato com álcool e fumaça de cigarros. Existe um cheiro
engraçado que eu presumo ser maconha. As luzes estão baixas, então é
difícil reconhecer alguém enquanto eu empurro meu caminho através
da sala principal. ‗We're Not Gonna Take It‘ da Twisted Sister está
berrando no sistema de som e eu penso como a música se encaixa no

~ 42 ~
que eu estou sentindo neste exato momento. Eu não vou mais aguentar
as merdas da minha mãe. Será difícil para ela me jogar para fora, agora
que Bull e eu nos aproximamos. Isso a deve irritar.

Eu faço meu caminho até meu quarto e tranco a porta. Meu pai,
ahh, Bull, me pediu para ficar aqui, então eu sento em minha cama
sem saber o que fazer em seguida. Eu não sei se eu o deveria chamar de
pai ou Bull, tudo ainda é muito esquisito. Eu olho sobre a cômoda e
vejo meu laptop. Hmm, eu me pergunto se a internet tem algo sobre o
clube. Talvez aí eu possa ver por que minha mãe está tão preocupada.
Eu chego mais perto e agarro o laptop antes de pensar duas vezes.

Quando o navegador carrega eu digito ―Devil's Dust Motorcycle


Club‖. O site de busca instantaneamente aparece com páginas de
artigos de jornais; caramba. O clube tem sido ligado a múltiplos
assassinatos, pessoas desaparecidas, possível tráfico de armas, e a lista
continua e continua. Depois de abrir todas as histórias e artigos, parece
que ele nunca foi acusado em nenhuma das alegações que eles
supostamente foram ligados. Testemunhas sumiam, eram encontradas
mortas ou mudavam suas histórias. Hmm? Bem, você sabe o que eles
dizem, inocente até que se prove o contrário. Eu bato o laptop fechado,
não esperando cavar mais fundo. Bem no fundo eu sei que tem mais,
mas essa é a história que eu estou me agarrando. Eu me sinto segura
aqui, talvez seja porque eu sou a filha do presidente. Eu sei que
ninguém me foderia aqui ou eles acabariam em uma vala ou com uma
bala na perna. Eu descanso minhas costas na cama. Eu posso escutar
a música batendo contra a minha parede. Eu poderia ir e só pegar um
refrigerante, voltando na mesma hora. Nenhum prejuízo nisso, certo?
Eu até posso checar minha mãe, ela estava muito irritada.

Eu abro a minha porta vagarosamente e espio lá fora; ainda é


uma loucura. Fumaça de cigarro e de maconha preenche meus
pulmões, me fazendo tossir. Está alto e as pessoas estão em todos os
lugares. Eu escorrego para fora da porta e vou ao final do corredor onde
o quarto da minha mãe está. Quando eu abro a porta, ela está
desmaiada com uma garrafa de bebida perto de sua cama. Deus do céu,
que patética. Eu a cubro com um cobertor, tranco e fecho sua porta
enquanto eu saio.

Quando eu estou fazendo meu caminho para o lobby principal, eu


levo um choque. Eu nunca tinha visto tantas pessoas com tão pouca
roupa em minha vida. Eu vejo pessoas dançando com as outras, dando
danças no colo e outras verdadeiramente se divertindo. O som agora
está gritando ‗Figured You Out‘ do Nickleback, outra de minhas

~ 43 ~
favoritas. Realmente não notando ninguém, eu me direciono para a
cozinha. Logo antes de entrar, eu olho de relance para a multidão e
como a coisa de abrir o Mar Vermelho, há um espaço aberto na
multidão. Minha visão alcança a esquina, onde a puta do clube, Candy,
está sentada em uma perna do colo do Shadow. Meu sangue esquenta a
um nível perigoso, a cena me deixa com ciúmes.

Por que eu estou com ciúmes?

Ela tem seu cabelo loiro platinado puxado em um coque


desleixado com pequenos fios pendurados em todos os lugares. Seu top
rosa claro é apertado demais e seus shorts pretos não cobrem sua
bunda. E aqueles saltos rosa... puta do clube é um nome que encaixa
para ela. Eu sinto vômito subindo na minha garganta só de olhar para
eles. Os olhos de Shadow se prendem aos meus, me hipnotizando. Eu
empurro o vômito para baixo e o encaro de volta, nem piscando. Ele
levanta sua sobrancelha esquerda; o canto de sua boca se curva para
cima em um sorriso presunçoso enquanto ele puxa Candy para mais
perto dele, beijando seu pescoço. Seus olhos são atrevidos e escuros,
enviando uma mensagem, ―Olhe o que eu sou e gosto‖. Ele está
tentando me fazer sentir ciúmes. Ele nem tinha que tentar, eu já estou
e eu o odeio.

Dois podem jogar esse jogo, eu caminho para pista e vejo um belo
homem com cabelos loiros, cacheados e tatuagens de cima abaixo de
seus braços. Está escuro, então eu não posso entender bem o que diz
seu colete, mas quem se importa, ele é lindo. Eu piso na frente dele e
começo a dançar sedutoramente, esperando que meu comportamento
provocativo vá atrair o estranho. Ele reivindica meu corpo sem
hesitação, colocando sua mão enorme na minha cintura e empurrando
sua virilha contra meu bumbum. Eu olho para baixo e vejo ―TBC‖
tatuado no topo de sua mão direita. Que merda isso significa? Eu
balanço meus quadris com os seus no ritmo da música. Pegando meu
braço esquerdo, eu o levo acima de minha cabeça e o engancho eu seu
pescoço. Ele pega seus dedos e os escorrega para baixo de meu cotovelo
até meu ombro. Além de uma cócega, seu toque não dispara brilhos ou
borboletas em lugar algum no meu corpo.

— Bobby, eu não sabia que você tinha desejo de morrer, irmão. —


assustada, eu olho além de nós. Shadow está de pé olhando o homem
que ele acabou de chamar de Bobby com um olhar mortal. Eu olho
sobre onde eu vi Shadow pela última vez e vejo Candy sentada no sofá
com seus braços cruzados sobre seu peito, batendo seu pé e fazendo
beicinho.

~ 44 ~
— Não seja um empata foda, Shadow. Some daqui, — Bobby diz
me puxando para mais perto. Onde Shadow estava indo com isso,
chegando aqui e agindo assim?! Eu sorrio docemente para Shadow e
deixo os grandes braços Bobby me encasular.

— Ela é toda sua, — Shadow sorri como um lobo; seus olhos


desafiantes nunca deixando os meus. — Eu estou certo que o Bull não
se importará com você fodendo loucamente a filha dele.

Ele diz a última frase casualmente. Eu olho fixamente para


Shadow antes de olhar para Bobby. Ele me olha de perto e repara
novamente. Ele joga suas mãos no ar como se eu estivesse em chamas,
merda. Eu pisco meus olhos em direção a Shadow e ele está rindo. Eu
giro de volta para tranquilizar Bobby, só para o encontrar dançando
com outra garota.

— Seu babaca. — eu empurro Shadow pelo ombro. — Quem você


pensa que é? — eu grito, meu nível de raiva está no mais alto. Meu
empurrão violento para sua risada, seu rosto fica sério. Eu queria fazer
ciúmes, mas ele tinha que anunciar que eu sou a filha do Bull. Entre
minha mãe e Bull, eu nunca serei capaz de ser solta e viver.

— Se você vai agir como uma puta, talvez você devesse passar um
tempo com elas. — seu tom é sério, ele aponta para um canto cheio de
garotas que estavam meio vestidas e bem bêbadas, putas do clube.

Eu impulsiono minha mão em seu peito de novo.

— Vai se foder, Shadow! — eu grito, ódio lançado em cada


palavra.

Eu piso até meu quarto, empurrando músculos e corpos meio


pelados em meu caminho, não me importando em quem eu derrubar no
processo. Eu quero bater em Shadow, gritar com ele por ser tão babaca.
Eu não posso acreditar em como eu posso ficar tão excitada só de olhar
para ele, ansiando pelo simples toque de seus dedos. E aí ver Candy
receber aquele toque ao invés... eu queria esmagar sua bunda só por
sentar no colo dele. Eu nunca estive tão brava com alguém em minha
vida com eu estou agora com Shadow.

Eu chego ao meu quarto e permaneço lá, eu envolvo meus braços


ao meu redor tentando sossegar meu comportamento maníaco. Meu
peito pesa e minhas pernas oscilam da raiva construída em mim. Ele
me chamou de puta, aquele bastardo.

~ 45 ~
Eu escuto a porta abrir e fechar quietamente. Vislumbrando por
cima, eu vejo Shadow em pé com aquele seu sorrido de curvar os pés.
Eu ainda quero bater aquele sorriso para fora de seu rosto, ele está
adorando me deixar louca. A raiva dentro de mim se amplia com o
pensamento. Eu ando até ele, puxo minha mão pra trás e bato nele.
Sua cabeça chicoteia para o lado. Ele cerra sua mandíbula e me encara
com olhos sombrios. Minha mão dói com o contato árduo, mas eu me
recuso a reconhecer a dor e levanto minha mão para o bater de novo,
não tendo sentido nenhum alívio no primeiro tapa. Ele pega minha mão
pelo pulso, no meio do ar. Eu levanto minha outra mão na tentativa de
bater nele e ele pega esse pulso também. Ele me vira e me bate contra a
porta, ambas as minhas mãos agora estão pregadas acima da minha
cabeça. Eu olho dentro de seus olhos, eles estão dilatados com raiva.

Ele solta as minhas mãos e soca a porta atrás de mim. Seu


rosnado me faz pular com medo. Seu rosto está vermelho com raiva,
seus punhos prensados em seus lados. Ele está puto!

— Saia daqui! — eu grito, apontando para a porta. Ele se vira e


olha pra mim, seus olhos agora selvagens. Me transformando em sua
presa, ele me persegue e prende meus braços sobre a minha cabeça de
novo, só que dessa fez eu não brigo com ele. Por quê? Grite com ele, o
diga para vazar. Você não quer nada a ver com ele. Ele te chamou de
puta. Eu grito internamente.

Ele puxa meu queixo para cima e abaixa seus lábios só um pouco
acima dos meus. Sua respiração é dura e perturbada, seus lábios a
quase um fio de cabelo de distância.

— Eu estou cansado desses jogos, Dani. — ele grunhe.

— Você? Como você acha que eu me sinto? — eu digo duramente.


Eu viro minha cabeça, seus lábios se esfregando contra minha pele no
processo. — Me deixe sozinha. Eu não quero ter nada a ver com você. —
eu sussurro, veneno derramando sobre cada palavra.

— Você quer que eu te deixe sozinha, é? É isso que você quer de


verdade? — ele me sacode contra a porta, como uma criança
desobediente. Eu encaro dentro dos seus sinistros olhos azuis, agora
um tom mais escuro. Eu não sei mais o que eu quero. Eu sei que mexer
com Shadow é um sinal de certidão de óbito, mas eu não posso sacudir
o magnetismo que tenho por ele. Falando para ele que o quero significa
que ele ganha. Um jogo de controle que ele claramente precisa. Eu
posso dar o controle assim a uma pessoa que eu mal conheço?

Tirando vantagem da minha hesitação, ele se inclina para perto.


~ 46 ~
— Eu chamo isso de merda, — ele sussurra; seus lábios roçando
os meus. Essa briga é pura tensão sexual. Eu não posso mais negar, e
pelo jeito de seus olhos, nem ele. Então, o que é que tem eu ser só mais
um caso de uma noite? O que é que tem eu ser só mais uma marca em
seu cinto? Talvez transar com ele finalmente o tirará de meu sistema. O
jeito que meu corpo suplica pelo seu toque me faz arriscar.

— Eu quero você, — eu sussurro, minha admissão me pega de


surpresa. Eu realmente acabei de falar isso?

— Diga de novo, Dani, — ele ordena. Nossa raiva e fúria se


derretem na energia sexual. Sua atitude de macho alfa me faz delirar
com excitação.

— Eu. Quero. Você. — eu formo as palavras com cada respiração


sedutora.

Ele solta meus braços e rapidamente me levanta. Minhas pernas


instintivamente se enroscam ao redor de sua cintura. Eu pego sua
cabeça e enrolo meus dedos em seu negro e bagunçado cabelo. Puxando
seu rosto para perto, eu esmago meus lábios nos deles. Seus lábios
separam os meus, enquanto minha língua procura a entrada de sua
boca, ele tem gosto de álcool e maconha. Nossa raiva é substituída por
paixão crua, nós mordemos, lambemos e sugamos as bocas um do
outro, saboreando o gosto de cada um. Um gemido me escapa enquanto
eu arrasto minha cabeça para trás, permitindo que Shadow mergulhe
na curva do meu pescoço, beijando e mordendo, me fazendo gemer mais
alto.

Shadow recua.

— Eu ganhei, — ele sibila. Sua língua lambendo a linha da minha


mandíbula, me fazendo respirar pesadamente. Seus olhos me mostram
a fera que vive dentro dele, circulando em sua jaula, esperando para ser
solta.

Ele está certo. Eu acabei de confirmar verbalmente que eu o


quero. Quem sabe que coisas distorcidas e dementes ele fará com a
minha confissão.

— Puta que pariu, você cheira como o paraíso, — seus lábios


sussurram contra minha pele. — Não é como se eu não quisesse você,
você sabe. Eu te quis desde a primeira vez que eu vi a sua bunda
metida caminhando para fora do aeroporto. — ele confessa. Ele me
puxa de novo e olha dentro dos meus olhos. — Mas isso pode me matar.
— sua voz é solene, me tirando do momento.

~ 47 ~
Ele lambe as bolinhas de suor formadas em meu pescoço e
minhas pernas naturalmente se apertam em volta de sua cintura. Seus
lábios se espalham através de meu pescoço e o osso da mandíbula como
fogo vivo, acendendo uma faísca que eu desesperadamente preciso dele
para apagar. Eu alcanço o final da minha camisa e suas mãos seguram
minhas costas enquanto eu a puxo para fora da minha cabeça. Ele
empurra meu corpo para mais alto contra a porta e lança beijos
molhados entre meus peitos. Ele nos caminha até a cama e gentilmente
me deita enquanto vagarosamente abaixa seu próprio físico tonificado
sobre a minha pequena estrutura. Ele descansa seu peso em seu
cotovelo e usando sua outra mão, desabotoa meu sutiã rendado. Meus
mamilos imediatamente endurecem pelo ar frio quando são libertos de
suas taças, me fazendo arfar.

— Você é fodidamente perfeita. — suas mãos calosas agarram


meu peito gananciosamente, os amassa e os provoca, fazendo com que
a minhas costas arqueiem ao seu toque, implorando por mais.

— Dani, — ele para pra pegar fôlego e se levanta um pouco. Meu


corpo imediatamente arqueia pelo seu toque. — Se você está pensando
duas vezes, nós precisamos parar agora porque eu não poderei parar
uma vez que você for toda minha.

Seu gesto é gentil, mas minha necessidade é crua. A esse ponto,


eu não me importo, eu só quero mais dele, agora.

— Não pare, Shadow, — eu sussurro com minha esporádica


respiração. Eu aperto minha mão em sua blusa, e o puxo de volta para
mim.

Ele retira seu colete de couro e o joga numa cadeira manchada no


canto do quarto. Ele puxa sua camisa para cima de sua cabeça,
revelando perfeitos e torneados gomos e um fino e apertado abdômen.
Um caminho da felicidade leva para baixo em um V que desaparece em
seus jeans de cintura baixa. Ai meu Deus do céu, me dê forças, eu
quero isso tudo!

Minha boca se direciona para fora para lamber meu lábio inferior,
eu quero o comer todinho. Eu beijo seu peito, lambendo ao redor de
seus mamilos antes de dar um puxão de leve. Ele geme enquanto meus
dentes beliscam a pele macia. Ele desabotoa seus jeans e os empurra de
seus quadris. Uma vez que eles estão em seus calcanhares, ele usa seus
pés para empurrá-los de cada perna. Meus olhos se arregalam com o
impressionante comprimento pressionado contra o tecido de sua cueca
boxer branca, pedindo em ser solto. Minhas bochechas de repente

~ 48 ~
coram, a minha temperatura corporal se elevando. Ele sorri
arrogantemente, antes de subir de volta em cima de mim, separando
minhas pernas com as suas. Sua mão esfrega o interior da minha
virilha sobre meus jeans, fazendo molhar minhas calcinhas. Ele
desabotoa todos meus botões, sem perguntar e ele está prestes a
descobrir o quão inexperiente eu sou. Ele talvez não vai gostar se eu o
surpreender com algo assim. Ele começa a sugar meu lóbulo da orelha
enquanto suas mãos perdem tempo com o botão do meu jeans. Merda,
merda, merda.

— Uh, Shadow, — eu digo nervosamente.

— Sim? — ele responde, puxando meus dedos para longe de meus


lábios. Merda, eu nem notei que eu estava fazendo isso de novo.

— Eu, uh, eu sou virgem. — eu arranho bizarramente.

Ele se levanta de mim imediatamente. Merda, eu deveria ter


deixado ele descobrir.

— Porra, — ele pausa. — Eu quero dizer, eu achei que você


poderia ser, mas...

Eu viro minha cabeça e olho para parede, mordendo meu lábio


inferior em vergonha.

— Ei, — ele sussurra, puxando um fio de cabelo atrás da minha


orelha. Ele é tão doce quando ele quer. — Nós podemos ir tão devagar
quando você quiser, Dani. Eu vou ser gentil. — eu juro que ele estava
flertando.

Puta merda, quem é esse homem e onde foi meu motoqueiro


fodão?

Eu aceno minha cabeça, com medo de amarelar se eu me der à


oportunidade de falar.

Ele desabotoa meus jeans e os puxa para fora de mim. Em


seguida, ele enfia um dedo sobre cada lado da minha calcinha branca
rendada e a escorrega vagarosamente pelas minhas pernas abaixo, seus
dedos resplandecem em uma trilha de fogo por todo caminho até meus
dedos dos pés. Ele se inclina para trás em seus calcanhares e olha para
o meu corpo nu exposto diante do dele. Se inclinando, ele pega um dos
meus mamilos entre seus dentes e gentilmente o morde, misturando
prazer com dor e me fazendo sentir louca. Eu posso sentir sua
masculinidade inchada contra a meu já molhado calor. Eu deslizo meus
pés acima de suas pernas até o cós de sua cueca. Enfiando meus dedos

~ 49 ~
dentro do elástico, eu os puxo sobre uma bunda firme e abaixo de suas
pernas. Seu pau salta livre contra meu abdômen.

— Ansiosa, baby? — ele pergunta arrogantemente. Eu rolo meus


olhos para seu tom seguro de si.

Ele me pega pelo cabelo e puxa minha cabeça para trás.

— Não role seus olhos pra mim, porra, — ele chia, beijando a
linha da minha mandíbula. Seu jeito exigente me fazendo choramingar,
mas num bom sentido. Seu tom é sério e tudo menos duro, mas eu não
posso deixar de ser despertada por sua aspereza.

Seus dedos espalham minhas dobras sensíveis para permitir a


entrada. Ele de repente mergulha seus dedos em meu calor molhado,
espalhando a umidade de cima a baixo de meu clitóris. Eu mergulho
minhas mãos para dentro do meu cabelo e arqueio minhas costas,
balançando meus quadris ao seu toque.

— Puta merda, você está molhada, — ele sussurra sem fôlego.

Ele levanta seus dedos e devagar os escorrega para dentro de sua


boca faminta, ele os chupa com força, saboreando meus sucos.

— Mantenha seus olhos nos meus, — ele diz, mergulhando sua


cabeça entre as minhas coxas. Eu levando meus cotovelos o vendo
lançar leves beijos em meu clitóris antes de ir mais fundo e imergir sua
língua morna profundamente lá dentro. Eu desmorono de meus ombros
e caio de costas, gemendo alto. Graças a Deus a música é tão alta que
ninguém pode me ouvir. Isso parece tão quente e molhado, meu
orgasmo pronto para ser liberado. Ele pega sua outra mão e pressiona
de leve meu estômago, abaixando meu corpo arqueado para a cama. Ele
pincela sua língua entre minhas dobras, me importunando, e aí ele
suga meu clitóris dentro de sua boca duramente. Meu corpo se empurra
para a cama e minhas mãos voam em seu cabelo bagunçado.

— Não goze, — Shadow ordena, enquanto ele levanta sua cabeça


de dentro das minhas coxas. Minha umidade encharca sua barba e
lábios. Ele põe suas mãos em meus joelhos e posiciona sua ereção
pulsante contra minha entrada molhada. Eu fecho meus olhos
apertadamente, o esperando enfiar dentro de mim.

— Abra seus olhos, linda, — ele diz docemente. Eu obedeço e abro


meus olhos vagarosamente.

~ 50 ~
— Merda, espere um pouco. — ele sai de cima de mim, expondo
meu corpo para a friagem do ar. Eu escuto o som de um embrulho
rasgando e o vejo rolar a camisinha sobre seu pau.

— Ok, — ele diz, subindo entre minhas pernas de novo. Eu olho


profundamente em seus belos e tempestuosos olhos, enquanto ele
empurra a ponta de si mesmo em minha abertura molhada. Eu
estremeço, e cavo minhas unhas para dentro dos lençóis, enquanto ele
desliza mais fundo, seus olhos nunca deixando os meus. É a coisa mais
erótica que eu já presenciei.

— Você está bem? — ele pergunta preocupado.

— Sim, só não pare, — eu respondo de volta, minha respiração


caótica agora.

Eu consigo me sentir alongar e puxar para acomodar seu


tamanho impressionante. Uma vez que ele está o mais distante que
meu corpo o permitirá, ele para, deixando meu corpo de adaptar ao seu
comprimento.

— A parte difícil acabou. — ele se inclina para baixo me beijando


famintamente, mordendo meu lábio inferior enquanto ele balança seu
quadril para frente e para trás.

— Agora vem à parte divertida. — ele sorri de orelha a orelha, me


fazendo sorrir também.

Minhas pernas se enrolam ao redor de seu corpo enquanto ele


estoca seu caminho para dentro e fora de mim. Ele levanta sua mão e
pega minha perna direita, a puxando ainda mais apertada ao redor de
sua cintura. O som de nossos corpos suados batendo um contra o outro
enche o quarto. Não há nada, só eu e ele. A música é abafada por
nossas respirações pesadas e leves gemidos. O tempo fica imóvel
enquanto eu perco minha inocência para o próprio diabo.

Ele pega meu traseiro, me levantando levemente para fora da


cama. Ele mete mais forte, me fazendo lamuriar.

— Você é fodidamente apertada, eu não acho que vou durar por


muito tempo. — sua confissão aumenta muito mais a minha excitação.

Eu tiro minhas unhas do lençol e exploro seu peito imaculado.


Sua cabeça cai para trás e ele deixa sair um rosnado cru com o meu
toque, seus quadris pegam velocidade. Uma de suas mãos encontra um
dos meus supersensíveis mamilos e o belisca enquanto a outra mão
trilha meu estômago abaixo, sobre meus pelos pubianos até meu

~ 51 ~
clitóris. Ele começa a mover seu dedo em movimentos circulares sobre o
meu clitóris, é a minha ruína.

Calor inunda em meus pés, fazendo meus dedos curvarem,


atirando a chama sob as minhas pernas e entre as minhas coxas. Meu
corpo convulsiona com um formigamento explosivo, meu sexo
apertando seu pau como um vício. Minhas unhas agarram suas costas
e eu arqueio meu corpo no seu. Eu grito de prazer, enquanto ele mete
mais forte. Eu bato minha cabeça ao lado e mordo um lençol perdido
enquanto seu corpo enrijece. Eu sinto sua semente quente e grossa
encher o látex antes dele cair em cima de mim.

Nós nos estendemos ali, ofegantes, tentando recuperar o fôlego.


Shadow retira sua ereção dura como pedra da minha buceta molhada,
me fazendo estremecer com o vazio que sua ausência deixou. Ele rola a
camisinha para fora de seu comprimento com seus dedos e a joga no
canto do quarto. Pelo menos existe uma lata de lixo ali?

— Durma, — ele sussurra em meu ouvido. Ele me puxa de volta


para seu peito, seu corpo moldado com o meu. Isso parece tão certo,
mas tão errado. Depois de descer da minha onda sexual, minha
racionalização entra. Eu não posso tolerar ser mais uma na sua cama,
mas eu sabia que era uma possibilidade antes de lhe entregar minha
virgindade em uma bandeja de prata. Eu sei, pelo meu instinto, que
Shadow não sairá do meu sistema, ele é uma droga viciante e eu quero
mais para satisfazer o meu desejo. Eu fecho meus olhos, tentando
chamar o sono. Ouvindo a multidão alta no clube e o baque da música,
lentamente me leva para baixo.

~ 52 ~
Capítulo Cinco
SHADOW
Eu sinto pernas suaves enroladas ao redor
das minhas, e cabelos sedosos em meu peito. O
cheiro do perfume inebriante de Dani preenche meu
pulmão. Pêssegos e sândalo, somente o cheiro dela
faz meu pau endurecer. Eu estou duro agora,
merda. Os eventos de ontem à noite tocam em
minha cabeça simultaneamente. Em que porra eu
estava pensando? Ela está na minha cabeça de
merda desde o dia que eu vi a sua bunda grande
andar para fora daquele terminal. Eu tentei
permanecer longe. Inferno, eu tentei a empurrar para longe. Mas
quando a vi dançando com Bobby ontem à noite, o pensamento de
outro alguém tendo suas mãos nela ou possivelmente em sua cama...
Eu virei um homem das cavernas. Eu a queria arrastar para o quarto e
fodê-la para fora de sua vida totalmente.

Eu abro meus olhos para encontrar a cabeça da Dani deitada em


meu peito e seu corpo colado ao meu, nossas pernas e braços
enrolados. Eu estou sem palavras pela beleza angelical esparramada
diante de mim, completamente estarrecido. Eu nunca tive sexo como
ontem à noite. Quando eu estou com uma das putas do clube, eu
geralmente as dobro sobre algo ou as tenho em seus joelhos. Aí, eu as
mando enrolar a bagagem, sem contato de pele, nada de carinho e com
certeza nada de passar a noite.

E eu estou certo como o inferno que eu nunca mexi com uma


virgem antes. Eu deveria ter saído assim que ela puxou o cartão ‗V‘ para
fora. Porra, porra, porra. Eu tinha a esperança de depois de ter meu
pinto molhado pela Dani que eu não ia a querer mais. Eu só queria
provar para ela que ela não poderia resistir a mim, e provar para mim
mesmo que eu só a queria porque não a poderia ter. Mas olhando para
ela essa manhã, eu definitivamente a poderia tomar de novo, eu ainda a
quero. Mas eu não a mereço e ela não pode ser minha distração.

Eu não posso segurar, mas escorrego minha mão para cima e


para baixo em suas costas nuas. Sua pele oliva é tão sedosa. Meu pau
convulsiona com o contato de pele, me deixando frustrado. Todos esses

~ 53 ~
sentimentos que eu estou tendo são fodidamente incompreensíveis. Eu
preciso sair daqui e clarear minha cabeça. Eu vagarosamente movo sua
cabeça e tento desenrolar meu corpo do dela, tentando não a acordar.

— Você ainda está aqui. Eu pensei que você já teria ido, — ela
murmura com uma voz sonolenta.

Merda, eu a acordei.

— Sim, uh, eu tenho que ir agora, — eu digo, escorregando da


cama. Eu agarro minha cueca e jeans e os coloco rapidamente.

Ela senta na cama agarrando o lençol branco com ambas as mãos


para cobrir seus peitos ousados. Eu preciso me apressar e vazar daqui
antes que a urgência de fodê-la me consuma. Eu tenho certeza que a
vadia da mãe dela estará invadindo o quarto daqui a pouco.

Eu agarro meu colete da cadeira e arrisco um olhar. Seu rosto


está baixo e ela parece envergonhada. Merda. É por isso que eu não
mexo com garotas de fora do clube. As garotas do clube sabem o que
esperar de um irmão: nada. Vadias civis, garotas que não sabem nada
sobre a vida do clube, esperam mais e olham profundamente dentro das
coisas, deixando merdas como essa acontecerem. Eu efetivamente me
sinto culpado por querer deixar Dani.

— Missa, — eu respondo, tentando facilitar a situação da saída.


Por que eu me importo, eu não tenho noção.

— Isso não é domingo? — ela questiona, com a sobrancelha


levantada. Sua pergunta realmente me irrita. Ela não sabe com quem
que ela está falando? Mas sua inocência me faz querê-la mais, eu juro.
Ela não é nada mais que pureza, uma respiração de ar fresco. Algo que
eu nunca estive perto. Garotas como Dani não passam tempo no clube.

— Não, não esse tipo de missa. Eu tenho que ir discutir negócios


do clube. É ao meio dia, e é meio dia agora. Eu tenho que chegar lá
antes deles virem me procurar. — eu puxo minha camisa e colete de
couro. É a mesma merda que eu usei ontem, mas não tenho tempo para
trocar4.

Eu abro uma fresta da porta e espio para fora. Eu não vejo


ninguém, então eu escorrego para fora e fecho a porta quietamente, não
dando a Dani outra olhada. Eu me sinto tão merda como sou. Eu não
posso aturar a viver em dor mais. A sala principal do clube é uma

4 Do original church, traduzimos como missa, que são as reuniões para membros do
clube.

~ 54 ~
merda fodida, e há garotas peladas dispersas em todos os lugares. Os
prospectos têm sacolas de lixo pretas pegando o lixo, e algumas old
ladies estão jogando roupas para as garotas peladas, tentando as deixar
decentes e as colocando para fora do clube. Eu entro na cozinha e pego
um copo, eu preciso de café para me ajudar a processar a porra que
está passando na minha cabeça. Eu acabei de dormir com a filha do
diabo5. Eu sou um homem morto andando.

— Onde no inferno você desapareceu ontem à noite? — Bobby


cospe em mim por trás, me fazendo cuspir café.

— Lugar nenhum, por quê? — eu pergunto, irritado.

— Oh, eu não sei. Eu vi você perseguir a filha do presidente


corredor a baixo e não vi você sair até agorinha. — seu tom é acusador.

Eu o olho fixamente. O que é que ele está querendo? Bobby e eu


nos conhecemos há muito tempo, mesmo antes do clube. Eu sei que
somos próximos, mas o clube é uma irmandade. Eu não tenho certeza
se ele não contaria a Bull que eu fodi sua filha. Inferno, eu me sinto
uma merda escondendo isso de Bull, mas não estou certo se ele
colocaria uma recompensa sobre a minha cabeça se ele soubesse que
eu peguei sua filha.

— Que porra é essa, irmão? Por favor, me diga que você tem um
nariz sangrando, ao alguma merda parecida. — Bobby aponta para
minha mão, olhando para baixo onde ele está apontando, eu tenciono.
Merda, eu tenho sangue em meus dedos, como eu perdi isso? Isso deve
ter chegado lá quando eu tirei a camisinha ontem à noite. Tentando
esconder que eu fodi a filha de Bull não seria fácil com a perda de
inocência da Dani por toda a porra das minhas mãos. Eu caminho até a
pia e começo a lavar minhas mãos, ignorando Bobby.

— Isso não é o que eu penso, é? — Bobby pergunta, me puxando


de meus pensamentos.

— Cai fora Bobby, não é nada! — eu lato, sua persistência está


realmente começando a me encher a porra do saco.

— Você entra num jogo de merda comigo por dançar com aquela
vadia ontem à noite, aí, você desaparece no quarto dela pela noite... Só
de olhar... Tenho certeza que é exatamente isso que eu penso que é, —
ele diz, gesticulando em direção as minhas mãos de novo.

5 Aqui quer dizer tanto diabo como Devil‘s, como o nome do clube.

~ 55 ~
— Que porra você acabou de me dizer? — empurrado ao meu
limite, eu empurro Bobby e pego seu rosto. Ele me questionando atingiu
seu limite.

Sem ninguém para afastar, Bobby pega meu rosto.

— Eu acho que você é o que tem um desejo pela morte. Em que


porra você estava pensando? — ele empurra meus ombros, sua voz
estalando e autoritária. Ele está certo, no entanto, em que porra eu
estava pensando? Eu sabia melhor do que foder com Dani.

Eu me afasto e passo minhas mãos pelo meu cabelo, incerto por


minhas próprias ações.

— Eu não estava pensando. A vadia me torceu, agindo como se


não me quisesse. Eu só... — eu paro, tentando descobrir em que porra
estava pensando ontem à noite. — Eu não estava pensando. — eu
sussurro.

— Isso não pode ser bom, irmão. Eu sei que essa merda não
descerá bem, — Bobby sussurra de volta e caminha para fora da
cozinha.

Ele está certo. Eu me sinto diferente ao redor de Dani. Eu sei isso.


Mas eu também sei que ela estaria melhor sem um pedaço de merda
como eu. Eu estou fodido em minha cabeça, sem certeza de nada. Se
Bull não me matasse primeiro, meu jeito de vida devoraria Dani,
fazendo Bull me matar. O jeito que eu vejo é: Dani é uma arma
carregada de qualquer jeito.

Me sento na mesa esperando pelos outros irmãos aparecerem,


Bobby me olha através da parte superior da madeira. Ele agarra um
pedaço de papel do centro e começa a desenhar nele, rindo enquanto
rabisca. O que diabos ele está fazendo? Ele desliza o pedaço de papel
através da mesa para mim, e olha por cima de seus ombros como se ele
estivesse no ensino fundamental passando um recado.

Que. Porra? Isso tem uma figura de palito com um pau


desproporcional fodendo outra figura de palito com peitos e uma arma
na cabeça da figura masculina. Eu amasso o papel em minha mão
enquanto ele ri, satisfeito consigo mesmo.

— Primeira ordem dos negócios, — Bull diz, enquanto se abaixa


vagarosamente em sua cadeira. Ele parece uma merda. Eu estou certo
que ele festejou duramente ontem à noite. Bull está sempre com um

~ 56 ~
monte de vadias e bebidas, e ele está pagando por isso essa manhã. —
Bobby, o que você tem para reportar, filho?

Bobby foi enviado em uma corrida para Nevada para investigar


um negócio que El Locos, outro clube de motoqueiros, quer que nós
participemos. Eles querem que nós trafiquemos armas com eles e
compremos seu estoque de armas. Não sabendo muito sobre eles, Bull
enviou Bobby para conferir a credibilidade deles e de seu estoque e
reportar de volta para que nós votemos.

— Eh, eles parecem superficiais, uma operação de voo noturno,


se você me perguntar, Prez. — Bobby se inclina para trás em sua
cadeira, seu comportamento infantil desaparecido. — O container de
armas que eles têm estava abatido como o inferno, e as AK-47 já viram
dias melhores. Eu nem mesmo as queria testar, elas estão tão fodidas,
parece que elas passaram pelo inferno. O clube deles parece muito
ansioso em vender as mesmas também.

— Acha que elas são quentes? — Bull pergunta, questionando se


o outro clube as roubou da competição. Se eles roubaram, as comprar
significaria mais problemas para nós, algo que não precisamos agora.
Nosso clube tem atraído calor desde que um novato trapaceiro atirou
em um policial um tempo atrás. Agora, a concorrência e os policiais
estão morrendo para nos atirar. Não precisa dizer, o novato nunca será
encontrado, eu cuidei disso pessoalmente. Eu sabia que aquele fodido
era sem valor quando eu o vi pela primeira vez.

— A forma que aquelas armas estavam, com certeza


possivelmente um assalto que deu errado, — Bobby diz coçando se
peito.

Bull coça a barba por fazer em suas bochechas enquanto ele


processa o que Bobby está dizendo.

— Tudo bem, eu não acho que isso é algo que nós queremos nos
envolver, quem concorda? — Bull perguntas. Ayes6 é falado ao redor da
mesa em concordância, nós não precisamos fazer acenos.

— Amarre essa ponta solta, Bobby. — Bull diz, apontando para


ele. — Próximo negócio. Locks, alguma palavra sobre as garotas e esse
companheiro, Stevin? — Bull acende um cigarro.

— Porra nenhuma, Pres. Eu chamei os Ghost de NY os pedi para


encontrar o fodido e o seguir, ver qual era seu próximo passo. Ninguém

6 É como um ok. É uma palavra na língua dos MC‘s.

~ 57 ~
da área o viu ou escutou dele. O fodido sumiu em ação. — Locks
replica, acendendo um cigarro também.

— Merda, não sei se isso é uma coisa boa ou ruim. — Bull diz.

— Sim, ele poderia ter se assustado e fugido da cidade, se


mantendo escondido, ou ele está procurando pelas garotas. — Locks
harmoniza.

— Não faz sentido para mim, — eu penso alto, não percebendo


que eu disse as palavras.

— Como assim? — Bull pergunta, dando um trago em seu


cigarro. Seus olhos se apertam e eu não estou certo que é só a fumaça.

— Eu só não entendo como um homem poderoso como Stevin não


é notado por lá, — eu justifico.

Bull acena sua cabeça em concordância.

— Considerando o quão desleixado ele foi matando os porcos em


seu escritório, eu estou chocado em descobrir que ele não deixou um
rastro também, — eu admito.

— Hmm... Descubra quem é esse fodido, Locks, e volte para mim.


Eu quero tudo, de seu estado real até quem ele tem em seu bolso, —
Bull anuncia. Geralmente homens poderosos e saudáveis como Stevin
tem um monte de gente em suas folhas de pagamento, fodidos
gananciosos só querem dinheiro. Talvez se nós pudermos encontrar um
deles, nós podemos comprar alguma informação e conseguir uma pista
de Stevin.

— Vamos ter a casa segura limpa e estocada, vou levar as garotas


para lá. Eu quero três homens com elas o tempo todo. Shadow, eu
quero você na Dani, ela parece gostar de você. — Bobby bufa com o
comentário; fodido. Eu o chuto por baixo da mesa e o calo.

— Bobby, siga ao redor de Lady. Boa sorte, ela é uma vadia, —


Bull ri. — E peguem um novato também. Se vocês dois precisarem estar
em outro lugar, vocês peguem alguém para cobrir o seus lugares, — ele
comanda e se levanta.

— Pode deixar, — Bobby replica.

Bull bate o martelo para baixo e todos se levantam para sair. Eu


olho sobre Bobby que está vermelho no rosto de tentar conter sua
risada.

~ 58 ~
— Que porra é tão engraçada?

— Você está tão fodido, cara. — ele ri.

Eu jogo o pedaço de papel amassado que eu segurei em minha


mão nele. O fodido acha que essa merda é engraçada.

~ 59 ~
Capítulo Seis
DANI
Um barulho vibrante no criado mudo perto da
cama chama a minha atenção. É o celular de
Shadow. Se lê ‗Uma chamada perdida‘. Eu me
pergunto quem ligou para ele. Eu não posso parar a
suspeita em minhas tripas. Eu abro o celular. A
chamada perdida é de alguém que ele apelidou de
‗VADIA‘. Eu estou certa que ele tem um monte de
vadias. Ele provavelmente as numera, vadia 1,
vadia 2, eu poderia ser a vadia 3. Eu rosno para
mim mesma, pensando que eu, também, sou só
alguma vadia que o faz gozar. Eu aposto que a noite ele estará na cama
com uma vadia diferente. Bem, eu só irei ter certeza que ele pense em
mim enquanto faz isso.

Eu abro os contatos para por meu número de celular dentro. Para


o nome do contato, eu começo digitando ‗Dani‘. Inesperadamente, sua
voz de ontem ecoa em minha mente. ―porra, você cheira como o paraíso‖.
Eu sorrio para a memória. Eu apago o que eu digitei e coloco no nome,
‗Paraíso‘. Eu ângulo a câmera para mim mesma, levanto minha cabeça
de cama sexy com meus dedos e belisco minhas bochechas. Eu puxo o
lençol até meus peitos, mordo meus lábios e tiro a foto. Nada mal. Eu
pareço como se tivesse acabado de foder em sete tons em pleno
domingo, exatamente o que eu queria. Fará uma ótima foto de contato.
Se ele não apagar a foto, ele sempre se lembrará de mim e dele ontem à
noite.

O quão patética eu sou? Mesmo com o pensamento que ele me


usou, eu ainda o quero.

Eu me levanto para vestir algumas roupas. Pisando sobre minhas


calcinhas brancas, me lembra que eu perdi minha pureza. Meu clitóris
formiga só de pensar sobre como Shadow me pegou com seus jeitos
traiçoeiros. Meu corpo me trai facilmente enquanto ele fazia. Grr... Eu o
preciso empurrar para fora de minha mente, e o esquecer. Mas tendo
dado a Shadow algo tão especial como minha virgindade me faz sentir
conectada com ele de um jeito que eu sei que ele não compartilha. Eu
me sinto estúpida, e para ser honesta, um pouco machucada.

~ 60 ~
Eu agarro minha mala para ver se eu tenho qualquer roupa
limpa. Eu provavelmente deveria ver se há uma lavadora e secadora no
clube. Quão conveniente, um sutiã preto e uma calcinha de conjunto,
isso deve combinar com meu jeito promíscuo. Quando eu começo a
deslizar em minhas calcinhas, eu vejo sangue entre as minhas coxas.
Merda, eu preciso de um banho.

Eu deixo o chuveiro quente lavar tudo de ontem à noite. É


amargamente doce. Eu quero a prova de o que aconteceu fora de mim,
mas eu não quero. Eu agarro algum sabão e ensaboo entre minhas
mãos, cheira como Shadow. Eu sorrio com o reconhecimento. Eu
esfrego o sangue seco com o sabão, o cheiro de Shadow imergindo
dentro de minha pele.

Eu escorrego minha calcinha colorida cheia de pecado e o


soutien, abrindo a porta do closet para ver se há qualquer tipo de blusa
que eu posso me jogar. Com sorte, há algumas com a mão de um
esqueleto esmagando um crânio, a logo dos Devil‘s Dust. Eu pego a
preta e visto. Ela engole minha fina figura, então eu amarro o canto
inferior em um nó. Alcançando de volta em minha bolsa, eu encontro
shorts jeans azul e os visto.

Uma voz suave me surpreende.

— Merda, você nasceu para usar essa camisa. — é Shadow, me


estudando de cima a baixo com olhos gulosos. O som da sua voz trás
mágoas a minha alma e desespero para meus lombos.

— Você voltou, — eu respondo, tentando não soar animada. — Eu


não pensei que o veria de novo hoje.

— Sim, eu esqueci meu telefone, — ele diz, o agarrando para fora


do criado mudo.

Silêncio estranho preenche o quarto, nenhum de nós sabendo o


que falar sobre ontem à noite.

Ótimo, lá vem: ―Eu não queria que ontem à noite acontecesse‖,


ou, ―não é você, sou eu‖. Eu não acho que posso lidar com a rejeição.
Apesar de eu saber que isso era provável, efetivamente escutar que eu
fui só um caso de uma noite saindo de sua bela boca talvez me mate.

— Você não precisa explicar Shadow. Eu entendo. — meus olhos


começam a arder. Segurar minhas emoções pode ser mais difícil do que
eu pensei. Eu encaro a janela tentando evitar contato visual.

~ 61 ~
Shadow zomba. — Eu estou feliz que você entenda o que está se
passando, porque eu não tenho porra de noção nenhuma. — sua
confissão me joga em um beco sem saída. Ele está tão confuso sobre a
nossa química quanto eu? Há química? Talvez eu não seja só uma coisa
de uma noite. Eu balanço minha cabeça. Eu estou me apressando.
Esses jogos são exaustivos.

— Então, por que você não me dá uma pista, vendo o quanto você
tem tudo entendido? — ele diz, seu tom é ilegível.

Quando eu o encaro, sua expressão é sincera. Ele parece perdido


até.

— Dani, ontem à noite… — Shadow é cortado pela batida na


porta. Em pânico, eu começo a olhar ao redor do quarto, procurando
por algum lugar para enfiá-lo. Eu começo a empurrar Shadow em
direção ao closet em uma tentativa desesperada de o esconder.

— Você está falando sério? — ele sussurra, quando percebe que


eu o estou empurrando para dentro do closet.

— Sim, eu estou séria, — eu sussurro de volta. — E se for minha


mãe ou meu pai? Vá e fique quieto.

Eu fecho a porta do closet e noto a camisinha no chão perto da


lixeira. Merda. Eu a pego e jogo no lixo do banheiro, eu pego algum
papel higiênico e jogo por cima para a esconder. Eu corro de volta e
abro a porta que minha mãe está socando, tentando não parecer em
pânico.

— Nós acabamos com a nossa birra? — minha mãe pergunta,


entrando. Ela parece uma merda. Ela está pálida e ainda vestindo as
mesmas roupas de ontem à noite.

— Mãe, eu... — ela me corta, apontando para minha camisa.

— Que porra é essa que você está usando? — ela estala, seus
olhos tão extensos como um pires.

Eu olho para baixo, para camisa que estou usando. — Eu a


encontrei no closet. Parecia confortável, — eu confesso.

Ela anda até mim e a puxa para cima, tentando tirar de mim. —
Não. Nenhuma filha minha usará essa camisa, — ela diz,
fanaticamente.

~ 62 ~
— Para, — eu grito com ela, mas ela continua me agarrando. —
Saí de mim. — eu posso sentir meu rosto ficando vermelho, minha
temperatura corporal elevando, minha visão embaçando com raiva.
Finalmente, tendo o suficiente dela arranhando meus braços e pescoço
para pegar a camisa preta, eu estalo.

— Sai fora, porra! — eu a empurro violentamente, seu corpo


voando para o chão como roupa suja. Eu pulo de volta, assustada pela
minha falta de autocontrole e raiva. De onde isso veio? Eu tinha
empurrado minha mãe antes, até gritado, mas eu nunca tinha,
praticamente, a jogado como uma boneca de pano.

Ela está trêmula enquanto ela levanta. — O que deu em você,


Dani? Primeiro você está passeando ao redor com... com aquele
motoqueiro lixo, aí agora, usando essa terrível blusa como fosse um
membro do clube e agora você está violenta com a sua própria mãe. —
ela está histérica agora. — Isso é errado. Eu criei você melhor que isso.
Eu te dei uma vida melhor eu isso, inferno, eu te dei a vida. — além de
tremer, ela não está movendo um músculo.

— É a porra de uma camisa, — eu berro para ela enquanto ela


olha com uma encarada mortal.

— Não, não, isso é mais que a porra de uma camisa. Você está se
tornando uma deles, lixo de motoqueiro. Você está se tornando seu pai.
— ela se exalta e fica histérica, sussurrando aquelas últimas palavras.
Eu talvez tenha quase escutado as palavras, mas até seu sussurro
estava gotejando ódio.

— Sim, bem, eu nunca pedi por suas mentiras e traições, — eu


bato de volta nela em legítima defesa.

— Você sabe, eu tive uma premonição quando percebi que você


compartilhava os olhos verdes de seu pai. Eu amei aqueles olhos até
que ele me jogou de lado. Eu sabia que eu tinha que te esconder dele, te
manter no caminho certo, ou você se tornaria igualzinha a ele. — ela
está evitando contato visual, o que sempre eleva minhas suspeitas.

— O que há de tão errado em ser como ele? — eu pergunto.

— Sério? — ela diz, maliciosamente. — Você está aqui há um


minuto. Você não tem ideia do que ele é capaz, de nenhum deles. Eles
mentem, traem, matam, roubam. Eles não podem ser parados. Você fica
no caminho deles e eles matarão você.

~ 63 ~
Ela aponta para mim. — Aquele menino que você tem passado
um tempo... Mantenha distância. Ele só quer entrar nas suas calças,
você sendo a filha do presidente não o parará. Eu tenho nojo de homens
como ele. Ele é um mulherengo e ele é fodido da cabeça, — ela sem
rodeios cospe em mim.

Agora eu não a posso olhar nos seus olhos. Eu temo que ela
talvez veja que eu não sou tão pura quanto quando eu cheguei aqui.

— Todos têm alguns esqueletos no armário, — eu justifico.


Olhando para o closet agora, eu consigo narrar.

— Se eu escutar aquele garoto tentando se empurrar em você, eu


vou envolver o seu pai. Mexer com a filha do presidente não acontece
sem repercussões.

Caramba, eu me pergunto se ela disse essa mesma fala para


todos os garotos enquanto eu crescia, isso explicaria eles me dando um
pé na bunda repentino.

— Por que nós viemos para cá se você odeia tanto meu pai? Se
você odeia tudo sobre esse lugar? — eu aponto calmamente.

Ela suspira cansada. — Eu não tive escolha. É o que tinha que


ser feito, — ela sussurra, sua cabeça abaixada.

Ela pisa mais perto de mim. — Antes de você ir pensando que


você pertence ou saiba qual seu lugar aqui. Há leis do clube, algumas
que você nunca será capaz de se identificar. — ela endireita suas
roupas e sai.

Eu suspiro cansadamente enquanto a porta fecha. Wow. Quem


diria que só usar uma camisa faria minha mãe se comportar
loucamente. Talvez ela precise da minha terapeuta mais que eu. Parece
que ela tem um monte de problemas com o clube, então estar aqui
ainda é um mistério para mim. E o que ela quis dizer com ela tem nojo
de como Shadow é fodido? Eu me viro para o closet, esperando Shadow
sair.

— Shadow?

Ele abre a porta e sai, sua presença, de verdade, trazendo calma


para minha psique abalada.

— Você está bem? — ele pergunta.

~ 64 ~
— Tão bem como posso. Sinto muito que você teve que escutar
tudo isso.

Ele balança sua cabeça como se não tivesse incomodado por isso.

— O que ela quis dizer sobre você ser fodido? — eu pergunto. Eu


entendo a parte dele ser um mulherengo. Isso não foi chocante. Ainda
dói ouvir depois de acabar de dormir com ele, no entanto.

— Todo mundo tem um passado, Dani. Eu não sou perfeito, eu te


falei isso antes de você ir pra cama comigo. — ele late de volta.

Outra batida na porta nos tira de nossa conversa.

— Porra, você é popular, — ele diz irritado. Eu elevo minha


sobrancelha e miro meus olhos na direção do closet. — De novo, sério?
— ele pergunta irreverentemente, enquanto sobe de volta para dentro
do closet.

Com Shadow escondido, eu grito, — Entra!

Candy entra, isso deve ser bom. Ela tem um pequeno vestido
preto com saltos de puta pretos. Seu cabelo loiro está em belos cachos
soltos sobre os ombros. Ela é linda, ainda que vadia ao mesmo tempo.
Eu a odeio.

— Shadow está aqui? — ela pergunta docemente.

— Não, eu estou aqui, — eu a informo.

— Certo, eu estou bem certa que o vi entrando aqui, — ela replica


com uma alta quantidade de vadia em sua voz.

— Certo. Bem, como você pode ver, nada de Shadow aqui. — eu


retorno com o tanto de vadiez que eu posso reunir.

— Você é fofa. — seu tom doce é tão falso como seus peitos. — Eu
posso ver por que o Shadow gosta de você, — ela ri como se tivesse um
segredo que eu estivesse alheia.

— É mesmo? — eu pergunto, curiosa para saber aonde ela quer


chegar, mas tentando não soar assim.

— Ele vai comer sua inocência e te cuspir, querida. E isso, se ele


já não fez. — ela põe suas mãos em seus quadris, orgulhosa de si
mesma.

— Eu não sei do que você está falando. — eu minto, ainda me


sentindo defensiva.

~ 65 ~
— Eu tenho estado com Shadow por anos. Eu tenho visto garotas
vindo e indo. Não pense que só porque você é doce e inocente que ele se
importa com você, que você pode fazer ele se acomodar. Assim que ele
estiver acabado com você, ele voltará correndo para mim. Ele sempre
volta. No meio tempo, da próxima vez que você beijar aqueles lábios, se
lembre que eles estavam em mim muito antes de você. Seu pau? Em
mim também. Shadow não pode ter o suficiente de Candy. — ela crava
seu nariz no ar enquanto me bate verbalmente.

Minhas palmas estão suadas e minha respiração está ficando


superficial. Aqui está outra confirmação que eu sou só mais um entalhe
na cabeceira da cama de Shadow. Quantas mais vezes eu tenho que
escutar isso? Ela consegue ter Shadow tanto quanto ela quer e ela está
esfregando isso. Eu estou com inveja da puta, o que é uma merda.

Ela vira para sair, mas para; seu corpo metade para fora do vão
da porta.

— Oh, e pena de você. Se Bull descobrir que você está fodendo


com Shadow, só Deus sabe o que ele fará. — ela se vira e descansa seu
quadril no batente da porta. Essa não é a primeira vez que eu escuto
que meu pai matará Shadow por mexer comigo. É difícil envolver minha
mente sobre isso.

Vendo a confusão em meu rosto ela ri.

— É a lei. Ninguém pode mexer com a filha do presidente pelas


suas costas e não ser punido. — apesar do sorriso ainda em seus
lábios, seu tom é sério. — E eu estou certa que sua mãe não gostará
também. Parece que você e ela são vadias do mesmo tipo, huh,
dormindo com o homem que vocês não têm intenção de ter nenhum
envolvimento sujo. — ela gira em seus brilhantes saltos pretos e sai.

Eu deixo escapar o fôlego que tinha estado segurando. Eu estou


mais balançada do que eu queria estar sobre Shadow. Eu pensei que
estaria ok sendo um caso de uma noite, ou talvez até mesmo uma
aventura casual. Mas depois de escutar duas das mulheres mais
rancorosas que eu já conheci em minha vida, a dor parece insuportável.
O pensamento que eu era nada além de segundos desleixados depois de
Candy, bateu em todas as notas erradas.

Shadow abre a porta do closet devagar. Meu corpo está ferido, tão
apertado como uma víbora. Ele aproxima com cautela.

— Dani? — ele diz com preocupação.

~ 66 ~
— Só saia daqui, porra. — eu digo silenciosamente, evitando
contato visual.

— Dani, se acalme e me deixe explicar, — ele demanda.

Não há nada para explicar. Eu sou só um desafio para Shadow,


um ponto para ele. Não só ele conseguiu traçar a filha do presidente, ele
também pegou sua inocência. Eu sou só uma grande piada para ele. Eu
sinto arrependimento lavando sobre mim. Eu quero voltar a me sentir
entorpecida. Sentir entorpecida é melhor do que se sentir usada.

— Não, eu não quero que você explique, só saia da porra do meu


quarto agora. — eu olho diretamente dentro daqueles olhos danificados.
— Eu não quero você perto de mim, nunca, — eu digo calmamente,
esperando atravessar meu ponto. Ele só fica lá, parecendo estupefato.

Eu o empurro para porta, tentando segurar minhas lágrimas. —


Saia, lixo de motoqueiro. — eu grito, notando que em tempo de aflição
eu soo exatamente como a minha mãe, danificando meu ego muito
mais. — Eu não serei o novo brinquedo reluzente sempre que você
estiver entediado. — eu bato a porta na sua cara.

Eu olho para a porta e caio no chão. Como eu pude ser tão


ingênua? Eu realmente pensei que só porque eu dei a Shadow minha
virgindade que nós, de alguma forma, seriamos um casal agora, que ele
repentinamente se importaria comigo? Cara, eu sou sem noção
nenhuma. Eu era só uma nova bunda para ele, um jogo. Suas palavras
do nosso primeiro beijo instantaneamente tocam na minha mente. ―Mas
na realidade, você jamais poderia ser minha‖. Eu estou com tanta raiva
de mim mesma, como eu pude ver Shadow como qualquer coisa menos
que um playboy? Por que ele iria querer alguém como eu, quando ele
tem putas tirando suas calcinhas para ele?

— O que está acontecendo aqui fora? — eu podia escutar Bull


através da porta.

— Eh, ela não está feliz que eu tenho que a seguir em todos os
lugares, — Shadow diz. O quê? Isso é novidade para mim. Por que o
babaca tem que me seguir em todos os lugares? Como se isso não fosse
humilhante o suficiente, agora eu tenho que suportar estar ao redor
dele 24 horas por dia e 7 dias por semana.

— Sim, eu não achei que ela ficaria feliz sobre isso. — Bull
proclama, — A mãe dela vai ficar ainda mais brava.

— Dani, abra. — Bull demanda.

~ 67 ~
Eu sento aqui contra a porta, ignorando seu pedido. Eu preciso
de tempo para processar tudo, sozinha.

— Querida, eu só preciso me certificar que você está segura. Não


somente do namorado de merda da sua mãe, nós temos inimigos
também. É só mais seguro desse jeito. Shadow não mexerá com você.
Se ele fizer, ele responderá a mim. — sua voz é sincera, ele só está se
cerificando que eu fique segura. Eu ainda não posso responder, tudo
que eu quero é gritar.

Agora é quando eu desejo ter uma melhor amiga, alguém que eu


poderia derramar tudo. Ela poderia me falar o que fazer. Eu tenho
certeza que minha psicóloga, Victoria, teria um dia de campo com toda
essa informação. Eu tenho que me recompor, eu não posso deixar
Shadow, ou aquela vadia, Candy, ver o quão perturbada estou. Eu
sabia quando o deixei me pegar, que talvez terminasse ruim. Com toda
honestidade, eu preferiria viver com esse arrependimento, a nunca ter
tido a experiência. Eu tenho me sentido tão viva com Shadow. Será
difícil voltar ao entorpecimento que me sucumbiu antes.

~ 68 ~
Capítulo Sete
DANI
Aparentemente a casa segura foi limpa e
preparada para nossa chegada. Eu usei o tempo
amontoando minhas roupas sujas dentro da minha
mala para estabilizar minha respiração e acalmar.
Eu não sei por quanto tempo eu terei que aturar
Shadow como meu segurança, mas eu sei que eu
preciso manter meu juízo sobre mim, eu fui para o
quarto da minha mãe a checar, mas ela ainda
estava tentando reunir seus pertences, então eu fui
sozinha para o estacionamento.

Enquanto eu me aproximava do veículo que nos levaria para a


casa, um cara loiro de cabelo cachado com tatuagens por todos seus
braços alcança minha bolsa. Uma tatuagem em sua mão esquerda pega
minha atenção: TCB. Meus olhos arregalam: meu corpo fica tenso. Esse
é o cara que eu usei para fazer ciúmes no Shadow noite passada:
Bobby, se eu lembro direito.

— Bem, olá. — ele é charmoso, como todos os motoqueiros que


nós encontramos até agora.

— Uh, olá, — eu respondo, incerta se ele me reconhece e me


sentindo como uma completa idiota.

Ele tem olhos azuis claros e poucas sardas aqui e ali através de
suas bochechas. Ele é bonito. Sim, um menino bonito. Bobby parece
que pertence à capa de uma revista, apesar das tatuagens e da aura
motoqueira. Olhando com um sorriso de nocaute, eu estou certa que ele
é um abaixador de calcinhas como Shadow.

— Eu pego a mala dela, Bobby. Obrigado. — Shadow aparece


atrás de mim, pegando a mala da mão do Bobby. O homem é
implacável. Qual é a parte que ele não entendeu sobre ficar longe de
mim? Qual é a dele, tentar e me conservar como seu novo brinquedo
brilhante, ou ele sentiu pena de mim? De qualquer jeito, eu não estava
dando a ele essa satisfação.

~ 69 ~
— Eu mesma posso lidar com isso, muito obrigada. — eu agarro
minha mala de Shadow, que não a solta.

— Me dá a porra da mala, Dani, — ele late, com tom frio em sua


voz.

A boca de Bobby se eleva em um sorriso do gato Cheshire. —


Problemas no paraíso? — ele pergunta divertidamente, nos encarando.
Eu estou certa que nós parecemos uma bagunça, brincando de cabo de
guerra com uma mala rosa.

— Ótimo, pegue a porra da mala, — eu digo, soltando. Rosnando


através do seu peito musculoso, Shadow joga minha mala na traseira
da SUV.

— Alguém pode se fazer útil e pegar a minha mala. Está pesada,


— minha mãe interrompe, saindo da porta da casa do clube.

Shadow e Bobby se encaram antes de Bobby ceder e pegar a mala


dela. Minha mãe e eu nos estabelecemos no assento traseiro enquanto
Shadow e Bobby escarrancham suas motos atrás de nós. O prospecto
com o moicano que nos trouxe do aeroporto está atrás do volante da
SUV de novo.

— Qual é o seu nome? — eu pergunto, ao bater em seu ombro. —


Você tem dirigido pra gente por duas vezes e eu ainda não sei seu
nome? — eu estou admirada com a minha repentina audácia.

— Charlie. — eu esperei para ele dizer mais. Não, curto e ao


ponto.

Vendo que ele não é muito de falar, eu sento para trás e


permaneço em silencio pelo resto do caminho.

Minha mãe está ocupada mexendo com seu celular, ela está
sempre naquela coisa maldita. O rosto dela não está mais inchado. Ela
se parece consigo mesma.

Nós dirigimos para o norte, fora de L.A. e eu vi as ruas urbanas


desaparecerem antes de nós entramos em uma vizinhança suburbana.
Nós paramos na entrada de uma de uma casa de dois andares. É fofa e
simples por fora, não algo que eu marcaria como de um clube de
motoqueiros. Quando nós descemos da SUV, Bobby e Shadow
estacionam atrás de nós. A masculinidade crua vinda das motos faz
meu corpo vibrar com excitação.

~ 70 ~
Shadow desce de sua moto e tira seu telefone do seu bolso. — O
quê? — ele late na linha. Ele pega sua outra mão e a corre sobre sua
cabeça para trás e para frente, afofando aquele cabelo preto sexy dele.

— Você não sabe do que está falando. Eu não tenho nada... Não
faça ameaças a mim, ou eu irei te colocar no chão, porra! — ele bate
seu dedo no botão finalizar com fúria e comprime seu telefone de volta
em seu bolso. Bobby eleva sua sobrancelha em preocupação, mas
Shadow joga sua mão pra cima tipo ―não agora‖. Estranho.

Eu nem tento pegar minha mala e arriscar ter outro episódio na


frente da minha mãe. Eu caminho para porta e espero por todo mundo.

— É uma casa de três quartos, — Bobby diz enquanto destranca


a gigante porta branca. — o maior está no andar de baixo, eu pensei
que você iria querer ele, Lady. Lá em cima tem dois quartos e um
pequeno banheiro. Shadow e eu podemos ficar no beliche em um quarto
e você pode ter o outro, Dani.

Nós pisamos numa pequena área de entrada com escadas


conduzindo imediatamente para o segundo andar à direita. A sala de
estar é à esquerda e é feita em um suave bronzeado com tons de
vermelho e preto. Parece muito convidativo e aconchegante.

Enquanto eu começo a subir a escada, minha mãe pega meu


cotovelo. — Você vai ficar bem lá em cima sozinha? — ela questiona,
enquanto ela encara Bobby e Shadow. Ah, ela saiu do telefone e voltou
para ―modo de mãe preocupada‖.

— Sim, eu ficarei bem, vou trancar a porta. Sem preocupações, —


eu respondo, puxando meu cotovelo do aperto dela.

Eu paro no topo da escada, insegura de onde ir. Em frente de


mim está um dos quartos e há um corredor que dispara pra baixo a
esquerda, onde eu presumo que é onde o banheiro e o outro quarto
estão.

— Bobby e eu pegaremos esse quarto, tem duas camas nele. Você


pode pegar o outro no fim do corredor, — Shadow diz atrás de mim. Eu
posso escutar a voz muda de Bobby explicando onde tudo está para a
minha mãe. Apesar deu estar certa que ela está ignorando ele.

Eu agarro minha mala da mão de Shadow, nossos dedos fazendo


contato brevemente, fazendo eletricidade voar através de mim. Eu
seguro meu fôlego e viro corredor a baixo onde o outro quarto está

~ 71 ~
numa tentativa de mostrar que o toque não foi notado. Enquanto eu
estou indo, ele agarra a presilha do meu short.

— Eu ainda quero explicar as coisas, — ele diz maciamente.


Tanto quanto eu quero que ele explique, é melhor se ele não o fizer e só
ficar longe.

— Eu acho que é um pouco tarde para isso, você não acha? — eu


digo, levantando minha sobrancelha em irritação. Eu começo a andar
corredor abaixo e ele me agarra pelo braço, me parando mais uma vez.
Seu toque envia um fogo ardente de calor ondulando a minha pele
sensível.

— Não, não é tarde demais se você parar de ser uma vadia por
um segundo e me escutar, — ele protesta. Enfurecida com seu tom e
suas acusações, eu puxo meu braço de seu aperto e continuo descer o
corredor. Eu realmente quero bater em sua cara novamente.

— Eu não sou Candy, Shadow. Você estava certo, eu não deveria


ter me envolvido com você. Eu espero um pouco mais do que ser
segundos desleixados de alguém. Eu assumo a responsabilidade por ser
inexperiente e esperar mais, — eu digo, lançando cada palavra
animosamente. Eu abro a porta do quarto que eu ficarei e viro para
bater e trancar na cara dele.

— Você não pode me evitar para sempre, Dani, — sua voz abafada
vibra através da porta. Ele é implacável e eu o odeio por isso. Se ele
continuar com isso, eu não sei o quanto eu posso resistir. Eu o quero,
mas o quero a não ser que eu saiba que ele é todo meu.

— Eu estou vendo que você já conseguiu foder com isso, — a voz


de Bobby é balbuciada, então eu gentilmente coloco minha orelha
contra a porta para escutar melhor.

— Então, quando Bull te matar eu posso ter sua moto? — Bobby


pergunta, seu tom é completamente sério.

— Por que, cansado daquela Bobber? Pronto para uma moto de


um homem de verdade? — Shadow brinca.

— Sim, isso mesmo.

— Ela está sendo uma vadia. Eu sabia que eu não deveria ter
fodido com uma civil, especialmente ela. — Shadow diz, seu tom é sério
agora. O que ele quer dizer com civil? O clube é tão fora da civilização
que eu sou considerada uma civil?

~ 72 ~
— Talvez seja para o melhor, cara. Essa é a única buceta que você
não quer foder. Poupe o seu tempo. — Bobby diz, sua voz cortante e
fria.

Instantaneamente, eu estou brava. Tanto quanto eu e Shadow


devemos permanecer separados, isso não é o que eu quero: não importa
o quanto eu diga a mim mesma que é.

— Eu nem posso pensar direito, porra, — Shadow admite. Eu


sorrio sabendo que eu o afeto, eu me pergunto se qualquer outra garota
que ele já esteve o afetou ao ponto dele não poder pensar direito?

— Whippah! — Bobby grita alto. Não certa se eu decifrei certo o


que ele está dizendo através da porta, eu pressiono meu ouvido mais
forte através dessa.

— Eu não estou abatido por uma buceta, babaca. — Shadow


protesta.

— Whippah!7 — o som vem de novo, Bobby está tirando sarro de


Shadow. Eu fecho a mão sobre a minha boca tentando conter a risada
subindo em minha garganta.

— Cara, vai se fuder!

Bem, parece que Bobby sabe sobre ontem à noite. Ele e Shadow
devem ser bem próximos, porque eu não consigo ver Shadow saindo e
contando para todo mundo que dormiu comigo, a não ser que ele
honestamente tenha um desejo de morte ou que ele esteja realmente,
realmente orgulhoso de si mesmo.

Meu quarto aqui é muito melhor que o outro na sede do clube. As


paredes são roxo-claro e o carpete cor de areia é livre de manchas. Uma
cama tamanho queen ocupa a maioria do quarto com cobertas e capas
de travesseio roxas, preto e banco. O cobertor parece e cheira novinho.
Tem uma cômoda de madeira de carvalho cor de mel com um espelho
ligado, e um espelho do piso ao teto atrás da porta do closet. Algumas
das old ladys devem ter ajudado a decorar esse lugar, é distante da
decoração do clube.

Eu começo abrindo a minha mala quando uma leve batida vem da


porta. Eu juro que se for o Shadow eu o irei chutar nas bolas.

7 É um tapinha.

~ 73 ~
— Dani, sou eu. Abra, — Bull diz. Engraçado, eu não tinha
escutado o som de sua moto estacionar. Mas de novo, eu estava
ocupada tentando resistir ao Shadow e espionando.

Eu destranco e abro a porta. Ali está meu pai em largos e


desbotados jeans, uma velha camisa dos Rolling Stones, e seu colete de
couro preto. Seu cabelo preto está todo bagunçado e seus vibrantes
olhos verdes estão notavelmente em contraste. Mesmo como um homem
mais velho, meu pai é maravilhoso.

— Você está se acomodando bem? — ele pergunta, olhando o


quarto atrás de mim enquanto eu piso para o lado o deixando entrar.

— Sim, é muito melhor do que a sede do clube. Obrigada, — eu


respondo sinceramente, inspecionando o quarto com ele. Ainda assim,
eu de repente percebo que o clube teve sentido mais familiar para mim;
estranho.

— Sim, as old ladys se juntaram por vários meses atrás e


decoraram o lugar. Custou a porra de uma fortuna também. — ele
balança sua cabeça como se estivesse tentando esquecer o quanto deve
ter custado para definir isso no clube. — Contudo eu pedi a elas para
comprar novos cobertores esta manhã. Só Deus sabe o que estava sobre
esses lençóis depois de ontem à noite, — ele adiciona, apontando para a
cama.

— Eles parecem novos mesmo, obrigada.

— Eu vou mandar um dos meninos pegar pizza e filmes depois


para vocês. Você gosta de comédia romântica como sua mãe? — ele
senta no canto da cama.

Minha mãe gosta de comédia romântica? Eu nunca soube disso.


De fato, eu não poderia lembrar a última vez que minha mãe sentou e
assistiu a um filme comigo.

Eu sacudo minha cabeça para afastar minha festa de auto


piedade. — Uh, qualquer coisa está bem. Eu assisto qualquer coisa
realmente, — eu respondo, sentando ao lado dele. Ele sabia tanto sobre
minha mãe e eu senti como se eu não soubesse de nada. O que ele
sabia sobre ela parecia completamente diferente da pessoa que ele
estava falando.

— O que aconteceu entre você e minha mãe? — eu digo, — ela me


contou o lado dela da história, mas qual é a sua? — seus olhos atiraram
nos meus. Eles foram de vibrante e brincalhão para francamente triste

~ 74 ~
num flash. Talvez esse tópico fosse verdadeiramente seu inferno vivido.
Mas eu preciso saber.

Crescendo na sombra de sua inconsciência por mim não foi


exatamente um piquenique. Ele coça a barba por fazer em sua
bochecha, fazendo som como lixa, perdido em pensamento.

— Sua mãe e eu erámos inseparáveis. Onde quer que eu


estivesse, ela estava. Eu lembro como se fosse ontem. Ela estava aqui
para as férias de primavera quando nos conhecemos. Ela nunca voltou
para Nova York e largou a escola para estar comigo. Seus pais a
renegaram. Eles eram um casal de fanáticos, então quando eles
descobriram que ela estava distante, pecando comigo, eles a cortaram
do seu testamento, — ele pausa e olha dentro dos meus olhos. — Ela
era diferente de qualquer garota que eu já conheci, com classe. Ela
sempre agiu como uma lady, mas quando você a atravessava, ela era
feroz. Ela me disse que me amava um dia e eu me assustei. Ela não
entendia o clube... odiava que eu gastava meu tempo lá. Inferno, eu não
era nem mesmo presidente na época, meu pai era. Eu não pensei que
eu seria capaz de me apaixonar e eu achei que ela merecia melhor. Eu
só precisava conseguir colocar minha cabeça no lugar, você sabe...
descobrir onde estávamos indo, onde eu estava indo. — ele estala seus
dedos e toma uma longa respiração.

— Nós tínhamos uma garota chamada Roxy, com quem eu dormi


muito antes de encontrar sua mãe. Ela veio para o clube um dia e
começou a tirar a roupa em meu quarto. Eu falei que aquela merda
entre nós estava acabada, mas ela só continuou correndo sua boca e
montou em meu colo. Foi aí que sua mãe entrou. Eu tenho certeza que
pareceu terrível. Eu deveria ter empurrado Roxy do meu colo, mas eu
não o fiz, e o fato que eu estava chapado em pó o suficiente para matar
um cavalo não ajudou. Lady correu para fora antes de eu poder a
alcançar e explicar. — ele exalou profundamente como se finalmente
estivesse liberando o fôlego que ele tinha tomado minutos atrás.

Minha mãe sabia que não era o que parecia entre meu pai e essa
garota Roxy? A conhecendo, ela não teria se importado, minha mãe é
muito orgulhosa. Mesmo assim, eu odeio a imagem que ela pintou do
meu pai quando essa imagem é embasada. Se o que ele está me dizendo
é verdade, ele não é uma má pessoa. Bem, não no departamento do
romance de qualquer forma.

— A fofoca ao redor do clube era que Roxy tinha falado à Lady


que ela não pertencia a este lugar e que eu me cansaria de Lady e
voltaria correndo para ela. Ela estava profundamente na cabeça da

~ 75 ~
Lady, pelo que me contaram. Eu estava cego pela porra da coisa toda,
sua mãe nunca disse uma palavra para mim sobre isso. Depois que eu
escutei que Roxy a vinha atormentando, eu me dei conta disso. — isso
soa assustadoramente familiar.

— Roxy não vem mais ao redor depois da surra que ela tomou das
old ladys, mas agora sua filha é uma das que curtem ficar ao redor.
Acho que ser uma puta do clube corre nos genes da família. — ele diz
exatamente o que eu estou pensando.

— Quando sua mãe me ligou no outro dia, eu realmente pensei


que eu talvez a conseguiria de volta, que eu poderia consertar o que eu
fodi. Mas quando eu a vi, eu sabia que ela tinha sua mente feita sobre
mim há muito tempo atrás, que não haveria volta. — ele desabou, seus
cotovelos sobre seus joelhos, encarando a parede. Eu coço suas costas
em respeito, incerta do que dizer.

Ele empina sua cabeça para o lado e olha pra mim.

— Foi para o melhor; a vida do clube não é para os fracos. É duro


para a mulher, especialmente para Lady. — suas palavras são atadas
com arrependimento e culpa. Eu sinto por ambos meus pais nesse
ponto. Eu tenho visto as mulheres ao redor do clube, é mais difícil para
as garotas.

— Quem é a filha da Roxy? — meu lado enxerido quer saber qual


das vadias atuais carregam os genes dela.

Ele olha para mim curiosamente, perguntando por que eu me


importaria, eu tenho certeza.

— Candy.

Seu nome me bate como um ônibus, meu fôlego pega em meu


peito. Os comentários que ela fez mais cedo fazem mais sentido agora.
―Parece que você e ela são putas iguais, huh, dormindo com homens
que vocês não têm intenção de ter um relacionamento sujo.

Eu não quero que meu pai veja o efeito que a puta tem em mim.
Eu posso lidar com as minhas próprias batalhas. Então eu engulo o
caroço em minha garganta e tento soar o mais casual que posso.

— Oh sim, eu acho que eu tenho visto ela ao redor do clube, a


loira magrela? — isso se parece como uma puta metida e eu quero socar
meu pulso no rosto dela... Cara, eu tenho muita agressão presa dentro
de mim.

~ 76 ~
Ele acena sua cabeça em reconhecimento. Ele parece
despreocupado, missão cumprida. Eu já não gostava de Candy e isso só
fez piorar. Ela pode agradecer sua mãe por isso.

— Bem, eu tenho negócios do clube para ir. Se você precisar de


qualquer coisa, avise a um dos garotos. Eu geralmente estou no clube,
mas, se não, eles saberão como entrar em contato comigo. Uma hora ou
outra nós pegaremos esse Stevin babaca. Ele está desaparecido por
agora, mas você está em boas mãos, querida, tenho um dos melhores
caras seguindo vocês. — ele inclina para baixo e beija minha testa, seus
lábios macios em minha pele, eu nunca tinha sentido amor paternal
antes. É bom.

Ele me deixa sozinha com meus pensamentos. Eu me pergunto


por que ele não contou para minha mãe que ela o entendeu errado.
Mesmo se ela não pudesse acreditar nele antes, ela poderia agora. Mas
de novo, talvez ela já tenha a cabeça feita a respeito e ele estava certo,
ela não se importava. Quem sabe? O relacionamento está tão
complicado como nunca, isso faz minha cabeça doer só de pensar sobre
isso.

Talvez Shadow pense que eu não mereça estar do clube. Isso


explicaria muito. Vendo como Roxy era uma iniciante de merda, talvez
eu devesse pegar o que Candy diz como um conselho. Ou talvez eu
devesse apenas bater em Candy pelos últimos 21 anos da minha vida,
já que foi a mãe dela quem realmente pavimentou a minha estrada do
inferno. Eu suspiro. De onde estão vindo todos esses pensamentos
ferozes? Eu nunca fui violenta, nem mesmo em meus pensamentos.
Talvez o meu verdadeiro eu esteja vindo à tona por eu estar próxima ao
meu pai, meu verdadeiro sangue.

~ 77 ~
Capítulo oito
DANI
Está escuro, tudo que eu posso ver são
vislumbres da face suada de Shadow pela luz da lua
que funde um brilho através da janela. Nossos
corpos estão escorregadios com esforço, e nossas
respirações duras e necessitadas. Meu corpo vibra
com ganância e intimidade. O corpo do Shadow se
apega ao meu, enquanto ele estoca profundamente
dentro de mim, grunhindo como uma fera.
— Eu morrerei antes de te deixar ir, Dani, —
ele sussurra contra minha bochecha, sua barba por fazer arranhando
minha pele, me lembrando do homem másculo que me reivindica. Meu
corpo arqueia por mais enquanto eu rogo para ele me tomar. Eu não me
importo se minha mãe nos descobrir, e ele não se importa se meu pai o
matar. Nós não podemos negar a atração que nos consome, e nos
marca.
— Sim, Shadow. Eu sou sua, — eu arfo. — Me tome. — eu sinto
um toque leve como pluma acariciando minha bochecha, passeando por
meus sonhos. Meus olhos tremem abertos e eu vejo Shadow em pé
acima da minha cama. Seus dedos calosos em concha sobre minha
bochecha. Eu sento e esfrego o sono dos meus olhos com as costas da
minha mão, seu toque é sensual. Ele está usando novamente aquelas
calças de cintura baixa e nada mais. Minhas mãos doem enquanto eu
as tento impedir de alcançar o toque daquele peito macio e sedoso.
— Você está dormindo a algumas horas. Nós temos filmes e pizza
se você quiser, você tem que estar com fome. — sua voz é profunda,
grossa e carinhosa. As borboletas moldam em meu estômago e meu
corpo arde com a excitação que estou tentando dissimular.
— Uh, sim. Eu estarei lá em baixo em alguns minutos, — eu
respondo, tentando olhar para qualquer coisa no meu quarto menos o
Deus da perfeição. Contudo, a águia em seu bíceps me fisga em uma
armadilha como o predador ameaçador que é. Eu estou hipnotizada
pelo modo que o pássaro dança em seu braço.

~ 78 ~
— Okay. — ele levanta como se quisesse dizer mais, mas
eventualmente vira em seu calcanhar e sai. O feitiço é quebrado, eu só
pego seu pé antes da porta fechar. Os pés descalços de Shadow são de
alguma forma apelador e amável. Eu paro no banheiro em meu
caminho para me unir aos outros, jogo água fria em meu rosto, meu
sonho me deixou uma bagunça suada. Eu entro na sala de estar para
encontrar os caras amontoados ao redor de caixas de pizza abertas e
alguns filmes. Eles estão xingando sobre qual eles irão assistir. Eu
aposto que nenhum deles perguntou a minha mãe se ela queria alguma
pizza, mas quem os pode culpar? Ela não tem sido a humana mais
acessível. Eu caminho até o quarto da minha mãe e a escuto falando. A
porta está ligeiramente aberta, então eu paro bem fora de sua linha de
visão e escuto. Sendo bisbilhoteira é a única forma de descobrir
qualquer coisa aqui, eu deveria ter começado isso há muito tempo
atrás.
— Não é como eu tivesse muita escolha em vir aqui! — eu escuto
ela estalar com quem quer que seja no outro lado. — Você está falando
sério? Você me quer aí?... Bom... Ela ficará bem aqui. Eu posso voltar e
se ela vir algo... Sim, eu irei agora, — ela diz raivosamente. Onde ela
está indo? O que ela quer dizer se eu ver algo? Isso é o que espionagem
me dá, mais perguntas e nenhuma resposta. Eu não escuto mais a sua
voz, então eu bato na porta.
— O quê? — ela grita. Eu abro a porta e vejo o telefone em uma
mão e ela roendo as unhas uma atrás da outra. Eu me pergunto com
quem ela está falando. Talvez seja meu pai, mas eu seria louca em
perguntar.
— Eles compraram pizza e filmes, quer se juntar a nós? — eu
pergunto levemente, não querendo a irritar mais do que ela parece
estar.
— O quê? Não, eu estou bem. Eu estou indo para o clube. Você
ficará bem aqui sozinha? — ela pergunta, calçando seus sapatos.
— Sim, eu ficarei bem. Eu tenho meu celular se algo der errado,
— eu comento, tentando aliviar ela por me deixar para trás. Mas por
que ela está indo para o clube?
— Ótimo. Se você vir qualquer coisa que te deixe desconfortável
me ligue, ok? — ela caminha passando por mim em direção à sala de
estar.
— Algum de vocês pode me levar para o clube? — ela fala como
uma pergunta, mas sua voz soa como uma exigência.

~ 79 ~
— Merda, — Bobby diz pegando um pedaço de pizza. — Sim, eu
posso se você me deixar comer primeiro. Eu estou morrendo de fome.
— Está tudo bem, eu cuido disso, garotos, — Charlie diz
terminando um pedaço de pizza.
— Ótimo. Vamos, — ela diz caminhando para fora da porta.
Minha mãe odeia meu pai. Gostaria de poder dizer que eu era otimista e
meus pais voltariam a ficar juntos, mas eu sei que o inferno congelaria
para isso acontecer. Eu pego um pedaço de pizza e caio no sofá oposto
ao de Shadow e Bobby. Eu tiro meu celular do bolso para seguir as
redes sociais, qualquer coisa para não ter que olhar para Shadow e sou
corpo deslumbrante. Eu posso sentir ele me olhando, me fodendo com
os olhos. Eu tenho que o manter a um braço de comprimento. Eu me
queimei o suficiente. ―Ping‖. Meu telefone acende, me alertando sobre
uma mensagem de texto de um desconhecido.
Parece que alguém tem brincado no meu telefone – S.
Merda! É a foto que eu coloquei lá essa manhã, antes de tudo
realmente ir à merda. O que eu estava pensando?
Só apaga isso, foi um erro, não vai mais a fundo. – D.
Então, você gemendo meu nome em seu sono, isso foi um
erro? – S.
Minhas narinas se alargam e meu rosto se torna vermelho de
vergonha. Antes de eu poder responder, meu telefone apita com outro
texto.
Oh, eu não estou apagando isso! Eu quero me lembrar de você
assim, completamente fodida por mim – S.
Lembrando que eu não sou nada mais do que um brinquedo de
sexo para ele, meu corpo vibra com raiva. Em um ponto, um ponto
quando eu estava tão estimulada e excitada por Shadow, eu não me
importei quais os termos eram, eu só o queria. Depois que a percepção
bateu em mim esta manhã, eu percebi que não posso me permitir ser
fraca de novo. Eu tenho que manter meu autocontrole. Eu desligo meu
telefone e empurro no meu bolso. Eu foco meus olhos no filme, parece
ser uma comédia de algum tipo. Eu posso sentir Shadow me encarando,
me deixando inquieta. Eu olho de volta e ele dá aquele sorriso de lobo
que faz minha calcinha molhada.
— Bem, esse filme é uma droga, — Bobby expressa depois dos
créditos finais surgirem. Ele alcança à frente e agarra sua cerveja da
mesa de café, sua tatuagem TBC captura a minha atenção novamente.

~ 80 ~
— Afinal, o que TBC significa? — eu pergunto genuinamente
curiosa. Bobby olha sua mão.
— Taking Care of Business 8 . Você gosta? — ele flexiona seus
dedos fazendo a tatuagem mover levemente no topo da sua mão.
— Como a música, Taking Care of Business? — ambos começam
a rir, gargalham até a barriga doer. O que é tão engraçado? Minhas
orelhas e bochechas esquentam, o sangue correndo nelas em
constrangimento.
— Não, é só algo que nós dizemos com frequência no clube.
Cuidando dos negócios, — Bobby me informa, depois de controlar sua
risada. Eu olho sobre Shadow, seus olhos encapuzados com desejo.
Parece que toda vez que eu me faço de boba ele fica excitado.
— Oh, você tem outras tatuagens? — eu pergunto a Bobby,
sabendo que ele me mostrará. Ele levanta do sofá e puxa sua camisa
preta desgastada sobre sua cabeça de cachos loiros. Seu corpo é
torneado e bronzeado como o de Shadow, mas coberto em tatuagens.
Eu levanto e com meu dedo, traço uma tatuagem de caveira que ele tem
ao longo de um músculo peitoral. Sem quebrar contato, eu deslizo a
ponta do meu dedo através de seu peito dourado para seguir o esboço
de ‗Live to ride, ride to live9‘ pintado bem em cima de seu outro mamilo.
Eu posso sentir seu corpo endurecer sob a trilha de carícia que meu
dedo deixou para trás. Ele definitivamente está arrebatado, mas eu não
sinto nada quando eu o toco, nada como as chamas que eu senti com
Shadow. Eu olho para cima e vejo a mandíbula trincada de Shadow, ele
está bem em frente, encarando fixamente e tomando um gole de sua
cerveja atentamente.
— Elas são legais, — eu digo alegremente. — Eu mesma gostaria
de ter uma tatuagem. — ver tanta tinta ao meu redor nesses últimos
dias me fez enxergar as tatuagens por uma luz diferente.
— Você gostaria? — Shadow e Bobby dizem ao mesmo tempo,
claramente chocados que alguém com a minha educação iria querer
fazer uma tatuagem. Eu trilho meu dedo sobre a lâmina do ombro de
Bobby e vou para a cozinha para pegar uma cerveja para mim, não
resistindo olhar sobre meu ombro para ver as consequências das
minhas ações.

8 Cuidando dos negócios.


9 Viva para montar, monte para viver.

~ 81 ~
— Eu acho que ela me quer, — Bobby implica com Shadow
enquanto ele agarra sua cerveja da mesa de café e dá um gole. Shadow
soca Bobby no braço, reverberando a sala com um ‗smack‘.
— Ow, babaca! — Bobby grita, esfregando seu braço onde Shadow
acabou de enterrar seu pulso.
— Então, o que nós assistiremos em seguida? — eu pergunto, me
jogando no sofá oposto a eles. Eu tomo um gole da minha cerveja,
assistindo Shadow enquanto ele levanta para colocar o próximo filme.
— Eu coloco um pra você, — Shadow diz, sua bela boca curva em
um sorriso malicioso. Assim que o filme começa, eu escuto uma
misteriosa música tocando. Ele senta bem ao meu lado. Eu sei o que ele
está fazendo. Ele coloca um filme de terror esperando que eu chegasse
perto dele nas partes assustadoras. Bastardo. Eu corro tão longe
quanto posso no sofá. Talvez não conseguir nos foder com os olhos irá
me permitir realmente assistir o filme. Mas sentando perto dele traz seu
cheiro para as minhas narinas e meu corpo começa despertar
instintivamente. Sua presença bem ao meu lado talvez faça isso mais
difícil do que nos foder com os olhos à distância. Do jeito que Shadow
planejou, toda vez que algo inesperado acontece no filme, eu pulo e
chego mais perto dele. Perto do fim do filme, eu estou tão perto que eu
posso sentir sua respiração quente na minha nuca. Ele coloca sua mão
em meu joelho, me provocando enquanto ele escorrega vagarosamente
para minha coxa. Meu coração está acelerando; batendo tão alto que eu
estou certa que ele o pode escutar. Eu olho para cima através de meus
grossos cílios pretos e vejo seus tempestuosos olhos azuis me
encarando de volta atentamente. Eu estou atraída pelo Shadow como
uma mariposa pela chama. Eu não tenho chance de derrotar seu
magnetismo. Se ele me quer só para sexo ou algo mais, ao menos ele
parece não poder me deixar sozinha também.
— Oh, merda! — Bobby exclama, nos fazendo pular
separadamente e me batendo de volta à realidade. Eu preciso me
distanciar de Shadow. Estar tão perto dele é caminho certo para acabar
na cama dele de novo; só caminhando para me arrepender de minhas
ações.
— Uh, eu estou indo para a cama, — eu digo, pulando do meu
assento.
— Noite, querida, — Bobby diz, acenando sua mão no ar, não
tirando seus olhos da tela. Shadow levanta e começa a subir os
degraus. ―Por favor, não me siga, por favor, não me siga.‖ Eu digo para
mim mesma. Ele não me segue, e eu estou meio que desapontada. Meu

~ 82 ~
corpo e mente estão me fazendo sentir bipolar. Eu escorrego para fora
dos meus sapados, meias e shorts e desamarro o nó da camisa do
Devil‘s Dust. Eu removo meu sutiã como uma ninja, mas deixo a
camisa para dormir. Eu não estou nem cansada; eu acho que eu posso
escutar alguma música. Eu cavo através de minha bolsa por meu iPod
quando do nada eu escuto algo similar a foguetes. Pop! Pop! Pop! Pop!
As paredes vibram com cada pop. Eu caio para o chão e ponho minhas
mãos sobre minha cabeça em pânico. Eu escuto alguém gritando meu
nome à distância. De repente, minha porta voa aberta e Shadow se joga
sobre mim.
— Fique no chão, Dani, — ele grita sobre o caos. Eu posso sentir
seu coração batendo enquanto seu peito cobre minhas costas, me
protegendo do mundo hostil ao nosso redor. Tão rápido como começou,
tudo fica silencioso e parado.
— O-o-o-o que foi isso? — eu pergunto freneticamente.
— Balas. Você está bem? — ele pergunta, levantando seu corpo
do meu. Balas? Alguém estava atirando em nós? Eu posso sentir meu
coração martelando, tentando alcançar com minha respiração frenética,
me fazendo sentir tonta. Shadow pega meu rosto com ambas de suas
mãos.
— Olha pra mim. Respira, baby, — ele diz calmamente, sua
ternura não passando despercebida. Eu pego seus pulsos e encaro seus
olhos tempestuosos enquanto eu inalo uma respiração profunda.
— Baby? — eu repito, confusa que ele me chamaria assim. Baby é
um termo que você usa para alguém que você se importa. Eu não sou
isso, sou? Os olhos de Shadow se arregalam. Ele nem mesmo percebeu
que ele me chamou assim no calor do momento. Ele solta suas mãos do
meu rosto, quebrando contato instantaneamente. Eu olho para baixo
em meu corpo e tateio ao redor; tendo certeza que meus membros ainda
estão intactos. Ainda olhando para baixo, para mim, eu vejo um sangue
pingando no chão. De onde isso está vindo? Eu tenho certeza que eu
não fui atingida. Eu recuo do grosso gotejamento de sangue para
encontrar vindo do braço de Shadow.
— Shadow, você está sangrando. Você levou um tiro! — eu grito,
apontando para o seu braço. Ele olha para baixo onde eu estou
apontando.
— Oh merda! Eu levei um tiro, — ele diz surpreso. — Eu ficarei
bem. Você está bem? — ele olha para o seu braço de novo e de volta
para mim. Sério, essa é a reação dele sendo alvejado? Eu aceno minha

~ 83 ~
cabeça que eu estou bem, fisicamente. Mentalmente, eu não estou certa
ainda.
— Ela está bem? — Bobby pergunta, correndo para dentro do
quarto.
— Sim, ela está bem. Apesar de um me acertar. — ele levanta seu
braço para mostrar o dano.
— Você deu uma olhada em quem era?
— Nah cara. Motos, mas eu não pude dizer quem, — Bobby diz,
pegando uma olhada para o braço de Shadow, depois para mim. De
repente eu estou ciente que eu estou só em uma camiseta e calcinha.
Eu pego a parte de baixo da camisa e a tento puxar mais para baixo
para me cobrir, mas eu não estou realizando muito. Shadow pega meu
short do chão e o me entrega.
— Coloque, você está me matando nessa merda de camisa. — sua
confissão me faz sorrir. Eu amo saber que eu o afeto.
— Eu vou ligar para Bull, — Shadow diz, puxando seu telefone
para fora de seu bolso. Seu braço ainda gotejando sangue vermelho
escuro no carpete creme. As old ladys irão ficar bravas. Eu corro para
dentro do banheiro e retorno com uma toalha encharcada. Eu a envolvo
ao redor de seu braço e puxo apertado em um nó. Ele estremece com o
contado severo que a toalha faz quando aperta sua ferida fechada.
— Sim, ela está bem, — ele diz, sobrevivendo meu rápido
trabalho. — Só eu... Não, não é tão ruim, mas eu precisarei da Doc10...
Eu não acho que foi ela, a não ser que ela se juntou a um clube
ultimamente... Sim, ela está indo nessa direção agora. — Shadow
empurra seu telefone de volta para seu bolso.
— E aí? — Bobby pergunta.
— Ele queria saber se eu achava que minha mãe está atrás disso.
Ela deixou uma mensagem de voz demandando drogas ou dinheiro, ou
ela iria pegar Dani. Você disse que eles estavam em motos, então a não
ser que ela entrou em um clube ultimamente, não foi ela. Eu direi mais
depois. Vamos.
Ele está falando com o Bobby como seu eu não estivesse no
quarto. Bobby acena sua cabeça em entendimento. Eu estou
boquiaberta. Quem é a mãe de Shadow? Que tipo de mãe exige drogas?
Como ela sabe sobre mim? Por que ela me usaria como barganha? Eu

10Doc é um apelido de uma doutora no livro. Não é abreviação de doctor, é Doc


mesmo.

~ 84 ~
abro minha boca para verbalizar minhas perguntas, mas Shadow me
corta.
— Ele nos quer no clube; não é mais seguro aqui. Embale suas
merdas, Dani. — ele pausa e aponta para a toalha no braço dele.
— Onde você aprendeu a fazer isso?
— TV, claro. — eu digo sorrindo, ganhando um sorriso torto dele
em retorno.

~ 85 ~
Capítulo nove
SHADOW
Os pequenos braços de Dani estão enrolados
em volta da minha cintura enquanto voltamos para
o clube na minha moto. Ter ela ao meu redor me
ajuda com a dor que está arranhando no meu braço
direito. Ajuda com outra dor também, mas eu não
tenho certeza se eu estou pronto para admitir isso.
Quando eu ouvi o primeiro tiro, corri através da sala
de estar e acima nas escadas o mais rápido que
pude, minha única missão era chegar até ela. Eu
ainda fui acertado pela porra de uma bala no
processo. Eu nem percebi que tinha sido atingido, minha adrenalina
bombeando tão alto. Querer outra coisa além de enfiar meu pau em
Dani, me põe nervoso.

Quando eu estou perto dela, porém, eu penso em outra pessoa


além de mim mesmo. E ela me faz sentir respeitado; como quando ela
cuidou da minha ferida de bala, ninguém jamais demonstrou se
importar tanto comigo. Eu sou leal aos meus irmãos e eu colocaria
minha vida em risco por eles, e eles por mim. Não é como a companhia
de uma mulher, e a companhia de Dani é muito para querer.

Eu amo Bobby como meu próprio sangue, mas quando Dani


tinha suas mãos sobre ele, eu quis apontar minha arma para o pau
dele, bem ali. E ele vendo ela vestida apenas com a camisa Devil‘s Dust
e calcinha me fez ver vermelho. Eu não sou o tipo ciumento, essa cadela
tem torcido algo profundo em mim. Eu tenho tentado negar que pode
haver algo maior do que sexo com Dani, mas isso foi antes de balas
entrarem voando na casa. Eu nunca estive tão assustado sobre garantir
a segurança de outra pessoa na minha vida, com exceção de Bobby.
Esse filho da puta esteve em algumas situações fodidas.

Mulheres é uma raça assustadora. Eu vi de primeira mão que


elas podem ser perniciosas e venenosas, como minha mãe. Minhas
paredes foram construídas grossas por cicatrizes vis, mas as ter jogado
sobre a Dani, me fez sentir arrependimento pela primeira vez. Superar
essas paredes pode ser mais do que estou disposto a dar e mais do que
a Dani está pronta para lidar.

~ 86 ~
Está silencioso quando nós estacionamos no clube. A maioria dos
caras está em casa com suas Old Ladies.

Quando nós entramos, Bull está no bar com Hawk, nosso


tesoureiro. Hawk é mais velho do que a sujeira e tem estado por aqui a
mais tempo do que qualquer um de nós. Ele sempre reclama de como o
mundo é uma merda hoje em dia, e que antigamente ele tinha que
caminhar através da neve em todos os sentidos, esse tipo de besteira.
Nós temos que sentar aqui e ouvir ao velho bastardo por respeito, mas
cara, o homem é um idiota.

Bull fica de pé e vai direto para Dani, a inspecionando por


qualquer arranhão ou ferida. Sem dúvida, se a princesa do clube tivesse
um pequeno arranhão em sua linda cabecinha, minha bunda ia estar
na sua mira.

— Você está bem, querida?

— Sim, eu estou bem. Foi um pouco assustador, mas eu estou


bem. — você pode dizer que ela está tentando ser dura, mas no fundo
ela está com medo como uma merda.

— Eu não pude fazer caber às merdas dela ou de sua mãe na


minha garupa, melhor enviar Charlie para trazer de caminhão.

— Vou mandar alguém de manhã. Não quero que, quem quer que
fosse, volte e encontre um dos meus homens lá embalando. Vamos
sentar e descobrir essa merda, podemos atualizar o resto dos caras na
parte da manhã. — ele passa a mão sobre o rosto sujo. Ele sempre faz
isso quando está tentando entender alguma porra.

— Onde está minha mãe? — Dani pergunta, olhando ao redor da


sala. Nós não vemos sua mãe há horas; estou tão curioso quanto ela
para saber onde a cadela está.

— Ela estava bebendo doses com algumas das meninas, tomou


um pouco mais do que poderia suportar. Ela está no quarto, no que fica
no final do corredor. Garotas de sua idade não podem lidar com a
bebida como costumavam fazer, isso é certo, — Bull ri para si mesmo.

Os olhos de esmeralda de Dani ficam ocos e parecem perdidos,


um olhar que ela normalmente tem quando Bull fala sobre Lady. A
mulher da qual ele fala e a mulher que nós vemos são completamente
diferentes. Eu acho que isso ferra com Dani, ela não sabe realmente
quem sua mãe é. Pelo menos eu sei que minha mãe é um pedaço de
merda.

~ 87 ~
Está me matando não tocar Dani, e a confortar de alguma forma.
O que no inferno eu estou pensando? Porra! A forma como ela me atrai
me assusta pra caralho. Bull sempre diz, essa vida não é feita para
mulheres. Escolha sua mulher com cuidado e pise levemente em torno
delas quando se trata de negócios do clube. Pobre Dani, não tem sido
tratada com leveza, ela tem sido jogada profundamente na merda do
clube. Eu a quero proteger; do clube e de mim. Bull tem um ditado que
ele diz a todos nós muitas vezes: ―Deseje como um santo e confie como
um pecador.‖ Eu me lembro de como Bobby e eu ficamos confusos
quando ele nos disse pela primeira vez. Ele nos fez refletir sobre isso por
um tempo, mas não fazia nenhuma porra de sentido. Bull
eventualmente nos disse, ‗Deseje como um santo‘, significa que ninguém
é tão bom como parece, nem mesmo os santos. E ‗confie como um
pecador‘, quer dizer para não confiar em ninguém, porque ninguém vai
confiar no pecador que você é. Coisa que eu preciso ficar lembrando o
tempo todo ao redor de Dani.

— Isto... — Bull parou, tentando escolher suas palavras com


cuidado. — O que aconteceu esta noite... ela vai perder a cabeça. — ele
termina, exasperado. Nenhuma dúvida que a mãe de Dani vai pirar,
quem sabe o que ela vai fazer. Eu não confio na cadela, disso eu sei.

— Ela não precisa saber, — Dani diz, com tanta força que me
choca. — Nós podemos inventar uma razão para precisarmos estar
aqui, ao invés da casa. — talvez ela tenha um pouco mais de fogo
debaixo da bunda do que nós tínhamos imaginado.

Bull ri; inferno, todos nós rimos.

— Minha filha. Eu acho que tem um pouco de Devil‘s Dust em


você no fim das contas. Mentindo para sua mãe você me faz orgulhoso
como a porra. — Bull tem o maior sorriso pateta que eu já vi em seu
rosto feio. Eu juro que se essa merda de sorriso ficar maior, seu rosto
vai rachar.

A verdade é, por mais angelical que Dani pareça, eu posso ver a


escuridão que corre em suas veias nadando ao redor como tubarões,
esperando para ser liberados. Se eu posso ver isso, tenho certeza que
sua mãe pode ver também. Isso explica porque sua mãe tem escondido
ela de pessoas desonestas por tanto tempo, mas até mesmo eu sei que
você só pode prender a escuridão, a besta, por um tempo. Claro, a
escuridão que nada no DNA de Dani parece um peixinho comparado ao
resto de nós, a mim.

~ 88 ~
— Vá dormir um pouco. Você está segura aqui, querida. Nós
vamos descobrir quem esses idiotas são. — Bull pisa levemente, dando
a Dani um beijo em sua testa. Eu quero colocar meus lábios naquele
rosto angelical, também. Eu consigo pensar em alguns lugares onde eu
quero colocar meus lábios naquele corpo de matar. Eu suspiro
pesadamente em derrota; a atração que eu sinto por Dani é
desgastante.

— O que então? Quero dizer, depois que você descobrir o


responsável? — ela pergunta, me tirando do meu transe. Bull
permanece ali com suas costas para nós, esfregando seu rosto de novo.

— Então nós matamos os bastardos. — Bull apenas joga em cima


dela. Dani balança sua cabeça em conhecimento e sai para seu quarto,
meu quarto. Eu me pergunto o que está acontecendo na cabeça dela,
imagino se ela pensa que nós somos realmente as bestas de quem a
mãe dela tem falado. Nós somos; eu sou.

— Shadow, a doutora está vindo; até lá, me deem mais detalhes.


— nós nos sentamos em volta da mesa de madeira onde nós lidamos
com negócios do clube. Meu braço está pegando fogo, fazendo difícil
manter o foco.

— Nós estávamos sentados assistindo tv; Dani tinha ido para


cima dormir; a próxima coisa... — Bobby joga suas mãos para cima —
balas vieram fodendo dos lados da casa. Eu peguei minha arma e fui
em direção da tempestade. — Bobby pausa.

Bull aponta para mim. — Onde você estava?

— Depois que eu percebi que estávamos sobre ataque, eu fui me


certificar que Dani não tinha sido atingida. Devo ter levado o tiro
quando Bobby foi pela porta aberta. — eu olho para Bobby. O fodido
nunca teve medo da morte; sempre foi na direção de balas ao invés de
correr delas. Bull balança e olha de novo para que Bobby continue.

— Eles estavam atirando com pistolas, eu calculo que eram cinco


homens armados em motos. Isso é tudo que pude ver sobre eles. —
Bobby balança a cabeça envergonhado de que não tenha conseguido
identificar quem era. Ele odeia quando não pode entregar 100% para o
clube. Ele vai se afogar em bebida barata e buceta desgastada pelas
próximas 24 horas.

— Pistolas — Bull repete, estupefato. — Para um tiroteio? —


normalmente, um tiroteio é feito com automáticas; causa maior dano e
gasta metade do tempo. Para usar pistolas deve ser amador.

~ 89 ~
— Me diga mais a respeito da ligação que você recebeu da sua
mãe. — Bull aponta para mim de novo. Eu odeio quando ele a chama de
minha mãe; a cadela não é minha mãe, ela é apenas uma drogada
fodida que me carregou por nove meses.

— Me ligou esta manhã dizendo que ela queria um quilo de coca


ou vinte mil... se eu não entregar ela vai, uh... — eu parei. Ela disse que
iria pegar minha pequena nova namorada, mas nem na porra eu estou
dizendo isso para Bull. Eu não estou nem certo o que a drogada sabe
sobre Dani. Ela tem me seguido ao redor insinuando que Dani é minha;
e que irá espalhar questões sobre Dani e eu.

Suas ameaças elevaram minha raiva para outro nível, me fazendo


ver preto. Acrescentando Dani em seu joguinho, no entanto, me faz
sentir de um jeito que eu nunca poderia nomear. Tudo que eu sei é que
a segurança de Dani se tornou minha prioridade número um.

— Ela vai pegar mais alguém, como a garota, — eu finalizo


evitando encontrar os olhos de Bull. Eu odeio mentir na porra da cara
dele, mas se ele pensar que eu estou atrás da Dani de algum jeito, ele
vai me matar. Os olhos de Bobby me encaram com suspeita, ele sabe
que estou mentindo. Eu odeio que ele me conheça tão bem, sem dúvida
estarei ouvindo isso dele mais tarde. Ele é pior que uma vadia algumas
vezes, sempre me chateando.

— Ela disse que precisava muito do dinheiro. Não tinha ouvido da


cadela por anos, não desde que ela me rebaixou de ser seu contato de
emergência e colocou seu namorado drogado e seu traficante no lugar,
— eu zombo. Eu me lembro de receber a chamada; a enfermeira disse
que minha mãe estava incoerente por overdose de drogas e que eles
precisavam saber se eles podiam tratar dela. Ela estava muito fodida
para dar sua própria entrada no hospital, ou outra merda. Eu não sei,
assim que a enfermeira disse seu nome, eu disse a ela para me tirar da
maldita lista de contatos de emergência. Eu não poderia me importar
menos se a cadela morresse em uma fodida vala; me ter na lista
pareceu estúpido.

— E sobre o ex-namorado de Lady? — Bobby pergunta a ninguém


em particular.

— Poderia ser. Pode ter descoberto que ela correu de volta para
cá. Talvez ele pensasse que poderia colocar o clube em seu bolso, ter
eles pegando suas testemunhas. — Bull esfrega sua rude mandíbula de
novo; essa merda me irrita. — Hawk, nós estamos bem em relação as

~ 90 ~
transferências e dívidas? — Hawk bufa seu ar antes de responder; o
bastardo parece como uma cobra.

— Eu já disse alguma vez que nós estávamos mal? Ainda estamos


prontos para o esquema em dois dias, eles devem nos ligar amanhã com
o lugar, — ele bufa baixinho de novo. Bull levanta as sobrancelhas
esperando que Hawk responda sua pergunta. — Sim princesa, nossas
contas estão bem. Veja, esse é o problema com este clube hoje em dia,
você tem esses garotos bonitos aqui para fazer seu...

— Obrigado, Hawk! — Bull o corta. Hawk grunhe, mas continua


suas reclamações baixinhas. Apenas Bull pode sair com essa merda. Se
algum de nós faz alguma coisa assim... se Bull não te acertar primeiro,
Hawk vai quebrar a porra do seu braço. Bobby sabe.

Uma batida chama na porta.

— O quê? — Bull grita para a porta, seu corpo subindo


ligeiramente com a força de sua voz.

— A doutora chegou, — Charlie fala, colocando sua cabeça entre


as duas portas. Como ele ainda não recebeu seu patch, não é convidado
para as reuniões. Ele é um bom prospecto, no entanto; eu tenho certeza
que ele vai longe; ele sempre pega os piores trabalhos e nunca reclama.

— Certo, — Bull diz. — eu vou ter Locks verificando alguns clubes


locais, ter certeza que nós não temos nenhum problema... — Hawk
levanta de sua cadeira e olha chateado para ele, puto que Bull não
confiou em sua palavra.

— Apenas para ter certeza, Hawk. Se você quer ser quem vai
checar novamente e me informar, então faça. Veja se eles ouviram
alguma coisa, ou se outros clubes foram atingidos. — Bull joga suas
mãos no ar em redenção. Até mesmo ele tem medo do velho fodido.

Bull vem para perto e bate no meu ombro. — Eu quero você,


Bobby e Locks no esquema. Dani e Lady estarão salvas aqui. — eu
aceno, eu não quero deixar Dani, mas eu não posso dispensar os
negócios do clube.

— Você acha que pode montar com esse braço? — Bull pergunta,
apontando para o pano manchado de sangue ao redor do meu braço.

— Sim, é apenas um dia de recuperação, — eu respondo.

— Cuide dessa ferida e durma um pouco; os dois, — ele diz para


mim e Bobby antes de sair.

~ 91 ~
Doutora Jéssica entra com sua bolsa preta. Ela é quente, eu vou
dar isso para ela, mas ela não se interessa por nenhuma merda dos
caras. Eles todos tentaram entrar em suas calças. O único cara com
quem ela dormiu foi Bobby, ou assim ele diz. Ela ajuda o clube por
baixo da mesa, nos pagando por umas merdas que aconteceram dois
anos atrás. Seu marido batia nela diariamente, então ele começou a
bater em sua garotinha também. Ela tentou deixar ele e ele quase a
matou. Ele era poderoso e rico como a merda. Ela estava em uma
situação da porra. Ela apareceu em nossa porta um dia machucada
como o inferno, oferecendo para nos ajudar se nós pudéssemos ajudar
ela com seu problema. Não é normalmente nosso estilo nos metermos
em coisas assim, mas Bull teve pena dela. Ele pode cheirar um
mentiroso a uma milha de distância, então quando ele disse que ela era
legal, nós aceitamos. Então nós matamos seu marido e lidamos com o
corpo; ela não teria que se preocupar sobre sua pobre bunda mais. Ela
era uma cadela dura e ótima em seu trabalho. Eu matei por menos,
sem dúvida.

— Se eu soubesse que você estava vindo, eu teria atirado em mim


mesmo. — Bobby brinca enquanto ela entra. Seu longo cabelo loiro está
caído em suas costas e ela está usando um uniforme azul; ela fica
bonita como o inferno nessa maldita coisa. Nós temos dois médicos, ela
e um velho peidorreiro. Nós ficamos sempre emocionados quando ela
aparece, garota sexy brincando de médico vence o velho peidorreiro, a
qualquer hora.

— Se eu soubesse que você estaria aqui, eu teria trazido minha


arma e atirado em você eu mesma, Bobby, — ela diz com um sorriso de
lobo. Uma coisa é certa, ela pode cuidar de si mesma.

— Como você está se sentindo, Shadow? — ela puxa uma cadeira


e angula a si mesma em volta do meu braço. — Bom trabalho colocando
pressão na ferida. Salvou para si mesmo algum sangue fazendo esse
pequeno truque, — ela diz e começa a desenrolar o trabalho manual de
Dani, eu tenho que dizer a ela que a doutora aprovou.

— Eu já estive melhor, doutora. — eu estremeço quando a


pressão é liberada, assistindo sangue sair do meu braço.

— Não foi ele que fez o trabalho no braço, a patroa dele fez, —
Bobby diz, com um sorriso de comedor de merda em seu rosto, me
tirando do sério.

~ 92 ~
Eu tiro minha arma do cós da minha calça e ponho sobre a mesa.
— Você deveria ficar por perto, doutora, porque eu estou prestes a
acertar um fodido tiro nele eu mesmo.

— Não seria a primeira vez, imbecil. — Bobby cospe para mim, o


sumiço de seu sorriso pateta, me fazendo sorrir. Quando nós éramos
mais novos e ganhamos nossas primeiras armas, nós ficávamos do lado
de fora atirando em latas para praticar. Bobby era ótimo atirando e não
sentia nenhum remorso em anunciar como ele era melhor nisso que eu.
Vamos apenas dizer que eu acidentalmente acertei uma bala no pé dele.

— Por favor, não atire nele, Shadow, está tarde; e pare de me


chamar de doutora, merda. Com todo o fodido desenho que minha filha
tem me feito assistir; você me lembra de um maldito coelho. — ela pega
uma seringa com uma enorme agulha de merda. Eu odeio essa parte.
Eu deveria estar acostumado com essa agulha com a quantidade de
vezes que já fui baleado, mas ainda faz meus pulmões contraírem.

— Você vai sentir uma picada. — ela empurra a longa agulha


dentro e eu imediatamente sinto o entorpecimento lambendo pelo meu
braço.

— Como está sua garotinha? — eu pergunto, tentando não


assistir enquanto ela aperta e estica, procurando pela bala perdida
alojada no meu bíceps. Minha cabeça de repente se sente um pouco
leve, então eu descanso ela na cadeira e respiro fundo.

— Ela está bem, tem um concurso de soletrar na próxima


semana. — seus olhos azuis encaram intencionalmente a ferida. Com
tanto foco. Ela obviamente ama seu trabalho, mesmo que inclua
trabalhar para bandidos com nós.

— Ela vai se sair bem. Esperta como o inferno, assim como sua
mãe, — Bobby diz, a tentando encantar. E ele diz que eu fui chicoteado
por uma buceta. Jéssica nem mesmo olhou para Bobby. Eu me
pergunto qual é a história dos dois. Ela parece ser a única cadela que
ele já perseguiu. Ela age desinteressada, mas talvez seja só por fora.

— Certo, está pronto. Pegue leve pelas próximas vinte e quatro


horas. Eu te diria para ficar longe de sua moto, mas eu sei que você não
ouviria. — ela coloca a bala que ela tirou de mim em cima da mesa, está
suja de sangue, e então começa a enfaixar meu braço com gaze e fita.
Eu nem notei ela tirando, ela trabalha rápido.

— Tome essas pílulas a cada poucas horas, não misture com


álcool; mas eu sei que você é um bundão teimoso e que você não vai

~ 93 ~
ouvir isso também. — Eu não vou nem me preocupar com uma tipoia
porque eu sei que você não vai o manter. — eu rio, porque ela está
certa. Eu vou estar de volta na minha moto amanhã e bebendo antes da
noite terminar. Aquela tipoia estaria fora cinco minutos antes de eu me
cansar dele. Ela coloca um monte de pílulas laranja na mesa antes de
se virar para sair.

— Bobby, cuide dele. — ela diz e sai do quarto. Talvez ela não o
queira. Ele pula de sua cadeira e corre atrás dela. Viadinho.

Melhor eu checar Dani, ver como ela está levando toda essa
merda.

Eu olho para cima e para baixo no corredor antes de entrar no


quarto. Dani está sentada na borda da cama, encarando o chão,
perdida em pensamentos. Ela ainda está usando aquela blusa preta que
me fez cair nos meus fodidos joelhos, Deus me dê força.

— Tirei a bala, eu vou viver. — eu digo, tentando acabar com o


silêncio. Eu esfrego o sangue na minha camiseta e lanço a bala. Cai
bem em frente a ela, capturando sua atenção.

— Isso estava no seu braço? — ela pergunta, chocada enquanto


ela a pega do chão. Eu aceno para sua pergunta. — Isso é fodidamente
legal. — ela olha para a bala e para o meu braço.

— Você vai ficar bem? — eu pergunto, preocupado. Existem


vadias e old ladies ao redor do clube por anos que tem visto menos
merda do que Dani viu em sua curta semana conosco.

— Vida do clube, baby. Certo? — ela cita o que eu disse antes, me


lembrando de quando estávamos na praia. Sua boquinha esperta me
faz querer a espancar. Ela me excita com o jeito que ela me desafia.
Nenhuma outra garota na minha vida jamais teve bolas para me
estimular remotamente. A dor em meu braço estala com a imagem de
espancar a bunda de Dani e parece que a merda do entorpecimento
está indo embora rápido demais. Eu preciso daquelas pílulas e um
pouco de Jack11.

— Eu tenho que fazer uma corrida amanhã, alguém mais vai


estar aqui para cuidar de você. — eu encosto contra a porta, tentando
ler sua linguagem corporal.

— Oh Deus, outra babá, — ela diz friamente, sarcasmo em sua


voz.

11 Uísque.

~ 94 ~
— Não é assim, você deveria saber melhor que qualquer um. É
para que você não se machuque.

— Hmm, realmente? — ela morde o canto de seu lábio inferior e


olha para suas mãos.

— Você irá me machucar, Shadow? — ela batalha com seus


dedos, antes de olhar acima através daqueles cílios longos e pretos.
Seus olhos esmeraldas perfuram minha fodida alma, enquanto ela olha
pra mim. Nós não estamos falando sobre sua segurança física mais,
isso é óbvio. Ela está falando sobre essa força magnética que continua
nos empurrando juntos, mesmo quando nós tentamos o máximo
desafiar isso. Ela e eu juntos nunca vai acontecer como ela quer. Se não
for por causa de quem eu sou, será porque a vida do clube não
permitirá isso. Não há cercas brancas em nosso futuro, e seu pai iria
me matar antes que eu pudesse provar isso para ela, de qualquer
forma.

Isso não me impede de querer ela, no entanto. Eu não posso dizer


isso para ela, eu não a quero ferir. A verdade é que eu não tenho certeza
de que ela não irá me machucar, tão maricas quanto isso parece. Toda
vez que estou perto dela, eu posso sentir mais das minhas paredes de
desconfiança caindo. Me assusta pra caralho que eu possa deixar ela ir
onde ninguém já foi um dia. Se ela enxergar a besta que eu sou, ela irá
fugir? É o que qualquer pessoa normal faria. Mas assistindo Dani nas
últimas vinte e quatro horas eu comecei a me perguntar apenas quão
normal ela é.

Eu quebro o contato visual, ignorando sua pergunta.

— Noite, Dani. — eu fecho sua porta e saio, para passar a noite


em um quarto diferente; essas pílulas estão chamando meu nome e eu
tenho uma longa viagem amanhã.

~ 95 ~
Capítulo dez
DANI
O sol está queimando através da pequena
janela sem cortinas. Demora um segundo para eu
me lembrar de que eu estou de volta ao Clube. Os
lençóis da cama ainda guardam o cheiro masculino
de Shadow, eu rolo e inalo o travesseiro tão duro e
durante o maior tempo que eu posso. Na volta para
casa na noite passada eu estava com raiva. Eu nem
ao menos sabia que eu estava correndo perigo por
causa da mãe de Shadow, e para piorar, eu ainda
estou me acostumando com o fato de que eu não
conheço nada da mulher que eu chamo de mãe. Estou cansada de não
saber de nada; de todo mundo manter segredos de mim. Eu estava
menos do que grata a Shadow quando ele veio antes de dormir. Ele não
precisou responder, nós dois sabemos que atravessar o túnel para nós é
improvável. Mesmo assim, depois de ver o olhar de puro medo em seu
rosto quando nós estávamos no meio do tiroteio, eu me recuso a
acreditar que ele me machucaria intencionalmente.

Eu me deito na cama pensando em tudo que aconteceu entre


Shadow e eu. Eu estou tão confusa a respeito do que eu quero dele.
Tentar ficar longe dele, como eu juro que eu vou fazer, está partindo
meu coração da mesma forma que ficar com ele fará. Quando estamos
longe, tudo que consigo pensar é em como nossos corpos são
sincronizados juntos, como ele me faz sentir, no quanto eu estou
atraída por ele. Ele tem que sentir algo também, porque ele continua
voltando para mim.

Eu rolo e vejo minha mala rosa perto da porta. Shadow deve ter
trazido ela aqui enquanto eu estava dormindo. Eu olho abaixo da minha
posição na cama e vejo que eu estou meio nua e o lençol está
amontoado no meu pé. Eu tenho certeza que o pervertido me deu uma
checada antes de partir. Eu me levanto e abro a mala, agarrando um
jeans gasto e um top verde. Eu inalo para ver se estão limpos, eles não
cheiram sujos. Eu vou para o chuveiro.

Tudo está molhado e quente quando eu entro no box. Shadow


deve ter tomado banho enquanto eu dormia. Cara, eu devo ter apagado.

~ 96 ~
Eu lavo meu cabelo com o shampoo dele; o cheiro dele é tão forte que
eu fecho meus olhos e absorvo. Eu imagino que meus dedos estão em
seus cabelos ao invés dos meus, amando o jeito que seu cabelo enrola e
arranha em volta dos meus dedos, é tão macio. Meu próprio cabelo
comprido, enrolado molhado não está fazendo efeito em mim, ele não é
o cabelo preto bagunçado do Shadow. Eu me dou por vencida e fecho o
chuveiro. Agarro a toalha úmida da bancada e começo a me secar. Meu
corpo estremece com isso; cada pedaço daquela toalha foi tocado por
Shadow alguns momentos antes.

Eu olho para o balcão e vejo pasta de dente respingada por toda


pia, homens são tão nojentos. Sério, ele não poderia ter enxaguado os
respingos? Sua escova de dente vermelha está deixada perto da pia. Eu
a agarro. Eu esfrego meu dedo sobre os sulcos de cerdas molhadas,
cheirando a menta. Meus lábios se curvam para cima quando um
pensamento bizarro me ocorre. Eu espremo pasta de dente em sua
escova e começo a escovar meus dentes com ela, me sentindo
impertinente com o pensamento de estar utilizando a escova de dente
de outra pessoa; sua escova de dente. Eu enxaguo os respingos da pia e
visto minhas roupas. Escovo meu longo cabelo preto com meus dedos, o
deixando cair em picos em volta dos meus seios redondos. Calço meus
calçados, coloco meu celular no bolso e saio do quarto.

Andando no corredor, eu posso ouvir a voz de Bobby se tornando


mais clara à medida que chego perto.

— Tudo que estou dizendo é que você não está sendo você
mesmo, quando nós voltarmos você estará fazendo sexo. — eu viro o
corredor e vejo Babs atrás do bar e Bobby, Locks e Shadow sentados em
frente a ele, tomando café da manhã.

— Ei você, babe, está com fome? — Babs me vê quando viro o


corredor. Ela tem seu cabelo vermelho enrolado todo fofo em cachos
como nos anos 80. Ela está usando uma camisa estampada de leopardo
que está realmente apertada em volta de seus seios e um jeans preto
que não cobre todo seu estômago. Ela veste isso bem, com seu cabelo
vermelho e pele pálida.

Meus olhos se prendem com os de Shadow com intensidade de


seus olhos azuis e meu corpo volta à vida. Minha pele pica com arrepios
quando eu sinto ele me comer com os olhos. Ele está usando um jeans
azul limpo e uma t-shirt branca sobre seu machucado. Seu cabelo está
todo desgrenhado em cima, fazendo meus dedos esticarem de vontade
de os arrumar. Ele parece tão áspero; ele faz minha mente gritar.

~ 97 ~
Um homem velho com cabelo ralo penteado para trás, barba
harmonizando com um bigode, entra pela da porta do Clube. Sua barba
vai todo caminho até suas bochechas e acaba bem abaixo do queixo. Eu
nunca o vi antes. Ele para e olha para Bobby, encarando ele com
desdém.

— Seus ovos são os melhores. Locks é um cara de sorte por ter


você cozinhando para ele, — Bobby diz para Babs.

O velho que entrou começa a resmungar quando ele faz seu


caminho para a cozinha.

— O que foi? — Bobby grita para o velho. O homem para e vira


sua cabeça.

— Eu disse, fodido frutinha! — o homem fole para si mesmo


enquanto entra na cozinha.

— Não, cara, você vai conseguir que seu maldito braço seja
quebrado de novo e nós temos uma corrida para fazer. Eu serei
amaldiçoado se tiver que fazer a corrida com o bastardo. — Shadow
olha para Bobby.

Bobby deixa o garfo em seu prato, fazendo um barulho alto. —


Não. Não. — Bobby diz, balançando sua cabeça. — Ele não quebrou
meu braço, Shadow, ele torceu; tem uma diferença. E eu te disse, eu
tive dor de garganta por uma semana antes disso. Eu obviamente não
estava no meu melhor! — eu não posso segurar a risadinha que escapa
da minha boca com o pensamento de Bobby ter sua bunda chutada por
um cara velho.

— Você quer mais? Eu vou quebrar esse braço fodido dessa vez,
menino bonito, — o velho grita enquanto ele passa pelas portas duplas
da cozinha.

Bobby balança sua cabeça e continua a comer seus ovos, nem ao


menos olhando para o velho que está rapidamente se aproximando dele.

— Você não conseguiria aguentar, velho.

O homem está atrás de Bobby agora. Ele agarra seu braço e dobra
atrás de suas costas em um segundo. Para um pássaro velho ele com
certeza é rápido e forte. Bobby cai no chão, chutando sua banqueta com
ele no processo. Eu olho para Shadow, que está balançando sua cabeça
e terminando seus ovos. Eu olho para Babs e ela está apenas rolando
seus olhos. Eu acho que isso é normal?

~ 98 ~
— Diga tio ou eu o quebrarei! — o homem velho resmunga sob
seu bigode.

— Quebre! — Bobby grita para ele.

Bull entra pela porta do Clube com cartas em suas mãos. Ele olha
a comoção para apenas rolar seus olhos também. — Hawk, se você
quebrar o braço dele você tomará seu lugar na corrida hoje. — ele se
afasta do corpo de Bobby que está deitado no chão depois que o homem
velho, Hawk, o deixa ir.

— Você mima esses garotos da cidade. Antigamente nós


montaríamos com um braço quebrado se isso fosse o que precisássemos
fazer. — Hawk aponta para Bobby no chão, — Maldito frutinha.

Bobby pula em pé e começa a limpar a sujeira de suas calças. —


Bastardo da terceira idade. Ele claramente veio nas minhas costas me
pegando de surpresa. Você viu, né Dani? — Bobby me pergunta. Eu
apenas sorrio, sem estar certa do que dizer. — Se eu acertar o velho
fodido eu o matarei. — Bobby olha para todos.

— Boa merda, garotos, melhor nós irmos, — Locks diz enquanto


ele beija Babs na bochecha. — Nós devemos estar de volta em algum
momento amanhã à noite, babe.

— Como você está se sentindo hoje? — eu pergunto para Shadow,


preocupada por seu braço. Ele olha pra cima de seu prato após ter
sorvido o último pedaço de seus ovos mexidos.

— Melhor, vai estar bem. Você dormiu bem? — Shadow pergunta,


seus olhos encarando intencionalmente os meus.

— Vamos correr, garotos. — Locks exclama assim que saímos da


cozinha, colocando seus óculos escuros em seu rosto.

Todos os rapazes saem do clube deixando seus pratos para Babs


limpar. Shadow vira e pisca para mim enquanto ele vai para fora da
porta fazendo meu rosto abrir com um sorriso e minhas bochechas se
tornarem tão vermelhas quanto fogo. Eu estou cansada de lutar contra
os sentimentos que tenho por ele. Se não fosse por minha mãe e meu
pai, eu o jogaria no chão do Clube e teria meu jeito com ele. Meu
coração e cabeça estão em desacordo, eu não seu qual deles escolher.

Eu puxo meu celular do bolso e acho o número que ele usou para
me mandar mensagens ontem, querendo ter algo para dizer antes dele
ir.

~ 99 ~
Eu usei sua escova de dente – D

Assim que eu aperto enviar, eu estapeio minha cara, perplexa que


isso foi o melhor que me ocorreu. Eu espero que ele não ouça seu
celular tocar antes dele montar sua moto. Eu sento encarando o
telefone, esperando. Eu não estou certa do que eu espero que ele diga.
Eu só espero que ele diga alguma coisa, depois da pergunta que eu fiz a
ele ontem à noite, eu não o quero assustar para longe antes de ter a
chance de o ter novamente.

Eu não me importo – S

Meu coração instantaneamente dá um salto mortal. Minhas


bochechas se sentem como se fosse rachar por causa do sorriso pateta
que eu tenho em meu rosto. Ele não me disse que me amava; ele não
me disse que não iria me machucar; mas sua simples mensagem me diz
que ele pensa em mim como algo mais. Aposto que ele não deixa Candy
usar sua escova de dente.

— Eu conheço esse sorriso; é amor. Seu homem está sentindo


sua falta em Nova York, babe? — eu não tinha notado Babs sentada do
outro lado do balcão, eu estava tão focada encarando meu celular. Há
quanto tempo ela está sentada aqui? Ela desliza um prato de ovos para
mim, e acende um cigarro.

— Uh não, não, senhora. Apenas fuçando na internet, — eu


minto. Shadow é a razão atrás do meu estado vertiginoso, mas ninguém
pode saber disso.

Ela joga seu maço de cigarros no balcão e balança sua cabeça.

— Eu não ligo muito para a internet, não é meu tipo de coisa. Eu


apenas tenho meu celular para ligar para Locks, isso é toda a tecnologia
que eu quero. — ela parece realmente amar Locks. Eu imagino que você
tem que realmente amar se o seu homem está em um clube.

— Porque eles o chamam de Locks? Ele é bom em abrir cadeados?


— eu pergunto, pegando minha comida.

Ela ri e toma um grande trago de seu cigarro. — Nah, mas essa é


uma boa. Eles o chamam de Locks por causa de seu cabelo loiro longo.
Você sabe, cachinhos dourados12. — eu cuspo minha bebida sobre todo
balcão, imaginar Locks como cachinhos dourados não é algo que vem
normalmente a sua mente.

12 Goldlocks, em inglês.

~ 100 ~
— Eles me chamam de Babs porque eles dizem que eu falo muito,
imbecis. Acredite em mim, não é um nome que eu escolheria. Eu tinha
pensado mais em Red, por causa do meu cabelo e porque eu amo a cor.
Mas você não tem o direito de escolher seu nome por aqui, — ela diz,
olhando para suas unhas vermelhas brilhantes. Elas são tão longas que
eu aposto que ela pode machucar se alguém mexer com ela.

— Todo mundo tem um apelido? — eu pergunto, tentando ganhar


de volta minha dignidade depois da bebida cuspida pra todo lado.

— A maioria. Alguns prospectos não têm, mas em algum


momento eles vão ganhar um. O único que não tem é Bobby, e isso é
porque ―criança super desenvolvida‖ é muito grande para fazer algum
estrago nele. Eu tenho certeza que você vai ganhar um, se você ficar por
aqui tempo suficiente. — ela para, me encarando intencionalmente.

— Você, ah, você vai ficar? — ela pergunta hesitando. Eu sento ali
pensando sobre sua pergunta. Não estou tentando ser rude, mas eu
honestamente não sei o que responder. A verdade é, eu não quero voltar
para New York, para a vida que eu vivia, sentada em casa, estudando e
assistindo tv porque minha mãe pensava que se eu tivesse a chance eu
desviaria do bom caminho. Infelizmente, ela estava certa. Depois de ver
como o outro lado de mim vive, me parece mundano voltar para New
York. Eu quero o mundo do Clube de Motos, ao menos o que eu já vi
dele. Viver na borda é muito mais apelativo para mim do que qualquer
coisa que minha mãe poderia me oferecer. Talvez seja por isso que eu
não sentia como se me encaixasse em New York. Meu sangue sabia que
eu tinha nascido com mais tenacidade do que eu estava me dando
crédito, e estar finalmente ao redor do que eu nasci para fazer me faz
sentir mais apropriada do que imoral. Eu nem ao menos fiquei chocada
noite passada quando Bull disse que eles iriam matar os fodidos que
atiraram em nós.

— Bem, eu sei que todos nós amaríamos se você ficasse. Eu tenho


certeza que poderíamos conseguir para você um pequeno apartamento
ou outra coisa; te acomodar. Pense nisso, boneca. — ela agarra meu
prato com seus ovos meio comidos e anda para a cozinha, me deixando
com pensamentos de realmente viver aqui em L.A. e deixar minha mãe.
Talvez eu pudesse começar minha vida fazendo o que eu realmente
quero e não me preocupar com o que minha mãe vai fazer para me
renegar.

Eu olho em volta do Clube, percebendo que apenas um par de


rapazes ficaram. Prospectos pelo que parece. Onde estão todas as old
ladys? Em todo o tempo que estou aqui, a única que eu vi foi Babs.

~ 101 ~
Babs volta da cozinha segurando um copo e olha para mim
enquanto eu olho ao redor do Clube. — Está procurando por alguém? —
ela pergunta por cima da borda.

— Eu apenas notei que eu nunca vi nenhuma old lady além de


você. Todos os rapazes estão solteiros, ou alguma coisa assim? — eu
pergunto, vendo como a maioria dos caras são brutos, essa não seria
uma suspeita injusta.

— Nah, — Babs diz mastigando gelo. — Existe umas duas old


ladies, mas elas não são permitidas aqui a não ser que uma reunião da
família esteja acontecendo. Lei do Clube. — ela balança suas
sobrancelhas quando ela diz lei do clube.

— Eu estou aqui apenas porque Bull me permite. Eu limpo toda


merda em volta e faço tudo que precisa ser feito. Uma das vadias
poderia fazer, mas elas não fazem nem perto de bem. — ela diz,
colocando copos debaixo do bar.

— Oh, — isso é tudo que eu posso reunir.

— E... eu posso ter certeza de que Locks mantenha seu pau em


suas calças, — ela diz, batendo a porta do armário, — Todo mundo
ganha. — ela volta para a cozinha, me deixando um pouco chocada.
Locks trai? Porque ela ficaria com ele? Todos os caras traem nas costas
de suas old ladies? Quanto mais eu ouço sobre ser uma old lady, menos
eu quero me tornar uma.

Eu preciso ir checar minha mãe e inventar uma mentira sobre ter


saído da casa segura. Ontem à noite eu pude dizer que meu pai não
queria que minha mãe soubesse sobre o tiroteio, eu também não. Ela
apenas faria a vida de todo mundo um inferno, e ficaria no meu pé mais
do que nunca.

Eu bato na porta do quarto que minha mãe está ficando; eu posso


a ouvir grunhindo enquanto ela chega perto da porta.

— O que! — ela estala, quando abre a porta. Ela parece uma


merda e dizer isso é uma gentileza.

— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta, chocada em me


ver.

— Houve um enorme vazamento na casa; inundou todo o maldito


lugar, — eu minto. Essa é a única coisa que consegui pensar. Eu
encaro meus pés evitando contato visual, minha mãe sempre descobriu

~ 102 ~
quando eu menti antes, mas eu estou esperando que sua ressaca ganhe
sobre a vontade de me fazer perguntas.

— Então nós estamos ficando aqui? — ela instantaneamente volta


para a cama e entra embaixo dos cobertores.

— Sim, pelo menos por agora, de qualquer forma.

— Bom, eu quero ficar aqui. — minhas sobrancelhas disparam


para cima em surpresa. Porque no inferno ela gostaria de ficar aqui ao
invés da casa? Uma coisa é certa; minha mãe é uma mulher de gostos
caros e o clube não é nada extravagante ou chique. Talvez seja por isso
que eu ame isso, eu fico satisfeita com simplicidade mais do que com
extravagância, mas minha mãe é uma história diferente. E depois da
ligação de ontem à noite e o comportamento impetuoso de minha mãe,
eu não consigo evitar pensar de que ela está fazendo alguma coisa. Eu
vou ficar furiosa se ela está armando coisas com Stevin pelas minhas
costas, especialmente depois dele a ter tentado matar... ou assim ela
diz, de qualquer forma. Antes que eu possa perguntar, ela cai
dormindo.

Andando de volta para meu quarto eu vejo Candy descendo o


corredor para um dos banheiros de hóspedes. Ela está em um vestido
branco que está muito apertado e é curto demais, e seus mamilos estão
apontando através do top. Ela claramente não está usando um sutiã.
Eu tento ir para o meu lado do corredor o mais rápido que eu posso, se
herpes pudessem pular, elas estariam jogando a si mesma fora dela.

— Bem, bem, olhe o que o cachorro trouxe, — ela cospe pra mim
enquanto passa. Seu pescoço está prestes a estalar enquanto ela me
observa. Se eu parar para discutir com ela, eu vou jogar sua bunda no
chão. Eu não a suporto, e depois de descobrir quem sua mãe é, eu
quero chutar sua bunda ainda mais.

*****

Meus dias estão passando devagar e o tédio bate forte enquanto


Shadow está fora. Eu passei a maior parte do primeiro dia conversando
com a Babs. Eu posso ver porque eles a chamam assim. Ela fala sobre
tudo, desde seu cachorro até sua artrite, mas ela é, no mínimo, alguém
com quem conversar. E Candy nem ao menos olha na minha direção
quando eu estou perto de Babs; de fato, ela nos evita como praga. Babs

~ 103 ~
dá a Candy os mais maliciosos olhares fixos quando ela passa aqui.
Existe definitivamente alguma tensão entre elas. Eu não consigo deixar
de me perguntar se Candy dormiu com Locks.

Minha mãe saiu de seu quarto para pegar alguma comida depois
que os rapazes saíram, mas ela acabou vomitando. Babs cuidou mais
dela do que eu esse dia porque eu não sinto nenhuma simpatia. Chame
de vingança pelos últimos vinte um anos se você quiser, mas estar perto
da minha mãe é como arrastar unhas em um quadro negro. Ela passou
os últimos dois dias aqui conversando com Babs e Hawk sobre o Clube.
Eles tentaram mudar o assunto várias vezes, mas ela não permitia.

Eu tentei apenas sentar e escutar por um tempo ou ajudar Babs


com as preparações de comida para gastar algum tempo, mas eu preferi
ficar sozinha. Eu percebo o entorpecimento que minha vida era antes,
devorando minhas emoções. Eu preciso de Shadow. Ele é tudo que eu
consigo pensar. Ele é minha droga, minha obsessão, meu vício. Assim
como eu fazia em New York em meus piores momentos, eu agarro meu
iPod e meus fones de ouvido. Ouvir música ajuda. Quando eu
trabalhava no café, a maior parte do meu dinheiro ia pra comprar
músicas, então eu tenho uma porrada delas na maldita coisa.

Eu deito na cama ouvindo ‗Hey Brother‘ do Avicii‘s, pensando em


Shadow. Ele deveria voltar hoje e eu não consigo evitar me preocupar.
Já é tarde e ele ainda não está aqui. Eu poderia mandar uma
mensagem para ele, mas eu não quero parecer pegajosa. Eu penso nas
palavras que Candy jogou em mim, sobre como ela tinha dormido com
Shadow e como eu não pertenço aqui. Talvez eu não pertença aqui, mas
eu tenho o sangue do meu pai, com certeza eu tenho alguma coisa de
fora da lei em mim em algum lugar. Iria explicar o porquê de minha
mãe sentar sobre mim como uma maldita mãe galinha durante toda
minha vida, porque ela tinha tanto medo de que quando ela olhasse
para o lado eu iria trazer toda a cidade abaixo com fogo.

O sangue do meu pai corre em minhas veias, talvez seja por isso
que eu sinto tanta raiva e ciúme. Quem sou eu para julgar o passado de
Shadow, talvez ele esteja mesmo tentando mudar. Tudo que eu sei é
que eu faria qualquer coisa para ter ele me segurando como ele fez na
outra noite. Eu não me importaria se ele é meu no final das contas. Eu
estaria feliz com ele sendo meu por pouco tempo se isso for tudo que eu
ganho.

Eu acordo com meu iPode tocando uma música de Bruno Mars.


Eu tiro os fones de ouvido e eu vejo que são três da madrugada.
Risadas do lado de fora do meu quarto chamam minha atenção. Eu

~ 104 ~
posso ouvir a voz de Shadow. As borboletas que deixaram meu
abdômen quando ele se foi em sua corrida, rugem de volta com
urgência, fazendo que eu sinta vertigem. Eu me levanto e acendo as
luzes para olhar minha aparência. Eu quero parecer bonita quando ele
me ver. Eu quero fazer as coisas serem certas entre nós. Meu cabelo
está jogado em volta dos meus seios como sempre. Eu pego a blusa
preta do Devil‘s Dust que o deixa doido e um shots jeans que foram
rasgados um pouco alto demais na minha coxa, fazendo que eu me
sinta sexy. Eu tomo uma respiração profunda e abro a porta.

Eu paro para descobrir de onde as risadas estavam vindo; deve


ser do bar. Eu ando descalça em direção ao som de risos e vozes.
Quando eu viro a esquina, eu fico pasmada com a cena diante de mim.
Bobby e Shadow estão no sofá de couro preto, Candy com um de seus
seios nus entre eles. Bobby está inalando uma substância em pó
branca do mamilo de Candy; cocaína.

— Você quer um pouco? — Bobby pergunta a Shadow, que está


olhando para os seios nus. Bobby então desliza a mão entre as coxas de
Candy e levanta sua saia. Ele se inclina sobre ela sussurrando algo em
seu ouvido que faz com que ela jogue a cabeça para trás com risos
falsos.

Shadow se inclina sobre o mesmo peito e corre sua língua sobre o


resíduo de pó deixado para trás. Em seguida, ele suga o mamilo alegre
em sua boca. Candy geme em resposta quando ele puxa, fazendo um
som estalado.

Um grito descontrolado escapa da minha garganta em descrença.


Eu cubro minha boca com as mãos para abafar quaisquer outros ruídos
que possam escapar, mas é tarde demais. Todos os três deles olham
para onde o som veio, me vendo.

— Oh merda, — Bobby sussurra, antes de olhar para Shadow


cujo rosto parece assustadoramente alarmado com minha presença.

Eu viro para correr de volta para meu quarto, traumatizada por


todas as emoções flutuando em minha mente e coração; ciúme, raiva,
arrependimento. Eu ouço passos vindos atrás de mim e eu tento andar
pra frente, mas meus pés não se movem.

— A deixe ir, Shadow, a princesa não pertence a este lugar de


qualquer forma e ela não merece você. — as palavras de Candy me
acertam como uma tonelada de tijolos.

~ 105 ~
Eu fico instantaneamente sóbria; minha dor sendo substituída
por pura raiva. Eu viro em meus calcanhares e vou em direção a Candy,
passando por Shadow no caminho. Bobby pula fora do sofá, vendo que
eu não estou com humor para brincadeiras. Eu sou uma cobra
venenosa, pronta para dar o bote.

— Oh merda, briga de gatas. — Bobby exclama, ao meu lado


agora.

— Dani, espere! — Shadow diz com calma. Eu levanto minhas


mãos para cima para calar sua boca. Isso é entre mim e a vadia Candy
aqui. Eu vou lidar com ele depois.

Candys se levanta, nossos rostos separados por um espaço menor


que um pé. Seus peitos falsos estão a menos de um centímetro de
distância de mim. Minha respiração é dura e hostil, o meu corpo tenso e
pronto para atacar. A tensão no ar engrossa significativamente. Se ela
acha que pode me botar para correr para fora daqui como sua mãe fez
com a minha, ela está errada. Este é o lugar onde o ciclo termina,
cadela.

— Querida, vá sentar antes que você quebre uma unha. — ela


coloca suas mãos em seus quadris, esperando minha resposta.

Eu posso sentir minhas narinas abertas a partir da quantidade de


ar que eu estou empurrando através delas. Minha raiva está
envenenando o meu sangue saudável. Eu enrolo minha mão, puxo de
volta o meu braço e bato com o punho em seu rosto tão duro quanto eu
posso. Ela cai sobre o braço do sofá e plaina para sua bunda, suas
pernas abertas. Ela não está mesmo usando calcinha. É claro que ela
não está.

— Maldição! — Bobby grita.

Eu ando e paro em cima do corpo inclinado de Candy, ela olha


pra cima em minha direção, sua bochecha rachada onde eu acertei. De
repente, ela pula de volta para suas pernas e me acerta direto na minha
bunda, me mandando voando para frente e pousando em minhas mãos.
Estou chocada; depois do golpe que ela levou na sua bochecha eu tinha
certeza que ela iria ficar no chão. Me pegando desprevenida, ela me vira
de costas e me atravessa, seus enormes peitos falsos saltando com seus
movimentos rápidos. Antes que eu a possa conseguir tirar ela de mim,
ela ergue a mão para trás e me dá um tapa, as unhas deixam alguns
arranhões em minha bochecha.

Sério? Eu soco você e você me estapeia de volta?

~ 106 ~
Eu levanto meus quadris para cima, indo contra ela em cima de
mim, seus eretos mamilos rosa derrapando no meu rosto no processo e
deixando para trás o cheiro barato de seu perfume. Me levanto e ela
pega minha camisa e se puxa para cima, rasgando com as unhas direto
sobre o meu peito no processo. Meu sutiã de renda preta parece estar
brincando de esconder através das pequenas fendas que ela fez.

Droga, eu gosto dessa camisa.

— Você não merece usar essa camisa, sua vadia. — ela grita para
mim, respirando com dificuldade e apontando para a camisa do Devil‘s
Dust que estou usando. Ela começa a tentar arrancar a camisa do meu
corpo de novo, puxando meu sutiã, fazendo um de meus seios pular
através dos rasgos da minha camisa rasgada. Eu puxo minhas costas
para que eu possa acertar ela de novo. Eu jogo meu punho ferido para
trás e bato nela bem no nariz. Ela grita enquanto ela cai de volta no
sofá. Seu nariz está sangrando em suas mãos e abaixo sobre seu peito
bronzeado.

— Eu estou só começando, puta! — eu jogo meus braços pra cima


e dou pra ela um gesto de ―venha me pegar‖.

— Oh não, você não está, você acabou! — Shadow grita em minha


direção, agarrando minha cintura e me puxando para trás.

Eu chuto e estapeio Shadow. — Me solte, porra! — eu grito.

— Ah, cara, você está estragando a diversão, — Bobby reclama,


claramente disfrutando de toda a ação com os peitos a vista.

Shadow olha para Bobby agressivamente. — Ligue para a fodida


doutora, cara. — Shadow coloca a mão na parte inferior das minhas
costas e me empurra em direção ao quarto. Olhando para trás, para o
estado sangrento de Candy, eu acho que ela deve ter aprendido a lição
sobre tentar me fazer correr para fora daqui.

~ 107 ~
Capítulo onze
SHADOW
Eu sigo Dani de volta para o quarto, ela fica
encarando a janela, segurando seus lábios com uma
mão enquanto o outro braço permanece enrolado
em seu corpo. Cara, eu estou fodido. Eu não devia
ter ouvido o maldito Bobby. O imbecil tem estado
em minha cabeça desde que partimos no outro dia.
A corrida foi relativamente suave e poderíamos ter
voltado na mesma noite se não fosse por Bobby e
Locks. Toda maldita vez que fazemos uma viagem
para Las Vegas eles pensam que eles têm que ir a
cassinos e clubes de strip- tease. Eu normalmente estou dentro, mas eu
apenas não estava com humor desta vez. Hoje nós fomos para o clube
de strip-tease; Bobby ficava dizendo que eu precisava me perder. Eu
não discuti porque eu realmente precisava desenrolar. Quando Locks
estava na parte de trás com uma das dançarinas, Bobby começou a
falar na minha orelha como uma fodida mulher.

— Essa é a terceira cadela que eu vejo você recusar para uma


dança privada desde que chegamos aqui, irmão, que porra está
acontecendo? É a Dani, não é? — suas sobrancelhas levantam com a
questão.

— Me deixe te dizer uma coisa, Shadow, eu namorei garotas como


Dani. Elas só saem com caras como nós para se vingar de seus pais ou
porque elas pensam que podem nos mudar para o que elas querem, ou
o que elas pensam que querem, de qualquer jeito. O mundo dela e o
nosso mundo não se misturam; olhe como seus pais acabaram. Tire ela
fora de sua cabeça, cara, e se divirta com uma dessas criaturas sexys
andando em volta.

Bobby aponta sua mão para os peitos de uma garota enquanto


ela passa. — Além disso, se Dani não pisotear por cima de você, as
botas de Bull irão. — eu grunhi para suas conclusões. — Eu apenas
estou te dizendo isso porque eu posso ver você se abrindo
completamente, e eu estou te falando que não vai funcionar.

~ 108 ~
Eu ouvi o que ele estava dizendo e estava certo. Eu odeio como eu
a tenho na minha mente todo o tempo. Se ela for o tipo de garota que
Bobby pensa que ela é, então ela vai me mastigar, me cuspir e pisar
com seus saltos. Apenas o pensamento faz meu peito arder; sentindo
oco. Eu me sinto como um viadinho.

Quando nós voltamos para o Clube, Bobby acabou chamando


Candy; não seria a primeira vez que nós fodemos Candy juntos. A vadia
aceita qualquer coisa que nós quisermos dar para ela; a maioria das
garotas faz isso, na espera de ser aceita no clube como a propriedade de
um dos irmãos. Nós normalmente chamamos um par de meninas
quando voltamos de uma corrida para aliviar o stress. Mas eu não
queria ver Candy dessa vez e isso me irritou. Eu sabia exatamente
porque eu não queria ver Candy. Eu fodo qualquer um que eu quiser
sem remorso, mas apenas o pensamento de outra mulher além de Dani
me tem duvidando de mim mesmo.

Mesmo com Candy esparramada no sofá maldito, seminua, minha


mente continuava indo e voltando, me perguntando se eu deveria ir ver
o que Dani estava fazendo, ou se ela estava acordada, ou se ela queria
me ver. O cheiro dela, a sensação de seu corpo quente contra o meu,
seu bonito cabelo longo e aqueles fodidos olhos. Bobby me ofereceu
coca, e eu quis relaxar minha mente. Não foi nada para mim além de
uma coca em uma teta de vadia.

A reação da Dani me surpreendeu e me pôs fodidamente aceso.


Ela não caiu no chão e chorou, ou deixou Candy andar sobre ela. Sua
reação provou que ela é o que ela nasceu para ser, e seu eu fosse
apenas uma forma de se vingar da mamãe e papai, ela não teria ficado
tão chateada comigo brincando com Candy. Bobby estava errado sobre
ela, ela não é essa cadela riquinha reprimida que ele a acusou de ser;
que eu a acusei de ser. Assistir ela chutar a bunda de Candy como a
filha do Clube que ela é, foi à coisa mais excitante que eu jamais vi, e
deixou meu pau duro como uma rocha. Eu estou cansado de jogar
esses jogos com ela. É hora de descobrir onde na merda isso está indo;
seja que porra isso seja.

Eu chuto e tranco a porta. Dani vira, me olhando com esses olhos


verdes esmeralda dela. Ela está usando a camisa do Devil‘s Dust de
novo, bem, o que sobrou dela. Ela é turbulenta nesta camisa. Um par
de arranhões está em sua bochecha esquerda, sem nenhuma dúvida
feito pelas unhas falsas de Candy. Eu posso ouvir música tocando nos
fones de ouvido em cima da cama. Eu percebo que os nós dos seus
dedos estão machucados e sangrando; eu não tenho certeza se é sangue

~ 109 ~
dela ou de Candy. Gostaria de inspecionar mais, mas eu não estou
querendo ter minha bunda chutada. Eu tenho certeza que eu sou à
última pessoa no mundo que ela quer que a toque. Candy fez parecer
que eu não estou interessado em nada além de sexo quando se trata de
mulheres, e normalmente é assim, mas com Dani é diferente. Eu não
consigo tirar ela fora da minha mente, e eu sinto por ela em um nível
diferente do que eu já senti por qualquer mulher.

— Dani, olha, a outra noite... hoje, eu apenas... — eu não consigo


cuspir as malditas palavras para fora, eu nunca tive que explicar
minhas ações antes, especialmente para uma mulher. Realmente não é
fácil com Dani ali parecendo uma visão.

— Você não tem que explicar a si mesmo, Shadow. Foi apenas


sexo, sem rótulos, certo? — ela está tentando parecer dura e certa de si
mesma, mas eu posso ver através dela; ela quer mais de nós que sexo.

— Eu acho que ambos concordamos que aquela noite seria


apenas sobre sexo, — eu corro minhas mãos pelo meu cabelo, isso
sempre parece prender sua atenção, — mas, eu não posso tirar você da
minha maldita cabeça. — eu aponto para minha cabeça em explicação.
— Eu não sei o que é isso; se isso é mesmo alguma coisa a se colocar
rótulos, mas eu estou disposto a colocar minha vida em risco para
descobrir aonde vai.

Eu fico chocado com minha própria admissão, mas é a verdade.


Eu nunca estive tão mexido por uma mulher antes, e eu seria um
fodido idiota de virar as costas para isso. A maioria das garotas que
andam por aqui, estão procurando por uma corrida livre; querendo se
tornar uma old lady; querendo proteção ou drogas. Elas estão em sua
cama em um minuto, então com o pau de outro irmão no próximo se
elas acharem que vai facilitar seu caminho com os caras de couro. Dani
foi diferente, ela veio para mim pura e inocente. Ela me fez trabalhar
pela sua intimidade, e ela poderia me afastar por raiva. A única coisa
que eu posso ver que ela quer de mim, sou eu. Meu único medo nisso, é
se ela pode lidar comigo. Então no fim, eu estou feliz que eu disse isso.

Ela vira suas costas pra mim e bufa. Eu amplio meus olhos em
descrença. Eu acabei de abrir a mim mesmo como um maldito livro e
ela virou as costas para mim?

— Certo. Você normalmente ferra com as pessoas com quem você


quer estar? — ela é tão sexy quando ela me desafia, mas ela também
está me deixando puto. O que no inferno ela quer dizer com ―você

~ 110 ~
normalmente ferra com as pessoas com quem você quer estar‖? Eu
nunca quis estar com ninguém antes.

— Dani, eu nunca estive em um relacionamento com ninguém; eu


nunca quis mais do que apenas passar uma noite com ninguém. Você é
a primeira, — eu digo, deixando sair minha respiração. Talvez eu não
devesse ter dito nada. Talvez isso seja apenas um grande erro.

Ela se vira, seus olhos estão úmidos como se ela fosse chorar, me
encarando como se eu apenas tivesse dito as palavras de ouro. Merda,
eu odeio quando garotas choram. Eu preciso que ela saiba exatamente
o que eu sou, o que nós somos, antes que ela pense que eu sou algum
Romeu.

— O que você esperava, Dani? Quando Candy te contou uma


fração do homem que eu sou, você saiu correndo nos seus fodidos
saltos. Eu sou o maldito Sargento de Armas do Clube de Motos Devil‘s
Dust. Eu sou um assassino, um bandido, uma maldita besta. Não há
cercas brancas e cafés da manhã de domingo nesse lado do muro. — eu
encaro seus olhos o mais profundamente que posso. Eu quero que ela
saiba que eu não sou um fodido príncipe encantado, nem mesmo perto
disso. Este é o homem que eu sou; se ela me quiser, isto é o que ela
ganha. Eu não irei me transformar em um Sr. Perfeito.

Seus olhos escurecem. — Ah, eu entendo. Você pensa a mesma


coisa que a vadia lá fora; que eu não pertenço aqui, — ela diz,
sarcasticamente.

Eu posso dizer exatamente o que ela quer ouvir, que eu nunca


pensei isso, mas eu estaria dizendo uma maldita mentira.

— No começo eu não acreditei que você pertencia aqui, não. Eu


pensei que você fosse uma cadela rica reprimida; uma dessas que eu
gostaria de foder até as colocar em seus lugares. — seus olhos
arregalam com choque. — Mas então eu pude te conhecer um pouco
melhor; e agora, depois daquele pequeno espetáculo lá fora... — eu
aponto através da parede para onde ela apenas chutou a bunda de
Candy alguns momentos antes, —... eu sei que você tem sangue de
Devil‘s Dust em você, e eu penso que você sabe disso também.

— Eu vi a mulher feroz em você finalmente escapar essa noite; a


mulher que sua mãe tem tido tanto medo de merda para que fique livre.
Você é filha de seu pai, sem dúvida, — eu cacarejo. Ver Dani se perder
em Candy foi como assistir um tigre sair de sua gaiola para a floresta.
Foi instinto primário explodindo, e isto é onde ela pertence.

~ 111 ~
Ela seca uma lágrima de seu rosto, deixando suas mãos caírem
ao seu lado. Ela não está mais tentando proteger a si mesma, talvez eu
não tenha fodido isso.

Eu ando até ela e agarro suas mãos com ambas as minhas, eu


não sei, isso deveria ser romântico ou outra merda?

— Eu nunca fiz isso antes, então esteja avisada. Eu vou ser um


romântico horrível, e você vai estar mais puta comigo do que você gosta
de mim agora. Se nós decidirmos ir adiante, você é minha! Eu sou seu
dono, você entende? — eu levo meu dedo ao seu queixo a fazendo olhar
para mim. — Eu não vou deixar você ir, e, certo como o inferno, não vou
deixar você voltar para New York. — eu me inclino e beijo os arranhões
em seu rosto, eu nunca bati em uma mulher, mas depois de ver os
machucados no rosto bonito da Dani, eu quero estapear Candy como
uma vadia, eu quero bater na mãe dela por sua negligência. E eu quero
proteger Dani de qualquer coisa ruim.

Os olhos verdes da Dani me perfuram, quando ela acena com sua


cabeça. — Diga, Dani. Diga que você é minha e que você entende.

— Eu sou sua e eu entendo. — sua voz é tão baixa que me deixa


nervoso. Mas também, toda essa coisa me deixa nervoso.

Eu mergulho e mordo seu lábio inferior, o chupando dentro da


minha boca antes de exigir a entrada com minha língua. Meu pau, que
já está duro por todas as tetas e bundas que estavam se jogando no
chão do Clube, palpita contra meu jeans, gritando para ser liberado. A
dança entre Dani e eu me deu horríveis bolas azuis em mais de uma
ocasião.

Ela empurra, colocando ambas as mãos sobre meu peito e


olhando para baixo. Eu posso ver que ela está analisando demais isso.
— O que é, Dani? — eu puxo seu queixo para cima, sua pele tão suave
e macia contra meus dedos ásperos. Eu aposto que dizer a ela que eu
sou seu dono a fez repensar.

— Você é meu também, certo? Sem mais Candy, ou outras


garotas? — ela é tão malditamente fofa. Eu acho que ela tem um ponto.
Eu não posso pedir a ela para ser só minha e continuar fodendo por aí.
Eu sei que irmãos fazem isso; foder fora de casa não é incomum no
clube, mas eu apenas não posso me ver fazendo isso com Dani, ela é
diferente.

— Eu sou todo seu. — eu dou um sorriso de lobo quando apago


as luzes. Ela me quer todo para si. Ninguém pediu algo assim para mim

~ 112 ~
antes. Eu tenho certeza que antes disso acabar ela vai estar me jogando
para outra pessoa.

Eu reclamo seus lábios doces; lambendo, mordendo, sugando


cada gota que eu posso ter de sua boca delicada. Eu posso ouvir sua
respiração ficando pesada. Suas mãos voam para meus ombros; me
escalando, se agarrando a mim como se ela não pudesse ter o
suficiente; como se eu fosse sua próxima respiração. Eu agarro sua
bunda com força e coloco suas pernas em volta da minha cintura; ela
pesa quase nada, fazendo fácil a mover ao redor. Eu coloco uma mão
atrás de sua cabeça antes de nos deixar cair sobre a cama, protegendo
sua cabeça da queda forçada. Ela move sua cabeça para o lado me
dando acesso à curva de seu pescoço. Eu arrasto meus lábios através
de sua pele com cheiro de pêssego, tentando sua pele de porcelana com
meu hálito quente. Ela choraminga e começa a puxar meu colete dos
meus braços e minha camisa sobre minha cabeça. Eu sento em meus
joelhos e a ajudo a remover minha camisa; seus dedos voam para o
zíper do meu jeans. A necessidade em seus olhos é quase demais para
suportar. Eu libero o botão do meu jeans e oscilo fora dele, ficando em
minhas brancas cuecas boxers. Ela segura sua respiração com a visão
da luta do meu cumprimento contra o tecido fino. Seus dedos agarram
o cós da cueca e começam a baixá-la. Ela coloca suaves beijos pelo meu
peito fazendo um grunhido feroz sair de minha boca. Eu agarro o que
sobrou de sua camisa e tiro através de sua cabeça. Seu cabelo escuro
cai sobre seus mamilos. Seus peitos não são tão grandes como os de
Candy, mas eles são naturais e se adequam a ela lindamente. Agarro
seus shorts e calcinhas e arranco eles juntos, com urgência para estar
dentro dela. Eu coloco beijos tenros sobre os arranhões em sua
bochecha; fodida Candy. Ela joga suas pernas ao redor da minha
cintura, chutando seu iPod da cama.

— Oh, merda — ela pula em pânico, nossas cabeças quase se


batem no processo. — Eu não o quebrei, quebrei?

Eu me inclino e o pego do tapete, o fazendo vir à vida. A luz da


tela ilumina o quarto escuro.

— Não, não parece que está quebrado. — eu instantaneamente


vejo Whitesnake, aperto ligar e o coloco perto de sua cabeça. ‗Is this
love‘ atravessa os fones de ouvido preenchendo o quarto. Bem, não era
exatamente isso que eu tinha em mente. Foda-se.

Eu gentilmente puxo suas pernas separadas e me ajoelho entre


elas. Eu roço meu pau em sua abertura molhada. Quando eu empurro
a ponta do meu pau dentro, ela joga sua cabeça de volta no travesseiro

~ 113 ~
e geme. Eu amo o som dela gemendo; é tão erótico. Eu empurro mais
profundo fazendo minha própria cabeça ir para trás. Se sente tão
maravilhoso. Ela é tão apertada e quente, é como o céu. Ele geme mais
alto quando eu entro o mais fundo que seu doce sexo vai permitir. Eu
deito meu corpo em cima de sua pequena forma, colocando o máximo
do meu peso em meus joelhos, de forma que eu não a quebre. Eu posso
sentir seus mamilos deslizando no meu torso quando eu coloco meus
cotovelos do lado de sua cabeça. Eu começo a empurrar e sua boquinha
doce forma um ―O‖ e sua respiração vem em jorros rápidos. Ela é tão
fodidamente sexy, só o jeito como ela parece enquanto ela me recebe
está me matando. Eu lambo e chupo seu pescoço, o cheiro dela é
intoxicante da porra. Eu cerro meus dentes; a quantidade de prazer que
ela me dá é como uma droga, uma onda que eu só tenho com ela. Eu
lambo o lóbulo de sua orelha e arrasto meus dentes através de sua
mandíbula gentilmente, antes de tomar seus doces lábios;
experimentando qualquer coisa e tudo que ela está disposta a me dar.

— Shadow, — ela sussurra na escuridão. Meu nome escorregando


desses lábios de anjo quase me faz explodir minha carga.

Eu pego seu lábio inferior em meus dentes e dou um leve puxão


antes de me inclinar para cima e pegar aqueles olhos me encarando e
quebrando paredes em mim que eu nunca soube que estavam ali. Eu
nunca amei antes, mas eu penso que seria necessário mais tempo do
que o que eu conheço Dani para acontecer.

Suas unhas arrastam pelas minhas costas quando eu sinto suas


paredes vaginais apertar meu pau; ela está chegando perto. Suas tetas
balançam enquanto eu empurro nela, gritando por atenção. Eu alcanço
com ambas minhas mãos e agarro suas ousadas tetas enquanto eu
chumbo dentro dela suavemente. Suas mãos sobem e enredam em seus
próprios cabelos; seu corpo se arqueia e ela separa suas pernas ainda
mais, me convidando para ir mais fundo. Eu posso sentir as vibrações
profundas me roçando, lambendo meu pau. Eu começo a mover meu
quadril mais rápido. Ela geme mais alto e desenrola seus dedos de seu
cabelo para os colocar em minhas costas, suas unhas cavando em
minha pele, me reivindicando. Suas pernas se apertam, agora envolta
da minha cintura quando ela chega ao clímax. A visão dela basta para
mim; eu jogo minha cabeça para trás e explodo dentro dela.

Eu caio perto de seu corpo trêmulo; o meu se sente como


gelatina; primeira vez para mim. Ela rola e coloca beijos em meu peito,
chutando o iPod no chão de novo e parando a música. Ela não entra em
pânico que ela possa o ter quebrado dessa vez. Eu nem ao menos sei se

~ 114 ~
Whitesnake ainda está tocando, eu estou tão perdido em nós. Então
isso me acerta; nós acabamos de fazer amor. Da última vez que fizemos
foi um pouco mais animal. Dessa vez foi sensual, profundo e tenro. Que
porra está acontecendo comigo?

Eu escondo sua cabeça no meu peito e beijo o topo. Seu cabelo


cheira ao meu shampoo, me fazendo sorrir. Deitamos ali tentando
recuperar nosso fôlego enquanto eu tento entender o que no inferno eu
estou fazendo. Eu perdi a porra da minha cabeça? Eu posso sentir a
respiração de Dani ficando mais profunda, enquanto seu corpo começa
a ficar mole.

— Durma, Baby, — eu sussurro para ela.

— Shadow, — ela coacha, com a voz sonolenta.

— Hummm?

— Nós não usamos camisinha, — ela sussurra contra meu peito.

Meus olhos pulam abertos. Merda, como eu pude ser tão


descuidado? Eu nem ao menos pensei sobre preservativos. Esse é ainda
outro exemplo de como eu não consigo pensar claramente perto de
Dani. Eu sempre me certifiquei de usar camisinha; nunca pensei por
um segundo em fazer sem uma. Mesmo quando eu era uma criança
fodendo por aí, eu sempre usei camisinha.

— Eu estou limpo. Você é a única garota com quem eu tive sexo


desprotegido.

— Sim... mas eu não estou tomando pílula.

Porra. Claro que ela não está tomando pílula; ela era virgem até
poucos dias atrás, porque ela tomaria?

Ela puxa sua cabeça de meu peito e olha para mim. — Talvez
Bobby possa conversar com a doutora para mim ou algo assim. Nós
vamos resolver isso. Nós vamos ser mais cuidadosos, no entanto. — ela
beija meus lábios com carinho, me fazendo suspirar nela.

— Boa noite, Shadow. — ela sussurra contra meus lábios.

Porra.

~ 115 ~
Capítulo doze
DANI
Sinto dedos subindo e descendo pelas minhas
costas nuas, me acordando do meu sono. Eu abro
meus olhos para um peito bronzeado e me lembro
de minha noite com Shadow. Um sorriso
instantâneo se firma em meu rosto. Eu olho para
cima para ele e seus deslumbrantes olhos azuis
estão olhando para baixo.

— Bom dia.

— Mmmm... — eu respondo. Eu agarro os lençóis e puxo sobre


nós, aconchegando nós dois na cama. Não quero que isso termine; o
que é que exista fora daquela porta pode esperar. Eu nem ao menos me
importo com seu hálito matutino, não que o meu esteja melhor. Ele
agarra a mão com a qual eu acertei Candy, levanta até sua boca e beija
cada nó. Como ele pode dizer que ele é um romântico de merda quando
ele faz coisas como essa? Quando ele age assim, eu não tenho nenhum
problema em ser dele.

— Eu quero te levar para sair essa noite, — ele diz. Eu levanto


meus olhos até ele em choque. Seu rosto também está em choque com o
que ele acabou de dizer.

— Sério? — eu respondo, aturdida. Eu não achava que ele era o


tipo de cara que ia a encontros.

Ele balança a cabeça afirmativamente.

Eu sinto vertigem, como uma adolescente convidada para o baile.

— Quais são seus planos para hoje? — eu pergunto para ele,


tentando encontrar uma distração para a sensação maravilhosa
borbulhando dentro de mim.

— Eu tenho missa; tenho que deixar o Prez saber como a corrida


foi; ver se alguém soube de alguma coisa sobre o tiroteio ou sobre esse
tal de Stevin; então provavelmente trabalhar um pouco no meu carro. —
ele começa a roçar seus ásperos dedos pra cima e pra baixo em minhas

~ 116 ~
costas de novo. A sensação é tão sensual; eu amo. Espera, ele tem um
carro? Eu nunca vi.

— E você? — ele pergunta.

Eu suspiro pesadamente. — Oh, provavelmente ajudar Babs ou


ficar por aí. É bem entediante aqui. — eu estou feliz que eu tenha
alguém como Babs para conversar, mas ficar sentada a toa está me
enlouquecendo.

Eu corro minhas mãos pelo seu peito; seu corpo é tão tonificado e
perfeito. Sinto seu comprimento pressionando contra meu estômago
enquanto eu acaricio seu peito. Me faz sentir necessidade. Eu jogo os
lençóis sobre minha cabeça e abaixo meu corpo pela cama. Eu acho o
impressionante comprimento de Shadow no mesmo instante.

— O que você está fazen - aaahh! — eu lambo o pau de Shadow


antes que ele termine sua frase. Eu corro minha língua em sua cabeça e
seguro suas bolas com minha mão. Eu envolvo meus dentes com meus
lábios e mergulho minha quente e molhada boca em torno de sua
ereção. Seu corpo se empurra da cama enquanto eu o chupo, como um
picolé. Minha mão agarra a base de sua haste para a manter parada
enquanto eu assalto ela com minha boca. Ele grunhe quando eu estalo
minha língua na parte inferior e continuo a sugar sem misericórdia. Eu
sinto seu comprimento pulsando apertado enquanto balanço minha
cabeça. Eu escavo minhas bochechas e chupo mais duro, fazendo seu
corpo tremer. Ele coloca sua mão na minha cabeça quando eu continuo
a sugar todo ele como um vício. Sua ereção se aperta e pulsa dentro da
minha boca de novo enquanto ele grunhe.

— Vou gozar, Dani, — ele gane em aviso quando suas costas se


inclinam para fora da cama. Eu não diminuo. Agarro suas bolas e
continuo a chupar ele até a metade da minha garganta. De repente, um
fluido salgado e quente se derrama em minha boca. Ele tem um gosto
incrível; eu ordenho cada gota dele. Eu o sinto cair de volta na cama
travando e bufando.

Ele puxa o lençol de mim. — Você não tem reflexo de vômito?


Santa merda! — eu sorrio para ele, sem ter certeza do que dizer. Eu
nunca tinha feito nada como isso. Eu só vi isso em filmes sujos quando
eu estou em casa sozinha. Parece que eu posso agradar meu homem
melhor do que uma puta, julgando por sua reação.

Eu ouço um toque de celular vindo do chão e Shadow se levanta


da cama e o pega. Seu corpo é tão sexy; eu não acho que algum dia eu
vou me acostumar com sua beleza perfeita.
~ 117 ~
— Sim, — ele responde. — Que horas são? Oh merda... Sim, eu
estou indo agora. — ele põe o celular de volta no bolso de seus jeans,
agarra sua cueca do chão e começa a enfiar suas pernas nela.

— É quase meio-dia. Eu tenho que ir pra missa, baby. — ele


coloca suas calças e olha ao redor do quarto procurando sua camisa e
colete. Seu cabelo bagunçado se encaixa nele tão bem que meus dedos
querem brincar neles.

Ele se inclina e me beija nos lábios antes de caminhar para a


porta, lutando para colocar uma bota. Eu não posso segurar minha
risadinha.

Eu odeio que nós temos que esconder. Estou certa que minha
mãe ia pirar, provavelmente até tentar queimar esse lugar abaixo. Eu
digo vá em frente, eu finalmente achei um lugar onde pertenço e eu não
estou a ponto de virar minhas costas para isso.

As palavras de Shadow de ontem à noite voltam a minha mente:


‗Eu não vou deixar você ir, e, certo como o inferno, não vou deixar você
voltar para New York.‘

Eu sinceramente não acho que Shadow deixaria minha mãe me


levar, e eu estou feliz porque eu não quero voltar. Essa é minha casa
agora, e eu acho que no fundo ela sabe que este lugar sempre foi meu
lar.

Eu acho que eu deveria tomar um banho, embora eu odeie lavar o


cheiro de Shadow de mim. Eu me banho e escovo meus dentes com a
escova de Shadow de novo, eu coloco meu sutiã de renda rosa com
calcinha combinando, uns shorts caqui e um top amarelo. Eu saio e
vejo Babs atrás do balcão.

— Aí está você. Eu vou fazer o que você quiser essa manhã;


apenas diga. — seu tom é um pouco mais entusiasmado do que eu
esperava.

— A princesa do Clube chegou. Babs, melhor você fazer o que ela


quiser ou pode acabar com um olho roxo. — Locks pisca para mim.
Merda, o Clube inteiro sabe o que aconteceu entre Candy e eu. Eu olho
para a sala de reuniões para encontrar as portas abertas. Parece que a
missa foi rápida hoje.

Eu tento fingir um sorriso, mas meu medo é que se o Clube


inteiro sabe, então minha mãe provavelmente sabe também. Merda. Eu
não acho que eu posso mentir para me livrar desta vez.

~ 118 ~
Shadow entra pela porta coberto por graxa e se senta perto de
Bobby. A graxa sobre ele faz o faz parecer tão áspero; eu estou babando
por outra rodada no quarto com ele.

— Bem, se não é a princesa do Clube, — ele sorri bobamente para


mim; espertinho. Mas, cara, ele é um espertinho sexy.

— Você tinha que ter visto, Babs, era como se houvesse fogo
voando pelo lugar. — Bobby olha para mim com um temor repentino em
seu rosto. — Como um vagalume.

— Oh, eu gosto disso; Princesa Vagalume, — Babs acena


concordando.

— Eu posso ver ela como um vagalume, — Shadow concorda.

— Espera, o quê? — essa conversa inteira me confunde.

— Seu ‗nome de estrada‘, apelido, como você quiser, — Babs


explica.

Meu pai entre pela porta do Clube. — Dani, me siga. — seu tom é
plano e seu rosto está impassível. Estou certa de que ele sabe sobre
Candy; merda.

Eu o sigo até a sala de reuniões e sento em uma mesa de madeira


vermelha. Ele senta na cabeceira da mesa, se inclina em sua cadeira, e
acende um cigarro. Ele fica ali brincando com seu isqueiro vermelho,
nem mesmo olhando para mim. O silêncio constrangedor tira o melhor
de mim então eu olho pela sala. Dez cadeiras estão espalhadas ao redor
da mesa e eu me pergunto em qual delas a linda bunda durinha de
Shadow esteve durante a missa. Há um ventilador na janela ao meu
lado e a parede que estou encarando está cheia de quadros com coletes
velhos.

— Membros falecidos, — meu pai responde, me vendo olhar para


cada um dos coletes.

— Você quer explicar o que aconteceu com Candy? — sua voz é


calma e misteriosa, tirando minha atenção dos quadros. Eu não posso
dizer a ele que eu estava com ciúmes de Candy; que eu quero ser parte
da vida de Shadow. Eu começo a escavar a mesa velha, sem estar certa
do que dizer.

— Ela tem um nariz quebrado e pontos em sua bochecha.


Julgando pelos arranhões que você tem em seu queixo e nos nós dos
dedos, eu sei que você fez. O que eu não sei é: por quê? — ele toma um

~ 119 ~
longo trago de seu cigarro, solta uma bola de fumaça no ar, e olha
direto para mim. Eu nunca tinha visto esse lado de meu pai antes; ele
normalmente é tão tenro e carinhoso. Agora, sua voz é forte e cruel. É
assustadora como a merda.

— Vocês estavam brigando por causa de um dos meus rapazes,


Dani? Eles sabem melhor do que chegar perto de você. Se eu descobrir
que isso é por causa de um dos rapazes, não será bonito. Você é
propriedade do Clube e-

— Ela disse que eu não me encaixo aqui, e que eu não mereço


usar a camisa do Devil‘s Dust que eu estava usando. Eu apenas estalei.
Eu nem mesmo percebi o que estava fazendo até eu ser puxada para
fora dela. — eu falo alto, interrompendo ele em seu discurso. Eu não
quero dar a ele tempo para analisar coisas ou colocar as partes juntas
em sua cabeça e levar Shadow antes mesmo de eu ter a chance de ter
ele. Quero dizer, eu disse parte da verdade; ela estava tentando me fazer
correr daqui como minha mãe, e isso realmente me deixou puta.

— Cadela! — ele grita e bate seu pulso na mesa. Eu olho


ofendida. Sua expressão suaviza quando ele vê o choque escrito no meu
rosto.

— Não, não você; Candy. Me parece que ela recebeu o que ela
mereceu. Se eu tivesse a ouvido dizer isso eu mesmo teria chicoteado
ela com a porra de uma pistola. Eu deveria ter feito isso com a mãe
dela. — ele joga seu cigarro fora no lixo, puto.

— Eu não acho que ela vai ficar implicando comigo mais. Eu


posso lutar minhas próprias batalhas, pai. — sua cabeça chicoteia para
cima com a palavra ―pai‖. Eu não percebi que eu tinha dito isso em voz
alta, é tão errado o chamar assim?

— Eu posso ver isso. Você é a princesa do Devil‘s Dust. — seus


olhos brilham com um senso de orgulho enquanto ele fala comigo. Sou
só eu ou a palavra princesa soa ridícula? Não que aquele negócio de
vagalume seja muito melhor.

— Sua mãe vai descobrir sobre isso; todos sabem. Todos viram
Candy esta manhã e quando eu perguntei a respeito, ela me disse para
perguntar para você. A mãe de Candy vai encher meu celular com
mensagens, tenho certeza, e eu sei que sua mãe vai estar nas minhas
malditas costas. Eu acho que talvez eu apenas vá pescar por hoje. — ele
olha pra mim e dá um grande sorriso.

~ 120 ~
— Boa sorte, querida. — ele dá um tapinha no meu ombro e sai
da sala.

Wow, essa foi perto. Eu não tenho certeza por quanto tempo
Shadow e eu vamos conseguir esconder nosso... o que quer que seja
isso, de todos. Eu me empurro da mesa e percebo que minhas palmas
estão soando; me diga sobre desviar de balas.

Antes que eu possa sair da sala, minha mãe entra pela porta e me
puxa de volta. Ela bate a porta atrás dela.

— O que no inferno está acontecendo, Danielle Lexington? — ela


grita para mim enquanto aponta o dedo no meu rosto. Uau, ela deve
estar puta; ela usou meu nome completo. Eu aperto a ponte do meu
nariz; isso está ficando muito cansativo. Eu estou enjoada dela me
tratar como uma criança; eu tenho fodidos vinte e um anos. Eu aceitei
isso antes porque eu estava tão acostumada com seu jeito protetor. Eu
estava entorpecida para tudo ao meu redor; ingênua até. Mas agora, eu
estou mais viva do que já estive; tudo está tão claro e esse é o fim para
mim, com ela. Ela não pode ameaçar me jogar na rua agora. Eu tenho
um lugar para chamar de casa.

Eu agarro seu dedo e puxo de volta para ela, a fazendo oscilar.


Voltando ao meu assento, eu olho para cima e vejo choque e raiva
escritos por todo seu rosto.

— Eu quero saber o que você fez a essa pobre garota, agora


mesmo. — sua voz é baixa e trêmula a cada palavra. Essa pobre garota?
Ela nunca para de me surpreender, escolhendo uma puta do Clube a
sua própria filha.

— Eu bati nela pra caralho. — ela engasga e anda para o meu


lado da mesa para olhar para baixo em mim. Eu não poderia dizer se
ela está mortificada com o que eu fiz ou furiosa.

Testando as água, eu olho para cima na direção dela pairando


sobre mim e exijo presunçosamente. — Sim?

Antes que eu possa perceber o que ela está fazendo, ela levanta
sua mão e estapeia meu rosto tão forte que meus dentes tremem. Eu
levanto tão rápido que a cadeira é jogada para trás no chão.

— Sua cadela! — eu grito para ela, minha mão acariciando a


picada que ela deixou em minha bochecha. Meu corpo
instantaneamente ferve com raiva envenenada. Eu quero bater nela de

~ 121 ~
volta, mas eu tenho medo de que se eu levantar um dedo para ela, não
serei capaz de parar.

— Olhe para você; você não é nada além de lixo de motoqueiros!


— ela berra.

Eu sorrio para ela descaradamente, — Minha vida inteira eu fiz


tudo que você quis que eu fizesse sem questionar e os únicos momentos
que você prestou atenção em mim foi para dizer como eu era uma
fodida. Bem, não mais. Eu percebi agora que eu nunca poderia ter feito
você feliz de qualquer forma. Eu sempre fui lixo de motoqueiros para
você; isso é o que te irrita mais do que tudo. Eu nunca vou voltar para
New York com você.

Ela impulsiona e joga seu corpo sobre mim. Nós caímos sobre o
sujo chão de madeira, chutando cadeiras no processo. Minha cabeça
bate contra o chão com um ruído surdo, me fazendo ver estrelas. Ela
sobe escarranchada sobre mim e começa a puxar meu cabelo e bater no
meu rosto. Eu cubro minha cabeça com os braços enquanto ela me
assalta. Isso é tudo que eu posso fazer; se eu mover minhas mãos para
lutar, ela vai ter acesso total ao meu rosto.

— Você é exatamente como seu pai; tão ingrata, tão teimosa. Eu


não podia ficar perto de você depois que você fez sete anos! Não
importava o que você fizesse, você me lembrava dele!

Minha cabeça grita com cada puxão de cabelo e todos os poros do


meu rosto ardem com seus tapas; sem mencionar as batidas que
irradiam do meu crânio por causa de nossa queda. Apenas quando eu
estou pronta pra lutar de volta, os tapas param e seu peso é levantado
de mim. Eu abro meus olhos para ver a mão de Bobby estendida para
me ajudar a levantar; quando eu fico em pé ele passa as costas de sua
mão sobre meu rosto.

— Você está bem? — ele pergunta com calma. Eu não respondo.


Eu olho sobre seus ombros e vejo cada pessoa na sala; Babs, Bull,
Hawk, Charlie, Lips, Locks, mesmo alguns outros membros que ainda
não conheci. Que embaraçoso. Locks tem minha mãe em seus braços, a
segurando enquanto ela continua bufando e tentando tirar a si mesma
de seu aperto.

Eu posso sentir meus olhos arderem. Eu pisco forte, tentando


segurar minhas lágrimas. Eu passo por todos e corro para fora da
garagem até o pátio. Eu entre em uma das aberturas e encaro a parede.
A tinta branca está lascada e gordurosa, o cheiro de gasolina e óleo me

~ 122 ~
cerca. Meus dedos fazem estragos nos meus lábios enquanto eu tento
me acalmar do que acabou de acontecer.

Eu posso ter perdido minha mãe para sempre dessa vez, mas ela
é uma perda tão grande? Suas palavras foram o que me feriram mais,
não é surpresa que ela não conseguia ficar perto de mim, mas ouvir ela
admitir isso é como ter uma faca enfiada no meu coração. A dor está se
tornando demais, eu posso sentir meus olhos prontos para derramar
lágrimas.

— Dani? O que você... — Shadow para no meio de sua frase


quando vê meu estado destruído. Eu nem mesmo vi ele aqui, de tão
presa que eu estava em minha própria agitação. — O que está errado?

Eu balanço minha cabeça em resposta.

Ele me puxa para perto, enrolando seus braços ao meu redor. Eu


aperto meu nariz em sua camisa manchada de graxa e respiro fundo.
Seu cheiro masculino misturado com graxa é uma sensação bem vinda,
e me relaxa.

— Minha mãe é o que está errado. Como ela pôde dizer aquelas
coisas? — eu balbucio em seu peito, minhas mãos agarrando sua
camisa como se disso dependesse minha vida.

— Você ficaria surpresa com o que uma mãe pode dizer para seu
filho, — ele me puxa para o cumprimento de seu braço e examina meu
rosto.

— Que inferno, Dani, seu rosto está todo vermelho. Aquela cadela
te bateu? — eu posso ver seus olhos dilatarem com raiva, sua
mandíbula cerra enquanto ele move meu rosto de lado a lado pelo meu
queixo.

De repente, eu ouço pesados passos vindo em nossa direção. Eu


avisto uma porta aberta e me enfio no espaço entre ela e a parede.
Espiando pelo buraco, eu vejo Locks vindo para a garagem.

— Shadow, você viu Dani correndo por aí?

— Nah, homem, não vi, — Shadow age casualmente, procurando


por alguma coisa em uma caixa de ferramentas vermelha.

— Ela acabou de sair de uma grande briga com sua mãe; ela saiu
do clube correndo nessa direção. Bull me mandou encontra-la, ter
certeza de que ela está bem, — Locks puxa um pacote vermelho e tira

~ 123 ~
um cigarro dele com seus lábios, ele não o acende, apenas o deixa
pairando solto em seus lábios.

— Estas mulheres, eu vou te dizer o que; eu não estou aqui para


dar uma de babá. Eu não estou certo do que o Prez estava pensando ao
trazer essas cadelas aqui.

— Eu acho que ele estava pensando que elas são a família dele, —
Shadow responde de volta, chafurdando por mais ferramentas.

— Isto não é lugar para cadelas; isso é tudo que estou dizendo,
irmão, — Locks puxa um isqueiro preto de seu bolso e acende o cigarro.
Shadow tira seu foco da caixa vermelha e olha na direção de Locks.

— Mesmo? E sobre Babs? — Shadow pergunta.

— Isto é diferente, — Locks cruza seus braços e amplia sua


postura.

— Como? — Shadow pergunta, ficando em pé perto da caixa de


ferramentas.

— Sem dramas. — Locks graceja de volta.

Shadow bufa com o comentário de Locks. — Certo, Não tem


menos de cinco meses que Babs pegou você com suas calças em volta
de seus calcanhares, fodendo Candy?

Agora eu entendo porque existe tanta tensão entre Candy e Babs,


e o que Babs quis dizer sobre Locks trair.

— Sim, foi, e eu impedi essa merda. Babs sabe melhor do que


dizer alguma porra ou outra coisa acontece. — Locks toma um trago de
seu cigarro.

Ele realmente disse ‗ou outra coisa acontece‘? O que isso


significa? Ele bate nela? É assim que é estar com um deles, eles podem
trair você e se você disser alguma coisa eles batem em você? Meu peito
de repente se sente pesado, o pulsar na minha cabeça começa
novamente.

— Eu não estou aqui para ter uma sessão de terapia com você; se
você encontrar Dani, diga para ela trazer a bunda de volta no Clube. —
Locks se vira e sai, seus passos pesados deixando uma trilha. Shadow
olha para mim e acena quando está limpo. Eu saio de trás da porta, e
olho para Shadow. Tantas perguntas para fazer, mas eu não quero o

~ 124 ~
ofender. Ele instantaneamente pega meu rosto com suas mãos de graxa
e olha dentro dos meus olhos.

— Respire, Dani. Alguns homens fodem ao redor de suas old


ladies; isso é apenas vida do Clube, — ele diz isso com tanta calma,
como se fosse norma social.

— Eu não acho que eu poderia ser uma old lady, — eu sussurro


em confissão.

Shadow sorri. — Eu posso ser um imbecil, mas se você fosse


minha old lady, eu não foderia por aí e eu nunca levantaria uma mão
para você. Só o pensamento de você estar com dor me faz querer matar
alguém. Você me entende? — seu tom é austero, seu rosto está sério; eu
sei que ele está dizendo a verdade. Como eu pude pensar que Shadow
seria assim? Ele alega ser uma besta, e ele pode ser com outras
pessoas, mas nunca comigo.

— Eu entendo.

Ele inclina sua cabeça na minha e arrasta seus dedos pela minha
bochecha. Seu toque é tão sincero e carinhoso. Eu poderia ser sua old
lady se ele quisesse.

— Bom. Agora vem aqui; eu quero te mostrar uma coisa, — ele


sorri o maior sorriso de menino que eu já vi enquanto ele agarra minha
mão. Nós passamos por algumas motos e seguimos para o fundo do
corredor para fora da loja.

Nós paramos de frente a um carro preto; eu nunca vi nada assim.


Nunca tinha visto um carro tão sexy na minha vida; ele grita músculos.

— É uma Shelby Mustang 1965; era do meu pai, — ele puxa um


pano de graxa de seu bolso e esfrega uma mancha no capô. Eu ando em
volta do carro, absorvendo sua beleza; sua masculinidade.

— Eu gosto muito. É sexy, — eu olho para cima e seu sorriso


brilha ainda mais. Ele é tão fofo com esse sorriso infantil em seu rosto.
Garotos e seus brinquedos.

— Cara, você continua ficando melhor e melhor, — seu sorriso se


torna maldoso e ele pisca para mim, fazendo minhas calcinhas
molhadas de desejo. Olhando para ele e esse carro fodão, tudo que eu
quero é que ele me jogue sobre o capô e me tome.

— Eu vejo o olhar em seu rosto, e acredite em mim, eu já pensei


sobre isso. Mas é muito arriscado, — ele replica. É maluco como ele

~ 125 ~
pode ler minha mente tão facilmente depois do pouco tempo que temos
estado perto um do outro.

— Você pode me levar para uma volta? — talvez se nós sairmos


daqui nós possamos ter alguma diversão no banco traseiro. Bom Deus,
me ouça; eu pareço uma vadia.

— Nah, eu ainda tenho que obter um motor. É um carro velho,


então é difícil de achar.

Merda.

— Dani! Dani! — eu ouço meu nome sendo chamado do Clube.

— É melhor eu ir, — eu começo a andar e Shadow agarra minha


mão, me parando.

— Vejo você às cinco, vagalume — eu apenas sorrio para ele e


ando para longe. Ele bate duro na minha bunda quando eu passo, e eu
guincho com prazer.

~ 126 ~
Capítulo treze
DANI
Eu estou sentada na mesma cadeira pela
terceira vez hoje. Meus dedos pinçam e arranham as
depressões e sulcos da madeira da mesa enquanto
eu espero o silêncio constrangedor acabar. Meu pai
está sentado na cabeceira com uma garrafa de Jack
próxima a ele rodopiando um copo de dose entre
seu dedo indicador e polegar. No lado oposto da
sala, minha mãe está dando passadas pelo chão;
suas mãos em seus quadris depois cruzadas em
frente ao seu peito. Eu acho que está na hora da
terapia de família; onde está nossa terapeuta quando você precisa dela?

— Essas brigas de cadelas vão parar; eu quero que vocês duas


façam as pazes agora. Eu não vou ter isso acontecendo no meu Clube
nem fodendo. — meu pai finalmente quebra o silêncio, sua voz calma e
controlada, ele ainda está olhando direto para minha mãe como se ele
estivesse falando apenas com ela.

— Seu Clube; isso é tudo que importa para você, sempre foi.
Algumas coisas nunca mudam, — minha mãe discursa enquanto ela
continua a passear pela sala, nem ao menos olhando em nossa direção.

— Você sabia o nível de dedicação que eu tenho para este Clube


quando nós estávamos juntos. Isso nunca mudou, Lady. — sua voz
sobe ligeiramente; eu posso dizer que ele está irritado com ela.

Minha mãe para de dar passadas e se inclina sobre a mesa com


suas mãos. Ela encara diretamente meu pai, — É Sadie. Quantas vezes
eu tenho que te dizer isso? — ela praticamente berra para ele.

Ele suspira pesadamente antes de torcer a tampa da garrafa de


uísque e derramar o líquido âmbar no pequeno copo o enchendo até a
borda. — Eu não vou ter você colocando suas mãos na minha filha de
novo. — sua voz e rosto são um aviso para minha mãe. Ele bebe a dose,
deixando o uísque descer em sua garganta. Ele nenhuma vez vacilou.

~ 127 ~
Não é a primeira vez que minha mãe me estapeia; ela costumava
fazer isso muito quando eu aceitava o que ela fazia com resignação. Mas
esta, no entanto, será a última vez.

O rosto da minha mãe está vermelho, suas narinas dilatadas com


raiva. — Eu estou indo embora hoje; agora! — ela me olha
questionando, perguntando silenciosamente se eu estou indo com ela.
Eu olho para longe dela, evitando sua olhar questionador. Não tem jeito
no inferno de eu ir com ela.

— Você não pode, nós não achamos aquele imbecil do seu ex. Não
é seguro, — meu pai explica, com sua voz calma.

— Sim, bem, eu vou correr o risco, — ela diz com um humor


desgostoso em sua voz. — Eu entendo que você não está vindo? — ela
finalmente me pergunta.

Eu encaro a parede em frente a mim, evitando o rosto


questionador de ambos os meus pais. Eu não sei se meu pai quer que
eu fique e eu não quero ir com minha mãe. Se meu pai não me quiser
aqui, eu prefiro viver como uma desabrigada do que voltar a ser o que
minha mãe quer que eu seja; não depois de ter descoberto quem eu
realmente sou. Ela vira em seu pé e joga suas mãos para cima como se
ela estivesse lavando suas mãos a meu respeito.

— Quando eu estava grávida de você eu pensei que minha criação


iria vencer sobre sua natureza. Eu devia ter visto os sinais enquanto
você crescia, mas, aqui estou eu, sendo estapeada na cara pela minha
decisão de ter você como minha filha, — ela se vira e olha para mim,
seus olhos cheios de lágrimas. Eu percebo que ela pensou em abortar
quando ela descobriu que estava grávida, isso não me surpreende de
verdade.

— Eu ficarei. Eu posso nunca me tornar a pessoa que você quer


como uma filha. Eu nunca senti como se eu encaixasse no seu molde.
Depois de estar aqui, eu sinto como se soubesse quem eu sou agora, —
as palavras escorregam dos meus lábios quase como um sussurro. Meu
pai não objetou até agora; ele deve querer que eu fique.

— Você pensa que você sabe quem você é agora, mas existem
apenas quatro coisas que você pode se tornar em um clube fora da lei
como esse: uma puta, uma drogada, uma prisioneira ou morta. Não
venha correndo de volta para mim, e não diga que eu não te avisei. —
ela me encara com raiva e depois encara meu pai. — Eu já chamei um
taxi. Vocês dois aproveitem um ao outro. Vocês ambos são monstros da
mesma forma, — ela se vira em seus saltos e sai. Ela saiu da minha
~ 128 ~
vida tão facilmente; como se eu fosse um carro usado que ela não quer
mais.

Eu sinto o calor molhado na minha bochecha, picando os cortes


que Candy deixou para trás. Meus dedos esfregam as lágrimas que
meus olhos não sabiam que estavam derramando.

— Aqui, você pode precisar disso, — meu pai escorrega o pequeno


copo meio cheio com o uísque pela mesa. Eu lanço para dentro e sinto a
queimadura descer todo o caminho através da minha garganta e em
meu estômago. Meu corpo instantaneamente se sente aquecido e
relaxado. Meus olhos enchem de água e me faz tossir com o assalto
ligeiro.

— O que agora? — eu pergunto, incerta se isto é o que ele quer;


se ele quer a mim.

— Nós iremos amarrar alguns fios soltos, ter certeza de que tudo
está seguro, e colocar você em seus pés, querida, — seu rosto e voz são
sinceros; eu posso dizer que ele não quer nada além de que eu fique
aqui.

— Você é meu sangue. Você sempre será bem vinda aqui e


sempre será protegida, Dani, — ele bate em meu ombro. — Além disso,
eu meio que gosto de você, — eu olho para cima para um Bull
sorridente, rugas emoldurando seus olhos verdes brilhantes.

Eu acho que este é meu lar agora. Com esse pensamento, meus
lábios franzidos se tornam um sorriso maroto.

*****

Eu ando para fora no pátio para o encontro marcado para as


cinco e encontro Shadow já me esperando em sua moto. Ele está
usando um jeans confortável, uma blusa branca e seu colete. Seu
cabelo preto está todo bagunçado em cima, como sempre, e ele abre um
sorriso preguiçoso quando ele me vê andando em sua direção. Apenas a
visão dele me tem tremendo com excitação. A cada dia eu me sinto
caindo mais profundo em sua teia.

Ele me entrega o capacete e acelera sua moto. O rugir saindo dos


canos de cromo sobem pela minha espinha. Eu coloco meu capacete e
monto a garupa de sua moto. Ele agarra minhas pernas e me puxa para

~ 129 ~
perto me fazendo sorrir. Em um minuto, nós voamos para frente e
estamos fora do pátio batendo no chão pavimentado. Seu cheiro é
intoxicante; seu shampoo picante misturado com graxa. Eu posso dizer
que ele tentou lavar toda a graxa, mas o cheiro ainda permanece. Eu
amo; é tão masculino.

Olhando para o pôr do sol, eu vejo grandes nuvens cinza


enchendo o céu; parece que uma tempestade se aproxima. Eu me
pergunto onde Shadow está me levando. Isto deve ser interessante.
Aliás, eu aposto que qualquer coisa que ele tenha para oferecer vai ser
melhor do que os encontros às cegas que minha mãe costumava me
arrumar; eles sempre me levavam paras os lugares mais caros e
jogavam dinheiro ou o nome de suas famílias ao redor como se isso
fosse lisonjeiro; não era.

Eu sinto a moto se inclinar para o lado da estrada nos trazendo


de volta a praia que ele me levou há uma semana ou mais. Eu não
estou reclamando. Eu amo a praia e isso pode ser romântico. Mas
novamente, Shadow disse que ele não faz romance.

Eu desço da garupa da moto e entrego para Shadow meu


capacete. Ele pega e me entrega um cobertor colorido de vermelho e
preto de um dos alforjes13.

— Vá achar para nós um bom lugar; eu te seguirei em um


segundo.

Eu pego o cobertor e faço meu caminho pela morna areia da


praia. A brisa está levantando as ondas que quebram na praia. Eu
escolho um lugar e jogo o cobertor no chão. Sentando em um canto, eu
tiro meus sapatos e meias e afundo meus pés no calor. Sentir os grãos
de areia se espalhando entre meus dedos é incrível; é tão relaxante. Eu
precisava disso depois das últimas vinte e quatro horas que eu tive. A
lembrança do que aconteceu com Candy e minha mãe, traz arrepios na
minha pele. Eu não tenho estado há muito tempo no Clube e eu já
consegui fazer estragos. Que bagunça.

Eu olho para trás para encontrar Shadow acomodando um cooler


vermelho e chutando suas botas e meias.

— O que tem no cooler? — eu pergunto, levantando meu queixo


em sua direção.

— Eh, minha tentativa de ser romântico, — ele responde, rindo.

13 São aquelas bolsas que eles penduram na moto.

~ 130 ~
Ele abre a tampe e puxa um pote plástico com sanduíches
cortados em triângulos, então ele puxa outro pote com queijo e uvas,
seguidos por duas cervejas. Eu estou completamente chocada, minha
boca está caída aberta e meus olhos arregalados como pratos.

— Eu sei que não é um restaurante cinco estrelas, ou nada


extravagante, mas isso é o máximo de romântico que eu posso ficar, —
ele esfrega as costas de seu pescoço e olha na minha reação. Ele pensa
que eu odiei; que eu estou mortificada que ele poderia me fazer
sanduíches para um encontro, mas a verdade é, eu amei. Eu odeio que
ele pense que eu sou uma mulher da classe alta de New York que é
impossível de agradar. Eu aposto que todos no Clube pensam isto

— É perfeito, — eu respondo, minha voz cheia de emoção.

Ele bufa para mim. Ele obviamente pensa que eu estou mentindo.
Idiota.

— Eu não estou mentindo, — eu protesto.

Ele senta e abre o pote com os sanduíches. Ele pega uma mordida
enorme e olha para as ondas quebrando. Eu rastejo até ele e sento
escarranchada sobre seu colo, pegando seu rosto com a mão em concha
então ele está olhando diretamente para meus olhos. Suas bochechas,
ásperas por sua barba parecem o céu debaixo de meus dedos.

— Eu estive nesses restaurantes cinco estrelas que você está


falando; tenho certeza que eles podem ser legais, mas qualquer um
pode jogar dinheiro para que outra pessoa cozinhe para seu
companheiro. Isso leva muito mais planejamento. Você mesmo fez isso;
você não contratou outra pessoa para evitar aborrecimento. Isto é mais
íntimo que qualquer coisa que você pode considerar como chique... —
ele pega meu rosto e levemente escova seus lábios sobre os meus, tão
tenro e amigável que eu me esqueço quem está me segurando.

— Então você acha que eu sou seu companheiro? — ele sussurra


contra meus lábios, seu hálito cheirando a peru.

Minhas bochechas brilham e meu coração começa a galopar como


um cavalo. Merda, eu disse companheiro. Eu sei que rótulos não é uma
coisa nossa. O ter me levando para um encontro já é pressionar e aqui
estou eu dizendo ―seja meu namorado‖.

— Eu... uh... eu quis dizer... — eu engasgo, sem ter certeza do


que dizer; com medo de que qualquer coisa que sair possa empurrar ele
para longe.

~ 131 ~
— Eu estou apenas zoando com você, — ele ri, parecendo
divertido com meu estado de pânico. Imbecil. Ele pode agir como se ele
estivesse mexendo comigo, mas é claro que ele tem problemas de
confiança.

Tentando evitar a situação, eu alcanço um dos sanduíches


triangulares e dou uma mordida. É o sanduíche mais delicioso que eu
já comi. É de peru e queijo cheddar com algum tipo de salsa; é simples
e ainda dá água na boca.

— Isto é incrível, — eu coaxo com a boca cheia de comida.

Ele ri; uma risada tão profunda e charmosa que me faz rir com
ele. Ele se inclina e pega a salsa que está pendurada no canto da minha
boca com seu dedo indicador. Então ele coloca em sua boca, chupando
o dedo até o limpar. Minhas partes sexuais querem estes hábeis lábios
em mim ao invés de em seu dedo. A dor em meu núcleo começa a
latejar. Eu tenho que tirar esses pensamentos da minha cabeça ou eu
nunca vou sobreviver a esse encontro.

Ele inclina sua cabeça para o lado. — Como uma garota como
você não foi tomada ou não tinha sido tomada? — ele pergunta,
mordendo outro sanduiche.

— Oh, bem, não é como se eu não tivesse tentado, ou que eu


nunca tenha tido um namorado antes. Quando eu estava no ensino
médio, meu namorado e eu fomos para minha casa dar uns amassos
porque minha mãe supostamente estaria trabalhando até tarde. Ela
acabou entrando em casa e nos pegando bem na hora que nós
estávamos ficando prontos para fazer o negócio. Ela era ótima em me
pegar exatamente antes que eu fizesse uma coisa que ela não aprovaria.
Ela o arrastou pelos seus cabelos para fora da casa; eu pude ouvir
minha mãe gritando com ele todo o caminho até a porta. Ele não falou
comigo mais depois disso; eu não tenho certeza se foi a vergonha de
minha mãe ter jogado ele na rua meio nu ou as coisas que ela disse
para ele, mas ele não foi o único cara que manteve distância de mim
depois disso. Eu nunca tive um encontro pelo resto do ensino médio.
Quanto na faculdade, minha mãe deixou claro que eu não deveria
farrear, e isso é para o que faculdade serve, então eu não fiz amigos de
verdade. — eu olho para cima e vejo humor em seu rosto.

Ele balança sua cabeça. — Sua mãe é alguma coisa além, — ele
responde, tomando um gole de sua cerveja.

— Nem me diga. Eu não acho que eu vou ver ela de novo depois
de hoje, no entanto. — eu sinto culpa crescer no meu peito. Eu odeio
~ 132 ~
que eu a empurrei para longe, mas eu sinto que se eu não o fizesse, eu
nunca seria capaz de viver minha própria vida. Eu suspiro
pesadamente, tentando afastar minha mãe da minha cabeça; eu quero
aproveitar nosso encontro.

— Eu sei; mães é uma raça única não são? — eu olho para ele e
vejo seus bonitos olhos azuis escurecerem; eu me pergunto qual é o
caso com a sua mãe. Onde está seu pai? Quando eu estou quase
deixando as perguntas escaparem de meus lábios, seu celular toca. Ele
olha para a tela e respira fundo; todo seu corpo fica tenso e seu jeito
muda completamente. Ele fica de pé e atende.

— Você sabe que é uma mulher morta, certo? — ele olha em volta
de nós freneticamente; eu olho para ver se eu posso descobrir o que ele
está procurando.

— Cadela, se eu te achar, você está fodidamente morta. Você me


ouviu? — ele olha para a tela e então enfia o celular em seu bolso.
Quem quer que fosse desligou na cara dele. Sua mandíbula cerra e seus
olhos azuis parecem tão escuros como a noite. Ele corre suas mãos indo
e vindo pela sua cabeça antes de olhar para baixo para mim.

— O encontro acabou. Levante; me ajude a pegar essa merda. —


ele começa a jogar a comida no cooler; seu estado frenético me coloca
em pânico. Ele agarra minhas mãos trêmulas quando eu alcanço o
cobertor.

— Ei, se acalme. Eu sinto muito que eu esteja pirando; apenas


não é seguro aqui nesse momento. Sua segurança importa mais para
mim do que tudo. — ele coloca um cabelo liso atrás da minha orelha,
esperando que eu responda.

— Eu entendo.

Eu entendo que ele se importe com minha segurança, mas é uma


merda que nosso encontro tenha que acabar. Eu quero mais de
Shadow, e quando estamos no Clube, nós temos que nos esconder e
esgueirar. Eu odeio isso. Aqui nós podemos ser tão abertos quanto
quisermos, e não precisamos nos preocupar se alguém nos vê.

— Ei, eu vou compensar você mais tarde esta noite. — ele agarra
cada uma das bochechas da minha bunda com uma de suas grandes
mãos e me puxa para frente; ele domina toda minha visão. Se
inclinando, ele morde duro meu lábio inferior, me fazendo sentir o gosto
de sangue. A dor é um sentimento bem-vindo; me lembra de como eu
me sinto viva com Shadow.

~ 133 ~
— Vamos, vagalume, — ele graceja quando ele pega minha mão.
O nome vagalume chama minha atenção.

— Como você pode concordar de todos me chamarem disso? — eu


pergunto batendo em seus braços de brincadeira.

Shadow me puxa para perto e olha para mim intensamente. —


Porque eu posso dizer que você teve uma vida difícil e você ainda tem
esse fogo por dentro. — ele acaricia minha bochecha com seus ásperos
dedos. — Aquela noite você estava dançando na cozinha e cantando...
apesar da tempestade de merda que estava em torno de você e da forma
que eu estava te tratando... nunca apague esse fogo.

— Você teve uma vida dura também. Eu posso dizer. — eu digo as


palavras antes de pensar sobre elas e instantaneamente me arrependo.

Shadow encolhe os ombros. — Eu tive. — ele olha para a água


com um olhar fixo distante. — Existem muitas formas de negligência,
Dani. Sua mãe te negligenciou emocionalmente; a minha me
negligenciou literalmente. Eu, no entanto, não tenho nenhum fogo
restando em mim.

Pensando em nossas histórias eu posso entender porque nós


somos tão fortemente atraídos um pelo outro; faz sentido agora. Nós
sentimos o dano um no outro, como dois animais feridos cuidando do
outro; por sobrevivência. O passado de Shadow é escuro; seu apelido
diz isso. Meu passado também me afetou de forma negativa, sim; mas
esperança de um futuro diferente ainda queima dentro de mim. Eu
posso ser o fogo; a luz que Shadow precisa para sair da escuridão na
qual ele vive. Ouvir a razão de Shadow para eu ser chamada de
vagalume me fez gostar do nome; me dá esperança para nós.

Nós chegamos ao Clube no momento certo. Enquanto nós


entramos no pátio, o céu se abre e começa descer chuva. Nós dois
começamos a rir e correr para dentro do Clube. Mesmo com a distância
pequena, nós acabamos ensopados. Quando nós entramos, Bobby está
sendo lambido e agarrado por uma garota que eu não reconheço.
Alguns prospectos estão no bar gritando e vaiando uns para os outros.
Apenas Bobby olha em nossa direção por um segundo antes de voltar
para sua companhia feminina. Andando através do hall para o quarto,
eu olho sobre meus ombros e vejo Shadow admirando como minhas
roupas estão grudadas em meu corpo molhado. Eu me viro e ando de
costas, brincando com o botão dos meus jeans. Eu mordo meu lábio
inferior, meu cabelo molhado caindo sobre meu rosto enquanto eu o

~ 134 ~
encaro com luxúria. Ele está esfregando seu lábio inferior com seu
polegar.

Assim que nós entramos no quarto, ele bate a porta com um


chute e me joga contra a parede com seu corpo. Ele aperta sua boca
com força contra a minha, contundindo meu lábio. Eu
instantaneamente enrolo meus braços em volta de seu pescoço
querendo mais, enquanto ele trilha sua língua todo caminho da minha
mandíbula até minha orelha. Ele suga o lóbulo da minha orelha em sua
boca, me fazendo gemer levemente. Como se um fogo tivesse sido aceso,
nós começamos a empurrar e puxar nossas camisas e calças, elas estão
pesadas como tijolos estando molhadas como elas estão. Ele me pega e
me joga sobre a cama.

Com tesão expectante, eu assisto enquanto ele engatinha até mim


como uma pantera habilidosa. Sua cabeça para nas minhas calcinhas e
ele as puxa com seus dentes. Eu dobro meus joelhos; a tentação quase
demais para suportar. Ele alcança suas mãos sobre as calcinhas e as
rasga em pedaços, seus músculos flexionando no processo. Deus, ele é
tão sexy. Eu posso sentir meu corpo se retorcer ainda mais apenas
olhando para ele. Eu encontro seus olhos com as minhas próprias
necessidades brutais. — Shadow, — minha voz treme. Eu não tenho
certeza se eu posso suportar mais antecipação.

Shadow grunhe e me agarra pelos quadris; seus dedos me


machucando com seu aperto másculo. Ele me vira e me joga sobre meu
peito. Ele puxa meus quadris para cima, fazendo minha bunda ficar no
ar. Em segundos, ele puxa sua cueca até seus joelhos e empurra seu
massivo comprimento dentro do meu núcleo molhado, me fazendo gritar
com a surpresa. Ele levanta sua mão e me rodeia cobrindo minha boca
enquanto ele empurra para dentro e para fora, seus quadris martelando
meu sexo delicado. Eu posso sentir a cama movendo pra lá e a para cá
com nosso ritmo.

Ele tira sua mão da minha boca e dá um tapa na minha bunda; a


picada uma prazerosa dor. Sangue corre para onde ele me bateu,
deixando minha metade de baixo hipersensível e me fazendo ainda mais
molhada. Eu arqueio minha bunda mais alto, o convidando a me bater
novamente. Eu jogo meu cabelo em um lado da minha cabeça e olho
sobre meu ombro para espreitar Shadow. Ele está olhando diretamente
para mim; sua boca meio aberta daquele jeito sexy.

— Fale, — ele exige entre estocadas, sabendo que eu quero que


ele me bata de novo.

~ 135 ~
— Me bata, Shadow. — eu digo sem ar. Minha voz está pesada
com luxúria. Eu pareço tão erótica, que nem ao menos reconheço
minha própria voz.

Ele puxa suas mãos para trás e bate em minha bunda de novo.
Minha cabeça cai de novo e eu gemo. Eu posso sentir a mim mesma
tentando despencar da borda do êxtase. Ele chega com sua mão e
enrola em meu cabelo, puxando levemente.

— Porra, sim, bem assim, baby, — ele grunhe quando ele começa
a estocar mais duro. Eu posso sentir seu comprimento pulsar dentro de
mim; o ajuste apertado. Meu corpo começa a estremecer com calor. Eu
choramingo quando o calor se espalha para meus pontos sensíveis. Ele
geme enquanto eu aperto em sua volta, mandando nós dois pela borda
juntos. Nossa explosão simultânea é tão tóxica, animalesca e crua. Ele
cai em cima de mim, nos levando a entrar em colapso.

— Porra, isso foi ótimo! — ele diz. O máximo que posso fazer é
assentir; eu estou tão sem fôlego que me sinto exausta na hora. Meus
olhos fecham; tudo que eu posso ouvir é a respiração profunda de
Shadow e meu forte batimento cardíaco me embalando para dormir.

~ 136 ~
Capítulo catorze
SHADOW
Eu fico deitado assistindo Dani; sua pele de
seda; salpicada com gotas de suor, sobe e desce
rapidamente. Ela é de tirar o fôlego. A ver pingando
por causa da chuva foi a coisa mais erótica que
alguma vez eu fodidamente vi. A provocação
descarada me fez a querer ainda mais. Então eu a
fodi até eu pensar que ela iria entrar em combustão
sobre meus dedos, deixando nós dois ofegantes. Sua
respiração diminui; ela deve ter dormido. Eu esfrego
seu longo cabelo enrolado de seu rosto; ela é
realmente linda; doida como a merda, mas linda. Eu fiquei deitado por
vinte minutos encarando ela, me perguntando o que no inferno ela vê
em um fodido motoqueiro como eu. Minha mãe drogada me ameaçando
hoje me pôs lívido. Ela arruinou meu tempo sozinho com Dani.

Então você tem alguém especial? Melhor me entregar o que


pedi ou ela é minha.

A ligação curta fica passando em minha cabeça de novo e de


novo. Eu não neguei que Dani é especial para mim e apenas o
pensamento de alguém causando dano a ela me faz querer queimar
toda essa fodida cidade até as cinzas. Mas eu tenho que manter minha
cabeça em linha reta. Não há como dizer o que essa viciada vai fazer.
Me sento e percebo que a bunda cor de oliva de Dani está vermelho-
cereja pelos meus tapas. Quem poderia dizer que ela era uma devassa
na cama? Essa merda estava quente como o inferno. Me lembro de
tentar espancar Candy uma vez e ela chorou como uma vadia; eu mal a
tinha tocado.

Eu escorrego para fora da cama e percebo que minhas cuecas


ainda estão em torno de meus tornozelos. Eu estava com tanta pressa
para estar dentro de Dani, que eu nem mesmo me incomodei em retirá-
las. Eu as puxo para cima e começo a pegar minha calça jeans e
minhas merdas, quando percebo uma calcinha rosa rasgada. Eu sorrio
enquanto eu a pego e inalo; ela tem o cheiro do perfume de pêssego de
Dani. Eu a enfio no meu bolso e continuo a colocar minha merda de
volta. Vou até Dani e beijo sua bochecha levemente antes de sair pela

~ 137 ~
porta. Eu preciso ir para casa e pegar algumas roupas limpas; talvez até
mesmo tomar banho. Eu odeio deixar Dani, mas estar aqui durante a
noite é muito arriscado.

*****

Caminhando pelo clube esta manhã, sinto o cheiro de café e me


dirijo direto para o bar. Eu preciso de algo para me acordar depois de
tentar descobrir como encontrar aquela vadia da minha mãe a noite
toda.

— Aqui, do jeito que você gosta, — diz Babs, me entregando uma


caneca de café. Ela sempre me levanta. Amo essa mulher; eu não sei
por que ela aguenta a besteira do Locks. Ela realmente é uma mulher
incrível.

— Obrigado, Babs. — eu tomo um gole; é perfeito; preto com duas


colheres de açúcar. Eu sento no bar perto de Bull. Ele está mastigando
uma torrada, derramando migalhas por todo lugar.

— Recebi outra ligação da cadela ontem à noite. — eu assopro


gentilmente o quente café em minha caneca.

Bull termina a última mordida de sua torrada e olha para mim;


ele esfrega sua mandíbula áspera pensando. — Vamos, rapazes. Tenho
merda pra falar. Hora da missa.

Eu entro na sala de reuniões e sento perto de Bull, enquanto o


resto dos rapazes me segue pela porta. Quando Bobby entra, eu olho
para cima e vejo pontos vermelhos em seu pescoço.

— Que porra aconteceu? Você parece um leopardo maldito, por


Deus, — eu pergunto, sem me segurar.

Ele esfrega seu pescoço como se ele pudesse limpar os chupões,


suas bochechas ficam vermelhas. — A maldita cadela era como um
vampiro fodido. Está parecendo tão ruim? — ele pergunta, inseguro.

Nós todos começamos a rir entre dentes. Bobby sempre aparece


com alguma história sexy fora do normal. Eu não tenho dúvidas de que
ele provavelmente achou uma garota que achava que ela era uma
vampira. Uma vez, ele perdeu a missa e nós o encontramos em um dos
quartos do Clube, algemado a cama com uma mordaça em sua boca.

~ 138 ~
Ele nunca nos disse quem fez isso com ele. Mas essa merda foi
engraçada.

— Novo assunto. — Bull acende um cigarro e balança a cabeça


em minha direção.

— Minha drogada mãe ameaçou que se nós não a suprirmos com


dinheiro ou droga, ela vai pegar Dani.

— Sua mãe deve estar te seguindo? — Locks fala, dizendo uma


coisa que eu já tinha imaginado. Eu odeio quando eles se referem a
essa puta como minha mãe; faz meu sangue gelar.

— Sim, eu assumi, — eu replico friamente.

— Eu não entendo porque ela não fez nada; apenas ameaçou. —


Bobby levantou uma boa questão. Porque ela não tentou pegar Dani, ou
ao menos apareceu aqui no Clube?

— Sim, não parece certo. Apenas permaneça perto de Dani,


Shadow, — Bull diz. Se ele soubesse o quanto eu estou perto de Dani;
ele iria pirar. — Negócio antigo14?

— Lady? — Locks pergunta.

Essa cadela é definitivamente négocio velho. Ela faria bem em


permanecer longe da Dani. Alguma coisa sobre ela é apenas... fora. Eu
não bato em mulher, mas eu faria uma exceção para essa.

— Sim, eu tenho certeza que essa cadela se foi. Eu não posso


dizer que estou triste sobre isso também. Ela não é a mesma mulher
que ela costumava ser; ela é todo tipo de fodida agora. Não sei se eu fiz
isso ou se foi a vida no geral; eu posso ver o arrependimento sobre o
que aconteceu com Lady.

— Deseje como um santo; confie como um pecador, — Bull fala


cheio de remorso. Todos acenamos, conhecer Lady foi a única vez que
ele não seguiu seu próprio conselho. Lady parece como uma santa por
fora, fazendo fácil confiar nela, mas no fundo ela está longe de ser
santa.

— E Stevin? — Bobby pergunta, querendo saber se ele ainda é


uma ameaça.

14 Aqui ele fala old, que tem ambos significado: de coisa antiga e de old lady.

~ 139 ~
— Foda-se ele; ele é problema da Lady. Ela foi embora por
vontade própria, — Bull diz despeitadamente. Sua expressão foi de
indiferente para dura em um segundo.

— Eu tenho umas novidades para você. Você pode achar


interessante, — Hawk sufoca de trás da mesa preta. Todas as cabeças
se viram esperando o pássaro velho cuspir para fora. — Alguns civis
disseram que tem visto alguns caras chamados El Locos correndo pela
cidade. — a voz de Hawk é tão áspera que é até difícil entender o fodido.

— Faz sentido. Aposto que eles estão fodidos de raiva que nós
declinamos seu serviço de merda. O tiroteio foi amador, e eles
definitivamente parecem amadores. — Bobby diz, indicando que eles
podem ser os responsáveis pelo tiroteio.

— Nós vamos cuidar disso hoje. Bobby, Shadow, Locks, vocês


estão comigo. Locks, peça que Babs consiga algumas garotas, incluindo
Dani, para comprar comida e estocar um pouco mais de bebida.
Quando nós voltarmos eu quero me perder. — Bull levanta suas
sobrancelhas em um gesto obsceno. Retaliar contra os El Locos e
farrear a noite toda parece como um dia perfeito para Bull, e quando ele
quer se perder, ele realmente quer dizer isso.

— Hawk, onde nós podemos encontrar esses El Locos? — Bull


pergunta, apagando seu cigarro no cinzeiro.

— Eles estão ficando em um hotel; cerca de vinte minutos de


viagem. — Hawk entrega a Bobby um mapa; o fodido não ouviu sobre
GPS aparentemente.

Eu saio da sala e vejo Dani no bar comendo ovos. Ela olha sobre
os ombros e seus olhos instantaneamente conectam com os meus. Toda
vez que ela faz isso, eu sinto como se meu fodido estômago caísse para
o chão. Essa mulher me faz sentir coisas indescritíveis. Ela está com
uma blusa preta ajustada e jeans azuis; seus cabelos puxados para
cima. Ela é simplesmente linda.

— Vocês rapazes tenham cuidado! — Babs grita enquanto Locks


está beijando ela.

A corrida até o motel leva vinte minutos, assim com Hawk disse.
É o típico lugar decadente com pintura descascada e telhas faltando.
Tem no máximo vinte quartos. Nós circulamos o motel para tentar
localizar em quais quartos os El Locos podem estar, mas apenas
encontramos um carro ou dois. Eu olho para Bull e ele aponta para o
escritório da gerência.

~ 140 ~
— Veja o que vocês podem descobrir, — Bull diz para Bobby e eu.
Ele sempre nos manda atrás de informação. As vezes nós podemos jogar
charme para a pessoa; outras leva um pouco mais de força. Eu
pessoalmente prefiro força a charme. Pelas portas de vidro, nós vemos
uma jovem garota com o cabelo preto em um rabo de cavalo e óculos
pretos. Mesmo que ela esteja sozinha no escritório, o olhar em seu rosto
é de medo. Só Deus sabe o que esses fodidos imbecis têm dito para ela.
Nós empurramos a porta aberta e um sino toca.

— Posso ajudar? — a jovenzinha pergunta, sua voz trêmula. Ela


não pode ter mais do que dezesseis; porque seus pais a deixariam
trabalhar em um lugar como esse está além de mim.

— De fato sim, você pode, menina bonita, — Bobby diz, jogando


charme. Ela cora instantaneamente; sua expressão de medo se
transformando em uma sombra vermelha de flerte. Obviamente Bobby é
charmoso e por sorte a balconista é, sem dúvida, uma romântica.

— Cindy é um nome bonito, — eu digo, lendo o nome no crachá e


fazendo com que ela core ainda mais.

— Obrigada. — ela sorri, mostrando uma boca cheia de aparelho.

— Você tem algum outro motoqueiro ficando aqui, boneca? —


Bobby pergunta para ela.

— Um… na verdade eu não estou autorizada a dar informações


como esta, — ela replica, enrolando seu cabelo.

Eu me debruço no balcão e coloco um cabelo liso atrás de sua


orelha. — Nós não diremos a ninguém, se você não contar, — eu estou
claramente flertando com uma garota menor de idade. Eu nunca faria
nada com uma garota de sua idade, mas se flertar com ela faz eu
conseguir a informação, então que seja.

— Sim, — ela gagueja, — nós temos uns chamados de El... El...


Locos.

— Em quais quartos eles estão ficando? — Bobby pergunta.

Ela morde seu lábio, olhando em volta antes de continuar. —


Quartos de dez a quatorze, — ela responde baixinho.

— Por quanto tempo eles estão ficando?

~ 141 ~
— Eu acho que eu já disse demais; eu poderia perder meu
emprego. — honestamente, perder esse emprego não seria a pior coisa
para ela.

— Eu nunca deixaria isso acontecer, eu prometo, — eu pisco para


ela, fazendo seus olhos iluminarem. Garotas podem ser tão ingênuas às
vezes. Eu acho que se eu agisse brega desse jeito perto de Dani ela iria
rir na minha cara. Talvez seja por isso que eu goste tanto dela; ela não é
como a maioria das garotas.

Ela começa a folhear um livro, arrastando os dedos pelas linhas


escritas. — Eles não têm uma data de saída, — ela responde.

— Obrigado, boneca, — Bobby diz, antes de piscar para ela.

Nós andamos para fora até Bull e Locks que estão conversando
sobre alguma coisa no estacionamento.

— Quartos dez a quatorze; sem data de saída, — Bobby diz,


interrompendo eles.

Bull senta ali coçando suas bochechas ásperas por um segundo,


pensando na próxima coisa que deveríamos fazer. Sons de assobios
atrás de mim me fazem girar para descobrir de onde isso está vindo.
Um garoto jovem usando um colete dos El Locos vem andando pela
esquina. O logo de El Locos é um estranho fodido olho que parece estar
indo em círculos. O olho representa a loucura que a palavra espanhola
―loco‖ alega. Eu acerto os braços de Bobby e balanço minha cabeça para
o garoto. Bull e Locks saem de suas motos quando eles veem o que nós
estamos olhando. Eu puxo minha pistola do meu coldre e
silenciosamente me aproximo do garoto. Quando estou perto o
suficiente, eu empurro a cabeça da minha arma em suas costas.

— Não diga uma maldita palavra ou eu vou atirar em sua


espinha. Você estará cagando através de uma bolsa pelo resto da sua
vida. Acene se você entendeu. — eu sussurro detrás dele; a onda de
agressão me deixando ligado. Ele balança sua cabeça.

— Tem mais de vocês? — Bobby pergunta, aparecendo ao meu


lado.

O garoto balança sua cabeça negativamente. Ele está sendo


complacente, mas eu quero que ele lute de volta. Eu quero tanto apertar
esse gatilho que meu dedo está tenso.

— Nos leve para seu quarto. Agora, — Bull exige. Bull, Locks e
Bobby andam ao meu lado para nos esconder dos carros passando até

~ 142 ~
que o cara nos leva ao quarto 13. Seu corpo treme tanto que ele tropeça
duas vezes. Ele é tão patético, eu penso que eu posso até me sentir mal
por o matar; mas então, provavelmente não.

Eu não fui programado como os outros; coisas que doeriam na


consciência da maioria das pessoas, não me incomodam. Matar e
torturar outros, me faz sentir vivo; me dá o controle que eu desejo.
Crescer com uma drogada como mãe, mesmo que ela raramente esteve
por perto, fode com você. Eu desligo, eu fico dormente. Eu tenho visto
coisas que eu não poderia esquecer e eu aprendi a lidar com isso. O
único momento que eu me sinto vivo agora é quando coisas como esta
vão para a merda.

Uma vez que estamos no quarto, o garoto se vira. O quarto está


cheio com garrafas de cerveja e lixo de fast food; cheira horrível. Eu olho
para baixo para o colete do garoto e noto que seu nome é Chad. Que
nome de merda fodida. Eu o empurro para o colchão com a ponta da
minha arma e checo o quarto para ter certeza de que estamos sozinhos.

— O que vocês garotos fodidos estão fazendo na minha cidade? —


Bull pergunta, sua voz profunda e suave.

— Vá se foder! — Chad cospe. Minha adrenalina sobe, faminta


pelo seu desafio. Ele claramente não sabe com quem está fodendo. Ele
tem sorte de eu não o matar agora.

Bobby, obviamente puto por quão desrespeitoso o merdinha é,


anda até o garoto e acerta ele no nariz com a arma. Sangue espirra para
todo lado. Ele tem sorte que é Bobby, porque uma vez que eu começo,
não gosto de parar. Bobby sabe disso de primeira mão. Nós nos
conhecemos no ―reformatório‖; ele tinha sido pego por causa de um
grande roubo de automóveis, eu por assalto. Eu quase o levei a um
coma só por implicar comigo por ser pobre.

— Porra. Tá bom, tá bom. — ele grita, segurando seu nariz e me


fazendo rir. Apenas levou um machucado para fazer ele dedurar seu
próprio clube; amador. Se ele fosse nosso, estaria a sete palmos do
chão.

— Big Jim está puto por vocês terem nos desrespeitado. Ele está
aqui para se apoderar de seus negócios e ensinar algum respeito a
vocês, — Chad derrama, sangue voando sobre seus braços e mãos. Big
Jim deve ser seu presidente de merda.

— Como vocês descobriram minha casa segura? — Bull pergunta,


esfregando a maldita barba de seu rosto de novo.

~ 143 ~
— Que casa segura? — Chad pergunta timidamente. Ele sabe
exatamente de que porra nós estamos falando. Ele está começando a
me deixar puto com esse jogo. O cabelo se arrepia no meu pescoço e
raiva flui em minhas veias. Eu puxo a pistola de novo para o acertar;
talvez apanhar de novo o ajude a se lembrar.

— Nós seguimos vocês da pizzaria. Não me acerte de novo! — ele


grita rápido, enquanto ele deita de novo na cama para evitar minha
arma.

— Nós mandamos Charlie buscar pizza aquela noite. Ele deve ter
sido seguido de volta para a casa segura, dando a eles nossa
localização, — eu lembro a todos.

— Fodido prospecto, — Bobby sussurra. — Ele foi seguido e nem


ao menos percebeu.

— Nós observamos a casa por algumas horas e vimos que havia


apenas três de vocês; era fácil, — Chad diz, encolhendo seus ombros.
De novo, a temperatura de meu corpo aumenta, eu agarro minha arma
apertado, e meu dedo encosta no gatilho.

— Foi fácil? Um dos meus homens levou um tiro, seu bosta


fodido, — Bull grita. O garoto apenas ri, sangue espirrando de seu
nariz. Bull acena para mim, — Mostre para ele o que acontece quando
fode conosco. — eu pairo minha pistola sobre a perna do garoto, — Não
o mate, no entanto. Nós não precisamos desse tipo de coisa agora. Só
uma lição está bom, — Bull insiste, sabendo que eu colocaria esse
fodido no chão acertando uma artéria essencial enquanto sorrio.

Chad instantaneamente começa a gritar como uma maldita garota


quando ele vê que estamos falando sério. Bobby pula na cama em cima
dele e tapa sua boca, silenciando seus gritos. Sem pensar duas vezes,
eu miro com minha pistola, engatilho e puxo; tudo em um movimento
fluido.

O punk grita mais alto e seus olhos esbugalham enquanto a bala


penetra sua perna.

— Você achou que arrancaríamos seu pinto com a bala. Que


mulherzinha, — Bobby diz, rindo.

— Você diz para seu presidente, Big Jim, para tirar sua fodida
bunda da minha cidade ou da próxima vez esta bala vai estar em sua
cabeça, filho. — Bull diz; e com esse aviso o garoto desmaia.

— Você está brincando? — eu sorrio.

~ 144 ~
— Eu te disse, os El Locos são um pedaço de merda, — Bobby
diz, deixando o garoto cair no colchão fodido.

Enquanto nós dirigimos de volta para o Clube, eu tenho que


admitir que eu queria que a violência tivesse sido maior naquele quarto
de motel. Violência sempre foi a única coisa que me fez sentir vivo. Eu
acabei almejando esse sentimento. Muitas vezes no passado, eu
trabalhei como matador de aluguel quando os negócios do clube não
conseguiam suprir a sede por sangue. Agora, no entanto, tudo que eu
consigo pensar é em Dani. Estar com ela também me faz sentir vivo. Eu
sei que eu preciso ser cuidadoso. Eu não tenho certeza se eu posso
depender dela, confiar nela, ainda. Eu não sei como ela irá reagir
quando ela descobrir toda a profundidade das trevas que se esconde
dentro de mim. Se eu chegar muito perto, se eu a deixar entrar, a sua
ausência poderia me deixar quebrado e em pior forma do que eu estou
agora. Oh, inferno, quem eu estou enganando? Eu já a deixei entrar;
isso é o que me assusta.

Quando nós estacionamos no Clube, Bull e Locks vão direto para


dentro, conversando sobre a festa de hoje à noite e deixando Bobby e eu
para trás.

— Oh, a propósito, irmão, quando eu saí do chuveiro hoje eu não


tinha nenhum jeans limpo, — Bobby interrompe meus pensamentos
enquanto ele desce de sua moto. — então eu agarrei um par mais ou
menos limpo da pilha de roupa suja. E acabei descobrindo que não era
meu. — ele olha para mim com um sorriso de lobo em seu rosto. Que
diabos ele está falando? Dividir um apartamento com Bobby está se
tornando uma dor na minha bunda.

— Bem, eu fui pegar meu celular do meu bolso e puxei essa


deliciosa coisinha. — ele segura a calcinha rosa de Dani. — Eu acho
que elas tiveram dias melhores, no entanto. — meus olhos se ampliam.
— A única garota que pode usar alguma coisa tão fofa é Dani.

Instantaneamente meu sangue ferve. Eu chego para agarrar ela


de sua mão, mas ele puxa de volta, me fazendo errar o alvo.

— Do jeito que eu vejo, Bull vai descobrir sobre vocês dois e


quando isso acontecer ele vai saber que eu sei. Eu vou acabar com pelo
menos uma bala e eu nem ao menos fodi a cadela. Eu acho que é justo
eu ficar com essa lembrança. — ele está rindo tanto, que eu mal consigo
entender o que ele está falando.

— Sua mente está realmente fodida se você pensa que eu vou te


deixar ficar com isso. Se você não me entregar, nesse mesmo fodido
~ 145 ~
momento, eu vou acertar outra bala no seu maldito pé. — eu
silenciosamente solto um grunhido para ele, esperando que Bull esteja
dentro do Clube agora.

— Ah, então você realmente me acertou no pé de propósito


quando nós éramos crianças. — seu tom é sério agora.

— Eu estou quase acertando uma bala no seu pau. — eu grito


para ele, ficando impaciente.

Ele ri e joga a calcinha na minha cara. — Que tipo de perfume ela


usa? Cheira fodidamente bem, — ele diz sobre seus ombros andando
para dentro do Clube. Eu não tenho dúvidas que ele tenha cheirado ela;
provavelmente se masturbado com ela. O homem é uma aberração e um
homem morto. Assim que eu estiver a sós com ele; eu vou empurrar
minhas botas em sua cara. Só o pensamento dele olhando para a
calcinha de Dani me faz ver vermelho.

~ 146 ~
Capítulo Quinze
DANI
Eu acordei essa manhã me sentindo dolorida
em todos os lugares certos. Mesmo agora, enquanto
eu ajudo Babs nas preparações para a festa de hoje
à noite, cada doloroso movimento me lembra de
onde Shadow me tocou; de como ele me pegou sem
misericórdia e me fez dele. Apenas pensar sobre isso
faz com que chamas de desejo lambam as pontas
dos meus dedos dos pés, passem pelo núcleo do
meu sexo e terminem sobre os picos de cada um dos
meus duros mamilos, corando minhas bochechas.
Espero que ninguém perceba enquanto eu varro chão das escadas e
abasteço o bar com marcas variadas de cerveja e bebidas alcoólicas.
Outras mulheres estão indo e vindo, ajudando a montar bandejas de
molho para batatas fritas e todos os outros tipos de aperitivos. Babs
disse que meu pai quer uma festa hoje à noite, mas ela não mencionou
se há uma ocasião especial ou não. De qualquer maneira, eu tenho
certeza que ele vai querer que eu vá para o meu quarto. Eu não estou
cedendo sem lutar neste momento. Eu olho para cima de onde eu estou
guardando garrafas e vejo meu pai e Locks entrando. Locks vai para a
cozinha para encontrar Babs, eu tenho certeza.

— Ei, o que está fazendo? — meu pai me pergunta enquanto ele


caminha vagarosamente para o bar.

— Apenas ajudando Babs, — eu replico. — Ei pai, eu estava


pensando se eu posso ajudar como garçonete essa noite, — eu vomito
as palavras, nem ao menos pensando antes de falar.

— De jeito nenhum, absolutamente não. — ele responde


curtamente.

— Oh, por favor, Bull. Ela vai ver o que acontece no Clube
eventualmente, especialmente agora que ela está ficando, — Babs
intervém, saindo da cozinha.

~ 147 ~
— O que está acontecendo? — Shadow está parado perto do meu
pai parecendo confuso. Eu nem mesmo o vi entrar, eu estava tão
envolvida em convencer o meu pai a me dessensibilizar de bom grado.

— Ela quer trabalhar como garçonete hoje à noite na festa, —


meu pai diz para Shadow, enquanto ele esfrega sua mandíbula áspera.
Eu amo quando ele faz isso; me lembra do som de papel de lixa.

— Eu não acho que essa é uma boa ideia. — Shadow diz


rapidamente, seu rosto mais preocupado que alguma vez eu vi. Sua
expressão me pega de surpresa por um segundo. Ele está com medo de
que eu veja como ele realmente é nos momentos mais despreocupados
do Clube? A besta que ele diz ser é liberada? Não pode ser muito pior do
que ele lambendo coca do mamilo de uma prostituta, por favor.

— Ela vai ser paga; vai a ajudar se levar para fora do clube.
Aposto que ela se sairia bem com as gorjetas, — diz Locks. Me viro e
olho para ele, ele me quer fora do clube. Me lembro dele reclamando a
Shadow sobre mim e minha mãe ficarmos aqui.

— Sim, tudo bem, mas não me faça arrepender disso, Dani. —


meu pai fica em pé no bar, — Você tem alguma coisa boa para comer aí
dentro, Babs? Eu estou faminto. — ele entra na cozinha com Babs e
Locks atrás dele.

— Você pode me passar uma cerveja, vagalume? — Bobby


pergunta. Eu chego e agarro uma Bud Light para ele. Quando ele
alcança a cerveja, eu vejo sangue vermelho e preto espalhado em suas
mãos e eu sinto todo meu corpo drenado do meu rosto.

— Merda! — Bobby diz, tomando a cerveja da minha mão e


correndo para um dos quartos no corredor. Eu olho para Shadow e vejo
preocupação escrita em todo seu rosto. Eu sei que vou ter um pedaço
do monstro debaixo da máscara agora. O que ele não entende é que ter
esse vislumbre sob sua máscara pode me dar uma ideia melhor do que
exatamente eu tenho escondido debaixo da minha.

— Eu vou ficar bem; tudo vai ficar bem, — eu asseguro a ele,


sussurrando para que ninguém me ouça.

Ele balança a cabeça para o corredor, gesticulando para que eu o


siga. Uma vez que estamos no meu quarto, ele tranca a porta e vira
para mim. — Eu não quero você lá fora esta noite, Dani. — mesmo
quando ele está bravo, ele é deslumbrante.

~ 148 ~
— Sim, bem, eu quero estar lá fora. Você está com medo de que
eu vou ver essa besta que você diz ser?

— Você pensa que estar lá fora hoje a noite vai te dar um


vislumbre dos meus demônios? Rá! Talvez um pouco, mas a maior parte
da minha besta está relacionada ao que estava nas mãos de Bobby,
Dani.

Eu sou completamente arrastada para trás com seu comentário.


Ele pensa que é uma besta porque ele tem matado? Ele é um assassino
como minha mãe diz; como as matérias dos jornais tem dito? O
pensamento de que ele tem matado é um pouco assustador. Eu estou
certa que ele poderia me matar em um segundo se ele quisesse.

— Esta noite vai ser apenas sobre rapazes tentando te pegar e


deixar você bêbada para que eles possam te comer. Ninguém vai desistir
só porque você é a filha do presidente, — ele diz, me tirando dos meus
pensamentos.

— Como você? — eu sorrio.

Ele ri enquanto ele corre suas mãos para frente e para trás em
seu topete bagunçado. — Sim, como eu.

Às seis da tarde há montes de motoqueiros no Clube; alguns eu


não tinha conhecido ainda. Há também um mar de garotas meio nuas.
Eu não posso ver para onde Shadow foi porque há tantos corpos e eu
estou sendo gritada pela esquerda e pela direta por drinks ou garrafas
de cerveja.

Eu estou muito ocupada, mas de vez em quando eu olho para a


multidão e vejo coisas que eu nunca vi antes. No canto há um cara de
outro clube que tem a cabeça jogada para trás em êxtase enquanto a
menina está subindo e descendo em seu colo dando-lhe atenção com a
boca. Isso me excita, surpreendentemente. Há várias pessoas cheirando
coca na mesa de café com notas de dólar enroladas. As meninas meio
nuas estão agora correndo ao redor completamente nuas. Depois de
uma hora, eu tenho basicamente visto de tudo. O ar no clube se torna
mais espesso, com o cheiro de fumaça e perfume barato; e mais alto
com a cacofonia de vozes e música estridente. Para realmente ouvir o
que alguém está dizendo, eu tenho que ficar cara a cara e às vezes fazer
leitura labial.

— Bem, olhe para você, — grita um cara com uma bandana preta
e barba preta descendo em uma trança. — Você deve ser nova. Eu
lembraria de uma moça como você. — ele veste uma camisa preta com o

~ 149 ~
colete que diz que ele é um dos nossos; seu nome, ‗OLD GUY‘, esboçado
em seu patch desgastado. Eu nunca o vi antes, mas existem muitos
membros que eu não conheci pessoalmente.

— O que eu posso pegar para você? — eu grito, antes de tomar


um gole da cerveja que eu tenho debaixo do bar. Seu charme atencioso
é desperdiçado em mim; todos estão flertando. Isso é, todos exceto
Shadow. Onde ele está?

— Que tal você de joelhos? — ele grita de volta e balança sua


língua para mim. Eu posso apenas rir. Sério, essa é a cantada que ele
usa em garotas?

— Algo engraçado, cadela? — ele zomba, empurrando seu peito


para fora.

— Sim, o fato de você pensar que é um presente de Deus para as


mulheres. Ou você me diz o que quer beber ou sai da merda do
caminho para que eu possa ajudar outra pessoa, — eu grito de volta
para ele enquanto bebo minha cerveja de novo, esta é minha terceira,
eu posso sentir meus nervos relaxados e minha confiança crescendo.

— Sua pequena vadia! — de repente, ele pula sobre o balcão para


me agarrar com suas carnudas mãos. Eu instantaneamente agarro o
pescoço da minha garrafa, pronta para bater na cabeça do homem com
ela. Antes que ele possa fazer contato, no entanto, seu braço é rasgado
as suas costas. Eu olho atrás dele, seguindo o braço tatuado segurando
o saco de merda, para encontrar Bobby balançando a cabeça para o
homem. Ele se inclina e sussurra algo no ouvido do ancião. A face de
Old Guy fica pálida, depois séria.

— Seu pai deveria te prender antes que essa sua boca te coloque
em apuros, — ele zomba quando vai embora.

— Você é uma mulher corajosa para falar merda assim com um


motoqueiro; e o que no inferno você estava indo fazer com essa garrafa?
— Bobby pergunta divertido; seu rosto cheio de risada.

Eu olho para a garrafa que eu ainda estou segurando em minha


mão. Um pouco perplexa que meu primeiro instinto foi lutar.

— Você é diferente, — ele diz, tentando me animar.

— Como? — eu pergunto, tomando um gole de cerveja.

— A maioria das mulheres não bate boca com motoqueiros, — ele


diz, rindo. Eu encolho os ombros em resposta e sorrio.

~ 150 ~
Olho para fora no meio da multidão, para ver um enxame de
pessoas se moverem como um só e eu vejo Shadow de pé em um círculo
de peitos e pernas. A visão me faz soltar um suspiro e minhas mãos
suarem. Eu odeio como eu sou ciumenta e isso só me faz ainda mais
irritada. Apenas uma menina olhando para Shadow faz minhas garras
saírem e ele não está fazendo nada de errado; ele está apenas
conversando.

De repente, na minha linha de visão, eu vejo um par de dedos


delicados fazerem pressão. Eles pertencem a uma mulher que eu não
tenha visto antes. O cabelo curto é preto com luzes loiras através dele.
Seus olhos esfumaçados e batom vermelho brilhante foram
meticulosamente aplicados. Uma jaqueta de couro preta está cobrindo a
parte superior do top vermelho, mas os blocos do balcão me impedem
de ver mais abaixo. Ela tem um olhar feroz; nada como as outras
meninas que eu já vi por aqui.

— Posso ter duas cervejas aqui! — ela grita para mim, sua voz
como seda, ainda que atrevida.

— Sim, desculpe, — eu respondo, sendo arrastada do meu


embaraçoso episódio de boca aberta. Chego para dentro do refrigerador
e trago para fora duas cervejas. Ela revira os olhos enquanto ela
arrebata e sai. Eu não posso evitar ficar observando enquanto ela vai
embora; suas calças de couro pretas sobre sua pele firme, mostrando
tudo o que sua mãe lhe deu. Eu assisto os quadris balançando andar
diretamente em direção a Shadow e seu círculo de garotas.

— Esta é Chelsea; ela é uma das garotas do Clube. Ela tem


tentado se tornar a old lady de Shadow desde que ela colocou os olhos
nele, — Bobby agora ao meu lado, sussurra em minha orelha.

— E Shadow? — eu pergunto curiosa sobre o que Shadow pensa


de Chelsea.

— Shadow não tem relacionamentos. Isso foi o que ele disse para
ela, de qualquer forma. Ele fodeu ela algumas vezes, mas mandou ela
embora quando ele acabou. Ela é problema. Eu não acho que você tem
nada para se preocupar. — ele segura um pequeno copo de líquido claro
na frente do meu rosto, — aqui, toma uma dose comigo.

Eu assisto o rosto de Shadow se acender quando Chelsea entrega


a cerveja para ele, instantaneamente as outras garotas saem. Elas estão
com medo dela? Será que eu vou ter que reivindicar Shadow como eu fiz
com Candy?

~ 151 ~
— Coloque esse sal em seu pulso e lamba. Atire a dose e então
morda esse limão. — Bobby empurra o copo em minha mão, me tirando
da minha divagação. Ele vira meu outro pulso e balança sal nele. —
Lamba.

Eu atiro minha língua e lambo os grãos de sal. Ele levanta minha


mão com a tequila e eu jogo para dentro. Eu estremeço visivelmente
fazendo Bobby rir.

— Rápido, morda isso. Ajuda, — ele diz, segurando um limão para


mim.

Uma mordida e eu sinto o gosto azedo substituindo o ardor do


álcool. Meu corpo se aquece instantaneamente.

— Eu nunca tinha feito isso antes. É incrível! — eu grito para ele,


o fazendo redobrar a risada.

Eu espio onde estão Shadow e Chelsea e vejo ela se inclinar e


beijar ele nos lábios. Esses lábios são meus, cadela!

Ela se vira e se aninha bem na frente de seu corpo, de costas para


o seu peito, o reclamando na frente de todos. Eu literalmente sinto meu
coração batendo no meu peito. Cerro os punhos, fazendo minhas unhas
cortarem minhas palmas. Shadow põe as mãos em seus quadris, nem
mesmo lutando com ela. Isso só dói. Meus olhos ardem a partir da visão
acontecendo diante de mim. Chelsea se vira e passa a mão em seu peito
e sobre sua virilha. Que porra é essa?

Eu começo a sair do bar, pronta para jogar ela no chão, mas


Bobby agarra meu braço e se inclina em minha orelha. Seu peito largo
como de um jogador de futebol, obstrui minha visão.

— Respire, Dani. Se ele empurrar ela longe, vai criar muitas


fodidas perguntas. Se você for até lá e fizer uma cena, vai criar ainda
mais perguntas. Venha beber comigo e respire. — suas palavras fazem
sentido, mas os efeitos do meu coração quebrado ainda fazem correr
gelo em mim, fazendo dor vibrar através dos meus membros.

— Vamos, eu não sou tão ruim de estar perto, sou? — ele


provoca.

Eu sorrio e agarro três copos de doses vazios, enfileirando eles


sobre o balcão do bar.

— Me abasteça! — eu grito para Bobby.

~ 152 ~
— Esta é minha vagalume! — ele grita de volta orgulhoso.

Ele agarra uma garrafa de tequila e enche todos os três copos até
o topo. Eu jogo um pouco de sal em meu pulso, sentindo os pequenos
cristais revestir minha pele. Eu lambo meu pulso e jogo para dentro o
primeiro copo, então o segundo, e finalmente o terceiro; a queimadura
não é nada fácil. Quando eu atiro o terceiro copo de tequila no bar,
Bobby segura a fatia de limão e eu mordo duro. A temperatura do meu
corpo está subindo rapidamente e eu começo a puxar minha camisa.

— Ficou muito quente aqui! — eu grito para Bobby.

— Mantenha sua camisa. Seu pai vai chutar sua bunda se você
mostrar seus seios para todos esses motoqueiros. — ele engole três
doses também.

Olho para Shadow e vejo Chelsea sussurrando em seu ouvido.


Seu rosto é mascarado com um olhar estranho.

— Ei, eu posso ter uma dose de Jack! — uma voz grita para mim
da frente do bar. Eu agarro um copo limpo, encho e entrego para uma
old lady.

— Tente isso; é chamado gota de limão. — Bobby me entrega


outro copo de vidro. — Garotas amam, — ele diz quando eu bebo sem
questionar. É delicioso e vem menos forte do que a tequila.

— Isso é tão gostoso! — eu digo dramaticamente, rolando meus


olhos e me sentindo alegre. A bebida está claramente fazendo efeito.

— Nós temos que dançar. Eu posso totalmente dançar agora, —


eu digo agarrando o braço de Bobby.

— Eh, o quão normalmente você bebe? — Bobby grita na minha


direção, tentando ser ouvido sobre a alta música de Buck Cherry.

— Nunca. Bem, eu quero dizer, eu tive vinho aqui e ali, e uma


dose com meu pai outro dia, — eu explico, pronunciando minhas
palavras. O rosto de Bobby fica um pouco pálido.

— Eu estou parando você, — ele grita para mim, guardando a


garrafa de tequila.

— O que? Por quê? — eu grito em protesto. Eu estava apenas


começando a me divertir.

Eu agarro o braço de Bobby e arrasto ele para a pista de dança.


Se Shadow pode ser uma vadia, porque eu não?

~ 153 ~
Bobby hesita e tenta sair do meu agarre enquanto eu o levo até os
poucos corpos dançando no centro da sala. Eu começo a mover meus
quadris na frente dele, abaixando meu corpo quando a música ―Crazy
Bitch‖ de Buck Cherry assume.

— Você vai conseguir que eu seja morto, vagalume, — ele


sussurra em minha orelha enquanto ele agarra meus quadris e me
puxa para perto.

— Está tudo bem. Meu pai foi para o fundo faz um tempo atrás
com algumas garotas, — eu asseguro a ele.

— Não é sobre seu pai que eu estou falando.

Eu tento olhar para Shadow e… qual era seu nome mesmo? Tudo
que eu vejo é um enxame de pessoas; pessoas difusas, eu poderia
acrescentar. De repente, meu estômago se sente enjoado e a sala
começa a rodar.

Eu olho para Bobby, — Eu não, — eu paro no meio da frase,


chocada que minha língua agora se sinta tão grande para minha boca.

— Corra! Corra para o banheiro! — ele grita, empurrando as


minhas costas em direção ao corredor. O piso está rolando como as
ondas na praia e eu tenho quase certeza que estou pisoteando porque
eu não posso dizer se indo para cima ou para baixo. Meu pé de alguma
forma se agarra no chão e eu cambaleio para frente. Bobby me pega
pouco antes de eu bater meu nariz. Suas mãos são enormes e
aguentam facilmente o meu peso quando ele me pega e me joga por
cima do ombro. O quarto gira ainda mais rápido.

— Isso não está ajudando! — eu engasgo, tentando segurar o


vômito.

— Não derrame fodido vômito em mim, maldição! — ele corre pelo


corredor, meu corpo balançando em seu ombro. Eu coloco minha mão
sobre minha boca para segurar a bile que está subindo.

Ele me coloca no chão, em frente ao vaso, bem na hora. Eu me


inclino e expilo uma mistura de limão, cerveja e tequila.

— Oh, uau, isso fede, — ele diz, puxando sua camisa sobre seu
nariz. Eu olho para ele; ele é realmente bonito. Seu cabelo loiro
enrolado e seus olhos azuis faria qualquer garota desmaiar.

— Você é bonito, — eu pronuncio antes de expelir mais vômito.

~ 154 ~
Ele se inclina e puxa meu cabelo enquanto eu continuo a deixar ir
sobre o vaso.

— Eu nunca segurei o cabelo de uma cadela enquanto ela


vomitava. Isso é realmente nojento, — ele diz com desgosto. — E eu não
sou bonito. Eu sou incrível, resistente e bom de olhar.

Meus confusos pensamentos voltam para Chelsea. Ela é tão


bonita e parece tão segura de quem é, enquanto eu estou aqui,
vomitando minhas tripas. Não tão bonita agora.

— Eu sou bonita! — eu grito em um estado bêbado.

— O que? — Bobby pergunta, rindo.

— Eu poderia parecer quente de couro, certo? Ela não era quente,


— eu choro, vomito escorrendo no meu queixo. Eu estou uma bagunça.
Nunca mais!

— Chelsea? — Bobby pergunta. Eu balanço minha cabeça mais


do que necessário.

— Ela fica quente de couro e parece tão motoqueira, eu não sou


assim. Eu ugh... odeio isso. Eu odeio esse sentimento, eu quero dizer.
Não. Sim. — eu não estou fazendo nenhum sentido. Então eu vomito no
vaso mais uma vez, fazendo Bobby rir de novo.

— Shadow é um fodido joguete. Você iria ser muito mais quente


de couro, — Bobby diz baixinho. Me sentindo um pouco melhor eu
levanto minha cabeça para Bobby.

— Mesmo? — eu pergunto, ainda insegura.

— Bem, talvez não agora, — ele brinca e agarra papel higiênico


para limpar meu queixo. Tudo que eu posso fazer é bufar em resposta.

— Além disso, eu dormi com Chelsea antes e ela não é tão gostosa
quanto você pensa. — ele enruga seu rosto em desgosto. — Aquela
vadia me deu carrapatos15. — nós dois começamos a rir, mesmo que eu
tenha certeza que a situação não é engraçada.

— Não diga a ninguém que eu te contei isso! — ele sibila. Eu


balanço minha cabeça em entendimento e passo meus dedos sobre
meus lábios como se eu estivesse trancando eles.

15 É um inseto que se infiltra nos pelos pubianos, pela minha pesquisa.

~ 155 ~
— Merda, o quanto ela teve que beber? — Shadow pergunta,
entrando no banheiro. Meu olhar sincero para Bobby se transforma em
um engasgar sinistro para Shadow. Eu tropeço para cima, puxando
Bobby quando eu tento ficar de pé. Eu seguro na parede, quando eu
faço o meu caminho para a porta onde a Shadow está. Há batom
vermelho em seu pescoço. A visão me faz mal ao estômago, bem, mais
do que o já estou no momento.

— Você— eu tropeço na minha língua de bêbada. — Você tem


uma pequena vadia bem aqui, — eu digo apontando para seu pescoço.
Ele passa ao meu redor e olha para o espelho, confuso.

— Fodida Chelsea! — ele murmura sobre seu hálito.

Eu tropeço até o quarto. São literalmente apenas seis passos do


banheiro, mas parece como se fosse vinte.

Eu posso ouvir Bobby e Shadow sussurrar raivosamente um para


o outro, mas eu não posso entender o que eles estão dizendo. Tudo que
eu posso focar é o quarto girando e fazendo parecer que eu posso
vomitar de novo.

— Faça o quarto parar de rodar! — eu grito para ninguém em


particular.

Eu olho para cima e vejo Bobby saindo do quarto. Ele parece


bravo. Shadow vem do banheiro.

— Ei, beba isso, — ele exige quando ele me entrega um copo de


água. Eu tomo um pequeno gole e quase engasgo.

— Não, beba um pouco mais; você vai me agradecer de manhã. —


ele levanta o copo, me fazendo beber um gole maior. Eu olho para ele e
limpo minha boca com as costas da minha mão.

— Eu sinto muito, Dani, — ele diz com sinceridade, correndo seus


dedos sobre a borda do copo. Sua voz é profunda e suave, me
acalentando com cada sílaba. Talvez seja a bebida falando, mas eu não
posso ficar com raiva dele. Eu não gostei do que eu vi, mas o que ele
deveria fazer exatamente? Eu sinto vontade de o fazer se retorcer um
pouco mais no entanto, então eu não digo nada.

— Eu estava em uma situação difícil; todo mundo sabe que eu


fodia com a Chelsea. Se eu lhe dissesse para vazar, todos teriam se
perguntado o que estava acontecendo. — o ouvir confessar que ele fode
por aí com essa puta não me faz sentir melhor.

~ 156 ~
— Então apenas vá ficar com ela, — eu grito para ele. Eu tenho
certeza que faria tudo muito mais fácil.

— Você poderia parar de agir assim? Eu não a quero, eu quero


você. Apenas é complicado, — ele sussurra, sua admissão de que ele na
verdade quer ficar comigo me atordoa do meu chilique.

— Você não estava lutando com ela muito duramente, — eu


choramingo, não certa de que ele consegue entender minhas palavras
pronunciadas juntas.

— Bem, ela está puta agora. — ele levanta suas sobrancelhas. —


Eu disse a ela o que está acontecendo. — meus olhos se levantam
quando eu olho pra ele expectante. — Tipo muito fodidamente puta, —
ele diz rindo. — Mas eu estava preocupado sobre você, eu estava
observando você à noite toda e eu sabia que você teve mais do que
poderia aguentar. — sua voz é pesada de emoção, — E, na hora, eu não
consegui me importar com o que os outros iam pensar. Que se fodam.
— eu fico chocada, eu não pensei que Shadow estava me observando,
eu me pergunto se ele me viu dançando com Bobby?

— Bem, Bobby concorda que eu ficaria mais quente do que


Chelsea vestida de couro, — eu repreendo.

— Melhor Bobby aprender a manter sua opinião para si mesmo,


— Shadow resmunga, enquanto gentilmente me guia o resto do
caminho para a cama.

O álcool me leva para baixo em um profundo e escuro torpor. Eu


tento abrir meus olhos, mas não adianta, eu desmaiei e nem mesmo
tirei meus sapatos.

~ 157 ~
Capítulo Dezesseis
DANI
Eu acordo com uma dor latejante na minha
cabeça e a luz do sol que brilha através da minha
janela parece com um feixe de laser. Puxo os
cobertores sobre a minha cabeça para bloquear a
luz e ouço algo deslizar para fora da cama. Eu
espreito para o lado e vejo uma caixa de presente
grande e branca no chão. Que diabos é isso?

Eu estendo a mão para a agarrar. É mais


pesada do que parece, então eu a arrasto para a
cama comigo. Eu abro a tampa e encontro uma nota sobre o papel de
seda preto.

―Eu te disse que você iria me odiar mais do que gostar, mas você é
minha e minha é a mais quente cadela em couro. – S‖.

Um pequeno sorriso se espalha em todo meu rosto quando releio


a nota. Eu rasgo o papel de seda e descubro uma jaqueta de couro
preta dobrada. Eu corro meus dedos sobre o couro quando seu cheiro
enche o quarto.

A porta se abre e Shadow entra. — Você gostou? — ele pergunta


com suas mãos em seu bolso. Ele está nervoso, que fofo.

— Eu fodidamente amei! — eu respondo, o fazendo rir. —Ninguém


nunca me deu nada como isso antes. — eu puxo a jaqueta para fora,
assim eu a posso admirar. As únicas vezes que eu ganhava alguma
coisa era quando se era esperado, como um aniversário.

— Bem, eu nunca dei um presente antes, então é a primeira vez


para mim também. — ele diz baixinho e se senta perto de mim.

— Você se lembra de alguma coisa da última noite? — ele me


pergunta, mudando seu corpo para trás de mim na cama. Eu me
inclino e me aninho em cima do seu peito duro; seu cheiro masculino
faz meus sentidos acordarem instantaneamente.

— Alguma coisa. — eu replico.

~ 158 ~
— Nunca pense que você não é tão quente quanto outra pessoa,
nunca coloque a si mesma para baixo de novo, — ele sussurra em meu
ouvido. Seu tom é dominante e não aceita não como resposta.

Ele agarra meu queixo e levanta para que eu possa olhar direto
para seus ardentes olhos azuis. — Nunca beba tanto de novo também.
— ele se inclina e escova seus lábios sobre os meus.

— Vamos levar você para um banho e escovar seus dentes, baby.


— ele diz rindo e me puxando de seu peito. Eu tenho certeza que eu
cheiro a vômito e bebida velha.

Saindo da cama, eu percebo pela primeira vez que eu estou


apenas em sutiã e calcinhas vermelhas. Shadow deve ter retirado
minhas roupas depois que eu desmaiei. Ugh. Vermelho. Depois daquela
garota na noite passada eu não posso suportar vermelho. Só a
lembrança dela já me deixa puta de novo. Eu entro no banheiro com
Shadow ao meu lado. Quando eu alcanço a pia, eu coloco minhas mãos
no balcão e encaro enquanto ele liga o chuveiro.

Ele me vê encarando; eu tenho certeza que meu rosto irradia meu


ódio.

— Quem era aquela garota de ontem, Shadow? — eu finalmente


pergunto.

— Chelsea, — ele responde monotonamente.

— Quem ela é para você? — eu imagino se ela é uma adversária


real ou apenas outra garota de cama como Candy.

Ele agarra a bainha de sua blusa e puxa fora de sua cabeça;


meus olhos imediatamente se lançam para seu abdômen tonificado e
sua trilha da felicidade. Ele não joga justo. Eu não posso ficar com raiva
e focar em nossa conversa quando ele tira sua camisa e se parece desse
jeito.

— Ela começou a andar por perto quando Bobby e eu nos


tornamos prospectos. Eu comecei a dormir com ela aqui e ali. Ela se
tornou grudenta, no entanto; queria mais, queria ser minha old lady.
Essa merda não ia acontecer, embora. Eu apenas não a via como nada
além de uma boa transa.

Ele expôs os fatos. Eu balancei a cabeça em compreensão. Eu


odiava que ele tinha dormido com ela; ela era bonita, não um lixo como
Candy.

~ 159 ~
Ele anda para trás de mim e começa a beijar levemente meu
pescoço. Minha pele se arrepia em resposta a seus tenros lábios.

— Ela é apenas outra puta do Clube para mim; ela não é você.
Ninguém pode ser você. — ele sussurra contra minha pele, seu hálito é
quente e espesso no meu pescoço eu inclino minha cabeça, o
convidando para ir mais profundo.

*****

O cheiro de Shadow na cama permeia meu cérebro antes de eu


estar totalmente acordada. Eu me acostumei a acordar assim durante a
semana passada. Tudo começou naquele dia que Shadow fez amor
comigo no chuveiro. Nossas mãos escorregaram e deslizaram sobre
nossos corpos. Nossas bocas beliscando e chupando cada centímetro de
pele molhada que podíamos alcançar. O chuveiro preenchido com
ofegantes gemidos pesados e altos. Meu corpo se moldando ao de
Shadow da melhor forma possível; como se eu tivesse sido feita para ele.
Toda vez que ele me tocou, não importava se fosse sua boca, suas mãos
ou sua áspera mandíbula arranhando minha pele delicada, eu podia
sentir nosso relacionamento florescer.

Eu senti minhas emoções se tornando mais profundas. Alguns


chamariam de amor, mas como você pode amar alguém que você
conhece apenas a um pequeno período de tempo? Dizer a Shadow que
estou me apaixonando por ele iria com certeza o assustar e o afastar de
mim. Um cara que não tem relacionamentos iria se irritar com as três
palavras que um cara normal apenas teme. Eu não direi até que ele
faça; quando eu souber que não estarei empurrando ele para longe.

O resto da semana foi muito parecido com o que aconteceu no


chuveiro naquele dia. Fizemos amor várias vezes e até fodemos
algumas. Claro, tivemos que nos esgueirar e esconder. Prestar atenção
sobre nossos ombros a cada segundo exaustivo, mas Shadow disse que
era necessário. Vai entender, a primeira vez que eu me apaixono tinha
que ser em termos complexos.

Algumas putas do Clube flertaram com Shadow durante a


semana, mas eu apenas mordi meu lábio e me ocupei com alguma
coisa. No final das contas, Shadow iria me encontrar e me foder até o
êxtase como se eu fosse a única garota no mundo.

~ 160 ~
Shadow ficou durante a noite apenas algumas vezes. Quando não
ficou, ele foi tudo que pude pensar. Nós até mandamos mensagens
como adolescentes para diminuir o vazio que sentimos quando estamos
separados. Eu posso sentir o sentimento de Shadow crescendo, mas ele
não disse que me ama ainda, nem mesmo perto disso. No entanto, ele
se tornou ainda mais possessivo. Ele não me quer conversando com
outros caras, e ele tem me dito o que eu posso e o que eu não posso
vestir. Eu sei que ele se importa, mesmo que ele não torne isso público
ou diga alguma coisa.

Shadow saiu da minha cama cedo essa manhã. Ele teve que ir
tomar conta de algum negócio do Clube; disse que estaria fora por
apenas algumas horas. Eu não sei o que ele está fazendo, mas de
acordo com Babs, você nunca pergunta aos caras o que eles fazem. Eu
me levanto e sigo minha rotina de tomar um banho e escovar meus
dentes com a escova de Shadow.

Eu agarro meu último sutiã e calcinha e um short não tão sujo


assim. No closet eu acho a última camisa limpa, também. Eu preciso
lavar roupas hoje, e isso irá ajudar a manter minha cabeça fora de
Shadow por um tempo.

Eu ando para a parte de trás da cozinha para um pequeno


recanto; onde há uma lavadora e secadora branca. Eu jogo minhas
roupas na máquina de lavar e pego a garrafa de sabão em pó. Está
vazia. Deve haver mais por aqui. Eu procuro nos armários do quarto
pequeno, mas não encontro qualquer sabão.

Eu entro pela cozinha, na área principal e encontro Babs


limpando como de costume. — Ei, Babs, onde posso encontrar uma
nova garrafa de sabão em pó? — pergunto.

Ela acena me indicando para segui-la. Na cozinha, ela puxa uma


porta aberta que leva a uma despensa. Prateleiras são preenchidas com
material de limpeza, produtos de papel, tudo que é necessário para
manter um Clube. — Merda, estamos completamente sem sabão. Tenho
que ir conseguir um pouco. — ela diz, balançando a cabeça.

— Eu posso ir. Eu preciso sair um pouco daqui de qualquer


forma; estou tendo claustrofobia. — eu ofereço.

— Eu posso pedir a Charlie para te levar, — ela diz, saindo da


despensa. Quando voltamos para a área principal, Babs grita por
Charlie que vem correndo do lado de fora. Estridente como Babs é, não
estou surpresa de ele a conseguiu ouvir.

~ 161 ~
— Ei, babe, vá comprar um pouco de sabão em pó e leve Dani
com você. A garota pode usar um pouco de sol, — Babs diz, entregando
a Charlie um pouco de dinheiro. — Apenas vá até a loja de Mom e Pop.
— ele balança a cabeça concordando.

Eu agarro minha jaqueta de couro e meu celular antes de correr


para o pátio.

Charlie sobe em uma moto parecida com a de Bobby. Assim que


estou sentada na garupa, me sinto inquieta. Eu sinto como se eu
estivesse fazendo alguma coisa errada ao montar atrás da moto de
Charlie. Eu coloco minhas mãos sobre o lado do assento e levemente
em seu quadril, tentando fazer o mínimo de contato possível. Se
Shadow visse isso, ele estaria urinando fogo, eu tenho certeza. É por
isso que me sinto tão desconfortável; protetor como Shadow tem sido,
isso irá certamente o jogar em um humor hostil.

Charlie acelera a moto e sai do Clube. Sua moto é rápida, mas


nem de perto tão rápida como a de Shadow. O sol na minha pele é uma
sensação maravilhosa e o cheiro de água é de tirar o fôlego. Depois de
quinze minutos, nós estacionamos em um pequeno prédio branco que
se parece muito com um posto de gasolina. Uma placa diz ―MOM E
POP‘S‖ acima da porta da frente.

— Eu vou pegar o sabão. Estarei de volta já. — Charlie diz e entra


na loja.

Eu tiro meu capacete enquanto espero; ele está me sufocando. De


repente, eu ouço um barulho. Eu desço da moto, capacete na mão, e
procuro de onde o som está vindo. Soa como se houvesse um animal
ferido atrás do prédio. Eu olho para as portas por onde Charlie entrou
para ver se há algum sinal de que ele está saindo; não há. Eu me
aproximo do lado do prédio e o barulho aumenta. Quando eu estou
quase atrás do prédio, eu vejo um filhote preto com a coleira presa em
um arbusto.

— Ah, pobrezinho — eu choramingo, tentando não o assustar. Eu


pego a coleira e puxo com força, quebrando galhos no processo. Quando
está livre, o cachorro olha para mim por uma fração de segundo e se
abaixa, solta um grito angustiado e decola como um morcego para fora
do inferno, puxando coleira e tudo. Que diabos? Dou um passo para
trás depois disso e de repente sou puxada de volta com força. Eu deixo
cair o capacete quando uma mão me agarra pela minha testa e me
segura contra um corpo forte. Enquanto eu tento tirar a mão da minha
cabeça, um pano branco é batido sobre a minha boca. Abro a boca para

~ 162 ~
gritar, me levando a inalar o que for que esteja sobre o pano. Tudo se
torna dormente. Escuridão inunda minha visão.

*****

Minha cabeça está latejando; pulsando tanto que eu posso sentir


isso em meu pescoço. Eu preciso levantar e obter algum analgésico.
Devo ter dormido mal. Abro os olhos e vejo uma parede desconhecida.
Me sento em um colchão queen-size manchado e num piscar de olhos
tudo volta para mim. O filhote de cachorro. O pano. A escuridão. Ah, a
minha cabeça. Eu alcanço e toco minha cabeça e sinto alguma coisa
grossa e úmida. Eu trago a minha mão para baixo e vejo sangue em
minhas mãos; por que diabos eu estou sangrando? Eu olho em volta do
quarto; está apenas vazio. Eu sinto meu coração acelerar; meu sangue
correndo como o Nilo. Eu estou em pânico. — Respire, Dani, respire, —
eu sussurro, tentando me acalmar. Entrar em pânico não vai me levar a
lugar algum.

Olhando ao redor do quarto, eu vejo duas janelas retangulares


perto do teto. Querendo saber se eu posso as alcançar, eu saio da cama
e imediatamente sinto uma dor excruciante no meu tornozelo. Há um
fecho de metal em torno dele, preso a uma corrente. Esqueça sobre
entrar em pânico, estou à beira de um ataque cardíaco. Eu corro para a
porta, mas a cadeia me para rápido, me batendo para trás no chão.

— Socorro! Alguém pode me ouvir? — eu grito freneticamente.

Minha voz treme com medo; minha espinha enrijece. — Olá? —


eu grito e berro por ajuda, mas ninguém responde. A voz de fazer o
sangue gelar suplicando por ajuda parece que está vindo de outra
pessoa; alguém com medo de que possa morrer. Eu quase perdi a
minha voz e minha garganta grita por algo gelado para aliviar o fogo
queimando dentro de mim.

Eu me curvo na cama em uma posição fetal; o cheiro de couro da


minha jaqueta me envolve. Apenas assim um brilho de esperança me
bate: meu celular. Eu estava tão apavorada que eu esqueci que eu o
agarrei antes de sair do Clube. Eu procuro pelos bolsos do meu short;
nada. Eu olho na minha jaqueta de couro; nada, nenhum celular. Eles
devem ter pegado. Claro, eles fizeram; isso se aprende na primeira aula
de sequestro.

~ 163 ~
— Shadow, — eu sussurro. Lágrimas começam a acariciar meu
rosto, descendo sobre meus lábios até o sujo colchão. A jaqueta me
lembra dele; mais lágrimas rolam sozinhas além da borda de meus
olhos. Será que Shadow até mesmo sabe que estou desaparecida?
Quem me raptou? O que eles querem? Eles irão me matar? O último
pensamento é como uma faca enfiada em meu peito. A ideia de poder
nunca mais ver Shadow de novo, de que eu posso nunca viver livre de
manipulação, me faz prender a respiração.

Ouço uma comoção atrás da porta, quebrando minha festa de


auto piedade. Tento acalmar meus soluços e diminuir minha respiração
apavorada para que eu possa ouvir.

— Isso é tão fodido, Cassie, eu não posso acreditar que nós


fizemos isso, — uma voz masculina desconhecida e rouca ecoa através
da parede.

— Bem, não é como seu eu tivesse uma fodida escolha, Ricky, —


uma voz de mulher desconhecida ridiculariza.

— Eles vão ficar putos. Se você pensa que está na merda agora,
apenas espere. Este não é o jeito que eles agem sobre as coisas! — a voz
masculina diz de volta.

— Ei, você está nisso tanto quanto eu, imbecil! Nós temos alguém
que eles querem. Adrian nos dará dinheiro ou drogas, e então nós
partimos da cidade.

Adrian, quem no inferno é Adrian? Eles pegaram a garota errada,


eu não conheço nenhum Adrian.

~ 164 ~
Capítulo Dezessete
SHADOW
Odeio deixar Dani, mas Bull insiste que eu
preciso verificar o armazém com ele. Recebi um
telefonema dizendo que alguns motoqueiros
desconhecidos foram vistos na área. Não tenho
dúvidas de que é o El Locos, mas eu não posso
apontar o dedo a menos que nós tenhamos a prova.
Bem, Bull não pode. Nós seguimos até o antigo
armazém onde guardamos um monte da nossa
mercadoria; mas nem tudo, não somos estúpidos.
Nós mantemos nossas drogas e armas em diferentes
armazéns em todo o estado, sob diferentes alçadas. Dessa forma, se
alguma vez formos pegos eles não vão apreender tudo.

— Trilhas de carro! — aponto para a estrada de terra onde eu


deslizo minha moto.

— Sim, isso não é bom, irmão, — Locks cantarola. Alguém esteve


aqui. Se fosse um clube rival não faria mais do que provavelmente
deixar marcas de pneus de moto; mas nem sempre é o caso.
Especialmente sabendo que os únicos rivais que temos agora são os El
Locos, e vamos encarar os fatos, eles são uns merdinhas.

— Parece que alguém tentou entrar, mas não conseguiu, — diz


Bobby, inspecionando as fechaduras na porta.

— Tenho certeza que eles voltarão para tentar novamente. Vamos


tirar as merdas daqui. Precisamos começar a cuidar de nossos rabos,
alguém está nos seguindo. — Bull diz, subindo de volta em sua moto. —
Considerando que existem outras coisas rolando sobre nós, não
podemos descartar nada.

Subo na minha moto para o passeio de volta quando o telefone de


Bull toca. — O que foi, Charlie? Se acalme, se acalme. Eu não consigo
entender a porra de uma palavra que você está dizendo! — Bull grita.
Por alguma razão o cabelo na parte de trás do meu pescoço se levanta, e
um frio ártico ruge nas minhas costas.

~ 165 ~
— Você está brincando comigo? Onde você está? Vá para o clube
agora! — Bull exige ao telefone, sua mão trêmula e seu rosto a
tonalidade mais escura de vermelho que eu já vi.

— O que foi? — pergunto.

— Dani está desaparecida. Charlie acha que alguém a levou. —


Bull acelera sua moto sem maiores explicações. Meu coração para de
bater; meu sangue pula para os meus pés. Minha Dani foi tomada; a
garota por quem eu vivo e respiro está desaparecida. Eu ligo a minha
moto instantaneamente e vou em direção ao Clube. A velocidade que eu
estou dirigindo deixa todos na minha poeira. O tempo todo o meu
coração martela contra o meu peito; minhas mãos agarram o guidão tão
apertado que meus dedos estão brancos. Eu vou matar quem levou
Dani. Vou secar o seu sangue e pisar em seus corpos quando eu os
encontrar. Eu não vou mostrar nenhuma misericórdia.

Nós puxamos até o pátio e Charlie está do lado de fora. Eu


estaciono minha moto, jogo meu capacete para a calçada e vou em
direção a ele; buscando algum tipo de pista sobre o que aconteceu.
Como é que Dani foi pega? Eu nem sequer tenho que perguntar, ele
começa a derramar suas entranhas instantaneamente.

— Precisávamos de sabão em pó. Dani queria ir buscar, então eu


a levei. Entrei para pegar o sabão. Ela esperou do lado de fora. Voltei
para fora e ela não estava na moto onde eu a deixei. Eu chamei por ela,
mas nada. Eu circulei o edifício e encontrei o capacete de Dani no chão.
— seus olhos envidraçam e seu rosto fica mole. — Eu fodi tudo.

A raiva me preenchendo está em seu ponto de ruptura. Por que


diabos ele a iria deixar do lado de fora? Por que ela se quer estava na
parte de trás da porra de sua moto? Sem outro pensamento, eu trago
meu punho para trás e bato Charlie em sua mandíbula. Ele tropeça
para trás, mas não cai. Esse fodido idiota levou minha menina na
garupa de sua moto, quebrando uma lei do clube, e depois nem sequer
a protegeu? Claro que não! Eu o agarro pela camisa e o acerto de novo,
espirrando sangue em meu punho, quando colide com sua boca. Vou o
matar com minhas próprias mãos.

— Você a levou sem permissão e, em seguida, nem sequer a


protegeu, seu pedaço de merda! — eu cerro meus dentes.

— Calma, Shadow. Solta ele! — Bobby grita, chegando por trás de


mim e desfazendo meu aperto de morte sobre Charlie.

~ 166 ~
Bobby inclina a cabeça ao meu lado, — É melhor você se
controlar. Eu sei que você está uma bagunça do caralho, mas todo
mundo vai se perguntar por que você está tomando isto como algo
pessoal.

— Os deixe pensar o que quiserem, — eu urro. Eu não me


importo mais. Tudo que eu quero é saber que Dani está segura, e quem
a tem. Uma parte de mim sabe que ele está certo, no entanto. Eu perdi
minha calma com o pensamento dela na moto de outra pessoa e pelo
fato de que ele não a protegeu. É como se ela fosse minha old lady;
como se eu tivesse inconscientemente reivindicado ela. Eu sei que a
última semana com ela me fez sentir por ela em um nível totalmente
diferente, eu só não tinha percebido como essa porra era profunda até
agora.

DANI
As vozes do outro lado da parede estão calmas, sem revelar
qualquer informação útil. O que diabos alguém iria querer de mim? Seja
o que for, eu não vou desistir sem lutar. Eu vou cortar, arranhar e
matar quem quer que eu precise para sobreviver. Rá, me escute, eu
pareço tão durona. A Dani de New York nunca teria dito isso. Ela teria
deixado que eles fizessem o que quisessem, e teria dado a eles tudo o
que eles precisassem. Isso foi quando eu era fraca e moldada na forma
que minha mãe queria. Eu estou convencida de que minha mãe viu o
mal que espreitava dentro de mim, antes mesmo que eu percebesse. Eu
posso ver agora por que ela me protegeu de tudo o que teria provocado
à escuridão. Shadow e o Clube do meu pai atraíram a selvageria para
fora.

Chega de ficar sentada. É hora de lutar e sobreviver.

Eu levanto da cama, as correntes fazendo barulho quando eu


ando até a porta. Ela me para a cerca de um pé, então eu me inclino e
começo a bater o meu punho contra a velha porta. Meu coração martela
com adrenalina e vontade de viver.

— Me deixe sair da porra deste lugar! — eu grito, minha voz bruta


e rude.

~ 167 ~
— Parece que a prisioneira está acordada, — diz a voz masculina.
Ouço passos vindo em direção à porta. Eu me afasto, pronta para
atacar a primeira pessoa que vier passando. Quando a porta se abre,
vejo o homem que me levou contra a minha vontade. Seu cabelo
castanho caído em seus os olhos; é oleoso e indisciplinado. Ele está
vestindo uma camisa de flanela com as mangas arregaçadas e calça
jeans manchada. Ele sorri; os dentes apodrecidos; os lábios finos
incolores rosnando. Seus olhos são maçantes como os de alguém que
deveria estar em reabilitação ou em um caixão.

— Bem, bem, — ele zomba. O som de sua voz é irritante, o


tornando meu alvo. Eu puxo o meu punho para trás e conecto com seu
rosto oleoso. Ele tropeça e cai no chão sujo; maldições voando de sua
boca. Eu vou em direção a ele, a corrente chocalhando atrás de mim,
com a intenção de o chutar em seu estômago, mas, ele me agarra pelo
pé e me puxa para o chão com ele.

— Sua vadiazinha! — ele grita, seu hálito entrando em meu nariz.


Eu posso sentir o meu estômago protestar com seu cheiro rançoso. Ele
me dá um soco na cara sem nenhum aviso. Os nós dos dedos colidem
com a minha boca, fazendo com que os dentes se afundem em meus
lábios. Eu sinto o gosto de sangue imediatamente. Meu rosto grita de
dor e eu vejo estrelas. Ele salta para seus pés, recua sua bota preta, e
as conecta com minhas costelas. Meus olhos enchem de água de tal
forma que me leva a fechar eles. Minha respiração é roubada de meus
pulmões, eu suspiro por ar. Ele se inclina e me agarra pelo pescoço,
apertando com força. Minha força não é páreo para a sua, ele me leva
para os meus pés. Meus olhos se abrem para olhar para o homem que
está me matando, impedindo meus pulmões de alcançar ar.

— A coloque para baixo, Ricky, — a rouca voz feminina diz atrás


de mim. — Nós não podemos a usar se você a matar. — os olhos de
Ricky semicerram e ele me olha feio, mas seu agarre diminui e eu caio
no chão. Eu seguro instantaneamente minha garganta e inspiro o doce
ar do qual fui privada. Eu engasgo e arranho quando meus pulmões
inalam essa primeira respiração instável. Eu fui estúpida e ingênua em
pensar que eu o poderia dominar. Eu terei que ser mais esperta se eu
quiser ver Shadow novamente.

— Você faria bem em não fazer essa merda de novo, — diz a


mulher, caminhando e agachando na minha linha de visão.

Seu cabelo preto está emaranhado como um ninho de ratos; seu


corpo não é nada além de ossos. Ela está vestindo uma camiseta
vermelha surrada; os braços manchados com marcas de agulha do uso

~ 168 ~
de drogas. Eu olho em seus maçantes e sem vida olhos azuis, os cantos
marcados com rugas. Ela sorri e seus dentes são podres, sua respiração
esgueirando e roubando a minha com uma maré rançosa.

— Eu sou Cassie. Este é Ricky. Da próxima vez que você quiser


brincar de boxer, eu não o irei parar. Entendeu? — pergunta ela, a testa
coberta de rugas.

Como ela ousa. Eu não teria que brincar de boxe se não me


levassem contra a minha vontade. Minha besta quer ser liberada
novamente. Eu cerro os dentes para a cadela.

— Vá se foder! — eu sussurro, meus olhos nunca deixando os


dela.

Ela balança sua cabeça enquanto levanta. — Eu posso ver porque


Adrian gosta de você. Você é feroz. — ela ri, achando graça em meu
desprazer. Quem no inferno é essa mulher?

— O que você quer comigo? — eu pergunto, minha voz quebrando


pelo assalto de Rick, Eu tento me levantar, estremecendo com a
queimação vindo da minha costela, a dor tão forte que meus olhos se
embaçam. Eu me pergunto se o fodido quebrou minha costela; do jeito
que está doendo eu não me surpreenderia. Cassie percebe minha dor e
tenta me ajudar para a cama. Seu toque me dá repulsa e eu estapeio
suas mãos para longe. — Fique longe de mim!

— Você é a old lady de Adrian? — ela pergunta enquanto funga.


Ignorando meu comentário, ela me coloca na cama.

— Eu não conheço nenhum Adrian, — eu grito frustrada,


estremecendo de novo.

Ela funga mais alto novamente; pegando as costas de suas mãos


ela esfrega seu nariz. De repente, tudo faz sentido. A drogada é a mãe
de Shadow. Ricky é seu pai? Adrian é Shadow?

*****

SHADOW
Eu sento na mesma mesa de madeira que nos sentamos em
qualquer outro dia. Normalmente, no entanto, nós discutimos

~ 169 ~
embarques e pagamentos. Eu nunca pensei que nós estaríamos falando
sobre alguém com quem eu me importo mais profundamente. Me
importo mais profundamente; me ouça, eu fui chicoteado por uma
buceta sem concerto. Eu instantaneamente me arrependo de afastar
Dani, de me segurar dela. O curto tempo que eu tive com ela não foi o
suficiente, e no meu mundo eu não estou otimista de que Dani irá
voltar como a Dani que ela era antes de ter sido raptada. Pensamentos
dela ser abusada e estuprada fazem meu estômago chocalhar em
doloroso arrependimento.

— Bobby, veja se a loja tem câmeras de segurança, — Bull diz.

— Deixa comigo, chefe, — Bobby responde, levantando da mesa.

— Eu vou com ele. — eu preciso clarear minha cabeça. Sentar


aqui pensando na merda que pode estar acontecendo com Dani não
está me ajudando. Eu sei quem tem ela; só não tenho nenhuma idéia
aonde eles a levaram.

Nós andamos para fora do pátio. Agarrando meu capacete do


chão onde o atirei mais cedo, eu começo a colocar de volta na minha
cabeça. O simples gesto dispara a memória de quando Dani teve tanta
dificuldade colocando seu capacete. Aquela foi sua primeira corrida; o
pensamento faz meus lábios se contorcerem em um sorriso. Um sorriso
que eu não tive todo o maldito dia, não desde a última vez que eu vi
Dani, de qualquer forma.

— Você vai ficar bem, cara? — Bobby pergunta, montando em sua


moto. Eu não respondo por que a verdade é que se alguma coisa
acontecer com Dani, a terra vai ficar instável.

Nós estacionamos na loja de Mom e Pop. Uma vez dentro, o cheiro


de doce e pão invade meu nariz. Eu vejo Ma e sigo em sua direção. O
Clube ajuda a sustentar este pequeno negócio, então eles nos conhecem
bem.

— Ei, Ma, suas câmeras estão ligadas? — eu pergunto a ela


polidamente.

— Minhas câmeras estão sempre ligadas, filho; não se pode


confiar em ninguém nos dias de hoje. Porque você pergunta? — ela
pergunta, sua voz fraca com sua idade avançada. Ma deve estar no fim
de seus setenta anos, ela e Pa tem este lugar desde que eu posso me
lembrar. Eu tenho certeza que apenas Devil‘s Dust vem aqui, eu nunca
vi ninguém mais.

~ 170 ~
— Apenas uma coisa que aconteceu mais cedo. Eu gostaria de ver
elas, se estiver tudo bem. — eu me inclino contra o balcão, tentando
controlar a urgência em minha voz. Eu tomo uma respiração profunda.

— Claro, me siga. — ela entra em uma porta atrás do balcão,


deixando que eu e Bobby a sigamos. Ela se senta em uma rústica
cadeira de metal com um monitor de computador em cima de uma
mesa.

— O que você precisa exatamente? — ela pergunta, olhando para


cima em minha direção.

— Volte para a hora em que Charlie estava aqui, — eu digo a ela.


Ela sabe quem Charlie é porque nós o enviamos para buscar muita
merda; trabalho de vadia. Considerando o que aconteceu hoje, se ele
não for chutado para o chão, ele estará fazendo muito desses trabalhos
por um tempo.

Ma começa a rebobinar e então para. Eu vejo Dani e Charlie


encostarem na vaga de estacionamento. A visão dela faz meu coração
galopar. Eu estou determinado a encontrar ela. No entanto, eu vejo
vermelho e quero explodir a cabeça de Charlie por a ter na garupa de
sua moto. Quanto você tem uma garota na garupa de sua moto, ela é
sua responsabilidade. Quando é a filha do presidente isso se torna mais
que uma regra; é lei. Ao invés disso, ele a tratou como se fosse Candy
na garupa de sua moto. O pensamento me faz cheio de raiva; esta
merda não acabou entre eu e Charlie.

Eu vejo Dani andar para a parte de trás do prédio.

— Você tem câmeras nos fundos? — Bobby pergunta.

Ela aperta um botão e a imagem dos fundos do prédio aparece.


Você mal pode ver a cabeça de Dani na parte de cima da tela; a câmera
aponta para o estacionamento ao invés dela. Em questão de segundos
eu vejo as mãos de Dani voando ao redor e um antigo carro azul Nissan
estacionar na frente da câmera. Vejo um homem com uma máscara
carregar o corpo sem vida de Dani até o porta-malas. O pensamento me
enche de raiva. O homem tem problemas em colocar Dani dentro do
carro; ele parece familiar para mim. Então eu vejo uma pessoa sair do
carro para ajudar o homem.

— Esta é a viciada; minha mãe. Eu sabia, porra! — eu grito. Ela


ameaçou pegar Dani, eu apenas nunca pensei que ela teria bolas para
fazer isso. Essa cadela está tão bem como morta.

~ 171 ~
*****

DANI
— Qual é seu nome? — Cassie pergunta. Eu apenas olho para ela,
seu corpo completamente tomado pelas drogas há muito tempo atrás.
Eu não estou dizendo a ela meu nome, ela que se foda.

— Tudo bem. Eu não preciso saber seu nome, — ela diz sem
interesse. — Me conte sobre o Clube; eles correm armas? Eu sei que
eles têm drogas sendo um MC, certo? Você sendo a old lady de Adrian,
tenho certeza que você sabe. — ela lança as questões rapidamente,
sentando no sujo colchão comigo.

Porque ela quer saber essas coisas; dizer iria fazer de mim um
rato. Imagens dos artigos que eu encontrei no computador aquela noite
passam pela minha cabeça. O Clube cuida de ratos de um jeito que eu
não gostaria, eles os matam. Mesmo eu sendo a filha do presidente, ser
um rato não sairia impune; até eu sei disso.

— Ela não irá te dizer merda, — Ricky engrossa. Suas vozes estão
fazendo minha cabeça doer. A dor em minha cabeça, meu lábio ferido, e
minha dolorida costela me fazem ver em dobro. Eu só quero dormir,
dormir nos braços de Shadow; apenas mais uma vez.

— Não parece que Adrian está aparecendo com drogas ou


dinheiro. Agora o quê? — Ricky pergunta, me fazendo consciente da
ausência de Shadow.

— Nós podemos chamar Poppy, — Cassie diz, seu sorriso tão


nojento que arranha minha pele.

— Ah, Poppy. Eu aposto que ela daria uma boa buceta! — ele diz
com admiração, seu sorriso imitando o dela.

— Quem é Poppy? — eu pergunto, o nome fazendo minha pele


arrepiar enquanto ecoa em meus lábios.

— Agora ela quer falar, — Cassie diz, orgulhosa de si mesma.

— Poppy compra garotas e vende elas a homens com muito


dinheiro. Uma garota como você, eu aposto, ganharia uma proposta
alta. — Ricky levanta suas sobrancelhas.

Se eu não disser o que eles querem saber, eles vão me vender


para um traficante de sexo, mas se eu falar, eu estarei selando meu

~ 172 ~
destino com o Clube. Meu coração tamborila em alerta. Eu me sinto
acuada; sem saída. Porque Shadow não veio por mim? Ele deve ter
notado que eu estou desaparecida agora. Traficantes sexuais significa
ser abusada, drogada, estuprada, e ter minha alma marcada como um
objeto. Eu não seria um ser humano; eu seria possuída. Shadow não é
a besta que ele diz ser. Esta cadela que ele chama de mãe é a besta.
Homens como Ricky e Poppy; eles são as bestas.

— Eu vou ligar para ele, — Ricky diz, saindo do quarto.

Eu pulo em meus pés, dor rasgando através do meu corpo e


fazendo difícil pensar direito. — Espere! — eu grito.

Ricky derrapa em uma parada na moldura da porta.

— Como Shadow, er, quero dizer, Adrian, deveria te dar o que


você quer se ele não sabe quem me tem? — eu raciocino, tentando
pensar onde eu estou indo com isto. Eu estou apenas tentando pará-
los.

— O que você quer dizer; ele sabe quem está com você. Eu disse a
ele o que aconteceria se ele não me desse o que eu quero. Eu dei há ele
muito tempo, — Cassie diz, enquanto ela sai da cama para se juntar a
Ricky.

— Ele está em um Clube de Motoqueiros. Eu tenho tido muitas


ameaças de ser tomada, querida. Ele não faz ideia de quem me tem, —
eu digo, meu tom é distante e inseguro. Pelo que eu sei, ela é a única
que ameaçou me pegar, mas talvez se eu jogar minhas cartas da forma
certa eu possa entrar em contato com Shadow então ele pode descobrir
exatamente onde eu estou.

— Qual seu ponto, cadela? — Ricky pergunta, irritado.

— Ligue para ele; diga a ele onde eu estou? Tire uma foto do meu
rosto? — eu digo, apontando para meu lábio rachado e minha cabeça.
Se parecer tão mal quanto se sente, vai fazer Shadow explodir sua
cabeça com certeza. — Mostre a ele que você não está de brincadeira, —
eu pronuncio, prática. — E o que aconteceu com minha cabeça de
qualquer forma? — eu pergunto, quando ela pulsa alto em dor.

— Eu não conseguia te colocar no fodido porta-malas, — Ricky


diz, rindo. Estou tão feliz que minha dor traz prazer a ele.

Eles olham um para o outro, ambos imaginando se eu tenho um


ponto.

~ 173 ~
— Vá pegar o celular, — ela manda Ricky. Ele rola seus olhos e
resmunga até a outra porta. Ele volta com meu celular e começa a
tentar descobrir como tirar uma foto. Eu olho ao redor do quarto para
ver se alguma coisa pode ajudar a identificar o lugar, mas mesmo eu
não sei onde estou.

— Talvez você deveria me levar para o outro quarto; a luz aqui é


uma merda. Ele nunca vai conseguir ver meu lábio rachado com essa
luz, — eu digo, tentando jogar com eles. A noite está vindo e as duas
pequenas janelas não iluminam quase nada. Talvez no outro quarto
haja uma janela e alguma coisa fora da janela fará localizar minha
localização. Eu tenho que ser rápida com a noite se aproximando tão
rápido.

— Boa tentativa, cadela. Eu trabalhei duro nessa corrente. Você


ficará aqui, onde você não pode escapar, — Ricky diz, apontando o
celular em minha direção. Minhas entranhas repuxam; Shadow nunca
saberá onde estou. Eles vão dar uma localização errada e nunca irão me
entregar. Eles me venderão para Poppy e eu nunca vou estar com
Shadow ou meu pai de novo.

— Merda, ela está certa. Esta maldita luz aqui é uma merda. Nós
teremos que a levar até o outro quarto, — Cassie diz, olhando para a
foto. Meu coração volta a bater; um lampejo de esperança salta para a
superfície.

— Merda, — Ricky diz, concordando com ela depois de olhar para


a foto. Ele anda até onde estou e puxa uma chave de seu bolso. Ele se
inclina e tira a algema de metal sufocando meu joelho. Uma vez liberta,
o alívio me faz gemer em gratidão. Ele agarra meu antebraço, seus
dedos contundindo minha pele delicada.

— Não tente nada fodido, — ele sibila no meu rosto, seu hálito tão
pesado que traz bile em minha garganta.

Ele me empurra para o outro quarto. Meus olhos vasculham pelo


quarto pegando em tudo que eu poderia ser capaz de agarrar em
minhas mãos para me ajudar a escapar. O chão parece que nunca viu
uma vassoura ou um espanador, a única mobília é um velho sofá azul
rasgado e uma mesa de cozinha oval com duas cadeiras raquíticas em
torno dela. Ricky me empurra na frente da mesa com drogas usadas
espalhadas. Seu agarre apertado dificultando a circulação em meu
braço. Eu noto que atrás da mesa está uma janela; ela tem um buraco
no meio e eu posso ver luzes rosa e azuis iluminando o céu escuro

~ 174 ~
através da janela. Não é muito, mas talvez o estranho ambiente estilo
"Miami Vice" do prédio vai dar a Shadow uma ideia de onde estou.

Ricky está por trás de mim. Seu braço serpenteia ao redor da


minha frente e agarra a minha garganta com força. Eu estremeço com o
contato duro, minha pele ainda sensível de quando ele me enforcou
anteriormente. Eu ainda posso respirar, mas seu aperto torna difícil e
meu pânico aumenta. Suas unhas sujas cortando em minha pele e eu
posso sentir meu sangue correndo para os pequenos cortes que ele está
fazendo.

— Sim, eu penso que nós ainda a devíamos vender para Poppy.


Dar a algum pobre bastardo um adiantamento do Natal, — ele rosna em
minha orelha empurrando seus quadris em minhas costas. Sua ereção
é evidente e eu engasgo. Eu olho para cima na direção de Cassie, me
perguntando se ela está vendo isto, mas ela está mexendo com meu
celular e não prestando atenção.

É o fim para mim. Eu vou morrer nesse buraco de merda. Nunca


mais irei ver Shadow ou ninguém mais. Eu sinto lágrimas descendo na
minha bochecha, me fazendo sentir vulnerável. Ricky vira minha cabeça
para o lado e balança sua língua de seus ressecados e rachados lábios.
Eu soluço e tento me puxar para longe, mas ele agarra minha garganta
mais forte, me forçando no lugar. Sua gelada, escorregadia língua se
lança para minha lágrima caída e a lambe, deixando para trás um
rastro viscoso de sua presença. Eu olho para seus olhos; os olhos de
concha vazia sem remorso ou arrependimento.

— Sim, eu aposto que ele pagaria mais do que Adrian; e nós


poderíamos ir muito mais longe, — ela responde a Ricky enquanto
aponta a câmera em minha direção. Olhando para esses dois, a
realidade me bate. E se Shadow não vier rápido o suficiente e este
Poppy vier me pegar? Eu posso imaginar algum homem cubano
chamado Poppy fumando um cigarro, rindo de excitação do quanto
dinheiro minha venda fará. Eu tenho que tentar e lutar. Eu não posso
apenas deixar esses dois drogados me venderem para escravidão sexual
para que eles possam fugir do que quer que eles não possam encarar.

Sem pensar, eu ergo a parte de trás da minha cabeça e acerto


Ricky no nariz. Ele ruge de dor e tropeça para trás. Eu vejo minha
chance de correr através da porta e alçar voo, não pensando sobre
Cassie. Assim que eu rodeio a mesa, ela me agarra por meu cabelo. —
Oh, não, você não fará, cadela! — ela rosna, me parando na minha
corrida por segurança. A porta está apenas a um pé de distância de
mim, eu quase posso provar minha liberdade. Não posso parar de lutar;

~ 175 ~
eu tenho que sair daqui. Eu explodo meu cotovelo em seu nariz, fazendo
que ela grite de dor e solte meu cabelo. Eu empurro seu corpo ossudo
para longe de mim e corro para a porta.

Apenas quando minhas mãos agarram a dourada maçaneta da


porta, eu sinto meu corpo empurrado para frente da porta contra minha
vontade. Antes que eu possa olhar para ver o que está acontecendo,
minha cabeça bate na porta. Eu choramingo de dor, agarrando minha
cabeça. Ricky me apanha pelo meu cabelo, puxando tão apertado que
eu posso sentir meu cabelo rompendo e quebrando e meu novo
machucado explode de dor.

— Me deixe ir! — eu grito, minhas mãos arranhando suas mãos,


minhas unhas raspando e rasgando seus braços.

— Você não irá vender bem se você estiver toda machucada, eu


espero que você foda tão duro quanto você luta, princesa. — Ricky
sussurra em minha orelha. Seu hálito quente e grudento faz minha
espinha esticar em alerta. Com seus dedos sujos enfiados em meus
cabelos, ele me joga no chão como um esfregão molhado. Minha costela
grita na mais excruciante dor imaginável.

Meu corpo não pode aguentar mais. Minha visão embaça e meu
corpo grita de dor em todos os ângulos.

— Sua cadela estúpida. Eu não posso esperar para vender sua


bunda arrependida para Poppy! — Cassie grita, segurando seu nariz
para parar o sangramento. Ela tropeça sobre mim e me chuta nas
costelas. Sua explosão não é tão poderosa quanto à de Ricky, mas é o
suficiente para me fazer ver pontos pretos. Eu tento e luto contra a
escuridão invadindo minha visão, assustada com o que Ricky pode fazer
se tiver a chance.

— Shadow vai me encontrar e matar vocês, — eu sussurro,


delirando de dor. Ambos começam a rir com minha resposta.

— Oh, querida, você está pirando. Uma vez que tivermos nosso
dinheiro, sua bunda será vendida e nós estaremos longe daqui. —
Cassie ri entre cada palavra.

— Então eu vou encontrar você e a matar eu mesma. — minha


voz treme revelando quanto eu realmente estou assustada. A escuridão
finalmente me puxa, a dor é demais para meu corpo tolerar.

*****

~ 176 ~
Em minha escuridão, eu vejo a língua torpe de Ricky nadando ao
redor como uma serpente. A risada rouca de Cassie rachando paredes
negras. O rosto de minha mãe dizendo, Eu te disse. Eu estou nadando
na escuridão que é o meu inferno; não o de Shadow. Onde está
Shadow? Ele tem que vir. Ele não me deixaria aqui; meu pai não me
deixaria aqui, deixaria? Este é o meu destino: eu vou morrer ou me
tornar uma escrava. A escuridão que nada dentro de mim está fraca e
se escondendo, desistindo e preferindo morrer a ser entregue a um
destino sobre o qual não tenho controle.

Eu abro meus olhos. Minha visão está borrada, eu vejo o rosto de


Shadow. Seus olhos azuis latentes estão ardendo com fogo e raiva. Suas
bochechas estão cheias de barba por fazer e sua mandíbula está
preocupada. Seus lábios se abrem para permitir sua respiração áspera.
Seu cabeço preto, maior no topo e menor nos lados, fazendo meus
dedos coçarem por eles. Ele é tão lindo. Claramente isso é apenas um
sonho, meu estado de dor me induzindo a ver coisas. Eu alcanço,
tentando sentir seu rosto enquanto eu soluço.

— Minha besta. — eu respiro, ainda deitada no chão sujo onde


Ricky e Cassie me deixaram.

— Dani, eu estou aqui, baby. Ninguém vai te machucar mais. —


sua voz está cheia de emoção; ele parece tão real que eu até o posso
cheirar. Ele enrola seus grossos braços ao meu redor, me pegando do
chão. Eu grito em dor quando ele me levanta.

— O que foi, baby? O que está errado? — ele diz, preocupação em


cada palavra.

Eu não posso falar, então eu aponto para minhas costelas; meus


olhos revirando de dor. Ele gentilmente empurra minha camisa para
cima e eu apenas o ouço engasgar, posso sentir seu peito levantar e cair
rapidamente.

— Porra. Tudo bem. Apenas enrole suas mãos ao redor do meu


pescoço. Eu vou te tirar daqui. Vai doer, mas eu estou te tirando daqui.
— ele coloca minhas mãos atrás de sua cabeça e acasala meu corpo
com seus braços. Minha cabeça cai no recanto de seu pescoço. Eu me
sinto segura; meu corpo relaxa sabendo que Shadow me tem. Se isso é
o inferno, eu quero viver aqui para sempre.

— Você é real? — eu soluço.

~ 177 ~
— Sim, baby, eu sou real, — ele sussurra em meu cabelo e
gentilmente beija minha cabeça. Ele se vira na direção da porta; meu
príncipe encantado me resgatando.

— Que porra? — Ricky exclama. Meu corpo imediatamente fica


tenso; imagens dele empurrando sua pélvis em mim e sua escorregadia
língua fazendo minha espinha ficar rígida. Eu levanto minha cabeça
para ver ele e Cassie entrando na porta da frente. Bobby está parado
perto de nós, junto com Bull e a horda. Toda a gangue veio me salvar.

— Segure no meu pescoço, Dani, — Shadow sussurra. Eu enredo


minhas mãos juntas e tento meu melhor para segurar meu peso
enquanto Shadow alcança algo atrás dele. Em um milissegundo, ele
está atirando em Ricky. Ele aponta uma impiedosa pistola prateada e
sem pensar duas vezes, puxa o gatilho. Cérebro, crânio e sangue
espalham em todo o quarto.

Pó vindo da arma, e alguma coisa metálica, acariciam meus


sentidos. Cassie grita e corre da casa.

— Merda! — Bobby grita, correndo atrás dela.

Com um suspiro profundo, eu recoloco minha cabeça no pescoço


de Shadow. Eu acho que eu acabei de ver a besta que o impede de ser
normal.

Ele sobe no banco traseiro de um carro, nunca me deixando ir.


Eu estremeço com dor enquanto ele nos ajusta; sua mão afasta o cabelo
do meu rosto. Seu polegar fazendo círculos em minha bochecha, ele se
inclina, — Não me deixe de novo. — eu apenas aceno, minha cabeça
pulsando com dor quando eu faço. Shadow me salvou? Isso é real? Eu
tento abrir meus olhos e olhar para Shadow, mas a escuridão
serpenteia ao redor me levando para uma profunda e impiedosa piscina.

— Eu... eu fodidamente te amo, Dani. — Shadow sussurra em


minha orelha.

Isso é claramente um sonho; Shadow não ama.

*****

Eu estou sentada em minha cama no Clube; a visão e o cheiro do


lugar antigo me fazem sentir em casa. Eu me pergunto se eles pegaram

~ 178 ~
Cassie; a questão me deixa inquieta. Medo chocalhando minha
estrutura, eu engulo em seco, tentando digerir tudo.

— Doc está aqui, Dani, — Shadow diz, escovando meu cabelo


para longe do meu rosto. Eu nunca tinha visto um lado tão carinhoso
de Shadow. Eu viro, estremecendo apenas com o menor movimento.

— Ei, Dani, você pode me chamar de Jessica. — a bonita loira se


encaminha para o quarto vestindo um jaleco branco e carregando uma
maleta preta. Quando eles disseram que Doc está vindo, eu imaginei
um homem velho e careca com cabelo no nariz.

— O que está doendo, querida? — ela pergunta, puxando um


estetoscópio de sua bolsa preta.

— Eu tenho uma dor de cabeça e minhas costelas, — eu digo.


Apenas falar faz minha cabeça pulsar e minhas costelas morderem com
torturante dor.

— E sobre seu pescoço? — ela pergunta, acenando na direção de


meu pescoço.

— Meu pescoço?

— Parece que você foi sufocada; você foi estuprada? — ela


pergunta com sensibilidade.

— O que? — Shadow anda para perto de Jessica.

Ela fica em pé e coloca seus braços nos ombros de Shadow


puxando ele para trás. Apenas o simples gesto me deixa com ciúmes.

— Eu preciso que você vá ficar do lado de fora, Shadow. Todos


vocês precisam nos dar alguma privacidade, — Jessica diz, ainda
empurrando Shadow em direção à porta. Pela primeira vez, eu vejo Bull
e Bobby parados no caminho da porta.

— Sim, eu preciso falar com você e Bobby de qualquer forma,


Shadow, — Bull diz, agarrando o ombro de Shadow grosseiramente.

Uma vez que Bobby e Shadow saem do quarto, Bull coloca sua
cabeça para dentro. — Uh, Doc? — Bull pergunta de forma rude, sua
voz cheia de autoridade e hostilidade.

— Sim? — ela responde, sentando de volta na cama. Ela olha


para meu pai por cima do ombro.

~ 179 ~
— Quando você acabar com Dani, você pode querer ficar por
perto.

— Humm, eu me pergunto do que se trata. — ela olha para mim


com sua sobrancelha elevada.

*****

SHADOW
Quando eu recebi a foto de Dani espancada com pouca vida e vi a
forma como Ricky tinha suas fodidas mãos sobre ela, a besta foi
liberada sem pensar. Eu reconheceria aquela feia luz rosa e azul no
fundo da foto em qualquer lugar; é um bar para onde Bobby me
arrastou anos atrás. Depois de achar o bar, foi apenas questão de
minutos para encontrarmos a casa. Eu tinha minha cabeça tão
enfocada em Dani que eu nem ao menos esperei que Bull desse ordens.
Eu apenas fui para dentro, preparado explodir a cabeça de qualquer um
que ficasse em meu caminho. Quando eu vi Dani espancada no chão,
eu perdi todo o pensamento. Eu me senti como se não tivesse nenhum
controle; sem esperança, com medo e apaixonado.

Eu ainda não posso acreditar que eu disse a Dani que a amava.


Eu não percebi que os sentimentos que tem se agitado para cima eram
amor. Um cara como eu pode amar, isso é possível? É possível amar um
cara como eu? Depois de dizer as palavras sem querer, eu sei que eu
sinto profundamente por Dani, mas eu não confio nela, não totalmente
de qualquer forma. No mundo que eu vivo, confiança é mais difícil de
merecer do que amor. Isso tudo me levou a estar sentado aqui nesta
mesa, com todos os meus irmãos olhando para mim, porque eu quebrei
a lei de confiança entre nós.

— Você está fodendo Dani? — Bull pergunta, sua voz amarga e


fria.

Não em tudo feliz de dar aos meus irmãos imagens para seus
bancos de punhetas, eu cerro meus dentes e respondo, — Sim.

— Você sabia sobre isso, Bobby? — Bull pergunta. Eu me sinto


arrependido por trazer Bobby para isso, mas eu tentei avisar o fodido.

~ 180 ~
Bobby olha através da mesa para mim, seu olhar se segura em
linha reta. Nós éramos irmãos antes deste Clube, e eu sabia que ele
guardaria minhas costas até a tumba.

— Sim, eu sabia. — ele fala com coragem, mas nós dois sabemos
que estamos apenas a minutos de mijar em nós mesmos. Bull não é
alguém com quem você quer brincar, especialmente quando se trata de
confiança. Uma vez nós tivemos um prospecto arrastado e tudo que o
rapaz fez foi mencionar que o Clube estava tendo uma festa, que Bull
tinha se alinhado conosco para ter alguma coca e putas para
relaxarmos. Felizmente, nós tínhamos o policial em nosso bolso então
nada aconteceu. Infelizmente para o novo prospecto, no entanto, ele foi
colocado a sete palmos embaixo da terra. Mas não antes de Bull cortar
sua língua com uma faca velha por ser um rato.

— Confie como um pecador, — Bull murmura debaixo de sua


respiração. — Eu não sou alguém que você iria confiar normalmente;
inferno, eu sou o maior pecador que há, mas eu pensei que esse Clube
tivesse um círculo de confiança. Vocês quebraram minha confiança,
garotos, algo que não é facilmente conquistada. — Bull fala com
autoridade primitiva. — Você acha que Dani é dura o suficiente para
viver nesse mundo? A mãe dela não era. O que faz você pensar que eu
quero alguém como você com minha garotinha? Eu conheço o mundo
fodido no qual você vive. A escuridão que chocalha sua prisão não é o
que eu quero perto da minha filha, — Bull ruge enquanto ele bate seu
punho na mesa. Eu esqueci que Bull sabe muito sobre minhas
sombras; sombras que eu terei que revelar a Dani eventualmente.

— Ela não está aqui há um mês, e apenas um pedaço de você


quase consegue que ela seja morta, talvez até estuprada. Ela pode
partir, minha filha que eu acabei de conhecer, pode partir porque ela
não pode estar perto de você, um dos meus melhores homens. O que eu
deveria fazer sobre isso? — Bull pergunta, sua voz calma e suave. É
como se ele fosse bipolar, um minuto gritando e esmurrando mesas, no
próximo quieto e gelado.

Dani é uma garota crescida, talvez pela primeira vez ela possa
gostar de fazer suas próprias escolhas e possuir sua própria vida.
Infelizmente para ela, se ela é minha, isso nunca vai acontecer.

— Eu acho...

— Você não tem o direito de achar, — Bull grita, me cortando, —


achar fez você foder meu Clube e ter irmãos mentindo por você. Você
quebrou a lei! — ele berra. — Fodendo com a filha do presidente e

~ 181 ~
mentindo pelas minhas costas. Candy no outro dia, foi por sua causa,
não foi? — eu não respondo; eu sei que é uma pergunta retórica e nada
que eu disser vai ajudar de qualquer jeito. — Bobby, Shadow, do lado
de fora, — Bull estala, levantando, sua cadeira derrapando através do
chão de madeira dura.

— O que? Por quê? — Bobby pergunta.

— Vocês garotos quebraram leis, é hora de justiça, — Bull


esclarece, — e eu não quero sangue no meu fodido chão, esse é o
porquê — Bull sibila.

A última coisa que eu vou fazer é me lamentar por querer estar


com Dani. Se Bull me matar, vai ter valido a pena. Dani é a melhor
coisa que aconteceu comigo; ela me trouxe para fora da concha na qual
eu vivia, ela me trouxe fora para me mostrar um caminho que eu nunca
havia conhecido. Ela pode nunca ser capaz de me trazer de volta das
sombras que me seguem, minhas sombras que espreitam na escuridão.

Bobby e eu estamos parados no pátio quando Bull anda até nós,


o resto dos garotos vem atrás dele. Eu estou curioso sobre qual será seu
próximo movimento; ele quer sangue por termos traído ele, isso é obvio.
Ele irá nos matar? Nah, se ele fosse nos matar ele não faria isso aqui,
em lugar aberto, faria? Eu de repente sinto arrependimento me
consumindo; trair minha própria família por uma cadela não é algo que
eu alguma vez faria. Ainda assim aqui estou eu, arrastando um irmão
para baixo comigo num oceano de traição.

Bull saca sua pistola. Batendo o cano em sua perna, ele olha para
mim, — Braço ou perna? — eu acho que eu tenho sorte de ele me dar
uma escolha e não me atirar no crânio.

— Melhor você escolher rápido antes que eu escolha os dois, ou


mude de ideia e mire em sua cabeça, — ele diz, levantando sua voz.

— Bra— antes que eu possa dizer a palavra, ele atira uma bala
reta direto no meu braço, o mesmo braço que foi baleado no tiroteio. O
tiro ecoa na noite quieta.

— Porra! — eu grito em dor, agarrando a ferida latindo na minha


carne.

A dor irradia do meu braço para meu pescoço; sangue começa a


jorrar. O sangue é um símbolo da traição que eu verti em minha família,
um lembrete de como eu tomei a inocência de Dani. O sangue que está
em minhas mãos, me fez pagar com meu próprio sangue agora.

~ 182 ~
— Bobby, braço ou perna? — Bull pergunta.

Bobby olha pra cima na minha direção, seus olhos mostram que
ele está claramente puto que eu o arrastei para esta merda. Para ser
justo, eu tentei dizer a ele para tirar sua bunda do caminho no dia que
ele viu sangue em minhas mãos.

— Porra, braço, — ele diz, fechando seus olhos e esperando pelo


assalto.

Um tiro ressoa no ar da noite. Bobby geme profundamente e


agarra sua carne ferida.

— Eu deixei vocês garotos saírem facilmente. Eu penso em vocês


como meus próprios filhos, mas marque minhas palavras, Shadow, se
você foder isso com Dani, a próxima bala não será no braço ou na
perna. Você a leva para sua merda de novo, eu vou chutar sua bunda,
— Bull grita, apontando para mim como seu eu fosse uma criança
desobediente. Eu diria ele para se foder, que eu avisei Dani do homem
que eu era, mas ele é quem está segurando a arma. — Oh, e ela vai ficar
com você de agora para frente, — ele diz bobamente, fazendo o resto dos
caras rirem.

— O que? — Bobby grita, dizendo exatamente o que eu estou


pensando.

— Eu não a posso ter isso no Clube, eu não preciso de outro


episódio igual ao de Candy. Eu vivo aqui, então ela não pode ficar
comigo e vendo como você foi tão gentil em a tomar debaixo de suas
asas, ela estará ficando na casa de vocês. — Bull se vira para o Clube,
deixando a mim e Bobby sangrando e pasmos.

— Você fodidamente me deve pra caralho! — Bobby dá uma de


espertalhão para mim, cerrando seus dentes para barrar a dor.

Eu apenas olho para ele. Eu de fato devo a ele pra caralho, mas
eu não vou admitir.

Eu ando para o Clube segurando apertado minha ferida para


impedir de sangrar o máximo que eu puder. Na verdade, isso é uma
mentira; eu espremo mais duro que eu posso de forma que, de fato, eu
sangre no chão. Foda-se Bull.

— Ainda bem que eu fiquei por perto, — Doc diz, olhando para
mim e para Bobby quando nós tropeçamos para dentro.

~ 183 ~
— Eu primeiro; é culpa dele que eu fui baleado para começar! —
Bobby resmunga, me empurrando para passar. Eu sento no sofá e
observo enquanto Doc avalia a ferida de Bobby.

— Atravessou de um lado ao outro; vai precisar de apenas alguns


pontos, — ela diz alcançando dentro de sua bolsa. — Porque Bull atirou
em vocês de qualquer forma? — ela pergunta, espertamente.

— Shadow fodeu com vagalume, — Bobby diz sarcasticamente.

— Oh! — ela para e olha para Bobby e para mim. — Isso é meio
doce, Bobby. — ela diz, examinando sua ferida para começar a
costurar.

— Doce? — eu tusso.

— Sim? Sim! Sim, foi. Eu pensei que era romântico. Eu sabia que
eles eram perfeitos um para o outro então eu coloquei minha vida na
linha por eles. Esse é o tipo de cara que eu sou; um romântico secreto.
— Bobby diz, claramente mentindo através de seus dentes. Fodido
brega como o inferno; se Doc acreditar nisso, ela é mais fraca do que eu
pensava.

Eu agarro um par de doses para ajudar com a dor enquanto eu


espero. Ouvir Bobby mudar minha fodida situação com Dani numa
forma de entrar dentro das calças de Doc era mais do que eu poderia
aguentar. O homem está mais cheio de vontade por DOc do que eu
imaginava.

Depois de cerca de vinte minutos é minha vez.

— A sua atravessou de um lado a outro, também, — ela diz,


olhando para mim.

— Como está Dani? — eu pergunto, tentando tirar minha cabeça


da dor. Eu estou preocupado sobre seus machucados e se o bastardo
fez alguma coisa a ela. Um tiro em sua cabeça foi muito gentil; eu
deveria ter esperado por Bull para dizer o que fazer. Eu poderia ter me
divertido torturando ele, coisa que eu tenho desejado desde que eu era
criança.

— Costelas machucadas, possivelmente quebradas e talvez uma


leve concussão, — ela diz, enfiando uma agulha no meu braço para o
anestesiar. Finalmente!

Eu suspiro de alívio; a retorcida arrasadora dor está começando a


aliviar.

~ 184 ~
— Ela não foi estuprada, se isso é o que você está perguntando.
Ela não pode se lembrar de muito com a concussão, mas eu tenho
certeza que ela irá ter algum estresse pós-traumático. Você poderá tirar
mais dela com o tempo, mas ela apenas precisa de descanso, na
verdade. Eu não deixaria ela dormir por um tempo, mas isso pode ser
mais difícil fazer do que dizer.

Enquanto Doc costura meu braço, eu imagino o que exatamente


eu vou dizer para Dani. Ela terá dúvidas; mais do que eu quero
responder. Não confiar completamente nela vai ser um problema, e
quem seu pai é, faz o problema maior. Se eu não a fizer feliz, tudo o que
vai precisar é que ela chore para seu pai antes que um outro tiro venha
em minha direção. Bull a mandar ficar comigo me deixa puto. Se toda
essa situação me mostrou alguma coisa, é que eu preciso ficar longe
dela antes que nós dois terminemos mortos.

~ 185 ~
Capítulo Dezoito
DANI
Deitada na cama ouvindo meu iPod, ‗Demons‘
de Imagine Dragons está rugindo em meus fones de
ouvido quando Shadow entra segurando seu braço.
Sangue seco rodopia em volta de seu braço e seu
rosto está contraído com dor e confusão. Eu retiro
os fones de ouvido e tento me sentar, mas a dor
insuportável me faz deitar de novo.

— O que aconteceu? — eu pergunto,


apontando para todo o sangue em seu braço e a
grande bandagem enrolada em volta.

— O que aconteceu? Vamos apenas dizer que seu pai não aceitou
a ideia de eu estar com você debaixo de seu nariz muito bem, — ele diz
sarcasticamente, deitando na cama perto do meu pé. O nevoeiro começa
a embaçar os cantos da minha visão; eu pisco com força tentando o
afastar.

— Oh. — o que eu posso dizer? Ele apenas levou uma bala por
estar comigo.

Ele vira sua cabeça, ainda deitado em suas costas, para olhar
para mim. — Oh? — ele diz gracejando, fazendo meu estado atordoado
se tornar raiva. Sua mãe fez isso comigo. Ele disse que eu estava
segura, mas quão segura eu estava quando Ricky praticamente me
fodeu com sua língua.

— Eu quero dizer – pra ser justa, eu estou desse jeito por causa
de sua mãe e... — eu paro incerta de quem Ricky é. Ele é o pai de
Shadow? Shadow apenas me encara, sabendo minha próxima pergunta.

— Você está brincando comigo? — ele late para mim enquanto se


levanta da cama. — Eu tentei te avisar no dia que você começou a me
caçar como uma cadela no cio!

Sério? Ele está colocando isso tudo em mim, agindo como se fosse
minha culpa que isso aconteceu.

~ 186 ~
— Como é? — eu grito de volta, minhas costelas e cabeça uivando
com uma dor selvagem. Eu suspiro e continuo meu discurso. — Eu não
vi você lutando contra, imbecil! — eu estremeço e seguro minha cabeça.
Meu corpo inteiro estica com os chutes no meu crânio.

— Você quebrou uma lei montando na garupa daquela fodida


moto com aquele idiota magricela, Dani, não eu! — ele diz, seu peito
estufado com raiva.

Eu olho para cima através de meus cílios e vejo seu rosto gravado
com preocupação. Ele é tão confuso. Eu não me lembro de muito do
rapto, mas eu me lembro dos sons e de como Shadow foi carinhoso
enquanto eu pensava que estava sonhando. Agora que eu estou aqui e
que ele sabe que eu estou segura, ele está de volta ao Shadow exigente.

Fúria submerge minha dor. Como ele ousa agir como se fosse
minha culpa; ele faz alguma ideia do que eu acabei de passar? Tentar
lembrar de tudo é difícil; eu tenho muitas perguntas, eu apenas não
consigo me lembrar de todas elas.

— Quem é Ricky? — eu sussurro, curiosa. Essa é uma que eu


consigo lembrar. Eu nunca o irei esquecer; a forma que ele fez minha
pele rastejar. Eu vou precisar de um banho de ácido para me livrar dele.

Shadow suspira profundamente, e joga suas mãos sobre seu


rosto.

— Ele é seu pai? — se ele for de fato o pai dele, então talvez
Shadow esteja mais fodido do que eu imaginei. Ele apenas o matou sem
mais do que um piscar de olhos.

— Não, ele não é meu pai, — Shadow diz indiferente, claramente


irritado que eu poderia insinuar isso.

Eu mordo minha língua com seu tom. Quando eu estava naquele


lugar de merda de quarto, tudo que eu conseguia pensar era em
Shadow. Eu percebi que eu o amo e infelizmente eu nem ao menos sei
quem ele é.

— Talvez eu não tivesse pensado isso se você conversasse comigo,


Adrian. — eu digo seu nome nitidamente, sua cabeça praticamente
estalando com o som.

— Como você sabe meu nome? — ele pergunta, estupefato.

~ 187 ~
— Sua mãe, se ela de fato é sua mãe, continuava te chamando
desse nome, — eu digo sarcasticamente, a névoa e a visão embaçada
lavando meus sentidos como uma onda faminta.

Shadow senta na cama e corre suas mãos por seus cabelos. Seu
corpo está rígido; quando ele olha para mim, seus olhos são ilegíveis.

Sua hesitação me dá a impressão de que ele não confia em mim.


Eu não sei por que, eu tenho feito de tudo por ele para que ele
questione minha lealdade.

— Isso nunca irá funcionar se você não me deixar entrar, — eu


cuspo, me sentindo ferida. A dor na minha cabeça e costelas não pode
se comparar com a dor que ele acabou de infligir na minha alma.

— Você não confia em mim, — eu digo. A forma que seus olhos


lustram confirma a acusação, retirando o ar de meus pulmões. Ele
estremece com a dor dilatando em meus olhos, sua expressão suaviza.

— Eu não confio com facilidade. Eu quero confiar em você, eu


quero, mas então eu não confio, — ele diz, olhando para baixo para o
edredom. Eu posso dizer que ele está desconfortável com seus
problemas de confiança. Eu não o posso odiar por não confiar em mim;
não quando ele quer, mas apenas não sabe como. Não é que ele não
possa confiar em mim, eu apenas preciso merecer essa confiança. A
coceira em meu peito diminui com o pensamento.

— Então fale comigo, Shadow, maldição! — eu choro com a dor


que irradia de minha cabeça como um fogo.

— Maldição, Dani, se acalme. Você está ferida. — Shadow sobe na


cama e envolve meu corpo com o seu. Meus nervos e emoções tão
confusas e apertadas como a maré noturna, eu relaxo quando meu
corpo se molda ao dele. O cheiro de suor e sabão amadeirado lambe
meus sentidos, me fazendo sentir em casa em seus braços fortes.

Nós ficamos deitados desse jeito por um tempo, apenas ouvindo a


respiração um do outro. Nosso batimento cardíaco se torna um e nossa
respiração sincroniza. Eu odeio que eu estou tão de pernas para o ar
por Shadow quando ele pode não se sentir da mesma forma.

— Meu pai se juntou ao exército quando eu era uma criança, —


Shadow diz silenciosamente, seu hálito sacudindo meu cabelo quando
ele fala. — Depois de um tempo, eu acho que minha mãe precisava
mais do que cartas de amor e a licença militar ocasional do meu pai.
Aparentemente, eu não era o suficiente também. Um dia ela saiu e não

~ 188 ~
voltou por alguns dias. Quando ela voltou, ela estava diferente; ela não
era minha mãe. Eu nunca mais vi minha mãe, — Shadow suspira
pesadamente. Eu posso literalmente ouvir toda a tristeza nesse único
suspiro.

— Ela costumava ter tanta luz em seus olhos azuis, mas depois
da primeira vez que ela me deixou sozinho, eles se tornaram embotados
e patéticos. Então ela começou a sair por semanas de uma vez; seu
corpo denso começou a diminuir até se tornar um esqueleto e seus
dentes foram apodrecendo. Quando eu de fato conversei com meu pai,
eu nunca contei para ele o que estava acontecendo. Minha mãe e eu
éramos sua taboa de salvação. Eu acho que ele sabia, no entanto; ele
continuou perguntando sobre ela e eu sempre inventava uma desculpa.
Ela parou de escrever para ele de volta quando suas cartas chegavam.

— Então ela começou a aparecer com Ricky. Eu podia ouvir eles


fodendo durante a noite. — eu ouço Shadow cerrando seus dentes. —
Eu odiava aquele fodido, ele costumava me chamar de ―Campeão‖. Eu
apenas o queria matar. — Shadow fala com tanta dor e remorso, seu
corpo tenso. Eu quero me virar e o segurar, mas eu tenho medo de me
mover; medo dele se fechar. Então eu fico deitada ouvindo.

— Um dia eu recebi a notícia de que meu pai tinha sido atingido


no Iraque. Minha mãe tinha estado fora por uma semana. Quando ela
finalmente veio para casa, ela apareceu com Ricky. Eu disse a ela a
notícia e ela riu; ela nem ao menos foi ao funeral. Ela apenas pegou o
dinheiro que foi doado para nós pelos ―Soldados Caídos‖ e me deixou.
Eventualmente, a eletricidade, água, tudo foi cortado. Eu não tinha
comida, não tinha pai, e não tinha mãe. Eu tinha quatorze anos. —
Shadow para, passando suas mãos sobre seu rosto. Eu quero me virar
para ver sua expressão, seus olhos, mas eu não tenho isso em mim,
para ver o homem que eu amo tão ferido.

— Tudo que eu tenho do meu pai é seu número de registro e o


carro no qual nós trabalhávamos quando ele tirava licença. — Shadow
diz sussurrando, fazendo meus olhos encherem de água. O carro na
garagem; ele diz que é tudo que ele tem do seu pai. Eu posso ver um
garotinho trabalhando em um carro com seu pai quando eu fecho meus
olhos, fazendo a água em meus olhos escorrer.

— Quando eu era mais jovem, eu fui jogado no reformatório. Foi


lá que eu conheci Bobby. Ele estava lá por ter roubado um carro. Nós
acabamos sendo liberados no mesmo dia, eu fui para casa com ele.
Seus pais me acolheram com braços abertos; eles nunca julgaram
Bobby e eu. Eles providenciaram comida e um teto sobre minha cabeça

~ 189 ~
sem pedir nada em retorno. Eles morreram em um acidente de carro no
nosso último ano de ensino médio, — Shadow suspira. — Bobby e eu
caímos fora e achamos o Clube.

Eu pensei que minha vida era uma bagunça, mas eu não tenho
nada para Shadow. Seu passado claramente causou algum dano. É isso
que ele tem tido tanto medo de me contar? Ou ele apenas está me
dizendo isso para me tirar de cima dele? Eu rolo e olho para os olhos de
Shadow, cavando fundo em sua alma. Ele fica tenso sob meu olhar fixo,
consciente da conexão inexplicável que nossas almas compartilham, e
quebra o contato visual comigo.

Existe mais; mais que ele gostaria de me dizer, mas não


consegue. Eu posso sentir isso.

— Você não precisa me dizer mais nada hoje. Eu entendo que


você já partilhou um fodido bocado, — eu digo, reassegurando a ele que
eu estou feliz que ele compartilhou comigo. Eu sou gananciosa e quero
mais, mas eu não o empurrarei por mais esta noite.

Meu corpo protesta com a cruel e anormal punição. Eu preciso


descansar, mas não ainda. Eu quero me aquecer nesse momento de me
sentir segura e um pouco confiada.

— Desde que eu posso me lembrar, minha mãe trabalhou. Fosse


como garçonete ou dançando, o que eu recentemente descobri que era
na verdade fazendo streap-tease, ela sempre trabalhou. Ela não
aparecia nas minhas peças da escola ou nos shows de talento. Ela
sempre teve uma desculpa; ela estava sempre trabalhando. Ela
encontrava as piores babás quando eu era criança. Uma babá que ela
contratou me trancou em meu quarto com uma cadeira contra a porta.
A única vez que ela me deixava sair era para comer e apenas antes de
minha mãe chegar em casa. Eu tentei contar a minha mãe, mas ela
nunca acreditou em mim. Quando eu fui ficando mais velha, sua
distância de mim ficou pior, mas quando ela conheceu Stevin, a
distância se tornou hostil. Quando ela estava em casa, nós brigávamos
feio. Eu não fazia nada certo em seus olhos, e ela sempre dizia que eu
era anormal e precisava de ajuda. — minha cabeça pulsa com o esforço
para me lembrar, me fazendo parar.

— Minha mãe estava muito certa sobre meu futuro. Eu estava tão
presa na minha vida com ela, como eu estava naquele quarto trancada,
— eu compartilho com Shadow, tentando dar a ele um vislumbre do
porque eu ser uma ingênua garotinha quando eu apareci no Clube.
Olho por olho, se você preferir.

~ 190 ~
— Porque você não se mudou? — Shadow pergunta, como se
fosse tão fácil.

— Eu tentei, ela proibiu. Ela tirou todo o dinheiro da minha conta


de banco e ameaçou a garota com quem eu pretendia morar. Eu estava
presa com a cadela, — eu explico. Minha mãe não me queria, mas não
queria que ninguém mais me tivesse também. Isso é porque não faz
sentido ela ter me deixado aqui tão facilmente.

— É o suficiente de partilha por esta noite, nós temos um dia


ocupado amanhã. Parece que você está se mudando para minha casa,
— Shadow diz, ficando confortável atrás de mim. Meus olhos estalam
abertos, praticamente estourando uma veia.

*****

Eu não posso respirar; o ar está espesso e exigente quando


preenche meus pulmões. Tudo está preto. Meus olhos vagueiam ao
redor tentando encontrar luz, mas é tudo preto. Eu estou deitada de
lado e não tenho ideia de onde estou. Eu tento mover minhas mãos
para me levantar, mas quando eu puxo, minhas mãos rebocam meus
pés, eu estou amarrada como um porco. Não, não de novo! Eu fui
tomada contra minha vontade. Eu sinto meu coração galopar, pânico
flui em minha espinha. Meus lábios tremem com medo quando eu tento
ouvir o barulho ao redor, as batidas do meu coração tornando esta
tarefa difícil. Soa como um motor de carro. De repente, meu corpo é
jogado para cima e de volta abaixo, luzes vermelhas iluminam a área.
Eu estou num porta-malas. Como eu cheguei aqui? Eu não me lembro
de ser jogada em um porta-malas. Eu ouço portas de carro abrindo e
fechando, e então passos fazem seu caminho para a parte de trás do
carro. O porta-malas abre. O sol está brilhando tanto atrás das duas
pessoas que eu não consigo ver quem eles são, apenas percebo suas
silhuetas.

— Oh, sim, ela vai vender bem! — diz um deles.

Uma mão escura e bronzeada alcança e esfrega minha bochecha;


ela é macia e sedosa e tem cheiro de charutos. Eu balanço minha
cabeça violentamente para trás e para frente.

~ 191 ~
— Não. Não. Por favor, não! — eu grito, tentando erguer minhas
mãos das correntes, apenas para cortar mais profundamente minha
pele.

— Eu queria prová-la para você, mas queria sua permissão


primeiro, Poppy, — diz uma voz familiar, áspera e rouca. A silhueta se
inclina e eu percebo que é Ricky, sua língua correndo para fora da boca
para lamber seus rachados lábios secos. Eu pensei que ele estava
morto; o que ele está fazendo aqui?

— Sim, faça isso, — diz Poppy. Eu ainda não posso ver o seu
rosto através da luz ofuscante.

— Eu sabia que você queria esta vagabunda! — soluços de uma


voz feminina. A voz é familiar, mas não posso dar um rosto para ela.

Ambos os rapazes jogam as mãos para cima em sinal de rendição


e dão passos para trás. Por que eles estão fazendo isso? Eu não consigo
ver de onde estou no porta-malas, então eu tento levantar a cabeça e
ver sobre a borda. Uma pequena silhueta aparece na minha linha de
visão, mas tudo o que posso focar é na arma apontada para mim.

— Morra! — a voz grita. É Cassie!

— Nããão! — eu grito.

— Dani! Dani, acorda porra! — eu ouço Shadow gritando para


mim, com as mãos balançando meus ombros.

Abro os olhos, fugindo do terror por trás de minhas pálpebras


fechadas. Estou encharcada de suor e minha respiração é dura. Acho
que posso sufocar a qualquer momento. Foi apenas um sonho ruim...
apenas um sonho, eu canto em silêncio para mim mesma.

— Se acalme e respire, — Shadow diz enquanto ele esfrega as


minhas costas para ajudar a me acalmar.

— Droga, esse deve ter sido um inferno de um sonho, — sussurra


Shadow, sua voz sexy e áspera do sono.

Ficamos ali no quarto escuro, em silêncio. Estou com muito medo


de voltar a dormir. Eu não consigo dormir. Preciso de um banho. Eu
preciso lavar a boca de Ricky de cima de mim.

Eu jogo minhas pernas sobre a cama só para as empurrar de


volta para cima novamente. E se ele estiver debaixo da cama? Não,
Shadow matou Ricky; ele não pode me machucar mais, certo? Eu coloco

~ 192 ~
as minhas pernas de volta ao longo da borda da cama, hesitante. E
Cassie? Minha mente me assombra, me fazendo puxar minhas pernas
de volta para cima da cama.

— Onde você está indo? — Shadow pergunta, sua voz cheia de


sono.

— Eu tenho que tomar um banho. Eu preciso, — eu digo,


soluçando. Eu me sinto tão fraca, tão vulnerável.

— Eu vou te ajudar, — Shadow diz, se levantando da cama.

— Não, eu consigo. Eu posso fazer isso sozinha, — eu respondo,


parecendo mais rancorosa do que pretendia. Eu não posso evitar, mas
sinto um pouco de dor pelo fato de que ele não confia em mim, mesmo
depois de toda a merda que sua mãe me fez passar.

— Não, você não pode fazer isso por si mesma. Estou ajudando,
fim da discussão! — seu tom é duro e exigente. Corro o risco de olhar
para Shadow, nossos olhares segurando uma energia diferente de
quando adormecemos. O ar parece mais irritado e mais hostil do que
antes. Mas por quê?

Eu levanto da cama e sinto como se eu pesasse mil quilos. Minha


barriga está gritando com fome e minha boca está seca, mas tudo o que
posso pensar é em me limpar com uma esponja de ferro.

Eu me seguro e começo a fazer o meu caminho para o banheiro.


Uma vez lá, eu olho para o espelho enquanto Shadow liga o chuveiro.
Eu não posso conter o suspiro ímpio que escapa da minha boca quando
eu olho para o meu reflexo. Tenho sangue seco e endurecido na testa;
um lábio partido que está todo roxo e preto com mais sangue seco;
minha garganta tem um anel roxo em torno dela; e eu nem sequer olhei
sob minhas roupas ainda.

Shadow agarra a barra da minha camisa e a puxa sobre a minha


cabeça. Ele abre meu sutiã deixando as taças penduradas em meu
peito; eu deslizo as alças pelos meus braços e as deixo cair no chão. Ele
desembrulha minhas costelas machucadas que a Dr. Jessica envolveu
firmemente para ajudar com a dor. Shadow me vira e suga uma
respiração feroz com a visão de minhas costelas. Meus lados são a
tonalidade mais escura do roxo que eu já vi; preto. Apenas tentar
dobrar a cabeça para olhar para elas me faz estremecer com a dor; elas
parecem horríveis.

~ 193 ~
Shadow me agarra pelos quadris suavemente, esfregando os
polegares sobre a pele manchada. — Porra, Dani, — ele sussurra sua
voz cheia de simpatia e preocupação.

— Realmente parece pior do que é, — eu admito.

Shadow me olha com olhos encapuzados. O azul ártico cavando


profundamente em meus olhos verde esmeralda e puxando a minha
alma. Minha calcinha instantaneamente fica molhada com a visão de
seu luto por minhas lesões.

— Eu conheço esse olhar e a resposta é simplesmente não. — o


temor e preocupação sumiram de sua voz, substituídos por fria
moderação. Seu comportamento inconstante me confundiu como o
inferno de novo.

Eu ando até ele e arrasto as unhas para baixo sobre seu abdômen
delineado, sentindo sua pele explodir com arrepios sob meu toque. Meu
toque o afeta.

— Nós podemos ser gentis, — eu suspiro, arrastando minha mão


até a cintura de sua calça jeans. Shadow rosna profundamente.

Ele agarra meu pulso, parando o meu toque e o feitiço. Ele aperta
seus olhos fechados por um momento antes de me olhar de novo, com
armas em punho.

— Os sentimentos que eu tive quando você se foi, eles eram


profundos. Eu perdi o controle. Alguém pegou algo meu e feriu o que
era meu. Eu estou muito além de chateado que você esteve na parte
traseira da moto de outro irmão; um irmão que não a protegeu. Você
nunca deveria ter estado na garupa de sua moto, especialmente sem
permissão. — Shadow joga minha mão de volta para mim. Eu suspiro
com choque; como eu ia saber que estar na parte de trás da moto de
alguém era quebrar algum tipo de lei? Abro a boca para gritar com ele,
mas paro quando ele se inclina e belisca minha orelha dolorosamente. A
dor beira a prazer. Lembranças dele me espancando e puxando meu
cabelo voam através dos meus olhos fechados, me recordando que a
escuridão não é tão ruim quando pensamentos sobre Shadow a
consomem.

— Eu vou te foder, te espancar, reclamar você, mas só quando eu


estiver bem e pronto, — sussurra Shadow em meu ouvido, seu hálito
quente e úmido contra a minha pele. O latejar súbito que varre meu
clitóris inchado faz minhas pernas oscilarem. Eu agarro Shadow por
apoio e ele me agarra pela nuca.

~ 194 ~
— Agora que seu pai sabe sobre nós, você é mais do que minha, e
todo mundo vai saber. — ele diz isso como se fosse uma coisa ruim; sua
mudança de comportamento agora faz sentido. Meu corpo lamenta a
súbita percepção de que Shadow está lutando contra mim porque meu
pai me mandou morar com ele. Eu olho para o braço enfaixado; seu
preço para estar comigo. Eu quero dizer a ele que eu não tenho que ir
com ele, que nós podemos fazer isso em nossa própria velocidade, mas
nós dois sabemos que não é verdade.

— Como você conseguiu apanhar desse jeito? — ele exige.

Eu fecho os olhos tentando pensar; tudo ainda está embaçado em


alguns lugares. Eu pedi por isto ou eles simplesmente desfrutaram de
infligir dor em mim? Minha cabeça explode com imagens de ser chutada
e jogada na porta; mas por quê?

A picada da sensação volta à vida, me lembrando do impulso


irresistível de lutar naquele dia. Me senti imprudente, maníaca, furiosa,
e ameaçadora; meu sangue estava bombeando tão forte que eu podia
sentir meu coração batendo em meus dedos dos pés.

— Senti uma vontade incontrolável de lutar, — eu respondo. —


Então, eu lutei; eu lutei para viver. Um lado escuro de mim rugiu
através de minha razão. — olhando para trás, eu poderia ter morrido. É
exatamente por isso que eu lutei; era matar ou ser morta.

— Eu os queria matar! — eu sussurro, lembrando a esmagadora


sensação de desamparo. Como eu teria gostado de ter encontrado uma
arma para selar seus destinos; para acabar com o efeito dominó que
tinham na vida de outras pessoas. Como eu teria gostado de ter feito
isso por Shadow.

Me sento no banco, do lado de fora da sala do diretor, balançando


meus pés enquanto eu esperava minha mãe sair. Eu sabia que estava em
apuros; minha mãe nunca pareceu feliz comigo, mas isso a iria jogar
sobre a borda. Entrei em uma briga com Sophie. Eu a odiava. Ela tinha
dez anos, assim como eu, mas ela era uma valentona; puxando meu
cabelo, porque eu não tenho cabelo comprido e loiro como ela e seus
amigos; despejando tinta e me culpando, ela ainda conseguiu arruinar
qualquer arte que eu fiz na escola; me beliscando até me machucar, ela
sempre deixou marcas em mim e às vezes ela até tirou sangue; me
provocando, porque eu não tenho um pai, seu pai era um advogado e rico;
me chutando no tornozelo enquanto ela caminhava pela minha mesa, eu
não conseguia andar direito por um mês após a última vez. O professor e
minha mãe nunca acreditaram em mim quando eu disse que o que ela

~ 195 ~
fez, ou que ela começou. Hoje não seria diferente. Ela era o sonho
molhado de cada mãe suburbana; longos cabelos loiros, notas perfeitas,
e os pais perfeitos. Ela era perfeita. Eu a odiava.

Minha mãe veio rebentando através da porta do diretor e agarrou a


minha mão para sair. Seu aperto era tão forte que eu pensei que ela iria
quebrar meus dedos. Uma vez que chegássemos ao carro, eu sabia que
tudo viraria um inferno; quando eu estivesse longe dos olhos do público.

— Você quer me explicar o que aconteceu, Danielle, — ela


perguntou, olhando para mim como se eu fosse o maior erro que ela já
cometeu.

— O diretor disse que você empurrou uma menina a fazendo cair e


bater a cabeça na calçada. Então... então ... — minha mãe começou a
chorar, me fazendo sentir arrependida do que eu tinha feito. Eu não tinha
certeza de porque decidi lutar de volta naquele dia; eu nunca tive a
coragem de lutar de volta antes. Algo estalou, algo dentro de mim escuro
me tirou de dentro da minha concha de medo. Eu tinha a fúria de uma
pantera negra, e Sophie foi a minha presa. Se o professor não nos
separasse, eu teria matado Sophie.

— Então você gritou que a queria matar? Quem é você? Você não é
normal, — minha mãe gritou comigo, me fazendo sentir envergonhada.
Eu deveria ter deixado Sophie jogar a bola em minha cabeça. Eu não
deveria ter feito nada sobre isso, então a minha mãe não iria me odiar
ainda mais do que ela já odiava. Eu não sei o que deu em mim, mas eu
nunca iria deixar que isso acontecesse novamente.

— Dani? Dani! Onde você foi? — Shadow diz, me chocando um


pouco com minha lembrança.

Eu balanço minha cabeça, não querendo falar sobre isso.


Aparentemente, esta escuridão viveu comigo toda a minha vida; minha
mãe acabou fazendo um bom trabalho se certificando que raramente
fosse acionada.

— Me diga, — diz Shadow, agarrando a minha nuca e fazendo


nossos olhos se encararem.

— Quando eu era jovem, eu briguei contra uma valentona. Eu até


disse a ela que a mataria. Minha mãe me chamou de anormal. Esse
sentimento que eu tive quando eu gritei que eu queria matar aquela
valentona, saiu quando eu fui sequestrada. Parece que eu tenho feito
merda desde sempre. — eu sussurro a última frase, me sentindo
envergonhada da minha própria escuridão.

~ 196 ~
As unhas de Shadow escavam profundamente em minha pele,
chamando minha atenção. — Não se envergonhe de sua escuridão. É
uma parte de você e é mais fácil de lidar com ela do que tentar fingir
que não está lá. Você é filha de seu pai; você é obrigada a ter alguma
escuridão nadando em suas veias. Você só é escura quando você tem
que ser, quando você está no seu ponto de ruptura. Isso é
compreensível. — Shadow pausa, segurando. Eu posso sentir que ele
quer dizer mais, mas quando ele olha nos meus olhos eu posso ver que
ele simplesmente não está pronto. Ele está me protegendo. Sua atitude
quente e fria está me atormentando. Ele está tentando ser frio e
retraído, mas lhe falta pleno potencial quando ele mostra sua
inquietação. Eu entendo que o meu pai cruzou a linha, mas há algo
mais que faz Shadow agir deste jeito?

— Esteja feliz que apenas em circunstâncias drásticas sua


escuridão quer ser liberada, Dani, — Shadow diz com tanta emoção;
sua voz tão crua e profunda. Olhando em seus olhos, eu posso ver que
minha escuridão não é nada comparada a dele. Gostaria de saber se eu
realmente quero que ele me conte sobre a escuridão que ele possui.

Shadow despe o resto do meu corpo, então se inclina contra a


parede olhando para nada em particular.

— Você não vai entrar? — eu pergunto, confusa, uma vez que


temos tido banhos juntos muitas vezes.

Shadow não fala ou faz contato visual, ele apenas balança a


cabeça negativamente.

Subindo sob os jatos quentes de água, me sinto


instantaneamente lavando o toque repugnante de Ricky. Eu pego o
frasco de xampu e esguicho sabão em minha palma. Levanto as mãos
para a minha cabeça, esticando minhas costelas, e solto um ganido de
dor.

— Merda, — murmuro. Como é que eu vou lavar o sangue, se eu


não posso nem esticar meus braços?

— Droga, Dani, — Shadow diz, preocupado. Ele tira sua roupa


rapidamente e entra. Esguichando sabão em sua mão, ele diz, — Eu
faço.

— Não, eu posso fazer isso. Eu não quero que você assuma o


papel de enfermeiro, — eu respondo. Eu não quero Shadow se sentindo
obrigado a cuidar de mim, especialmente se ele está tentando me
empurrar para longe. O pensamento simples me encoraja. Enquanto eu

~ 197 ~
estava na casa de merda, eu fiquei sem esperança, bem como quando
eu era criança. Eu era fraca, vulnerável, ingênua e medrosa. Ninguém
me salvou na época, mas quando ele me resgatou agora, Shadow
derrubou as paredes de proteção que eu tinha, me fazendo sua. O que
dói é que agora ele não me quer.

— Basta ir. Não faça isso. Você não tem que cuidar de mim, —
murmuro, tentando salvar a pouca dignidade que me resta.

— Eu quero cuidar de você. Nunca pense de outra forma —


Shadow mergulha as mãos ensaboadas no meu cabelo molhado; os
dedos hábeis trabalham sua magia no meu couro cabeludo. Meu corpo
ganha vida a partir de todas as terminações nervosas. Calor interno
lambe minha espinha; perdido pela insegurança e revivido com seu
querer. Meus lábios se partem, os meus olhos se fecham, quando eu me
deixo levar no carinho afetuoso que Shadow está me dando. Eu nunca
me senti tão bem cuidada, tão acarinhada antes. Shadow me puxa para
mais perto e inala profundamente, eu posso sentir sua dura excitação
contra a parte inferior das minhas costas quando ele rosna. Suas mãos
deixam a bagunça de sabão na minha cabeça e viajam para baixo dos
meus ombros para agarrar o meu peito ensaboado. Eu gemo alto; suas
mãos inflamam minha necessidade em um fogo ardente.

— Apenas a visão do seu corpo corado e ensaboado me tem


pronto para explodir a minha carga em cima de você, — Shadow
sussurra contra meu pescoço, sua confissão faz minha ruína. Eu lanço
meus braços sobre seu pescoço, ignorando os gritos de minhas costelas
e rolo meu pescoço até seu ombro, o convidando para me levar.

Trovões retumbam em gemidos no peito de Shadow, soando como


uma fera devoradora de homens. Ele me empurra fora de seu corpo. —
Por mais que eu a queira levar aqui mesmo neste chuveiro, por mais
que eu queira pintar sua bunda de vermelho agora, fazer isso não te
ensinaria nada. — sua voz cheia de contenção e hostilidade, faz com
que minha mente consiga dominar meu corpo. Eu tive o suficiente de
seu ego de macho alfa.

— Como? — pergunto, virando para olhar para ele; meus olhos


fervendo de raiva.

— Você me ouviu. — suas palavras colocam para fora a minha


excitação e acendem uma raiva interna.

— Você não dará prazer a si mesma também. Vou saber se você


fizer isso e você não vai gostar das consequências. — Shadow olha bem
nos meus olhos, me prometendo que se eu desobedecer aos seus
~ 198 ~
desejos serei punida. Ele está empurrando minha sanidade sobre a
borda, mas me deixando prestes a gozar apenas com as suas palavras.

— Eu vou fazer o que eu quiser, você não me possui! — eu grito,


minha indignação tão forte que a minha visão fica borrada. Minha
escuridão está tentando subir. Parece que está querendo aparecer mais
vezes ultimamente.

Shadow agarra meus pulsos e os aperta para baixo na minha


cintura. Ele tem o meu corpo contra o chuveiro. — Eu possuo você.
Você é minha! — Shadow coloca o joelho no meio das minhas pernas e
as espalha. Meu coração cai com suas palavras; quem é esse homem?
Eu nunca vi esse lado de Shadow antes. Meu corpo se mexe tentando
fazer contato com o joelho; ele está desesperado para qualquer coisa.

— Você quer correr agora? Você quer negar que você é minha? —
Shadow pergunta com a voz rouca. Isso é errado; eu não sou uma
posse, e eu não sou uma submissa. Não é justo que ele está brincando
com minha mente. Ele diz que me quer, mas age de forma diferente.

Eu sou muito fraca para dizer qualquer coisa. Quero Shadow; ele
me fez o querer. Meu corpo está em alerta máximo querendo mais do
toque de Shadow. Minhas dobras estão pingando de excitação, em
desacordo com a minha mente; querendo ser possuída e amada por
Shadow. Dando a Shadow tudo, talvez ele vá ver quanta confiança é
necessária para estar no meu lugar; talvez ele vá abrir sua mente para
confiar em mim. Minha batalha interna me confunde, mas meu corpo
fala mais alto que a minha mente.

— Não, eu sou sua. — eu não percebo que eu falei as palavras em


voz alta até os lábios de Shadow se transformarem em um sorriso de
lobo.

— Bom. — Shadow esmaga seus lábios nos meus duramente,


abrindo o corte no meu lábio, exigindo e imprimindo sua marca para
selar o negócio. Fazendo isto oficial; Shadow é a minha kryptonita.

Meus olhos se arregalam com seu comportamento; estou confusa,


mas intrigada, no entanto.

— Eu não sou nada diferente, — Shadow afirma, lendo minha


expressão facial. — Eu exijo controle; eu não fico bem sem ele. Eu
sempre fui assim. Quando você foi tomada contra a minha vontade, eu
perdi o controle. Eu nunca soube que outra pessoa poderia ter tal efeito
sobre mim até que foi tirada de mim. — Shadow sai do chuveiro, me
deixando com uma quantidade confusa de sentimentos. Ele está

~ 199 ~
tentando provar a si mesmo que ele não precisa de mim; a reação que
ele teve quando fui levada é nova para ele. Eu não deveria estar bem
com isso; eu não deveria estar excitada com isso, mas ambos são
verdade. Meus lábios viram para cima em um sorriso. Vou provar a
Shadow que ele precisa de mim tanto quanto eu preciso dele.

~ 200 ~
Capítulo Dezenove
DANI
Eu acordo na cama sozinha. Tenho certeza de
que Shadow tem missa de novo esta manhã, parece
que vou ter que me acostumar a acordar sozinha se
eu quiser ficar com ele. Eu sei que missa é
importante para os meninos; aposto que eles têm
muito a falar depois do sequestro.

Me sento e minhas costelas acordam com dor.


Elas não estão tão doloridas como ontem, talvez o
chuveiro quente tenha ajudado. Minha cabeça se
sente muito melhor, também. Tudo já não é tão distorcido, e não se
sente como se uma banda de rock estivesse tocando no meu crânio.

Eu subo para fora da cama e percebo que estou nua. Eu nem me


lembro de ir para a cama após o banho. Eu me lembro de Shadow, no
entanto. Ele foi... diferente; teimoso, distante, dominante, chateado.
Chateado? Eu não acho que chateado é a palavra certa para usar; ele
estava além disso. Eu sabia que andar na parte traseira da moto de
Charlie era uma má idéia; eu só não sabia o quão má era.

Vou até a minha mala para encontrar algumas roupas. Tudo está
limpo, dobrado e organizado na minha mala. Hmm, eu quero saber
quem fez isso. Pego uma legging preta e uma bata cinza. Eu amo esta
bata, é larga e solta no topo, pendendo dos meus ombros nus, e
apertada e elástica na parte inferior, abraçando o meio da minha coxa.

Eu faço o meu caminho para o bar, onde todos sempre parecem


se reunir imediatamente ao sentir o cheiro de alimentos. Meu estômago
em alta velocidade, chateado de que eu não o tenha alimentado em
mais de 24 horas.

— Você deve estar com fome, boneca. Aqui, tem alguns ovos e
torradas, e este copo de suco. Eles vão te fazer se sentir como um
milhão de dólares. — Babs desliza um prato por cima do balcão.

— Sim, por favor. Obrigada. — eu devoro os ovos, torradas, e suco


como uma criança morrendo de fome em um país do terceiro mundo.
Eu mal pude provar a comida de tão rápido que eu comi.

~ 201 ~
Do canto do meu olho, eu vejo meu pai se sentar ao meu lado. Ele
toma um gole de uma xícara de café e eu posso sentir a tensão que
irradia dele. Ele ainda está chateado comigo e Shadow.

Eu evito contato visual e termino a minha comida; nosso silêncio


espesso e pesado com palavras não ditas é o suficiente para mim.

— Obrigado, Babs. Eu vou arrumar minhas coisas. Parece que eu


vou ficar com Shadow por um tempo. — eu empurro para longe do bar,
tentando fugir da conversa que eu não queria ter com o meu pai.

— Ahhh, você é mais que bem-vinda. Eu lavei suas roupas para


você, por sinal, — ela toma o meu prato e coloca a mão em seu quadril,
esperando meu agradecimento.

— Você não tinha que fazer isso, Babs. Obrigada. — eu começo a


girar.

— Foi refrescante; muito mais fácil do que lavar as roupa destes


bastardos sujos. De qualquer forma, você vai me ajudar como garçonete
após o encontro de motos daqui um par de semanas? — Babs troca o
prato entre suas mãos e olha para os olhos do meu pai, pedindo a ele
mais do que a mim.

— Encontro de motos? — eu pergunto, olhando para o meu pai.

— É algo que a cidade faz todos os anos. MC e entusiastas de


motos vêm de todo lugar; vamos todos os anos. Se você quiser ajudar
como garçonete você pode, contanto que você mantenha seus
hormônios para si mesma e não foda mais dos meus homens. — ele
olha para cima de seu café e levanta a sobrancelha.

Eu bufo e vou para o meu quarto. Como ele ousa falar assim
comigo; agindo como se eu estivesse dormindo com todo o seu Clube.
Me sento na cama fervendo de raiva e brinco com meu lábio inferior.
Será que minhas boas vindas aqui expiraram? Talvez eu devesse ter ido
com a minha mãe.

— Você está pronta? — Shadow pergunta, abrindo a porta do


quarto.

— Sim, isso é m— Shadow fecha a minha mala e sai do quarto


antes que eu possa até mesmo terminar a minha frase. Meu coração
parece que vai explodir. Meu coração dói com a dureza que Shadow está
exibindo para mim.

Pego minha bolsa e ando atrás dele; saindo do Clube.

~ 202 ~
— Entre, eu estou te levando até lá. — meu pai grita da frente de
um SUV preto.

Caralho porra, porra.

Subo no lado do passageiro do SUV e olho para fora da janela,


rezando para que Shadow não more longe e meu pai não pronuncie
uma palavra para mim.

Nós fazemos o nosso caminho para a estrada, o som das rodas no


pavimento enchendo o silêncio. Shadow está nos seguindo em sua
moto. Eu sinto falta de montar, mas sei que minhas costelas não estão
em condições.

— Eu não aprovo isso, Dani. — meu pai finalmente fala, as suas


palavras cortando a tensão espessa. Eu mantenho meus olhos sobre os
edifícios que passam, o sabor do sal se torna mais espesso. Devemos
estar indo em direção à praia.

— Meus irmãos têm sido desonestos; eles perderam uma parte de


minha confiança, algo que não é facilmente conquistado. — seu tom
pinga com aspereza, suas palavras sobre como merecer confiança não
são inéditas. Concordo com a cabeça.

— Shadow, ele não é nenhum príncipe encantado. Ele tem o seu...


— ele faz uma pausa, — as suas sombras, mas ele irá te proteger. Eu
sei que ele não teria feito isso debaixo do meu nariz se ele realmente
não sentisse algo por você. Ele é como um filho para mim; ele não
colocaria em risco a minha confiança por qualquer uma. — ele fala
como um velho sábio.

— Eu pedi que você ficasse com ele. Eu não posso ter você ficando
no Clube; tendo brigas de gato e meus homens lutando não é algo que
eu estou disposto a tolerar. — eu podia sentir seu olhar sobre mim,
esperando uma reação.

Paramos em um edifício que é tão alto quanto meus olhos podem


ver. Eu teria que colocar a cabeça para fora da janela apenas para ver o
andar de cima. A frente é de tijolos vermelhos e coberta com varandas.
Palmeiras com luzes embutidas em suas bases estão espalhadas na
entrada da frente. Parece caro. Como Shadow pode ter recursos para ter
um lugar tão bonito? Na verdade, ele parece ter um monte de coisas
muito boas; a moto mais bonita, roupas de marca, e agora este
apartamento em um bairro de luxo, obviamente.

~ 203 ~
Meu pai para o veículo e se vira para olhar para mim, seu rosto
gravado com linhas de preocupação. Ele parece muito mais velho do
que o habitual. — Basta lembrar, Dani, nosso mundo é diferente do que
você está acostumada. Não vá correndo antes de você realmente o
entender — ele está agindo como se eu fosse um animal assustado
pronto para fugir a qualquer momento; como minha mãe.

— Deseje como um santo, confie como um pecador, — ele canta


quando ele coloca o veículo no sentido contrário. Minha porta se abre
abruptamente com Shadow segurando minha mala e esperando
impacientemente para eu sair. Eu olho para o meu pai mais uma vez
antes de descer para fora, curiosa para saber o que diabos esse último
comentário significa.

No elevador, Shadow aperta o botão para o décimo quarto andar.


O passeio é silencioso. Ele nem sequer olhar para mim; ele apenas olha
para a tela digital que mostra em que andar estamos passando. Quando
finalmente chegamos ao apartamento de Shadow, é o típico
apartamento de solteiro. À esquerda da entrada há um sofá de couro
marrom e uma enorme cadeira combinando, uma volumosa mesa de
centro entre eles. Na parede do fundo está uma TV de tela plana repleta
de consoles e jogos.

Se você andar em linha reta, há uma pequena cozinha com


utensílios de aço inoxidável e uma ilha com banquetas para separar a
sala da cozinha. À direita da sala de estar estão portas duplas de vidro
que levam para um pátio. Eu vou verificar isto mais tarde. À esquerda
da sala de estar há um banheiro e dois quartos, ambos com seus
próprios banheiros privados. O apartamento está cheio de caixas de
pizza, sacos de fast food, garrafas de cerveja, latas de refrigerante, e
roupas sujas. Eu entro na cozinha para ter uma ideia sobre o
apartamento e vejo um preservativo saindo da lata de lixo
transbordando. Eu olho para Shadow com desgosto, minha boca
escancarada com o pensamento. Tanto sobre eu ser dele e ele ser meu.
Eu posso sentir minha pele corar com raiva quando Shadow atravessa o
bar e vê o que eu estou olhando.

Shadow olha para mim e levanta a sobrancelha, me desafiando a


perguntar a ele.

— Maldição, meu braço dói, — a voz de Bobby nos interrompe


quando ele entra pela porta da frente. Ele não tem conhecimento da
guerra acontecendo na cozinha, ele caminha em direção a nós com um
sorriso.

~ 204 ~
— Oh, ei. Bem-vinda ao nosso humilde lar, — Bobby ergue os
braços, varrendo seu braço ao redor como um apresentador de
televisão.

Espere, ele vive aqui, também? Bobby e Shadow são


companheiros de quarto? Talvez seja assim que Shadow pode pagar um
belo apartamento e tal; eles dividem o aluguel.

Bobby olha para a lata de lixo que tanto Shadow e eu estamos


encarando. — Oh, desculpe por isso; estava querendo tirar o lixo. Vai
ser diferente ter você vivendo com a gente, vagalume. — Bobby empurra
o lixo para baixo para esconder o preservativo usado.

— Sim, parece que eu não sou o único com problemas de


confiança. — Shadow balança a cabeça e caminha pelo corredor.

— Merda! — murmuro sob a minha respiração.

— Vocês, ah, vocês estão bem? — Bobby pergunta, se inclinando


contra a ilha.

Eu dou de ombros e caminho até a varanda; eu posso usar um


pouco de ar. A verdade é, Shadow e eu estamos muito longe de bem. Eu
o posso sentir ficando cada vez mais distante de mim e isso está me
matando de dentro para fora, começando com o meu coração. Assim
que eu abro as portas duplas, o ar salgado bate em minhas narinas
como um trem de carga. O edifício é tão alto, que você pode ver o mar.
No deck estão duas espreguiçadeiras; onde eu poderia facilmente me
enroscar com um bom livro e trabalhar no meu bronzeado. Se Shadow
continuar agindo do jeito que ele está, eu não vou estar aqui muito
tempo, eu tenho certeza disso.

— Sim, as cadelas adoram a vista, — diz Bobby, andando atrás de


mim.

— As cadelas? — eu pergunto, rindo.

Bobby acena com um sorriso de menino.

— Eu posso ver que vocês dois estão tendo problemas, — declara


Bobby enquanto toma um gole de sua cerveja.

Eu ignoro a acusação e olho para o oceano.

— Ele está diferente, vagalume. Eu não sei o que está


acontecendo entre vocês dois, mas sei isso: eu nunca o vi da maneira
como ele está com você, especialmente quando a mãe dele te levou para

~ 205 ~
a porra. Ele perdeu a porra da cabeça, merda. — ele olha para mim com
os olhos focados. — Isso tem que contar para alguma coisa, certo? Não
deixe que ele mande em você, embora. — ele bebe o último gole de sua
cerveja antes de virar em direção às portas. — Mesmo que a bunda dele
não mereça você.

Suas palavras penetram profundamente, e confirmam a minha


crença do porquê de Shadow estar agindo do jeito que ele está. Eu o fiz
se sentir inútil e fraco; inferno, eu o fiz sentir, ponto. Agora ele está
fazendo de tudo para ter certeza que nunca mais se sinta mal assim de
novo ou perca o controle. Posso aguentar o puxa-empurra? Será que
sou forte o suficiente?

Shadow me ignora pelo resto do dia. Ele joga videogame com


Bobby, me pedindo para o trazer uma cerveja ou lhe fazer um
sanduíche aqui e ali. Para passar o tempo, eu lavo os pratos, tiro o lixo
e pego a roupa suja. As portas da sacada foram abertas para deixar o ar
de fora circular. Parece ótimo, mas minhas costelas estão doendo ao
máximo. Me sento em uma das espreguiçadeiras, exausta de todo o
trabalho duro. Minhas costelas estão passando o nível de dor que posso
suportar e minha cabeça começa a latejar. Eu estou precisando de uma
pausa.

— Dani! — Shadow grita, rindo de Bobby sobre algo. — Me traga


outra cerveja! — ele ainda está jogando esse jogo de videogame do
caralho. Eu mordo meu lábio inferior e não me mexo; quem ele pensa
que é?

— Dani! — Shadow grita novamente. Sua voz arranha meus


nervos, minha raiva começa a ferver através dos meus poros.

— Cara, vá buscar você mesmo. Que porra é essa? — Bobby


zomba, sua voz baixa em uma tentativa de sussurro para que eu não
possa ouvir.

— Dani! — Shadow grita de novo, ignorando Bobby. — Maldição,


— ele amaldiçoa e pisa todo o caminho até as portas da varanda; seus
olhos como punhais na parte de trás da minha cabeça.

— Você me ouviu gritando para sua bunda me pegar uma


cerveja? — Shadow pergunta, puto por eu não saltar ao seu chamado.

Viro a cabeça e olho para ele. Eu não me importo de lhe pegar


uma cerveja, mas ele podia, pelo menos, pedir direito. Se ele está
tentando me afastar, me tratando desse jeito é uma ótima maneira de
conseguir isso.

~ 206 ~
— Vá buscar sua própria maldita cerveja, — eu pulo de volta,
voltando a olhar para a vista do mar. É bonito com tons de roxo e rosa,
enquanto o sol se põe.

Shadow agarra meu queixo e puxa minha visão do oceano.

Encarando os seus gelados olhos azuis, sua alma me faz sem


palavras. Ele mostra ira, luxúria, confusão e escuridão. Ele está com
raiva e eu não sei por quê. Eu lhe dei tudo o que eu pude, incluindo o
meu coração, e ele ainda não está feliz. Estou exausta de tantas
maneiras; meu coração está literalmente quebrando.

Shadow se vira e vai embora, me deixando na espreguiçadeira


para assistir o pôr-do-sol sozinha. Eu sinto meu coração bater e
queimar. Meu peito se sente como se estivesse pegando fogo e eu
suspiro por ar. Eu odeio o efeito que ele tem sobre mim. Eu tenho que
ser mais forte e engolir isso, se eu quiser ficar com ele. Provar para ele
que eu não vou a lugar nenhum. Ele não pode ver que ele me faz sentir,
também; que o controle que eu preciso também é tomado de mim?

À meia-noite eu não posso manter meus olhos abertos mais. —


Ei, eu estou indo para a cama, você vem? — pergunto a Shadow, que
ainda está jogando videogame. Ele nem sequer me reconhece; apenas
mantém os olhos na tela. Isso é tudo o que ele fez durante todo o dia,
mesmo durante o jantar.

Quando abro a porta do quarto de Shadow, percebo que é muito


masculino. A cama tem lençóis pretos com um edredom preto, cinza e
branco e está cheia de almofadas macias. Eu vim aqui mais cedo para
pegar a roupa suja e garrafas de cerveja, mas eu não parei tempo
suficiente para realmente apreciar o lugar. Há uma enorme janela do
chão ao teto, com vista sobre a cidade e há cortinas pretas de cada lado.
A cômoda é preta com um espelho enorme. O quarto é o pecado em seu
significado puro. Como Shadow pode pagar tudo isso?

Eu vou para o armário e puxo para baixo uma das camisas


brancas de MC de Shadow; minha única foi arruinada por Candy.
Quando eu a agarro para fora do gancho, uma lufada de ar assalta
meus sentidos. Cheira a Shadow. Deus, eu sinto falta dele.

Você não acha que só porque você é doce e inocente, ele se


preocupa com você, que você pode o domar, não é? Assim que ele acaba
com você, ele vai voltar correndo para mim.

As palavras de Candy voam para mim como uma bala. Me lembro


de Shadow escondido no armário enquanto ela verbalmente me

~ 207 ~
abordou. O pensamento de que ela poderia ter razão torna a minha
boca seca.

Não, as coisas são diferentes entre mim e Shadow; eu sei isso.

Eu coloco a camisa e subo na enorme cama. Parece fria e solitária


deitada nela sozinha.

Batidas soam na porta do outro lado da sala, me tirando da


minha festa de auto-piedade. Pequenas risadas feminina e o profundo
riso suave de Bobby são abafados a partir do quarto perto de mim.

Em seguida, tudo fica quieto. Hmm, estranho.

— Oh, Bobby, não pare! — uma menina geme alto. Isso não pode
estar acontecendo.

Eu posso a ouvir gemer coisas incoerentes, e Bobby rugindo como


uma besta. Isto é mais complicado do que eu jamais pensei que
pudesse ser. Onde está Shadow? Eu saio da cama e arrasto meus pés
descalços para a sala de estar. Shadow está dormindo no sofá com um
cobertor e travesseiro. Eu suspiro em voz alta; parece que eu vou estar
dormindo sozinha esta noite. Eu faço meu caminho de volta para o
quarto; rejeição e solidão pesando no meu coração.

Eu subo de volta para a cama; os gemidos do outro quarto se


tornam mais altos. Eu posso sentir sua cama batendo contra a parede.
Eu não posso lidar com isso mais; tenho mais tensão sexual acumulada
do que ninguém no momento. Eu saio da cama e pego meu iPod, talvez
música irão afogar o barulho. Eu subo de volta na cama, coloco os
fones de ouvido e os afogo. A primeira música que toca é ‗Is This Love‘
por Whitesnake; a canção que Shadow e eu escutamos na segunda vez
que fizemos amor.

Eu arranco os fones de meus ouvidos e jogo o iPod para o final da


cama. Assim que os fones de ouvido deixam meus ouvidos, Bobby e
‗Senhorita Geme Demais‘ enchem o quarto com barulhos sexuais
animalescos.

— Você está brincando comigo? — eu grito, me jogando no meu


estômago e cobrindo a cabeça com tantos travesseiros quanto minhas
mãos agitadas podem pegar.

******

~ 208 ~
Eu acordei ao som de risos vindo do quarto ao lado. Minha cabeça
ainda está enterrada nas profundezas sob um monte de travesseiros.
Eu não tenho nenhuma ideia de que horas eu finalmente caí no sono na
noite passada; Bobby e "Senhorita Geme Demais" me mantiveram
acordada a noite toda. Cada gemido e grunhido vindo do quarto ao lado
me fez pensar sobre montar em Shadow e transar com ele até o
amanhã.

Eu rolo nas minhas costas e olho para o teto. Eu não sinto


vontade de levantar, ou tomar banho, ou comer. Eu só quero deitar
aqui e olhar para o teto. Então eu faço; sem pensamentos e sem emoção
por pelo menos algumas horas.

Meu estômago grita para mim para sair da cama. Cedendo, eu


saio da cama e jogo o meu cabelo em um coque bagunçado. Eu saio do
quarto vestindo apenas a grande camisa do MC e calcinha; talvez
mostrar um pouco de pele trará Shadow para perto.

Eu entro na sala de estar e Shadow está sentado em um


banquinho na ilha. Ele parece sexy como o inferno em apenas um par
de calças de moletom cinza. Ele olha para cima de sua tigela de cereal e
seus olhos se voltam para minha aparência.

Eu dou a volta à ilha para me servir de uma tigela e espio Bobby


sussurrando palavras doces no ouvido de uma loira. Ela joga a cabeça
para trás e ri; sua voz é familiar. Ela olha para mim e minha respiração
é roubada de meus pulmões.

— Doc? — eu penso em voz alta.

— Oh, bom dia, Dani. Como está se sentindo? — pergunta ela,


pulando direto para o modo profissional. Eu aceno com a cabeça
evitando o contato visual; um pouco embaraçada, eu ouvi seu clímax
duas vezes na noite passada.

— Você pode me levar a uma livraria? Eu gostaria de comprar


alguns livros. — peço a Shadow, que ainda está olhando para mim
como se ele quisesse me comer.

Ele ganha compostura e volta ao seu cereal.

— Quanto tempo vamos fazer isso? — pergunto a ele, chateada


com os jogos infantis que ele está jogando. — Eu não acho que isso tem
alguma coisa a ver comigo ficando na parte traseira da moto de alguém;

~ 209 ~
algo que eu nem sabia que era uma lei. Então, o que é? — eu quase
grito, pronta para afogar sua bunda em sua tigela de cereais.

— Não me empurre, Dani, — Shadow diz, severamente.

— Vá se foder! — eu grito, agarrando minha tigela de cereais e


pisando de volta para o quarto. Foda-se ele. Foda-se ele e seus modos
arrogantes. Foda-me por me apaixonar por ele, mesmo quando eu tinha
sido avisada.

Eu como meu cereal e depois me deito olhando para a janela;


pessoas que vivem vidas normais estão andando pelas ruas. Famílias,
rindo e sorrindo, caminhando juntas. Eu odeio todos eles.

Eu acordo com a minha cabeça doendo de tanto dormir. Sentando


na cama, eu vejo uma caixa preta com um laço vermelho ligado a ela no
final da cama. Eu pego a caixa e abro.

— O que...? — me pergunto em voz alta.

É um Kindle. Aonde diabos ele quer chegar com isso? Me trata


como merda, então me recompensa com presentes? Eu amei o presente,
mas ele não vai saber disso.

Eu olho para o relógio e vejo que é 06h30. Tudo que eu comi foi o
cereal e eu estou morrendo de vontade de comer algum alimento real.
Eu lanço o Kindle no final da cama e vou em busca de alimento, ainda
em apenas uma camiseta e calcinha.

Shadow está assistindo a um filme em vez de jogar videogame. Eu


olho para ele e entro na cozinha.

Eu pego algum macarrão cabelo de anjo e puxo um pouco de


carne da geladeira. Eu olho nos armários e encontro algum molho de
macarrão; espaguete é isso.

Depois de cerca de uma hora de cozinhar e me queimar fervendo


o molho da massa, o jantar está pronto. Tenho assistido o suficiente de
programas de culinária quando estava presa em minha casa em Nova
York para pegar algumas dicas e eu tenho que dizer que o meu molho
está muito gostoso hoje à noite. Eu começo a jogar um pouco de
espaguete em uma tigela quando Shadow entra na cozinha.

~ 210 ~
— Hmm. — diz ele, mergulhando o dedo no molho.

Ele abre o congelador e puxa um balde de sorvete de chocolate,


pega uma colher do escorredor e vira a tampa com o polegar para o
chão.

— Sim, eu acho que vou comer isso, — diz ele, maliciosamente.


Meus olhos arregalam e minha boca cai aberta em descrença, ele
apenas desfez da minha comida?

Meu rosto se transforma em uma carranca quando o meu sangue


começa a ferver mais quente do que o meu molho de macarrão.

— Droga, esta merda está dura. Dani, me pegue uma cerveja, —


exige Shadow enquanto ele toma outra colher de sorvete.

Eu mordo minha bochecha e aceno com a cabeça. Estou tão


chateada que eu não posso nem ver direito. Eu abro a geladeira e pego
uma garrafa de cerveja pelo pescoço. — Você quer uma cerveja, huh? —
eu digo timidamente. — Aqui, tome uma porra de cerveja! — eu jogo a
garrafa de cerveja para ele. Shadow abaixa quando a garrafa colide com
a parede e se quebra em um milhão de pedaços.

— Que porra é essa? — Shadow grunhe, olhando para a parede, o


vidro e a cerveja. — Eu vou comer a porra do espaguete.

— Oh aqui, me deixe pegar para você, também. — eu pego o prato


de espaguete quente e jogo para ele, derramando um pouco sobre o
balcão, também. Ele se abaixa novamente, na hora certa, quando a
tigela de macarrão se junta à cerveja e ao vidro na parede.

— Sua fodida louca! — Shadow grita enquanto ele deixa cair o


sorvete e faz o seu caminho em direção a mim.

— Vá se foder, eu não sou alguém quem você pode apenas pisar


em cima, — eu grito para ele, com raiva que ele está certo. Eu estou
agindo como uma louca, mas ele fez isso comigo; ele me fez louca.

Nossos olhos, azul e verde, ardem venenosamente ao se


encontrarem; almas de abuso e tormenta unidas em um anel de fogo.
Shadow agarra a minha nuca asperamente, me puxando para mais
perto. Eu trago a minha mão para trás e o estapeio no rosto, sua língua
serpenteia fora e lambe o lábio inferior.

Nossos olhos se bloqueiam juntos, mais uma vez, a raiva inunda


nosso julgamento. Ele me agarra pelo cabelo e puxa minha cabeça para

~ 211 ~
trás. Seu corpo está gritando alfa e seu temperamento brilha como uma
besta.

Sem aviso, nossas bocas caem juntas em necessidade. Shadow


me agarra pelas coxas e me joga em cima do balcão. Espaguete e molho
caem voando em cima de nós e do balcão. Shadow belisca meu lábio
inferior, enquanto suas mãos mergulham no meu cabelo. Puxando
minha cabeça para o lado, ele lambe e mordisca um pouco de molho de
meu pescoço.

— Deus, eu amo a porra do seu temperamento, — ele sussurra


contra a minha pele. Ele empurra seus quadris em minha buceta
hipersensível me fazendo moer contra ele em busca de atrito. Ele desliza
as mãos sobre minha camisa e agarra meu peito com avidez. Eu pego
em suas costas nuas para o puxar mais perto. Meu corpo está
implorando por mais enquanto ele me beija. Nossos lábios estão cheios
de raiva e paixão. Ele tem gosto de chocolate e de pecado; juntos se
tornando um vício por conta própria. Ele morde meu lábio inferior
duramente, me fazendo gemer. Minha dor se tornando o meu prazer. Eu
tranco minhas pernas em volta de sua cintura e mordo de volta em
bicadas tonificadas. Ele geme e agarra minha cabeça para trás para
olhar em meus olhos tempestuosos.

— Está tudo bem? — Doc pergunta, entrando pela porta da


frente, uma vez que ela se abre.

— O que diabos aconteceu com a parede? — Bobby pergunta,


andando atrás dela.

Meus olhos se prendem aos de Shadow; sua expressão de luxúria


e ira sendo substituída por algo ilegível. Ele se afasta, me deixando fria
e confusa. Eu deslizo fora do balcão de espaguete e vejo Doc e Bobby
com olhares confusos e fixos. Shadow agarra seu colete da cadeira e
caminha para fora, batendo a porta atrás de si.

~ 212 ~
Capítulo Vinte
SHADOW
Acordei ontem chateado comigo mesmo;
chateado que eu me deixei ficar tão fraco, chateado
que eu permiti que Dani tivesse esse tipo de
controle sobre mim, com raiva de mim mesmo por a
amar. Eu também estou chateado por eu quase
deixei que ela fosse morta porque eu não levei a
viciada da minha mãe a sério.

Eu perdi o controle quando ela foi levada;


perdi o controle com o pensamento dela na moto de
Charlie. Ela está bem, eu estou tentando afastá-la. Eu estou tentando
proteger ela da besta que eu sou. Mas, eu não a posso deixar ir, meu
corpo é viciado nela. Eu vivo e respiro Dani. Quando eu penso sobre ela
não estar comigo, eu me sinto sem esperança. Ela me mostrou uma luz;
ela é o céu para o meu inferno.

— Vagalume está dormindo, — diz Bobby, quando me sento ao


seu lado no sofá. Eu precisava sair daqui antes. Dani cozinhando
naquela camisa era uma tortura, mas quando ela me desafiou e se
tornou uma maluca fodida, eu não podia segurar mais, eu tinha que a
ter. Quando eu percebi o que eu estava fazendo, se tornou claro para
mim que eu não poderia empurrar Dani para longe, mesmo se eu
quisesse. Ela é minha, e eu sou dela.

— Vá em frente, baby, eu já te acompanho, — Bobby diz para a


Doc, a dispensando. — Que porra é essa, cara? Fale comigo, — ele exige
de mim quando ela se vai.

— Não há nada para falar, deixe para lá. — me levanto e faço o


meu caminho para a cozinha para tomar uma cerveja. A bagunça de
espaguete ainda está presente. Olho para o balcão e vejo um local limpo
com a marca da bonita bunda de Dani.

— Eu tomei a porra de um tiro por você estar com essa menina e


agora você está se afastando dela. Por quê? — Bobby grita comigo, esse
menino tem bolas de aço para falar assim comigo.

~ 213 ~
— Ela fode com a minha cabeça. Naquele dia que ela foi levada,
toda a porra do meu mundo caiu, Bobby, e eu perdi o controle, — eu
confesso.

— O amor tem um jeito engraçado de foder com você. Eu entendo;


você acha que empurrando vagalume para longe irá impedir que você se
sinta impotente de novo, — diz Bobby, se levantando e andando até a
ilha.

— Sim, e eu não acredito que ela não vá fugir quando descobrir o


que eu realmente faço; como eu permaneço vivo. — eu tomo um gole da
minha garrafa, arrependimento pelo fodido vazio que eu chamo de vida
e pelo jeito que eu lido com isso, me engolindo em um abismo negro. Se
Dani é qualquer coisa como sua mãe, ela vai correr para longe de mim.
A empurrando para longe agora é melhor do que depois que eu me
entregar completamente a ela, ou assim eu acho.

— Ela é o céu e eu sou o inferno. Quando estamos juntos, anjos


choram e o inferno se congela. — eu olho para Bobby, — Não é nenhum
choque que nós somos de mundos diferentes.

— Nah, eu não a vejo fugindo, Shadow. — ele toma um gole de


sua cerveja. — Se você a afastar, ela vai encontrar outra pessoa, e
quando você tiver que assistir isso, será o pior tipo de inferno. Confie
em mim, eu vivi isso, — Bobby olha para baixo, sua voz cheia de
vergonha.

— Vá se foder. — eu grito com Bobby. Apenas o pensamento de


Dani com alguém me deixa irritado.

Bobby ri. — Sim, vagalume tem você pelas bolas.

— Estou prestes a cortar as suas fora, se você continuar falando


merda! — eu paro bem na frente de Bobby, o desafiando a continuar
falando.

— Eu estou tentando ajudar, cara. Se acalme. — Bobby joga as


mãos em sinal de rendição.

— Eu fodi isso feio de qualquer maneira, ela não vai me perdoar.


— eu digo a Bobby, terminando minha cerveja. O pensamento de Dani
apresentando um cara novo para Bull, quase me faz esmagar a garrafa
de cerveja na minha mão. Como eu poderia pensar que me afastando
dela eu me sentiria melhor? Empurrar ela para longe foi uma jogada
fraca.

~ 214 ~
— Olhando para vocês dois sobre esse balcão mais cedo, eu
pensei diferente. — Bobby ergue uma sobrancelha e levanta o queixo
em direção à cozinha.

— Então, a pegue; a regue com amor. Ganhe a confiança um do


outro; descubra o que o outro gosta e odeia, — Doc diz, entrando na
sala, claramente ouvindo o assunto.

O rosto de Bobby se ilumina quando ele a vê; e ele tem a coragem


de dizer que Dani me tem pelas bolas.

— Eu não sei nada sobre isso, — eu respondo para Doc, me


sentando no sofá.

— Ele está dizendo a verdade. Ele nunca esteve em um


relacionamento, nunca , — diz Bobby, sério.

— Cara, que porra é essa? Sério? — eu pergunto, jogando minhas


mãos para cima, chateado que ele acabou de derramar minha vida para
alguma garota.

— Aww, isso é fofo, — Doc murmura. — Pelo que Bobby me


contou sobre Dani, ela também não esteve, então não se preocupe.

Me irrita que Dani e eu somos sua escolha para conversa de


travesseiro. Eu diria a ela para ir se foder se eu não precisasse de sua
ajuda. Não sei nada sobre fugas românticas; ou qualquer coisa
romântica, já que estamos nisso.

— Você disse que eu deveria a levar para algum lugar. Onde? —


pergunto, esfregando meu lábio inferior com o polegar, algo que eu faço
quando estou imerso em pensamentos. A verdade é que eu só os quero
fora da minha relação com Dani; chegar ao fundo deste tópico
rapidamente deve fazer exatamente isso.

Todos nós sentamos pensando, em silêncio.

— Oh! Uma cirurgiã com quem trabalho disse que seu marido
alugou uma casa de praia. Era apenas eles e alguns funcionários
ocasionalmente. Ela disse que foi super íntimo e romântico. Parecia
incrível pelo que ela me disse. Você deve fazer isso. — a voz de Doc é
alegre e malditamente perto de ser irritante. Eu não gosto da doutora
apaixonada.

— Você sabe que pode pagar por isso, — diz Bobby,


sarcasticamente.

~ 215 ~
Eu posso pagar, eu sei disso. O dinheiro não é um problema. O
problema é saber se Dani quer ir comigo, agora que eu tenho sido um
idiota fodido. Eu chego ao final da mesa e pego o laptop. Eu estou
levando Dani, quer ela queira ou quer não. A levar para longe do perigo
e destes dois passarinhos apaixonados, vai ajudar a aliviar um pouco
da minha tensão.

— Diga a ela tudo, eu não acho que ela vai sair correndo. Ela é
dura. As pessoas vão te machucar, quebrar sua confiança, não importa
o quê. Cabe a você decidir quais valem a pena o risco, — diz Bobby. Ele
claramente tem estado perto da doutora apaixonada tempo demais.

— Onde você ouviu isso? —pergunto a ele maliciosamente.

— Eu não sei. Eu tive garotas suficientes terminando comigo.


Tenho certeza que um delas disse isso para mim, — Bobby diz, rindo, e
olhando para Doc que claramente não está achando graça. Doc se
levanta e pisa para fora da sala, chateada com Bobby e sua confissão de
ter estado com muitas mulheres.

*****

DANI
Saio do chuveiro. Lavar o macarrão e a vergonha de mim foi mais
difícil do que eu pensava.

O quarto está escuro. Não há iluminação suficiente da lua para


me permitir andar. Eu olho para fora da janela para ver as pessoas
como formigas. Eles ainda me fazem pensar como deve ser viver uma
vida normal. Mãos deslizam sobre minhas costas nuas, me assustando
e fazendo com que o meu coração dispare em corrida.

— Sou apenas eu. Está tudo bem, — Shadow sussurra em meu


ouvido. Eu nem sequer o ouvi entrar no quarto.

— Eu fodi tudo, — ele confessa, retirando as mãos da minha pele.


Seus lábios beijam abaixo da minha orelha, arrastando para baixo no
pescoço para minha clavícula.

— Me perdoa? — Shadow pergunta, sua voz áspera e sexy. Minha


cabeça gira com as muitas emoções que Shadow me faz sentir. Nós
estamos sempre indo e voltando; eu não sei se eu posso continuar
jogando estes jogos de mente mais.

~ 216 ~
— Venha pra longe comigo, — seus dedos enrolando meu cabelo
enquanto ele pergunta.

Eu me viro abruptamente.

— O quê? — eu pergunto, confusa sobre o que ele quer dizer com


longe.

— Só eu e você; longe do Clube e todos que nós conhecemos. Eu


quero te conhecer melhor. — ele se inclina e beija meus lábios, mas eu
não devolvo o beijo.

— Você está zoando comigo? — eu pergunto, furiosa que ele


pensou que eu o perdoaria tão facilmente.

— Eu não estou zoando com você, — ele zomba. — Eu entendo,


eu fodi tudo; eu fui um idiota da porra. Eu admito que eu tentei te
empurrar para longe. A maneira que eu sinto por você, do jeito que você
me faz sentir, me assusta pra caralho. Eu não sei o que mais você quer
de mim. — ele olha bem nos meus olhos e segura a parte de trás do
meu pescoço me aproximando. Os nossos lábios escovam um contra o
outro. — Eu te amo, Dani, — ele sussurra, seus lábios provocando os
meus.

Sua confissão me surpreende. Eu deveria dizer que eu o amo,


também, mas eu não posso mover meus lábios para formar outra coisa
senão uma pergunta: — Você ama?

Shadow morde meu lábio inferior suavemente, — Eu fodidamente


amo, e isso me assusta.

Eu quebro meus lábios nos seus; sua língua dançando com a


minha. Ele tem um gosto de cerveja e sexo, me fazendo colocar minhas
pernas em volta de sua cintura. Ele nos leva para a cama, me deitando
de costas, com as pernas nunca quebrando o contato.

— Eu também te amo, Shadow, — eu revelo sem fôlego. — Isso é


assustador para mim, também. Eu nunca amei ninguém antes, — eu
digo, passando minhas mãos pelo seu cabelo despenteado. Dizer as
palavras me faz sentir como uma leoa. Finalmente ser capaz de dizer as
palavras é um alívio. Eu amo Shadow; mal, motoqueiro, besta e tudo.

— Isso significa que você vai fugir comigo? — pergunta ele, dando
beijinhos de borboleta ao longo do meu pescoço.

— Sim, sim, eu vou fugir com você. — eu respondo.

~ 217 ~
— Saímos de manhã, — ele sussurra enquanto seus lábios fazem
amor com a minha pele delicada e suas mãos serpenteiam em torno de
mim para agarrar minha bunda.

*****

Este dia já é um turbilhão. Shadow me acordou com o sol esta


manhã, ele havia feito panquecas e nós comemos na varanda assistindo
o sol nascer. Foi o momento mais pessoal que eu tive com Shadow em
dias.

Ontem a noite foi longa. Bobby e Doc fizeram sexo à noite toda de
novo, nos mantendo acordados com seus uivos intensos. Shadow e eu
deitamos ao lado um do outro, os nossos corpos silenciosamente
pedindo desculpas pelos últimos dias.

O sequestro foi uma volta brusca à realidade, eu entendo, mas eu


ainda não posso esquecer a forma como Shadow tentou se livrar de
mim tão facilmente. Fugir para longe com Shadow é exatamente o que
nós dois precisamos. Espero perdoar verdadeiramente Shadow por seus
movimentos imbecis e espero aprender mais sobre quem ele é.

Após o café da manhã, Shadow me levou às compras. Ele disse


que a nossa viagem seria para uma casa de praia, então eu comprei três
biquínis; um vermelho e branco, um verde e, secretamente, um de
couro preto. Eu mal posso esperar para colocar minhas garotas no de
couro; Shadow vai ter um acidente vascular cerebral. Eu peguei um par
de grandes chapéus de sol, e algumas bonitas e leves saídas de praia e,
finalmente, um par de sandálias. Shadow pagou tudo. Quando eu lhe
disse que era demais, ele jogou coisas aleatórias sobre o balcão e
levantou uma sobrancelha para mim.

— Realmente, isso é demais, Shadow, você tem que parar de me


comprar coisas, — eu protesto, apontando para os sacos pendurados
em meus braços e nos seus.

De repente, ele deixa cair às sacolas e pega um punho cheio do


meu cabelo, me puxando em direção a ele asperamente. Ele pode se
sentir mal por tentar afastar, mas o seu ego de macho alfa dominante
ainda está lá.

— Eu quero comprar coisas para você; eu fui um idiota nos


últimos dias e quero fazer você feliz. Me deixe te mimar. Você é minha e

~ 218 ~
minha garota vai ter o que ela quer. — ele roça seus lábios contra os
meus; não se importando com os transeuntes de olho em nós em estado
de choque.

Depois de empacotar todas as nossas compras, subimos no


Mustang de Shadow e nos colocamos a caminho. Eu não sabia que ele
tinha colocado o motor até esta manhã. O carro é alto e rápido, me
fazendo doer com a tensão sexual. Shadow pega até minha mão e me
puxa para ele. Eu olho e ele puxa meu braço novamente. Seu sorriso de
playboy indica que ele quer que eu suba em seu colo.

— Sério? — eu pergunto, olhando para a estrada aninhada com o


tráfego; sabendo que é perigoso e contra a lei.

Ele me dá um sorriso de lobo e balança a cabeça. Não sou capaz


de resistir, eu subo e sento em seu colo, as costas de frente para a
porta, e jogo o meu braço em torno de seu pescoço. Ele envolve o braço
esquerdo em volta da minha cintura e me puxa para perto, — Um
homem poderia se acostumar com isso, — Shadow diz, beijando minha
clavícula e pisando no acelerador nos fazendo correr com um rugido do
motor.

*****

Eu acordo assim que chegamos à casa de praia; a falta da


vibração do motor me acordando. Eu lentamente começo a abrir meus
olhos e sinto Shadow escovar uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha. Ele me agarra pelas coxas suavemente e me tira de seu colo. Ele
me põe no banco do passageiro de forma lenta e suavemente, não
percebendo que eu já estou acordada.

Ele sai de seu assento e silenciosamente fecha a porta, em


seguida, faz o seu caminho ao redor do carro. Eu estico as pernas para
o chão e os braços para o teto. Meu corpo dói de ter dormido no colo de
Shadow todo o caminho.

— Eu vejo que você está acordada agora. Eu tentei a deixar


dormir, — Shadow diz quando ele abre minha porta.

— Sim, eu acordei quando chegamos.

Shadow olha para trás de nós. Ouvindo outro carro, me viro no


meu lugar para ver o que ele está olhando. Um Bentley branco está

~ 219 ~
lentamente chegando atrás de nós. Desço do carro e fico ao lado de
Shadow, imaginando quem é. As janelas são escuras, por isso não há
maneira de ver dentro.

A porta do passageiro do carro abre e uma bengala branca se


apresenta no asfalto. Dois sapatos brancos extravagantes seguem.
Como uma cena de um filme, tudo o que eu posso ver é por baixo da
porta.

— Espero que vocês não tenham esperado muito tempo? — uma


voz arranhada de um homem mais velho soa atrás da porta do carro.
Ele tem, cabelo branco fino, olhos escuros e pele pálida. O efeito total é
completado por um terno branco.

— Nem um pouco, — diz Shadow, levantando a mão para apertar


os dedos do cavalheiro mais velho. — Eu sou-

— Você deve ser Adrian Kingsmen? — o senhor pergunta,


cortando Shadow. Ouvir o sobrenome de Shadow lança um punhal no
meu coração; eu estou apaixonada por um homem de quem nem
mesmo sei o sobrenome. Nossa, eu sou patética.

Shadow sorri educadamente enquanto ele agarra a mão do senhor


com firmeza e agita: — Sim, eu sou, e você deve ser Harold White?

— Na verdade eu sou, — o homem confirma antes de liberar a


mão de Shadow e apoiar em sua bengala. Harold olha para mim e sorri,
seu rosto flácido e enrugado marcado pela idade.

— Esta deve ser sua esposa? — pergunta ele, quando vem na


minha direção.

— Eu, hum, eu sou... — eu hesito. Eu não tenho certeza do que


eu sou de Shadow. Eu sei que eu não sou sua esposa, mas eu nem
acho que sou sua namorada neste momento.

— Este é Dani; ela é minha namorada, — Shadow explica por


mim, seu rótulo me fazendo sorrir.

— Ela é bastante impressionante, não é? — o senhor pergunta,


levantando minha mão e a beijando suavemente.

Meus olhos nunca deixam os de Shadow. — Muito. — ele sorri


enquanto me admira.

— Desculpe, Tio White, eu não percebi que horas eram.

~ 220 ~
Me viro na direção da voz masculina desconhecida. Ali está um
homem, não, um menino, com cabelo castanho caindo para baixo em
seus olhos; olhos marrons. Eles são bonitos, mas não tão vívidos como
os de Shadow. Este novo indivíduo é apenas um pouco mais alto do que
eu e de uma compleição menor do que Shadow. Ele está vestindo uma
camisa branca de botão com shorts cáqui.

— Ah, sim, o meu sobrinho beligerante; atrasado, como de


costume, — Harold zomba, seus dentes rangendo quando ele fala.

Se virando para Shadow, ele continua, — Este é Rudy. Ele vai


ajudar com tudo o que você pode precisar. Ele vai cozinhar para você,
lhe trazer bebidas enquanto estiver na praia, o que você escolher. Por
favor, o use desde a limpeza dos banheiros até para afofar o travesseiro.
— comanda Harold, seu rosto se contorcendo em desgosto quando ele
olha para Rudy.

— Rudy aqui está me pagando de volta por sua pequena escapada


no mês passado. Rudy pensou que seria uma ótima ideia ficar bêbado e
usar drogas com seus amigos. Ele bateu o carro de sua mãe e o deixou
no local. O tirar da prisão não foi barato, então isso é algo que gostamos
de fazer, muitas vezes, não é, Rudy? — ele olha para Rudy de cima para
baixo. — Sim, este aqui está acostumado a ter coisas entregues em
suas mãos, mas não mais. Ele vai ficar na casa de hóspedes, então não
se preocupem. — Todo mundo fica em silêncio; a energia se tornando
estranha. Eu vou em direção ao carro para pegar algumas bolsas e
minha bagagem.

— Sim, de qualquer maneira, de volta aos negócios, Sr.


Kingsmen, — Harold silva. — Rudy, vá ajudar a senhora com suas
coisas enquanto o senhor Kingsmen e eu cuidamos dos detalhes de
última hora.

Com as mãos ocupadas e Rudy à minha frente, caminhamos por


uma trilha de cascalho. A área é definitivamente isolada e é uma longa
caminhada ao longo do caminho para a linda casa. Suas paredes são da
cor do arenito verde escuro e sua cobertura é de telhas marrons
escuras. Há videiras verdes que crescem dos lados da casa, se
entrelaçando umas com as outras. Parece acolhedora e pequena, mas
elegante ao mesmo tempo.

Entrando, minha boca cai aberta com o luxo. À direita da porta


está uma cozinha pequena bonita com aparelhos de aço inoxidável e
uma ilha no meio. À esquerda da entrada fica uma pequena sala de
estar com um sofá estofado que tem almofadas verdes e brancas

~ 221 ~
jogadas nele. Avançando pela sala de, há um banheiro que parece
enorme de onde eu estou.

Mas o que me chama a atenção é a cama no meio do quarto.


Assim que você entra, a cama está no meio como uma peça central. É
grande, cor de areia, de metal e com dossel. Cortinas brancas
dependuram elegantemente ao longo de todos dos quatro lados do
quarto. Eu deixo cair as minhas malas e bagagem e faço o meu
caminho para lá. O edredom é branco e macio e quando os meus dedos
o tocam, eu sinto penas na parte de dentro. Há um mar de almofadas
brancas de todo tamanho e forma jogadas sobre ele. Na frente da cama
estão duas portas duplas de vidro do chão ao teto que se abre para um
pátio e, para a praia e o mar.

— Sim, todo mundo adora a vista. — eu tiro meus olhos da cama


e das portas duplas para encontrar Rudy; que está de pé muito perto.
Eu sorrio docemente e passo por ele, fazendo meu caminho de volta até
a trilha e Shadow. O vejo pegar um saco preto do porta-malas do carro
e caminhar em direção a Harold. Harold abre e tira uma pilha de
dinheiro. Em seguida, ele olha para o saco e acena com a cabeça antes
de o fechar. Ele aperta a mão de Shadow e faz o seu caminho de volta
para seu Bentley. A questão que tem assolado minha mente por dias
ressurge; onde é que Shadow consegue todo esse dinheiro?

*****

— As coisas que eu vou fazer com você nesta cama, — Shadow diz
ao entrar na casa. Seus olhos estão encapuzados com promessas
pecaminosas.

Shadow me agarra pelo meio da coxa e me joga por cima do


ombro. Minhas costelas recuam de dor, me lembrando que elas não
estão totalmente curadas.

— Shadow, eu quero ver a praia primeiro, — eu grito, meio a


sério.

— É uma praia; você já viu uma, você já viu todos elas. Estou
transando com você nesta cama agora, Dani, e nada está me parando,
— diz ele sério. Ele me joga nas minhas costas em uma nuvem de
cobertores; meu pouso suave e macio.

~ 222 ~
— Eu sei que eu tenho sido um idiota com você Dani, e eu vou
fazer isso bom para você. — ele agarra a bainha de sua camisa e levanta
sobre a sua cabeça; seu estômago definido e rasgado flexionando com
seus movimentos.

— E como você pretende fazer isso, Sr. Kingsmen? — pergunto


inocentemente.

Shadow começa a desabotoar sua calça jeans, enquanto seus


olhos penetram os meus; sua mandíbula apertada e séria. — Fazendo
amor com você como você merece; como se você fosse minha rainha e
eu o seu rei.

Ele joga seu jeans longe da cama e sobe em cima de mim, seus
lábios alegando minha boca possessivamente. Ele agarra a barra da
minha camisa e puxa sobre a minha cabeça lentamente. Deito de costas
enquanto Shadow espalma a fenda entre os meus seios com as mãos
calejadas. Suas mãos se movem para baixo através das minhas costelas
machucadas e do meu estômago. Enquanto ele beija a trilha deixada
por suas palmas, eu arqueio minhas costas querendo mais dele.

Shadow morde o zíper da minha bermuda e o puxa lentamente


para baixo quando seus dedos os desabotoam. Seus lábios beijam meu
estômago enquanto ele tira minha bermuda. Ele a joga por cima do
ombro e a puxa sobre as mãos. Se levantando um pouco fora do meu
torso, ele levemente beija a bainha elástica da minha calcinha.
Seguindo seu caminho para cima, ele mergulha sua língua no meu
umbigo. Suas mãos trilham até a lateral do meu corpo ao mesmo
tempo; suas mãos são grandes e gananciosas enquanto me reclamam.

Meu corpo vibra em êxtase quando Shadow leva o seu tempo me


alegando; me admirando, me fazendo esquecer tudo de ruim que houve
entre nós. Eu mergulho meus dedos em seu cabelo escuro, trazendo
seus lábios de volta para os meus e os beliscando enquanto ele procura
pelo gancho do meu sutiã.

Meus mamilos endurecem com o ar frio que entra pelas portas


duplas. Shadow se inclina e suga um em sua boca com atenção
enquanto seus dedos encontram os lados da minha calcinha. A
encontrando, ele a arrasta para baixo pelas minhas pernas lentamente,
seus olhos azuis nunca deixando os meus.

— Tão linda, — ele sussurra. — Eu não te mereço.

Ele cutuca minhas pernas com os joelhos, o seu comprimento


insistente contra suas cuecas. Ele aperta a sua excitação contra meu

~ 223 ~
sexo inchado, me fazendo jogar a cabeça para trás tentando respirar.
Sua tortura faz meu corpo ganhar vida com sensibilidade e desejo. Se
ele não me der o que o meu corpo está implorando, eu tenho medo que
eu possa gozar apenas com seu toque.

Minhas mãos agarram a parte de trás das coxas, empurrando seu


pau vestido contra minha entrada mais do que pronta. — Agora,
Shadow, — eu gemo, pouco coerente.

Com as palavras simples, Shadow urgentemente puxa sua cueca


para fora, sua ânsia aumentando a minha excitação. O puxo para me
beijar, necessitando de algum tipo de contato. Sem aviso, Shadow
mergulha seu comprimento duro dentro de mim. Minha cabeça rola
imediatamente de volta, eu me arqueio fazendo meus mamilos fazerem
cócegas em seu peito, e minhas unhas cavam fundo em seus ombros.
Ele lentamente se afasta e, em seguida, com força empurra para frente
novamente; seu impulso proporcionando uma sensação de calor e
borboletas por todo meu corpo. Eu gemo alto.

Shadow agarra a minha nuca e puxa minha cabeça, me


obrigando a olhar para ele. — Olhos em mim, vagalume, — ele exige.
Sua testa franze com esforço enquanto ele continua a empurrar para
dentro e fora de mim; gotas de suor assaltam sua testa e ameaçam
escorrer. Eu deslizo minhas mãos para baixo sobre suas costas úmidas
até sua bunda dura e seguro forte quando eu sinto suas estocadas cada
vez mais rápidas e mais duras. Nossos olhos nunca quebram o contato.

Eu envolvo minhas pernas em volta de suas coxas, minhas unhas


cavam em suas bochechas firmes, e minha respiração se torna difícil
enquanto eu sinto a ascensão do calor em direção ao meu núcleo. Eu
estou oscilando à beira do clímax enquanto Shadow empurra duro e
profundo. Seus músculos crescem quando seus punhos cavam os
lençóis ao meu lado.

Ele se inclina e beija meus lábios antes de mergulhar sua língua


profundamente em minha boca. Sua língua fodendo a minha é a minha
ruína. Minhas pernas apertam e minhas unhas cavam mais fundo. Eu
gemo em suas investidas quando o formigamento das sensações
batalha com a esmagadora sensação de calor.

— É isso aí, baby. — ele recua e agarra a minha mão para fora de
uma de suas nádegas. Ele puxa meu braço acima da minha cabeça
entrelaçando os dedos com os meus. Seu corpo enrijece e ele se dirige
profundamente. Gemidos baixos preenchem seu peito enquanto eu o
sinto pulsar dentro de mim, me enchendo com sua libertação.

~ 224 ~
Shadow cai para o meu lado me agarrando pelo quadril, puxando
meu corpo metade sobre ele. Nossos peitos arfam buscando ar em
silêncio enquanto olhamos para as portas duplas. As ondas do mar
batem na praia; o som enche a casa competindo com nossa alta
respiração ofegante.

— Eu te amo, Shadow, — eu sussurro enquanto meus dedos


traçam a ferida que meu pai lhe deu. Ela marca Shadow como meu; um
lembrete do preço que ele pagou por me reivindicar.

~ 225 ~
Capítulo Vinte e Um
DANI
Acordo ao som das ondas quebrando e do
meu estômago roncando. Me sento, descansando
em meus cotovelos, e olho para as portas duplas
para o sol poente. Temos que ter dormido por
algumas horas, pelo menos. A cama está nua de
quaisquer cobertores ou lençóis e apenas alguns
travesseiros foram deixados após Shadow fazer
amor comigo. Ele foi tão carinhoso e mostrou tanta
emoção. Eu esfrego os dedos sobre seu rosto, a
barba por fazer coça contra as almofadas. Ele
parece tão relaxado e despreocupado quando ele está dormindo; tão
amável e longe de bestial neste momento.

— Você vai continuar me encarando, porque é meio assustador,


— Shadow implica com uma voz profunda de sono.

— Desculpe, você fica tão bonito quando você está dormindo. —


eu sorrio, ganhando um bufo dele.

— Sim, bem, esta cama é realmente muito confortável. — Shadow


se senta com os olhos sonolentos e olha para fora das portas duplas.
Seu corpo ainda está nu e tão delicioso como sempre. Eu não posso
evitar, mas deslizo meus olhos sobre ele. Eu olho para Shadow e ele tem
o sorriso mais sexy em seu rosto. Pega em minha encarada indiscreta,
eu sorrio e dirijo o olhar para o pôr do sol.

— Sim, é muito confortável. Todo este lugar é muito bom. — eu


ainda não estou segura de como Shadow pode pagar. De onde é que
vêm as pilhas de dinheiro que ele deu a Sr. White?

— Mas? — Shadow pergunta, sentindo minha tensão.

— Como você pode pagar? — olho para Shadow que está


esfregando as mãos sobre o rosto em irritação. — Eu vi você entregar
aquele dinheiro ao Sr. White lá fora, — eu admito. Shadow deixa cair
suas mãos e olha para mim com choque e confusão.

~ 226 ~
Ele olha para o mar novamente. Seu corpo, uma vez relaxado e
despreocupado, está agora tão duro como uma tábua. Sinto que ele não
quer me dizer. Ele pode me amar, mas ele não confia em mim.

— Ah, você ainda não confia em mim.

— Não é porque eu não quero, Dani. — ele olha para mim,


colocando um fio de cabelo atrás da minha orelha. — Se isso significa
alguma coisa, eu confio mais em você hoje do que confiava ontem. Só
vai levar tempo. — ele segura meu rosto e me traz para mais perto.

— Você tem que me deixar entrar para confiar em mim, Shadow,


— eu solto com minha respiração pesada.

— Eu prometo que vou te contar tudo antes de voltarmos. Eu só...


Eu só quero aproveitar esta semana com você, caso a verdade faça você
fugir. — seu rosto muda com tristeza e incerteza. Por que ele acha que
eu vou o deixar, é tão ruim assim? O pensamento de que é algo
perigoso, ou mesmo o suficiente para me colocar em perigo, me assusta
porque eu sei que não importa o que seja, eu não vou deixar Shadow.
Eu estou muito apaixonada por ele. Eu prefiro cair nas chamas do
inferno com ele, do que ficar sem ele.

Eu agarro a parte de trás da cabeça de Shadow e trago seus


lábios a um fio de cabelo de distância dos meus. — Eu não vou a lugar
nenhum, Shadow, — eu sussurro, os meus lábios lhe roçando.

— Esse fogo que vive tão profundamente dentro de você, o fogo


que te faz minha vagalume, tenho medo de que minha escuridão vá
acabar com ele; o colocar para baixo e te tornar uma pessoa diferente.
— seus lábios pincelam contra os meus em sua confissão, seus olhos
escavam profundamente nos meus.

— Vagalumes não podem viver sem a escuridão, — eu respondo.

Shadow trava seus lábios com os meus; ambos em nossos joelhos


e nus. A brisa do mar entra pela porta e nos rodeia, nos fazendo um só.

— Oh, merda, sinto muito! — a voz de Rudy soa das portas


duplas. Eu salto para fora do abraço de Shadow e me jogo para o chão
debaixo dos lençóis. Shadow ri do meu embaraço, tão confiante que ele
não sente necessidade de se cobrir.

— O que você quer? — Shadow pergunta a Rudy.

— Estou aqui para fazer o jantar. — Rudy olha para o pátio,


tentando evitar olhar para a bunda de Shadow.

~ 227 ~
— Volte na parte da manhã; minha menina vai me fazer um
pouco de seu espaguete.

Eu olho para Shadow do chão, com um sorriso largo no rosto. Eu


poderia me acostumar com isso.

*****

A noite foi tão bem quanto o dia. Nós ficamos nus o tempo todo,
mesmo enquanto eu cozinhava o macarrão. O jantar foi delicioso e
Shadow admitiu que meu molho é o melhor.

— Caramba, isso é tão bom, — diz ele entre mordidas.

— Eu pensei que você disse que não gostava? — eu provoco,


dando uma pequena mordida.

— Oh, eu adorei aquela noite tanto quanto adoro esta noite, —


confessa, dando outra mordida tamanho macho.

*****

Depois que Rudy veio e fez café da manhã, eu decidi ir para um


banho. Entre o calor e o sexo com Shadow, eu preciso disto. O banheiro
é grande e bonito. O balcão é de um tom de mármore verde que
corresponde a casa, e a banheira é grande o suficiente para uma
família. Embora a banheira chamasse por mim, eu subi no box para um
banho rápido.

Deixo o banheiro e procuro por Shadow. — Shadow? — eu grito


para dentro da casa de praia.

Ouço uma maldição que vem da frente e faço o meu caminho até
onde está o carro.

Eu ouço o capô do carro bater e vejo um Shadow sujo de graxa se


virar.

Ele está vestindo jeans rasgado que pende baixo em seus quadris
e é isso; sem meias ou sapatos, sem camisa. Ele tem graxa em seu peito
e em toda sua mão. Seu corpo está brilhando de suor e seus músculos

~ 228 ~
estão flexionados. Minha boca instantaneamente parte; seu estado sujo
faz estragos com meus sentidos.

Shadow enxuga o suor de sua testa com o braço e deixa um traço


de graxa. Querido Deus, me dai força.

— Ei, eu estava apenas brincando com o carro. Perdi a hora. —


ele caminha para mim, seus músculos dançando com suor e graxa.
Assim que ele está em meu alcance, eu salto sobre ele, envolvendo
minhas pernas e braços ao seu redor com força. Sua graxa se espalha
por mim. Eu reclamo os seus lábios com os meus, lhe implorando para
me tomar aqui sobre o capô de seu carro.

— Merda, desculpe! — Shadow nos vira para enfrentar um Rudy


de rosto vermelho. Esse cara está realmente começando a ficar chato.

— O quê? — Shadow grita com ele.

— Eu só estava me perguntando se vocês tinham alguma


preferência para o almoço de hoje. — ele diz, me olhando.

— Não. — Shadow declara, virando as costas para Rudy e o


despedindo.

— Sou só eu, ou parece que ele está nos interrompendo de


propósito? — eu pergunto quando Shadow me desliza para baixo de seu
corpo para os meus pés.

— Não, não é só você. — Shadow olha para trás por cima do


ombro para onde Rudy estava parado há um momento, o rosto
pingando de raiva.

— Eu acho que eu vou pular no chuveiro, babe. — ele escova em


mim ao passar, sua raiva vibrando fora dele. Obrigada, Rudy; muito
obrigada.

No quarto, eu cavo minha bolsa e encontro o biquíni verde. A


parte superior é apenas o suficiente para manter as meninas no lugar e
em baixo é apertado e confortável. Talvez isso vá ter a sua mente fora de
Rudy e de volta para mim.

*****

~ 229 ~
SHADOW
Eu envolvo a toalha em volta da minha cintura e saio do banheiro
para encontrar Dani. O clima que sopra através das portas duplas está
quente e úmido, tem cheiro de chuva. Desde que Dani e eu chegamos
tudo foi pacífico; nenhum Clube, nenhuma mãe viciada, nada chato,
exceto este filho da puta do Rudy. Ele claramente tem uma coisa pela
Dani já que toda vez que ele está por perto, ele apenas olha para ela. Eu
não ignoro que um cara como Rudy é provavelmente mais certo para
Dani, e com uma idade mais próxima. Apenas isso já me irrita.

Quero que esta viagem signifique algo para Dani; quero mostrar
que eu posso cuidar dela pelo menos. Confiar é um pouco mais
complicado, mas mesmo que isso me mate, eu vou mostrar a ela que eu
posso confiar nela também.

Acho Dani esparramada numa espreguiçadeira; seu corpo


brilhando com gotas de suor e o cheiro de coco enche o ar. Ela está
usando um biquíni pequeno e foda-me se eu não estou duro como uma
rocha. Seus seios estão brincando de esconde-esconde sob pequenos
triângulos verdes, e a parte de baixo é tão apertada que eu estou
morrendo de vontade de ver a bunda dela neste biquíni.

— Porra, — eu respiro admirando.

Os olhos de Dani piscam abertos e ela sorri diabolicamente.

— Por que eu, Dani? — eu pergunto, as inseguranças brincando


com minha mente. Fodido Rudy.

Ela parece atordoada com a minha pergunta.

Ela olha para a vista, em seguida, de volta para mim, — Por que
não você, Shadow? — suas palavras me fazem sentir como se eu fosse
uma pessoa tão boa como qualquer outra.

— Por causa do meu estilo de vida; por causa de quem eu sou. —


eu sento na espreguiçadeira ao seu lado.

— Você não me disse tudo, mas o que eu sei de você, eu amo. —


ela sorri. — Mas acima de tudo, é pela forma como você me faz sentir.
Você derrubou minhas paredes de sofrimento, me mostrou como viver,
me ajudou a descobrir quem eu realmente sou por dentro e por fora.

Eu finjo um sorriso para ela. Sua confissão é agradável,


realmente, mas isso não quer dizer merda nenhuma. Não até que eu

~ 230 ~
conte tudo a ela, então veremos se ela estará cantando essa mesma
música.

— As coisas que eu fiz e senti desde que eu estou aqui são todas
novas para mim, no entanto, me parecem velhas conhecidas. — ela olha
para trás, para o horizonte, as nuvens cinza escuro lutando com o céu
azul.

— Shadow, já que estamos sendo honestos, por que você me


afastou? — a pergunta dela tira o ar de meus pulmões. Eu sei por que
eu a empurrei para longe, mas a minha explicação vai me fazer soar
como um viadinho. O que eu digo; porque dói demais ficar sem você;
porque eu estava tentando provar que eu não preciso de você para viver,
para sentir; porque eu estava tentando a proteger da besta do caralho
que domina meu peito quando ela precisa de uma liberação?

— E por que você mudou de ideia e me trouxe aqui? — pergunta


ela profundamente.

— Porque eu sou egoísta. — seus olhos se tornam selvagens,


então ela faz uma careta. É a verdade, no entanto.

— Se eu me importasse de verdade com você, eu teria te


empurrado para longe desde o início. Eu não teria deixado você se
envolver com um cara como eu, mas eu sou egoísta. Eu quero que você
me queira; eu quero te fazer minha. — eu mordo meu lábio inferior em
frustração. — Sua inocência me atraiu, seu desafio me tentou, — eu
confesso.

Dani senta em meu colo, segura meu rosto e me beija


apaixonadamente. — Eu te amo e eu não vou a lugar nenhum.

*****

Após ficarmos expostos ao sol por algumas horas, trovões rugem


do céu e nuvens negras ameaçam derramar chuva.

— Vamos entrar, — eu digo a Dani.

— Ei, parece que uma tempestade está vindo, — diz Rudy, dando
um passo para o pátio. — Desculpe pelo almoço. Me esqueci e percebi
que vocês poderiam querer fazer. — ele pisca para Dani quando ele olha
para seu corpo em seu minúsculo biquíni.

~ 231 ~
Além de ficar olhando para a minha menina, sua estupidez e
serviço de merda finalmente bateram no meu último nervo. Eu o quero
longe Dani. — Vá para casa, Rudy, nós não precisamos mais dos seus
serviços. — eu lanço a minha mão para ele, o despedindo, quando nós
fazemos o nosso caminho para a casa de praia. Trovão ruge, a luz que
nos rodeia diminui com as nuvens escuras.

— Como? — pergunta ele, atordoado.

Eu paro em meu caminho e me viro para o encarar. — Eu disse


foda-se! — eu digo com força.

— Você acha que me assusta? — ele brinca. Aparentemente, este


filho da puta tem um desejo de morte. Se ele soubesse do que eu sou
capaz, ele seria inteligente o suficiente para ter medo de mim.

Ele incha o peito para fora, — Eu vi os hematomas em suas


costelas. — ele aponta para Dani. — Ela merece alguém melhor do que
você.

Chego ao meu limite, eu ando para ele. O cabeça de merda treme


sob o meu olhar. Eu sei que eu nunca vou ser bom o suficiente para
Dani, mas o que realmente me irrita é que este filhinho de mamãe
pensa que ele é. Ele acha que tem o direito de me julgar.

— Você é apenas— antes que ele termine a frase, eu bato meu


punho no canto da sua boca. O soco o faz cair ao chão em um único
movimento fluido.

— Shadow! — Dani grita atrás de mim.

— Vá para dentro, Dani. — eu aponto em direção às portas; ela


tem que aprender quando manter a boca fechada. Se algo assim
acontecesse dentro do Clube e ela falasse na hora errada, ela poderia
acabar morta.

Eu flexiono o punho; a picada do impacto irradia através de meus


ossos.

Rudy olha para mim com os olhos marejados, segurando sua


mandíbula.

— Você vai viver se você ficar na porra do chão!

Eu pego a mão de Dani e a levo para dentro. Eu a jogo na cama,


enquanto a escuridão consome o quarto. Eu baixo o meu corpo sobre o
dela, nossa paixão tão feroz como a tempestade.

~ 232 ~
Ela me agarra pelos ombros e nos rola até que ela está no topo.
Sua ação para assumir o comando faz meu pau tão duro que dói. Eu
desato as cordas que prendem o delicioso top do biquíni. O quarto é tão
escuro que eu o sinto cair ao invés de o ver. Acho seus quadris e os
desamarro também.

Sua mão trilha pelo meu estômago para o meu short. Ela enfia a
mão nele e com força empunha meu pau. Ela se inclina e começa a
beijar o meu estômago com aqueles lábios doces; mamilos deslizando
sobre meu abdômen. Meu pau não pode ficar mais duro do que já está.

Eu começo a sair do meu short, a urgência de estar dentro dela


tomando conta. Relâmpagos iluminam o quarto brevemente; o
suficiente para eu ver o estado lascivo de Dani, seu longo cabelo está
puxado para o lado esquerdo de seus ombros; o lábio inferior sendo
sugado em baixo de seus dentes; seus peitos estão alegres e prontos
para as minhas mãos ásperas. Eu pego seus seios, ávidos por contato,
fazendo sua cabeça cair para trás. Eu a agarro pelos quadris, e a
levanto e a empalo com minha palpitante ereção.

— Oh, Shadow, — ela geme alto, sua voz doce me fazendo gemer.
Sua buceta é úmida e quente, abraçando meu pau com força.

Ela começa a balançar os quadris, mas eu não posso aguentar o


ritmo dolorosamente lento que ela está levando. Eu tenho que a ter
duro agora; tudo dela. Eu agarro seus quadris e elevo e abaixo o corpo
dela em meus impulsos. Ela planta uma mão no meu peito para se
firmar e com a outra agarra um de seus mamilos. A imagem dela
brincando consigo mesma me faz prestes a rebentar minhas bolas. Eu
cavo meus dedos em seus quadris e a jogo para debaixo de mim.
Tomando controle, eu afundo meus quadris para dentro e para fora do
seu núcleo tentando encontrar a sua doce liberação.

Suas unhas cavam fundo em meus ombros enquanto sua buceta


pulsa com prazer, o aviso do seu corpo de que ela está à beira de um
orgasmo.

Eu pego suas coxas e as puxo para mais perto, querendo estar


mais profundo dentro dela. Ela tira as pernas do meu quadril e as
coloca no meu ombro, deixando meu furioso pau profundamente dentro
e batendo na sua parte de trás. Ela suspira alto com cada golpe. Eu
sinto minhas bolas espremerem quando minha liberação começa a
empilhar lá dentro. Meus impulsos se tornam mais duros; minha
respiração mais ofegante. Minha energia faz com que seja difícil para
Dani se segurar e ela leva as pernas para baixo para as envolver na

~ 233 ~
minha cintura. Relâmpagos brilham novamente, me dando um
vislumbre do belo rosto de Dani; seu rosto delirante de prazer. A
sensação de formigamento chega à cabeça do meu pau; a vibração
quente irradiando através das minhas bolas. Eu gemo quando meu
orgasmo atinge seu pico. Ela geme comigo quando sua buceta aperta
duro. Eu sinto uma pontada súbita no meu ombro quando Dani morde,
fazendo minha liberação ainda maior. A sensação é quase demais para
aguentar. Eu mordo seu ombro para retribuir o favor.

Eu assisto Dani dormir; confuso com a forma como esta menina


tem me feito sentir coisas que nunca quis sentir por outra pessoa. Me
mataria se ela me deixasse. É neste momento que eu percebo que eu
preciso fazer Dani minha permanentemente. Se eu for seu dono, ela não
pode sair nunca, mesmo que ela queira, graças às leis do Clube.

*****

DANI
Eu acordo no meio da noite para encontrar a cama vazia.
Sentando, vejo Shadow de pé, perto das portas duplas enquanto a
tempestade continua.

— Shadow?

Ele se vira e sorri quando ele faz seu caminho de volta para cama,
totalmente nu. Seus olhos azuis encontram os meus olhos verdes com
intensidade.

— O quê? — eu pergunto, sentindo que algo não está normal.

— Seja minha old lady, — ele pergunta, me jogando para uma


montanha russa. Hesito.

— Eu quero te dar a oportunidade de dizer que sim, mas não é


necessário. — seu tom de voz é grave e sombrio quando ele diz as
palavras. O que isso significa?

O que exatamente implica ser sua old lady? Eu vi as coisas que a


Babs faz, mas eu sei que ela é tratada diferente do que as outras. Eu
realmente não tenho visto quaisquer outras old ladies ao redor do
Clube, no entanto, para ter uma ideia do que exatamente elas fazem.

~ 234 ~
— Eu não tenho certeza do que uma old lady faz. Eu não sei se eu
seria boa nisso, — eu confesso.

— Isso significa que eu vou te proteger; que o Clube a protege.


Você é a minha família, bem como a do Clube. Você vai usar um colete
que diz que você é minha propriedade e, desde que você siga as leis do
Clube, você vai ficar bem. — diz ele, beijando minha testa.

— As leis? — eu sussurro. Já ouvi a respeito dessas leis aqui e


ali. Eu até mesmo quebrei uma e nem ao menos sabia.

— Sim, as leis. — ele passa as mãos sobre sua mandíbula


parando em sua boca e correndo o dedo sobre o lábio inferior. — Como
um Clube de motoqueiros, temos nossas próprias leis, o nosso modo de
vida. Nós fazemos e seguimos as nossas próprias regras. Aqueles que
quebram as regras lidam com a nossa forma de justiça. As leis para old
ladies: um irmão decide quem é sua old lady; a mulher não tem uma
palavra a dizer. Algumas mulheres se tornam propriedade contra a sua
vontade. A mulher não é permitido desistir de ser uma old lady até que
o irmão diga ter terminado com ela. — ele olha para mim, tentando ler a
minha expressão. Ele canta as palavras como se estivesse lendo uma
bíblia gravada em seu cérebro.

— Você vai as aprender com o tempo; é apenas senso comum


realmente.

Me sento na cama, pensando em tudo o que ele disse; leis,


propriedade, contra a vontade. Está tudo cambaleando pela minha
cabeça, me fazendo duvidar da ideia de ser uma old lady . É por isso
que Babs aguenta Locks; porque ela não pode sair?

De repente sou rasgada dos meus pensamentos quando Shadow


rasteja pelo meu corpo como uma cobra elegante. Ele morde, belisca,
suga, e beija o seu caminho até o meu torso até que estamos face a
face.

— Você é minha, Dani. Você já sabia disso, já chega de pensar


sobre o assunto. — antes que eu possa dizer o contrário, ele esmaga os
lábios nos meus, sua boca pecaminosa alegando sua propriedade. Qual
seria o ponto em argumentar de qualquer maneira? Ele deixou claro
que a mulher não tem nada a dizer. Eu sei que Shadow é diferente, no
entanto; quando Locks fez o seu discurso retórico de ódio às mulheres
na garagem, Shadow me garantiu que ele era diferente.

~ 235 ~
Capítulo Vinte e Dois
DANI
Os próximos dois dias são eroticamente e
pecaminosamente doces. Shadow e eu não saímos
de casa por dois dias. Para ser exata, Shadow não
me deixou sair de casa. Entre as sessões de foda,
nós comemos, dormimos ou tomamos banho. É
animalesco, sexy, e a coisa mais agradável que eu já
experimentei.

A confirmação de Shadow que eu sou sua old


lady colocou um fogo em seus olhos que eu não
tenha visto antes. Finalmente selar o negócio de que eu sou sua
propriedade parece o ter deixado mais à vontade; ele está brincalhão e
menos escuro, e ainda mais sexual.

Eu não me permito pensar muito profundamente sobre me tornar


sua propriedade ou sobre as leis do Clube. Eu sabia que era
propriedade de Shadow quando eu me apaixonei por ele. Eu sinto as
paredes que cercam a nossa confiança se quebrar. Eu dou o meu corpo
em todos os sentidos que ele quer nestes dois dias; não pergunto o
porquê, não me importo com o porquê. Eu sou sua, ele é meu.

Me sentindo enclausurada e com Shadow no chuveiro, eu


escorrego em um roupão para sair para o pátio.

Eu solto um grito quando mãos gananciosas me pegam por trás,


me arrastando para a cama. Meu corpo desaba sobre Shadow.

— Mmmm, — ele respira. — Onde você pensa que está indo? —


sua voz sexy e profunda, vibra em meu pescoço enquanto ele fuça seu
rosto profundamente.

— Shadow, meu corpo precisa de descanso, — eu rio.

— O descanso é para os fracos.

— Temos apenas hoje; vamos tomar café da manhã no deck,


nadar, — eu sussurro contra sua têmpora.

~ 236 ~
— Mmmm, muito bem, — diz ele, beijando todo o meu rosto. Eu
rio e começo a caminhar para a porta novamente.

Shadow pega seu calção e se enfia dentro dele, sua pele


bronzeada parece imaculada. Seus músculos crescem e flexionam
quando ele amarra a corda sobre ele. Minha língua se lança e lambe
meu lábio inferior, ele é sexy como pecado.

— Se você continuar me olhando assim, eu vou manter você aqui


dentro por mais dois dias.

Como eu ainda tenho desejo após dois dias de sexo ininterrupto,


está além de mim. Então, novamente, ao olhar para ele, nenhuma
mulher poderia dizer que não.

— Eu acho que você poderia estar concorrendo a um recorde


mundial, se você fizesse isso, — eu respondo brincando, andando em
direção à cômoda.

Shadow dá risadas e me agarra antes que eu esteja fora de


alcance.

— Bem, eu estou sempre pronto para um desafio, — diz ele


arrogantemente, deslizando a mão pela minha barriga. Meu corpo
arqueja em seu toque; eu não posso evitar, mas sou fraca quando se
trata dele.

Shadow se inclina e morde minha clavícula, me fazendo jogar


minha perna ao redor de sua cintura.

— Pronto para um desafio, é? — eu sussurro, minha excitação


tornando difícil falar.

Shadow puxa recua e olha para a minha expressão; divertido.

— Eu aposto que você não pode manter suas mãos longe de mim
o resto do dia, — eu implico, sabendo que ele não vai aceitar o acordo e
torcendo para ele não aceitar de qualquer maneira.

— Apenas as mãos? — ele pergunta, sua voz sorrateira. Eu posso


até imaginar ele me fodendo sem as mãos; ele não estaria quebrando as
regras e ficaria orgulhoso disso.

— Não ter relações sexuais comigo o dia todo, — eu digo,


tornando os termos mais claros.

Shadow chupa seu lábio inferior e olha para o chão pensando


profundamente.

~ 237 ~
— Aceito, — diz ele, reconectando o nosso olhar, as palavras dele
me surpreendendo. Merda, como vou viver um dia sem ele me tocar? Eu
não estava pensando direito quando eu fiz esta proposta.

Abro a gaveta, me perguntando como eu vou conseguir manter


minha própria aposta, quando meus olhos caem sobre o biquíni que eu
tinha trazido para fazer uma surpresa. Talvez fazer Shadow perder este
desafio seja mais divertido do que eu pensava.

Eu pego o biquíni e vou para o banheiro, com medo de que, se ele


vir o que eu estou pensando em vestir, ele vá me fazer o guardar antes
que possa ter o efeito que eu quero.

Eu deslizo a parte de cima; os triângulos pequenos finos cobrem


meus seios, mas não muito bem. Estendo a mão para a parte de baixo,
deslizo sobre as minhas pernas, e amarro as cordas em meus quadris.

— Eu estou indo pegar uma bebida, baby. — Eeu ouço Shadow


dizer. Corro e abro a porta e saio, jogando meu cabelo sobre meu ombro
casualmente.

— Huh? Sim, está bem, — eu digo, agindo como se eu não me


parecesse com um pedaço de foda-me.

— Puta. Que. Pariu. — Shadow fole, sua boca aberta de espanto.


— Você joga sujo, cadela, — diz ele, sexualmente. Ele se aproxima e
escova os dedos em todo o material sobre o meu peito. Eu olho para
baixo e assisto.

Shadow sorri. — Minha menina parece fodidamente sexy como o


inferno em couro. — ele continua me admirando.

Quando eu vi o biquíni de couro preto-como-o-pecado, eu sabia


que tinha que ter ele. Eu tinha certeza que iria deixar Shadow de
joelhos.

Ele me agarra pelos quadris com um rosnado e me joga na cama.

— E sobre o desafio? — rogo. Ele não pode desistir fácil assim; eu


tenho todos os tipos de provocações e tentações planejadas na minha
cabeça.

— A aposta acabou! — diz ele, puxando o calção para fora e


liberando sua ereção massiva. Estava tão dura que parecia que iria
explodir.

— Mas...

~ 238 ~
Shadow puxa minha calcinha para o lado, sem a tirar, apenas se
dando espaço suficiente e bate sua ereção em meu calor úmido
rapidamente. Minha cabeça é jogada para trás enquanto suas mãos
escorregam para as minhas costas, levantando meu tronco ligeiramente
para fora da cama. Arqueando as costas lhe dá esse ângulo perfeito
onde ele esfrega o meu ponto G e consegue ir mais profundamente.

Depois de mais uma rodada de sexo quente, alucinante, eu estava


ao lado Shadow ofegante e encarando. Ele foi tão brincalhão,
ultimamente, será que ele vai voltar a ser um imbecil quando voltarmos
para o Clube? Eu sei que ele nunca vai deixar o Clube e, para ser
honesta, eu não quero que ele deixe, só precisamos encontrar um
equilíbrio. Eu me pergunto se ele sempre quis fazer parte de um Clube
de motoqueiros.

— O quê? — ele pergunta.

— Eu estava apenas curiosa, o que você queria ser quando


crescer? — eu brinco com sua tatuagem de crânio esmagado em suas
costas, a insígnia do Clube.

Shadow fica parado por um segundo, pensando. — Eu queria ser


como meu pai, — diz ele com tristeza, me fazendo se arrepender da
minha pergunta.

— E você? — pergunta ele.

Eu sorrio para ele, sabendo a minha resposta vai chocá-lo.

— Uma bailarina.

Shadow bufa, me fazendo rir.

— E, por que não? — ele pergunta, sério.

Eu balanço minha cabeça. A lembrança de por que eu não era


uma bailarina faz com que o meu peito se contraia com raiva. Eu
suspiro alto.

— Eu comecei a praticar balé jovem; eu adorava. Eu ensaiava


quase todos os dias. Quando fiquei mais velha e minha mãe se tornou a
cadela que ela é hoje, balé se tornou a minha fuga. Eu me sentia como
uma princesa, sabe? — eu olho para Shadow, seus lábios se
transformando em um sorriso. — Quando fiquei mais velha, eu me
tornei boa, realmente, muito boa. Meu instrutor queria que eu ajudasse
a ensinar as crianças mais jovens, talvez até obter uma bolsa de
estudos. Quando eu disse a minha mãe, ela ficou tudo, menos animada.

~ 239 ~
Ela me disse que agir como uma princesa não era uma opção de
carreira para sua filha e para continuar a escola. Ela não só me fez
recusar a oferta, desistir do balé. Ela disse que eu precisava me
concentrar na escola. Ela drenou minha conta bancária para que eu
não pudesse pagar pelas aulas, no caso de eu tentar ir às escondidas.
— uma lágrima escapou dos meus olhos inchados enquanto eu contava
a memória dolorosa. Me lembro como se fosse ontem, mas na realidade
foi há alguns anos atrás.

— Se não fosse por sua mãe, você ainda iria fazer isso hoje? —
Shadow pergunta baixinho, seu polegar limpando a lágrima solitária.

Eu olho em seus olhos azuis. — Definitivamente. — não há


nenhuma dúvida em minha mente que eu ainda estaria fazendo balé, se
não fosse por ela. Ela nunca se importava em ouvir o que eu queria,
mesmo que isso me fizesse feliz. Ela se importava com status e com o
que os outros pensavam dela, mesmo que isso me fizesse infeliz.

Shadow balança a cabeça em concordância, o polegar que roçou a


minha lágrima agora esfregando o lábio inferior.

— Sua mãe se foi, quando voltarmos você estará começando balé


novamente. — seu tom de voz é grave e dominante.

Antes que eu possa lhe dizer que não, ele me interrompe.

— Você não vai sair dessa, eu posso ver quanta paixão você sente
por isso. Ela não está aqui para te colocar para baixo mais. Você está
fazendo isso e você vai ser incrível, eu não posso esperar para te ver
ensinar as meninas a serem princesas. — ele diz cada palavra com um
grande sorriso bobo.

Eu não posso evitar o sorriso que rasteja acima em meu rosto,


suas palavras carinhosas se infundem em minha alma.

— Partimos amanhã, — afirmo. Eu não quero voltar para o Clube


e o perigo da mãe de Shadow.

— Sim, provavelmente, vamos sair cedo. Aposto que eles precisam


de ajuda para arrumar a pós-festa. — Shadow se senta na cama, com o
cabelo saindo em todas as direções. O homem é mais sexy quando ele
tem cabelo na cama do que nunca.

— Para a coisa de encontro de motos? — eu pergunto.

~ 240 ~
— Sim, normalmente é divertido. Mas tem havido problemas no
passado, — diz ele, passando as mãos para trás e para frente através de
seu cabelo.

— O que você quer dizer?

— Oh, os policiais geralmente fervilham no local, esperando que


um motoqueiro faça merda; e eles tenham uma oportunidade para
cavar mais fundo; clubes rivais também vão e merda assim, — diz ele,
esfregando as mãos sobre a barba em seu rosto. Ela cresceu um pouco
ao longo dos últimos dias e dá a seu rosto uma aparência mais escura.

— Nada acontece há algum tempo, mas fique perto de mim, — diz


ele, me olhando.

— Obrigada por me trazer aqui, Shadow. Realmente tem sido


ótimo. — tem sido um grande passo para nós, ficar longe, mas eu ainda
preciso saber mais. Eu preciso saber tudo sobre Shadow.

— O que você disse que iria me dizer, você está pronto? — afirmo,
frustrada.

Shadow se levanta da cama, jogando os lençóis de cima dele para


cima de mim. Suas bonitas nádegas me cumprimentam, me fazendo
olhar.

Ele pega uma cueca da gaveta e a veste, bloqueando suas


nádegas bonitas da minha vista.

Eu olho para cima e o vejo olhando para mim, me prendendo com


o seu olhar intenso.

Ele quebra seu olhar e olha em direção à praia.

— Eu mato pessoas, — ele murmura.

Eu sei disso. Eu vi como ele matou Ricky sem pensar duas vezes.
Ele me disse que matou pessoas, era isso que ele estava com tanto
medo de me dizer?

— Sim, eu sei, — eu respondo.

— Não, eu quero dizer que eu mato pessoas para ganhar a vida.


— responde ele, seu tom alarmante.

O meu coração para de bater por alguns instantes. — O quê? —


eu suspiro, com desânimo.

~ 241 ~
— O que, não é a história de príncipe encantado que você queria
ouvir? Você queria saber essa merda, então aqui está. Eu mato pessoas
por dinheiro! — ele grita comigo, irritado.

— Como um atirador? — eu pergunto, minha voz tímida.

— Eu acho que você pode me chamar disso, — diz ele, sentado na


cama. Seus cotovelos descansam sobre os joelhos enquanto ele esfrega
o dedo para frente e para trás sobre seu lábio inferior.

— Por quê? — eu pergunto.

Ele se vira e olha para mim. Ele parece estar reunindo seus
pensamentos.

— Crescendo da forma como cresci, eu tive que aprender a


ignorar as coisas para viver. Eu finalmente me tornei insensível, apenas
a casca de uma pessoa. — ele faz uma pausa, olhando para mim, antes
de continuar.

— Quando entrei para o MC, Bobby e eu nós fomos instruídos a


matar uma testemunha em potencial, um rato. Bobby não conseguiu,
então eu fiz isso. Quando eu matei essa pessoa foi quando eu percebi o
quão insensível eu havia me tornado ao longo dos anos. De repente, eu
me sentia vivo, cru e poderoso, pela primeira vez, finalmente no controle
de alguma coisa.

— Bobby e eu fomos enviados para tirar um monte de ameaças do


caminho depois disso. Quando eu matava, por um breve segundo, eu
sentia algo diferente da dormência que havia se tornado meu túmulo. O
assassinato trouxe de volta uma sensação que nenhuma droga ou
buceta poderia oferecer. Se tornou um vício. — seus olhos azuis vívidos
se tornam cinza. — Eu era bom no que fazia e eu gostava disso.

Shadow faz uma pausa, olhando para mim esperando alguma


coisa, mas estou abismada com a informação que ele está me dando.
Ele gosta de matar pessoas; sua sombra é tão escura que nunca
poderia se comparar com a minha.

— A notícia do que eu era correu e eu comecei a fazer trabalhos


para clubes locais. Eles disseram que eu era o garoto que vive dentro de
sua sombra, sem alma, sem remorso. Eventualmente, a notícia foi mais
longe e eu fiz trabalhos para os civis. — ele olha para mim, seus olhos
penetrantes até a minha alma.

Eu não sei o que dizer; ele é um atirador. Eu não poderia


imaginar nem em um milhão de anos, que o homem que eu amo iria

~ 242 ~
desfrutar de matar pessoas e ser pago para o fazer. Essa seria a única
maneira que ele poderia escapar de seus demônios. No fundo, eu sinto
pena dele. Eu sinto que eu poderia esfaquear Cassie um milhão de
vezes pelo que ela fez com ele, o que ela fez dele.

— Diga alguma coisa, — diz ele, me tirando dos meus


pensamentos.

— É por isso que você é tão rico? — pergunto, em transe.

— O quê? Eu não sou nenhum milionário. Sou pago; eu sou bem


pago. Eu não uso muito deste dinheiro, por isso ele acumulou ao longo
dos anos, — diz ele, de pé.

— Quando foi a última vez que você fez isso? — pergunto.

— Não desde que você apareceu; eu não tenho sentido a


necessidade. Você me tira da minha escuridão. Quando eu a tentei
empurrar para longe, eu senti a necessidade de matar; me senti
desamparado e fora de controle. — ele caminha até mim e agarra meu
rosto e olha nos meus olhos.

— Então, você não vai mais fazer isso? — eu pergunto,


esperançosa. Shadow suspira e passa as mãos pelo seu cabelo para trás
e para frente antes de olhar para mim.

— Eu não vou fazer fora do Clube mais. O que Bull e o Clube


precisam de mim, está fora do meu controle, — diz ele. Eu balanço
minha cabeça em compreensão, enquanto meus olhos ardem para
conter as lágrimas.

Eu olho para ele, e o vejo olhando para mim, precisando que eu o


aceite. Eu amo Shadow, mesmo que ele venha com esta escuridão.
Quem sou eu para julgar, eu tenho sombras escuras também. Quem vai
dizer que as minhas não são tão confusas quanto às dele.

— Por que você não confiou em mim para me dizer isso antes?
Você tinha medo de que eu iria correr para a polícia ou te deixar? —
questiono.

Shadow dá de ombros.

— Um pouco dos dois, — ele responde com sinceridade.

Dada à história da minha mãe de fugir, eu posso ver por que ele
iria pensar isso. Verdade seja dita, se eu não fosse completamente louca
por Shadow, eu provavelmente teria corrido para longe dele.

~ 243 ~
Eu olho em volta da casa e as roupas que ele comprou; tudo pago
por sangue. O sangue de pessoas inocentes?

— Que tipo de pessoas você mata? — pergunto. Sua mandíbula


cerra, ele está ficando frustrado com as minhas perguntas.

— Eu não sei. Eu nunca perguntei qual o motivo de eu ser


contratado, eu só fiz o que tinha que fazer e recebi o pagamento, — diz
ele com firmeza antes de olhar para mim.

— Bem, houve uma vez que eu perguntei o porquê. Quando eu


recebi a informação sobre o alvo, eu vi que era um menor do sexo
feminino. Eu nunca tive que matar um menor de idade. — Shadow para
e olha para mim. Posso dizer que ele está preocupado em me dar essa
informação. Tomo suas mãos, tão grandes que engolem as minhas, e
dou um aperto reconfortante.

— Pode confiar em mim, — eu sussurro.

— Quando perguntei a razão para o assassinato, me foi dito que a


menina era uma babá que a família tinha contratado quando a criança
nasceu. Um dia a menina foi pega batendo no bebê. Foi tão ruim que a
criança foi enviada para o hospital. Ela bateu no bebê para o fazer parar
de chorar, eles me disseram. — Shadow olha para mim, a escuridão
nadando em seus olhos.

— Eu matei a cadela com prazer, — diz ele.

Eu olho para ele, entendendo. Se o meu filho fosse ferido sob a


vigilância de alguém e essa pessoa fosse um menor de idade que iria ser
tratado suavemente pela lei apesar de suas ações, eu teria contratado
Shadow também.

— Não olhe para mim como se eu fosse a porra de um herói, eu


duvido que todo mundo que eu matei estava errado, — diz ele, me
tirando da minha fantasia. — Olha, eu sei que é muito para aguentar.
Eu entendo se você quiser me deixar...

Corto Shadow. — Eu não vou a lugar nenhum, — eu digo


rapidamente.

— Eu ia dizer, se você quiser me deixar, eu sinto muito, você é a


minha old lady agora. — Seus lábios se abrem em um sorriso sinistro,
me lembrando que eu sou dele, até que ele diga o contrário.

~ 244 ~
Capítulo Vinte e três
DANI
Chegamos ao apartamento depois de uma
semana de felicidade luxuosa e verdades sinistras,
para o encontrar parecendo uma lixeira e cheirando
a podridão.

— Oh, meu Deus, que cheiro é esse? —


pergunto, cobrindo o rosto com a dobra do meu
braço.

Shadow vem atrás de mim, sem bagagem e


estremece com o cheiro.

— Isso seria Bobby, o homem é a porra de um porco, — ele


murmura, não satisfeito.

— Bobby! — Shadow grita, chutando o lixo no chão. — Bobby! —


ele grita novamente.

— Eu não acho que ele está aqui, — eu digo, tentando abrir


caminho para a cozinha.

Ouço Shadow rosnar e soltar uma maldição enquanto ele faz o


seu caminho para o nosso quarto, me fazendo rir.

Chego sob o balcão, puxo um saco de lixo e começo a recolher o


lixo.

— O que diabos você está fazendo? — exige Shadow.

— Alguém tem que limpar isso. — eu respondo enquanto pego


uma caixa de pizza vazia.

— Não, ele vai ter que limpar essa merda. — Shadow se aproxima
e rasga o saco de lixo das minhas mãos. — Ele deve estar no Clube,
vamos para lá. Tenho certeza de que Babs vai precisar de sua ajuda e
toda a turma deve estar lá. Esta noite é o encontro de motos, — diz ele,
olhando para o apartamento.

Ele olha para mim, — Você acha que pode montar com as suas
costelas doloridas?

~ 245 ~
Olho para o que estou vestindo; um top brilhante com lantejoulas
de ouro que cai no meio da coxa com leggings pretas e sandálias
douradas. Não é exatamente algo que eu escolheria vestir para andar de
moto, mas eu sinto falta daquela sensação de liberdade e eu não me
importo de mudar.

— Sim, minhas costelas estão muito bem! — eu digo


animadamente.

— Bom, eu sinto falta da minha moto, — diz ele, agarrando dois


capacetes do sofá.

Nós saímos no térreo e vamos para sua moto. Dentro de minutos


estamos na rodovia. O sol está brilhando e o vento é quente. Eu deveria
ter agarrado minha jaqueta de couro para depois que o sol se pôr, mas
eu não tenho sido capaz de a encontrar desde antes de nossa viagem.
Espero que eu a tenha deixado na sede do Clube.

Shadow curva seu braço para trás para descansar a mão na


minha coxa. Meu corpo grita, vivo com sua reivindicação.

Quando estacionamos no Clube, o pátio é um mar de motos, mais


cheio do que o habitual. Shadow coloca sua moto em seu lugar de
sempre e me ajuda a descer. Há música alta bombando dentro do
Clube, crianças correndo ao redor com uma bola de basquete, e o cheiro
de churrasco no ar.

— O que é tudo isso? — eu pergunto. Será que perdemos o rali de


moto?

— Parece uma pré-festa antes da pós-festa, — Shadow diz,


sorrindo. — Esta festa é mais voltada para as famílias, a de depois não
vai ser.

Ele tira o meu capacete, me olha e franze a testa.

— O quê? — eu pergunto.

— Nada, é só que você precisa de um patch de propriedade. Você


parece disponível, como uma bunda doce, e eu não quero ter que bater
a bunda de um irmão que estiver olhando para você. — ele passa as
mãos pelos cabelos.

— Uma bunda doce? — eu estou totalmente confusa.

— Sim, como uma prostituta do Clube, — diz ele, sério.

~ 246 ~
— Você acabou de me chamar de prostituta? — agora eu estou
ofendida. A minha boca escancarada como uma idiota.

— Não, eu disse que você parece com uma.

— Isso é muito melhor! — digo, sarcasticamente. Eu não posso


acreditar que ele apenas disse que eu pareço uma prostituta.

— Shadow! Bem-vindo de volta, irmão, — diz Bobby, caminhando


em nossa direção. Ele tem uma menina loira atada a seu lado que está
vestindo uma pequena saia preta e um muito pequeno top preto. Seu
sutiã rosa está cobrindo mais seus peitos do que o top. Ela usa joias
falsas e saltos rosa sacanagem.

— Você está chateada, — Bobby me diz.

— Desculpe, isso tende a acontecer quando eu sou chamada de


prostituta, — eu digo, olhando para longe.

Bobby olha para Shadow com uma sobrancelha levantada.

— Não é assim; eu disse que ela se parece com uma bunda doce.
— Shadow parece irritado.

Bobby ri. — Você está deslumbrante como sempre, Dani, — diz


ele e olha sobre seu braço docemente.

— Eu acho que o que Shadow está tentando dizer é que você não
está usando um colete. Você não está usando um patch. Ou seja, você
não parece ter sido reclamada, de modo que você parece estar livre.
Meninas que usam coletes que dizem que são propriedade de alguém
não são fodidas. Você não tem um, então você parece com uma bunda
doce.

Ele aponta para uma mulher que está parada alguns passos
atrás. — Está vendo ela? Seu patch diz ―Propriedade de Tank‖. Ninguém
vai tentar dormir ou transar com ela, a menos que eles queiram que
todo o Clube persiga a sua bunda. Ela é uma old lady.

Em seguida, ele aponta para a garota em seu braço. — Ela não


tem um patch, por isso, os homens estarão a sua volta a procura de um
divertimento. O mais provável é que eles vão conseguir. Ela é uma
bunda doce.

A menina dá um tapa no ombro de Bobby em desgosto. — Você é


um idiota, — diz ela com raiva e vai embora.

~ 247 ~
Bobby dá de ombros. — O mais triste é que ela vai chupar meu
pau antes da noite acabar. — ele sorri, satisfeito.

Bobby bate nas costas de Shadow. — Boa sorte, cara. — ele


começa a andar para longe antes de se virar, — Eu quase me esqueci,
agora que você está de volta, Bull quer marcar uma missa.

— Eu teria explicado, mas você ficou toda ofendida e pirou a


merda antes que eu pudesse, — Shadow diz, pegando a minha mão e
me puxando em direção ao Clube.

Conforme nos aproximamos, eu vejo mais de old ladies e seus


coletes alegando a quem elas pertencem. Porque eu não tenho um; eu
sou a old lady de Shadow, certo? Eu quero um? Shadow me dizendo
que eu sou sua com as portas fechadas é uma coisa, mas dizer ao
mundo inteiro que eu fui reivindicada como sua propriedade parece um
pouco fodido.

Quando entramos na sede do Clube, eu sinto menos cheiro de


churrasco e mais de cigarros, perfume barato, e bebida. Eu mal posso
ouvir meus pensamentos sobre a música berrando e eu estou apertando
a mão de Shadow tão apertado que eu posso sentir meu coração
pulsando através de meus dedos.

Shadow se inclina perto do meu ouvido e ainda tem que gritar: —


Eu tenho missa. Vá para a cozinha e ajude Babs. Não saia sem ela para
qualquer lugar. — eu aceno com a cabeça e começo a andar em direção
à cozinha. Então, ele me puxa para trás pelo meu cotovelo, me parando.
— Estou falando sério, não saia sem ela.

Concordo com a cabeça novamente e me encaminho para a


cozinha. Quando eu entro, há um punhado de mulheres usando coletes
com patches de propriedade. Elas estão rindo de alguma coisa, mas
param abruptamente quando me veem.

Uma mulher estreita os olhos para mim e diz: — As cadelas estão


ficando cada vez mais jovens, eu juro. — então ela revira os olhos. —
Você pode voltar por onde entrou, — diz ela, virando as costas como se
eu fosse lixo que precisa ser retirado.

Babs zomba e olha para a pessoa a quem a mulher está se


referindo; eu. Seus olhos se iluminam. — Esta é Dani, filha de Bull. Ela
não está transando com seu homem, se acalme. — Babs olha para a old
lady.

~ 248 ~
Seus olhos ficam selvagens e seu rosto de repente empalidece. —
Oh, merda, — diz ela, sorrindo. — Sinto muito.

— Imbecil, — diz Babs, rindo para ela.

Talvez eu precise de um desses patches malditos afinal de contas.


Estou aqui há cinco minutos e já me confundiram com uma bunda doce
mais do que eu posso aguentar.

— Dani, estas são Cherry, Molly, Pepper e Vera, — diz Babs,


apontando para cada menina com a faca. Todas elas têm coletes com
patches de propriedade e parecem amigáveis; todas, menos Vera.

Cherry é uma loira morango, talvez um pouco mais velha do que


eu, com olhos azuis. Ela sorri e parece que ela tem um jeito irrequieto.

Molly é uma morena de olhos castanhos, que tem que estar na


casa dos cinquenta. Ela é um pouco mais robusta do que as outras.

Pepper tem o cabelo preto com pequenas mechas cinza


espalhadas. Ela é, obviamente, a mais velha, mas seus olhos verdes
fazem seu olhar feroz e sábio.

Depois, há Vera. Ela parece estar em seus trinta anos, com cabelo
castanho avermelhado e o mais brilhante batom vermelho que você
pode imaginar. Ela parece uma cadela total.

— Olá, prazer em as conhecer, — eu digo educadamente para as


meninas.

— Você precisa de alguma ajuda, Babs? — eu pergunto,


ignorando as meninas enquanto elas estão me avaliando.

— Não, eu acho que está tudo sob controle. Acho que estamos
prestes a sair para o show de moto, logo que os meninos terminarem a
missa, — diz ela, jogando a faca na pia.

— Você deve ter cuidado, não tendo sido reclamada e tudo, — diz
Vera, encostada ao balcão. Sua voz soa condescendente, e envia
bandeiras vermelhas para minha cabeça. Tanto que, com o olhar que
ela está me dando, eu a quero esfaquear com uma das facas de Babs.

— Ela é filha de Bull, ninguém seria estúpido o suficiente para


foder com ela, — diz Pepper, acendendo um cigarro.

— Sim, mas ela não é daqui. Ela poderia muito bem ser uma civil;
Alguém poderia pensar que ela é uma prostituta, — diz Vera, me
olhando. — Eu achei que era.

~ 249 ~
Elas estão falando como se eu nem mesmo estivesse no lugar.
Que diabos?

Eu olho de volta para ela, meu pulso acelerado. Meu pai não
gostaria que eu começasse uma briga depois de estar de volta há
apenas cinco minutos, mas se eu não for capaz de defender a mim
mesma, então ela nunca vai me respeitar. Respeito parece ser uma alta
prioridade por aqui e eu tenho que o ganhar.

— Com esse batom indecente que você está usando, alguém


poderia pensar o mesmo sobre você, — eu digo, franzindo os lábios.

Babs começa a rir junto com as outras senhoras.

Vera sorri para minha observação, inclinando a cabeça para o


lado. — Feroz. Eu já gosto de você. — seu rosto se transforma em um
sorriso.

As portas da cozinha se abrem e um cara entra por elas; ele


parece familiar. Ele está usando uma bandana preta e tem uma barba
preta que é trançada. Eu olho para a seu colete em busca de seu nome
e vejo que diz "Old Guy". Em seguida, me vem como um relâmpago; ele
é o cara que quase bateu em mim na noite que eu ajudei como
garçonete.

— Ei, senhoras, nós estamos indo para fora. Arrumem suas


merdas e vamos montar, — diz ele, puxando Vera no seu lado. Ela deve
ser sua old lady, pela forma como eles começam a se beijar. A maneira
como ele falou comigo naquela noite não me deu a impressão de que ele
tinha uma old lady. Rezo para que ele não me reconheça; o que só
poderia piorar as coisas entre Vera e eu.

Vera começa a beijar seu pescoço. Ele vira o rosto para a deixar
entrar na curva do seu pescoço e me vê. Ele sorri um sorriso faminto e
pisca para mim. Merda, ele me reconhece.

Com isso, me viro para ir em busca de Shadow. Assim que eu


abro as portas da cozinha, lá está ele.

— Pronta? — pergunta ele, me puxando em seus braços.

Concordo com a cabeça e agarro sua mão, indo para a porta. Ao


invés disso, ele me leva para a sala de reunião. — O que você está
fazendo? — eu pergunto, confusa.

Ele vai até uma cadeira na ponta da mesa e puxa para cima a
minha jaqueta de couro.

~ 250 ~
— Eu estive procurando por isso! — eu grito, tentando a agarrar,
mas ele a puxa do meu alcance.

— Espere, olhe, — diz ele, virando a jaqueta para mim.

Eu olho para ela, mas eu não percebo nada diferente. Em


seguida, ele a vira, assim eu estou olhando para a parte de trás. Fico
atordoada com o que vejo.

Tem patches; um diz ―PROPRIEDADE DE SHADOW‖, e o outro


tem o símbolo do Devil‘s Dust.

Eu não sei o que dizer. No início, eu pensei que vestir um patch


de propriedade em público era ridículo; como um cão com uma coleira
de cachorro. Mas depois de ver as marcas, e sentir a falta de respeito do
resto do Clube por não os usar, eu quero mais do que tudo.

Shadow a desliza em meus braços e me puxa para ele.

— Agora você é minha e todo mundo vai saber disso, — diz ele,
me fazendo suspirar de emoção.

Eu mordo o lábio inferior e choramingo com amor e luxúria


vibrando através do meu corpo, fazendo com que Shadow solte uma
risada.

— Vamos ou nunca conseguiremos chegar a tempo para o show.


— ele me vira para a porta.

Quando chegamos à moto de Shadow, Bobby começa a bater


palmas e todo mundo o imita. Eu fico vermelho-cereja quando ouço
assobios, e todos parabenizando Shadow. Você pensaria que eu tinha
acabado de casar com toda a emoção no ar. Eu me sinto respeitada
quando eu vejo acenos e sorrisos de outras old ladies.

— Já era hora, irmão, — diz Bobby com um sorriso espalhado no


rosto. Olho para o meu pai. Ele não está batendo palmas e não parece
feliz.

— Sim, foda-se, — Shadow diz a Bobby, com um sorriso igual


espalhado no rosto.

As motos de todos arrancam após Bull ligar a sua. O som alto,


ensurdecedor dos motores enche meus ouvidos. Meu corpo inteiro vibra
com a liberdade.

Bull puxa para fora e todo mundo segue.

~ 251 ~
*****

O show motos é realizado ao longo da praia e faz ziguezagues


através das ruas adjacentes. Há motos de rua em todos os lugares e
caminhões que transportam motos customizadas ocupando vagas no
estacionamento. Eu posso sentir o cheiro de couro e de cano de escape
antes mesmo de chegar.

Eu desço da moto e espero o próximo movimento de Shadow. Eu


olho em volta para os meus arredores e vejo um monte de homens
robustos vestindo coletes de couro com patches de diabo, balas de
prata, fantasmas e muito mais. Do lado da estrada, eu vejo uma
ambulância e cerca de uma dezena de carros de polícia pretos e SUV;
pronto para qualquer momento.

Shadow agarra a minha mão. — Pronta? — pergunta ele.


Concordo com a cabeça e seguimos os outros.

À medida que nos aproximamos da ação, eu posso ouvir


Nickleback tocando e posso sentir um pouco de cheiro de frango, mas o
cheiro de couro e de escape são mais fortes. Passamos por um monte de
motos diferentes; personalizadas com garotas seminuas posando ao
lado delas. Há algumas pessoas que não estão vestindo coletes, mas
não muitas; eles parecem correr para fora do nosso caminho quando
nos veem. Isso me faz sentir poderosa. Eu amo isso.

— Quer uma bebida? — Shadow aponta para um trailer com


barris nele.

— Sim, — eu respondo.

Caminhamos com Bobby para obter nossas cervejas. Eles


começam a falar sobre entradas de ar, pneus, e mais outras coisas de
moto que eu não entendo.

Depois de cerca de uma hora de caminhada ao redor, olhando


para motos, e a cerveja que Shadow me entregou, eu estou prestes a me
irritar. Eu olho para fora, procurando por um banheiro, mas apenas
vejo banheiros químicos. Merda.

Os caras param e começam a olhar para mais motos. Eu olho


além e vejo uma moto verde metálica que se parece com um dragão. É
incrível o que as pessoas podem fazer com essas coisas; o motor tem

~ 252 ~
uma placa sobre ele que se parece com asas saindo do dragão e a roda
na parte de trás é enorme.

— Parece que Shadow reclamou você, — uma voz soa fora atrás
de mim. Eu viro e vejo Chelsea e Candy, ambas de pé com os braços
cruzados, parecendo putas como sempre.

Eu olho em volta, mas Shadow não está próximo.

— Sim, desculpe, senhoras, — eu digo, tentando andar para


longe, mas Chelsea agarra meu cotovelo.

— A menos que você queira se parecer com ela, — eu aceno em


direção ao nariz quebrado de Candy, — É melhor você me deixar
fodidamente ir. — minha voz está ameaçando e pingando veneno.
Minha raiva brutal ainda me surpreende. Definitivamente eu não sou a
mesma menina que eu era em Nova York.

Chelsea ri. — É melhor você se divertir, querida. Não vai durar


muito tempo, — diz ela, apontando para o meu patch. Ambas sorriem e
andam para longe, me deixando com raiva como o inferno.

Eu fico na ponta dos pés e vejo Shadow duas motos atrás. Faço o
meu caminho através da multidão e o encontro conversando com uma
puta de motoqueiro. Ela tem tranças loiras e está vestida de roxo para
combinar com a moto que ela está posando perto. Um sutiã roxo, uma
tanga roxa e meias arrastão roxas são rematadas por botas roxas na
altura do joelho. Ela passa a mão pelo peito de Shadow, arrulhando
algo para ele, mas ele só se inclina a cabeça para o lado, e sorri.

Vou até ele e limpo minha garganta. A menina me olha com


desgosto.

Já com raiva de Chelsea e Candy, eu não quero nada mais do que


quebrar seu nariz com o meu punho, mas eu realmente estou prestes a
me irritar.

— Eu tenho que fazer xixi. — eu grito com ele sobre a música e o


bate papo em torno de nós.

Eu ando em direção aos banheiros, não sendo capaz de segurar


por muito tempo.

— Dani, você não pode ficar com ciúmes cada vez que uma
menina olhar para mim, — diz ele, andando rapidamente atrás de mim.

— Foda-se, — eu cuspo de volta, andando no meio dos traillers.

~ 253 ~
Shadow agarra meu braço e me puxa para ele. — Você não pode
simplesmente fugir; não é seguro. — ele joga minhas costas contra um
trailer.

— O que diabos está acontecendo? — Bull pergunta, dando a


volta no trailer.

— É tudo culpa sua, — uma voz soa trêmula. Nós olhamos para
cima na extremidade oposta do trailer para ver Cassie descontente
apontando uma arma para nós.

Shadow se estica na posição vertical e me empurra para trás


quando ele vê sua mãe.

Então Bobby aparece no canto também. — Ei, eu vi vocês


fugirem, está tudo cer... — Bobby para quando vê Cassie.

— É tudo culpa sua que ele está morto, — ela grita, tremendo. Ela
é tão instável que suas mãos tremem na arma de forma incontrolável;
seu dedo é pressionado firmemente contra o gatilho, me fazendo
desconfortável.

— Eu nunca conseguiria terminar o negócio, eu sabia disso. Mas


eu pensei que eu poderia fazer essa cadela para falar... e, em seguida,
Ricky ... e sangue ... — ela começa a divagar e não faz qualquer sentido.

De repente, corpos rodeiam o outro lado do trailer; homens


usando coletes com patches de olhos loucos.

— Bem, bem, bem, — diz um deles, com a cabeça raspada.

— El Locos, — Bobby respira.

Me lembro deles; eles foram os responsáveis pelo tiroteio na casa


segura. Como eu poderia os esquecer?

Cassie se vira ao som, apontando a arma para os El Locos, mas


apenas brevemente antes de se voltar para nós.

Ela aponta a arma para mim gritando: — Desculpe. — ela deixa


cair à cabeça e arma o gatilho.

Um grande estrondo soa, me fazendo gritar. Eu fecho meus olhos


e espero a dor, mas nada vem. Quando abro os olhos, Cassie está em
estado de choque puro. Sua boca está aberta e sangue começa a cobrir
seu peito. Ela deixa cair à arma e cai de joelhos, com falta de ar.

— FBI, deite chão agora!

~ 254 ~
Eu olho em volta e vejo um enxame de pessoas com uniformes
pretos cercando os trailers e apontando armas para nós.

Shadow me empurra com força e minha cabeça se encosta no


chão. Meu coração está batendo tão forte que eu posso o sentir
pulsando em meus dedos. Eu olho para fora, debaixo do trailler e vejo
botas pretas correndo para longe do outro lado. Quando a pessoa está a
certa distância, eu posso ver que é Bobby com uma arma na mão. Será
que ele atirou em Cassie?

— Olhe para mim, — sussurra Shadow. O verde esmeralda de


meus olhos se prendem em seus olhos azuis tempestade.

— Merda, eles atiraram na informante, — ouço uma voz familiar


dizer. Eu olho para cima e o sangue é drenado do meu corpo; o meu
coração para de bater e eu posso sentir meu rosto pálido.

É Stevin, vestindo um blusão azul que diz FBI.

Um dos El Locos sai do chão e caminha em direção Stevin. —


Cara, se eu soubesse que ela ia fazer isso, eu teria abordado dela, — diz
ele.

— Você é a porra de um traidor, — outro dos El Locos grita.

— Você viu quem atirou nela? — Stevin pergunta.

— Não, foi um deles, no entanto, — diz ele, apontando para nós.

— Eles fizeram o que? — eu ouço uma voz familiar dizer,


chegando ao redor de um trailler ao nosso lado.

Minha mãe se aproxima de Stevin; ela também está usando um


blusão azul que diz FBI.

Meu mundo começa a girar; me sinto hiperventilar.

Stevin e minha mãe me ouvem com falta de ar e começam a


caminhar em minha direção.

— Merda, — murmura Stevin.

Minha mãe se inclina e sorri como o diabo.

— Alguém chegue aqui; nós temos uma testemunha, — minha


mãe grita. De repente, eu sou levantada do chão; tudo se move em
câmera lenta.

— A levem para a proteção a testemunhas agora, — diz ela.

~ 255 ~
— Diga adeus ao Lover Boy16 , — ela sussurra em meu ouvido
enquanto eu estou sendo empurrada.

Olho para Shadow, que está tão chocado quanto eu. Em seguida,
seu choque desaparece, sendo substituído por um olhar de confusão e
pura traição.

Um dos El Locos é um infiltrado; minha mãe é um agente do FBI;


e eu pareço ser um deles. Os olhos vítreos de Shadow sobem com ódio
puro; cada pequena gota de amor substituído por desconfiança.

Minha mãe assinou meu atestado de óbito, me fazendo uma


possível ameaça para o Clube. Shadow mata pessoas como eu. Antes
que eu possa dizer qualquer coisa, ele vira a cabeça em desgosto e eu
sou transportada para fora de sua vista atrás de um trailer.

16 LOVER BOY: Garoto Amante é como ela se refere à Shadow.

~ 256 ~
Epílogo
DANI
Sou levada a uma sala de interrogatório
estereotipada. Há uma mesa de metal com uma
cadeira na minha frente e um espelho de duas faces
por trás disso. Há também uma câmera no canto
superior; acho que eles não querem perder nada.
Tem cheiro de água sanitária e café aqui.

Eu olho para baixo, no copo segurando o café


marrom. Minhas unhas cavam o lado fazendo
sulcos enquanto eu tento fazer sentido de tudo.
Olhando para trás, eu quero saber como eu estava tão cega. As coisas
fazem sentido agora, como minha mãe me ressentindo mais uma vez
que ela esteve com Stevin. Ela me usou; ela sabia que o clube não iria
acabar com ela, se ela me usou como alavanca. Me fazendo ser um rato
sela meu destino aos olhos do Clube. A confiança de Shadow agora é
nada além de um grão de areia ao vento do deserto.

Eu suspiro em derrota.

A porta se abre e um homem gordo entra com uma pasta. Ele se


senta na minha frente, abrindo a papelada sobre a mesa. Seu bigode
preto está em toda a sua pele pálida enquanto ele mexe seus lábios de
um lado para o outro.

— Senhorita Lexington, você reconhece este homem? — pergunta


ele, empurrando uma imagem do outro lado da mesa. Aparentemente,
ele não esse não é um ocioso bate papo.

— Não, — eu digo, sem olhar.

O homem suspira. Colocando os braços sobre a papelada, ele


cruza as mãos juntas. — Senhorita, isso vai muito mais fácil se você
apenas cooperar. — ele mexe o bigode como se estivesse agradando
seus lábios.

— Mais uma vez, você reconhece este homem? — ele empurra a


imagem em minha direção.

~ 257 ~
Eu olho para baixo e meu coração se torce. Eu respiro para me
acalmar e olho para o mugshot17 de Ricky diante de mim.

— Não, — eu disse, cruzando os braços e olhando para o outro


lado. — Nós terminamos?

— Sério? — pergunta ele, levantando os ombros. Ele cava em sua


pasta e tira outra foto. — Porque nesta foto, Adrian Kingsmen, também
conhecido como Shadow e o Sargento das Armas do Devil's Dust
Motorcycle Club, está levando você para fora da casa do homem.

Meus olhos se arregalaram para a foto empurrada na minha


direção, mostrando minhas mentiras em preto e branco.

— Você quer tentar ag-

O som do outro lado do vidro matizado corta o Sr. Bigode.

A porta se escancara e minha mãe entra em cena.

— Por que eu não sabia sobre isso? — pergunta ela, apontando


para a foto.

— Sadie, você não recebeu folga nisso? Você era muito próxima
para o caso e saiu dele. Você precisa voltar para a outra sala agora. — o
cara calmamente aponta para a porta.

Minha mãe bufa, olha para mim e vai para fora da sala.

— Agora, onde estávamos? — pergunta o homem quando ele


embaralha sua gordura da barriga para a cadeira de metal.

— Este homem? — ele pergunta, apontando para a foto de Ricky.

Eu suspiro. Eu sei que tenho que dar a ele alguma coisa, mas
talvez eu possa dar a ele algo sem dar qualquer coisa.

— Ele chama a si mesmo de Ricky. Acordei naquela casa


sequestrada por ele e Cassie. Shadow e o resto deles me resgataram e
me levaram de volta ao clube. Fora isso, eu não me lembro. Eu estava
muito machucada; eu tive uma leve concussão. — eu empurro a foto de
volta em sua direção.

17

~ 258 ~
— Essa é Cassie? — ele pergunta, puxando outra imagem para
fora da pasta e a colocando sobre a mesa. Ele revela um mugshot de
Cassie para fora.

— Sim.

Ele acena com a cabeça.

Ele pega as mugshots de Bull, Bobby, Locks, Shadow, Babs, e


outros.

— O que você pode me dizer sobre o clube? — pergunta ele, ainda


jogando fotos sobre a mesa.

— Nada, — eu digo, olhando através das fotos; de Shadow em


particular.

— Com base em seu patch de propriedade, eu diria que você é


próxima de Shadow. — ele se recosta na cadeira com um olhar
presunçoso.

Eu olho para ele e depois para a foto de Shadow. Seus olhos azuis
picam os meus, mesmo através de uma fotografia.

— Olha, eu sei que você o quer proteger, mas você precisa se


proteger. Na sua situação, você é considerada uma ameaça para o
clube. Eu a quero proteger, mas você tem que me dar alguma coisa. —
ele começa a pegar as mugshots.

Eu dou de ombros a sua ameaça.

Eu sei que ele está certo, mas eu prefiro me arriscar na lei do


clube do que qualquer lei que esse gordo e minha mãe têm a oferecer.

Sr. Bigode rosna em frustração.

Ele puxa mais fotos e as lança sobre a mesa.

— Você quer proteger as pessoas que fazem coisas como esta,


senhorita Lexington? — pergunta ele, empurrando as fotos para mim.

Eu suspiro olhando as fotos horríveis. Há um homem com os


olhos fantasmagóricos, sua língua cortada e um buraco de bala em sua
cabeça. Outra mostra uma mulher com a língua cortada e uma ferida
de bala na cabeça. Eu engulo em seco.

— Nada? — ele zomba. — Bem, você pode se sentar aqui e pensar


sobre isso por um tempo; ver se alguma coisa me vem à mente. — ele
começa a pegar suas fotos e pasta.

~ 259 ~
— Eu não sei de nada, — eu grito, batendo na mesa com as mãos.
— Eles não dizem nada às mulheres! — eu grito quando a porta se
fecha atrás do Sr. Mustache18.

O que parece uma eternidade depois, a porta se abre e minha


mãe entra em cena.

Eu rolo meus olhos.

— Aqui está um sanduíche, — diz ela, estatelando ele em cima da


mesa.

— Obrigada, — eu digo, soando mais vadia do que eu pretendo.

— O que você está fazendo, Danielle? — ela se senta na cadeira


na minha frente.

— Se você está vai pregar o seu discurso ‗eu estou cuidando de


você‘, esqueça, — eu cuspo de volta.

— Quando eu conheci Stevin no clube, percebemos que tínhamos


algo em comum; Devil's Dust MC. Eu estava sofrendo por causa dele e o
caso dele estava em um beco sem saída por causa disso. Nós nos demos
bem, ele percebeu que eu era mais ativa do que ele pensava, me pegou
no treinamento e eu me tornei um agente do FBI. Juntos, nós
levaríamos o clube para baixo, mas a única maneira foi através de você,
infelizmente. — ela se inclina, rasgando o copo vazio.

— Eu tentei de tudo para conseguir as informações que eu


precisava enquanto eu estava lá, mas eles não quiseram me dar nada.
— ela começa a bater na mesa. — Quando eles tentaram nos levar para
a casa segura, eu tinha que voltar para o clube, mas eles eram mais
espertos do que eu pensava. — os olhos dela estão em mim quando um
silêncio constrangedor enche a sala.

— Será que você sabe sobre o drive-by19? — pergunto.

18 Ela faz referência ao bigode dele.


19É o tipo de assassinato (muito comum nos EUA) cometido por gangues que passam
num carro atirando na gangue rival.

~ 260 ~
— Não, meus homens não eram uma parte disso. — ela sorri, —
Mas ei, conseguiu terminar o trabalho.

Eu mordo meu lábio quando o meu corpo involuntariamente


rosna para ela; eu a quero matar. Que mãe não está chateada com uma
quadrilha atirando em sua filha?

— Você percebe que eles vão te matar agora? O Lover Boy não vai
querer nada com você, — diz ela com ironia.

— Sim, por causa de você. Tenho certeza de que você está feliz,
mas você é louca se você acha que eu vou a lugar algum com você. —
eu sento e olho para ela. — Eu prefiro viver nas ruas ou tomar minhas
chances com o clube; inferno, eu preferiria ficar um tempo na cadeia,
do que ter algo a ver com você. — eu me levanto e me inclino sobre a
mesa, meu rosto a centímetros do da minha mãe.

— Deixar você não foi a melhor coisa para o caso; se você pudesse
colaborar. — ela vira a cabeça e zomba de mim.

— Me deixe colocar isso para que você possa compreender. Te


odeio. Você está morta para mim. Leve o seu caso e enfie ele no cú. —
eu dou o sorriso mais falso que eu posso reunir e me sento.

Ela se levanta e caminha até a porta. — Você está errada, eu não


estou feliz. Nós não derrubamos o clube, mas nós vamos fazer isso.
Continua a se recusar a ajudar e você vai descer com eles. — ela bate a
porta, selando os laços cortados.

~ 261 ~

Você também pode gostar