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Universidade Federal Fluminense - Associação com liberdade/vida/verdade

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia - Discurso rico em significados escatológicos (heranças: platonismo e
História da Família Ocidental estoicismo)
- Submissão do corpo em relação à alma
Roteiro de Apresentação do livro “Casamento, amor e desejo no - Dirigido às mulheres para educá-las
ocidente cristão” - Hostilidade ao casamento
- Controle dos sentidos
- Combate a masturbação feminina
1- Autor e Obra - Pouco direcionado aos homens
- Celibato masculino sem problematizar o desejo
Ronaldo Vainfas (Professor Titular de História Moderna – UFF) - Virgindade = Casamento entre Deus e homens – Cristo e Igreja
VAINFAS, Ronaldo. Casamento, amor e desejo no ocidente cristão. São - Virgindade x Casamento
Paulo: Editora Ática, 1992.
• Casamento

2- Estrutura do Texto - Tolerado


- Visto como um mal
2.1 - Séculos III e IV
- Fonte de angustia, inquietação, turbulência versus serenidade da alma do
corpo virgem
• Virgindade:
- Equivalente à mentira, escravidão, morte

- Recorrente nos escritos e discursos Patrística Eclesiástica - Ainda não se valorizava a procriação no casamento

- Eixo da moral no período - Corpo x Gravidez

- Garantia de ascese (retorno a origem/imortalidade) - Incorruptível

- Dedicar-se à contemplação - Impedia um mal maior, por impedir a fornicação


- Estoicismo combate a defesa do matrimônio aliado e adversário do
• Castidade Masculina cristianismo.

- Voltada para a vida monástica 3- A sacramentalização do casamento


- Textos traduzidos nos séculos V e VI do grego para o Latim
- Não questionava o casamento -Fim do Império Romano: casamento mais difundido como prática social.
- Relatos dos monges acentuavam a dificuldade de vencer os • Alta Idade Média:
desejos/tentações
- Lembrança da mulher – diabólica / carnal = tentação - Casamento ligado à linhagem, à transmissão de herança e às relações de

Virgem = mulher sem sexo poder (o casamento não era universal, nem desejável para todos os filhos de
uma família nobre).
• Ideal de moral:
- A Igreja se mantinha à margem do casamento. Com a desagregação do
- Virgindade Império Carolíngio, ela passa a ser mais atuante. Capitulares parisienses do
- Castidade século IX normatizam os atos do casamento dos nobres.
- Continência • Século XII:

- Sacramentalização do casamento, assimilado a mistério da encarnação.


• Igreja
- O casamento exclui a castidade e exige o “pecado” da carne.
- Fragilidade dogmática, disputas internas, perseguição. Base para a - Transigências da Igreja em função da moral dos cavaleiros.
problematização da moral nos primeiros séculos. - Reforma Gregoriana.
- Combate aos gnósticos defendendo a instituição do matrimônio - Escassez de fontes acerca do casamento nas classes inferiores. Há sugestões
- Negar o casamento seria excluir os casados e conter a expansão da fé através de que o modelo eclesiástico foi bem aceito (Aries) e de que houve rejeição
da procriação. (Duby) por parte dos camponeses.
- Modelo do matrimônio baseado na tradição helenística e no estoicismo.
- Sacramentalização do casamento (celibato para o clero e casamento - O amor conjugal não se imporia como valor ideal do casamento antes do
monogâmico e indissolúvel para os leigos) nos séculos XII e XIII como século XIX.
triunfo político da Igreja. - Amar: entregar-se a Deus, dedicar-se à contemplação e à caridade.
- Erótica celeste: hierarquia entre o objeto do amor e os sujeitos.
4- A economia dos prazeres: o leito conjugal - Cópula como um signo do amor a Deus e ideia da concórdia.
- Os cônjuges deveriam querer o bem um do outro, deveriam até manter
- “Sistema” de vigilância e ordenação do leito conjugal. alguma amizade, desde que no âmbito da caritas.
- Valorização da antiga noção de “débito conjugal”, sem esquecer a ideia de - Excluído da moral conjugal, o amor não pôde se manifestar senão em
casamento como “remédio da concupiscência”. “textos profanos” e, banido do casamento, foi buscar o seu estímulo no
- Demanda explícita masculina e demanda implícita feminina. mundo das relações ilícitas.
- Mudança de imagem superficial em relação à mulher. - Personalização dos amantes, amor adúltero ou não-conjugal.
- No lugar da pena para a ilusão diabólica da mulher, os homens espantavam -Literatura cavalheiresca. Amor heróico, adultério carnal, mulher passiva.
agora o demônio da impotência. - Poesia trovadoresca: manifestação do amor cortês, responsável pela
- O ato era agora obrigado, mas excessos ainda eram condenados: ideias “invenção do casal amoroso”. Tratava-se, no entanto de um enlace de
estóicas. O único prazer lícito é o que visa a procriação. corações, jamais mistura de corpos. Exaltava o gesto feminino.
- Problemas relacionados ao lugar e ao tempo do coito. Antes do século XVI, - A Igreja repudiava as duas manifestações.
o “casal devoto” deveria se abster do coito em 273 dias do ano. - Abelardo e Heloísa.
- “Pecados contra naturam”: limitação do prazer.
- Limitação à vigilância do prazer. 5- O círculo da luxúria: a carne estigmatizada

• O imaginário do amor: erotização de Deus, espiritualização da • O desejo na esfera do casamento entre os séculos IX e XIII;
carne.
- Os luxuriosos: transgressores carnais, segundo os teólogos;
- Luxúria ou luxúrias? A qualificação das transgressões;

• Sodomia
• Fornicação como pecado masculino;

- Origem do Termo;
- Distinção de fornicação e adultério, segundo Agostinho;
- Sodomia e homossexualismo;
- Variação de punições e condenações para os fornicários;
- Distorção cristã da tradição judaica, segundo John Boswell;
- Reprovação da bíblia às relações entre pessoas do mesmo sexo
- “10 dias de jejum ao celibatário que fornicasse com uma mulher “vaga” ou
- Sodomia e Animalidade;
com sua serva, mesmo castigo dado ao marido que se unia à esposa “a
- Desvios da “genitalidade”;
maneira dos cães”“.
- Segundo Alberto Magno, no século XIII, a “cura” para a sodomia “poderia
- 40 dias de jejum caso o marido “conhecesse” a esposa no Natal ou no
ser obtida esfregando-se a pele da hiena no ânus do sodomita”;
domingo.
- Punições referentes à sodomia na Idade Média: Pouco rigorosa antes do
- A fornicação simples era menos punida do que um estupro e violação à uma
século XII e bastante violenta nos séculos XIII e XIV;
virgem.
- Punições referentes à sodomia na Idade Média: Pouco rigorosa antes do
-“Crime de Onan” (coito interrompido).
século XII e bastante violenta nos séculos XIII e XIV;

• Molície: • Bestialidade: Relações sexuais com animais

- “Passivos” ou “efeminados”, e outras representações para o termo até o - “Aproximações” com a sodomia;
século XV ou XVI, quando passou a significar “masturbação masculina”; - Punições para esta prática;

- Molície e o “Crime de Onan”; • Sistema de Indulgências, punições e condenações;


- Masturbação feminina;
- Práticas e contradições;

6- Conclusão

• Questões transversais:

- Recusa do prazer, “moral judaico-cristã”;


- Sexualização do pecado original como invenção cristã;
- Imagem “diabólica” da mulher x “homem espiritual”;
“Seria a moral cristã uma herança do pensamento clássico (platônico e
aristotélico) – muito menos “permissivo” do que alguns supõem?”.

-Filósofos clássicos x cristãos: Recomendação x imposição e austeridade no


que tange a esfera sexual;
-“Moral (ou morais) cristã” mutável e heterogênea;

7- Questões e Críticas

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