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Meu querido chefe

Série: Homens poderosos

Volume 1

Caroline de Almeida
Dedico este livro aos contos de fadas, sem eles, não poderiamos
sonhar.

Capitulo 1
ssa já é a terceira vez pela manhã que verifico o meu peso. Possuo
E uma pequena balança que fica no canto do banheiro, ela é a minha
pior inimiga. Desde pequena, vivo uma luta constante contra o meu
peso. Não que eu me ache horrível, nem nada. Eu até me acho bonita com
os meus cabelos loiros e olhos azuis que herdei do meu pai.
O meu único problema era a merda do meu peso.
60 kg. Argh.
Engordei dois quilos! Não devia ter ido naquela pizzaria ontem, mas foi
por uma boa causa, eu estava comemorando meu novo trabalho.
Eu estava trabalhando como secretária na Law Company há uma semana,
uma companhia de advocacia muito famosa pelo mundo inteiro e graças ao
meu CR obtido na faculdade de direito, consegui esse emprego dos sonhos.
Bem, Apesar de não exercer a minha profissão de advogada, acabei
aceitando o primeiro emprego que apareceu em minha frente. Para quem já
estava desempregada a três meses, esse emprego caiu dos céus.
Um dia ainda sonho em entrar para a promotoria de Nova Iorque.
Até agora não conheci o meu chefe, pois o mesmo foi fazer uma viagem
de negócios no Japão, mas ele deixou seu sócio no comando por hora,
Guido.
Guido era italiano, bem simpático e, digamos, mulherengo. Toda semana
ele vinha para cima de mim com algum apelido carinhoso, jogando seu
charme italiano para cima de mim.
O apelido dessa semana era mia bella.
Oh meu Deus, estou atrasada. Pego o primeiro vestido que vejo jogado
pelo quarto e me arrumo. Saio apressada, correndo pela Times Square, que
estava mais cheia do que o normal. Enquanto eu estava me concentrando
para não tropeçar nos meus pés, meu telefone toca.
— Olá, Guido. – Digo ofegante.
— Mia bella! Onde você está?
— Estou quase chegando! – Menti, não estava nem na metade do
caminho.
— Não pode se atrasar, Mark Firth volta hoje e a primeira coisa que ele
vai querer fazer é conhecer a nova secretária dele.
— Oh merda. – Paro bruscamente no meio da Times Square. — Guido, eu
tinha esquecido completamente que ele voltava hoje.
— Assim você também não se ajuda, mia bella. – Escuto um riso abafado
no outro lado da linha.
— Por favor, me ajuda!
— Tudo bem, tudo bem. Vou tentar enrolar ele o máximo que eu
conseguir, mas se apresse!
— Obrigada, Guido. O que eu faria sem você? – Sorrio aliviada.
— O que o mundo faria sem a sua beleza estonteante, mia bella, essa é a
pergunta correta. – Sorrio e ele desliga.
Guardo meu celular na bolsa e quando me viro para voltar a andar, esbarro
em um muro alto e duro. Olho para cima e percebo que não era um muro,
mas sim um homem.
E que homem.
— Oh não! Só para me atrasar ainda mais. – Escuto o homem murmurar.
Ele possui um sotaque britânico bem forte. — Perdoe-me, senhorita. – Ele
segura meu braço, me ajudando a levantar. — Devia olhar por onde anda,
em vez de ficar parada no meio da Times Square.
Sinto-me um pouco ofendida com o comentário dele, mas fico tão
envergonhada pela minha queda que não consigo dizer uma palavra se quer.
— A senhorita é muda? – Ele arqueia a sua sobrancelha. — O gato comeu
a sua língua? – Ele continua olhando para mim, esperando alguma resposta.
Vamos, Rachel. Responda, droga!
— E-eu… – Tento formular alguma frase, mas acabo me perdendo em sua
beleza. Ele era bem alto, tinha cabelos pretos que eram um pouco enrolados,
apenas um pouco. Seus olhos eram de um azul maravilhoso e seu corpo…
Ah, que corpo.
— Bom, não posso mais ficar perdendo meu tempo aqui, estou atrasado! –
Ele verifica as horas em seu relógio. — Mais uma vez, perdão, senhorita. –
Ele sai em passos rápidos e eu fico olhando ele ir. Meus olhos passeiam
pelo seu corpo todo e acabo reparando em sua bunda…Ding Dong! Que
bundão! Balanço a cabeça para tentar lembrar o motivo de eu estar correndo
que nem uma louca por Nova Iorque.
Merda, estou atrasada.
Começo a correr novamente e decido pegar um táxi antes que eu acabe
esbarrando em outra pessoa novamente. Ando mais um pouco e faço sinal
para um táxi que estava passando. Quando eu abro a porta do mesmo, meu
celular toca novamente e começo a procurá-lo pela minha bolsa. Quando
olho para cima, vejo o mesmo homem que esbarrei minutos atrás entrando
no meu táxi.
— Você de novo? – Pergunto e seguro a porta do táxi. — Esse táxi é
meu! – Bato o pé.
— Olha, ela fala! – Ele dá um sorriso cínico e fecha a porta do táxi.
Mas que cretino! Esse era o meu táxi, a minha última chance de conseguir
chegar a tempo no escritório.
Suspiro aliviada quando vejo outro táxi e faço sinal para o mesmo. Assim
que entro no carro meu celular começa a tocar de novo, olho o visor de
chamadas e vejo que era a minha mãe.
Ah não, a essa hora da manhã não.
— Olá, minha querida! – Respiro fundo.
— Olá, mamãe.
— Como está? Tem algum compromisso para esse fim de semana? Nós
daremos uma festa de ação de graças aqui em casa.
— Não sei, tenho que ver. – Digo já sabendo o que ela vai falar em
seguida.
— Venha para cá! Já te falei que o filho de Jenna e Bill voltou para Nova
Iorque? Ele é muito bonito e bem-sucedido. – Sabia que ela viria com esse
tipo de assunto. Minha mãe sempre tentava me arranjar algum cara que era
conhecido do seu círculo de amigos e sempre eram velhos asquerosos, não
duvidava nada que esse era mais um. — Ele está solteiro, sabia disso?
— Mamãe, não posso falar agora, estou atrasada. Depois eu vejo se
consigo ir, tudo bem? – Ela se despede e desligo o celular. O táxi para em
frente da empresa, pago o motorista e saio correndo até a porta da empresa.
Vejo que o elevador estava se fechando e corro ainda mais para tentar
alcançá-lo, mas a minha tentativa é em vão.
Pelo visto vou ter que ir de escada.
Começo a correr na escada, indo de dois em dois degraus, pelo menos isso
serviria para queimar a pizza de ontem.
Oh droga, esqueci como ser sedentária é uma merda. Finalmente chego
ao último andar, onde era o local em que eu trabalho. Vejo que o elevador
se abre, passo correndo antes que toda aquela gente saia do elevador. Acabo
esbarrando em alguma coisa, mas não paro para olhar.
Continuo correndo até avistar Guido, nervoso, andando de um lado para o
outro.
— Cheguei! Estou aqui. – Falo ofegante, apoiando minhas mãos em
minha mesa.
— Mia bella, até que enfim! – Ele segura meus ombros e me dá um beijo
em cada bochecha. – Já estava ficando preocupado.
— Desculpa, eu acabei esbarrando com alguém na rua. – Digo me
abanando com algum papel que estava em cima da minha mesa. — Ele já
chegou?
— Ainda não, pode tomar um café rapidinho.
— Amém! Estou morrendo de fome, não comi nada antes de sair de casa.
– Vou até uma pequena cozinha que tinha naquele andar, feita justamente
para os funcionários e boto um pouco de café.
— Mia bella, venha, ele chegou. – Largo o copo de café na pia, quase me
queimando, e vou correndo até a porta do presidente da empresa. Guido
bate duas vezes na porta e escutamos um ‘‘entre’’ abafado.
Olho para baixo e percebo que o meu vestido está um pouco amarrotado.
Começo a passar a mão nele para ver se resolvia alguma coisa.
Argh, vestido idiota! Por que peguei logo ele?
— Sr. Firth, aqui está a sua nova secretária, Rachel Turner. – Guido bota a
mão em minha cintura e me empurra para frente, o que faz com que eu bata
na mesa em que meu chefe estava sentando.
Olha para a cadeira em que ele está sentado, mas o mesmo estava de
costas, olhando para a enorme vista de Nova Iorque que tinha atrás de sua
cadeira. Dou uma olhada pela sua sala, as suas paredes são repletas de
estantes de livros, a maioria são livros de direito, lógico. O chão é coberto
por um carpete preto e sua mesa é de uma madeira marrom bem escura.
Atrás de sua mesa tinha uma maravilhosa vista de Nova Iorque, era de tirar
o fôlego.
— Olá, Sr. Firth. É uma grande honra finalmente conhecê-lo! – Boto o
meu melhor sorriso no rosto e ele se vira, levantando de sua cadeira.
Oh, não.
É ele. É ele! Merda, mil vezes merda. Merda, Merda, Merda, Merda, Mer-
— O prazer é meu, senhorita. – Meu pensamento é interrompido por sua
voz grossa, carregada de sotaque britânico e um sorriso cínico estampado
em seu rosto. — Que bom saber que as suas cordas vocais funcionam
devidamente.
— E-eu – Paro de falar quando o vejo se aproximando e parando em
minha frente.
— Será um prazer delicioso trabalhar com a senhorita. – Ele pega minha
mão e deixa um suave beijo na mesma.
Oh meu Deus, estou perdida.
Capitulo 2
á faz quatro dias que Mark Firth chegou à empresa. Ele é calado e
J sério, gosta de revisar os mínimos detalhes e é totalmente indiferente a
tudo que não seja em relação ao trabalho.
Devo admitir, ele é um excelente advogado! E é um homem, muito, muito,
muito… muito bonito. Não nego isso.
Minha mesa é de frente para a sua sala e sempre quando ele sai da mesma,
não dirige nenhuma palavra a mim. É estranho trabalhar com alguém assim.
Venho de uma família onde todos se abraçam e são carinhosos uns com os
outros. Minha mãe faz isso até demais. Apesar de ter uma mãe lunática, que
sempre tenta arranjar pretendentes rabugentos para que eu possa namorar, a
minha família é bem unida.
Como deve ser a família do Sr. Firth? Será que ele tem pai e mãe? Ou
apenas a mãe? Por que ele é tão distante? Será que foi algum trauma de
infância? Ou um coração partido? Ou será que esse é apenas o jeito dele?
— Senhorita Turner, por favor. – Vejo o Sr Firth estalar os dedos na
minha frente, chamando a minha atenção. — Estou te chamando a cinco
minutos!
— Perdão, estava distraída. – Levanto rapidamente da cadeira, ajeitando
meu vestido vermelho que teimava em subir.
— Preciso de sua total dedicação nesse evento em que irei lhe pedir para
organizar.
— Claro, senhor Firth! – Viro para a minha mesa em busca do meu
caderno e uma caneta, porém a caneta cai no chão e acabo empinando meu
quadril para pegá-la e quando levanto, acabo batendo minha cabeça na
mesa. — Merda.
— Você está bem? – Mark segura em minha cintura, fazendo um pequeno
esforço para conter a sua risada.
— Sim, obrigada. – Esfrego o local que estava doendo.
— Senhorita Turner, esse é um evento beneficente de extrema
importância. Nós arrecadaremos fundos para um orfanato que está prestes a
fechar as portas. Se conseguirmos uma certa quantia, o mesmo se manterá
aberto.
— Oh não, por quê ele está prestes a fechar? – Paro de escrever.
— Pois um empresário milionário quer comprar o prédio onde o orfanato
se encontra para construir uma empresa de automóveis no lugar. – Ele olha
em seu relógio. — Por isso, vou dar esse evento para arrecadar fundos,
brinquedos, camas, moveis para as crianças.
— Mas e o prédio?
— Eu já comprei. – Ele dá um sorriso convencido.
— Que atitude bonita, Senhor Firth! – Seguro a sua mão e sorrio. Pela
primeira vez em que cheguei aqui, ele olha em meus olhos e fica me
fitando. Ele parece meio assustado e confuso com a minha atitude, mas
acho que um pouco de calor humano vai fazer bem a ele.
— O que você está fazendo? – Ele pergunta olhando para a minha mão.
— Estou demonstrando o quanto essa ação do senhor é bonita.
— Está? – Ele olha em meus olhos
— Sim, estou.
— Poderia fazer outra coisa, então – Ele murmura.
— O que?
— Nada, senhorita. – Ele tira sua mão debaixo da minha. — Passarei por
e-mail todos os contatos que você precisará para esse evento. Ele tem que
ter um ar animado, mas não muito infantil. Bote cores vivas, não sei, as suas
cores preferidas, que seja.
— Por que não botamos as suas, então? Quais são as cores que o senhor
gosta? – Ele fica meio rígido e pensa um pouco.
— Tudo bem. Eu estou gostando de uma cor que antes eu não achava
muita graça. – Ele senta em cima da minha mesa, com uma mão apoiada em
sua perna.
— E qual seria?
— Vermelho, senhorita Turner. – Ele me olha de cima a baixo, me
hipnotizando com seus olhos azuis tão claros quanto o céu. — Vamos ver se
daqui alguns dias os meus gostos pelas cores mudam. – Ele dá um sorriso
galanteador.
Um calafrio sobe pela minha espinha.
É isso mesmo que estou pensando? Ele escolheu aquela cor por causa do
meu vestido?

∞∞∞
— Talvez sim. – Tom, meu amigo de infância, sempre tinha ótimos
conselhos para me dar.
Eu estava no meu horário de almoço, então decidi ligar para Tom para ver
se o que acabou de acontecer era apenas maluquice da minha cabeça.
Estamos em um pequeno restaurante italiano que ficava na esquina, bem
perto da empresa de Mark.
— Britânicos são assim mesmo, não se assuste, querida. – Tom limpa sua
boca em um guardanapo. — Ele de fato reparou no seu vestido vermelho,
aliás, depois de você empinar a bunda na frente dele para pegar a caneta,
impossível não reparar. – Ele dá um riso abafado.
— Não foi minha intenção esfregar a minha bunda na cara dele. – Cruzo
os braços.
— Minha querida, com uma bunda grande dessa, impossível.
— Está falando que a minha bunda é gorda? – Faço um biquinho.
— Não, minha querida. Estou falando apenas que você possui um corpo
maravilhoso. – Ele faz sinal para o garçom. — Você tem que parar de se
preocupar tanto com o seu peso, Rachel, homens gostam de ter algo para
apertar.
— Eu só quero chegar ao meu peso ideal.
— O peso ideal é quando você se sentir bem. – Ele paga a conta. — Você
está se sentindo bem assim? – Saímos do restaurante italiano.
— Bem, sim, mas est....
— Então não precisa perder nada, Rachel. – Ele me interrompe. — Você
tem que parar com essa mania de ficar pensando no que os outros vão achar
de você, isso fará mal apenas a você. – Ele faz carinho em meu braço. —
Uau, acho que vou chorar com tamanha beleza. – Ele olha para um homem
de terno que passa ao nosso lado.
— Você tem algum encontro marcado nesse final de semana? – Pergunto
olhando as horas em meu celular.
— Sim, vou sair com o Will de novo. – Ele sorri.
Eu lembro até hoje quando Tom assumiu para seus pais que ele era gay,
eles não receberam a notícia muito bem, então ele teve que passar algumas
semanas dormindo no sofá da minha casa. Hoje em dia eles demonstram
bastante apoio para Tom, fico muito feliz de ver que finalmente se
entenderam.
— Tom, tenho que correr. Te amo, nos vemos semana que vem. – Jogo
um beijo no ar e saio correndo.
Chego à empresa transpirando um pouco, isso é falta de exercício.
Deus, preciso ir para academia.
Sento na minha cadeira e procuro um papel para me abanar.
— Turner, na minha sala. – Sr. Firth passa rapidamente pela minha mesa.
— Agora.
Pego meu caderninho e caneta, e vou a passos largos até a sua sala, fecho
a porta atrás de mim e vou até a sua mesa.
— Amanhã, na sexta, virá uma mulher com cabelos curtos castanhos, o
nome dela é Annie. – Ele levanta a cabeça e olha para mim. — Ela vai
querer me ver, não deixe que ela entre em meu escritório. Se, repito, se for
preciso, chame os seguranças.
— Tudo bem, senhor Firth. – Anoto tudo em meu caderno.
Por que será que ele não quer que essa mulher fale com ele? Será que ela
é alguma coisa dele?
A curiosidade está me corroendo.
— Senhor… – Me inclino sobre a sua mesa. Ele levanta a cabeça e olha
um pouco assustado com a minha proximidade. — Posso saber o motivo
para não querer que essa moça fale com o senhor? – Ele prende o olhar nos
meus lábios, levanta de sua cadeira e caminha até mim.
— A senhorita tem mania de se meter onde não foi chamada? – Ele dá um
sorriso cínico.
— E-eu
— A senhorita quer saber das coisas que não lhe dizem respeito? – Ele se
aproxima e dou um passo para trás. — O que foi? O gato comeu a sua
língua? – Ele dá mais um passo em minha direção e acabo batendo minhas
costas em uma parede.
— P-perdão, Senhor Firth.
— O gato pode ter comido a sua língua mas eu vou devorá-la, Turner. –
Ele aproxima seu rosto do meu e fecho meus olhos, até que escuto um riso
abafado. — Ande, volte ao trabalho. – Ele abotoa o seu paletó, senta em sua
cadeira e começa a escrever alguma coisa em seu computador.
Saio daquela sala com o coração batendo tão alto temendo que alguém
esteja escutando.
O que acabou de acontecer ali? Ele estava debochando da minha cara?
Ou ele iria realmente me beijar? Por que meu coração esta batendo tão
rápido?
Por quê?
Capitulo 3
stava a caminho do jantar de ação de graças que meus pais estavam
E fazendo em sua casa. Estava dentro de um táxi, me preparando
psicologicamente para as perguntas da minha mãe sobre a minha
vida amorosa, ou a falta dela.
Desde que comecei a trabalhar com Mark Firth engordei mais ainda.
Sinto-me muito tensa e ansiosa perto dele e quando estou ansiosa começo a
comer feito uma louca. O resultado disso são 3 kg a mais em uma semana!
Afinal de contas, não apareceu nenhuma Annie no escritório, pelo menos
por enquanto.
Meu Deus, preciso entrar em uma academia urgentemente.
63 kg! Maldito seja, Mark Firth.
— Rachel! Olá querida. – Minha mãe me envolve em um abraço caloroso.
— Estava te esperando aqui na porta, fiquei ansiosa quando disse que viria.
— Olá, mamãe. – Dou um beijo em sua bochecha.
— Rachel, você engordou. O que anda comendo em casa? Não pegou as
dietas que te passei por e-mail? – Reviro os olhos.
Começou. Minha mãe sempre fica no meu pé em relação ao meu peso,
acho que por isso que hoje em dia eu sou fissurada em relação ao meu
corpo. Ela sempre me mandava dietas malucas ou receitas sem nenhum
glúten ou açúcar.
Eca, não sou obrigada.
— Só um pouco, por causa do estresse do trabalho. – Tiro meu casaco.
— Mas que trabalho é esse que já está causando tanto estresse em apenas
algumas semanas? – Ela guarda meu casaco em algum lugar.
É porque você não conheceu meu querido chefe. Acho que Mark não
gostaria da minha mãe. Ele é uma pessoa que não gosta muito de afeto
físico, pessoas respirando e qualquer ser humano que ele julgue irritante. Já
minha mãe é uma pessoa calorosa e que fala pelos cotovelos.
É, definitivamente ele não gostaria de ficar perto dela.
— Venha, veio todo mundo para esse jantar. Até mesmo o filho de Bill e
Jenna. – Ela pega em meu braço e vai me levando até a sala de estar, onde
está cheia de parentes velhos e conservadores que acham que uma mulher
deve se casar, ter filhos e só.
— Bem-vinda, querida. – Beth, amiga de infância da minha mãe, me
cumprimenta com um abraço. Elas duas sempre inventavam eventos desse
tipo. Chamavam muitas pessoas, dessa vez elas convidaram até colegas do
curso de culinária que as duas estavam fazendo. Eram muitas pessoas em
um espaço tão pequeno. — Está cheinha, hum?!
— Pois é, Beth. É o estresse do trabalho. – Pego uma taça de champanhe
que ela me ofereceu.
Até que enfim, álcool.
— Onde está o papai?
— Deve estar em algum canto bebendo uísque, você sabe como ele é em
relação a essas festas. – Mamãe aponta para onde ele está e depois sai.
— Olá, papai! – Dou um beijo em seu rosto. — Como está?
— É uma tortura! Qual a necessidade de uma festa tão grande assim? São
muitas pessoas em um espaço tão pequeno. – Sorrio.
— Você conhece a mamãe.
— Mas dessa vez ela exagerou.
— Fato. – Rio da sua cara de cansaço, mamãe deve ter o feito falar com
todas as pessoas dessa festa.
— Querida, venha cá! – Minha mãe puxa meu braço e fala baixinho. —
Como estão os namoradinhos, hum? – Bebo um grande gole de champanhe.
— Mãe, será que poderia deixar esse assunto para outra hora? Ou ano? –
Reviro os olhos.
— Mas preciso saber como anda o coração da minha filha, se não, que
tipo de mãe eu seria? – Ela tira uma mecha de cabelo do meu rosto.
— Não, não tenho nenhum namorado. – Bebo mais um gole da bebida.
— Sabia que a Penny vai casar com o Matt? – Ela fala em meu ouvido. —
O casamento vai ser em janeiro.
Oh meu Deus! Penny?
Eu vou morrer velha, cuidando de sete gatos, sem nenhum homem para
satisfazer meus desejos.
Uma pessoa como Penny Walter, que possuí uma beleza bastante
questionável, se casar, é uma questão de alerta. Eu nem sequer arranjei um
homem para paquerar! Mas não, não vou cair nessa conversa da minha
mãe. Eu não preciso de um homem para ser feliz, eu devo me concentrar
em minha carreira e em mim mesma.
E nos meus futuros sete gatinhos.
— Que bom. Desejo felicidade aos dois.
— Ah Rachel, por favor, se aquela garota feia como uma porta conseguiu
arranjar um homem, você também consegue, querida! Não desista. – Ela
sorriu. — Mas então, nenhum homem em que você esteja interessada no
momento?
Será que tem algum homem em que eu esteja interessada? Não sou muito
cercada por homens. Por Tom, com certeza não, além do fato dele ser gay.
Guido, nem pensar! E só me resta... Mark. Ele é o único que eu não nego de
primeira, eu sinto uma coisa por ele que não sei explicar. Não sei se é por
causa de seu profissionalismo ou sua sexualidade que transborda toda vez
que ele me olha com aqueles olhos azuis.
— Não, mamãe. Não estou saindo com ninguém.
— Ótimo! Então me deixe te apresentar o filho de Jenna e Bill. – Ela pega
em meu braço e me arrasta até um homem que estava de costas. Ele vestia
uma blusa social branca e uma calça jeans preta.
Parece que dessa vez a minha mãe acertou. Finalmente!
— Querido, essa daqui é a minha filha, Rachel, acho que vocês vão se
entender muito bem! – Minha mãe toca no ombro do homem e depois me
deixa sozinha com o mesmo.
Boto meu melhor sorriso no rosto e espero o homem se virar.
Ah não! Não, não, não, não, nã...
— Rachel?
— Senhor Firth! – Dou uma risada nervosa. — Desculpe, eu não sabia.
— Está se desculpando pelo que? – Ele limpa a garganta, parece meio
incomodado.
— Pela minha mãe. – Sorrio.
— Então você é a filha que a Elizabeth tanto fala? – Ele bebe um gole de
seu uísque.
— Creio que sim. – Olho para algum canto para evitar contato visual com
ele. — Então, parece que nenhuma Annie foi te procurar no escritório.
— De fato, não. – Ele limpa a garganta novamente, incomodado com o
rumo da conversa.
— Que bom, não é mesmo? – Dou um riso forçado.
— Sim. – Ele olha fixo em algum ponto em cima da minha cabeça.
— E o tempo, hum? Parece que vai nevar amanhã. – Aponto para a janela.
— Hum, sim. – Ele limpa a garganta novamente.
Droga! Pense em algum assunto, Rachel, alguma coisa melhor do que o
tempo de New York. Já sei, sobre o evento do orfanato! Muito bem, Rachel,
pensou rápido.
Fico animada com a minha idéia e acabo levantando a minha mão que
estava com a taça de champanhe para chamar a atenção de Mark, que estava
olhando para outro lugar. Quando faço isso, minha mão com a taça bate em
algum senhor que estava passando na hora.
Puta merda.
— Me desculpe senhor! Deixe que eu limpo isso! – Pego um guardanapo
e começo a esfregar o molhado que estava em seu ombro.
— Não precisa minha querida, foi um acidente. – Ele tira minha mão de
seu ombro e vai em direção ao banheiro.
Oh droga, poderia ter poupado essa cena toda na frente de Mark Firth!
— Senhor, eu ach...
— Senhorita Turner. – Ele me interrompe. — Eu sei que a sua mãe queria
arranjar um homem para você, mas como alguém em sã consciência ficaria
com alguém tão atrapalhada como a senhorita? Não consegue nem
conversar comigo olhando em meus olhos. Você tem que aprender a ser
mais firme, a pedir menos desculpas. Não deixar que os outros pisem em
você, nem mesmo eu.
— Oh, olha quem fala! Você passou a conversa inteira olhando para
algum ponto acima da minha cabeça. – Cruzo meus braços.
— Já basta aguentar isso no trabalho, não sou obrigado a aguentar as suas
confusões aqui também. – Ele afrouxa a gola de sua blusa social.
— Digo o mesmo. – bato o pé que nem uma criança.
— Turner, você me irrita profundamente. – Ele aproxima seu rosto do
meu, olhando fundo em meus olhos.
— E o senhor me tira dos nervos! – Empino meu nariz. Isso faz com que
os nossos narizes se encostassem, fico um pouco sem graça, mas não
consigo desviar meus olhos dele.
— Você é uma criatura lindamente irritante. - Ele murmura.
— O-o que?
— Hum. – Ele limpa a garganta. — Tenho que ir. Vejo você na segunda,
senhorita Turner. – Ele dá um sorriso travesso e sai, desaparecendo da
minha vista.
O que acabou de acontecer aqui?
Capitulo 4
— Meu Deus, Rachel! – Tom solta uma gargalhada que ecoa pelo
restaurante. Eu estava na pausa para a hora do almoço e como sempre,
combinei de almoçar com ele no restaurante que fica na esquina da
empresa. — Você é muito desastrada, querida.
— Eu fiquei vermelha igual a um tomate, Tom! Foi horrível. – Lamentei,
dando uma garfada em minha salada.
— Oh Rachel, que prato é esse cheio de salada? Virou vegetariana? – Tom
ri da minha cara emburrada.
— Não. Depois da festa na casa da minha mãe, aquele dia fatídico, eu
engordei 4 kg. – Dou mais uma garfada. — Agora estou tentando perder
peso. Pretendo chegar aos 60 kg.
— Pelo amor de Deus! – Tom revira os olhos. — Por que diabos você
teima com o seu peso?
— Porque eu estou gorda! Eu vejo as mulheres no instagram com aqueles
corpos supermodelados, magros e bonitos.
— Querida, aquilo tudo é ângulo. – Tom chama o garçom e pede a conta.
— Você não pode tentar alcançar uma coisa que nem mesmo aquelas
mulheres do instagram possuem. Aquilo é pura ilusão, então pare de se
matar para se igualar a elas. Você é você, tem as suas próprias
peculiaridades. Abrace o seu corpo, abrace quem você é e viva
despreocupada com as calorias que as comidas possuem.
Fico calada escutando o que Tom tem a dizer. Meus olhos se enchem de
água por causa de suas palavras. Não vou negar, estou cansada de contar as
calorias, estou cansada de olhar as mulheres magras passando na rua,
desejando ter o mesmo corpo que elas, estou cansada em ficar pensando
toda hora que tenho que perder peso.
Estou muito cansada disso tudo.
— Tudo bem! Vou tentar, repito, TENTAR parar de me preocupar tanto
assim com o meu peso. Vou tentar ir à academia, sem compromisso, apenas
para tentar ficar saudável. – Me levanto da mesa e saio do restaurante junto
com Tom.
— Isso mesmo. Claro, não é nada ruim malhar um pouco, faz bem para
qualquer pessoa. – Tom sorri. — Estarei aqui para apoiá-la nessa jornada.
— Eu sei que sim, Tom. – Sorrio — Bom, agora tenho que ir trabalhar.
— Fico muito feliz por você, querida. – Paramos em frente da empresa,
Tom me dá um abraço e um beijo na testa. — Te amo xuxu. Depois me
ligue.
Saio do elevador sorrindo com a minha nova decisão, me sinto mais leve,
parece que tirei um peso dos meus ombros. Posso até me conformar com o
meu peso, mas isso não vai ser uma desculpa para ficar só comendo
besteira.
— Olá, senhorita Turner. – Mark Firth aparece ao meu lado enquanto eu
estava indo a minha mesa.
— Senhor Firth! Olá. – Fico um pouco nervosa.
O evento da festa passa que nem um filme em minha cabeça.
— Como andam os preparativos para o evento beneficente? – Ele bota
suas mãos no bolso de sua calça. Hoje ele está com um terno Armani, todo
preto, incluindo a blusa social, que estava com alguns botões abertos na
altura do peito. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados, dando um ar
de rebelde. E seus olhos, ah esses olhos azuis que tiram o meu sono.
— Está indo tudo em perfeita ordem, senhor. As cores já foram decididas,
os convites já foram feitos, incluindo os convites por e-mail. – Abro meu
caderninho para conferir o que já estava feito. — Só preciso que o senhor
me mande a lista de convidados para que eu possa ver quantas pessoas
realmente vão e para calcular quantos convites enviarei.
Quando eu acabo de falar, Mark para no meio do caminho e olha em meus
olhos, um sorriso de canto surge em seus lábios.
Ele parece....orgulhoso.
— Muito bem senhorita Turner, estou impressionado…até agora. Espero
que continue assim! – Ele pisca.
Eu fico paralisada.
É isso mesmo o que eu vi? Ele acabou de me elogiar? Esse momento é
meu!
— O que? Até parece que uma mulher como você ficaria surpresa com um
elogio de um homem. Ou até mesmo de qualquer pessoa.– Ele limpa a
garganta, ficando com um semblante meio sério.
— Não estou acostumada com elogios. – Abaixo minha cabeça.
— Tem que começar a valorizar mais a si mesmo, Turner. – Ele levanta
meu queixo e olha em meus olhos. — Ninguém pode fazer isso por você,
além de você mesma.
— Obrigada pelo conselho, senhor Firth. – Sorrio.
Ele fica me olhando e depois balança a cabeça como se estivesse
afastando algum pensamento.
— Só preciso de uma coisa. – Ele levanta o dedo indicador, sinalizando o
número um.— Eu quero que você faça um discurso.
Oh não. Eu detesto falar em publico desde quando eu era pequena e tinha
que apresentar aqueles trabalhos do ensino médio para a turma inteira. Eu
sempre começava a suar frio, ficava com dor de barriga, era horrível!
— E-eu? Não acha mais apropriado o senhor fazer um discurso?
— Não. Até porque o discurso é sobre empoderamento feminino, sobre a
imagem que a sociedade impõe para as mulheres. – Ele abotoa o seu terno.
— Muitas crianças do orfanato não foram adotadas por serem, digamos,
acima do peso.
— Isso é ridículo!
— De fato, é sim. – Ele levanta uma sobrancelha. — Seria bom você
abordar sobre as mulheres e homens com esse problema de peso, ou de
autoestima.
— Mas senhor, olhe para mim. – Olho para os lados. — Eu mesma tenho
problema com o meu peso, com o meu corpo.
— Pelo amor de Deus, Rachel! Não me diga que você se acha gorda? –
Ele me olha perplexo e em resposta apenas abaixo a cabeça. — Você é
completamente normal, pare de pensar besteira. Mesmo que estivesse acima
do peso, eu não veria nenhum problema. – Ele suspira e pega em meu
queixo. — Rachel, você possui um corpo que deixaria qualquer mulher com
inveja. – Ele olha em meus olhos.
— E-e-eu vou fazer o discurso então. – Olho para o lado, evitando o seu
olhar.
— Não vale nada se não fizer contato visual, Rachel. – Ele adverte.
Respiro fundo e tomo coragem.
— Eu vou fazer o discurso, Sr. Firth! Não vou decepcioná-lo. – Olho em
seus olhos, decidida em fazer um discurso que incentive todas as pessoas
com o mesmo problema que eu possuo.
— Eu sei disso, Turner. – Ele dá um sorriso de lado. — Agora volte ao
trabalho. – Ele limpa a garganta e vai para a sua sala.
Eu fico parada no meio do corredor, com o coração acelerado, confusa
com o que acabou de acontecer ali, ainda mais com as suas palavras.
Estou feliz e segura de que farei o possível para que esse evento arrecade
o maior número de doações possíveis.
Capitulo 5
ra mais uma noite fria na enorme Nova Iorque. A noite estava tão
E fria que me enrolei nas cobertas até me sentir aquecida o suficiente,
pegando no sono logo em seguida.
Escuto um som irritante que parece estar longe mas acaba ficando mais
perto conforme vou acordando. Levanto assustada e vejo meu celular
tocando em cima da minha cômoda, ao lado da minha cama. Olho para o
relógio e vejo que são três horas da manhã.
Oh meu Deus, alguém me ligando a essa hora, só pode ter acontecido
uma tragédia!
Pego o celular apressada e com as mãos trêmulas o atendo, já temendo o
pior.
— Alô? – Falo com uma voz trêmula.
— RACHEL! – Escuto a voz furiosa de Mark do outro lado da linha.
— Mark? – Sento na cama — Quer dizer, senhor Mark?
— Sim, senhorita Turner, sou eu. – Ele fala entre dentes. — Perdão pelo
horário, mas você fez MERDA! – Ele fala a última palavra exaltado.
Oh não! O que fiz agora?
— O-o que houve, senhor Mark?
— Você apenas esqueceu de botar Donnie Takadashi na lista do evento de
amanhã! Meu principal cliente e quem eu pretendo fechar negócio no
evento. – Ele fala impacientemente.
Droga, O Takadashi!
Olho para o lado e vejo em meu abajur um post in colado no mesmo,
escrito em letras gigantes e sublinhadas ''CONVIDADO VIP TAKADASHI''.
Colei o post in justamente no abajur para não esquecer.
Bem, pelo visto não deu muito certo.
— Desculpe senhor Mark, eu devo ter esqueci-
— Mas não devia ter esquecido, Turner! – Ele me interrompe. – Você vai
trazer essa sua bunda na minha casa agora para consertar isso.
Provavelmente vamos ter que passar a madrugada toda tentando consertar
essa merda.
— O QUE? – Pulo da cama. — Agora? Mas são três horas da manhã,
nunca vou conseguir um táxi e está congelando lá fora! – Falo enfurecida.
— Bem, era melhor ter pensado antes de fazer essa merda. Vou mandar
meu motorista para sua casa. – Ele fala nervoso — Acho bom você se
arrumar e vir para cá, AGORA! – Ele desliga na minha cara.
Filho da puta.
Procuro uma roupa quente para usar e desço para esperar o motorista.
Chego na casa de Mark com sono, frio e com uma cara emburrada. Porém,
não deixo de notar na grande cobertura de Mark Firth, típico de um magnata
de Nova Iorque.
O apartamento dele possui janelas que vão até o teto, oferecendo uma bela
vista de Nova Iorque e seus prédios altos e modernos. A decoração da sua
casa, no entanto, é simples, com móveis brancos e modernos.
Até que ele tem um gosto refinado.
— Oi. – Olho para Mark, que está com olheiras enormes, me esperando
com a porta aberta.
— Não fique com essa cara, senhorita Turner. – Ele dá um sorriso cínico.
— Vamos acabar logo com isso, sente-se. – Ele aponta para um sofá que é
em forma de L e branco.
Ele se senta em uma cadeira na minha frente e pega seu notebook que
estava em cima da mesa de centro. Não deixo de notar um monte de papel
espalhado por toda a mesa e seu cabelo bagunçado, como se ele ainda não
tivesse dormido.
— Você estava acordado até agora trabalhando? – Pergunto apontando
para os papéis.
— Claro. – Ele me olha indiferente e volta a sua atenção para o notebook.
— Mas são três horas da manhã!
— Rachel, o evento é daqui algumas horas. Eu tenho que verificar se
estava tudo certo. E pelo visto não estava. – Ele me lança um olhar julgador.
— Mas são três horas da manhã! – Reforço meu argumento apontando
para o relógio em meu pulso.
— Eu sei, senhorita. – Ele dá o assunto por encerrado. — Vamos começar.
Você vai refazer toda lista de convidados e vai arranjar um lugar para o
Takadashi e sua mulher.
— O QUE? – Me levanto do sofá. — Mas são mais de quinhentos
convidados!
— Eu sei. Enquanto você arranja uma mesa para ele e arruma o resto da
lista, eu vou tentar dar um jeito de enviar o convite para ele, sem que o
mesmo perceba que ele foi convidado de última hora. – Ele mantém seus
olhos vidrados na tela do computador.

∞∞∞
Olho em meu relógio e vejo que são cinco horas da manhã. Eu já tinha
ajeitado mais do que a metade dos convidados e finalmente tinha achado
uma mesa para Takadashi e sua mulher. Mark no entanto, ainda não tinha
encontrado uma forma de enviar o convite sutilmente.
— Então, o senhor tem algum irmão? – Pergunto tentando arranjar algum
assunto.
O silêncio estava me matando.
— Não, sou filho único. – Ele continua digitando em seu computador.
— Como é sua relação com os seus pais? – Ele para de escrever e me
lança um olhar desconfiado. — O que? Só estou preenchendo o silêncio.
— Eu gosto de silêncio. – Ele volta a digitar no computador.
— Bem, a minha relação com o meu pai é ótima! Mas a minha mãe fica
tentando arranjar macho para mim o tempo todo, como se isso fosse me
fazer feliz, uma boa transa, sabe? – Rio das minhas próprias palavras e
então lembro com quem eu estava falando.
Levanto a cabeça e vejo um sorrisinho na boca de Mark.
— Então está precisando de uma boa transa, Turner? – Ele levanta uma
sobrancelha.
— N-n-não foi isso o que eu quis dizer, e-eu…
— Apenas volte ao trabalho. – Ele me interrompe e volta sua atenção para
a tela do seu computador.
— Sim senhor. – Abaixo a cabeça e volto a minha atenção para a lista de
convidados que já estava quase no final.
— Eu tive uma infância normal, para um britânico. – Escuto a voz de
Mark e levanto a cabeça. — Lembro de uma vez que eu estava em cima do
telhado da minha casa e, por algum motivo, eu acreditava que eu podia voar
e provaria isso para o meu pai.
—E você pulou do telhado mesmo? – Perguntei rindo.
— Sim! – Ele ri. — Mas eu acabei passando o verão com a perna esquerda
engessada. –Nós dois explodimos em risadas, até saírem lágrimas de nossos
olhos e nossas barrigas começarem a doer. — Meu pai não falou muito
comigo durante aquele verão depois disso, ele sempre foi assim, até os dias
de hoje. – Ele desfaz o sorriso.
Um tempo de silêncio preenche o ambiente e sinto a tensão no ar.
— Minha mãe sempre foi ótima comigo, sempre atenciosa mas também
era rigorosa quando era necessário. – Dava para sentir o afeto que tinha pela
mãe. — Mas o meu pai… – Ele limpa a garganta. — Sempre foi muito
distante, muito indiferente. Acho que a última vez em que ele me abraçou
foi no meu aniversário de 10 anos. Ele acha que eu devia amadurecer cedo e
não ficar muito sentimentalista, para que assim eu pudesse comandar a
empresa dele da melhor maneira o possível. – Ele dá uma risada cínica. —
Ele acha que nós, advogados, não podemos ter sentimentos, que temos que
ser de ferro. – Ele dá um sorriso amargo em minha direção.
— Senhor Mark, eu....
— Como vai a lista, rachel? – Ele me corta e lança um olhar suplicante,
para não dar continuidade no assunto. Olho para a lista e vejo que está tudo
certo e tudo consertado.
— Na verdade, eu consegui! – Levanto do sofá e dou a lista para ele. —
Dê uma olhada.
— Ótimo, agora me ajude a pensar em alguma desculpa para dar ao
senhor Takadashi.
— Tudo bem. – Volto para o sofá e descanso minha cabeça no encosto do
mesmo. Olho para o teto, com alguma esperança do mesmo me dar alguma
inspiração para arranjar uma desculpa boa.
Olho para meu relógio e vejo que já são seis horas da manhã, começo a
sentir meus olhos pesarem.
Não, Rachel! Você tem que ficar acordada, vamos, pense em alguma
desculpa.
Meu esforço é em vão, o sono começa a tomar conta de mim e meus olhos
começam a se fechar. Antes que eles se fechassem totalmente, vejo Mark se
levantando e vindo em minha direção com algo em sua mãos.
Acabo dormindo profundamente.

∞∞∞
Abro meus olhos lentamente e me encontro em um ambiente familiar. Eu
adormeci no sofá do meu chefe? Meu Deus, será que eu ronquei? Que
vergonha! Me sento e vejo que estou com uma coberta em cima de mim.
Não lembro de ter pego uma coberta, será que foi Mark?
Olho ao redor procurando por Mark e encontro um bilhete na mesa de
centro, pego o mesmo e vejo um recado de dele:
‘’Bom dia senhorita Turner. Como você trabalhou a madrugada toda,
acho que não é necessário você ir trabalhar hoje, está dispensada.
Descanse e se prepare para o evento de hoje a noite.
Estou ansioso pelo seu discurso, Rachel.’’
Att Mark Firth
Droga! Tinha esquecido totalmente do discurso. Merda, merda, merda,
merda.
Pego as minhas coisas e vou correndo para a minha casa escolher uma
roupa e escrever um discurso para o evento de hoje a noite. Por que diabos
fui aceitar escrever a porra desse discurso?!
Entro em casa e pego meu notebook para começar a escrever meu
discurso. Assim que eu abro o notebook, meu celular toca. Olho o nome no
visor e vejo que é a minha mãe.
Ah não.
— Olá, mamãe.
— Olá querida. – Escuto sua voz doce do outro lado da linha. — Como
estão as coisas?
— Na verdade estou um pouco ocupada agora, eu po…
— Então vou falar rapidinho! – Ela me interrompe. Rolo os olhos. — O
aniversário do seu tio Philip vai ser amanhã e você sabe que o aniversário
de 10 anos do seu primo de segundo grau Danny vai cair no sábado. Então,
a família decidiu comemorar os dois aniversários amanhã em um parque de
diversões! Não é maravilhoso?
— Sim, mamãe, mas ainda não entendo onde a senhora quer chegar com
isso. – Bato impacientemente os dedos no sofá.
— Ora, estou falando para você ir e você vai, pois está proibida de não
comparecer em uma festa de aniversário de um parente seu, mocinha. – Ela
me repreende.
— Tudo bem, mamãe. Eu vou amanhã na festa do tio Phillip.
— E do seu primo Danny. – Ela completa.
— Vai ser no mesmo dia, então não tem como não ir. Agora eu tenho que
desligar, estou muito ocupada. Depois eu falo com a senhora, te amo. – Ela
se despede e desliga o telefone.
Volto a minha atenção para o notebook e começo a escrever o discurso.
Passo para o notebook tudo o que sempre senti na minha vida, em relação a
minha autoestima, ao meu peso.
Espero que isso dê certo, Mark está contando comigo.
Assim que termino o discurso, olho para o meu relógio e vejo que já está
na hora de me arrumar. Tomo um rápido banho e faço uma maquiagem
simples em meu rosto, deixando meus cabelos loiros soltos, com suas ondas
naturais. Visto um vestido que eu comprei semana passada. Custou quase a
metade do meu salário, mas valeu a pena. Ele é longo e vermelho, possui
um decote sexy no busto e uma fenda lateral. Termino de botar o vestido e
me olho no espelho.
Uau! Até que eu não estava tão mal assim.
Pego meu discurso impresso, que estava em cima da mesa de jantar,
chamo um táxi e vou direto para o evento. Quando chego no evento, vejo
um monte de fotógrafos na entrada e vejo Mark posando para os flashs com
uma morena magra e esbelta.
Certo. É a lei da natureza.
Peço para o motorista dar a voltar e me deixar na porta dos fundos, onde
tinha o estacionamento, não queria levar um monte de flash na cara. Entro
no enorme salão e logo de cara vejo um enorme lustre pendurado, dando um
ar elegante ao evento.
As pessoas ficam olhando para mim, será que estou com alguma coisa no
rosto? Será que estou feia? Meu Deus, que vergonha. Olho ao redor
procurando por Mark e não o encontro em lugar nenhum, até que o vejo.
Mark Firth, com um smoking preto de veludo. Seus cabelos estavam meio
bagunçados, dando-o um ar selvagem e sexy.
E então acontece, ele me vê.
Ele larga a morena com quem estava acompanhado e vem em minha
direção. Seus olhos brilham, refletindo as luzes do lustre. Eu prendo minha
respiração, sinto minhas mãos suarem e meu coração parece que vai sair do
meu peito.
— Rachel. – Ele para em minha frente e dá um sorriso de lado.
— Mark. – Percebo que estou um pouco ofegante. Tenho que me acalmar.
— Você poderia fazer um favor? Pode me dizer se tem alguma coisa no
meu rosto? Está todo mundo me olhando desde quando cheguei. Acho que
minha maquiagem está borrada.
— Turner. – Ele bota uma mão em minha cintura e se aproxima. — Você
está deslumbrante hoje. – Ele sussurra sedutoramente em meu ouvido. Os
pelos da minha nuca se arrepiam e quando ele se afasta, sinto um frio me
envolvendo. — Por isso que todos estão te olhando.
— E-e-e-u…
— Mark, vamos querido, estão te esperando. – A morena que estava o
acompanhando o chama com uma voz melosa e enjoada.
— Tudo bem. Estou ansioso pelo seu discurso, senhorita turner. – Ele sai
de braços dados com aquela morena enjoada.
Meu coração está quase saindo pela boca, faltavam poucos minutos para
eu dar o meu discurso e o salão estava lotado de pessoas. Eu sou horrível
para falar em público e ainda por cima Mark faz parte desse público, o que
me deixa ainda mais nervosa.
Afinal, ele é meu chefe. É por esse motivo que estou nervosa, não é?
— Rachel Turner? – Uma mulher me tira dos meus devaneios. Ela tinha o
que parecia um fone de ouvido com microfone na cabeça. Devia ser alguma
coordenadora do local onde o evento estava sendo feito. — Está na hora de
você abrir o evento. O seu discurso está pronto?
— Sim, está tudo pronto. Estou muito nervosa! – Dou um sorriso sem
graça.
— Vai dar tudo certo, querida. – Ela me leva até os fundos do palco e me
diz que eu posso começar.
Eu respiro fundo umas três vezes e tento me concentrar. Decido acabar
logo com isso e vou em direção ao microfone. As pessoas param de falar e
o silêncio se faz presente. Todos se viram em minha direção e todos os
olhos estão sobre mim.
Principalmente o dele.
— Boa noite a todos que estão presentes aqui. Em nome da Law
Company, quero agradecer a todos que vieram prestigiar esse evento
beneficente. Todos estamos aqui para prestigiar esses jovens que lutam
contra problemas emocionais, psicológicos, físicos e o preconceito que
sofrem por ser quem eles são.
Tenho uma pergunta que eu sempre faço a mim mesma: ‘’Se você não
consegue amar a si mesma, como você vai amar outra pessoa? ‘’ Como
você vai deixar alguém amar as suas dobras, suas imperfeições, suas
celulites, quando você mesmo não ama?
Não vou mentir para vocês, é um caminho longo. Nossa, quão longo é esse
caminho! Você se esforça cada dia mais para que alguma hora aquela
centelha de esperança acenda para aí sim, você começar a se amar.
Mas como eu disse, é difícil. Às vezes você vai se encontrar em um beco
sem saída e você vai pensar que a única opção é se conformar. Porque vai
ter uma hora que você vai tentar desistir de olhar no espelho e ver seu
reflexo te olhando de volta, pois vai ter uma hora que você vai aceitar amor
de qualquer pessoa, só para sentir um pouco afeto, pois vai ter uma hora
que você vai se se esconder no canto do banheiro da sua casa, chorando,
agachada, sem esperanças, querendo dar um fim nisso tudo, nesse vazio.
Então é aí que acontece. É nesse momento que você levanta os seus joelhos
do chão, respira fundo, olha o seu reflexo no espelho e você vê. Você vê
você mesmo, o quanto você é especial, o quanto você vale a pena, o quanto
você é corajoso, o quanto você é perseverante, o quanto você é bonito.
Então é ali, é naquele momento, naquele segundo, que você começa a se
amar. É um processo lento e evolutivo mas que nunca, – Enxugo uma
lágrima e percebo um monte de pessoas imitando meus gestos. - nunca vai
ser uma decepção, pois você sabe que a melhor pessoa para se confiar é
você mesmo. – Sorrio. — Obrigado a todos, tenham uma ótima festa.
O salão explodiu em aplausos e eu boto uma mão sobre o meu peito pelo
susto que levei com o barulho. Vejo as pessoas aplaudindo, emocionadas e
assobiando. Volto para o fundo do palco com um sorriso no rosto que não
se apagaria por nada.
— Eu falei que tudo ia dar certo. – A coordenadora do local deu um
sorriso em minha direção.
— Obrigada.
Volto para o salão e uma música agradável começa a tocar. Vejo Mark,
com um semblante, sério vindo em minha direção.
Deus, será que ele não gostou do discurso?
— Mark! – Falo antes que ele fale alguma coisa.
— Esse foi um dos melhores discursos que eu já escutei em toda minha
vida. – Ele me interrompe. — Rachel, você foi fantástica! – Ele fala
sorrindo.
Uau, olhe todos esses dentes, ele realmente está sorrindo.
— Obrigada, Senhor Firth! Significa muito para mim vindo do senhor. –
Retribuo o sorriso.
— Não esperava menos vindo de você, Turner. – Ele dá um sorriso de
lado. — Aceita dançar comigo? – Uma música com uma melodia lenta
ecoava pelo salão.
— Adoraria. – Pego sua mão que estava estendida.
Ele bota uma mão em minha cintura e com a outra segura a minha mão.
Eu boto uma mão em seu ombro e dou uma risada em sua direção.
— Por que está me olhando? – Pergunto divertida.
— Você está maravilhosa hoje, Rachel. – Ele dá um sorriso sem mostrar
seus dentes e olha em meus olhos.
— Obrigada, você também não está nada mal hoje. – Passo a mão em seu
ombro, sentindo o veludo de seu terno.
— Então, eu seria o cara certo para você ter uma boa transa? – Ele
pergunta com um sorriso cínico no rosto.
Eu engasgo com a pergunta e começo a tossir. Ele ri da minha cara e faz
movimentos circulares com suas mãos em minhas costas.
— O que? – Pergunto, tentando controlar minha tosse.
— Aquilo que você falou hoje mais cedo, na minha casa. Arranjar uma
boa transa. – Ele olha para a minha cara, esperando alguma resposta. — Eu
posso tirar essa tensão de você, Turner. – Ele sussurra em meu ouvido.
— P-pode? – Pergunto com os olhos arregalados, surpresa em escutar tudo
aquilo.
— Posso tirar outras coisas também. – Ele passa seus olhos pelo meu
corpo e vejo um brilho em seu olhar malicioso.
— E-e-e-eu… – Começo a gaguejar. Meu corpo começa a ficar quente e
suar, meu coração está prestes a explodir. — Eu tenho que ir ao banheiro. –
Saio dali correndo em direção ao banheiro, entro em uma das cabines,
abaixo a tampa do vaso e me sento. Eu respiro fundo e começo a rir
sozinha.
Deus, será que ele estava brincando? Isso é tão estranho!
Bom, acho melhor voltar para festa e ficar de olho para ver se todo mundo
está sendo servido devidamente. Quando eu ia me levantar, escuto um
barulho no banheiro, fora da cabine.
Olho pela fresta da cabine e vejo três mulheres. Elas parecem que saíram
de uma capa de revista. Vejo que a morena que estava acompanhada com
Mark era uma delas.
— Vocês viram a mulher que estava dançando com Mark? – Escuto uma
delas falar.
— Sim, como um cara daquele pode dançar com uma coisa daquelas? Ele
não tem uma imagem para zelar? – A morena fala e meu coração se aperta.
— Ele devia dançar comigo. Só vim nesse evento dessas crianças idiotas
para tentar transar com o cara mais cobiçado de Nova Iorque.
— Ai amiga, tenho certeza que você vai conseguir. Ele nunca ficaria com
uma gorda daquelas, pelo amor de Deus!
— Lógico que não! Vocês viram o discurso dela? Que patético. Pelo amor
de Deus, é só entrar na academia, fechar a boca e emagrecer. – A morena
fala.
— Acho que mesmo se ela emagrecer, ela nunca conseguiria ficar com um
homem como Mark Firth! – As três riram e saíram do banheiro logo em
seguida.
Quando eu escuto a porta do banheiro bater, explodo em lágrimas. Choro
tanto dentro daquela cabine que não consigo mais controlar os meus
soluços. Coloco minhas mãos sobre a minha boca para tentar fazer menos
barulho, mas é impossível e acabo me descontrolando mais ainda. A dor é
tão forte, só não é maior que a humilhação que estou sentindo.
Depois de alguns minutos chorando dentro da cabine, eu saio da mesma e
vejo a minha situação no espelho do banheiro. Minha maquiagem estava
toda borrada, eu estava com olheiras enormes e minha cara estava
miserável. Tiro todo a maquiagem, lavo meu rosto e resolvo ir embora.
Apenas darei uma satisfação para Mark.
Saio do banheiro e olho ao redor procurando por Mark, até que o vejo no
bar, ele estava de costas para mim. Dou dois toques em suas costas e boto
meu melhor sorriso falso em meu rosto.
— Rachel? Você sumiu. – Ele olha para mim confuso. Vejo a morena que
estava no banheiro alguns minutos atrás, ela percebe a minha presença e me
lança um sorriso debochado.
— E-eu estou indo embora, senhor Firth. – Tento controlar minhas mãos
que estavam tremendo.
— Agora? Por que? – Ele franze a testa, preocupado.
— Nada, nada. – Começo a me afastar.
— Espere, eu te levo em casa. – Ele bota sua taça de champanhe em cima
do balcão do bar.
— Não precisa, Mark. – Eu já não estava conseguindo conter mais minhas
lágrimas.
— Rachel? Você está chorando? – Ele se aproxima preocupado mas eu me
afasto, viro as costas e começo a correr.
Vou em direção a porta dos fundos, onde dava para o estacionamento.
Abro as portas bruscamente, fazendo que fazem um grande barulho, vejo
que cai uma chuva forte mas não me importo nenhum um pouco. Começo a
correr pela chuva, minhas lágrimas se misturam com a água da mesma.
Sinto um puxão brusco em meu braço e alguém me vira.
Era Mark.
Ele estava molhado, seu cabelo estava grudado em sua testa e seu smoking
de veludo estava ensopado.
— RACHEL, VOCÊ É MALUCA? O QUE ACONTECEU? – Ele grita
por causa do barulho alto que a chuva estava fazendo. Eu ainda estava
chorando e não conseguia mais parar.
— EU NUNCA VOU SER BOA O BASTANTE, NÃO É? – Cuspo as
palavras em sua cara. — EU SEI QUE NÃO SOU MAGRA, EU SEI QUE
NÃO TENHO UM CORPO ESBELTO, QUE NÃO SOU TÃO BONITA
ASSIM, MAS EU AINDA SOU MELHOR DO QUE ELAS, EU SOU!
EU SEI QUE SOU! POR QUE DIABOS EU NÃO POSSO TER A
MÍNIMA CHANCE DE TER UM LUGAR NESSE MUNDO, ONDE
NINGUÉM VAI ME OLHAR TORTO QUANDO EU PASSAR POR UM
LUGAR COM UMA COMIDA NA MÃO, POR QUE NÃO POSSO
VIVER EM UM MUNDO ONDE EU SERIA BOA O SUFICIENTE
PARA VOCÊ?
— O QUE? DE ONDE VOCÊ TIROU ISSO TUDO, RACHEL? – Ele me
segura pelos ombros.
— POR FAVOR, ME DEIXE IR, ME DEIXE IR – Bato com os punhos
fechados em seu peito.
— EU NUNCA VOU DEIXAR VOCÊ IR! – Ele continua me segurando.
Ele segura meu rosto molhado com as duas mão e olha fundo em meus
olhos. — EU SEMPRE VOU ESTAR AQUI, RACHEL! – Então ele faz
com que eu pare de bater nele e me abraça.
Ficamos alguns segundos que pareciam minutos abraçados embaixo da
chuva. Me desfaço de seu abraço, olho para o seu rosto que demonstrava
uma angústia.
— EU NUNCA VOU SER BOA O SUFICIENTE PARA O SEU
MUNDO. – Me viro e corro, saindo do estacionamento.
Escuto Mark gritar meu nome em meio a chuva e escuto seus passos atrás
de mim. Faço um sinal para um táxi que estava passando e entro no mesmo.
Quando o táxi estava dando a partida, vejo pela janela Mark parado na
calçada, molhado e gritando meu nome, me vendo partir.
Só quero ir para casa.
Capitulo 6
cordei na manhã seguinte com olheiras enormes, pois fiquei a noite
A toda chorando.

Rum. É engraçado. Ontem fiz um discurso dizendo para amar a si mesmo


e cá estou eu, chorando porque algumas vadias falaram mal de mim.
Que ironia.
Olho para o relógio que estava em cima da minha cabeceira e vejo que já
são onze horas da manhã. Deus, eu dormi demais. Só que estou tão cansada,
fisicamente e emocionalmente, que viro de lado e começo a fechar os olhos
novamente. Porém, o toque do meu celular me impede de voltar a dormir.
Olho o visor e vejo que é a minha mãe.
— Olá, mamãe. – Bocejo.
— Querida, acordou agora? – Sua voz parece espantada do outro lado da
linha.
— Sim, ontem eu trabalhei muito.
— Que orgulho! Já está arrumada? – Franzo a testa.
Arrumada?
— Arrumada para o que?
— Ora, não acredito que você esqueceu o aniversário do seu tio e seu
primo! – Ela pergunta com uma voz de decepção. — Você não tem jeito,
Rachel.
— Mamãe, ontem eu trabalhei até tarde da noite, não tem como eu passar
na casa deles depois? – Pergunto, já sabendo que a minha mãe vai falar
‘’não’’.
— Não! – É, eu sabia. — Pode tomar um banho, botar uma roupa e vir
agora para a festa. Imediatamente mocinha, nesse segundo, agora mesmo…
— Tá, eu vou! – Interrompo-a antes que eu acabe jogando o telefone na
parede.
— Muito bem, espero que você esteja aqui em 30 minutos, Rachel.
— Tá bom, mamãe. – Desligo e vou em direção ao banheiro bufando.
___________7_________
Ao chegar lá, me deparo com uma festa totalmente alegre. Tinha uma
mistura de pessoas bem peculiares. A festa tinha pula-pula com crianças
brincando no mesmo, ao mesmo tempo que tinha mesas de xadrez com
velhos jogando. Tinha até mesmo uma barraca do beijo!
Uau, dessa vez mamãe se superou.
— Querida, você chegou! – Mamãe me dá um abraço apertado.
— Olá mamãe, dessa vez a senhora se superou com essa festa. – Falo e
olho em volta, vendo crianças com algodão doces, velhos jogando bingo e
um palco improvisado com uma banda moderna tocando, dando um ar mais
animado.
— Gostou? Não está muito exagerado? – Ela perguntou juntando as mãos,
esperando uma resposta minha.
— Esta tudo ótimo.– Rio e dou um beijo em sua bochecha. — Mas porque
tem uma barraca do beijo?
— Bom, na escola do seu primo estão dando uma cesta de páscoa de
brinde para quem conseguir vender mais rifas. – Ela aponta para uma cabine
onde estavam sendo vendido as rifas. — Então chamei algumas de suas
primas para ajudar, ficando na barraca do beijo. A Lucy foi a primeira a se
voluntariar!
Lógico que foi.
— Ah, entendi. – Dou um sorriso falso para Lucy, que estava acenando
para mim de dentro da barraca do beijo.
Lucy. Sempre roubou os meus namorados, desde pequena. Nunca vou
esquecer do meu namorado do 2° ano, Oliver. Eu gostava muito dele e a
vaca foi lá e roubou ele de mim.
Porém, não culpo apenas ela, Oliver também não precisava ter me trocado
por ela.
Dois idiotas.
— Venha, vamos falar com ela. – Minha mãe entrelaçou seu braço no
meu. — Ela disse que estava com saudades de passar um tempo com você.
— Prima! – Lucy dá um sorriso falso.
— Olá, Lucy. – Retribuo o sorriso.
— Vejo que ganhou um quilinhos, hein! – Ela dá um riso debochado.
— Pois é. Com o trabalho corrido fica difícil ir para academia.
— Não dê desculpas. Onde está trabalhando? – Ela debruça na bancada da
barraca, fazendo o decote de sua blusa aumentar.
— Estou trabalhando na Law Company.
— Sim! Esse trabalho é muito bom e dizem que o chefe dela é um
bonitão. – Mamãe fala, me cutucando com o cotovelo.
— Mamãe! Onde a senhora escutou isso? – Boto minhas mãos em minha
cintura, esperando uma resposta dela.
— Ah querida, eu contei para uma amiga que trabalha perto da sua
empresa onde você estava trabalhando e ela disse que o dono da empresa é
um pecado. – Minha mãe abana sua blusa como se estivesse com calor.
— Interessante, prima. – Lucy dá um sorriso cínico. - Por que escondeu
isso de nós? Tem que compartilhar mais as suas coisas. – Ela dá um sorriso
malicioso.
— Acho melhor não compartilhar.
— Bom, licença, é hora da minha pausa. Agora a Jenna vai assumir a
barraca.– Ela arruma seu cabelo. — Depois eu volto. – Ela sai mandando
beijos no ar e rebolando.
Vai tarde, vaca.
— Rachel! – Papai me dá um abraço caloroso. — Sua mãe está te
perturbando muito, querida? – Pergunta entre risos.
— Oh, pare de falar besteiras! – Minha mãe dá um tapa no braço do meu
pai.
— Na verdade, nem tanto. – Bebo um pouco do refrigerante que estava no
meu copo. — Quem estava me perturbando mesmo era a Lucy.
— Ah, ela é realmente uma peste. – Papai concorda, dando um trago em
seu cigarro.
— Aqueles peitos com silicone.
— E o nariz cheio de plástica.– Papai completa e rimos juntos.
— Parem vocês dois, ela é um doce. – Mamãe defende Lucy.
— Com você. – Murmuro.
— Vamos querido. Nós temos que falar com os Buckers. – Minha mãe
puxa meu pai pelo braço e ele dá um beijo em minha bochecha antes de
partirem.
Acabo me lembrando dos acontecimentos de ontem a noite. Deus, como
fui estúpida! Como fui me rebaixar daquele jeito na frente do Mark?
Como fui idiota. Ele deve estar me achando patética agora.
Olho em volta a procura de algo para fazer. Estou tão entediada que penso
seriamente em ir ficar no pula-pula com as crianças, pelo menos seria bem
legal.
Vejo a barraca do beijo com uma grande fila e vejo Jenna meio inquieta na
barraca falando alguma coisa com a minha mãe.
Vejo minha mãe vindo em minha direção e Jenna saindo da barraca.
— Querida, você poderia me fazer um favor? – Ah não, lá vem merda.
— O que houve?
— É que eu preciso muito de sua ajuda com algo muito importante! – Ela
pega meu braço e começa a me empurrar até a barraca do beijo.
Puta merda.
— Não é o que eu estou pensando, né? – Pergunto apavorada.
— É que Jenna precisou sair para pegar mais rifas, querida.
— Peça para Lucy ficar aqui então.
— Ela ainda não voltou. – Ela faz uma cara de cachorro sem dono. — Mas
Jenna não vai demorar muito e não tem fila ainda. Por favor, querida.
— Tudo bem, mamãe. – Entro dentro da barraca do beijo.
— Já volto, querida.
Mamãe sai da barraca, me deixando sozinha e com medo de que alguém
venha aqui para receber um beijo. Mas vamos ser honestos, comparada com
as minhas primas, eu sou a menos bonita. As duas são dignas de modelo de
revista, ambas morenas e com curvas para lá de avassaladoras.
Quer dizer, eu sei que tenho um corpo bonito e sei que sou bonita, mas
nunca chegaria aos pés dela.
Vejo minha mãe vindo em minha direção, trazendo alguém com ela. Forço
mais a vista para tentar ver quem é.
Eu não acredito que a minha mãe está fazendo isso.
Minha mãe está vindo em minha direção com Mark Firth ao seu lado.
Oh céus. Não consigo respirar.
— Querida, esse é Mark, daquela festa, se lembra dele? – Minha mãe me
lança um olhar discreto.
— C-claro, mãe. – Pelo menos minha mãe não sabe que ele é meu chefe.
Ninguém aqui sabe, na verdade.
— Mark, já que você comprou a rifa que eu te falei, agora você pode usar
onde quiser, mas acho que a barraca do beijo é a opção que você vai gostar
mais.– Que estranho, achei que as rifas tinham acabado. — Oh, parece que
Mary Bucker está chamando. Adeus, crianças. – Não acredito que ela fez
isso.
Eu não sei onde enfiar a minha cara. Mark não para de olhar para mim e
está uma tensão no ar que está me incomodando muito. Ele está
deslumbrante, com uma camisa branca com gola em V e uma calça jeans
preta. Ele está com as mãos dentro dos bolsos da sua calça e não desvia o
olhar de mim, nem mesmo por um segundo.
Resolvo quebrar o silêncio que está me matando.
— Olhá só, eu sei que ontem de noite foi tudo muito estranho e sei que
você deve estar muito bravo comigo, mas eu mantenho a minha palavra, só
sinto pela forma que eu falei. – Olho para ele esperando alguma resposta e
ele continua olhando para mim, sem falar a porra de uma palavra.
Ele vai me deixar maluca!
— Não adianta você ficar puto comigo, Mark! – Altero a minha voz e vejo
um deslumbre de divertimento em sua face. — Não adianta você me ignorar
e apenas ficar calado, isso só vai prejudicar o nosso… – Sou interrompida
por Mark, que bota uma mão em minha nuca, segurando firme em meus
cabelos. Ele puxa meu rosto em sua direção e devora a minha boca. Seu
beijo é doce e ao mesmo tempo…selvagem. Eu respondo e ele aperta ainda
mais meus cabelos, sua boca tem um gosto de canela, misturado com
hortelã.
Parece o paraíso.
Sua boca é tão gostosa que não tenho vontade de parar o beijo, mas para
minha infelicidade ele foi diminuindo o ritmo do beijo e separou sua boca
da minha.
Ele afasta seu rosto, ainda com sua mão em minha nuca. Consigo ter um
vislumbre de sua boca toda vermelha, resultado do nosso beijo.
— Você fala demais, Turner. – Ele dá um sorriso de lado, vira as costas e
sai andando.
Eu fico parada na barraca, abobada. Procuro alguma cadeira para me
sentar, pois acho que as minhas pernas vão falhar a qualquer momento,
parece que o ar saiu dos meus pulmões e meu coração parece que recebeu
um choque de tão acelerado que ele estava.
— Onde estão as cadeiras desse lugar? – Falo desesperada, procurando
por uma cadeira.
Acabo sentando em uma cadeira que estava ali por perto e fico pensando
no que acabou de acontecer nessa barraca.
Que diabos acabou de acontecer?
Mark Firth me beijou.
Capitulo 7
stou em dócil esperando Mark chegar. Já eram dez horas da manhã
E e ele ainda não tinha chegado para trabalhar. Será que ele estava me
ignorando por causa do nosso beijo na barraca ontem?
Será que ele não gostou do meu beijo?
Ou será que ele só fez uma brincadeira de mau gosto comigo? Só de
pensar que aquilo tudo foi uma brincadeira, meu estômago se revira
totalmente.
Gostei tanto do gosto de sua boca, era tão macia. E que pegada! Ele
parece ser um homem tão contido e educado, mas o seu beijo na barraca
me mostrou outro lado dele que até agora era desconhecido.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho do elevador.
Alguém estava chegando, será que era ele?
Tento ficar sentada e quieta, mas alguma força maior me faz levantar da
cadeira. As portas se abrem e revelam Mark Firth, completamente
deslumbrante com seu terno armani preto e uma blusa social vinho por
baixo do terno. Não sei por que, mas fico ali em pé, apenas olhando seu
andar glorioso até a sua sala.
Até que ele para.
— Está com pulgas na cadeira, Rachel? – Ele olha para mim e me espanto
com o seu tom informal dentro do trabalho.
— O-o que?
— Por que você está em pé me olhando? – Mark dá um sorriso de lado e
se aproxima de mim. —Gosta do que vê, Turner? – Ele sussurra perto do
meu rosto.
Eu abro a boca, mas nada sai. Que droga! Por que sempre quando estou
perto desse homem não consigo formular nenhuma frase?
Mark dá um sorriso convencido, como se tivesse ganhado a batalha, mas
eu não deixaria aquele sorriso presunçoso em seu rosto.
Não mesmo.
— Já vi melhores, mas, pelo menos, dá pro gasto. – Dou de ombros.
Vejo o sorriso sumir de seu rosto. Foi nesse momento que percebi que eu
tinha vencido aquela batalha.
— Bom. – Ele limpa a garganta, meio nervoso. — Não passe nenhuma
ligação durante a manhã, estarei em várias reuniões até o final do dia. – Ele
ajusta rapidamente a sua gravata, como se estivesse se recompondo.
— Tudo bem, senhor Firth. – Passo a mão em meu novo vestido azul para
que ele não fique amarrotado. Ele não tinha nenhum decote, mas tinha uma
fenda generosa na perna esquerda.
Eu adorava vestido com fendas.
— Bonito vestido, senhorita Turner. – Seu olhar cai sobre a minha perna
que estava sem o tecido. — Gostei da cor. – Mark dá uma piscada e vai para
sua sala logo em seguida.
Depois dessa conversa com Mark, o que considero uma conversa, pois
antes ele não me dava nem bom dia, acabo mergulhando no trabalho.
Quando vejo, já está na hora do meu almoço, então resolvo convidar Tom
para almoçar, já que ele trabalha algumas quadras de mim.

∞∞∞
— Estava com saudades. – Tom dá um gole em seu refrigerante.
— É que com o evento beneficente da empresa acabei ficando sem tempo.
– Dou uma garfada em minha comida.
— E como foi? Deu tudo certo? – Acabei contando tudo o que aconteceu
no evento e no dia seguinte. Ele fazia caretas quando eu contava cada parte
dos acontecimentos.
Mas quando ele soube do beijo, ele deu um berro no meio do restaurante.
Eu fiquei vermelha de vergonha, pois todos as pessoas do restaurante
olharam para a nossa mesa. Depois do grito, Tom não parou por ai, ele ficou
se abanando e dando uns gritinhos contidos, o que fez um garçom se
aproximar.
— Está tudo bem aqui, o senhor está passando mal? – O garçom se dirige
ao Tom.
— Estou ótimo! Melhor do que ótimo, obrigada. – Tom dá um sorriso
simpático e o garçom sai logo em seguida.
— Meu Deus, Tom! Que vergonha! – Cubro meu rosto com as minhas
mãos.
— Rachel, isso é tão barro! – Ele bate palmas. — Ele te beijou! – Tom dá
um grito que é abafado por suas mãos. — A porra de um beijo, Rachel.
— Não foi nada demais, Tom. – Abaixo a cabeça. — Acho que foi para
ajudar com as rifas da mamãe. – Dou um gole em meu refrigerante. — Só
que ele veio com um papo estranho hoje.
— Papo? – Tom parece confuso. — Mas você me disse que ele não te
dava nem bom dia!
— O que tem isso?
— Você disse que nada mudou, mas a mudança está bem embaixo do seu
nariz! – Ele dá um riso como se tivesse descoberto um segredo.
— Você acha que ele ter um papo doido comigo e elogiar meu vestido é
uma mudança? – Rio da sua linha de pensamento.
— ELE ELOGIOU O SEU VESTIDO? – Tom se levanta dá sua cadeira.
— Vocês vão ser um casal perfeito.
— Ai meu Deus, você está viajando. – Levanto da cadeira, pago a conta e
saio do restaurante com Tom atrás de mim, falando um monte de
baboseiras, sobre como eu e Mark seriamos o melhor casal de Nova Iorque.
— Qual é, Rachel! – Ele me segue até a entrada do meu trabalho. — Ele
elogiou a sua roupa, ou seja, ele estava reparando em você!
— Eu acho que você está imaginando coisas, amigo. – Rio do que ele
acabou de me falar. — Tenho que voltar ao trabalho.
Me despeço de Tom, subo e volto a trabalhar.
Me afundo no trabalho, tentando esquecer tudo o que Tom me falou
durante o nosso almoço.
Será que ele estava certo? Eu acho que uma parte dentro de mim queria
que Tom estivesse um pouquinho certo, apenas um pouco.
Olho para o relógio e vejo que já são sete horas da noite. Já passou da hora
de ir pra casa, Mark ainda deve estar em reunião.
Arrumo as minhas coisas e vejo um grupo de engravatados saindo da sala
de reunião e Mark com uma cara de cansado. Tadinho, deve ter trabalho
muito.
Apesar de ser rabugento e mal humorado, vejo que ele se esforça bastante
em seu trabalho e apesar de tudo, acho que ele gosta da sua profissão.
Acho que essa empresa é a vida dele.
— Rachel. – Mark para em frente da minha mesa. — O que ainda está
fazendo aqui? – Ele levanta uma sobrancelha.
— Não vi o tempo passar, senhor. – Dou um sorriso fraco. — Já estava de
saída. – Levanto para ir embora, mas meu braço é segurado por Mark.
— Espere. – Mark olha para mim, ainda segurando meu braço. — Preciso
da sua ajuda com algo.
— Claro, o que deseja? – Olho para Mark e seus olhos escurecem e vejo
seu olhar analisando cada centímetro do meu corpo.
Ele balança a cabeça e limpa a garganta, como estivesse espantando
alguns pensamentos.
— Preciso da sua ajuda para escolher um terno. – Ele limpa a garganta
novamente.
— Claro. Eu te ajudo a achar um… terno. – Falo meio incerta com o seu
pedido.
Um pedido um tanto estranho, devo dizer.
— É que preciso ir a um evento importante amanhã. – Ele ajusta sua
gravata. — Bom, já que você ainda está aqui, acho que a sua opinião
ajudaria, devido ao seu gosto por moda.
— C-claro. - Pego a minha bolsa.
— Vamos. – Ele abre espaço para eu passar, botando a mão em minha
cintura.
O clima dentro do carro foi silencioso e tenso.
Dei graças a Deus quando chegamos na loja de roupa.
E não era nenhuma loja de roupa qualquer. Era Armani.
Quando pisei na loja, minha boca foi ao chão. O estabelecimento era puro
luxo e cada canto do mesmo gritava dinheiro. Acho que nem se eu juntasse
todo o meu salário, pelo resto da minha existência, seria possível eu
conseguir comprar alguma coisa da marca Armani.
— Fecha a boca, Rachel. – Mark sussurra em meu ouvido, dando em
seguida um riso divertido.
Quando Mark passa pela porta da loja, todo mundo que estava dentro da
mesma, para. Todos conseguem sentir a presença poderosa que ele exala.
Todas as mulheres ficam hipnotizadas pela sua beleza, algo que não as
culpo.
— Olá senhor, boa noite. – Uma atendente loira e esbelta é a primeira que
vem em direção a Mark, apesar das outras tentarem chegar até ele, ela foi
mais rápida.
— Eu preciso de um terno, agora mesmo.
— É claro. Farei o possível para ajudá-lo.
A vaca nem nota a minha presença.
— Que tipo de terno está procurando? – Ela pergunta, nos levando até um
provador. Só que não é um provador normal, ele é enorme e parece mais
uma sala do que um provador. Ele é totalmente chique e combina
perfeitamente com Mark.
Tem até um lustre!
— Não sei ainda. – Mark parece indeciso. Passo em sua frente e olho as
araras com os ternos para tentar ajudá-lo a encontrar algo.
— Bom, vamos começar pela cor. – Ela dá um suspiro ao ver o semblante
pensativo de Mark, admirando sua beleza. — Tem alguma cor que o senhor
tenha preferência? Tem alguma cor especial?
— No momento estou gostando da cor azul. – Eu paro ao escutar as
palavras de Mark.
Viro lentamente e encontro um sorriso malicioso em seus lábios.
— Tudo bem, acho que já sei o terno perfeito. – Ela sorri. — Já volto.
Ficamos nos encarando, ele com um sorriso travesso em seu rosto e eu
desesperada por ar, em silêncio até a moça voltar com o terno.
— Aqui está. – Ela entrega o terno para Mark. — Precisa de ajuda para
vesti-lo? – A atendente pergunta de forma maliciosa.
Um desconforto cresce dentro de mim quando escuto as palavras da
mulher.
— Não preciso da sua ajuda. – Mark fala com uma voz fria, tirando o
sorriso malicioso da cara da mulher.
Dito isso, Mark entra no provador e fecha a porta na cara da mulher.
Seguro o riso botando a minha mão na frente da minha boca. A mulher fica
sem graça e acaba saindo de fininho.
Fico esperando Mark sair do provador.
— Rachel? – Escuto Mark me chamar.
— Sim, senhor Mark? – Chego perto da porta, encostando o ouvido na
mesma com o objetivo de escutá-lo melhor.
Acabo me desequilibrando quando Mark abre a porta, mas o mesmo me
pega pela cintura. Nossos rostos estão muito perto um do outro, sinto até
mesmo a sua respiração em meu rosto e o cheiro de canela e hortelã que
exala de sua boca.
O cheiro acaba me trazendo lembranças do dia anterior e começo a sentir
minhas bochechas ficarem quentes, o que era um sinal de que eu estava
começando a ficar com vergonha.
Mark dá um riso quando vê o meu estado.
— Me ajuda com a gravata, Turner? – Ele me puxa pela cintura e fecha a
porta atrás de nós.
Congelo.
O que está acontecendo? Estou dentro de um provador com o meu chefe!
— Ah, Rachel. – Ele bota uma mecha do cabelo atrás da minha orelha. -
Você faz eu ter uma cor favorita todo dia.
— E-eu faço? – Pego na sua gravata e começo a arrumá-la, com o objetivo
de tentar afastar esse assunto.
Ele seguras as minhas mãos e olha fundo em meus olhos.
— Você faz mais do que isso, Turner. – Ele faz um carinho em minha
bochecha.
— O que é isso tudo que está acontecendo? – Pergunto com medo da
resposta, com medo de tudo não passar de uma brincadeira.
— Eu também não sei, ainda. – Ele aproxima seu rosto do meu, segura
com força a minha cintura e me puxa ainda mais para perto, como se isso
fosse fazer nossos corpos se fundirem.
Com a outra mão livre ele faz um carinho em minha bochecha, trilhando a
mesma até a minha nuca, segurando meu cabelo com gentileza.
E então ele me beija.
O beijo era tão desesperado, era como se os nossos corpos fossem se
fundir e virar um só. Ele me beija como se tivesse com saudades.
Como se sentisse falta da minha boca.
Capitulo 8
arece que o provador estava pegando fogo de tão calor que eu
P estava sentindo.
Me delicio com o sabor dos lábios de Mark, seu perfume impregna
todo o provador e isso faz com que eu cole meu corpo ainda mais no dele.
Até que percebo a loucura que estamos fazendo.
Eu estou beijando o meu chefe.
Corto o beijo e me afasto de Mark. Ele me olha confuso e se aproxima de
mim novamente, fazendo com que eu dê um passo para trás, encostando em
uma parede.
Droga, estou sem saída.
Antes que ele cole seu corpo no meu, boto a minha mão na frente do seu
peito, impedindo-o de se aproximar ainda mais. Porém, me arrependo na
mesma hora, pois sinto seus músculos através da roupa que estava usando.
Isso me fez imaginar como seria o resto do seu corpo.
Foco, Rachel!
— O que estamos fazendo, Mark?
— Estamos nos beijando. – Ele fala com um sorriso divertido em seu
rosto.
—Não, o que estamos fazendo?
— Eu também não sei, Rachel. – Ele me olha confuso, tentando encontrar
uma resposta também.
— Então devemos parar.
— É que você me deixa doido. – Ele segura minha mão que estava o
impedindo de se aproximar e cola seu corpo ao meu.
Mark cheira meu pescoço, fazendo com que eu me sinta arrepiada dos pés
a cabeça. Ele levanta a minha perna esquerda até a sua cintura e cola sua
boca com a minha novamente.
Acabo ficando derretida em seus braços, sentindo o gosto de sua boca
novamente.
Deus, se isso é o céu, por favor me deixe aqui.
Ele me empurra ainda mais para a parede, fazendo os nossos corpos
colarem mais, com a aproximação de seu corpo, consigo sentir sua ereção
latente.
Não, merda.
— Mark! – O empurro, sentindo falta do calor de seus lábios.
— Rachel! – Tiro minha perna de suas mãos e desencosto da parede.
— Você não pode sair por ai beijando as mulheres! – Aponto o dedo em
sua direção e Mark levanta uma sobrancelha, parecendo se divertir com a
minha atitude.
— Elas nunca reclamaram. – Mark possui uma postura de convencido
enquanto fala.
— Mas eu não sou como nenhuma delas e não vou admitir esse tipo de
comportamento. – Empino meu nariz, me aproximando de seu rosto.
— Droga, esqueci o quanto você é irritante, Turner. – Mark fala entre
dentes.
— Bom, acho que já deixei meu recado claro. Não sou igual as outras,
Mark. – Me viro e saio do provador, deixando Mark sozinho.
Pego um táxi e vou direto para a minha casa. Arrependida e magoada, mas
com vontade de voltar lá e terminar aquele beijo.
Meu Deus, como eu quero terminar aquele beijo.
Mas não! Não admito ser apenas um jogo para Mark Firth. Não vou ser
apenas uma secretária que ele pegou e depois demitiu.
Quando eu comecei na empresa, antes dele chegar de viagem e eu
conhecê-lo, eu escutava rumores sobre como ele era. Ele sempre dormia
com as suas secretarias e quando ele ficava enjoado de usá-las, ele as
demitia.
De agora em diante não vou mais cair nos papinhos de Mark, apesar dele
ser tão maravilhoso e gostoso, não vou mais!
Porém, sempre tem alguma coisa me puxando para ele, eu não consigo
ficar longe. Ele tem uma coisa que sempre me faz querer mais, que me faz
querer ver mais ele, que me faz querer sentir ele ainda mais.
Tenho que lutar contra esses sentimentos e ser forte.
Deus, me ajude.

∞∞∞
Acordo na manhã seguinte com uma enorme dor de cabeça. Foi difícil
pegar no sono ontem, fiquei planejando um forma de não ser afetada por
Mark, mas acho que não consegui planejar muita coisa.
Vou para o trabalho emburrada e com dor de cabeça.
Vou direto para a minha mesa, que fica em frente a sala de Mark. Ligo o
computador e começo a checar os e-mails que ele tinha recebido.
As portas do elevador se abrem e Mark Firth sai do mesmo com o seu
terno armani cinza.
Impecável.
Solto um suspiro e tento voltar a minha atenção para o computador. Ouço
o barulho de alguém limpando a garganta. Sei muito bem quem tem essa
mania.
Vejo Mark parado em minha frente.
— Bom dia, Turner. – Mark bota as suas mãos dentro do bolso da sua
calça.
— Bom dia, senhor.
— Algum recado para mim?
— Não…Pois a empresa só vai abrir em 10 minutos.. – Fico confusa.
Não tem como ter recado para ele se a empresa nem abriu direito.
— Ah, certo. – Ele limpa a garganta. — Me avise se eu tiver algum…
recado.– Ele se vira e sai, sem esperar nenhuma resposta minha.
Grosso.
As horas passam voando e quando vejo falta apenas uma hora para ir para
casa.
Mark estava atacado hoje, me chamou de 10 em 10 minutos na sala dele,
pedindo coisas ridículas, como, por exemplo, uma caneta azul. Como uma
pessoa que diariamente tem que assinar papéis, não tem a porra de uma
caneta azul?
As vezes acho que ele só faz as coisas para me irritar.
Estava contando as horas para ir embora e não precisar mais olhar para
cara de Mark.
Estava concentrada em organizar a agenda de reuniões dele para amanhã,
só que a minha atenção é desviada para uma voz que me chama.
— Querida, poderia avisar ao Mark que estou aqui, por favor. – Eu
conheço essa voz de algum lugar.
Olho para cima e vejo em minha frente, com um vestido extremamente
chamativo e olhando para as suas unhas, minha prima Lucy.
Só pode ser brincadeira.
— Lucy? – Pergunto, ainda não acreditando que é ela parada na minha
frente.
— Rachel? – Ela parece surpresa, mas suas feições logo mudam. - Ora,
ora.
Reviro os olhos.
Lá vem.
— Não sabia que você era a nova empregadinha do Mark Firth. – Ela fala
com deboche.
— Eu não sou empregada de ninguém. – Falo entre dentes. — Ser
secretária é bem diferente de ser empregada.
— Não quando é você que está no cargo, meu anjo. É tudo a mesma coisa.
– Ela me olha de cima a baixo, com um ar superior.
— O que você deseja aqui, Lucy? – Pergunto impaciente.
— Acho que para uma secretária você não escuta muito bem, Rachel. –
Ela dá um sorriso sínico. — Eu quero falar com Mark! – Ela fala
pausadamente, me irritando ainda mais.
Resolvo ligar logo para Mark, antes que eu enfie aquele chiclete, que ela
está mastigando de forma exagerada, em algum lugar bem escuro dela.
– Sr. Mark, Lucy está aqui. Devo deixá-la entrar? – Escuto a resposta de
Mark e desligo o telefone, batendo o mesmo com força. — Pode entrar. –
Falo entre dentes.
Alguma coisa dentro de mim borbulha de raiva. Mas acho que não é pelo
desaforo de Lucy, mas sim por Mark ter deixado ela entrar na sua sala.
Eu nem sabia que eles se conheciam. Eu sei que nossas famílias são
próximas, mas nunca imaginei que alguém como Mark gostaria de ter
alguém como Lucy por perto.
Argh, por que estou tão incomodada com isso?
Depois de 10 minutos, em que eu fiquei agoniada, roendo as minhas
unhas, morrendo para saber o que eles estavam fazendo lá dentro, Lucy sai
da sala de Mark com um sorriso convencido.
— Ela é uma coisa estranha. – Mark para do meu lado vendo Lucy ir
embora.
Acabo levando um susto com a sua presença.
— Como você conhece ela? – Quando eu vejo, as palavras já tinham saído
da minha boca.
Mark me olha com um olhar divertido.
— Com ciúmes, Turner?
— De você? Nunca. – Reviro os olhos.
Mark apoia uma mão na minha mesa e com a outra ele gira a minha
cadeira, fazendo-me ficar de frente para ele.
Mark abaixa o seu tronco, ficando na altura do meu rosto.
— Qual o motivo dessa cara emburrada então? – Mark sussurra as
palavras em meu rosto.
— N-nada. – Tento afastar meu rosto, mas o cheiro de seu perfume me
chama para perto dele.
— Não tem com o que se preocupar, ela não chega aos seus pés. – Mark
fala sério e se afasta.
Ele para na porta de sua sala e se vira.
— Está liberada. Eu busco você daqui uma hora.
O que?
Quando ele fez menção de entrar na sua sala, eu me levanto da cadeira,
indo em sua direção.
— Me buscar? Onde vamos?
— Esqueceu do compromisso que eu te falei ontem, Turner? – Ele levanta
uma sobrancelha. — É lógico que a minha secretária irá me acompanhar.
— E-eu não achei que…
— Pensei que estava explícito que você iria comigo. – Se aproxima com
uma mão no bolso da sua calça social.
— Eu não quero atrapalhar nada. – Falo gesticulando.
— Turner, você vai comigo e assunto encerrado. – Ele fala autoritário. —
Ou terei que dar uns tapas nessa sua bunda para te botar na linha?
Oh meu Deus.
Capitulo 9
hego em casa ofegante. Quando Mark falou aquelas coisas, saí de
C lá correndo como uma gazela.
Não me orgulho.
Mas acho que se eu ficasse lá, faria uma besteira. Esse homem me deixa
louca em todos os sentidos. Quando ele toca em mim, meu corpo reage de
um jeito que nunca reagiu para nenhum homem. Deus, ele me enlouquece.
Volto para a realidade e vou direto para o banho. Escolho uma roupa
fresca para usar no evento, pois já é de noite e está um tempo agradável.
Mark não me falou sobre o que era esse evento, não sei o motivo dele
precisar de mim em um evento que até pouco tempo eu não sabia da sua
existência.
Fico arrumada, esperando por algum sinal de Mark. Ele disse que
mandaria uma mensagem quando chegasse.
Quando olho o relógio, vejo que já são oito horas da noite. No mesmo
instante chega uma mensagem de Mark, dizendo para eu descer.
Pontual.
Pego a minha bolsa e desço correndo, sei que ele cronometra tudo o que
faço.
Quando chego na calçada, não vejo nenhum sinal do carro de Mark e nem
do mesmo. Onde será que ele está?
Escuto o barulho de uma buzina, mas não é de um carro.
Olho para o meu lado e prendo a respiração.
Mark está debruçado em cima de uma Harley. Ele estava usando calça
jeans, camiseta branca, uma jaqueta de couro preta e segurava um capacete
com o visor espelhado.
Oh meu Deus.
Eu descobri o motivo de eu estar viva até agora. Foi para ver Mark Firth
usando uma jaqueta de couro, em cima de uma Harley.
Acho que acabei de ter um orgasmo.
— Vai ficar parada ai, Turner? – Sua voz carregada de sotaque britânico
me tira dos meus devaneios.
— N-não. – Me aproximo dele e de sua moto. — Ela é muito linda.
— Com certeza é. – Seus olhos não estavam direcionados para a moto,
estavam direcionados para mim.
Sinto que meu rosto está começando a ficar quente e agradeço aos céus
que já está de noite.
— Vai ficar parada ou vai subir essa bunda na minha garupa, Turner? –
Sinto um tom de malícia presente em sua voz.
Ele me oferece a sua mão e me apoio na mesma para subir na moto que
está em minha frente. Fico sem jeito, sem saber onde coloco as minhas
mãos.
Mark percebe a minha incerteza e pega as minhas duas mãos e coloca em
sua cintura.
— Segure firme, Rachel. – Ele olha para trás.
— Espera! A gente não vai cair? Porque...eu...sou….gorda? – Mark me
olha friamente.— Isso não pode afetar na hora de fazer uma curva?
— Primeiro, nunca deixaria nada acontecer com você. – Ele dá um sorriso
de lado. — Segundo, você não é gorda e terceiro, pare de falar besteiras,
você fala muita merda. – Ele fala a última frase em um rosnado.
Ele coloca um capacete em minha cabeça, como se eu não fosse capaz de
conseguir fazer isso.
Mark também coloca seu capacete, liga a moto e sai pilotando pelas ruas
de Nova Iorque.
Depois de meia hora, Mark para em lugar aberto, com grama e algumas
cabanas de comida, enfeitadas com lâmpadas penduradas. Admito, era um
lugar aconchegante.
Mark me ajuda a descer da moto e andamos até a entrada do local. Escuto
um riso familiar e quando chegamos mais perto vejo minha tia Mary.
Olho confusa para Mark, que me lança um olhar divertido.
— Não! – Aponto o dedo indicador para ele, acusando-o.
— Minha querida Rachel! – Tia Mary me encara surpresa e vem em
minha direção me dando uma abraço apertado.
— O-olá, titia. – Abraço ela e atrás da mesma vejo Mark vermelho, dando
gargalhadas.
Não acredito que ele fez isso!
Quando finalmente abraço todos que eu encontro pelo caminho, dou um
tapa fraco no braço de Mark.
— Por que você não falou que o evento era o aniversário da tia Mary? –
Pergunto irritada.
— Se eu fui obrigado a vir, – Ele ri da minha cara emburrada — eu irei te
arrastar junto, Turner. – Ele sussurra essa última frase em meu ouvido. Seu
sotaque britânico me derrete completamente, me deixando com as pernas
bambas.
— Maldito. – Murmuro. — Você é Mark Firth, ninguém te obriga a nada.
— Se for para fechar um negócio que vai me deixar ainda mais milionário,
sou obrigado sim.
Reviro os olhos por saber o real motivo dele ter vindo para essa festa.
Olho em volta a procura dos meus pais, tentando achá-los em meio a tanta
gente.
— Por isso você veio, tirará nota de tudo, Turner. – Ele me leva em
direção a uma tenda, que possuía 4 poltronas brancas.
Ele bota a mão em minha cintura, me guiando para o local onde dois
homens já estão a sua espera.
Mark me apresenta para os homens e nos sentamos. Noto o olhar do
homem mais novo sobre mim e sinto um leve desconforto com o olhar
malicioso que lança para mim.
— Mark, é um prazer. – O homem mais velho se pronuncia. — Quando a
sua mãe me convidou para a festa de sua tia, me senti lisonjeado.
— Você é amigo da família a anos, somos mais que gratos com a sua
presença. – Mark dá um singelo sorriso.
— É uma honra. – Eles apertam as mãos. — Esse é Théo, meu filho mais
velho. Ele vai assumir a minha empresa, devo me aposentar em breve.
Eles dão um pequeno aceno de cabeça.
— Estou animado para fechar negócios. – Théo falou olhando diretamente
para mim.
Minhas bochechas começam a esquentar e começo a balançar minhas
pernas.
Mark limpa a garganta e percebo que ele está nervoso. Mas qual seria o
motivo?
— Bom, como sabe, nós somos uma empresa de marketing muito bem
conhecida pelo mundo todo. Adoraríamos promover a Law Company, Sr.
Mark. – O mais velho lança um sorriso simpático para Mark. — Creio que
ambos irão ser muito bem recompensados.
— De fato. – O sotaque britânico de Mark se faz presente. É incrível,
parece que nunca vou me cansar de escutar essa voz sexy.
Que dizer, Deus me livre, mas quem me dera.
— Não tomarei as rédeas desse negócio, deixarei para Théo. – O mais
velho bate levemente no ombro do seu filho. — Então, se me dão licença,
tomarei um whisky com o seu pai, Mark.
Ambos trocam um aperto de mão.
— Foi um prazer, querida. – Ele me dá um sorriso sincero e sai.
— A Law Company sempre me interessou muito. – Théo fala, chamando
a atenção para ele. — Você faz um ótimo trabalho com aquela empresa.
— Eu sempre tento fazer o meu melhor. – Mark dá de ombros. — Eu
escolho meus funcionários a dedo. – Mark olha para mim.
— Devo dizer, bela escolha, Firth. – Théo me olha maliciosamente.
— Vamos falar apenas de negócios. – Mark rosna.
— Qual o seu nome, querida? – Théo ignora Mark e se dirige a mim.
Abro a boca para falar mas sou interrompida por Mark.
— Ela é minha secretária. – Ele frisa a palavra ‘’minha’’.
— Ah, vamos Mark! – Théo dá um gole em seu whisky. — Vai me dizer
que não gosta de compartilhar?
— Não. – Mark fala friamente.
— Que seja. – Théo murmura. — Vamos fazer negócios.
— Acho melhor.
— Mas tenho um pedido. – Théo dá um sorriso sapeca.
— Vá ao ponto, Théo. – Mark parece impaciente com a situação.
— Se você me der em troca a sua secretária, – Ele dá um sorriso malicioso
— eu lhe dou 60% dos lucros que iremos ter.
Arregalei os olhos. Estou incrédula com o que eu acabei de escutar. É isso
mesmo? Ele está me usando como moeda de troca? Eu me sinto suja e
desrespeitada.
Filho da puta.
Olho para Mark, esperando que ele negue esse absurdo todo, mas com um
pequeno medo de que ele aceite essa proposta ridícula.
O olhar de Mark me dá medo. Nunca vi o tão sério em todo a minha vida.
— Isso não será possível. – Vejo que Mark está chegando ao seu limite,
mas tenta manter a postura, como um bom britânico.
— Vamos lá Mark, ela pode ser substituída facilmente. Já a contribuição
da nossa empresa, não tem outra. Ofereço 70%, última oferta. – Ele tem um
sorriso convencido, como se já tivesse ganhado.
Oh não. Agora Mark irá ter que aceitar. Essa empresa ajudará muito na
empresa de Mark.
Apesar da empresa de Mark ser reconhecida no mundo inteiro, ela
enriqueceria, e muito, com essa parceria.
Bom, é isso. Foi bom enquanto durou. Apesar de todas as desavenças,
sentirei a sua falta, Mark.
Fecho os olhos esperando a confirmação de Mark, mas não escuto nada.
Quando abro os olhos, vejo Mark em pé, olhando mortalmente para Théo.
— Então não farei nenhum negócio com você. – Mark rosna.
O que?
Fico surpresa com a resposta de Mark e pela coragem de recusar os
milhões que ele receberia com esse acordo.
— S-senhor…– Tento protestar mas sou interrompida.
— Mark, espero que reconsidere. – Théo tem um olhar preocupado, como
se tivesse feito alguma merda.
E na verdade fez.
— Vamos sentar e conversar de novo! – Théo insiste.
— Não. – Mark rosna. — Vamos.
Ele me puxa pelo braço e me leva até uma barraca de cachorro quente.
Estava com uma fila pequena e minha mãe estava dentro dá barraca
servindo as pessoas.
Oh não.
— S-senhor, por que fez aquilo? – pergunto relutante, com medo dele se
estressar com a minha pergunta. — Acabou de perder milhões de dólares.
— Ele é um verme, Rachel. – Ele se vira para mim. — E eu não negocio
com vermes.
— Mas ele era um verme que poderia dar bastante dinheiro para você! –
Tento brincar com a situação, com esperança de arrancar algum sorriso de
Mark.
Mas não dá certo.
— Como ele falou, eu posso ser facilmente substituída, já eles não. –
Instinto. — Por que não me deu logo para eles? Deus sabe como sou
atrapalhada como secretária! – Dou uma risada falsa, com medo de sua
resposta.
Nunca o vi tão furioso em toda a minha vida.
Então ele olha profundamente em meus olhos e noto que eles estão mais
escuros que o normal.
— Não compartilho o que é meu, Turner. – Eu perco o ar.
Meu coração parece que vai explodir. Olho para a cara de Mark,
esperando ele dizer que aquilo era brincadeira. Porém, seu rosto continua o
mesmo e ele mantém seu olhar em mim.
— Querida! – Levo um pequeno susto com a voz da minha mãe.
Mark desvia o olhar para minha mãe e sorri simpático para a mesma.
Com ela você é simpático, né!
— Não sabia que você viria, querida! Geralmente você se recusa a vir a
esse tipo de festa.
– Ela dá um beijo em minha bochecha. — E vejo que está aproveitando a
companhia de Mark.
— Sim, mamãe. – Sorrio envergonhada. — Depois nos falamos.
Mark me puxa e me leva para sentar em uma cadeira, que possuía
lâmpadas penduradas por um fio, dando um ar aconchegante.
— Pelo visto você não vem em muitas festas da família, não é? – Mark
levanta uma sobrancelha.
— Não muito. – Rio sem graça. — Pois minha mãe sempre vem com
cobranças em relação a minha vida pessoal. – Falo receosa, com medo de
ser julgada.
— Não se preocupe. Eu também não gosto muito de vir. – Eu e Mark
somos parecidos em relação a nossa família. — Até porque sempre quando
encontro meu pai, nós discutimos.
Vejo a tensão em seu rosto e sei que aquele assunto o incomoda. Então
tento mudar de assunto, para ficar um clima mais agradável.
— Lá está o Bob! – Aponto para o labrador da tia Mary.
— Eu adoro esse cachorro! – Mark ri vendo Bob roubando um cachorro
quente da mão da minha mãe. — Ele sempre apronta nessas festas.
— Sim! Fica tudo muito mais divertido. – Concordo com Mark.
— Diabos, o que ele está fazendo agora? – Mark se levanta, tentando ver
melhor o que está acontecendo.
— Oh, não. – faço o mesmo que Mark e fico do seu lado.
Fico na ponta do pé e para não me desequilibrar, apoio minha mão no
ombro de Mark.
Quando Bob pega o cachorro quente da mão da minha mãe, ele sai
correndo e acaba esbarrando no tio Phillip, o que faz o mesmo cair de cara
na geleia que estava em cima de uma barraca.
As pessoas tentam pegar Bob, com o objetivo de pará-lo.
Mas não satisfeito, Bob acaba correndo para debaixo de uma mesa, que era
bastante cumprida. Quando ele sai de baixo da mesa, o pano da mesma
acaba ficando preso no cachorro quente que está em sua boca, o que acaba
derrubando tudo que estava em cima dela.
Eu e Mark explodimos em risadas juntos, nós tínhamos lágrimas em
nossos olhos. Começamos a agachar devagar, um se apoiando no outro, pois
não aguentamos mais ficar em pé de tanto que estamos rindo. O riso era tão
grande, que acabamos deitados na grama.
Estamos de lado, um olhando para cara do outro e der repente os risos
cessam.
Ficamos nos encarando em silêncio e Mark possui um semblante sereno
em seu rosto, como se estivesse em paz. Ele bota uma mão em meu rosto,
fazendo carinho na minha bochecha.
Fecho os olhos com o seu toque e sorrio.
— Rachel, eu…
— Rachel! Querida, me ajude com essa bagunça. – Mark é interrompido
pela minha mãe, que vem até nós, gritando meu nome.
Eu e Mark damos um pulo, assustados. Nos levantamos da grama
rapidamente.
— Querida, por favor! Bob fez uma bagunça! – Minha mãe segura em
meus braços, me lançando um olhar de piedade.
— E-u – Olho para Mark, sem saber o que fazer.
— Pode ir. Eu tenho que ir embora. – Mark fala.
Minha mãe se afasta xingando o cachorro.
Mark olha a bagunça que Bob fez e dá uma última risada.
— Adeus, Rachel. – Ele dá um beijo em minha bochecha.
— Adeus…– Ele já tinha saído.
Sinto frio sem a sua companhia por perto.
Capítulo 10
hego no trabalho mais cedo do que o habitual. Não vejo Mark
C desde o dia da festa da tia Mary e estou com um sentimento
estranho…como se estivesse com saudades. O que é engraçado, pois
fiquei apenas o final de semana longe dele e eu não sinto nada pelo mesmo
para ter esse tipo de sentimento.
Não é?
Chego em minha mesa e noto um buquê de rosas em cima da mesma. Fico
chocada e paro no meio do caminho.
Será que foi Mark? Não! Que estúpido, lógico que ele não faria isso. Sou
apenas a secretária dele. Totalmente atrapalhada e maluca.
Volto a andar e me aproximo da mesa. Vejo que em cima do buquê tem
um cartão branco.
Pego e leio.
‘’Mia Bella! Estas rosas são para você.
Que elas façam o seu dia mais leve e cheiroso‘’
Att Guido.
Dou um longo suspiro. Fico feliz e um pouco decepcionada. Apesar de
morrer de saudades de Guido, ainda tinha esperanças que o buquê fosse de
Mark.
Guido estava na Grécia a negócios desde quando Mark chegou. Quando
Mark está fora, em alguma viagem, é Guido que toma conta da empresa.
Eles são amigos e sócios a muito tempo.
Sorrio com a mensagem fofa que guido deixou para mim. Fico relendo seu
cartão, até que o barulho do telefone me desperta.
— Escritório de Mark Firth, bom dia. – Falo automaticamente.
Aquela era uma frase que eu dizia todo santo dia.
— Mia Bella! – Sorrio ao escutar a voz de Guido do outro lado da linha.
— Guido! Que saudade! – Suspiro.
— Não sei como estou vivendo sem a minha musa! – Guido tem uma voz
saudosa.
— E eu não sei como estou vivendo sozinha com o Mark sem você! –
Choramingo.
— Mark está te dando trabalho, né? – Guido dá uma risada do outro lado
da linha.
— E você, alguma novidade?
— Sim! Conheci uma bela dama, gostaria que você fosse a primeira a
conhecê-la. – sua voz parece animada e apaixonada.
— Qual o nome dela? – Pergunto curiosa.
— Aurora! – Ele dá um suspiro apaixonado e rio, imaginando a sua cara
de apaixonado do outro lado da linha. — Bem, foi bom falar com você, mia
bella! Mas agora eu tenho que ir.
Nos despedimos e começo a arrumar os arquivos no meu computador,
estava tudo uma bagunça.
O barulho do elevador tira a minha atenção. Eu já sabia quem era e
automaticamente prendo a minha respiração.
Perfeição.
Mark estava com um terno vinho, que era aveludado e uma gravata preta.
— Bom dia, Sr. Mark. – Me levanto, arrumando a minha saia vermelha.
Ele parece sério e mal humorado. Grande novidade! Ele parece não ter
nenhuma menção de corresponder meu comprimento ao passar direto pela
minha mesa.
Mas ele para.
Ele levanta os olhos, que estavam grudados na tela do seu celular e olha
para a minha mesa. Seu olhos vão em direção ao grande buquê de rosas.
Ele trinca seu maxilar e mexe em sua gravata, parecendo incomodado.
— Recebeu flores, senhorita Turner? – Ele limpa a garganta.
Sorrio, ele vai gostar de saber que foi Guido quem mandou.
— Sim! São lindas, né? – Sorrio, esperando alguma resposta de Mark. -
Foi o G…
Sou interrompida pelo barulho da porta de Mark sendo fechada
bruscamente.
Ele fechou a porta na minha cara, é isso mesmo?
Fico em pé, de boca aberta, ainda chocada com a atitude de Mark.
Por que diabos ele ficou assim? Que cara bipolar.
O tempo passa rápido e quando vejo já está no meu horário de almoço.
Não vi Mark, até agora ele não saiu da sua sala. Pelo visto, ele estava
realmente de mal humor.
Só que ele não pode descontar em mim.
Me encontrei para almoçar com Tom, como eu faço todo o dia.
Tom me aconselha a dar um gelo em Mark, para que ele aprenda a não ser
grosso comigo daquela forma.
Quando chego na minha mesa, noto algo diferente.
Oh meu Deus!
Do lado do buquê de rosas que Guido me deu, tinha um enorme arranjo de
margaridas coloridas, três vezes maior do que o buquê de rosas de Guido.
Era muito, muito grande! E ainda possuía um enorme laço azul, que
chamava bastante atenção. O arranjo de margaridas estava quase ocupando
a minha mesa inteira!
Como trabalharei com esse negócio enorme em cima da minha mesa?
Me aproximo do arranjo e vejo se tem algum cartão, pois isso é um
engano, só pode!
E creio que Guido não me mandaria mais um buquê de flores.
Ainda estou olhando em choque para o enorme arranjo em minha frente.
Isso não pode ser verdade.
Escuto o barulho do elevador e vejo Mark saindo do mesmo. Ótimo! Só
para melhorar o meu humor.
Acho que estou de TPM.
— Sr. Mark, acho que entregaram errado. – Aponto para o enorme arranjo
de margaridas em cima da minha mesa.
— Não é nenhum engano, eu que comprei e mandei botar em cima da
mesa. – Ele dá de ombros. — Achei que o ambiente estava sem graça, então
decidi comprar um arranjo de margaridas coloridas.
Arregalo os olhos, fico surpresa por ter sido ele que botou esse enorme
arranjo na minha mesa.
Deve ter custado uma fortuna. Mas quem quero enganar, ele é rico, ele
pode.
— Mas está ocupando a minha mesa toda! – Já estou vermelha de raiva.
— Então jogue esse buquê de rosas fora, – Ele tira os olhos do seu celular
e me olha — são cafonas mesmo. – Ele sai e vai para a sua sala, pouco
ligando para minha reclamação.
Mas só me faltava essa. Não vou deixar assim.
Vou atrás dele, até a sua sala, com sangue nos olhos de tanta raiva.
— Vai ser horrível trabalhar com aquele arranjo, está ocupando
praticamente minha mesa toda! - Bato o pé para não pular em cima daquele
pescoço perfeitinho.
— Então jogue fora o buquê de rosas. – Mark bate o punho em cima de
sua mesa, irritado.
— Não mesmo! Foi um presente de alguém muito querido. – Me
aproximo de sua mesa, apoiando as minhas mãos na mesma.
— E porque o meu é menos importante que esse buquê de merda? – Mark
se levanta e fica do mesmo jeito que eu.
Seu rosto está tão perto do meu que consigo sentir o seu hálito quente
batendo em meu rosto.
Lembranças do beijo que demos no provador voltam e me deixam com a
perna bamba. Me seguro ainda mais na mesa para não cair de cara no chão.
— Você está maluco? Você mesmo disse que queria melhorar o ambiente,
por que se importaria se eu gosto delas ou não? – Já estou vermelha de raiva
e morrendo de dor de cabeça.
Preciso de um chocolate.
Mark fica alguns segundos me olhando e balança a cabeça, parecendo
tentar afastar algo de sua mente.
— Certo, certo. – Ele se afasta e senta em sua cadeira novamente. — Por
que deveria me importar com a sua opinião? – Suas palavras frias me
atingem como um soco, mas não um soco na cara, mas sim no coração. —
O arranjo fica, Turner. – Ele volta sua atenção para o computador. — Volte
ao trabalho.
— Melhor do que ficar olhando para sua cara. – Murmuro enquanto eu
saio de sua sala, ainda conseguindo escutar a voz de Mark falando ‘’eu
escutei isso’’.
Volto para a minha mesa, tentando me concentrar em fazer o meu trabalho
e ir embora o mais rápido possível.
Só quero uma coca cola bem gelada, uma pizza e uma barra de chocolate
bem gostosa.
Droga de TPM!
Finalmente consigo me concentrar no trabalho. Tive que botar o buquê de
rosas do Guido na mesa que ficava a xerox. Pelo menos a mesa ficava do
meu lado, com uma distância bem pequena.
Começo a arrumar a agenda de reuniões de Mark para amanhã, e vejo que
ele tem uma reunião com clientes alemães.
As vezes me pego olhando para o arranjo de margaridas. Droga, malditas
flores! Por que cheiram tão bem?
Não, me nego a gostar dessas flores que Mark escolheu!
Sou interrompida pelo barulho do elevador. Lá de dentro sai uma mulher
alta, de cabelos curtos e castanhos, com um casaco de pele e óculos escuro.
Quem usaria óculos escuro em um lugar fechado?
O barulho do salto da mulher cria eco pelo lugar, incomodando meus
ouvidos. Ela se aproxima da minha mesa, com um ar superior. Sua roupa
gritava dinheiro da cabeça aos pés. Ela carregava em seus lábios, cobertos
de batom vermelho, um sorriso cínico em seu rosto.
— Olá, boa tarde. – Boto um sorriso falso em meu rosto. — Em que posso
ajudá-la?
— Gostaria de falar com Mark, por gentileza. – Ela olha para suas unhas.
— Tudo bem, qual o seu nome? – Pergunto esperando uma resposta, mas
ela não parece ter entendido. — Para eu poder anunciá-la.
— Meu nome é Annie.
Capitulo 11
ngasgo com a minha própria saliva.
E
Annie? Aquela Annie que Mark queria que eu barrasse se ela aparece
aqui? Oh não. O que eu faço agora?
Resolvo ligar para Mark para saber a sua decisão, pois se eu tomar a
errada, vai ser a minha cabeça que estará em jogo.
— O que é, Turner? – Que pessoa mais simpática, não?
Rolo os olhos.
— Annie, está aqui, senhor. – Friso o nome da mulher que está na minha
frente. — Devo chamar os seguranças? – Sussurro a última frase.
— Não, deixe ela entrar. – Fico surpresa com o que Mark fala.
Relutante, falo para Annie entrar na sala de Mark.
Fico roendo as minhas unhas, curiosa, para saber o motivo de Mark ter
deixado ela entrar. Ainda mais depois do mesmo ter pedido para não deixar
nenhuma Annie entrar.
Por que ele deixou Annie entrar?
Quando eu estou quase arrancando os meus cabelos, decido sair para
comprar um chocolate quente na esquina da empresa. Mark não tem
nenhum compromisso mesmo e pretendo voltar rapidinho.
Atravesso a rua, com sentimentos confusos povoando minha mente. Por
que Mark deixou aquela filhote de modelo e pernas de aranhas, entrar na
sala dele? E por que diabos estou me importando com isso?
Droga, mil vezes droga!
Pago meu chocolate quente e saio rapidamente da lanchonete. Mark já
deve estar puxando os cabelos, querendo saber onde estou. Pego meu
celular e vejo cinco ligações perdidas de Mark.
Ignoro, não sei porque, mas não tenho vontade de falar com ele.
Paro no sinal, esperando o mesmo fechar para atravessar. Levanto a
cabeça, tirando os olhos do meu celular e vejo na faixa de pedestre um
cachorro machucado, deitado no meio da rua.
Meu Deus!
Vejo um BMW preta vindo e não penso duas vezes. Fico na frente do
cachorro e faço sinal para o carro, que corria em alta velocidade, parar. O
carro freia bruscamente no último segundo e respiro aliviada.
— QUE PORRA, RACHEL! – Fico surpresa ao ver Mark saindo da
BMW preta e vindo em minha direção.
Ele para na minha frente e pega em meus ombros. Ele passa a mão pelo
meu rosto e braços, conferindo se eu não estava machucada.
— Você está bem? Está machucada? – Noto desespero em seus olhos.
— Eu estou bem, mas esse pobre coitado não está. – Aponto para o
cachorro que estava atrás de mim. — Por favor, me ajude a salvá-lo! – Meus
olhos se enchem de lágrimas.
Sem pensar duas vezes, Mark pega o cachorro em seus braços, sem se
importar de sujar seu terno, que custa milhares de dólares, de sangue. Ele
bota o cachorro no banco traseiro e eu sento no banco passageiro, ao seu
lado.
Mark pisa no acelerador com força e sai em alta velocidade pelas ruas de
Nova Iorque. Me seguro bem, pois Mark estava indo muito rápido.
Olho para o lado e vejo o semblante preocupado dele. Sorrio ao pensar
que, pelo menos, ele ainda tinha esse lado humano.
Ele para na primeira clínica veterinária que apareceu em nossa frente.
Saímos de dentro do carro as pressas e Mark pega o cachorro, entrando que
nem um doido na clinica.
— EU PRECISO DE AJUDA AQUI!
Todos os olhos se voltam para nós e o cachorro que está em suas mãos.
Dois médicos correm em nossa direção e começam a examinar o cachorro,
ali no colo de Mark mesmo.
— Sabem o que aconteceu com ele? – Pergunta o médico mais velho.
— Não, eu o achei deitado no meio da rua. – Me pronuncio. — Ele iria ser
atropelado se não o tirássemos de lá.
— Tudo bem, me acompanhem. – O médico mais novo mostra o caminho
até a sala de consulta.
Passamos horas lá dentro. Mark ainda estava com seu paletó sujo de
sangue.
Ele também estava com medo.
Pelo visto o cachorro que pegamos já tinha sido atropelado. Ele estava
com sangramento interno e teve que fazer uma cirurgia de emergência. Os
médicos não sabiam se poderiam salvá-lo e falaram para não mantermos
muita esperança.
Isso partiu meu coração.
Não consigo controlar as minhas emoções e começo a chorar. Boto as
minhas mãos no rosto, tentando controlar minhas lágrimas, mas está sendo
difícil. Só não quero que o pobre cachorro morra.
Sou pega de surpresa quando vejo um lenço preto em minha frente.
Levanto a cabeça e vejo Mark estendendo seu lenço de bolso preto, que
estava em seu paletó. Como não faço nenhum movimento, ele se ajoelha em
minha frente e começa a limpar as minhas lágrimas com o seu lenço.
Fecho os olhos ao sentir o seu toque, gostando da sensação de ser cuidada
por ele.
Somos interrompidos pelos médicos que nos atenderam. Suas vestes
médicas estão sujas de sangue e começo a pensar no pior.
— Então? – Mark pergunta e eu prendo a respiração, esperando pela
resposta.
— Deu tudo certo, conseguimos parar o sangramento interno
permanentemente. Creio que gostariam de saber que é uma fêmea. – Eu e
Mark suspiramos de alívio.
Sou surpreendida por Mark, que me puxa para um abraço apertado. Fico
confusa por um momento, mas não me importo e retribuo o abraço na
mesma intensidade.
— Obrigada! – Sem pensar, dou um grande abraço nos médicos que se
encontravam em nossa frente, escutando uma risada abafada de Mark.
— De nada, minha querida. – O mais velho sorri amigavelmente. —
Porém, não sabemos o que vamos fazer com essa cachorra. Pelo visto, é
cachorra de rua e não tem nenhum dono.
— Isso não é problema, eu a adoto agora mesmo. – Escuto a voz de Mark
atrás de mim e fico surpresa com sua ação.
— B-bom, isso é ótimo! – O médico fica igualmente surpreso. — Vou
passar uma lista dos remédios e cuidados que ela vai precisar. Depois de
uma semana, voltem aqui para eu examiná-la.
— Então, é uma menina? – Pergunto curiosa.
— Sim e pelo que vi, ela está grávida de 2 semanas. – Arregalo os olhos
com essa nova informação.
— E os filhotes estão bem, doutor? – Mark parece preocupado.
— Não se preocupe, eles estão bem.
Saímos do veterinário e Mark passou direto na farmácia para comprar os
remédios de Safira. Sim, ele deu o nome de safira, pois os olhos da cachorra
eram de um azul intenso. Ela era linda, os pelos eram curtos e possuíam
uma cor clara, que parecia caramelo.
Fico feliz por ver Mark se afeiçoando a cachorra. Talvez ele não seja tão
carrancudo assim.
— Mark, me deixe na empresa, por favor. – Mark me olha confuso. — Vá
para casa e cuide da Safira. Eu seguro as pontas lá no trabalho, não se
preocupe.
— Obrigada, Rachel. – Seu sotaque britânico me faz derreter no banco do
carro.
Gosto de como o meu nome é pronunciado pelos seus lábios.
Mark estaciona em frente a empresa e dá uma olhada para trás, conferindo
se Safira está bem.
Acabo sorrindo com a preocupação dele.
— Bom, qualquer coisa me ligue, que eu vou correndo ajudá-lo. – Dou um
sorriso acolhedor.
— Obrigada. – Ele dá um sorriso de volta e pela primeira vez consigo
notar como seu sorriso é lindo e ilumina o ambiente em nossa volta. —
Fiquei preocupado com você algumas horas atrás. Você não estava na
empresa e não atendia as minhas ligações. – Ele dá um suspiro pesado. —
Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você.
E como um baque, me lembro de Annie e fico triste novamente.
— Senhor Firth, por qual motivo deixou Annie entrar? – Quando vejo, as
palavras já saíram da minha boca. — Pelo que eu lembro, o senhor deixou
claro que não era para permitir a entrada dela.
— Eu tinha que resolver logo algumas coisas com ela. – Ele explica, com
um olhar sério.
— Entendo. – Abaixo a cabeça.
Sinto os dedos de Mark em meu queixo, levantando minha cabeça.
— Não se preocupe, Rachel. – Ele me olha intensamente. - Você é a
única.
Prendo a minha respiração com as suas palavras.
Como assim eu era a única? O que ele queria dizer com isso?
Ele estava gostando de mim? Não, isso é impossível.
Impossível.
Mark se aproxima de meu rosto e sinto o cheiro de seu perfume que tanto
me embriaga. Sinto as minhas pernas ficarem bambas e meu estômago
começa a embrulhar.
OH NÃO!
Isso é ruim, muito ruim. Não posso sentir essas coisas, não posso começar
a gostar do meu chefe.
SINAL VERMELHO, SINAL VERMELHO!
Ele continua se aproximando do meu rosto, com seus olhos fixos nos
meus. Seu olhar é intenso e parece querer falar tantas coisas. Parece que não
consigo me afastar, eu tento me mover mas nenhum músculo parece me
obedecer.
Sinto os lábios quentes e macios de Mark sob o meu e uma onda de
eletricidade passa pelo meu corpo, me arrepiando por inteiro. Ele me beija
de forma carinhosa e calma, diferente das outras duas vezes em que nos
beijamos. Dessa vez ele não parecia ter nenhuma pressa.
E nem eu.
Nos separamos e minha mente está totalmente bagunçada. Sem saber o
que fazer, acabo pegando a minha bolsa e saio às pressas do carro de Mark
e entro na empresa.
Mais uma vez eu fugi. Mais uma vez eu fugi de Mark Firth.
Até quando ele me deixaria fugir?
Capitulo 12
cordo com o barulho irritante do despertador.
A Eu juro que se o meu celular não fosse o despertador, eu jogaria
ele na parede. E para piorar, eu quase não dormi essa noite, pois
fiquei pensando nas palavras de Mark.
‘’Você é a única.’’
Me sento na cama e fico de frente para o meu banheiro, tendo uma visão
clara da balança que fica no chão do mesmo.
Olho para a janela do meu quarto e vejo neve caindo lá fora. Sorrio com
essa amável novidade. Apesar de ser horrível andar na neve, eu amo como
Nova Iorque fica linda nessa época do ano.
Decido enfim me pesar na balança. Já faz algum tempo que não me peso.
Não faço uma dieta muito rigorosa, então se eu sinto vontade de comer
besteira, eu como.
Me levanto, um pouco nervosa. Estou com medo de estar mais gorda e
isso acabar com as esperanças, que eu ganhava cada vez que alguma pessoa
falava que eu tinha emagrecido.
58 kg!
Começo a pular dentro do meu banheiro minúsculo, derrubando algumas
coisas que não julguei ser importante no momento.
Finalmente!
Sorrio feliz, pois já estava notando algumas coisas ruins que estavam
acontecendo ao meu corpo, devido às comidas nada saudáveis que eu
comia.
Eu percebi que posso ter uma alimentação saudável, sem me privar tanto
de comer algumas besteiras que eu gosto.
Hoje era sábado, finalmente!
Vou aproveitar para arrumar essa casa. Tem roupas espalhadas pelo chão,
tem uma montanha de louça na pia, pois eu estava evitando de lavar por
causa do frio.
Eu amo frio, mas Deus, eu sou humana!
Algumas horas se passaram e eu tinha finalmente terminado de arrumar a
casa inteira. Agora ela estava bonita para chamar meus amigos e
principalmente a minha mãe, que seria a primeira coisa que ela criticaria.
Tomo um banho e me jogo em meu sofá, que agora não tinha nenhuma
calcinha em cima do mesmo.
Nossa, limpar casa dá um sono!
Meus olhos começam a pesar, quando eu estava quase pegando no sono, o
barulho do meu celular me desperta.
— Alô? – Coço meus olhos, tentando espantar o sono.
— Rachel? – Reviro os olhos ao escutar a voz de Penny do outro lado da
linha.
Lembro da minha mãe ter falado que Penny e Matt vão se casar. Além
dela ser feia como uma porta, sempre joga na minha cara o fracasso da
minha vida amorosa.
— Olá, Penny. – Digo com pouco entusiasmo.
— Tudo bem, querida? Hoje farei um jantar para meus amigos, espero que
você venha! – Ela fala com um entusiasmo exagerado.
— Penny, eu não sei…
— Por favor! Estou tentando te salvar. – Ela dá uma risada seca. — Sua
mãe disse que se eu não a convidasse, ela iria te arrastar para jogar bingo
com as amigas dela.
Por Deus, isso não!
— Que horas será? – Nada será tão pior do que jogar bingo com as amigas
da minha mãe, então acabo me conformando.
— Será daqui uma hora, já pode vir! – Nos despedimos e começo a me
arrumar.
Decido me agasalhar um pouco mais, devido a grande quantidade de neve
que caía lá fora.
Acabo botando um sobretudo preto e um cachecol vermelho em meu
pescoço, para que assim o frio de Nova Iorque não me faça desistir de sair
do conforto da minha casa.
Afinal, hoje é sábado.
Chego na casa de Penny e toco a campainha de sua casa. Ela e Matt abrem
a porta como se fossem aqueles casais de propaganda de uma manteiga
qualquer.
É assustador.
— Rachel! Que bom que veio! – Matt me abraça, fazia tempo que eu não
o via. — E pelo visto está sozinha, hein! – Reviro os olhos, escutando suas
palavras carregadas de ironia.
— Não é uma novidade, Matt! – Penny dá uma risada falsa e eu fecho a
cara. — Estamos brincando, querida.
Eles me levam até a sala de jantar e prendo a respiração quando eu vejo
apenas casais na mesa.
O destino só pode estar de brincadeira comigo.
Agora mesmo que eu vou ser massacrada.
— A solteirona chegou! – Falou Bob, que era o marido de Michelle, que
estava grávida.
Coitada dessa criança.
— Sente-se aqui, Rach! – Michelle faz sinal para a cadeira que estava ao
seu lado.
— Então, ainda solteira? – Perguntou Larry, um banqueiro metido que
estava ficando careca em pleno vinte e sete anos!
Em vez de se preocupar com a minha vida amorosa, por que ele não
penteia os restos de cabelo que possuía em sua cabeça?
— Ninguém conquistou o coração de Rachel ainda, querido! – A voz de
Rebecca, mulher de Larry, se faz presente na sala.
Deus, como eu odeio a voz dessa mulher!
— Acho que Rachel deveria ser mais feminina, igual a mim! – A voz
anasalada e irritante de Rebecca se faz presente de novo e não posso evitar
de revirar os olhos. — Talvez assim ela conquiste um homem.
Todos na mesa riram de suas palavras e eu só consigo pensar, por que eu
não fui jogar bingo com as amigas da minha mãe?
Escuto a campainha tocar e Penny corre para a porta.
Começo a beber um champagne que está em cima da mesa, para ver se
essa noite fica mais suportável. Eu quase cuspo o champagne que estava em
minha boca quando vejo quem entra na sala de jantar.
Mark Firth e Annie.
Olho para o casal, assustada, com cara de maluca e o olhar de Mark se
encontra com o meu. Seus olhos se arregalam, dando ao seu rosto um
semblante surpreso, que depois de alguns segundos foi substituído por um
semblante divertido.
— Sente-se Mark, estávamos falando da vida amorosa de Rachel! – Como
odeio o Bob! Devo estar com a cara vermelha, igual um tomate.
— Rachel, você tem que se casar! É a melhor coisa do mundo! – Penny
abraça Matt e eu quase vomito com a demonstração de afeto deles.
— Não acho isso verdade. Sabia que entre cinco casamentos, três acabam
em divórcio? – Levanto meu nariz, com confiança do meu argumento.
Afinal, sou formada em direito e já trabalhei como advogada antes de
entrar na empresa de Mark.
Eu realmente devia estar desesperada quando aceitei um emprego de
secretária. Mas, pelo menos, estou aprendendo muito, com um grande
advogado como Mark.
— Quatro. – Escuto a voz de Mark do outro lado da mesa, olhando para
mim.
— O que? – Pergunto confusa.
— Entre cinco casamentos, quatro acabam em divórcio. – Mark explica,
reforçando meu argumento.
Dou um sorriso como agradecimento e ele retribui com um sorriso
travesso, como se ele estivesse se divertindo.
— Rachel, não de desculpas sem fundamentos. – Bob fala, com um
sorriso confiante em seu rosto.
— Não é sem fundamentos, somos advogados. Sabemos do que estamos
falando! – Mark pisca para mim, bebendo um gole de seu vinho.
— Mas se Rachel conseguisse se separar, já seria uma vitória! – Michelle
exclama aos risos e todos que estavam na mesa explodem em risadas,
menos Mark.
— Não entendo o motivo da vida pessoal da senhorita Rachel ser discutida
aqui! – Mark fala alto, fazendo os casais pararem de rir. — Vocês são tão
desocupados assim? – Mark levanta uma sobrancelha.
Era a minha vez de soltar uma gargalhada, que ecoou por toda sala, sendo
acompanha alguns segundos depois por Mark.
Depois do sermão de Mark, o jantar seguiu sem que a minha vida pessoal
entrasse em pauta.
Mas minha noite já tinha sido estragada pelas piadas sarcásticas e de mau
gosto.
— Olha a sobremesa! – Penny entra com uma torta de chocolate.
— Isso eu sei que a Rachel faz muito bem! Comer! – Matt exclama, se
achando o cara mais engraçado do mundo.
Já chega!
Me levanto bruscamente da mesa, fazendo Michelle ficar com medo.
Ótimo, que fique com medo.
— Bom, acho que teria sido melhor jogar bingo! – Acabo pensando alto.
Me afasto da mesa e começo a andar em direção as escadas, mas me viro.
— Ah, e vão tomar no cu. – Dou um sorriso sínico e desço as escadas.
Pego o casaco que estava pendurado e o cachecol, vestindo-os. Escuto
passos apressados na escada.
— Rachel! – Mark parece ofegante.
— Mark? O que você quer? – Estou um pouco emburrada, mesmo ele me
ajudando no jantar, não evito o meu tom mal-humorado.
— Você está bem? – Ele para um pouco afastado de mim, com as mãos
dentro dos bolsos da calça do seu terno, me encarando.
Jesus, ele só usa terno?
— Eu sei que você também pensa que eu sou idiota. – Enrolo o cachecol
em meu pescoço.
— Não acho que você seja uma idiota. Quer dizer, sua mãe vive tentando
te empurrar para qualquer homem vivo. Você fala sem parar em momentos
errados e deixa sair tudo o que vem pela boca sem considerar as
consequências. É fissurada no seu peso e pelo que as pessoas pensam sobre
você. Percebi que no jantar de ação de graças que foi dado na casa da sua
mãe, fui imperdoavelmente grosso. Mas é que… – Ele limpa a garganta. - O
que estou tentando dizer… de uma forma totalmente ridícula e sem graça…
é que, na verdade, talvez, apesar das aparências, eu gosto de você. Muito.
— Apesar de ser estranha, ter uma mãe maluca, ser gorda e falar merda. -
Dou uma risada irônica. — Para de brincadeiras, Mark.
— Não, gosto muito de você. Do jeito que você é.
Capitulo 13
— Ele falou que gosta de você do jeito que você é? – Tom pergunta
abobado.
— Sim!
— E o que você disse? – Ele me olha atentamente, como se a minha vida
amorosa fosse uma novela mexicana.
— Nada. – Rio sem vontade. — Virei as costas e fui embora.
— O que?! – Ele levanta bruscamente da cadeira, chamando a atenção do
restaurante inteiro.
Reviro os olhos e abaixo a cabeça, com vergonha de Tom.
— Eu fui embora, Tom! – Olho para ele, que ainda estava em pé. — Ele é
meu chefe. Simples.
— E daí? – Ele se senta novamente, parecendo estar mais calmo. — Se ele
que é o chefe e disse que gosta de você, é porque ele não está ligando muito
para essa relação de funcionário e patrão, você não acha?
— Você acha mesmo?
— É claro, sua lerda! – Ele solta uma gargalhada alta. — Só você que não
consegue perceber isso.
— Ele pode estar sendo gentil, apenas por minha família e a dele serem
amigas. – Dou de ombros.
— Eu vou te bater. – Tom massageia suas têmporas, impacientemente. —
Eu juro que eu vou te bater.
Rio com a sua impaciência e pago a conta.
— Olha, por favor, – Ele segura meus ombros — só não afasta ele.
— Tá, tudo bem. – Dou um longo suspiro. — Eu não vou mais correr
dele, satisfeito?
— Muitíssimo, querida. – Ele dá um beijo em minha testa.
Eu e Tom nos despedimos e eu voltei para o trabalho. Já estava virando
um hábito almoçar todo o dia com Tom e fugir das investidas de Mark.
Mas eu já estava cansada disso tudo, pois infelizmente eu me apaixonei
pelo meu chefe e estou fugindo dele como o diabo foge da cruz.
Estou oficialmente cansada.
Mas não sei o que acontece, pois quando ele fala comigo meu corpo
inteiro trava e não consigo dizer nenhuma palavra. Até parece a primeira
vez que a gente se viu, quando ele roubou o meu táxi. Fico sem palavras o
tempo todo e fico parecendo uma lerda.
Sento em minha mesa e encaro o arranjo de margaridas que Mark colocou
em cima da mesma. Eu acabei me afeiçoando a essas malditas flores.
— Rachel, vamos. – Mark passa pela minha mesa, como não sabia para
onde iríamos fico parada em minha cadeira. — Temos uma reunião.
Levanto da cadeira em um pulo e o sigo até a sala de reuniões. Quando
chego lá, ele me deixa entrar primeiro e lança um sorriso de canto. Escondo
meu rosto com o cabelo, pois, com certeza, estou vermelha que nem um
tomate.
Vejo a sala repleta de homens engravatados, todos sérios e,
surpreendentemente, jovens. Arrumo meu vestido branco, na esperança de
que ele esteja apresentável para a reunião.
Sento no fundo, no canto da sala, onde uma cadeira estava encostada na
parede, me dando uma visão completa de todos que estavam na mesa.
Mark coordenou a reunião impecavelmente. Além de estar perdidamente
apaixonada por esse homem, admiro muito o seu profissionalismo e toda a
carreira que o mesmo construiu.
Ele construiu a empresa do nada e criou um império de milhões de
dólares.
E o cara ainda por cima era um gato.
Sinto alguns olhares em minha direção e tento puxar o vestido para baixo,
que estava teimando em subir. Já estava ficando incomodada com tantos
olhares em cima de mim e ficava me remexendo na cadeira, tentando fazer
com que meu vestido não subisse.mais.
— Será que vocês poderiam parar de encarar a minha secretária? – Mark
eleva a sua voz, assustando todos na sala. — Ou vão ficar encarando ela
como um pedaço de carne? – Ele fala entre dentes.
Todos na sala estão de olhos arregalados. Sem nenhuma exceção, todos
estão visivelmente sem graça e alguns até abaixam a cabeça, tamanha é a
vergonha.
Sinto um alívio percorrer dentro de mim e agradeço mentalmente a Mark.
Faço uma nota mental para agradecer Mark depois que essa reunião
acabar.
Depois de todos começarem a prestar atenção em Mark e não em minhas
pernas, a reunião fluiu por mais meia hora. Mark conseguiu fechar
negócios, mesmo ainda estando com um semblante sério e impaciente.
Depois que a reunião acaba, sigo Mark até a sua sala e percebo que o
semblante carrancudo desapareceu, dando lugar a um sorriso de canto.
— O-obrigada por aquilo que o senhor disse na reunião. – Fico encarando
meu bloco de notas.
Droga, Rachel, levante essa cabeça!
Faço um esforço, que parece ser sobre humano e levanto a cabeça,
encontrando Mark relaxado em sua cadeira, com um sorriso divertido em
seu rosto.
— Não foi nada, – Ele ri — nunca deixaria ninguém fazer algum mal com
a minha secretária.
Meu coração se aquece com suas palavras e um sorriso gigante em meu
rosto é notado.
— Rachel! – Me assusto com a voz elevada de Mark. - Estava te
chamando e você não respondia… – Ele ri — Só ficava ai parada, me
olhando.
Como eu queria que tivesse um buraco aqui para eu enfiar a minha cabeça
dentro e nunca mais tirar a mesma de lá.
— O que foi? – Ele se levanta e para a poucos centímetros de mim. — O
gato comeu a sua língua, Rachel?
Meus Deus, ele gosta dessa frase, né?
Mark continua se aproximando, querendo acabar com o espaço entre nós.
Eu acabo batendo em uma parede, sem nenhuma forma de escapar dos seus
encantos.
Por Deus, é agora. Não posso mais escapar!
Agarro a sua gravata preta e colo sua boca na minha. Beijo suavemente
seus lábios, esperando o mesmo corresponder.
Abro os olhos e vejo Mark com os olhos arregalados, sem saber o que
fazer.
Quando Mark começa a corresponder meu beijo, peço espaço para minha
língua e o mesmo concede, aprofundando ainda mais o beijo.
Ele agarra minha cintura, me trazendo para perto do seu corpo. Ele cola
nossos corpos e afunda sua mão em meus cabelos, os segurando com força.
Somos interrompidos por um barulho na porta e me afasto bruscamente de
Mark, com medo de sermos pegos.
Olho para ele e o mesmo está com um ar completamente selvagem, seus
cabelos estão totalmente bagunçados, sua boca está vermelha e suas pupilas
estão dilatadas.
Ele me olha com desejo e vem para cima de mim novamente. Ele para no
meio do caminho por causa do barulho na porta novamente. Eu percebo
que, na verdade, é alguém batendo na porta e começo a me arrumar
apressadamente.
Mark faz o mesmo e corre até a porta, penteando os seus cabelos com os
dedos no meio da trajetória, e abre a mesma, revelando ninguém menos que
minha prima, Lucy.
Reviro os olhos, me enjoando só de ver Lucy ali parada.
Mark franze a testa, parecendo procurar se tinha alguma coisa marcada
com ela.
— Markizinho! – Lucy pula nos braços de Mark e meus punhos se fecham
automaticamente.
— Lucy? – Mark fica imóvel, deixando seus braços parados no alto. - O
que você está fazendo aqui?
— Oh, isso é jeito de se tratar uma amiga dos seus pais? – Ela ri — Vim
aqui para te roubar!
Mark dá um passo para trás, se escondendo atrás de mim.
Lucy percebe a minha presença na sala e seu semblante se transforma
completamente.
— Por um momento esqueci que a Rachel era a sua empregadinha! – Ela
ri escandalosamente.
— Ela não é minha empregada, – Mark fica em minha frente, como se
quisesse me proteger. — ela é uma funcionária extremamente eficiente.
Involuntariamente acabo sorrindo com as palavras de Mark, o que faz com
que Lucy fique vermelha de raiva.
— Enfim, o que você está fazendo aqui? – Mark limpa a garganta.
Ele está nervoso.
— Vim te chamar para ser meu par na festa de hoje dos meus pais,
bobinho! – Ela se pendura no braço de Mark e o mesmo me lança um olhar
clamando por socorro.
Acabo tampando minha boca, para não soltar um riso alto ao olhar a cara
de desesperado de Mark
— Olha, eu estou cheio de trabalho…
— Mas sua mãe falou que você aceitaria! – Ela bate o pé, parecendo uma
criança fazendo pirraça.
Reviro os olhos com essa cena.
— Tudo bem, tudo bem… – Ele tenta acalmá-la. — Mas só com uma
condição.
— Qualquer coisa, Markizinho! – Ela volta a se pendurar em Mark.
— Só irei se a Rachel for também. – Ele me olha, dando um sorriso de
lado.
— O QUE?! – Lucy e eu falamos em uníssono.
— Você disse qualquer coisa. – Mark bota as mãos dentro dos bolsos da
sua calça. - Não irei a lugar algum sem ela, Lucy.
Ela dá um longo suspiro e me olha com nojo.
— Tudo bem, você pode ir. – Ela bufa.
— Oh querida, não pense que eu quero ir para essa festa. – Paro em sua
frente. - Só estou indo por causa do Mark.
Passo as mãos pelo meu vestido, desamassando o mesmo. Percebo que
Mark acompanha o movimento das minhas mãos.
— Bom, Sr. Mark, – Me viro completamente para ele — qualquer coisa
estou em minha mesa.
Antes que eu pudesse sair da sala, ele segura meus braços e aproxima sua
boca da minha orelha.
— Não terminamos ainda, Turner. – Ele sussurra em meu ouvido,
causando arrepios pelo meu corpo inteiro. — Eu ainda vou fazer você falar,
mas em vez de palavras, vão ser gemidos.
Olho para Mark e o mesmo está com um sorriso de canto em seu rosto.
Ele larga meu braço e saio apressada de sua sala, acabo por esbarrar em
Lucy, mas não dou a mínima e aumento meus passos.
Sento em minha cadeira e boto minha mão sobre o meu peito. Meu
coração está aceleradíssimo, só lembro do mesmo ficar desse jeito quando
eu esbarrei em Mark pela primeira vez, quando o idiota roubou o meu táxi.
Será que nesse dia eu já tinha me apaixonado por ele?
Capítulo 14
stou nervosa, muito mesmo.
E
Não faço a mínima ideia do que usar e sei que não posso aparecer lá de
qualquer jeito, pois sei que a Lucy e sua mãe vão ficar me alfinetando a
festa inteira.
Só estou indo pelo Mark…e pelo beijo.
Deus, como eu quero terminar aquele beijo.
Fico olhando para o meu guarda-roupa a procura de um vestido decente.
Eu sei como é o gosto dos pais de Lucy, mesmo não tendo condições, eles
são chiques e gostam das coisas desse mesmo jeito.
BINGO!
Pego o vestido rosa que está pendurado atrás da porta do meu quarto e
olho para o mesmo. Ele vai ter que funcionar!
Minha maquiagem já está pronta e então coloco o vestido e me olho no
espelho. Ele é longo e tem um decote grande em meu busto, ele possui uma
fenda na lateral. O tecido dele é bem leve, de chiffon e possui um tom de
rosa claro.
Assim que eu aprovo a imagem que vejo no espelho, ligo para um táxi e
desço correndo para esperar pelo mesmo.

∞∞∞
Chego na festa e sou recebida pelos pais de Lucy.
— Ah, Rachel. – A mãe de Lucy, Emily, fala com desdém. — Que
surpresa em vê-la aqui.
— Olá, Sra. Emily. – Dou um sorriso forçado.
— Rachel! – James, o pai de Lucy e marido de Emily, me abraça
calorosamente. Diferente da sua mulher e filha, ele nunca me tratou mal e
sempre contava as histórias mais engraçadas.
Eu até que gostava dele.
— Seja bem-vinda, minha querida! – Ele dá um beijo em minha festa. —
Seus pais não falaram que você também viria
Ótimo.
— Eles estão aqui? – Pergunto olhando pela sala, procurando por eles.
— Sim, estão conversando com Mark Firth na cozinha. – Emily fala e sai
logo em seguida, fazendo pouco caso da minha presença.
— É naquela direção, Rach. – James aponta e sorri. — Está bonita,
querida! Aproveite a festa.
Vou na direção que James apontou e vejo meus pais e Mark conversando
animadamente. Acabo sorrindo com a cena em minha frente, apesar de
minha mãe não ter papas na língua, aquela cena me parecia familiar e
aconchegante, como se eu pudesse me acostumar com aquilo.
— Querida! – Papai é o primeiro a me notar. — Está linda! Não sabia que
vinha aqui hoje.
— Olá, papai, você também está lindo! – Beijo sua bochecha.
— Por Deus, me tire dessa festa! – Ele sussurra em meu ouvindo, me
arrancando uma gargalhada que chama atenção de Mark e minha mãe, que
até o momento não tinham me notado.
— Rachel? – Minha mãe se vira. — Oh meu Deus, está linda! – Ela me
abraça e seus olhos possuem um certo brilho, como se tivesse orgulhosa.
— Olá, mamãe. – Dou um beijo em sua bochecha.
— Por que não me falou que trabalha com Mark? – Ela dá um leve tapa
em meu ombro. — Ele está falando coisas maravilhosas de você, minha
querida! Estou muito orgulhosa! – Ela me abraça novamente, me apertando
ainda mais.
— M-mãe… – Tento buscar o ar. — Está me sufocando!
Ela para de me apertar e se desculpa com um sorriso tímido. Ela ajeita
meu vestido e se volta para Mark.
Mark estava com um olhar surpreso em seu rosto e parecia atônico.
— Não é, Mark? Diga para ela!
Ele continua parado, sua boca estava aberta e seus os olhos estavam
vidrados em mim.
— Você está…– Ele deixa no ar. — Não tenho palavras.
— Dolores está me chamando, vamos querido! – Minha mãe puxa meu
pai, mesmo ele perguntando: ‘’Quem diabos é Dolores?’’
— Rachel, você está… – Ele se aproxima.
— Eu sei, sem palavras, você já falou. – Tento quebrar o clima.
— Bom, se não posso demonstrar com palavras, talvez eu possa
demonstrar com isso. – Ele pega minha nuca e cola sua boca na minha.
Seu beijo é suave e calmo. Sinto seu gosto em minha boca e agarro seus
cabelos. Ele aperta minha cintura em resposta, me colando em seu corpo.
Ele me vira e me encosta na bancada que tinha na cozinha.
Ele corta o beijo e coloca suas mãos na minha cintura, não me deixando
sair dali.
— Rachel, Rachel, Rachel… – Ele cheira meu pescoço. — Você está me
deixando louco.
— Você não é o único louco aqui. – Vejo suas pupilas dilatarem e seus
olhos escurecerem.
Ele dá um sorriso travesso e me beija novamente. Dessa vez o beijo é
quente e bruto.
E eu estou adorando.
Somos interrompidos pela voz irritante de Lucy, chamando por Mark. Me
afasto de Mark e fico ao seu lado.
— Você está aí! – Ela lança um sorriso safado para Mark, mas ele morre
assim que me vê. - Você realmente veio.
— Ele é meu chefe, então ele manda. – Cruzo os braços.
Escuto um suspiro vindo de Mark e encontro seus olhos em cima de mim.
Ele balança sua cabeça negativamente, como se não tivesse gostado do que
eu falei.
— O que menos me importa agora é ser o seu chefe, Turner. – Ele
sussurra em meu ouvido, me causando arrepios pelo corpo inteiro.
— Que seja! – Ela me ignora e vai na direção de Mark. — Venha, vamos
dançar! – Ela pega a mão de Mark, mas o mesmo a puxa de volta.
— Não. – Ele para no meio do caminho e coloca suas mãos dentro dos
bolsos de sua calça.
— Como assim não, Mark? – Ela fala entre dentes.
— Você pode ter me chamado para ser o seu acompanhante, mas eu
chamei a Rachel para ser a minha. – Ele se vira para mim e pega em meu
pulso. — Venha, vamos dançar.
Olho para trás e vejo Lucy soltando fumaça pelos ouvidos. Quando vejo,
já estamos na pista de dança.
Sorrio com a raiva que Lucy estava passando.
— O que foi?
— Você tem um sorriso maravilhoso, Rachel. – Ele coloca uma mecha de
cabelo atrás da minha orelha.
— O-obrigada! – Fico surpresa pela declaração inesperada.
— Estou falando sério, Turner. – Seu semblante fica sério e começo a
ficar tensa. — A única coisa que me dá paz é eu saber que você estará me
esperando todos os dias no trabalho. – Ele acaricia minha bochecha. — Mas
agora, eu só queria ter a certeza que eu vou te encontrar todas manhãs e
noites em minha cama, ao meu lado.
Capitulo 15
— V-você o que? – Não acredito no que escuto.
— Eu quero você. – Ele olha em meus olhos. — Rachel Turner, eu quero
você.
Prendo a respiração e olho para Mark assustada.
— E-u, não sei o que falar… – Minhas mãos começam a suar e parece que
meu coração vai sair pela minha boca.
— Só diga sim, Rachel. – Ele segura minha mão e me olha intensamente.
Respiro fundo e repasso todos os momentos que tive com Mark pela
minha cabeça.
Droga!
Não dá, não posso mais negar. Eu estou completamente apaixonada por
Mark Firth e não consigo mais fugir desse sentimento.
— Sim. – Mark dá um sorriso grande e seus olhos brilham intensamente.
— Rachel, eu…
— Mark, aí está você! – Lucy interrompe Mark e pega o mesmo pelo
braço. — Meus pais querem te ver.
— Lucy… – Mark tenta puxar seu braço de volta, ele ainda está segurando
minha mão e seu aperto fica mais forte.
Eu seguro fortemente a sua mão e seus olhos são tomados por desespero,
como se ele tivesse ainda muito coisa para me falar.
Essa cena significa tantas coisas. Tantas coisas que não foram ditas, tantas
ações que não foram feitas e tanto sentimentos que nunca foram revelados.
Aperto sua mão tentando não desfazer o aperto, mas alguém acaba
esbarrando em mim e acabo largando a sua mão. Mark tenta se desfazer do
aperto de Lucy, mas o salão de dança começa a fica cheio e ele é levado.
Suspiro frustrada e fico parada no meio do salão, com as pessoas
dançando em volta de mim e só consigo pensar em Mark.
E de repente a raiva toma conta de mim e dou passos largos em direção
para onde Mark foi levado.
Acabo encontrando o mesmo pelo caminho.
Tenho quase certeza que tem fumaça saindo pelos meus ouvidos.
— Você não tem o direito de fazer isso comigo! – Dou vários socos em
seu peito. — Você não pode se declarar para mim e depois se deixar ser
arrastado pela Lucy como um cachorrinho!
— Rachel…
— Você não pode fazer isso comigo, – Continuo batendo em seu peito. —
NÃO PODE!
De repente, Mark segura as minhas mãos e cola sua boca na minha. O
beijo é intenso e apressado. Ele larga as minhas mãos e segura fortemente
meus cabelos, puxando-os.
Ele agarra minha cintura, colando nossos corpos, suas mãos fazem um
carinho em minhas costas, deixando um rastro quente na mesma.
Acabamos nos separando por causa do fôlego e vejo os olhos de Mark
brilharem.
— Você fala demais, Turner. – Ele sorri travesso.
— Então, acho que devo falar menos?
Os olhos de Mark se tornam escuros e ele se aproxima de mim, como se
fosse um leão perseguindo a sua presa.
— Vamos para minha casa, Rachel. – Ele sussurra em meu ouvido, me
arrepiando por inteira.
Acabo dando um sorriso travesso com o que eu escuto.

∞∞∞
Mark me empurra contra a parede e beija a minha boca com força. Agarro
seus cabelos macios e aperto com força. Ele agarra a minha cintura e pulo
em seu colo.
Ele me segura com as mãos na minha bunda e sinto sua ereção e arfo com
isso.
Mark me desencosta da parede e começa a andar para algum lugar. Sinto
uma superfície macia em minhas costas e concluo que estamos em seu
quarto.
Oh meu Deus. É agora, vai acontecer.
Suspiro e minhas mãos começam a suar. Parece que Mark percebe e ele
me lança um sorriso aconchegante.
— Podemos parar aqui, Rach. – Ele acaricia a minha bochecha. —
Podemos comer alguma coisa.
Deus, eu quero ele. Não vou deixar meu nervosismo atrapalhar essa noite.
Não posso deixar que isso aconteça. Por Deus, eu sei que vai ser perfeito, é
o Mark, é lógico que vai ser perfeito.
Ele nunca me decepcionaria.
— Não! – Falo rápido, assustando Mark. — Que tal eu ser a sua comida
hoje?
— Seria um enorme prazer comer você. – Mark sussurra em meu ouvido.
Ele tira meu vestido lentamente, me torturando, olhando cada centímetro
do meu corpo.
Eu estava nua.
Completamente exposta a Mark, a meu chefe.
Eu ajudo ele a tirar seu terno e consigo ver o tamanho da sua ereção por
cima de sua cueca.
Isso não vai entrar.
Mark parece ter percebido o meu desespero e acaba soltando uma risada
baixa.
— Vai entrar, Rach. – Ele sussurra perto da minha boca.
O beijo é intenso e cheio de desejo. É sexy, é quente. Esse beijo é tudo e
ele significa tantas coisas.
Ele começa a dar vários beijos em meu pescoço e começa a descer.
Enquanto ele desce os beijos para a minha barriga, ele mantém seus olhos
fixos no meu.
Isso é fodidamente sexy.
Ele para quando chega lá embaixo. Ele começa a distribuir beijos em
minha perna e tira lentamente a minha calcinha.
De novo, me torturando.
— Se você continuar demorando assim, eu …
Sou interrompida por um gemido alto que escapa pelos meus lábios
quando sinto a sua boca lá embaixo.
Sua língua é habilidosa e grande, me causando sensações que eu nunca
tinha experimentado em toda minha vida. Ele bota as minhas pernas por
cima de seus ombros, o que intensifica ainda mais as sensações que eu
estava sentido.
Solto um gemido e seguro fortemente os lençóis que estavam por baixo do
meu corpo.
Olho para baixo e vejo ele me olhando com aqueles olhos selvagens,
como se estivesse adorando a minha reação.
Acabo arfando com a visão que eu tenho de Mark com os cabelos
bagunçados, dando a ele um ar completamente selvagem e sexy.
Seus movimentos se intensificam, fazendo movimentos circulares lá
embaixo e sinto que vou chegar ao ápice.
Não demora muito para isso acontecer.
Ele passa a língua por seus lábios, ainda me olhando. Ele coloca um dedo
em minha entrada e eu arqueio as minhas costas ao sentir o contato do seu
dedo dentro de mim.
Ele faz um vai e vem gostoso, fazendo eu soltar gemidos altos que ecoam
pelo quarto.
Ele coloca o segundo dedo e começa a enfiar mais fundo. Olho para ele,
suplicando para que ele entre logo em mim, mas ele não o faz.
Ainda me torturando.
Ele coloca o terceiro dedo e eu vejo estrelas. Não aguento mais, preciso
dele dentro de mim agora.
— Mark… – Falo seu nome entre um gemido e outro. — Por favor!
— O que você quer, Rachel? – Ele sussurra em meu ouvido, acelerando o
movimento dos seus dedos.
— Eu quero que você me foda, agora. – Ele dá um sorriso satisfeito e tira
os seus dedos de dentro de mim.
— Seu desejo é uma ordem. – Ele sorri travesso.
Ele coloca a camisinha e posiciona seu pau em minha entrada. Ele enfia a
cabeça em minha entrada e ambos soltamos um gemido satisfatório.
Ele começa a enfiar mais e não sinto nenhum desconforto por estar
molhada.
— Porra, Rachel, você está tão molhada! – Ele enfia tudo e solta um
gemido alto.
Ele começa a se movimentar lentamente dentro de mim, fazendo eu sentir
uma sensação maravilhosa.
Ele começa a sussurrar coisas quentes em meu ouvido, me deixando ainda
mais molhada.
— Você não imagina a quanto tempo eu queria ter feito isso. – Ele
intensifica seus movimentos. — Você não sabe a quanto tempo eu queria te
beijar, te tocar, estar dentro de você.
Seu pau acaba saindo da minha entrada, pois a mesma estava
extremamente molhada.
— Que porra, Rachel! Você está muito molhada. – Ele enfia seu pau de
novo em minha entrada.
Ele começa a estocar dentro de mim, aumentando o ritmo. Nossos
gemidos começam a se misturar e não me importo nem um pouco se a
vizinhança escutar.
— Mais fundo! – Peço entre gemidos e ele atende meu pedido.
Ele enfia mais fundo, aumentando a velocidade do seu movimento e vejo
estrelas.
— Goza para mim, goza no meu pau, Rachel. – Ele sussurra em meu
ouvido.
E como se meu corpo soubesse, eu chego ao ápice e solto um grito que é
abafado pela boca de Mark.
— Isso, boa garota. – Ele aumenta a velocidade das suas estocadas,
gozando dentro de mim logo em seguida.
Ele se joga ao meu lado na cama e ambos estão suados e ofegantes.
Olho para Mark e vejo o mesmo me olhando com um sorriso em seu rosto.
— O que? – Pergunto rindo.
— Você é linda.
Sorrio e ele me puxa para deitar em seu peito. Ele fica fazendo carinho em
minha cabeça e meus olhos começam a pesar.
Eu transei com o meu chefe.
Esse é o último pensamento que me toma quando caio em sono profundo
em seus braços.
Capitulo 16
cordo com a luz do sol invadindo as janelas do quarto. Olho em
A volta e tenho uma certa dificuldade de lembrar da noite passada.
Oh meu Deus!
Eu transei com o meu chefe. Eu transei com o gostoso do meu chefe.
— Bom dia… – Mark aparece, encostado no batente da porta, comendo
uma maçã.
Levo um susto com a sua presença e acabo sentando na cama
bruscamente, fazendo meus peitos pularem para fora do lençol.
Os olhos de Mark escurecem e ele começa a vir para perto de mim, como
se fosse um lobo caçando a sua presa.
— Rachel, – Ele bota uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. —
se nós não estivéssemos atrasados, eu iria te comer agora mesmo.
— E-eu…
— Se arrume. – Ele se levanta. — Estarei te esperando lá embaixo.
Será que eu vou para o trabalho com ele?
Não, ele não iria querer que as pessoas ficassem sabendo que nós vamos
juntos para o trabalho, acho que ele não é tão louco assim.
Entro no carro de Mark, relutante, e coloco o cinto. Tento o máximo não
olhar para ele, apesar de termos transado, estou com vergonha. Não sei o
que ele está pensando sobre mim, ou se alguma opinião que ele tinha
formado sobre mim acabou mudando por causa de ontem a noite.
— Rachel? – Mark me olha divertido. Olho para frente e vejo que já
estamos parados em frente a um sinal vermelho.
Nem tinha me dado conta que o carro estava se movendo.
— Tá legal, o que está acontecendo? – Ele acaba parando o carro em
frente de uma loja de doces, ele se vira para mim, apoiando o cotovelo no
volante.
— E-eu estou com medo. – Olho minhas mãos, tentando
desesperadamente não fazer contato visual com Mark.
— Com medo do que? – Ele pergunta pacientemente.
— Do que você pode achar de mim, do que está acontecendo entre nós. –
Finalmente olho para seu rosto.
Ele estava mais lindo que nunca. Parecia que aquela aura carrancuda que
ele possuía tinha desaparecido completamente.
Ele parecia mais leve, até mesmo mais feliz, fico me perguntando se está
assim apenas pela transa, ou se a noite de ontem realmente significou
alguma coisa para ele, assim como significou para mim.
Será que eu sou especial para ele, assim como ele é para mim?
— Tudo bem. – Ele respira fundo. — Nunca me arrisquei como vou me
arriscar agora. Mas como você está com esses pensamentos e temo que
esses pensamentos possam te tirar de mim, eu vou falar.
Levanto a minha cabeça bruscamente quando escuto suas palavras.
Tomada pela curiosidade, chego mais um pouco perto de Mark.
— Rachel, eu não penso menos de você por causa de ontem a noite. – Ele
dá um suspiro. — Nós dois queríamos aquilo e não me arrependo nem por
um milésimo de segundo.
Prendo minha respiração com suas palavras e seguro fortemente a barra do
vestido que eu estava usando ontem na festa.
Ele continua:
— Ontem a noite significou muito para mim. – Ele bota uma mão em
minha bochecha, fazendo carinho na mesma. — Se lembra no dia do
provador, quando você me perguntou o que estávamos fazendo e eu
respondi que não sabia ainda? – Assinto com a cabeça, me lembrando da
cena. — Então, hoje eu sei e Rachel, eu quero você...eu quero nós. – Sorrio
com as suas palavras. — Rachel, eu estou completamente apaixonado por
você. Não pela minha secretária, não pela pessoa que é filha dos amigos dos
meus pais, mas por você.
— Mark, isso é tudo que eu precisava escutar. – Ele segura minha mão e
dá um beijo na mesma. — Eu também quero ficar com você!
— Então vamos ficar juntos! – Ele pega em meus cabelos e cola sua boca
na minha.
O beijo é lento e doce, tudo o que sentimos está ali, naquele beijo.
Nos separamos e Mark continua o caminho para empresa. Não
conseguimos parar de sorrir por todo caminho, a felicidade estava
estampada em nossa cara e eu queria ficar com aquele sorriso lindo de Mark
por muito tempo.
Quando chegamos na porta da empresa, decidi andar um pouco na frente
dele para que ninguém percebesse.
Não sei se eu queria que alguém soubesse do nosso relacionamento ainda,
e nem sei se ele queria.
Interrompo meus pensamentos quando sinto a mão de Mark me puxando
pela cintura, nos fazendo entrar praticamente abraçados na empresa.
Sinto meus rosto queimar de vergonha e abaixo a minha cabeça, olhando
apenas para os meus pés.
— Levante a cabeça, Rach. - Escuto Mark sussurrar em meu ouvido e
automaticamente levanto a minha cabeça, sentindo um arrepio descer pelo
meu corpo inteiro.
Vejo todos os olhos vidrados em nós. Começo a respirar mais depressa
devido a atenção que estamos chamando e sinto Mark apertar a minha
cintura, me passando um conforto silencioso.
Quando entramos no elevador, solto a respiração que nem tinha percebido
que estava prendendo. Escuto uma risada e quando viro, vejo que a mesma
vinha de Mark.
— Está rindo do que? – Também rio, contagiada com a sua risada.
— Você fica fofa quando está com vergonha. – Ele coloca uma mecha do
meu cabelo atrás da minha orelha, fazendo um carinho em minha bochecha
com a outra mão.
— Mark, estamos no trabalho. – Me afasto dele e fico na outra ponta do
elevador.
— O que tem? – Ele sorri. — Eu quero que o mundo todo saiba que eu
estou apaixonado por Rachel Turner. – Ele abre os braços, rindo.
Ele parecia feliz, e droga, eu também estava.
Muito.
As portas do elevador se abrem e saímos do mesmo. Paro em frente da
minha mesa e começo a organizar a mesma.
Olho para trás e vejo Mark parado, com as mãos dentro do bolso.
— Deseja alguma coisa, chefe? – Dou ênfase no ‘’chefe’’.
— Você. – Ele fica sério e paro de sorrir. — Fui burro, devíamos ter
ficado o dia inteiro na cama hoje.
— Mark… – Tento fazer um tom de advertência, mas a minha voz acaba
saindo trêmula por causa da excitação que estava crescendo lá embaixo.
— Estou falando sério, Rachel. – Ele se aproxima. — Eu não me canso de
você. – Ele passa a mão pela minha perna, fazendo um carinho gostoso na
mesma.
— Se comporte, não é por eu estar com você que vamos ficar de
brincadeira no trabalho. – Tiro sua mão da minha perna e noto que ainda
estou com o vestido da noite passada. — Acho que essa é a roupa mais
chique com que eu vim trabalhar.
Mark dá uma risada abafada e deixa um beijo caloroso em minha testa.
— Você sempre veio bonita. – Ele se levanta. — Você me fez ficar mais
interessado em vestidos, apenas vendo você usá-los.
O telefone interrompe nossa conversa e Mark se despede com um selinho.
Antes de entrar em sua sala, ele se vira e fala ‘’gostosa’’, o que acaba
fazendo com que eu atenda o telefone rindo.
— Olá, Rachel. – Um arrepio subiu pela minha espinha.
Era Lucy.
Mas dessa vez a sua voz não estava irônica como todas as vezes em que
ela dirigia a palavra a mim.
Estava diferente.
— Lucy, o que você quer? – Pergunto impacientemente.
— Soube que você estava aos beijos ontem com Mark Firth. – Ela ri
secamente. — O que você tem na cabeça, Rachel?
— Como é? – Fecho minha mão, tentando controlar minha raiva.
— Fique longe dele, ele é meu. – Sua voz possuía um tom de ameaça. —
Eu o vi primeiro!
— Você só pode estar de sacanagem! – Jogo minhas mãos para o alto,
frustrada com aquela conversa que estávamos tendo. — Você sempre
roubava meus namorados, Lucy!
Pelo amor de Deus!
— Isso é um aviso, Rachel. Fique longe de Mark! – Começo a roer as
minhas unhas, por causa do nervosismo que eu estava sentido.
E claro, a raiva.
— Ele será meu e você nem imagina o que eu faria por um homem que
tem bastante dinheiro para me bancar pela minha vida inteira.
— Ah, então é isso? Dinheiro?
— Está avisada, Rachel.
A linha fica muda e fico batendo o telefone com força no gancho,
extravasando a minha raiva.
Escuto alguém limpando a garganta e paro imediatamente quando vejo
uma mulher parada em minha frente.
Eu reconheço ela de algum lugar.
Ela dá uma risada contida e tira suas luvas de couro, estendendo uma mão
para mim.
— Olá, senhorita. – Aperto sua mão que estava estendida para mim. —
Vejo que está tendo um dia difícil.
Passo a mão pelo vestido rosa que eu estava usando na noite passada e
abaixo minha cabeça, envergonhada, por ela ter visto meu ataque. Seu rosto
é familiar, tento lembrar de onde o vi, mas a ligação de Lucy ainda estava
pairando na minha mente.
— Desculpe por isso. – Levanto a cabeça, encarando-a timidamente.
— Não tem problema. – Ela sorri. — Acho que não está se lembrando de
mim, mas eu sou a Annie.
Oh não, mais uma.
Capitulo 17
utra mulher para acabar com a minha sanidade.
O
— Eu lembro sim. – Pego o telefone e ligo para o escritório de Mark.
— Sim?
— Annie está aqui. – Falo entre dentes.
— Ah sim, pode mandar entrar.
Já não bastava a Lucy, também tinha que ter essa tal de Annie. Porém,
dessa vez ela estava mais simpática do que a última vez que ela veio aqui.
O que será que eles estão fazendo na sala dele? Estou com ciúmes?
Lógico que estou, mas não vou ficar agindo que nem uma louca.
Veja bem, não sou do tipo que acha que toda mulher que conversar com
Mark é uma ameaça ao nosso…relacionamento? Não sei nem se estamos
em um relacionamento, digo, ele disse que me quer, fez declaração, mas
não me pediu em namoro, nem nada.
Lucy tinha que ligar para acabar com o meu dia, tinha que acabar com a
paz que eu estava começando a ter. E agora, a Annie aparece me deixando
ainda mais com os nervos a flor dá pele.
Meus pensamentos acabam sendo interrompidos pelo barulho do telefone
tocando, era Mark ligando do seu escritório.
— Rachel, venha aqui, quero te apresentar a Annie. – Fico tensa e vou em
direção a sala dele.
Antes de bater à porta, tento manter a calma, para não parecer insegura na
frente de Mark.
Dou duas batidas na porta e entro. Annie estava sentada em uma das
poltronas, que ficam de frente para a mesa de Mark.
— Rachel, quero que conheça Annie.
— Creio que já nos conhecemos de vista. – Ela se levanta e estende a sua
mão, com um sorriso caloroso em seu rosto.
— Claro, é um prazer finalmente conhecê-la. – Sou contagiada pelo seu
sorriso.
— Ela está trabalhando comigo no caso do casal Seyfried’s. – Mark fala,
olhando para a tela do computador, parecendo não dar muita importância
para nossa presença em sua sala.
— Oh, sim! Eles estão dando trabalho, né?
— Você nem imagina. – Ela se senta, cruzando suas longas pernas, me
fazendo sentir inveja. —Eles às vezes me fazem desistir de casar algum
dia.
Rio do o seu comentário, sendo acompanhada por ela.
— Rachel, você anotará tudo o que for relevante durante essa reunião. Os
Seyfried’s chegarão daqui a cinco minutos. – Mark olha em seu relógio,
cronometrando o tempo da chegada do casal.
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A reunião ocorreu com algumas farpas trocadas entre o casal que estava se
separando, tornando o clima da reunião bem tensa.
Annie e eu voltamos para sala de Mark, juntas com o mesmo.
Pelo que percebi, a relação de Mark com Annie era extremamente
profissional. Até agora não notei nada que me deixe preocupada, diferente
de Lucy, que está me preocupando e muito.
Eu já vi o que ela pode fazer lá na época do colegial. Ela roubava todos os
meus namorados e depois jogava na minha cara, fazendo-me sentir para
baixo.
Mesmo se eu apenas gostasse de um garoto, ela ia lá e ficava com eles, só
parar ferir meus sentimentos.
Eu realmente não sei por que ela faz isso. Não sei se ela tem algum
problema.
Deve ter.
Sou tirada dos meus devaneios pela voz sexy e carregada de sotaque do
Mark.
— Finalmente a sós. – Mark sussurra em meu ouvido.
Sorrio com o arrepio que ele causa em meu corpo inteiro.
— Sabe Rachel, eu não me considero um cara ciumento, mas com você
parece que tudo é diferente.
— O que? Como assim? – Dou um sorriso bobo, vendo ele fazer uma
careta engraçada.
— O Seyfried, o homem da reunião, – Ele se levanta. — ele não tirava os
olhos de você.
— É mesmo? Não tinha percebido. – Fico levemente surpresa.
— Sim, eu percebi. – Ele ri. — Eu não sou um homem obsessivo, que vê
uma mulher como propriedade, mas na hora eu queria fazê-lo entender que
você é minha mulher.
Engasgo com a minha própria saliva escutando as palavras de Mark.
Foi isso mesmo que ele falou?
— S-sua mulher? – Pergunto surpresa.
— Sim, Rachel. Ou você acha que isso aqui é apenas uma amizade
colorida?
— Eu não sei, Mark… – Olho para ele. — Tenho medo de você fugir por
causa de rótulos.
— Eu não sou criança, Rachel. – Ele suspira pesadamente. — Já estive em
relacionamentos antes. Sou um homem e nunca fugiria, ainda mais de você.
Suspiro com as suas palavras e me sinto a mulher mais feliz por ouvi-las.
Saber que Mark não tem medo de um relacionamento comigo me deixa
extremamente feliz e muito mais segura em relação a mim mesma.
Ele não precisa me fazer nenhuma pergunta, apenas essas palavras me
bastam e eu acho que posso ficar satisfeita com elas, pelo menos por hora.
— Você não sabe o quanto eu fico feliz por escutar tudo isso. – Seguro
suas mãos. — Não preciso que a gente torne isso tudo oficial, só precisa de
uma confirmação sua.
— E você pode apostar que eu falo sério. – Ele aperta minhas mãos. - Eu
quero você, eu quero nós.
Eu estou pulando de felicidade por dentro e não quero nem imaginar como
deve estar meu rosto por fora. Provavelmente deve estar todo vermelho, de
tanto tentar segurar a minha felicidade.
Mark parece perceber e acaba dando uma gargalhada que ecoa por toda
sua sala, me fazendo rir junto com ele.
Ele me abraça ainda rindo e logo em seguida me dá um longo beijo.
É um beijo calmo e doce, de um jeito que nunca nos beijamos, esse é
diferente, sinto paz e me sinto…amada.
Ele quebra o beijo e se afasta de mim, vai até a sua mesa e pega algo que
estava em sua gaveta.
— Rachel, não sou muito de demonstrar sentimentos e você sabe disso, –
Ele para em minha frente. — mas apesar de eu não ter feito nenhuma
pergunta, espero que isso signifique para você que estamos juntos. – Ele
levanta até a altura do meu rosto uma caixinha de anel de veludo branca e
abre a mesma, revelando um anel lindo, que brilhava com a luz natural que
adentrava a sala de Mark.
Perco o fôlego por um segundo, vejo o anel na minha frente e olho para
Mark com os olhos arregalados.
— I-isso…
— Não é um anel de noivado, nem nada, – Ele ri. — mas é um presente
para selar o nosso…relacionamento. Espero que eu não esteja indo muito
rápido.
Ele limpa a garganta e percebo que está nervoso.
Mark Firth nervoso em me pedir em namoro? Que universo é este em que
eu estou vivendo? Seja qual for, espero que nunca acabe, pois Mark Firth
está nele.
— Então, Rach, o que me diz?
Capítulo 18
— Não. – Digo rindo.
— N-não? – Mark limpa a garganta.
Me aproximo dele e seguro seu rosto com as minhas mãos.
— Eu nunca precisei de um presente seu. – Ele dá um suspiro. — Não
preciso de um presente seu para saber que você gosta de mim.
— Então do que você precisa? Eu te dou, não importa o que seja! – Ele
fica nervoso e começa a gesticular.
— Eu preciso de você, Mark Firth. – Mark abre o maior sorriso que eu já
o vi.
— Então está feito. – Ele segura meu rosto, dando um beijo em minha
testa. — Você é a minha namorada agora, não tem como escapar mais,
Turner.
Nós rimos juntos e Mark toma minha boca para si em um beijo delicioso e
quente.
Seu beijo é selvagem e necessitado, ele começa a desabotoar a minha
camisa e eu faço o mesmo com ele. Estamos desesperados pelo toque um do
outro, o que acaba atrapalhando um pouco na hora de tirar a roupa.
Ele beija meu pescoço, dando leve chupões para não ficar marcado,
apertando minha bunda logo em seguida.
Ele me arrasta até a sua mesa, perto da sua cadeira. Ele me larga e joga
tudo o que estava em cima da mesa no chão.
Meu Deus, que homem!
Ele levanta a minha saia, enrolando a mesma até a cintura e me bota
sentada em cima de sua mesa.
Ele senta em sua cadeira, dando-lhe um ar poderoso e extremamente
excitante.
— Abra as pernas, Darling. – Ele sussurra em meu ouvido, fazendo seu
sotaque britânico soar mais forte, causando arrepio em meu corpo inteiro.
Faço o que ele manda e o mesmo me lança um olhar satisfeito. Ele rasga a
minha calcinha de renda branca e a guarda no bolso da sua calça.
— Ei, eu gostava dessa calcinha! – Finjo uma indignação.
— Eu compro quantas você quiser. – Aprecio a visão que tenho de Mark
em minha frente, sem camisa, apenas com a calça do terno, sentado em sua
cadeira com a vista da cidade atrás de si.
Ele me beija ferozmente e por um minuto me esqueço de respirar. Ele
desce seus beijos para minha barriga, fazendo-me arrancar gemidos baixos.
Ele desce até a minha intimidade dando uma longa lambida por toda sua
extensão, fazendo-me contorcer em cima de sua mesa.
Ele faz movimentos circulares, me deixando completamente fora do eixo.
Eu procuro algum lugar da mesa para me segurar e Mark bota as minhas
pernas em cima de seu ombro.
Solto um longo gemido quando ele bota um dedo dentro de mim, ele
aperta meu peito com sua mão livre, me fazendo explodir em sua boca.
Ele tira o dedo que estava dentro de mim e chupa o mesmo, seu olhar
estava fixo em mim.
Droga, isso foi quente.
— Seu gosto é maravilhoso, Rachel.
— Mark, não aguento mais, eu preciso de você dentro de mim… –
Suplico em seu ouvido.
Ele atende na mesma hora, se afastando de mim e tirando o resto das suas
roupas.
Ele pega uma camisinha que estava na gaveta da mesa e coloca a mesma
em si.
Sinto ele entrar em mim sem nenhum aviso, solto um gemido pelo seu
tamanho e finco minhas unhas em suas costas.
Ele sussurra coisas eróticas em meu ouvido, me fazendo ficar ainda mais
molhada.
Ele começa a se movimentar lentamente e fundo, me deixando
completamente louca, pedindo por mais.
— Porra, você me deixa louco. – Ele solta um gemido quando aperto
minhas pernas em volta da sua cintura.
Ele aumenta a velocidade do seu movimento, indo fundo dentro de mim,
sinto um leve desconforto em meu útero, mas estou tão excitada que não
ligo.
Sinto meu corpo tremer e os espasmos começam a vir, me derramo em
seus braços, Mark goza logo em seguida.
Nós transamos em cima da mesa dele, em sua sala, no horário de trabalho.
Que excitante!
Vestimos nossas roupas rapidamente quando seu telefone começou a
tocar, o lembrando que tinha uma reunião daqui a cinco minutos.
E eu nem lembrei, claro, eu estava com Mark entre minhas pernas, fica
difícil pensar quando ele está no meio delas.
Ele está com um ar completamente selvagem, com seu cabelo bagunçado
e um olhar safado.
— Você é maravilhosa, sabia disso? – Ele segura em minha cintura,
cheirando meu pescoço.
— Não, mas você poderia repetir isso mais vezes… – Rio.
— Falarei todos os dias, apenas para lembrá-la desse mero detalhe. – Ele
dá um beijo em minha testa.
Não consigo evitar de pensar o quando esse ato foi fofo, me sentindo
aquecida por dentro.
Deus, estou virando uma boba apaixonada!
— Tenho que voltar a trabalhar e você tem uma reunião, Sr. Firth. –
Sorrio, saindo dos seus braços.
— Você não sabe o quanto você me deixa excitado me chamando desse
jeito. – Ele me agarra novamente, beijando meu pescoço.
Dou um suspiro, tentando me controlar. Depois de muito sacrifício,
consigo sair novamente de seus braços. Ele me olha travesso, com um olhar
safado estampado em sua cara.
— Não podemos, você tem uma reunião em… – Pego sua mão e vejo o
horário em seu relógio caríssimo. — Três minutos.
Ele ri e me dá um último beijo, indo em direção a porta logo em seguida.
Ele abre a porta e me espera, dando passagem para eu sair primeiro.
Um cavaleiro britânico.
Dou um pulo quando sinto algo estalar em minha bunda, causando uma
leve ardência no local.
— Isso é por você ter sido uma má garota, me assustando mais cedo,
recusando aquele anel. – Ele sussurra em meu ouvido, fazendo eu prender a
respiração ao escutar sua voz carregada de sotaque britânico.
— Mark…Estamos praticamente fora da sua sala, e se alguém ver isso?
— Eu sou o chefe aqui, Rachel. – Ele fica em minha frente. — Eu que
mando. – Ele sussurra a frase perto do meu rosto, dando um sorriso travesso
logo em seguida.
Ele dá um beijo em minha testa e some no imenso corredor, indo em
direção a sala de reuniões.
Dou um suspiro apaixonado. Afinal, estou sozinha e posso ser a garota
apaixonada por um minuto.
Volto para a minha mesa, pronta para começar o trabalho.
Mas pelo visto isso não vai acontecer.
— Mia Bella! – Sou puxada da minha cadeira, sendo abraçado por
ninguém menos que Guido.
— Guido?
— Sou eu, Mia Bella. – Ele me bota no chão, me ajudando a ficar firme.
— Estou de volta!
— Que bom! Estava morrendo de saudades. – Retribuo o abraço.
— E eu não vim de mãos vazias, trouxe isso para a minha musa! – Ele
levanta a mão, mostrando uma sacola que até agora eu não tinha reparado.
Ele retira da sacola um arranjo de três flores pequenas e uma caixa de
chocolates.
Guido sabe como conquistar alguém!
— Não, mentira! – Dou vários pulinhos, escutando as risadas de Guido.
— Sim, achou que eu ia esquecer de te trazer algo, Mia Bella, huh? – Ele
faz aquele gesto com as mãos, típico dos italianos.
— Você nunca me decepciona, Guido! – Abraço ele novamente.
Ele pega uma caneca com água e bota as flores dentro da mesma, as
colocando em cima da minha mesa.
— Escuta, tenho algo para te contar…
— Pela sua cara é sério, está tudo bem? – Ele se aproxima preocupado.
— Sim, mas vamos conversar no almoço, eu saio em cinco minutos. –
Boto o chocolate ao lado das flores. — Tudo bem por você se nós
almoçarmos com um amigo meu?
— Claro, sem problemas. – Ele olha para o relógio. — Te espero lá
embaixo.
Ele dá um beijo em minha testa e sai, indo em direção ao elevador.
Guido é a única pessoa em quem eu confio, além de Tom e Mark.
Contarei para ele sobre Mark e espero que ele me apoie e nem me condene.
Não, Guido nunca me decepcionaria.
Assim espero.
Capítulo 19
— Até que enfim, meu senhor! – Tom bate palmas, fazendo eco pelo
restaurante inteiro.
Cubro meu rosto com minhas mãos, enquanto Guido ri e acompanha Tom
no ato.
— Vocês estão me fazendo passar vergonha! – Sussurro com raiva.
— Meu amor, você está transando com o gostoso do seu chefe, aproveita!
– Tom ri da minha cara.
— Tom! Fala baixo. – Abaixo minha cabeça, terminando de comer a
comida que estava em meu prato.
Vejo que Guido fica calado e estranho seu silêncio.
— Guido? O que foi?
— Nada, Rach… – Ele dá um longo suspiro. — É que eu estou receoso.
— Por que? – Eu e Tom perguntamos ao mesmo tempo.
— Depois de um certo relacionamento de Mark, ele começou a usar as
mulheres como objeto, tenho medo dele fazer o mesmo com você.
Engulo em seco, apavorada com as palavras de Guido.
Será que Mark faria isso comigo? Mas ele já transou comigo, se ele fosse
me usar, ele já teria me largado então, não é mesmo?
— Ele fica com elas por uma semana e depois enjoa, sumindo da vida
delas, como se fosse um fantasma. – Guido fala e engulo em seco pela
segunda vez.
Sinto um frio em meu estômago e começo a mentalizar Mark me largando,
me demitindo e eu me ferrando.
— Você tem certeza do que você está falando, Guido? – Seu olhar está
completamente aflito e consigo ver medo nele.
Pela primeira vez.
— Eu sou amigo dele a 15 anos, e seu sócio a 10. – Ele pega em minhas
mãos. — Nesse meio tempo já vi mulheres sofrerem por causa dessa merda
de relacionamento que ele teve.
— Mas que relacionamento foi esse que traumatizou tanto o homem? –
Tom faz a pergunta por mim.
— Bom, eu e Mark tínhamos um amigo em comum. Seu nome era Colin.
Nós três nos conhecemos na faculdade. – Ele dá um longo suspiro,
parecendo lembrar de algo. — Mark estava com a sua namorada, que
conheceu no colégio. Nós três éramos muito amigos e a Camila, a namorada
dele, era muito apegada a Mark.
— Isso está melhor que novela mexicana. – Tom sussurra perto do meu
ouvido.
— Mark era apaixonado por ela, quando já estávamos formados, com
nossos determinados empregos, Camila e Mark ficaram noivos. – Ele passa
a mão pelos seus cabelos, apreensivo. — Só que no dia da festa de noivado
deles, algo aconteceu. Mark chegou em casa mais cedo e encontrou no seu
quarto…
O silêncio se fez presente em nossa mesa, me deixando completamente
curiosa com o que ele falaria.
— Pelo amor de Deus, fale logo! – A voz de Tom irrompe no restaurante,
me fazendo dar um pulo da cadeira, chamando a atenção das pessoas que
estavam almoçando tranquilamente no restaurante.
— Mark entrou no quarto e encontrou uma carta de Camila. Nela estava
escrito que ela tinha ido embora com Colin, pois os dois estavam
apaixonados um pelo outro. Na carta também foi revelado que os dois já se
relacionavam muito antes de Mark pedir Camila em casamento.
— O melhor amigo de Mark traiu ele com a noiva do mesmo? – Tom
pergunta completamente perplexo.
Eu estava perplexa.
Não acredito que o próprio amigo de Mark fez isso com ele. Nem acredito
que a noiva dele fez isso, tendo um homem como Mark ao seu lado.
Mas será que esse acontecimento é o bastante para ele tratar as mulheres
como Guido disse? Será que vale realmente a pena fazer isso tudo, pois
uma mulher fez isso com ele?
Será que ele não conseguia se ligar a uma mulher emocionalmente
apenas por isso? Ou a forma que ele tratava as mulheres era uma forma de
vingança?
— Não estou falando que só porque ele fazia isso com todas mulheres, ele
faria isso com você. – Guido tenta me tranquilizar. — Aliás, você é
diferente de todas, mia bella.
Fico mais calma com as palavras de Guido, olho para Tom e parece que o
mesmo concorda com Guido também.
— Vocês acham que ele pensa da mesma forma?
— Rachel, você é um mulherão da porra. – Tom mexe em meu cabelo. —
Ele que é o sortudo aqui, querida.
— Obrigada, vocês conseguiram acalmar meus nervos.
— Rachel, eu não falei isso para você ficar com medo. – Guido se debruça
na mesa, pois ele estava sentado à minha frente. — Só falei isso pois se ele
te magoar de alguma forma, não me
importo dele ser meu amigo, eu darei uma porrada nele.
Nunca vi Guido tão sério em toda minha vida.
— Nossa, ficou calor aqui de repente. – Tom se abana, aparentemente
gostando desse lado de Guido.
— Mas ele é seu amigo, Guido…
— E você também é. – Ele continua com seu semblante sério.
— Obrigada por isso tudo, Guido. – Seguro suas mãos que estão sobre a
mesa.
— Mas Rachel, tem uma coisa que você precisa saber.
Começo a ficar tensa novamente.
Eu só quero ser feliz com Mark, o que há de ruim nisso?
Será que ele queria a mesma coisa, ou eu era apenas um passatempo?
Não sei se devo conversar com Mark sobre isso. Tenho medo de descobrir a
verdade e que ela doa demais. Ou tenho medo que se eu falar com Mark,
ele irá se fechar totalmente comigo.
E eu não quero isso.
— O que, Guido?
— A camila está em Nova Iorque.
Capitulo 20
cordo com o barulho estridente do meu despertador. Os raios do
A sol adentram o meu quarto e brigo comigo mesma por ter deixado as
cortinas abertas.
Tive uma noite mal dormida, não consegui pregar meus olhos. Fiquei
pensando na ex de Mark e se ele estaria me usando da mesma forma que ele
usou as outras mulheres que ele já ficou. Tenho medo de Camila voltar e
Mark ficar abalado por causa disso.
Será que ele voltaria para ela quando a visse? Afinal, ela traiu ele,
porque ele voltaria com ela, não é mesmo?
Minha cabeça está a mil depois do almoço de ontem, não consigo parar de
pensar, imaginando se um dia vou ter paz. A Lucy quer atazanar a minha
vida e agora a Camila, a ex-namorada de Mark.
Mas não, Mark não faria isso comigo. Depois de todas as coisas que ele
falou para mim, eu seria muito burra em não confiar nele.
Eu tenho que ser otimista.
Afinal, isso é tudo que me resta.
Depois de ficar viajando nos meus pensamentos, me levanto da cama e
tomo um banho rápido, de tanto pensar na minha vida, acabei me atrasando.
Boto uma saia lápis branca e uma blusa de manga comprida vermelha.
Estava frio em Nova Iorque, então decido ir com o meu sobretudo preto
por cima. Passo uma leve maquiagem no meu rosto e tomo o café
rapidamente.
Meu Deus, não vou chegar a tempo desse jeito.
Resolvo chamar um táxi, era mais caro, mas rápido. Chego na porta da
empresa e corro até o elevador antes que o mesmo feche.
Consigo chegar na minha mesa no horário certo. Tento recuperar meu
fôlego me abanando com um papel qualquer que achei em cima da minha
mesa.
Será que Mark já chegou?
Me levanto e dou duas batidinhas em sua porta. Espero escutar a sua voz,
mas isso não acontece.
— Está me procurando? – Pulo quando escuto uma voz no pé do meu
ouvido.
Me viro e vejo Mark com seus cabelos molhados e um sorriso divertido
em seu rosto. Ele usa um terno preto, com uma blusa da cor vinho por baixo
do mesmo. Ele não estava usando nenhuma gravata, deixando alguns botões
da sua blusa abertos, dando a ele um ar sexy.
— Bom dia, Sr. Firth. – Me seguro em seus ombros para me equilibrar, já
que eu estava quase caindo com o susto que eu levei.
— Bom dia, baby. – Mark pega em minha nuca, colocando meu cabelo
para o lado, dando vários beijos em meu pescoço.
Fico arrepiada com o seu toque e fecho minhas mãos em seu terno,
apertando o tecido fortemente.
Mark segura fortemente meus cabelos e cola sua boca na minha. Seu beijo
é doce e calmo. Sinto o gosto doce de sua boca e me derreto. Minhas pernas
ficam bambas e agradeço por Mark estar me segurando, pois meu corpo não
aguentaria ficar em pé.
Ele larga meus cabelos e passa suas mãos pela minha cintura, me
segurando possessivamente. Solto um suspiro em sua boca, sentindo suas
mãos descerem até a minha bunda.
— Rachel… – Ele fala entre o beijo. — Você me deixa louco.
Ele se esfrega em mim e sinto o volume que estava crescendo entre as
pernas dele. Solto um gemido baixo e as pupilas de Mark dilatam.
Ele me olha com um olhar selvagem e agarra minha cintura novamente.
— Se continuar me provocando, eu vou te comer na sua mesa, – Ele
sussurra em meu ouvido e acabo soltando um gemido alto
Seguro fortemente em seu pescoço, fincando minhas unhas no mesmo.
Mark solta um gemido rouco e me imprensa na minha mesa.
— Arranjem um quarto. – Escuto uma voz e dou um pulo.
— Guido. – Mark fala e vejo quem era o dono dá voz, me tranquilizando.
— Voltou de viagem e só passou hoje por aqui?
— É, fiquei ocupado. – Guido pisca para mim.
Ele continua:
— Tenho que falar com você, Mark. – Guido muda sua expressão e Mark
fica tenso,
Mark ajeita a sua gravata e manda Guido entrar em sua sala. Antes de
entrar, Mark se aproxima da minha mesa.
— Vamos almoçar juntos hoje, darling? – Ele acaricia a minha bochecha e
meu coração dispara com o toque quente de sua mão.
— Isso não vai dar problema?
— Como assim? – Ele franze as sobrancelhas, confuso com a minha
pergunta.
— Não vai dar problema aqui na empresa? – Pergunto receosa.
— Rachel, eu sou o chefe aqui, ninguém ousa se meter comigo. – Ele
sedutoramente, me deixando completamente excitada.
— O que foi, baby? – Ele sorri cinicamente. — Gosta de ser mandada, é?
– Ele sussurra em minha boca, mordendo a mesma em seguida.
— Mark… – Repreendo ele.
— Mais tarde resolvemos isso. – Ele dá um sorriso safado e se afasta,
entrando em sua sala.
Começo a fazer meu trabalho. Marco reuniões para Mark e confirmo
algumas para hoje.
Mesmo com tanto trabalho na minha cabeça, não consigo evitar de pensar
sobre o que Guido deve estar falando com Mark?
Será que ele está avisando que a Camila está em Nova Iorque?
Como será que Mark reagirá?
Tento voltar para meu trabalho quando a porta da sala de Mark é aberta.
Guido sai de lá com a cara branca, como se ele tivesse visto um fantasma.
Me levanto rapidamente e Guido vem em minha direção.
— Rachel, eu tive que falar para ele sobre a Camila. – Ele solta um
suspiro. — Ela veio me procurar, querendo saber sobre ele.
Prendo a respiração e a insegurança começa a tomar o meu corpo por
inteiro.
— Rachel, se acalme. – Ele segura as minhas mãos. — Mark não é burro.
Assim espero.
Ele beija minha testa e some pelos enormes corredores da empresa.
Sento em minha cadeira. Fico com medo dele correr para ela como um
cachorro adestrado, caso ela apareça por aqui.
Bom, eu não conheço ela, talvez ela tenha aprendido a lição e só quer
procurar ele para pedir desculpas.
Eu espero que sim.
Volto para o meu trabalho e consigo me distrair por um momento, até que
a porta da sala de Mark é aberta brutalmente. Acabo levando um susto e mal
percebo quando Mark dirige a palavra a mim.
— Rachel, cancele todos os meus compromissos e reuniões de hoje! – Ele
fala rapidamente indo em direção ao elevador.
— Mas e o nosso… – Ele entra no elevador e as portas se fecham. - Jantar.
Olho para a tela do meu computador e a vontade que tenho é de chorar.
Meu olhos se enchem de água.
É involuntário.
Começo a soluçar e as lágrimas começam a descer em abundância.
Ele tinha esquecido do nosso jantar ou ignorou completamente. Mas por
qual motivo ele faria isso?
Respiro fundo e aos poucos consigo me acalmar. As lágrimas vão
secando, mas meu coração contínua chorando.
O telefone interrompe meu momento de melancolia e limpo a minha
garganta antes de atender o mesmo.
— Querida! – Engasgo com a minha própria saliva.
— Mamãe?
— Isso mesmo! – Ela ri do outro lado da linha. — Estou perto de onde
você trabalha e resolvi te chamar para comer alguma coisa comigo.
— Tudo bem, mamãe.
— Eu te encontro no restaurante italiano que a gente gosta!
Nos despedimos e resolvo dar uma passada no banheiro para ver como
estava a minha cara. Me olho no espelho e vejo olheiras profundas. Minha
boca estava inchada e vermelha. Meu rosto gritava tristeza.
Pensei duas vezes antes de encontrar com a minha mãe, mas acabei indo
pois estava com saudades.
Chegando lá me arrependo imediatamente dá minha decisão.
— Olá prima! – Lucy acena para mim com um sorriso falso em seu rosto.
Olho para a minha mãe com cara de reprovação e a mesma dá de ombros,
dizendo que foi que ela se ofereceu a vir.
— Olá, Lucy. – Digo desanimada.
— O que houve, querida? – Ela passa a mão pelos meus cabelos, fazendo
um carinho em minha cabeça. — Parece triste.
Um sinal de alerta aparece em minha mente. Eu não podia demonstrar que
eu estava triste por causa de Mark.
Coloco o melhor sorriso em meu rosto.
— Estou bem, mamãe! É impressão sua. – Ela não acredita muito, mas
percebe que não é parar insistir, então ela deixa o assunto de lado.
Tivemos um almoço agradável, se não fosse por Lucy interrompendo a
nossa conversa a todo momento.
Como essa garota me irritava.
— Com licença, meninas. – Minha mãe se levanta da mesa. — Eu vou ao
toalete.
A mesa fica em silêncio com a ausência da minha mãe. Lucy ficava
mexendo em suas unhas grandes e recém-pintadas o tempo todo.
— Eu soube que a ex de Mark está na cidade.
Eu congelo na hora. Parece que meu sangue para de circular e a minha
respiração também. Tento parecer imparcial com a sua fala, mas está difícil.
— E o que eu tenho com isso? – Dou um gole em meu refrigerante para
esconder as minhas expressões faciais.
Lucy dá um sorriso cínico, como se ela soubesse de algo que eu não sabia.
— Eu sei de um segredo. – Ela ri maleficamente.
— Não estou nem aí, Lucy.
— Então eu acho que você deve saber que Mark está, nesse momento,
conversando com a ex dele, em um restaurante muito chique. – Ela fala
olhando para as suas unhas. — Ops, será que eu falei demais?
Não acredito nisso.
Mark não faria isso comigo, não é? Como ele pode? Por que caralhos ele
faria isso?
— Você está mentindo. – Digo entre dentes.
— Só estou falando o que a mãe do Mark falou para a minha.
Pego minha bolsa e saio correndo do restaurante.
As lágrimas rolavam pelo meu rosto. Eu corria por Nova Iorque, chorando
e descabelada, eu esbarrava nas pessoas e elas me olhavam confusas.
Eu só queria ir para casa.
Finalmente chego em casa, chorando ainda mais.
Mark não faria isso comigo. Isso tudo deve ser apenas uma mentira da
Lucy.
Pego meu celular e vejo se tem alguma mensagem de Mark.
Nenhuma.
Não tinha nem sequer uma mensagem pedindo desculpas, ou avisando
algo.
Olho para a janela da minha sala e vejo que já está de noite. Pego meu
celular e vejo que são sete horas.
Porra, ele podia ter ligado.
A raiva me toma por completo e seco as minhas lágrimas agressivamente.
Escuto batidas em minha porta e penso que deve ser Tom. Abro a porta e
me surpreendo.
Mark.
— Rachel. – Ele estava segurando o paletó de seu terno em seus braços.
Ele parecia cansado.
— O que você quer? – Pergunto séria.
— Você estava chorando? – Ele tenta se aproximar mas não deixo.
— Quem você pensa que é para furar um almoço comigo, pois estava
muito ocupado correndo atrás da sua ex namorada? – Vejo os olhos de
Mark arregalaram e seu maxilar travar.
— Quem te contou isso? – Ele pergunta entre dentes.
— Isso não importa, Mark! – Aproximo a minha cara do seu rosto. — A
questão é que você me trocou, você nem teve a decência de cancelar o
nosso almoço, que por acaso foi você que marcou, para correr atrás da sua
EX-NAMORADA! – Grito a última palavra em seu rosto.
— Baby, por favor…
— Não sou sua cachorra, Mark! – Aponto meu dedo em seu rosto.
— Eu nunca pensei assim de você, Rachel! – Ele grita de volta.
— Foi o que pareceu quando você me trocou pelo seu passado. – Ele se
cala com minhas palavras. — Quer saber, Mark? Você tem que saber o que
você quer, se prender no seu passado ou pensar no seu futuro. – Aponto
para mim. — Acho que não deveríamos ficar juntos enquanto você,
claramente, ainda está preso ao seu passado.
Mark arregala os olhos e seu rosto fica completamente branco.
— Não, não, não… – Ele larga o seu paletó no chão e se ajoelha em minha
frente. Ele abraça a minha cintura e encosta a sua cabeça em minha barriga.
— Rachel, por favor, não faça isso! Eu não sei como eu ficaria sem você,
eu…por favor!
Me surpreendo com a sua atitude, mas estou muito chateada para voltar
atrás.
Afinal, ele me magoou.
E agora, estou apenas retribuindo o favor.
— Até amanhã, Sr. Firth. – Tiro seus braços que estavam em minha
cintura e fecho a porta em sua cara.
Capitulo 21
roga, porque o ‘’amanhã’’ tinha que chegar tão rápido?
D Eu poderia ter dado uma desculpa, ter falado que eu estava
doente, – ele me devia isso depois de ter feito aquilo – mas eu não
poderia me dar o luxo de me esconder em minha casa.
Afinal, eu tinha contas para pagar.
Mesmo com meu coração doendo e minha cabeça explodindo de dor de
tanto chorar, eu teria que levantar a cabeça e encarar Mark hoje.
E espero que eu esteja preparada para isso.
Resolvo levantar da cama para ir trabalhar. Antes tomo um banho rápido e
resolvo pular o café da manhã. Me arrumo rapidamente e vou direto para o
trabalho.
Acho que não tenho chances de encontrar com Mark chegando mais cedo.
Chego na empresa rapidamente, pelo visto o trânsito é melhor quando se
acorda cedo, poderia ser assim todos os dias, mas realmente acho que hoje
foi pura sorte.
Ao chegar na empresa vejo Guido me esperando na porta da mesma.
— Bom dia, mia bella. – Ele estava com um semblante preocupado.
— Bom dia, Guido. – Ele dá um beijo em minha bochecha. — Que cara é
essa?
— Eu soube que você terminou com Mark ontem.
Prendo a respiração por um minuto e tento me manter imparcial. Lógico
que nem por um momento o mundo poderia me deixar esquecer Mark Firth.
— Como você sabe disso, Guido? – Boto minhas mãos na cintura,
mudando o peso do meu corpo de um lado para outro.
— Mark me ligou ontem duas horas da manhã, completamente bêbado,
lamentando pelo término. – Ele bota as mãos dentro do bolso de sua calça.
Mark bebeu ontem?
Parece que a nossa separação realmente mexeu com ele, não é mesmo? E
isso era para me fazer sentir melhor, não é?
Mas não está fazendo muito efeito.
— E você acha que eu exagerei?
— Acho que você fez o certo. – Ele dá um longo suspiro. — Está na hora
dá Mark aprender uma lição.
— Obrigada, Guido. – Ele dá um beijo em minha testa e some pelas
calçadas de Nova Iorque.
Respiro fundo antes de entrar pelas enormes portas da empresa de Mark.
Tento apressar meus passos para pegar o elevador antes do mesmo fechar,
quando vejo que não vou conseguir, grito para que segurem as portas para
mim.
Corro em direção ao elevador e chego no mesmo tempo que as portas se
abrem e revelam Mark com um semblante sério e com a mãos dentro dos
bolsos de seu impecável terno cinza.
Oh droga.
Entro no elevador e paro em sua frente, falo ''bom dia'', mas não recebo
nenhuma sílaba em troca.
O ar fica completamente tenso dentro do elevador e eu não sei onde enfiar
a minha cara depois de ter sofrido um gelo de Mark neste momento. O
mínimo que eu esperava dele era educação.
Conforme foi parando nos andares, pessoas foram entrando no elevador.
O elevador parou no décimo andar, um rapaz sai do mesmo apressado e
acaba esbarrando em mim. O esbarrão foi tão forte que eu cambaleei para
frente. Quando eu pensei que eu quebraria meu lindo nariz, duas mãos
fortes seguraram a minha cintura com força.
Mark.
— Você está bem? – Sussurra em meu ouvindo, me trazendo mais perto
de si.
— S-sim, estou. – Sussurro apoiando as minhas costas em seu peitoral.
Ele ainda está me agarrando por trás. O elevador vai ficando mais cheio e
sem me soltar, ele vai me carregando para o fundo do elevador, encostando
suas costas no espelho do mesmo.
Oh céus, me ajude.
— Tem que ter mais cuidado, Turner. – Ele fala meu nome com sua boca
colada em meu ouvido.
— S-sim! – Sinto as minhas pernas bambas, se não fosse por Mark ainda
me segurando, minha cara conheceria o chão, com toda certeza.
— Não estarei sempre por perto para te segurar quando você cair. – Ele
aperta suas mãos em minha cintura e logo em seguida retira as mesmas e sai
do elevador.
Deus, nem tinha reparado que tínhamos chegado em nosso andar.
Ando rápido em direção a porta antes que o elevador se feche, suspirando
de alívio. Percebo que durante esse tempo todo, eu estava prendendo o ar.
Esse homem me deixa completamente sem eixo. Antes de ir para a minha
mesa, tomo um copo de água para me acalmar.
É, pelo visto meu plano de tentar sair por cima não está dando muito
certo! Por que esse homem me afeta tanto? Que magnitude é essa que ele
tem que sempre me puxa para perto?
Ele é algum tipo de deus grego? Talvez um deus do amor? Não, com
certeza ele é um deus do sexo.
Ah, foda-se, ele é todos.
Ele é tudo.
Merda, estou com saudades.
— Rachel.
Falando no deus grego.
— Quer dizer, Turner. – Ele limpa a garganta. — Hoje você coordenará
uma festa para um cliente meu. Preciso fechar, urgentemente, um contrato
com ele.
Mark pode ser o maior idiota do mundo, mas caramba, ele sabia ser
profissional.
— Sim, senhor. – Mark trava seu maxilar e suas pupilas dilatam.
O ambiente fica em completo em silêncio. Se estivéssemos juntos, já
estaríamos transamos em cima da minha mesa.
— Enfim, você poderá sair cedo hoje. – Ele fala e logo em seguida volta
para sua sala, me deixando sem chances de rebater.
Preciso pensar urgente em qual roupa usarei para essa festa. Afinal, qual
traje de roupa seria ideal para a festa? Formal? Acho melhor perguntar para
Mark.
Me levanto da cadeira e paro em frente a porta da sala de Mark. Quando
eu ia bater na mesma, paro no caminho.
Espera, eu realmente preciso saber? Ou eu só estou indo na sala dele
porque quero vê-lo? Resolvo deixar esses pensamentos para trás e bato em
sua porta. Não recebo nenhuma resposta, espero alguns segundos a mais e
ainda não obtenho nenhuma resposta. Resolvo bater de novo, recebendo um
''entre'' abafado.
Entro na sala de Mark e vejo o mesmo com os olhos vermelhos, cabelos
bagunçados, e sua gravata estava em cima de sua mesa.
Ele estava…?
— O que você quer, Turner? – Sua voz sai baixa e rouca, como se ele
estivesse chorando minutos atrás.
— Queria saber qual seria o traje adequado para a festa de hoje?
— Vá com um vestido decente e chique. É um evento muito importante. –
Fala com um sorriso debochado.
Ótimo, o velho Mark estava de volta.

∞∞∞
Já era de noite e eu já estava pronta. Eu usava um vestido vermelho de um
ombro só, tinha uma abertura na perna e possuía um detalhe em dourado, na
lateral do vestido, que deixava a mostra parte da minha cintura e um salto
da cor nude. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo e
simples.
Cheguei ao local da festa primeiro que todos, pois eu tinha que organizar
para que tudo estivesse em perfeita ordem para quando Mark chegasse.
Eu estava completamente focada em meu trabalho, organizando a roupa
dos garçons, dando ordem para os cozinheiros do buffet, checando as
mesas, confirmando se a banda já estava no local.
Uma loucura total.
Então eu o vejo. Entrando magnificamente pela porta com seu terno preto
e uma gravata vinho.
Impecável.
Seus olhos percorrem o salão, como se tivesse procurando por alguém.
Então, seus olhos focam em mim e dos meus pés a cabeça, eles passam,
percorrendo cada centímetro, cada detalhe do meu corpo. Por um segundo,
vejo um brilho em seus lindos olhos.
Ele desvia o olhar para a loira ao seu lado.
Não acredito nisso! Lucy? Ele não fez isso, filho de uma puta.
Resolvo voltar para os meus afazeres, antes que eu pule no pescoço dele e
da Lucy. Não quero arranjar nenhuma cena nessa festa tão importante.
Estava pra lá e pra cá, cuidando da festa, até que vejo uma mulher dando
um tapa na cara de Guido, que eu nem sabia que estava na festa.
Oh não!
Temendo que uma cena chamasse atenção dos convidados, tentei correr
até eles para resolver o problema, seja la qual for ele. Quando eu estava
chegando perto, um garçom entrou em minha frente e para não derrubar as
taças que estavam em cima da bandeja, eu girei. Porém, azarada do jeito
que sou, acabo tropeçando em meus pés, porém, mãos fortes me seguram,
impedindo uma queda feia.
— A sua cara tem tesão em conhecer o chão, Turner? – Mark me segura
fortemente em seus braços, me olhando com um sorriso de canto.
— Desculpe, eu…
— Com licença, senhorita Turner, precisamos de sua ajuda. – A mulher
que estava auxiliando os garçons apareceu ao nosso lado. — Precisamos de
ajuda para organizar a sequência dos pratos.
— Não, ela ficará comigo. Você e o seu pessoal podem cuidar de tudo. Eu
preciso dela por um tempo. – Mark segura meu braço, me impedindo de
segui-la.
— Vamos, Turner. Hoje você é minha. – Ele sussurra em meu ouvido,
causando sensações em meu coração. — Precisamos conversar.
Capitulo 22
ark me arrasta pelo salão, segurando em meu pulso. Minha pele
M entra em combustão com seu toque e meu coração acelera
automaticamente.
Tento manter a minha respiração controlada, para que assim Mark não
perceba que ele mexe muito com os meus sentimentos.
Que droga!
Por que eu não consigo controlar meus sentimentos? Pelo menos eu
poderia controlar isso na minha vida, já seria o suficiente para mim. Assim
eu não acabaria me machucando e me relacionaria apenas com quem
correspondesse meus sentimentos.
Não seria tão ruim.
Parece que o amor deixa um gosto amargo na boca e uma sensação
estranha na barriga. E eu estou sentindo isso neste momento.
— Mark, eu não quero conversar! – Me solto de seu aperto e me viro na
direção oposta que ele estava me levando.
Não queria escutar o que ele tinha para falar, estou magoada ainda e não
estou preparada ainda para encará-lo.
Começo a andar rápido pelo salão. Tento chegar até a saída e aperto o
passo, não vejo a hora de chegar em casa e tomar um banho, mas esse
sapato extremamente alto não ajuda. Vejo que Mark está me seguindo e
bufo, sentindo uma frustração dentro de mim.
A minha vontade é de correr para os seus braços, mas será que eu seria
uma trouxa por fazer tal ato?
Começo a correr um pouquinho e pelo canto do olho vejo um garçom
vindo da esquerda.
Droga! Não vou conseguir parar.
Malditos saltos!
Então, dou um giro quando o garçom passa e penso que vou conseguir
voltar, só que meu pé vira para o lado, fazendo com que eu sinta uma dor
horrenda. Dou um gritinho baixo de tanta dor que senti quando meu pé
virou.
E então o chão encontra a minha cara, e a minha cara encontra o chão.
Seria cômico, se não fosse trágico.
Algumas pessoas olham, mas desviam o olhar logo em seguida. Fico no
chão com as mãos em cima do meu pé, chorando de dor. As lágrimas caiam
rapidamente, molhando um pouco o meu vestido.
Vejo mãos tirando os sapatos dos meus pés.
— Não sei para que usar um salto tão alto. – Vejo Mark resmungando em
minha frente enquanto tirava meus sapatos.
Ele me pega no colo e chuta os sapatos para o lado.
Depois de alguns minutos andando comigo no colo - e atraindo alguns
olhares para nós - pelo salão, ele me bota sentada em uma espreguiçadeira
de uma varanda e fecha as portas da mesma. Ele pega seu celular e começar
a discar um número, mas logo desiste.
— Maldito sinal. – Ele reclama com um semblante preocupado.
Ficamos alguns minutos ali. Ele andava pela varanda, tentando achar
algum tipo de sinal.
— Obrigada. – Depois de algum tempo em silêncio, me pronuncio.
— Para que um salto alto daqueles? – Ele resmunga olhando para seu
celular.
— Se eu botasse uma sapatilha com esse vestido, ficaria horrível. – Reviro
os olhos.
— Duvido muito. – Escuto Mark murmurar.
— O que disse? – Pergunto-me se ele realmente falou isso ou foi minha
mente pregando-me uma peça.
— Não precisa me agradecer, Turner. – Sinto uma pontada em meu peito.
— Vou verificar se tem algum médico pelo salão.
— N-não precisa! – Me levanto rapidamente, sentindo uma pontada em
meu pé. Acabo mordendo meu lábio para não soltar um grito. — Eu vou
embora, não precisa fazer isso.
— Não, Rachel. Pare. – Ele me segura pela cintura, me impedindo de
apoiar o meu pé machucado no chão. – Rachel, eu…
— Não, cala boca, não faz isso! – Aponto o dedo indicador para ele.
— Eu tenho que fazer! – Ele me vira, fazendo nossos olhares se
encontrarem. — Você foi intensa o bastante para fazer me apaixonar por
você, não me arrependo de falar isso e não me importo se você não sente a
mesma coisa. – Mark limpa a garganta, aparentemente nervoso. — Só quero
que você saiba que eu não vou desistir de você. Vou fazer de tudo para
provar a você que naquele dia em que eu te dei um bolo, foi o momento que
eu deixei meu passado para trás e resolvi olhar para o meu futuro.
Prendo a minha respiração, tentando inutilmente segurar as minhas
lágrimas.
— Droga, você é meu futuro, Turner. – Ele bota as suas mãos em meu
rosto, fazendo carinho no mesmo. – Eu te amo, sua idiota.
— Botou o seu passado para trás naquele dia? Então, você…
— Sim, quando eu te dei o bolo eu estava mandando a Camila ir embora
de Nova Iorque e da minha vida. – Ele deu um longo suspiro. — Mas
demorou mais do que eu pensei, pois ela estava fazendo um escândalo na
festa que os meus pais estavam dando na casa deles. Isso acabou me
fazendo perder a pessoa que eu mais me importo.
— Você se importa comigo? – Dou um sorriso.
— Bom, já que eu te amo, acho que isso está incluso no pacote também. –
Ele dá uma risada abafada. – Eu não falei essas coisas para amolecer o seu
coração, eu só não aguentava mais guardar isso no meu peito. Eu nunca
senti isso por ninguém, Rachel, você é a primeira e espero que seja a
última.
Minha respiração acelera e as lágrimas começam a transbordar de meus
olhos. Mark dá um beijo em minha testa e se afasta. Eu fico olhando para
um ponto fixo em suas costas, pensando se eu deveria voltar para ele ou
não, se meu orgulho deveria ser maior que o meu amor por ele.
Sim, meu amor.
Droga, meu amor é maior que meu orgulho, e por Mark, eu não me
importo de abrir mão dele nem por um segundo.
— Eu te amo. – Vejo Mark parar no lugar, com a mão na maçaneta da
porta da varanda que estamos. — Idiota, é claro que eu te amo. – Abaixo
minha cabeça, não conseguindo controlar meu choro. Minha visão fica toda
embaçada devido as lágrimas e só consigo escutar seus passos.
Olho para cima e vejo seu rosto me encarando, ele tinha um brilho em seu
olhar e seu semblante estava sereno.
— Mark, eu…
— Não fala nada, só escuta. – Ele se aproxima. — Eu fiquei doente sem
você. Acha mesmo que eu iria ser idiota o bastante em deixá-la ir? Você é
realmente lerda. – Rimos. — Agora vem cá, me dá essa boca gostosa.
Ele toma meu rosto em suas mãos e afunda sua boca na minha com
desespero, com saudades, com amor.
Deus, senti tanta falta disso, falta desse cheiro, dessa voz, dessa boca…
Senti tanta falta dele.
E foi ali, em uma varanda de um salão, em que eu descobri o amor.
E esse amor era o meu chefe.
Capitulo 23
s fortes raios do sol adentram o meu quarto, iluminando o mesmo e
O lhe dando um ar aconchegante, fazendo com que eu me sinta bem
por ter escolhido esse apartamento para morar.
Acordo com um sorriso em meu rosto. Afinal, eu tinha voltado com Mark,
e a sua declaração me deixou muito feliz e confiante comigo mesma.
Levanto-me da cama e vou direito para o banho. Fico de frente para o
espelho e vejo o meu semblante de felicidade.
Meu Deus, eu não consigo parar de sorrir.
Olho para os meus cabelos e vejo que os mesmos estavam sedosos e
brilhosos, vejo minhas bochechas coradas, dando um ar de saúde em meu
rosto, vejo que não possuo olheiras embaixo de meus olhos, indicando que
eu tive uma bela noite de sono.
Pelo reflexo do espelho consigo ver a minha balança no chão do banheiro.
Ela já me assustou por bastante tempo e acho que hoje em dia ela não me
assusta mais. Ela me acompanhou por muitos anos, assombrando os meus
mais profundos sonhos.
Acho que já está na hora de aposentar ela.
Tomo o meu banho rapidamente e coloco um vestido preto, bem básico.
Pego a balança e coloco a mesma em cima da cama.
Sorte a minha dela ser pequena.
Penso em jogar a mesma fora, mas acho que eu me sentiria melhor se
eu....a quebrasse.
Isso, perfeito!
Mas eu não tenho nada para quebrar a balança, não tenho nenhuma
ferramenta. Tento pensar em alguém para pedir um martelo emprestado.
— Tom? – Falo depois de discar seu número em meu celular.
— Olá, minha flor do dia!
— Você tem algum martelo ai? – Escuto Tom engasgar do outro lado da
linha. Provavelmente ele estava tomando o seu café de sempre, café com
leite e chantilly.
— Querida, quase não tenho facas na minha casa, imagina um martelo! –
Bufo frustrada. — Mas por que você quer um?
— Eu quero quebrar a minha balança!
— Uau, gostei, – Sua voz fica mais desperta. — Pode contar comigo.
— Ótimo, estou pensando em quebrar ela na garagem da minha empresa.
– Pego a minha bolsa e as chaves da minha casa. — Te encontro lá?
— Já estou a caminho.
Me despeço de Tom e começo a discar outro número que acho que teria o
martelo.
— Mia bella! – Sorrio ao escutar o sotaque italiano de Guido.
— Guido! Você tem algum martelo para me emprestar?
— Sorte sua que ainda não sai de casa, – Ele dá uma risada abafada. —
tenho sim.
— Obrigada! – Entro dentro de um táxi que parou para mim. — Não vai
perguntar para que eu vou usar ele?
— Não, parece normal você me pedir uma coisa dessas. – Olho para a
balança dentro da sacola e sorrio para mim mesma.
— Tudo bem, até daqui a pouco.
Olho pela janela do táxi e vejo Nova Iorque coberta de neve. Já estávamos
quase perto do natal e eu amo essa época.
Eu amo tudo nessa época.
As músicas, a neve, os enfeites, as comidas, os doces, as pessoas com
quem compartilhamos esse momento tão mágico. Sim, eu acho o natal
mágico, para mim ele dá um sentimento completo de paz e harmonia. É a
época em que você esquece todos os seus problemas e apenas aproveita a
neve e os enfeites maravilhosos.
Um dos motivos para eu amar Nova Iorque era pelo imenso clima de natal
que ele possuía. Parece que o natal foi feito para essa cidade.
É simplesmente perfeito.
Acabo nem percebendo quando chego na empresa, pago o taxista e vou
direto para o estacionamento.
Chegando lá, encontro Mark saindo de seu luxuoso carro, vestindo um
terno cinza com seus cabelos arrumados, exalando uma postura totalmente
poderosa.
— Mark… – Ele olha em minha direção e dá um sorriso de canto.
Ele vem andando em minha direção e segura fortemente em meus cabelos.
Ele cola sua boca na minha, fazendo-me sentir seu gosto doce.
Deus, como eu senti falta dessa boca.
Ele cola nossos corpos e suas mãos saem do meu cabelo, agarrando
fortemente a minha cintura. Não consigo sentir minhas pernas, se não fosse
por Mark me segurando, eu já estaria no chão nesse momento.
— Argh, vão para um motel. – Escuto a voz de Guido fazendo eco pelo
estacionamento da empresa.
— Cala essa boca, Guido. – Mark se separa de mim a contragosto,
adquirindo um semblante carrancudo. — Que porra de martelo é esse na sua
mão?
— Vejo que a princesa acordou do lado errado da cama hoje. – Guido fala
e não consigo conter a minha risada.
— Cheguei! – Escuto a voz de Tom, olho para trás e vejo o mesmo
correndo até nós. — Espero que eu não tenha chegado atrasado.
— Não, Guido acabou de chegar com o martelo.
— Uau, vai ser tipo uma cerimônia, legal – Tom ri do seu próprio
comentário.
— Então, para que você quer o martelo, Rach? – Guido balança o grande
martelo prata que está em sua mão.
— Eu vou quebrar isso aqui. – Tiro a pequena balança da sacola que
estava em minha mão.
Seguro a mesma fortemente com as duas mãos, pois ela estava começando
a ficar um pouco pesada.
Acho que Mark notou isso e pegou a balança da minha mão, segurando a
mesma. Olho para ele e vejo um brilho em seus olhos.
''Que bom que vai fazer isso.'' Ele gesticula com os seus lábios, afagando
meus cabelos em seguida.
É reconfortante saber que Mark me apoia nisso.
— Tudo bem, vamos fazer isso. – Mark coloca a balança no chão e Guido
me entrega o martelo.
Quando eu estou me preparando para quebrar a balança, escuto Mark
gritar:
— ESPERA! – Sua voz faz eco pelo estacionamento inteiro, quase deixo o
martelo cair devido o susto que levei.
Ele pega o celular no bolso da sua calça e começa a me filmar.
Não acredito! Ele vai mesmo me filmar quebrando a minha balança?
— O que? É legal, acho que você também vai querer ver depois, é uma
grande evolução. – Ele dá de ombro e continua me filmando.
Resolvo tentar não ser afetada pela câmera e me posiciono novamente.
Dessa vez estou mais concentrada, foi como Mark disse: É uma grande
evolução.
E realmente é.
Antes de tudo isso, antes de Mark, de Guido, desse emprego, eu era
completamente neurótica com o meu peso. Eu emagreci? Sim. Isso me fez
feliz? Sim. Isso me completa? Não. Acho que na verdade eu nunca estava
procurando emagrecer, mas sim tentando achar a mim mesma.
E droga, essa jornada foi difícil e longa.
Eu consegui me aceitar do jeito que eu sou. Eu tenho celulites, e daí?
Todo mundo tem e nem por isso as pessoas deixam de ir para piscina por
causa disso.
A questão é que eu não posso ficar trancada dentro de mim mesma, com
medo de ser julgada pelas outras pessoas, quando na verdade as pessoas
estão pouco ligando para o que eu estou fazendo ou deixando de fazer.
Resolvi me acolher de braços abertos e me amar por quem eu sou, com
todos os meus defeitos.
Afinal, os meus defeitos também fazem parte de mim e me moldam para
ser uma pessoa melhor, então por que eu vou querer jogá-los fora? Ele
fazem parte de mim e está na hora de abraçá-los e modificá-los para o meu
próprio bem e o de mais ninguém.
E é com esse pensamento em mente que eu dou a primeira martelada.
Escuto o barulho da balança rachando, mas a mesma ainda não está
quebrada.
Escuto o grito animado de Tom, Deus sabe o quanto ele sofreu com a
briga que eu arranjava com a balança. E agradeço a ele que sempre tentou
mostrar a minha real beleza e que o meu peso não me definia.
Por ele, dou a segunda martelada. A balança ainda não está quebrada, mas
a sua rachadura está maior.
— VAI, RACHEL! – É a primeira vez que vejo Mark tão animado assim.
Acabo me lembrando dos momentos em que ele me incentivou a acreditar
em mim e de aceitar a minha beleza, e depois disso tudo, de como o seu
amor mudou completamente a minha percepção de vida.
Por Mark, dou a terceira martelada. Um pequeno pedaço da balança é
jogado no ar e vejo Mark sorrir de satisfação.
Porém, a balança ainda não está quebrada.
Lágrimas começam a transbordar dos meus olhos, mas não são de tristeza,
são de alegria. Alegria por finalmente está conseguindo me desligar de um
estereótipo que tanto me atormentava, desde a minha infância. Todo
bullying que eu sofri, toda dificuldade que eu impus para mim mesma, com
medo do meu próprio peso.
Então, eu dou a terceira martelada e essa era unicamente por mim.
E com isso a balança se espatifa completamente no chão do
estacionamento. Ela se espalha em pedaços por todo o chão.
Sinto um peso sendo tirado das minhas costas, parece que as correntes que
antes me seguravam foram cortadas e eu finalmente estava livre.
Meu corpo, minha mente e meu coração estão livres, enfim.
Escuto uma explosão de palmas ecoar por todo estacionamento. Sinto
Mark me abraçando pelo meu lado, dizendo o quanto ele estava orgulhoso
de mim em meu ouvido, Tom vem pelo outro lado, me abraçando, dizendo
o quanto ele esperava por esse dia. Guido me abraça pela frente e disse que
esso foi a coisa mais legal que ele já viu.
Todo se separam de mim, conversando e rindo.
Sinto uma mão enxugar as lágrimas que estavam caindo de meu rosto.
Era Mark, era sempre ele.
— Rachel, você não sabe o quanto isso foi significativo. – Ele sussurra
perto do meu rosto.
— Isso foi ainda mais significativo com você por perto. – Acaricio seu
rosto, gravando cada detalhe do mesmo.
Deus, como estou apaixonada por esse homem.
— É claro que eu estaria por perto. – Ele sorri.
— Mark, você estará do meu lado nos meus piores e melhores momentos?
— Sempre, Rachel, sempre.
Capitulo 24
esolvemos pedir para alguém da limpeza limpar os restos da
R balança que estavam no estacionamento. Depois resolvemos subir e
começar a trabalhar. Tom foi para seu respectivo trabalho e Guido
foi para sua sala. Mark foi direto para uma reunião com novos investidores
para a campanha de Marketing da empresa.
E eu?
Bem, estou aqui sonhando acordada com o maravilhoso homem que eu
tenho na minha vida e na incrível sorte que tenho de ter amigos tão
maravilhosos.
Até agora Lucy não deu mais as caras e nem mesmo a ex-namorada de
Mark ressurgiu das sombras para atormentar nosso relacionamento.
Será que finalmente eu teria um pouco de paz?
Resolvo voltar a minha atenção para o computador em minha frente e
responder todos e-mails que eram referentes a empresa e reuniões marcadas
com Mark. Apenas observando os e-mails já posso perceber que Mark
trabalha muito e isso exige uma carga de trabalho muito grande, não é atoa
que ele é carrancudo e vive sempre de mal humor.
Mas a beleza dele, ah, continua muito bem intacta!
Minhas mãos já começam a doer depois de meia hora. Nunca digitei tanto
o quanto eu digito neste trabalho. Talvez algum dia eu consiga um cargo
realmente no setor que eu almejo, o de promotoria.
Apesar de ter esse sonho, fico pensando como vai ser quando eu sair deste
emprego. Afinal, foi graças a esse emprego que eu pude conhecer Mark.
Não sei se ficaríamos juntos se não fosse por esse emprego.
Sou tirada dos meus devaneios quando escuto os passos de Mark fazendo
eco pelo corredor. Vejo sua postura imponente, qualquer um que visse ele
de longe poderia notar que é o chefe dessa empresa toda.
Sem dúvidas.
Acabo percebendo que não consigo tirar os olhos dele e o mesmo percebe
esse ato. Seu semblante vai de sério para um sorriso cafajeste. Ele abotoa
um botão de seu paletó e vem em minha direção.
— Baby, se você continuar me olhando assim, não conseguirei trabalhar
hoje. – Sua voz rouca e sexy me causa arrepios pelo corpo inteiro.
— Vai conseguir sim senhor! – Tento fazer a minha melhor voz de
repreensão, mas isso não acaba dando muito certo, pois a mesma sai
tremida devido o nível de excitação que Mark me deixa.
— Escuta, tenho algo para te falar. – Seu semblante de repente fica sério.
Eu engulo em seco, ficando um pouco apreensiva com a mudança brusca
de clima.
— Claro, pode falar. – Desligo o monitor do computador e me viro
totalmente para Mark.
— Tenho um pedido a fazer para você… – Ele limpa a garganta,
demonstrando que está nervoso. — Você quer ir nas bordas dos meus pais
hoje à noite, como a minha namorada?
Eu arregalo meus olhos, com a sensação que eles vão saltar para fora. De
repente eu esqueço como se respira e apenas fico olhando para Mark,
digerindo este pedido que ele me fez.
— S-seus pais? – Falo depois de alguns segundos agoniantes. — N-
namorada?
— Bom, creio que estava mais do que óbvio que somos namorados,
Rachel. – Ele dá um sorriso debochado, se divertindo com a minha surpresa.
— Sim, óbvio, mas ainda não contamos para nossos pais…Não tornamos
oficial para ninguém, além de nós. – Começo a roer as minhas unhas, só
pensando no teatro todo que a minha mãe faria.
Ela primeiramente agradeceria a todos os deuses por eu ter arranjado um
homem, depois ela contaria para todos os membros da nossa família,
vizinhança e até mesmo conhecidos na rua, e, por fim, daria uma festa
somente por causa disso.
E eu odeio as festas da minha mãe.
Como sempre, elas são repletas de gente careta, conservadoras e que
ficariam me interrogando a festa inteira. Fora a pressão que a minha mãe
faria para que eu e Mark falássemos com todos na festa.
E eu não tenho nem um pingo de paciência para fazer isso.
— Rachel, eu sou adulto, – Ele passa as mãos pelos cabelos,
impacientemente. — eu não devo satisfação da minha vida amorosa para os
meus pais.
Suspiro fundo, concordando com as palavras de Mark e tentando bolar um
plano para contar o nosso relacionamento para a minha mãe. Pois se ela
soubesse pela boca de outra pessoa, ela ficaria muito magoada.
— Então, será que a minha namorada poderia ir na festa comigo? – Ele
fala baixo em meu ouvido, fazendo-me sentir cócegas com seu hálito
batendo em meu pescoço.
Mark dá uma risada abafada e começa a dar vários beijinhos em meu
pescoço, me fazendo rir ainda mais.
— Tá bom, tá bom! – Ele se afasta com o seu rosto vermelho de tanto rir.
— Eu vou com você.
— Ótimo, te pego às oito em ponto. – Ele sorri malicioso e depois vai para
sua sala.
Já tento começar a pensar em um vestido bonito e elegante, ainda mais
que os pais dele sempre foram muito ricos e elegantes, e não tem duvido
que essa festa será da mesma forma.
Só espero que eu consiga passar essa imagem para eles também.
Acabo ligando para Tom, implorando por socorro, pois acho que não
tenho um vestido desse tipo em meu guarda-roupa.
E droga, eu deveria ter!
Tom acaba me tranquilizando, ele sabe o vestido perfeito para essa
ocasião. Ele, por acaso, passou por uma loja mais cedo e viu um vestido
completamente lindo e como ele sabe meu número, ele disse que iria lá
comprar para mim.
Como um grande amigo que ele é, Tom ajudou a me arrumar, a fazer a
maquiagem e o penteado. Ele também me deu algumas dicas de assuntos
que eu poderia utilizar com os pais de Mark, me ensinou também a forma
que se segura uma taça de champanhe ou vinho. Não é atoa que ele sabia
disso tudo, ele era gerente de um grande restaurante de Nova Iorque, um
dos mais caros e renomados.
Apesar de estar nervosa, não deixei de admirar o vestido que Tom
comprou para mim. Ele tinha um comprimento que ia até os joelhos, era
tomara que caia, e possuía uma cor rosa bem clarinha.
Resolvo passar um batom vermelho em meus lábios, dando destaque aos
mesmos, e deixo meu cabelo solto, botando ele de lado.
Depois de alguns minutos retocando minha maquiagem e cabelo, escuto
uma buzina vindo lá de baixo. Tom olha pela janela e vê uma Mercedes
preta.
É agora.
— Estou tão nervosa!
— Querida, é você! Se eles não gostarem de você, eles são loucos! – Ele ri
do meu desespero.
Depois de me despedir de Tom, resolvo sair logo de casa e ir ao encontro
de Mark.
Quando chego perto do carro, tenho uma visão deslumbrante de Mark com
uma blusa social preta, sendo coberta por um paletó azul-escuro, com as
calças pretas.
Ele estava com os cabelos bagunçados, deixando-o com um ar
completamente selvagem, me fazendo pensar se devemos realmente para
essa festa ou para o meu quarto.
— Eu sou o homem mais sortudo desse planeta.
Não consigo evitar de corar com os seus olhos o tempo todo sobre mim,
me analisando de cima a baixo.
— Você também está muito bonito. – Abaixo minha cabeça logo depois
de falar isso.
Sinto a mão de Mark em meu queixo, levantando o mesmo. Sinto seus
lábios tomarem o meu com ternura. Consigo sentir seu gosto de menta com
canela em minha boca e não me importo de borrar o batom.
Não me importo mesmo.
Depois de alguns minutos trocando alguns beijos bem quente, acabamos
entrando no carro e indo para a festa, mesmo sobre protestos de Mark,
dizendo para irmos para sua casa terminar os beijos.
Não vou negar, quase aceitei.
Conforme fomos chegando perto da casa dos pais de Mark, meu
nervosismo crescia.
Será que eles gostariam de mim?
Estamos parados em frente a porta, Mark toca a campainha e me olha
divertido. Tento ignorá-lo e respiro fundo, tentando controlar a minha
respiração.
Claro que isso foi tudo em vão.
A porta é aberta pelos pais de Mark e ambos ficam olhando para nós,
parecendo surpresos. Tudo que se pode ouvir são nossas respirações, quer
dizer, menos a minha, pois acho que parei de respirar.
O pai de Mark dá um longo suspiro e a mãe dele continua com os olhos
arregalados, passando seu olhar por mim e por Mark.
— Olá, pai e mãe.
Socorro!
Capitulo 25
— Mark? – A mãe de Mark olha para mim. — A Lucy disse que ia vir
com você.
Rolo os olhos.
— Não, eu vim com a Rachel. – O pai de Mark olha para ele com um
olhar severo.
— Olá, minha querida! – A mãe de Mark toma a frente e me dá um abraço
caloroso. — Eu lembro de quando você era pequena, tinha a mania de ficar
dando o dedo do meio para os outros.
Mark solta um riso baixo e abafado.
— Não ligue para ele, era fofo. – Ela dá um sorriso aconchegante. —
Vamos entrando.
O pai de Mark não falou nada, ficando calado o tempo todo e não parava
de encarar Mark.
Seguimos os pais de Mark pelo imenso corredor, a mansão deles era bem
decorada, possuindo um conceito aberto, com móveis claros e minimalistas.
Acabamos ficando em uma mesa, apenas nós dois, enquanto os pais de
Mark saíram para receber mais convidados.
Mark e seu pai não trocaram nenhuma palavra até o momento e isso estava
começando a me deixar nervosa. Eu sei que eles possuem uma relação
complicada, Mark já me falou isso um tempo atrás.
Porém, eu não sabia que era tão complicada assim.
Abro a minha boca várias vezes, tentando criar coragem para perguntar a
Mark o porquê da relação deles ser assim. Mark parece não se importar,
mas sei que por dentro ele deve estar chateado.
— O que foi, Rachel? – Mark me pergunta com um olhar divertido em seu
rosto.
— O que?
— Você não para de me olhar, parece querer falar algo. – Ele dá um
sorriso cínico. — Eu sei que sou bonito, mas será que sou tão bonito assim?
Reviro os olhos, escutando a risada gostosa de Mark perto do meu ouvido.
Ele passa suas mãos pela minha cintura, cheirando meu pescoço. Olho em
volta, tentando ver se alguém está prestando atenção em nós.
— Mark, alguém pode ver. – Tento alertá-lo, mas o que recebo é apenas
um olhar frio em minha direção.
— Somos namorados, Rachel, – Ele suspira pesadamente. — eu achava
que não estávamos mais escondendo a nossa relação.
— Mas você não falou nada sobre nós para os seus pais, principalmente
para o seu pai.
Parece que toquei na ferida.
Mark fecha a cara e respira pesadamente, parecendo bravo por ser
lembrado que tinha um pai.
— Já falei que não devo nenhuma satisfação da minha vida amorosa para
os meus pais. – Ele fala com uma voz fria.
Meu peito se aperta.
Tudo bem que ele não deve nenhuma satisfação, mas, pelo menos, pensei
que ele teria orgulho de me apresentar como namorada para eles, ou para
qualquer pessoa dentro dessa festa.
Mas parece que eu estava errada.
Meus olhos se enchem de água e tento me controlar ao máximo para não
parecer fraca perante a Mark.
— Desculpe, Rachel. – Ele aproxima sua cadeira e coloca uma mecha do
meu cabelo atrás da minha orelha. — É que meu pai me deixa nervoso, e
quando ele olha com desdém para cima de mim… Isso me tira do sério.
— Tudo bem.
Por que Mark é tão difícil? Por que ele não se abre para mim? Por que
ele tem que se fechar tanto assim?
— Eu não devia ter descontado em você, me desculpe. – Ele beija minha
bochecha docemente, fazendo um carinho no local logo em seguida.
— Eu sei, está tudo bem. – Sorrio com seu carinho em meu rosto.
Mark fica olhando para o meu rosto por alguns segundos, seus olhos
possuem um brilho diferente.
— Deus, você é linda. – Ele continua acariciando meu rosto, se
aproximando do mesmo.
Seus lábios tocam o meu, dando um leve selinho. Sua boca macia me
causa arrepios pelo corpo todo. Ele morde meu lábio e puxa o mesmo,
afundando o beijo em seguida. Sua língua se mistura com a minha e sinto
como se tivesse borboletas voando por todo meu estômago. Suas mãos se
afundam em meu cabelo, os puxando levemente, ele aprofunda o beijo
ainda mais.
Acabo esquecendo que estamos em uma festa. Mas não ligo, só quero
sentir sua boca.
— Mas o que é isto, MARK? – Escuto alguém gritar o nome de Mark
perto de nós.
Me separo brutalmente de Mark, com medo de quem seja.
Oh não, é o pai dele!
— Isso é o que chamam de beijo! – Mark se levanta e eu sigo seu
movimento.
— Mas que pouca vergonha é essa? – Ele aponta o dedo para nós. — E
por que está beijando ela?
— Porque ela é a minha namorada, e pelo que eu sei, namorados se
beijam. – Ele ri debochado.
— Sua namorada? – Ele parece furioso. — Por Deus, Mark!
— Isso mesmo, ela é a minha namorada!
— Primeiro, você não assume a empresa que eu preparei para você, e
agora está namorando uma mulher totalmente diferente da que eu preparei
para você! – Ele gesticula violentamente.
— Como é? – Mark parece furioso. — Você fez o que?
— Isso mesmo, era para você estar namorando a Annie, a advogada que
eu indiquei para trabalhar com você!
— Eu achei que você tinha finalmente aceitado que eu tinha aberto a
minha própria empresa, mas aquilo era apenas você controlando a minha
vida? Vejo que ainda não aceitou que a minha empresa dá mais lucro que a
sua.
— Annie é muito melhor que uma desnaturada como essa, com aqueles
pais malucos! - Fico sem fôlego com as palavras do pai de Mark.
Ninguém fala dos meus pais!
Imediatamente, Mark se coloca em minha frente e aponta o dedo para o
seu pai.
— Nunca mais, nunca mais fale da Rachel assim! – Ele se aproxima de
seu pai. — Ou eu juro que não terei controle sobre os meus atos.
Os dois ficam se encarando e fico com medo de que algo pior possa
acontecer. Puxo a manga do paletó de Mark, tentando tirar ele dali e ir
embora.
— Mark, por favor, vamos embora. – Minha voz acabando saindo
embargada. — Não vale a pena.
— Tudo bem, – ele suspira pesadamente. — você tem razão, não vale a
pena. – Mark se vira e seca as lágrimas que estavam caindo do meu rosto.
Ele sussurra um "desculpa" sobre o meu lábio e pega na minha mão,
começamos a dar os primeiros passos para ir embora. Porém, o que Mark
escutou fez o mesmo parar:
— Isso, leva a sua vadia embora. – A voz do pai de Mark sai alta, ecoando
pelo salão inteiro.
Acontece tudo rápido demais.
Mark dá um giro, acertando o rosto de seu pai com um soco rápido. O pai
de Mark cai no chão, com as mãos em seu nariz, o mesmo estava sangrando
e gemendo de dor.
— Nunca mais fale desse jeito com a minha namorada. – Mark me pega
pela mão e me carrega, indo em direção a porta.
Os convidados prestam atenção na briga entre pai e filho, e por eu ser o
motivo, a vergonha me toma por inteira.
Mark para em frente a um garçom que estava com uma bandeja cheia de
taças de champanhe e pega um para si. Dá um grande gole e sobe em cima
de mesa que estava por perto.
— Mark, o que você está fazendo aí em cima? Desce daí! – Tento fazê-lo
descer, mas ele não me escuta.
— Atenção, queria fazer um brinde ao grande casal! – Ele ergue a taça de
champanhe. — A minha mãe é a melhor pessoa desse mundo, e eu a amo
intensamente, obrigada por ser essa mulher forte! – Ele olha ternamente
para sua mãe que assistia a tudo com um semblante surpreso.
Sua mãe olha para a cena aterrorizada, sem saber o que aconteceu ali e por
qual motivo o seu marido estava no chão, com o seu nariz jorrando sangue.
Seus olhos se enchem de lágrimas vendo seu filho em cima da mesa.
Mark continua:
— Ao meu pai, homem que arruinou meus sonhos e minha vida: agora
você pensará duas vezes antes insultar a minha mulher! Isso mesmo, Rachel
Turner é a minha mulher, a minha namorada, o grande amor da minha vida,
o meu sonho, e vocês podem acreditar que eu caçarei aquele que insultar ela
ou aquele que me acordar desse incrível sonho. – Ele bebe todo o líquido
que estava dentro da taça de champanhe. — Saúde! – Ele pula da mesa e
pega minha mão, me arrastando mansão afora.
O que acabou de acontecer aqui?
Capitulo 26
ark estaciona o carro em frente ao meu apartamento. Vejo que ele
M ainda está tenso, também não é para menos, ele acabou de socar a
cara do próprio do pai.
— Me desculpe. – Escuto a voz de Mark abafada, sua cabeça está apoiada
no volante. — Me desculpe por ter escutado tudo que meu pai falou.
— Está tudo bem. – Faço carinho em sua cabeça.
— Não, não está tudo bem! – Ele levanta sua cabeça rapidamente. —
Você não merecia aquilo, você é muito mais que aquilo.
— Mark, eu… – Ele me interrompe.
— Rachel, eu te amo, muito. Eu não poderia deixar ele falar com você
daquela forma. Você é a mulher da minha vida, é a minha grande paixão.
Você merece o mundo! – Ele respira fundo.
Deus, eu não me canso de escutar Mark falando que me ama, poderia
escutar isso o dia inteiro, pelo resto da minha vida. Como eu quero ele
para o resto da minha vida!
Quero tanto.
Ele continua:
— Eu sou um advogado, vivo tentando salvar o mundo, mas o meu mundo
é você.
Olho para Mark e vejo que o mesmo está com um semblante sério, então
isso tudo é verdade?
Deus, como o amo.
É isto. Desde a primeira em que o vi naquela rua em Nova Iorque,
roubando um táxi que era para ser meu, eu me apaixonei. Me encantei com
seu sotaque britânico, com seus cabelos escuros e levemente
encaracolados. Me apaixonei pela sua petulância, por sua língua afiada e
pelo seu senso de humor sarcástico.
Olho novamente para Mark e seu semblante continua firme, ele olha para
mim atentamente, esperando alguma resposta. Porém, a única coisa que
consigo fazer é pular em cima dele e beijá-lo freneticamente, ele me agarra
pela cintura e me coloca em seu colo. Ele afasta o banco do motorista e
deita o mesmo.
Suas mãos apertam a minha bunda e enlouqueço com seu toque. Ele beija
meu pescoço, puxando meu cabelo fortemente. Ele abre o zíper da sua calça
e eu levanto meu vestido.
Estamos frenéticos, um desejando o outro loucamente.
Ele coloca o seu pau para fora e eu encaixo a minha entrada no mesmo.
Desço lentamente, sentindo cada parte do meu corpo se arrepiar com esse
ato. Escuto um gemido abafado de Mark em meu ouvido, me sinto
preenchida e quando olho para o rosto de Mark eu tenho certeza:
— Você também é meu mundo. – Digo ofegante.
Mark para e me olha atentamente, surge em seu rosto o sorriso mais
bonito que eu o vi dar. Ele pega em meus cabelos e sussurra ''te amo''
novamente em meu ouvido, retomando os movimentos.
O som dos nossos gemidos se misturam dentro do carro. Nossos
movimentos começam a ficar rápidos, fazendo o carro balançar.
Eu poderia estar preocupada com algum vizinho, mas neste momento eu
não consigo pensar em nada, apenas consigo sentir Mark dentro de mim, me
fazendo sentir um prazer que achei que nunca sentira em minha vida.
E isso é tudo que eu preciso neste momento.
Começo a sentir uma onda crescendo dentro de mim e explodo de prazer
em cima de Mark, chegando a um êxtase que nunca senti em toda minha
vida. Mark me tira do seu colo e goza em cima da sua calça.
— Ah Rachel, você me deixa louco. – Ele beija meu pescoço. — Desculpe
por hoje.
— Está tudo bem, eu já falei. – Meu sorriso deve estar enorme em meu
rosto, pois não consigo desfazê-lo.
— Eu amo o seu sorriso, – Ele beija o canto da minha boca. — Eu amo
você, Rachel.
Ele faz um carinho em minha bochecha, olhando cada centímetro do meu
rosto. Faço o mesmo com ele, prestando atenção em seus cabelos
bagunçados, sua boca vermelha, seus olhos que tanto me derretem.
Deus, eu amo um homem, e esse homem é Mark Firth.
— Ah, você já está de férias. – Mark fala de repente.
— Jura? Hoje é que dia?
— Dia 22. – Ele ri da minha cara pensativa. — Está pensando o que?
— Bom, vou aproveitar e amanhã mesmo já vou comprar as decorações
de natal! – Abro um sorriso enorme.
Eu amo o natal, desde pequena a minha família sempre comemora o natal,
mas é uma comemoração grande mesmo, com papai noel subindo o telhado
e tudo. E esse espírito de festa continua em mim, mesmo adulta, continuo
adorando e festejando o natal.
— Que bom para você. – Mark sorri com o meu entusiasmo.
— Já sei, porque você não vai comprar as coisas comigo? Iria ser bem
divertido!
O sorriso de Mark se desfaz.
— Desculpe, Rachel, mas eu não gosto do natal. – Ele dá um beijo em
minha bochecha e fico chocada com essa nova informação.
— Como assim você não gosta do natal? – Pergunto perplexa.
— Eu não tenho o costume de comemorar o natal, graças ao meu pai. –
Ele fica sério. — Ele nunca passava o natal conosco, sempre saia a
‘’negócios’’ e voltava bêbado para casa.
— Isso é uma pena. – Faço carinho em seu rosto. —Porém, comigo vai ser
diferente, eu vou estar lá. Esse ano eu vou fazer na minha casa, você não
irá?
— Desculpe, mas não vou, – Ele parece preocupado com a minha reação.
— eu realmente não gosto do natal.
— Tudo bem. – Fico triste por saber disso, pois achei que talvez se fosse
para comemorar comigo ele iria.
Mas ele não vai.

∞∞∞
Acordo na manhã seguinte decidindo esquecer essa questão de Mark e
focar em comprar as melhores decorações de natal que eu puder achar.
Ontem de noite resolvi não deixar as coisas entre eu e Mark tensas, então
deixei esse negócio dele não comemorar o natal de lado.
Boto minha roupa de frio, pois em Nova Iorque estava começando a
nevar, me agasalho bem, pego a minha lista de natal em cima do meu
balcão e saio pelas ruas de Nova Iorque.
Estou com um sorriso enorme em meu rosto, eu amo essa época do ano e
amo ainda mais comprar as decorações de natal. Eu fico louca com as
coisas de natal e isso faz com que fique difícil escolher uma decoração
apenas, mas preciso ser decidida.
Entro dentro de uma loja que chamou a minha atenção, vejo cada enfeite
de natal, um mais lindo que o outro, fico doida para levar todos da loja, mas
me controlo, se não a árvore vai parecer um carnaval.
Chamei Guido e Tom para passar o natal em minha casa, minha mãe e
meu pai vão viajar, então achei melhor não comemorar o natal sozinha.
Guido e Tom disse que ficariam de pegar a árvore, então estou me
concentrando nas decorações.
Decido comprar não apenas decorações para árvore, mas para o meu
apartamento também, quem sabe eu bote uma guirlanda na minha porta?
Um tapete de papai noel no chão ficaria bem legal também.
Fico na rua o dia inteiro procurando enfeites de natal, comprando quase
todas as lojas inteiras de Nova Iorque.
Mas valeu a pena.
No dia seguinte Guido e Tom chegam com a árvore de natal e começamos
a decorá-la.
— Vou trazer a minha famosa torta de chocolate! – Tom avisa,
pendurando uma bola de natal na árvore.
— Sim, por favor! – Boto uma mão em minha barriga, relembrando do
gosto da torta de Tom. — Guido, ele faz a melhor torta de chocolate do
mundo!
— Jura? Essa eu quero ver. – Guido ri da cara de ofendido de Tom. — Eu
vou trazer o vinho!
— Combinado então!
— Ah, e o Mark vai trazer o que? – Tom perguntou, colocando as luzes de
natal em volta da árvore.
Acabo parando de sorrir, me lembrando de que Mark passará o natal
sozinho.
— Ele não vai vir. – Guido suspira pesadamente e abaixa a cabeça.
— O que? Porque não? – Tom está com um semblante preocupado.
— Mark não gosta de natal. – Guido fala por mim.
— Mas o que…
— Depois a gente fala sobre isso. – Interrompo Tom e encerro o assunto,
indo para o meu quarto.
Fico alguns minutos olhando para o nada, pensando em Mark e em como
o dia de natal seria vazio sem ele.
Então, resolvo tentar fazer uma última tentativa.
Disco rapidamente o número dele e espero Mark atender.
— Olá, darling. – Seu sotaque se faz presente do outro lado da linha. —
Está tudo bem?
— Sim, eu só… – Limpo minha garganta. — Queria saber se você
realmente não quer passar o natal aqui em casa.
— Rachel…
— É que eu acho que ninguém deveria ficar sozinho no natal.
Não escuto nada do outro lado da linha, apenas o silêncio. Suspiro
pesadamente já sabendo a resposta e resolvo desistir, enfim.
— Tudo bem, está tudo bem, até mais Mark. – Desligo o telefone sem
esperar nenhuma resposta e me afundo em minha cama, imaginando como
seria um natal com o Mark.
Acho melhor ir dormir.
Na manhã seguinte o despertador me acorda, mas o que me tira da cama é
o natal. Finalmente, esse dia chegou, esperei muito tempo por ele.
Deus, como eu amo o natal.
Adoro os enfeites, as músicas, os biscoitos.
DROGA! OS BISCOITOS!
Não acredito que esqueci dos biscoitos natalinos, eles são uma regra para
se comemorar o natal.
Como eu sou um perigo em confeitar, eu geralmente encomendo na loja
de doces, mas agora vai ser impossível. Acho que fiquei tão abalada com
Mark que acabei me esquecendo da droga dos biscoitos.
Mas tudo bem, não vou deixar isso abalar o natal.
Hoje é véspera de natal e é melhor eu terminar de arrumar essa árvore,
antes que Tom e Guido cheguem.
Passo o dia todo arrumando a casa e terminando de enfeitar o apartamento.
Quando termino vejo que está do jeito que eu queria, só faltava a droga
dos biscoitos. Coloco em volta da árvore os presentes de Guido e Tom, fico
receosa se devo botar o de Mark. Resolvo colocar, só para enfeitar, eu daria
para ele outro dia.
Quando olho para o relógio vejo que já passou da hora de começar a me
arrumar, então tomo um banho rapidamente e visto um vestido vermelho e
uma maquiagem suave, afinal vou ficar em casa mesmo.
Quando estava terminando de passar o batom, escuto a campainha. Eles
chegaram! Corro para abrir a porta, animada, por começar a festejar, comer,
e cantar muitas canções de natal com os garotos.
Abro a porta e vejo Guido e Tom.
Vejo que Tom também está de vermelho e gritamos juntos, sendo
acompanhados pelas risadas de Guido. Nós três nos abraçamos e eles
entram, elogiando o trabalho que eu fiz com o apartamento.
Mostro para eles a mesa completamente pronta, com a comida que fiz, ou,
pelo menos, tentei fazer. Guido enche as taças de vinho e Tom liga o som,
botando uma música de natal para tocar de fundo.
Tom começa a tirar foto com Guido, porém o mesmo não gosta de tirar
foto, então Tom começa uma luta para que o mesmo tire fotos com ele perto
da árvore de natal.
Rio da cena que vejo, porém a campainha toca, me chamando atenção.
Mas quem era?
Será que era o síndico querendo reclamar do barulho?
Ando rapidamente até ela e prendo a respiração com a imagem que vejo
quando abro a porta.
Mark Firth.
— O que…? – Não consigo juntar as palavras certas para falar.
— Ninguém deve ficar sozinho no natal. – Abro um grande sorriso e pulo
em seu colo, escutando sua risada gostosa em meu ouvido.
— Mas você não gosta do natal.
— Por você eu posso aprender a gostar, Rachel. – Ele faz um carinho em
minha bochecha, dando um beijo na mesma logo em seguida. – Ah, e
também não vim de mãos vazias.
Mark mostra suas mãos que estava atrás de seu corpo, revelando um
pacote de biscoitos natalinos. Dou um gritinho abafado e pulo em cima de
Mark novamente, escutando suas gargalhadas em meu ouvido.
— Obrigada por ter vindo, é muito importante para mim. – Dou um beijo
em Mark, sentindo o mesmo sorrindo entre o beijo.
— Feliz natal, Rachel.
Capitulo 27
— Ele veio! – Tom vai em nossa direção. — Feliz natal, Mark!
— F-feliz natal. – Ele limpa a garganta, parecendo não acreditar que
acabou de falar isso.
— Eu não estou acreditando no que meus olhos estão vendo. – Guido
parece confuso e surpreso. — Você odeia o natal.
— Pela Rachel eu posso tentar gostar. – Mark me olha, sorrindo com seus
dentes perfeitamente alinhados.
Me derreto vendo essa miragem em minha frente.
— É, o amor realmente muda as pessoas. – Guido dá uma risada fraca,
dando um gole em seu vinho em seguida. — Isso pede um brinde!
— Isso! – Tom pega seu copo com vinho.
Eu pego meu copo de vinho que estava em cima da mesa.
Guido enche um copo de vinho e dá para Mark. Todos erguem as suas
taças no ar.
— Ao amor! – Guido fala com um grande sorriso em seu rosto.
Dizemos todos juntos, porém, noto que Mark fala isso olhando para mim.
— Te amo, Rachel. – Mark sussurra em meu ouvido, me causando
arrepios e um sorriso enorme em minha face.
— Eu também te amo. – Mark me olha amorosamente e não consigo
evitar de sorrir com seu olhar sobre mim.
De repente vejo um flash em nossa direção, olho para frente e vejo Tom
com seu celular, tirando uma foto minha com o Mark.
— Você acabou de tirar uma foto nossa? – Pergunto para Tom.
— Sim, é que vocês estavam tão lindinhos. – Tom se aproxima,
mostrando a imagem no seu celular.
Até que ficou bonito mesmo.
— Tem como você me mandar? – Me espanto pelo interesse do Mark pela
nossa foto.
Ele se junta ao lado de Tom, passando o seu número para o mesmo passar
a foto.
— Obrigada. – Escuto a voz de Guido próxima do meu ouvido.
— Pelo que? – Me viro de frente para ele, vendo seu semblante calmo.
— Nunca o vi tão feliz em minha vida! – Ele olha na direção de Mark,
dando um sorriso com a felicidade do seu amigo.
— Ele também me deixa muito feliz, nunca me senti tão feliz de ter o meu
táxi roubado. – Guido franze a testa com o que eu falei.
— Roubaram seu táxi? – Ele ri.
— Sim, eu e Mark nos conhecemos assim, ele roubou o meu táxi! – Rio
junto com Guido.
— Eu não roubei o seu táxi, pois não dá para roubar algo que já era seu. –
Mark se junta a nós, com uma taça de vinho em uma mão e um biscoito na
outra.
Meus olhos brilham ao ver o biscoito de natal em sua mão, minha boca
começa a salivar. Meu Deus, como eu amo esses biscoitos.
— Abra a boca, darling. – Mark sussurra perto de mim e faço o que ele
manda. Ele coloca uma parte do biscoito em minha boca, fazendo sinal para
que eu morda o mesmo.
Faço o que ele manda e uma explosão de sabores ocorre em minha boca.
Mark parece satisfeito com a minha felicidade em comer o biscoito e
morde também um pedaço do mesmo, dando um gole em seu vinho em
seguida.
— Esse assunto de quem roubou o táxi está bem legal, mas que tal nós
começarmos a comer? Eu não aguento esperar até a meia-noite! – Rimos de
Tom e seu desespero, e resolvemos sentar na mesa e comer.
O jantar foi muito agradável. Os meninos faziam cada tipo de palhaçada
que teve uma hora que eu até me engasguei com o vinho. Mark parecia estar
se divertindo muito e isso significava muito para mim, uma vez ou outra ele
olhava para mim e apertava minha mão.
Ele estar aqui significa muito para mim, isso demonstra que ele realmente
se importa.
Depois do jantar e das sobremesas todos estavam largados no sofá,
completamente cheios e com sono, com exceção de Tom, que parecia uma
criança, pulando pra lá e pra cá.
Acho que ele não devia ter comido tanto doce.
— Vamos abrir os presentes! – Tom fala batendo palmas e pulando, indo
em direção a árvore de natal.
Levanto na mesma hora, correndo para ficar ao lado de Tom. Parecíamos
duas crianças, pulando em volta da árvore e batendo palmas. Acabamos
sendo empurrados por Guido, que também chega correndo, animado com os
presentes.
— Rachel, eu… – Mark limpa a garganta e percebo que ele veio de última
hora, ou seja, ele não trouxe nenhum presente.
— Está tudo bem, não precisa se preocupar com isso! O meu presente é
você ter vindo. – Sorrio, fazendo carinho em seu rosto.
E isso era a plena verdade.
— Não, na verdade eu trouxe um presente para você. – Ele sorriu,
beijando a minha mão que estava em seu rosto. — Está na sua meia, na
lareira.
Olho para a lareira com as meias que eu pendurei. Elas possuíam o nome
de cada um, até mesmo o de Mark. Ando em direção a lareira e boto a mão
dentro dá minha meia, sinto algo com uma textura de veludo em minha
mão, puxo o mesmo e me deparo com uma caixinha de veludo.
Eu abro e o que eu vejo dentro da caixinha derrete o meu coração, eu pego
e penduro o cordão na minha mão, vendo o de longe.
— O pingente é um táxi, está escrito ''I love NY'', o lugar que você mais
ama no mundo. – Mark fala sorrindo para mim. — Pedi para marcarem o
dia em que nos conhecemos.
— No dia em que você roubou o meu táxi, né? – Eu rio e Mark me
acompanha.
— Ainda tem mais. – Ele aponta para a meia na lareira e ando novamente
em direção a mesma.
Tiro de lá duas passagens, começo a ler os detalhes que estão impressos na
mesma e arregalo os olhos.
— SUÍÇA? – Tom se assusta com o meu grito, deixando sua caixa de
presente cair sem querer.
— Sim, se você quiser, gostaria que passasse o ano novo junto comigo, na
Suíça. – Mark se aproxima de mim, esperando uma resposta.
Ele limpa sua garganta, arrumando o botão da sua blusa.
— É claro que eu vou com você! – Abraço Mark, distribuindo diversos
beijos em seu rosto.
— Agora o seu presente está lá na sua meia! – Aponto para a lareira.
— Minha meia? Você botou uma meia para mim mesmo pensando que eu
não viria?
— Sim, a esperança é a última que morre.
Mark vai em direção a sua meia e tira o seu presente de dentro da mesma.
É uma caixa de couro quadrada.
Ele abre e vê abotoaduras douradas com suas iniciais.
M.F
— Uau, Rachel, eu… – Ele limpa a garganta.
— Uau, abotoaduras personalizadas, isso deve ter custado uma fortuna. –
Tom pensa em voz alta, tampando sua boca logo em seguida, envergonhado
por ter falado muito alto.
— Sem dúvidas! – Mark concorda. — Eu amei, ainda mais sendo um
presente vindo de você, Rachel. – Ele se aproxima e beija suavemente meus
lábios.
— Obrigada por ter vindo, Mark. – Sussurro em seu ouvido.
— Será que eu poderia dormir aqui hoje? – Ele pergunta, ficando meio
sem graça.
— Você pode dormir aqui quando você quiser, Mark. – Ele sorri com a
minha fala, me embrulhando em um abraço gostoso.
— Ok, acho que está na hora de irmos, Guido. – Tom se levanta do sofá.
— Obrigada pelo presente, amiga, eu adorei. – Tom me abraça, dando um
beijo em minha bochecha.
— Também acho. – Guido termina de beber sua taça de vinho e se
levanta. — Vamos deixar esses dois pombinhos a vontade.
— Vocês são bobos, podem ficar.
— Não, Rachel, deixe eles irem, quero ficar só com você. – Mark sussurra
em meu ouvido, apertando minha cintura levemente.
Sinto um arrepio correndo pelo meu corpo, sinto minhas bochechas
ficarem quentes e tento evitar o olhar safado de Mark.
Meu Deus, já percebi que não vamos dormir hoje.
Capitulo 28
u sempre soube que Vermont era um lugar mágico, mas agora que
E eu estou aqui, acho ele muito mais do que mágico.
Acho que é um lugar magnífico, onde parece que os seus sonhos
irão se realizar.
Desde a briga que ocorreu na festa de aniversário das bordas dos pais de
Mark, a mãe dele liga para ele o tempo todo. Até que um dia ela ligou para
ele avisando que estava se separando do pai dele.
Mark não ficou triste, pelo contrário, ficou contente por finalmente a sua
mãe se livrar de um homem tão manipulador e egoísta como seu pai,
palavras dele, é claro. Desde daquela festa o pai de Mark não ligou para ele
nenhuma vez, Mark também não se importou.
Já a minha mãe ficou uma fera quando eu contei do ocorrido na festa. Ela
disse que ficou chocada com as palavras do pai de Mark sobre a minha
pessoa e que nunca deu nenhum motivo para ele falar mal da filha dela
assim.
Admito que fiquei feliz por ver minha mãe com raiva, querendo pegar o
primeiro táxi para dar um tapa na cara do pai de Mark, apenas para me
defender. Ela às vezes pode me criticar um pouco, mas ela sempre será a
primeira pessoa que irá me defender, disso eu tenho certeza.
Como ela mesmo disse: ''A próxima pessoa que eu ver te criticando eu vou
dar um cascudo! Por Deus, as pessoas não deram educação para os seus
filhos?''
Ela ficou muito nervosa, mas Mark e papai conseguiram acalmar os
nervos dela. Ela ainda agradeceu a Mark pelo soco que o mesmo deu em
seu pai, Mark apenas riu com o seu comentário.
Mark.
Mark foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Sou muito grata
por cada dia que passamos juntos, e cada dia ele demonstra estar mudado,
mais aberto a falar de seus sentimentos comigo. Ele sempre fica falando que
eu fiz isso com ele, que graças a mim ele é uma pessoa diferente e melhor.
Mal sabe ele o efeito que o mesmo causa em mim.
É até assustador o amor que sinto por ele, às vezes, fico com medo de não
ser correspondida da mesma forma, mas a cada dia Mark me surpreende,
mostrando que sim, ele me ama muito, da sua maneira, é claro, mas me
ama.
Mark não poderia ter escolhido um lugar melhor que Vermont, eu nunca
tinha vindo para cá antes e me arrependo de nunca ter feito isso.
Estou apaixonada por esse lugar, estou apaixonada por Mark.
Estamos hospedados em uma pousada que possui um píer com uma vista
incrível, a cor da água é de um azul maravilhoso, e o céu, ah o céu, tão
branco e tão sereno. As vezes eu e Mark ficamos sentados no píer, apenas
apreciando o céu acima de nós.
Aliás, Mark e eu não paramos desde quando chegamos aqui. Já teve
diversas reclamações por parte da gerência da pousada em que estamos
hospedados, pedindo para nós diminuirmos o ''barulho''. Lógico que eu
morri de vergonha na hora, a minha cara ficou igual um tomate, e claro,
Mark não aguentou segurar a risada.
O nosso ano foi repleto de resoluções, beijos e declarações trocadas entre
nós dois. Acabamos rompendo o ano dentro do nosso quarto, na cama para
ser mais exata.
Estou nua nesse momento, enrolada em lençóis egípcios fornecidos pela
pousada extremamente cara que Mark preparou para nós.
Ele saiu para comprar café em uma confeitaria aqui do lado enquanto eu o
espero.
Desperto dos meus devaneios quando escuto um barulho na porta, Mark
entra pela mesma com um buquê gigante cobrindo seu rosto.
Dou um sorriso que vai de orelha a orelha.
— Isso é um presente para entramos nesse ano novo com mais amor. – Ele
tira o buquê do rosto, revelando um sorriso encantador.
— Obrigada, meu amor! – Pego o buquê das suas mãos e cheiro o mesmo,
sentindo um cheiro gostoso preencher minhas narinas. — São lindas, eu
amei!
— Bom dia, baby. – Ele dá um beijo demorado em minha boca — Trouxe
o seu café da manhã.
— Você não trouxe a sobremesa? – Me ajoelho na cama, procurando por
algum doce nas coisas que ele trouxe.
— Você é a sobremesa, Rach. – Ele dá um sorriso malicioso.
Mark me empurra na cama, me fazendo deitar na mesma, ele prende as
minhas mãos, dando um beijo selvagem e gostoso em minha boca. Sinto um
desejo crescer em minhas veias, meu corpo anseia ainda mais pelo seu
toque.
Parecendo perceber isso, ele começa a tirar os lençóis de cima do meu
corpo nu, fazendo com que uma ansiedade tomasse conta de mim, fazendo
o meu sexo pulsar pelo seu contato.
Ele desce seu rosto pelo meu corpo, deixando uma trilha quente de beijos,
ele não tira seus olhos do meu em nenhum momento.
Solto um gemido alto quando sinto sua língua quente na minha
intimidade, agarro os lençóis, fazendo com que a ponta dos meus dedos
ficassem branca, tamanha força que estou segurando os lençóis.
Sua língua circula pela minha intimidade, fazendo-me delirar de prazer
com as sensações que Mark está causando em mim. Ele suga o meu clitóris
com força, a dor se mistura ao desejo, mas eu não ligo, pois o tesão é maior
que tudo.
Solto um grito quando Mark passa sua língua lentamente por toda minha
intimidade, fazendo-me pedir desesperadamente que ele me foda.
— Seu desejo é uma ordem, darling. – Ele sussurra em meu ouvido, com
seu forte sotaque britânico, me arrepiando dos pés a cabeça.
Ele tira rapidamente a sua roupa, fazendo com que eu tenha uma visão
maravilhosa dos seus músculos se tencionando com os seus movimentos
rápidos. Tento não perder nenhum movimento de Mark tirando sua roupa,
sua respiração ofegante apenas evidencia o quanto ele estava ansioso para
me penetrar, e porra, isso me deixa ainda mais louca de desejo por ele.
Ele termina de tirar a sua roupa e vem lentamente para cima de mim,
sempre com seus olhos fixos no meu. Prendo a minha respiração com a
visão de Mark em cima de mim, com o cabelo bagunçado, completamente
nu, fazendo os músculos de seu ombro se sobressair por conta do peso do
seu corpo, que ele estava segurando para não me machucar.
Eu passo a ponta das minhas unhas em suas costas desprovida de tecido,
sentindo sua pele macia e quente em minhas mãos, me fazendo ansiar pelo
seu corpo colado ao meu.
— Porra, Rachel, – Mark geme em meu ouvido. — assim você vai me
deixar maluco.
— O que você está esperando para me foder, Mark? – Falo e mordo o
lóbulo da sua orelha, fazendo Mark soltar um gemido alto que ecoa pelo
quarto.
— Ah, Rachel, não brinca com o fogo. – Ele fala com a sua voz rouca,
carregada de tesão. — Onde estão as camisinhas?
Eu aponto para a cômoda ao nosso lado e Mark pega uma rapidamente,
abrindo a mesma e colocando no seu membro.
— Fica de quatro, agora. – Ele dá uma entonação na última palavra que
arrepia meu corpo inteiro, e como se meu corpo não respondesse ao meu
cérebro, eu fico na posição, como se meu corpo obedecesse apenas a Mark.
Sinto meu sexo latejar pela voz potente e autoritária de Mark. Eu solto um
grito agudo quando sinto a mão de Mark bater em minha bunda. Sinto a
área, onde ele depositou o tapa, quente, mas não ligo.
Não ligo nem um pouco.
— Nunca mais fale daquele jeito comigo, entendeu? – Ele bate outra vez
em minha bunda, fazendo com que o barulho ecoasse pelo quarto. — Eu
vou brincar com você até eu achar a hora certa de te foder, entendeu? – Ele
desfere outro tapa em minha bunda, fazendo com que um gemido
involuntário saia de minha boca.
— Responda! – Sua voz fica alta e autoritária e eu gemo em resposta. —
Eu quero escutar, Rachel. – Ele segura meus cabelos, falando com sua voz
rouca em meu ouvido.
— S-sim! – É a única coisa que eu consigo falar, não tenho forças para
mais nada.
— Boa menina. – Ele sussurra em meu ouvido, puxando ainda mais meu
cabelo.
Então, ele me penetra sem nenhum aviso, solto um gemido abafado pela
surpresa e pelo tamanho de seu membro dentro de mim. Ele para um pouco,
para que eu consiga me acostumar com o seu tamanho e grossura.
Ele enrosca meu cabelo em sua mão puxando com força o mesmo,
fazendo com que minha cabeça fosse para trás. Ele estoca rapidamente, os
barulhos dos nossos gemidos se misturam pelo quarto, estou pouco me
fodendo se a gerência da pousada reclamar depois, eu apenas quero gemer o
nome de Mark.
— Ah, Rachel, que buceta gostosa! – Ele geme, suas estocadas começam
aumentar em um ritmo frenético, parece que algo vai explodir dentro de
mim e não aguento, acabo me derretendo com Mark dentro de mim, ainda
estocando rapidamente. Mark goza em seguida, fazendo os movimentos
serem ainda mais fundos, jogando seu corpo em cima das minhas costas, se
apoiando na mesma.
— Porra, Rachel! – Sua voz está extremamente rouca, ainda cheia de
desejo. — Melhor café da manhã que eu já comi. – Ele sussurra zombeteiro
em meu ouvido, arrancando-me uma risada fraca.
Sinto ele tirar o seu membro e sinto um vazio, imediatamente. Ele amarra
a camisinha e vai até o banheiro, indo jogá-la no lixo.
Ele volta para a cama com um sorriso no rosto, fazendo com que eu me
perca por alguns minutos em seus traços perfeitos.
— Bom dia, meu anjo. - Ele dá um beijo em minha testa.
Deito minha cabeça no peitoral de Mark, sentindo que ali é o lugar mais
seguro que eu poderia estar.
Capitulo 29
á passou um tempo desde o ano novo e eu não poderia estar mais
J feliz, ou realizada dentro do meu trabalho.
Mark elogiou meu amadurecimento dentro do local de trabalho e
disse que eu poderia muito bem advogar em um tribunal sem medo. Lembro
que fiquei muito feliz por Mark ter falado essas coisas para mim, pois ele é
um advogado bem famoso por toda Nova Iorque e ele reconhecer que eu
cresci dentro da nossa profissão, mesmo tralhando como secretária, me
deixou muito realizada.
Durante todo o meu tempo na empresa, Mark sempre tentou me dar dicas
de como me comportar em um tribunal. Ele disse que se um dia eu tentasse
procurar outro emprego, ele ficaria muito feliz em escrever uma ótima carta
de recomendação.
Eu acabei confessando para ele que o meu grande sonho era trabalhar
como promotora, e Mark disse que faria questão de falar muito bem de
mim, na próxima vez em que ele fosse visitar seus amigos no gabinete da
promotoria de Nova Iorque.
Ele até mesmo se ofereceu em entregar o meu currículo! Apesar de eu ter
aceito esse trabalho como secretária, eu já trabalhei antes em outras
empresas de advocacia, porém, azarada do jeito que sou, todas faliram.
Mas a minha vontade sempre foi estar dentro de um tribunal.
Devo dizer que voltei ao meu peso antigo, aliás me sinto bem com ele.
Porém, percebi que era eu mesma que precisava mudar, não o meu peso.
Eu apenas precisava me amar mais.
As coisas com Mark não poderiam estar melhores, ele de alguma forma
me completa mais do que eu poderia imaginar, e eu amo isso, e droga, eu
amo ele.
E posso dizer que finalmente estou feliz, finalmente posso respirar
tranquilamente, sem sentir que estou embaixo d'água, prendendo a minha
respiração. As pessoas a minha volta estenderam a mão para me ajudar, mas
eu mesma tomei o impulso e subi a superfície e eu não poderia estar mais
orgulhosa.
Depois de ter passado as minhas férias em Vermont, acabei voltando ao
trabalho normalmente, mas dessa vez Mark fez questão de todos saberem
que eu era a namorada dele e fiquei levemente surpresa quando não me
importei dele ter revelado tal fato para os outros, pelo contrário, me senti
muito bem.
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Chego na empresa um pouco mais cedo que o habitual. Arrumo a minha
mesa e noto uma rosa com um bilhete junto.
Mark.
Sorrio já sabendo que era dele, pego a rosa e abro o bilhete.
''Uma flor para outra flor''
Acabo rindo da fase brega escolhida por Mark, mas mesmo assim não
deixo de me derreter pelas palavras escolhidas.
Sinto algo atrás de mim.
— Cheira também como uma flor. – Mark fala em meu ouvido, cheirando
meu pescoço, inalando meu perfume.
— Você também não está nada mal. – Me viro para ele, ficando de frente
para o mesmo. — Alias, adoro o perfume que está usando. – Passo minhas
unhas pelo seu pescoço, inalando o cheiro da colônia que tanto gosto.
— Rachel… – Ele suspira pesadamente. — Se você ficar cheirando meu
pescoço e passando as unhas nele, irei te comer em cima da sua mesa.
Solto um gemido baixo com a voz rouca de Mark em meu ouvido.
— Nem pensar, acabei de arrumar a mesa. – Falo, fingindo não estar
interessada, mas o meu corpo e minha boca me entregam completamente.
— Tem certeza disso? – Mark desce a sua mão e aperta a minha bunda,
acabo gemendo baixo em sua boca, fazendo com que seus olhos escureçam
de desejo e tesão.
Ele agarra minha cintura com a sua outra mão e nos leva em direção a
minha mesa, sinto a textura da mesa encostada atrás de mim. Mark começa
afastar os objetos que estavam em cima da mesa, ao mesmo tempo que me
beijava.
Eficiente.
— Uau, estou dentro de um filme pornô? – Escuto uma voz desconhecida
vindo em direção do elevador.
Empurro Mark imediatamente, pensando que possa ser algum investidor
da empresa, porém não reconheço o rosto do homem parado em nossa
frente, dando um sorriso gigante.
— Mark, meu velho amigo! – O homem abre os braços, mas Mark parece
estático em seu lugar, não movendo nenhum músculo de seu corpo.
— Mark? – Toco seu braço e parece que isso tira o mesmo do transe.
— O que você está fazendo aqui, Colin? – Mark fala friamente, me
deixando com medo.
Meu Deus, é o ex amigo de Mark!
— Ora, vim ver um velho amigo. – Ele abaixa seus braços, ainda
mantendo um sorriso em seu rosto.
— Eu achei que deixei claro quando falei que nunca mais queria te ver…
– Mark suspira pesadamente.
— Eu sei, mas vim aqui tentar arrumar as coisas entre nós. – Colin coloca
suas mãos dentro de seu bolso, esperando alguma resposta de Mark.
— Na minha sala. – Mark fala entre dentes. — Rachel, não repasse
nenhuma ligação para mim.
E assim, Mark entra em sua sala junto com Colin, batendo fortemente a
porta da mesma. Não evito de dar um pulinho, me assustando com o
barulho e tamanha força de Mark.
Resolvo voltar a minha atenção para o trabalho e começo a arrumar a
mesa que Mark desarrumou.
Devo admitir que tive que remarcar diversas reuniões e cancelar diversas
ligações que ele recebeu. Eles já estavam lá dentro a quase uma hora!
E está tudo muito quieto.
Vejo as horas em meu computador e percebo que já está na hora de
almoçar. Porém, fico olhando, apreensiva, para a porta de Mark, esperando
que a mesma se abra a qualquer minuto, mas isso não acontece.
Acho que vou bater nela, dizendo que vou almoçar, apenas para ver se
Mark está vivo. Afinal, Mark não pareceu gostar de ter visto Colin em sua
frente.
E não posso culpá-lo, eu também não gostaria de rever um amigo que me
traiu.
Resolvo testar essa tática e me aproximo da porta de Mark, tento escutar
algo mas não consigo perceber nada.
Dou três batidinhas de leve e escuto a voz grave de Mark falando ''Entre''.
Abro a porta e vejo que Colin está sentado na cadeira que fica de frente para
mesa de Mark.
Mark estava com o maxilar travado, demonstrando que estava nervoso.
— Eu vim avisar que estou indo… almoçar. – Falo meio sem jeito.
— Tudo bem, pode ir. – Mark tenta suavizar seu semblante para me
tranquilizar, utilizando uma voz suave e calma comigo.
— Pois bem, quem é essa deusa que deixou nosso Mark mansinho? – A
voz de Colin se faz presente no local e consigo sentir o veneno em suas
palavras.
Como uma cascavel.
— Não é da sua conta. - Mark parece irritado novamente. — Pode ir,
Rachel.
Saio da sala rapidamente, quase tropeçando em meu salto, maldito dia que
escolhi um salto de bico fino.
Quando estava saindo da empresa recebo uma ligação de Tom pedindo
para encontrá-lo no restaurante de sempre.
Ele disse que tinha algo importante para me contar. Admito que fiquei
meio preocupada e curiosa. Da última vez que ele falou isso para mim foi
quando contou que era gay, claro que eu já tinha percebido tal fato, mas,
mesmo assim, dei o meu maior apoio a ele.
Fico preocupada, pensando que pode ter acontecido algo com os seus pais
que moram longe dele, apesar de apenas tê-los vistos algumas vezes, eles
sempre foram uns amores comigo e eu também sempre tive um carinho
grande por ambos.
Chego no restaurante e vejo que Tom já está sentado em nossa mesa,
apenas me esperando chegar para pedir seu pedido.
— Olá, minha querida. – Ele se levanta e me abraça apertado.
Fico ainda mais apreensiva com seu comportamento.
— Tom, por favor, me diga logo o que aconteceu! – Sento na mesa, já
implorando pela informação, temendo ser algo ruim.
— Calma, meu amor, está tudo bem. – Ele me tranquiliza, botando sua
não em cima da minha.
Respiro fundo, tentando fazer com que a minha respiração volte ao
normal.
— Aconteceu algo ontem a noite que eu preciso te contar, mas peço que
você não conte isso para ninguém, por favor! – Tom me pede, olhando no
fundo dos meus olhos.
— Claro que não vou contar nada para ninguém, você é meu amigo, seu
segredo é o meu segredo!
— Tudo bem. – Ele respira fundo, tomando coragem. — Guido e eu nos
beijamos ontem a noite.
Minha boca se abre como seu eu não tivesse controle sobre a mesma, se
fosse possível, meu queixo já estaria no chão!
— O que? – Tento me recompor. — Me conta isso direito, achei que
Guido fosse hétero!
— Então, no caso estou suspeitando que ele seja bissexual, ou talvez ele
esteja se descobrindo ainda! – Tom passa a mão pela sua testa. — Eu não
sei, estou tão confuso, Rachel.
— Calma! – Seguro suas mãos por cima da mesa, tentando tranquilizá-lo.
— Por que você não marca um dia para conversar com Guido,
provavelmente ele deve estar confuso.
— Obrigada, eu vou fazer isso. – Ele aperta minhas mãos em resposta. —
O problema é que eu fico com medo disso tudo ter sido apenas uma
curiosidade, e eu sair com o meu coração partido.
— Você está gostando dele, Tom?
— Sim, estamos saindo muito juntos, ultimamente. – Ele suspira
pesadamente. — E eu não consegui evitar de me encantar pelo jeito
cavaleiro que ele tem.
— Olha, como você mesmo disse, Guido é um cavaleiro e ele nunca faria
nada para magoar alguém que ele gosta! – Sorrio, tentando reconfortar
Tom. — Então, dê algum tempo para ele se entender e depois tente
conversar com ele. Mas conhecendo Guido da forma que eu conheço, tenho
certeza que ele vai te procurar antes mesmo que você perceba!
Tom sorri com minhas palavras e suspira aliviado.
— Eu estava doido para contar para você, Rachel, mas não conte nada
para o Guido, por favor! – Tom se aproxima novamente, por cima da mesa.
— Até porque eu não sei se ele vai abordar isso com você.
— É claro, Tom! Nunca faria isso com você. – Reconforto novamente
meu amigo, notando que o mesmo já estava calmo.
— Ótimo, agora vamos comer!
Depois de almoçar com Tom, volto para a empresa, afinal, já tinha
passado do meu limite de horário de almoço.
Já no elevador, quase chegando no meu andar, escuto uma gritaria
abafada. Quando as portas do elevador se abrem, percebo que essa gritaria
vinha de dentro da sala de Mark
Colin ainda estava lá?!
Olho ao redor e vejo um entregador parado em frente a minha mesa, com
um olhar assustado em seu rosto, creio que estava com esse semblante por
causa da gritaria.
Resolvo ligar para Guido, para ele me ajudar com essa situação
complicada, que na verdade já estava me deixando bastante assustada.
— Guido? – Falo rapidamente. — Tem como você vir aqui me ajudar com
uma situação que está ocorrendo na sala de Mark?
— Mia Bella! O que houve? – Ele pergunta com um tom preocupado em
sua voz.
— Colin está aqui desde cedo na sala de Mark e agora parece que estão
brigando, pois estão gritando e eu estou morrendo de medo!
— Colin? – Escuto Guido praguejar alguma palavra em italiano. — Estou
indo para ai, Mi Bella!
Quando eu desligo o celular, tento dar atenção ao entregador que estava
me esperando.
Tadinho, ele estava com um olhar perdido.
— Olá, desculpa a demora, como você pode escutar, estamos com um
problema. – Tento dar meu sorriso mais simpático.
— Está tudo bem, senhorita. – O jovem dá um sorriso singelo. — Eu
apenas vim entregar uma encomenda para… – Ele para um segundo para ler
o nome que estava no pacote da encomenda. — Rachel Turner?
Fico surpresa por ter uma encomenda em meu nome, de certa forma me
sinto importante.
— Obrigada! – Pego a encomenda e assino o papel que ele me estendeu.
— Tome aqui alguns trocados pelo inconveniente.
Ele agradece pelo dinheiro que recebe e entra no elevador.
Depois de alguns segundos, Guido sai do mesmo elevador às pressas.
— Mia Bella! Você está bem? – Guido segura meu rosto.
— Estou bem, Guido! – Sorrio com a sua preocupação. — Apenas entre
lá, por favor!
Guido entra na sala de Mark e volto minha atenção para a encomenda que
se encontrava em minhas mãos.
Noto que não tem nenhum cartão, não mostrando quem tinha me
mandando o pacote
Estranho.
Balanço o pacote em minhas mãos, vendo que o mesmo estava leve, mas
parecia que possuía algumas folhas pesadas dentro dele.
Resolvo rasgar o papel que cobria o pacote, revelando ser uma caixa
branca, simples.
Abro a caixa e vejo de relance que são várias fotos, uma empilhada em
cima da outra. Resolvo pegar o bolo de fotos e olhá-las com cuidado.
Eu perco o chão.
Imediatamente reconheço quem estava naquelas fotos, era Mark, nu, com
outra mulher, que não era eu.
Tento enxergar melhor, tentando ver o rosto da mulher e acabo deixando
as fotos caírem em cima da mesa quando percebo que é a Anine.
Eles estavam transando nas fotos! Meu Deus, eu fui traída?
Como?
Sinto algo quente descer pelo meu rosto, acabo levando minhas mãos para
tocar o líquido que escorre rapidamente pela minha face e percebo que
estou chorando. Acabo soltando um soluço de dor, um aperto se forma em
meu peito e uma vontade de gritar sobe por minha gargante.
Então, sinto como se estivesse debaixo d água novamente, prendendo a
minha respiração, mas neste momento eu desejo apenas que Mark agarre a
minha mão e me puxe pela superfície.
Mas na verdade foi ele que me afundou.
Escuto a porta da sala de Mark sendo aberta e vejo com os meus olhos
embaçados Colin saindo da mesma.
Abaixo meu rosto para o mesmo ver que eu não estava chorando, mas é
inevitável.
Estou ficando sem ar, preciso sair daqui.
Largo tudo em cima da minha mesa e vou, a passos largos, em direção ao
elevador.
— Senhorita! – Estanco quando escuto Colin me chamando.
— S-sim? – Me viro para Colin, mantendo meu olhar em meus pés.
Sinto sua mão alcançar o meu queixo, levantando meu rosto lentamente.
— Não chore. – Sua voz sai baixa. — Ele não te merece.
De repente sinto seus lábios nos meus e arregalo os olhos com tal atitude.
Ele agarra meus ombros e começo a me debater para sair de seu beijo e de
seu aperto.
NOJENTO!
MARK, CADÊ VOCÊ?
Minha mente grita por Mark, apesar de estar magoada pelas fotos, meu
coração clama por ele.
Sou puxada bruscamente dos braços de Colin, sinto meus lábios inchadas
e doloridos, mas me sinto bem por estar livre de sua boca.
Começo a chorar ainda mais, juntando as lembranças da foto com esse
beijo forçado.
Deus, o que foi que eu fiz para merecer tanto sofrimento?
Mesmo com a minha visão embaçada, vejo Guido vermelho de raiva,
segurando Colin pelo colarinho de sua blusa social. Dou um pulo assustado
quando Guido desfere um soco no rosto de Colin.
Eu não aguento mais isso, tenho que sair daqui!
— RACHEL, RACHEL! – A voz de Guido é a última coisa que escuto
quando entro no elevador.

∞∞∞
Mark sai de sua sala às pressas, devido a gritaria que escuta lá fora. A
única coisa que passa pela sua cabeça é se Rachel está bem.
Quando o mesmo sai de sua sala e não vê a sua namorada, seu coração
começa a ficar acelerado.
Ele se depara com Colin com seu olho roxo, com um sorriso cínico em sua
face.
— O que houve? – Mark procura Rachel pelo ambiente novamente. —
Onde está a Rachel?
— Peguei esse idiota beijando a Rachel a força! – Mark escuta as palavras
de Guido e só consegue ver vermelho em sua frente.
— Como é? – Mark parte para cima de Colin, desferindo dois socos em
cada lado do rosto do mesmo. — Nunca mais toque nela, está escutando seu
filho da puta? – E por fim, Mark dá um soco no meio do rosto de Colin,
tirando o sorriso cínico que ele tinha em seu rosto, fazendo seu nariz
sangrar.
Mark sente as mãos de Guido em seus ombros, tirando ele de cima de
Colin. Os seguranças chegam, arrastando Colin em direção ao elevador.
— Sabe, – Mark escuta a voz de Colin, transparecia que o mesmo estava
sentindo muito dor.
Que bom, Mark se certificou para que isso acontecesse.
Colin continua:
— Ela já estava chorando em sua mesa quando eu saí da sua sala, acho
que foi você quem fez merda! Ou será que fui eu e seu pai que fizemos
merda? Ops, acho que falei demais. – Antes das portas do elevador se
fecharem, Colin dá um sorriso cheio de sangue, tornando a cena macabra.
— Mark, você tem que ver isso aqui. – Mark sai de seu transe e vai em
direção a Guido, que estava em frente da mesa de Rachel, segurando um
bolo de fotos em suas mãos.
— O que foi? – Mark suspira pesadamente.
— Acho que era por isso que Rachel estava chorando. – Guido entrega o
bolo de fotos para Mark e o mesmo sente seu sangue congelar.
— Não, não, não! – Mark fala desesperado, passando as fotos
rapidamente. — Que porra é essa, Guido?
Rachel.
— A Rachel viu isso? Pelo amor de Deus! – Mark larga as fotos em cima
da mesa e passa a mão por seus cabelos desesperadamente. — Eu não posso
perder ela! Cadê a Rachel, Guido?
— Eu não sei.
Essas três palavras fazem a cabeça de Mark revirar. Seu estômago
embrulha e ele não consegue dizer nenhuma palavra. Um gosto amargo e
forte sobe até a sua boca e uma forte vontade de chorar vem a tona
E agora, para onde Rachel foi?
Capitulo 30
Onde está Rachel?
Você pode até pensar que essa história se tornou uma história de ação,
onde o mocinho tem apenas algumas horas para encontrar a mocinha e
assim viverem felizes para todo o sempre.
Mas não é.
Essa é apenas uma história normal, onde a mocinha precisa dar um tempo
de tudo e de todos para conseguir pensar direito em tudo que ela está
passando, se ela dá ou não uma chance para Mark se explicar, ou se o seu
orgulho vencerá essa batalha.
O orgulho está quase vencendo essa batalha.
Rachel se sente magoada, confusa demais para tentar escutar seu coração e
cérebro. Uma neblina paira sobre a sua mente, dando uma sensação de que
nunca sumirá.
E agora, o que acontece?
Rachel não conseguia tirar as imagens da sua mente, relembrando cada
detalhe das mesmas. Ela tentava se ocupar com algo, mas a sua mente
voltava rapidamente para aquelas imagens obscenas.
Que pessoa cruel mandaria aquele tipo de imagem para uma pessoa?
Rachel olha em volta pelo quarto que estava hospedada. A única pessoa
que sabia da sua localização era a sua mãe, que não faltou xingamentos a
Mark quando soube do ocorrido. Já o seu pai tentou aconselhar para que
conversasse com Mark e tirasse as dúvidas que tinha em sua cabeça.
Mas como ela poderia conversar com Mark se o seu coração estava em
pedaços?
E pela terceira vez naquele mesmo dia, Rachel chora, se segurando nos
lençóis da cama em que estava deitada. Suas lágrimas molham as roupas de
cama. Parecia que a cada hora que passava seu coração se apertava ainda
mais e isso apenas a fazia chorar ainda mais.
E é aqui que nos identificamos com Rachel.
Rachel leva um susto quando escuta batidas na porta. Ela enxuga
rapidamente suas lágrimas, dá uma rápida olhada no espelho antes de abrir a
porta.
Estranho, ela não ligou para o serviço de quarto.
Rachel abre a porta e seu coração erra uma batida. Não, caro leitor, não
era o nosso mocinho que estava na porta.
Era Lucy.
A última pessoa que Rachel pensou que iria ver era sua prima, parada em
sua porta, a encarando com pena. O que ela veio fazer aqui? Ela queria
esfregar as fotos na sua cara? Rachel tinha a completa certeza que era isso
que a sua prima faria.
Rachel já esperava que a sua mãe tivesse contado o que aconteceu para
Lucy. Apesar de Rachel não gostar muito de sua prima, sua mãe a adorava.
Infelizmente.
Rachel bolou uma trama em sua cabeça que tinha sido Lucy que enviou
aquelas fotos para ela, fazendo a mesma sofrer sozinha em quarto de hotel.
Não era de hoje que Lucy gostava de acabar com os relacionamentos de
Rachel.
— O que você quer aqui? Quer esfregar as fotos na minha cara? – Rachel
perde o controle. — QUER ACABAR AINDA MAIS COMIGO?
Lucy se assusta com o tom de voz da sua prima, nunca tinha visto a
mesma usar aquele tom com nenhuma pessoa. Mark deve ter feito algo
terrível mesmo, assim como a mãe de Rachel falou para ela, quando a
mesma foi perguntar onde estava a Rachel.
— Eu não vim fazer nada disso. – Lucy suspira fundo, tomando coragem.
— Eu não tive nada a ver com isso, acredite se quiser.
— Ah pelo amor de Deus, Lucy. – Rachel larga a porta, deixando a sua
prima entrar. — Vamos parar de fingir, você me odeia.
— Eu já disse que não fui eu. – Lucy repete, pacientemente. — Não sei
nem o que aconteceu, sua mãe me disse que você estaria aqui e apenas isso.
Eu queria conversar com você.
— Ótimo, mas eu não quero conversar com ninguém no momento, Lucy.
– Rachel abaixa a cabeça, sentindo o choro chegando novamente.
E dessa vez ele tinha atingido a sua alma.
As lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, inundando a sua face com a
sua tristeza em forma de lágrimas. Lucy vê aquela cena com o coração
apertado e ela faz a única coisa que poderia fazer:
Lucy dá um abraço em sua prima.
Quando Rachel sente os braços de Lucy em volta de si, o choro aumenta,
fazendo a mesma soltar soluços descontrolados. Por um momento, nos
braços de Lucy, Rachel consegue sentir, pela primeira vez desde quando
descobriu aquelas fotos, uma calmaria em seu coração.
Ela apenas não imaginaria que isso viria da sua prima, que tanto a odiava.
— Me diz… – Rachel funga um pouco. — Por que você me odeia?
Quando crianças, nós vivianos grudadas, sempre brincando uma com a
outra! O que eu te fiz, Lucy?
— Tenho que te contar algo, Rachel. – A voz abafada de Lucy se faz
presente no cômodo. — É um assunto sério, não é sobre Mark, é sobre nós
duas.
— Tudo bem. – Rachel se afasta de Lucy, tentando enxugar suas lágrimas,
recebendo a ajuda de sua prima. — O que houve?
— Acho melhor nós sentarmos. – Rachel se senta na beirada da cama e
Lucy puxa uma cadeira e senta na mesma.
— Você está me deixando nervosa, Lucy.
— Tudo bem, não é nada para te perturbar. – Lucy respira fundo,
fechando seus olhos, parecendo procurar alguma coragem dentro de si. —
Eu só vim aqui me desculpar por todas as vezes em que eu fiz da sua vida
um inferno.
— Não adianta me pedir desculpar sem me falar o motivo, Lucy.
— Eu tenho inveja de você Rachel.
Rachel rola os olhos.
— Até mesmo o motivo que você usa é uma merda!
— Você está com raiva e não te culpo.
— E não é para culpar mesmo. Eu nunca fiz nada para você me tratar
desse jeito. – Rachel levanta da cama. — Nós eramos amigas! E você me
diz que mudou comigo por causa de inveja?
— Você tinha tudo do melhor, Rachel! – Lucy também se levanta. —
Você tinha uma mãe maravilhosa, você era popular no colégio, os garotos
que eu gostava eram caidinhos por você. – Lágrimas brotam dos olhos de
Lucy.
Ela estava chorando? Eu que deveria estar chorando, por tudo que ela me
fez passar!
Lucy continua:
— Sim, eu tinha ciúmes do que você tinha e eu queria ter o dobro! – Lucy
abre os braços. — Você chegava e conquistava todos com o seu sorriso,
com o seu jeito doce, então eu tive que começar a me virar para conseguir
as coisas que você possuía.
— Virando uma vadia?
— Que seja! Desde que eu destruísse a sua vida, eu estava feliz. – Lucy dá
um sorriso triste. — E eu me arrependo, Rachel.
— Depois de ter feito tudo isso? – Rachel chora de raiva por saber que a
sua vida virou um inferno por causa de ciúmes. — Você não tinha o direito
de fazer isso comigo.
— Eu sei e é por isso que eu vim aqui. – Lucy respira fundo. — Não
espero que você me perdoe logo de cara, mas eu espero que um dia você
possa me perdoar por toda tristeza e raiva que eu te causei. – Rachel se
afasta e Lucy se ajoelha.
Lucy continua:
— Pode não ser amanhã, mas por favor, me perdoe. – Lucy funga um
pouco.
— O que fez você ter esse lapso de consciência?
— Sua mãe. – Lucy se levanta. — Ela é tão boa comigo, nunca me tratou
mal, nunca me criticou, como a minha mãe sempre fez. Então, eu pensei
que não poderia continuar arruinando a sua vida, sabendo que a sua mãe
ficaria muito magoada comigo se soubesse o que eu fazia com você.
— Pode apostar que ela te xingaria muito.
— Eu sei. – Lucy dá uma risada fraca. — É um dos motivos para eu gostar
tanto dela.
Rachel abaixa a cabeça, lembrando de todas as vezes que Lucy partiu seu
coração.
— Por que você me odiava tanto, Lucy? A ponto de tirar a minha
felicidade. – A voz de Rachel sai como um sussurro, relembrando todas as
dores de término que ela sentiu, mas nenhuma estava sendo tão forte como
essa.
Mas ela não terminou com Mark, ou terminou?
— Eu não te odiava, Rachel, e não te odeio. – Lucy fala rapidamente. —
E-eu só queria ter o que você tinha, eu queria ter a sua vida.
Um silêncio fica no ar, o clima se torna mais tenso e Lucy não escuta mais
os resmungos de Rachel.
Rachel prende a respiração pela segunda vez desde que começaram aquela
conversa. Ela tenta digerir isso tudo em sua mente, todas as vezes que ela
terminou os seus namoros por causa de Lucy.
Se Lucy não a odiava, por que fez aquilo tudo?
— Sabe, quando nós gostamos de uma pessoa, nós queremos que ela seja
feliz! – Rachel fala, com um pouco de raiva com a justificativa de Lucy.
— Rachel, eu falei que não te odeio, mas eu também não te amo. – Lucy
abaixa a cabeça. — O sentimento de inveja ainda está muito presente em
mim. É por isso que vou embora da cidade.
Rachel arregala os olhos, ficando por um momento abalada com a
revelação.
— E para onde você vai?
— Vou para um retiro no Tibete, – Lucy dá um sorriso. — ficarei em um
monastério, com monges. – Lucy suspira. — Quem melhor para ensinar as
pessoas a purificar o coração do que monges?
— Purificar o seu coração? Acho bem difícil. – Rachel dá uma risada
fraca. — Você sabe que isso vai ser um processo, certo? – Lucy acena com
a cabeça, concordando com Rachel. — Aliás, você não possui toda a culpa,
se os meus ex's realmente me amassem, eles não teriam te dado nenhuma
chance.
— Isso é verdade. – Lucy ri. — Mas eu não devia ter feito nada disso, me
perdoa. Eu fui uma vadia e não deveria ter feito nada que machucasse seus
sentimentos ou o de ninguém. O meu motivo não é desculpa para eu ter
destruído seus relacionamentos, eu aprendi a minha lição.
Lucy é surpreendida ao ser rodeada pelos braços de Rachel. Lucy sente
gratidão por receber aquele abraço e a mesma não se controla ao soltar
algumas lágrimas solitárias, molhando um pouco a blusa de Rachel.
— Está tudo bem – Rachel a abraça mais forte. — Mas você sabe que eu
não consigo te perdoar, pelo menos, não agora.
— É claro, eu entendo perfeitamente. – Lucy sorri, enquanto Rachel limpa
as suas lágrimas.
Depois de alguns minutos conversando, Lucy resolve se despedir de
Rachel para que assim ela pudesse começar a sua jornada.
— Obrigada por tudo, Rachel. – Lucy dá um último abraço em sua prima.
— Espero que tudo fique bem entre você e Mark. Se o que você me contou
for verdade, eu vou procurá-lo e cortar pinto dele.
Rachel dá uma gargalhada que ecoa pelo quarto do hotel.
— Está tudo bem. – Rachel abre a porta. — Boa viagem, Lucy, desejo
felicidades para você.
— E eu a você. – Lucy sorri e sai do quarto, mas antes de ir embora se
vira para Rachel. — Tente conversar com ele, parece que Mark gosta
realmente de você.
Com isso, Lucy vai embora, deixando Rachel ainda mais confusa. Ela
imaginava que a autora daquelas fotos seriam a Lucy, pois já estava
acostumada com a sua prima destruindo seus relacionamentos amorosos.
Mas hoje foi confirmado que não foi Lucy.
Se não foi Lucy que enviou aquelas fotos, então, quem foi?
E é aqui que começamos a levantar as teorias da nossa história.
O final
Ou o começo de tudo?

Onde está Rachel?


Mark se fazia essa pergunta diversas vezes. Ao mesmo tempo que sua
cabeça rodava para descobrir como aquela foto veio a tona, ele também não
parava de pensar em um modo para descobrir onde Rachel estava.
Ele ligou para a mãe de Rachel diversas vezes, mas a mesma se recusava a
falar o paradeiro da filha, se mostrando fiel a vontade da mesma. A mãe
dela deu-lhe uma bronca e disse para ele respeitar o espaço de Rachel.
Mark ficou pensando nisso depois de encerrar a ligação. Será que ele
realmente devia dar espaço para a Rachel pensar?
Como já mencionado antes, essa não é uma história onde o mocinho
correrá atrás da mocinha, pedindo perdão e a reconquistando.
Essa é uma história normal, onde a mocinha precisa dar um tempo de tudo
e de todos para conseguir pensar direito por tudo que ela está passando, e o
nosso protagonista respeitará isso.
Essa é uma história real.
Enquanto Rachel precisava de um tempo, Mark precisava descobrir quem
enviou as fotos, ainda mais para a Rachel. Ele não nega que teve relações
sexuais com Annie, mas isso foi muito antes dele ficar apaixonado ou ter
algo com a Rachel.
Só restava ela acreditar nele.
Mas como Mark poderia provar para ela que aquilo aconteceu antes dele
ficar com a Rachel? Será que ela entenderia que isso foi três anos atrás?
Será que ela entenderia que aquela noite com Annie não significou nada
para ele?
Será que Rachel acreditaria que ela é a única?
Mark corre contra o tempo para tentar descobrir quem foi o autor daquelas
fotos, antes que Rachel desista de tudo. Ele não poderia viver sem ela, Mark
não via um futuro sem Rachel ao seu lado.
Será que ela o aceitaria de volta?
Dentre tantas outras perguntas, essa pergunta passava pela cabeça de
Mark, o torturando durante seus sonhos. Afinal, não era apenas esses
pensamentos que povoavam seus sonhos, Rachel também estava lá e
quando isso acontecia, Mark conseguia ter uma boa noite de sono, apesar da
dor que povoava seu coração. Porém, quando ele acordava, o medo de
perder Rachel crescia novamente dentro dele.
Mark nunca sentiu tanto medo de perder algo em sua vida.
Ele amava Rachel tanto assim? Sim, amava.
— Eu… – Guido entra rapidamente na sala de Mark, fazendo barulho,
quase quebrando as coisas que estavam em cima da mesa de Mark. Guido
se agacha, apoiando suas mãos em seus joelhos, tentando buscar algum ar.
— Descobri quem foi que enviou as fotos para Rachel.
Mark se levanta rapidamente, quase fazendo a sua cadeira cair para trás,
apesar dela ser pesada. Ele começa a ficar ofegante e suas mãos fecham em
um punho. Parece que o sangue está correndo mais rápido pelas suas veias.
Sua alma grita por justiça.
— Quem foi, Guido? – Mark pergunta entre dentes, a raiva é evidente em
seu rosto.
— Você não vai gostar de saber, Mark. – Guido está sério, relutante em
contar quem foi o autor.
É capaz de acontecer algo muito sério.
Mark bate na sua mesa com o punho fechado, fazendo alguns objetos
caírem no chão. Ele parece um predador, pronto para caçar a sua presa e
fazer a mesma sofrer lentamente.
— Me fala quem foi, – A voz de Mark sai autoritária, causando calafrio
em Guido. — AGORA!
O silêncio reina na sua sala, apenas a respiração acelerada de Mark pode
ser escutada. Guido nunca tinha visto seu amigo tão furioso em toda sua
vida, e apesar de sua fúria, ele conseguia ver claramente a dor que Mark
estava sentindo, sem ter Rachel em seus braços.
— Foi o seu pai, Mark. – Guido fecha os olhos, esperando a reação de
Mark.
O silêncio reina novamente e isso preocupa Guido. Ele preferia que o
amigo virasse a mesa ou jogasse objetos na parede, mas o seu silêncio era
pior.
Muito pior.
Mark penteia seus cabelos com as mãos, ele respira fundo e abotoa seu
terno. Mark dá uma última olhada para Guido e pega seu celular no bolso.
Ele digita um número rapidamente e a pessoa do outro lado da linha atende
prontamente.
— Ache o meu pai. – Mark fala entre dentes para seu chefe de segurança.
Ele dá um último olhar para Guido, o mesmo sabe o que isso significa.
Ele não terá piedade.
Mark se senta na cadeira pacientemente, esperando seus seguranças
chegarem com a informação do paradeiro de seu pai. A sua calmaria está
deixando Guido nervoso, ele teme que Mark faça algo muito perigoso.
— O que você vai fazer com ele, Mark? – Guido pergunta apreensivo.
— O que você acha? – Mark levanta uma sobrancelha, esperando a
resposta do amigo.
Guido fica em silêncio, ele sabe como Mark pode ser sombrio.
— Ele machucou a Rachel. – Mark fala entre dentes, seus olhos estão
completamente selvagens.
— O que você vai fazer, Mark? – Guido repete a pergunta.
— Eu não vou fazer o que você está pensando. – Guido suspira aliviado.
— Mas bem que eu gostaria de meter uma bala na cabeça dele.
— Eu sei disso. – Guido meneia com a cabeça. — O que você vai fazer
então?
— Eu tenho alguns papéis que podem botar ele na cadeia por algum
tempo. – Mark fala calmamente.
— Como o que?
— Como algumas lavagens de dinheiro. – Mark suspira pesadamente. —
Tenho um amigo juiz que vai ficar feliz em me fazer um favor.
— O Blade? – Guido se lembra do Juiz tatuado, ele conhecia a sua fama
de impetuoso nos tribunais.
— Ele mesmo.
— Eu tenho um pouco de medo dele. – Guido admite para Mark.
Mark escuta a frase do amigo e levanta uma sobrancelha.
— Tá legal, eu tenho muito medo dele! – Guido emburra a cara. —
Satisfeito?
— Só vou ficar satisfeito quando meu pai estiver atrás da grade. – Mark
fala entre dentes. — Acho que nem devo chamá-lo de pai.
— Sinto muito por isso, irmão. – Guido lamenta baixo, olhando para Mark
com pena.
— Está tudo bem, já estou acostumado. – A face fria e séria de Mark
ocultava qualquer emoção que ele estava sentindo.
E ele estava sentindo uma dor muito grande, não conseguia passar pela
sua cabeça que o seu próprio pai poderia acabar com o melhor
relacionamento que ele já teve em sua vida, a única mulher que ele
realmente amou e que é o motivo de toda sua felicidade. É impossível para
Mark pensar que o seu pai destruiria tudo isso apenas por vingança.
Mas ele destruiu.
Quando Colin veio ao seu escritório, ele contou que o seu pai já sabia do
caso entre ele e Camila. Colin também admitiu que o seu pai fez um acordo
com ele, dizendo que não revelaria nada do seu caso com a noiva de Mark,
caso Colin o ajudasse a tirar a empresa de Mark. O objetivo dele era ficar na
presidência da empresa de Mark e fazer de Colin o seu sócio.
E foi por esse motivo que ele tirou as fotos de Mark e Annie.
Apenas Mark sabia o quanto ele sentia a falta de Rachel, seu coração por
dentro estava destruído. Ele não conseguia dormir direito, nem comer, ele
só tinha um pensamento em sua mente: Rachel.
— Senhor, estamos prontos. – O chefe de segurança de Mark já tinha
localizado o pai de Mark. — Ele está a caminho da empresa dele.
— Ótimo. – Mark se levanta, abotoando seu terno. — Guido, ligue para
Blade e fale para nos encontrar lá.
Mark e seus seguranças se encaminham para a empresa de seu pai, para
que assim ele possa confrontar o mesmo e descobrir o motivo de tanto ódio
por seu filho estar finalmente feliz com a sua vida. Guido resolve ficar na
empresa, tomando conta até Mark voltar.
Ao chegarem lá, a presença imponente de Mark foi percebida por todos os
funcionários da empresa, o mesmo nem foi barrado pela segurança do local,
entrando facilmente. Conforme andava e abotoava o seu terno, ele avistou o
juiz Blade na recepção, conversando com uma das recepcionistas.
Mark dá um sorriso singelo, reconhecendo que o juiz tinha uma boa lábia
com as mulheres, possuindo uma diferente a cada dia. Mark já foi assim
algum dia, mas quando ele conheceu Rachel, as coisas mudaram.
Deus, como ele sentia a falta de Rachel.
Mas ele tinha que resolver as coisas com seu pai novamente.
— Olá, Mark. – Blade sorri ao ver Mark se aproximando. — Quanto
tempo.
Os dois se abraçam, batendo levemente um nas costas do outro.
— Muito tempo, irmão. – Mark sussurra, se lembrando dos tempos em
que os dois andavam juntos na faculdade. — Como andam as coisas na
corte suprema?
— Tensas. – Blade solta uma risada baixa. – Tem uma promotora que está
testando a minha paciência.
— Ossos do ofício.
— Nem me fala. — Blade concorda.
— Sr, seu pai chegou. – O chefe dos seguranças avisa a Mark.
Mark solta um longo suspiro, sentindo emoções mistas, se sentindo triste
por esta confusão ter sido orquestrada pelo seu próprio pai, mas, ao mesmo
tempo, estava feliz, por finalmente se libertar das garras do seu pai dentro
de sua vida.
Ele nunca entendeu muito bem por qual motivo o seu pai sempre o tratou
da forma que o tratou por toda a sua vida, mas agora ele encontrou alguém
que mostrou para ele o lado bom da vida, o lado bonito da vida, e esse lado
era sua Rachel.
Sua eterna Rachel.
— O que você está fazendo na minha empresa? – Mark escuta a voz de
seu pai, mas tudo o que ele consegue sentir é nojo. — Seu ingrato. Não
trouxe aquela vagabunda gorda com você?
Ótimo, seu ''pai'' estava tornando tudo isso mais fácil de fazer.
Mark solta uma gargalhada sarcástica e olha nos olhos do seu pai.
— Eu vou gostar de assistir isso. – Mark possui um brilho em seus olhos.
— Pode ir em frente, Blade.
Blade assente e dá sinal para os policiais prenderam o pai de Mark.
— O que é isso? O que está acontecendo aqui? – Ele tenta desviar dos
policiais, mas falha. — Mark, o que você fez?
Era possível sentir o gosto amargo nas palavras de pai de Mark, era
possível sentir o ódio emanando de suas veias.
Os policiais algemam o pai de Mark e Blade lê os seus direitos.
— Por que caralhos estão me prendendo?
— Você sabe muito bem. – Mark ri sarcasticamente. — Não finja que
você não se lembra das inúmeras lavagens de dinheiro e dos desvios de
dinheiro das caridades. – O pai de Mark arregala os olhos. — Espero que
você apodreça na cadeia e pode ter certeza que eu farei tudo para que isso
aconteça.
Mark dá um sorriso vitorioso, virando as costas para o seu pai.
— Espero que a Rachel tenha recebido as minhas fotos e espero que agora
ela esteja bem longe daqui.
A raiva sobe pelo corpo de Mark, tomando conta de todos os seus
pensamentos e movimentos.
Mark atinge em cheio o rosto do seu pai com um soco potente, tirando
sangue de seu nariz e boca.
Pela segunda vez.
— Você faz tudo ficar tão fácil. – Mark se agacha, ficando na altura de seu
pai. — Eu falei para você não mexer com a minha mulher.
— Ele me deu um soco! Eu quero que prenda ele, eu vou processá-lo,
Mark! – O sangue espirrava do nariz do pai de Mark.
— Que soco? Eu só vi você escorregando e caindo de rosto no chão. –
Blade fala e dá um sorriso, se divertindo com a situação. — Podem levá-lo.
Mark sai daquele prédio se sentindo leve pela primeira vez na sua vida, ele
puxa o ar e sente o mesmo correndo pelos seus pulmões, uma sensação de
paz invade seu coração. Ele sente o sangue fluindo pelas suas veias e
contempla, o que parecia ser pela primeira vez na sua vida, o céu.
Deus, como o dia estava bonito.
Mark é tirado dos seus devaneios com seu celular vibrando no bolso de
seu terno.
— MARK! – A voz desesperada de Guido machuca os ouvidos de Mark,
ele sentiu em seu coração que algo estava acontecendo, algo de ruim.
— O que houve, Guido?
— A Rachel. – Mark prende a respiração esperando a resposta de Guido.
— A Rachel está indo embora!
Parece que o chão se parte debaixo de seus pés, parece que ele está caindo
em um buraco escuro, e continua caindo, caindo e caindo.
O desespero era nítido em seu rosto, parecia que ele tinha visto um
fantasma. Pelo menos foi isso o que Blade pensou quando saiu do prédio.
— Mark, você está bem? O que aconteceu? – Blade coloca a mão no
ombro de Mark.
— Eu vou perdê-la, Blade. – Mark se vira e Blade nota os olhos de Mark
cheios de água. — Ela vai embora, eu tenho que ir agora para a minha
empresa.
— Pode deixar. – Blade faz um sinal e chama um dos policiais. — Leve
este homem até a empresa dele, acione as sirenes. – O policial assente,
acatando as ordens do juiz. — Isso é um caso de emergência, corra o mais
rápido que puder! Vai Mark, agora!
Mark não precisou pensar uma segunda vez, ele entrou rapidamente na
viatura e a mesma saiu dali com as sirenes ligadas, saindo em alta
velocidade pelas ruas de Nova Iorque.
O carro da polícia ia em alta velocidade, Mark já conseguia ver o sol se
pondo entre os altos e modernos prédios de Nova Iorque, esse é um dos
motivos dele amar essa cidade.
E foi nessa cidade que ele conheceu Rachel. Foi Nova Iorque que trouxe
Rachel para sua vida, desde criança Mark sempre pensou que a cidade
possuía algo mágico nela, sempre acreditou que ela possuía algum tipo de
encantamento que fazia as pessoas encontrarem a felicidade.
E Mark encontrou essa felicidade.
E seu nome é Rachel.
Ele não podia perder a mulher que ele amava, não agora que ele conseguiu
finalmente se livrar das amarras do seu pai. Ele precisava de Rachel ao seu
lado, assim como a planta precisava do sol para sobreviver.
Suas mãos suavam e a sua mente trabalhava a cada minuto pensando no
que falaria para a Rachel quando chegasse lá. Mas e se ele não conseguisse
chegar a tempo?
E se for tarde demais?
Mark não desistiria tão fácil, não deixaria Rachel escorregar pelos seus
dedos tão fácil assim.
Enquanto isso, Rachel estava botando todas as suas coisas dentro de uma
caixa. Cada coisa que ela pegava da sua antiga mesa de trabalho era uma
lágrima que rolava pelo seu doce rosto. Elas desciam com rapidez,
agressivas, chegavam a molhar a sua boca, fazendo a mesma sentir um
gosto salgado.
Ela estava muito confusa para confrontar Mark ainda. Ela estava com
medo daquelas fotos serem verídicas e ela o perdoar mesmo assim. Rachel
não quer continuar com uma pessoa que a traiu, pelo menos é o que o seu
cérebro diz, mas e se o seu coração querer ao contrário?
Rachel estava completamente fora de si, sua alma não estava em seu
corpo, sua mente não estava ali com ela. Guido falava com ela, mas tudo
parecia estar em câmera lenta.
O mundo estava simplesmente mudo.
Ela não estava pronta para confrontar Mark, ela não estava pronta para
saber a verdade. É engraçado que o desconhecido cause tanto medo no ser
humano, pensou Rachel.
Quando Rachel deu por si, a mesma percebe que já recolheu tudo que
estava em cima da sua mesa, menos o seu coração, este ainda estava nas
mãos de Mark, o homem que ela mais amou em sua vida.
Rachel começou a se perguntar se algum dia amaria tanto alguém como
ama Mark e sofrer tanto por alguém como está sofrendo neste momento por
Mark.
Será que ela seria capaz de seguir em frente?
Rachel resolveu aceitar a proposta de trabalho que a promotoria de Nova
Iorque ofereceu a ela. Como ela trabalhava com um advogado experiente e
famoso como Mark, a promotoria fez uma oferta de trabalho para Rachel
exercer o papel de promotora em casos sexuais de Nova Iorque.
Primeiramente, ela começaria treinando, observando o atual promotor
dentro do tribunal, e depois de alguns meses, ela entraria em seu lugar.
Seu coração explodiu de alegria quando recebeu aquela ligação.
E ela aceitou.
Rachel se dirigia até o elevador, ela olhava as estruturas do prédio pelo
caminho.
Um prédio que lhe causou tanta alegria e tristeza ao mesmo tempo, tantas
incertezas e certezas. Foi nesse prédio que Rachel entendeu o significado do
amor, mas também da perda e da saudade.
E foi nesse prédio que ela conheceu Mark.
Um milionário mesquinho, frio, calculista, como qualquer advogado. Mas,
além disso tudo, era uma pessoa generosa, companheira e o grande amor da
sua vida. Sim, Mark era o amor da vida de Rachel, afinal, quem se não o
amor da sua vida para fazer você sentir todas essas coisas de uma vez só?
Será que ela estava cometendo um erro em se precipitar? Não, alguns dias
depois ela ligaria para Mark, mas não agora, ela apenas queria ficar de luto
por estar se sentindo enganada e triste.
Mark.
Seu nome possuía um gosto doce quando ela o pronunciava com os seus
lábios. Ela passou alguns meses pronunciando seu nome pelos cantos dessa
empresa e dentro dos cantos de sua mente, até mesmo o seu corpo respondia
quando esse nome era pronunciado em outros cantos.
Enquanto o elevador descia para o térreo, cada pedaço do corpo de Rachel
começava a ficar dormente, como se o mesmo não quisesse sair dali.
Rachel chega na porta do prédio e respira fundo antes de sair. Guido para
ao seu lado, calado.
Era estranho ver Guido calado.
— Não vai falar nada?
— Eu já percebi que você está decidida. – Guido fala com a voz baixa,
tomado pela tristeza em ver Rachel indo embora. — E também parece que
você não estava me escutando.
Rachel ri com o tom de reprovação de Guido e abraça o mesmo
fortemente, sendo respondida da mesma forma.
— Antes de ir, tenho que te contar algo… – Guido fala baixo. — E-eu sou
bissexual. Eu e Tom estamos nos conhecendo e iremos ver no que isso vai
dar. Mas ele já me disse que te contou, só queria que você escutasse da
minha boca.
Rachel dá um sorriso, satisfeita que o seu amigo esteja em paz com si
mesmo. Rachel o puxa para um abraço caloroso, sussurrando em seu ouvido
um ‘’seja feliz, meu amigo’’.
Guido continua:
— Se cuida, por favor. E pode me visitar sempre que quiser! – A voz de
Guido sai abafada por estar com a sua cabeça afundada no pescoço de
Rachel. — Aquele pessoal da promotoria vai ter muita sorte em ter você lá.
Rachel sorri com suas palavras e lágrimas rolam por seu rosto, sendo
secadas imediatamente pelas mãos de Guido. Ela segura a mão de Guido
que estava em seu rosto, guardando todos os momentos que já passou com
ele.
— Adeus, Guido.
— Por favor, espera o Mark, ele já está chegando.
O coração de Rachel acelera ao escutar o nome dele e seu corpo começa a
ficar dormente novamente, não querendo sair daquele local, como se
quisesse esperar por Mark.
Mas o que ela poderia fazer se sua cabeça estava mil?
Rachel vai contra a vontade de seu corpo e coração e chama um táxi
rapidamente, tentando tirar esses pensamentos de sua cabeça. Ela não pode
se preocupar com isso agora, ela tem que pensar em seu futuro na
promotoria. É uma grande chance que estava tendo, precisava aproveitá-la.
Não posso pensar em Mark agora.
Um táxi clássico de Nova Iorque para na frente de Rachel e a mesma pede
para o motorista abrir a mala, para que ela possa botar suas caixas que
estavam com as suas coisas de trabalho. Guido ajuda a guardar as caixas,
enquanto ele fecha a mala, Rachel entra no táxi e se acomoda lá dentro.
Guido se despede de Rachel pela última vez, com água nos olhos. Ele bate
a porta e parece que o estrondo chegou ao coração de Rachel, fazendo o
mesmo se despedaçar.
Tudo está acabado.
— Pod...
Rachel é interrompida por alguém que abre a porta do táxi.
— Desculpe, esse táxi já tem uma pessoa.
— E eu não vou deixá-la ir embora.
O corpo de Rachel ao escutar a voz doce de Mark, imediatamente lágrimas
começam a rolar pelo seu rosto. Era como se o choro não fosse parar, eram
muitas emoções misturadas.
Mark estava ali, na sua frente. Seus olhos estavam atentos em Rachel, ela
sente sua mão em seu rosto. A mão de Mark era quente, assim como os seus
lábios, que encostaram em sua bochecha, deixando um beijos simples na
mesma.
— Não chore. – Ele sussurra em seu ouvido.
— E-eu…
Os soluços não deixavam Rachel formar nenhuma palavra, ela sabia que
não conseguiria aguentar quando visse Mark, por isso que estava evitando
tanto esbarrar com ele.
Mas não deu certo.
— Você acha mesmo que eu deixaria você ir embora? – Ele dá um sorriso
triste. — Eu me nego, Rachel.
Ela tenta limpar as lágrimas que correm por seu rosto.
— Deixa eu explicar o que aconteceu. – Mark segura as mãos de Rachel.
— O meu pai armou tudo, Rachel. Foi ele que tirou aquelas fotos.
Rachel prende a respiração, sendo pega de surpresa.
— Então, aquelas fotos são reais?
— Sim, são. Mas é de um tempo bem antes de te conhecer. Eu conheço
Annie tem anos e nos relacionamos apenas uma vez. Foi algo de apenas
uma noite, não significou nada e ela sabe disso. – Mark seca as lágrimas
que teimavam em cair dos olhos de Rachel.
Ele continua:
— Meu pai tirou aquelas fotos para tomar o lugar da presidência de mim.
Ele queria mostrar ao conselho da minha empresa aquelas fotos, como se eu
abusasse da minha posição de poder com as minhas funcionárias, assim ele
ficaria no meu lugar, comandando a empresa que eu fundei. — Rachel
conseguiu sentir a raiva na voz de Mark.
— Então, você não dormiu com ela nenhuma vez desde que nos
conhecemos? Nem mesmo quando você me beijou pela primeira vez?
— Rachel, você virou meu mundo ao avesso quando esbarrou em mim
naquela rua. – Mark ri. — Não, eu só fiquei com ela uma vez e foi há três
anos. Desde que eu te conheci, eu só consigo pensar em você, eu só tenho
olhos para você.
— Você jura que não teve mais ninguém? Que tudo isso está acabado?
— Rachel, meu rosto é meu, minhas mãos são minhas, minha boca é
minha, mas eu não. Eu sou seu.
Rachel abraça Mark fortemente, chorando ainda mais, lágrimas molhavam
sua roupa, mas ela não me importava.
Ela não se importava com mais nada.
— Eu te amo, Mark! Eu não conseguia te encarar, eu não queria ouvir o
que você tinha a dizer porque eu estava com medo.
— Rachel, eu não quero te perder de novo. – Mark acaricia seu rosto. —
Eu não posso aguentar isso novamente, por favor. – Uma lágrima solitária
desce pelo seu rosto.
— Não vai. – Rachel seca as lágrimas de Mark, dando um beijo singelo
em sua boca.
— Guido me contou que você conseguiu um emprego na promotoria. Eu
acho que você vai se sair muito bem lá, nunca duvidei de você.
Rachel sorri com as palavras de apoio que Mark transmitia.
— Eu estava tão nervosa de não ser boa o bastante para esse novo
emprego, mas o seu apoio era tudo o que precisava, eu te amo Mark Firth!
— Eu te amo, Rachel. – Mark desfaz o abraço e segura as mãos de Rachel.
— Darling, dessa vez, eu não tenho nenhuma anel comigo, mas eu tenho
tudo o que eu preciso bem na minha frente e isso já é o bastante para mim.
Ele acabou de falar em anel?
— Rachel, você é a minha maior certeza, meu maior sonho concretizado.
– Ele acaricia seu rosto, olhando cada parte do mesmo. — Quer se casar
comigo?
O coração de Rachel explode em mil pedaços, se juntando rapidamente.
Será que isso era possível? Sim, com o amor tudo é possível, com o amor
que eles sentiam, poderiam fazer de tudo.
A respiração de Rachel estava rápida. Ela já tinha a reposta na ponta de
sua língua. Nunca gostei tanto assim de uma pergunta como estou gostando
dessa, pensou Rachel.
E nunca gostei tanto da resposta que eu estou prestes a dar.
— Sim, eu quero! – Mark puxa Rachel para o seu colo, a envolvendo em
seus braços.
Infelizmente, eles foram interrompidos pelo motorista do táxi.
— Licença, isso tudo é muito bonito, mas para onde vocês vão? – O
taxista pergunta.
— Para a quinta avenida, vamos comemorar. – Mark olha para Rachel,
dando o maior sorriso que já deu em sua vida.
O sorriso mais bonito que Rachel já viu.
Quem diria que tudo terminaria bem onde começaram? Não tinha local
mais perfeito que esse para isso acontecer.
E Rachel não mudaria nada.
E você, ainda acha que Nova Iorque não possui uma certa magia?
— Claro. – O motorista liga o carro. — Ah, antes que eu me esqueça,
meus parabéns!
Rachel e Mark se olham, ele pega seu rosto em suas mãos e a beija
docemente.
O melhor beijo de todo o mundo.
O melhor abraço de todo o mundo.
E, finalmente, o melhor homem de todo o mundo.
Este é Mark Firth, o noivo de Rachel Turner.
O seu querido chefe.

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