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Sinopse

Zoey Curtis está desesperada para sair de seu emprego atual e se afastar
de seu chefe idiota! Mas quando ela recebe uma oferta de trabalho como
assistente do playboy bilionário Julian Hawksley, ela não está preparada
para os desejos ardentes que ele desperta dentro dela...
Classificação etária: 18 +
Autor Original: Mel Ryle
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros

Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda


Livro 1
Sumário
1. Acorde e sinta o cheiro do assédio
2. Um encontro casual
3. Que bom que veio
4. Primeiras impressões
5. Novos começos
6. Primeiro dia
7. Aproximação
8. Um Homem Mudado
9. Não gosto de toda essa tensão do comercial
10. Virando a esquina
11. Cruzando limites (estaduais)
12. O tipo de diversão que te coloca em apuros
13. Diferenças criativas
14. O dia depois da manhã, depois da noite anterior
15. Lar Doce Chicago
16. Jantar
17. O Caminho da Vergonha
18. Encontro quente
19. Duas noites
20. Sala de reunião quatorze
21. Sob pressão
22. Primeiro Encontro
23. Assuntos de família
24. Diante da Praia
25. O Discurso de Venda
26. Conheça os Hawksleys
27. Saia enquanto você está à frente
28. Estranho no ninho
29. Surpresa do acionista
30. Amantes no Lago
Capítulo 1
Acorde e sinta o cheiro do assédio

Zoey

Desde que me formei na Universidade de Illinois, há seis anos, as


coisas não saíram exatamente como planejado.
Isso pode ter algo a ver com o fato de que eu realmente não tinha um
plano.
Eu costumava. Ter um plano. Para tudo.
Mas isso foi há alguns anos, e as coisas não eram as mesmas desde
então.
Eu tinha um diploma em administração de empresas. Eu queria ser
gerente de publicidade.
Adorava a estratégia do trabalho.
Estar conectada a uma organização em todos os níveis.
Descobrir o que a empresa realmente era e o que realmente precisava.
E como mostrar isso ao mundo sem dizer a eles.
Eu amava o que fazia.
Bem. do que eu estava indo atrás.
Eu ainda não tinha chegado lá.
Quando saí da faculdade, era assim que eu me chamava.
— Uma aspirante a Gerente de Marketing.
Mas usar esse título foi ficando cada vez mais difícil com o passar do
tempo.
Um susto de saúde familiar — minha mãe sendo diagnosticada com
hipertensão — realmente me deixou desconcertada.
Nunca tinha experimentado algo que me fizesse olhar para a minha
vida com tanta intensidade.
Quais eram minhas prioridades?
Eu queria que minha carreira se desenvolvesse e decolasse. Todos na
minha família queriam isso para mim.
Mas se isso me custasse tempo com o que era mais importante, eu poderia
permitir que isso fosse minha prioridade?
Eu finalmente tive que decidir: buscar o emprego que poderia ser o
primeiro passo em minha carreira ou ajudar minha mãe e meu pai nos
momentos mais difíceis de suas vidas...
Na época a escolha foi fácil. Eu segui meu coração... e coloquei minha
carreira em uma breve pausa para ajudar minha família.
Tivemos sorte e a condição de minha mãe se estabilizou. Mas a essa
altura, o estágio e o trabalho subsequente se foram.
Nunca me arrependi da decisão.
Fiquei feliz por ter a chance de ajudar quando minha mãe precisava
de mim, e não invejei a demora em fazer avançar minha carreira.
Eu não me importava de trabalhar duro.
Havia muito a se fazer.
Qualquer número de clichês.
... Mas, verdade seja dita, alguns dias em alguns empregos testaram
minha paciência.

— Zoey? Oooooh, Zoey? — Eu ouvi o Sr. Daniels chamando através


da parede e revirei os olhos.
Eu estava no meu intervalo na sala dos funcionários, lendo um artigo
de uma revista online, tentando ficar na minha.
Liguei meus fones de ouvido e me concentrei no meu artigo.
Eu era uma entusiasta da arquitetura, e cada sede e hotel que a
Hawksley Enterprises montou eram maravilhas arquitetônicas. Eu seguia
tudo o que eles fizeram.
Eu os tinha estudado na faculdade, durante o curso de Administração
que nunca usei na prática.
Aos vinte e sete anos, eu não estaria explodindo no topo da escada
corporativa tão cedo.
A faculdade parecia uma eternidade atrás, e em nenhum momento foi
parte do meu plano acabar como secretária em uma agência de
publicidade.
Mas eu tinha responsabilidades.
Para os meus pais. Agora que minha mãe não podia trabalhar, eles
precisavam de ajuda para pagar as contas.
Para meu namorado. Sempre que ele estava na cidade.
Para meu senhorio.
E agora, infelizmente, para a Vlashion, a agência de publicidade que
descobri folheando os anúncios — Empregos — no jornal há dois anos.
Eles precisavam de uma secretária e eu precisava de um emprego.
Eu perdi meu ímpeto depois da faculdade e estava tendo problemas
voltando para minhas antigas redes de meus dias de faculdade.
Não me desesperei porque minha carreira ainda não havia decolado.
Eu só precisava do emprego certo para começar.
Não que fosse este trabalho.
Desde o dia em que comecei, eu sabia que a mesma coisa que me
tirou dos meus últimos empregos seria o que me tiraria deste mais cedo
ou mais tarde.
Assédio.
O Sr. Daniels, ou Don como ele às vezes me pedia para chamá-lo. não
seguia as mesmas noções de profissionalismo, respeito ou consentimento
do mundo ao seu redor.
E eu era seu alvo.
Ouvindo-o pisoteando do lado de fora, silenciosamente deslizei
minha cadeira ao redor da parede de armários. Se ele entrasse na sala,
talvez ele não me visse.
Se eu não lesse rápido, tudo o que pensaria durante o resto do dia
seria inventar desculpas para negar o encontro, bebida após o expediente
ou drinque que ele oferecia quase todos os dias.
Chega de falar sobre aquele canalha estúpido, eu me repreendi. Você tem
dez minutos. Leia!
A Hawksley Enterprises deu uma festa de gala em sua recém-
concluída sede no Reino Unido em Londres, com bilionários,
celebridades, estilistas etc.
O artigo destacou o impressionante histórico da empresa no setor
imobiliário nos Estados Unidos, Austrália e Europa, e discutiu como ela
também estava tentando ganhar terreno na Ásia e na América Latina.
— Mostre alguma iniciativa global! — Seu CEO Julian Hawksley
gostava de dizer.
Parecia que em breve 'Hawksley' seria um nome tão conhecido
quanto 'Rockefeller'.
Havia um videoclipe embutido no artigo: uma entrevista com Julian e
Jensen Hawksley, os proprietários da empresa.
Eu apertei o play, observando a agitação de Londres atrás dos dois.
Julian falou primeiro, respondendo à pergunta de um entrevistador.
— O lugar é ótimo — espetacular! Vamos dar uma volta por aqui, vamos!
Jensen, o irmão mais novo mais sério, pigarreou e Julian revirou os
olhos e se acalmou.
Julian parecia um pouco instável. Ele definitivamente tinha bebido
champanhe demais e encolheu os ombros para o irmão mais novo, sem
sentir vergonha de comemorar.
Julian retomou: — Estamos emocionados com o lugar, mas quero ir
em uma frota! Estamos em Londres, estamos em Nova York, mais alguns
em andamento na Ásia e na Europa!
— No entanto, estou lhe dizendo porque estou animado — desbravar
a construção da Windy City!
Jensen acenou com a cabeça e falou: — Sim. estamos procurando
uma nova filial nos Estados Unidos. Haveria muita logística para
trabalhar, especialmente para um complexo de edifícios tão grande
quanto gostaríamos. Portanto, não espere...
Julian agarrou Jensen pelo ombro, repentinamente animado. —
Temos esperança que será um sucesso! Um brinde!
Ele bebeu um gole da taça de champanhe, mas estava vazia.
Revirei os olhos, mas sorri. Diga o que quiser sobre um playboy como
Julian Hawksley, ele parecia divertido.
Jensen disse: — De qualquer forma, em breve, haverá uma grande
lista de compras de que precisaremos para que funcione: acesso ao
litoral, transporte, perto do centro da cidade e do centro de negócios da
cidade — há muito... — Pensei em minha cidade natal, listando os
diferentes espaços que eu poderia pensar que correspondiam à lista de
desejos dos bilionários, indo bairro por bairro...
Wrigleyville... Lincoln Park... Streeterville... The Loop... South Loop...
Eu bufei alto.
Quem eu estava enganando? Eu tinha cerca de 0, 0% de chance de
esse raciocínio ter alguma importância. Não se iluda, garota, eu disse a
mim mesma.
Mantenha a cabeça baixa. Você tem responsabilidades.
No vídeo, Julian conseguiu de alguma forma uma garrafa de
champanhe e estourou a rolha de forma ruidosa.
O Sr. Daniels deve ter colocado o ouvido na porta porque, um
instante depois, a porta da sala dos funcionários se abriu e ele entrou. Ele
esticou o pescoço e me viu no canto.
— Pensei que encontraria você aqui... — ele começou, fechando a
porta silenciosamente, esperando que ninguém de fora o visse entrar
furtivamente.
— Sim... — eu respondi, tentando ignorá-lo, esperando que ele
entendesse a dica.
O Sr. — Don — Daniels nunca entendeu a dica. — Oh, querida, você
não pode ter um pouco mais de entusiasmo? Eu sei que não é o seu
trabalho dos sonhos, mas paga suas contas, não é? — Ele disse.
Esse tipo de besteira realmente me dá nos nervos. Eu disse: — Eu
sempre realizo meu trabalho com total comprometimento e atenção...
Ele acenou para minhas palavras, caminhando em minha direção e
começando a massagear meus ombros. — Eu sei que você faz. Eu só sinto
que... bem, você sabe.
Meu corpo ficou rígido. Quem diabos era ele para me tocar?
— Não, eu não. Eu sei que tenho três minutos restantes do meu
intervalo, — eu disse, colocando meu telefone e meu lanche na minha
bolsa e tentando me levantar.
Ele me soltou, mas me seguiu até o meu armário.
Ele se encostou nele e disse: — E o que poderíamos fazer por três
minutos? — Como é, Sr. Daniels.
— Zoey... Don, vamos, apenas uma vez. Quero que você me chame de
'Don', — disse ele.
— Sr. Daniels, quero sair desta sala agora.
— 'Don', eu quero...?
Eu o encarei de volta, com o rosto impassível.
Ele ergueu as mãos em sinal de rendição simulada. — Caramba, tão
séria! Tudo bem. Eu vim aqui para pegar mais papel para a copiadora,
você deixou acabar de novo...
— Isso não é verdade, está cheio! Eu encho todas as manhãs!
— Bem, pode fazer isso? Quero ter certeza de que não vamos ficar
sem. Fazemos anúncios, não podemos ficar sem papel, pegue uma caixa
nova. — Revirei os olhos, querendo gritar com ele. Besteira.
Ele não se importava em ficar sem papel, ele só queria me ver me
abaixar para pegar uma caixa, para que ele pudesse inspecionar minhas
curvas.
Guardávamos papel sobressalente na sala dos funcionários perto do
alarme de incêndio, para que o escritório tivesse uma aparência mais
arrumada para os clientes.
Infelizmente para mim, não havia maneira de levantar a caixa que
não exibisse minhas costas.
Eu me agachei, segurando a caixa de papel, quando Daniels rastejou
atrás de mim, pressionando contra mim. — Posso te dar uma ajudinha,
— disse ele.
Minha mente disparou. Não pensei que estivesse em perigo, mas não
deixaria isso passar.
Eu tinha que sair desta sala e ficar longe dele agora, e a primeira coisa
que vi foi o alarme de incêndio.
Eu não pensei — estendi a mão. agarrei e puxei com toda a força que
pude!
Um interminável
TTTTTTRRRRIIIMMMMMMW gritou por todo o escritório, e
passos trovejaram ao redor do prédio enquanto todos evacuavam.
O Sr. Daniels ficou boquiaberto com a comoção e estava distraído o
suficiente para que eu fosse facilmente capaz de empurrá-lo para longe,
jogando a caixa de papel em seus braços.
— Você pega! — Eu disse, e corri para fora da sala, batendo a porta.
Juntei-me à enxurrada de pessoal do escritório que se dirigia para as
saídas. Encolhi os ombros junto com meus colegas de trabalho, fingindo
ignorância sobre o que estava acontecendo. — Uma simulação de
incêndio?
— Quem sabe?
Enquanto eu saía pela porta com todos os outros, Daniels saiu da sala
dos funcionários com a caixa de papel, carrancudo para mim do outro
lado do saguão.
Não a carranca de um chefe zangado, mas a de um caçador cuja presa
conseguiu escapar.
Cada dia não era tão ruim quanto o último episódio na sala, mas
também não era seu pior comportamento.
Já chega, pensei comigo mesmo.
Preciso de um novo emprego!
Capítulo 2
Um encontro casual

Zoey

Todos do prédio — cerca de sessenta pessoas ou mais — ficaram na


calçada do lado de fora enquanto os bombeiros verificavam tudo.
Eu vi Daniels no lado oposto da multidão, conversando com o líder
dos bombeiros, sem dúvida explicando como o alarme tinha sido
acionado.
Eu tinha certeza de que ele estava ansioso para lhes contar uma
história que os impedisse de inspecionar muito de perto.
Eu olhei em volta. Muitas mulheres trabalhavam nesta empresa.
Eu era a única com quem ele fazia isso?
Ninguém viu o que ele estava fazendo?
Ou ele só era bom em esconder isso?
Eu nunca o encorajei; eu não me vestia de maneira diferente das
mulheres com quem trabalhava.
Imaginei que apenas correspondia aos gostos dele mais do que
qualquer pessoa aqui — era a única explicação que pude encontrar.
Minha família sempre pensou que eu era uma vítima em potencial: eu
não era alta e era muito reservada, pelo menos no trabalho.
Eu o vi olhar para mim no meio da multidão, como uma hiena
olhando de soslaio para uma gazela através da grama. Ele não havia
terminado de me perseguir.
Mas eu também não terminei de me defender. E ele não iria me encurralar
assim de novo.
Naquele momento, eu só queria ficar longe dele. Peguei meu telefone.
Era hora de reforços. Mandei uma mensagem para minha melhor amiga,
April.
Zoey: Me ajudeeeeee!

Zoey: Chefe = idiota.

Zoey: Zoey = precisa desabafar, você está dentro?

April: Deixe-me ser sua heroína!

May: Eu ia sair hoje à noite com a Amy.

Junho: Vá em frente

Zoey: Amy! Você está aí?

Zoey: Eu tenho que sair hoje à noite!

Zoey: Vocês estão dentro??

Zoey: Por favor, digam que sim! Vocês são minha única esperança!

Amy: Um segundo...

April: Boas ou más notícias? rufem os tambores Zoey: (emoji de


desespero)

April: Z, cuidado com o último emoji — acho que significa outra


coisa...

Zoey: Deveria ser eu suando...?

Zoey: Tire sua mente da sarjeta Amy: Eu trabalho até as 7, então


estou dentro!

Zoey: EBA!

Amy: Vocês podem me encontrar no Grand Hotel?


Amy: Já que vou trabalhar até as 7 e está entre vocês duas Amy: E
é muito conveniente para mim Amy: (emoji de anjo)

Zoey: Sim

Zoey: Em qualquer lugar!

Zoey: Estou saindo do trabalho AGORA.

Zoey: Não posso estar aqui nem mais um segundo. Vejo vocês em
breve!

Zoey: Bem, não me incomode no meu balcão Zoey: Melhor trazer


uma revista!

O Grand Hotel era um dos pontos mais chamativos de toda a Windy


City.
Amy trabalhava como recepcionista lá e era um bom lugar para se
encontrar entre mim e April. Andar até lá me daria a chance de limpar
minha cabeça depois do dia que tive.
Sentei-me em um assento luxuoso no saguão do Grand Hotel.
A cadeira, destinada para que a clientela se sentasse por não mais do
que dez minutos em média, deve ter valido cinco vezes mais do que a
cadeira giratória quebrada em que tinha de sofrer.
Eu reclamei com Daniels sobre isso antes, mas ele apenas usou isso
como uma desculpa para me examinar.
Mas eu me recusei a dar outro pensamento àquele idiota. Abri minha
bolsa e peguei o Chicagoan’s Journal, minha revista local favorita, e folheei
para um artigo que estava ansiosa para ler, especialmente hoje: Dez dicas
para conseguir o novo emprego perfeito!
Não fui além da dica dois:
— Vista-se bem!
Bem, eu já faço isso...
— Com licença?
Levantei os olhos da minha revista e vi que um homem estava
sentado na cadeira ao lado da minha. Eu quase engasguei.
Não apenas porque ele era um lindo espécime de homem — e ele era
— mas porque eu o reconheci.
Era Julian Hawksley, CEO da Hawksley Enterprises!
Meu coração disparou. Uma pulsação de calor passou por mim.
Eu não era solteira, mas uma parte primordial de mim reconhecia a
verdade que minha personalidade casta, comprometida e sensível não
queria dizer em voz alta.
Julian Hawksley era o homem mais bonito que eu já tinha visto.
Mas ele era Julian Hawksley.
Também conhecido como o Julian Hawksley.
O que ele estava fazendo aqui?
Procurei com quem ele estava falando, porque não podia ser eu...
Ele acenou, percebendo que eu estava um pouco em transe. — Olá?
Eu pisquei, voltando a mim mesma. — Sim? — Eu perguntei.
— Desculpa por te incomodar, parece que você está confusa... mas eu
estava me perguntando... posso pegar sua revista emprestada?
Ele tinha um rosto encantador que podia convencer quase qualquer
pessoa sobre quase tudo.
Mas pude ver um traço de tensão em seu rosto, como se ele realmente
quisesse ler minha revista.
Eu estava pasma. Se ele tivesse pedido todo o meu dinheiro, as chaves
do meu carro, qualquer coisa, eu teria entregado sem pensar.
Eu dei a ele a revista...
E esperava que ele pedisse outra coisa — qualquer outra coisa.
— Obrigado! — Ele sussurrou.
Ele abriu a revista e segurou-a perto do rosto, como se estivesse super
interessado nela, ou não pudesse ler sem os óculos e tivesse que segurá-la
a um centímetro de seus olhos.
O que ele estava fazendo? Foi cômico ver um homem adulto e bonitão
fazendo isso. Ele estava brincando comigo? Isso foi uma brincadeira? Eu
ouvi o clique de saltos no chão polido e um segundo depois, uma das
mulheres mais bonitas que eu já tinha visto passou.
Eu a tinha visto antes em anúncios e vídeos de entretenimento: seu
nome era Grace. Ela era uma supermodelo e estava namorando o homem
sentado ao meu lado.
Seus olhos percorreram o saguão, e então ela se virou e seguiu por um
corredor.
Assim que o clique de seus saltos diminuiu, Julian baixou o escudo de
papel de seu rosto e soltou um suspiro.
— Obrigado... — Ele virou a revista para ler o nome impresso no
canto. — 'Recepção Vlashion? Nome incomum... O quê? Você tem uma
tia-avó Vlashion de quem pegou o nome?
Ele sorriu com uma sobrancelha enrugada.
Eu ri em descrença.
Julian Hawksley estava falando comigo?
Ele estava flertando comigo?
Eu abri minha boca, mas estava com a língua presa. Sempre me senti
estúpida quando estava cara a cara com alguém tão atraente.
— Não, eu sou — não. não é, é onde eu trabalho — eu, meu nome é
Zoey. Curtis. Zoey Curtis, — eu gaguejei.
Minha vontade era de fugir, mas me recusei a ficar em silêncio, apesar
de estar superconsciente.
Eu era uma mulher adulta em um relacionamento maduro e
monogâmico.
E este era um homem que eu nunca conheci antes.
E naquele momento, ter certeza de que eu não parecia uma idiota
total era o único objetivo que valia a pena em todo o universo.
Ele riu.
— Bem. obrigado pela ajuda, Zoey Curtis. Eu precisava de um fôlego.
— Ele devolveu a revista. — Muita coisa boa lá. Alguma das dicas está
funcionando para você?
Os saltos estalaram de volta em nossa direção; Grace estava voltando.
Julian bufou.
É
— É melhor eu ir lidar com isso. Prazer em conhecê-la, Zoey Curtis,
da já mencionada recepção da Vlashion.
Ele estendeu a mão para apertar. Eu a peguei, esperando que minha
mão fosse esmagada.
Em vez disso, estava quente. Eu senti uma corrente, uma carga, uma
eletricidade fluindo entre nós.
Ele segurou minha mão um milissegundo a mais do que o aperto
exigia, e nós dois sabíamos disso.
Ele se dirigiu para os elevadores e esperou até que Grace voltasse.
— Aí está você! — Ele anunciou em voz alta, fingindo que a tinha
perdido.
Eles entraram no elevador e desapareceram um momento depois.
Fiquei congelada no local até April e Amy se aproximarem um minuto
depois.
— Diga-me que você viu isso! — Eu exigi.
Mas elas não precisavam — as duas estavam rindo, dançando na
ponta dos pés, maravilhadas com meu momento com o playboy
bilionário.
Os altos e baixos do dia no clube naquela noite.
Bebemos alguns drinques e dançamos por cerca de uma hora, mas a
noite de Amy foi interrompida por um telefonema de trabalho.
O lugar estava barulhento, então ela teve que sair para atender o
telefone. Quando ela voltou, algo estava definitivamente acontecendo,
mas ela não quis dizer o quê.
— Eu tenho que sair, desculpe! Não fique com raiva de mim!
Como poderíamos ficar com raiva dela?
Trabalho era trabalho. Chicago era uma cidade difícil, e qualquer
trabalho decente que você pudesse encontrar, você tinha que garantir
que fosse mantido. Nós nos abraçamos e ela foi embora.
April e eu não ficamos muito mais tempo fora. Mas tirei minha tarde
ruim e meu chefe ruim da cabeça, então a noite foi um sucesso!
Quando voltei para o nosso apartamento, vi as luzes acesas lá dentro
e corri para destrancar a porta.
Á
Ben deve ter voltado da Ásia.
Claro que ele não me deixou saber disso, não me preparou para isso.
Era um problema de comunicação chato que eu não conseguia fazer
com que ele melhorasse, mas havia coisas piores. Pelo menos ele estava
tentando fazer algo de si mesmo.
Embora ele pudesse se esforçar mais...
Ele foi um artista no início de sua carreira, mas estava tendo sucesso o
suficiente para viajar pelo mundo e trabalhar em diferentes projetos com
pintores e escultores empolgantes.
Nós nos abraçamos e nos abraçamos... e fizemos algumas outras
coisas... antes de nos contarmos a vida um do outro desde que ele foi
embora.
Eu contei a ele sobre as últimas novidades com o Sr. Daniels,
esperando apoio, ou um — Eu vou matar o desgraçado!, — ou ainda um
— Você deveria processar! — Mas não foi isso que eu consegui.
— O que você estava vestindo? Quer dizer, eu vi seu armário, baby...
Ele estava falando sério?
Eu acho que ele pôde ler minha expressão no escuro. — O quê? Estou
apenas dizendo...
— Não há nada impróprio no que eu visto. Daniels faz o que faz
porque é um idiota, ponto final.
Eu estava muito cansada, e meu dia tinha sido muito longo, para
entrar nisso com ele. — Boa noite, — eu disse, e rolei.
Não foi assim que imaginei sua primeira noite de volta.
Eu configurei o alarme no meu telefone e estava prestes a desligar a
luz quando meu telefone tocou com um novo e-mail. O assunto chamou
minha atenção: — Convite para entrevista para um cargo na Hawksley
Enterprises em nossa sede em Chicago.
Hawksley Enterprises?
Eu abri o e-mail.
O escritório de Chicago da Hawksley Enterprises tem uma vaga para
candidatos destacados e únicos.
Suas informações chegaram ao nosso departamento de contratações. Se
você estiver interessada em aprender mais, adoraríamos discutir o assunto
pessoalmente. Amanhã ao meio-dia.
Minhas informações?
Como eles conseguiram minhas informações?
Por que eu?
Isso deve ser por causa do meu encontro com o Sr. Hawksley hoje
cedo.
Eu não tinha ideia do que estava acontecendo.
Mas de jeito nenhum eu perderia a chance de descobrir.
Capítulo 3
Que bom que veio

Zoey

Era sempre desconfortável ser entrevistada para um emprego quando


você já tinha um. Parecia que eu estava traindo.
Mas não podia ficar na Vlashion.
Não ficaria.
Eu precisava de um plano.
Eu me abaixei e me esquivei do Sr. Daniels — ele estava com uma dor
de cabeça que o mantinha em seu escritório, e eu não poderia estar mais
feliz.
Saí do escritório às 10h, vesti-me para impressionar, peguei um táxi e
fui para o Grand Hotel às 11h15.
Faltavam ainda quarenta e cinco minutos para a entrevista, mas eu
estava nervosa e não correria o risco de me atrasar.
Eu estava usando meu vestido de bainha azul claro: justo, com
mangas curtas, ele mostrava todas as minhas curvas em todos os lugares
certos. E a melhor parte, o motivo pelo qual era meu modo de espera de
entrevista: ele tinha um zíper dourado que descia por toda a parte detrás.
Era uma saída dramática e tanto.
Sem ser impróprio, é claro.
Usei os brincos de pérola da minha avó para dar sorte.
E meus clássicos saltos pretos combinaram com tudo.
Era muito mais elegante do que minha roupa de trabalho normal,
mas se eu pudesse conseguir esse emprego, seria um milagre.
Por duas razões.
Em primeiro lugar, isso me afastaria de Daniels.
Em segundo lugar, seria um recomeço em uma empresa que eu
realmente respeitava, pelo menos do lado de fora.
Ainda assim... Quem era Rufus, e por que eles me queriam?
Eu descobriria em breve.
Foi uma surpresa voltar tão cedo ao Grand Hotel. Havia escritórios
nos andares superiores, mas eu realmente não sabia quem ou o que
estava lá.
Nunca houve um motivo para eu explorar o prédio, então eu nem
sabia que a Hawksley Enterprises tinha escritórios aqui até que Rufus me
enviou um e-mail.
Ao passar pelo saguão, Amy chamou minha atenção e fez sinal de
positivo com o polegar: Boa sorte!
As portas do elevador abriram. Pressionei — 23 — e esperei que as
portas se fechassem.
Alisei meu vestido, verifiquei meus saltos em busca de manchas, olhei
para meu cabelo e meu rímel.
Com que frequência você consegue uma entrevista em uma empresa
como a Hawksley Enterprises?
Finalmente, as portas começaram a se fechar.
Mas antes que elas pudessem, uma mão as deteve.
Julian

Eu estava atrasado, nada de novo nisso. Se a vida me ensinou alguma


coisa até aquele ponto, foi que as pessoas esperam por você quando seu
sobrenome é Hawksley.
Quando seu primeiro nome é Julian, entretanto, a única coisa que as
pessoas se perguntam é: — Você soletra com um 'A' ou um 'E'?
O café da manhã com Jensen demorou, o que sempre acontecia
quando eu precisava tirar alguma coisa do peito.
Eu estava tentando me abrir mais, falar mais.
Grace era linda, mas às vezes brigávamos tanto, que eu não conseguia
imaginar lidar com isso para sempre.
Não que eu pensasse em mim como um tipo de cara — para sempre,
— quando — por enquanto — era tão divertido.
Eu vi as portas do elevador fechando e corri para chegar lá antes que
fechassem.
Enfiei a mão na abertura e os sensores reabriram as portas.
E quem encontrei lá? Ninguém mais que...
— Zoey Curtis! — Eu disse. Ela ficou boquiaberta ao me ver. Eu estava
acostumado com isso, chamava de — o efeito bilionário, — mas Zoey foi
rápida em esconder sua surpresa.
Ou tentar, de qualquer maneira...
Isso vai ser divertido, pensei comigo mesmo, e olhei para o painel de
botões do elevador. — Vai para o vinte e três, hein? Eu também. O que
tem lá para você? — Eu perguntei.
— Você não sabe?
— Por que eu deveria?
— Bem, é uma coincidência que nos conhecemos, você pega minha
revista emprestada e, algumas horas depois, recebo um e-mail para uma
entrevista de emprego em sua empresa?
— Não acredito em coincidências. Então não.
— Então... eu não serei entrevistada você?
Dei de ombros e fiz uma careta: Não faço ideia do que você está
falando.
— Com quem você estava conversando? — Eu perguntei.
— Rufus Fletcher, — respondeu ela.
— Rufus! Cara legal. Você vai adorar falar com ele — um cavalheiro
adequado! Um sujeito britânico — embora eu tenha certeza de que você
já sabia disso. Dica número oito: faça sua pesquisa. — Ele sorriu.
Ela parecia confusa. — O quê?
— Da sua revista. As dicas de busca de emprego.
Ela acenou com a cabeça, lembrando. — Certo... Bem, qualquer coisa
é melhor do que onde estou agora, — ela respondeu.
Eu fiz uma careta. — Oooh — uh. o que aconteceu com a Dica
Número Cinco? Nunca diga nada de ruim sobre um empregador
anterior?
— Ele tem que ser um empregador anterior primeiro, e eu não disse
que ele era a razão pela qual eu queria sair, — ela respondeu, cruzando os
braços. — Você realmente se lembrou daquele artigo em detalhes.
— Bem... há uma razão para isso. — Dei de ombros. — Você percebeu
a quem eles pediram essas dez dicas?
Ela não acreditou no início, mas mantive um rosto calmo que acabou
por convencê-la.
— Foi você quem escreveu essa lista?
Encolhi os ombros como se não fosse grande coisa e assenti.
Seu queixo caiu praticamente no chão. Ela era muito divertida de
brincar.
O elevador diminuiu a velocidade para pegar alguém no quarto andar.
Passei meu crachá de identificação sobre um sensor, e o elevador pulou a
parada e continuou subindo.
Ela olhou para mim, um pouco julgadora. — Você sabe que está
atrasando as pessoas quando faz isso? — Ela perguntou.
Eu congelei... não querendo mais ninguém no elevador, mas não
querendo irritar Zoey demais.
Bem, não quero que ela pense que eu sou um idiota total, pelo menos.
Com um bufo, me afastei dos botões.
Zoey

Uau. Esse cara...


Ele viu o julgamento em meu rosto e acenou para ele.
— Pense nisso: todo mundo que está entrando em um elevador
subindo provavelmente vai ver alguém em um andar superior, que
provavelmente é o chefe... certo?
— Então, estou dando a eles um minuto extra antes que eles tenham
que ver seu chefe... Estou fazendo um favor a eles. É disso que se trata —
é um favor'' ele sorriu maliciosamente.
Como se fosse uma deixa, o elevador diminuiu novamente para outra
parada, desta vez no nono andar. E novamente, ele passou seu distintivo
e o elevador continuou a subir.
Eu disse: — Uau. Que ato humanitário.
Ele piscou. — Culpado. Mas não saia falando sobre isso, uma vez que
você começa a avisar as pessoas, o telefone nunca para de tocar.
— Eu tenho uma imagem de bad boy para cumprir, — ele continuou.
— De que outra forma faço para que as mulheres me deem uma segunda
olhada?
Eu aceitei a pergunta como um convite e o devorei com meus olhos.
Ele estava usando um temo Armani, sem blazer ou gravata, e os botões de
cima da camisa estavam abertos.
O dia estava quente e ele deve ter aberto o colarinho para deixar o
calor sair.
Se o pescoço dele estava quente, ele devia estar com calor...
Com isso, percebi que meus pensamentos estavam fugindo de mim
em uma direção perigosa.
— Isso ainda é algo que você está tentando fazer, obter uma segunda
olhada das mulheres? Eu sabia que você era um CEO... Eu não sabia que
você era um mulherengo.
Ele sorriu, parecendo gostar de brincar. — Aposto que você sabe
quem eu sou.
— E você sabe quem eu sou.
O que eu estava fazendo? Eu estava flertando? Isso foi flertar?
Eu estava com Ben há três anos e parecia que tinha esquecido como
fazer isso.
Mas, aparentemente, eu estava bem porque Julian — aham, Sr.
Hawksley — sorriu e acenou com a cabeça.
— Claro. Seu nome é Zoey. Curtis. Zoey Curtis, — disse ele,
zombando da minha gagueira quando nos conhecemos. Eu não pude
deixar de rir.
— Isso ajuda. Eu estava preocupada em me fazer de idiota aqui hoje,
mas posso ver que já fiz isso, então posso relaxar.
— Definitivamente, não é uma idiota, — respondeu ele, rapidamente
me olhando de cima a baixo. — Inquisidora, confiante, pontual, e você
está totalmente conseguindo o Número Três com essa roupa. Aposto que
você vai arrasar a entrevista.
— Como você sabe que sou pontual? — Eu perguntei. — Chame de
palpite. — Ele apenas olhou para mim enquanto o elevador subia
rapidamente até o vigésimo terceiro andar. Eu segurei seu olhar, mas foi
uma luta.
Eu estava flertando? Ele estava?
Um CEO bilionário estava flertando comigo?
Um CEO bilionário lindo... com uma namorada supermodelo linda?
Não se iluda, Zoey.
As portas abriram e o Sr. Hawksley saiu primeiro, voltando-se para
mim para uma palavra final rápida. — Eu desejo sorte, mas os vencedores
não precisam disso. Vá pegá-los, vencedora.
Ele piscou e saiu por um corredor.
Eu fiquei lá por um minuto. Meu pulso estava batendo forte como se
eu tivesse subido as escadas.
Claro, eu estava nervosa e animada com a entrevista... mas,
honestamente, Julian me deixou ainda mais nervosa.
Meu relacionamento com Ben definitivamente pegou fogo, mas eu
passei muito tempo no frio enquanto ele estava fora...
E conversar com Julian me deixou incrivelmente quente.
Eu definitivamente precisava contar a April e Amy sobre topar com
ele pela segunda vez.
Eu me perguntei: se eu conseguisse o emprego, teria esse tipo de
encontro casual com o Sr. Hawksley?
Saí do elevador e me aproximei da recepcionista. — Com licença,
estou aqui para uma entrevista, estou procurando o escritório de Rufus
Fletcher?
Ela apontou atrás dela para uma porta ligeiramente aberta.
Aproximei-me e olhei para dentro do escritório. Havia um homem
sentado em uma mesa: quase quarenta anos, cabelo curto e cara de
engenheiro.
A placa de identificação na parede dizia — Rufus Fletcher: contato
executivo com o CEO. — Bati de leve na porta.
— Sr. Fletcher? — Eu perguntei.
— Sim? — Ele respondeu com um sotaque londrino, sem desviar o
olhar da tela.
— Sr. Fletcher, sou Zoey Curtis, conversamos sobre uma entrevista?
Ele se virou e tirou os óculos bifocais do rosto.
— Zoey! Rufus, prazer em conhecê-lo, maravilhoso, seja bem-vinda,
entre! — Apertamos as mãos.
— Você é uma santa por aceitar me encontrar hoje, peço desculpas
pelo curto prazo. Você está definitivamente marcando pontos pela
flexibilidade. Aposto que você teve uma manhã louca, hein?
— Fico feliz em ouvir isso. Sobre os pontos. Uh, não, a manhã não foi
ruim, — eu menti.
Não tinha certeza se a entrevista havia começado e não queria dizer a
coisa errada.
Ele segurou a porta aberta da sala de conferências, — Por aqui, Sra.
Curtis. Você prefere 'Zoey'?
— Zoey! — Eu ouvi a voz da sala de conferências antes de ver o
palestrante, mas meu corpo respondeu instantaneamente aumentando o
calor. Não foi uma falha no ar condicionado; o calor estava vindo de
mim. Entre minhas pernas.
Eu reconheci a voz.
Lá, no final da mesa de conferência, construindo uma casa com
cartões de visita, estava Julian!
— Você conseguiu! — Ele disse. — E você está ainda adiantada —
você teve um ótimo começo!
Eu estava sendo entrevistada por Julian Hawksley.
Capítulo 4
P rimeiras impressões

Zoey

— ... Gerei contratos, editei, revisei, e isso foi para os nossos quase
500 clientes da Vlashion.
— Posso conciliar coisas de administração, gerenciar contas a receber,
digitar setenta e cinco palavras por minuto e corro um quilômetro em
sete minutos, — disse eu.
Rufus e Julian assentiram: impressionados, ao que parecia.
Julian cruzou as pernas e recostou-se na cadeira, ficando confortável.
— Eu odeio correr. Eu quero que tudo o que estou perseguindo venha até
mim.
Me tirou um pouco do meu jogo, vê-lo do outro lado da mesa,
especialmente depois de nossas conversas... e da energia sedutora que
pensei ter sentido ambas as vezes.
Rufus pareceu sentir minha incerteza e saltou.
Ele disse: — Sou um corredor. Na verdade, eu e um punhado do resto
da equipe temos um grupo após o expediente.
— Oh, que divertido! — Eu disse. A ideia de entrar para um grupo
daqueles, que cuidava de si, onde todos se sentiam seguros?
Sim, isso bateu Vlashion por cerca de um quilômetro.
Rufus leu sua cópia do meu currículo.
— Então, seu currículo é bem afiado. Bacharel em Administração pela
Universidade de Illinois... — Ele virou a página.
— Uma boa experiência aqui. Estou ciente da Stronach Glass
Company e da MidWest Currency Advisors...
— Aprendi muito nesses dois escritórios, — disse eu.
Eu gostaria muito de não ter...
Como se estivesse lendo minha mente, os olhos de Julian brilharam.
— Ouvi dizer que é meio que um clube de meninos para os dois. Algum
exemplo que valha a pena compartilhar?
Eu não tinha certeza se queria responder.
Julian

Definitivamente havia algo sobre Zoey Curtis.


O ritmo em nosso escritório era acelerado, dois dias nunca eram
iguais. Era preciso alguém especial para poder se adaptar e fluir com esse
tipo de lugar.
Eu esperava que ela se encaixasse no perfil.
Eu disse: — Tenho a sensação de que você é do tipo 'não levo desaforo
pra casa, — e esse tipo sempre parece ter algumas histórias malucas.
Rufus pigarreou novamente. — Bem, — disse ele, — esse não é um
problema que ela teria de enfrentar aqui, então talvez possamos
continuar?
Eu dei de ombros, querendo me sentar.
Por um momento.
— Se você insiste... — eu disse. Rufus olhou para mim, tirando os
olhos do currículo dela. — Tudo bem, tudo bem... Sim. Por favor,
continue.
— Conte-me sobre Vlashion. Pensa em subir ou manter, qual é a sua
jogada? — Rufus continuou.
Eu a vi ficar ligeiramente tensa. Rufus havia tocado em algo.
A Sra. Curtis atendeu. — Bem, uh, alguns anos atrás minha mãe teve
alguns problemas de saúde que me ajudaram a encontrar trabalho um
pouco mais perto dela...
— E eu a sustento financeiramente, então o dinheiro na Vlashion tem
sido útil.
— Mas eu aprendi a me adaptar, lidar com... personalidades
desafiadoras. Desculpe a expressão, mas quando sei quando preciso
engolir sapo.
Mmm. — Dica número seis — conte uma história pessoal. — Ela era boa.
— Tópicos alternativos, alguma restrição alimentar? — Eu provoquei
com uma cara séria. — Vegetariano? Vegan? Sem glúten? Carnívoro
extremo, interessado em carnes exóticas? — Eu não pisquei.
— Eu? — Ela perguntou, um pouco surpresa com a minha pergunta.
— De preferência sua mãe, na verdade — sim! Claro, você. Mas espero
que sua mãe tenha uma ótima saúde intestinal.
Seu rosto ficou sério e ela olhou para baixo. Rufus me lançou um
olhar.
Por que eu sempre falava demais?
Senti meu rosto ficar vermelho. — Oh. Deus, — gaguejei, — Eu —
como ela está? — merda, desculpe, não deveria brincar sobre...
Ela sorriu e acenou com a mão, me vendo surtar.
— Na verdade, — disse ela, — ela tem pressão alta, então se tornou
vegetariana. Mas sem restrições dietéticas para mim. Obrigada por
perguntar. — Disfarçadamente, ela piscou, me deixando fora de perigo.
Fiquei boquiaberto e meus lábios se curvaram em um sorriso.
Oooh, eu gosto disso. Alguém disposto a dar o melhor que puder Eu
precisava de alguém assim na minha vida.
No meu escritório, quero dizer.
— Rufus, acho que estou me apaixonando por aqui, — eu disse.
Zoey

O que ele disse?!


Rufus lutou para se manter sob controle. — Desculpe, o quê, Julian?
Eu não ouvi você direito. Tenho certeza de que você não disse nada bobo
ou impróprio, não gostaríamos de ofender a Sra. Curtis, certo?
Rufus parecia ser um tio ou irmão mais velho para Julian e, neste
momento, fiquei feliz.
— É apenas uma expressão, Rufus, — Julian se virou para mim,
gesticulando para Rufus. — Ele é um pouco sério. De qualquer forma.
Zoey Curtis. Onde você se vê daqui a cinco anos?
Eu tinha que reconhecer o Julian: ele era um mulherengo. E ele era
bom nisso.
Eu não sabia o que me possuía, mas antes que pudesse me questionar,
senti uma onda de inspiração e disse: — Em sua cadeira.
Eu levantei uma sobrancelha.
Julian definitivamente mordeu a isca. Ele e Rufus trocaram um olhar,
muito interessados na minha resposta.
— E em seu plano... já que estamos falando sobre a cadeira em que
estou... estou no seu colo ou você no meu?
Alerta.
Rufus lançou outro olhar para Julian, este perguntando terminou?
Colocou pra fora tudo o que precisava?
— Rufus é muito sério, não é? — Julian perguntou.
— Profissionalmente, sim, — eu respondi, tentando ignorar seu
comentário sugestivo. — Eu gostei muito da nossa conversa até agora.
— Es-es-espere, — Julian entrou na conversa. — Você gostou bastante
de 'nossa conversa até agora', isso inclui minha contribuição? Não
parecia, pelo jeito que você disse.
— Julian, — Rufus repreendeu.
— Rufus? — Julian respondeu.
Rufus interrompeu as travessuras de Julian. — Conte-me sobre um
momento em sua vida em que você teve que lidar...
— Alguém como eu, — interrompeu Julian. — Um cara divertido,
bem-humorado, que segue regras que fazem sentido para ele.
A diversão de nossa conversa estava acabando. Eu disse: — Já tive
minha cota de... desafiar colegas do sexo masculino em um ambiente de
trabalho... — Julian ergueu um dedo de advertência. — Cuidado: lembre-
se da dica número cinco...
— Não estou falando mal de um ex-empregador, o Sr. Hawksley...
— Julian, — ele corrigiu. — Você vai ter que se acostumar com um
pouco de informalidade de vez em quando por aqui.
— Tudo bem quanto à informalidade... Julian. Já inapropriado, eu
tenho isso, então se você não pode fazer melhor...
Rufus abriu os braços, tentando se colocar entre mim e Julian. — Nós
podemos, eu prometo. Nós podemos.
Julian ergueu as mãos em um pedido de desculpas. — Estou te dando
nos nervos, desculpe. Vá em frente, Ruf.
Rufus sorriu, tentando recuperar o controle. — Fala alguma outra
língua?
— Bem. em meu último trabalho, tivemos que fazer ligações de
vendas para mercados em todo o mundo, então eu tive que aprender um
pouco do básico de...
Eu contei na minha cabeça. — Cinco línguas?
Quer dizer, posso pedir algo do cardápio, posso encontrar uma
embaixada... esse tipo de coisa.
— Você fala cinco línguas? — Julian sorriu. — Isso é fantástico! Deixe-
me ouvir uma coisa. — Pego de surpresa, deixei escapar a primeira coisa
que me veio à mente. — Então isso é árabe, meio que significa, 'Estou me
divertindo'. Limpei a garganta.
— Awadu mink 'an tati maei' iilaa almanzil.
Julian estremeceu. — Oooh, droga, fale apenas assim comigo!
Rufus bateu com a mão na mesa de conferência. — Julian, Meu Deus!
— Me desculpe, ok? — Ele se virou para mim. — Foi adorável.
Rufus revirou os olhos. — Ok, Julian...
— O quê? Estou gostando de tudo que descobri sobre essa garota. Ela
é fascinante, eu não quero que ela vá embora.
Ele falou com tanto direito.
Ele estava tão além da linha quanto Daniels? Não, mas ele não
precisava estar para que eu quisesse que ele parasse, e não fazia sentido
pular de uma frigideira para outra.
— Quero dizer, se houvesse alguma pegadinha acontecendo, seria
uma coisa...
E aí está.
Eu levantei-me. — Eu não acho que isso seja certo para mim, — eu
disse.
— Oh, sério? Você não quer? — Julian perguntou, duvidando de mim.
Rufus se levantou. — Curtis, por favor, peço desculpas por ele —
Julian, pelo amor de Deus, cale a boca um minuto, sim?!
— Obrigada, Sr. Fletcher, você não tem que fazer nada, eu agradeço
ter a chance de saber como seria trabalhar aqui. Sou muito grata.
Julian revirou os olhos. — Eu duvido seriamente que sou a pior pessoa
com quem você já teve que lidar...
Rufus apontou para Julian. — Eu prometo a você, ele nem sempre é
assim. Eu não o teria trazido, e não iria perder seu tempo.
— Não? Então por que estou aqui? Por que você está me
entrevistando? — Eu perguntei.
Rufus se virou para Julian. — Importa-se de responder, Sr. Hawksley?
O peito de Julian inchou por ter que se explicar. Mas quando ele
falou, ele acertou um homerun. — Você não entrou totalmente em
colapso quando percebeu quem eu era, e isso é raro — não estou dizendo
que sou tudo isso, estou apenas dizendo que as pessoas perdem a cabeça
às vezes e você não.
— Você estava neste prédio esperando alguém com tempo para matar,
o que significa que você tem bom gosto para as pessoas e é eficiente.
— E a julgar pelo artigo que você estava lendo quando nos cruzamos,
você provavelmente estava procurando por uma mudança.
— Você estava vestida para os negócios e vestida para matar — ou
qualquer coisa que você possa estar tentando realizar com essa roupa.
Em dez segundos, eu sabia que você era um trunfo na sala.
Eu nunca tinha conversado assim antes. Eu me senti elogiada e
atacada ao mesmo tempo.
— Quanto mais você precisa ouvir? Ou você quer ficar de mau
humor?
— Porque se você não aguenta um pouco de calor com seu fogo,
mocinha, então talvez você não seja feita para isso.
Ele me pegou. Até no 'mocinha'.
Por um segundo, ele soou como alguém em cuja visão eu poderia
confiar, e que viu algo em mim e estava interessado em dar uma chance a
mim.
E não era pouca coisa abandonar um trabalho como esse em uma
empresa como essa.
Um trabalho aqui pode ser um caminho a seguir.
Mas eu tinha aprendido a confiar na minha intuição e decidi que não
iria arriscar outro chefe idiota tentando arruinar minha vida.
— Eu preciso encontrar o ajuste certo para mim, e... tão charmoso
como você pode ser, Sr. Hawksley, eu me preocupo que nós entraríamos
em conflito. Então, obrigada pela oportunidade, eu saio sozinha.
Eu me virei e empurrei a porta, saindo com um floreio.
Eu me senti grande.
Eu não estaria trabalhando aqui. Que assim seja.
Mas eu poderia vencer o mundo.
E mais tarde naquele dia, eu enfrentaria meu chefe, o Sr. Donald
Daniels.
Capítulo 5
Novos começos

Zoey

Daniels não perdeu tempo. Eu nem mesmo sentei na minha mesa


antes que ele se exibisse, com o rosto vermelho.
Eu não sabia se ele estava realmente chateado por eu ter ido embora...
ou se ele suspeitava que eu fugi para uma entrevista... ou se ele ainda
estava chateado por eu ter acionado o alarme de incêndio.
— Você sempre limpa as coisas com antecedência e espera que eu
acredite que de repente, algo simplesmente 'apareceu’? Você esqueceu
quem está no comando por aqui?
Eu não seria o entretenimento do escritório, então me levantei da
minha mesa e voltei para a sala dos funcionários.
— Concluí todos os meus projetos matinais e vespertinos com
antecedência, deleguei o restante e não tive problemas. Então, terminei
de falar sobre isso. Com licença.
Isso não o acalmou.
Ele me seguiu até a sala dos funcionários, bloqueando a porta para me
forçar a falar com ele.
— Começamos com o pé errado, o que podemos fazer sobre isso?
— Você pode me tratar com o respeito e a distância que daria a um
homem e, se o fizesse, não teríamos essa conversa.
Eu me esquivei dele e entrei na sala. Ele entrou atrás de mim,
fechando a porta.
— Você está me acusando de algo? — Ele perguntou.
— Don, eu realmente gostaria de voltar ao trabalho.
— Qual é o seu problema? — Ele quase gritou, perdendo a calma.
A porta se abriu e um funcionário chamado Pete entrou. Vendo o Sr.
Daniels mais perto do que deveria de mim. ele perguntou: — Uh, Zoey,
você está bem?
Don bufou e cruzou os braços. — Zoey está bem, Pete, há algo que
você precisa?
O funcionário apontou para mim. — Há uma entrega para você.
Ele revelou um arranjo de flores: tulipas brancas. Não minhas
favoritas, mas eram lindas.
O rosto de Daniels se contorceu de ciúme e raiva e ele correu em
direção à porta para pegar as flores.
— Isto é um negócio, não uma maldita escola secundária! Quem
diabos te mandou isso? Aquele seu namorado idiota?
Pete fugiu da sala dos funcionários com medo.
Daniels leu o bilhete que acompanhava as flores.
— Tulipas, a flor do pedido de desculpas. Me desculpe, ok? Por favor,
reconsidere. JH
JH.
Julian Hawksley me comprou flores.
Oh, uau...
— Quem... — Don começou, mas sua atenção foi atraída de volta para
o saguão.
Vi Rufus na entrada com um casaco de viagem.
— Qual é a história aqui? Quem é esse cara? Por que ele está se
desculpando?
— Ele dá flores para você, não é grande coisa, eu tento te dar um
beijinho inocente no pescoço — isso está ficando louco, Zoey! — Don
disse e jogou as flores em mim.
Consegui alcançá-las e voltei para a porta do saguão. — Eu concordo!
Eu desisto!
Ele estendeu a mão e passou o braço em volta da minha cintura e me
girou — na frente de todos — e tentou agarrar meu quadril com a outra
mão.
— Zoey, o que aconteceu... — ele começou.
Ã
— NÃO ME TOQUE! — Eu gritei, enquanto dirigia meu joelho em
sua virilha.
Ele desabou, ofegante.
O escritório congelou, chocado.
— Tem sido uma emoção, pessoal, espero que tenham gostado do
show. E obrigada pelo apoio.
Fui em direção à porta perto de onde Rufus estava.
Ele sorriu e segurou a porta aberta para mim. Ao passar por ele. disse:
— Estou reconsiderando sua oferta.
— Por favor, — respondeu ele.
Ben e eu pegamos um táxi para a casa da minha mãe.
Ele estava em uma videochamada com uma artista feminina. Ele
estava com os fones de ouvido, então tudo que ouvi foi seu espanhol
realmente ruim.
Não houve tempo para recuperar o atraso antes de chegarmos à casa
da minha família.
Afinal, ele havia partido há cerca de dois meses, e eles teriam
perguntas para nós, especialmente sobre quando um casamento poderia
estar a caminho.
Eu tinha vinte e sete anos e estávamos juntos há três. Na minha
família, não é assim.
Minha família sempre foi próxima e, embora todos fossem adultos,
todos íamos até minha casa e visitávamos meus pais regularmente.
Mamãe, os gêmeos Kathy e Mateo e o marido de Kathy, Peter,
estavam todos sorridentes ao ver Ben novamente.
— É bom ver você, Ben! — Minha mãe disse, dando-lhe um grande
abraço.
Ben retribuiu o abraço. — Obrigado, Bárbara, obrigado por me
receber.
Em pouco tempo, eles o encheram de perguntas e conversas.
A casa não mudava há anos, embora minha mãe tivesse comprado um
cachorro prestativo que babava no chão.
Contudo, mesmo enquanto ela lidava com sua doença, fiquei
orgulhosa e impressionada com a maneira como ela mantinha sua vida.
Ela sabia como se adaptar ao que a vida jogava pra ela.
Eu esperava ter a mesma sensibilidade.
Como previsto, a conversa rapidamente mudou para conversas sobre
planos e o futuro... e o presente.
Eu sabia que isso causaria uma grande comoção, mas era melhor
arrancar o band-aid de uma vez.
Fiz um relato do meu último dia na Vlashion e depois contei a eles
sobre minha entrevista para Hawksley.
Minha mãe serviu a lasanha que ela fez. — Você já esteve em três
escritórios consecutivos com homens que não sabem como se
comportar. Será que esse cara novo é diferente?
Mateo saltou antes que alguém pudesse falar. — Este é o irmão que
está falando sério e tudo mais?
— Não, esse é o mais novo, — respondeu Kathy, — esse é o Jensen.
— Claro que ela sabe, — Peter disse, fazendo cócegas nela.
Ela sorriu. — Porque eu sou informada, não porque eu fique
admirando ele, querida. Este é o irmão mais velho um pouco mais louco.
— Mas eu não ouço nada muito ruim sobre ele, — ela continuou. —
Você estaria trabalhando perto dele?
Dei de ombros. Não houve muitos detalhes durante a entrevista, não
antes de Julian ficar babando tanto quanto o cachorro da mamãe.
Kathy encolheu os ombros, desapontada.. —.. Cara de boa aparência...
Ben resmungou, — Eu acho que isso é um erro, Zoey. Talvez você
precise tentar conseguir seu emprego atual de volta antes de entrar em
alguma nova bagunça.
Meu sangue começou a subir. Ele não sabia do que estava falando,
mas isso não o impediu. Uma de suas qualidades menos atraentes.
Kathy disse: — Ela sabe como se manter segura. — Vendo vermelho,
eu respondi, — Você está certa. E eu duvido que vou conseguir meu
emprego de volta depois de dar uma joelhada nas bolas de Don Daniels,
então... é isso.
Eu deixei esse detalhe de fora antes, mas calou todo mundo agora.
Do meu bolso, ouvi meu telefone vibrar. Eu o tirei e vi uma ligação
vindo de um número desconhecido.
Borboletas voaram pelo meu estômago e congelaram o pedaço de
lasanha na minha boca. Um sentimento passou por mim de que essa
ligação mudaria minha vida.
— Não atenda uma ligação durante o jantar, — disse a mãe.
Saí da mesa e entrei na sala de estar e respondi: — Olá?
— Eu entendo que você teve uma tarde difícil.
— Como é? — Eu disse, não reconhecendo bem a voz do outro lado
da linha.
— Rufus disse que você e seu chefe entraram em uma luta de
kickboxing.
Eu sorri apesar de tudo.
Era Julian!
Eu ri um pouco, então fechei a porta para um pouco de privacidade —
embora todos tentassem me seguir. Eventualmente, eu tive que me
trancar no banheiro.
— Eu estou bem. obrigada.
— Oh, tenho certeza que está, todo o meu dinheiro estava em você.
Conheço uma lutadora premiada quando vejo uma, — disse ele.
Sorrindo, eu rolei meus olhos. — Sr. Hawksley, está tarde.
— Só se você for bem tediosa, — disse ele, — o que não é. Mas você
está ansiosa, então vamos conversar. — Eu te dei um pouco de
atrevimento hoje, — ele continuou, — talvez demais. Desculpe por isso;
tomarei mais cuidado no futuro.
Ele continuou: — Pergunta final: você disse que queria estar na
minha cadeira mais cedo. Se fosse, diga-me uma coisa que faria com a
Hawksley Enterprises?
Eles estavam interessados em mim. Isso pode realmente acontecer Eu não
queria que minha empolgação levasse o melhor de mim, então respirei
fundo... e naquele segundo, percebi que uma resposta chata ou padrão
não era o que ele estava procurando. Então eu dobrei as apostas.
— Não quero ser CEO da Hawksley; eu quero minha própria
empresa.
. —.. Uau. Isso é teoricamente impressionante. Conte-me mais, —
disse ele.
Eu estava falando besteiras, mas se eu jogasse bem, esperava que ele
não percebesse.
— Oh, eu só discuto esses assuntos com investidores em potencial, —
eu disse, recusando-me a falar francamente com ele.
— Bem, terei que pedir ao meu assistente para agendar uma reunião
— você sabe, Hawksley está sempre procurando por novas iniciativas,
novos empreendimentos...
— Mas vamos deixar isso em suspenso e apontar para o elefante na
sala, — eu continuei. — O que você acha da nossa oferta? Você quer
entrar neste trem?
— Posso fazer uma pergunta a você? Por que você me quer tanto?
— Eu disse 'tanto'? — Ele acompanhou.
— Você disse muitas coisas.
Julian

Pela primeira vez em muito tempo, não sabia o que dizer.


No instante em que a vi no saguão na sexta-feira, havia algo que
parecia... certo.
Natural. Simples.
Não que ela fosse simples, mas estar com ela era simples. A maioria
das pessoas estremece na presença de um CEO bilionário.
Ela não. Ela apenas se encaixava. Ela me pegou.
— Sr. Hawksley? A candidata a emprego e aspirante a Gerente de
Marketing comeu sua língua? — Zoey Curtis perguntou.
A vida é chata e previsível, e no espaço de vinte e quatro horas, ela
desafiou ambas as expectativas.
E sempre tenho problemas quando fico entediado.
Zoey
— Sr. Hawksley? Você ainda está aí? — Eu perguntei.
A linha ficou muda depois que eu perguntei a ele 'Por que eu? ' e
presumi que a ligação havia caído porque Julian Hawksley não era um
homem que ficava silenciado.
— Você arrasou na entrevista, acertou todas as dicas do artigo da
revista, o que, devo lembrá-la, foi um artigo e tanto com um entrevistado
incrível... — Eu sorri e mordi meu lábio. Seu humor sem esforço me
desconcertou, mas eu precisava manter o foco.
— Olha só, — eu disse, tentando limpar as teias de aranha quentes
nublando minha mente.
— Agora, estamos oferecendo a você a lua e, por acaso, sei que você
está no mercado. Você está dentro ou fora?
Mateo abriu a porta do banheiro. Todos os outros estavam
amontoados ao redor dele, espionando minha ligação. Cada um deles
parecia angustiado, esperando minha resposta...
Eu realmente não tive escolha, mas isso não era motivo suficiente
para escolher tolamente.
Eu tinha deixado as oportunidades passarem no passado, quando
precisei ajudar. Eu fiz isso por minha mãe.
Mas por que eu faria isso agora?
Hawksley Enterprises era uma marca de renome mundial...
E meu futuro chefe também era conhecido mundialmente. Um
empresário fantástico com uma mente perspicaz que poderia me ensinar
e me ajudar a subir na carreira.
Sem mencionar que nos demos bem como uma casa em chamas.
Sem falar que fiquei emocionada com a possibilidade de passar horas
e horas sozinha com ele.
Eu confiava totalmente que ele não me daria mais atenção demais?
Eu não tinha certeza, mas você só vive uma vez.
— Estou dentro, — eu disse.
Capítulo 6
P rimeiro dia

Zoey

Em uma semana, passei de um emprego miserável em uma empresa


que odiava para uma poderosa empresa familiar de hotéis. Eu estava me
perguntando se minha sorte finalmente havia mudado.
Eu usava minha blusa Veronica Beard amarela e saia dourada e preta
na altura do joelho e salto alto.
Eu parecia bem, mas espero que não tão bem que chamasse atenção
extra para a minha feminilidade.
Enquanto o elevador subia, pensei mais sobre aquela noite no saguão
do hotel.
Julian estava flertando comigo, mas definitivamente não tinha nada
além de negócios em sua mente.
Então, nos conhecemos e, algumas horas depois, ele começou a fazer
ligações para me localizar.
Era pelo trabalho?
Como poderia ser? Ele não sabia nada sobre mim ainda.
Então por que ele veio me procurar?
Logo descobri que teria pelo menos uma semana para pensar sobre
minha pergunta.
Rufus me apresentou à equipe de suporte antes de explicar que Julian
estava viajando na semana seguinte para Londres.
Havia outra rede de hotéis, um concorrente chamado Holmes Luxury
Suites, e eles estavam causando alguns problemas aos Hawksleys.
O profissionalismo de Rufus era reconfortante;
Eu soube imediatamente que ele nunca me daria nenhum dos
problemas que eu encontrei em tantos escritórios até aquele ponto.
Ele me orientou em minhas responsabilidades regulares: atender
ligações, agendar compromissos, preparar relatórios, organizar reuniões,
gerenciar bancos de dados, atender clientes, etc.
Em seguida, iniciamos o treinamento no rolodex da empresa.
Na verdade, eles usaram um velho rolodex do estilo dos anos 90; eu
não tinha visto nada parecido fora de um museu.
Mas Rufus disse que é sua maneira preferida de manter o controle de
todos os seus clientes, contatos, fornecedores, gerentes, supervisores,
investidores, contribuintes.
Era muito para absorver.
No final do meu primeiro dia. meu cérebro estava acelerado.
Na terça-feira. Rufus me guiou pelas operações comerciais.
— Estou indo rápido demais para você? — Ele perguntou.
A verdade era sim, foi muito rápido.
Pela segunda noite consecutiva, caí na cama sem me preocupar em
me despir.
Na quarta-feira, atingi um ponto baixo. Depois de passar três horas
estudando a história da empresa, Ben trouxe alguns amigos artistas para
o estúdio e preparou um prato de feijão com um cheiro horrível.
— Olá, querida! Estamos fazendo feijão! Feijão para o Ben! Feijão do
Ben! Como você está, Ben? Coma um feijão ruim, Ben! — A cada frase
idiota, ele dava um beijo estalado no meu rosto.
Eu ri e o afastei. Eu amava o lado dele que a arte e os artistas traziam.
Mas o momento não era pra isso.
Quando pedi a ele que o levasse para outro lugar para que eu pudesse
trabalhar, a sensação de diversão rapidamente azedou e, antes que eu
percebesse, estávamos discutindo na frente de seus amigos.
Cada vez que ele voltava da ausência, nós entrávamos em brigas
inúteis.
Normalmente, éramos nós nos acostumando com a presença um do
outro novamente, recuperando o nosso ritmo.
Não tive tempo de parar de trabalhar e entrar no assunto com ele,
então fui a uma cafeteria estudar em paz.
Quando eles fecharam a cafeteria e eu fui para casa, seus amigos
estavam saindo e Ben se desculpou, o que era muito importante.
Claro, o sexo de reposição foi fantástico. Isso nunca foi um problema.
Exceto que ele estava fora o tempo todo, deixando cada um de nós
sexualmente faminto por meses a fio.
Mas não foram apenas brigas entre nós. Ninguém me fez rir tanto
quanto ele, e o senso de humor era importante para mim.
Ele era expressivo, o que era revigorante para um homem do meio-
oeste.
Ninguém era perfeito — Ben com certeza não era. mas eu sabia que
seu coração estava no lugar certo.
Ele estava um pouco mais rude do que o normal, um pouco mais mal-
humorado do que o normal depois de nossas reuniões.
Pelo menos o sexo permaneceu no ponto.
Mas, deitada acordada naquela noite, senti algo que havia esquecido
desde a última vez que Ben saiu e voltou.
E essa era uma sensação que às vezes eu não sabia se Ben realmente
me entendia, ou se ele queria.
Na ocasião, mais do que eu gostaria de admitir, eu não acho que ele
queria trabalhar tanto para nos fazer funcionar.
Talvez eu estivesse sendo dura com ele. Talvez minhas expectativas
fossem muito altas.
Mas eu estava determinada a fazer isso.
E, além disso: estávamos separados há meses e sempre levava algum
tempo para voltarmos a sincronizar um com o outro depois de estarmos
tão distantes.
Na quinta-feira, Rufus começou a me colocar em exercícios.
Se isso, então o quê?
Se isso, então o que fazer?
Onde fornecemos nossas roupas de cama?
Quantos gerentes estão trabalhando em qualquer um de nossos locais em
um determinado momento?
Quais membros do Conselho de Administração parecem propensos a lutar
contra Julian e quais estão do lado dele?
Na sexta-feira, não pude acreditar o quanto sabia sobre esta empresa.
Eu conhecia o lugar de cabo a rabo.
Eu estava me familiarizando com a equipe em Chicago e recebia
ligações de Nova York, Londres e Sydney. Minha própria conta de e-mail
foi configurada.
— Esta semana tem sido brilhante e você é incrível. Sinto muito que
só descobrimos você recentemente, — disse Rufus durante o almoço.
— Você é perfeita para isso, Zoey. Estou me sentindo muito positivo
sobre você. Como você está se ajustando? Seja sincera.
— É muito, não vou mentir. Mas você é um ótimo professor e... — Eu
não queria soar arrogante, mas era verdade, — Eu dou conta disso.
— Estarei fora na próxima semana, seguindo Julian para Londres por,
oh, cerca de uma semana ou algo assim. Acha que consegue tocar o barco
se eu te passar um pouco do meu trabalho?
Minha preocupação deve ter sido óbvia, porque Rufus imediatamente
tentou me tranquilizar.
— Vou deixar instruções completas e estarei disponível se você
precisar de mim. E de qualquer maneira, neste ponto, eu duvido que você
tenha qualquer problema.
— Então, vai ser apenas...? — Eu perguntei.
— Você e Julian. E o pessoal, é claro. Mas não se preocupe, avisei-o
para manter seu comportamento mais correto — disse Rufus com um
sorriso.
Sozinho com Julian?
Eu estava me recuperando na empresa e tudo estava funcionando
bem e tranquilo.
Mas se eu fosse trabalhar sozinha com Julian, seria possível ficar legal?
Normalmente, eu não corria riscos e passava um tempo sozinha com
um homem que dava todos os sinais de interesse...
Alguém que eu não consegui manter fora dos meus pensamentos...
Estava brincando com fogo.
Eu sabia que esta empresa havia se arriscado comigo e me contratado
sem tantas verificações quanto eu esperava.
Era uma chance de brilhar e eu precisava aproveitá-la.
Disse a mim mesma que era uma mulher adulta e capaz de pensar
com o cérebro e nada mais.
Isso foi o que eu disse a mim mesma.
— Não se preocupe com nada, Rufus, nós conseguimos.
Passei pela porta da frente com pilhas de papéis, pastas e envelopes
que precisava examinar.
Se eu queria estar pronta para uma grande segunda-feira, precisava
me esforçar no fim de semana.
— Eu não gosto disso, Zoey, — Ben disse. — É sua primeira semana e
eles já estão comendo seu fim de semana — algum dia vou ver você de
novo?
— Você é quem vai embora o tempo todo, não eu, — respondi. — Eu
preciso realmente saber minhas coisas até o início da semana. Este
trabalho é muito importante, pois apenas um de nós tem uma renda
regular...
— Certo, eu esqueci. Porque você está subindo na vida das secretárias.
— O que isso significa? — Eu exigi, jogando meus papéis sobre a
mesa.
— Isso significa que é uma merda, e eu não acho que seja meu
trabalho ter que aturar isso. Quer dizer, você mal me viu desde que
voltei.
— Isso não é verdade! E você nem me disse que ia voltar! Não estou
de férias com você...
— Isso é exatamente o que eu estava dizendo aos meus amigos —
com você é só dinheiro, e nada sobre a verdade. E isso é tudo que me
importa, é disso que se trata o meu trabalho...
Ben estremeceu de indignação, lutando para tirar algo do peito.
— E você não vai me olhar nos olhos e me dizer o que pensa
honestamente da minha carreira, — ele continuou, — que é que você não
acha que eu sou bom — você não acha que eu sou bom o suficiente!
Fiquei surpresa. De onde veio isso?
Foi ridículo e não pude deixar de rir.
— Isso é uma piada para você? — Ele perguntou. — Ben... gosto do
seu trabalho, mas também acho que você poderia dedicar mais tempo e
não precisar ser carregado tanto por mim. Eu te apoio — você sabe que
sim.
— E se você não vê, — continuei, — então você é cego e não sei o que
está fazendo como artista.
Ben zombou, tentando se esquivar de cada acusação.
Eu continuei, — Por outro lado, você nunca está por perto. Nunca
fala comigo. Nunca me apoia.
— Isso é ridículo, — disse Ben, mas ele não parecia acreditar em suas
próprias besteiras.
Eu estava ganhando força. Ele precisava ouvir tudo isso. Eu precisava
dizer isso.
— Eu sou assediada, você diz que é minha culpa. Eu consigo um novo
emprego, você me ataca na frente da minha família. E em uma semana, o
apartamento se transformou em um lixão. — Ben ficou quieto por um
tempo, mas eu podia vê-lo inchar de ressentimento.
— Eu não sei o que você quer de mim... — ele disse.
— Eu quero mais esforço de você, tenho direito a isso, — retruquei.
— Isso é besteira, retire o que disse, Zoey. — Os olhos de Ben
escureceram. — Trabalho pra caramba, estou metido nisso até pescoço,
tudo que faço é trabalhar e...
— Eu nunca te vejo trabalhando! Estou cansado de te apoiar!
Os olhos de Ben se arregalaram e antes que ele tivesse tempo para
pensar...
— Ben, não...!
Ele atirou um vaso pela sala, onde se quebrou em mil pedaços.
Menos de um momento depois, eu estava em uma mensagem de
texto do Uber para April, perguntando se eu poderia passar a noite na
casa dela.
Na manhã seguinte, voltei para o nosso apartamento e destranquei a
porta da frente, sem saber o que iria encontrar.
Para minha surpresa, todo o lugar estava limpo.
A louça estava guardada, a roupa estava lavada e dobrada, o banheiro
estava limpo e o vaso quebrado havia desaparecido.
E na mesa de jantar Ben havia deixado um bilhete:
— Fui para Los Angeles, conversaremos quando eu voltar
— Seu idiota! — Eu gritei para a sala.
Como ele pôde fazer isso comigo?
Ele acabou de voltar!
Não havia nenhuma informação sobre quando ele voltará.
Eu só devo esperar por ele?
Ficar com raiva era bom.
Melhor do que um sentimento mais perigoso que eu não queria
admitir a mim mesma.
Fiquei aliviada por ele ter ido embora.
O que isso significa para nós?
Capítulo 7
Aproximação

Zoey

A manhã de segunda-feira começou calmamente. O voo de Julian não


estava programado para pousar em algumas horas, e eu não tinha certeza
se ele entraria no escritório ou talvez tiraria o dia de folga.
Por volta das 10h, um dos contadores apareceu e pediu o talão de
cheques que Rufus usava para pagar as contas do escritório.
Havia um cheque autenticado que tinha que chegar ao banco hoje, e
eu não consegui encontrar por nada no inundo.
Procurei na mesa de Rufus e descobri que várias das gavetas estavam
trancadas.
Mandei um e-mail para Rufus, mandei uma mensagem, tentei ligar,
mas sem sorte.
Eu estava agachada com minha bunda saindo de debaixo da mesa
quando ouvi uma comoção atrás de mim.
Julian entrou, vestindo calça de moletom e uma blusa moletom com
zíper.
De seu ângulo, ele tinha uma ótima visão da minha bunda, mas ele
parecia desviar os olhos.
— Uma pergunta realmente importante para você: o que você acha da
minha roupa? Seja honesta.
— Bom dia, Julian, bem-vindo de volta à cidade. Você sabe onde
Rufus guarda o talão de cheques dispensáveis? Os contadores precisam
daquele cheque administrativo.
— Eu perguntei a você primeiro. O que acha da roupa?
Suspirei. — Eu acho... sua roupa não tem relação com o trabalho que
você ou eu precisamos fazer, então eu diria... é perfeitamente neutra.
— Você está dizendo que precisa de mais cor, — disse Julian. jogando
uma mochila em seu escritório.
— O quê? Não. não estou falando sobre a sua roupa, não estou dando
nenhum conselho, na verdade.
— Oh, não se preocupe, estou lendo você em voz alta e clara. — Ele
piscou e foi em direção ao seu escritório.
— Eu não acho que você está! — Eu gritei.
Enquanto Julian se acomodava e verificava seu e-mail, ele fez uma
pausa para fazer seu ritual diário de cem abdominais e flexões em seu
escritório.
Às vezes ele fechava a porta para isso, às vezes não.
Quando ele não o fazia, tinha dificuldade em realizar qualquer
trabalho.
Seu abdômen era sua... quarta melhor característica.
Cale a boca, Zoey! Quem está sendo profissional agora?
Depois que ele terminou seus exercícios, eu o coloquei em dia.
Eu estava terminando de revisar as reuniões programadas da semana
quando ele disse: — Essa roupa é ótima, a propósito.
Eu o peguei olhando para mim ocasionalmente e parava de falar toda
vez que ele fazia isso, certificando-me de que ele sabia que eu estava
ciente. Eu falei sobre a questão do cheque administrativo novamente.
— Alguma ideia de onde eu possa olhar?
Julian encolheu os ombros. — Sempre deixo esse tipo de coisa no
bolso.
— Lamento insistir, Julian, mas pelo que o contador disse, isso é
muito importante. Quer dizer, sou eu ou é um pouco estranho que Rufus
não o tenha deixado em um lugar fácil de encontrar?
Julian pensou sobre isso e acenou com a cabeça. — Sim. isso é um
pouco incomum. — Então ele encolheu os ombros. — Quanto é que nós
precisamos? Vou apenas pagar pela a empresa, não é um problema.
— Não. isso vai inventar papelada para mim mais tarde. Eu só vou
encontrar a coisa então.
Duas horas depois, e ainda sem sorte em rastrear o cheque
administrativo. Mais alguns contadores pararam para ver por si próprios,
e pude sentir a tensão aumentando.

Julian: Como está seu dia?

Zoey: Você está falando sério?

Julian: Só quando for preciso. Você está falando sério como se


fosse seu trabalho.

Julian: Talvez seja hora do almoço?

Julian: Por minha conta!

Zoey: Não estou tendo uma conversa de texto com você quando
deveria estar trabalhando

Zoey: e VOCÊ DEVERIA ESTAR TRABALHANDO.

Zoey: Se você precisar de alguma coisa, por favor, não me mande


mensagens, por favor, entre no escritório.

Zoey: Eu tento não usar muito meu telefone pessoal no trabalho,


não parece profissional e me distraio do meu trabalho.

Um momento depois, meu telefone vibrou com um gif de Julian, era


de um gato perseguindo um apontador laser. Eu ri, o que me arrependi
instantaneamente, porque isso só iria encorajá-lo.
Até agora, seu flerte era inocente o suficiente, mas o que faltava em
agressividade, ele compensava com persistência.
Julian

Os novos funcionários sempre trabalham como se tivessem uma


arma apontada para a cabeça, o que pode ser ótimo se você precisa de
muito trabalho rápido.
Mas nossa empresa, em um determinado dia, funcionava sozinha,
então eu tinha um sexto sentido de quando o momento exigia atenção...
e quando uma abordagem mais relaxada poderia realizar o trabalho.
Zoey demoraria um pouco para saber como eu operava.
E eu estava ansioso para passar esse tempo com ela.
No papel, ela não era exatamente o meu tipo e, dados os diferentes
mundos em que operamos, deveria ter sido fácil para mim tirá-la da
cabeça.
Ela tem um trabalho a fazer, eu também; deixe por isso mesmo.
Mas por que eu queria continuar provocando ela? Eu não estava
preocupado com o trabalho dela. Ela era obviamente talentosa e rápida.
Ela não precisava da minha ajuda; ela era capaz e autodidata.
Era uma raridade na minha vida encontrar alguém que não cedesse
imediatamente ao que eu queria ou exigia.
A única pessoa na memória recente assim era Kyla.
Ela era um foguete.
E ela era uma parceira inesperadamente perfeita para Jensen.
Deus, eu senti falta daqueles dois.
Fazia muito tempo desde que eu os visitei e o lindo pequeno Charlie
Hawksley, o bebê Hawk mais fofo da família.
Eu teria que corrigir isso logo.
Fui tirado do meu devaneio quando ouvi as portas do elevador
soarem.
Eu sabia que estava irritando Zoey — eu tinha esse efeito nas pessoas
— mas ela foi a única que não respondeu cedendo. Eu tinha que
conquistá-la.
Só então, eu ouvi as portas do elevador abrindo no corredor, seguido
pelo barulho de saltos vindo em minha direção. Eu reconheci o ritmo dos
passos e sabia que era Grace.
A porta do meu escritório abriu e Grace entrou, batendo-a atrás de si.
Zoey

Grace passou sem tirar os olhos do telefone. Ela passou por mim e foi
direto para o escritório de Julian.
Tive um vislumbre da expressão em seus olhos antes de sua porta se
fechar: cansaço, tédio, aborrecimento.
Trabalhei na minha mesa, fazendo ligações, enviando e-mails,
ouvindo sua voz aguda através da porta o tempo todo.
Um momento depois, meu telefone vibrou com outra mensagem de
texto.

Julian: Alguma reunião para mim hoje?

Zoey: Não.

Zoey: Eu te mandei um e-mail com a programação da semana.

Julian: Recebi o e-mail. Não li ainda.

Julian: Você está gostando do trabalho? Como está seu trajeto?

Zoey; Ótimo e ótimo. Agora pare de tentar me distrair (carinha


feliz)

Julian: Eu sou o rei da distração.

Julian: Espere um pouco. Deixe-me enviar um vídeo de gato...

Zoey: Volte ao trabalho!

Decidi ignorar a conversa de texto e voltar a não perder meu


emprego.
A cada poucos minutos, uma nova mensagem chegava, mas eu as
ignorei até minha hora do almoço, quando finalmente olhei para o meu
telefone e vi as mensagens não lidas de Julian.

Julian: Estou tão cansado, por que vim hoje?

Julian: Onde guardamos o ibuprofeno? Estou ficando com dor de


cabeça.

Julian: E alguém começou a beber meus smoothies na semana


passada? Aqueles são meus

Julian: Podemos pedir sushi, que tipo você gosta?

Julian: Essas mensagens estão chegando???

Eu balancei minha cabeça. Como um homem fica entediado com uma


supermodelo?
Não tive um bom pressentimento sobre sua personalidade, mas se
Julian não estava se divertindo com ela, eu não estava prestes a começar a
enviar mensagens de texto com ele e dar-lhe um motivo para suspeitar.
Eu tinha lidado com todo o drama inútil do escritório de que
precisava.
Eu também não queria encorajar Julian.
Comecei aqui com a premissa de que seria tratada como qualquer
outra funcionária.
Nenhuma atenção especial e nenhuma tentativa de transformá-la em
outra coisa senão uma relação profissional.
Mas desde o momento em que ele entrou, pude sentir Julian tentando
me irritar.
E se eu fosse sincera comigo mesma, eu queria que isso parasse?
Quando terminei minha salada, Grace saiu pisando forte do escritório
de Julian.
Seus olhos me percorreram de cima a baixo. Ela parecia estar
decidindo se ela achava que eu era um problema.
Tudo sobre ela gritava superioridade; uma personalidade exigente e
superficial que me irritou no instante em que coloquei os olhos nela. Se
esse é o tipo de mulher que Julian está atrás, não terei problemas, pensei.
Julian pode ter mais sucesso do que a maioria dos homens, mas ele
ainda era um homem, e os homens eram bastante previsíveis.
Foi decepcionante encontrar essa empresa e marca incríveis, apenas
para perceber que seu fundador era um cara raso e cheio de tesão.
Mas eu decidi que, desde que ele mantivesse isso para si mesmo, não
era da minha conta.
Além disso, Julian, com todos os seus defeitos, me deu uma chance.
Já fazia muito tempo que eu não sentia que estava progredindo na
direção certa.
Como eu disse, eu tinha um plano, mas as coisas mudaram com o
tempo.
Eu não percebi que me sentia como um hamster correndo em uma
roda até que não sentia mais. Eu me sentia mais como eu mesma do que
nunca e estava muito grata por isso.
Enquanto Grace saía do escritório, meu olhar a seguiu... e notei uma
prateleira alta que não tinha verificado antes.
Era alto demais para eu alcançá-la, então subi em minha cadeira
giratória e estiquei o braço cegamente.
Eu senti algo lá em cima, algo leve e retangular -
O talão de cheques!
Finalmente!
Inclinei-me mais para segurá-lo — e minha cadeira deslizou debaixo
de mim!
Eu ia bater de cara...!
— Peguei você! — Mas Julian já estava de alguma forma lá e me pegou
em seus braços.
Eu me agarrei a ele, assustada com o quase acidente. Vários segundos
se passaram antes que ele me colocasse no chão.
Ele não estava se esforçando para me segurar;
Eu podia sentir seu torso e braços através de sua camisa, e suportar
meu peso não era nada para ele.
Era como ser segurada por uma estátua grega com pulso.
Sua colônia era perfeita: brilhante, crocante, quase tão inebriante
quanto tequila.
Eu me perguntei se o cheiro permaneceria em minhas roupas.
E me peguei esperando que sim...
Felizmente, antes que o momento tivesse a chance de se transformar
em outra coisa, o telefone de Julian tocou.
O toque era — God Save The Queen, — que Julian reconheceu em
um instante.
Ele me colocou no chão e correu de volta para seu escritório.
Arrumei minhas roupas, um pouco mais nervosa do que gostaria de
admitir, e verifiquei o saguão para ver se algum dos funcionários me viu
nos braços de Julian.
— Rufus! Como está o Reino Unido sem mim?
Tentei voltar a me concentrar no trabalho, mas ouvi um estrondo
quando algo caiu da mesa de Julian.
— Oh, meu Deus, você está falando sério?! — Eu ouvi Julian gritar de
seu escritório.
Eu me virei, preocupada. Outros no escritório ergueram os olhos.
Não era assim como Julian normalmente soou.
Fui até sua porta e ele deixou cair o telefone em sua mesa.
— O que está errado? — Eu perguntei.
— Rufus se demitiu!
Capítulo 8
Um Homem Mudado

Zoey

Na manhã seguinte, Julian entrou em nosso escritório com uma única


flor na mão. uma tulipa que havia sido arrancada do chão, com raízes e
sujeira e tudo.
Ele a estendeu para mim, com um olhar vago em seu rosto.
— Isto é para você, eu tirei do jardim da frente.
Desculpe pela primeira semana difícil. Faça o que quiser com minhas
ligações, eu não quero falar com ninguém.
Ele caminhou até seu escritório e deixou a porta se fechar atrás de si.
Poucos minutos depois, trouxe uma correspondência para ele.
Coloquei o punhado de envelopes em sua mesa. — Umm... Há
alguém para quem eu devo ligar? Alguém para assumir o lugar de Rufus?
Ele balançou a cabeça negativamente.
— E quanto à pessoa que ocupou o cargo antes de Rufus? — Eu
perguntei.
— Não havia 'antes de Rufus'. Trabalhei com ele desde o início. Ele se
mudou comigo de Londres, — disse Julian.
Isso tinha que doer. Anos de amizade e parceria acabaram em um
instante. Eu queria ajudar Julian, mas naquele momento não sabia como.
— Que tal entrar em contato com Jensen?
Julian não hesitou. — NÃO. Eu sou... Ele é o... eu cuido disso.
Eu sorri, balançando minha cabeça. — Meus irmãos são assim.
— Assim como? — Ele perguntou. Havia um tom de irritação em sua
voz que não reconheci. Ele estava lentamente ficando bravo.
— Não querem pedir ajuda, eu entendo, — eu disse, tentando
simpatizar.
Julian continuou olhando pela janela, mantendo seus pensamentos
sobre o diagnóstico da minha poltrona para si mesmo. Ele acabou de
falar, aparentemente.
— Vou deixá-lo com isso, senhor. — Enquanto saía correndo,
envergonhada, ele gritou atrás de mim.
— Eu sei que você está tentando ajudar. Obrigado.
Saí e fechei a porta.
À medida que meu constrangimento ia passando, não pude deixar de
sentir pena de Julian.
Eu fiz minha lição de casa sobre meu chefe e li todos os artigos e
comunicados à imprensa relacionados a ele. Ele viveu uma vida plena e
tinha a reputação de sua ambição e foco exagerados.
Este Julian triste e ferido era uma visão rara. O que era bom. Porque
mais cedo ou mais tarde, se Julian não pusesse a cabeça no jogo, o
escritório começaria a ser atacado por todo o trabalho que não estava
sendo feito...
E tudo iria desabar sobre mim.
Apesar de todas as coisas que eu sabia que precisava fazer, eu não
tinha ideia do que Rufus lidava.
E mesmo que ele tenha sido sincero comigo durante a minha
entrevista, Julian —junto com Rufus — tinha se arriscado comigo, e eu
estava determinada a assegurar a ele que ele fez a escolha certa.
Eu encontraria uma maneira de carregar o peso extra se fosse
necessário.
Eu tentaria, de qualquer maneira.

Naquela tarde, uma mulher esguia na casa dos vinte anos entrou em
meu escritório, batendo à porta para ser educada.
— Com licença, você é Zoey Curtis, certo? — Ela perguntou.
Eu acenei com a cabeça, e quando ela gesticulou posso entrar? Fiz sinal
para ela se sentar.
— Eu sou Kyla Tristen, trabalho no escritório de Jensen Hawksley,
eu...
— Oh, Olá! — Estendi a mão e apertei sua mão, feliz e aliviado por
conhecê-la.
— Pensei em passar por aqui pessoalmente, já que ambos somos
novos membros da família Hawksley Enterprises.
— Sim, — eu disse. — Com você, você está literalmente na família!
Parabéns pela sua bebê, espero poder conhecê-la algum dia. Então, você
já está de volta ao trabalho?
Kyla sorriu.
— Bem. obrigada, tenho certeza que você vai conhecê-la. E não se
preocupe, estou de volta. Mas apenas meio período. Ainda está
facilitando, — disse ela.
Ela continuou: — Então, ouça, vim porque imaginei que talvez
ninguém fosse dizer a você, ou talvez Rufus fosse o único que poderia te
dizer e ele se foi...
— Oh, meu Deus, eu sou toda ouvidos! Acho que estou
acompanhando tudo, mas não tenho ideia... — Você está indo bem.
Acredite em mim, embora Julian goste de você, ele não iria mantê-la por
perto se não estivesse funcionando.
Ele disse a ela que gosta de mim? Anotado.
— E parabéns pelo trabalho, aliás. Acho que temos muito em comum
— sei que você está mais no lado administrativo agora, mas está se
voltando para a publicidade, certo?
Eu assenti, meu ritmo acelerando com um pouco de emoção.
— Incrível. Sou uma assistente sênior de marketing no departamento
de Jensen, então entendi exatamente onde você está e no que você está
metendo. Falando nisso, como está Julian?
Eu fiz uma careta. Kyla assentiu, sem surpresa. — Ele e Rufus são
como uma família.
Kyla se inclinou para frente para ser discreta, embora fôssemos as
únicas na sala.
— Jensen falou com Rufus. Aparentemente, assim que chegou a
Londres, Rufus e sua esposa decidiram que não podiam mais fazer o
negócio de longa distância.
— Eu não acho que ele esperava que a mudança para cá fosse
permanente, e ele quer ficar com sua família.
Eu balancei a cabeça enfaticamente. — Deve ter sido difícil para eles,
estando tão distantes.
— Eu não posso imaginar, — ela respondeu gentilmente. — Embora
Julian fosse quase seu filho substituto. Ou adolescente rebelde,
dependendo de como você vê isso.
Rimos por um momento. — De qualquer forma, vim aqui porque
queria dar um pequeno conselho sobre Julian, de que todos nós
precisamos em sua capacidade máxima.
— Quando eles estão tendo um dia ruim, os Hawksleys precisam de
espaço, e Julian vai aproveitar, então não lute contra isso.
— Entendido, — eu disse, escrevendo cada palavra na minha
memória.
— Se ele for muito para a esquerda ou direita, ligue para mim ou para
o Jensen, nós ajudaremos. E não espere até que fique muito ruim para
entrar em contato, mesmo se você não tiver certeza de que algo esteja
errado, — disse ela.
O alívio tomou conta de mim. — Ai, meu Deus, me sinto melhor!
Obrigada! Sim, me sinto mal por Julian, gostaria de poder fazer algo para
ajudar. Ele é como um cachorrinho cinzelado de 85 quilos.
Estava fora da minha boca antes que eu percebesse, e meus olhos se
arregalaram com o deslize.
— Isso soou estranho, eu não quis dizer que estou atraída por ele ou...
Mas Kyla não pareceu acreditar na minha explicação.
Ela sorriu um pouco, verificando se a barra estava limpa. — Mm-
hmm... — disse ela, parecendo em dúvida.
— O quê?
Ela encolheu os ombros. — Eu não disse uma palavra.
— Eu nunca... — eu comecei.
— ‘Faria isso', — ela disse, terminando minha frase. — Eu disse a
mesma coisa sobre o irmão do cara, você pode falar francamente comigo.
— Eu estou! Não estou interessada — só estou no trabalho! — Eu me
defendi.
Kyla ergueu as mãos em sinal de rendição. — Eu não queria te deixar
chateada, ou assumir qualquer coisa, esqueça que eu disse qualquer
coisa.
Exceto... se você precisar de alguma coisa, me ligue!
Eu relaxei. Após trocarmos números de telefone, nos abraçamos e
senti o início de uma nova amizade. Ela saiu por volta das 11 horas da
manhã, mais ou menos uma hora antes de Julian aparecer.
Foi um período produtivo, embora minha mente continuasse
voltando à suposição de Kyla de que havia algo entre Julian e eu.
A única maneira de ela ter essa opinião seria se Julian tivesse falado
sobre mim para ela ou Jensen.
Certo, eu era um novo membro da equipe e estávamos trabalhando
muitas horas juntos, mas mesmo assim... ela não pensaria isso a menos
que Julian dissesse algo.
Disse a mim mesma que estava sendo ridícula e, além disso, tinha
Ben, e Julian estava com Grace Allen. Se houvesse atração no ar, e daí?
Isso acontecia: os humanos são animais e a atração é uma coisa
normal.
Mas eu estava sendo sincera comigo mesma?
Fiquei feliz com a ideia de que ele poderia se sentir atraído por mim?
Julian entrou uma hora depois. Eu o vi da sala de descanso, onde
estava esquentando um guisado no micro-ondas.
Ele ainda parecia abatido. Ele jogou sua mochila de volta em seu
escritório e voltou para o elevador, subindo.
Depois que ele saiu, um dos assistentes me disse que Julian às vezes
comia no terraço.
O prédio tinha cinquenta andares, então um bilionário deprimido
sozinho no topo de um prédio...
Achei que deveria pelo menos dar uma olhada nele.
Alguns momentos depois, pisei no terraço carregando minha tigela de
ensopado em uma luva de forno.
Julian estava sentado perto da borda do prédio, olhando para a cidade
com um sanduíche comido pela metade.
— Como você está hoje, Julian? — Eu perguntei, sentando não muito
longe.
— Eu tirei cerca de 90% do baque do meu sistema, eu diria.
— É um progresso muito bom, senhor, — eu disse.
Julian ficou quieto por um momento. Ele respirou fundo antes de
falar. — Trabalhamos juntos por onze anos. Mão direita e mão esquerda.
Éramos uma equipe, e ele nem me disse que ia acabar com isso.
— Isso é horrível, — eu entrei na conversa.
— Quer dizer, estou feliz por ele ir buscar o seu amor e tudo mais,
mas é um saco de trabalho! Ele poderia ter nos preparado — e agora
todos nós temos que engolir esse sapo.
Julian jogou o sanduíche que estava comendo da lateral do prédio.
Nós dois ficamos boquiabertos.
Vimos os ingredientes do sanduíche caírem no chão.
— Isso poderia ter atingido alguém, — eu disse.
Nós dois estávamos tentando não rir. Ele coçou a cabeça.
Julian disse: — Sim... eu não deveria ter feito isso...
E enquanto estou falando sobre coisas que não deveria ter feito,
desculpe por ter gritado com você ontem.
— Oh, não, — eu disse. — Eu passei dos limites.
— Você tentou ajudar, — respondeu Julian. — Rufus não é meu pai,
ele é uma pessoa com vida própria e eu não deveria levar isso para o lado
pessoal... Vamos apenas lidar com isso. Arregaçar as mangas e seguir em
frente.
Eu não podia acreditar o quanto ele estava se abrindo para mim...
Foi revigorante ver por trás da parede emocional que se espera dos
homens como Julian.
Esse era o mesmo cara que foi bem agressivo em uma entrevista de
emprego — mas isso definitivamente não era tudo sobre ele.
Eu estendi minha tigela de ensopado para ele. — A receita da minha
mãe, ensopado de frango. Eu não vou terminar.
Ele hesitou, mas pegou a tigela de mim e mexeu com a colher.
— Obrigado, — disse ele. — E sinto muito sobre... semana passada.
— Na entrevista? — Eu perguntei.
— Provavelmente. Eu incomodo, aborreço ou ofendo pelo menos um
punhado de pessoas todos os dias, tenho certeza que isso inclui você, e
por isso, peço desculpas.
Eu ri e balancei minha cabeça. — Está tudo bem, você... poderia ter
sido pior.
Ele provou o ensopado.
— Meu Deus! — Ele abanou a língua e a sopa caiu de sua boca. — Eu
não queria cuspir! Esta muito quente!
— Você cuspiu de volta lá? — Eu gritei.
Nós dois começamos a rir.
Uma onda de alívio me atingiu. Percebi que Julian era mais do que
apenas um garoto rico que esperava o mundo.
Só então, meu telefone avisou que eu tinha uma mensagem.

gloria @ vlashion: Ei, Zoey, você está aí?

Zoey: Oi, Gloria — e aí?

gloria @ vlashion: Desculpe te dizer, mas achei que você deveria


saber...

Zoey: Saber o quê?

gloria @ vlashion: Daniels ainda não te superou, aparentemente.

gloria @ vlashion: Ele fez a secretária temporária procurar seus


antigos chefes...
gloria @ vlashion:... e ele está ligando para reclamar de você.

gloria @ vlashion:... e ele ligou para seus dois últimos patrões e


disse que você dormiu com ele!

Zoey: O QUÊ???

gloria @ vlashion: Não se preocupe, eu sei que é besteira.

Fiquei sem palavras.


Julian viu meu choque. — Qual é o problema? — Ele perguntou.
Como eu explicaria isso?
Capítulo 9
Não gosto de toda essa tensão do comercial

Zoey

— Você está bem? — Julian perguntou.


Eu não tinha nem ideia do que dizer. — Sinto muito, Julian, uh —
uma coisa apareceu... com licença.
Corri para o elevador e desci em direção aos nossos escritórios.
Eu nunca dormi com ninguém para ser promovida, nem uma vez, nem
mesmo cheguei perto, nunca!
O que as pessoas pensariam?
Eu deveria processá-lo!
Isso não era justo!
O elevador apitou e voltei para o vigésimo terceiro andar. Passei
rapidamente pelo saguão.
Eu não tinha feito nenhum amigo próximo ainda. Não fazia tanto
tempo que estava aqui — mas eles eram meus colegas.
Algum deles ouviu?
Gloria me contou — quem contou a ela? — quem contou a essa
pessoa?
Quantas pessoas tinham essa mentira em suas mentes?
Ninguém estava dizendo nada...
E se eles suspeitassem de mim?
Ugh!
Era exatamente por isso que odiava Daniels me encurralando no
escritório!
Qualquer um que me conhecesse saberia que aquele canalha é um
mentiroso, mas isso não impediria que um boato se espalhasse!
Não parecia que alguém estava prestando atenção enquanto eu
passava.
Provavelmente nenhum deles conhecia ninguém da Vlashion — mas
quanto tempo demoraria para que esses rumores me alcançassem aqui?
Eles vão pensar que eu sou uma secretária vadia?
O que Julian vai pensar?
Tínhamos apenas alguns dias trabalhando juntos, mas eu senti que
nossa pequena conversa no telhado foi um ponto de virada.
Ele tinha visto o meu verdadeiro eu e eu tinha visto o verdadeiro
Julian. Parecíamos gostar um do outro.
E agora, bastava um texto ou telefonema estúpido para tudo mudar.
As pessoas me chamavam de — séria — e eu estava bem com isso. A
vida não era uma piada e eu não ia pedir desculpas por ter sido
considerada assim.
Até este momento, eu estava orgulhosa da reputação que construí
para mim.
Mas se esse boato vazasse, Julian ainda me levaria a sério?
Oh Deus... O que minha família pensaria?
Eles saberiam que era mentira, mas Mateo e Kathy poderiam tentar
— ajudar — e causar um grande alvoroço.
Respire, Zoey...
Respire...
Para um dia que começou calmo, tinha dado uma guinada rápida.
Assim que Julian voltou do telhado, o dia voltou a um ritmo decente e
fiquei feliz por ter muito trabalho para me distrair dos boatos.
Projetos, prazos, relatórios trimestrais. O mundo continuou girando e
as horas passaram rápido.
Julian e eu fizemos muito e começamos a dividir as responsabilidades
de Rufus e descobrir como delegá-las.
Ao ver seus deveres com mais clareza, comecei a me perguntar
quando Rufus havia decidido ir embora.
Foi premeditado? Ele já estava pulando do navio? Isso tinha
demorado muito para decidir?
Ele não deixou instruções para substituí-lo.
Ele não fez planos com Julian.
Eu estava sendo preparada para substituí-lo?
Eu não poderia estar: Rufus não sabia que ia ficar em Londres quando
partiu. Por sorte ou destino, estava no lugar certo na hora certa.
Foi uma grande oportunidade. E eu precisava sair do meu antigo
ambiente, por muitos motivos. E trabalhar com Julian era emocionante.
Mas percebi que Rufus manter seus segredos significou que minha
vida mudou de maneiras que não consegui controlar, e pensar nisso
trouxe de volta meu nervosismo.
Seríamos apenas eu e Julian nas trincheiras juntos, pelo menos até
que ele decidisse como substituir Rufus.
E agora com esse boato, tudo ficaria bagunçado?
Não, eu estava sendo louca.
Ele tinha Grace e eu, Ben. Ambos tínhamos relacionamentos
comprometidos e de longo prazo.
Já havíamos conversado sobre profissionalismo.
Tudo ficará bem, disse a mim mesma.
Veremos sobre isso.

O fim do dia chegou rapidamente e o escritório começou a ficar vazio


durante a noite.
Julian e eu estávamos bem, esperando terminar de passar por tudo
relacionado a Rufus.
— Estou com fome, você tem mais daquele guisado? — Ele
perguntou.
— Não, você comeu tudo, — respondi, pescando uma barra de
granola da minha bolsa. — Quer isso?
— Você quer dizer que eu comi todo o seu almoço?
— Está tudo bem, eu estou... — eu comecei, mas ele fechou todos os
livros, pastas, fichários e desligou a tela do meu computador.
— Nós terminaremos isso pela manhã. Ah, e você pode definir um
lembrete pela manhã para mim?
— Claro, — eu disse, fechando e juntando minhas coisas.
— Precisamos ligar pela manhã para Enrique Hernandez, ele é o
agendador — ah, talvez você o conheça. O programador da Vlashion?
Meu sangue congelou nas veias.
— Nosso contrato expirou com nossa agência de publicidade do
Meio-Oeste, e quero deixá-lo mais elegante. Tive sorte com a Vlashion
até agora, quero dizer com você, então quero dar uma chance ao resto do
time.
Eu tinha mantido Daniels ativamente o mais longe possível da minha
mente e, até agora, não havia entrado em minha história na Vlashion
com Julian.
Mas agora, se a equipe da Vlashion fosse fazer uma proposta para o
nosso negócio, Daniels definitivamente estaria conosco.
Ele viria aqui?
Tentaria me encurralar novamente?
Contaria mentiras para Julian sobre mim?
— Terra para Zoey — você está bem? — Julian perguntou.
— Estou bem, — menti.
Julian acenou com a cabeça, parecendo não sentir nada da minha
turbulência.
— Então tenha uma ótima noite. Zoey, nós merecemos, — ele disse,
fazendo o sinal de paz enquanto saía pela porta.
Assim que fiquei sozinha, a tensão que vinha trabalhando para excluir
da minha mente inundou-me e soube que precisava falar com alguém.
Mas quem?
Minha família?
April? Amy?
Eu não queria que eles pensassem que eu estava sempre no meio de
uma emergência, com tudo que está acontecendo entre mim e Ben, eu...
Ben! Eu tinha me esquecido totalmente de Ben.
Eu definitivamente não ia ligar para ele. Não nos falamos desde que ele
saiu, e eu não estava prestes a sujar minhas mãos em mais sujeira por
todo o nosso relacionamento.
Então eu tive uma ideia.

Kyla: Uh, alô?

Zoey: Kyla? Espero que não seja tarde demais...?

Kyla: Oi! Não, está bem. Estou acordo com o Charlie Kyla: Bom
ouvir de você!

Kyla: Tive medo que você me odiasse!

Kyla: Mas você me mandou uma mensagem de volta! Você gosta


de mim! Você realmente gosta de mim!

Kyla: Desculpe, só estou de bom humor — e aí?

Zoey: Acho que você é a única pessoa com quem posso falar
sobre isso.

Zoey: Julian quer agendar uma consulta com minha antiga


empresa, o que eu faço?

Kyla: O que você quer dizer?

Zoey: Meu antigo chefe... ele faria parte da reunião. Ele faria parte
do projeto se Julian os contratasse.

Kyla: E isso é um problema?

Zoey: Ele é um desgraçado. Ele me assediava...


Zoey: Nunca respeitaria limites...

Zoey: E ele começou um boato sobre ele e eu tendo um caso!

Zoey: O que NÃO ACONTECEU.

Zoey: Ele é nojento horrível todas as coisas ruins e eu o odeio!

Zoey: Eu também dei uma joelhada no saco dele quando dei um


basta, então tem isso também...

Kyla: Uau.

Kyla: Isso é muito.

Zoey: Desculpe...

Kyla: Não se sinta assim! Você não fez nada de errado!

Kyla: E você não quer contar ao Julian, suponho?

Zoey: Não!

Zoey: Não sei o que fazer. Acabei de começar aqui, e sei que
Daniels vai estragar isso para mim.

Kyla: 'Daniels', hein?

Zoey: Sr. Donald D. Daniels.

Zoey: O que você faria?

A conversa ficou quieta. Talvez Kyla tivesse que ir.


Ou talvez não devesse ter dito nada! Talvez eu tenha espalhado o boato
e feito todas as coisas ruins de que temia se tornarem realidade!
Kyla: Eu tentaria não me preocupar muito com isso, Zoey. Eu sei
que não nos conhecemos ainda...

Kyla: Mas eu já lidei com esse tipo de coisa antes, e na maioria das
vezes, isso passa.

Zoey: Mas o que devo fazer??

Kyla: Faça isso: ioga, banho de espuma, vinho tinto, velas. E pela
manhã, veja se isso não adiantou; ) Zoey: Sério?

Kyla: Promessa

Bem... Se ela estava com os Hawksleys por tanto tempo, ela


provavelmente sabia de algo que eu não sabia, então decidi confiar nela
tanto quanto pudesse...
E relaxar.
Eu não era realmente uma pessoa do tipo ioga, velas e banho de
espuma, mas sabia como relaxar quando a situação pedia.
Eu estava determinada a deixar minha mente livre das preocupações e
desfrutar o apartamento só para mim.
Eu deixaria amanhã ser o que fosse...
Eu coloquei meu tapete de ioga e me forcei a relaxar. Minha mente
sempre ficava mais clara depois da ioga, e ter um lugar para mim mesma
para relaxar pode ser a coisa certa para me acalmar...
Toda aquela serenidade e equilíbrio foram jogados pela janela na
manhã seguinte.
Fiquei alarmada ao ver membros da equipe Vlashion no vigésimo
terceiro andar.
O elevador abriu e Julian saiu com alguns chefões da Vlashion —
incluindo o editor e alguns escritores.
Enquanto eles saíam em direção à sala de conferências, meu coração
batia forte...
A qualquer segundo agora, eu veria Daniels... e meu novo inundo iria
desmoronar, eu tinha certeza disso...
Mas Julian foi o último a sair do elevador e, ao fazer as apresentações,
trouxe os superiores para me apresentar.
— Tenho certeza que muitos de vocês reconhecem a adorável e
talentosa Zoey Curtis, nós a pegamos de vocês não muito tempo atrás.
Sem retomo, — disse Julian.
Forcei um sorriso, esperando o céu cair...
Um homem que não reconheci deu um passo à frente. Ele apertou
minha mão e eu examinei seu rosto.
Ele estava prestes a espalhar a fofoca sem fundamentos de Don Daniel
para todas essas pessoas?
— É um prazer, Sra. Curtis. Claro, eu conheço você de reputação,
você fez um ótimo trabalho, nosso time lamentou perdê-la.
— Nós perdemos algumas pessoas recentemente. Na verdade, ontem
à noite. Don Daniels, você deve ter trabalhado com ele.
Minha garganta ficou seca de repente. — Sr. Daniels? Oh, sim, eu me
lembro — e quanto a ele? — Eu resmunguei.
— Bem, ele foi transferido. Nossos escritórios irmãos em Flagstaff,
Arizona, precisavam de sangue fresco, então ele está em um avião agora.
Louco, hein?
Um enorme peso caiu dos meus ombros.
Ele se foi?
Julian entrou na sala de conferências e todos o seguiram. Peguei meu
telefone.

Zoey: Daniels se foi! Não acredito!

Kyla: Não sei do que você está falando Kyla: emoji piscando

Kyla: Tenha um ótimo dia!

Kyla
Eu sabia que se falasse muito mais. Zoey ficaria pensando em círculos,
então eu deixei pra lá. Em vez disso, abri meus contatos e fiz uma
chamada.
O telefone tocou algumas vezes antes de a ligação ser completada.
— Olá?
— Eu sei que você está ocupado, — eu disse, — mas funcionou, e ela
ficou emocionada. Você não pode ouvir na minha voz, mas estou dando
uma piscadela e um joia.
— Você tem meu agradecimento. Lembre-se: não diga uma palavra!
Capítulo 10
Virando a esquina

Zoey

Kyla estava ocupada, eu suponho, porque ela não responderia a mais


nenhuma mensagem.
Ou isso, ou ela estava evitando minhas mensagens.
Por que ela faria isso a menos que soubesse algo sobre o que
aconteceu com Daniels?
Eu me senti paranoica, mas a ideia de que ela estava envolvida em sua
demissão era a única coisa que fazia sentido.
A reunião com a equipe da Vlashion havia sido há alguns dias e, desde
então, estava juntando forças para falar com Julian sobre isso.
Não queria entrar em detalhes ainda, mas expliquei meus tempos —
difíceis — na Vlashion e perguntei se ele sabia alguma coisa sobre
Daniels ser transferido de Illinois.
Ele jurou que não tinha ideia; nunca tinha ouvido falar de Daniels até
que eu disse seu nome.
Eu não estava totalmente convencida com isso, mas além de chamá-
lo de mentiroso, não havia mais nada a dizer.
Se Julian tivesse me ajudado... Por que ele faria isso?
Ele estava tentando me impressionar?
Bem, se sim, por que ele negaria estar envolvido?
Talvez tenha sido uma coincidência, e Daniels realmente foi
transferido por um motivo válido... Só que eu sabia que ele tinha muitos
inimigos na empresa e, caso fosse isso, era mais provável que ele fosse
demitido... Talvez eles o estivessem transferindo como punição?
Aposto que esse nojento odiaria o calor do deserto.
Eu me peguei sorrindo.
Minha família tinha outra reunião, que geralmente se transformava
em Mateo e Peter brincando como adolescentes e papai gritando por
causa da mobília.
Mas esta noite, todo mundo estava todo questionando e fofocando
sobre a minha situação.
Eu não estava acostumada a ter toda atenção em mim, e tentei
manter minha recontagem de tudo viva.
Depois de explicar sobre Rufus e sua partida e a eventual ligação
entre mim e Julian sobre sanduíches e ensopados, percebi pela primeira
vez que não tinha uma única coisa ruim a dizer sobre meu chefe.
— Espere um pouco, — disse Mateo.
— Ah. cala a boca, Mateo, — disse mamãe. — Nem todo chefe é um
pesadelo, e parece que Zoey finalmente tem um bom, o que é motivo
para comemorar. Às vezes nesta vida você tem sorte.
Peter sorriu e se virou para mim. — O que tem isso, Zoey? Você teve
sorte com o CEO bilionário Julian Hawksley?
— Cale a boca, Peter, — disse mamãe.
Kathy interrompeu: — Sim. o irmão Jensen é o prato principal, de
qualquer maneira.
Sério? Eu pensei. Não que isso importasse, mas se eu tivesse que
escolher entre Julian e Jensen, eu era o Time Julian.
Eu queria encolher os ombros, mas devo ter feito uma careta porque
todos se viraram na minha direção.
Mais tarde, todos nós nos reunimos na sala de estar para assistir O
Estranho Mundo de Jacke mastigar pipoca. Era um favorito da família que
tínhamos visto um milhão de vezes...
O que me permitiu desviar e pensar sobre o que Peter havia dito.
Eu sabia que meu cunhado tinha o hábito de tentar irritar as pessoas,
mas acertou em cheio e agora eu não conseguia tirar isso da minha
cabeça.
Não que Ben estivesse com ciúmes... Bem, isso não era muito
preciso...
Enfim, não era sobre Ben...
Mas também era sobre Ben.
Eu tenho uma queda por Julian?
Eu fugi da pergunta no começo, fingindo que era ridículo, que é claro
— eu nunca — quebraria uma regra minha.
Fui eu quem fiz as regras, não quem as distorceu ou quebrou.
Ou, pelo menos, foi assim que sempre pensei sobre mim.
Julian era um CEO inteligente, um empresário inteligente e um bom
líder. Eu o respeitava.
Nada que ninguém precisasse ter ciúme ali.
Dentro da imagem de playboy, ele era charmoso, atencioso e ouvia.
Isso também não deveria inspirar ciúme.
Talvez devesse apenas inspirar algumas pessoas a se esforçarem mais.
Ele era engraçado. Ele era fofo.
E, eu tinha que admitir... ele era o homem mais bonito que eu já tinha
visto. Se ele não fosse um CEO, ele poderia ter aparecido em revistas e
filmes.
Passei mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa na
semana passada e... também tive que admitir: Eu não estava chateada por
ter que passar um tempo com ele.
Será que Ben deveria estar com ciúmes?
Minha resposta padrão foi que perguntei ridícula!
Mas se isso fosse verdade, por que minha mente continuava trazendo
isso à tona?
Bem, se Ben algum dia quisesse saber o que estava acontecendo
comigo, tudo o que ele tinha que fazer era ligar e perguntar, e meu
telefone não tinha feito nenhum pio relacionado a Ben desde que ele
saiu.
Naquele momento, se Ben realmente estava com ciúmes... então,
ótimo. Talvez ele fizesse algo a respeito. Seria bom pelo menos saber que
ele se importava tanto.
As coisas nem sempre foram assim entre nós.
Quando éramos um casal recente, eu podia sentir que estava perto do
centro da vida de Ben e ele estava perto do centro da minha. Nosso
relacionamento era caloroso.
Quando o imaginei, a imagem que vi foi ele me acariciando enquanto
líamos o mesmo livro. Ele lia por cima do meu ombro, e eu sempre
estaria esperando por ele.
Eu era a leitora rápida em nosso relacionamento.
Nós nos divertimos e ele era meu porto seguro.
Para onde foi essa nossa versão?
Será que a teríamos de volta?
Só então, meu telefone fez seu bipe. Silenciei para não atrapalhar o
filme e ler a mensagem.
Era um e-mail de Julian.
Zoey,
Obrigado por todo o seu trabalho, ajuda e excelência geral nas últimas
semanas, você está fazendo um trabalho incrível e eu não poderia estar mais
feliz de tê-la a bordo!
Tenho uma viagem na próxima semana para Nova York — contarei mais
sobre isso pela manhã, mas queria trazer à sua atenção o mais rápido
possível.
Há uma nova propriedade que estamos planejando desenvolver em
Manhattan e terei alguns dias de reuniões e inspeções e... coisas assim.
Fizemos um ótimo trabalho ao entrar em sincronia em nossa realidade
pós-Rufus — — RPR — como eu o chamo — mas ainda não estamos lá e eu
realmente gostaria de manter nosso impulso. Entããão...
Você é bem-vinda a ficar em Chicago, e podemos manter contato por e-
mail, mas se você quiser, eu prefiro que você venha comigo.
O que você diz?
Me avise.
Julian.
Meu estômago se encheu de borboletas nervosas e animadas.
Ok, Zoey Curtis. Por cinco segundos, você tem que ser sincera consigo
mesmo: Você TEM uma paixão inocente por esse cara.
Você VAI manter suas coisas sob controle o tempo todo.
Sem mas.
Não...
Meu telefone começou a vibrar. Ben estava ligando!
Um lampejo de pânico e culpa passou por mim, e quase atendi a
ligação apenas para escapar do sentimento.
Mas eu não estava no espaço certo para falar com ele. Eu ainda estava
com raiva dele.
E eu acabaria discutindo com ele na frente da minha família. Eu
deixei a chamada ir para a caixa postal.
Poucos minutos depois, paramos o filme para reabastecer o lanche e
pedi licença para ir ao banheiro onde ouvi a mensagem de Ben.
— Ei, querida, uh... o que foi? Ouça — espero que o trabalho esteja
indo bem, uh, como está aquela coisa com seu chefe e tudo mais? Uh.
olhe, ouça, estarei de volta em cerca de uma semana.
— Eu tenho uma exposição na galeria e estou trabalhando em Nova
York no sábado e no domingo. Deve ser muito legal. Uma das minhas
novas pinturas será exposta, o que é incrível.
— E no domingo, estarei de volta a Chicago.
Então vamos conversar e superar todas as nossas questões, ok? Até...
logo. Paz.
Suspirei. E eu te amo teria sido bom.
Pelo menos ele ligou.
Eu não liguei para ele.
Claro, eu também não tinha fugido do estado, e cabia a ele me ligar.
Então, eu não ia dar a ele muitos pontos para comunicação básica.
Seria bom esclarecer nossas coisas, porque elas não estavam
melhorando entre nós e, se íamos durar, as coisas precisavam mudar.
Eu esperava que ele quisesse.
Percebi que nunca surpreendi Ben antes e nunca passei um tempo
com ele em Nova York.
Esta viagem com Julian pode ser a única coisa para nos dar uma
chance de resolver isso.
Antes que eu pudesse pensar demais, mandei uma mensagem para
Julian de volta.
Julian

Eu não tinha certeza se Zoey ainda estaria acordada — ela parecia ser
do tipo que vai para a cama às 22h ou algo ruim e saudável assim.
Eu havia passado cerca de meia hora escrevendo o e-mail para ela.
Reescrevendo.
Relendo.
Pensando sobre isso.
O que eu estava fazendo? Por que eu estava nervoso para clicar em —
enviar?
Grace estava dormindo — desde às 21h30 — e ocupava praticamente
toda a cama.
Mas ainda assim me encontrei virando as costas para ela para
esconder meu telefone e o e-mail que estava redigindo. Eu não tinha
contado a Grace ainda sobre a viagem para Nova York.
Não era exatamente difícil ou raro para ela ir lá, então eu não senti
que isso fosse nada de especial...
E se Zoey e eu viajamos juntos, isso não significava que algo iria
acontecer.
Eu não era um animal selvagem.
Eu tinha algum controle sobre mim mesmo.
— É apenas uma viagem de negócios, — eu disse para o quarto.
Apenas uma viagem de negócios, eu disse novamente em minha mente.
... Mas também seria hora de alguém que...
O quê?
Alguém que o quê?
Parecia constrangedoramente piegas, mas parecia que... ela me pegou.
Eu pensei que eu também a tinha conquistado. Mas ainda não tinha
certeza.
Eu sabia que ela era uma ótima pessoa para se trabalhar. Foi ótimo tê-
la ao meu lado nas trincheiras.
Rufus facilitou meu trabalho.
Até agora, Zoey tornou meu trabalho... interessante.
Eu gostava de interessante.
Sentei-me quando sua mensagem de resposta chegou.
Oi. Julian, você me pegou um pouco antes de eu dormir. Estou em Nova
York neste fim de semana!
Fiz uma dança da vitória silenciosa no quarto escuro.
Eu mal podia esperar por este fim de semana!
Capítulo 11
Cruzando limites (estaduais)

Zoey

Fiquei na fila para embarcar em classe econômica para o voo para


Nova York.
Julian ainda não tinha chegado, o que me fez pensar se deveríamos ter
reservado uma passagem mais tarde para ter certeza de que ele chegaria a
tempo.
Revirei os olhos, ouvindo minha mãe ao telefone.
— Agora, certifique-se de que quando chegar ao hotel, faça o check-in
mais cedo e certifique-se de que você e aquele homem tenham quartos
separados.
— Mãe... Claro que vamos — não vou nem terminar essa frase.
Só então, vi Julian chegar à fila de check-in da primeira classe,
parecendo um pouco sem fôlego e confuso.
Ele acenou, depois encolheu os ombros, olhando para o fato de que
estávamos em filas diferentes.
Ele gritou do outro lado da área do portão, chamando a atenção para
mim. — Lembre-me por que você se recusou a obter uma passagem de
primeira classe?
Recusei-me a ter uma conversa aos gritos com ele e uma centena de
espectadores.
Então, em um tom de voz normal, respondi: — Porque o preço é
ridículo.
— O quê! Fale mais — alto, Zoey!
— Por que desperdiçar esse dinheiro? — Eu disse, de novo, não me
importando se ele não tivesse me ouvido. Valeu meu dia vê-lo se esforçar
para ouvir.
Ê
— O QUÊ?
— Estou há duas semanas neste trabalho, não estou prestes a
presumir que como em um prato dourado só porque você come.
Julian colocou as orelhas em concha, mas estava ficando irritado. Ele
olhou ao redor do terminal e balançou a cabeça.
Julian

A primeira classe era o único caminho a percorrer, mas o tédio


sempre foi capaz de me encontrar onde eu menos esperava.
Abri uma mini garrafa de vinho e vasculhei pelo sistema de
entretenimento a bordo.
Nenhuma das opções chamou minha atenção, então tentei me
concentrar nas reuniões do fim de semana: algumas inspeções de
propriedades, alguns almoços e bebidas para bater papo com
investidores.
Moleza.
Então, por que eu estava ansioso?
Eu olhei para trás; a cortina que separava a primeira classe do resto do
avião estava fechada, então não pude ver Zoey.
Eu me perguntei se ela estava impaciente como eu.
Mas por que ela estaria?
Por que estou?
Eu me virei e olhei para frente, me forçando a relaxar. Foi um voo
curto, mas eu poderia simplesmente me acomodar.
Zoey

Se eu fosse uma pessoa mais alta, esses assentos seriam um pé no


saco... bem, na perna. Mas, com o meu tamanho, caberia em qualquer
lugar do avião confortavelmente.
O cara no assento do meio ao meu lado parecia um pouco mais
apertado em seu assento.
Minha mente vagou levemente até Ben, e eu me perguntei se ele
ficaria surpreso com a minha presença em sua exposição na galeria.
Mas se ele não pudesse ficar feliz por eu vir apoiá-lo. isso seria
ridículo.
... Dito isso, eu estava um pouco-ansiosa para vê-lo.
Bem, uma coisa de cada vez.
Coloquei meus fones de ouvido e liguei um pouco de música no meu
telefone, em seguida, coloquei minha máscara de dormir sobre os olhos e
tentei descansar.
— Com licença?
Tirei a máscara e Julian estava lá. Tirei os fones de ouvido.
— E aí, como estão as coisas? — Eu perguntei.
— Sem muitas coisas pra fazer, o que você está fazendo?
Levantei minha máscara de dormir em resposta.
— Bem, estamos trabalhando, não estamos? — Ele piscou.
— Você precisa de minha ajuda pra algo?
Ele puxou uma mini garrafa de vinho de um bolso grande.
— Meio cedo, não é? — Eu perguntei.
— Bem. com a mudança de fusos horários, não é ruim. Mas é de
manhã — talvez os Bloody Marys sejam mais a nossa cara?
— Eca, nunca.
Meu vizinho se mexeu um pouco na cadeira, tentando mais uma vez
ficar confortável.
Julian o notou. — Ei, amigo, um pouco apertado?
Meu vizinho olhou para mim. — Você está falando comigo?
Julian acenou com a cabeça. — Vamos fazer o seguinte. Estou na
primeira classe, quer trocar?
Ele acenou para uma aeromoça. — Podemos trocar de lugar? Isso não
é um problema, é?
A aeromoça piscou. — Você quer trocar... a primeira classe pela...
economia?
Depois de um sorriso encantador, meu vizinho estava de pé e a
aeromoça o conduzia para a primeira classe.
Eu invejava a maneira como Julian era capaz de puxar conversa com
alguém, a maneira como ele conseguia preencher uma lacuna com um
estranho.
Virei minhas pernas e Julian passou por mim e se acomodou no
assento do meio.
Ele se contorceu, tentando encontrar a maneira mais confortável de
se sentar.
— Você não precisava voltar aqui, sabe, eu só ia dormir.
Algo estava cutucando seu lado. Ele se inclinou e tirou um punhado
de mini garrafas de vinho.
— Abracadabra.
Fiquei boquiaberta. — Puta merda! Por que você pegou tantas —
como?!
Ele encolheu os ombros. — Eu conheço um cara...
Eu comecei a rir.
Cobri minha boca, ciente do barulho que estava fazendo.
Ele puxou um baralho de cartas e abaixou minha bandeja. — Quanto
dinheiro você tem com você? — Ele sorriu.

Julian distribuiu outra mão para cada um de nós entre os goles. Eu


não era a melhor jogadora de pôquer, mas me garantia.
Consegui ganhar cinco dólares!
— Devemos repassar o itinerário do dia? — Eu perguntei.
Ele roncou e continuou a distribuir cartas.
Eu dei de ombros e olhei através da minha mão. Tivemos o cuidado
de esconder nossas cartas um do outro.
Eu disse: — Então, está tudo programado, temos cinco reuniões hoje.
Você quer ir para o hotel primeiro ou ir direto para a reunião número
um?
— Reunião primeiro. Quantas cartas você precisa? — Ele perguntou.
Entreguei a ele duas cartas para descartar. Ele distribuiu as cartas. —
Há algo que você está querendo verificar enquanto estamos na cidade?
Aposto que você vai ao Empire State Building toda vez que está lá, estou
certo?
— Nunca fui lá.
Ele percebeu isso, então, curioso, pegou um dos meus fones de
ouvido e o colocou no ouvido. Eu me senti um pouco constrangida
enquanto ele ouvia minha música. — Legal. — Ele disse. Ele pegou meu
telefone e folheou minhas listas de reprodução.
— Muito rock, entendo, clássico e indie, então você tem uma
autoestima acima da média...
— Como você determina isso? — Eu perguntei, revirando meus olhos.
Ele continuou rolando. — Algum pop ousado, legal, fala com um
comportamento ocasionalmente turbulento ou nervoso, vou ficar de
olho nisso...
Eu ri e rolei meus olhos.
— Ooh... um pouco de R&B suave. Segue seu coração, confia em seus
sentimentos, ok, ok, você está começando a entrar no meu foco. Curtis,
você passou no teste.
Ele colocou o outro fone de ouvido no meu ouvido e. de repente,
nossos rostos estavam a centímetros de distância.
Esta é uma chance, pensei. Você poderia fazer isso. Você sabe que ele está
pensando nisso.
Você vê em seu rosto.
Ele vê em seu rosto.
Seus lábios estão tão próximos...
— O que você diz? — Ele perguntou.
Eu olhei em seus olhos. Isso estava prestes a acontecer?
— Sobre a música, — ele esclareceu.
Limpei a garganta, lembrando de mim mesma, lembrando de Ben,
lembrando de Grace, lembrando de meu trabalho.
O momento passou...
... e uma parte de mim instantaneamente esperava que houvesse outro...
Julian fechou meu aplicativo de música, o que levou meu telefone de
volta à tela principal, mostrando minha imagem de papel de parede: eu e
Ben na praia.
— Quem é aquele cara? — Ele perguntou.
Julian

Ela pegou o telefone de volta e fechou a tela.


Eu não queria olhar para a foto. Mas ver aquele cara definitivamente
tirou o fôlego da diversão que estávamos tendo.
— Esse é o seu cara? — Eu perguntei, tentando manter a calma.
Ela hesitou por um segundo, incerta. — Esse é ele.
Parecia que ela não queria falar sobre isso, então eu relaxei.
Eu entendi suas razões. Jensen e Kyla me questionavam o tempo todo
sobre mim e Grace. E o tempo todo, eu me esquivava das perguntas ou as
ignorava completamente.
Grace e eu éramos exclusivos e, até agora, nenhum de nós havia saído
dos limites. Isso não era necessariamente a norma para nenhum de nós
no passado.
Mas o que tínhamos era...
O quê, Julian? Termine essa frase.
Ela era linda e divertida e nós dois viemos do mesmo tipo de vida e
mundo. Eu era um bilionário, ela era uma supermodelo. Minha família
conhecia a família dela.
Atendemos às expectativas das pessoas.
Eu gostava de todas essas expectativas?
Quer eu gostasse ou não, não conseguia ver como isso importava.
Eu era um Hawksley, e Hawksleys não era como todo mundo; nós
éramos...
Tanto faz. Eu estava sendo um desmancha-prazeres, uma coisa que
odiava ser.
— Tudo bem, o que você tem? — Eu perguntei, mudando o assunto
de volta para as cartas. Eu montei um straight flush.
Mas ela mostrou um royal straight flush.
— Caramba. Você está me pressionando, Curtis? — Um enorme
sorriso iluminou seu rosto. E aquele sorriso me deixou
surpreendentemente feliz.
Ela estendeu sua mão. — Pague.
Zoey

Chegamos ao River Plaza Hotel por volta das 2 da manhã, e desci do


carro com entusiasmo.
Hawksley Hotel SoHo era o hotel mais chamativo e glamoroso dos
cinco distritos, mas Julian adorava surpreender a concorrência
aparecendo sem avisar.
Eu não me importava com a perspectiva de ser mimada em um hotel
chique com Julian por um fim de semana.
Mas, aparentemente, ele deveria ter seguido meu conselho e
reservado nossos quartos com antecedência, porque o hotel estava
superlotado e estávamos exaustos.
O concierge se desculpou. — Sinto muitíssimo, senhor, senhora, mas
há apenas uma suíte disponível para a noite, e essa é a suíte presidencial
no último andar.
Oh, meu Deus.
Estamos compartilhando um quarto. Durante todo o fim de semana.
Minha mãe estava certa!
Mas seja como for, isso só seria um grande negócio se fizéssemos isso.
Nós dividiríamos um quarto. Haveria um sofá, provavelmente até
uma segunda cama em algum lugar.
Não é.
Nada.
Demais.
Bem.
Exceto que era.
Eu ia passar a noite com meu chefe.
Com Julian Hawksley.
Nós dois sozinhos em uma suíte de hotel durante todo o fim de
semana.
Não é grande coisa, tentei me tranquilizar.
Então por que eu estava tão animada?
Capítulo 12
O tipo de diversão que te coloca em apuros

Julian

Todo o negócio de — Só há um quarto para nós dois Eu NÃO fiz isso de


propósito.
Eu não queria deixar Zoey desconfortável.
— Bem. o que você acha? — Eu perguntei a ela na recepção. —
Qualquer arranjo que você preferir, eu posso dormir no banheiro, posso
dormir no corredor ou na limusine...?
— Você não vai dormir na limusine, — disse ela, revirando os olhos.
— Bem, antes de você tentar me tornar um santo, a limusine tem um
colchão d'água, então... Mas poderíamos tentar outro hotel, se você
quisesse? Como, por exemplo, o Hawksley Hotel no SoHo, o que eu
possuo?
Zoey

Minha respiração ficou apertada. — Não seja ridículo — estamos


aqui, estamos cansados e tenho certeza de que o quarto é enorme. E
como você disse, podemos fazer o reconhecimento da competição.
— Estou dentro, — Julian fez um joia com a mão e sorriu,
envergonhado.
— O quê?
— Bem, provavelmente deveríamos ser adultos por cerca de trinta
segundos e nos dirigir ao elefante na sala. Arranjos para dormir. — Oh.
Corei um pouco, mas nas luzes fracas do saguão, acho que ele não viu.
De repente, me senti muito consciente de mim mesma e queria
deixar esse assunto para trás rapidamente. — Vamos dormir um com a
cabeça nos pés do outro, — eu disse.
— Uma inversão, inteligente. Bom, — Julian respondeu, — só não me
chute. Eu gosto do meu rosto. — Ele sorriu maliciosamente.
— Sem garantias, — eu disse, sorrindo de volta, e fomos para a nossa
suíte.

Eu peguei o cartão-chave e abri a porta.


O River Plaza Hotel não era nada pobre. Lustres vitorianos, móveis de
estilo salão, uma TV de tela plana gigante e uma vista enorme de
Midtown.
Muitos sofás, móveis e espaço no chão.
— Por que você não fica com a cama, eu vou descobrir onde passarei a
noite, — Julian ofereceu. — Uhh... — eu comecei, sem saber o que diria a
seguir. — Isso é atencioso, mas... está tudo bem. Não vou pedir para você
dormir no chão.
— Você tem certeza? — Ele perguntou.
Eu concordei.
— Bem, se você insiste. Mas eu o lado direito é meu! — Julian jogou
suas coisas na cama king-size. Minha rotina noturna normal demorava
cerca de meia hora, o que incomodava Ben, e me deixava constrangida,
então sempre tentei ser o mais rápido possível no banheiro.
Mas esta suíte presidencial veio com banheiros separados, então eu
demorei para colocar meu pijama: uma camiseta regata e shorts.
Eu peguei meu reflexo no espelho e parei.
Esta roupa estava um passo acima da roupa íntima. É eu estava
prestes a sair na frente de Julian Hawksley.
Tudo bem?
Eu estava bem com isso?
Apaguei a luz do banheiro e atravessei o quarto até o canto da cama.
Julian definitivamente espiou. — Você está experimentando roupas
para amanhã? Não sei se esse conjunto é realmente 'business casual'.
— Cale a boca e não venha com ideias, — eu ri, subindo sobre as
cobertas.
Ele tirou os chinelos e a camisa.
Eu sabia que ele estava em forma, mas eu não estava pronta para a
perfeição que ele mantinha escondida sob suas roupas.
Ele estava rasgado, mas apenas abaixo do nível que parecia que ele fez
a academia toda a sua vida. As sombras lançadas por seu torso e braços
me deram arrepios e ele me olhou com uma piscadela.
— Existe banheiro pra isso! — Eu gritei, rindo e jogando um
travesseiro nele.
Em seguida, ele tirou as calças.
— Julian!
Ele se deitou sob as cobertas do seu lado da cama, espalhando-se
comicamente.
'Uh, as luzes? — Eu disse.
'Você pode? — ele perguntou.
— Você foi o último a vir!
— Que criança... Tudo bem! — Ele pulou da cama e cruzou o quarto...
E eu tive uma última visão da noite. Ele estava usando uma cueca
boxer, que se agarrava firmemente em todos os lados, incluindo a frente.
Ele se virou antes de desligar a luz e, por meio segundo, ele me pegou
verificando-o.
Olhei para qualquer outro lugar o mais rápido que pude antes que ele
apagasse a luz.
Sua silhueta passou novamente, enviando um traço de sua colônia
flutuando em minha direção.
Ele foi a última visão e cheiro que experimentei antes de tentar
dormir.
Mas não consegui dormir. Cada respiração tinha seu cheiro. Cada vez
que ele se mexia, eu sentia.
Fiquei deitada lá a noite toda... incapaz de acreditar que estava
dormindo na mesma cama que Julian Hawksley... e me perguntei se ele
estava acordado.
— Você está acordado? — Sussurrei o mais baixinho que pude. —
Julian?
Julian

Sua voz sussurrou meu nome no escuro...


Seu peso na cama se mexia quando eu me movia...
Por que isso era tão melhor do que com Grace?
O pensamento me assustou e não queria acreditar que fosse verdade.
Eu estava cansado, um pouco bêbado e um pouco com jetlag.
Apenas uma hora, mas o ritmo circadiano é tudo!
Eu não respondi a Zoey.
Não confiei em mim mesmo para seguir as regras se o fizesse.

Nossas reuniões e inspeções nas manhãs de sábado foram rápidas e


vimos um punhado de locais que eram possíveis combinações para o
nosso desenvolvimento.
Fiquei feliz e sabia que nosso Conselho de Diretores também ficaria.
Eu redirecionei o motorista assim que voltamos para o carro, dando a
ele um desvio de nossa rota programada.
Viramos à direita na Lexington e na Thirty-Fourth Street, o que nos
deu uma vista desobstruída do Empire State Building pela primeira vez.
— Ei, o que é isso? — Eu perguntei, dirigindo a atenção de Zoey para
o prédio.
Ela ficou sem ar, ficou sem palavras. — O meu Deus!
Adorei ver sua genuína surpresa e empolgação. Grace era neutra
sobre praticamente tudo.
— Como CEO, declaro o resto do dia como fim de semana e as
reuniões estão encerradas. Vamos!
Eu pulei para fora da limusine e estendi minha mão, esperando ela
pegá-la e se juntar a mim.
Ela estava prestes a dizer algo responsável, então eu a interrompi: —
Ei: acabei de emitir uma declaração, não me obrigue a fazer isso de novo!
Ela pegou minha mão e eu a ajudei a sair do carro.
Zoey

Julian conhecia algumas pessoas que conheciam algumas pessoas, e


fomos conduzidos a um elevador particular do Empire State Building.
Depois de uma série de portas e corredores, fomos levados para o
terraço da porra do prédio!
— Isso está realmente acontecendo? — Eu perguntei a ele.
O vento soprou em nós, quase me derrubando. Julian me pegou com
as mãos. Eu não tinha percebido totalmente o quão grandes e fortes
eram seus braços até aquele momento.
— Está realmente acontecendo, — respondeu Julian, ainda com as
mãos nos meus ombros.
Eu pensei em suas mãos viajando para baixo, envolvendo minha
cintura.
Eu ri de mim mesma e ele me soltou.
— Devemos cuspir da beirada?
Eu ri de novo e caminhamos até a beirada.
E nós não cuspimos, só para constar.
Podíamos ver o mirante e todos os turistas aglomerados lá dentro. E
as ruas da cidade a trezentos metros abaixo.
Eu esperava que o resto do fim de semana fosse tão mágico.
Estou realmente matando aula com meu chefe, Julian Hawksley, da
Hawksley Enterprises?
Na cidade de Nova York?
No Empire State Building?
Eu não estava louca: passando tempo juntos assim, bebendo juntos,
tocando música e jogando cartas e fazendo um tour de carro por
Manhattan...
Esse era o tipo de coisa que você fazia em um encontro.
Eu não estava reclamando: o último dia e meio foi mais divertido do
que meus últimos meses.
— Você disse que nunca esteve aqui, — disse ele, liberando minha
mão e nos conduzindo em direção às portas do saguão.
Aquela noite foi a exposição com alguns dos trabalhos de Ben em um
museu no Upper East Side. Tirei a noite de folga de Julian e entrei em um
táxi.
O que funcionou bem para Julian — aparentemente, Grace o seguiu
em um voo posterior, e eles iriam jantar no East Village com alguns de
seus amigos.
Era bom que ela estivesse na cidade: isso poderia colocar um freio
entre mim e Julian.
Não que algo estivesse acontecendo.
Mas... passamos muito tempo juntos e, por melhor que fosse, seria
bom para nós dois passarmos um pouco de tempo com nossos parceiros.
Embora tivesse sido muito divertido sussurrar com ele como crianças
em uma biblioteca sobre toda a arte estranha em exibição. — Muito
vanguardista.
Eu vaguei pelo museu, navegando por um rebanho de hipsters falidos
e aspirantes a influenciadores. Fiquei de olho em Ben, esperando que ele
ficasse surpreso em me ver.
Felizmente surpreso.
Eu deveria ter me vestido menos — business casual — e mais —
casual. — Ou — bizarro.
Eu me destacava totalmente com meu colarinho listrado, blazer cor
de ameixa, jeans preto e sapatilha.
Todos os demais se sentiam à vontade com roupas que levavam o
termo — vestimenta — ao seu limite absoluto. Uma mulher andava com
nada além de gaze enrolada em torno dela.
Nada. Exceto. Gaze.
Eu deveria ter interpretado meu sentimento de deslocada como um
presságio.
Julian

Para minha surpresa, Grace estava em uma sessão de fotos em Nova


York e estava livre a noite toda. Ela queria ir a uma festa com suas amigas
da moda no Brooklyn e eu concordei em ir.
Cheguei do lado de fora do bar onde seus amigos estavam reunidos e
percebi que estava prestes a ter uma noite longa e barulhenta de heavy
metal e bate-cabeça.
Eu tinha protetores de ouvido, mas... eu simplesmente não estava
sentindo que estavam funcionando.
Quando Grace chegou, fingi uma dor de cabeça e sintomas de
resfriado que surgiram — de repente — e disse que não queria estragar a
noite dela.
Ela ficou irritada, mas não resistiu.
Saí do bar e pedi ao motorista que me pegasse.
Eu tinha outros planos.
Quarenta minutos depois, cheguei à galeria de arte.
A amiga de Zoey na recepção do Grand Hotel nunca disse nada sobre
um namorado, embora eu não tenha pressionado para descobrir
exatamente que rótulo Zoey e seu namorado amante de arte estavam
usando.
Eu dobrei uma esquina e fiquei... divertido, para colocar de forma
educada, com os trabalhos em exibição.
A energia de uma galeria de arte e de pessoas criativas fazendo um
trabalho criativo sempre me deu arrepios.
Mas essa não era a minha cena.
Ou minha turma.
E, para ser sincero, não parecia o grupo de Zoey também.
Um cara artístico esbarrou em mim ao passar, sem parar para se
desculpar.
Ele chamou minha atenção... eu o reconheci, de alguma forma...
Do celular da Zoey!
Esse era o cara da foto no telefone de Zoey.
Eu o segui, imaginando que ele me levaria até Zoey.
Com certeza, ele se aproximou de uma mulher, mas quando ele a
girou e a beijou, eu parei de repente.
Ela era da altura de Zoey e tinha o mesmo corte de cabelo, mas não
era...
— Julian? — Eu me virei. Zoey se aproximou, surpresa em me ver. —
O que você está fazendo aqui...
Suas palavras congelaram em sua garganta.
Ela viu Ben beijando uma estranha. Mais do que beijar. Cada um deles
tinha suas línguas na garganta do outro.
Eu nunca tinha visto Zoey mais devastada.
E agora?
Capítulo 13
Diferenças criativas

Julian

Ela apareceu do nada, assim como ela fez a primeira vez que a vi. Na
primeira vez, seu rosto estava sereno, convidativo, aberto.
Agora, ela parecia confusa, assustada e vazia.
Meu primeiro pensamento foi que ela estava muito fora de seu
alcance.
Zoey deu um passo à frente, cruzando a sala em direção a eles.
Oh, Deus, lá vamos nós.
Zoey

Meus pés me moveram pela galeria, mas eu não conseguia senti-los.


Eu não sentia nada.
— Ben? Ben? — Achei que estava falando, mas tudo ecoava em minha
mente.
Talvez tudo isso tenha sido um sonho ruim;
talvez alguém tivesse colocado alguns cogumelos mágicos na minha
água e eu estivesse tendo alucinações.
Mas Ben se virou e ficou branco como um lençol quando percebeu
que era eu.
Não consegui processar o que estava vendo. Que eu saiba, eu nunca
fui traída.
Ver Ben com outra mulher me deixou em choque. A única coisa que
claramente senti foi vergonha.
Ele estava no meio de um beijo com essa mulher quando me viu e se
afastou rapidamente. Todo o seu corpo começou a tremer, atraindo a
atenção da sua — amiga.
— Benny? — Ela perguntou. — O que há de errado, o que está
acontecendo?
Ben tentou se afastar um pouco dela, por minha causa. — Zoey?! O
que você está... por que você... por que você não me disse que estaria
aqui? Eu... isso não é o que...
Ele parou. Ele foi pego com a mão na massa. Na verdade, sua mão
estava na bunda dessa estranha.
— Meu Deus, Zoey... Meu Deus... Umm... Escute, eu não posso fazer
isso aqui, conversaremos depois... onde você vai ficar?
Eu sabia que ele estava me fazendo uma pergunta, mas meu cérebro
estava em choque.
Eu não conseguia falar, tudo que pude fazer foi olhar para os dois
com uma expressão vazia.
O que teria acontecido se eu não tivesse chegado quando cheguei?
O que eles ainda esperavam que acontecesse?
O que já aconteceu?
— Ben, o que... — foi tudo que consegui dizer.
Ele limpou a garganta, sem saber o que fazer. — Agora não. ok?
Vamos fechar aqui às 23h, então por que não nos encontramos em algum
lugar e conversamos sobre isso? Zoey?
Mesmo assim, tudo que pude fazer foi olhar, minha boca se movendo
como um peixe prestes a morrer asfixiado, nenhuma palavra saía.
Meu estômago afundou.
Os últimos três anos pareciam um castelo de areia, e uma onda
enorme acabara de se chocar contra ele.
Eu queria vomitar, mas não aqui. Não na frente de Ben.
Também não na frente de Julian.
Eu não queria admitir e não queria deixar nosso relacionamento, mas
não sabia o que tinha que suportar.
Senti a distância que havia entre nós, não era idiota.
Era possível que ele estivesse com alguém enquanto estava fora?
Certo.
Da mesma forma, pensei, era possível que eu pudesse estar com
alguém enquanto ele estava fora.
Exceto que eu não estava.
Durante todos aqueles tempos em que ele se foi, meus olhos e
coração nunca se perderam.
A única vez durante todo esse tempo em que cheguei perto foi com...
A confusão tomou meu coração e mente quando uma voz em minha
cabeça terminou aquela frase: com Julian.
Mas isso foi diferente. Eu tinha me segurado.
E eu sempre faria isso porque Ben e eu éramos monogâmicos e
exclusivos.
Ou assim eu pensava...
No momento, não conseguia processar o quão ingênuo eu havia sido.
Não conseguia processar nada.
Isso está realmente acontecendo?
— Zoey, — Ben disse. — Eu não posso fazer isso aqui. Zoey. Zoey?
Olá? Zoey?
Eu estava em choque. O que aparentemente irritou Ben. — Ok, eu sei
que sou o idiota aqui, ok? Eu sei disso e sinto muito, e conversaremos
sobre isso. Nos encontraremos em algum lugar mais tarde, certo?
Ainda assim, eu apenas fiquei lá. O que mais podia fazer?
Ben se afastou da mulher. — Eu sei o que parece, mas o que eu e
Noreen temos, não é o que parece. Tipo... é, mas você não precisa se
sentir ameaçada por isso.
Ele acenou com a mão na frente do meu rosto. — Zoey, você vai ficar
brava comigo ou ter um colapso ou algo assim?
Eu estava em choque e mal conseguia ouvi-lo.
Na verdade, pensei que fosse desmaiar.
A multidão da exposição tinha voltado sua atenção da arte nas
paredes para o drama na sala, e eu não aguentava ser o centro das
atenções.
A sala estava girando.
Não sabia como voltaria para o hotel.
Não sabia como sairia da galeria.
Eu não sabia como me mover de onde estava.
Foi quando Julian se aproximou de mim.
Julian

Eu não sabia o que fazer, mas não pensei antes de entrar no meio de
sua bagunça.
Eu coloquei minhas mãos nos ombros de Zoey e a estabilizei. — Uau,
um pouco trêmula. Vamos tirar você daqui, certo? — Ela olhou para mim
como se eu estivesse falando mandarim.
Ela precisava de um amigo agora. Alguém para intervir e protegê-la
quando ela não pudesse se proteger.
Para ser honesto, eu não sabia exatamente do que ela precisava, mas
decidi que faria algo.
Eu esperava não piorar as coisas.
Zoey

A presença de Julian clareou um pouco a névoa de minha mente. Ele


apertou meus ombros, não muito forte, mas o suficiente para me deixar
saber que ele cuidaria de mim; que eu tinha alguém pra me proteger.
Ele se virou para a mulher que Ben estava beijando. — Noreen, não é?
Quer ir tomar uma bebida? Ficar longe de tudo isso?
Noreen acenou com a cabeça, muito ansiosa para ir. Ela se afastou em
direção ao bar. mas parou, esperando por Julian, presumindo que ele iria
com ela.
— Oh, não, eu disse se você queria beber alguma coisa.
Ela entendeu essa dica, deu de ombros e foi embora.
Ben fez uma careta, confuso. — Cara, o que você... tanto faz, você
pode, eu... desculpe, oi, eu sou o Ben. — Ele estendeu a mão.
Julian apertou. — Julian Hawksley.
Ben congelou, reconhecendo Julian pelo nome ou pela aparência, eu
não tinha certeza. Mas eu senti uma leve emoção de felicidade pelo olhar
que tomou o rosto de Ben.
Julian baixou a voz. — Pego um pouco em flagrante aqui, hein?
Ben procurou as palavras, mas Julian não lhe deu chance. — Alguma
das obras de arte é sua?
Ele apontou para uma pintura próxima. — Sim, uh, na verdade. Você
gostou de alguma obra?
— Gosto de pau pra toda obra, — Julian disse, impassível.
Seu trocadilho me fez rir.
A pintura de Ben estava com uma mancha de cores selvagens, quase
caótica. Ele retratava uma paisagem de selva enterrada sob toneladas de
lixo.
— Há muita coisa acontecendo aqui, — disse Julian. inclinando-se
para olhar mais de perto.
Ben pareceu esquecer nossa pequena cena e começou a exibir sua
pintura como Vanna White. — Tecnicamente, isso é surrealismo
moderno. Eu chamo isso de Agora.
Julian assentiu pensativamente, estudando a peça.
Ele olhou para mim, e eu não poderia dizer se ele estava perdido.
Os artistas hipster assistindo estavam, sem dúvida, ansiosos para
assistir esse cara corporativo fazer papel de bobo. Eu esperava que ele não
fizesse.
— Você está tentando borrar as bordas, misturando a selva antiga
com os excessos modernos, e como eles se cruzam para frente e para trás,
mudando um ao outro. Estou perto? — Julian perguntou.
Ben acenou com a cabeça, animado. — Sim, cara, você tem razão!
— Eu pensei assim. As pinceladas denunciam você, algumas dessas
combinações de cores dizem que você só conseguiria fazer esse efeito
usando vários pincéis simultaneamente.
Ben estava quase morrendo de medo. — Essa é totalmente minha
estética, essa é minha, você sabe, a receita secreta do coronel Sanders.
Cara, podemos ser melhores amigos?
Fazer Ben se sentir melhor com sua arte não era o que eu esperava.
Mas Fiquei impressionada com o quão letrado Julian era.
Ele colocou minhas mãos nos bolsos e balançou a cabeça. — Não,
Ben, acho que não podemos. Porque seu objetivo é banal.
— O quê? — Ele perguntou, praticamente derretendo. — Não, cara,
você simplesmente não está entendendo.
— Eu acho que estou, — Julian continuou. — Se você misturar nossos
excessos com o antigo, isso estraga o antigo, certo? É isso que você está
dizendo aqui?
Ben encolheu os ombros e assentiu lentamente.
— Mas ainda é uma pintura, Ben. O uso da cor é praticamente
ininteligível, o que seria ótimo se você fosse Jackson Pollock e estivesse
indo mais em uma direção abstrata.
Julian examinou mais de perto, então balançou a cabeça novamente,
como um médico olhando para um raio-x ruim.
— Mas a sua imagem é representativa. Você está mirando na
psicodelia, mas caiu em um liquidificador de Escher e Salvador Dali, sem
nenhum estilo pessoal.
Ben zombou, procurando por reforços.
Ele não recebeu nenhum.
— Por último, Ben, por que não podemos ser amigos? Em poucas
palavras? Você é um merda. Esta mulher bem aqui, — disse ele,
apontando para mim, — ela é a selva. E você é o lixo.
A galeria explodiu em suspiros e Julian me agarrou pela mão e se
dirigiu para a porta.
— Vamos! — Saímos correndo rindo.
Julian me levou até o primeiro bar que encontramos, que acabou
sendo um bar de karaokê onde os bêbados de vinte e poucos anos se
fazem de idiotas.
Fomos para um canto escuro depois que Julian pediu tequila, e ele
ouviu a música e apenas me deixou em paz até que eu estivesse pronta
para falar, sair ou começar a gritar.
Ele conhecia bem o assunto quando se tratava de arte e sabia como
falar sobre isso, o que nem todo mundo sabia.
Enquanto ouvia as interpretações ruins de Billy Joel, percebi que
Julian me defendendo foi a coisa mais corajosa que alguém já fez por
mim.
O que quer que éramos — sócios, colegas, amigos, qualquer outra
coisa — eu não sabia. Mas eu nunca esqueceria seu ato altruísta de
amizade.
Afogamos minha tristeza e nossas inibições com shots e, em pouco
tempo, eu estava falando sobre tudo.
Sobre Ben, nosso relacionamento, há quanto tempo estávamos
juntos, para onde eu pensei que estávamos indo...
A tequila também soltou a língua de Julian, e ele falou sobre Grace,
seu relacionamento, e a sensação de que talvez não fosse o que ele queria.
Depois de tirar tudo isso de nós, mais shots apareceram e nos
juntamos à multidão para cantar — Auld Lang Syne.
Todos no lugar se levantaram e balançaram com o refrão.
Nós colocamos um braço em volta um do outro quando a música
entrou em seu verso final...
E enquanto cantávamos o último verso, me virei para ele e sorri.
Ele também sorria.
De repente, parecia que apenas nós dois estávamos ali.
Olhando nos olhos um do outro.
Rostos a centímetros de distância.
Meu coração estava disparado.
Eu senti sua respiração acelerar.
Nós dois nos inclinamos para frente.
Nossos lábios estão a centímetros de distância.
Eu não queria mais me conter e estava pronta para que qualquer coisa
acontecesse.
Capítulo 14
O dia depois da manhã, depois da noite anterior

Zoey

Na manhã seguinte, acordei com dor de cabeça, mas Julian tinha


pedido serviço de quarto que incluía café, suco de laranja e um mojito —
minha bebida favorita — que estavam todos espalhados ao seu lado da
cama.
Ele colocou uma nota com ele: — É a suíte presidencial, afinal, cure
uma ressaca com outra! Tenha um bom domingo!
Eu ouvi algo na outra extremidade da nossa suíte, então fui em
direção à sala de estar, onde Julian estava com a porta quase fechada
enquanto fazia um treino de ioga.
Ele estava de cueca boxer de novo e curvando-se para trás;
empurrando seus quadris para frente, revelando o contorno do que ele
tinha por baixo da cueca.
Eu me virei rapidamente, não querendo olhar. Fui ao banheiro e
liguei o chuveiro, deixando a água esquentar primeiro. Eu encarei meu
reflexo no espelho e repassei a noite.
Eu tinha feito algo muito louco?
No bar, Julian e eu conversamos muito. Eu sabia que tinha falado
demais — eu tendia a fazer isso quando um pouco de bebida entrava em
meu sistema.
Aparentemente, nós dois tínhamos essa tendência. Ou ele estava
compartilhando para me fazer sentir menos envergonhada.
Ele me contou sobre Grace; como ela tinha sido uma perseguição
baseada em — ambições superficiais — — palavras dele.
Mas o relacionamento era vazio de acordo com ele.
Sim, ambos eram membros de um estrato de elite da sociedade, mas
isso era tudo que eles tinham em comum.
O que havia começado como divertido e casual tornou-se algo sem
alegria e rígido, e ele parecia não saber quem queria o quê.
Depois que outro shot lhe deu coragem para dizer isso, ele revelou
que não queria mais nada com ela. Estar com ela era mecânico, era
obrigatório. — Quer dizer, quando te conheci, foi porque eu estava me
escondendo dela, eu precisava de uma pausa. — Ele olhou para mim por
um momento e um sorriso se espalhou em seus lábios. — Estou muito
feliz por ter feito isso.
Isso foi logo antes de — Auld Lang Syne — começar e nós nos
colocarmos em pé com todos os outros.
Quando a música terminou, o bar desapareceu e tudo que eu estava
ciente era de Julian. Sua consideração. Sua preocupação.
O corpo dele. A cara dele. As mãos dele.
Seus lábios.
Eu me movi em direção a eles. Estávamos prestes a nos beijar
quando...
— POUR SOME SUGAR ON ME!
... O clássico do rock dos anos 1980 explodiu e a multidão começou a
pular, batendo em nossa mesa e derramando nossas bebidas.
O momento estourou e nós dois deixamos nossos braços caírem ao
lado do corpo.
Tentei afastar a memória e, quando o fiz, percebi que o banheiro
estava coberto de vapor.
Julian

A ioga normalmente era eficaz para clarear minha cabeça.


Mas não importa quantas cabeças da vaca ou cachorros invertidos ou
guerreiros eu fizesse, minha mente continuava vagando de volta para a
noite passada.
Continuei tentando definir o que tudo isso significava.
No bar, Zoey realmente se abriu.
— Ben e eu não temos sido felizes há muito tempo. O que estou
esperando? Ele não me respeita, isso está bem claro.
— Ele é egoísta, — ela continuou, — ele está sempre ausente, por
meses a fio, e depois aparece quando quer e espera que eu ligue tudo de
novo.
Ela tinha muito que desabafar.
— Ele não me apoia, não se importa com a minha vida ou com o que
estou passando, ou se ele se importa — não, ele simplesmente não se
importa. O que estou ganhando com isso? Exceto ficar mais velha.
Isso foi alguns momentos antes de — Auld Lang Syne — começar... o
que foi alguns momentos antes de quase nos beijarmos.
Mas não o fizemos.
Eu ajudei a levar Zoey de volta para a suíte e ela caiu em nossa cama.
Nossa cama.
Enquanto tirava seus sapatos e meias, me perguntei se seria mais
simples se eu dormisse no chão. Mas talvez isso chamasse muita atenção
para isso.
Ela rolou e estendeu a mão. bêbada. — Bem. Sr.
Hawksley... obrigado por uma noite agradável, foi muito...
profissional.
Pisquei na escuridão. Um pouco murcho.
Ela riu um pouco e desmaiou.
Rastejei para o meu lado da cama e me enrolei para dar a ela o
máximo de espaço que pude.
Tentei ficar na minha. E dar a Zoey algum espaço. Ela ficaria
vulnerável depois de terminar com Ben.
Espere. Ela terminou com Ben?
Zoey

Concluímos a última inspeção no Upper West Side e procuramos


algum lugar para almoçar.
No caminho, passamos por um estande da TKTS e nos aproximamos
da janela.
— Procurando por um show, vocês dois? Esta noite temos Júlio
Césciràs 19h30. Então, às 20h, temos Chicago. Alguma coisa te agrada? —
Julian e eu nos entreolhamos. — Como não poderíamos? — Julian
perguntou, e eu balancei a cabeça com um grande sorriso.
O vendedor apertou alguns botões e entregou dois ingressos.
Fomos até o restaurante, animados com a noite que viria.
— Uau! — Eu disse.
— Isso vai ser legal, certo? Você não está feliz por ter vindo?
— Sim! Literalmente, nada além de bons momentos! — Eu disse
sarcasticamente.
Julian pareceu murchar.
Zoey, sua idiota! Pare de dizer a esse cara que você não está se divertindo
com ele!
— Isso não foi o que eu quis dizer. Estou me divertindo muito com
você. É que com toda essa coisa com Ben...
Julian acenou com a cabeça.
— Sério, — tentei esclarecer, — estou muito feliz por estar aqui.
Hum, mas, na verdade, eu quero me desculpar por algo.
Julian

Meu coração estava de repente saindo pela boca.


— Claro, — eu disse, dando uma mordida na salada, tentando ser
casual, mas meu garfo tremendo no meu prato pode ter me denunciado.
— Eu... quero me desculpar pelo que eu disse.
— Pelo que você disse? O que você quer dizer?
— Não. quero dizer, ontem à noite, por dizer 'obrigado pela noite
profissional' ou o que quer que eu tenha dito. — Ela balançou a cabeça,
com raiva de si mesma.
— Quando eu disse que era 'profissional'. Eu estava com medo de
dizer o que era... Falar é muito mais difícil de fazer sem qualquer
coragem líquida, ummm...
Ela tomou um gole d'água.
O que ela ia dizer?
Os poucos segundos que esperei que ela terminasse seu pensamento
foram alguns dos segundos mais emocionantes da minha vida.
Ela continuou,. —.. Enfim, um. O que você fez na galeria, com.. Ben.
Obrigada. Obrigado de, tipo, mil maneiras diferentes — não posso
acreditar como você o destruiu!
Eu ri. — Eu meio que não acredito também.
Você não teria feito isso se não gostasse dela, sabe disso, não é?
— Mas pelo que estou me desculpando... quando eu disse que era
'profissional', quis dizer... gentil. E cuidadoso. E doce. E... imprudente e
perigoso, então não faça isso de novo, mas— — Você viu o que eu estava
passando e você...
Ela retomou depois de outra pausa, — Eu te conheço muito melhor
do que antes, e... Estou feliz por estar aqui com você, e feliz por
estarmos... sinto que estamos nos tornando amigos.
— Amigos com seguro dentário, cobertura de saúde completa, opções
de ações e um 401k, — provoquei.
Ela caiu na gargalhada, acenando para mim.
Oh, a risada dela foi incrível.
Eu queria ouvi-la rir novamente.
Eu queria fazê-la rir de novo.
De novo, e de novo, e de novo...
— Olha, olá, sumida, — disse uma voz atrás de mim. Virei-me e de
repente entrei em pânico quando Grace deu um beijo na minha
bochecha.
— Uau! — Eu exclamei. Todo o ar saiu do restaurante.
Há quanto tempo ela estava lá?
— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei. — Eu mandei uma
mensagem para o seu motorista, perguntei onde você estava. E aqui
estou eu!
— Oh, legal... — Eu estava congelando. Mas Hawksleys prosperam
sob pressão, e eu recuperei meu juízo. — Oh, Grace, conheça Zoey
Curtis. Zoey — Srta. Curtis — conheça Grace, minha, uh, mala sem alça.
Grace me deu um tapa no ombro e apertou a mão de Zoey. — Prazer
em conhecê-la, Zoe.
Ela se virou para mim, ignorando Zoey, aparentemente.
— Portanto, há outra festa esta noite, haverá alguns Instagrammers
incríveis lá, e eu preciso ver suas roupas. Terminou aqui?
Foi a minha vez de ficar sem palavras.
— Gustav e sua turma estão prontos para a festa e você não vai furar
duas festas em um fim de semana, — disse Grace.
Comecei a me contorcer um pouco, mas me mantive sob controle. —
Hum, ok, sim, tudo bem...
Felizmente, Zoey foi rápida. — Sim, terminamos aqui. Posso enviar
alguns e-mails e vou encontrar algo para fazer comigo esta noite, afinal é
Nova York.
Grace viu os ingressos na mesa.
Oh, meu Deus... O que ela vai pensar disso?
Peguei os ingressos da mesa e os estendi para Zoey. — Por que você
não vai, você vai se divertir.
Zoey parecia sentir meus nervos. Ela pode até ter sentido um pouco
deles porque pegou os ingressos sem hesitar.
— Parece bom, chefe. Espero que vocês dois tenham uma ótima
noite.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, eu estava de pé me
despedindo de Zoey, e Grace estava me puxando para uma festa.
Ela começou a me contar todo o drama do show de metal na noite
passada, mas eu não absorvi nada.
Arrisquei olhar para trás para Zoey...
E murmurei um silencioso — me desculpe — para ela.
Ela parecia tão taciturna quanto eu.
Ou eu estava imaginando isso?
Zoey

O show foi deslumbrante, colorido, brilhante e barulhento.


Todas as coisas que me ajudaram a bloquear Ben. Até, é claro, eles
começarem a cantar — He Had It Corning. — Eu me levantei e gritei no
final desse número.
Mas tudo que gostei no show foi ofuscado pela cadeira vazia ao lado
da minha.
Eu achei — não, eu tinha certeza — eu senti uma faísca entre mim e
Julian, e ele tinha falado sobre terminar as coisas com Grace, e ia
terminar as coisas com Ben, e...
Pare com isso, Zoey!
No teatro escuro, fiquei vermelha, envergonhada por pensar que
Julian poderia estar a fim de mim.
Meu ânimo piorou e, no intervalo, não tive mais vontade de ficar
sentada.
Decidi procurar um café ou restaurante tranquilo onde pudesse ficar
sozinha.
Mas quando saí para o saguão do teatro, vi Julian na bilheteria,
entrando com um funcionário.
Meu coração deu um salto, mesmo que eu não quisesse admitir para
mim mesma.
Fui até ele e encolhi os ombros, esperando uma explicação.
Ele me viu e um grande sorriso se espalhou por seu rosto.
— Você não adivinharia? Meu estômago doeu, então eu saí da festa e
imediatamente me senti melhor. Louco, certo?
Eu sorri, balançando a cabeça. — Louco.
— E eu pensei em vir ver o show, mas eles não deixam você chegar
tarde, e. uh, de qualquer maneira. O que você está fazendo, você está
indo embora?
Eu disse: — Estava pensando nisso.
Ele assentiu. — Quer sair?
Eu balancei a cabeça quando um sorriso enorme explodiu em meu
rosto.
Uh, sim, eu estava muito disposta a sair.
Capítulo 15
Lar Doce Chicago

Zoey

Eu estava preocupada em enfrentar outra noite agitada ao lado de


Julian, me perguntando se sua respiração irregular significava que ele
também estava acordado, inquieto, e pensando em mim.
Felizmente, a ressaca, o acordar cedo e o pedido excessivo de serviço
de quarto de ontem me ajudaram a cair em um sono profundo e
tranquilo.
Acordei, abrindo meus olhos para o rosto pacífico de Julian. Ele tinha
um meio sorriso estranho que me fez pensar no que ele estava sonhando.
A luz da manhã entrava pelas janelas. Mas as ruas estavam quietas.
Que horas eram?
Havíamos perdido a hora do rush? Dormimos demais?
Verificando meu telefone, pude ver que eram 8h20. E era domingo.
Assim que me aconcheguei de volta nos lençóis brancos macios por
mais vinte minutos cochilando, Julian se mexeu, rolando para mais perto
de mim.
Minhas opções eram chegar mais perto do lado da cama ou ficar no
lugar aconchegante que eu tinha feito no colchão e arriscar ter meu belo
chefe acidentalmente se aconchegar em mim.
Eu fui com o último, mas fui distraída pelo pensamento dele rolando,
tocando minha pele nua, pressionando-se contra mim.
O pensamento arruinou qualquer chance de cochilar.
Em vez disso, escapei da cama. A única coisa que me tiraria da minha
fantasia e de volta à terra seria um banho frio.
Entrei no banheiro de mármore palaciano, ainda maravilhada com a
forma como ele tinha quase metade do tamanho do meu apartamento
inteiro, e entrei no banheiro.
Uma vez que a água estava aberta, eu deixei minha mente vagar. Os
últimos dias foram emocionalmente exaustivos.
Eu estava solteira novamente.
Solteira porque, depois de três anos ajudando meu inútil namorado a
se orientar no mundo da arte, ele usou qualquer pretensão de sucesso
para trocar saliva com estudantes de arte abandonados.
Somando-se a isso, eu havia desenvolvido uma paixão de categoria
cinco por meu chefe, que antes eu tinha dado bronca por flertar comigo,
e que estava namorando uma das mulheres mais ricas e bonitas do país.
Ainda assim, apesar da situação romântica precária, eu me senti
estranhamente tonta.
Talvez fosse o jeito que ele estava esperando por mim do lado de fora
do teatro.
Talvez tenha sido a maneira como ele insistiu que estava exausto — e
depois me manteve acordada por horas para assistir TV ruim, conversar e
pedir serviço de quarto.
Me ensaboando sob o chuveiro fumegante, cedi à fantasia de tudo
isso.
Eu deixei minha mão viajar para baixo entre minhas pernas.
Imaginei ficar na cama. Rolando perto dele e deixando-o me puxar
em direção a ele até que nossos rostos estivessem quase se tocando.
Como dois ímãs, ficamos juntos, incapazes de resistir à atração.
No segundo em que nos beijamos, ele envolveu seus braços em volta
de mim, me puxando ainda mais perto.
Nossas pernas se enroscariam sob os lençóis e eu sentiria sua dureza
contra minha coxa.
Eu me inclinei contra a parede do chuveiro, deixando meus dedos
instintivamente brincar com meu pequeno botão molhado, e minha
mente vagar livre.
Pensei em nós dois entrelaçados, compartilhando um beijo que se
tornava mais profundo e urgente a cada momento.
Eu o imaginei tirando minha camisola fina, beijando meus ombros
enquanto o fazia, arrastando-se pela minha barriga, suas mãos
deslizando entre minhas coxas.
Uma sensação de aventura pulsava de entre minhas pernas enquanto
meus dedos trabalhavam no ritmo da minha imaginação e se espalhava
pelo meu corpo como um incêndio.
Tão perto.
Com uma batida na porta, minha fantasia se transformou em fumaça.
— Não quero apressar você, Zoey, mas estou explodindo.
Consegui me recompor e fazer as malas enquanto Julian tomava
banho, deixando tempo suficiente para verificar novamente nossa
programação. Tivemos algumas visitas a propriedades, bem como um
almoço com um potencial investidor.
Muito para manter minha mente ocupada e longe de trair namorados
com chefes bonitões.
Depois de uma rápida visita ao bufê de café da manhã, nosso primeiro
compromisso foi um armazém abandonado no Brooklyn.
Foi o curinga de nossas visões e, apesar do nível de abandono, foi um
dos edifícios mais promissores que visitamos.
As janelas de pé direito duplo davam para a cidade. A vista era
deslumbrante, e a luz que eles deixavam entrar dava ao interior uma
névoa dourada etérea.
— O que você acha? — Julian perguntou baixinho, percebendo que eu
estava olhando para o horizonte de Manhattan.
— Eu gostaria de poder acordar para isso. Eu nunca iria embora, — eu
respondi, sem fôlego.
— Isso é exatamente o que queremos que nossos convidados digam,
— ele sorriu. — Vamos anotar este aqui.
Julian

Eu odeio trabalhar aos domingos.


Claro, você pode fazer muito sem ter que lidar constantemente com
distrações, e a pressão é baixa. Mas isso me lembra que sempre escolhi o
trabalho em vez da vida.
Com Zoey ao meu lado, hoje foi diferente. Foi divertido. O tempo
passou voando.
O primeiro lugar que vimos foi impressionante. Uma antiga fábrica
de conservas com incrível luz natural. Tinha um potencial incrível.
Também era exatamente o tipo de projeto contra o qual meu pai se
empenharia.
Não é luxuoso o suficiente. Não perto o suficiente do Central Park.
Mas achei que poderia convencê-lo a fazer isso, agora que o Brooklyn era
um dos mercados imobiliários mais quentes do país.
Não que eu precisasse convencê-lo. Eu supervisionava a Hawksley
Enterprises agora. Minha palavra era a assinatura final.
Ainda assim, era um poder ao qual eu não estava totalmente
acostumado. Eu me perguntei se algum dia estaria.
Tivemos um almoço delicioso e totalmente improdutivo com um
investidor que estava mais disposto a falar besteira do que falar de
negócios. Descobri que as reuniões de domingo geralmente acontecem
assim e, embora algumas pessoas achem que é tempo perdido, estou bem
com isso.
Saímos da pizzaria de seu bairro em termos joviais, e o investidor me
deu o tipo de aperto de mão que me disse que ele mal podia esperar para
me dar seu dinheiro.
As outras propriedades eram boas, mas nenhuma era tão
impressionante quanto a primeira, e logo estávamos no carro para o JFK.
Estava tudo quieto entre nós.
Não é desconfortável. Exatamente o oposto.
Eu olhei para ela enquanto ela olhava para a cidade com uma
expressão distante.
Eu queria perguntar o que ela estava pensando, mas não tinha certeza
se era apropriado.
— Ansiosa para ir para casa? — Eu perguntei em vez disso,
imediatamente me arrependendo quando seu rosto se desfez.
Claro. Ben.
— Você não tem que responder isso, — acrescentei, culpado.
— Está tudo bem, — respondeu ela. — Estou feliz por poder me
afundar no trabalho. Acho que só preciso encontrar um novo lugar.
— Você não pode simplesmente expulsar Ben? Ele dificilmente está lá
como está.
— Ele é o locatário. — Ela suspirou tristemente. — Eu amo aquele
estúdio.
— Pra onde você vai? — Eu perguntei, mal ousando ter esperança. —
Eu tenho um quarto vago se precisar.
— Isso é muito gentil, mas estou indo para a casa de uma amiga. Ela
tem um grande sofá confortável, — Zoey disse enquanto pegava seu
telefone.
Ela sorriu para mim, mas houve um lampejo de tristeza por trás de
seu sorriso.

Zoey: Ei, querida, como vão as coisas?

Zoey: Tenho um pequeno favor a pedir.

April: ...

Zoey: Posso ficar na sua casa esta noite?

Zoey: E talvez um tempo?

April: Querida, o que aconteceu?!

Zoey: Eu preciso sair.

April: O que o Ben fez agora?

April: E sempre. Me conte mais tarde, eu te dou uma carona


Dormi durante a viagem para Chicago e acordei quando o avião
pousou mais ou menos em O'Hara.
De volta à realidade.
Alcancei Julian na esteira de bagagens e o segui.
— Como foi a comida na primeira classe? — Eu perguntei com um
sorriso.
— Deliciosa. Sashimi de salmão seguido de confit de pato e macarrão.
Trouxe alguns para você, mas você estava em coma, — ele retrucou,
enquanto o reluzente Rolls-Royce de Jeffrey estacionava na pista de
embarque.
— Então, onde vamos deixá-la esta noite, Sra. Curtis? — Jeffrey
perguntou.
— Vou para a casa da minha amiga April, mas primeiro preciso pegar
algumas coisas na minha casa. Se você me levar lá, posso pegar o ônibus...
— Não seja ridícula, — Julian interrompeu. — Nós vamos levar você.
Mas você sempre pode ficar no meu quarto de hóspedes se mudar de
ideia. — Isso soou incrível. Não poderia enfrentar um sofá, depois de um
fim de semana tão cansativo, nem queria sair do lado de Julian.
Ainda assim, eu tinha chegado até aqui sem fazer papel de boba, e a
tensão sexual estava me drenando mais rápido do que a bateria do meu
antigo iPhone.
E era difícil ser profissional em meu estado de fraqueza.
— Não quero abusar da oferta, mas aceitarei uma carona até a casa de
April, — eu disse um tanto formalmente.

Paramos no meu quarteirão e eu saltei. Julian me seguiu e eu não


discuti.
Foi bom tê-lo por perto. Isso me fez sentir protegida.
Destrancando a porta, fiquei surpresa ao ver que a luz estava acesa.
Logo percebi o porquê.
— Zoey, você está em casa. Finalmente. Merda, estou tão feliz em ver
você. — Ben correu pelo corredor, seu rosto distorcido de emoção.
Oh, merda.
No minuto em que ele viu Julian parado atrás de mim, seu rosto
congelou em uma expressão de raiva.
— O que ele está fazendo aqui? — Ben rosnou.
— Me ajudando a pegar minhas coisas e me levando para a casa de
April, — eu respondi friamente, passando por ele.
— Precisamos conversar, Zoey. Eu voei de volta ontem. Eu precisava
ver você... você não atendia o telefone
— Porque eu bloqueei você. Eu preciso de espaço para superar...
— Olha, eu sinto muito. Eu estraguei tudo. Mas você também não é
perfeita, — ele continuou.
Eu marchei para dentro e tentei o meu melhor para ignorá-lo
enquanto pegava o essencial do meu armário.
— O que eu fiz de errado, Ben, além de confiar em você e apoiá-lo? —
Eu murmurei enquanto enchia uma grande sacola de ginástica com
roupas de trabalho.
— Nós estivemos distantes, você tem que admitir, — ele lamentou.
— Porque você sempre vai embora! Vai viver seu sonho. Tirando fotos
em preto e branco de coisas muito jovens e esquecendo-se de contar a
elas sobre sua velha namorada chata que está ocupada pagando as contas.
Eu podia ver Julian pairando no corredor, assistindo a tudo. Por mais
embaraçoso que fosse, eu estava feliz por ele estar lá.
— Você pode dizer ao seu chefe para ir embora? — Ben rebateu.
— Estou saindo agora de qualquer maneira. Vou mandar alguém
buscar o resto das minhas coisas.
— Você realmente vai jogar tudo o que temos fora por causa disso?
Foi um deslize. Não significou nada.
— Então... você estava disposto a jogar tudo fora por uma garota que
não significava nada? Sinceramente, eu preferia que você estivesse
perdidamente apaixonado por ela. Então, pelo menos valeria a pena.
Fechei minha mala.
Julian

Cara, eu odeio o Ben.


Eu odeio homens como Ben.
Artistas falsos, que falam em linguagem elevada e agem como se
fossem melhores do que todos, enquanto sugam o que podem daqueles
ao seu redor.
Assistir ele repreender Zoey implacavelmente — como se ela fosse
quem devia a ele um pedido de desculpas — fez meu sangue ferver.
— Talvez possamos falar sobre isso outra hora, — ela disse a ele, sua
voz calma vacilando com emoção, — mas acabou entre nós e eu preciso
de algum espaço para me reajustar.
— Quem mais vai te amar como eu? — Ele lamentou enquanto ela
arrastava sua mala em minha direção.
Eu mencionei que odeio esse cara?
Como ele ousa agir como se tivesse direito a ela? Depois de fazer dela
gato e sapato. Depois de fazer tanta coisa escondido dela.
Certo, não tenho sido o homem mais fiel do mundo, mas pelo menos
sempre arquei com as consequências.
Zoey ficou ao meu lado, com a mala na mão, evitando o olhar feroz de
seu ex-namorado.
Ela olhou para cima e me deu um olhar que dizia: — Vamos sair daqui.
Eu balancei a cabeça de volta.
— Ótimo. Sair. Desfrute a vida sozinho. Divirta-se descobrindo que
tipo de homem uma secretária de 27 anos pode atrair. Tenho certeza que
você estará rastejando de volta aqui em...
Foi isso. Eu não conseguia suportar a visão dela parada ali, piscando
para conter as lágrimas.
Eu me inclinei em sua direção e murmurei. — Desculpe por isso..., —
então a puxei para um beijo profundo.
Capítulo 16
Jantar

Zoey

Puta merda.
A língua de Julian Hawksley estava atualmente na minha garganta e eu
não sabia o que fazer Fechando meus olhos, eu o deixei me puxar para
mais perto, tentando ignorar o olhar assassino estampado no rosto de
Ben.
Por mais que eu tenha gostado de ver isso, o beijo foi melhor.
Depois de um minuto glorioso, nos separamos sem fôlego, olhos um
no outro por uma fração de segundo.
Eu gostaria de ter lido o que estava acontecendo por trás daqueles
olhos azuis.
Isso foi um favor para mim?
Ou ele está sendo um oportunista descarado?
E é terrível se eu esperar que seja a última opção?
Ben estava fora de vista. Justo.
Foi uma jogada ousada de Julian, mas pelo menos tirou meu furioso
ex de nossas costas.
Sem palavras, fui abrir a porta da frente, Julian segurando-a enquanto
eu saía.
De repente, atrás de nós, passos estrondosos soaram.
Eu me virei para ver Ben investindo contra Julian, dando uma
cabeçada nele com tanta força que os dois caíram pela porta da frente.
Ben pousou em cima de um Julian sem fôlego e deu um golpe caótico
em seu rosto.
— Deixe-o em paz! — Eu me ouvi gritando.
Julian forçou seu corpo a rolar sob Ben, fazendo com que Ben
tombasse no chão.
Julian se levantou de um salto.
— Desça, vá para o carro, — Julian gritou para mim, seu corpo
assumindo uma posição de luta.
Eu estava paralisada de medo. Eu não poderia deixá-lo agora.
— Qual é o problema, menino bonito? Com medo de que eu torne
seu rosto um pouco menos atraente?
— Para ser sincero, tenho mais medo de parecer uma de suas
pinturas, — brincou Julian.
Ben estava de pé agora, olhando para Julian como um touro
enfurecido. Ele avançou, dando socos selvagens.
Julian ficou parado e focado.
Pouco antes de o punho de Ben fazer contato, Julian agarrou o pulso
de Ben com uma mão, enquanto o outro braço simultaneamente deu um
soco que colidiu fortemente com a cabeça de Ben. Ben caiu no chão
como uma boneca de pano, enquanto Julian apertava sua mão do soco.
— Eu não faço isso há um tempo, — ele disse friamente, tentando
aliviar o clima.
Corri para ele, em pânico. — Você está bem?
— Tudo ótimo, — Julian respondeu asperamente, cambaleando em
direção a Ben e verificando sua respiração. — Ele vai ficar bem. — Ele
arrastou Ben pelos ombros e o carregou para dentro do apartamento,
deixando-o deitado em posição fetal perto da porta.
— Eu sinto muito. O beijo foi inapropriado. Mas eu não aguentei o
jeito que ele estava falando com você, — Julian explicou docemente.
Eu apenas fiquei lá na frente dele, congelada com o choque e a
adrenalina.
Julian

Segui Zoey para dentro do carro, segurando minhas costelas bem


doloridas.
Ele seria um lutador da WWE melhor do que um artista.
Zoey parecia abalada, enquanto eu me sentia estranhamente calmo.
Costumava fazer isso depois de uma briga.
Provavelmente porque geralmente ganho.
Minha experiência de luta consistia principalmente em sessões de
kickboxing ou Tai Chi e lutas no colégio.
Foi reconhecidamente minha primeira vez usando minhas
habilidades limitadas em um amante ciumento vingativo.
Era bom o jeito que Zoey estava olhando para mim como se eu fosse
um cavaleiro medieval que acabou de salvá-la de uma torre guardada por
um dragão.
Eu não iria deixá-la saber o quanto disso era pura sorte.
Eu ganhei, pensei enquanto agarrava minha costela. Uma poça de dor
quente e opaca formou-se ao redor dele.
— Ele te machucou? — Zoey chorou. Eu peguei o olhar preocupado
de Jeffrey no espelho retrovisor e dei a ele um olhar de — Não se
preocupe.
— Ben tem uma cabeça muito pesada. Todo aquele pensamento
artístico deve ter deixado seu cérebro ainda mais denso, — eu brinquei,
sorrindo através da dor aguda.
— Tudo bem aí atrás? — Jeffrey perguntou educadamente.
— Só uma pequena briga, — eu disse, o mais animadamente possível.
Além da dor, eu estava me sentindo bem animado. Eu me senti como
um herói. E eu estava com muita, muita fome.
— Vou levar a Sra. Curtis para sua próxima parada agora? — Jeffrey
continuou. Olhei para Zoey, que ainda estava pálida de choque.
— Eu acho que talvez devêssemos levar você para o hospital, — ela
raciocinou. — Depois de saber que você está bem. posso pensar em ir
para a casa de April.
— Estou muito cansado para isso. E estou morrendo de fome. Isso
não é nada que um pouco de ibuprofeno não consiga lidar, — eu disse
com um sorriso.
Ela parecia tão preocupada que tive vontade de abraçá-la.
Eu queria que ela se sentisse segura.
Eu também, de forma mais egoísta, não tive vontade de me despedir.
— Se você está preocupado, pegue meu quarto vago esta noite. Isso
evita que você mantenha April acordada até tarde e evita dores nas costas
pela manhã, — eu argumentei com um sorriso.
— E se de repente eu precisar de alguma coisa para hospitalização,
tenho minha assistente por perto para me levar até lá.
Tenho certeza de que vi o canto de sua boca se contorcer em um
sorriso.

Zoey: Ei, eu sei que é tarde, mas podemos desmarcar...

April: É melhor que seja por um bom motivo...

Zoey: Ben estava em casa, nós brigamos.

April: Ugh. Ele não vale a pena Zoey: Então Julian me beijou na
frente dele.

April: E agora?

Zoey: E Ben tentou lutar com ele, então Julian o nocauteou.

April: PQP.

Zoey: Não sei dizer se Julian está ferido, sinto que devo ficar com
ele por precaução.

April: Se é isso que você precisa dizer a si mesma, querida.

April: É melhor você trazer os detalhes suculentos amanhã.

April: E o vinho

Eu desliguei meu telefone e ri de mim mesma enquanto olhava ao


redor do quarto sobressalente minimalista de Julian. Isso tudo era tão
louco.
Parte de mim queria ficar com raiva do meu chefe. Ele não precisava
me beijar, e se ele queria me beijar, eu preferia que ele o fizesse em um
momento mais terno.
Ainda assim, foi legal da parte dele. De uma forma indireta.
Legal da parte dele mostrar a Ben o meu valor. Bom para Ben pensar
que um dos solteiros mais cobiçados da América estava atrás de mim.
Mesmo que não fosse verdade.
Mas se fosse...
Suspirei com o pensamento enquanto tirava meu vestido e colocava
uma camisola.
Encontrei Julian na cozinha, picando ingredientes colocados diante
dele, com a frigideira chiando e Sam Cooke tocando no toca-discos.
— Posso te oferecer uma bebida? Cerveja, vinho, uísque? Eu,
pessoalmente, adoro algo mais forte depois de uma boa briga, — disse ele
com um brilho nos olhos.
— Uma cerveja seria bom, — eu disse, e ele puxou uma da geladeira.
— Você sabe, nunca acreditei que você fosse do tipo lutador. Achei
que vocês ricos tivessem seus advogados para fazer isso, — acrescentei
enquanto ele deslizava a garrafa de IPA artesanal pelo balcão.
— Honestamente, eu não tenho uma briga de verdade desde meu
primeiro ano. quando Marty Chaplin e sua trupe de idiotas tentaram
atacar meu irmão mais novo.
— Você ganhou de forma tão decisiva na época também?
— Sim. E ganhei dois olhos roxos também. Parecia um urso panda nas
minhas fotos do baile, — disse ele com um sorriso.
Houve um silêncio enquanto ele cuidava do que quer que estivesse
fritando. Ele se virou momentaneamente para acalmar a mão machucada
com uma bolsa de gelo.
Ele puxou a frigideira e jogou uma pilha de hash browns dourados em
uma assadeira antes de colocar mais hash browns congelados na
frigideira.
— Você gosta mesmo de batatas fritas, hein?
— Oh, sim, — ele respondeu simplesmente, puxando uma caixa de
macarrão instantâneo com queijo de um armário. Pude ver que ele tinha
um estoque considerável da mesma marca.
— Preparando-se para o apocalipse?
Ele deve ter sentido minhas sobrancelhas erguendo-se por trás de
suas costas.
— Sou apenas um homem que sabe do que gosta, — ele ronronou,
lançando-me um olhar que enviou uma onda de eletricidade ao redor do
meu corpo.
— Eu notei, — eu disse, sorrindo, enquanto ele gelava sua mão de
soco pela segunda vez.
— Já que você se machucou por minha honra, sinto que devo ajudar,
— ofereci secamente, juntando-me a ele em seu fogão extravagante, onde
ele tinha bacon fritando junto com suas batatas fritas.
— O que estamos cozinhando?
Julian

Eu tinha que admitir que estava com um humor estranhamente bom.


Talvez fosse o uísque e as velhas canções de soul.
Pode ser o jeito que Zoey tem sorrido para mim desde que eu a salvei
corajosamente de seu ex furioso.
Pode ser o fato de que estávamos prestes a comer minha refeição
favorita no mundo.
Levei os frutos do nosso trabalho para a minha bancada de café da
manhã. — Torta de macarrão com queijo, bacon e crosta de hash brown,
— sussurrei como se estivesse lendo o menu de degustação do MoMA.
— Vou reconhecer, isso parece incrível.
— Jensen e eu inventamos isso, uma noite quando nossos pais
estavam fora da cidade e nossa babá adoeceu. Encontramos tudo de
gostoso na casa e juntamos. Tornou-se nossa pequena tradição. — eu
disse enquanto servia Zoey.
Houve silêncio enquanto eu inalava minha comida.
A primeira classe não tem nada a ver com isso.
— Isso é inacreditável, — Zoey murmurou.
— Agora você vê por que estou tão bem abastecido?
— Eu posso ver que você deve ter bastante metabolismo, — ela
brincou.
— Srta. Curtis, você está me objetificando? Vou ter que denunciá-la
ao RH! — Eu gritei fingindo ofensa.
— De jeito nenhum, só acho que você deve ser uma maravilha médica
se pode comer isso regularmente e ainda...
— Tem um corpo tão incrível? — Eu adicionei, levantando minha
camisa com uma piscadela.
— Oh, meu Deus.
— Sim, é o que a maioria das mulheres diz, — continuei brincando,
até captar a expressão de horror em seu rosto.
Eu olhei para o meu peito.
Minhas costelas eram uma mistura maravilhosa de roxos, pretos e
vermelhos. Um pôr do sol de hematomas, no formato da cabeça carnuda
de Ben.
— Julian. isso não parece bom.
— Não parece.
— Você não está com dor? — Ela estendeu a mão e tocou minhas
costelas suavemente. Foi tão doce, tão instintivo... e tão ineficaz que me
fez desmoronar.
O que realmente doeu.
— Talvez um pouco, — eu disse, tentando me conter. — Só não me
faça rir, por favor.
— Isso é sério. Você pode ter quebrado uma costela. — Ela já estava
de pé, procurando uma solução.
— Onde está sua bolsa de gelo? — Ela perguntou.
— Em cima do balcão. Não está muito gelado agora.
— Você tem mais alguma coisa? — Ela perguntou, abrindo o freezer.
— Nossa, Julian, de quantos sacos de batatas fritas um homem
precisa?
Isso desencadeou uma risada novamente e dobrei-me em dor e risos.
Logo ela estava de volta em seu assento, com um pacote de batatas fritas
enroladas em um pano de prato.
Ela levantou minha camisa e segurou sua bolsa de gelo improvisada
no meu peito. Eu olhei para cima e nossos olhos se encontraram.
Sua expressão era tão terna que me deu vontade de chorar e rir ao
mesmo tempo. Eu me senti movendo em direção a ela. incapaz de me
afastar.
Minha mão encontrou o caminho para seu rosto, e fiquei
maravilhado com sua pele macia como damasco quando me inclinei mais
perto.
— Zoey... — eu me ouvi sussurrar, — posso te beijar?
Capítulo 17
O Caminho da Vergonha

Zoey

Eu estava em choque.
Senti-me acenar com a cabeça e então... Santa Mãe de Deus, Julian
Hawksley me beijou, sem nenhuma razão para fazer isso, a não ser que
ele queria.
Eu não tinha absolutamente nenhuma vontade de fugir, conforme
minha reação usual aos chefes que faziam tal movimento.
Não. Eu estava bem com isso.
Isso foi incrível.
Ele me beijou tão suavemente, segurando meu rosto em suas mãos.
Eu deixei meus braços envolverem seu pescoço enquanto sua língua
explorava minha boca.
Mordi seu lábio suavemente, o que o fez me puxar para mais perto, o
fez me beijar mais profundamente. Minha mente estava zumbindo.
O que você está fazendo?
A única vez que você encontra um chefe que não é ruim, você tem que
arruinar tudo.
Ele tem uma namorada, pelo amor de Deus!
Essa última doeu. Era o suficiente para me afastar dele. Em seguida,
perguntei a ele com tristeza — como se ele não soubesse, como se eu
estivesse dando a má notícia— — E quanto a Grace?
— Eu não quero Grace.
— Esta noite, não. Mas ela é sua namorada.
— Então eu preciso terminar com ela.
— Não me sinto bem com isso.
— Você não precisa fazer isso, — ele continuou, — é minha
responsabilidade. Mas você vale a pena.
E com isso, ele me puxou para um beijo tão urgente e alucinante que
Grace foi apagada da minha mente.
Julian

Eu deveria apenas ter deixado em paz.


Uma sessão inocente de pegação parecia um doce final para o nosso
dia cheio de ação.
Mas no minuto em que nossos lábios se encontraram, eu sabia que eu
não era tão forte.
Eu deixei minhas mãos deslizarem por seu corpo e ao redor de sua
cintura. Com nossas bocas ainda firmemente travadas, eu a peguei.
Suas pernas instintivamente me envolveram, mas ela me sentiu
estremecer de dor.
— Tenha cuidado, você está machucado, — ela sussurrou enquanto
eu a carregava em direção ao quarto. Eu continuei pelo caminho. Claro,
minhas costelas estavam doendo.
Mas todos os outros nervos do meu corpo estavam queimando de
desejo.
— Não se preocupe comigo, — murmurei enquanto a deitava na
cama. Eu caí ao lado dela, beijando sua orelha enquanto o fazia.
Seu corpo se arqueou instantaneamente e ela deu um pequeno
suspiro de prazer.
Minhas mãos vagaram, apreciando a suavidade de sua pele.
Deixei meus dedos encontrarem o caminho por baixo da camisola
desgrenhada e dançarem ao longo da curva de seu quadril.
Ela soltou um gemido suave, enquanto suas mãos corriam cada vez
mais para baixo nas minhas costas.
Isso me deixou mais ousado.
Minha boca se arrastou de sua orelha até seu pescoço, então
lentamente desceu para suas omoplatas.
Minha mão viajou de seu quadril até a linha de sua calcinha.
— Julian! — Ela gritou, enquanto meus dedos deslizavam suavemente
sob o tecido em sua entrada encharcada.
Zoey

Eu arqueei para trás, me contorcendo embaixo dele, com meus olhos


fechados em êxtase. Eu o senti puxar gentilmente minha camisola por
cima da minha cabeça.
Eu estava nua. Ele ainda estava de calça e camisa, embora eu pudesse
ver uma protuberância impressionante contra sua calça de algodão.
Deus, depois de tanta frustração, eu só queria ele nu. Eu queria senti-
lo em mim.
Ele continuou me explorando, beijando meus seios recém-expostos.
Minha barriga. Minhas coxas.
Quando a mão livre de Julian empurrou minhas pernas e sua língua
veio profundamente para dentro de mim, inundou meu corpo com um
espasmo de eletricidade.
Senti sua língua explorando minha umidade, encontrando meu
clitóris inchado e sugando-o com um ritmo crescente.
Tive que admitir que não tinha tanta experiência oral. Recebendo, de
qualquer maneira.
Nunca fui boa em pedir isso, e a maioria dos caras com quem estive
parecia pensar que as preliminares eram um extra opcional.
Ben, em particular, parecia odiar fazer isso. Ele também era ruim
nisso, então depois de alguns meses eu simplesmente parei de pedir.
Qualquer pensamento sobre Ben logo desapareceu.
Eu deixei minhas mãos se perderem nos cabelos grossos de Julian
enquanto a felicidade crescia dentro de mim e se espalhava por todo o
meu corpo.
Minhas pernas tremiam, então ele as manteve paradas e abertas com
as duas mãos, empurrando sua língua mais profundamente dentro de
mim.
Um tsunami de prazer me atingiu, trovejando pelo meu corpo como
um relâmpago.
De repente, me senti leve.
Feliz. Tonta.
Ele estava em cima de mim novamente, olhando para mim com
aqueles olhos penetrantes.
— Você parece muito satisfeito consigo mesmo. Sr. Hawksley, — eu
sussurrei antes de puxar seu rosto em direção ao meu e beijá-lo
profundamente, sentindo seus lábios macios.
— Você dá muito prazer, Srta. Curtis, — ele sussurrou de volta.
Abaixei-me e encontrei o botão de sua calça. Eu abri e ele ajudou a
tirá-la.
Seu pau estava tão glorioso quanto eu imaginava. Mais ainda.
Eu envolvi minha mão em torno dele. Era liso, como se tivesse sido
esculpido em pedra macia.
— Você quer? — Ele rosnou enquanto se posicionava na minha
entrada, empurrando lentamente seu comprimento dentro de mim.
Devemos ter feito amor por horas. Eu pude ver uma luz crescendo
atrás das cortinas personalizadas de Julian.
Não importa. Nada importava, além de explorar cada centímetro um
do outro como se fôssemos morrer amanhã.
Admito que tive um lampejo de culpa por ser a — outra mulher —
poucos dias depois de ter sido traída. Mas havíamos cruzado o ponto sem
volta; o dano estava feito.
É assim que eu racionalizei, de qualquer maneira.
Além disso, poderia ser pior. Não tínhamos usado preservativos, mas
pelo menos ainda tinha meu DIU. Não podia enfrentar uma viagem ao
Walgreens para pegar o Plano B
Mas não havia muito tempo para pensar nisso, entre orgasmos de
quebrar a terra e temos abraços pós-coito que levaram a ainda mais
relações sexuais.
Devemos ter adormecido durante um desses intervalos. O som do
meu telefone tocando me tirou do sono.
Eu estendi a mão para ele e me sentei ereta.
Amy.
— Olá, — respondi, tentando não soar como se tivesse acabado de
acordar nua ao lado do meu chefe.
— Ei, só me perguntando onde você e Julian estão, — disse ela.
Verifiquei a hora no relógio de cabeceira.
11h30
Merda.
— Sim. acabei de ter uma reunião matinal, sabe.
— Legal. April disse que algo aconteceu ontem à noite, então eu só
queria ter certeza de que vocês estavam bem.
— Sim, tudo bem. Estaremos de volta em breve, — eu gritei, fazendo
uma nota mental para dizer a April com mais clareza para pelo menos
esperar um dia antes de espalhar notícias sobre minha vida.
Julian havia acordado e estava olhando para mim com uma
sobrancelha levantada. Ele me puxou em sua direção quando desliguei o
telefone.
— Temos tempo para mais uma rodada? — Ele sussurrou, com as
mãos correndo pelas minhas costas nuas.
Nós não, mas enquanto eu estivesse nua e ele tivesse seus braços em
volta de mim, eu seria uma massa de vidraceiro em suas mãos.
Jeffrey nos pegou e eu fiquei eternamente grata por sua discrição,
embora eu tivesse certeza de que ele podia sentir o cheiro de sexo em
nós.
Chegamos ao escritório por volta do meio-dia.
Minhas roupas de trabalho estavam amarrotadas por terem sido
colocadas em minha mala e esquecidas.
Eu podia sentir os olhos nos seguindo enquanto caminhávamos pelo
Grand Hotel e seus escritórios, fazendo meu rosto corar
instantaneamente.
Julian sorriu para mim suavemente, sentindo meus nervos. Sozinho
em seu escritório, ele pegou minha mão.
— Zoey, o que aconteceu ontem à noite... — Uma batida à porta o
interrompeu. Eu dei um passo rápido para trás.
Eram Kyla e Jensen, aparecendo para se atualizar no fim de semana.
— Alguma sorte? — Jensen perguntou enquanto se sentava.
— Possivelmente. O lugar no Brooklyn era promissor.
— Brooklyn, hein? Papai não vai gostar disso.
— Ele não é o chefe, — disse Julian com segurança.
Kyla estava me observando. Percebi que estava muito rígida.
— Quer ir tomar um café? — Ela perguntou baixinho, me levando
para fora do escritório de uma maneira que deixou claro que eu não
tinha escolha.
Julian

Assim que as mulheres deixaram a sala, o rosto de meu irmão se abriu


em um sorriso irônico.
— Como vão as coisas com a Zoey?
— Eu não sei o que você quer dizer, — eu disse friamente.
Eu sei exatamente o que ele quis dizer.
— Vamos. Todo o fim de semana juntos. Chegando tarde...
— Tivemos uma reunião?
— Oh, sim. Com quem você se reuniu?
Merda.
Eu examinei a sala atrás de Jensen, em busca de inspiração.
— Hum. Sr. Eames. — Eu disse, meus olhos pousando na cadeira
Eames original que comprei com meu primeiro bônus.
Jensen seguiu meu olhar e começou a rir.
Eu tinha esquecido que ele também era ã do design de meados do século.
— Olha, Julian. Não sou de julgar. E não estou aqui para dizer que
você está fazendo a coisa certa ou errada.
Recostei-me na cadeira, absorvendo-o. Jensen teve muita sorte com
Kyla, e uma parte de mim foi inspirada e talvez também com um pouco
de inveja do amor deles.
Eu nunca o tinha visto tão feliz, aberto e autenticamente ele mesmo.
Quem não gostaria disso?
Ainda assim. Eu não era Jensen.
— Eu sei que funcionou para você, mas eu sou o queridinho dos
tabloides, lembra? — Eu perguntei. — Eles vão farejar essa história, e não
vai ser nada bom.
— E na minha humilde experiência, você nunca deve descartar algo
incrível porque está preocupado com a aparência.
Zoey

Se essa coisa de marketing não funcionar, Kyla deveria tentar conseguir


um trabalho como detetive.
Ou como repórter investigativa.
Nossa viagem ao Starbucks foi uma aula magistral em questões
educadamente investigativas. Eu me esquivei de todas elas, mas ela sabia
que eu estava escondendo algo.
— Eu sei como é, — disse ela, pegando o café do balcão. — Você
precisa de uma pele dura.
— Não tenho certeza do que você está falando, — respondi, pegando
meu café com leite do balcão. Eu peguei seu olhar perscrutador e mordi
meu lábio.
— Olha, o que quer que esteja acontecendo, estou aqui para ajudá-la.
Eu não vou julgar.
— Eu realmente agradeço, — respondi.
Era verdade.
Foi bom saber que eu não estava errada.
Mesmo sabendo que meio que estava.
De volta à minha mesa, eu estava trabalhando na programação
semanal de Julian. Notei vários e-mails de Grace.
Um pedido de jantar.
Um segundo pedido mais raivoso, lendo: — Por que só posso entrar
em contato com você por meio de sua estúpida secretária?
Foi uma maneira rude de expressar isso, pois ela sabia que era eu
quem recebia esses pedidos. Ainda assim, isso não mitigou minha culpa.
Você é a outra mulher.
Para uma supermodelo.
Sua idiota, quem você acha que ele vai escolher?
Eu odiava admitir, mas foi isso que fez meu sangue gelar.
Não a ideia de roubar o homem de alguém, mas o medo de não poder
ficar com ele.
De eu nunca estar à altura.
Eu não aguentaria ser machucada de novo. Eu precisava cortar isso
pela raiz.
Entrei no escritório de Julian. Ele estava trabalhando, com o rosto
enrugado de concentração. Ele olhou para cima e sua expressão se
transformou em um sorriso caloroso.
— Srta. Curtis. Como posso ajudá-la?
Sentei-me em frente, tentando não olhar em seus olhos.
— Sobre a noite passada. Eu não acho que isso deveria acontecer
novamente. — Pude vê-lo enrijecer pelo canto do olho.
— Você tem uma namorada, é meu chefe e acabei de sair de um
relacionamento, e esses são todos bons motivos por si sós.
Ele ficou sentado lá, com os olhos em mim, estranhamente sem fala.
— O que temos é uma atração física, mas nada mais. Não vale a pena
arruinar seu relacionamento e meu trabalho, — eu disse, sem acreditar
em uma palavra.
Capítulo 18
Encontro quente

Julian

Os próximos dias se passaram como um borrão surreal. Zoey e eu


estávamos em termos estranhos e absurdamente formais.
Senti uma pontada aguda no peito quando a vi.
Uma espécie de saudade.
Não era familiar e me deixou com medo. Eu odiava minhas emoções
estarem tão fora de controle.
Tentei me jogar no trabalho. Tentei evitar Grace.
A última coisa que eu precisava era fingir que nosso relacionamento
glamoroso — mas completamente deprimente — era tudo menos uma
farsa.
Um número desconhecido ligou para meu celular. Eu ouvi o sotaque
da Nova Inglaterra de Grace.
— Então, você escolherá números aleatórios, mas não sua namorada?
— Desculpe, Grace. Eu tenho estado tão louco.
— Sim. Eu notei. Você está a uma escolha de merda de me perder
completamente, — ela ameaçou.
Sim! Apenas me dê um fora! Eu pensei, fantasiando sobre sair do
relacionamento sem nada do desagradável que vinha de ter que terminar
as coisas sozinho.
— Eu sinto muito. Posso conversar com você na próxima semana...
— Foda-se a próxima semana. Esta noite, no Brown's. 20h. Me
encontre lá ou acabou.
Eu poderia simplesmente não encontrá-la lá.
Então eu sairia desse relacionamento, e nem seria minha culpa.
Pelo menos não inteiramente.
Eu poderia para casa, colocar meu telefone no modo avião, jogar
algumas rodadas de Halo e esquecer essa bagunça.
Mas as palavras de Zoey continuaram pipocando em meu cérebro.
Ela me disse que preciso ser honesto com as mulheres. Dizer a elas o
que eu quero. O que eu não quero.
Não para analisar demais, mas eu estava começando a ter a sensação
de que anos sendo capaz de fazer o que quer que — e quem — eu
quisesse, tinha tornado toda essa coisa de romance meio que um jogo.
Assistir como Zoey ficou magoada com a decepção de Ben, ver em
primeira mão a dor que ela sentiu ao ser traída por alguém que ela
pensava que se importava com ela, realmente me afetou.
Mas ouvi-la me dizer que não queria mais nada depois da noite que
passamos juntos... Agora isso REALMENTE foi uma merda.
Essas novas experiências com anseios não correspondidos e
responsabilidade pessoal fizeram com que eu me perdesse em
pensamentos enquanto esperava do lado de fora do Brown's Bistro.
— Julian! — A voz penetrante de Grace me trouxe de volta à
realidade. Virei enquanto ela trotava em minha direção sem fôlego,
vestindo um macacão de seda com corte até o umbigo.
Ela jogou os braços em volta de mim dramaticamente. Eu dei um
beijo na bochecha dela e pisquei quando uma câmera disparou em algum
lugar do outro lado da rua.
Claro. Grace amava Brown. Era o lugar para gastar quinhentos dólares
em cursos intermináveis que ainda deixavam você com fome, e era o
lugar para ser visto fazendo isso.
Mas, naquele momento, tudo que eu queria era estar na cama com
Zoey, comendo torta de hash brown direto do prato.
Zoey

— O que diabos há de errado comigo? — Gritei.


Eu estava enrolada no sofá de April, enquanto ela me servia uma taça
de vinho absolutamente gigantesca.
— Não seja tão dura consigo mesma. A maior parte do que você disse
era verdade.
Graças a Deus por April.
Ela deveria ter sido uma psicóloga, não uma advogada, embora eu
arrisque a suposição de que sua habilidade de ler as pessoas foi parte da
razão pela qual ela se tornou sócia júnior aos vinte e seis anos.
E ela estava certa. Nada sobre esse caso parecia uma boa ideia.
Mas dizer que não significava nada...?
Julian estava distante de mim desde que falei com ele.
Educado. Cuidadoso. Profissional.
Exatamente como eu queria que ele fosse quando comecei o trabalho.
Agora estava quase partindo meu coração.
— Ele está em um encontro esta noite. Com Grace. Eu entendi isso
porque antes, ela não parava de solicitar encontros, e agora ela parou, —
eu lamentei.
— Bem. é difícil ter ciúme de uma mulher que precisa falar com seu
namorado por meio da secretária dele, — argumentou April.
Sim, especialmente quando ele transa com ela.
— Se vale de algo, acho que você fez a coisa certa. Correr atrás disso,
agora, parece que pode sair pela culatra.
Eu concordei. April estava certa, como sempre.
— Mas ele acha que eu não me importo.
— Você teve orgasmos múltiplos a noite toda. Sexo assim pode nos
fazer sentir coisas.
— Isso foi há quatro dias, e ainda não consigo parar de pensar nisso,
— choraminguei. — E se eu nunca mais tiver algo tão bom? E não se trata
apenas de sexo.
— Isso é o que todos dizem, — April interrompeu.
— Quero dizer. Eu me sinto tão natural perto dele, — eu disse,
sonhadora.
— Garota, você está muito envolvida, — disse April, tomando um
generoso gole de vinho. — Mas pelo menos você não está chorando por
Ben. Quase não ouvi você mencioná-lo.
Oh, Ben. Se não fosse por você ser um namorado de merda e ter explosões
violentas, eu poderia ter perdido o melhor sexo da minha vida.
Julian

— Gostaria de provar o vinho, senhor? — O sommelier perguntou


com um sotaque britânico lapidado que era tão preciso que parecia falso.
Este lugar é o que há de pior.
— Claro, — eu disse, bebendo uma gota da garrafa de rosé de
trezentos dólares que Grace havia pedido.
Ele encheu nossos copos. Por mais chato que ele fosse, eu meio que
queria que ele ficasse.
Grace tinha a expressão de alguém que estava prestes a descarregar
muitas emoções em mim.
Ela graciosamente esperou até que ele estivesse fora do alcance de sua
voz.
— Então. Você vai me dizer agora o que diabos está acontecendo? —
Ela perguntou como se estivesse pedindo sorvete.
Por ser modelo, ela era hábil em manter o rosto atraente e
inexpressivo o tempo todo.
— Eu disse a você, querida, estou ocupado.
— Você está sempre ocupado. Também estou ocupada, sabe. Mas se
você está em um relacionamento, você arranja tempo para isso.
Por mais irritante que eu a achasse, ela acertou em cheio.
Eu deveria ter arranjado tempo. Eu poderia. Mas não queria. — Você
tem razão.
— Eu sei. Então, achei que poderíamos concordar com um
cronograma. Dois encontros por semana, se estivermos na cidade, e pelo
menos uma postagem nas redes sociais por semana, de preferência mais,
apenas para acompanhar...
Um garçom apareceu com nosso primeiro prato, e ela fez uma pausa
em seu discurso.
— Lagosta Bouillabaisse de Maine, — ele declarou enquanto colocava
as pequenas tigelas fumegantes na nossa frente e se afastava.
Mais uma vez, paramos nossa conversa até que ele estivesse fora do
alcance.
Agora é minha chance. Antes que ela comece a falar de novo, pensei,
esquecendo que o pior momento para terminar com alguém é durante o
primeiro prato de um menu de degustação de oito pratos.
— Grace, você é uma mulher incrível. Você é linda e talentosa e
qualquer homem teria sorte de ter você.
Por sua expressão gelada, imaginei que ela sabia para onde isso estava
indo. Tentei não olhar nos olhos dela.
— Eu acho que você merece um parceiro que a coloque em primeiro
lugar, mas eu percebo que onde minha vida está agora, eu não estou
fazendo isso.
— Bem. faça isso, — ela respondeu, meio rosnando.
— Esse é o problema. Eu não acho que posso.
E então eu disse. A coisa que eu ainda não tinha percebido
totalmente. A coisa que eu não sabia que me importava.
— Eu não estou apaixonado por você.
Zoey

Fiquei no canto gasto do sofá de April, bebendo minha terceira taça


de vinho.
Sendo uma amiga incrível, April tinha tentado vários métodos para
tirar minha mente do erro que arruinou minha vida e colocá-la em um
lugar mais positivo.
Ela tentou ler meu tarô, mas peguei o Três de Espadas — a carta do
coração partido — como meu futuro e comecei a chorar.
Ela baixou todos os seus aplicativos de namoro favoritos para o meu
telefone, me mostrou como usá-los e até escolheu alguns meninos que
eram exatamente o meu tipo.
Recebi uma resposta de um match imediatamente.

Teddi: Ei, coisa gostosa.

Teddi: Quer me encontrar.

Zoey: Talvez...

Zoey: O que você tem em mente?

Teddi: (emoji de bunda, beringela e água)

April teve que me dizer que Teddi não planejava me preparar um


jantar e me levar a um parque aquático.
Desnecessário dizer que fiquei desapontada. Minha mente voltou
direto para Julian.
Julian era charmoso e encantador.
Ele me levaria a um parque aquático.
Merda, ele provavelmente contrataria um para que não houvesse filas e
pudéssemos fazer amor nas margens de um rio lento.
Deus, eu sinto falta dele.
O estalo surdo de uma rolha de vinho me trouxe de volta ao quarto.
— Por alguma razão, o namoro online deixa os caras mais nojentos do
que já são, — lamentou April, servindo dois copos generosos de nossa
segunda garrafa de vinho.
— Como você aguenta isso? — Eu gritei, incrédula. — Baixando meus
padrões. O que tenho certeza que é difícil depois de uma noite com
Julian Hawksley, — ela disse com uma piscadela.
— Sabe, aposto que Julian está tão confiante que provavelmente é um
dos piores nesses sites.
Dizendo isso, se eu tivesse um pau como o dele, provavelmente
mandaria fotos dele para todo mundo com quem eu queria namorar.
April e eu rimos. Era bom rir e não ser capaz de parar.
— Você sabe o que dizem, é melhor ter conhecido um pênis lindo e
perdido, do que nunca conhecê-lo, — afirmou ela, o que me fez explodir
em risadas de novo.
April mudou de canal, parando em The Bachelor. — Aqui estamos nós,
um show que nos faz sentir que os homens de merda em nossas vidas
não podem ser tão ruins...
Eu adorava assistir TV com April e ouvir seus comentários. Eu me
aconcheguei, checando meu telefone uma última vez.
Agora, o problema de ter uma queda por alguém semifamoso é que
quando você está pensando nele, quando você quer apenas uma
espiadinha, a internet lhe dá um milhão de resultados de pesquisa.
Era muito tentador.
Procurei por Julian. E a primeira coisa que vi foi uma postagem no
blog de Chicago Stye: — April! — Eu gritei, segurando o telefone em seu
rosto. — Olha isso!
— Puta merda, — disse ela, pegando o telefone de mim e lendo.
— A roupa suja de Julian só ficou mais suja quando... — de acordo
com testemunhas — Grace serviu sopa de lagosta em seu colo.
— Olha, tem uma foto! — Acrescentou ela, mostrando-me uma foto
de Julian saindo timidamente do restaurante, guardanapo sobre o temo
Hugo Boss manchado.
— Pobre rapaz. Espero que esteja bem lá embaixo, — April meditou
enquanto entregava o telefone de volta. Minha mente estava zumbindo
de excitação.
Julian e eu não temos compromissos.
E agora?
Talvez eu tenha uma chance, afinal?
— Para uma garota tão contra o comportamento impróprio de
escritório, você parece muito feliz que seu chefe agora esteja solteiro. —
April disse maliciosamente.
Percebi naquele momento que estava sorrindo de orelha a orelha.
Capítulo 19
Duas noites

Julian

Eu não poderia dizer que estava satisfeita com a forma como minha
conversa com Grace tinha sido, embora fosse revelador que, no
momento, eu me sentia mais aborrecido com a comida.
Eu ainda precisava pagar por isso. Eu estava ansioso pela terrina de
javali e figo.
Liguei para a cozinha assim que entrei no carro de Jeffrey e pedi a eles
que embalassem as duas refeições.
Foi bem mais agradável comê-los no meu assento com meu chofer
Jeffrey enquanto nós meio que assistíamos Animal Planet do que eu teria
com Grace de qualquer maneira.
O que mais me incomodou foi a ideia de ser humilhado publicamente
ao perseguir uma mulher que havia declarado claramente que não me
queria.
Uma mulher que eu não poderia perseguir.
Uma mulher que eu precisava ter em minha vida. Eu, por ter dormido
com uma colega ou funcionária e me encontrar em uma situação
desconfortável, faria o RH encontrar uma maneira discreta de dispensá-
las.
Bem, claro, com uma referência e um pagamento generoso. Eu não
estava nem um pouco orgulhoso disso, mas era a verdade.
Eu não poderia fazer isso agora.
Em primeiro lugar, poderia ser processado e perder. Com justiça.
Não que eu achasse que Zoey faria isso. Ela nem mesmo aceitaria
uma passagem de avião na primeira classe, pelo amor de Deus.
Eu também não consegui porque ninguém mais sabia minha agenda e
Zoey já era uma assistente melhor do que Rufus. Por mais que eu amasse
o cara, ele era educado demais.
Eu não tinha esse problema com Zoey.
Mas a razão mais urgente pela qual não consegui tirar Zoey do meu
escritório ou da minha vida era que eu não queria.
A ideia de ir trabalhar sem ela parecia vazia e sem alegria.
Mesmo se eu tivesse que chafurdar por meses, anos, no lamaçal de
afeição não correspondida, valeria a pena.
Porra, talvez isso me inspirasse.
Eu poderia voltar a escrever poemas terríveis como fazia quando
tinha dezesseis anos.
Eu continuaria minha vida como um playboy internacional, mas com
o acréscimo da gravidade taciturna de ter conhecido sofrimento.
Eu saí da minha linha de pensamento apenas pelo tempo suficiente
para ouvir a voz em off.
— Uma vez que os castores cortejaram, é amor verdadeiro. Eles vão se
acasalar para o resto da vida, trabalhando juntos para criar sua família e
construir barragens e cabanas incríveis.
Isso é tudo que eu quero.
Uma barragem agradável e aconchegante cheia de amor
Os castores têm tudo planejado.
— Vou para a cama, Jeffrey. — disse, levantando-me com um suspiro.
— Muito bem, senhor, — disse ele, com a expressão de um homem
que sabe que seu chefe está comparando desfavoravelmente sua vida
amorosa com a do castor e não sabe bem o que dizer.
Zoey

Pelo menos a comoção não está em mim, pensei enquanto entrava no


escritório.
Julian era o único com o fardo pesado. Nenhuma menção no artigo
da secretária desarrumada que o fez se afastar de Grace.
Por que haveria?
Por que alguém como Julian Hawksley escolheria uma garota como eu?
Não só eu tinha me chateado com essa linha de pensamento, mas
provavelmente estava errada.
Olhos pareciam me seguir enquanto eu caminhava pelo prédio.
Talvez todos saibam.
Talvez Grace saiba.
O que ele disse a ela?
Tentei bloquear os pensamentos. Afinal, eles não podiam mudar a
situação.
Passei pela mesa de Amy. — Bom dia, Zoey, — ela vibrou. Isso me
confortou. Não era o tom de quem acha que havia fofoca a ser
desenterrada.
Finalmente, na minha própria mesa, sentei-me e coloquei meus fones
de ouvido gigantes, me isolando do mundo enquanto recebia os e-mails.
Um toque no ombro. Eu me virei para ver Julian.
— Bom dia, senhor, — eu disse, com uma formalidade quase absurda,
enquanto meu cérebro se inundava com flashbacks de como as coisas
ficaram informais entre nós menos uma semana atrás.
— Bom dia para você, Sra. Curtis. Como você se encontra nesta bela
manhã? — Ele respondeu, zombando do meu tom.
— Muito bem. obrigada. — Nossos olhos estavam travados. Os dele
dançavam daquela maneira enigmática que me deixava louca.
Eu tive que me desviar de seu olhar.
— Se você não se importa. Sr. Hawksley, tenho alguns e-mails para
colocar em dia, — disse eu, os olhos disparando para a minha tela.
— Nem um pouco, — respondeu ele. Eu ouvi a porta do escritório
fechar atrás dele.
Droga.
Tentei me concentrar no trabalho nos próximos dias. Merda, havia
muito o que fazer.
Depois da pequena briga de Julian na Brown's, notei um aumento
acentuado no número de mulheres investidoras que pediram para se
encontrar.
Eu discretamente verifiquei algumas no LinkedIn. Elas eram
uniformemente glamorosas e formadas da maneira que as mulheres
endinheiradas costumam ser.
Eu provavelmente também ficaria bem se tivesse um orçamento de salão
ilimitado, pensei, olhando para minhas unhas esfarrapadas.
Talvez fosse isso. Eu precisava de um pouco de tempo. Um pouco de
amor-próprio.
Talvez eu deva marcar uma consulta em algum lugar mais tarde.
Receber uma massagem. Ou um tratamento facial.
Ou ambos.
Fui arrancada da minha pequena fantasia por um zumbido do meu
telefone.
Julian: Acho que você ouviu a notícia

Zoey: Sim

Zoey: Sinto muito sobre você e Grace.

Julian: Por que você está arrependida?

Zoey: É apenas algo que as pessoas dizem.

Julian: Então você não está arrependida?

Zoey: Acho que não.

Julian: O que você vai fazer depois, a propósito?

Olhei pela janela de vidro de seu escritório e o peguei olhando para


mim. Ele sorriu quando nossos olhos se encontraram, e isso deixou
minhas entranhas mais pastosas do que purê de batata.
Julian

Demorou um pouco para convencer Zoey a vir à minha casa naquela


noite.
Tentei dizer que havia trabalho a ser feito, especialmente com a
situação de relações públicas que meu infeliz jantar havia inspirado.
Ela argumentou, com toda a razão, que ser vista trabalhando tarde da
noite com minha assistente não ajudaria.
Eu sabia que no fundo havia mais do que isso: o medo de virar
assunto. De ser a garota que transou até chegar ao topo.
Tentei usar a boa e velha honestidade para conquistá-la.
Eu disse que queria conversar. Eu queria limpar o ar.
E eu compraria sua comida de onde ela quisesse por seu tempo.
A honestidade e um jantar grátis são uma combinação difícil de
vencer.
Agora estávamos dirigindo pelas ruas escuras da cidade. Mesmo com
as janelas escuras do Rolls-Royce, ela estava descendo furtivamente, com
medo de ser vista.
— Garanto-lhe, Sra. Curtis, as janelas do passageiro são totalmente
opacas, — Jeffrey explicou gentilmente do banco do motorista.
Eu não pude deixar de rir. Ela estava usando óculos escuros e tinha
um lenço enrolado na cabeça.
Ela parecia uma estrela dos anos 1950 que passou por tempos difíceis
e estava prestes a assaltar um banco.
Eu não tinha ideia de que isso era excitante para mim.
— Eu gosto desse visual em você, — eu provoquei. — É incrível como
você se destaca quando está tentando não ser notada.
Ela olhou para mim. Foi o brilho mais sexy que eu já vi.
— Está tudo bem para você, Sr. Hawksley. Você é o chefe. As pessoas
esperam que você aja da maneira que quiser. Para mim, é um conjunto
diferente de regras.
— Sério, Sra. Curtis? — Devo admitir que toda essa formalidade
forçada estava me deixando estranhamente excitado. — Por favor,
explique?
— Você está no comando. Você tem a grana. Você pode ter quem
quiser, então por que não se jogaria no mar de possibilidades? Eu, por
outro lado, sou apenas uma secretária.
Seus olhos se voltaram nervosamente para Jeffrey, que gentilmente
aumentou o volume da música, permitindo que ela falasse com mais
privacidade. — As pessoas vão dizer que estou transando apenas para ter
um aumento ou promoção, e isso vai ofuscar qualquer uma das minhas
conquistas futuras. Além disso, eles vão me chamar de destruidora de
lares e falar sobre como Grace Allen é muito mais bonita e...
— Quem são essas pessoas que você está imaginando?
Eu senti pesar ao ouvir como Zoey interpretou a situação. Afinal, fui
eu quem traiu.
E embora eu não ache que abusei da minha posição de poder, tenho
certeza de que muitas pessoas veriam dessa forma.
— Você sabe. Colegas. Conhecidos. Toda Chicago, se chegar à
imprensa.
— Quem é importante para você? April, sua família. O que eles
pensariam?
— Eles provavelmente ficariam preocupados que eu pudesse me
machucar. — Sua voz falhou um pouco. Eu apertei suas mãos nas
minhas.
— Zoey, eu queria trazer você para dizer que terminei com Grace. Eu
disse a ela que não estava mais apaixonado por ela.
— A verdade é que não tenho certeza se já estive, e não é justo com
ela. ou eu ou você. Eu cansei de ser aquele cara...
Não consegui terminar porque ela me beijou e, no minuto em que o
fez, não consegui pensar em mais nada.
Zoey
Nunca chegamos ao jantar, a menos que você conte o sorvete de
trufas que Julian tentou comer na minha barriga no meio da noite.
Estava frio e fazia cócegas, e logo havia algumas manchas terríveis de
chocolate na roupa de cama de algodão egípcio de mil dólares de Julian.
No minuto em que o beijei, perdi a noção de tudo. Eu não me
importava com quem nos visse e não me importava com o que os outros
pensavam.
Eu mal me importava com o que ele pensava.
Porque ele me fez sentir desejada.
Todas as vezes que estive com um homem antes, mesmo quando me
divertia, ficava tão consciente do meu corpo — consciente de cada
pequeno pedaço da minha barriga, ajustando minha posição
desajeitadamente, caso isso me desse um queixo duplo.
Mas com Julian. não pensei nisso. Eu não precisava também.
A maneira como ele me beijou, a maneira como fizemos amor, a
maneira como ele aproveitaria qualquer chance de cair em cima de mim,
e mesmo quando eu gozasse, ele ficaria lá até que eu fizesse isso duas
vezes.
O jeito como ele gostava de fazer amor em posições onde pudesse me
ver. A maneira como seus olhos azuis continuavam dançando enquanto
ele fazia isso.
Foi alucinante e não me deixou dúvidas de que ele me queria. Eu me
sentia livre na cama com Julian de uma forma que não sentia com
ninguém.
Seu entusiasmo tornava o prazer dele ainda mais emocionante. Eu
queria emocioná-lo.
Eu amei tomar seu comprimento total na minha boca. Seus gemidos
reverberavam em torno do meu corpo, fazendo todas as terminações
nervosas dançarem como folhas na brisa.
Surpreendeu-me que um homem que dormia com sua escolha de
supermodelos pudesse ser o homem que me faria sentir tão desejável.
A viagem matinal para o trabalho foi tranquila. Nós dois estávamos
com sono, eu acho, apesar das duas xícaras de café que bebi antes de
sairmos.
Jeffrey também tinha pouco a dizer. Ele tinha um sorrisinho tímido
que me fez pensar se eu deveria me desculpar por beijar nosso chefe no
banco detrás na noite passada.
Pensei melhor nisso.
Melhor não dizer nada a ninguém, até que eu descobrisse o que
diabos eu estava fazendo.
Caminhei pelo Grand Hotel como se estivesse com uma venda,
enquanto Jeffrey dirigia para deixar Julian nos fundos do prédio.
O problema de não olhar para a esquerda e para a direita?
Bem, existem muitos problemas.
O problema hoje é que acabei entrando no elevador exatamente na
mesma hora que Grace Allen.
Eu só percebi quando nós duas tentamos apertar o botão do vigésimo
terceiro andar.
As portas se fecharam. Éramos apenas nós. Eu estava presa.
— Olá? Zula, não é? — Ela falou lentamente sem o menor interesse.
— Zoey. Como você está, Grace? — Eu disse em uma voz cerca de
duas oitavas acima da minha habitual.
— Como se você não soubesse.
— Soubesse o quê? — Eu estava praticamente chiando neste
momento.
— Julian e eu terminamos.
— Eu sinto muito.
— Você notou algo estranho? Algum cliente que ele viu muito
recentemente?
'Na verdade.
— Eu suspeito que ele estava traindo. Eles geralmente estão.
Eu balancei a cabeça, tentando não olhar nos olhos dela.
— Estou surpreso que você não notou nada. Afinal, você tem passado
muito tempo com ele, — disse ela, enquanto as portas abriam.
Eu não perdi o ritmo, saindo e correndo para a minha mesa como se
ela me oferecesse qualquer proteção contra minha linda rival de um
metro e oitenta.
Quando me sentei. Grace estava bem ao meu lado.
Malditas pernas longas dela.
— Você acabou de fugir de mim, Zoe?
Era como se ela estivesse determinada a nunca dizer meu nome direito.
— Oh, não, é que eu não queria chegar atrasada...
— São 9h40, acho que você já está atrasada. Onde está Julian?
Naquele momento Julian apareceu no corredor, como se ela o tivesse
conjurado.
— Julian. Que coincidência. Você chegou cerca de cinco segundos
depois da sua assistente.
— Bom dia, Grace. — Ele tinha um tom sério. Era o tipo de voz que
você poderia usar para persuadir um fugitivo enlouquecido a desistir de
seu refém. — Como posso ajudá-la?
— Eu vim aqui tentando obter uma explicação de verdade. Descobrir
com quem você estava se envolvendo pelas minhas costas. — Seus
grandes olhos verdes se fixaram em mim enquanto ela dizia isso.
— Mas acho que descobri sozinha.
Ela me lançou um olhar fulminante antes de se voltar para Julian. —
É sério? Você terminou as coisas comigo por isso? Ela nem é bonita. Seu
temo parece 100% inflamável.
Vadia.
Diga o que quiser de mim, mas este terno é vintage original dos anos 1960
e 100% lã merino.
E ela diz que trabalha com moda.
— Grace, isso não é apropriado, — Julian disse, colocando-se
protetoramente entre ela e minha mesa.
— Oh, você quer dizer como foder sua secretária? — Ela estava
ficando mais barulhenta agora.
Eu olhei em volta, grato por esta ponta do escritório estar vazia.
Muitas vezes era quando Grace fazia uma aparição.
— Não terminei com você porque estava tendo um caso, — Julian
respondeu com uma calma forçada.
— Poupe-me dessa merda. Você fodeu essa vagabunda horrível ou o
quê?
— Já basta. Me atacar é uma coisa, mas não é certo arrastar minha
assistente para isso. Você precisa sair.
A raiva agora borbulhava através da atitude forçada de calma de
Julian.
— Eu sabia. Tão cafona. Você sabe o que as pessoas vão dizer?
— Eu terminei com você porque nosso relacionamento não era real.
Era tudo sobre o quão bem parecíamos juntos. Quando você se preocupa
com alguém, você não dá a mínima para o que as pessoas pensam, e é
maravilhoso.
Eu não pude deixar de sorrir com isso. — Não fique muito feliz,
garota trabalhadora. Ele vai te foder em duas semanas, — Grace rosnou,
dando um tapa forte no rosto de Julian.
Ele mal se encolheu.
— Desejo a você tudo de bom. — ele disse enquanto ela marchava
pelo corredor.
— Vá se foder, Julian. — ela respondeu, lançando o dedo do meio
atrás dela.
Julian

Ai.
As aulas de tênis que Grace estava tendo valeram a pena. Ela
desenvolveu um backhand feroz.
Eu me virei para Zoey, que estava sorrindo apesar de tudo.
— Você precisa de gelo, Sr. Hawksley?
— Não, mas acho que deveríamos ter uma avaliação de desempenho
hoje. Na sala de reuniões quatorze, se você conseguir reservar. — Eu sorri
para ela.
Zoey mordeu o lábio enquanto escrevia no meu calendário.
A sala quatorze não tinha janelas ou câmeras de segurança e uma
porta que trancava por dentro.
Passei as horas seguintes fingindo estar trabalhando enquanto
sonhava acordado com nosso encontro da tarde.
Caminhamos pelos corredores juntos em silêncio, ocasionalmente
cumprimentando colegas de trabalho em nosso caminho.
No minuto em que estávamos em segurança dentro da sala quatorze,
passei meus braços em volta dela e a puxei para um beijo profundo.
Capítulo 20
Sala de reunião quatorze

Julian

Por alguns segundos gloriosos, ficamos emaranhados, nossas bocas


travadas juntas, minha fome ficando mais desesperada a cada momento.
Ela se afastou sem fôlego.
— O que estamos fazendo? — Ela perguntou, com um tremor de
ansiedade em sua voz.
— Eu não sei. Eu só quero continuar fazendo isso, — eu disse,
puxando-a de volta.
Eu a senti enfraquecer em meus braços. Eu a peguei como se ela fosse
uma donzela que acabara de desmaiar.
— Somos pessoas más? — Ela perguntou novamente, enquanto eu a
colocava na mesa de reunião.
— Você não é, pelo menos até onde eu posso ver.
Eu tento o meu melhor, — eu respondi, beijando sua orelha. Ela
soltou um pequeno suspiro quando eu o fiz.
— Quem pode dizer o que é bom e o que é ruim? — Sussurrei
baixinho, enquanto puxava seu vestido de mudança para cima e sua
meia-calça para baixo.
Eu deslizei meu dedo entre suas pernas, só para ver o quão molhada
ela já tinha ficado.
Foi impressionante. Agradava-me quando tínhamos nossas conversas,
especialmente as mais formais, imaginar como sua calcinha poderia estar
úmida naquele momento.
Eu levantei suas pernas sobre meus ombros, segurando-as separadas
firmemente, como ela tinha o hábito de se debater descontroladamente
quando estava no meio de um orgasmo.
Eu deixei minha língua passar rapidamente em seu centro,
encontrando seu botão inchado. Ela tinha um gosto doce, como chá
gelado de pêssego com uísque.
Eu podia sentir ela se contorcendo, sentindo ela tentando não gritar,
enquanto eu chupava seu clitóris.
Quando suas pernas começaram a tremer, deslizei meu dedo para
dentro dela novamente, mantendo minha boca onde estava.
Eu podia sentir seu corpo resistindo embaixo de mim; senti um
desejo de seguir em frente. Quando suas pernas relaxaram, ela empurrou
minha cabeça.
Levantei-me enquanto ela desabotoava minhas calças rapidamente,
deslizando-as para baixo para revelar meu membro duro como pedra.
Ela graciosamente colocou todo meu comprimento em sua boca,
focalizando suavemente a ponta, tomando-o mais profundamente,
deixando sua língua correr para cima e para baixo em mim de uma forma
que fez meus joelhos dobrarem.
Minhas mãos se perderam em seu cabelo bagunçado.
Estava tão arrumado quando saímos do apartamento esta manhã.
Foi uma sensação deliciosa. O calor disso, a suavidade.
A sensação de sua língua habilmente traçando meu eixo enquanto ela
engolia todo o meu pau era incrível.
Eu olhei para ela, e naquele momento, ela olhou para cima com
aqueles olhos profundos. Eu precisava estar dentro dela imediatamente.
— Na mesa. Agora, — eu rosnei.
Ela obedeceu.
Zoey

Eu sabia que era clichê transar com meu chefe no escritório. Mas
Julian havia despertado um fogo estranho em mim.
Por mais caótica e insana que minha vida tivesse ficado de repente, eu
estava constantemente distraída por uma profunda necessidade por ele.
Para ser tocada por ele.
Para tê-lo dentro de mim.
Meu corpo estava tremendo de antecipação exatamente por isso
quando ele me empurrou de volta na mesa.
Ele puxou minhas pernas até seu peito e entrou em mim lentamente,
me dando tempo para me acostumar com sua circunferência
impressionante antes de me encher completamente.
Uma onda de calor correu por toda minha corrente sanguínea,
fazendo minha pele formigar.
Ele encontrou um ritmo suave, mas logo ganhou intensidade.
Sentei-me, envolvendo minhas pernas em volta de sua cintura e
beijei-o com força enquanto o segurava bem perto e dentro de mim.
Ficamos assim por um tempo, beijando e balançando nossos corpos
em uma união gloriosa.
Um sorriso perverso se espalhou em seus lábios antes que ele se
afastasse e me virasse sobre a mesa.
Eu estava de barriga para baixo agora, minhas costas arqueadas
enquanto suas mãos seguravam meus quadris com firmeza.
Ele me puxou em sua direção, me penetrando por trás.
Gritei de prazer antes de lembrar onde estava.
Colocando uma das mãos na boca, tentei me sufocar.
Ele não foi tão gentil dessa vez. Ele me segurou e empurrou para
dentro de mim, logo cedendo.
Foi tão difícil, urgente, rápido, desesperador e incrível.
Fiz tudo o que pude fazer para não gritar. Por mais isolada que fosse a
sala de reuniões quatorze, eu tinha certeza de que não era à prova de
som.
Virei meu pescoço, querendo vê-lo em ação. Ele sorriu para mim com
aqueles olhos brilhantes e gentis.
Eu estava sendo tomada por trás no escritório. Por meu chefe. Era
uma safadeza, eu sei. Mas aquele olhar era outra coisa. Eu nunca tinha
sido fodida com tanta força e olhada de forma tão doce.
Eu sorri de volta, e nós nos olhamos enquanto seu ritmo ficava ainda
mais furioso.
Eu o senti estremecer dentro de mim, seu aperto aumentou quando
ele atingiu um pico de euforia.
Ele ficou dentro de mim, me segurando perto dele enquanto
recuperava o fôlego.
Em seguida, ele gentilmente me puxou para cima, envolvendo as
mãos em volta da minha cintura.
Eu descansei minha cabeça em seu ombro e assim ficamos por alguns
minutos.
— Isso não é apenas sexo para mim, Zoey, — ele disse sob meu cabelo.
Passei meus braços ainda mais apertados em torno de suas costas
largas, queria me fundir com ele de alguma forma.
— Também não é pra mim. Nunca foi, — eu sussurrei.
E ficamos ali alguns minutos, abraçados em silêncio, juntos, seminus,
na sala quatorze.

— Parece que você passou na avaliação de desempenho com louvor.


— April disse sobre sua cerveja.
— Eu gostaria de pensar assim, — eu disse rindo. Eu tinha acabado de
informá-la sobre minhas emocionantes 24 horas e já estávamos no
terceiro drinque.
As bebidas ajudaram a converter minha vergonha de transar com meu
chefe no escritório em uma vertigem geral.
— Vocês estão namorando agora ou o quê?
— Eu não sei. Conversamos um pouco, depois que as coisas ficaram
quentes no escritório. Eu disse a ele que estava aberta a algo entre nós.
Eu só quero ir devagar... e ficar quieta, — eu me ouvi dizer baixinho.
— Você pode falar em um volume normal, sabe. Estamos no Star and
Garter, duvido que alguém aqui se importe, — respondeu April.
Ela tinha razão. Seu bar local ficava o mais afastado possível dos
escritórios do Grand Hotel.
Com suas mesas sujas e paredes cobertas de Sharpie bruto, o Star and
Garter parecia um santuário precioso longe daquele mundo.
— O quão fácil isso vai ser? Quer dizer, Julian é muito famoso. Você
definitivamente não poderia namorar de uma maneira normal.
— Você tem razão. Parte de mim sente que isso é um desastre
esperando para acontecer...
— Mas...
— Parte de mim explode de felicidade sempre que estou perto dele.
Estive com Ben por três anos e nunca me senti assim.
— Bem, Ben é péssimo.
— Verdade, — eu disse tomando um gole de cerveja, pensativa.
— Eu acho que você está no caminho certo, querida. Prepare-se para
o pior e espere o melhor. — Esta era uma das citações favoritas de April.
Ela ergueu o copo e eu obedientemente brinquei.
Quero dizer, quão ruim isso poderia ficar?

Entrei no trabalho com confiança na manhã seguinte.


Pelo menos eu não estava escapando do carro de Jeffrey.
Pelo menos eu dormi boas sete horas, mesmo com um toque de
ressaca.
Pelo menos eu não cheirava a sexo.
Mas algo estava errado. Senti cabeças girarem enquanto caminhava
pelos corredores. Não de um jeito bom.
Eu ouvi cochichos no segundo que as pessoas pensaram que eu estava
fora do alcance.
Amy. Doce Amy. Lá estava ela em sua mesa. Ela vai me ajudar.
— Ei. Amy. Como tá indo? — Eu disse com um sorriso. Ela olhou para
cima com uma expressão de olhos arregalados que alguém poderia dar a
um fantasma.
— Está tudo bem? — Eu perguntei em voz baixa, sabendo
imediatamente que não estava.
Ela bateu na tela do computador e eu espiei por cima da mesa para
ler.
Eu senti o sangue sumir do meu rosto.
A manchete em TMI Entertainment News dizia: Uma foto minha e de
Julian a caminho de uma reunião foi incluída.
Era de algumas semanas atrás, antes de tudo isso, mas ele estava
sorrindo para mim. e eu estava sorrindo para ele, e era meio fofo
considerando que nem sabíamos...
— É verdade? — Amy perguntou baixinho, tirando-me de volta da
minha pequena fantasia. É uma prova de quão sonhadora Julian me fez,
por pensar nele em um momento como este.
— Não. Quer dizer, não estávamos tendo um caso.
— Mas vocês estão namorando?
— Acho que sim, — respondi, com meus olhos seguindo alguns
colegas caminhando em nossa direção.
Todos nós olhamos para longe um do outro.
Eles sabem.
Todo mundo sabe.
Eu esperei que eles passassem.
— Por favor, não diga a ninguém, — eu implorei.
— Claro, — Amy me assegurou.
Voltei minha atenção para a tela, para examinar o resto do artigo.
— Eu não entraria muito nisso. — Amy disse gentilmente.
— Por que não? — Eu perguntei, lendo rapidamente por cima do
ombro.
Pensei em todos os chefes desprezíveis com os quais tive que lidar ao
longo dos anos. Como eu tive medo de mandá-los se foder no caso de eu
perder meu emprego.
E agora eu era a única acusada de ser uma praga sexual.
Não é justo.
— Eu disse para você não ler, — disse Amy.
Capítulo 21
Sob pressão

Zoey

Julian ficou fora a manhã toda, embora tenha sido gentil o suficiente
para me mandar uma mensagem e me dizer para ignorar as notícias.
Ainda assim, era difícil evitar os olhos.
Entrei furtivamente em seu escritório para tentar me livrar de olhares
passageiros.
Houve uma batida à porta por volta das 11h30. Era Kyla Hawksley. Ela
marchou e sentou-se à minha frente.
— Vamos almoçar hoje.
— Parece ótimo, mas estou muito ocupada, — eu disse, me sentindo
culpada por ter mentido para Kyla sobre minha paixão por Julian.
— Julian vai entender.
Ela sabe.
Todo mundo sabe, nós já superamos essa, Zoey.
— Eu realmente não penso ser bom...
— Ser visto por alguém? Sem problemas, vamos fazer o pedido, o que
pensa disso? Suponho que este seja um bom dia para alguns carboidratos
fortes, — ela sorriu enquanto pegava seu telefone.
Logo eu tinha um prato cheio de carbonara e uma compreensão
muito mais profunda da história de amor de Kyla e Jensen.
A atração deles era demais para se desfazer, por mais que ela tentasse.
As pessoas pensavam que ela estava dormindo com o chefe para um
tratamento especial, apesar de sua ética de trabalho maluca.
Como tudo parecia bobo agora.
No final da história romântica, ganhei uma sensação de otimismo.
Eu também tive um novo amor por Kyla.
Não me entenda mal, sempre gostei dela.
Respeitava ela com certeza. Todo mundo respeitava. Mas é preciso
um certo tipo de garota para estender a mão para outra quando elas
estão em uma crise.
Ela era uma mulher de verdade sob aquele exterior duro.
— Agora, eu não posso acreditar o quanto eu estava tentando impedir
que isso acontecesse, — ela disse, dando uma mordida poderosa em sua
pizza.
Ela continuou: — Eu estava tão preocupada com o que as outras
pessoas estavam pensando que não pude simplesmente ouvir minha
intuição.
— É bom ouvir isso, — eu disse.
E foi. Eu tinha passado muito tempo me questionando quando, na
realidade, estava curtindo minha vida muito mais do que há dois meses.
— Você é uma garota esperta e uma pessoa boa, e não me diga que
não é porque eu sou uma excelente juíza de caráter. Confie em seu
instinto. O que isso diz?
— Diz que realmente quero uma fatia da sua pizza, — eu disse antes
de pegar um pedaço do outro lado da mesa.
Kyla ergueu a sobrancelha e eu cedi. — Além disso, eu gosto de Julian.

Meu almoço entre irmãs com Kyla tinha me acalmado, mas no


minuto em que ela saiu do escritório e eu coloquei os olhos no meu
telefone, a realidade desabou sobre mim.
Trinta e quatro chamadas perdidas.
Ele começou a zumbir um segundo depois de atendê-lo.
Mãe.
— Zoey, há muitos jornalistas na frente de casa. Eles estão pedindo
por você.
— O quê?
— Eles estão perguntando sobre você e o Sr.
Hawksley. Não sei o que dizer, já que você não nos fala nada.
Eu amei que esta é a parte pela qual minha mãe estava brava. Não estar
em dia com as complexidades da minha vida sexual.
— Ele está assediando você?
— Não. mãe.
— Quando você terminou com Ben?
— Eu vou explicar...
— O que você quer que eu diga a essas pessoas no quintal?
— Sem comentários?
Acho que foi isso que as pessoas diziam nessa situação.
Julian

Foi um bom dia para estarmos ocupados. Obviamente, vi as notícias,


mas a equipe que conheci na visita ao local não pareceu estar atualizada
Foi bom me perder em conversas sobre acabamentos de mármore e
paisagismo para nossa nova sede corporativa.
Eu estava me sentindo culpado por deixar Zoey guardando o forte em
um escritório cheio de fofoqueiros.
Eu me senti extremamente culpado sabendo quem vazou a The
Mirror. Isso tinha as impressões digitais de Grace Allen por toda parte.
Liguei para Zoey que esperava ter sido reconfortada quando soube da
notícia e o número da minha agência de relações públicas, caso ela
precisasse de conselhos.
Mesmo assim, eu sabia que devia ser um choque. Ela não estava
acostumada.
Eu me pergunto se crescer sob os holofotes me estragou?
Havia pouca chance de autorreflexão.
O custo da obra estava subindo rapidamente, e eu precisava ter
certeza de que tínhamos os meios para terminar o projeto como
imaginamos.
Uma coisa que aprendi neste setor é que não há sentido em construir
edifícios de luxo com um orçamento de baixa especificação.
Liguei para um financista em Nova York, com quem não me
encontrei durante nossa última visita, e ele pediu que eu voasse para uma
reunião de emergência.
Achei que devia uma a ele, e ele poderia fazer o que quisesse, já que eu
estava pedindo mais dois milhões.

Julian: Como está indo aí?

Zoey: Não sei, ainda estou escondido no seu escritório.

Zoey: Mas minha mãe tem um quintal cheio de paparazzi.

Julian: Sinto muito.

Julian: Provavelmente não é uma boa hora para perguntar, mas


você pode me reservar um voo para Nova York?

Zoey: Para quando?

Julian: Nas próximas horas, idealmente.

Zoey: Hoje!?

Julian: Eu preciso ganhar um investidor. Eu sei. É um momento


ruim.

Julian: Volto o mais rápido possível.

Zoey: Tudo bem, é o seu trabalho.

Zoey: O que minha mãe deveria dizer a todas as pessoas em seu


quintal?
Julian: No hablo português Zoey

Jeffrey se ofereceu para me dar uma carona depois do trabalho.


Eu caminhei rapidamente pelo escritório, tentando não fazer contato
visual com ninguém. Ele me levou para buscar April em seu escritório de
advocacia no lado leste da cidade.
— Isso é melhor do que o ônibus, — disse ela ao entrar no carro. —
Olá, sou a April, — acrescentou ela, apertando a mão de Jeffrey.
— Jeffrey. Um prazer.
Isso era algo que eu amava na April. Não importa onde estivéssemos,
ela se apresentava a todos. E ela tinha um talento incrível para lembrar
nomes.
Um pequeno superpoder, mas potente, que fazia com que todos
gostassem dela instantaneamente.
Ela se esgueirou de volta para o banco de couro do passageiro.
— Dia difícil? — Ela perguntou gentilmente.
— Nem me fale.
— Sabe, meu telefone tocou o dia todo. E meu Twitter. Todos os
jornalistas da cidade estão tentando descobrir tudo sobre você.
— O que eles estavam perguntando?
— Você sabe, tentando obter os detalhes suculentos. Eu disse a eles
que você era uma profissional perfeita, é claro, e que seu antigo chefe era
um idiota que deveria estar preso.
— Merda. Vou ser processada por difamação além de tudo isso?
— Não se preocupe, querida, sou advogada, — disse April, colocando
o braço em volta dos meus ombros.
Eu sorri para ela, piscando para conter as lágrimas. Era horrível saber
que tantas pessoas sabiam sobre mim. Pensavam o pior de mim.
— Dr. April Waters vai consertar tudo com uma ida à padaria e uma
garrafa de Malbec.
— Eu te amo muito, — eu disse, descansando minha cabeça em seu
ombro.
— Jeffrey, por favor, leve-nos à Patisserie Juillet na Vigésima Segunda
com a Décima. Há uma loja de bebidas bem perto, e está a caminho de
casa.
— Podemos fazer mais uma parada? — Eu adicionei. — Estou sem
calcinha.
April me acompanhou até meu antigo prédio. Eu estava nervoso
quando entramos no estúdio, mas felizmente estava vazio. E bagunçado.
— EGA. A vida de Ben é deprimente sem você, — Amy zombou,
olhando para uma pizza do dia anterior, meio comida, que estava sobre a
mesa de centro imunda. — Que crianção. — Eu estava ocupada
enchendo um saco de lixo com roupas. Eu queria levar tudo. Eu não
confiava em Ben para não jogar fora meus itens sentimentais ou roubar
meus alto-falantes.
Mas eu não aguentava mais agora. Eu precisava encontrar um novo
lugar.
Outra coisa em que pensar.
Entre mim e April, conseguimos empacotar muitas das minhas coisas.
— Nós vamos abrir espaço. Mas, desde que o seu armário seja o meu
armário, posso pegar emprestado o que eu quiser.
— Parece razoável, — eu disse, querendo beijá-la.

Já havíamos colocado as sacolas no Rolls-Royce quando descobri uma


caixa de fitas VHS da Disney que eu pretendia vender embaixo da cama.
Disseram-me que valiam uma fortuna, embora uma pesquisa rápida
no eBay tenha revelado que isso não era verdade.
Mesmo assim, continuei a acumulá-las por amor e apego sentimental.
Ben estava me pedindo para me livrar delas há anos. Eu não
conseguia suportar a ideia de ele jogar fora minha cópia original de
Aladdin.
Corri para pegá-las sozinha e voltei pela frente.
— Zoey! — Eu ouvi uma voz gritar do outro lado da rua.
Ben.
Merda.
Ele atravessou a rua correndo, fazendo os carros buzinarem para ele.
Eu estava presa.
Jeffrey estava estacionado na esquina, então ele e April não sabiam do
meu infeliz encontro.
Eu fiquei lá, congelada de medo, com medo de que ele perdesse a
paciência novamente.
Em vez disso, ele correu até mim e me puxou para um abraço gigante.
Eu podia senti-lo vibrando com soluços silenciosos enquanto me
abraçava.
— Você voltou.
— Vim buscar minhas coisas. — Ele se afastou com isso, seu rosto
pesado de dor.
— Zoey, eu não me importo com Julian. Não me importo com
Noreen. Eu só me importo com você.
Tentei contorná-lo, mas ele parou na minha frente, bloqueando meu
caminho.
— Vamos nos perdoar. Vamos começar novamente.
— Não. Ben.
— Não jogue tudo fora. Não por ele. Caras como ele, você não pode
confiar neles.
— Eu não sei nada sobre isso, mas sei que não posso confiar em você.
— Você pode. Porque agora eu sei como é a vida sem você, nunca vou
arriscar nosso relacionamento novamente.
Sério?
Foda-se esse cara.
O que o fez perceber o meu valor foi ver como é difícil manter um
pequeno apartamento vagamente limpo.
Ainda assim, eu não queria brigar. Havia uma grande parte de mim
que ainda se importava com ele.
E uma grande parte de mim sentia pena dele.
— Ben, estou deixando você. Sinto muito, mas essa é minha decisão.
— Por favor, não faça isso... eu te amo. — Ele me puxou para perto.
Tentei afastá-lo.
— Espero que você trate a próxima mulher que você ama com mais
respeito, — eu disse, conseguindo me separar.
— Eu não quero ninguém além de você, — ele disse, olhando para
mim desesperadamente antes de me puxar para um beijo profundo.
Capítulo 22
P rimeiro Encontro

Zoey

Ben estava me beijando.


Bem... mais como me sufocar com a língua.
Ele colocou-a tão funda na minha garganta, era como se ele estivesse
tentando enrolar em volta das minhas amígdalas para que eu não
pudesse sair ou gritar por socorro.
Eu amei Ben por anos. De verdade. Mas agora, eu não sentia nada
além de um desejo de correr dele.
Tentei me livrar do beijo, mas ele estava me segurando com força.
Uma luz piscando em algum lugar atrás de nós pareceu chocá-lo.
dando-me tempo suficiente para escapar de seu aperto e empurrá-lo para
longe.
Corri descendo os degraus da frente e virando a esquina. Não olhei
para trás para ver se ele estava me seguindo.
Eu vi o carro esperando com o motor ligado. Eu pulei, batendo a
porta atrás de mim.
— Vamos sair daqui, agora.
Acordei no sofá de April com uma chuva fria e cinzenta, e uma
sensação de que desesperadamente não queria enfrentar o escritório.
Pelo menos é sexta-feira.
Eu me sentia lenta, rígida e dolorida de dormir no sofá duro.
Olhei para o meu telefone e fui recebida com a notícia de que a
viagem de Julian para Nova York seria prorrogada até a próxima semana.
Algo sobre a necessidade de atrair outro investidor para cobrir o
déficit orçamentário.
Ele me pediu para me juntar a ele, mas também deixou implícito que
viajarmos juntos poderia causar um pouco de tempestade.
Tenho certeza que ele estava certo.
Mas não pude deixar de pensar que era uma desculpa.
Eu não pude deixar de me sentir abandonada. Não ousei contar a ele
sobre meu pequeno encontro com Ben na noite anterior. Parecia o tipo
de coisa a ser explicada pessoalmente, ou pelo menos por telefone.
E eu com certeza não queria fazer isso ontem.
Jeffrey veio me buscar às 8h30. April entrou no carro comigo, com o
cabelo ainda molhado do banho.
— Chega de crises hoje, por favor, Zoey. Preciso de uma noite de
descanso do vinho, — disse ela antes de fechar os olhos e tirar uma
soneca durante toda a viagem.

Depois que deixamos April, Jeffrey me levou até os fundos do hotel


para que eu pudesse entrar sorrateiramente no escritório de Julian.
Eu tinha me acostumado a deslizar pelo prédio rapidamente esta
semana.
Eu fantasiei sobre um dia em que eu poderia passear e dizer com
confiança bom dia a todos, certa de que eles não estavam fofocando
sobre mim.
Mas hoje não foi esse dia.
Parecia pior. Qualquer pessoa desviava o olhar, como se olhar
fixamente para mim fosse transformá-los em pedra.
Decidi me esconder no escritório de Julian novamente. Fechando a
porta atrás de mim, me senti protegida.
Eu comecei a trabalhar, gastando a primeira meia hora do dia
colocando a agenda de Julian em Nova York em ordem.
Parecia punitivo. Reunião atrás reunião atrás reunião. Me confortou
saber que ele provavelmente não estava apenas escapando da tempestade
da mídia.
Assim que fiquei sabendo disso, decidi estupidamente fazer uma
pequena pausa e verificar as notícias.
A primeira página de The Mirror dizia:
E bem ali. na página de entrada, uma foto de Ben e eu no que parecia
um abraço apaixonado e amoroso.
Merda. De. Vida.
Julian

Foi durante um almoço que eu vi.


A foto.
Eu estava no Ivy com Clive De Bois, um investidor e conhecido de
Oxbridge.
Ele era detestável daquela maneira presunçosa e confiante que só os
muito ricos e super educados podem ser.
Ainda assim, eu precisava cobrir nosso déficit de orçamento, e
rapidamente, se quiséssemos manter o desenvolvimento dentro do
cronograma, eu tinha que passar a próxima hora fingindo que Clive era
engraçado.
— Então, como vai a vida amorosa? — Ele perguntou antes de engolir
uma ostra. — Ouvi dizer que você e Grace estão de folga.
— Sim. Já está há um tempo.
— Alguém novo à vista? — Ele ergueu as sobrancelhas.
— Na verdade...
— Algo sobre sua secretária...? — Ele continuou. Suas sobrancelhas
corriam o risco de escapar de sua testa neste momento.
— Não acredite em tudo que você lê, — respondi, tentando encerrar a
conversa. Ele olhou para seu telefone com um sorriso malicioso antes de
segurá-lo para mim.
— Então essa foto não vai te incomodar muito?
Lá estava ela. A minha garota.
Acho que ela não é MINHA garota.
Nós nunca tivemos — a conversa, — mas no que dizia respeito ao meu
coração, ela era.
Nos braços daquele filho da puta pretensioso.
Isso foi tudo minha culpa.
Claro que ela correu de volta para ele. Por que ela não iria?
No minuto em que a merda atingiu o ventilador...A merda é meu
comportamento com Grace, o ventilador sendo a atenção da mídia que Zoey
definitivamente não estava acostumada...
Eu fugi para Nova York.
No que diz respeito a ela, eu a abandonei.
Eu gostaria de poder dizer a Clive que sim, ela era uma mulher de
quem eu gostava, e sim, aquela foto estúpida doía de ver.
Mas eu tinha jurado a Zoey que, pelo menos por agora, manteria as
coisas quietas. Que tentaria não colocar mais lenha na fogueira.
Embora tirar fotos de seus lábios juntos com seu ex certamente não ajude,
pensei amargamente.
— Você parece muito quieto de repente, Julian, — Clive repreendeu.
Eu apenas sorri para ele, e ele sorriu de volta, um sorriso cheio de
dentes, completo com um bom pedaço de salsa.
— Você tem algo nos dentes, — indiquei, tentando não pensar na
foto, pelo menos na próxima hora.

Julian: Ei.

Zoey: Ei. Como está NY?

Julian: chato sem você

Zoey: Fui pegar coisas no apartamento ontem.

Julian: Eu sei.
Julian: As notícias correm rápido.

Zoey: Eu sei que parece ruim, mas o fotógrafo esqueceu de


mencionar que eu fugi.

Julian: Não pense demais.

Julian: Vamos conversar mais tarde, ok?

Zoey

Passei o dia em um emaranhado de ansiedade.


Eu estraguei tudo antes mesmo de começar?
Resisti à vontade de ligar para Julian, sabendo que sua agenda estava
lotada, mas ansiava por ouvir sua voz.
Eu queria tranquilizá-lo, e queria desesperadamente que ele me
tranquilizasse.
Não ajudou que eu não tivesse muito o que fazer.
Com Julian ausente e sua agenda em grande parte organizada, tive
muito tempo para me dedicar a repensar e evitar responder mensagens
de amigos e familiares intrometidos.
Se não fosse pelo fato de que eu teria que fazer a caminhada da
vergonha passando por meus colegas, eu teria voltado para casa mais
cedo.
Merda, não.
Eu ia ficar aqui, escondida no escritório de Julian, até que todos
fossem embora, mesmo que eu me enlouquecesse no processo.
Tentei me concentrar no trabalho. Eu olhei para os planos dos novos
escritórios corporativos que Julian tinha trabalhado tanto para
desenvolver.
Descreveram o prédio como uma homenagem ao estilo arquitetônico
da Bauhaus, então passei algum tempo aprendendo sobre isso também.
Na maior parte do tempo, passei um tempo me perguntando se tudo
tinha sido um erro e pesquisando on-line por coisas como: — Eu dormi
com meu chefe, e agora ele está me evitando?
— Como se acostumar a namorar alguém famoso.
— O que fazer quando você estraga um relacionamento que nem era um
relacionamento.
Passei mais tempo do que deveria bisbilhotando as fotos de Grace
Allen no Instagram de sua viagem de vingança à Itália.
Estava cheio de selfies iluminadas pelo sol. combinadas com citações
indecifráveis sobre ser uma pessoa importante.
Um pouco demais, vindo de alguém que me jogou aos lobos.
Suponho que também roubei o namorado dela. Mesmo sendo uma
supermodelo rica, é difícil não sentir pena dela.
Às 17h, Kyla e sua assistente fashion Rhea bateram à minha porta com
uma garrafa de rosé e três copos nas mãos.
— Se alguém precisa de uma bebida na sexta à noite, é você, — disse
Kyla com uma piscadela.
Se ela soubesse a quantidade de vinho que tenho tido esta semana, pensei
enquanto ela enchia meu copo até a borda.
Jeffrey me levou para a casa de April um pouco mais tarde. Tentei
ligar para Julian, mas seu telefone caiu na caixa postal.
Eu não queria ser essa pessoa, do jeito que Grace tinha sido, ligando
para ele de novo e de novo.
Mas talvez fosse por isso que ela era tão louca.
Talvez Julian deixe as mulheres loucas.
Certamente me senti um pouco maluca. Obsessiva, pelo menos. E
cheio de pesar.
Lamento que os primeiros dias de nosso relacionamento tenham sido
mergulhados em drama.
Lamento que eu o quisesse tanto e estava com muito medo de
alcançá-lo.
Fiquei totalmente apavorada de que tudo isso fosse um grande erro.
Que ele fosse me dar um fora.
Que perdesse meu emprego.
Que estivesse na lista negra.
Que nunca vou encontrasse trabalho de novo, a menos que meu novo
chefe ache que poderia me ferrar.
— Você está bem aí atrás, Zoey? — Jeffrey perguntou gentilmente do
banco do motorista.
Eu saí da minha cadeia de pensamentos catastróficos e percebi que
meu rosto estava molhado de lágrimas.
— Desculpe, Jeffrey, — respondi, enxugando as lágrimas com a manga
do blazer.
— Sabe, o Sr. Hawksley me apresentou a muitas mulheres ao longo
dos anos. Eu nunca o vi se iluminar do jeito que ele faz com você, — ele
sorriu de volta para mim no espelho retrovisor.
Eu sorri de volta em meio às minhas lágrimas. Houve um silêncio
suave entre nós, pontuado pelo zumbido calmante dos limpadores de
para-brisa.
Julian

Durma com isso em mente. Isso é o que meu pai sempre me disse —
o melhor conselho que ele já deu. Tudo ficava mais claro depois de uma
longa noite de sono.
Quando acordei, sabia exatamente o que precisava fazer.
Era um sábado. Minha tarde estava livre. Liberei minha manhã de
domingo. Fiz as ligações e comprei os ingressos.
Eu tinha ouvido muitas coisas positivas dos investidores e tinha mais
chances de impressioná-los no futuro próximo.
Mas minhas chances de entrar no jogo quando estava obcecado por
minha secretária eram mínimas.
E só havia uma maneira de tirá-la da minha mente.
Jeffrey me pegou na O'Hare e me levou a um prédio de apartamentos
em Little Italy. Toquei a campainha.
Eu ouvi uma voz desconhecida do outro lado da linha. Estava com
sono... como se eu tivesse acabado de arrastá-la para fora de um
edredom.
— Olá. April aqui.
— É Julian. o chefe de Zoey. Eu me perguntei se ela estaria por aí.
— Isto é para uma avaliação de desempenho? — April perguntou
secamente.
— Na verdade, eu esperava que ela se juntasse a mim para jantar.
Eu olhei para as janelas e avistei Zoey olhando para baixo. Ela sumiu
de vista no momento em que nossos olhos se encontraram.
Eu esperava que ela tivesse fugido porque ela estava usando um macacão,
e não porque ela não queria me ver
Capítulo 23
Assuntos de família

Zoey

Desliguei e desci os quatro lances de escada. Eu ainda estava de


pijama, mas não me importei. Abri a porta da frente e pulei em seus
braços.
— Senti a sua falta. Isso é loucura? — Eu disse em seu peito.
— Por que você acha que eu voltei? — Ele respondeu, rindo. Ele
pegou meu rosto em suas mãos e me beijou com força.
Um beijo de filme de verdade.
— Eu fiz uma reserva para nós. No Noli... ele disse, como se estivesse
me levando ao Applebee's.
Noli era o lugar mais badalado de Chicago. Servia pequenos pratos
com comida inteiramente colhida que pareciam obras de arte de valor
inestimável.
— É sério? Achei que aquele lugar estava reservado por uns dois anos.
— É, mas sou amigo do proprietário, — disse ele, presunçosamente.
— Então é melhor eu me vestir, — eu disse, olhando para o meu
macacão de lã rosa e os pés descalços.
— Você pode ir assim, se quiser, — acrescentou ele com um piscar de
olhos. — Temos a mesa do chef, pensei que seria mais privada.
Fiquei na ponta dos pés e o beijei novamente.
O que mais eu poderia fazer?
Subimos para o apartamento, onde April estava assistindo reprises de
The Bachelor.
Quando Julian entrou na sala de estar, ela saltou do edredom,
imediatamente perturbada.
Quando reapareci, recém-banhada e com meu vestido vintage
favorito, eles estavam conversando como velhos amigos.
— Não acredito que ela ferrou a amiga por causa desse idiota, — ouvi
Julian dizer do corredor.
— Essa é toda a razão do programa, cara, — April brincou.
— É realmente o pior da natureza humana. Eu amo isso, — disse ele
antes de comer a pipoca de April.
Eu entrei e sentei no braço do sofá.
— Vocês estão se dando bem?
— Ele está bem, este aqui, mas ele precisa manter suas mãos longe da
minha pipoca, — April disse com uma piscadela antes de puxar a tigela
para longe dele.
Entramos pelos fundos do restaurante. Eu estava começando a
perceber que escapar pela entrada dos fundos é algo que gente rica e
famosa fazia com frequência.
Julian segurou minha mão quando fomos cumprimentados pelo chef
Mario Bartoli. fortemente tatuado e devastadoramente frio, que nos
conduziu até nossa mesa lindamente posta no centro da movimentada
cozinha.
À mesa, uma garrafa de champanhe gelava em um balde. Julian me
serviu um copo generoso.
— Para o nosso primeiro encontro de verdade, — ele disse, segurando
seu copo para mim.
Eu brinquei, meu coração pulando vertiginosamente.
Um zumbido no meu bolso. Eu ignorei.
Provavelmente algum tipo de ligação de marketing.
Mas assim que parou, começou novamente.
Era Mateo.
Alguém que nunca me ligou.
Algo estava errado.
Atendi, dando a Julian um olhar do tipo — Desculpe, eu sei que isso é
rude.
A voz de Mateo parecia quebrada e exausta.
— Zoey, graças a Deus você atendeu. Mamãe está no hospital. Ela
teve um ataque cardíaco.
Julian

Não estou tendo muita sorte com menus de degustação, pensei enquanto
pegávamos a 1-90 para o norte.
Mas no segundo em que Zoey me contou o que tinha acontecido, eu
sabia que tínhamos que ir. Eu a segurei durante a jornada, acariciando
sua mão trêmula.
Jeffrey colocou a NPR no rádio. Eu disse a ele que tinha achado
relaxante uma vez e ele sempre parecia colocá-lo em tempos de crise.
No hospital, conheci os irmãos gêmeos de Zoey, Mateo e Kathy, e o
pai dela. Eles pareciam surpresos em me ver, mas suas mentes estavam
em outro lugar.
— O que aconteceu? Exatamente? — Zoey perguntou, à beira das
lágrimas.
— Ela estava reclamando de dor no peito e, alguns segundos depois,
desmaiou, — disse o pai, puxando-a para um abraço.
Uma mulher loira com uniforme de enfermeira veio cumprimentar
Zoey, colocando uma mão reconfortante em suas costas.
— A boa notícia é que restauramos o fluxo sanguíneo, — disse a
enfermeira. — Estamos apenas esperando ela acordar...
Os olhos da mulher pousaram em mim e ficou boquiaberta.
— Julian Hawksley. Que honra conhecê-lo.
— Esta é minha irmã Kathy, — Zoey disse, sua boca se abrindo em um
leve sorriso. — Ela é uma grande ã. Cuidado com ela, — ela sussurrou
para mim antes de seguir sua família para a ala.
Sentei-me na sala de espera, tentando ignorar os arredores o máximo
possível.
Hospitais sempre me assustaram. Tive sorte em evitá-los. Pelo menos
os que eram assim. Uns onde pessoas com dor esperavam horas para
serem atendidas.
Fiquei tentado a esperar no carro, mas fiquei parado. Zoey pode
precisar de mim.
Folheei sem entusiasmo uma revista antiga de Good Housekeeping.
Depois de trinta minutos. Zoey se juntou a mim. Ela estava sorrindo
e, no minuto em que vi seu rosto, o alívio se espalhou por mim.

A mãe de Zoey, Bárbara, havia acordado e parecia de bom humor,


considerando tudo.
Mesmo assim, o hospital a manteve durante a noite para observação.
Jeffrey levou Zoey e eu de volta para a casa dos pais dela, com uma
parada rápida para comprar pizza e cervejas.
Eu astutamente mandei uma mensagem para Jensen durante a
viagem.

Julian: Lembra como eu tomei conta de todas as suas reuniões


por semanas quando Charlie nasceu?

Julian: Lembra como eu fui super legal com isso??

Jensen: Aonde você quer chegar com isso?

Julian: Acho que encontrei uma maneira de você me pagar!

Julian: Tudo o que você precisa fazer é ir para Nova York amanhã
Jensen: Tudo bem

Jensen: Mas vou primeiro, não a negócios Julian: Combinado

A casa dos Curtis era uma construção pequena e isolada, com um


quintal bem cuidado, toda laranja com folhas caídas.
Era totalmente normal. O tipo de casa que as famílias têm em
seriados.
A casa da piscina dos meus pais é maior, pensei, com um pouco de
culpa.
Eu fiquei com Zoey, seus irmãos e meu pai. A pizza e as cervejas foram
muito apreciadas por todos.
A ansiedade coletiva que senti no hospital foi substituída pela fome.
Por um tempo não falamos, apenas sentamos, mastigamos e
fechamos os olhos enquanto o queijo quente nos reanimava.
Quando estávamos cheios, nossa conversa fluiu mais livremente.
Depois de comentar sobre o álbum de
Chuck Berry na vitrola, o pai de Zoey, Mike, mostrou-nos com
entusiasmo os destaques de sua coleção de discos.
Percebi que estava gastando muito tempo no mundo corporativo,
onde os eventos sociais eram para fazer contatos e se gabar.
Era legal sentar na cozinha de Zoey, ouvir discos antigos, discutir
sobre qual condimento era o melhor e quem era o melhor Beatle.
Mike pareceu encantado quando ambos concordamos com Paul
McCartney.
— Este é pra casar, Zoey, — ele disse, me dando um tapinha nas
costas.
Ela revirou os olhos para ele, então encontrou os meus, com um
sorriso puxando os cantos de seus lábios.

Um pouco depois. Zoey me conduziu escada acima até a cama.


O quarto de infância de Zoey era minúsculo. — Meus pais o usam
principalmente como depósito hoje em dia, — ela disse enquanto
navegávamos pelas pilhas de caixas de armazenamento.
Ainda havia indícios da infância de Zoey. Algumas pinturas coloridas
penduradas nas paredes.
— Meus projetos de arte do colégio, — ela explicou.
— Meus pais nunca vão tirá-los.
— Não os culpe, — eu disse, puxando-a para mim.
— Você tem jeito pra isso.
— Minha professora disse que eu devo ser daltônica, — ela disse com
uma risadinha antes de se sentar na cama. — A propósito, sinto muito
sobre nosso encontro. Foi um plano tão maravilhoso...
— Eu tenho que conhecer sua família. E tenho certeza que eles acham
que sou o mais legal. Portanto, no que me diz respeito, este foi o primeiro
encontro de maior sucesso de todos os tempos.
Ficamos deitados juntos na cama de solteiro, naturalmente
encontrando uma maneira de aproveitar ao máximo o pequeno espaço.
Passei meus braços em volta de sua cintura e descansei minha cabeça
contra suas costas, caindo facilmente em um sono sem sonhos.
Zoey

Julian já estava acordado quando abri os olhos. Ele sorriu para mim.
— Por que você está tão feliz? — Eu perguntei sonolenta, enquanto
ele rolava meio para cima de mim, com sua testa descansando na minha.
— Meu maravilhoso irmão concordou em voar para Nova York esta
tarde. Então eu posso ficar aqui. — Ele hesitou, de repente parecendo
nervoso.
— Se você quiser que eu fique por aqui, claro. — Eu puxei seu rosto
para baixo em direção ao meu e o beijei lenta e suavemente. Suas mãos
estavam acariciando minhas costas, descendo pelos meus quadris.
Mordi seu lábio quando sua mão começou a puxar minha calcinha.
Eu podia senti-lo saindo da cueca em cima de mim e senti minha dor
no peito em antecipação do que estava por vir.
Uma batida.
Nós congelamos.
— Vocês, crianças, querem panquecas? — Meu pai perguntou
alegremente através da porta.
Julian e eu trocamos um olhar. Seus olhos brilharam.
— Parece ótimo, Mike! Desceremos em cinco minutos, — Julian
gritou de volta.
Enquanto os passos de papai desapareciam no corredor, Julian
arrastou uma linha de beijos pelo meu peito e barriga.
— Vamos ver o que posso fazer em cinco minutos, — disse ele com
uma piscadela antes de deslizar minha calcinha para baixo em meus
quadris.
Ele é pra casar.
Julian

Depois de um enorme café da manhã com panquecas. Zoey e eu


demos uma volta pela vizinhança. O Halloween estava chegando e
parecia que ninguém por aqui havia se esquecido dele.
Cada casa estava decorada com teias de aranha falsas e lanternas de
abóbora recém-esculpidas.
Eu tinha me esquecido completamente disso, morando no centro da
cidade em meu loft luxuoso.
Quando as pessoas no meu bairro atual decoravam, elas o faziam de
maneira mais sutil.
Isso aqui era definitivamente mais divertido.
— Eles sempre colocam um cemitério na entrada da garagem ou o
mudam todos os anos? — Perguntei sobre uma propriedade
particularmente impressionante.
— Mudar, é claro, — ela sorriu. — A maneira mais amigável de
mostrar superioridade por aqui é uma boa exibição para os feriados.
— Como é o Natal?
— Ofuscante.
Eu me perguntei se estaria aqui no Natal. Não estava longe.
Adoraria passear com Zoey em nossos casacos gigantes e fofos, e
desejar — Feliz Natal — a estranhos e voltar para casa para jogar Scrabble
e comer sanduíches de peru.
Oh, meu Deus, o que está acontecendo comigo?
Eu era Julian Hawksley, playboy internacional. Mas Zoey de alguma
forma transformou minha linha de pensamento.
Ela olhou para mim e mordeu o lábio como se estivesse pensando em
algo que ela realmente queria.
— Espero que ainda estejamos fazendo isso no Natal. — eu soltei.
Não saiu tão romanticamente como na minha cabeça. Eu vi ela ficar sem
palavras.
— Deixe-me colocar de outra forma... Eu realmente quero fazer isso
no Natal.
Ela apertou minha mão quando eu disse isso.
— Se você quiser, é claro, — acrescentei, sentindo uma pontada de
ansiedade no estômago.
Eu me senti tão vulnerável naquele momento. Não era uma sensação
a que eu estava acostumado.
— Eu não me importaria, — ela disse enquanto aquele meio sorriso
caloroso rastejava de volta em seus lábios.
Eu amei isso; parecia que ela estava dando o melhor de si para contê-
lo, mas era grande demais para ser escondido.
Isso me deixou mais ousado.
— O que você diria se eu dissesse que estou me apaixonando por
você?
Capítulo 24
Diante da P raia

Zoey

Eu não esperava por isso. Eu pensei que ele poderia me pedir para
sermos exclusivos ou algo assim, mas ele jogou logo uma bomba.
Eu senti uma onda de emoção me inundar.
Pode ter sido um alívio. Ele colocou um nome nos sentimentos que
eu estava tentando navegar — e provavelmente suprimir, em um esforço
para me manter a salvo da decepção.
Pode ter sido apenas felicidade.
De qualquer maneira, eu sabia que o amava. Eu já sabia disso antes,
embora estivesse tentando não saber.
— Eu também estou apaixonada por você.
Antes que eu pudesse terminar de pronunciar as palavras, ele me deu
um de seus beijos de filme mudo.
Os próximos dias passaram como um borrão. Mamãe voltou do
hospital mais tarde naquela noite. Ela estava frágil, mas estável e
tipicamente alegre.
Nós a sentamos em frente à TV e abraçamos a chance de sermos
anfitriões em sua própria casa.
Foi bom vir junto com meus irmãos, Kathy e Julian para cuidar de
mamãe pela primeira vez.
Ela ficava tentando se levantar e ajudar em algo, mas meu pai ou
Peter obedientemente a guiavam de volta ao sofá, geralmente com uma
xícara de chá de ervas ou um prato de vegetais crudités. O jantar foi um
banquete épico. Meus irmãos ouviram sobre a torta de batatas fritas de
Julian, e o entusiasmo deles foi tão grande que ele teve de deixá-los
experimentar.
Já que estávamos tentando ajudar mamãe a ter um coração saudável,
ele criou uma versão ultraleve com batatas-doces caseiras e macarrão
com queijo e abóbora.
Mateo fez seu famoso frango de churrasco, e Kathy e eu fizemos uma
salada de couve incrível, enquanto Peter atendia mamãe como um
mordomo pessoal.
— Eu deveria fazer isso com mais frequência, — ela riu durante o
jantar.
Nenhum de nós se juntou a ela. Ela percebeu o olhar severo em
nossos rostos.
— Oh, relaxem um pouco.
— Estamos apenas preocupados com você, mãe, — eu disse
suavemente.
— Estou bem. Bem, estou bem agora.
— Podemos ajudar se houver algum outro tratamento que possa
ajudar? — Peter acrescentou.
— Você não tem seguro? — Julian perguntou, carrancudo.
— Ela tem, mas deixa muito a desejar, — explicou Mike. — É tão
limitado que ela não pode tentar nenhum medicamento novo, e os
remédios que ela toma não são os ideais.
— Nossa cobertura é bastante abrangente. Zoey, vamos estender o
seu para um plano familiar, vou pedir ao RH para resolver isso na
próxima semana. Está tudo bem para você, Sra. Curtis?
— Uau, isso é muito generoso..., — mamãe disse, sem saber se a oferta
era real.
— De jeito nenhum. Não há nada mais importante do que saúde e
família.
Ele ergueu o copo com uma das mãos e brindou com minha mãe, que
estava sorrindo totalmente agora.
Peguei sua mão por baixo da mesa.
Julian Hawksley estava arrasando com a família Curtis.
Julian
Ficamos por mais um dia perfeito. Um dia chutando nosso caminho
através das folhas de outono e nos atualizando de coisas bobas na TV.
Eu estive de férias em alguns dos melhores locais do mundo, das
Maldivas a Mykonos...
Mas eu não conseguia me lembrar de me sentir tão relaxado nessas
ilhas tropicais como me sentia com Zoey na casa dos pais.
Ativei minhas respostas de e-mail fora do escritório e desliguei meu
telefone para saborear a bolha preguiçosa que tínhamos criado.
À noite, seus pais foram ao clube do livro. Mike estava preocupado
com a possibilidade de Alice sair logo depois de passar mal, mas ela
insistiu.
Seus irmãos voltaram para suas respectivas casas.
Éramos apenas nós dois. Nós vasculhamos a coleção de DVD dos pais
dela e decidimos por Halloween.
Não duramos muito. Descobriu-se que Zoey era uma observadora de
filmes muito envolvida. No minuto em que a música tema começou a
tocar, ela estava se agarrando a mim.
Isso me lembrou que finalmente estávamos sozinhos.
Eu coloquei a mão em suas costas, a princípio para confortá-la. Mas
enquanto ele viajava sobre seus ombros lisos e nus, eu senti uma
necessidade crescer dentro de mim.
Comecei a beijar seu pescoço, roçando meus lábios levemente sobre
sua pele, apreciando a sensação de seu tremor de antecipação.
Continuei beijando, viajando para sua orelha perfeita. Ela engasgou
imediatamente, e o som fez meu órgão em crescimento dobrar de
tamanho.
Minha mão livre encontrou o controle remoto e desligou o filme. Eu a
peguei em meus braços e a carreguei escada acima para o minúsculo
depósito.
Tínhamos mantido as coisas relativamente inocentes desde que
chegamos à casa dos Curtis. Isso foi em parte porque eu sabia que, uma
vez que começássemos, nós dois poderíamos ser bastante vocais.
Mas tanta coisa aconteceu entre nós. Muito foi compartilhado.
Eu me sentia mais próximo de Zoey do que com qualquer uma das
minhas ex-namoradas-troféus. Eu a deitei na cama de solteiro e beijei
cada centímetro de seu corpo, das orelhas até a parte detrás dos joelhos...
o topo de suas coxas, em seguida seus seios perfeitos.
Beijei sua entrada ruborizada até que suas pernas se dobraram e seus
quadris estremeceram.
Eu me movi sobre ela até que meu rosto encontrasse o dela. Ela ficou
sem ar novamente, enquanto me sentia posicionando minha ereção em
seu sexo.
Eu lentamente balancei nela até que estivéssemos parafusados juntos,
suas pernas enroladas firmemente em volta da minha cintura. Nossas
testas estavam fundidas, nossos olhos se encontraram.
Ficamos parados por um tempo, nossos corpos unidos um ao outro,
empurrando juntos para encontrar uma posição que nos deixasse ficar
tão próximos que praticamente nos fundimos em um só.
Começamos a nos mover um com o outro, nossos corpos ainda
completamente entrelaçados. Eu saboreei o lento acúmulo de felicidade
que crescia a cada estocada.
Ela gemeu baixinho, os olhos fechados com a força do prazer. Eu
poderia dizer que ela estava perto também.
Naquele exato momento, ouvi a porta da frente destrancar e Mike e
Barbara entrarem. Quase consegui ouvir a conversa abafada entre eles.
— Eles devem ter ido para a cama.
— Mas é tão cedo!
Os olhos de Zoey agora estavam bem abertos, e eu pude ver que ela
estava um pouco horrorizada com a ideia de seus pais estarem tão perto.
Ainda assim, eu não parei de me esfregar nela. Uma corrente de
euforia começou a surgir em meu corpo.
Ela engasgou novamente, e eu coloquei minha mão livre sobre sua
boca para suavizar seus gritos, mordendo meu lábio enquanto deixava a
onda de calor do tsunami me atingir.
Eu fiquei dentro dela por um tempo depois, apreciando a
proximidade.
A conversa dos pais era contínua, mas quase inaudível, como um
rádio tocando em outra sala.
Eu beijei sua testa.
— Eu te amo, Zoey.
— Eu também te amo, Julian.
Foi tão bom dizer isso.
E também ouvir.
Eu tinha cedido totalmente a uma vida mais simples, no estilo Norman-
Rockwell, e não poderia estar mais feliz.
Zoey

Os últimos dias foram emocionantes e deixaram Julian e eu


incrivelmente próximos.
Eu estava com medo de deixar os subúrbios, de voltar para o mundo
de alta pressão dos paparazzi, reuniões consecutivas e colegas
fofoqueiros.
Ainda assim, tivemos que fazer isso algum dia. Pelo menos agora eu
tinha Julian ao meu lado. Pelo menos eu poderia andar pelo corredor
com ele, confiante de que não havia nenhum grande segredo a esconder.
A bolha estourou muito rapidamente. No meu primeiro dia de volta,
fui recebida com uma enorme pilha de trabalho administrativo.
Julian estava tentando recuperar o atraso com os novos escritórios
corporativos, e eu não o vi até tarde da noite.
Fomos para casa juntos e adormecemos imediatamente.
No dia seguinte foi quase igual, só que pior, porque em um momento
de fraqueza verifiquei as notícias.
Fui recompensada pela descoberta de que Ben vendeu à revista The
Mirror um monte de fotos pseudoartísticas que tirou de mim um ano
atrás.
Tudo preto e branco, levemente sugestivo e incrivelmente
pretensioso.
Lembro-me de morrer por dentro enquanto ele me orientava a olhar
— mais longe.
Doeu ser traída por alguém que amei e confiei por três anos.
Mas a ideia de as pessoas pensarem que essas fotos idiotas eram ideias
minhas me levou a um nível totalmente novo de raiva.
Kyla, como sempre, apareceu no momento de crise com uma
combinação de lanches e bons conselhos.
— Não importa o que as pessoas pensem, — disse ela, passando-me
um pacote de pastéis frescos.
Deus, eu a amava.
Mas ainda. Eu não conseguia superar minha mortificação.
— O que você pensaria se visse essas fotos? Se você não me
conhecesse? — Eu perguntei. Ela percorreu a página da web, franzindo a
testa.
— Eu acho que esse cara usou a fama recém-descoberta de sua ex-
namorada para impulsionar sua carreira de fotógrafo e que ele está
claramente iludido, — disse ela com autoridade antes de dar uma
mordida em um pão de maçã.
— Além disso, você está muito bonita, — acrescentou ela, olhando
para o meu vestido vintage rendado.
Eu tive que dar um abraço nela.
— Como você sobreviveu a tudo isso, Kyla? É tão opressor.
— Demorou um tempo. No final das contas, foi uma combinação de
colocar toda a minha energia no trabalho, em sexo e nas pessoas que me
amam, e se importar menos com toda a besteira no meio disso.
Tentei seguir o conselho de Kyla. A coisa mais fácil em se focar agora
era no trabalho, já que havia mais do que o suficiente a ser feito.
Estava claro que os novos escritórios corporativos precisavam ser
nossa prioridade.
Julian e Jensen conseguiram garantir mais investimentos de suas
curtas viagens a Nova York.
Mas o principal financiador agora queria adiar a data de conclusão. O
motivo era que a oposição aos planos estava crescendo.
Embora os planos da Hawksley Enterprises tenham sido aprovados,
os moradores começaram a protestar contra o empreendimento.
— Quanto mais atenção isso recebe, pior parecemos, — disse Kyla a
Jensen, Julian e eu em uma reunião matinal não oficial.
— O que eles estão protestando? — Eu perguntei, de repente me
sentindo um pouco ridícula.
Eu deveria saber disso.
Eu deveria pelo menos ter tido a precaução de pesquisar na internet antes
de questionar os dois proprietários da empresa e a responsável pelo
marketing.
— Estou surpreso pelo fato de que você não sabe, Zoey, — Jensen
disse alegremente.
— Não... — Julian interrompeu, tentando defender minha honra.
— Estou falando sério, isso é positivo. A situação deve ser totalmente
contida.
— É principalmente um bando de velhos, Zoey. Você sabe, 'Não aqui
no meu quintal’? — Julian explicou.
— E qual é o problema deles?
— A propriedade que compramos da Câmara Municipal incluía uma
seção de praia pública e as pessoas estão incomodadas com o fato de ela
se tornar particular, — explicou Jensen.
— É frustrante. Este projeto irá regenerar a área, e estamos tendo
muitos retrocessos, — Julian acrescentou friamente.
— Assim que perceberem que os preços dos imóveis subirão, eles vão
parar de reclamar. Só precisamos chegar a esse ponto mais rápido.
Eu me senti estranhamente desconfortável com a opinião de Julian
sobre isso.
Embora eu não me sentisse experiente o suficiente para discutir,
parecia uma maneira estreita de ver o problema e míope pensar que
todos os vizinhos se beneficiariam com o aumento dos preços.
— É perto do Rogers Park, certo? — Era uma área à beira de um lago
não muito longe de meus pais. Eu me perguntei se eles tinham ouvido
falar sobre isso. — Qual praia é?
— A Greenway.
Eu conhecia aquele local.
Eu conhecia bem.
Era um lugar onde famílias de baixa renda como a minha passavam
longos dias de verão.
Havia muitas praias particulares no lago para os ricos desfrutarem
sem serem perturbados.
Mas Greenway era para nós.
Fazia anos que não visitava, mas tinha memórias vívidas de lá.
De correr pelas dunas de areia e comer cachorro-quente direto da
churrasqueira do meu pai.
Já assistimos aos fogos de artifício do Quatro de Julho da areia de lá. o
lugar ficou lotado de pessoas esticando o pescoço para ver a distante
exibição iluminar o lago.
Eu silenciosamente me perdi em lembranças pelo tempo suficiente
para que a sala se enchesse de um silêncio constrangedor. Quando
percebi, falei.
— Eu me lembro disso. Eu costumava ir lá quando era pequena.
— Belo local, não é? — Disse Julian casualmente.
Eu me senti desconfortável com sua irreverência e, de repente,
deslocada.
— Sim. Quer dizer, é uma das últimas praias públicas da região. Eu
posso ver porque as pessoas estão chateadas.
Tentei evitar os olhos de Julian enquanto falava.
Não gostava de discordar dele em público, mas também não gostava
da ideia de ele cercar a praia de Greenway também.
Então notei Kyla me observando, com um foco de falcão, do outro
lado da sala.
Capítulo 25
O Discurso de Venda

Kyla: Ei, você!

Kyla: Você parecia um pouco chateada esta manhã...

Zoey: Não me sinto bem com toda essa coisa de protesto

Zoey: Somos os malvados?

Kyla: Espero que não

Kyla: Não é ótimo para o marketing

Kyla: Mas sério, você pode me encontrar às 5, no


estacionamento?

Kyla: Percebo agora que parece muito suspeito

Zoey: Parece emocionante. Vou trazer minha balaclava

Eu disse a Julian que estava recebendo uma massagem e esperei nos


fundos com meus óculos de sol.
Isso é divertido.
Um carro buzinou e vi Kyla acenando da janela do SUV brilhante de
Jensen.
Tanta sutileza, pensei enquanto deslizava para o banco detrás.
— Zoey, este é Dante, o braço direito de Jensen. — Dante, um homem
no final da meia-idade com um rosto gentil, tirou o chapéu para mim
quando Kyla o apresentou.
— É um prazer, Srta. Curtis.
— Me chame de Zoey.
— Dante jurou segredo sobre nossa pequena viagem.
Viagem pela estrada?
Era tarde demais para adivinhá-la, pois Dante já estava saindo do
estacionamento.
Chegamos à propriedade um pouco antes do pôr do sol. Dante, Kyla e
eu fomos direto para a praia e paramos para olhar o lago Michigan.
As nuvens rosas, vermelhas e laranjas refletiam-se na água abaixo, e a
lua estava baixa no horizonte azul profundo.
— É um lugar muito, muito bom, — disse Kyla, quebrando o silêncio.
Estava frio e ventava. mas não estávamos sozinhos na praia. Havia um
grupo sentado na areia, terminando suas cervejas ao pôr do sol e um
punhado de pessoas passeando com seus cães.
Kyla nos conduziu em direção à propriedade.
Mesmo sob o andaime, foi impressionante. Suas muitas janelas de
vidro refletiam o belo pôr do sol.
Eu vi algumas pichações na cerca.
— Fora burgueses.
— Salvem nossa praia.
Fiz uma pausa, absorvendo os slogans.
Nossa praia.
Era a nossa praia. Grande parte da orla de Chicago foi consumida por
empreendimentos sofisticados. Deixe as pessoas terem uma praia.
A julgar pela expressão nos olhos de Kyla, ela parecia estar pensando
em algo semelhante.
Kyla destrancou uma porta lateral com um grande molho de chaves e
passamos por ela.
— Então, vamos todos trabalhar aqui? — Eu perguntei, me sentindo
estúpida por não saber.
— A maioria de nós. Alguns ficarão no Grand Hotel. Mas então temos
pessoas da atual sede em Londres.
Era um lindo espaço aberto. Mesmo sem os retoques finais, a
arquitetura gritava sofisticação.
Seguimos Kyla pela escada em espiral, que levava a um terraço de
vários andares.
— Haverá escritórios adicionais e espaços de varejo para alugar,
provavelmente um restaurante chique aqui..., — ela explicou quando
saímos para o primeiro dos três terraços.
A vista do topo era incrível: o vasto lago à frente e os arranha-céus
cintilantes ao sul.
— Isso vai ser lindo, — pensei tristemente, pensando em todos os
churrascos familiares alegres e caminhadas ao pôr do sol dos sonhos que
este desenvolvimento tornaria impossível.
— Vai ser muito luxuoso, — acrescentou Kyla, com um toque de
desaprovação.
Na viagem de volta à cidade, Kyla explicou sua posição.
— Estou nervosa que este projeto possa desfazer muito do meu árduo
trabalho de marketing da empresa como uma organização com visão de
futuro. E seria fácil manter a praia aberta ao público.
— Por que a hesitação?
— Valerá mais se for propriedade privada. E é, afinal, a praia deles.
Eles compraram de forma justa e honesta.
— Acho que é o lugar errado para o que estão tentando construir. A
vizinhança está melhorando, mas não tanto, — respondi.
— Mas está subindo e chegando, certo? É aqui que eu acho que está
faltando um truque.
— Talvez se pudéssemos fazer disso um destino, um lugar onde as
pessoas se reunissem... — Eu ponderei.
. —.. Não apenas obteríamos os vizinhos do nosso lado, mas
aumentaríamos o reconhecimento positivo da marca em toda Chicago,
— acrescentou Kyla, sua voz ficando mais animada.
Eu senti uma pontada de excitação. As engrenagens já estavam
girando em minha cabeça.
Havia muito potencial para transformar esta situação complicada em
uma incrível.
— Sei que essa não é sua área de especialização, — explicou Kyla, —
mas também sei que você é muito inteligente e conhece essa
comunidade.
— Enquanto trabalhava meio período, não tive espaço suficiente para
pensar em maneiras de tornar este lugar incrível para todos, e me
perguntei se você gostaria de me ajudar com isso.
— Precisamos apenas da ideia certa. Uma que irá agradar a Julian.
Eu me senti um pouco culpada. Eu duvidava que Julian adoraria a
ideia de Kyla e eu conspirando pelas suas costas.
Ainda assim, esse era exatamente o tipo de desafio que eu ansiava.
— Eu adoraria te ajudar com isso. Vamos pensar e nos reunir
amanhã? — Eu perguntei maliciosamente.

Depois de pegar o bebê Charlie na casa da mãe de Kyla, Dante me


deixou na casa de April.
Eu ainda dormia lá todas as noites quando não estava na casa de
Julian. Ele sempre me pediu para ficar, mas eu não queria que ele
pensasse que eu morava com ele.
Ainda não.
April e eu conversamos sobre a vida uma da outra e The Bachelor.
Quando ela foi para a cama, aninhei-me no sofá e peguei meu
telefone.
Mergulhei na pesquisa, tentando ter ideias para ajudar Kyla.
Eu li sobre a história do ativismo comunitário.
Sobre empreendimentos que deram um retomo aos seus vizinhos e ao
mesmo tempo foram lucrativos.
Eu li sobre a Bauhaus, uma escola alemã que tinha como objetivo
preencher a lacuna entre a arte e a indústria.
Isso desencadeou um movimento cultural na década de 1920 e
também inspirou os arquitetos de nossos novos escritórios —
mencionaram várias vezes na proposta de planejamento.
Já fazia muito tempo que eu não me dedicava de todo coração a um
projeto, e este estava fora da minha zona de conforto.
Eu só tinha trabalhado como secretária antes, e nem mesmo na área
imobiliária.
Agora, aqui estava eu elaborando um plano de como fazer com que
nosso novo empreendimento tenha um impacto positivo sobre nossos
vizinhos e. ao mesmo tempo, continue comercialmente bem-sucedido.
Sim, era assustador, mas também era criativo e empolgante, e foi
genuinamente importante para mim que as crianças pudessem ter
memórias felizes de Greenway Beach por muitos anos.
Em uma cidade que estava se enobrecendo tão rápido quanto
Chicago, eu queria que a Hawksley Enterprises fosse o tipo de empresa
que se preocupasse com as comunidades ao seu redor.
Comecei a juntar ideias para o argumento de venda de Kyla, sem
perceber o sol nascendo por trás das cortinas e esquentando meu rosto.
Julian

Zoey parecia preocupada no escritório naquela manhã.


E exausta.
Presumi que ela e April passaram a noite toda acordadas no sofá ou
em algum bar local. Eu não me intrometi.
Eu já tinha o suficiente no meu prato.
Tínhamos dobrado o tamanho de nossa equipe de construção para
deixar os escritórios prontos em apenas um mês.
Achei que a combinação de um pouco de dinheiro extra e um pouco
de tempo economizado deveria manter o projeto dentro do cronograma,
mas exigiria um monitoramento cuidadoso.
Tive uma reunião de marketing com Kyla às 14h. Ela trouxe Jensen,
Rhea e... para minha ligeira surpresa... Zoey.
— Então... — Kyla disse, com um leve brilho nos olhos, — ontem
Zoey e eu tomamos a liberdade de visitar o local.
Zoey olhou para mim, um pouco culpada. Eu não me importava que
ela fosse ao local, mas me sentia desconfortável por ela fazer isso pelas
minhas costas.
— E? — Eu perguntei, tentando disfarçar minha mágoa.
— É lindo, — Zoey interrompeu. — Eu adorei o terraço e a vista do
prédio, é claro.
— Agora, antes, nossa estratégia era focar nos mercados emergentes.
Alugando as unidades de varejo e escritórios para cadeias e corporações
internacionais, — explicou Kyla com confiança.
— Mas agora temos resistência, e acho que é mais do que apenas a
praia. Zoey, você pensou em algo? — Ela continuou, sem perder o ritmo.
— O bairro em que você está construindo... Ainda está em ascensão.
Nem todos se beneficiarão com os preços das casas mais altos. Alguns
podem até ser despejados, — Zoey disse, com suas palavras soando um
pouco ensaiadas.
— E eles provavelmente não vão se beneficiar com uma loja Louis
Vuitton, — ela acrescentou, evitando meu olhar.
Tentei manter uma expressão neutra no rosto, para ver o que ela
tinha a dizer.
Tentei manter a mente aberta.
Mas Zoey era minha assistente. Ela era uma garota do subúrbio, com
experiência limitada.
Era fácil ser idealista quando você falava hipoteticamente sobre algo
que não entendia.
Era ainda mais fácil julgar empresários como eu por tentarem obter
lucro, mas nada seria construído se tudo o que você pudesse tirar fosse
um abraço.
— No momento, isso está nos colocando em risco. Mesmo que essa
história não seja uma bola de neve, ela deixará um gosto ruim na boca de
muitos na vizinhança, — disse Kyla.
— O que parece desnecessário, pois há uma maneira de tornar nossa
localização e vizinhança um de nossos maiores pontos de venda, — ela
continuou.
— Já é, — eu interrompi, esperançosamente escondendo minha
irritação.
— Eu analisei alguns números ontem à noite, — Zoey interrompeu.
— Você quer alugar um espaço de escritório para grandes empresas, em
uma área cheia de freelancers cansados de viajar para a cidade para um
espaço de co-work.
— Eles pagariam um bom dinheiro pelo espaço na mesa e você teria o
bônus adicional de um escritório cheio de talentos flexíveis. — Eu peguei
Jensen balançando a cabeça em agradecimento do outro lado da sala.
Meu irmão sempre foi fácil de agradar.
Graças a Deus, sou o CEO.
— Você quer abrir alguns restaurantes caros quando seu telhado é tão
enorme, — disse Kyla.
Zoey interveio. — Você poderia ter um mercado de comida de rua
inteiro e uma horta comunitária de um lado e ainda manter os níveis
superiores privados.
Eu não conseguia mais me conter. — Eu pensei que tudo isso era
sobre não cercar uma praia. Agora devo abrir um centro comunitário?
Esse era exatamente o tipo de pensamento utópico que faria nossos
estoques mergulharem mais fundo do que Jacques Cousteau.
— Ah. sim, e quanto à praia? — Jensen perguntou com entusiasmo.
Traidor.
— Eu acho que devemos manter a costa aberta, pelo menos. E nos
certificar de que há acesso transversal para os caminhantes.
— Nossos clientes vão adorar ver os cães fazerem seus negócios fora
das reuniões. — Eu sabia que estava sendo mau, mas alguém tinha que
ser. — Achei que poderíamos abrir algumas das áreas da praia, como um
spa, — disse Kyla. — Banheiras de hidromassagem, escondidas por
bambu. Na margem elevada, para ser privado.
Rhea assentiu com entusiasmo. — Todos dos escritórios poderiam
usá-lo?
— Isso aí! Imagine fazer nossa pausa para o almoço na banheira de
hidromassagem! — Disse Kyla.
— Queremos acrescentar mais alguma coisa aos escritórios dos
sonhos da Barbie? Um estábulo de pôneis Shetland, talvez? Um toboágua
do telhado ao lago? Ou uma daquelas cafeterias para gatos? — Eu disse
secamente.
— Oh, isso pode ser muito legal, — disse Rhea entusiasmada.
— Desculpe, quem é você? — Eu soltei.
Eu podia sentir o olhar mortal de Kyla queimando minha nuca. Ainda
assim, alguém precisava ensinar sua assistente a entender o sarcasmo.
— Sério, você está desenvolvendo um edifício no estilo Bauhaus, —
Zoey interrompeu, com uma voz mais dura.
— Tenho certeza que você sabe que o fundador do movimento,
Walter Gropius, era um defensor da criação de edifícios de qualidade
para todos, independentemente da posição social, — acrescentou ela.
Ah, é por isso que ela parece tão cansada.
— Alguém entrou em um buraco da Wikipédia ontem à noite? — Eu
perguntei a ela. Seus olhos brilharam com raiva de mim.
— Há muitos exemplos de projetos de muito sucesso que fizeram o
que sugerimos e muito mais, — acrescentou Kyla com frieza. Eu poderia
dizer que ela estava mordendo a língua.
— E isso é legal, mas somos uma rede de hotéis de luxo, não um
acampamento do Burning Man. Agradeço pela contribuição e pela
qualidade das ideias, mas minha prioridade são meus acionistas, — disse.
— Não meus vizinhos, que vão superar isso quando o bairro ficar pelo
menos 20% melhor.
— Essa é uma maneira bastante limitada de ver as coisas, — Zoey
retrucou.
Eu amo Zoey, mas odeio ser contrariado em reuniões.
Podemos precisar agendar uma revisão disciplinar
Isso parece divertido, na verdade...
Concentre-se, Julian!
— Como todos sabem, esta empresa depende de um crescimento
constante, para que nossas ações ganhem valor e nossos acionistas
continuem investindo. Então me diga por que essa ideia é
financeiramente viável? Dê-me os números? — Não perguntei a ninguém
em particular.
— Ainda não calculamos os custos, mas acho que isso pode aumentar
os custos de gerenciamento em 100. 000 por ano, — disse Kyla.
— Então, um milhão ao longo de uma década? Parece uma forma cara
de nosso prédio perder valor.
— O dinheiro não pode comprar o lado positivo da marca, —
interrompeu Kyla.
— E o reconhecimento positivo da marca não pode pagar os salários
de nossos dois mil funcionários em todo o mundo, — brinquei de volta,
olhando para meu irmão para me apoiar.
Ele não entendeu a dica.
— Estamos apenas pedindo que você tenha a mente aberta, — Zoey
afirmou, com os dentes cerrados.
— Eu sou o chefe. Eu não preciso ter a mente aberta. — Eu disse com
naturalidade.
A sala ficou quieta por um longo segundo, e o rosto de Zoey estava
mais duro do que nunca.
Ainda assim, era meu trabalho liderar, não ceder a todos os caprichos
de meus funcionários.
— Continuando, quem abordamos até agora sobre as unidades de
aluguel? — Continuei casualmente, tentando ignorar a expressão gelada
no rosto da mulher que eu amava.
Capítulo 26
Conheça os Hawksleys

Zoey

Era como se Julian tivesse acabado de derramar água gelada sobre


minha visão idealizada dele. Eu me sentia fria e vazia.
Pensei que tivéssemos valores semelhantes, mas talvez estivesse
errada.
É por isso que sou a secretária e ele é o chefe, eu acho.
Ele certamente me pôs no meu lugar.
Mas Kyla era uma ótima marqueteira e, embora eu não tivesse muita
experiência no mundo do mercado imobiliário de luxo, conhecia o North
Side de Chicago melhor do que qualquer pessoa na reunião.
Não o mataria ouvir.
Ele foi todo fofo o resto da tarde, mas eu não ia aceitar.
— Como você se sentiria sobre jantar mais tarde... em qualquer lugar
que você quiser? — Ele perguntou, pendurado em volta da minha mesa
como um cachorrinho perdido.
— Posso remarcar para outro dia?
— Que tal um show. Comédia? Ópera?
— Acho que vou para a casa da April, — respondi monotonamente,
sem tirar os olhos do computador.
Eu poderia dizer que ele estava brincando com a ideia de me colocar
no meu lugar, mas ele pensou melhor sobre o assunto.
Eu poderia dizer que ele já estava lutando para lidar com minha
frieza. Ele voltou para o escritório, com o rabo entre as pernas.
Jantei com April e Amy em um restaurante de dim sum em Wicker
Park. Não eram apenas os bolinhos que precisavam liberar um pouco de
ar quente.
— Quero dizer, você pode acreditar? Que ele falou assim comigo!
— Como a empregada dele? Como se ele te pagasse um salário
mensal? — April respondeu um tanto sarcasticamente.
— Sim, mas estou namorando com ele...
— Mas você falou sobre não querer que as pessoas pensassem que
você estava recebendo um tratamento especial porque estava dormindo
com o chefe.
Amy estava quieta, como costumava ficar em momentos de conflito,
enquanto April prosperava com eles.
— Agora você está chateada com ele porque ele não está recebendo
ordens de você, — April continuou.
— Eu pensei que você estava do meu lado, — eu fiz beicinho.
— Mas você falou sobre não querer que as pessoas pensassem que
você estava recebendo um tratamento especial porque estava dormindo
com o chefe.
Amy estava quieta, como costumava ficar em momentos de conflito,
enquanto April prosperava com eles.
— Agora você está chateada com ele porque ele não está recebendo
ordens de você, — April continuou.
— Eu pensei que você estava do meu lado, — eu fiz beicinho.
— Eu estou. Eu gosto do que você está fazendo. É corajoso. Mas você
tem que admitir que está sendo um pouco inconsistente.
Eu ia dizer algo, mas enfiei um shumai na boca em vez disso.
— Mas você acha que ele está certo? Certamente você não pode negar
que a minha ideia e de Kyla é...
. —.. Totalmente incrível? Sim. Mas você nunca desenvolveu um
edifício antes. Porra, você nunca conseguiu montar uma cadeira da Ikea.
— Isso não é muito favorável. — Eu estava magoada agora. Mesmo
que ela estivesse certa.
Especialmente porque ela estava certa.
— Isso é um pouco demais vindo de você, — ela rosnou.
— O que está acontecendo com você? — Eu perguntei, genuinamente
perplexo.
— Não estou surpresa que você não saiba, já que tudo o que fazemos
é falar sobre como sua vida é difícil, com seu ótimo trabalho e namorado
bilionário.
Havia um veneno de verdade na voz da minha melhor amiga agora, e
comecei a me sentir realmente péssima.
Ela estava certa. Eu havia passado tanto tempo estudando os detalhes
dramáticos da minha vida que não tinha tempo para ela.
— Eu sinto muito. Você está certa, eu sou muito obcecada por mim
mesma. Eu gostaria que você tivesse me dito mais cedo o quanto isso
estava incomodando você.
— Eu normalmente não me importo, quer dizer, é divertido, — disse
April secamente, — mas minha empresa anunciou demissões esta
semana, então eu poderia tirar uma folga do Show de Zoey. — Eu fiz a
única coisa que podia fazer naquele momento: levantei da cadeira e dei
um abraço em April.
Ela gemeu, mas eu sabia que ela não se importava. Amy também caiu
no abraço.
— Ok, chega. Já basta! Se você realmente estiver arrependida, peça
outra rodada de bolinhos.
Julian

Eu estava recebendo um tratamento quase totalmente silencioso.


Se recebia uma resposta às minhas mensagens, era concisa. Talvez
uma palavra, duas se eu tivesse sorte.
Parecia justo. Fui muito firme com ela no escritório.
Era necessário mostrar a Zoey quem era — literalmente — o chefe,
mas então ela não seria a mulher que eu amava sem um pequeno
retrocesso.
Não consegui me deter muito no assunto, pois minha tarde já
ocupada foi interrompida por um telefonema de minha mãe.
— Julian, querido, seu pai e eu acabamos de pousar em O'Hare, — ela
ronronou em seu glamouroso sotaque meso-atlântico.
— Que surpresa agradável! — Eu murmurei, reorganizando
mentalmente minha semana já ocupada para acomodá-los.
— Não é nenhuma surpresa, sempre íamos para o batizado de Charlie
no fim de semana.
— Claro, claro, — eu ri casualmente, me encolhendo por dentro
enquanto fazia uma nota mental para fazer Zoey adicionar isso ao nosso
calendário o mais rápido possível.
Não acredito que esqueci o batismo da minha sobrinha.
Especialmente porque eu devo ser seu padrinho.
— Vamos nos encontrar com Jensen e Kyla no Wild Garlic, por volta
das 19h. Seria bom ver você.
— Claro, mãe, — respondi. — Posso levar uma amiga?

Julian: Ei, querida, como vão as coisas?

Zoey: Tudo bem. E você?

Julian: Muito bom.

Julian: Meus pais estão na cidade esta semana.

Zoey: Isso é bom. Você gostaria que eu reorganizasse sua


programação?

Julian: Prefiro que você venha jantar conosco esta noite...

Zoey

A vida com Julian é cheia de surpresas. Ouvir às 5 da tarde que ele


queria que eu conhecesse seus pais era algo incrível.
Se eles fossem pais normais, estaria tudo bem. Mas eles eram os
Hawksleys.
Jeffrey nos pegou no escritório, trazendo-me um vestido de noite. Eu
me troquei na parte detrás do Rolls-Royce.
— Alguma dica? — Perguntei a Julian. Minha voz estava trêmula.
Qualquer raiva que senti por seu comportamento na reunião foi
enterrada sob uma montanha de energia nervosa.
— Seja você mesma.
Eu levantei uma sobrancelha. Pode funcionar com minha família em
Skokie, mas duvido que funcione aqui.
— Ok, então como posso me tornar mais palatável para seus gostos
exigentes?
— Não sei, mas sei que ninguém gosta de um impostor, então sua
melhor opção é relaxar, — disse ele antes de me beijar, inundando meu
corpo de felicidade.
Tínhamos sido tão frios um com o outro desde o encontro. Foi um
grande alívio sermos nós mesmos novamente.
— De qualquer maneira, eu te amo. E eles me amam. Então eu acho
que vamos ter que dar um jeito, — ele disse antes de entrar para outro
beijo ainda mais profundo.

O resto da família já estava sentado quando chegamos. Eles acenaram


para nós do outro lado do restaurante movimentado.
Até Charlie estava lá, relaxando no peito de Jensen em sua cadeirinha
de bebê.
Ela era linda. Ainda tão pequena aos cinco meses, com os olhos
brilhantes de Kyla e o sorriso caloroso de Jensen.
— Ela gosta de você! Veja como ela está feliz, — disse Kyla,
levantando-se para nos cumprimentar.
Então ela sussurrou em meu ouvido: — Não se preocupe. Emma é
dura só até a segunda camada. Eu cuido de você, apenas seja você mesma.
— Ela se sentou novamente com uma piscadela.
James, o pai de Julian, me cumprimentou em seguida. Ele tinha os
mesmos olhos dançantes de seus filhos. Tentei apertar sua mão, mas ele
me puxou para um grande abraço de urso.
Então havia Emma.
Ela tinha sessenta e poucos anos, era do tipo Kathryn Hepburn que
esbanjava classe.
Ela estendeu a mão para mim de uma forma que me fez pensar se eu
deveria apertar ou beijar seu anel.
Seus olhos me sacudiram para cima e para baixo enquanto nós
balançamos.
— Prazer em conhecê-la. Zoey, — ela falou lentamente para mim
antes de dar um beijo na bochecha de Julian.
— Ela é diferente do normal... — Eu a ouvi murmurar para Julian.
Havia algo estranho em sua voz.
Sentei-me e recuperei a compostura.
Isso não foi tão ruim...
Eu tinha Julian. meus amigos, sua adorável garotinha que parecia
gostar de mim e do pai de Julian. que ria com facilidade e enchia taças de
vinho com entusiasmo.
Também havia muito o que conversar. O batismo, os escritórios, a
viagem de Emma e James para a Austrália.
— Mais quente do que o inferno, — James riu. — Emma passou o
tempo todo no hotel ou no shopping.
— Eles têm ar-condicionados maravilhosos, — Emma ronronou.
A comida foi trazida e também uma distração bem-vinda. Scandi
nuevo haute cuisine, ou algo parecido.
Tudo saiu em minúsculos pratos coloridos e foi arrumado de forma
tão bonita que parecia uma vergonha de comer.
Enquanto eu tentava comer as delicadas obras de arte, os Hawksleys
mais velhos continuaram a conversar com seus filhos.
— Como está Londres? — Julian perguntou.
— Molhada, — Emma respondeu,
— Ah, e você se lembra de Nathen Holmes? Sua empresa acaba de
relançar o St. Mark's Hotel, — acrescentou James. Percebi que os rostos
de Julian e Jensen tremiam de desgosto com a notícia.
— É terrível, — Emma comentou friamente, com um timing cômico
especializado.
— Sem surpresas, — Julian disse sarcasticamente.
Eu silenciosamente me enchi de pão, pensando na sorte que tive em
evitar quaisquer perguntas investigativas de Emma.
Foi quando ela começou a ir atrás da minha cabeça.
— Então Zoey, você é a nova secretária de Julian, correto?
— Sou assistente dele, sim.
— É comum seus chefes levarem você para jantar com a família?
Sua voz era tão firme, com tão pouca inflexão, que era difícil dizer o
quão venenoso o comentário deveria ser.
Eu fui com a pura verdade. — Julian é o primeiro, — eu disse sorrindo
calorosamente para ele.
— Bem, ele certamente parece gostar de você. A propósito, vimos
Rufus em Londres, ele manda lembranças — acrescentou James, e
suspirei baixinho de alívio com o desvio.
— Como está Grace? — Emma perguntou docemente, e eu pude
ouvir toda a mesa simultaneamente silenciar mais uma vez.
— Eu não saberia, para ser honesto. Nós terminamos. — Os olhos de
Julian se estreitaram para sua mãe.
A mesa estava tensa, como uma partida de pôquer na última rodada.
— Eu não posso dizer que estou surpresa, — ela ronronou. — Há
alguém novo no horizonte?
Seus olhos se voltaram para mim quando ela disse isso.
Senti o braço de Julian em volta do meu ombro. — Bem, sim, eu ia
falar sobre isso, mas... Zoey é minha namorada.
Namorada?!
Ouvi-lo dizer isso pela primeira vez fez meu coração dançar de
alegria. Eu apenas sorri como uma idiota antes de bicar Julian nos lábios.
— Namorada e secretária. Que conveniente, — Emma murmurou, e
eu não me importei como ela quis dizer isso.
— Acha que encontrou a mulher perfeita, Julian, — disse James
alegremente enquanto enchia os copos. — Alguém que pode manter sua
vida em ordem no trabalho e em casa.
Ele ergueu o copo, — Um brinde, para Zoey e Julian.
Graças a Deus por James, pensei, enquanto erguemos nossas taças com
ele.
— Para nós, — eu disse a Julian, tilintando seu copo.
Depois de nos despedirmos dos demais, demos uma volta pelo bairro
em busca de uma sobremesa.
Esses restaurantes chiques são sempre tão mesquinhos nas porções.
Acabamos no terraço de algum restaurante moderno. Era lindo,
coberto de vegetação e iluminado por cordas de luzes quentes.
Isso me fez pensar na horta comunitária que eu havia imaginado para
os escritórios, o que me fez sentir uma pontada de aborrecimento.
Mas o cheesecake de chocolate branco, a vista da cidade e o homem
bonito ao meu lado logo tiraram minha mente disso. Julian deslizou sua
mão na minha.
— As coisas estão tão boas com você. Não estou acostumada com
meus relacionamentos indo tão bem. Tudo tem sido tão fácil e me sinto
confortável com você...
Julian pode ter bebido muitas taças de vinho, mas eu poderia dizer
que ele falava sério.
Contudo, eu tinha vontade de coçar, e não do tipo divertido. Como
eu também tinha bebido vinho mais do que o suficiente, fui em frente e
matei minha vontade.
— Eu concordo. Nunca me senti tão bem com alguém antes, — eu
disse a ele honestamente. — Eu posso até quase encantar sua mãe...
— Você estava chegando lá, — Julian riu. — Mas você se saiu bem.
Você não cedeu. É isso que ela gosta de ver.
— A única coisa que está em minha mente é a maneira como você
descartou as minhas ideias e as de Kyla sobre os escritórios. Achei que
eram boas.
O rosto de Julian escureceu de repente e eu me amaldiçoei por ter
mencionado isso.
— Já disse, gostei das ideias, mas não é assim que quero fazer.
— Mas talvez se eu te mostrasse o plano...
— Mas não estamos negociando, Zoey.
Mordi meu lábio e olhei para o horizonte da cidade, sentindo uma
grande fenda se espalhar entre nós.
Capítulo 27
Saia enquanto você está à frente

Zoey

O fim de semana chegou e com ele, o batizado da pequena Charlie.


Fui com Julian, grata por já ter sido apresentada a todos no início daquela
semana.
Meu nervosismo diminuiu, substituído pelo orgulho de meu
namorado bonito, que era padrinho recém-nomeado, junto com a
madrinha Coleen, uma amiga faladeira e divertida de Kyla.
A bebê Charlie estava com seu vestido branco esvoaçante e não
parava de rir durante a curta cerimônia, o que deixou seu público
animado. Até o padre não conseguiu conter o riso.
Após a cerimônia, fui encurralada por Emma Hawksley no banheiro
feminino. Para minha surpresa, ela foi tranquila comigo.
— Perdão se eu fui um pouco fria na outra noite, — ela disse naquela
mesma voz lânguida. — Eu sou protetora com meus meninos. As garotas
sempre estão atrás deles pelos motivos errados.
— Acredite em mim, eu tentei não ir atrás de Julian.
— Aposto que isso o deixou muito mais determinado, — ela
ronronou.
— Talvez, — eu ri. — Mas eu tive experiências ruins com chefes
desprezíveis no passado. Não que Julian seja desprezível, é claro! — Eu
me encolhi por dentro com a minha escolha infeliz de palavras.
— Claro, — Emma concordou, um pequeno sorriso puxando os
cantos de sua boca.
— O que estou tentando dizer é que essa relação me pegou de
surpresa. Mas agora que estamos juntos, parece muito certo.
— Bem, você parece deixá-lo muito feliz, — disse Emma.
Então ela sorriu para mim.
Percebi que foi a primeira vez que vi seus olhos sorrirem junto com
sua boca, enrugando-se calorosamente para mim antes de focalizar
novamente no espelho.
Saímos juntas. Com o gelo finalmente derretendo, nos divertimos
brincando com Charlie, fazendo caras bobas na tentativa de fazê-la rir.
Após a cerimônia fomos para uma recepção à tarde no Oriental Club,
um exuberante bar e restaurante cheio de antiguidades coloridas.
Sentei-me em um sofá de veludo Chesterfield e Kyla se jogou ao meu
lado.
— Bom trabalho com Emma Hawksley, — ela sorriu para mim. — Eu
precisava ter um bebê antes que ela gostasse de mim.
Eu ri disso. — Eu deveria estar agradecendo por me mostrar o
caminho.
— Graças a Charlie: desde que nasceu, Emma começou a mostrar seu
lado mole e pegajoso.
— Como você faz isso, Kyla? — Eu perguntei a ela seriamente. — Não
pode ser fácil planejar isso, trabalhar e ser mãe.
— Oh, você sabe, você só tem que fazer funcionar. Embora trabalhar
meio período tenha ajudado, mesmo que seja difícil ficar para trás no
escritório.
— E eu tenho sorte de ter tanto apoio da minha família e amigos ao
meu redor. E Dante, é claro, que faz mais do que seu quinhão no cuidado
de crianças, abençoado seja ele.
Nós duas olhamos para o outro lado da sala onde Dante estava
realmente andando com Charlie no carrinho de bebê. Ele parecia
totalmente encantado com a tarefa.
— Ei, eu queria perguntar..., — Kyla mudou para seu tom
conspiratório, — alguma sorte com Julian? Ele está usando nossas ideias
para desenvolvimento de escritório?
Eu balancei minha cabeça, respondendo à pergunta silenciosa e
tristemente.
— Droga, — ela murmurou.
— Sinceramente, está realmente me incomodando o quão teimoso
ele está sendo. É uma boa ideia, ele só precisa ouvir, — eu disse,
percebendo o quão desesperada estava para desabafar.
— Além disso, me pergunto se ele tem suas prioridades em ordem, —
acrescentei com tristeza.
No fundo, isso me fez sentir outra coisa.
O medo de que ele nunca me levasse tão a sério quanto eu queria e
merecia ser levada.
— Vou tentar algo diferente com ele. Não vou desistir disso, —
assegurei a Kyla, e batemos os punhos em concordância.
Comecei a traçar um plano para fazer com que Julian entendesse meu
ponto de vista.
Já que ele não está ouvindo, acho que preciso mostrar a ele.

O pensamento continuou me consumindo na caminhada até a casa


de Julian. mas eu o deixei de lado.
Deitado em seu sofá com meu chá de camomila, recebi uma distração
bem-vinda.
Eu tinha sido marcada em uma postagem no Instagram da conta de
Emma. Era uma foto minha segurando Charlie.
Nós duas estávamos rindo uma da outra e sua mãozinha estava
tentando me alcançar. A postagem dizia: — Pequena Charlie
encontrando-se com a tia Zoey.
— Uau, — disse Julian, lendo por cima do meu ombro. — Minha mãe
nunca fez isso antes. Ela deve realmente gostar de você, — ele
acrescentou antes de me beijar na testa.
Julian

A semana passou como um raio.


O trabalho era implacável e qualquer tempo de sobra parecia ser para
dormir ou fazer coisas essenciais, como comer e tomar banho.
Zoey havia mencionado que queria me levar a algum lugar no
domingo. Num encontro. Eu estava na lua.
— Um encontro! Eu nunca sou levado a encontros! — É verdade:
quando você é um playboy bilionário, as pessoas podem ser um pouco
preguiçosas nas guloseimas e surpresas; presumindo, com razão, que
tenho os meios para me entreter.
Mas caramba, eu adoro surpresas.
Eu me perguntei se era uma oferta de trégua depois de nossas
discussões sobre os novos escritórios e senti uma onda de culpa por não
ter oferecido um primeiro.
Foi ela quem trouxe o assunto.
Mas eu recuei com bastante força.
Eu provavelmente estava pensando demais nisso. Era uma parte
natural de navegar em um relacionamento romântico e de trabalho
maravilhoso e complexo.
Devia haver alguns obstáculos no caminho.
Era como passamos por eles que contava.
O fato de que ela estava me levando em um encontro me disse que ela
queria deixar o episódio para trás.
Eu iria tratá-la bem, uma vez que as coisas se acalmassem. Talvez
levá-la em uma viagem para nossa propriedade nas Bahamas, ou um tour
pela Europa?
Mas até então, eu tinha a surpresa dela para esperar, e estava tonto
como um esquilo.
Acordei na manhã de domingo com uma sensação no estômago que
não sentia há anos.
Eu me senti como uma criança na manhã de Natal.
Isso era melhor, porém, porque hoje eu tinha uma mulher bonita,
engraçada e nua na minha cama.
E hoje, ela estava me levando para sair.
Passei meus braços em volta da cintura sedosa de Zoey e a puxei para
mim. Ela se mexeu e eu me senti imediatamente satisfeito e um pouco
culpado por acordá-la.
Ela gemeu sonolenta enquanto minha mão explorava a frente de seu
peito, envolvendo seus seios.
Eu me aproximei dela, beijando seu pescoço. Ela soltou um suspiro
silencioso.
— Isso é tão bom, — ela sussurrou suavemente, então eu continuei,
indo em torno de suas orelhas com beijos suaves de borboleta.
Eu a senti chegar por trás e colocar sua mão macia em volta do meu
comprimento duro como pedra.
Agora era eu quem estava gemendo.
— Feliz em me ver? — Ela disse docemente enquanto deslizava a mão
para cima e para baixo na minha ereção.
— Sempre, — eu respondi, assim que deslizei minha mão entre suas
pernas, sentindo sua umidade.
— Eu acho que o sentimento é mútuo, — eu sussurrei, enquanto
corria minhas mãos em volta de sua bunda saliente e agarrei sua cintura.
Com a mão, ela guiou meu membro para dentro dela por trás. Uma
vez que ela tinha tomado todo o meu comprimento, ficamos assim por
um momento, em êxtase silencioso.
Que maneira de acordar.
Comecei a estocar dentro dela, suavemente e com preguiça. Ela
começou a acompanhar meu ritmo enquanto minhas mãos se perdiam
em seus cabelos e faziam expedições por seu corpo.
Estendi a mão sobre sua barriga e arrastei meus dedos até seu botão
delicado.
— Oh, meu Deus, — ela gritou enquanto eu brincava com ele.
Sonolentos como estávamos, nosso ritmo aumentou, assim como a
intensidade.
Uma onda de prazer estava crescendo na minha virilha, que lutei para
conter.
Eu queria saborear cada momento disso.
Mas eu era apenas humano, e com cada impulso, Cheguei mais perto
da minha libertação estremecedora.
Eu podia sentir sua respiração irregular e seu corpo tremendo sob
mim.
Ela virou o rosto para o meu, e nos observamos em nossos momentos
de abandono enquanto o prazer inundava meu corpo.
Era incrível ficar mole com sua parceira em uníssono.
— Bom dia, querido, — disse ela com um sorriso.

Depois de uma lenta manhã de café, ovos e mais sexo, Jeffrey nos
levou para fora da cidade, para um subúrbio que eu não conhecia.
Era encantador e colorido; o tipo de lugar que as pessoas com trinta
anos vão quando decidem ter um cachorro ou um bebê.
Entramos no estacionamento do South Main Mall.
— O shopping... — eu disse, desconfiada, enquanto Zoey me levava
para dentro.
De perto, não era como os luxuosos shoppings dourados do centro da
cidade ou os tristes e meio abandonados shoppings dos subúrbios.
Era feito de contêineres de transporte brilhantes cobertos por
trepadeiras emaranhadas.
Havia uma área principal com algumas lojas de grife, restaurantes
familiares e uma fonte onde um artista de rua tocava banjo e pandeirola.
O outro lado era formado por pequenas lojas fabulosas. Facas de
cozinha japonesas Botas de couro vegano.
Havia uma praça de alimentação também, mas era hipster, com
muitas opções veganas e cozinhas de fusão, servidas por tatuados fortões.
Ela comprou uma grande caixa de frango com pipoca vegana e
algumas cervejas artesanais locais, e nos sentamos em uma das mesas de
piquenique movimentadas.
Eu pensei que eu descobri porque ela me trouxe aqui. Isso estava me
incomodando desde que entramos.
Mas ela não tinha admitido isso ainda.
— Então, este lugar tem pequenas lojas que nunca fariam sucesso em
nenhum outro lugar, algumas grandes também. O que mais? Qual é a
sacada? — Eu a interroguei.
— Ainda não vimos o lugar inteiro. Também há escritórios... e um
espaço de trabalho compartilhado. E acredito que algumas unidades
residenciais de aluguel.
— Mas o que eu realmente queria mostrar a você é lá em cima. — Ela
acenou com a cabeça para o terraço.
O que há com mulheres e terraços? São tão obcecadas.
Nós subimos. Era um espaço grande, com poucas pessoas circulando
e uma vista maravilhosa da cidade.
Havia uma colmeia e uma pequena estufa, bem como algumas
estruturas estranhas que achei que deveriam parecer casas na árvore.
Era tudo muito fofo, se você gostasse desse tipo de coisa.
— Não é maravilhoso? E foi tudo construído pela comunidade local...
A-ha.
— Você me trouxe aqui para tentar me inspirar a transformar nossos
novos escritórios em um santuário moderno ligeiramente nauseante? —
Eu perguntei.
Fiquei irritado e ela sabia disso. Eu não queria continuar pensando
nisso.
E também, eu estava muito magoado que o encontro dela não fosse
realmente um encontro.
Ela me enganou.
— Estou tendo a sensação de que você não gosta disso então..., — ela
disse com um suspiro de desapontamento.
— Não. o lugar é bom. É só que... estou farto de ter essa conversa.
E eu estava tão animado por ser levado para um encontro.
— Kyla e eu só queríamos ajudá-lo a construir algo especial. Eu não
acho que vai custar tanto...
— Dê-me os números então, — eu exigi.
— Pela aparência deste lugar, vai custar alguns sacos de terra e um
monte de paletes velhos.
— E quanto à perda de renda de nossa clientela usual, que paga por
luxo e privacidade?
— Como você sabe que é isso que eles querem?
— Porque é assim que ganhamos todo o nosso dinheiro. Zoey. — Eu
estava ficando exasperado. — Vou te dizer uma coisa... Obtenha alguns
anos de experiência em negócios. Talvez um MBA, não sei.
— Mas você não pode simplesmente esperar que eu receba ordens
suas quando suas principais habilidades são preencher calendários e
digitar com velocidade impressionante.
O olhar em seu rosto me disse que eu tinha ido longe demais. Mas eu
estava com raiva, então estupidamente continuei.
— Eu sou o CEO, você não. Você nem pode me dizer como essa opção
será financeiramente viável. Não falemos mais nisso.
Achei que era uma maneira forte e viril de encerrar a conversa.
Mas Cometi um grave erro.
Zoey ficou quieta por alguns minutos, olhando para a vista de
subúrbios extensos e torres distantes.
Eventualmente, ela falou com uma voz estranhamente calma que
quebrou um pouco com a emoção.
— Você tem razão. Você é o chefe. E eu não sei os números, eu nem
saberia como consegui-los.
Suspirei de alívio por ela estar entendendo, ignorando minha pontada
de culpa que veio com suas palavras.
Ela continuou: — Mas eu sei que valeria a pena deixar a população
local manter uma das últimas praias públicas do North Shore.
— Além disso, eu me senti tão inspirada tentando encontrar uma
maneira de fazer isso. Isso me fez perceber que quero ser mais do que
apenas uma secretária.
— Então, é com grande pesar... que tenho que me demitir.
E com suas palavras, meu coração afundou diretamente através do
deck de paletes reaproveitado do jardim do terraço esquecido por Deus.
Capítulo 28
Estranho no ninho

Zoey

Ele não esperava por isso. Seu rosto ficou em choque.


Eu também não esperava por isso.
O que diabos eu estava fazendo?
— Eu te amo muito. Quero estar com você e a última coisa que quero
é estragar nosso relacionamento.
— Mas não concordo com a abordagem que você está adotando e me
sinto inspirada para fazer algo novo.
— Preciso de um desafio e quero trabalhar em projetos que sejam
bons para todos, — acrescentei desafiadoramente, endireitando os
ombros com confiança performativa.
Eu sempre estive pensando no que eu tinha que fazer na minha
carreira até agora. Pagar as contas, sobreviver, manter-se longe dos
esquisitões do escritório.
Esta foi a primeira vez que percebi o que queria.
Foi a primeira vez que vi Julian realmente sem palavras.
Havia muita tensão enquanto estávamos ali no terraço sob o sol da
tarde.
Um cara com roupa de apicultor passou e nos deu um aceno alegre,
mas assim que percebeu nossas expressões, ele rapidamente abaixou a
cabeça e foi embora.
— Você está falando sério? Quer dizer, sinto muito se te chateei, mas
esta é uma reação exagerada, — ele disse desesperadamente.
— Eu quero nos proteger. Se o trabalho vai nos separar...
— Você me manipular para tomar decisões ruins é o que está nos
separando agora.
— Eu aceito isso. Mas quero que você respeite minha opinião, e você
não está fazendo isso, então talvez eu precise fazer algo novo. Como o
que você acabou de dizer. Obter novas experiências, desenvolver minhas
habilidades.
Houve um longo e pesado silêncio entre nós depois que eu disse isso.
Eu comecei.
— Então eu acho que este é o meu aviso. Eu posso trabalhar enquanto
você...
— Está bem. Você pode sair. Eu não vou fazer você ficar se você não
quiser estar lá. Pagaremos o aviso...
— Bem. estarei por perto para garantir que tudo transite sem
problemas...
Ele não disse nada. Senti uma onda de pânico nas minhas entranhas.
— Julian. preciso que você saiba que esta não é uma decisão raivosa.
Respeito o fato de você saber o que quer. Estou inspirada. Mesmo. Agora
eu quero isso para mim.
Ele permaneceu impassível e silencioso, desprovido do calor com o
qual estou tão acostumada.
Era isso?
Eu acabei de estragar tudo?
Ele não tentou discutir no caminho de volta para a cidade. Ficamos
quietos na parte detrás do carro.
Jeffrey instintivamente ligou na NPR e nós dois olhamos pelas janelas
opostas. Enfiei minha mão na dele e ele a segurou frouxamente.
Quando chegamos na casa de Julian. arrumei algumas coisas e
mandei uma mensagem para minha mãe.
Eu estava indo para casa por um tempo, para conseguir um pouco de
espaço. Dar tempo a Julian para se acalmar.
Quando ele percebeu que eu estava saindo do apartamento, ele
pareceu muito mais perturbado.
— Você realmente vai fazer isso? — Ele implorou enquanto eu
fechava o zíper da minha mala.
— Vou me certificar de que seu calendário esteja em ordem. Eu posso
fazer isso de casa.
— Eu sinto muito. Me desculpa por ter ofendido você, mas isso é
loucura.
Ele está certo.
Estou agindo como louca.
Eu me sinto meio louca.
Portanto, é melhor ir embora, ter algum espaço e planejar meus
próximos passos sem que a presença dele me confunda.
Eu não suportava deixá-lo, mas precisava de algum tempo para
clarear minha cabeça. Peguei seu rosto em minhas mãos e o beijei.
— Estou tão apaixonada por você e quero estar com você. Meu
futuro, no que me diz respeito, tem você nele, — eu disse entre beijos.
— Então não vá... por favor. — Seus olhos estavam tão tristes quando
ele disse isso que partiu meu coração.
— Eu preciso limpar minha cabeça. Pensar no próximo passo. Apenas
me dê algum tempo. — Quando ele percebeu que eu estava indo e não
havia como ele me convencer do contrário, Julian ficou bem distante.
Ele se sentou em frente à TV, em um silêncio que beirava o
catatônico. Quando saí, ele nem se levantou para se despedir.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto quando fui
encontrar Jeffrey.
O que diabos estou fazendo?
Assim que entrei no carro, me senti melhor. Jeffrey e eu tivemos uma
conversa franca no caminho para os subúrbios.
Ele era um bom confidente. Encorajador, sem julgamentos, sempre
oferecendo pérolas de sabedoria.
— Eu acho que isso poderia ser uma jogada muito boa, — ele
encorajou.
— Mesmo? Tenho a sensação de que acabei de colocar fogo em tudo
de bom na minha vida.
— Mudar é difícil. Mas abre espaço para o novo.
— Eu não quero ninguém novo. Eu só quero Julian.
— Acho que ele ficaria feliz em saber disso.
— Você pode, por favor, avisá-lo? Eu direi a ele também, mas nossas
linhas de comunicação parecem um pouco defeituosas agora.
— Eu ficaria mais do que feliz em fazer isso.
— Seja honesto, Jeffrey. Estou sendo uma rainha do drama?
— Tive a impressão de que você queria ir para casa exatamente pelo
contrário: uma dose de paz e sossego.
Recostei-me no assento, franzindo a testa para mim mesma.
Por mais que isso fosse verdade, do lado de fora parecia um
comportamento malcriado. Parecia que eu não conseguiria o que queria,
então desisti. Mas eu estava tão impressionada com a atenção que
namorar Julian me trazia, que era difícil tomar decisões saudáveis e
equilibradas sob os holofotes.
Por mais que eu precisasse dessa pausa, me matava pensar nas fofocas
que isso inspiraria.
E me matou pensar que estava causando dor a ele.
— Eu acho que preciso de uma desintoxicação digital completa, — eu
disse, olhando para o meu telefone. — Não posso lidar com todas as
opiniões não solicitadas que vou receber quando as pessoas souberem o
que fiz.
— Desculpas se eu tenho oferecido alguma..., — ele disse.
— Nunca. Suas opiniões são sempre solicitadas, Jeffrey.
— Bem, aqui está outra. Você e Julian se adoram. Vocês vão voltar.
Vocês não serão capazes de evitar. Como mariposas para uma chama.
— Mas a chama mata as mariposas, — protestei.
— Talvez essa não seja minha melhor analogia, mas você sabe o que
quero dizer. Quando você está apaixonado, o coração é sempre mais
forte do que a mente.
Eu sorri para isso.
— De qualquer forma, se ele não recuperar o juízo logo, vou levá-lo de
carro e dizer-lhe para não ficar tão preocupado com isso.
Eu tive que rir disso. Esses britânicos têm um jeito de colocar as
coisas.
Acenei de volta para Jeffrey antes de entrar em casa.
Os gêmeos e Peter estavam em casa, como de costume no jantar de
domingo.
Mamãe tinha feito bolo de carne e pão de banana, então o lugar tinha
um cheiro maravilhosamente caseiro.
— Olá, querida, que surpresa adorável! — Mamãe vibrou, me dando
um grande abraço.
Juntei-me à multidão à mesa em silêncio.
Estava perdida em pensamentos, até Mateo apontar o elefante na
sala.
— Onde está Julian?
— Em casa.
— Por que ele não veio nos visitar? — Mamãe perguntou, parecendo
genuinamente chateada.
— Sem motivo. — Dei de ombros.
Todos me olharam com expressões de profunda suspeita.
Todo mundo sabe que — sem motivo — significa que há um motivo, sua
amadora.
— Então nós tivemos... não uma discussão. Uma discordância
profissional. E eu me demiti...
— Você o quê? — Gritou mamãe. — Por que diabos você faria isso?
Oh, merda. O seguro saúde.
Eu não tinha pensado nisso.
— Sinto muito, mãe, vou falar com ele, vamos resolver alguma coisa
ou posso pagar por qualquer novo medicamento até...
— Pare com isso. Estou bem agora e ainda posso obter meus remédios
antigos com nosso seguro. Mas... pobre Julian. O que ele vai fazer sem
você?
— Ele estava bem antes, — eu raciocinei. — Ele é um milionário, pelo
amor de Deus.
— Exatamente. O dinheiro não compra amor e felicidade, mas ele
tinha tudo quando estava com você.
— Nós não terminamos. E também, por que você sentiria mais pena
dele do que de mim? Ele ainda é rico.
— Como você pode jogar fora um homem assim?! — Mamãe
lamentou, sem ouvir.
Eu não pensei que o estava jogando fora. Achei que deixar o emprego
poderia proteger nosso relacionamento.
Agora eu não tinha tanta certeza.
Kathy interrompeu minha linha de pensamento ansiosa: — Então ele
está solteiro?
— Não. mana, meu namorado não é solteiro, — eu disse, exasperada.
— Mais uma vez, não terminamos.
— Kathy, é sério? — Peter disse, olhando para ela.
— É uma questão legítima. — Os dois começaram sua própria
discussão abafada em segundo plano, enquanto os outros continuavam a
inquisição.
— Por que você desistiu? — Papai perguntou sério. — Nossos novos
escritórios vão privatizar uma praia pública e as pessoas estão chateadas.
Eu apresentei algumas maneiras de fazer isso funcionar para todos, mas
não é o jeito que eles querem..., — eu expliquei calmamente.
— Isso não é motivo para largar o emprego, — disse mamãe.
— Você se manteve firme em lugares onde seus chefes a tratavam
como um pedaço de carne, e agora você desiste porque eles não gostam
de uma ideia? — Ela perguntou.
Ela meio que tinha razão...
Merda.
— Onde fica o escritório? — Papai perguntou. Fiquei grato por seu
tom calmo.
— Na praia de Greenway. Eles vão torná-la privada.
— Ah. cara. Isso é péssimo, — Mateo ferveu, batendo a mão na mesa,
— Eu amo aquela praia.
— Aposto que você não vai lá desde que era criança, — mamãe gritou,
— e se Zoey fosse mais cuidadosa, ela seria dona da praia em breve, de
qualquer maneira.
— Então, você desistiu da praia de Greenway. Isso é meio fodido,
mesmo que seja burro, — Mateo brincou.
— Obrigada. Acho que foi um sinal de que preciso fazer um trabalho
do qual me orgulho. Eu preciso de uma nova direção.
— Uma nova direção, hein? Talvez você deva começar indo para o sul
na Riverside Drive, para qualquer bairro chique em que aquele jovem
mora e dizer a ele que você sente muito.
— Olha, Zoey, ela tem razão. — papai disse. — De que serve um
princípio quando você tem que sacrificar um namorado bilionário e um
ótimo emprego por isso?
Meus olhos ficaram apagados quando me sentei e deixei minha
família debater meu futuro.
Todo esforço para escapar de todas aquelas opiniões não solicitadas foi
em vão.
Julian

Eu não conseguia dormir. Tentei assistir mais TV, mas não aguentei.
Voltei para a cama, observei o teto e pensei em como fui um idiota de
merda.
O que eu faço?
Mandei uma mensagem de texto para Zoey várias vezes e depois
liguei.
Seu telefone parecia estar desligado. E por mais que ela tivesse
tentado me assegurar de que não era sobre nós, eu estava ficando
obcecado.
Devo ligar de novo?
Devo ligar para a mãe dela?
O que eu diria às pessoas amanhã e no dia seguinte?
O que eu faria sem ela?
Eu desabei e tentei ligar mais uma vez. Eu sabia que iria para o correio
de voz, mas continuei ouvindo o tom de discagem, só para garantir.
Eu nem tinha certeza do que diria a ela se ela respondesse. Eu não
poderia simplesmente recuar. Havia muitos investidores para agradar.
Eu não poderia basear uma decisão tão importante em se isso poderia
aborrecer minha namorada.
Contudo, parte de mim sabia que eu felizmente trocaria essa vida de
luxo para morar com Zoey em uma casinha e colocaria decorações
incríveis no quintal várias vezes por ano.
Mas como eu não podia desistir e não conseguir entrar em contato,
então, além de pedir a Jeffrey para sequestrá-la, não tive nenhuma
maneira prática de trazê-la de volta.
Isso é péssimo.
Foi um sentimento novo para mim, essa sensação de desesperança.
Eu não estava acostumado a não conseguir o que queria.
Zoey

Naquela noite, no quarto de minha infância, não consegui dormir.


Não ousei ligar meu telefone.
Em vez disso, li cópias antigas da revista Seventeen. Artigos sobre os
melhores brilhos labiais e equipamentos para a volta às aulas e — Cinco
maneiras de fazer sua paixão notar você.
A vida ficou muito mais complicada desde então. Gostaria de encontrar
uma revista que respondesse às minhas perguntas agora.
Diga-me como posso aproveitar minhas experiências recentes em um
novo e excitante caminho de carreira.
Avise-me se houver uma maneira de pedir meu emprego de volta sem
recuar.
Mostre-me como eu poderia garantir que nosso relacionamento
sobreviveria a essa bagunça.
Capítulo 29
Surpresa do acionista

Julian

Os próximos dias de trabalho foram difíceis.


Não demorou muito para que as pessoas notassem a ausência de
Zoey. Meu plano inicial de fingir que ela estava em casa com um
resfriado e esperar até que ela voltasse a si logo foi frustrado.
Sendo a funcionária vigilante e atenciosa que era, ela fez questão de
enviar um e-mail para o RH sobre sua notificação.
A notícia se espalhou como um incêndio.
— Que diabos, Julian? — Jensen exigiu, invadindo meu escritório. —
O que você disse para afastá-la para isso?
— Eu usei minha autoridade. Alguém nesta empresa tem que assumir
o controle, — expliquei, tentando disfarçar minhas emoções conflitantes.
A verdade é que, se eu não tivesse ficado tão chateado com Zoey
planejando um encontro falso para me influenciar profissionalmente, eu
não teria sido tão áspero.
Tentei ser reflexivo. Ela disse que se demitir era uma forma de
proteger nosso relacionamento.
E por que não. quando deixei tão claro que não valorizava suas ideias?
Por outro lado, era uma pena ser abandonado e era uma pena ser
culpado por isso.
— Você realmente deve ter usado muita autoridade para fazê-la ir
embora, — argumentou Jensen.
— Não vejo sentido em ser tão inflexível. Ela teve algumas boas ideias.
Ouvir não vai nos matar.
— Tudo bem. Em seguida, você pode explicar aos acionistas que
estamos transformando nossa sede em uma espécie de cooperativa
hippie. Enquanto isso, vou me concentrar em manter esta empresa
lucrativa, — retruquei.
— É fácil ser flexível quando você não é responsável, — acrescentei.
— E é fácil para você ser um idiota, claramente, — Jensen se irritou
antes de sair e fechar a porta com muita firmeza atrás de si.
Embora meu irmão fosse o mais conflituoso dos meus colegas, tive a
sensação de que minha popularidade no escritório havia despencado.
Todos desviaram os olhos enquanto eu caminhava pelos corredores, e
um coro de sussurros parecia me seguir aonde quer que eu fosse.
Como de costume, em momentos de estresse, escolhi me lançar ao
trabalho.
Haveria uma reunião do conselho em que eu teria que revelar nossos
planos para a nova sede aos nossos principais acionistas e investidores.
Enquanto isso, os protestos ganharam força, com a tendência de
#salvemgreenway no Twitter.
Evitei meus colegas de trabalho imediatos, planejando uma longa
visita ao local no dia seguinte.
Isso não foi melhor.
A cerca da propriedade estava coberta de placas e pichações, e um
pequeno grupo de manifestantes nos vaiaram quando entramos.
Por mais estressante que tudo isso fosse, não era nada comparado ao
terror que eu sentia com a ideia de perder Zoey.
Não tínhamos uma conversa de verdade desde que ela foi embora
para ficar com os pais. Fiel à sua palavra, meu calendário ainda estava
sendo atualizado.
Mas eu estava orgulhoso demais para ligar para ela novamente ou
implorar por perdão, e com muito medo de que aquele navio já tivesse
partido.

Quando voltei ao escritório naquela tarde, meu plano era passar a


noite mastigando números sozinho, talvez com uma caixa de sushi como
companhia.
É assim que eu costumava viver minha vida de qualquer maneira. Ou
eu estava na cidade com uma modelo em cada braço ou trabalhando a
noite toda.
Eu estava feliz então — ou pelo menos pensei que estava.
Agora parecia tão vazio.
Quando abri a porta do meu escritório, esperava um santuário
solitário para me entregar à minha melancolia e ao meu vício pelo
trabalho.
Em vez disso, encontrei um rosto familiar relaxado na cadeira da
minha escrivaninha.
— Rufus! Oh, meu Deus, o que você está fazendo aqui? — Eu gritei
antes de correr até ele e abraçá-lo. Qualquer raiva que senti por ele ter se
demitido desapareceu instantaneamente. Foi infinitamente
reconfortante ver seu rosto quente e enrugado novamente.
— Jensen me informou que você está repentinamente sem assistente.
Eu disse que poderia ajudar temporariamente até que você ocupasse o
cargo.
Eu sorri para ele, mas senti uma picada.
Eu queria Zoey de volta.
Ninguém mais.
Nem mesmo Rufus, por mais que eu o amasse.
— Então. O que aconteceu? Quero ouvir de você, pois acho que
Jensen foi tendencioso.
— Ela estava sendo muito insistente em algo que estava muito fora de
sua especificação de trabalho e me pressionando a tomar grandes
decisões arriscadas. Eu disse a ela que ela estava passando dos limites e
ela se demitiu.
— Ouvi dizer que a ideia tinha a ver com a nova sede? Uma maneira
de acabar com a agitação civil que parece ter inspirado? — Ele
questionou, com sua sobrancelha levantada.
Eu balancei a cabeça timidamente.
— E como vai isso? — Ele continuou astutamente.
— Não está bem, — eu murmurei.
— E, no entanto, você ainda não está disposto a considerar o que ela
sugeriu. — Eu não respondi. Eu embaralhei meus pés como uma criança
que acabou de ser castigada.
— Vamos, Julian. Zoey tem uma cabeça boa. Se ela sente isso com
tanta força, provavelmente há algo por trás disso.
Ouvir Rufus dizer o nome dela foi como uma punhalada no
estômago. Foi ele quem a treinou, que sentiu que ela era a certa para
mim.
E ele voou através do oceano para me dizer que eu era um idiota.
E ele estava sempre, sempre certo.
— Mas eu tenho que pensar nos acionistas...
— Sendo totalmente rígido? Parece uma maneira estranha de tomar
boas decisões.
Houve um silêncio entre nós. Eu não conseguia olhar nos olhos dele.
— Eles nem me trouxeram os números!
— Porque você os abateu imediatamente. — Houve um silêncio
pesado entre nós antes que Rufus continuasse.
— Para ser um verdadeiro líder, você tem que capacitar as pessoas,
dar-lhes confiança, ouvi-los e confiar neles, especialmente quando eles
estão dizendo que você está errado.
Maldito Rufus.
Por que você sempre tem que fazer tanto sentido.
— E posso dizer por experiência pessoal, — acrescentou ele, — que a
mesma coisa vale para ser um bom parceiro.
Zoey

Foi difícil hibernar nos últimos quatro dias.


Primeiro, eu ainda tinha que verificar meu e-mail do escritório e ter
certeza de que a vida de Julian não desmoronaria enquanto eu estivesse
fora.
Eu esperava que pudéssemos diminuir a distância entre nós, mas ele
parecia frio, o que me fez recuar.
Afinal, eu dificilmente poderia culpá-lo.
Mas minhas tentativas de me desculpar e explicar começaram a
parecer repetitivas e inúteis. No que me dizia respeito, eu havia fugido.
E eu não poderia provar que ele estava errado até que estivesse
pronta.
Então, por enquanto, nosso relacionamento era conduzido por meio
de convites de agenda online e nada mais.
Eu estive me afastando de muitas coisas nos últimos dias.
Eu havia enviado uma resposta padrão aos muitos e-mails e
mensagens perguntando sobre o que estava acontecendo.
— Estou passando algum tempo com minha família, então posso
demorar mais do que o normal a te responder.
Depois de alguns dias evitando a internet e vagando no sofá dos meus
pais, decidi me aventurar à noite.
Levei April para sua pizzaria favorita, como um gesto de desculpas
por ser uma amiga tão obcecada.
Passamos a maior parte da noite conversando sobre suas ansiedades,
sobre seu desemprego iminente, e eu tentei muito não voltar a conversa
para minha própria situação complicada.
Mas April foi muito favorável por não mencionar o elefante na sala.
— Como você está lidando agora? — Ela perguntou, pensativa.
— OK.
— Zoey, você tem permissão para falar um pouco sobre você. Eu
quero uma conversa, não uma terapeuta, — ela disse antes de comer uma
fatia de prato fundo.
— Sinceramente, estou apavorada. Não sei o que vou fazer.
— Sei como é.
— Eu também estou com tanto medo de perder Julian. Mas então eu
preciso estar em um relacionamento onde eu seja respeitada, onde
compartilhamos valores.
— Posso ser sincera? — April perguntou, de uma maneira que me
disse que ela ia ser, quer eu gostasse ou não. — Julian é um homem bom.
Não é perfeito, mas você também não é.
— E você está pensando demais nisso, — ela continuou.
Eu sorri com o comentário da minha amiga. Era uma verdade familiar
que fiquei feliz em ouvir. — Eu acho que você precisa engolir seu orgulho
em algum momento. Se ele realmente te ama. ele ainda estará lá por
você, — April continuou.
— De qualquer forma, se ele não o fizer e você e eu ficarmos
desempregadas, podemos sempre nos mudar para o interior juntas.
Começar uma fazenda de cabras orgânicas ou algo assim.
— Parece um plano excelente, — concordei antes de engolir uma fatia
gigante de torta.
Julian

Na noite anterior à reunião do conselho, tive uma noite de sono


infernal. Havia tantas preocupações passando pela minha cabeça que eu
não conseguia desligar.
Tentei ler, tentei contar ovelhas. A certa altura, tentei fazer flexões ao
lado da cama em um esforço para me cansar.
E para tirar Zoey da minha mente.
Eu estava começando a me preocupar por ter cometido um grande
erro.
Minha decisão foi baseada na experiência.
Eu sabia o que meus investidores queriam, e era um prédio que
gritava luxo e exclusividade.
Mas sem Zoey por perto, eu francamente não me importava.
Se eu estivesse livre de responsabilidades, livre de me preocupar com
os salários e seguro saúde de nossas centenas de funcionários em todo o
mundo, então, acredite, eu cederia.
Eu faria tudo que pudesse para agradá-la.
Eu derrubaria o prédio e transformaria todo o local em um santuário
de burros se ela quisesse.
Essa linha de pensamento continuou arrastando-se por horas,
enquanto eu me virava na cama gigante e vazia.
Por volta das 6 da manhã, adormeci por uma hora preciosa antes que
meu despertador tocasse.
Entrei na sala de reuniões, ligeiramente trêmulo de tanto café, para
enfrentar uma sala cheia de colegas e investidores e acionistas.
Clive estava lá, o investidor britânico com quem eu havia me
encontrado em Nova York. Ele imediatamente mencionou a ausência de
Zoey.
— Onde está aquela sua secretariazinha inteligente, Julian? — Ele
soltou.
Fingi que não ouvi e fui direto para a frente da sala para falar ao meu
público.
— Como todos sabem, estamos a poucos meses de concluir um dos
nossos projetos mais ambiciosos até agora. Nossa nova sede corporativa
será a joia do North Shore de Chicago, — eu disse, olhando para a sala de
financistas bem vestidos.
Nenhum deles se preocupa com North Shore, eu me peguei pensando.
Zoey deve ter realmente entrado na minha cabeça.
Mesmo assim, uma reunião do conselho não era hora para uma
mudança repentina de opinião.
Eu estava seguindo o roteiro e era isso.
— Isso trará uma nova vida para a área e uma nova vida para as
propriedades da Hawksley. Este será um dos novos empreendimentos
mais luxuosos do Meio-Oeste, se não de todo o país...
— E os manifestantes? — Clive interrompeu.
— Muitos novos projetos de construção enfrentam oposição. Isso não
é novidade. As pessoas não conseguem parar de mudar, por mais que
queiram tentar.
— Eles parecem estar se esforçando bastante. Estava tudo no
BuzzFeed esta manhã.
— Não há nada com que se preocupar, — persisti. — Assim que o
projeto for concluído, eles encontrarão algo novo para reclamar.
— Falando por mim, me preocupo com meus investimentos e como
eles afetam minha imagem pública. Esse tipo de coisa pode pairar sobre
alguém, — afirmou Clive.
Eu não sabia o que dizer sobre isso. Eu estava cansado demais para
pensar sobre meus pés.
— Existe algum espaço para fortalecer os laços com a comunidade,
para tirar esses caras de nossas costas antes que se torne uma mancha
para todos nós? — Ele continuou.
Chamei a atenção de Kyla do outro lado da mesa da sala de reuniões.
Ela tinha um brilho nos olhos. — Houve conversas e algumas ideias
interessantes principalmente de Zoey Curtis, que não pôde comparecer
hoje, — ela divulgou.
Ela sorriu para mim do outro lado da mesa. Eu estava muito
atordoado e exausto para dizer qualquer coisa, então ela continuou.
— Seria muito fácil manter uma boa parte da praia aberta e, sem
perder muito espaço para os terraços, fazer uma horta comunitária para
que os moradores possam plantar frutas e verduras.
— Tem o benefício adicional de tornar uma grande parte de nosso
telhado ainda mais bonita e permitir que nosso restaurante sirva
produtos caseiros.
Pude ver, para minha surpresa, que Clive estava acenando com a
cabeça com entusiasmo.
— Também é possível manter alguns escritórios como um espaço de
trabalho compartilhado, oferecendo escrivaninhas a preços acessíveis
para freelancers locais talentosos.
— Isso não apenas nos aproximará dos vizinhos, mas também
proporcionará às empresas maiores que se juntarem aos seus escritórios
um grupo de pessoas talentosas para trabalhar, tornando o seu espaço
ainda mais valioso.
— Podemos dar milhões para instituições de caridade, mas isso não
significa muito quando ignoramos os desejos dos que vivem ao lado.
— Essas mudanças mal alteram o design e afetam minimamente
nossos lucros, mas elas dão um retorno à comunidade e aumentariam o
conhecimento positivo da marca de uma só vez!
— Esse é o tipo de boa mídia que o dinheiro simplesmente não pode
comprar.
Depois do discurso apaixonado de Kyla. houve uma onda de
empolgação na sala, enquanto os acionistas murmuravam uns para os
outros.
De repente, me senti o maior idiota do mundo.
Eles investem em nós porque tomamos boas decisões e construímos
edifícios incríveis. Mas tenho baseado minha decisão em adivinhar o que
eles podem querer.
E pelos olhares animados em seus rostos, eu estava bem longe.
— Isso tudo parece maravilhoso, — Clive disse, — então o que está
nos impedindo de seguir este novo caminho?
Com Kyla, Jensen e Rufus liderando o caminho, logo todos os olhos
na sala se voltaram para mim. Mudei sob seu olhar coletivo.
Houve um momento de silêncio pesado, então Jensen o quebrou.
— Depende do nosso CEO, no fim das contas. Qual é o veredito,
Julian?
Capítulo 30
Amantes no Lago

Zoey

Parecia que a notícia se espalhou rapidamente. Notei alguns carros


estranhos circulando pela casa dos meus pais no último dia.
Mamãe disse que os reconheceu da tempestade na mídia que
explodiu depois que Julian terminou com Grace.
Meu palpite era que rumores de minha renúncia haviam escapado
dos escritórios do Grand Hotel e chegado aos ouvidos dos jornalistas de
tabloides mais atentos de Chicago.
O pátio de repente ficou cheio de repórteres. Mamãe fechou as
cortinas e eu quebrei minha desintoxicação digital para checar o Twitter
e ver o que diabos estava acontecendo.
Uma manchete lida.
Eu sorria de orelha a orelha enquanto lia. meu coração enchendo de
alegria.
Embora isso não explicasse bem a multidão de repórteres do lado de fora
da casa dos meus pais. Não demorou muito para ver por que todos eles se
reuniram, quando um familiar Rolls-Royce preto apareceu.
Julian.
Espiando pelas cortinas da janela do meu quarto, pude vê-lo marchar
para fora do carro, passando de propósito pelos paparazzi.
Eu ouvi uma batida na porta e voei escada abaixo.
Minha mãe o deixou entrar, fechando rapidamente a porta para todas
as câmeras e olhos curiosos. Nós nos olhamos enquanto eu descia o
último degrau, e minha mãe escapuliu para nos dar a privacidade
necessária.
Nós dois ficamos parados por um momento. Ele tinha uma expressão
séria no rosto, e acho que eu também.
E se esta não for a reunião feliz que eu esperava?
E se for um adeus final?
Minha linha de pensamento ansiosa desapareceu em uma baforada
quando seu rosto se abriu em um sorriso.
Eu mergulhei em seus braços, e ele os jogou ao meu redor. Ficamos
assim em silêncio por alguns minutos, desfrutando do doce alívio de
saber que ambos estávamos perdoados.
Que éramos ambos amados.
— Eu sou um idiota, — ele finalmente disse, quase alegremente.
— Eu também, — concordei.
— Então nós somos perfeitos um para o outro, — ele concordou
antes de me levantar e me beijar como se não houvesse amanhã.
Julian

Continuamos nossa conversa em seu antigo quarto.


Eu me senti mais aberto do que nunca, sabendo que ela estava tão
disposta, capaz e até mesmo feliz em perdoar minha teimosia.
— Se eu não tivesse dormido tanto, teria dito a Kyla para calar a boca.
Eu não sei por que eu estava tão cego pela minha própria visão. Foi tão
estúpido.
— Eu também fui uma idiota. Quero dizer, um idiota com grandes
ideias..., — Zoey disse com uma piscadela. — Mas me demitir era
extremo demais. E eu sinto muito.
— Eu acho que foi uma coisa boa. Isso me fez perceber que não quero
ficar sem você. Eu quero você ao meu lado, e quero estar ao seu lado, não
importa o que aconteça.
Eu a puxei em meus braços, piscando para conter as lágrimas. —
Nunca pensei que encontraria alguém como você. Você me desafia. Você
me torna uma versão melhor, mais corajosa e mais tola de mim mesma.
Seus olhos brilharam. — Eu sinto exatamente o mesmo. Acho que
uma das razões de eu me demitir é porque você me inspirou a acreditar
em mim mesma.
— E então eu estupidamente ignorei seu excelente conselho. Eu
retiro tudo.
Eu me afastei dela, um olhar sério em meus olhos. — Por favor, volte
ao trabalho. Acho que podemos encontrar uma nova função que
aproveite ao máximo suas habilidades e acho que você pode ajudar a
tornar a Hawksley Enterprises uma organização voltada para o futuro, —
implorei.
Ela sorriu, com um olhar astuto.
— Além disso, trabalhar não é tão divertido sem você, — acrescentei
timidamente. — Não tenho nossas avaliações de desempenho pelas quais
ansiar, para começar.
Ela sorriu para isso, e foi tão sexy que tive que jogá-la na cama.
Agora, para compensar o tempo perdido.
Zoey

Alguns meses depois, eu estava na frente de um espelho de corpo


inteiro admirando meu reflexo.
Meu vestido era de seda verde, com um decote nas costas que
mostrava o bronzeado que eu tinha adquirido em nossas férias de
inverno em Bali.
— O que você acha? — Perguntei a Julian, que estava se barbeando.
— Incrível, embora eu não possa esperar para tirar você disso. — Ele
sorriu para mim através do espelho do banheiro.
Voltei para o quarto de hóspedes, que agora era nosso camarim, já que
havia me mudado oficialmente, e escolhi algumas joias para combinar
com meu vestido.
Fui com o colar vintage de cristal preto que Julian comprou em uma
recente viagem de negócios a Nova Orleans.
Ainda me chocou o quanto minha vida mudou. Além de todos os
jantares chiques e viagens internacionais, eu me sentia uma mulher
agora.
Segura de si. Respeitada. Amada. Animada com o futuro.
Eu também não era mais secretária. Julian havia me promovido a
conselheira do CEO, e eu estava gostando muito de minha nova função.
Julian estava recebendo muitos conselhos de mim e, embora nem
sempre concordasse, ele claramente valorizava minha opinião.
Tinha sido alguns meses difíceis na Hawksley Enterprises, embora
essa fosse uma outra história.
Todos nós estávamos trabalhando pra caramba, e hoje era uma
chance de comemorar o que eu, Julian e a equipe da Hawksley
Enterprises tínhamos conquistado.
Foi a grande inauguração do Greenway Center, nossos novos
escritórios corporativos que eram muito, muito mais do que isso.
Desde que Julian aderiu aos meus planos sociais e de Kyla, os
manifestantes se tornaram parceiros em vez de inimigos.
O projeto vem ganhando atenção mundial como um exemplo
brilhante de como os desenvolvedores podem trabalhar com as
comunidades.
Não poderia estar mais orgulhosa do que havíamos conquistado. E
trabalhar nisso com Julian me fez sentir que poderíamos enfrentar
qualquer coisa juntos.

Pegamos um táxi para a festa, já que Jeffrey também estava presente, e


mais do que merecíamos uma noite inteira de folga.
No segundo em que entramos, uma taça de champanhe foi colocada
em minha mão e a celebração realmente começou.
Fomos visitar o prédio e os rostos familiares nele. Todo mundo estava
lá.
April e Amy estavam em volta da mesa do bufê. Mamãe e papai
estavam conversando com os plantadores-chefes no jardim. Os frutos de
seu trabalho estavam começando a se erguer do solo. Cenouras de arco-
íris, tomates de videira.
O feijão verde espalhou-se do jardim por todo o terraço ao redor do
novo restaurante orgânico da fazenda à mesa que ocupava o terraço
superior. Em vez de ser algo derivado, algum complexo de wannabe
hipster, Julian conseguiu manter a sensação de luxo que ele queria
enquanto ainda abria espaço.
Mesmo naquela noite, enquanto a festa era apenas para convidados, a
praia estava aberta a todos e os vizinhos se reuniram para assistir aos
fogos de artifício comemorativos.
O cheiro de churrasco e o som de risadas vieram de baixo.
Tínhamos tantas pessoas a quem dizer olá.
Praticamente os únicos que faltavam eram James e Emma.
Eles conseguiram fazer uma videochamada quando chegaram, apesar
de serem cerca de 3 da manhã em Londres.
— Tem uma aparência boa, crianças, me lembra de uma comunidade
em que fiquei quando estava na faculdade, — James riu, na tela.
— Mas isso é uma história para outra hora. Divirtam-se, pessoal!
O bom e velho James.
A onda de interações não diminuiu. Parecia que a cada segundo havia
outro amigo ou colega para cumprimentar.
Eu não sei como esses tipos da alta sociedade mantêm isso, eu pensei, me
sentindo drenada de todos os beijos para cumprimentar tantas pessoas.
Kyla, Jensen e o pequeno Charlie conversando na área de recepção
gloriosamente aberta. Conversamos sobre sua viagem de Natal para
Michigan enquanto brincávamos de esconde-esconde com Charlie.
Enquanto os meninos saíam para falar de negócios, Kyla nos
convidou para ficar na cabana de sua família em breve.
— Não é nada sofisticado, — disse ela, — mas quando fica mais
quente é um ótimo lugar para se desligar de tudo.
— Isso parece glorioso, — eu sorri.
Naquele momento, Julian voltou, envolvendo um braço em volta da
minha cintura.
— Vamos sair daqui, só por um segundo? — Ele perguntou antes de
me conduzir para fora do prédio.
Eu iria a qualquer lugar com ele.
Julian

Conduzi minha namorada pelo cais privado que ficava ligado aos
escritórios. Alguns barcos estavam atracados, incluindo um barco a remo
que Jeffrey encomendara para aquela ocasião exata.
— Você gosta do nosso novo passeio? — Eu perguntei enquanto ela
gritava.
— É adorável.
Era. Era antigo, provavelmente feito na década de 1960, mas bem
conservado. Colorido. Estável o suficiente para sair no lago.
Era muito diferente de Eleanor II. o iate de nossa família, que
atualmente estava atracado em um dos cais particulares ao sul da cidade.
Visto que Eleanor recebeu o nome de minha avó por meu avó, pensei
que também homenagearia a mulher que mudou minha vida por meio
deste barco.
Eu a chamei de Srta. Curtis.
Eu a teria chamado de Zoey, mas achei que poderia ficar confuso.
Ela gritou quando viu a placa com o nome. — Sr. Hawksley, não sei o
que dizer. Estou honrada.
— A honra é toda minha, querida, — eu disse, enquanto a guiava para
o convés.
Nós começamos a trabalhar com o pequeno motor, olhando de volta
para os escritórios reluzentes da água. Desliguei o motor, aproveitando
este nosso momento de quietude.
Eu sorri para Zoey, sua pele brilhando como prata com a luz da lua.
Ela se sentou no meu colo e eu lentamente abri o zíper de seu vestido,
apreciando a visão dele escorregando de seus ombros, revelando aqueles
seios perfeitos.
Ela ergueu a sobrancelha como se estivesse me desafiando a fazer
outro movimento.
Tirei o vestido dela e ela montou em mim enquanto eu beijava seu
pescoço.
Suas mãos abriram caminho na minha calça, puxando-a para baixo
apenas o suficiente para revelar minha ereção latejante.
Eu olhei para ela, seu cabelo voando com a brisa, sua pele como
mármore na luz fraca e fria.
Ela era uma deusa; tudo que eu podia fazer era adorá-la.
Ela se levantou ligeiramente, posicionou meu comprimento em sua
entrada e montou em mim, mergulhando minha dureza dentro de si.
De repente, todos os pensamentos desapareceram da minha mente,
deixando apenas a pura felicidade de estar tão perto da mulher que eu
amava.
Zoey

Eu me contorci em cima de Julian. sentindo-o me encher, me


deixando inteira.
A maneira como ele olhou para mim. dançando em cima dele, era
como se eu fosse algum tipo de alta sacerdotisa.
Com a lua. o vento e a água, senti uma unidade.
Mas foi ele quem me ajudou a encontrar meu poder
Ele se moveu dentro de mim, em êxtase abaixo de mim com a batida
que eu defini.
Lento e gentil no início. Então, mais urgente. Senti a eletricidade do
meu orgasmo faiscar, efervescer e borbulhar como um fio elétrico.
Assim que a onda de felicidade me atingiu, o primeiro estalo de fogos
de artifício soou acima.
O céu se iluminou atrás de nós, junto com a ovação das multidões
distantes.
As cores se refletiam na água escura ao nosso redor e nas distantes
torres de vidro da cidade. Eu esperava que as pessoas na costa não
pudessem nos ver. Eu me perguntei se algum paparazzi nos via com uma
lente longa.
Mas com a onda de prazer que veio e a exibição exuberante que
iluminou o céu, percebi que não me importava.
Demorou um pouco, mas finalmente parei de me importar com
coisas que não importavam. Finalmente me senti livre para viver o
momento perfeito.
Fechei os olhos enquanto cavalgava meu homem, circulando meus
quadris no ritmo dos gloriosos fogos de artifício que pintavam o céu
noturno com os dedos.
Eu podia sentir suas mãos em meus quadris, segurando forte, como se
ele estivesse prestes a me virar. Um pequeno truque dele que ele amava, e
geralmente eu também amava.
Mas não esta noite.
Eu estava me divertindo muito aqui.
Coloquei minhas mãos em seu peito, segurando-o no chão.
Eu poderia dizer pelo sorriso em seu rosto bonito que ele não se
importava nem um pouco.
Atrás dos meus olhos, os fogos de artifício continuaram com flashes
de cor e luz enquanto eu me entregava à pura felicidade do meu clímax.
Ele estava estremecendo abaixo de mim, me segurando com mais força,
empurrando cada centímetro de si mesmo para dentro de mim.
Quando ele gozou, foi como se estivéssemos nos fundindo,
derretendo um no outro.
Eu o senti amolecer, cada braço serpentear ao meu redor e sua
respiração irregular ficar lenta.
Nós nos abraçamos, com minha cabeça em seu ombro. Em nossa
felicidade, não notei o quão violentamente o barco estava balançando
abaixo de nós, ecoando nossos movimentos recentemente frenéticos.
Bem, eu não percebi até que a lateral do nosso barco balançando
atingiu uma onda rebelde, fazendo com que ela surgisse pela lateral do
barco.
Aquilo nos atingiu com força, pois a crista inundou o convés. Eu
gritei em estado de choque, e ele me segurou com mais força enquanto o
barco balançava violentamente e uma segunda onda o atingiu.
Ficamos parados, amontoados, deixando a Srta. Curtis se firmar.
Quando ela o fez, nós nos encaramos com a mesma expressão chocada,
com nossos cabelos agora molhados e grudados em nossos rostos.
Não podíamos fazer nada, exceto nos abraçar, tremendo de tanto rir.

Ficamos entrelaçados por mais um tempo. A exibição de fogos de


artifício havia diminuído e o lago estava calmo mais uma vez, com os
sons da festa reverberando sobre a água.
Eu desci dele, puxando meu vestido de volta. A bainha tinha ficado
muito molhada com a enchente, mas não havia tempo para secar.
Precisávamos voltar para a festa antes que as pessoas percebessem
nossa ausência.
— Esse foi um desvio maravilhoso, — eu disse com um sorriso
malicioso. — Acho que devemos realizar muitas reuniões aqui quando
nos mudarmos.
— Eu concordo, — ele ronronou. — Mas talvez eu traga coletes salva-
vidas da próxima vez, só para garantir.
— A vida está tão boa agora. Tão perfeita. Tudo por sua causa, —
pensei, olhando para a água escura, sentindo-me subitamente
sonhadora.
— Ainda há uma coisa que eu quero, uma coisa para tornar o
momento perfeito, — eu o ouvi dizer atrás de mim.
Eu me virei.
Ele estava ajoelhado, segurando uma pequena caixa em sua mão,
dentro da qual havia um anel.
No anel estava um diamante, do tipo que costumava desencadear
mistérios de assassinato.
Era enorme, seus ângulos perfeitamente cortados brilhavam a cada
movimento.
Eu fiquei sem palavras. Possivelmente por uma boa razão, já que ele
parecia estranhamente nervoso.
Ele respirou fundo antes de dizer as palavras mais doces que eu já
tinha ouvido.
— Zoey... você quer se casar comigo?
Não precisei dizer nada. Ele soube a resposta no segundo em que me
joguei em seus braços, fazendo com que o barco balançasse
vigorosamente de novo.
Sim.
Continua no Livro 2…
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