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FAMÍLiA WiNGS

TRADUÇÃO E REViSÃO: CLAU

LEiTURA: AURORA

FORMATAÇÃO: AURORA

11/2021
Aviso

A tradução foi efetuada pelo grupo Wings Traduções (WT), de


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lei 9.610/1998.
Sinopse

Adrian Blackstone construiu um negócio de um milhão


de dólares com trabalho árduo e determinação - e foi
profissional em todos os momentos. Negar sua antiga atração
por sua bela assistente executiva não era fácil, mas é
necessário. Ela é indispensável e ele não suporta a ideia de
perdê-la se as coisas não derem certo.

Por mais de um ano, Rachel Carter tem sonhado


silenciosamente com todas as maneiras como nunca vai
seduzir seu chefe sexy e engravatado. Ela se esforçou muito
para chegar onde está para cruzar essa linha, não importa o
quanto gostaria de realizar suas fantasias. Mas então uma
terrível tempestade de neve os deixou presos em um romântico
país das maravilhas do inverno...

O que começa como um único beijo e algumas piadas


ruins de Papai Noel se transforma em um fim de semana cheio
de paixão sem fôlego e esperanças de algo mais. Mas com
segunda-feira vem um retorno à realidade complicada - e
Adrian deve provar que promessas feitas são promessas
cumpridas, especialmente na época do Natal.
Capítulo Um

Se alguém perguntasse a ele, enquanto estivesse tão


bêbado a ponto de esquecer os tópicos principais de sua
apresentação, qual era o segredo de seu sucesso, Adrian
Blackstone diria que ele era um camaleão. Ele tinha a
capacidade de ser o que a pessoa do outro lado da mesa queria
que ele fosse.
A Blackstone Historical Renovations, especializada em
modernizar propriedades históricas sem sacrificar seu charme
e autenticidade, foi construída com base nessa capacidade.
Tendo trabalhado como ajudante de carpinteiro na
adolescência, ele tinha um relacionamento natural com
empreiteiros e marceneiros. Graças a devorar revistas,
noticiários financeiros e conseguir um diploma universitário,
ele podia vestir um terno personalizado e conversar sobre
negócios com bilionários e banqueiros. Era um homem que
sentia o coração e a alma de um edifício enquanto observava
os resultados financeiros.
E, enquanto observava a mulher atravessando o saguão
de sua maior conquista até o momento, ele parecia nada além
que um CEO aguardando informações de sua assistente
executiva. Ela nunca saberia que ele a queria mais do já quis
qualquer outra mulher em sua vida.
Os saltos sensíveis de Rachel Carter batiam no chão de
mármore e, por mais que quisesse ver o quadril balançar no
terno cinza que ela usava, ele manteve os olhos no rosto dela.
Ela usava o cabelo loiro em um rabo de cavalo elegante que era
profissional sem ser severo, e usava maquiagem que acentuava
seus olhos azuis e boca carnuda, sem parecer maquiada.
Ela estava na empresa há quase cinco anos e trabalhava
diretamente como assistente executiva dele há dezesseis
meses. Dezesseis meses lembrando-se todos os malditos dias
de todas as boas razões pelas quais ele não podia tocá-la.
Ela havia chegado à empresa com um diploma em
administração e uma paixão por arquitetura e história. Era sua
alma gêmea profissional. Mas no nível pessoal, seria muito
mais fácil encontrar uma mulher para compartilhar sua cama
do que substituir Rachel no escritório. Ela estava cem por
cento fora dos limites.
— Espero que não tenha esperado muito, sr. Blackstone.
E ela nunca o chamava de Adrian. — Acabei de descer.
— Eu perguntaria se o seu quarto é adequado, mas como
foram projetados de acordo com suas especificações, seria
estranho se dissesse não.
Ele amava quando o sorriso dela escapava um pouco
além da polidez profissional. Isso acontecia às vezes, é claro.
Eles trabalhavam juntos todos os dias e viajavam juntos um
pouco, então estavam bastante confortáveis um com o outro.
Só não tão confortável.
Não era a curva que sua boca fazia quando ela sorria que
o excitava. Era a maneira como os olhos se enrugaram e as
rugas de expressão nos cantos. Ele desconfiava que, longe do
trabalho, ela tinha um ótimo senso de humor e ria muito, o
que ele apreciava nas mulheres.
Quando ela andou levemente, balançando a pasta do
computador pendurada em seu ombro, o sol iluminou os
cabelos dela, refletindo nos cristais molhados. Ele estendeu a
mão para afastá-los, mas se conteve, transformando-o em um
gesto de apontar.
— Seu cabelo está molhado. Você estava lá fora?
— Não estava com vontade de ficar no meu quarto, então
saí para dar uma caminhada na neve.
— De salto alto, sem casaco?
— Eu não fui longe. — O sorriso genuíno iluminou seu
rosto. — Estava uma neve branca e fofa quando chegamos
aqui, mas é uma mistura gelada agora. Não está tão divertido
para brincar.
— Ou para dirigir.
Adrian e Rachel estavam no Monte Lafayette Grand
Resort Hotel para uma reunião com Rick Bouchard, um
investidor imobiliário bilionário que tinha muitos colegas
bilionários no mercado imobiliário. Era um círculo exclusivo e
Adrian queria entrar. Bouchard estava voando para os Estados
Unidos de férias com sua família e essa reunião era a chance
de Adrian convencê-lo de que a Blackstone Historical
Renovations era a empresa certa para restaurar a vila na
Toscana que Bouchard havia comprado recentemente.
Os Bouchards tinham três filhos, então Rachel
providenciou para que o serviço de transporte os pegasse no
aeroporto em um grande SUV. O motorista teria tração nas
quatro rodas à disposição, assim, esperançosamente, o clima
não afetaria sua chegada. Quem quer que tenha previsto
algumas rajadas das coisinhas fofas e brancas deveria ser
relegado para a sala de correspondência da estação, no
entanto.
Ele olhou para o Rolex que só usava ao se reunir com
proprietários e banqueiros para verificar as horas. Os
Bouchards já deveriam estar na estrada, então estava fora de
suas mãos. Ele e Rachel devem ter dirigido à frente da
tempestade todo o caminho, saído de Boston no SUV deles
enquanto ainda estava escuro para que tivessem tempo de
checar as acomodações e preparar a apresentação antes que
Rick Bouchard e a família dele chegassem.
Após o check-in, seguiram caminhos separados para
descansar e tomar um banho após a longa viagem. Ele ficou
surpreso ao descobrir que o quarto dela ficava a apenas duas
portas do dele. Normalmente ficava em uma suíte e ela em um
dos quartos mais baratos, muitas vezes nem mesmo no mesmo
andar. Mas havia só uma suíte disponível e a reservaram para
os Bouchards. Como o resort não oferecia quartos mais
baratos, ele e Rachel eram praticamente vizinhos.
— Tenho a chave da sala de conferências, — ela disse. —
Podemos subir assim que você estiver pronto.
— Não há tempo a perder. — Ele a seguiu até o elevador,
situado discretamente em um canto. — Tem cafeteira?
— Há uma que prepara apenas uma xícara com várias
cápsulas de cafés e chás disponíveis.
— Perfeito. Eu pretendia fazer uma xícara no meu quarto
para trazer comigo, mas comecei a olhar meu e-mail, perdi a
noção do tempo e não queria deixar você esperando.
Depois que ela abriu a sala de conferências, projetada por
ele para ser quente e confortável mesmo para reuniões de dias
inteiros, ele preparou uma xícara de café para cada um
enquanto ela abria o laptop e começava a trabalhar.
Depois de adicionar creme e açúcar a dela, ele a colocou
ao lado do computador e levou a dele para a outra extremidade
da mesa. Abrindo as anotações em seu celular, Adrian revisou
os pontos importantes que queria falar. Ele normalmente
deixava Rachel lidar com a parte visual da apresentação,
incluindo o portfólio perfeito que dariam ao cliente, enquanto
Adrian falava. Ele preferia apenas falar de forma descontraída
e confiante ao invés de ler as anotações, seja no papel ou no
celular.
O celular de Rachel fez um som que ele reconheceu como
sendo de uma ligação do escritório e, embora fossem apenas
os dois, ela pediu licença e se afastou da mesa para atender.
Ela estava de costas para ele, oferecendo uma oportunidade
tentadora de deixar o olhar permanecer na curva da bunda
dela, mas ficou com medo de que, pelo reflexo da janela, ela o
flagrasse olhando.
Em vez disso, voltou seu foco para a apresentação de
slides de fotos que ela enviou para seu celular, em que versões
arquitetônicas mostravam como ficaria a vila na Toscana em
ruínas que Rick Bouchard havia comprado barato quando a
Blackstone Historical Renovations acabasse. Por dentro e por
fora, a vila pareceria ter sido cuidadosamente restaurada ao
seu estado original. Mas teria todas as comodidades
tecnológicas que os novos hotéis de cromo e vidro ofereciam,
sem estragar o charme do antigo país.
As imagens o acalmaram. Sempre que um grande negócio
estava em andamento, ele começava a se sentir inadequado,
na melhor das hipóteses, ou uma fraude absoluta, na pior. Ele
era só um garoto pobre do sertão de Vermont e não tinha nada
que pedir a um incorporador imobiliário que entregasse
milhões de dólares com base em alguns esboços.
Mas aqueles esboços o lembravam que ele era um dos
melhores do ramo, com uma reputação que atraia
endinheirados até sua porta, em vez de ele ter que bater de
porta em porta em busca de trabalho. Talvez seja por isso que
a reunião no Monte Lafayette Grand Resort Hotel significava
tanto para ele. Foi seu projeto de maior sucesso até o momento
e esperava que o hotel, junto com sua meta para a vila,
convencesse Bouchard a assinar o contrato com a BHR para a
restauração. O homem seria fisgado quando o painel da
parede, que praticamente gritava século XIX, se abrisse para
revelar as versões arquitetônicas transmitidas por uma
enorme tela de LED, e então Adrian o capturaria.
Esse pensamento acalmou o nervosismo embrulhando o
estômago. Ele pode ter começado como um garoto pobre de
Vermont, mas o amor de seu pai pela marcenaria e a devoção
de sua mãe à educação construíram a base do sucesso dele.
Bolsas de estudo pagaram a entrada na faculdade para se
formar em administração e trabalhar para uma empresa que
restaurou a construção de vigas e postes antigos o manteve na
tecnologia que ele aprendeu na faculdade.
Cinco anos depois de se formar, convenceu os pais de um
amigo a deixá-lo restaurar a casa deles, que ficava no distrito
histórico da cidade, pelo preço de custo e um quarto da mão-
de-obra vigente. Três propriedades depois, ele deu entrada nos
papéis oficializar a Blackstone Historical Renovations e agora,
aos trinta e oito anos, tinha quatro equipes escolhidas a dedo
para cuidar de casas e escritórios, enquanto ele e sua equipe
pessoal cuidavam de grandes projetos como hotéis em New
Hampshire e, com sorte, vilas na Toscana.
Rachel se virou para encará-lo, a mão segurando seu
celular ao lado dela. Os lábios estavam pressionados, como
sempre acontecia quando ela estava se concentrando ou
prestes a dizer algo que ela achava que ele não gostaria de
ouvir. Em algumas mulheres, aquele jeito tenso poderia não
ser atraente, mas ele amava tudo em sua boca.
— Receio ter más notícias, sr. Blackstone, — ela disse,
acabando com a esperança de que estava apenas perdida em
pensamentos. — Os Bouchards não virão.
Demorou alguns segundos para as palavras dela serem
absorvidas, mas quando ele entendeu, esqueceu-se de como
aquela boca parecia bonita.

***

— Como assim eles não vêm?


Rachel certificou-se de que sua expressão neutra e
perfeitamente profissional não vacilasse diante do
descontentamento de seu chefe. Isso nunca aconteceu. — O
sr. Bouchard ligou para o escritório e falou com Alex. A neve
se transformou em precipitação mista mais cedo lá, com muito
granizo e chuva congelante. Eles chegaram a Boston antes que
o aeroporto fechasse, mas não há como conseguirem chegar
aqui.
Ele passou os dedos pelos cabelos escuros em um gesto
familiar de frustração que nunca deixava de distrai-la. — Como
isso aconteceu?
Isso aconteceu porque Adrian Blackstone queria
impressionar Rick Bouchard, então, em vez de se reunir no
escritório, a reunião foi marcada no Monte Lafayette Grand
Resort Hotel, no alto das Montanhas Brancas.
Onde a Mãe Natureza era famosa por destruir os
melhores planos com um movimento inconstante da mão. —
Droga, — Adrian praguejou.
Quando ele se levantou e foi até a janela, ela se permitiu
vê-lo andar. Ele já estava de terno, com a gravata no pescoço,
mesmo que ainda faltassem horas para a reunião. Embora
quase sempre não usava o paletó no escritório e arregaçava as
mangas da camisa, sempre que ia se encontrar com cliente, ele
já estava completamente vestido quando ela o encontrava.
Parte da preparação psicológica, ela presumiu.
Só uma vez, ela gostaria de vê-lo em jeans e uma camiseta
- algo desbotado, macio e justo ao corpo. Ela queria saber qual
era o filme favorito dele e se gostava de sorvete de baunilha,
chocolate ou misto.
Quando ele se virou, ela deu um pequeno meio sorriso,
sabendo que ele não via nada além de sua assistente
esperando pacientemente por instruções.
— Podemos muito bem pegar a estrada, já que isso
fracassou, — ele disse. — Quem sabe eu faça a apresentação
amanhã no hotel dele.
E as boas novas continuaram chegando. — Na verdade, o
governador acaba de declarar estado de emergência e a rodovia
está fechada.
Os olhos escuros dele se arregalaram. — Como assim?
— Estamos presos pela neve. — O que significava que ela
passaria a noite no corredor de sua fantasia favorita, sem
nenhum parceiro de negócios ou clientes por perto para serem
acompanhantes involuntários.
— Você está falando sério?
— Sim, sr. Blackstone. — Ela fechou o laptop e colocou-
o na bolsa, junto com a pasta do portfólio e seu bloco de notas.
— Muito sério. Aparentemente, o tempo deu uma guinada
bizarra depois que recebemos a última previsão. Não
precisamos nos preocupar com energia ou serviços aqui no
hotel. O resort tem energia própria - geradores a vapor ou algo
assim.
— Estou ciente disso.
Claro que ele estava. Este projeto foi finalizado enquanto
ela ainda era apenas uma novata fazendo café e preenchendo
a papelada na empresa, mas foi uma restauração da qual ele
ficou especialmente orgulhoso. Não só pelo tamanho, mas
pelos resultados. Entrar no Monte Lafayette era como voltar no
tempo pelo menos um século, a não ser pelas amenidades
modernas habilmente disfarçadas. Os hóspedes não sofriam
com a falta de internet sem fio, telas ou tomadas.
Ele esfregou as têmporas. — Então é isso? Estamos
presos aqui?
— Sim, senhor. — Nem Adrian Blackstone poderia
comprar uma passagem de volta para Boston esta noite.
Ele aceitou com um suspiro e encolheu os ombros fortes,
que eram acentuados pelo corte de seu terno carvão. — Já que
não estive aqui desde que terminamos a restauração, o que há
para fazer neste lugar?
Tirar as roupas, fazer sexo selvagem com o patrão e
acordar alegremente satisfeita e em breve desempregada? —
Existem várias amenidades que podem interessá-lo. Há um
folheto no bolso interno do paletó, onde o guardou quando eu
o entreguei.
Ele o pegou e sorriu para ela antes de abri-lo. Deus, ele
tinha um sorriso incrível. — Vi que você circulou a loja. Já que
a prendi aqui, fique à vontade para cobrar o que precisar no
seu quarto.
Ela acenou com a cabeça, embora não faria. Mesmo que
a Blackstone Historical Renovations pagasse por sua viagem,
hospedagem e alimentação, ela não comprava itens pessoais
ou fazia despesas extras por conta deles. Mesmo que fosse
culpa do CEO os planos deles terem mudado.
— Acho que você ganhou férias não programadas, — ele
continuou com um sorriso tímido. — Ao contrário de você, mal
tomei meu café, então vou ficar e trabalhar nas minhas
anotações para a propriedade de Newport.
Ela sabia que Adrian estava pensando em comprar uma
casa que vira listada em Newport, Rhode Island, fazer uma
reforma completa e depois vendê-la. Seria a primeira vez para
a Blackstone Historical Renovations. Já que só faziam
restauração em propriedades pertencentes a outras pessoas,
eles conversaram muito sobre os prós e os contras. O risco era
maior, uma vez que a propriedade teria que ser vendida para
que pudesse ser paga, mas também era a margem de lucro
potencial.
— Quer que eu fique?
— Só vou ler as anotações que já fizemos, então você não
precisa ficar. Avisarei a recepção quando terminar, para que
possam reabastecer o café. — Ele pegou a chave do quarto
quando ela a estendeu. — Vá se divertir. Aproveite tudo o que
o hotel tem a oferecer, e tenho certeza de que encontro você
por aí.
— Sim, senhor. Receberei atualizações regulares sobre as
condições de viagem e avisarei assim que as estradas estiverem
seguras. Enquanto isso, se precisar de alguma coisa, por favor,
me avise.
Ela o deixou trabalhar, imaginando o que deveria fazer
pelo resto do dia. O plano original previa que todos tivessem
uma noite agradável após a reunião, incluindo o jantar. Depois
Adrian e Rachel partiriam para Boston no início da manhã,
deixando a família Bouchard para aproveitar o resto do dia e
outra noite às custas de Adrian antes de viajar para o Colorado
nas férias de Natal.
Agora Rachel não tinha planos para um futuro previsível,
a não ser tentar não imaginar cem e uma maneiras de seduzir
seu chefe.
Ela tinha imaginado dezessete antes de chegar ao final do
corredor.

***

Na hora do jantar, Adrian estava entediado. Ele


pressionou sua equipe para encerrar tudo antes de se
dispersarem para o feriado, então a única coisa em jogo era o
negócio com Bouchard. Com os Bouchards presos em Boston
- onde deveria ter ficado, caramba - ele não tinha nada para
ocupar sua mente.
E sem mais nada em que pensar, sua mente continuou
girando em torno de Rachel e de que estavam sozinhos em um
dos hotéis mais lindos e românticos do país.
Talvez não totalmente sozinhos. Havia outros convidados,
é claro, além do pessoal. Mas ninguém de seu mundo. Sem
colegas de escritório. Sem clientes. Essencialmente, estavam
muito sozinhos para que ele continuasse pensando em coisas
que um chefe não deveria pensar.
Por um lado, a Blackstone Historical Renovations era
extremamente proativa quando se tratava de educação sobre
assédio sexual, e o chefe pegando a secretária em sua mesa,
encostado na parede ou em qualquer outro lugar onde pudesse
tê-la não seria um bom exemplo. Por outro lado, ela era a
melhor assistente que ele já teve e não queria perdê-la.
Mas saber que ela estava a duas portas do corredor,
enquanto todos os outros estavam no bar, o deixou inquieto.
Adrian pensou em ligar para ela e convidá-la para jantar
com ele. Ambos precisavam comer e não fazia sentido comer
sozinho. Mas não tinham o hábito de jantarem juntos quando
viajavam. Tinham uma agenda apertado, então geralmente se
contentavam com o serviço de quarto enquanto trabalhavam.
Mas ele estava cansado de ficar trancado e o saguão de
jantar acenava para ele. Infelizmente, era um saguão que
cheirava a romance o ano todo, principalmente no Natal. Ele
não tinha vontade de pedir mesa para um. E estava com medo
de que se convidasse Rachel para se juntar a ele, ela aceitaria
simplesmente porque ele era o chefe e ela se sentiria obrigada.
Dane-se. Ele iria até o bar. Se se lembrava bem, serviam
sanduíches básicos junto com bebidas e ele precisava de
ambos. Nunca se permitiu ficar bêbado, especialmente em
público, mas talvez uma ou duas cervejas aliviassem a tensão
e o ajudassem a dormir.
Ele não usava jeans, mas dispensou o paletó e a gravata.
Deixando os dois primeiros botões de sua camisa branca
desabotoados, enrolou as mangas até um pouco abaixo do
cotovelo e passou a mão rapidamente pelo cabelo.
Bom o bastante.
Parando na entrada do bar, examinou o recinto,
pensando se escolhia uma mesa ou um banquinho. Então,
avistou uma mulher sentada sozinha no bar, o olhar dele
atraído para ela por algum motivo, e considerou uma maneira
diferente de aliviar sua frustração sexual. Nem ficadas em bar,
nem encontros de uma noite eram seu estilo normal, mas o
desejo secreto por Rachel estava chegando a um ponto crítico.
A mulher no bar tinha uma nuvem de cabelos loiros e
uma aparência esguia abraçada por um suéter vermelho vivo
e calça preta. Mas não era muito magra - o suéter subiu
revelando a curva do quadril. E quando ela estendeu a mão
para o copo, ele notou a falta de uma aliança ou alguma marca
reveladora no dedo.
Ele a observou por mais um minuto e ela nunca olhou em
volta ou olhou para a porta, então provavelmente não estava
esperando por ninguém. Enquanto ela com certeza seria
deixada de lado em relação a sua assistente - sem o
conhecimento de nenhuma das mulheres - talvez alguma
companhia ajudasse a distraí-lo.
Ele começou a andar em direção a ela, então parou,
paralisado, quando ela jogou a cabeça para trás e riu de algo
que o barman disse. Era um som alegre e descarado e Adrian
se viu querendo assistir a uma comédia com a mulher ou
contar piadas bobas apenas para ouvi-la rir de novo.
Deslizou para o banquinho ao lado dela. — Está muito
perto do Natal para ficar sentada sozinha em um bar.
Ela se virou para encará-lo e Adrian sentiu como se todo
o ar tivesse sido sugado de seus pulmões. Cristo, ela era linda.
— Rachel?
Capítulo Dois

O número trinta e dois, ou por aí, na lista de cento e uma


maneiras de Rachel seduzir seu chefe era fingir ser uma
estranha em um bar. Ser confundida com uma estranha em
um bar tão perto disse que provocou um arrepio pelas costas.
— Acho que nunca ouvi você rir assim antes, — ele disse,
e não era na voz do sr. Blackstone. Com certeza era uma voz
paquerando uma mulher em um bar.
— Você nunca me contou uma piada sobre dois elfos,
uma rena e um bastão de doces.
Ele girou seu banquinho um pouco na direção dela, de
modo que os joelhos deles quase se tocaram.
— Deixe-me pagar outra bebida e vou pensar em uma
piada.
Ela deveria alegar exaustão e voltar para seu quarto. Por
alguma razão, Adrian Blackstone estava olhando para ela de
uma maneira totalmente nova esta noite e, embora fantasiasse
com esse olhar muitas vezes, na verdade ela queria manter seu
emprego.
Seu trabalho com a Blackstone Historical Renovations
era desafiador e havia viagens a lugares lindos e respeito
profissional. O trabalho era árduo e as horas podiam ser
extenuantes, mas a gratificação financeira mais do que
compensava por isso. Além disso, Adrian Blackstone era um
homem que respeitava seus funcionários e dizia por favor e
obrigado. Seria um trabalho difícil de perder.
Ela não podia colocar tudo em risco por uma aventura.
Seria um grande erro. — Uma bebida, — ouviu-se dizer, — e
depois vou para a cama.
Duas horas depois, o estômago de Rachel doía de tanto
rir e ela tinha tomado mais de uma bebida. Não tanto para ficar
bêbada, mas o suficiente para fazê-la rir das piadas horríveis
dele. E o timing cômico dele era tão ruim que ela ria ainda
mais.
Eles estavam de frente um para o outro nos banquinhos
do bar, um dos joelhos dele dobrado entre os dela. Com os dois
encostados no bar, as cabeças juntas, ela sabia o que pareciam
para as outras pessoas na sala - um homem e uma mulher
prestes a subirem as escadas juntos. — Você sabe onde o Papai
Noel gosta de ficar quando está de férias?
— Chega, — ela gritou, erguendo as mãos em sinal de
rendição. — Eu não aguento mais.
— No ho-ho-ho-hotel! — Ele segurou as mãos dela e a
puxou para mais perto. — Dance comigo.
A pulsação dela acelerou e olhou ao redor da sala mal
iluminada.
— Ninguém mais está dançando.
— Então vou ter que continuar contando piadas porque
ainda não estou pronto para voltar para o meu quarto. — Ele
franziu um pouco o rosto, como se estivesse tentando pensar
em uma boa - ou uma muito, muito ruim.
— Está bem. Uma dança. — Ela poderia sobreviver
quatro minutos ou mais nos braços de Adrian sem fazer papel
de idiota. Provavelmente. — Tenho que avisar que não sou a
melhor dançarina.
Ele se levantou e a puxou para longe dos banquinhos,
então deslizou as mãos pelos ombros dela até o quadril antes
de segurar uma das mãos dela. A outra descansou na parte
baixa das costas dela que a deixou um pouco sem fôlego.
— Nem eu, — ele confessou, a respiração roçando o
cabelo na têmpora dela enquanto eles balançavam
ligeiramente com I’ll Be Home for Christmas. — Mas não tem
problema. Tudo o que tenho que fazer é dançar até aquele
canto onde o visco está pendurado, e então você pode ficar
parada enquanto eu te beijo.
Com seu corpo praticamente moldado ao dele e sua mão
vagando lentamente para o sul, Rachel não conseguiu
encontrar a vontade de dizer a ele que não era uma boa ideia.
Fazia muito tempo que ela queria que ele a beijasse para o bom
senso dissuadi-la.

***

Adrian não se importava se caísse tanta neve que


tivessem que escavar para resgatá-los de lá. Não havia
nenhum outro lugar que queria estar a não ser em um bar
dançando com Rachel.
Ela não respondeu às suas intenções de visco, mas não
disse não nem se afastou. E o brilho no rosto dela o fez
suspeitar que ele não era o único ansioso por isso. A ideia de
que Rachel pudesse estar tão atraída por ele quanto ele por ela
era uma sensação inebriante, e ele buscou fundo por ter
autocontrole.
Enquanto a música sobre estar em casa no Natal e as
letras entravam em sua mente, Adrian suspirou. — Quer
saber, estou me sentindo muito mal agora, por arrastar você
até aqui. Se a reunião fosse em Boston, você estaria em casa
e, com o Natal chegando, deve ter um milhão de coisas mais
importantes para fazer do que dançar comigo.
Ela riu de novo, e parecia ainda melhor de perto. — Na
verdade não. Meus pais moram na Flórida, mas vêm todo mês
de fevereiro para esquiar, daí fazemos o Natal. O dia de Natal
é ficar de pijama assistindo a todos aqueles filmes antigos
incríveis que passam apenas uma vez por ano, então, não, eu
não tenho nada para fazer mais importante do que dançar com
você.
— Que bom, porque estamos quase no visco. Mais alguns
passos.
Ele a sentiu suspirar, a respiração dela soprando quente
contra seu pescoço. — Acho que é minha responsabilidade
lembrá-lo que beijar sua secretária é uma ideia muito ruim.
— Você é muito mais do que uma secretária para mim,
Rachel. E há um ano e meio venho tentando me convencer que
beijar você é uma má ideia, mas estava mentindo. É uma ideia
muito boa. — Mais dois passos e eles estariam lá. — Além
disso, mesmo que nos separemos agora, já fui muito longe.
Nunca mais vou olhar para você no escritório sem me lembrar
de como você está esta noite, com seus olhos radiante e seu
rosto corado de tanto rir das minhas piadas idiotas.
— Deus, já chegamos?
— Quase, — ele disse, e então, finalmente, a estava
beijando.
A boca dele foi gentil com a dela no início, até que os
braços dela envolveram seu pescoço e ela gemeu contra seus
lábios. Então ele a devorou.
Dezesseis meses imaginando este momento e ele não
tinha nem chegado perto de como era incrível. Foi perfeito.
Valeu a pena cada mês agonizante de desejo e espera.
Mas foi muito curto. Algum espertinho deu um assobio e
Rachel afastou o rosto, rindo. — Estamos dando um
espetáculo, Adrian.
O som do nome nos lábios dela era tão potente quanto
uma carícia física.
— Sabe, é a primeira vez que você me chama pelo meu
primeiro nome.
Ele se arrependeu das palavras quando a risada deixou
os olhos dela. — Eu... quer saber, é por isso que foi uma má
ideia. Você é meu chefe e, para ser franca, mesmo que não
tenha beijado como uma espécie de... deus grego dos beijos,
não existe mais ninguém para quem eu prefira trabalhar. Eu
amo meu trabalho e ter uma relação de uma noite com meu
chefe é uma coisa estúpida demais para fazer.
Ela tentou se afastar, mas ele a segurou com força. —
Uau. Primeiro, seu trabalho não está em risco. Você é
inestimável para mim. Poderia me bater na cabeça com uma
garrafa de vinho e roubar minha carteira e eu não te
despediria. Em segundo lugar, gostei da coisa de deus grego.
E terceiro, já que só ouvi você me chamar de Adrian em minha
mente - às vezes quando estou sonhando e às vezes quando
estou no banho - quero ouvir isso de você com mais frequência.
Ela ficou com rosto vermelho com as palavras
contundentes. — É um pouco estranho dançar com você
debaixo do visco.
Adrian ergueu o rosto dela para que pudesse ver seus
olhos. — Você não se sente pressionada, não é? Como se disser
não, pudesse prejudicar o seu trabalho?
Para o alívio dele, o sorriso dela foi honesto. — Não, não
me sinto assim. Beijei você porque queria fazer isso há muito
tempo.
A excitação o percorreu e ele puxou o quadril dela para
mais perto para que ela pudesse sentir também. — Que bom.
Agora, de volta à minha lista. Quarto, eu e você tendo uma
aventura de uma noite nem passou pela minha cabeça.

***

Rachel sentiu seu rosto ficar quente e fixou o olhar no


botão superior dele.
Uma aventura de uma noite nem tinha passado pela
mente dele? Para onde, exatamente, ele achava que a dança, o
beijo e a impressionante ereção pressionada contra seu quadril
estavam levando?
Adrian beijou a lateral de seu pescoço e ela estremeceu
quando a boca dele se moveu para sua orelha para que
pudesse sussurrar: — Vai ser mais do que uma noite. Eu
queria você há muito tempo para me contentar com apenas
uma noite. Serão pelo menos duas.
A risada após as palavras dele fez cócegas em sua pele e
ela estremeceu. — Acho que fomos o mais longe que podemos
em público para não receber uma acusação de indecência.
— Você vai passar a noite comigo, Rachel? — Ela afirmou
com a cabeça e ele gemeu em seu cabelo. — Tem certeza?
Ela ficou na ponta dos pés e o beijou até que tudo ao redor
deles - os outros clientes, a música de Natal tocando nos alto-
falantes - desapareceu. Quando ele interrompeu e olhou nos
olhos dela como se procurasse por algo, ela pegou a mão dele
e o conduziu em direção à saída.
Levaram quase seis minutos para chegar ao quarto de
Adrian e Rachel não se permitiu nem um segundo para pensar
duas vezes. Esta noite era para o quarto. Ela se preocuparia
com a sala de conferências mais tarde.
Quando a porta se fechou, Adrian deu um passo atrás
dela e passou os braços em volta da cintura dela enquanto
acariciava a nuca. — Já falei como adoro seu perfume novo?
Como ele sabia que era novo? Sua fragrância favorita foi
descontinuada um mês antes e foi difícil encontrar um novo
perfume.
— Não, acho que você não falou.
— Você usou pela primeira vez no dia da reunião com
Edelstein. Fiquei tão distraído que esqueci o nome da empresa
três vezes.
Quando ele deslizou as mãos sob o suéter e roçou a ponta
dos dedos em sua barriga nua, Rachel quase se esqueceu do
que estavam falando. — Eu... você não parecia distraído.
— Isso é por causa de toda a prática. — As mãos dele
pousaram debaixo dos seios dela, sem tocá-los, e ela se
encostou nele com um suspiro. — Em todos os dias de trabalho
dos últimos dezesseis meses, tive que fingir que não queria
você - tive que fingir que me importava com o relatório de
despesas de alguém quando tudo que queria fazer era tocar em
você.
Com um arrepio, Rachel admitiu que não era só sua
carreira que ela estava falhando em proteger. Seu coração
estava em perigo tanto quanto seu emprego.
Viajar juntos com tanta frequência criava uma certa dose
de intimidade. Não intimidade no sentido de mãos acariciando
a barriga nua subindo para seus seios como estavam fazendo
naquele momento, mas no sentido de se conhecerem muito,
muito bem.
Há meses ela estava um pouquinho apaixonada por
Adrian Blackstone e agora, sabendo que a química sexual era
tão potente quanto ela imaginava, corria o risco de mudar de
um pouquinho para uma explosão completa, sem fôlego, tipo
amor de músicas de cantar no chuveiro.
— É por isso que você assinava todos os reembolsos as
idas até a cafeteria de Dana? — Ela provocou, pensando que
se mantivesse as coisas leves, ela poderia manter suas
emoções fora disso
— Eu reembolsava o café porque estava mantendo uma
nova mãe sã. — Ele mordiscou o lóbulo da orelha dela quando
as mãos dele finalmente seguraram seus seios, e as sensações
duplas a fizeram prender a respiração. — Provavelmente o
mesmo motivo pelo qual você trabalhou até tarde por três
semanas depois que ela voltou da licença maternidade, para
que ninguém soubesse que ela estava se esforçando para
recuperar o atraso.
— Eu não sabia que você sabia disso.
— Sei tudo o que acontece na minha empresa,
principalmente se você está envolvida. E sua compaixão é uma
das coisas que acho muito, muito atraente em você. — Os
polegares roçaram seus mamilos através do cetim de seu sutiã.
— Junto com seus olhos, seu sorriso, seu senso de humor.
Essas pernas. Sua risada.
Rachel agarrou a barra de seu suéter e puxou-o pela
cabeça, na esperança de incitá-lo a fazer menos listas e fazer
mais amor.
— Oh, Feliz Natal para mim, — Adrian murmurou, e
então a girou em seus braços para que ela o encarasse.
Qualquer resposta que ela pudesse ter dado fugiu de sua
mente quando Adrian deslizou as alças de seu sutiã vermelho
por seus ombros. Enquanto as mãos dele deslizavam sob o
cetim para expor seus seios ao toque dele, ela começou a
desabotoar os botões dele.
Adrian Blackstone malhava. Muito. Rachel correu as
pontas dos dedos pela extensão bronzeada do peito dele, seu
corpo estremecendo quando ele roçou seus mamilos com os
polegares.
— Não sei se vou aguentar ir devagar, — ele disse a ela
em uma voz rouca. — Só de estar perto de você já me excitou
por quase um ano e meio, agora você me tocando... vamos
apenas dizer que estou rangendo os dentes e recitando
estatísticas de futebol na minha cabeça para não me
envergonhar.
— Então, vamos agilizar esta primeira reunião e agendar
uma outra mais longa e detalhada.
Ele riu e desabotoou o fecho do sutiã. — Já que você é a
guardiã da minha agenda, quando pode agendar essa outra
reunião?
Encorajada por sua leveza casual, Rachel deslizou as
mãos pela barriga firme e desabotoou a calça. — Vinte minutos
a partir de agora?
Adrian deixou sua camisa deslizar para o chão e começou
a empurrá-la em direção à cama. — Vamos começar a agilizar,
então.
Os próximos minutos se passaram em uma névoa
sensual de tirar a roupa, beijos e toques. Muitos toques. As
mãos dele apertaram seus seios, segurando seus mamilos
cativos para sua língua até que ela gemeu de necessidade.
Enquanto ele a provocava, ela explorava o corpo dele com a
ponta dos dedos, sentindo os músculos dos ombros, costas e
bunda.
E era ainda melhor do que as muitas vezes que ela tinha
imaginado.
— Imaginei isso tantas vezes e a realidade é ainda melhor
do que a fantasia, — Adrian disse a ela, levantando a cabeça
de seus seios, e ela sorriu com a sincronicidade de seus
pensamentos.
O sorriso morreu, porém, quando a mão dele deslizou
entre as pernas dela. Ela arqueou as costas enquanto os dedos
dele a acariciavam, a sensação quase insuportável.
E quando ele deslizou um dedo dentro dela, ela não
conseguiu conter o gemido.
— Você é tão gostosa, — ele sussurrou contra seu cabelo.
— Eu quero sentir você.
Muito cedo - mas não tão cedo assim - Rachel ouviu o
barulho de uma embalagem de preservativo e Adrian estava
entre suas coxas. Ela suspirou quando ele lentamente a
penetrou, seu comprimento duro indo mais fundo com cada
movimento lento. A sensação era deliciosa e ela mergulhou a
mão no cabelo dele, fazendo-o beijá-la enquanto finalmente se
enterrava inteiro dentro dela.
Ele gemeu contra sua boca enquanto se movia, e o som a
inflamou. Passando as mãos sobre as omoplatas dele, ela
levantou o quadril, encontrando seu ritmo e, em seguida,
incitando-o a ir mais rápido. Mais forte.
As costas dele estavam quentes e escorregadias debaixo
de suas mãos, e ela se deleitou com a sensação da pele nua.
Enquanto ele se movia dentro dela, a respiração soprou quente
contra seu pescoço e ela fechou os olhos para saborear as
sensações.
— Você é tão linda, — ele disse em uma voz rouca
enquanto as pontas dos dedos beliscavam seu seio.
Ela gemeu quando o orgasmo a sacudiu e foi ao encontro
dele impulso por impulso enquanto torturava o corpo dela. E
quando ele desabou em cima dela, ofegando tanto quanto ela,
ela colocou os braços em volta dele e o segurou com força.
— Valeu a pena esperar por isso, — ele murmurou em
seu cabelo alguns minutos depois. Rachel concordou de todo
o coração.
Ela queria Adrian há tanto tempo, mas a realidade foi
ainda melhor do que ela imaginava. Não importava o que
acontecesse amanhã - ou mais apropriadamente na segunda-
feira - ela iria aproveitar esta noite ao máximo.
Capítulo Três

Adrian geralmente não era uma pessoa de acordar cedo.


Precisava que o despertador passasse três vezes pelo soneca
para ele se render e mais de uma xícara de café para torná-lo
coerente. Mas hoje, mesmo quando abriu os olhos, ele estava
sorrindo. Envolvido ao redor de Rachel, com o rosto enterrado
no cabelo dele, era uma ótima maneira de acordar.
Ele podia ouvir o granizo batendo contra a janela e isso
significava que tinha pelo menos hoje com ela. Ele iria
aproveitar ao máximo.
Por mais que quisesse compartilhar o café da manhã com
ela no saguão romântico e menor, com vista para o lago
congelado, porém seria muito fácil seguir caminhos separados.
Assim que terminassem de comer, ela poderia dizer que tinha
trabalho a fazer e desaparecer em seu quarto. Simples assim,
as paredes estariam de volta entre eles. Se ele pedisse serviço
de quarto, ficariam aqui no quarto dele. Ele gostava muito mais
dessa ideia.
Aninhou-se no cabelo dela para beijar a lateral do
pescoço. — Está acordada?
— Café, — ela murmurou tão baixinho que ele mal a
ouviu.
— Quer um café aqui ou quer descer para o saguão?
— Café agora.
Se ele tivesse pensado muito sobre isso, Adrian teria
imaginado que Rachel era uma madrugadora. Ela aparecia no
escritório todas as manhãs dos dias da semana com os olhos
radiantes e pronta para enfrentar qualquer trabalho que
estivesse à sua frente. Por outro lado, ela não devia ficar
acordada até tarde todas as noites fazendo amor. Assim ele
esperava.
Ele passou a mão pelo quadril dela, mas quando ela não
se mexeu, ele riu e deslizou para fora da cama. Depois de vestir
uma cueca, foi até a cafeteira e preparou uma xícara para cada
um. Enquanto a máquina funcionava, conectou o celular para
carregar, já que estava muito ocupado na noite anterior para
fazer essa rotina.
Ouviu o chuveiro no banheiro e Adrian pensou por alguns
segundos em se juntar a ela. Mas tinha a sensação de que ela
estava mais interessada no café do que em qualquer outra
coisa que ele tinha a oferecer naquele momento. Preparou o
dela com creme e açúcar, então tomou alguns goles enquanto
caminhava até a janela.
Abrir as cortinas não fez muita luz entrar no quarto. Do
outro lado do vidro, o dia estava escuro e cinza, com a luz
bloqueada pela mistura de neve e gelo. Era uma aparência
sombria, em vez da aparência festiva de flocos brancos e
graúdos, mas ele não se importou. Sem nada melhor para
fazer, era o tipo de dia para se enroscar com Rachel na frente
de uma das muitas lareiras do resort.
Ela finalmente saiu do banho envolta em um dos roupões
azuis do resort. Os pés estavam descalços e o cabelo caía em
ondas louras e molhadas. Ele a observou ir direto para a xícara
de café e ela fechou os olhos quando tomou o primeiro gole.
Então tomou mais alguns antes de finalmente fazer contato
visual com ele.
— Obrigada, — ela disse, dando a ele um sorriso
sonolento. — Não sou muito sociável antes da minha primeira
xícara, infelizmente.
— Não sabia se deveria pedir serviço de quarto ou não.
Ela torceu o nariz. — Geralmente não como logo depois
que acordo.
— Eu também. — Ele se sentou em uma das poltronas
estofadas perto da janela, colocando sua xícara na mesa
ornamentada ao lado dela. — Seu cabelo parecia diferente na
noite passada. E esta manhã também.
Ela passou a mão pelo cabelo, como se estivesse
constrangida sobre isso. — Eu uso muito produto e uma
chapinha para deixá-lo liso para o trabalho.
— Por que você se incomoda? Gosto do visual
profissional, mas gostei na noite passada também. Parecia
mais macio.
— O rabo de cavalo não precisa de muita manutenção e
fica bem o dia todo, não importa o clima. Mas se não o alisasse,
não ficaria tão elegante. Ia parecer que eu não cuidava do meu
cabelo, então o prendia em um rabo de cavalo.
— Oh. — Ele não tinha certeza se via a diferença entre
um rabo de cavalo elegante e um rabo de cavalo ondulado e
decidiu considerar que era um daqueles mistérios femininos
que os homens nem deveriam tentar entender. — Bem, eu
gosto dos dois jeitos.
Agradeceu quando ela se aproximou e se sentou na outra
poltrona. As manhãs seguintes já eram estranhas o suficiente
sem que ela parecesse que sairia correndo do quarto se
conseguisse descobrir um jeito de fazer isso sem derramar o
café.
— Parece que não vamos voltar para casa hoje, — ele
disse. Nem deve ser um bom dia para esquiar.
Ela se virou para ele, colocando as pernas para cima na
cadeira de uma forma que ameaçava transformar seu roupão
em um espetáculo erótico. — Você esquia?
— Não. — Ele riu. — Foi a única atividade externa em que
consegui pensar. E você?
— Faz anos que não. Não era muito boa. E era ainda pior
morro abaixo.
— Nunca aprendi a esquiar.
Ela tomou um gole de seu café antes de colocar sua xícara
ao lado da dele.
— Você é de Vermont e não sabe esquiar?
— Não tínhamos muito dinheiro, então cresci pensando
que esquiar era para crianças ricas. — Ele pensou por alguns
segundos e percebeu que não sabia muito sobre Rachel, a não
ser as qualificações profissionais. — Onde você cresceu?
— Muitos lugares. Meu pai estava na Força Aérea, então
nos mudávamos muito. Estávamos na Base Aérea Hanscom
quando me formei e me apaixonei por Boston, então continuei
por aqui mesmo depois que meu pai se aposentou e eles se
mudaram para a Flórida.
— Pirralha militar, hein? Explica suas excepcionais
habilidades organizacionais e de gestão.
Ela riu. — Disso não tenho certeza. Mas acho que me
mudar tanto ajudou a despertar meu amor por prédios
históricos. Essa sensação permanente de lar me atrai. E
quanto à organização e gestão, sou do signo de Virgem. Gosto
de organizar as coisas.
— E a BHR agradece por isso.
— E você? — Li muitos artigos sobre você, mas todo o
discurso de relações públicas não diz o que realmente
despertou sua paixão.
Ele gostou que ela usasse a palavra paixão. O que fez foi
mais que um trabalho para ele. — Vamos nos vestir e vou
contar tudo no café da manhã.
Mesmo ela balançando a cabeça, Adrian podia ver o
sorriso brincando nos cantos de sua boca e sabia que ela iria
ceder. — Eu estava planejando ficar no meu quarto e trabalhar
um pouco.
— O problema de usar essa desculpa é que sei que não
há mesmo nenhum trabalho para fazer agora.
Ela arqueou uma sobrancelha para ele. — Diz o homem
que vai dar uma festa de Natal no escritório daqui a uma
semana e acha que aparentemente essas festas são
organizadas por fadas.
— Até as fadas que organizam uma festa precisam comer.
— Ele sustentou o olhar dela, desejando que dissesse sim. Ele
não estava pronto para ela voltar ao modo trabalho ainda.
— Está bem, mas só café da manhã. Depois vou
trabalhar.

***

Mesmo que fossem apenas duas portas no corredor,


Rachel se sentiu ridícula ao caminhar para seu quarto vestindo
um roupão com as roupas da noite anterior enroladas em seus
braços. Ela não sabia se isso contava como uma caminhada
da vergonha, mas suspirou de alívio quando entrou em seu
quarto sem ser vista.
Depois de largar as roupas, jogou-se na cama e olhou
para o teto. Ela passou a noite com Adrian Blackstone.
Embora fosse tentador pular para cima e para baixo em
sua cama, rindo e gritando, forçou-se a ficar quieta e pensar
sobre como isso afetaria sua posição na Blackstone Historical
Renovations.
Ela imaginou que isso dependeria em grande parte da
direção que o relacionamento deles tomaria quando essas
idílicas férias forçadas terminassem. Romances no trabalho
eram complicados, especialmente por ele ser o chefe dela, mas
poderiam dar certo. Ou talvez ele estivesse apenas apreciando
a companhia dela para manter os efeitos do isolamento sob
controle.
Sem bola de cristal para ajudá-la a ver as intenções de
Adrian, ela decidiu que não havia sentido em se preocupar com
isso. Hora de se vestir e encontrar seu acompanhante no café
da manhã.
Felizmente, Rachel sempre trazia roupas a mais e
sutilmente treinou Adrian para fazer o mesmo. Poderia cair
café ou molho de macarrão, assim como a ocasional
prorrogação do tempo ou mudança de rumo da viagem. Ela
vestiu uma calça preta e uma camisa branca antes de prender
o cabelo em um rabo de cavalo, embora não tenha feito
prancha desta vez.
Quando saiu para o corredor e viu Adrian encostado na
parede oposta à sua porta, seu coração deu um salto.
Aparentemente, uma de suas roupas reserva era a que ele
tradicionalmente usava quando estava indo para um canteiro
de obras. Calça caqui e uma camisa polo verde escuro bordada
com o logotipo da empresa. O tecido de malha se ajustava
sobre seu peito e ombros, e ela queria passar as mãos sobre
ele.
Em vez disso, fechou a porta atrás dela e sorriu. —
Pronto?
Ele segurou a mão dela enquanto caminhavam até o
elevador e a segurou enquanto desciam até o andar principal.
A profissional dentro dela, que passou tanto tempo garantindo
que não havia nenhuma evidência de sua atração por Adrian,
imaginou se ele soltaria sua mão quando as portas se
abrissem. Quando ele não soltou, ela se forçou a relaxar. Se os
poucos funcionários que sabiam que ela trabalhava para ele os
julgassem, bom para eles.
De alguma forma, ela achava que essa atitude não seria
tão fácil de manter no escritório.
Adrian a conduziu para a sala menor e mais íntima e ela
presumiu que ele devia ter ligado antes porque a anfitriã o
cumprimentou pelo nome e os conduziu a uma mesa
semiprivada com uma vista deslumbrante do lago. Estava
ligeiramente ofuscada pelo tempo, mas ainda era um cenário
deslumbrante para uma refeição.
E, o mais importante, já havia café na mesa e a
recepcionista serviu uma xícara da garrafa para cada um. — O
sr. Blackstone avisou que vocês tomariam o buffet de café da
manhã, então, fiquem à vontade para se servirem quando
estiverem prontos.
— Obrigada, — Rachel disse. Então, quando estavam
sozinhos, ela olhou para Adrian. — Você também é muito bom
no negócio de organização.
— Deve ser todo o tempo que passei observando você.
A insinuação no tom a fez corar e ela olhou para o bufê.
— O cheiro parece incrível.
Adrian se levantou e deu a volta na mesa para ajudar a
puxar a cadeira para trás enquanto ela se levantava. — Vamos
ver o que eles têm.
Rachel se serviu de um muffin inglês e uma omelete de
clara de ovos recheada com cogumelos e queijo, enquanto
Adrian escolheu ovos mexidos, torradas, batatas fritas e o
máximo de bacon que conseguiu colocar no prato sem que
nenhuma fatia escorregasse no chão.
Assim que se sentaram, ela esticou a mão sobre a mesa e
agarrou uma fatia.
— Acho que você pode me dar uma.
Ele ficou com o rosto vermelho. — Bacon era algo muito
raro quando eu era criança. Mesmo que eu esteja
financeiramente bem há um tempo, não consigo me controlar
quando se trata de bacon em um buffet livre.
— Falando em quando era criança, acho que você me
prometeu uma história.
— Prometi, né? — Ele piscou para ela, seu garfo carregado
de ovo parou a meio caminho de sua boca. — Era uma vez uma
secretária safada...
Rachel quase engasgou com a mordida do muffin inglês
que ela pegou. — Adrian!
O sorriso lento que deu fez os sentidos dela fervilharem.
— Acho que é mais uma história para dormir. Vou guardar
essa para esta noite.
A respiração dela ficou presa quando percebeu o que ele
estava querendo dizer. Adrian esperava ou dava por certo que
ela passaria a noite de novo com ele e ela não sabia como reagir
a isso.
— Eu falei que uma noite não seria suficiente, — ele disse
em uma voz baixa que enviou um arrepio por sua espinha. —
Ainda nem saciei meu desejo por você.
As chamas do desejo faiscaram e queimaram um pouco.
Como essa aventura a afetaria profissionalmente ainda estava
para ser determinado, mas pelo menos ela sabia o que estava
acontecendo em sua vida pessoal. Adrian estava só saciando o
desejo dele por ela.
Não é muito lisonjeiro, mas talvez ela pudesse fazer a
mesma coisa. Aplacariam esse desejo entre eles e então
poderiam voltar ao normal.
— Me conte com a Blackstone Historical Renovations
surgiu.
Ele encolheu os ombros. — Meu pai era muito antiquado
e tinha muito orgulho de tudo que construía. Eu sentia isso. E
quando trabalhei com um cara que fazia pilares e vigas, era
triste quantas pessoas queriam demolir casas e fazer novas
construções por causa das comodidades. Simplesmente pensei
nisso em algum momento. Eu queria preservar os edifícios de
ontem para as gerações de amanhã.
Apontando o garfo para ele, ela balançou a cabeça. —
Essa última fala está em seus marcadores de relações
públicas.
— Culpado. Mas ainda é a verdade.
Eles demoraram no café da manhã enquanto Adrian
contava histórias sobre seus primeiros dias na construção.
Estava totalmente relaxado e cada vez que ela pensava que
deveria ir para o quarto, ele começava outra história e ela se
pegava ouvindo e rindo.
Ela sempre poderia trabalhar mais tarde.

***

No meio da tarde, a tempestade estava diminuindo e


algumas horas depois, tudo o que estava caindo eram flocos de
neve grandes que você pegava com a língua quando era
criança. Adrian os viu cair de sua cadeira em frente à lareira
crepitante. Com Rachel sentada em frente a ele, pensando no
tabuleiro de xadrez e seu próximo movimento, ele pensou que
foi um dos melhores dias que teve há muito tempo.
Depois do café da manhã, ele se ofereceu para mostrar o
hotel a ela. Parte disso era orgulho. O Monte Lafayette era um
prédio do qual ele tinha muito orgulho e queria mostrá-lo a ela.
Mas também deu a ele mais tempo antes que ela voltasse para
o quarto para trabalhar. Estava com medo de que se isso
acontecesse, ela pudesse ficar lá.
Após o passeio, acabaram em uma das salas de estar
espalhadas por todo o resort e ele pediu que a lareira a gás
fosse acesa. Os ramos de pinheiro pendurados na sala davam
ao ambiente um cheiro de Natal, ligeiramente mesclado por
velas de mirtilo apagadas colocadas nas mesas laterais.
O tempo e a tempestade passaram enquanto relaxavam,
conversando sobre tudo, desde o trabalho até programas de
televisão favoritos e os melhores natais.
— O ano em que ganhei minha boneca Cabbage Patch, —
Rachel disse. — Parecia comigo e tinha uma certidão de
nascimento de verdade e tudo. Nunca quis nada como aquela
boneca.
Ele gostou da maneira como o rosto dela se suavizou com
a lembrança. Ele presumiu que ela devia ter sido uma criança
muito séria, menos quando ria. Mesmo quando criança, aquela
risada devia chamar a atenção.
— E o seu? — Ela incitou. — Qual foi o seu melhor Natal?
Ele tinha que pensar sobre isso. — Não tínhamos muito,
mas o Natal sempre foi meu dia favorito. Eu e meu pai sempre
cortamos nossa árvore na floresta e eu e minha mãe
montávamos as luzes e pendurávamos decorações caseiras
que fazíamos ao longo dos anos. Mas no ano em que eu tinha
onze anos, meu presente foi um canivete novinho em folha.
Então, no ano seguinte, esculpi uma estrela para o topo da
árvore. Meu pai passou as mãos sobre ela e ficou um pouco
emocionado. Disse que o que fiz com a madeira o tinha deixado
orgulhoso. Eles ainda a colocam na árvore todos os anos.
Mesmo agora, a lembrança fazia o coração dele se apertar.
E, a julgar pelos olhos lacrimejantes, Rachel também não
deixou a emoção passar. Mas antes que pudesse dizer
qualquer outra coisa, o celular dela tocou. Ele a conhecia bem
o suficiente para saber que não iria ignorar.
Não era ninguém do escritório. Ela tinha uma relação
amigável com toda a equipe e parecia que a pessoa do outro
lado não era alguém que conhecia muito bem. Ela ouviu por
alguns minutos e depois agradeceu a quem estava do outro
lado antes de encerrar a ligação.
Ela suspirou. — Boas notícias. As estradas estão abertas,
então podemos voltar para a cidade se formos cuidadosos.
Ele não achava que eram boas notícias. Assim que
entrassem em seu SUV e rumasse para Boston, ele não tinha
dúvidas de que Rachel voltaria a chamá-lo de sr. Blackstone.
— Claro, se não se sentir confortável dirigindo em
condições duvidosas, podemos esperar até de manhã, — ela
continuou.
Ele teve a sensação de que ela não estava mais feliz com
a desobstrução da estrada do que ele. — Ou podemos ficar o
fim de semana.
— Como assim?
— É sexta-feira e já seria tarde quando chegássemos em
casa. Por que não aproveitar o fim de semana aqui e voltar para
casa no domingo?
— Eu... eu não sei. — Ela olhou para o celular, como se
fosse oferecer uma resposta. — Nem sei se nossos quartos
estão disponíveis.
Com logística ele poderia lidar. Queria saber como ela se
sentia sobre passar o fim de semana com ele. — Vou cuidar
disso. E estava pensando que só precisaríamos de um quarto,
o que deixa tudo mais fácil.
Ele não poderia fazer um convite mais gritante do que
esse sem soletrá-lo. E agora que estavam livres para partir,
ficou surpreso com o quanto significava para ele que ela tivesse
escolhido ficar.
— Você acha mesmo que é uma boa ideia?
— Acho que é a melhor ideia que já tive. — Ele deu a ela
o que considerava seu sorriso encantador, já que era assim que
sua mãe sempre o chamava quando ele tentava usá-lo nela. —
O que acontece em New Hampshire fica em Nova Hampshire.
Como Vegas, só que muito mais frio.
— Como posso recusar um convite desse?
Os olhos dela encontraram os dele, fervendo com tudo o
que ele sentia por dentro, e ele soube que um dos melhores
dias que já teve se tornaria um dos melhores fins de semana
de todos os tempos.
Capítulo Quatro

Rachel transferiu o conteúdo da gaveta de cima da


cômoda de volta para sua mala, em seguida, acrescentou os
poucos itens que ficaram pendurados no armário. Se os
pendurasse assim que chegasse ao quarto de Adrian, não
deveria guardar na capa protetora outra vez.
— São duas portas ao lado. Por que não podemos só
carregar tudo em algumas viagens?
Ela olhou para Adrian, que se esparramou na poltrona
depois que ela recusou sua ajuda para fazer as malas. — Não
vou carregar minhas calcinhas pelo corredor, não importa
quantas poucas portas sejam.
— Eu poderia andar atrás de você e pegar o que você
deixar cair.
Ela riu e checou cuidadosamente cada gaveta para se
certificar de que não havia esquecido nada. Em seguida, foi ao
banheiro para dar uma última olhada. Quando se viu no
espelho, ela parou, olhando para seu reflexo.
Dividindo um quarto de hotel com Adrian Blackstone.
Mesmo que ela tivesse se esforçado para empacotar seus
pertences, ainda mal podia acreditar que estava acontecendo.
E não tinha certeza de que deveria estar acontecendo.
Passar uma noite juntos depois de alguns drinques no
bar era uma coisa. Em seguida, passaram o dia juntos, o que
não era especialmente interessante por si só. Já passaram
muitos dias juntos no escritório e durante as viagens. Mas hoje
era diferente. Eram quase como um casal. Dividir um quarto
de hotel só aumentaria a sensação de ser um casal, em vez de
duas pessoas tendo uma rápida aventura para aplacar o desejo
entre eles.
Quando o rosto de Adrian apareceu no espelho, Rachel
deu um pulo e viu o rubor se espalhar pelo rosto dela. Quando
ele passou os braços em volta da cintura dela e apoiou o queixo
em seu ombro, os olhares deles refletidos se encontraram.
— Embora sua mente seja uma das coisas que considero
mais sexy em você, — ele disse, — Tenho a sensação de que
você está pensando muito agora.
Havia muito em jogo para não pensar sobre. Pensar, no
entanto, era difícil agora que o corpo dele estava pressionado
contra o dela e a respiração dele soprava na bochecha dela. —
Agora é tarde. Já avisamos que estou desocupando quarto.
— Nunca é tarde demais. Ele beijou a lateral do pescoço
antes de reencontrar o olhar dela no espelho. — Podemos
conseguir um segundo quarto. Ou, com as estradas abertas,
posso ficar naquele motel pelo qual passamos no caminho.
Embora as palavras fossem reconfortantes de ouvir,
assim que ele as disse, Rachel sabia que não era o que queria.
Se esse tempo em New Hampshire fosse todo o tempo que teria
com Adrian fora do trabalho, ela pretendia aproveitar ao
máximo cada minuto. — Você está tentando fugir daquele
jantar romântico que me prometeu?
— Sem chance. — As mãos dele deslizaram para baixo no
quadril dela. — Vamos entregar este quarto para limparem
antes que eu esqueça que não deveríamos estar mais aqui.
Eles foram capazes de levar os pertences dela em apenas
uma viagem e, quando a porta se fechou atrás deles, de repente
ela se sentiu incrivelmente estranha. Mesmo que tivesse
passado a noite neste quarto, de alguma forma era diferente.
Agora era o quarto deles.
Obviamente, o serviço de limpeza já tinha passado, já que
a cama que bagunçaram estava arrumada e tudo estava
imaculado. O hábito a fez se mexer e ela pendurou suas roupas
no armário ao lado do de Adrian e pegou a segunda gaveta da
cômoda vazia.
— Não deixaram nenhum descafeinado para depois do
jantar, — ele murmurou, vasculhando as cápsulas de café que
o serviço de quarto havia reabastecido.
Com isso que ela podia lidar. De volta à posição familiar,
Rachel começou a pegar o celular. — Vou ligar e pedir que
tragam alguns.
Adrian a impediu no meio da ação e puxou-a contra o
corpo dele. — Ei. Não está no seu horário de trabalho, Sra.
Carter.
— Só vou demorar um segundo.
— Aposto que levaria apenas um segundo para te deixar
nua. — Ele fez um som rosnando contra o pescoço dela que a
fez rir.
— Eu não terminei de desfazer as malas ainda.
— Estou interrompendo sua organização?
— Ele estava interrompendo tudo, desde sua organização
até sua capacidade de formar um pensamento coerente e
lógico. Então ele a beijou, os dedos desabotoando os botões da
blusa dela, e ela se esqueceu de sua mala pela metade.
— Vamos rever minha programação para esta noite. —
Ele abriu o último botão e tirou a blusa dos ombros dela. —
Podemos descer e ter um jantar romântico e chique.
Isso pareceu muito menos atraente do que mais cedo,
antes que os polegares dele acariciassem seus mamilos através
do tecido fino do sutiã. — Ou?
— Ou posso fazer amor com você, pedir serviço de quarto
e depois fazer amor com você de novo.
Rachel jogou a cabeça para trás quando ele começou a
pousar uma trilha de beijos quentes em sua garganta. — Eu
acho, sr. Blackstone, que a opção B seria mais eficiente.
Ele a levou à cama que compartilhariam pelo resto do fim
de semana, o olhar ardente enquanto apreciava o corpo dela —
Então vamos ver como posso tirar essas roupas de forma
eficiente.

***

A manhã de sábado chegou calma e clara, com o sol


refletindo nas árvores geladas e na paisagem. O brilho do sol
era enganoso, entretanto, e Rachel estremeceu com o ar frio.
— Está com frio?
Ela apertou a mão coberta pela luva de Adrian. — Não
com tanto frio para voltar para dentro.
Depois que finalmente rolaram para fora da cama e
devoraram um café da manhã do serviço de quarto para repor
suas forças depois de uma longa noite de amor, Adrian sugeriu
que saíssem para uma caminhada. Como os músculos
estavam ligeiramente doloridos, embora de um jeito bom, e
agradecida pela atividade não envolver esquis, ela concordou.
Cada uma deles tinha um casaco, luvas e botas no SUV
de Adrian, já que só idiotas faziam uma viagem no inverno da
Nova Inglaterra sem eles, mas Rachel parou na loja do hotel
para comprar uma linda echarpe que chamou sua atenção na
sexta-feira. Agora caminhavam de mãos dadas pelos caminhos
deslumbrantes do resort, que já haviam sido abertos pela
equipe de jardinagem. Estava tranquilo e romântico e teria que
ficar muito mais frio para Rachel querer que a caminhada
acabasse.
No entanto, sentiu a necessidade de preencher o silêncio.
Se desse a seus pensamentos muita liberdade para divagar,
eles começaram a divagar em como este fim de semana afetaria
sua relação de trabalho e ela estava tentando não fazer isso.
Era como um presente de Natal que ela estava se dando e se
preocuparia com as repercussões mais tarde.
— O sol é lindo quando reflete o gelo nas árvores, — ela
disse. — Não saio muito no inverno, além disso, não temos
vistas como está na cidade.
— O que você faz quando não está no escritório? — Ele
perguntou.
— Eu durmo.
Ele riu e balançou a cabeça. — Qual é. Eu não faço você
trabalhar tanto.
— Quando não estou no trabalho, faço pequenas tarefas,
lavo roupa e limpo meu apartamento. Coisas assim. Não sou o
tipo de pessoa que gosta de boates, mas vou muito ao cinema
com meus amigos. Depois, há compras. E ler. Também gosto
de cozinhar. E você?
— Se eu tiver alguns dias de folga seguidos, geralmente
tento ir para casa, em Vermont. Fora isso, trabalho muito. Leio
muitas publicações comerciais e gosto de navegar, por assim
dizer, pela internet. Você pode ver quase qualquer lugar do
planeta na internet. E tento assistir a um jogo dos Bruins com
alguns amigos de vez em quando.
Foi um bate-papo de primeiro encontro, e isso fez Rachel
sorrir. Eles se conheciam há muito tempo, mas, quando se
tratava de suas vidas particulares, ainda havia muito mistério.
Por exemplo, ela não fazia ideia de que ele era torcedor de
hóquei. Ao contrário de alguns empregadores para os quais ela
trabalhou no passado, ele não pediu ou esperava que ela
administrasse seus assuntos pessoais.
— Não entendo muito sobre hóquei, — confessou. — Mas
meu pai gosta de beisebol. É uma das razões pelas quais não
brigou com minha mãe quando ela sugeriu mudar para a
Flórida. Treinos de primavera.
— Eu jogava beisebol quando era criança. Arremessador,
dos bons, na verdade.
— Ninguém nunca diz que era um péssimo arremessador.
Todo mundo era dos bons.
Ele fez um som de afronta e parou de andar. — Você não
acredita em mim?
— Não falei isso. Só estava fazendo uma observação. —
Ela tentou não rir da expressão ofendida dele, mas falhou.
— Olha só. — Ele caminhou até um monte de neve e fez
uma bola de neve. Em seguida, apontou para uma placa um
pouco distante. Quando jogou a bola de neve e acertou o centro
da placa, ele se virou com um sorriso maroto.
A bola de neve que ela fez às pressas o atingiu no peito e
ela riu até que ele se abaixou para pegar mais neve em suas
mãos. Então, com um grito, ela se escondeu atrás de uma
árvore enorme e tentou construir seu próprio arsenal de neve.
A batalha durou um pouco, os dois se esquivando de uma
bola à outra, até que ela ficou sem fôlego e morrendo de calor
em seu casaco. Então, ela o pegou a céu aberto, desarmado, e
lançou sua última bola de neve. Ele se virou no último
segundo, então a bola propositalmente macia explodiu em seu
cabelo.
Com um rugido, ele avançou e a derrubou em um monte
de neve, caindo em cima dela. — Acho que você deixou de fora
um pequeno detalhe sobre sua educação.
Ela deu a ele um olhar inocente. — Oh, eu não mencionei
os campeonatos de softball do ensino médio?
— Arremessadora?
— Receptora, na verdade.
— Ah. Isso explica seu cinismo em relação aos
arremessadores.
Ela deu um tapa no ombro dele. — Não sou cínica. Só
estou dizendo que em algum lugar deve haver alguém que foi
um péssimo arremessador naquela época.
— E ele não vai contar a ninguém.
— Você é pesado e não estou vestida para rolar na neve
com você. — O frio estava se infiltrando em seu corpo com a
mesma certeza de que a umidade da neve estava encharcando
seu jeans.
Ele se levantou e estendeu a mão para puxá-la para cima.
— Pelo menos não tem neve derretendo em suas costas.
— Porque fui inteligente e levantei meu capuz.
— Devíamos voltar para o quarto e tirar essas roupas
molhadas.
O calor percorreu o corpo dela, afastando o frio. — Espero
que o serviço de quarto tenha levado minha roupa de volta ou
não terei roupas secas para vestir.
— Não vejo problema nisso.
Rachel riu e segurou a mão dele, tentando acompanhá-lo
enquanto ele voltava para o hotel muito mais rápido do que se
afastaram dele.

***

Adrian se segurou até que estivessem em segurança atrás


da porta fechada de seu quarto, mas assim que se fechou, ele
a pressionou contra a porta e a beijou como se nunca pudesse
beijá-la outra vez.
Conseguiu tirar os casacos sem tirar os lábios dos dela,
mas a camisa dela era um pulôver, então precisou se afastar
para realizar sua missão de deixá-la nua. Ela obviamente tinha
o mesmo plano porque estava desabotoando a camisa dele. Ele
abriu a braguilha para liberar um pouco da pressão e permitir
que ela puxasse a camisa de sua calça.
— Precisamos tirar sua calça, — ele disse. — Não quero
que pegue um resfriado.
— Ela está um pouco molhada.
— Sério? — Ele sorriu.
Rachel revirou os olhos. — Engraçadinho. Me ajude a
tirar as botas se quiser que eu tire essa calça logo.
Ele a levou para a cama e a fez se sentar na beirada para
que pudesse tirar as botas dela. Então ele agarrou a barra da
calça dela e começou a puxá-la. Com cada puxão, ela deslizava
um pouco mais para baixo na cama. Rindo, segurou o quadril
antes que acabasse no chão. Então, ele fez uma pausa para
apreciar a vista.
— Precisa de ajuda com suas botas? — Ela perguntou.
— Há uma razão para eu usar botas sem cadarços.
— No caso de ter uma vontade repentina de transar com
alguém que jogou na neve?
— Exatamente. Eu teria sido um escoteiro se existisse um
emblema para esse tipo de preparação. — Ele tirou as botas e
se livrou do resto das roupas em menos tempo do que levou
para tirar uma das botas dela.
— “Não precisamos de emblemas fedidos”1.
— Eu amo uma mulher que sabe citar falas clássicas de
filmes durante o sexo.
Ela riu, abrindo os braços enquanto ele subia na cama e
se abaixava sobre ela. — Não tinha ideia de que você era tão

1 Fala clássica do filme O Tesouro de Sierra Madre (1948).


fácil. Eu teria adicionado alguns canais de filmes no meu
pacote básico de canais.
— Arrume alguns desses canais pay-per-view e você vai
conseguir algumas citações de filmes que me deixariam de
queixo caído.
— Falando nisso, acho que estou com mais roupas do que
você.
— Não por muito tempo.
Ele começou tirando as meias dela, mas pulou a calcinha
de renda, subindo até o sutiã. O tecido de cetim mal escondia
seus mamilos e ele chupou um em sua boca. A língua dele
deslizou sobre o sutiã, provocando-a até que ela gemeu.
Enganchando o dedo sob a renda, ele puxou o tecido úmido
para expor todo o seio. Então, enquanto esbanjava atenção ali,
ele se abaixou e abaixou a calcinha o suficiente para que ela
pudesse chutá-la.
Adrian demorou a tocá-la. Ele amava a sensação da pele
e do sabor dela. E quando ela finalmente implorou para que
ele estivesse dentro dela, ele amou o calor dela. Ele se movia
devagar, com um ritmo tranquilo, na esperança de prolongar o
momento, mesmo sabendo que era inútil. Ela era gostosa
demais.
Ele aumentou o ritmo quando as unhas dela cravaram
nos ombros, dele e gemeu quando o clímax dela o atingiu. Ela
apertou ao redor dele e disse seu nome em uma respiração
ofegante. Isso foi tudo que precisou. Ele gemeu, jorrando na
camisinha enquanto seu corpo pulsava.
Com os músculos esgotados pela guerra de bolas de neve
e outro orgasmo, ele descansou por um momento antes de
jogar a camisinha no lixo e se esticar ao lado dela.
— “Não se divertiram?” — Ela murmurou.
Ele virou a cabeça para olhar para ela. — O quê?
— É do Gladiador. Com Russell Crowe.
Ele riu e a aconchegou contra seu corpo antes de fechar
os olhos. Só por um minuto.

***

Rachel acordou de repente, o que a pegou de surpresa.


Fazia tanto tempo que não cochilava no meio do dia que nem
conseguia se lembrar da última vez. Claro, ela também não
conseguia se lembrar da última vez que ela fez sexo incrível no
meio do dia,.
Quando ouviu um toque, deu-se conta de que seu celular
a havia acordado e estendeu a mão para pegá-lo. Adrian tentou
segurá-la, mas ela esticou o braço e o agarrou.
O número do escritório estava piscando na tela de
identificação de chamadas e um rubor de culpa aqueceu sua
pele. Ela sabia que era estúpido, mas não conseguia evitar. Ela
estava nua ao lado do chefe.
Mas não teve coragem de deixar a ligação ir para o correio
de voz. A equipe nunca ligava apenas para conversar. Ela
apenas rezou para que Adrian ficasse quieto. Não que quem
estivesse do outro lado da linha chegaria à conclusão de que
estavam na cama juntos se a voz de Adrian fosse ouvida ao
fundo, já que isso acontecia com bastante frequência, mas
Rachel sabia. Isso já era bastante ruim.
— Oi, Rachel, é Alex. Está ocupada?
— Não. O que foi?
— Encaminhei para você o e-mail do restaurante para
que aprovarmos o menu final da festa de Natal e você não
respondeu. Já se passaram algumas horas, então resolvi ligar.
— Você sabe que é sábado, né? E o que isso dizia sobre
ela ser escrava do celular quando um e-mail sem ser visto por
duas horas mereceu uma ligação?
— Oh, isso faz diferença agora?
Rachel riu. — Tudo bem, espertinho. Vou abrir meu e-
mail e ver o menu.
— Logo?
— Me dê dez minutos.
— Já voltou para Boston, certo?
Rachel engoliu em seco, tentada a mentir por um segundo
antes de perceber como isso era desnecessário. — Não, a
tempestade fechou as estradas, então ainda estamos no Monte
Lafayette.
— Elas ainda não estão abertas?
— A rodovia está aberta, mas algumas das estradas locais
menores ainda estão uma bagunça. — Isso não era
inteiramente mentira, já que devia ser verdade em alguns
lugares.
— Presa na neve com o chefe, hein? Que divertido.
Você não tem ideia. — Vou responder aquele e-mail e nos
vemos na segunda-feira.
Quando a ligação terminou, Adrian passou o braço em
volta dela e a arrastou em sua direção. — Você não deveria
estar trabalhando.
— Eles estão acostumados comigo respondendo aos e-
mails imediatamente. Devem ter ficado com medo de que eu
tivesse sido sequestrada por algum homem da montanha e
sendo forçada a cozinhar os animais que ele atropelou.
— Por mais fascinante que pareça, — ele disse, passando
a mão pela coxa dela, — Chega de atender o telefone.
— Eu tenho que ler o e-mail de Alex. — Ela prendeu a
respiração quando a mão dele deslizou entre suas coxas para
que os nós dos dedos roçassem sua pele sensível.
— Você pode responder ao e-mail com uma condição.
— Meu chefe me subornando para não trabalhar não é
nada estranho.
— Você pode responder ao e-mail dele, mas depois vamos
passar o resto do dia e a noite nesta cama. Serviço de quarto.
Um pouco de champanhe. Talvez um pequeno desvio para
aquela enorme banheira no banheiro.
— Com espuma?
Ele suspirou exagerado, como se a ideia de mergulhar em
uma banheira com espuma custasse muito a sua dignidade
masculina. — Com espuma.
— Eu preciso de cinco minutos. Dez no máximo. E sem
sua mão entre minhas pernas.
Ele retirou mão e se apoiou no cotovelo para observá-la.
— Dez minutos e depois minha boca vai terminar o que minha
mão começou.
Levou dez minutos inteiros e ela ainda não tinha ideia do
que acabara de aprovar. Macarrão com queijo, talvez. Mas na
marca dos onze minutos, ela não se importou mais.
Capítulo Cinco

Viajar não era fácil para Adrian. Ele gostava de seu


escritório e de seu apartamento e de ter suas próprias coisas
ao seu redor, então, fosse de avião ou de carro, sair de casa era
um pouco sofrido para ele.
Agora, pela primeira vez, estava hesitante em voltar para
casa. Exceto pelo fato de que não poderia durar, o fim de
semana tinha sido quase perfeito e ele teria dado qualquer
coisa para estendê-lo.
— Você parece muito sério, — Rachel disse, empurrando
o carrinho do serviço de quarto em direção à porta. Eles ainda
estavam com roupões azuis após o longo banho, o cabelo dela
enrolado em uma toalha e os pés descalços, o que ele achou
super sexy.
Devia ser porque parecia tão real. Era uma cena
doméstica que mexeu com seu coração e o fez começar a querer
coisas nas quais não havia pensado muito antes. Ele sabia que
um dia encontraria uma esposa e teria alguns filhos, mas seu
foco estava nos negócios. Agora seu foco estava firmemente na
mulher que estava tão confortável e à vontade com ele.
— Só pensando sobre as condições da estrada, — ele
mentiu.
Ele achava que nunca se cansaria de ouvi-la rir. — Você
não vai escapar do trabalho tão fácil. As estradas estão boas e
temos que ir para casa hoje.
Não era o trabalho. Ele amava o trabalho, o que
provavelmente tinha muito a ver com o quanto ele era bom.
Não queria deixar este casulo de intimidade que ele e Rachel
haviam feito.
Ele fez um som falso de tosse. — Acho que estou ficando
doente.
— Não vou brincar de médica com você.
Agora ele riu, sentando-se na beira da cama. — Estava
tentando faltar no trabalho, mas estou sempre pronto para
interpretar personagens. Você pode ser a loira gostosa do bar
e eu serei o estranho que a enche de bebidas e piadas ruins.
— Piadas ruins? Isso nunca daria certo.
Ele a agarrou pela cintura quando ela passou e eles
caíram para trás na cama. A toalha na cabeça dela escorregou,
liberando uma cortina de cabelo molhado e embaraçado. —
Algumas mulheres achariam isso sexy.
— Eu recomendo enchê-la de bebidas primeiro e depois
as piadas ruins.
— É por isso que subiu comigo? Por que te enchi de
bebidas?
Ela beijou a ponta do nariz dele, o que o fez rir. — Eu subi
com você porque você é sexy e engraçado e eu queria você.
Obviamente, havia muita química e tivemos que saciar esse
desejo.
— Ainda não foi saciado.
— Estou sentindo isso. Hotéis como este teriam que ter
roupões de banho mais grossos.
— Acho que devo consultar uma médica sobre isso.
Ela revirou os olhos. — Já disse que não vou brincar de
médica com você.
— Está certo. — Não havia como ele sair da cama
enquanto o roupão dela o provocava com vislumbres de pele.
— Eu poderia ser um pirata e você ser minha escrava.
— Não. — Ela estava tentando não sorrir para ele, mas
ele sabia que a batalha estava quase perdida. — Que tal eu ser
a mulher com um monte de coisas para colocar nas malas e
você ser o cara que leva minha bagagem para o carro.
Ele se mexeu para ficar preso entre as pernas dela com
mais firmeza. — Depende. Vou ganhar uma gorjeta especial?
— Vai sim. Vai ganhar outra bola de neve na cara.
— Engraçadinha. — Ele segurou o rosto dela com a mão,
passando o polegar pelos lábios dela. — Que tal eu ser o cara
que acha você incrível e linda e que não consegue ficar com as
mãos longe de você?
— E serei a mulher suscetível a esse tipo de elogio. — A
onda de vitória aumentou a onda de desejo e Adrian empurrou
o roupão dela sobre os ombros. — Mas precisamos ir para casa
hoje.
— Em algum momento, — ele admitiu antes de tomar um
dos mamilos em sua boca.
Já estava quase anoitecendo quando finalmente se
afastaram do Monte Lafayette, mas Adrian não se arrependeu
da saída tão tarde. Assim que pegou a rodovia, ajustou o
controle de cruzeiro e dirigiu com a mão esquerda, enquanto
segurava a mão dela com a outra.
Nenhum deles realmente mencionou o futuro. Ele
gostaria de saber quais eram as expectativas dela, no que diz
respeito ao relacionamento deles. Se assumisse demais, isso
poderia complicar as coisas no trabalho. Mas se assumisse
muito pouco, poderia perder uma grande coisa.
Ele olhou para ela, tentando encontrar as palavras certas
para sutilmente trazer o assunto à tona e então teve que rir
baixinho. Ela já estava dormindo, a cabeça apoiada na alça do
cinto de segurança.
Lá se foi a conversa. Precisou que admitir que ficou um
pouco aliviado. Se não falassem sobre isso, ela não poderia
dizer a ele que tinha sido uma aventura de fim de semana que
ela já havia deixado para trás.
Quatro horas e meia depois, surfando no rádio e lutando
contra a hipnose na estrada, ele sacudiu Rachel para acordá-
la. — Ei, querida. Você precisa acordar e me dizer onde mora.
— Você sabe onde eu moro, — ela murmurou.
— Em teoria, sim. Mas dirigindo nesta cidade à noite?
Não muito.
Grogue, ela sentou-se ereta e deu-lhe as instruções de
seu apartamento. Não havia estacionamento fora da rua, então
ele pegou a chave dela e a deixou no SUV enquanto carregava
a mala escada acima e a colocou do lado de dentro da porta.
Ela o encontrou no meio do caminho, claramente
exausta. — Me desculpe por ter dormido todo o caminho para
casa. Acho que não fui uma boa companhia.
— Não, foi bom. Seu ronco me manteve acordado. — Ela
revirou os olhos, aparentemente cansada demais para dar um
golpe em seu braço. — Vejo você amanhã, certo?
Ela deu a ele um olhar estranho. — Claro. É você quem
está tossindo, não eu.
Ele percebeu tarde que tinha feito a pergunta sem jeito,
como se estivesse conversando com um encontro normal que
ele queria voltar a ver. Claro que ele iria ver Rachel no
escritório. O que realmente queria saber era se a veria depois
do escritório.
Mas ele podia ver a exaustão no rosto dela, então
arquivou isso para se preocupar amanhã. Inclinando-se para
perto, deu-lhe um beijo lento e profundo. — Boa noite, Rachel.
Ela deu a ele um sorriso sonolento. — Boa noite, Adrian.
Seus bocejos eram contagiosos, então, assim que estava
de volta em seu SUV, desligou o aquecedor e ligou o rádio.
Assim que a viu fechar a porta, ele se afastou do meio-fio.
Cantando bem alto, mas mal, uma antiga balada de uma
banda metal, ele foi para casa.

***

Rachel não era uma pessoa que reclamava das segundas-


feiras. Embora não fosse seu dia favorito da semana, tinha a
sensação de que definia o tom para toda a semana de trabalho,
então sempre tentou vê-la pelo lado otimista.
Mas nesta segunda-feira, o ônibus dela se atrasou, a
cafeteria colocou aroma de avelã no café que ela só sentiu o
sabor quando era tarde demais para voltar e, quando entrou
no escritório de Adrian, ele olhou para ela e disse bom dia
antes de consultar a agenda no celular.
Exatamente como fazia todas as manhãs de segunda-
feira. Mas não era qualquer manhã de segunda-feira. Era o dia
depois que ele lhe deu um beijo de boa noite e a deixou com
promessas brilhando em seus olhos.
Mas, em seu nervosismo com a situação, ela entendeu a
dica.
— Bom dia, sr. Blackstone.
— Rick Bouchard ligou, — ele disse, folheando alguns
papéis. —Alex deve ter feito um ótimo trabalho com a
apresentação porque Bouchard está ansioso para falar comigo.
Infelizmente, ele é do tipo que gosta de olhar nos seus olhos
enquanto você fala, então preciso de um voo o mais rápido
possível para Vail, Colorado. Amanhã de manhã, de
preferência.
— Que boa notícia. — E era mesmo. Se Rick Bouchard
estava tão ansioso para falar com Adrian antes do Natal, o
contrato com a BHR para lidar com a restauração da vila
estava garantido.
— Eu vou com você?
Outro resort. Outro país das maravilhas do inverno com
a possibilidade de ser encoberto pela neve. Ela sentiu uma
onda de excitação no estômago.
— Não dessa vez. Vai ser muito casual, porque ele não vai
trabalhar durante as férias com a família. E preciso que você
mantenha a equipe focada no trabalho até o início oficial das
férias. Mais a festa de Natal chegando e isso vai mantê-la muito
ocupada.
Ele parecia ter uma lista completa de motivos para ela
não ir para o Colorado com ele, e a vibração em seu estômago
esvaneceu. Mesmo se fosse uma lista válida, poderia ter sido
precedida com algo como eu realmente adoraria levar você
comigo, mas...
— Vou reservar o seu voo assim que terminarmos aqui.
Prefere um motorista ou locar um carro no Colorado?
— Não vou ter tempo para passear, então pode ser um
motorista.
Deveria ser reconfortante esse retorno à normalidade
profissional, mas fez Rachel se sentir vazia. Ele nem olhava
para ela, então era difícil ver se pelo menos havia algum calor
especial em seus olhos por ela.
— Vou organizar isso, — ela disse, e então deu meia-volta
e saiu do escritório.
Quando chegou ao seu escritório menor, deixou a porta
aberta como sempre fazia. A equipe colocava suas cabeças
para dentro e para fora ao longo do dia, e isso mantinha a
comunicação aberta. Ela descobriu que se fechasse a porta,
relutariam em incomodá-la.
Ela ligou o computador, tomando um gole do
desagradável café de avelã. Havia uma cafeteira no escritório,
mas pagou muito caro pelo que tinha e havia um hábito a ser
considerado. Ela sempre trazia sua primeira xícara do dia com
ela. — Ei, Rachel, você tem o relatório de despesas da viagem
dele para a Filadélfia em outubro? — Del perguntou de sua
porta. Ele fez a contabilidade, presumindo que não extraviou
as informações que ela lhe deu.
— Enviei para você em outubro.
Ele deu a ela um sorriso tímido. — Ops?
— Vou reenviar. — Ela balançou a cabeça para os
agradecimentos dele e abriu seu e-mail. Grata por não ter que
encontrar uma folha de papel do livro-razão de maio, ela
reenviou o arquivo para o e-mail de Del e mentalmente o
checou. A passagem de avião e o serviço de carro para o
Colorado foram os próximos. Passou-se mais uma hora antes
que outra cabeça aparecesse. Desta vez, era Michelle, que fazia
o trabalho de escritório geral. — Há um problema com o
carvalho que o sr. Blackstone queria para a casa de campo de
Nantucket.
— Qual é o problema?
— É pinus.
— O carvalho é pinus?
— O carvalho não é pinus. Mas enviaram pinus em vez
de carvalho.
Rachel esfregou sua têmpora. Erros de fornecedores eram
a única parte de seu trabalho que ela realmente odiava.
Significavam vários telefonemas para resolver os problemas.
Atrasos para os empreiteiros. Desculpas e recusas do
fornecedor. E um Adrian Blackstone muito zangado. — Envie
as informações para mim. O sr. Blackstone está indo para o
Colorado pela manhã, então eu cuido disso.
— Só para você saber, o próprio empreiteiro ligou para o
fornecedor e lhe disse que não deveria usar um martelo se for
idiota demais para saber a diferença entre carvalho e pinus.
Então a situação já está uma bomba e sei, pela história
passada com este fornecedor, que não vai ser resolvida antes
do Natal. Pode demorar duas semanas, se não mais.
Portanto, desta vez, o empreiteiro pode estar ainda mais
chateado do que Adrian. — Obrigada pelo aviso. E me faça um
favor. Pesquise fornecedores alternativos para os materiais que
compramos desse cara. O sr. Blackstone não vai gostar da
maneira como falou com um membro da equipe dele. Vou
precisar de números, caso ele queira cancelar o negócio.
— Claro.
Continuou assim durante a maior parte do dia,
mantendo-a ocupada demais para pensar na repentina
distância emocional de Adrian. E quando ele marcou um jantar
com um investidor para aquela noite, ela sabia que não teria
respostas tão cedo. Não com ele em um avião saindo de Logan
pela manhã.
Talvez Adrian indo para o Colorado fosse o melhor. A
ausência dele daria a ela o espaço recuperar o equilíbrio,
enquanto lhe daria um pouco de distância do tempo que
passaram no Monte Lafayette.
Enquanto ele estava em Vail conversando com o
proprietário de uma vila, Rachel aproveitaria a oportunidade
saciar esse desejo por ele por pura força de vontade. E talvez
algumas lágrimas.

***
A mente de Adrian estava nadando em incerteza, incapaz
de se concentrar em um plano. Ele não se sentia assim com
frequência enquanto estava sentado atrás da enorme mesa de
madeira que resgatou de uma venda de usados e a restaurou.
Era o primeiro dia de volta ao escritório desde seu retorno
do Colorado. Rick Bouchard tinha sido um pé no saco,
insistindo em várias reuniões discretas em vez de apenas
resolver as coisas. O importante era que Bouchard havia
assinado na linha pontilhada, mas agora era quinta-feira e a
festa do escritório seria amanhã à noite e ele tinha a sensação
de que estava atrasado em quase tudo.
E não tinha ideia de como estava com Rachel. Ela dera o
tom logo na segunda de manhã com seu rápido Bom dia, sr.
Blackstone, cheirando a profissionalismo, embora estivessem
sozinhos em seu escritório. Ele ligou para ela várias vezes de
Vail, mas não importava o quanto tentasse manter a conversa
casual, ela continuava voltando ao profissional.
Infelizmente, ele entendeu a indireta. Ela queria manter
suas interações estritamente profissionais e não havia nada
que ele pudesse fazer a respeito. Já havia passado do limite ao
levá-la para a cama. Ele não forçaria ao pressioná-la sobre a
relação deles no trabalho.
Só precisava que não estivessem tão ocupados para que
ele pudesse conversar com ela fora do escritório, e isso não
aconteceria até depois da festa de Natal. A BHR fechava a
partir do meio-dia de sexta-feira - para dar a todos tempo para
se arrumar para as festividades e chegar ao restaurante onde
a festa era realizada – e voltava a abrir no dia 6 de janeiro.
Mesmo que ele trabalhasse em casa durante esse tempo,
e Rachel invariavelmente também trabalhava, teria quase duas
semanas de tempo livre do escritório para tentar acertar as
coisas entre eles. Ele não sabia o que era acertar ainda, mas
certamente não era isso.
Ele ouviu os saltos de Rachel se aproximando e afastou
os pensamentos pessoais. Agora que tinha um plano, talvez
pudesse se concentrar. — Recebemos uma mensagem de voz
sobre a vila na Toscana, — ela disse.
— Já? — Bouchard era um cara intenso e não ia ficar
olhando a banda passar neste projeto. — Algum problema?
— Já que meu italiano é inexistente, não tenho ideia. A
avó de Del falava italiano quando ele era criança e ele acha que
é só uma apresentação, mas eu não apostaria dinheiro na
interpretação dele.
Como o projeto da vila envolvia muito dinheiro, ele
precisava de informações melhores do que essas. — Preciso
que você arrume alguém na área que possamos contratar para
atuar como um contato. Talvez um agente imobiliário ou um
advogado. Bilíngue e não ligado a Bouchard ou aos
contratados de nenhuma forma. Alguém cuja lealdade será
conosco. Ou com nosso dinheiro, de qualquer maneira.
— Sim, senhor.
A maneira como Rachel disse essas duas palavras cortou
Adrian. Ela não foi insolente. Era mais porque a voz dela era
tão indiferente. Impessoal. Onde estava a mulher que gostava
de rir e zombar dele por causa de seu arremesso?
A postura dela era tão rígida quanto a voz, e ele percebeu
que ela estava assumindo uma postura profissional mais rígida
do que o normal. A única razão que podia ver para isso era a
possibilidade de ela estar tentando esconder a mesma
turbulência pessoal que ele sentia.
— Rachel, podemos conversar?
— Tenho muito o que fazer hoje, a menos que seja
importante.
Inferno, sim, era importante. — Eu acho que é. Talvez
você possa fechar a porta.
A máscara caiu e ela pareceu vulnerável por um
momento. Como uma mulher que não queria ter uma conversa
que acreditava que não acabaria bem. — Adrian, não posso
agora.
Pelo menos ela o chamou pelo primeiro nome. Era um
bom começo.
— Por favor?
Parecia que ela estava vacilando, mas antes que pudesse
responder, Del deu um passo atrás dela. — Ei, sr. Blackstone.
Rachel. Escutei de novo aquela mensagem de voz e, agora que
está mais silencioso no escritório, acho que ouvi a palavra
idiota.
— Faz só dois dias que assinei o contrato, — Adrian disse.
— Como poderíamos já ter irritado alguém?
— Pode ser que ele esteja chamando o sr. Bouchard de
idiota? — Del franziu a testa. — Ou quem sabe seja um número
errado.
— Encontre um maldito tradutor, — Adrian resmungou.
— Não existe um aplicativo para isso ou algo assim?
— Vou cuidar disso, — Rachel disse, e ela se moveu para
seguir Del através da porta.
— Rachel, espere.
— Precisamos saber se há um problema na Toscana, —
ela disse. — Vou usar meu celular para gravar e depois ir até
aquele restaurante italiano de onde compramos comida às
vezes. O cozinheiro fala italiano.
Ela se foi antes que ele pudesse deixar claro que Del ou
Alex ou qualquer outra pessoa no escritório poderiam levar a
gravação até o restaurante. Estava frustrado por ela estar
claramente evitando falar com ele se achasse que seria algo
não relacionado ao trabalho.
Mas então se lembrou de seu plano. Duas semanas sem
ninguém para se preocupar. Nenhuma pessoa entrando e
saindo de seus escritórios e os interrompendo com o que pode
ou não ser palavrões italianos.
Seu celular tocou e ele apertou o botão sem olhar para a
tela.
— Adrian Blackstone.
— Adrian, é Diane. Você vai me buscar amanhã à noite
ou vai mandar um carro para mim ou devo encontrá-lo na
festa?
Oh, droga. Ele estava tão concentrado em Rachel que se
esquecera de Diane.
Capítulo Seis

Tudo estava perfeito. Rachel olhou ao redor da sala de


banquetes reservada do restaurante sofisticado, satisfeita por
cada detalhe ter sido cuidado. Este era o terceiro ano em que
a festa de Natal da Blackstone Historical Renovations não foi
realizada nos escritórios e, embora tenha sido muito mais
trabalhoso, ela achou que valia a pena comemorar em um
ambiente tão lindo. Além disso, Rachel não tinha que lavar a
louça sozinha quando a festa acabasse.
Também marcava o início do recesso anual da BHR
durante o feriado e ela estava mais ansiosa para ficar duas
semanas fora do escritório do que antes. A tensão fez sua
cabeça doer, mas de jeito nenhum teria uma conversa com
Adrian sobre sua vida pessoal enquanto estivesse no escritório.
Ela sentia falta dele, no entanto. Sentia falta dele - do
Adrian que ela conhecera em New Hampshire - mas também
sentia falta dele profissionalmente. As coisas estavam
estranhas entre eles e, embora em parte fosse culpa dela, não
tinha certeza de quanto tempo mais conseguiria suportar.
— Os aperitivos estão incríveis, — Michelle disse,
segurando um pequeno prato com uma variedade de canapés.
— Você já comeu?
— Comi alguns na cozinha. Tenho que concordar sobre a
parte incrível.
— Eu juro, este é o melhor trabalho que já tive.
— Eu também, — Rachel concordou, mas Michelle já
estava se afastando.
Ela circulou pela sala, certificando-se de que falava com
todos e se apresentando a qualquer pessoa que não conhecia.
Todos estavam se divertindo, mas a multidão estava
começando a se perguntar em sussurros abafados onde estava
seu destemido líder.
Rachel congelou quando Adrian finalmente entrou na
sala. Mas seu estômago embrulhando e a fraqueza nos joelhos
não tinham nada a ver com o quanto o homem estava incrível
de calça social e um suéter casual de cor creme
Diane Austin estava com ele. Parecendo tão chique como
sempre em um vestidinho preto, com seu cabelo escuro caindo
em um corte elegante, a mulher a viu e sorriu.
Rachel devolveu o sorriso por puro hábito enquanto sua
mente girava. Adrian trouxe uma acompanhante para a festa
de Natal do escritório. E nem mesmo deu a ela a simples
cortesia de um aviso.
— Feliz Natal, Rachel! — Diane veio do outro lado da sala
e a abraçou antes que Rachel pudesse encontrar uma maneira
imperceptível de escapar. — Me desculpe pelo nosso atraso.
Uma cliente me ligou com uma crise e eu não pude deixar de
atender a ligação dela.
— Feliz Natal, Diane.
Quando Rachel se afastou do abraço da outra mulher, ela
teve o cuidado para que sua expressão não fosse nada além de
calorosa e acolhedora. Elas se conheciam desde que Rachel
entrou na Blackstone Historical Renovations porque Diane e
Adrian estavam namorando na época.
— Tudo parece ótimo, Rachel, — Adrian disse e seus
olhos eram calorosos quando ele sorriu para ela. — Você fez
um ótimo trabalho, como sempre.
— Este ano deleguei a maior parte para Alex, já que eu
estava... estava fora.
Pensar em ficar presa na neve com Adrian enquanto
Diane estava com a mão no braço dele a deixou desconfortável.
— Mas se me derem licença, quero verificar algo com a cozinha.
O mais graciosamente que pôde, Rachel saiu. Passando
pela cozinha, foi para o banheiro feminino e se trancou. Então
a máscara profissional desmoronou e ela olhou para a
expressão triste no espelho.
Claro que ele não tinha avisado que Diane estava vindo,
ela pensou. Diane estava na lista de convidados, assim como
estava todos os anos. Mesmo depois que pararam de se
relacionar romanticamente, Adrian e Diane continuaram
acompanhando um ao outro em eventos sociais.
No entanto, saber disso e ter uma explicação lógica para
aparecerem juntos não ajudou muito a aliviar o nó de dor em
seu peito. Ela não pôde deixar de se sentir desrespeitada e a
dúvida era se Adrian tinha feito isso de propósito para enviar
uma mensagem a ela. Ela não queria acreditar que ele seria
capaz disso, mas não tinha certeza.
Depois de alguns minutos, forçou-se a engolir o choro e
voltar para a festa. A última coisa que queria era que seus
colegas de trabalho perguntassem o que havia de errado
enquanto estavam ao alcance da voz de Adrian e Diane. Seria
muito constrangedor.
Pegando um prato e enchendo-o com os aperitivos que
pareciam mais satisfatórios, embora carregados de calorias,
Rachel começou a se socializar novamente. Com alguma
socialização estratégica e movendo-se pela multidão, ela foi
capaz de evitar Adrian por um tempo. Sabia que não iria durar
muito, mas por enquanto foi poupada de dar a ele o mesmo
sorriso falso que estava dando a todos os outros. Ao contrário
deles, ele saberia que não era verdadeiro.

***

Adrian tomou um gole de sua bebida e conversou


amenidades com seus funcionários e seus acompanhantes,
mas sua mente estava pensando em Rachel. De novo. Ou talvez
sempre estivesse. De qualquer forma, pensar nela
constantemente se tornou um hábito que ele não conseguia
parar.
— Não posso acreditar que enfim você teve coragem para
fazer isso e agora está estragando tudo.
Adrian olhou para Diane por cima do copo, as
sobrancelhas franzidas. — Coragem de quê?
— Coragem de ficar com Rachel. — A expressão dele deve
ter denunciado a surpresa, porque ela riu dele. — Eu não sou
cega ou estúpida, Adrian. A química entre vocês é tão insana
que estou surpresa que sua equipe não tenha percebido. Ou
perceberam e são bem inteligentes mantendo a boca fechada.
— Então, como estou estragando isso?
— Bem, trazer uma acompanhante para a festa não foi a
sua jogada mais esperta, Casanova.
— Você não é uma acompanhante. Você...
Quando Diane deu a ele um sorriso simpático e encolheu
os ombros, Adrian suspirou. Ele presumiu que Rachel sabia
que as coisas entre ele e Diane eram estritamente platônicas,
mas agora imaginava se foi por isso que ela desapareceu por
um tempo logo depois que ele chegou.
Depois da primeira festa de Natal que ele deu para sua
equipe, fazia questão de trazer Diane. Quando estava sozinho,
seus funcionários pareciam ter dificuldade em relaxar perto
dele. Mas quando tinha uma mulher com ele, ele parecia
menos como um chefe e mais como outro cara se divertindo.
Às vezes, ele fazia a mesma coisa por Diane. Era conveniente
quando se esperava que levasse companhia para um evento.
— Você poderia ter me ligado e me pedido para não vir,
Adrian. Eu não só teria entendido, mas ficaria feliz por você.
— É complicado.
— É por isso não se transa com pessoas que trabalham
para você.
Quando ele olhou para ela, ela encolheu os ombros. — É
verdade e você sabe disso. Especialmente quando essa pessoa
é tão indispensável quanto Rachel.
— Eu tenho um plano. Os escritórios vão ficar fechados
por duas semanas, então poderemos conversar longe de todo
mundo e passar algum tempo juntos aqui em Boston. Resolver
as coisas antes de voltarmos ao trabalho.
— Você deveria falar com ela sobre mim esta noite. Não
deixe isso virar veneno até que você decida que é hora de
colocar em prática esse plano, ok?
Ele sabia que ela estava certa, mas considerando como
Rachel tinha sido cautelosa quando se tratava de falar, ele
achou que não seria fácil ficarem sozinhos aqui, cercados por
todas as pessoas cujas opiniões ela valorizava.
— Enquanto isso, — Diane continuou, vou pegar uma
bebida e conversar um pouco com Del.
Isso chamou a atenção dele. — Del?
Ela encolheu os ombros. — Acho que são os óculos. Ele é
meio fofo, não acha?
Adrian presumiu que era uma pergunta retórica que não
exigia nenhum tipo de confirmação dele. Observou-a se afastar
antes de examinar a multidão, procurando por Rachel.
Ele a viu parada perto de uma longa mesa de sobremesas,
conversando com Michelle e Dana. Embora mal pudesse ouvir
o som por cima da música e das conversas, ele podia ver que
ela estava rindo e isso o chateou.
Ele tinha que fazer de tudo para ficar bem com Rachel.
Já tinha ido muito longe para perdê-la agora.

***

Enquanto observava Adrian no canto com Diane, suas


cabeças bem próximas enquanto tinham uma conversa
particular, Rachel não conseguiu conter a tristeza que a
invadiu.
Não havia dúvida em sua mente - ou em seu coração - de
que nada poderia voltar a ser como antes. Ela amava Adrian
Blackstone e não havia como voltar atrás. Era mais fácil
quando ela estava um pouquinho apaixonada por ele a
distância e podia pensar que era só uma paixão.
Mas a viagem ao Monte Lafayette tinha sido o ponto sem
retorno e ela estava totalmente envolvida. Não era algo que ela
pudesse deixar de lado quando passasse pelas portas do
escritório todos os dias e não pudessem continuar como
estavam. Não ia melhorar. Não tão cedo, de qualquer maneira.
Ela não podia continuar vivendo em negação. Doía muito
e ela não podia continuar fazendo isso consigo mesma e não
iria continuar fazendo isso com Adrian. Pela maneira como ele
tentou fazer com que ela falasse com ele algumas vezes, ele
sabia que o relacionamento deles estava acabado. A última
coisa que ela queria era confessar que se apaixonou por ele.
Embora tenha sido uma das coisas mais difíceis que já
fez, Rachel sorriu durante o resto da festa de Natal.
Tradicionalmente, Adrian saía primeiro e ela achava que não
estava respirando até que o viu saindo da sala de banquete
com Diane.
Passou-se mais uma hora antes que todos encerrassem a
noite. Os abraços e beijos e votos de um Feliz Natal e um
Próspero Ano Novo foram um final feliz para a noite, mas
Rachel teve dificuldade em aceitar o espírito da ocasião. A
única coisa que sentia era entorpecimento.
Assim que o último se foi, Rachel agradeceu aos
funcionários do restaurante e encontrou seu casaco. Estava
muito frio lá fora agora que estava totalmente escuro e ela
desejou ter chamado um táxi. Ela se virou em direção ao ponto
de ônibus e quase trombou com Adrian.
Foi a gota d’água. Talvez tenham sido os dois drinques
que tomou ou uma torrada de açúcar na mesa de sobremesas,
mas a raiva aumentou e dissipou a tristeza. — Uma
emboscada? Sério?
— Deixe-me levá-lo a algum lugar para que possamos
conversar.
Ela passou por ele. — O único lugar para onde vou é para
casa. Boa noite.
— Espere! Rachel, quero falar com você um minuto.
Ela parou de andar, mas respirou fundo para se firmar
antes de se virar para encará-lo. — Está um pouco frio para
ter uma conversa agora.
— Dois minutos. Você tem me evitado a semana toda.
Acho que pode me dar dois minutos.
Ela observou os flocos de neve caindo preguiçosamente
no cabelo escuro dele e resistiu ao desejo de tirá-los. — É meio
difícil evitar você. Isso seria estranho, já que trabalho para
você.
— Justamente. — Ele enfiou as mãos no bolso do casaco.
— As coisas estão estranhas e não quero que seja assim.
— Eu também não. É por isso que estou indo embora.
Ele a encarou e ela pensou se ele conseguia ouvir seu
coração disparado. Ela não sabia o que iria fazer até que disse
as palavras, mas, por mais doloroso que fosse dizer, achou que
era a coisa certa a fazer.
— O que quer dizer com você está indo embora?
— Vou arranjar um novo emprego. Não posso mais
trabalhar na BHR.
Ele estava balançando a cabeça, como se pudesse fazê-la
retirar as palavras com sua força de vontade. — Você não
precisa fazer isso, Rachel. Por favor, não faça isso. Podemos
resolver se apenas conversar comigo.
— O que aconteceu entre nós foi um erro. — Doeu tanto
dizer isso e ver o impacto que teve em Adrian. — E esperava
que isso não afetasse o que sinto no trabalho, mas afeta.
— Não precisa ser assim. Olha, eu errei. Não sabia como
agir no escritório quando voltamos, então fiquei muito
distante. E então estraguei tudo e trouxe Diane esta noite. Não
há nada entre nós. Não existe há anos.
— Não é só isso, Adrian. E o resultado é: não quero mais
trabalhar para você.
Ela sabia que nunca esqueceria o choque nos olhos dele.
E ela quase podia sentir a sensação de traição. Mas não
poderia voltar atrás, mesmo se quisesse. O relacionamento
deles estava irrevogavelmente quebrado.
Sem dizer mais nada, Rachel foi embora e desta vez ele
não tentou impedi-la.
Milagrosamente, ela não chorou durante a viagem para
casa. Em vez de mergulhar em um banho de espuma e colocar
o pijama confortável, como costumava fazer depois da festa,
ela se jogou no sofá. O dimensão do que ela fez foi esmagador
e mal teve energia para tirar os sapatos.
Ela acabou com qualquer esperança de um dia ter um
relacionamento com o homem que amava. E largou o melhor
emprego que já teve. Agora teria que atualizar seu currículo,
tentando inventar uma boa desculpa para uma entrevista do
motivo pelo qual saiu de uma empresa com a reputação da
BHR e sairia à procura de um segundo melhor emprego.
Mas primeiro, choraria muito. Já que as lágrimas caíram
e os soluços sacudiram seu corpo, ela não teve nenhuma
escolha a não ser enfrentar o desgosto.
Capítulo Sete

— Você mal tocou na sua torta, Adrian. — A voz de sua


mãe interrompeu o fluxo interminável de pensamentos sobre
Rachel e ele piscou. — Não está doente, está?
— Não mãe. Só estou um pouco cansado, só isso. — Ele
sorriu para tranquilizá-la, então remexeu na enorme fatia de
torta de abóbora com chantili que ela tinha colocado na frente
dele.
Como fazia todos os anos, Adrian havia voltado para casa
em Vermont para passar o Natal com os pais. Não era a
pequena casa em que ele cresceu. Seu pai não deixaria Adrian
construir uma nova casa para eles, mas cerca de dez anos
antes, Don Blackstone encontrou uma casa de fazenda incrível
sendo vendida por um preço baixo. Ela tinha uma ótima
estrutura, mas precisava ser removida do terreno ou demolida,
então Adrian comprou a casa e pagou pelo oneroso processo
de movê-la. Então, eles a restauraram juntos.
— Você parece um pouco aéreo, filho, — o pai disse. —
Sabe que sua mãe só vai ficar mais preocupada, talvez até se
convencer de que você está morrendo de uma doença horrível,
se não contar o que tem de errado.
Ele não queria falar sobre isso, mas também não queria
que a mãe passasse o Natal preocupada com ele. — Rachel
pediu demissão. Ela está procurando um novo emprego.
Os dois pareciam tão atordoados quanto ele, mas foi sua
mãe quem falou primeiro. — Você não pode deixá-la fazer isso.
— Eu não posso impedi-la.
— Mas ela é tão boa. Você está sempre falando sobre
como ela é boa. E falei com ela ao telefone e é uma mulher
adorável. Por que quer ir embora?
Ele respirou fundo, expirando lentamente. — Nós nos
envolvemos.
— Oh, filho. — Seu pai balançou a cabeça. — Você sabe
que tem que ter juízo.
— Ela não está processando você, está? — Sua mãe
sempre se concentrou no lado prático.
— Não, ela não está me processando. Não é assim.
Sua mãe jogou outra colher de chantili na torta dele,
como se isso fosse consertar tudo. — Então, como é?
— Estraguei tudo.
— Pior do que se envolver romanticamente com um
funcionário?
— Eu levei uma acompanhante para a festa de Natal do
escritório.
Houve silêncio na sala por tanto tempo que Adrian se
contorceu em sua cadeira. Ambos os pais deviam estar
pensando em um nome que pudessem chamar seu próprio
filho para indicar como se sentiam sobre a situação, sem
insultá-lo muito.
Ele contou a eles toda a história, do começo ao fim, da
forma mais honesta que pôde. Não havia sentido em tentar
fazer rodeios para que parecesse melhor. Eles eram os pais
dele. Um, eles saberiam que não era verdadeiro. E, dois, ele
não precisava fingir com eles. Eles o amavam mesmo quando
ele era um idiota total.
— Então é isso? — Seu pai perguntou quando ele
terminou. — Vai só deixá-la ir?
— Não posso fazer ela ficar, — ele repetiu.
— Você poderia pelo menos lutar por ela.
— Não sei o que fazer, pai. Não quero tornar isso pior para
ela. Ou para mim.
— Escute-me. — Seu pai se inclinou para a frente em sua
poltrona, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Não tínhamos
muito para lhe dar. Fizemos o melhor que podíamos, mas não
foi muito. Você teve que batalhar por tudo que tem. Batalhou
pelas notas para conseguir bolsas. Para ser aceito em uma boa
escola. Batalhou para aprender com os melhores construtores
e para provar seu valor em um mundo onde os homens têm
tanto dinheiro que nem consigo contar os malditos zeros. Mas
isso? A coisa mais importante que um homem pode ter na vida,
e só vai deixá-la ir?
Adrian engoliu o nó em sua garganta. — Não sei se
consigo trazê-la de volta.
— Se não fizer nada, você já a perdeu, — sua mãe disse
gentilmente. — Mas para ela deixar o emprego dos seus
sonhos, isso significa que está sofrendo. E se ela está sofrendo,
significa que se importa e provavelmente muito. Quando ela
terminar de comemorar o Natal, você precisa ir até ela. Sem
orgulho, sem pressão. Apenas diga a ela como você se sente.
— A família dela comemora em fevereiro porque os pais
dela moram na Flórida, — ele disse. — Ela passa o Natal
sozinha, assistindo a filmes.
Ambos os pais arquearam uma sobrancelha para ele de
uma forma tão sincronizada que ele quase riu. Mas não podia
partir agora. Ele sempre passava o Natal com seus pais.
Como se estivesse lendo sua mente, seu pai balançou a
cabeça. — Não seja idiota, Adrian. Você ama essa mulher. Não
a faça ficar sentada sozinha e infeliz enquanto você está aqui
sozinho e infeliz. Vá até ela.
— Quem sabe você consiga encontrar uma loja aberta e
comprar um presente de Natal para ela. Algo que brilha. —
Sua mãe estava começando a sentir aquela necessidade
desesperada de ter netos que suas amigas estavam passando.
— Eu já tenho um presente para ela.

***

Rachel sempre gostou de suas tradições do dia de Natal.


Era um pouco não tradicional passar o dia sozinha, mas dava
certo para ela e para sua família.
Em fevereiro, quando seus pais voltavam da Flórida para
esquiar, Rachel se juntava a eles na casa de sua irmã no
interior do estado de Nova York para um fim de semana de
Natal atrasado. Não apenas animava o que normalmente era
um mês sombrio, mas todos podiam aproveitar as promoções
depois do Natal quando faziam as compras.
Portanto, não havia como ficar deprimida sentada
sozinha em seu pijama de flanela, assistindo a filmes. Como
sempre. Este ano havia tristeza. E lágrimas. E devorar quase
todos os alimentos à base de açúcar da casa.
Foi muito estúpido transar com seu chefe? Ou, pior
ainda, se apaixonar por ele?
Ela deveria ter previsto isso, já que provavelmente estava
um pouco apaixonada por ele antes mesmo de ver o lado não
profissional dele. Mas passaram o fim de semana juntos,
embora ele tenha dito abertamente que o que acontecia em
New Hampshire, ficava em New Hampshire.
Vestida com seu pijama de Natal favorito - flanela azul
com bonecos de neve brancos por toda parte - Rachel ligou a
televisão e foi procurar um filme para assistir. Não tinha
certeza se algum deles poderia distraí-la de sua situação atual,
mas tentaria.
A batida na porta no meio da versão de 1951 de Um conto
de Natal com Alastair Sim a assustou. Ninguém passava assim
na casa de alguém no Natal.
Quando olhou pela janela de segurança, seu coração se
apertou e ela quase não o deixou entrar. Mas ele bateu de novo
e ela não sabia se ele iria embora se ela não falasse com ele.
Depois de tirar a corrente de segurança da porta, ela a
abriu e deu um passo para trás para deixá-lo entrar. O vento
frio estava gelado e ela não ia ficar do lado de fora de pijama.
Sem saber o que ele queria, ela só esperou que ele falasse.
Ele tirou um envelope lacrado do bolso interno e o
entregou a ela. — Achei que você gostaria de começar a
procurar um emprego o mais rápido possível, então escrevi
uma carta de referência. Você é fantástica no que faz e quero
ter certeza de que qualquer pessoa que a entrevistar saiba
disso. Faça-os pagar o que você quiser, porque você vale a
pena.
As palavras de elogio apertaram o coração dela. Claro,
eram um estímulo para seu ego profissional, mas não eram as
palavras que realmente queria ouvir dele.
— Obrigada, sr. Blacks... Adrian. — Ela pegou o papel
que ele estendeu, esperando que não notasse o tremor em sua
mão. — Você não precisava vir no dia de Natal para me dar
isso. Não vou deixá-lo na mão, então vou voltar ao escritório.
A menos que me substitua imediatamente.
— O escritório está fechado esta semana e, como eu disse,
não sabia quando você começaria a enviar seu currículo. — Ele
esfregou as mãos, como se estivessem frias. — E nunca vou
substitui-la no escritório, Rachel. Posso encontrar alguém que
faça o trabalho quase tão bem quanto você, mas nunca haverá
outra você. Alguém que não é apenas uma assistente executiva
brilhante, mas também compartilha minha paixão por salvar
propriedades históricas.
Ela ficou tentada a se render. A última coisa que queria
era trabalhar em outra empresa. E não era só por causa de
Adrian. Ele a inspirou e ela adorou fazer parte de seu trabalho,
mas também gostou da equipe e do trabalho em si. A
Blackstone Historical Renovations era única, no que lhe dizia
respeito.
Mas não podia vê-lo todos os dias, tentando esconder um
coração magoado enquanto ele a considerava uma mulher com
quem aplacou o seu desejo. Ela tinha que ir.
— Obrigada, — ela repetiu, pois o que mais havia para
dizer?
Ele se virou para ir embora, então parou como se tivesse
mais a dizer. Deslizando a mão no bolso, pegou algo e entregou
a ela.
Era um floco de neve do tamanho da palma da mão,
esculpido em madeira clara, com um fio prateado fazendo um
laço através de um pequeno orifício. Ela passou o polegar pela
superfície enquanto as lágrimas turvavam sua visão. Ela
tentou afastá-las, mas algumas já escorriam pelo rosto dela.
— Fiz isso para você. Trabalhei nisso enquanto pensava
em nós. Pensando em porque as coisas deram tão errado para
nós quando voltamos para a cidade.
— Quando entrei em seu escritório na segunda de
manhã, você me cumprimentou como fazia todas as manhãs,
desde que me promoveu a sua assistente executiva. Presumi
que falava sério quando disse que o que acontecia em New
Hampshire ficava em New Hampshire.
Ele balançou sua cabeça. — Foi só uma expressão
estúpida. Queria que você soubesse que eu não ia espalhar
pelo escritório que passamos o fim de semana na cama. Mas
não quis dizer que o que aconteceu em New Hampshire
terminou em New Hampshire. E depois você estava tão... você.
Me chamando de sr. Blackstone naquele seu tom profissional.
Achei que era um sinal de que estava tudo acabado. Que tinha
sido uma aventura de três noites e estava tudo de volta ao
trabalho e nenhuma diversão.
Então, cada um pensava que o outro não queria levar seu
relacionamento para Boston com eles. Mas isso não resolveu o
outro problema dela. — No café da manhã depois de nossa
primeira noite juntos, você disse que ainda não tinha saciado
seu desejo por mim. Quando vi Diane com você, presumi que
já tinha saciado.
— Nunca vou me saciar de você. Levar Diane para a festa
foi um grande erro. Era mais um hábito do que qualquer outra
coisa e, como sei que nossa amizade é estritamente platônica,
nunca pensei nela como namorada. Me desculpe por isso.
— Eu sabia que ela estava na lista de convidados. Sei que
vocês têm sido o acompanhante um do outro quando é
conveniente. Acho que pensei, embora não tivesse certeza do
que estava acontecendo com a gente, que você não a levaria.
— Não deveria tê-la levado. Eu deveria ter levado você.
Deveria ter beijado você na segunda de manhã e ligado todas
as noites. Deveria ter dito que não queria fingir que o fim de
semana passado nunca aconteceu.
— Eu nunca poderia fazer isso. É por isso que pedi
demissão.
Ele se aproximou dela e a dor nos olhos dele a fez segurar
o floco de neve com mais força. — Você disse que o que
aconteceu entre nós foi um erro, mas não acredito nisso,
Rachel. Estar preso com você foi a melhor coisa que já me
aconteceu e me recuso a acreditar que foi um erro.
— Foi a melhor coisa que já aconteceu comigo, também,
— ela admitiu em uma voz suave.
Pegando sua mão, ele a puxou para si e ela não resistiu.
— Eu te amo, Rachel. Se não posso ter você na minha vida e
no meu escritório ao mesmo tempo, escolho ter você para voltar
para casa. Posso encontrar alguém para ser minha assistente,
mas nunca poderei substitui-la em meu coração.
As lágrimas começaram a fluir sem controle e ela colocou
a mão sobre o coração dele. — Eu também te amo, Adrian. E
não quero trabalhar para mais ninguém. O trabalho que você
faz é incrível e quero fazer parte dele. E então, no final do dia,
podemos ir para casa juntos.
— Eu prometo a você que podemos fazer isso dar certo.
Quero passar o resto da minha vida com você.
— Feliz Natal para mim, — ela murmurou, antes de
colocar os braços em volta do pescoço e beijá-lo.
Epílogo

Um ano depois...

Rachel se levantou e saiu para o corredor em resposta à


chamada de seu chefe, levando seu celular no caso de ter que
fazer anotações ou verificar a agenda dele. Sem bater, abriu a
porta do escritório e entrou.
Adrian e seu potencial cliente olharam em sua direção e
ela deu a eles um sorriso caloroso, mas profissional. — O que
posso fazer por você, sr. Blackstone?
— Rachel, este é Bill Kennedy. Ele representa uma
construtora que concordou em nos contratar para transformar
um antigo hotel de esqui em um spa holístico em Vermont. —
O que ela sabia, já que estava no trabalho preliminar nos
bastidores, mas era assim que ele apresentava novos clientes
se viessem ao escritório. — Bill, você vai lidar com Rachel com
bastante frequência, especialmente se eu estiver viajando, mas
ela se certificará de que estou disponível se você precisar falar
comigo pessoalmente.
Bill se levantou para apertar a mão de Rachel e eles
trocaram gentilezas. Ela sabia que Adrian lhe daria o número
do celular dela e qualquer outra informação que precisasse,
então ela se desculpou quando reconheceu os sinais de que a
reunião estava terminando e saiu do escritório.
Assim que a porta se fechou atrás dela, Rachel abriu o
aplicativo que usava para controlar as incontáveis coisas que
tinha que lembrar e fez uma anotação para ver qual das
equipes tinham disponível durante o período de conversão de
hotel para spa. Enquanto Adrian dava a aprovação final para
tudo, o trabalho de Vermont seria feito quase exclusivamente
por um dos capatazes da BHR. Com a vila na Toscana se
preparando para ser um grande sucesso, Adrian tinha sido
recomendado para construtoras com muito dinheiro e ele
estava ficando entre os melhores.
Enquanto estava fazendo isso, ela fez uma anotação para
dizer a Adrian que sua assistente executiva precisava de sua
própria assistente.
— Ei, Rachel, você ainda está aqui? — Del estava
claramente saindo pela porta, assim como a maioria dos
funcionários.
— Ele está terminando com um cliente, então não por
muito mais tempo.
— Vejo você na festa, então.
Rachel verificou a hora em seu celular e estremeceu
enquanto voltava para o escritório. Já devia estar se
arrumando, pois gostava de chegar cedo no restaurante e se
certificar de que tudo estava perfeito para a festa de Natal. O
mais rápido que pôde, empacotou tudo que precisava para
ficar longe do escritório até depois do dia de Ano Novo, ouvindo
o resto da equipe saindo.
Ela enfim ouviu o estrondo baixo da voz de Adrian
enquanto ele levava Bill Kennedy para fora e deu um suspiro
de alívio. Esqueça chegar cedo para a festa. A essa altura, ela
teria sorte se chegar na hora.
Quando Adrian apareceu em sua porta, afrouxando a
gravata, ela sentiu a familiar onda de calor por seu corpo. Ela
nunca se cansaria deste homem.
— Parabéns, sr. Blackstone.
Ele caminhou em sua direção, empurrando-a até que ela
estivesse encostada na mesa. — Já que foi sua pesquisa sobre
spas holísticos que me ajudou a conseguir o serviço, parabéns
a você também, sra. Blackstone.
Ela também nunca se cansaria de ouvir isso. Fazia seis
meses e a maneira como ele a chamava de sra. Blackstone
ainda a fazia estremecer. Assim como a forma como sua boca
encontrou a dela, devorando-a como se tivesse passado dias
desde que a beijou, ao invés de meras horas.
— Todo mundo já foi, — ele murmurou contra os lábios
dela enquanto tentava puxar seu quadril um pouco mais perto
dele.
Ela o empurrou, rindo. — Oh, não, você não vai fazer isso.
Temos que sair daqui para não chegarmos atrasados à sua
festa.
— Chegar atrasado está na moda.
— Boa tentativa. — Ela enfiou o laptop na bolsa e olhou
ao redor do escritório uma última vez. — Falando em estar na
moda, você foi na lavanderia, certo?
— Achei que fosse a sua vez.
Uma rápida onda de pânico a fez se virar para encará-lo.
— Não, com certeza era a sua vez. Adrian, eu preciso do vestido
que...
A risada dele a interrompeu e ela balançou a cabeça. —
Não é engraçado, Adrian.
— É tão fácil provocar você. — Ele apagou as luzes
quando ela saiu do escritório e juntos verificaram se tudo
estava desligado e fechado para férias antes de saírem para a
rua.
O frio bateu em seu rosto e ela deslizou a mão na dele
para a curta caminhada até o carro. — Devíamos fazer a festa
de Natal em julho.
Ele riu. — Tenho certeza de que isso confundiria todo
mundo.
— Não os convidados que usam vestidos e salto alto.
Todos entenderiam perfeitamente. — Ela suspirou de alívio
quando ele destrancou o carro e ela deslizou para o banco do
passageiro. Como o arranque foi remoto, o ar quente e o couro
aquecido afastaram o frio quase que instantaneamente.
— Vai ficar ainda mais frio no norte, — ele disse ao
sentar-se no banco do motorista. — Não é tarde demais para
ir para o sul, sabe. Passar as férias em alguma ilha tropical.
— Sem chance. — Ela estendeu a mão e apertou a mão
dele. — Combinamos que passaríamos o fim de semana em
Vermont com seus pais e depois iremos para o Monte
Lafayette, como você me prometeu.
— Onde teremos uma quantidade absurda de sexo e
passaremos o dia de Natal assistindo a filmes de pijama.
— Vai tentar se saciar de mim, outra vez?
Ele sorriu com a provocação dela, então a puxou para um
beijo. — Vou passar o resto da minha vida fazendo amor com
você, minha esposa. Muito feliz, devo acrescentar.
— Então vamos indo, porque quanto mais cedo a festa
acabar, mais cedo poderei começar a exigir que faça isso.
Ele a beijou mais uma vez antes de colocar o carro em
marcha. — Feliz Natal, Sra. Blackstone.

Fim.

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