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Copyright© 2022 KEVIN ATTIS

Revisão: Lidiane Mastello


Capa: Hórus Editorial
Diagramação: Kevin Attis
____________________
Dados internacionais de catalogação (CIP)
INTENSO DESEJO — LIVRO ÚNICO
1ª Edição
1. Literatura Brasileira. 2. Literatura Erótica. 3. Romance
Contemporâneo. Título I.
____________________

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de

qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive

por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da

internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998).

Esta é uma obra de ficção, nomes, personagens, lugares e

acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor,

qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera

coincidência.

Todos os direitos desta edição são reservados pela autora.


Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1º de janeiro de 2009.
Sumário

Sinopse
Dedicatória
Nota do autor
1— Rotina
2 — Atrasada
3 — Encontro
4 — Preparação
5 — Jantar
6 — Beijo
7 — Conversa
8 — Doente
9 — Hospital
10 — Visita
11 — Malas prontas
12 — Lembranças
13 — Viagem
14 — Curtindo
15 — Jantar especial
16 — Madrugada
17 — Praia
18 — Do meu jeito
19 — “A Bar Brooklyn”
20 — “Scream Zone at Luna Park”
21 — Apaixonado
22 — Volta
23 — O que você quer?
24 — Passeio
25 — Almoço de negócios
26 — Convite
27 — Bar
28 — Fim
29 — Dias sombrios
30 — Brasil
31 — A primeira carta
32 — Dia triste
33 — Jantar fora de casa
34 — Volta
35 — No automático
36 — Distrações
37 — Piquenique
38 — A verdade
39 — Plano
40 — Festa
41 — Confissão
42 — Perseguição
43 — Recuperação
44 — Pedido
45 — Seis meses depois
46 — A segunda carta
47 — “Sim”
48 — Lua de mel
Epílogo — A última carta
Agradecimentos
Deguste o primeiro capítulo do próximo lançamento do
autor
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Sinopse

O amor é capaz de suportar uma mentira?

Para Steve Forbes, não. CEO de uma multinacional, o viúvo

só pensa em se dedicar ao seu trabalho e ao seu filho, que trabalha

ao seu lado. O homem dono de um coração de gelo não tem tempo

para o amor.

No entanto, tudo muda ao esbarrar em uma linda mulher que

vai bagunçar sua vida.

Alexsandra Burckhardt é uma mulher destemida, em busca do

seu maior sonho: fechar uma parceria com um grande empresário

no ramo dos negócios. O que eles não imaginavam, era que

pudesse surgir uma forte conexão entre os dois.

Seria apenas o começo de uma história de amor ou mais uma

grande mentira, que resultaria em mais dor e destruição?


Intenso Desejo é um eletrizante romance do autor Kevin Attis

repleto de hot com pegging e age gap.

Proibido para menores de 18 anos.


Dedicatória

A Maria Onete da Silva, nunca imaginei que pudesse perdê-

la, sinto sua falta...


Nota do autor

Antes de mais nada, obrigado por ter chegado nesta obra de

alguma forma! Fico feliz que tenha dado uma chance ao meu

trabalho e tenho que deixar algumas coisas claras.

Este livro se passa em Nova York, no entanto, algumas cenas

foram criadas por mim, alguns lugares foram pesquisados para

representar e boa parte existe, mas caso encontre algo fora da

realidade, saiba que foi uma escolha minha deixar desta maneira.

“Intenso Desejo” foi criado anos atrás como um romance

homoafetivo, no entanto, sempre imaginei Alexsander Burckhardt

como Alexsandra, e por isso, o livro ganhou um novo formato.

Durante o processo da reescrita deste livro, eu passei por

inúmeros problemas, o pior deles foi a perda da avó do Leonardo

Amaral, que passei no último mês de novembro e me vi em um

pesadelo igual Alexsandra. Por inúmeras vezes tentei desistir desse

projeto, mas como já havia feito isso antes, não achei justo com os
meus fiéis leitores e segui em frente. Quero agradecer a vocês por

tudo, afinal, sempre me procuram desejando saber sobre os meus

livros e isso me deixa cada vez mais animado para continuar

escrevendo. Espero de coração que a história de Alexsandra e

Steve os envolva de alguma forma e vocês gostem do que estão

prestes a (re)ler.

Gratidão por tudo!

Com carinho e amor;

Kevin Attis.
1— Rotina

O relógio desperta às seis e levanto, lembrando que é quinta-

feira, o que me anima um pouco. Não demora e sigo para o

banheiro do meu quarto, abrindo a ducha e permitindo a água me

molhar. Suspiro diante disso e recordo que hoje tenho uma reunião

importante nas Indústrias Forbes, lembro que havia sido meu filho

que marcou e estou ansioso para saber mais a respeito dessa

proposta.

Trabalho bastante, depois que minha esposa Elisa morreu,

dediquei-me ainda mais ao trabalho e abdiquei-me de algumas

coisas, como um bom relacionamento, até meu filho crescer. Henry

era muito pequeno quando sua mãe morreu por causa de uma

grave doença, Elisa era tão nova e havia sido tirada de nós.

É como dizem, não existe idade para a morte.


Depois de anos, finalmente comecei a me relacionar

publicamente, já que sempre tive meus casos às escondidas.

Jennifer foi uma boa namorada, mas depois que noivamos, tudo

mudou completamente e vi o quanto ela era uma mulher prepotente.

Ficamos bons anos juntos, mas em um golpe da vida, ela escolheu

a sua carreira e destruiu o meu coração de uma maneira que

ninguém havia sido capaz.

Relembro das vezes em que transamos em lugares

inapropriados, éramos duas máquinas de sexo que não parávamos

nunca, e ao relembrar, acabo rindo. Ainda debaixo da ducha, lavo

meu cabelo escuro, com alguns fios brancos. Sou um homem

maduro, de quarenta e cinco anos, cheio de tatuagens de uma

adolescência rebelde. Assim que finalizo o banho, sigo para o

espelho do banheiro e arrumo minha barba, quero estar o mais bem

apresentável possível hoje na reunião, disseram-me, por cima, que

o sócio, na verdade, é uma sócia, e estou completamente curioso

em relação a isso. Enquanto faço a barba, quase me corto e deixo o


barbeador elétrico de lado, lavando meu rosto e sorrio para minha

imagem, os dentes brancos refletem no espelho e noto a pequena

cicatriz abaixo da sobrancelha, quase imperceptível, que “ganhei” na

minha adolescência.

Sigo para o quarto e vou direto para o closet, onde pego um

terno preto, uma gravata cinza e rapidamente me troco. Coloco as

abotoaduras e noto os pequenos tufos de pelos nos meus braços,

que cobrem as tatuagens que fiz há tantos anos.

Dona Lourdes Mary Forbes, minha mãe, quisera me matar

naquela época, mas depois de um tempo simplesmente aceitou, já

que não havia nada a ser feito.

Visto-me rapidamente e pego o celular, carteira e chaves.

Saio do local e ando por um corredor estreito de paredes cinzas e

portas escuras. Bato na penúltima e abro, observando meu filho

dormindo seminu.
— Acorda, Henry, vai se atrasar para a reunião de hoje —

digo entrando e abrindo as cortinas, o sol invade todo o ambiente e

ele reclama.

— Eu não sei por que quis ser empresário como o senhor,

papai, estou de ressaca, me dê uma hora — pede bocejando.

Puxo o lençol dele e vejo um corpo parecido com o meu; pele

clara e bem malhado, cabelo escuro, olhos azuis, a diferença é que

meu filho não tem tatuagem alguma.

— Se vira, garoto, foi para boate em plena quarta-feira porque

quis, sabia dessa reunião, faz dois meses, você mesmo a marcou!

— Bato a mão livre na perna, fingindo indignação. — Vamos lá,

filhote, vai ser rápido.

Ele levanta e seu cabelo cai pelo seu rosto, a outra metade

arrepiado.

— Inferno! — diz me olhando. — Bem, que seja, te encontro

já, já na cozinha, não diz para vovó que bebi.


— Se passar de vinte minutos eu digo que bebeu e ainda veio

dirigindo — ameaço rindo de sua expressão de incredulidade.

— Ei! Vim de táxi, não sou tão imprudente a esse ponto — diz

um tanto sério.

— Sua avó não sabe disso — respondo e saio do seu quarto,

desviando de um objeto que ele joga na minha direção.

Desço a escada para o primeiro andar da minha cobertura, já

faz seis anos que mamãe, Henry e eu viemos morar aqui. Foi esse

lugar que a dona Lourdes Forbes havia escolhido para passar o

resto de sua vida, dizendo sempre que iria morrer encarando Nova

York e sua agitação.

Encontro mamãe sentada na cabeceira da mesa lendo uma

matéria no seu tablet, ela me vê e revira os olhos, levantando e

vindo na minha direção.

— Gravata torta — diz arrumando e me dando um beijo no

rosto. — Bom dia, querido.


— Bom dia, mamãe — digo retribuindo o beijo. — Levantou-

se cedo hoje.

— Ah, eu vou em uma butique com a Jéssica e a Anne,

combinamos de nos encontrar cedo para colocarmos o assunto em

dia.

“Assunto em dia” é a maneira delicada dela dizer “fofocar”.

— Tudo bem, hoje não poderei almoçar com você, tenho uma

reunião importante com Henry — olho o relógio e reviro os olhos —,

e ele está atrasado.

— Jovens — balbucia. — Tome café comigo ao menos.

Nos sentamos e nossa empregada, Abby, me serve de café

preto e pão com queijo, ovos e presunto — esse é o meu café da

manhã todos os dias, depois tenho que malhar duas horas sem

parar.

Começo a comer e mamãe volta a atenção para o tablet.


— Parece que o tempo vai mudar em Minnesota, só porque

pretendia fazer uma viagem para lá — diz ainda encarando o

aparelho.

— Minnesota? Por que não Paris? A senhora iria gostar de

tomar café embaixo da Torre Eiffel.

— Adoraria, mas não gosto de viajar sozinha. Anne e Jéssica

nunca me acompanhariam, duas tolas que se entregaram para a

paixão avassaladora. Giovanna também é outra vaca que disse que

vai pensar no assunto.

— Mamãe, você precisa de um namorado — digo ainda

comendo.

— Não, preciso de joias novas, isso sim — responde

displicente.

— Papai te deixou uma fortuna considerável quando faleceu,

você pode comprar — falo encarando meu café, continuo comendo


e vejo-a revirando os olhos e concordando com um aceno de

cabeça.

— Ah, o Charlie, como sinto falta dele, Steve. Seu pai era

maravilhoso! Um verdadeiro cavalheiro. Não como vocês de agora,

que nem abrem a porta para nós ou puxam a cadeira. — Reviro os

olhos ao ouvir isso. — Filho, está na hora de você arrumar alguma

moça juvenil, Jennifer era uma mulher promíscua e não deu certo,

mas você já está com quarenta e cinco anos! — diz segurando

minha mão.

Lá está o assunto que eu tanto odeio, minha mãe querendo

que eu me case ou namore com alguém. Será que ela ainda não

havia entendido que após toda a confusão com Jennifer eu quero

distância disso?

Ela melhor do que ninguém sabe o quanto fiquei desapontado

com as escolhas que Jennifer fez sem me consultar. Namorar agora

seria como me entregar ao suicídio.


— Mãe, não quero... — começo, mas ela me corta.

— Então ao menos arrume um namorado! Já pensou nessa

possibilidade, meu filho? — pergunta séria, minha mãe sempre

soube da minha bissexualidade. Quando descobri que gostava de

garotos e garotas, ela foi a primeira a saber. — Você só não pode

morrer sozinho.

— Não pretendo morrer agora, mãe — respondo de imediato.

Henry desce a escada com o cabelo molhado e nos encara,

rindo.

— Vovó dizendo para você arrumar alguém de novo? —

pergunta, sentando-se ao lado dela.

— Sim, querido, estava dizendo que seu pai deveria arrumar

uma garota ou um rapaz jovem, não sei! Ele só não pode ficar

sozinho e morrer sem ao menos ter a chance de se casar

novamente.
— Mamãe, por favor! — imploro, nervoso. — Eu não quero

me casar novamente, muito menos namorar.

— Pai, eu não sou mais criança para não falarmos sobre isso,

afinal, você já se relacionou com diversas pessoas e isso nunca foi

problema para mim. E a propósito, concordo com a vovó, está na

hora de você encontrar alguém sim e...

— Você foi onde ontem, Henry? — o corto e ele estreita os

olhos para mim.

“Traíra” deve ser isso que está pensando e quero rir disso.

— ... Acho que está na hora de irmos para empresa — diz,

mudando de assunto e fechando a cara.

Terminamos de tomar nosso café e nos despedimos de

mamãe, então saímos para a rua, prontos para enfrentar mais um

dia novaiorquino.
2 — Atrasada

— Alex! — o grito vem do andar de baixo, uma voz soando

alta no meu ouvido. — Acorda logo, você vai se atrasar para sua

reunião.

Levanto-me sobressaltada e vejo que são quase sete da

manhã, a minha reunião é às oito.

Droga.

Rapidamente corro para o banheiro, onde me dispo e tomo

banho. Evito molhar meu cabelo loiro porque é enorme, e isso

resultaria em mais uma hora para secá-lo completamente.

Seco meu rosto assim que saio do box e vejo no espelho do

banheiro que as sobrancelhas ainda estão bem alinhadas, como


tenho pouco tempo, não me preocupo em arrumá-las, então saio do

cômodo e me troco rapidamente.

Comprei uma saia risca de giz escura para esse dia, e vejo

pela janela do meu quarto que está calor em Nova York, e isso com

certeza vai fazer eu brilhar ainda mais nessa reunião. Sendo assim,

coloco a saia, uma blusa branca de seda, os sapatos de saltos altos,

e por último, o terninho. Prendo meu cabelo em um coque para cima

meio frouxo e me vejo no espelho.

A imagem reflete uma mulher alta, pele clara e olhos

castanhos, sorrio para mim mesma e vejo meus perfeitos dentes

retos, passo um perfume básico e saio do quarto, com a bolsa em

mãos, o celular e a chave do carro na outra.

Desço a escada e encontro minha melhor amiga e seu

namorado, José, na cozinha prontos para tomarem café.

— Bom dia, garota! — diz Nubia. Ela é minha melhor amiga

há anos, ainda éramos adolescentes quando nos conhecemos.


Depois que completei a maioridade, decidi vir morar em Nova York

para estudar e ela quis me acompanhar.

— Bom dia, Nu! — digo dando um beijo na sua bochecha, seu

cabelo escuro está preso, algumas mechas caindo soltas pelos seus

ombros largos. — Obrigada por me acordar, você me salvou. Como

vai, José?

Vejo o namorado da minha amiga e ele sorri, dando um beijo

no meu rosto.

— Ótimo, Nubia está fazendo ovos mexidos para nós, você

não vai comer? — pergunta.

— Vou ficar apenas nas torradas — digo, pegando o pote de

vidro dentro do armário. — Estou atrasada.

— Você foi dormir que horas? Às duas? — pergunta Nubia,

encarando-me.

— Às três da manhã, eu precisava repassar tudo antes de

hoje — digo à minha amiga. Ela me observa e rapidamente como


algumas torradas, bebendo um pouco da cafeína e me despedindo

deles. Dou um beijo no rosto dela, e sigo em direção à saída.

— Te vejo na hora do almoço, Bebê? — pergunta Nu.

Reviro os olhos para ela, Nubia sempre me chamou de

“bebê”, mesmo eu tendo vinte e oito anos e ela vinte e seis. Ela é

mais que uma amiga para mim, é como uma irmã, uma mãe quando

preciso de conselhos e até mesmo uma tia quando fico de TPM e

peço sorvete de chocolate com cobertura extra.

— Torça por mim antes de tudo — respondo, encarando-a. —

Se eu fechar esse contrato, vamos jantar no seu restaurante

favorito.

— Ai, você vai conseguir — fala da cozinha, cruzando os

dedos. — Quem diria que no fim você se tornaria uma empresária

em Nova York.

Sorrio para ela e aceno com a cabeça, um tanto confiante. É

verdade, nem eu mesma acreditei em mim quando finalmente


consegui abrir a minha empresa. Ainda é pequena e estamos

expandindo aos poucos, e se eu fechar este contrato, será melhor

ainda para mim e meus sócios, que confiaram no meu potencial e

me ajudaram a chegar até aqui. São quase três anos de muito

trabalho e quero crescer ainda mais.

Saio dos meus pensamentos e sigo para a garagem, entro no

carro meu e de Nubia e respiro fundo, encarando o volante do

Porsche Panamera. Compramos o carro juntas após nos

formarmos, eu em administração e ela em chefe de cozinha. É claro

que meus pais nos deram uma força e ela usou um pouco da sua

herança, já que seus pais morreram e é filha única.

Dou partida e vejo as ruas de Nova York bem agitadas, como

já é de costume, isso me deixa um pouco nervosa, mas tento

manter a calma e vejo no relógio que ainda tenho meia hora pela

frente.
— Você não pode se atrasar, Alex, demorou muito para

conseguir isso — digo respirando fundo.

É a mais pura verdade, enviei um e-mail com uma proposta

de fecharmos parceria nos negócios para as empresas Forbes sem

ao menos conhecê-la direito, demoraram muito para me responder,

mas no fim ficaram interessados e marcamos uma reunião. Algo que

demorou dois meses, o que foi uma loucura para mim e minha

ansiedade.

Eu nunca havia visto o dono das Indústrias Forbes, mas

sempre ouvia muitos falarem coisas boas sobre a empresa. Então

fui pesquisar e vi que de fato era uma empresa muito respeitada e

cheia de planos e ideias.

Senti que era uma resposta para o meu plano de vida; eu

queria ser uma empresária bem-sucedida e criar diversos

estabelecimentos para dar às pessoas uma chance para

trabalharem e terem seu próprio sustento. Mas, além disso, gostaria


de realizar um sonho que tenho desde muito nova, quando vi um

amigo gay meu sofrer maus-tratos pelos próprios pais.

“Casa para Todos” surgiu quando eu tinha menos de dezoito

anos, esse projeto seria uma espécie de pensão para acolher

pessoas que foram expulsas de suas casas por conta de sua

sexualidade.

Tenho alguns amigos gays e alguns tiveram o apoio de seus

familiares, entretanto, nem todos obtiveram da mesma sorte.

Quando um amigo meu me procurou e pediu ajuda, alegando que

havia sido expulso de casa, meus pais o acolheram e o ajudamos o

máximo que pudemos. Infelizmente, o seu problema era bem maior

do que imaginávamos, e quando vimos, ele simplesmente

desapareceu e meses depois recebemos a notícia de que havia

cometido suicídio. Foi aí que eu vi o quanto seria importante ter um

lugar que pudesse acolher essas pessoas e transpassar algo que

elas buscavam — o amor. O projeto “Casa para Todos” está desde


então guardado para quando tiver oportunidade, criá-lo e ajudar

milhares de pessoas.

Alguns diriam ser loucura, outros, um ato nobre da minha

parte em querer ajudar algumas pessoas. Porém, para isso

acontecer, eu necessito fechar este contrato. Mesmo já tendo uma

pequena empresa montada, os valores lucrativos que temos não

são o suficiente para idealizarmos todos os projetos que tenho em

mente. E foi aí que resolvi arriscar e as Indústrias Forbes surgiu no

meu caminho.

Eu nunca imaginei que meu e-mail seria respondido, mas foi,

e por conta disso eu estou estacionando na frente de um enorme

prédio com letras grandes escrito “INDÚSTRIAS FORBES”.

Saio do carro e respiro fundo, as pessoas passam pelas

calçadas às pressas, outras entram na empresa que — se tudo der

certo — eu serei sócia em breve.


Respiro fundo novamente e vou em direção ao prédio, pronta

para entrar e dar o meu melhor, afinal a minha equipe de projeto já

está lá dentro.

Sorrio pensando na possibilidade de trabalhar aqui com a

minha empresa e começo a andar, ansiando por esse momento, eu

estou cada vez mais próxima... Logo meu sonho chegará e...

Um corpo forte e alto bate de encontro com o meu, sinto

minhas pernas dobrarem e quase caio para trás, por conta dos

enormes saltos altos que uso. No mesmo instante, para minha sorte,

o corpo me puxa e me vejo colada a um peitoral forte.

— Meu Deus, me desculpe — diz um homem alto, de cabelo

escuro com fios brancos e olhar penetrante. Seus olhos azuis me

dominam de uma maneira inexplicável.

Solto-me dele e o observo melhor, notando que há várias

tatuagens pelo seu pescoço e até mesmo nas costas de suas mãos,

o que me deixa um tanto fascinada.


— Você se machucou? Quer ir ao médico? — pergunta ele

em uma voz grossa que me causa arrepios.

Paro de pensar no timbre da sua voz e lembro o que eu

estava prestes a fazer naquele prédio.

— Fica tranquilo, eu estou ótima, não caí graças a você —

sorrio —, mas não sei se devo agradecer, quase caí por sua causa.

Ele sorri sem graça revelando fileiras de dentes brancos e

retos, uma covinha se forma na sua bochecha e isso me encanta

ainda mais.

— Tudo bem, não precisa agradecer, só aceite as minhas

desculpas — diz ainda com o enorme sorriso no rosto.

O homem estende sua forte mão e a aperto, sentindo o calor

emanar dela.

— Desculpado, mas agora tenho que ir, até mais.


Viro-me na direção da entrada principal do prédio e ele segura

meu braço com delicadeza.

— Espere, fique com isso, nos vemos por aí. — Ele me

entrega um cartão prateado, sorrio e guardo no bolso, sem ao

menos ver qual é seu nome. Só porque ele havia mexido comigo,

não significa que irei sair por aí caindo nessas cantadas baratas.

Entro no prédio e vejo ele fazer o mesmo, então sigo para a

recepção e o perco de vista.

— Bom dia, eu sou Alexsandra Burckhardt da Empresa

Burckhardt, estou aqui porque terei uma reunião às oito com Henry

Forbes.

A moça me olha e sorri.

— Bom dia, srta. Burckhardt, poderia me emprestar seu

documento, por favor? — pergunta, um tanto gentil. Tiro minha

carteira de motorista e entrego a ela, que mexe no computador e um


tempo depois volta a me encarar. — Prontinho, é só você seguir até

o elevador, vigésimo quinto andar, à direita.

Agradeço-a e vou na direção dos elevadores, várias pessoas

entram nos pequenos cubículos de metal, talvez atrasadas assim

como eu.

Entro em um deles e digo para a mulher o andar que irei, ela

aperta e subimos. A cada andar, uma parada.

E isso me irrita, meu coração está mais do que acelerado,

está prestes a explodir!

— Vigésimo quinto andar — diz uma voz eletrônica.

Saio do elevador e avisto várias portas de vidro, sigo para a

da direita e encontro outra recepcionista.

— Bom dia — digo sorrindo.

— Bom dia, a senhorita é Alexsandra Burckhardt? Sua equipe

já está te esperando lá dentro, o sr. Forbes acabou de chegar, pode


me acompanhar?

Processo tudo isso em silêncio, então ela levanta e sorri.

— Ah, claro, vamos — digo, sem saber o que devo responder.

— A propósito, me chamo Rachel — diz apertando minha

mão. — Vamos.

Seguimos por outro corredor e logo paramos próximas a uma

enorme porta de madeira. O silêncio é claustrofóbico.

— Pode entrar, boa sorte — diz Rachel.

Agradeço e bato na porta, então entro para o meu grande

sonho.
3 — Encontro

A porta abre assim que entro na sala e me viro de costas, o

que vejo quase me faz cair para trás. É a mesma mulher que eu

quase derrubei a menos de dez minutos.

— Bom dia, srta. Burckhardt — diz um rapaz alto, negro e de

sorriso gentil, ele é da equipe da mulher e fico sem saber o que

dizer.

— Bom dia, Sergio, bom dia a todos — diz Alexsandra, acho

que é esse o nome dela, não fui eu que organizei essa reunião. —

Desculpem o atraso, o trânsito hoje não está tão favorável.

Agora, diante dela, percebo que fala muito bem a minha

língua, porém, dá para notar que não é daqui, o que me deixa mais

fascinado por essa mulher.


“O que está acontecendo comigo?”

Paro de pensar sobre isso e percebo que está na hora de

falar. Henry fica ao meu lado, apenas me observando, então

pigarreio e digo:

— Bom dia, srta. Burckhardt, não se preocupe com o atraso,

cheguei agora também.

Jamais eu diria para todas aquelas pessoas presentes que

esbarrei nela, ela sorri e se posiciona ao lado de Sergio.

— Obrigada por marcar essa reunião com a minha equipe, sr.

Forbes, é muito importante para mim — fala, alegre. E imagino que

sim, muitos matariam para ter uma reunião dessas com a minha

empresa, somos grandes no mercado, uma das maiores empresas

de todos os tempos.

Volto a sorrir e aceno com a cabeça, alegre por ter aceitado a

reunião. Não que isso seja a certeza de fechar negócio, ou até


mesmo ter algo a mais com aquela mulher fascinante, mas ver

empresárias indo atrás de seus sonhos, me deixa excitado.

— Fique à vontade para mostrar seu projeto quando quiser,

srta. Burckhardt — digo dando o aval para falar.

— Claro, desde que me chame apenas de Alex — pede.

— Só se você me chamar de Steve.

Somente nós dois rimos disso, os outros em volta apenas

esperam a reunião se iniciar.

— Bem, o nosso projeto é simples e objetivo — diz Sergio ao

lado de Alex, meus olhos não desviam dela —, estamos nos

empenhando para conseguir esse contrato para dar seguimento a

todos os nossos projetos. Alguns deles são rede de restaurantes,

academias, mercados e até mesmo baladas inovadoras por toda

Nova York, mas não pretendemos fazer só isso, queremos, quem

sabe, inaugurar um novo shopping na cidade. E claro, expandirmos

para o mundo todo.


— Tudo bem, mas o que tem de novidade nisso? — pergunta

meu filho, com o olhar sério. — Quero dizer, no mercado já têm

todas essas coisas. O que seria tão inovador para as pessoas

procurarem essas coisas?

Sergio parece preparado para a pergunta, mas quem

responde é Alexsandra.

— Se fizermos uma academia, por exemplo, poderemos

oferecer grandes recursos — diz ela ligando um telão. — Imagine

você entrar em uma academia e ter um instrutor só para você,

também ter aparelhos para somente o seu uso e além disso, você

ter uma copa onde pode preparar seus suplementos, shakes e

muitos outros. Parece coisa de livro, certo? Mas essa realidade já é

possível. — Ela aperta um botão mostrando uma pequena cozinha.

— Há também um banheiro individual.

— E o que mais? — pergunto.


— Bem, aí fica por conta do cliente, ele vai ter várias opções

nesse lugar. Se criarmos um supermercado diferente? Você pede

toda sua compra por um aplicativo — ela pega um celular para nos

mostrar —, e ela chega na sua casa em menos de uma hora,

facilidade, desempenho e praticidade.

— Eu iria adorar receber minhas compras em casa — diz

Luci, ela faz parte da minha equipe.

— E eu não sairia dessa academia, para quê, não é mesmo?

Só faltou a cama — diz Rick, ele é um dos meus sócios, e ao dizer

isso, todos damos risadas com a brincadeira.

— Você tem mais ideias, srta. Burckhardt? — pergunta meu

filho, percebo que ele está com total desempenho nessa reunião.

— Bem, gostaria também de criar uma balada “Menos 21” —

diz, fazendo as aspas com os dedos.

— “Menos 21”? — pergunto sem entender.


— Sim, já reparou quantos jovens menores de idade vão em

uma balada com documentos falsos, Steve? — pergunta

Alexsandra. — Ao criarmos baladas para pessoas menores de

idade, vai diminuir isso; elas poderão frequentar as baladas para

dançar, se conhecer e se divertir. Não haverá nenhum tipo de droga

ou bebida alcoólica, somente doces, refrigerantes e comida.

— Interessante — digo sorrindo para ela. — Você já foi em

uma balada com documento falso, Alex?

Ela ri e concorda.

— Todos aqui tiveram sua fase rebelde — responde. — Mas o

que quero dizer é que, com esse projeto, os pais deixarão seus

filhos saírem mais, por quê? Bem, na balada “Menos 21”, haverá um

espaço reservado para adultos que estarão de olhos nos jovens,

controlando-os para não ter uso de coisas... ilícitas.

— E o que mais vocês têm a nos oferecer? — questiona

Henry, percebo que ele não está muito animado com as propostas,
e o entendo, afinal, poucas coisas realmente são inovadoras.

E se arriscássemos e no fim, não tivéssemos o retorno

esperado?

Fixo meus olhos em Alexsandra, que agora parece um pouco

nervosa e em dúvida sobre o que vai dizer.

— Temos também um aplicativo de namoro. Nada inovador,

não é? Mas em pleno século XXI, onde as pessoas dão valor à

conectividade, existiriam muitos usuários. Me respondam, quem

aqui já usou um aplicativo para paquerar? — Ela olha em volta e

faço o mesmo, observando todos petrificados. — Vamos, pessoal,

admitam, não é nada vergonhoso buscar uma pessoa para passar

ao seu lado o restante da sua vida ou até mesmo uma noite.

Após Alex ficar em silêncio, observo diversas pessoas da

minha equipe e até mesmo da dela, erguerem suas mãos.

— Certo, muitos já usaram aplicativos de namoro, mas qual a

certeza de que isso daria lucro para a gente? Como você mesma
disse, esse aplicativo não é inovador e já existem essas coisas no

mercado. Não vejo algo novo, inédito, e é isso que buscamos — diz

Rick.

— É uma boa pergunta — diz Henry, sério —, mas me diz,

antes de respondê-la, quanto querem nesses projetos?

— Estamos pedindo cerca de três milhões — diz Sergio.

Henry fica incrédulo, Alex se mantém em silêncio e eu apenas

observo o desempenho do meu filho nos negócios.

— Três milhões de dólares? Acho que é muita coisa para um

projeto que nem sabemos se vai dar certo — diz um dos meus

sócios.

— Pode ser, mas vai — diz Alex apertando outro botão, o

telão muda. — Fizemos uma pesquisa com cerca de três mil

pessoas, 78% delas disseram que adquiririam alguma de nossas

ideias.

— Você está certa do que quer, Alex — digo.


— Sou uma mulher bastante determinada quando quero

alguma coisa, Steve — diz ela sorrindo.

— O que acha disso, papai? — pergunta Henry me

encarando, vejo o olhar de surpresa de Alex ao ouvir isso. Será que

ela realmente nunca ouviu falar de mim ou estou enganado?

— Tudo bem — levanto e noto diversos olhares sobre mim —,

irei dar essa chance a vocês, a partir de agora iremos trabalhar

juntos.

Fecho meu terno como resposta de que aquela reunião está

encerrada, todos se levantam e começam a se cumprimentar, aperto

algumas mãos e ouço alguns nomes, mas estou com pressa de

chegar até Alex logo.

— Pai — diz Henry perto de mim —, precisamos conversar.

— Mais tarde, no meu escritório — digo para ele.

Henry assente e vai até os outros sorrindo, sei que ele

detestou que fechei esse negócio, afinal, é muito dinheiro para se


investir em algo que não sabemos se vai dar certo, porém, dinheiro

não é o problema.

— Alexsandra Burckhardt — digo atrás da mulher enigmática.

— O homem que quase me derrubou — diz, virando-se para

mim com um sorriso de canto. — Ou devo dizer Steve?

— Acho que Steve está ótimo — digo estendendo a mão. —

Seja bem-vinda à nossa empresa.

— Obrigada, espero que possamos trabalhar juntos por muito

tempo — diz, apertando minha mão. Sinto uma eletricidade

percorrer meu corpo e meu coração dispara.

— Também espero, mas vamos pensar no agora — digo,

soltando-me dela. — Gostaria de jantar comigo mais tarde para

comemorarmos? — Alexsandra pensa por um instante e tenho

certeza de que irá recusar. — Pode ser outro dia se quiser — me

apresso a dizer.
— Não, tudo bem, eu aceito, desde que não se importe que

eu leve um casal de amigos — diz.

— Nem um pouco — respondo sorrindo. — Até mais tarde, te

encontro...

— Tenho seu número, vamos conversando por mensagem —

diz, mostrando um enorme sorriso.

Concordo, despedindo-me e saio da sala, indo em direção ao

meu escritório. Henry me segue sério, e senta à minha frente.

— Você gostou mesmo desse projeto? — pergunta.

— Sim, muito, sua avó vai adorar fazer compras por aplicativo

e com certeza vai querer que eu use esse de namoro — digo,

observando-o.

— Pai, são três milhões de dólares! — diz ele sério. — Isso é

muito dinheiro, nem temos a certeza de que esse projeto vai dar

certo.
— Eu sei, e tenho muito mais que isso, por que está tão

preocupado? — questiono, sorrindo, sabendo bem onde meu filho

quer chegar.

— Por nada — diz ele sério. — Se você pode pagar isso tudo

nesse projeto, poderia me dar um aumento de salário, não é

mesmo?

“Sabia!”

Dou risada e suspiro, lambendo os lábios.

— Filho, você começou a trabalhar comigo não tem nem um

ano e já recebe duzentos e quarenta mil dólares anualmente, não

está bom?

Ele fica sério e assente.

— Tudo bem, era só para ver se você aumentava mesmo. —

Ele levanta e sorri. — Percebi os olhares que estava dando em Alex,

ela faz seu tipo?


Dou de ombros e rio.

— Eu não sei, o que você acha?

— Vai fundo, velho — diz ele rindo.

— Vou te mostrar o velho — respondo.

— Ei! É só uma brincadeira — fala, vendo-me pegar um

objeto na mesa e jogar em sua direção, rapidamente ele desvia,

assim como fiz mais cedo no seu quarto.


4 — Preparação

Ainda estou surpresa por Steve ser o homem que quase me

derrubou e flertou comigo. Não consigo acreditar que o mesmo

homem que esbarrei, agora é meu sócio. E pensar nisso, me deixa

com uma felicidade inexplicável. Como havia sido fácil fecharmos

esse contrato!

Me despeço dos meus sócios e funcionários e sigo na direção

do meu carro, aproveitando o restante do dia livre para comprar um

presente para Nu usar a noite.

Essa noite ela irá conhecer o homem que eu irei trabalhar, e

iremos em um dos restaurantes mais chiques de Nova York — “Le

Bernardin”.
Um restaurante que, dissera Steve por mensagem, nos serve

a gastronomia francesa.

Em todo aquele tempo na cidade, eu nunca havia ido nesse

restaurante, e ir com o homem que eu irei trabalhar, é de alguma

maneira bem excitante.

Penso sobre como Steve havia mexido comigo pelo simples

fato de ser mais velho, ter tatuagens e um lindo sorriso sacana.

Mas ele tem um filho, e isso complica um pouco a situação —

eu nem sei se ele é casado.

Então, antes de ir comprar o presente para Nu, decido

pesquisar um pouco mais sobre ele.

Quando jogo seu nome no Google, aparece várias notícias

como: o rompimento milionário de Steve e a atriz Jennifer Spelman.

Sobre o nascimento de Henry Charles Forbes, o falecimento do seu

pai quando ele era novo, as viagens que fez com sua mãe, e muitas

outras coisas.
Então resolvo ser mais específica:

“Steve Forbes solteiro, 2018”

Uma matéria aparece na página inicial, aperto nela e leio:

“Steve Forbes de 45 anos é um dos homens mais ricos do

mundo, com empresas espalhadas por todo o mundo, e um

filho já adulto, Steve leva uma vida tranquila onde trabalha e sai

para se divertir.

O rompimento com a atriz Jennifer Spelman foi algo que

pegou todos os fãs do casal de surpresa, e agora Steve se vê

mais tranquilo sobre esse assunto.

Em uma entrevista para o nosso jornal, ele disse que

‘está muito bem solteiro, e que na hora certa arrumará outra

pessoa.’

Não pude deixar de perguntar para ele o que Jennifer

achava sobre sua bissexualidade e a resposta foi ácida:


‘Jennifer sempre soube que eu gostava tanto de homens

como de mulheres, nunca escondi isso de ninguém. Minha vida

é um livro aberto, se você procurar, vai saber muitas coisas

sobre ela.

Se isso era um problema para Jennifer, eu não sei, mas

não faz diferença; não estamos mais juntos. Isso é ótimo.’

Depois disso ele não quis mais entrar nesse assunto, mas

diz que na hora certa encontrará a pessoa ideal.”

Paro de ler e dou um sorriso, então Steve Forbes além de

solteiro, é bissexual? Que loucura! Em que mundo eu vivia que não

sabia sobre esse homem?!

Sorrindo ao saber sobre isso, sigo para uma loja na cidade.

∞∞∞

— Cheguei! — grito alegre assim que passo pela porta, Nu

sai da cozinha e vejo que está com um pote de sorvete nas mãos,

pego dela e roubo uma colherada. — Tenho novidades.


— Conta tudo! — diz animada.

— E José? — pergunto a fim de fazer suspense.

— Foi trabalhar, me fala, como foi a reunião?

Sorrio e entrego a sacola para ela, rapidamente Nu tira de

dentro um vestido preto comprido, com um enorme decote nas

costas.

— Isso é pra mim, claro, eu adorei, obrigada, mas por que

esse presente? Bebê, meu aniversário foi em março, já estamos em

setembro.

— Eu sei, mas você vai usar esse vestido hoje à noite, vamos

jantar no restaurante “Le Bernardin” comemorar essa nova fase da

minha vida! Eu fechei um contrato milionário com Steve Forbes!

Nubia solta o vestido, coloca no aparador próximo a nós e

grita alegremente, abraçamo-nos enquanto ela ainda grita de

felicidade.
— Eu disse que você conseguiria! — diz alegre. — Conta

tudo!

— Bem, você tem que saber que não vamos sozinhas, Steve

e o filho dele, Henry, vão conosco, na verdade, foi o sr. Forbes que

me convidou, e perguntei se teria problema um casal de amigos ir

conosco.

— Meu Deus, eu vou conhecer Steve Forbes?! Eu não

consigo acreditar, e ele tem filho, me diz, ele é gatão? — pergunta

rindo.

— Os dois são gatões, mas você namora, srta. Menezes — a

repreendo.

— Eu sei, eu sei, mas não mata olhar, não é mesmo? —

questiona rindo.

— Falando em olhar... — digo. — Nem te conto, aliás, conto

sim.

— Sua idiota, fala logo!


Rio e seguimos para o sofá.

— Você nem sabe o que aconteceu.

Rapidamente conto para Nubia sobre Steve e eu, os olhares

durante nossa reunião e a maneira sexy que me encarava. Minha

amiga surta com isso, dizendo a todo instante que parece mais um

daqueles romances de livros clichês.

— Bebê, isso é sexy — diz rindo. — Sério, acho que ele está

a fim de você. Isso tudo não parece “Cinquenta tons de cinza” mais

bem trabalhado?!

Dou risada com a comparação.

— Eu pesquisei sobre a vida dele e vi que está solteiro —

digo. — Acredita que ele é bissexual?!

— Não acredito que você fez isso — responde rindo. —

Desde quando você ficou doida a esse nível?! E bissexual? Isso é

interessante.
Dou de ombros e mostro meu melhor sorriso.

— Sou um pouco doida, você é minha sanidade, agora vamos

comer alguma coisa, estou faminta! E ainda temos que nos preparar

para esse jantar especial.

∞∞∞

Estou indecisa do que usar para essa noite, quando ouço a

porta ser aberta, anunciando que José chegou e Nubia passa no

meu quarto, observando-me apenas de roupão.

— Se apresse, Alex, ou vamos nos atrasar — diz.

Sei que ela está certa e passo os olhos rapidamente pelas

roupas, escolhendo um vestido decotado.

— O que acha desse? — pergunto e ela o encara.

O vestido é azul royal, com decote frontal e aberto nas costas,

o visto rapidamente para ela ver como fica e Nu sorri, aplaudindo.


— É perfeito, acho que isso é capaz de causar um infarto no

seu novo sócio.

Dou risada do que diz e José aparece, encarando-nos

arrumadas.

— Vamos sair? — pergunta.

O namorado da minha amiga também é do Brasil, Nubia o

conheceu em um bar e começaram a conversar, a química que rolou

entre os dois foi visível e não demoraram, já estavam namorando.

Ele tem sua casa, é claro, mas passa a maior parte do tempo aqui.

Estudante de jornalismo, conseguiu um emprego no jornal local e

nos ajuda bastante nas coisas. Não ligo que ele fique aqui, já que

nossa casa é espaçosa e tenho minha privacidade.

— Vamos sim, a um jantar, é melhor você tomar banho logo e

colocar uma roupa bonita — diz Nu.

— Qual o motivo desse jantar? — questiona formando um

sorriso.
— É para comemorarmos o contrato que eu fechei — digo

animada e ele bate palmas, parabenizando-me por isso.

— Eu sabia que você iria conseguir, vou correndo me

arrumar.

— Fique sabendo que não vamos sozinhos — digo e ele

estreita a sobrancelha. — Meu novo sócio, Steve Forbes, que nos

convidou para esse jantar, ele estará acompanhado do filho.

— Uau — diz. — Vamos conhecer seu sócio assim de cara?

— Vamos sim, amorzinho, agora vá se trocar logo.

Nu o coloca para correr e rio, finalizando meu look com o

cabelo preso em um coque frouxo como mais cedo, e uma

maquiagem leve, que combina com o vestido.

— Estou pronta — digo passando perfume. — Como estou?

— Você está linda, Alex, já avisou seus pais sobre o contrato

que fechou? — questiona minha melhor amiga.


Nego com a cabeça e apanho o celular na mesa de

cabeceira, enquanto José se arruma, ligo para os dois, mas não sou

atendida.

— Me lembre de ligar pela manhã, o fuso-horário sempre me

pega — comento e ela assente, então envio uma mensagem para

minha mãe.

“Preciso te contar todas as novidades, mamãe, você vai

gostar muito, me liga assim que puder, com amor,

Alex.”

Enfio o celular na bolsa e não demora, José aparece pronto,

usando calça e camisa social, sapatos e o cabelo penteado para

trás.

— Uau, você está um gatão — brinco.

Tenho essa liberdade com ele, Nu sabe que é apenas

amizade e nunca sentiu ciúme de nós.


— Você também, se eu fosse solteiro, te pegava — zomba

José rindo.

— Ouviu isso, Nu? Seu namorado está dando em cima de

mim — continuo brincando.

Nu revira os olhos de uma maneira exagerada e o encara.

— Você quer transar com a minha amiga, José? Que absurdo

— diz no seu melhor teatro, quem a ouvisse, acreditaria.

— Eu estava brincando — responde ele revirando os olhos,

caindo na sua piada.

— Eu sei, bobo, Alexsandra gosta de pau grande, o seu não

saberia satisfazê-la.

— Eu tenho certeza de que não precisava ouvir isso! — digo

séria, então nós três começamos a rir. — Bem, que tal irmos? Steve

já está seguindo para o restaurante.


— Só se for agora — diz Nu alegre. — Hoje eu vou me divertir

bastante!

E eu não duvido disso.


5 — Jantar

Estou com meu filho na BMW seguindo para o restaurante,

estamos na 155 W 51st Street e logo Alexsandra e o casal de

amigos dela chegarão.

— Ah, papai, o que você não faz por uma carne nova? —

pergunta Henry quando estaciono em uma das vagas.

— Não seja idiota, garoto — respondo sério. — É só um jantar

com uma sócia nova, o que tem demais nisso?

— Me diz você — responde ele revirando os olhos. — Eu

deveria ter ido para a balada.

— Não se preocupe, quando sair daqui você pode ir para

onde quiser.

— É por isso que eu te amo — diz sorrindo.


Saímos do carro e entramos no restaurante, um homem vem

até nós, com o sorriso gentil preenchendo seus lábios, ele estende a

mão para mim e a aperto.

— Srs. Forbes, é muito bom tê-los aqui — cumprimenta em

tom amistoso.

— Olá, Scott, eu tenho uma reserva para cinco pessoas —

digo.

— Venha comigo, preparei a mesa de sempre — responde de

maneira animada.

Seguimos para uma das mesas e Henry e eu nos sentamos,

Scott não pergunta se desejo alguma coisa; como ele me conhece

bem, enche minha taça de vinho e se afasta.

— Quem será esse casal de amigos de Alexsandra? —

pergunta Henry me observando.

Dou de ombros e sorrio.


— Vamos saber agora.

Henry vira-se de costas e Alexsandra, junto de uma mulher ao

seu lado, entram, com um homem as seguindo. Levanto e aceno

para minha nova sócia, que me avista e forma um largo sorriso no

rosto.

Perco o ar que estava prendendo sem me dar conta ao ver o

quanto ela é linda e engulo em seco, com os três se aproximando.

— Boa noite, srta. Burckhardt — digo sorrindo, ela está

maravilhosa no vestido azul, com um enorme decote.

— Boa noite, por favor, continue me chamando de Alex — diz

e concordo. — Essa é a minha amiga Nubia e esse seu namorado

José.

— Muito prazer, srta...

— Menezes — responde ela sorrindo —, mas pode me

chamar de Nu, é um prazer conhecê-lo.


Sorrio e cumprimento seu namorado, logo em seguida

apresento-lhes meu filho e vejo o olhar de Henry para Nubia.

— Bela amiga, Alex — diz. — Desculpa, José.

“Galanteador igual ao pai.”

— Tudo bem, sei o quanto ela é linda — diz o outro à nossa

frente.

Rapidamente nos sentamos e chamo Scott, ele sorri e enche

a taça de todos.

— O que vão querer para o jantar essa noite? — pergunta.

— Eu não sei ainda, o que desejam? — indago olhando para

Alex.

— Por mim, você escolhe — diz. — Nunca vim aqui, não sei

muito bem o que servem.

— Gostaria de ver o cardápio? — pergunta Scott.


— Acho que não precisa — digo. — Traga o de sempre,

acredito que vão gostar.

Vejo Nubia sorrir e me encarar.

— Desde que não seja nada vivo, por mim está ótimo — diz e

rio com o comentário.

∞∞∞

O jantar é tranquilo, escolhemos degustar o “chefe tasting

menu” com uma sequência de caviar, lagosta, salmão, vagou e

outras iguarias, harmonizadas com um vinho espetacular, sugerido

pelo sommelier.

Todos adoraram a sugestão, bebendo do vinho e elogiando a

cada gole, o único que não diz uma palavra sequer é José.

Conversamos bastante sobre nossas vidas e descubro algumas

coisas sobre Alex.

— Então você realmente não é daqui — digo e ela afirma com

um movimento de cabeça. — Você fala muito bem a minha língua.


— Meu pai é da Nigéria e minha mãe brasileira, assim como

José e Nubia, fui criada no Brasil a minha vida inteira — diz ela

sorrindo. — Sou uma mestiça.

— Viemos para cá porque sempre foi um sonho nosso — diz

sua amiga bebendo um pouco do seu vinho. — Alexsandra sempre

quis conhecer Nova York e eu também, juntamos nossas

economias, coragem, sonhos e viemos.

As duas se olham e sorriem uma para outra, talvez

recordando do momento que vieram para cá.

— E seus pais, Alex? — pergunto.

— Eles continuam no Brasil, moram em São Paulo, papai é

louco para voltar para a Nigéria, enquanto mamãe não abre mão de

onde moram.

— E os seus pais, Nu? — pergunto a fim de puxar assunto.

— Meus pais já morreram, sou sozinha, Alex e José são

minha família agora.


— Sinto muito, deve ter sido muito difícil, perdi meu pai e

esposa, imagino como se sente.

Ela sorri e volta a beber.

— E você é formada em quê? — pergunta Henry para Nubia.

— Sou formada em gastronomia — responde com o sorriso

largo, noto que José não gosta muito disso, mas não diz nada.

— Trabalha na área ou pretende abrir um restaurante?

Acredito que esse seja seu sonho, estou certo? — pergunta meu

filho rapidamente.

— Não trabalho, mas você está certo, é meu sonho abrir meu

próprio restaurante.

Sorvo outro gole do vinho e então me viro para José, que

continua calado.

— E você, José, é formado em quê?


— Estudo jornalismo — diz ele. — Consegui um trabalho em

um jornal pequeno, mas almejo o The New York Times.

— Espero que um dia alcance este seu objetivo — digo e ele

sorri em agradecimento.

Continuamos bebendo e conversando, logo fomos servidos

de sobremesa. Percebo que Alexsandra não para de me encarar, e

por um momento ficamos em silêncio, apenas observando meu filho,

Nu e José conversando sobre planos para o futuro.

— Gosto de trabalhar com meu pai, mas meu sonho mesmo é

ser roteirista — comenta Henry.

Meu filho sempre teve esse sonho, mas jamais dera o passo

que precisava.

— E por que não é? — pergunta Alex.

Engulo em seco e espero meu filho dizer alguma coisa, mas

ele não responde.


— A mãe de Henry era roteirista — digo sério, vejo meu filho

abaixar a cabeça um pouco e dar um sorriso amarelo.

— Ah, me desculpe — diz Alexsandra.

— Não se preocupe, Alex, já superei a morte dela, para falar

a verdade, quase não me recordo — responde ele.

Ela concorda e continuamos conversando sobre assuntos

aleatórios, Alex fala sobre seus futuros projetos, até mesmo

brincando com Henry e dizendo que ele não havia gostado de

termos assinado o contrato. Meu filho ri e sem graça, nega, dizendo

que está feliz em formarmos a sociedade. Enquanto bebemos um

pouco mais e nos servimos de sobremesa novamente, noto o

quanto Alex é uma mulher bonita e atraente. Há muitos anos eu não

olhava para uma mulher desse jeito. Para falar a verdade, depois

que rompi com minha ex-noiva, me tornei um homem cheio de

desejos e bastante promíscuo, até mesmo visitando clubes de sexo

apenas para me satisfazer com uma bela mulher ou um homem


atraente. Sempre fui uma pessoa bastante resolvida em relação a

minha sexualidade, e isso não é segredo para ninguém. Muitas

pessoas ficavam surpresas em saber que eu, Steve Forbes, um

homem respeitado de quarenta e cinco anos, com metade de Nova

York em minhas mãos, CEO, sou bissexual. Quando revelei isso

para a mídia, os paparazzi ficaram meses atrás de entrevistas a

respeito disso. Jennifer sempre aceitou muito bem em saber que

sou bissexual, até mesmo oferecendo-me noites de sexo com ela e

mais um homem, no entanto, suas escolhas fizeram nosso

relacionamento acabar. Escolhas difíceis que me destruíram por

completo.

— Preciso ir ao banheiro, se me derem licença — digo

levantando e saindo dos meus devaneios.

Os quatro concordam e sigo em direção ao banheiro, entro e

observo-me no espelho, aparento um pouco de cansaço, então abro


a torneira e jogo um pouco de água no rosto, indo em direção à

saída.

Assim que abro a porta, dou de cara com Alexsandra e fico

surpreso.

— Precisa de ajuda para encontrar o banheiro feminino? —

pergunto erguendo a sobrancelha.

— Na verdade, eu sei onde fica, eu vim mesmo falar com

você — diz forçando um sorriso. Concordo e encaro ao longe meu

filho e o casal de amigos de Alex.

— Henry está se comportando?

— Acho que sim, mas como estou aqui, não sei dizer ao certo

— responde e rimos. — Ele é um cara legal, Nubia gostou bastante

dele.

— Acho que quem não gostou muito disso foi José, estou

certo?
— Parece que sim — diz Alex, mexendo uma mão na outra.

Encaro-a e novamente me dou conta do quanto essa mulher é linda.

— Você está bem? — inquiro depois de um tempo.

— Sim, eu vim aqui porque...

Um homem nos interrompe pedindo licença para entrar ao

banheiro e nos afastamos, dando passagem a ele.

— Acho que é melhor sairmos daqui — digo, encarando em

volta e apontando para o bar. — Me acompanha?

Alexsandra concorda, forma um sorriso e seguimos para o

bar. Peço uma dose de uísque para mim e Alex pede uma tônica,

bebericando em silêncio.

— Então, você estava prestes a me dizer o motivo de ter ido

até o banheiro masculino... — começo a dizer, mexendo com a

ponta do dedo o gelo da bebida. Estamos sentados lado a lado e

noto que meu filho, Nubia e José continuam conversando ao longe.


Alex dá de ombros e bebe a tônica, colocando uma mecha do

cabelo atrás da orelha.

— Não sei se minha resposta vai ser muito convincente, mas

fui atrás de você porque a Nubia me sugeriu que fizesse isso —

responde, dando de ombros.

— Juro que gostaria de ter entendido, mas não entendi —

digo, fazendo-me de bobo.

Ela pega sua mão e entrelaça na outra, um tanto

envergonhada, será que é o que estou pensando? Alexsandra está

mesmo interessada por mim, assim como eu por ela? Não posso

negar que o intenso desejo que senti por ela assim que a vi pela

primeira vez, havia despertado algo em mim.

— Você já deve ter percebido que sou uma mulher

determinada a conseguir o que desejo, Steve — começa. — Nubia

sugeriu que eu viesse aqui e fizesse algo...


— Sim, durante a nossa reunião eu percebi isso, mas me

diga, o que ela sugeriu que você fizesse? — pergunto.

— Ela sugeriu que eu viesse aqui e o beijasse — diz,

mordendo o canto da boca.

Fico surpreso ao ouvir isso, então ela realmente está a fim de

mim, assim como eu dela, o que é uma loucura e tanto.

Conhecemo-nos hoje mais cedo.

— E você quer fazer isso? — indago, levando o copo com o

uísque até a boca. Sorvo todo o líquido âmbar e ela sorri.

— Se você quiser, eu também quero, chefe — diz de maneira

sexy, rimos disso e seguro a mão dela, ansioso por esse momento.

— Bem, melhor voltarmos para a mesa — digo sério. — Os

olhares já estão se voltando para nós.

Ela me olha séria e concorda, seguindo de volta até a nossa

mesa.
Sorrio ao perceber que ela fica decepcionada comigo e levo

isso como uma pequena vitória, ansiando pelo momento em que

poderei beijá-la sem sermos interrompidos.


6 — Beijo

Desde pequena sou uma pessoa bastante determinada, meus

pais sempre me disseram isso e provei não só para mim, mas como

para o mundo que é verdade. Quando criança, tirava as melhores

notas na escola e nunca faltava, acredito que ter uma mãe

professora me influenciou a isso, mas não parou por aí. Com doze

anos ingressei no curso de inglês e aos dezesseis já era mais do

que fluente na língua. Foi durante filmes e livros clichês na Time

Square que eu decidi que viria para Nova York conquistar o meu

sonho — ser uma grande empresária e CEO da minha própria

empresa.

Quando finalmente o avião pousou no aeroporto, dando a

certeza de que minha amiga e eu estávamos aqui, foi um arco


gigantesco de emoções, e não demorou para ingressarmos na

faculdade. Durante anos lutamos pela cidadania do país e com

muito custo, conseguimos, o que foi sorte, já que existem muitos

imigrantes que vivem mais anos aqui que nós e ainda não

conseguiram.

Com isso e formada, eu aluguei um pequeno espaço e

comecei meu escritório, fui atrás de agenda de clientes e fui

conquistando vários no período de um ano e meio, e logo

estávamos em destaque em algumas matérias nos jornais. Mas sou

insistente, e ser CEO de uma empresa pequena nunca foi meu foco.

Eu queria mais, muito mais, e foi quando enfim entrei em um acordo

com meus sócios — que ao total são quatro, contando com Steve

agora — e enviei o e-mail para as Indústrias Forbes.

Mas agora, com o contrato fechado, almejo outra coisa, e ao

mesmo tempo que a desejo, sinto que é um campo perigoso, onde

devo tomar cuidado ao pisar.


Steve Forbes.

Não posso negar que desde o primeiro instante ele me

chamou a atenção e isso me causa uma sensação de borboletas no

estômago, o que acaba sendo uma loucura até mesmo para mim.

Desde que vim morar em Nova York, nunca namorei, apenas tive

alguns encontros casuais e nada além disso.

Mas agora é diferente, e resolvi seguir o conselho de Nubia...

— Acho que você deveria ir atrás dele e quem sabe o beijar

— disse em um sussurro enquanto Henry e José conversavam.

— Você só pode estar ficando maluca, com certeza o vinho

tem culpa nisso — sussurrei de volta, para Henry não ouvir. Ela deu

uma risadinha e balançou os ombros.

— Não seja boba, Alex, está visível que ele está a fim de

você.

— E o que você quer que eu faça? Ir até lá e simplesmente o

beijar? Vamos trabalhar juntos agora, isso não seria um pouco


estranho?

Nubia deu de ombros e formou outro sorriso.

— Estranho seria vocês não se beijarem, já que ambos estão

a fim…

E agora, volto para a mesa um tanto desapontada. Nubia me

observa e sem que Steve olhe, balanço a cabeça negando que algo

havia acontecido.

“Ela sabe que não aconteceu nada, vocês estavam do outro

lado do restaurante, com certeza teria visto”.

— O jantar foi maravilhoso — diz Steve sorrindo assim que

nos aproximamos, ele me encara e fico séria —, mas já está ficando

tarde, lamento ter que encerrar a noite.

Concordo sorrindo e dou de ombros, não me importo que a

noite vai acabar, eu praticamente levei um pé na bunda.


— Vou pedir a conta — diz Henry, chamando o garçom que

nos serviu.

Pego minha carteira da bolsa e Steve nega com a cabeça.

— O jantar hoje é por minha conta — diz ele.

— Mas... — começo e ele me interrompe.

— Mas nada, eu a convidei — fala.

Agradeço e Steve acerta a conta, logo em seguida vamos

para o lado de fora.

— Bem, obrigada pela noite, foi muito agradável — digo.

— Na verdade, eu iria te chamar para tomarmos mais um

drinque — diz Steve. — Henry pode pegar um táxi, você não se

importa, não é, meu filho?

— Ah, podemos levar ele até em casa, sr. Forbes — oferece

José.
— Seria ótimo, mas não me chame de senhor — comenta.

Ficamos os cinco em silêncio por uns minutos e Nubia me observa,

erguendo a sobrancelha. — Você aceita? — pergunta Steve.

— Aceito — digo entregando a chave do carro para Nu. —

Nos vemos mais tarde, não me espere.

— Nada disso, quando estiver vindo embora, me avisa que

vou te buscar — diz ela baixinho no meu ouvido.

Dou um beijo nela e me despeço de Henry e José, então sigo

para o carro de Steve.

Entramos e pelo retrovisor vejo Nubia me observar, ela sorri e

dou risada, então coloco o cinto.

— Espero que ela não se importe de eu te raptar assim tão de

repente — fala me olhando, ele liga o carro e logo estamos nas ruas

de Nova York.

— Não se preocupe, ela não vai se importar — digo. — Na

verdade, acho que ela desejava que isso acontecesse.


— Que bom, era o que eu desejava também — responde.

Não digo nada, o que Steve quer dizer? Ele praticamente me

deu um fora, e agora está me levando para um lugar que eu não

faço ideia.

— Desculpa não ter te beijado antes — diz como se lesse

meus pensamentos. — Achei melhor que fizéssemos isso em um

lugar mais discreto.

Engulo em seco e fecho minhas mãos, suando por ouvir

aquilo.

“Então ele quer me beijar.”

— Tudo bem, já levei fora antes — digo rindo.

Ele também ri e nega com a cabeça.

— Não te dei um fora, é que não iria conseguir me controlar

— conta ansioso. — Então é melhor fazermos isso aqui.


Ele para o carro e o vejo estacionar no meio-fio, próximo a um

grande prédio.

— Confesso que não estou entendendo.

— Aqui é um dos meus imóveis — responde. — Gostaria de

subir e tomar alguma coisa comigo?

Penso sobre o que Nu diria nesse momento, com certeza

essa história de “beber alguma coisa comigo” é “vamos fazer sexo”,

e eu realmente não sei se quero fazer isso assim tão de cara. Como

disse antes, sou determinada, mas isso não quer dizer que sou uma

mulher fácil. Um homem só me leva para a cama se eu quiser ir com

ele, não o contrário.

Porém, o meu corpo diz o contrário; ele deseja mais que tudo

isso.

— Só beber alguma coisa ou...

— O que você quiser, Alexsandra — diz ele e sinto um calor

no estômago ao ouvi-lo pronunciar meu nome daquela maneira tão


sexy.

— Tudo bem, acho que não faz mal beber algo mais forte que

vinho.

∞∞∞

Subimos para o seu apartamento rapidamente, o prédio é

completamente ostensivo, o que me deixa um pouco desnorteada.

Steve aperta o botão do último andar e me observa alegre,

suas mãos dentro dos seus bolsos. Observo-o bater o pé no chão e

olhar para a câmera do prédio.

Não entendo o motivo disso e penso que talvez ele esteja

olhando-a para não me atacar aqui dentro.

As portas se abrem e ele me dá caminho, ficando logo atrás

de mim, entramos e vejo como o seu apartamento é bonito e bem

decorado.
— Belo apartamento — digo olhando os quadros nas

paredes, a enorme sala com sofás cinzas, uma televisão gigante e

uma lareira elétrica.

Olho mais adiante e vejo uma sala de jantar, cozinha bem

decorada e um barzinho.

— Que bom que gostou, às vezes venho até aqui só para

esquecer a loucura que minha vida é — confessa.

— Para manter uma mente sã, precisamos de descanso —

digo.

Ele acena com a cabeça concordando e segue para o bar,

vou com ele e observo-o; Steve tira o terno e arregaça as mangas

da camisa para cima, mostrando seus fortes braços tatuados.

— Uísque? — pergunta.

— Pode ser — respondo, ainda contemplando sua beleza.


Ele me entrega a dose e sorrio, estendendo seu copo próximo

ao meu, brindamos e bebemos em um único gole. Sinto o gosto

forte invadir minha boca e engulo em seco, tentando ao máximo não

tossir.

— Não está acostumada com bebidas fortes, Alex?

— Não sou muito fã — digo dando de ombros.

— E do que você é fã, Alexsandra? — indaga, aproximando-

se de mim.

Encaro-o e formo um sorrisinho maroto.

— Gosto de leite, Steve — sussurro para ele.

Um sorriso se forma no seu rosto e ele se afasta um pouco.

— Na próxima vez eu te ofereço — comenta.

— Por que não oferece agora?

Ele me olha e vejo que está se controlando, então segue para

a cozinha e vou atrás.


— Está calor aqui, não? — pergunta, bebendo mais uísque.

— Realmente — digo, mordendo o canto da boca, o simples

movimento é bastante sexy.

Steve vira para mim e encosta no balcão que tem na ilha da

cozinha, percebo que ele abre um pouco as pernas, formando um

sorriso ainda mais largo, como se estivesse dando permissão para

algo.

— Quer leite? — inquire. — Por que não pega?

Aproximo-me dele e ergo minha mão, então passo ela no

zíper da sua calça e vou até a geladeira. Abro-a e encontro uma

caixa de leite ainda fechada, pego um copo que está sobre a pia e

despejo o líquido branco. Vejo que meu sócio parece nervoso, por

conta da brincadeira que eu fizera com ele.

— Isso não se faz — diz Steve.

— O quê? — pergunto, guardo a caixa na geladeira e bebo o

leite do copo.
— Não se nega para ninguém um copo d’água e um boquete

— responde.

Dou risada e balanço a cabeça em concordância.

— E por que você não pede? — questiono, aproximo-me de

Steve e ficamos praticamente colados um no outro, levo minha mão

até a sua calça e sinto o enorme volume formado.

— Pedir para você me chupar? Quem sabe, mas antes...

Ele me puxa para perto dele e encosta seus lábios nos meus,

sinto um delicioso gosto de vinho e uísque, logo absorvo todo o seu

sabor; uma mistura deliciosa de todas as bebidas ingeridas e

morango. Seus lábios são macios e quentes, e logo sua mão está

na minha bunda e a outra passeando pelo meu cabelo.

Passo uma das minhas mãos no seu peito e puxo seu cabelo,

então sigo até seu volume e o aperto com força. Steve geme um

pouco e nossas línguas se enroscam.


Rapidamente sinto nossos sexos encostados um no outro e

sinto calor. Arranco a alça do meu vestido e o vejo deslizar pelo meu

corpo, deixando-me somente de calcinha e sutiã. Agradeço a Deus

por estar usando um conjunto novo e bonito. Steve sorri com a

minha imagem somente de roupa íntima e toca na minha clavícula,

passeando por ela. Solto um gemido de prazer e ele desce a alça

fina do sutiã, fazendo o mesmo do outro lado, de um jeito lento e

excitante demais.

Ele abre o fecho, contemplando meus seios.

— Você é linda demais, Alexsandra — murmura no meu

ouvido, fazendo minha calcinha ficar molhada.

— Você também é — digo e ele me beija mais uma vez,

brincando com os meus seios.

O seu toque é quente e macio, fazendo-me querer mais, ele

beija meu pescoço e vai descendo até os seios, colocando o direito

na boca, enquanto brinca com o esquerdo. Solto outro gemido ao


sentir sua língua quente passear pela minha pele e seguro sua

cabeça naquela região. Steve continua mexendo no meu seio e

belisca, fazendo-me gemer mais ainda, descendo em direção à

minha barriga.

Puxo seu corpo na minha direção e ele me olha sem

entender, então arranco sua camisa e fico maravilhada ao ver tantas

tatuagens sobre seu peito, uma pequena trilha de pelos formada ao

meio. Chupo seus mamilos e subo para seu pescoço, mordo e logo

em seguida o beijo novamente.

— Como você é deliciosa! — diz Steve para mim. — Deixa eu

provar de você, por favor.

— Posso dizer o mesmo de você. — Beijo-o e aperto seus

fortes braços, sentindo um prazer indescritível. — Tenha calma,

vamos provar um do outro.

— Você mexeu comigo de uma maneira inexplicável. — Ele

me observa e sorri, então toca suavemente meus lábios. — Ainda


bem que eu fui naquela reunião.

— Ainda bem que eu fui inteligente o bastante para tentar

uma reunião com suas empresas — digo.

Voltamos a nos beijar e seguimos para a sala, nos esbarrando

nos móveis.

Steve me puxa para mais perto dele e então me joga no sofá,

vejo-o abrir sua calça e arrancar os sapatos. Deitada, somente de

calcinha, observo sua imagem.

— Então você gosta de leite? — pergunta se aproximando e

beijando meu pescoço.

Ele leva suas mãos até o meu cabelo e o segura, soltando e

fazendo os fios caírem sobre os nossos rostos.

Jogo-os para trás e Steve acaricia meu rosto, me beijando

novamente.

— Sim, eu gosto muito de leite — digo, ofegante.


Ele fica por cima de mim e me encara formando um sorrisinho

maroto. Vejo o quanto esse homem é sexy. Seu cabelo grisalho, as

tatuagens, o peitoral forte e a barba bem-feita me deixam

completamente excitada. Principalmente pelo fato de saber que

trabalharemos juntos.

Saio dos meus devaneios e sinto seu pau pulsar na minha

perna, e desejo arrancar sua cueca e prová-lo completamente.

— Você é uma mulher deliciosa, Alexsandra — diz ainda por

cima de mim.

— Você também é delicioso, Steve — murmuro.

Sorrimos e volto a beijá-lo, puxando seu corpo para mais

próximo do meu. Steve separa nossos lábios e volta a beijar meu

pescoço. Aproveito e aperto seus músculos, arranhando suas

costas.

— Pega no meu pau — pede de um jeito tão erótico que fico

ainda mais molhada só de ouvi-lo.


— Você quer que eu o chupe? — pergunto, sedutora.

— Por favor — implora.

Ainda com ele por cima, desço minha mão e aperto seu pau,

sinto o quanto ele é grosso e grande, e me delicio com isso. Steve

sai de cima de mim e se deita, então vou beijando seu peito tatuado

e, quando chego ao seu umbigo, puxo a cueca para baixo. Seu pau

salta na minha direção e eu olho boquiaberta. Sua glande é enorme

e rosada, e a toco suavemente com a ponta dos dedos.

Steve geme com isso e o seguro com gosto, começando a

masturbá-lo.

— Você gosta disso, sr. Forbes?

— Adoro, srta. Burckhardt, seu toque é maravilhoso.

Vejo seu olhar de expectativa e sigo com minha boca até seu

pau, seu gosto é doce, a glande completamente molhada por conta

do seu prazer. Passo a língua nela e a engulo, ainda segurando com

a outra mão.
Steve geme alto e aterra minha cabeça no seu sexo, puxando

meu cabelo. Engulo seu pau completamente e ele geme mais ainda,

sinto suas veias, o sabor de sabonete caro, o suor e chupo ainda

mais, excitada com tudo isso.

Ainda o chupando, tiro minha calcinha e vou acariciando os

lábios da minha boceta, Steve olha a cena e ergue meu corpo com

bastante força, girando-me a 180° rapidamente.

Estou por cima dele de quatro, ele pega minha bunda e

morde, então acaricia minha boceta e enfia a língua dentro de mim.

Paro de chupar seu pau e solto um gemido alto, ele sorri e morde os

lábios do meu sexo.

— Você gosta disso, srta. Burckhardt? — pergunta.

— Muito — digo e volto a chupá-lo.

Sigo com minha boca para suas bolas e ele volta com sua

língua na minha boceta, meu clitóris vai ficando inchado a cada


investida de sua língua. Entrando e saindo, acariciando com os

dedos meu sexo apertado.

Começo a masturbá-lo com rapidez e Steve enfia dois dedos

em mim, gemendo alto e dizendo o quanto eu estou molhada, então

depois de muito tempo de prazer e erotismo, soltamos um grito

juntos e gozamos.
7 — Conversa

Steve

Não consigo acreditar no que está acontecendo entre Alex e

eu; após gozarmos, a vejo pegar meu pau que está meia bomba e

levá-lo à boca, o chupando por inteiro. Fico deliciado com sua

atitude e faço o mesmo, sentindo o delicioso sabor da sua boceta.

Seu gosto é inebriante e isso aflora mais ainda o intenso desejo que

sinto por essa mulher.

Depois de um tempo, Alex vira-se para mim e deita ao meu

lado, sua cabeça repousada no meu braço.

— Isso foi... — digo, procurando a palavra ideal —, perfeito.


— Que bom que gostou — diz sorrindo, seu cabelo está

bagunçado, um pouco sobre o seu rosto. — Eu gostei muito.

— Você tem uma boca sensacional — falo e levo meus lábios

novamente aos seus, sinto seu gosto espetacular e sorrio. — Você é

melhor do que eu imaginava, srta. Burckhardt.

Ela dá uma risada e volta seu olhar para mim.

— Posso dizer que você também é bem melhor do que eu

imaginei.

Sorrio e penso no que acabou de acontecer, Alex e eu somos

sócios, mesmo toda a papelada jurídica ainda não sendo resolvida.

No entanto, sinto-me perplexo ao saber que possivelmente posso

estar cometendo o mesmo erro do meu passado. Começou assim

com Jennifer; a sociedade, uma transa e um coração destruído.

Não posso cometer o mesmo erro com Alexsandra.

Tento não pensar nisso e aproveito ao máximo o momento

calmo que temos, conosco deitados, abraçados.


— Está aí? — ouço a voz de Alex dizer, tirando-me dos

pensamentos.

— Estou sim, topa tomar um banho comigo? — pergunto.

Ela concorda e rapidamente nos levantamos, indo para o

segundo andar, entramos no meu quarto e Alex analisa o ambiente,

que é bem decorado e está cheirando a desinfetante. Enquanto ela

observa, vou até o aparelho de som e coloco Nesta Naughty Boy da

Christina Aguilera para tocar.

Volto na direção da mulher loira e nua à minha frente e

encosto seu corpo ao meu, sentindo meu pau ficar duro novamente.

Alex o observa e sorri, passando seus braços no meu

pescoço.

— Melhor tomarmos banho antes que fique muito tarde para

eu ir embora — diz.

Concordo e seguimos para o banheiro, abro o chuveiro e

deixo a água quente cair nas minhas costas, ela está na minha
frente parada, apenas me observando com um sorrisinho bobo nos

lábios. Agarro-a para perto de mim e a beijo, passando minhas

mãos por todo seu corpo.

— Você é deliciosa — digo com meu pau latejando.

— Você também é — diz.

Voltamos a nos beijar enlouquecidos de prazer, e tomamos

nosso banho, desejando que esse momento prazeroso não acabe

tão cedo.

∞∞∞

Infelizmente acaba e assim que saímos do banho, nos

arrumamos em silêncio e fico pensando sobre o que aconteceu

entre Alex e eu, e ao recordar dela chupando meu pau e eu sua

boceta deliciosa, dou uma risadinha discreta e ela não parece notar.

— Bem, acho que está na hora de ir embora — diz.

Concordo contra minha vontade e seco meu cabelo.


— Posso te levar, se quiser — digo.

— Não precisa, enviei uma mensagem para Nubia enquanto

você estava meio distraído e ela está vindo me buscar — responde

dando de ombros.

— Decorou meu endereço tão rápido? — brinco e ela ri.

— Localização em tempo real, é loucura, mas já funciona —

diz e assinto, ouvindo seu celular apitar. — Ela chegou, você me

acompanha até lá embaixo?

— É claro — digo.

Seguimos em direção ao elevador e olho para câmera assim

que entramos, penso que ela é a única coisa que me impede de

virar Alexsandra e comê-la aqui dentro, e pelo jeito, Alex também é

um problema, já que isso não aconteceu. Passo a mão na roupa,

por cima do meu pau e ela olha de lado, sorrio e quando vejo, já

estamos no primeiro andar.

Seguimos para o lado de fora e noto o carro dela parado.


— Nos vemos amanhã, srta. Burckhardt? — pergunto,

controlando-me para não a puxar e a beijar.

— Amanhã estarei na empresa, sr. Forbes — diz sorrindo,

estico a mão e aperto a dela, então a vejo se afastar na direção do

carro.

Olho em volta da rua após o carro de Alex sumir de vista e

congelo com a visita inesperada do outro lado dentro do veículo,

que só agora reparei estar ali parado. Corro na direção da mulher e

quando ela nota que estou me aproximando, da partida no carro e

acelera, deixando somente a poeira da avenida. Solto um grito de

frustração e volto para o prédio. Passo as mãos no meu cabelo, me

sentindo irritado com aquilo e decido ir para casa encontrar mamãe.

“Porra, agora sim estou fodido”.

∞∞∞

Alex

— Conta tudo — diz minha amiga assim que entro no carro.


Olho para ela e sorrio radiante, mas por dentro sinto que há

alguma coisa muito errada acontecendo. Steve havia ficado um

tanto calado e eu um pouco estranha pelo motivo de termos

encerrado a noite sem eu ter a certeza de que haveria algo entre

nós novamente. Afinal, somos sócios e a partir de amanhã, iremos

trabalhar juntos. Penso sobre isso e agora, com a libido baixa, o

desejo controlado, percebo a loucura que eu havia feito. Steve e eu

iríamos trabalhar juntos! Porém, não dá para voltar atrás.

“Pelo menos eu mantive a palavra de que só vou para a cama

se eu quiser”. penso comigo mesma. “Pior que eu quero! Droga”.

— Anda, srta. Burckhardt, fala para mim o que aconteceu

entre vocês, estou vendo o sorriso bobo no seu rosto.

— Nós ficamos — digo sorrindo feito boba ao lembrar do que

havia acontecido. — Eu o chupei, Nu! Eu não acredito que fiz isso

de cara! Fora que ele tem uma língua que faz mágicas.
— O quê?! — Nossa sorte é que o sinal está fechado, porque,

caso contrário, Nubia teria pisado no freio naquele instante e me

encarado. — Me diz como foi! É grande? Conta tudo!

Rio da minha amiga e começo a contar tudo o que havia

acontecido durante o trajeto até a nossa casa, ela gritava de

emoção com o que eu dizia, ainda mais na parte em que falei sobre

o jogo do leite que eu fizera com Steve.

— Meu Deus, amiga, isso foi uma ótima jogada! Com certeza

ele vai querer repetir.

Dou de ombros.

— Não sei não, Nu, parece que o clima ficou meio estranho

depois que terminamos.

— Por que você diz isso? — pergunta, chateada.

Ela estaciona o carro na garagem e vira-se para mim, nem

havia reparado que já tínhamos chegado.


— Não sei, ele ficou meio pensativo em um certo momento,

sequer percebeu eu te mandando mensagem, parece que queria

falar algo, mas não sabia como — respondo.

Nu fica em silêncio por um instante e dá de ombros.

— Bem, nesse caso, lembre-se da nossa Regra Número Um

— diz.

— Regra Número Um da Lista de “Homens Que Não

Devemos Nos Apaixonar” — digo rindo —, “se ele estranhar, não

volte lá nunca mais.”

— Exatamente, ao menos ele pagou a conta e vocês deram

uns beijos.

— Sim, e ele me chupou, muito bem por sinal! Ai, amiga, que

língua gostosa.

Ela ri e logo seguimos para dentro de casa, despeço-me da

minha amiga e vou diretamente para o meu quarto, como já havia


tomado banho, troco de roupa, colocando um shortinho e uma

blusinha fina. Sigo para minha cama, deito-me e logo durmo.

Mas antes disso, meu último pensamento é que

possivelmente Steve não irá mais querer repetir o que tínhamos

feito.

“Merda!”
8 — Doente

Acordo de madrugada suando frio após ter um sonho

estranho com Alexsandra.

Respiro aliviado e olho para o relógio; ainda são uma e

cinquenta e oito da manhã. Suspiro e pego meu celular, tentado a

mandar uma mensagem para ela, mas o que diria? Para ela ir

correndo para o meu apartamento e transarmos?

Não podia fazer isso com Alex, existia uma lista enorme de

fatores contra os meus instintos. A primeira delas é que

trabalharíamos juntos a partir de hoje.

Engulo em seco lembrando novamente do sonho; nele

estávamos envolvidos da maneira que tínhamos feito mais cedo,


mas íamos adiante... Eu a penetrava deliciosamente e chupava sua

boceta até ela gozar na minha boca. Só de pensar, fico excitado.

“Não, Steve, não se envolve”, ouço meu pensamento.

Dou um soco na cama ao pensar isso, é claro que eu desejo

transar com minha nova sócia, além dela ser gostosa, também havia

o intenso desejo que sinto por ela, algo totalmente novo e

inexplicável para mim. Penso sobre isso, até o dia anterior eu não

pensava em nada disso, mas agora, ao lembrar que Alexsandra e

eu tínhamos nos envolvido logo no primeiro dia que nos vimos, me

deixa com dúvidas sobre querer ou não alguém ao meu lado.

Dou risada ao pensar sobre isso, querer alguém ao meu

lado? É claro que Alex não iria querer ficar comigo, além da

sociedade, há também a idade. Sou muito mais velho que ela.

Dezessete anos para ser mais exato.

Com certeza aquela nossa “ficada” foi apenas o calor do

momento, certo? Resolvo não pensar mais sobre isso e tento voltar
a dormir, porém, a ansiedade para poder rever Alex me faz virar de

um lado para o outro na cama por um bom tempo.

∞∞∞

O barulho do despertador me assusta, paro e bocejo,

tentando raciocinar. Que horas são?

Normalmente o despertador apita às 7h, mas hoje estou

indisposto demais para ir trabalhar.

Mesmo assim, levanto e sigo para o banheiro. Me sinto um

pouco tonto e com fortes dores no estômago, então abro o chuveiro

e tomo uma ducha, na esperança de que possa ajudar. Deixo a

água cair nas minhas costas e fico um bom tempo parado, o enjoo e

tontura me consumindo, então após me lavar, saio do chuveiro e

sigo até meu quarto, me trocando. Coloco apenas uma calça social,

meus sapatos, uma camisa e o terno, sem gravata. Penteio o cabelo

e passo um perfume qualquer, saio do quarto e sigo para o primeiro

andar.
Encontro minha mãe sentada tomando café e como de

costume, mexe no celular. Dou um beijo nela e me sento.

— Henry ainda não acordou? — pergunta, observando-me.

— Não o chamei hoje, resolvi dar uma folga a ele — digo,

servindo-me de café. — Não irei demorar na empresa, não estou me

sentindo muito bem.

Ela me olha e acena com a cabeça, então coloca o celular

sobre a mesa, toma um gole do seu chá e, depois de pousar a

xícara no pires, encosta a mão sobre minha testa.

— Você está quente, querido, não deveria ir trabalhar hoje, se

dê uma folga também — diz.

— Estou bem, mamãe — garanto, mesmo sentindo dor de

estômago e agora, de cabeça. — Logo passa, preciso ir nessa.

— Espere, antes me diga onde foi ontem à noite após o jantar

com sua sócia, Henry veio para casa sozinho, decidiu não ir para

balada, mas e você, foi para onde? — questiona, curiosa.


Encaro-a e dou um sorriso sem graça, minha mãe não deixa

nada passar despercebido mesmo, então ao notar meu sorriso

bobo, dona Lourdes coloca as mãos sobre o peito e solta um grito.

— Santo Deus! — grita, levantando-se. — Jesus ouviu minhas

preces, filho? Você encontrou alguém?

Reviro os olhos e dou de ombros.

— Ainda não ouviu, mamãe, mas ontem eu fiquei com uma

mulher maravilhosa, se chama Alexsandra — digo sorrindo ao

lembrar de Alex. — E adivinhe? Ela é a minha nova sócia.

Dona Lourdes leva uma das mãos até a boca aberta e se

aproxima de mim.

— Sua sócia? Me conte mais a respeito dela, ela é bonita?

Tem quantos anos? É uma mulher direita, Steve? Não é porque

quero que saia desse apartamento logo, que deixarei você ficar com

qualquer uma.
— O quê? Mãe! — Dou risada ao ouvir o que diz. — Esse

apartamento é meu, eu o comprei, se esqueceu disso?

— E daí? Você acha mesmo que eu vou embora para você

morar com alguém aqui? Nossa, Steve, eu fico muito chateada com

isso que você fala, onde já se viu! Temos que voltar no tempo, não

existem mais homens como antigamente. Antes eles eram tão

educados, puxavam a cadeira para nós, carregavam o guarda-

chuva, nos davam as melhores joias e perfumes, iam até nossos

pais para pedir nossa mão...

— Tá bom, já chega, se eu um dia casar, o que é difícil, a

senhora fica no apartamento. — Me dou por vencido, revirando os

olhos.

Mamãe ri e abraça-me, sentindo-se vitoriosa com aquilo.

— Ah, filho, eu sei driblar você, é só eu ser falante. — Ela

pega sua bolsa e me dá um beijo. — Vamos descer juntos, vou sair


para colocar o papo em dia com as meninas. Mas não pense que

me dei por vencida, quero saber tudo sobre Alexsandra!

∞∞∞

Chego à empresa, sentindo-me pior do que antes, a febre

aumenta, mas não me importo. Não havia tempo para isso; preciso

tratar assuntos importantes e ver Alex.

Porém, logo de imediato, vejo que não terei um dia tão fácil

quanto imaginava. Ao entrar no meu escritório, vejo Jennifer na

recepção, falando com minha funcionária. Sigo até a mulher,

tentando me manter calmo.

— Ah, aí está ele — diz ela, minha ex-noiva é linda; seu

cabelo está escuro agora, talvez para um novo filme, a pele negra,

olhos castanhos, boca carnuda. Está usando um vestido que com

certeza não é adequado para o momento.

— Jennifer, que surpresa você por aqui — digo de maneira

irônica para ela. Claro que não me sinto surpreso, afinal, não é a
primeira vez que ela simplesmente aparece no meu escritório,

pedindo para reatarmos.

— Olá, Steve, precisamos conversar em particular — diz

olhando para a recepcionista.

— Tudo bem — respondo. — Scarlett, não passa nenhuma

ligação para mim pelos próximos quinze minutos, só se for de

Alexsandra Burckhardt.

— Tudo bem, senhor.

Me despeço dela e sigo para o meu escritório, Jennifer me

acompanhando lado a lado.

— Deveria mandar essa garota embora — comenta ela. —

Mal-educada, filha de uma... Enfim, não vim falar sobre isso.

— Imaginei que não tenha sido mesmo, afinal, quem manda

aqui sou eu, sua opinião de quem deve ser mandado embora ou

não, não vale de nada — respondo de maneira ríspida.


— Nossa, Steve, não precisa ser ignorante comigo — diz

Jennifer, fazendo-se de vítima, como sempre.

Entramos no escritório e olho para ela.

— Tem certeza de que não precisa? Eu ainda não esqueci

tudo que você fez, Jennifer.

Ela fica quieta por um minuto, dando de ombros em seguida.

— Eu vim aqui justamente por causa disso — começa. —

Quero o seu perdão, quero voltar com o nosso relacionamento,

reconstruirmos nossas vidas, seguirmos com nossos planos.

Dou risada ao ouvir o que diz, piada logo cedo? Até que meu

dia não seria tão ruim assim, como presumi.

— Como você tem coragem de falar sobre reconstruirmos

nossas vidas e seguirmos com os nossos planos depois de tudo o

que você fez? — pergunto irritado. — Não vai rolar, sinto muito, é

melhor que vá embora com seu deboche.


— Por que não? Você está com alguém? — questiona,

erguendo a sobrancelha.

— Talvez — digo para que entenda de uma vez por todas que

não a amo mais.

Eu desprezo completamente Jennifer e suas atitudes.

— Qual o nome da pessoa? — pergunta chateada.

Ouço uma batida na porta e logo em seguida ela abre, então

vejo-a entrar um tanto sem graça.

— Alexsandra — digo, Jennifer se vira e a observa.

— Ah, me desculpe, Steve, não sabia que estava com

alguém, eu vim te trazer um café.

Observo que nas suas mãos contém dois cafés expressos,

fico feliz pelo simples ato, isso significa que ela pensou em mim em

algum momento da sua manhã.


— Muito obrigado, e não se preocupe, Jennifer já está de

saída.

Minha sócia observa minha ex e sorri, um pouco sem graça.

— Posso voltar outra hora — diz, será que ela sabe quem é

Jennifer Spelman? Tenho certeza de que sim, afinal, nosso

relacionamento sempre foi aberto para a mídia e além disso, minha

ex é uma grande atriz.

— Pode ficar, Alexsandra — diz Jennifer, dando de ombros.

— Realmente já estou de saída. Volto outra hora para falar com

você, Steve.

Vejo-a seguir para a porta e olhar atentamente para Alex, logo

em seguida sair em direção ao corredor, batendo os pés.

— Desculpa, eu realmente não sabia, Scarlett não me disse

nada.

— Tudo bem, eu disse para ela que era para deixar só você

entrar em contato comigo, você acabou me livrando de uma


encrenca.

Ficamos em silêncio e ela ergue o café.

— Aqui, espero que não se importe que eu tenha trazido.

— De jeito nenhum, sente-se. — Pego o café de sua mão

sorrindo e dou um gole, nos sentamos um de frente para o outro. —

Está ansiosa para hoje? O contrato está sendo preparado e para

não perdermos tempo, irei mostrar a você a nossa empresa e onde

seus projetos serão criados.

Como uma mulher pode ser tão bonita desse jeito? Sua

beleza me fascina de um jeito que me faz querer pegá-la aqui

mesmo e foder sua deliciosa boceta, mesmo me sentindo tão mal.

— Sim, um rapaz chamado Nicholas se ofereceu para me

mostrar o local, vou encontrar ele daqui uns minutos — responde,

encarando-me com um enorme sorriso.

Penso a respeito disso e me sinto um pouco incomodado com

o tal do Nicholas querer mostrar a empresa para Alex.


— Quem vai te mostrar sou eu — digo, bebendo o café. —

Nicholas não conhece um terço daqui.

Alexsandra ergue as sobrancelhas e dá de ombros.

— Você que manda.

E sei que isso realmente é verdade. Eu mando mesmo.

∞∞∞

Mostro toda a empresa para Alexsandra me sentindo cada

vez pior, se ela percebeu, não diz nada, mas é notório o suor que

brilha na minha testa.

— Aqui é a parte em que os projetos começam a dar os

primeiros passos — digo, mostrando para Alex a sala em que ficam

os nossos projetistas.

— Incrível — diz acenando para um homem negro e forte;

Nicholas.
Encaro-o ao longe e aceno, com ele retribuindo e indo

trabalhar, fico em silêncio e Alex continua com o sorriso no rosto.

— Sim, na próxima sala fica a nossa equipe de criação, são

eles que fazem os projetos acontecerem, que dão vida às nossas

ideias.

Seguimos adiante e entramos em uma enorme sala,

Alexsandra olha cada canto, maravilhada.

— É aqui que vão cuidar dos seus projetos, srta. Burckhardt

— digo, forçando um sorriso.

— É maravilhoso, Steve! — responde entusiasmada, sorrio ao

perceber sua felicidade e tenho vontade de beijá-la aqui mesmo,

sem me importar com regras idiotas sobre não se relacionar com

funcionários e sócios, e com a plateia que teríamos.

— Sim, sim — digo. — Bem, na as-sala se-seguinte... —

Tusso passando mal e paro um pouco para recuperar o ar perdido,

me sinto zonzo e cada vez pior.


— Está se sentindo bem? — pergunta Alexsandra.

— Estou sim — consigo dizer, a voz meio embargada. —

Acordei um pouco indisposto hoje.

— Deveria ir ao médico — comenta ela.

— Não tem necessidade — respondo, sentindo meus olhos

quererem se fechar. — Logo eu...

Porém, não consigo terminar de falar, porque a última visão

antes de cair desmaiado, é Alexsandra vindo na minha direção para

me socorrer.
9 — Hospital

Steve Forbes desmaiou bem na minha frente, ele só não caiu

inerte no chão porque eu consegui segurá-lo e comecei a gritar por

ajuda.

Rapidamente uma ambulância é acionada e seus

funcionários, que eu nem sei os nomes, ligam para seu filho e sua

mãe — parece que ele só tem os dois como família.

Antes da ambulância chegar, tentamos reanimá-lo, porém não

tivemos êxito. Eu não consegui sair do lado dele em nenhum

instante, preocupada com o que poderia ser aquilo que ele sentia.

— Nunca aconteceu antes — ouço uma de suas funcionárias

dizer.
— O homem só trabalha, coitado — responde outra.

Tempos depois — nem sei dizer quanto — a ambulância

chega e dois paramédicos trazem uma maca para colocá-lo.

— Os batimentos dele estão estáveis, precisamos tentar fazê-

lo acordar — diz um dos médicos.

— Quem estava com ele na hora? — pergunta outro.

— Eu — respondo levantando a mão.

— Olá, senhorita, meu nome é Johnas e vou ajudar o senhor

Forbes, pode me dizer o que aconteceu?

— Bem, ele estava me mostrando a empresa e de repente

começou a gaguejar, logo em seguida desmaiou — digo

simplesmente.

— Tudo bem, a senhora é parente dele? — pergunta o outro.

— Não, somos sócios, e não me chame de senhora, me

chame de Alex — peço, encarando-o.


— Certo, alguém sabe me informar se tem algum parente dele

por aqui? — indaga o mesmo que não dissera o nome.

— Ninguém — diz Scarlett. — O filho trabalha com ele,

porém, hoje não veio, mas já avisamos ele e a mãe do senhor

Forbes.

— Não podemos ficar esperando a chegada dos dois —

responde Johnas, encarando-nos. — Precisamos ir logo com ele

para o hospital, o estado do paciente pode intensificar.

— Eu vou com vocês — digo, indo à frente da saída.

— Desculpe, você não pode, somente parentes são

autorizados — responde o outro homem, que não sei o nome. Olho-

o séria e ergo a sobrancelha, quero ver quem vai me impedir.

— Eu vou com vocês — repito séria. — Não me interessa que

não sou parente, alguém precisa estar com ele para dar notícias

para a família quando chegarem.


Os dois se olham e dão de ombros, sabendo que não adianta

discutir comigo.

— Ok, vamos — responde Johnas.

∞∞∞

Sabe quando essas patricinhas conquistam o rapaz mais

gostoso da faculdade e ficam com aquele olhar de vitória no rosto?

Bem, eu não sei, porque nunca tive essa chance. Porém, eu estou

me sentindo vitoriosa de estar na ambulância com Steve e Johnas.

Claro que não desejava estar aqui; isso é desconfortável demais e

eu conheço meu sócio há míseras vinte e quatro horas. E saber que

nesse pequeno período já tínhamos nos envolvido, deixa-me

espantada. Tá, eu podia dizer que fui realmente sacana — para não

dizer safada —, mas preferia não pensar desse jeito.

Afinal, Steve também quisera; eu não obriguei ninguém a

nada.
E vê-lo deitado, de olhos fechados e com aparelhos sobre seu

corpo, me assusta um pouco, afinal, o que havia acontecido com

esse homem?

Um tempo depois, não sei dizer quanto ao certo, já que

estava distraída demais, chegamos ao hospital e rapidamente Steve

foi carregado para dentro, junto de Johnas e o outro paramédico.

Tento segui-los o caminho inteiro, mas os perco de vista quando

uma mulher de cabelo escuro, pele no mesmo tom, me impede.

— Olá, boa tarde, eu me chamo Ketelyn e estou aqui para te

ajudar da melhor maneira possível — diz, olhando-me, observo-a e

continuo em silêncio. — Desculpa, eu sei que está nervosa e quer

saber o que o senhor Steve tem, mas antes preciso que você assine

uma ficha. É namorada dele?

Ela me olha, fica ainda mais sem graça do que antes e ergo a

sobrancelha ao ouvir isso.

Namorada?
— Sei que esse é o seu trabalho e só quer ajudar, mas

preciso saber sobre ele... A família está vindo pra cá, quero eu

mesma informar sobre qualquer notícia — respondo, ignorando sua

pergunta.

Ela me olha e concorda, com um aceno de cabeça.

— Tudo bem, fique aqui preenchendo a ficha, vou lá dentro e

volto já para te dar notícias, prometo não demorar.

— Obrigada, Katy — digo sorrindo.

— É Ketelyn — me corrige, parecendo um pouco nervosa.

— Ah, isso, desculpa — respondo sincera.

Ela sorri e segue na direção em que levaram Steve, penso

sobre isso e sinto um arrepio percorrer todo meu corpo. Quanta

loucura para um dia só! Jamais imaginei que começaria meu

primeiro dia como sócia de Steve Forbes, dentro de um hospital,

com ele desmaiando bem na minha frente.


Paro de pensar a respeito disso e respiro fundo, encarando a

ficha, logo coloco meus dados, o que sou do paciente — quase

coloco sócia? Peguete? Emocionada? —, minha idade, um telefone

de contato e outras coisas que pedem sem necessidade nenhuma,

porque sabemos que eles jamais nos ligarão para informar qualquer

coisa sobre o paciente. Se tivessem que falar com alguém, seria

com o próprio ou com algum familiar, coisa que eu não sou.

Após terminar de preencher a ficha, sou pega com os

pensamentos a mil, diversas perguntas surgem na minha mente, me

deixando nervosa, por que eu estou aqui? Por que Steve e eu nos

envolvemos?

Só de pensar no que tínhamos feito na noite passada, me dá

um calor enorme nas regiões que prefiro não descrever.

Sou tirada dos meus pensamentos quando Henry e uma

mulher, com o rosto pálido, e o cabelo solto, vestida com um casaco

de pele enorme, vêm até mim.


— Ai, meu Deus, isso não pode ser verdade, não pode! — diz

a mulher chorando. — Steve morrer, não mesmo! Tão novo meu

filho, tão lindo e cheio de saúde. Henry, por favor, pegue uma água

para mim.

— Calma, vovó, o papai não vai morrer! — Ele vem na minha

direção e me dá um abraço desajeitado, o sorriso sem graça nos

lábios. — Fiquei sabendo que você que o socorreu, obrigado,

Alexsandra, e me desculpe por isso.

Ele olha para a avó que ainda chora, e revira os olhos.

— Só Alex, ok? E fique tranquilo, não foi nada — digo

sorrindo. — Melhor pegar a água para a...

— Lourdes, o nome dela é Lourdes — diz Henry sorrindo. —

Volto já, fique de olho nela, por favor.

Concordo e ele se afasta, dona Lourdes Forbes me encara.

— Foi você que ajudou Steve, não foi? Ah, muito obrigada,

Deus te pague! — Ela vem na minha direção e me abraça, nem


sequer espera eu responder à sua pergunta. — Garota, você é

muito bonita, trabalha com meu filho? É solteira? Hétero, lésbica, bi?

Olho para ela um tanto sem graça com tantas perguntas e

vejo Henry voltar com a água, entregando a ela, que beberica.

— Vovó, para de atacar a moça, essa é Alexsandra, a nossa

mais nova sócia — diz ele. — Ela começaria a trabalhar hoje na

empresa, mas papai passou mal...

Antes que Henry possa terminar de falar, a água que dona

Lourdes levara à boca, é cuspida, molhando o neto e todo o chão.

— Ah, então é você a famosa Alex! Como estou ficando velha

— diz ela sorrindo feito boba, a cada segundo eu me sinto mais sem

graça ainda.

— Bem, famosa não, mas sou Alex, prazer em conhecer a

senhora — respondo.

Ergo minha mão em sua direção e ela a pega, me puxando

para mais perto e dando um beijo no meu rosto, dona Lourdes


entrega o copo para o neto e segura meu rosto com as duas mãos,

maravilhada com alguma coisa que não sei dizer.

— Finalmente Steve acertou — diz ela, vejo Henry revirar os

olhos ao ouvir isso.

Fico um tanto sem graça e sinto meu rosto ruborizar, ela me

solta e continua sorrindo.

— Veja só — digo querendo mudar de assunto, Steve havia

dito para sua mãe sobre nós? —, a enfermeira está vindo para nos

dar alguma notícia.

Ketelyn se aproxima e se apresenta para os verdadeiros

familiares de Steve, então vejo-a me encarar um pouco séria.

— Bem, não trago boas notícias, como desejava — diz meio

cabisbaixa, em seguida volta a nos encarar. — Steve está em

observação por conta dos sintomas que diz sentir; febre, fraqueza,

cansaço e palidez. Às vezes não pode ser nada grave, apenas falta

de descanso e de uma alimentação mais balanceada, porém, já


fizemos exames de sangue, para ver se não é algo mais sério, e só

estamos esperando o resultado sair. Sugiro que fiquem

despreocupados, por enquanto, mas os exames podem acusar

alguma coisa. Quando foi a última vez que Steve realmente

descansou do trabalho?

— A última vez que vi meu filho descansar, foi antes da

esposa falecer, quando ela morreu, ele dobrou o trabalho, sentia-se

sozinho, então preferia ocupar a mente com outras coisas, não o

culpo por isso — responde dona Lourdes.

Ouço tudo atentamente, eu realmente não sei nada sobre

Steve.

— Certo, mas agora precisamos saber se esses sintomas já

haviam aparecido antes, vocês notaram alguma diferença nas

últimas vinte e quatro horas?

Ficamos em silêncio e Henry dá de ombros.


— Ontem ele estava bem, trabalhamos e depois fomos jantar

juntos, quem ficou com ele depois, foi Alexsandra.

Os três me olham e vejo dona Lourdes colocar a mão na

boca, ansiosa para alguma oportunidade de saber o que aconteceu

entre seu filho e eu.

— Bem... Ele estava bem, con-conversamos bastante,

bebemos, nada de estranho. — Dou de ombros, lembrando-me

sobre a noite anterior.

Ketelyn assente, formando um sorriso.

— Bem, vamos ver como será daqui em diante, peço que se

mantenham aqui, temos cantina, se sentirem vontade de comer, só

irem lá. Assim que tivermos mais notícias, volto para dizer.

Assentimos e ela se afasta, sem dizer mais nada.

∞∞∞
Decidimos comer alguma coisa, uma hora e meia mais tarde,

Ketelyn volta sorrindo, e aponta para mim.

— Srta. Alex, alguém quer te ver — informa, com o enorme

sorriso no rosto.

Levantamo-nos e olho para dona Lourdes, ela mostrando um

enorme sorriso, satisfeita.

— Como ele está? — pergunto, saindo dos meus

pensamentos.

— Melhor, o estado dele é estável, mas recomendamos que

ele passe mais algumas horas aqui, assim podemos dar alta mais

tarde, com a certeza de que esteja bem. Ele não gostou muito da

ideia, quis esbravejar, mas não pude dar atenção. — Ela seca o

suor da testa, respirando aliviada. — Ele quer muito te ver, só sabe

dizer seu nome.

Henry me olha e fico totalmente sem graça por ouvir isso.


— É... Tudo bem, posso vê-lo agora? — pergunto, desviando

meu olhar do filho do meu sócio.

Ela assente e vira-se para dona Lourdes e Henry.

— Logo vocês também irão poder vê-lo, espero que

entendam...

— Não precisa falar nada, querida, leve Alex para ver meu

filho, o vejo em seguida, o que importa é que ele está vivo. — Fico

ainda mais sem graça e Ketelyn me guia para um corredor, olho

para trás e vejo dona Lourdes acenando para mim, o sorriso ainda

estampado no rosto. — Se seu pai não morrer, acho que agora ele

casa — ouço-a dizer e desapareço da sua visão.


10 — Visita

Ainda me sinto um pouco tonto por conta do desmaio, olho ao

redor do quarto e me sento na cama, esperando Alex entrar com a

jovem enfermeira.

Uma batida na porta tira-me dos meus pensamentos e então

ela se abre devagar, Alex coloca a cabeça para dentro e sorri, então

entra no quarto, fazendo um sorriso largo se formar no meu rosto.

— Oi — diz ela sem graça.

— Oi, como é estranho encontrar minha nova sócia aqui, no

hospital. — Damos risada e ela vem até a mim, logo ficamos um

próximo do outro, então devagar, toco sua mão. — Gostaria de te

agradecer por ter me socorrido.

Sorrio e Alexsandra fica com as bochechas vermelhas.


— Sempre que precisar, quero dizer, não que eu queira que

você fique desmaiando por aí, não seria legal... Bem, você me

entendeu — responde, um pouco sem graça.

Voltamos a dar risada e concordo, com um aceno de cabeça.

— Certo, obrigado — digo.

— Como você se sente? — pergunta Alex, sentando ao meu

lado na cama.

Como eu me sinto?

Depois de diversas medicações, eu me sinto bem normal, o

médico dissera que poderia ser meu corpo protestando por conta de

trabalhar demais e não me alimentar direito, e até concordei com ele

sobre isso, afinal, eu andava muito tenso por conta do trabalho,

entre outras coisas. Jennifer ajudara muito nisso. Também havia as

dores no estômago, que culparam algum alimento que comi. Talvez

meu café da manhã gorduroso, que com certeza, dona Lourdes iria

me proibir de comer a partir de agora.


— Normal, eu acho, quero dizer — pigarreio e sorrio —, eu

estou com minha nova sócia em um hospital, sentado em uma cama

dura, com um traje ridículo. Sabia que minha bunda está de fora?

Só não mostro porque não seria uma atitude sensata.

Ela ergue a sobrancelha e balança a cabeça.

— Acho que eu não precisava saber que sua bunda está de

fora — comenta.

— É, faz sentido. — Dou de ombros e nossas mãos voltam a

se tocar, o que é completamente estranho.

Por que temos essa conexão tão intensa? Por que sinto que

Alexsandra é um intenso desejo que eu sempre quisera consumir?

Engulo em seco e ela solta minha mão, para disfarçar, mexe

no seu cabelo, que está preso.

— Sua mãe e seu filho estão do lado de fora, acho que eles

vão querer te ver — diz ela.


— Certo, peça para eles entrarem, por favor.

Ela levanta e vai até a porta, então vira novamente para mim.

— Steve — diz.

— Alex — respondo.

— Fique bem, por favor.

— Ficarei, e não vá embora, precisamos conversar.

— Sobre? — questiona, erguendo a sobrancelha.

Abro a boca e fecho novamente, sobre o que eu quero

conversar com ela? Dizer que é arriscado nos envolvermos e é

melhor evitarmos isso? É claro que isso é ridículo, afinal, apesar de

toda a loucura que tive com Jennifer, quero me envolver com

Alexsandra mais que qualquer coisa.

— Nada demais — digo, sorrindo.

Ela concorda e abre a porta, mas nem precisa chamar minha

mãe e Henry, porque os dois já estão esperando.


— Ah, finalmente, achei que não iria entrar aí nunca! — diz

mamãe, ela tira seu casaco, coloca na cadeira, entrega a bolsa para

Henry, e vem na minha direção. — Meu filho, mas que loucura, você

quase me mata do coração, sabia?! Eu estava indo visitar minhas

amigas para colocarmos o papo em dia, quando recebi a ligação do

escritório dizendo que “Steve caiu no chão feito um ganso morto”,

queria saber como um ganso cai, mas isso não vem ao caso. Como

se sente, querido?

Olho para minha mãe e depois para Alex, ela sempre sendo

muito inconveniente, mas eu a amo.

— Estou bem, mamãe, só foi uma crise, eu acho.

— Crise de nervosismo? Crise de quê? Você anda

trabalhando demais e descansando de menos, querido, sabe que

não pode — murmura, nervosa.

Dona Lourdes senta ao meu lado e pega na minha mão.

— Calma, mãe...
— Você poderia ter morrido, meu Deus! Ainda bem que Jesus

colocou no seu caminho a Alex. — Agora ela se aproxima de mim e

sussurra: — E que mulher, hein, vocês transaram?

— Mamãe! — digo sem graça, Alex ri baixinho atrás dela,

totalmente sem graça. — Escuta, isso não é assunto, ok? Não aqui.

— Tudo bem, que intolerância essa sua! Eu, uma mãe super

preocupada com o bem estar do meu único filho, e você com

estupidez! — responde, melancólica, mamãe seria uma ótima atriz.

Ela levanta da cama e senta na cadeira, Henry se aproxima,

revirando os olhos.

— Vovó não muda nunca — diz ele.

— Vai dar a bunda, netinho — responde mamãe. — Nunca

irei mudar, não porque você quer! Tenho pena dessa juventude.

Então abre sua bolsa, que arranca das mãos de Henry com

brutalidade, e pega seu celular.


— Pai, como se sente? — pergunta Henry, decidido a ignorar

sua avó.

Olho para o meu filho e pego na sua mão.

— Eu estou bem, só me sentindo cansado, é a idade.

— Quarenta e cinco anos e está solteiro... — diz mamãe

baixinho.

Não dou ouvidos e observo Alex, agora mexendo no celular,

olho novamente para meu filho e suspiro.

— Não deveria ter vindo, a empresa precisa de alguém para

cuidar.

— Não pense no trabalho pelo menos por um dia, ok? — fala

ele. — Sua empresa não vai falir se você ficar alguns dias fora.

Congelo ao ouvir isso, ficar longe dos negócios? É

impossível, eu sequer consigo imaginar isso. Assim que me tornei


um empresário respeitado, não deixei mais os negócios, sempre

quis observar tudo de perto.

— Do que você está falando? — pergunto.

— O médico...

Antes que ele possa falar, a porta abre e o doutor que me

atendeu, entra. Na sua mão tem uma prancheta, e vários papéis,

vejo-o empurrar os óculos para a ponte do nariz e observa-me.

— Sr. Forbes, como se sente? — pergunta.

— Me sinto bem, pronto para voltar a trabalhar — digo,

criando pânico ao lembrar do que Henry disse, não posso ficar longe

da minha empresa.

Ele me observa e balança a cabeça em negativa.

— Sei que o senhor é um homem importante e muito

ocupado, mas além disso, Steve, você é humano, e não é feito de

ferro, necessita de descanso.


— O que você quer dizer? — pergunto sério, já sabendo a

droga da resposta.

— Bem, os resultados dos exames já saíram e posso deixar

vocês aliviados sobre uma coisa; não é nada grave. Porém, sr.

Forbes, o senhor necessita de descanso e também de alimentações

mais saudáveis e balanceadas, entende? Nada de comida muito

gordurosa e muita besteira, opte por bastante verduras e legumes.

Recomendo que o senhor tire férias do trabalho por pelo menos, uns

quinze dias, isso já ajudará seu corpo a voltar a ser forte e passar os

sintomas que anda sentindo, tudo bem?

Fico quieto ao ouvir isso e me sinto nervoso, descansar dos

negócios? Impossível, eu não posso deixar as empresas sozinhas, e

agora eu tenho uma nova sócia — que me olha séria —, eu preciso

trabalhar para engatilhar nossos produtos. Fora que teria que

começar a comer comidas saudáveis, só de imaginar, me sinto

chateado.
— Não posso largar os negócios assim do nada! Isso é pedir

demais.

— Você pode e vai — responde mamãe, autoritária. — Escute

aqui, nem adianta teimar comigo, entendeu? Você pode ter a idade

que for, mas sou sua mãe e decido o que é melhor para você. Steve

ficará fora das empresas por quinze dias, Henry, e quem assumirá,

será você, o único herdeiro dele. — Ela para de falar e observa as

unhas. — Você pode ir para a nossa casa de praia, e Alexsandra

pode ir com você, o que acha, querida? Afinal foi você que o ajudou,

acho justo.

Alex e eu nos encaramos e percebo como ela está nervosa.

— Mamãe, você não pode pedir para minha sócia fazer isso,

ela não tem obrigação nenhuma de cuidar de mim, fora que também

tem sua empresa, os negócios dela...

— Mas quem disse que ela vai para cuidar de você? A garota

fechou negócio com você não tem nem quarenta e oito horas, e
você já deu dores de cabeça suficientes para ela, também merece

um descanso, assim, quando ambos voltarem, terão cabeças

suficientes para engatilharem nos negócios. — Ela levanta e pega a

bolsa, com o casaco. — Alguma objeção?

— Não — dissemos todos, até mesmo o doutor responde,

com medo de mamãe.

— Ótimo, isso vai ser bom! Filho, irei preparar suas malas,

não irei para que fiquem à vontade, e também não posso desmarcar

meus compromissos, tenho que colocar...

— O assunto em dia com suas amigas — dizemos Henry e

eu.

Ela nos observa séria e concorda.

— Isso mesmo, colocar o assunto em dia, vejo vocês em

casa. — E sai rebolando, deixando-me petrificado com sua ousadia.


11 — Malas prontas

Fico totalmente sem reação com as palavras de dona

Lourdes, então quando ela sai do quarto, o médico se retira e logo

em seguida Henry, dizendo que irá até a empresa anunciar o

afastamento de Steve, e dar notícias sobre ele para seus

funcionários.

Steve e eu ficamos em silêncio durante um bom tempo, então

ele decide falar.

— Se não quiser ir, irei entender perfeitamente — diz.

— Talvez você não queira que eu vá, Steve — digo séria,

dando de ombros.
— O quê?! Não, não é isso — fala, ajeitando-se na cama. —

Eu quero que vá sim, mas só se quiser.

Fico em silêncio e penso sobre o assunto; tínhamos nos

conhecido fazia somente um único dia, e agora já iríamos viajar

juntos? Tudo bem que somos sócios, mas, mesmo assim, a situação

é bastante estranha. Dou de ombros e penso sobre a viagem, seria

interessante, não seria? Teríamos quinze dias juntos, o que poderia

acontecer nesse tempo?

— Eu vou, se não se importar — respondo de pronto.

— Vai ser ótimo! — exclama Steve animado, o que me deixa

surpresa, até pouco tempo atrás ele não queria tirar folga de jeito

nenhum, e agora já está animado com isso? Sorrio e o vejo

tentando se levantar, mas se lembra da roupa e se mantém na

cama. — Pode vir aqui?

Não entendo o pedido, mas não recuso, me aproximo e sou

puxada por ele. Caio no seu colo e vejo nossos lábios próximos uns
dos outros.

— Quero tanto te beijar — diz sensualmente.

— Fique à vontade — respondo, desejando isso mais que

tudo.

“Droga, o que está acontecendo comigo agora?”

Steve se aproxima ainda mais de mim e quando nossos

lábios estão prontos para se encontrarem, a porta do quarto é

aberta e o mesmo médico de antes entra, segurando uma prancheta

nas mãos. Vejo-o a encarar e nem nota a situação que estou com

Steve, então me levanto e ele nos encara, sorrindo.

— Tenho ótimas notícias — diz. — Já está liberado, sr.

Forbes, assine essa papelada para mim, por favor.

Ele se aproxima e entrega os papéis para meu sócio, que

rapidamente assina, sem pensar duas vezes.


— Eu pensei que ele ficaria mais um tempo em observação —

digo, vendo o médico pegar a ficha de Steve.

— Ele já está bem, não se preocupe, seu namorado agora só

precisa de repouso e uma boa alimentação.

Ouço isso novamente, namorado? É a segunda pessoa só

hoje que diz que Steve e eu namoramos.

— Nós não somos namorados — respondo.

— E a senhorita é o que do paciente? Aqui só pode ficar

parentes — diz ele.

— Tudo bem, doutor, não se preocupe, Alex é de confiança —

fala Steve piscando, o homem dá de ombros e concorda.

— Ok, vou pedir para que tragam os pertences do senhor —

avisa, saindo do quarto e fechando a porta.

— Finalmente livre — diz Steve, assim que o homem sai do

quarto, ele levanta e noto que sua bunda realmente está de fora... e
que bunda linda!

— Ah, Steve, eu acho que você esqueceu... — Sinto meu

rosto ficar vermelho e rapidamente ele puxa o lençol, cobrindo-se.

— Me desculpe, esqueci completamente — diz sem graça, e

sinto vontade de rir com isso.

— É melhor eu sair e voltar depois — respondo.

Novamente a porta se abre e vejo Ketelyn entrar, deixando as

coisas do meu sócio sobre a cama, sem emitir som algum, ela sai,

deixando-nos sozinhos.

— Ótimo, minhas roupas, se não se importar, poderia virar?

Não precisa sair, afinal você já me viu pelado antes...

— Tudo bem — digo virando de costas, olho pelo canto do

olho e noto Steve soltar o lençol na cama, retirando a roupa do

hospital. Finjo que estou distraída e continuo observando-o, agora

colocando a cueca e logo em seguida a calça. Ele veste a camisa,

deixando dois botões abertos e as mangas dobradas.


— Vamos? — pergunta, quando já está pronto.

— Vamos — digo, saindo do quarto com ele.

— Gostaria de me acompanhar até em casa? — indaga,

observando-me.

Concordo, e envio uma mensagem para Nubia, contando

sobre tudo que está acontecendo.

Minha amiga me responde imediatamente.

“Eu não acredito que vocês vão viajar juntos!”

Ignoro a mensagem formando um sorriso e logo já estamos

do lado de fora, como tínhamos vindo na ambulância, pedimos um

táxi.

A viagem toda Steve fica em silêncio, somente me

observando. Tento entender o que está acontecendo entre nós dois,

a cada segundo que estamos juntos, mais envolvidos ficamos,

porém, algo me deixa um tanto confusa.


Steve é intenso, assim como o desejo que sentimos um pelo

outro, e fico imaginando o que poderia acontecer nessa viagem.

— Está pensando no quê? — pergunta, tirando-me dos meus

pensamentos.

— Nada demais, você queria conversar comigo? — inquiro

mudando de assunto, não quero que ele saiba o que realmente

estou pensando.

Recordo-me neste momento que Steve havia dito que

gostaria de falar comigo, porém, a pergunta que não cala é:

conversar o quê?

— Não é nada sério — responde tocando minha mão, sinto

um arrepio percorrer meu corpo e concordo, forçando um sorriso.

— Você tem certeza? — pergunto. — Quero dizer, você disse

quê...

— A única certeza de que eu tenho é que quero te beijar —

diz, cortando-me.
Sinto-me sem graça e olho para o taxista, o que ele estaria

pensando sobre nós dois? É cada pensamento que tenho, que me

deixa mais confusa ainda.

— Já estamos chegando? — Tento mudar de assunto, com

medo do que está acontecendo aqui. Na noite anterior, Steve havia

ficado um tanto calado após terminarmos nossa pequena loucura, e

agora quer me beijar? Talvez ele seja mais louco do que eu

imaginava.

— Chegamos — diz e percebo que o carro para, ele paga o

motorista e descemos do veículo.

Olho Steve entrar no enorme prédio luxuoso e o sigo,

observando-o andar com elegância. O sigo para o elevador, a todo

instante o observo e vejo-o formar um sorriso sacana, talvez

pensando no que havia dito no táxi.

“Se ele quer me beijar, por que não fez isso ainda?”
— Chegamos, bem-vinda ao meu lar — fala, retirando-me dos

meus pensamentos.

Saio do elevador com ele e noto a cobertura, é diferente do

apartamento que fui com ele, olho em volta e noto uma enorme sala

bem decorada, as janelas são do chão ao teto, revelando toda Nova

York. Em seguida, avisto uma sala de jantar, onde há uma enorme

sacada, mostrando os enormes prédios da grande metrópole, sinto-

me arrepiada com a imagem. Daqui posso ver a cidade inteira.

Noto que na sala, há uma escada toda trabalhada no

mármore, levando para um segundo patamar, o que me deixa

surpresa é saber que Steve tem várias residências. Ao lado da sala

de jantar, avisto um corredor e uma enorme cozinha, onde noto que

dona Lourdes está parada, com um avental sobre o peito e o cabelo

amarrado.

Paro de observar o local ostensivo e encaro Steve, que me

olha com um enorme sorriso.


— Gostou? — pergunta, e o tom é tão sensual que me sinto

totalmente hipnotizada por ele.

— É realmente incrível — respondo, então sua mãe nota a

nossa chegada.

— Filho, que bom que já teve alta, e fico feliz que tenha

trazido Alex com você — diz vindo até a mim, dou um beijo no seu

rosto e forço um sorriso.

— O que você está aprontando naquela cozinha, mamãe? —

Steve pergunta, após ela dar um beijo nele, como se não o tivesse

visto no hospital, horas antes.

— Preparando um bolo para nós, hoje lembrei do seu pai e

decidi fazer o que ele tanto adorava; bolo de laranja.

Steve a olha e dá de ombros, então vai até a sala e coloca na

mesa de centro suas chaves, carteira e celular. Fico observando

cada movimento dele, um pouco sem graça. O que está

acontecendo comigo?
— Preciso de um banho — diz abrindo os botões de sua

camisa. Fico atônita ao ver isso e tento me controlar ao máximo

para não avançar nele. — Estou me sentindo cansado.

Ouço ainda em silêncio, sem reação alguma, até mesmo

parece que eu sou uma mosquinha no lugar errado, afinal de

contas, o que estou fazendo aqui?

— Alex, você aceita uma taça de vinho? — pergunta dona

Lourdes me trazendo uma. — Beba um pouco, você teve um dia

cheio, aguentar meu filho não é fácil, ainda mais em um hospital.

Aceito a taça e beberico um pouco da bebida, sorvendo o

gosto suave, então penso sobre Nubia que deve estar louca me

esperando em casa e em como a hora havia passado rapidamente.

— Não exagere, mamãe, sabe que não pode beber tanto —

diz Steve, ligando o som e colocando uma música para tocar.

Observo-o novamente e fico com água na boca; como ele

pode ser tão gostoso? Seu cabelo grisalho está um pouco


bagunçado, assim como sua barba, que está começando a ficar

desgrenhada. Ele tira a camisa social e fica somente com uma

regata branca fina, que está por baixo e noto como seus braços são

fortes e cheios de tatuagens. Na noite anterior, eu as havia visto,

mas com o desejo e a luxúria no ápice, não observara como eram

lindas. Noto que próximo do seu pulso há um coração tatuado,

dentro dele contém uma pequena raposa alaranjada, junto de um

menino com trajes azuis. Ergo a sobrancelha maravilhada com

aquilo, Steve Forbes fã de “O Pequeno Príncipe”?

Nesse momento percebo que realmente não conheço esse

homem e já me sinto totalmente seduzida por ele.

Saio dos meus pensamentos quando ele olha para mim e

vem na minha direção, pega a taça dos meus dedos e dá um gole

na bebida. Sorri e começa a cantarolar a música, porém, estou tão

hipnotizada que nem presto atenção na letra.


— Ah, isso é realmente lindo, vou subir — diz dona Lourdes,

deixando-nos a sós.

Olho para ela e a vejo acenando para mim, alegre.

— Fique à vontade, querida. — E desaparece da minha visão.

A música acaba e Steve abaixa o som, seus olhos brilham e

ele parece um pouco sem graça.

— Desculpa pela minha mãe, acho que você já percebeu as

intenções dela — diz.

— Que ela quer que fiquemos juntos? Percebi desde o

primeiro instante que a vi — comento sorrindo. — Ela é uma fofa.

— Depois que meu pai morreu, ela ficou um tanto quanto

quieta, mas de uns tempos para cá, ela vem tendo um ótimo humor.

— Já parou para pensar que talvez ela esteja se relacionando

novamente? — pergunto, sentando-me.


Steve senta ao meu lado e joga uma de suas pernas por cima

da outra, aquele simples movimento me parece tão sexy que um

calor anormal sobe pela boca do meu estômago.

— Dona Lourdes se relacionando com outro homem? Não

consigo pensar nisso, seria estranho — responde.

— Estranho por quê? — indago, puxando minha taça da sua

mão, levo até os lábios novamente e volto a sentir o delicioso gosto

do vinho.

— Não sei, a idade dela, eu...

Encaro-o, sem entender o que ele está dizendo, e Steve me

observa, entendendo o meu olhar.

— Está querendo dizer que sou velho também? — pergunta-

me, erguendo a sobrancelha.

— Não que você seja, mas também não é nenhum jovem de

dezoito anos — comento. — Assim como você pode se relacionar,

ela também pode.


— Pode ser, que ela tenha a sorte que eu não tive até agora

— responde, dando de ombros, ouço isso e sinto uma pontada de

incredulidade.

— Espero que tenha essa sorte — digo já de pé, ele me

encara sem entender. — É melhor eu ir nessa, Nubia deve estar

ficando louca já, não falei com ela o dia todo.

Percebo que isso é mentira, porém, não irei dizer que fiquei

um pouco chateada em ouvi-lo dizer que não tivera a sorte de

conhecer alguém bom o suficiente para ele. Trouxa eu de pensar o

contrário.

“O que você está pensando, Alexsandra? Vocês se

conheceram ontem e além disso, vão trabalhar juntos quando

voltarem de viagem”.

“Droga, a viagem!”

— Fique mais um pouco, está cedo, e o seu carro? —

questiona, aproximando-se.
— Fui trabalhar de táxi hoje — falo.

Bebo o resto do vinho e vejo Steve puxar a taça vazia da

minha mão, logo já estamos mais próximos, prestes a nos beijar.

— Steve — digo entredentes.

— O que foi, Alexsandra? — pergunta de uma maneira tão

sexy que fico excitada.

Então nossos lábios se tocam, sinto o gosto suave do vinho

na sua boca e sua língua me invade. A sensação é tão incrível que

o puxo para mais perto e nos jogamos no sofá. Steve deita por cima

de mim, segurando com força meu cabelo e beija meu pescoço.

Sinto-me a cada segundo mais excitada, esperando que

aquele momento tão simples, não acabe nunca.

Vejo nossas mãos começarem a passear pelos nossos

corpos, puxo sua camiseta e a tiro, então levo meus lábios até seu

peitoral e o encho de beijos, fazendo trilha pelas suas tatuagens.

Steve geme com o toque da minha boca na sua pele e segura meu
cabelo, fazendo um rabo de cavalo, então continuo o beijando

naquela região e acaricio sua pele suavemente com as pontas dos

dedos, vou com meus lábios até seu mamilo e o mordisco, ouvindo-

o gemer a cada segundo mais.

O intenso desejo, a luxúria e a combustão de termos um ao

outro neste momento é tão grande, que nem parece que eu conheci

o meu sócio no dia anterior.

— Meu Deus, isso é tão bom — diz ele gemendo. — Você é

incrível, Alex.

Paro de mordiscar seu mamilo e observo-o, nossos lábios se

grudando novamente. Sinto minha calcinha ficar molhada e o

enorme volume nas calças de Steve. Devagar, desço a minha mão

na direção do seu pau e acaricio por cima do tecido, o segurando

delicadamente.

Abro seu zíper e encaro-o, seus olhos estão possessivos,

loucos para chegarmos no momento que tanto desejamos, o brilho


intenso revela o quanto ele quer me penetrar e minha boceta

molhada só mostra que deseja sentir seu pau me preenchendo por

completo mais do que ele pode imaginar.

— Você me deixa louco, Alexsandra — murmura gemendo.

Sorrio e mordo o canto da sua boca, então ouvimos passos

no andar de cima vindo na direção da escada e rapidamente Steve

levanta, ajeita o volume nas calças e coloca sua camiseta

novamente. Sento e prendo os cabelos, o suor escorre na minha

nuca por conta do que estávamos fazendo e quase sermos pegos.

Assim que termino de me arrumar, vejo dona Lourdes descer a

escada com um enorme tablet nas suas mãos, os óculos de leitura

na ponta do nariz.

— Veja só, querido — diz sem ao menos nos olhar, o que

acaba sendo um alívio neste momento, já que devo estar mais

vermelha que uma pimenta. — Eu perguntei no Facebook como que

um ganso cai quando morre, aí meu amigo Francisco me disse que


não encontrou nada a respeito, só vídeos de pessoas caindo de um

ganso. Pessoas montam em gansos! Isso é incrível e atordoante.

Tenho pena dos bichinhos.

Ela para de falar e enfim, nos observa, notando o olhar sério

do filho e meu rosto vermelho.

— Será que eu atrapalhei alguma coisa por aqui? — pergunta

inocentemente. — Vou subir novamente, esqueçam que estou aqui,

irei aproveitar e terminar de arrumar as malas.

Steve bufa, frustrado e eu, envergonhada. Minha calcinha

está toda molhada neste exato momento e a mãe do meu sócio bem

na nossa frente.

— Mamãe, hoje não tem nenhuma amiga sua para visitar

não? — ele pergunta, o tom de chateação é palpável na sua voz.

— Por acaso está me expulsando da minha própria casa? —

questiona incrédula, é incrível como ela consegue, mesmo séria, ser

engraçada.
— Não, ele está brincando, eu já estou de saída — digo,

levantando-me e olhando para Steve. — Preciso arrumar as malas

também.

— Certo, querida, afinal, vocês viajam amanhã, mas você não

quer ficar para o jantar? Provar um pedaço do meu bolo de laranja?

— pergunta dona Lourdes.

— Não, obrigada, fica para uma próxima, minha amiga deve

estar preocupada comigo.

Dona Lourdes concorda e vem na minha direção, então dá

um suave beijo no meu rosto e me abraça.

— Venha sim, vai ser um prazer recebê-la em nossa casa.

Ela me abraça novamente, despedindo-se, volta para o andar

de cima, subindo a escada rebolando.

— Desculpa por isso — diz Steve depois que dona Lourdes

some de vista.
— Eu gosto dela — digo. — O jeito... É engraçado.

Ele concorda e vem na minha direção novamente, passando

seus braços em volta da minha cintura.

— Quer continuar de onde paramos? — pergunta.

Olho para ele e desejo dizer que sim, eu quero continuar, mas

realmente já está ficando tarde e Nubia deve estar preocupada.

— Realmente preciso ir, nos vemos amanhã.

— Tudo bem. — Ele assente e beija suavemente meus lábios.

— Vou te buscar cedo, vamos sair daqui antes do meio-dia.

Concordo com um aceno de cabeça para ele e vou em

direção à porta, Steve quer me levar até a recepção do prédio, mas

digo que não precisa, e dando um último beijo nele, saio da sua

casa e sigo para a minha, pensando que tudo entre nós dois está

acontecendo muito rápido e sinto medo do que essa viagem pode

nos reservar.
12 — Lembranças

Alex

Assim que chego em casa, sou recebida por uma Nubia cheia

de sorrisos, retribuo e a vejo vindo em minha direção.

— Acho que não preciso pedir para me contar tudo, não é?

Porque você sabe que preciso saber.

A encaro e concordo, rindo da sua atitude, então recordo-me

de Steve e eu na sua casa.

— Eu nem sei por onde devo começar — digo erguendo a

sobrancelha, seguimos até a cozinha e me sirvo de uma cerveja,

minha amiga pega uma para ela e após brindarmos, continuo: —


Que tal começar com Steve Forbes desmaiando bem na minha

frente e passarmos o dia todo no hospital?

Vejo os olhos da minha amiga brilharem e começo a contar

tudo que havia acontecido, pondo ênfase nos detalhes de dona

Lourdes. Minha amiga ri descontrolada, animadíssima com toda a

história. Conto também como dona Lourdes nos intimou para a

viagem e quando chegamos na sua casa, o que havia acontecido.

— Ainda posso sentir minha calcinha molhada — brinco e ela

dá risada.

— Ai, que nojo! Mas, falando sério, você se sente preparada

para isso? Tipo, dar esse passo e ir para o sexo, vocês acabaram

de se conhecer — diz ela séria.

Olho para a minha amiga e confidente, e dou de ombros, eu

já havia me decepcionado demais em relacionamentos frustrantes

que tivera no passado, porém, com Steve Forbes, o desejo de tê-lo

é mais intenso que qualquer outra coisa.


— Eu não sei, quero dizer... Ele é bacana, mas... — Suspiro,

agora lembrando dos deliciosos beijos que havíamos trocado.

— Não pense muito, baby, faça o que achar certo, sabe quais

as intenções dele? Quero dizer, será que é só sexo? — pergunta,

bebendo o líquido de sua garrafa.

Penso sobre o que Nubia fala, será que realmente a relação

minha com Steve se trata apenas de sexo? Tento não pensar a

respeito disso, porém, se fosse, teria que me proteger o quanto

antes. Se Steve Forbes, meu sócio, quisesse somente sexo, eu teria

que evitar que qualquer tipo de sentimento nascesse.

“Ainda bem que ainda é muito cedo para se tratar de

sentimentos”, penso, mas vejo o quanto estou enganada.

Não que eu amo Steve ou algo parecido, mas ele é gentil,

bonito, educado, um verdadeiro gentleman. Steve é o tipo de

homem que qualquer mulher — e homem também — iriam querer.


— Bem, não vamos pensar muito — digo subindo a escada

para o meu quarto, com Nu nos meus calcanhares. — Mas me fala,

como foi seu dia?

Percebo nesse momento que aconteceu alguma coisa com

minha amiga, porque ela fica cabisbaixa e suspira.

— José e eu acabamos brigando, não percebeu que ele não

veio para cá hoje? — pergunta, estou tão surpresa com tudo que

havia acontecido que nem percebera.

— Distraída — respondo, sorrindo, ela sorri e seguro sua

mão, sentando-nos em minha cama. — O que aconteceu

exatamente para vocês brigarem?

— José acha besteira eu querer abrir um restaurante, ele

disse que é muito cedo para eu pensar nisso, que deveria arrumar

um emprego em alguma lanchonete, do que ficar dependendo da

grana que meus pais me deixaram.


Ouço isso espantada, como o namorado da minha amiga

poderia ser tão babaca?

— Ele só pode estar ficando louco, você está mais do que

certa de ir atrás dos seus sonhos — digo e a abraço, afagando seu

cabelo.

Sinto pequenas lágrimas escorrerem pelo rosto dela e seco-

as, beijando sua testa.

— Obrigada por me apoiar, amiga, você não sabe o quanto foi

difícil ouvir isso dele, é como se José anulasse os meus sonhos,

entende? Fez parecer que é algo inútil.

— Ele não sabe como é idiota ao dizer isso, mas não

desanime por causa disso. Gosto de José, mas às vezes ele é tão

imbecil! Nenhum sonho é inútil por mais difícil que pareça ser. Se

ele vier para cá, vou ter uma conversa séria com ele.

Nu dá uma risadinha e me mostra suas mãos, então vejo que

falta algo; a aliança dela.


— Nu, não acredito! Sinto muito.

Volto a abraçar minha amiga e sinto suas lágrimas quentes

escorrerem para a minha roupa, deixando-a molhada.

— Vai ser melhor assim, José não entende meus sonhos, e

também nem tenta entender, então, não quero esse tipo de pessoa

na minha vida, só quero pessoas que torçam para a minha

felicidade.

Concordo olhando-a e volto a beijar sua testa, encaixando-a

em volta dos meus braços.

— Vou cancelar a viagem com Steve, não posso ir me divertir

enquanto você está aqui, desse jeito.

— Não, não faça isso! Você não é nem doida de cancelar

essa viagem, pelo menos alguém tem que estar bem na fita, como

diria mamãe.

Rimos e discordo.
— Mas, Nu, não posso, quando precisei, você deixou de fazer

muitas coisas, só para ficar ao meu lado.

— Coisas que titias fazem — diz e voltamos a rir.

— Você não quer ir comigo? Posso falar com Steve, explicar a

situação.

Nu me olha séria e ergue a sobrancelha, cruzando os braços.

— Amiga, eu te amo, mas segurar vela não é comigo! Vou

ficar, irei atrás de um espaço e montarei meu restaurante, preciso

mostrar para José o quanto ele está errado, e a pessoa incrível que

perdeu.

— Sabe que a minha empresa está à disposição para você,

eles podem preparar todo o local, a estrutura, o que for preciso, é só

falar que peço para agilizarem o mais rápido possível — digo,

apertando suas mãos.

Ela sorri, assentindo.


— Eu sei, Bebê, seria até uma boa ideia investir meu dinheiro

na Empresa Burckhardt. — Sorrimos e ela me abraça. — Quem

diria, Alexsandra Burckhardt, uma CEO poderosa e ainda por cima,

sócia de Steve Forbes, um CEO safado!

Dou risada e concordo, quem diria que no fim eu abriria minha

empresa, ela cresceria tanto e fecharia um contrato com Steve.

— Agora falando sério, não quero que invista um centavo

sequer, a minha empresa vai cuidar de tudo, vai ser o seu presente

de aniversário adiantado, o que acha?

Minha amiga me encara e novas lágrimas surgem nos seus

olhos, só que agora, apesar de toda a tristeza, sei que é de

felicidade.

Ela solta um gritinho entusiasmada após isso e me aperta

contra seu corpo, feliz por ter o sonho saindo do papel.

— Você jura?! Está falando sério mesmo? Amiga, isso é

incrível! Obrigada! Você não sabe o quanto está me deixando feliz


com isso. Por favor, me belisque para ver se não estou sonhando.

Dou risada e a belisco de leve, voltando a abraçá-la.

— Eu havia pensado sobre isso há um tempo, mas estava

esperando ter a certeza de fechar o contrato com Steve, e agora

com isso, posso, enfim, realizar seu sonho.

— Seus pais vão ficar muito orgulhosos quando souberem

que a filha deles se tornou uma grande CEO — diz ela alegre,

penso sobre papai e mamãe e concordo, minha vida estava tão

maluca que nem sequer tivera tempo de falar com eles.

— Droga, não lembrei de ligar para eles, faço isso amanhã,

nem tive tempo de falar sobre o contrato que fechei por conta de

toda a loucura.

— Eu conversei com os dois, porém, não dei a notícia, mas

eles sabem o quanto você anda ocupada — diz sorrindo. — Não se

preocupe agora, precisamos beber para comemorar isso tudo que

está acontecendo nas nossas vidas.


Concordo e enquanto ela busca cerveja, começo a organizar

as malas, pensando sobre a viagem que farei com meu sócio. Uma

sensação cobre meu estômago, deixando-me com um frio na

barriga.

Como será essa viagem?

∞∞∞

Steve

Assim que Alex vai embora, subo para o meu quarto,

sentindo-me bem melhor. Ainda tenho um pouco de dor no

estômago, mas nada grave, então sigo para o banheiro e tomo um

rápido banho, saio e procuro mamãe, que está no quarto olhando

uma foto dela com papai.

— Relembrando os velhos tempos, dona Lourdes? —

pergunto, entrando e sentando ao seu lado, mamãe sorri com

pequenas lágrimas nos olhos.


— Às vezes a saudade bate mais forte do que de costume —

diz, enxugando os olhos e colocando a foto no aparador, senta ao

meu lado novamente e me encara. — Seu pai foi embora muito

cedo, Steve, sabe por que seu pai morreu tão precocemente?

Dou de ombros, ele tinha alguns problemas de saúde, isso

nunca foi segredo, e acabou tendo um infarto agudo, fazendo-o nem

chegar ao hospital.

— Infarto, a senhora me disse, não lembro muita coisa, eu era

tão pequeno...

— Tinha cinco anos apenas, já faz quarenta anos que seu pai

partiu. — Ela olha para o teto como se esperasse que ele

aparecesse aqui, em forma de anjo, e dá de ombros novamente. —

Sabe, às vezes eu posso ser chata, eu sei, mas só quero seu

melhor, você está seguindo para o mesmo caminho que Charlie, e

não é isso que eu quero para sua vida, meu filho.


Ergo a sobrancelha sem entender e espero-a dizer alguma

coisa, porém, o silêncio se mantém.

— O que quer dizer, mamãe? — pergunto, quebrando o

silêncio.

Ela coloca sua mão no meu rosto e começa a acariciar,

sorrindo.

— Você parece tanto com ele, sabia? São iguais até no

quesito profissional. É sobre isso que quero dizer, querido. Seu pai

trabalhava tanto, tanto, que mal tinha tempo para nós dois, isso me

incomodou por anos, mas me mantive calada.

“Até aquele dia... Eu já estava ficando desesperada de você

estar crescendo e Charlie não estar participando da sua infância,

então decidi conversar com ele. Quando ele chegou em casa, fui até

o seu escritório e disse que tínhamos que resolver assuntos sérios,

ele foi curto e grosso, é claro. Disse que não tinha tempo para isso e
que precisava trabalhar, mas não permiti, gritei dizendo que ele

estava perdendo toda sua infância, e começamos a brigar.”

É como se eu visualizasse a cena que mamãe narra; ela mais

nova, o cabelo preso, e papai em um terno caro, com o bigode que

sempre via nas fotos.

— Lembro como se tivesse sido ontem, começamos a discutir

e ele disse que não estava mais feliz com nosso casamento, porém,

relevei, ele estava nervoso demais por conta de estar cobrando

atenção dele, coisa que eu nem deveria fazer, já que foi ele que

escolheu se casar. Mesmo com os nervos à flor da pele, não me

mantive calada, eu precisava falar tudo o que estava sentindo,

aquilo já estava me sufocando!

“Disse a ele que estava perdendo toda a infância do único

filho, que o trabalho e os negócios não iriam falir por ele ter

momentos com a família, e foi aí que tudo começou.


Primeiro foi uma simples expressão de dor, logo em seguida,

Charlie levou a mão até o peito, foi quando começou a enfartar. Pedi

socorro para os nossos antigos empregados, pedindo para

chamarem um médico ou uma ambulância, porém, quando eles

vieram nos ajudar, já era tarde, seu pai havia parado de debater e o

coração dele também. Charlie estava morto.”

Ouço e penso na dor que mamãe sentiu quando viu o marido

morrer, bem na sua frente.

— Me sinto culpada até hoje por isso, e ver você no hospital,

me fez lembrar disso tudo e simplesmente não posso deixar

acontecer o mesmo com você! Não aceito perder você, quem tem

que ir primeiro sou eu. Então, por favor, viva mais, deixe o trabalho

um pouco de lado, você não vai à falência simplesmente por estar

vivendo, tenho certeza.

Olho para dona Lourdes e concordo, com um aceno de

cabeça, ela já havia me contado aquela história, mas nunca dissera


que se sentia culpada.

— Foi por isso que planejou essa viagem, não foi? —

pergunto, finalmente.

— Sim, foi, e por outros motivos também. — Ela sorri alegre.

— Ah, filho, Alexsandra é incrível! Quais as chances de ela ser

minha nora?

Olho para ela e dou risada ao ouvir o que diz.

— Mamãe, Alex e eu nos conhecemos há menos de dois

dias, as coisas até podem estar acontecendo muito rápido, mas

relacionamento... Nem sei se é isso que ela quer — respondo sem

graça.

Dona Lourdes revira os olhos e bate na minha perna.

— Filho, você é tudo, menos lesado, não se faça de sonso,

por favor! Alex está caidinha por você, assim como você por ela —

diz piscando.
— É... Eu sinto um desejo tão grande por ela, não posso

negar — digo dando de ombros. — Um intenso desejo, que chega a

ser loucura.

— As melhores paixões são as que parecem ser loucura —

diz mamãe sorrindo. — Seu pai e eu nos conhecemos em uma

noite, e duas semanas depois, estávamos marcando o casamento!

Parece loucura, não? Mas era amor, puro e verdadeiro.

Assinto, sorrindo.

— Bem, as malas, preciso terminar de fazer — digo de pé.

— Já estão prontas, amanhã mesmo você e Alex viajam.

— Ok, obrigado. — Dou um beijo na sua testa e sigo em

direção à porta.

— Filho?

— Sim? — Viro-me para dona Lourdes e a observo, sempre

sorridente.
— Na próxima vez que pensar em fazer sexo na nossa sala,

avisa a mamãe, que eu não desço.

— Mãe! — exclamo, revirando os olhos.

— O que foi? É verdade, agora vai, vou continuar

pesquisando sobre gansos caindo, o Francisco não achou nada

ainda! Uma droga, isso já está me deixando louca.

Dou risada, saio fechando a porta, e sigo para o meu quarto,

pego meu celular e vejo uma mensagem de Alexsandra.

“Espero que esteja melhor, até amanhã, bjs”.

Sorrio com a mensagem e fico deitado, pensando no sabor do

beijo dela, e com esse pensamento, acabo dormindo.


13 — Viagem

Alex

Acordo na manhã seguinte um pouco mais cedo do que de

costume, havia colocado o celular para despertar às seis e meia,

porém, como estava ansiosa demais a ponto de não conseguir

dormir direito, às seis, eu já estou acordada. Levanto-me

rapidamente da cama e retiro a lingerie, indo diretamente para o

banheiro.

Olho-me no espelho e com sono, sigo para debaixo do

chuveiro, deixando-o tão quente que é capaz de me queimar.

Esfrego minha pele com a bucha e lavo meu cabelo, aproveito

e deixo a depilação em dia, depois que termino, saio e me enxugo,

seguindo direto para o meu quarto e pegando o secador.


Seco meu cabelo cuidadosamente e após estar com sua

ondulação natural, o prendo no famoso coque frouxo que tanto

adoro e preparo minha maquiagem. Decido fazer uma leve, nada

muito vulgar, para Steve não se espantar, assim que termino,

escolho uma calça jeans apertada, tênis comuns, uma simples

camiseta bege e me encaro no espelho. A imagem reflete uma

mulher doce, solitária e cheia de propósitos para sua vida. Sorrio

para mim mesma, alegre por enfim, estar alcançando cada um dos

meus objetivos na vida.

Na noite anterior, enquanto bebia com minha amiga,

arrumamos as malas e coloquei um pouco de cada coisa, ao total,

levaria duas bagagens médias e uma maleta pequena, com

perfumes, acessórios e maquiagem. Como o tempo mudava

diariamente, coloquei um pouco de cada coisa; calças, camisetas,

blusas, shorts, sapatos, vestidos — para caso Steve e eu fôssemos

em algum lugar mais reservado —, alguns saltos e chinelos. Não

pude deixar de fora chapéus e também, óculos de sol e protetor.


— Parece que vai passar uns dois meses fora de casa —

disse minha amiga rindo.

— Melhor ser prevenida ao máximo, do que faltar algo —

respondi e ela concordou.

Saio das minhas lembranças e pego meu celular na mesa de

cabeceira, vendo uma mensagem de Steve me dando bom dia e

dizendo que em poucos minutos, estará na minha casa para me

pegar. Me pegar.

“Nem para ser de outro jeito, igual ontem no seu apartamento,

por exemplo.”

Decido parar de ser safada pelo menos por um tempo e saio

do quarto com as malas, seguindo para o primeiro andar. Assim que

chego à sala, largo-as e sigo para a cozinha, onde encontro minha

amiga apenas de calcinha e uma blusa comprida, cobrindo boa

parte do seu corpo. Nas mãos, está com uma xícara fumegante de

café.
Dou um beijo no seu rosto e pego a xícara dela, bebendo do

seu café.

— Delicioso — digo sorrindo. — Bom dia, amiga, como você

está?

— Vou pegar outro para mim — diz, revirando os olhos e indo

até o armário atrás de outra xícara, então se serve e me encara. —

Estou melhor, se dizer que estou bem, estarei mentindo, porém,

supero.

— Tem certeza de que não quer ir? Posso conversar com

Steve, ele não vai se importar.

— Ah, eu aposto que ele vai sim — responde rindo. — Eu vou

ficar bem, só aproveite bastante essa viagem, e me mande

mensagens diariamente, ok? Quero saber de tudo!

Concordo e a abraço, sorrindo.

— Pode deixar, titia, vou avisar você cada passo que eu der,

pode ser?
— Ótimo, isso mesmo, agora ligue para seus pais antes de ir.

Concordo e pego o celular, aqui são quase sete da manhã,

então no Brasil já é um pouco mais das oito e meia.

Disco o número de mamãe, ouço o barulhinho, anunciando

que está chamando e de repente ouço uma voz que me leva ao

Paraíso.

— Filha, que saudade — diz mamãe do outro lado da linha,

sua voz demonstra cansaço.

— Oi, mãe, que saudade que estou! Como você e o papai

estão?

— Estamos morrendo de saudades também, pequenina, seu

pai está aqui ao meu lado, vou colocar no viva-voz.

Faço o mesmo com meu aparelho e Nu se aproxima, sorrindo.

— Oi, tios, adivinha quem é a mais nova sócia de Steve

Forbes? — pergunta ela, alegre.


— Meu Deus, filha, você conseguiu, parabéns, isso tudo é

fruto do seu esforço — ouço papai dizer alegre, porém, sinto uma

tristeza na sua voz.

— Obrigada, pai, eu queria ter ligado antes para contar, mas

os dias têm sido uma loucura — argumento e ouço mamãe suspirar

do outro lado. — Me digam, e vocês, como estão?

— Orgulhosos, minha pequenina, fico tão feliz em saber que

você está formando sua vida, criando seu caminho, só sinto muito

sua falta — revela mamãe, sinto vontade de chorar por não ter meus

pais ao meu lado.

— Não se preocupe, tia, vamos visitá-la o quanto antes, pode

acreditar — diz Nu.

Seco as pequenas lágrimas que surgem nos meus olhos para

não borrar a maquiagem e sorrio.

— É isso mesmo, logo estaremos aí e vou matar a saudade

de vocês — digo.
— Estaremos te esperando, minha pequenina, agora

precisamos ir, temos algumas coisas para resolver — diz minha

mãe. — Alexsandra?

— Sim, mãe — digo, sentindo um aperto no coração.

— Eu te amo, meu amor, lembre-se sempre disso — diz e

tosse, suspirando —, “a gente corre o risco de chorar um pouco

quando se deixa cativar.”

— Eu também amo vocês, mamãe — digo sentindo uma

angústia.

Eles suspiram e penso na citação do livro “O Pequeno

Príncipe” e então a chamada fica muda, revelando que foi

encerrada.

∞∞∞

Steve
Acordo cedo na manhã seguinte e me levanto animado para

fazer aquela viagem que mamãe impôs que eu fizesse com Alex.

A única coisa que me anima é saber que minha sócia irá

passar quinze dias sozinha comigo, então, pensando nisso, corro

para debaixo do chuveiro e tomo um banho rápido. Já me sinto bem

melhor do que o dia anterior, o que para mim é ótimo, e apesar de

eu achar a ideia dessa viagem bem tentadora, estou receoso de

deixar minhas empresas assim, tão vulneráveis e por tanto tempo.

Pensei sobre o que minha mãe havia falado sobre papai, eu não

queria ser igual a ele, e ela está coberta de razão; desde que eu me

tornei um grande empresário, deixara toda minha vida de lado. Acho

que foi até por conta disso que Jennifer havia me traído e tomado

suas decisões erradas sem me consultar.

Paro de pensar sobre isso e me observo no espelho; estou

muito bem para um homem tão maduro como eu, meu cabelo

grisalho me dá um charme a mais, a barba alinhada, as tatuagens


no meu corpo malhado. Olho cada uma delas, me lembrando de

quando comecei a fazer.

A primeira que eu fiz foi um pequeno coração em volta de

gelo. A fiz porque gostei do desenho, na época não fez muito

sentido, mas após conhecer Elisa e ela morrer tão precocemente,

fez total sentido para mim, ainda mais após Jennifer. A segunda era

uma pequena rosa, que representava uma forma de aturar o luto e

também de ter “flores na vida”. Mamãe dizia que uma vida florida,

era feliz. Infelizmente nunca entendi o que quis dizer.

Coloco a camiseta preta parando de ver meu corpo e respiro

fundo, não sei o porquê, mas hoje estou bem pensativo a respeito

do meu passado fodido. Eu havia passado por muitas coisas, feito

muitas merdas em todos esses anos, e também sofrido bastante,

mas por que agora essas lembranças queriam voltar assim, tão de

repente?
Tivera anos de terapia escondido, nem minha mãe e muito

menos Henry, sabiam que, em uma época turbulenta, tive um

psicólogo.

Mas agora, lembranças estranhas estarem voltando à tona

me deixa receoso, e sei muito bem o motivo disso tudo.

Alexsandra Burckhardt.

Minha sócia conseguia me deixar louco apenas em revelar

seu sorriso tentador, e isso me tortura, afinal, nos conhecemos

recentemente.

“Dois dias, Steve, dois...”

O que está acontecendo comigo?

Paro de pensar e desço para a cozinha com as malas, dona

Lourdes e Henry já estão à mesa, comendo. Mamãe está como

sempre no seu tablet, e Henry mexe no celular, talvez falando com

alguma gatinha ou sobre o trabalho.


Preferia, nesse momento, a segunda opção.

“Droga, Steve, se controla se você não quer acabar igual ao

seu pai!”

E realmente não quero acabar igual a ele.

Paro novamente de pensar tanto e vou até minha família, dou

bom dia e um beijo na cabeça de cada um, então me sento,

começando a comer —, como presumira, nada de café da manhã

gorduroso, apenas frutas, leite e torradas.

— Meu Deus, mãe, isso nem parece café da manhã — digo,

revirando meus olhos.

— É o que você vai começar a comer a partir de hoje, e nem

tente abusar da gordura nessa viagem, sua mamãe aqui acaba

descobrindo tudo — diz ela sem tirar os olhos do tablet. — Agora

mudando de assunto, eu estou tão feliz que você, enfim, vai tirar

umas férias, querido! Você não sabe como meu coração fica mais

tranquilo.
Percebo que mamãe está assistindo um vídeo no YouTube

que fala sobre gansos.

Que fissura é essa agora sobre gansos?

— Vai me fazer bem, só fico receoso de deixar Henry com

toda responsabilidade — falo, me dando por vencido e comendo.

— Ah, vai te fazer bem sim, Alex estará lá — diz mamãe,

ainda encarando o aparelho.

— E não se preocupe, pai, você me ensinou bem, e outra,

acho que agora que vai ficar longe por alguns dias, podemos falar

sobre um aumento.

Reviro os olhos para ele e mostro o dedo do meio sem sua

avó ver.

— Eu vi, Steve, deveria guardar esses dedinhos para usar em

Alex — diz ela.


— Mãe! — Reviro os olhos, constrangido. — Nada de

aumento para você agora, filhão, já ganha muito bem.

Henry dá de ombros, bufando.

— A gente tenta, né? Vovó diz que o “não” já temos,

precisamos ir atrás do “sim”.

Sorrio, alegre.

— Faz sentido, mas ainda é não! — Volto a comer e observo

mamãe ainda no tablet. — A senhora está bem?

— Sim, só ainda procurando sobre gansos... Um comentário

no Facebook! Deixa-me ver... — Ela segura o aparelho na mão

como se fosse algo realmente precioso. — Olha, a Patrícia disse

assim: “nada de gansos caindo na minha tela também!” Argh! Filho,

mande quem disse sobre gansos caindo embora, isso me deixou

louca. Bem, vou indo, uma ótima viagem, qualquer coisa, ligue para

seu filho, já que eu estarei ocupada.


Mamãe vem até mim, abraça-me, enchendo-me de beijos

pelo rosto e acaricia meus ombros.

— Tudo bem, mãe, juízo — digo, despedindo-me dela.

Ela dá de ombros e sai, pegando sua bolsa e celular.

— Vou indo também, tenha uma boa viagem, velho, espero

que não tenha que me procurar, a não ser para dizer que pegou a

sócia de jeito.

Meu filho vem até mim, me dá um selinho e bagunça meu

cabelo. Dou um tapa nele e mostro o dedo do meio de novo.

— Vou contar sim, cretino! Já disse, não sou velho.

— É só modo de falar! Que chato você está. — E sai antes

que eu jogue alguma coisa nele.

∞∞∞

Alex
Termino de tomar café com Nu e ouço a campainha tocar,

olho para a minha amiga e ela dá um sorriso sacana do estilo “o boy

chegou, corre!”

Levanto rapidamente e vou até a porta, Steve está parado,

sorrindo. Usa o cabelo arrepiado, uma calça jeans rasgada,

camiseta preta, tênis e óculos de sol. Observo como ele é lindo e

perco o fôlego por um segundo, ele me olha, sem entender.

— Bom dia, desculpe a minha falta de educação, entre, por

favor — digo dando passagem.

Steve vem até a mim e me dá um rápido beijo na testa,

entrando em seguida. É a primeira vez que ele está aqui, e observa

atentamente cada parte da nossa casa.

— Gostei daqui... Enfim, está pronta? Gostei do look, a

propósito, gostou do meu?

Sorrio ao ver como ele parece um adolescente e concordo.

— Se me permite, você está lindo — respondo, piscando.


— E você está magnífica, Alexsandra — diz, aproximando-se,

passa uma de suas mãos no meu rosto e sorri, então deposita um

suave beijo nos meus lábios.

Entrego-me ao momento sem nem perceber que Nu está no

canto da sala, nos observando. Abro meus olhos ainda beijando

Steve e a vejo, sorrindo feito criança quando ganha chocolate.

Arregalo os olhos para que ela se retire e continuo beijando

Steve, que para logo em seguida e coloca as mãos na minha

cintura.

Estamos indo rápido demais, o que me assusta um pouco,

mas a sensação é tão gostosa que nem me importo com isso, a

única coisa que preciso saber são as reais intenções dele.

— Vamos? — pergunta ele.

— Amiga! — grita Nu da cozinha. — Quem chegou?

“Como ela pode ser tão cínica?” Penso comigo mesma.


— Ah, foi Steve, Nu! — digo, entrando na sua maldita

mentirinha.

Ela vem até a sala e nos olha, vai até Steve e o cumprimenta

com um beijo no rosto.

— Como se sente? Alexsandra me disse o que aconteceu, ela

ficou tão preocupada!

Olho para ela fuzilando-a e fico quieta.

— Estou bem, obrigado por perguntar — responde sorrindo

para mim, com certeza isso deve ao fato de Nubia ter dito que estou

preocupada com ele. — Se não se importa, é melhor irmos para não

pegarmos trânsito.

— Claro. — Assinto e encaro minha amiga, pegando minhas

malas.

Steve me ajuda a colocar no carro e se despede de Nu,

entrando e sentando atrás do volante. Olho para a minha amiga e a

abraço.
— Qualquer problema me ligue na hora, que volto no mesmo

instante, ok? Não me force a te bater, caso eu chegue e esteja

acontecendo algo.

— Alex, fica tranquila, só se divirta, tudo bem? Agora vai logo,

Steve está louco para ficar sozinho com você.

Ela me abraça, me dá um beijo e após eu fazer o mesmo,

sigo para dentro do carro.

Olho para Steve um pouco nervosa e ele sorri, retribuo e

quando o carro começa a se movimentar, minha amiga acena para

nós, se despedindo.

Enfim, Steve e eu estamos indo viajar, ficaremos quinze dias

sozinhos na sua casa.

O que irá acontecer nessa viagem?

“Muita coisa, Alexsandra, muita coisa...”


14 — Curtindo

A viagem é tranquila para a minha casa de praia que não fica

muito longe de Nova York. Na casa, Alex e eu poderíamos

descansar tranquilamente, usarmos a churrasqueira e nadarmos na

piscina. Ficaríamos localizados ao lado da praia Brigthon Beach,

próximo ao Brooklyn.

Dava para irmos de metrô, o trajeto é perto, e demoraria no

máximo duas horas, mas, como preferimos ir de carro, em menos

de uma hora já estamos no nosso destino.

— Bem-vinda à minha humilde casa — digo a Alex. — Não

sei se já veio nessa praia, mas tenho certeza de que vai gostar, é

um lugar bem tranquilo.


Alex entra na casa e fica admirada com o tamanho dela. Há

um enorme hall que leva para uma sala e uma cozinha americana, a

sala tem portas de vidro que mostram ao longe, o mar tranquilo da

praia. Já a cozinha, tem uma janela que mostra a parte de trás do

imóvel, onde podemos ver a enorme piscina e a área de churrasco.

Alexsandra anda por ela e observa cada parte; quadros na

parede onde têm meus pais, Henry, sua mãe e eu. Todos estamos

bem alegres, o Henry criança, em um deles, está segurando um

caranguejo. Lembro-me desse dia como se tivesse sido ontem; meu

filho estava fazendo um castelo na beira da praia, quando o

pequeno bicho veio andando em sua direção, ele achou tão incrível

que quis criá-lo, mas eu e sua mãe, sendo sensatos, não

permitimos. Então ele pediu que ao menos tirasse uma foto com ele,

assim teria uma recordação.

Penso se Henry lembra da sua mãe, quando ela morreu, ele

ainda era muito novo; tinha menos de cinco anos, até hoje sei que
meu filho sente sua falta, mas não conversamos muito a respeito de

Elisa.

Saio dos meus pensamentos e vejo Alex trazer suas malas, a

ajudo com o resto e trago as minhas, apresento o resto da casa

para ela que continua admirada com o local.

Vamos em silêncio para o andar de cima e mostro para ela os

quartos, digo que pode ficar no que quiser, mas Alexsandra parece

um pouco distraída.

— Pode ficar no mesmo que eu, se preferir — digo sorrindo.

Ela sorri e dá de ombros.

— Sua casa é incrível! — diz animada.

Olho para ela e fico com uma pontada de raiva ao ser

ignorado, mas também fico surpreso ao ouvir suas palavras.

— Fico feliz que tenha gostado, pertencia ao meu pai, depois

que ele morreu, mamãe não quis mais vir aqui, eu que fiquei
responsável pelo lugar quando alcancei a maioridade.

Ela sorri, concordando e continua analisando, pela janela,

avistamos o mar e a praia, que está bem movimentada.

— Eu sempre quis vir em uma casa dessas, me lembra muito

aquelas de filmes, principalmente da série “Revenge”, meu sonho é

vir ao Brooklyn com minha família...

Sua família, Alex, não me falara muito sobre isso, apenas um

pouco na noite do nosso jantar.

Penso sobre o assunto e dou de ombros.

“Ela não falou muito porque mal nos conhecemos! E você

está louco por ela, Steve, confesse para si mesmo que é mais fácil!”

Paro de pensar sobre isso e sorrio para Alex.

— Fico feliz que tenha gostado, quem sabe um dia sua família

não venha para a cidade e possamos trazê-los aqui.


Ela concorda e pega suas malas, indo para o quarto ao lado.

Sinto-me um pouco chateado, afinal, quero Alexsandra na mesma

cama que eu, mas sei que no fim, isso vai acontecer.

∞∞∞

Mais tarde, já instalados na casa, Alex e eu decidimos

preparar alguns drinques e irmos para a beira da piscina curtir. Ela

está com um biquíni azul escuro e um chapéu. Coloco uma sunga

boxer branca e vou até ela.

Apesar de já ter visto Alex pelada, a visão do seu corpo com

deliciosas curvas, me deixa com desejos descontrolados. Quero

puxá-la para perto de mim e devorá-la, mas preciso me controlar.

Percebo que minha sócia olha atentamente meu corpo

também, e mesmo já tendo visto, fica abismada ao ver eu, um

homem de quarenta e cinco anos, bem malhado, com o corpo cheio

de tatuagens e com um volume que marca no meio das minhas

pernas.
— Você bebe o quê? — pergunto e lembro do que ela fizera

comigo no meu apartamento. — Além de leite, é claro.

Alexsandra ri e eu a acompanho, até agora essa viagem está

sendo bem divertida, porém, quero mais, muito mais.

— Gosto de caipirinha, cerveja, leite, mas hoje pode ser só

uma água de coco, pelo menos por enquanto.

Ela já está na cadeira, deitada, curtindo o sol do Brooklyn,

então vou até a mini cozinha que tem na área e abro a geladeira,

pegando um coco fresco e abrindo para Alex. Percebo que mamãe

pensou até nisso, com certeza mandando algum dos nossos

empregados abastecer o local e mantê-lo limpo. Isso tudo em um

dia, sendo exigente como é.

Coloco um canudo e vou em sua direção entregar.

— Aqui, beba, eu vou de algo mais forte.

Vou até o bar que tem na cozinha da casa e pego uísque,

coloco duas pedras de gelo no copo e viro a garrafa, o enchendo.


Dou um gole e sinto o gosto forte invadir minha boca, aliviado por

não ter dona Lourdes por perto para brigar comigo sobre isso, então

vou até Alex novamente, que continua deitada.

Observo sua beleza e fico excitado, não tem como controlar o

tesão que tenho por ela, então antes que perceba, me sento na

cadeira ao lado da sua e continuo bebendo.

— Que tal um pouco de música? — pergunta ela.

— Seria bom, para quebrar um pouco o silêncio — murmuro.

Alex meneia a cabeça, pega seu celular e, tirando de dentro

das suas coisas, que eu nem havia reparado que estavam aqui, ela

pega uma pequena caixa de som. Conecta seu celular e coloca uma

música dançante. Ficamos ouvindo e então me aproximo dela.

— Dança um pouco comigo? — pergunto.

Ela concorda e tira seu chapéu, sorri e fico encantado como

seu sorriso é lindo. Começamos a dançar meio desengonçados e

rimos quando ela pisa no meu pé, olho para sua boca e sinto
vontade de beijá-la, vou me aproximando e Alexsandra percebe

minhas intenções, permitindo o contato dos nossos lábios.

Sinto o gosto suave da água de coco e do seu beijo, passo

uma das mãos por trás da sua cabeça e a outra levo pelo seu corpo,

que para na sua bunda. Me sinto ainda mais excitado e sei que

preciso o mais rápido possível ir além dos beijos, mas antes disso,

tenho que ter a certeza de que Alexsandra quer isso.

— Que tal subirmos para o quarto? — pergunto com receio de

estar sendo muito rápido.

Alex sorri e nega com a cabeça.

— Que tal ter só um pouco mais de calma, hein? —

questiona, mordendo o lábio inferior.

Dou um sorriso seco e assinto, ela está certa, ainda não

sabemos do que isso passa. Transa ou algo a mais.

Mas o que com certeza eu não quero é magoar Alex, e sei

que ela pensa igual a mim. Além disso tudo, temos que pensar
cuidadosamente se vamos mesmo para a cama, afinal, somos

sócios.

— Você está certa, que tal nadarmos um pouco?

Alex concorda e vejo a alegria transparecer nos seus olhos, e

por incrível que pareça, sinto a mesma coisa.


15 — Jantar especial

Steve e eu ficamos um bom tempo brincando na piscina, até

que quando o sol já estava se pondo, decidimos entrar para casa e

tomarmos um banho para prepararmos o jantar. Ele diz que não

sabe cozinhar, mas vai dar um jeito para comermos algo que presta,

o que me deixa animada e com a sensação de borboletas no

estômago. Mas no fundo, sinto medo do que pode acontecer.

Ainda não sei suas reais intenções; a não ser, é claro, que ele

quer sexo.

Entro no banheiro e tomo um banho rápido, minha pele arde

um pouco por conta do sol de hoje, mas não me importo, a

sensação incrível que sinto vale por isso tudo. Como está calor essa

noite, opto por colocar um short jeans, uma blusinha regata e


chinelos. Sigo para o andar debaixo e me deparo com o som ligado,

uma música da Beyoncé toca tranquilamente, enquanto um Steve

sem camisa, com uma bermuda jeans, dança na cozinha. Ele usa

um avental que cobre seu peitoral, mas ainda consigo ver boa parte

das suas tatuagens, e elas me excitam.

— Aceita um vinho? — pergunta me trazendo uma taça

preparada, a pego e dou um gole, sentindo o gosto suave invadir

minha boca.

— Obrigada por isso — digo sorrindo, ele retribui e começa a

dançar a música que toca, agora é uma da Lady Gaga.

Fico observando Steve e sorrio com a cena, ele é um homem

muito bonito, e, além disso, divertido também. Sinto-me, mais uma

vez, com receio do que possa acontecer, e se eu for só mais uma

para ele fazer sexo? E se acabarmos transando e isso nos

prejudicar no meio do trabalho?


Tento não pensar muito nisso e decido aproveitar nossa noite,

então começo a dançar desengonçada com ele, que ri com meus

passos ridículos.

— Vai, Alexsandra, eu sei que você é melhor que isso —

comenta, rebolando, dou risada e volto a dançar com ele.

A música que está tocando acaba e começa Say Something

na voz de Christina Aguilera e A Great Big World.

Paro de dançar e Steve se aproxima, uma de suas mãos

passa pela minha cintura e a outra, antes com a taça, segura a

minha livre; o meu outro braço sobre seu pescoço. Steve me encara

dentro dos olhos e sinto um arrepio percorrer cada parte do meu

corpo, uma onda de eletricidade toma conta de nós dois, e naquele

instante percebo que quero Steve Forbes mais do que qualquer

coisa.

Não digo nada, apenas olho para o seu lindo rosto, então

após o fim da música, outra começa a tocar, agora uma da Lana Del
Rey. Steve e eu continuamos com nossos corpos grudados um no

outro e, mais uma vez, sinto o medo que me consumira hoje.

Não consigo dimensionar o motivo de sentir isso, por que

simplesmente eu não aproveito o momento? Porém, no fundo eu sei

o motivo disso — eu não quero machucar Steve e muito menos eu,

ainda mais que somos sócios e existe um contrato milionário

correndo risco. Se isso cair nas mãos da imprensa, com certeza

Steve não terá escolha e romperá imediatamente o contrato com a

minha empresa.

Havia muitos fatores em jogo; o meu sonho de ser uma

grande CEO, nossa família, escândalos se caísse na mídia que

Steve está “transando” com a nova sócia, e a credibilidade que ele

havia com suas empresas. Quem o respeitaria diante de uma regra

que o próprio não respeitava?

— Eu daria todo o dinheiro do mundo pelos seus

pensamentos — diz ele sussurrando.


— Nada demais — digo.

“Será que não era nada demais mesmo?”

— Se não é nada, pode me dizer, não acha? — pede

gentilmente.

Encaro-o e suspiro, sem graça.

— Você já amou, não amou, Steve? — pergunto um tanto

atônica com aquilo.

— Já — diz erguendo a sobrancelha. — E você?

— Eu também, na verdade, todo mundo já amou, diariamente

amamos, não é verdade? Quero dizer, amamos as pessoas, nossos

empregos, carros, nossos amigos e familiares...

— Sim, mas o que isso tem a ver? Se relaciona com seus

pensamentos? — indaga.

Quero dizer que não, que meus pensamentos apenas

envolvem medo; medo de perder o contrato, do que iriam falar se


descobrissem sobre nós, e principalmente das reais intenções dele

comigo. Penso como sou idiota, nos conhecemos têm três dias e já

estamos nesse patamar de loucura?

— Alex? — Ouço a voz de Steve.

— O quê? Desculpa, me desculpa por isso — digo,

afastando-me dele, Steve fica sem entender e volto a pegar a taça

de vinho e sorvo em um único gole, então vou até a cozinha sem o

encarar e encho-a novamente.

— Você quer conversar? — pergunta um tanto sério.

— O que temos para o jantar? Estou ansiosa para saber o

que preparou. — Tento mudar de assunto, xingando-me

mentalmente por ter feito perguntas idiotas sobre amor para Steve,

estava esperando o quê? Que dissesse que me amava, sendo que

nem nos conhecíamos? Como uma mulher tão forte, destemida e

certa do que queria como eu, poderia ser tão boba em relação a

relacionamento?
Paro de pensar tanto e volto a encará-lo, ele entende que

quero mudar de assunto e sorri, me passando confiança.

— Eu até queria fazer algo especial, mas acabei apenas

assando umas pizzas pré-prontas — diz ele sem graça. — Me

desculpe, sou bom em quase tudo, mas na cozinha não tenho

muitos dons.

Dou risada ao ouvi-lo, pensando em como ele consegue ser

fofo ao dizer isso.

— Eu amo pizza, acompanhada de um delicioso vinho cai

muito bem — respondo sorrindo.

Ele concorda e seguimos para a sala de jantar, uma mesa

enorme já está posta com os pratos e talheres. Steve traz duas

bandejas com as pizzas e nos servimos. Mordo um pedaço da

massa fina e ele se serve de vinho, erguendo a taça para fazermos

um brinde.

— A nós — diz ele.


— Ao intenso desejo que sentimos um pelo outro — digo

piscando.

Ele sorri e assente, então começamos a comer.

O sabor da pizza volta a invadir minha boca e me delicio em

cada pedaço que como, meu sócio come também, e acabo tendo

um pensamento muito aleatório sobre o que dona Lourdes acharia

de ver seu filho, que estivera doente no dia anterior por falta de

alimentação saudável, comendo pizza congelada.

— Está uma delícia, Steve, você descongela uma pizza como

ninguém — brinco e ele dá risada.

— Que bom que gostou, prometo levá-la em lugares

adequados para comer, conhece o Brooklyn?

— Não, mas será um prazer enorme conhecer com você —

respondo, e sinto sinceridade nas minhas palavras.

— Ótimo, prepare-se então.


Sorrio e concordo, após terminarmos de comer, levamos a

louça suja até a pia e Steve coloca na lava-louças, nos servindo

agora de mais vinho.

Continuamos na sala conversando e ouvindo música, agora

quem canta nas caixas de som é a banda Hoobastank.

— Então, Alexsandra — diz Steve sentado de frente para

mim, estamos tão próximos que nossas pernas batem uma na outra

—, me conte mais sobre você, por favor.

Penso sobre isso e concordo, chegara a hora de enfim, nos

conhecermos um pouco mais.

— Bem, como já te disse, fui criada no Brasil, meus pais se

casaram e decidiram morar lá. Estudei por muitos anos e quando

terminei o colégio, decidi que queria fazer faculdade, porém, bem

longe de casa, foi aí que Nubia e eu viemos para cá, estudei

arduamente para conseguir passar em tudo e enfim, consegui.


— Certo, que bacana, sempre tive curiosidade de conhecer o

Brasil.

Sorrio, acenando com a cabeça.

— Lá é maravilhoso, morei em São Paulo, onde meus pais se

mantêm até hoje. Papai trabalhava em uma grande empresa, sendo

um dos melhores funcionários, acabou se aposentando. Mamãe já

se dedicou à profissão que nos traz até onde queremos alcançar; é

uma das melhores professoras de lá. Só que apesar de amar meu

país, eu precisava vir para cá, precisava conhecer o lugar que

sempre me inspirou.

— E agora se tornou uma grande CEO — diz ele.

— Sim, mas ainda não é o suficiente, quero me aprofundar

ainda mais nos negócios, não desejo ser uma das melhores, quero

ser a melhor no meio de melhores, entende?

— Acredite, você está indo pelo caminho certo — comenta

ainda sorrindo. — Você tem irmãos?


— Não, sou filha única — digo. — Mamãe teve um aborto

espontâneo quando eu tinha nove anos de idade.

— Sinto muito — diz solidário.

— Tudo bem, já faz bastante tempo, nem me lembro disso

direito.

Ficamos em silêncio.

— Qual o nome dos seus pais? — pergunta.

Fico pensando sobre isso, por que tantas informações? Por

que perguntar tantas coisas sobre a minha vida?

— Ellie e Ariel Burckhardt — digo rindo, sabendo que a piada

sobre o nome do meu pai virá logo em seguida.

— Seu pai se chama Ariel? — pergunta surpreso.

— Sim, ele se chama Ariel — respondo, caímos na

gargalhada e voltamos a ficar sérios, o sorriso bobo nos lábios de

Steve já se formando novamente.


— Me fala de você também, Steve, sobre sua esposa, seu

filho, sua família toda.

Ele me olha e dá um longo gole no vinho, já começo a me

sentir um pouco tonta por causa da bebida, afinal, já estamos na

terceira garrafa após a pizza.

— Meu pai morreu muito jovem, quando eu era criança — diz,

parece refletir sobre aquilo. — Não me lembro muito dele, só que

papai não ficava em casa, sempre estava trabalhando.

“Já minha mãe estava lá a todo momento, sempre que eu

precisava. Perder meu pai muito cedo foi um choque para todos

nós, é até hoje na verdade, me casei novo, aos vinte, vivi alguns

anos com Elisa e tivemos Henry quando fiz vinte e dois, hoje ele

está com vinte e três e percebo o quanto o tempo passou depressa”.

Steve suspira e noto o brilho intensificar nos seus olhos,

talvez recordando do passado.


— A mãe de Henry foi a melhor coisa que aconteceu na

minha vida, se sou algo hoje, devo a ela. Ela me ajudou muito, a

crescer profissionalmente, mentalmente... Uma mulher realmente

incrível! Eu a amava muito, Alex, mas a vida a tirou de mim

precocemente. Estávamos juntos há apenas seis anos, ela morreu

quando Henry tinha apenas quatro anos de idade.

Dezenove anos que sua esposa morreu. Apenas ouço,

sentindo a tristeza transparecer na sua voz.

— Mas não desisti, tinha um filho para criar, e hoje Henry é o

meu maior orgulho, ele é um ótimo rapaz, e está caidinho pela sua

amiga.

Ouço a revelação e fico surpresa, claro que eu como uma boa

mulher, havia notado os olhares e cantadas de Henry, mas ele

também estar “caidinho” pela minha amiga? Seria de família esse

desejo tão intenso?


— Sinto muito que tenha perdido sua esposa tão

precocemente — digo, apertando sua mão, ele acaricia minha pele

com o polegar e concorda.

— Também sinto, mas acredito que o destino sempre tem

algo reservado para nós. Sinto falta dela no sentido de Henry, ele

não teve uma mãe para criá-lo, apesar da sua vó ser maravilhosa,

uma mãe faz falta.

Concordo, não consigo sequer imaginar minha vida sem

meus pais, só de pensar nisso, me causa arrepios involuntários.

— Você ainda a ama? — pergunto.

— Sim, mas não desse jeito que está pensando, ela sempre

estará no meu coração — responde Steve.

Concordo e volto a apertar sua mão, alegre por aquele

momento tão gostoso que estávamos tendo.

— Obrigada pelo dia de hoje, foi tudo fantástico, o jantar foi

muito especial — digo.


— Não tem do que agradecer, não fiz nada — diz. — A

propósito, você pretende ir em algum lugar?

— Vou me deitar, estou realmente cansada pelo longo dia que

tivemos, acordei muito cedo também — comento sorrindo. — Te

vejo amanhã.

Ele assente e nos levantamos, então quando estou indo para

o meu quarto, Steve me puxa.

— O que foi? — pergunto.

— Só queria... — E então nossos lábios encostam um no

outro, sinto seu delicioso beijo e me arrepio toda, desejando que o

simples momento não acabe nunca.

Ele separa nossos lábios e passa as mãos no meu rosto,

acariciando ambos os lados.

— Até amanhã, minha pequena — diz rindo.

Dou um empurrão falso nele e rio.


— Pequena? — questiono e ele concorda com um meneio de

cabeça.

— Sim, pequena — repete.

O encaro e dou de ombros, observando seu corpo tatuado.

— Certo, então até amanhã, sr. Gibi!

Dou risada e corro, fugindo do tapa que ele quase dá na

minha bunda, entro no meu quarto e me jogo na cama, pensando

sobre tudo que acabou de acontecer e o que vem acontecendo.

Tiro minha roupa e fico apenas de calcinha e sutiã, então

penso em tudo que Steve e eu conversamos, na maneira que ele

demonstrara interesse em saber sobre minha vida, e acabo

adormecendo.
16 — Madrugada

Acordo com o suave barulho da porta sendo aberta, abro os

olhos lentamente e vejo a imagem de Steve parado, me

observando. Me assusto e ele percebe que estou acordada, se

aproximando da minha cama.

— Eu te assustei, me desculpa — pede.

— Tudo bem, não tem problema — digo, dando espaço para

ele sentar ao meu lado. — Aconteceu alguma coisa? São que

horas?

Steve me observa e dá um meio sorriso, parece um pouco

envergonhado por ter me acordado.


— Não aconteceu nada não, eu só queria... Eu... — Ele

respira fundo e abaixa a cabeça, ficamos em silêncio por um longo

período, então Steve volta a me olhar. — Eu queria ficar aqui com

você, só isso, Alex, me desculpe, não deveria ter te acordado, não

sei o que está acontecendo comigo.

Ele levanta pronto para sair, mas agarro na sua mão

suavemente e o puxo.

— Tudo bem, fica aqui comigo — peço sorrindo. — Você está

se sentindo bem? Está com alguma dor?

Ele forma um sorrisinho e nega com a cabeça.

— Eu desmaiei na sua frente, mas sou forte como um touro —

diz confiante.

— Touros também caem, não se sinta a todo instante o

homem mais forte do mundo, porque a vida não é assim — falo,

dando de ombros. — Vem, deita aqui do meu lado.


Ele ergue a sobrancelha e vem para o meu lado sorrindo.

Entrelaçamos nossas mãos e ficamos olhando para o teto.

— Então, você ainda não me disse que horas são, Steve —

digo, tentando puxar assunto.

— Agora já deve ser mais ou menos quatro e meia da manhã

— diz ele. — Não consegui dormir, estava na sala olhando alguns

relatórios...

— Relatórios? — questiono.

— Sim, por favor, não me julgue — diz, revirando os olhos. —

Eu sei que combinamos de não trabalhar nessa viagem, porém,

como não tinha nada para fazer, não vi problema em checar meu e-

mail.

Olho para ele e reviro os olhos, é claro que ele não iria

cumprir com sua promessa, é um homem importante, rico e bem

procurado. Um dos CEOs mais importantes que poderia conhecer

na vida.
Sua mãe e eu fomos tolas ao acreditar que ele cumpriria com

a promessa.

— Você prometeu para sua mãe que essa viagem seria

somente para descansar, nada de trabalho — começo, me sentindo

um pouco brava, só não sei o motivo. — Quando vai cumprir essa

promessa para ela?

Ele me olha e vejo seus olhos ficarem um pouco caídos,

então concorda.

— Desculpa, parceira, não vai se repetir, os próximos dias vou

me concentrar somente nessa viagem e em você. Vamos aproveitar

cada minuto, iremos visitar vários lugares...

Dou risada e me viro de lado, passando a perna por cima do

seu corpo forte, como é gostoso ficar ao lado desse homem, e isso

me deixa tão desnorteada que não sei o que fazer.

“Porra, Alexsandra, relaxa e curte o momento, veja até onde

isso vai”, ouço meus pensamentos e por dentro, concordo.


Steve se vira para mim e nos encaramos, passo uma das

mãos no seu rosto, fazendo carinho suavemente. Vejo Steve fechar

os olhos e sorrio, levando minha mão ao seu cabelo. Noto que meu

sócio está quase dormindo, então continuo agora mexendo na sua

orelha e observo cada traço do seu rosto; ele é tão bonito que até

mesmo parece ser de mentira, o que faz a minha imaginação fértil

criar paranoias sobre eu estar tendo um delicioso sonho ao lado

desse homem.

Continuo e vejo Steve se ajeitar na cama, caindo em um sono

profundo. Ajeito-me no seu peito e penso em tudo que está

acontecendo nos últimos dias, Steve é muito mais do que um

homem qualquer, ele é único, além disso tudo, cheio de segredos e

completamente enigmático. Havia outros fatores também que eu já

havia percebido; ele tinha medo — do que, eu não sei, mas irei

descobrir. Steve ainda sofria com a morte da esposa, e pelo que eu

pude perceber hoje cedo, vive trabalhando justamente para isso;

não sofrer. Ou eu estou enganada?


No fim de tudo, ele só é um homem com medos e batalhas

por dentro, e nesse momento de vulnerabilidade, percebo o quanto

Steve Forbes é incrível. Desejo nesse momento, apenas poder

contemplar a beleza enigmática dele e continuar em seus braços,

observando seu peitoral subir e descer em leves respiradas.

∞∞∞

Acordo um pouco assustada, procurando em volta o corpo

quente de Steve, que continua dormindo sem emitir um barulho

sequer. Vejo sua boca entreaberta e sorrio, aos poucos meu cérebro

desperta e vou me recordando que meu sócio e eu estamos na sua

casa no Brooklyn, então sorrio com isso e levanto, seguindo para o

banheiro.

Entro, lavo o rosto e escovo os dentes, saio após me enxugar,

pego na mala que deixei no banheiro um short mais confortável e

coloco, vestindo uma blusinha de alça. Após me trocar, sigo para

fora do quarto nas pontas dos pés, com medo de que meu sócio
possa acordar com o barulho, então fecho a porta e me espreguiço,

indo em direção à cozinha.

Decido que vou preparar nosso café e procuro alguma coisa

na geladeira. Encontro waffles e decido fazer para nós, colocando

na torradeira até ficarem bem dourados.

Assim que eles pulam, mostrando estarem prontos, os coloco

em pratos separados e encho com calda de chocolate,

marshmallows e morangos, pedindo mentalmente perdão a dona

Lourdes por preparar isso para seu filho, para bebermos decido

preparar suco de laranja. Mordo um pedaço do meu e levo os pratos

para a mesa, vejo Steve e o encaro, sorrindo.

— Oh, Steve! — falo, assustando-me.

Ele sorri e morde os lábios, noto que ele está somente de

cueca, o volume marcado nela, os fortes braços, as tatuagens...

Puta que pariu!


Se eu não me controlar, irei acabar transando com ele agora

mesmo, mas não posso, há diversos fatores em jogo que preciso

resolver com meu sócio antes disso acontecer, porém, sei que não

irei conseguir me segurar por muito tempo, ainda mais passando

quinze dias com ele.

— Bom dia, pequena — diz vindo na minha direção. Olha-me

nos olhos, segura meu rosto e me dá um suave beijo na testa.

— Bom dia, Gibi! — digo sorrindo ao ouvir ele me chamar

daquela maneira.

— Dormiu bem, meu bem? — pergunta e me derreto por

inteira.

— Dormi sim, Steve. E você? — questiono, encarando-o

dentro dos olhos.

— Melhor companhia ao meu lado, como não dormir bem?

— Então eu te dou sono? — pergunto rindo, ele também ri e

nos sentamos, prontos para devorar o carboidrato.


— É claro que não, mas como sei que não faríamos nada... —

suas palavras se perdem e concordo, ficando em silêncio.

Começamos a comer e me delicio, após finalizarmos, limpo a

cozinha e Steve liga o som, ajeitando a bagunça da sala.

— É a primeira vez que você não tem uma empregada para te

servir, Steve? — indago, a fim de evitar o clima que ficou após sua

última fala, ele varre a sala e respira, secando o suor da testa.

— Acho que sim, mamãe pensou em tudo, até mesmo

mandou o caseiro tirar umas férias, isso tudo para ficarmos

sozinhos, sem nenhuma perturbação.

Concordo e mordo o lábio, salivando ao vê-lo ainda somente

de cueca parado na sala, as tatuagens cobrindo seu peito me

deixam com mais tesão ainda.

— Como você se sente hoje? — pergunto, esquecendo os

pensamentos safados.
— Bem melhor — comenta. — Gostaria de ir para a praia

hoje?

Penso sobre isso e concordo.

— Vamos sim, vai ser ótimo.

Ele sorri animado e logo em seguida ouço meu celular tocar,

corro para pegá-lo e vejo que é Nubia, me xingo mentalmente e

pego o aparelho, me sentindo uma péssima amiga.

— Amiga, por favor, me perdoe — digo antes mesmo de ouvir

sua voz. — Sei que fiquei de ligar, porém, acabei me esquecendo,

como você está? Precisa de algo?

Assim que termino de falar, ouço sua risada do outro lado da

linha.

— Fica tranquila, amiga, dessa vez está perdoada, agora me

diz, está tudo bem? — pergunta, e sinto quão sincera é.


— Estou bem, amiga, o lugar é incrível, você iria adorar! —

Me afasto um pouco de Steve que está parado na sala me ouvindo

no telefone e sigo para o lado de fora, em uma área aberta. Sinto o

vento bater no meu rosto e aspiro fundo.

— Imagino que seja incrível mesmo — diz e sei que está

sorrindo.

— Me diz — peço observando o mar rugir ao longe —, como

você está?

— Na medida do possível, bem, mas não fique pensando em

mim, certo?

— Você tem certeza? — insisto. — Se me disser que precisa

de mim, saio daqui agora e volto para casa, Steve entenderia.

— Sim, estou sim, como disse, aproveite sua viagem, mas

agora preciso te dizer uma coisa — ela dá uma pausa e espero, me

sentindo ansiosa. — Eu recebi uma visita ontem que você não

consegue imaginar quem possa ser!


— O que? Quem? Fala logo! — peço ansiosa.

— Henry Forbes veio até a nossa casa ontem à noite para me

visitar, acredita?!

Fico surpresa ao ouvi-la, Henry em casa? Mas como?! Que

loucura isso tudo! Steve Forbes a fim de mim e Henry Forbes da

minha melhor amiga.

— O que ele foi fazer aí? Me conta tudo — suplico,

observando se Steve não está ouvindo nossa conversa, ele continua

na sala apenas de cueca, agora sentado mexendo no celular.

— Não aconteceu nada demais, até porque ainda amo o

José, mas ele foi muito gentil, me levou para jantar, me respeitou de

uma maneira maravilhosa, Alex, foi incrível, eu nunca me senti tão

mulher, tão desejada, tão acalentada! — Ouço o entusiasmo dela e

rio, alegre.

— Fico muito feliz, Nu, de verdade, você sabe o quanto torço

para que sejamos felizes, mas vá com calma, você acabou de


passar por uma separação de anos, não é fácil.

Imagino minha amiga naquele momento roendo a unha e

assentindo, como se eu estivesse ao seu lado.

— Vou tomar cuidado sim, mas me conta, e você e Steve,

como estão? Rolou algo?

Conto tudo para ela sobre como está indo nossa viagem,

apesar de não termos feito muita coisa, o assunto rende bastante,

principalmente quando digo a ela que acabamos dormindo juntos.

Minha amiga ouve tudo em silêncio, e eu claro, conto o mais

detalhadamente possível, sempre de olho se Steve está ou não,

ouvindo nossa conversa.

— Você já se sente preparada para o sexo? Quero dizer,

vocês vão ficar quinze dias juntos, não acha que uma hora ou outra

vai acabar acontecendo?

— Sim, eu sei que não vamos aguentar por muito tempo,

porém, meu medo é as pessoas acabarem descobrindo sobre nós.


O que irão pensar de mim? Me deitei com o sócio para conseguir

este contrato. — Suspiro, me sentindo frustrada.

— Com certeza a empresa toda já deve estar comentando,

amiga, vocês nem fecharam contrato direito e já estão viajando

juntos! Sabe como as pessoas gostam de uma fofoca boa, não

sabe? Mas não pense nisso agora, você conseguiu este contrato

por mérito.

Suspiro e concordo, recordando-me que minha amiga não

está aqui, falar com ela me traz uma calma tão grande que até

mesmo parece que estamos frente a frente.

— Você está certa, não havia pensado nisso — respondo,

sincera.

— Não pense tanto, pelo menos por agora — diz Nu. — Vê o

que vai fazer e me fale, ok? É melhor você ir nessa, Steve deve

estar te esperando.
— Tudo bem, vamos nos falando, no que precisar, me ligue,

ok? — Aperto o celular contra meu ouvido, triste por ter que me

despedir da minha amiga.

— Você também, Bebê, nos falamos mais tarde, beijos.

Desligo o telefone e sigo novamente para dentro da casa,

Steve continua sentado mexendo no celular, então me aproximo

dele e sorrio.

— O que acha de tomarmos um banho? — ofereço, e

rapidamente ele levanta, aproximando-se de mim.

— Eu acho uma ótima ideia, Alexsandra — diz em um tom

sensual e seguimos para o banheiro do quarto em que estou

hospedada.
17 — Praia

Alexsandra me arrasta para o banheiro e recordo-me da noite

anterior, pensando sobre o que havíamos conversado e no

momento em que ela havia ido se deitar.

Depois que Alex foi dormir, fiquei um bom tempo ainda na

sala bebendo vinho, ouvindo música e olhando alguns relatórios.

Prometi para minha mãe e para mim mesmo que não faria isso na

viagem, mas como era madrugada e não tinha muita coisa para se

fazer — o que era uma mentira, já que eu e Alex poderíamos ter

feito diversas coisas, como sexo por exemplo —, dei continuidade

nos contratos, dando-me conta que Alex não havia assinado ainda,

mas com certeza Henry cuidaria disso com os sócios dela.

Tentei me concentrar, mas algo me puxava para o quarto

dela, querendo que eu fosse até lá e fizesse loucuras.


Levantei, segui pela escada e fui até a porta, a abri devagar, e

vi Alexsandra dormindo suavemente, era uma imagem tão linda que

eu me senti louco só de observá-la. Como queria correr para sua

cama e fazer o melhor sexo do mundo com ela.

Controlei-me e continuei olhando-a, abri a porta mais um

pouco e ela rangeu, fazendo Alex acordar...

Saio dos meus pensamentos e como já estamos no banheiro,

retiro minha cueca, ficando nu, Alex me olha e sorri, não parece

constrangida por me ver dessa maneira, então retira o short que

usa, a blusa e suas roupas íntimas. Seguimos até a banheira e nos

colocamos dentro após encher, eu sentado de pernas abertas e ela

no meio.

Penso sobre como seria delicioso morder seu pescoço,

orelha, puxar seu cabelo pela nuca e encher seus lábios de beijos.

Controlo-me e decido conversar para evitar aqueles pensamentos

impróprios.
— Sua amiga está bem? — pergunto, levando a ponta dos

meus dedos até seu braço que está na beirada da banheira.

— Na medida do possível sim, eu acho, mesmo se estivesse

mal, ela não me falaria — responde pensativa, noto o quanto Alex

está vagando em pensamentos que eu daria tudo para saber.

Concordo com um aceno de cabeça e passo minha mão nos

seus ombros, os molhando, tento ao máximo aproveitar o momento

calmo e sem ninguém para nos interromper, e penso novamente

sobre o que está acontecendo entre nós dois. Alex é de fato uma

mulher incrível, bonita, determinada a alcançar seus sonhos e claro,

deliciosa. Porém, por que simplesmente não consigo pegá-la e levá-

la para minha cama sem pensar no que as pessoas diriam caso

soubessem sobre o nosso envolvimento? Além disso, até quando

Alex e eu iríamos resistir um ao outro? Havíamos quase transado na

minha casa, estávamos juntos nesse exato momento, nus, e

simplesmente não seguíamos para o próximo passo por quê?


“Calma, Steve, vocês se conhecem há menos de uma

semana, chega a ser ridículo querer apressar uma coisa que você

sabe que no fundo vai acontecer!”

Deixo meus pensamentos de lado e volto a acariciar o braço

de Alex.

— Daria qualquer coisa pelos seus pensamentos, Steve —

diz, seu cabelo está preso em um coque frouxo, então o solto,

molhando-o.

— Realmente daria qualquer coisa? — pergunto sorrindo, ela

vira para mim e sorri, passando a língua nos lábios.

— Depende do que você iria querer — responde.

Dou risada e concordo.

— Eu estava pensando no porquê nos reservarmos tanto, nos

fecharmos tanto, se ambos queremos sair daqui e irmos para aquela

cama e foder o dia inteiro — digo beijando seu ombro, vejo seu

corpo se arrepiar por inteiro e Alex se esquiva.


— O que você deseja, Steve? — indaga.

— Desejo você — respondo. — Quero te conhecer mais,

aproveitar cada momento, descarregar toda essa tensão, você não

quer o mesmo?

Ela morde o lábio e concorda.

— Sim, você sabe que sim, mas e se for só isso? Quero dizer,

e se depois que fizermos sexo simplesmente acabar?

Penso sobre isso e fico em silêncio por um tempo, Alex está

com medo que eu “termine” com ela após fazermos sexo? Eu só

quero isso?

No fundo, sei que não, a conexão que criei com ela é tão forte

que não consigo sequer explicar, porém, temos que nos decidir e

vermos no que irá dar.

— Para ser sincero, eu não sei como vai ser daqui em diante,

mas sei o que eu quero — digo.


— E o que você quer?

— Você sabe — respondo.

— Me diga — pede e sorrio.

— Você, eu quero você.

— Já falaram que você é uma pessoa incrível, Steve? — Alex

sai do meio das minhas pernas e fica de frente, encarando-me.

Balanço a cabeça em concordância e suspiro.

— Já me falaram, mas a mesma pessoa que disse isso, fez

eu me sentir o pior ser humano do mundo.

Ela me olha e fica sem entender.

— Estamos falando de Jennifer? — questiona.

— Também, mas isso não vem ao caso, agora vamos

terminar nosso banho e irmos para a praia, precisamos nos divertir.

Alexsandra concorda e volta seu corpo para o meio das

minhas pernas, ficando de costas. Lavo cuidadosamente seu cabelo


e desço para sua nuca, indo para os ombros e depois para as

costas. Alex ofega baixinho, o que faz subir uma pequena ereção

entre minhas pernas. Ela sente meu membro encostar na sua pele,

mas não diz nada, então lavo seus braços e ela se vira, encaixando

seu corpo no meu. Lavo seus seios, passando as mãos nas aréolas,

apreciando aquele momento único que temos, a ereção se mantém,

cada vez maior, mas não dou bola, seguindo com minhas mãos para

sua barriga e descendo para sua boceta. Sorrio e ela faz o mesmo,

sei que sua boceta não está molhada só por causa da água que nos

envolve. Coloco um pouco de sabonete íntimo, que ela trouxera, na

mão e a volto na direção do seu sexo, lavando os lábios da sua

vagina. Desejo penetrar meus dedos nela, porém, mais uma vez,

me controlo, então apenas estímulo seu clitóris com o dedo, o que a

faz arfar.

— Está bom? — pergunto, ainda acariciando sua boceta.


— Sim, está ótimo. — Ela fecha os olhos e morde os lábios.

— Agora é minha vez, Steve.

Alex pega o sabonete e passa no meu peito, fazendo uma

trilha com seus dedos pelas minhas tatuagens, o brilho no seu olhar

me mostra o quanto está feliz por aquele momento. Ela lava meus

braços e fica observando cada tatuagem, porém, noto que uma em

especial chama sua atenção.

— Você também gosta de “O Pequeno Príncipe”? —

pergunto, encarando-a.

— Muito, é um dos meus livros favoritos.

— “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos

olhos” — cito um trecho do livro e ela sorri.

— “É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou” —

responde com outro verso.

Fico quieto ao ouvir isso, pensando o quanto faz sentido na

minha vida.
Continuo em silêncio e ela termina de lavar meu corpo,

sorrindo, a ereção que havia se formado, passara, então

terminamos de tomar banho e saímos para o quarto, prontos para

nos trocar.

— Quero saber por que tomamos banho para nos banharmos

no mar — digo e ela ri, pensando naquilo também.

— Talvez estávamos com outras intenções para o banho,

Steve — diz e lembro da sua boceta e meu pau duro.

“Droga, havia perdido uma oportunidade e tanto!”

Penso sobre isso e reviro meus olhos sem que ela veja, então

seguimos para o quarto, prontos para ir à praia.

∞∞∞

O sol está quente, queimando nossa pele e meus pés, que

estão em contato com a areia. Alex havia decidido levar uma cesta

com algumas frutas, água, uma toalha para forrarmos o chão e

protetor. Minha sócia está tão linda que seria difícil passar ao seu
lado e não olhar; seu cabelo está coberto por um chapéu, usa

óculos de sol, uma camisa florida aberta e um biquíni branco, que

marca bastante sua bunda. Eu uso apenas óculos escuros e uma

sunga azul, que revela um volume avantajado.

Seguimos para a praia em silêncio, o mar rugindo ao longe,

várias pessoas nos encaram e logo começam a comentar sobre

mim, como sempre faziam ao me ver pelos lugares.

“Olha, é Steve e a nova sócia, você viu no jornal a notícia do

rompimento com a Jennifer Spelman? Aquela atriz é maravilhosa.”

Era sempre assim em todos os lugares que eu ia, quando não

havia paparazzi para tirar alguma foto, havia alguém para fazer uma

fofoca sobre o assunto que rendeu meses de telejornais — meu

rompimento com Jennifer. Penso nisso e suspiro, como Alexsandra

nunca ouvira falar disso?

Tento não me importar, me instalo com Alex um pouco à

beira-mar, forramos o chão com a toalha e nos sentamos nela.


— Você passa em mim e eu em você, pode ser? — pergunta,

mostrando o protetor.

Concordo, pego o creme de sua mão e aplico uma boa

camada na minha.

Alexsandra deita de barriga para baixo e sua bunda me deixa

louco, fazendo pensamentos impróprios voltarem em um turbilhão à

minha mente. Como eu queria tirar seu biquíni aqui mesmo e fodê-la

com toda essa plateia para assim terem um assunto novo para

debaterem. Os pensamentos insanos fazem eu ficar de pau duro,

porém, me controlo ao máximo por conta do lugar público, sabendo

que se fizesse o que estou pensando, seria o fim da minha carreira

e de Alex.

Passo uma camada nos seus ombros e vou percorrendo

pelas suas costas, logo estou próximo da sua bunda, então pulo

aquela parte me sentindo um tanto nervoso e aplico o creme nas

suas pernas.
Alex vira de barriga para cima e passo nos seus braços, logo

em seguida no pescoço e na sua clavícula. Mordo os lábios e

continuo, agora próximo da sua boceta, querendo acariciá-la e

poder enfiar meu dedo, no entanto, me contenho e sigo para as

pernas, fingindo não ver sua virilha. Finalizo chateado e formo um

sorriso forçado.

— Pronto — digo, encarando-a, Alex se senta e agradece.

— Agora eu vou passar em você — diz, levantando e pedindo

para me deitar.

Coloco-me na mesma posição que ela estava antes e sinto

suas mãos pequenas passearem pelo meu peitoral forte e tatuado,

suspiro aproveitando o momento e Alex passa protetor nos meus

braços, seguindo para meu rosto, pescoço e descendo em direção

às minhas pernas. Sinto sua mão passar despercebida pelas

pessoas à nossa volta, por cima da minha sunga e mantenho-me

firme para não ficar ainda mais excitado, a posição não seria muito
favorável para mim. Minha sócia aplica mais creme sobre a mão e

desliza facilmente pelas minhas pernas, então pede para eu me

virar de costas e rapidamente sinto suas mãos nos meus músculos.

Alex aplica nas minhas coxas e levanta, confirmando que terminou.

— Pronto, acho que vou nadar um pouco — diz, sento-me e a

encaro, então ela me entrega seus óculos e o chapéu.

Concordo e Alex se afasta, o cabelo solto está bagunçado por

conta do vento, deixando-a tão linda que me faz acreditar ser a

oitava maravilha do mundo. Vejo minha sócia mergulhar no mar e

logo depois aparece novamente, tudo parece estar em câmera

lenta; vejo seu cabelo molhado ser jogado para trás, seus peitos

firmes sendo marcados pelo biquíni úmido, as curvas do seu corpo

serem abatidas pela água e o enorme sorriso encantador. Nesse

momento penso que tivera a sorte em conhecer essa mulher e faria

de tudo para tê-la ao meu lado.


Saio dos meus pensamentos quando a vejo acenando para

mim e mordo o lábio inferior, ficando sem ar.

“Ah, Alex, você vai me pagar, vai sim”.

Depois de um bom tempo, Alex volta e senta ao meu lado,

sorrindo.

— Você não vai nadar? — pergunta, observando-me.

— Não, agora não — respondo, virando-me para ela, nossos

olhares se cruzam de uma forma tão quente que se alguém

acendesse um fósforo, entraríamos em combustão.

— Eu estou ficando com fome — diz, revirando a cesta, de

dentro pega uma barra de cereal e começa a mastigar, dividindo

comigo.

— Eu também estou morrendo de fome, Alex, mas não é de

comida — digo, observando-a atentamente.


Alex me olha e sorri sem graça, vejo seu rosto ficar um pouco

vermelho e dou de ombros.

— Que fome seria essa então? — questiona em um tom

sensual.

— Você, Alex, minha fome é você, quero te devorar por

completo, quero provar da sua boceta o máximo que aguentar, não

consegue fazer ideia do quanto desejo te foder, fazê-la ser meu

banquete durante a noite inteira.

Vejo seu rosto ficar mais vermelho ao ouvir o que eu digo.

— Não seria loucura eu dizer que quero ser o seu banquete,

não é? — pergunta tímida.

Sorrio alegre ao ouvi-la, ela quer tanto quanto eu.

— Loucura será se continuarmos do jeito que estamos.

Ela concorda e levanta, recolhendo nossas coisas, fico sem

entender e Alex estende a mão na minha direção, então a pego e


ela me ajuda a ficar de pé.

— O que houve? — contesto, será que havia falado alguma

merda e não percebera?

— Vamos para casa, Steve, você quer me comer? Então vai,

mas será do meu jeito.

Engulo em seco e concordo, seguindo-a em direção à minha

casa, sentindo-me como um adolescente virgem por finalmente

aquele momento tão esperado, ter chegado.


18 — Do meu jeito

Não demora muito e Steve e eu estamos dentro da sua casa,

jogo a cesta com as coisas que havíamos levado no sofá e sou

agarrada pelo meu sócio, que aperta meu corpo contra o seu e me

segura pela nuca.

Nossos olhares se cruzam por um longo período, então Steve

se aproxima e cola nossos lábios uns nos outros. Nesse momento,

sinto que toda a tensão e procrastinação, se esvaem. Agarro-o pelo

pescoço e sinto o delicioso gosto do seu beijo, sinto as mãos de

Steve passearem pelo meu corpo e seguimos, de lábios colados,

em direção à escada. Por um curto período, me separo dele e

rapidamente a subimos, entrando no quarto em que estou

hospedada.
O suor pinica meu corpo, o cabelo está molhado por conta de

ter entrado na água; se eu soubesse que iria enfim me entregar

àquele homem, não teria nem mesmo saído de casa. Penso a

respeito do que estou prestes a fazer, já havia me reservado demais

perante isso, iria a partir de agora apenas aproveitar o momento.

— Antes de tudo — digo entre beijos que Steve não para de

me dar, seu corpo está colado ao meu, a sunga azul marcada com

sua ereção. — Banho... agora seria bom o banho.

Ele volta a me agarrar sem dar importância ao que digo e

apenas concorda, com um aceno de cabeça, então vai para trás de

mim e segura meu cabelo, beijando meu pescoço e seguindo para a

clavícula. Sinto-me toda arrepiada com o toque dos seus lábios,

então solto um gemido e vejo Steve sorrir.

Ele para de me beijar e desamarra o nó do meu biquíni, o

jogando para frente, engulo em seco e meu sócio segue com os


dedos até minhas costas, desatando o outro nó. A parte de cima do

meu biquíni cai sobre o chão e me viro para ele, o encarando.

— Alexsandra... — sussurra meu nome e vem na minha

direção.

Vejo seus olhos ferozes e Steve me agarra, passando sua

mão pelo meu pescoço, enquanto o outro segue para o meu seio.

Ele o pega e aperta, fazendo espasmos percorrerem meu corpo

como uma onda elétrica.

Solto um gemido baixo, sussurrando seu nome enquanto meu

sócio mordisca meu seio e passa a língua na aréola, fazendo

minhas pernas tremerem com o simples ato.

— Eu vou te foder tão gostoso, Alexsandra — diz ele ainda

chupando meu seio, logo em seguida Steve sobe e beija meu

pescoço e mordisca minha orelha. — Eu quero sentir meu pau

dentro da sua boceta.


Meu corpo se arrepia por inteiro ao ouvi-lo e formo um sorriso,

apertando-o ainda mais contra mim, Steve vai descendo sua mão

pela minha barriga e para quando está próximo da minha boceta.

— Você está encharcada para mim? Sua boceta quer sentir

meu pau nela? — Ouço suas palavras sujas e me sinto mais

excitada ainda, então pego sua mão e enfio por debaixo do tecido

branco, fazendo-o sentir o quanto estou molhada.

— Veja você mesmo, Steve, sente como minha boceta está

molhada para você, estou louca para sentir seu pau me penetrar por

inteira — respondo, surpresa com minhas palavras tão sujas, mas

não me importo, é a mais pura verdade, estou ansiosa de tê-lo me

preenchendo.

— Vai sentir, pequena, antes de eu me lambuzar na sua

boceta e te comer, vou te dar um banho.

Concordo e seguimos em direção ao banheiro, indo direto

usar a ducha, com pressa de que aquilo acabe logo.


Steve abre e a água quente cai sobre nós nos molhando por

inteiro, rapidamente ele pega o sabonete e esfrega cada parte do

meu corpo, tirando todo o sal do mar e o protetor solar. Permito que

ele me lave como tanto deseja, e após terminar, faço o mesmo nele,

esfregando suas deliciosas costas largas e indo em direção da sua

bunda que me deixa com água na boca.

— Esse território é proibido — diz brincando e se vira, colando

nossos corpos. — Esse aqui é todo seu.

Steve leva minha mão até seu pau e tira a sunga, revelando

sua ereção. Pego-o e lavo, passando sabonete enquanto faço

movimentos de vai e vem.

— Vai me dizer que o senhor Steve Forbes, bissexual, nunca

deu essa bundinha? — pergunto, sentindo-me ousada com isso,

porém, quero saber, preciso saber.

Um sorriso se forma nos seus lábios e ele assente,

confirmando.
— Não sou virgem de lá de trás, se é isso que quer saber —

diz. — Como sabe, sou bissexual, já mantive relacionamentos com

diversos caras, fiz sexos que jamais imaginei na vida, isso é um

problema para você?

Aperto ainda mais seu pau e continuo masturbando-o, então

nego com a cabeça, excitada.

— Problema nenhum, pelo contrário, é muito excitante.

Um sorriso se forma nos lábios de Steve e ele pisca, então

paro de masturbá-lo e rapidamente enxaguamos nossos corpos.

Steve fecha a ducha e volta a me encarar, vejo ele pegar duas

toalhas e secar meu cabelo, logo que termina, enxugo seu corpo e

voltamos para o quarto, passando no batente da porta já colados

novamente.

Seguimos em direção da cama e jogo Steve nela, o

encarando.
— Eu havia dito que iríamos transar do meu jeito — digo a

ele, que me encara, excitado, aproximo-me e subo por cima,

segurando seu pau. — Você não faz ideia da garota selvagem que

escondo.

— Já consigo imaginar — diz gemendo quando abocanho seu

pau.

Chupo ele e passo minha língua na glande, meu sócio

continua gemendo excitado com aquilo, então levo minha boca até

suas bolas e as chupo, agora o masturbando.

— Você gosta do que vê, Steve? Gosta dessa garota

selvagem e vadia que sou na cama?

Vejo-o concordar e volto a enfiar seu pau na minha boca, a

cada segundo me sentindo ainda mais excitada, então, quando

menos meu sócio espera, viro-me e enfio minha boceta no seu

rosto, sentindo sua língua me chupar por inteira.


— Isso, Steve, me chupa bem gostoso, deixa minha boceta

bem molhadinha...

Solto um gemido alto e volto a chupar seu pau, enquanto ele

mantém a língua em mim, Steve usa tão bem sua boca que sinto

que posso gozar somente com isso.

— Como você é gostosa — diz ele quando me viro e fico por

cima.

— Quer me foder agora? — pergunto, segurando seu rosto,

ele concorda e então nos beijamos. — Sente-se — ordeno.

Vejo o quanto fica surpreso com minha voz autoritária e então

se senta, quando saio de cima dele e fico em pé.

— Abra as pernas bem esticadas sobre a cama — volto a

ordenar.

Vejo-o obedecer e então contemplo a imagem daquele

homem; Steve no meio da cama, pelado, com as pernas abertas e o


pau totalmente duro, então vou me aproximando e subo no seu colo,

passando meus braços em volta do seu pescoço.

— Me fode bem gostoso — peço e vou descendo pelo seu

colo. O contato de nossas carnes faz eu ficar mais excitada ainda,

então vou descendo aos poucos e me mantenho parada quando sou

preenchida completamente pelo seu sexo.

— Meu Deus, Alex, que boceta quente e apertada você tem

— diz, beijando meu pescoço.

— É para você se deliciar ainda mais enquanto me come —

sussurro no seu ouvindo, então começo a cavalgar no seu colo.

Vejo-o gemendo enquanto cavalgo no seu pau e aumento os

movimentos, minha fome de sexo maior a cada segundo. Steve dá

um tapa na minha bunda e revira os olhos de desejo, então

enquanto me fode, chupa meus peitos me deixando ainda mais

excitada, o que me surpreende a cada segundo.


Nos mantemos naquela posição por um bom tempo, eu

subindo e descendo rapidamente, logo meu corpo protesta por

causa dos movimentos e Steve me segura metendo com mais

vontade ainda.

— Me fode de quatro — peço ao sair do seu colo,

rapidamente fico na posição escolhida e meu sócio me penetra

novamente, gemendo com aquilo.

— Que boceta deliciosa! — esbraveja, enquanto me come

com vontade.

— Toda sua, Steve, vai, fode mais — suplico gemendo

entredentes, ele aumenta as investidas e de repente para, virando

meu corpo e se jogando por cima de mim, sinto novamente seu pau

me invadir e agarro-o contra mim, arranhando suas costas.

— Vai, Steve, vai... — Estou quase gritando de tanto tesão ao

senti-lo dentro de mim.

— Vou gozar — anuncia. — Meu Deus, que boceta gostosa!


Ele aumenta ainda mais os movimentos e o agarro,

arranhando suas costas, então gritamos juntos quando gozamos,

enfim liberando todo o desejo e a luxúria que nos consomem.

Steve sai de cima de mim e se joga ao meu lado, ambos com

a respiração acelerada.

— Isso foi delicioso, sabia? — pergunta. — Você é

maravilhosa!

— Foi mesmo, não tem como negar — respondo sorrindo.

Steve se aproxima de mim e me beija, cansado por conta do

sexo delicioso que fizemos.

— Então, o que está sentindo? Acha que rola mais algumas

vezes? — inquiro o encarando.

Meu sócio dá de ombros e morde o lábio.

— Não sei explicar como me sinto, só sei que isso vai

acontecer quantas vezes você quiser.


19 — “A Bar Brooklyn”

Continuamos um bom tempo na cama após fazermos sexo,

me sinto um pouco cansada por conta dos movimentos, porém, um

tanto realizada com isso. Imagine quando Nubia souber! Steve está

bastante feliz, consigo notar isso. Após finalizarmos o sexo, descobri

um lado do meu sócio que ainda não conhecia; ele sabia ser fofo.

Enquanto estamos deitados, Steve acaricia meu rosto, mexe no

meu cabelo e me enche de beijos, sempre inalando meu o cheiro,

dizendo que é inebriante. Com o tempo, o tesão acaba e me vem a

preocupação de como seremos daqui para frente.

Steve queria transar comigo, assim como eu com ele, e

finalmente nos entregamos a isso, mas e agora? Iríamos repetir a

dose ou seria apenas isso? Ele mesmo havia me dito que faríamos
sexo quantas vezes eu quisesse, e me pego surpresa comigo

mesma de que quero mais, muito mais...

— Está pensando muito, não acha? — pergunta virando meu

rosto para o seu, nossos lábios se encontram e o encaro.

— Não é nada demais — digo sabendo que aquilo é mentira.

— Que tal outro banho?

Steve concorda e seguimos para debaixo do chuveiro,

diferente dos outros dois banhos anteriores, esse é mais rápido,

logo estou vestindo uma calcinha de renda e sutiã.

— Topa sair para beber alguma coisa? — indaga ele se

secando, em seguida coloca a toalha em volta do seu corpo e

espera minha resposta.

— Seria ótimo, Steve, vou me trocar e te encontro lá embaixo.

Ele assente saindo do quarto e fecho a porta, procurando o

que vestir.
Decido colocar uma calça jeans e camiseta, nos pés, calço

meu tênis All Star e seco o cabelo o mais rápido possível, para

Steve não esperar tanto. Passo um lápis de olho e um batom cor de

boca, apenas para realçar meus lábios. Aplico o perfume no meu

corpo e saio do quarto com a carteira e o celular em mãos.

Vejo que Steve já está me esperando, como presumira, ele

usa calça jeans escura justa, uma camiseta polo vermelha e

sapatos. Aproximo-me dele e sinto seu perfume invadir minhas

narinas, inebriada com aquilo. Será que nunca vou me acostumar

com o cheiro daquele homem?

— Você está linda como sempre — diz dando passagem,

agradeço e seguimos para o lado de fora da casa, entrando no

carro. Steve liga o som baixo e Madonna ecoa pelo veículo.

— Para onde vamos? — pergunto curiosa.

— “A Bar Brooklyn” — responde enquanto dirige. — É um dos

bares mais bem falados daqui, não leve em consideração a fachada


antes de entrar no local.

Concordo e seguimos em diante, o “A Bar Brooklyn” fica

localizado na 597 Manhattan Ave, seguimos para lá em silêncio,

apenas ouvindo a música no rádio, após um tempo, paramos em

frente a um local que me deixa surpresa. A fachada realmente não é

lá essas coisas, como Steve imaginou que eu pensaria; a parede é

revestida de madeira até em cima, há uma pequena porta que

contém um “A” pintado, noto que ao lado contém três pequenas

janelinhas, e acima, tijolos de vidro vazados na cor verde.

— Eu disse, agora espere ver por dentro — diz encostando

no meio-fio, saímos do carro e noto que na entrada há um baú com

cadeado, o que me deixa curiosa.

Ele vem para o meu lado e estende a mão para mim, a pego

e seguimos em direção à porta, assim que entramos, sou

surpreendida pelo local. É muito diferente da fachada, o que me

encanta; o teto do bar é totalmente revestido de madeira, o que dá


um charme e tanto para o lugar. Há bancos espalhados e um rock

toca na caixa de som, a televisão pendurada está no mudo,

mostrando o jornal. Olho ainda mais atentamente e vejo um bar com

um barril embaixo do balcão, as paredes ao lado são amareladas,

com espelhos e bancadas individuais. Fico ainda mais encantada ao

notar o enorme local, onde há diversas pessoas servindo os

clientes. O local até que está cheio, para ser um dia comum, e Steve

agarra meu braço, levando-me até um dos atendentes.

— Boa noite, me vê duas cervejas, por favor — pede,

enquanto ainda observo o ambiente, surpresa com as luzes

amarelas acima de nossas cabeças. — E então, o que achou?

— Eu estou encantada — respondo animada. — Como não

conhecia esse lugar?

Steve dá risada e logo dois copos grandes nos são entregues

com cervejas, agradecemos após pagarmos e noto na parede um

quadro com o cardápio.


— Vem, vamos nos sentar — diz ele seguindo até uma das

bancadas individuais, me vejo no espelho e sorrio para a minha

imagem.

— Obrigada por essa viagem, estou achando tudo muito

incrível — digo, mesmo sabendo que estamos aqui não tem nem

três dias. Steve concorda e pega minha mão, passando seu polegar

na minha pele.

— Obrigado por ter vindo comigo, se eu viesse sozinho, isso

aqui seria um saco. — Demos risada e bebo da minha cerveja,

decidimos pedir algo para comer, meu sócio escolhe e somos

servidos com linguiça, queijo e algumas torradas.

— Me diga uma coisa, você já ficou com um homem mais

velho que você? — pergunta curioso e nego com a cabeça.

— Você foi o primeiro — respondo sorrindo, Steve me encara

e seus olhos brilham.


— Fico feliz em saber disso, ainda mais que eu a fiz gozar —

a última parte ele sussurra e me remexo no banco.

— Foi delicioso — balbucio. — Estou curiosa com uma coisa.

— Curiosa? — questiona levando a cerveja até a boca.

— Sim, você me disse que não é virgem lá de trás... — As

palavras se perdem e ele apenas me encara. — Como foi?

— Você quer saber como foi eu ter transado com outro

homem? — Steve não parece desconfortável e isso me deixa

aliviada.

Não me importo em saber disso, pelo contrário, sinto-me

curiosa, excitada...

— Sim, quero sim.

Ele ri, passa a mão pelo rosto e encaro fixamente suas

tatuagens.

— Foi normal, eu diria, mas por que quer saber disso?


— Eu não sei, quem sabe um dia você não me permita usar

uma cinta peniana com você. — Rio e ele sorri, concordando.

— É, quem sabe um dia, mas respondendo à sua pergunta,

foi um sexo normal e bom, nada demais.

Apenas assinto e voltamos a beber, sinto-me mais excitada

ao saber disso e me imagino com uma cinta peniana, usando-a em

Steve. Esqueço isso por um momento e o rock continua tocando.

— Vamos fazer um trato? — pergunto de repente e vejo Steve

erguer a sobrancelha.

— Trato? — questiona, sem entender.

— Sim, trato — digo, acenando com a cabeça. — Antes de

mais nada, precisamos lembrar que somos sócios, e já que

transamos, teremos que saber separar o profissional do pessoal,

entendeu? Trabalharemos juntos, acima de tudo, e ninguém da

empresa pode saber que estamos tendo um...


— Caso — completa. — Concordo com você, é o mais

sensato a se fazer, afinal, na empresa há regras, nossos

funcionários não podem saber de jeito nenhum, ia acabar mal.

— Exatamente — falo e formo um sorriso. — Agora, talvez

tenhamos um pequeno probleminha, dona Lourdes fará de tudo

para saber se transamos ou não.

— Assim como Nubia, ela deve estar se remoendo por você

não ter ligado ainda.

Concordo e decido que farei isso amanhã, essa noite apenas

quero curtir com meu sócio e nada mais, então após finalizarmos

nossa cerveja, bebemos mais alguns copos e acabamos dançando

rock com o pessoal do bar. Depois de um longo período de dança e

muita bebedeira, decidimos ir embora, já que Steve está dirigindo.

Saímos prometendo aos funcionários do local que voltaremos um

outro dia para bebermos ainda mais.


Assim que chegamos em casa, Steve e eu seguimos para o

meu quarto e nos jogamos na cama, apenas dando tempo de

tirarmos os sapatos e as roupas. Meu sócio agarra meu corpo

contra o seu e dormimos daquele jeito durante a noite inteira.


20 — “Scream Zone at Luna Park”

Acordo na manhã seguinte com meus braços em volta do

corpo magro de Alex, devagar, ergo-me e a vejo dormindo, sorrio

com a imagem dela; o cabelo loiro cobrindo metade do seu rosto, a

respiração tranquila, com seu peito subindo e descendo. Penso a

respeito do sexo delicioso que fizemos, Alex havia me surpreendido

em diversos aspectos, um deles foi a maneira como ela dominara a

transa. Penso sobre a curiosidade dela em saber se eu já havia

transado com homens e me excito ao me recordar de suas palavras,

me esquivo sem acordá-la e sigo até o banheiro. Após escovar os

dentes e lavar o rosto, decido preparar café para nós, então vou

para a cozinha apenas de cueca, feliz por estarmos somente nós

dois em casa e eu poder ficar à vontade.


Pego meu celular que está sobre a mesa de centro da sala e

decido ligar para Henry e mamãe, para tentar descobrir como estão

indo as coisas na empresa sem mim por perto. Disco o número de

meu filho e rapidamente ele atende.

— E aí, meu velho, bom dia! — diz Henry animado.

— Já disse para você que vou te mostrar quem é velho —

respondo brincando, é tão boa a união que eu e meu filho temos,

ainda mais após a morte de sua mãe tão precocemente e a vida

corrida que eu havia escolhido para mim. — Como estão as coisas?

— Tudo tranquilo, meu velho, isso graças a vovó — responde

rindo.

Penso sobre o que diz e reviro os olhos, o que mamãe está

aprontando?

— Como assim “graças a vovó”? O que mamãe está

aprontando? — questiono erguendo a sobrancelha, me mantenho

parado no meio da sala e coloco a mão na cintura ao ouvir a risada


do meu filho do outro lado da linha, então decido ir para a cozinha

preparar o café meu e de Alex.

— Ela voltou com tudo para os negócios, decidiu parar de

colocar o assunto em dia e está me acompanhando até a empresa

todos os dias — responde. — E adivinhe?

— O quê? — pergunto, já começando a me assustar com as

loucuras de mamãe.

— Primeiro, que ela andou pela empresa toda a procura do tal

funcionário que disse que você caiu como um ganso, e

simplesmente ela mandou o cara embora! Ela está paranoica com

isso, meu velho, estou achando que vovó está começando a ficar

biruta…

Dou risada e ouço meu filho também rir, então percebo que o

celular de Henry é puxado de sua mão bruscamente.

— Oi, mamãe — digo já sabendo que é ela.


— Vai tomar no cu você e Henry, entendeu?! Não estou

ficando biruta, mas isso realmente me deixou bem perturbada, como

uma pessoa diz que a outra se acidentou de uma maneira, da qual

não achamos para podermos saber?! Mas adivinhe, meu filho!

— Mamãe, olha o vocabulário na minha empresa! — Reviro

os olhos e dou risada. — Adivinhar o quê?

— Fiz uma outra amiga, o nome dela é April, me contatou no

Facebook dizendo que também não achou nada sobre gansos

caindo, mas decidimos nos encontrar para bebermos um chá e

colocarmos as novidades em dia, acabou que agora ela faz parte do

meu grupo de amigas.

Dou risada com mamãe e coloco a cafeteira para preparar o

café.

— Mamãe, esqueça isso de gansos caindo, a senhora não vai

achar muita coisa, prometo que se eu encontrar, te mostro.


— Ok, meu filho, ok! E a viagem, como está? Espere… Henry,

faça o serviço direito, não queremos que seu pai brigue com você

depois... Fale, fale, meu filho.

Dou risada novamente e conto para minha mãe como o lugar

é incrível, que não fazia ideia do quanto sentia falta de um local

calmo para descansar.

— E Alexsandra como está? Quero tanto falar com ela, saber

as reais intenções com você.

Volto a rir e concordo, pensando que eu também desejava

saber quais as reais intenções que havia entre a gente.

— Ela está dormindo, saí do quarto sem fazer barulho para

não a acordar — respondo e me arrependo imediatamente de dizer

aquilo.

Assim que digo, ouço um grito de mamãe invadir meu ouvido,

então afasto o celular esperando todo o alvoroço passar.


— O QUÊ?! Então vocês estão dormindo juntos, que delícia!

Vocês transaram ou só dormiram mesmo? Espero que tenha feito

sexo, meu filho, você anda muito devagar ultimamente.

— Mãe! Meu Deus, mas que tipo de pergunta é essa? Que

fixação sobre eu ter alguém — falo indignado.

Vou na direção do armário e pego cereal, aveia e sigo em

direção da geladeira, separando suco, frutas, leite e mel.

— Uma pergunta normal, querido, sua mãe não pode saber

se você transou com a sócia?! Deus me livre, como você é século

passado!

— Não é isso, mamãe, existem regras na empresa das quais

não podemos quebrar.

“Coisa que já fizemos”, penso.

— Você que sabe, meu filho, mas se forem pensar tanto

sobre o que as pessoas dirão, ficarão nesse não fode e nem sai de

cima. — Reviro os olhos ao ouvir aquilo. — Agora tenho que ir,


preciso colocar ordem em Henry, se não ele não faz as coisas

direito, beijos, amo você.

Nem dá tempo de me despedir de dona Lourdes e a ligação

fica muda, mostrando que ela encerrou. Jogo o celular no balcão da

cozinha e sou surpreendido com Alex parada, de camiseta larga,

cabelo preso e calcinha.

— Olá, bom dia — digo sorrindo.

— Bom dia, vi que estava no telefone, não quis atrapalhar.

— Você jamais atrapalha — respondo, indo na sua direção e

lhe dando um beijo suave, Alex retribui e nos afastamos, nos

encarando.

— Dormiu bem? — pergunta.

Dou um sorrisinho e concordo.

— Melhor impossível.
Alex volta a sorrir e pego na sua mão, a guiando para o

balcão da cozinha.

— Vamos tomar café, eu pretendia levar na cama, mas como

você já levantou...

— O que vale é a intenção — diz sorrindo, concordo e nos

sentamos.

— Não me fale de intenções, srta. Burckhardt, pois nesse

momento as minhas com você não são muito saudáveis — digo,

servindo-me de frutas e um pouco de cereal, Alex se serve e me

encara.

— Quais são suas intenções comigo, sr. Forbes?

— Colocar você sobre esse balcão, lambuzar seus seios com

esse mel e chupá-los enquanto te fodo.

Alex forma um sorrisinho ao ouvir o que digo e leva uma

colherada do cereal com mel e leite até a boca.


— Quem sabe não podemos fazer isso depois — diz,

piscando.

Concordo e começo a comer, assim que finalizo, minha sócia

leva a louça suja até a lava-louças e quando retorna para próximo

de mim, puxo-a, envolvendo nossos corpos.

— E então, o que quer fazer hoje? — pergunto com ela em

volta dos meus braços, minha sócia apoia os seus nos meus

ombros e me encara.

— Apesar de que seria delicioso eu receber mel nos seios —

diz brincando —, quero ir ao parque de diversões, eu estava

pesquisando na internet e vi que tem o “Scream Zone at Luna Park”

aqui perto, o que acha de irmos?

Penso sobre isso e me sinto desconfortável, tenho um pouco

de medo de altura, não posso mentir. Pensou mesmo que CEOs

não têm medo? Esse é o meu, porém, farei isso por Alex, então

concordo.
— Por mim, tudo bem — respondo a beijando, Alex retribui e

se afasta.

— Antes de irmos, vou ligar para Nubia e ver como ela está —

fala e sai, indo atrás do seu celular.

∞∞∞

Sabe a cena icônica do filme “As Branquelas” onde elas estão

no carro com o som no alto e cantam? É Alex e eu nesse exato

momento com Toxic de Britney Spears. Cantamos alto e bastante

animados, os vidros do carro estão abertos e o vento bate em nosso

rosto. O cabelo de Alex está solto, ela usa óculos de sol, uma

camiseta regata branca e shorts, nos pés, está com tênis. Estou

com bermuda, tênis, camiseta polo e óculos, a acompanhando

animado no refrão da música.

Continuamos cantando até a música acabar e logo outra

começa.
— Isso é tão divertido! — diz minha sócia. — Fazia anos que

não me sentia tão animada.

Sorrio ao ouvir o que diz e acaricio sua mão, a outra no

volante.

— Fico realmente feliz que esteja se divertindo, ainda há

muito o que explorar por aqui.

Ela concorda e não demora, estacionamos o carro.

O local está lotado de pessoas por todos os lados, como já

imaginava, ouço gritos de alguns adolescentes vibrando de alegria

ao se aproximarem da enorme montanha-russa, algo que me faz

suar só de pensar. Saímos do carro e Alex ergue a mão, a pego e

corremos como dois adolescentes apaixonados até a bilheteria do

local. Pagamos quarenta dólares cada um para entrar e logo

avistamos os brinquedos.

Há diversos, minha sócia de imediato quer ir à enorme

montanha-russa, o que faz meu estômago revirar só de pensar.


Seguimos para a fila e vejo a empolgação tomar conta dos seus

olhos, então me aproximo e dou um beijo na sua testa.

— Só quero que saiba que eu morro de medo de altura —

confesso, encarando-a.

— Ah, não, Steve Forbes com medo de altura? Isso sim é

icônico — responde rindo.

Assinto e continuamos na fila, logo estamos sentados no

brinquedo e aperto a mão dela, sentindo-me nervoso.

— Não precisa ter medo — diz, encarando-me.

Reviro os olhos e formo um sorriso, é fácil dizer quando não

se tem medo de altura, certo? Então o pior acontece; devagar o

brinquedo começa a andar nos trilhos, subindo tanto que prefiro não

olhar, mantendo meus olhos fechados.

Quando menos espero, o brinquedo dobra a velocidade e

grito com Alex ao meu lado se divertindo.


— Puta que pariu! — Sinto frio na barriga, abro os meus olhos

e vejo rodopiarmos no brinquedo, logo estamos subindo mais ainda

e descendo com tudo, fazendo-me gritar mais ainda.

— Fica calmo, não precisa ter medo! — grita Alex, e engulo

em seco, sentindo o brinquedo parar com tudo e o cinto se abrir.

Saio com minhas pernas bambeando e Alex se diverte com

isso.

— Problema do coração você não tem — brinca, ainda rindo.

Seco o suor da minha testa e respiro fundo, acalmando-me,

vejo minha sócia animada puxando-me em direção à roda gigante.

Sinto-me mais uma vez nervoso, pedindo a Deus para que eu não

caia de lá de cima e vire prensado de Steve.

O brinquedo, apesar de ser alto, é um pouco mais tranquilo

que a montanha-russa, o que me deixa aliviado, então não demora

muito e nos vejo longe do chão.


— Você tem mesmo medo de altura, não é? — questiona Alex

ao meu lado, concordo sem conseguir responder e ela me encara.

— Então por que quis vir? Podíamos fazer outra coisa.

Penso e aperto sua mão.

— Fiz por você, não iria estragar sua vontade com meu medo

idiota — consigo responder, ela sorri e logo estamos no chão

novamente.

Acabamos conhecendo a maior parte dos brinquedos, depois

de um tempo, já não sinto tanto medo assim, o que é uma pequena

vitória para mim. Decidimos comer cachorro-quente e bebermos

Coca, Alex jura que não contará para minha mãe.

Depois de mais ou menos uma hora, Alex e eu passeamos

pelo parque de mãos dadas e tomamos sorvete, apenas observando

o público nos brinquedos. Sorrio ao perceber que esse é um dos

passeios mais diferentes que eu já fizera com alguém, um passeio

diferente com Alexsandra...


— Se divertiu? — pergunto para quebrar o silêncio.

— Bastante, Nubia ia adorar isso aqui! — responde.

Vejo-a encarando o local bastante animada, como se

estivesse fotografando cada detalhe com os olhos para guardar na

memória, e decido guardar na minha o brilho dos seus olhos e o

sorriso cativante que revela nos seus lábios carnudos.

— Quer fazer o que agora? — indago, após sair do transe.

Já está escurecendo, então Alex decide que quer ir para

casa.

Seguimos para o carro e fomos para casa ouvindo música

alta, assim que chegamos, entramos e agarro Alex, a enchendo de

beijos.

— Que tal rolar aquele mel aqui, agora, hein? — pergunto

mordendo sua orelha, ela geme e concorda.

— Estou louca por isso, Steve — diz.


21 — Apaixonado

Alexsandra é o tipo de mulher que não precisaria se esforçar

muito para deixar um homem inebriado, ela seria a melhor das

bebidas a um homem alcoólatra e a melhor droga, para um

dependente químico, pelo simples fato do seu corpo ser o mais

perfeito que já havia visto em toda minha vida. Elisa, quando nos

casamos, era uma mulher maravilhosa, uma beldade, e Alex é

exatamente assim. Amara muito minha esposa quando estava viva,

porém, com o passar dos anos e o luto menos doloroso, percebi que

precisava seguir minha vida, e meu filho apoiou-me nisso. Então

conheci Jennifer, uma mulher dona de si, com um comportamento

anormal. Meus relacionamentos homoafetivos não duraram muito,

pelo simples fato de na época eu apenas querer sexo.


Mas agora, com Alex sentada no balcão da cozinha com os

seios de fora, e as pernas abertas revelando sua boceta, percebo

que não desejo apenas sexo com ela.

Encaro minha sócia e sorrio, me aproximando do seu corpo,

Alex espera, a respiração entrecortada, os batimentos do seu

coração mais rápidos, por conta da adrenalina.

— Você não sabe o quanto é maravilhosa — digo acariciando

sua barriga, ela se mantém em silêncio, então faço trilhas de beijos

pela sua pele e ouço sua respiração acelerar.

Passo meus dedos pelo seu braço e me afasto, pegando o

vidro de mel, minha sócia apenas me observa, formo um sorrisinho

e me aproximo, retirando minha roupa. Mantenho-me de cueca e

sinto meu pau latejar apenas por estar em frente dessa mulher,

então abro o vidro do mel e volto a encará-la.

— Você quer isso, srta. Burckhardt? — questiono, mordendo

o lábio inferior.
— Sim, sr. Forbes — responde sorrindo.

Aproximo-me mais ainda e me enfio no meio de suas pernas,

puxando-a para mais perto de mim, Alex passa um dos seus braços

pela minha nuca e o outro se apoia no balcão, então jogo o mel

sobre seus peitos. Observo o líquido se espalhar entre seus seios e

coloco o vidro de lado, aproximando-me ainda mais. Levo minha

língua até sua pele e Alex se arrepia, gemendo baixinho.

— Meu Deus, Steve — sussurra.

Passo a língua em volta do seu seio e o mordisco, fazendo

pequenas sucções, minha sócia volta a gemer e então continuo,

sentindo meu pau ficar ainda mais duro. Pressiono seu corpo contra

o meu e Alex envolve suas pernas na minha cintura, então continuo

chupando seus seios, tomando todo o mel.

— Quero te foder — digo após terminar, levo meus lábios até

os dela e nos beijamos, o gosto do mel invadindo-nos.


— Por favor, Steve — murmura. — Chupa minha boceta, eu

te imploro.

Sorrio ao ouvi-la e vou descendo, passando meus lábios pela

sua barriga, chego próximo do seu sexo encharcado e a deito sobre

o balcão, tendo a visão completa de sua boceta. Devagar, para

torturá-la, me aproximo, aspiro o seu cheiro delicioso e mergulho

minha língua dentro dela.

Alex geme mais ainda, erguendo um pouco seu corpo e

gritando por mais, penso que, se tivéssemos vizinhos em volta,

nesse momento eles estariam ouvindo-me foder minha sócia com a

língua.

Mantenho-me naquela posição e mergulho ainda mais nela,

sentindo o quanto está lubrificada, ergo meu corpo e abaixo minha

cueca, encaixando meu pau na sua entrada.

— Não deveríamos arriscar tanto sem camisinha — digo.


— Só dessa vez, não aguento mais — responde, então me

encaixo nela e sinto meu pau entrar na sua boceta molhada.

Não consigo descrever a sensação que sinto quando meu

pau entra naquela mulher, é como se eu fosse aos céus e voltasse a

terra em um turbilhão, como se meu corpo entrasse em combustão,

queimando tudo que encontra pela frente.

Fico um tempo parado, sorvendo a quentura do seu sexo,

meu pau lateja de tanto tesão e os gemidos de Alex preenchem o

ambiente. Começo com as investidas dentro dela, a cada segundo

indo mais e mais rápido. Fico deliciado com o intenso desejo que

sinto por essa mulher e continuo a fodendo sem parar, até que seu

sexo reprime em volta do meu pau e ambos gozamos juntos,

libertando todo o tesão que nos consome.

∞∞∞

Não me recordo o momento certo que fui para a cama com

Alex, mas acordo na manhã seguinte com minha sócia ao meu lado.
Passo a mão no seu cabelo e a vejo se mexer, Alex abre os

olhos e pisca, sorrindo.

— Bom dia, srta. Burckhardt — cumprimento, beijando sua

testa.

— Bom dia, sr. Forbes — diz, espreguiçando-se, ela levanta e

segue até o banheiro, encaro seu corpo nu e mordo o lábio,

contemplando sua beleza.

— Vem tomar banho comigo? — pergunta.

Concordo com um aceno de cabeça e a sigo, observando

meu pau com a ereção matinal, vou até o banheiro e rapidamente

estamos debaixo do chuveiro.

— Dormiu bem? — pergunto.

— Dormi sim, e você? — questiona com um sorriso.

— Melhor impossível.
Terminamos nosso banho um tempo depois e seguimos para

o lado de fora, saio do quarto de Alex e sigo até o meu, colocando

uma roupa qualquer. Pego minha carteira e procuro meu celular, o

achando na sala quando desço. Dou uma verificada e não encontro

uma mensagem ao menos de mamãe, Henry ou qualquer pessoa da

empresa.

O trabalho de dona Lourdes está realmente sendo muito bem

feito, afinal, ela avisou todos os meus funcionários que não eram

para me encaminhar um e-mail sequer sobre os negócios. Porém,

sinto-me frustrado por conta disso, apesar da viagem com minha

sócia estar sendo incrível, eu sentia falta da agitação do dia a dia.

Paro de pensar a respeito disso e decido chamar Alex para

tomarmos café em uma padaria de um amigo meu, ela aceita e não

demora muito, já estamos dentro do carro, seguindo para lá.

Meu amigo, o Owen Ó’Conaill, abriu uma padaria na cidade

ainda muito novo, fizemos faculdade juntos e ele sempre disse que
o seu sonho era ser padeiro e ter seu próprio negócio. Nem todos

almejam ter um carro do ano, casa, dinheiro e joias, percebe-se?

Então o ajudei a conseguir isso, abrindo a padaria mais luxuosa de

todo o mercado. Owen ficou muito feliz no dia, e me agradece até

hoje por esse presente.

Saímos do carro e pego na mão de Alex, o que a faz ficar um

pouco surpresa, porém, não me solta. Entramos no local e vejo

diversas mesas cheias, garçons seguindo para todos os lados,

garçonetes anotando pedidos e ele, parado conversando com um

rapaz.

Sigo até Owen com Alex ao meu lado e paro na sua frente.

Quando meu amigo me vê, noto o olhar de espanto.

— Meu Deus, veja só quem está aqui, será que estou vendo

demais?! — pergunta no seu forte sotaque irlandês, abraço-o e ele

retribui.
— Meu amigo, quanto tempo! Eu estava com muita saudade,

passei aqui para lhe apresentar Alexsandra e lógico, tomar do seu

café.

Alex o cumprimenta e seguimos para uma mesa, onde meu

velho amigo senta de frente para nós, ainda um tanto surpreso. Ele

está muito diferente, o cabelo antes grande e escuro, está ralo e

claro, seus olhos cor de âmbar não mudaram nada; continuam com

a alegria de um jovem. Seu sorriso é gentil, o que combina com seu

tom de pele um pouco mais moreno, o corpo antes malhado, agora

está mais relaxado, com uma bela pança.

— Como você está diferente, Owen! — exclamo surpreso, na

época da faculdade ele era um dos calouros mais cobiçados.

— Você quer dizer mais gordo que eu sei, realmente estou,

trabalhar com massa faz isso com as pessoas! Mas, e você,

continua a mesma pessoa, com um pouco mais de tatuagem e

bonitão.
Rio e dou de ombros.

— Só um pouco. — Rimos e encaro Alex. — Essa aqui é

minha sócia, a Alex, estamos passando uns dias por aqui.

— A trabalho? — pergunta Owen.

Encaro-o e nego com a cabeça.

— Não, só para descansar mesmo.

— Steve Forbes descansando? As coisas mudaram muito,

hein?! — Voltamos a rir e é depositado sobre nossa mesa três

enormes xícaras de café, com biscoitos doces e bolinhos, como

acompanhamento.

Comemos e bebemos bastante, coloco alguns assuntos em

dia com meu amigo, enquanto Alex apenas nos encara e fica um

tanto sem graça. Seguro a todo instante sua mão, coisa que meu

amigo não deixa passar despercebido.


— Eu ainda não acredito que você realmente passou por essa

porta com uma garota — diz.

Sorrio e o encaro, Alex me espera dentro do carro.

— Lembra quando eu terminei com Jennifer e disse que um

dia entraria aqui acompanhado de uma mulher de verdade? —

pergunto.

— Claro que eu lembro, estou gordo, não esquecido! Mas

então, é sério mesmo a relação de vocês?

Reflito e dou de ombros.

— Ainda é muito cedo para dizer isso, mas se der em algo, eu

te procuro para contar.

Owen me encara e sorri.

— Você está apaixonado, Steve, dá para ver nos seus olhos,

não tirou a mão da dela por nenhum minuto, sem contar que falava

com ela com muito carinho, o intenso desejo entre vocês é palpável.
Concordo, realmente eu fizera aquilo mesmo, essa viagem

está sendo muito divertida e o passeio de ontem, provou para mim

que eu estou mais do que disposto a gostar de Alex. Enfrentei meus

medos por ela, certo? E agora havia lhe apresentado um grande

amigo meu.

— Preciso ir nessa, meu amigo, nós vamos conversando.

Ele concorda e quando estou prestes a entrar no carro, Owen

segura meu braço e me fita.

— Se é essa garota que você realmente quer, corra atrás

para conseguir, não deixe que nada atrapalhe a relação de vocês e

acima de tudo, sejam felizes.

O abraço e vou para dentro do carro, saio do meio-fio e me

vejo em meio ao trânsito pensando sobre o que Owen Ó’Conaill me

dissera.

Eu realmente estou apaixonado por Alexsandra Burckhardt.


22 — Volta

Steve

Os dias passam rapidamente e isso me assusta, estar ao lado

de Alex me faz perder completamente o controle do tempo, o que

me chateia por saber que estamos prestes a irmos embora.

Surpreendo-me ao notar que não perguntei para Henry e

mamãe sobre como estão indo os negócios, afinal, sei que ambos

estão fazendo um ótimo trabalho.

— Topa sair para jantar hoje? — pergunto saindo dos meus

pensamentos, estamos voltando da praia, Alex usa um biquíni

vermelho que marca seus seios e a bunda.


— Seria ótimo — diz sorrindo, seguimos para dentro de casa

e me volto para ela.

— Enquanto eu tomo banho, você deveria falar com Nubia,

não se esqueça que prometeu ligar todos os dias para ela — digo

sorrindo, ela assente e suspira.

— Nem me lembre, às vezes eu sei ser uma amiga horrível,

ainda mais que ela terminou com José.

— Eu tenho certeza de que ela está bem — falo piscando e

subo a escada, ela fica sem entender e vai até o celular.

Entro para o meu quarto e sigo para o banheiro, tomo um

rápido banho e assim que termino, coloco uma calça jeans, tênis,

uma camisa que dobro as mangas e arrepio os cabelos, passando

um perfume que mamãe colocou na mala.

Saio e vou até o quarto de Alex, bato à porta, ouvindo-a

permitir eu entrar e a vejo tentando fechar o zíper do vestido

vermelho que usa. Ela está muito linda. O cabelo solto forma cachos
dourados que ressaltam seus lindos olhos, está com uma

maquiagem simples e batom vermelho. Nos pés usa saltos

altíssimos que me deixa impressionado, como mulheres conseguem

se manter em cima dessas coisas?

— Ah, deixa eu te ajudar — digo saindo do meu transe e indo

até ela, Alex sorri e vira-se, fecho o zíper e acaricio sua pele.

— Obrigada, Steve, estou pronta, vamos? — pergunta,

sorrindo.

— Vamos sim, você está maravilhosa.

— Obrigada, agora me diga, qual restaurante nós vamos?

Estou curiosa para saber.

Dou de ombros e sorrio.

— Você verá logo, logo.

∞∞∞
O lugar que escolho é o “Queen Italian Restaurant” que fica

na 84 Court St, Brooklyn, NY 11201. É um lugar aconchegante, com

uma fachada vermelha simples e por dentro, bastante agradável.

Alexsandra fica fascinada assim que passa pela porta e se depara

com mesas redondas e um local bem iluminado. Entramos e um

rapaz se aproxima de nós, nos oferecendo uma mesa, onde

poderíamos comer e beber tranquilamente sem sermos perturbados

por qualquer tipo de paparazzi que pudesse aparecer por aqui. Pego

o cardápio e peço para bebermos um champanhe, não demora e a

garrafa é depositada sobre a mesa, com alguns pães e queijos,

Alexsandra não para de encarar o local e sorrio.

— Gostou? — pergunto sorrindo.

— Muito, é incrível! — diz entusiasmada.

— Fico feliz que tenha gostado, agora o que gostaria de

provar do menu? Temos muitas opções.

Alexsandra observa a carta e morde o lábio, indecisa.


— Não sei, são tantas coisas — fala rindo.

— Posso escolher para a senhorita? — indago animado.

Ela coloca o cardápio na mesa e sorri.

— É claro — diz animada.

Rimos e concordo, chamo o garçom e faço o pedido de um

dos vinhos da enorme carta que tem no local, como o restaurante

oferece a gastronomia italiana, acabamos comendo “Homemade

Lasagna” uma deliciosa massa que Alex adora. De sobremesa

comemos “Torta Di Ricotta”, uma das especiarias da casa. Vejo o

quanto minha sócia está fascinada com o local e formo um sorriso.

— Você gosta de lugares simples? — pergunto.

— A simplicidade é a melhor coisa que pode existir —

comenta, encarando-me.

— Você tem razão, e devo admitir que você me surpreendeu

muito nessa viagem, ao seu lado, mal consigo pensar na empresa.


— Damos risada e aproximo minha mão da sua. — Obrigado, Alex,

por esses dias deliciosos que estamos passando, se não fosse você

e mamãe, com certeza eu teria enlouquecido na empresa por

trabalhar tanto.

Ela sorri dando de ombros e pega minha mão.

— “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito

longe...” — sussurra me encarando.

∞∞∞

Os dias passam em um turbilhão e quando vemos, falta

apenas um para voltarmos à realidade de nossas vidas. Não voltei a

me sentir mal, o que foi um alívio muito grande para mim — eu não

queria de jeito nenhum ter que voltar ao médico e ele dizer que

necessitava de mais descanso, mesmo tendo sido os melhores dias

da minha vida, com Alex ao meu lado.

Penso sobre nossa viagem e reflito como havíamos nos

divertido nos últimos dias; Alexsandra quisera conhecer vários


lugares e fiz questão de levá-la em cada um. Ela pediu para

voltarmos na padaria de Owen, o que foi uma noite regada a vinho,

pães frescos, queijo e muita risada.

Outra coisa que voltamos a fazer também foi sexo, o que me

anima só de pensar, havíamos transado tanto nos últimos dias —

nos prevenindo agora —, que até me sinto um pouco exausto.

Nosso último dia no Brooklyn é tranquilo, como o tempo está

mais frio, decidimos ficar em casa, com a lareira acesa. Tomamos

chocolate quente, ficamos deitados assistindo filme e comemos uma

massa que eu fiz, que mamãe tentou me ensinar, e que deu errado.

Nunca havia feito aquele prato, liguei para mamãe perguntando

sobre como fazia e ela me dissera que deveria deixar o molho

apurar bastante, coisa que eu não fiz.

— Acho que é melhor começarmos a colocar as coisas dentro

do carro — diz Alex deitada no meu colo.


Encaro-a e me aproximo, depositando um suave beijo nos

seus lábios, concordo e nos levantamos, pego nossas coisas e levo

para o carro. Quando tudo está pronto, tranco a casa, encarando-a

uma última vez e entro para o veículo com Alex, que sorri de orelha

a orelha.

— Vai fazer falta — digo ao ligar o motor e nos afastar cada

vez mais rápido da residência.

— Muitas coisas aqui vão fazer falta, mas há algumas que

ainda podemos tê-las — Alexsandra diz sorrindo.

Dou risada e concordo, com certeza teremos mesmo.

— Obrigado por esses dias, Alex, realmente foi muito bom

descansar — afirmo pensando na nossa transa.

“Droga, Steve, se controle!”

— Eu que agradeço, acho que começamos bem nossa

parceria. — Ela dá uma piscadela e mordo o lábio, começando a

ficar excitado.
— O que pretende fazer quando chegar em casa? —

pergunto, tentando mudar de assunto e assim, abaixar meu amigão.

— Preciso ver como Nu está, esses dias que estávamos aqui

e que falei com ela, minha amiga realmente parecia bem, mas sei

que ela fez isso tudo para eu não me preocupar.

Concordo e presto atenção no trânsito, mais ou menos uma

hora depois, vejo que já estamos próximos da casa de Alex. Meu

coração começa a se agitar dentro do meu peito e percebo algo que

não sinto há muito tempo — medo. Como vai ser agora? Não irei ter

Alexsandra ao meu lado mais a noite, não iremos dormir juntos e

nem fazer sexo todos os dias.

E isso me causa medo.

Medo de não voltarmos a ter contato como tivemos nessa

viagem. Parece loucura, mas se eu pudesse, daria meia volta e

ficaria mais um mês trancafiado na minha casa, desde que Alex

estivesse comigo.
Estaciono o carro e ela me encara, sorri e se aproxima. Puxo

Alex em direção do meu corpo e nossos lábios se tocam em um

delicioso beijo quente, ela apalpa meu pau e solto um gemido diante

dos seus lábios.

— Amanhã começamos realmente nossa parceria — diz,

afastando-nos.

Sinto-me um pouco aborrecido pela separação de nossos

lábios e concordo, realmente amanhã vamos começar uma nova

etapa, o que acaba sendo muito estranho tanto para ela, quanto

para mim. Amanhã a minha nova sócia, com quem venho

transando, vai começar a trabalhar na minha empresa de verdade,

já que no dia que ela iria fazer isso, eu acabei desmaiando bem na

sua frente.

— Obrigado por essa viagem, Alex — agradeço novamente,

olhando-a.
— Eu que agradeço, Steve. — Ela coloca uma mecha do

cabelo para trás da orelha e abre a porta, saio do carro e a ajudo

com as malas.

Não demora muito e logo ela está entrando para casa, olho-a

uma última vez e vou embora, com um vazio no meu coração que

eu não sei explicar.

∞∞∞

Alex

Entro com as malas bem animada, porém, quando eu vejo

que Nubia não está sozinha, fecho minha cara.

Jennifer está linda, usa um vestido cinza curto, cabelo solto,

rosto bem maquiado, um salto alto divino, uma bolsa na mão e um

sorriso diabólico. Ao seu lado está um homem muito bonito, não

posso negar; pele clara, olhos acastanhados, cabelo grande,

barbudo, forte e um tanto másculo, usa um smoking e pelas vestes,


acredito que ou iriam ou estavam voltando de uma festa. Mas por

que Jennifer está na minha casa?

Minha amiga me encara de pijama, sem entender o que está

acontecendo.

— Fiquei sabendo que voltaria de viagem hoje com Steve e

achei que seria bom fazer uma visitinha — diz Jennifer me

encarando, continuo em silêncio e ela se aproxima, passando a mão

no meu peito. — Também fiquei sabendo pela mãe dele que Steve

do nada havia ido viajar, algo que nem mesma eu consegui

convencer quando estávamos juntos. Então eu necessitava ver de

perto quem era a tal Alexsandra Burckhardt, apesar de já ter visto

você no escritório dele.

Continuo em silêncio, Jennifer anda de um lado para o outro,

enquanto o homem se mantém parado perto da minha amiga.

— Eu precisava saber se você era tudo que Lourdes me

disse, sabe, aquela velha fala de você com muito carinho.


— Não fale de dona Lourdes assim, você não tem esse direito

— consigo dizer finalmente.

— Ah, veja só, então vocês realmente já são bem

amiguinhas? Quanta bobagem.

Ela continua andando de um lado para o outro, com apenas o

barulho do seu salto ecoando no recinto.

— O que você está fazendo aqui, Jennifer, e como conseguiu

meu endereço?

— Foi fácil, foi só ir à empresa de Steve e pedir, sou uma boa

pessoa, não se preocupe. Apenas queria te conhecer mais, saber o

que você e Steve fizeram nessa viagem.

Engulo em seco e a observo atentamente.

— Bem, você já viu, certo? Pode ir agora e levar o seu amigo.

Ela olha para o rapaz e ri.


— Ah, mas que falta de educação a minha, esse é Martin,

meu amigo.

Ele assente para mim e retribuo, então vou até a porta e a

abro.

— Já que conseguiu o que queria, pode ir andando.

Ela continua me encarando e assente.

— Só se afaste de Steve, entendeu? Eu não me importo se

vocês vão trabalhar juntos, só não quero que você e ele comecem a

trepar, afinal, ainda vamos voltar.

Dou risada e ela sai, então após o tal de Martin passar pela

porta, fecho e encaro minha amiga.

Droga, mal havia voltado e os problemas já estão

aparecendo.

∞∞∞

— Alex! — diz Nu após toda a loucura.


— Amiga! — Ela vem na minha direção e pula no meu colo,

as duas quase caindo, então a abraço e ficamos assim por um bom

tempo. — Como eu estava com saudades de você!

— Eu também estava e muito! Precisamos colocar tantos

assuntos em dia.

Ela sai dos meus braços e fica parada à minha frente, coloca

as mãos no meu rosto e sorri.

— Desculpa, amiga, eu também não esperava aquela louca

aqui.

Concordo, murcha, e seguimos para dentro da cozinha, Nu

vai até a geladeira e pega duas cervejas, me entrega uma e após

brindarmos, bebemos.

— Como ela apareceu aqui?

— Foi pouco antes de você chegar, a campainha tocou e eu

jurei ser você, quando abri, dei de cara com essa maluca! Ela pediu
para entrar e permiti, então ela ficou parada aí, feito louca até você

chegar.

— Mas que vaca maluca — digo revirando os olhos.

— Sim, muito, o que ela quer, Alexsandra? Você acha que

Jennifer vai querer atrapalhar você e Steve?

— Com certeza — confirmo lembrando de Steve, será que ele

já chegou em casa? Penso sobre isso e não vejo a hora de chegar

amanhã para voltarmos a nos encontrar.

— Você deveria ligar para ele e dizer o que aconteceu — diz

Nu, encarando-me.

Penso sobre isso e concordo, porém, não o faço.

— Você está certa, mas amanhã falo com ele pessoalmente,

precisamos colocar muitos assuntos em dia, mocinha, e um deles é

Henry Forbes.
Nu dá risada e concorda, pega mais cerveja para nós e volta

a se sentar.

— Não aconteceu nada demais entre Henry e eu, ele

simplesmente apareceu aqui para me ver, perguntar se precisava de

alguma coisa e eu disse que não.

— Comentei que você e José terminaram para Steve, com

certeza ele contou para Henry — digo e ela concorda.

— Ele percebeu que eu estava um pouco chateada e eu disse

que havia terminado com José, então Henry me convidou para

jantar. Fomos a um restaurante um tanto chique, comemos

bastante, nos divertimos e depois ele me trouxe para casa.

Ouço minha amiga e vejo o brilho no seu olhar se intensificar,

será que Nu seria mais uma apaixonada por um Forbes?

“Eu estou apaixonada por Steve?”

Não dou bola para os meus pensamentos e volto minha

atenção para Nu.


— Realmente Henry está a fim de você desde o dia do jantar,

ele não parava de te encarar de jeito nenhum!

Ela concorda e dá um gole na cerveja.

— Eu não sei bem o que Henry quer, Alex, mas você sabe

que eu ainda amo o José.

Penso sobre isso e concordo, claro que ela o ama, afinal,

tiveram um relacionamento de anos, porém, José havia sido um

babaca em não apoiar os sonhos da minha amiga.

— Esqueça isso por enquanto, ok? Pense no restaurante que

você vai ganhar, vamos montá-lo com total carinho agora que voltei

de viagem, e também veremos o que dará com o jovem Forbes.

Ela concorda e sorri, abraçando-me.

— Você precisa me contar também tudo o que aconteceu

nessa viagem com Steve.


Olho para minha melhor amiga um pouco sem graça e dou de

ombros.

— Não quis te falar por telefone, você sabe, isso se conta

pessoalmente e tal.

— O quê? — diz ela entusiasmada.

— Bem, Steve e eu transamos, diversas vezes, puta que

pariu, amiga, que homem delicioso, ele sabe bem o que faz na

cama.

Nubia solta um grito tão alto que quase fico surda, então corre

até a geladeira e pega vodca para ela, dizendo que necessita de

uma bebida mais forte após saber disso. As próximas horas passo

contando para ela tudo o que aconteceu na viagem, sobre as

conversas de Steve e eu, e como chegamos no “finalmente”. Minha

amiga solta gritinhos cada vez que eu conto mais, e quando vejo, já

está ficando tarde e estamos passando da conta na bebida.

— Amiga, preciso dormir, amanhã a vida volta à realidade.


— Tudo bem, amiga, durma e até amanhã.

Nos despedimos e assim que deito na cama, olho meu celular

e vejo uma mensagem de Steve dizendo que adorou a viagem e

não vê a hora de me reencontrar novamente.


23 — O que você quer?

Alex

Acordo na manhã seguinte com o despertador, levanto e sigo

para o banheiro, onde tomo um rápido banho e volto para o quarto.

Decido que hoje vou colocar uma saia escura, uma camisa social

branca, cabelo preso, óculos de sol, sapatos pretos de salto, e uma

bolsa Dolce e Gabbana que ganhei de mamãe em um dos meus

aniversários. Pronto, estou magnífica para o meu — verdadeiro —

primeiro dia.

Sinto um frio na barriga, porém, não consigo explicar o

motivo, então tento não pensar nisso e desço, já com as coisas

dentro da minha bolsa.


— Bom dia, Bebê — diz Nu da cozinha, ela está com um

shortinho curto, cabelo preso, blusa de mangas compridas e um

sorriso enorme no rosto.

— Bom dia, Nu — digo dando um beijo no seu rosto.

— Você está um arraso! Vai, senta para comer.

Me sento e a vejo depositar um prato com omelete.

— Obrigada, Nu, eu estou faminta, agora me diz, onde vai

assim toda arrumada? — pergunto.

Ela senta de frente para mim e morde os lábios.

— Henry vai vir me visitar já, já.

Fico surpresa e não digo nada, Henry aqui?

— Então ele não vai para a empresa hoje? — questiono

comendo a omelete, bebo um pouco de suco que minha amiga me

serve e ela nega com um aceno de cabeça.


— Não, ele pediu uma folga, já que trabalhou durante quinze

dias sem parar — diz dando de ombros. — Você sabe, né? Henry é

muito responsável.

Dou risada e ela também, Henry e a palavra “responsável”

juntos na mesma frase simplesmente não parece combinar.

— Tenho que ir, Nu, não posso me atrasar hoje, agora sou

sócia de Steve — digo após terminar de comer.

Me levanto e ela assente, vindo até a minha frente.

— Parece que foi ontem que você levantou toda animada

para fechar esse projeto, não é? Estou tão feliz que tenha

conseguido.

Nos abraçamos e concordo, com um enorme sorriso no rosto.

— Eu também estou muito feliz, agora preciso ir, nos vemos a

noite, quero todas as novidades sobre você e Henry.


Ela assente e saio, indo direto para a garagem e entrando

dentro do carro.

∞∞∞

Steve

Hoje eu acordei mais cedo que o normal, ainda tentando

entender o motivo disso. Porém, tenho um palpite, Alex estará na

empresa como minha sócia, já que na primeira vez não deu muito

certo. Ainda nem havíamos trabalhado juntos, apesar dos seus

projetos já estarem em movimento, por causa de mamãe e da

empresa de Alexsandra.

Tomo um banho e encaro a imagem no espelho, sorrio para

mim mesmo e sigo para o quarto, seco meu corpo e coloco uma

cueca boxer branca, o volume nela é insistente, mas deixo para que

Alex dê um jeito nisso...

Não, não posso fazer nada na empresa com ela, havíamos

combinado que dentro da minha empresa, seríamos apenas sócios.


Mas sei que estou enganado, o desejo entre nós é grande mais, a

vontade de estarmos conectados é maior ainda.

Decido não pensar nisso e pego minhas coisas, hoje estou

bastante animado, afinal, vou voltar a trabalhar depois de quinze

dias totalmente parado.

Assim que chego até a mesa, vejo mamãe e Henry sentados,

tomando café e ambos mexendo nos seus celulares. Meu filho me

pediu uma folga hoje para ir ver Nubia e como ele cuidou de tudo

com mamãe nos últimos dias, permiti.

Pigarreio e ambos me olham, dou um selinho em cada um e

me sento no meu lugar de sempre.

— Bom dia, família — digo me sentindo decepcionado com

meu café, mamãe realmente iria me impedir de comer tudo que

gosto.

— Bom dia, querido.

— E aí, velho? — diz Henry.


Nem ligo que ele me chama desse jeito, ainda estou

estupefato por ver tantas frutas na minha frente e nada do que eu

realmente gosto, achara que seria somente uma fase, mas pelo

visto, estou enganado.

— Cadê nossa empregada, ela não sabe que eu já cheguei?

— pergunto na esperança de que aquilo seja apenas um erro.

— Claro que ela sabe, ela mesma colocou a mesa como de

costume — responde mamãe.

Continuo observando as frutas e noto que temos torrada,

peito de peru, requeijão light e outras coisas, mas nada do que eu

realmente gosto de comer, como minha bomba calórica diária.

— Tudo bem, chame ela e mande preparar meu lanche, estou

me sentindo melhor já — digo, ignorando a voz do meu médico na

minha mente dizendo que devo me alimentar de forma mais

saudável.

Minha mãe me olha e coloca sua mão sobre a minha.


— A partir de agora você vai começar a ter uma alimentação

saudável, querido, não queremos que você passe mal de novo por

conta dessas porcarias que você come, todos na empresa já estão

avisados de que não é para trazerem comida muito gordurosa para

você, se eu sonhar que você comeu algo que prejudique sua saúde,

seremos obrigados a estender suas férias e Henry assumirá a

presidência, entendeu?

Olho para ela indignado e concordo, me dando por vencido.

— Não sei qual o problema nisso tudo, eu já fiz o que me

pediu, descansei, sinto-me muito bem por sinal.

— Não vê problema até você parar no hospital novamente! Eu

deveria ter ficado de olho nas suas refeições desde novo, porém,

dei um pequeno deslize, coisa que não voltará a se repetir! Chega,

Steve, está na hora de comer comida de verdade.

Concordo com raiva e começo a comer algumas frutas,

aproveito e mordo uma torrada e tomo café.


— Tenho que ir, Alex precisa conhecer a empresa, a última

vez não deu muito certo.

Mamãe e Henry dão risada e reviro os olhos.

— Te vejo mais tarde, meu filho, bom trabalho.

∞∞∞

Entro no cubículo de aço e logo já estou no meu escritório,

cumprimento minha assistente e ela sorri.

— Muito bom ter o senhor de volta aos negócios, como foi a

viagem? — pergunta Scarlett.

— Muito bem, obrigado, também estou feliz em estar de volta,

você não faz ideia de como senti falta disso.

Ela sorri e concorda.

— A senhorita Alexsandra está na sua sala à sua espera, a

deixei entrar porque achei que não ligaria.


Assinto e entro sorrindo, Alex está sentada mexendo no

celular, quando me vê, levanta e vem em minha direção com o

sorriso estampado em seu rosto.

— Sr. Forbes, bom dia — diz.

— Bom dia, srta. Burckhardt — respondo estendendo a mão,

quero avançar em Alex e lhe beijar, mas me controlo.

— Estou esperando o senhor terminar de me apresentar à

empresa — fala passando as mãos pelo cabelo. Olho para Alex e

dou risada.

— Acredito que seja melhor pularmos essa parte, Alex, nossa

empresa tem algumas partes interessantes de ser ver, estar com

você sozinho não daria muito certo, se é que me entende.

Ela ri e concorda com um aceno, mordendo os lábios.

“Ah, Alex, você me paga por isso!”


— Um rapaz, Edward, se não me engano, falou comigo assim

que cheguei, ele disse que os negócios estão com tudo, que já

iniciaram os projetos.

Concordo e vou até a minha mesa, sentando-me, Alex se

senta de frente para mim e suspira.

— Fico feliz por isso, e sobre o contrato, já assinou?

— Sim, aliás, está sobre a sua mesa para você assinar, seu

filho e meus sócios assinaram enquanto estávamos fora.

Observo a mesa e noto os papéis, assino sem pestanejar e

separo para entregar aos nossos advogados.

— Agora você é minha sócia oficialmente — digo.

— Obrigada, os projetos estão com tudo, acho que não vai

demorar para termos no mercado alguma de minhas ideias.

Anuo e percebo que ela parece um pouco incomodada.


— Você por acaso quer me dizer alguma coisa? — decido

perguntar e ela assente.

— Precisamos conversar sobre um assunto que aconteceu

ontem.

Sinto meu coração disparar mais do que o normal ao ouvir

isso.

O que Alex está escondendo de mim? Antes de pensar

qualquer besteira, decido ouvi-la.

— Pode dizer.

— Ontem quando chegamos de viagem, recebi uma visita

inesperada — diz. — Jennifer, ela estava me esperando, não disse

ao certo o que queria, apenas disse que precisava me ver de perto.

Engulo em seco ao ouvir o que diz, Jennifer na casa de Alex?

— Ela disse mais alguma coisa? — Tento manter a voz calma

para que Alexsandra não perceba a raiva que transborda em mim.


— Não, ela foi com um homem, Nubia ficou sem entender

também, precisava te dizer isso, afinal vocês já foram casados.

— Fomos noivos — corrijo-a.

Ela concorda dando de ombros.

— Acho que vou trabalhar, você me leva até a minha sala?

Assinto e seguimos para fora do meu escritório, entro no

elevador e não demora, estamos no andar da sala de Alex, que é

um acima do meu. O local é bem decorado e ostensivo.

— Não tive tempo de ver minha sala naquele dia, ficou

realmente incrível — diz sorrindo.

— Fico realmente feliz que tenha gostado — digo, apesar da

promessa de não fazermos nada na empresa, consigo visualizar a

cena dela na mesa, com as pernas abertas e eu a chupando. — É

melhor eu indo, que tal almoçarmos hoje juntos?

— Tudo bem, fico te esperando.


Concordo e vou até ela, aperto sua mão desejando agarrá-la

e saio antes que fique excitado e acabe fazendo alguma besteira.

∞∞∞

Quando volto para a minha sala, ligo para Jennifer pedindo

para que ela venha até meu escritório, como supus, ela não

questiona e meia hora mais tarde, uma mulher negra, linda e com

curvas belíssimas entra no meu escritório com o sorriso no rosto.

— Steve, que surpresa receber sua ligação — diz

sensualmente.

— Jennifer — falo sério —, sente-se, agora.

Ela segue até a cadeira de um jeito sensual e senta, cruzando

as pernas.

— O que você quer, Steve? — pergunta sorrindo.

— Você sabe muito bem porque te chamei aqui, não se faça

de idiota — digo sério, sento-me e a encaro, Jennifer sorri


maliciosamente e sinto meu rosto pegar fogo.

— Seja mais claro, Steve, por favor.

Levanto-me e vou até a sua frente, viro a cadeira que está

com brutalidade e fixo meus olhos nos seus.

— Pare de bancar a vadia e me fale logo, o que você foi fazer

na casa da Alexsandra?!

Ela me encara e ri.

— Então ela já te contou que eu fui lá? Muito corajosa!

— Não me venha com essa, Jennifer, quero saber o motivo

de ter vindo na minha empresa, procurado saber da Alex e ter ido na

casa dela. O que você está aprontando?

— Só queria ver a mulher pela qual você, Steve Forbes, me

trocou! Até que ela é muito bonita, porém, é tão bizarra quanto

qualquer outra que você já tenha ficado.

Sinto uma fúria tomar conta de mim ao ouvi-la dizer aquilo.


— Se afaste da Alex, não faça eu tomar providências sobre

isso — respondo, entredentes.

— O que você faria, Steve? Seria capaz de me machucar? —

questiona formando um sorriso que me deixa enojado.

Ela se aproxima de mim e encosta sua mão no meu peito, a

afasto e vou até o bar, preparo uma dose de uísque e bebo

rapidamente, fazendo outra em seguida.

— O que você quer? — pergunto.

— Só quero você novamente — responde sorridente.

— Acabou, Jennifer, não temos mais nada e jamais

voltaremos a ter. Terminamos e a culpada disso tudo foi você, não

se esqueça disso! Estou com a Alex agora e jamais a trocaria por

você.

— Então vocês já estão juntos? Como você é rápido! O que

ela é sua? Amante, namorada, futura esposa ou só uma foda?


Olho para ela e sorrio.

— Isso não é da sua conta — vocifero.

— Se é o que você diz...

— Sim, é, e eu não esqueci que você estava me espionando

no meu apartamento, fique longe de nós antes que eu tome

providências.

Jennifer me encara e sorri de um jeito debochado.

— Ah, Steve, você não sabe de nada, não é mesmo? Espere

e verá! Só saiba que em breve voltaremos.

— Não vamos voltar, você me traiu de uma maneira que sou

incapaz de perdoar, no-nosso fi-filho... — gaguejo ao lembrar do que

aquela mulher foi capaz de fazer pela sua carreira e ela me encara,

assentindo. Não demora e ela levanta saindo do meu escritório, me

deixando sozinho com uma forte dor de cabeça.


24 — Passeio

O dia transcorre normalmente após a saída de Jennifer,

Scarlett me passa algumas ligações importantes e acabo marcando

uma reunião com um CEO importante de Londres, que vive no

Brasil, para amanhã. Ele quer fechar alguns projetos para ajudar no

desemprego e como acho a ideia um tanto bacana, aceito conhecer

sua proposta. E claro, um amigo meu, Luke Evarns, havia falado

dele para mim, então não custa conhecê-lo.

O almoço com Alex é tranquilo e animador, o que me deixa

com um sorriso bobo nos lábios, após comermos, ela me convida

para ir à sua casa mais tarde e acabo aceitando. O restante do dia

passa rápido e como eu estou de ótimo humor, dispenso Scarlett

mais cedo e termino o trabalho às 17, o que é uma grande surpresa

até mesmo para mim. Saio do escritório e me despeço de Alex, não


demora e assim que chego no meu apartamento, me deparo com

minha mãe sentada na sala com duas amigas, uma é bastante nova

e a outra, já na idade de mamãe.

— Boa noite, senhoritas — digo, indo até minha mãe e lhe

dando um suave beijo no rosto.

— Meu filho, que horas são? — pergunta dona Lourdes.

— Seis horas, mamãe — respondo sorrindo.

— Você está com febre, passando mal? Nunca chegou esse

horário em casa, o mínimo era nove da noite.

Reviro meus olhos e dou de ombros.

— Não estou doente, só sai mais cedo hoje porque mais tarde

irei na casa da Alex. Aliás, a senhora não vai me apresentar suas

amigas?

Ela me encara um pouco aturdida e acena com a cabeça.


— Essa aqui é a April, a minha amiga que te disse no

telefone. Querida, esse é meu filho Steve.

Olho para ela e a cumprimento, April é a mais nova, uma

mulher muito bonita; pele clara, cabelo até o ombro encaracolado e

olhos claros.

— Muito prazer em te conhecer, Steve, sua mãe fala muito

bem sobre você.

Dou um beijo em seu rosto e mostro um enorme sorriso.

— Não quero nem imaginar as loucuras que mamãe diz.

As três dão risada e me viro para a outra mulher.

— Essa é a Giovanna, devo ter falado dela para você antes,

estávamos combinando de ir para Paris juntas, April já topou.

Dou um beijo na mão da amiga da mamãe e a encaro.

— Muito prazer em te conhecer.


— O prazer é todo meu, querido, mas quero um beijo no rosto

igual deu em April, não é justo isso, só porque sou mais velha? Pois

faço maravilhas que você é incapaz de acreditar.

— Giovanna, não se esqueça que está falando com meu filho!

— diz mamãe.

Dou risada da situação e vou até ela, lhe dando um abraço.

— Que tal fazermos melhor então? — pergunto fazendo bico,

ela faz o mesmo e lhe dou um selinho, fazendo April rir e mamãe

ficar nervosa.

— Onde já se viu isso, agora deu de dar selinho nas minhas

amigas? Que decepção, Steve! Preciso falar isso para Alex.

— Alex é seu namorado? — pergunta April.

Nos sentamos e a encaro sem graça, então minha mãe não

havia falado que eu sou bissexual? Ela deve estar com febre, só

pode.
— Na verdade, não, Alex é uma mulher, e somos sócios.

Espera, minha mãe disse que sou gay?

— Ah, eu sei, bobinho, só queria ver sua resposta! — diz ela.

— Claro que sabemos que você não é gay!

— Mamãe. — Viro-me para dona Lourdes.

— O que foi? Você acha mesmo que eu não iria falar sobre o

mais novo caso do meu filho para as minhas amigas? E todas

sabem que você gosta de pau também! Qual o problema nisso?

Aliás, Alexsandra sabe disso?

— Sim, ela sabe, isso não é segredo para ninguém —

respondo meio sem graça.

— Ela é uma mulher de sorte, e uma gata! — exclama

Giovanna.

— Realmente, sua mãe mostrou uma foto dela e olha, ela é

maravilhosa! — diz April.


— Ela é mesmo — digo, lembrando-me da minha sócia e do

nosso último sexo. — Espera, como conseguiu foto de Alex?

— Tenho meus jeitos — diz mamãe sorrindo.

Concordo, não duvidando de mamãe.

— Melhor eu indo nessa. — Levanto-me e vou na direção da

escada. — Vou tomar um banho e sair.

— Se precisar de ajuda, Steve, pode me chamar! — diz

Giovanna.

— Querida, você está falando do meu filho, não se esqueça!

— Ouço mamãe dizer e vou para meu quarto rindo da situação.

∞∞∞

Tomo um banho rapidamente, me troco e ligo para Alex

avisando que já estou a caminho da sua casa. Desço para a sala e

vejo minha mãe e suas amigas ainda conversando e bebendo.

— Filho, você está lindo! — diz mamãe.


— Obrigado, mamãe, Henry não apareceu em casa ainda?

— Não, parece que ele está na casa daquela moça que ele

conheceu — comenta.

Assinto pensando em Nubia e dou risada.

— Esse puxou o pai — digo sorrindo.

— Sim, sim, até mesmo em começar a afogar o ganso cedo

— diz mamãe, e suas amigas riem com aquilo.

Olho para dona Lourdes e reviro os olhos.

— Mamãe, olha o vocabulário!

— O que foi, Steve, acha que somos virgens? — pergunta

April me encarando e rindo. — Pare de ser bobinho, todas nós

somos mulheres bem resolvidas.

— Você fala isso porque é nova, April — responde Giovanna.

— Mas elas estão certas, seu filho não é mais criança e precisa

afogar o ganso também.


— Nem me fale de gansos — diz mamãe, encarando-me.

Tento ignorar e envio uma mensagem para Henry, porém, ele

não me responde, então me despeço das amigas de mamãe.

— Estou indo, foi um prazer conhecer vocês — digo dando

um beijo em April e depois na Giovanna.

— O prazer foi meu, Steve, se quiser conhecer outros

métodos de prazeres, pode me procurar — diz Giovanna.

— Giovanna! Já disse que você está falando com meu filho,

se esqueceu, sua vadia louca?! Filho, vá logo, mande um beijo para

Alex, só quero você aqui amanhã à noite, depois do trabalho.

— Mas eu ainda tenho casa, dona Lourdes — digo,

encarando-a e rindo de sua amiga.

Ela levanta, coloca as mãos pequenas no meu rosto e sorri.

— Alex também tem casa, aposto que uma cama grande e

macia, por que voltar para cá se você pode dormir com ela?
— Aproveita, bobinho, todas nós queríamos dormir com

alguém essa noite, você é o único sortudo aqui — diz Giovanna.

Rio ainda mais da situação e concordo, saio e sigo direto para

a garagem, não demora muito e já estou parado na frente da casa

de Alex, aperto a campainha e minha sócia abre a porta, então

perco o fôlego ao vê-la.

Alexsandra Burckhardt está linda; usa uma calça jeans

escura, tênis, uma camiseta apertada, acentuando seu lindo corpo,

cabelo preso e um olhar sexy. Engulo em seco e sorrio, ela se

aproxima e estende a mão.

— Boa noite, sr. Forbes — cumprimenta sensualmente.

— Boa noite, srta. Burckhardt — digo, ainda segurando sua

mão, ela é tão quente e macia... Minha vontade é agarrar essa

mulher agora mesmo e enchê-la de beijos.

— Você demorou — diz, cruzando as pernas e mordendo os

lábios.
— Prometo na próxima vir o mais rápido possível para você

— respondo.

Ela dá risada e puxa minha mão, então seguimos para dentro

de sua casa e ouço risadas vindo da cozinha.

Observo o local e logo estamos na cozinha, encaro Nubia e

dou de cara com meu primogênito.

— Henry — digo, encarando-o.

— Pai — diz sorrindo, me abraça e dou um beijo no seu rosto.

— Está explicado o porquê não me respondeu, eu também

não responderia — falo indo até Nubia, que está de cabelo solto e

jardineira jeans. — Boa noite, srta. Menezes.

— Nada de senhorita e sobrenome hoje, Steve — diz Nubia,

abraçando-me e me dando um beijo no rosto. — Me chame apenas

de Nu, já disse isso.

— Tudo bem — digo sorrindo.


— Você chegou bem na hora, papai, a Nu está fazendo uma

deliciosa comida para nós — diz meu filho.

— Estou sim, e vai demorar um pouco, por que não pega uma

taça de vinho e vai mostrar a casa para Steve, Alexsandra? Tenho

certeza de que ele vai adorar.

Os dois encaram Alex e eu, então ela concorda, enchendo

uma taça e me entregando. Olho para Nubia e ela pisca para mim,

lhe agradeço sorrindo e saio da cozinha com Alex na minha frente.

Seguimos para a sala e minha sócia me encara.

— Como pode ver, passamos pela cozinha, sala de jantar e

aqui é a nossa sala. — Ela sorri e dou um gole no vinho, assentindo

e entrando no seu jogo. — Lá atrás fica um quintal, junto da

lavanderia e ali é o banheiro. — Ela aponta para o corredor que

acabamos de passar, onde tem uma porta fechada.

Alex bebe mais um pouco do vinho e aponta na direção da

escada.
— Lá em cima, vamos. — Começa a subir e vou logo atrás,

observando sua deliciosa bunda por baixo da calça.

O andar de cima é bem maior do que eu imaginei, há um

corredor gigante com algumas portas para os lados. Alex segue

para a esquerda e abre a primeira, revelando um escritório.

— Foi aqui que eu enviei um e-mail para sua empresa, onde

também dei os primeiros passos para a Empresa Burckhardt — fala

sorrindo, cheia de orgulho, ela fecha a porta e aponta para uma

outra. — Ali fica mais um banheiro, e nessa porta é uma mini

biblioteca.

Ela a abre e entramos, me deixando fascinado com tantos

livros maravilhosos espalhados pela sua casa, vejo em cima da

mesa “O Pequeno Príncipe” e sorrio.

— É realmente incrível, Alex.

Alexsandra sorri e saímos, seguindo pelo corredor.


— Aqui fica um quarto de hóspedes, que Henry vai ficar. —

Ela abre a porta e vejo um quarto simples. — Ao lado é o da Nu, e

daquele lado fica o meu — diz apontando para uma porta de frente.

Engulo em seco e sorrio.

— Espere, Henry vai dormir aqui?

— Vai sim, Nubia convidou — responde.

Assinto e fico encarando sua porta.

— Quer dormir aqui também? — pergunta mordendo os

lábios, olho para Alex e sinto uma ereção formar entre minhas

pernas.

— Ia falar sobre isso, minha mãe já disse que não quer que

eu volte para casa, estava pensando que se não quiser, posso ir

para um hotel.

— Não seja bobo, claro que você pode ficar, só não tem

quarto de hóspedes, a não ser que queira dividir com seu filho uma
cama de solteiro.

— Acho que prefiro um corpo feminino ao meu lado — digo.

Ela vai até o seu quarto e entra, me convidando a fazer o

mesmo, sigo-a e sorrio, olhando para o local bem decorado.

— Então creio que você terá que dormir aqui, se deseja um

corpo feminino para te esquentar — diz, colocando a mão na cama.

Vou até Alexsandra e coloco nossas taças na mesa de

cabeceira, viro-me para ela e a jogo na cama, subindo por cima e a

encarando.

— Você me deixa louco, sabia? Vou dormir aqui com você

com o maior prazer, só não sei se vamos conseguir realmente

dormir.

Ela sorri e me puxa, nossos lábios se colam e logo sinto meu

pau aumentar dentro da cueca, Alex o pega com força e morde meu

lábio, fazendo-me gemer.


— Quero que me foda aqui para quando eu me deitar, sempre

lembrar disso — diz.

Concordo e volto a beijá-la, quando Alexsandra está prestes a

abrir meu zíper, Nu a chama.

— Alex, vem logo, o jantar está na mesa! — grita do andar

debaixo.

Nos encaramos e caímos na gargalhada, rapidamente

descendo.

∞∞∞

Assim que descemos, Nubia ordena que lavemos as mãos

para jantarmos, após fazermos isso, seguimos para a sala de jantar

e avistamos uma mesa bem arrumada com os pratos já preparados.

Alex senta na cabeceira e me sento ao seu lado, Nubia faz o mesmo

e meu filho fica de frente para mim.

— O que temos para hoje, Nu? — pergunta sua melhor

amiga.
— “Gnocchi” — diz ela sorrindo.

Encaro meu prato e vejo uma deliciosa massa bem feita, com

molho vermelho e manjericão por cima, acompanhado dele está um

vinho tinto maravilhoso que Henry trouxe.

— Aprendeu com seu pai direitinho o gosto para bebida —

digo, deliciando-me, ele ri e concorda.

— Antes de comermos, quero fazer um brinde — fala Nu

levantando e pegando sua taça, rapidamente fazemos o mesmo e

ergo a minha. — Gostaria de agradecer a oportunidade que você

deu à minha amiga, Steve, você aos poucos está realizando o

grande sonho dela, que é ver seus projetos sendo criados, e tenho

fé que o próximo será o que ela guarda na gaveta de calcinhas.

Olho para Alex e ela fuzila sua amiga.

— Quero saber mais sobre esse projeto — digo ainda com a

taça estendida no ar.

— Tudo bem, falamos disso depois — responde minha sócia.


Anuo e voltamos nossa atenção para Nubia.

— Além disso, gostaria de agradecer a minha melhor amiga

por realizar meu sonho de ter meu próprio restaurante, que será

inaugurado daqui mais ou menos um ano.

— Vamos correr ao máximo para ser menos que isso — Alex

responde sorrindo.

— E por último, quero agradecer a você, Henry, mesmo não

me conhecendo direito, mostrou-se ser uma pessoa incrível,

obrigada.

Meu filho a encara e vejo o brilho nos seus olhos.

— Não te conheço mais porque você não permite, mas darei

o tempo que for necessário, sei que acabou de sair de um

relacionamento e ainda ama seu ex-namorado, porém, farei de tudo

para conquistar seu coração, para enfim você virar para mim e dizer

que me ama.
Fico em silêncio ao ouvi-lo e Alexsandra me encara, fazendo

eu me sentir envergonhado. Meu filho havia passado a perna em

mim! Como um rapaz tão jovem, já está naquele patamar, e eu,

maduro, nem dissera a Alex que estou apaixonado por ela?

Decido não pensar nisso e brindamos, voltamos para os

nossos lugares e começamos a comer. O sabor do “gnocchi” está

maravilhoso, então após finalizar meu prato, pego mais um pouco.

Nu fica encantada quando digo o quanto está gostoso, já Alex

também parece um pouco incomodada com o que aconteceu. Por

que sou tão covarde? Era só dizer a Alex que sim, eu gosto

bastante dela, e não me importo que somos sócios. Podíamos sim

trabalhar juntos e manter uma relação, quantas pessoas não faziam

isso, certo? Eu mesmo conhecera diversas pessoas que se davam

muito bem na área de trabalho com seus parceiros. O Luke Evarns

mesmo, trabalha com seu marido, o Gale Meyers, que é um ótimo

chefe de cozinha. Tento não pensar nisso e observo meu prato já

finalizado, logo finalizo meu vinho e um tempo depois, Nubia tira a


louça com Alex e nos serve de sorvete de chocolate, com bolinhos

recheados, que é uma combinação perfeita.

Após a sobremesa, conversamos algumas coisas aleatórias e

depois de um tempo, convido Alexsandra para irmos passear um

pouco na praça que tem próximo de onde ela mora. Alex está

vermelha por causa do vinho, mas, mesmo assim, concorda. Deixo

Henry com Nubia na sala e abro a porta, minha sócia sai e

seguimos em direção ao local, eu com as mãos nos bolsos e

Alexsandra encarando o céu.

— Está bonito — digo e ela me olha. — O céu, quero dizer.

Alex concorda e não diz nada, o que começa a me incomodar.

O que está acontecendo aqui?

Droga, será que isso tudo é por causa do que Henry disse a

Nubia?

Tento não pensar e continuo andando, chegando ao local. O

lugar é coberto por enormes árvores, há pessoas conversando


aleatoriamente. No centro, há um gazebo de madeira, onde sigo e

sento no banco. Alex senta ao meu lado e levo minha mão até a

dela, que encosta na minha um tanto receosa.

— Precisamos conversar? — pergunto tentando quebrar o

gelo.

— Não sei, acho que sim, o que você acha?

Ela me encara e ergue a sobrancelha, engulo em seco e

abaixo a cabeça sem graça.

— Parece que Henry gosta mesmo da Nu — diz com um

pouco de impaciência na voz.

— Tenho certeza de que sim, ainda mais pelo que ele disse

hoje — respondo.

Alexsandra concorda e se vira para mim, agora nossas

pernas grudadas e as mãos unidas.


— O engraçado disso tudo é que eles se conhecem há pouco

tempo, minha amiga acabou de sair de um relacionamento, tenho

medo dela se machucar.

Concordo com ela e coloco a ponta do meu dedo na sua

têmpora.

— Você tem medo por ela ou por você, Alexsandra?

Ela me encara e vejo lágrimas invadirem seus olhos, fico sem

entender, mas não digo nada, Alex tem que se abrir para mim por

livre e espontânea vontade.

— Por ela, mas principalmente por mim — responde

mecanicamente.

— Por quê?

— Porque ela e Henry não se conhecem direito, mas já estão

super envolvidos, já você e eu... sei que fizemos um acordo de não

nos relacionarmos dentro da empresa e tal, mas digo fora, nossa

vida fora do trabalho não tem nada a ver com o profissional, Steve,
entende o que quero dizer? — Entendo? Balanço a cabeça em

negativa e permito que ela fale: — Quero dizer que eu gosto de

você, de verdade, não sei se estou pronta para me entregar ao

amor, mas eu quero tentar... Ambos temos nossos passados, mas

precisamos viver o presente e arriscar o futuro.

Seco as pequenas lágrimas de seus olhos e puxo seu corpo

para o meu, beijando o alto de sua cabeça.

— Eu também gosto de você, Alex, tenho que admitir que

estou completamente apaixonado por você. Você é uma mulher e

tanto! Então acho que podemos tentar sim, você aceita esse

desafio?

Ela me encara e sorri, então me abraça e concorda.

— Sim, eu aceito esse desafio, sr. Forbes.


25 — Almoço de negócios

Acordo na manhã seguinte com o barulho do despertador e

vejo Steve ao meu lado sorrindo, rapidamente nos levantamos e

sigo para o banheiro, onde tomo um banho rápido. Meu sócio

apenas veste a roupa que havia tirado na noite anterior para dormir

e usa uma escova de dente extra que tenho no armário. Quando já

estamos prontos, ele me encara e sorri.

— Dá para acreditar que nos conhecemos tem menos de um

mês, somos sócios e estamos na sua casa nos preparando para um

dia de trabalho? — questiona, me encarando.

— Realmente é um tanto inacreditável — digo sorridente. —

Como estou?

Rodopio e ele analisa o vestido que eu uso.


— Linda como sempre, Alex.

Agradeço e o beijo suavemente.

— Que tal irmos comer? Aposto que Nubia preparou alguma

coisa para nós.

— Claro, mas eu queria era comer outra coisa — responde

malicioso.

Rio com isso e nego.

— Não, você precisa passar na sua casa ainda para colocar

outra roupa.

— Não se preocupe com isso, já pedi para um dos meus

empregados levar para o escritório, me troco lá rapidamente. — Ele

se aproxima, gruda nossos corpos e acaricio seu rosto.

— Certo, mas isso não muda nada, temos que ir logo para

não nos atrasarmos.


Steve concorda a contragosto e rio, saindo do quarto com ele

vindo logo atrás.

∞∞∞

Descemos para a cozinha rapidamente e somos pegos de

surpresa ao encontrar minha amiga e Henry grudados, aos beijos.

Analiso os dois e pigarreio para que possam perceber nossa

presença, algo que funciona.

— Bom dia, filhote — diz Steve para quebrar o gelo.

— E aí, meu velho — fala ele tentando disfarçar o enorme

volume que está entre suas pernas, reviro os olhos e minha amiga

me encara, sem graça.

— Alex — diz ela, seu cabelo está bagunçado e sua boca um

tanto vermelha, assim como suas bochechas.

— Bom dia, Nu — cumprimento indo até ela e lhe dando um

beijo no rosto. — O café já está pronto? Steve e eu estamos com

um pouco de pressa.
— Está sim, podem ir comendo.

Concordo com minha amiga e seguimos para a sala de jantar,

sobre a mesa temos pães, queijo, presunto, frutas, suco, leite, café

e muitas outras coisas. Fico impressionada com minha amiga, Steve

e eu nos servimos, saboreando um pouco de cada coisa. Nubia e

Henry vêm logo em seguida, o filho do meu sócio não parece nem

um pouco envergonhado com a cena que vimos, pelo contrário, está

com um sorriso gigante entre seus lábios. Sorrio ao ver minha amiga

o encarar e termino meu café, pronta para mais um dia no trabalho.

— Henry, pode tirar hoje de folga novamente, terei um almoço

rápido com um CEO do Brasil, Alexsandra vai comigo — avisa seu

pai após terminar de comer.

Henry o encara e concorda alegre.

— Quem é esse homem tão misterioso que quer uma reunião

com você, papai? — pergunta ele.


— Quem vai me apresentar ele é o Luke Evarns, seu nome é

Caio... Caio Brown — diz Steve tentando se recordar.

— O famoso londrino que tinha um pai louco? — pergunto

curiosa.

Steve concorda com um aceno de cabeça.

— Conheço essa história, o nome do pai dele era Oliver

Estevam Brown, foi bem repercutido a loucura toda que aconteceu

nos últimos anos... O pai vivo, que antes se dava como morto, o

irmão inesperado, também teve boatos de que Oliver estuprou o

filho e além disso, o marido do filho, isso quando era criança,

loucura, não? — diz Nu, a encaramos e ela para de falar. — Que

foi? Eu acompanho bastante o jornal.

— Acha prudente fecharmos negócio com esse cara, papai?

— questiona Henry bebericando seu café.

Olho para Henry e depois para Steve, seria realmente

prudente fazer um negócio com um homem com passado tão


perturbador?

— Não vejo problema nenhum em fazer negócio com ele,

meu filho, Caio não tem culpa do pai que teve, se ele errou alguma

vez, isso não é problema meu. As pessoas erram, isso é humano,

porém, permanecer no erro que é burrice, e vejo que ele não fez

isso.

∞∞∞

O dia no trabalho transcorre tranquilamente e quando vejo, já

está na hora do almoço com Caio Brown. Steve me encontra na

minha sala, ele está lindo no terno grafite que levaram e fico com

uma enorme vontade de beijá-lo no meu escritório, porém, me

contenho, lembrando-me do acordo que fizemos. Saímos em

direção ao seu carro e logo já estamos nas ruas de Nova York. O

lugar está bastante movimentado, o que faz eu sorrir, eu amo essa

movimentação da cidade.
— Gatinha, está pensando muito — diz Steve dirigindo, rio

com o apelido e dou de ombros.

— Só estava pensando em como eu amo isso tudo, essa

movimentação, as pessoas, aqui é tudo tão diferente, e foi onde

meu sonho começou a criar forma.

Steve me encara e sorri, negando com a cabeça.

— Seu sonho tomou forma quando você decidiu sair de onde

morava e veio atrás do que realmente quer, aqui só foi o pontapé

para ele continuar se concretizando.

Concordo com suas palavras e não demora, estamos no “Le

Bernardin”.

— Muito prudente combinar um almoço de negócios no

restaurante onde levei meu primeiro pé na bunda de você —

comento rindo, Steve revira os olhos e entramos.

— Sr. Forbes e srta. Burckhardt — diz o garçom que nos

atendeu da última vez com um meneio.


— Olá, Scott, muito bom revê-lo — cumprimenta Steve

apertando sua mão. — Fiz uma reserva para uma reunião aqui, na

mesa de sempre.

Ele me encara e sorrio, seguindo-os para a mesma mesa que

jantamos da última vez, assim que me aproximo, noto que já está

ocupada com os rapazes que faremos a reunião. Percebo que ao

todo são quatro homens muito elegantes.

Sinto o suor me pinicar na nuca ao ver que um deles é o

famoso Caio Brown. Ele é muito bonito mesmo, não tem como

negar, seu cabelo é ruivo e está penteado para trás, a barba é bem

espessa, o olhar nos olhos azuis demonstra o quanto já sofreu, mas

também mostra um homem um tanto forte. Ao seu lado está um

rapaz jovem, de aparência simples, porém, muito bonito. Seu cabelo

é escuro e médio, a barba bem feita, um sorriso enorme e gentil

demonstra o quanto está nervoso com isso tudo. Olho sua mão e

vejo que usa uma aliança igual a de Caio. Esse deve ser Carlos
Alberto Brown. O famoso marido dele. Nos aproximamos ainda mais

e noto os outros dois rapazes, um é loiro, de pele clara, sorriso

contagiante e barba curta, ele eu conheço pelas famosas notícias

também... Luke Evarns, e ao seu lado, um jovem muito bonito, de

porte médio, corpo malhado, assim como do marido, olhos

castanhos e pele clara me encaram, sorrindo. Gale Meyers.

Sinto-me nervosa ao notar que estou na presença de grandes

CEOs da atualidade. Gale assim como Carlos, vieram do Brasil.

Caio e Luke vieram de Londres. Pelo pouco que sei de Gale, ele é

um grande chefe de cozinha, mas de uns tempos para cá, resolveu

se aventurar na carreira de empresário com o marido.

Paramos diante da mesa e saio dos meus pensamentos

vagos, Steve cumprimenta cada um deles com um enorme sorriso,

então faço o mesmo.

— É um enorme prazer revê-lo, Luke — diz meu sócio. — Faz

tanto tempo que não nos vemos, não é mesmo?


— É sim, Steve, fiquei muito feliz quando te liguei falando

sobre meu amigo, você não sabe como me deixou contente em

aceitar essa reunião.

Steve sorri e concorda com um aceno de cabeça, então

cumprimenta Gale.

— Então você é o famoso marido de Luke, muito prazer em te

conhecer — diz Steve, Gale sorri e ergue a mão, um tanto sem

graça.

— Sou eu, mas não tão famoso como vocês, e o prazer é

todo meu.

Steve sorri e se vira para mim, me puxando para mais perto

dele.

— Desculpem minha falta de educação, essa é Alexsandra

Burckhardt, minha nova sócia, ela veio para reunião para me

acompanhar.

— É um prazer conhecer todos vocês — digo sorrindo.


— Muito prazer, me chamo Carlos — diz o marido de Caio

erguendo a mão para mim, posso notar o sotaque brasileiro, o que

me deixa com um sorriso largo.

— O prazer é todo meu! — digo apertando sua mão de

maneira animada.

Olho para Caio e ele ergue a mão para mim, após apertar a

de Steve.

— Olá, srta. Burckhardt, como já sabe, sou Caio Brown, é um

enorme prazer poder conhecer vocês nesse dia.

Aperto sua mão e sorrio, ao ver como ele é gentil.

— O prazer é todo nosso, Caio, obrigado por procurar minhas

empresas — diz Steve.

Assim que nos conhecemos, nos sentamos e o garçom nos

serve de água, bebo a minha em um único gole e me sirvo de um

pouco mais. Apesar de ter demonstrado bastante confiança, me

sinto nervosa em estar sentada aqui, com todos esses homens.


— Que tal fazermos nossa refeição primeiro e depois

seguirmos para os negócios? — pergunta Steve.

— Acho uma ótima ideia, barriga cheia ajuda a pensar

bastante — diz Gale e rimos com isso.

— Então você é mesmo o chefe de cozinha do restaurante de

Luke — digo, olhando-o, estou tão fascinada com isso tudo porque,

todos aqui (tirando Steve e eu) são casados e trabalham juntos. E

são gays, o que me deixa ainda mais animada.

— Sim, essa jornada minha e de Luke é uma longa história —

fala encarando o marido e sorrindo.

— Vejo que sim, ficaria feliz em saber um dia a história de

vocês — digo.

Gale sorri e Steve se vira para Caio.

— E vocês também são casados — diz meu sócio, encarando

Carlos e Caio.
Caio assente, segurando a mão do marido.

— Sim, nos casamos há algum tempo.

Sorrimos e pego o cardápio, analiso-o atentamente, como

estou sem fome, opto por uma salada e suco de laranja, os outros

se servem de pratos um tanto chiques e logo Scott se afasta com os

pedidos anotados. Meu sócio escolhe o mesmo que eu, agora que

sua mãe está em cima dele por conta de suas refeições, Steve mal

come comidas gordurosas com medo de dona Lourdes aparecer do

nada e lhe dar uma bronca.

— Me digam, pois estou curiosa — peço encarando todos

eles, vejo vários pares de olhos diferentes me encararem e engulo

em seco. — Como é para vocês serem casados com seus próprios

funcionários? — pergunto, olhando para Steve, que sorri.

Caio encara Carlos e volta seu olhar para mim.

— É uma loucura, mas uma loucura deliciosa, não posso

negar. Carlos e eu começamos nosso relacionamento de um jeito


bastante diferente, mas nunca deu tão certo algo na minha vida.

Adoro trabalhar com ele, ainda mais quando, bem... Não vem ao

caso.

Carlos olha para ele e revira os olhos, damos risada ao ouvir

aquilo. Com certeza Caio está falando de sexo!

— E vocês, Luke? — pergunta Steve voltando seu olhar

malicioso para mim, comprimo minhas pernas e mordo o lábio.

Nossos pratos são servidos e começo a me deliciar na minha

salada, tento não pensar no corpo nu de Steve. Não sei por que,

mas estar com todos esses homens aqui, está me despertando um

desejo a mais pelo meu sócio.

— Para nós foi maravilhoso trabalharmos juntos. Bem, Gale e

eu praticamente nos pegamos no mesmo dia que nos conhecemos,

foi uma loucura e tanto, mas deu certo.

Rio ao ouvir isso, aliviada ao saber que Steve e eu não somos

os únicos a nos pegarmos logo de cara.


— Como você reagiu sobre isso, Gale? — pergunto

bebericando do meu suco.

— De início eu não queria, por conta de alguns assuntos

relacionados ao meu passado, porém, não teve como evitar, o

desejo intenso que tínhamos um pelo outro foi demais. — Ele olha

para Luke e aperta sua mão.

Um intenso desejo, talvez todos nós tínhamos tido isso.

— Tive um desejo e tanto por Carlos também — diz Caio

comendo.

— Mas, mesmo assim, você se fez de durão no início —

comenta seu marido.

Rimos ainda mais com aquilo e Caio dá de ombros.

— Por favor, não me lembre disso!

∞∞∞
Após nosso almoço tão divertido, Caio Brown coloca uma

“máscara” no seu rosto e começa a falar sobre negócios. Eu apenas

ouço atentamente a conversa dele com Steve e os outros, apesar

de ter a minha pequena empresa aberta, eu não sabia muito como

era fechar projetos de grande porte, a não ser os meus que foram

incríveis. Caio queria implantar em Nova York um projeto que ele já

tinha no Brasil, era algo para ajudar pessoas que estavam

desempregadas. Pelo que pude notar, era mais um projeto social,

do que algo que você ganha milhões de dólares, e achei sua ideia

incrível, pensando até mesmo no meu projeto que ainda está

guardado. Steve ouviu tudo atentamente, para no final, sorrir e

apertar a mão do londrino sexy.

— Acredito que esse projeto vai ser muito bom para todos

nós, afinal, criando-o, abriremos mais vagas de emprego e assim,

as empresas poderão se expandir muito mais — diz Caio ainda

olhando meu sócio.


— Você realmente sabe o que quer, sr. Brown — afirma Steve

ao meu lado, ainda sorrindo.

Luke sorri para nós e levanta.

— O papo foi ótimo, fico feliz que tenham fechado uma

parceria dessas e estou ansioso para nos encontrarmos para

assinar as papeladas, mas está na hora de Gale e eu irmos,

precisamos resolver algumas coisas.

— Sua vida mudou mesmo, hein, Luke? — Steve levanta e

fazemos o mesmo.

— Ah, você não faz ideia de como mudou, Gale é o culpado

disso tudo — ele responde rindo. — Seria legal se fossem nos

visitar, assim poderiam conhecer um dos restaurantes.

— Com certeza nós vamos — responde meu sócio.

Aperto a mão de cada um ainda maravilhada em conhecer

todos eles e nos despedimos, seguindo para o nosso carro.


— Então, Alexsandra, você não falou muito depois do almoço

— diz Steve dirigindo.

— Ah, pois é, é que fiquei apenas observando, você fecha

esses contratos com tanta naturalidade.

Ele me encara quando o farol fecha e sorri.

— Tem horas que não podemos pensar muito, temos que

deixar as coisas fluírem.

Concordo, olhando pela janela do veículo.

— Isso que você diz envolve nós?

Ele ri e dá de ombros.

— Envolve? Acho que sim, o que acha?

— Também acho que sim — digo ligando o rádio do carro e

cantarolando uma música que toca.


26 — Convite

Steve

Após nosso almoço de negócios, deixo Alex na sua casa e

me despeço dela com um delicioso beijo, sigo para casa animado e

assim que chego, encontro mamãe sentada na sala, olhando

atentamente seu celular e sorrindo feito boba, talvez esteja vendo

algo sobre gansos.

— Oi, mamãe — digo dando um beijo suave no seu rosto.

— Olá, querido, chegou cedo hoje de novo, está com febre?

— pergunta dona Lourdes, colocando a mão na minha testa.

— Nada de doença, mamãe, apenas estou ouvindo os

conselhos seus e de Alexsandra.


Rapidamente dona Lourdes para de mexer no celular e me

encara, sorrindo, apesar da idade chegando, mamãe está muito

bem e bonita, mas algo nos seus olhos me diz que alguma coisa

está errada.

— Fala logo que você está ouvindo os conselhos da Alex, e

não os meus — responde.

Rio e dou de ombros.

— Bem, os conselhos da senhora batem com os dela, para eu

não trabalhar tanto, aproveitar mais, toda essa bobagem.

Mamãe vem até mim e dá um tapa no braço após eu dizer

isso.

— Não estamos de bobagem, só pensamos na sua saúde,

afinal, você não está tão jovem assim, não é?! — Volto a dar de

ombros e vou até o bar preparar uma bebida para mim, coloco duas

pedras de gelo no copo e viro a garrafa de uísque, após isso, me

sento e acendo um charuto, tragando, observo mamãe me encarar


séria e estranho. — Ai, meu Deus, filho, você está com dor de

cotovelo, o que houve? Está me escondendo algo?

Ergo a sobrancelha ao ouvi-la e encaro minha bebida,

deixando o charuto de lado.

— O quê?

Viro o copo de uma só vez e sinto o forte gosto invadir minha

boca.

— Seu pai tinha a mania de dizer isso, ele sempre bebia

uísque e fumava um charuto quando alguma coisa estava errada,

aliás, não fume, você não está muito bem ultimamente.

Ela volta a sentar e começa a mexer no cabelo, alguma coisa

está estranha demais por aqui, mas o quê?

— Mamãe, a senhora diz tanto que devo namorar porque

estou ficando velho, mas por que não faz o mesmo?


— Não seja tolo, Steve, digo que você deve namorar porque

não quero que você morra sozinho, agora eu me relacionar

novamente? Não, não existe alguém como Charlie.

Ela me encara e desvia o olhar, talvez não querendo que eu

notasse as lágrimas nos seus olhos.

— A senhora está me escondendo alguma coisa, dona

Lourdes Mary Forbes? — Aproximo-me dela e me abaixo, apoiando

minhas mãos nas suas pernas, mamãe me encara sorrindo e

acaricia meu rosto, afastando as lágrimas de seus olhos.

— Claro que não, bobo, sabe que não consigo manter a

língua dentro da boca, não teria como eu esconder alguma coisa de

você.

Concordo e rapidamente ela levanta, seguindo para o seu

quarto, e apesar de dona Lourdes ter dito que não me esconde

nada, algo me diz o contrário.

“Dona Lourdes, a senhora vai ter que abrir a boca.”


∞∞∞

Bebo um pouco mais após mamãe subir para seu quarto e

sigo para o andar de cima, passo pelo quarto de Henry e vejo a

porta entreaberta, então bato devagar.

— Pode entrar — diz ele.

Abro a porta devagar e sorrio ao ver meu filho deitado na

cama, apenas de cueca, ouvindo música melosa e sorrindo feito

bobo. Coloco as mãos dentro dos bolsos da calça e me aproximo

dele, me sentando em uma cadeira de frente para sua cama.

— Esse sorriso bobo, Henry Forbes está apaixonado, é isso?

— pergunto rindo.

Ele para a música, ri e dá de ombros.

— É, velho, acho que estou me amarrando naquela morena

— diz.
— Olha, nem vou dizer nada que me chamou de velho, me

diga mais sobre isso, você e Nubia é sério?

Ele me encara e se senta na cama em um pulo.

— Ela acabou de sair de um relacionamento com o babaca do

José, mas disse que está decidida a esquecê-lo, nos beijamos e,

velho, que beijo gostoso!

Rio ao ouvi-lo e me aproximo ainda mais dele com a cadeira.

— Isso é loucura, não acha? Eu e você apaixonados, ainda

mais que eu estou pela amiga de Nubia.

Meu filho me encara sorrindo e concorda.

— Então vocês estão juntos? Digo, é bem recente e vocês

são sócios...

— Não se preocupe, filho, não vou cometer o mesmo erro que

cometi com Jennifer, até porque Alexsandra é totalmente diferente

da minha ex.
Ele assente e segura minha mão.

— Vamos fundo nessas paixões, meu velho! — exclama

animado.

Concordo dando um tapinha no seu ombro e levanto,

seguindo até a porta.

— Com certeza vou bem fundo.

— Nojento — diz ele.

Rio e dou de ombros.

— E você use camisinha!

∞∞∞

Sigo para o meu quarto após aquela conversa com meu filho

e tiro minhas roupas, indo direto para o banheiro. Abro o chuveiro e

deixo a água quente cair no meu corpo, os pensamentos voltando

para Alexsandra. Sorrio ao pensar nela, é loucura aquilo que estou

sentindo? Talvez sim, mas apesar de ser loucura, é algo


maravilhoso. Desde o primeiro instante percebemos que tínhamos

um desejo muito grande um pelo outro. Lembro-me de quando eu

quase a derrubei na frente da empresa, o perfume inebriante

invadindo minhas narinas, seu enorme cabelo, o olhar intenso...

Termino o banho e após colocar apenas uma cueca, decido

ligar para Alex, que atende rapidamente.

— Oi, Steve, chegou bem? — pergunta com sua voz doce.

— Cheguei sim, acabei de tomar um banho, e você, o que

anda fazendo? — questiono.

— Tomei um banho agora também — responde e mordo meu

lábio, imaginando Alex com o cabelo preso, a toalha em volta do seu

corpo, somente ela a cobrindo.

— Que delícia, gostaria muito de estar aí com você —

respondo, sentando na cama, meu pau logo começa a ficar duro.

— Eu disse para você ficar — retruca maliciosa.


Dou risada e ela me acompanha, ela havia dito mesmo para

eu ficar, mas preferi não arriscar em acabar na sua cama, algo que

com certeza eu quero que aconteça.

— Você não imagina como eu estou — digo ao ouvir aquilo.

— Posso imaginar, apenas de cueca, com o pau duro, louco

para gozar... Estou errada?

— Completamente certa — respondo.

— Já que não está aqui, podíamos brincar por telefone —

sugere.

Fico admirado ao ouvir aquilo, nunca em toda a minha vida eu

fiz isso com alguém, seria totalmente uma nova experiência.

— Tudo bem, eu nunca fiz essas coisas, você precisará me

ajudar.

Alexsandra suspira no telefone e volto a dar risada, logo

apalpando meu membro ainda duro.


— Imagina eu aí do seu lado, Steve, sentada, acariciando seu

pau guloso, você gemendo baixinho enquanto apalpo ele por cima

da sua cueca, logo o colocando para fora.

Fecho meus olhos com o celular em uma mão e a outra faço o

que Alex diz. É uma sensação incrível imaginá-la pegando no meu

pau, o colocando para fora, sendo que sou eu que estou fazendo

isso. Logo começo a acariciar meu peitoral.

— E agora, Alex, continue, estou adorando essa nova

experiência.

— Com seu pau para fora, agora estou passeando com minha

mão pelo seu delicioso corpo, logo levando ela para seu pênis e

começando a te masturbar. Faça isso, Steve, imagine que sou eu

fazendo — diz com um alto teor de safadeza na voz.

Ainda de olhos fechados, levo minha mão até meu pau,

começando a me masturbar, a sensação que eu sinto é indescritível,

até mesmo parece que Alex está aqui.


— Que gostoso, Alex, mas faça isso também, quero que se

masturbe.

Rapidamente ouço Alex ofegar e sorrio.

— Estou me masturbando, continue fazendo o mesmo, Steve.

Mantenho meus olhos fechados e fico me tocando enquanto

ouço Alex dizer tantas palavras gostosas, e não demora muito, gozo

sujando todo o chão. Um tempo depois, também goza e sigo até o

banheiro, pegando uma toalha e me limpando.

— Isso foi incrível, sr. Forbes — fala ela do outro lado da

linha.

— Realmente foi mesmo, obrigado por essa nova experiência.

— Sorrio ao dizer isso.

— Não precisa agradecer, agora tenho que ir, amanhã

teremos um longo dia pela frente.


Concordo com ela e me despeço de Alex, deixando o celular

de lado e me deitando, olho para o teto e fico pensando em todas as

loucuras que estão acontecendo nesse último mês, simplesmente

espero que tudo isso dê certo, e pensando nisso, adormeço.

∞∞∞

Acordo na manhã seguinte com o despertador e rapidamente

me levanto, vou direto para o banheiro, faço minha higiene diária e

me troco. Hoje estou animado e sei justamente o motivo, o que de

alguma maneira começa a me assustar. Foi assim com Jennifer

também, trabalhamos juntos, nos apaixonamos, assumimos um

relacionamento e após diversos escândalos, rompemos da pior

maneira possível.

— Vamos, Steve, Alex é diferente, pare de fazer comparações

ridículas — digo para mim mesmo.

Penso sobre isso e rio, balançando minha cabeça em

negativa.
“Ah, Alexsandra, o que você fez comigo?”

∞∞∞

Como de costume, passo no quarto de Henry e o acordo,

dizendo que está atrasado.

— Me dê hoje de folga novamente, por favor, pai — diz

sonolento.

— Não era você que queria um aumento significativo? Não

vai ganhar se ficar aí deitado.

Ele levanta, arranca a roupa e segue para o banheiro, sem se

importar que estou vendo-o nu.

Saio do quarto e sigo para o andar debaixo, onde a dona

Lourdes Forbes está sentada, tomando uma xícara de café, séria.

Não está com celular, nem tablet e muito menos todas suas joias

que ela adora se enfeitar quando acorda.


— Bom dia, mamãe — cumprimento dando um beijo na sua

testa.

— Bom dia, filho, como você está?

— Bem, agora vejo que a senhora não, o que está havendo,

Lourdes Forbes?

Ela me encara e bebe mais um gole da sua xícara, desviando

o olhar de mim.

— Nada demais, meu filho, essa semana ainda estarei indo

para Paris com April e Giovanna, tudo bem para você?

Olho para ela e ergo a sobrancelha, desde quando minha

mãe perguntava para mim se estava de agrado ela ir viajar?

Diversas vezes quando eu chegava do trabalho, havia um bilhete

sobre a mesa avisando sobre sua partida e nada mais.

— Problema nenhum, mas por que essa viagem tão

repentina? — questiono.
Me sirvo de suco de laranja e pego uma fatia de pão para

comer com requeijão, enquanto ainda a encaro.

— Nada demais, acho que mereço viajar um pouco, só isso —

diz sem toda sua alegria diária.

Dou de ombros e concordo, me alimentando.

Henry desce bem arrumado com um terno cinza e uma

gravata azul escura, o encaro e sorrio ao ver como se parece

comigo. Sua avó faz o mesmo, a diferença é que seus olhos estão

marejados.

— Oh, Steve, fico tão contente com o homem que seu filho se

tornou, eu tinha tanto medo dele ser um rapaz rebelde, por causa da

morte precoce da mãe.

Henry encara a avó e me olha, dou de ombros sem entender

e ele senta ao meu lado.

— O que foi, vovó? O que anda acontecendo com a senhora

que está chorona? Está ficando velha?


— Velha é a puta que me pariu — diz, secando as lágrimas e

voltando a nos encarar. — Falando sério, não é nada demais,

simplesmente estou muito orgulhosa do legado que vou deixar.

Steve se tornou um homem e tanto, tenho muito orgulho disso, e

você, Henry, vem se tornando também, de onde estiver, tenho

certeza de que sua mãe está bastante orgulhosa de você.

Pego na mão de mamãe e assinto, termino de comer e

apresso Henry, para seguirmos à empresa.

∞∞∞

Assim que chegamos, sou recebido com uma pessoa que eu

menos queria ver hoje: Jennifer. Esbelta como sempre, com saltos

altos, cabelo preso, e um vestido bastante chamativo. Olho para

Scarlett e digo para ela não se preocupar, que eu resolvo isso.

Entro na minha sala e Jennifer me segue, coloco minhas

coisas sobre a mesa e a encaro, sério.


— Diga logo o quer aqui — peço. — Já não disse que não te

quero no meu escritório?

Ela me observa e balança a cabeça em concordância, o que

me espanta.

— Vim com um acordo de paz, Steve, por favor, vamos

conversar sem brigas.

Engulo em seco e não digo nada, realmente a maneira que

ela disse, quebrou minhas pernas.

“Droga.”

— Diga o que você quer — digo autoritário.

Ela me encara e se aproxima da mesa, recuo rapidamente,

impedindo que ela me toque.

— Quero ser sua amiga, Steve, sei que é impossível

voltarmos a ser como éramos, mas não consigo viver muito tempo

longe de você, me dê ao menos o privilégio de ser sua amiga e


nada mais. — Ouço tudo em silêncio, quanta merda dita em apenas

uma frase, mas não posso ser grosso, ela está diferente do que

conheço. — Podemos sair para beber hoje, o que acha? Eu e você,

como velhos amigos que éramos, depois cada um segue para sua

casa.

— Não, melhor não, Alexsandra não vai gostar muito dessa

ideia — digo de imediato.

Ela me encara e abaixa a cabeça.

— Desde quando Steve Forbes deixa ser dominado? —

pergunta séria, noto que a sensualidade forçada na voz não existe,

o que me espanta ainda mais.

— Não estou sendo dominado...

— Então aceite, vamos beber um pouco, te encontro lá

embaixo às sete.

Rapidamente ela sai sem esperar uma resposta minha e vai

embora.
“Droga, Alex não vai gostar nada disso.”

∞∞∞

Alex

Não vejo Steve quando chego à empresa, mas fico sabendo

por algumas pessoas que assim que ele chegou, seguiu direto para

seu escritório porquê Jennifer estava o esperando. Tento não pensar

muito nisso, ele sabe melhor que ninguém o que faz, se Jennifer

estava aqui, era por algum motivo. Mas a raiva e o ciúme não me

deixam pensar assim, quero agora mesmo ir até a sala dele e

perguntar que palhaçada era aquela, mas me lembro que

combinamos de não nos relacionarmos dentro da empresa.

“Porra!”

∞∞∞

O dia foi tranquilo com a visita de alguns funcionários para

mostrarem que meus projetos já estão a caminho, e mesmo

achando tudo fantástico e aprovando, não consigo tirar da minha


mente que Jennifer esteve hoje mais cedo no escritório de Steve.

Penso sobre isso e suspiro, não posso dar na cara que estou com

ciúme ou isso pode acabar prejudicando Steve e eu tanto nos

negócios, quanto fora da empresa.

Foi durante o horário do almoço que me animo um pouco e

vou visitar em sua sala, Sergio, meu funcionário e amigo.

— Está melhor? — pergunta e fico surpresa.

— Como assim?

— Percebi que mais cedo não estava muito bem — diz e dou

de ombros. — É natural, as coisas agora estão mais sérias, só não

se deixe sobrecarregar, para não sair desmaiando como seu sócio.

Rio com isso e concordo.

— Sério, Sergio, obrigada por tudo, se não fossem vocês, eu

estaria perdida.
Ele ri e me despeço, esbarrando em Nicholas, o rapaz que

queria me apresentar a empresa no meu primeiro dia e Steve não

deixou.

— Alexsandra, quanto tempo — diz sorrindo.

Sorrio ao vê-lo e aperto sua mão.

— Oi, Nicholas, muito bom te rever.

Ficamos nos encarando e ele morde os lábios, pensando em

algo.

— E como andam as coisas com o Steve?

— Muito bem — digo. — E você? Trabalhando bastante,

imagino.

— Ah, isso com certeza, o que acha de sairmos para beber

um dia desses? Por minha conta.

Penso sobre isso e concordo apenas para não me desfazer

do seu pedido.
— Vamos sim, me dê seu telefone.

Ele me entrega um cartão preto com dourado e se afasta,

com o enorme sorriso no rosto.

É, Steve não iria gostar nada disso, mas eu daria um jeito de

enrolar Nicholas o máximo que eu pudesse.

Ao menos é isso que eu espero.


27 — Bar

Alex

Encontro Steve na entrada da empresa com as mãos dentro

dos bolsos da calça cinza, o cabelo jogado para o lado, a perna

balançando e mordendo os lábios. Suspiro ao vê-lo desse jeito,

como Steve é maravilhoso! Porém, eu ainda quero saber as reais

intenções de Jennifer com ele.

Então devagar, me aproximo dele e jogo meu corpo para uma

perna só, o encarando.

— Boa tarde, sr. Forbes.

— Boa tarde, srta. Burckhardt — responde sorrindo e

pegando na minha mão, o toque simples faz meu corpo todo se


arrepiar, como se uma onda de eletricidade percorresse por nós

dois.

— Vamos almoçar? Parece que estamos meio atrasados —

digo, encarando-o.

Steve concorda e saímos em direção ao restaurante que tem

perto, meu sócio me encara com um sorrisinho safado assim que

entramos no local cheio. Um garçom se aproxima de nós e nos

oferece uma das mesas mais distantes, o que para Steve, com

certeza é bom.

— Minha vontade é te masturbar aqui mesmo — diz,

lambendo os lábios assim que o garçom se afasta.

— Por que não masturba? — questiono, observando a mesa

distante das outras, com certeza daria para fazer coisas que os

outros não conseguiriam reparar. E também o local está lotado,

cheio de pessoas rindo, conversando, garçons andando para todos

os lados. Ninguém iria nos ver.


— Está falando sério? — pergunta.

— Sim, só de imaginar, já estou com a calcinha toda molhada.

É verdade, sinto minha calcinha encharcada por causa das

palavras de Steve, o que já está me deixando louca, então devagar

ele aproxima sua cadeira da minha e encosta sua mão na minha

perna, fazendo eu me arrepiar toda.

— O que vai comer? — pergunta, deixando-me

decepcionada.

— Pode ser uma salada de frango, estou sem fome. — De

repente meu ânimo e fome vão para o inferno, como Steve é capaz

de me excitar e não fazer nada sobre isso?

— Não fique nervosa, gatinha, já vou continuar com o que

pretendíamos — diz sorrindo.

— Eu agradeço — digo, sentindo meu rosto queimar.


— Não tem como te masturbar sem termos feito nossos

pedidos, na hora que o garçom viesse perguntar o que queríamos,

não conseguiria parar e seria um escândalo na certa.

Concordo, pensando por esse lado, é realmente verdade,

Steve pensa em tudo, e agradeço por ter mais senso que eu nesse

momento.

Após o garçom anotar nossos pedidos, não demora muito e

nossas saladas, porque só agora percebo que Steve havia pego o

mesmo que eu, são depositadas sobre a mesa e sua mão

massageia minha perna.

— Fica molhadinha para mim, Alex — diz, levando uma

garfada até a boca.

Fico surpresa ao ouvi-lo e anuo, bebendo um pouco de água

por causa do calor repentino que acaba de me dar. Levo uma

garfada da salada até minha boca, mas não sinto gosto nenhum,

apenas me concentrando em Steve passando a mão por cima da


minha saia. Com dificuldade, ele enfia a mão entre as minhas

pernas e encosta seu dedo na minha calcinha que — puta que

pariu! — está totalmente molhada.

Disfarçadamente ergo meu corpo um pouco e ele puxa o

tecido com força, deixando a calcinha abaixo dos meus joelhos, o

que me deixa um tanto atônica, se alguém olhasse para nós...

Solto um grunhido involuntariamente e observo as pessoas à

nossa volta; ninguém está olhando, ou notariam que meu rosto está

mais vermelho que o normal.

— O que foi, Alex, sua respiração está entrecortada e o suor

está brilhando na sua testa — diz Steve começando a acariciar meu

clitóris com o polegar. Tento processar como ele consegue fazer

isso sem ser notado.

— Steve... — consigo dizer e coloco o garfo no prato.

— Continue comendo sua salada — fala fazendo exatamente

o que manda. Quero entender como meu sócio consegue ter esse
autocontrole, em comer num restaurante lotado e enfiar seus dedos

na minha boceta como se nada estivesse acontecendo!

— Tudo bem. — Pego o garfo e levo com dificuldade até a

boca, querendo me contorcer com seu toque aveludado.

— Está gostando? — pergunta, o sorriso sacana nos lábios,

então noto um enorme volume no meio de suas pernas, pulsando.

— Quero tanto te foder.

Continuo comendo, sentindo um arrepio percorrer todo meu

corpo.

— Estou gostando muito, Steve, mas não vou conseguir

segurar por muito tempo — digo, minha voz embargando.

— Tudo bem, Alex, então simplesmente goza para mim, por

favor — responde com naturalidade.

“Meu Deus, ele pediu por favor? Droga!”


Assim que ele acelera o movimento do seu dedo dentro de

mim, eu gozo, sujando boa parte da mão de Steve e da minha

camisa. Sorte que ela fica por dentro da saia, então ouço um

grunhido vindo de Steve e rapidamente uma marca aparece na sua

calça cinza. Não demora e ele pega um lenço do seu bolso, limpa

sua mão e me limpa. Disfarçadamente arrumo minha calcinha e

saia, ainda encarando a mancha na sua calça.

— O que você vai fazer com isso? — questiono, curiosa.

Ele passa o lenço por cima e fecha o terno, dando de ombros.

— Parece que terei que passar em casa, rápido, derrube essa

água em mim.

— O que você está dizendo? — pergunto aturdida com o que

me diz.

— Anda, Alexsandra! — pede sério.

Me assusto, pego a taça com água e derrubo no seu colo,

Steve empurra sua cadeira para trás e ganhamos alguns olhares


como plateia.

— Me perdoe, foi sem querer! — digo no meu melhor teatro.

Steve pega outro lenço e seca um pouco da calça molhada,

forçando na parte da mancha.

— É, acho que não será necessário ir até em casa, isso deve

ajudar — diz sorrindo.

∞∞∞

Voltamos para o escritório após o almoço excitante e

seguimos para a sala de Steve, ele senta e o encaro.

— Parece que sua calça logo, logo vai estar seca, isso é bom

— comento, encarando o volume marcado nela.

Novamente me sinto um tanto excitada em saber que eu o fiz

gozar sem ao menos se tocar, o que faz uma felicidade enorme

crescer dentro de mim.


— Parece que sim, obrigado pelo almoço de hoje —

agradece.

Demos risada e me sento de frente para ele.

— Eu que agradeço, porém, tenho que falar com você sobre

algo...

— Pode dizer. — Ele ajeita a gravata e tira o paletó.

— Eu fiquei sabendo que Jennifer veio aqui hoje, não quero

ser aquelas mulheres ciumentas, nem nada, mas o que ela queria?

Quero dizer, posso saber?

— Ela veio me chamar para sair hoje, ir a um barzinho beber

alguns drinques — admite sério, fico parada, apenas ouvindo e dou

de ombros.

— Você vai? — pergunto, tentando esconder o ciúme que

sinto.

— Você liga se eu for? — indaga com a voz suave.


— É claro que não — digo convicta das minhas palavras,

quem sou eu para impedir Steve de ir em algum lugar? — Eu

também recebi um convite do Nicholas para beber, lembra-se dele?

O que iria me mostrar a empresa.

Ele assente, sério, parece não gostar muito daquela ideia,

mas se realmente não o agrada, guarda para si.

— Lembro muito bem — diz sério.

— Que horas vocês dois vão se encontrar? — pergunto.

— Ela disse que passa aqui às sete — responde ainda sério.

— Entendo, vou sair daqui com Nicholas nesse horário

também, mas agora é melhor eu indo, se divirta, Steve — digo

ríspida.

Saio antes de ouvir alguma resposta e me sinto um pouco

chateada por não ver Steve vir atrás de mim.

∞∞∞
Após sair do escritório de Steve, sigo para a sala de Nicholas

e bato à porta, ele abre para mim e percebo que está no telefone,

então pede um minuto. Espero ansiosa e torço para que hoje ele

esteja disponível, seria ridículo se no fim de tudo eu não saísse com

ele e fosse para casa me remoer até o “encontro” de Jennifer e

Steve acabar.

Penso, enquanto Nicholas continua no telefone, a respeito

desse encontro, meu sócio realmente só me quer, mas e ela?

Aquela vaca de salto havia deixado bastante claro que não quer

somente a amizade de Steve, ela quer reatar com ele, o que me

deixa com uma pulga atrás da orelha.

Decido não esquentar minha cabeça com isso, pelo menos

por enquanto, afinal, se a víbora de salto tentar algo, Steve saberá

se defender em relação a isso, certo?

— Aconteceu alguma coisa? — pergunta Nicholas, tirando-me

dos meus pensamentos, noto que ele havia desligado o telefone.


— Eu ia te mandar mensagem, mas preferi vir falar

pessoalmente — digo, mexendo as mãos. — Aceito seu convite,

que tal para hoje, às 19?

Ele sorri para mim e concorda.

— Passo na sua sala para sairmos juntos, pode ser? —

pergunta alegre.

— Pode sim, fico esperando ansiosamente — respondo

estendendo a mão para ele.

Nicholas aperta a minha mão e sinto o quanto a sua é quente,

porém, não sinto nada, pensando no toque de Steve, que esse sim

me deixa de calcinha molhada... E falando em calcinha, a minha

está destruída por conta do almoço de mais cedo.

— Até mais tarde — diz.

Sorrio e saio da sua sala, seguindo para a minha.

Steve ia me pagar por sair com aquela vaca de salto.


∞∞∞

Steve

Estou tremendo de raiva, aliás, mais que isso, estou com

ódio! Ódio de Nicholas e raiva de Alex, isso que sinto nesse

momento. Porém, diante daquilo, fico quieto na minha, apenas

pensando em maneiras que poderia me vingar daquele cara, minha

única vontade neste exato momento é ir até sua sala e ordenar que

o safado pegue suas coisas e vá até o RH porque está demitido. Por

justa causa! E a causa seria estar dando em cima do que é meu.

Então percebo que não tenho esse direito, afinal, eu também irei

sair com alguém; a vaca da Jennifer, que é a minha ex. Alex e

Nicholas não são nada a não ser amigos de trabalho, pelo menos é

isso que eu acho...

Porra, o que eu estou pensando?

Lógico que eles são somente amigos, Alexsandra está

apaixonada por mim, assim como eu por ela, tenho certeza de que
jamais faria algo para me magoar, não é mesmo?

Passo a tarde pensando no “encontro” de Alex com Nicholas,

sem conseguir me concentrar realmente no trabalho, fazendo assim

eu desmarcar os compromissos que eu tinha e somente esperar a

hora para encontrar Jennifer.

Não demora muito e já é quase sete da noite, desligo o

computador, pego minhas coisas e sigo em direção ao elevador, o

que eu vejo faz meu coração bater mais rápido e a raiva se instalar.

É Alex e Nicholas, rindo de alguma coisa bem idiota que aquele

babaca disse, prontos para saírem para esse tal barzinho que irão.

Entro no elevador e não digo nada, então noto que Alex está me

encarando.

— Boa noite, sr. Forbes — diz Nicholas, estendendo a mão,

olho para ele e a aperto.

— Boa noite, Nicholas, já indo embora? — questiono,

encarando-o, ele me olha e assente, sorrindo feito um grande idiota.


— Sim, senhor — responde. — Aliás, fico contente que tenha

se recuperado.

Concordo com um aceno de cabeça e não digo mais nada,

ele não sabe sobre Alexsandra e eu, então necessito manter a

droga das aparências.

— Obrigado — grunho a contragosto. — Passe qualquer dia

no meu escritório para tomarmos um uísque e conversarmos um

pouco.

Ele concorda e encaro Alexsandra.

— Srta. Burckhardt — digo, desejando naquele momento

poder tirar aquela saia e dar uns tapas na sua bunda.

— Sr. Forbes — diz de um jeito ríspido, sorrio e ela faz o

mesmo.

As portas do elevador se abrem e seguimos em direção à

saída, minha sócia séria. Percebo que seu olhar muda mais ainda

quando vê Jennifer parada do lado de fora do prédio, a noto e vejo o


quanto está bonita, isso não posso negar; seu cabelo está em um

penteado black power, a maquiagem não está tão forte, está usando

calça jeans, camisa social e saltos altos. Penso onde que está a

Jennifer vulgar que conheço desde sempre e saio dos meus

pensamentos quando já estou do lado de fora, encarando seu

sorriso perfeito.

— Alexsandra — diz minha ex um tanto séria, encarando Alex

de cima a baixo.

— Olá, Jennifer — diz Alex no mesmo tom.

— Steve, bom revê-lo. — Jennifer se aproxima e me abraça,

depositando um suave beijo no meu rosto para provocar

Alexsandra.

— Sem essa, Jennifer — digo, empurrando-a delicadamente,

afinal, aquela safada é mulher.

Ela me encara e sorri, não dando bola para o que eu digo,

então acaricia meu rosto.


— Vamos? — pergunta ainda sorrindo, aposto que aquilo tudo

é para provocar Alex e me sinto um idiota de ter aceito aquele

convite; mesmo não aceitando diretamente.

— Está na hora de irmos também, Nick — diz Alex sorrindo.

— Até mais, Steve.

Vejo Alexsandra pronta para se afastar e vou em sua direção.

— Espere — peço, segurando no seu braço. — Vocês vão em

qual bar?

— Nós vamos no “The Dead Rabbit Grocery & Grog” —

responde.

— Nós também vamos, então — digo.

— Ah, Steve, sinto muito, estava pensando em irmos no

“Employees Only” — diz Jennifer pegando no meu braço. Encaro

Alex e ela dá de ombros.


— Se divirtam, até mais — diz entrando no táxi com Nicholas,

o carro se afasta, deixando Jennifer e eu para trás.

∞∞∞

O “Employees Only” fica localizado na 510 Hudson St, 10014,

o local é muito bem localizado e um ótimo estabelecimento, diversas

vezes eu viera exatamente aqui, com Jennifer, para sairmos da

rotina de trabalho e relaxarmos um pouco. Entramos e seguimos

para uma mesa vaga, como imaginei, não está tão cheio, então

peço uma dose de uísque e Jennifer uma cerveja.

— Você poderia desfazer essa cara e ao menos fingir que

gostaria de estar aqui comigo? — pergunta, bebendo a cerveja.

— Desculpe, estou um pouco cansado, mas me diz, por que

desse encontro aqui, Jennifer?

Bebo rapidamente minha dose e peço mais uma, vindo com

gelo extra e mais cheio.


— Nada demais, já disse que só quero ser sua amiga, Steve,

já que não temos chances de voltarmos.

Concordo e fico em silêncio pensando que não desejo estar

aqui, e sim com Alex, naquele bar idiota que ela foi com o Nicholas.

Penso sobre o que eles estão fazendo e decido esquecer isso, já

que a merda já está feita, o jeito será beber e aproveitar essa noite.

— Acredito em você — digo encarando o local vintage.

— Deveria mesmo. — Ela pega na minha mão e acaricia

suavemente, quero recuar, mas vejo que estou sendo um tanto rude

com Jennifer.

— Lembro das vezes que viemos aqui juntos — digo

bebendo. — Droga, você odiava aqui, dizia que fedia a naftalina.

Ela concorda e rimos, pela primeira vez em muito tempo, não

estou gritando com Jennifer.

— E ainda fede, mas eu aprendi a gostar desse lugar, você

me ensinou a gostar daqui, Steve. Lembra quando saíamos do


escritório tarde da noite e corríamos para cá? Você ficava louco

quando não conseguia mesa, o que deveria ser praticamente

impossível, já que aqui vive vazio.

Assinto ao me recordar daquilo, o tempo que Jennifer e eu

trabalhamos juntos até que não foi tão ruim assim, mas ela fez tanta

merda...

— Deveria parar de pensar nisso, Steve — diz, encarando-me

séria, seu dedo ainda acariciando minha pele. — Já faz bastante

tempo...

— Eu tento, Jennifer, eu juro, mas não consigo aceitar o que

você fez...

— Eu te entendo, naquela época eu era muito imatura, não

sabia direito o que estava fazendo.

Ouço suas palavras e me mantenho em silêncio, finalizo

minha bebida e peço outra.


— Se ficar bebendo tanto assim, terei que te carregar para

casa — brinca, pelo menos eu acho que é brincadeira.

— Estamos em um bar, acho que aqui serve justamente para

beber — comento.

Ela me encara e caímos na gargalhada novamente.

— Vou pedir um hambúrguer para nós, o daqui é delicioso,

lembra?

Sim, eu lembrava, havia tantas lembranças naquele local, que

seria difícil não me recordar do melhor hambúrguer que já havia

comido. Então, pensando nisso, vejo Jennifer ir até o balcão fazer

nossos pedidos. Aproveito que está longe e pego meu celular,

notando que tem um SMS de Alexsandra.

Alex: Espero que vocês dois se divirtam bastante, Steve.

Eu: Desejo o mesmo para você e Nicholas.

Alex: Ah, pelo amor de Deus, não diga desejo, droga!


Eu: Por que não?

Alex: É o que tenho por você, um desejo enorme,

intenso...

Sorrio e mordo meu lábio.

Eu: Também tenho um desejo enorme por você, Alex,

agora se divirta com Nicholas!

Alex: OK, adeus, Steve, foi ótimo.

Não entendo sua mensagem, então mando outra.

Eu: Como assim? Não entendi.

Não tenho resposta para aquilo.

∞∞∞

Alex

Steve havia ficado com raiva de mim porque vim ao bar com

Nicholas, e ainda por cima queria ir ao mesmo que nós com aquela

piranha de salto. Reviro os olhos ao ver sua última mensagem e dou


um sorrisinho com a brincadeira. Decido esquecer isso por um

tempo e foco meus pensamentos no bar que Nick havia me levado,

o local é bastante aconchegante e está cheio. Nicholas me serve de

cerveja e beberica da sua, me encarando.

— Está tudo bem? — pergunta.

— Ah, melhor impossível, obrigada — digo, bebericando da

garrafa.

— Fiquei muito feliz que aceitou meu convite, de verdade,

jamais acreditei que aceitaria — diz quebrando o silêncio na nossa

mesa, o som alto toca uma música que não conheço no bar.

— Por que não aceitaria, Nick? — inquiro.

Ele forma um sorriso ao ouvir o apelido estalar na minha boca

e dá de ombros.

— Não sei se faço seu tipo — fala displicente, a naturalidade

na sua voz é palpável.


Ouço aquilo e me surpreendo com a revelação, mesmo já

sabendo suas intenções comigo.

— Por essa eu não esperava — respondo sem graça.

— Tudo bem se não estiver a fim, vou entender

perfeitamente, mas podemos ser amigos.

— Claro que podemos ser, achei que já éramos. — Sorrio e

aperto sua mão como demonstração de carinho.

— Bem, viemos aqui para beber, você quer comer alguma

coisa para acompanhar sua cerveja? — pergunta educado.

— Batatas cairiam muito bem com um hambúrguer — digo

sorrindo.

— É pra já! — Nicholas sorri e segue até o balcão, fazendo

nossos pedidos.

Aproveito a oportunidade e vejo meu celular, há diversas

mensagens de Steve.
Sócio: Responde!

Você está terminando comigo?

Porra, Alexsandra!

Desisto, depois me liga.

Responde ou vou até aí.

Divirto-me com aquilo e não respondo, decidida a aproveitar

minha noite com Nicholas.


28 — Fim

Alex

A noite é bastante divertida, fico sabendo por Nicholas que

ele é formado em Letras e Marketing, o que me fez admirá-lo

bastante. Mora sozinho desde os dezenove anos e agora está com

trinta e quatro, o que foi uma surpresa e tanto para mim, já que ele

parece ser muito mais jovem. Veio de família humilde e tem dois

irmãos, um rapaz de vinte e seis anos e uma irmã de oito.

Bebemos e comemos bastante, quando vimos, o bar já estava

prestes a fechar, então decidimos ir embora, com ele honrando sua

palavra de pagar a conta. Pegamos um táxi e fomos direto para a

minha casa, assim que chegamos, me despeço dele.


— A noite foi muito divertida — digo sorrindo. — Obrigada,

adorei de verdade.

— Que bom, Alex, fico muito feliz em saber disso —

responde, encarando-me.

Concordo e vejo o silêncio se instalar entre nós, Nick pega

minha mão e sinto um calafrio percorrer minha espinha. De repente

sinto uma estranha sensação de que aquela noite havia sido um

erro, Nicholas gosta de mim de um jeito que jamais irei olhar para

ele, chega a ser cruel eu ser tão gentil. Paro de pensar nisso e vejo

algo um tanto inusitado, meu colega de trabalho se aproxima e

quando vejo, nossos lábios estão colados em um beijo que somente

Nicholas corresponde.

Sinto a maciez dos seus lábios e o afasto, dando um passo

para trás.

— Nick, sinto muito — digo o encarando séria, ele me observa

e vejo a tristeza transparecer em seu rosto.


— Me desculpe — diz cabisbaixo.

— Não peça desculpas por algo que não está arrependido —

afirmo, sentindo-me um pouco convencida. — Nós sabemos que

não está.

— Isso é verdade, Alexsandra, desde o primeiro instante em

que te vi, me interessei por você — ele confessa.

— Então quem te deve desculpas sou eu — respondo ao

ouvir sua revelação. — Você é um partidão, mas não para mim,

gosto de outro cara e ele também gosta de mim.

— Por que não estão juntos, então? — pergunta curioso.

“Também quero saber” penso.

— É mais complicado do que possa entender — digo,

encarando-o.

— É Steve, não é? — pergunta, observando-me, vejo o brilho

nos seus olhos e fico surpresa em como consigo ser tão


transparente às vezes. — Não se preocupe, seu segredo está

guardado, nos vemos na segunda na empresa, até mais.

Rapidamente ele entra no táxi e segue o caminho adiante,

sem ao menos deixar eu responder, fazendo eu parecer uma idiota

por aquilo.

∞∞∞

Steve

Sinto-me um pouco bêbado assim como Jennifer, então

decido que está na hora de irmos embora, quando já são 3h30 da

manhã. Jennifer não diz nada, o sorriso nos seus lábios é visível,

então sigo até o bar após bebermos a última dose e decido pagar a

conta.

— Vou te colocar em um táxi, olha só o seu estado — digo a

minha ex, que ri descontrolada.

— Me leva para casa, Steve — pede sorrindo. — Lá bebemos

o último drinque e você vai embora.


— Melhor não — respondo ainda a encarando.

— Vai deixar uma mulher bêbada ir para casa sozinha, e além

disso, pegar um elevador? É capaz de eu cair e me machucar.

Reviro os olhos e concordo, apesar de estar um pouco

bêbado, ainda me sinto lúcido, então a agarro pelo braço e saímos,

indo na direção de um táxi. Vejo minha ex se jogar no banco e sento

ao seu lado, ela encosta a cabeça no meu ombro, ainda sorrindo

feito boba.

Passo o caminho inteiro em silêncio com minha ex rindo

bêbada, não demora e estamos no prédio em que Jennifer mora,

pago o motorista e a ajudo sair do carro, colocando-a no meu ombro

como um boneco de trapos.

— Ah, Steve, isso é maneira de carregar uma mulher? —

pergunta rindo. — Até mesmo parece o Shrek! — Reviro os olhos e

sigo até o elevador, apertando o botão para ele descer. — Olha essa
bunda que enorme, o que você anda fazendo com ela? Lembra

quando transamos com aquele cara?

— Jennifer, fica quieta! — digo assim que o elevador para,

entro e aperto o andar, vendo o cubículo de aço subir.

— Ah, Steve, essa noite foi divertida! Bastante divertida, eu

estou feliz, bastante feliz, consegue ver minha felicidade no rosto?

Não digo nada, ela ainda no meu ombro, com a cara na

minha bunda, a apertando com uma de suas mãos, enquanto a

outra segura seu cabelo.

— Cacete, que bundão!

— Fica quieta, Jennifer! — peço novamente.

Ela ri e as portas se abrem, saímos e a coloco em pé,

pegando dentro de sua bolsa as chaves, abro a porta e entramos, a

guio até o sofá, ajudando-a a tirar os sapatos. Deixo minha ex

sozinha por um instante e sigo até a cozinha para pegar água para
ela. Encho o copo e volto para perto dela, entregando com

analgésicos que encontro no armário.

— Eu não quero analgésicos, combinamos de beber o último

drinque aqui para você poder ir embora, esqueceu? — pergunta,

encarando-me com um sorriso bobo.

— Chega de beber, você está bêbada!

— Ah, para, pelo amor de Deus, Steve, que chatice, vai lá no

banheiro pegar algo mais confortável para eu usar, esses sapatos

estão me matando, enquanto isso vou preparar a última da noite.

Reviro os olhos e concordo, sabendo que não adianta teimar

com Jennifer, ela iria encher meu saco até o fim, tenho certeza

disso.

— Tudo bem, eu já volto.

Deixo os analgésicos e a água na mesa de centro e sigo pelo

enorme corredor, entrando na última porta. Olho para os lados à


procura do par de chinelos e os vejo próximos ao lavatório. Pego e

volto para sala, onde Jennifer já está com os copos preparados.

Dou os chinelos para ela e pego um dos copos, brindando.

— A sua saúde, Steve — diz piscando.

— A sua — respondo.

Bebo em um único gole o uísque e sinto o gosto estranho

invadir minha boca.

— Você tem essa garrafa aqui há quanto tempo? O gosto

está horrível — digo fazendo careta.

— Não sei, uns dois anos, acho — diz dando de ombros.

— Ah. — Sinto minha visão ficar turva e uma tontura tomar

conta de mim, o copo cai da minha mão e ouço o barulho dos cacos

se espalharem pelo carpete caro. — Acho que estou passando mal,

ajude-me a sentar.
Vejo embaçado e noto que Jennifer continua parada, apenas

me analisando.

— O que você tem, querido? — pergunta.

— Eu não sei, minha visão...

Ergo meu braço em sua direção e tropeço, caindo no chão.

— Jennifer, me ajude — peço.

— Ah, mas é claro, meu amor, não se preocupe que eu vou te

ajudar em tudo que precisar.

Percebo o quanto sua voz está lúcida... Jennifer não está

bêbada, eu havia sido enganado.

— Vo-você batizou minha bebida.

— Shhh, fique quieto que já, já vai passar.

A última coisa que vejo antes de apagar é a porta ser aberta e

minha ex gargalhar.

∞∞∞
Alex

Meu celular apita avisando sobre uma nova mensagem assim

que entro no meu quarto, pego o aparelho para ver se é de Steve e

fico surpresa quando leio.

Sócio: Poderia me encontrar nesse endereço?

Olho o local no GPS e percebo que não fica muito longe,

levanto, coloco meus sapatos novamente e saio de fininho para não

acordar Nubia. Penso sobre o SMS e me sinto nervosa, havia

acontecido alguma coisa? Sinto que aquela ideia de Steve sair com

Jennifer foi a pior besteira que poderia ter acontecido, então, com os

pensamentos a mil, entro no meu carro e assim que o GPS inicia,

sigo pelas ruas de Nova York.

Não demora muito e estou em frente ao endereço que Steve

me disse, envio uma mensagem avisando que cheguei e sou

surpreendida quando ele diz para eu subir que a minha entrada já

está autorizada, formo um sorriso com aquilo, na esperança de que


não seja nada demais, porém, no fundo, sinto que há alguma coisa

errada.

Paro novamente de pensar e entro no prédio, indo até a

recepção e vendo um senhor sentado.

— Boa noite, vou no vigésimo segundo andar, no

apartamento cento e seis, me chamo Alexsandra e minha entrada já

está autorizada.

Ele me observa e concorda, mostrando o elevador, agradeço

e entro, sentindo meus batimentos cardíacos acelerarem mais do

que o normal. Conto ansiosamente até dez e quando vejo, as portas

do elevador se abrem, revelando um hall com algumas portas, vejo

o número do apartamento indicado e bato na porta, esperando.

Nada.

Ninguém me atende, então levo minha mão até a maçaneta e

vejo que a porta está aberta, o único som que ouço é o rangido.
— Steve? — chamo pelo seu nome, esperando alguma

resposta, no entanto, o silêncio se mantém. — Tem alguém aí?

Novamente o silêncio se instala e entro, fechando a porta

devagar, observo o local e vejo um apartamento bem decorado, noto

que no chão contém cacos de um copo quebrado, sobre a mesa de

centro, há um copo com água e analgésicos. Sinto o medo tomar

conta de mim e vejo um corredor escuro, respirando fundo e

engolindo em seco, sigo naquela direção, olhando cada porta.

Noto que a última está entreaberta, então, devagar, a abro,

vendo um quarto. Sobre a cama há dois corpos cobertos pelo lençol,

o que faz eu ter a certeza de que um deles é de Steve Forbes.

— Steve? — digo sentindo medo, não pode ser verdade o

que estou vendo.

— Alexsandra. — Ouço sua voz me dando certeza do que

estou vendo e noto o quão bêbado ele está.


Sinto vontade de chorar ao vê-lo deitado, totalmente nu, com

os olhos entreabertos. Sua boca se mexe, tentando falar alguma

coisa, mas simplesmente não consegue, o que faz eu sentir raiva.

Ao seu lado está ela, também nua, sua calcinha se encontra no

chão, junto de preservativos usados. Engulo em seco ao ver a

cueca de Steve e sinto o nojo tomar conta de mim.

Steve Forbes havia transado com Jennifer.

— O que você está fazendo aqui? — Jennifer pergunta

sorrindo.

— Foi você, não foi, sua vadia?! Foi você que me mandou

aquelas mensagens pelo celular de Steve, você queria me mostrar

que conseguiu o que tanto queria.

Vejo seus olhos brilharem e ela forma um sorriso, mostrando

o celular de Steve.

— Foi eu mesma, eu queria mostrar para você que Steve

sempre será meu — diz sorrindo. — Veja como ele está cansado,
por conta do delicioso sexo que fizemos.

Não respondo, não havia nada a ser feito, Steve havia me

traído.

— Steve, acorde — digo, sentindo as lágrimas começando a

invadir meus olhos, afasto-as com as costas da mão e noto que meu

sócio acorda, me encarando.

— Alexsandra, o que está fazendo aqui? Não é o que você

está pensando, e-eu não fiz nada.

— Não precisa dizer nada, eu já vi tudo, olha para vocês dois!

Olha para o chão!

Rapidamente ele levanta e vejo seu membro meio rígido.

— Por favor, eu posso explicar, foi um mal-entendido, não

aconteceu nada — argumenta.

Vejo Steve quase cair e sentar na cama, ainda nu.


— “Não aconteceu nada”? Não é o que parece, veja só, você

está bêbado e pelado! Admita logo que você transou com essa

vagabunda.

— Não me xinga!

— Cala a boca! — Steve e eu gritamos juntos.

Jennifer senta e enrola seu corpo no lençol.

— Por favor, Alex, acredite em mim, sei que não é o que

parece, mas... Não, não aconteceu nada.

Dou risada ao ouvi-lo, as lágrimas cobrem minha visão.

— Idiota eu de acreditar que isso poderia dar certo, vai se

foder, Steve, me esqueça, nunca mais nos veremos!

Novamente ele tenta se levantar e ao ver meu olhar duro e

gélido, volta para a cama.

— Mas e os negócios? Somos sócios, não somos? —

questiona, ainda sentado nu.


— Lembra que combinamos de separar as coisas? Sou muito

boa nisso, não se preocupe!

— Não, por favor, não me deixe!

Sigo em direção à saída e vejo Steve me seguir, tentando me

alcançar, corro e aperto os botões do elevador, ansiosa para que

chegue logo. As portas se abrem e quando vou entrar, Steve segura

meu braço, ainda pelado, no meio do corredor.

— Vamos conversar, isso tudo foi um grande mal-entendido,

você precisa acreditar em mim, por favor!

— Me esquece, Steve, acabou! Acabou tudo entre a gente.

Ele me encara e o empurro, entrando no elevador.

— Alex... — diz com a voz embargada.

— Steve. — A última coisa que vejo antes das portas se

fecharem, são seus olhos cheios de lágrimas e meu sócio sumir,


deixando-me com o coração dilacerado por estar apaixonada por

ele.
29 — Dias sombrios

“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa

cativar.”

A frase de “O Pequeno Príncipe” ecoa na minha mente após

eu ver a cena de Steve e Jennifer na cama, juntos. Ainda não

consigo acreditar que aquilo que eu havia visto, realmente é real.

Então após secar as lágrimas e suspirar, frustrada, entro no

meu carro e sigo em silêncio até em casa. O barulho do meu celular

revela novas mensagens e decido ignorar, desligando o aparelho.

Eu poderia ter sido um tanto errada em sair com Nicholas

para causar ciúmes em Steve, ainda mais que ele acabou me

beijando quando chegamos na minha casa, mas eu o afastei e disse


que gostava de outro. E Steve? Foi para cama com aquela

vagabunda!

Jennifer.

O ódio que sinto por essa cobra de salto aumenta cada vez

mais, ainda mais que, não satisfeita em levar Steve para cama, me

ligara para ir até seu apartamento para ver aquela cena repulsiva.

Tento não pensar muito nisso e me concentro no trânsito, não

demora e estou em casa, o que é um alívio para mim. Estaciono o

veículo na garagem e seco meus olhos, tentando disfarçar o

máximo possível o vermelhão neles, mas é quase impossível. Então

noto que no andar debaixo está tudo apagado, lembrando que já

passa das quatro da manhã, e rapidamente abro a porta e subo

para o meu quarto num piscar de olhos, querendo fugir de Nubia e

talvez de Henry, eu não sabia se ele estava aqui, mas o que menos

queria era conversar com qualquer pessoa.


Tiro minha roupa e sigo para o banheiro, decido que preciso

tomar um banho para poder raciocinar direito, sentindo a água

quente cair sobre meu corpo. Lavo-me pensando que aquele

simples ato pode tirar as imagens da minha cabeça, mas é

impossível, então assim que termino, me troco e coloco uma roupa

quente, afinal, a madrugada está bastante fria em Nova York. Deito-

me na cama e pego meu celular, ligo e vejo que tem ligações

perdidas de Steve e várias mensagens.

Leio as últimas.

Sócio: Eu não transei com ela, por favor, acredite em

mim.

Sei que foi um erro ter saído com Jennifer, mas me

perdoe, não quero te perder.

Vamos conversar, eu vou fazer essa vadia admitir que

colocou alguma coisa na minha bebida. Eu apaguei, ela deve

ter tirado minha roupa.


Parece coisa de cinema, mas é verdade, por favor, me dê

essa chance...

Jogo o celular na mesinha de cabeceira e me cubro, apesar

da tristeza instalada no meu peito, eu não posso me abalar, afinal,

em menos de quatro horas, eu iria trabalhar com Steve Forbes.

Primeiro eu precisaria pedir uma transferência para minha empresa,

e isso com certeza vai demorar alguns dias. Claro, eu sendo uma

CEO, poderia transitar entre as Empresas Forbes e Burckhardt

quando eu quisesse, mas estou participando muito de perto dos

meus projetos, então com certeza haveria algumas especulações

por causa da minha decisão e também algumas interrogações sobre

isso.

Paro de pensar sobre esse assunto e fecho meus olhos,

vendo novamente a imagem de Steve Forbes na cama com

Jennifer. Então com muito esforço, consigo finalmente dormir,

sentindo uma angústia tão grande que não consigo explicar.


∞∞∞

Acordo com Nubia me sacudindo de leve, olho para a minha

amiga e ela parece um tanto séria, então a encaro.

— Estou atrasada? — pergunto me sentando.

— Na verdade, seu despertador vai apitar em menos de um

minuto — diz já parando o aparelho. — Você tem visita.

— Que droga, essa hora? Quem é?

Levanto e tiro a roupa, minha amiga continua parada no

mesmo lugar, as mãos entrelaçadas. Essa é a maneira dela

demonstrar nervosismo.

— Nu, o que está havendo? — pergunto séria.

— Sua mãe, amiga, eu sinto muito.

Encaro-a sem entender e vejo que não conseguirei arrancar

nada dela, então coloco outra roupa e um roupão com pantufas,

descendo para o andar debaixo. Na minha sala havia não uma, mas
quatro pessoas. Henry, Steve, Nicholas e um advogado amigo

desde que eu me conheço por gente.

— Bom dia, srta. Burckhardt, lembra-se de mim? Sou o Enzo,

advogado da sua família.

— Ah, bom dia, eu lembro sim — digo indo até ele e

apertando sua mão. De repente percebo como estou ridícula; o

cabelo bagunçado e usando um roupão. — A que devo a honra de

sua visita? Achei que estivesse no Brasil.

— E realmente eu estava — diz ele com a voz meio

embargada. — Vim porque necessito te dar uma notícia, não era

algo a se fazer por telefone e seu pai não pôde estar aqui conosco.

Fico sem entender e encaro Nubia, minha amiga continua

nervosa e com lágrimas nos olhos.

— O que houve? — questiono, sentindo-me assustada, de

repente uma sensação ruim toma conta de mim, a mesma angústia

que senti antes de dormir.


— Alexsandra. — Ouço sua voz ecoar pela sala e sinto meus

pelos se arrepiarem, o encaro, vendo seu olhar triste.

— Enzo, você pode esperar um minuto? — pergunto e ele

concorda, com um aceno de cabeça. — O que está fazendo aqui,

Steve?

— Eu o chamei — diz Nubia.

— O quê? — pergunto surpresa.

— Amiga, fica calma, ele me contou o que aconteceu.

— E, mesmo assim, você o colocou dentro da nossa casa?

Sinto-me nervosa não somente com Steve, mas com todos,

até mesmo com Nicholas que nem sequer abriu a boca e com

Henry, que parece uma estátua. Por que todas essas pessoas estão

na minha casa? Só quero tomar um banho e ir trabalhar! E aliás, o

que havia acontecido com minha mãe?

— Enzo, o que houve? — pergunto, saindo do meu transe.


— Eu sinto muito, Alexsandra, sua mãe estava muito doente,

descobrimos tarde...

— O quê?! — Novamente fico surpresa, sem entender o que

está acontecendo, isso tudo só pode ser uma brincadeira.

— Sua mãe descobriu o câncer em um nível muito

avançado... Ela resistiu até onde pôde, não entramos em contato

com você antes porque esse foi o pedido dela, não queria se

despedir... não queria que você a visse daquele jeito.

— Que jeito?

Câncer?

Isso só pode ser uma piada de mau gosto.

Olho cada rosto que está na minha casa e uma onda de

nervosismo invade meu corpo. De repente, me vejo chorando, sem

nem saber o motivo.


— A sua mãe Ellie Johnson Burckhardt faleceu essa noite, eu

sinto muito.

∞∞∞

Sabe quando a gravidade do seu corpo parece se corroer

totalmente e você se vê incapacitada de se locomover, falar, ou até

mesmo piscar os olhos? É isso que está acontecendo comigo após

ouvir Enzo dizer aquilo. Por mais que meu corpo dissesse para eu

responder, eu não consigo. Simplesmente não sei qual reação

esboçar, afinal, não quero acreditar nisso.

Vejo Enzo vir na minha direção e logo em seguida Steve, de

repente Nubia está aqui também, e é aí que eu entendo o porquê;

sou eu que está caindo no chão dessa vez, e então meus olhos se

fecham me deixando na completa escuridão.

∞∞∞

O barulho baixo do bip me acorda, quando abro meus olhos,

tudo em mim doí, até mesmo minha visão. Olho para o teto branco
tentando me lembrar o que havia acontecido, então as palavras de

Enzo ecoam na minha cabeça:

“A sua mãe Ellie Johnson Burckhardt faleceu essa noite, eu

sinto muito.”

Mamãe está morta, o que parece ser uma loucura. Como eu

deixei isso acontecer? A verdade é que eu estava tão focada na

minha vida profissional e particular, que acabei esquecendo

completamente as pessoas que realmente importavam para mim.

Então recordo-me da última vez que falei com mamãe; sua voz

estava cansada e ela havia me dito uma coisa que, pensando agora,

fazia todo sentido.

“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa

cativar.”

Continuo olhando para o teto e começo a chorar

descontroladamente, tento levantar e noto o acesso endovenoso,


rapidamente Nubia vem na minha direção me obrigando a deitar e

vejo Steve e Henry no quarto.

— Eu quero sair daqui, me tire daqui! — grito em vão, os três

apenas se aproximam de mim e me confortam.

Choro igual uma criança, daquelas que perdem seus

brinquedos no parque e vão para o colo da mãe dizendo que não

sabem onde colocaram. Grito como se estivesse sendo rasgada,

torturada, dizimada, mas não é nada disso, é apenas a dor da perda

que estou sentindo. Tento afastar todos eles, quero ficar sozinha,

não quero Steve aqui, afinal, ele havia me traído. A única pessoa

que eu desejava ver nesse momento, era mamãe, mas seria

impossível. As lágrimas descem pelos meus olhos por horas a fio,

eu nem sabia que dia era mais, não sabia há quanto tempo estava

no hospital e se o enterro de mamãe já teria acontecido. Eu nem

tivera a chance de me despedir dela.


Após horas chorando sem parar, vejo uma enfermeira entrar

no quarto com uma agulha na mão, com a ajuda da sua assistente,

elas seguram meus braços que debato, aplicam o líquido em mim, e

apago novamente.

∞∞∞

Lembro de uma certa vez que eu estava com minha mãe

passeando e ela disse que era para eu escolher o que desejasse,

eu sendo uma pessoa que sempre quis ser uma grande empresária,

escolhi um livro sobre CEOs.

— Você tem certeza de que é isso que quer, querida? —

pergunta, encarando-me.

— É sim, mamãe, sabe que é meu sonho ser uma mulher

como você.

Ela sorri para mim, um sorriso tão enorme que causa inveja

em qualquer pessoa. Mamãe não era como as outras mulheres; ela

era muito mais incrível. Isso tudo porque além de ser minha mãe,
era uma artista. Uma professora e tanto! Havia até mesmo ganhado

um prêmio por ser a melhor professora do ano, aquela notícia

deixou nossos familiares tão orgulhosos dela, que vieram de

diversos lugares do Brasil somente para parabenizá-la de perto.

— Ok, então, mas acho que vou levar um presente a mais

para você — diz sorrindo.

— O que, mamãe? — pergunto animada com a notícia.

Rapidamente ela vai em direção das outras prateleiras da

livraria e procura um título em especial, minutos depois ela vira o

livro para mim e vejo uma capa simples. Ela é branca, com uma

caligrafia bonita, no canto havia um jovem menino de cabelo

amarelo, usa uma roupa verde e está em cima de um... Planeta?

— “O Pequeno Príncipe” — lê. — Um dos meus livros

favoritos. Ele será outro presente para você, e acredite, filha, é

muito especial.
— Mas por que é tão especial assim, mamãe? — pergunto,

curiosa.

— Porque é um livro que devemos ler em três fases da vida:

infância, adolescência, e na fase adulta.

— Para que exatamente devemos ler um livro infantil na fase

adulta? — pergunto sem entender.

— Justamente para isso, filha — diz sorrindo. — “Todas as

pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram

disso”. Para lembrarmos da nossa infância, quero que você sempre

se lembre disso, tudo bem?

Sorrio para ela, concordando.

— Pode deixar que vou sempre me lembrar.

∞∞∞

Acordo da lembrança um pouco assustada, diferente de

antes, somente Steve está no quarto do hospital. Ergo meu corpo


um pouco e ele vem na minha direção, a minha cabeça ainda

latejando.

— Alexsandra — diz com tristeza na voz.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, recordando-

me de Jennifer e ele na cama.

— Por favor, sei que não é o momento para isso, mas vamos

conversar — pede, encarando-me.

— Creio que não temos o que conversar — digo, ajeitando-

me na cama.

Penso um pouco sobre isso...

Como em poucas horas a felicidade que eu sentia, pôde ir

ralo abaixo? Em instantes, toda aquela alegria que eu sentia no

último mês, havia acabado. Estava feliz por ter Steve ao meu lado,

por ser sócia dele. E de repente, além de tê-lo perdido, perdi a

mulher mais importante da minha vida: minha mãe. Ela era tão

doce, e durante o sono forçado, lembrar-me daquele dia de nós


duas na livraria, me deixa confortável. Mas o conforto não é

suficiente, mesmo tendo falado com minha mãe tempos atrás,

jamais seria o suficiente.

— Onde Nubia está? — pergunto, tentando não parecer tão

rude.

— Ela foi para casa, assim como Nicholas. Ele queria muito

saber como estava, quando dissemos que iríamos te dar a notícia,

ele foi direto para sua casa comigo. Parece que gosta mesmo de

você.

— Por favor, não venha com esse papo para cima de mim

agora, mas agradeço que ele tenha vindo, quando puder, eu mesma

ligarei agradecendo.

Ele fica em silêncio e concorda.

— Sinto muito, sei que sou a última pessoa que você gostaria

de ver na sua frente nesse momento...


— Nesse momento eu só gostaria de ver minha mãe uma

última vez — digo. — Aliás, como ficou sabendo sobre ela?

Ele se aproxima e minha respiração fica entrecortada.

— Enzo apareceu na empresa logo cedo e a Scarlett me

ligou, não sabia com quem falar, fui até lá e ele disse que gostaria

de te ver, então o pressionei para saber o motivo, foi quando me

contou que sua mãe...

Minha mãe, ouvir aquilo me traz para uma realidade dolorosa,

parece ser um sonho estranho isso tudo, mas ouvir da boca de

alguém dizer que mamãe se foi...

— Obrigada por o ter levado até em casa, mas pensei que foi

Nubia que te chamou.

— E foi, eu não iria porque sabia que não queria me ver, mas

quando liguei para Nubia para informar sobre Enzo, ela pediu para ir

até lá, estava tão abalada quanto você.


Sei que isso é verdade, após a morte de sua mãe, Nubia viu

um lado materno na minha, tratando-a até mesmo como “mamãe” e

“tia”.

— Bem, não importa como as notícias chegaram, o

importante é que agora sei. Preciso que o médico me dê alta para

pegar o primeiro voo para o Brasil, tenho que ver meu pai, quero me

despedir...

Steve concorda com aceno de cabeça, não tinha nada a ser

dito, eu teria que fazer aquela viagem o mais rápido possível. De

repente vejo como as coisas são loucas: mal havia voltado de um

“descanso” e seria obrigada a ter outro. Mas era preciso, eu tinha

que ver meu pai e mamãe...

— Nubia já está vindo para cá, ela só foi para casa para

poder trocar de roupa, saímos tão apressados de casa com o seu

desmaio, que nem deu tempo.


Apenas ouço, sem saber o que dizer, como aquilo poderia

acontecer?! A vida realmente é uma caixa de Pandora.

— Certo — consigo dizer.

— Você está se sentindo bem, Alex?

— Estou, só quero ir embora.

Ele se aproxima ainda mais e encosta a mão na minha, não

recuo, mesmo me recordando do que havia acontecido com sua ex.

— Sei que não é o momento para isso, mas podemos

conversar?

— Sobre o que, Steve? — Claro que eu sabia sobre o que ele

queria conversar, mas quero ouvir da sua boca.

— Jennifer, foi tudo muito bem articulado, ela colocou alguma

coisa na minha bebida, sei disso porque quando ela me deu o

uísque, estava com gosto estranho e eu desmaiei.


— Você quer mesmo que eu acredite nessa história? —

pergunto.

— Por Deus, por que eu iria te trair se estou completamente

apaixonado por você?

— Você que deveria me dizer isso — respondo irritada.

— Acho que não foi uma boa ideia conversarmos sobre isso

agora, eu vou chamar o doutor Marc — diz, afastando-se e indo até

a porta.

∞∞∞

Pouco tempo depois, não sei dizer ao certo quanto, Nubia

chega com Henry e a vejo vir com o tal do doutor Marc. É um

homem muito bonito; pele negra, olhos castanhos, sorriso bonito e

com covinhas.

— Boa noite, me chamo Marc — diz com uma voz grossa e

sensual.
— Boa noite — digo sorrindo sem graça.

— Temos boas notícias, Alexsandra — fala por fim.

— Me conte, por favor.

— Eu estava pensando em te dar alta somente amanhã, para

podermos ver como você se sentiria nas próximas horas, mas com a

atual situação da sua família, decidi abrir uma exceção e você já

pode ir embora — diz sorrindo. — Alexsandra, sinto muito pela sua

perda, espero que sua mãe descanse em paz.

— Tudo bem, e obrigada por cuidar de mim — agradeço

sorrindo.

Ele sai e vejo uma enfermeira se aproximar, tirando o acesso

do meu braço, agradeço e vejo Steve parado, me observando.

— Que bom que vai ter alta — murmura, forçando um sorriso.

— Sim, ao menos uma boa notícia.


Ele concorda sem emitir uma palavra sequer e Nubia me

abraça.

— Amiga, eu sinto muito por tudo que esteja passando.

— Eu também sinto, Nu, você amava tanto mamãe, sei que

ela sentia o mesmo.

Voltamos a nos abraçar e novamente sinto as lágrimas

quererem invadir meus olhos, porém, não permito, terei muito tempo

para descarregar toda a tensão que se instala no meu peito.

— Enquanto você estava dopada, Henry e Steve prepararam

tudo para nossa viagem, vamos logo cedo para São Paulo, já falei

com Ariel, ele vai nos encontrar na casa de vocês.

Assinto e agradeço meu sócio, pedindo que nos deixe

sozinhas, para eu poder me trocar. Sei que minha atitude está

sendo ridícula, mas necessito de privacidade.

— Como que foi? — pergunto, enquanto ela me ajuda a vestir

a roupa que me trouxe. — Ela sentiu dor?


— Estava em coma, o médico disse que foi indolor —

responde Nubia. — Seu pai disse que ela quis assim, Alex, não se

culpe tanto, sei o que está sentindo, e sinto muito que tenha que

passar por isso, mas não se sinta culpada, foi o desejo dela que

você não soubesse.

— Por que, Nu, por que ela iria querer isso? Eu preciso

descobrir.

Nubia seca as lágrimas que descem pelo meu rosto e me

encara.

— Não se preocupe, você vai saber nessa viagem, Ariel me

disse que ela te deixou algumas cartas.


30 — Brasil

Agora são nove e meia da manhã no Brasil, São Paulo está

quente e o trânsito está uma loucura, como sempre. Dentro do carro

está eu, Nu, Henry e Steve, parece loucura, mas meu sócio e seu

filho vieram. Quando Nu dissera que Henry e seu pai haviam

organizado nossa viagem, ela estava dizendo de nós quatro, não

somente de nós duas, como eu presumira. Concordei de imediato,

sabendo que não iria adiantar debater com Steve sobre o

afastamento dele dos negócios. Parecia até mesmo uma piada,

tempos atrás meu sócio batia o pé, não querendo ficar longe da

empresa, e agora, está sentado dentro de um carro, a quilômetros

de distância do seu Império.


Recordo-me de quando saímos do hospital e seguimos para

minha casa, todos estávamos em silêncio dentro do veículo. Steve

dirigia tranquilamente e uma música um tanto fúnebre, tocava no

rádio. Assim que chegamos em casa, Nu me comunicou que nossas

malas estavam prontas e que Enzo já estava voltando para o Brasil,

ele havia pegado o último voo da noite para não se atrasar para

seus compromissos. Pensei em ligar para o papai, porém, não sabia

o que iria dizer. “Oi, pai, a mãe morreu, né?” não pareciam boas

palavras.

Então minha amiga pediu pizzas para nós e após eu comer,

me despedi de cada um e fui para o meu quarto, tomei banho e

assim que saí do chuveiro, ouvi uma leve batida na porta.

— Pode entrar — digo, mas assim que o vejo, me arrependo.

— Só queria me certificar de que você está bem — diz Steve

me encarando. Ele está tão bonito naquele jeans e blusa de

moletom.
— Está tudo sobre controle, eu acho — comento sentando na

cama.

— Posso? — pergunta apontando para o colchão, decido não

ser tão rancorosa e permito, com ele sentando de frente para mim.

— Sei o que está passando, quando perdi a mãe de Henry, sentia

que eu era o culpado pela morte dela.

Concordo abaixando a cabeça, afinal de contas, por que as

pessoas precisavam morrer mesmo?

— Eu falei tão pouco com ela nos últimos dias, Steve, fico

pensando como deixei isso acontecer. — Suspiro, sentindo-me

frustrada. — A última vez que falei com ela, notei que havia alguma

coisa de errado, porém, não me importei, estava animada demais

com nossa viagem para dar importância à minha mãe.

Minhas palavras me machucam profundamente, então

começo a chorar e Steve me abraça, me confortando. Enfio meu

rosto entre seu peito e molho seu moletom.


— Sei exatamente o que está sentindo, mas não fique assim,

você não fazia ideia sobre o que estava acontecendo — diz,

acariciando meu cabelo.

Neste momento esqueço tudo que havia acontecido entre nós

dois e deixo Steve me afagar, então, depois de um longo período de

dor, lágrimas e suspiros, me afasto dele, o encarando.

— Obrigada por estar aqui, apesar de tudo — digo, forçando

um sorriso.

— Sempre estarei aqui para você, Alexsandra, quando

precisar — diz, apertando minha mão, puxo-a e ele entende o

recado. — Henry e eu vamos com você e a Nubia para o Brasil, as

passagens já estão reservadas, tudo organizado, achei melhor

irmos de primeira classe do que com meu jatinho.

Aceno, sem pestanejar, não iria adiantar eu ser contra isso,

sei que ele iria de qualquer jeito.


— Obrigada novamente — digo, ele sorri e pega seu celular

do bolso.

— Tem alguém que quer falar com você — diz, fazendo

chamada de vídeo para sua mãe, imediatamente dona Lourdes

atende e fico surpresa com a imagem que vejo.

Ela está muito diferente do habitual; usa uma touca na

cabeça, está sem maquiagem, sem joias e veste uma camisola

verde bastante larga.

— Alexsandra, sinto muito por sua mãe, querida — diz

sorrindo.

— Oh, dona Lourdes, obrigada! — Pego o celular da mão de

Steve e volto a chorar, meu sócio se aproxima e me abraça.

— Não posso dizer para não chorar, porque além de ela ser

sua mãe, era sua melhor amiga, tenho certeza disso, ainda mais

que partiu por causa de uma doença tão maldita! Steve me contou,

não fique brava, ele só quer seu bem. — Concordo com ela e seco
minhas lágrimas. — Quando você quiser conversar, lembre-se que,

estando com meu filho ou não, somos uma dupla a partir de agora,

você pode contar comigo sempre, e converse com Henry também,

ele sabe como é essa dor.

— Obrigada de coração, dona Lourdes, obrigada mesmo.

— Não há de quê, e por favor, me chame apenas de Lourdes,

dona parece que sou mais velha.

Rio concordando e me despeço dela, devolvo o celular para

Steve e ele guarda no bolso.

— Bom, melhor eu indo nessa, você precisa descansar — diz,

levantando-se. — Até mais.

Steve sai sem ao menos ouvir uma resposta minha e sinto um

enorme vazio dentro de mim.

∞∞∞
Saio dos meus pensamentos quando vejo que estou parada

de frente para o portão onde eu passei bons anos da minha vida.

Nubia segura minha mão e Steve aperta a campainha. Não demora

muito e vejo um homem vir na nossa direção, o cabelo de papai está

branco e ralo, os olhos um dia castanhos, estão fundos por conta

das noites mal dormidas, sua beleza que antes se via todos os dias

na pele branca, está apagada, por conta do luto. Usa uma calça

jeans preta e uma blusa na mesma cor, quando ele abre o portão e

me vê, seus lábios se movem, porém, não emitem som algum.

— Pai — digo me soltando de Nubia e colocando a bolsa no

chão.

— Alexsandra.

Rapidamente ele vem na minha direção e me envolve nos

seus fortes braços, me agarro no meu grande herói e por um tempo,

deixo de ser a CEO importante que estou sendo, me tornando

apenas uma menina chorando, triste e de luto.


∞∞∞

Entro na casa que vivi anos da minha vida e vejo como tudo

parece como antes, as cortinas amarelas que mamãe havia feito há

tantos anos, continuam do mesmo jeito. O sofá de couro marrom, a

cozinha bem planejada, os quadros no aparador e também pelas

paredes de uma Alexsandra Burckhardt diferente. Em uma eu estou

correndo, outra com um sapinho nas mãos e sorrindo, mostrando os

poucos dentes que tinha na boca. Sorrio com as lembranças da

infância feliz que eu tivera e sento no sofá, meu pai senta de frente

para nós.

— Você quer uma água, querida? — pergunta e concordo,

vendo-o seguir até a cozinha e me trazer, os outros é Nubia que

serve. Naquele momento só é pai e filha, nada mais.

— Por que me esconderam, papai? Por que mamãe não me

contou sobre a doença?

Ele me encara e vejo a tristeza nos seus olhos.


— Sua mãe não queria atrapalhar seu futuro — argumenta. —

Quando descobrimos, o câncer já estava bastante avançado, então

não teve muito o que fazer. Fomos em todos os médicos, atrás de

uma cura, mas a única coisa que ela podia fazer era a

quimioterapia, que não deu muito resultado.

Volto a chorar ao imaginar minha mãe junto de papai indo

atrás de um tratamento bom para ela, simplesmente essa imagem

não se encaixa na minha mente, o que faz tudo parecer um sonho

muito ruim.

— Eu disse para Ellie que devíamos te dizer, no dia que nos

falamos, quis contar, mas ela disse que não, tudo porque você

estava construindo seu futuro, você sabe como Ellie era para essas

coisas — ele pigarreia e logo em seguida suspira. — Foi meses

atrás que descobrimos sobre a doença. Ela achou que não

tínhamos motivos para te preocupar, afinal, você estava realizando

seu sonho!
“Então após sabermos que o contrato que você tanto

almejava havia sido alcançado, Ellie disse que apenas se trataria e

que se não tivesse resultado, você, enfim, saberia. Lutamos com

todas as forças, eu estava confiante, mas ela já sabia que não

conseguiria. Disse para mim, quando insisti em te avisar, que não

queria que visse a mãe definhando, que ela queria apenas que você

tivesse as boas lembranças dela.

E na madrugada retrasada, ela passou muito mal, disse para

aguentar um pouco que pegaria tudo e seguiríamos para o hospital,

mas quando chegamos lá, ela já estava sem vida. Ellie lhe deixou

algumas cartas, disse que era para você ler uma quando soubesse

da morte dela, outra quando você finalmente se casasse e a última,

quando você tivesse um filho ou filha.”

Choro ao ouvir tudo aquilo, mamãe não me contou de sua

doença para me proteger! Ela sabia que ao vê-la tão doente, não

conseguiria tirar essas lembranças da cabeça, então apenas


preferiu que eu tivesse as nossas lembranças. A lembrança do dia

em que me deu o livro de “O Pequeno Príncipe”, a lembrança de

quando fomos no parque brincar, dela me levando no aeroporto

quando eu estava indo embora, me ligando todas as semanas para

saber se Nubia e eu tínhamos comida na geladeira. Era essa a Ellie

que eu lembrava. A mulher forte, destemida, valente e corajosa.

Mamãe era a parte mais importante de mim, e seriam essas

lembranças dela que eu levaria para sempre.

∞∞∞

Fomos para o enterro em silêncio, já fazia mais de vinte e

quatro horas que mamãe havia falecido, meu pai disse que tivera

uma pequena guerra para segurar o corpo, para eu poder chegar a

tempo. Ele disse também que teve que pagar uma nota preta para

isso, mas achou que seria bom pelo menos eu me despedir, já que

não tive a chance de ver mamãe uma última vez. Coloquei uma
blusinha preta básica, prendi meu cabelo, uma calça legging e meus

tênis.

Nubia e Steve não saíam do meu lado, e Henry se mantinha

sempre próximo da minha amiga. O enterro seria em poucas horas,

meu pai preferiu que o caixão fosse lacrado, por conta da doença e

também pelo tempo do óbito, então assim eu não veria mamãe

diretamente; ele disse que o câncer a deixou bastante diferente.

Não perguntei onde foi o maldito câncer e também não iria

perguntar, eu não queria saber! Não importava se fosse em

qualquer parte do corpo, ele havia levado minha mãe de mim para

sempre, o câncer era o meu inimigo agora.

Há bastante gente, tantas que a maioria eu nem conheço,

talvez pais de alunos, afinal, mamãe era uma professora fantástica,

colegas do trabalho, entre outros.

Não quero a pena de ninguém, as únicas pessoas que me

importam nesse momento são meus amigos e meu pai, que está ao
meu lado também. O caixão escuro, cheio de flores ao lado, faz eu

cair em uma realidade dolorosa, como a vida é engraçada, não é?

Hoje estamos bem, com saúde, indo atrás dos nossos sonhos,

beijando, comendo, brincando, nos estressando por causa do chefe

chato (piada internada para o Steve), e no dia seguinte, pronto,

acabou, seguimos para um plano espiritual.

Coloco a mão na madeira fria e novas lágrimas voltam aos

meus olhos, Nubia me abraça, assim como Steve e meu pai, Henry

apenas encosta sua mão quente no meu ombro, como um sinal de

conforto.

— Mamãe — sussurro não querendo acreditar que ela

realmente está ali dentro. — Por que você foi embora de nossas

vidas tão cedo?

— Se despeça, filha, ela ia gostar disso — diz papai, dando-

me apoio.
Concordo e peço para meus amigos se afastarem por um

momento, quero ficar sozinha com ela e meu pai, todos saem e

ficamos somente nós dois contemplando a madeira escura.

— Sabe, filha, sua mãe tinha orgulho de você, ela tinha

orgulho demais do que você se tornou — conta papai, abraçando-

me. — Ellie sempre dizia sobre o dia em que vocês duas foram na

livraria e você escolheu um livro sobre empreendedorismo.

— Foi um dos melhores dias da minha vida, papai — comento

ainda encarando a madeira fria, como mamãe estaria ali debaixo?

Talvez bem maquiada, ou não, já que o caixão está fechado. Usaria

que roupa? Seria a sua favorita, que era um vestido azul escuro,

que ia até abaixo dos joelhos? São tantas perguntas que tenho, mas

o medo das respostas me cerca.

— Está na hora — diz.

— É, mamãe, você foi embora tão cedo, não entendo os

motivos pelos quais não quis me deixar te ver nos seus últimos dias
de vida, porém, irei sempre respeitar todas as suas decisões. Posso

somente agradecer à mulher incrível que você sempre foi na minha

vida, você sempre fez tudo por mim, e agora não sei nem o que

dizer... — Deixo as lágrimas rolarem pelos meus olhos e sinto os

fortes braços do meu pai. — Obrigada, Ellie, por ter sido a minha

maior inspiração na vida, você sempre será, e com certeza irei abrir

suas cartas na hora certa. Eu te amo para todo o sempre. Adeus,

Ellie, adeus, mamãe, adeus...

∞∞∞

O enterro é rápido, o que foi um alívio, afinal, nunca gostei de

me despedir, porém, quando vi o caixão descendo para a sepultura,

meu coração descompassou e pedi para sair dali, Nubia estava com

Henry, ambos abraçados enquanto a minha amiga ainda chorava, o

único que pôde me acompanhar naquele momento tão doloroso da

minha vida, foi Steve.


Seguimos em silêncio para dentro do carro, ele se mantém

próximo demais por medo de eu desmaiar de novo, já que estou

muito abalada. Assim que sento no veículo, ele senta ao meu lado e

agarra minha mão.

— Eu nem consegui ver o enterro da minha mãe, como sou

covarde — comento.

— Você foi muito forte, não se culpe tanto pelas coisas.

— Obrigada, Steve, apesar de tudo que estamos passando,

você largou tudo para estar ao meu lado.

Ele fica quieto por um segundo e dá de ombros.

— Já passei por esse momento, sei o quanto necessitamos

de um apoio. — Sei que ele está falando da sua esposa, e nesse

momento noto o quão doloroso é para ele falar o nome dela em voz

alta. — Acredite, no enterro da mãe de Henry, eu não consegui

participar, não queria ver a mulher que eu mais amava na vida, ser

colocada debaixo da terra. Era tão doloroso, continua sendo. —


Observo Steve e vejo que ele está mergulhado em lembranças

pelas quais já passou, quero poder conversar com ele, mas

infelizmente não sou uma boa companhia nesse momento para isso.

Então apenas pego na sua mão e a aperto. — Fomos fortes da

nossa maneira, então não se culpe por nada disso estar

acontecendo, a vida é assim mesmo, a cada dia uma surpresa

diferente.

— Coloca surpresa nisso, Steve, dias atrás eu estava feliz,

consegui um contrato com você, estávamos juntos... E agora só

consigo ver dias sombrios pela minha frente.

— Você não acredita em nada do que eu te disse, não é

mesmo?

— Sobre Jennifer ter te apagado? Olha, serei sincera, não

consigo acreditar nessa história, eu teria que ouvir da própria boca

dela isso, mas se você realmente quisesse voltar com ela, se


realmente não quisesse nada comigo, não estaria aqui do meu lado,

não teria atravessado o mundo por mim.

Ele sorri e coloca o dedo na minha têmpora.

— Ei, pequena, por você eu atravessaria o mundo quantas

vezes fosse preciso.

Sorrio ao ouvi-lo e entrelaço minha mão na sua, pode ser que

tudo que Steve tenha dito é verdade, ou não, não tinha como eu

saber nesse momento. E agora, com a morte da minha mãe, tudo

fica mais confuso ainda, porém, eu preciso ser forte, preciso seguir

em frente, e meu sócio está sendo um cavalheiro para mim. Decido

ao menos nesse momento, deixar qualquer rancor de lado e me

agarrar a esperança de dias melhores, então o abraço e ficamos

olhando o pôr do sol, até todos virem para enfim, irmos embora.
31 — A primeira carta

Steve

Ainda estou irado com tudo que Jennifer havia aprontado para

Alexsandra e eu, deveria ter ouvido minha sócia e imaginado que

sair com a minha ex, seria problema.

Não consigo acreditar como que ela conseguiu me colocar na

cama e tirar minha roupa. Eu sabia, no fundo, que tudo não passava

de uma farsa, mas os preservativos no chão me diziam o contrário,

e meu pênis rígido também. Porém, eu faria de tudo para provar a

minha inocência naquela história toda, nem que Jennifer tivesse que

confessar sob ameaça. Eu iria reatar com Alexsandra e assim que o

fizesse, assumiria para todos os tabloides sobre isso, assim Jennifer

não teria como continuar com seus planos malucos para cima de
mim; eu sabia no fundo que era isso que ela estava fazendo: mais

um dos seus planos malignos.

∞∞∞

Quando Nubia me disse sobre a morte da mãe de

Alexsandra, percebi que deveria colocar todo o receio de ver minha

sócia no fundo do meu coração e ir até ela para apoiar nesse

momento tão difícil. Só não imaginei que durante o enterro, quem

acabaria ficando mal seria eu. Vejo a oportunidade de me afastar

daquilo tudo, quando Alex não aguenta ver sua mãe ser enterrada.

O que me animou um pouco foi o papo tranquilo que tivemos,

e após todos voltarem do enterro, seguimos em silêncio para a casa

do senhor Ariel.

Chegamos e assim que entramos, Alexsandra e Nubia

seguem para o andar de cima de mãos dadas e fico na sala, com

meu filho e o pai da minha sócia.


— Vocês aceitam beber alguma coisa? Acho que o momento

exige uma bebida forte, como uísque — diz Ariel em um inglês

perfeito, levanta e prepara três copos para nós, pego um e vejo meu

filho aceitar o outro, Ariel acena para mim e vira a bebida em um

único gole.

Não o culpo por isso, na verdade, é muito comum quando

alguém especial morre, uma pessoa afogar as mágoas na bebida.

Fui um deles, por esse e outros motivos passei no psicólogo por

anos às escondidas. Bebo o líquido âmbar e o pai de Alex enche

mais uma vez para nós, fazendo eu virar a bebida de uma única

vez.

— Sr. Burckhardt, eu sinto muito pelo que esteja passando,

perdi minha esposa muito jovem também, sei como é isso.

Ele me encara por um longo segundo e concorda com a

cabeça.
— Ellie era uma mulher extraordinária, ela amava a vida de

uma maneira que eu nunca vi em ninguém, é tão estranho estar

nessa casa, que conquistamos juntos, sem ela. Na verdade, foi ela

que a escolheu, visitamos tantos imóveis quando viemos para São

Paulo, que eu já estava ficando louco, então quando ela entrou

nessa, foi como se algo mágico estivesse acontecendo, ela virou

para mim e disse “vai ser aqui que vamos criar nossa filha, ela vai

ser o nosso maior orgulho”, e Ellie tinha razão, Alexsandra é o

nosso maior orgulho, uma pena a mãe não ver pessoalmente onde

ela chegou.

— Tenho certeza de que de onde ela estiver, está muito

orgulhosa da filha de vocês — respondo.

Ele concorda e sorri.

— E sua esposa, como foi?

— Câncer também, ela morreu muito nova e rápido, assim

como Ellie, sinto até hoje o mesmo que você está sentindo nesse
momento: indagação. Por que as pessoas que amamos tem que

partir? Por que morrem tão cedo? Mas sabe, Ariel, com o tempo a

dor vai se tornar mais suportável, pode passar cinquenta anos, ela

sempre estará lá, mas bem mais fácil de suportar do que antes. Às

vezes conseguimos até seguir em frente.

Ariel assente e leva o copo até a boca.

— Assim como você conseguiu, não é mesmo? Com

Alexsandra, eu vi os olhares que dá para minha filha.

Pela primeira vez em anos fico sem jeito ao ouvir aquilo,

agora que reparara o quão estranho é falar com o pai da minha

sócia.

— Ah, não é nada disso...

— Ora, Steve, eu não ligo que seja mais velho que minha

filha, o que me importa mesmo é fazê-la feliz, e agradeço

profundamente por ter vindo até aqui, apoiá-la nesse momento tão

difícil.
Apenas assinto sem dizer mais nada, aquilo realmente é

estranho.

— Steve. — Ouço Alex na escada, viro-me, levantando.

— Oi — digo sem graça, Ariel vem até meu lado e bate no

meu ombro.

— Vai lá — sussurra.

— Podemos conversar? — pergunta ainda parada na escada,

concordo e sigo até onde ela está, subindo para seu quarto, Alex

fecha a porta atrás de mim e a encaro.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto sem entender.

— Nada demais, é que Nubia resolveu descansar um pouco e

queria alguém para conversar — diz, concordo e nos sentamos na

sua antiga cama, ambos em silêncio. — Meu pai te encheu muito o

saco?
— Ah, não, só estávamos bebendo um pouco, o luto, sabe

como ele é.

Ela anui e mais uma vez o silêncio paira sobre nós.

— Nós vamos embora quando? — indaga depois de um

tempo.

— Eu não sei, quando você quiser, não precisa voltar agora

para o trabalho, isso pode esperar.

— Preciso ocupar minha mente, sinto que somente

trabalhando, eu vou conseguir seguir em frente com isso, aceitar o

luto tranquilamente.

Aproximo-me dela e pego na sua mão, com o polegar,

acaricio os nós dos seus dedos, então a encaro e passo os dedos

no seu cabelo, contornando seu rosto e parando no seu queixo.

— Alex...

— Steve... — responde com a voz embargada.


Avanço em sua direção e encosto meus lábios nos seus,

Alexsandra não recua, fazendo eu preencher mais ainda nossas

bocas. Invado-a com a minha língua e agarro seu corpo, levanto-a

puxando contra mim e ela entrelaça suas pernas na minha cintura.

Aproximo-me da parede e encosto seu corpo, mordiscando sua

orelha e fazendo uma trilha de beijos até sua clavícula. Alexsandra

apenas geme baixinho ao meu lado, cravando suas unhas nas

minhas costas cobertas com a camiseta polo. Ela a ergue e a retiro,

revelando minhas tatuagens que fazem Alex encher os olhos com

um fogaréu que me dá tesão. Volto a beijá-la e levanto sua blusa, a

arrancando e vendo a renda do sutiã, aquilo me deixa de pau tão

duro, que dói dentro da cueca, então quando estou pronto para

beijar seus seios, algo na minha mente me lembra onde estamos e

tudo que aconteceu nas últimas horas.

Fico petrificado e Alex me encara, sem entender, engulo em

seco e dou de ombros.


— Estou com muita vontade de fazer isso agora, mas creio

que não seja o momento, você está de luto, estamos na casa do seu

pai, e também ainda não resolvemos a questão de Jennifer.

— Você tem razão, acho que isso pode ficar para outra hora

— diz ajeitando sua blusa.

— Então está me dizendo que acredita em mim sobre o que

aconteceu com Jennifer? — pergunto esperançoso.

— Não disse isso, e também não disse que nos acertamos,

mas, enfim, acho que vou tomar um banho — responde correndo

para o banheiro.

Vejo a porta se fechar e dou risada, seguindo para o andar

debaixo após colocar a camiseta e passar a ereção.

“Ah, Alexsandra, podemos estar brigados, mas eu vou te

reconquistar, o intenso desejo que sentimos um pelo outro não vai

acabar assim!”

∞∞∞
Alex

Ainda estou muito abalada com tudo que havia acontecido,

enterrar minha mãe foi uma das coisas mais difíceis que já fiz nessa

vida. Não conseguia ainda acreditar que aquilo realmente estava

acontecendo, parecia mais um sonho ruim, porém, percebo que é

pior que isso, pois é a realidade.

Quando cheguei do enterro, Nubia e eu nos enfiamos no meu

antigo quarto e juntas desabamos, choramos tanto que não havia

mais lágrimas para serem derramadas, então ela decidiu descansar

um pouco no quarto de hóspedes e após me recompor, decidi falar

com Steve.

Só não imaginava que iríamos acabar nos beijando e quase,

graças a Deus só quase, transamos. Então após isso tudo e eu

tomar um longo banho, desço e encontro todos na sala de jantar,

como não tínhamos comido nada o dia todo, me vejo obrigada a

comer uma fatia de pizza que eles haviam comprado. O sabor


diferente da de Nova York invade minha boca e meu estômago

reclama, fazendo eu perceber que estou com fome além do normal.

Como mais duas fatias, todos nós em silêncio, então tomo um copo

gigante de Coca-Cola e sigo para a pequena biblioteca que havia na

nossa casa.

Assim que entro no cômodo tão simples, mas com um

significado enorme para mamãe e eu, meu mundo se abre mais

uma vez. É como se eu voltasse no tempo e ouvisse Enzo dizer que

mamãe havia ido embora para sempre, que nunca mais ela poderia

estar aqui comigo, sentada na poltrona de couro vermelho e gasto,

para ler um livro qualquer, ou até mesmo para tomar uma xícara de

chá, que ela tanto adorava. Lembro de quando ela entrava na nossa

biblioteca e dizia para papai que a aula havia sido maravilhosa, que

seus alunos eram muito exemplares. Como viver sem isso tudo de

agora em diante? Sem o sorriso radiante dela? Do abraço caloroso?

Da risada alegre, e até mesmo das broncas? Eu não conseguia ver


meu mundo sem Ellie, ela era como uma parte fundamental no

planeta, sem mamãe, nada faria sentido.

Sou tirada dos meus pensamentos quando a porta se abre e

encaro meu pai, seu semblante é triste e nas suas mãos tem um

envelope pardo, ele suspira e dá mais um passo na minha direção,

então o abraço e permito as lágrimas continuarem caindo.

∞∞∞

Após um bom tempo chorando, seco minhas lágrimas e me

sento na poltrona de mamãe, papai coloca na minha frente, diante

da mesa, o envelope que tive a absoluta certeza de ser a carta que

mamãe dissera para eu ler após sua morte.

— E as outras?

— Com o tempo eu vou te dando, vamos realizar as últimas

vontades dela — diz.

Concordo e ele sai em silêncio, então pego a carta e vejo na

frente do envelope a letra fina de mamãe.


Para Alexsandra, com amor, mamãe. Após a minha morte.

Abro devagar, receosa do que pudesse ler, desdobro o papel

e a encaro.

Querida filha, é com um enorme pesar que digo a você que

estou morta. Se a carta está nas suas mãos, então você já sabe, e

nesse momento, sua cabeça está cheia de perguntas. A primeira

delas é o motivo de eu não contatar você para dizer sobre meu

estado de saúde, então vou esclarecer algumas coisas para você,

minha menina.

Antes de tudo, peço que não fique brava ou chateada comigo

e seu pai, essa foi a melhor decisão que eu pude tomar nos últimos

tempos, afinal, você não iria gostar de me ver do jeito que estou

agora. Meu cabelo caiu todo, por conta da quimioterapia que

infelizmente não deu certo, eu emagreci demais e tive que deixar de

dar aula. Acho que isso foi pior do que saber realmente que eu
estava com câncer, afinal, você sabe como é importante para mim

ensinar os outros, sabe que acredito ser um dom…

Enfim, com alguns quilos a menos e totalmente careca, não

achei apropriado você, filha, me ver desse jeito, já que você sempre

teve uma visão sobre mim. Lembra-se que me dizia que eu era a

mulher mais linda e espetacular do mundo? Você dizia também que

quando crescesse, queria virar essa mulher, e posso dizer que você

virou, minha menina. Você se transformou na mulher que eu sempre

sonhei, então não fique triste ou chateada por não me ver uma

última vez. Quero que você guarde sempre as melhores memórias

de mim, por favor. Também peço que nunca se sinta culpada pela

minha morte, sei que foi a primeira coisa que pensou, já que a

última vez que nos falamos, a ligação foi rápida. Mas eu entendo,

querida, agora as coisas estão diferentes, você conseguiu seu maior

sonho; fechar esse contrato, e eu jamais te perdoaria se perdesse

essa grande oportunidade. Bem, não posso me alongar por muito

tempo, seu pai acha que até escrever vai me cansar, mas não
pense nisso, tudo bem? Peço que você confie em mim sobre as

próximas cartas, afinal, você vai lê-las no momento certo. Antes do

final dessa, tenho alguns pedidos para te fazer, o primeiro é assistir

“A Culpa é das Estrelas”, a produção foi excelente e lembro até hoje

que você disse que só veria se eu pedisse para você. Bem, estou

pedindo. Também quero que ouça uma música que eu gosto muito,

que se chama “All I Want” da banda Kodaline, toca no filme, e quero

que ouça acompanhada de uma bela taça de vinho, junto de Nubia.

Mas nada de lágrimas, apenas sorrisos e alegrias ao lembrar de

mim. Peço também que continue com seus sonhos, minha pequena,

afinal a vida é feita deles, e jamais se esqueça da promessa que me

fez:

Nunca se esqueça que já foi criança um dia, e lembre-se de

uma única coisa; a gente corre o risco de chorar um pouco quando

se deixa cativar.

Com amor, mamãe…


Termino de ler a carta e a coloco sobre a mesa com os olhos

marejados, vejo a porta ser aberta e Steve entra, seu cabelo está

molhado e usa outra roupa.

Ele se aproxima e coloca os braços tatuados dentro dos

bolsos da calça.

— Está tudo bem? — pergunta.

“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa

cativar”, novamente as palavras ecoam na minha cabeça e penso

na mamãe. Se ela soubesse de Steve, que não teve a oportunidade

de conhecer, diria para eu dar uma outra chance a ele, mesmo com

tudo que eu havia visto. Ela diria que, se ele está dizendo que não

fez, eu deveria acreditar em suas palavras.

Aproximo-me de Steve e o abraço, sentindo seus fortes

braços me envolverem.

— Sim, está — digo sorrindo.


“Eu vou fazer o que me pediu, mamãe, vou fazer, eu prometo,

e você vai se orgulhar ainda mais de mim, de onde estiver.”

Sorrio e Steve retribui, depositando um beijo suave na minha

testa, então ficamos um bom tempo parados, apenas contemplando

os diversos livros de mamãe.


32 — Dia triste

O dia está chuvoso em São Paulo, a viagem para minha volta

já está marcada, mas parece que algo me diz para não ir. Após

perder minha mãe e ler a carta que deixou para mim, percebo que a

vida é uma caixinha de Pandora, ela te traz coisas maravilhosas

como um contrato milionário que seria o sonho de qualquer um, mas

como se fosse uma troca injusta e dolorosa, algum lado sempre

perde.

E eu perdi.

Perdi minha mãe da pior maneira possível, para uma doença

que ela sequer teve a chance de lutar para vencer. Enquanto eu

estava do outro lado do mundo, vivendo meu sonho e transando


com meu sócio, mamãe estava aqui, na nossa casa, no lar que ela

sempre detestou encontrar bagunçado, definhando...

Se ela estivesse neste momento aqui, e visse eu encarar

tranquilamente a janela do meu quarto, vendo a chuva cair, pegaria

na minha mão e perguntaria o que estava acontecendo. E eu

choraria em seus braços como uma criança quando perde o doce, e

diria que minhas lágrimas são por causa de Steve Forbes. Mesmo

após a nossa conversa e eu ter decidido dar uma chance a ele,

ainda bate em minha mente a cena que o encontrei; deitado pelado

ao lado de Jeniffer como se tivessem acabado de transar. E claro,

as camisinhas no chão mostravam realmente que aquilo era

verdade, e com isso, eu me sentia traída.

Traída por Steve Forbes e por mamãe, que me deixou para

sempre nesse mundo tão cruel.

Mas fora isso tudo, havia coisas boas, minha amiga Nubia

está comigo neste momento tão difícil. E estar ao lado do meu pai,
faz eu me sentir feliz, mesmo que seja por conta da morte da

mamãe.

Continuo olhando para a janela, o barulho da chuva é o único

som que escuto após conversar com Steve, disse a ele que iria para

meu quarto porque queria ficar um tempo sozinha e pensar em tudo

que estava acontecendo. Ele não se negou em fazer o que pedi, e

foi assim que me mantive nos últimos quatro dias seguidos, apenas

saindo para ir ao banheiro tomar banho e fazer minhas

necessidades matinais. Até mesmo a minha refeição eu fazia no

quarto, isso quando eu comia alguma coisa de verdade, porque tudo

que me traziam, levavam de volta intacto.

O barulho do meu celular tocando me traz para uma realidade

dolorosa e angustiante, vou até o aparelho e o pego, vendo que é

dona Lourdes me ligando.

Nos últimos dias, ela está sendo uma amiga e tanto para mim,

afinal, a sua nora já falecida, havia morrido justamente de câncer.


— Dona Lourdes, que bom te ouvir — digo com a voz

embargada.

— Querida, como está se sentindo? Steve me ligou hoje, está

preocupado com você, assim como todos estão.

Ouvir a voz doce e gentil de dona Lourdes me acalma

bastante, é como se eu estivesse falando com uma versão um

pouco mais velha de mamãe.

— Estou me recuperando, já marcamos nossa volta, vamos

embora assim que amanhecer, o tempo aqui está horrível para viajar

de avião.

— Entendo, querida, isso é bom, estarei te esperando para

apoiá-la no que precisar.

Sorrio e uma lágrima escorre pelo meu rosto, era tão bom

ouvir aquilo de alguém, não que eu não estivesse tendo apoio,

Nubia, Steve, Henry e papai estavam apoiando-me muito naquilo


tudo, porém dona Lourdes era diferente. A conexão que

estabelecera com ela era algo fora do comum.

— Estou ansiosa para vê-la novamente — digo, secando as

lágrimas que insistem em descer.

— Ah, querida, eu também, você vai precisar ser muito forte,

muito além do que imagina, me entendeu?

Entendo o que ela quer dizer, é claro que eu teria que ser

forte, a dor que sinto irá cessar em algum momento, mas nunca

passar.

— Preciso desligar, tenho alguns assuntos para resolver, nos

vemos amanhã.

Dona Lourdes se despede e desligo, jogo o celular na cama e

volto a encarar a janela, vendo a água escorrer por ela como se

fossem lágrimas.

∞∞∞
Depois de ficar olhando para a janela, resolvo tomar um

banho e analisar alguns fatos. Primeiro: mamãe não iria querer que

eu ficasse isolada para o resto de minha vida, ela iria odiar se

soubesse que eu estava trancada no meu quarto, chorando pelos

cantos. Segundo, eu precisava tentar me recompor ao máximo,

afinal voltaria em poucas horas para Nova York e precisaria de

forças para trabalhar, eu não pretendia deixar meus projetos de lado

nem por um minuto. Terceiro, tenho sonhos para realizar, precisava

começar a tirar alguns projetos de dentro da gaveta e colocar em

prática, afinal fora para isso que eu batalhei tanto por esse contrato

com Steve Forbes. Quarto, realizaria os pedidos de mamãe, não

seria fácil guardar cada carta para o momento exigido, mas faria de

tudo para fazer o que me foi pedido. Isso se um dia eu casasse e

tivesse filho. Quinto e último, Nubia precisava de mim, eu havia

prometido para ela que juntas montaríamos seu primeiro

restaurante, então por que não me enfiar nisso tudo e esquecer um

pouco da dor?
Mas aí lembro de uma frase famosa em “O Pequeno

Príncipe”:

“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa

cativar”

E essa é frase mais sensata que eu ouvira nos últimos

tempos.
33 — Jantar fora de casa

Alex

Decido após o banho que eu preciso sair um pouco de casa,

mesmo estando uma chuva fortíssima do lado de fora. Então coloco

uma calça jeans, camiseta, blusa de frio, tênis e pego meu celular,

saindo do quarto logo em seguida. Ouço o burburinho do pessoal

conversando no andar debaixo e desço, assim que chego à sala,

sou recebida com os olhares espantados.

— Filha — diz meu pai vindo até a mim.

O abraço e mais uma vez sinto vontade de chorar, porém me

contenho.

— Está tudo bem, pai, não se preocupe.


— Você tem certeza? Não parou de chorar desde que leu

aquela carta que sua mãe deixou, estávamos preocupados já.

É verdade, mas como não chorar com aquelas palavras?

Saber que mamãe pensou minuciosamente a ponto de deixar cartas

para eu ler após sua morte, deixa-me sem nenhuma estrutura.

— Agora está tudo bem — afirmo, sabendo que não é

verdade.

Nu vem até mim e segura minhas mãos, formando um sorriso.

— Não posso dizer que vai ficar tudo bem, porque sabemos

que por enquanto não vai, mas conte comigo para tudo.

A abraço e meus olhos marejam.

— Mamãe te amava como uma filha, e você sabe que te

considero como uma irmã — respondo, ela concorda e encaro

Steve, que está sério.


Por um momento perco o ar ao vê-lo parado, com as mãos

nos bolsos da calça jeans, a camiseta preta e o cabelo penteado

para trás. Os fios grisalhos se destacam assim como suas

tatuagens.

Ele vem até mim e dá de ombros.

— Espero que esteja me odiando um pouco menos —

comenta baixo, os outros nos observam e fico sem graça.

— Tá legal, pessoal, que tal irmos preparar um café? —

pergunta Nu, puxando meu pai e Henry pelos braços.

— Eu nem falei com a Alexsandra ainda — responde Henry

bravo.

— Você fala depois, meu bem, agora ela vai ter uma conversa

séria com seu pai.

Agradeço minha amiga mentalmente e volto a encarar meu

sócio.
— Eu não te odeio, Steve — respondo finalmente.

Ele me encara e seus olhos brilham, parecendo duas

labaredas.

— Achei que estávamos nos entendendo novamente, sei lá,

mas aí você pediu para ficar sozinha e fiquei com...

— Isso não é sobre você, Steve, tá legal? Eu acabei de

perder minha mãe, você quer que eu me sinta como? E outra, além

disso, eu encontrei você na cama com a Jennifer! Não posso te

cobrar muita coisa, porque somos apenas sócios, mas aquele dia,

na praça, você... você deu a entender que tentaríamos algo!

Sinto-me um tanto nervosa e confusa, eu queria poder

simplesmente esquecer aquilo tudo e voltar a ficar com Steve, mas

me lembrar da cena que eu havia visto, me deixa enojada.

— Eu desisto de dizer para você que foi uma armação, você

não vai acreditar mesmo, mas, por favor, eu só quero deixar claro
que eu não gosto da Jennifer e sim de você. — Suas palavras são

uma súplica, o que faz eu recuar.

— Você diz que foi armação, mas as camisinhas, Steve,

dizem o contrário — argumento. — Podemos fazer o seguinte.

— Diga.

— Nós somos apenas sócios, certo? Tudo bem que eu sinto

um desejo por você descontrolado, mas não podemos ter nada além

de algo casual pelo menos por um tempo, já perdi muita coisa, não

quero perder mais.

Ele ergue a sobrancelha e assente.

— Estou te ouvindo.

— Podemos ter algo casual, como, sairmos, transarmos, mas

nada além disso, e mais, não sou exclusivamente sua, me entende?

— Eu não quero entender — diz.


— O que eu quero dizer é que eu vou transar com quem eu

quiser, além de você.

∞∞∞

Steve

Na minha carreira de mulherengo, eu conheci muitas

mulheres incríveis e outras nem tanto, antes de casar, namorei uma

garota que parecia ser incrível nos primeiros dias, mas depois se

mostrou ser uma tremenda louca. Quando terminei com ela para

ficar com a mãe do meu filho, ela tentou interromper nosso

casamento, mas sem sucesso. Após a morte da mãe de Henry,

decidi me aventurar um pouco por outros lugares, nisso, conheci um

rapaz encantador que me tornou um homem melhor e feliz por um

tempo, porém como nem tudo é um mar de rosas, ele queria

relacionamento e eu algo casual, além disso, ele decidiu ir embora

para outro país e acabamos nos separando definitivamente.

Ninguém nunca soube dele. E então eu conheci Jennifer, uma linda


atriz negra que me encantou logo de início. Nos conhecemos em um

dos seus lançamentos, que fui convidado por um amigo nosso em

comum, no mesmo dia que nos vimos, ela acabou parando na

minha cama, e por um momento acreditei que enfim, havia

conhecido a pessoa perfeita para mim.

Anunciamos nosso namoro para a imprensa e ficamos noivos,

mamãe nunca gostou muito dela, mas eu a adorava, idolatrava,

sentia que enfim aquele buraco que minha esposa falecida havia

deixado dentro de mim, seria ocupado por outra mulher. E então eu

descobri que Jennifer havia me traído, e além disso, feito algo em

prol da sua carreira sem me consultar, coisa que não consigo

pensar em dizer em voz alta.

Após isso tudo, rompemos nosso noivado e desisti de me

relacionar, até o dia em que eu esbarrei em Alexsandra Burckhardt.

Ver aquela mulher fez eu perder todos os meus sentidos, não

havia sequer um minuto que eu não pensava nela, ainda mais após
ficarmos pela primeira vez. Tentei me manter no controle da

situação, não gostar dela tanto, mas era impossível. E Jennifer

entrou no nosso caminho, acabando com todas as esperanças que

eu tinha de ter algo a mais com minha sócia. Porém, diante dela,

após tudo que passou nos últimos dias, eu acabava de ter a certeza

de que não adiantaria nada eu lutar para mostrar a verdade a ela,

Alexsandra não seria mais minha.

— Você está me dizendo que além de transar comigo, vai

transar com outros caras? — pergunto nervoso.

— Não digo transar, mas posso sim sair com outros, assim

como você pode ficar com a Jennifer — me responde séria.

Suspiro e nego.

— Eu não quero a Jennifer, quero você!

Alex me encara e dá de ombros.

— Não vamos discutir sobre isso, tudo bem? Estava

pensando em chamar o pessoal para jantarmos em algum lugar, no


restaurante favorito de mamãe, quem sabe.

Tento me controlar e concordo, isso não ficará desse jeito, eu

farei de tudo para Alexsandra ver que o que está sugerindo é um

erro, mostrarei para Alex que eu gosto muito dela e lutarei por nós.

∞∞∞

Alex

Após a conversa com Steve, me sinto um pouco melhor ao

ver como ele ficou nervoso com a minha sugestão, não que eu

pretendesse ficar com outras pessoas ou algo parecido, mas foi a

maneira que eu encontrei para provocá-lo.

Então, após muita indecisão, chamei todos e disse para irmos

jantar no restaurante que mamãe tanto adorava, que ficava na zona

leste de São Paulo. Era um lugar simples, com uma fachada

encardida escrito “Restaurante da Vovó”, onde serviam uma

deliciosa lasanha e também um frango frito divino. Muitas vezes eu

fora ali com minha mãe após sair da escola e dizer que estava com
fome. Isso se repetia tanto que tínhamos uma mesa em especial

que era só nossa, ficava próximo de uma janela que do outro lado,

revelava um jardinzinho simples com roseiras. Mamãe adorava

comer olhando para elas, dizendo que eu era a mais bela de todas

as flores.

Então, em homenagem a ela, fomos até lá, e assim que

chegamos, para meu alívio, a mesa estava desocupada. O dono, o

senhor Maycon, me encara e dá um sorriso triste, vindo em minha

direção.

— Fiquei sabendo o que aconteceu, eu sinto muito, menina.

— Sorrio ao ouvi-lo me chamar dessa maneira, era o jeito que

mamãe me chamava quando vínhamos comer aqui.

— Obrigada, sr. Maycon, mamãe adorava aqui, então vim em

homenagem a ela.

Ele assente e segura minhas mãos.


— O jantar hoje será por minha conta, escolha o que quiser, e

a mesa de vocês está reservada. Faz uns dias que a deixei com a

placa de reserva, algo me dizia que você viria aqui uma hora ou

outra.

Sorrio grata e aponto para os meus acompanhantes.

— Deixa eu te apresentar, meu amigo Henry e meu sócio

Steve, eles vieram de Nova York, então capricha na comida.

Steve e Henry o cumprimentam em um português falho e

sorrimos.

— Papai e Nu o senhor já conhece.

— Sim, como eu poderia me esquecer desse sorriso

encantador de Nubia — diz, abraçando-a.

— É muito bom revê-lo, sr. Maycon, onde está sua esposa?

— Tomando conta das panelas, como sempre, depois eu digo

para ela ir cumprimentar vocês, agora vão se aconchegando à mesa


que irei mandar servir aquele vinho que somente Ellie adorava.

Agradeço e seguimos até a mesa, nos sentamos, com Steve

ficando ao meu lado, Nubia de frente para mim com Henry ao seu

lado, e papai na ponta da mesa. Encaro a janela e vejo a chuva cair

sobre as rosas, pensando que talvez elas também estivessem

tristes em saber que Ellie nunca mais viria até aqui para elogiá-las.

∞∞∞

Não demora muito e o sr. Maycon traz para nós duas garrafas

de um vinho suave que mamãe tanto adorava. Era uma lei dela vir

comer comigo aqui e tomar nem que fosse meia taça, o que acabou

tornando um hábito até eu ir para Nova York atrás dos meus

sonhos. Eu não sabia se mamãe continuou frequentando o

restaurante enquanto eu estive fora, mas preferia não saber que ela

se sentou aqui, sem mim. Então, tentando me distrair um pouco de

toda a loucura que ocupa minha mente nos últimos dias, ergo a taça

com o líquido e olho para cada um.


— Antes de bebermos, eu gostaria de fazer um brinde em

homenagem à minha mãe — digo, vendo cada um me observar.

— Diga, minha filha — responde papai.

— Minha mãe me trazia aqui desde pequena, quando eu

ainda estava no colégio. Foi em um dia chuvoso, como esse, que

passamos pela primeira vez naquela porta e depois disso, vínhamos

no mínimo uma vez por semana comer a lasanha daqui. Ela dizia

para mim que a comida aqui era feita com amor e magia, e eu

acreditava nisso.

“Não perdemos o hábito de vir até aqui uma vez na semana,

mesmo quando eu já estava finalizando o ensino médio. Mamãe

fazia questão de sair da aula e ir me buscar, principalmente quando

estava chateada com alguma coisa; ela dizia que eu necessitava de

uma lasanha feita com amor e magia.

Então, sempre que chegávamos, pedíamos a lasanha e ela

uma taça de vinho, quando ia falar comigo, me chamava de


‘menina’, o que fez virar um apelido por um bom tempo.

Sabem, eu amava vir aqui com minha mãe, amava o jeito que

ela levava as coisas, mesmo não tendo uma notícia boa, ela sempre

estava com o sorriso no rosto. E hoje, nesse dia tão triste e solitário,

eu gostaria de fazer um brinde em homenagem a ela. Para que

mamãe saiba, de onde estiver, que eu a amo mais que tudo nessa

vida, e agradeço pela mulher que ela me tornou.”

Termino de falar e todos erguem suas taças, batem na minha

brindando e bebo o vinho, sentindo o gosto suave invadir minha

boca. Ao finalizar, deixo a taça sobre a mesa e somos servidos com

a lasanha, que todos gostam e elogiam ao sr. Maycon e sua esposa

Judith que vem nos cumprimentar e me dar suas condolências.

Após comermos, bebermos e conversarmos sobre

lembranças de mamãe, decido que está na hora de ir embora, já

que em poucas horas iremos voltar para Nova York. Me despeço do

casal amoroso que sempre nos serviu e analiso o local atentamente,


observando as rosas molhadas. A chuva cessa e saímos do

restaurante, sinto meu coração, de alguma maneira, um pouco mais

calmo, desejando que seja mamãe.

Quando finalmente chegamos em casa, começo a

organização das malas e sento na cama aliviada quando termino,

olhando meu quarto e ouvindo a voz de mamãe na minha cabeça.

— Filha. — Ouço a batida na porta e papai entra, noto que na

sua mão têm dois envelopes, ele sorri e aponto para o meu lado,

onde se senta. — Como você está?

— Mais calma, obrigada. — O abraço e ele beija o alto da

minha cabeça, entregando-me os envelopes.

Analiso e vejo escrito no primeiro “a segunda carta”, no outro,

na mesma caligrafia, “a terceira carta.”

— Pensei que só me entregaria no tempo certo — digo e ele

dá de ombros.
— Pensei isso também, mas acho que é melhor levá-las com

você, só quero que prometa que irá ler no momento certo.

— E se o momento certo nunca chegar, papai? E se eu não

me casar e nem ter um filho como mamãe supôs?

Ele me encara e suspira, segurando minha mão.

— Caso isso aconteça, você me devolve as cartas e eu as

queimo — diz e arregalo os olhos.

— Queimar?

— Foi um pedido da sua mãe para mim — comenta. — Ela

me disse que as palavras que há nessas cartas são justamente para

esses momentos da sua vida, mas caso não aconteça, era para eu

queimar, como se nunca tivessem existido.

Fico chocada ao ouvir o que ele diz e aperto os envelopes

pardos contra meu peito.


Não posso permitir que isso aconteça, eu preciso ler essas

cartas e saber o que mamãe disse nelas.

— Ellie sempre pensando em tudo — murmuro e ele concorda

rindo.

— Você puxou sua mãe totalmente, as duas são muito

parecidas. — Vejo seu sorriso falhar e papai suspira. — Filha, sei

que ainda é cedo para falar sobre isso, mas você sabe melhor que

ninguém o meu desejo de voltar para meu país.

Concordo, sentindo medo de onde esta conversa irá nos

levar.

— O que pretende, papai?

— Estava pensando em passar uns tempos na Nigéria — fala.

— Estou aposentado, não tenho mais sua mãe e nem você por

perto, ficar aqui, onde construímos todas as nossas lembranças,

será o fim para mim.


Aperto sua mão e concordo, sei que está sendo difícil para ele

isso tudo, ainda mais que papai participou do processo da doença

de mamãe, algo que ela quis me evitar.

— E a casa?

— Deixarei alguém de confiança cuidando, sei que você tem

a sua em Nova York e isso tudo aqui irá te pertencer, então a

decisão será sua se iremos vender ou não.

Fico em silêncio ao ouvir o que diz.

Vender a casa onde passei boa parte da minha vida?

Atualmente, levando em consideração tudo que estamos

passando, não me parece uma má ideia, no entanto, não sei se

seria prudente tomar essa decisão agora.

— Não quero ter que decidir isso agora, pai — respondo e ele

assente.

— Leve o tempo que for preciso, querida.


— Você viaja quando?

— Assim que você voltar para Nova York, já comprei minha

passagem e cuidei da minha hospedagem, ficarei com alguns

parentes distantes.

— Se isso vai fazê-lo feliz, papai, eu apoio a sua decisão.

O abraço apertado e choramos juntos.

— Obrigado, minha filha, e não se preocupe, se você

realmente for se casar, estarei lá, assim como no nascimento do seu

suposto filho.

Rimos e assinto.

— Preciso pegar o DVD de “A Culpa é das Estrelas”, mamãe

pediu que eu visse o filme com Nubia.

Ele concorda e sorri.

— Então eu acho que é melhor você fazer isso logo — diz.


34 — Volta

Meu coração acelera mais do que o normal quando vou até

as coisas de mamãe e pego o DVD de “A Culpa é das Estrelas”.

Abraço-o e suspiro, seguindo até sua cômoda e pegando o frasco

do seu perfume de flores. Aplico um pouco sobre a pele e sinto o

seu delicioso cheiro, vendo papai entrar no quarto e me encarar.

— Se quiser você pode levá-lo — diz e sorrio, grata.

— Obrigada, papai, prometa que entrará em contato comigo

quando estiver na Nigéria — peço e ele assente.

— Eu te amo, minha filha. — Sorri e sentamos na sua cama.

— Quero perguntar uma coisa.

— O quê? — indago.
— É sobre você e Steve — fala. — Sei que está rolando

alguma coisa entre os dois.

Sinto meu rosto corar e dou de ombros.

— Somos apenas sócios, papai.

— Tem certeza disso? Quero dizer, você pode ser sincera

comigo, não ligarei se estiverem saindo, ele parece ser uma boa

pessoa.

E realmente é, mas se papai soubesse tudo o que aconteceu

quando ainda estava em Nova York, iria continuar gostando de

Steve?

— Não estamos passando por uma fase muito boa — digo e

ele anui.

— Espero que se resolvam e desejo de coração que sejam

felizes — fala segurando minha mão.


— Você acha que combinamos juntos? — decido perguntar e

ele assente.

— Quando um homem atravessa o mundo por você, pode ter

certeza de que é o cara certo.

Sorrio com isso e vou abraçá-lo.

— Eu te amo, pai, sentirei sua falta.

— Nos veremos em breve, querida, não se preocupe.

Levanto de sua cama e sigo até a porta, o encaro e sorrindo,

vou para o meu quarto, guardando o DVD na minha mala.

Vou voltar para casa com o coração apertado, mas com a

certeza de que, onde mamãe estiver, tem orgulho da mulher que

sou.

∞∞∞

Meu coração aperta quando estamos no aeroporto, prontos

para embarcar e abraço papai, percebendo que nunca mais mamãe


estará conosco.

— Fique bem, minha filha, ela iria querer isso — pede e anuo.

— Obrigada, papai, amo muito você, cuide-se na Nigéria.

Nubia se despede de papai e logo em seguida Henry e por

último Steve.

— Steve, posso falar com você a sós por um minuto? —

pergunta papai e os dois se afastam, observo-os ao longe e Nu se

aproxima.

— O que será que estão conversando? — indaga e dou de

ombros.

— Não faço ideia, mas duvido que papai deixará ele me

contar, se fosse assim, falaria na nossa frente.

Minha amiga assente e nosso voo é anunciado, penso nas

lembranças que deixei à casa onde cresci antes de sair e mais uma

vez meu coração se aperta.


— Nosso voo já vai sair — diz Steve, aproximando-se com

papai, volto a abraçá-lo mais uma vez e vamos para o portão de

embarque.

— Eu amo vocês — grita, despedindo-se de nós.

— Eu também amo você, papai — respondo, enxugando as

lágrimas que rolam pelo meu rosto.

Dou as costas seguindo para o voo ao lado de Nubia e Steve

deposita sua mão na minha cintura, seu filho fazendo o mesmo com

minha amiga.

— Vamos, Alex, vou levá-la para casa — diz e concordo,

entrando no avião.

∞∞∞

O voo é tranquilo, a maior parte do tempo passo dormindo e

tenho pesadelos com mamãe, quando acordo, estamos pousando e

sinto meu corpo todo dolorido por ficar tantas horas na poltrona.

Steve está sentado ao meu lado, mexe no celular, enquanto minha


amiga e Henry estão do outro, abraçados, o que faz eu sorrir feito

boba.

Mamãe iria gostar de conhecer Henry, tenho certeza disso,

assim como Steve, que diria ser um partidão.

Quando finalmente somos liberados, saio com Steve ao meu

lado e seguro minha respiração, descendo a pequena escada,

sentindo a brisa fria bater em mim. Suspiro, conto até três

mentalmente e entro no automático, apenas andando por falta de

opção e pegando minhas coisas. Quando vejo, estamos em um táxi

apertados e cerca de uma hora depois, o veículo para em frente à

minha casa.

Saio após Nubia pagar e encaro a porta, sentindo meu corpo

dormente, Steve percebe que tem algo acontecendo e me ajuda

com as malas, colocando-as para dentro.

— Precisam de alguma coisa? — questiona e Nu nega.


— Obrigada por terem nos acompanhado — agradeço e

sento no sofá.

— Alex. — Sua voz me desperta e encaro meu sócio. —

Fique bem.

— Obrigada, nos vemos amanhã na empresa — digo e ele

nega com a cabeça.

— Não precisa ir, sério, descanse um pouco mais, quando

estiver pronta, você volta.

Somente neste momento percebo que ele tem razão, não

adianta eu querer fazer algo que não conseguirei, então apenas

assinto e os dois se despedem, indo embora e deixando-nos

sozinhas.

— Vou preparar um chá para você — fala Nu e agradeço,

encolhendo-me no sofá e pensando na mamãe.

Envio uma mensagem ao meu pai dizendo que chegamos em

segurança e ele diz que me ama, prometendo que avisará quando


for viajar. Aproveito e olho as últimas mensagens que troquei com

mamãe, pensando em como a vida é uma loucura.

Realmente não somos nada além de um simples sopro, hoje

estamos juntos e amanhã nada mais existe.

Enxugo meus olhos dizendo a mim mesma que mamãe não

iria querer que eu ficasse dessa forma e um tempo depois, Nu me

entrega uma xícara.

— Obrigada, amiga — agradeço ao beber um gole e ela sorri.

— Vou levar as malas pra cima, beba seu chá e vai

descansar, você precisa.

Mais uma vez agradeço e ela carrega as malas, sobe a

escada e a perco de vista, finalizo meu chá e resolvo ir para o meu

quarto, encontrando minhas malas nele. Abro-as e retiro o DVD e o

perfume de mamãe. Borrifo no ar inalando o cheiro e Nu surge, o

sorriso vacilante.

— Esse perfume é inesquecível — diz e concordo.


— Mamãe o adorava, seu cheiro é delicioso.

Deito-me na cama e minha melhor amiga me acompanha,

juntas ficamos olhando para o teto, inalando o cheiro do perfume de

mamãe e adormecemos.

∞∞∞

Acordo e percebo que já está de dia, Nubia dorme

tranquilamente ao meu lado e bocejo, levantando e indo até o

banheiro. Faço minhas necessidades matinais e assim que saio do

banheiro, ela entra, sigo para o andar debaixo e começo a preparar

nosso café, colocando torradas para esquentar.

Minha amiga surge na cozinha e se aproxima, nos abraçamos

e ela me encara.

— Como você está?

— Acredito que um dia após o outro a dor vai diminuir — falo

e ela concorda.
— Você vai trabalhar? — indaga.

Reflito sobre isso e nego com a cabeça, Steve está certo, eu

preciso desse descanso para colocar minha cabeça no lugar, sei

que mesmo longe, os negócios não irão parar.

— Hoje quero tirar o dia para comer chocolate, tomar um

vinho e assistir a algum filme — digo e nos sentamos na ilha da

cozinha, começando a comer.

Mordo um pedaço da torrada e não sinto gosto de nada, é

como se eu ainda estivesse no automático, e quando termino o café,

organizo a limpeza com a ajuda de Nubia. Aproveito para limpar

toda a casa, uso alvejante em quase tudo, troco os lençóis, até

mesmo do quarto de hóspedes, e lavo roupa. Assim que sai seca,

organizo no lugar e percebo que a hora passou voando, então Nu

pede comida chinesa para nós e me delicio com o sabor. Meu

coração acelera cada vez mais e decido pegar meu celular, vejo que

tem mensagens de Steve, papai e dos meus sócios, prestando


condolências em relação à morte da mamãe. Respondo todos no

automático, apenas agradecendo e analiso mais de uma vez a

mensagem de Steve Forbes.

Sócio: Espero que esteja bem, no que precisar,

independentemente de tudo, estou aqui, pequena. Espero que

possamos algum dia nos resolver, sinto sua falta.

Deixo o celular de lado e suspiro, observando minha amiga

me encarar.

— O que foi? — questiona e dou de ombros.

— Olha a mensagem que Steve me mandou.

Mostro para ela que arregala os olhos e suspira.

— Você acha mesmo que ele transou com a Jennifer, Alex?

— Eu não quero acreditar nisso, mas contra fatos não há

argumentos, eu vi os dois na cama. — Suspiro tristonha e ela

concorda.
— Espero que isso tudo seja um mal-entendido — balbucia.

— Eu também espero.

∞∞∞

Encaro a taça de vinho sobre a mesa, o DVD ao seu lado e

suspiro, ouvindo Kodaline nas caixas de som. Mesmo já bebendo

antes — no restaurante em São Paulo — sinto-me estranha ao

pensar que mamãe me pedira isso.

Beber vinho e ouvir música?

Sério mesmo?

— Você não está prestando atenção na letra — fala Nubia,

com sua taça na mão, ela pausa o som e suspiro.

— Você está certa, me desculpe — respondo dando de

ombros.

— Vou recomeçar, se sua mãe pediu que ouvisse, com

certeza tem algum significado.


Penso sobre o que diz e anuo, sabendo que ela está certa.

Mamãe sempre gostou de usar esses métodos para transmitir

alguma mensagem, fosse em filmes, livros e música.

— Pode colocar, estou pronta.

Ela anui e dá play na música, ouço o toque inicial e sinto um

arrepio percorrer cada parte do meu corpo. Presto atenção na letra

e suspiro:

Tudo o que eu quero é nada além

De ouvir você bater em minha porta

Pois se eu pudesse ver seu rosto, só mais uma vez

Poderia morrer um homem feliz, tenho certeza

Quando você disse seu último adeus

Eu morri um pouco por dentro

Eu deito na cama chorando todas as noites

Sozinho, sem ter você ao meu lado


Mas se você me amava

Por que me deixou?

Sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto e Nubia me abraça.

— Não esqueça, ela quer ver você sorrindo — diz e meneio a

cabeça, pegando a taça e virando-me para ela.

— Um brinde, Nu, à vida — digo.

Batemos nossas taças e bebo, aprofundando-me na canção,

seco as lágrimas e sorrio ao pensar na mamãe, desejando que onde

ela estiver, esteja bem.

Mas se você me amava

Por que me deixou?

Tome meu corpo, tome meu corpo

Tudo o que quero e tudo o que preciso

É achar alguém
Eu acharei alguém como você
35 — No automático

Depois de ouvirmos a música e bebermos uma garrafa de

vinho, conversamos um pouco, rindo ao nos lembrarmos dos

momentos divertidos que passamos com mamãe.

Quando está anoitecendo, resolvemos pedir pizza e enquanto

não chega, vejo meu celular, enviando a Steve um coraçãozinho em

agradecimento às suas palavras.

Deixo o aparelho de lado e Nu atende a porta, pega a pizza e

traz até a mesa de centro, entregando-me.

— Vou pegar refrigerante — diz, correndo até a cozinha e

voltando com duas latas de Coca-Cola. Pego uma de sua mão e

abro, bebericando, ajeito-me no chão da sala e abro a caixa,


inalando o delicioso cheiro da pizza, pego uma fatia e levo à boca,

soltando um suspiro.

— Eu amo a pizza de São Paulo, mas esta daqui é

sensacional — digo, lambuzando-me, Nu sorri e a encaro. — O que

foi, eu me sujei?

— Não, é que é bom vê-la feliz pelo menos por um tempo,

estava com saudades do seu sorriso. — Sorrio ao engolir e dou de

ombros.

— Estou tentando fazer o que mamãe pediu, sei que ela não

iria gostar de me ver dessa forma.

— Tia Ellie estaria orgulhosa de você, amiga — diz e come

um pedaço da pizza. — Agora que tal enquanto comemos,

assistirmos “A Culpa é das Estrelas”?

Penso sobre isso e concordo, vendo-a colocar o DVD.

O filme começa enquanto continuamos comendo e sinto meu

corpo retesar, tento não pensar muito em mamãe e na sua morte,


mas é difícil por conta do que estamos assistindo. Divirto-me em

algumas partes e até mesmo chego a rir, distraindo-me com isso e

esquecendo as últimas lembranças ruins, quando está quase

chegando no final, Nubia e eu choramos tanto que meus olhos

doem, o que me faz soluçar.

— Ai, esse filme é lindo, é tudo que precisávamos, tia Ellie

sabia o que estava nos pedindo.

Reflito sobre isso e vejo que Nubia tem razão, mamãe pediu

para assistirmos esse filme justamente para utilizarmos como uma

maneira de superarmos a dor da sua perda. No final das contas,

Nubia e eu somos duas Hazel Grace quebradas, e teremos que

superar as dificuldades da vida e seguirmos em frente, assim como

a personagem do filme fez.

Ou pelo menos é isso que eu acho, já que não mostra

realmente o seu final.


— Acho que John Green deveria fazer outro livro — digo e Nu

dá de ombros.

— Para chorarmos ainda mais? Não, obrigada.

Rimos e ouço meu celular tocar, o pego e vejo que é Steve,

suspiro e minha amiga me encara.

— Uma hora ou outra você vai ter que atender — diz.

Percebo que Nubia tem razão e resolvo atender o telefone,

ouvindo a voz suave de Steve do outro lado da linha:

— Alexsandra, que bom que atendeu, como você está? —

indaga.

— Oi, Steve, estou melhor, obrigada por perguntar —

respondo com o sorriso se formando.

— Isso é bom, quando estiver pronta, a empresa estará te

esperando — balbucia.
— Bem, como hoje é sexta, deixarei o final de semana passar

e segunda retorno — falo e ouço sua respiração do outro lado.

— Eu estarei lá para você — responde e sorrio ainda mais. —

O que está fazendo?

— Nada demais, terminei agora de assistir um filme com Nu

— respondo.

— Vocês topam sair para tomarmos uma cerveja? Henry está

louco para ver Nubia, mas não diz isso a ela.

Rio e encaro minha amiga.

— Steve, eu...

— Tudo bem, foi imprudência minha chamá-la para beber

nesse momento...

— Eu ia dizer que é para você passar aqui em meia hora, o

que acha? É tempo de Nu e eu nos arrumarmos.

— S-sério? — Sua voz falha e rio.


— Sim, te vejo daqui a pouco.

Encerro a ligação e Nu me observa.

— Como assim “é tempo de Nu e eu nos arrumarmos”? —

indaga sorrindo.

— Steve nos convidou para tomar uma cerveja, ele disse que

Henry está louco para te ver — respondo e rimos.

— Certo, então acho melhor irmos nos vestir.

∞∞∞

— Você acha isso uma boa ideia? — pergunto, olhando-me

na frente do espelho.

Uso um vestidinho preto colado ao corpo abaixo do joelho,

nos pés coloco um saltinho e prendo meu cabelo no meu famoso

coque frouxo, a maquiagem é leve, apenas para disfarçar as

olheiras.
— Claro que sim, você está linda — diz Nu já pronta, usa

botina, uma camisa preta e shortinho. — Sua mãe iria querer ver

você bem, amiga.

Vejo que ela está certa e assinto.

— Tudo bem, vamos torcer para essa noite ser divertida.


36 — Distrações

Steve chega com Henry no tempo certo e seus olhos brilham

quando me observa.

— Alex, você está linda — diz sorridente. — E esse perfume...

— Pertencia à minha mãe — digo sorrindo. — Você também

está muito elegante.

Ele usa calça jeans, botinas, camiseta e uma jaqueta preta de

couro, seu cabelo está bem alinhado para trás, os fios brancos

destacando-se, sua barba espessa bem alinhada como sempre.

Henry se aproxima e cumprimenta Nubia com um beijo na

boca o que me deixa surpresa, eles se abraçam e sem graça, meu

sócio me encara.
— Vamos nessa? — indaga e entro no carro, no banco da

frente, enquanto Nubia e Henry se ajeitam atrás.

Steve sai do meio-fio e uma música começa a tocar baixinho,

o silêncio me incomoda, mas não digo nada, deixando o vidro do

carro aberto e sentindo o vento bater na minha pele. A noite está

gostosa e agradável, com o trânsito engarrafado como de costume.

Seguimos todos em silêncio o percurso e meia hora depois,

chegamos em frente a um bar, a fachada é bonita e o local está

calmo, entramos após Steve estacionar e sorrio ao ver as pessoas

conversando e se divertindo no ambiente bem decorado. Vamos até

uma das mesas e um garçom se aproxima.

— Boa noite, o que vão querer? — pergunta com um sorriso

amistoso.

— Queremos cerveja e petiscos — diz Steve e o homem

assente.

— É pra já! — diz, afastando-se.


Nubia e Henry sentam lado a lado e fico próxima de Steve,

vejo os dois em uma conversa particular e me viro para meu sócio.

— Como sua mãe está? — pergunto, a fim de puxar assunto.

Ele dá de ombros e sorri.

— Parece que ela deu uma pausa na loucura dos gansos.

Rimos e ele ergue sua mão, segurando a minha, sinto a

eletricidade percorrer e por incrível que pareça, não recuo.

— Sinto sua falta — fala e meu coração acelera.

— Eu também sinto a sua — admito e seus olhos se

arregalam. — Posso perguntar uma coisa?

— O que quiser — diz sorrindo, seu filho e minha amiga

continuam em uma conversa pessoal.

— Teve notícias de Jennifer? — indago e ele suspira, o

sorriso falhando.
— Na verdade, sim — fala. — Se quero que isso dê certo,

serei sincero com você, ela me procurou hoje mais cedo na

empresa, ficou sabendo da nossa viagem ao Brasil e foi nos

investigar, é claro.

— Eu não entendo — digo. — Não sei o motivo de vocês

terem terminado, mas é estranho essa fissura por você.

Steve dá de ombros e sorri sem graça.

— Acredito que Jennifer me amou, Alex, e suas decisões

destruíram nosso relacionamento.

— Quais decisões? — pergunto curiosa.

Nunca falamos abertamente sobre isso.

— Me desculpe, não estou preparado para isso, me incomoda

muito ainda, e também, não a chamei aqui para falarmos da minha

ex.
Assinto e vejo as cervejas e petiscos serem colocados sobre

a mesa, pego a bebida e viro-me para Steve.

— Obrigada por ter me chamado para sair, é bom me distrair

um pouco.

— Eu que agradeço por ter aceito, na verdade, o convite foi

uma desculpa para eu poder vê-la — fala e rio.

— O que vocês dois tanto conversam? — pergunto,

cutucando Nubia.

— Estávamos vendo o quanto temos coisas em comum — diz

minha amiga com os olhos brilhando.

— Ah, é? — indago curiosa e ela assente.

— Nubia é uma mulher de gosto — diz Henry. — Bem, mas

isso já sabíamos, a partir do momento que ela começou a me dar

bola foi comprovado.


— Convencido! — exclama minha amiga dando um tapinha

no seu braço.

Rimos com isso e comemos os petiscos, bebemos e

conversamos sobre diversas coisas aleatórias, é bom poder me

distrair um pouco de tudo que vêm acontecendo, conosco perdendo

a hora e quando vemos, o bar está fechando.

— Foi divertido — digo, tropeçando nos meus próprios pés.

Quando estou quase caindo, Steve me agarra e perco o

fôlego, encaro-o atentamente e recordo do primeiro encontro que

tivemos, onde aconteceu minutos antes da nossa reunião.

O momento parece tão distante que chego a estranhar.

Ele me levanta e ainda me segurando, encara meus lábios.

— Precisa tomar mais cuidado, Alexsandra. — Meu nome

estala na sua boca e sinto uma queimação no meio das pernas.


— Obrigada — consigo dizer, Nu e Henry apenas nos

observam.

— Vamos para casa? — Steve pergunta e Henry nega.

— Na verdade, eu ia chamar a Nubia para sair comigo, algo

mais pessoal — diz Henry e encaro minha amiga.

Ela está tão surpresa quanto eu, percebo que seu rosto

queima e fica sem resposta.

— Nu — chamo e ela me observa.

— Você se importaria se eu fosse?

— Claro que não — me adianto em dizer. — Divirta-se, você

precisa.

— Quer o carro? — pergunta Steve. — Posso ir de táxi com

Alex.

— Promete deixá-la em casa? — minha amiga indaga e Steve

assente.
— É claro, se divirtam. — Ele entrega a chave para Henry e

me despeço da minha amiga, vendo-a ir com ele para o

estacionamento.

— E agora, onde vamos pegar um táxi? — questiono.

— Tem um ponto logo à frente — diz meu sócio e estende o

braço para mim, entrelaço o meu nele e seguimos andando pela

rua.

— O que será que esses dois vão aprontar? — indago mais

para mim do que para ele.

— Eu não sei, mas na primeira vez que eu fiz algo parecido,

paramos no meu apartamento e o resto você já sabe.

Rimos e seguimos adiante, não demora e avistamos um táxi,

Steve dá sinal e entramos, com ele passando meu endereço.

Aconchego-me no banco de trás com meu sócio ao meu lado e

nossos braços se tocam, sinto o quanto necessito do seu toque e o

quanto o quero, apesar de tudo. Então, como instinto, agarro sua


mão e Steve fica surpreso, segurando a minha com firmeza, acaricio

seus dedos e sorrio, seguindo o caminho para casa em silêncio.

∞∞∞

Assim que chegamos, pago o motorista e saio, com Steve me

seguindo, abro a porta e entramos, observo-o e sorrio.

— Aceita uma taça de vinho? — pergunto e ele concorda.

Vou até a cozinha, abro outra garrafa e nos sirvo, entrego a

ele uma taça e bebo um gole da minha, sentindo o delicioso gosto

invadir minha boca.

— Bem, agora que está em segurança, é melhor eu ir nessa

— diz Steve finalizando o vinho.

— Espera, está cedo — digo e ele me encara. — Vamos

beber mais um pouco e assistirmos alguma coisa, sei lá.

— Tem certeza?

— Só se você quiser — respondo.


Steve sorri e estende a taça vazia para mim.

— É melhor enchê-la então.

Sorrio e nos sirvo novamente, seguro a taça com uma mão e

a outra levo a garrafa até a sala, colocando-a na mesa de centro.

Ligo a televisão e Steve senta, em um relapso, vem em minha

mente o dia em que acordei e descobri sobre a morte de mamãe,

onde ele estava aqui com os outros. Afasto o pensamento e deixo

em um filme qualquer, sentando ao seu lado.

Steve passa seu braço por cima dos meus ombros e me

aconchego nele, bebendo ainda mais vinho.

— O que está pensando? — questiono e ele dá de ombros.

— Apenas tentando me controlar — diz.

— Se controlar?

— Sim, estou louco para te beijar, mas não quero parecer que

estou sendo insistente.


Desvencilho-me dele e o encaro, observo sua boca e deixo a

taça de lado, pego a sua e coloco sobre a mesa, voltando minha

atenção para Steve.

— Não se controle — digo subindo no seu colo com ousadia,

puxo a barra do meu vestido revelando as pernas e Steve perde o

ar.

— Você tem certeza disso? — pergunta, encarando-me,

estamos próximos, sua respiração acelerada.

— Pareço estar brincando? — indago, decido deixar, pelo

menos por enquanto, toda a loucura de lado e aproveito o momento.

Passo minhas mãos pelo peitoral largo de Steve e arranco

sua jaqueta com um pouco de dificuldade, puxo sua camiseta e

passo a mão no seu peito, passeando pelas suas tatuagens.

Steve se mantém em silêncio, apenas contemplando eu

admirá-lo, então me aproximo e devoro seus lábios, o gosto do

vinho invade minha boca e ele me agarra, mergulho minha língua


nele e a entrelaço com a sua, perdendo o ar repentinamente.

Recupero o fôlego e voltamos a nos beijar, suas mãos passeiam

pelo meu corpo e param na minha bunda, vou puxando o vestido e

nos separo por um momento, retirando-o.

Fico somente de lingerie e voltamos a nos beijar, suas mãos

deslizam pelo meu sutiã e Steve o desabotoa, puxando em sua

direção. Meus seios ficam de fora e ele os contempla, agarrando-me

e devorando-os.

Solto um gemido alto ao sentir sua boca encostar na minha

pele e o aperto contra mim, deliciando-me ao sentir meus seios

sendo devorados.

Steve geme diante da minha boca ao uni-las novamente e

sinto seu pau pulsar na calça, sorrio com isso e deslizo minha mão

pelo seu peitoral e paro na sua calça, desabotoo, abro o zíper e saio

de cima, puxando-a pelas suas pernas, rapidamente ele tira sua

botina e as meias, tiro o tecido e meu sócio fica somente de cueca,


que marca seu pau. Volto para o seu colo após tirar o saltinho que

uso e conecto nossas bocas novamente.

— Você quer mesmo isso, Alex? — pergunta, depositando

selinhos nos meus lábios.

— Mais do que tudo — digo. — Me devora, Steve.

— Se está pedindo.

Ele levanta, vira-se e me senta no sofá, fico surpresa e Steve

se ajoelha, parando na minha frente. Suas mãos percorrem as

minhas pernas e ele puxa minha calcinha, deslizando-a. Arranca o

tecido, inala o cheiro e me olha de soslaio, seguindo em direção à

minha boceta e a devorando com sua língua.

O gemido sai descontrolado, percorrendo toda a minha casa.

Seguro sua cabeça em direção ao meu sexo e ele mordisca meu

clitóris, fazendo-me arrepiar ainda mais.

Steve se afasta um pouco e me encara, coloca sua língua

para fora e ainda com os olhos conectados aos meus, me lambe e


volta a me chupar com maestria. A sensação que sinto é de

necessidade; quero esse homem o mais depressa possível. Então

após ele me chupar por um bom tempo, afasto-o e levanto, ficando

de costas e inclinando minha bunda em sua direção, a imagem faz

Steve ficar ainda mais excitado e sorrio, virando o rosto de lado.

— Me come desse jeito, Steve — peço sorridente.

— Faço tudo que quiser — diz.

Vejo-o pegar a carteira no bolso da calça e de dentro retirar

uma camisinha, abre e desliza pelo seu membro, voltando sua

atenção para mim.

Empino um pouco mais minha bunda e abro bem as pernas,

apoio minhas mãos nas costas do sofá e Steve se aproxima,

deslizando-se para dentro de mim. Ele geme assim que nossos

sexos fazem contato e a sensação de ser preenchida me causa um

frenesi inexplicável. Devagar, como uma tortura, meu sócio inicia os


movimentos e empino ainda mais em sua direção, sendo preenchida

por completo.

— Você gosta disso? — pergunta, estocando de uma vez

dentro de mim.

— Ah, Steve, eu gosto — digo em um tom sensual, ele repete

o processo e segura minha cintura, estocando com rapidez e

agilidade.

Sinto nossos corpos baterem um contra o outro e me inclino

um pouco mais, Steve segura meu cabelo e enrola no seu braço,

puxando em sua direção, gemo ainda mais com isso e sua boca

encontra a minha, devorando-me completamente. O beijo dura

pouco, ele nos separa e beija meu pescoço, inclina-me em direção

ao sofá e enquanto me come com agilidade e força, beija minhas

costas e com a mão livre, acerta tapas na minha bunda.

— Você é a mulher mais deliciosa que eu já vi na vida,

Alexsandra — diz enquanto ainda me come.


Começo a rebolar nele e Steve vai ao delírio, gemendo alto e

acertando mais tapas em mim, rapidamente tira seu pau de dentro e

vira meu corpo, volta a chupar minha boceta e enquanto se lambuza

nela, aperta meus seios. Sua língua percorre meu clitóris e Steve

levanta, estocando em mim agora de frente para ele. Seu pau

desliza para dentro da minha boceta perfeitamente, como se

fôssemos feitos um para o outro.

Volta a me comer com rapidez e abre minhas pernas,

segurando-as, enquanto mete com força, deslizo minha mão pela

barriga e levo ao meu sexo, isso deixa Steve ainda mais louco,

então esfrego meu clitóris, enquanto ele continua me comendo e o

calor toma conta dos nossos corpos.

— Vou gozar — anuncio e ele sorri.

— Goza para mim, pequena — sussurra. — Goza no meu

pau.
Assim que ouço suas palavras lascivas, sinto o frenesi tomar

conta e os espasmos se espalham, gozo com um grito alto e Steve

ruge, mostrando que também gozou.

Ele diminui os movimentos e tira seu pênis de mim, voltando a

colocá-lo devagar, sei que está fazendo isso para me torturar e

consegue, causando ondas elétricas por todo meu corpo.

— Você é deliciosa — diz parado em pé na minha frente.

Tira o seu pau, arranca a camisinha, deixando-a de lado e se

ajoelha, limpando-me com sua língua. Gemo ainda mais com isso e

após se lambuzar em mim, ergue-se e senta ao meu lado, puxando-

me em sua direção e alinhando meu corpo ao seu.

— Isso foi fantástico — falo e ele sorri.

— Eu estava com saudades de me lambuzar na sua boceta

— sussurra.

Rio com isso e levanto, vestindo minha lingerie.


— Onde você vai? — indaga.

— Vou me deitar, você vem?

— Espera, você quer que eu durma aqui com você? — Ele

levanta, ainda nu e veste a cueca.

— É o que estou dizendo, não é mesmo? Só tire a camisinha

daí, não queremos que Nubia chegue e a encontre.

Ele a apanha e rio, correndo em direção à escada, Steve vem

atrás de mim e acerta um tapa na minha bunda, dou risada e entro

no quarto, ele vai até o lixo do banheiro e descarta a camisinha,

voltando para mim e me agarrando.

Steve me beija e enche meu corpo de cócegas, dou risadas e

tento me desvencilhar dele, o que é quase impossível, jogamo-nos

na cama e rapidamente me alinho em seu peito, ouvindo seu

coração bater forte, o peito subindo e descendo.

— Alex.
— Oi. — Olho para Steve e vejo seus olhos brilharem, como

se quisesse falar alguma coisa.

— Sei que os últimos dias não foram fáceis e você não

acredita em mim sobre o que aconteceu, mas...

— Eu acredito, Steve — o corto, ergo meu corpo e encaro seu

olhar confuso. — Quero dizer, o que vi me diz o contrário, mas essa

viagem até o Brasil me mostrou o quanto você se importa comigo,

se realmente quisesse algo com Jennifer, não teria atravessado o

mundo para ficar ao meu lado, mas isso não muda o fato do que ela

fez.

— Estou dizendo, ela me drogou, mas não sei como irei

provar isso — diz.

— Se realmente Jennifer fez isso, temos que pegá-la — falo

suspirando. — Como uma pessoa pode ser tão desestabilizada a

ponto de drogar a outra e fingir que transou? Ela pensou em tudo,

até mesmo nos preservativos no chão.


— O que me deixa confuso é que ela conseguiu me colocar

na cama — comenta e coça a cabeça, arregalando os olhos. —

Espera, antes de desmaiar, eu vi a porta ser aberta.

— Como assim? — indago confusa.

— A porta do apartamento, alguém a ajudou — reflete e

suspira.

— Você não conseguiu ver quem pudesse ser?

— Não, mas isso faria muito sentido, com certeza a pessoa a

ajudou a me colocar na cama — diz e suspira. — Vou falar com

Jennifer, colocá-la contra a parede, se ela pensa que isso vai ficar

desse jeito, está enganada, ela não só tentou nos separar, como

também me drogou, o que pode fazê-la até mesmo ser presa e

perder sua carreira que tanto preza.

Percebo o quanto sua fala mostra desprezo ao falar sobre a

carreira dela e meneio a cabeça, sabendo que na hora certa Steve

me dirá o que aconteceu entre os dois.


Pensando sobre isso, acabo adormecendo.
37 — Piquenique

Steve

Acordo ao lado de Alex e sorrio ao vê-la dormindo

despreocupada, levanto devagar para não a acordar e sigo até o

banheiro, feliz pelo momento íntimo que tivemos.

Encaro-me no espelho e sorrio ao ver meus olhos brilharem,

faço minhas necessidades e uso uma escova extra que Alex tem, a

mesma que usei da última vez que dormi aqui. Quando saio do

banheiro, vejo que ela está acordada, mais linda do que já vi. Seu

sorriso se alarga e me aproximo dela, beijo o alto da sua cabeça e

ela boceja.

— Bom dia, dorminhoca — brinco e ela sorri.


— Que horas são?

— Oito, acho que Nubia já chegou — falo.

Ela assente e levanta, vai ao banheiro e não demora muito,

sai, ainda usando somente a peça íntima, abre o guarda-roupa e tira

um roupão, vestindo-o, pega outro vermelho e me entrega.

— Veste isso, não será bom Nubia vê-lo só de cueca.

— Mas esse roupão é de seda — digo incrédulo.

— E o que tem?

Dou de ombros e visto, sentindo-o agarrado ao meu corpo.

— Ficou horrível — balbucio e Alex ri.

— É só para tomarmos café, depois você se veste, vem.

Ela segue em direção à porta e vou atrás, passamos pelo

corredor e vamos para a escada, não sem antes minha sócia espiar

pela fresta da porta sua amiga na cama com meu filho ao seu lado.
— Olha só, parece que não fomos os únicos a nos divertir —

sussurro e ela ri.

— Ela vai ter que me contar todos os detalhes depois — diz

indo para o andar debaixo.

Ergo a sobrancelha e pigarreio.

— Como assim contar todos os detalhes depois? — inquiro e

ela ri.

— Ah, Steve, você acha mesmo que nós mulheres não

comentamos sobre os nossos parceiros sexuais com as nossas

amigas? — Ela ri e coloca a cafeteira para funcionar, abre o armário,

pega pão e segue até a geladeira, tirando ovos e bacon.

— Então você contou para Nubia sobre a nossa primeira vez?

— Sobre todas, na verdade — diz rindo da minha cara.

Sinto meu rosto queimar e me sento, enquanto ela prepara

nosso café.
— Meu Deus, isso é estranho, não vou conseguir olhá-la

como antes depois disso, além do mais, se Nu e meu filho passarem

de algo casual, ela será minha nora.

— O que torna tudo ainda mais divertido — diz Alex, vindo em

minha direção, abro as pernas e ela se encaixa, enquanto o bacon

frita e o cheiro se espalha pelo ambiente.

— Então você acha isso divertido, srta. Burckhardt?

— Você não? — Ela ri. — Tudo bem, Steve, não pense nisso.

Ela me beija, se afasta e volta sua atenção para o nosso café.

Dou de ombros e concordo, após finalizar a preparação da

refeição, Alex coloca sobre o balcão da cozinha e começamos a

comer, delicio-me nos ovos com bacon, sabendo que mamãe não

permitiria isso e quando estamos quase finalizando, Henry e Nubia

surgem.

— Bom dia — meu filho cumprimenta.


— Bom dia — Alex e eu respondemos.

Nubia vai até a amiga e dá um beijo no seu rosto, servindo-se

da xícara de café dela e dos ovos.

— Como vocês estão? — Nu inquire.

— Tão bem quanto vocês — respondo sorridente, Alex me

fuzila e meu filho ri.

— Vocês se acertaram? — pergunta e observo minha sócia,

esperando sua resposta.

— Estamos começando a nos entender — fala por fim. — O

que pretendem fazer hoje?

— Estávamos pensando em fazer um piquenique em algum

parque — diz Henry. — Podemos chamar a vovó também.

— Falando nisso, preciso ver como ela está, nós dois fora de

casa, ela sozinha, me deixa um pouco preocupado — digo.

— Como ela está? — indaga Alex.


— Bem, às vezes a pego chorando pela morte de papai, pelo

jeito, pode passar cem anos que nunca irá superar.

Ao dizer isso, vejo Alex suspirar tristonha e me dou conta do

momento que ela passa.

— Acho que devemos fazer esse piquenique — diz por fim. —

Liga para sua mãe, Steve, e diz que estamos convidando-a.

— Claro, vou fazer isso, mas antes terei que passar em casa,

tenho que me trocar.

— Perfeito, nos arrumamos, passamos no seu apartamento e

pegamos a vovó — diz Henry. — O que acha, amor?

Congelo ao ouvi-lo chamar Nubia desse jeito, Alex está tão

surpresa quanto eu, o que a faz quase engasgar com o ovo. Ajudo-a

dando tapinhas nas costas e minha sócia encara a amiga.

— Vocês têm alguma coisa para nos contar? — pergunta e

Nubia ri.
— Você conta, Henry? — Ela olha para o meu filho e ele dá

de ombros.

— Eu pedi Nubia em namoro e ela aceitou, sabemos que

pode parecer cedo, mas gostamos um do outro de verdade — diz.

— Agora que somos uma família, posso chamá-la de irmãzinha,

Alex?

Agora é a minha vez de tossir e engasgar ao ouvir isso.

Meu filho e Nubia namorando?

Há quanto tempo eles se conhecem, um mês? Além disso,

Nubia acabou de sair de um relacionamento, o que torna tudo ainda

mais complicado.

— Não quero parecer chata e Nubia sabe que torço pela

felicidade dela, mas me diga, amiga, você está preparada? Porque

se Henry forçou você a isso, eu arranco o brinquedinho dele agora

mesmo. — Alex pega a faca de pão e meu filho leva as mãos para o

meio das pernas.


— Tá maluca? Eu nunca a forçaria para alguma coisa — diz

desesperado.

— De novo essa, Alex? — pergunta Nu rindo, a amiga a

acompanha e as duas se abraçam.

— Como assim de novo? — inquiro ainda confuso e perplexo

com tudo que está acontecendo.

— Alex fez a mesma piada com José, mas não se preocupe,

ela não arrancará seu “brinquedão” — diz, voltando-se ao meu filho.

— “Brinquedão”? — Alex arregala os olhos.

— Vocês estão me constrangendo — balbucio.

— E a mim também — diz meu filho.

— “Brinquedão” — afirma Nubia, Alex ri e reviro os olhos.

— Sério, isso é estranho. — Vou até meu filho e o abraço,

que retribui. — Cuide bem dela, meu filho.

— Eu sei, pai, vou fazê-la a mulher mais feliz do mundo.


Noto Alex e Nu imersa em uma conversa que prefiro não ouvir

e sorrio para meu filho.

— Nós as faremos as mulheres mais felizes do mundo.

∞∞∞

Alex

Ainda estou surpresa que minha amiga e Henry estão

namorando, mas após tomarmos café, puxo-a para o quarto para

nos trocarmos e fecho a porta.

— Estou realmente feliz por você — digo, vestindo um short

jeans, tênis e uma blusinha amarela, passo uma maquiagem leve e

aplico o perfume da mamãe.

— Eu também estou, mas devo admitir que me sinto um

pouco nervosa.

Viro-me para ela e ergo a sobrancelha.

— Nervosa? — inquiro.
— Sim, o meu relacionamento com Henry é intenso demais,

quero dizer, mal nos conhecemos e estou completamente

apaixonada por ele, como se fosse o oxigênio que eu respiro.

Sento e ela vem para o meu lado.

— É natural que esteja um pouco assustada, você saiu de um

relacionamento de anos com José, mas acredite, amiga, eu nunca a

vi tão feliz.

Ela sorri, o sorriso mais lindo que já vi na minha amiga, e me

abraça.

— Só quero que você seja feliz — digo por fim. — Se Henry

está ajudando nessa felicidade, então não o deixe escapar.

— Obrigada, eu vi que você está melhor hoje, quer me dizer o

que aconteceu aqui enquanto estive fora?

— Steve e eu transamos — digo e ela sorri. — Foi incrível, e

eu acredito nele, Nu, apesar de tudo, sei que ele não me traiu com
Jennifer, porém, antes de qualquer passo, precisamos provar isso

ou ela continuará nos perturbando.

— E o que você tem em mente?

— Na verdade, nada, mas sei que uma hora ou outra ela dirá

a verdade, principalmente quando ver que não estamos mais

brigados.

Nu assente e segura minhas mãos.

— Vamos descobrir o que aquela cobra está aprontando,

enquanto isso, é melhor irmos logo, os rapazes estão nos

esperando lá embaixo.

Concordo e saio com ela, seguindo para o andar debaixo.

∞∞∞

Steve liga para a dona Lourdes e após ela confirmar que irá

conosco para o piquenique, seguimos para o apartamento do meu

sócio cantarolando Madonna no carro. A música toca alta e os


vidros estão abertos, Henry está na frente e eu atrás com minha

amiga, gritando tanto que os carros ao lado nos observam. O tempo

em Nova York está incrível, o sol arde na nossa pele e isso me deixa

animada, não demora muito e chegamos, conosco saindo e

seguindo para o elevador.

— É a primeira vez que eu venho aqui — diz Nubia.

— Vou apresentá-la para a minha avó, tenho certeza de que

ela vai te adorar — Henry diz agarrando minha amiga e dando um

beijo no alto da sua cabeça.

Observo Steve e vejo que seu olhar é sério, talvez um pouco

perturbado ainda pelo seu filho estar namorando.

Rio ao perceber que Nubia agora é nora do meu sócio e vejo

o quanto as coisas mudaram nos últimos tempos. Parece que havia

sido ontem que levantei para a minha reunião e Nubia me desejava

sorte com o contrato.

— Está rindo de quê? — Steve indaga e dou de ombros.


— Agora a Nubia é mesmo a sua nora.

— E você a minha madrasta — diz Henry.

Nego ao pensar o quanto isso soa estranho.

Eu, madrasta de Henry Forbes, o filho do meu sócio?

— Na verdade, não sou — reflito e encaro Steve, que fica em

silêncio.

— Mas será em breve — diz Henry e sai do elevador após as

portas se abrirem.

Ele puxa minha amiga e saio com Steve ao meu lado, que me

encara e segura minha mão.

— Desculpe pelo que Henry disse — pede baixinho e dou de

ombros.

— Ele não falou nada demais — respondo e dona Lourdes

surge na nossa frente.


Está bem arrumada, usa uma calça preta, sapatos, uma blusa

branca de mangas curtas e o cabelo bem arrumado.

— Mamãe, você vai assim para o piquenique? — Steve

indaga.

— Vou sim, vai se trocar logo — diz e encara o neto, sorrindo.

— Vovó, quero te apresentar a minha namorada, Nubia.

— Prazer em conhecê-la — diz minha amiga.

A mãe do meu sócio sorri para minha amiga e a abraça.

— Oh, querida, como você é linda, e que notícia boa, meu

neto namorando, isso é raro, agora só falta o pai.

Steve revira os olhos.

— Eu já volto — avisa, dando um beijo no alto da minha

cabeça e seguindo para a escada.

— Alex, querida. — Dona Lourdes vem até a mim e me

abraça, aperto meu corpo contra o seu e sorrio ao nos afastarmos.


— É bom vê-la, Lourdes — digo recordando que ela pediu

para não a chamar de dona.

— Estou feliz em poder ver esse sorriso lindo — fala e

seguimos todos para a sala, nos sentando, enquanto Steve não

aparece. — Vocês são amigas?

— Sim, moramos juntas — Nubia responde sorridente.

— Então estamos todos em família agora — diz dona Lourdes

sorrindo.

Meneio a cabeça em concordância e pouco tempo depois,

Steve surge vestindo bermuda, tênis e camiseta esportiva, na mão

tem um óculos e seu perfume invade o ambiente. Levanto e vou até

ele, sorrindo.

— Uau, você está lindo — falo e ele sorri.

— Obrigado, vamos? Quero aproveitar ao máximo com você.

— Você quem manda.


∞∞∞

Nos apertamos no carro e seguimos para o supermercado

antes de irmos para o parque. Compramos refrigerante, doces,

salgadinhos, entre outras coisas que dona Lourdes não gostou

muito, porque, como dissera ela, seu filho estava com a saúde

debilitada. Pelo jeito, ela nunca esqueceria o fato de Steve desmaiar

na minha frente e parar no hospital.

Após pegarmos tudo que precisaríamos, seguimos até o

caixa, pagamos e voltamos para o carro, o som alto, nós três —

Nubia, dona Lourdes e eu — apertadas atrás e os rapazes no banco

da frente.

Resolvemos ir em um parque qualquer apenas para curtimos

o sol e ficarmos de bobagem, não demora e quando chegamos,

deixamos o carro estacionado e seguimos com as sacolas. Por

sorte, Steve tem uma caixa de isopor no porta-malas, onde

colocamos as bebidas com o gelo para gelar.


Forramos o chão com um lençol que Nu trouxe e nos

ajeitamos, começando a comer alguns dos petiscos que trouxemos.

— O dia hoje está lindo — falo e Steve sorri para mim.

— Não mais do que você — responde piscando.

Sinto meu rosto pegar fogo ao ouvir suas palavras, claro que

já estou acostumada a ouvir algum elogio do meu sócio, mas não na

frente das pessoas, principalmente de sua mãe, que sorri para mim

alegremente.

— Vocês dois são lindos juntos — diz por fim. — Mais do que

qualquer dia ensolarado.

— Obrigada, do... — Ela me fuzila e rio. — Lourdes.

— Bem melhor — fala, bebendo um refrigerante.

— E quando a senhora irá viajar para Paris, mamãe? — meu

sócio indaga e ela dá de ombros.


— Nos próximos dias, estou organizando algumas coisas com

minhas amigas, uma festa para ser mais exata, e aí iremos viajar,

aliás, vocês duas estão convidadas — fala encarando Nu e eu.

— Uma festa? — questiona seu neto. — Faz anos que não

damos festas.

— É justamente por isso que decidi dar essa, querido —

responde Lourdes. — Aliás, vai ser a fantasia, quero todos

caracterizados.

— Eu amo festas à fantasia! — exclama Nu sorrindo.

— Podemos já ir pensando nas nossas fantasias — digo e ela

concorda.

Depois da conversa, Nubia tira uma caixinha de som de

dentro da sua bolsa e ouvimos algumas músicas aleatórias,

cantando e nos divertindo, comemos bastante e claro, rimos muito

com a mãe de Steve brigando com ele como se fosse uma criança

por estar comendo besteira. Dona Lourdes nos faz rir e conta um
pouco mais sobre sua vida, dizendo-nos como havia sido feliz no

seu casamento — sempre enfatizando que não vê a hora do seu

filho casar novamente, o que me faz corar e meu sócio revirar os

olhos.

A hora vai passando e passeamos pelo local, quando está

anoitecendo, decidimos ir para uma pizzaria onde comemos e

encerramos a noite, com Steve levando sua mãe para casa e depois

disso, levando-nos para a nossa.

— Você quer ficar comigo esta noite? — pergunto quando

estamos na porta, Nu e Henry já se enfiaram no quarto da minha

amiga.

— Esse pedido é irrecusável — fala mordendo o canto da

boca e entrando.

Puxo-o em minha direção e abocanho sua boca, mergulhando

minha língua nela e enlaçando-nos. Durante o beijo, seguimos em

direção ao sofá e nos jogamos, entrelaçando nossas mãos, nos


separo e mordisco sua orelha arrancando com dificuldade a sua

camiseta.

— Tem certeza de que quer fazer isso aqui? — indaga e

lembro da minha amiga.

— Melhor subirmos para o meu quarto — digo, puxando-o,

ele ri e me delicio com o som que emite da sua boca, paro próxima

da escada e encaro seus olhos, notando o brilho se intensificar. —

Steve, eu...

Perco a fala, meu corpo treme e me arrepio por completa, ele

me observa, esperando que eu termine a frase, mas não consigo.

— Você? — Percebo que há expectativa na sua voz e sorrio.

— Obrigada por ficar aqui comigo hoje — digo, sentindo-me

uma covarde.

Será mesmo que estou pronta para isso?

Será que devo dizer a Steve que eu... que eu...


Amo-o.

Engulo em seco e seguro sua mão, seguindo pela escada e

entrando no meu quarto, fecho a porta e me viro para ele,

entregando-me por completa durante a noite inteira e me sentindo

uma idiota por não dizer a verdade.

Eu amo o meu sócio.

Eu amo o homem que fechei um contrato milionário.

E ao me dar conta disso, vejo que não sei o que fazer.

“E agora?”

Merda!
38 — A verdade

O domingo ao lado de Alex é tranquilo, almoçamos na sua

casa após ela e Nubia cozinharem para a gente, assistimos filmes

bobos na Netflix e quando já são oito da noite, decido ir embora com

meu filho, que se despede da namorada. Olho para Alex antes de

entrar no carro e levo minhas mãos até sua cintura, puxando-a para

perto de mim.

— Acha que está pronta para amanhã voltar à empresa? —

inquiro e ela assente.

— Vai ser bom, aliás, gostaria de te pedir um favor.

— Tudo o que quiser.

— Pode marcar uma reunião com Luke para mim? Quero

pedir algo a ele.


Estreito os olhos e assinto.

— Farei isso amanhã mesmo.

Despeço-me dela com um beijo doce e apaixonante e entro

no carro, saindo do meio-fio e seguindo pelas ruas da cidade.

— É, papai, quem diria que iríamos amar duas melhores

amigas.

Rio ao ouvir isso e ergo a sobrancelha.

— Você já ama Nubia?

— É claro, você não ama Alex?

A pergunta me pega desprevenido, penso sobre isso e sinto

um arrepio percorrer todo meu corpo.

Amar?

Eu amo a Alex?

Penso no seu sorriso, risada, perfume e todas as vezes que a

vi e perdi o fôlego. Relembro, novamente, da primeira vez que nos


vimos, onde nos esbarramos e da eletricidade que meu corpo

percorreu quando tive o primeiro contato com ela.

Isso é amor?

Desejar ter a pessoa ao seu lado é amor?

Eu amo, Alexsandra Burckhardt?

Coloco o pé no freio e paro com tudo, os carros atrás de mim

buzinam e me xingam, desviando para não me acertar, Henry me

encara confuso e respiro fundo, saindo do veículo. Vejo-o assumir o

volante e seguir para o meio-fio, saindo rapidamente e vindo atrás

de mim, que tenho dificuldade em respirar.

— Velho, você está bem? — indaga e balanço a cabeça em

concordância, respirando fundo e contando até dez.

— S-só preciso de um minuto — digo e ele ri.

— Espera, você está assim por conta do que eu perguntei?

— E você não?
— Está nervoso por que ama, Alexsandra? — pergunta por

cima.

Tento acertar um tapa nele e meu filho desvia, rindo ainda

mais da minha cara.

— Eu vou te pegar — digo, respirando fundo e me

controlando.

Sei que estava apaixonado por Alex, eu mesmo dissera isso a

ela, mas amar? As últimas pessoas que eu amei uma morreu e a

outra me destruiu por completo.

— Pai — Henry me observa e me aproximo dele —, sei o que

está pensando, não se preocupe, ela é diferente.

— E se eu acabar nos magoando? — inquiro. — Você sabe o

quanto eu sofri com o que Jennifer fez.

— Eu sei, e não perdoo aquela vadia até hoje por isso, mas

não se culpe, ela sequer te disse sobre a decisão.


Sinto meus olhos marejados e meu filho me abraça,

acalmando-me.

— Eu amo a Alex — falo em voz alta.

— E o que pretende fazer agora ao se dar conta disso?

— Eu não sei se é recíproco, depois de tudo que Jennifer

armou, voltamos à estaca zero.

Ele meneia a cabeça e suspira.

— Alex é completamente diferente de Jennifer, e se ela te deu

essa chance, pode apostar que também te ama.

— Você acha?

— Eu tenho certeza.

Abraço meu filho e voltamos para o carro, dessa vez com ele

dirigindo, durante o percurso penso sobre o que sinto por Alex e

sorrio.

Eu terei que dizer a verdade para ela.


∞∞∞

Durmo pensando em Alex e acordo na segunda com ela nos

meus pensamentos, levanto, sigo para o banheiro, escovo os dentes

e me troco, ansiando o momento de que chegarei à empresa e a

verei. Após estar bem arrumado, saio do quarto e vou até o andar

debaixo, encontrando a mesa farta e mamãe sorrindo feito boba

com o celular na mão. Assim que nota minha presença, deixa-o de

lado e me dá um selinho, servindo minha xícara com café.

— Bom dia, mamãe, obrigado por isso — digo estranhando

sua atitude.

Claro que dona Lourdes sempre foi muito cuidadosa conosco,

porém, não a ponto de me servir. Ela sempre nos dissera que não

deveríamos depender de uma mulher, afinal, mulheres não

deveriam se submeter ao homem, para mamãe, é o contrário.

— Como você está, filho? Chegou tarde com Henry ontem.

Vejo meu filho aparecer e noto seu sorriso largo.


— Estou bem, ansioso para hoje, Alex retornará para a

empresa — falo e meu filho se senta para comer.

— Estou ansioso para mais tarde — diz após nos

cumprimentar com um selinho. — Vou ver a minha namorada,

iremos à Broadway.

— Henry está mesmo apaixonado — diz mamãe e meu filho

se serve, sorrindo ainda mais.

— Estou demais, Nubia é incrível.

— E vocês já transaram? — mamãe indaga.

— Mãe! — exclamo. — Isso não é pergunta a ser feita, não

preciso saber que meu filho está transando.

— Até parece, você acha que fez ele como? — inquire

irritada. — Ande, querido, me responda.

— Transamos sim, vovó, mas é só isso que vocês precisam

saber, e, papai, não precisa ficar tímido, puxei você, velho.


Ele ri com sua avó e reviro os olhos, finalizando meu café.

— Termine seu café, Henry, precisamos trabalhar.

Ele assente e finaliza, conosco nos despedindo de mamãe e

seguindo para a empresa.

∞∞∞

Perco a cor ao chegar e dar de cara com Jennifer parada na

porta da empresa com um vestidinho simples e o cabelo preso,

assim que nota minha presença, sorri e se aproxima, nas mãos está

com uma bolsa e usa sapatos altos.

— Steve, estava esperando você, precisamos conversar.

— O que você quer, Jennifer? — pergunto, seguindo para o

elevador, ela me segue e um segurança vem até nós, meneio a

cabeça afirmando que está tudo bem e entro.

— Como disse, precisamos conversar, o assunto é sério.


Respiro fundo, controlando-me e apenas balanço a cabeça,

não demora e o elevador abre, meu filho já está no seu escritório, e

Scarlett sorri sem graça ao me ver com minha ex.

— Bom dia — diz sem graça.

— Bom dia, Scarlett, se alguém me procurar, diz que estou

ocupado, ok?

— Até mesmo Alex, senhor? — indaga e assinto.

— Sim, por favor.

Entro na sala com Jennifer e ela sorri.

— Estou lisonjeada por tomar todo seu tempo, até mesmo de

Alex.

— Não seja convencida, fiz isso porque se ela te ver, será

capaz de puxar seu cabelo e arrancar esse salto com ódio —

balbucio. — Sabemos o que você fez, Jennifer, ela acredita em mim,

sabe que não transamos.


— É aí que você está enganado — responde-me. — Tudo

bem, eu confesso, possa ser que eu tenha mesmo colocado alguma

coisinha na sua bebida, mas isso não muda nada, nós dois

transamos, Steve, resta apenas você aceitar.

Fecho o punho, segurando-me para não ir em sua direção e

esbofetear seu rosto, com certeza se eu fizesse isso, eu acabaria

preso.

— Então você confessa — digo nada surpreso. — Você me

drogou, tem noção do quanto isso é doentio?

— Ah, Steve, não precisa levar para o lado pessoal, foi só

uma bebida e nada mais — fala, aproximando-se. — Não adianta

negar, nós dois transamos, e tenho algo para te dizer.

— O quê? — indago irritado.

— A camisinha estourou, mas na hora não nos preocupamos

e acabamos colocando outra, que por incrível que pareça, também

estourou — diz com naturalidade.


Relembro das camisinhas no chão e mordo o canto da boca,

sentindo o gosto de sangue.

— O que tem isso? — inquiro.

— Esses dias eu passei mal e acabei parando no hospital —

comenta. — Você não sabia porque estava em viagem com Alex.

— Sorte a minha — digo debochado.

— Fiz alguns exames e descobri uma coisa, você não quer

saber o que é?

— Você dirá da mesma maneira, não é mesmo?

Estou irritado com sua revelação, e isso causa divertimento

nela, que ri debochada e retira de dentro da bolsa um papel

dobrado, entrega-me e desdobro, confuso.

— Isso é um exame — diz. — Eu estou grávida, Steve, e você

é o pai.

Tusso ao ouvir o que diz e nego com a cabeça.


— Isso é impossível, não pode ser.

— Mas é, fiquei tão surpresa quanto você, eu estava no meu

período fértil e estou bem no comecinho da gestação, a última

pessoa com quem transei, foi você, mesmo que afirme não se

lembrar disso.

Tento fazer as contas do que diz e percebo o quanto o tempo

passou depressa, já faz quantos dias que tudo ocorreu? Mais de

quinze, com certeza, o que dá um pouco de credibilidade a ela. Pelo

pouco que sei, com uma semana de atraso, é possível saber sobre

a gravidez.

Mas isso é impossível.

Jennifer pode até estar grávida, mas não de mim.

— Você está mentindo — digo.

— Acredite se quiser, faremos um teste de paternidade, não

me importo com isso, mas infelizmente leva tempo, meses para falar

a verdade, terá que esperar.


Aproximo-me dela e a agarro pelos braços.

— Chega de mentir, Jennifer, sei que você está fazendo isso!

— grito irritado. — Fale a verdade, esse filho não é meu!

Ela se desvencilha de mim e seu olhar muda, parecendo que

vai chorar.

— Sei que errei no passado, Steve, mas é verdade, estou sim

grávida e esse filho é seu, caso não queira, irei respeitá-lo.

— Assim como respeitou no passado? — indago debochado.

— Você é maluca.

Seus olhos estão marejados e não sinto culpa, Jennifer está

mentindo, só pode ser.

— Darei o tempo que for necessário para você aceitar isso,

faremos o exame de paternidade, não se preocupe.

Ela dá as costas e sai cabisbaixa, jogo-me na cadeira e dou

um soco na mesa de vidro, espatifando-a por completo, percebo que


corto a mão e suspiro irritado, pensando que se isso for verdade, eu

estou ainda mais encrencado com Alexsandra.

Como direi isso a ela?

Suspiro e vejo o sangue se espalhar.

Antes de dizer isso a Alex, terei que contar toda a verdade

para ela sobre o meu passado e da minha ex.

∞∞∞

Após quebrar a mesa, vou até Scarlett, ela vê o sangue se

espalhar e me ajuda a fazer um curativo, decido não ir para o

hospital e limpam minha sala, comigo indo para outra por não ter

mais mesa. Fico pensando em tudo que Jennifer me disse e o que

farei, então, quando está na hora do almoço, envio uma mensagem

para Alex dizendo para nos encontrarmos. Ela responde apenas um

“ok” e vou para a sua sala, ao notar minha mão enfaixada, arregala

os olhos.
— Steve, o que foi isso? — indaga, vendo o curativo

manchado com sangue e dou de ombros.

— Arrebentei minha mesa, acabei cortando a mão.

— Pode ser grave, precisamos ir ao médico — diz e nego

com a cabeça.

— Não se preocupe, antes de almoçar vou passar na

farmácia e eles fazem um curativo decente, o corte foi pequeno.

— Tem certeza? — Percebo o olhar de preocupação e sorrio.

— Absoluta, vamos? — inquiro, sentindo a dor na mão.

Saímos do seu escritório e vamos para o elevador, quando já

estamos do lado de fora da empresa, atravessamos a avenida e

sigo até a farmácia.

— Como está sendo o seu retorno? — indago e ela dá de

ombros.

— Por enquanto tudo bem, agora vamos cuidar disso.


Ao entrarmos, um atendente se aproxima e Alex diz o que

precisamos, ele se prontifica a me atender e faz o curativo,

revelando que de fato o corte não foi grande e nem profundo.

— Vou passar uns medicamentos para tomar, cuide dessa

mão para não piorar — diz, entregando-me o medicamento,

agradeço, pago e saio com Alex ao meu lado, segurando a mão

boa.

— Viu como foi rápido? Nada com que se preocupar.

— Certo, mas agora me diga, por que quebrou sua mesa a

ponto de cortar a mão? — pergunta e suspiro.

— É justamente por isso que te chamei para almoçarmos,

temos que conversar.

Ela estreita os olhos e assente, conosco seguindo para o

restaurante. Ao entrarmos, rapidamente vamos para uma das

mesas e o garçom nos atende, peço uma salada com bife bem
passado e Alex pede o mesmo, voltando sua atenção para mim

assim que ficamos sozinhos.

— Já pode começar a falar, estou ouvindo.

Suspiro e sinto a dor na mão e na cabeça, querendo me

enfiar em um buraco e não sair tão cedo.

Como contar toda a verdade para Alex sem me chatear?

— Jennifer apareceu hoje no meu escritório — digo e ela

apenas cruza as pernas, esperando eu dizer. — Não avisei antes

para não a chatear.

— Na verdade, isso é bom, se eu a visse, acabaria

esbofeteando o rostinho lindo dela.

— Foi o que eu imaginei, por isso não contei.

— Certo, e o que ela queria?

Suspiro e conto até três, sentindo meu coração bater mais

forte, o que me irrita. Até mesmo pareço um adolescente.


— Antes de mais nada, acho que está na hora de você saber

o motivo de Jennifer e eu termos rompido e o quanto ela me

magoou.

Ela se remexe na cadeira e assente.

— Estou ouvindo.

— O nosso relacionamento foi bastante conturbado desde o

início, nos conhecemos, começamos a namorar e não demorou para

ficarmos noivos. Acabamos trabalhando juntos na minha empresa

em um projeto que ela queria criar, no começo foi tudo tranquilo,

mas acabamos interrompendo por começar as gravações do seu

novo filme.

“Jennifer sempre foi uma atriz espetacular, até mesmo

concorreu ao Oscar e outras premiações, começou a carreira cedo

por conta da mãe e a perdeu alguns anos depois, nunca soube o

real motivo de sua morte, mas isso não vem ao caso.


Com as gravações agendadas e o projeto interrompido, nos

vermos foi ficando cada vez mais difícil, até que em uma noite

qualquer, ela passou muito mal e acabou parando no hospital. Ela

estava no set de filmagens e fiquei sabendo somente depois o

ocorrido, no entanto, não me contaram o motivo do seu desmaio.

Jennifer sumiu por alguns dias, eu a procurei, mas ela não me

atendia e ficou fora do seu apartamento, quase um mês depois, ela

retornou e a vi mais magra, pálida e estranha.

Foi então que ela me disse o que houve.”

Fecho os olhos ao relembrar da maneira que vi minha ex e

suspiro, encarando Alex.

— Ela me disse que estava grávida, o que no momento foi

uma alegria enorme para mim.

“Eu sempre quis ser pai novamente, reconstruir uma família,

me casar, porém, ao esboçar alegria, ela negou com a cabeça

dando ênfase ao ‘estava’.


Fiquei sabendo que ficou fora por um mês porque fez um

aborto, os diretores do filme quiseram cortá-la como atriz principal

por conta da gravidez, e ela simplesmente resolveu agir sem me

consultar e perguntar se eu estava ou não de acordo.

É claro que eu não estaria, mas se tivesse me dito, daria um

jeito de ela permanecer no papel e teríamos o nosso filho, mas

Jennifer preferiu tomar suas próprias decisões sem me procurar.

Sou a favor do aborto sim, quem não quiser ter um filho, tem

o direito de tomar suas decisões, mas minha ex não me deu esse

direito, ela tomou a decisão por nós dois.

Após isso, rompi meu relacionamento com ela e fiquei

sabendo que estava tendo um caso com o diretor do filme, o que me

destruiu ainda mais.

Eu nunca tinha amado tanto alguém depois de Elisa, e isso

me deixou em um poço tão profundo, que passei por anos em um

psicólogo às escondidas.”
— Sua mãe e Henry sabem disso? — questiona e assinto,

Alex segura minhas mãos e acaricia, dando espaço apenas para

nossas refeições serem colocadas na mesa. — Steve, eu sinto

muito, eu imaginava que você não teve um bom relacionamento

com Jennifer, mas nunca passou na minha cabeça que ela teria feito

isso.

— O que mais me doeu é que ela simplesmente não me

consultou para saber o que eu achava, ela abortou o nosso filho por

causa de uma carreira, Alex, tudo por conta de um maldito filme.

Controlo-me para não dar um soco na mesa e fecho o punho

machucado, sentindo dor, Alex solta minhas mãos e suspira.

— Nunca sabemos do que as pessoas são capazes até elas

agirem contra nós — fala por fim e assinto.

— Agora você sabe o motivo de Jennifer e eu termos

terminado, é por isso que me fechei para relacionamentos, por conta


disso senti receio de nos envolvermos, mas não tem como evitar

mais isso, Alex, eu quero tê-la completamente para mim.

Ela sorri e volta a acariciar minhas mãos.

— Eu também quero, Steve.

— Mas antes de mais nada, tem outra coisa que eu quero

falar com você. — Ajeito-me na cadeira e ela assente. — Jennifer foi

ao meu escritório hoje para me contar uma coisa.

— O quê?

Encaro-a por um longo minuto e suspiro.

Não posso esconder isso de Alex, ela precisa saber a

verdade.

— Ela confessou para mim que batizou minha bebida — falo

e minha sócia arregala os olhos —, mas não foi só isso, ela disse

que está grávida.

— Grávida?
— Sim, Alex, e afirma que o filho é meu.
39 — Plano

Fico parada após ouvir o que Steve diz e solto suas mãos,

alinhando-me na cadeira que estou sentada.

— E você acredita nela? — inquiro e ele nega.

— Tenho certeza de que está mentindo para nos separar, mas

só posso provar com um teste de paternidade e isso leva meses

para poder ser feito.

Concordo, pelo que sei, realmente leva meses de gestação

para conseguir fazer o teste de paternidade.

— Se ela está grávida, quem será o pai?

— Eu não sei, as contas batem com a data que houve àquela

noite, mas isso são palavras dela, não sei o que posso fazer para
descobrir quem é o pai.

— Isso se realmente existe um, talvez ela tenha fingido a

gravidez para ganhar tempo, desestabilizada do jeito que é, eu não

duvido disso.

E não duvidava mesmo, Jennifer se mostrou completamente

instável nos últimos tempos, para falar a verdade, nos últimos anos,

já que fez um aborto sem consultar Steve apenas em prol da sua

carreira.

— Me perdoe, Alex, eu não queria que estivesse passando

por isso comigo.

Dou de ombros e como um pouco da salada, que a essa hora,

já está com a carne fria.

— Tudo bem, você não tem culpa de Jennifer ser desse jeito,

daremos um jeito de descobrir sobre suas farsas.

— E o que você tem em mente?


— A festa de dona Lourdes — digo. — Vamos comer, eu te

conto o que tenho em mente.

∞∞∞

Após meu almoço com Steve, retornamos para a empresa e

me viro para ele.

— Por favor, não esqueça de falar com Luke para mim? É

realmente urgente.

— Farei isso agora mesmo, não se preocupe, você quer ir

jantar lá em casa com Nubia? Henry vai gostar, mando mensagem

para mamãe e peço para ela cuidar de tudo.

Penso sobre isso e sorrio ao aceitar, despeço-me dele apenas

com um meneio de cabeça e sigo para meu escritório, retornando às

atividades do dia.

O trabalho é tranquilo, atendo algumas chamadas, revejo

alguns contratos e me preparo para algumas reuniões com a minha

equipe e de Steve, quando o dia está chegando ao fim, envio uma


mensagem para Nubia dizendo para se preparar que iremos jantar

fora, ela responde com entusiasmo que vai me esperar para

escolhermos nossas roupas.

Saio da empresa sem ver Steve, sigo para o meu carro e

quando já estou nas ruas da cidade, percebo que um veículo me

segue. Tento olhar a placa, mas sem sucesso, então, para me

certificar de que realmente estou sendo seguida, desvio o caminho e

o carro faz o mesmo. Engulo em seco e piso no acelerador,

desbloqueando o celular e discando para Steve, conecto o aparelho

no carro e não demora, ele me atende.

— Alex, precisa de alguma coisa? — inquire.

Continuo percorrendo as avenidas da cidade e o carro se

mantém colado ao meu.

— Steve, tem alguém me seguindo — falo com a voz

embargada.

— C-como assim? — Sua voz falha.


— Acho que é Jennifer, é um carro preto, não consigo

reconhecer e nem ver a placa.

— Certo, você está perto de onde?

— Para falar a verdade, nem eu sei.

Quero rir do meu desespero, mas é a mais pura verdade.

— Faça o seguinte, pare o carro em algum lugar, saia e me

mande sua localização, chegarei o mais rápido possível, ficarei na

linha, faça isso agora.

Não respondo e continuo andando, vejo o carro me seguir e

avisto à frente um restaurante, paro no estacionamento rapidamente

e saio com as chaves e o celular na mão.

— Parei em um restaurante — digo com a voz trêmula.

— Mande a sua localização — ordena.

Rapidamente envio para Steve e entro no restaurante,

avistando o carro do lado de fora me procurando. Escondo-me e


sinto o suor frio na minha testa.

— Estou perto, chego em dez minutos.

Ajeito-me em uma mesa e conto mentalmente até dez,

sentindo um arrepio percorrer todo meu corpo.

Uma garçonete se aproxima e peço um café apenas para

disfarçar, não demora e vejo Steve entrar no local, procurando-me.

Aceno e ele vem até mim, me agarra, sem se importar com as

pessoas, e aperta meu corpo contra o seu.

— Você está bem? — indaga e assinto.

— Sim, não sei se o carro foi embora — falo e ele beija o alto

da minha cabeça.

— Não tem nada lá fora — diz. — Só pode ser a Jennifer.

— Não tenho dúvidas disso — digo, desvencilhando-me dele.

Steve suspira e acaricia meu rosto.

— Vem, eu vou te levar para casa.


— Meu carro está do lado de fora.

— Mando alguém buscar, não se preocupe — fala.

— E Nubia?

— Henry cuida disso.

Concordo, pago o café e saímos do local, indo para o carro de

Steve, entro, passo o cinto pelo meu corpo e encosto a cabeça no

banco, sentindo o medo tomar conta de mim.

O que será que Jennifer está aprontando?

Seja o que for, precisamos descobrir antes que alguém saia

machucado.

∞∞∞

Chego na casa de Steve e dona Lourdes se aproxima de

mim, abraçando-me, meu sócio conta tudo o que havia acontecido e

ela diz para eu tomar um banho. Com o cansaço e toda a

adrenalina, não recuso e sigo com Steve para seu quarto, me dispo
e vou direto para o banheiro, sentindo meu coração descompassar

ao vê-lo completamente nu.

— Vem, eu vou te dar banho — diz, puxando-me em sua

direção, seguimos para debaixo da ducha e molho meu cabelo, a

água quente penetra minha pele e me relaxa.

Fico de olhos fechados e Steve lava meu cabelo, após

finalizá-lo, passa o sabonete pela minha pele e segue para os meus

seios, brincando com eles. Arfo e abro os olhos, seu sorriso é

sedutor e permito que se aproveite de mim, com seus dedos

descendo pela minha barriga e parando sobre a minha vagina.

— Steve...

— Shhh, como você está? — indaga e sei sobre o que está

falando.

— Agora estou mais calma, não se preocupe. — A água

continua caindo sobre nós e noto seu corpo molhado, sua pele faz

meus olhos brilharem, o membro rígido.


— Vou terminar de te dar banho — diz e inesperadamente,

introduz um dedo dentro da minha boceta.

Volto a arfar, sentindo toda a tensão se esvair quando seu

dedo passeia por mim, passo meus braços em volta do seu pescoço

e nossos corpos colam ainda mais, a sensação é tão gostosa que o

gemido escapa antes que eu possa contê-lo.

— Pode gemer, Alex — balbucia. — Quero ouvir seu gemido.

Ao ouvi-lo, gemo mais uma vez e seu polegar acaricia meu

clitóris, neste momento, não me importo com nada que vem

acontecendo, quero apenas senti-lo cada vez mais em mim.

Seu dedo age e levo minhas mãos ao seu peitoral, acaricio

sua pele e desço pelos gominhos, parando diante do seu pau, pego-

o e Steve geme baixo, o sorriso estampado nos seus lábios.

— Deixe-me te dar banho agora — peço e ele tira seu dedo

de mim.
Pego o sabonete e esfrego pela sua pele com urgência,

chegando rapidamente no seu pênis, o lavo com cuidado e inicio os

movimentos de vai e vem, arrancando gemidos de Steve, ele me

olha atentamente e percebo que se controla, então tira minha mão

do seu pau e vira-se de costas para mim, revelando sua bunda

durinha.

— Lembra que eu disse que aqui era proibido? — inquire,

apenas assinto e ele sorri. — Agora não é mais.

— O quê?

— Faça. — Seu tom de voz é discreto, mas percebo que

demonstra autoridade.

Sem pensar duas vezes, começo passando as mãos pelas

suas costas largas e vou descendo devagar, parando próximo à sua

bunda, com o sorriso nos lábios, acaricio-a e ele empina na minha

direção, lavo-o cuidadosamente e dou atenção ao seu sexo rosado,

acariciando com meu indicador.


Como estou com a unha curta, isso me ajuda e introduzo

devagar, Steve não recua, pelo contrário, os sons mais deliciosos

que já ouvi na vida saem de sua boca: gemidos com urros de tesão.

— Posso? — indago e ele assente, dando-me permissão para

continuar.

Devagar, para não o machucar, introduzo meu dedo dentro do

seu ânus e faço os movimentos, deliciando-me com a experiência,

Steve geme ainda mais e noto o quanto seu pau está duro, então,

com a mão livre, sigo para o meu sexo e começo a me masturbar,

notando que ele faz a mesma coisa. O prazer toma conta do

ambiente e vou cada vez mais rápido, nossos gemidos estão altos e

não me importo se podemos ser ouvidos, então continuo e com um

urro, Steve goza, sujando todo o azulejo. Continuo com o dedo

dentro dele e esfrego com mais rapidez meu clitóris, gozando logo

em seguida e saindo dele.


Meu sócio se vira na minha direção e abocanha minha boca,

beijando-me apaixonadamente, então puxa o meu dedo que estava

dentro de mim e leva até sua boca, chupando.

— Gostou? — indaga e sorrio, tímida.

— Eu adorei, mas quero mais.

Steve sorri e dá de ombros.

— Quem sabe um dia.

∞∞∞

Nubia chega com Henry e para a minha sorte, me traz uma

roupa, visto-a e minha amiga me abraça, acariciando meu cabelo.

— Fiquei sabendo o que houve, você realmente acha que foi

Jennifer?

Suspiro e assinto.

— Se não for ela, quem seria?

— Eu não sei. — Minha amiga suspira e volta a me abraçar.


— Melhor esquecermos isso por enquanto, vamos nos reunir

com os outros.

Levantamo-nos e saímos do quarto de Steve, que já está no

andar debaixo com sua família, sigo para a escada com minha

amiga e os encontro na sala, sentados, com taças de vinho. Uma

música instrumentista toca baixo e sorrio ao vê-los juntos.

— Como você está? — indaga dona Lourdes.

— Estou bem, não se preocupem.

— Aceita uma taça de vinho? — Steve pergunta, puxando-me

pela cintura, percebo que todos me olham e meu rosto queima.

— Sim, obrigada.

Ele se desvencilha de mim e vai até a adega, serve a taça e

me entrega, brindando.

— Vou pedir para colocarem a mesa — diz dona Lourdes

levantando, minha amiga senta ao lado de Henry e volto minha


atenção para Steve.

— Como está se sentindo em relação a nossa brincadeirinha?

— indaga e rio.

— Estou... surpresa, nunca fiz isso antes.

Ele sorri e se aproxima, sussurrando no meu ouvido:

— Isso é apenas o começo, se você quiser, podemos ir muito

mais longe.

— Como assim?

— Lembro que você me disse sobre uma cinta peniana —

continua sussurrando e sorrio.

— Você vai deixar eu usá-la?

— Acha que está preparada para isso?

Penso a respeito e dou de ombros, nunca na minha vida

havia feito algo parecido, mas, recordo-me, que desde o primeiro


momento que soube que Steve é bissexual, isso me deixou...

excitada.

Relembro, por cima, da nossa conversa sobre isso

anteriormente e pensar no que havíamos feito no banho, me deixa

ansiosa para irmos mais a fundo.

— Pode apostar, eu estou mais do que preparada para isso.

Ele sorri e dona Lourdes ressurge com as mãos cruzadas.

— O jantar está na mesa, vamos?


40 — Festa

Alex

A semana passa tranquilamente e dona Lourdes começa a

organizar sua festa, conto para ela sobre o meu plano de pegarmos

Jennifer nela e a mãe do meu sócio concorda, então aluga um salão

de festas e começa a enviar os convites para os seus convidados,

que, pelo que me disse, seriam mais de duzentas pessoas.

Steve conversa com Luke e marcamos uma reunião com ele,

que será hoje. Sinto-me nervosa quando estamos a caminho da sala

de reuniões e quando entro e o vejo, meus pés travam. Respiro

fundo, sentindo-me uma idiota, quantas vezes já fiz isso?


— Alex, é bom revê-la — diz Luke, vindo em minha direção e

cumprimentando-me.

— Obrigada por ter aceito esta reunião, Luke — falo, voltando

à realidade.

Steve está sentado na cabeceira da mesa apenas nos

observando e não demora para nos ajeitarmos nos nossos lugares.

— Confesso que fiquei surpreso com a ligação de Steve —

diz e sorrio.

— Eu imagino que sim, mas não consegui pensar em outra

pessoa para fazer isso por mim a não ser você — comento e ele

estreita as sobrancelhas.

— Estou curioso agora.

Ergo minhas mãos sobre a mesa e sorrio.

— Sei que você é um excelente empresário e, além disso,

dono de vários restaurantes.


Ele sorri sem graça e dá de ombros.

— Não quero ser convencido, mas é verdade mesmo.

Rimos e Steve se mantém em silêncio, sei que ele está aqui

apenas para me dar um apoio moral.

— Fiquei de abrir um restaurante para minha amiga e quero

tirar esse projeto o quanto antes da gaveta, então pensei se você

não gostaria de fazer uma parceria comigo para construirmos uma

marca para ela.

Ele me encara e fico em silêncio, pensando o quanto sou

idiota de oferecer isso a ele.

Nubia seria sua concorrente, qual o sentido dele aceitar isto?

— Fico honrado que tenha pensado em mim para ajudá-la

nesse projeto, tenho certeza de que dará o seu melhor.

Ele sorri, olha para Steve, lambe os lábios e volta sua atenção

para mim.
— Então você aceita? Sei que será uma concorrente, mas

você terá sua parte em lucros...

— Eu aceito, Alexsandra — diz, cortando-me. — Será um

prazer ajudá-la nisso, sei o quanto é difícil construirmos um projeto

do zero.

Fico aliviada ao ouvi-lo e levanto, estendendo a mão na sua

direção.

— Vou mandar o contrato para você por e-mail, qualquer

coisa que queira alterar, estarei disposta a entrar em um acordo.

— Não se preocupe com isso, será um prazer trabalhar com

você, não quero seu dinheiro ou de sua amiga, farei isso por Steve e

por você, é claro.

Fico petrificada ao ouvir o que diz e arregalo os olhos.

— É sério? E-eu não sei o que dizer.


— Só fique bem, fiquei sabendo pelo que passou, eu sinto

muito, espero que esse projeto a ajude a superar um pouco a sua

perda.

Não resisto e dou a volta na mesa, indo até Luke e o

abraçando, poderia parecer para algumas pessoas um ato

antiprofissional, mas pelo pouco que sei dele, Luke Evarns também

perdeu sua mãe pela mesma doença que a minha, o que chega a

ser loucura.

— Obrigada, estou ansiosa para começarmos.

— Então mãos à obra! Começaremos nesta semana, o que

acha? Vamos atrás de um espaço e daremos início aos trâmites.

∞∞∞

Após fechar negócio com Luke, os dias passam depressa e

Nubia fica feliz ao saber que seu restaurante irá sair. Encontramos

um bom espaço para seu restaurante e com muitas propostas,

conseguimos comprá-lo. Luke cumpre com o prometido e uma


equipe sua especializada cuida de cada detalhe, com minha melhor

amiga escolhendo tudo cuidadosamente.

Os preparativos para a festa de dona Lourdes estão com

tudo, os convites são enviados e como será a fantasia, saio com Nu,

Henry e Steve para escolhermos as nossas. Meu sócio decide ir de

Jason de “Sexta-feira 13”, seu filho de Michael Myers do clássico

“Halloween”, Nubia de Dorothy Gale de “O Mágico de Oz” e eu de

Alice Kingsleigh de “Alice no País das Maravilhas”.

Com tudo pronto e encaminhado, o final de semana chega

rápido e me sinto um pouco nervosa, com medo desse plano acabar

dando errado.

— Será que ela vai aparecer? — pergunto e Steve me

encara.

Estamos na minha casa nos arrumando para a festa.

— Espero que sim, já estou com a escuta, pronto para fazê-la

dizer a verdade e darmos um ponto final nisso.


— Lembra do plano? — inquiro e ele assente.

— Como esquecer? — indaga revirando os olhos.

Rio e me aproximo dele, coloco minhas mãos sobre seus

ombros e paro na sua frente.

— Obrigada por estar fazendo isso por mim, Steve.

— Não tem nada a agradecer, eu que tenho, por dar a

oportunidade de me inocentar disso tudo.

Sorrio e beijo seus lábios, apertando-o contra mim, viro meu

olhar para a cômoda do meu quarto e olho sobre ela as duas cartas

que papai me entregou. Dias antes, por mensagem, ele me dissera

que já estava indo para Nigéria e assim que chegou, me comunicou,

conversamos todos os dias e devo confessar que me sinto ansiosa

para abrir essas cartas.

Mas será que um dia chegarei a fazer isso sendo que mamãe

impôs regras para abri-las?


Afasto o pensamento e volto minha atenção para Steve que

me encara atentamente.

— Quando isso tudo passar, quero te fazer uma pergunta —

diz e fico curiosa.

— Ah, é? Estou curiosa agora.

Ele ri e lambe os lábios.

— Não adianta querer saber, porque não direi, somente no

momento certo.

Dou um tapinha no seu braço e rio, concordando.

— Tudo bem, então vamos logo resolver isso tudo para que

você faça essa pergunta.

∞∞∞

Steve

O salão de festas está lotado, pessoas transitam para todos

os lados e sinto meu coração acelerado. Alguns usam máscaras das


mais variadas, assim como eu, que carrego um facão na mão de

plástico para todos os lados. Ando à procura de Jennifer e não a

vejo, mamãe está linda vestida de Cruela, com dois dálmatas de

pelúcia do seu lado. Suas amigas estão aqui também, a música toca

alto e garçons vão para todos os lados servindo champanhe e

outras bebidas a todo instante.

Alexsandra e Nubia passeiam pelo local, assim como meu

filho, que está um pouco afastado, sinto-me receoso de que esse

plano de fazermos Jennifer confessar tudo que fez, dê errado, afinal,

com sua confissão, poderia abrir um processo contra ela e quem

sabe assim consiga afastá-la de nós de uma vez por todas.

Tento aproveitar a festa que mamãe preparou e vejo dona

Lourdes se aproximar de mim com o sorriso largo.

— Querido, quero conversar com você, aliás, apresentar uma

pessoa.

— Claro, quem é? — inquiro e ela sorri.


Vejo um homem se aproximando de nós e percebo que ele

deve ter a mesma idade de mamãe mais ou menos, seu cabelo

grisalho destaca-se e usa uma máscara que cobre seu rosto, que

retira ao se aproximar. O sorriso se alarga e ele estende-me sua

mão, que aperto gentilmente.

— Olá, Steve, muito prazer, me chamo Francisco — diz e

sorrio.

— Espera, o amigo do Facebook? — indago e mamãe

assente sem graça.

— Na verdade, não é bem do Facebook, eu meio que menti

para você sobre isso — diz e fico surpreso.

Mamãe mentindo?

— Certo, e tem algo que eu deva saber?

— Sim, querido, conheci Francisco no Tinder, saímos

algumas vezes e, na verdade, é com ele que pretendo fazer minha

viagem para Paris, estamos namorando.


Fico em choque ao ouvir tudo que mamãe diz, tentando

processar cada palavra.

— Espera, a senhora está namorando? — inquiro e ela

assente, vendo Henry se aproximar.

— Eu ouvi certo? — meu filho pergunta e mamãe volta a

assentir.

— Estou sim namorando, esse é seu padrasto, meu filho,

espero que não se importe, eu estava meio receosa de te contar

sobre isso, mas não tinha mais como fugir.

— Era por isso que andava quieta e meio chorosa? —

pergunto e ela concorda.

— Você sabe melhor que ninguém o quanto amei seu pai e

vivi por anos o meu luto, mas ainda estou viva, quero construir um

relacionamento, assim como espero que você faça o mesmo.

Olho dela para Francisco, que se mantém quieto e o sorriso

largo.
— Devo dar os parabéns então?

— Seria um passo — diz dona Lourdes.

Concordo e a abraço, beijando o alto da sua cabeça.

— Se você está feliz, eu também fico, mamãe, só não entendi

o motivo de ter me escondido tanto tempo isso, no dia que a

encontrei olhando as fotos de papai, poderia ter me falado.

Ela dá de ombros e suspira.

— Acho que eu não processei direito no início que eu poderia

reconstruir minha vida com outra pessoa, me sentia um pouco

culpada por fazer isso, mas depois vi que seu pai não iria querer

que eu vivesse para sempre de luto.

Volto a abraçá-la e assinto.

— Você está certa em reconstruir sua vida, mamãe. — Viro-

me para Francisco e estendo a mão para ele, que aperta. — Cuide

dela, se fazê-la sofrer...


— Filho, não seja tolo, não somos mais jovens para ficarmos

com frescura igual você e Alex, que, na verdade, já deveria ser

minha nora.

— Mamãe — a repreendo e reviro os olhos, rindo em seguida.

— Vou pedi-la em namoro hoje, depois que esse plano maluco dar

certo.

— Isso é sério? — inquire mamãe e Henry juntos, como se

tivessem combinado.

— Sim, eu só preciso resolver esse impasse com Jennifer

logo, ela terá que confessar o que fez.

— Então sugiro que se certifique que a escuta está

funcionando, porque ela acaba de chegar — diz mamãe, apontando

com o queixo.
41 — Confissão

Fico surpreso com a audácia de Jennifer ao vê-la entrar no

local rebolando vestida de Mulher-Gato. Não posso negar que ela

realmente está muito bonita, mas ao encarar seu sorriso sádico,

sinto asco da minha

ex.

Ela se aproxima e para na minha frente, mamãe fica ao lado

do meu padrasto e Henry cruza os braços, não avisto Alex e nem

Nubia.

— Ora, ora, fico feliz que tenham me convidado para a festa,

devo confessar que fiquei surpresa — diz sorrindo. — Dona

Lourdes, a senhora já está sabendo sobre a novidade?


— Agora não, Jennifer...

— Não, meu filho, tudo bem — diz mamãe séria. — Você por

acaso quer que eu te parabenize, Jennifer? Levando em

consideração que alguns anos atrás você tomou suas próprias

decisões, não sei se devíamos nos animar diante dessa... Notícia,

se é que é verdade.

Jennifer ri e dá de ombros.

— Vamos aproveitar a festa, depois conversaremos sobre

isso — diz.

— Quero conversar com você a sós, podemos? — indago e

avisto Alex ao longe, desviando meu olhar antes que Jennifer a veja.

— Claro, será um prazer ficar a sós com você — fala.

Fico em silêncio para não revirar os olhos e mamãe, junto de

Francisco e Henry se afastam. Agarro Jennifer pelo braço e sigo

com ela para uma saleta privativa do local, não antes de pegar um

copo com uísque para me ajudar a ter essa conversa.


Fecho a porta atrás de mim e Jennifer anda de um lado para

o outro de maneira elegante, sem que perceba, começo a gravar

nossa conversa, certificando-me que a escuta estará capturando

nossa fala.

— E então, o que quer conversar comigo? — indaga e me

observa.

— Eu estava pensando sobre a última conversa que tivemos

— digo e ela apenas me ouve. — Estou disposto a aceitar que esse

filho pode ser meu, faremos o exame e se realmente for, irei assumi-

lo, mas antes quero saber a verdade.

— Que verdade?

— Quem te ajudou nisso tudo? Sei que seria impossível você

me colocar na cama sozinha, além disso, quero entender o motivo

de ter me drogado a ponto de transar comigo inconsciente, me diga

o porquê.

Jennifer fica quieta e suspira, cabisbaixa.


— Me sinto um pouco culpada pelo que eu fiz no passado,

Steve, mas para ser sincera, não me arrependo, foi com as minhas

decisões que eu cheguei até aqui.

— Tenho plena certeza de que foram elas que a trouxeram

aqui, Jennifer, afinal, se não fosse, podíamos estar juntos — digo

isso a fim de mexer com ela, e pelo seu olhar que brilha, dá certo.

— E podemos ficar, esse bebê veio para nos unir novamente

— diz, aproximando-se e levando minha mão até sua barriga.

Quero recuar, mas me mantenho firme, sabendo que se eu

fizer isso, Jennifer desconfiará de alguma coisa.

— Me fale a verdade, Jennifer — peço novamente.

Ela suspira e assente.

— Tudo bem, eu realmente te droguei e não me sinto

orgulhosa disso — começa e meu coração acelera. — Tive a ajuda

de um amigo meu para colocá-lo na cama, mas eu juro que


transamos e esse filho é nosso — completa, o que me deixa

enojado.

— Que amigo? — inquiro.

— Se chama Martin — diz séria. — Agora que disse a

verdade, você e eu voltaremos?

Afasto-me um pouco dela e sigo até a porta, abro e dou

passagem para Alexsandra, Henry, Nubia, mamãe, seu namorado e

dois policiais, além disso, meu advogado e o xerife.

— Acho que antes de responder sua pergunta, você ficará

feliz em saber quem são essas pessoas que você ainda não

conhece — falo e Jennifer fica confusa.

— Steve, o que está acontecendo?

— Eu gravei tudo o que você disse, Jennifer, além disso,

esses dois policiais e o xerife, que é meu amigo, ouviram em tempo

real cada palavra que você me disse.


— Assim como eu — diz Alex indo em sua direção. — Você

pensou mesmo que deixaríamos essa história para lá e

aceitaríamos a sua versão dos fatos?

— Sua vadia! — exclama indo em direção de Alex, puxo

minha sócia na minha direção e os dois policiais se posicionam na

frente da minha ex.

— Olá, Jennifer, me chamo Mike e estou aqui para levá-la

comigo até a delegacia — avisa o xerife. — Seu amigo Martin já

está sendo levado para lá, por favor, queira me acompanhar.

— Eu não vou para lugar nenhum com você, seu imundo! —

diz, afastando-se, de repente tudo fica em câmera lenta e ela

arranca uma arma do seu bolso, apontando na direção de Alex.

Os policiais apontam as suas para Jennifer e recuo, querendo

ir em direção de Alexsandra.

— Nem pensem em fazer alguma coisa — fala Jennifer. — Se

vocês atirarem ou tentarem me prender, eu mato essa vadia.


Vejo o olhar aflito de Alex, assim como de Nu e mamãe, meu

filho e padrasto se mantêm parados.

— Jennifer, abaixe essa arma, não queremos que ninguém se

machuque, por favor — peço e ela ri.

— Você acha mesmo que vou acreditar em você, Steve? Já

que estamos aqui, saiba que realmente esse filho não é seu, na

verdade, é de Martin, enquanto você estava deitado, drogado, eu e

ele transávamos ao seu lado sem você nem perceber, foi uma

experiência única, ainda mais por ver Alex chorando e acreditando

que você a tinha traído.

Jennifer volta a rir e fico chocado com sua confissão, com

certeza eu não esperava por isso, mas agora sei que esse filho

nunca será meu.

— Você é desprezível, Jennifer — diz mamãe e arregalo os

olhos. — Por que não é mulher uma vez na vida e resolva isso como

uma?
— Cala sua boca, sua velha estúpida, antes que eu atire em

você!

— Não! — grito, vendo-a apontar a arma para mamãe,

coloco-me na frente e levanto os braços, rendendo-me. — Vamos

sair daqui, não faça nada que se arrependa depois, Jennifer.

— Eu vou sair sim, mas com ela — diz apontando para Alex

com a cabeça. — Anda, vamos logo, e se vocês vierem atrás de

mim, eu a mato sem dó.

Jennifer vem na direção de Alex que sai com ela da saleta,

observando-me atentamente, quero correr em sua direção, mas

Mike me impede, segurando-me com Henry, enquanto Nubia chora,

então as duas desaparecem de nossas vistas e sinto meu corpo

retesar.

Alexsandra está em perigo.

Nosso plano falhou.


42 — Perseguição

Alex

Saio com Jennifer apontando a arma para mim

disfarçadamente e quando estamos do lado de fora, ela me leva

para um carro preto, assim que entro, assusto-me ao ver José no

volante e Martin no banco de trás, está segurando um par de

algema e prende meus braços, com Jennifer me jogando para

dentro.

— José — digo confusa e ele me encara.

— Alex, quanto tempo, como você está? — inquire e fico sem

acreditar ao vê-lo falar de maneira tranquila.


— Está surpresa? — questiona Jennifer, sentando-se no

banco do passageiro, ela continua com a arma apontada para mim e

o ex de Nubia começa a dirigir, saindo do estacionamento.

— Como você pôde? — indago e ele dá de ombros.

— Depois que Nubia e eu terminamos, percebi que isso tudo

foi sua culpa, afinal, se não tivesse apresentado aquele cara idiota

para ela, estaríamos juntos agora, quantas vezes brigamos e no fim

voltamos? Mas o filhinho do seu sócio se colocou no nosso caminho

e tudo deu errado.

— Pensei que não quisesse mais nada com Nubia, você

sumiu depois que terminaram — digo e ele nega.

— Na verdade, eu apareci esses tempos, te perseguindo,

lembra?

Recordo do carro que jurei ser Jennifer e nego com a cabeça,

sem acreditar, então, para a minha surpresa, vejo Steve correr para

o lado de fora e ver o carro, apontando para nós.


— Acelera, José — ordena Jennifer e é justamente isso que

ele faz, seguindo em alta velocidade pelas avenidas de Nova York.

Meus braços continuam presos e Martin fica em silêncio.

— Como você escapou da polícia? — indago, já que o

delegado Mike garantiu que ele estava sendo levado para a

delegacia.

— Vocês acham mesmo que somos idiotas, querida? —

pergunta Jennifer. — Eu já imaginava que essa festa seria uma

armadilha, então resolvi me prevenir, neste momento os policiais

estão pegando a pessoa errada.

— E o que pretende fazer, ficar fugindo? Isso tudo poderia ser

diferente, Jennifer, você que quis que fosse desse jeito.

Ela continua com a arma apontada para mim e José acelera

mais ainda, não demora e ouço as sirenes dos carros da polícia

vindo atrás de nós, olho pelo vidro e vejo um carro ao lado deles,

que reconheço ser de Steve.


— Merda! — grita Jennifer, destravando a arma, volto minha

atenção para ela, que continua apontando para mim. — Se tentarem

alguma coisa, é bom ir rezando, que você vai encontrar sua

mamãezinha.

— Aliás, meus pêsames — diz José naturalmente.

Fico quieta, sem acreditar em cada palavra que ouço, isso só

pode ser uma piada muito ruim mesmo.

O ex de Nu continua dirigindo com rapidez e os policiais

perseguem o carro, vejo o trânsito caótico e batemos em um carro

de raspão, com José buzinando para abrirem caminho para ele, o

que os motoristas fazem. Sinto meu coração cada vez mais

acelerado e mantenho meu olhar na arma, sendo arremessada para

a frente quando um carro bate em nós. Vejo ser a viatura e a outra

nos cerca na lateral, com Steve vindo para o outro lado e abrindo

seu vidro, enquanto dirige.


— Jennifer! — grita dirigindo, ele tenta prestar atenção no

trânsito e em nós, o que faz meu coração saltar dentro do peito. —

Pare esse carro agora mesmo!

— Nem ferrando! — diz Jennifer, abrindo o vidro e atirando no

seu pneu, que estoura e faz Steve bater em outro carro, parando

com tudo.

Solto um grito involuntário e ela volta sua atenção para mim,

dando um soco no meu rosto, fico desorientada e os policiais

continuam perseguindo-nos, com José desviando dos carros.

— Entre na próxima esquerda — ordena Jennifer e ele faz

isso, tendo a rua livre, onde segue ainda mais rápido. Percebo que

estamos afastando-nos do centro da cidade e sinto meu rosto doer,

a cabeça latejando.

— Jennifer, por favor, se entregue, Steve cuidará para que

você tenha uma pena reduzida, nada acontecerá com você, você

está grávida!
— Fica quieta, sua vagabunda, antes que eu atire em você.

Engulo em seco e os policiais continuam perseguindo-nos,

vejo que seguimos para uma ponte e meu coração acelera, a viatura

nos acerta novamente e tudo acontece tão rápido, que sinto meu

corpo retesar.

O carro capota três vezes e os vidros se estilhaçam, sinto

minha pele ser perfurada e quando noto, uma ferragem entrou na

minha barriga, manchando minha roupa de sangue. Tudo fica em

um silêncio estranho, percebo os movimentos ágeis e perco a conta

do tempo que estamos parados, José atravessou o para-brisa, noto

que seu crânio está aberto, sangrando, e os olhos vidrados, assim

como Jennifer, que está caída com estilhaços por todo seu corpo e

Martin ao meu lado, respirando com dificuldade.

Tento me mexer, mas é impossível, minha visão começa a

ficar turva e só ouço as sirenes, antes de desmaiar.

∞∞∞
Steve

Minha cabeça dói e não sei quanto tempo passa, Alex é

socorrida e por conta do grave acidente, passou por uma cirurgia de

mais de cinco horas. Para nossa sorte, deu tudo certo, o que não

posso dizer de José, que faleceu no local, e Jennifer, que acabou

morrendo a caminho do hospital, isso é claro se deve ao fato de que

ambos não estavam usando o cinto de segurança.

Martin, que pensávamos ter sido pego pela polícia, acabou

tendo ferimentos leves e assim que se recuperou, foi encaminhado

para a prisão.

Alex está no quarto em recuperação, se mantém em coma já

faz cinco dias e meu corpo dói completamente pelo acidente que

tive, para minha sorte, foi algo leve, que não me machucou, e neste

momento só consigo pensar na recuperação da mulher que eu amo.

Estou sentado ao seu lado, como ela está na UTI, não

permitem que eu fique muito tempo, então aproveito ao máximo e


seguro sua mão com firmeza, permitindo as lágrimas escorrerem

pelos meus olhos.

— Alex, por favor, volte para mim, eu te amo, preciso de você

aqui, não posso perdê-la.

O silêncio é minha única resposta e isso me deixa ainda mais

angustiado, sentindo como se meu coração estivesse sangrando.

Levanto, dou um beijo em sua testa e saio, Nubia está do lado

de fora com meu filho e mamãe, todos abatidos com o desfecho do

nosso plano que saiu mais errado do que imaginávamos. O pai de

Alex, o senhor Ariel, está a caminho daqui, fiz questão de mandar o

meu jatinho particular buscá-lo na Nigéria para ver a filha de perto, e

assim que ele chega, aproximo-me e o abraço, chorando juntos.

— Qual o estado dela? — indaga.

— Estável, a cirurgia ocorreu tudo bem, ela perdeu muito

sangue até ser tirada dos destroços do carro, e fizeram uma

operação emergencial para garantir que não perfurou nenhum órgão


vital ou tenha ficado algum resquício de ferro — digo. — Porém,

depois da cirurgia, ela ficou em coma e até agora não acordou.

— Por que não me avisaram antes? Eu teria vindo

imediatamente — diz Ariel.

— Eu que não deixei, titio — fala Nu. — Preferi que

tivéssemos boas notícias antes de dizer ao senhor, já perdemos tia

Ellie, sei que não aguentaria a pressão.

Ele apenas assente e todos suspiramos juntos.

— Ainda não acredito que José estava envolvido nisso, como

ele pôde? — indaga Ariel.

— Não sabemos direito — diz Nu. — Pelo depoimento de

Martin, ele ficou com raiva que terminamos e culpou Alex, já que foi

por meio da sociedade dela com Steve que eu conheci Henry.

Meu filho a abraça e Ariel suspira.


— Fiquei sabendo que a moça que morreu era sua ex, Steve

— diz e assinto.

— Sinto muito que isso tudo tenha acontecido, as coisas

fugiram do nosso controle.

— Não se desculpe, você não tem culpa — responde.

Ficamos em silêncio e suspiro, olhando pelo lado de fora do

quarto Alex deitada, sem reação alguma.

— Volte para nós — sussurro.

∞∞∞

Os dias passam rapidamente e somos obrigados a depor por

conta de tudo que havia acontecido, Alex não demonstrou reação

nenhuma e agora no quarto, podemos intercalar quem ficará com

ela, insisto todos os dias para me manter próximo dela, mas seu pai

e Nubia não deixam, dizendo que também querem.


Jennifer é enterrada e a notícia da sua morte choca as

pessoas, em uma decisão unânime, decido não sujar sua imagem e

toda a história do que realmente aconteceu é abafada, não

adiantaria nada dizer o verdadeiro episódio para mídia, já que ela

pagou com sua vida e do bebê.

Martin foi preso e espera julgamento, a morte de José

também pegou seus amigos de trabalho e faculdade de surpresa, o

que me deixou triste por pensar em como uma pessoa deixou-se ser

levada pela mente doentia de outra.

Não voltei para a empresa, nessa altura do campeonato,

todos estão sabendo o que houve com Alex e do nosso

relacionamento, então deixo meu filho assumir por enquanto os

negócios, já que não estou com cabeça para isso.

Chega a ser piada, pensar que antes de conhecer minha

sócia eu não queria deixar a empresa, e agora não quero voltar até

sua recuperação, mostra o quanto ela me moldou.


Mamãe, por insistência minha, viajou para Paris com seu

namorado, disse a ela que seria melhor distrair a mente um pouco e

quando tivéssemos novidades, entraria em contato imediatamente,

mas infelizmente nada mudou.

Os médicos disseram que está tudo bem com Alex, mas que

agora só depende dela reagir e voltar à realidade, a cirurgia deu

certo e não deixou dano algum, o que foi um alívio para nós.

Ainda é um choque muito grande para mim pensar em tudo o

que aconteceu, se não fosse Jennifer, nada disso teria acontecido...

Seguro a mão de Alex firme e suspiro, é a minha vez de ficar

com ela e seu pai saiu para tomar um café, enquanto Nu acerta

alguns detalhes do seu futuro restaurante, algo que foi contra sua

vontade, ela havia dito que não queria decidir nada enquanto sua

amiga não acordasse, mas com bastante conversa, Henry e eu

conseguimos convencê-la de distrair a mente nos horários que não

estivesse no hospital, sabendo que Alexsandra iria gostar disso.


Aperto a mão dela e seco uma lágrima que escorre do meu

rosto.

— Alex, por favor, volte para mim, eu não aguento mais viver

sem ouvir sua voz, de beijá-la, de ouvir sua risada — digo em

prantos. — Volte para mim, eu te amo, Alexsandra Burckhardt, e

quero passar o resto da minha vida ao seu lado.

“Não sei quantos anos ainda irei viver, mas se fosse apenas

mais um, desde que estivesse ao seu lado, sei que seria o melhor.

Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida nos

últimos anos, nenhum dinheiro ou poder faz sentido se não vivermos

o agora, o amor.

Nunca imaginei que amaria alguém novamente, até eu

esbarrar em você e ver seu sorriso lindo. Vê-la naquela reunião

despertou algo dentro de mim que pensei estar morto.

Despertou o mais intenso desejo, um desejo ardente, eterno,

que eu quero sentir para sempre.


Então por favor, volte para mim.”

Fico em silêncio ao terminar de falar e enxugo meus olhos,

sentindo a mão de Alex apertar a minha, fico surpreso ao ver isso e

arregalo os olhos.

— Alex? Se você apertou minha mão, aperte de novo.

Encaro seus dedos pequenos envolverem minha mão e sorrio

com isso, observando-a abrir os olhos devagar.

— Alex, você consegue me entender? Se sim, balance a

cabeça.

Ela meneia de leve e rio, chorando ainda mais.

— Você voltou para mim! — grito alegre.

Ariel entra no quarto e derruba o café que está nas mãos no

chão ao ver sua filha com os olhos abertos.

— Filha? — indaga e apenas o gemido é a resposta, já que

está de sonda.
— Eu vou chamar o médico — digo, levantando-me.

— Não, fique aqui, deixe que eu faça isso — diz Ariel e

encara o café no chão. — Vou aproveitar para ver se alguém limpa

essa bagunça.

Ele sai antes que eu diga alguma coisa e volto minha atenção

para Alex, acariciando o alto da sua cabeça.

— Agora vai ficar tudo bem — digo sorrindo. — Obrigado por

voltar para mim.


43 — Recuperação

Os dias passam devagar e Alex tem alta, ela está bem,

falando, e não se queixa de dor, como passou por uma cirurgia

arriscada, os médicos recomendaram que ela ficasse mais alguns

dias de repouso na sua casa, e foi o que fizemos.

Mamãe voltou de viagem imediatamente quando dei as boas

notícias, Nubia parou de cuidar do restaurante por uns dias, dizendo

que seria a babá da amiga, Ariel se instalou na casa de sua filha e

eu ia todos os dias vê-la, esperando o momento certo para fazer o

pedido que realizaria na festa, mas fui impedido por conta de toda a

fatalidade.

Com Alex descansada e se recuperando rapidamente, ela

deu seu depoimento sobre o que houve no carro e sentiu muito com
a morte de José, e apesar de tudo, sei que ficou sentida com a

morte de Jennifer também, que no fim era apenas uma mulher

totalmente desequilibrada.

Sinto meu corpo retesar e o coração acelerar quando estou

na casa da minha sócia e chamo seu pai de canto para

conversarmos. Seguimos para o lado de fora para que ninguém

ouça nossa conversa e o observo.

— Aconteceu alguma coisa, Steve? — indaga e nego com a

cabeça.

— Na verdade, eu queria pedir algo para você — falo e ele

me observa.

— Estou ouvindo.

Respiro fundo e conto até três, sentindo-me um adolescente.

— Eu gostaria de p-pedir a-a m-mão da sua filha — gaguejo.

— Antes de todo o incidente, eu iria pedi-la em namoro, mas isso

tudo que passamos me mostrou o quanto eu a amo, e quero passar


o resto da minha vida ao seu lado, construir uma família e fazê-la a

mulher mais feliz do mundo.

Ariel me encara e suspira, olhando para o céu.

— Sabe, se a mãe de Alex estivesse aqui, abraçaria você

agora mesmo e não pensaria duas vezes antes de dizer que permite

você casar com nossa filha, mas ela não está — ele me observa e

tenho certeza de que se negará, levando em consideração que por

culpa da minha ex sua filha quase morreu —, porém eu estou para

fazer isso e claro que permito que case com minha filha.

Fico surpreso ao ouvir o que diz e o abraço, sem me importar

se alguém do lado de dentro possa estar vendo.

— É sério? — pergunto e ele assente.

— Alex ama você, sei disso, desejo apenas que a faça feliz,

que sejam felizes.

— Prometo que farei ela a mulher mais feliz do mundo todos

os dias — digo e ele sorri.


— Eu sei disso, agora você tem que ver se ela aceita, está

pensando no que para fazer o pedido?

Suspiro e dou de ombros.

— Que tal um jantar aqui mesmo? Ela ainda está se

recuperando — falo e ele concorda.

— Então é melhor agirmos logo, vamos, eu vou ajudá-lo com

tudo, você dirige.


44 — Pedido

Estou no meu quarto recuperando-me do acidente que

envolveu José, Jennifer, Martin e eu. Apesar de me sentir bem, meu

corpo dói um pouco, mas nada que seja grave. Observo pela janela

o meu pai e Steve saírem de carro e estranho.

Levanto e aproveito para tomar um banho para refrescar, está

quente hoje em Nova York e sinto minha pele grudar, sigo para o

banheiro e me dispo, sentindo a água fria percorrer minha pele,

ainda estou com o curativo no meu abdômen e meu médico me

disse que ganharei uma pequena cicatriz.

Aproveito e lavo o cabelo, finalizo um tempo depois e saindo

do banheiro, sigo para o quarto novamente e me troco, colocando

uma lingerie qualquer e um vestidinho preto básico acima do joelho.


Ainda fico surpresa em pensar que Jennifer morreu junto com

José no acidente que me envolvia, só de pensar que poderia estar

morta, meu coração congela e penso em mamãe.

Durante o coma, não consigo lembrar direito o que senti,

apenas me recordo de alguns ruídos e nada mais, quando enfim

acordei, a primeira pessoa que me veio à mente foi mamãe e se ela

se sentia desse jeito.

Afinal, como é a morte?

Suspiro e uma lágrima escorre pelo meu rosto, pensando em

como o último ano havia sido bom na minha vida profissional,

amorosa e como foi difícil em outros aspectos.

Decido esquecer isso no momento e saio do meu quarto após

secar o cabelo, encontro Nubia e Henry sentados na sala, assistindo

televisão e pigarreio para se darem conta que estou aqui.

— Alex — diz Nu, virando-se para mim e apontando para o

assento ao seu lado. — Vem pra cá.


Sigo para o lugar indicado e encaro os dois.

— Vi papai e Steve saírem juntos, sabem me dizer para onde

foram?

— Quero descobrir também, Henry sabe, mas não quer me

contar de jeito nenhum — comenta minha amiga.

Fuzilo o namorado da minha amiga e rio logo em seguida,

pensando o quanto os dois ficam bem juntos e amadureceram nos

últimos tempos. No fim, foi bom minha amiga não ficar com José, se

ele foi capaz de me perseguir e agir com Jennifer, não quero nem

imaginar o que poderia fazer com minha amiga caso se

desagradasse com algo.

Porém, ainda me sinto um pouco mal pela sua morte, mesmo

sabendo que o único culpado disso foi ele mesmo.

A vida realmente é engraçada, em algum momento pensei

sobre isso, mas devo ressaltar o quanto é estranho estarmos vivos e


de repente morrermos. Hoje estamos aqui e amanhã somos apenas

lembranças dolorosas para quem fica.

— Acho que seria melhor se você nos falasse o que nossos

pais estão aprontando — digo em tom de ameaça e ele ri.

— Não posso, prefiro ser ameaçado por vocês do que

enfrentar o meu pai, ainda mais que eu quero um salário maior.

Nu e eu nos encaramos e concordo, pegando uma almofada.

— Tudo bem, se é assim que você prefere... — Acerto-o com

a almofada e Henry desvia, pegando uma e tentando me acertar,

desvio rapidamente e acerto minha amiga, que entra na brincadeira

e nos acerta.

Rapidamente corro dos dois, que se unem em prol de me

acertarem e subo a escada, não conseguindo escapar das

acertadas. Rio tanto que minha barriga dói, com os dois se

divertindo. Volto a acertá-los e a guerra de almofadas continua, até

que ouço a porta ser aberta e paramos.


— Filha? — Ouço a voz de papai e, recuperando a

respiração, desço a escada, com Nu e Henry atrás.

Observo papai e Steve ao seu lado, ambos estão com

sacolas em suas mãos e seguem para a cozinha.

— Onde vocês foram? — indago e papai dá de ombros.

— Só fomos ao mercado comprar algumas coisas para o

jantar de hoje.

Encaro papai e depois Steve, que parece meio sem graça, o

que me faz acreditar que foi alguma coisa que conversou com meu

pai. Isso ou ele está me escondendo algo.

— E o que teremos para o jantar? — indago e Steve dá de

ombros.

— Seu pai e eu faremos uma massa para o jantar.

— Espera aí, vocês dois vão cozinhar? — Cruzo os braços,

realmente surpresa com a revelação.


— Sim, vamos — diz papai, já colocando o avental, Steve dá

um sorriso de lado e inicia o corte dos ingredientes que vão usar.

Enquanto eles cozinham, decido colocar uma música para

tocar e nos sirvo de vinho, Nubia e Henry se juntam conosco e

ficamos sentados na ilha da cozinha, enquanto os dois agem nas

panelas. Sorrio feito boba enquanto eles preparam tudo em uma

sincronia incrível, o que me deixa feliz, sabendo que mamãe iria

adorar este momento em família.

O cheiro do molho invade nossas narinas quando a

campainha toca e resolvo atender, para minha surpresa e

satisfação, é dona Lourdes e seu namorado, Francisco.

— Dona Lourdes, é bom tê-la conosco — digo, abraçando-a e

ela revira os olhos.

— Eu já disse, nada de dona! — exclama e assinto,

cumprimentando seu namorado, que é muito gentil.


Apesar de gostar da sua visita, ainda estranho todo esse

movimento em casa, com Nubia e Henry organizando a mesa com a

melhor louça que temos, enquanto papai e meu sócio permanecem

na cozinha cozinhando.

— Aceitam uma taça de vinho? — indago a Lourdes e

Francisco.

— Aceitamos, querida, Henry, pegue meu casaco — diz sua

vó retirando e entregando ao neto, que revira os olhos e quando

passa ao seu lado, leva um fraco tapa na cabeça. — Onde já se viu

revirar os olhos para uma dama?

— Vovó, por que a senhora não vai ver vídeos de gansos

caindo? — Henry debocha e ela tenta acertar outro tapa, que dessa

vez ele desvia.

— Porque simplesmente não encontro, acabei desistindo

dessa história.
Rio com isso e pego meu celular, procurando algo relacionado

no YouTube, para a minha surpresa, aparece um vídeo e dou play,

mostrando para dona Lourdes.

— Seria isso que você tanto procura? — pergunto e ela puxa

o celular da minha mão, surpresa ao ver o vídeo.

— Meu Deus, eu procurei tanto por isso! — exclama e rio,

vendo seus olhos brilharem enquanto reproduz várias vezes,

mostrando para cada um e provocando seu filho, questionando-me

se ele caiu do mesmo jeito que a ave.

Depois de nos divertirmos muito e o jantar finalmente ficar

pronto, seguimos para a mesa e me sento na cabeceira, com papai

do meu lado e Steve do outro, na outra ponta fica Nubia, com Henry

do seu lado, dona Lourdes do outro e seu namorado na cadeira ao

seu lado.

— Esse jantar é especial porque tem um motivo — diz papai e

fico sem entender.


— Qual motivo? — pergunto curiosa.

— Steve que deve dizer, mas antes vamos comer — avisa

papai.

Dou de ombros sabendo que não adianta indagar e

começamos a nos servir, assim que provo da comida, solto um

suspiro ao sentir o delicioso gosto da massa, elogiando a cada

garfada.

Todos disparam elogios a Steve e papai, que agradecem e

sorriem um para o outro, fico feliz em saber que se dão bem e após

finalizarmos a comida e nos servimos de sobremesa — que é

sorvete —, retiramos a louça e vamos para a sala, bebendo mais

vinho enquanto conversamos, com a música tocando baixo.

— Gostaria de falar por um momento — diz Steve, levantando

e encarando todos, nos ajeitamos no sofá e ele pigarreia. — Eu

nunca pensei que a vida de um homem poderia mudar tanto, mas a

minha foi a prova de que isso é capaz de acontecer.


“Como todos sabem, passei por diversas coisas na minha

vida que me deixaram amargurado e desacreditado de que poderia

encontrar alguém para passar o resto da minha vida.

Até, é claro, esbarrar em uma mulher que pouco tempo

depois, se tornaria a minha sócia e para a minha surpresa, faria a

chama que estava apagada há muito tempo, ressurgir dentro de

mim.

Alexsandra Burckhardt, você foi uma mulher que mexeu

comigo desde o primeiro instante que nos vimos, nunca pensei que

me envolveria tão facilmente com você, mas aconteceu.

Parece que a vida gosta mesmo de pregar peças, não é? E

por acaso, poucos dias após nos conhecermos, estávamos em uma

viagem só nossa, algo que há muitos anos mamãe não conseguia

me convencer a fazer.

Em uma conversa com Owen, meu amigo da padaria, ele me

ajudou a enxergar uma coisa:


Eu não poderia mais viver sem você mesmo se eu quisesse,

porque, apesar de nos conhecermos há pouco tempo, era como se

você fosse meu ar, como se meus pulmões só funcionassem se

estivesse perto de você.

Depois de tudo que passamos, com o plano maluco de

Jennifer, eu percebi ainda mais que não queria mais viver sem você,

por isso que planejei perguntar algo após a festa, mas como

sabemos, as coisas deram errado.

É por isso que conversei com seu pai mais cedo e resolvi

mudar a minha pergunta para fazê-la a você hoje, aqui, na frente da

nossa família.

Alexsandra Burckhardt, minha sócia e a mulher que mexeu

com todas as minhas estruturas, você aceita se casar comigo e

passar o restante da sua vida ao meu lado?”

Ao terminar de falar, ele deixa a taça sobre a mesa de centro,

se ajoelha e retira um anel do bolso, mostrando para mim.


Fico em choque, sem saber o que dizer ou pensar, olhando

para os lados e vendo que papai sorri mais do que o normal.

— Então foi por isso que vocês dois saíram! — exclamo,

vendo Steve de joelhos. — E você sabia.

Aponto para Henry que assente, pelo olhar de todos, eu sou a

única que não estava sabendo sobre esse pedido.

— Então, minha filha, você aceita o pedido de Steve? —

indaga papai.

Volto minha atenção para Steve e me aproximo dele, que

continua de joelhos.

— Steve — digo e noto seu olhar de expectativa. — É claro

que eu aceito.

Assim que respondo, todos vibram dentro de casa,

aplaudindo e gritando entusiasmados, dona Lourdes pula de alegria

e seu filho coloca o anel no meu dedo, levantando-se e selando

meus lábios com um beijo.


— Deus ouviu minhas preces, meu filho não vai morrer

sozinho! — diz animadíssima.

Rimos e todos nos cumprimentam, com minha amiga me

abraçando.

— Amiga, estou tão feliz por você — diz animada.

— E eu surpresa, as coisas acontecem mesmo rápido para

nós — falo e ela assente, conosco ficando mais surpresas ainda

com Henry se ajoelhando.

Arregalo meus olhos e seguro minha amiga, que tropeça para

trás.

— Nubia, não sou bom em discursos igual ao meu pai,

acredito que seja por isso que ainda não me tornei CEO das

empresas, mas o que tenho a dizer é que tudo nosso sempre foi

intenso e quero passar o resto da minha vida ao seu lado, ou até

quando durar, desde que queira o mesmo.

— Henry, eu...
— Quer casar comigo? — indaga, cortando-a e minha amiga

fica emocionada, apenas assentindo.

Henry sorri e tira um anel do bolso, sorrindo ao encarar dona

Lourdes.

— A senhora sabia! — digo e ela sorri.

— É claro que eu sabia, sobre os dois pedidos, e agora estou

feliz em dizer que eu também irei me casar com Francisco, no fim,

todos iremos nos unir e nos tornarmos uma família só.

Fico emocionada com isso e abraço todos, principalmente

papai, voltando para Steve, que me agarra e me beija.

— Eu te amo, Alexsandra — diz.

— Eu também te amo.

Sorrio e beijo seus lábios, com ele sussurrando em meu

ouvido:

— Estou ansioso para ficar a sós com você.


— Você não imagina o quanto eu também estou. — Sorrio e

me afasto para provocá-lo, voltando minha atenção para os outros,

aproveitando a noite deliciosa que temos em família.


45 — Seis meses depois

Após o pedido de Steve e Henry, os meses passam

rapidamente e trabalhamos arduamente, com os projetos sendo

inaugurados e além disso, um sucesso. O restaurante de Nubia é

inaugurado e ela coloca o nome de “Delícias de Ellie”, que é um

sucesso, saindo nos principais noticiários. Resolvo criar coragem e

tiro meu projeto engavetado e dou início ao processo, encontrando

um hotel abandonado e transformando em uma casa para ajudar

todas as pessoas, de todos os gêneros, que por suas diferenças,

não tiveram a mesma sorte que eu.

Os casamentos estão sendo organizados, resolvemos fazer

uma união a três; Steve e eu, Nubia e Henry, e dona Lourdes e

Francisco.
Concordamos que não queríamos nos casar na igreja e o

casamento seria na casa de praia da família Forbes, com um juiz de

paz concordando em ir até o local.

Estou realmente feliz com meu sócio e noivo, para algumas

pessoas ainda é loucura pularmos o “processo” de namoro e irmos

direto para o casamento, alegando que quase não nos conhecemos.

Gosto de dizer que a cada dia que passa conheço um pouco de

Steve, assim como ele me conhece e para ser sincera, essa foi a

melhor forma do nosso amor e carinho crescer cada vez mais.

Saio dos meus pensamentos quando Nubia sai de trás do

balcão do seu restaurante e sorri, secando o suor da sua testa.

— Como está? — pergunto sorridente e ela dá de ombros.

— Nosso maior sonho se concretizou, apesar de passarmos

por algumas provações, estou realmente feliz. Você conseguiu seu

contrato, eu consegui meu restaurante, que está sendo um sucesso,


e, além disso, seu projeto que estava engavetado há tantos anos,

enfim está prestes a sair, além disso, vamos nos casar!

— Nunca imaginei que “Casa para Todos” sairia do papel,

assim como nossos sonhos se tornariam reais em tão pouco tempo.

— E casar? — Nu ri. — Quem diria que um dia pensaríamos

em casar.

Rio e concordo, levantando-me da mesa que estou e

entrelaçando meu braço no seu.

— Olha isso tudo, Nu, é seu, construímos os nossos sonhos.

Encaramos o restaurante e ela assente, enxugando lágrimas

que escorrerem pelo seu rosto.

— Isso tudo graças a você, por ter me ajudado.

— Não, é graças a você que não desistiu do seu sonho

mesmo com as pessoas querendo que desistisse disso.

Ela suspira e enxugo seu rosto.


— Ainda estou surpresa com a atitude de José — fala e

concordo.

— Realmente só conhecemos das pessoas o que elas

querem nos mostrar — afirmo e ela assente.

— Apesar de tudo, espero que ele tenha descansado, assim

como Jennifer.

Suspiro e concordo, torcendo que isso realmente tenha

acontecido.

∞∞∞

Olho a fachada e sorrio ao ver escrito em letras grandes

“Casa para Todos”, sinto meus olhos lacrimejarem e penso em

mamãe, apesar de ainda não aceitar sua morte precoce, aprendi a

deixar a dor de lado e transformá-la em saudade.

Steve segura minha mão de um lado e Nubia do outro,

conosco entrando no ambiente filantrópico. Encaro o local

restaurado e vejo o quanto está bonito, o teto abobadado com


desenhos de anjos dá um charme ao local, os cômodos são bem

distribuídos, com quartos separados, onde tem uma cama, um

guarda-roupa, escrivaninha com um computador, televisão e um

frigobar. Sorrio com isso e após observarmos todo o local, vamos

para o lado de fora, com uma mulher vindo em nossa direção e me

encarando.

— Com licença, desculpe incomodar, fiquei sabendo que esse

é um lugar de acolhimento, é isso mesmo? — indaga e assinto,

formando um sorriso.

— É isso mesmo, você só precisa preencher uma ficha e

faremos um cadastro, temos algumas regras no local, posso passá-

las se desejar.

Ela assente e noto que é uma travesti, percebo algumas

marcas nos seus braços e pernas de agressão, sentindo meu

coração doer ao vê-la nessa situação.


— E-eu só quero poder ser respeitada do jeito que sou — diz.

— Minha família não aceita e me expulsaram de casa, estou na rua

há alguns dias.

— Então você não ficará mais — digo com a voz firme para

não chorar. — E adivinhe, você é uma mulher de sorte, será a

primeira abrigada na nossa casa.

Vejo seus olhos brilharem cada vez mais e ela sorri.

— Me chamo Mary — diz.

— Eu me chamo Alexsandra, mas pode me chamar de Alex,

este é meu noivo Steve e essa minha amiga Nubia, você trabalha,

Mary?

— Infelizmente não, trabalhava em uma lanchonete, mas

minha família fez escândalo no local e fui demitida.

Encaro Nu e ela sorri.


— Eu posso ajudá-la nisso, tenho um restaurante e preciso de

funcionária, o que acha de conhecer o local e fazer uma entrevista?

Ao ouvir isso, Mary chora descontroladamente e vou em sua

direção, sem me importar se está suja, abraço-a, sentindo seus

braços me envolverem e a puxo para dentro do local, como está

inaugurando, já temos funcionários que cuidarão de tudo. Fazemos

o seu cadastro e mostro o seu quarto, com ela sorrindo e

agradecendo ainda mais, o que deixa meu coração maravilhado por

ajudar uma pessoa nessa situação.

No fim, apesar de todas as dificuldades para chegar até aqui,

o meu maior objetivo foi alcançado; criar meu projeto. Nem se eu

tivesse todo o dinheiro do mundo pagaria ao ver a alegria desta

mulher, que agora terá uma moradia digna até poder se estabilizar

financeiramente.

Sorrio ao ver Mary emocionada, olho para a janela e encaro o

céu claro do lado de fora.


— Eu consegui, mamãe — sussurro, sabendo que me ouve

de onde estiver.
46 — A segunda carta

Encaro-me no espelho ao ver meu cabelo em um penteado

bem alinhado e o véu preso, o vestido branco simples meio

havaiano me aperta e rodopio para vê-lo completamente. Não posso

negar, estou uma noiva linda, assim como Nubia e dona Lourdes,

que estão ao meu lado, prontas para nos casarmos.

— Estamos lindas — falo e minha sogra levanta, o vestido

que usa é abaixo dos joelhos, simples, branco, seu cabelo está

preso, a maquiagem leve, nas mãos, um buquê de rosas vermelhas.

— Ainda não acredito que você realmente vai se casar com

meu filho — diz animada. — Eu pedi tanto para que isso

acontecesse!
— Eu sei — digo rindo ao me recordar do dia que a conheci.

— Obrigada por estarem ao meu lado, é difícil passar por esse

momento sem mamãe.

Fico cabisbaixa e Nu segura meu rosto.

— Nada de chorar, hein? Ellie não iria querer isso, você sabe

o quanto ela desejava sua felicidade.

— Eu sei, mas, ainda assim, sou egoísta a ponto de querê-la

ao meu lado neste momento, nos últimos meses minha vida mudou

tanto, meus sonhos se realizaram, e ela não está aqui para

comemorar comigo.

— Acredite, querida, de onde estiver, ela está feliz por você —

diz dona Lourdes, agarrando minhas mãos.

Concordo e abraço as duas.

— Quem diria que nós três casaríamos juntas — digo e

caímos na risada.
— Para ser sincera eu nem imaginava que na minha idade,

eu casaria novamente — fala dona Lourdes.

— Mas afinal, quantos anos a senhora tem? — Nubia

questiona e acerto um tapa nela, por perguntar algo tão delicado.

— Ah, eu amo vocês duas, mas isso é algo que não falarei —

diz piscando e voltamos a rir.

— Os rapazes já devem estar nos esperando na praia — digo

e elas concordam.

— Então é melhor irmos logo nos casar, estou ansiosa para

aproveitar minha lua de mel — diz minha sogra, arrancando outra

risada minha.

∞∞∞

Assusto-me ao ver papai entrar no quarto quando estou

sozinha e sorrio, indo até ele e abraçando-o.


— Filha, você está linda — diz, abraçando-me ainda mais

apertado.

— Obrigada, papai, quem diria que meses atrás estaríamos

falando que supostamente eu iria casar, e agora de fato isso vai

acontecer.

Rimos e ele meneia a cabeça.

— Espero que esteja pronta para ler a segunda carta de sua

mãe.

— Sim, farei isso assim que casar.

Ele nega com a cabeça e me entrega o envelope.

— Passei na sua casa antes e a trouxe, eu sabia que deixaria

guardada lá, acho que é bom lê-la antes.

— Mas mamãe disse para eu ler após eu me casar.

Estreito a sobrancelha e ele sorri de lado.


— Eu sei que foi isso que eu te disse, mas a verdade é que

era para você ler quando fosse casar.

Fico surpresa com papai e abro o envelope com urgência,

retirando o papel e desdobrando.

— Você quer que eu leia ou acha que consegue fazer isso

sozinha?

— Não, faça isso comigo, por favor.

Papai assente e pigarreia ao puxar o papel da minha mão e

me guiar para a cama, onde nos sentamos e começamos a ler:

Para quando você for casar.

Minha filha, seu momento chegou, quem diria que isso

aconteceria, não é mesmo? Sei que você sempre foi uma garota

apaixonada pelos negócios, mas quando se tratava do coração,

esquivava-se de falar sobre isso, mas agora é diferente. A primeira

lição da vida de casada é: você nunca conhecerá seu marido

completamente, assim como ele também não a conhecerá, e isso


deixará tudo ainda melhor, mesmo que em alguns momentos

parecerá ser difícil. Eu queria estar aí com você nesse momento,

ajudando-a a se arrumar, cuidar de cada detalhe e a mobiliar sua

casa nova, mas a vida tem seus planos para cada um de nós e a

minha se encerrou. Sei que ainda se sente triste pela minha partida

tão precoce, mas é assim que as coisas funcionam, afinal, essa é a

única certeza de que temos e não estamos preparados para ela.

Seu pai deve estar orgulhoso de você, assim como eu,

acredite, tenho certeza de que tudo que almejar, você irá alcançar,

isso tudo porque sempre foi uma pessoa destemida e cheia de si.

Minha menina, eu te amo tanto, tanto, que não consigo explicar em

palavras, para mim está doendo também não estar fisicamente junto

de vocês, mas acredite, eu sempre estarei ao seu lado

independentemente de qualquer coisa. Antes de mais nada, seja

feliz, quero que você realize cada vontade que almeja e nunca deixe

seu brilho se apagar.


Agora sua vida vai mudar, a partir desse momento, ela será

dividida com outra pessoa, e sei que em alguns momentos isso

pode parecer desesperador e loucura, mas acredito que vai gostar

da sensação de estar casada. Como dizia sua avó, Maria Onete, a

vida passa e a única coisa que levamos daqui é a certeza de que

nada será levado, parece loucura, mas é assim que funciona. Quero

desejar tudo de bom para você e seu futuro esposo, e antes que eu

me esqueça...

“O Amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte.”

Com amor;

Mamãe.

Fico em silêncio ao terminar de ler com papai e suspiro,

segurando as lágrimas para não borrar a maquiagem.

— Sua mãe te ama e está orgulhosa de você, filha, sei que

ainda dói, que a queríamos aqui, mas não chore.


Guardo a carta no envelope novamente e entrego ao papai,

abraçando-o em seguida.

— A vida é estranha... como que uma doença pode acabar

com uma pessoa tão facilmente?

— Infelizmente essa é uma resposta que eu não tenho, mas

sabe, eu penso em Ellie todos os dias, desejo-a em todos os

momentos, porém, sei que está melhor do que aqui.

Assinto e levanto, com papai fazendo o mesmo.

— Você me leva ao altar?

— Você e Nubia, como sempre combinamos — diz piscando.

Sorrio e entrelaço meu braço ao seu.

— Então é melhor irmos logo, afinal Nubia e Lourdes estão

nos esperando, e os noivos devem estar cansados.

Papai ri e concorda, dando um beijo no alto da minha cabeça.

— Vamos lá, vou levá-la para se casar.


47 — “Sim”

Percebo o suor me pinicando e o sol queimando minha

cabeça, a maresia do mar está forte, todos os convidados — a

maioria da empresa para ser sincero, e alguns parentes distantes —

estão sentados em seus lugares, enquanto meu padrasto, Henry e

eu estamos no pequeno palco improvisado, lado a lado, com o juiz

de paz, esperando nossas futuras esposas.

Sinto-me nervoso como um adolescente e coço minha barba,

vendo mamãe, Nubia, Alex e seu pai saírem da casa ao longe e

caminharem em nossa direção. Mamãe contratou uma banda para

tocar e assim que todos as veem, rapidamente se levantam junto

dos convidados e começam a tocar a marcha nupcial.


Ajeito-me com meu filho ao meu lado e Francisco do outro e

vejo Ariel com os braços entrelaçados na minha futura esposa e

nora, mamãe está ao lado de Alex, segurando sua mão, e com a

outra, o buquê. Respiro fundo e conto até três, pedindo a Deus que

eu não desmaie agora, meu coração bate forte no peito e as três,

junto do meu sogro, param na nossa frente e sorriem para nós. Ariel

entrega Nubia para Henry e se aproxima, entregando Alex para

mim, depois disso, entrega mamãe ao meu padrasto, que agradece.

Decidimos não ter padrinhos, afinal, se fôssemos para ter, não daria

para casarmos ao mesmo tempo, então combinamos que seríamos

um a testemunha do outro.

Encaro minha futura esposa e sorrio ao ver o quanto Alex

está linda, o vento bate contra nós e bagunça um pouco seu cabelo

alinhado, deixando-a ainda mais bela.

— Você está linda — balbucio e ela sorri.

— Você também, gibi — brinca e rio.


Uso uma calça social, camisa aberta e as mangas dobradas,

já que o calor na praia é grande.

O juiz de paz pigarreia e permite todos se sentarem, a música

toca baixo, e nos viramos para ele, que sorri.

— Esta tarde, estou aqui para celebrar com vocês a união

desses três casais que resolveram casar-se juntos e dividir esse

momento tão importante.

Engulo em seco e seguro a mão de Alex firme.

— Vamos começar com a senhora...

— Lourdes, me chame apenas de Lourdes — diz mamãe

irritada, o homem concorda e reviro os olhos sem que perceba, para

não o constranger ainda mais.

— Lourdes Mary Forbes, você aceita se casar com Francisco

Milles Sanchez para passar o resto de sua vida, na alegria e na

tristeza?
— Aceito — diz mamãe.

— Francisco Milles Sanchez, você aceita se casar com

Lourdes Mary Forbes?

— Sim.

— Certo, irei continuar as uniões e no final vocês todos

assinam e encerramos com o beijo, podem trocar as alianças.

Vejo meu padrasto colocar a aliança no dedo de mamãe e

selar com um beijo, ela faz o mesmo e sorri alegre.

Percebo o quanto está feliz e isso me anima, saber que

mamãe passará o restante da sua vida com outra pessoa que a ama

e respeita, deixa-me realmente feliz.

— Nubia Menezes, você aceita se casar com Henry Charles

Forbes para respeitá-lo e amá-lo até o fim dos seus dias?

— Aceito — diz Nu.

— Henry...
— Aceito, meu camarada, obrigado — diz meu filho cortando

o juiz de paz, que apenas assente.

Os dois trocam as alianças e o juiz de paz encara eu e Alex.

Sinto meu coração cada vez mais acelerado e ele sorri.

— Steve Charlie Forbes, você aceita se casar com

Alexsandra Burckhardt na alegria e na tristeza, na riqueza ou na

pobreza, na saúde e na doença até que a morte os separe?

Encaro a mulher na minha frente e seu olhar reflete no meu,

neste momento, é como se estivéssemos somente nós dois aqui,

parados, um contemplando o outro. Passa-se um filme na minha

mente e me recordo de tudo que vivenciamos juntos nos últimos

meses, do dia em que nos conhecemos, da nossa viagem, a nossa

primeira vez, o dia em que ela me ligou e fizemos brincadeiras

sexuais pelo telefone e claro, quando quase a perdi por mentira de

Jennifer. Recordo do momento em que ela foi raptada pela minha ex

e do medo que senti ao pensar que a perderia para sempre.


Da nossa sociedade crescendo, os planos se concretizando,

seu sonho de criar um lar para todas as pessoas necessitadas e até

mesmo a dor da perda precoce de sua mãe. Recordo do nosso

primeiro beijo, toque e o desejo intenso que senti por ela.

Alexsandra Burckhardt nasceu para ser minha mulher e eu a

amo.

— Sim — afirmo. — Eu aceito me casar com essa mulher e

prometo, diante de todos, que farei ela a pessoa mais feliz do

mundo.

Alex sorri sem graça e o juiz se vira para ela.

— E você, Alexsandra, aceita casar-se com Steve e dividir

sua vida com ele?

Ela parece refletir e sorrio ao vê-la menear a cabeça.

— Sim — diz.

— Podem trocar as alianças.


Seguro a mão de Alex delicadamente e deslizo a aliança para

seu dedo, com minha esposa fazendo a mesma coisa, assim que

enfim assinamos os papéis, a encaro e selo nossos lábios em um

beijo apaixonante, com todos nos aplaudindo.

Entrelaço minha língua na de Alex e encerro o beijo com um

selinho, apertando-a contra mim.

— Está pronta para vivermos o nosso felizes para sempre,

sócia? — inquiro e ela ri.

— Desde que seja ao seu lado, eu estou pronta para tudo —

sussurra.

Abraço-a feliz com isso e sorrio, pensando o quanto amo esta

mulher.

— Eu te amo, Alex, para sempre.

— “Não lhe direi as razões que tens para me amar, pois elas

não existem. A razão do amor é o amor”. Eu também te amo, Steve,

para sempre!
48 — Lua de mel

Ligo o som em uma música sensual e sigo na direção de

Steve, que está deitado na cama, com os braços presos, apenas de

cueca, e danço na sua frente de maneira sensual.

Ele sorri com isso e começo a me despir, retirando meu

vestido e ficando apenas de lingerie, acompanhando a música,

deslizo a mão pela minha barriga e paro próxima a minha calcinha,

puxando-a e escorregando pelas minhas pernas devagar. O

movimento deixa meu marido excitado e o volume se forma na sua

cueca, desejando sair para fora.

Sorrio com isso e retiro o sutiã, mostrando para ele os meus

seios, sem pensar duas vezes, sigo em direção da cama e subo

engatinhando, parando próxima ao seu pau que pulsa e puxando


sua cueca. Ele resfolega e sorrio com isso, abocanhando a glande

lubrificada e deliciando-me na extensão do seu pênis. Chupo-o com

gosto e após meu marido gemer e urrar, retiro seu pau da minha

boca e sigo em direção a sua barriga, beijando. Paro próximo ao

seu peitoral forte, encaro seu olhar malicioso e beijo seus lábios,

deliciando-me na maciez da sua boca quente e gostosa, como seus

braços estão presos no dossel da cama, ele não consegue se

mexer, e isso me deixa ainda mais excitada.

Devoro sua boca e sigo para sua clavícula, beijando cada

parte do seu delicioso corpo.

— Tem um presente para você no closet — diz e fico confusa.

— E o que é?

— Acho que você vai gostar de ver.

Esquivo-me dele e sigo em direção ao local indicado, abro e

vejo uma caixa de presente, com um laço vermelho, pego-a e sigo


na direção da cama, ao abrir, meus olhos brilham ao ver lubrificante,

coleira, chicote e uma cinta peniana.

— É sério que você vai deixar eu usar isso em você na nossa

lua de mel? — inquiro e ele sorri.

— Você não quer?

— É claro que eu quero! — exclamo e ele sorri.

— Então me solta da cama e vamos aproveitar, hoje eu vou

fazer tudo que você quiser.

Sorrio com isso e sigo até a mesinha de cabeceira, pego a

chave das algemas e vou na sua direção, soltando seus braços.

Quando está enfim livre, Steve vem na minha direção e me agarra,

pulo no seu colo e nos envolvemos em um beijo apaixonante, ele

acerta um tapa na minha bunda e arranho suas costas, mordendo

seu lábio. Steve encosta meu corpo na parede e beija meu pescoço,

morde minha orelha e segue para minha clavícula, percorrendo até

meus seios e os devorando.


— Hoje eu vou ser sua presa, Alexsandra, quero que me

devore.

Arrepio-me com suas palavras e ele me coloca no chão,

ficando parado na minha frente.

Decido agir e vou até a caixa, pego a coleira, o chicote, e

volto na direção do meu marido.

— Se abaixe — peço e ele fica de joelhos, passo a coleira

pelo seu pescoço e o puxo, vendo seus olhos brilharem de maneira

densa.

Ele levanta e seguimos até a cama, arranco sua cueca e

aponto para o colchão.

— Fique de quatro para mim, Steve.

Mais uma vez ele faz o que eu mando e vejo sua bunda

empinada na minha direção, lambo os lábios ao vê-la e puxo a

coleira, vendo-o se esticar para trás, como um verdadeiro

cachorrinho.
Sorrio com isso e deixo a coleira por um instante de lado, indo

até a sua bunda e segurando suas nádegas, abro-as e encaro seu

sexo rosado, aproximo-me e percebo o quanto a ideia de fazer isso

me deixa excitada, então passo minha língua no seu ânus e meu

marido solta um gemido alto. Repito o processo algumas vezes e

ele se sente ainda mais excitado, lambuzo-me no seu sexo anal,

maravilhada a cada investida da minha língua, então sigo com meu

indicador até seu ânus e acaricio.

Ele se comprime ao meu toque e me arrepio ao ver isso,

então volto até a caixa e pego o lubrificante, abro o tubo e lubrifico

seu cuzinho e meu dedo, acariciando em movimentos de massagem

e enfio devagar. Steve solta um gemido e empina ainda mais sua

bunda na minha direção. Deslizo meu dedo por ele devagar e

começo a fazer movimentos de vai e vem dentro do seu sexo.

Enquanto movimento meu dedo contra seu ânus, deslizo

minha mão livre pela minha barriga e paro na minha boceta,


enfiando devagar e me masturbando. Nosso quarto é preenchido

pelos nossos gemidos e me arrepio completamente, guiando outro

dedo para dentro de Steve, que implora para que eu o coma com

agilidade.

Continuo os movimentos ágeis e depois de um bom tempo,

retiro meus dedos de dentro dele e o puxo pela coleira em minha

direção, beijo seus lábios suavemente e ele me encara.

— Agora me fode com a cinta — diz com a voz rouca, sorrio

com isso e vou até a caixa, para a minha surpresa, a cinta contém

dois “pênis”, um para inserir em mim e o outro no parceiro.

Encaixo dentro de mim e solto um gemido, Steve sorri ao ver

o pênis de borracha apontado e volta para a cama, novamente

ficando de quatro, vira-se na minha direção e lambe os lábios.

— Me come, Alex.

Lubrifico sua entrada e o pênis de borracha, aproximando-me

dele cada vez mais. Entro nele devagar e fico maravilhada ao ver
sua carne ser aberta, Steve geme alto e vou devagar, parando

quando está na metade, ele se vira e nega, puxando com sua mão

meu corpo em sua direção e deslizando tudo para dentro dele. Meu

marido volta a gemer e fico parada quando estou completamente

dentro dele, ele respira fundo e fecha os olhos, esperando.

Aguardo, esperando sua permissão e quando ele meneia a

cabeça, entendo que posso iniciar os movimentos.

Começo devagar e fico maravilhada ao sentir o pênis de

borracha dentro de mim, seguro na cintura de Steve e vou

aumentando as estocadas devagar, ficando a cada segundo mais

rápido. O quarto é preenchido pelas suas palavras sujas e me

delicio ainda mais, continuo comendo-o, Steve pede cada vez por

mais e fico maravilhada ao vê-lo gozar na cama duas vezes sem ao

menos se tocar. Continuo com os movimentos ágeis e ele leva a

mão até seu pau, agora se masturbando e gozando pela terceira

vez.
Sinto a excitação aumentar cada vez mais e meu corpo solta

espasmos involuntários, então gozo e saio de dentro dele.

Steve levanta e tira a cinta peniana de mim, encaixando-se no

meu sexo e acariciando meu rosto.

— Já que você me fodeu, agora é a minha vez — diz,

movimentando-se com agilidade.

Fico surpresa com sua disposição e me agarro a ele,

envolvendo minhas pernas no seu corpo. Seu pau me preenche

completamente e ficamos nesta posição por um bom tempo, sinto

meu corpo relaxar e gozo diante do seu pau, arranhando suas

costas ao gemer alto.

Meu marido sai de dentro de mim após gozar novamente e

deita ao meu lado, nossas respirações aceleradas, o suor

escorrendo pela nossa pele.

— Então, o que achou do nosso sexo? — indaga.


— Delicioso, espero que tenha gostado, porque vou querer

repetir isso muito mais vezes.


Epílogo — A última carta

Dois anos e meio depois

Steve

Olho minha esposa dormindo ao lado da nossa filha que

nasceu tem uma semana e sorrio ao ver o quanto são lindas. Os

últimos dois anos passaram rapidamente e Alex descobriu a

gravidez e me contou no dia do meu aniversário. Ainda me recordo

do momento e penso o quanto havia sido importante para mim isso

tudo, levando em consideração todos os traumas por quais passei.

Meu filho e sua esposa, Nubia, estão esperando o primeiro

filho, falta pouco para nascer e estamos muito animados com isso,

com o passar do tempo, percebi que necessitava deixar os negócios


de lado e me aposentei como CEO da empresa, passando o cargo

para Henry, que assumiu com maestria. O restaurante de Nubia

cresceu tanto que ela resolveu abrir filiais em outras cidades e

países, tornando-se sócia de Luke Evarns. Minha esposa continua

sendo CEO da sua empresa, que se torna cada vez maior, ainda

somos parceiros nos negócios e fico surpreso ao me dar conta do

quanto nos damos bem. Sequer discutimos alguma vez, o que torna

tudo intenso e especial.

Minha mãe resolveu abrir uma butique em Nova York, que se

tornou sucesso, suas amigas arrumaram milionários e se casaram,

dona Lourdes ficou com o apartamento como combinado e comprei

uma casa com minha esposa, onde poderemos criar nossa filha

tranquilamente.

No último ano, Martin foi a julgamento e ficará dez anos

preso, como sabíamos que ele era manipulado por Jennifer,


achamos a sentença ótima e meu sogro continuou morando na

Nigéria, visitando-nos algumas vezes.

A casa de Alex no Brasil é mantida por uma empregada de

confiança e todo ano viajamos para lá, a fim de descansar da

loucura das nossas vidas de empresários.

O projeto “Casa para Todos” da minha esposa deu tão certo,

que em um rápido levantamento, descobrimos que ajudamos mais

de cento e cinquenta mil pessoas de diferentes gêneros, apoiei o

projeto dela e expandi minha empresa, com vagas exclusivas para

pessoas nessas circunstâncias.

Levanto devagar da cama ao sair dos meus pensamentos e

pego Ellie no colo ao vê-la chorar, saio na ponta dos pés para que

sua mãe não acorde e vou até a sala, já está de manhã e peço para

uma das empregadas preparar a mamadeira da minha filha, dou

para ela assim que fica pronta e quando finaliza, coloco-a para

arrotar.
Observo o quanto ela parece com a mãe e sorrio, feliz por

tudo que conquistei nos últimos anos, mamãe realmente sempre

esteve certa, não me valia nada ter todo o dinheiro do mundo se não

tivesse uma família ao meu lado, e ver minha esposa e nossa filha,

me mostra que entendi o significado verdadeiro do amor e união.

— Oi. — Ouço a voz de Alex e ela senta-se ao meu lado,

beija a cabecinha de Ellie e deposita um selinho na minha boca. —

Está tudo bem?

— Sim, ela estava chorando e vim dar mamar para não te

acordar.

Alex assente e pede nossa filha, entrego-a nos seus braços e

lambo os lábios.

— Agora que nossa filha nasceu, você não vai ler aquela

carta que sua mãe deixou para você?

Ela suspira e assente.


— Estou criando coragem, as duas primeiras foram fáceis,

mas saber que essa será a última, deixa-me um pouco receosa.

— Você não está curiosa em saber o que ela diz? — inquiro.

— Sim, mas farei isso no momento certo.

Assinto e dou um beijo no alto da sua cabeça.

— Ah, final de semana temos um jantar na casa de Luke e

Gale, eles nos convidaram, não se esqueça.

— Não esquecerei — diz sorrindo.

Beijo-a e levanto.

— Vou trabalhar, nos vemos mais tarde, eu te amo.

Saio e sigo para o quarto, pensando o quanto essa mulher me

completa e quero viver muitos anos ao seu lado.

∞∞∞

Alex
Durante o dia, fico pensando no que Steve disse e enquanto

Ellie dorme, vou até a cômoda e abro-a, pegando a carta que venho

guardando nos últimos anos. O envelope está amarelo por causa do

tempo, mas se mantém lacrado. Tiro o lacre e suspiro, retirando a

carta de dentro e voltando para próxima da minha filha.

Sento ao seu lado e reflito em como minha vida mudou nos

últimos tempos, recordo-me do momento em que descobri sobre a

gravidez e meu primeiro pensamento foi em mamãe.

Como ela se sentiria se soubesse que seria avó?

Sorrio com isso e recordo da reação do meu marido, Steve

vibrou de alegria, assim como dona Lourdes e Henry, que ficou

animado ao saber que teria uma irmãzinha. Não demorou muito

para minha amiga descobrir sua gravidez, o que deixou todos mais

animados ainda, já que em pouco tempo, a família aumentara dois

membros.
Papai ficou feliz com a notícia e veio nos visitar assim que

ganhei minha filha, que escolhi batizar como Ellie em homenagem à

mamãe.

Claro que quando me tornei mãe, o pensamento sobre a carta

voltou e analisei se deveria abri-la ou não, sabendo que será a

última coisa que lerei dela.

Desdobro o papel e respiro fundo, sabendo que necessito

fazer isso.

Encaro minha filha antes de começar a ler e volto minha

atenção para o papel.

Quando você for mãe.

Filha, para ser sincera, espero que isso não demore muito

para acontecer e desejo de todo coração que você consiga ler esta

carta. Conhecendo-a como a conheço, sei que iria recuar em ler

essas palavras, mas peço que seja firme e leia até o final.
Antes de mais nada, meus parabéns! Quando temos um filho,

é como se tivéssemos um encontro direto com Deus — e não, não

estou falando da dor ao parir. Carregar um ser inocente dentro de

nós é a maior dádiva que a vida poderia nos promover, e fico

realmente feliz que você tenha alcançado isso. Quando descobri

sobre você, meu mundo mudou completamente, era como se as

coisas opacas ganhassem mais cor e fiquei com esta sensação pelo

resto da minha vida. Acredite, eu sempre vou me lembrar dos seus

primeiros passos, seu primeiro sorriso, a primeira fala e da papinha.

Tudo. Espero que você guarde na memória esses momentos com o

seu bebê, sei que vai e sinta-se orgulhosa. Tem dia que vai ser

difícil, mas não se preocupe, no fim, dará tudo certo.

Minha menina, você cresceu tanto, eu te admiro demais pela

mulher que se tornou, espero que aproveite cada momento com seu

bebê e seja realmente feliz, afinal, somente nós mesmos podemos

causar a nossa felicidade.


Passe seus ensinamentos para seu filho ou filha, aproveite, e

nunca se esqueça do quanto eu te amo.

Afinal, “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que

cativas.”

Com amor, uma vovó que brilha de longe...

Termino de ler com as lágrimas invadindo meus olhos e vejo

Steve entrar no quarto sorrateiro.

— Aconteceu alguma coisa? — indago e ele nega com a

cabeça.

— Resolvi vir embora, estava com saudades de você e da

nossa filha.

Ele se aproxima e enxuga meu rosto, notando a carta em

minha mão.

Abraço-o apertado e choro em seus braços, no entanto, a

diferença é que dessa vez é de alegria, ao saber que mamãe me


ama e cuida de nós de onde estiver.

Pego minha filha mesmo dormindo e a beijo, abraçando

Steve.

Penso na família que construí e sorrio.

“Obrigada, mamãe, por tudo, você foi responsável por me

tornar esta mulher.”

Afasto o pensamento e encaro meu marido.

— Vamos passear um pouco no parque? — questiono e ele

assente.

— Vou preparar o carrinho da Ellie e uma mamadeira.

Concordo e o vejo se afastar.

— Steve — chamo e ele se vira para mim —, eu te amo.

— Eu também te amo, pequena — diz piscando e

desaparecendo do meu campo de visão.


Volto minha atenção para minha filha que ainda dorme e dou

um beijo na sua cabeça, indo até a janela da nossa casa e vendo o

céu brilhando.

— Eu vou cuidar bem dela, mamãe, não se preocupe.

Sorrio e aproveito minha filha até Steve voltar, seguindo com

eles para o parque, divertindo-me com o momento de descontração,

feliz por tê-los ao meu lado.

FIM
Agradecimentos

A parte de agradecer é a pior, ainda mais que durante o

processo do livro, passei por diversos momentos difíceis na minha

vida e tive que erguer a cabeça e continuar. Mas não poderia deixar

de fora mais uma vez a minha assessora Penélope, que me ajudou

em cada detalhe deste livro, dando-me diversas broncas para

organizá-lo direito e dar um bom resultado. Obrigado, eu nunca vou

esquecer o ensinamento que você me deu durante este livro.

Quero agradecer a minha amiga Fernanda Santana, que

sempre me dá forças, dizendo que sou disciplinado na escrita,

amiga, obrigado por tudo, te amo.

Agradeço a Jussara Manoel, você é o pedacinho do céu que

eu tenho na Terra, eu te amo mil-milhões, e sempre irei amar,

obrigado por apoiar minhas loucuras e ser minha mente sã.


A Sil Zafia por ser uma grande amiga, e sempre irei agradecê-

la ao me colocar no mundo da literatura independente.

Não poderia esquecer da minha amiga Nubia Bispo, você foi

primordial nesse projeto que durante anos deixei de lado, eu te amo

demais, mesmo de longe, e sempre irei amar.

A minha família, não irei citar nomes porque as pessoas que

realmente me apoiam sabem que estão citadas aqui de alguma

maneira.

Ao Leonardo Amaral, que me apoia incansavelmente.

E por último, mas com certeza mais importante, à memória de

Maria Onete da Silva, a avó do Leonardo, que se tornou uma

pessoa importante para mim. A senhora me ensinou o verdadeiro

significado de ajudar e amar ao próximo, com as nossas diferenças,

nos entendíamos e sempre irei sentir sua falta. Eu te amo mesmo

que esteja longe, sempre me lembrarei dos momentos que

passamos juntos, cuide de nós daí de cima. Obrigado por tudo.


Com amor;

Kevin Attis.
Deguste o primeiro capítulo do próximo
lançamento do autor

O texto a seguir pode sofrer alterações até o seu lançamento

pois ainda passará por mais processos de revisão.

***

Era uma vez um príncipe chamado Bruce, um bebê de

olhos claros e cabelo negro como a noite. Sua pele era tão clara que

ele foi chamado por muitos como a criança feita de neve.

Seu pai, o rei Willian do Reino Gelado, ordenou que seus

súditos jogassem uma rosa na neve e desejassem vida longa ao

príncipe todo ano no dia do seu aniversário.

Sua mãe, a rainha Branca de Neve, havia morrido durante o

parto e o reino todo ficou muito triste com sua partida precoce.
O rei magoado, não aguentando a dor da solidão decidiu se

casar novamente tempos depois.

Ele foi em busca da mulher perfeita e a encontrou. Cabelo

longo e loiro como o Sol, pele bronzeada como o início do cair da

noite e olhos azuis como o mar.

Instantaneamente o rei William se apaixonou e se casou com

Malévola.

Muitos diziam que seu nome era algo simbólico, afinal, a nova

rainha era a bondade em pessoa, mas, no fundo, ela escondia algo

terrível.

Em uma noite gelada de outono alguns anos depois, o reino

foi invadido por rebeldes e o rei William assassinado.

O pequeno príncipe, Bruce, foi muito bem tratado, mas

quando completou maioridade anos, sua madrasta se casou

novamente e teve um filho.


O príncipe já havia percebido quem era sua madrasta, por

isso decidiu fugir.

Bruce

“Não quero ser rei de jeito nenhum e a vinda do filho da minha

madrasta poderá me ajudar a fugir deste fardo.”

Estou no meu quarto olhando através da janela o sol se pôr

enquanto penso em minha vida.

Há anos a enorme bola não descongela o gelo do reino, o que

é uma verdadeira merda. Meu pai me disse que quando o sol se põe

significa que a paz está indo descansar e isso sempre me deixou

com medo.

Agora tem esse baile idiota onde irão anunciar que serei o

novo rei, caso realmente seja. Ele irá acontecer à noite, o que de

certa maneira mostra que a minha paz acabará, afinal minha

madrasta, Malévola, me odeia.


Em algumas ocasiões sabemos nos dar muito bem, até

jogamos dominó e andamos, raramente, pelo reino. Isso é

necessário para o povo ver que o único herdeiro real — no caso, eu

— se dá bem com a rainha, que nem deveria ter esse título.

Impostora!

Gosto do menino que é muito pequeno e frágil, admito que

adoro pegá-lo no colo e colocá-lo para dormir.

Ele não é meu irmão, mas sinto que somos, mesmo não

tendo o mesmo sangue correndo nas veias.

Minha madrasta e meu pai não tiveram filhos, então Malévola

se casou novamente para conseguir seu sonhado herdeiro e enfim

conseguiu o que queria.

Seu marido, Estevan, é um rei até que bom, mas é

temporário, isso tudo porque a minha madrasta o colocou no poder,

o que é loucura.
Não assumi o cargo quando meu pai morreu porque era muito

jovem e decidi deixá-la agir como quisesse, o que ajudou a manter

meu pescoço no lugar.

E o nosso povo gosta deles, afinal ela sabe ser gentil.

Mas ninguém sabe quem eles são de verdade...

Ninguém, além de mim, viu o que ela fez e jamais vou

esquecer a cena que soa todos os dias na minha cabeça como um

sino ao longe e nunca se apagará.

Me perco em pensamentos e volto para aquele dia fatídico...

As pessoas vão para todos os lados, nervosas e com medo

do ataque, a rainha segura com força seu cajado enorme feito de

madeira com galhos que se enrolam nele e o deixam mais belo.

— As forças armadas estão aqui dentro! — grita um guarda

para os outros homens. — Rainha, vá se esconder junto com o rei.


— Não! — responde com a voz entrecortada. — Sigam para o

salão principal, reúnam as tropas e ataquem quem estiver no

caminho!

— Mas existe inocentes, minha rainha.

— Não ligo, matem todos!

Os homens a olham por um instante sem entender enquanto

move seu cajado e assopra. Uma fumaça verde segue na direção

de cada um deles, deixando-os paralisados e depois prosseguem

em direção ao salão.

— Tolos miseráveis! Estevan! — diz a rainha.

Um homem alto e muito bonito aparece, faz uma reverência e

a olha nos olhos.

— Olá, meu amor.

— Vamos logo com isso, não temos muito tempo.


Os dois seguem pelo corredor comprido e estreito com pouca

iluminação, entram em uma porta enorme e dão de cara com o rei,

que está deitado na cama.

— Meu amor... — diz o rei olhando para sua rainha. — Temos

que nos esconder, mas estou me sentindo muito fraco para andar.

Malévola move seu cajado e cordas amarram o rei em sua

cama, que fica perplexo.

— Malévola, me solte. Malévola! Eu ordeno que me sol...

O rei não consegue terminar de falar, pois o cajado é movido

mais uma vez e a rainha tapa sua boca.

— Cale a boca, seu maldito! — diz com ódio. — Não está

entendendo o que está acontecendo aqui?

O rei se move, olha para o armário de roupas e Malévola

segue com os olhos na mesma direção, mas se tem algo, não

enxerga.
— Estevan, prepare o caldeirão.

Imediatamente o homem faz o que é pedido.

A rainha estende as mangas do seu vestido, pega uma adaga

negra, com a lâmina faz um corte em seu braço e pinga o sangue

dentro do recipient que explode em uma nuvem preta em formato de

caveira.

— Pelo poder dos deuses, dos anjos e demônios, crio a

maldição do sono. Que as trevas caiam por muitos e muitos anos

neste Reino. Que não haja paz e só reste sangue... Sangue dos

seus cadáveres.

A rainha olha para o rei, sorri, segue em sua direção e lhe

corta o braço, depois pinga o sangue no caldeirão e uma nuvem

branca sobe.

— Os sangues foram misturados, agora onde há luz haverá

trevas e onde houver trevas a maldade reinará.


Malévola pega seu cajado, murmura palavras inaudíveis,

então uma luz verde e forte inunda todo o quarto e segue na direção

do rei.

— Somente a pessoa de coração puro poderá desfazer isso

com um beijo de amor verdadeiro.

O rei começa a tremer e no segundo seguinte vira estátua.

A luz verde se apaga e Malévola sorri.

A maldição havia iniciado e o rei estava adormecido nas

trevas.

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