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Copyright © 2021 Jéssica Macedo

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de qualquer parte desta obra – física ou eletrônica -, sem autorização prévia
do autor. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Capa e Projeto Gráfico


Jéssica Macedo

Copydesk
Patrícia Trigo

Preparação de Texto
Aline Damasceno

Revisão
Ana Roen

1ª edição
Livro digital
Jéssica Macedo

Editora portal
Selo Segredo

Todos os direitos reservados.

Criado no Brasil.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares


e acontecimentos descritos são produto da imaginação do autor. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais fez parte do intuito de
ambientar e dar veracidade a história.
Sumário
Sumário
Sinopse
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo quarenta
Capítulo quarenta e um
Epílogo
Leia agora
Bônus
Agradecimentos
Sobre a autora
Outras obras
Sinopse
Richard Lewis tem dinheiro, status e é dono de uma das
maiores companhias de tecnologia do Vale do Silício, mas ainda é
solteiro.

O CEO da Genesis Technology teve uma adolescência


complicada. Discriminado pelos seus colegas de classe, se isolou,
no entanto, sua inteligência fez com que construísse um grande
império. Mas um convite para uma reunião de ex-alunos o faria
reviver momentos ruins. Para compor a imagem de homem bem-
sucedido, seu melhor amigo contrata uma garota no site Sugar Baby
para acompanhá-lo nessa festa.

Kimberly Adams é uma aluna dedicada e se esforça para ser


a filha perfeita, pois quer orgulhar o pai, que se doou ao máximo
para cuidar dela. Determinada a se destacar na faculdade, ela quer
se ver longe de problemas, mas uma noite de loucura, proposta por
sua melhor amiga, pode mudar sua vida toda. Desafiada, Kimberly
aceita se inscrever em um site para se passar por sugar baby. Ela
acreditava que seria apenas uma noite na companhia de um homem
mais velho, sem qualquer intimidade, mas apenas um beijo será o
suficiente para que ele fique em sua mente.

Eles não deveriam voltar a se ver, entretanto o que não


esperavam era que na manhã seguinte entrariam na mesma sala de
aula, Richard como professor, um hobby que cultiva há alguns anos,
e ela, a aluna.

Eles são proibidos um para o outro, mas o amor não se


importa com obstáculos...
Prólogo

Estava difícil conciliar o sono, não conseguia parar de pensar


na briga dos meus pais, uma entre muitas desde que eles haviam
decidido se divorciar. Geralmente filhos não lidam bem com
separação, porém eu já era madura o suficiente para compreender
que era o melhor para ambos. Eles não combinavam em nada, na
verdade não via a minha mãe combinar com ninguém. Nós duas
certamente não tínhamos nada em comum, o que às vezes me
deixava triste, por mais que eu já houvesse jurado para mim mesma
que não me importava.

Virei-me na cama e vi que Annelise estava acordada. Minha


amiga e colega de quarto estava mexendo no celular. Desde que
havia rompido com o namorado virtual eu tinha a sensação de que
ela não dormia direito.

— De novo? — Deitei de lado para examiná-la melhor. A luz


do celular revelava parcialmente o seu rosto.

Ela fez uma careta ao me encarar por alguns minutos.


Percebia a tensão dela e resolvi não insistir, mas logo Anne abriu a
boca, colocando para fora um pouco da sua aflição.

— Você sabe o quanto é difícil terminar um relacionamento.


Nós duas recebemos um pé na bunda de presente por termos
ingressado na faculdade, em pleno Vale do Silício.

— Não foi bem assim. — Tentei amenizar a situação. Eu não


botava muita fé naquele relacionamento dela, entretanto guardava
as minhas opiniões só para mim. De relacionamentos conturbados,
já bastava o dos meus pais e o término do meu namoro.

— É como me sinto, Kim. Toda vez que revejo as


mensagens, sinto que pintaram meu rosto de palhaça e se
divertiram com isso por três anos. Ele tem outra, certeza.

— Nenhum namoro dura tanto tempo à distância, ainda mais


quando as pessoas não se conhecem. — Tentei ser sábia, por mais
que só estivesse repetindo uma frase que já ouvira outra centena de
vezes.

Namoros sempre terminam com a universidade...

— Só aconteceu assim porque não tinha amor. — Annelise


rolou na cama para encarar o teto, mas eu continuei olhando para
ela. — Estou cansada de me sentir desse jeito. Você não se sente
rejeitada? Com a sensação de que nunca conseguirá outra pessoa?

— Prefiro pensar que meu foco mudou. Quero me dedicar


aos estudos e mostrar para o meu pai que não vou ser igual minha
mãe.
A minha mãe era só uma interesseira que se aproveitou dele,
que deu o golpe da barriga; ela não se importava comigo. Sempre
recebi muito mais carinho e cuidado do meu pai, que fazia de tudo
para que eu fosse feliz. Não queria de forma alguma decepcioná-lo.
Iria me esforçar para ser um nome entre os grandes alunos de
Stanford e me juntaria a ele na empresa familiar, ajudando-o a
desenvolver a tecnologia dos carros elétricos.

— Nerd.

Balancei a cabeça em negativa, mas acabei rindo com ela e


devolvi a provocação.

— Falou a garota vestida com o pijama do Darth Vader.

— É um clássico, deixou de ser uma paixão exclusiva dos


nerds há muito tempo. — Ouvi o barulho dela se mexendo para
sentar na cama. — Será que ele me deixou por conta de como me
visto?

— Não vamos entrar nesse assunto, você sabe a resposta. O


Ronaldo é um idiota.

— O Patrick também é. Gosto de poder xingar o seu, é como


se refletisse no meu.

Engoli em seco quando ela tocou no nome do meu ex-


namorado. Eu estava tentando não pensar nele desde o nosso
término.

— Louca. Deveria ter ido na festa dos calouros e se


divertido.

— E te deixar sozinha? Sou sua amiga, não oportunista.


Falou que estava com dor de cabeça, vim cuidar de você. — Ela se
levantou e veio até a minha cama, abraçando-me e eu me deixei
envolver. — A briga entre seus pais está te irritando também, não é?

— Isso é assunto dos dois, eu só preciso focar no que


importa. — Inspirei profundamente, fingindo que não estava
chateada demais.

— Livros!

— Nossas aulas.

Foco! Essa tinha que ser a minha palavra-chave durante o


meu período na universidade. Ou ao menos seria uma bela
desculpa para fugir do que mais me magoava. Não gostava de
pensar na relação com os meus pais, principalmente porque sempre
chegava à conclusão que para o meu pai teria sido melhor que
nunca tivesse conhecido minha mãe. Contudo, logo me dava conta
que sem o envolvimento deles, eu nunca teria existido.

— Na próxima festa, nós iremos nos divertir. — Tentei mudar


de assunto. — É o início da faculdade, precisamos fazer algo mais
ousado — falei a primeira coisa que passou pela minha cabeça, por
mais ridículo que parecesse assim que ouvi minhas próprias
palavras.

— Concordo.

— Quer ver um filme?

Não havia nada de ousado nisso, mas eu gostava mesmo era


de uma bela zona de conforto. Era o que a faculdade havia se
tornado para mim desde que havia me mudado para o campus. Eu
poderia ter deixado de lado o espaçoso apartamento do meu pai,
mas apenas havia fugido dos problemas familiares, afundando em
livros e linhas de programação.

— “Hitch: Conselheiro Amoroso”?

— De novo, Anne? — Revirei os olhos ao levantar da cama e


ir buscar o notebook. Minha amiga e colega de quarto tinha visto
aquele filme tantas vezes que eu não duvidava já ter decorado todas
as falas. — Você só conhece esse e “As Branquelas”? — sugeri
outro tão velho quanto, mas eu estava precisando rir um pouco.

— Também gosto de “Círculo de Fogo”, mas sei que prefere


comédia romântica.

— Preferia assistir os três filmes de “Senhor dos Anéis”, nas


versões estendidas. — Tentei disfarçar.
— Mentirosa. Você dormiu na primeira hora do “O Hobbit”.

Gargalhei ao meu jogar na cama. Tudo bem, ela havia me


pegado naquela.

Fiquei observando enquanto Annelise mexia no seu


computador. Do ângulo em que ela estava, eu não conseguia ver
direito a tela para saber exatamente qual filme ela havia escolhido.
Pensei que aqueles olhos arregalados pudessem significar que ela
havia se lembrado que precisava estudar e nosso filme tinha
dançado. Se fosse isso, eu também iria me dedicar.

Meu pai fazia tanta coisa por mim. Queria deixá-lo orgulhoso.

Como Annelise não falou nada, acabei me levantando e indo


até ela. Fiquei surpresa quando vi que ela havia desistido de
escolher o nosso filme para ficar vasculhando um site de encontros
virtuais.

— O que foi? Não desistiu desses aplicativos? — Coloquei as


mãos na cintura enquanto os meus olhos pesavam sobre suas
costas.

— Eles atualizaram, agora tem essa opção. — Ela apontou


para o monitor e eu me aproximei para ver melhor, ficando surpresa
com o que li. — Eu...
— É muito arriscado — falei logo, antes que ela sequer
cogitasse algo assim. — Homens ricos e poderosos que convidam
mulheres para um encontro ou para acompanhá-los em eventos,
caríssimos e cheios de luxo, sem necessariamente de rolar...
intimidades. Não confio nem um pouco — parei para incluir a minha
opinião.

— Está sabendo muito disso. — Ela virou o rosto para mim.

Eu cruzei os braços e cerrei os dentes antes de responder:

— E a especialista é você, né? Só estou falando o que li em


uma matéria esses dias.

— Ou seja, se não gostarmos do cara, pelo menos tivemos


uma noite glamurosa. — Annelise se animou com a possibilidade e
eu fiquei chocada. Se não era só uma brincadeira, a minha amiga
tinha perdido o juízo.

— Não!

— Sim.

— Annelise, não. — Fui enfática. A minha vida já estava


suficientemente complicada para que me envolvesse em mais
confusão. Sugarbaby.69.net[1] não me parecia apenas um ingênuo
site de encontros, mas uma enrascada certa.
— Só uma vez. — Ela juntou as mãos em súplica e eu voltei
para a minha cama, balançando a cabeça em negativa. — O que
pode dar errado?

— Além de abuso e sequestro?

— Você acha que se tivesse isso, ainda estaria funcionando?


— Ela se levantou e veio para perto de mim. Aquele seu argumento
não era muito válido. — Eu te desafio a ter um encontro, Kim. Será
divertido, você vai sorrir e esquecerá os fiascos.

— Pare de me atiçar. — Annelise sabia bem que eu não


resistia àquela palavra e estava usando isso para me persuadir.

Ela pegou o celular e vasculhou alguma rede social para me


mostrar uma foto do Patrick com uma garota. Anne estava tentando
me mostrar que ele já havia seguido em frente depois do fracasso
que fora a nossa última noite.

Patrick e eu namoramos durante todo o ensino médio. Na


noite de nossa formatura, ele havia planejado que transaríamos,
mas eu dei para trás ao me lembrar da própria história dos meus
pais, que me conceberam no mesmo evento. Eu tinha muito a viver
e não quis correr o risco. Meu namorado não entendeu os meus
motivos e acabou terminando comigo, como se tudo o que
havíamos passado juntos não houvesse servido de nada se ele não
pudesse me comer quando quisesse.
— Olhe aqui. Você PRECISA se arriscar comigo. — Annelise
insistiu, rolando na cama e eu peguei o celular da sua mão. — Por
favorzinho.

— Ele já está com outra?

— Nós também estaremos com outros. Vamos arranjar um


encontro, fazer selfies com o luxo que nos cercará e voltamos a
focar nos estudos. — Ela estendeu a mão. — É um acordo. O nosso
primeiro ato irresponsável na universidade.

— Você sabe que isso não ajuda a me convencer. — Cruzei


as pernas e encarei a sua mão. Acabei apertando, mesmo
contrariada. No momento eu não fazia ideia de que esse poderia ser
o maior erro da minha vida. — Nem sei por que estou aceitando
isso.

— Vai dar tudo certo, você verá. Agora, foco no filme.

Isso, foco no filme! Era bem melhor do que pensar em


qualquer confusão que poderíamos nos meter devido aquele acordo
idiota.

Annelise parecia superanimada e eu torcia para que eu fosse


apenas a careta e nada de mais nos acontecesse.
Capítulo um

Sentia a minha garganta arranhando e um gosto amargo na


minha boca que não acabava, independente de quantas vezes eu
engolisse em seco. Apertei a saia do meu vestido, inquieta, tentando
aliviar a tensão e o medo. Não me lembrava de ter ficado tão
nervosa antes, nem ao abrir a carta da universidade para saber se
seria ou não aceita. Havia inúmeras alternativas, mas eu queria ficar
perto do meu pai mais do que todas as oportunidades que o Vale do
Silício oferecia.

Mordi os lábios antes de me levantar e ir até um dos


banheiros. Examinei a minha maquiagem e o lindo vestido que eu
estava usando. Depois de me inscrever no site que a Annelise havia
encontrado e ser escolhida por um dos membros, fui contatada pelo
senhor Smith.

O homem, que havia se apresentado a mim como assistente


pessoal do senhor Lewis, o meu encontro daquela noite, havia me
direcionado até o Stanford Shopping Center, um centro de compras
à céu aberto que não ficava muito longe da universidade, e me
orientado a ir à uma loja, onde eu diria o meu nome e a equipe
cuidaria de mim.
Não fui só colocada em um vestido bonito, como fizeram meu
cabelo, maquiagem e me deram um belo par de salto alto.

Há muito tempo eu não me sentia tão bonita. Deveria ter me


empolgado com tudo, e admito que fiquei enquanto cuidavam de
mim e me transformavam em uma mulher que se orgulhava da
imagem que via no espelho, entretanto, logo que me recordei que
teria um encontro com um desconhecido, que estava pagando por
tudo aquilo, minhas pernas ficaram bambas.

Por que eu estava mesmo fazendo aquilo? O acordo...

Lembrei-me da ideia sem fundamento da Annelise que havia


colocado nós duas naquela situação. No fundo, eu torcia para que
ela estivesse certa e que nada fosse sair do esperado.

Respirei e inspirei profundamente umas quinhentas vezes,


torcendo para que fosse apenas o meu medo precipitado, e então
voltei para o local marcado e fiquei aguardando meu ‘contratante’
chegar.

— Vai dar tudo certo, Kim — garanti a mim mesma, pouco


antes de um enorme e luxuoso carro preto parar diante de mim na
entrada do centro de compras onde o senhor Smith havia
combinado que me buscaria.

Levantei do banco onde esperava e dei alguns passos para


frente. A janela do motorista abaixou e um homem de cabelo preto
com alguns fios brancos e barba feita olhou para mim.

— Fizeram um bom trabalho. Você vai servir.

Voltei a engolir em seco.

Bom trabalho? Que tipo de afirmação era aquela? Será que


me via como algum tipo de gado a caminho de um abatedouro?

— Senhorita Adams? — Ele finalmente se virou para mim.

Balancei a cabeça em afirmativo.

Minhas pernas estavam tremendo e as minhas mãos suavam


frio. Estar diante daquele homem me recordava de que o encontro
que eu teria naquela noite seria real.

Ainda dava tempo de voltar atrás?

— Entre, por favor.

Ouvi o som da porta de trás do veículo sendo destravada.

Meu pai sempre me dizia para não abrir o portão de casa


para estranhos. Será que isso se estendia a entrar em carros
desconhecidos? Havia milhares de motivos para que eu saísse
correndo e desistisse daquela ideia insana de ser sugar baby por
um dia, mas as minhas pernas estavam congeladas. Eu não fugi,
mas também não me movi.
— Não temos o dia inteiro. — Ele torceu os lábios, mostrando
que estava nervoso com a minha demora.

Annelise iria dizer que eu era uma grande medrosa, mas


verdade seja dita, eu estava morrendo de medo. Dei passos
cambaleantes em direção à porta, mas as minhas pernas não
pararam de tremer quando me acomodei no banco de couro.

Virei a cabeça na direção da rua e fiquei observando a


paisagem enquanto íamos em direção a cidade onde eu havia
nascido, a tão enorme e agitada São Francisco.

Eu deveria estar me sentindo mais tranquila, afinal não


estávamos indo para um local completamente desconhecido para
mim, entretanto era como se nada no momento pudesse me deixar
mais calma.

Peguei o meu celular na pequena bolsa de festa e enviei a


minha localização para a Annelise. Não havíamos compartilhado os
detalhes dos nossos encontros, apenas combinamos de
compartilhar as nossas localizações. Era nítido que também havia
uma pontada de preocupação nela. Se algo desse errado, ao menos
poderíamos chamar a polícia para uma resgatar a outra.

Me distraí com os meus próprios pensamentos e só me


toquei que havíamos entrado em uma garagem quando as luzes
mudaram, deixando de pertencer aos postes e passarem a estar
presas em um teto de cimento.

— Para onde está me levando? — arrisquei-me a perguntar


ao motorista, que até o momento não havia trocado nenhuma
palavra comigo dentro do carro.

— Para encontrar o senhor Lewis.

Tremi por dentro. O fato de estarmos em um local fechado e


pouco iluminado não me ajudava em nada a relaxar.

— É visível sua inexperiência, mas tente parecer menos


assustada.

— Eu... Eu... — Não soube o que dizer. Mentiria se falasse


que o medo não estava me corroendo de dentro para fora.

— Aposto que é só mais uma universitária precisando de


dinheiro. — O senhor Smith tirou conclusões precipitadas de mim.

Eu não estava fazendo aquilo pelo dinheiro. Meu pai veio de


boa família e ele sempre me deu uma condição favorável. Antes
fosse por esse motivo, sabia bem o quanto era difícil para algumas
pessoas conseguirem pagar a universidade. Entretanto eu estava
fazendo aquilo por um desafio e por pura estupidez de aceitá-lo.

Tentei parar de tremer. Meu pai sempre me dizia que


tínhamos que aprender a lidar com nossos atos e agir com
responsabilidade, assumindo aquilo que decidíamos. Eu estava ali e
não podia sair correndo.

Lutei para não sofrer por antecedência e tentei enxergar as


coisas exatamente como elas eram. Tudo o que eu tinha que fazer
era passar uma noite na companhia de um homem mais velho em
algum tipo de festa.

Senhor Smith estacionou o carro e foi o primeiro a descer. Ele


abriu a porta para mim e fez um gesto para que eu saísse.

Parei ao lado do carro pouco antes de ver o elevador abrir e


um homem sair dele. Ele era moreno, com olhos verdes e cabelo
curto, e estava usando smoking, com gravata borboleta e
abotoaduras douradas que se destacavam no tecido preto do paletó
completando o traje. O vasculhei com o olhar antes de voltar a fitar o
seu rosto. Ele estava sem barba, o que provavelmente o deixava
alguns anos mais jovem, mas aparentava ter algo perto dos trinta.

— Senhorita Adams?

Balancei a cabeça em afirmativo, sem conseguir falar nada.

— De que ensino médio você tirou essa, Jimmy? — Ele virou-


se para o senhor Smith com um tom de voz grosseiro.

— Ela já se formou, não é mesmo?

Fiz que sim.


— É uma menina. — Bufou.

— Mas é bonita.

— Isso foi uma péssima ideia. — Ele me olhou dos pés à


cabeça e fiquei com sensação de que iria me dar as costas e
acabaria me largando sozinha naquele estacionamento.

— Richard, você precisa ir a essa festa.

— Jimmy, francamente...

— Vai fugir?

Percebi que eles estavam discutindo algo que ia muito além


do meu conhecimento.

O homem respirou profundamente e voltou a me encarar.

— Você ao menos tem idade para beber?

— Tenho dezoito.

— Jimmy!

— Era a mais bonita no site e achei que esse detalhe fosse


mais importante para me chamar atenção do que poder beber
algumas taças de champanhe. Tenho certeza de que servem água
nesse tipo de evento.

O senhor Lewis voltou a massagear as têmporas.


— Leve a menina de volta para casa.

— Eu não sou uma menina. — Finalmente abri a boca, mas


por puro impulso. Se havia algo que eu não gostava era de ser
chamada de menina. Eu poderia ser nova sim, mas menina era um
termo que me irritava, pois durante a vida inteira minha mãe se
referia mais a mim como a menina, do que me chamando de filha ou
pelo meu próprio nome.

— Não? — Ele deu um passo na minha direção e seus olhos


encontraram os meus.

Ele tinha um olhar tão profundo e tão firme que foi como se
eu houvesse sido atravessada por uma corrente elétrica que me
arrepiou dos pés à cabeça.

— Sou uma mulher e meu nome é Kimberly.

— Tudo bem, Kimberly. Mulher... — Ele riu da última palavra,


como se tirasse sarro de mim. Por mais que houvesse a
resmungado baixinho, fora alto o suficiente para que eu pudesse
ouvir.

Não importava o quão bonito ele fosse. A forma como estava


agindo comigo me deixou muito irritada. Tudo bem que ele não
sabia dos meus problemas com a minha mãe, mas não precisava
me tratar como se eu fosse uma fedelha.
— Tem que ir à festa, Richard. Você não pode fugir deles
para o resto da vida — insistiu o senhor Smith.

Fiquei me perguntando ao que exatamente ele estava se


referindo. Será que o senhor Lewis também tinha problemas com os
pais e estava tentando evitá-los?

— Tudo bem. — Ele acabou assentindo. — Vamos à festa,


Kimberly.

Assenti, ainda tensa.

Ele tirou uma chave de carro do bolso e acionou um alarme.


Não muito distante de nós, vi os faróis de um carro piscarem. O
senhor Lewis fez um movimento com a cabeça e eu o segui.
Paramos diante do veículo preto, com um design único e futurista.

Abri a porta do carona e me acomodei no banco logo depois


que ele se colocou atrás do volante.

— Imagino que o Jimmy tenha explicado para você o que


vamos fazer? — Deu partida no carro sem nem olhar para mim.

— Ir a uma festa. Vai ser divertido.

— Só se for para você. — Ele riu amargamente e foi o


suficiente para que eu percebesse que havia algo de errado.

— Por que não quer ir até essa festa?


— A começar pelo fato de estar levando uma adolescente
comigo?

Cerrei os dentes e ele balançou a cabeça como se não se


importasse com o termo que havia usado para se referir a mim.

— Não sei quem foi o maldito idiota que inventou essas


reuniões de ex-alunos.

— Eu também não gostava muito da minha turma —


principalmente do meu ex-namorado, completei em pensamentos ao
me recordar de um dos principais motivos de estar ali.

— É complicado. — Ele segurou o volante com força e fiquei


me perguntando o quanto difícil seria.

Preferi não perguntar, o homem já parecia irritado, eu não


precisava dar a ele mais motivos. — Sorria, acene, fale pouco e
principalmente não diga a ninguém que o meu assistente pessoal te
contratou através de um site.

— Tudo bem, senhor Lewis.

— Richard — corrigiu-me. — Esse é o meu primeiro nome,


me chame por ele.

— Okay, Richard.

— Ótimo.
Fiquei me perguntando como estaria sendo o encontro da
Annelise, pois o meu estava bem diferente do previsto. Eu estava
com um homem de trinta anos, irritado e mal-humorado, que não
parecia disposto a se divertir naquela noite.

Não me preocupei em olhar para ele e Richard não se deu ao


trabalho de conversar comigo durante toda a viagem. Fiquei
observando as ruas, apreciando o momento em que atravessamos a
Golden Gate, até chegarmos diante de uma casa.

Antes mesmo de estacionarmos, percebi muitos carros


parados na entrada. Alguns eram bonitos e chamativos, já outros
pareciam bem mais baratos. Havia uma escadaria na frente e levava
até uma porta de madeira escura.

Richard desceu do veículo e eu levei alguns minutos para me


dar conta de que havia aberto a porta para mim e esperava que eu
me juntasse a ele na rua.

Caminhamos até a entrada lado a lado e sem falar uma única


palavra. Assim que nos aproximamos da porta, alguém a abriu e o
analisou por longos instantes.

— Você é...

— Richard Lewis.
— Richard?! — A mulher que estava parada na porta o
analisou ainda mais antes de soltar um grito. — Gente, o
Presuntinho apareceu.

— Presuntinho? — Espanto e confusão tomaram conta do


meu rosto.

— Ignora esse apelido ridículo.

Assenti com a cabeça, apesar do comentário dele não ter


sido o suficiente para fazer com que a minha mente parasse de
fervilhar sobre o que eu havia ouvido.

— Entrem — A mulher, em um provocante vestido vermelho,


fez um gesto para que a seguíssemos. Fomos até uma enorme sala
de estar onde estavam reunidas umas quarenta pessoas. Todas
pareciam ter algo em torno de trinta e poucos anos.

— Olhem só quem apareceu. — Um homem chegou perto de


nós. Também estava bem-vestido com um smoking, mas a forma
como segurava a cerveja acabava com todo o seu glamour.

— Oi, Donald. — Richard abriu um sorriso amarelo.

— Quem é a garota? — O homem inconveniente tirou os


olhos do meu acompanhante e os pesou sobre mim. — Sua filha?
— começou a gargalhar.
— Ela é minha... — Richard começou a gaguejar. Ele estava
nitidamente desconfortável com toda a situação. Por mais grosseiro
que ele houvesse sido comigo no início, acabei me compadecendo
da sua situação.

— Kimberly Adams. — Ofereci a minha mão. — Eu e o


Richard estamos namorando há um ano.

— Namorando? — O homem franziu o cenho. — Você está


namorando o Presuntinho? — Ele começou a rir.

— Estou.

Continuei firme, se tinha algo que eu odiava era valentões.

— Quantos anos você tem, menina?

Menina? De novo?

— Vinte e cinco.

— Parece ter menos.

— A genética infelizmente não favorece a todos. Alguns ficam


parecendo uma uva passa antes de chegar aos cinquenta.

Vi o Richard segurar o riso e foi a primeira vez que ele


esboçou um sorriso desde que o havia conhecido.

— Tem uma bela garota, Presuntinho. — O homem bebericou


a sua cerveja antes de se afastar de nós sem nem se despedir.
— O que foi isso? — Richard segurou o meu braço para me
afastar. Quando seus dedos tocaram a minha pele eu senti um
estranho calafrio que me fez pulsar e levantei a cabeça para
encontrar os seus olhos.

— Isso? — Perdi o rumo dos pensamentos por um momento.

— Você dizendo que é minha namorada e mentindo sobre a


sua idade.

— Preferia que eu dissesse a verdade para ele? Eu posso


fazer isso. — Movi o corpo para ir na direção do homem, mas
Richard me segurou pela cintura e me puxou para ele. Encostou o
meu corpo no seu peito e meu coração acelerou um pouco mais.

Depois do meu término com o Patrick, eu não andava


pensando em homens e muito menos na reação que eles poderiam
provocar no meu corpo.

— Não precisa desmentir. — Ele confessou ao me soltar e se


afastar de mim, para o meu súbito descontamento.

— Eles faziam bullying com você, não é? — Adivinhei sem


pensar muito. — Por isso não queria vir?

— Mais ou menos isso. — Ele confessou, ainda que


mostrasse estar descontente.
— Por que não me leva embora daqui? — Olhei em volta,
vendo as pessoas rindo e bebendo. Ninguém parecia dar a mínima
para a presença dele, só expressavam a simples surpresa de vê-lo
acompanhado.

— Jimmy vai me odiar por fugir da festa. — Ele riu.

— Diga para ele que foi uma saída estratégica. — Pisquei


com um olho.

— Tem razão. — Ele segurou a minha mão. — Vamos sair


daqui.

Richard nem se deu ao trabalho de se despedir antes de me


puxar para fora da angustiante sala de estar. Admito que aquela
noite estava saindo muito diferente do que eu esperava, entretanto
não poderia dizer que ainda estava apavorada.

Voltamos para o carro e eu não pensei muito antes de me


acomodar no banco do carona. Richard deu partida e dirigiu para
longe dali sem pensar duas vezes.
Capítulo dois

Acompanhei o Richard com o olhar enquanto ele dirigia, sem


saber exatamente para onde estava nos levando. Depois de ter
sugerido a nossa escapada da festa mesmo sem mal ficar nela,
estava começando a achar a noite divertida.

Surpreendi-me quando vi que estávamos de volta a mesma


garagem.

— O senhor Smith vai me levar embora?

— Só se você quiser. — Richard deu a volta no carro e me


estendeu a mão para que eu descesse.

— Qual a outra opção?

— Podemos subir e tomar alguma coisa. Acho que tenho


refrigerante na minha geladeira.

— Acha que eu não tomo bebida alcoólica? — Afunilei os


olhos ao encará-lo, séria.

— Não deveria.

Dei de ombros e ele acabou rindo.


— Então o que você prefere? — Ele ficou com uma mão
apontada para o carro e a outra para o elevador.

— Você mora aqui? — Devolvi a sua pergunta com outra.

— Moro. — Sua resposta foi curta e breve.

O mais prudente era voltar para o dormitório em Stanford. Eu


tinha aula na manhã seguinte e começaria uma nova disciplina
eletiva com a qual estava muito empolgada, entretanto, por mais
que não devesse, fiquei curiosa. Queria saber mais sobre aquele
homem e descobrir os motivos dos colegas de escola o tratarem
daquela forma.

Já tinha ido tão longe e me disposto a sair com um


desconhecido, que não achei tão terrível aceitar o convite para subir
até o seu apartamento.

— Vamos lá. — Dei um passo na sua direção e Richard


assentiu.

Entramos juntos no elevador e ele apertou o botão que ia


para o último andar. Imaginei que ele não fosse um homem casado,
pois não iria precisar de alguém para fingir diante dos antigos
colegas, mas ainda não sabia nada sobre ele, tampouco se morava
sozinho ou não.
A porta do elevador abriu e esperei que o Richard me
guiasse. Ele abriu uma enorme porta branca e fez um gesto para
que eu seguisse na frente.

Vi um corredor de entrada, largo e iluminado, com uma


pintura expressionista na parede esquerda e ao fundo a visão de um
piano com uma estátua que lembrava as de mármore gregas.

Chegamos no cômodo e eu me surpreendi ao ver o teto em


forma de uma abóbada de vidro que permitia ver o céu noturno da
cidade. Do meu lado esquerdo havia uma porta de vidro que dava
para uma varanda e ao fundo tinha uma bela vista da baía.

— Nossa!

— Gostou? — Ele riu.

— É lindo.

— Espera só para você ver a sala de jantar. — Indicou com a


mão para que eu continuasse andando.

— Seus colegas de escola têm ideia de que você mora em


um apartamento tão incrível? — Dei um giro, movendo o vestido
enquanto olhava de um lado para o outro.

— Digamos que não sou muito de receber visitas.

— E mora aqui com mais quantas pessoas?


— Sozinho.

— Num apartamento desse tamanho?

— Eu sou do tipo espaçoso. — Ele fez uma careta que


arrancou de mim uma gargalhada.

Seguimos até passar por uma sala de estar conjugada com a


de jantar, deixando o espaço mais amplo e bem confortável. Deveria
caber uns cinquenta quartos como o que eu vivia no dormitório ali
dentro.

Passei pela mesa de jantar e me debrucei sobre a janela de


vidro. Ela tomava quase toda a parede, só terminava onde havia
uma estante com itens decorativos e depois começava outra, assim
sucessivamente por toda sala de estar e jantar, entretanto o que
mais me surpreendeu foi a vista. Para todos os lados que eu olhava,
a baía se destacava no horizonte, contudo o mais incrível é que eu
podia ver a Golden Gate.

— É um belo lugar para se ficar sozinho. — Virei-me para


procurar por ele e vi que Richard havia pegado uma garrafa de
vinho e duas taças.

— Imaginei que fosse pensar isso. — Ele sacou a rolha antes


de servir a taça e oferecê-la a mim. — Vinho, Kimberly?
— Eu aceito. — Peguei da mão dele e os nossos dedos se
tocaram, provocando em mim pequenos calafrios que me fizeram
erguer a cabeça em busca dos seus olhos.

Richard apontou com a cabeça para o sofá e eu o


acompanhei até lá, onde nos sentamos lado a lado.

Tomei mais alguns goles do vinho enquanto o observava


fazer o mesmo. Eu havia fingido ser algum tipo de especialista em
bebida, mas a verdade era que eu tomava muito raramente. Não
admitiria para a Annelise, mas havia muito mais da nerd careta que
ela dizia existir em mim do que eu gostaria de confessar.

— Eu tirei você de lá, agora precisa me dizer uma coisa. —


Finalmente externei algo que estava me corroendo.

— Tirou?

— Sim. — Estufei o peito.

— O que você quer, Kimberly?

Abri um sorriso, já feliz por não estar sendo chamada de


menina.

— Por que chamaram você daquele jeito?

— Jeito?

— Presuntinho.
Percebi que se tratava de algo que não o deixava nada
contente. Por si só, já era um apelido horrível, mas eu queria saber
o seu significado.

— É o nome de um personagem de desenho. Quando mais


novo, eu era baixo, gordo, branco demais e, para piorar, míope.

— Que idiotas os seus colegas.

— Não me importo mais.

— Então por que aparecer naquela festa?

— Jimmy achava que eu precisava mostrar para eles que eu


estou bem.

— Chame-os para uma festa no seu apartamento que eu


tenho certeza de que vão ficar bem impressionados.

— Não gosto de festas. — Ele deu de ombros e tirou as


abotoaduras antes de se desfazer da gravata borboleta e tirar o
paletó.

— Eu gosto, mas depende muito de quem organiza e das


pessoas que estarão lá.

— Você tem razão. — Ele colocou o paletó sobre o encosto


do sofá, ficando apenas com uma camisa branca.

— Acho que consigo entender o Jimmy.


— Consegue?

Fiz que sim ao apontar para ele. Não conseguia ver por
debaixo da sua camisa nem saber se ele tinha músculos, mas pelo
que eu conseguia enxergar, ele estava ótimo.

— Ele só queria que você mostrasse a eles o quanto está


incrível.

— Incrível? — Ele começou a rir.

— É. — Movi a mão rápido demais e acabei me esquecendo


de que havia uma taça de vinho nela e acabei espirrando na camisa
branca dele.

Por que eu era sempre tão desastrada? Briguei comigo


mesma enquanto pensava.

— Desculpa! — Deixei a taça na mesa de centro antes de


curvar-me na direção dele, pensando em como faria para limpar a
sujeira.

Segurei a gola da sua camisa analisando o estrago que eu


havia provocado.

— Tudo bem. — Ele segurou a minha mão e nossos olhares


voltaram a se encontrar.
Estávamos tão próximos que eu conseguia sentir a sua
respiração se mesclando com a minha. Meu coração acelerou no
peito e eu senti uma atração que não experimentava há muito
tempo. Ele era bem mais velho do que eu, mas, por um momento,
foi como se isso não importasse.

Richard segurou as minhas mãos sobre o seu colarinho antes


de escorregar até os meus pulsos, abaixando-as. Achei que ele
fosse me afastar, mas ao invés disso, puxou-me para frente e me
beijou.

Imagino que houvesse sido por causa do calor do momento.


Meu corpo também me impulsionava a beijá-lo, por mais que aquele
teoricamente não devesse ser um encontro de verdade.

Escorreguei as mãos até o seu peito e ele segurou o meu


rosto, tornando o beijo mais intenso. Sua língua mergulhou na
minha boca e eu me deixei levar pelo gosto dos seus lábios
enquanto o beijo se tornava cada vez mais urgente e intenso. Subi
com uma das mãos até o seu pescoço e uma das dele veio parar na
minha cintura.

Só me dei conta de que ele estava me puxando para o seu


colo quando a ereção firme, que estufava a calça, fez a minha
intimidade pulsar. Quando Richard começou a apertar a minha
cintura e as suas mãos logo subiram por um perigoso caminho até
os meus seios, saltei do seu colo e cambaleei, quase caindo em
cima da mesa de centro.

— Está tudo bem, Kimberly? — Ele me lançou um olhar


confuso em meio a minha reação.

— Eu estou, é que... No site dizia que não precisávamos ter


encontros íntimos.

Logo eu vi a sua expressão mudar e o desconforto tomar


conta do seu rosto.

— Beijei você sem pensar, me desculpe.

— Tudo bem. — Passei a mão pelo cabelo enquanto tentava


me recompor. — Acho que está na hora de ir embora.

— Sim. — Ele se ajeitou no sofá. — Vou ligar para o Jimmy e


pedir que a leve para casa.

— Obrigada. Ele mora aqui perto?

— Tecnicamente ele está morando, sim. — Não entendi


direito o que ele quis dizer, mas estava atordoada demais para
pensar a respeito.

Só queria ir embora antes que algo acontecesse e eu me


arrependesse amargamente. Por mais que a noite não houvesse
sido o filme de terror como eu previra, Richard ainda era um
estranho pelo menos uma década mais velho do que eu.

— O Jimmy já está na garagem. Quer que eu desça com


você?

— Não precisa.

— Okay.

— Foi um prazer conhecê-lo. — Acenei para ele e fui embora


o mais rápido possível.

Havia sobrevivido ao desafio, mas não previa que ele


pudesse ter consequências para além daquela noite.
Capítulo três

— Bom dia, Richard!

Abri os olhos e revirei na cama ao ouvir a voz robótica que


ecoou pelo meu quarto.

— Bom dia, Mandy. — Sentei ao massagear as têmporas.

Eu havia tomado apenas uma taça de vinho, o que não era o


suficiente para ficar de ressaca, contudo a minha sensação deveria
ser moral depois de um momento de descontrole em que puxei uma
garota de dezoito anos para o meu colo e a beijei. Só não fiz mais
porque ela não quis.

Era mais um ponto para ficar irritado com o Jimmy. Ele havia
me dado muitas ideias terríveis ao longo da vida, mas levar uma
menina à festa de ex-alunos tinha sido a pior de todas. Felizmente,
eu nunca mais voltaria a vê-la.

— São sete horas e cinco minutos. Já passou da hora de


levantar, Richard.

— Eu sei, Mandy.

— Então, levante-se.
Bufei ao esfregar os olhos, irritado. O pior era que eu nem
podia reclamar da irritação da Mandy, pois eu havia programado
toda a sua inteligência artificial. Ela era uma assistente virtual que
se moldava aos comportamentos do usuário, conhecendo-o melhor
mediante o uso. Como eu a tinha desde os primeiros testes do
protótipo, provavelmente era o usuário que ela melhor conhecia.

— Mandy, pode abrir as persianas.

Preparei-me para a cortina de metal ser suspensa e recuar


até uma fenda que ficava no topo da janela. Logo que teve
passagem, a luz do sol inundou o meu quarto, obrigando-me a
fechar os olhos.

— Mandy, vai ser esse sol todo o dia inteiro?

— A previsão do tempo diz que ele deve ficar entre nuvens


em algumas horas. O clima é de dezessete graus, com máxima de
vinte e dois e mínima de quatorze.

— Vai chover na faculdade de Stanford pela manhã?

— Não.

Segui para o banheiro e tirei a cueca que estava usando


antes de entrar debaixo da ducha.

— Mandy, prepare o meu café expresso e duas torradas.


— Expresso saindo. — A voz dela ecoou dentro do banheiro.

O meu apartamento era quase todo automatizado e


controlado pela Mandy, das lâmpadas às cortinas até os robôs que
aspiravam o chão. Jimmy me dizia que eu confiava demais na
tecnologia, mas eu já via de forma diferente e a achava fundamental
para nossas vidas.

Eu ainda era um aluno de Stanford quando criei a Genesis,


uma start up focada em tecnologia. De lá para cá, eu havia
desenvolvido muitos projetos, e Mandy era um dos maiores deles,
superando outras inteligências disponíveis no mercado, o que
alavancou o faturamento da empresa.

Pensando em inspirar novos alunos a revolucionarem o


mercado e fomentar mentes criativas, eu me dispunha a dar aulas
na universidade um semestre por ano. Gostava de passar o meu
conhecimento para frente e, de certa forma, também aprendia com
as mentes em formação.

Saí do banheiro me secando em uma toalha branca, peguei


uma calça social, camisa e blazer no meu closet e me vesti antes de
seguir para a cozinha. Encontrei as torradas e o café pronto na
máquina de expresso sobre a bancada.

— Mandy, ainda tem geleia na geladeira?


— Um pote de framboesa, mas ele está acabando. Também
faltam leite, ovos e carne. É melhor fazer compras.

— Faça uma lista e mande para a Ashley por mensagem de


texto.

— Está feito.

— Lembre-a das compras quando ela chegar aqui amanhã


para fazer a faxina.

— Anotado.

Terminei de tomar o café e mastigar as torradas escorado na


bancada. Em seguida peguei uma pasta que estava no meu
escritório e desci para a garagem.

Enquanto dirigia para Palo Alto, a cidade do Vale do Silício


onde ficava Stanford, eu pensava sobre a nova turma que
começaria naquele dia e torcia para que fosse tranquila e com
alunos cheios de potencial, porque na última boa parte deles havia
sido um completo desastre, com exceção de Peter Martin, um
entusiasta do Arkansas que havia participado do meu programa e foi
efetivado como funcionário de desenvolvimento da Genesis antes
de terminar a faculdade.

Alguns valem a pena, recordei-me do motivo pelo qual insistia


em dar aulas. Aquele meu hobby ajudava a desenvolver habilidades
e atrair mentes brilhantes que estavam perdidas em meio a
algazarra das festas e bebidas.

Estacionei na vaga de sempre diante do prédio de ciência da


computação. A meu ver, possuía uma arquitetura arcaica para tudo
de moderno que era desenvolvido lá dentro, mas eu duvidava que o
reitor fosse me dar ouvidos quanto a uma reforma estrutural, a não
ser que eu a bancasse. Havia outros locais onde preferia investir o
meu dinheiro.

Peguei a pasta com o meu notebook e segui para o interior


do prédio, que parecia bem mais cheio do que a última vez em que
eu estivera ali. Era como se os alunos se multiplicassem a cada
semestre. Alguns me reconheceram e me cumprimentaram com um
movimento de cabeça. Apenas acenei antes de continuar
caminhando até a sala onde eu daria a minha aula.

Jimmy às vezes reclamava daquele meu hobby, dizia que era


uma perda de tempo dedicar algumas horas da minha semana para
passar com universitários, entretanto, quando alguns deles
demonstravam seu potencial, justificava a minha dedicação. Ficava
pensando o quanto teria me ajudado se eu tivesse a mesma
oportunidade na idade deles.

Meus pais tinham vindo do interior da Califórnia para que eu


fizesse o ensino médio em uma escola de São Francisco e
conseguisse uma bolsa em Stanford, mas retornaram para Solvang
assim que eu entrei na universidade, pois o custo de vida em São
Francisco sempre foi muito alto, além da saudade que tinham dos
demais parentes. Eu tinha que agradecê-los, afinal o esforço que
fizeram naqueles anos foi o suficiente para que eu me tornasse o
CEO da Gênesis e pudesse recompensá-los financeiramente.

Meus pais apostaram no meu talento e lá estava eu, fazendo


o mesmo com jovens universitários.

Entrei na sala e vi que alguns alunos já haviam chegado. A


minha disciplina era uma optativa, não fazia parte da grade
obrigatória de ciência da computação, mas era muito disputada
pelos alunos do curso.

Coloquei a pasta com meu notebook sobre a mesa e ajeitei a


minha gravata.

Chequei a hora no relógio, já estava no momento de


começarmos. Aquela poderia ser uma contribuição minha, mas não
fazia de mim um professor flexível. Se tinha algo que eu presava era
por compromisso e pontualidade. Se não conseguissem isso com a
minha aula, não seriam bons funcionários de nenhuma empresa.

Contei os alunos em um rápido vasculhar de olhos. Ainda


havia algumas cadeiras vazias, mas os atrasados iriam ficar do lado
de fora.
Segurei a maçaneta da porta, preste a fechá-la, porém, antes
que eu fizesse isso, alguém espalmou a madeira e chamou a minha
atenção.

— Desculpa, professor.

Meus olhos encontraram os amendoados da garota e eu


congelei.

Achei que estivesse delirando, não poderia ser ela. Mas era...

A menina com quem eu havia saído na noite passada estava


de pé no corredor me fitando com a mesma expressão de espanto.
Ela não estava com o vestido de festa sensual, nem sob uma
espessa camada de maquiagem, mas ainda era bonita assim
desgrenhada, ofegante e de calça jeans.

— Richard... — quando ela sussurrou o meu nome, tive


certeza de que não estava delirando, pois ela havia me reconhecido.
— Você...

Ela esfregou os lábios finos e chamou a minha atenção para


eles, recordando-me de que havíamos nos beijado e por pouco não
fizemos mais do que isso.

O universo só poderia estar de sacanagem comigo! Eu tinha


saído com uma garota na noite passada e de todas as inúmeras
salas de aula daquele campus enorme, ela tinha que entrar logo na
minha?

— Richard, é...

— Senhor Lewis, aluna. — Eu a cortei antes que qualquer um


a ouvisse me chamar pelo primeiro nome e desconfiasse de
qualquer vislumbre de intimidade.

— Desculpa.

— Você está atrasada.

— Esqueci o meu computador, tive que voltar no dormitório.

— Não tolero desculpas e muito menos atrasos — falei em


um tom ríspido ao abrir a porta, permitindo que ela passasse. —
Espero que essa atitude não se repita, senhorita.

— Não vai. — Completamente sem jeito, ela balançou a


cabeça em negativa.

Bati a porta e o barulho fez com que ela se assustasse e


desse um salto sem sair do lugar antes de procurar uma cadeira.

Inspirei profundamente. Ela certamente não era a primeira


nem seria a última universitária que se inscrevia em programas de
acompanhantes como aquele. Se eu controlasse a situação,
ninguém iria saber que havíamos saído juntos. Nem queria imaginar
o escândalo se descobrissem.

Balancei a cabeça em negativa, voltando para o momento ao


perceber que todos estavam olhando para mim. Peguei um pincel
na base do quadro e escrevi o nome da minha disciplina:
Desenvolvimento de Projetos e Inovação.

— Imagino que todos vocês saibam o motivo de estarem


aqui. Todos os anos eu seleciono os quinze melhores alunos com
base em seus históricos. Essa é uma oportunidade única para
testarem e desenvolverem seus talentos na área da computação.
Nesse semestre, todos irão desenvolver projetos de tecnologia com
a minha tutela. Terão duas semanas para me apresentar a
documentação, e as três melhores ideias contarão com toda a
estrutura da Gênesis para serem desenvolvidas.

Kimberly levantou a mão para fazer uma pergunta e o meu


coração congelou. Teria que controlar melhor as minhas reações se
quisesse sobreviver a seis meses na presença dela.

— O que foi?

— Os outros que não forem selecionados para trabalhar na


Genesis não terão que desenvolver seus projetos?

— Todos deverão fazer os projetos. Os que não forem


selecionados não terão a oportunidade de trabalhar na empresa,
porém receberão todo o meu auxílio e tutela para o melhor
desenvolvimento de suas habilidades. Mas se acredita que não será
o melhor para você, podemos encontrar outra disciplina que se
encaixe melhor em suas expectativas.

— Não, quero ficar aqui e vou me esforçar para não


desapontá-lo.

Ela falou firme e eu engoli em seco. Estava tão tenso que


nem estava conseguindo disfarçar. Jimmy costumava dizer que eu
era neurótico demais, porém se havia algo que me tirava do sério
era quando a situação fugia do meu controle.

Coloquei as mãos dentro dos bolsos e tentei recuperar a


calma. Era só uma menina, uma aluna como as outras dentro da
sala, e ninguém ali fora nós dois sabia o que havia acontecido.

Voltei a minha atenção para o quadro, talvez esquecer que


ela estava ali me deixaria menos aflito.

Escrevi a palavra ideia e apontei para ela.

— Todo grande projeto começa com uma ideia. Não há


possibilidade de chegarmos a lugar algum se não sabemos o que
queremos — falei de costas para a turma. — Imagino que alguns
tenham já algo mais encaminhado, mas para aqueles que ainda
não, quero que façam um brainstorm. O que o mercado precisa,
mas ainda não tem? Como podemos revolucionar indo das
pequenas às grandes coisas? Hoje eu quero fomentar a criatividade
de vocês. Tenham ideias, e me chamem para discutir. Temos uma
aula por semana e, na próxima, essa ideia já tem que estar definida
para que possam rascunhar os projetos que serão entregues na
aula subsequente. Sei que todos querem um lugar na Genesis, mas
só há espaço para os melhores. — Foquei a minha visão em outros
pontos da sala. — Vamos lá! — Eu os incentivei.

— Há algum tema específico, professor? — perguntou um


aluno.

— O tema é livre, mas eu espero ser surpreendido.

Ele assentiu.

Alguns pegaram cadernos e outros abriram a tela dos seus


notebooks. Com o canto de olho, observava a Kimberly. Ela estava
concentrada na tela do próprio computador e nem olhava para mim.
Talvez o pavor todo estivesse apenas na minha cabeça e, para ela,
não houvesse o mesmo receio. Provavelmente já tinha saído com
outros homens e se adaptado a esbarrar com alguns deles.

Uma outra aluna levantou a mão e eu fui para perto da sua


mesa, disposto a ouvir a sua dúvida e ajudá-la. A sua ideia me
pareceu interessante, um sistema que medisse e automatizasse o
uso de energia, dessa forma causando uma redução.
Ajudei alguns outros alunos e vi ideias promissoras, outras
nem tanto, contudo iria ver melhor quando começassem a
desenvolvê-las e me entregassem seus projetos.

Kimberly não me chamou, nem voltou a dizer qualquer outra


palavra para mim durante o restante da aula. Achei que havia sido o
melhor para nós dois.

Depois do período da aula, eu fui para Genesis sem olhar


para trás. Culpava o susto que havia me deixado completamente
sem jeito, mas esperava que na próxima semana fosse mais fácil
lidar com a presença da Kimberly dentro da sala sem acreditar que
havia algo de muito errado nisso.
Capítulo quatro

— Que cheiro é esse? — Entrei na sala do Jimmy, meu


diretor administrativo e melhor amigo, e cobri o nariz ao me deparar
com o par de sapatos que ele havia deixado perto da porta.

— Desculpa! — Jimmy pegou o sapato e o jogou dentro do


cesto de lixo. A não ser que ele realmente tivesse a intenção de
jogar fora, aquela ação não havia ajudado em nada para abafar o
cheiro. — Acho que preciso comprar meias novas, estão todas
fedendo.

— Meias novas não devem ser a sua maior preocupação no


momento. Tem quase um mês que você está dormindo no escritório.
Daqui a pouco a sua sala vai estar pior do que o nosso dormitório
em Stanford.

— Ainda preciso de um tempo para resolver a minha


situação.

— Você e a Georgia não vão voltar.

— Só porque a sua vida amorosa é um desastre não precisa


ficar agourando a minha. — Ele bufou.

— A minha vida amorosa é um desastre? — Repeti as


palavras dele em meio a uma profunda gargalhada. — Eu estou
sozinho, mas, ao menos, não peguei a minha esposa transando
com o pintor — relembrei o triste incidente que havia acontecido
com ele enquanto me contorcia de rir.

Jimmy e Georgia estavam juntos desde o ensino médio. Ele


achava que assim ficariam para sempre, mas ela evidentemente
não pensava da mesma forma.

Ele era um funcionário importante, o meu melhor amigo e


braço direito, também estava chateado pelo que havia acontecido.
Me magoava mais ainda pensar que Jimmy ainda cogitava voltar
com ela e se humilhava dia após dia dormindo naquele escritório.

— Jimmy, precisa comprar outro apartamento para você. Se


não tiver o dinheiro eu te empresto, mas é deplorável vê-lo continuar
dormindo nesse sofá. — Apontei para o móvel no canto da sala que
já estava ganhando forma do corpo do homem.

— Aquele apartamento fui eu quem paguei.

— Abre mão.

Ele bufou, mas não disse nada.

— Não posso deixar que aquele cara fique com tudo.

— Enquanto isso você definha? — Cruzei os braços e o


encarei com uma expressão firme.
— Vou resolver essa situação.

— É evidente que não vai.

— Estava ocupado fazendo você sobreviver ao reencontro de


ex-alunos. Além disso, não ouvi o seu muito obrigado.

— Obrigado? Só se for por me meter em uma bela


enrascada.

— Ah, para! A sugar baby te fez passar vergonha com seus


ex-colegas? Ela era uma gracinha, tenho certeza de que deixou
todos babando. Acho que preciso arrumar uma dessas para mim, só
assim Georgia vai se dar conta do que perdeu.

— Esquece a Georgia. E é bem melhor nos envolvermos com


alguém da nossa idade.

— Por que está tão puto? — Jimmy franziu o cenho ao me


encarar melhor, me conhecia bem o suficiente para notar que havia
algo de muito errado.

— Ela é minha aluna!

— A senhorita Adams? — Ele arregalou os olhos surpreso.

— É!

— Bom, sabia que ela estudava em Stanford porque


comentou, mas ser uma das quinze que VOCÊ ESCOLHEU para
participar da sua turma é uma puta coincidência.

— Nem me recordava que havia uma Kimberly Adams na


lista de alunos que eu avaliei no fim do semestre passado. Eram
tantos nomes...

— Eu queria ter sido uma mosca para ver a sua reação


quando a viu.

— Se estivesse lá, com certeza eu teria te esmagado.

Jimmy colocou a mão na barriga e continuou rindo.

— E o que vai fazer?

— Dar aula para ela, o que acha que eu poderia fazer? Tem
um currículo exemplar e parece muito dedicada. Eu só não sei por
que se meteu com esse tipo de coisa.

— Talvez ela estivesse procurando um pouco de diversão.


Todos nós precisamos disso às vezes.

— Certamente foi o que a Geórgia encontrou nos braços


daquele cara.

Jimmy fechou a cara e todo o ar piadista desapareceu do seu


rosto quando pisei no seu calo.

— Vamos mudar de assunto?


— Você precisa de um lugar para morar. — Apontei para a
sala e as roupas espalhadas pelo ambiente.

— Vou pensar em alguma coisa.

— Eu não deveria fazer isso. — Inspirei profundamente ao


pensar em voz alta. — Vai para o meu apartamento. Pode ficar lá
por um tempo até encontrar um novo para você, mas não demore
demais para fazer isso.

— Vai dividir o seu espaço comigo? — Jimmy ficou surpreso


ao me ver ceder. Ele era o meu melhor amigo e me conhecia bem o
suficiente para saber o quanto gostava de ficar sozinho.

— Já tive que dividir o mesmo quarto com você durante a


faculdade. Pelo menos o meu apartamento tem três de hóspedes e
você pode ficar em um deles, mas não por muito tempo. Precisa
providenciar o divórcio e seguir em frente.

— Vou pensar sobre isso.

— Pensar? — Revirei os olhos. — Vou para minha sala


trabalhar, Jimmy. Dê um jeito nessa bagunça.

Eu sabia que estava sendo cruel com o meu melhor amigo e


que não estava sendo nada fácil para ele lidar com toda a situação,
porém, do meu jeito, queria o melhor para ele. Pelo que me contava,
o casamento já passava por maus momentos antes de descobrir
sobre a traição. Jimmy precisava parar de tentar cuidar tanto de mim
e olhar um pouco para si mesmo. Eu não era mais o menino perdido
e deslocado de quando nos conhecemos.

Minha mãe vivia me dizendo que eu precisava encontrar


alguém, mas eu estava bem sozinho. Tinha companhias do meu
jeito e não queria me ver em uma situação complicada como a dele.

— Mandy, abra as persianas e acesse a minha caixa de e-


mails. — Entrei na minha sala e as luzes se acenderam, mas logo
se apagaram quando Mandy acionou as cortinas que se abriram
com a automatização.

Havia um enorme monitor de vidro cristalino diante da mesa


do meu computador. Ele era quase holográfico, assim como em
muitos filmes de ficção científica. Sempre os achei incríveis e havia
sido uma das minhas prioridades desenvolver algo assim para mim.

Corri os olhos pelos e-mails e respondi alguns antes de


descer para o andar de projetos, onde passava a maior parte do
meu tempo na empresa. Eu gostava de colocar a mão na massa e
ver nascer grandes avanços na tecnologia.

Enquanto trabalhava tentei não ficar pensando na Kimberly e


nas complicações de ter saído com uma garota que se tornou minha
aluna.
Capítulo cinco

Ele era o meu professor...

Depois de ter aceitado o desafio da Annelise não achava que


a situação poderia ficar mais louca.

Deveria ter percebido que o Richard Lewis com quem havia


saído era o CEO da Genesis, uma das maiores empresas de
desenvolvimento tecnológico de toda a Califórnia, para não dizer do
mundo, mas não liguei o nome à pessoa. Estava tão nervosa!

Todos os alunos de Ciência da Computação de Stanford


sonhavam com uma vaga na sua turma. Eu havia me esforçado
muito para conseguir e havia entrado quase por um milagre. Richard
era um grande mestre com quem todos sonhavam em aprender,
além da oportunidade incrível de trabalhar dentro da Genesis,
entretanto ficou bem evidente que ele não havia gostado nem um
pouco de me ver.

Ainda conseguia sentir o peso dos seus lábios nos meus e a


pressão das suas mãos me apertando. Ele sendo quase duas
décadas mais velho do que eu, não deveria achá-lo tão bonito nem
me sentir tão atraída, porém era algo mais forte que minha vontade.
Talvez fosse a magia daquele encontro ou por ser o primeiro cara
com quem eu havia saído depois do meu término com o Patrick.
Eu havia fugido do sexo no meu baile de formatura, com
medo de ter um destino parecido ao dos meus pais, entretanto
parecia que a confusão estava me perseguindo da mesma forma.
Tinha pensado nas piores consequências de passar uma noite como
sugar baby de algum velho rico, mas nenhuma delas havia se
aproximado do que acontecera de verdade.

Massageava as minhas têmporas e balançava a cabeça


completamente confusa enquanto caminhava para o meu dormitório.
Tinha tentado ser firme, pois se havia algo que a minha mãe me
mostrara era que não poderia ser mole ou algum esperto tiraria
vantagem de mim. Contudo estava com medo das consequências,
da proximidade e principalmente da rispidez dele ao me ver. Ele
poderia ser mais cruel comigo só para não dar a impressão de que
estava me favorecendo.

Não era como se tivéssemos um caso, havíamos saído juntos


apenas uma vez, mas tinha sido o suficiente para me perturbar. Só
de pensar que teria a presença dele nos próximos seis meses me
deixava aflita. Cruzar com Richard em Stanford nem era o pior,
porque era apenas uma vez por semana durante um horário, mas se
eu fosse escolhida para participar do programa dele na Genesis eu
provavelmente o veria todos os dias.

Estava pronta para isso?


Por mais apavorante que fosse, eu também não parecia
disposta a abrir mão do programa. Passar alguns meses na Genesis
seria uma oportunidade para mostrar ao meu pai que eu era boa e
que poderia o ajudar muito na Ludwing Motors.

Precisava encontrar a Anelise. Não tinha visto a minha


melhor amiga e colega de quarto desde o dia anterior. Não
havíamos conversado uma com a outra sobre os encontros, mas eu
precisava muito desabafar, dizer para ela que o cara era o meu mais
novo professor e que eu previa um semestre terrível por causa
daquela aposta.

Onde eu estava com a cabeça quando decidi aceitar essa


loucura? Me martirizava ao refletir sobre aquilo.

— Menina! — Ouvi um grito que me fez estremecer.

E eu que estava achando que o meu dia não poderia piorar.

— Menina! — A voz foi seguida de um latido de cachorro.

Virei a cabeça por puro reflexo e a vi escorada em um carro


segurando um cachorro pequeno e peludo nos braços. Mais do que
o Richard ser o meu professor, se havia algo que eu queria que
fosse delírio da minha cabeça era a presença da minha mãe.

— Helena — balbuciei com um evidente mal humor.


— Menina, vem até aqui. — Ela fez um gesto para que eu me
aproximasse.

Eu não precisava ir, nem queria ir, mas para evitar que ela
continuasse gritando e chamando a atenção de todos, eu me
aproximei. Parei na frente dela e segurei a cintura, enquanto
deixava a minha bolsa apoiada em uma alça transversal.

— O que foi?

— Estava com tantas saudades de você. — Ela mexeu no


cabelo, ao abrir um sorriso tão falso quanto os seus peitos
siliconados.

— Estava?

O cachorro latiu ao me encarar. Nem ele acreditava nas


palavras da minha mãe.

— Onde arrumou esse cachorro? — Emendei uma pergunta


na outra, sem deixar que ela respondesse a anterior.

— Esse é o Lupi, uma graça, não é? — Ela mexeu na cabeça


do cachorro que mais parecia um rato peludo do que qualquer coisa.

— Não respondeu a minha pergunta.

— Ah, não faz ideia de quanto eu estou solitária, menina.


Precisava de alguém a quem pudesse dedicar o meu carinho e o
meu tempo.

— Kimberly. — Revirei os olhos, irritada. Fiquei me


perguntando se o meu pai não houvesse escolhido um nome para
mim se eu só seria chamada de menina.

— Ah, claro, Kimberly! — Abriu um sorriso amarelo, me


fazendo questionar se às vezes ela esquecia o meu nome e ficava
falando menina até que se recordasse.

Voltou a acariciar o cachorro e eu me indaguei o quanto ela


estava se esforçando para manter aquela farsa. Ou às vezes
conseguia se dedicar aos animais, porque com seres humanos era
um verdadeiro fracasso.

— Eu preciso ir agora. Tenho que estudar.

— Não. — Ela segurou o meu pulso, mas eu o puxei o mais


rápido possível.

— Me solta — rosnei e o cachorro começou a latir para mim.


Ao menos alguém parecia ficar ao lado dela.

— Kim.

— Já disse que não quero conversar.

— Pensei que pudéssemos almoçar juntas.


— Tenho compromissos mais importantes. Não quero perder
o meu tempo com uma mulher que nem sabe o meu nome e não me
chama de filha.

— Só não a chamo de filha porque não quero parecer velha


demais. Você sabe o quanto a idade é importante para uma mulher.
Mas podemos ser amigas, até irmãs. Quem sabe alguém não acha
que eu sou a mais nova? — Ela deu uma risadinha como se
estivesse se divertindo com o comentário ridículo.

— Adeus, Helena. — Dei as costas para ela para caminhar


até o dormitório e o cachorro voltou a latir.

— Kimberly, espera!

— O que você quer? — Virei-me para ela com uma


expressão dura e os dentes cerrados.

— Precisa conversar com o seu pai sobre o divórcio.

— Que ele deveria ter feito isso antes ou nem se casado com
você?

— Parece que você não gosta de mim. — Ela fez bico.

— Parece que disse algo em que finalmente concordamos.

— Eu sou a sua mãe.

— Que bom que ainda lembra disso.


— Kim.

— Vai embora, mãe. — Não voltei a olhar para ela enquanto


caminhava para o meu quarto no dormitório.

Recusei o sorvete que era servido os dias no dormitório, pois


nem ele parecia o suficiente para me animar depois daquela visita.
Havia algumas mulheres que tinham dom para a maternidade, mas
Helena Brooks certamente não era uma delas. Ela nem conseguia
fingir. Por mais forte que eu tentasse me manter, era óbvio que me
magoava, e sentia medo de acabar sendo uma mãe tão ruim quanto
ela. Ao menos eu tinha o meu pai, que havia se esforçado para ser
pai e mãe ao lidar com essa situação aos dezoito anos. Ao contrário
dela, ele havia se saído bem, feito o que dera conta e se esforçado
para manter o casamento por minha causa. Entretanto agora eu já
era adulta e madura o suficiente para compreender que ele estava
muito melhor sem ela.

Com as lágrimas pesando nos olhos e um certo desconforto,


fui correndo para o quarto e me tranquei nele, batendo a porta.

Assustei a Annelise que pareceu ter visto um fantasma


quando botou os olhos em mim.

— O que foi? — Joguei-me na cama e tentei segurar as


lágrimas, mas não consegui mais impedir que fossem vistas.
— Ei, o que aconteceu? — Annelise veio para perto de mim e
sentou ao meu lado. Nem respondeu a minha pergunta, pois estava
preocupada comigo e com as minhas lágrimas.

Eu não parei de chorar para dizer, estava sem jeito e


soluçando.

Annelise afagou o meu braço e eu tombei a cabeça para


repousá-la no seu ombro.

— Tem a ver com ontem? O homem com quem você saiu fez
alguma coisa? Ele...

— Não — apressei-me para dizer antes que ela começasse a


pensar que eu havia sofrido algum tipo de abuso. — O encontro não
foi tão terrível quanto eu imaginava.

— Por que está chorando?

— A minha mãe estava lá embaixo. Parece que ela aparece


só para isso, me fazer ficar chateada e lembrar o quanto eu queria
ter uma mãe que gostasse de mim de verdade, mas nunca vou ter.

— Não fica assim. — Ela me abraçou.

— Obrigada. — Retribui a troca de carinho e ficamos assim


por alguns minutos.
O meu encontro com a minha mãe até tinha me feito
esquecer de perguntar para ela como havia sido a sua noite e de
contar que o cara com quem eu havia saído era o meu mais novo
professor.
Capítulo seis

Levantei e fui direto para o banheiro. Havia tido uma noite


mal dormida, girando de um lado para o outro a madrugada inteira.
Não conseguia parar de pensar na possível confusão aparente. Se
eu contasse para o Jimmy sobre as minhas aflições, ele
possivelmente diria que eu estava fazendo tempestade em copo
d'agua, porém eu sempre fui o que se manteve longe de confusão.

Talvez o grande problema nem fosse o fato de termos saído


por uma noite, mas sim que eu havia a achado interessante o
suficiente para me atrair por ela. A menina tinha apenas dezoito
anos, enquanto eu faria trinta e cinco em poucas semanas. Eram
quase dezessete anos de diferença. Um pouco mais e eu teria idade
o suficiente para ser pai dela. Tê-la como minha aluna era o
universo mostrando que não estava nada certo me envolver com
ela.

Apoiei a cabeça no azulejo, sentindo a água escorrer pelo


meu pescoço e cabelo escuro. Eu não precisava de problemas, já
tinha muita coisa para me preocupar.

Saí do banheiro e me enrolei em uma toalha branca antes de


parar diante do espelho e pegar a minha escova de dentes.
— Richard, sua mãe está ligando. — A voz da Mandy ecoou
no banheiro.

— Mande uma mensagem dizendo que eu ligo de volta.

Deixei a toalha no suporte antes de sair do banheiro e peguei


o meu celular, que estava no móvel ao lado da cama. Com um
comando de voz, disquei para a minha mãe e esperei até que ela
atendesse.

— Richard, meu filho, está tudo bem?

— Sim, mãe.

— A sua robô atendeu e disse que você estava ocupado.

— Ela não é uma robô, mãe, porque não tem corpo físico,
mas consegue se conectar com todo o sistema operacional
desenvolvido pela Genesis.

— Entendi. — Sua voz não me animou muito, mas não perdi


tempo tentando explicar. Ela sempre apoiou a minha genialidade,
apesar de não compreendê-la na maioria das vezes.

— Por que ligou?

— Primeiro eu queria saber se você está bem.

— Eu estou. A senhora e o papai também estão?

— Sim, estamos ótimos.


— Isso é bom.

— Outra coisa é o casamento do seu primo Hercules que


acontecerá em algumas semanas. Queria tanto que você viesse!

— Mãe, eu não posso sair assim.

— Você trabalha demais, filho, precisa descansar um pouco


também.

— Eu descanso trabalhando.

— Não gosto disso.

— Estou bem .

— Virá ao casamento?

— Vou pensar nisso.

— Ah, traga a sua namorada.

— Namorada? — Quase engasguei com o ar ao me deparar


com aquela afirmação. De onde a minha mãe tinha tirado uma coisa
dessas?

— Sim, uma jovem bonita que eu vi no Facebook. Um dos


seus antigos colegas marcou vocês em uma festa anteontem.

Nem me lembrava de ainda ter perfil em redes sociais.


Deveria ser um antigo que eu não abria há anos, mas fora o
suficiente para que a minha mãe se deparasse com uma foto tirada
com a Kimberly. Se a minha situação já não estava complicada o
suficiente, ela havia se tornado ainda pior.

— Venha ao casamento, por favor.

— Se der, eu vou.

— Tudo bem. — Acabou assentindo, contrariada, mas eu


sabia que ela ainda iria insistir naquele assunto.

— Até mais, mãe. — Desliguei sem esperar uma resposta.

Como eu iria explicar para ela a minha relação com a


Kimberly? Que o Jimmy havia me enfiado em uma enrascada com
uma universitária e que ainda por cima era minha aluna?

— Mandy?

— Sim, Richard.

— Vasculhe o meu perfil do Facebook e remova qualquer


marcação que tiver menos de dois anos.

— Removido.

— Obrigado.

Ainda bem que fora a minha mãe a ver e não qualquer um


dos responsáveis pelo corpo docente da universidade.
Acabei de me vestir e encontrei o Jimmy vasculhando a
cozinha. Ele abria as portas e gavetas ao se mover de um lado para
o outro.

— O que você está fazendo? — Cruzei os braços ao encará-


lo com uma expressão séria.

— Para que todos esses bracinhos de metal pela cozinha?

— Para que a Mandy possa preparar o meu café.

— De verdade?

— Sim.

Ele ficou boquiaberto e eu ri. Ainda bem que o Jimmy havia


se formado em administração e não informática. Ele era muito bom
no seu trabalho e me ajudava muito com a parte burocrática da
empresa, mas se envolvia pouco com os projetos.

— Mandy, quero o de sempre.

— Um expresso e duas torradas com geleia saindo.

A máquina de café ligou sozinha e começou a aquecer a


água. Uma das mãos de metal abriu o armário, tirou o pacote de
pão de forma e colocou duas fatias na torradeira.

— Pode colocar isso no meu apartamento?

— Se você disser que vai se mudar rápido, sim.


Ele fez uma careta e eu ri.

— Café da manhã pronto. — A voz da Mandy ecoou assim


que a máquina finalizou a bebida.

Peguei o copo, as duas fatias de pão, passei geleia e me


sentei na bancada da cozinha. Meu amigo deu as mesmas
instruções e se sentou ao meu lado.

— Acredita que a minha mãe viu uma foto minha com a


Kimberly e agora acha que ela é minha namorada?

— Foto? Onde?

— Um dos babacas da festa tirou, e fez questão de postar


para piorar ainda mais a minha situação.

— Agora a senhora Lewis acha que você está namorando?

— Eu deveria odiá-lo eternamente por isso — resmunguei,


muito irritado.

— Deixei sua vida um pouco mais divertida.

— Só se for caótica.

— Disse para sua mãe que era uma sugar baby?

— Você ficou louco?! Ela iria se teletransportar para cá.

— E o que você fez?


— Só desviei o assunto e pedi a Mandy para se livrar da foto.

— E se ela insistir?

— Vou arrumar alguma outra desculpa, só não posso dizer


para a minha mãe a verdade, de jeito nenhum.

Jimmy colocou a mão na boca e começou a rir.

— Vamos trabalhar. — Levantei do banco alto e fui em


direção a porta.

— Sim, vamos trabalhar.

Felizmente tinha alguns dias até a minha próxima aula e, até


lá, conseguiria lidar com a situação.
Capítulo sete

— Como foi, Anne? — Sem conseguir dormir direito, sentei-


me na cama e abracei as pernas.

— Foi? — Tentou desconversar. — Foi o quê?

— Seu encontro.

— Foi legal.

— Só legal?

— Fomos para uma festa e nos divertimos.

— Ah... — balbuciei, percebendo que ela estava tentando se


esquivar do assunto. Deveria ter sido tão estranho para ela quanto
fora para mim e achei melhor não insistir. — Ele é meu professor.

— Professor? — Annelise se revirou na cama para olhar para


mim quando a minha afirmação chamou a sua atenção.

— O cara que leciona Desenvolvimento de Projetos e


Inovação.

— Richard Lewis, o CEO da Genesis Technology?

— Esse mesmo. — Encolhi-me contra a parede do quarto.


— Achei que esses homens tivessem a mulher que
quisessem em um estalar de dedos.

— Também pensava isso, mas fomos até uma festa de ex-


alunos em que todos foram uns babacas com ele. Quase como se
não soubessem quem ele é.

— E foi só isso?

— Não ficamos muito tempo por lá. Chamei-o para ir embora


e fomos para o seu apartamento.

— Rolou alguma coisa? — Annelise tombou o corpo na


minha direção para me observar melhor, ainda que estivesse escuro
demais para que pudesse ver o meu rosto.

— Um beijo.

— Só?

— Sim, depois eu pedi para me levar embora. Por quê?


Aconteceu algo mais com você?

— Eu... É...

— Anelise, fala logo. — Insisti quando a curiosidade ficou


enorme.

— Eu... — Ela sugou o ar com força antes de soltar a


resposta que eu tanto esperava. — Perdi a minha virgindade.
— Transou com ele?! — Fiquei tão surpresa que não
consegui conter o grito que ecoou por todo o quarto.

— Não estava nos meus planos. Só aconteceu.

— Ao menos ele era bonito e foi cuidadoso?

— Sim.

— Acho que você teve um bom encontro. — Fiquei sem jeito,


mas foi a melhor frase que consegui pensar.

Eu havia fugido na minha noite do baile de formatura e fugido


do apartamento no encontro com o Richard. Eu parecia ser a única
universitária que continuava virgem.

— Vão voltar a se encontrar?

— Eu não sei.

— Pelo menos ele não é o seu professor. — Tentei achar


graça em uma situação que estava sendo muito estranha para mim.

— Vamos dormir? — Ela voltou a se deitar. — Temos aula


amanhã cedo.

— Boa noite. — Virei-me para a parede pensando no quanto


precisava me focar nos estudos, mas até isso estava sendo difícil.
Capítulo oito

Eu costumava gostar do dia de ir para Stanford e interagir


com os alunos. Boa parte de mim se sentia bem dando aula e
fomentando mentes, entretanto, com aquela turma em especial, eu
queria que o semestre acabasse o mais rápido possível, porque eu
sentia que as repercussões daquela minha noite com a Kimberly
iriam bem além de uma ligação empolgada da minha mãe.

O sol estava forte naquela manhã e eu havia dirigido com


óculos escuros. Eu os tirei e guardei no porta-luvas do carro antes
de sair dele e adentrar no prédio da universidade.

Entrei no elevador para subir até a sala onde ministraria a


aula e me surpreendi quando uma mão fina segurou a porta para
que ela não fechasse e o corpo magro de uma jovem se esgueirou
para dentro da caixa de metal.

— Desculpa! — Kimberly ajeitou o computador nos braços,


mas tomou um susto quando seus olhos castanhos encontraram os
meus.

— Ri-Richard... — gaguejou. — Quero dizer... senhor Lewis.

— Bom dia — falei com a voz firme e pouco expressiva.

— Eu não queria me atrasar de novo.


Movi a cabeça e observei as horas no meu relógio, que era
um dispositivo eletrônico com várias funcionalidades.

— Ainda faltam cinco minutos.

— Que bom. — Ela sorriu. — Quero apresentar ao senhor a


minha ideia para o projeto, já comecei a escrevê-lo...

— Fale comigo quando estivermos dentro da sala de aula. Eu


não gosto de conversas paralelas no corredor.

— Tudo bem. — Ela engoliu em seco e eu percebi que a


minha fala havia a desconcertado.

Para o bem de nós dois, iria me resumir ao mínimo de


contato possível com ela. Só de pensar que eu a tinha beijado e que
provavelmente a beijaria de novo se pudesse, a minha mente dava
pane.

É minha aluna... É só uma menina..., repetia aquelas duas


frases quase como um mantra, numa tentativa de evitar que
qualquer besteira acontecesse e a minha situação não piorasse.

Deixei que ela entrasse na sala primeiro antes de seguir atrás


dela.

— Bom dia, alunos! — Coloquei a minha pasta sobre a mesa


antes de me virar para a turma. — Espero que o final de semana
tenha sido bastante produtivo.
Uma outra garota, Lara era o nome dela, se me recordava
bem das apresentações da semana anterior, se aproximou de mim
mexendo no cabelo loiro e enrolando uma mecha no dedo.

— Estava lendo uma matéria sobre as atualizações da Mandy


e todas as novas funções que ela vai ter.

— Sim. — Não dei muita bola para o seu comentário e


indiquei que voltasse para seu lugar antes de lhe dar as costas e ir
até o quadro.

Escrevi novamente o nome da disciplina e a palavra ideia o


maior que consegui logo abaixo.

— Não é possível desenvolver e inovar sem uma ideia. Ela


não precisa ser enorme e revolucionária. Inúmeros bons projetos
começam buscando atender alguma necessidade reportada por
muitas pessoas. O Uber, por exemplo, veio atender uma
necessidade das pessoas que precisam se locomover e não tem
carro. A Mandy é o produto mais conhecido da Genesis, mas ela
opera inúmeros itens que tornam a vida das pessoas mais fáceis.
Ela é uma assistente virtual completa, que faz lista de compras,
prepara o café da manhã e ainda controla inúmeros aparelhos
eletrônicos.

— Espera que desenvolvamos uma nova Mandy? —


questionou um dos alunos após levantar a mão.
— Quero que me surpreendam. Enxerguem uma
necessidade e atendam-na. Sei que vocês são de períodos
diferentes e alguns têm um maior conhecimento de programação e
hardware do que outros, entretanto todos têm a mesma capacidade
de pensar e eu estou aqui para ajudá-los com isso.

— Professor — a Kimberly levantou a mão e eu fui obrigado a


olhar para ela —, posso mostrar a minha ideia para o senhor?

Olhei para os outros alunos, que pareciam distraídos com os


próprios projetos, e não tive outra escolha que não fosse assentir e
ir até ela.

— Sim? — Parei ao lado da sua cadeira.

Ela colocou a mão no rosto e empurrou uma mecha do


cabelo para trás. Foi um movimento involuntário, mas acabou
chamando a minha atenção. Ela era tão angelical e parecia frágil
como um botão de rosa.

A minha mente se inundou com a sensação de tocá-la, suas


mãos, seu rosto e principalmente os seus lábios. Era como se
quanto mais eu lutasse contra aquela vontade, mais ela se
manifestava e pulsava latente dentro de mim.

Tinha me envolvido com algumas mulheres ao longo da vida,


mas elas sempre foram uma distração. Acabava sempre terminando
a relação para me dedicar às minhas ideias e projetos. Como
sempre atuavam em áreas opostas as minhas, elas tendiam a não
entender e nem se interessar pelo que eu fazia. Admito que nunca
me preocupei muito em estreitar nenhum relacionamento e por isso
o Jimmy acabou me envolvendo naquela confusão, mas eu teria que
me esforçar para me manter longe dela.

Ela virou a cabeça na minha direção e eu senti que os seus


olhos passearam demais pelos meus. Pareceu uma eternidade o
tempo que nos encaramos e tive a impressão de que aquilo
acabaria nos denunciando.

— Então, vai me mostrar sua ideia ou posso ir para outro


aluno?

Ela engoliu em seco e continuou ainda uns segundos olhando


para mim.

— Si-sim... — Abriu a tela do computador e a mostrou para


mim. — Há um tempo eu já estava pensando em um sistema de
piloto automático para carros, nada como o de cruzeiro que já existe
e mantém a velocidade constante, mas algo que realmente dirija o
carro para que esses motoristas bêbados não saiam por aí fazendo
besteira.

Eu ri da careta que ela fez, não consegui me conter.

Ela mexeu no cabelo e voltou a olhar para mim.


— Sabe que tem muitas variáveis para se estudar em um
projeto ousado como esse.

— Sim, preciso que o programa identifique a rota, analise o


percurso e principalmente estude as possibilidades de colisão para
que ele possa reagir sem um operador humano.

— Acha que nenhuma outra empresa tentou isso antes?

— Tenho certeza que sim, mas nenhuma aplicou a ideia com


eficácia.

— Então acredita que uma caloura vai conseguir algo tão


ambicioso?

— Você era um calouro quando desenvolveu a Mandy. Além


disso, eu vou ter a sua ajuda.

Aquela sua última frase me fez estremecer por dentro, pois


significava que passaríamos mais tempo juntos. O que eu não podia
negar era que o projeto me empolgava. Há muito tempo alguém não
trazia um desafio daquela magnitude.

— Continue trabalhando na ideia. Quero que semana que


vem você me traga um projeto executável, ou não vai passar de
mais uma como tantas outras inspiradas em filmes de ficção
científica.
— Darei o meu melhor. — Ela abriu um largo sorriso e aquela
convicção toda me assustou. Estava com medo das consequências
da nossa convivência, principalmente para mim.

Eu costumava ser um cara centrado, tinha os meus objetivos


muito bem determinados e não deixava que pequenos incidentes
me tirassem do eixo. Entretanto, em se tratando da Kimberly, era
como se eu estivesse fugindo de um trem em alta velocidade pronto
para me atropelar.

Ainda que eles fossem maiores de idade, sempre vi os meus


alunos como crianças, mas a atração que eu sentia por ela estava
me desestruturando completamente.

Saí de perto dela e fiquei contente por ter sido chamado por
outro aluno. Não tive que interagir com ela pelo restante da aula. Foi
ótimo quando eu pude ir embora e pensar que teria uma semana
para me recuperar da sua presença antes que tivéssemos que ficar
diante um do outro novamente.
Capítulo nove

Era evidente que ele estava me evitando. Às vezes tinha a


impressão de que o Richard nem se esforçava para esconder o
descontentamento diante da minha presença. Estava com muito
medo de que o nosso encontro de apenas uma noite repercutisse
em toda a minha carreira. Ele era o CEO e fundador de uma das
empresas de tecnologia mais incríveis do Vale do Silício, mas tinha
a impressão de que ele poderia acabar querendo me excluir do
programa apenas por não me querer por perto.

Balancei a cabeça, tentando afastar aquele pensamento


negativo. Eu sempre fui uma excelente aluna e estava confiante em
relação ao meu projeto. Considerando aqueles que os meus colegas
pareciam escolher, o meu era o mais interessante e ambicioso. Se
eu conseguisse colocar em prática, provavelmente revolucionaria o
mercado dos automóveis.

Meu pai iria ficar muito orgulhoso de mim.

Eu não era uma mulher como a minha mãe e me esforçava


para ser um motivo de alegria para ele, pois sabia o quanto meu pai
havia se sacrificado por mim.

Quando saí da aula, puxei o celular do bolso e me deparei


com uma mensagem dele. Liguei de volta ao ver que ele havia
tentado me telefonar.

— Oi, filha!

— Papai!

— Como você está?

— Bem, acabei de sair de uma aula.

— Que ótimo! Fico muito contente em saber que está tudo


correndo bem aí em Stanford. Sabe que é a minha garotinha e ainda
estou me acostumando em tê-la longe.

— Não estou longe.

— Morando em outra cidade.

— Poderia ter me mudado para outro estado, como tantos


dos meus colegas da escola.

— Ainda bem que não se mudou.

— Eu também iria sentir a sua falta.

— Estava pensando em buscá-la na sexta-feira para passar o


final de semana em casa. O que acha?

— Eu iria adorar. Estou sentindo falta da minha cama e do


espaço do meu quarto.

— Me lembro bem de como os dormitórios eram apertados.


— Pois é! — Ri. — Tenho um trabalho importante, mas posso
fazer em casa. Será ótimo ficar aí por um tempo.

— Pego você na sexta-feira à tarde, pode ser?

— Combinado.

— Agora vou deixar você estudar.

— Obrigada! Eu amo você, papai.

— Também amo você, Kim.

Ele desligou a chamada e eu guardei o celular no bolso antes


de concluir o caminho até o dormitório. Passei no meu quarto para
deixar o meu material e vi que a Annelise não estava,
provavelmente ainda não havia chegado da aula ou talvez tivesse
ido para a biblioteca estudar. Deixei o meu computador em cima da
escrivaninha e a mochila na cama para ir até o refeitório.

Estava faminta e iria almoçar primeiro antes de pegar firme


no projeto para o Richard... senhor Lewis... Tinha que parar de
chamá-lo pelo primeiro nome. A situação já estava bastante
complicada para mim, eu não precisava dificultá-la ainda mais.

Era crucial que eu desse o meu melhor para entregar um


projeto excepcional para que ele não tivesse alternativas que não
fosse me escolher para desenvolvê-lo, com todo o aporte da
Genesis. Eu não poderia deixar que a noite em que eu havia sido
sua acompanhante atrapalhasse todo o meu futuro.
Capítulo dez

Eu fui o primeiro a descer do carro e Jimmy veio logo atrás.


Trabalhando em um projeto que seria lançado dentro de algumas
semanas, havíamos ficado até tarde na empresa e nem nos demos
conta da hora. Voltar tarde da noite era comum, principalmente
quando tudo o que eu mais queria era mergulhar no trabalho. Era
algo que eu fazia bem e tinha total controle, diferente da minha atual
turma em Stanford.

Parecia insano pensar que apenas uma garota era capaz de


me tirar do eixo daquela forma.

— Vou pedir uma pizza. — disse Jimmy mexendo no celular.


— Você quer também?

— Pode ser. — Massageei as têmporas antes de dar um


passo na direção do corredor onde ficavam os quartos.

— Dor de cabeça?

— Mais ou menos isso — falei em um tom de poucos amigos.

— Está preocupado com a apresentação dos protótipos da


semana que vem?

— Antes fosse.
— Não acredito que você ainda está assim por causa da
garota.

— Me lembre de esganá-lo da próxima vez que pensar em


me envolver em uma situação como essa novamente.

— Eu acho que você está fazendo drama demais.

— Drama? — Cerrei os dentes irritado com a forma como ele


falou comigo.

— Claro! Saiu com a menina quando ela ainda nem era sua
aluna. Pare de se comportar como se tivesse fodido uma menor de
idade.

— Eu não transei com ela.

— Viu? Tempestade demais. — Deu de ombros. —


Pepperoni ou muçarela?

— Meio a meio. — Tirei o meu blazer e comecei a desabotoar


a minha camisa. — Vou tomar um banho. Vê se não transforma a
minha cozinha em um chiqueiro.

— Até parece que eu sou assim.

Olhei para o Jimmy de esgueira, mas ele não falou nada.


Apenas o meu olhar havia sido o suficiente para que soubesse a
minha opinião a respeito da sua falta de organização.
Chegava a ser engraçado pensar que o administrador
metódico que estava sempre de olho em todas as áreas da Genesis
não conseguia se lembrar de onde havia deixado as meias, porque
estava sempre largando-as em qualquer lugar.

Entrei no meu quarto e encostei a porta. Inspirei


profundamente na esperança de que a pressão sobre a minha
mente se aliviasse. Eu estava tenso demais e talvez o Jimmy
estivesse certo. Poderia mesmo estar só fazendo tempestade em
copo d'agua, mas a verdade é que eu tinha medo dos meus próprios
desejos. Não costumava ser tão covarde, sempre enfrentava os
desafios de frente, mas se tratando da Kimberly eu só queria evitá-
la, pois toda vez que movia os lábios atiçava em mim uma vontade
de beijá-la, e quando colocava o cabelo atrás da orelha me
despertava uma ânsia por tocá-la.

Era como se a cada não que eu dava para aquela vontade,


maior ela se tornava, e isso era enlouquecedor.

Abandonei as minhas roupas sobre a cama e caminhei até o


banheiro. Fechei o box e abri o registro, deixando que a água morna
escorresse pelos meus músculos tensos. Eu estava precisando de
uma massagem ou intensificar a minha carga de exercícios físicos
para extravasar toda aquela energia acumulada.

Até os dezoito anos, eu costumava estar acima do peso e


não me importava muito com a minha aparência, mas alguns
problemas de saúde, como pressão alta e colesterol alterado, me
levaram a buscar uma melhor qualidade de vida. Exercícios físicos
se tornaram uma rotina, assim como uma alimentação balanceada.
Perdi peso, me tornei mais forte e o meu corpo atraía muito mais
mulheres do que antes, apesar do Jimmy viver dizendo que a
Mandy era o único grande amor da minha vida, pois eu me dedicava
mais a inteligência artificial do que a qualquer mulher.

A verdade era que mesmo tendo mudado o meu corpo e feito


uma cirurgia para corrigir a miopia, ainda me sentia o mesmo
homem desengonçado que fazia pouco sucesso com as garotas.
Não queria me meter em momentos constrangedores como antes,
entretanto o que eu estava enfrentando era para lá de
desconcertante.

Eu, um homem de trinta e cinco anos, com a vida feita e


muitas responsabilidades para administrar, não estava conseguindo
lidar direito com a atração por uma menina de dezoito, que estava
perturbando os meus pensamentos e planos com a turma em
Stanford.

Lutei, mas a minha mente lutou de volta, empurrando


imagens dela. Quanto mais eu tentava afastá-las, com mais força
elas vinham. Primeiro eu me recordei de vê-la na aula pela manhã.
Poderia lidar com essas lembranças, não seria a minha última aluna
se eu continuasse com aquele meu programa em parceria com a
universidade. No entanto as imagens dela de jeans e camiseta se
transformaram em flashs da noite que passamos juntos.

Recordei-me dela entrando no meu apartamento. As curvas


do corpo feminino e delicado evidenciadas pelo vestido preto. Os
seios tinham tamanho moderado e, pela minha imagem mental, ela
estava sem sutiã naquela noite, mas infelizmente eu não os tinha
tocado para conferir.

A taça de vinho que eu não deveria ter servido foi o passe


livre para que eu começasse a pecar. O sabor do beijo dela tomou a
minha mente enquanto o meu pau se enrijecia ao me recordar da
sensação de tê-la no meu colo enquanto as minhas mãos
passeavam pela sua cintura. Se ela não houvesse levantado e
pedido para ir embora, teria transado com ela no sofá sem nem
pensar direito.

Jimmy estava certo, eu precisava de uma namorada, uma


mulher da minha idade que não me fizesse cobiçar uma aluna
dezessete anos mais jovem do que eu.

Mentalmente, contei quantas aulas ainda teríamos juntos até


o final do semestre, e torcia para que aquela tortura passasse logo.

Apoiei as costas no azulejo do banheiro. A baixa de


temperatura provocada pela superfície gelada não foi o suficiente
para amenizar o calor e principalmente o desejo que estava
pulsando por todo meu corpo.

Levantei a cabeça e fui obrigado a fechar os olhos para que


eles não fossem golpeados pela água da ducha. Fazer isso talvez
tenha sido outro dos meus grandes erros, porque as imagens dela
se tornaram ainda mais nítidas. Pensei novamente no beijo
enquanto a puxava para o meu colo. Contudo, dessa vez, na
realidade das minhas fantasias, Kimberly não se afastou, nem
quando toquei diretamente o seu sexo e puxei a sua calcinha.

A minha mente me fez ouvi-la gemer enquanto eu abria o


zíper da minha calça, tirava o meu pau da cueca e o esfregava na
entrada do seu sexo. Quente, molhado, pulsante...

Abaixei a mão, ainda de olhos fechados, e segurei a base do


meu pênis, escorregando-a até tocar as minhas bolas. Cerrei os
lábios, mordendo-os para suprimir um gemido. Não queria que o
Jimmy me ouvisse e soubesse que eu estava me tocando, nem
pensasse que eu estava vendo algum pornô, pois as imagens
indevidas estavam apenas na minha mente, que se mostrou mais
fértil do que nunca.

Subi os dedos por toda a extensão, até tocar a glande. Com a


mão eu exercia a pressão que imaginava sentir ao estar dentro da
vagina dela, com Kimberly rebolando no meu colo enquanto eu
estava bem encaixado no seu interior. Pensei nos olhos dela
revirando de prazer enquanto quicava em mim e aumentei a
velocidade com que a minha mão subia e descia.

Seus gemidos, beijos quentes e o roçar das nossas peles


uma na outra em meio a fricção frenética dos nossos sexos, a minha
boca passeando pelos seu pescoço, pelos mamilos eriçados e seios
firmes deixava-me cada vez mais a beira do orgasmo. Pensar em
como seria desfrutar do seu sabor aumentou a minha necessidade e
excitação.

Apoiei a mão livre na parede ao sentir os primeiros


espasmos, e meu sêmen jorrou, escoando junto com a água pelo
ralo.

Com a respiração descompassada, esperava recuperar o


fôlego e a decência depois de ter me masturbado pensando em uma
aluna.

Kimberly Adams iria ser o meu maior pesadelo durante


aquele semestre e sobreviver a ela sem perder o juízo se mostraria
um enorme desafio.

Quantas vezes mais eu me pegaria naquela situação até


parar de ser influenciado por aquele desejo proibido?

— A pizza chegou. — Jimmy bateu na porta.


— Já estou saindo! — gritei de volta e peguei o sabonete
para me lavar.

Alguns minutos depois, eu saí do quarto só de bermuda e


com o cabelo molhado. Puxei uma das cadeiras da mesa de jantar e
sentei-me diante do meu melhor amigo, que mastigava um pedaço
de pizza e parecia perdido na vista da baía atrás de mim.

— Está com uma cara boa. — Puxei uma fatia.

— Achei que ia esfriar, já que a sua banheta demorou.

— Ban... o quê? — Fiz uma cara de espanto e ele riu.

Me perguntei se o Jimmy realmente havia adivinhado o que


eu fizera no banho ou se estava apenas jogando verde na
esperança de me pegar em uma armadilha.

— Você...

— Cara, só come aí! — Apontei para a pizza com uma


expressão de poucos amigos.

Eu poderia confiar em Jimmy para muitas coisas, mas não


achei prudente compartilhar com ele aquele meu desejo, pois o
achava errado e extremamente perigoso.

— Já começou a olhar um apartamento para se mudar? —


desviei o assunto para a vida particular dele.
— Alguns, mas nenhum deles tem essa vista.

— Desculpa, mas esse não está à venda.

— Quinhentos metros quadrados é espaço demais para um


homem morar sozinho, Richard.

— Meus pais vêm aqui de vez em quando. Além disso, já


morei com você por quatro anos, não preciso prolongar essa tortura.

— A Georgia...

— Você não vai voltar para ela. — Não deixei nem que
terminasse a frase.

— Calma, cara! Iria falar que ela recebeu os papéis do


divórcio e está me enchendo o saco. Já não basta ter ficado com o
meu apartamento, se eu deixar, ela vai arrancar de mim até as
minhas cuecas.

— É por isso que eu não me caso. — Ri debochado.

— Sei muito bem que o seu medo não é do divórcio.

Engoli em seco quando o meu melhor amigo me pegou na


minha própria piada. Ele estava certo, eu tinha medo da rejeição.
Durante a minha adolescência, nenhuma das mulheres que eu quis
se interessou por mim. Na vida adulta, eu sabia que a maioria delas
só queria o dinheiro e o prestígio da Genesis. Assim, não levava os
relacionamentos a sério e preferia a minha boa e velha solidão.

— O que acha de arranjarmos novos encontros naquele site?

— Jimmy, não!

— Posso selecionar maiores de vinte e um que possam


beber e tenham interesse em algo mais íntimo. — Ele piscou para
mim.

— Não nos meta em enrascadas.

— Estou precisando transar, você não?

— Tenho outras prioridades no momento. — Joguei a borda


da pizza na boca e comecei a mastigá-la.

Jimmy deu de ombros e não falou mais nada. Achei melhor


assim, já estava sendo difícil o suficiente lidar com a Kimberly sem o
meu melhor amigo me incentivando a sair com garotas mais novas
do que nós dois.

Felizmente eu só dava aula para ela uma vez por semana e


não pretendia selecioná-la para o programa dentro da minha
empresa. Torcia para que os outros alunos apresentassem projetos
tão interessantes quanto o dela, pois para piorar a situação,
Kimberly parecia bem dedicada e tinha o currículo de uma aluna
exemplar.
Uma menina certinha demais para ser uma sugar baby, o que
me deixava ainda mais confuso sobre a situação em que havíamos
nos conhecido.
Capítulo onze

Ajeitei a minha mochila no ombro antes de puxar a porta do


carro e me acomodar no banco do carona.

— Pai! — Curvei-me na direção dele e dei um beijo no seu


rosto.

Meu pai soltou o volante para me dar um abraço apertado e


ficamos assim por alguns minutos até que ele se afastou para me
observar melhor e me deu um beijo na testa.

— Como você está, filha?

— Bem. Feliz por ver você. Estava com tantas saudades!


Aqui é legal! No refeitório do dormitório tem sorvete todos os dias.
— Ri e ele fez uma careta. — Mas as vezes me bate uma saudade
enorme de casa.

— São só quatro anos, logo você volta. Vai ver só como


passa rápido. Às vezes eu fico me lembrando da garotinha que
ficava correndo pelo meu escritório e brincando com as miniaturas
de carros. Olha só para você agora! — Tocou o meu rosto e me
encarou com um ar saudosista. — Está se transformando em uma
mulher.

— Já sou uma mulher, pai. — Falei determinada.


— É uma triste realidade que eu não quero aceitar. Sinto que
estou ficando velho.

— Os cabelos brancos parecem ter aumentado desde a


última vez que nos vimos. — Aproximei a mão do seu cabelo escuro
e meu pai se esquivou em meio a uma risada.

Estava zombando do meu pai, pois sabia que ele se cuidava.


Apesar do status de pai, frequentava a academia e mantinha hábitos
saudáveis que o deixavam em forma.

— É preocupação.

— Só se for com a mamãe. Porque eu estou ótima.

— Vamos deixar a sua mãe para lá. — Ele tentou se esquivar


do assunto e percebi o quanto era complicado para nós dois. Eu não
era a única que não tolerava a presença da Helena. Pensar que o
meu pai havia se esforçado para passar dezoito anos casado por
minha causa me deixava triste. Felizmente eu havia crescido e ele
estava se libertando daquela união infeliz.

— O senhor está precisando sair para se divertir um pouco.


Trabalha demais, pai. Agora eu sou grande o bastante para cuidar
de mim mesma.

— Eu sempre vou cuidar de você, Kim.


— Mas também pode arrumar uma namorada. Alguém mais
divertida e que não tenha um cachorro de bolsa.

— Cachorro de bolsa? — Ele franziu o cenho, confuso com a


minha fala. — A Helena apareceu aqui?

— Há alguns dias.

— Falei para aquela mulher ficar longe de você. — Bufou,


visivelmente irritado.

— Relaxa, pai. Por mais esquisita e interesseira que ela seja,


ainda é a minha mãe, sei lidar com ela. Não se preocupe.

— Eu não quero que ela fique aborrecendo você, filha.


Principalmente agora que você precisa se concentrar na
universidade. Aposto que ela queria conversar com você sobre os
termos do nosso divórcio.

— Ela ainda se recusa a assinar?

— Infelizmente, sim. — Ele puxou o ar com força. Se já


estava sendo difícil para mim, imaginei como seria para ele. A luz no
fim do túnel depois de dezoito anos vivendo um pesadelo com a
rainha do baile ainda parecia bem distante.

Além disso, meu pai tinha a empresa para cuidar, outros


compromissos e o cuidado que sempre tinha comigo.
Curvei-me na direção dele e dei um beijo na sua bochecha.

— Vai ficar tudo bem.

— Deveria ser eu a falar isso.

— Só estou antecipando.

Ele riu antes de dar partida no carro.

Durante o percurso para São Francisco onde ficava o


apartamento do meu pai, conversei com ele sobre as novidades,
falando de mim e da universidade, e ressaltei principalmente o
projeto do piloto automático, algo que poderia agregar muito à
Ludwing Motors. Ele ficou empolgado e me animou a continuar.
Claro que eu omiti da conversa o fato de Richard Lewis fazer de
tudo para me afastar, provavelmente devido à noite que havíamos
saído juntos. Meu pai sempre fez de tudo para me proteger e cuidar
de mim, tinha certeza de que ele iria surtar se descobrisse que eu
havia tido um encontro com um cara que tinha quase a idade dele.

Ele estacionou na garagem e pegou a minha mochila.


Subimos juntos de elevador para a cobertura. Assim que entrei na
sala, vi a típica decoração de sempre, os móveis coloridos demais e
as pinturas vibrantes.

— Você vai redecorar, não é?


— O apartamento? — Meu pai colocou as mãos nos bolsos e
apertou os olhos para olhar para mim.

— É. Tem mais a cara dela do que a sua.

— Se a Helena não conseguir tomar o apartamento de mim,


pode ser que eu consiga mudar algumas coisas

— Você não pode deixar, pai!

— Estou tentando.

— Kim!

Virei a cabeça quando ouvi o meu apelido. Florence apareceu


no meu raio de visão, saindo do corredor que levava até a cozinha.
Ela secou as mãos no avental antes de se aproximar de mim e me
envolver num abraço.

— Que bom ver você.

— Também estou muito feliz em vê-la e voltar para casa pelo


menos um final de semana.

— Quando seu pai me disse que iria buscá-la, eu corri para


fazer o seu prato favorito. Imaginei que chegaria com fome, não sei
se tem se alimentado direito na universidade.

— A comida do refeitório é boa, mas a sua é melhor.


Florence era a governanta da casa desde que eu me
entendia por gente. Ela tinha sido muito mais do que uma
empregada para mim. Havia trocado as minhas fraldas e cuidado de
mim como uma mãe em muitos momentos.

— Coloque suas coisas no quarto, eu vou preparar um prato


para você.

— Faça para mim também, Florence.

— Pode deixar, senhor Adams.

Segui pelo outro corredor e fui para o meu quarto. Entrei nele
e fechei a porta. O ambiente estava exatamente como eu me
recordava, com o pisca-pisca sobre a minha cama e o quadro de
fotos na parede direita. Soltei um suspiro profundo quando vi uma
foto minha com a minha melhor amiga da época da escola. Jeniffer
e eu havíamos estudado juntas desde o fundamental, entretanto
acabamos nos afastando quando ela foi para NYU, a Universidade
de Nova Iorque. Foi nesse período que eu conheci a Annelise.
Florence havia me dito que era comum perdemos amigos e
conquistarmos novos, mas não deixava de ser triste.

Por falar em perdas, me deparei com uma foto minha com o


Patrick no quadro. Estava tão chateada com o nosso término e
apressada para me mudar para Stanford que provavelmente me
esqueci daquela foto. Eu a puxei, soltando-a do prendedor, e a
rasguei em duas antes de jogar fora no lixo do banheiro.

Na época eu achava que não havia mundo sem ele, porém,


depois do afastamento, ficava cada vez mais nítido que eu ainda
tinha muito a viver e outros caras para conhecer.

Outros caras...

Meus pensamentos foram levados para o Richard e eu fui


atravessada por um arrepio. Eu não imaginava que o proibido
pudesse ser tão tentador. Ele era mais velho, entretanto, ao invés de
pensar no empecilho, eu me recordava do nosso beijo. Era
completamente insano pensar que a minha vontade de voltar para o
Patrick havia sido completamente substituída por um desejo oculto e
muito proibido pelo meu professor.

Balancei a cabeça, afastando aqueles pensamentos. Tinha


que focar no meu projeto e aproveitar a genialidade de Richard
Lewis ao meu favor, e não ficar pensando em como seria ser
envolvida pelos seus braços firmes novamente e sentir a sua boca
pesando sobre a minha.

Debrucei-me sobre a pia e lavei o rosto para voltar até a sala.


Meu pai já estava sentado na mesa e eu me acomodei ao lado dele
antes de Florence trazer dois pratos e nos servir com o seu
hamburguer maravilhoso acompanhado de batata frita.
— Como está o tio San? — peguei uma e a mergulhei no
molho de ervas, maionese e ketchup que a Florence preparava.

— Ele está bem, com saudades de você.

— Adoraria vê-lo e também a tia Cami.

— Podemos providenciar isso — falou o meu pai e eu sorri.

Samuel era o melhor amigo do meu pai e casado com a


Camila. Eles não eram um casal de tios de verdade, mas, com a
convivência, eu havia me acostumado a chamá-los assim. Como
eles não tinham filhos, ajudavam o meu pai a me mimar.

— Pode me levar no pub.

— Não é lugar para você.

Fiz bico e meu pai não recuou. Eu tinha dezoito anos e já


poderia fazer muitas coisas, mas como beber só era permitido
acima dos vinte e um, meu pai ainda não me levava no pub do San.
Entendia em partes a proteção dele, mas não era como se eu fosse
para lá apenas para me embriagar.

— Vou chamá-los para almoçar conosco amanhã — disse ao


perceber a expressão cerrada que havia tomado conta do meu
rosto.
— Obrigada. — Segurei o hamburger com as duas mãos e
dei uma bela mordida.

Meu pai passou o resto do dia comigo. Depois de comermos,


sentamos juntos para falar dos novos projetos de carros. Desde
criança, eu já mostrava sinais de interesse pelos negócios da
família. Torcia para que, quando me formasse, virasse parte da
equipe de desenvolvimento dos carros elétricos.

O Patrick havia me decepcionado muito e o relacionamento


dos meus pais também não era um bom exemplo, então estudar e
me dedicar era o melhor que eu poderia fazer para mim mesma ao
invés de ficar fantasiando com o meu professor.
Capítulo doze

Os dias estavam passando rápido demais. Constatei isso


quando me deparei com a data no meu celular e vi que já era dia da
minha aula em Stanford. Geralmente eu ficava muito ansioso para a
terceira aula em específico. Os alunos iram me mostrar os seus
projetos e eu escolheria os três melhores para que se juntassem a
equipe de desenvolvimento da Genesis.

Acabei de me arrumar rapidamente, por mais que a minha


vontade fosse ficar na cama. Eu cobrava pontualidade e
compromisso dos meus alunos, não poderia agir de forma diferente.
Enquanto a Mandy falava sobre a previsão do tempo e me lembrava
de uma reunião com acionistas no período da tarde, tomei o meu
café da manhã e fui para a universidade.

Naquele dia, pisei na sala faltando dois minutos para o início


da aula e me surpreendi ao encontrá-la sentada na mesma cadeira
de sempre. Daquela vez, ela havia feito questão de chegar antes de
mim para que não tivesse brechas para as minhas repreensões.

— Bom dia— falei com eles e me virei para escrever o nome


da disciplina no quadro. — Espero que todos tenham trazido o
projeto para me apresentar.
Eles balançaram a cabeça em afirmativa e começarem a
mexer nas suas mochilas. Alguns pegaram pendrives, e outros
material impresso. Enquanto isso, eu anotava o meu e-mail no
quadro para receber os projetos.

— Quem quer começar a apresentação ou preferem que eu


faça um sorteio?

— Eu vou! — Kimberly levantou a mão antes que eu


terminasse a pergunta.

Olhei para aos demais alunos, e como ninguém mais se


manifestou, então fiz um movimento com a mão para que ela se
aproximasse e fui me sentar em uma cadeira da frente para poder
assistir melhor a apresentação.

— Tem alguma metodologia de apresentação que o senhor


prefira?

— Não. Só quero que me mostre o projeto e o encaminhe


para o meu e-mail no fim da aula, assim como eu havia pedido
anteriormente.

— Tudo bem. — Ela inspirou profundamente e esfregou as


mãos na lateral da calça jeans, deixando evidente todo o seu
nervosismo.
Imaginei que não estivesse sendo fácil para ela,
principalmente pela forma idiota como estava me comportando
desde que havia descoberto que ela era minha aluna. Queria todas
as desculpas do mundo para mantê-la afastada de mim, porém
Kimberly se saía muito bem para se esquivar de toda a minha
grosseria.

— Posso começar? — Ela estalou os dedos e olhou para


mim.

— Pode.

— O meu projeto consiste na criação de um piloto automático


para veículos, principalmente carros. — Ela mostrou algumas
imagens no slide. — Esse sistema será completamente
automatizado sem depender de intervenção humana nem controle.
Vai medir e prever possíveis colisões para evitar qualquer acidente
devido a fatores externos.

— Como pensa em fazer isso? — interrompi a apresentação


dela para questioná-la.

— Sensores que farão cálculos de possibilidades com base


na rota previamente importada quando o usuário delimitar o
percurso do carro. Pensei em ondas sonoras de baixa vibração, que
funcionariam como o sonar de um morcego que evita que ele colida
com objetos mesmo estando completamente escuro.
— Se algum outro veículo avançar o sinal, como o sistema
responderia? — Cruzei os braços em uma posição defensiva.

— Iria parar o carro ou desviar do objeto, baseando em


cálculos de probabilidade do que seria mais seguro e levando em
consideração outros veículos que possam estar na pista.

Interessante... Kimberly era muito mais brilhante do que eu


era capaz de admitir.

— Bom.

— Só bom? — Alguém resmungou atras de mim, mas não


dei ouvidos.

— Quem vem agora?

— Já é para mandar o projeto no seu e-mail agora? —


Kimberly veio na minha direção e eu senti a boca ficar seca quando
ela se debruçou sobre a mesa.

— Sim. Agora sente-se na sua cadeira que eu preciso ver as


outras apresentações. — Minha voz saiu tão ríspida quanto o
possível, a desconcertando.

Ela assentiu e saiu da minha frente.

O próximo aluno foi para frente da sala e começou a


apresentação sobre um dispositivo para localizar o carro no
estacionamento. Depois dele veio uma garota com um projeto de
horta automatizada sustentável, que era interessante, mas bem
longe dos atuais projetos da Genesis e parecia ter uma implantação
muito simples.

No fim daquela aula, eu não tinha dúvidas de qual era o


melhor trabalho, entretanto não poderia escolhê-lo. Lidar com a
Kimberly uma vez por semana já não era fácil, tê-la dentro da
Genesis todos os dias iria acabar com o meu juízo.

— Até sexta-feira eu passarei o resultado dos selecionados


por e-mail, e na segunda-feira pela manhã iriei aguardá-los na sede
da Genesis. Boa sorte a todos — disse antes de dar-lhes as costas
e seguir para o corredor.

A minha missão dos próximos dias seria escolher três


trabalhos que não o da Kimberly.
Capítulo treze

Dei F5 pela centésima vez na minha caixa de mensagens.


Tinha perdido as contas de quanto tempo estava diante do
computador esperando o resultado da seleção do Richard para
saber quais projetos seriam desenvolvidos dentro da sua empresa.

Tinha certeza de que a minha apresentação havia sido


impecável. Esforçara-me para o melhor resultado e estava confiante
em ter me sobressaído sobre os meus colegas. Eram três vagas,
uma delas precisava ser minha, mas estava com medo e com um
frio na barriga enorme.

— Kim. — Annelise se revirou na cama ao olhar para mim. —


Ainda está acordada?

— Estou esperando o resultado.

— Resultado de quê? — Ela esfregou os olhos ao se sentar


na cama.

— Da seleção dos aprovados para o programa do Richard


Lewis.

— Seu sugar daddy? — Ela riu e eu fechei a cara. Nem


queria pensar naquela noite e no quanto ela estava dificultando a
minha vida.
Olhei para a tela do computador de relance e vi que um novo
e-mail havia chegado. Meu coração bateu mais acelerado e minha
garganta ficou terrivelmente seca quando vi o nome dele no
remetente e o assunto: seleção de projetos.

— Ele respondeu? — perguntou Annelise, provavelmente ao


perceber que eu estava estaticamente parada encarando a tela do
computador.

— Sim.

— E aí? — Ela saiu da cama e veio se sentar perto de mim,


tão curiosa com o resultado quanto eu. — Abre logo! — Empurrou a
minha mão.

— Espera. — Fiquei sem jeito e com medo, porém eu só


poderia saber o resultado se lesse.

Inspirei profundamente e dei dois cliqueis na mensagem,


esperando que ela abrisse.

Senhorita Adams,

Analisei o seu projeto dentre outros incríveis que foram


apresentados a mim na nossa última aula e lamento informar que o
seu não foi selecionado. Entretanto não fique desapontada, a
concorrência foi difícil e você tem muito talento.
Estarei disponível para solucionar suas possíveis dúvidas e
ajudá-la na execução do projeto durante a nossa aula.

Atenciosamente,

Richard Lewis

— Que idiota! — Annelise exclamou ao meu lado, externando


palavras mais delicadas do que as que eu realmente queria usar
para me referir ao meu não tão querido professor.

— Eu não acredito que ele me deixou de fora. — Cerrei os


dentes, tentando conter o choro de raiva e frustação.

— Os trabalhos dos outros eram tão bons assim?

— Só um era realmente legal, mas o resto não tinha nada de


muito inovador. Não tinha motivos para ele me deixar de fora.

— Não? — A pergunta da Annelise me fez refletir.

— Isso é muito injusto. — Não consegui conter o choro.

— Ele é o professor e o CEO da Genesis...

— Mas não pode me deixar de fora só porque saímos uma


noite. — Fechei a tampa do notebook com força.

— Tenho certeza de que seu pai se orgulha de você, Kim.


— Não vou deixar que ele me exclua desse jeito sem lutar. —
Levantei da cama, acendi a luz e comecei a trocar meu pijama por
uma calça jeans e uma camiseta.

— O que vai fazer? — Annelise não compreendeu a minha


atitude. Para ser honesta, nem eu, pois estava agindo puramente
por impulso e raiva

— Quando eu estava na casa dele mandei a localização para


você.

— É mais de meia noite, vai até a casa dele a essa hora?

— Imagino que seja onde ele está agora. — Peguei um


moletom e me enfiei nele, imaginando que estivesse frio do lado de
fora.

— Como vai para lá?

— Vou pedir um carro de aplicativo. — Puxei o celular e usei


a localização que havia compartilhado com a minha amiga.

— Kim, pensa direito. Não é melhor conversar com ele na


próxima aula?

— E perder os primeiros dias na empresa? De jeito nenhum!

Peguei a minha bolsa e saí do quarto quando o aplicativo me


mostrou que o motorista estava se aproximando.
Richard iria precisar de mais do que aquele e-mail para me
convencer de que eu não era boa o bastante para trabalhar com
aquele projeto na sua empresa.
Capítulo quatorze

Já tinha quase uma hora que eu havia enviado o e-mail para


a Kimberly e não parava de me perguntar se havia tomado a
decisão certa. Ela era uma boa aluna e tinha um potencial evidente,
mas, perto de mim, poderia ter consequências perigosas das quais
eu estava com medo.

Uma coisa era vê-la um dia por semana durante a aula, mas
tê-la na empresa por meio período de segunda a sexta-feira seria
muito mais complicado. Já não estava sendo nada fácil para mim
lidar com aquele desejo com pouco contato.

Ouvi uma batida forte na porta do meu quarto e me levantei


da cama para abrir. O que será que o Jimmy queria? Mandy sabia
muito melhor onde estava tudo na casa do que eu mesmo. Era
muito mais fácil perguntar para ela, principalmente porque a
assistente virtual não dormia ou precisava de um tempo para lidar
com problemas pessoais.

Ele bateu de novo e eu bufei.

— Já estou indo! — gritei ao calçar meus chinelos.

Fui até a porta e puxei a maçaneta, mas me deparei com


alguém que era muito mais baixa e angelical do que o meu melhor
amigo.

— Ki-Kim-Kimberly — gaguejei o nome dela, completamente


estupefato ao vê-la parada no meu corredor.

Usando moletom e jeans, ela estava ofegante, um tanto


desgrenhada e com o rosto avermelhado.

— Como entrou aqui?

— O senhor Smith me deixou subir e abriu a porta.

Jimmy!, rosnei em pensamentos. Estava irritado por ele ter


feito isso, entretanto teria que despejar a fúria sobre o meu melhor
amigo em outro momento.

— O que está fazendo no meu apartamento, senhorita


Adams? — Tentei recuperar a postura e o tom frio da minha fala,
mas era evidente todo efeito que ela provocava em mim.

— Você não pode fazer isso! — Bateu as mãos com toda a


força nos meus ombros e eu dei um passo cambaleante para dentro
do quarto, por ser pego desprevenido pelo empurrão.

— O que está fazendo? — Segurei os pulsos dela antes que


Kimberly me empurrasse novamente.

Sua fúria era evidente e estava vazando pelos poros.


Imaginei que ela fosse ficar irritada quando descobrisse que não iria
participar do programa, mas não imaginei que fosse agir dessa
forma. Talvez ela fosse muito mais determinada do que eu pensava.

— Isso não é justo! — Tentou soltar os braços, mas eu


continuei segurando-os.

Ela levantou a cabeça para olhar para mim e vi seus olhos


repletos d'agua, a tristeza era real e isso fez com que eu me
sentisse mais culpado pela minha atitude, contudo não iria contar
para ela.

— São quinze alunos para apenas três vagas. Doze iam ficar
de fora, lamento que você tenha sido um deles, mas faz parte.
Quem sabe de uma próxima vez.

— Meu projeto é bom.

— Sim, mas os selecionados também são.

— Por que não eu? — Ela levantou a cabeça e seus olhos


marejados encontraram os meus. Senti algo se revirar dentro de
mim e o desconforto por estar perto dela se tornou ainda maior.
Kimberly não fazia ideia de quanto era difícil ficar tão próximo sem
perder a cabeça.

— Porque não. — Dei uma resposta idiota, mas até a minha


genialidade pareceu me abandonar naquele momento.
A respiração dela ficou ainda mais acelerada, ofegando como
se o seu coração fosse sair do peito. Minhas mãos caíram dos seus
pulsos e foram até a sua cintura. Seu corpo, que já estava perto o
suficiente do meu para me fazer desejar o que eu não devia, ficou
ainda mais colado. Minha boca ficou seca e o meu juízo
desapareceu.

Curvei a minha cabeça na direção da dela e nossos lábios


ficaram a milímetros um dos outros.

— É por isso que você não pode ir trabalhar na minha


empresa. — Uni os nossos lábios e mergulhei a minha língua na sua
boca.

Toda a força que eu havia feito para não tocá-la nas últimas
três semanas caiu completamente por terra e se desfez sob o calor
e a umidade dos seus lábios. Apertei-a mais contra o meu corpo e
quase pude sentir o seu coração batendo contra o meu.

Estava prestes a subir com umas das mãos e segurar a sua


nuca para tornar o beijo mais intenso, quando Kimberly voltou a me
empurrar e eu senti a sua mão espalmar no meu rosto. O tapa forte
fez a minha bochecha arder e havia sido muito bem dado.

— Não pode me deixar de fora porque acha que não vai se


controlar.
— Kimberly. — Dei um passo para trás, surpreso com a sua
reação e fala.

— Sua necessidade de me beijar não pode ficar na frente das


minhas oportunidades e do meu aprendizado.

— Você tem razão.

Ela havia me desconcertado completamente.

— Segunda-feira estarei na Genesis e espero que possamos


desenvolver um grande projeto juntos.

Aquelas últimas palavras me deixaram ainda mais


desestruturado.

Kimberly saiu do meu quarto antes que eu dissesse qualquer


coisa. Aproximei-me da porta e a vi desaparecer no corredor. Não
tive tempo de questioná-la. Ela simplesmente foi embora me
fazendo engolir aquela situação a seco.

No fundo, por mais que eu não quisesse admitir, Kimberly


tinha razão. Eu não poderia limitar o aprendizado dela pelo medo de
não me controlar.

Saí do quarto ainda atordoado, e vi o Jimmy assistindo


televisão com os pés sobre a mesa de centro. Puxei as pernas dele,
fazendo com que ele pisasse no chão e me encarasse, encontrando
o meu olhar de fúria.
— Por que você a deixou entrar?

— Não deveria? — Fez-se de desentendido e minha vontade


foi esganá-lo. — Ela parecia desesperada para falar com você.
Pensei que fosse importante.

— Jimmy, para de ficar achando as coisas.

— O que ela queria?

— Me colocar numa saia justa. Agora terei que conviver com


ela na Genesis.

— Acreditava que ela fosse uma boa aluna.

— E ela é, a melhor.

— Então qual o problema?

— O problema é que a Kimberly é uma menina, mas eu não


consigo parar de pensar em transar com ela.

Para piorar o meu desespero, Jimmy começou a rir.

— Transa com ela, ué.

— Piadista. — Bufei.

— Qual o problema?

— Preciso mesmo listar todos eles?


Jimmy balançou a cabeça em afirmativa enquanto ainda
gargalhava. Não era o melhor momento do mundo para ele tirar
sarro de mim.

Eu não costumava ser tão influenciado por uma mulher e


estava começando a acreditar que tinham razão sobre desejarmos
muito mais aquilo que não poderíamos ter.
Capítulo quinze

Eu estava aflita, ainda sentia que o meu coração iria sair pela
boca. Passara o final de semana inteiro em agonia. Tinha agido por
puro impulso ao ir tirar satisfações com o Richard, mas acreditava
que estava certa, e as palavras, somadas as atitudes dele, só
confirmaram as minhas suposições de que havia me deixado de fora
do programa de propósito.

Tentando reunir a mesma coragem que me fizera desafiá-lo


na sexta-feira à noite, eu me arrumei depois da aula e chamei um
motorista de aplicativo para que me levasse até a Genesis.

As minhas aulas em Stanford eram no período da manhã,


então eu dedicaria as tardes ao projeto que desenvolveria em uma
das maiores empresas de tecnologia do Vale do Silício.

Desci do carro diante das portas de vidro e vi a enorme logo


na fachada do prédio. Juntamente comigo, chegaram Lilian e Julian,
outros dois colegas que haviam sido selecionados para o programa.

— Então somos nós três. — Julian sorriu ao acenar para


mim.

— Parece que sim. — Esfreguei as mãos na barra da minha


blusa e tentei disfarçar o suor frio e todo o nervosismo.
Por mais corajosa que eu tentasse parecer na frente do
Richard, também não queria que os meus colegas descobrissem
sobre a nossa problemática história.

Um carro se aproximou do meio-fio e George desceu dele.


Era um aluno que havia apresentado o projeto que mais chamara a
minha atenção, sobre a aplicabilidade de membros robóticos e
realidade virtual.

— Ei, gente! — Ele passou a mão no cabelo loiro, jogando o


topete para trás e caminhou em nossa direção. — Que legal ver
vocês aqui!

Ele olhou para todos nós e rapidamente fez as contas.


Éramos quatro e o Richard sempre escolhia apenas três. Só que o
que ele não sabia era que eu fora excluída do programa, mas não
deixei que isso acontecesse sem lutar.

— Parece que ele decidiu escolher quatro esse ano —


comentou Julian, diante do olhar de questionamento de todos.

— Que bom! — Lilian se empolgou, sinal que chamamos a


atenção dele o suficiente ao ponto de abrir exceção para um de nós.

— Pois é — balbuciei em meio a um sorriso amarelo. Achei


que a verdade sobre estarmos os quatro ali não era algo que eles
precisassem saber.
— Vamos entrar — George apontou para a porta e fez um
gesto para que fosse seguido e o resto de nós o acompanhou até a
recepção.

Paramos no balcão onde uma recepcionista pegou os nossos


nomes e pediu para que aguardássemos enquanto providenciava os
nossos crachás. Eu fiquei olhando em volta, vendo toda a
decoração e o estilo moderno que se refletia nos lustres e paredes.
Meus olhos pararam no elevador quando a porta se abriu. Dei um
passo para trás ao ver o Richard sair dele. Ele estava ajeitando a
abotoadura, mas parou quando seus olhos encontraram os meus.

Não sei como foi para ele, mas dentro de mim tudo se
revirou. Cheguei a pensar se não seria melhor ter aceitado a
escolha dele e me mantido distante, mas logo afastei esse
pensamento, pois não poderia deixar que o nosso desconforto por
estarmos juntos se sobressaísse a minha vontade e necessidade de
aprender.

— Bom dia, alunos — disse ao parar na nossa frente. Seu


olhar alternou entre os outros três, mas evitou me olhar diretamente.
Não poderia julgá-lo, pois eu estava fazendo exatamente o mesmo.

— Bom dia, senhor Lewis. — Lilian só faltava saltar de tão


radiante que ela estava. — Muito obrigada por ter nos achado tão
bons que foi impossível deixar um de nós de fora.
— Pois é. — Ele mexeu a cabeça e finalmente seu olhar
encontrou o meu. Fiquei observando o verde primaveril da sua íris
até que ele desviou o rosto para encarar qualquer um dos outros.

— É tão incrível estar aqui — continuou com todo o seu


entusiasmo, mas Richard não parecia interessado, ou talvez eu que
não conseguisse perceber mais nada além da tensão criada no ar
por estarmos tão próximos.

— Espero que todos saibam aproveitar a oportunidade, para


que no futuro, quando se formarem, possam trabalhar em empresas
como essa ou criar a sua própria.

— Não iremos desapontá-lo, professor — garantiu George.


Eu fiquei calada, evitei ao máximo falar.

Seria difícil aproveitar o conhecimento dele daquela forma,


mas teria que pensar em alguma maneira de driblarmos a situação.

Pensar nele me beijando, na pressão dos seus lábios nos


meus e na necessidade explícita em seu olhar, tornava ainda mais
difícil fazer com que o coração não disparasse.

Richard se debruçou sobre a bancada da recepção e


conversou com a mulher que havia nos pedido para esperar. Ele
pegou de sua mão os crachás e os entregou um para cada um,
inclusive para mim, porém na minha vez foi rápido e seguro o
suficiente para que nossos dedos não se tocassem.
— Nesses crachás estão as credenciais de acesso de vocês.
Eles vão liberar a entrada quando chegarem e a sala a qual cada
um de vocês tem acesso. Protejam-no com a própria vida.

— Professor? — George levantou a mão para chamar a


atenção dele.

— Sim.

— Por que não usa o sistema de digitais, não é mais


moderno e seguro?

— Acho os crachás divertidos. Vocês não? — Richard


respondeu de um jeito despojado sem se preocupar com a
expressão no rosto do resto de nós. — Mas não se preocupe, os
locais mais sigilosos da empresa têm configurações de segurança
mais severas, porém só irão descobrir isso se algum de vocês vier
trabalhar comigo no futuro. Mais alguma pergunta?

Negamos com a cabeça e então acompanhamos o Richard


até a passagem que levava aos elevadores. Ele entrou em um deles
e apertou o botão para o quinto andar e nos acomodamos logo
atrás. Em completo silêncio, cada um de nós apenas observava. Eu
estava nervosa por uma série de fatores, mas percebi que não era a
única suando frio. Estar ali era uma oportunidade única para todos
nós.
Paramos diante de uma porta de metal e Richard aproximou
o próprio crachá. A entrada foi liberada e ele fez um gesto para que
fosse seguido.

— Esse é o andar onde a magia acontece na Genesis.

Passamos diante de uma sala de vidro onde um homem


estava concentrado no que via em seus óculos de realidade virtual.
Mais à frente, havia um modelo de carro ao lado de uma moto.
Pessoas em uma sala discutiam algo ao redor de um holograma que
eu não consegui distinguir direito.

Havia muitos funcionários, dispersos nas mais diversas


formas de tecnologia. Minha curiosidade se tornou ainda mais forte
ao ver tudo o que eu poderia aprender e as infinitas possibilidades
que eram desenvolvidas ali.

— Uau! — Julian exclamou e eu tinha certeza de que todos


nós tínhamos a vontade de dizer o mesmo.

Voltamos do pequeno tour e entramos na sala de reunião


onde colaboradores da empresa estavam reunidos ao redor do
holograma. Mais de perto eu percebi que se tratava de um capacete
de moto.

— Boa tarde, pessoal. — Richard acenou para as pessoas,


que se viraram para encará-lo.
— Olá, senhor Lewis — disseram alguns deles.

— Esse é o grupo de alunos de Stanford que irão nos


acompanhar nesse semestre. Como vocês já sabem, eles estão
aqui para que os ajudemos a desenvolver o melhor do potencial de
cada um. — Richard girou e voltou a olhar para nós. — Essa é a
equipe de desenvolvimento da Genesis e estão disponíveis para
que vocês recorram a eles para tirar dúvidas e discutir sobre ideias.
Eu me orgulho por poder contar com algumas das mentes mais
brilhantes não apenas dos Estados Unidos, mas de todo o mundo.
— Moveu a mão para que continuássemos o seguindo.

Chegamos diante de uma porta de madeira e ele a abriu, nos


mostrando um pequeno laboratório com computadores, monitores,
sensores e inúmeros recursos para que pudéssemos desenvolver
os nossos trabalhos.

— Durante o próximo semestre vocês ficarão aqui, sob a


minha supervisão. Entretanto eu não estarei presente sempre,
porque preciso cuidar de outros assuntos e compromissos da
empresa. Caso precisem de mim ou do auxílio de algum outro
especialista, usem aquele aparelho. — Apontou para um telefone no
canto da sala. — A minha secretária vai atender e mandar quem
estiver disponível. Mas todos os dias eu passarei ao menos uma
hora com vocês para saber como está o andamento do projeto de
cada um. Alguém tem alguma dúvida?
Lilian levantou a mão e Richard a incentivou a prosseguir.

— Vamos trabalhar em algum projeto da Genesis?

— Não. Apenas vão contar com os recursos da empresa para


desenvolverem as ideias que me apresentaram no projeto por
escrito, mas há a possibilidade que eu me interesse pelo trabalho de
vocês e os convide para trabalhar na empresa.

— Já podemos começar? — questionou Julian.

— Fiquem à vontade. Em breve trarei os contratos. Nele,


determinamos a propriedade intelectual de cada um e os recursos
da empresa. Assim, caso o projeto se torne vendável, determinamos
o que cabe a vocês e à empresa.

— Obrigado.

Sentei diante de um computador e o liguei. Enquanto


esperava iniciar, observei com o canto de olho os outros três
encherem Richard de perguntas sobre funcionamentos, recursos e
as cláusulas do tal contrato. Sem dúvidas eles estavam muito
interessados em trabalhar na empresa no futuro. Por mais que eu
tivesse outros planos e me visse ao lado do meu pai quando me
formasse dentro de alguns anos, para mim também era uma
oportunidade única começar ali.
— Bom, preciso resolver algumas coisas na minha sala agora
e volto para ver como vocês estão mais tarde. No fim do corredor
tem uma pequena cozinha com lanche e café, caso sintam fome,
mas peço que não comam dentro dessa sala.

— Pode deixar, chefe. — Julian prestou continência e eu tive


vergonha alheia pelo comportamento dele.

— Vejo vocês mais tarde. — Richard acenou antes de puxar


a porta e nos fechar lá dentro.

— Ele não é incrível?

Levei um tempo para perceber que Lilian havia se sentado na


cadeira ao meu lado e estava exalando suspiros.

— É inteligente, sim. — Não me restava alternativa a não ser


concordar.

— Não é sobre isso que estou falando, boba. — Empurrou o


meu ombro em meio a uma risadinha.

— Ah! — Surpreendi-me ao perceber. — Ele tem a idade do


meu pai. — Virei o rosto, tentando disfarçar as minhas bochechas
coradas, que ficaram vermelhas ao pensar nas duas vezes em que
havíamos nos beijado.

— Então seu pai é bem novo.


— É, mais ou menos, me teve aos dezoito.

— E ele é tão bonito quanto o senhor Lewis?

— Por que não vamos focar no nosso projeto? — Apontei


para a tela do computador. — Aposto que quando ele voltar vai
querer saber o que fizemos.

Lillian assentiu e parou de falar sobre aquele assunto que me


deixava completamente desconcertada. Richard era um homem
bem mais velho do que eu, nosso atual chefe e meu professor, não
poderia deixar que aqueles sentimentos tão confusos complicassem
as coisas e me colocasse em uma situação ainda mais difícil do que
eu já estava.

Sabia que a Annelise tivera um bom encontro e até havia


transado com o cara, mas ela não o veria todos os dias. A minha
situação era bem mais complicada e eu não sabia se queria
entregar a minha virgindade para um homem que parecia
completamente proibido para mim.
Capítulo dezesseis

— Então é isso, sexta-feira a meia noite vamos liberar a


atualização da Mandy para todos os usuários. Esperamos que
sessenta por cento seja atualizado automaticamente e o restante,
ao longo do final de semana. Preciso dos relatórios na minha mesa
na segunda-feira e quero ser informado imediatamente caso ocorra
qualquer instabilidade — falei para a diretoria enquanto todos
tinham os olhos fixos em mim.

— Como está o desenvolvimento do Tunder-X? — questionou


o diretor financeiro após levantar a mão.

— A previsão é que faremos o primeiro teste com o veículo


elétrico em uma pista fechada em duas semanas. Estamos fazendo
os últimos ajustes nos painéis elétricos antes disso.

— Acha mesmo que um carro com escamas vai emplacar?

— Com um design arrojado e uma estética bonita, tenho toda


certeza de que sim.

— Veremos. Estamos todos apostando nesse carro.

— Não são os únicos.


— Poderia se dedicar mais ao desenvolvimento ao invés de
ficar brincando de professor — cutucou um dos acionistas,
provocando a minha ira.

— Cada um faz o que quer com o tempo livre que tem


disponível.

— Disso eu não tenho dúvidas. — Ele engoliu em seco e foi


obrigado a se calar.

— Uma das alunas de Stanford que eu trouxe para a Genesis


nesse semestre tem um projeto muito interessante sobre piloto
automático que pode agregar muito ao desenvolvimento desse
carro.

— Pilo automático? — alguém riu. — Já não existe isso?

— Queremos algo realmente automatizado, que consiga


prever colisões e lidar com o trânsito, quem sabe até melhor do que
um motorista humano.

— É uma ideia muito arrojada.

— Mas não começamos sempre assim? — Debrucei-me


sobre a mesa para encarar os homens que me questionavam.

Desde que a Genesis cresceu ao ponto de se tornar uma


empresa de capital aberto, tendo investidores e acionistas, eu tive
que aprender a lidar com pessoas questionando as minhas ideias e
decisões, mas nem sempre era fácil.

— Foram bilhões investidos no desenvolvimento desse


projeto, senhor Lewis. Nós estamos apenas preocupados com o
retorno.

— Ele virá, mas como toda boa ideia, ela precisa ser
trabalhada e lapidada.

— Tem razão — assentiram.

— Obrigado pela presença nessa reunião. — Acenei com a


cabeça antes de me levantar. — Vejo vocês na próxima semana.

Saí da sala sem esperar que me fizessem uma nova


enxurrada de perguntas e Jimmy veio atrás de mim. Ele esperou
que chegássemos na minha sala antes de soltar o comentário que
estava segurando desde que eu havia mencionado a Kim.

— Agora dá créditos à ideia dela?

— Eu nunca disse que era ruim. Se for bem aplicado, pode


funcionar e tornar a tecnologia do carro que estamos desenvolvendo
ainda mais revolucionária.

— Mas iria deixar a garota fora da Genesis.


— Sabe que eu tinha meus motivos. — Bufei, ao colocar as
duas mãos sobre a minha mesa e desviar o olhar do meu melhor
amigo.

— Então mudou de ideia hoje e percebeu que trabalhar com


ela vai ser supertranquilo? — Ele cruzou os braços e se escorou na
porta.

— Não. Ainda é difícil ficar perto dela.

Jimmy começou a rir e a minha vontade foi pegar o globo de


neve, que era um peso de papel, em cima da minha mesa e jogar na
cabeça dele. Para a sorte do Jimmy, a peça tinha um valor
emocional para mim, pois minha mãe havia comprado na viagem
para Nova Iorque que fez com o meu pai, o primeiro grande
presente que eu havia dado a eles depois que comecei a ganhar
dinheiro.

— Acabou de vender a ideia para o conselho, mas não


consegue nem ficar perto da menina, quanto mais desenvolver o
projeto com ela.

— Vou resolver isso.

— Espero que sim, ou eu irei rir muito enquanto você tenta.

— Jimmy!

Ele não parou de rir nem de debochar de mim.


— Já vejo até o letreiro desse filme de drama: Richard e a
sugar baby. — Ele moveu as mãos como se estivesse ressaltando a
fachada de algum cinema.

— Se precisa do emprego, é melhor que cale a boca.

Ele mordeu os lábios e segurou o riso, mas tinha certeza de


que o deboche do meu melhor amigo havia apenas começado.
Entretanto esse não era o meu maior problema. Ele tinha razão, se
dar aula para a Kimberly já era difícil, trabalhar em um projeto lado a
lado com ela seria muito mais.

Tentei ignorá-lo e fui até o setor jurídico buscar os contratos


para os alunos. Me concentrar nos projetos era o melhor que eu
poderia fazer.
Capítulo dezessete

O processamento do computador e todas as ferramentas de


desenvolvimento eram sensacionais. Era verdade quando diziam
que ele colocava o melhor da Genesis disponível para que
conseguíssemos dar vida aos nossos projetos. Eu tinha começado a
trabalhar no código enquanto pensava em criar um carro em
miniatura e desenvolver testes em pequenas pistas de obstáculos
antes de expandir para o tamanho real.

Ao começar a criar aquele projeto, percebi que havia uma


necessidade muito maior de conhecimento do que eu imaginava a
princípio. Teria que estudar a fundo todas as peças e componentes
de um carro para desenvolver uma réplica em miniatura.

— Olá!

Estava tão concentrada que tomei um susto ao ouvir a voz do


Richard ecoar pela sala. Virei-me e o vi perto da porta, segurando
uns envelopes.

— Como se saíram hoje? Conseguiram começar os projetos?


Eu trouxe os contratos.

— Sim — responderam os outros três em coro e eu fiquei


completamente em silêncio. A visão dele e toda a sua proximidade
ainda me chocavam.

Ele entregou um envelope para cada um dos outros três e me


encarou por alguns segundos.

— Kimberly. — Ele veio na minha direção e parou ao lado da


minha mesa. Sacudiu o último envelope em suas mãos.

— Sim, senhor Lewis? — Tentei controlar a trepidação da


minha voz para que eu não gaguejasse.

— O seu projeto...

Ele parou de falar quando eu apontei para a tela do


computador.

— Comecei o código.

— Ótimo! O que está pensando em fazer?

— Quero criar um protótipo de um carro em miniatura para


fazermos testes em uma pista que possa ser modificada.
Desenvolver obstáculos randômicos para que a inteligência do piloto
automático possa reagir.

— Interessante. É uma boa ideia.

— Obrigada, senhor Lewis.

— Eu iriei ajudá-la com isso. Temos um projeto em


desenvolvimento que pode ser muito favorecido se a sua ideia for
frutífera.

— Projeto? — Fiquei surpresa ao perceber que ele tinha


interesse em utilizar o meu desenvolvimento para algo dentro da
Genesis.

— Sim. Estamos desenvolvendo um carro com energia solar


e limpa.

— Isso é interessante.

— Pode apostar que sim. Sua ideia de piloto automático, se


agregada ao sistema operacional de ponta que planejamos oferecer,
pode atrair muitos investidores e compradores.

— Eu entendo, senhor Lewis...

— Mas...?

A minha reação deixou evidente que haveria um porém.

— Meu pai tem uma empresa de carros elétricos, queria


entregar esse projeto para ele.

— Hum. — Richard mordeu os lábios, pensativo. — A


Genesis não é uma montadora automobilística, nem pretende ser.
De qualquer forma, teríamos que estudar uma parceria para a
produção dos carros. Se for do seu interesse, e principalmente do
seu pai, podemos fazer um ajuste no seu contrato e tornar a
empresa da sua família responsável pela produção desse novo
carro.

— Ah! — Fiquei surpresa com a proposta. — Eu preciso


conversar com ele.

— Imagino que sim, mas de qualquer forma é algo que


depende do sucesso e a implementação da sua ideia.

Assenti com um movimento de cabeça.

— Eu posso ver o código que começou?

Balancei a cabeça, fazendo que sim.

Richard se curvou e colocou a mão sobre a minha, mas só


percebi que não havia soltado o mouse quando o calor da sua pele
começou a irradiar em mim. Girei a cabeça e nossos olhos se
encontraram. Foi como se o tempo houvesse parado, a única coisa
que se movia era o meu coração, cada vez mais acelerado.

O vi mover os lábios, umedecendo-os, e me recordei do peso


deles sobre os meus. Minha respiração ficou difícil e senti que
queria me aproximar dele. Quase me esqueci de que não
estávamos sozinhos.

— Senhor Lewis, pode olhar o meu código também? — Lilian


o chamou e fomos atravessados por uma onda de realidade que o
fez se afastar.
— Claro, me mostra o que você já fez. — Richard se afastou,
indo para perto dela e não falou nada comigo.

Ele olhou os projetos dos outros três alunos e eu me


concentrei no meu, ou tentei, pois era difícil pensar em linhas de
códigos e lógica computacional enquanto o meu coração batia em
frenesi.

— Bom trabalho! Vejo vocês amanhã. — Ele se despediu de


nós e eu me toquei que já eram quase seis da noite.

Quando cogitei desligar o computador e pegar as minhas


coisas, assim como os outros estavam fazendo, Richard voltou a
parar perto da minha mesa.

— Pode ficar um pouco mais? Gostaria de sugerir alguns


ajustes para essa linha de programação que você está escrevendo,
que pode ser mais simples. — Apontou para o meu código.

— Okay! — balbuciei, sem saber o que mais falar. A


presença dele me desconcertava completamente.

— Tchau, professor! — Lilian acenou para ele e os outros


dois seguiram atrás dela, deixando-nos sozinhos na sala que de
repente pareceu pequena demais.

Aprumei o corpo, encostando as costas na cadeira e


ajeitando a minha postura o melhor possível, para disfarçar o quanto
estava nervosa e completamente sem jeito diante da presença dele.

— Está vendo aqui no seu código?

Fiz que sim.

— Olha só esse loop.

— Sim.

— Precisa revê-lo. Ele pode causar lentidão no programa, e


qualquer segundo que o sistema demorar para responder pode ser
decisivo sobre a vida de alguém.

— Entendi, professor. É só um rascunho. Vou trabalhar


melhor nele.

— Me deixa fazer uma sugestão. — Ele se curvou sobre a


mesa e voltou a tocar as minhas mãos. Aquele contato, por mais
breve possível, estava me deixando completamente sem jeito.

Fiquei observando o rosto e a boca dele enquanto o Richard


digitava algumas novas linhas de código e reescrevia outros.

— Isso vai torná-lo mais eficiente. — Virou o rosto na minha


direção. Ele estava curvado e a sua boca voltou a ficar milímetros
da minha.

Precisei admitir a mim mesma que ele não era o único com
dificuldade em resistir a toda aquela aproximação.
— Sim. — Esfreguei os lábios uns nos outros ao senti-los
ficarem secos.

— Vai levar um tempo, mas imagino que possamos chegar a


um bom resultado. — Ele começou a se levantar e virou o rosto,
mas antes que se distanciasse demais, minha mão direita se moveu
sozinha e segurou o seu pulso.

— O que foi?

— Não é difícil só para você — admiti, mesmo que não


devesse.

Richard não falou nada, apenas curvou-se sobre a minha


cadeira e levou os seus lábios aos meus. Quando nossas línguas se
encontraram, ele me puxou pela cintura e me levantou, sentando-
me sobre a mesa ao lado do teclado. Mordiscou meu lábio inferior e
uma corrente elétrica me atravessou inteira, despertando novos
desejos e sensações que eu desconhecia. Tive um único namorado,
mas quando Patrick me beijava eu não experimentava o meu corpo
inteiro se derretendo, para ser reconstruído de novo a cada vez que
o calor me varria.

Não pensei em afastar o Richard, nem em dar nele outro tapa


na cara. Queria aquele beijo, ansiava por experimentar mais do que
ele poderia me mostrar. Suas mãos grandes, firmes e pesadas
contornaram a lateral do meu corpo, apertaram a minha cintura e
me fizeram estremecer.

O beijo se tornou mais intenso, o sabor da sua língua era


afrodisíaco e só fazia crescer a pulsação entre as minhas pernas
onde ele se acomodou.

Os lábios caíram dos meus e escorregaram pela minha


garganta. Richard mordiscou a base do meu pescoço e uma
sequência de calafrios me fez fechar os olhos. Joguei a cabeça para
trás e me vi completamente envolvida pelo o que ele despertava em
mim.

Queria experimentar, desejava aprender e fiquei chocada ao


perceber que queria que ele fosse meu professor nas relações entre
homem e mulher. Eu era virgem, mas não significava que não sabia
o que era sexo. Nem que não quisesse experimentá-lo um dia.

Richard raspou a base do meu pescoço com os dentes e


percorreu a linha até a elevação dos meus seios no decote da
camiseta. Parei de pensar racionalmente diante do frio e do calor
provocados pelos seus beijos. Nós dois sabíamos que a nossa
aproximação e convívio era perigosa, porém, a cada beijo, mais
queria provar daquele perigo.

As mãos que apertavam a minha cintura começaram a subir


a minha camiseta e eu levantei os braços por puro reflexo, deixando
que ele a retirasse. Richard colocou a peça sobre o monitor do
computador antes de voltar a atenção para os meus seios, presos
em um discreto sutiã preto. Se eu soubesse que ele iria me ver
daquele jeito, teria escolhido uma peça íntima mais bonita, mas era
tarde demais.

Richard baixou um lado e lambeu meu mamilo. A sua língua


brincando com uma parte tão sensível do meu corpo despertou uma
nova onda de sensações. A minha intimidade pulsou e eu o apertei
com as pernas, sentindo a ereção na sua calça social sendo
exprimida contra o meu jeans.

Ele abriu o zíper da minha calça e enfiou a mão. Espichei o


corpo e soltei um leve gemido ao sentir seus dedos escorregarem
por dentro da minha calcinha, acariciando meu monte até chegarem
nos grandes lábios.

De todos os locais onde imaginei que perderia a minha


virgindade, a mesa de um pequeno laboratório não era um deles.
Poderia ser mais romântico, apropriado e não envolver um homem
com quase o dobro da minha idade. Contudo o desejo que eu
estava sentindo por Richard era cada vez mais incontrolável. Eu não
conseguia pensar direito, nem estava preocupada em tentar.

Seu dedo pressionou o meu clitóris e eu soltei um gemido


mais enfático.
Tinha fugido do Patrick no meu baile de formatura, mas
estava pronta para me entregar, para fazer naquela mesa e
descobrir o que tanto falavam do sexo.

— Richard, vai embora agora? Estava pensando em deixar


meu carro aqui e irmos juntos. Meio ambiente, economia de
energia...

Fiquei completamente sem jeito e a vergonha fez com que eu


quisesse abrir um buraco aos meus pés e desaparecer nele, quando
o senhor Smith entrou na sala e nos pegou no maior amasso.
Rapidamente, puxei a minha blusa e a vesti.

— Jimmy, vai embora! — Richard rosnou para ele.

Saltei da mesa, puxando o zíper da minha calça, e peguei a


minha bolsa. Passei pelo senhor Smith e saí correndo corredor
afora. A vergonha me impulsionava a querer me esconder o quanto
antes.

Cheguei o mais rápido que consegui no elevador e fiquei


apertando o botão até que ele abrisse. Assim que entrei, eu me virei
para trás e vi o Richard se aproximando, mas antes que ele pudesse
falar algo comigo, as portas de metal se fecharam e eu desci até a
recepção do prédio para ir embora. Por mais que desejasse muito
aquele momento, não poderia ter deixado que acontecesse.
Capítulo dezoito

Voltei para o laboratório dos alunos bufando feito um touro e


massageando as têmporas, como se estivesse com uma enxaqueca
terrível. De fato, havia algo pulsando em mim, mas estava entre as
minhas pernas.

— Que porra, Jimmy! Não tinha hora melhor para você


aparecer?

— Agora a culpa é minha? — Ele cruzou os braços.

— É o único empatafoda que eu estou vendo aqui.

— Antes eu do que qualquer colaborador da empresa. Estava


mesmo cogitando trepar com aquela menina na mesa do
laboratório, com a porta aberta, onde qualquer um podia passar e
ver?

— Agi por impulso — admiti ao começar a entender que não


ter rolado não havia sido assim tão ruim, por mais que a ânsia e
uma vontade insana estivessem urrando dentro de mim.

— É, agiu.

Estava aí algo que eu nunca imaginei, Jimmy me dando uma


lição de moral. No entanto ele estava certo, eu não poderia ter
transado com a Kimberly ali. Nem era certo fazer sexo com ela.
Manter aquela menina perto de mim tinha sido um grande erro.

— Eu não deveria estar trabalhando com ela. Você tem toda


razão. Onde estava com a cabeça quando apresentei o projeto para
a diretoria?

— Sem drama, Richard.

— Não estou entendendo você.

— Leva ela para sair e procurem um outro lugar para lidar


com todo esse desejo reprimido. Até o banco de trás do seu carro é
mais confortável e seguro do que essa mesa.

— Estava contando com meu melhor amigo para ser a minha


consciência e me dizer que eu deveria ficar bem longe da minha
aluna.

— Só não acho legal nem para você e nem para ela serem
pegos no meio do ato, fora isso, vocês podem fazer o que quiserem.

— Jimmy... — Respirei fundo. O peso na consciência era


muito grande sem todos os hormônios e sensações para obscurecê-
lo.

— Cara, você é solteiro, está a fim da garota e ela de você.


Fica com ela.
— Se a diretoria da empresa descobrir...

— Você nunca proibiu namoro entre funcionários, acho que a


regra pode se aplicar ao CEO.

— Ela não é uma funcionária, é minha aluna.

— Se você não comer, outro vai. — Jimmy deu de ombros. —


Antes você do que o pintor. — Ele riu da própria tragédia.

— A piada foi péssima.

— Mas você entendeu. — Ele deu uma risada. — Chame-a


para jantar. Ofereça flores.

— Não sabia que era tão romântico.

— Eu assisto filmes.

— A Georgia perdeu um grande homem. — Massageei o


ombro dele.

— Quem sabe?

— Preciso ligar para a Kimberly.

— Sim. Eu tenho o telefone dela de quando a contratei pelo


site, caso você não tenha.

— Está guardando o telefone da minha menina?


— Sua? — Ele riu. — Mudou de opinião muito rápido, não é
mesmo?

— Me dá logo esse telefone!

Jimmy balançou a cabeça em negativo enquanto


caminhávamos até a sua sala. Era evidente que ele estava se
divertindo com toda a situação. O que eu não sabia era como eu
lidaria com tudo isso, pois ficava cada vez mais evidente que,
enquanto estava perto da Kimberly, os desejos dominavam toda a
minha racionalidade.
Capítulo dezenove

Sentada no banco de trás do carro de aplicativo, a caminho


de Stanford, eu estava com as duas mãos sobre o peito, tentando
controlar o meu coração que batia muito acelerado. De repente toda
a excitação e vontade que eu estava experimentando com o Richard
se transformaram em susto e desespero, ao sermos pegos em um
momento para lá de indecoroso.

Senti a minha bolsa vibrar e puxei o meu celular. Alguém


estava me ligando, mas não reconheci o número. Estava tão
atordoada que atendi sem pensar muito. Iria desligar se fosse algum
trote ou uma pessoa ligando errado.

— Oi?

— Kimberly... — A voz grossa e firme dele ressoou do outro


lado da linha.

— Richard?

— Desculpa pelo o que aconteceu. Não queria que fosse


exposta dessa forma.

— Eu... é... — Engasguei sem saber direito o que dizer. Era


errado, mas, ao mesmo tempo, eu queria muito.
— Onde você está?

— Voltando para o dormitório.

— Me deixa encontrar você.

— Não devemos. — Nem sei por que falei aquilo, pois era a
última coisa com a qual queria me preocupar.

— Não. Eu sou seu professor, sou mais velho, você está


trabalhando para mim...

— Mas...? — A pergunta saiu automática, pois eu queria ter


certeza de que não era a única a lidar com toda aquela
necessidade.

— Eu não consigo parar de pensar em você desde a noite


que saímos juntos. Você é a minha maior tentação, o meu maior
pecado. Parece que quanto mais eu tento afastá-la, com mais força
você me confronta.

Olhei para a janela e percebi que estávamos passando pela


Golden Gate.

— Para aqui. — Pedi ao motorista.

— Por quê?

— Pode parar aqui e encerrar a corrida.

— É perigoso ficar aqui, moça.


— Só para o carro.

— Tudo bem. — Ele estacionou o veículo e eu desci.

Pulei a pequena mureta de proteção e fui para a parte de


pedestres. Peguei o celular e voltei a aproximá-lo da orelha.

— Richard?

— Onde você está?

— Na Golden Gate.

— Já estou indo para aí.

— Estou esperando. — Guardei o celular na bolsa e me


debrucei sobre o parapeito da ponte, observando a baía que se
estendia no horizonte.

Eu estava aflita, angustiada e com o coração batendo como


se houvesse um bumbo no meu peito. Pensei nos milhares de
motivos para não encontrar com o Richard, principalmente nesse
momento que estava tão alterada. Nós dois juntos éramos como
fogo e gasolina, uma combustão quase instantânea; ambos
havíamos lutado contra isso, e por mais imoral que parecesse ser,
eu não queria mais evitar.

Pensei na Annelise e lembrei que ela havia se jogado de


cabeça no primeiro encontro, porém eu havia convivido com o
Richard o suficiente para saber que eu o queria. Talvez tudo se
tornasse mais fácil quando parássemos de lutar e simplesmente
aceitássemos.

Sempre tinha sido certinha, sempre me esforcei para ser a


filha que o meu pai se orgulhasse de ter, entretanto estava prestes a
mergulhar de cabeça naquela loucura.

Ouvi uma buzina e virei a cabeça. Vi o carro preto e esportivo


do Richard e voltei para a pista. Rapidamente abri a porta e me
sentei no banco do carona.

Quando olhei para ele, no momento em que arrancou com o


veículo, eu ainda estava ofegante.

— Richard...

— Desculpa pela aparição do Jimmy, ele...

— Não quero lembrar disso.

— Para onde quer que eu a leve?

— Onde você quiser.

Eu sabia do perigo de responder daquela forma, entretanto


deveria ter medido os riscos desde que aceitei aquele desafio
insano de ser sugar baby por um dia. Eu não fazia ideia do quanto
poderia ser perigoso me envolver com um homem mais velho e
mais experiente.

Richard encontrou uma rotatória e deu a volta. Ele dirigiu por


alguns minutos até que eu reconhecesse as ruas do bairro onde
ficava o seu apartamento.

Deveria ter voltado para Stanford, como a filha perfeita faria.


Era o momento de estar no dormitório, dedicando-me aos estudos e
projetos das disciplinas que eu estava cursando naquele semestre
da faculdade. Contudo deixei que o Richard me levasse para o seu
apartamento, ciente do que ele pretendia fazer comigo.

Se eu estava com medo? Estava apavorada. Meu peito


estava apertado e as minhas mãos suavam frio mais do que nunca.
A lógica fazia com que os meus impulsos beirassem ao desespero,
numa queda de braço onde o desejo sobrepujava a razão.

Eu me permiti parar de pensar demais e não me cobrei em


ser a perfeitinha. Sabia que iria me arrepender na manhã seguinte,
mas já iria ter feito.

Ele estacionou na garagem e deu a volta para abrir a porta


para mim. O vi mexer no celular, parecia mandar alguma mensagem
antes de guardá-lo.

Subimos de elevador até a cobertura. Quando ele tocou um


painel na porta, ela abriu. Pensei mais uma vez que havia
concordado em estar ali, mas ao mesmo tempo o medo e a aflição
no meu peito me faziam querer sair correndo.

Ele segurou a minha mão e me puxou para dentro ao


acender a luz.

— Você é a minha perdição — sussurrou antes de segurar o


meu rosto com as duas mãos e começar a me beijar.

Correspondi na mesma intensidade, sentindo o peso da sua


língua diminuir um pouco da minha incerteza.

— Ninguém vai nos interromper agora. — Subiu com a boca


pelo meu pescoço e mordiscou a minha orelha, fazendo com que
um calafrio me arrepiasse inteira.

— Não. — Puxei o seu cabelo e trouxe a sua boca para


minha.

Eu desconhecia aquela necessidade insana que estava me


dominando. A aflição dando lugar ao mais profundo desejo e uma
vontade incomum de me atirar no desconhecido e experimentá-lo da
sua forma mais profunda.

Richard poderia ser um homem bem mais velho do que eu,


mas sentia que, com ele, estaria segura. Não era apenas dentro da
sala de aula de Stanford que ele poderia me ensinar coisas. O medo
logo foi se tornando menor do que a necessidade de aprender.
Ele segurou a base da minha blusa e a puxou para cima.
Levantei os braços e deixei que a peça fosse parar em algum lugar
da sala. Não seria tão fácil pegá-la como foi na Genesis, mas confiei
no Richard que não seríamos interrompidos.

Seus beijos se tornaram mais vorazes, percorrendo o meu


pescoço, a minha orelha e meu rosto. A necessidade dele era
expressa pelos seus atos e se refletia na minha. Suas mãos
escorregaram pela lateral do meu corpo e chegaram até a minha
calça, a qual ele abriu e puxou para baixo sem qualquer esforço.

O calor do momento não me deixou pensar, muito menos ter


pudor em estar apenas de calcinha e sutiã diante dele.

— Richard — chamei-o baixinho quando sua boca começou a


descer até os meus seios e eu antecipei o prazer que era ter seus
lábios sugando meus mamilos.

— Kim...

— Eu... — Comecei a gaguejar. — E-eu...

— O que foi? — Ele parou de me beijar e segurou o meu


rosto com as duas mãos, pressionando minhas bochechas com
suas palmas.

— Eu... e-eu sou...


— Tudo bem se você não quiser. — Ele soltou-me. — Não
vou forçá-la a isso.

— Eu quero. — A pulsação frenética entre as minhas pernas


não me deixaria dizer o contrário. Estava experimentando aquele
desejo latente pela primeira vez e ele não parecia disposto a me
deixar até que fosse saciado.

— Então o que foi?

— Nada. — Puxei-o de volta para o beijo enquanto não


conseguia imaginar o que poderia acontecer se eu dissesse para
ele.

Ele segurou a minha cintura e me pegou no colo. Atravessou


o corredor comigo até me deixar sobre a sua cama macia.

— Aqui é muito mais confortável do que aquela mesa.

— Sim. — Segurei o seu rosto e o puxei de volta para o beijo.

Nossos corpos se esfregando, seu calor e seu peso


rapidamente aumentavam a minha necessidade.

Abri os botões do seu blazer e o empurrei pelos seus ombros.


Richard o tirou enquanto mordiscava o meu lábio inferior, puxando-o
até estalar e provocando uma nova onda de sensações em mim.
Juntos, abrimos os botões da sua camisa e Richard se livrou
da gravata, jogando as duas no chão. Soltei um gemido sutil quando
os meus dedos percorreram os músculos do seu peitoral. Ele sorriu
ao perceber que eu estava ligeiramente impressionada.

— Não sou mais o mesmo homem do ensino médio.

— O tempo faz bem para algumas pessoas.

— Acho que fez bem para mim. — Seus lábios vieram para
os meus antes que eu tivesse tempo de processar o nosso diálogo.

O vi abrir o cinto e tirar a calça. Só de cueca, pressionou todo


o seu volume em mim e eu me espichei na cama. Estava prestes a
me entregar para o meu professor! A realidade me atravessou e me
fez ofegar.

— Richard... — Segurei seus ombros.

— Sim. — Ele me encarou.

— Eu... — Mordi os lábios. — Nunca fiz isso.

— Nunca?

— Eu sou virgem.

— Kimberly, — ele apoiou as duas mãos na cama para se


afastar — não temos que fazer isso.

— Não temos... — Segurei o seu pescoço. — Mas eu quero.


— Tem certeza?

Balancei a cabeça, fazendo que sim. Para o meu corpo


parecia inadmissível pararmos naquele momento. Iria me jogar e
teria tempo de pensar sobre as consequências do que estávamos
prestes a fazer depois.

Estar com o Richard era o meu momento de descoberta e


pura loucura. Poderia voltar a ser a filha exemplar e a aluna
dedicada depois que aquele semestre acabasse.

Enterrei os meus dedos no seu cabelo curto e puxei a sua


boca de volta para minha. O sabor da sua língua me viciava. Beijá-lo
era melhor do que eu conseguia descrever. Talvez fosse porque ele
era um homem que eu não devesse desejar tanto. Richard tinha
quase a idade do meu pai, era o meu professor e orientador.
Proibido para mim de diversas formas...

Meu bom senso desapareceu completamente quando seus


lábios deixaram os meus e mordiscaram o meu queixo. Tinha muito
o que aprender com ele e estava ansiosa por isso.

Minha mão caiu do seu ombro e Richard entrelaçou meus


dedos com os seus. Escorregou o dorso da minha mão pelo lençol e
prensou-a contra a cama.

Lambeu a linha do meu maxilar, desceu pelo meu pescoço,


provocando arrepios e calafrios que me faziam fechar os olhos e me
revirar embaixo dele. As sensações eram perigosamente viciantes.

Meu peito subia e descia rapidamente, a necessidade se


misturando com a urgência, ao mesmo tempo em que o medo do
desconhecido me deixava sem reação. Esfreguei o meu quadril
nele, demostrando o quanto a minha vontade por experimentá-lo na
região pulsante entre as minhas coxas era urgente.

Richard soltou a minha mão para tocar o meu rosto e fez com
que eu o encarasse.

— Vamos com calma.

Apenas balancei a cabeça assentindo e o puxei de volta para


um beijo. Meus lábios se colidindo com os seus, a busca alucinada
das nossas línguas uma pela outra, me mostravam o quanto o
desejo poderia ser cultivado.

Richard voltou a descer a boca pelo meu corpo, mordendo a


base do meu pescoço com um pouco mais de força, o que fez com
que eu soltasse um gemido alto. Fechei os olhos, tornando ainda
mais intensos todos os efeitos que me varriam. A cada minuto que
passava sob o seu peso e o seu toque, cada vez menores eram as
possibilidades de que eu mudasse de ideia.

Diziam que o proibido era mais gostoso e eu tinha mais


certeza disso a cada contato da pele do Richard na minha.
Ele enfiou as mãos por trás das minhas costas e abriu o meu
sutiã. Puxou a peça pela frente, escorregando-a pelos meus braços,
e a jogou no chão. Meus seios não eram nada grandes ou
chamativos demais, mas gostei do sorriso que o Richard deu ao vê-
los. A atitude fez com que eu me sentisse um pouco mais confiante
sobre o meu próprio corpo.

— Você é tão linda — sussurrou ao beijar o vale entre eles e


subir com a língua até um dos mamilos. Contornou-o, brincando
com ele antes de começar a sugá-lo e me deixou ainda mais cheia
de vontade.

Com uma das mãos ele envolveu o seio livre, o apertando e


pressionando com o polegar.

Escorreguei os dedos pelo lençol e afundei-os no pano.


Desfrutei ao máximo de cada uma das sensações, experimentando
o novo. Queria que ele me mostrasse como era a completa relação
entre um homem e uma mulher.

Richard desceu a boca, passando pela região do meu


diafragma, arrepiando-me com o calor do seu hálito. Eu me sentia
de olhos fechados em uma montanha-russa, onde não sabia em que
momento haveria uma nova reviravolta que me causaria um
turbilhão de efeitos.
Ele beijou pouco abaixo do meu umbigo antes de segurar a
lateral da minha calcinha e começar a puxá-la. Voltei a abrir os olhos
e encontrei os dele enquanto deslizava lentamente a peça pelas
minhas coxas até tirá-la pelas pontas dos meus pés e deixá-la cair
na cama.

Ele pegou um dos meus tornozelos e colocou sobre o ombro.


Beijou a minha canela e foi subindo até alcançar a face interna da
minha coxa. Mordeu a pele sensível e eu arqueei o corpo, puxando
o lençol com mais força. Já estava completamente entregue para
ele antes que chegasse na parte onde eu mais o queria tocando.

Com beijos lentos e demoradamente sugestivos, ele foi


descendo até alcançar a minha virilha. Gemi ainda mais alto e voltei
a fechar os meus olhos quando seu hálito chegou à parte intocada
do meu corpo. Richard desceu com as mãos firmes por detrás das
minhas coxas e me puxou um pouco para cima.

Estava tão ansiosa e cheia de expectativas que, quando ele


tocou o meu monte, a onda de sensações me fez vibrar. Eram
muitas reações novas e intensas, mas, ao mesmo tempo, naturais e
instintivas.

Embrenhei meus dedos no seu cabelo preto e macio quando


ele abriu caminho entre meus grandes lábios com a língua. Cerrei a
boca para não soltar um grito quando o prazer cresceu de forma
latente. Ele me explorou e provocou com a língua, os lábios e os
dentes de um jeito que eu nem sabia ser adequado. Eu me remexia
na cama, rebolando levemente e pedindo por mais. Das poucas
vezes em que havia me tocado sozinha durante o banho, não tinha
experimentado nada que se aproximasse do prazer da sua língua
dançando sobre o meu clitóris.

Ele segurou as minhas coxas por dentro e afastou-as bem,


permitindo total acesso ao meu sexo, enquanto não parava de me
chupar, lamber e penetrar com a língua. Por puro reflexo, puxava o
seu cabelo, afundando a sua cabeça em mim e suplicando em
silêncio para que não parasse. Sem afastar a boca, ele introduziu
um dos dedos no meu canal e eu voltei a gemer alto. Senti uma leve
dor, mas logo ela foi sobrepujada pelo prazer, que intenso, cada vez
mais forte e latente, cresceu até se transformar em uma explosão,
irradiando por cada célula.

Meu peito começou a subir e descer em frenesi. Respirar


nunca pareceu tão difícil.

Richard percebeu que havia me levado ao ápice e tirou a


boca, mas seu dedo continuou dentro de mim, movendo-se e me
explorando. Ele somou um segundo dedo ao primeiro e eu me
remexi, voltando a sentir um pouco de dor, mas o desconforto aos
poucos ia passando com o estímulo.

Ele voltou a subir em cima de mim e nossos olhos se


encontraram.
— Gosta? — Brincou com os dedos e tudo o que eu consegui
foi balançar a cabeça em afirmativa.

Richard tirou a mão e, com os dedos molhados com o meu


néctar, removeu a sua cueca. Ele abriu a gaveta do móvel de
cabeceira e pegou uma embalagem de camisinha. Fiquei
observando deslizá-la sobre o membro da ponta até a base.

Fiquei paralisada até que ele aproximou o pênis de mim. A


ponta escorregadia tocou a minha entrada, mas não me penetrou,
fazendo com que eu soltasse um gemido profundo.

— Depois que eu tirar, não tem mais volta — falou sério,


tentando me recordar das consequências do que eu havia me
disposto a fazer com ele.

Eu sabia que não tinha volta, mas achava que já era tarde
demais desde o nosso segundo beijo naquele mesmo quarto.

— Me ensina, professor. — Toquei o rosto dele.

— Péssima hora para me lembrar disso...

Não deixei que terminasse a frase, unindo os nossos lábios.


O feroz beijo de língua nos envolveu novamente em fogo e vontade.
Sabia que iria perder a virgindade um dia e estava pronta para que
fosse naquele, nos braços de um homem experiente que estava
disposto a ser cuidadoso comigo.
Senti-o esfregar a ponta na minha entrada novamente. Meus
músculos se abriam para recebê-lo, mas Richard prolongou o
momento, criando uma expectativa insana dentro de mim. Eu passei
o calcanhar pela sua panturrilha, me esfregando nele, deixando
evidente o quanto eu o queria, até que finalmente o Richard
começou a entrar. Agarrei os seus ombros e enfiei as unhas na sua
pele quando a dor ficou mais intensa.

Ele foi carinhoso e entrou bem devagar, deixando que eu me


acostumasse pouco a pouco com a sua presença. Eu sabia que
poderia doer, mas precisei de alguns minutos para lidar com a
sensação, que começou a passar assim que ele terminou de romper
o meu hímen.

Segurou o meu rosto e me trouxe de volta para um beijo.


Vagarosamente ele começou a se mover e eu fui me habituando
com sua presença. Meu corpo entendeu o ritmo e começou a
desfrutar dele. O tesão foi crescendo e a dor se tornou uma
lembrança. Richard escorregou uma mão pela minha coxa e
segurou-a enquanto se apoiava com a outra na cama para se mover
mais rápido. Logo os meus gemidos de prazer se mesclaram aos
dele. A fricção do seu corpo, o roçar da sua pele e o calor
provocado iam tornando o momento cada vez mais intenso.

Eu estava transando com o meu professor e gostava mais a


cada momento que passava.
Richard nos girou na cama e eu me surpreendi quando fiquei
em cima dele. Minhas mãos caíram sobre o seu peito e me apoiei
nele quando segurou a minha cintura e me fez quicar no seu colo.
Doeu um pouco, mas não demorou para que eu aprendesse como
aquela posição funcionava e que ela dependia que eu me movesse.

Ele tirou uma das mãos da minha cintura e tocou o meu


clitóris. Quando o pressionou, eu gemi com o prazer e joguei a
cabeça para trás. Sentia seu membro entrar cada vez mais fundo
em mim e estava me acostumando com ele. Voltei a sentir os
espasmos e fui levada a um novo orgasmo, ainda mais intenso do
que o primeiro.

Continuei em cima dele, com o corpo todo tremendo e sem


conseguir respirar direito. Permaneci me movendo até que olhei nos
olhos dele e senti que Richard estava se juntando a mim. Quiquei
mais um pouco até desmoronar completamente sobre o seu peito.

Ele me acomodou no seu tórax e percorreu o meu cabelo


com os dedos até parar com as mãos nas minhas costas.

Depois que a adrenalina baixou um pouco e o desejo


desenfreado parou de controlar os meus instintos, foi que me dei
conta do que realmente havia feito.

Eu não era mais virgem e as consequências da minha atitude


poderiam ser desastrosas, mas evitei pensar nisso no momento.
Apenas queria desfrutar do quanto eu estava me sentindo ótima.
Capítulo vinte

Levantei da cama, deixando a Kimberly nua sobre o meu


lençol, e fui me limpar, jogando a camisinha suja de sangue no cesto
de lixo e passando água no meu rosto suado. Eu tinha acabado de
tirar a virgindade de uma menina, que mal havia completado a maior
idade. Kimberly nem poderia entrar em um bar para beber, mas há
pouco estava em baixo e por cima de mim, comigo dentro dela.

Nunca fui o tipo de cara irresponsável. Era o nerd certinho


demais, sempre atento as regras, que nunca havia ficado bêbado,
porém tinha agido por impulso, deixado que os meus desejos
falassem mais alto do que qualquer atitude prudente.

Se eu estava arrependido? Deveria, mas não conseguia


parar de pensar em voltar para cama e fazer de novo.

Eu me conhecia o bastante para saber que ficar perto dela só


não teria aquele resultado se ela não quisesse. Para o meu
desespero, nem ela foi capaz de impedir que cedêssemos a algo tão
imprudente.

Me ensina, professor... Sua voz ecoou na minha mente e me


recordei de que sexo não era uma das coisas que deveria ensinar
para as minhas alunas.
— Richard... — Ela me chamou da cama e eu sequei o rosto
em uma toalha antes de voltar para perto dela.

— Oi... — Segurei o rosto dela e Kimberly levantou os olhos


castanhos para encontrar os meus. — Ainda está sentindo dor?

— Só uma ardência.

Kimberly era a primeira virgem com quem eu transava e


havia um pouco de desespero em mim. Acho que, de alguma forma,
nós dois estávamos aprendendo um com o outro.

— Eu preciso voltar para o dormitório. Nem sei quantas horas


são.

— São nove horas da noite. — A voz da Mandy ecoou no


quarto e Kimberly levantou-se assustada e puxou o lençol para se
cobrir.

— Mandy, desliga. Desculpa por isso. — Curvei-me na


direção da Kimberly para tirar uma mecha do cabelo castanho que
estava atravessando o seu rosto.

— Tudo bem. Só não estava esperando. Deveria ter


imaginado que você teria uma Mandy incorporada ao apartamento.

— Ela costumava ser a minha maior companhia.

— Costumava?
— Digamos que tem alguém mais interessante no meu
apartamento hoje. — Afaguei o rosto dela e Kimberly sorriu.

Uma parte de mim me dizia que não deveria continuar


flertando com ela, entretanto outra me disse que, depois do que
tínhamos feito, eu não deveria mais ter peso na consciência. A
verdade era que eu não sabia como me comportar diante daquilo.

Sem o desejo e a excitação obscurecendo a minha razão,


comecei a pensar nas consequências do que havia acontecido.

Como seria a partir daquele momento?

— Kimberly... — chamei o nome dela e não consegui terminar


o restante da frase.

— Nós transamos. — Ela olhou para o próprio corpo nu.

— Sim — balbuciei, ainda que não tivesse sido uma


pergunta.

— Eu preciso voltar para o dormitório. Vou chegar em Palo


Alto quase meia noite e tenho aula amanhã cedo.

Ela se moveu para se levantar da cama, mas eu a segurei.

— Fica aqui, sua aula é comigo amanhã. — Fiquei


completamente sem jeito, principalmente ao perceber como aquela
frase havia soado.
Minha mente devassa pensou em uma aula bem diferente, na
minha cama, onde a única coisa automática seria o movimento dos
nossos corpos.

— E pretende que cheguemos juntos? — ela me questionou,


e logo percebi que a minha ideia não havia sido a mais genial.

— Kimberly, eles não podem saber.

— Imaginei que fosse dizer isso. — A expressão dela foi


difícil de distinguir, não estava contente, mas também não havia
revolta.

— Eu sou um velho e você é só uma menina...

— Já disse que não gosto que me chame assim. — Ela


cerrou os dentes, puxando a calcinha para recolocá-la.

— Kim... — Tentei tocar o seu braço e ela se esquivou.

— Tudo bem, professor. Sei que não vamos ser namorados.


— Ela vestiu o sutiã.

A reação dela me desconcertou ainda mais.

— Eu não queria machucar você.

— Não machucou. Pode não achar, Richard, mas sou mulher


o suficiente para lidar com as minhas escolhas. O que aconteceu
aqui foi porque eu quis.
— A sua virgindade...

— Todas as mulheres perdem um dia. — Abriu um sorriso


amarelo. — Não estou te pedindo para ser o meu namorado, e acho
que o meu pai nem aceitaria. Sempre foi muito superprotetor
comigo.

Ela se levantou da cama, indo atrás do restante das roupas, e


eu fiquei olhando, sem jeito e sem reação. Era só uma garota, mas
parecia estar lidando melhor com aquela situação desconcertante
do que eu.

— Me deixa pelo menos levá-la para o dormitório? — Fui até


ela e segurei o seu braço, quando ela terminou de vestir a blusa. —
Está tarde demais para você sair daqui sozinha.

— Vai até Stanford só para me levar?

— É o mínimo que eu posso fazer.

— Okay. Podemos ir agora?

— Sim, só vou me vestir — disse ao perceber que eu ainda


estava nu.

Ela assentiu e eu fui até o closet. Peguei roupas mais leves,


uma bermuda e uma camisa polo. Procurei pela chave do meu carro
e saí na companhia dela até a garagem.
Já tivera alguns encontros constrangedores ao longo da vida,
porém nenhum deles havia me deixado daquele jeito. Estar perto da
Kimberly tirava o meu chão e fazia com que eu parasse de pensar
racionalmente.

Me perguntei como seria se não tivéssemos saído naquela


noite antes de eu descobrir que ela era a minha aluna, se não
tivéssemos nos beijado, era possível que a situação fosse diferente?
Que eu conseguisse enxergá-la como a criança que era sem nutrir
todos aqueles desejos proibidos? Maldito dia em que o Jimmy
achou que seria uma ideia brilhante que eu saísse com uma sugar
baby.

— Saiu com outros homens mais velhos? — externei a


pergunta, um tanto enciumado quando ela ecoou na minha cabeça.

— Quê? — Ela se virou para mim, visivelmente surpresa com


o meu questionamento.

— Como sugar baby?

— Não. Você foi o único. — Ela desviou o olhar para a rua,


sem me encarar diretamente. Estava tão constrangida com a
situação quanto eu.

— Por que fez isso? Estava precisando de dinheiro?


— Foi só uma ideia maluca de uma amiga. Um desafio de um
encontro. Parece que só arrumou problemas para nós duas.

Não voltei a perguntar mais nada. Eu não poderia desmenti-


la, porque o desejo que eu sentia por ela certamente era um
problema e tanto.
Capítulo vinte e um

Não trocamos mais palavras, nem carinho, muito menos


beijos quando Richard me deixou na porta da Florence Moore Hall,
o edifício do meu dormitório em Stanford.

A minha vagina ainda latejava, me lembrando de que havia


entregue a minha virgindade para ele. Não estava arrependida do
que havia acontecido nem esperava que ele fosse me dar flores no
dia seguinte. Estava ciente de que havia cedido a um desejo, mas
ele certamente não era o homem com o qual trocaria votos diante
de um altar.

Só de pensar na reação do meu pai ao saber que eu tinha me


envolvido com um homem mais velho já era o suficiente para que eu
não ficasse fantasiando sobre um futuro com o Richard. Quando eu
fosse mais velha teria histórias para contar, e uma delas seria sobre
ter perdido a minha virgindade com um professor da universidade.
Imaginava que aquela fosse a fantasia de muitas garotas,
principalmente se ele fosse tão gato quanto o Richard.

Meu celular começou a vibrar e vi que havia várias


mensagens do meu pai. Engoli em seco, com medo só de pensar se
ele havia adivinhado o que eu acabara de fazer. Papai sempre me
conheceu tão bem que a possibilidade me apavorou.
Tristan:

Oi, filha! Como você está?

O que acha de vir aqui para casa ver o jogo comigo,


com o Samuel e a Camila?

Vai ser divertido, como nos velhos tempos.

Kim?

Assustei ao ver que havia umas três chamadas não


atendidas. Meu pai havia se esforçado para falar comigo enquanto
eu estava transando com o meu professor.

Kimberly:

Oi, pai!

Desculpa, só vi as mensagens agora. Estava


ocupada.

Tristan:

Estudando? Você se dedica demais, filha.

Fiquei sem saber o que responder de cara. Certamente a


fisionomia de um homem de um metro e oitenta e trinta e cinco anos
não estava nas disciplinas que ele mais aprovaria.

Tristan:
O jogo já está quase acabando. Nos divertimos, faltou
você aqui.

Ele começou a me mandar fotos. O tio San estava com o


chapéu de árvore de Stanford e o meu pai com a cara pintada. Ao
fundo, a tia Camila parecia tentar conter a confusão. A cara deles e
o clima divertido fez com que eu risse um pouco.

Deixei as minhas coisas sobre a mesa de estudos enquanto


ria das fotos com careta do meu pai e os melhores amigos.

— O que é tão engraçado? — perguntou Annelise e percebi


que a minha melhor amiga havia sentado na cama e estava olhando
para mim.

— Meu pai e seu amigo estão me mandando fotos


engraçadas. Está tendo jogo e ele é fã do Stanford.

— É?

Voltei a ver as fotos e soltei novas gargalhadas. Estava com


medo de falar com o meu pai depois do que havia feito. Tinha pavor
da ideia de decepcioná-lo, mas as mensagens dele estavam me
animando muito.

— Que palhaços! Sempre tive boas lembranças desses


jogos. — Deixei o celular na cama e olhei para ela. A cor havia
fugido do rosto da minha melhor amiga, como se ela tivesse levado
um susto. — Que cara é essa, Anne?

— Oi? Não entendi.

— Você está pálida.

— Impressão sua. Ou fome. — Ela saiu da cama e foi calçar


os sapatos. — Como foi com o professor?

— Você gosta de mudar de assunto. — Aquele certamente


era um que eu não queria falar a respeito. Ainda estava
processando o que havia acontecido entre nós dois e não estava
pronta para conversar a respeito, nem com a minha melhor amiga.

— Claro, estou interessada no romance com o poderoso


CEO da Genesis.

— Não invente história onde não existe. — Romance? Se


algo havia ficado claro depois do nosso momento era que não
poderíamos ter nada. Talvez um dia contasse para ela que havia
perdido a minha virgindade com o Richard, mas não agora. Tentei
pensar rápido e desviar o assunto. — E você, que está andando
com o Colin, do time de futebol. Vai continuar com o segredo ou me
contar?

— Sabe que odeio futebol e os jogadores. É apenas um


trabalho de História Medieval. — Ela fez um olhar de súplica. —
Estou apenas brincando.

— Tudo bem.

— Vamos jantar?

— Sim. Eu só preciso ir ao banheiro.

Depois do sexo, eu nem havia me limpado. Não era como se


eu me sentisse suja, mas estava melada e suada, precisava de um
banho. Esperava que a água fosse o suficiente para eliminar a
necessidade pulsante de estar com ele de novo.

Deixei o celular na cama, peguei uma roupa para me trocar e


corri para o banheiro. Iria tomar um banho rápido e ia jantar, pois
estava faminta.

Enquanto a água escorria, olhei para o meu corpo. Não havia


nenhuma diferença aparente a não ser as lembranças. Eu poderia
continuar sendo a mesma Kim de sempre e nada iria mudar. Ao
menos foi o que prometi a mim mesma na esperança de que, depois
do sexo e ter atendido a necessidade dos nossos corpos,
conseguíssemos conviver um com o outro como se nada houvesse
acontecido.

Voltei do banheiro e peguei o celular, rindo de mais uma foto


que o meu pai havia me enviado.
— Não sei quem é pior, o tio Sam com esse chapéu ou meu
pai com a cara pintada. Só tia Cami para aguentar a loucura dos
dois.

Virei a tela do celular para que a minha amiga pudesse ver a


foto que era a razão das minhas gargalhadas. Meu pai poderia ser
um velho chato na maior parte do tempo, mas, às vezes, ainda tinha
um pouco do garoto que foi obrigado a amadurecer para cuidar de
uma filha cedo demais.

Annelise caiu na cama, pálida, como se tivesse visto uma


assombração, e eu me perguntei se havia algo de errado com a tela
do meu celular. Preocupada, ajoelhei-me ao lado dela.

— O que foi, Anne? Está passando mal? — Ela continuou em


silêncio e eu fiquei realmente apreensiva. — Vamos para o
refeitório, deve ser glicemia baixa e falta de comida.

Imaginei que ela tinha passado o dia inteiro estudando e nem


havia se recordado de comer direito. Às vezes nos dedicávamos
demais aos estudos e nem pensávamos nas consequências. Meu
pai pagava a minha faculdade, mas a Annelise tinha uma bolsa e eu
achava que isso colocava ainda mais peso sobre os seus ombros.

Eu a ajudei a andar e caminhamos em silêncio até o


refeitório. Se a minha amiga não se recuperasse com uma
alimentação saudável, eu iria levá-la até a enfermaria.
Não estava contente em vê-la passando mal, mas, ao menos,
serviu para que eu parasse de pensar no Richard e a nas
consequências do que havia acontecido entre nós dois.
Capítulo vinte e dois

— Como foi com ela? — Jimmy colocou um prato de


panquecas com bacon e ovos diante de mim e se sentou na cadeira
ao meu lado.

Por mais que eu houvesse o feito ficar no escritório até a


Kimberly ir embora, meu melhor amigo não parecia nem um pouco
irritado. Para ser sincero, estranhei a empolgação de fazer o nosso
café da manhã.

— Maravilhoso e péssimo.

— Tem jeito? — Ele franziu o cenho ao me analisar.

— Eu tirei a virgindade de uma aluna.

— Ela ainda era virgem? Que delícia! Eu tirei a da Georgia


quando ainda estávamos no ensino médio. Sortudo você.

— Sortudo? — Bati com as mãos na bancada de pedra e


meu amigo se assustou com a minha reação. — Eu preciso
ressaltar o quão problemática é a situação inteira?

— Ela é maior de idade e quis perder com você, qual o


problema?
— Ela tem dezoito, eu tenho trinta e cinco, praticamente o
dobro. Se isso por si só já não fosse problema o suficiente, em uma
hora eu vou entrar na sala de aula e ela estará lá.

— Você não parecia preocupado com isso enquanto estava


tirando a roupa dela em cima da mesa do computador ontem.

— Eu nunca entendi tão bem a definição de pensar com a


cabeça debaixo como naquela hora.

Jimmy começou a rir e eu dei uma garfada no bacon,


jogando-o na boca e dando mastigadas rígidas.

— Ela te enche de tesão.

— Enche, e isso é horrível.

— Tem ideia de quanto é sortudo? — Ele cruzou os braços,


irritado com a minha reação. — Eu iria adorar que tivesse uma
novinha gata me dando mole, mas nem a minha esposa anda me
querendo.

— Ex-esposa. Você precisa assinar os papéis do divórcio.

— Eu não quero deixar o apartamento para ela.

— Mas já deixou. Precisa seguir em frente. Compre um novo,


eu vou te ajudar.
— Tudo bem — concordou. — Talvez eu realmente precise
seguir em frente, mas você tem que parar de achar que precisa ser
o certinho o tempo todo.

— Não vou explodir as regras.

— Ela tem dezoito anos. É uma mulher! Você está se


julgando demais.

— Vai mesmo me incentivar com essa loucura?

— Vou! — Ele estufou o peito e eu gargalhei. — Eu conheço


você a vida inteira e a única mulher que tirou o seu sono foi a
Mandy.

— Mandy ainda não me deixa dormir direito.

— É importante dormir oito horas por dia. — A voz robótica


ecoou e nos fez rir ainda mais.

— Ela concorda. — Jimmy piscou.

— Se preocupe com o seu divórcio e principalmente em


conseguir outro lugar para morar. —Apertei o ombro dele. — Eu vou
me manter na linha.

— Veremos por quanto tempo.

Eu já tinha transado com a Kim, matado a minha vontade de


provar do fruto proibido, não precisava continuar pecando. Afastar-
me dela era o melhor para nós dois.
Capítulo vinte e três

— Anne! — Balancei a minha melhor amiga. — Annelise.

Ela abriu os olhos e espreguiçou na cama ao acordar.

— Bom dia.

— Você está bem?

Ainda estava muito preocupada com o que havia acontecido


com ela na noite passada.

— Estou, sim.

— Tem certeza? Posso levá-la para que seja vista por alguma
enfermeira. Fiquei muito aflita com você na noite passada.

— Só não comi direito ontem, mas agora estou bem. Muito


obrigada por ter me levado até o refeitório.

— Amiga são para essas coisas. — Pisquei para ela.

— Obrigada. — Annelise murchou novamente e sua


expressão me preocupou. Será que estava acontecendo algo com
ela que não queria me contar?

— Está tudo bem com os seus pais?


— Sim. Por que não estaria?

— Se estiver precisando conversar ou me contar qualquer


coisa, eu estou aqui.

— Obrigada, Kim, mas não precisa se preocupar.

— Okay! Eu vou para aula agora. Se cuida e não esquece de


comer, por favor. — Dei um beijo no rosto dela.

Ainda estava preocupada, mas deixei a Anelise no quarto e


segui para a minha aula no prédio de Ciência da Computação. Eu
não sabia como o Richard iria reagir a minha presença e não queria
dar motivos para que ele se excedesse comigo.

Não podemos namorar...

Eu sabia disso, mas não deixava de me causar um estranho


incômodo constatar que queria tanto um homem com quem não
deveria me envolver. Só de pensar nele, minha mente se enchia de
imagens do seu corpo, do seu peito e eu mergulhava na recordação
de tê-lo dentro de mim.

Fui uma das primeiras a chegar na sala e me acomodei em


uma cadeira do fundo, bem diferente do meu comportamento
habitual de ficar o mais próximo do professor possível. Esperava
que os demais não percebessem que estávamos fugindo um do
outro enquanto nos atraíamos como polaridades opostas de um imã.
Quando ele entrou na sala, o meu coração disparou. Estava
com o cabelo preto molhado e o blazer do terno aberto, sem a
gravata sobre a camisa. Um pouco mais despojado que o comum, e
me arriscava a dizer que estava até mais bonito.

Nossos olhos se encontraram e o sorriso que se formou nos


meus lábios foi involuntário. Compartilhávamos o segredo de ele ser
o meu primeiro, algo que nenhum dos meus colegas iria saber.

— Bom dia, alunos.

— Bom dia, senhor Lewis! — Lilian abriu um sorriso de orelha


a orelha ao olhar para ele e a sua frase seguinte me deixou
enciumada. — O senhor está bonito.

— Obrigado. — Ele mexeu no cabelo e eu apertei as coxas


uma contra a outra, num misto de ciúmes e desejo.

Richard deixou a pasta com o computador em cima da mesa


e andou para o centro da sala.

— Primeiramente gostaria de agradecer a todos vocês que


estão aqui e lembrá-los de que os quinze já foram escolhidos por
serem excepcionais. Mesmo aqueles que não foram selecionados
para desenvolverem seus projetos na Genesis ainda terão todo o
meu apoio para que possam obter o melhor resultado.
— É verdade que você escolheu quatro esse ano? — Um dos
não selecionados fez a pergunta antes mesmo de levantar a mão.

— Sim.

— Poderia ter escolhido os quinze — comentou outro em


meio a uma gargalhada.

— Estar aqui já é uma grande oportunidade para vocês, não


tenham dúvidas disso. Quero que desenvolvam as suas habilidades
da melhor forma possível e para isso eu iriei ajudá-los. Durante as
aulas irei priorizar os trabalhos daqueles que não foram
selecionados, pois os quatro que estão na Genesis contarão com a
minha ajuda todos os dias. Entretanto isso não significa que não é
para todos trabalharem.

Ele continuou falando e eu peguei o meu notebook.


Felizmente havia feito um backup em nuvem, pois havia saído da
empresa tão apavorada que não desliguei nada.

Estava distraída mexendo em uma linha de código e


pensando em como poderia construir uma inteligência artificial, que
nem percebi que o Julian tinha puxado a cadeira dele para perto da
minha.

— Seu projeto é muito legal.


— Ah, obrigada — falei sem jeito, ao colocar uma mecha do
cabelo atrás da orelha. — O seu também é. — Nem me recordava
qual era o projeto dele, porém respondi a primeira coisa que me
passou pela cabeça.

— Se precisar de ajuda...

— Senhor Evans, volte para a sua cadeira e foque no seu


projeto. — Ouvi a voz firme do Richard e levantei a cabeça,
percebendo que ele estava parado a alguns metros de nós. — Não
é momento de conversa paralela nem de distrair a senhorita Adams.

— Desculpa, professor. — Julian se afastou completamente


sem jeito.

Encarei o Richard, tentando entender por que ele havia feto


aquilo, mas o professor simplesmente desviou o olhar como se não
tivesse feito nada demais. Ele foi ajudar um outro aluno e eu
demorei um tempo para perceber que estava encarando o nada
antes de voltar a atenção para o meu projeto.

Fingir que nada acontecera entre nós era muito mais difícil do
que eu imaginava.

Assim que a aula acabou, fechei a tela do meu notebook e


estava guardando-o quando Julian se aproximou novamente. Eu
reparei nele melhor, vi que tinha um cabelo loiro na altura dos
ombros, olhos azuis e covinhas. Era minimamente atraente e
certamente tinha uma idade muito mais próxima a minha do que o
professor.

— Kim... Posso chamar você assim, não é?

— Ah! Pode. — Guardei o computador, um tanto sem jeito.

— Vi que você não tem carro porque chegou na Genesis


ontem de aplicativo e eu estava pensando se não aceitaria uma
carona minha.

— Na verdade, eu tenho um carro, mas ele fica na garagem


do apartamento do meu pai. Acho melhor andar de bicicleta aqui no
campus.

— Mas não dá para ir de bicicleta daqui até São Francisco.

— Tem toda razão. — Sorri, ao perceber que ele estava


tentando ser gentil.

— Se quiser pode ir comigo. Só combinar um lugar que eu


busco você.

— Senhorita Adams, podemos conversar sobre o


desenvolvimento do seu trabalho? — Richard se aproximou de nós,
interrompendo o meu assunto com o Julian.

Olhei para o meu colega e ele para mim antes de perceber


que era para se afastar. Ele foi para a frente da sala conversar algo
com o George.

— Sobre o que estavam falando? — Richard foi direto ao


ponto quando percebeu que os outros estavam longe o bastante
para não ouvi-lo.

— Nada da aula.

— O quê?

— Ele só me ofereceu uma carona para irmos juntos até a


Genesis — falei baixo antes de levantar o braço e a voz. — Julian,
pode me pegar na porta da Florence Moore Hall daqui a uma hora?

— Combinado — disse, antes de acenar e sumir no corredor


na companhia de George e Lilian.

— Por que aceitou a carona dele? — questionou Richard,


num tom baixo, porém firme.

— Tem ideia de quanto custa um carro de aplicativo daqui até


São Francisco? Vou economizar indo com ele.

— Eu pago para você.

— Não preciso do seu dinheiro, senhor Lewis.

— Sabe que ele quer muito mais do que te dar uma carona,
não é? — Richard estava com os dentes cerrados e parecia um cão
raivoso.
— Não podemos ser namorados, lembra? E ele não é um
velho que me chama de menina.

— Kim... — Richard segurou o meu braço, mas eu me


esquivei dele antes que a situação ficasse ainda mais
constrangedora. — Não é porque não vamos ficar juntos que você
precisa se envolver com o primeiro que aparece. Perdeu a
virgindade ontem, precisa ter um pouco mais de calma.

— Ou o quê? — Encarei-o com uma postura firme. Ele não


tinha ideia de quanto me enlouquecia se comportando daquele jeito,
porque eu o queria mais do que conseguia negar. Aquele joguinho
só faria com que nós dois agíssemos por impulso novamente.

Ele engoliu em seco e não conseguiu me dar uma resposta


plausível.

— Escolhi estar com você e posso escolher o próximo.

— Sim, pode. — Ele deu um passo para trás, sem jeito.

— Que bom que reconhece isso. Agora, me dá licença que


eu tenho que almoçar antes que a minha carona apareça para me
levar para a sua empresa para trabalhar.

Passei por ele e acabei batendo o meu braço no seu. Meu


coração estava palpitando e prestes a sair pela boca. Richard era
um homem mais velho, meu professor e estava evidente que o
nosso relacionamento não tinha futuro. Eu havia cedido a uma
vontade latente dentro de mim, mas não significava que iríamos
repetir o momento. Entretanto resistir a ele poderia ser muito mais
difícil do que eu imaginava.

Cheguei a pensar que eu só precisava de uma vez, e que


depois que a vontade fosse aplacada, não repetiríamos aquela
loucura, entretanto estava começando a perceber que havia muito
mais significado no que Richard disse quando falou que não haveria
volta assim que ele tirasse a minha virgindade.

Meu corpo poderia parecer externamente o mesmo, mas eu


era uma mulher diferente.
Capítulo vinte e quatro

Cheguei ao meu carro bufando feito um touro. Achava que


seria fácil lidar com a Kimberly se ambos entendêssemos que
qualquer relação entre nós não tinha futuro. Entretanto foi só ver
outro cara se aproximando dela para que eu perdesse o juízo.

Kimberly não era minha, eu não tinha qualquer direito sobre


ela, mas explicar isso aos meus instintos era muito mais
complicado. Eu tinha a feito mulher para que continuasse sendo
minha...

Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos,


mas eles estavam revirando dentro de mim e me deixando
impaciente. O certo seria incentivá-la a ficar com alguém da sua
idade, um homem que estava passando pelos mesmos conflitos.

Eu já tinha a vida feita, uma empresa para gerir e problemas


de adulto, era alguém que já passou pela universidade e lidava com
a vida real. Ela ainda dependia da ajuda dos pais e mal havia
começado a caminhar.

Com a cabeça cheia, peguei o meu celular e liguei para o


Jimmy.
— Como vai o professor mais jovem de Stanford? — ele
debochou do outro lado da linha.

Não era o momento de fazer piadas.

— Quero que providencie uma vã para buscar os alunos em


Stanford e levá-los para a Genesis.

— Por quê? Você nunca se preocupou com o transporte


deles. Espera... aconteceu algo com a Kimberly?

— Ela aceitou uma carona de um cara. — Bufei, irritado, só


de imaginar as mãos daquele fedelho passeando pelo corpo lindo
dela.

Era só uma carona, não como se ela houvesse aceitado


transar com ele.

— Está com ciúmes. — Imaginei o Jimmy se contorcendo de


rir do outro lado da linha.

— Não.

— Pode tentar se enganar, mas a mim você não consegue.

— Eu não posso me envolver com ela.

— Vai começar o drama idiota de novo? Não estou com saco.


Ou então vai ter que aumentar o meu salário, porque eu não sou
pago para aguentar os seus conflitos de meia idade.
— Vai falar comigo assim? — Entrei no carro e bati a porta.
— Eu não descontei do seu salário quando chorou dias no meu
ombro por causa da Georgia. Isso é coisa de melhor amigo.

— Era diferente.

— Não mesmo.

— Ela me traiu com a porra do pintor. Já você está louco por


uma garota linda e só não está com ela porque não quer.

— Eu não posso! — Soquei o volante e um grupo de alunos


que estava passando na frente do carro se assustou com o barulho
da buzina.

— Olha o escândalo.

— Sim, vai ser um escândalo. Imagina o que vai acontecer


quando a reitoria da universidade descobrir que eu estou saindo
com uma aluna.

— É só você ameaçar retirar o investimento da Genesis da


universidade que eles vão fazer vista grossa, principalmente porque
é consensual. Não está cometendo nenhum crime, meu amigo.

— Jimmy...

— Quem precisa saber? Se está com todo esse medo de


escândalo, é só vocês não contarem para ninguém.
— Eu não tenho mais idade para namorar escondido.

— Não tem mais idade é para não fazer o que quer com
medo do que vão dizer de você. Preciso te lembrar que você aos
vinte anos entrou para a lista dos homens mais ricos da Forbes, que
é dono de uma das maiores empresas de tecnologia do Vale do
Silício? Assim até parece que você não tem um QI de 175.

— Ainda se lembra disso?

— Falou isso a faculdade inteira.

Nós dois rimos juntos.

— Se eu tiver que repetir para você esse mesmo discurso vai


ter que comprar o meu apartamento novo como bonificação pela
nossa amizade.

— Só quando você assinar o divórcio.

— Vou ligar para o advogado e você...

— Vou colocar a cabeça no lugar.

— Só tem um lugar que ela quer. Ele é quente, molhado e


aperta que é uma delícia quando ela está sentindo prazer. Caralho,
também estou precisando transar.

— Sim. — Gargalhei.

— Vem logo ou não vou esperar você para almoçar.


— Logo eu chego aí. — Dei partida no carro e dirigi a
caminho da Genesis. Minha mente estava a mil, principalmente
porque parecia cada vez mais nítido que eu não conseguiria lutar
contra a vontade de ter a Kimberly.
Capítulo vinte e cinco

Estava diante do prédio do dormitório, olhando para o letreiro


escrito Florence Moore Hall 436 e tomando uma casquinha de
sorvete de baunilha quando vi o carro do Julian. Com todo o seu
estilo surfista, não me surpreendeu vê-lo em um conversível. Só
ficou faltando a prancha para completar o visual.

— Ei, Kim! — Ele acenou para mim.

— Oi. — Aproximei-me do carro e ele abriu a porta do carona


para mim.

— Posso te chamar assim, não é?

— De Kim?

— É.

— Pode. — Equilibrei a casquinha com uma mão enquanto


usava a outra para prender o cinto. — Todo mundo chama.

— Legal!

— O que achou do carro? — Passou a mão pelo painel,


exibindo-se.

— O azul da pintura é bonito.


— Obrigado.

— Meu pai trabalha com a produção de carros elétricos. Tem


vários modelos legais.

— Sério? — Ele pareceu interessado.

— Sim.

— Poderia me levar para conhecer a fábrica. — Piscou para


mim.

— Quem sabe um dia. — Não prometi nada. — Vamos? Não


quero chegar atrasada e dar motivos para que o senhor Lewis fique
irritado comigo. No primeiro dia, ele quase me deixou para fora da
sala.

— Ah, nem acho que ele ficaria irritado com você. — Deu
partida no carro.

— Por que não?

— Está na cara que você é a queridinha dele e está


superempolgado com o seu projeto.

— Impressão sua. — Tentei disfarçar. O melhor era que


nenhum dos meus colegas descobrisse que a minha relação com
Richard Lewis ia muito além de professor e aluna.

— Está na cara, mas você é muito inteligente.


— Obrigada.

— Tenho certeza de que você vai se sair muito bem nesse


projeto e logo os carros terão um piloto automático graças a você.

— Você vai se sair bem com o seu projeto também. — Tentei


desconversar para que o assunto não ficasse apenas em Richard e
mim, principalmente porque eu ainda estava me sentindo estranha e
confusa em relação a isso. Num momento ele dizia que não
poderíamos ter nada e em seguida, estava bufando de ciúmes
quando outro homem se aproximava de mim.

— Estou contando com isso. Quem não quer trabalhar na


Genesis? É a nossa grande oportunidade de sermos efetivados
como funcionários.

— Não tenho essa mesma ambição.

— Por quê?

— Bom, me vejo trabalhando ao lado do meu pai daqui há


uns cinco anos.

— Ao menos você tem um pai com uma empresa bacana. Eu


vou agarrar essa oportunidade. Eu nasci em Miami e meus pais têm
um bar, só consegui estudar aqui por causa de uma bolsa na equipe
de natação.

— Vai se sair bem.


— Só de saber que você não é uma concorrente já estou
mais tranquilo.

— Então só me deu carona para descobrir meus planos e


acabar com a concorrência? — Comecei a rir, mas, no fundo, fiquei
um pouco decepcionada. Estava achando que tinha efeitos sobre
ele que provavelmente não tinha.

— Não. — Ele segurou firme o volante e desviou o olhar, um


tanto envergonhado. — Ofereci a carona porque acho você bonita e
pensei que poderíamos ser uma boa companhia um para o outro.

— Ah! — Abri um sorriso amarelo, ficando sem graça. Se eu


achava que ele estava dando em cima de mim, agora tinha certeza.

Desviei o olhar para a estrada e fiquei sem jeito para


continuar a conversa. Julian era um cara como muitos outros da
minha idade e tinha uma aparência atraente, apesar de eu não
gostar tanto do cabelo na altura dos ombros. Entretanto eu não
parecia ter olhos para um homem da minha idade naquele
momento.

Já estávamos quase na empresa. Após termos passado uns


cinquenta minutos dentro do carro e boa parte em silêncio depois
que fiquei desconcertada com sua cantada, Julian decidiu voltar a
puxar assunto.
— Eu estava pensando se não aceitaria sair comigo um dia.
Sei lá, podemos tomar um café. Ou chocolate, se você preferir.

Por mais que eu estivesse confusa e com um pouco de raiva


diante de toda a situação que estava passando com o Richard, não
queria envolver uma terceira pessoa nessa confusão toda.

— Agradeço o convite, Julian, mas é que agora não dá. Eu


preciso muito focar no meu projeto e nas outras disciplinas que
estou fazendo esse semestre, não posso deixar que nenhuma
distração me atrapalhe.

— Eu posso te ajudar com o seu projeto.

— Também tem que desenvolver o seu. Precisa ser o melhor


para que possa chamar a atenção do senhor Lewis o suficiente para
que ele queira contratar você para trabalhar integralmente na
Genesis depois que se formar.

— Tem razão. — Ele ficou visivelmente desapontado. —


Quem sabe depois ou no semestre seguinte.

— É, quem sabe.

Deixei uma esperança no ar que não sabia se deveria.

Ele parou em uma vaga na rua perto da entrada da Genesis e


descemos juntos.
— Obrigada pela carona. — Tentei descontrair um pouco o
clima.

— Pode continuar vindo comigo todos os dias.

— Eu não quero perturbar você.

— Não perturba.

— Tem certeza?

— Sim. É um prazer vir com você. — Piscou para mim.

Mexi no cabelo, colocando-o atrás da orelha enquanto


passávamos pela porta de vidro.

Ainda estava rindo para o Julian quando meus olhos


encontraram os verdes de Richard. Ele estava sentado numa
poltrona da recepção e se levantou assim que me viu.

— Obrigada. — Dei um beijo na bochecha do Julian e ele


sorriu, surpreso.

— Por nada. — Julian corou. — Posso levá-la de volta se


quiser. Não é nenhum trabalho para mim, já que moramos no
mesmo dormitório.

— Eu vou aceitar.

— Aceitar o quê? — Richard se aproximou.


— A minha carona — respondeu Julian, sem perceber a
maldade nem os motivos daquela pergunta.

Admito que, apesar da irritação que a atitude dele estava me


causando, no fundo, gostei de ver o Richard sentindo ciúmes de
mim.

— Senhorita Adams, podemos conversar?

— É algo sobre o projeto? Acho que podemos subir para o


laboratório e conversar na frente de todos. Eu posso aproveitar e
mostrar ao senhor alguns avanços que fiz no meu código.

— Queria conversar em particular — Richard insistiu.

Olhei para o Julian e nosso professor fez o mesmo, deixando


o garoto de certa forma oprimido.

— Eu vou para o laboratório. — Ele se esquivou e seguiu até


o elevador, deixando Richard e eu nos fitando.

— Vou subir também.

— Kimberly, espera. — Ele segurou o meu pulso.

— Está me machucando, senhor Lewis. — Não estava de


verdade, mas a forma como o olhei fez com que ele me encarasse
imediatamente. A única coisa que ele estava deixando bem
machucado, e bastante confuso, era o meu coração.
— Desculpa.

— Preciso desenvolver meu projeto. Acredito que o senhor


também ache que ele é muito importante já que quer aplicar no
carro que está sendo projetado na empresa.

— Kim... — sussurrou o meu nome de um jeito que fez com


que um calafrio me varresse inteira. A expectativa de ouvir a sua
voz contra a minha orelha se tornou maior do que eu conseguia
controlar.

— Senhor Lewis... — Não consegui terminar de falar, pois ele


pegou o meu pulso e saiu me arrastando até o elevador de serviço.

— Vem comigo.

— O que pensa que está fazendo? — Bati com as duas mãos


nos seu peito quando as portas de metal se fecharam.

— O que fez com aquele garoto?

— Não é da sua conta. — Cerrei os dentes, irritada.

— Eu não gosto dessa situação.

— Acha que eu gosto? — Elevei o meu tom de voz, mesmo


que não fosse o mais adequado. — Essa sensação de que você
quer me agarrar e me expulsar ao mesmo tempo, é terrível.

— Eu só estava tentando facilitar para nós dois.


— Jura? — Comecei a gargalhar, porque ele só poderia estar
contando uma piada. — Como você facilita com esse ataque de
ciúmes na frente do Julian?

— Foi impulsivo, desculpa. — Ele abaixou a cabeça.

— Assim você não me ajuda. A nenhum de nós.

— Percebi. — Respirou fundo.

Quando a porta do elevador foi aberta, notei que estávamos


na garagem e não no andar de desenvolvimento, onde deveriam
estar se reunindo o restante dos meus colegas.

— Por que me trouxe até aqui?

Ele não respondeu a minha pergunta antes que as suas


mãos viessem até a minha cintura e ele me empurrasse contra a
lataria de um dos carros. Nem percebi qual era, ou mesmo o
modelo, antes que a boca dele se aproximasse da minha orelha e
me fizesse arrepiar inteira.

— Eu não consigo lidar com isso.

— Não é o único.

— Tenho ciúmes de você com o seu colega.

— Isso já percebi. — Segurei os seus ombros enquanto


tentava não me retorcer inteira enquanto a sua boca deslizava pelo
meu pescoço.

— Eu não quero que venha de carona com ele.

— Essa é uma escolha minha.

— Eu posso te dar um carro.

— Meu pai tem uma fábrica.

— Então use um. — Mordeu a base do meu pescoço e eu


apertei minhas unhas contra os seus ombros diante da nova onda
de calafrios.

— Não quero.

— Prefere me enlouquecer?

— Isso não é problema meu.

— Kimberly!

— Foi você quem disse que não podemos ter nada. Então vai
ter que lidar com a sua reação quando estou perto de outros caras,
porque eu não vou ficar sem ninguém só porque você quer assim.

— É tão complicado.

— Que bom que você reconhece. — Esquivei-me dele e dei


alguns passos, mas antes que eu me afastasse demais, Richard me
puxou pelo pulso e fez com que eu apoiasse as costas na lateral do
carro novamente.

— Eu não tenho mais idade para namorar escondido.

— Você já disse isso. — Tentei me esquivar novamente, mas


ele pressionou o seu corpo contra o meu e eu ofeguei. Respirar era
difícil e ter um pingo de juízo mais ainda, pois cada célula de mim
queria se atirar nos braços do Richard.

— Mas eu quero você, garota.

— Quer?

— Sim. — Ele esfregou os seus lábios nos meus.

— E o que isso significa? — Toquei o seu rosto e fiz com que


ele olhasse para mim.

— Que vamos ter que manter nosso relacionamento em


segredo até eu encontrar alguma alternativa para que todos
compreendam, ou pelo menos, aceitem.

Fiquei completamente sem reação e não soube o que


responder, mas não precisei, pois os seus lábios tomaram os meus
e o beijo foi carregado de desejo. A fome dele por mim se mostrou
presente na forma como suas mãos apertavam a minha cintura e
redesenhavam-na enquanto sua boca devorava a minha.
Era o início da tarde, estávamos no estacionamento da
Genesis, escorados em um carro que nem era o dele e numa
garagem que eu nem sabia se tinha câmeras. Meu bom senso
deveria ter me dito para sair correndo dali, entretanto ele nem
conseguiu falar com a minha mente turva pelo desejo.

Richard mordiscou o meu lábio inferior e eu esfreguei meus


seios no seu peito. Mesmo com toda roupa entre nós dois, minha
excitação aumentou. Ele pegou as minhas pernas e me levantou.
Envolvi sua cintura com elas e o abracei.

Sua língua mergulhando na minha boca com calor e fome


aumentava ainda mais a minha necessidade. Qualquer pensamento
racional foi subtraído por todo aquele fogo. Eu deveria estar
preocupada com as circunstâncias em que estávamos nos beijando,
como um casal de amantes, entretanto tudo o que eu queria era
mais.

Richard me segurou e nos movemos ao redor do carro até


que eu percebi que ele havia me repousado sobre o capô do
veículo.

— Richard... — chamei-o, quando o frio do metal se opôs ao


calor da minha pele.

— Você me deixa louco, menina.


Nem consegui repreendê-lo por me chamar daquele jeito
enquanto os beijos e suas mãos me tocando e apertando tomavam
proporções perigosas.

Ele apertou a minha cintura, até escorregar a mão para a


frente da minha calça jeans. Puxou o zíper e a abriu.

Tive uma lufada de razão e percebi o que estávamos prestes


a fazer em cima do carro de algum desconhecido. Se aquele nosso
relacionamento confuso não poderia vir à tona, transarmos no capô
de um carro em um lugar onde qualquer um poderia passar e ver
não era a melhor alternativa.

— Não podemos fazer isso aqui. — Segurei o seu peito e fiz


com que se afastasse de mim.

— Vamos para dentro do meu carro.

Richard tirou uma chave do bolso e acionou o alarme. Ouvi o


som e o piscar do farol não muito longe de nós. Ele desceu de cima
de mim e me puxou para o chão. Guiou-me pela cintura até
pararmos ao lado do veículo. Abriu a porta de trás e me levantou,
fazendo com que eu me deitasse em cima do banco espaçoso.
Richard subiu em cima de mim e bateu a porta trás dele.

— Se nos virem aqui...


— Não vão. — Ele voltou a beijar o meu pescoço. Sua boca
escorregando pela minha pele provocava efeitos que me envolviam
completamente. Eu poderia pensar em vários motivos para não
estar ali. No fundo, Richard tinha razão ao ressaltar os milhares de
impedimentos para que ficássemos juntos, entretanto eu não
conseguia resistir a ele, assim como percebia que ele não resistia a
mim.

Tombei a cabeça para trás e fechei os olhos, entregando-me


ao momento sem pensar nas consequências. Ele voltou a beijar,
mordiscar e cobrir meu pescoço de pequenos chupões até chegar
ao decote da minha blusa. Suas mãos pesadas seguraram a barra
enquanto o peso do seu corpo sobre o meu me prensava contra o
banco do carro.

Assim que a blusa caiu sobre o tapete do carro, Richard


beijou a elevação dos meus seios, que subiam e desciam com a
respiração frenética. Mordiscou de leve e eu soltei um gemido que
ecoou pelo interior do carro.

Eu estava com um sutiã de abertura frontal e Richard


rapidamente deixou meus seios expostos. Envolvendo um deles
com os lábios, chupou, lambeu e brincou com a língua enquanto a
suas mãos pesadas mediam a minha cintura e seus dedos
afundavam no meu jeans.
Meu corpo estava em chamas, não conseguia pensar em
nada, nem nos meus colegas que provavelmente estariam no
laboratório pensando em que tipo de reunião eu e o senhor Lewis
estaríamos tendo.

Meio sem jeito naquele banco, esfreguei os meus pés um no


outro até que consegui tirar os meus tênis, ouvindo-os cair sobre o
chão do carro e ficando apenas de meias. Richard parou de beijar
os meus seios para terminar de tirar a calça que ele havia
começado a remover quando ainda estávamos sobre o capô do
outro veículo. Ele puxou-a junto com a minha calcinha, me deixando
apenas de sutiã aberto. Se alguém nos pegasse daquele jeito, não
teria como eu me esconder.

Costumava ser uma mulher muito responsável, mas estava


bem longe disso, nua diante de um homem bem mais velho dentro
de um carro numa garagem.

Richard tocou o interior da minha coxa e subiu com a mão


por dentro, acariciando a minha pele sem qualquer pudor até
alcançar a região desejada. Eu estava pulsando por ele e arqueei o
corpo quando seus dedos brincaram por fora dos meus grandes
lábios.

— Já está molhada. — Ele constatou ao mover com o dedo


para cima e para baixo. Nem havia como negar, o meu corpo não
me deixaria mentir sobre o meu desejo.
Afastei as pernas mais e deixei que ele me tocasse. Queria a
penetração e não apenas o roçar dos seus dedos. Ele introduziu
um, brincando com o meu canal e extraindo o líquido que me
preparava para recebê-lo.

Richard se debruçou sobre mim e voltou a me beijar. Eu


gemia contra os seus lábios enquanto os seus dedos me
enlouqueciam. Abracei seus ombros e esfreguei o meu corpo no
dele.

Soltei um gemido agudo quando meu querido professor


lambeu a base do meu pescoço e subiu com a língua até a minha
orelha.

Agarrei a lapela do seu blazer e fiz com que ele me


encarasse. Richard sorriu e imaginei que fosse evidente no meu
olhar o quanto eu o queria dentro de mim.

Ele me deu um beijo rápido, beijou o vale entre os meus


seios e o meu ventre antes de tirar o dedo de mim. Remexi no
espaço apertado do carro para vê-lo se afastar. Richard pegou a
carteira, tirou uma camisinha dela, antes de abrir o cinto e puxar o
pênis de dentro da cueca. Abriu a embalagem com os dentes e a
jogou no chão do carro antes de se vestir com a proteção.

Esperei que ele se deitasse sobre mim, mas ao invés disso,


Richard me puxou para o seu colo e eu segurei seus ombros ao me
acomodar nele, sentindo-o entrar em mim tão fundo quanto
possível. Diferente da primeira vez, eu não senti dor, apenas um
pequeno desconforto que logo foi subjugado pelo desejo e o prazer.

Olhei para o Richard, e fiquei encarando-o, vendo o prazer


dominar o verde primaveril dos seus olhos. Ele ergueu a cabeça e
eu selei os seus lábios com os meus. Em meio ao beijo, Richard
agarrou as minhas nádegas, enterrando os dedos, e ditou os meus
movimentos sobre ele, ensinando-me que queria mais rápido.
Apertei os seus ombros e juntei a minha força a dele, subindo e
descendo enquanto seu membro era cravado em mim a cada
movimento. Meu corpo estava descobrindo aquelas novas
sensações e se encantando por elas rapidamente. A necessidade
por mais era quase incontrolável.

Quando ouvia outras garotas dizerem que era bom, eu


imaginava que estavam apenas tentando me convencer, porém com
Richard estava realmente maravilhoso.

Parei de beijá-lo e tombei a cabeça para trás, deixando que


meus cabelos castanhos e lisos pendulassem nas minhas costas.

Richard soltou as minhas nádegas para segurar os meus


seios e voltou a beijar meu pescoço, externo e ombros. Continuei
me movimentando sozinha, sentindo o meu corpo vibrar a cada
impacto no seu, o esfregar do seu membro dentro do meu canal e
do meu clitóris na sua pélvis.
Esperava que o carro fechado pudesse conter um pouco dos
meus gemidos, pois eu não consegui controlá-los quando Richard
me levou ao clímax. Quando ele voltou a apertar a minha cintura eu
percebi que havia se juntado a mim.

Trêmula e completamente sem fôlego, escorei a minha testa


na dele. Estava suada, mas não era a única.

— Você é uma delícia. — Ele acariciou o meu rosto e jogou


uma mecha do meu cabelo para trás, me puxando para um beijo
mais carinhoso.

— Temos que ir para o laboratório. — Ajeitei o meu sutiã, que


estava pendurado nos meus ombros, e voltei a prendê-lo na frente.

— Não acha melhor irmos para o meu apartamento? —


Richard sorriu e eu percebi que ele ainda estava encaixado em mim.

— E o que vamos dizer para todos?

— Que a nossa reunião demorou mais do que o previsto.

— Não podemos. — Saí do colo dele, rolando para a outra


extremidade do banco e peguei a minha calça no chão, com isso
meu celular acabou caindo com o movimento.

— Não gostou do que acabamos de fazer? — Beijou o meu


ombro, provocando em mim uma nova onda de desejo.
— Sim, mas...

— Mas?

— Você sabe que ninguém pode saber.

— É. — Ele bufou e, de repente, pareceu se recordar dos


milhares de motivos pelos quais não deveríamos ficar juntos.

Richard tirou a camisinha suja. Contorceu-se pelo espaço


entre os bancos até pegar uma caixa de lenços no porta-luvas e
usar um para se limpar e outro para envolver a prova do nosso
crime.

— Quer? — Ofereceu a caixa para mim e eu assenti com a


cabeça ao pegar.

Nos recompomos antes de sair do carro.

Eu ainda estava um pouco trêmula, tonta e ofegante, mas fui


recobrando o controle enquanto caminhávamos até o elevador.

— O que vamos dizer quando chegarmos no laboratório? —


Olhei-me no espelho do elevador e ajeitei o meu cabelo, penteando-
o com as pontas dos dedos. Era como se eu tivesse ficado por
horas na frente de um ventilador ligado.

— Estávamos no meu escritório discutindo detalhes do


projeto.
— Acha que vão acreditar?

— Vou fazer o mesmo com os outros para ficar mais crível.

— O mesmo? Levá-los para o seu carro e transar com eles?

Richard franziu o cenho para mim.

— Vou ajudá-los com os projetos e recolher os contratos.

— E o meu projeto?

— Pode ficar até mais tarde e trabalhamos nele a noite.

— Preciso voltar para Stanford.

— Por quê?

— A carona do Julian.

Richard cerrou os dentes e olhou para mim com os olhos


afunilados, salientando a sua irritação comigo tocando no assunto.

— A levo para Stanford.

— Não precisa.

— Então pega o carro na casa do seu pai e começa a usá-lo.

— Precisa desse ciúme todo só porque eu aceito uma


carona? É só um colega e, até onde eu sei, nós dois — apontei para
mim e para ele — não temos nada.
— Achei que tivéssemos resolvido isso lá no estacionamento.

— O quê?

A porta do elevador abriu no andar de projetos e um dos


funcionários da Genesis passou por nós assim que pisamos do
corredor. Fiquei sem a minha resposta e sabia que não poderia
insistir por uma ali.

A minha situação com o Richard era para lá de complicada e


deveria saber disso desde o nosso primeiro encontro, muito antes
de descobrir que ele seria o meu professor.
Capítulo vinte e seis

Ela era como a minha maçã. O fruto proibido que eu havia


experimentado e me viciado perdidamente.

Kimberly não passava de uma menina que eu enxergava


como mulher, e não conseguia evitar todos os pensamentos
pecaminosos com ela. Sua atitude firme, cheia de si, e a forma
como sempre me confrontava piorava ainda mais a minha situação,
pois costumava ser o comportamento de uma mulher mais velha e
me fazia esquecer que ela só tinha dezoito anos.

A minha mente ainda estava cheia de flashes dela sentada


no meu colo, rebolando, sendo minha, numa conexão que parecia
transcender todos os nossos empecilhos.

— Senhor Lewis! — Uma outra menina do grupo levantou a


mão e eu fui até ela. Parei atrás da sua cadeira e observei a tela do
seu computador.

Apesar do tema de sustentabilidade ser muito interessante e


estar em voga em diversas pautas da Genesis, o projeto da garota
não era um dos melhores, e provavelmente eu não a teria escolhido
se não fizesse tanta questão de deixar Kimberly de fora, mas teria
que lidar com as consequências das minhas próprias escolhas.
— Organize melhor esse código, senhorita Martin. A
disposição está ruim e não tem um único comentário. Se
posteriormente qualquer um de seus colegas ou mesmo
funcionários da Genesis precisarem fazer alguma manutenção, eles
não irão saber o que cada parte do código faz.

— Desculpa, senhor. Eu irei providenciar isso.

— Ótimo!

Levantei a cabeça e meus olhos se encontraram com os de


Kimberly. Ela estava me encarando, mas rapidamente desviou o
olhar para a tela do computador, tentando disfarçar.

— Eu preciso ir para o meu escritório resolver alguns


assuntos da empresa, mas retorno mais tarde. Senhor Evans, se
quiser subir daqui uma hora, podemos conversar exclusivamente
sobre o seu projeto.

— Sim, senhor.

— Ótimo. — Olhei para o rosto de cada um dos quatro antes


de demorar um pouco mais no da Kimberly.

Peguei o meu celular e mandei uma mensagem para ela


quando já estava no corredor.
Richard:

Quero você, mesmo que tenhamos que manter isso


escondido.

Kimberly:

Resolveu me responder?

Richard:

Preferia que eu dissesse que você não sai da minha


cabeça na frente de todos os seus colegas?

Kimberly:

Não.

Richard:

Vai para o meu apartamento hoje.

Kimberly:

Eu não posso.

Richard:

A minha carona pode ser melhor do que a do seu


amigo.

Kimberly:
Não é sobre isso que eu estou falando.

Preciso voltar para o dormitório. Tenho trabalho para


fazer e a minha melhor amiga passou mal ontem à noite.
Estou preocupada com ela.

Richard:

Tudo bem. Outro dia?

Kimberly:

Outro dia.

— Qual o motivo de estar rindo feito um bobo alegre?

Levantei a cabeça e percebi que o Jimmy estava parado na


minha frente, de pé no meio do caminho até a porta do meu
escritório.

— Aceitei que sou um pecador. — Dei um estranho sorriso ao


dizer aquela frase.

— Então está namorando a...

Empurrei-o para sua sala antes que falasse aquela


informação alto, no meio do corredor.

— Silêncio.
Jimmy colocou a mão na boca fazendo um gesto sinalizando
que manteria a informação em segredo.

— Ninguém pode saber.

— Tudo bem, eu sou ninguém.

— Você entendeu.

— Está preocupado demais com um escândalo.

— É claro que eu estou! Ela só tem dezoito anos. — Mordi a


língua, arrependido do tom da minha própria voz.

Jimmy riu.

— Será que ela tem uma amiga para me apresentar? Queria


ver só a cara da Georgia se me visse com uma novinha.

Cruzei os braços e bufei. Meu amigo interrompeu os


momentos de piada e olhou bem para mim.

— Quem te viu quem te vê, meu amigo. — Deu uns tapinhas


no meu ombro. — Namorando escondido. Acho que rejuvenesceu
uns vinte anos, e está parecendo um adolescente que tem medo da
arma que o pai da garota pode guardar em casa.

— Antes fosse uma arma.

Eu não tinha medo de um tiro, mas sim do julgamento da


sociedade inteira.
— Vai conhecer o pai dela?

— Qual a parte do escondido você não entendeu?

— E ela está concordando com isso?

— Antes ou depois do sexo no meu carro?

— Hoje? — Ele arregalou os olhos castanhos. — Aqui? —


Jimmy ficou completamente boquiaberto.

Apenas balancei a cabeça.

— Realmente você está parecendo um adolescente. Não tem


uma vaga para professor substituto para mim em Stanford?

Apenas balancei a cabeça em negativo e saí da sala dele.


Caminhei pelo corredor, passei pela mesa da minha secretária e a
cumprimentei com um movimento de cabeça. Puxei a porta e me
fechei dentro do cômodo, atrás da mesa com o meu computador. Eu
amava à proporção que a minha empresa havia tomado, mas,
infelizmente, a parte burocrática tomava mais do meu tempo do que
eu gostava.

Acessei minha caixa de e-mails, respondi alguns deles e abri


o projeto do carro, analisando algumas possíveis melhorias antes da
apresentação do protótipo para toda a empresa.
Meu telefone tocou e eu o peguei em cima da mesa, estava
ao lado de um recipiente de clips de papel.

— Richard Lewis.

— Senhor Lewis, Julian Evans disse que o senhor tinha


solicitado a presença dele.

— Sim, pode deixá-lo entrar.

— Sim, senhor.

Desliguei a chamada e momentos depois o garoto loiro puxou


a porta da minha sala e colocou a cabeça para dentro.

— Senhor Lewis?

— Entra, rapaz.

Ele assentiu, deu alguns passos para frente e parou em cima


do tapete.

— Puxa a cadeira. — Apontei para uma que estava diante da


minha mesa. — Vamos conversar sobre o seu trabalho.

— Sim. — Sorriu, empolgado.

Eu precisaria me esforçar para dar atenção aos outros alunos


para que não achassem que eu estava privilegiando a Kimberly.
Entretanto eu tinha a sensação de que não seria nada fácil esconder
o nosso envolvimento.
Capítulo vinte e sete

— Obrigada pela carona. — Desci do carro do Julian e fechei


a porta.

— Pode contar comigo.

— Valeu.

— Como foi a sua conversa com o senhor Lewis? Poxa, o


cara é mesmo muito bom. Ele me deu algumas ideias geniais para o
meu trabalho que eu vou tentar aplicar, além das melhorias que
sugeriu para o meu código.

— É, ele é muito bom mesmo. — Ao invés de pensar no


trabalho, a minha mente se encheu de flashes de nós dois
transando dentro do carro.

— Tomara que dê certo para todos nós.

— Sim. Preciso ir agora. — Acenei para ele. — Nos vemos


depois, Julian.

— Até mais.

Entrei na moradia estudantil e não fiquei reparando para ver


se ele vinha atrás de mim. Abri a porta do quarto e vi Annelise
sentada na mesa de estudo.
— Ei!

Annelise virou a cabeça ao ouvir o meu chamado e deu um


salto na cadeira, como se houvesse tomado um susto enorme,
quase como se eu fosse algum tipo de assombração. Estava
preocupada com a minha melhor amiga, ela não era de reagir desse
jeito.

— Anne?

— Oi. — Abriu um sorriso amarelo.

— Você está bem?

— Só com alguns trabalhos para fazer e provas para estudar.

— Está acontecendo alguma coisa? Não me lembrava de


você se assustar desse jeito, e depois de ontem...

— Ontem foi só uma baixa de glicemia. Eu estou bem.

— Se alimentou direito hoje? — Sentei na cama e tirei os


meus tênis e meias para trocar por um par de chinelos.

— Sim. A carne com batatas do refeitório está deliciosa.

— Vou lá mais tarde.

— E com você, está tudo bem? Como foi o dia na Genesis?


— Transamos dentro do carro dele — soltei, pois ela era a
única que eu poderia conversar sobre isso.

— Espera! Ontem você disse para eu não inventar história, e


agora chega aqui e me conta que perdeu a virgindade no carro
dele?

— Não. Perdi a virgindade antes. Começamos a nos pegar


no laboratório, mas acabamos no apartamento dele. Só não falei
nada porque estava muito irritada. Depois de ter rolado, ele disse
que não poderíamos ter nada.

— Mas hoje ele mudou de ideia?

— Morreu de ciúmes do Julian.

— Aquele loiro com jeito de surfista?

— Esse mesmo!

— Nem sabia que vocês tinham algo.

— Não temos. Ele só me ofereceu uma carona e o Richard


ficou cheio de ciúmes.

Annelise riu.

— Aí ele levou você para o carro e repetiram a dose.

— Mais ou menos. Foi depois que eu cheguei na empresa.


— Então está namorando o professor?

— Não sei se posso chamar um rolo às escondidas de


namoro, mas eu gosto de estar com ele. Nem quero imaginar o que
o meu pai pensaria se descobrisse que estou transando com um
cara que tem quase a idade dele — gargalhei.

— Ele é superprotetor, né? — Annelise abriu um sorriso


esquisito, que eu não soube dizer se ela estava me debochando ou
incomodada com algo.

— Muito. — Ri ao me lembrar de como o meu pai tinha


reagido na primeira vez em que levei o Patrick em casa. Achei que
fosse bater no garoto só porque disse que éramos namorados.

Meu pai só tinha começado a aceitá-lo quase dois anos


depois, perto do nosso término. Torcia para que ele finalmente
estivesse começando a entender que eu havia crescido, mas lidar
com o Richard como namorado eu achava que seria demais para
ele.

— Mas me conta sobre o seu cara.

— Meu cara? — Annelise se fez de desentendida.

— Sim. Não tem se encontrado com ele?

— Não. — A sua expressão deixou evidente que ela estava


escondendo alguma coisa.
— Você perdeu a virgindade com ele e nem quer vê-lo de
novo? Foi tão ruim que nem quer lembrar?

— Vamos falar sobre outra coisa.

— Ah, me fala quem ele é.

— Só quero esquecer, Kim.

— Ah, Anne, me conta! Quem ele é?

Estava prestes a me levantar e pular para a cama dela


quando meu celular começou a tocar.

— Espera, preciso atender — disse ao ver o número do meu


pai no identificador de chamadas. — Nosso assunto ainda não
terminou. — Estendi uma mão para ela ao aproximar o celular da
orelha com a outra. — Oi, pai!

— Filha, tudo bem?

— Sim, e como o senhor está?

— Ótimo. Acho que não me sinto tão bem há muito tempo.

— Isso me deixa muito feliz, papai.

— Eu acordei você? Imagino que esteja quase indo dormir.

— Pai, não são nem oito horas da noite ainda. Eu não durmo
mais no mesmo horário de quando tinha cinco anos.
— Achei que pudesse estar cansada com a faculdade.

— Um pouco, mas acabei de chegar da Genesis.

— Ah, sim! Começou o programa lá. Me lembro de você ter


comentado. Está gostando de trabalhar numa empresa que não é
da sua família por um tempo?

— Está divertido. Ah, por falar nisso, assinei um contrato com


eles e queria conversar com o senhor a respeito depois.

— Contrato? — meu pai comentou desconfiado.

— Sim. Sobre o projeto que estou desenvolvendo. Eles


querem aplicar em um carro que está em prototipagem, mas só
concordei se o senhor tiver prioridade para fabricar.

— Não precisa se preocupar com essas coisas, filha.

— Era o projeto que eu queria levar para a Ludwing Motors.


Vai ser bom ter um carro completamente novo e ecossustentável no
mercado sendo montado por nós.

— Você pensa em tudo.

— Aprendi com o melhor. Se eu conseguir desenvolver,


depois eles irão entrar em contato com o senhor para definir os
detalhes da negociação.
— Certo. Vou deixar você descansar agora. Só liguei para
saber se estava tudo bem.

— Estou ótima. Manda um beijo para o Tio San e para Tia


Cami.

— Pode deixar.

— Amo você, papai.

— Também amo você, Kimberly.

Desliguei a chamada no mesmo momento em que vi a


Annelise se levantar para sair do quarto.

— Espera! Aonde você está indo?

— Acabei de lembrar que preciso pegar um livro na


biblioteca.

— Mas a essa hora da noite?

— É importante. Preciso dele para um trabalho. — Ela nem


me deu brecha para questioná-la. Saiu do quarto e não sei quando
voltou, pois eu já estava dormindo.

Annelise estava cada vez mais estranha e o seu


comportamento me preocupava muito. Será que ela havia se metido
em uma grande confusão e não tinha coragem de me contar?
Eu achava que estar transando com o meu professor já era
problema mais do que o suficiente, mas para ela não querer contar
para mim, deveria ser algo mais grave.

Será que ela havia se metido com algum tipo de criminoso?

Eu deveria ligar para os pais dela? Ou para a polícia? Ou os


dois?!

Mas eu precisava conseguir conversar com ela antes de


tomar uma atitude dessas, porém estava prestes a descobrir que a
Annelise poderia ser mais escorregadia do que sabonete molhado.
Capítulo vinte e oito

— A meta de crescimento é de vinte por cento até o fim do


ano — disse o diretor financeiro ao apontar para uma projeção atrás
de si.

— Isso com ou sem o lançamento do carro?

— Sem. Como não tenho precisão de quando ele ficará


pronto, não estou contando com ele.

— Ótimo!

— Ele será produzido em parceria com a Ludwing Motors,


como ouvi comentarem?

— Tudo vai depender do avanço do projeto da filha do Tristan


Adams. Temos outros potenciais parceiros para a produção e tudo
será analisado no momento certo.

— Continuam sem previsão para o lançamento do carro?

— O projeto ainda precisa ser aprimorado.

— Compreendo, mas para o aumento dos ganhos financeiros


da empresa, precisamos de outro grande lançamento em breve.

— Estamos trabalhando nisso.


— Eu entendo, senhor, mas...

— Não dá para surgir com uma inovação do dia para noite.

— Tem razão.

— Então acabamos por aqui. — Firmei os pés no chão e


empurrei a cadeira para me levantar.

— Sim. — Ele desligou o projetor.

Peguei o meu celular e sorri ao ver que a Kimberly havia


respondido a minha mensagem de bom dia.

Kimberly:

Ei! Bom dia.

Richard:

Acordou agora?

Kimberly:

Claro que não! Estava na aula de estrutura de dados.

Richard:

E foi divertido?

Kimberly:

Depende da sua definição de divertido.


Acho que foi mais pavoroso do que qualquer coisa.

Richard:

O que tem de pavoroso em estrutura de dados?

Kimberly:

O professor se abaixando para pegar um pincel atômico


no chão e aparecendo parte da bunda dele. Acho que ele não
se tocou que precisa de roupas melhores.

Richard:

Estou aqui morrendo de rir no corredor e a minha


secretária deve estar tentando entender o motivo.

Kimberly:

Eu não sabia se ria ou chorava.

Richard:

Pelo menos as minhas aulas são melhores.

Kimberly:

Pelo menos a sua camisa dentro da calça social impede


que algo assim aconteça.

Richard:
Mas você já viu a minha bunda antes.

Kimberly:

Em uma situação menos constrangedora.

Richard:

Que bom. Por falar nisso, estava pensando em levá-la


para jantar.

Kimberly:

Hoje?

Richard:

Sim.

Kimberly:

Ainda tenho alguns trabalhos para fazer e uma prova


para estudar.

Richard:

Não pode estudar amanhã? Prometo ajudar você.

Eu fui o melhor da turma quando cursava a


universidade, sabia?

Kimberly:
Isso não me surpreende.

Richard:

Está me chamando de convencido?

Kimberly:

Um pouco.

Richard:

Sem aulas particulares então?

Kimberly:

Espera! Não estou dispensando o meu namorado


gênio.

Richard:

Namorado?

Kimberly:

Desculpa...

Richard:

Tudo bem, mas esse é o nosso segredo por enquanto.

Kimberly:
Sim.

Richard:

Jantar depois do trabalho hoje.

Kimberly:

Okay! Você me convenceu.

Richard:

Estou gostando desse meu lado persuasivo.

Kimberly:

Até mais tarde. Preciso entrar em outra aula agora.

Richard:

Até. Seja uma boa aluna.

— Richard!

Levantei a cabeça da tela do celular e percebi que Jimmy


estava parado na minha frente me encarando com um ar
debochado.

Rapidamente, guardei o meu celular no bolso e encarei-o


com uma expressão mais fechada e uma cara séria.

— O que foi?
— Você parado no meio do corredor concentrado no celular,
como se fosse um adolescente. Achei que isso jamais fosse
acontecer, Certinho Lewis.

— Eu só estava respondendo algumas mensagens... Você


não tem trabalho para fazer?

— Sim. Estava esperando você terminar a reunião para


termos uma conversa de diretor administrativo para CEO. Podemos,
ou você está ocupado demais flertando com a sua universitária?

Bati a mão no ombro dele e saí o arrastando até voltar para o


interior da sala de reunião, que estava vazia.

— Precisa gritar para todos os funcionários?

— Só estava fazendo uma brincadeira e eles nem vão


entender. — Deu de ombros.

— Vamos falar sobre o trabalho.

— Sim. — Ele fez um movimento com a cabeça para que eu


o seguisse. — Vamos para a minha sala, quero mostrar alguns
dados no meu computador. Não montei uma apresentação bonita,
mas acho que vai ser prático.

Coloquei as mãos nos bolsos e o acompanhei.


Capítulo vinte e nove

Eu estava concentrada na tela do computador, quando, por


reflexo, eu o vi entrar no laboratório. Meu coração acelerou, mas
tentei não me mexer, nem virar em sua direção.

Ele não veio direto no meu computador, indo primeiro até o


Julian, ficando um bom tempo conversando com ele sobre o seu
projeto, e depois foi ajudar os outros dois. Eu tentei me concentrar
no meu código e na ideia inovadora que queria trazer para o
mercado dos carros. Por mais que estivesse loucamente atraída
pelo meu professor, não poderia me afastar completamente dos
meus objetivos.

Naquela tarde, Richard e eu havíamos trocado apenas meia


dúzia de palavras sobre o meu projeto, quando ele parou ao lado da
minha mesa. Assim que tocou a minha mão para usar o teclado,
imaginei que fosse simplesmente ajeitar o meu código, fazer alguma
alteração para me ajudar com o projeto, mas ao invés disso ele
digitou:

No sexto andar tem uma sala vazia, a chave está no vaso de


planta perto da entrada, vá até lá e use o espaço para se trocar.
Tem algo para você em cima da mesa.
Fiquei completamente paralisada enquanto lia o texto umas
três vezes.

— Precisa estudar melhor esse seu método de importação de


mapas, senhorita Adams. — Ele se afastou e eu percebi que havia
dito aquilo apenas para disfarçar o nosso breve momento, pois eu
nem estava nessa parte do código.

— Vou ter mais atenção. — Apaguei o que ele havia montado


no meu código e rolei a página rapidamente para a parte onde
estava realmente a importação de mapas.

— Senhor Lewis! — Lilian levantou a mão, chamando a


atenção dele, e Richard deu a volta para se aproximar dela.

— Em que posso ajudá-la?

— Estou com um pouco de dificuldade nessa parte. — Ela


apontou para a tela.

Durante o restante da tarde, tentei me concentrar ao máximo


no meu projeto. Apesar do meu orientador e professor ser uma
distração e tanto, fazer com que a minha ideia se tornasse real era
um grande objetivo para mim e eu não iria me esquecer dele.

Consegui avançar em uma parte do código e me imergi no


projeto. Quando dei por mim, Julian estava cutucando o meu braço.
Girei o corpo para olhar para ele.
— Oi!

— Vamos embora?

Voltei minha atenção para a tela do computador e vi que já


passava das seis da tarde.

— Eu vou ficar mais um pouco.

— Tudo bem. — Ele puxou a cadeira vazia ao lado e se


acomodou nela.

— Julian, eu agradeço, mas não precisa me esperar. Quero


fazer alguns ajustes no meu código hoje e não sei quando vou
terminar, não preciso que me aguarde.

— Mas a empresa vai fechar.

— Não fecha, não. Sei que tem alguns funcionários que ficam
até mais tarde, além da equipe de suporte que funciona vinte e
quatro horas. É muito importante para mim e não quero parar no
meio para retomar só quando chegarmos em Stanford.

— Tem certeza?

Fiz que sim.

— Não quer que eu espere você?

— Realmente não precisa.


— Fico com medo de você voltar tarde sozinha.

— Só torcer para que o motorista do aplicativo seja um cara


ou uma mulher legal.

— Pode deixar. — Ele riu. — Até amanhã.

— Até!

Julian acenou ao sair do laboratório e me deixou sozinha. Eu


não gostava de contar uma mentira tão esfarrapada para ele, mas
eu não tinha escolha. Nem queria pensar na reação dele e dos
meus outros colegas se descobrissem que eu só tinha ficado para
sair com o Richard mais tarde.

Dei uma última olhada no meu código, salvei os arquivos e


desliguei a máquina.

Fazia mais de uma hora que o Richard não voltava no


laboratório. Imaginei que ele estivesse ocupado com um dos muitos
compromissos que deveriam aparecer em uma empresa daquele
tamanho.

Juntei as minhas coisas e saí da sala, fechando a porta atrás


de mim. Fui para o elevador e segui até o local que ele havia
informado. Havia um vaso com um bambu mossô na entrada e eu
encontrei uma chave perdida em meio as pedras. Abri a porta
rapidamente e me tranquei dentro do cômodo, como se estivesse
cometendo algum tipo de crime. Sair às escondidas com o meu
professor parecia algo passível de punição.

Acendi a luz e vi uma sala de paredes brancas, com uma


mesa e uma cadeira. Não havia quadros na parede nem decorações
pessoais. Richard havia dito que ela estava desocupada, mas eu
não sabia dizer por quanto tempo e se algum dia um funcionário
havia a utilizado.

Cheguei mais perto da mesa e vi uma enorme caixa preta


com um laço vermelho. Surpreendi-me ao ver um pequeno cartão
com o meu nome.

Troque-se e se arrume para nosso encontro.

Vou aguardá-la no meu carro.

R.

Se havia algo que eu não estava esperando era um presente.


Desfiz o laço e abri a caixa. Puxei dela um lindo vestido verde claro,
que misturava cetim e renda de um jeito harmônico e lindo. Eu não
sabia se fora o Richard quem o comprara, mas era de muito bom
gosto.

Junto com o vestido, havia um sapato de salto alto, uma


pequena bolsa e um conjunto de lingerie branca, com uma renda
delicada, e algumas peças de cristais na corrente das alças do sutiã
e na lateral da calcinha. Tão lindo...

Vi uma porta no fundo da sala e fui até ela, me deparando


com um banheiro que tinha chuveiro e toalhas. Richard havia
pensado em tudo.

Tomei banho e me troquei usando as peças que ele havia


escolhido para mim. Olhei-me no espelho e gostei da imagem que
vi. Eu já tinha dezoito anos, não era mais uma menina, havia me
transformado em uma mulher, e poderia fazer as minhas próprias
escolhas, inclusive sair com o cara que eu quisesse, sendo ele mais
velho do que eu ou não.

Peguei um batom na minha bolsa, deixei os meus lábios mais


vermelhos e me preparei para sair do cômodo. Coloquei as minhas
roupas sujas na caixa, peguei-a e fui para o corredor. Felizmente a
sala ficava perto do elevador e não trombei com mais ninguém pelo
caminho até a garagem. Também o expediente havia acabado e
muitas pessoas tinham ido embora.

Vasculhei com o olhar até encontrar o carro do Richard,


parado na mesma vaga de sempre. Aproximei-me dele e Richard
abriu a porta para mim.

Surpreendi-me ao vê-lo usando um smoking.

— Vamos a outro baile de ex-alunos? — Ri.


— Deus me livre, não!

Gargalhamos juntos da careta que ele fez.

— Você está linda demais para ter que passar por isso
novamente.

— Então para onde vamos?

— Jantar.

— Imagino que não seja em um fast food.

— Não. Podemos ir?

Fiz que sim ao colocar a caixa no banco de trás e depois me


prender com o cinto de segurança.

Richard deu partida no carro e saímos do prédio da Genesis.

Fiquei olhando através da janela enquanto atravessávamos o


centro de São Francisco e a Golden Gate para irmos a um bairro do
outro lado da baía. Ele estacionou em um prédio, após falar algo
que não entendi direito com o porteiro do estacionamento.
Descemos do carro em uma vaga perto do elevador e caminhamos
até ele. Richard apertou o botão para o último andar.

— Costuma trazer as suas namoradas aqui?

— Fazia um tempo que a Mandy era a minha maior


companhia e ela não gosta muito de frutos do mar.
Comecei a rir.

— Bobo. — Empurrei o seu peito e Richard puxou a minha


mão, fazendo com que eu o encarasse.

— O Jimmy me disse que era um restaurante legal.

— Ele também escolheu o vestido e a lingerie que estou


usando?

— Essa parte é toda culpa minha.

— Prefiro assim. — Escorreguei as mãos pela lapela do seu


paletó, mas antes que eu o beijasse, a porta se abriu, nos
mostrando o saguão do restaurante.

Seguimos até o púlpito na entrada e Richard se apresentou


para a recepcionista, falando seu nome e que havia feito a reserva
de uma mesa para dois.

— Me acompanhe, por favor. — Ela fez um gesto com a mão


e fomos atrás dela até nos acomodar em uma mesa perto da
parede, repleta de enormes janelas de vidro que davam uma visão
maravilhosa da baía.

— O lugar é lindo.

— O Jimmy acerta de vez em quando.

A cara dele me fez rir.


Um garçom nos entregou o cardápio enquanto eu me
acomodava na mesa frente a frente ao Richard.

— Então não costuma levar outras mulheres a restaurantes?

— Não.

— Que tipo de programas faz com elas então?

— Geralmente nenhum.

— Isso não cola. — Cruzei os braços. — Um homem como


você deve ter uma lista de mulheres.

— Está fazendo um julgamento muito precipitado de mim,


Kim.

— É, por quê?

— Eu não sou seja lá o que você está esperando que eu


seja.

— E o que acha que eu estou pensando?

— Imagino que me julgue como um ricaço conquistador,


repleto de nomes em uma lista interminável de casos. Eu tive
algumas mulheres ao longo da vida, mas como qualquer cara
normal, e posso contá-las nos dedos das mãos. Eu não era o garoto
mais popular, muito menos aquele que todas queriam namorar na
época da escola.
— O que mudou?

— Dinheiro, dieta e exercícios.

A cara que ele fez me deixou rindo.

— Nunca quis se casar?

— Não tive vontade. Também acho que as mulheres com


quem me envolvi não estavam esperando uma aliança no dedo.

Fiz algumas suposições sobre a fala dele, mas não falei.


Prostitutas ou casos passageiros?

— Depois que o Jimmy pegou a esposa dele transando com


o pintor da obra, acho que não ter me casado nem foi tão ruim
assim.

Ri ao colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Ainda pensa em se casar um dia? — Deixei a pergunta


escapar, sem pensar muito. Não era como seu estivesse pensando
em nós dois casados. Não poderíamos nem contar sobre o nosso
relacionamento para as outras pessoas sem esperar uma grande
recriminação, nos casarmos então parecia algo impossível.

— Acho que estou velho demais para isso.

— Velho? Trinta e cinco não são cem anos.

— Mas são muitos.


— Até parece! Quando eu estava no colégio, uma colega
minha contou que o avô estava se casando pela terceira vez aos
oitenta e cinco anos.

— Esse é animado.

— Provavelmente estava mais jovem do que você.

Richard colocou a mão no peito e fez uma careta como se


houvesse levado uma facada, o que só me fez rir mais.

— Boa noite. Já decidiram o que vão pedir? — O garçom


parou ao meu lado e eu percebi que ainda nem havia aberto o
cardápio.

— Ainda não, pode esperar?

— Sim. — Ele assentiu e afastou alguns passos.

— Acho que vou querer essas ostras de entrada e depois a


lagosta com os mexilhões. — Acenei antes de falar para o garçom.

— Pode trazer o mesmo para mim. — Richard fechou o


cardápio e entregou para ele.

— Nem quis ver as outras opções. — Curvei-me sobre a


mesa para chamar a sua atenção.

— Confio no seu bom gosto.


— Eu teria as minhas dúvidas. — Eu fiquei encarando-o até
que Richard percebesse que eu estava me referindo a ele em um ar
brincalhão.

— Está me dizendo que eu sou uma escolha duvidosa?

— Talvez.

— Por quê?

— Foi você quem disse que está velho demais — provoquei-


o.

— Aonde está querendo chegar, garota?

— A lugar nenhum. — Balancei a cabeça.

— Você me enlouquece, sabia? — Tocou a minha mão sobre


a mesa. — Mas faz com que eu me sinta bem mais jovem.

— Isso deveria ser bom. — Puxei a minha mão, esquivando-


me dele.

— É ótimo. — Ele me puxou de volta, mas não foi a minha


mão, mas sim o meu queixo, dando-me um rápido selinho.

Assim que nos afastamos, vimos o garçom parado ao lado da


mesa, segurando os nossos pratos. Fiquei toda sem jeito e grudei
as costas no encosto da cadeira.

— Obrigada. — Falei em meio a um sorriso amarelo.


O garçom apenas assentiu com a cabeça.

— Vamos ver se você fez uma boa escolha. — Richard puxou


o guardanapo para seu colo.

— Se você não gostar, a culpa não é minha. — Dei de


ombros.

— Não?

— Poderia ter feito a sua própria escolha.

— Tem razão. Sua esperteza me surpreende desde a vez


que foi comigo para a festa de ex-alunos.

— Para lidar com babacas é só não se deixar oprimir.

— Tinham muitos na sua época da escola?

— Um pouco. Sempre fui a nerd.

— Tem jeito de popular.

— Conseguia balancear bem as duas coisas. — Peguei uma


ostra e a coloquei na boca.

— Queria estar lá só para ver.

— Prefiro que me veja agora — falei firme, e a minha frase


pareceu desconcertá-lo.

— Pode ter certeza de que eu a vejo muito bem.


Abaixei os olhos quando percebi que ele estava me fitando e
mexi no meu cabelo. Aproveitei o momento para pegar o meu
celular na bolsa e mandar uma mensagem para Annelise. Por mais
estranha que a minha melhor amiga estivesse nos últimos dias,
imaginava que fosse ficar preocupada comigo ao perceber que eu
estava demorando demais para voltar.

Kimberly:

Estou com o Richard.

Annelise:

Divirta-se.

Assim que terminamos a nossa entrada, o garçom entregou


os pratos principais.

Enquanto comíamos, conversamos um pouco mais sobre a


minha família e a dele. Richard parecia ter um bom relacionamento
com os pais, enquanto eu tecia elogios apenas a um, já que a minha
relação com a minha mãe era um completo fracasso.

— Quer alguma sobremesa? — Ele cruzou os talheres sobre


o prato após terminar de comer.

— Só se tiver mousse de chocolate.

— Vou adivinhar: você ama chocolate.


— Quem não ama?

— Isso é verdade. — Riu ao levantar a mão para que o


garçom se aproximasse de nós.

— Em que posso ajudá-los?

— Mousse de chocolate, vocês têm?

— Sim.

— Queremos dois — Richard completou.

— Vou providenciar.

— Obrigada. — Terminei de tomar o meu suco de limão.

— Então a relação com a sua mãe é ruim? — Richard


retomou um assunto que eu nem sabia por que havia começado,
pois sempre ficava chateada.

— Ela nunca teve nenhuma vocação para ser mãe. Depois


que o meu pai decidiu que iria se divorciar, ela pirou de vez.

— Isso não deve ser fácil para você. — Afagou a minha mão
que estava sobre a mesa.

— Não é. — Inspirei o ar profundamente e o segurei nos


pulmões.

— Eu sinto muito.
— Obrigada.

Nossa sobremesa foi servida e achei deliciosa, assim como o


restante do jantar. Já tinha tido um namorado antes, mas a relação
com o Patrick era muito diferente da que eu estava tendo com o
Richard. Eu me sentia mulher quando estávamos juntos. Indefesa e,
ao mesmo tempo, protegida. Gostava cada vez mais daquela
relação e não tinha ideia de quanto estava mergulhando em um
caminho sem volta.
Capítulo trinta

— Posso levá-la para o meu apartamento? — perguntei, ao


abrir a porta do carro para que a Kimberly pudesse entrar.

— Pode. — Ela mexeu no cabelo longo e liso, tentando


disfarçar as bochechas coradas.

Dei partida no carro e dirigi até o bairro onde eu morava, do


outro lado da baía. No percurso de volta, continuamos nossa
conversa sobre assuntos pessoais, desnudando melhor os assuntos
e particularidades um do outro. Descobri a grande queda dela por
comida oriental, uma boa alternativa para a próxima vez que fosse
levá-la para jantar, e que sua cor favorita era verde.

Verde como os seus olhos... A voz dela ecoou na minha


mente quando havia confessado ao me encarar no mesmo
momento.

Estacionei o carro na garagem e, antes que eu desse a volta


para abrir a porta dela, Kimberly já estava do lado de fora.

— Não me deixou ser cavalheiro. — Segurei a sua cintura


com as duas mãos e a empurrei na direção da lataria.

— Acho que já foi bastante cavalheiro a noite inteira. —


Escorregou os dedos longos, finos e delicados pela lapela do meu
paletó.

— Acho que posso tentar ser um pouco mais.

— Talvez não seja necessário. — Ela agarrou a aba do tecido


e fez com que eu a encarasse.

— Vamos subir?

Assentiu com a cabeça.

Não poderia negar que estar me envolvendo com a Kimberly


alimentava o meu ego e me deixava em êxtase. Quando eu tinha a
idade dela, era apenas um garoto excluído para quem ninguém
tinha olhos, entretanto era como se, de alguma forma, eu estivesse
tendo uma segunda chance.

Soltei a sua cintura e ela me deu a mão. Andamos lado a


lado até o elevador, e assim que as portas de metal se fecharam,
voltei a ir para cima dela. Kimberly estava linda no vestido que eu
havia escolhido. Ele se moldava perfeitamente às suas curvas e
ressaltava o corpo feminino delicado, mas eu estava ansioso
mesmo para ver a lingerie.

Funguei o seu pescoço, sentindo o seu perfume e fazendo-a


estremecer nas minhas mãos até a minha boca encontrar o lóbulo
da sua orelha. Meu corpo se enchia de tesão só de tocá-la. Eu tinha
a feito minha e não parecia disposto a parar.
Ela apertou as unhas contra os meus ombros quando
mordisquei a sua orelha, brincando com a ponta da língua. Beijei o
seu queixo e segui descendo até a base do seu pescoço,
desfrutando da maciez e do sabor da sua pele.

A porta do elevador se abriu e eu a puxei comigo para fora.


Atravessamos o corredor até a entrada do meu apartamento, que eu
abri o mais rápido possível com o leitor de digital e retina.

Ouvi Kimberly ofegar quando eu a arrastei para dentro e nos


tranquei.

— Boa noite, Richard. — A voz robótica da Mandy ecoou pela


sala.

— Mandy, desliga.

— Ela só estava tentando ser simpática. — Kimberly riu.

— Não estou muito interessado na simpatia dela no


momento.

— Ah, é?

— Sim. — Pressionei o meu corpo contra o dela e a prensei


contra a parede.

Kimberly soltou um gemido longo e profundo ao subir com as


mãos pela minha nuca e embrenhá-las no meu cabelo. Ela puxou os
fios no momento em que segurei o seu rosto e mordisquei o seu
lábio inferior, fazendo-a soltar um leve gemido, que só alimentou
ainda mais o meu tesão.

Meu pau estava duro e latejava feito um louco para estar


dentro dela. Coloquei o meu joelho entre as suas pernas e me
esfreguei nela, deixando que a Kimberly percebesse o tamanho do
meu desejo.

Beijando-a, com a minha língua mergulhando insanamente


na sua boca, peguei uma das suas pernas e a levantei, fazendo com
que o vestido subisse até o seu quadril. Estava preocupado em
tocá-la e beijá-la com cada vez mais fome enquanto a Kimberly
abria os botões do meu paletó e da camisa.

À medida que me esfregava nela, conseguia senti-la quente e


pulsante. Estava delicioso e eu queria aproveitar cada vez mais.

Eu a peguei no colo, erguendo-a e sentei-a sobre um


pequeno móvel que ficava perto da entrada. Deixei meus lábios
escorregarem dos seus, descendo para o decote do vestido. Subi
com as mãos por trás nas suas costas, até encontrar o zíper do
vestido. O abri, deixando as costas da Kimberly nuas e puxando o
vestido pelos seus ombros, puxando-o pelo seu corpo até cair no
chão.
Se eu tinha gostado do vestido, a lingerie me agradou ainda
mais. Fiquei mais excitado. Havia imaginado a peça nela, mas ver
tinha um impacto difícil de descrever. A inocência do branco e a
sensualidade da renda me enchiam de tesão.

Subi com a mão pela nuca dela, agarrei o seu cabelo e fiz
com que tombasse a cabeça para o lado. Mordi a pele sensível do
seu pescoço e fiz com que soltasse uma nova onda de gemidos.
Soprei o ar quente na sua pele e a provoquei um pouco mais.

Quando Kimberly finalmente conseguiu terminar de


desabotoar a minha camisa, movi os braços para trás e deixei que
as roupas fossem ao chão. Depois, puxei-a para a beirada do móvel
o máximo possível e me acomodei entre as suas pernas,
esfregando-me nela. Ela era apenas uma menina inocente e eu
estava a levando cada vez mais para conhecer o desejo
desenfreado que poderia ser causado com tudo aquilo.

Subi com as mãos pela sua perna, apertando as unhas até


chegar à calcinha. Fiz com que ela se revirasse, mas não tirei a
peça.

Passei a mão pelas suas costas e a segurei firme. Kimberly


deixou escapar um gemido quando a levantei, levando-a para o meu
quarto. Atravessei o corredor com ela no colo e empurrei a porta
com o pé, abrindo caminho para que pudéssemos entrar.
A minha respiração estava urgente e a dela cada vez mais
ofegante. A necessidade de ambos um pelo outro era muito
evidente.

Deitei-a na cama e me afastei para tirar meus sapatos, abrir


meu cinto e me livrar da calça e da cueca, que foram parar em
algum canto do quarto.

Sussurrei para que a luz fosse acesa, apenas porque eu


queria ver o corpo da Kimberly por completo. Ansiava por admirá-la
na lingerie que havia caído tão bem nela.

Ela fez um gesto com a mão para que eu fosse para perto
dela e eu ajoelhei no colchão fazendo com que ele afundasse com o
meu peso. Como um predador, fui na sua direção e dominei os seus
lábios mais uma vez. Levantei a sua cabeça, segurando-a pela nuca
e aprofundei o beijo até que nós dois ficássemos completamente
sem fôlego.

Mordi o seu pescoço e a Kimberly enfiou as unhas nos meus


ombros. Sem a roupa para proteger a minha pele, eu sentia uma
leve dor.

A puxei, apenas para abrir o sutiã. Estava lindo nela, mas eu


teria chances de admirá-lo melhor em outros momentos. Seus seios
firmes, delicados, do tamanho de pequenas laranjas e com os
mamilos rígidos, me hipnotizaram. Eu os agarrei com as duas mãos,
abocanhando um deles e sentindo o seu sabor na minha língua.
Kimberly gemeu e se retorceu embaixo de mim. Seus olhos girando
nas órbitas demostravam que ela estava gostando do que eu fazia.

Dei uma leve mordida, arrancando dela um gemido mais


enfático.

Queria beijá-la inteira e não tive qualquer pressa para fazer


isso.

Lambi o vale entre os seios e desci com a boca pelo seu


ventre, beijando a sua barriga até alcançar a sua calcinha. Coloquei
os dedos por debaixo das alças laterais feitas com uma corrente de
pedras brilhantes e a puxei, revelando seu sexo inchado e
perfeitamente liso.

Beijei seu monte e ela arquejou.

— Richard... — Gemeu meu nome enquanto eu separava as


suas pernas e as colocava sobre cada um dos meus ombros.

Soprei meu fôlego quente contra a sua intimidade e ela se


retorceu na cama, afundando os dedos nos lençóis. Passei a língua
de baixo para cima, sentindo o seu gosto antes de envolver seu
clitóris com os lábios. Kimberly agarrou os meus cabelos e os puxou
com força, mas segurou a minha cabeça para que eu não parasse.
Seus gemidos aumentaram no compasso que a minha língua se
movimentava. Com as mãos, eu apertava suas nádegas e coxas
para conter seus movimentos e não me atrapalhar na missão de
fazê-la chegar ao ápice apenas com a minha boca.

Subi com as mãos até a sua cintura e Kimberly rebolou no


meu rosto, incentivando-me a continuar e me mostrando que eu
estava no caminho certo para o seu prazer. Quando Kimberly puxou
o meu cabelo com força, seus gemidos me indicaram que eu havia a
feito gozar.

Levantei e fui para cima dela. Seus olhos castanhos estavam


revirados e sua respiração completamente descompassada. Dei
nela um selinho e Kimberly me puxou para um beijo mais urgente.
Quando paramos, segurei o rosto dela e fiz com que me encarasse.

— Faz comigo.

Kimberly assentiu, compreendendo o meu pedido.

Afastei-me dela e sentei na beirada da cama. Ela se girou e


ficou de quatro, vindo engatinhando na minha direção até que suas
mãos delicadas envolveram o meu membro. Senti prazer só de ter
seus dedos ali, me tocando com curiosidade e um ar de inocência
nos olhos. Pela reação dela, imaginei que seria a primeira vez. O
meu ego se inflou com a possibilidade de ensiná-la.

Passei a mão pela sua nuca e segurei o seu cabelo em um


rabo de cavalo, para evitar que ele e a atrapalhasse.
— Me coloca na boca.

— Assim? — Ela afastou os lábios e envolveu a minha


glande.

— Isso. — Ofeguei com a onda de prazer. — Agora me deixa


escorregar pela sua língua, o quanto você conseguir, até tocar a sua
garganta.

Kimberly era uma aluna aplicada e atendeu exatamente a


minha orientação. Sua boca quente, úmida e delicada envolveu o
meu pau e o prazer me dominou.

— Agora pode me chupar, subindo e descendo a boca.


Cuidado com os dentes.

Ela assentiu com o olhar e posicionou melhor as mãos para


atender as minhas orientações. Eu sentia a sua língua, sua saliva e
o ar curioso com que ela me provava. Quando Kimberly começou a
movimentar os lábios, eu não consegui conter os meus próprios
gemidos, mas não precisava, estávamos sozinhos no meu
apartamento. Segurando o cabelo dela, eu a guiei. Contudo
Kimberly era curiosa e descobriu muito bem o que fazer sozinha.
Parou de me chupar para me provocar com a língua, lambendo,
contornando meu membro e me dando ainda mais prazer.

Só tive tempo de afastá-la antes que o meu corpo fosse


tomado pelo prazer e meu gozo esguichasse para o chão, caindo
sobre o piso do quarto.

— Me saí bem? — Ela passou a língua pelos lábios, de um


jeito travesso que só me provocou mais.

— Sim, mas não terminamos.

— Não?

— Quero estar dentro de você. — Abri a gaveta do móvel de


cabeceira e peguei uma embalagem de camisinha.

Olhar para a Kimberly nua era alimento o bastante para que


eu continuasse duro. Me vesti com o preservativo e a puxei pelo
quadril, fazendo com que caísse deitada sobre a cama. Girei-a,
deixando de costas para mim e Kimberly apoiou as duas mãos no
colchão.

Deitei-me em cima dela e aproximei a minha boca da sua


orelha.

— Você é a minha perdição.

— Sou? — Ela gemeu enquanto o meu pênis escorregava


pelas suas nádegas.

— Sim. — Segurei sua bunda, abrindo-a um pouco e me


acomodei melhor sobre ela, até que o meu pênis encontrasse o
caminho certo para a sua vagina.
Eu a penetrei numa estocada firme e Kimberly apertou o
lençol sob os dedos. O peso do meu corpo sobre o dela a
imobilizava na cama e não deixava que se mexesse direito, mas os
gemidos de prazer indicavam que ela não estava incomodada com
isso.

A cada impacto eu sentia a sua bunda vibrando em mim e a


sensação aumentava ainda mais o meu prazer. Com uma mão eu
me apoiava na cama para me movimentar, mas com a outra afastei
seu cabelo para que pudesse beijar, lamber e mordiscar seu
pescoço e orelha, fazendo com que Kimberly estremecesse ainda
mais.

Eu sentia o canal dela me apertando a cada movimento, que


somado a fricção deliciosa da sua pele macia na minha e os seus
gemidos, aumentavam ainda mais o meu prazer. Ela era tão
deliciosa que eu me surpreendia com a minha própria disposição.
Sentia como se pudesse ficar transando com ela a noite inteira.
Jimmy poderia estar certo, e eu havia rejuvenescido alguns anos por
estarmos juntos.

Saí dela para me ajoelhar na cama e ergui o seu quadril,


deixando-a de quatro para nos unir novamente. Kimberly jogou suas
mãos para frente e as apoiou na cabeceira da cama. Aumentei a
velocidade dos movimentos e os estalos do meu corpo se chocando
contra o dela ecoavam pelo quarto.
Kimberly soltou um gemido de prazer mais agudo quando eu
enfiei fundo. A sequência enfática da melodia do seu prazer
aumentava o volume ao passo que eu me movia mais rápido.
Queria fazer durar e me segurei ao máximo para não gozar uma
segunda vez, mas quando percebi que não conseguiria mais, tirei
uma das mãos da sua cintura e comecei a estimular o seu clitóris
para que ela se juntasse a mim.

Encostei a testa nas suas costas e me permiti gozar dentro


da camisinha, deixando fluir todo o meu prazer. Estar com ela
estava me deixando cada vez mais viciado e eu não tinha noção do
real perigo que ambos estávamos correndo ao nos entregar a todo
aquele desejo desenfreado.
Capítulo trinta e um

Desmoronei na cama como se toda a força houvesse sido


sugada do meu corpo. Minhas pernas estavam tremendo e a minha
respiração era como se eu houvesse corrido uma maratona. Rolei
na cama e o Richard também tombou.

O suor brilhava em nossos rostos e a minha visão ainda


estava um tanto turva quando girei para encará-lo. Apesar de
exausta, fazer sexo com ele me deixava com uma sensação incrível.

Ele acariciou meu rosto e me mexi até apoiar a cabeça no


seu peito.

— Eu preciso voltar para Stanford.

— Agora?

— Tenho aula amanhã cedo, senhor Lewis.

— E se essa sua aula for bem aqui? — Ele escorregou a mão


pela lateral do meu corpo e me deu um beijo rápido.

— Richard! Deveria me apoiar a ser uma aluna exemplar.

— Tem razão, mas eu posso levá-la amanhã cedo.


— Aumentando as chances de alguém me ver saindo do seu
carro?

— Não tem argumentos para convencê-la a ficar um pouco


mais?

— Preciso de um banho.

Richard riu.

— Posso ajudá-la com isso. — Ele levantou da cama e me


pegou no colo, levando-me para o banheiro do quarto.

Ele me colocou de pé no box e se afastou para tirar a


camisinha suja e jogá-la no lixo. Ao voltar para perto de mim, ele
abriu o registro e água morna caiu sobre nossos corpos nus.

Eu sempre havia me esforçado para ser a perfeita, a certinha


e responsável, mas estava completamente enredada em um
romance proibido com um homem mais velho.

Sabia que seria julgada, que meu pai nem as outras pessoas
de fora apoiariam aquele relacionamento, mas eu não queria me
afastar do Richard. Parecia algo extremamente perigoso, mas, ao
mesmo tempo, o mais certo. Difícil de explicar, eu só sentia. Que eu
estava me apaixonando por ele era óbvio, mas talvez esse
sentimento houvesse me picado desde o nosso primeiro encontro,
antes de saber que ele seria o meu professor.
Ele me puxou pelo queixo e começamos a nos beijar, e minha
nobre intenção de não molhar o cabelo precisou ser descartada
quando me vi debaixo da ducha junto com ele. Enquanto me
beijava, Richard escorregava as mãos pelo meu corpo, me
ensaboando e me recordando da sensação de tê-lo em mim.

Era uma loucura, mas eu não conseguia pensar em parar,


não queria afastá-lo de mim nem romper aquele namoro às
escondidas. Eu geralmente ficava pensando no futuro e nas
consequências das minhas ações, mas com ele eu queria apenas
viver o presente. Poderíamos não nos casar, nem estarmos juntos
até a minha formatura, mas eu queria que durasse o quanto
possível, pois estava amando aquele momento.

Depois do banho, Richard foi até o carro e pegou as minhas


roupas. Achei melhor voltar usando o mesmo jeans e camiseta do
que o vestido que ele havia me dado, mas fiquei com ele,
guardando-o de volta na caixa.

Por uma ou duas vezes, ele tentou me convencer a ficar, mas


nós dois sabíamos que eu não deveria. Por fim, Richard me levou
de volta a Stanford.

— Até amanhã na Genesis.

— Até! — Curvei-me para beijá-lo nos lábios e Richard tentou


segurar a minha cintura, mas eu me esquivei. — Ei! Assim não
chego na minha moradia.

— Com menos de uma hora voltamos para o meu


apartamento.

— Outro dia.

— Amanhã?

— Não. Amanhã eu vou fazer alguns trabalhos.

— Tudo bem. — Ele se esticou e me deu um selinho.

— Até amanhã, professor Lewis.

— Até, menina.

Eu odiava quando a minha mãe me chamava daquele jeito,


mas nos lábios dele tinha um efeito diferente.

Fechei a porta do carro e subi para o dormitório. Entrei no


quarto que dividia com a Annelise e a vi se remexer na cama.

— Anne! — Soltei o meu corpo na cama, empolgada. —


Annelise!

Ela não me respondeu.

— Não acredito que você já está dormindo. Nós precisamos


conversar. Ele me deu um vestido, me levou para sair... Anne!
Não tive nenhuma resposta e percebi que não conseguiria
compartilhar a minha noite com a minha melhor amiga.
Capítulo trinta e dois

— Bom dia, Richard!

— Bom dia, Mandy! — Sentei na cama, massageando as


têmporas. Havia voltado de Stanford depois de deixar a Kimberly no
dormitório e ido direto para a cama. Exausto, percebi que precisava
recuperar as minhas energias.

Poderia me sentir um adolescente quando estava com ela,


mas meu fôlego cobrava o preço depois que nos despedíamos e me
recordava de que eu era um velho.

— Seus pais estão na porta.

— Meus pais?! — Surpreendi-me com a informação dada


pela Mandy.

— Sim.

— Há quanto tempo eles chegaram?

— Dez segundos.

Mandy não disse mais nada antes da campainha tocar.

Levantei da cama, puxei a bermuda que havia deixado sobre


o móvel de cabeceira e me vesti com ela, para não sair só de cueca
e recepcionar os meus pais. Diante de tudo o que eu estava
vivendo, se havia algo que eu não esperava era aquela visita.

Destravei a porta e os vi parados no corredor. Minha mãe


havia retocado o loiro artificial que disfarçava os fios brancos do
cabelo enquanto meu pai já havia entregado os pontos e deixado a
idade se revelar.

— Bom dia, filho! — Ela se jogou nos meus braços e me


apertou.

— Bom dia — comentei, sem jeito. — Vocês não me falaram


que vinham.

— Decidimos fazer uma surpresa. Faz tempo que você não


aparece em casa.

Dei um passo para trás, puxando-a comigo e deixei que os


dois entrassem na sala.

— Eu estou em casa, mãe.

— Mas a nossa casa ainda é a sua casa.

— Sei disso.

— Achei que fosse aparecer no casamento do seu primo. Ele


fazia tanta questão de ter você lá!

— Estava ocupado, mãe.


— Você sempre está ocupado. — Ela bufou.

— Ele precisa trabalhar, Summer — intercedeu por mim o


meu pai.

— Sempre trabalho. Há outras coisas importantes na vida de


um homem.

— Meu trabalho melhorou a vida de todos nós — recordei-a


de que não apenas o meu padrão de vida, mas também o deles
havia aumentado depois que eu me tornara um homem rico.

— Nem tudo é sobre dinheiro. — Contrariada, ela cruzou os


braços e se jogou no meu sofá.

— Ele é importante, mãe.

— Você precisa de outras coisas para ser feliz, meu filho. Por
falar nisso, quando vai me apresentar a sua namorada?

— Namorada? — Franzi o cenho. — Que namorada, mãe?

— A garota da foto.

— Já disse que só estava com ela na festa e a senhora


precisa parar de vasculhar as minhas redes sociais.

— Parece que ela me conta mais sobre a sua vida do que


você mesmo. Vai ou não me falar quem ela é?
Uma universitária pela qual estou cada vez mais
apaixonado... Essa era a verdadeira resposta, mas eu não tinha
coragem de dizê-la para os meus pais.

— Ninguém importante.

Nem eu acreditava nas minhas palavras, pois se havia algo


que ela estava se tornando para mim era ser cada vez mais
essencial.

— Não vai me dizer que ela é uma dessas garotas de


programa que os homens levam para as festas?

— Mãe!

— Sumner! — meu pai e eu gritamos praticamente juntos.

— Eu assisto televisão.

Balancei a cabeça em negativa e cruzei os braços, deixando


evidente a minha frustação. Entretanto minha mãe não estava
completamente errada. Eu havia conhecido a Kimberly graças a um
site de sugar babies, numa confusão em que o Jimmy havia me
colocado.

— A senhora precisa parar de acreditar em tudo o que vê por


aí.

— Só fico preocupada com você.


— Eu estou bem, alimentado, saudável e lidando com a
empresa.

— É um homem bonito, conseguiu vencer na vida e nos


enche de orgulho, só falta constituir a sua própria família.

— Tenho outras prioridades no momento, mãe.

— A filha da minha amiga Jenna...

— Nem começa a tentar me apresentar alguém. Eu não


estou em busca de uma namorada.

— Já tem quase quarenta anos, meu filho. Logo vai estar


velho demais para aproveitar a sua família do jeito que se deve.

— Não se preocupe comigo.

— Sempre vou me preocupar.

— Bom dia, senhor e senhora Lewis. — Jimmy saiu do quarto


de hóspedes secando o cabelo em uma toalha.

— Não sabíamos que estava aí, garoto.

— Estou dormindo aqui por um tempo. — Ele abriu um


sorriso amarelo ao retribuir o abraço caloroso da minha mãe e o
aperto de mão do meu pai.

— Como está a Georgia? Ela também ficou aqui? Estão


reformando o apartamento de vocês?
— Mãe, não faça perguntas demais. — Olhei firme para ela
tentando contê-la. Minha mãe era um amor de pessoa, prestativa e
sempre muito dedicada a mim, seu único filho, praticamente um
milagre depois de ter enfrentado a baixa fertilidade por causa da
endometriose. Entretanto às vezes ela extrapolava em seu cuidado.

— Estamos nos divorciando, senhora Lewis.

— Oh! — Minha mãe ficou sem palavras por alguns minutos.


Não esperava pela revelação do Jimmy.

— Eu sinto muito.

— Obrigado.

— Mas você está bem?

— Sim, me recuperando na medida do possível.

— Ah, querido. — Ela voltou a abraçá-lo. — Estou aqui, se


quiser conversar a respeito.

— Eu agradeço.

— Jimmy, vamos nos arrumar para ir trabalhar.

— Nós vamos passear pela cidade. — Meu pai colocou a


mão sobre o ombro da minha mãe antes que ela se oferecesse a ir
conosco para a empresa.
— Isso mesmo! Vocês dois tem que aproveitar a
aposentadoria e a conta bancária do Richard para se divertirem. —
Jimmy piscou para eles e meu pai riu.

Balancei a cabeça em negativa e voltei para o meu quarto a


fim de trocar de roupa e me preparar para o dia. Já estava atrasado
com a aparição repentina dos meus pais.

Quando saí do quarto, ajeitando a minha gravata, senti o meu


celular vibrar no bolso e um sorriso involuntário se formou no meu
rosto quando vi uma mensagem da Kimberly.

Kimberly:

Bom dia! Dormiu bem?

Richard:

Teria dormido melhor se você tivesse continuado na


cama comigo.

Mas foi melhor tê-la levado para Stanford ontem.

Kimberly:

Informações antagônicas. RSRSRS

Richard:

Meus pais acabaram de aparecer do nada.


Kimberly:

Realmente não iria querer conhecê-los desse jeito.

Richard:

Imaginei que não.

Kimberly:

Se é que um dia eu vou conhecê-los.

Richard:

É complicado.

Kimberly:

Sei que sim. Acho que posso lidar com o nosso


relacionamento às escondidas.

Também não sei como o meu pai reagiria.

Richard:

Vamos encontrar um jeito.

Kimberly:

Estamos encontrando.

Richard:
Sim.

Kimberly:

Preciso entrar para a sala agora. A aula já vai começar.

Richard:

Bons estudos para você.

Kimberly:

Nos vemos mais tarde.

Richard:

Vou aguardar ansioso.

— Vai ser difícil esconder esse sorriso da sua mãe. — Jimmy


parou ao meu lado e trombou no meu ombro.

— Fica na sua!

— Quanto tempo acha que vai demorar para ela descobrir da


universitária?

— Muito, se você aprender a ficar com a boca fechada.

— Summer conhece você bem. Logo vai sacar que está se


envolvendo com alguém. Isso se não achar um fio de cabelo da
Kimberly nos seus lençóis ou uma calcinha debaixo da sua cama.

— É só a minha mãe, cara, não uma agente do FBI.

— Mãe é mãe. A minha descobriu que a Georgia estava me


traindo antes de mim.

— Porque você estava cego.

Jimmy bufou, mas não disse nada.

— Vamos trabalhar.

Dei uns tapinhas no ombro dele e o puxei comigo para o


corredor. Meus pais estavam sentados no sofá e haviam ligado a
televisão.

— Mandy?

— Sim, Richard.

— Libere o acesso dos meus pais ao apartamento.

— Liberado.

— Vocês podem sair e entrar quando quiserem. — Encarei-


os. — Só usar a digital no leitor da porta.

Eu tinha as digitais dos meus pais cadastradas no sistema de


segurança do apartamento, mas não deixava o acesso liberado o
tempo todo para evitar que as aparições surpresas da minha mãe
me colocassem em alguma situação constrangedora.

— Obrigado — disse meu pai.

— Bom trabalho, filho. — Minha mãe sorriu.

— Nos vemos mais tarde quando eu voltar da empresa. Se


precisarem de alguma coisa que a Mandy não souber resolver,
vocês podem ligar para mim.

— Espera que conversemos com essa robô?

— Ela é bem útil.

Minha mãe balançou a cabeça, descrente, mas não disse


mais nada.

— Até mais tarde. — Acenei para eles e desci com o Jimmy


para a garagem.

— Nem tomamos café da manhã. — Abriu a porta do meu


carro e sentou no banco do carona.

— Podemos pedir algo naquela confeitaria no outro


quarteirão. Ou solicitar a minha secretária ou a sua para irem
buscar.

— Tudo bem.

— Já olhou o apartamento para onde vai se mudar?


— Achei que estivesse gostando da minha companhia.

— Não quando eu levo a Kimberly para casa.

— Tenho que admitir que isso é um saco. Por que não a leva
para um hotel ou transa com ela na mesa do seu escritório?

— Vou fingir que não ouvi isso. — Segurei firme o volante do


carro enquanto manobrava para sairmos da garagem.

Eu sabia que os meus pais se preocupavam com o meu bem-


estar, mas, às vezes, a situação era complicada demais para que
qualquer um compreendesse.
Capítulo trinta e três

Desci do carro do Julian e caminhamos juntos para a


recepção da Genesis. As caronas com o meu colega haviam se
tornado frequentes, por mais que o Richard não fosse um grande fã
delas. Eu não via mal algum nisso e não deixaria que ciúmes bobos
influenciassem na minha vida.

Já fazia algumas semanas que eu e o Richard estávamos


mantendo aquela relação às escondidas e eu estava me
acostumando ao normal disso tudo. Queria estar com ele, assim
como ele comigo, e nos esconder, por pior que parecesse, era uma
forma de evitar que a sociedade nos julgasse.

— Está se saindo bem com o seu projeto.

— Acho que posso dizer que ele está avançado. — Dei de


ombros.

— É muito maneiro o protótipo de carro que você e o senhor


Lewis montaram.

— Ficou legal. — Sorri ao pensar no meu projeto que, apesar


dos momentos de distração, estava começando a fluir e me
deixando muito contente com o resultado.

— Legal? Está demais!


— É verdade. O seu também está ficando show.

— Sim. O senhor Lewis me elogiou bastante. Estou me


esforçando para conseguir um lugar aqui dentro.

— Vai dar tudo certo.

— Estou torcendo por isso.

Quando estávamos esperando o elevador, Lilian e George se


juntaram a nós e subimos juntos até o andar onde ficava o
laboratório de projetos que fora destinado a nós pelo Richard. Cada
um se sentou no computador que estava utilizando e eu abri o meu
código, trabalhando nele enquanto esperava ansiosa para que o
nosso professor, e meu namorado, entrasse.

— Vai voltar comigo hoje? — Julian se debruçou sobre a


minha mesa.

— Não sei. Vai depender do avanço no meu projeto.

Na verdade, dependeria do que Richard e eu fôssemos fazer


mais tarde, mas como o nosso envolvimento era um segredo,
estava ficando cada vez mais habilidosa em inventar mentiras e
desculpas para disfarçar os meus momentos com o professor.

— Achei que talvez quisesse comer um hambúrguer


comigo...
Fiquei sem jeito. Não era a primeira vez que o Julian me
chamava para sair disfarçado de um convite inocente para comer,
mas como eu não tinha qualquer intenção de aceitar, esquivava-me
para não me indispor com ele.

— Julian, eu...

— Perdeu alguma coisa na mesa da senhorita Adams,


senhor Evans? — A voz grossa e firme do Richard ecoou atrás de
nós e Julian tomou um susto.

— Não, senhor.

— Então a deixe se concentrar no projeto e sugiro que o


senhor faça o mesmo. Ainda há muito a ser feito e um semestre
passa mais rápido do que vocês podem esperar.

Julian abaixou a cabeça sem jeito e retornou para a sua


cadeira.

— Senhorita Adams, fez as alterações que eu pedi no seu


código? A parte de prever colisões é a mais importante, confiaremos
vidas a ela — falou num tom sério que tentava manter enquanto
estávamos na frente de outras pessoas.

— Sim, professor.

— Podemos ir para a sala do protótipo testar?


— Sim.

Assenti e caminhei lado a lado com ele até uma sala no


andar que havia sido esvaziada e remodelada para abrigar uma
enorme maquete com a planta do bairro onde estávamos e
possíveis obstáculos que um condutor encontrava diariamente.
Faríamos muitos testes nela antes que o meu programa fosse
colocado em um carro real na rua.

— Isso ficou muito legal! — Apontei.

— Sim, ficou. — Richard sorriu ao examinar comigo o que


ele, eu e sua equipe havíamos trabalhado arduamente nos últimos
dias.

— Seus pais já foram embora? — Olhei para ele, mudando


completamente de assunto. Depois que eles haviam chegado,
Richard não se arriscara a me levar para o seu apartamento, com
medo de que eles acabassem me conhecendo.

No fundo, não achava que seria tão ruim assim, entretanto


sabia dos motivos para evitarmos que isso acontecesse.

— Hoje à noite.

— Então teremos que deixar os planos para amanhã. —


Escorreguei a mão sobre a dele e envolvi a maçaneta da porta, para
poder trancá-la.
— Amanhã? — Ele segurou a minha cintura e me girou,
pressionando-me contra a porta.

— Sim...

— Então por que fechou a porta? — Ele subiu com as mãos,


apoiou uma na porta e com a outra segurou o meu rosto.

— Manter o meu projeto em sigilo.

— Seu projeto? — Abaixou o rosto e roçou a barba por fazer


no meu pescoço, arrepiando-me inteira.

— Sim. — Tentei me manter firme, mas Richard sabia da


minha mentira. Tínhamos avançado muito com o meu protótipo
naquela sala, mas ela também havia testemunhado vários
momentos de muita distração entre nós dois.

— Foi por isso que veio de vestido? — Ele tocou com a mão
a parte interna do meu joelho e subiu pelo interior da minha coxa,
levantando a minha saia.

— Estava calor hoje.

— Calor? — Tocou a minha calcinha com o dedo e provocou,


aquecendo aquela parte de mim.

Eu não admiti para o Richard que estava vindo de vestido


para facilitar aqueles nossos momentos, mas não precisava. Afastei
as minhas coxas involuntariamente no momento em que seus dedos
começaram a passear pela minha intimidade.

Levantei a cabeça para encará-lo e subi com as mãos pelo


seu pescoço, puxando a sua nuca e deixando que ele me beijasse.
Sua língua mergulhou na minha boca e eu me escorei na porta
quando a excitação atrapalhou o meu equilíbrio. Tinha passado
dezoito anos da minha vida sem me preocupar com o sexo, mas
não tinha como sentir falta de algo que eu não tinha feito ainda.
Com o Richard eu queria sempre, o tempo todo. Era como se
houvesse descoberto algo crucial para a minha vida.

Ele subiu com as mãos e enfiou os indicadores nas laterais


da minha calcinha, puxando-as para baixo e eu rebolei de leve,
deixando que a peça escorregasse até cair no piso. Eu queria tirar a
roupa dele toda, que nos deitássemos no chão e nos tocássemos
por horas, mas eu sabia que não poderíamos demorar. Se qualquer
pessoa nos pegasse fazendo sexo, às consequências poderiam ser
terríveis. Teria que me contentar com uma rapidinha, mas estava
ansiosa mesmo assim.

Tirei uma das mãos do seu pescoço e desci pelo seu peito
coberto pelo terno até alcançar o volume na calça. Eu o pressionei
com os dedos e Richard gemeu contra os meus lábios. Abri seu
cinto e o zíper, enfiando a mão dentro da sua cueca para extrair o
membro pulsante. Contornei-o com os dedos, sentindo suas
texturas e as veias sobressaltadas. Ajoelhei-me ficando diante dele
e Richard não me reprendeu quando o envolvi com os lábios. Ele
acariciou o meu cabelo e o segurou em um rabo de cavalo,
enquanto me incentivava a continuar. Sob o tato da minha língua, eu
o provocava e estimulava, acendendo ainda mais a minha própria
vontade.

Eu o queria desesperadamente dentro de mim, ao mesmo


tempo em que o saboreava.

— Levanta, Kim. — Ele me puxou pelo cabelo e fez com que


eu o encarasse.

Fiquei de pé e Richard voltou a me pressionar contra a porta.


Ele levantou a saia do meu vestido apenas para olhar para o meu
sexo completamente desprotegido e disponível para ele. Richard
passou a mão, escorregando pelo monte até tocar o meu clitóris,
fazendo com que eu me retorcesse e me contivesse para não
gemer.

Logo ele puxou a carteira, pegou uma embalagem de


camisinha, se vestiu com o preservativo e no próximo contato não
eram mais os seus dedos, e sim o seu membro esfregando na
minha entrada.

Rebolei contra a porta, completamente afoita para que ele me


penetrasse. Richard levantou uma das minhas pernas e colocou ao
redor da sua cintura. Eu o abracei e o puxei para mais perto,
finalmente sentindo-o se acomodar.

Joguei a cabeça para trás e a bati na madeira, cerrando os


lábios para evitar que o meu gemido escapulisse para o corredor.

Com uma mão, Richard apoiou-se na porta, enquanto com a


outra segurava a minha cintura para controlar o vai e vem delicioso
dentro de mim. Eu rebolava, aumentando a nossa fricção e
desfrutando do momento. No fundo, havia uma parte boa do nosso
relacionamento às escondidas, porque fazer sexo daquele jeito, no
meio da tarde, com a empresa cheia aumentava a minha adrenalina.

Richard saiu de mim só para me virar de costas. Espalmei as


duas mãos na porta e ele puxou a minha cintura para trás, fazendo
com que eu empinasse a bunda para que pudesse unir nossos
corpos novamente. Ele me puxava para si num ritmo alucinante.

Cravei as unhas na madeira, enquanto mordia os lábios para


não gemer. Controlar os sons que o meu corpo queria fazer diante
de todo aquele prazer certamente era uma das partes mais difíceis.

Richard apertou a minha cintura, afundando os dedos na


minha pele, e eu sentia sua pressão na camisinha enquanto
chegava ao ápice.

Continuei rebolando nele, até que a sua mão desceu para o


meu clitóris e fez com que toda tensão explodisse em uma onda de
êxtase.

Richard saiu de mim e eu continuei escorada na porta, pois


tive a impressão de que se a soltasse, acabaria desmoronando por
falta de equilíbrio.

Eu o vi tirar a camisinha e usar um lenço de papel que estava


no bolso para se limpar, depois envolver o preservativo com ela
antes de jogá-lo no lixo num canto da sala. Eu me virei um pouco
zonza e cambaleei até pegar a minha calcinha caída no chão e
voltar a vesti-la.

— Podemos nos concentrar no projeto agora, senhor Lewis?


— Penteei os meus cabelos com as pontas dos dedos.

— Como se eu fosse o principal culpado. — Ele riu ao ajeitar


a calça.

— Mas é uma bela distração.

— Eu posso dizer o mesmo.

Dei a volta por ele e fui até uma mesa onde estava um
protótipo em miniatura do carro que estava sendo desenvolvido pela
Genesis. Eu tinha achado muito legal os painéis solares com o
design de escamas de peixe, deixando a aparência espelhada da
lataria ainda mais interessante. Conectei-o ao computador e
atualizei o meu código com as últimas mudanças que havia feito
para prever colisões.

Richard se posicionou atrás de mim e só então percebi que


estava debruçada sobre a mesa, pois ele colocou a mão novamente
por debaixo da saia do meu vestido e acariciou a minha bunda.

— Achei que iríamos nos concentrar no projeto.

— Estou só esperando você fazer as mudanças para


testarmos.

— Com a mão na minha bunda?

— Aproveitando a pequena vantagem de estarmos juntos.

— Tarado.

— Talvez seja culpa sua. — Mordiscou a minha orelha.

— Minha?

— Isso mesmo! Você é deliciosa, Kimberly — sussurrou,


fazendo com que eu me aquecesse inteira novamente.

Embora meu corpo estivesse começando a pulsar com as


provocações dele, antes que pudéssemos fazer qualquer coisa,
ouvimos uma batida na porta.

— Senhor Lewis? — A voz do Julian ecoou.


— Parece que alguém precisa de mim. — Richard afastou a
mão e eu ajeitei a saia do meu vestido.

Meu trabalho também precisava, mas resolvi não dizer isso a


ele, pois, por motivos óbvios, eu avançava muito mais no projeto
quando estava trabalhando nele sozinha.

— Nos falamos depois — Richard disse a mim antes de


deixar a sala e seguir o meu colega de volta ao laboratório.

Com a partida dele, foquei em fazer testes, ajustes e analisar


os possíveis riscos no meu programa.

Richard e eu não voltamos a ficar sozinhos depois daquele


momento. Por mais que quisesse, eu sabia que não poderíamos nos
arriscar demais, porque se fôssemos expostos, o escândalo não
tardaria.

— Você e o senhor Lewis passam muito tempo naquela sala


— comentou Julian, assim que o carro atravessou os portões de
Stanford.

— Dedicados ao projeto. — Respondi, tensa. Onde ele


pretendia chegar com aquelas perguntas?

— Está na cara que ele dá muito mais atenção a você do que


ao restante de nós.
— Só impressão sua. — Tentei disfarçar, mas o coração ficou
apertado, com medo de que ele estivesse desconfiando de algo.

— Sei lá, o jeito que ele te olha...

— Julian, não viaja! — cortei-o antes que fizesse suposições


que o levasse a verdade.

Felizmente já havíamos nos aproximado da moradia e eu não


precisaria estender aquela conversa que me deixava tão sem jeito.

— Obrigada pela carona. — Já estava querendo descer do


carro antes mesmo de ele parar.

— Não quer ir jantar comigo hoje?

— Combinei com a minha colega de quarto que jantaria com


ela.

Outra mentira. Estava me enchendo delas para manter o meu


relacionamento com o Richard em segredo e afastar o Julian.

— Outro dia então.

Não respondi, apenas desci do carro e caminhei até a


entrada. Fui direto para o meu quarto. Poderia não ter combinado
nada com a Annelise, mas queria vê-la, já fazia dias de
desencontros.
Kimberly:

Oi, Anne. Estou sentindo a sua falta. Vai vir para o


jantar?

Annelise:

Tive um compromisso, não sei que horas chego.

Kimberly:

Está fugindo. O que aconteceu?

Annelise:

Impressão sua.

Kimberly:

Se estiver precisando de ajuda, eu estou disponível.


Sabe que pode contar comigo.

Annelise:

Você é uma amiga especial. Eu não quero te magoar,


mas... eu estou resolvendo algumas coisas. Depois
conversamos sobre o que acontece na minha cabeça maluca.

Kimberly:

Precisa de um tempo?
Annelise:

Sim. Me fale do seu professor.

Kimberly:

Estamos juntos, eu acho... Mas é tão complicado.


Richard não quer que ninguém saiba.

Annelise:

Homens mais velhos são diferentes. Eles têm mais


experiência de vida, sabem como devem conduzir a relação.

Kimberly:

Você acha que ele tem razão no que faz?

Annelise:

Eu só acho que, se te faz feliz, alguns sacrifícios


valerão a pena.

Kimberly:

Desde quando virou filósofa?

Annelise:

Minha mãe me inspirou, falei com ela esses dias. Um


beijo, Kim.
Kimberly:

Fique bem e conte comigo. Não se mantenha na


concha por muito tempo.

Sem a minha melhor amiga, desci para o refeitório e jantei


sozinha. Eu não sabia o que estava acontecendo exatamente com a
Annelise, mas estava chateada por ela não compartilhar comigo.
Poderia não conseguir ajudá-la, mas seria um bom ombro amigo, o
melhor que eu conseguisse.

Tomei um banho e voltei para o quarto vazio. A ausência da


minha melhor amiga e aquela pressão de manter segredo sobre
meu relacionamento pouco a pouco estavam me enlouquecendo.
Capítulo trinta e quatro

Olhei para o diretor financeiro e já previa a sua pergunta


antes que ele a externasse. Eu amava a Genesis, gostava mais
ainda de trabalhar com inovações e desenvolvimento tecnológico,
mas se havia algo que eu detestava eram as reuniões. Ter um
monte de pessoas olhando para você e cobrando resultados como
se fosse o único responsável era terrível, além deles acharem que
criar era algo muito simples.

Maldito dia em que o Jimmy disse que para a Genesis se


tornar uma grande empresa ela precisaria ter capital aberto. Às
vezes eu tinha a sensação de que não possuía mais controle de
tudo, ou talvez fosse o meu relacionamento com a Kimberly
afetando o meu julgamento. Queria tanto ficar com ela, mas, ao
mesmo tempo, tinha tanto receio que a impressão era de que todos
estavam me julgando.

— Como está o projeto do piloto automático para o Tunder-


X?

— Em desenvolvimento.

— Precisamos agilizar o lançamento do carro para atender as


expectativas de crescimento da empresa.
— É um projeto grandioso que está sendo desenvolvido por
mim e por uma universitária que ainda nem concluiu o curso. Não
pode simplesmente apressar algo assim.

— Remaneje uma equipe capacitada para o projeto.

— A ideia é da Kimberly.

— Não adianta ela ter a ideia se não é capaz de executá-la.

— Ainda há outros pontos do carro para serem


desenvolvidos, então precisamos de mais tempo.

— Meu caro, Ronald — interviu Jimmy — temos outros


projetos desenvolvidos para lançar e não vamos querer queimar a
ficha do nosso maior investimento dos últimos anos em um
lançamento precipitado.

— Ele será desenvolvido em parceria com a Ludwing Motors,


como você havia comentado?

— Sim.

— Já definiu os termos com o CEO?

— Ainda não.

— Então precisa avançar com essa negociação.

— Vou ligar para ele e agendar uma reunião.


— Ótimo.

— Temos que pensar nas soluções para o lançamento de


outros projetos e pensar que o carro ainda é uma ideia a ser
lapidada. Há ajustes que ainda podem levar um ano para ser
finalizados.

— Um ano? — Tive a impressão de que o homem só não


teve um pequeno infarto porque ficou com a sensação de que eu
não estava falando sério.

— Estamos trabalhando nele. — Levantei-me da cadeira da


sala de reuniões. — Tenho certeza que há outra forma de todos
ganharmos dinheiro por enquanto.

Deixei a sala e eles não me questionaram ou vieram atrás de


mim.

Fui direto para a minha sala, mas parei na mesa da minha


secretária, que levantou os olhos da tela do computador e me
encarou.

— Senhor Lewis?

— Avise na portaria que quando a senhorita Adams chegar,


eu quero que ela venha diretamente à minha sala.

— Sim, senhor.
— Obrigado.

Fechei a porta do escritório e me joguei na cadeira de couro


atrás da mesa. Peguei o telefone no gancho e liguei para a Ludwing
Motors.

— Ludwing Motors, bom dia. Quem fala? — Atendeu uma voz


feminina do outro lado da linha.

— Sou Richard Lewis, CEO da Genesis Technology. Gostaria


de falar com Tristan Adams. — Geralmente era a minha secretária
quem ligava, mas como era o pai da Kimberly, decidi ser o mais
amistoso e menos formal possível.

— Irei transferir para ele. Aguarde um instante, por favor.

— Obrigado.

Aguardei. Demorou alguns minutos para que uma voz


masculina ressoasse no aparelho. Não tive qualquer medo de falar
com ele, estávamos tratando de negócios, mas o receio me
dominou quando me recordei de que era o pai da minha namorada.
Imaginava que ele não fosse ficar muito contente se soubesse que
eu estava transando com a Kimberly. Ela era só uma menina e eu
não o julgaria por me odiar pelo que eu estava fazendo com sua
filha. Entretanto havia resistido com todas as minhas forças, e não
queria mais me afastar.
— Richard Lewis?

— Sim.

— Minha filha comentou de você.

— Ah, comentou?

Será que a Kimberly havia contado para o pai que estávamos


juntos e eu não sabia disso?

— É o homem com quem ela está desenvolvendo o projeto


do piloto automático. O professor da faculdade.

— Sim.

Parecia que ele não sabia de nada. Acreditava ser melhor


assim, não porque eu tivesse medo de enfrentá-lo, mas pelas
repercussões que poderiam ter na minha vida e na da Kimberly. As
pessoas julgavam demais só porque se achavam no direito de fazer
isso, sem se preocupar com as consequências ou as escolhas dos
outros.

— Eu liguei para falarmos sobre o projeto do Tunder-X. O


nosso carro promete revolucionar o mercado de veículos elétricos e
ecologicamente sustentáveis, além disso pretendemos implementar
nele o piloto automático. Uma das exigências da sua filha foi que a
parceria para a montagem do carro fosse com a Ludwing Motors.
— Ela me disse.

— E o que acha disso?

— Tenho que estudar o projeto e ver os componentes que


precisaremos produzir e se a Ludwing Motors conseguiria atender a
demanda.

— Podemos marcar uma reunião para conversamos


pessoalmente sobre esses detalhes na semana que vem?

— Na quinta-feira é um bom dia para você?

— Pode ser às dez?

— Sim. Venha até a Genesis, irei mostrar a você o protótipo


do carro e o projeto que estou desenvolvendo com a sua filha.

— Combinado.

— Até semana que vem.

— O verei em breve, Richard Lewis.

Eu achei o homem estranho e desconfiado, mas estava tão


tenso por conta do envolvimento com a sua filha que estava
começando a acreditar que fosse alguma impressão minha.

Talvez o certo fosse contar a todos e lidar com as


consequências, queria ficar com a Kimberly. Estava cada vez mais
envolvido e apaixonado por ela. Tinha certeza de que a minha mãe
ficaria superanimada com a notícia, ainda que a minha garota
tivesse metade da minha idade, porém duvidava que as outras
pessoas fossem reagir como ela.

Ouvi uma batida na porta e levantei a cabeça antes de ver a


Kimberly entrar. Ela estava radiante em um vestido vermelho, cuja
saia se movimentava junto com os seus passos. Vê-la vestida
daquele jeito era um convite perfeito para que eu me aventurasse.

— Sua secretária disse que era para eu entrar.

— Sim.

— Acha melhor nos reunirmos aqui antes de irmos para o


laboratório?

— Não exatamente. — Empurrei a cadeira para trás e fiz um


gesto para que ela se aproximasse e viesse sentar no meu colo.

— Então o que foi?

— Liguei para o seu pai.

— Meu pai? — Ela ficou pálida, a cor fugiu das suas


bochechas quase sempre coradas.

— Acalme-se. Não falei com ele que estamos juntos nem o


chamei de sogro. Foi uma ligação de negócios para falar sobre o
projeto do carro. Como você faz questão de que o Tunder-X seja
produzido pela Ludwing Motors, temos que alinhar todos os detalhes
antes que o projeto fique pronto.

— Ah! O que decidiram?

— Vamos nos reunir pessoalmente na semana que vem e


gostaria que você estivesse junto.

— Okay! Estão pressionando sobre o projeto?

— Basicamente isso.

— Então temos que trabalhar nele. — Ela tentou se levantar,


mas eu a segurei pelo pulso, mantendo-a no meu colo.

— Espera.

— O que foi?

— Senti saudades. — Funguei o seu pescoço, fazendo com


que ela se arrepiasse e movesse as mãos para se apoiar na mesa.

— Richard... — gemeu meu nome.

— Sabe que eu adoro quando você vem de vestido? — Puxei


a alça e beijei delicadamente o seu ombro.

— Por quê?

— Me diz que você quer. — Mordisquei a pele macia, subindo


até a base do pescoço.
Eu estava perdendo completamente o juízo, pois deixar de
pensar em estar com ela parecia algo completamente impossível.
Kimberly era o néctar proibido onde eu queria me esbaldar.

— Quero... mas na sua sala?

— Por que não na minha sala? Já fizemos em outros


cômodos na empresa.

— Alguém pode entrar.

— Mandy, trancar a porta.

Ouvimos um click e Kimberley riu.

— O que foi?

— Ela também está aqui.

— E no meu carro.

— Acho que me sinto espionada.

— Ela não vai contar para ninguém.

— Espero que não.

— Kimberly — toquei o rosto dela e fiz com que olhasse para


mim —, sei que não deveria colocá-la nessa situação.

— Richard — tocou meus lábios com as pontas dos dedos


para me silenciar —, eu quero você. Quis você desde a primeira vez
em que o vi.

— Não me acha um velho arrogante?

— Às vezes. — Ela riu.

Não resisti a vontade de puxá-la para mim e beijá-la. Minha


boca foi envolvida pelo sabor doce, quase angelical, da sua
enquanto minhas mãos subiam pela lateral do seu corpo até agarrar
os seus seios protegidos pelo fino tecido do vestido e o bojo do
sutiã.

Escorreguei os lábios pelo seu pescoço, mordiscando a pele


frágil e sensível, fazendo-a se contorcer no meu colo e suspirar.

Segurei-a pela cintura e sentei-a sobre a minha mesa,


surpreendendo a Kimberly. O sexo no escritório estava se tornando
uma rotina da qual eu não tinha o que reclamar. Abaixei as alças do
vestido e as do sutiã e expus o decote para fora do bojo.

Mordisquei a elevação dos seios e Kimberly jogou o corpo


para trás, apoiando as mãos sobre o meu notebook. Sentia sua
respiração se acelerar enquanto eu provocava os seus mamilos,
com meu fôlego, lábios e língua.

Meu pau já estava duro e pulsando dentro da calça, ansioso


por estar dentro dela. Ri sozinho ao pensar que fazia tempo que eu
não olhava tão empolgado para a prateleira de camisinhas da
farmácia.

Abaixei mais o seu vestido, até quanto o decote me permitiu.


Enfiei a mão dentro de um dos bojos do seu sutiã e puxei seu seio,
abocanhando o mamilo rígido. Kimberly se remexeu na mesa
quando eu apertei a outro. Brinquei com seus seios, provocando-a e
desfrutando dos sons que ela tentava reprimir.

Voltei a me acomodar na minha cadeira e abri a minha calça.


Puxei a primeira gaveta e encontrei a sacola da farmácia com o
novo estoque de camisinhas que havia comprado. Peguei uma
delas e me vesti. Enfiei as duas mãos por dentro da saia do seu
vestido e subi pela parte externa da sua coxa até sentir a lateral da
calcinha. Sem pudor ou comedimento, afastei a pequena peça de
renda e trouxe Kimberly para o meu colo e ela se apoiou nos meus
ombros enquanto sentava devagar até que eu estivesse todo dentro
dela.

— Richard... — gemeu baixinho na minha orelha.

Minha excitação ficou ainda maior quando vi os olhos dela se


revirando de prazer.

Kimberly se apoiou nos meus ombros, movendo-se em mim,


e não precisei guiá-la. Deixei que ela controlasse os movimentos e
apenas desfrutei do imenso prazer que era tê-la no meu colo. Toquei
seu rosto, acariciando-o, e a trouxe para mim, beijando-a mais
intensamente enquanto ela se continha para não gemer.

Em meio ao vai e vem frenético, alternávamos beijos e troca


de olhares até que eu não consegui mais me conter e agarrei as
coxas dela enquanto me esvaía na camisinha. Kim continuou se
movendo até tombar exausta sobre o meu ombro.

Com os lábios entreabertos, sua respiração era ofegante, e o


peito subia e descia quase em ritmo frenético.

— Posso? — Ela apontou para uma garrafa de água que


estava num canto da minha mesa e por pouco não havia sido
derrubada.

— Sim. — Puxei para que ela pudesse beber.

Ela estava visivelmente sem fôlego, mas não era a única.

— Temos que nos concentrar no projeto.

— Sim.

Kimberly saiu do meu colo e andou trocando as pernas até o


pequeno banheiro que havia no interior da minha sala. Fui atrás
dela, tirei a camisinha, enrolei em um papel para escondê-la e joguei
no cesto de lixo. Enquanto isso, ela se limpava e jogava um pouco
de água no rosto.
— Estava pensando em fazer uma demonstração do projeto
no início da semana que vem para a diretoria, antes da minha
reunião com o seu pai. Acha que consegue avançar no projeto o
suficiente para fazermos testes em um carro de verdade?

— Se um certo professor deixar eu me concentrar.

— Acha que eu estou distraindo você demais? — Acariciei o


seu rosto e Kimberly fechou os olhos ao recostar a cabeça na minha
mão.

— Talvez um pouco.

— Acho que eu já estou saciado o suficiente para deixar você


se concentrar.

— Ah, é? — Ela girou quando coloquei as mãos na sua


cintura e apoiou-se em mim.

— Sim. — Roubei um rápido selinho. — Pode ir para a sala


do protótipo. Vou descer para o laboratório e ver se os seus colegas
precisam de alguma ajuda e depois vou auxiliar você.

— Tudo bem.

Ela se despediu rapidamente e deixou a minha sala.

Eu sempre fui um homem muito inteligente e racional. Toda a


minha lógica me avisava sobre as possíveis consequências do meu
envolvimento com a Kimberly, porém o meu coração estava falando
cada vez mais alto.

Já não pensava mais na possibilidade de me afastar dela.


Capítulo trinta e cinco

Estava caminhando pela Palm Drive, distraída com os meus


pensamentos, e principalmente pensando no Richard, quando
percebi o meu celular vibrar e me surpreendi ao ver o nome do meu
pai no identificador de chamadas.

Ao mesmo tempo que eu sabia estar escondendo um enorme


segredo dele, fiquei feliz em poder ouvir sua voz. Por muito tempo
ele havia sido o centro da minha vida e essa relação só modificara
um pouco quando me mudei para o campus da universidade, mas
eu sentia falta dos nossos momentos.

— Oi, filha.

— Ah, oi, pai — cumprimentei, um tanto sem jeito, pois


estava com a cabeça cheia de pensamentos sobre o meu
relacionamento às escondidas com o meu professor.

— Tudo bem?

— Sim, claro!

— Vamos almoçar juntos? Vou tomar um banho e te busco.

— Eu te encontro no shopping, pode ser? — Achei melhor


sugerir um lugar neutro, onde me faria não ficar pensando tanto no
Richard. Estava precisando muito de momentos em que seríamos
apenas pai e filha, como na época em que eu era apenas uma
menina.

— Claro, filha. Eu te espero lá daqui uma hora.

— Certo. E... pai? Está tudo bem com você? Não parece
animado como sempre.

— As coisas estão se resolvendo. Não se preocupe, eu


sempre dou um jeito em tudo.

— É por isso que pergunto. Mas a gente conversa lá. Beijo.


Te amo.

— Também te amo, Kim.

Voltei para o dormitório e tomei um banho rápido. Não vi a


Annelise em lugar nenhum. Eu poderia estar errada quanto a isso,
mas dava a impressão de que ela estava fugindo de mim.

Depois de me arrumar rapidamente, eu fui para o shopping.


Assim que avistei o meu pai, ele veio até mim e me abraçou
apertado. Quase me sufocou, era como se não nos víssemos há
anos, mas semanas poderiam ser muito tempo para quem
costumava estar junto todos os dias.

Dei umas batidinhas nos seus ombros até que se afastasse


de mim.
— Pare de crescer — resmungou ao me puxar para o lado.

— Só se for para os lados, pai. — Gargalhei. Eu tinha


menstruado pela primeira vez aos quatorze anos e depois disso não
cresci muito mais. — Então, me conte, o que está acontecendo?

— Não tem nada para se preocupar, já disse. — Ele envolveu


os meus ombros e começamos a andar juntos indo para a praça de
alimentação.

Eu conhecia o meu pai muito bem e sabia que o não é nada


só poderia significar uma coisa.

— É a Helena — deduzi sem precisar ser uma grande gênia.


Minha não tão querida mãe havia sido motivo da cara triste do meu
pai por muitos anos.

— Ela te ligou?

— Nem precisa, pai. Tem umas três rugas na sua testa com o
nome dela.

— O quê? — Ele colocou a mão na testa, massageando-a na


tentativa de esconder.

Eu ri da sua postura e belisquei a barriga dele.

— Está preocupado com a aparência? Você é bonitão, pai.


Com ou sem rugas, vai arranjar uma namorada. Deveria sair mais e,
finalmente, aproveitar o pub do tio Sam.

— Também queria falar sobre isso. Eu... eu estou saindo com


alguém.

— Sério? — Fiquei surpresa, mas tentei me conter. Meu pai


ficou preso ao relacionamento infeliz com a minha mãe por tanto
tempo que eu não imaginava que fosse haver outra mulher tão
rápido. Porém, depois da pequena pontada de ciúmes, percebi o
quanto isso era bom para ele e tentei motivá-lo. — Isso é um
máximo, pai. Quem ela é? Quando vou conhecer? Quantos anos
tem? — comecei o interrogatório quando a minha curiosidade foi
aflorada.

— Calma, garota curiosa. — Ele me puxou de volta para o


seu lado e continuamos caminhando. — Estamos nos conhecendo,
ainda preciso saber mais sobre ela antes de criar uma conexão com
a família.

— Pai, eu não tenho cinco anos.

— Mesmo assim. Ela é jovem e poderá se tornar sua amiga.

— Como assim? Jovem quanto? Me dê mais informações,


pai. — O que seria jovem para o meu pai? Imaginei uma mulher de
trinta anos, já que ele tinha trinta e seis, mas com o espírito de um
homem de cinquenta.
— Me dê mais algum tempo, depois eu a apresento, tudo
bem? Não tire conclusões precipitadas.

— Não é isso, só fiquei surpresa. — Queria saber quem ela


era. Meu pai sempre foi a pessoa mais importante para mim, não
queria pensar nele com alguém que fosse menos do que merecia.
— Se você está feliz, eu também ficarei.

— Sou eu quem digo isso.

— É recíproco, papai. Depois da separação, você ficou muito


triste e só falava de trabalho. Há algum tempo que reparei que está
mais disposto.

— Ela me faz feliz. Tivemos bons momentos.

— Não preciso de detalhes, porque eu não direi os meus. —


Deixei escapar num momento de descontração e mordi a língua
logo depois.

Eu nem queria pensar em como meu pai reagiria se


soubesse que eu estava me envolvendo com um homem com
praticamente a idade dele. Papai sempre me tratou com todo o
carinho do mundo, mas era superprotetor e poderia tirar conclusões
precipitadas sobre o meu namoro.

— Quero aquele de frango. — Apontei para uma loja,


tentando distraí-lo do assunto quando percebi que ele ficou
pensativo. — Estou faminta.

— Você está diferente, filha. Aconteceu algo? Quer me


contar?

— Hoje é tudo sobre você. — Eu nem sabia como começar a


contar sobre o meu namoro. Então preferi não falar nada. — Está
conhecendo outras pessoas e seguindo sua vida. Acho maravilhoso,
já que só pensava nos carros e no trabalho.

Quem sabe quando o Richard deixasse de ser o meu


professor e eu ficasse um pouco mais velha, as pessoas e o meu
pai entendessem.

— Também tem outra coisa para te falar. Vou entregar o


apartamento para Helena. Ela, finalmente, vai assinar o divórcio.

— Já era sem tempo. — Fiz uma careta diante da última


frase dele. Não achava que ela merecesse. — Você nunca quis
entregar o apartamento. Por que fez isso agora?

— Tem valor sentimental, você cresceu naquele lugar. Era


meu último recurso para que ela não te incomodasse.

— Pai! — Fiquei irritada ao pensar que ele estava abrindo


mão de um lugar que gostava tanto por minha causa. Eu já era
adulta e poderia lidar com a Helena e seu temperamento.
Poderia não ter escolhido isso, mas ela era a minha mãe,
parte dos meus problemas. Entretanto, por mais que o meu pai não
compartilhasse isso comigo, era óbvio que ela me usava para
ameaçá-lo. Quanto mais ela ficava afastada de mim, mais certeza
eu tinha de que ele estava fazendo tudo que Helena queria.

— Vou para um hotel e escolher outro lugar. Queria saber se


você quer me ajudar a decidir onde morar. Talvez em Palo Alto.

— Você é protetor, pai, não perseguidor. — Revirei os olhos.


Senti um arrepio só de pensar no meu pai indo me visitar na
moradia e me vendo chegar com o Richard. — Tem que parar de
agradar Helena apenas para me blindar.

— Se eu puder evitar que ela atrapalhe seus estudos, eu


farei. Você viu aquele cachorro?

— Lupi. — Fiz bico e rimos juntos. — Sim, minha mãe é


complexa, mas eu me viro com ela.

— Foi na concessionária do Lodwing, depois em casa... ela é


muito invasiva, você não merece esse tipo de comportamento.
Helena quer me atingir, mas não será por você.

— Me escuta, pai, eu estou bem. — Coloquei as mãos no


peito dele para que me encarasse. — Pare de sacrificar sua
felicidade achando que eu preciso de proteção da minha própria
mãe. Eu sei lidar com ela.
— Não vou pegar o apartamento de volta.

— Tudo bem, que seja o último capricho que você fez para
ela. — Repreendi-o com o olhar. — Se quiser me ver feliz, não ceda.

Helena precisava perceber que eu não era mais a carta na


manga que ela tinha para manipular o meu pai, assim como havia
feito desde quando descobriu que estava grávida de mim. Eu já era
uma mulher adulta e não mais a criança sob a influência dela.

— Mas...

— Do jeito que está indo, mamãe não vai te deixar namorar.


E para ela não vir me incomodar com suas lamentações, você vai
largar a mulher. — Eu queria que o meu pai tivesse uma segunda
chance. Havia se dedicado tanto a mim e eu precisava fazê-lo
perceber que tinha de se esforçar por si mesmo. — Obrigada por
tudo, pai. Eu estou vivendo a minha vida, a faculdade está sendo
maravilhosa e tenho planos para o futuro. Você estará sempre
comigo, mas tem sua própria vida. Só tem trinta e seis anos.

Ele ficou sem jeito e não falou mais nada. Percebi que estava
processando o que eu havia dito. Eu já tinha dezoito anos e me
achava valente o suficiente para lidar com os meus próprios
problemas. Se podia namorar o meu professor e passar por toda
essa loucura, também tinha forças para enfrentar uma mãe louca e
aproveitadora.
Ele entregou o cartão para pagar pela nossa comida,
pegamos o ticket e fomos para a lateral esperar encherem a
bandeja. Escolhemos uma mesa, sentamo-nos um de frente para o
outro e meu pai sorriu para mim.

— Por que mesmo que você está dando conselho para o seu
pai e não o contrário?

— Porque eu tenho o melhor pai do mundo, que está


disposto a ser infeliz só para ver sua filha intocada. — Apertei a
bochecha dele e meu pai roubou o pedaço de frango que estava na
minha mão. — Hei.

— Não me arrependo de nada, Kim. Fiz e faria novamente.

— Mas não precisa. — Peguei outro pedaço e mastiguei. —


Eu tenho que lutar as minhas próprias batalhas. Quando eu não der
conta, pedirei ajuda. Antes, por favor, me deixe seguir.

— Não gosto de te ver sofrer.

— Nem eu. E tudo isso vai virar um loop infinito que o


Richard vai apontar e me fazer reprogramar. — Ri ao me recordar
de todos os pontos que ele havia me feito refazer no código. Estava
tentando deixar o Richard fora dos meus pensamentos e
principalmente daquela conversa, mas parecia ser impossível.
— Quem é esse? — Meu pai franziu o cenho e me encarou
com um olhar analítico.

Não queria entregar mais um problema nas mãos do meu pai,


principalmente outro motivo para se preocupar. Iria contar para ele
sobre o namoro quando Richard e eu encontrássemos um jeito de
nosso relacionamento não repercutir como um grande escândalo.

— O professor Lewis, CEO da Genesis — falei nervosa,


pensando no que contar para o meu pai que não o deixaria
desconfiado. — Do projeto com carros, que eu queria apresentar
para você. Talvez, surgisse uma parceria.

— Ah, sim! Ele me ligou — falou desconfiado. Não sabia se


era pelo Richard ou por não estar botando fé no meu projeto.

— Espero que goste de conhecê-lo na reunião — Coloquei o


frango empanado na boca dele e depois mudei de assunto ao
perceber que fiquei envergonhada diante da possibilidade do meu
pai ser apresentado ao meu novo namorado. — Então, um novo
apartamento. Que tal uma cobertura no centro da cidade? Eu acho
muito elegante e combina com você.

— Vai me ajudar a escolher? Terá um quarto só seu.

— Seu, pai. Sua vida. Levar a sua jovem namorada para ter
jantares românticos na sacada. Compre flores. — Tomei o
refrigerante e desviei o olhar. Era bem melhor falar do
relacionamento dele do que do meu. — Vai dar tudo certo, papai. Eu
te apoio se você estiver feliz. Sem intervenções da Helena.

— Ela é muito persuasiva, ainda mais com aquele cão de


guarda. — Ele rosnou de um jeito brincalhão que me fez gargalhar.
— O quê? É verdade.

— Ela parece aquela moça do filme “Legalmente Loira”. Meu


Deus! — Tentei controlar o riso. — Sério, pai. Eu dou conta.

— E eu confio em você. Quando precisar, qualquer coisa, eu


estarei aqui. — Ele me puxou para me dar um beijo na testa. — Te
amo, Kim.

— Também te amo, pai. Você merece ser feliz.

Estava curiosa para saber quem era essa namorada


misteriosa do meu pai, mas o que eu havia falado com ele era
verdade: se ele estivesse feliz, eu também estaria. Depois de ter
dedicado tantos anos para cuidar de mim, não faria mal para o meu
pai pensar um pouco em si mesmo.
Capítulo trinta e seis

Parei ao lado da Kimberly, na garagem da Genesis, e tirei


uma caixa do bolso, entregando para ela. Era segunda-feira e
havíamos combinado de nos encontrar ali para fazermos o ajuste
para a primeira demonstração do sistema de piloto automático que
ela estava desenvolvendo com a minha ajuda.

— Isso é para você. — Tirei uma caixa de veludo com um


laço vermelho do bolso e entreguei a ela.

— O que é isso? — Desviou os olhos do computador e pegou


a embalagem.

— Abre.

Desconfiada, ela desfez o laço e deparou-se com a chave de


um carro. Eu não costumava ser do tipo ciumento, mas tudo era
diferente com ela. Além disso, tinha um pressentimento ruim em
relação ao Julian.

— É do Tunder-X?

— Não. — Ri. — Daquele carro ali. — Apontei para um


esportivo que estava parado a alguns metros de nós. — É elétrico e
está carregado.
— Richard, não acredito que você realmente comprou um
carro para mim. — Ela me olhou com um misto de surpresa e
revolta.

Eu sabia que poderia estar sendo precipitado, mas sabia que


com ela praticamente tudo era por impulso.

— Você precisava de um.

— Eu já tenho um.

— Mas não usa.

— Já pensou que eu poderia não querer?

— Prefere as caronas do Julian?

— Me divirto com o seu ciúme — disse num tom debochado.

Eu cerrei os dentes e bufei.

— Tudo bem, Richard. Não vou mais voltar com o Julian.

— Ótimo.

Segurei sua cintura e fiz com que ela girasse. Estávamos


diante de uma pequena mesa onde havíamos colocado o
computador e outros equipamentos que utilizaríamos para a
implementação do software no projeto do carro, que estava sendo
desenvolvido há muito tempo pela Genesis.
— Richard! — Ela riu ao parar com as mãos espalmadas
sobre o meu peito.

— Só um beijo.

— E se alguém nos vir?

— Estamos sozinhos. — Aproximei a minha boca da dela.


Kimberly suspirou, mas não me repreendeu, deixando que nossos
lábios se encontrassem.

Por mais que eu soubesse que deveríamos manter segredo,


estava começando a pensar que era a pior pessoa do mundo para
fazer isso, pois sempre que estava perto dela, queria envolvê-la,
agarrá-la e encher de beijos.

Minha língua começou a dançar com a dela e fui tomado por


um calor e um desejo incontrolável. Já estive com outras mulheres
antes, mas o que eu sentia com a Kimberley era completamente
diferente. Eu não sabia se era pela idade dela, os hormônios, ou
pelo simples fato de me sentir mais jovem quando estávamos
juntos.

Peguei-a pela cintura e a sentei na beirada da mesa e


acomodei-me entre as suas pernas. Sim, eu pretendia apenas beijá-
la, mas os impulsos eram muito mais fortes do que eu. Subi com as
mãos pelas suas coxas e alcancei a sua calcinha, mas antes que eu
tocasse o fino tecido, ouvimos o barulho do elevador. Ela me
empurrou pelos ombros e saltou da mesa, ajustando o vestido.

— Senhor Lewis — falou sem jeito comigo quando percebeu


a aproximação do Jimmy.

— Tudo pronto para a demonstração? — Meu melhor amigo


virou-se para mim. Ele tinha um sorrisinho nos lábios que me levou
a crer que havia visto muito mais do que eu gostaria.

— Sim. — Kimberly passou a mão pelo rosto e colocou uma


mecha do cabelo atrás da orelha.

— Vou chamar os outros diretores. Se comportem. — Ele


piscou para nós antes de dar meia volta e subir novamente pelo
elevador.

— Temos que tomar cuidado. — Coloquei as mãos dentro


dos bolsos.

— Como se a culpa fosse minha. — Ela deu de ombros.

— E é sua.

— Por quê?

— Porque não consigo resistir a você.

— Bobo. — Empurrou o meu peito com a mão.


— Kim, eu... — Sabia que não era o melhor momento para
me declarar, mas sabia que as palavras sairiam por impulso, como
tudo em relação a ela.

Antes que eu conseguisse dizer algo, o elevador abriu


novamente, mas dessa vez não foi apenas o Jimmy que saiu dele,
mas toda a diretoria da empresa.

Kimberly se recompôs e terminou de preparar o protótipo do


Tunder-X para a demonstração. Ela poderia ser apenas uma caloura
do Curso de Ciências da Computação e ainda ter muito a aprender,
mas eu me impressionava com a sua inteligência. Muitos formados
não conseguiram pensar em um projeto tão audacioso quanto
aquele e ir tão longe. Eu havia a ajudado, mas a maior parte do
trabalho era mérito dela que, considerando todas as distrações que
nós fomos um para o outro, havia avançado bem rápido.

Olhei para ela, passando confiança, e Kimberly me encarou


de volta.

— Obrigada por todos estarem aqui... — Ela começou,


olhando cada um dos homens e mulheres mais experientes que
estavam ali esperando.

Ela poderia ser jovem, mas tinha uma postura admirável.

— Vamos fazer uma pequena demonstração do Tunder-X


com o sistema de piloto automático que ainda está em
desenvolvimento. Precisa de alguns ajustes, principalmente nas
métricas de colisão com obstáculos aleatórios, mas já funciona
muito bem com mapas e todo sistema de trânsito de São Francisco,
além de controlar bem a proximidade de outros carros.

Kimberly abriu a porta do carro, configurou o sistema através


do visor do computador de bordo e saiu do banco, fechando a porta.

— Eu o configurei para dar uma volta no corredor e retornar


para esse mesmo ponto.

— E como funciona em garagens? — Alguém levantou a


mão.

— Em ruas, ele usa o sistema de GPS, mas em ambientes


fechados, ele tenta identificar os obstáculos e o caminho trafegável.
Essa garagem em particular, eu já fiz um mapeamento e incorporei
ao sistema.

Assim que ela terminou de falar, o carro deu partida sozinho e


seguiu a rampa para fora do estacionamento. Eu peguei um dos
drones, que havia criado, e o utilizei para seguir o carro, exibindo as
imagens em uma tela sobre a mesa para que todos pudessem ver.
A demonstração demorou apenas alguns minutos até que o veículo
voltasse sozinho ao ponto de partida, mas foi o suficiente para
deixar todos os diretores animados e boquiabertos.

— Isso é muito promissor — comentou o diretor financeiro.


— Quando estiver pronto e devidamente testado, pode
revolucionar o mercado de carros.

— Sim.

— Quando ficará pronto? — perguntou outro deles.

— Já podemos anunciar? — questionou a diretora de


marketing.

— Ainda é só um protótipo, muitas melhorias e ajustes ainda


precisam ser feitos para que seja seguro colocar um programa como
esse nas ruas.

— Quanto tempo?

— O suficiente.

— Senhor Lewis, precisamos de números mais palpáveis —


ela insistiu.

— Preciso que vocês compreendam que algo dessa


magnitude vai ser responsável pela vida de muitas pessoas e
precisamos tomar todo o cuidado necessário.

— Sim. — Eles acabaram assentindo.

— Isso é tudo. — Fiz um gesto, indicando o elevador.

— Fui bem? — Kimberly se aproximou de mim quando os


diretores começaram a se dispersar pela garagem.
— Você foi esplendida. — Segurei a minha vontade de beijá-
la.

— Obrigada. Estamos fazendo um bom trabalho juntos.

Se havia algo que eu tinha percebido era que tudo que incluía
nós dois era muito bom para mim.
Capítulo trinta e sete

Queria ter ficado com o Richard depois da demonstração,


quem sabe comemorarmos juntos no particular do quarto dele, mas
precisei voltar para Stanford, eu tinha um trabalho complexo de
outra disciplina para entregar. Era para a semana seguinte, mas se
eu deixasse acumular com outras atividades, poderia acabar virando
uma bola de neve.

Meu pai estava muito preocupado com o divórcio, e eu não


precisava acrescentar um acompanhamento estudantil à sua lista de
tarefas só porque eu não tinha olhos para outra pessoa que não
fosse o meu namorado.

Guardei no bolso a chave do meu carro novo, depois que o


estacionei em frente à moradia. Nem sabia como iria explicar para o
meu pai sobre aquele carro, mas essa era uma preocupação para
outro momento. Felizmente Richard tinha bom gosto e eu havia
gostado muito do modelo.

Antes que eu pisasse dentro do dormitório, ouvi meu celular


tocando e o peguei da bolsa.

Revirei os olhos quando vi o número da Helena. Se tinha


alguém com quem eu não queria falar naquele momento era a
minha mãe, porém tinha garantido ao meu pai que iria lidar com ela.
Ele não precisava dela o assombrando mais.

— Oi — disse com uma voz de poucos amigos. — O que


você quer?

— Nossa! O que acha de eu ligar para você de novo e


começar com um: oi, mãe, tudo bem?

— Diga logo o que quer, Helena. Não tenho tempo para você.

— Seu pai a criou muito mal.

— Pelo menos ele tentou. Sei o que está fazendo para


chantageá-lo e quero que pare com isso. Não vou mais deixar que
você me use como arma para arrancar as coisas dele.

— Que nobre! Sabe o que mais me deixa surpresa? Seu pai


deve estar tão desapontado agora! Ele sempre achou que você
fosse mais parecida com ele, mas no fundo é igualzinha a mim.

— O que você está falando?

— Do seu casinho com o professor.

— Quê? Do que você está falando? — Fiquei estática só de


pensar na possibilidade da minha mãe estar sabendo de alguma
coisa, ou se estava apenas jogando verde comigo. — Não sei o que
está dizendo, Helena, mas a minha vida certamente não é da sua
conta.

— É da conta de todo mundo quando tem um vídeo de vocês


rodando na internet.

— Está blefando.

— Como mais acha que eu saberia?

— Você é uma louca.

— Sou sua mãe, Kim. Pode contar tudo para mim. A


propósito, ele é muito bonito.

— Me dá um tempo, Helena. — Desliguei a chamada e olhei


para a tela do meu celular que pipocava com mensagens das redes
sociais.

Lilian, outra aluna que fazia o projeto na Genesis, também


me mandou uma mensagem que me deixou ainda mais alarmada.

Lilian:

Agora tudo faz sentido. Sempre achei que o senhor


Lewis dava muito mais atenção para você. Imaginava que era
por causa do projeto do carro, mas você estava abrindo as
pernas para ele.

Que vadia!
Fiquei ofendida com a mensagem, mas ainda confusa com o
que havia acontecido, até que um link finalmente me levou para um
vídeo que estava sendo compartilhado em todos os grupos de
Stanford, e provavelmente fora deles, porque havia chegado a
minha mãe, que não tinha nada para fazer a não ser vasculhar as
redes sociais alheias, principalmente a minha.

O vídeo havia sido gravado naquele mesmo dia, mais cedo,


quando Richard e eu nos beijamos na garagem. Ele nos mostrava
de longe, mas era o suficiente para ver o momento em que ele me
levantou, sentou na mesa e se posicionou entre as minhas pernas,
colocando as mãos dentro da minha saia, indo até o momento em
que o amigo do Richard aparecia.

Eu não sabia quem poderia ter jogado aquilo na rede, mas


me desesperei antes mesmo de perceber que o meu mundo poderia
girar de cabeça para baixo por causa daquele vídeo.

— Bonito o carro que ele te deu.

Tomei um susto com a voz que ecoou atrás de mim e girei


nas pontas dos pés para encará-lo atrás de mim.

— Julian!

— Eu deveria ter desconfiado antes.


— Foi você! — Só o olhar dele foi o suficiente para que eu
deduzisse. — Eu não acredito que fez isso. — Voei para cima dele,
mas antes que eu o agredisse com as minhas próprias unhas, meu
colega segurou os meus pulsos.

— Deveria ter adivinhado que você queria alguém bem mais


rico do que eu.

— Não tem nada a ver com o dinheiro dele. — Bufei, irritada.


Além de estar sendo xingada por um monte de coisas, interesseira
não fazia parte do pacote.

— Ah, claro que não. — Julian começou a rir. — O carrão que


ele te deu. Aposto que antes disso, te encheu de coisas. Eu já
estava desconfiado, mas foi só seguir vocês um pouco para ter
certeza.

— Com quem eu transo não é da sua conta! — Sacudi os


pulsos tentando me soltar. Se ele deixasse, eu iria desconfigurar o
seu rosto com as minhas unhas.

— É, quando ele é o nosso professor e estava privilegiando


você por isso.

— Ele não me privilegiou.

Julian começou a gargalhar como se eu tivesse contado uma


grande piada.
— Ah, é?

— Você não tem ideia do que fez. — Chorei, derramando


toda a raiva e frustação. Richard e eu estávamos escondidos por um
motivo. Definitivamente não era daquele jeito que eu esperava que
todos descobrissem sobre o nosso relacionamento.

— Quero ver o que a reitoria vai dizer quando descobrirem


que o professor estava abusando de uma aluna.

— Ele não estava abusando de mim. — Consegui me soltar e


acertei o rosto dele com um tapa.

— Kimberly, não deveria se envolver com alguém como ele.


— Julian deu alguns passos para longe de mim, massageando a
bochecha que eu havia acertado.

— Quem decide com quem eu devo ou não me envolver, sou


eu!

Julian se afastou e correu para longe de mim quando me viu


bufando feito um cão raivoso e a procura de algo para arremessar
contra ele.

Outros alunos passaram por mim e ficaram me encarando.


Eu não sabia se era pelo escândalo que havia acabado de fazer no
hall de entrada do dormitório, ou se já haviam me identificado como
a garota do vídeo em meio ao maior amasso com um professor.
Abracei a minha bolsa enquanto subia o mais rápido possível
para o meu quarto. Quando me tranquei dentro dele, vi que estava
sozinha. Anne havia desaparecido e eu não a via há dias, mas no
momento, a minha maior preocupação não era a minha melhor
amiga me evitando, mas o mundo que poderia desmoronar sobre a
minha cabeça.

Meu celular tocou novamente e eu nem quis atender,


imaginando que poderia ser a minha mãe novamente, porém houve
um certo alívio ao ver o nome do Richard.

— Eu não sei como aconteceu. — Foi direto ao ponto e a voz


dele parecia demonstrar a mesma aflição que eu estava sentindo.

— Eu sei — soltei em meio a lágrimas.

— Sabe? — Seu tom mudou para surpreso.

— O Julian gravou um vídeo e expôs a gente.

— Por que ele faria isso?

— Irritado por que você dava atenção demais para mim e


pouca para ele, ou simplesmente não se conformou com os foras
que dei nele.

— Kimberly... Kim... Eu nunca quis arrastar você para essa


confusão.
— Não foi culpa sua, Richard.

— Se eu não tivesse beijado você na garagem...

— Teria me beijado na sala, em algum corredor. Eu queria


muito que me beijasse.

— Essa confusão...

— Só me diz que vamos dar um jeito, por favor...

— Eu vou fazer o que eu puder para resolver.

— Quero ver você. — Voltei a chorar.

— Eu também, mas acho melhor resolvermos isso primeiro.

— Como?

— Ainda vou pensar...

— Richard, eu amo você. — Soltei aquele sentimento que


estava cultivando no meu peito há mais tempo que dera conta.

— Eu também amo você, Kim.

— Me promete que vai dar um jeito?

— Vamos dar um jeito.

— Obrigada. — Eu tentava falar claramente, mas os soluços


do choro atrapalhavam.
Já havia passado por um término antes, mas fora por escolha
minha. Com o Richard parecia terrível a possibilidade de nos
separarmos, porque ele queria ficar comigo e eu também.

— Vou desligar e tentar colocar a cabeça em ordem. O


Jimmy está tentando me ajudar a pensar em uma solução, mas...

— Vai ser difícil.

— É... Kim, só fica calma, tudo bem?

— Eu vou tentar.

Eu era uma mulher adulta. Richard e eu nos queríamos. Por


que o nosso envolvimento tinha que gerar uma repercussão tão
negativa? Cada um deveria ter o direito de escolher com quem
gostaria de ficar.

— Kim, qualquer coisa, liga para mim.

— Vou ver o que fazer e te falo.

— Okay!

Respirei profundamente quando ele desligou a chamada.


Tombei o corpo para trás e afundei a cabeça no travesseiro. Não sei
por quanto tempo eu fiquei encarando o teto branco, perdida em
pensamentos e lágrimas. A minha mente forjava as piores coisas e
parecia impossível tentar me tranquilizar.
Quais seriam as consequências agora que todos sabiam que
Richard e eu estávamos juntos?

Meu celular não parava de vibrar com notificações. Não dei


atenção a nenhuma delas até que começou a tocar e eu o puxei,
imaginando que pudesse ser o Richard novamente.

— Filha? — Engoli em seco quando ouvi a voz do meu pai do


outro lado da linha.

— Pai.

— Estou esperando você do lado de fora.

— O que está fazendo aqui, pai?

— Desce, Kimberly.

— Pai... — Comecei a questionar, mas ele desligou o telefone


antes de me dar brecha para prosseguir.

Não era o melhor momento, mas eu sabia que teria que


contar para o meu pai sobre o Richard. Tinha tentado pensar nas
melhores palavras para dizer, mas não tive tempo de montar um
discurso. Meu pai sempre havia sido bom comigo, esperava que
fosse daquela vez também.

Puxei a minha bolsa e deixei o quarto esfregando os olhos,


que deveriam estar vermelhos, para espantar as lágrimas. No
elevador e pelos corredores, as pessoas olhavam para mim. Talvez
elas até tivessem olhado antes, mas, daquela vez, eu estava com a
impressão de que todos estavam comentando sobre o vídeo.

Saí da moradia e caminhei até a rua. Logo vi o meu pai


parado escorado na lateral do carro, com os braços cruzados sobre
o peito e uma expressão severa no rosto.

Fui até ele andando devagar, estava com medo da sua


reação, até que ele abriu os braços para me acolher e eu fui me
acomodar neles.

— Pai! — Solucei, tentando conter o choro, mas não


consegui, logo as minhas lágrimas estavam molhando o seu blazer.

— Minha garota, deveria ter protegido você.

— Protegido?

— Por que não me contou que esse homem...

— Espera, pai, não é nada do que você está pensando.

— Tenho certeza de que é exatamente o que eu estou


pensando.

— Pai! — Esquivei-me dos braços dele e abri a porta do


carro, sentando-me no banco do carona. Sabia que as pessoas
estavam nos observando e não queria mais um escândalo para que
elas pudessem comentar. — Entra.

Ele entendeu e deu a volta para se acomodar atrás do


volante.

— Estou ficando na casa do San por enquanto, até comprar


outro apartamento. Vou levá-la para lá.

— Não, me leva para casa da vovó.

— Tem certeza?

Apenas balancei a cabeça.

Depois que a minha avó havia passado a presidência da


empresa para o meu pai e decidido se aposentar, ela havia
comprado uma casa na praia em uma cidade próxima, onde
conseguia o descanso merecido lendo um livro admirando o mar.

Por mais que eu amasse o Tio San e a Tia Cami, precisava


de um cantinho onde eu me sentia mais em casa. Estava
acostumada a passar as férias com a minha avó e tinha um quarto
só para mim. Além disso, eu achava que ela iria me entender,
porque o vovô era dez anos mais velho do que ela.

— Kim, deveria ter me dito que esse homem estava coagindo


você. — Meu pai apertou o volante com força, evidenciando que
estava irritado.
— Ele não me coagiu, pai.

— Você é só uma menina.

— Menina, não! — gritei, fazendo-o recuar e lembrar do


quanto eu odiava ser chamada daquela forma.

— Quando a Helena me contou, eu não acreditei, até que ela


me mostrou o vídeo.

— Tinha que ter sido ela. — Bufei, abaixando a cabeça.

— Há quanto tempo ele está abusando de você? Estou me


sentindo tão mal por ter falhado com você e não tê-la protegido.
Achei que estivesse segura na universidade.

— Eu estou, pai! Primeiro, o senhor não falhou comigo.


Segundo, o Richard não fez nada que eu não quisesse.

— Ele é bem mais velho do que você.

— Sim... Ele tem trinta e cinco.

— Poderia ser o seu pai.

— O meu pai é você!

— Kim. — Ele tentou respirar fundo. — Você só tem dezoito


anos. Sei quanto um homem mais velho pode ser persuasivo. Ele
está se aproveitando de você e da sua inocência. Não faz ideia de
quanto esse mundo é maldoso.
— Pai, eu gosto do Richard.

— Você pode não ter certeza disso.

— Mas eu tenho. Pai, ninguém sabe melhor o que eu quero,


do que eu mesma.

— Você é determinada, Kim, mas as vezes se precipita. Nem


quero pensar no quanto esse homem pode ter se aproveitado disso.
Se ele forçou...

— Pai! — Meu grito voltou a ecoar dentro do carro. —


Quantas vezes vou ter que dizer que eu quis? Não só quis, como
continuo querendo.

— Kim... Ele tem o dobro da sua idade.

— E daí, pai?

— Ele tem a minha idade.

— Quase, um ano a menos.

Estava começado a ficar cada vez mais irritada com aquela


discussão. De todas as pessoas em que eu mais buscava apoio,
meu pai costumava ser o meu porto seguro. Não ter o apoio dele de
certa forma me chateava muito, por mais que no fundo eu
entendesse que ele estava tentando me proteger.

— Não é certo, Kim.


— Só por que alguém disse?

— Eu estou dizendo.

Desviei o olhar dele e fitei a rodovia onde estávamos.


Felizmente nos aproximávamos cada vez mais da casa da minha
avó.

— O que não foi certo, pai, foi você ter se casado com uma
mulher que não amava só porque ela engravidou de você, e ter se
esforçado para manter esse casamento por dezoito anos só por
achar que devia algo para mim.

— É diferente.

— Não, pai, é igual. As pessoas achavam que você tinha que


ficar com a Helena, agora todas acham que eu não devo ficar com o
Richard. Eu quero, pai. Eu o amo.

— É nova demais para dizer isso.

Bufei, irritada.

Meu pai se concentrou na direção e não falou mais nada


comigo durante o restante do percurso para a casa da vovó. Eu
respeitava e compreendida toda vontade que ele tinha de me
proteger, mas ela não poderia estar acima das minhas próprias
escolhas.
Ele estacionou na entrada e não levou muito tempo para que
a minha avó aparecesse na varanda e viesse até nós.

— Tristan, meu filho! Kim! Que surpresa. — Ela desceu os


degraus e veio até nós.

— Eu vou passar a noite aqui e talvez alguns dias. Posso,


vovó?

Ela me analisou tentando entender o que estava acontecendo


e depois olhou para o meu pai, que não disse nada.

— Claro que pode! Vamos entrar. — Apontou para a porta e


me envolveu com os braços, me guiando.

— Volto para buscá-la quando quiser. — Foi a última coisa


que ouvi do meu pai antes de entrar na sala de estar, mas ele não
veio junto.

— O que aconteceu, Kim? — Vovó perguntou quando já


estávamos sozinhas.

— Uma longa e complicada história.

— Temos tempo.

Era o momento de desabafar.


Capítulo trinta e oito

Batia o pé no chão, inquieto, e olhava para o piso


quadriculado que se estendia até o fim do corredor. Sabia que
aquele momento era inevitável e no fundo não temia o seu
resultado. Estava preocupado com a Kimberly e como tudo poderia
estar sendo difícil para ela.

— Senhor Lewis? — A secretária se aproximou de mim e


chamou o meu nome, fazendo com que eu levantasse a cabeça
para encará-la.

— Sim.

— O reitor irá recebê-lo agora.

Assenti com um movimento de cabeça e caminhei para o


interior da sala, cuja porta estava aberta.

Avistei o homem sentado atrás de uma mesa de madeira


escura, cheia de livros e pequenos adereços, além de um
computador. Ele mexeu no cabelo curto e grisalho antes de abrir a
boca para falar comigo.

— Richard Lewis, o melhor aluno da sua turma. O fundador


da Genesis Technology e um nome que nos orgulhávamos de ter no
nosso hall, até ontem...
— Senhor Johnson. — Mantive a cabeça baixa e não o
encarei, sabia que estava errado e não iria dizer o contrário.

Tinha me envolvido com uma aluna, tirado a virgindade dela e


mantido uma relação às escondidas. Desde o início, sabia que se a
situação viesse à tona, teria consequências, mesmo assim eu me
afundei cada vez mais naquela areia movediça.

— Tem ideia da confusão que atraiu para todos nós? Existem


regras claras na universidade contra o envolvimento de docentes e
alunos.

— Sei disso, senhor.

— Ainda assim se envolveu com ela.

— Sim. — Levantei a cabeça e os olhos verdes dele


brilharam quando foram confrontados pelos meus.

Eu não estava me comportando de forma arrogante, nem


achava que ele estava errado por me repreender pelos meus atos,
mas estranhamente não me envergonhava deles. Kimberly era uma
das melhores coisas que havia me acontecido nos últimos anos. Eu
me orgulhava de estar com ela.

— De todos nesse campus, você era um dos últimos que eu


imaginava envolvido em uma confusão dessa magnitude.
Não respondi. Antes de conhecer a Kimberly, também não
me imaginava envolvido com uma mulher tão mais jovem do que eu,
entretanto nem tudo sempre estava em nosso controle. Diferente
dos computadores, a vida real não poderia ser programada para
funcionar exatamente como esperávamos.

— Sei que essas garotas fazem de tudo por mais destaque


ou notas melhores, principalmente aquelas que dependem do
desempenho estudantil para manutenção de bolsas.

— Não é o caso da Kimberly. — Votei a encará-lo, dessa vez


com mais firmeza do que deveria.

— Não?

— Ela é uma aluna surpreendente e tem uma inteligência e


conhecimento excepcional para alguém que mal começou o curso.
Ela desenvolveu um programa praticamente sozinha que vai
revolucionar o mercado de carros.

— Sei que está querendo diminuir o impacto de tudo sobre


ela, mas...

— Não estou querendo diminuir nada. — Elevei o tom de voz.


— Estou falando a verdade.

— Vai me dizer que vocês só se apaixonaram?

— Acha tão impossível?


— Não é algo que os outros pais e toda a diretoria da
universidade vão acreditar. Preciso que entenda que será
complicado contornar toda a situação e mantê-lo no nosso corpo
docente.

— Estou ciente disso.

— Então você sabe?

— Vou juntar qualquer coisa que possa ter deixado no


departamento e providenciar o meu desligamento da universidade.

— Não queria que fosse assim.

— Nem eu.

Peguei um talão de cheque no bolso e o abri sobre a mesa


do reitor. Ele arregalou os olhos, mas não disse nada enquanto eu o
preenchia com uma quantia generosa e entregava a ele.

— Isso é para que a assessoria de imprensa da universidade


possa reverter os possíveis danos a instituição e que o curso da
Kimberly não seja afetado. Quero que ela termine a graduação, será
uma grande perda para Stanford não tê-la como aluna.

— Obrigado. — Ele olhou para o cheque antes de guardá-lo.

— Vou recolher os meus pertences. — Dei um passo em


direção à saída da sala.
— Richard?

— Sim. — Voltei a encará-lo.

— É uma grande perda para Stanford não poder contar mais


com o seu talento.

Eu não respondi, apenas dei de ombros e deixei a sala.

Recolhi alguns poucos objetos que havia deixado no meu


departamento, enquanto observava outros professores e
funcionários olharem para mim e cochicharem uns com os outros.
Sabia que estavam julgando a mim e a Kimberly. Seríamos o
assunto por dias ou meses, até que outro escândalo aparecesse
para ofuscar o nosso.

Saí do prédio e caminhei até a vaga onde o meu carro estava


estacionado. Abri o porta-malas e joguei a caixa nele. Olhei para o
céu e vi que estava ficando cada vez mais escuro, não tardaria a
chover.

Deveria voltar para a Genesis e apagar outro incêndio lá, mas


tudo o que eu queria mesmo era ver a Kimberly. Não nos falávamos
desde que descobrimos que o vídeo tinha sido divulgado. Eu estava
preocupado com ela e com o que poderia estar passando.

Richard:

Kim?
Kimberly:

Oi.

Richard:

Está no dormitório? Estou saindo de Stanford e queria


ver você.

Kimberly:

Não. Vim para a casa da minha avó.

O que foi fazer na universidade?

Richard:

Ter uma conversa com o reitor.

Kimberly:

E o que ele disse?

Richard:

Gentilmente me convidou a me retirar.

Kimberly:

Que droga, Richard! Não acho justo você ser demitido.

Richard:
Sem medo de pecar pelo ego, acho que a
universidade perde muito mais do que eu. Vou acabar
com o programa e não dedicarei mais meu tempo aos
jovens em formação.

Kimberly:

Acho que o Julian deu um tiro no pé.

Richard:

Ele provavelmente agiu por ciúmes.

Kimberly:

Sim... Mas ele queria trabalhar na Genesis. Agora todos


os nossos projetos serão suspensos.

Richard:

Os deles sim, mas não o seu.

Kimberly:

Mas o que acha que as outras pessoas da Genesis vão


dizer comigo continuando trabalhando lá?

Richard:

O que pensam é problema deles, mas vão ter que


engolir, porque sou eu quem pago os salários.
Kimberly:

RSRSRS Gosto dessa autoridade.

Richard:

Logo vão perceber que você está na empresa não


por ser a minha garota, mas pela inteligência que tem.

Kimberly:

Espero que sim.

Richard:

Você verá.

Quero te encontrar, eu posso?

Kimberly:

Sim. Vou enviar o endereço da minha avó.

Richard:

Estou indo para aí.

Assim que a Kimberly compartilhou comigo o endereço, eu


entrei no carro e dei partida para chegar até ela o mais rápido
possível.
Assim que manobrei para fora dos portões da universidade, a
chuva começou a cair fina e se intensificou à medida que eu me
distanciava do campus. Tinha perdido algo que era importante para
mim, mas ganhado alguém que já não sabia mais viver sem.
Capítulo trinta e nove

Estava segurando o celular entre os dedos escorregadios


pelo suor frio. Esperava receber mais alguma mensagem do
Richard, mas ele não mandou nenhuma desde que disse estar a
caminho de onde eu me refugiava. Fora bom passar aquela noite
com a minha avó e ficar conversando até tarde com ela sobre o
quanto eu gostava do Richard e achava injusto as pessoas
quererem decidir por mim sobre com quem eu deveria ou não ficar.

Sentada em uma cadeira na varanda, eu observava a chuva


cair enquanto olhava para a estrada vazia. Fazia alguns minutos
que não passava nenhum carro, principalmente o veículo que eu
mais estava esperando. Queria ver logo o Richard e estar com ele o
quanto antes.

— Acha que ele vem agora? — perguntou vovó ao perceber


que eu estava aflita.

— Ele disse que viria.

— Vamos esperar lá dentro. Daqui a pouco o vento vai soprar


água da chuva em nós.

— Vou ficar aqui mais um pouco.

— Kim, ele avisará quando chegar.


— Eu sei.

— Vamos entrar. — Ela fez um gesto quando já estava de pé


na porta.

Comecei a me levantar, mas antes que eu entrasse, avistei o


carro do Richard se aproximando na rua. Desci os degraus da
varanda e corri até ele, sem me importar com a chuva molhando a
minha roupa e meu cabelo.

— Richard!

Atravessei a grama e parei na rua. Ele estacionou o carro de


qualquer jeito e desceu, correndo até mim. Richard me levantou
pela cintura e meu cabelo voou, mesmo pesado pelas gotas da
chuva que caíam sobre nós.

— Kim! — Richard segurou o meu rosto com uma das mãos


e eu apoiei a minha testa na dele, tombei a cabeça em sua direção
e nossos lábios se uniram, misturando saliva e água da chuva.

Ele me beijou com desejo, fome e ferocidade, demonstrando


que havia ficado tão aflito com aquela situação toda tanto quanto eu.

— Eu te amo. — Afastou os lábios dos meus apenas para


falar isso. Tinha amado ouvir a declaração dele por telefone, mas
pessoalmente era muito melhor.

— Também amo você.


A chuva não deu trégua, mas não nos importamos com ela,
certamente não era o maior obstáculo no nosso caminho para
ficarmos juntos.

Segurei seu rosto com as duas mãos, e as minhas pernas


envolveram a sua cintura. Ele me apoiou para que eu continuasse
erguida e nosso beijo ficou ainda mais intenso. Sua língua e o peso
dos seus lábios roubavam o meu fôlego, mas eu não queria que ele
parasse.

Richard me girou e me prensou contra a lateral do carro.


Abriu a porta de trás e se sentou no banco, comigo no colo. Dentro
da proteção do veículo, víamos as gotas da chuva escorregarem
pala janela.

Ele mordiscou o meu lábio inferior e eu soltei um gemido.

Com os joelhos dobrados, eu me acomodei sobre o seu colo


e firmei as pernas no banco de trás do carro. Senti um pouco de frio
por causa das roupas molhadas, mas não me importei, sabia que
logo o Richard iria me aquecer.

Senti seus lábios contornarem o meu rosto e subir até a


minha orelha, fazendo com que eu me contorcesse e me arrepiasse
inteira. Ele mordicou o lóbulo e eu segurei no encosto. Meu coração
bateu mais rápido e meu corpo inteiro me recordou do tamanho do
desejo que Richard provocava em mim, aquela necessidade que
subia da minha intimidade e tomava cada uma das minhas células.

Ele apoiou as mãos quentes na minha cintura e subiu com


elas, contornando o meu corpo e puxando a fina camiseta molhada.
Levantei os braços sem jeito no espaço apertado do carro e deixei
que ele puxasse e colocasse a peça ensopada de lado.

Curvei-me sobre ele e voltamos a nos beijar. Minha língua


dançava e brincava com a sua, enquanto as mãos do Richard
subiam pelas minhas costas até encontrar o fecho de meu sutiã.
Movi os braços, deixando que ele o tirasse, e me esfreguei no seu
colo, sentindo e provocando a ereção na calça social.

Estávamos dentro de um carro, na estrada e debaixo de


chuva, mas eu não me importei. Todos já sabiam que estávamos
juntos e não tinha mais que esconder o quanto queria me entregar a
ele.

Um gemido roubou a minha racionalidade quando Richard


abaixou a cabeça e mordiscou o meu mamilo. Tombei o corpo para
trás apoiando a cabeça no banco da frente e Richard abocanhou o
meu seio, começando a sugá-lo.

Fogo, calor, desejo e uma necessidade insana tomaram


conta de mim. Eu o queria incontrolavelmente, e me entregar a ele
parecia tão natural quanto respirar.
As mãos do Richard voltaram para a minha cintura e eu me
retorci dentro do carro, para encontrar a melhor posição para que
ele tirasse o pequeno short que eu estava usando, juntamente com
a minha calcinha. Eu estava afoita, a necessidade por ele se
mostrava cada vez mais intensa.

Iriamos ficar juntos, essa era uma promessa selada com


nossos beijos, teríamos tempo de fazer com calma outro dia, ou
quem sabe naquele mesmo.

Eu me afastei, sentando perto dos joelhos dele e abri o zíper


da sua calça. Tirei seu pênis da cueca e Richard o envolveu com
uma camisinha. Voltamos a nos encarar e nos beijamos enquanto
ele me acomodava sobre si.

Apertei os seus ombros e soltei um gemido mais agudo


quando o seu pênis entrou todo no meu canal. Meus músculos se
flexionaram para envolvê-lo e o meu prazer se tornou ainda maior.
Comecei a me mover, levando-me pelo êxtase de estar com ele.
Felizmente, o som dos trovões e os vidros embaçados escondiam o
nosso momento dos olhos e ouvidos de curiosos.

Richard afundou os dedos nas minhas nádegas, guiando os


meus movimentos e fazendo com que eu me movesse mais rápido.

Em meio aos beijos e um sobe e desce cada vez mais


frenético, tinha cada vez mais certeza de que era nos braços dele
que eu queria ficar. Eu me esfregava nele, sentindo o seu peito na
ponta dos meus mamilos e a sua pélvis contra o meu sexo. Logo
que o êxtase explodiu, me preenchendo de prazer, meus gemidos
se tornaram mais enfáticos e eu tombei sobre o ombro do Richard,
enquanto ainda rebolava no colo dele para que se juntasse a mim, e
aproveitava cada gota dos espasmos.

Esperamos nos recuperar do estopim, até que Richard me


abraçou com um dos braços e acariciou meu cabelo e costas com a
mão livre.

— Kim?

Levantei a cabeça para encará-lo.

— Sim.

— Quer namorar comigo?

— Não já estamos namorando às escondidas? — Ri, agindo


da única forma que não deveria diante de uma pergunta como
aquela.

— Kim, quero você de verdade, do jeito que tem que ser. Eu


não sou mais o seu professor e não devo mais nada a ninguém a
não ser ao meu próprio coração.

— É tudo o que eu mais quero.


Ele sorriu e voltou a me beijar enquanto me deitava no banco
do carro. Só trocou a camisinha antes de nos unirmos novamente.
Capítulo quarenta

Ouvimos uma batida na porta e a minha secretária entrou


assim que eu autorizei.

— O senhor Adams acabou de chegar.

— Leve-o para sala de reunião e peça para nos esperar que


já estamos indo.

— Sim, senhor. — Ela fechou a porta e eu me girei na cadeira


para encarar a Kimberly que estava sentada em uma cadeira diante
de mim.

— Pronta para enfrentar o seu pai?

— Ele perdeu a moral depois de ontem. — Kimberly bufou.

Minha garota havia me contado que, ao retornar para a


universidade, havia se deparado com o seu pai conversando com a
colega de quarto. Disse que já suspeitava que a amiga estava
estranha, mas não poderia imaginar o motivo.

— Meu pai é a definição da hipocrisia. — Ela fez uma careta


e eu ri. — Esse tempo todo estava transando com a Annelise, que
tem a mesma idade que eu, mas criou o maior caso quando
descobriu sobre nós dois.
— Ele estava tentando protegê-la. — Tentei ser pacifista. —
Eu também faria de tudo para protegê-la.

Kimberly deu um sorriso sem jeito.

— Eu te amo.

— Também amo você, Kim. — Segurei o rosto dela e o puxei,


fazendo com que se debruçasse sobre a mesa para me beijar. —
Vamos lá conversar com ele sobre o carro?

— Sim. — Ela se levantou e seguiu na minha frente até a


sala de reunião.

Ao passarmos pelas portas de vidro, nos deparamos com o


CEO da Ludwing Motors sentado em uma das cadeiras ao redor da
mesa redonda. Ele se levantou quando nos viu.

Ele passou de um olhar desconfiado e arredio quando me


encarou, para um preocupado e triste ao ver a filha. Entendi as
razões dela para estar irritada devido a atitude do homem, mas,
mesmo não sendo pai, me coloquei no lugar dele e tentei
compreender as razões de ter ficado preocupado com o nosso
envolvimento.

— Senhor Adams. — Estendi a mão para ele e levou uma


eternidade para que a apertasse.
— Senhor Lewis — falou sem jeito enquanto ainda encarava
a filha.

— Fico contente que, mesmo com os últimos


acontecimentos, não tenha desmarcado a reunião.

— Precisava conversar com vocês, mas não por causa do


carro. Se é o que a Kimberly quer, eu vou me esforçar ao máximo
para que esse projeto aconteça. Podem contar com a Ludwing
Motors para tudo que precisarem.

Eu me afastei da Kimberly só para fechar a porta e voltei para


o lado dela. Eu seria ingênuo se não houvesse previsto que aquela
conversa seria mais para lavar roupa suja do que discutir detalhes
de negócio. Como o carro ainda estava em desenvolvimento, nós
tínhamos tempo.

— Pode falar, senhor Adams. — Puxei uma cadeira para que


a Kim sentasse e depois outra para mim.

— Tristan — disse o seu primeiro nome, reforçando que eu


poderia chamá-lo daquela forma.

— Richard — reforcei o meu, por mais que já tivesse certeza


de que ele sabia.

— Por que não me contou, pai?! Nenhum de vocês dois


contou. — Kimberly interrompeu o momento de apresentação para
jogar as cartas na mesa.

— Eu não sabia que ela era sua amiga. Descobri junto com
você.

— Me deu aquele sermão todo, mas estava fazendo igual.

— Também não sabia que ela tinha dezoito.

— Esperava que ela tivesse quanto, trinta? — Kimberly fez o


pai recuar contra a cadeira.

— Vinte e dois, foi a idade que ela informou no cadastro.

— Claro, quatorze anos de diferença é muito melhor do que


dezoito.

— Sei que errei com você, Kim, mas eu estava tentando


protegê-la.

— Eu vou cuidar dela — garanti ao entrar na conversa.

— Espero que sim. — Ele me lançou um olhar muito menos


afetuoso do que aquele dirigido para a filha.

— Deveria ter me contado sobre ela, e ela deveria ter me


falado de você.

— Peço desculpas por isso.

— O senhor está feliz?


— Com a Annelise?

Kimberly balançou a cabeça em afirmativa.

— Estou, mas se você...

— Não quero que você abra mão da sua felicidade por minha
causa de novo, pai. Já fez isso por muito tempo. Tudo bem ficar com
ela se for o que vocês querem e se ela te fizer bem.

— Obrigado, filha.

— Mas não tem nenhum direito de implicar comigo e com o


Richard.

— Também quero você feliz. Eu só me preocupo.

— Eu estou bem. — Kimberly levantou a mão e entrelaçou


seus dedos aos meus sobre a mesa.

— Isso é o que eu mais quero. — Ele deu um sorriso sem


jeito. — Sobre o projeto do carro... — desviou o assunto para o real
motivo de eu tê-lo chamado ali, mesmo antes de toda a confusão
começar.

Kimberly poderia estar chateada com ele por toda a situação,


mas era fácil perceber que eram próximos o bastante para
superarem rápido aquele momento.
Tinha a impressão de que finalmente todos nós estávamos no
caminho da real felicidade.
Capítulo quarenta e um

Abri os olhos devagar enquanto me espreguiçava.

— Mandy, quantas horas?

— Sete da manhã, Kimberly.

— Ah, eu vou acabar me atrasando para a aula. —


Impulsionei o corpo para me levantar da cama, mas antes que
fizesse isso, Richard segurou a minha cintura e me puxou de volta
para cama.

— Vai ficar bem aqui.

— Ei! — Tentei empurrá-lo pelos ombros, mas Richard nem


se moveu. — Sei que você não é mais um grande frequentador de
Stanford, mas eu preciso me formar.

— Mandy, que dia é hoje?

— Sábado.

— Ah! — Abri um sorriso amarelo e fiquei sem jeito, enquanto


ele se remexia na cama até ficar sobre mim, com o cobertor por
cima de nós dois.
— É fim de semana, amor. — Beijou o meu pescoço subindo
até a minha boca e me acendendo inteira. Bastava o Richard
encostar em mim para que o meu corpo entrasse em combustão.

— Estava tão concentrada no projeto do piloto automático


que até perdi a noção do tempo e do dia da semana em que
estávamos.

— Você está se saindo muito bem.

— Espero agradar o CEO.

— Ah, você agrada muito. — Ele me deu pequenos beijos,


mas antes que aprofundasse, girei o corpo na cama.

— Quero provar para todos que sou boa e não que consegui
essa oportunidade só por estarmos namorando.

— O fato de estarmos juntos quase fez com que a Genesis


perdesse você e não o contrário.

— Eles não sabem disso. — Sentei-me na cama e ele


afastou meu cabelo para beijar o meu ombro.

— Está se provando na empresa e na universidade. Não


precisa de ninguém além de si mesma para demonstrar a sua
capacidade.
— Obrigada, Richard. — Virei-me para ele e segurei o seu
rosto para beijá-lo.

— Seus pais chegaram.

— O que eles estão fazendo aqui? — Richard tomou um


susto.

— Não sei responder essa pergunta. Posso questioná-los.

— Não... Merda... — Richard massageou as têmporas. —


Jimmy finalmente arruma um apartamento para ele e nos dá
privacidade, aí meus pais decidem aparecer do nada.

— Vou adorar conhecê-los. — Peguei o meu sutiã sobre o


móvel de cabeceira.

Havia me acertado com o meu pai, feito ele entender que


estava com o homem que queria e aceitado que ele ficasse com a
mulher que desejasse, mesmo que ela fosse a minha melhor amiga.
Era a vez de conhecer a família do Richard.

— Mandy, deixe-os entrar e diga que já estamos indo.

— Sim, Kimberly.

— Quer mesmo fazer isso? — Richard olhou sério para mim


enquanto também vestia as suas roupas.
— Não deveria? — Fiquei tensa. — Por acaso eles não vão
gostar de mim ou...

— Meus pais são ótimas pessoas. — Sua fala me tranquilizou


um pouco.

Terminamos de nos vestir e saímos do quarto. Vi o senhor e a


senhora Lewis sentados no sofá e eles se levantaram, ficando
surpresos ao me ver.

— Mãe e pai, essa é a Kimberly, minha namorada. — Richard


me apresentou.

— Ah, a garota da foto! — exclamou a mãe dele.

— Garota da foto? — Franzi o cenho ao olhar para o Richard


com canto de olho.

— Despois eu te conto.

— Que bom conhecer você. — Não tive muito tempo de


questionar, pois a mãe dele me envolveu com os braços e me
apertou.

— O prazer é meu.

— É ainda mais linda pessoalmente, Richard.

— Obrigada — Fiquei sem jeito com os elogios.


Ri ao perceber que o Richard provavelmente estava mais
preocupado com ela me sufocando do que me assustando.

Foi surpreendente conhecer os pais dele, porque ficaram


muito mais empolgados comigo do que eu imaginava. Fiquei ainda
mais feliz por ter certeza de que aquele era um grande passo para o
nosso felizes para sempre, porque havíamos nos tornado um casal
sem precisar esconder o nosso amor de ninguém.
Epílogo

Três anos depois...

Os flashes das fotos estavam me cegando enquanto Kimberly


e eu pousávamos ao lado do Tunder-X no lançamento oficial do
carro. Estávamos no saguão de uma das lojas da Ludwing Motors,
onde o veículo seria comercializado, e o local estava lotado de
personalidades do meio automobilístico e repórteres, ansiosos para
saber mais sobre a novidade.

Depois de anos de um trabalho árduo e muitos testes, o


modelo finalmente estava pronto para ser vendido ao público com o
sistema revolucionário de piloto automático desenvolvido pela
Kimberly. O pai sorria para as câmeras e ressaltava o quanto estava
orgulhoso da filha, mas não era o único.

Tinha certeza de toda a capacidade dela e apostava que


aquele seria o primeiro de muitos projetos que Kimberly
desenvolveria, principalmente porque tinha acabado de terminar a
faculdade e poderia se dedicar mais.

Puxei ela pela cintura e a trouxe para mais perto, posando


para mais uma sequência de fotos. Kimberly estava maravilhosa em
um vestido preto justo que se moldava perfeitamente as curvas do
seu corpo. O cabelo havia sido preso em um semicoque, de onde
pendiam mechas enroladas. A maquiagem era discreta, mas
destacava os seus belos olhos castanhos e o sorriso contagiante.

— Você está linda — falei no ouvido dela e os fotógrafos


registraram o momento.

— Richard! — Ela ficou sem jeito.

Eu sentia o peso da caixa de veludo no meu bolso e estava


esperando o melhor momento de fazer o pedido. Poderia esperar
um momento mais reservado, ou romântico, mas estava
aguardando aquela data, o lançamento do primeiro de muitos
projetos que faríamos juntos. Toda uma plateia para saber o quanto
eu era louco por ela.

Os fotógrafos deram uma trégua e nos deixaram


relativamente sozinhos perto do carro.

— Finalmente deu certo. — Os olhos castanhos dela


brilhavam de empolgação.

— Você é incrível.

— Somos incríveis juntos. — Ela sorriu.

— Posso apostar nisso. — Afastei-me um pouco dela e me


ajoelhei.
— O que está fazendo? — Kimberly ficou sem jeito. —
Levanta daí!

Peguei a caixa de veludo do bolso e a abri, revelando um


anel com um diamante em forma de coração rodeado por pequenos
rubis.

— Richard! — Ela colocou as mãos sobre a boca,


completamente espantada com a minha atitude e eu percebi que
todos no show room haviam voltado a sua atenção para nós.

— Kimberly, aceita se casar comigo?

Ela me olhou, fitou a aliança e o meu coração parou de bater


enquanto esperava a resposta, que pareceu levar uma eternidade
para vir.

— Sim! Eu aceito.

Levantei-me e coloquei o anel na mão dela. Beijei o dorso


demoradamente antes de finalmente puxar o seu rosto e unir os
seus lábios.

Todos bateram palmas, comemorando junto comigo o fato de


ela ter dito sim para uma vida inteira comigo.

Ela se afastou do beijo e aproximou a boca da minha orelha.

— Eu ia esperar essa noite para contar, mas...


— Mas? — Abracei a sua cintura.

— Descobri hoje cedo que estou grávida.

— Eu vou ser pai? — Afastei-me para fitar seus olhos.

Kimberly balançou a cabeça em afirmativo, tornando aquela


noite ainda mais especial para nós dois.

Iríamos nos casar, tínhamos um filho a caminho e um futuro


inteiro pela frente.
Leia agora
Tristan e Annelise

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O CEO da Ludwing Motors estava enfrentando complicações no seu
divórcio e, por ser um pai protetor, não queria que sua filha fosse
afetada. Tristan Adams estava decidido a aproveitar seu atual
estado civil se cadastrando em um site de encontros.
Annelise Ortiz ganhou uma bolsa de estudos na faculdade de
Stanford e perdeu o namorado virtual. Ela foi iludida e estava
disposta a não sofrer pelo término do relacionamento. Por impulso,
acordou com sua melhor amiga para serem sugar baby por um dia.
Tristan só queria uma companhia para o evento empresarial, sem
que houvesse complicações posteriores. Annelise esperava uma
diversão inocente com o homem mais velho, não acabar perdendo a
virgindade.
Eles não deveriam se encontrar novamente, mas aconteceu muito
mais do que tinha sido planejado. As complicações que rodeavam
aquela relação aumentavam a cada dia. Tristan era o pai da melhor
amiga de Annelise e um final feliz estava longe de acontecer... a não
ser que o amor falasse mais alto.
Bônus

Mais de dois anos depois...

Tirei a travessa do forno e levei para a mesa de jantar do


apartamento onde morava com o Richard. Havíamos continuado no
mesmo que ele já tinha e admitia que não trocaria aquela vista por
nada. O pôr do sol na baía de São Francisco com a vista da ponte
Golden Gate eram uma paisagem maravilhosa. Além disso, o
espaço sempre foi o suficiente para acomodar a nós e o nosso filho.

— Terminei o jantar. — Caminhei até a sala onde o Richard


estava sentado sobre o tapete com o nosso menino. — Não sei se
ficou bom porque cozinhar nunca foi o meu forte. — Dei de ombros
e o meu marido riu.

— Nosso próximo projeto na Genesis vai ser uma Mandy


cozinheira.

— Vamos levar isso para a diretoria. Tenho certeza de que a


aceitação no mercado vai ser muito boa.

Depois do projeto do piloto automático, eu havia percebido


que o meu lugar era na Genesis e não na Ludwing Motors. Richard
dizia que a minha inteligência ia muito além dos carros e eu não
poderia discordar, pois estava ajudando a empresa do meu marido a
desenvolver vários projetos em outras áreas. Meu pai tinha a
Annelise e outro filho, assim o peso de assumir os negócios da
família saiu dos meus ombros, permitindo que eu me dedicasse ao
meu talento em computação.

— Brandon! — gritei quando vi que o meu filho estava


prestes a colocar um componente eletrônico na boca.

— Não acha que ele é novo demais para montar robôs? —


Peguei-o no colo.

— Bobôs! — Ele bateu as mãozinhas. — Bobôs cum papai.

— Só se seu pai for um bobo mesmo.

Richard gargalhou e Brandon riu junto.

— Viu, ele se diverte. Além disso, estou estimulando a


inteligência dele. Sendo nosso filho, eu tenho certeza de que ele
fará coisas incríveis.

— Que tal estimular a inteligência dele com algo que não


possa parar no estômago e garanta uma ida ao hospital?

— Estou vigiando, Kimberly.

Eu sabia que o Richard não deixaria nada acontecer a ele,


mas eu era superprotetora demais. Por ter tido uma mãe ruim,
queria fazer de tudo para ser a melhor para o meu filho e não deixar
que ele passasse pela mesma experiência, mas era evidente que às
vezes eu exagerava.

— Seu pai chegou, Kimberly — avisou a Mandy.

— Deixe-o entrar.

A porta da sala foi destrancada e meu pai passou por ela,


acompanhado da Annelise e do filho deles. Eu tinha levado um
tempo para me acostumar que a minha madrasta tinha a minha
idade e que o meu irmão era um pouco mais velho do que o meu
filho. Entretanto, meu pai estava feliz como não fora durante o
tempo casado com a Helena e isso era o mais importante.

— Eu que fiz o jantar. — Sorri ao recebê-los.

Richard se levantou e colocou a mão no meu ombro antes de


sussurrar:

— Qualquer coisa a gente pode pedir uma pizza ou ligar no


restaurante da esquina.

— Da próxima vez, você cozinha. — Fiz bico.

Ele riu ao me puxar pelo queixo e desfazer a minha


expressão irritada com um beijo.

— Você é perfeita em muitas coisas, meu amor, não precisa


ser em tudo.
— Tenho certeza de que ela se saiu bem. — Meu pai tentou
me motivar.

— Obrigada.

Annelise colocou o filho no chão e eu pus o Brandon ao lado


dele para que pudesse brincar com o tio. Eles eram apenas crianças
e não se preocupavam com esses títulos.

— Vamos pensar em uma sobremesa. — Anne me puxou


para que fôssemos juntas para a cozinha.

— Se tudo der errado, a gente come doce.

— Sim — ela gargalhou. — Mas o cheiro está ótimo, a


comida deve estar também.

Ainda gostava muito dela e nos considerava amigas, só


preferia que omitisse os detalhes íntimos com o meu pai. Esse é o
tipo de coisa que uma filha não quer saber.

O nosso mundo poderia ter sido virado de cabeça para baixo


depois de ela ter me desafiado a me inscrever naquele site, mas
não posso negar que ele nos ajudou a encontrar a nossa verdadeira
felicidade, por mais proibido que tivessem sido os nossos romances.

Fim.
Agradecimentos

Mari Sales, obrigada por mais esse trabalho em conjunto.


Compartilhar mundos e histórias com você tem sido muito especial.
Que a parceria continue frutífera para nós duas por muito tempo.

Meu agradecimento mais que especial a todos as minhas


leitoras e leitores, que me motivam a continuar sempre. Todas as
leitoras do meu grupo do Whats “Leitoras da Jessica”: Karina, Vi,
Nil, Nay, Adriana, Tamires, Joana, Andy, Fernanda, Cleidiane,
Vitória, Nadine, Margarete, Andressa, Lais, Luize, Cristiane, Giorgia,
Cristina,Tatiane, Regina, Viviane, Sthefanie, Naiade, Thamires,
Antônia, Vânia, Thifane, Blanc, Cida, Nalu, Lauryen, Fátima,
Jefferson, Danusa, Lindinalva e todas as outras. Agradeço também
aos leitores do Instagram e Facebook por todo o carinho e incentivo
constante. Em especial à Micheline, amiga, apoiadora e leitora pela
qual tenho um carinho todo especial.

Obrigada, Aline e Rosi, por todo seu apoio, assessoria e


suporte, cuja ajuda e o trabalho duro é crucial para cada um dos
meus trabalhos.

Ana Roen, minha gratidão imensa por todo seu trabalho em


cada revisão.
Gratidão a Patrícia, minha editora, e toda a equipe do Grupo
Editorial Portal.

Agradeço meu marido, Gabriel, por estar sempre ao meu lado


e me dado apoio.

Gratidão meus mentores e protetores espirituais! Que meu


caminho até vocês sempre esteja aberto para que possam me
orientar e proteger, para que eu tome as melhores decisões e nunca
desistir dos meus sonhos.
Sobre a autora

Jéssica Macedo é mineira de 25 anos, mora em Belo


Horizonte com o marido e três gatos, suas paixões. Jéssica
escreve desde os 9 anos, e publicou seu primeiro livro aos
14 anos. Começou na fantasia, mas hoje escreve diversos
gêneros, entre romance de época, contemporâneo, infanto
juvenil, policial, e ficção científica. Com mais de sessenta
livros publicados, é escritora, editora, designer e cineasta.
Tem ideias que não param de surgir, e novos projetos não
faltam.
Acompanhe mais informações sobre outros livros da
autora nas redes sociais.
Facebook - www.facebook.com/autorajessicamacedo/
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Outras obras
Casados por Dever

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Sinopse:

Há cinco anos, Jefferson Miller abandonou a sua família e a


empresa para viajar pelo mundo a bordo de um barco, em busca do
próprio destino. Depois de tanto tempo distante, ele retornou a São
Francisco para o enterro do seu irmão mais velho, aquele a quem
era mais apegado. Porém não esperava que, além da multinacional
do ramo esportivo, Jonathan também deixasse uma esposa no
testamento.
Para assumir a presidência da Athena, se tornar o CEO e trazer
estabilidade para os negócios diante do mercado, ele precisou
cumprir o último pedido do irmão: casar por meio de um contrato
com sua viúva, uma mulher dez anos mais jovem que ele e que só
conheceu no funeral.
Clare tinha o emprego dos sonhos trabalhando como secretária do
melhor amigo, à frente de uma das maiores companhias esportivas
do mundo, contudo um terrível acidente mudaria sua vida para
sempre. Jonathan jurou protegê-la e então decidiu casar-se com ela,
mas era um arranjo de fachada, que também o ajudaria a esconder
sua orientação sexual.
Virgem e viúva, não esperava viver um grande amor ao se ver
enredada em um segundo casamento de contrato, mas o que Clare
e Jefferson não imaginavam é que poderiam encontrar o seu porto
seguro nos braços um do outro.
Virgem Prometida (Máfia Bellucci Livro 1)

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Sinopse:

Marco Bellucci é o grande chefe da máfia italiana. Antes de assumir


seu posto, ele foi criado com regras rígidas de sangue e honra. Ele
era um líder que governava com pulso de ferro e sabia que não
existia nada mais importante do que a família. Sua vida sempre foi
em função da máfia e ele sabia que cada decisão tinha que ser feita
pensando nos seus, inclusive o matrimônio.
Em pleno século 21, casamentos ainda eram contratos, mulheres
não tinham voz e eram tratadas como peça de barganha que
favoreciam homens da máfia. Laís tinha apenas onze anos quando
ficou noiva em um acordo que traria proteção à sua família em
Portugal e beneficiaria os italianos. Era apenas uma menina quando
se tornou posse do chefe. Levada à Itália, foi colocada em um
convento até que completasse vinte e um anos e pudesse se casar
com um homem quinze anos mais velho e líder de uma das maiores
organizações criminosas do mundo.
A virgem prometida só conhecia o que falavam do seu futuro
marido, a pior face do cruel criminoso e, a caminho do casamento,
ela tomou a arriscada decisão de fugir, para descobrir que a vida
fora do convento não era nada do que ela imaginava.
Ao ser deixado no altar por uma jovem ingênua que não tinha ideia
do que está fazendo, Marco tinha duas escolhas: continuar a aliança
e encontrá-la ou começar uma guerra.
Minha Melhor Amiga: Mais que Amigos (Família
Mazzi Livro 2)

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Sinopse:

Excêntrico, insensível, grosseiro, mal-educado. Esses eram uns dos


muitos adjetivos que usavam para me descrever, contudo poucos
me conheciam de verdade.
Nascido em uma família abastada, dona de uma enorme companhia
aérea, sempre estive à sombra do meu irmão mais velho, porém eu
não me importava, pois, ao contrário do Maxwell, que gostava dos
holofotes, eu preferia me manter afastado do restante do mundo.
Embora a reclusão fosse meu melhor estilo de vida, minha maior
paixão me levou a conviver com as pessoas, por mais que na
maioria das vezes não soubessem lidar com o meu jeito "estranho".
CEO de uma companhia de dança da Broadway, eu costumava ser
taxado de insensível pela grande dificuldade de me relacionar com
os funcionários. Então ela apareceu, a ponte entre mim e o restante
do mundo.
Aline era bem mais do que apenas uma secretária, se tornou minha
melhor e única amiga. Era uma relação que eu não queria perder
por nada. Não podia deixar que a atração que eu sentia por ela a
afastasse de mim.
Sedução por Vingança

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Sinopse:

Philip Carter é o poderoso CEO da Carter Atlantics, uma empresa


multibilionária com atuação no mundo todo. Rico, poderoso, frio e
solitário, ele tem tudo aos seus pés, mas nem sempre foi assim...
Órfão, precisou conquistar tudo por seus próprios méritos e não
deixar que nada nem ninguém ficasse no seu caminho.
Vitória vive em um dos bairros mais pobres de Nova York, perdeu a
mãe muito jovem, a irmã mais nova foi tirada do seu convívio, além
de ser obrigada a aturar o pai alcoólatra, que a fez crescer
acreditando que a culpa de todas as tragédias de sua vida era do
CEO da Carter Atlantics.
Com o objetivo de se vingar de Philip Carter, ela vai se tornar sua
secretária e usar todas as suas armas de sedução para descobrir o
ponto fraco daquele homem que ela acreditava ser o culpado de
todas as mazelas da sua vida.
Philip não queria se envolver com a secretária onze anos mais nova,
mas a convivência, o desejo, as insinuações e toda a atração
tornarão impossível conter seus instintos. O que começa com um
desejo por vingança pode mostrar a dois corações feridos o que
realmente é o amor.
Minha por Contrato

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Sinopse:

Casar era algo que eu nunca tinha imaginado fazer. A vida de


solteiro me proporcionava muitos benefícios e eu usufruía muito
bem de todos eles.
Nasci numa família influente, dona de uma companhia aérea, e
sempre tive tudo, mas a política me deu poder. Porém, sempre fui
um homem muito ambicioso.
Eu queria mais, almejava a presidência do país.
Acreditava ser a melhor escolha, não apenas pelo meu ego, mas
pelos meus feitos políticos. Entretanto, muitos membros do partido
pareciam discordar da minha candidatura.
Não era o homem perfeito aos seus olhos, mesmo com todo o
dinheiro e influência. Eles preferiam outro candidato, alguém que
prezasse pelos valores tradicionais, um homem comprometido com
a família.
Eu precisava ser casado.
Mas o dinheiro poderia solucionar tudo, sem que eu tivesse que
mudar meu estilo de vida. Um casamento por contrato era o que eu
precisava.
Penélope é doze anos mais jovem do que eu, ingênua, pobre e
facilmente moldável. Ao meu lado, ela seria a decoração perfeita.
Nunca teve nada e iria se comportar para manter o mundo que
oferecia a ela.
Eu controlaria tudo, como sempre controlei. Mas não poderia
prever que ela seria capaz de se infiltrar nas barreiras do meu
coração.
O CEO viúvo e a babá virgem

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Sinopse:

Um viúvo envolto em sombras, uma jovem babá cheia de luz e um


bebê que precisava de amor e cuidado.

O CEO da Alliance Cars, Bernard Smith, já perdeu demais. Ele se


enclausurou na sua própria dor e afastou a todos. Viúvo, ele se
dedicou a tudo o que mais importava na vida: seu filho. Assombrado
pelo passado, ele não estava disposto a seguir em frente e a única
pessoa que mantém por perto é a governanta, que cuidou dele
desde menino. Porém, após um AVC, seu único apoio não pôde
mais ajudá-lo a cuidar do filho.
A jovem estudante, Júlia Oliveira, estava determinada a fazer o
intercâmbio dos sonhos na Inglaterra. Para isso, ela encontrou o
emprego como babá em uma mansão, com um dono recluso e um
bebê fofo.
Ela não tinha vivido grandes romances, ainda era virgem, mas
Bernard, apesar de quinze anos mais velho, é o homem mais bonito
que já tinha visto e chamava muito a sua atenção. Embora a atração
entre os dois seja inegável, um final feliz pode ser um grande
desafio para ambos, pois Bernard não acredita que merece uma
segunda chance...
Nick (Dinâmica Perfeita)

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Sinopse:

Nick Rodrigues sempre foi o garoto problema, a ovelha negra.


Contrariando tudo o que os seus pais queriam, ele se tornou o
guitarrista da banda Dinâmica Perfeita. Porém, o roqueiro badboy,
ao lado dos dois melhores amigos, encontrou o estrelato, fez fama
pelo mundo e conquistou tudo o que sempre quis, ou quase tudo...

A sintonia da banda está prestes a ser bagunçada, porque ele


deseja exatamente o que não deveria cobiçar: a irmã do melhor
amigo, a caçula que o vocalista defenderia a qualquer preço,
inclusive com o fim da banda.

Gabriela sempre foi certinha demais e, ao contrário do irmão, é tudo


aquilo que os pais esperavam dela. Dedicada, amável, responsável
e virgem, ela não queria atrapalhar o maior sonho do irmão, mas
será muito mais difícil não ser atraída pelo caos em forma de
roqueiro do que ela imaginava.
Bastiaan (Feitiço do Coração)

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Sinopse:

Grosseiro, solitário, insensível e cruel Bastiaan Wass escolheu as


trevas e servia bem esse lado da magia. O bruxo do clã do sangue é
dono de uma boate em Amsterdam, que atrai pessoas do mundo
todo pelos drinks que serve, verdadeiras poções, sua vertente
mágica favorita.
Bastiaan nunca se envolveu com nada nem com ninguém, diz
coisas estúpidas e cruéis, sem se importar com quem machuca. Ele
jamais se aliaria à rainha da luz cuja autoridade não reconhece, por
isso terá seus poderes retirados até que aprenda a ser bom, a amar.
Contudo, ele já havia trancado seu coração e destruído a chave.
Blindara-se contra tais sentimentos e prometera, junto com seus
amigos Áthila e Thorent, jamais se apaixonar.
A magia era tudo o que o definia, e sem ela Bastiaan se vê perdido.
Mas estaria ele disposto a pagar o preço para tê-la de volta?
Agatha tinha uma vida pacata, com pais super protetores e um
irmão mais novo. Porém, uma viagem a Amsterdam mudará tudo.
Perseguidores, que desconhece, irão separá-la de sua família e ela
encontrará abrigo em uma boate cujo dono é temido por todos. Lá,
irá descobrir que o mundo é muito mais do que ela imaginava e sua
vida mudará para sempre.
A Filha Virgem do Meu Melhor Amigo

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Sinopse:

Gutemberg Toledo, Guto, sempre se destacou pelo talento com os


números, e transformou um mercadinho familiar em uma rede de
supermercados espalhada por todo o país. Astuto, determinado, e
um empresário incrível, ele conquistou tudo, menos o que mais
ansiava: uma família. Ao se divorciar, esse sonho parecia estar mais
distante do que nunca.

Sem laços familiares fortes, tudo o que ele tem de mais importante é
a amizade de décadas com o sócio. O que ele não esperava era
que a filha do seu melhor amigo, dezoito anos mais jovem, nutrisse
sentimentos por ele, um amor proibido. ⠀

Guto vai lutar com todas as forças para não ceder à tentação.
Dentre todas as mulheres do mundo, Rosi deveria ser intocável; não
era permitida para ele. Porém, às vezes é difícil escapar de uma
rasteira do desejo.
Eternamente Minha

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Sinopse:

Vitor Doneli era um playboy e o herdeiro de um império, mas ele


decidiu desafiar o pai e traçar o próprio caminho, antes que o
destino pesasse sobre ele e fosse obrigado a se tornar o CEO da
empresa da família. Cursando Direito em uma faculdade pública,
cercado de amigos e mulheres de vários níveis sociais abaixo do
dele, terá a sua realidade de cafajeste virada de cabeça para baixo
quando uma caloura atravessar o seu caminho.

Cíntia deixou sua casa, sua família e seu namorado e foi estudar em
uma cidade grande. Determinada a se tornar uma advogada, ela
não queria um relacionamento, mas o destino estava prestes a
surpreendê-la. Cíntia tentou e lutou com todas as forças para não se
aproximar, não se apaixonar... Vitor era o completo oposto de tudo o
que desejava. Um jovem mimado e rico, que a provocou,
enlouqueceu e roubou seu coração.

Uma gravidez inesperada apenas intensificou o amor entre eles.
Eram o destino um do outro, ou acreditavam nisso. Porém, o
coração deles será partido, promessas serão quebradas, e todo o
amor que viveram se tornará uma triste lembrança do passado na
qual se negarão a desistir... ⠀
Vendida para Logan (Clube Secreto)

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Sinopse:

Logan Mackenzie é o herdeiro de um império secular que rege


com maestria. No entanto, por trás do excêntrico e recluso homem
de negócios, que vive em um isolado castelo no interior da Escócia,
há muitos segredos e desejos obscuros. Ele não se rende a uma
única mulher, tem várias, e com elas explora a sexualidade ao
máximo.
Um convite inesperado o levará ao exclusivo Clube Secreto, um
lugar onde todos os pecados podem ser comprados. O que não
imaginava era que se depararia com um leilão de mulheres. Logan
nunca foi uma alma caridosa, mas até os mais egoístas vivem um
momento de altruísmo. Ele decide salvar uma delas, e por tê-la
comprado tem direito a tudo, inclusive a libertá-la.
Camila já havia experimentado o medo nas suas piores formas.
Lançada a um terrível destino, não esperava acordar no jato
particular de um milionário a caminho do nada.
Ele já havia feito a sua cota de boa ação, só esperava que ela
fosse embora, mas o que se fazer quando Camila se recusa, pois
não há para onde ir? O lar que ela tinha havia se transformado em
pesadelo e aquele que imaginou que cuidaria dela, roubou sua
inocência e a vendeu para o tráfico humano.
Logan não queria protegê-la, não estava disposto a baixar seus
muros por mulher nenhuma. Porém, enquanto ele a afasta, Camila
descobre o lado mais obscuro daquele homem frio, mas também vai
perceber que existe uma chama que pode salvar ambos.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores


de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e
conduta inadequada de personagens.
Trevor: e o bebê proibido (Dark Wings Livro 1)

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Sinopse:

Diana era o motivo de orgulho para os seus pais adotivos.


Esforçada, estudiosa, cursava medicina, com um futuro muito
promissor, mas um convite para visitar o Inferno vai mudar tudo.
O Inferno era apenas um bar pertencente a um moto clube, ao
menos era a imagem que passava a quem não o frequentava.
Porém, ele era uma porta para o submundo, um lugar de renegados,
como Trevor. Um dos irmãos que lidera o Dark Wings é a própria
escuridão, nascido das trevas e para as trevas, que acabará no
caminho de Diana, mudando a vida da jovem para sempre.
Uma virgem inocente que foi seduzida pelas trevas...
Uma noite nos braços do mal na sua forma mais sedutora, vai gerar
uma criança incomum e temida, além trazer à tona um passado que
Diana desconhecia, e pessoas dispostas a tudo para ferir seu bebê.
Um milionário aos meus pés (Irmãos Clark
Livro 0)

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Sinopse:
Harrison Clark abriu uma concessionária de carros de luxo em
Miami. Se tornou milionário, figurando na lista dos homens mais
ricos do Estados Unidos. O CEO da Golden Motors possui mais do
que carros de luxo ao seu dispor, tem mulheres e sexo quando
assim deseja. Porém, a única coisa que realmente amava, era o
irmão gêmeo arrancado dele em um terrível acidente.
Laura Vieira perdeu os pais quando ainda era muito jovem e foi
morar com a avó, que acabou sendo tirada dela também. Sozinha,
ela se viu impulsionada a seguir seus sonhos e partiu para a
aventura mais insana e perigosa da sua vida: ir morar nos Estados
Unidos. No entanto, entrar ilegalmente é muito mais perigoso do que
ela imaginava e, para recomeçar, Laura viveu momentos de
verdadeiro terror nas mãos de coiotes.
Chegando em Miami, na companhia de uma amiga que fez durante
a travessia, Laura vai trabalhar em uma mansão como faxineira, e o
destino fará com que ela cruze com o milionário sedutor. Porém,
Harrison vai descobrir que ela não é tão fácil de conquistar quanto
as demais mulheres com quem se envolveu. Antes de poder tirar a
virgindade dela, vai ter que entregar o seu coração.
Quando a brasileira, ilegal nos Estados Unidos, começa a viver um
conto de fadas, tudo pode acabar num piscar de olhos, pois nem
todos torciam a favor da sua felicidade.
Uma virgem para o CEO (Irmãos Clark Livro 1)

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Sinopse:

Dean Clark nasceu em meio ao luxo e o glamour de Miami.


Transformou a concessionária de carros importados que herdou do
pai em um verdadeiro império. Ele é um CEO milionário que tem o
que quer, quando quer, principalmente sexo. Sua vida é uma eterna
festa, mas sua mãe está determinada a torná-lo um homem melhor.

Angel Menezes é uma moça pacata e sonhadora que vive com a


mãe em um bairro de imigrantes. Trabalhando como auxiliar em um
hospital, sonha em conseguir pagar, um dia, a faculdade de
medicina. As coisas na vida dela nunca foram fáceis. Seu pai
morreu quando ela ainda não tinha vindo ao mundo, e a mãe, uma
imigrante venezuelana, teve que criá-la sozinha. Porém, sempre
puderam contar com uma amiga brasileira da mãe, que teve um
destino diferente ao se casar com um milionário.

Laura mudou de vida, mas nunca deixou para trás a amiga e faz
de tudo para ajudar a ela e a filha. Acredita que Angel, uma moça
simples, virgem, e onze anos mais jovem, é a melhor escolha para o
seu filho arrogante e cafajeste, entretanto, tudo o que está prestes a
fazer é colocar uma ovelhinha ingênua na toca de um lobo.

Dean vai enxergar Angel como um desafio, ele quer mais uma
mulher em sua cama e provar que ela não é virgem. No jogo para
seduzi-la, ganhará um coração apaixonado que não está pronto
para cuidar...

Será que o cafajeste dentro dele se redimirá ou ele só destruirá


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