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O Arquivo Secreto Evylaine Levenfell

Rosianne:
O Novo Começo de
Evylaine

Uma História de
Saltimbancos.
Pablo Duarte

Mas um dia se vai dentro da minha cabeça mas o relógio teima em dizer que se passaram
apenas dez minutos. Minhas tentativas frustradas de imaginar situações onde o tempo passaria
mais rapidamente se esvairam, assim como minha paciência. Olho para o chão, isso já virou um
hábito (estou me tornando previsível, é hora de parar.), mas quem diria? Achei uma nota de dez
Dólares! Acho que me precipitei em reclamar de meus hábitos peculiares. Mas duas dessas
belezinhas e eu posso me tornar milionária! Ou comprar um bom livro do George Martin, O que
é bem melhor. Não quero muita coisa: Apenas ser independente, ter um "APÊ", uma estante
cheia de livros, um vídeo-game e um cara com quem conversar besteira, falar de coisas
interessantes e transar o dia quase todo ("quase" porque tenho que deixar espaço para as
séries, não me julgue!). Mas acima de tudo: Quero ficar longe dessa família. Nasci e fui criada no
Brasil até meus 8 anos, então falo inglês e português (cadê as palmas?). Mas após a morte de
minha mãe, que, por uma ironia do destino, morreu do mesmo jeito que meu pai morreu:
Queda de cavalo. Deixando para trás uma garotinha de 8 anos que não tinha visto sangue além
das belas letras nas páginas de "O Senhor dos Aneis". Fui enviada para minha "querida" titia em
Chicago (O que não quer dizer que eu torça pro Bulls, torço pro Seawalks só para fazer raiva!).
Essa mulher nem sabe pronunciar meu nome direito e acha que é minha pessoinha favorita.
Bem, isso muda hoje. Completei 18 anos hoje, e estou de viagem para a cidade de Fortaleza, no
Ceará, para começar uma vida nova! Mudei meu nome (ou estou tentando...faz meia hora que
Gerald, meu único amigo naquele inferno que minha tia chama de "Home sweet home".). Pintei
uma mecha apenas do cabelo de roxo, o que significa o meu ingresso na minha vida de "Não
chatice de minha tia gringa". Já tenho tudo pronto, basta apenas qu...

- Qual o nome que você disse antes Rosianne? Eviliane? - Perguntou Gerald (se ele fosse tão
esperto quanto arrumado...Seria um pinguim Einstein! Credo...isso parece algum vilão de novela
mexicana das quatro.)
- Evylaine Levenfell, E-V-Y-L-A-I-N-E, vamos Gerald, não é tão dificil assim.
- Tem certeza de que quer mesmo isso? Sabe muito bem que não dá para voltar atrás. E além
disso, Rosianne é um nome lindo.
Levantei uma sobrancelha em sinal de confiança (até porque Gerald não era bom em entender
quando eu franzia o cenho), ele apenas assentiu.
Depois de toda aquela burocracia chata. Pegamos o rumo do aeroporto, lentos e sempre,
Gerald não é um Usain Bolt, mas pelo menos poderia se esforçar para ir mais rápido. Minha
vontade era de assobiar e um dragão descesse "embrazado" (termo que aprendi com memes na
internet!) e eu montasse nele e apenas para dizer "Até logo otário!", não porque não gostava de
Gerald, mas porque sempre quis dizer isso! Sei que ele me perdoaria. Chegamos ao aeroporto
sem que eu desse uma de Daenerys Targaryen. Me despedir de Gerald foi a pior parte.
- Até mais ver...Evylaine. - Ele chorou, e eu abracei ele como nunca abracei ninguém antes. -
Tome cuidado.
- O que pode acontecer de tão ruim? Vão me obrigar a dançar funk? - Ele riu - Até mais, Gerald. -
Então embarquei.

- Testemunho 1 -
- Abri um negócio no Brasil! Quer ser minha sócia? - O cara atrás estava falando tão alto que
suspeitei que ele estivesse oferecendo a proposta para o avião inteiro. - Senhora, gostaria de
investir em negócios no Brasil? Não? E você senhor? Parece um cara inteligente, que tal ahn?
Quer ficar rico? Ah, que pena.
- Aeromoça! - Ela sorriu e veio até mim. - Pode fazer o senhor de trás ficar calado? Não consigo
ler meu livro com ele falando tão alto. - Ela assentiu e foi falar com ele (não como eu queria,
minha vontade era que ela desferiu um golpe de 900 hits contra a boca dele e depois dissesse
"omae wa mou shindeiru" e meus problemas estariam resolvidos.). Bom, pelo menos ele se
calou, o que me deu tempo para começar a pensar em como vai ser na minha escola nova, como
vai ser a aula, os professores e o se vou conhecer esse cara interessante (se um funkeiro com a
sobrancelha cortada der em cima de mim, eu passo com um caminhão em cima dele). Acho que
dormi. Sonhei, escurecendo minha mente e entorpecendo meus sentidos. Estava em um local,
um monte ou algo tão próximo disso que não vale a pena dar outro nome. Estava junto de um
garoto, esguio, magro e alto, de cabelos escuros, eu estava chorando e de repente...Ele me
beija, me afaga os cabelos. Acordei com o aviso da aeromoça.
- Estamos chegando ao nosso destino, por favor permanecer sentados.
(Que pena, estava com uma vontade de me levantar e começar um striptease ali no meio do
avião, sabe como é né? só para zoar.)
Saí do aeroporto bem a tempo, bastava apenas chamar um Uber e verificar se minha matrícula
na nova escola estava nos trinques. Minha nova escola é a Mestre Afonso Braga. Escola pública,
mas é o que eu preciso, afinal, é só um ano, depois é faculdade! E olhe só! Meu Uber chegou!
Cheguei na escola e vi que as fotos que Gerald havia me mostrado tinham descartado MUITOS
detalhes importantes. A ESCOLA ERA GIGANTE! Resolvi que tinha que explorar aquela Hogwarts
antes de sair por aí soltando magias e falar com a diretora sobre minha matrícula. Fui primeiro
ao pátio, e lá encontrei um Salão de encontro de nerds, bem, pelo menos eu não ia ficar falando
sozinha. Reparei em um garoto com um livro do John Green no braço e pensei (olha só...alguém
com cultura! mas A culpa é das Estrelas não é bem o que eu leria para começar bem o ano).
Depois de examinar toda a escola, resolvi encarar a diretora, que estava ocupada com aquele
mesmo rapaz do livro, reparei mais nele e vi detalhes no rosto dele. Foi então que bateu a ficha.
Era ele! ele...apareceu nos meus sonhos...foi ele! Minha testa suava, eu não soube como reagir,
eu nunca tinha visto ele na vida, nem sabia seu nome, então como? cadê a lógica por trás disso?
cadê o Dr.Who? meu Deus, o que eu faço? Chego e digo "Oi, Meu nome é Evylaine, e eu sonhei
com a gente se beijando sem nunca ter te visto na vida! Você gosta de pão?". Bem ele saiu, e
pela expressão, estava feliz, e provavelmente não era por ter aparecido no meu sonho e me
beijado. Bem, de qualquer forma ele não iria acreditar em mim mesmo, dei de ombros e entrei
na sala da diretora.
- Olá, meu nome é Ro...Evylaine Levenfell. Vim ver a situação da minha matrícula.
- Ah claro, a garota do intercâmbio, certo? - Ela me olhou como se fosse perguntar "Você
realmente é gringa? cadê o cabelo loiro, os olhos azuis e um buggy na praia?" - Okay, aqui... está
tudo certo senhorita Levenfell, pode começar amanhã, já conheceu a escola?
-Já sim, estava me perguntando agora mesmo se posso soltar magia à vontade aqui dentro. - Ela
riu.
- Vejo que aprecia a literatura de Rowling.
- Sim, mas, se me der licença, ainda tenho que arrumar meu apartamento, até amanhã
senhorita...
- ...Marcela, tenha um bom dia.
Bem, o Uber foi bem mais inútil dessa vez. Meu apartamento não estava a mais que duas ruas
da escola. Mas está na hora de me animar, não é mesmo? Afinal...Agora começa minha nova
vida. Chego em meu apartamento, então...está mais que na hora de pôr mãos-à-obra!

Testemunho 2
Dois meses se passaram desde que entrei para a escola nova. O carnaval por aqui é bem
animadinho (não peguei costume, afinal, em Chicago não tem carnaval), Bem, deu para
sobreviver. O que sei até agora é o seguinte: Vou me dar bem naquela escola, descobri como me
enturmar rapidamente e o melhor de tudo...descobrir a identidade do garoto dos meus sonhos
(só falta a retardada aqui criar coragem para falar com ele. Não sei qual meu problema, nunca
tive dificuldade em falar com garotos, nem de me enturmar, mas admita, é tenso chegar em um
cara que você viu em um sonho.). Seu nome é Petric Lovegardem, tem 18 anos, signo de peixes,
gosta de fantasia e é super extrovertido. Talvez o tipo perfeito para chegar e dizer "Oi, vamos se
pegar ali atrás e depois você me conta como entrou no meu sonho.". Tentei chamar sua atenção
uma única vez dizendo "Ei! Seu zíper está aberto.", ele não ficou constrangido, apenas
agradeceu com um sorriso e saiu. Tem algo misterioso nele, que me atrai, eu preciso saber mais
dele, ver mais ele, e... é melhor parar por aqui. Está quase na hora de voltar a escola, vou tomar
um banho e vestir alguma coisa, mesmo morando sozinha, não acho que seria uma boa ideia
andar só de calcinha pela casa. Entrar no chuveiro não vai ser uma boa idéia, não com esses
pensamentos em mente como uma avenida paulista em dia de black friday. Tirei a roupa, já é
um avanço! olho para minha bela imagem no espelho, você pode até achar que estou
pirando...mas meu reflexo começou a olhar para as próprias partes íntimas com malícia e
bem...eu não costumo contrariar meus reflexos no espelho, eles com certeza entendem bem
mais de mim do que eu. Claro que nem tive tempo de pensar no que pensar (meu deus...o que
eu estou dizendo?). Petric foi meu primeiro desejo...e foi, acho que não preciso dizer o resto
não é? Ótimo! Regressei a minha sala-de-estar escovando meus cabelos, dando uma atenção
especial a mexa que significava recomeço. Uso o uniforme da escola, com um colar com o
símbolo da horda de World of Warcraft, uma calça que simplesmente ia fazer o Michael Jackson
versão Thriller sentir inveja. Vou andando até a escola, afinal, moro a duas ruas da escola, o que
pelo menos significa que vou queimar as calorias do milkshake que comprei de manhã.
Chegando até a escola, aproveito que ainda faltam pelo menos 10 minutos para o toque do sinal
e me dirijo a biblioteca. Chegando lá, quem eu encontro? Dez Dólares achados no chão para
quem acertar! Isso mesmo, a bibliotecária! E o Petric...claro. Ele sorri para mim, e eu retribuo.
- Onde está o livro de física que deixei aqui professora Miranda? - Ele remexe novamente na
pilha de livros na estante de cima. - Eu lembro de tê-lo posto aqui.
- Talvez alguém tenha pego.
- Achei! - De repente ouço o ruído de algo deslizando em madeira. - Cuidado! - É um belo
exemplar de "Física em sete Passos" cair em minha delicada cabecinha cheia de pensamentos
absurdos.
Ele desceu da estante e veio na minha direção tão depressa como se eu fosse um ingresso para
assistir o novo Star Wars em 3D.
- Você está bem? - Os olhos dele são castanho escuro, tão escuros...como se estivesse
escondendo do mundo o que pensa...como se...pensasse além do se fala, e...eles são lindos. - Se
machucou?
- Bem...acho que um dos passos da física eu já aprendi com o livro. - tateei o local onde o livro
atingiu. - Força gravitacional. - Ele riu, e até seu riso era gracioso para mim. - Meu nome é
Evylaine, mas pode me chamar de Evy. - Acho que corei, mas resolvi não me importar com isso.
- Prazer, meu nome é Petric. És nova por aqui? não lembro de tê-la visto ano passado.
- Sim, sou. Cheguei no começo do ano de Chicago.
Nesse momento uma garota da minha sala entra na biblioteca, eu a identifico na hora, é Wysla,
número 12 da minha sala (não sou uma psicopata… apenas observadora).
- Olá meu amor. - Espero pelo bem dela que ela esteja falando com a bibliotecária. - Que fazes aí
com a Evy meu bem? - (acho que volto atrás com minha palavra sobre não ser uma psicopata.).
- Olá meu bem, acabei de conhecê-la, meio que...derrubando um livro na cabeça dela.
Mas que droga, era bom demais para ser verdade. Um cara assim...e solteiro? bem...acho
difícil. Mas tudo bem, se bem que ele poderia achar coisa melhor, e pensei que ela namorasse
outro cara, mas quem sou eu para julgar? Vejo o meu primeiro "crush" ir embora...mas que bela
merda essa...bem vou deixar para lá. Volto para minha sala, e tento não olhar para Wysla, mas
bem, ela foi bem mais rápida, sabe.
- Olá Evy... - nunca devia ter dado intimidade a ela. - Como você está?
- Estou ótima. Bem... - reparo que tem um garoto chamando ela na porta. - Ei, olha, aquele
garoto que sempre te acompanha está alí. - por que será que ele está sempre com ela? acho
que ele gosta dela. Outro iludido. - Sabe, acho que ele gosta de você.
- Que nada amiga! - acho que ela tomou intimidade demais. - Ele é só um amigo.
- Se você diz, mas acho que seu namorado não vai gostar dele sempre com você.
- Às vezes Petric é muito chato, não me dá liberdade. Acha que eu sou uma criança, acho que ele
não confia em mim. - ela se levanta e vai até o garoto. Ela pede para sair e vai acompanhada
dele.
Começo a me arrepender de não ter comprado uma garrafinha de água, estou no meio de uma
deliciosa aula de química e meus rins estão fazendo uma bela sinfonia de "EU QUERO ÁGUA!" E
bem, Wysla ainda não voltou, e também não estou afim de esperar. Peço à professora para ir
beber água, digo que é uma boa ação em prol da sobrevivência dos meus rins, e também quase
dou uma pequena palestra sobre os benefícios de se manter hidratada! Me dirijo ao banheiro
que por uma ironia do destino fica um pouco depois da biblioteca, que estava aberta, o que foi
curioso, já que durante as aulas não se era permitido a retirada de livros, a menos que o
professor permita.
Às vezes o destino nos dá sinais apenas para nos mostrar algo.
- Calma meu amor, Petric é só um amigo, sabe que quem eu amo é você.
Não consigo entender o que aconteceu...ela apenas beijou ele...ela...Wysla...Como?! Por que!?
Não acredito tanto quanto não queria acreditar que ele a tinha escolhido para seguir a vida. Será
que ele é realmente tão ruim para que ela chegue a esse ponto. Bom...me retirei dali, apenas
para deliciar meus pensamentos com essa maldita atitude dela...desculpa mente...ai vai mais
um daqueles para você.

Testemunho 3
Dois meses se vão desde aquela trama maligna de Wysla. Ainda não consigo pensar nisso sem
quase vomitar, olho para o chão como se já visse meu pulmão ali! Tenho evitado Petric e Wysla
desde então, minha vontade era de mudar de escola novamente, mas tenho que aprender a
conviver com a vida real. Nos poucos momentos em que fiquei a sós, Petric se mostrou um cara
dedicado, apaixonante e que é esforçado no que faz. Sempre falando bem de Wysla, bem, pelo
menos quando ela não abusa demais de sua paciência. Mas mesmo depois de muita
investigação, não consigo achar o motivo pelo qual ela faz isso, bem, evitei ambos para que essa
história não me afete muito, gosto muito de Petric, mas não quero me apaixonar em vão,
infelizmente minha tentativa de ignorar ambos não deu muito certo, aí vem eles na minha
direção.
- Olá Evy... - Ele vem sorrindo, meu Deus! e agora? - Está tudo bem? Faz tempo que não vejo
você.
- S-sim, está tudo ótimo. - Eu evito o olhar dele ( Se tem algo que eu descobri em Petric, é que
ele tem um dom de enxergar o que nós queremos esconder, Acredita que ele descobriu que
meu nome de nascença não era Evylaine? "Você não fala seu nome com tanta convicção como
alguém com um nome original falaria!" ele disse. Mas então por que ele não descobriu que
Wysla o traía?.
- Ei Evy! - Eu faço a maior burrada da minha vida: Olho diretamente nos olhos dele.
Nessa hora meu corpo se desconecta do mundo, eu estou em campo verde com...Petric? Ele
invadiu minha mente? como? A princípio não diz nada, nem fala nada, apenas olha para mim, e
levanta uma das sobrancelhas como quem diz "e então...vai contar?''. Com certo receio de estar
parecendo uma louca, digo:
- Wysla, ela não é como parece ser...ela te trai...sou eu quem você quer...deixe ela...e... - De
repente o mundo se desfaz em imagens e pensamentos, em uma dessas imagens eu vejo Petric
jovem, com uns dez anos de idade e um senhor de idade avançada.
- Vovô! você vai ficar para sempre comigo não é? - Ele parece estar muito feliz. Ele abraça o
senhorzinho e percebo que estou chorando, e uma alegria toma conta de meu coração...até...
- Infelizmente não meu filho...receio que a morte já esteja me olhando de soslaio na próxima
doença ou queda. - As imagens começam a mudar, vejo Petric ajudando o seu avô, o ajudando a
andar. De repente a cena muda novamente. Petric não envelheceu muito, deveria estar com
doze agora, estava jogando bola, mas, não parecia contente, nem se mexia muito, até que
derrepente uma mulher sai de dentro da sua casa e...bem...é a mãe dele...agora sei o que
aconteceu. Dentro da casa que seria de Petric, estava acontecendo um funeral, e em uma rede,
com o brilho nos olhos se esvaindo como uma chama se esvai com o tempo, estava o avô de
Petric. A mulher grita:
- Passa já para dentro de casa... - a mulher parece soluçar. - Tenha respeito pelo seu avô, tenha
vergonha, seu avô morrendo e você jogando bola...e-eu... - De repente a cena muda novamente.
- Eu apenas quero ser aceito cara... - Um garoto mais velho e forte dá um soco na barriga de
Petric.
- Cala a boca Nerd idiota, acha que pode ficar com a minha garota assim e sair ileso?
- Se ela fosse realmente sua..- ele tosse, com sangue escorrendo da boca, parece que não
cheguei no início. - ...ela estaria com você, não teria me beijado.
- Muito bem Don Juan, agora... - Petric olha para ele com o olhar penetrante que fez para mim.
- Sei que você me bate por inveja, está claro para mim. Bate em mim porque sabe que não
conseguir a garota que você gosta já é ruim, mas perdê-la para um nerd é inaceitável...não é? -
ele dá um sorriso confiante. - Sua vida é atormentada por si próprio não é? não tem confiança
nas próprias habilidades, nem tem ambições próprias, por isso você atormenta quem tem...não
é?
- E-eu estou cansado dessa baboseira... - Ele tenta acertar um soco em Petric, mas ele desvia e
segura o braço do agressor e o pressiona contra as costas do oponente.
- Aposto que nunca namorou na vida, aposto que nunca conseguiu ser feliz por um momento às
próprias custas...aposto que é maltratado pela própria família. - por um momento o brilho nos
olhos de Petric sumiu, e ele soltou o garoto, que chorava. - Eu te entendo.
- Não, não entende...Você tem sua garota e uma vida boa. - Ele olha com cara de choro para
Petric.
- Não, sabe, eu tenho um dom, de transformar minha tristeza em força. - Ele fecha o punho. -
Não se preocupe...se mantenha neûtro em casa...se esforce na escola, e acima de tudo, não seja
desesperado, a garota certa virá algum dia, eu tenho certeza! Enquanto esse dia não chega,
corra atrás dos seus sonhos! Comece por levantar daí. - Petric dá a mão ao garoto, que sorri e
aceita a ajuda.
- Obrigado...
As imagens voltam, desta vez, as que não aconteceram, com Petric e eu...Beijos, abraços e
amor...e eu volto novamente. Para os dois, por um momento percebi os olhos de Petric em um
tom de rosa.
-...Tem certas coisas que os olhos da alma não revelam Evy...é preciso ser enxergado com os
olhos do corpo. - Ele disse, saiu, eu sei o que ele quis dizer, então, talvez ele já saiba, ou
talvez...aquelas visões realmente fossem reais. Rumarei para casa e pensarei nisso. Há uma
rotina que preciso levar em conta...Wysla sempre sai para uma praça deserta aqui perto com o
garoto, ela diz para todos que saí para estudar com uma amiga, mas não é a primeira vez que
Petric a pega na mentira...mas não com a mão na massa. É hora de provar a verdade, se todas
essas visões e sensações boas e quentes emanam dele...ela não merece estar com ele! e isso já
é mais que motivo para eu intervir antes das férias chegarem.
Tomando banho eu imagino minha estratégia, e bem, faço uma coisa que não fazia há tempos,
porque pensava em Wysla como amiga, portanto Petric não poderia ser fruto de meus
pensamentos, mas como não resisti aquela sensação...por que resistir às minhas tentações?
Wysla não resistiu às tentações dela, e bem, as minhas pelo menos não enganam ninguém, até
porque...alguma talvez seja real. Sete e meia, vejo ela passando sozinha em rumo a praça. Ligo
para Petric ( o que direi? Não tenho prova alguma ainda...)
- Aloha!? - Não segurei o riso. - Ah, mecha roxa é você?
- Mecha roxa? não tinha apelido melhor não cabeção? - Rimos juntos por pelo menos 10
minutos. - Quer dar uma volta comigo na praça?
- Não sei, Wysla talvez não goste, ela foi para uma amiga para estudar cálculo. - Acho que foi só
imaginação mesmo, mas mesmo assim...
- Wysla não vai se importar, ela confia em mim.
- Se você diz, Tudo bem, te vejo lá.
Me vesti de acordo com a ocasião (eu acho, não é preciso vir a rigor para uma traição não é?).
Vesti uma camisa do Iron Maiden cortada nas mangas e uma saia com um short por baixo.
Coloquei meu colar no pescoço e rumei a praça. Já nas escadas, um vizinho me avisou que iria
faltar água hoje à meia-noite e o senhorio mandou avisar a todos. Agradeci e parti para
desmascarar umas pessoas, o normal a se fazer toda quinta-feira a noite!
Chegando a praça não houve tanto trabalho, Wysla já estava se desculpando aos choros para
Petric, que se manteve como uma pedra, apesar de tudo, do choro, de tudo.
- Eu não fiz o que você imagina... - Ela olhou para o garoto e apontou. - Matias me beijou à
força...
- Bem... - Respondeu o garoto. - Parece que ambos fomos enganados por essa palerma, não
somos tão diferentes...
- Não se compare a mim garoto, você chegou nesse mundo agora...ainda não sabe o que é viver,
e você... - Ele olhou para Wysla. -...Nunca será feliz...Quem trai não é capaz de encontrar a
felicidade, mas minha cabeça está limpa, adeus Wysla.
- Por favor Petric, eu te amo, você foi o único homem que eu amei...
- CALA A BOCA!! - Até eu me assustei. Ele se aproximou dela. - você não sabe o que é amor
criança, e talvez nunca mais terá a oportunidade de conhecer, bom resto de vida para você. - ele
se virou para mim, pegou meu pulso. - Vamos Evy, preciso conversar. - Sigo ele e dou uma
última olhada no cenário atrás de mim. Wysla abandonada pelos dois, chorando, e lamentando
a atitude que tomou...pobre alma, talvez Petric esteja certo, quem trai não consegue ser feliz.
Chegamos ao meu apartamento e bem, Petric chorou.
- Não entendo, eu fiz de tudo...eu me doei a ela, para no fim... - Ele soluçou. - ...isso.
- Não é sua culpa, você deu o seu melhor, ela não te merecia. Bem...posso te perguntar uma
coisa?
- Claro... - Ele enxugava as lágrimas. - ...qualquer coisa.
- Aquilo enfrente a escola...aconteceu de verdade?
- Aquilo? - Ele franziu a testa. - Não compreendo.
- Ah...esquece. - Deve ter sido minha imaginação. - Bem, tem algo que queira fazer? conversar?
- Na verdade, queria pedir um favor.
- Peça.
- Posso dormir aqui hoje? - Corei instantaneamente, tipo o Goku virando um super sayajin, mas
suspeito que se eu saltasse a janela agora, não voaria.
- D-dormir aqui?? - Ele me sorriu. - Claro...quer dizer, sem problemas.
- Não se preocupe, não irei fazer coisas pervertidas a noite se é o que você pensa... - Que pena. -
...quero apenas esquecer esse episódio chato...passar a noite conversando talvez ponha minha
cabeça em outro rumo. E obrigado mesmo, acho que não consegui achar a verdade por trás de
Wysla como fiz com você, mas mesmo assim me mantive com ela...talvez por que ainda sinto
saudades de um ente querido...
- Seu avô? - Ele pareceu surpreso, mas depois compreendeu ( que bom, porque eu não
compreendi.).
- Sim. Parece que você olhou dentro da minha alma.
- Sim... ou talvez a sua alma que tenha se mostrado para mim...e bem antes de nós descermos
os olhos um no outro.
Ele beijou minha testa...e nós conversamos...na alma um do outro...

Testemunho 4
- Acho que devia se divertir mais, afinal de contas, isso aqui é uma festa- Levantou a taça em
direção ao nariz de Petric para provocá-lo. - Não quero que deixe que aquela garota estrague
sua vida, já fazem dois meses, aproveite um pouco essas férias.
- Mas eu estou aproveitando. - Levantei uma sobrancelha.
- Ler livros as férias inteiras? É isso que você quer?
Se passaram dois meses desde o incidente com Wysla, Petric tem certas crises, levando em
conta que às vezes ele diz "Ela não me merecia, eu estou mais feliz assim!" e passa o dia sem
falar nisso, bem, até o outro dia quando ele começa a dar um discurso que não começa com "Eu
tenho um sonho...". Queria poder dizer que eu e Petric transamos naquele dia no meu
apartamento, que estamos juntos agora e que eu vou fazer que ele esqueça Wysla o mais rápido
possível...mas seria mentira. Ele dá muitas investidas...mas para...não chegar até o final, por
que? Eu não entendo, uma vez ele até apalpou minha bunda, bem, eu não reclamei (só quando
ele parou.). Não consigo acreditar nisso, estou cansada de levar cantadas e indiretas sem ele
chegar, me pegar pela cintura e me beijar. Mas não, ele só estuda e lê, ainda não sei como
consegui fazer ele vir a essa festa. Bem, ele tem frequentado minha casa com bastante
frequência, eu até passei de calcinha na frente dele, mas nem isso o afeta,quando pergunto se
isso não incomoda, ele apenas diz "A casa é sua, então as suas regras são as que seguirei.", e
pelo que sei, ele não é gay (talvez eu devesse tentar dizer que tenho um volume no meio das
pernas). Bem, voltando a festa.
- Não acho ruim, assim eu vivo a vida que outras pessoas criaram e esqueço essa aqui.
- Sem chorar perto de mim, não aqui, por favor né Petric... - Ele deu de ombros. - Aproveita um
pouco, tenta chegar em alguma menina, se diverte poxa.
- Boa idéia! - Droga, o que foi que eu fiz? - Olá, bela dama, vem sempre aqui? - Ufa...
- Venho sim, caro senhor...o que desejas de mim, tão elegante no dia de hoje? - ele sorri, dando
finalmente um pequeno gole do seu drink.
- Venho atrás de uma bela senhorita para fazer uma pequena pesquisa sobre atrito. - Ele corta o
lábio superior em um sorriso malicioso. - Estaria interessada? é em prol da ciência... - Eu rio.
- E como seria? - Ele se aproxima.
- Bem, acho que devo utilizar meus lábios, e você os seus. - Isso foi inesperado...será que é a
bebida? - o que me diz senhorita?
- Dar detalhes assim...Isso funciona mesmo ou é só comigo?
- É uma tática habilmente testada e comprovada!
- Por você?
- Na verdade eu vi em The Big Bang Theory. - Nós dois rimos da situação.
- Espero que eu não tenha que carregar você.
- Não acho que vai precisar, não sou de beber muito para cair, só socialmente.
- Mas será que vou ouvir muita besteira no caminho para casa? - Ele arremessou um pedaço de
limão em mim. - Eeei...
- Banzai! - Ele salta para perto de mim... - Não acho que vá ouvir besteiras hoje, a não ser que
considere filosofia existencialista e teorias metafísicas sobre a origem do universo sejam
besteiras. - Novamente ri da sua palhaçada, pondo um dedo em seu nariz.
- Tudo bem Doutor Sheldon Cooper. - Ele riu.
- Vou ao banheiro, volto já.
- Não vá deixar um buraco de minhoca no banheiro da boate! - Brinquei.
A animação da boate pareceu desaparecer, Petric demorou mais do que o necessário no
banheiro, o que me fez questionar se ele estava fazendo o número dois ou a brincadeira do
buraco de minhoca tinha um fundo de verdade. Finalmente ele volta, acompanhado de um
rapaz alto e loiro de um cabelo cacheado.
- Olha Tyrel, acho que eu e Evy já vamos indo, mas antes... - Ele aponta para mim. - Ty...
- Pode deixar que eu mesmo me apresento Petric... Prazer, Meu nome é Deverom, Tyrel
Deverom.
- Prazer, Meu nome é Evylaine Levenfell. Desculpe, foi um prazer mesmo mas eu e Petric já
vamos embora, Andressa já deve ter ido.
- Claro, Petric disse que vocês moram perto da escola, acho que vou acompanhar vocês.
Acompanhando Petric ele quis dizer...fui simplesmente esquecida, até um momento em que
Tyrel pediu Petric "emprestado".
- Seja breve, por favor. Pretendo voltar para casa ainda hoje.
- Serei.
Eles demoraram uns 15 minutos, Petric voltou, parecia meio estranho, então perguntei:
- Sobre a minha vida...meu futuro...meu presente.
Voltamos para casa em silêncio absoluto, ele iria dormir na minha casa denovo, então não
tenho o porque atrapalhar seus pensamentos...pelo menos não agora.
Chegamos ao meu apartamento, vou tirando a minha camisa quando sinto de leve uma mão
em meu quadril, quando já estava elaborando uma brincadeira para jogar em Petric... O tempo
parou. Ele me olhava, sim, mas enxergava além do que meu corpo físico, além até do que minha
alma presa a esse recipiente mostrava... via além de Evylaine... via além de Rosianne. Ele
enxergava algo mais íntimo que minhas partes femininas, via meu passado, meu desejo
presente, e até...o meu futuro. E de repente ele materializou os pensamentos com um beijo.
Nossas línguas se encostaram, mas a ligação de nossa alma estava mais forte, de repente, eu vi,
Tyrel... ele... o beijou... Beijou Petric. Pensei em acabar com aquilo agora, mas ouvi o que Tyrel
disse, como se fosse para mim.
- Você deve seguir seu coração.
- Mas talvez meu coração esteja confuso.
- Eu te beijei, você sentiu o mesmo que sentiu ao apenas olhar com Evylaine?
- Não, mas...
- Aquele... é o seu futuro. - Ele aponta para a garota do outro lado da rua. - Corra atrás do seu
futuro.
- Tudo bem! - Ele sorri. -
- Posso pedir um último favor? - Petric assentiu com um aceno. E Tyrel pegou nos ombros dele e
o beijou novamente. - Talvez seja o nosso último, espero que tenha gostado.
- Digo o mesmo, até outro dia Ty.
- Até outro dia, Pet. - Será que se eu rir muito alto os Petric e Tyrel da visão irão ouvir? Meu
Deus cara, "Pet", sério? É tipo garrafa pet? Eu sou muito retardada para rir disso em uma
situação como essa, fazer o que né?!
Nosso beijo termina, com ele sorrindo.
- Sei que você viu, pode falar.
- Vi sim, Pet. - Dei um leve cascudo em sua cabeça e um beijo na bochecha. - Vamos dormir, sua
garrafa de plástico degradável criada com intuito de diminuir o uso de plásticos que demoram
anos para se decompor.
- Também te amo! - Ele riu, mas voltou a ficar sério. - Sabe Evy, eu tenho muitos sonhos pelos
quais luto, e lutarei até que minha vida se esgote, se algum dia você precisar de mim, não tenha
medo de pedir ajuda, quero que você acredite que apesar de tudo que aconteceu, eu tenho
esperança nas pessoas, na vida, na humanidade...em você. - Outro beijo, dessa vez sem visões,
apenas com um mordida de lábios no final. - Vamos dormir. - não compreendo, eu vejo seus
pensamentos nos quais ele esconde com tanto esmero, e mesmo assim, ele parece tão
misterioso, acho que ele é um mistério até para si próprio, não cabe a mim questionar a
vontade divina de criar um instinto superior ao rapaz há minha frente. Algum dia eu descubro o
que ele realmente sente, e esconde, por enquanto eu continuo com a minha pequena
brincadeira de Sherlock Holmes.
Essa noite, Petric dormiu comigo, me abraçando, me protegendo, sonhar com ele era um
desperdício, uma vez que o verdadeiro estava às minhas costas, eu sentia seu calor, bem melhor
do que sonhar, mas mesmo assim, o dos sonhos faz uma coisa que o Petric de verdade ainda
não ousou fazer...por enquanto.
Testemunho Final
- AH AH AH AH... BLR BLR BLR BLR! - (É sério isso?)
- É sério isso? - Eu disse. - Vittas? meu deus, não sabia que você gostava de cantores russos.
- Tá brincando?! Vittas é um deus! - A praia seria o último lugar onde eu questionaria a
onipotência de um cantor russo com o dom de deixar os outros surdos com um grito.
Se passaram dois meses desde a Festa, muita coisa mudou entre mim e Petric, ele me contou
coisas, mas ainda esconde várias delas. Quanto mais tento desvendá-lo, mas me perco, como se
ele tivesse sido criado por uma entidade dívida com o intuito de avançar a capacidade criativa
do cérebro humano que ele mantém contato. Petric pintou os cabelos de azul, deixou o cabelo
crescer de forma que a parte da frente ficou uma mexa que o deixa "super-fofo-não-olha-que-é-
meu-piranha". Me forçou a pintar parte do meu cabelo de roxo, só metade, pois ele disse que
qualquer alteração na minha fisionomia, significaria que algo na minha vida mudou, talvez esse
seja apenas um jeito complexo de dizer "pinte o cabelo para dizer que mudou". Bem, não
discordei, estava pensando em alisar meu cabelo, mas quando dei a idéia ele disse, "Não".
Quando perguntei o porquê, ele disse: "Mesmo quando mudamos, sempre deixamos um
resquício de nosso passado para trás, nunca mudamos definidamente, nem mudamos 100%,
mudamos aos poucos. Esse seu cabelo cacheado é sua identidade, mostra a Evylaine, a que eu
conheço, e... ele deixa você uma gracinha." e depois me deu um beijo na testa. Aprendi uma
coisa de Petric, seu beijo na testa talvez tenha um valor bem mais elevado do que um beijo na
boca, é o jeito dele de dizer "eu estou aqui por você, para você, e não se preocupe, porque eu
vou te proteger.". Me sinto segura com Petric por perto, de maneira, bem...como posso
explicar? Me sinto relaxada, a aura de Petric é pura, é como se ele fosse um anjo. Ele sabe o que
eu penso, sabe a hora de dizer o que deve ser dito para me acalmar, me fazer bem. Ele tem feito
muito por mim nesse período em que estamos juntos, mas tem algo que eu ainda preciso que
ele faça por mim, para mim... comigo.
Petric tem uma incrível capacidade para fazer amigos e conquistar a confiança das pessoas,
bem, ele nunca pede nada em troca, isso é o que me surpreende, a maioria das pessoas faz as
coisas de bom grado... mas espera um agrado. Petric é diferente, ele diz apenas que "O fato de
você ser meu amigo já é pagamento suficiente para mim." e ele sorri, está sempre sorrindo. Há
apenas umas poucas ocasiões onde não vejo Petric sorrindo, quando ele simplesmente desliga
do mundo,olha para o nada e para tudo ao mesmo tempo. Ele entra em um estado meditativo,
semelhante a quando ele lê, só que bem mais intenso. Uma vez, flagrei-o tendo uma
conversa...sozinho. Quando perguntei o que havia acontecido, ele deu de ombros e disse "você
não entenderia.". Ele é realmente alguém misterioso, mas existe algo bem semelhante a ele, e
isso, me causa... (detesto ter que admitir isso.) ciúme. O nome "dela" é Anita Evermont, uma
garota "rechonchudinha" que Petric conheceu uma vez enquanto andávamos na praça, desde
então, ele procura muito a presença dela. Claro que até aí eu achei bem normal, uma vez que
todos gostam da presença de Petric, porém, o que realmente me assustou foi uma vez que
peguei ela conversando sozinha. Quando resolvi questioná-la sobre, ela apenas me disse "você
não entenderia." e saiu. Petric não comenta muito a respeito dela, mas sabe que o interesse
dele tem outro rumo além da amizade. Bem, talvez eu deva deixar isso de lado por enquanto e
me focar na praia.
- Picolés! Uva, chocolate, coco queimado... - hmmm...sorvete, se biquini tivesse bolso talv... -
- Dois picolés tio! - Petric está com um calção de surf e um colar de dente de dragão da Terra-
Média, e mais nada (ai como eu amo a praia.) . É incrível como até um vendedor de picolés ele
consegue conquistar com um sorriso. - Obrigado!.
- Tem que parar de ler minha mente sem permissão.
- Então quer que eu pare de te beijar? - Sabe aquela hora que você sabe que perdeu? Ele me
entregou o picolé e acabamos com a conversa ali.
- Como você consegue?
- O que?
- Bem...Isso! você deu um sorriso e um "Bom dia" para aquele vendedor e tenho quase certeza
que se você fosse na casa dele com fome, ele faria um banquete para você.
- Não exagera. - Ele sorri novamente.
- Olhe para ele agora. Ve? Ele está sorrindo! Está mais feliz, e isso só porque você sorriu e foi
simpático. Você transmite felicidade, e bem, não é só com ele, você faz isso com todos que
ficam ao seu redor, inclusive comigo. - Eu olho para ele, e ele... corou. - Você é especial Petric,
para o mundo...e para mim! - Eu beijo-o, e sinto uma lágrima escorrer do rosto dele para o meu.
- Chorão, se recomponha e vamos tomar um banho.
Depois de brincar no mar, de muitos mergulhos e areia nos ouvidos, voltamos para o meu
apartamento. Fizemos o máximo para não encharcar se o elevador na subida até o meu andar.
Ele cantou "Diamonds" da Rihanna junto com a rádio do elevador. Quando chegamos no meu
quarto, percebi que nós dois merecemos um bom banho.
- Você quer tomar banho primeiro? - Ofereci.
- Pode ir na frente.
- Tudo bem. - Eu me virei. Não vi quando ele se mexeu e veio na minha direção enquanto eu me
virava, mas em um segundo ele estava lá.
- Tive uma ideia melhor, vamos tomar banho juntos.
...
- V-você quer tomar banho comigo? - Corei como nunca antes na história foi registrado antes.
Obrigado velocidade da luz! Mas finalmente vi o vislumbre do que se passava. Então sorri. -
Vamos!
De repente foi assim, água, ele mexendo no meu cabelo, e eu no dele. Eu passei sabonete no
corpo dele, e ele no meu. Fiz um grande esforço para não olhar para baixo, mas percebi que ele
estava gostando daquela situação, e não precisei olhar para saber.
- Cuidado para não me furar com isso aí. - Ele corou, mas sorriu maliciosamente.
- Ah, me desculpe, ela é de estimação sabe...gosta muito de locais assim, então achei que devia
deixá-la livre um tempinho. - Nós rimos, e finalmente tive coragem de olhar para baixo, só para
ter um vislumbre e ficar corada por meia hora depois.
- Agora sei porque esconde essa coisa.
- Coisa? Não lembro de tê-la cadastrado no Quarteto Fantástico!
- Idiota. - Jogo água no rosto dele, enquanto ele tentava se livrar da água, eu avancei, e dei um
beijo nele. - Cheque-Mate! - E minha mão se voltou para o seu intimo. Foi um beijo longo, e
parou ali.
Acordei atordoada, ontem tive um sonho estranho, como se tivesse alguém me observando, eu
e tudo o que eu faço, mas é alguém sem face, sem corpo, apenas a essência, que também não
me via, mas, lia meus movimentos, como se meu destino estivesse escrito em uma folha de
papel e eu nada pudesse fazer para evitá-lo.
No começo apenas trevas e escuridão, e então eu compreendi, e uma luz acendeu no ambiente
ao meu redor, como se fosse parte de mim. Eu pensei, logo minha vontade estava escrita no
papel, como, se o autor desta bela trama fosse um deus, e eu agora estivesse tendo contato
direto com ele, e é como se sim...não sou apenas uma personagem escrita, sou uma essência,
uma vida e uma ideia em uma coisa só. Quem lê a obra desse tal deus, são nada menos do que
anjos. Ou isso tudo é apenas delírio da minha imaginação, mas uma coisa é certa, eu sei que
você está aí. O mais estranho de tudo, é que no fundo, eu sei que você está me vendo a mais
tempo do que eu cheguei a perceber, sempre tive sensações estranhas, mas parece que só
agora compreendo o motivo, me admiro ainda mais por não ter surtado com a hipótese de ter
alguém me vigiando.
Petric não estava na cama, acordou mais cedo e foi comprar o café, ele deixou um post-it na
geladeira. Alguém aqui não dormiu muito bem graças a um sonho, queria pelo menos um
beijinho de bom dia. Uma coisa me alegrou nisso tudo, o fato de eu estar mais próximo
mentalmente de Petric. Falando no diabo.
- Bom dia. - Mais um desses sorrisos, dessa vez, um diferente, um que ele reserva só para mim. -
Dormiu bem?
- Claro! Acho que um belo cochilo em cima de uma pedra, só para revigorar mais ainda meu
corpo cansado. - Ele riu.
Ele me beijou na testa, e foi em direção a cozinha preparar o café (além de tudo, o rapaz é
Masterchef.). Ele comprou ovos, pão e queijo, o resto parecia já ter aqui. Depois de tudo feito,
nós conversamos.
- Você compreende agora não é? - Ele me olhou, novamente me atravessando com o olhar,
dessa vez, sem invadir minha mente. - Compreende o porquê de eu conversar sozinho?
- Você conversa com ele, não é?
- Sim, com ele, e com mais alguém. - Não cheguei ao nível de compreender o outro alguém,
portanto ignorei-o por enquanto.
- O que é "ele"?
- Na verdade, são "eles". - Ele apontou para os livros na estante. - Eu os chamo de "Leitores".
- Leitores? - Não tinha um nome mais criativo não? Tipo Doutor Estranho? Ou a sociedade de
seres misteriosos supostamente imaginários que lêem nossas vidas e nosso destino? ( acho que
leitores tá bom mesmo.).
- Sim, porque eles lêem nossas histórias e acompanham de perto nossas sagas. - Ele tomou um
pouco do café com leite.
O dia se passou, e eu apenas me questionei sobre o que estava acontecendo, mas uma vez,
Petric foi em busca de Anitta. Dessa vez não protesto, o que está havendo entre os dois, eu não
sei, mas confio em Petric. Já são nove horas da noite. Quando chega uma mensagem no meu
celular de um número desconhecido, que parecia bem familiar para mim, que dizia:
"Evy, por favor, preciso da sua ajuda. Já não aguento mais, estou perdida em uma emboscada
que eu mesmo criei, joguei fora o que era mais precioso para mim, e nem sabia, estou
arrependida, e se você não conseguir me ajudar eu irei..."
E a mensagem termina aí, tento me esforçar para lembrar de quem seria o número quando
Petric entra na sala rapidamente e vem de encontro a mim.
- Fique comigo, por favor. - Ele me beijou a testa. - Fique aqui, cuide de mim. - e de repente,
aquela mensagem foi enviada em um passado distante. Petric foi para a varanda, como costuma
fazer quando quer pensar em algo, dessa vez, vou junto com ele.
Minha mão junto a dele, ele está do meu lado, mas sinto ele em meus pensamentos, em meu
ser, onde eu enxergo.
- Petric, tem algo que eu preciso te dizer. - Será que ele pode me ajudar? - Eu estou...
- Eu sei. - Ele segura a minha mão, meu corpo esquenta. - Sei que você tem "Brainstorms" como
os meus.
- C-como você... - Ele me interrompeu com um beijo, minha reação foi apenas fechar os olhos...
e tudo ficou claro. Eu vejo um universo dentro de mim, com possibilidades infinitas, com desejos
inimagináveis e insaciáveis. Aqui eu sinto cheiros, sabores, cores e tudo, mas mesmo assim, ele
não sai de mim...Por que? Por que ele é mais intenso que tudo isso?
- Porque nossas almas se unirão. - Ele está nu, como no dia em que nasceu, com um brilho
ascendente, puro como um anjo. - Agora nós somos uma só mente em corpos divididos.
- Como posso saber se isso é verdade?
Ele aponta para todo lugar, depois... para lugar nenhum e de repente... eu vejo... que além
dessas palavra... existe alguém. Aquela sensação, é ele! o "leitor".
- É a sua inspiradora.
De repente, nosso beijo acaba.
- Por que esse foi tão intenso?
- Porque corresponde às nossas vontades, quanto mais intenso, mais liberdade.
Não entendia o porquê de estar tão intenso, mas de repente olhei para Petric, e ele me
olhava...percebi. Ele me beija. Durante o beijo, ele vai me levando lentamente para o meu
quarto, me faz sentar na minha cama. Que sensação deliciosa é essa? Não consigo descrever,
esses beijos não invadem a mente, mesmo assim estou com ele. Esses beijos são bem mais
intensos, e então, ele começa a tirar minha roupa lentamente, sinto que devia fazer o mesmo.
Estamos ambos com roupas íntimas, ele começa a se concentrar em meu pescoço, dando beijos
e pequenas mordiscadas, me excitando. Ele tira toda a minha roupa, mas ele permanece me
tentando com uma cueca, que dessa vez me atrevi a tirar com a boca. Eu o já tinha visto antes, e
mesmo assim, vê-lo novamente me fez bem, não sei descrever. Ele estava alí, imponente e
majestoso, até que Petric decide me agradar com sua boca, mas sua atenção foi voltada para as
minhas partes íntimas. Uma sensação deliciosa de derretimento toma conta do meu corpo, de
repente no mundo só havia eu, Petric e sua língua, desejei que aquilo nunca acabasse, mas
quando ele já começava a cansar, resolvi que deveria retribuir o favor, e retribui. Resolvi olhar
sua expressão, para ver se estava agradando-o, e vi nele uma expressão de puro prazer, como se
aquilo fosse o que realmente ele escondesse em seu íntimo. Quando ambos decidimos que
chegou a hora, ele veio, e em segundo aconteceu, no começo, lento e atencioso, mas quando
percebeu que eu estava tomada, foi bem mais rápido e selvagem. Ele segurou uma de minhas
mãos, e a outra foi em meus cabelos. Movimentos de ir e vir, e meus olhos se perdiam nos dele,
e minha língua dançava junto a dele. Quando finalmente alcançamos o nosso clímax, ele se
deitou ao meu lado, me abraçou, e eu deitei minha cabeça em seu peito, adormecemos.
No dia seguinte, acordei feliz, nada estragaria meu dia, finalmente consegui o que eu queria, é
estar ao lado de Petric ainda era a melhor coisa do mundo, talvez eu nunca enjoe dele. Liguei a
televisão, e fui preparar o café.
- Bom dia. - Ele estava com aquele sorriso que reservava apenas para mim, ele estava feliz. -
Dormiu bem?
- Bom dia, sim, e você?
- Dormi ótimamente bem. Vai fazer o café?
- Vou sim, vá escovar os dentes e tomar banho.
- Estou indo mamãe. - Ele riu e me beijou.
- E se lave direitinho, e passe sabonete no bumbum!
- Nesse bumbum? - Ele agarrou a minha bunda, e apertou-a.
- Esse dai já está limpo, já não sei esse ai. - Uma sensação tão boa me invadiu, finalmente me
sinto como uma esposa. - Vá logo tomar banho.
Quando ele ia, percebi que o noticiário local estava em uma reportagem aqui perto.
"Estudante do Ensino Médio se suicida dentro do próprio quarto enquanto os pais saem para
jantar."
- Nós voltamos do restaurante e... ela estava lá... pendurada... s-sem se mexer... f-oi horrível.
- As imagens são realmente fortes.
De repente a câmera focou na garota e eu percebi...

FIM...?

Notas do autor.
A trama de O desleixo do Saltimbanco se desenrola em muitas situações marcantes e
de maneiras diferentes com várias áreas de protagonismo diferente, não acho que
certos personagens não mereçam ganhar sua própria história... E quem melhor para
serem os guardiões das histórias que os inspiradores dos personagens?? Deu um certo
trabalho para desenvolver mais histórias que o necessário, mas eu prefiro bem mais
agradar os meus queridos amigos do que futuros leitores. Quero deixar um
agradecimento especial à Inspiradora da personagem Evylaine, que esteve
acompanhando de perto o meu desempenho na criação da personagem, e mais uma
vez Obrigado por me deixar criar Evylaine!

- Geann Pablo de Sousa Duarte.

Outras Obras a caminho:


-O Desleixo do Saltimbanco.
-Uma Mancha de Sol no Dia Chuvoso: Anitta Evermont
-Nascida da Traição: O Triste Fim de Wysla Ravenhearth
-O Visionário Cego: A História de Tyrel Deverom.
-A Filosofia de Petric Lovegardem: Uma História de Saltimbanco.

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