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<br><br> <u> Capítulo 7 </u>

<br> <br> <b> [Ludmile’s Pov] </b>


<br><br>Acendi a luz da sala. Tudo estava arrumado, as bebidas na geladeira, a trilha da
festa escolhida. Mamãe e papai adorariam a decoração clean que eu e
<SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT> fizemos após voltarmos da sorveteria. Nada
demais, tudo muito bem organizado. Festa de gente rica. Não de adolescentes riquinhos
metidos a besta, como minha mãe diz. <SCRIPT>document.write(Jú)</SCRIPT> estava
terminando de se arrumar. Eu já estava pronta, em meu vestido vermelho, bem
acinturado, que ia até meus joelhos e que eu adorava. E que, claro, fora caro. Batia os
sapatos de salto pretos e levemente arredondados ao ritmo de Sentimental Me, de Elvis, o
salto fazia um barulho que me agradava, lembrando-me de antigas festas em casa.
Antigos beijos nessa sala. Antigas histórias com meu pequeno e divertido grupo de amigos
mais próximos, pequenos segredos revelados, pequenas safadezas feitas. Sorri ao sentir
meu vestido esvoaçar, graças à leveza do tecido, quando girei no refrão da música. Percebi
que estava levemente bêbada e soltei meu uísque, minto, uísque de meu pai, na mesa ao
lado do sofá grande, caminhando até a escada enquanto Ju desce e meneia a cabeça
disfarçando um sorriso.
<br>-A noite mal começa e já está bêbada?
<br>-Nada que meus pais já não tenham feito – respondi, dando mais uma volta, sentindo
a leveza do vestido enquanto o ácool fazia seu efeito.
<br>Ela riu e sua expressão deixava claro que eu não prestava quando bebia. Ri junto,
concordando com o seu olhar.
<br>-Que horas os convidados vão começar a chegar? – ela perguntou olhando em seu
relógio de pulso. Suspirei antes de responder.
<br>-Umas sete... – falei, só agora reparando em seu vestido azul tomara que caia que se
dividia em camadas até seu joelho e possuía um laço um pouco acima da cintura, logo
abaixo dos seios – Meus pais chegam às oito.
<br>A campainha tocou, mas ainda eram seis e quarenta, então deviam ser os meninos,
que sempre chegam mais cedo para fazermos nossas loucuras sem ninguém para nos
observar. Fiquei pensando o que todas aquelas famílias importantes iriam pensar do
vestido de <SCRIPT>document.write(Jú)</SCRIPT>. As mulheres que possuíam metade
do dinheiro da cidade estariam aqui, e Elena <SCRIPT>document.write(Zini)</SCRIPT>
não é uma delas. E, bom, os ricos tendem a achar assuntos bem maldosos quando se
tratam de pessoas assim.
<br>Fui tirada do meu devaneio por um loiro que me abraçava e ria levemente da minha
cara de espanto.
<br>-Tom... Que susto – comentei, ainda me recompondo. Estava prestes a sorrir quando
vi Judd encostado no batente da porta me observando.
<br>Ele manteve os olhos em mim enquanto <SCRIPT>document.write(Jú)</SCRIPT> se
aproximava para cumprimentá-los. Ela puxou seu braço para entrar de uma vez na casa.
Ele riu da cara que Thomas fazia para o vestido de
<SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT> e a abraçou como um irmão mais velho abraça
a caçula. Depois ele caminhou até mim e eu percebi que nem
<SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT> nem Thomas pareciam existir mais.
<br>-Não acredito que está dançando sozinha enquanto tem isso aqui – ele fez um gesto
para si.
<br>-Não acredito que seu ego é tão grande a ponto de achar que... – ele me interrompeu
dando-me um selinho molhado.
<br>-Te desafio a continuar a frase – ele propôs enquanto eu piscava exasperada. Meu ar
havia desaparecido.
<br>-Eu, eu estava dizendo que eu não acredito que você se ache tanto, ás vezes é... –
ele me calou novamente só que com um beijo de verdade, puxando minha cintura para
perto e apertando-a de um jeito que espero que meus pais nunca vejam. Sua outra mão
segurava minha bochecha delicadamente enquanto ele pedia espaço para aprofundar o
beijo, que eu dei simultaneamente. Nossas respirações se misturavam uma batendo no
rosto do outro com mais intensidade a cada segundo.
<br>Afastei-o com um meio sorriso, sem querer me entregar totalmente. Ele riu, acho que
percebendo e voltou a falar:
<br>-Acho que você teima só para ganhar beijos – abri a boca chocada. Como ele
consegue ser tão arrogante? Ele riu mais alto ao perceber meu choque – Não se preocupe,
eu te levaria lá para cima de qualquer modo. Estou com saudades do seu quarto.
<br>Empurrei seu peito com força, meu ódio fazendo meu rosto queimar, porque não, não
era vergonha. Levantei meu braço e sem pensar em mais nada, dei-lhe uma bofetada no
rosto. Ele me olhou com ar superior.
<br>-Esperado e fraco – olhei-o cética e ele sorriu passando a mão no rosto, esperando a
minha resposta.
<br>-Tanto quanto você. Sempre o mesmo jogo, com truques fracos – retribui falsamente
o sorriso. Ele fingiu não ter sido atingido por minhas palavras, mas sua boca se contorceu
ao perceber que eu falava sério – Por que você não aproveita a festa? Não é sempre que
você pode estar entre pessoas do meu nível.
<br>Esbarrei propositalmente nele quando me afastei. O que eu disse foi absolutamente
rude, mas eu estava apenas o tratando do jeito que ele me trata: como se eu fosse um
mero objeto a ser jogado no lixo quando não tivesse mais uso.
<br>-Se o seu nível é o dessa gente nojenta que é grossa com qualquer um que recebe
menos que o preço de seus sapatos, – ele apontou para meus pés – bem, eu realmente
não quero ficar na presença deles. Com exceção da sua pessoa, nenhum deles me importa.
<br>Ele terminou e foi até a cozinha, com absoluta certeza, buscar bebida. Meu corpo
inteiro formigou com o jeito que ele conseguiu pisar em todas as pessoas que viriam aqui,
e ainda deixar claro que apenas eu importo, sendo que eu sou bem parecida com elas. De
qualquer forma, ele continuava brincando e me usando, e eu não estava disposta a aceitar
nada mais disso.
<br>Então eu o segui até a cozinha, fazendo-o olhar para trás ao ouvir o barulho do meu
salto. Ele bebia um dos drinks que eu e <SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT>
havíamos feito à tarde, e me olhou vitorioso enquanto eu me aproximava.
<br>-Eu sabia que você não conseguiria res... – ele parou de falar ao perceber minha
expressão vazia – O que foi?
<br>Fiz sinal para que pegasse um drink para mim também, ele obedeceu e esticou o
braço até a pia, me oferecendo logo depois a bebida. Ergui o copo como quem brinda. Ele
ergueu o dele analisando-me esperando minha reação que devia estar por vir. Ergui minha
sobrancelha e sorri disposta contar a minha carta na manga.
<br>-Só não banque o idiota bêbado hoje...
<br>-Sei, sei... Seus pais, vou me comportar... – ele disse num tom monótono.
<br>-É também, hoje vem o filho do prefeito e seu amigo, Nick – disse esnobe.
<br>-Ah, eba! – Harry fingiu animação. Depois olhou pra meu sorriso e entendeu – Peraí,
você não está, está?
<br>-Ainda não... – disse rindo enquanto saia a caminho da sala para atender a
campainha.
<br>Abri a porta e lá estavam Nick e Brad, ambos lindos em trajes mais elegantes do que
hoje cedo. Sorri abrindo espaço para que entrassem e acabei pisando no pé de Judd. Que
raios esse garoto está fazendo atrás de mim? Inferno.
<br>-Harold! – engasguei quando suas mãos pousaram em minhas mãos para que eu não
caísse.
<br>-De nada – Ele disse soltando-me e encarando ambos os garotos.
<br>-E ai Judd? – cumprimentou Nick fazendo um aceno com a cabeça.
<br>-Oi, Perry, Chulk – disse Harry cumprimentando os dois príncipes que sorriram, ainda
assim parecendo meio sérios.
<br>-Bem, – disse passando os braços entorno dos ombros bem definidos de ambos –
Bebidas na cozinha, meus pais logo chegaram, fiquem a vontade.
<br>Eles assentiram e caminharam até a cozinha. Brad varrendo a casa com os olhos
verdes claros procurando <SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT>, ela que se virasse
hoje. Estou ocupada demais. A campainha tocou novamente. Gente rica, amigos de meus
pais, alguns amigos meus, gente fresca.
<br>Próxima a hora em que meus pais iam chegar avisei os convidados que se sentassem
para quando as luzes fossem apagadas, ninguém se machucasse nem nada. Ainda mais
com aquela quantidade de senhores importantes, senhores, bem velhos, diga-se de
passagem. Os mais novos permaneceram em pé. Desliguei a música e apaguei a luz. Meus
pais nunca atrasam. Um minuto depois das oito lá estavam eles saltando do carro em
frente de casa. Todos estavam muito quietos. Ouvimos as chaves à porta. Os passos.
<br>-<SCRIPT>document.write(Gabriela)</SCRIPT>? – meu pai chamou, provavelmente
tirando o chapéu da cabeça e seu casaco.
<br>-SURPRESA! – dissemos todos juntos assim que ambos apareceram na porta da sala.
Ouviram-se risadas e meus pais me olharam estarrecidos. Sorri como quem diz' de nada' e
meu pai bateu a mão na testa enquanto minha mãe cobria a boca, surpresa, e logo o
cutucava como quem lembra o outro de que havia ali um público cheio de amigos e
conhecidos.
<br>Caminhei até eles e os abracei pelo pescoço, sussurrando um 'saudades' enquanto as
mãos de ambos me aninhavam simultaneamente.
<br>-<SCRIPT>document.write(Gab)</SCRIPT>, precisamos falar com você – meu pai
tocou meu braço com ar preocupado.
<br>-É sobre as comprar em Paris, ah, papai, desculpe não avisar! – soltei-os com cara de
choro.
<br>-Compras em Paris? – meu pai sobressaltou-se – Meu Deus do Céu Ludmile.
<br>Eu não esperava de jeito nenhum essa reação, esperava uma careta e uma
apertadinha em meu queixo, como quem diz 'menina danada essa nossa filha'. Mas não
gritos.
<br>Minha mãe olhou para o chão.
<br>-Fique calmo Phillip – ela sussurrou mantendo um sorriso estrategicamente falso para
cerimônias. Eu até me sentiria ofendida se não parecesse sério o assunto.
<br>-Calmo? Imagine quanto isso tudo custou! – ele acenou a festa ao nosso redor.
<br>Olhei-o confusa. Desde quando temos esse tipo de problema? ...Minha mãe acariciou
meu rosto como se dividíssemos um problema. Mas não dividíamos, pois desse eu ainda
não sabia. Olhei para o chão enquanto os convidados passavam de mim para saldar meus
pais.
<br>Então entendi os olhares, as preocupações, a sina da família, o que aconteceu com
meus tios, problemas financeiros sérios, mas secretos, os problemas que meu pai havia ido
resolver em nossa viagem mais ao norte da Europa.
<br><i>Estamos falidos. </i>
<br>Meus olhos lacrimejaram e senti as mãos de alguém em minhas costas. Era Nick. Ele
me olhou sorrindo.
<br>-Que tal irmos dar uma voltinha? Como você me prometeu hoje, pra me mostrar a
casa? – ele deu uma piscadela. Engoli em seco.
<br>Ele não pareceu perceber que eu não estava muito bem, olhei para meus pés
sentindo o peso das contas que meu pai teria de arcar em minhas costas. Duas lágrimas
me traíram e escaparam-me pelos olhos, descendo a bochecha lentamente.
<br>-Que está acontecendo? – perguntou outra voz, já bem conhecida atrás de Nick:
Judd.
<br>-Nada, acho – respondeu Nick assustado com minha reação.
<br>-Que você fez seu idiota? – disse Harry fazendo Nick soltar meu braço.
<br>-Harry! – eu intervim – Ele não fez nada – Largue a roupa dele – disse quando
percebi que ele agarrava a casaca do moreno alto ao meu lado.
<br>-Então... – Ele me olhou confuso. Reprimi mais lágrimas pressionando os lábios
fortemente. Ele largou Nick e segurou meu braço puxando-me escadas a cima, abriu a
porta de meu quarto e me sentou na cama – <SCRIPT>document.write(Gab)</SCRIPT>?
<br>Não o olhei nos olhos, pois ele provavelmente iria me ridicularizar, olhando-me com
ar vingativo, por tantas brincadeiras maldosas que fiz com seu pequeno patrimônio.
<br>-Não é nada – disse fracamente encarando a janela.
<br>-Não é mesmo nada, pode me falar, porque se foi aquele riquinho idiota, pode ficar
sabendo...
<br>-Harry...
<br>-Eu já ia bater nele mesmo, não gosto dele...
<br>-Harold...
<br>-Ele se acha demais, prepotente sabe...
<br>-Judd, me escuta, meus pais faliram – disse segurando seu rosto.
<br>Ele me olhou, pensou, mordeu o lábio, cerrou os olhos. Depois me abraçou.
<br>-Tudo bem, tudo bem.
<br>-Não... Não está tudo bem – empurrei-o – Eu...
<br>-Você está pobre – ele afirmou tristonho – Como eu – ele riu secamente.
<br>-Não é engraçado, Judd – Eu disse empurrando-o. Ele fez uma careta e me olhou
curioso.
<br>-É tão ruim ser como eu? – Ele disse simplesmente. E eu não respondi, pois pra mim
era. Eu estava acostumada ao luxo. Só isso – É, parece ser.
<br>Ele disse simplesmente e saiu pelo corredor sem olhar pra trás. Meus olhos
embaçados enxergaram uma figura subindo e se enganaram ao pensar que era Harry
voltando. Era Perry e ele me olhava assustado. Olhei-o curiosa e ele veio até o meu lado.
<br>-O Judd me mandou subir, disse que só eu estou a sua altura... – ele disse
vagamente enquanto eu aceitava seu abraço. Senti um completo vazio mesmo estando
envolta por braços quentes e confortáveis – Você quer alguma coisa? Eu arranjo, pode
dizer.
<br>Soltei-me dele e olhei pela janela.
<br>-Na verdade tem sim. Vá aproveitar a festa, preciso ficar sozinha – Ele nada mais
disse, soltou uma lufada de ar e saiu.
<br>Andei até a janela a tempo de ver Judd acelerando sua moto e saindo com ela
habilidosamente pela rua lotada de carro. Magoado comigo, e arrumando um jeito de me
magoar antes que se fosse. Fazendo-me sentir o completo vácuo que aquelas pessoas e
seus bens materiais representavam. Fazendo-me sentir mal por dar-lhes tanto valor.
<br> <br> <b> [<SCRIPT>document.write(Zini)</SCRIPT>’s Pov] </b>
<br><br>Alguém por favor me explica porque não consigo achar ninguém nesta festa?
Por que todo mundo tem que continuar sumindo? Será que vocês não podem esperar até o
final da festa para irem até os quartos?
<br>-<SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT>? – ouvi uma voz um pouco azeda atrás
de mim, e quando me virei, deparei-me com a mãe de
<SCRIPT>document.write(Gab)</SCRIPT> parecendo um tanto perturbada. Comecei a
falar um ‘bem vinda de volta’, mas quem disse que ela deixou? – Você sabe onde
<SCRIPT>document.write(Gabriela)</SCRIPT> está?
<br>-Não, eu... – uma pessoa bem grande esbarrou em mim e eu percebi que era Harry –
Judd! – ele se virava para nós enquanto a Sra. Ludmile fazia uma cara de desgosto pra ele
– Você sabe onde a <SCRIPT>document.write(Gab)</SCRIPT> está?
<br>-Lá em cima – sua voz era amargurada quando ele falou e apontou para as escadas –
No quarto dela.
<br>A Sra. Ludmile foi correndo subir as escadas, mas eu fiquei olhando para Harry,
esperando ele me contar o que havia acontecido.
<br>-O que aconteceu? – perguntei sem delongas. Não precisamos disso. Ele me olhou
receoso. Fez sinal que indicava dinheiro depois fez um sinal negativo, com o dedão para
baixo. Eu o olhei com medo, já havia pedido para ele parar de experimentar novos
alucinógenos. Mas ele não me ouvia. Seu rosto demonstrou censura, como se pudesse ler
meus pensamentos e ele se inclinou até meu ouvido.
<br>-<SCRIPT>document.write(Gabriela)</SCRIPT> está falida, e se sente um lixo, se
sente igual a mim.
<br>Olhei-o chocada. Sentia-se igual a ele? Sentia-se igual a nós! Ele assentiu
entendendo.
<br>-Não sei o que ela falou, ou fez, mas é um momento... – disse meio zonza – Digamos,
frágil, releve.
<br>Ele assentiu e pegou sua jaqueta.
<br>-Conversamos depois <SCRIPT>document.write(Jú)</SCRIPT>, se cuida – Judd
disse saindo pela porta apressadamente.
<br>Fiquei observando o vazio, até um garçom aparecer na minha frente com bebidas.
Ah, álcool, como eu precisava disso. Estava alcançando a taça quando uma mão forte
agarrou meu braço e me levou pra longe das pessoas e das bebidas. Tom continuou
apertando meu braço quando falou:
<br>-Por que você não me avisou que seu amiguinho Brad Chulk vinha pra festa? – sua
expressão era de uma raiva indescritível, e eu fiquei assustada.
<br>-Tom, me solta... Qual é o problema dele ter vindo à festa? – perguntei massageando
meu braço.
<br>-Como assim <i>qual é o problema? </i> Você sabe qual é o problema, e eu sei
também – ele olhou pra baixo – Todo mundo sabe.
<br>-Do que você está falando? – perguntei com o maior desprezo possível. Meu Deus,
odeio esse mistério. Ele olhou em volta, como se tivesse com medo de alguém estar
ouvindo nossa conversa – Thomas! Vai falar ou não?
<br>-Brad Chulk, vai me dizer que nem sequer sabe do que estou falando,
<SCRIPT>document.write(Júlia)</SCRIPT>? – ele falou com a voz grave, desta vez
olhando para a janela de que estávamos perto.
<br>-Será que você pode parar de ser paranóico? Qual é o problema de Brad estar aqui? –
parei para pensar numa palavra para descrevê-lo – Ele é um velho amigo...
<br>-Amigo? – perguntou sarcástico – Não sabia que você saia por ai beijando todos os
seus amigos! Ou este é especial só porque é filho do prefeito?
<br>Olhei-o cética com seu tom ofensivo.
<br>-Thomas, que isso agora? Ele não é ninguém...
<br>-Ele é sim alguém no seu passado. Pelo menos é o que dizem... – ele disse logo se
arrependendo.
<br>-Dizem? – indaguei pouco me lixando para a elite nojenta ao meu redor – Quem diz?
E desde quando você escuta tudo o que dizem? Ainda mais sobre mim? Você sabe que
essas pessoas...
<br>-Você parece pedir por isso – ele soltou olhando meu vestido como quem olha para
uma comida estragada ou para um vinho vencido.
<br>-Você tem algum problema com as minhas roupas, Fletcher? – perguntei sem esperar
ele terminar o que dizia. Ele parecia pensar no que iria falar. Abriu a boca várias vezes
antes de realmente dizer alguma coisa.
<br>-É claro que não, isso não é sobre as suas roupas – ele esfregou o rosto com as
mãos, demonstrando sua frustração com a conversa – É sobre o que eu vi
<SCRIPT>document.write(Jú)</SCRIPT>, o que eu sei que aconteceu.
<br>Minha respiração acelerou com aquela declaração. O que exatamente ele sabia? Que
eu tinha encontrado Brad no parque? Que eu e Brad já fomos um ‘casal’? Ou será que ele
sabia sobre McCartney? As minhas mãos estavam em minha cintura e eu nem queria
imaginar o quanto minha expressão me entregava. Eu não queria mais continuar com
aquela conversa, e eu sabia que Tom com certeza não me deixaria mudar de assunto.
Então a única coisa que eu fiz foi tentar fugir.
<br>-É só isso? – dei de ombros.
<br>-C-como assi... Só isso?! – ele parecia mais revoltado do que confuso, o que pesou
mais em minha consciência.
<br>-Acabou? Porque pra mim essa conversa acabou, está bem? – olhei bem em seus
olhos castanhos, o que me deixou bem zonza – Procure-me quando estiver melhor.
<br>E então sai abruptamente de onde conversávamos e me infiltrei na multidão, na
esperança dele não me seguir. Busquei o meu tão esperado drink, mas decidi sair da casa,
querendo tomar um ar fresco. Vi uma sombra fumando perto da janela onde Tom e eu
conversamos e me aproximei, tirando um cigarro de um bolso escondido em meu vestido.
É, eu escondo cigarros em meu vestido, pode me chamar de viciada ou louca, eu
simplesmente me considero precavida.
<br>-Que conversa mais intensa que você e seu namorado tiveram hein? – ouvi a voz de
Brad sair da escuridão e não fiquei surpresa. Mas é claro, porque carma é um saco. Dei
uma risada seca antes de ele acender meu cigarro.
<br>-Não sabia que você fumava Chulk – traguei um pouco do meu, sentindo a nicotina se
instalar em mim. Meu corpo relaxou, e meu cérebrou vagou por muitos lugares até
perceber novamente a presença do filho do prefeito sorrindo ao meu lado.
<br>-Só nas ocasiões especiais – ele soltou à fumaça para longe, e eu percebi sua boca se
curvar de uma forma muito sexy para o meu gosto – Você cresceu, sabia? – soltei um
risinho de lado, gostando do flerte.
<br>-Você também... Antes era só um moleque com várias sardas no rosto – nossos
olhares se encontraram e nós rimos.
<br>-Bom, você ainda me beijou – minha risada pouco comedida atraiu seu olhar. Os seus
olhos verdes seguiram meu sorriso e meu corpo inteiro se arrepiou ao lembrar-me da
primeira vez que ele fez isto.
<br>-Bom, eu era uma criança e...
<br>-E fez decisões infantis? Não me parecia tão infantil na época – ele se aproximou
perigosamente – Se foi tão infantil por que quer tanto repetir suas ações agora?
Seu hálito quente batia em meu rosto como um ímã, atraindo-me para perto dele e de
seus lábios. Suas mãos já estavam em minha cintura e ele me encostava na parede ao
sussurrar em meu ouvido:
<br>-Eu sei que você quer tanto quanto eu... – tudo em meu corpo formigava,
principalmente abaixo de minha barriga. Seu cabelo encontrou uma luz vinda da lua, e eu
havia me esquecido como aquele ruivo conseguia me proporcionar tanto calor.
<br>Concordei imperceptivelmente com a cabeça enquanto ele aproximava nossos rostos,
mas algo me mandou parar. O maldito peso na consciência.
<br>-Brad, não – quando consegui pronunciar essas palavras, nossos narizes já se
encostavam e sua boca estava a centímetros da minha – Eu... Tenho o Tom, não posso...
Desculpa.
<br>Consegui afastá-lo de mim e sair de lá a tempo de recobrir a consciência. Eu não
queria adicionar isto à lista de ‘Coisas que o Tom não precisa saber’. Quando voltei ao
ambiente com todas aquelas pessoas, percebi como minha cabeça estava lotada de coisas
que eu precisava resolver: <SCRIPT>document.write(Gabriela)</SCRIPT> e sua falta de
dinheiro, Harry e sua falta de <SCRIPT>document.write(Gabriela)</SCRIPT> e Tom com
sua falta de explicações da minha parte.
<br>Decidi começar com a minha amiga, ela devia estar um estrago à uma hora dessas, e
eu atrás de ruivos querendo me beijar. Subi as escadas, mas quando abri a porta de seu
quarto, percebi que ela não precisava tanto de minha ajuda. Afinal, o que eu poderia fazer
para a garota? Acho que apenas trancar a porta para ninguém mais vê-la se agarrando
com Nicholas. Suspirei e voltei a minha atenção as pessoas que conversavam no andar de
baixo... Percebi que não queria estar aqui, e sim em minha casa, com a minha mãe, como
se eu fosse apenas uma criança.
<br>Mas como eu não sou mais uma criança, tive que enfrentar minhas responsabilidades.
Desci as escadas e fui em direção ao loiro solitário que bebia seu uísque no canto da sala.
Beijei seu pescoço e acariciei seu cabelo, recuperando o seu cheiro.
<br>-Me dá uma carona?

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