Você está na página 1de 308

SINOPSE

Não me desculpo nem lamento a destruição que estou prestes a causar.


Estou em paz com o que devo fazer... nada pode ou vai ficar no meu
caminho.
Nem mesmo a beldade de cabelos negros com olhos dourados que assombra
meus sonhos.
Ninguém é inocente na história da minha vida.
Os contos de fadas não existem! Eu, sim.
Não. Peço. Desculpas.
Todos precisam assistir, e eu sou o homem que cuidará disso.
O INÍCIO
Charlie
DEZESSETE ANOS – LOS ANGELES
Ai meu Deus! O barulho alto de suas motos em nossa garagem me faz pegar
um tubo de brilho labial vermelho cintilante do meu bolso de trás e espalhar nos
meus lábios. São a minha melhor característica, então tento chamar a atenção para
eles. À medida que minha respiração ofega, arrepios aparecem e minhas
bochechas inundam com calor. Coloco o brilho labial de volta no bolso, pego a
revista People, que saiu ontem, de uma das garçonetes e tento respirar. Borboletas
nadam em meu estômago enquanto franzo os lábios e jogo meu cabelo para o
lado, acentuando meu perfil.
As portas da lanchonete dos meus pais se abrem e ele entra. Talvez andar
não seja a palavra certa: passear, deslizar, desfilar, qualquer coisa. Ele é tão lindo,
tão gostoso que faço tudo para manter meus olhos focados na revista. Não tenho
ideia do que diz. Nossa, pode ser em espanhol. Espere, é em espanhol?
— Charlize — minha mãe chama, e mudo meu olhar para o dela.
— O quê? — Endireito-me, jogando a revista no balcão. Ela se levanta e
franze a testa, as mãos nos quadris. Os seus olhos astutos examinam meu rosto, o
que claro, me faz corar ainda mais. Eu olho para o meu esmalte lascado e me
pergunto pela milésima vez por que ela é tão bonita. Eu a amo, é a minha melhor
amiga, mas é difícil viver em sua sombra. Especialmente quando, ela é loira e de
olhos azuis e eu tenho cabelos escuros e olhos estranhos e amarelados. O meu pai
diz que são dourados, eu digo que são estranhos.
— Vá lá atrás e certifique-se de chamar Jessica. Ela pode cuidar daqueles
homens — Pega meu braço como se eu tivesse três anos em vez de dezessete. As
suas unhas compridas cavam em mim enquanto tento me soltar.
— Mamãe. — Os meus olhos vão para os caras gostosos rindo perto da
placa “Por favor, espere para se sentar”. — Solte — assobio. O seu corpo esguio
se eleva sobre mim, o que significa alguma coisa. Não sou baixa, mas com suas
botas de salto, tem quase um metro e oitenta.
— Sério? — Olho para ela. Ela ainda segura.
— Sabe que a Jéssica ainda não chegou. — Liberto meu braço antes que ela
possa dizer qualquer coisa e me aperto direto em direção ao estande da
recepcionista.
— Jesus — murmuro e tento recuperar o fôlego porque um desses caras...
bem, digamos que passo muito tempo me masturbando pensando nele. É o meu
cara quando preciso gozar rápido. Puxo a minha blusa cortada para baixo e sorrio
para eles. Ambos são muito gostosos; altos e magros, são tão rasgados que se
pode ver os seus abdominais através das camisetas. Um é loiro, o outro ruivo. O
ruivo tem olhos azuis, sardas leves polvilham sua pele bronzeada. O meu cara não
tem sarda, mas tem pele lisa e dourada, queixo duro e olhos cinzentos
penetrantes. Não estou brincando, são cinzentos, como uma nuvem de
tempestade. Quase prata. E lábios carnudos que eu gostaria que me beijassem,
mas isso nunca acontecerá. Este cara em particular está comprometido.
Nervosamente jogando o cabelo do meu ombro de novo, me concentro em andar
sexy.
— Oi. — No momento em que digo isso, quero morrer. Parece patético e
óbvio. Pego dois cardápios do pedestal de madeira que contém nosso mapa de
assentos.
— Ei. — A sua voz é profunda com a quantidade certa de rouquidão. Deus,
engulo, ouvindo um cardápio caindo no chão. Vou desviar, de alguma forma, o
meu olhar de seus olhos hipnotizantes para processar que não só estou olhando
como uma trepadeira, como também pareço uma desajeitada. Feliz agora que meu
cabelo está tão comprido que cai sobre meu rosto e esconde minhas bochechas e
pescoço em chamas, me abaixo para pegar o cardápio de plástico.
— Precisa de ajuda?
Merda, merda, merda Ele é incrivelmente perfeito, até seu cheiro é incrível...
fumaça e algo assim. Especiarias talvez?
— Não, obrigada. — Puxo uma mecha de cabelo que está presa nos meus
lábios com brilho atrás da minha orelha.
— Tem certeza disso? — Ele está perto demais. E meu estômago se vira
como se eu estivesse em uma montanha-russa.
Puta merda, meus olhos estão voltados diretamente para sua virilha.
— Oh, Deus. — Endireito-me para que, em vez de olhar para seu material,
volto para seus olhos. Não é justo. Este cara é totalmente lindo, com cabelos
despenteados loiro mel, totalmente selvagem. Os seus braços magros e
musculosos estão cobertos de tatuagens simples, ao contrário de seu amigo, que
tem arte colorida em todos os braços.
— Jesus, vocês dois. — O seu amigo zomba atrás de mim, me lembrando
que estou fazendo de mim mesma uma idiota completa.
Aceno minhas mãos e limpo minha garganta. — Então... me siga. — Sai
como um grasnido quando forço minhas pernas a se moverem, um passo à frente
do outro enquanto os levo até a mesa Pulp Fiction1 Sim, meus pais são atores, ou
eram. O meu pai ainda é, ou pensa que é. Ele ainda consegue pequenos papéis
aqui e ali. Acho que quando ele era mais jovem, ganhava a vida com isso. Pelo
menos, é o que diz a todos. Basicamente, sua grande reivindicação à fama era
uma novela até que o mataram. Infelizmente, agora sua carreira é praticamente
inexistente, mas ainda está se segurando. Sinto-me péssima pensando nisso... mas
se ele ainda não conseguiu, duvido que vá acertar aos quarenta e cinco. Ainda
assim, quem sou eu para esmagar seus sonhos? Enquanto isso, minha mãe tinha
uma carreira e desistiu de tudo quando engravidou de mim. Ela estava em um
seriado popular. É como meus pais compraram nossa lanchonete, mas assim que
engravidou, meu pai fez questão de que ela desistisse de sua carreira, algo que
tenho que ouvir constantemente. Quer dizer, amo os dois, mas gostaria que eles
tivessem tomado decisões melhores quando eram mais jovens. Talvez ambos
fossem mais felizes.
— Pague, filho da puta.
David dá um soco no braço do amigo e acena com a cabeça para o pôster do
filme Uma Thurman. Deus, ele me faz sentir coisas quando fala. É tão estranho...
como se sua voz estivesse rugindo e sinto sempre que preciso fazer xixi quando
ele está perto.
O cara com cabelo ruivo bufa. Acho que o seu nome é Edge. Ele joga seu
grande corpo na cabine vermelha. Olho de um para o outro. — O quê?
David sorri e quase morro. Ele tem o melhor sorriso e uma pequena covinha
na bochecha direita. Quase não está lá com sua barba por fazer, mas procuro e
sempre pareço encontrá-la.

— Fizemos uma aposta, Linda2. — E lá se vai meu estômago e o resto de ar


em meus pulmões.
— Eu coloquei dinheiro que esta era a mesa em que você nos sentaria —
murmura perto da minha orelha, me fazendo tremer. O calor de seu corpo penetra
diretamente em mim. Nossa, ele nem está me tocando.
Bato os cardápios com força na mesa e fecho meus olhos com o quão alto
isso soa. A menos que eu esteja imaginando coisas, juro que ele abaixa a cabeça
para me cheirar enquanto desliza para dentro da cabine.
Balançando a cabeça, não posso deixar de sorrir enquanto entrego um
cardápio a cada um. Ambos se sentam, as mãos cruzadas e sorrisos em seus
rostos.
— Obrigado, Linda.
Os seus dedos tocaram os meus de propósito? Pisco para seu sorriso
arrogante e aqueles seus olhos...

— Edge apostou na mesa dos Reservoir Dogs3, mas eu sabia que a minha
garota hoje escolheria Pulp Fiction.
Puta merda, ele hoje está flertando totalmente. Gostaria mais do que tudo de
ser sua garota, mas não sou. Não posso ser, ele é casado, acho. Não importa. Está
preso, bem preso a uma adorável garotinha com cachos loiros e bochechas
rosadas. Endireito meus ombros e pergunto — Então, água? Cerveja? Quer dizer,
é quase meio-dia.
Os dois param de sorrir e olham confusos com o meu tom súbito de mau
humor. Alguém deixa cair um prato atrás de mim, me fazendo pular e olhar para o
barulho, em seguida, de volta para seus hipnotizantes olhos prateados.
— Você está bem hoje? — Parece quase íntimo, o que me irrita.
— Sim... apenas ocupada. — Mordo meu lábio inferior enquanto eles
movem suas cabeças para olhar a minha volta. E tudo que quero fazer é fugir
porque, claro, a lanchonete está quase vazia. Nunca me sinto assim perto de
outros caras.
Ele e seu clube têm vindo desde que me lembro. Os seus pais e mães os
trouxeram assim que meus pais abriram. E agora trazem suas esposas,
namoradas... filhos. Deus, a vida não é justa. Quero este homem. Tipo, quero-o e
já tem um tempo, mas além de vê-lo aqui, não saímos juntos. Veja, é um
motociclista, parte de um clube chamado Disciples. Não tenho ideia do que
fazem, mas Jesus, alguns dos caras são gostosos!
Os seus olhos prateados sobem e descem pelo meu corpo. E não pela
primeira vez eu gostaria de ter mais curvas. Eu sou magra como minha mãe, mas
ela tem seios falsos, então isso a ajuda. Os meus são reais e nada de especial.
Lentamente, cruzo um pé sobre o outro.
— Vou querer um sanduíche com bacon extra e batatas fritas. — O silêncio
enche a mesa enquanto olhamos um para o outro até que o fantasma de um
sorriso aparece em seu rosto.
— Edge? Vai comer ou vai reclamar da Dolly enquanto eu como?
— Foda-se você. Como se fosse um para falar. — Os seus olhos sinalizam
em minha direção. E meu coração pula uma batida. Edge está insinuando que
David fala sobre mim?
— Dê-me um cheeseburger de bacon mal passado e alguns anéis de cebola.
Aceno enquanto freneticamente faço minhas mãos trêmulas escreverem.
Edge está olhando para o telefone e não parece feliz.
— Sério, você está bem, Charlie? — Quero tanto bater o pé e gritar a
verdade, que mesmo tendo apenas dezessete anos, eu o amo. Mordendo meu lábio
inferior, aceno. Ele se inclina para trás, cruzando as mãos atrás do pescoço
enquanto me observa. Esse sorriso incrível e esses braços esculpidos me deixam
tonta.
— E queremos duas Coca-Cola. Não bebemos quando estamos de moto.
— Ok. — Coloco a caneta atrás da orelha e coloco o guardanapo com o
pedido no bolso de trás. Enquanto pego os cardápios, uma mão forte e bronzeada
alcança meu pulso. Oh Deus, esse cara faz coisas dentro da minha cabeça e
coração que me confundem. Quando me toca, é quase como se estivesse
chamuscado. Soltando um pouco de ar, me viro para olhar para ele. O seu rosto
está a centímetros do meu e respiro seu doce hálito de canela.
— Está agindo diferente hoje. O que foi? — Os seus olhos se estreitam e
noto que não são realmente prateados, são azuis claros. Ele não é um garoto, é um
homem, e não estou pensando direito perto dele. Preciso ficar longe. Se ele me
pedisse, largaria tudo, até a faculdade, para ficar com ele. O que é um pensamento
insano... porque ele não pediria. E isso mataria meus pais... bem não mataria-os,
mas enlouqueceriam. Eles pegaram um empréstimo na lanchonete para me
mandar a Notre Dame Catholic High School para que pudesse entrar no programa
de teatro da USC. Funcionou e começarei em dois meses. Isso significa que não
verei David de novo, o que me dá vontade de morrer.
— Jesus cara... Debbie está completamente louca agora. Ela está chateando
Dolly e temos merda suficiente acontecendo. — Edge se inclina para trás e dá um
tapa na mesa enquanto empurra a tela na cara de David. — Controle sua vadia,
cara. — As suas palavras grosseiras me fazem piscar e a fantasia de cavalgar para
o pôr do sol se evapora rapidamente.
— Vou fazer o seu pedido. — Olho para David, cuja carranca move do
telefone para Edge.
— Onde ela está? — Pega o telefone. — É a Tabatha com ela?
E isso me deu vontade de vomitar. Eu sou péssima. O que há de errado
comigo? Ele é casado, porra! Com um bebê!
— Então, mais alguma coisa? — A mesa vibra com uma energia que não
entendo, mas está lá viva e queimando dentro de mim.
— É isso — David rosna, mas gentilmente enquanto olha para mim.
Com um aceno de cabeça, giro e quase começo a correr. Por que ouvir
aquela pequena conversa me aborreceu? Essas ilusões malucas de que ele gosta
de mim ou de que um dia serei dele têm que parar. Odeio Debbie e odeio que ele
seja casado. Além disso, tudo o que se relaciona com a sua garota extremamente
fofa me deixa desconfortável, culpada. Provavelmente irei para o inferno.
— Edge, diga a Dolly para ignorá-la. — A voz de David viaja pela
lanchonete enquanto corro para a cozinha e fecho meus olhos, encostada a porta.
Não vou chorar, não vou chorar canto em minha cabeça.
— Você está bem, Charlie?
Os meus olhos se abrem para encarar Jorge e Manuel, nossos cozinheiros
diurnos. Empurrando a porta, coloco um sorriso falso e olho para a ventilação no
teto para impedir que as lágrimas caiam. A última coisa que preciso é que minha
mãe me veja assim.
— Estou bem. — Fungo e entrego meu pedido a eles. — Apenas alergia
grave hoje.
Ambos examinam meu rosto. Manuel pega o guardanapo e balança a cabeça,
resmungando sobre como está feliz por não ser um adolescente. Suspiro e limpo
sob meus olhos, me certificando de que meu rímel não escorreu.
— Charlize? Escritório.
Pulo, quase grito com minha mãe, que está segurando a porta do escritório
aberta. Endireitando os ombros, digo — Em um minuto. Preciso pegar suas
bebidas. — Parece tão óbvio que estremeço.
— Jessica? — A minha mãe levanta um dedo sem tirar os olhos de mim
enquanto grita.
— Sim, Sra. Armstrong? — Jessica responde com seu telefone em uma mão
e um palito de cenoura na outra. O seu cabelo rosa brilhante e o jeito como e se
veste e fala apenas grita vadia. Hoje está vestindo uma minissaia xadrez com uma
camisa de smoking branca e meias até o joelho. Acho que ela está indo para o
visual colegial pornográfico. Eu frequento uma escola particular e nosso uniforme
não é nada disso.
— Pode por favor, cuidar da mesa dos Disciples? Preciso falar com a minha
filha.
As nossas bocas caem. Jessica se recupera primeiro e sorri docemente. —
Sem problemas. O que queriam? — Os seus lindos olhos castanhos penetram nos
meus enquanto arqueia uma sobrancelha fina.
— Coca-Cola e água. — Balanço minha cabeça para minha mãe.
— Não me olhe assim. — Ela estala o dedo e faz um gesto para que eu entre
no pequeno escritório.
— Deus — murmuro e reviro os olhos enquanto passo, prendendo a
respiração quando entro. Tivemos uma inundação na cozinha que entrou no
escritório, que tinha um carpete velho. O cheiro de mofo parece piorar com o
passar do tempo e nenhum dos meus pais fez nada a respeito. Acho que minha
mãe está esperando meu pai e vice-versa. Seja como for, fede e precisa ser
substituído.
Ela fecha a porta e começa a andar. Pego a caneta de trás da orelha e clico
várias vezes. Se ela começar com um sermão, pode demorar um pouco, então a
caneta é uma dica sutil para se apressar.
— O que está acontecendo com você e aquele motoqueiro? — Pisco para
ela. Uau, nem está tentando adoçar. Suspirando, me abaixo na cadeira de alumínio
barata e cruzo as pernas.
— Humm, nada.
Os seus olhos se estreitam em mim, o que odeio. Então, olho por cima do
ombro para a única coisa que está pendurada em nosso escritório: um velho
calendário da minha mãe quando tinha vinte anos.
— Preciso que você seja honesta comigo.
Eu me inclino para trás e coloco meu cotovelo na beirada da mesa. A
verdade, é uma mesa que não era adequada para o restaurante por causa de um
grande entalhe no meio.
— E eu sou. — Tento respirar sem engasgar.
— Então, não está saindo com os Disciples? — Estou prestes a responder,
mas ela levanta um dedo. — Porque eles são maus. Tão maus que você não tem
ideia. Esses homens usam e traficam drogas.
Ela anda de novo. — Tenho certeza que matam pessoas, Charlize. Eles não
são nosso tipo de pessoa. Não quero parecer esnobe, mas...
— Parece. — Pulo para cima. — Sabe, já lhe ocorreu que por acaso eles
gostam de andar de moto? Deus, mãe, só porque têm tatuagens e usam coletes
com o nome Disciples, não significa que são os Sons of Anarchy4. — Uso aspas
no ar para os Sons of Anarchy. Deve ser aí que minha mãe está tirando essa
merda. Ela assiste a esse programa o tempo todo e realmente acredita nisso.
— Era uma atriz, sabe. Isso é tudo para mostrar. Não é a vida real.
Isso a faz parar e seu cabelo loiro cai sobre um ombro enquanto junta as
mãos como se estivesse orando. — Querida você é muito jovem e ingênua. Tem
toda a sua vida pela frente. Por favor, fique longe de David. Você acha que ele é
excitante e bonito, mas...
— Mamãe. — Reviro meus olhos. — Ele tem um bebê.
— Sim. — Ela me olha direto nos olhos. — Ele tem um bebê, tem esposa,
namorada... — abro a boca, mais uma vez, mas ela me impede. — Ele não é para
você. Nada além de coisas ruins virão depois disso.
Os meus olhos embaçam com lágrimas. Ela está certa e sei disso. Afundo de
volta na cadeira.
— Você não precisa se preocupar com nada. — Olho para os meus tênis. —
Ele nem sabe que eu existo — sussurro.
Ela bufa e alcança meu queixo. — Charlize? — As suas mãos frias no meu
rosto quente quase me fazem estremecer. — Confie em mim. Este homem quer
você. Você precisa estar com alguém que vai deixá-la brilhar, não manchá-la. —
Pisco as lágrimas e aceno. A sua expressão não mostra raiva, mas há um toque de
tristeza em seus olhos.
— Eu disse que não tem nada com que se preocupar. — Enxuga as minhas
bochechas molhadas com a mão. Não percebi que estava chorando.
— Sinto muito, Charlize. Eu sei que tem uma queda por ele, mas é meu
trabalho protegê-la.
Eu quase rio. Se o que ela pensa que eu tenho é uma paixão, então não tem a
menor ideia. Este homem é tudo para mim. Como se soubesse disso no fundo,
mas fico quieta, aceno com a cabeça e afasto a sua delicadamente.
— Ok. — Ela limpa a garganta e suspira como se tivesse o peso do mundo
sobre os ombros. Talvez tenha. Eu sei que ela está preocupada com meu pai.
— Eu preciso fazer uma ligação. Pode verificar a Jessica? — Esfregando
minhas mãos no meu jeans, aceno e fico de pé.
— Tem notícias de seu pai? — E aí está o grande elefante branco na sala.
Olhamos uma para a outra e ela encolhe os ombros e pega sua bolsa, tirando sua
bolsa de maquiagem de lantejoulas. Um de seus batons cai no tapete e suspiro e
me inclino para pegá-lo.
— Não desde ontem, mãe. Fui para a cama cedo. — Isso é mentira, mas não
quero que ela saiba que papai não voltou para casa antes das três da manhã. Ela
bebeu sua garrafa de Chardonnay e desmaiou na frente da televisão às dez horas.
— Uh-huh. Bem, fui para a academia de manhã e quando voltei, ele tinha
ido embora — Ela deixa todas as palavras não ditas pairando no ar.
— Vou lavar o rosto — digo por cima do ombro. De repente, tudo mudou. A
minha paixão pelo motoqueiro sumiu. A minha mãe está perdida em seu mundo
pensando sobre meu pai. O casamento deles está destruído como um coração com
um marca-passo falso, mas não vai parar até que a bateria acabe.
— Bom. Lembre-se do que eu disse, meu amor. — A sua voz vaga enquanto
franze a testa para algo em seu telefone.
Fechando a porta, vou para o banheiro odiando que ela esteja certa. Em vez
de chutar a porta do banheiro, o que seria imaturo, bato e me avalio no espelho
comprido. Excelente! Sou muito magra e pareço uma merda. David nunca iria
querer alguém como eu. Vi o que esses caras querem e não sou eu. Eu pareço
muito... meiga.
— Tanto faz — murmuro, jogando água fria no meu rosto quente e olhos
inchados. Eu nem me preocupo com uma toalha de papel e uso a ponta da minha
camiseta. Tirando o elástico do pulso, puxo meu cabelo grosso para cima em um
coque bagunçado e coloco meu brilho vermelho. Deveria reaplicar toda a minha
maquiagem, mas por que me preocupar? O cara que eu quero não vai acontecer.
Abrindo a porta, ouço o barulho de suas motos e sigo o som até que estou
olhando pela janela.
— Você está sendo meio óbvia. — A voz de Jessica me faz virar e olhar para
ela.
— Desculpe?
— Você é como um cachorrinho irritante, Charlie. Homens não gostam de
garotas pegajosas. Especialmente não um dos Disciples. — Diz como se eles
fossem algum tipo de banda de rock famosa ou algo assim.
— Se quiser ficar com David, confie em mim, precisa agir como se não
adorasse o chão em que ele pisa. — Ela se abaixa e endireita a meia.
O que diabos está acontecendo hoje? Primeiro a minha mãe, agora Jessica,
a safada?
— Hum, obrigada, mas não preciso de conselhos de garotas que dormem
com todos. Os homes também não gostam de lixo usado. — Ela parece assustada
e, a princípio, uma pontada de culpa me atinge, me fazendo querer voltar atrás.
Um sorriso feio aparece em seu rosto enquanto se aproxima, cheirando a
fumaça e perfume floral barato. Eu quero vomitar.
— Eu transei com ele, Charlie.
E lá se vai a culpa.
— O seu pau é enorme. — Ela gesticula com as mãos. — Confie em mim
quando digo que ele sabe como usá-lo.
Antes que eu possa processar o que ela disse ou pensar em uma resposta
autorredentora, ela se vira e se senta em outra mesa.
O quê? Este dia passou de médio para uma merda absoluta em questão de
duas horas. A sensação de ardência no meu peito faz parecer que meu coração foi
queimado.
— Foda-se isso. — Corro até o balcão onde guardamos todas as nossas
coisas, pego minha bolsa e sigo para a porta. Preciso ir embora e nem me importo
que esteja ficando cheio. Talvez Jessica acabe atolada, até agora nas ervas
daninhas que ela desiste. Quando passo por um casal entrando, pego meus óculos
escuros e procuro minhas chaves. Está calor lá fora, e o sol imediatamente ataca
minhas pernas, que estão vestidas com jeans skinny preto. Vou para casa vestir
meu biquíni e tomar sol na piscina do quintal. Melhor tentar esquecer este dia
inteiro. Pego meu telefone para desligá-lo. Não desejo ouvir minha mãe ligar e
me dar um sermão, ou pior ainda, outra rodada de seus conselhos sobre “confie
em mim”. — Não é como se fosse me despedir.
— Charlie. — Congelo. Virando lentamente, eu pisco com a visão. Ele está a
minha frente, bloqueando o sol. Puta merda. O meu coração bate tão forte que ele
provavelmente pode ouvir.
— Você está bem? Parece triste. — Segurando seu capacete e as chaves, ele
me encara, seus olhos como diamantes cintilantes no céu azul.
Uma risada desconfortável escapa dos meus lábios. — Poderia dizer isso.
Olhamos um para o outro e me pergunto se ele sente essa atração entre nós.
Está lá. Posso ser jovem, mas sei que esse sentimento é especial.
Olhando para os meus sapatos, digo — O meu dia não está indo bem —
depois endireito os ombros, tentando não parecer um cachorrinho adorável. —
Onde está sua moto? Pensei que tinha ido embora. — A minha voz parece
ofegante, sem dúvida porque estou. Ele dá um passo mais perto e me inclino para
trás, mal percebendo minha bunda ficando quente do lado do meu Prius, mas não
me importo. Ele cheira a fumaça, e quando fecho os olhos, por uma fração de
segundo, inalo.
— Bem-vinda ao meu mundo, Linda. — Ele parece cansado, muito mais
velho do que seus 21 anos. — Escute, sua mãe me repreendeu e tenho coisas
pessoais acontecendo.
Não consigo respirar e não estou realmente ouvindo o que ele tem a dizer. O
seu cheiro é viciante, como se eu quisesse enterrar meu nariz em seu pescoço. Eu
me pergunto que tipo de sabonete ele usa.
— Charlie? — Traz meus olhos para os dele, e percebo que, mais uma vez,
estou olhando para ele como uma esquisita.
Ele sorri. — Você está indo embora logo, certo?
Concordo. — Dois meses.
— Eu queria me despedir em particular. — Ele coloca a mão no meu capuz e
tira o cabelo do meu rosto. E estou morta. Perdida. O meu coração pula uma
batida e essa sensação de precisar fazer xixi retorna.
— Eu sinto muito... sobre minha mãe. Ela assiste vários episódios de Son of
Anarc... — Felizmente seu telefone toca e me impede de fazer ainda mais
desgraça fora de mim. Deus, Jessica pode estar certa. Sou ridícula perto desse
cara.
— Porra, tenho que ir. — Os seus olhos prateados acariciam meu rosto como
se ele quisesse memorizá-lo.
— Você já tem dezoito anos? — Ele está tão perto e indo embora. Eu não
quero que ele vá embora. Posso nunca chegar tão perto de novo. Então, faço a
coisa mais corajosa que já fiz em meus dezessete anos. Alcanço-o e toco seu
colete preto macio.
— Em um mês.
— Perto o suficiente. — Antes que eu possa processar o fato de que estou
parada no meio do estacionamento dos meus pais com o sol quente nos
derretendo, seus lábios tocam os meus em algo que não consigo descrever
completamente. É como se uma carga elétrica tivesse passado pelo seu corpo e
entrado no meu. Aproximo-me e sinto sua língua forte e deliciosa exigir a minha.
E é incrível, melhor do que incrível. Parece que o universo, Deus, deusas... seja o
que for, estão brilhando, nos deixando saber que isso é certo. Largo a minha bolsa
e permito que minhas mãos cavem no couro macio de seu colete. Não consigo
respirar e ainda estou aqui, ainda respirando. Ele tem gosto de açúcar da Coca-
Cola. Gemo quando meu núcleo aperta e me movo o mais perto que posso. A sua
mão forte segura minha nuca como se eu fosse sua prisioneira. Então ele
aprofunda o beijo, roubando todo o ar de mim.
Ele é um ladrão de oxigênio. Eu continuo deixando-o me devorar.
— Porra. — Levanta a cabeça, os olhos exigentes, selvagens. Então ele
abaixa sua testa na minha e suga mais da minha respiração para ele.
— Eu não consigo respirar. — Suspiro, tentando conseguir um pouco de ar.
Ladrão de oxigênio gira em minha cabeça enquanto nossos lábios mal se tocam.
— Eu tenho que ir. Estou atrasado. — Ele sorri e se inclina para beijar meus
lábios doloridos, que parecem ter sido machucados, para nunca mais se recuperar.
— Quero levá-la na minha moto antes de você sair.
— Sim, mas só vou para a USC. Eu ainda posso...
— Amanhã. — O seu telefone começa a tocar novamente e esfrega a mão no
rosto. — Olha, eu quero ser honesto com você. Estou lidando com a mãe da
minha filha. Ela é louca. — Ele larga o capacete e me agarra enquanto solto um
pequeno grito, incapaz de parar de sorrir. Não importa o que aconteça, este é o
melhor dia de todos.
— Eu deveria deixá-la em paz. A sua mãe está certa. — Ele me traz tão
perto. O seu pau pressiona contra mim e é difícil. E neste exato momento, lhe
entrego o meu coração. E darei a ele a minha virgindade também. Este homem é
tudo para mim. Eu nem me sinto mais culpada por Debbie. Afinal, ele diz que ela
é louca.
O seu telefone vibra novamente e ambos nos encaramos. Levantando meus
óculos de sol, ele sorri para mim. É sexy, mas também terno, e quero pular em
seus braços e implorar para que me leve com ele.
— Quero você em minha moto — diz, em voz baixa. O tempo para. Os sons
desaparecem. É quase como se eu tivesse sonhado. Com uma mão, ele esfrega
suavemente meus lábios, então se inclina e roça-os com os seus quentes; tem
gosto de sal. Ele está suando e meu núcleo pulsa. Existe algo mais sexy?
— Amanhã. — Ele beija a ponta do meu nariz, pega o capacete e me deixa
mal respirando enquanto atende o telefone. Acho que ele está gritando com
alguém, mas os sons não parecem significar nada neste momento. Tudo que sei é
que ele me quer em sua moto. Nunca mais serei a mesma.
UM
David
PRESENTE
Nove anos. Fecho os meus olhos e deixo o sol quente tocar meu rosto
enquanto tento lutar contra os demônios que querem me rasgar e me fazer
sangrar. Nunca pensei em voltar a esta sala, uma sala tão familiar que muitas
vezes sonho com ela. Este clube inteiro me assombra. Os fantasmas ainda estão
muito frescos. Estou de frente para a grande janela e o quintal além dela. Se eu
abrisse os olhos, veria uma piscina. O som de crianças gritando e rindo significa
que a festa deve ter mudado. Porra, este lugar contém as respostas que agora me
movem. Os meus braços formigam, as cicatrizes deixadas para trás pelas marcas
de agulhas picam, quase me chamando para encher minhas veias com heroína.
Deixar o cobertor quente de felicidade assumir e colocar todos os meus demônios
para descansar, mas não desta vez. Preciso que esses demônios me alimentem
como um fogo precisa de oxigênio. Estou aqui para expiar e buscar a minha
vingança. Eu deveria ter cuidado disso há nove anos, mas agora sou um homem
diferente. Eu teria falhado com eles naquela época.
— Olá, David. — A porta da sala de conferências se abre e meu primo, o
presidente dos Disciples, e seu executor entram. Os nossos olhos se encontram
enquanto os dele se estreitam e cruza os braços. Eu não dou a mínima se ele não
está feliz em me ver. Não estou aqui para uma reunião de família. Se eu pudesse,
nunca mais voltaria, mas está na hora. Preciso de Blade. Eu preciso do meu clube,
da minha família.
— Importa-se de me dizer por que está fedendo a nossa sala sagrada com seu
maldito terno? — Ele inclina a cabeça, me olhando com desconfiança. Eu quase
bufo. Conheço Blade por dentro e por fora e ele não me assusta. Somos mais
irmãos do que primos. Como temos a mesma idade, não consigo me lembrar de
um único momento da minha infância sem ele. Ele é o presidente dos Disciples,
um clube de motociclistas de um por cento, mas para mim, é o meu primo.
Quando chega a hora de empurrar, nós nos protegemos.
— Você está bem, cara. — Vou até a velha mesa de conferências e puxo uma
cadeira.
— Porra, David. — Ele atravessa a sala e apoia as mãos na mesa, os olhos
verdes cheios de tormento. É isso que levo para as pessoas que amo ou não amo.
Tormento.
— Eu preciso de você e do clube. — Olho-o nos olhos. Ele se endireita e
olha para Ryder, que poderia ter ficado maior se isso fosse possível.
— Ele tem coragem. — Ambos riem. — Você sempre teve coragem, irmão...
admito isso.
Cruzo uma perna e abro meu paletó. — Não se trata de coragem, Jason...
— Aqui é “presidente” para você — rosna.
Os meus olhos se estreitam. Não tenho paciência para isso. — Estou de volta
e não vou embora antes de terminar. — Eu me levanto e saio da sala ignorando os
palavrões altos de Blade e a voz calma e tranquilizadora de Ryder. Preciso dar o
fora daqui. A minha cabeça lateja com meu próprio batimento cardíaco. Um bebê
grita à minha direita e meu peito aperta. Não olho para ninguém enquanto
caminho até a porta da frente, embora esteja cheia de irmãos que não vejo há
anos.
— David — murmuram, mas ninguém me impede. Inspirando e expirando
lentamente, pego meus cigarros e, assim que entro na grande varanda de madeira,
acendo e arrasto a nicotina calmante garganta abaixo. A festa de aniversário do
filho de Blade é quase como uma experiência extracorpórea. As motocicletas
estão cuidadosamente estacionadas em uma fileira do outro lado da calçada para
dar lugar a um pônei que anda e caga em círculo. Cristo, ele tem até um cara
sorridente com um balão em roupas de cores vivas que está criando coisas que
essas crianças ainda nem sabem. Seria cômico se não fosse tão deprimente.
Eu deveria estar feliz por Blade. Ele fez uma vida e uma família, mas pela
primeira vez em anos, sinto aquela pontada de ciúme, e isso quer me derrubar.
Esta vida é algo que nunca terei. Nunca. Desviando meu olhar, vou em direção à
Ferrari que peguei emprestada da propriedade de Reed hoje cedo.
— David? — Blade grita atrás de mim. — A igreja começa amanhã às nove
da manhã Não me preocupo em olhar para trás. Ele sabe que estarei lá. Abrindo a
porta da Ferrari, ouço risadinhas e um arrastar de pés no cascalho. Ligar esta
beleza sempre deixa meu pau duro, deve ter algo a ver com a maneira como
literalmente ronrona. Eu me inclino para trás, me ajusto e inalo todos os cheiros
que só uma Ferrari pode ter. Olhando ao redor do complexo, examino a área de
estacionamento, esperando não acertar uma criança qualquer. Isso é loucura. O
complexo mudou muito, e tudo que posso fazer é olhar. Costumava ser nada além
de motos e sujeira. Algumas pequenas manchas de grama atrás. Agora há um
balanço de madeira com dois escorregadores e flores por toda parte.
Esfregando minhas mãos para cima e para baixo em meu rosto, tento sacudir
a exaustão. Um banho e roupas limpas ajudariam. Ainda estou com o mesmo
terno que usei no casamento de Tess e Reed em New York ontem. Algo estalou
quando vi Reed se casar com sua alma gêmea. Talvez fossem seus filhos: gêmeos
que teriam quase metade da idade da minha Tabatha se ela tivesse sobrevivido.
Algo me fez perceber o que devo fazer.
Soltando minhas mãos, agarro o volante com força. Quando passo por um
pequeno grupo de motoqueiros, eles me encaram. Uma loira com as mãos nos
quadris e uma carranca em seu rosto incrivelmente lindo me faz sorrir. Esta tem
que ser a Old Lady de Blade, pode muito bem estar estampado em sua testa.
Aceno para ela, mas simplesmente me encara enquanto eu dirijo.
Preciso conseguir um hotel, pedir serviço de quarto e desmaiar. Então, por
que diabos estou indo para um lugar que não deveria? Um lugar que guarda
toda a minha culpa? É como se eu estivesse possuído e, em vez de virar à direita
na Malibu, viro para a esquerda em direção à lanchonete. Ela não estará lá. As
chances são contra isso. Cristo, tenho certeza que está casada e tem filhos. Afinal,
já se passaram nove anos. Aumento o volume para uma das minhas favoritas, e a
voz comovente de Billie Holiday permite que minha mente se lembre de uma
garota que era requintada e gentil. Uma garota com olhos dourados e lábios
vermelhos inchados. Ela não era alguém que deveria ter desejado, mas eu a
desejava. Eu tinha uma conexão com ela diferente de qualquer outra pessoa que
conheci no mundo.
Paro no estacionamento quase vazio da lanchonete e não posso deixar de
sorrir. É o mesmo. Talvez tenham um novo banco para sentar do lado de fora, mas
fora isso é a mesma coisa. O sol está começando a descer e suspiro, deixando o
dia e toda a merda irem com a minha respiração.
— Porra. — Desligo o motor e descanso minha cabeça no encosto de couro
macio e amanteigado. Billie canta suas tristezas como se estivesse cantando sobre
mim e minha vida, não a dela. Os monstros que gostam de brincar na minha
cabeça fazem barulho. A meditação não pode impedir o passado doloroso e
violento que quer sair. Eu não deveria ter vindo aqui, este lugar é um gatilho para
mim.
Esfrego meu rosto como se isso o fizesse ir embora. Nunca vai embora. A
minha dor é esmagadora, debilitante, e às vezes me pergunto como ainda estou
aqui. Eu só saí com Edge naquele dia. Eu apenas me certifiquei de que Debbie
estava tomando seus remédios. Se eu não fosse jovem e estúpido, deixando meu
desejo pela beleza de cabelos negros me fazer ficar. Deixo cair minhas mãos,
reconhecendo a verdade. Eu falhei com ela, Tabatha, a minha garotinha, ainda
nem tinha dois anos. Tudo que eu deveria fazer era protegê-la. Este era o meu
trabalho: amá-la e ter certeza de que estava segura. E falhei com ela. Todos os
dias, quando acordo, tenho que conviver com a verdade de que minha filha
precisava do pai para salvá-la e eu estava atrasado.
— Foda-se isso. — Procuro meu telefone. Preciso comer alguma coisa. Se
eu ficar mais tempo neste carro, começarei a precisar de coisas que é melhor
deixar trancadas. Tentando acalmar minha natureza autodestrutiva, inspiro e
expiro. Estou aqui para me vingar. Depois de fazer isso e contarmos os corpos,
acho que cabe ao universo decidir meu destino. A minha boca enche de água.
Dou um tapinha no bolso, me certificando de que estou com meus cigarros. Nesta
guerra estou trazendo fúria dentro da minha cabeça, juntamente com todos os
outros arrependimentos. Pode ser complicado, mas não morrerei até que o pedaço
de merda que matou minha filha esteja deitado em uma poça de seu próprio
sangue. Não terei misericórdia.
Abrindo a porta da Ferrari, o cheiro de flores de laranjeira permeia o ar da
noite quente de verão. Tiro o paletó e a gravata, jogando os dois no banco do
passageiro, em seguida, pressiono o controle remoto para trancar as portas. Que
diabos estou fazendo aqui? Lampejos de seu rosto deslumbrante saltam pela
minha cabeça como um filme em avanço rápido. Estava proibida, com lábios com
gosto de mel, seu corpo quase frágil em meus braços. Porra, eu a queria. Ela era
feliz, inteligente e bonita de um jeito que nunca vi. Queria essa bondade em
minha vida. Como se ela pudesse esfregar um pouco dessa magia em mim.
Crescer nos Disciples é um modo de vida diferente e não algo que a maioria das
crianças tem. Naquela época, eu ainda tinha esperança. Tudo isso morreu no
momento em que a deixei naquele dia.
Paro a porta e olho para dentro. Não vejo ninguém além de um garoto alto e
magro limpando mesas. Colocando a mão no bolso, tiro meus cigarros e acendo
um. Inspirando, me entrego à minha dor, minha tristeza. Isso me torna mais forte
e preciso disso. Quando fecho meus olhos, tudo flui sobre mim, é melhor deixar
enterrado. Ainda posso ouvir o toque do telefone de Debbie. Ele tocou sem parar.
Eu era muito jovem para entender sua condição frágil e instável. Os seus altos e
baixos me frustraram. Os sinais estavam lá, só não sabia. A nicotina desce pelo
meu esôfago enquanto justifico que não estávamos mais juntos. Por que ela não
pode me deixar ir?
…O telefone não para de tocar. Maldita Debbie. Por que ela não pode ser
apenas uma mãe, ser normal? Aposto que Charlie seria uma boa mãe. Fico
olhando para a garota mais inocente e bonita que já vi. Estou farto de garotas
malucas. Se eu tivesse embrulhado meu pau como todo mundo me disse para
fazer. O comportamento paranoico de Debbie atingiu o ponto mais alto e estou
farto. Quero a minha filha. É isso. Essa garota com cabelos escuros e olhos
dourados é o meu futuro.
A porta da lanchonete se abre e saem alguns adolescentes carregando seus
skates, me trazendo de volta ao presente. Procurando um lugar adequado para
apagar meu bastão de câncer, um sentimento ruim se apodera de mim. Eu não
deveria entrar aí. Estou ligado e meu sangue está bombeando. É quando costumo
usar drogas. Se não estou usando drogas, fodo, e posso foder por dias quando fico
assim chateado. Eu deveria ter ficado perto da sede do clube e uma das
vagabundas do clube me chuparia. Vou comer e voltar. Afinal, é melhor voltar
para lá. Blade ficará chateado por ter que chutar um novato para fora de uma sala,
mas dane-se. Ganhei minhas listras e mais algumas. Novamente, a porta se abre.
Estendo a mão para segurá-lo enquanto uma mulher mais velha com cabelos
grisalhos sai e eu entro.
DOIS
Charlie
— Tom. — Equilibro minha perna direita na ponta de um barril de
Budweiser e me alongo. — Não está me ouvindo. Hoje não recebemos a remessa,
então precisa descobrir quem pegou todos os trinta sacos de nossas batatas e
trazê-los aqui amanhã de manhã.
Já estou com um péssimo humor hoje. Não por qualquer outro motivo, estou
cansada e meus pés doem. Estou neles desde as 6h da manhã, e tem sido uma
pequena coisa após a outra.
Tom, ao que parece, nosso diretor de produção, está digitando em seu
computador. Este é o segundo pedido que foi bagunçado no mês passado.
Geralmente sou boa com essas coisas, mas o almoço estava cheio e nossas batatas
acabaram. Então, sim, estou farta de Tom.
A minha mãe passa por mim como uma brisa, o seu perfume cheirando a
rosas. Eu me viro para vê-la entrar sorrateiramente no escritório. Tom está meio
gaguejando enquanto tenta dar desculpas, ainda sem conseguir localizar minhas
batatas.
Eu tenho que interrompê-lo ou nunca parará. — Apenas conserte, por favor.
Sem esperar por sua resposta, aperto o botão e sigo o cheiro da minha mãe
para o escritório. Foi a primeira coisa reformada quando assumi a administração
de nossa lanchonete. Com tinta nova, carpete novo e sem mofo, agora parece um
escritório de verdade. Comprei arquivos, um cofre, cadeiras de couro e uma
escrivaninha de verdade.
— Vai sair? — Os meus olhos se arregalam. Tivemos um dia superatarefado.
Está morto agora, mas antes era uma loucura.
— Oh, Charlize, você me assustou. — Ela põe a mão no peito e sorri. —
Tenho um encontro. — As suas mãos balançam a sua frente. — Está lento esta
noite. Não se importa, não é? — Pisca seus longos cílios postiços para mim. A
minha mãe me lembra Christie Brinkley. Conhece o tipo: parece ter quarenta anos
quando, na verdade, tem cinquenta.
Implorou-me para permitir que ela pegasse um empréstimo da empresa para
“refrescar o rosto”. — E com isso quero dizer que seu cirurgião plástico fez seus
olhos, firmou seu rosto e pescoço, e acrescentou alguns implantes em suas maçãs
do rosto para que voltasse a ficar com a aparência de anos atrás; ele um bom
trabalho. Quero dizer, ela parece completamente falsa, mas mesmo assim incrível.
— Olha, mãe. Estive aqui o dia todo. Você deveria fechar esta noite. —
Franzo a testa para as minhas garçonetes noturnas, que passam rindo como se
tivessem doze anos, em vez de enrolarem talheres. Puxando meu elástico do meu
cabelo grosso, quase suspiro enquanto corro os dedos pelos longos fios escuros.
Deveria tê-lo retirado horas atrás. Está me dando uma dor de cabeça horrível. A
minha mãe me largando por um encontro e me deixando com Joy e Cindy não
acontecerá, absolutamente. Como diabos ela consegue mais ação do que eu,
afinal? Massageio minha cabeça e olho para ela enquanto cantarola e olha para o
telefone.
— Desculpe? Não, mãe. Não ficarei. Peça ao seu par para buscá-la mais
tarde. — Esfrego a nuca, ouvindo-o estalar quando o rodo.
Ela pisca para mim como se fosse a coisa mais idiota que já ouviu e bate no
meu nariz.
— Precisa se divertir mais, Charlize. Tem apenas vinte e seis anos. Você
continua franzindo a testa assim, vai ficar com rugas.
Paro de massagear meu pescoço e quase rio de sua vaidade. Um grito agudo
me faz olhar para Cindy e Joy; ambas estão agindo de forma absurda e fazendo
ruídos desagradáveis. Além disso, Cindy está começando a pular. Os seus seios
grandes parecem que vão derramar de sua camiseta decotada. É o primeiro dia do
mês e as camisetas de Cindy ficam superpequenas na hora do aluguel. Olho feio,
e as ambas param.
— Desculpe, Charlize. — Joy pelo menos tenta parar, apesar dos gritos
contínuos de Cindy.
— Um deus muito gostoso acabou de sentar na minha seção. — Cindy me
olha como se isso explicasse tudo.
Ignorando-a, volto minha atenção para minha mãe, que se anima.
— Oh, sério? — A minha mãe espreita a cabeça ao meu redor. — Darei uma
olhada nele quando sair. — Ela nos dá uma piscadela. — A minha carona está
aqui. — Ela pega, em um rápido golpe, sua bolsa, óculos escuros e telefone e está
saindo.
— Espere. Vai... de jeito nenhum. — Quase bato o pé, mas considerando o
quão imaturo minhas garçonetes são, essa é a última coisa que devo fazer.
— Está brincando comigo? — A minha boca se abre quando minha mãe
passa por mim, com um sorriso no rosto. — Querida, eu realmente gosto deste. E
se a situação mudasse, sabe que eu faria isso por você. — Diz tudo isto por cima
do ombro enquanto eu quase corro para acompanhá-la.
Quando vejo o cara parado a porta da frente, paro. Ele é alto e tem cabelo
escuro com um pouco de grisalho nas têmporas. Eu gemo e me afasto. Olhar para
ele seria um erro. Não posso, ou posso rir de suas roupas estúpidas da moda, mas
o que mais me choca é minha mãe, que quase se joga em seus braços para um
beijo.
— Uau, vá você, Sra. A. — Cindy chama por cima do meu ombro. Franzo a
testa mais uma vez, mas guardo meus comentários maliciosos para mim. Eu não
quero ser a chefe vadia. Já acham que a minha mãe é muito mais legal. — Não
tão gostoso quanto o deus da mesa sete, mas ainda sexy à moda do cabelo
grisalho — sussurra para mim.
Eu me viro e olho para ela. — Pare.
Ela sorri e pisca. — Boa sorte. — Ela limpa um cardápio enquanto minha
mãe se afasta o suficiente para rir e acenar para mim.
Fecho meus olhos e tento respirar, engessando um sorriso falso. — Oi, sou
Charlie. — Eu estendo a minha mão, nem mesmo tentando esconder que estou
procurando por um anel ou a marca de um. Desde que minha mãe se divorciou de
meu pai, ela passou por um desastre após o outro. Com o último, ela não
descobriu até que a esposa voltou para casa mais cedo de uma viagem de
trabalho. Foi uma bagunça humilhante para todos os envolvidos. Pelo que posso
ver, ele parece limpo, mas pode ser um daqueles homens que não usam aliança.
— Muito prazer em conhecê-la, Charlize. — Ele sorri de volta e fico cega
com seus dentes ridiculamente brancos. — É ainda mais adorável do que sua mãe
disse. — Ele dá um tapa na bunda da minha mãe.
Ai, meu Deus. Eu fico olhando, mortificada quando minha mãe dá um tapa
em seu peito.
— É verdade. Você é a sua mãe. — Ele se inclina e esfrega o nariz no dela.
Ela ri e não o suporto.
Acenando para eles, digo — Tentarei fazer o cronograma para a próxima
semana.
— Ok, querida. Vamos sair.
Deus, por favor, não faça esse cara ficar por aqui. Viro-me para ir ao
escritório, exceto que Cindy está olhando, paralisada, observando o homem na
cabine do Sixteen Candles5 comer sua refeição.
— Cindy — assobio, fazendo-a pular. — Está brincando comigo? — Os
meus olhos se arregalam e dou a ela um olhar de puxar a merda.
Ela bufa. — Desculpe. — Levantando as mãos, diz — Vamos lá, olhe para
ele.
Ela aponta para o cara. Puxo sua mão para baixo. É como lidar com uma
criança.
— Por favor, pare de apontar para o pobre homem e faça o seu trabalho. —
Eu me viro para deixá-la, mas algo me impede. A sensação de frio na barriga me
faz olhar para o cara. E congelo, talvez até pare de respirar... Não pode ser!
— Charlize? — A voz irritante de Cindy soa muito perto, então levanto a
minha mão para calá-la. Arrepios fazem os pelos dos meus braços se arrepiarem.
É impossível desviar meu olhar. Este é o homem com quem sonhei, pelo qual
sofri. Merda, há anos sinto uma grande culpa por esse cara.
— Cindy? — A minha voz soa rouca. — Eu cuidarei dele. Você dobrará os
guardanapos e limpará os cardápios.
— Charlize — ela geme tão alto que quebra meu olhar e me viro para ela.
— Ouça. Aquele cara — aponto para ele, fazendo-a levantar uma
sobrancelha -— não é quem você pensa que ele é. Preciso lidar com isso.
Ela me encara como se eu tivesse tirado seu brinquedo favorito. Neste ponto,
não me importo. Estou quase entorpecida com todos os tipos de emoções. A
primeira é alegria.
Jesus Cristo, ele está sentado na minha lanchonete comendo bife com ovos e
bebendo café. Os meus olhos avidamente observam sua aparência. Está com uma
camisa social branca engomada e calças pretas. Eu deveria questionar se é
realmente ele, mas não questiono. Sei que é David. O seu cabelo está bem mais
curto e está cheio, mas a maneira como se move e aquele rosto lindo só podem
ser dele.
— Você transou com ele ou algo assim? — Sussurra, nem mesmo
escondendo sua excitação.
Quase rio. Um, porque transar com ele é tudo o que tenho sonhado. E dois,
esqueci que ela ainda estava lá.
— Não é da sua conta — reclamo enquanto puxo a toalha branca do meu
bolso de trás e a coloco na mesa Midnight Run6. Eu deveria ir ao banheiro e ver
como estou, mas não consigo parar de me mover em sua direção. Quanto mais
perto chego, mais gostaria de estar usando algo além de jeans cinza apertado e um
top preto. O meu cabelo está uma bagunça selvagem. O que diabos estou
fazendo? Ele está claramente em seu próprio mundo, sua energia é tudo menos
amigável, nem mesmo está com o telefone para lhe fazer companhia. Bem
quando estou prestes a me virar, seus olhos encontram os meus. Congelo
enquanto olho, presa em uma piscina de beleza prateada. Ele não parece surpreso.
Não se parece com nada que eu possa entender. Pega sua xícara de café. Vejo suas
mãos fortes e bronzeadas agarrarem a xícara enquanto a leva aos lábios carnudos.
Uma lufada de ar sibila dos meus lábios enquanto os lambo. Então ele se
inclina para trás, colocando seu outro braço sobre a parte de trás da cabine
enquanto me mantém como refém com sua presença.
Isto é ridículo. Estou esperando a chance de dizer que sinto muito por sua
perda, sinto muito por tudo o que aconteceu com ele, apenas sinto muito. Eu me
forço a me mover em sua direção, meus olhos correndo ao redor. Estou com sorte
e as únicas pessoas nesta seção são um casal mais velho e estão prontos para
pagar.
— Ei, David. — Paro no final da mesa e me certifico de que meus ombros
estão para trás. Os seus olhos se estreitam e vejo quase em transe enquanto ele
engole. Deus, a maneira como os músculos de seu pescoço se movem.
Ele pousa sua xícara, me fazendo piscar de volta à realidade à medida que
começa a cortar seu bife. Olho para seu prato, horrorizada. Ele nem vai
reconhecer minha presença? Respiro. Há anos está me corroendo e preciso dizer
isso. Não se passou um dia sem que eu pensasse nele... e na tragédia.
— Então... já se passaram anos, mas queria dizer que sinto muito.
Ele hesita, então continua a comer seu bife. Mais uma vez, meu estômago se
agita. Odeio o jeito que meu rosto fica quente. Tentada a me virar e sair, digo —
Sinto muito pelo que aconteceu naquele dia. Eu me sinto como se de alguma
forma... não sei... talvez eu seja a culpada? — Enquanto me inclino para frente,
meus dedos tocam a ponta da mesa.
— Quando descobri sobre o que aconteceu e com sua garotinha...
Ele deixa cair o garfo com um baque forte no prato e empurra a comida meio
comida para longe. Eu solto a mesa e olho para a raiva que mascara seu belo
rosto.
— Você veio aqui — sua voz é o mesmo cascalho meloso que amo, mas
odeio — enquanto estou comendo para pedir desculpas por meu bebê de um ano
de idade e sua mãe explodindo em uma explosão que era destinada a mim?
Dou um passo atrás como se ele tivesse me dado um tapa. A bile sobe em
minha garganta e minha visão embaça. Não confiando em mim para falar,
simplesmente aceno.
Ele bufa. — Eu não preciso que se sinta mal. A sua consciência está limpa.
— Joga o guardanapo no prato. Engulo enquanto assisto, horrorizada à medida
ele joga duas notas de vinte na mesa. Quando passa por mim, seus olhos são
como uma nuvem de tempestade feroz e selvagem se preparando para
desencadear um furacão.
O que acabou de acontecer? É quase como se estivesse sonhando. Tudo que
eu queria dizer era que sinto muito.
Eu me viro e o vejo abrir a porta da lanchonete, a escuridão do lado de fora
preenchendo o silêncio quase mortal da minha mente.
— Que porra é esta? — Olho ao redor, e a sala ganhou cor, agora quase um
arco-íris vibrante e pulsante que eventualmente entorpece, forçando minha mente
a processar que ele é um idiota egoísta.
Por que diabos ele está de volta? Eu estava bem. A minha vida não é
perfeita, mas de quem é?
Ainda estou feliz, ainda me levanto e trato as pessoas da maneira como
quero ser tratada. Esse idiota entra em minha lanchonete, come minha comida, e
quando tento lhe dar as minhas mais profundas condolências e quase dizer que se
precisar de alguém para... Inacreditável.
Eu marcho até Cindy, que parece atordoada, me perguntando se disse tudo
isso em voz alta. — Se você vir aquele pedaço de merda entrando aqui de novo,
ele será expulso. — Aponto para ela enquanto corro saio pela porta.
A escuridão da noite quente me atinge. Passar do ar condicionado para o
calor é agradável. Pisco, deixando meus olhos se ajustarem e fazer uma nota
mental para ligar para a cidade. Precisam vir e instalar uma nova luz. Carros
passam e seus faróis brilhantes me impelem para frente enquanto procuro por ele.
A sua camisa social branca engomada torna-o fácil de encontrar.
— Jesus — murmuro enquanto o suor desce pelos meus seios. Ele está
encostado no capô do que parece ser um carro caro. Eu deveria voltar. Não me
parece que ele seja algo com que deva mexer.
Foda-se isso. Eu não sou um capacho. Pode estar infeliz, mas isso não
significa que tenha o direito de ser cruel. Infelizmente, meu coração dá um baque
doloroso enquanto admiro seu perfil. Ele é tão perfeito e inspirador. Sempre foi.
A única coisa que eu realmente queria.
— Se sabe o que é bom para você... — O cascalho em sua voz vibra quase
como se ele estivesse sem fôlego.
— Tanto faz, David. Você não é o único com sentimentos. — Ele vira a
cabeça e sou pega, encurralada. É como uma bela besta. Os seus olhos prateados
quase brilham com sua dor.
— Deixe.Me.Sozinho. — Viaja pelo estacionamento vazio. Ando até ele,
invadindo seu espaço.
— Tudo o que eu queria era lhe dizer... sinto muito. Desculpe por aquele dia
e sua — minha voz falha — e sua filha — Aceno minhas mãos para ele. Se não
ouvisse um leve chiado de respiração, acharia que ele estava entediado. Ele não
se move, nem mesmo um passo.
Eu aceno enquanto as lágrimas ardem em meus olhos. — Tudo bem... está
banido, David. — Viro-me para me afastar dele. Ele sempre foi nada além de um
sonho que todos diziam ser ruim. Eu mordo meu lábio inferior, e do nada, sua
mão cava na minha. Como uma víbora, ele se lança e me empurra em direção ao
seu peito duro.
A minha respiração escapa enquanto seu corpo quente queima no meu. —
Está louco? Solte-me — assobio em seu rosto bonito, tentando ignorar as ondas
de excitação vibrando em meu estômago.
— Cale a boca, Charlie — rosna, e antes que eu possa gritar, sua boca está
na minha. Tento me mover, fugir. Se não fizer isso agora, neste momento, estou
perdida.
As suas mãos fortes prendem meu rosto enquanto ele aprofunda um beijo
que me rouba a fala e todo o meu fôlego. Santo Deus! Tenho vinte e seis anos e
estou mortificada que este beijo áspero tenha meu corpo em chamas e minha
calcinha molhada.
As minhas mãos alcançam para coçar seu rosto, mas ele me vira com força
na lateral do carro. O som de nossos corpos esfregando nele faz meu núcleo
vazar. Estou enjaulada. O metal quente nas minhas costas e bunda são um
lembrete de que não tenho ideia de quem ou o que aconteceu com David. Tudo
que posso entender é que não consigo respirar e meus lábios estão formigando e
provavelmente machucados. Ele me solta para envolver as mãos em cada lado da
minha cabeça enquanto se afasta.
— Eu te avisei. — Puxa meu cabelo. — Você deveria ficar longe de mim,
Linda. Estou além de ferrado.
Os seus olhos são como os de um animal ferido e torturado. A sua
respiração é difícil ou é a minha?
Não posso dizer o que é real, já que estou girando com uma fome que estou
disposta a trocar por minha dignidade para que ele possa fazer ir embora.
— Jesus, olhe para você. Gosta bruto, Charlie?
A minha respiração falha enquanto ele aperta meu cabelo, me forçando a
olhá-lo diretamente nos olhos. Não há nada de divertido neles, e ele examina meu
rosto como se eu fosse um projeto que estivesse decidindo.
— Bom. Eu também gosto de áspero.
— Odeio áspero. — Sai como um gemido rouco.
Agora, um sorriso lento aparece e um arrepio de inquietação permeia minha
pele. Está tentando me assustar, ou talvez não, talvez seja, de fato, muito
assustador. Pisco para ele, a minha respiração superficial. Ele é magnífico, como
um anjo caído. Quase como se sua beleza física o amaldiçoasse.
— Mentirosa.
Ele abaixa a cabeça, e desta vez, em vez da aspereza, seu toque provocador
faz um pequeno gemido escapar. — Gosto de áspero, Linda.
Ele abaixa a boca e morde meu lábio inferior. Antes que eu possa reagir, a
sua boca reclama a minha. É feroz e sinto o gosto de uma pequena quantidade de
sangue. As minhas mãos agarram o metal do carro enquanto me esfrego nele. Eu
o quero, sempre quis. Ele é minha única fraqueza. Ladrão de oxigênio... roubando
meu fôlego, ele não tenta devolver. A sua mão quente puxa minha cabeça ainda
mais perto enquanto a outra vai para suas calças. Ouve-se o som de seu zíper
descendo e agarra a minha mão e a coloca em seu pau aveludado.
— Oh, Deus — gemo em sua boca enquanto estendo a mão e o bombeio. Ele
está vazando e uma onda de poder me faz sorrir à medida que aperto seu pau com
força e vejo seus olhos se estreitarem.
— Porra. — Ele solta um silvo, alcançando meu pescoço enquanto traz a
minha boca junto à dele. — Abra o zíper de seu jeans — rosna enquanto continuo
a masturbá-lo.
Eu não perco um segundo e abro o botão e o zíper da minha calça jeans com
a outra mão. O seu polegar quente acaricia suavemente a minha traqueia. A sua
outra mão mergulha na minha calça e acelero meu ritmo.
— É isso. Com força.
Quando seus dois dedos começam a me foder, suspiro. Entra e saí e não
consigo me lembrar por que estava com raiva dele. Uma mão cava em seus
ombros enquanto tento abrir minhas pernas. Ele aperta levemente meu pescoço,
me segurando com força enquanto seus dedos ásperos circulam e esfregam meu
clitóris.
— Quer gozar?
— Sim — choramingo, meu clitóris latejando.
— É isso, Linda. Esta boceta está pronta.
Com dois dedos, ele esfrega com mais força e fecho meus olhos enquanto
cavo minhas unhas em seu ombro, a minha outra mão segurando seu pau gigante
como se pudesse me segurar. O seu polegar adiciona pressão, fazendo com que
meus olhos abram à medida que começo a pulsar e quase convulsionar em sua
mão forte.
— Oh merda! — Choramingo e afundo contra o carro, minhas mãos batendo
de cada lado.
Graças a Deus ele está me segurando de alguma forma. O meu corpo todo
demora a se mover depois do que foi, sem dúvida, o melhor orgasmo que já tive.
— Acho que não, Linda. Eu vou te foder.
Abro a minha boca, em seguida, fecho-a enquanto ele se ajoelha e remove
um tênis, arrastando minha calça da perna. Os seus ombros são enormes, mas não
é volumoso. É mais como músculo magro e sólido.
— Beije-me. — Simplesmente sai.
— Eu vou te foder. — Antes que eu possa responder que pode fazer as duas
coisas, ele me levanta e me empala em seu pau longo e grosso.
— Santo Deus. — A minha bunda bate no metal quente da porta do carro
enquanto envolvo minhas pernas em volta de sua cintura e cravo minhas unhas
em seus ombros.
— Jesus. — Grunhe enquanto me fode com força, usando o carro como
alavanca à medida que bate em mim. Ele não está brincando. Não há nada de
gentil nisso.
É primitivo, animalesco. Ele agarra a parte de trás dos meus joelhos, me
abrindo ainda mais enquanto me fode como se eu nunca tivesse sido fodida antes,
e sei que este momento me destruiu para sempre.
Pego seu rosto para beijá-lo, mas ele se vira e sussurra — Viu aquele casal
descendo a rua com seu cachorro? Eles me verão te foder.
O que…? Olho em volta, frenética. Eu perdi a minha cabeça? Como esqueci
que estou no meio do estacionamento da lanchonete dos meus pais, deixando
David me foder bem à vista, com metade das calças penduradas em mim?
— Você os vê? — Sussurra em meu ouvido, seus lábios quentes na minha
têmpora.
Olho por cima do ombro e com certeza, um casal está descendo a calçada
com um cachorro.
— Oh, meu Deus. Temos que parar. — Tento afastá-lo.
Ele nem perde uma estocada e levanta minha perna mais alto. — Esta boceta
está pingando em minhas bolas.
— David... — ofego. Ele tem a boca mais suja. Quero corar, mas estou me
preparando para gozar, pulsando e vendo manchas.
Ele dá um pulo e quase grito não.
— Shhhh eu quero que eles vejam você gozar.
— Mas... — Ele interrompe minhas palavras com um beijo. A sua língua
quente se enreda com a minha enquanto de alguma forma a aprofunda e ouço uma
mulher suspirar. Ele então empurra em mim novamente. Desta vez grito porque
estou gozando e é tão incrivelmente desagradável, mas meu corpo nunca
experimentou nada parecido. É como se eu estivesse tendo uma convulsão
quando ouço seu “Porra” e a conversa animada do casal.
— Sim, estão assistindo. Eles gostam de ver esta requintada boceta levar o
meu pau. — Bate em mim enquanto meu corpo continua a tremer e pulsar.
— Porra. — Ele puxa. Levantando-me, me joga no capô e abre as minhas
pernas.
Se nunca mais fizer sexo, não importa. Nada pode chegar perto disso. Ele me
puxa para frente, minha bunda quente no metal enquanto sua boca vai direto para
o meu clitóris.
— Puta merda — gemo e meus olhos procuram o casal e com certeza estão
parados ali olhando. David está me chupando e tudo que posso fazer é assistir
esse casal assistir David me comer. Arqueio em sua boca enquanto ele chupa e
lambe meu clitóris e eu gozo. As luzes brilhantes piscam enquanto explodo em
uma bagunça lamuriante e pulsante. David olha para cima quando nossos olhos se
conectam, os seus lábios e queixo molhados enquanto se masturba.
— Olhe para você, brilhando ao vê-los nos observando. — Puxa-me para
baixo enquanto longos fios de sêmen branco jorram. Ele mira a minha boceta nua
e barriga.
— Scott, pare a câmera. Venha — vagamente ouço a mulher dizer, seguido
pelo latido de seu cachorro.
A nuvem em que estou flutuando, em um instante, se evapora. Olho para a
velocidade do casal indo embora, em seguida, para David, que está calmamente
enfiando seu enorme pau de volta em suas calças. Olho para baixo, o sêmen
escorre pelas minhas pernas e o lado direito da minha calça foi retirado junto com
o meu sapato. O meu cérebro parece não estar funcionando e não consigo me
mover. Ele certamente me ajudará a me limpar. Afinal, é a sua porra escorrendo
até meus tornozelos.
Ele vai se desculpar, talvez se ajoelhe e implore para que lhe dê uma chance.
Não a dolorosa verdade de que possa ser um lunático e veio aqui para me foder e
humilhar apenas para ir embora. Porque, enquanto o vejo passar a mão pelo
cabelo, começo a pensar que é o último.
— Você tem algo que eu possa limpar? — A minha voz parece calma,
embora esteja prestes a surtar. Não é assim que deveria ser.
Ele olha para mim, os seus olhos começando no topo da minha cabeça,
viajando até o meu pé descalço. Sem dizer uma palavra, começa a desabotoar sua
camisa branca e a entrega para mim.
— Obrigada. — Tiro-a da sua mão enquanto esfrego todas as suas
evidências tanto quanto minhas mãos trêmulas permitem.
Enquanto coloco minha calça jeans, tudo que ouço é tráfego e alguns grilos.
Ele não diz uma palavra. Nunca fui uma daquelas garotas que se arrepende das
coisas. Qual é o sentido? Contudo, enquanto me limpo, olho para o cara por quem
tive uma queda irrealista todos esses anos. Ele me deu as costas e está acendendo
um cigarro. Engulo a bile subindo pela minha garganta.
A verdade é feia e um tanto patética. Veio apenas por uma coisa. A verdade,
isso não é verdade. Ele parecia estar gostando de sua comida, então acho que ele
queria comida e sexo.
Estou pegajosa, suja e dolorida. E nunca experimentei nada assim. Prendo a
minha respiração e tento acalmar meu coração acelerado. O primeiro cara com
quem dormi se tornou meu namorado por seis anos. Depois disso, tive um caso de
uma noite que me fez sentir péssima. Não é tão ruim quanto agora, mas terei
muito tempo para me dissecar mais tarde.
Puxo meu cabelo em um coque bagunçado enquanto olho para ele. Está com
a cabeça baixa, suas incríveis costas à mostra. E quando digo incrível, é perfeito.
Os músculos de suas costas se flexionam enquanto fuma. Este homem não é nada
menos que perfeito, e não importa o que eu sinta depois, não vou negar isso.
Eu sempre vi tatuagens em seus braços, mas nunca em meus sonhos pensei
que ele tinha o logotipo dos Disciples espalhado em suas costas. Observo
enquanto ele inala, a ponta do cigarro ficando vermelho brilhante à medida que dá
uma grande tragada. A fumaça circula ao seu redor e chega até mim enquanto
tento mais uma vez... não sei o quê.
— David? — Odeio minha voz rouca. O meu ex disse que era sexy até que
terminei com ele. Depois disso, disse que tinha vontade de socar uma parede.
Ele agita o cigarro, flexionando os músculos ao apagá-lo com o sapato e
pegá-lo. — Charlie... nunca perco o controle e fodo sem proteção...
Isso pode ficar mais horrível? Tenho vontade de tapar sua boca ou meus
ouvidos.
— Apenas pare, David. Você nem gozou dentro de mim. — A minha voz
parece amarga.
Os seus olhos perfuram em mim. — Não pode ser tão ingênua.
Ele olha ao redor do estacionamento escuro como se isso pudesse ajudá-lo a
voltar no tempo e nos dar a chance de tomar decisões melhores.
Ele abre a boca para falar e não consigo ouvir mais. Estou farta. — Estou
tomando pílula e limpa. E você?
Estou sendo uma vadia total. Por uma fração de segundo, há um lampejo do
que parece ser verdadeira dor e arrependimento e estou enredada. Ele capturou
um pedaço de mim que nunca poderei recuperar.
E eu odeio isso, me dá uma sensação de impotência, como se esse
sentimento que tenho por ele estivesse além do meu controle. Eu o desprezo. A
minha humilhação é completa e tudo que quero fazer é fugir. Cristo,
provavelmente estou com gonorreia. Ele deve ver tudo se desenrolar no meu
rosto.
Assentindo, ele abre a porta do carro. — Fique longe, Linda. Estou
danificado — diz em voz baixa.
O meu rosto arde de vergonha por nós dois.
Ele então vai embora, e fico sozinha no estacionamento da lanchonete.
TRÊS
David
— Acorde, porra.
Antes que eu possa reagir, meu colete de couro preto está no meu rosto. Por
um segundo, deixo-o lá. Senti falta de seu cheiro. Quando saí, fiz uma coisa
desrespeitosa: entreguei meu colete.
— Quem disse que pode ficar aqui? Você ainda não foi votado. — Blade se
eleva sobre mim com um rosnado no rosto. Pego o colete e me sento, apoiando os
cotovelos nos joelhos.
Enquanto tento me orientar, um bebê ri e olho para cima. Não só meu primo
está olhando para mim, mas também a linda garota com pernas intermináveis. Os
seus grandes olhos azuis me avaliam com tal conhecimento mundano que me
pergunto sobre seu passado. Ela muda seu quadril, transferindo o bebê que
segura. Ele agarra o seu cabelo.
— Vamos. Sem puxar o cabelo da mamãe, James Dean.
A minha respiração engasga como alguém me socasse no estômago. A
agonia que pensei estar sob controle transborda como água quente no fogão.
Tenho vergonha de admitir que não suporto olhar para o garoto loiro de Blade.
Ele se parece muito com a minha Tabatha. É como se toda vez que o vejo uma
faca se torça em meu coração.
— Pega leve, David. — Os meus olhos mudam para Blade, que não está
brilhando, mas parece preocupado. O que me faz fechar os olhos e me controlar.
— Estou bem. — O cheiro de café chama minha atenção para Amy, que
entra na sala carregando uma caneca.
— David. — Ela acena com a cabeça e entrega para mim. — Bem-vindo a
casa.
Soltando um pouco de ar, me concentro nela. — Obrigado. Você está
incrível, a propósito.
Não estou mentindo. Ela parece a mesma de dez anos atrás. Inclinando-me
para frente, a deixo me abraçar. Os motociclistas começam a acordar e se mexer
lá dentro, alguns tomando café, outros já bebendo de uma garrafa ou lata.
Ela me solta e marcha até o filho de Blade. — Quer que eu o leve? — Toda a
sua voz suaviza.
Cerro os dentes e bebo meu café, mal sentindo o gosto quando ouço a mãe
do bebê dizer — Faria isso?
— Está de brincadeira? Venha com a tia Amy. — Estende as mãos e o Jason
em miniatura se lança para ela.
— Ameee. — As suas bochechas gordas e rosadas incham enquanto ele
sorri. Ela o posiciona no quadril e caminha em direção à cozinha. Tento ignorá-lo,
ela, qualquer coisa que me faça sentir. Os meus olhos observam a sala.
Claramente, os Disciples vão bem. A sala de jogos é limpa com paredes cor de
massa e os jogos de fliperama estão alinhados na parede lateral.
— Vai me apresentar a sua Old Lady?
— Oh, pelo amor de Deus, sou Eve. — Joga as mãos para cima, seu grande
diamante brilhando como arco-íris em toda a sala. — Odeio essa droga de Old
Lady. Achei que fosse inteligente. Você não é um poeta ou algo assim? —
Arqueia uma sobrancelha para mim.
Eu não posso deixar de sorrir. — Algo parecido.
— Não, ele está chupando o pau de Reed Saddington há anos.
Eu deveria dizer algo. Está sendo sacana. A verdade é que não dou a mínima
para o que ele ou qualquer outra pessoa pensa de mim. O pensamento de Reed
descobrir me faz sorrir; ele ficaria puto. Por mais que fodemos com mulheres
juntas, ambos nunca começamos a nos tocar, nem mesmo quando estávamos
drogados. O estalo da mesa de sinuca faz a noite passada voltar.
— Preciso de um banho antes da Igreja — resmungo. O seu cheiro está em
mim, me lembrando que quebrei minha única regra. Como não me protegi? Foda-
se como me permiti ir lá?
Blade levanta uma sobrancelha e seus olhos verdes perfuram os meus.
— O quê? — Estalo. No momento, não estou de bom humor. Estou com
raiva de tudo, mas preciso voltar para minha família, meu clube.
Então lidarei com Charlie. Estava chateada, não que eu a culpe. O que fiz foi
além da merda. Qualquer que seja. Ela gostou disso.
A coisa de não usar preservativo... não pode acontecer de novo, nunca.
Nunca mais terei filhos. Deveria ter feito uma vasectomia, mas nunca foi um
problema, eu sempre uso proteção. Sempre.
— Não vou deixá-lo destruir todos nós, David. — A voz de Blade não tem
argumento. Ele balança a cabeça. — Posso ver em seus olhos, irmão. — Não
tento me defender. Ele está certo e eu não estou bem. Se a noite passada for
alguma indicação, posso estar pior do que pensava.
— Estou aqui apenas para fazer o trabalho e depois irei embora. — Eu me
estico. Cristo, cheiro a sexo.
— Coloque esse colete de volta, ele permanece, caso contrário, dê o fora. —
Ele me olha morto nos olhos e não está brincando. É mais do que justo desde que
saí e não fiz nenhum contato.
— E pare de olhar para ele. — Blade resmunga para Eve.
— O quê? É estranho o quanto ele se parece com o cara que interpreta Tho...
— Ele a agarra e coloca a mão sobre sua boca.
— Não diga isso. — É um aviso que qualquer outra pessoa obedeceria. Ela
deve ter mostrado a língua para ele porque seus lábios se contraem. Os seus olhos
brilham quando encontram os meus.
— Eu voltarei. Preciso ter uma conversa com minha esposa.
— Não pode ter ciúme de seu próprio primo — Ela mal consegue dizer antes
que ele a coloque sobre o ombro.
— Como diabos não posso. — Ele bate em sua bunda.
— Você disse que ele era gay — ela grita.
— Você precisa de algo para manter sua boca ocupada, Anjo. Eu tenho a
coisa certa.
Eu afundo de volta no sofá de couro com um oomph. É como se alguém
tivesse decidido bater em minhas têmporas com um martelo. Evito
propositalmente pessoas que são felizes. Fico com o destroçado e sombrio.
— Não estou brincando, Eve. Pare de olhar para o meu primo. — Uma
chave de metal duro me atinge no peito. — Pode ficar com o quarto do Mad Dog.
Banho, e se votarmos que pode ficar, este será o seu quarto. A igreja será
chamada em uma hora.
Ele sobe as escadas de dois em dois. O tempo todo, Eve grita para ter
cuidado se ele não quer que ela vomite.
Procuro no bolso da calça o último cigarro do maço. Preciso me recompor.
Estou sentado na sede do clube usando calças de terno Armani de dois mil
dólares, sem camisa, fedendo a boceta de uma mulher que nunca deveria ter
fodido.
— Cristo — digo enquanto acendo e inclino minha cabeça para trás,
deixando a nicotina fazer sua mágica. É meu último vício. Bem, talvez não seja o
último. Aparentemente, sexo ainda é um grande problema. Ouço os irmãos se
movendo. Algumas risadinhas, mas não dou a mínima enquanto minha mente
vagueia para a bagunça que estou fazendo. Jesus, eu praticamente saltei em
Charlie.
Eu levanto minha mão para outra tragada e percebo o cheiro persistente de
sua boceta. O meu pau endurece em apreciação. Jogo a minha cabeça para trás e
olho para o teto cor de creme.
Não consigo me lembrar de uma época em que perdi o controle com uma
mulher. Eu era um animal reivindicando sua companheira, um maldito homem
das cavernas.
— Porra. — Jogo um braço sobre meus olhos, a minha mente precisando
repetir seu peito subindo e descendo de excitação, longos cabelos escuros
derramando a sua volta como tinta preta. E quando ela gozou... em êxtase.
Ela amou tudo isso. Mesmo sendo observada. Especialmente essa parte.
— David? — Abro meus olhos e deixo cair meu braço com um baque.
Edge está a menos de um metro e meio de distância, olhando para mim. Uma
mistura de dor e raiva pinta seu rosto. Entendo: Edge foi a última pessoa que vi
antes de desaparecer. Ele também é meu melhor amigo além de Blade. Edge está
com os Disciples desde o nascimento, como Blade e eu. Fomos inseparáveis
durante toda a nossa vida, mas quando Blade partiu para se tornar um SEAL,
Edge e eu ficamos muito mais próximos.
Enquanto olho para ele, sugo meu câncer e deixo que me preencha, Ele
parece bom. Mais sardas e um rosto bronzeado, mas os olhos azuis são os
mesmos.
— Só pode estar brincando comigo. — Ele olha para o teto como se
houvesse algumas respostas sobre por que estou tão ferrado. — Por que? Porque
agora? As coisas estão começando a se acalmar. — Ele acende um cigarro.
— Porque está na hora. Cansei de fugir. Terminarei o que foi iniciado.
Ele olha ao redor da sala. — Blade concordou?
— Ele vai.
Levanto-me. Edge não parece convencido. Nós nos encaramos. Estreito
meus olhos enquanto dou uma última tragada, em seguida, apago no cinzeiro que
já precisa ser esvaziado.
— Como está Dolly, cara?
O seu rosto vai de confuso a zangado. Suponho que não seja bom.
— Não estamos juntos. Você perdeu muita coisa, David e agora acha que
pode entrar e... — passa as mãos para cima e para baixo no rosto. — Eu nem
conheço mais você, cara.
Concordo. Tormento é o que eu trago, mas não importa. Eu nasci neste
bando de irmãos e vão me deixar voltar. Uma vez Disciple, sempre Disciple.
— Eu preciso de um banho — digo.
Ele tem razão. Estou tão longe do garoto de 21 anos que bebia demais e
fodia quantas bocetas queria. Os Disciples podem fazê-lo se sentir um deus.
Somos meninos maus. As mulheres vão deixar tudo para trás na esperança de que
um dia você coloque “Propriedade de” nas costas. Esta era a minha vida: foder,
drogas, bebida e ser o historiador. Eu era o poeta, o escritor; documentava tudo
sobre o nosso clube. Só para nós vermos e sabermos. E tudo deu errado quando
Debbie engravidou.
Ela pensou que tinha me prendido. O dia em que minha filha nasceu foi o dia
em que decidi que, para ela, seria um pai de verdade. Por ela, eu tentaria com
Debbie... até que não pudesse lidar com sua merda maluca: sua espionagem, suas
acusações paranoicas, quando todo aquele tempo, eu estava sendo bom pra
caralho.
Cristo, tudo que eu queria era estar com Charlie. Ela era a única, mas era
jovem e Debbie estava disponível. Então, pensei em brincar até ela atingir a
maioridade. Quando se joga, paga, e Debbie se certificou disso. Por minha filha,
eu tentei. Pela minha Tabatha, queria dar a ela o mundo.
O gemido de uma mulher e grunhidos altos me trazem de volta à realidade.
Olho para ver um irmão branco de bunda nua fodendo uma loira na mesa de
sinuca com três outros Disciples assistindo.
— Usarei o quarto do Mad Dog. Qual é?
Edge está esfregando a nuca olhando para os pés.
— Edge?
Ele olha para cima, seus olhos azuis perdidos em seu próprio sofrimento. —
Sim... Quinta porta à direita.
Hesito, querendo dizer alguma coisa, mas não há mais nada a dizer. Subindo
as escadas, vejo Ox com o canto do olho conversando com Dozer e alguns
clientes em potencial. Nenhum deles me reconhece.
Eu não dou a mínima, em minha cabeça, todo mundo é um possível traidor.
Abrindo a porta, encontro o cheiro forte de Pinho Sol. Os meus olhos lacrimejam
em um instante. É óbvio que Amy esteve aqui. Tirando minhas calças imundas,
estou enojado, deveria ter perguntado a Edge se poderia pegar uma sua
emprestada. O banheiro é impecável, com azulejos escuros e toalhas limpas.
Eu não preciso de muito; este quarto é perfeito. Poderia ficar no complexo
de Reed em Malibu se quisesse luxo, mas é aqui que preciso estar. Enquanto entro
no chuveiro, deixo minha mente vagar para a próxima reunião. É melhor que
todos se juntem a nós. Pegando um pouco de shampoo, fecho meus olhos e
ensaboo, examinando todas as possibilidades.
O FBI é a última das minhas preocupações neste caso. Por que eles
explodiriam o laboratório? Agora os russos são uma possibilidade, sempre
querem mais, mas eles normalmente não se importam com a gente. Somos tão
malvados quanto eles, ou mais malvados, então por que arrumar encrenca?
Isso deixa as gangues rivais. Infelizmente, há muitas na Costa Oeste. Cristo,
o Disciples MC cresceu mesmo com a bagunça que aconteceu no ano passado. A
água quente desce enquanto tento não me concentrar na ideia de que pode haver
um traidor. Eu levanto minha cabeça para o jato pulsante e fecho meus olhos. E lá
está ela, lábios vermelhos inchados e olhos dourados de gato, a cabeça jogada
para trás em êxtase. O meu pau endurece.
— Puta que pariu. — Uso muita força para fechar a torneira do chuveiro.
Inclinando minha cabeça contra o azulejo, inalo, tentando acalmar minha
mente.
Não posso me permitir ter nenhuma esperança com Charlie. Não há futuro
com ela. Ela não é uma coelhinha de remendo. É alguém que poderia mexer com
a minha cabeça e eu deveria ter ficado longe, mas sejamos honestos. Eu a queria.
Talvez tenha tentado o destino para ver se minha fantasia era real.
Coloco minha calça, dobrando meu pau para o lado. Claro, estou duro como
uma rocha e tudo o que quero fazer é afundar em sua boceta e me perder
novamente. Talvez depois da igreja, mandarei a Old Lady de alguém me chupar.
Jesus, não voltei nem dois dias e estou voltando para a velha vida.
Dobrando minha toalha, a penduro. Amy tem o suficiente para fazer e já
limpou este quarto. Abro uma escova de dentes nova que foi deixada no balcão
escuro e rapidamente cuido dos meus dentes. Gostaria de falar com Blade
sozinho, mas até que votem, não acontecerá.
Alcançando meu colete, esfrego minhas mãos sobre meus numerosos
remendos. Enquanto passo meus dedos sobre ele, muitas memórias vêm à tona. O
dia em que o tirei foi o dia em que enterrei minha filha.
Fechando os olhos, sinto a ardência das lágrimas ao vê-la, cheirá-la e, por
um momento, estou em paz com a morte. A verdade, anseio por isso.
A dor ainda está viva, me consumindo todos os dias, tão dolorosamente
familiar que me inclino e agarro o balcão de granito enquanto engulo minha raiva.
Dizem que nunca se supera a morte de um filho e isso é um fato, mas nunca me
perdoarei por não ver os sinais e permitir que o pesadelo acontecesse. Quando
Charlie disse que se sentia culpada, estava certa. Ela salvou minha vida, mas
matou aquele David para sempre.
— Porra. — Pego meu colete e o coloco. O couro frio quase me faz
estremecer, mas uma sensação de calma toma conta quando apago a luz e desço
para a sala de conferências.
É hora da igreja.
QUATRO
David/Poet
Descendo as escadas, vejo vários veteranos que nem se importam em
esconder seus olhares. Isso é bom, ganharam seus remendos e acham que podem
julgar meu passado e meu futuro. Eles não podem. Aceno e dou a eles o respeito
que merecem.
Ryder está na porta da sala de conferências. Os seus olhos não revelam nada
enquanto passo e ele abre a porta. A sala está cheia. Os capitães e alguns
fundadores sentam e fumam. Andavam de moto com Blade e meu avô, nos
primeiros dias do clube.
Vivemos uma vida dura e violenta. Estou surpreso que Lucky e Slider ainda
estejam vivos, mas são muito maus para morrer. Não posso deixar de sorrir
enquanto eles acenam para mim. Às vezes, Lucky era mais pai para mim do que
meu. Ele passou horas em nossa casa. E quando, um dia, a minha mãe decidiu
que não era mais mãe, Lucky foi o primeiro a me explicar. Numerosas vezes ele
me salvou do cinto do meu pai, e por isso sempre terei uma queda por ele.
Blade está sentado na cabeceira da mesa de conferência parecendo um rei,
braços cruzados e olhos sérios. Se ele percebe que estou com meu colete antes de
votarem, não deixa transparecer. É uma jogada ousada e que poderia sair pela
culatra se me importasse.
Axel se senta ao seu lado e, desta vez, sorrio. Axel sempre foi um idiota
miserável e desconfiado. Veio para os Disciples por minha causa.
O seu pai e sua mãe estavam se separando e ele foi para a nossa escola
secundária. Tive Biologia com ele e Blade. Ele era horrível, Blade não.
Eles se tornaram amigos íntimos, e ele começou a frequentar a sede do clube
cada vez mais. O seu pai era um bêbado que gostava de bater em qualquer coisa
que entrasse em seu caminho. É por isso que Axel odeia todo mundo. Bem, além
de Blade e do clube.
— Você pode ficar de pé. — A voz de Blade corta o riso na sala lotada.
O orgulho cresce em meu peito. Ele conseguiu, voltou quando o clube estava
em ruínas e o tornou forte, poderoso e letal; merece ser respeitado. Esta vida não
é para os fracos. É por isso que saí, é por isso que estou de volta.
Os irmãos param de falar e, além de alguma tosse, a sala fica em silêncio.
Examino todos os rostos, memorizando quem está aqui. Muita coisa mudou
em nove anos, mas muita coisa não mudou. Pego o meu cigarro no bolso e
lembro que estou sem. Eu pediria um cigarro a alguém, mas posso esperar. Querer
um me deixa mais focado, me dando a vantagem de que preciso.
— Chamei vocês, irmãos, porque precisamos de uma votação. — Blade não
se levanta e simplesmente se inclina para trás na cadeira com os braços ainda
cruzados. A placa piscando da Budweiser zumbe atrás dele. Essa maldita placa
estava zumbindo há dez anos. Eu sorrio ao ver como são as pequenas coisas que
podem trazer uma onda de paz. As coisas mudam, e ainda assim, elas realmente
mudam?
— David voltou. Todos sabemos que quase dez anos atrás, meu pai, meu
irmão e sua Old Lady e bebê estavam todos na explosão do laboratório que quase
nos levou à extinção.
Ouvir isso torna tudo real, e meu peito aperta. A maldita explosão, o calor, o
silêncio...

O sol está quente e o suor está escorrendo dos meus olhos, ou são lágrimas?
Alguém está falando comigo, mas não consigo ver através da fumaça e dos
malditos produtos químicos que estão me cegando. O meu corpo todo queima
quando percebo que estou rastejando. Preciso chegar até eles...

— David.
Pisco enquanto o pesadelo daquele dia lentamente se esvai como uma cobra
rastejando em seu buraco, esperando para sair e me levar para baixo.
— Precisa entender que, se votarmos para deixá-lo entrar, você será nosso
historiador. Documentará tudo o que acontece, como antes.
Pisco. Isso é tudo que ele dirá? Ou perdi tudo? Eu sugo um pouco de ar
enquanto meus olhos examinam a sala descansando nos olhos desconfiados de
Axel, que parecem perfurar meu cérebro. Há um traidor nesta sala. Sinto o cheiro
poderoso de inquietação e medo. Alguém não está feliz por eu estar de volta. A
minha mente vagueia para quem tem mais a ganhar.
— Certo.
— Quer acrescentar alguma coisa, David?
Dou um passo à frente, examinando a mesa. Esta é a primeira vez que todos
olham para mim.
— Quando saí, eu fiz certo. A maioria de vocês estava nesta mesma sala
quando desisti do meu colete. — O sangue está bombeando em minhas têmporas.
Não porque estou com medo de que não me deixem voltar, mas porque sei que já
o fizeram.
— A coisa mais difícil que já fiz além de enterrar minha garotinha. — O
meu olhar abrange os velhos e os jovens.
Todos parecemos cansados, mais velhos do que o necessário. Olho pela
janela quando um lampejo de cabelo loiro chama minha atenção. É Eve,
perseguindo James Dean do lado de fora no balanço.
Preciso de um cigarro. Estou farto de apresentar o meu caso. Blade deve
sentir isso. Ele olha para Axel e acena com a cabeça.
— Vamos votar. Todos a favor de David ser nosso historiador, o nosso
irmão, que nasceu entre os Disciples e concordou que morrerá como Disciple,
levante a mão.
Ninguém se move e, por um segundo, me pergunto se podem me negar.
Então Edge avança de onde estava inclinado no canto e levanta a mão, seguido
por Lucky e assim por diante até que os restantes são Axel, Ryder e Blade.
Por fim, Blade se levanta, acompanhado pelo barulho alto de cadeiras
raspando no chão enquanto todos os irmãos se levantam em respeito.
Nós nos encaramos, seus olhos verdes cautelosos. — Porque saiu com as
bênçãos desta sala, eu devolvo seu colete.
Aceno, sabendo muito bem que estou trazendo um inferno para esta sala. No
entanto, não é isso que somos? O que nascemos e fomos criados para viver?
Matar qualquer um que ferre com a gente. Família em primeiro lugar, e por
família, quero dizer este bando de irmãos nesta sala.
— O seu nome agora é Poet e seja bem-vindo, cara. — Estende a mão e a
pego enquanto ele me puxa para um abraço forte.
— Não vamos cair — rosna em meu ouvido. Eu concordo.
— Vamos nos ferrar — Ryder berra, e a sala explode.
Blade sorri. — É melhor eu mandar Eve para casa. — Ele ri.
Quatro horas depois, a festa está a todo vapor e está claro que Eve não deu
ouvidos. Ela se senta no colo de Blade enquanto os dois riem de algo que Axel
disse. Alto-falantes, que são conectados à casa, estão bombeando Eminem. Uma
enorme fogueira está acesa. A área da piscina está movimentada com uma grande
orgia de strippers nuas e grandes quantidades de cocaína.
Nada mudou, exceto que estou cansado e não bebo mais ou uso drogas. O
que devo fazer é pegar uma dessas novas garotas. Levá-la para cima para o meu
quarto e deixe-la me foder até que não me lembre do meu passado ou de um par
de olhos dourados.
Examino a festa. Tudo o que quero é uma beleza de cabelos negros com
olhos de gato, uma boca picada de abelha e uma boceta que cheira e tem gosto de
mel e pode me segurar como um maldito torno.
— Porra — murmuro, fazendo com que Axel e Blade olhem para mim.
— Parceiro? Entendo que está sóbrio, mas anime-se — Axel resmunga.
Eve sorri enquanto toma um gole de água. — Eu também não posso beber
— grita.
Clutch, um dos melhores mecânicos para motos em todo o complexo,
tropeça perto apenas para desabar na cadeira ao lado da minha. Ele bate sua
garrafa de Jack na mesa. — Ouvi dizer que andava com bilionários e essas
merdas — exclama e arrota na minha cara.
— Cristo. — Eu me afasto e pego outro cigarro do maço de Axel, que está
sobre a mesa.
— Como é ter todo esse dinheiro? Tipo, acabou de foder o dia todo? —
Clutch ri enquanto alcança a mesa para se firmar e não cair da cadeira.
Ignorando-o, olho para Blade acariciando a perna de Eve. É gentil. Ele realmente
ama essa mulher. Quase rio. Blade está tão ferrado quanto eu... bem, talvez não
tanto, mas perto. Estou fascinado por isso ter acontecido com ele.
— Usei muitas drogas e fodi muitas mulheres. — Não tendo paciência para
seus olhos vidrados ou para a festa em geral, me levanto e volto meu foco para
Blade e Eve.
— Vou para a cama.
Blade me olha enquanto Axel olha na outra direção, me julgando
silenciosamente. Posso sentir isso, mas estou exausto demais para me preocupar
em provar que estou totalmente envolvido.
— Conversaremos de manhã — Blade diz enquanto puxa Eve para mais
perto, seu polegar esfregando o que parece ser a marca Disciples em seu pescoço.
— Preciso de uma moto. Vou devolver a Ferrari amanhã.
Blade continua acariciando o pescoço de Eve. — Fale com Torque. Ele vai
ajudá-lo.
Olho para as estrelas brilhando no céu noturno.
— Eu deixarei vocês ficarem furiosos. Vejo você pela manhã. — Abaixo-me
para pegar o maço de cigarros de Axel, e ele levanta uma sobrancelha escura e faz
uma careta.
— Cristo, Axel, eu pagarei de volta. São cigarros, não um maldito rim. —
Estou a dez segundos de perder minha cabeça. Axel está sendo um idiota, até
mesmo para ele, e preciso subir antes de dar um soco em seu rosto bonito e
estúpido.
— Tem certeza que estará aqui pela manhã?
E é isso, sua energia ruim, junto com toda a minha vida ferrada, fez toda a
minha paciência desaparecer. Inclino ambas as mãos sobre a mesa enquanto Eve
diz — Blade, faça alguma coisa.
Ignorando-a, rosno bem na sua cara. — Você tem um problema comigo,
desembuche. Porque não estou com disposição para ouvir resmungos ou merdas
patéticas e passivo-agressivas da sua maldita boca miserável.
É quase como se toda a festa parasse com um grito estridente enquanto Axel
empurrou a cadeira para trás.
— O que me disse? Quer que eu diga o que acho?
— Blade. — Eve pula do colo do meu primo, agarrando sua mão. Ele a puxa
de volta, envolvendo ambos os dois braços em volta de sua cintura.
A fogueira estala, mas a música para quando todos começam a se aproximar.
— Não acho que queira se meter comigo, Poet. Você tem chupado o pau de
bilionários e eu... — nem mesmo o deixo terminar e o soco bem no seu maldito
queixo. O seu corpo não se move. Ele esfrega o queixo e cospe um pouco de
sangue. Então olha para mim e sorri antes de jogar a mesa.
— É isso, Poet. Vamos ver um pouco dessa raiva. Porque não confio em
você. Então vá se foder — Ele cospe sangue na minha cara.
Raiva, é tão inebriante, como uma amante há muito perdida balançando sua
boceta a minha frente. Assume meu cérebro e sorrio também quando bato nele.
Não sei quantos socos cada um de nós leva ou quem nos afasta um do outro. Não
deve ter sido Blade, ele ainda está segurando Eve.
Gritos e aplausos enchem o pátio enquanto a festa parece ter mudado. A
música fica mais alta e irmãos estão jogando garrafas de vidro vazias em uma das
fogueiras.
Sem nem mesmo olhar para Axel, pego o maço de cigarros e caminho em
direção ao clube. Deus, ele é um idiota às vezes. Guarde minhas palavras: de
todos nós, Axel viverá para ser o mais velho. Ele é mau demais para morrer.
Entro em casa e quase esbarro em Amy, que está saindo da cozinha
carregando uma xícara de chá e uma babá eletrônica.
— Jesus — expiro. O meu olho direito está cortado, o sangue quase
obscurecendo minha visão enquanto pisco para ela. Se ela está surpresa, não
parece, embora tudo esteja um pouco embaçado.
— Oh David, quando vai aprender? Você é muito inteligente para entrar em
brigas na sua idade. — Ela dá um tapa no meu braço, me fazendo gemer.
— Obviamente não. — Usando meu antebraço, limpo o sangue do meu olho.
— Eu ficarei bem. Acredite em mim, já estive pior. — Começo a passar por ela
em direção às escadas para o meu quarto.
— Avise-me se precisar de uma agulha para costurar seu olho. — Viro-me e
olho por cima do ombro. O topo do meu olho ainda está sangrando e a umidade
quente e pegajosa desliza pelo meu pescoço.
— Você sabe que eu preciso.
Ela apenas sorri. — Sim, eu sei. — Virando-se em direção ao seu quarto,
acrescenta — Vá se limpar e vou deixá-la na sua cama.
Subo as escadas de dois em dois, ainda todo irritado, exceto que agora
minhas mãos estão começando a latejar e o topo da minha pálpebra está pulsando.
Arrancando minha calça, que agora está coberta de sujeira e sangue, jogo meu
colete em uma cadeira no canto e acendo a luz do banheiro.
Assim que começo o banho, me viro para me avaliar no espelho. Inclinando-
me, dou uma boa olhada no meu olho. Não está horrível, mas precisará de alguns
pontos. Um hematoma já está se formando no meu peito, sob a tatuagem com o
nome de Tabatha.
Estendo a mão e traço as letras em meu coração. Tremo, respiro fundo,
seguro, desejando que a dor vá embora. As memórias estão sempre um passo à
minha frente, me perseguindo. Eu me viro e entro em um banho escaldante. A
água atinge meu peito e pescoço de uma forma dolorosa e pungente.
É quando a dor que está me provocando, assume e me faz desmoronar. Os
meus ombros e peito arfam quando deixo escapar um grito. Nunca desmoronei
assim e, por um momento, me pergunto se posso parar. Apoiando minhas mãos na
lateral da parede de azulejos, deixei a agonia sangrar para fora de mim. Todos os
meus pecados, erros e más decisões giram diante de mim. Eu os segurei por anos
me medicando, roubando Peter para pagar Paul.
Drogas, sexo, bebida, exercícios e vingança me faziam acordar todas as
manhãs e dormir todas as noites, mas não esta noite. Tabatha, suas doces
bochechas rosadas e cheiro de bebê fresco. O meu minieu perfeito. Ela era toda
eu, nada de Debbie. Conquistou meu coração no dia em que nasceu, um anjo que
merecia mais do que Debbie ou eu poderíamos dar, mas que adorávamos do
mesmo jeito.
Ela se destacava em tudo e ficava mais bonita a cada dia. Olhos azuis
brilhantes que já começaram a mostrar uma tonalidade prateada, cílios pretos...
penduro minha cabeça e caio de joelhos. Eu a matei.
O sangue e a água rodam pelo ralo enquanto a dor e a culpa agonizante se
apoderam, espremendo toda a minha autoestima ou desejo de viver.
O fogo e os gritos estão bem ao meu lado e seu choro lamentável. O meu
corpo começa a tremer enquanto choro. Ela precisava de mim.
Porque? Por que Debbie a trouxe?
Leva um segundo para arruinar sua vida. Um segundo que nunca mais volta.
A água bate em minha cabeça curvada enquanto agarro meus ouvidos, ouvindo
nada além de gritos de terror. Erguendo minha cabeça, deixo a dor da água quente
afogar meu rosto. Eu sei, no fundo, que tudo o que minha filha queria era que seu
pai a salvasse.
Era meu trabalho. E eu estava atrasado. Um maldito segundo que nunca
poderei voltar, o momento que me assombra e me assombrará até eu morrer.
Eu não mereço estar vivo, não mereço ser feliz, não mereço nada. E é isso
que sou: nada. Um homem vazio, exceto por monstros e fantasmas. Dias como
hoje mal posso esperar para morrer nem que seja para parar a dor e ficar com ela,
meu anjo.
A água quente tornou-se fria e ainda assim me ajoelho e os ouço.
O meu tio gritando que ia explodir...
— Sinto muito... eu tentei... tentei, porra, mas era tarde demais. — A minha
voz ecoa e salta na gaiola que é o chuveiro.
Levanto lentamente, minha voz e meu corpo exaustos. O banho gelado quase
entorpece a dor em meu rosto. Eu o desligo e saio. Fechando meus olhos, respiro
fundo. Estão vindo atrás de mim, os demônios que me mostram como entorpecer
meu cérebro. A dor está sempre comigo, mas as drogas me fazem pelo menos ser
capaz de me olhar no espelho.
Pego uma toalha, enrolo na cintura e abro a porta do banheiro.
Vou até a cama onde sei que a bolsa estará. Quando olho para baixo, paro.
Ela está lá, esperando por mim chamando por mim. Esse cobertor quente de
felicidade.
Eu aperto minhas mãos enquanto minhas veias estouram e vejo e as sinto
formigar. As velhas marcas de agulha com cicatrizes quase me provocam. Como
pequenas cobras, as veias ficam mais grossas enquanto respiro.
Inspirar e expirar, lentamente abro meus olhos e olho ao redor do quarto, que
é bem vazio além da cama, uma pequena mesa e algumas cadeiras. Forçando
minhas mãos a relaxarem, pego a bolsa. Não está cheio de ópio, é o kit de costura
de Amy. E a agulha que encontrarei é aquela que grato enfiarei em minha
pálpebra superior.
Espero que doa, mas nada dói como a dor com que vivo todos os dias.
Abrindo o zíper da bolsa prateada, volto para o banheiro e coloco na pia.
Retiro a agulha que Amy já enfiou.
Eu mal olho para o meu reflexo e começo a trabalhar, perfurando a pele da
minha pálpebra superior sensível.
Arde e queima, e sorrio. A cada ponto, o sangue diminui e, a cada punhalada
da agulha, a dor diminui.
CINCO
David/Poet
A porta se abre e não preciso olhar para saber que é Blade. O ar fresco da
manhã beija meu peito enquanto fico fumando em minhas calças sujas.
A janela está aberta e respiro, admirando a bola laranja do sol que nasce. Eu
não dormi. Não consigo me lembrar da última vez que dormi de verdade.
Mesmo no meu pior momento, quando vivia apenas com iogurte e heroína,
ainda tinha pesadelos. Embora usasse drogas para afastá-los, isso os fez ficar
comigo. Eu inalo profundamente, deixando a nicotina me acalmar.
Quando Blade deixa cair uma caixa de papelão na cômoda com um baque,
me viro. O nome “David” está escrito nele em letras quase irreconhecíveis. Eu
viro para o nascer do sol quando um suor frio começa no meu pescoço.
— Abra depois que eu sair. — Blade cai em uma das cadeiras no canto e
acende.
Os seus olhos verdes estão alertas, mas cansados. Ele passa as mãos pelos
cabelos. Acho que seus demônios estão fodendo com ele esta noite também. Eu
ainda ouço música fraca e risos lá fora, então a festa ainda está acontecendo.
Blade se inclina para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos.
— Por que voltou, David? Está mesmo de volta para ficar? Ou você está de
volta para se vingar?
Suspirando, estalo o pescoço e pego a outra cadeira, giro e me sento. —
Ambos.
Depois de uma última tragada do meu cigarro, estendo a mão para apagá-lo
no cinzeiro.
Blade olha para suas mãos e leva o cigarro aos lábios. A ponta laranja me
distrai por um momento.
— Somos sua família. Foi por isso que deixei você voltar. — Ele se inclina
para frente enquanto seus olhos verdes perfuram os meus, sem piscar. — Não
foda comigo. Eu o amo e é meu sangue, mas se você acha que entrará e nos
persuadirá a explodir metade dos clubes porque não consegue se lembrar...
preciso que me ouça. Eu vou derrubá-lo.
Eu aceno, então me inclino para trás e esfrego minhas mãos para cima e para
baixo no meu rosto, estremecendo no meu queixo dolorido e no corte na minha
pálpebra.
— Acho que há um traidor. Dentro do clube. Alguém próximo. — Aqui. Eu
disse o que estava me corroendo como um segredo sujo que nunca deveria ser
repetido.
Ele me encara e seus olhos se estreitam enquanto exala e se levanta. — Eu
sei.
Ouço uma moto sendo ligada e o som fraco dos pássaros, mas a música
finalmente parou.
— Eu continuo repassando aquele dia, alguém disse a eles onde ficava o
laboratório e que todos nós estaríamos lá. Foi um tiro de um e um milhão, Blade.
— Levanto-me e volto para a janela, vendo tudo em câmera lenta.
— O seu pai garantiu que nunca estivéssemos todos juntos desta forma, por
esse exato motivo.
Ele levanta a mão. — Se houver um maldito traidor, vou matá-lo. Estou
iniciando o laboratório. Vamos colocar na rua que estamos de volta aos negócios.
— Vira-se para ir embora. — E não confie em ninguém até que isso acabe.
Não sei para quem está contando essa última parte para ele ou para mim?
Porque eu com certeza não confio em ninguém.
— Vamos precisar de dinheiro. Vou mexer em algum dinheiro.
Fico ao seu lado enquanto olhamos para a devassidão que permanece.
— Eu tenho dinheiro.
Ele bufa na porta. — O seu livro de poesia não vai financiar esta guerra.
Olho para baixo e sorrio. Blade era o único que sabia que eu escrevia poesia.
Nós dois éramos espertos, então enquanto ele estava ocupado tentando descobrir
a última equação matemática, eu estava escrevendo, desnudando minha alma em
rimas.
— O quê? Achou que eu não sabia? — Ele balança a cabeça. — Até comprei
um exemplar, mas, para ser sincero, parece as divagações malucas de um viciado
em drogas.
Jogo minha cabeça para trás e rio. — É apenas isso, Blade. Metade destes
poemas eu nem mesmo entendo, mas vendeu.
Pego outro cigarro. — Não se preocupe com dinheiro. Tenho um amigo com
fundos ilimitados que sente que me deve. — Acendo o isqueiro. — Agora direi
sim a ele.
— Jesus Cristo. — Ele se encosta na porta e fala devagar. — Eu disse, não
confie em ninguém, nem mesmo na família.
— Reed é minha família. — Eu me endireito, desafiando-o a me dar uma
merda sobre o código do clube. Esse código morreu para mim há muito tempo.
— Reed tem as conexões e os fundos para garantir que possamos fazer isso
direito.
Ele balança a cabeça. — Vou fingir que não ouvi tudo isso. Quer que a Amy
lhe traga um pouco de gelo? Esse olho parece uma merda.
— Estou bem — digo, levando o cigarro à boca.
— Edge recolheu suas coisas quando você saiu. Coloquei algumas das coisas
que sabia que você gostaria aqui. — Ele aponta para a caixa de papelão.
A minha garganta aperta e simplesmente aceno. Eu sei o que está nela.
Deixei-o, não mereço usá-lo.
— Vou dormir algumas horas. Então preciso levar meu filho e meu Anjo de
volta para a nossa casa. Precisamos começar a repassar tudo isso, Poet. Calcule
tudo: todos os nossos inimigos, do meu pai, de Chuck, etc. — Blade sai pela
porta.
— Ei.
Ele vira no meio do corredor. — O quê?
— Vou destruir quem fez isso.
Ele me encara, quase confuso, então acena com a cabeça. — Senti sua falta,
cara. Eu senti muito a sua falta.
Eu o vejo abrir a porta silenciosamente e fico sozinho. Estou no quarto do
Mad Dog e caminho direto para a caixa. As minhas mãos quase acariciam as
velhas bordas de papelão.
Porra.
Abro os cantos desbotados. O leve cheiro de mofo torna minha determinação
ainda mais forte. Abrindo a caixa, retiro os velhos cadernos cheios das minhas
primeiras tentativas de poesia. Jogando-os na cama, continuo a cavar.
Pego um cinzeiro de cerâmica azul feio que Edge e eu fizemos na escola
primária. A nossa professora estava histérica, querendo que mudássemos. Sorrio,
lembrando de Edge dizendo que essa era a coisa mais útil que poderíamos fazer.
Olho dentro e encontro alguns dos meus anéis. Estão cobertos com esmalte de
unha transparente. Assim, quando se bate em alguém, o sangue não mancha-o.
Movendo outro caderno, retiro uma Glock com balas. A minha respiração falha
enquanto olho para o fundo da caixa. Está lá em um saquinho de plástico. A
minha mão permanece suspensa acima dela. Por fim, pego um colar de ouro
branco com um pingente em forma de livro, seu lindo rosto gravado de um lado e
suas iniciais do outro. Fiz isso na semana em que ela nasceu. Eu rasgo o saquinho
e agarro-o com força em meu punho. O metal frio é pesado.
Vou vingá-la e todos os outros que precisarem. Como pai, primo e homem,
estou disposto a morrer, um resultado mais do que provável, dado o plano ferrado
que passa pela minha cabeça, mas terei certeza de que não cairei primeiro.
Abrindo meu punho, coloco a mão atrás do pescoço e o seguro. O meu amuleto
de boa sorte, eu o chamava. Tabatha adorava brincar com ele, suas mãos
gordinhas estendendo-se para agarrá-lo em muitas ocasiões. Agora é um lembrete
do que precisa ser feito. Olho para a luz da manhã mal passando pelo quintal onde
as motos refletem um pouco do sol. E sinto paz. Por um momento, minha mente
descansa. Nenhum monstro gira em volta da minha cabeça. Tudo o que sinto são
os restos das duas pessoas que mais importam: o metal frio em volta do meu
pescoço e uma memória de olhos de gato dourados piscando para mim.
SEIS
Charlie
— Precisa de alguma coisa, Charlize? Ou acabou?
Embora esteja bem no meio da contagem de seu registro, levanto os olhos
por um momento, assopro uma mecha de cabelo do rosto e continuo contando.
— Humm, você está bem? — Cindy morde o lábio e dá um passo para trás
enquanto a encaro.
Suspirando, coloquei o maço de dinheiro na mesa para olhar para ela. Ela
parece preocupada. Deus, tenho sido uma vadia completa nos últimos dias. Ok,
talvez na semana passada, mas quem está contando?
Eu respiro e expiro. — Cindy?
— Sim? — A sua voz parece cautelosa e quase rio. É um absurdo eu ter
permitido a David esse tipo de poder sobre mim.
Seja como for, sou humana. Eu tenho que reconhecer que transar com David
no estacionamento era necessário e seguir em frente. Hora de parar de ficar mal-
humorada porque fui ingênua o suficiente para pensar que ele ligaria ou passaria
por aqui. Alguma coisa. Qualquer coisa.
— Eu sinto muito. — Olho para baixo e endireito as pilhas de vinte dólares.
Gosto genuinamente de Cindy. Ela é doce, inteligente e sempre aparece. Sem
mencionar que os clientes a amam.
Ela é como uma boneca Barbie ambulante. Cabelo loiro comprido, olhos
azuis grandes, cintura fina, seios enormes e uma personalidade feliz. Sorrio.
Cindy é tudo que minha mãe esperava que eu fosse, e eu sou o oposto disso.
— Acho que tenho sido um pouco rude ultimamente.
Ela se estatela na cadeira para que possamos ficar de frente uma para a outra.
— Oh, meu Deus! Ultimamente, você tem sido uma vadia furiosa.
Eu me encolho. Ouvir parece muito pior. — Hum, bem, estou passando por
alguns...
— É aquele maldito deus gostoso de terno, certo? Quer dizer, eu sei que é.
Só alguém assim poderia fazer... — gesticula com a mão — se transformar nisso
— Aponta para mim. Eu olho para baixo e suspiro novamente. Ela está certa,
pareço uma merda. Acho que nem mesmo coloquei maquiagem hoje.
— Sabe do que precisa, Charlize? — Eu quero impedi-la, mas ela pula, seus
seios balançando em sua camiseta apertada, e tenho que lutar contra um sorriso.
— Precisa de uma noite de garotas. — Ela se vira e coloca as mãos nos
quadris.
Bufo. — Hum, não... essa é a última coisa que preciso, mas obrigada, Cindy.
— Eu me abaixo e começo a contar uma pilha de dinheiro.
— Estou falando sério. Acho que você é mais jovem do que eu. — Ela me
olha como se eu estivesse sofrendo de falta.
— Quantos anos tem? — Olho para ela de volta.
— Vinte e sete.
— Mesmo? — Pareço chocada porque estou. Jesus, estou me transformando
em uma velha solteirona.
— Eu sabia. Você é mais jovem do que eu. Sabe que eu estava conversando
com a Sra. A. outro dia sobre...
Levanto minhas mãos. — Por favor, Deus, não. Não preciso ouvir sobre
minha mãe e o que ela pensa.
Olho para o relógio e pisco. É sério, meia-noite?
— Não, você precisa de mim. É engraçado, sempre tive estes sentimentos.
— Ela anda enquanto move as mãos como se estivesse dedilhando um violão. —
Como quando me inscrevi aqui, sabia que este lugar era bom. E já que estou
economizando dinheiro para a faculdade de Cosmetologia, sabia que era aqui que
eu deveria estar.
Fico olhando para ela. O que diabos ela está falando? Novamente, porém, é
tão doce e sempre animada. É difícil ser uma idiota.
— Bem, estou feliz que esteja feliz aqui.
— Oh, não se preocupe comigo. Eu me certifico de que estou feliz, mas você
precisa sair deste escritório. — Está tão animada que seus seios estão saltando e
não posso deixar de me perguntar por que ela não usa um sutiã melhor.
— Insisto que você vá comigo amanhã. — Para e me encara. As suas
bochechas estão coradas como se essa fosse a melhor ideia que ela teve há algum
tempo.
— Cindy. — Largo o dinheiro e pego o elástico em volta do pulso para
prender o cabelo.
— Eu não posso sair. Tenho um negócio para administrar Ela balança a
cabeça e puxa minha agenda. — Você está de folga amanhã. Marcarei um
encontro na Dolly's Doll Shop. Arrumaremos o cabelo, e depois disso, você e eu
vamos dançar. E espero que consiga transar.
Desta vez, eu rio. — Obrigada — digo e balanço minha cabeça com o
ridículo do que ela disse. Acho que nunca mais farei sexo. Primeiro, nunca
poderei, e quero dizer, nunca irá se comparar com o maldito sexo incrível que tive
com David. E em segundo, não saio e fico bêbada ou faço o cabelo. A verdade,
acho que já faz meses. Cindy fica parada olhando para mim e me contorço.
— Pare com isso. Não farei isto. Eu tenho outros planos. Obrigada mesmo
assim.
— Então, você é o que todos dizem sobre você? — Ela balança a cabeça
como se escutasse a coisa mais triste.
Reviro meus olhos e endireito meus ombros. — Não tenho ideia, mas estou
ocupada...
— Bem, então acho que eles estão certos. Eu disse não, que por baixo dessas
roupas escuras está uma pessoa linda. E não estou falando sobre isso. — Ela
aponta para o meu rosto. — Estou falando aqui. — Ela bate no peito, me fazendo
estremecer com a sacudidela do seio.
— Todos sabemos que você é linda, mas de que adianta isso se está infeliz e
sozinha por dentro.
— Espere, sobre o que está divagando?
— Todo mundo pensa que você é metida, boa demais para nós, e é por isso
que nunca sai.
— Isso é um absurdo. — As minhas bochechas ficam quentes.
— Perfeito. Passo no seu apartamento e te pego. Confie em mim, vai adorar
cortar o cabelo. Talvez tenham tempo para fazer sua maquiagem. — Ela olha meu
rosto e cabelo.
Eu me levanto. — Olha, Cindy...
— Ok, vejo você por volta das onze. — Ela pega sua mochila e abre a porta.
— Excelente. — Eu me abaixo na cadeira. Não posso ir... mas, novamente,
preciso do meu cabelo cortado e estilizado. Pegando os outros novamente,
começo a contar. Decido pela manhã.
SETE
Charlie
— Deus — gemo. Os meus olhos se abrem por um momento, então fecham
enquanto alcanço o telefone. A sensação áspera sob minhas pálpebras parece que
alguém jogou areia em meus olhos. Cheguei em casa às duas e meia da manhã,
tomei algumas taças de vinho e revirei o resto do tempo. É como se eu tivesse
fechado os olhos apenas alguns segundos atrás. O que são essas batidas e
zumbidos horríveis?
— Olá. — A minha voz falha, mas não me importo. É meu dia de folga. Juro
por Deus se é minha mãe ligando...
— Ei, você! Deixe-me entrar.
A voz alegre de Cindy me faz virar de barriga para cima.
— O quê? — Digo, desejando que meu cérebro funcione.
— Estou fora do seu apartamento. Bairro bonito.
Eu me sento — Espere. Que horas são? — Olho em volta do meu quarto
escuro. Tenho cortinas blackout. Quando se trabalha no ramo de restaurantes, é
obrigatório.
Ela ri e franzo a testa para o telefone na escuridão.
— Eu não tenho ideia de por que você está rindo. Que horas são? — Caio
para trás e puxo o edredom sobre o meu corpo nu. Amo a forma como os lençóis
acariciam minha pele nua. Chuto uma perna, pois está um pouco abafado. Está na
hora do proprietário verificar meu ar condicionado. O ar não está tão frio como
antes.
— São onze e meia. Abra a porta, amiga. Temos um cabeleireiro marcado
para daqui a meia hora.
Gemo dentro do quarto. — Cindy. — Esfrego minha testa. A minha cabeça
dói e ela é demais para mim, esta manhã ou à tarde.
— Olha, sinto muito. Terei que deixar para a próxima. — Quando estou
prestes a desligar, ela começa a rir e bate com mais força na minha porta.
Que diabos? Eu me sento — Você está chutando minha porta?
— Sim. — Ela bufa e ri enquanto a batida continua. Um “cala a boca” vem
do meu vizinho de cima. Ele é um idiota, mas não estou com vontade de entrar
nisso esta manhã. Relutantemente, pego uma calça de moletom e uma camiseta
do cesto limpo. Não tive tempo de dobrar e guardar as roupas.
Destravando a fechadura, abro a porta da frente e quase me encolho com a
luz do sol ofuscante de fora. — Jesus. — Pisco e protejo meus olhos. — Está
louca? Entre aqui. — Agarro seu braço e a arrasto.
— Cuidado. — Ela se afasta. — Trouxe café quente e alguns bolinhos.
Espreito para fora e vejo minha vizinha Shelia regando seus dois potes de
gerânios. Ela tem oitenta anos e mora neste prédio há anos. O seu marido morreu
há um tempo, então meio que cuido dela.
— Desculpe, Shelia. Espero que minha amiga — reviro os olhos com a ideia
de Cindy ser uma amiga — não tenha acordado você Ela me presenteia com seu
sorriso feliz, que adoro porque, novamente, o cara lá em cima é um idiota.
— São onze e meia, minha querida. Estou muito feliz em ver que tem uma
amiga. — Ela bate palmas e volta a regar.
— Bem, ela realmente trabalha para m... — Acenando com a mão, digo —
Não importa. Eu não queria que ela a incomodasse.
— Ela não incomodou. — Sorri quase como se estivesse perdida em
pensamentos.
— Ok... tchau.
Franzo a testa enquanto fecho a porta e a tranco. Que diabos? Todos pensam
que não tenho amigos? Porque eu tenho. Eles vivem em outras áreas. A verdade,
estou aqui há quase quatro anos e talvez tenha três ou quatro pessoas no meu
apartamento. A minha mãe, meu pai e meu ex-namorado estúpido.
— Uau, não é uma pessoa matinal, hein? — Cindy me traz de volta ao
presente e ao fato de que ela é animada demais para ser uma amiga. Ninguém
pode estar com esse bom humor tão cedo.
— Eu não consegui dormir até quase quatro, então estou muito cansada.
Eu meio que grito e resmungo enquanto passo por ela para o banheiro.
Preciso ir ao banheiro e tomar banho. Ela obviamente não aceitará um não como
resposta.
A água quente me anima enquanto tento decidir se aguento ficar com Cindy
o dia todo. Novamente, ela está tão feliz que é meio irritante, mas isso é horrível.
Quando me transformei em uma Debbie Downer? Cerca de uma semana atrás,
para ser exata.
Idiota do David. Em uma expiração, recebo aquela onda excitada de energia
pensando em como ele é desagradável.
— Oh, Deus — gemo, me punindo. Estou muito velha para ter borboletas no
estômago com vinte e seis anos.
Não consigo porém parar de pensar nele. É um deus do sexo com um pênis
gigante. Estou um pouco triste por não ser capaz de medir porque é como uma
grande estrela pornô. Eu sorrio enquanto tomo banho com pressa e pulo do
banheiro molhado para me olhar no espelho. O meu sorriso desaparece. Pareço
uma idiota. O que há de errado comigo?
David nada mais é do que uma paixão que fixou residência em minha mente.
Agora que transamos, deveria me sentir farta dele. Ele claramente não está a fim
de mim, mas no fundo está lá, talvez enterrado, mas está lá: aquele desejo secreto,
necessidade, que sei que fomos feitos um para o outro. Mesmo quando o universo
continua dizendo que não fomos.
Espalhando um pouco de loção de baunilha, escovo os dentes e vou para o
closet. Bem, chamo de armário. Na realidade, é um armário minúsculo, mas pelo
menos posso entrar nele.
Adoro o meu apartamento. É um grande quarto em Studio City, a uma curta
distância do Ventura Boulevard. O que o torna útil. E tenho um senhorio
fantástico que me deixa pintar e fazer o que eu quiser.
— Cindy? — Grito. — Estou morrendo de fome. Que tipo de bolinhos você
comprou?
Visto meu jeans da Rag & Bone e uma camiseta preta justa. Eu nem me
preocupo com um sutiã. Uma das melhores coisas de ter seios pequenos é que
posso me safar sem usar um. Embora tenha mamilos grandes, então talvez... tanto
faz. Estou apenas arrumando meu cabelo. Calço um par de tamancos de camurça
preta e me aventuro de volta à sala principal do apartamento.
— Ok, estou pronta.
Cindy, que não tem problema em se sentir em casa, abriu as cortinas. A
ampla sala de estar, com uma cozinha de um lado e uma sala de jantar e estar do
outro, está repleta de luz solar amarela brilhante.
— Deus, sério? Você não tem ideia de como é sortuda.
Ela joga minha última revista Vogue na mesa de centro. Cai com um baque e
pego meu café, o que é fácil de distinguir, já que Cindy tem batom rosa no dela.
— O que está falando? — Eu tomo um gole agradecida.
Ela passa as mãos na saia. — Você é linda e nem se esforça. — Aperta os
olhos azuis grandes e franze as sobrancelhas como se só agora tivesse descoberto
isso. Com um encolher de ombros, continua. — Algumas de nós precisam colocar
um pouco de esforço em nossa aparência. — Acena com a mão — Não acordar,
tomar um banho de cinco minutos e sair pela porta com roupas escuras ainda
parecendo quente e fresca.
Eu olho para ela por um segundo. Está bem vestida, usando uma bonita
frente única rosa com uma minissaia floral e sandálias de salto alto. O seu cabelo
loiro está preso no topo de sua cabeça e a sua maquiagem é perfeita.
— Eu dificilmente fico bonita. — Pego um enorme par de óculos escuros
Chanel pretos junto com minha bolsa e as chaves.
— Preparada?
Ela suspira e balança a cabeça como se eu estivesse delirando. — Você é
muito teimosa.
Enquanto ela agarra sua pequena bolsa fofa, me pergunto como as mulheres
fazem isso. Há tantas coisas que preciso comigo diariamente. Como sobrevivem
com bolsas tão minúsculas? Quase pergunto, mas não quero ouvir mais sobre
moda e como preciso disso. Eu tenho minha própria moda. Por exemplo, amo a
Vogue. Representa uma vida que nunca terei, mas posso admirar as roupas,
embora nunca as use, metade das roupas daquela revista são malucas, no preço e
no estilo.
— Você está bem?
Pisco para ela enquanto me encara. — Estou cansada. — Essa é a minha
desculpa típica para fugir dela. — Eu dirijo.
Indo em direção ao meu Prius, que está na sua última bateria, considero que
terei que fazer um sacrifício em breve e comprar um carro novo. Ainda assim,
vou dirigi-lo até que ela descarregar.
— Sim... não. Estacionei aqui. Não andarei naquela coisa. — Ela pega meu
braço enquanto me puxa para o meio-fio e seu Honda prata.
Está quente lá fora. O sol já está forte e ainda não são onze horas, que exige
que passemos de ar condicionado para ar condicionado. Então, eu adoraria
discutir, mas realisticamente está muito quente para o Prius nos manter
refrigeradas. Bebendo meu café um tanto quente, olho pela janela enquanto Cindy
decola como um piloto de corrida.

Estende a mão e aumenta seu K-pop7. Eu reviro meus olhos. Ela adora.
Sempre que estamos juntas, está sempre ouvindo. As suas unhas compridas
rosadas e brilhantes batem no volante e começa a cantar. É alto e não de um jeito
bom. Sufocando uma risada, me viro e olho pela janela. Ela é ridícula.
Pelo menos está se divertindo e não está tentando bater papo. Depois de mais
um gole do café amargo, gostaria que pudéssemos parar e pegar um café fresco.
Engolindo, inclino minha cabeça para trás.
Ela toma as ruas em vez da rodovia. Eu teria pego a rodovia, já que o tráfego
em Ventura pode ser uma merda, mas não estou dirigindo, então quem se importa.
E a Dolly's Doll Shop não fica longe.
— Então, Charlize?
Eu levanto uma sobrancelha enquanto ela olha brevemente para mim e volta
seus olhos para a estrada. — Depois de arrumar o cabelo, precisamos sair.
Dou a ela o olhar de “está começando a me irritar” e digo — Você trouxe os
bolinhos?
Ela entra no estacionamento dos fundos do salão de cabelereiro. — Hum,
acho que os deixei na sua ilha da cozinha.
Eu observo fascinada quando ela para o carro no estacionamento e pega sua
bolsa, tudo ao mesmo tempo.
— Sério?
— Sim, escute... vamos sair. — Saímos e finjo que não a ouvi.
— Pelo menos para conseguir algo para comer. Podemos jogar sinuca —
Meio que canta a última parte. Ela sabe que adoro jogar sinuca e sou fantástica
nisso. Eu cresci com uma mesa de sinuca em casa.
Eu sou tão boa que meio que me esforcei na faculdade quando não queria
pedir dinheiro aos meus pais.
— Vamos apenas arrumar nosso cabelo.
A porta dos fundos se abre e um cara alto, magro e incrivelmente atraente
com um cigarro na boca segura a porta aberta. Está vestido todo de preto com
tatuagens em ambos os braços que sobem pelo pescoço.
— Ei. — Ele acena com a cabeça quando entramos.
— Ei, Doug. — Cindy pisca para ele. Ele sorri quando passamos.
O salão é além de adorável, todo branco, rosa e turquesa e cheira a frutas
cítricas e flores. Um grande sofá branco está na frente com uma enorme janela
voltada para a rua.
— Ei, garota. — Uma garota deslumbrante, pequena, de cabelos escuros
com pele pálida e grandes lábios vermelhos beija Cindy, enquanto continua a
secar a mulher em sua cadeira. Ela é superminúscula e seu corpo me dá vontade
de chorar.
Cintura fina, seios perfeitos. Nossa, eu preciso comer mais. Sou muito magra
e ninguém parece notar as pequenas curvas que tenho. Sempre tive esse problema
e esperava que, à medida que envelhece, fosse preenchida, mas acho que sou
como minha mãe.
Afundando no sofá, pego a revista People enquanto Cindy conversa com a
garota de cabelos escuros, e acho, sua assistente de cabelo roxo.
Olho para as minhas unhas. Estar perto de garotas bonitas não costuma me
incomodar. Afinal, crescer com minha mãe praticamente me tornou imune, mas a
minha menstruação chegará logo, e hoje, noto tudo. Eu deveria ter levado algum
tempo para pelo menos colocar um pouco de maquiagem. Deus, eu nem estou
usando sutiã.
— Então... quem é essa beleza? — O cara sexy que segurou a porta para nós
está de volta com cheiro de fumaça.
— Doug, esta é minha amiga Charlize. — Cindy aponta para mim e quase
afundo ainda mais no sofá desconfortável. Isso é um absurdo. Endireito-me. Eu
não sou essa garota.
— Na verdade, eu sou a sua chefe. Deixa para lá. — Aceno minha mão.
Os seus olhos castanhos pousam em mim enquanto ele diz a Dolly: — Fico
com ela. Você está quase pronta para Cindy, certo? — Diz tudo isso sem quebrar
seu olhar.
— Sim, Jenny?
A garota de cabelo roxo olha para o lado. — Um minuto. — Ela parece estar
mudando a música em seu telefone. Quando entramos, o rádio estava ligado.
Agora uma francesa está cantando.
— Pode colocar a cor da Cindy?
Ela acena com a cabeça, e meus olhos voltam para os de Doug. Ele ainda
está olhando como se eu fosse algum tipo de projeto de ciências.
Inclino minha cabeça para ele, o que o faz sorrir. — Vamos lavá-lo. Tenho
uma ótima ideia sobre o que farei com você. — Ele cantarola a última parte.
Uma hora e meia depois, me encaro. Doug decidiu que preciso de camadas.
E como meu cabelo é ridiculamente grosso, permiti que aplicasse um pouco de
óleo nele.
— Puta merda. — Inclino-me para frente, passando minhas mãos por ele. —
Eu pareço que deveria estar em um comercial da Pantene — digo, mostrando
meus lábios carnudos.
— Eu lhe disse. — Ele sorri enquanto passa as mãos pelos meus longos
cabelos escuros.
— Pinto meu cabelo para obter essa cor. Fabulosa. — Ele recua para me
olhar no espelho. — O meu trabalho está feito.
Enquanto me levanto e tiro meu avental, sorrio para ele e olho para Cindy,
que ainda está na cadeira, digitando em seu telefone.
Dolly está no canto ao telefone, andando de um lado para o outro.
Alcançando minha bolsa, pego uma bolsa de maquiagem. É melhor me arrumar
enquanto espero, considerando que estou um milhão de vezes melhor.
— Ouça-me... — Dolly se vira para olhar para o cabelo de Cindy. — Não
dou a mínima que David voltou. Estava destinado a isso um dia — ela sussurra
em seu telefone enquanto se olha no espelho em uma estação vazia.
Eu deixo cair o batom. Não pode ser o mesmo David. Abaixando-me, pego o
tubo.
— Não, Edge. Eu não me importo — ela corta.
Puta merda. Ela está falando sobre o meu David. Eu respiro e olho no
espelho. Doug está parado a um pé de distância, a cabeça inclinada e um sorriso
conhecedor no rosto enquanto me analisa.
— O quê? — Estreito meus olhos para ele através do espelho e viro meu
cabelo, desejando que ele vá embora.
— Você tem uma queda por motoqueiros? Os Disciples não são nada com
que brincar, Bela. — Ele se inclina contra a parede, invadindo meu espaço, então
não tenho escolha a não ser olhar para ele.
— Você não quer acabar como a minha garotinha ali. — Acena para Dolly, e
ambos nos viramos para olhar para ela.
— Não, escute você... — bufa, olhando para o teto e enxugando os olhos. —
Olha, não posso continuar fazendo isso. Estou no trabalho. Tudo o que você faz é
me decepcionar.
Doug empurra a parede, balançando a cabeça. — Fodido Edge. Acho que ele
nunca acertará. Isso é o que eu quis dizer. Tome cuidado.
— Quem diabos é Poet? — Dolly olha para nós, pegando completamente
Doug e eu olhando.
— Vou desligar o telefone. Não ligue de volta. Preciso trabalhar. — Ela
começa a se aproximar de Cindy. — Porra, Edge. Não chamarei David de Poet.
Não preciso. Lembra? Não faço mais parte dessa seita doentia. Parece um
assassino estranho ou algo assim... Tanto faz. Tenho uma cliente. Eu tenho que ir.
— Ela coloca o telefone no bolso e se vira para Cindy.
— Quem é Poet? — Sussurro, agarrando Doug antes que ele possa ir para
frente do salão.
— Foda-se se eu sei. Todos eles têm nomes estúpidos. — Ele revira os olhos
e sorri para uma mulher que está entrando.
— Desculpe, estou no meio de algumas coisas pessoais. — Dolly tenta
sorrir, embora pareça mais que sua boca está com um tique. — Fique longe dos
garotos maus, vocês duas. — Ela pega um secador de cabelo.
— Oh, não precisa se preocupar conosco. Eu já estive lá. — Cindy acena
com a cabeça enquanto bebe o champanhe que ela aceitou. Optei por um café.
— Você está bem, boneca? — Doug está atrás dela, seus olhos são sinceros,
e por um momento estou com ciúme que ela o tenha. Ele parece ser um grande
amigo. Os meus olhos vão novamente para a minha bolsa de maquiagem.
— Não consigo tirá-lo do meu sistema. Não posso ficar longe, Doug.
A sua dor é muito real e crua para mim. Deixa-me desconfortável. Parece
que alguém arrancou o coração de Dolly, pisou nele e o devolveu.
Doug esfrega seus ombros. — Um dia, menina bonita. Um dia você irá
embora e nunca mais olhará para trás. — Ele beija o topo de sua cabeça escura e
se vira para falar com a mulher que acabou de entrar.
Dolly enxuga as lágrimas e Cindy agarra sua mão enquanto fecho o zíper da
bolsa de maquiagem.
— Vou pagar — grito por cima do secador, fazendo com que as duas me
olhem como se tivessem esquecido que eu estava ali.
— Uau. — Ela desliga a secadora e cheira. — Está fantástica. Algum plano?
— Enxuga os olhos novamente.
— Não.
— Sim — interrompe Cindy. — Vamos almoçar e jogar sinuca. — Ela
levanta uma sobrancelha para mim.
Dolly liga a secadora novamente. — Diversão. Amo piscina. — Os seus
olhos se enchem de lágrimas novamente.
Limpo a garganta, vou até o sofá branco e me sento, procurando um cartão
de crédito em minha bolsa.
À medida que aquela sensação familiar de não me encaixar toma conta de
mim, mordo meu lábio inferior. Cindy, Dolly e até Doug parecem ter
compartilhado algo que não partilhei. A minha mente vê instantaneamente um par
de olhos prateados cheios de paixão e agonia.
É isso que não estou percebendo? Será que não sofri o suficiente?
— Bela?
Os meus olhos se voltam para um Doug de aparência divertida.
— É Charlie... ou Charlize.
— Está pronta para pagar?
— Hum, sim. — Eu me levanto e lhe entrego meu cartão.
— Você está bem? Parecia muito intensa um minuto atrás.
Inclino minha cabeça e corro meus dedos pelo meu cabelo sedoso. — Sabe
de uma coisa, Doug? Pagarei pela Cindy também. Por favor, some tudo e dê uma
gorjeta para você e Dolly.
Enquanto ele passa o cartão de crédito, bato meu dedo e olho pela janela
grande. Duas mulheres olham fixamente para seus telefones, fazendo com que um
cara em uma scooter eletrônica chamada Bird desvie delas. Elas parecem ter a
minha idade e parecem estar a caminho de se divertir.
Olho de volta para Cindy. Parecemos fantásticas. Por que não? Eu não saio
há muito tempo.
— Cindy?
Dolly está usando um modelador de cachos para criar as últimas ondas
grandes em seus longos cabelos loiros. — Sim?
— Vamos jogar sinuca. Talvez até consiga uma bebida. Você sabe o quê?
Dane-se, ficaremos bêbadas.
— Alôôôôô. Sim! — Doug tira meu cartão do leitor de cartão eletrônico com
um floreio dramático e o joga no balcão.
— Pena que tenho um cliente em meia hora. Eu quero ficar bêbado —
lamenta.
Eu não posso deixar de sorrir. — Obrigada, Doug. Amei meu cabelo.
— Seja inteligente, Bela. Fique longe desses garotos maus. Eles não farão
nada além de partir seu coração. — Pisca para mim e se vira para atender o
telefone.
Olho para Dolly, que está abraçando Cindy. Não gosto de todas essas coisas
de abraços que as garotas gostam de fazer. Nunca foi minha praia. Talvez eu
esteja me tornando uma solitária. Suspirando, sento para esperar no sofá perto da
janela e pego o meu telefone.
Enquanto o retiro, tenho que respirar. Cada vez que olho para ele, há uma
pequena vibração uma pequena descarga de adrenalina de que verei uma
mensagem dele. É irracional em muitos níveis, o primeiro sendo que ele nem
mesmo tem o meu número.
Os meus dedos percorrem todos os 84 e-mails, principalmente sobre vendas
e diferentes fornecedores para o restaurante.
— Você me ama. — A voz alta de Cindy me faz pular.
— Jesus, você me assustou. — A minha mão vai para o meu peito. Ela sorri
para mim.
— Obrigada. — Funga.
— Pelo quê? — Eu largo meu telefone na minha bolsa e me levanto.
— Você pagou pela minha cor e corte de cabelo. Isso significa que realmente
somos melhores amigas. — Estende a mão para me abraçar enquanto eu dou um
passo para trás. Isso não a impede, porém, e ela cava as unhas em meus braços e
me abraça de qualquer maneira.
— Bem, não vamos enlouquecer, ok? — Rio. Ela está começando a crescer
em mim.
— Você vai. — Ela pula, seus seios saltando, e percebo que tenho a isca
perfeita.
Sorrio para ela. — Você é perfeita. Vamos ganhar todo o dinheiro de volta.
OITO
Charlie
— Vocês duas se divirtam. Não façam nada que eu não faria. — Doug pisca
enquanto nos dirigimos para a saída dos fundos.
— Oh, vamos nos divertir muito. Esta precisa muito transar! Pretendo
garantir que isso aconteça. — Cindy engata seu braço ao meu.
E lá se vão todos os sentimentos dela crescendo em mim.
— Ela está brincando — falo por cima do ombro quando saímos do salão e
me afasto.
— Cindy, não preciso transar. Confie em mim — assobio.
Ela para no meio do estacionamento sufocante, seus olhos azuis vivos de
excitação. — Sério? Conte-me?
— Cristo. — Eu ando perto dela para o lado do Honda.
O vale é muito quente no verão. O suor já está escorrendo pelos meus lados.
Ela abre as portas com um bipe e afundo no forno de assar de seu carro.
— Estou esperando. — Ela sorri, sua maquiagem segurando muito bem,
mesmo com o suor se formando em sua testa e lábio superior.
Eu não me envolvo e olho para ela. — Ouça, se vamos jogar sinuca, tenho
certas regras.
Ela suspira e começa a rir enquanto liga o Honda e o ar condicionado. O ar
quente atinge minhas bochechas já coradas enquanto puxo meu cabelo do
pescoço, esperando que esfrie.
— Eu amo o verão — gorjeia enquanto aumenta sua música de baixa
qualidade.
— Essa afirmação é absurda. É como quarenta graus lá fora. Quem diabos
gosta assim tão quente? — Eu resmungo, em seguida, me viro para olhar para ela.
Ela está sorrindo e parece feliz, ou teve várias coisas trágicas acontecendo com
ela, o que a torna o tipo de pessoa que sempre tem que se manter positiva, ou não
é terrivelmente rápida. Eu não a conheço muito bem.
— Disse, eu amo o verão, não esse calor que faz meus seios suarem — ela
corta.
— Graças a Deus — murmuro.
Ela para em um estacionamento e o cheiro de cerveja velha e lixo entra no
carro, e nem abri a porta ainda. O estacionamento está cheio de carros de todos os
estilos e muitas motos.
— Isto é perfeito.
Com um sorriso malicioso, diz — Eu sei — pega sua bolsa e sai.
Vou um pouco mais devagar, me perguntando se Cindy é mais inteligente do
que qualquer um de nós acredita.
— Hum... então quando eu jogo sinuca...
Ela gira para mim. — Escute, não quero entrar nisso, mas tenho trezentos em
dinheiro. Se conseguirmos dobrar, ficarei feliz.
Eu agarro seu braço. — Espere o quê?
— Corta essa, Charlize. — Joga o cabelo loiro por cima do ombro e abaixa a
voz. — A sua mãe me disse que você era a melhor na sinuca que ela conhece.
Estou meio em apuros, então faremos isto.
Eu deixo cair seu braço e olho para ela. Que porra é essa?
Levanto ambas as mãos. — Está me dizendo que fingiu tudo isso? —
Aponto para ela. — Para que eu saísse com você e jogasse sinuca... por dinheiro?
— Digo isto quase para mim mesma. Foi exatamente o que fez. Eu deveria estar
magoada, mas estou aliviada que ela não seja uma idiota. Pode ser louca, mas
tanto faz, isso será divertido.
Ela puxa o top um pouco para baixo enquanto diz — Ouça, quero sair, mas
sim, estava apostando no fato de que poderíamos lutar juntas.
Começo a rir. — Oh, meu Deus, Cindy. — Quase tenho vontade de abraçá-
la. — Isso é muito fantástico. Você é a parceira perfeita para isso.
Um arrepio de excitação toma conta. Quando jogo sinuca, me torno uma
pessoa diferente. Noite e dia. A única outra vez que fiz algo que pode até mesmo
se comparar foi transar com David no estacionamento.
Afastando qualquer pensamento sobre ele, olho para ela. — Não tem ideia
de como estou aliviada por você não ser uma idiota, mas não me precipito. — O
seu rosto cai.
— Você assiste a muitos filmes. É ilegal fazer aposta e nunca faço nada
ilegal.
Ela cede um pouco. — Eu porém tenho dinheiro...
Pego a maçaneta de metal quente da porta, precisando entrar. Eu juro, com o
sol batendo forte na lixeira, tudo que cheiro é mijo e cerveja velha.
Quando entramos, é como um buraco negro. Os meus olhos levam um
segundo para se ajustarem à escuridão.
— Você é você, e farei o meu melhor. — Eu lhe dou o olhar de “nós
cuidamos disso”.
Ela sorri e empurra os ombros para trás enquanto seus seios se tornam uma
atração própria.
O bar é de tamanho médio, com cascas de amendoim no chão, duas mesas de
sinuca e uma longa barra de madeira na parte de trás. Todo o bar é preto até
mesmo o feltro das mesas de sinuca. Ao olhar em volta, não posso deixar de
estremecer de inquietação. Está bem cheio e a maioria das pessoas são homens. E
a maioria dos homens parece ser motociclista e está usando o mesmo colete que
David usava.
Caminhamos até a bartender, uma garota de aparência durona com tatuagens
nos dois braços e bíceps maiores do que os de alguns dos rapazes.
— O que vocês querem?
— Humm — Cindy começa a enrolar o cabelo, fazendo com que a bartender
se concentre em seus seios junto com metade dos homens sentados no bar.
— Queremos dois Martinis Bombay Sapphire, por favor — peço para ela. A
bartender se afasta de Cindy para olhar para mim.
— E podemos abrir uma conta? — Entrego a ela meu cartão de crédito
enquanto olho as mesas.
Os motociclistas estão jogando em uma, e a outra tem o que parece ser
universitários. Antes que possa escolher, Cindy começa a se dirigir aos
universitários.
— Ei. — A bartender coloca nossos Martinis na mesa. — Este pode não ser
o lugar para vocês duas. — Os seus lindos olhos castanhos estão cheios de
preocupação.
O bar é completamente decadente. A música heavy metal dos anos oitenta
está explodindo, e Girls, Girls, Girls, do Mötley Crüe está quase me fazendo
balançar com a cabeça. Não posso deixar de sorrir. Não há nada melhor do que
um bom bar decadente. Às vezes acho que devo vender a lanchonete e comprar
um.
Pegando nossas bebidas, digo — Obrigada, mas não se preocupe conosco.
Somos mais fortes do que parecemos.
Ela não parece tranquila. Em vez disso, sacode o cabelo loiro descolorido e
vai até o final do bar. Odeio que as pessoas sempre pensem, porque sou alta e
magra, que sou uma espécie de garota certinha. Ok, gosto de maquiagem e outras
coisas, mas fui criada com um pai que se certificou de que eu soubesse como me
proteger.
Sorrio para um casal de motoqueiros com os braços em volta de algumas
garotas de aparência cruel. Uma das garotas de cabelos escuros usa um colete que
diz “Propriedade de Dragon”. Não posso deixar de olhar por um segundo. A
única parte visível do corpo não coberta por tatuagens coloridas é o rosto.
Eu tomo um gole rápido de coragem líquida e quase desafio alguém a mexer
com a gente. Deus, talvez eu precise transar de novo. O simples pensamento de
fazer sexo me deixa molhada.
— Aqui está, Bobbi — Entrego o Martini a Cindy. Ela ri e acena com as
mãos para os dois caras em shorts de basquete e tops.
— Então... Amber, estes são Josh e Spencer, e disseram que podíamos jogar
sinuca com eles. — Ela meio que pula, fazendo com que os homens e os
motoqueiros olhem fixamente enquanto toma seu Martini.
— Não somos muito boas na sinuca. Tudo bem? — Pisco os meus olhos.
Spencer, ou aquele que acho que seja Spencer, já que não estava prestando
atenção e ambos meio que se parecem, diz — Não se preocupe, querida. Vamos
ensiná-la.
Eu quero revirar os olhos, mas sorrio e digo — Junte as bolas.
Duas horas depois, estou no meu terceiro Martini e ganhamos perto de mil
dólares. Spencer e Josh eram mais do que patéticos jogadores de sinuca, mas
tinham dinheiro. Felizmente, depois de vencê-los por quinhentos, partiram
envergonhados. O estalo das bolas sendo quebradas me faz tentar me concentrar
no jogo.
Cindy parou de beber depois do primeiro Martini. Ela sorri e esfrega os seios
contra o motoqueiro alto e moreno com uma cicatriz na bochecha esquerda e uma
longa barba.
Ele não é nada bonito, mas na verdade é um bom jogador de sinuca. Não tão
bom quanto eu, mas ei, a menos que seja um profissional, não me vencerá.
Acho que Quiet Riot está tocando ou talvez seja Metallica o que quer que os
motoqueiros pareçam gostar. Duas bolas vão para diferentes bolsos de canto e
Cindy pula para cima e para baixo fazendo com que o motoqueiro e seu jovem
amigo com cabelo loiro escuro olhem fixamente. Não posso deixar de sorrir
enquanto dou uma mordida em uma das minhas azeitonas.
— Então, aqueles outros caras não eram divertidos. — Faço beicinho e os
dois motociclistas se concentram em meus lábios.
— Querem tornar isso emocionante e jogar por cinco dólares?
Cindy pula para cima e para baixo quando o feio de cabelos escuros olha
para ela. — Que tal jogarmos por cem... e se ganharmos vocês duas têm que me
mostrar seus peitos.
Isso atrai assobios atrás de mim. A minha cabeça gira enquanto observo a
atmosfera. De repente, o bar, que parecia inofensivo à tarde, parece mais
ameaçador agora que a noite se aproximou e muito mais motoqueiros chegaram.
Seja como for não perderei. — Humm, isso não é justo. — Finjo uma
risadinha e bato meus longos cílios para ele.
Ele grunhe e noto que suas unhas têm sujeira preta ou talvez graxa.
— Tenho mil dólares. — Ele joga o maço na mesa. — Ganhamos, e
podemos ver esses malditos seios.
Ele aponta para o meu peito, tira uma foto de alguma coisa e me olha com
um sorriso nojento e malicioso que não me importaria de dar um soco.
— E ambos podemos chupá-los. — Ele se move entre ele e seu amigo.
Franzo os lábios como se estivesse pensando. O nível de ruído aumenta. Muitos
motociclistas grandes estão rindo e assobiando.
— Humm. — Pela primeira vez no dia, Cindy parece preocupada. — Isso é
meio que...bem...
— Junte as bolas — eu digo.
Ela empalidece e se espreme passando pelo motociclista malicioso para ficar
a minha frente, os olhos arregalados.
— O que houve? — Pesco outra azeitona. Ela gentilmente pega minha taça
de Martini e sorri para todos.
— Já voltamos.
Ela me puxa para o banheiro pequeno e escuro e tranca a porta. Não está
sujo, mas também não está limpo. O espelho está manchado com um estranho
tom de laranja queimado e o chão está coberto de capas de assento de papel. Uma
lata de lixo vazia está transbordando de toalhas de papel e Deus sabe o que mais.
— Que porra está fazendo? — Sibila, quase me sacudindo. — Você é louca?
Balanço enquanto puxo meu braço livre e me firmo na parede.
— Ok. — Ela esfrega as têmporas como se estivesse com dor de cabeça. —
Precisamos dar o fora daqui. Fizemos um grande, o que é fantástico. Você está
bêbada e já é tarde.
— Eu tenho que urinar. — Pego uma capa de assento e afundo no banheiro
enquanto fecho meus olhos em êxtase. Olhando para cima enquanto limpo, Cindy
está me olhando como se eu fosse uma alienígena ou algo assim.
— O quê? — Agarro enquanto abotoo meu jeans e dou a descarga. — Não
perderei para esses caras de jeito nenhum. Confie em mim Eles são bons, mas não
tão bons. — Tento olhar por cima do ombro para o meu reflexo no espelho de
baixa qualidade.
Desistindo, me viro para ela. — Vamos. Você não quer esses mil dólares?
Ela franze a testa e se vira para se olhar no espelho. — Preciso do dinheiro,
Charlize, mas estou começando a ficar com um mau pressentimento e contei a
você sobre meus sentimentos. — De repente, alguém bate na porta.
— Depressa, vadias. Nós também precisamos fazer xixi.
Eu começo a rir da cara da pobre Cindy. Esses motoqueiros e suas
namoradas safadas não me assustam.
— Já vou — grito e pego Cindy. Primeiro, ela pode me firmar, e segundo,
para que eu possa convencê-la de que estamos bem. — Pare de ser tão
preocupada. — Não posso deixar de rir da expressão em seu rosto.
— Puta merda. O que aconteceu com você? Se a lanchonete pudesse vê-la
agora. — Ela me encara.
— O que seja. — Eu balanço meu braço e destranco a porta quase gritando
para a ruiva de aparência cruel com roupas de stripper e maquiagem horrível.
— Já não era sem tempo.
Eu começo a rir de novo. Não posso evitar. Cindy agarra meu braço e me
empurra para o bar onde a bartender de antes chega com um copo grande de água
e nossa conta.
— Você precisa levá-la para casa. Já liguei para meus chefes. — Tento
parecer séria, mas tudo que faço é começar a rir tanto que acidentalmente cuspo
nela.
— Oh. Meu. Deus. — Cindy revira os olhos, pegando um guardanapo e
passando uma ponta enquanto pega meu cartão.
— Eu sinto muito. — Limpo sua blusa. — Ouça. — Endireito meus ombros,
desejando não rir. — Pode ir embora, mas eu ficarei. Faz meses que não saio e de
jeito nenhum perderei mil dólares. Isso vai levar cinco minutos, pelo amor de
Deus.
Eu me viro e tento meu caminho através do bar lotado. Um pequeno filete de
inquietação, talvez seja mais como um formigamento de pura adrenalina, percorre
meu corpo. Por um segundo, me pergunto se devo parar. Quer dizer, está
superlotado de motoqueiros e parece que alguns deles podem estar se preparando
para fazer sexo no canto. Jesus, estou mesmo bêbada, porque isso não pode estar
certo. Pisco, não, parece que um cara está se preparando para foder uma garota.
— Está pronta? — Viro meus olhos para o motoqueiro feio.
— Absolutamente.
Novamente, os assobios começam. Devem ser o suficiente para alertar meu
cérebro de que talvez não seja uma boa ideia. Ainda assim, sorrio, pensando que
talvez uma dose de Jägermeister possa funcionar a meu favor.
— Quer quebrar ou devo? — Eu abaixo minha voz, então quase começo a rir
quando o motoqueiro feio zomba.
— Onde está a sua amiga com os peitos grandes?
Eu suspiro. Eles são realmente vulgares e sei que disse a Cindy para ir, mas
não achei que ela fosse.
— Eu estou aqui, querida.
Giro ao redor, e por um segundo, vejo duas de Cindy. Talvez esteja bem sem
a dose de Jäger.
Aceno minhas mãos, pulando para ela. — Ali está ela.
Ele lambe o topo de seu lábio nojento. Está coberto por um bigode e lambe o
cabelo. Oh, Deus. Ele é um desses homens. Como garotas que sempre comem ou
chupam uma mecha de cabelo. Luto contra uma onda de bile. Bem quando decido
que talvez Cindy e a bartender estejam certas, porque sim, posso estar bêbada,
não preciso do dinheiro e a vibração no bar mudou, eu o sinto.
— Deixe-a sair. — É uma exigência e quase desmaio. Não estou ouvindo
direito. Porque? Por que bebi três Martinis?
Eu me viro e agarro a ponta da mesa de sinuca. Pisco, não estou
enlouquecendo. Ele está no meio deste bar de mergulho. Como um deus grego,
talvez Adônis, está de braços cruzados, seus músculos quase me chamando para
tocá-los. Ele é o homem mais inspirador que já vi.
A sala estala com a intensidade de sua energia. Está vestido como antes,
como me lembro dele: jeans escuro e seu colete Disciples, mas o que me tira o
fôlego são seus olhos prateados. Eles perfuraram os meus como se tirassem todo
o meu coração, alma e fôlego.
Ladrão de oxigênio.
As minhas unhas afundam no feltro que se encontra no interior da mesa de
sinuca. Puta merda... é o David!
NOVE
David/Poet
Ela me encara com os olhos arregalados. Por um instante, acho que pode
vomitar. A sua pele linda e perfeita, que geralmente brilha, fica pálida quando
soluça.
— Puta merda.
Respiro profundamente, inalando a fumaça que enche a sala. Ryder está atrás
de mim verbalizando meus pensamentos sobre o vômito, mas ao invés de
vomitar, ela começa a rir. Eu pisco para ela. Leva um momento para processar
que esta mulher está em um bar cheio de motoqueiros que a fazem parecer anã,
inclusive eu, e ela está rindo?
— Jesus Cristo — Ryder resmunga enquanto olhamos ao redor.
Ninguém acha isso engraçado. A verdade, está prestes a ficar feio. — Você
está rindo de mim, vadia? — Scar cospe no chão, se movendo em sua direção.
— Oh, meu Deus — a loira com seios enormes grita e corre para o lado de
Charlie, como se isso pudesse ajudar.
Por um segundo, eu a observo, minha boca se contraindo. Ela está arrasada e
não consegue parar de rir, mesmo com a amiga sacudindo-a.
Ela empurra a amiga e olha por cima do ombro de Scar para que seus olhos
dourados e lacrimejantes possam encontrar os meus. É como se algo dentro da
minha cabeça parasse de pensar e eu reaja antes de pensar. Sorrio para ela. Ela
sorri de volta. E compartilhamos um momento que me lembra que sou humano.
— Ok, Scar. — Ryder fica na frente de Charlie, que está mordendo o lábio
inferior, tentando parar de rir enquanto olha para Ryder. Scar dá um tapinha no
ombro de Ryder, dando ao Executor seu respeito. Você não quer mexer com
Ryder.
— Essas vadias estiveram aqui o dia todo, cara. — Scar aponta para as
garotas que recuaram batendo na parede.
— Ela disse que me mostraria seus seios e me deixaria chupá-los se eu
ganhasse. — Aponta para Charlie. — E uma aposta é uma maldita aposta. — Ele
zomba delas e é quando eu entro.
— O que você apostou? — A minha voz parece chegar ao fundo do bar.
E, finalmente, Charlie não está rindo enquanto a imobilizo com meu olhar.
— Humm, bem. — As suas mãos se estendem para se firmar enquanto sua
amiga se aproxima.
— Então, Charlize vai... bem, ia jogar sinuca... — Sua voz se desvanece
quando me viro para ela.
— Você é o maldito cara gostoso de terno. — Os seus olhos se arregalam
como se ela tivesse descoberto a peça que faltava em um quebra-cabeça.
Ryder ainda está tentando manter a paz com um bando de feras raivosas se
preparando para atacar.
— Você apostou seu corpo? — Os meus olhos varrem Charlie do topo de sua
cabeça deslumbrante até os pés. É um absurdo a raiva e a sensação de traição que
fazem minha cabeça latejar. Algumas das minhas amigas mais próximas trocaram
seus corpos por todos os tipos de coisas. Eu nunca julgo. Todos nós temos nossos
problemas, mas Charlie sim, julgarei, porra.
— Oh, pare com isso — diz enquanto empurra a parede. — Vou facilmente
acabar com esse idiota. Ele tem mil dólares que está disposto a perder.
E isso é tudo o que preciso. Um comentário espertinho de Charlie.
— Que porra é essa? — Scar se vira como um cachorro de desenho animado
levantando a orelha. Ele ataca apenas para ser socado nas costelas por Ryder.
— Eu disse para relaxar, irmão. — Ryder passa por cima de um Scar
sibilante. O novato que estava com ele ergue as mãos e se esgueira para o canto.
— Pegue sua amiga e saia — Ryder grunhe para Barbie. Ela acena com a
cabeça, seus grandes olhos piscando para ele enquanto seu peito sobe e desce...
com medo ou talvez excitação.
— Espere. — Charlie coloca as mãos nos quadris.
E estou ferrado. A minha cabeça dói e estou funcionando com talvez duas
horas de sono. O drama de Charlie não estava nos meus planos noturnos. Cristo,
acabei de voltar para a cidade. Blade e eu ficamos fora por dois dias. O início da
produção de sua antiga droga levou mais tempo do que pensávamos. Graças a ela,
meu celular começou a tocar no momento em que saí do chuveiro.
Aparentemente, Kimmy ligou para Axel para avisá-lo de que havia uma
forte possibilidade de que pudéssemos ter uma situação ruim em nossas mãos, e o
que ela deveria fazer?
Axel, sendo o idiota que é, me mandou para cuidar disso. Então aqui estou
eu, e Charlie já causou merda suficiente. Ela não vai manter a boca fechada
enquanto joga o nariz para o ar, encarando as old ladies. A última coisa que quero
é uma briga de vadias, e já posso vê-las se preparando. Principalmente a Old Lady
de Dragon.
Ela queria que eu a fodesse outra noite, mas sua boca tinha gosto de cigarro
e alho quando tudo que eu queria era morangos com creme. Esse é o gosto de
Charlie. A sua boca e sua boceta são como comer a maldita sobremesa.
— Vamos. — Agarro seu braço enquanto começo a conduzi-la para fora.
Kimmy está na porta, segurando-a aberta, com um grande sorriso malicioso no
rosto. Eu não respondo e continuo puxando-a comigo.
— Espere, David, preciso da minha bolsa e minha... e Cindy? — Ela sacode
o braço. Não fica livre, o que deve confundi-la enquanto olha para minha mão.
— Cristo, Charlie. — Eu a sacudo. — O que estava pensando?
A sua cabeça vai para trás e estou preso nos mais lindos olhos dourados, a
área externa circundada por um anel verde escuro. Os seus longos cílios escuros
vibram enquanto ela tenta se livrar.
— Ei, gostoso de terno... motoqueiro? — Nós dois nos voltamos para a
Barbie, ou acho que a Cindy, que está com Ryder franzindo a testa. Ela estende a
mão, uma grande bolsa de couro marrom está pendurada nela. Charlie vai pegá-
la, mas tenho um aperto mortal em seu braço, então ela está praticamente
acorrentada ao meu lado.
— David. — Ela estremece de novo, em seguida, revira os olhos para mim.
— Por favor, solte-me.
Se eu não tivesse ficado preso em um buraco nos últimos dois dias criando
uma droga que nunca deveria estar de volta a rua, poderia estar com um humor
melhor. Do jeito que está agora, estou enojado por ter pensado que ela era uma
boa menina. Quase deixo cair o seu braço. Por que estou levando-a para casa? Ela
está com a Barbie, e deveriam voltar pelo mesmo caminho que vieram. Eu não
preciso de nada disso. Não permitirei. O meu objetivo nunca mudará, não importa
o quão duro meu pau fique perto dela.
— David, você não entende. Eu tinha isso resolvido. — Agora solto seu
braço e Kimmy bufa e fecha a porta voltando para o bar.
— Vamos, por favor... nunca faria isso. — Ela se vira para a amiga. —
Cindy, diga-lhe como faço isto. Que não perco.
Os olhos de Cindy ficam maiores, se isso é possível, disparando de mim para
Ryder e vice-versa. — Humm, tenho noventa por cento de certeza que ela
conseguiria. Ela estava bebendo...
— Você está louca? — Charlie se encaixa.
— Vocês duas estão loucas? — Grito sobre o embate.
— Tem alguma ideia com o que está lidando? Vocês duas poderiam ter sido
estupradas. — Deixo isso pairando no ar enquanto Cindy coloca a mão sobre a
boca, seus olhos se enchendo de lágrimas. — Nós só queríamos nos divertir um
pouco e eu precisava de dinheiro — engasga.
Olho para Charlie, pensando que ela responderá da mesma maneira que
Barbie. Em vez disso, me olha diretamente nos olhos. Os seus fodidos lábios
inchados se abrem em um pequeno sorriso e ela começa a rir.
— Jesus Cristo — rosno enquanto me viro para Ryder, que me encara com a
boca aberta.
— Puta merda. — Ele olha para mim enquanto esfrega seu cabelo cortado à
escovinha. — Ela é corajosa demais, porra.
— Não tenho medo de nenhum de vocês. A verdade, provarei isso. — Ela
coloca as mãos na cintura e ri novamente.
— Oh, meu Deus. — Cindy balança a cabeça. — Ela ficará horrorizada pela
manhã. Ouça, vou levá-la para casa. — Agarra o braço de Charlie.
— Não. — Eu cruzo meus braços.
— Não? — ambos dizem juntos. Exceto que Charlie tem que morder o lábio
superior para não rir.
— Vou levá-la. — Eu a alcanço e fico surpreso quando Barbie segura.
— Desculpe, mas você também poderia ser um estuprador. Então, como sua
melhor amiga, eu tenho que...
— Melhor amiga? — Charlie olha para ela, depois para mim, e novamente
minha paciência acaba. Em um puxão, seu corpo de baunilha com cheiro doce
colide com o meu enquanto a empurro porta afora.
— Charlize? Eu deveria chamar a polícia? — Barbie nos segue e grita atrás
de nós.
— Querida, se quiser viver mais um dia, entre no seu carro, vá para casa e
reze para nunca mais me ver. — A voz irritada de Ryder se espalha pelo
estacionamento.
Arrasto Charlie para minha nova moto. Eu tenho um irmão que a fez. Ele
perguntou de que cor, e olhos dourados brilharam na minha cabeça. Hesito por
um momento. Que porra estou fazendo? Esta mulher está bêbada, claramente um
drama, talvez uma vagabunda. Então, todas as coisas que pensei que ela fosse
provavelmente não são verdade, mas mesmo assim, ela é algo que me assombra.
Estou atraído por ela. Sempre fui. E isso a torna perigosa.
— Estou bem, Cindy. Não chame a polícia — ela grita por cima do ombro,
um sorriso feliz no rosto.
— Você deveria ir com sua amiga. — Esfrego minhas mãos para cima e para
baixo no meu rosto, tentando não sentir o seu cheiro doce de baunilha. Ela é
como um biscoito delicioso.
— Humm, tarde demais. — Aponta quando o carro de Cindy sai do
estacionamento.
Suspirando, olho para ela, de repente exausto. — Já andou de moto?
Ela balança a cabeça negativamente e me lembro de anos atrás, quando lhe
disse que a queria em minha moto.
Pego meu capacete preto e o coloco em sua cabeça. Jesus, ela é sexy. Visões
dela em nada além de botas de motociclista e um capacete me deixam
instantaneamente duro. Subo e me ajusto. Está ficando um pouco doloroso.
— Segure firme. — Eu a alcanço enquanto ela balança a cabeça e balança
sua longa perna.
Ela chega tão perto que seus seios estão pressionando minhas costas, seus
mamilos duros queimando meu colete. Olho para ela enquanto ligo a moto, seu
peito subindo e descendo. Não consigo ver seus olhos, mas seu corpo está
irradiando excitação.
Ela é viciada em adrenalina e nem sabe disso. Respiro e tento acalmar o meu
pau, mas ela se contorce. Acelero minha moto e lhe digo para parar de se mover.
Ela grita e segura firme enquanto partimos. Eu paro e viro para ela, no final da
garagem.
— Ouça, não pode se mover — grito. — Entendeu? Quando me inclino,
você se inclina. Caso contrário, espere. — Ela acena com a cabeça, o capacete
preto batendo no meu ombro.
Cristo, se ela não cair, será um milagre. Eu tomo uma decisão da qual me
arrependerei, mas ela faz algo para mim, sempre fez. Posso usar a desculpa de
que estou exausto e não quero descobrir onde ela mora.
A verdade é que... ela tem uma luz dentro dela que me atrai. Talvez uma
gentileza que até meia hora atrás achava que conhecia. Não sou capaz de nada
além de vingança. Sair com Charlie em minha moto não é justo para nós dois.
Não importa. Eu farei de qualquer maneira.
Repasso os últimos dias, tentando colocar meu pau sob controle. Ela está
bêbada e parece nervosa. Eu me abaixo para ter certeza de que suas mãos estão
apertadas em volta da minha cintura.
Porra, só essa garota faz isso por mim. As suas mãos estão um pouco frias.
Seguro-as por mais tempo do que o necessário, me certificando de que estão
firmes à minha volta. Um pico de energia pura pulsa através de mim. Por que
diabos Charlie é uma jogadora de sinuca? E pior, por que está sempre no fundo
da minha mente?
Mesmo quando eu estava deitado nas praias do México bebendo Mescal com
meu melhor amigo Reed e atirando em minhas veias, eu sempre senti que estava
perdendo algo bom e puro. Algo que não estava... acabado.
Eu mudo a marcha e forço minha mente a deixar de lado todos os
pensamentos da minha beleza de olhos dourados, apertando suas pernas em volta
das minhas coxas. Em vez disso, vou para a minha realidade sombria, que é
minha cruz para carregar, e me concentro em quão bem Blade e eu pegamos a
droga e cozinhamos.
Axel e Edge têm falado muito sobre isso. Os clubes já estão brigando por
isso. Os cavalos estão todos em jogo e os peões nunca saberão que serão
sacrificados.
O longo trecho de calçada à frente, junto com o vento quente da noite, é
incrível em meu rosto. Esqueci como é libertador andar de moto. É uma das
coisas que me neguei de propósito. Eu não me permiti subir em uma moto desde
que desisti do meu colete. Como uma antiga namorada que sempre volta, está lá
para mim enquanto aperto minhas pernas e alcanço as mãos de Charlie.
Estou levando-a para a cova do leão, o poço do inferno onde pode ver o que
eu sou. Ela acha que pode brincar com os garotos grandes? Veremos.
O cascalho estala quando faço a curva para a longa entrada de automóveis. O
seu corpo aperta como se agora tivesse percebido para onde a estou levando.
Quando chego ao clube, as luzes estão acesas. Além da música, é suave. Eu
coloco a minha moto no lugar e a desligo. Não me viro para ela. Não está
gritando agora, e não gritará. Ela me quer, nem que seja apenas por mais uma
noite do meu pau, mas não transarei com ela na condição em que está.
Ela pega o capacete e o remove quando saio. Os seus olhos observam nosso
entorno.
— Humm, eu deveria estar com medo? — Ela crava as unhas em meu
antebraço.
— Estou cansado, Charlie. — Pego sua mão para firmá-la. — Vamos.
Por um segundo, ela hesita, então aperta sua mão na minha, me permitindo
levá-la até as escadas da varanda à medida que se abre e revela Axel que está
fumando um cachimbo.
Típico de Axel, ele não diz nada, mas seus olhos se estreitam em Charlie.
— Agora não, cara. Isso é sua culpa. — Eu a guio passando por ele e pelo
clube.
Não paro para falar com ninguém e a puxo escada acima. O andar de baixo
está sempre ocupado com irmãos bebendo e jogando sinuca e merda, a menos que
Eve e James estejam aqui.
O andar de cima está silencioso e não há ninguém por perto. Não que me
importe se alguém a vir, mas não estou com vontade de conversar. Olho para
baixo para Charlie. Os seus longos cabelos negros caem em cascatas por suas
costas e seus olhos dourados parecem cansados enquanto ela morde os lábios
vermelhos. É tudo que acho desejável. Acho que é por isso que ela está na porta
do meu quarto, um pouco nervosa.
Encosto-me a porta, em vez de abri-la. — Por que está se colocando em
situações perigosas?
Ela franze a testa e bufa enquanto bate as costas contra a parede. — Tudo
que eu fiz foi jogar sinuca. Nunca saio. — Ela se vira e me olha direto nos olhos.
— Nunca. Eu trabalho quase todos os dias. — Encolhe os ombros. — Então, fiz
meu cabelo. Cindy queria sair. Acontece que ela precisava de dinheiro. Ela sabia
que eu jogava sinuca e que era boa. — Estende as mãos. — É isso. Eu bebi e
ganhei algum dinheiro.
Fico olhando para ela. Está dizendo a verdade, está tudo nos olhos. Abro a
porta do meu quarto, acendo a luz e, com cuidado, a guio para dentro. As suas
sobrancelhas franzem em confusão enquanto está na entrada, as mãos atrás das
costas.
— Aqui. — Pego uma garrafa de água. Eu pego duas das vinte e quatro
garrafas empacotadas empilhadas no canto que comprei na Costco.
— O banheiro está ali. — Aponto e bebo uma garrafa de água enquanto tiro
minha camisa.
— Espere, o quê? Estou vendo em dobro. Você está se despindo? — Ela
parece chocada e não posso deixar de sorrir enquanto jogo meu colete e camiseta
em uma caixa de papelão.
— Apague a luz quando terminar. — Desabotoo minhas calças e chuto
minhas botas enquanto ela fica de pé, de boca aberta, segurando sua garrafa de
água contra o peito.
— Eu... quer que eu durma com você... aqui? — A sua voz falha, e desta
vez, sorrio enquanto caminho até ela. Ela recua contra a parede com um pequeno
baque.
— Estou cansado. Vou levá-la para casa pela manhã.
Não é particularmente bom e seu desapontamento por eu estar indo para a
cama está estampado em seu rosto. Há muito tempo, eu teria adorado que ela me
olhasse assim. Como se eu fosse digno, talvez até especial. Agora isso me deixa
desconfortável. Não há nada além de autoaversão e dor neste corpo.
O fato de eu tê-la trazido aqui é uma prova de que ela é perigosa, mas apenas
para si mesma. Mesmo que eu a queira, vou embora.
— Vá — gemo quando meu pau endurece e seus olhos se voltam para ele.
Não está totalmente duro, mas está a caminho. Eu observo seu rosto enquanto ela
me encara, seus lábios inchados sugando o ar, e endureço ainda mais.
O seu rosto fica rosa em segundos e seu hálito, que sai em assobios curtos,
cheira a bebida alcoólica. Os seus olhos encontram os meus e está tudo lá para
mim. A sua luz, sai dela e, por um segundo, deixo-a me penetrar, mas ela não
precisa da minha merda. Eu não deveria tê-la trazido aqui. Não é justo para
nenhum de nós. Eu dou um passo para trás e me viro em direção à minha cama.
— David? — A sua voz é suave, quase suplicante.
— Não se esqueça de apagar a luz.
DEZ
Charlie
Os meus olhos se abrem. Estou calorosa e em paz. E por um momento,
quase entrei em pânico. Onde diabos estou?
Então tudo volta para mim, da mesma forma como se sente quando uma bola
de neve atinge você bem no rosto. Sim, é assim que me sinto.
Eu gemo de horror. Por que sempre bebo? Fragmentos da noite passada me
fazem gemer de novo. A sua grande mão bronzeada aperta minha bunda e inalo
pelo nariz, absorvendo seu cheiro. O quarto está escuro e uma pequena
quantidade de luz aparece sob a cortina. Por um segundo, me permito a fantasia
de que é assim que acordo todas as manhãs.
O meu corpo está quente, quase queimando, enquanto me movo para mais
perto dele. Estou vestida e ele me puxa para mais perto, jogando uma perna nua e
musculosa sobre mim.
— Jesus — sussurro, lutando contra a tentação de tocar sua pura perfeição.
Inspiro e expiro. Eu não posso me distrair com tudo o que é David. Preciso
manter o foco e lembrar que estou deitada na cama com um homem que está
desaparecido há quase nove anos.
E não vamos adoçar. Ele está com raiva, fechado e um tanto assustador.
Apesar de tudo isso, cerro os dentes enquanto meu corpo responde ao seu cheiro.
É limpo e ligeiramente esfumaçado, e não posso deixar de apertar, minha calcinha
ficando molhada.
Jesus, que horas são? Ele grunhe e sua boca, que repousa contra meu
pescoço, começa a lamber e chupar.
— Oh Deus — sussurro e congelo. Secretamente, é isso que quero, preciso,
até anseio, mas ele é saudável para mim? Já estou quase obcecada por tudo sobre
ele, até mesmo suas partes danificadas, especialmente essas partes.
Ele não disse nada ainda e rola em cima de mim, pegando minhas mãos e
entrelaçando-as com as dele enquanto ataca meu pescoço. A sua língua faz seu
caminho até meus lábios.
Santa mãe de Deus, esse seu pau está além da distração. Ele o esfrega contra
mim e todos os meus argumentos sobre o que é bom e o que é mau desaparecem.
— David — sussurro. Ele levanta a cabeça e seus olhos prendem os meus. A
tempestade que sempre o tortura nada, e quase gira neles como um tsunami
violento.
Ele se inclina para frente, seus lábios duros tomando os meus como se isso
pudesse fazer todos os seus terrores desaparecerem. E pela primeira vez na vida,
me pergunto se posso. Talvez minha força seja tudo de que ele precisa para
acalmar sua raiva e dar-lhe paz.
— Porra — ele rosna e solta minhas mãos para segurar minha cabeça firme
enquanto seus lábios tomam os meus. A sua língua é forte, pois suga e captura a
minha, e o deixo pegar tudo o que precisa.
A sua dor se infiltra em meu corpo. Eu quero isso, quase desejo. Eu me
abaixo para agarrar seu pau vazando, suas veias aveludadas fazendo meu coração
pular.
— Levante-se, Linda. — Parece que está sofrendo. Quando o deixo tirar
meu jeans e camiseta, ele sibila e me empurra de volta no travesseiro, a boca
imediatamente procurando meu mamilo duro.
— Sim — digo, quase me encolhendo por soar como um choramingo. A sua
boca suga com tanta força meu mamilo que meu corpo inteiro fica eletrificado.
Quase como se este homem tivesse a chave que abre minha verdadeira natureza e
só ele soubesse como inseri-la.
Arqueando em sua boca, mordo meu lábio inferior, então não gemo muito
alto. A minha boceta pulsa. A sua mão áspera se move pela minha barriga e não
tem que dizer uma palavra, minhas pernas se abrem automaticamente.
David olha para mim, um pequeno sorriso brincando em sua boca perfeita, e
sei que ele é meu futuro. Sorri em aprovação e me pergunto se ele está totalmente
acordado. Este David não é nada como o David que me fodeu no carro. Abaixa a
cabeça de volta para o meu mamilo enquanto o chupa e morde.
Os meus olhos se arregalam de surpresa. Ele é tão gentil por um momento
até que não é mais. Os seus dedos começam a esfregar meu clitóris. O seu corpo
duro quase me faz sentir um tesouro.
— Olhe para essa boceta gotejando por mim.
— David? — Alcanço sua boca.
— Eu quero ver seu rosto quando gozar. — Os seus olhos acariciam meu
rosto enquanto seus dedos brincam com meu clitóris.
A suave luz da manhã me permite ver todo o seu rosto. Por um segundo,
paro de respirar, sua perfeição física é tão surpreendente que faria qualquer um
desmaiar, mas são seus olhos. Eles nadam com uma emoção feroz, e gemo como
uma gata no cio.
— Sim, é isso, Linda. Eu sinto essa boceta gananciosa querendo gozar. —
Estou horrorizada que seu elogio me excita. Com dois dedos, fode meu núcleo
liso. Dentro e fora junto com um fantasma de uma massagem no meu clitóris.
— Oh, meu Deus. — Esfrego as minhas unhas nas laterais dos lençóis.
— Diga-me que ama meus dedos fodendo sua boceta.
A minha mente está girando. Talvez seja o álcool restante no meu sistema,
mas obedeço.
— Diga-me que está pronta para gozar.
— Por favor, estou muito pronta — choramingo e abro ainda mais minhas
pernas.
Ele bombeia seus dedos para dentro e para fora e esfrega meu clitóris com
força, se inclinando sobre mim para que eu tenha apenas ele em meu mundo.
Então gozo, orbitando no espaço.
— Estou gozando. — Grito. Eu nem me importo se acordar as pessoas.
Pulso em seus longos dedos, que continuam bombeando lentamente dentro de
mim.
— David. — Agarro seu pulso forte. Jesus, nem pareço eu mesma. Ele se
inclina e me beija. É lento, profundo e meus olhos se enchem de lágrimas.
— Porra, você é muito linda. — E então levanta a parte de trás das minhas
pernas. Muito parecido com seus beijos, seu pau duro entra em mim lentamente.
Está roubando meu coração, fazendo florescer aquela velha esperança de que um
conto de fadas possa acontecer. Quando está totalmente dentro de mim, arqueio
meu pescoço para trás. Ele não se move, mas me observa. Estamos tão
sintonizados que quase parece que somos um.
Os seus lábios tocam os meus enquanto ele se move, seu pau gigante
entrando e saindo em estocadas duras, mas quase amorosas.
— Você é minha luz. — Empurra com mais força. O metal frio de seu colar
parece uma marca ao pousar no meu seio esquerdo. A sua respiração está
entrecortada como se também sentisse o conto de fadas. O meu corpo está
escalando esse penhasco que não sabia que existia e fecho os olhos para saboreá-
lo.
— Porra... não é isto que deveria estar acontecendo — sibila em meu ouvido
enquanto agarro suas costas, minhas unhas arranhando e cravando em sua carne.
Ele geme como se amasse a dor, quase como se prolongasse o prazer.
— Jesus Cristo, sim... é isso. — Ele agarra a cabeceira da cama acima da
minha cabeça enquanto me fode com tanta força, que a cama balança, ou talvez
seja só eu quando explodo em um milhão de pedaços maravilhosos.
— Eu amo isso. Amo vê-la gozando no meu pau. Arranque-o de mim.
Ele abaixa a cabeça enquanto sua boca rouba meu fôlego. A verdade, ele
rouba minha alma. Enquanto empurra para dentro de mim, seus quadris magros
param de empurrar e sua semente quente jorra dentro de mim, me enchendo,
então nunca poderei estar vazia enquanto eu o tiver.
As nossas testas estão se tocando enquanto ambos recuperamos o fôlego e
percebo que ele pode estar sangrando pelas minhas unhas. A minha força se foi, e
deixo cair minhas mãos com um pequeno baque.
— Acho que você pode estar sangrando.
Ele beija meus lábios. — Espero que sim — diz e se retira quase
amorosamente. Levantando-se da cama, caminha até o banheiro e fecha a porta.
Suspirando, me estico e tento fazer meu corpo de borracha se mover, quando
tudo que quero fazer é fechar os olhos e voltar a dormir. Talvez David me acorde
da mesma forma se eu fizer isso.
Eu sorrio com esse pensamento enquanto me aconchego em seu travesseiro,
me virando para o meu lado por um momento. O seu travesseiro tem seu cheiro e
inalo. Especiarias limpas e fresca com um toque de fumaça: minha nova coisa
favorita.
Acho que posso ter cochilado porque sinto seus lábios quentes beijarem
minha testa enquanto me puxa para seus braços.
— Descanse, Linda. É cedo. — Suspirando, uso seu peito como meu
travesseiro. O seu batimento cardíaco é forte, e a última coisa de que me lembro é
o quão segura ele me faz sentir, algo que nunca pensei que precisaria, mas não
consigo me imaginar sem.
ONZE
David/Poet
Estou sonhando. É o mesmo que sempre sonhe. Preciso acordar, quero
acordar, mas a contagem começa e tenho que chegar até eles antes que chegue a
cem.
Se a voz de cima chegar a cem, todos explodiremos. Tabatha está rastejando,
depois correndo e estou tentando alcançá-la. Preciso que ela pare de correr porque
a voz não para de contar.
As ruas são de tijolos, um tijolo vermelho, e a ouço chorar. Odeio essa
contagem e já está nos noventa. Eu me viro em direção ao prédio que desprezo. A
voz chega aos noventa e nove... eu explodo.
Pulo para cima. A minha respiração está difícil enquanto corro as minhas
mãos pelo meu cabelo, que está ligeiramente úmido nas têmporas. Jesus, odeio
esse maldito pesadelo. Limpo o suor da minha testa. A descarga do banheiro soa e
meus olhos correm ao redor do quarto bege enquanto tento recuperar o fôlego e
acalmar meu ritmo cardíaco.
As cortinas foram ligeiramente abertas. A luz do sol me cega e ricocheteia
nas caixas de papelão. Parece que continuo jogando mais delas no canto, em vez
de desempacotá-las.
Caindo para trás, pego minha corrente. O meu amuleto precisa me trazer de
volta. Eu também preciso de um maldito cigarro.
A minha mente, à medida pego meu cigarro, repete esta manhã. O meu pau
está duro, querendo mais dela. Mais de sua luz. Estou tão enojado comigo
mesmo. Essa merda tem que parar. É por isso que tive o sonho da contagem, um
lembrete do que é importante.
Acendendo, inalo profundamente. Estou fora de controle e ela não está
ajudando. Tudo o que quero é trancar as portas e afundar meu pau nesta mulher
por dias, talvez anos.
Faz parte de quem sou. Substituir um vício por outro. Agora, eu poderia
facilmente cair na toca do coelho da boceta.
— Porra. — Esfrego meu cabelo, tentando acordar. Esse sonho recorrente
em particular sempre me assombra por dias.
Nenhuma vez acordei antes que essa maldita voz chegasse a cem. Voltando-
me para a minha mesa de cabeceira, pego meu telefone e verifico as mensagens.
Algumas são de alguns caras que estão trabalhando para mim como espiões.
Estou lhes pagando uma fortuna, mas aceito metade das merdas que dizem com
um grão de sal.
Um tem algumas informações sobre seu pai e aquele dia. O garoto precisa de
dinheiro para sua mãe, seu irmão e irmã mais novos. O pai miserável não estava
nem tão alto nas Satan’s Seeds, mas estava por perto quando toda a merda
aconteceu. A maioria das coisas que a criança tem me alimentado são triviais,
mas alguns nomes que mencionou podem ser úteis.
Charlie sai do banheiro, interrompendo minha linha de pensamento. Está
quase brilhando. Os meus olhos se estreitam enquanto inalo profundamente.
— Você está bem? — Ela me olha preocupada.
Eu me levanto e acaricio meu pau. Aparentemente, dói apenas por ela. Os
seus olhos se concentram na área entre as minhas pernas, e paro antes de fazer
algo de que me arrependerei.
— Estou bem. — Pegando minha calça jeans do chão, vejo seus olhos
acariciarem meu corpo enquanto ela lambe os lábios.
— Está com fome? — Sai áspero, mas porra, sou um homem, e se ela
continuar lambendo os lábios...
— Humm, sim, mas devo ir para casa. Eu tenho que trabalhar mais tarde. —
Os seus olhos ficam fixos no meu pau e abdômen enquanto torce o cabelo no topo
da cabeça com um elástico.
— Eu gostaria de levá-la para o café da manhã.
Isso chama sua atenção. Os seus olhos encontram os meus. Ela franze a testa
e inclina a cabeça, o sol beijando o lado de seu rosto do jeito certo.
— Você é deslumbrante. — Eu a alcanço. Preciso calar a boca. Afina,
preciso soltá-la no café da manhã.
Ela deve ser minha punição final. Eu poderia muito bem me torturar com
ela, me saturar. Um pequeno sorriso aparece em seus lábios e sinto o cheiro de
hortelã. Ela deve ter escovado os dentes.
— Porra... seremos a ruína um do outro.
Eu me inclino para capturar seus lábios em um beijo que deveria satisfazer,
não me fazer desejar mais. Estou prestes a me afastar quando sua mão alcança
meu pau e sei que estou totalmente ferrado. Tento me afastar, mas ela move seu
corpo delicioso para mais perto, e todas as minhas boas intenções de não fodê-la
estão desaparecendo.
— Quero chupar seu pau. — Ela quase rasteja até meu ouvido enquanto sua
respiração animada me faz gemer. Envolvendo minhas mãos em seus cabelos,
retiro o elástico.
— Não se pode dizer esse tipo de coisa... se quiser café da manhã.
Ela desliza seus seios por todo o caminho pelo meu peito e cai de joelhos
enquanto esfrega minhas calças. E estou farto de tentar reprimir a pequena luta
que me restava.
— Leve-me para fora — digo, minha voz rouca.
Ela sorri e abre o botão da minha calça enquanto puxa meu jeans para baixo,
meu pau já vazando.
— Oh, Deus. — Inala, e não posso deixar de sorrir. Todo homem gosta de
uma mulher ajoelhada, admirando seu pau. — Estou obcecada pelo seu pau,
David. O “David” é truncado à medida que vai diretamente chupar a ponta. A sua
língua gira em torno da minha borda. A sua mão envolve minha espessura
enquanto ela faz o seu melhor para colocar a metade em sua boca sem engasgar.
— Jesus — assobio, acariciando seu cabelo sedoso enquanto ela balança
para cima e para baixo. — Sim... assim, minha Linda. Chupe meu gozo. — Ela se
afasta, me dá um sorriso e abre bem a boca enquanto atinge o fundo da garganta
com a minha ponta.
— Porra, não vou durar muito se continuar fazendo isso. — Eu respiro pelo
nariz. Os meus dedos do pé enrolam enquanto os músculos do meu abdômen se
contraem. Ela continua chupando forte enquanto sua outra mão me empurra.
— É isso... está pronta?
Ela olha para mim, os seus olhos dourados lacrimejando enquanto me chupa
com força. As minhas bolas apertam e uma onda de necessidade assume. É como
se eu fosse um homem moribundo e meu último desejo desesperado fosse descer
por sua garganta. Estou perseguindo o prazer tão rápido que minha mão envolve
seu cabelo com força e a guio para frente e para trás, respirando profundamente.
— Sim, porra, querida... — O meu corpo começa a pulsar. — Não se
esqueça de engolir — assobio. O meu pau continua jorrando em sua boca quente.
Os meus olhos se estreitam enquanto a observo tentar engolir rápido o suficiente.
— Jesus Cristo — resmungo, minha mente em paz e em repouso. Todos os
meus demônios sumiram enquanto relaxo pela primeira vez em anos. Durará
alguns segundos no máximo, talvez um minuto, mas aguentarei.
Descendo, eu a levanto a minha boca enquanto ataco a dela. Tem gosto de
porra e doce e não dou a mínima. Eu preciso dela. Ela é perigosa, mas eu também
sou.
— Vamos tomar um café da manhã — gemo em sua boca. — Vou me
limpar.
Eu passo por seu rosto um tanto chocado para entrar no banheiro. Preciso de
um banho. Estou coberto com nosso cheiro de baunilha, especiarias e sexo. Vou
enlouquecer se carregar isso comigo o dia todo.
Ligando o chuveiro, enxáguo em água fria. Eu faço isto quando preciso
colocar minha cabeça no lugar.
Vou terminar isso. Não pode acontecer, nunca deveria ter começado. Talvez
em outra vida se acredita nesse tipo de coisa. Pegando minha escova de dente,
noto que está molhada e, por algum motivo, isso me faz sentir bem. Essas
pequenas coisas que me dão o menor sinal de paz, me dão vontade de trancar a
porta.
Rio com o pensamento, enquanto escovo os dentes: apenas Charlie e eu
trancados aqui por dias... transando. Eu transaria com ela por todo o quarto e em
cada buraco. Porra. Ajusto-me. O pensamento de sua doce boceta e bunda me
deixa duro novamente; anal é uma confiança enorme e não preciso perguntar para
saber que aquele seu buraco é virgem. Veja, esta não é uma boa linha de
pensamento, considerando que vou cortá-la depois das panquecas.
Cuspindo a pasta de dente, passo os dedos pelo cabelo e coloco minha calça
jeans. Charlie está sentada na minha cama digitando em seu telefone. Ela olha
para cima e me dá um sorriso tímido, o que me faz sentir uma merda.
Visto uma camiseta azul marinho, meu colete e botas de motociclista.
Estendo minha mão e ela a pega imediatamente. Entrelaçando os nossos dedos,
descemos silenciosamente as escadas.
— David? — Ela se afasta. — Tem um cara dormindo ali. — Aponta para a
porta de Blade.
Olho em direção ao seu quarto e com certeza, Dewey está caído, braços
cruzados, roncando. — Ele está bem — sussurro enquanto a arrasto para frente.
— Ele gosta de dormir perto de Eve.
Passamos pela sala de jogos. Está lotado de motoqueiros, seus xingamentos
altos indicando que a maioria ainda não foi para a cama.
Quando abro a porta da frente, aperto os olhos. O sol da manhã de verão já
está esquentando o quintal, e o cromado de nossas motos me faz ver manchas.
— Quem é sua amiga?
Charlie grita. Nós dois nos viramos para ver Blade. Está do lado de fora
fumando na varanda lateral, roubando um cigarro já que Eve desaprova.
— Oh, meu Deus, você me assustou. — Respira fundo enquanto cava as
unhas na minha mão.
Blade se empurra para fora da casa e se aproxima, seus olhos verdes
olhando-a de cima a baixo. Maldito idiota, está tentando intimidá-la.
— Eu não teria medo de mim, menina bonita. — Bufa, em seguida, olha
para mim e aponta com o dedo médio. — O homem cujo pau envolveu sua boca,
deveria ser esse de quem tem medo.
— Desculpe? — Os seus olhos estão enormes quando olha para mim.
— Charlie, este é Blade, meu primo e nosso presidente.
— Você é a dona da lanchonete, certo? — Dispara, ignorando a minha
introdução enquanto começa a questioná-la. Novamente, seus olhos examinam
seu corpo, então respiro. Está me testando, se me envolver demais, saberá que
essa garota é especial, e por algum motivo, não quero que ele saiba de nada agora.
Os seus olhos se estreitam enquanto olha para nós dois, em seguida, balança a
cabeça à medida que um pequeno espasmo aparece em seus lábios.
— Eu sou — ela corta e inclina a cabeça. A sua longa cachoeira de cachos
negros faz cócegas em meu braço.
— Interessante. — Ele inala e joga o cigarro na terra.
— Vamos. — Balanço minha cabeça para ele e a puxo para minha moto. Ela
rapidamente salta.
— Aqui. — Entrego a ela meu capacete.
— Preciso de óculos escuros. Volto já.
— Espere. — Ela torce a enorme bolsa que está pendurada no ombro e puxa
um par de aviador.
— O que exatamente tem aí dentro? Essa coisa pesa mais do que você.
Ela começa a rir e balança a cabeça. De alguma forma, fico ali, sorrindo para
ela. É adoravelmente sexy. Tudo nela é perfeito. A porta de tela bate, e ela pula e
olha para onde Blade estava antes. O jogo começou e ele tem muito a perder. Eu
não o culpo por estar curioso sobre Charlie. Afinal, não confiamos em ninguém,
nem mesmo em nós mesmos.
— Ele é sempre assim tão idiota? — Empurra a bolsa em direção às costas e
puxa seu cabelo incrível em um coque baixo.
— Não me lembro de ele agindo assim. — Ela acena para onde Blade estava
parado enquanto coloca o capacete.
Ignorando seu comentário, pergunto — Onde quer ir para o café da manhã?
— Afasto suas mãos enquanto coloco o capacete.
— Qualquer lugar que não seja o meu lugar. — Ela sorri e me pergunto
como é possível que alguém seja tão feliz. Não é como se eu fosse tão legal ou
mesmo agradável de estar por perto. Inferno, eu não gostaria de mim se as
situações fossem invertidas. Coloco a viseira para baixo.
— Segure firme e se mova comigo — digo por cima do ombro enquanto me
ajusto, já que meu pau parece ficar um pouco duro perto dela.
O sol já está quente pra cacete e meu colete de couro não está ajudando.
Charlie se aproxima e parece certo. Uma vida atrás, tudo o que queria era tê-la em
minha moto. Eu era um garoto que gostava de uma garota e achava que poderia
ter tudo. Estava errado.
Viro à direita e entro no Norm's. É antigo e retrô, mas tem uma ótima
comida para ressaca, e algo me diz que Charlie poderia precisar.
Estaciono ao lado de um Jeep vermelho de baixa qualidade e a ajudo a
descer da moto. Ela se saiu muito melhor dessa vez. Admito que estamos na moto
por não mais do que cinco minutos, mas se segurou e se mexeu comigo.
Pegando meu capacete, ajudo-a a tirá-lo. Vejo enquanto ela passa os dedos
por suas tranças escuras. Brilha à luz do sol e meu coração aperta ao olhar para
ela. Descendo, entrelaço nossos dedos enquanto caminhamos.
Não vou ignorar o que aconteceu esta manhã. Eu seguro a porta aberta para
ela e ela entra feliz, e não posso deixar de admirá-la. Ela é alta e magra e muito
linda que quase dói olhar para ela. Preciso lhe dizer que não posso fazer isso.
Sinto-me atraído por ela, mas nunca serei o que ela precisa.
DOZE
David/Poet
— Olá, bem-vindo ao Norm's. — Uma mulher mais velha com roupa de
garçonete de Norm e cabelo cinza-azulado nos entrega alguns cardápios no
balcão da frente. — Vão em frente e sentem-se em qualquer lugar. — Ela
gesticula enquanto se vira para servir café a um cliente.
— Obrigada. — Charlie pega-os e desliza para uma mesa perto da janela que
dá para a rua. Ela morde o lábio, quando franze a testa, obtém a linha mais fofa
entre as sobrancelhas.
— O que há de errado, Linda? — Pego um dos cardápios dela. Ela se inclina
para frente e quase alcanço seu pescoço para beijá-la. O que diabos há de errado
comigo?
— Então, eu amo administrar a lanchonete dos meus pais. Estou orgulhosa
disso. — As suas unhas compridas batem na mesa. — O meu maior medo
contudo é... que seja eu. — Ela sussurra a última parte enquanto olha por cima do
ombro para a mulher mais velha.
— Tenho um bom pressentimento de que isso não acontecerá. — Eu não
posso deixar de sorrir e alcançar sua mão enquanto ela continua a bater na mesa.
— Não, já estou dando sinais de ser como uma solteirona. Como se minha
mãe fosse muito mais descolada do que eu. — Os seus olhos estão enormes
enquanto balança a cabeça como se eu devesse absolutamente perceber isto. E
aquele aperto no meu peito me faz esfregar meu colar, quase como se precisasse
dele para me proteger dela.
Afasto minha mão e desejo poder fumar aqui. Eu preciso de um.
Olhando para o cardápio, digo — Como sabe que aquela mulher não está
fazendo exatamente o que quer? Que ela gosta de sair e estar com as pessoas?
Quero dizer, olhe para ela. — Nós dois espiamos a mulher rindo de algo que
alguém no balcão lhe disse.
— Hum... isso é absurdo — sussurra, mas sua boca se contorce e sua
carranca desaparece.
Inclina-se para trás. — Ninguém deveria ter que servir à mesa quando for
mais velho. É tão difícil para o seu corpo e estressante. Ela provavelmente está
sozinha com seus gatos. — Pega seu cardápio.
— O que posso servir para vocês, dois amores? — A mulher mais velha
sorri. Ela deve ser uma bebedora de vinho. Os seus dentes têm uma leve
coloração roxa.
— Oi, bom dia. — Charlie sorri para ela alegremente.
— Bom dia. — Ela ri enquanto puxa seu bloco. — Vocês dois estão prontos?
— Sim. — Charlie olha para mim. — Está pronto, certo? — Ela me olha,
como se a pobre mulher fosse desmaiar se não pedirmos agora.
— Sim. — Eu não posso deixar de sorrir. — Vá em frente, Linda.
— É uma garota de sorte. Você cuida deste. Ele é muito bom com você e não
é ruim de se olhar. — A garçonete pisca os olhos para mim. A sua mão
envelhecida bate no ombro de Charlie.
— Sim. Ele é muito bonito. — Ela olha para mim e sorri para a garçonete.
— Vou querer uma omelete de espinafre e queijo cheddar com batatas cozida no
lugar de batatas fritas e torradas com massa azeda, por favor.
Limpando a garganta, a garçonete olha para mim.
— Vou querer o Bigger Better Breakfast, ovos em média, e biscoitos com
molho. E dois cafés. — Fecho o cardápio e pego o de Charlie, o entregando à
garçonete.
— Obrigado…?
— Betty, oh Senhor. — Ela pisca para mim. — Se eu fosse trinta e cinco
anos mais jovem, pegaria você. Claro que eu teria pego você, visto que ainda não
consigo decidir se gosto de homens ou mulheres. — Ela ri de Charlie, que não
consegue esconder seu choque ou o fato de que suas bochechas estão rosadas.
— Eu estarei de volta com seus cafés. — Ela ri todo o caminho até a
cozinha.
Charlie se senta com seus grandes lábios vermelhos e inchados franzidos, me
lembrando que não mais de uma hora atrás, estavam enrolados em meu pau. Eu
me inclino para trás e sorrio para ela.
— Viu, a velha Betty parece bem.
— Não tenho palavras. — Balança a cabeça, um sorriso aparecendo.
Colocando o guardanapo no colo, ela agradece ao ajudante de garçom pela água.
— Preciso de um cigarro. — Eu aceno para Betty, que gingou com o café.
— Eu também — resmunga enquanto serve e coloca a garrafa de plástico na
mesa.
— Obrigada — Charlie grita atrás dela e acena com a mão.
Virando-nos, olhamos um para o outro e tomo um gole da lama quente e
amarga que chamam de café. — Quero saber o que estava fazendo na noite
passada.
Ela pega sua xícara e endireita os ombros. — Já lhe disse. Jogando sinuca.
— Sabia que aquele bar é um bar dos Disciples? — Ela balança a cabeça. —
Se Kimmie não tivesse ligado, você e a Barbie provavelmente seriam estupradas.
— Digo isso para assustá-la, porque ela não parece ter nenhum remorso.
Ela pousa a xícara de café com um tinido. — Tudo bem, David, não sou
indefesa. Acredite em mim, de jeito nenhum deixaria isso acontecer. — Levanta
uma sobrancelha para mim, o que me irrita.
— Por que estava jogando? Você precisa de dinheiro?
O seu rosto fica mais rosa e ela olha para a bolsa. — Preciso usar o banheiro.
Eu agarro seu pulso, fazendo-a engasgar e tentar se afastar. — Vamos
conversar sobre isso, goste ou não.
— Não, não preciso de dinheiro. Eu preciso usar o banheiro. Tudo bem,
chefe? Ela sai correndo da cabine e pega sua bolsa em direção ao banheiro.
— Perfeito. — Jogo meu guardanapo na mesa e pego meu telefone. Claro,
há uma tonelada de mensagens, a maioria de Axel e Blade me falando merdas
sobre Charlie.
— Aqui está, bonitão. — Betty coloca na mesa um prato cheio de presunto,
bacon, salsicha e dois ovos e outro com omelete de espinafre e queijo de Charlie,
batatas cozidas e torradas. Os biscoitos e o molho estão em um prato separado.
— Obrigado. — Coloco meu telefone de volta no bolso enquanto Charlie
desliza de volta para a cabine. O seu rosto parece fresco e seu cabelo está preso.
Ela me lança um olhar atrevido enquanto balanço minha cabeça. Isto é ridículo.
— Ouça, desculpe, eu fui...
Ela pega o guardanapo. — Grosseiro?
— Não estou sendo grosseiro, estou dizendo a verdade. — Começo a comer,
abrindo minha gema de ovo para mergulhar minha salsicha nela. Raramente como
esse tipo de comida. Desde que fiquei sóbrio, tento comer alimentos orgânicos. Já
destruí meu corpo o suficiente, mas de vez em quando, uma boa colher gordurosa
não pode ser vencida.
— Tudo bem, mas aqui está a verdade, David. Você sumiu, e de alguma
forma, consegui viver. — Ela toma um gole d'água. — Acho que não estou me
comunicando corretamente. Faço o que quero e porque quero. Não porque você
ou qualquer outra pessoa ache que é certo. Achei que me conheceria um pouco
melhor. — Mordisca a sua torrada de fermento.
— Você quer geleia?
Ela deixa cair a torrada. — E sim, meio que me insulta pensar que você
acredita que eu sou algum tipo de... — acena com a mão — bêbada ou algo
assim.
Tomando um gole do meu café, digo: — Não tenho ideia, Charlie, tudo que
sei é o que observei, porra. — Ela me encara.
— Cristo. — Desvio o olhar. O sorriso que estou lutando é completamente
injustificado.
— Eu tenho dinheiro se precisar. Pelo que vi, ambas estavam ficando em
uma situação ruim porque estavam desesperadas.
Ela bufa e cruza os braços, balançando a cabeça. Não estou mais achando
isso divertido, agora estou ficando irritada de novo.
— Estou falando sério. Se eu não tivesse aparecido, algumas coisas ruins
poderiam ter acontecido. A menos que esteja no clube, não pode entender que os
homens não dão a mínima para as mulheres, a menos que sejam suas mulheres, e
mesmo assim, não podem. O clube e os irmãos sempre vêm em primeiro lugar.
As mulheres estão em segundo ou terceiro lugar. Porra, com meu velho, minha
mãe e eu vínhamos em último lugar. O dia em que ele morreu, em uma briga de
bar, não derramei uma lágrima.
Ela pisca para mim e inalo. Essa é a coisa mais honesta que eu disse em
anos.
Inclinando a cabeça, ela descruza os braços e se inclina para frente quase
tocando meu dedo. — Obrigada, mas eu tinha tudo sob controle.
Nós nos encaramos enquanto me afasto primeiro. Ela não cederá, de alguma
forma, não me deixando conseguir o que quero, e odeio isso.
— Eu não preciso de dinheiro. Cindy, sim. Tudo o que eu queria fazer era
sair, tomar uma bebida e jogar sinuca. — Os seus olhos lacrimejam fazendo com
que pareçam grandes pepitas de ouro. — Eu queria esquecer que você me fodeu
em um carro e nem queria passar por aqui para me ver de novo.
— Certo. — Não posso deixar que ela comece a chorar, quando ainda nem
cheguei à parte em que lhe digo que não estou disponível.
— Cristo. — Esfrego minhas mãos para cima e para baixo em meu rosto.
Ela pega o garfo e começa a comer. Estou quase terminando, então bebo
mais café.
— Precisamos conversar sobre esta manhã.
A sua cabeça aparece. — Oh Deus. — Ela pousa o garfo. Os seus olhos
ainda parecem um pouco lacrimejantes, mas suas lágrimas evaporam
instantaneamente.
— Eu não vou mentir para você. — Procuro seu rosto, tentando julgar se
essa é a tática certa.
— Ok. — Ela pega o café e franze a testa ao saboreá-lo. — O seu também
está frio?
— Sim, mas está bom. — Empurro meu prato para descansar meus
cotovelos na mesa. — Eu tenho essa conexão com você, sempre tive.
Derrama café na mesa. — Merda. — Ela se levanta e pega os guardanapos
ao lado da mesa.
— Charlie... — gentilmente pego a garrafa de café. — Sente-se, baby.
Ela cai em sua cadeira, absorvendo o café com o guardanapo enquanto
sussurra — Obrigada.
— De nada. — Eu sorrio para ela. Ela é completamente adorável, o que é
absurdo considerando sua aparência, mas existe uma inocência, uma verdadeira
bondade, da qual sempre quis estar perto. Franzo a testa para onde meus
pensamentos estão viajando.
— Charlie?
— Sim?
O tempo para. Eu quero essa mulher. Ela me faz sentir bem, então dizer o
que estou prestes a fazer é foder com a minha mente. Todo esse desejo é uma
impossibilidade e preciso acabar com isso. Os seus olhos, no entanto, contêm
tanta emoção e paro e alcanço sua mão.
— O que você quer? E vou deixá-la saber do que sou capaz.
Ela se recosta e olha para mim enquanto nos conectamos. — Você. Quero
você. Eu sempre quis você.
Porra, ela disse. Eu levo seus lindos dedos aos meus lábios enquanto lhe
digo a verdade. — Não posso estar com você ou qualquer outra pessoa nunca.
Estou ferrado.
Ela tenta se afastar, mas eu seguro sua mão com força. Os seus lábios se
abrem enquanto respira fundo.
— Escute-me. Não posso fazer isso. A minha realidade não é a sua. Estou
aqui para uma coisa, e é isso que me motiva.
Ela balança a cabeça. — Eu não acredito nisso.
— Linda, até o final deste ano, há uma boa chance de eu estar morto ou
preso. Não importa a direção que aconteça, isso me torna indisponível.
Desta vez, ela afasta a mão e olha pela janela, os olhos brilhando de
lágrimas.
— É porque se sente responsável, certo?
— É mais do que isso. — A minha voz parece seca, quase entediada. Isto
está indo em uma direção errada. — Eu não posso lhe dar nada além de sexo. Isso
não é justo com você.
Pego minha carteira e tiro algum dinheiro.
— Eu preciso checar meu telefone. Está explodindo.
Os seus olhos se voltam para os meus, em seguida, para o telefone, e ela olha
pela janela novamente.
Primeiro texto: Blade: Seu namorado está aqui.
Segundo: Axel está zoando com ele.
Terceiro: Tem uma mala com ele.
Quarto: Eu pararia de foder a coelha e voltaria.
— Porra. — Olho para ela enquanto ela franze a testa.
— Charlie, preciso ir. É por isso que você e eu não podemos ir a lugar
nenhum. Eu pertenço ao clube. Foi aí que comecei e é aí que vou terminar. —
Levantando, pego minhas chaves. — Vamos.
Ela olha para cima, seu dedo traçando a borda da xícara de café. — Você vai.
Terminarei o meu café da manhã e pegarei um Uber para meu apartamento.
— Eu quero levá-la para casa.
— E eu quero terminar meu café da manhã. — Os seus olhos grandes
parecem quase zangados. — Vá, David. Tenho minha própria merda para cuidar.
Tenho um negócio para administrar. Você não é o único que vive e respira neste
planeta. — Ela enfia a mão na bolsa para pegar o telefone, me dispensando.
Hesitando, quero dizer mais. Deixamos tantas coisas não ditas, mas preciso
voltar. Reed está na sede do clube. Isso por si só pode ser duas coisas. Pelo último
texto, parece que está indo mal. Reed tem um dos piores temperamentos que já vi.
Então, Blade e Axel o chamando de meu namorado para zoar com ele... além
disso, se Reed está lá, ele tem informações.
O meu telefone vibra novamente. Parece um alarme, embora haja muitos
ruídos na lanchonete.
Blade: Quer que eu cuide disso?
— Eu não tenho tempo para discutir. Deixe-me levá-la. — Digo tudo isso
enquanto envio uma mensagem de volta para Blade.
Eu: Estou a caminho. Não mexa com Saddington. Lembre-se, precisamos
dele.
Não que isso vá adiantar. Se Blade estiver se sentindo um idiota, todos os
Disciples o seguirão. Tanto faz. Reed pode se virar sozinho.
— Não, ambos temos coisas para fazer, então vá em frente — Pegando um
guardanapo novo, ela o coloca no colo e continua comendo enquanto olha para
frente.
Isso me irrita, de alguma forma, quando deveria me deixar aliviado, mas não
tenho tempo para fazer exigências, então estendo a mão sobre ela e pego meu
capacete, nossos rostos a centímetros de distância.
— Vejo você por aí, Charlie. — O seu cheiro invade minhas narinas
enquanto me inclino em seu pescoço para dar um último suspiro.
— Fique bem.
— Você também — ela corta novamente, me fazendo parar a centímetros
daqueles lábios de merda que eu adoraria morder e chupar.
Ela inclina a cabeça, me dando um sorriso desafiador.
E porque não posso, é fisicamente impossível para mim não abaixar minha
cabeça para um beijo profundo e forte. Ela geme em minha boca enquanto minha
língua saboreia a dela. Afastando-me, estou pelo menos satisfeito em vê-la
parecer atordoada ao invés de presunçosa.
Antes que ela possa responder, estou fora da porta e em minha moto, indo
em direção ao clube. Perguntando-me por que já me sinto perdido.
TREZE
David/Poet
Irrompo na sala de conferências agradecido por ter minha faca comigo. O
que vejo não é o que espero.
Reed está sentado ao lado de Blade. Uma garrafa de Jack Daniels está
aberta, meio bebida.
Axel está comendo amendoim, rindo ao lado deles enquanto Ryder está ao
telefone. Todos olham para mim.
— Que porra é essa? — Examino seus rostos.
Reed levanta uma sobrancelha escura para mim, e se eu não estivesse tão
aliviado por ninguém ter colocado uma bala em sua cabeça, provavelmente seria
mais sociável.
Ele franze a testa enquanto seus olhos verdes perfuram os meus. — Você
está bem, cara? — Ele se levanta. Está vestido com jeans escuros desbotados e
uma camiseta de grife idiota.
Eu deveria saber que Reed Saddington estaria bem. Não importa o que
aconteça, ele sempre cai em pé.
— Não, não estou bem. — Passo minhas mãos pelo meu cabelo. —
Coloquei minha vida em risco ao dirigir como um maníaco para que ninguém o
ferrasse.
A sala inteira explode em risadas. Olho carrancudo para todos eles.
— Porra, rapazes.
Puxando uma cadeira, desabo nela, meio chateado por ter deixado Charlie na
lanchonete, e aqui estão todos eles se zoando enquanto Ryder pede pizza.
— Poet, não tínhamos ideia de que Saddington era assim. Pensávamos
realmente que chupava o seu pau. — Blade me olha inexpressivo, em seguida,
atinge a mesa com a palma da mão.
— Que porra? — Reed se vira para Blade e joga a cabeça para trás para rir.
— Não é grande coisa. Terá outra chance.
Olho em volta e os Disciples estão pensando que teremos uma Igreja, mas
com Reed aqui, isso não pode acontecer.
— Não há Igreja hoje, irmãos. Reunião de dirigentes apenas. — Blade se
levanta, pega sua faca e a enfia na mesa de conferência de madeira. Há um
murmúrio de resmungos enquanto os veteranos se levantam. Todos os irmãos
mais novos se afastam.
— Prez?
Viramo-nos para olhar para Lucky, uma carranca enorme em seu rosto.
Lucky recebe muito respeito, visto que ele intensificou e garantiu que o clube não
afundasse quando explodimos. É alto e forte, embora deva estar passando dos
sessenta anos.
— Permissão para falar?
Blade dá outra dose para si mesmo, sem olhar para ele ou para os caras que
estão atrás dele.
— Fale, Lucky. — Empurra a dose para Reed e toma um longo gole da
garrafa.
Os olhos de Lucky disparam ao redor de todos nós, pousando em mim e em
Reed.
— Eu não gosto disso. Devemos ter uma igreja. Agora tem algum tipo de
reunião secreta apenas com oficiais. Que tipo de merda é essa? — Os outros
Disciples estão atrás dele, murmurando.
— Está escondendo algo, Prez? Porque, a última vez que verifiquei, somos
uma maldita família e agora temos esse menino bonito em nossa sala sagrada. —
Ele gesticula para Reed, que se recosta na cadeira e cruza os braços.
A sala está silenciosa, além do zumbido da placa da Budweiser. Blade olha
para Reed, depois para mim, e sorri.
Gesticulando com a mão, diz — Lucky, por respeito a você, se quiser ficar,
pode. — Ele aponta com a garrafa de Jack Daniels para o resto ir embora. —
Todos os outros fora.
Lucky puxa uma cadeira, acende um cigarro e olha para Reed.
— Por que diabos ele está aqui? Veja essa merda — aponta para todos nós
com sua mão envelhecida, seus dedos manchados de amarelo — essa merda está
errada. Não temos segredos e isso parece um.
Ryder apoia suas mãos grandes sobre a mesa e meio que rosna — Quer sair,
Lucky? Pegarei leve com você, já que está na metade do caminho para o túmulo.
Lucky inala seu bastão de câncer e balança a cabeça. As rugas em seu rosto
são como crateras profundas.
— Você gostaria disso, não é? Não, me sentarei aqui e descobrirei o que está
acontecendo.
— Lucky, você está aqui por respeito. Não faz mais parte dos oficiais do
meu pai. Então, cale a boca, ou vou colocá-lo para fora.
Blade se levanta e pega a pasta. Ele faz um barulho alto de arranhar
enquanto é arrastada pela mesa de madeira.
Olho para Reed, que se inclina para frente, com os cotovelos apoiados na
mesa, os olhos focados em seu copo como se fosse a coisa mais interessante do
mundo. Ele terminou, e Blade está certo. Lucky precisa calar a boca ou Ryder
fará cumprir.
Blade coloca a pasta na frente de Reed, que usa sua impressão digital para
abri-la, revelando um arquivo e uma enorme quantidade de dinheiro.
— Eu tenho os meios e a habilidade com minhas conexões familiares para
conseguir quase tudo. Pedi a um dos caras do meu pai que conseguisse esse
arquivo do FBI. — Joga para mim. — Espero que encontre suas respostas, irmão.
— Os seus olhos verdes parecem sinceros.
— Qualquer outra informação que obtiver será repassada. O dinheiro — Ele
joga tudo na mesa e pilhas de centenas caem no chão. — Isto é um presente.
David salvou minha vida, me ajudou. Vou ajudá-lo de qualquer maneira que
puder. Aqueles idiotas que prejudicaram este clube e mataram seus entes
queridos... compre o que precisar e acabe com eles. — Ele olha para a sala e juro
por Deus, dê a Reed mais dez anos e ele estará concorrendo à presidência.
— Je-sus, isso é muito dinheiro. — Edge pega uma pilha e abana através
dela.
— Isso é loucura. — Os olhos de Lucky parecem selvagens. — Você não
está pensando seriamente em nos colocar em uma guerra, está? — Ele se levanta
e joga o cigarro no dinheiro. — Posso estar velho, mas estava lá quando isso caiu
— diz. — Foi sangrento. Porra, quase não conseguimos. E agora o clube está
prosperando.
Ele olha para Blade. — Você deveria estar orgulhoso, filho. Fez deste clube
o que seu pai e seu irmão nunca entenderam, mas começa a perseguir fantasmas e
Deus te ajude. — Virando-se, pega seus óculos escuros enquanto abre a porta.
— Reed? — Blade está de pé. — Eu sei que lhe insultamos, mas isso —
pega um maço de dinheiro — pode nos dar o que precisamos. Você é sempre
bem-vindo.
Reed olha para todos os meus irmãos e acena com a cabeça. — Há mais, se
precisar. — Ryder assobia enquanto se senta. Pegando seu laptop, começa a
organizar os maços de dinheiro. Edge apenas senta e bebe da garrafa.
Axel está inclinado sobre a mesa, olhando em silêncio através da pasta bege.
— Reed? Antes de ir, cara... tem certeza de que isto está correto? — Ele levanta o
arquivo, seus olhos azuis voltados para nós dois.
Um arrepio de medo desce pela minha espinha, fazendo com que os pelos
dos meus braços se arrepiem.
— Isso é direto do FBI. — Reed acena com a cabeça.
Axel joga para Edge. — Eu estava no Afeganistão com Blade. Você precisa
passar por isso e descobrir quem é o traidor. Porque alguém armou para nós.
A sala está quieta, quase como se o traidor pudesse entrar e começar a atirar
em nós enquanto olhamos um para o outro. Aqui está a verdade. Por mais que
queiramos acreditar, alguém em nossa família traiu, vendeu ou revelou nossos
segredos e depois tentou tirar todas as pessoas importantes de lá.
— Deixe-me ver a maldita pasta — Blade grita. — E Ryder, porra, aumente
o ar.
Ele arrancou o arquivo da mão de Axel. Não que eu o culpe, tudo isso recai
sobre seus ombros.
— Calma, Prez. Há muita merda aqui.
Eles se olham e, por um momento, me sinto um estranho. Ainda sou a
criança que sempre almoçava sozinha. Voltei para o meu clube, família, para
obter vingança e talvez justiça. No entanto, agora, sou alguém que nem consegue
se lembrar daquele dia direito.
A minha cabeça lateja enquanto as imagens mentais passam pela minha
mente. Principalmente, me lembro da fumaça espessa e pungente, do tipo que
queima seus pulmões em um segundo e sabe que a fuligem negra nunca vai
embora. Transpirando, procuro meu amuleto para me acalmar. O metal frio me
faz respirar e força minha mente a funcionar.
— David? Acompanhe-me até a saída, cara.
— Poet, diga a Amy para nos trazer um pouco de café. A pizza deve chegar
a qualquer momento — Blade ladra para mim quando me viro para sair.
O que é uma piada, a menos que encontre com ela. Eu não sou sua vadia.
— Você parece um pouco abalado.
Os meus olhos voam para Reed enquanto paro para esfregar meu pescoço.
Ele quebra com a tensão. As minhas entranhas estão girando do avesso. É
vingança, tão perto que quase posso sentir o gosto. Os meus braços formigam à
medida que a adrenalina bombeia pela minha corrente sanguínea.
— O que há nesse arquivo? — Pergunto.
— Tudo menos o traidor real. Há o nome de uma criança cujo pai estava no
alto escalão do Satan’s Seeds. Acho que ele conduziu a sua moto de um penhasco.
Está, de qualquer forma fornecendo informações ao FBI há cerca de seis meses.
Ele precisa de dinheiro. Comece por ele. — Ele se dirige para as escadas da
varanda.
— Como foi sua lua de mel? — Eu sou um idiota egoísta por nem perguntar
até agora.
Ele se vira. — Por que nunca me contou sobre Tabatha? Com toda a merda
que despejei em você, nunca a mencionou.
Se ele quisesse me dar um soco no estômago, acho que teria gostado mais.
Um grande caroço se forma na minha garganta e tenho que engolir algumas vezes
antes de dizer: — Eu não falo sobre ela.
Os seus olhos verdes estão sérios. — Compartilhamos muito tempo e
respeitávamos o passado e a dor um do outro, mas isso... eu gostaria que tivesse
dito algo.
— Eu apenas... não consegui me perdoar e não estava em condições de fazer
nada a respeito. Por isso, pensei, qual é o ponto?
— Pensou, qual é o ponto? — Diz devagar. — Não é minha função julgar.
Sou seu melhor amigo, não seu pai. Dê uma boa olhada nesse arquivo. Use o
dinheiro e faça todos sofrerem. A meu ver, todos nós precisamos expiar.
Expiar.
Olho para Reed, ele olha para trás. — Deixo para você apenas entender. Eu
cuidarei disso — digo. — O traidor morre.
— E se precisar de mim, ligue. Você parece um pouco pronto para explodir.
— Tem muita merda acontecendo, mas estou bem.
Paramos em sua Ferrari imunda. Está coberto de poeira por falta de uso e
todas as nossas motos levantando sujeira.
Ele olha de mim para seu veículo de meio milhão de dólares. — Mesmo? —
Ele balança a cabeça para mim.
O sol está batendo em nós. — Cristo, cara... eu sinto muito. Pretendia trazê-
la de volta mais cedo. Deixe-me pegar as chaves.
— Eu não preciso delas. — Ele toca a maçaneta da porta e ela ganha vida.
Reed desliza para dentro.
— Às vezes, precisamos lembrar que temos pessoas que se importam. Você
fez isso por mim, David. Salvou a minha vida. Não me faça não ser capaz de
retribuir o favor. — Fico olhando para ele. Ele sabe que sou um canhão solto.
Ele liga a Ferrari e fecha a porta. — As coisas ficam fodidas demais aqui,
você sabe onde estou.
Eu aceno enquanto ele decola, a Ferrari como uma pantera escorregadia
deslizando pela longa entrada de automóveis.
Levantando meu rosto para o sol, deixo seu calor sangrar em mim, queimar
minha mente para me concentrar na tarefa, não nos demônios que querem me
derrubar.
Expiar. Ele tem razão. Todos nós precisamos fazê-lo. O pessoal de Reed
encontrou algo, e é hora de eu começar.
QUATORZE
Charlie
— Jesus. — Cindy levanta os olhos do computador quando entro. Depois
que David me deixou na lanchonete, peguei um Uber para meu apartamento, para
que pudesse pelo menos tomar um banho, então decidi tirar um pouco mais de
tempo com cabelo e maquiagem.
Estou vestindo algumas roupas fofas hoje, uma camisa rosa transparente
com um sutiã preto e um par de jeans skinny preto. Eu queria usar botas de salto
alto também, mas a realidade apareceu: em duas horas estaria mancando como
uma idiota e chorando.
— Cindy, sabe se Charlize pediu mais tomates? Ou ela está planejando ir ao
mercado dos fazendeiros amanhã... — Minha mãe para no meio do caminho,
fazendo com que o pobre Raphael, nosso ajudante de garçom, colida com ela por
trás.
— Sinto muito, Sra. A. — Murmura enquanto a contorna.
— Eu sei, ela está brilhando. — Cindy acena com a mão na frente da boca
como se ela comesse algo picante.
— Oh, meu Deus. Quem é ele? E você tem a minha permissão para casar
com ele.
A minha mãe cai direto no drama de Cindy e seus olhos se enchem de
lágrimas enquanto me examinam.
— Vocês duas são loucas. — Eu me movo até elas enquanto minha mãe me
agarra para um abraço apertado.
— As minhas orações foram atendidas — Mãe, você não é religiosa. — Fico
rígida. Elas nem mesmo me deram a chance de colocar minha bolsa no chão. —
Está sendo absurda. — Tento me afastar, mas seus olhos azuis perspicazes
examinam meu rosto.
— Eu nunca vi você assim. — Ela agarra meu braço e me arrasta perto do
balcão onde Cindy está com um sorriso estúpido.
— Confie em mim, não é ninguém. Acabei de colocar um pouco de
maquiagem e Cindy e eu cortamos o cabelo. — Jogo minha bolsa gigante da
Marc Jacobs embaixo do balcão.
— Ela está mentindo. Ontem, tivemos o dia das meninas no salão e depois
jogamos sinuca. Charlie ficou bêbada e um motoqueiro gostoso a salvou.
Os olhos da minha mãe iam e vinham entre Cindy e eu, um sorriso enorme
em seus lábios com brilho até Cindy dizer aquela palavra mágica.
— Espere... um motoqueiro? — Ela levanta as mãos como se isso pudesse
congelar o tempo. — Isso é uma piada, certo?
— Hum... preciso ir ao banheiro feminino. — Cindy literalmente foge.
Quase agarro seu braço porque, se preciso ouvir, ela também deveria. Afinal, ela
começou.
Suspirando, olho minha mãe bem nos olhos e levanto uma sobrancelha. Eu a
desafio a dizer qualquer coisa. Tenho vinte e seis malditos anos e suas escolhas
em homens são tão ruins que não pode pensar em me dar um sermão. Inclino-me
para colocar minhas chaves e óculos escuros na minha bolsa.
— Que parte sobre nós arrumamos o cabelo ou eu jogando sinuca e tomando
alguns coquetéis está fazendo você pensar que é uma piada?
— Por favor, Deus. — Mamãe dá um tapa no balcão. — Por favor, me diga
que não é o que eu penso.
Olha em volta do restaurante como se estivesse paranoica sobre ser ouvida e
começa a sussurrar — Ouvi dizer que ele estava de volta à cidade, mas pensei
comigo mesma, não há como. — Ela está ficando animada e os clientes sentados
no balcão se viram para olhar para nós.
— Acalme-se. Não tenho ideia do que está falando. — A minha voz é baixa
e calma, mas ela está longe disso e todo o seu peito fica vermelho enquanto
respira rapidamente.
— Cindy me arrastou ontem à noite para jogar sinuca. Acabou sendo um
lugar um pouco mais pesado do que estamos acostumadas. Então, um bom
homem nos ajudou a sair.
Tenho que me virar e fingir que estou absorta na pilha de correspondência
que fica no canto. Se eu olhar para ela, saberá que estou mentindo. É difícil não
sorrir com o meu comentário de “bom homem” e tenho que morder meu lábio
inferior com força.
— Santo Deus. — Ela massageia as têmporas. — Como isso pode estar
acontecendo? Eu a avisei anos atrás que ele era mau. Meu Deus. Como isso é
possível? Ele acabou de chegar à cidade. — As suas mãos caem dramaticamente.
— Mãe, sou uma mulher adulta — eu a lembro, embora as coisas que a
perturbam com David sejam 99% verdadeiras.
— E... ele é meu erro. — Olho pra ela. — Sim, ele está danificado e
indisponível, mas isso me faz desejá-lo mais. No fundo, ele precisa de mim. —
Eu coloco minha mão no meu coração, pois ela parece que precisa de um copo de
água, ou talvez de vinho.
— Você está muito errada. Ele partirá o seu coração e irá embora. — A sua
amargura por meu pai, fazendo exatamente isso, a mancha.
— Olha, depois que ele foi embora, fui honesta comigo mesma. Não
podemos ajudar por quem somos atraídos ou com quem precisamos estar. É como
respirar. Eu tenho que tê-lo. E agora que experimentei este homem, eu o quero.
Não é tão difícil, mãe. Eu sempre quis.
Ela abre a boca para dizer algo e pelo seu olhar, posso dizer que quer me dar
o sermão de mãe, então a interrompo antes que comece.
— Por favor, mãe. — Levanto a mão e sorrio. — Você não pode estar
pensando seriamente em me dar um sermão. É a pior juíza dos homens. E mesmo
se estiver certa e ele partir meu coração, é o meu coração, não o seu.
— Não. Você é minha filha, e estou lhe dizendo que nada de bom pode vir
dele.
Felizmente, um bando de universitários entra na lanchonete.
— Eu não quero brigar. Francamente, não tenho ideia se vou vê-lo
novamente, mas você precisa compreender o fato de que gosto de como me sinto
quando estou com ele. Fora isso...
Os seus olhos se estreitam nos meus. — Não faça isso, Charlize. Qualquer
um menos ele. Era ruim antes. Não consigo imaginar que ele tenha melhorado.
— Ele não melhorou — digo por cima do ombro, pegando uma pilha de
cardápios. — Confie em mim porém, ele precisa de mim.
Ela me encara como se eu fosse uma espécie incomum e pega o telefone.
Tenho certeza de que está ligando para meu pai, o que é hilário porque ele está na
Romênia fazendo um filme de baixo orçamento. O que ela acha que ele pode
fazer é uma incógnita.
Por alguma razão, temos uma multidão nos ocupando para jantar cedo, então
não tenho a chance de falar com ela de novo e me sinto um pouco culpada,
quando ela toca meu braço para sair.
— Eu só quero que seja feliz.
— Eu sei. — Pego uma pilha de panquecas e um sanduíche. — Não sou
contudo estúpida. Dê-me um pouco de crédito.
Ela balança a cabeça, embora seus olhos pareçam tristes. É óbvio que ainda
pensa que estou condenada.
— Ok, não farei nada além de apoiar. — Ela sorri quando me viro em
direção à porta me preparando para chutá-la, já que minhas mãos estão cheias de
pratos. — Até aquele idiota partir seu coração. Então, vou garantir que ele vá para
a cadeia.
— Mamãe. — Paro e reviro meus olhos para ela enquanto ri e segura a porta
aberta para mim.
— É verdade — canta quando eu passo por ela.
O cara com quem está namorando com dentes brancos ridículos está
esperando por ela na porta como de costume. Aninha-se nele enquanto tento não
revirar os olhos novamente. Ela tem que aceitar minhas escolhas da mesma forma
que tenho que aceitar as dela. E não confio naquele cara. Além dos dentes
anormalmente brancos, com aquelas roupas, parece que está invadindo o armário
de seu filho descolado.
Quatro horas depois, meus pés estão cansados e estou trancando a porta da
frente e, felizmente, ligando o sinal de neon rosa FECHADO. Vestida com uma
saia curta e botas de salto alto, Cindy está com as mãos na cintura, bloqueando o
caminho para o escritório.
Juro que não sei como consegue. Ela e minha mãe podem passar o dia e a
noite com as roupas mais desconfortáveis, usando a desculpa de que a beleza é
dolorosa.
— Precisamos conversar.
Ignorando-a, olho ao redor da lanchonete meio escura. Tem cheiro de água
sanitária e do desinfetante que a equipe de limpeza usa para limpar a cozinha.
Passo e aceno para Manuel, Raphael e Jorge enquanto eles saem dos fundos.
— Obrigada rapazes. Vejo vocês amanhã. — Eles acenam de volta quando a
pesada porta da saída de emergência se fecha. Vou até a caixa registradora para
pegar o resto do dinheiro, que enfiarei no cofre, e me preparo para voltar para
casa sozinha.
— Charlize, sua mãe saiu. A minha vagina está pegando fogo, mas ficarei
por aqui porque quero detalhes. — Ela me segue e se inclina sobre o balcão.
— Você acabou de dizer que sua vagina está pegando fogo? — Eu fecho a
caixa registradora e desligo os computadores.
Ela acena com a mão. — Longa história. Primeiro você.
Jogo o dinheiro em uma sacola vermelha com zíper, as moedas em uma azul,
e vou direto para o escritório e para o cofre.
Ela acende as luzes e se joga em uma das cadeiras, colocando o dinheiro da
gorjeta em sua pequena bolsa.
— Quero a verdade. Ele transa tão bem quanto parece? — Quando me viro
para ela, largo o saco de moedas e o pego.
— Deus, Cindy. — Não posso deixar de balançar minha cabeça. — Como
sabe que eu transei com ele?
— Porque não sou estúpida. — Ela tenta cruzar as pernas e faz uma careta.
— Eu fodi o amigo dele e acho que ele me deu uma infecção na bexiga.
Mais uma vez, a bolsa cai no chão enquanto dou uma segunda olhada.
Desisto de tentar abrir o cofre e me viro para olhar para ela, minha boca aberta.
— Transou com o motoqueiro gigante? — Fico olhando para ela e a imagem
mental dos dois me faz deixar escapar — Como não foi esmagada? Ele era
enorme Ela ri. — Sim, ele é um garoto crescido em todos os lugares certos.
Pisco para ela e ela começa a rir de novo, então pula e pega uma garrafa de
água de nossa pequena geladeira nos fundos. Eu me ajoelho e me concentro na
tarefa de abrir nosso cofre.
— Foi fantástico. Nunca transei com um cara tão perfeito. Como se seus
braços fossem assim. — Levanta ambas as mãos bem abertas. — E o seu pênis é
assim. — Ela mede um bom tamanho. Não tão grande quanto o de David, mas
perto.
Ela bebe um gole de água e olha fixamente para a parede. — É minha
própria culpa. Ele queria anal e eu disse que sim, e agora posso sentir a infecção
chegando.
Fecho o cofre com força. — Espere, teve anal com o motoqueiro? — Eu
sussurro.
— Sim — ela sussurra de volta, em seguida, ri e geme. — Isso dói.
— Você precisa ver o seu ginecologista. Amanhã. — Olhando em volta do
escritório para ter certeza de que tudo está feito, pego minha bolsa.
— Valeu muito a pena. Ryder balançou meu mundo. Gozei mais em uma
noite do que em anos. — Ela abre a garrafa de água e começa a beber. — Odeio,
contudo, a parte da infecção. — Ela aponta a garrafa de água para mim enquanto
engole. — Agora entre em detalhes.
— Eu não fiz anal.
— Já experimentou anal? — Ela toma outro gole de água.
— Nããão, nunca faria. — Eu não faria. Entre os poucos namorados que tive,
nenhum deles mencionou isso, então não era um problema.
— Se eu não estivesse com dor, riria da sua cara. É tão bom se o cara sabe o
que está fazendo. — Ela termina a água e joga na lata de lixo.
— Hum, eu acho que estou bem. Odeio infecções, então...
— Oh, pare com isso. Deveria ter tomado banho depois, mas ele é como
uma máquina de foder. Por isso ficamos acordados a noite toda fazendo coisas
desagradáveis, e aquele homem é mau. A próxima vez, limparei antes de
continuarmos. — Diz tudo isso como se estivéssemos falando sobre maquiagem
ou sobre nossa cor favorita. Com um aceno de cabeça, apago a luz.
— Aquele motoqueiro gostoso deve ser o seu primeiro. Aposto que ele é
bom nisso — sussurra ao passar para que eu possa trancar a porta do escritório.
— Cindy! Não farei anal nunca. Olhe para você. — Eu aponto para sua
virilha.
Encolhe os ombros. — Não é um grande negócio. Vou para casa, bebo um
pouco de vinho e desmaio. E pego um remédio pela manhã. — Ela olha para o
telefone e depois para mim. — Ok, meu Lyft8 está aqui.
Ajusto o alarme enquanto saímos. — Eu só quero dizer, como isso
aconteceu? Eu vi você sair.
Ela acena com a mão enquanto caminha até o motorista da Lyft. — É uma
longa história e estou sofrendo. Preciso de bebida. Ryder me deixou em sua moto
esta manhã.
A noite está quente, mas menos do que antes. Talvez esteja começando a
esfriar um pouco.
— Vejo você amanhã — diz ao entrar no carro.
— Vá ao médico — grito para ela e balanço a cabeça. O carro sai da
garagem vazia.
Está escuro como breu. O poste de luz da rua ainda não foi consertado, e
como está tarde, o trânsito na rua é mínimo. Faço isso todas as noites e os cabelos
da minha nuca nunca se arrepiam, mas eu o sinto. Viro-me a tempo de uma mão
forte cobrir minha boca e um corpo duro como pedra para quase me tirar o fôlego.
O terror me faz lutar instantaneamente.
— Eu deveria bater em você, porra. O que diabos está pensando estando
aqui sozinha? — Caio de volta em seus braços. Não é um assassino: é David.
QUINZE
David/Poet
Estou além de chateado. É como se um toque substituísse todos os sons
enquanto tento processar o que há de errado com Charlie.
Eu a sacudo e sua cabeça vira para trás, mas ela está sorrindo. Lágrimas
correm pelo seu rosto delicado, e de novo, percebo que ela gosta de ficar com
medo ou, pelo menos, gosta da adrenalina.
— Que porra está pensando? — Assobio, meu pau endurecendo com a visão
de seu olhar arregalado e lábios trêmulos. Eu nem sei por que estou aqui. Bem,
isso é uma mentira, eu sei. Sou um viciado. Substituo um vício pelo seguinte:
drogas, álcool, sexo... não importa. Qualquer para manter os monstros afastados.
Ela faz isso. Hoje, depois que Reed saiu, tivemos a Igreja e ouvi todo mundo
reclamar de coisas estúpidas.
Ryder teve que escoltar dois irmãos diferentes para fora para resolver o
problema com os punhos. Lucky fechou a boca. É incrível que ninguém se
apunhalou.
E apesar de tudo, ela me chama, aquele pouquinho de luz que pode me dar
paz. Então, em vez de ter uma das vadias do clube cuidando de mim, peguei
minha moto para andar, clarear minha cabeça, mas não fiz. Eu vim direto para
ela.
Todo viciado tem algum tipo de substituição. O meu era drogas, bebida,
sexo, cigarros e fazer exercícios, mas isto é mais poderoso. É como se eu não
pudesse ficar longe. Preciso que ela me dê uma solução. Mesmo que seja por uma
hora, eu aguento.
— Você me assustou — ela resmunga enquanto a sacudo novamente.
— Como diabos pode ser tão estúpida? Jesus Cristo, ontem à noite poderia
ter sido estuprada por uma gangue e hoje à noite eu a encontro sozinha à uma da
manhã, fechando o lugar?
Eu já estou no limite. Qualquer coisa pode me incomodar.
— David. — Ela estende a mão e toca minha bochecha. — Você está certo.
Eu não vou deixar isso acontecer de novo.
É como se ela tivesse me chamuscado, mas eu a deixo acariciar meu rosto
com suas mãos quentes, seus lindos olhos dourados me dizendo coisas que sei
que vou usar para machucá-la.
— Preciso ir. — Agarro seu pulso e solto.
— Eu moro na mesma rua...
— Isso foi um erro. — Eu me viro em direção à minha moto. — Entre no
carro e vá para casa.
— Espere. — Ela corre atrás de mim.
Eu me viro, minha agonia pronta para sair de mim. Não confiando em mim
para falar, agarro seus braços com força, quase punitivamente.
— Você não me quer, Linda. Confie em mim. Precisa correr e torcer para eu
nunca mais voltar.
Os seus olhos se enchem de lágrimas enquanto suas unhas cavam em meu
braço. — Eu sou forte o suficiente para arriscar. Você precisa de mim, David, e eu
preciso de você. Sempre precisei. Fique comigo esta noite.
A sua voz é sexy pra caralho, seu cheiro é inebriante, mas a verdade, me faz
sangrar e não é algo que pode acontecer. Posso sentir isso, porém, enquanto toda
a minha ansiedade e preocupações desaparecem. É injusto dá-los a ela. Ela diz
que os quer... não pode querer o meu verdadeiro eu. Se há um “eu” verdadeiro.
O ar da noite está cheio de barulhos da cidade enquanto olhamos um para o
outro. Ela é verdadeiramente requintada e eu a quero. Quero lhe dizer que preciso
de sua bondade e luz. Os meus dias são cheios de vingança e minhas noites com
demônios.
Ela deve ver algo que a faz segurar minha mão até que estejamos parados na
frente da minha moto.
— São dois semáforos à direita.
Ela não espera pela minha resposta e coloca meu capacete, envolvendo suas
longas pernas em volta da minha Harley dourada. Só por esta noite, raciocino,
sabendo que meu vício está se tornando minha nova esperança. Isso me guia
durante o dia, mas as noites...
O seu apartamento está escuro. Ela não acende as luzes enquanto me guia
por uma grande sala e direto para o que acho que é o seu quarto. Eu cansei de
deixá-la liderar, no entanto. Erguendo-a, a jogo na cama. Ela grita quando ouço
seus sapatos baterem no chão.
Enquanto tiro o colete e a camiseta e desabotoo as calças, meus olhos se
adaptam à escuridão. Escuridão, ela nos envolve como um cobertor. Amo o
escuro, faz meu pau endurecer. A sua respiração excitada enche a sala.
— Quer que eu acenda as luzes?
Ela tira a camiseta e tira a calça jeans ofegante como se estivesse em uma
esteira. Inclinando a cabeça, espera um momento e se deita, seu corpo nu me
provocando. É delicada, como um fantasma etéreo, exceto que posso estender a
mão e tocá-la. Ela é real e eu a quero mais do que qualquer um.
— Não — grito.
A sua respiração acelera, o que é um sinal revelador. Ela não gostará do que
virá a seguir, e percebo que ela gosta das mesmas coisas que eu. Tiro meu jeans e
jogo no tapete. Eles pousam com um barulho de troco e a faca que mantenho nos
bolsos.
— David... — Sua voz está animada, se não um pouco assustada. Eu estaria
se fosse ela. Não lhe dei nenhum motivo real para confiar em mim.
— Está assustada? — Paro ao pé da cama. A escuridão oculta toda a nossa
dor enquanto me deleito em sua pele de porcelana.
— Não — ela ofega ou talvez geme.
— Talvez devesse estar. — Empurro-a de volta e subo em cima dela.
— Oh, Deus — ela geme e posso sentir o cheiro de sua excitação. A sua
boceta com cheiro doce é como um doce que mal posso esperar para provar.
Vou transar com ela. Medo... não há nada melhor para foder. Coloca o seu
corpo em modo de voo, mas com a parceira certo, pode ser uma adrenalina.
— Você disse que me pegou, que é forte o suficiente para nós dois. — Eu me
inclino para sussurrar em seu ouvido. — Veremos se sente o mesmo pela manhã.
Coloco minha língua em sua orelha, em seguida, mordo o lóbulo.
— Ow — choraminga enquanto impacientemente esfrega sua boceta
molhada no meu pau.
Eu me sento e ela alcança meu pau. — Você não está no comando, Charlie.
Economize sua energia. Vai precisar. — Digo tudo isso à medida que a viro,
dando um tapa na sua bunda incrível.
— Oh, meu Deus — sussurra enquanto arrepios surgem em sua pele.
— Sim, é isso. — Esfrego sua bunda. — Você está com frio?
— Não — ela bufa enquanto abaixo meu corpo quente sobre o dela, meu pau
grosso quase pulsando com a necessidade de entrar em sua boceta molhada e
celestial. Esfrego meu pau para cima e para baixo em sua bunda, enquanto sua
respiração se torna superficial e rápida.
— Já foi fodida aqui? — Eu me inclino entre suas pernas, meus joelhos
abrindo-as quando ela começa a ficar rígida. Mergulho em sua umidade lisa e vou
direto para sua bunda.
— Espere. David, espere. — Ela tenta se virar.
O meu braço se estende para segurar sua nuca para que não possa se mover.
Os seus dedos agarram os lençóis. — Não tenho certeza se quero fazer isso.
Sorrio. Ela é tão perfeita. Até seu pequeno orifício de roseta é perfeito. Eu o
massageio, fazendo pequenos círculos.
— Pensei que disse que não estava com medo. — Eu solto sua nuca
enquanto meu polegar lentamente, suavemente a penetra.
— David — ela sussurra.
— Shhh, seja uma boa menina e eu a levarei a um lugar que apenas
imaginou. Você verá estrelas. — A minha mão acaricia suas costas incríveis para
cima e para baixo enquanto meu polegar suaviza um pouco mais. Então o puxo
para fora e a coloco de quatro.
Os seus gemidos enchem o quarto enquanto recuo e começo a lamber sua
boceta suculenta por trás. Chupando seu clitóris rechonchudo, observo as suas
unhas duras arranhando os lençóis como um gato faz em um poste.
— Sim... oh porra, David. — Ela abre mais os joelhos enquanto volta para a
minha boca, abaixando a cabeça para as mãos.
— Gosta que eu coma essa boceta, não é?
— Não pare — ofega, seu corpo quase tremendo com uma necessidade
reprimida de gozar.
— Não vou parar. Vou foder este buraco apertado esta noite. A próxima vez,
pense duas vezes antes de implorar a um monstro para passar a noite com você.
Estamos ambos ofegantes. Autocontrole não é meu forte. Os seus gemidos
ofegantes param.
Ela vira a cabeça de modo que sua beleza pálida quase me faz hesitar. Eu me
inclino, no entanto, e lambo seu pequeno buraco, meus outros dedos indo direto
para sua boceta apertada. Em segundos, ela tem um orgasmo.
— Puta merda... estou gozando... — Seu corpo treme enquanto continuo
lambendo seu pequeno buraco, sua boceta pulsando e apertando em meus dedos.
— Sim — grita enquanto continuo fodendo-a com o dedo. — Sim... pode
foder a minha bunda. — Ela abaixa a cabeça como se não pudesse acreditar que
disse isso.
Sorrio e fico de pé, agarrando seus quadris como o demônio que sou. Ela
está respirando pesadamente, seu corpo coberto de um leve suor.
— Apenas relaxe. — Agarro meu pau vazando e faço algumas esfregadas
para cima e para baixo em sua bunda.
— David... — Ela está apavorada, e não posso deixar de sorrir. Trazê-la a
este ponto faz algo comigo.
— Respire. — Antes que ela pudesse obedecer, abro suas nádegas e com um
golpe áspero, estou no maldito paraíso.
Ela grita, e é melhor do que qualquer droga ou álcool. A boceta desta mulher
foi feita para mim.
— Você, babaca, me assustou — sibila e se vira, mas bato em sua bunda e
deslizo minha mão por sua espinha até seu pescoço enquanto vou o mais fundo
que posso e fico lá. Envolvido em doce êxtase, uma onda de contentamento e
conexão me faz fechar os olhos. Eu não deveria querê-la tanto, mas sua fé e
confiança completas em mim é algo que nunca tive. Devo precisar disso
desesperadamente, se minha falta de habilidade para ficar longe dela é alguma
indicação.
— Vamos, Linda — digo. — Não achou que eu iria foder sua bunda, não é?
— Bombeio dentro dela, é difícil e profundo. — Esta noite?
— Eu... oh, Deus.
— Sim, você gostaria — resmungo enquanto a deixo levar toda a minha dor
embora. Somos apenas nós, nosso cheiro, nossos sons, nossos corpos batendo um
contra o outro. Ela geme e quero jorrar dentro dela, mas o pensamento desse
prazer ter acabado me faz respirar pelo nariz.
— Porra... preciso disso. — Eu a puxo e a viro de costas enquanto abro suas
pernas, entrando nela com um impulso profundo. Os seus gemidos são altos,
ferozes. Ela alcança meu peito. Unhas compridas afundam em mim, e a picada
faz minhas bolas apertarem e meu pau ficar maior.
— Estou muito perto. — Inclino-me e reivindico os seus lábios
deslumbrantes, finalmente. Ela abre e nossas línguas parecem tão frenéticas
quanto nossos corpos empurrando.
— Eu vou gozar. — Ela arqueia seu corpo e congela por um segundo, sua
boceta travando no meu pau. O seu corpo aperta enquanto grita meu nome. É o
orgasmo mais intenso do qual já fiz parte. Os sus punhos cerrados batem no meu
peito enquanto me solta.
— Sim... Linda, continue gozando. — A sua boceta suga o gozo direto do
meu pau e empurro, sentindo minha liberação até os dedos dos pés.
Eu coloco minha testa no travesseiro e beijo seu pescoço, tentando firmar
minha respiração. Não quero me mover, quero ficar dentro dela, deixar meu pau
endurecer novamente e transar a noite toda.
Esse pensamento me faz desistir. Que porra estou fazendo? Perdi
completamente a cabeça?
O fato de que eu lhe disse esta manhã que só posso lhe dar sexo, e me
implora para passar a noite e me deixa fazer qualquer coisa com ela, é errado.
Estou além de recuperável.
Pelo amor de Deus, transei com a esposa do meu melhor amigo enquanto
ambos fomos até o fundo do poço com heroína e qualquer outra droga que
pudéssemos ter em nossas mãos.
O seu doce hálito sopra levemente no lado do meu ombro, quase como se ela
fosse algum tipo de leitora de mentes e estivesse me deixando limpar meus
demônios, antes de falar.
— Não confie em mim, Charlie — digo, virando minha cabeça para vê-la.
— Você não deveria trazer estranhos para casa. Que porra estava pensando? Eu
poderia tê-la machucado. Não se concorda apenas em fazer sexo anal.
Jogo meu braço sobre meus olhos, esfregando meu pau com a outra mão.
Está escorregadio com seus sucos e ficando duro, o que me irrita. Ela está em
silêncio, mas sinto seu olhar de laser. Eu levanto meu braço para olhar para seu
rosto. O quarto está escuro, mas posso ver cada maldita emoção. O seu cabelo
comprido se espalha pelo travesseiro.
— Eu confio em você. E não é um estranho. Conheço-o. — A sua voz rouca
é forte.
— Cristo. — Eu me viro para ela. — Acredita nisso, não é? — Pego seu
cabelo sedoso porque sou viciado e, antes de destruí-la, preciso de uma pequena
dose.
— Linda, já conheci o mundo, vivi nos melhores e nos piores lugares. Tentei
quase tudo, e posso dizer honestamente que não sou uma boa pessoa.
Envolvo minha mão com força em torno de suas mechas escuras, trazendo
seus lábios aos meus enquanto roubo seu fôlego.
— Estou aqui para me vingar. Eu quero pegar os desgraçados que
explodiram minha família e vingar minha filha. — Levanto-me e pego meu jeans.
— David. — Ela se senta, seus peitos incríveis em exibição. — Está errado.
Vejo-o agora. Você pode querer vingança, mas não pode ter as duas coisas?
Ela se ergue de joelhos. Eu quase faço o impensável e a jogo de volta na
cama e a fodo novamente, mas em vez disso, procuro minha camiseta e corto. A
minha faca brilha e é fácil de localizar.
— Você merece ser feliz. Vale a pena. — A suas palavras não fazem nada
por mim. Porque não faço e eu sei disso.
— Não importa. — Encontro meu colete de couro e camiseta. Colocando-os,
me viro. — Eu lhe disse para fugir. Você se recusou, então farei a coisa certa e me
retirarei desta situação. — Corro minhas mãos pelo meu cabelo.
— Eu não estou assustada. — Deita-se de volta na cama. Cerro os dentes tão
alto que tenho certeza que ela pode ouvir.
— Você voltará. — Ela pega o lençol ligeiramente amassado no final da
cama. — Basta girar a trava da maçaneta ao sair. — Ela se aconchega mais
profundamente.
Quase começo a rir. Se isto estivesse acontecendo com outra pessoa, eu o
faria. Ela se enrola como uma maldita gatinha. O lençol branco cobre metade de
seu corpo, a outra metade ainda está visível na escuridão. Estou tentado acender
as luzes para ver o que ela fará. Esfregando minhas mãos para cima e para baixo
no meu rosto, luto contra a vontade de rastejar de volta para a cama com ela,
trancar as portas e nunca mais ir embora.
Viro-me, em vez disso, e não olho para trás.
DEZESSEIS
Charlie
Pisco meus olhos abrindo e fechando-os. Suspirando no travesseiro macio,
ainda posso sentir o seu cheiro: uma combinação de especiarias e fumaça.
Mesmo sabendo que foi embora, ainda sinto por ele. Arrastando-me para
uma posição sentada, avalio minha vida. Quando pego o telefone na mesinha de
cabeceira, percebo que está na minha bolsa e a bateria provavelmente acabou. O
meu rosto esquenta quando penso sobre o que fizemos ontem à noite. Eu estava
com medo e excitada ao mesmo tempo.
— Oh, meu Deus. — Horrorizada, cubro meu rosto. Ele me levou à beira do
abismo. A verdade, eu disse sim. E foi tudo para me assustar, acho.
Soltando minhas mãos, puxo meu cabelo para cima em um coque
bagunçado. Eu deveria estar chateada, certo? Quem faz isso? Aparentemente,
David, e o pior é que adoro.
— Deus, sou uma aberração — gemo, querendo me deitar e esconder
debaixo das cobertas. Estico meus músculos doloridos, que não estou acostumada
a usar.
Eu preciso começar a fazer Yoga novamente. O pau de David é gigante e
minha pobre vagina tem pulso e minhas pernas estão trêmulas esta manhã. Mais
uma vez, minha mente vagueia para a noite passada e seu enorme pau.
Olhando ao redor do quarto escuro, me pergunto que horas são. A minha
mão vagueia para baixo enquanto penso em me masturbar, mas já estou latejando,
e provavelmente é uma má ideia.
Jogando fora os lençóis, vou até a cozinha e começo um bule de café. Pego
minha bolsa no balcão e ligo o telefone. Depois de abrir as cortinas, afofo um par
de almofadas no sofá e vou para o banheiro. Sou uma aberração legal e talvez
tenha um pouco de TOC, o que significa que gosto das coisas de uma certa
maneira. Acendendo a luz, me inclino sobre a pia para dar uma boa olhada em
mim mesma no espelho.
Os meus lábios estão inchados e vermelhos, meus olhos estão brilhantes. A
minha bochecha esquerda está rosa e tem uma leve erupção da sua barba por
fazer. Inclinando-me para trás, puxo meu cabelo para baixo e sorrio, em seguida,
fecho os olhos, me punindo. O que estou fazendo?
Estou cheia de felicidade e entusiasmo, e não tenho razão para estar. Ele não
é muito legal. Não quer um relacionamento e está ferrado.
Ah, e faz parte de um clube MC com bandidos que querem vingança.
Entro no chuveiro. A água quente ajuda meus músculos a e minha vagina
doloridos. Fechando meus olhos, deixo a água me acariciar. Deixando o drama de
lado, sou louca por ele. Ele me incendeia, me dá vida. É emocionante, e até
mesmo sua dor me faz pensar que meu amor pode consertá-lo.
Porra, é melhor eu aceitar. Estou apaixonada por David desde que era
adolescente. E me recuso a ficar envergonhada ou pensar que há algo errado
comigo porque gosto de todas as coisas desagradáveis que ele faz.
Este homem me excita, e talvez, apenas talvez, tente anal com ele.
Alcançando o gel de banho de baunilha, tenho que enfrentar os fatos. David é
trágico, ele se sente indigno, e como eu nunca passei pela metade de sua merda,
não posso me relacionar.
A morte de Tabatha nunca o deixará. Nunca. É aqui que eu gostaria que ele
me deixasse entrar, então posso pelo menos ser de algum tipo de apoio. Eu mal a
conhecia, mas a teria amado mesmo que não fosse minha. Ela era uma linda
menina e o que aconteceu é além de terrível.
Eu desligo o chuveiro e pego uma toalha rosa fofa. Merda, é o meu telefone
tocando?
Por um segundo insano, quero correr para a cozinha e ver se ele é quem está
ligando, mas isso exigiria ter lhe dado o meu número, então escovo os dentes e
coloco um pouco de hidratante quando começa de novo.
O medo desliza por mim enquanto pego uma calcinha preta e corro para a
cozinha. Eu sempre me preocupo com minha mãe. Ela não é experiente nas ruas,
não que eu seja, mas na maior parte, tento tomar decisões sensatas. Ela, por outro
lado...
Assim que tiro o carregador do telefone, ele começa a vibrar e tocar
novamente. CELULAR DE CINDY aparece na minha tela.
— Olá? — Volto para o quarto e vou direto para o armário, pegando um
vestido amarelo de verão. Afinal, eu fiz sexo incrível e não estou com disposição
para o preto hoje. — Espere. — Pousei o telefone. — O que houve?
— Graças a Deus. Eu preciso de você. — Cindy parece sem fôlego e está
gritando.
— Por que você está gritando? — Grito de volta, em seguida, baixo minha
voz enquanto pego algumas sandálias de amarrar.
— Estou com muita dor. Acho que preciso ir ao hospital, mas não tenho
seguro.
— Espere, o quê? — Ela definitivamente está chorando. — Cindy... — Tudo
que ouço é ela choramingando e falando com alguém sobre dor.
— Cindy — Eu levanto minha voz sobre a dela. — Ligue para o 911, ou
posso buscá-la?
— Peguei um Uber para o seu apartamento agora — ela grita ao telefone. —
Estou quase aí.
— Que diabos? Pegou um Uber para a minha casa e não foi para o
atendimento de urgência ou para o hosp... — Eu movo o telefone para o meu
outro ombro enquanto entro no banheiro e pego um brilho labial. — Ok, fique
calma e eu descerei agora.
— Ótimo — lamenta. — Estou com dores muito fortes. Já tive isso antes e
preciso do hospital.
— Só pegarei a minha bolsa e eu levo você. — Parece que estou falando
com uma criança. — Vou desligar. Vejo você em um minuto.
Que porra é essa? Como faço para me colocar nessas situações? E por que
sou sua nova melhor amiga? Correndo como uma idiota, pego uma banana e olho
para a minha cafeteira fumegante com bondade líquida.
Ainda bem que estou de salto alto. Abro o armário de cima e pego um copo
velho para viagem, encho-o e pego minha bolsa e óculos escuros. Odeio beber em
xícaras para viagem. Por alguma razão, sempre tem um gosto diferente, mas é
melhor do que nada.
Jogando a bolsa por cima do ombro, coloco a banana dentro e tento não
derramar café no vestido enquanto tranco a porta. Uma buzina toca. Olho para o
idiota e me sinto mal porque é o motorista do Uber. Ele está obviamente nervoso
e balança os braços freneticamente, como se eu não pudesse vê-lo. O carro está a
apenas seis metros de distância.
Jogo as chaves na bolsa, que parece mais pesada a cada dia, e desço
correndo as escadas me aproximando dele e de uma Cindy de aparência
lamentável.
— Jesus. — Ela se dobrou e a alcanço. — Cindy? Quer que eu leve você
para o pronto-socorro ou atendimento de urgência? — Olho para o pobre
motorista do Uber. Se ele tiver vinte e um anos, ficarei chocada.
— Hum, acho que ela precisa de um hospital. — Ele aponta para a virilha de
Cindy.
— Oh, merda — grito, fazendo-a olhar para mim.
Listras pretas de rímel escorrem por seu rosto e seu nariz está vermelho
brilhante, mas seus habituais lábios rosados estão pálidos.
— O quê? — Ela geme.
— Leve-nos para o pronto-socorro — grito para o motorista. Os seus olhos
estão fixos nas calças de Cindy. Estão cobertas de sangue.
— Ei, se recomponha — estalo.
— Oh, meu Deus — ela grita enquanto olha para suas calças.
Olho em volta do meu complexo de apartamentos, pelo que não sei. Tudo o
que vejo é meu vizinho idiota do andar de cima olhando para nós, fumando
maconha em sua varanda.
— Vamos. — Abro a porta do Nissan do pobre motorista do Uber. Parece
que ele quer dizer não, mas meu olhar o cala. Assentindo, vai para o lado do
motorista. Graças a Deus, porque há sangue nas costas de seu assento.
Ambos vemos quando Cindy começa a chorar novamente. — Apenas entre.
Lidaremos com isso mais tarde. Eu lhe darei uma gorjeta — Parece horrível, mas
também estou começando a ficar assustada. O que diabos está causando sua
hemorragia? Está morrendo?
— Por favor, vá. — Eu pareço muito calma.
— Sim — o motorista do Uber grasna.
Virando-me para Cindy, pego sua mão. — Vai ficar bem. — Tento tornar
minha voz suave, o que é inútil. Ela está histérica.
Sento, traumatizada, segurando sua mão. À medida que descemos a La
Cienega, tudo fora da janela fica borrado. Felizmente, o motorista não disse nada
ao nos deixar na porta do pronto-socorro.
Pego nossas bolsas e coloco o braço de Cindy sobre meu ombro enquanto
mancamos para dentro.
— Obrigada, aqui. — Eu pesco em minha carteira enquanto seguro Cindy e
entrego ao cara cem dólares.
— Não temos mais dinheiro ou tempo. — Aceno enquanto me apresso para
dentro.
O ar condicionado funciona um pouco bem demais aqui, e minha pele fica
arrepiada. Eu a conduzo até o posto de enfermagem.
— Estou muito envergonhada — diz a uma enfermeira que a ajuda a sentar-
se e pega suas informações e sinais vitais.
— Vou levá-la para o leito dezesseis — diz a enfermeira. A pobre Cindy, em
questão de minutos, está em uma cadeira de rodas e desapareceu da minha vista.
— Você pode preencher alguns papéis? É uma parente? — Olho fixamente
para uma mulher na recepção.
— Não, eu sou sua chefe. Bem, sou sua amiga — digo para a mulher que
nem mesmo levanta os olhos do computador.
— Ok, discutiremos o resto com ela. — Por fim, ela olha para mim. — Você
pode se sentar. Vamos avisá-la como ela está.
— Obrigada. — Rapidamente, me viro e examino a sala de espera. É grande
e está lotada de pessoas. Os pais embalam bebês doentes, crianças tossem e
idosos sentam-se em cadeiras de rodas.
Vou em direção ao banheiro, em vez de sentar. Cindy está em um maldito
hospital, sangrando. Cindy feliz e sempre de bom humor. — Que diabos? —
Murmuro quando entro e vou direto para a pia para lavar as mãos.
O sangue escorre, mas continuo ensaboando-os até que meu telefone comece
a tocar.
— Olá? — Estou sem fôlego e sem dúvida pareço louca.
— O que aconteceu? — A minha mãe grita. — Aquele homem machucou
você? Recebi uma mensagem estranha da Cindy. Não conseguia entendê-la.
— Mãe — eu a cortei. — Pare de se preocupar com David. Algo terrível
aconteceu. — Quando saio do banheiro, conto a ela sobre Cindy em um sussurro
e encontro um lugar vago entre um homem que está dormindo e uma mulher
pequena que está chorando.
De repente, outro telefone toca e me ocorre que estou segurando a bolsa de
Cindy.
— Vou mantê-la informada, mãe, mas estou com o telefone de Cindy e está
tocando.
— Espere, quer que eu vá até aí? — E não sei se é porque estou sentada em
uma sala de emergência lotada, ou o quê, mas amo minha mãe e amo que ela se
ofereça. Procuro um relógio, mas tudo que vejo é uma grande TV de tela plana.
Parece que ninguém está assistindo além de um cara que usou drogas ou tem uma
infecção ocular terrível.
— Não, mãe, fique no restaurante. Vou mantê-la informada. — É incrível
como pareço calma, estou tudo menos isso. As minhas mãos tremem quando pego
o telefone de Cindy. Jesus.
— Olá?
— Preciso te foder de novo. Sei que dissemos uma e pronto, baby, mas meu
pau está pingando...
— Quem quer que seja, preciso pará-lo. Eu não sou a Cindy. — A linha está
silenciosa e quase desligo.
— Onde está Cindy? — É rude e sei que é aquele motoqueiro.
— Quem é? — Mais uma vez, olho em volta das paredes brancas
deprimentes em busca de algo para beber. Vejo uma máquina de refrigerante com
água. Eu me levanto e pego minha carteira por uma garrafa.
— Sou Ryder. Quem é? — Ele quase rosna.
— Sou Charlize. — Eu mudo o telefone para o outro ouvido para poder usar
minha mão direita. — Ou Charlie.
— Você é a garota do Poet? — Grunhe ao telefone.
— Quem?
— Coloque Cindy na linha.
Eu limpo minha voz. Devo lhe dizer que ela está no hospital?
— Então Ryder, eu tive que trazê-la para o pronto socorro. Estava
sangrando. — Isso saiu tão ruim. — Tenho certeza que ela ficará bem — A linha
está mortalmente quieta.
— Que hospital?
— Cedar's.
— Há uma Charlize aqui? — Uma médica está com um laptop olhando para
a sala de espera.
— Eu tenho que ir. Estão me chamando. — Desligo na sua cara. Tanto faz,
nem sei se deveria ter dito alguma coisa.
— Eu, sou eu. — Corro para a médica. — Oi, sim, sou eu — digo, jogando
meu cabelo por cima do ombro.
— Sou a Dra. Sullivan.
Eu aceno e olho para todas as pessoas na sala de espera.
— Sua amiga está bem. — Ela se vira para ir embora.
— Com licença? — Ando ao seu lado. Ela para e olha para mim, quase
como se estivesse irritada.
— Sim?
— Ela estava gritando de dor... e sangrando. — Aponto para minha virilha.
O seu telefone toca. — Com licença. — Ela consegue colocar o laptop
debaixo do braço e falar ao telefone.
Olho pelas portas de vidro deslizantes do pronto-socorro e pisco ao ver o dia
ensolarado que entra. Foi tudo tão louco que nem percebi a hora.
— Desculpe, tive que atender. — Ela se vira e me encara. É a mulher mais
simples que já conheci. Talvez, quarenta anos, alta, magra, cabelo castanho-claro.
— Então, sim, sua amiga tinha um cisto que rompeu. — O seu telefone
apita.
— Isso é o que causou a dor e o sangue. Demos a ela um remédio para a dor.
Deve sair em breve. — Ela está dizendo tudo isso enquanto lê seu telefone.
— Seria bom se tivesse alguém para ficar com ela esta noite. — Ela
finalmente olha para mim.
— Sem problemas. — Eu sorrio para ela.
— Ótimo.
Enquanto a vejo se afastar, meu primeiro pensamento é que devo fechar esta
noite, não cuidar de Cindy. Estou cheia de culpa por pensar nisso. Eu saio e
chamo mamãe no meu telefone. Ela terá que fechar, o que nunca é uma coisa boa.
Vai direto para o correio de voz. Reviro os meus olhos. A minha cabeça dói.
Eu já comi essa banana?
— Ei, mãe, ouça. — Suspiro. — Conversei com a médica. Cindy está
tomando remédios para dor. Acho que um cisto se rompeu. De qualquer forma, a
médica quer garantir que alguém fique com ela. Pergunte a Tiffany se ela pode ir,
e você precisa fechar.
Eu jogo o telefone na minha bolsa em uma missão para encontrar a banana.
O meu estômago dói e minha cabeça lateja. Preciso comer alguma coisa. —
Merda. — Suspiro enquanto puxo a bagunça marrom mole. — Sério? — Deve ter
sido esmagada entre a minha carteira e a bolsa de maquiagem. De qualquer
forma, não é comestível, então jogo na lata de lixo à minha direita. É quando me
lembro da minha xícara de café, que claramente esqueci no carro do pobre
motorista do Uber. Deus, ele deve nos odiar.
A minha bolsa começa a vibrar. Em um instante, pego o telefone e percebo
que é de Cindy. Soltando o meu, pego o dela.
O nome de Ryder desliza pela tela. Claro, meu coração pula para minha
garganta e desce novamente. Devo atender novamente? Eu simplesmente fico
olhando para ele até que pare de tocar. Quando estou prestes a voltar para dentro,
ele vibra novamente.
Suspirando, decido atender. — Olá?
— O que aconteceu?
Puta merda. Essa voz grave e exigente me faz ofegar. Ryder não está na
linha, mas David está.
DEZESSETE
David/Poet
Sento-me na cabine de um dos nossos clubes de strip esperando. Ryder e
Edge já começaram a beber.
A música está muito alta para este público precoce, ou talvez seja eu. O meu
peito está vibrando com o volume. Eu olho em volta e cerro os dentes. Não estou
feliz. A verdade, estou de péssimo humor. E este clube de strip tem meu nome na
escritura junto com o de Edge.
Estamos esperando por um garoto chamado Brodie. Este é o que peguei dos
documentos do FBI de Reed.
— Eu tenho que pedir ao DJ para abaixar essa maldita música.
Edge balança a cabeça como se eu fosse louco ou algo assim e continua
bebendo.
— Jesus, Poet. Relaxe, porra. Tenho certeza que ele está cansado de
trabalhar a noite toda. Tivemos uma festa privada. — Ele levanta sua cerveja e
olha para o palco.
— A que horas chega o substituto?
— Acho que ao meio-dia.
Este é um dos nossos clubes mais antigos. O meu pai canalha era o dono
original. Recebi quando ele morreu e adicionei Edge antes de sair da cidade.
Precisa muito de uma maldita reforma. As cabines de veludo vermelho
fedem a bebida e fluidos corporais. Todos precisam ser removidos. Por isso, pego
meu telefone para agendar alguém para chegar aqui amanhã e limpá-los.
— Vou fechar o clube amanhã de manhã para uma limpeza profunda. — Não
levanto os olhos ao dizer isso, mas posso sentir os dois me encarando.
— Este lugar é uma mina de ouro. Não mexa com seu jeito — Edge grunhe
em sua garrafa de cerveja.
Agora olho para cima. — Está um maldito chiqueiro, e francamente, estou
surpreso que o departamento de saúde não o tenha enquadrado.
Ele bufa e inclina a cabeça para trás, seu cabelo ruivo em pé no sofá de
veludo. — Eu pago muito dinheiro para que isso não aconteça.
Faço uma carranca para ele, em seguida, para Ryder, que parece preocupado
com seu telefone. Quando fico assim, ou preciso foder ou lutar. Desde que
renunciei a Charlie, gostaria que Axel estivesse aqui para que eu pudesse acabar
com ele.
Olho para a porta. Está perto da hora da reunião. O garoto diz que está com o
celular antigo do pai. Estúpido, sim. Útil, veremos.
— Vá ter seu pau chupado por Destiny, precisa disso. — Ryder levanta os
olhos de seu telefone e sorri. — E não, não deixarei você me bater porque está
preso a uma mulher e não quer admitir.
Edge levanta a cabeça e olha para nós. — Que porra? Quem é? — Eu
deveria estar insultado com sua expressão chocada.
— Jesus Cristo. — Saio correndo da cabine. — Não suporto o cheiro desse
lugar e a música é uma merda. Estou ferrado.
Não me importo se o DJ está cansado ou drogado. Este lugar é uma
vergonha.
— Poet, sente-se e cale a boca. Se alguém precisa transar, é você. — Ryder
ri enquanto digita em seu telefone.
— Essa é a última coisa de que preciso. — Olho ao redor para ver se há
alguma opção. Ele provavelmente está certo. Não posso beber e ninguém quer
brigar. E já que estou farto da minha beleza de cabelos negros e olhos dourados,
por que não foder uma stripper por trás? Tirar a pressão.
Infelizmente, embora tentem se manter, todas as garotas parecem muito
pálidas em comparação a Charlie e sua boceta mágica que faz meus demônios
pararem de falar.
— A verdade... — pousa o telefone e cruza os braços — precisa ser honesto
consigo mesmo, cara.
— Ryder, você não tem ideia do que está falando.
As luzes da discoteca acendem sinalizando para uma nova garota e
cobrindo-a com arco-íris. Inclino-me sobre a mesa. — Não ultrapasse seus
limites, irmão.
Olho para ele e ele olha para trás, levantando uma sobrancelha.
— Eu direi como é. Está começando a agir como Prez, e ele foi um idiota
por meses. Porra, cara, deveria ser mais maduro. Não é preciso ser um gigante
mental para saber que você quer essa garota.
Os meus olhos se estreitam enquanto inalo. Os meus punhos estão cerrados
com tanta força que meus dedos estalam. Ryder balança a cabeça e pega o
telefone novamente.
— Não acontecerá, Poet. Encontre outra pessoa para descarregar suas
merdas.
— Hum, ei. — Todos nos viramos para um jovem magricela. Ele limpa a
garganta e olha ao redor do clube. Novamente, é um chiqueiro. Se ele está
incomodado com isso, esconde bem.
Lembro-me de seu velho. Ele era um filho da puta assustador, então acho
que crescer com isso como seu modelo torna você durão, mesmo que pareça que
o vento poderia derrubá-lo.
As nossas luzes patéticas, que fingimos ser luzes estroboscópicas, embora
estejam longe disso, se concentram, criando um grande holofote em Tiffany.
Todos nos viramos para observá-la rastejar pelo palco vestida como um gato.
— Brodie?
— Sim, acabei de chegar da aula.
Eu viro para ele. Está vestido com uma camisa rosa e jeans skinny cáqui
apertados.
— Aqui, sente-se. Algum problema em encontrar o lugar?
— Não, conectei no meu telefone e boom. — Ele desliza para dentro da
cabine, acenando para Edge e Ryder, que estão absortos em assistir Tiffany
rastejar e rolar pelo palco.
— Eu apagaria isso se fosse você. — Quero revirar meus olhos para a
estupidez das pessoas em deixar um rastro. É por isso que não tenho telefone. Uso
descartáveis e jogo fora quando uso.
— Você quer algo para beber?
Pega seu telefone e olha para ele franzindo a testa. — Hum, claro. — Olha
para Ryder. — Eu vou querer isso.
Se o garoto tiver dezenove anos, eu ficaria surpreso. Tanto faz. Ele está aqui
e esperançosamente o que tem é genuíno, então não teremos que matá-lo.
Ele bate na mesa com a música horrível, seus olhos voltando para Ryder. —
Você é o Executor, certo?
Ryder afasta os olhos do peito nu de Tiffany. — Sim, eu sou o Executor.
Brodie sorri e olha para suas mãos. — O meu velho disse que era durão.
Ryder toma um gole de cerveja e olha para o garoto. — Quanto tempo faz?
Seis, sete anos desde que ele saiu da estrada com sua moto?
Brodie endireita os ombros. — Eu não falo sobre isso. Tenho uma vida
diferente do Satan’s Seeds. Eles não me querem, e preciso de dinheiro.
Ele olha para mim enquanto Sydney desliza por trás e envolve suas mãos em
volta da minha cintura, alcançando meu pau.
— Quer dançar, Poet? — O seu perfume barato é tão forte que quase cheira
a repelente de insetos.
— Não esta noite, Syd. Se puder trazer água e outra rodada, seria ótimo. —
Olho para Brodie. Ele está obcecado por Ryder.
Um suspiro alto sai de Ryder quando ele pousa o telefone com um baque e
olha para Brodie. — Garoto, não dou a mínima onde coloca o seu pau. — Ele
apoia os cotovelos na mesa. — Precisa, porém, parar de olhar para mim porque
eu amo boceta.
Brodie se mexe desconfortavelmente. — Eu... eu sinto muito. Não estava...
— Ele desvia os olhos e olha para a frente.
Sydney começa a rir, e levanto minha mão. — Basta ir buscar as bebidas. —
Então bato em sua bunda, que costumava ser dura como uma rocha. Infelizmente,
anos de muitos homens, drogas, álcool e Camel sem filtro a envelheceram.
Ela murmura por cima do ombro — Ele definitivamente adora boceta.
A fumaça permanece no local onde ela estava. Eu viro para Pig Pen em
Peanuts e a sujeira sempre girando em sua volta.
Brodie se inclina sobre Edge, que lhe dá um olhar de que diabos, para que
possa falar com Ryder sem gritar por causa da música. — Eu sinto muito. Você é
tipo meu herói. O meu pai ficou tão impressionado. — O seu rosto pálido fica
vermelho e minha paciência, que estava talvez em cinco, agora está em zero.
— Está com o telefone? — Pego meus cigarros na mesa e acendo.
Los Angeles proibiu o fumo em praticamente todos os lugares, anos atrás. E
não dou a mínima. Eu preciso de um e desafio qualquer um a me impedir.
— Brodie? Está com o telefone do seu velho? — Estalo, dando uma tragada
profunda e deixando a nicotina fazer seu trabalho. Eu seguro o bastão do câncer
em meus dentes enquanto pego uma cadeira.
Ele joga sua mochila na mesa quase derrubando a cerveja de Edge. —
Desculpe.
Continuo fumando, os meus olhos se estreitam. Ele é uma armadilha? Ele é
quase tão ridículo que, se for, teria que dar crédito aos Seeds. Coloco minha mão
na bolsa antes que ele abra o zíper.
— Conte-nos novamente. Por que? Porque se o que preciso estiver nesse
telefone, os Satan’s Seeds não existirão mais.
Ele se inclina para trás, sinalizando que posso abrir a mochila. Não vejo
nada além de livros escolares, blocos de notas e um telefone preto.
— Eu sou gay. — Os seus olhos percorrem a cabine.
Ryder bufa. — Não brinca? — Então ele se vira para o palco, levando a
cerveja aos lábios.
— O meu velho e todos os Satan’s Seeds pensam que sou errado e gostam de
me machucar. — A sua voz falha e seus olhos refletem sua dor. Qualquer que seja
o passado que esse garoto teve, está tudo lá em seus olhos. Os demônios também
gostam de fodê-lo.
— Então, sim, espero que o que precise esteja neste telefone. Eu não me
importo se cada um daqueles porcos do Satan’s Seeds morrer de forma lenta e
dolorosa. A verdade, todas as noites, quando vou dormir, é por isso que oro.
Por fim, Edge olha para ele, sobrancelha levantada com o ódio espumando
de sua boca.
A batida alta e irritante mudou para um baque surdo. O novo DJ deve ter
chegado. American Woman de Lenny Kravitz toca e as luzes piscam em vermelho,
branco e azul para um efeito de laser.
Brodie encolhe os ombros. — Não é por isso contudo que estou ajudando
vocês. Estou traindo-os porque minha mãe ficou sem nada. Nada. Aquele lixo que
era meu pai dirigiu sua moto de um penhasco, alto como uma pipa e nos deixou
sem seguro. Ela está doente.
Ele pega o celular preto e o joga para mim quase como se estivesse
mergulhado em veneno. E pode estar.
— Eu já volto — digo.
Brodie se inclina para frente e agarra meu pulso.
Estreito meus olhos para ele. — Você precisa soltar.
Ele deve perceber seu erro. O olhar que lhe dei não é amigável. Larga-o e se
senta com um baque surdo.
— Desculpe, entrei em pânico. — Ele olha para Ryder e Edge, que o
encaram, sem expressão. — Eu preciso do meu dinheiro.
— Relaxe. Temos seu dinheiro — assobio. — Não há nenhuma maneira no
inferno de eu deixá-lo ir a qualquer lugar ou lhe dar um centavo até que verifique
se este é realmente o seu telefone.
— Mas... — Ele parece um menino que perdeu seu cachorrinho. — A minha
mãe... precisamos desse dinheiro. — Ele olha ao redor da mesa. Ninguém diz
nada. A música e as luzes fracas são tudo o que nos faz companhia.
— Acho que terá que confiar em nós. — Eu fico com o telefone. — E
Brodie?
Eu fico olhando para ele. Ele agarra a mochila contra o peito como se isso
pudesse protegê-lo.
— Espero que este seja o seu telefone, ou quando eu voltar, colocarei uma
bala na sua cabeça. Então, onde sua mãe estará?
— Jesus, Poet. — Ryder começa a rir, fazendo Brodie parecer que vai
vomitar. — Não adoça para a criança.
— Você não tem nada com o que se preocupar. Esse é o telefone do meu pai.
— Bom — digo, acenando para Sydney quando passo. Ela pisca. A sua
bandeja está cheia de cervejas e minha água, que pego.
— Poet — repreende. — Poderia ter derrubado a bandeja inteira.
— Não derrubou, contudo — falo por cima do ombro enquanto vou direto
para o escritório.
Depois de digitar o código, a porta se abre para nosso caro equipamento de
monitoramento. Frosty se senta na cadeira principal e observa as quatro telas
planas. As nossas câmeras captam tudo, até mesmo as conversas.
— Vamos ver, Poet. — Frosty, gira. É o melhor hacker que conheço. Confio
nele, bem, tanto quanto confio em qualquer pessoa. Ele é outro irmão que está no
clube desde o nascimento.
— Espero que isso seja o que o garoto diz que é.
Entrego a ele o telefone, olhando para uma câmera que está em Brodie.
Ryder parece estar em seu telefone enquanto Edge bebe. — Eu não quero ter que
matá-lo.
Frosty começa a rir enquanto bebe uma lata de Coca.
— Vamos dar uma olhada. — Ele o conecta ao monitor lateral e começa a
baixar todas as informações. Os números, que tenho certeza de que todos já se
foram agora, giram como os de uma máquina caça-níqueis.
— Espere. — Pega sua bolsa e tira um teclado particular. Alguns cliques e
ouvimos uma voz.
— Porra. — Esfrego minhas mãos para cima e para baixo em meu rosto. De
repente, estou cansado e apenas começamos.
— Combina? — Eu rosno, meu pulso batendo forte em minhas têmporas. A
sala escura brilha com as luzes das telas.
— Sim, cara. Ouça. Esta é a voz de Roach.
Ele começa a digitar em seu computador. — Ouça, este é ele falando em um
funeral para um dos Satan’s Seeds. — A voz preenche a sala escura e exalo. —
Eu quero uma cópia agora, e isso não sai desta sala.
Ele olha para mim como se eu fosse louco. — É claro. Posso baixar todos os
textos.
Ele puxa outro fio de um saco e o conecta. — No que diz respeito a todas as
coisas excluídas, como mensagens de voz, e-mails e textos excluídos, precisa me
dar um ou dois dias. — Os seus dedos me lembram um pianista de concerto
enquanto deslizam sobre as teclas. — Tudo depende da idade deste telefone.
— Basta carregar o que puder para mim agora.
Ele concorda. — Deixe comigo, cara.
Por um segundo, ele para e olha para a única TV que mostra alguns homens
bêbados brigando. Os seguranças são candidatos a Disciples.
— Deixe-me ver seu telefone.
Puxo o descartável do bolso de trás e o entrego enquanto ele o conecta em
seu computador.
— Tudo o que está naquele telefone agora está em um arquivo no seu
telefone.
— Basta ligar quando tudo estiver pronto.
Ele se vira para me encarar. — Poet? — A sua voz me impede.
— Sim?
— É isso, cara. Vamos pegar esses pedaços de merda. Tenho um bom
pressentimento sobre isso. — O seu olhar calmo usual, até um pouco entediado,
ganha vida enquanto encara os vários códigos que surgem enquanto ele digita.
— Obrigado, irmão.
Fechando a porta atrás de mim, volto. Eu sei no meu íntimo que os Satan’s
Seeds é o clube que explodiu o nosso laboratório, mas eles precisavam de um
traidor. Esse é quem precisa morrer, esse é alguém que tinha a localização, a hora.
Esta pessoa sabia que todos os diretores estariam lá.
Assim que chego à mesa, sei que algo está errado e não tem nada a ver com
o rosto pálido de Brodie, que está batendo nervosamente com o polegar na mesa.
— Pague a ele — digo a Edge.
— E, Brodie?
Pega o dinheiro embrulhado em papel alumínio e mal olha para ele enquanto
o joga em sua mochila. — Sim? — A cor está voltando ao seu rosto.
— Tenha cuidado, garoto. Não confie em ninguém. Não preciso dizer o que
fariam com você e sua mãe se descobrissem que está falando comigo.
Ele respira fundo e acena com a cabeça. — Estou no colégio. É minha mãe.
Esfrega a mão para cima e para baixo na calça jeans, quase como se tivesse
um tique nervoso. — Pelo menos ela não tem noção. — Os seus olhos se enchem
de lágrimas.
— Ela ainda pensa que eles são sua família, embora tudo que os porcos
façam é vir, transar com ela e ir embora. Matem-nos. Estou contando com vocês.
Ele se move ao meu redor para sair. Eu o deixo. Ele tem seus próprios
demônios para enfrentar.
— Espero que ele seja inteligente. — É preciso um movimento descuidado
para ser morto. Os MCs não aceitam bem os traidores.
Olho para Ryder e Edge. Algo está errado e posso sentir. Cristo, puxo meu
cabelo, incapaz de afastar minha ansiedade.
— O que diabos está errado agora? — Rosno para Ryder. Toda essa energia
louca está vindo dele.
— Acabei de falar com sua mulher e ela está no hospital. Eu preciso ir, acho.
Ele parece confuso e meu coração pula uma batida, em seguida, começa a
acelerar. A minha mão vai para o meu colar.
— Poet, você está bem? — Edge alcança meu ombro. Encolho os ombros
quando meu cérebro começa a trabalhar. Ele não pode estar se referindo a
Charlie. Eu a deixei na noite passada em uma bola satisfeita, aninhada, nua em
seu edredom branco.
— Repita? — Assobio.
— Eu não sei, cara.
Fico olhando para ele, ficando chateado. Pela quantidade de merda que fez e
viu, não faz sentido para ele ficar sentado parecendo paralisado.
Virando-me para Edge, pergunto — o que diabos está acontecendo?
— Acho que alguém com quem ele está dormindo está sangrando no
hospital. — Uma das melhores coisas sobre Edge é que ele nunca perde a calma.
O alívio por não ter nada a ver com Charlie quase me faz sentar. O que me
faz cerrar os dentes. Não estou agindo muito melhor do que Ryder.
— Dê-me o telefone. Vamos sair daqui.
Relutantemente, ele me entrega seu telefone.
— Jesus, quantas mensagens de texto vocês dois têm? Quantos anos tem,
doze?
Ele não responde. Isso por si só é alarmante. Para Ryder ficar quieto, deve
significar que ele está chateado. Chutando a porta de metal, me sinto como um
vampiro enquanto a luz do sol brilhante faz pontos negros dançarem na frente dos
meus olhos.
O cheiro de cerveja velha e lixo podre da lixeira sendo assada no sol quente
não ajuda. Pressionando o número de Cindy, olho para Ryder, que está andando
em volta do estacionamento como um urso enjaulado que foi preso.
— Olá. — A voz rouca de Charlie me faz parar enquanto minha mente tenta
entender o estranho aperto no meu peito.
— O que aconteceu?
— David?
— Você está bem, Linda? — Ignoro o olhar curioso de Edge enquanto
acende um cigarro.
— Não... quero dizer sim. — Sopra o ar. — Este foi um dia estressante. — A
sua voz falha.
— Baby? Preciso que respire e me diga em qual hospital você está.
Eu a ouço fungar e dizer — Estamos no Cedars — Ok, estou a caminho.
Fique no saguão e espere por mim.
— Estão, contudo, liberando a Cindy. Eu deveria levá-la para minha casa.
Ela não pode ficar sozinha. — Ouço ambulâncias. Ela deve estar lá fora.
— Você dirigiu?
— Não, pegamos um Uber.
— Cindy está com você?
— Estou entrando agora.
Eu monto minha moto. — Estamos a caminho. Pegue Cindy e estarei aí em
dez minutos. — Desligo sem dizer adeus e me viro para Ryder. — Vamos. Elas
estão no Cedars.
— Ela está bem, certo?
Fico olhando para ele. Eu nunca o vi assim. — Sim.
— Porra. — Ele passa a mão sobre o colete curto. — Eu não tenho ideia do
por que isso me assustou. Mal conheço essa garota. Ficamos apenas uma vez.
Edge passa por nós até sua moto. — Vocês dois estão loucos. Não tenho
tempo para essa merda. Vou dizer ao Prez que ambos estão ocupados.
Ele liga sua moto, balançando a cabeça em desgosto, enquanto joga seu
bastão de câncer para nós e dá ré com suas botas no asfalto quente.
— Porra, ele está piorando.
Edge nada mais é do que negatividade. Talvez seja por isso que tenho
passado mais tempo com ele.
— Charlie disse que Cindy vai precisar de alguém para ficar com ela...
— Ela ficará comigo. — Ele sobe em sua moto.
Não falamos nada depois disso e deixamos o calor do asfalto e do
escapamento de nossas motos nos guiar pelo Coldwater Canyon em direção ao
Beverly Boulevard.
DEZOITO
Charlie
Desligo com David e olho em volta. Deus, estou perdendo o controle. Como
estou apenas percebendo meus arredores agora? Estou em um pequeno pátio
com bancos de cimento ornamentados que queimariam sua bunda se você se
sentasse neles. Duas enfermeiras estão paradas na sombra, fumando e rindo de
alguma coisa.
Estou morrendo de fome, mas o nervosismo assumiu o controle, empurrando
minha falta de comida para o lado. David está chegando. Tirando o cabelo suado
do pescoço, prendo-o no topo da cabeça com um elástico. Em seguida, volto para
o pronto-socorro enquanto tento colocar um pouco de brilho labial.
Quando entro, a rajada de ar fresco é como o céu. A área de espera está
lotada agora. É evidente que mais merdas acontecem à tarde do que de manhã.
Quando uma criança começa a tossir em cima de mim, passo para o outro
lado.
— Puta merda, aí está você.
Giro ao redor para ver Cindy. Está em uma cadeira de rodas, mas parece um
milhão de vezes melhor.
— Uau, isso foi rápido. Tudo o que fiz foi dar alguns telefonemas.
Ela me olha de cima a baixo e olho para o meu vestido. — Você está bem?
— Sim, porque? — Diz.
— Você parece... tanto faz.
Ela acena com a mão. — Vamos sair daqui. Estou dispensada e esperando
minha papelada e cartão de crédito. — Fala a última parte muito casualmente.
— Cindy, você está bem, certo?
— Sim, eu amo Vicodin e não tenho seguro, então acredite em mim, assim
que o sangramento parou, disseram, “Tchau”.
— Ms. Curtis? — Uma enfermeira está atrás de mim, me fazendo pular.
Cindy franze a testa para mim, mas sorri para a enfermeira que repassa suas
instruções de alta e lhe entrega um cartão American Express Black e algumas
receitas.
Pisco. Que diabos?
— Preparada? — Ela coloca o cartão de volta em sua bolsa como se fosse
um troco idiota e olha para mim.
— Como tem isso? — Eu sussurro.
— Tecnicamente, não é meu. — Ela acena com a mão novamente como se
isso explicasse tudo e se levanta para sair da cadeira de rodas, revelando sua calça
jeans encharcada de sangue.
— O quê? Por favor, me diga que não roubou — sussurro. O meu rosto deve
mostrar como estou horrorizada. Ela suspira, revira os olhos azuis e começa a rir.
— É do meu pai. Bem, tem meu nome nele, mas é tudo do papai. — Ela
estala os dedos.
Ótimo, ela está alta como uma pipa.
Quase quero lhe implorar um Vicodin. A minha cabeça parece que tem
alguém batendo em ambas as têmporas com um martelo.
— Então, você é rica?
— Não. — Ela pega meu braço, não me dando escolha a não ser deixá-la.
— Eu não quero ser uma vadia, mas já que estamos nos tornando melhores
amigas, deveria saber que não é nada pessoal, mas não falo sobre o meu passado.
Eu abro minha boca, em seguida, fecho-a. Por que se preocupar em lhe dizer
que isso nem mesmo faz sentido?
— Olá, alerta de deus muito gostoso. — Ela faz um gesto com a cabeça.
O meu coração salta para minha garganta e as borboletas voltam, roubando
meu fôlego por um segundo.
É ridículo se comportar assim com um homem, mas não é justo. Ela está
certa, ele é um deus muito gostoso, certo. Ele é como Thor. A verdade, é assim
que ele se parece. Se tivesse o martelo.
O que há de errado comigo? A minha pressão arterial está baixa
provavelmente. Juro que sinto que vou desmaiar.
Ladrão de oxigênio.
Toca no fundo da minha mente. Ele não está nem tão perto e está roubando
meu fôlego. Os seus olhos prateados viajam do meu rosto aos meus seios,
descendo até os meus olhos.
— Oh, meu Deus — Cindy murmura a verdade em voz alta. — Ele é além
de extremamente gostoso e está muito na sua. — Ela puxa sua blusa decotada
para baixo e quase caio na gargalhada.
Antes que eu possa dizer que não está, ou talvez esteja, nós duas olhamos
fixamente em seus olhos prateados.
— Você está bem para sair? — Ele olha para Cindy, que sorri.
No verdadeiro estilo de Cindy, ela começa a falar a mil por hora. — Sim,
quando chegamos aqui, o pior já havia passado. O meu cisto já havia rompido,
então me monitoraram. Eu tenho ótimas drogas. E me chutaram porta afora assim
que o sangramento parou.
Os seus olhos procuram seu rosto e percorrem seu corpo. — Ryder
conseguirá um carro para que se sinta confortável.
O meu rosto aquece. Ele acabou de dar uma olhada nela? Quer dizer, sei que
a examinou, mas ele quer a Cindy? Olho para os meus seios fartos, mas
pequenos, e os enormes de Cindy, e uma onda de ciúme me dá um tapa no rosto.
— Ele está aqui? — Todo o seu rosto se ilumina. Em um instante, sua mão
vai para seu cabelo enquanto ela olha para o meu.
— Mesmo? — Estalo e tento endireitar meu próprio cabelo, que parece estar
todo enrolado, embora esteja empilhado no topo da minha cabeça.
Ryder vem andando pelas portas de vidro deslizantes. Ele deve ter pelo
menos um metro e noventa, com músculos sólidos e um rosto bonito. Os seus
cabelos e olhos escuros sempre parecem saber muito mais do que diz. O homem é
lindo.
Ele não olha para ninguém além de Cindy. A minha boca fica aberta
enquanto ele passa direto por mim e se planta bem na sua frente. Eles olham um
para o outro. Ela sorri e ele se inclina e a pega como se ela não pesasse nada.
Eu desvio meus olhos. É como se eles tivessem esquecido que estamos aqui
enquanto sai pela porta com ela.
— Hum, então, ele vai cuidar dela? — Eu pergunto.
Não consigo, porém, evitar. Ver Ryder com Cindy me faz desejar coisas que
David nunca vai fazer. Ele nunca me levaria no colo, não é o seu estilo. Então,
por que quero tanto? Eu não sou criança, sou uma mulher adulta, mas ainda sou
humana. Posso desejar secretamente a fantasia, o conto de fadas.
Deus, preciso parar de assistir filmes com finais felizes.
Dedos fortes mordem meu bíceps. E me contorço. Sim, ele é completamente
o oposto de um herói.
— Confie em mim, para Ryder vir e pegá-la, isso significa que ela será
tratada como uma rainha — ele resmunga.
— Solte meu braço, David.
Por um momento, seus olhos prateados me perfuram. Então ele me ignora e
nos leva para fora. Mais uma vez, sou atingida pelo sol forte, o que me faz apertar
os olhos. Puxo meu braço livre para pegar meus óculos de sol.
— Jesus, Charlie. — Ele suspira e esfrega o rosto com a mão como se eu
fosse uma tarefa árdua.
— Por que está aqui, David?
Ele me ignora e me puxa novamente. Estou tentada a chutá-lo. A minha
cabeça está me matando e estou farta dessa merda.
Eu não estou brincando, estou cansada disso. Ele aparece, transa comigo e
sai com a desculpa de que está machucado? Estou muito além da minha cabeça.
Esse cara me machucará. Se eu não tomar cuidado, ele vai me matar.
— Charlize? — Olho por cima do ombro para ver Cindy e Ryder entrando
na parte de trás de um enorme SUV preto. Cindy acena. — Eu amo você. Ligo
para você amanhã. — Ela me joga um beijo enquanto eles passam rapidamente.
Mais uma vez, aquela pontada de ciúme me pica enquanto vejo o SUV
desaparecer. Estou com raiva de David por não estar disposto a me dar qualquer
coisa.
Honestamente, estou com raiva de mim mesma por me apaixonar por
alguém que é tão ferrado. A minha mãe estava certa, ele não fará nada além de
partir meu coração. No entanto, reconhecer tudo isso não faz com que desapareça.
A verdade é que amo quase tudo nele, e não importa o que aconteça, estar com
ele é o principal.
— O quê? — Digo, esfregando minhas têmporas e tentando pelo menos
olhar para ele. Caso contrário, perderei toda a minha raiva justa.
— Vamos, Linda. Vamos comer. Pode me dizer enquanto eu a alimento.
Parece que está pronta para desmaiar.
— Não.
— Cristo. — Ele olha para o céu e depois para mim.
— Diga-me por que está aqui. Ontem à noite você disse que estava acabado.
— E você disse que era forte o suficiente por nós dois. Acho que ambos
somos mentirosos.
Ele dispara de volta e é a primeira emoção real além da paixão que vi nele
desde que voltou. Puta merda, meu coração está tão fodido, porque esse foi bom.
Nós dois nos encaramos enquanto os carros e ambulâncias passam por nós.
— Pelo amor de Deus, vamos lá. — Ele agarra minha mão e entrelaça
nossos dedos, me levando em direção ao estacionamento.
— O que você prefere, italiano, frutos do mar? — Ele me puxa em volta de
um carro que está em processo de recuar, aparentemente despreocupado que
possam nos bater. — Francês?
— Eu o detesto neste momento. Por que jantaria com você? — É como se eu
não pudesse deixar de aborrecê-lo. Quero tanto que ele admita que sou eu. Que
queira apenas a mim.
Ele me gira, envolvendo-me em seus braços fortes. — Não faremos isso.
Os seus olhos acariciam meu rosto e quase grito ou isso ou explodirei em
lágrimas.
— Você precisa comer, eu preciso comer, então pretendo alimentá-la.
— Estava olhando para Cindy?
Ele franze a testa e inclina a cabeça para mim como se estivesse me vendo
sob uma nova luz. — Não.
Quando começa a andar de novo, gostaria de não ter perguntado isso. O
momento em que saiu da minha boca, sabia que não deveria. Eu não sou essa
garota. Nunca sou assim, exceto com David.
Ele para e olha para mim, então balança a cabeça e continua andando.
Chegamos à sua moto. Ele pega o capacete e me pergunto se ele subirá na moto e
me deixará.
— O quê? É uma pergunta honesta, David. Vi você olhando para Cindy e
isso me incomodou.
O estacionamento treme com o barulho dos carros e os ruídos estrondosos do
Cedars.
— Vim aqui, Charlie, quando tenho tantas coisas que precisam ser cuidadas,
porque estava chateada e precisava de mim. E recebo essa porcaria? Achei que
fosse melhor do que todas essas coisas mesquinhas.
E agora me sinto ridícula. Quando ele coloca dessa maneira...
— Quer comida ou não? — Ele olha para mim.
— Francês. — Olho em seus lindos olhos. — Quero comida francesa. Há um
adorável...
— Eu conheço um ótimo restaurante francês — resmunga e coloca o
capacete em minha cabeça, suas mãos deslizando pelos meus braços nus.
— Estou cansado. Vamos comer e ficar juntos. Isso é algo que pode fazer?
Caso contrário, podemos pegar um hambúrguer no drive-thru e eu te deixo aqui.
Você decide.
Ele monta em sua moto enquanto estende a mão para mim. Eu olho para ele.
É isso.
Se eu pegar sua mão, estou dentro. Não posso deixar de estar, mas se não
estiver... e pedir um hambúrguer para mim, é isso.
Ele parece cansado dos meus dramas, mas estou sendo assim tão dramática?
Por que permito que ele me engula completamente? A resposta é simples: eu o
quero. Ele me faz sentir viva, especial e, sem ele, não consigo respirar.
Estendo a mão. A sua mão quente pega a minha mão fria.
Eu olho para cima e nossos olhos trancados comunicam todas as nossas
palavras não ditas.
Um pequeno sorriso aparece em seus lábios e eu o sigo. E é aí que eu sei:
vou segui-lo para qualquer lugar.
DEZENOVE
Charlie
Ele pega o meu vestido sob cada perna e alcança as minhas mãos, apertando-
as à sua volta enquanto liga sua moto. O enorme estrondo faz o chão da garagem
tremer.
Eu sorrio. Ele me faz sentir segura. Sempre fez.
Ele puxa e coloco minha cabeça em seu colete preto, minhas mãos
segurando com força. Está com uma camiseta preta e estou tentada a deslizar
minhas mãos por baixo e acariciá-lo.
Dane-se. Ele nunca tem problema em me tocar. Segurando firme com minha
mão esquerda, deixo minha direita deslizar sob sua camisa e tocar seus músculos
quentes e tensos. O corpo de David não é motivo de piada. É como algo com que
só poderia sonhar. Os seus músculos ficam tensos enquanto vagueio. Enquanto
estou ganhando coragem para ir mais fundo, ele agarra minha mão e para minha
exploração.
— Pare com isso, Charlie. Não na moto. — Ele sibila a última parte no sinal
vermelho.
Não posso deixar de sorrir. Os rapazes são muito simples. Talvez eu esteja
pensando demais em tudo isso. Ele age como se não quisesse nada com amor ou
afeto, mas que está blefando. Acho que ele gosta. A verdade, acho que ele gosta
de mim.
A viagem acabou muito cedo. Em Los Angeles, você pode andar no meio do
trânsito, então chegamos ao Coldwater Canyon em um piscar de olhos. David
para em um bistrô francês.
O meu estômago tem vida própria, e pão parece o melhor alimento já criado.
O bistrô é adorável, todo em tons de vermelho e rosa com detalhes em branco e
delicadas mesas de bistrô de ferro branco do lado de fora.
Segurando o ombro de David, eu desço.
As minhas pernas parecem que estou há dias em um cavalo, em vez de em
uma moto, há vinte minutos.
Enquanto ele tira o capacete, sinto seu olhar prateado sobre mim.
— O quê? — Eu tiro o elástico e balanço minha cabeça, liberando meu
cabelo.
— Eu não brinco na moto.
Eu não posso deixar de rir, então paro quando ele franze a testa. — Relaxe,
David. Eu é que tive um dia estressante.
Os seus olhos mudam de irritados para tristes em segundos e então
indiferentes quando pega minha mão.
— O que aconteceu? — Sussurro enquanto nos aproximamos da anfitriã.
— Coisas do clube. Eu não quero falar sobre isso. Quero comer.
A recepcionista olha para David e abre para ele um grande sorriso branco e
brilhante. Ela é magra de Los Angeles, uma aspirante a atriz, sem dúvida.
Deus, estou me tornando uma vadia ciumenta. Isso tem que parar. David
nem está olhando para ela. Está checando o quadro-negro com todos os vinhos.
— Dois, por favor.
— Dentro ou fora? — Olhamos para ela e depois para as delicadas cadeiras
de bistrô do lado de fora.
— Dentro — digo. Ela balança a cabeça e, ao verificar o corpo esguio de
David, minha mão aperta a dele.
— Sigam-me. — Ela nos leva até a mesa do meio.
Quando entramos, nos entrega grandes cardápios vermelhos. — Desculpe,
mas eu tenho que perguntar... você é ator ou algo assim?
— Não. — Ele pega seu cardápio.
— Você parece tão familiar. Oh, meu Deus. — A sua mão vai para a boca.
— Você é o melhor amigo de Reed Saddington. — Bate palmas como se estivesse
em um game show e ganhou um prêmio.
— Sabia. Vi você no seu casamento. As fotos estão na People este mês.
— Isto é verdade? Eu não sabia disso — David murmura.
— Bem, já vi você antes nos tabloides. — Ela meio que dá um toque
peculiar, quase o fio dental, mas não realmente.
Como as mulheres perdem a cabeça por causa de David? É óbvio que ele
está desconfortável e não quer falar sobre isso.
— Obrigada. Podemos beber um pouco de água, por favor? — Sorrio meu
melhor sorriso para ela.
— Oh, claro, desculpe. Simplesmente amo os irmãos Saddington, e o vestido
de Tess era incrível.
David abre seu cardápio. — Foi um casamento lindo e Tess é uma das
mulheres mais bonitas que já conheci. Dito isso, ela não se compara a essa.
Ele se aproxima de mim e envolve seu braço em minha volta.
— Vou buscar suas bebidas. — Está claramente desapontada por isso ser
tudo o que ela conseguirá.
— Por que não traz uma taça de Pinot Noir Clos de Beze 2016 para a minha
garota.
Ela parece chocada. — Hum... sim. Chamarei o gerente e seu garçom.
David se vira para mim e sorri amplamente. Lá se vão as borboletas que
desisti de tentar controlar. Estou totalmente naquele estágio de eu-amo-tudo-
sobre-ele. E já que isso só vai acontecer comigo uma vez, vou continuar.
Um sorriso de David é tão precioso que precisa deixar o calor lhe encher e
segurar no caminho.
— Gosta de vinho? — Ele empurra meu cabelo do meu ombro.
A minha cabeça está girando. Não foi há uma hora que ele estava
carrancudo dizendo que ambos somos mentirosos?
No entanto, aqui estamos nós, agindo como se estivéssemos em um
encontro, e ele está sorrindo e pedindo vinho para mim.
— Gosto, embora pareça chique. Eu tenho que ser honesta. Estou
acostumada a Merlot. Acho que Malbec é o tipo mais exótico que já
experimentei.
Ele sorri. — O garçom chegará a qualquer minuto dizendo que vendem em
garrafa e não em taça, mas é um vinho incrível. E você teve um dia estressante.
Ele acaricia meu pescoço e os lados de meus braços.
Com certeza, nem dois segundos depois, o garçom e o gerente aparecem.
David garante que não há problema em trazer a garrafa, não um copo, e depois
pede nosso jantar em francês.
O pão chega com dois bonitos botões de rosa de manteiga junto com a
garrafa de vinho. David cheira e me entrega, acenando para longe seu copo.
Ele pega seu copo d'água. — Para você, Linda.
Levanto minha taça de vinho e clico para brindá-lo. — Para...
— Não, só para você. — Ele balança a cabeça, em seguida, toma um gole de
água e estou presa, não, estou presa por um par de olhos prateados que parecem
me manter prisioneira enquanto tomo um gole do vinho.
— Ohhhh, Deus. — Olho para ele e bebo novamente. — Eu nem consigo...
isto é tão... — aceno minha mão.
— Rico? — Ele ri. — Você sente o gosto das frutas vermelhas e o carvalho?
Idealmente, este vinho deve esperar mais sete anos antes de ser bebido.
Eu fico olhando para ele e procuro seu rosto. — Quem é você?
Ele está sentado em um restaurante falando um francês impecável. É o
melhor amigo de um bilionário bad boy que finalmente se casou com sua
namorada de infância, e ainda assim David é todo motociclista.
— Eu não sou ninguém. — Os seus olhos não estão tristes, são claros e
lindos, mas desvio meu olhar e tomo outro gole, já sentindo a maravilhosa
sensação quente que o vinho tinto traz.
Eu me inclino mais perto e traço as cinco faixas pretas tatuadas em seu
antebraço esquerdo.
— Por que tem isso? Como todas as suas tatuagens eu entendo, mas estas...
— Ele bebe sua água e a coloca na mesa.
Pegando meu dedo, ele o esfrega levemente na primeira faixa. — Esta faixa
é para o meu tio. Esta é para o meu primo. — Ele move meu dedo conforme vai.
— Esta é por Debbie. — Quero me afastar para parar o que vem a seguir.
— Esta aqui é Tabatha. — É a mais grossa e ele segura minha mão sobre ele.
— E esta... — Olha o último que é meio preto. — Este sou eu.
Olho para cima. — O quê? — Eu murmuro.
Ele se inclina para frente e mergulha o polegar no vinho vermelho-sangue.
— Você me ouviu. — A sua voz rouca faz minha respiração engasgar
enquanto leva seu polegar pingando aos meus lábios.
Ele esfrega o vinho neles, fazendo com que o líquido vermelho escorra pelo
meu queixo. A sua atenção permanece fixada em mim enquanto se inclina para
lamber o vinho. A sua língua começa no meu queixo, em seguida, move-se para
os meus lábios enquanto ele reivindica minha boca febril.
Eu gemo. É tão sensual, como nada que já experimentei. Estou perdida em
uma sensação turbulenta de cerejas e especiarias. As minhas unhas cravam em
seu antebraço enquanto minha cabeça volta para seu outro braço para que ele
possa aprofundar o beijo.
Estou girando, tentando me concentrar no fato de que estamos em um
restaurante, mas não importa. Este dia me levou por um caminho do qual nunca
voltarei. Estará para sempre em minha mente como este beijo. É sensual e brutal,
tomando tudo de mim e me tornando sua. As nossas línguas se enredam
avidamente enquanto ele a aprofunda, e está feito. Eu sei que nunca esquecerei
esse momento. Esse beijo poderia muito bem me destruir.
Uma voz limpa, ou talvez seja mais um engasgo, nos faz recuar. O meu rosto
está em chamas, assim como meus lábios. Santo Deus, o que está acontecendo
comigo? David parece intenso. Isso significa que não sou a única que se sente
assim, o que me faz sentir um pouco melhor.
— Sua comida. — O garçom coloca na mesa um sanduíche com queijo
derretido e um ovo por cima, junto com uma salada e uma tigela grande de
batatas fritas.
David pega uma salada com salmão e um crepe carregado de frutas
vermelhas e creme.
— Estou muito feliz por me trazer aqui. Isso é incrível.
Ele pega uma batata frita. — Depois que saí, pensei em você.
Eu deixo cair meu garfo. — Pensou?
Ele sorri. — O tempo todo.
Ele olha para o prato enquanto corta o salmão. — Sempre esperei que você
fosse para a faculdade e terminasse. Foi?
— Sim, fui. Eu me formei em Administração e herdei a lanchonete. —
Dando uma mordida no meu incrível sanduíche de ovo e queijo, me inclino para
trás.
Ele acena com a cabeça — Isso é bom. Você merece o melhor, Linda.
O meu coração salta quando tenho que me impedir de colocar a mão em sua
boca.
— Por favor, não me diga que é um lixo e indisponível. — Olho para ele.
Ele começa a rir e se aproxima o mais perto possível. — Estava prestes a
fazê-lo. Obrigado por me parar.
Eu sorrio enquanto ele pega a garrafa e me serve a taça. O restaurante está
começando a ficar cheio com a multidão do jantar e um ajudante de garçom vem
acender a vela em nossa mesa.
— Como está o seu jantar?
— Delicioso. — Eu lambo meus lábios.
Ele oferece um pedaço de salmão com salada para mim. — Quer
experimentar o meu?
Os seus olhos escurecem à medida que aceno e abro minha boca.
— É bom? — Diz, sua voz baixa.
— Mm-hmm. — Concordo com a cabeça novamente e levo a taça de vinho
aos lábios. A conversa alta e as risadas parecem desaparecer. Estou
definitivamente tonta.
O meu corpo inteiro formiga e sorrio para ele enquanto ele ri. — Acho que o
vinho também é delicioso? — Ele olha para baixo, sua covinha aparecendo
enquanto dá a última mordida em seu prato.
— Eu amo isso — digo, lambendo meus lábios. Tomo outro gole e vou até
ele. Os seus olhos brilham divertidos enquanto ele me observa.
Ele estende os braços na parte de trás da cabine e admiro sua beleza. O seu
cabelo loiro mel e seus olhos incríveis são tudo que eu queria.
— Está pensando em que, Linda? — Os seus lábios se contraem.
Ele pega algumas frutas e creme trazendo-os à minha boca.
— Gosto disso — deixo escapar, e estou prestes a declarar meu amor quando
ele se inclina para frente.
— Eu também. — Os seus olhos permanecem fixos nos meus, seu polegar
esfregando meu pescoço onde pulsa.
— Oh, Deus — sussurro enquanto seus lábios se curvam nos meus. Sinto o
cheiro das frutas silvestres, e no entanto, desta vez, ele não me beija e
simplesmente me inspira.
O meu núcleo aperta e tudo o que quero é que suas mãos me toquem. Por
que elas não me tocam?
Eu dou uma olhada rápida em torno do lugar lotado e ninguém está olhando.
Sorrindo, deslizo minha mão por sua perna com jeans e direto para seu pau. Se eu
achasse que iria surpreendê-lo, ficaria desapontada. Tudo o que ele faz é erguer
uma sobrancelha.
O seu pau é enorme, mesmo quando não está totalmente duro, e o sigo com
meus dedos, sorrindo enquanto endurece em segundos. Olho para cima, satisfeita.
A sua expressão estoica me diz que ele não está impressionado.
— Abra o zíper.
Ele disse isso como se estivesse pedindo de um cardápio, nem mesmo
sussurrou. Eu pisco para ele e puxo minha mão.
— O quê? — Assobio e olho em volta. O casal mais velho à nossa direita é o
único que levanta os olhos da conversa.
Pego meu vinho, tomo outro bom gole e me aproximo. Os seus olhos
prateados não deixam meu rosto enquanto espera para ver o que farei. A diversão
em seu rosto bonito me diz que ele acha que não tenho coragem de fazer isso.
Então, casualmente abro o zíper de sua calça jeans e pego seu pau gigante na
minha mão. Agora ele vira a cabeça e olha para mim. Ele alcança minha
bochecha para acariciá-la enquanto enlouqueço.
Pego um dos pequenos botões de rosa de manteiga e começo a masturbá-lo.
Ele deve gostar porque ele já está vazando e minha respiração está ficando
superficial enquanto olho para seu pau. Está coberto de manteiga e minhas mãos
têm vida própria.
A sua mão, de repente, segura meu queixo em um aperto áspero enquanto
ele força meus olhos nos dele em vez de na minha mão, a que o está sacudindo. A
nuvem de tempestade de prata me faz ir mais rápido porque o que vejo é o que
sempre soube. Ele me olha com admiração e emoção.
Este homem me ama tanto quanto eu o amo.
David pode não dizer em palavras, mas está tudo em seus olhos, como se ele
pensasse que eu sou a pessoa mais maravilhosa que já existiu.
Ele está chegando perto, posso dizer. As suas narinas dilatam e seu pênis fica
ainda maior.
Tento olhar em volta, mas ele rosna — Não se atreva. Termine. Eu não me
importo se todos no restaurante o veem.
Não há necessidade de falar. Eu o amo, amo seu pau, e quero tanto soltar,
subir em cima dele e transar com ele na cabine.
A sua boca se contorce como se ele fosse um leitor de mentes. — Mais
tarde. Pegue meu guardanapo, baby. Eu vou gozar. — Puxo o guardanapo debaixo
dele à medida que começa a jorrar na minha mão.
Jorros longos e quentes provavelmente atingiram mais o fundo da mesa do
que o guardanapo.
Antes que eu possa me afastar, ele segura meu pescoço novamente enquanto
seus olhos acariciam os meus.
— Vamos dar o fora daqui. — Ele se fecha quando uma onda de horror passa
por mim.
— Oh, meu Deus. O que há de errado comigo? — A realidade do que fiz faz
com que não consiga olhar para cima.
— Não se acovarde agora. — Ele joga a cabeça para trás e ri.
— David — assobio — por que me permitiu fazer isso?
— Está de brincadeira? Não achei que tivesse isso em você. Porra, Linda. —
Os seus olhos estão vivos e, por um segundo, estou quase orgulhosa. Eu tirei sua
dor, o fiz sorrir e rir. Ele pode estar danificado, mas não está arruinado. E amei
cada segundo disso. Beijando-me, ele pega sua carteira.
David sinaliza para o garçom, que eu juro que nos olha feio, mas sério, não
me importo. Este homem é o que eu preciso e ele precisa de mim.
Entregando ao garçom várias centenas de dólares, David estende a mão para
mim. Eu fico de pé, ombros para trás, enquanto ele me guia para fora, sua mão na
parte inferior das minhas costas.
— Eu corrompi você — diz em meu ouvido enquanto nos aproximamos de
sua moto no estacionamento. Pegando minha mão, a leva aos lábios. — Isso
excitou você? — Ele a vira para que minha palma fique para cima enquanto sua
língua lambe o meio dela.
Eu grito enquanto lambo meus lábios e aceno, fascinada com o quão sexy ele
é. Ele dá mais um beijo na minha mão. Então se vira para mim. A rua e o
manobrista estão atrás dele.
— Vamos ver. — A sua mão serpenteia pela minha perna e direto para a
minha calcinha molhada. Ele beija minha testa, sua respiração no meu ouvido. —
Você está molhada, Linda. — O seu dedo indicador desliza sobre meu clitóris
latejante.
— Isso me excita. — Ele puxa a mão e sibilo algo que nem entendo. Cada
célula do meu corpo quer gozar, precisa gozar.
Ele agarra meu queixo forçando minha respiração irregular a parar enquanto
olho em seus olhos.
— Minha casa ou na sua? — A sua voz é pura cascalho.
Eu respiro. — Minha.
VINTE
David/Poet
— Que diabos isso significa? — Blade anda de um lado para o outro.
Estamos no escritório do novo clube de Edge, The Dolly. Metade das paredes é
rosa, a outra metade preta.
Tenho certeza de que Dolly não está feliz com sua escolha de nome, mas ele
parece gostar de ferrar com ela.
Blade transfere o TracFone para a outra mão.
— Quão ruim pra caralho, Ryder? — Olha para mim. Levanto-me e vou até
o bar e pego a garrafa de Jack Daniels, quebro o selo e lhe entrego.
Estamos todos conectados. A merda começou e não é só com Satan’s Seeds
que estamos lidando. Alguém sempre fica ganancioso e, infelizmente para eles,
tendem a ser estúpidos.
— Mantenha-me informado, e sim, se tiver que cuidar disso, faça-o. — Ele
nem mesmo desliga o telefone e o joga contra uma das paredes recém-pintadas.
Infelizmente, acerta um preto em vez do rosa choque. Portanto, agora há um
grande buraco de gesso branco que parece um alvo na sala.
Pego minha água e ele leva o Jack aos lábios e engole um quarto dele.
— Sabíamos que isto aconteceria. — A porta emite um bipe nos alertando
para verificar a câmera e permitir a entrada de quem está atrás dela.
É Edge, Axel e Frosty, todos vestidos com roupas que sinalizam que baterão
forte esta noite. Blade a abre, caminha em minha direção, e se joga em uma
cadeira de rodas de couro preto.
— Espero que tenha coisas boas, Frosty. A merda está começando a
esquentar. — Blade gira em minha direção.
— O maldito Dagger foi visto saindo com a filha do Sr. E. e teve sua
garganta cortada.
Faz um gesto para que eu lhe entregue um cigarro. Ele quase parou, então
Blade estar acendendo significa que está chateado — E Ryder teve que cuidar de
alguns Satan’s Seeds que foram pegos tentando entrar em nosso armazém. Ele
está lidando com isso agora.
— Preciso ir? — Estou de pé.
Ele levanta a mão enquanto se acende. — Não, esses são apenas fedelhos
tentando roubar. Confie em mim. Ryder tem tudo sob controle.
A boate está ficando lotada e os sons fracos dos monitores e o baixo
estrondoso da música sobem até aqui.
Axel se esconde na cadeira ao meu lado em silêncio, como de costume. As
coisas não melhoraram nas últimas semanas entre nós. Está tudo em seu rosto, ele
pensa que sou uma bomba relógio e sei que ele é um idiota. Ele inclina a cabeça
para trás como se estivesse meditando.
— O meu pau está ficando duro. Deve estar se preparando para ficar pior. —
Axel diz tudo isso de olhos fechados. Eu juro que às vezes ele só pede para ser
expulso. Exceto que ele gosta, fodido doente.
— Frosty, fale comigo. O que tem para nós?
Todos nós olhamos para Frosty, que está encantado com o painel de controle
e as câmeras de segurança do Edge.
— Edge, cara, esse lugar é incrível. Você deu tudo de si. Acho que dará
certo. — Os olhos de Frosty estão vivos enquanto olha ao redor da sala.
— É muito melhor. Eu coloquei muito dinheiro nisso. Ao contrário do nome,
espero que este não me ferre.
— Cristo, cale a boca. — Axel abre um dos olhos e retorna à meditação.
O telefone toca e Edge se vira para atender. Caminhando para o canto, sua
mão toca o novo buraco na parede e o telefone quebrado no chão.
Ele franze a testa. Blade o ignora e começa a contar a Axel as últimas
novidades enquanto Frosty tira sua mochila.
— Então, demorei um pouco mais do que o esperado, mas consegui todas as
mensagens de textos excluídas de Roach, e peguei as suas mensagens de voz. —
Olha ao redor da sala. — Podemos acender a luz?
Axel bufa, mas não se move, Blade continua bebendo da garrafa e Edge está
em uma conversa acalorada com Dolly. Eu acho, já que é a única vez que vejo
qualquer emoção real em seu rosto.
— Jesus. — Eu me levanto e ligo o interruptor de luz, fazendo com que
todos, exceto eu e Frosty, gritem.
— Desculpem, mas tenho um equipamento caro. — Olha para todos.
Estou impressionado com o quão calmo estou. Esperei tanto por uma
pequena pausa. E encontrar o garoto através dos arquivos do FBI de Reed
significa algo.
— Por que acha que Roach não destruiu seu telefone? — Pergunto a sala.
Frosty encontrou algo. Posso senti-lo. As cicatrizes em meus braços, que eu
atirava, formigam.
Frosty está ocupado conectando fios ao centro de controle, mas diz por cima
do ombro. — Então, este definitivamente era o seu telefone pessoal. — Ele
segura o velho telefone preto e o conecta ao computador.
— Ele tem todas as suas namoradas, contatos de drogas. Quer dizer, esse
cara tinha a mão várias coisas. Foi inteligente ao usar palavras em código e
excluiu tudo, mas sim, teve este telefone por um tempo. Tenho todos os tipos de
coisas para você examinar. — Vira-se e pega sua mochila, que está cheia. —
Estes são todos os seus textos excluídos por anos.
Axel finalmente se levanta. — Concordo com Poet. Por que ele manteria um
telefone por tanto tempo? Eu me livro do meu a cada duas semanas.
Olho para ele. — A cada duas semanas?
— Porra, sim, cara. Odeio tecnologia moderna. — Ele enfia a mão no bolso
da calça e tira o cachimbo de vidro roxo que usa para fumar aquela erva maluca
que ele mesmo cultiva.
— E como você nem tem telefone, não julgaremos — ele resmunga.
Ele tem razão. Além de um gravador ocasional, nem sempre tenho um
telefone por vários motivos. Há momentos em que não quero que ninguém seja
capaz de me segurar dessa maneira. Se você precisar de mim, pode eventualmente
me encontrar.
— Você será capaz de lidar com tudo isso? — Axel me traz de volta ao
agora e quero dar um soco em seu rosto de menino bonito. Porra, com tantas lutas
quanto já passou, seria de se esperar que ele parecesse muito mais ferrado.
— Hum... bem, isto foi há treze anos. Não tínhamos exatamente um acesso
tão fácil a telefones descartáveis naquela época. Além disso, acho que ele pensou
que se tomasse cuidado e apagasse tudo, estava bem.
Blade bate a garrafa na mesa.
— Calma cara, isso é novo — Edge diz enquanto esfrega a mão sob a
garrafa de Blade, verificando se há marcas na mesa.
— Parece que ele planejou se matar. Recuperei seus textos deletados e de
alguma namorada querendo acabar com isto junto. “Sair em um momento de
glória”, disse. Ele era viciado em sua droga, Blade.
Frosty acena para todos nós. — A última mensagem que ele recebeu foi da
namorada dizendo que decidiu contra, porque seu filho de três anos estava com
gripe.
— Jesus. — Blade está de pé.
— Coisa maluca, certo? — Entrega a Axel uma grande pasta, em seguida,
entrega uma para mim, e entrego outra para Blade, que está esfregando sua nuca.
Ele faz um gesto para que eu saia.
— O que diabos há de errado com as pessoas? — Axel olha para mim. —
Quero dizer, por que ter filhos se quer se matar?
— Por que você está olhando para mim? Eu nunca terei filhos novamente —
rosno quando o rosto doce de Tabatha aparece e desaparece quando pisco.
— O que você tem para nós, cara? — Blade se senta novamente, abrindo a
pasta. Ele parece cansado. Eu sei que colocar a droga de volta nas ruas é um
grande risco, já que o FBI tem parado para nos informar que estão observando.
Junto com a situação de oferta e demanda, dorme cerca de quatro horas por noite.
Ele também tem uma família e um bebê a caminho.
— Quero reproduzir suas mensagens excluídas. Duas são interessantes.
Ainda estou tentando deixá-las mais limpas.
Três horas depois, quatro pizzas e duas garrafas de Jack estão espalhadas na
nova mesa de Edge.
— Porra, Satan’s Seeds. Sempre pensei que fossem eles, mas uma vez que
não éramos tão próximos em território, não achei que tentariam dominar LA.
Blade se inclina para trás em sua cadeira. — Quero que consigamos o seu
grande armazém. Quero que o explodam, que desapareça. Com esse grande
golpe, o dinheiro os enfraquecerão. Metade dos homens cairá fora e Victor é um
idiota estúpido... colocarei uma bala em sua cabeça enquanto dorme.
Blade diz tudo isso enquanto se levanta. — Quero a Igreja amanhã. Há um
traidor em nossa família. Os Satan’s Seeds foram estúpidos o suficiente para
seguir quem quer que nos traiu. Foi ele quem deu a hora, o local e quem estaria
no laboratório naquele dia.
O meu coração está batendo tão rápido que posso sentir minha mente
tentando lutar contra os meus demônios. Enquanto ouço, tenho que lutar contra a
bile. Lá está a voz que disse ao Seeds nossa localização e para ter certeza de que
eles pegariam todos nós. Exceto que não levaram em consideração a presença de
Debbie e Tabatha, procurando por mim. Há mais na gravação, e isso me diz todas
as coisas que eu sabia que eram certas em meu íntimo.
— Quero sangue. Eu preciso que essa voz seja identificada, Frosty —
assobio para ele. Blade coloca a mão no meu ombro.
— Estamos perto, David. Não faça isto consigo mesmo. Fique focado,
irmão. Eu posso sentir sua energia.
Sento-me enquanto minha mente repete a voz, a voz que não pode ser
identificada. A voz que diz o endereço e os nomes de todos nós, as pessoas que
ele queria explodir. Fui nomeado, mas outro McCormick ocupou meu lugar
porque eu estava atrasado e vivo no inferno todos os dias por isso.
Raiva, dor e culpa são os meus piores inimigos enquanto meus punhos se
fecham e abrem.
— Tenho que matar o traidor. Faça o que quiser com os Satan’s Seeds.
Eu me levanto e aperto a campainha da porta de aço para me deixar sair. A
voz de Edge está dizendo para me deixar ir e me acalmar, mas nunca me
acalmarei. Blade está certo. Esta é a primeira vez em muito tempo que os
monstros voltam para jogar.
As bruxas fazem barulho enquanto rodopiam em minha mente, fodendo com
minha vontade de lidar com a realidade. Não sei o que ou como exatamente me
encontro na frente da mesa de Sergi.
Eu o vi quando entramos e não hesitei, não é? Todos esses anos vivi apenas
para a verdade. Agora que tenho, preciso calar os demônios. Um gostinho, talvez
até um sopro em cada narina. Preciso da droga para me ajudar a me recuperar do
fato de que minha filha foi sacrificada.
Um irmão da minha família a matou junto com meu tio, primo e mamãe dela
e posso saborear a minha vingança.
Paro amanhã. Mesmo que algum traidor dos Disciples o tenha ordenado,
ainda é minha culpa que eles estejam mortos.
Sim... esta noite, eu preciso deixar que a escuridão me leve para baixo, como
as águas da noite escura do oceano, e me deixar flutuar para um sono tranquilo.
VINTE E UM
David/Poet
Desço as escadas e vou direto para o homem que pode fazer toda a minha
dor desaparecer. A música é uma porcaria que não reconheço, mas a batida está
fazendo meu peito vibrar.
Abrindo caminho entre os corpos, paro na mesa do canto. Alguns Disciples
sentam-se de um lado e seus guarda-costas se sentam atrás dele.
— Ah, Poet, veio me buscar para resolver todos os seus problemas?
— Corta essa merda, Sergi.
Ele sorri e seus dentes da frente, que são dourados, brilham na penumbra. O
cheiro de maconha e outras merdas sendo fumadas no canto à minha direita quase
me faz virar e pedir para entrar, mas esta traição final a mim mesmo precisa ser
privada.
Sergi levanta as mãos como se eu tivesse uma arma apontada para ele. —
Em que posso ajudá-lo, meu amigo? Já faz muito tempo.
— Estou surpreso que você não esteja na prisão.
Olho em volta para o clube lotado e agora entendo por que Edge o carrega
com segurança de alta tecnologia em todos os lugares. Está controlando o que e
quanto entra e sai. Edge sempre foi inteligente em números. Tenho certeza que
ele está ganhando muito.
— Eu preciso apenas de uma amostra.
Quando ele sorri de novo, o pensamento de que algumas pessoas devem ser
sacrificadas passa pela minha mente. Ele é um deles em seu suéter de veludo
creme e suas correntes de ouro espalhafatosas. Faz parte da máfia russa e tem se
saído muito bem, considerando que ele não é nada além de um bandido.
Alcançando sua pochete, ele puxa um pequeno saquinho com o pó branco
que pode fazer toda a minha agonia desaparecer. Não terei os sonhos que me
deixam com muito medo de fechar os olhos e dormir esta noite.
Não dormirei com essa magia. Posso ficar acordado e os monstros não terão
mais voz.
— David? — Pego o saquinho, jogando uma nota de cinquenta para Sergi, e
vejo Axel. De todos, Axel é quem pensa que pode me salvar? Isso é engraçado.
Eu me afasto dele e passo pelos corpos suados girando na pista de dança
colorida.
O ar noturno está um pouco úmido. Eu preciso respirar, mas é como se uma
cobra tivesse deslizado seu caminho até meu pescoço, lentamente cortando meu
suprimento de ar enquanto meus olhos correm para um canto.
— Eu não posso deixá-lo fazer isso, irmão.
— Está brincando comigo, certo? — Eu grito com Axel, embora ele
permaneça calmo.
O estacionamento é bem iluminado quando me viro e caminho até minha
moto. — Axel. — Suspiro enquanto me sento nela. — Em todos os nossos anos
de conhecimento mútuo, nunca pensei que fosse da minha conta saber por que
você odeia o mundo. — Eu olho para ele enquanto está à frente da minha moto,
as mãos cruzadas, e tenho que admitir, ele tem bolas de aço.
— Então, preciso que você retribua o favor. Vá embora, porra. Isto não tem
nada a ver com o clube. Eu não chegarei ao fundo do poço, mas não posso fazer
isso agora, cara.
Quando estou prestes a ligar minha moto, ele agarra meu rosto. — Amo
você, cara. Você passou pelo inferno, mas sobreviveu. Não estrague tudo. Está tão
perto de terminar tudo.
Os seus olhos azuis estão cheios de uma dor que nunca vi. Ele me solta e se
afasta.
— Ou vá ser outro maldito drogado. E deixe eu e Blade vingar sua filha.
— Foda-se, seu filho da puta — grito depois que ele recua. Eu continuo
gritando obscenidades para ele até que ele desaparece na esquina e minha voz fica
rouca.
Nenhum dos meus irmãos sabe o que estou sentindo. Nenhum deles entende
minha culpa esmagadora. A minha dor sem fim. Este pó branco fará isso
desaparecer e hoje à noite, apenas por esta noite, preciso disso.
Eu ligo minha moto, o pó branco me chamando muito, como uma mãe
chama seus filhos.
Fecho os meus olhos. Ela está lá, seus cachos dourados saltando enquanto
corre para mim, a sua risada como música para meus ouvidos. É o tipo que faz
você sorrir por dias... o tipo que se pode ouvir para sempre. Os meus olhos se
abrem.
— Porra. — Inclino minha cabeça enquanto a dor toma conta.
Os meus demônios estão em silêncio enquanto me deixo sentar em um
estacionamento barulhento e acalmo minha respiração rápida. A minha raiva e
dor não me derrubarão. Todos temos nossos momentos e todos nós temos nosso
tempo. Esta não é a minha hora.
— Não agora, agora não, porra não foda agora. — Desligo a moto e sigo em
direção à porta. Axel está parado na entrada da frente com uma mulher, fumando.
Os seus olhos seguram os meus por um momento, e ele estende a mão para
mim. É um idiota, mas é um irmão e lhe devo isso.
Todos nós devemos. Quando a situação começar, Axel morrerá por nós.
Somos a sua família. Eu aceno e agarro sua mão, transferindo o saquinho de
heroína para ele.
Eu não fico, porque estou no escuro. Preciso da minha luz como todas as
criaturas vivas e sei onde encontrá-la.
VINTE E DOIS
Charlie
Estou voltando para casa e Respect, de Aretha Franklin, está tocando no som
do carro. Porque preciso de algum respeito.
Já se passou uma semana desde que vi ou ouvi falar de David. Uma semana
do caralho.
Cindy se recuperou e não consegue parar de falar demais sobre sua vida
sexual ativa com Ryder.
Estou tentando ser positiva, mas quando o seu mundo inteiro parece estar
desmoronando, não é muito fácil.
Deus, ele está de volta em minha vida há quase um mês e acho que já passei
por todo tipo de emoção que existe. Eu sei que minha mãe está preocupada, mas
novamente, ele é meu erro, não dela.
Não me sinto melhor quando ela me vê, fica com os olhos cheios de
lágrimas e me diz que valho muito mais.
Suspirando, entro na pequena garagem. Pegando minha bolsa, subo as
escadas de dois em dois degraus. Os meus pés doem e quero uma injeção de
qualquer coisa com álcool e espero que isso me faça desmaiar. Estou virando o
corredor no meu andar quando meu coração pula na minha garganta.
Ele está sentado, de costas para a minha porta, as pernas compridas
cruzadas. As luzes fluorescentes fazem com que ele pareça ainda mais sombrio,
ou talvez seja porque está com seu colete preto junto com o resto de suas roupas.
Eu desacelero quando me aproximo dele. Os seus olhos prateados encontram os
meus e pisco com a dor escorrendo deles. Todo o meu aborrecimento por não ter
ouvido falar dele desaparece enquanto ele se levanta.
— O que aconteceu?
— A minha vida…
Ando até ele e antes que possa alcançá-lo, ele me puxa para seus braços
quentes e enterra o rosto no meu pescoço.
— Você contudo não está ferido? — A minha mente gira. Como de costume,
ele fez o inesperado e não tenho ideia do que fazer a não ser segurar e respirar seu
cheiro limpo de fumaça.
— Preciso de você esta noite — ele geme, e paro de respirar por um
segundo.
— Você pode precisar de mim todas as noites.
Ele se afasta enquanto seus olhos acariciam meu rosto, ambas as mãos fortes
segurando meu queixo.
— Vou tirar de você. Levarei tudo se me deixar. Não me deixe, Linda.
— Não tem que tirar. Eu quero dar a você.
As suas orbes prateadas com longos cílios escuros me olham como se ele
não pudesse acreditar que sou real. — Não quero que se machuque. Isto é o que
eu faço. — A sua voz está tão torturada. Uma onda de medo sobe pela minha
espinha.
— O que aconteceu? — Sussurro, meus olhos embaçados de lágrimas.
Ele não responde, em vez disso, seus polegares enxugam minhas lágrimas.
Os seus olhos se fecham e ele traz sua testa na minha.
— Posso passar a noite? — Mais uma vez, ele me roubou o fôlego e a fala.
— Gostaria disso. — Inspiro.
Então ele me beija, e me abro enquanto derreto nele. As nossas línguas se
tocam. É macio onde ele geralmente está duro. Sensual em vez de frenético. Ele
me beija como se tivéssemos o para sempre, ele me beija como se eu fosse seu
futuro.
Posso sentir sua tristeza junto com minhas lágrimas. E eu gostaria que ele
me deixasse ajudá-lo, mas talvez essa seja a maneira de ajudá-lo, de tirar sua dor.
A minha cabeça cai para trás enquanto seus lábios quentes viajam pelo meu
queixo.
— Vamos entrar.
Aceno e alcanço a minha bolsa para pegar minhas chaves, encontro-as, de
alguma forma, e entramos. Ele me guia até o banheiro.
David me despe. Liga o chuveiro. Eu pareço incapaz de fazer muito mais do
que olhá-lo enquanto ele se despe e seu enorme pênis se solta.
O que está acontecendo comigo?
Ele abre a porta do chuveiro e o vapor sai como se tivéssemos liberado um
gênio de uma garrafa. A água está quente, mas ainda tremo enquanto ele agarra
meu pescoço para trazer meus lábios aos dele. É lento como se quisesse festejar
com eles, chupá-los a noite toda. Eu pisco a água para que possa observá-lo, mas
ele me vira para ficar de frente para a água e fica atrás de mim. Então, o David
que eu conheço ganha vida. Ele move meu cabelo molhado e começa a lamber e
chupar meu ombro, sua língua me fazendo gemer. Enquanto leva seu tempo no
meu pescoço, suas mãos fortes alcançam meus seios inchados e estendo a mão
para me equilibrar. É rude com suas carícias e estou ficando mais molhada a cada
beijo. Viro meu pescoço, lhe permitindo que tome os meus lábios. Eu posso
desmaiar. Ele está levando tudo de mim, como ameaçou fazer, exceto que eu
quero dar.
— David — gemo enquanto ecoa ao nosso redor.
— Sim, baby, o que você quer? — Ele se move de volta para o meu pescoço,
sua boca e língua sugando e lambendo.
— Eu... preciso de você também.
Ele me vira e me levanta para que minhas costas pressionem contra os
ladrilhos frios.
— Isso é tudo que posso oferecer. — Os nossos olhos se encontram. A água
atinge suas costas enquanto ele me mostra tudo.
Eu aceno, sabendo que provavelmente está dizendo a verdade, mas não
importa. Ele tem meu coração e preciso que respire.
Quase sentindo dor, ele geme e cai de joelhos. Pegando minha perna direita,
a posiciona por cima do ombro enquanto come minha boceta. Os seus dentes
encontram meu clitóris e ofego à medida que a sua língua lambe e suga,
esfregando o rosto para cima e para baixo. A minha cabeça cai para trás e estendo
a mão para me equilibrar.
— Vou gozar. — As ondas pulsantes de prazer estão crescendo em um ritmo
alarmante. Eu alcanço sua cabeça para segura-lo ou puxá-lo para mais perto.
— David... estou gozando com força — grito enquanto tenho um orgasmo
direto em sua boca. A umidade escoa enquanto meu corpo pulsa.
— Oh, Deus. — Com as mãos na minha cintura, me levanta em seu pau
grosso e duro, e é isso, levito. Orbitando. Enquanto agarro suas costas, ele puxa e
suspiro à medida que o seu pau empurra em mim novamente. Os seus lábios estão
no meu pescoço, e tudo que posso fazer é segurar.
— Enrole estas pernas longas apertadas ao meu redor. Vou fodê-la com tanta
força que não conseguirá andar sem pensar em mim.
Dentro e fora, ele bate em mim. A sua respiração é áspera, quase como se
estivesse possuído, as suas mãos seguram a parte de trás dos meus joelhos bem
abertos.
— Sou viciado em sua boceta. Quero-a dia e noite — grunhe em minha
boca. — Porra... é tão gostosa. Você é minha luz, Linda.
Eu mal posso compreender o que ele está me dizendo enquanto a água chove
em suas costas e no meu rosto. O prazer é tão forte que meu núcleo aperta e
minhas unhas arranham suas costas à medida que empurra com mais força. O seu
pau atinge aquele ponto que me faz gritar e então gozo, flutuando enquanto onda
após onda de prazer me faz tremer.
— É isso. Olhe para você, baby. Os seus olhos são nuvens escuras de
tempestade enquanto ele me vê gozar novamente, desta vez em seu pau.
— Olhos abertos, Linda. — Empurra ainda mais forte. — Olhe para mim. —
Em seguida, seu corpo estremece e seus olhos, que foram torturados meia hora
atrás, estão claros quando pura felicidade o invade. — Isso é o que você faz
comigo. — Os seus lábios tomam os meus enquanto seu pau me enche.
Não sei quanto tempo ficamos assim, nossa respiração difícil, a água
chovendo sobre nós. Lentamente, ele abaixa minhas pernas. Os seus olhos estão
calmos, em paz, os meus se enchem de lágrimas. Ele está com o coração partido,
sua dor tão crua. Eu alcanço seus lábios, meus braços ainda em volta de seu
pescoço.
Ele não se afasta nem recua. A verdade é que acho que ele precisa desse
carinho mais do que eu. Quando sorri, o meu coração pula e começa a disparar, e
quase digo que o amo, mas assim que me dá aquele sorriso, desaparece. Vira-se e
pega o sabonete, passando rapidamente as mãos pelo meu corpo, e em seguida,
fazendo o mesmo com ele mesmo. Virando-me, ele enxágua o sabonete. Sou
como uma boneca de pano, deixando-o que faça tudo.
Desliga o chuveiro, pega uma toalha e me envolve nela. Saindo, ele se seca
com a toalha. Finalmente, começo a me mover, quase com medo de olhar para
ele. Se ele tem esse olhar cauteloso no rosto, não sei o que farei.
— Está com fome? — Vestido com nada além da toalha branca enrolada em
sua cintura bronzeada, pega seu telefone. Este corpo incrível, tatuado, quase me
deixa sem palavras.
— É um pouco tarde. — Pego um hidratante e vejo enquanto ele digita em
seu telefone. Abro uma gaveta da pia e tiro uma escova de dentes preta.
Ele olha para cima e depois para o telefone.
— Obrigado — diz, me puxando para perto e beijando o topo da minha
cabeça. — Preciso fazer uma ligação e fumar. Eu voltarei.
— Não. — O meu rosto esquenta. — O que quero dizer é que tenho esta
pequena varanda. Pode usá-la para fumar. Assim não precisa sair.
Ele inclina a cabeça. — Eu não vou embora.
Ao soltar a toalha, se abaixa para vestir a calça jeans, sem se preocupar em
abotoá-la, sai para o quarto e acende a luz.
VINTE E TRÊS
David/Poet
Ela está na porta do banheiro, uma toalha branca enrolada frouxamente ao
seu redor. Os seus olhos se movem para a esquerda e para a direita e parece
insegura sobre seu próximo movimento.
Eu deveria estar aqui? Provavelmente não, mas algo me diz que se eu sair
por esta porta, posso não voltar, como se nunca voltasse.
Eu não posso autoexaminar quais são meus sentimentos por ela. Ela merece
o mundo, e tanto quanto sei no fundo que a amo, não sou o homem certo para ela.
A vida não é justa, ela ainda pensa que é.
Ela acredita que o amor pode curar. Está por todo o lado, querendo ser
expressado, mas ela tem medo que eu a magoe com a verdade.
Hoje à noite, ela me salvou. Pego meu cigarro e o meu telefone.
Abrindo a porta de vidro deslizante de sua varanda, saio. É grande o
suficiente para duas cadeiras pequenas e uma mesa. Ela tem alguns vasos de
plantas de cada lado. É fofo, assim como todas as coisas que cercam Charlie.
Blade ligou e deixou duas mensagens. Sem nem ouvir ou verificar, aperto
em seu nome. Toca, e quando não atende imediatamente, quase desligo. Afinal, é
quase uma da manhã.
Ele rosna — Não tenho tempo para essa merda, David.
Acendo e olho para as estrelas no céu. — O que você quer de mim?
— Eu quero que você se segure. E se não puder, preciso que se afaste e me
deixe terminar. — A sua voz é baixa e o ouço fechando uma porta, então ele vem
alto e claro.
— Eu lhe disse isso um mês atrás, quando apareceu. Não deixarei você me
arrastar ou o clube para baixo. Precisa injetar, faça-o, mas fique longe do clube e
entregue seu colete.
Eu fico olhando para um carro parando.
— David?
— Sim, estou aqui. — Inalo profundamente, deixando a nicotina me acalmar
enquanto falo a verdade. — Blade, o que não consegue entender é que não é sua
culpa. Você está acostumado com todo mundo beijando sua bunda, mas a verdade
é que não me importo. Não penso em você como rei. Eu penso em você como
meu primo que tem tudo para viver.
A minha voz está calma. Preciso que ele entenda isso. — Você me ameaçar
não fará nada. Faço o que quero, e não tenho medo de morrer.
Silêncio, nada além dos carros e o vento soprando em algumas das
palmeiras.
— David. — Há o som dele andando enquanto sua respiração fica difícil.
Blade nunca gostou que ninguém o enfrentasse. — Eu ficaria enterrado nesta
boceta esta noite. Traga essa arrogância amanhã...
— Eu mato o traidor e paro de falar. — Desligo depois de ouvi-lo xingar.
Abaixando-me, apago meu cigarro e volto para dentro. Ela apagou as luzes
para que a lua e as luzes da rua encham o quarto junto com o brilho de sua TV de
tela plana.
— Quer assistir? — O seu cabelo escuro está solto e ela está apoiada em sua
cama branca em uma pequena camisola de dormir rosa com babados.
Eu me inclino contra a porta da varanda enquanto esfrego meu coração e
respiro seu perfume de baunilha.
— Só se você ficar nua. — Retiro as minhas calças e seus olhos descem para
o meu pau duro e latejante.
Um pequeno assobio escapa de seus lábios enquanto ela os lambe, mas puxa
sua delicada camisola. Os seus seios estão cheios e seus mamilos estão em alerta,
me chamando. Eu ando em sua direção e seus olhos se arregalam.
— O que quer assistir? — Fico ao seu lado, seus olhos grudados no meu
pau, e quero agarrar sua cabeça e me enfiar em sua garganta.
— Hum... espera, o quê?
— Eu disse, o que você quer assistir?
Ela encara meu pau. Os seus olhos se voltam para os meus. Eu me abaixo e
pego o controle remoto.
A TV desliga como um piscar de olhos na escuridão. Tudo o que nos resta
são as luzes da rua e a lua.
— Sem TV esta noite. — Lanço o controle remoto. — Quero chupar sua
boceta, quero que você chupe meu pau e quero foder até que ambos desmaiemos
de exaustão.
Ela joga as cobertas e se ajoelha, envolvendo ambas as mãos ao redor do
meu pescoço, diz — Eu também quero isso — Você é muito linda. — Eu acaricio
seu cabelo sedoso. Os meus lábios pairam em torno daquele mergulho em seu
pescoço.
— Agora deite-se e abra as pernas. Vou comer sua boceta.

♥♥♥

Pulo, olhando ao redor e vejo que estou no quarto de Charlie, sozinho. A luz
do sol flui cobrindo metade da cama. Estou encharcado de suor. Boa chance de eu
estar sonhando, mas não consigo me lembrar.
O meu coração está batendo forte, então deve ter sido um pesadelo.
Estranho, não me lembro disso. Eu caio de costas, ouvindo o chuveiro ligado.
Pego o telefone para verificar a hora.
— Cristo — murmuro, me sentando. Existem doze mensagens.
É quase meio-dia, perdi a Igreja. A menos que Frosty descobrisse alguma
coisa, eu honestamente não dou a mínima.
Levantando, me estico. Cheiro a sexo e baunilha. Depois de vestir minha
calça jeans, levo meus cigarros junto com o telefone para a varanda.
O cheiro de café vem de dentro. Talvez antes de lidar com toda essa
bagunça, pegue um copo. Indo para a cozinha, sorrio com o quanto gosto da sua
casa.
É aberto, tudo está limpo e no local perfeito. As paredes são de um amarelo
alegre e as fotos em preto e branco são estrategicamente colocadas aqui e ali. É
perfeito como Charlie.
Abro alguns de seus armários de cerejeira e encontro as canecas no terceiro.
A sua cafeteira Cuisinart emite três bipes e retiro o jarro.
O chuveiro desligou, então sirvo uma xícara para minha Linda. Ela gosta de
preto. Pela primeira vez em anos, estou começando a saber do que alguém, além
de mim, gosta.
A minha mente vagueia para a noite passada. Deus, espero que ela possa
andar. Eu a mantive acordada a noite toda. Quando fico assim, posso transar por
dias. Deve estar dolorida, no entanto.
Pego as canecas e vou para o quarto. O meu pau fica instantaneamente duro.
Ela está de pé com um robe branco que mal cobre sua bunda, olhando para fora
da varanda e escovando os cabelos, um sorriso no rosto.
— Você está bem? — Vira-se e meu coração torce dolorosamente. Eu
quero... isto: nós.
— Eu me sinto tão bem. — Balança dentro dos meus braços enquanto
seguro o café quente com ambas as mãos. Ficando na ponta dos pés, ela me beija.
— Como você dormiu? — Ela estende a mão para pegar uma das canecas.
— Dormi e não me lembro de nenhum sonho. Para mim, isso é uma coisa
rara.
Ela franze a testa. — Você tem pesadelos todas as noites?
Eu me inclino e beijo seus lábios inchados e perfeitos. — Venha se sentar
comigo. Preciso fazer algumas ligações e encher meu corpo de câncer.
— David. — Bufa. — Não diga isso. Dá azar.
Quase rio, mas ela parece séria. — Linda, já abusei tanto desse corpo, a essa
altura, os cigarros não são nada.
Os seus olhos viajam para cima e para baixo em mim, enquanto ela abre a
porta de vidro de sua varanda. Já está quente, mas a varanda está na sombra. Eu
caio em uma de suas cadeiras.
— Você parece em muito boa forma para mim. — As suas sobrancelhas
erguidas. Ela encosta a bunda na grade e me encara.
— Agora, como me concentrarei com você neste robe?
Ela sorri, em seguida, afrouxa o robe, deixando-o cair. E levanto as minhas
mãos.
— Eu tenho que atender essas ligações, querida. Elas podem ser importantes.
— Ok. Eu deveria verificar minhas coisas também. — Ela se inclina e, como
se fizéssemos isso todos os dias, me beija, sorri e balança para dentro, fechando
silenciosamente a porta de vidro.
Os meus olhos a seguem enquanto ela se move ao redor da sala. Eu me
permitirei ter isso, sabendo que não pode durar, mas preciso disso mais do que
jamais imaginei.
Ela desaparece na outra sala, permitindo que eu me concentre no meu
telefone. Há uma nova mensagem de Blade, me chamando de cretino egoísta, mas
para ligar para ele. Duas de Axel me repreendendo. E uma de Edge dizendo para
me controlar. Nenhuma de Frosty.
Acendo, sento e dou uma tragada, em seguida, tomo um gole do meu café
preto. A noite passada pode ter sido uma das melhores noites da minha vida. Eu
não fui brando com ela e ela adorou. Quando as pessoas dizem que se encontra
sua alma gêmea e pensa que isso é um mito, sei que não é. Precisando estar perto
dela, eu me levanto.
Quando a encontro, está em seu laptop, bebendo café e olhando gráficos.
Envolvo meus braços ao seu redor, enterro meu nariz em seus cabelos e inalo
tudo que preciso em uma respiração.
— Tudo certo? — Ela segura minha bochecha.
— Senti sua falta — murmuro enquanto beijo seu pescoço.
— Acho que você precisa ficar mais vezes.
Puxo o cabelo de seus ombros, afrouxando seu robe. — Eu quero isso —
sussurro em seu ouvido, beliscando-o.
— Mesmo? — Ela se vira para me olhar.
— Eu quero... — Embora tente me afastar, as suas unhas estão presas em
meus antebraços.
— Oh não, você não vai. Fale. Fale comigo.
— Charlie, não pode pensar que sou algo que não sou. Posso ser honesto e
dizer que sou louco por você, que a noite passada foi a melhor coisa que já me
aconteceu, mas está vazio se eu não puder ser o homem de que precisa.
Ela me olha com tanta esperança. — Eu amo você, David. — Alcança meus
lábios. — Não tem que dizer de volta, mas eu digo. Sempre amei.
Eu seguro seu rosto e olho para sua beleza, não apenas do lado de fora, mas
a verdadeira luz que vem de dentro dela.
— Não deveria me amar. Não importa o que eu sinta por você, não pode
acabar bem para nós.
— Por que não? — A sua testa bate no meu peito. — Por que não pode
tentar? Você foi incrível na noite passada. Pode ser feliz, David. Merecemos uma
chance.
Ela olha para cima e não aguento. Ela não entende, e nunca entenderá.
— Eu não mereço nada — assobio quando meu telefone toca. — Você sim,
no entanto.
— Quero você. — A confusão obscurece seu rosto deslumbrante. Para ela,
deveria ser fácil. — E eu sei que você me quer.
Nós nos encaramos. O som irritante da vibração do meu telefone quebra a
energia. Por um momento, ela quase me fez acreditar que poderia ter uma chance
de amá-la do jeito que merece. Talvez quando esse pesadelo acabar, meus
demônios evaporem e minha mente possa estar clara e aberta para o amor.
O meu telefone começa a vibrar novamente.
— Porra. — Olho para baixo. Quatro chamadas perdidas de Blade.
— Eu preciso cuidar disso.
Ela acena com a cabeça e volta para o computador. — Vá. Eu não estou lhe
impedindo.
— Charlie... — Seus olhos se fixam nos meus e quase dou um passo para
trás.
— Vá, faça o que precisa fazer, mas saiba que não desistirei de você.
Eu não falo. O que resta a dizer? Ela é corajosa e estou ferrado. Fim da
história.
O meu telefone começa de novo e ela revira os olhos enquanto despeja seu
café e se serve em uma xícara nova.
— O quê? — Quase grito enquanto caminho para o seu quarto.
— Você perdeu a Igreja.
— Não me diga, Blade.
— A minha esposa decidiu convidar Dolly, a sua namorada e sua amiga
Cindy para um dia na piscina.
— O quê?
— Não faça isso, Poet. Hoje não. Todos os irmãos estão no complexo
festejando porque tínhamos Igreja e somos unidos. A única pessoa que não estava
aqui era você. Agora, não dou a mínima para o que faz depois, mas minha esposa
está grávida de cinco meses e ela quer ter um tempo de menina. Traga sua Old
Lady. Agora.
— Charlie nem conhece Eve, e eu não a quero por perto.
Silêncio.
— Tudo bem, estou a caminho. — A linha fica muda.
— Porra. — Esfrego meu rosto. Tudo isso é demais. Charlie me amando,
encontrando o traidor, esperando por Frosty... estou no limite e posso senti-lo:
algo está se preparando para acontecer.
Pressionando o número de Frosty, ouço tocar duas vezes.
— Amarelo.
— Nada?
— Poet?
— Jesus Cristo, Frosty, sim, sou eu.
— Prez diz que nada é contado a você até que ele ouça primeiro. — Eu ouço
seus dedos digitando.
Respirando fundo porque preciso de Frosty e não é sua culpa que Blade está
sendo um idiota, volto para a sala principal onde Charlie está sentada no sofá.
As suas longas pernas estão dobradas embaixo dela, enquanto come um
pouco de abacaxi à medida que olha para seu telefone.
Estalo meu pescoço, permanecendo em silêncio enquanto o ouço suspirar e
dizer. — Tudo bem, direi isto... eu tenho um contato. Ele é o melhor que o
dinheiro pode comprar, caro pra caralho, mas acha que pode consertar a
qualidade do som e combinar com a voz.
Expiro e afundo no sofá com Charlie.
— E, Poet?
— O quê?
— Se quiser alguma coisa de novo, não deixará ninguém saber que eu lhe
disse isso.
Bufo. — Não se preocupe. É seguro. Você não me disse nada.
Jogo o telefone descartável em sua mesa de café e olho para ela. Eu alcanço
sua perna. É tão suave, ela é realmente perfeita, minha mulher perfeita.
— Vista-se. A esposa do meu primo quer passar o dia de garotas na piscina.
Aparentemente, sua amiga Cindy foi convidada e você é obrigatória.
— Sim, acabei de falar com ela. Ela está lá há uma hora. Acho que você está
atrasado. — Ela morde o lábio inferior.
Eu inclino minha cabeça, minha mão se movendo para o seu cabelo. Amo
isso é como seda e cheira a coco.
— Será uma verdadeira festa de motoqueiros. Está pronta para isso?
Não tenho certeza se estou pronto. Quero compartilhá-la? Ela é minha, a
minha única luz.
— Podemos ficar quietos. — Afasto-me e pego meu telefone, que está
tocando novamente. Eu nem mesmo olho para ele e o desligo. Francamente, a
menos que seja Frosty, todos eles podem esperar.
— Não, vamos... a menos que você não esteja pronto para eu estar lá. — Ela
olha para baixo por um momento.
Agarrando-a, eu a puxo para o meu colo, meu nariz e lábios indo direto para
seu pescoço. Porra, eu preciso de tudo dela.
— Se eu pudesse nos colocar em uma ilha, o faria. — Os meus lábios se
arrastam até sua orelha enquanto seus braços se enrijecem de excitação. Charlie
tem ouvidos sensíveis.
— Isto porém não é realista.
Levantando-a de cima de mim, golpeio sua bunda. — Vá se trocar. Preciso
de um banho.
Ela grita e gira para que fique de frente para mim com as mãos na bunda. Os
meus olhos viajam para cima e para baixo enquanto a espreito como se ela fosse
minha presa.
— Porra — digo, exalando. Avanço para ela, e suas longas pernas chutam
enquanto se torce.
— David, oh. Meu. Deus. Fizemos sexo umas dez vezes na noite passada.
Precisamos... — Eu a jogo na cama e fico em cima dela. Ela está animada. Um
rubor sobe pelo pescoço até as bochechas.
— Abra seu robe. — A minha voz é áspera. Eu não tenho mais controle. O
meu corpo anseia por ela. Ela é melhor do que qualquer droga.
Mais uma dose e nos deixarei sair para o grande mundo mau. Lentamente,
ela desamarra o cinto e deita-se como a boa garota que é. Então abre as pernas e
eu sei que ela será a minha salvação, mesmo que apenas por este momento.
— É isso. — Desabotoo minha calça jeans e a deixo cair no chão.
O seu peito está subindo e descendo como se não pudesse obter oxigênio
suficiente. A sua linda boceta é rosa e brilhante. Eu agarro as suas longas pernas e
a arrasto para a beira do colchão.
— Vai me assustar? — Ela geme ao meu toque.
Eu olho para ela, madura e disposta a fazer qualquer coisa, mas não a quero
com medo. Preciso da sua luz, estou desesperado por ela.
— Não. — Ajoelho-me e esfrego suavemente sua protuberância inchada
com meu polegar áspero.
Ela é linda, mas seu clitóris está ligeiramente vermelho. Deve estar dolorida.
Não desisti até a luz da manhã e agora preciso dela novamente. Estou tentando
ficar um passo à frente dos meus demônios.
— Não, querida, não quero assustá-la. Se você ainda não está com medo,
ficará. — Antes que possa responder, lambo seu clitóris. Como uma gata
gananciosa, ela arqueia, tentando conseguir mais.
— Jesus. — Ela alcança meu cabelo.
Ela goza e não a deixo se recuperar. Deslizo por seu corpo. O meu está
quente, o dela está tremendo. Enquanto mantenho a parte de trás de uma perna
aberta, deslizo para o meu nirvana. Se eu morrer amanhã, é isso que espero sentir
e ver. Quero fechar meus olhos e sentir sua boceta ordenhando minha própria
vida. Dentro e fora, empurro lentamente para apreciá-la. Os seus gemidos são
minha música até eu tomar sua boca e seu beijo me trazer segurança.
— Eu amo você — sussurra enquanto roubo sua respiração, em seguida,
respiro de volta em sua boca. — Ladrão de oxigênio — ela sussurra em meu
ouvido enquanto suas unhas cavam na minha bunda.
O seu corpo convulsiona. Essa boceta perfeita, que tem que ser mágica,
aperta quase dolorosamente em volta do meu pau. Empurro o mais fundo que
posso, sem segurar nada. Nem mesmo minhas palavras preciosas se espalham.
— Você é minha luz. Eu preciso muito de você. — O meu corpo congela,
quase como se minha mente o tivesse feito. Um prazer que nunca experimentei
começa no meu peito e se derrama no meu pau enquanto gozo em jorros enormes,
espasmódicos e quentes.
— Jesus Cristo — murmuro enquanto ela me beija. As suas unhas subiram
até meus ombros. Os seus lábios estão vermelhos e inchados. Fico dentro dela,
apoiando minha testa na dela enquanto a deixo beijar meus lábios, bochecha,
queixo. Eu me afogo neste momento, submerso em sua fé e amor por mim.
É tudo uma miragem porém. Eu era um garoto excitado por quem ela tinha
uma queda e agora sou um homem que a excita e a satisfaz sexualmente.
Puxando, rolo em minhas costas enquanto a deixo recuperar o fôlego.
— Você está bem? — A sua voz se eleva. Ela parece preocupada.
— Precisamos ir. Vou tomar um banho rápido. — Eu me levanto e a deixo
na cama.
VINTE E QUATRO
Charlie
O que acabou de acontecer? Balanço minhas pernas e tento não chorar. Isso
foi incrível. Além de incrível. Eu quero isso todos os dias pelo resto da minha
vida. Exalando uma respiração instável, me levanto e pego um lenço enquanto
sua semente escorre pela minha perna.
Eu deveria tomar outro banho, mas ele precisa de espaço, posso sentir.
Jogando o lenço no lixo, tiro meu biquíni preto da gaveta da cômoda. É a
primeira vez que estou usando. Comprei há um mês e ainda não consegui descer
para a piscina.
O chuveiro desliga e visto um lindo vestido branco de babados com botões
totalmente abertos. Enquanto pego alguns chinelos, David sai parecendo um deus
do mar molhado. Ele pega suas calças e veste uma camiseta, em seguida, passa as
mãos pelo cabelo algumas vezes antes de olhar para mim.
— Está pronta?
Concordo. As minhas palavras parecem presas em minha garganta. Ele não
está olhando para mim com raiva, parece mais tristeza, até mesmo resignação.
— Espere, que tal toalhas e protetor solar? — Tento passar por ele e ele
agarra meu braço.
— O clube tem tudo. Charlie, preciso que me escute sobre isso. Eu quero
que fique com Eve, Dolly e sua amiga, ok?
— Ok. Por que está se preocupando? — Pego minha bolsa.
Ele me olha de cima a baixo. — E não vá a lugar nenhum sem mim. Nem
mesmo ao banheiro, entendeu?
— David, que diabos? — Jogo minhas mãos para cima. — Você não quer
que eu vá?
Ele passa os dedos pelos cabelos, solta-os e pega minha mão.
— Vamos acabar com isso. — Ele pega seu telefone e cigarros ao sair e não
diz nada enquanto descemos as escadas para sua moto.
Ele está me deixando paranoica agora. Algo ruim está para acontecer?
O cascalho e a poeira da garagem do clube me tiram dos meus pensamentos
mórbidos enquanto olho em volta. Não há dúvida de que é uma festa,
motocicletas por toda parte, música explodindo. Passamos por várias mulheres de
aparência mesquinha, suponho que sejam strippers, fumando perto de uma
fogueira.
— Puta merda, não era isso que eu esperava.
Jimi Hendrix está cantando uma melodia algo sobre se seis acabassem sendo
nove. David agarra minha mão e a segura com força. É apenas um toque, mas
como tudo o que David faz, sempre significa mais.
O lugar é definitivamente selvagem. Pessoas de todos os tamanhos andam
bebendo, fumando e rindo. A maioria das mulheres está de preto com salto alto.
Os homens parecem assustadores, mas ninguém diz uma palavra quando
passamos.
David nos conduz pela varanda até a casa com ar condicionado, onde muitos
motociclistas estão bebendo e jogando sinuca.
— Poet, Prez quer vê-lo na sala de conferências — Edge diz quando
passamos.
— Estarei lá. Deixe-me ver se Charlie está bem. — Ele nem mesmo olha
para ele, e de novo, meu coração bate mais rápido. Algo está errado.
David me puxa em direção às portas de vidro.
— Você está em apuros? — Fico na ponta dos pés. A música está alta.
— Não. — Ele olha para mim e seus olhos acariciam meu rosto. — Basta se
divertir e ficar com as garotas. — Ele desliza as portas e nos aventuramos em
direção ao cheiro de cloro. O quintal está coberto de grama e flores.
— Demorou bastante. — Cindy se levanta. Os seus seios grandes saltam em
seu biquíni vermelho cereja. Eu me encolho e olho para David, que está ocupado
puxando uma espreguiçadeira para mim.
— Desculpe o atraso. — Eu pareço um absurdo ao lado dessas deusas. Elas
têm corpos pelos quais posso morrer e rostos que combinam.
Uma garota loira de biquíni rosa com pernas longas e o rosto mais lindo que
já vi se levanta. Ela se aproxima e noto que tem uma barriga perfeitamente
redonda.
— Eu sou Eve. Bem-vinda à nossa festa. — Ela agarra minha mão enquanto
David franze a testa.
— Obrigada por me convidar. — Sorrio para ela.
— Poet? É por isso que mal vemos você? — Ela o olha.
— Não o faça, Eve. Não estou com humor — rosna, e todas as três sorriem.
— Tanto faz, nunca está. — Ela meio que canta. — Você estará em boa
companhia. Todos os Disciples estão de mau humor. — Acena em direção à casa
como se a energia ruim não pudesse chegar perto de nós. — Estão esperando por
você.
— Obrigado, Eve.
Ele se vira para a cadeira de Dolly. Ela abaixa os óculos escuros e revira os
olhos para ele.
— Ei, Doll, está bem?
— Sério, David? Não o vejo há nove anos. Você está de volta há mais de um
mês e isso é tudo que pode me dizer?
— Ouvi dizer que sua casa está ótima. Estava me preparando para passar
por...
— Oh Deus. Você é tão ruim quanto ele. Pare. Está com Edge como sempre.
— Ela bufa e coloca os óculos de sol.
Eve coloca as mãos nos quadris pequenos. Além da bola fofa em seu
estômago, nunca saberia que ela estava grávida.
— Dolly, só porque odeia Edge agora, não significa que odiamos Poet.
— Cristo. — David esfrega a nuca. — Esta foi uma má ideia. Quer ir?
Cindy enlaça o braço no meu. — Não, vocês acabaram de chegar. — Ela
meio que tropeça, mas se equilibra com o meu braço.
— Poet. — Eve acena com a mão. — Dolly está com raiva do mundo e
bêbada então não se preocupe com nada. Agora vá e veja o que está acontecendo.
David agarra meu braço e me leva alguns metros. Cindy relutantemente solta
já que Eve está com seu outro braço.
— Eu não deveria ter trazido você.
— David, o que há de errado? Vá fazer o que tem que fazer. Estou bem. Eu
posso cuidar de mim mesma.
Ele olha para mim, depois para as garotas que nem mesmo tentam fingir que
não estão espionando. — Eu voltarei. Iremos embora assim que eu terminar. —
Surpreendendo-me, ele se inclina e me beija.
— Deus, ele é gostoso pra caralho — Cindy murmura enquanto ele se
afasta.
— Sim, David é... interessante. — Eve bate palmas. — Então, Charlie,
coquetel?
Ela não me dá tempo para responder. — Dewey, traga-nos um novo lote de
margaritas de morango e talvez um Perrier ou algo espumante para mim, por
favor.
— Tem certeza de que está se sentindo bem? — O cara que vi dormindo do
lado de fora de sua porta na outra manhã, corre até ela.
— Obrigada, Dewey. Estou bem. As bebidas, por favor. — Ela sorri para ele.
Ele sorri de volta enquanto marcha em direção às portas de vidro.
Eu tiro meu vestido, tiro os chinelos e, agradecida, afundo na
espreguiçadeira acolchoada. Fiz mais sexo nas últimas vinte e quatro horas do
que em dois anos. Poderia tirar uma soneca ao sol. Fechando meus olhos, deixo o
sol quente bater enquanto meu corpo começa imediatamente a suar e relaxar.
— Então... Charlie? — Olho para Eve, que moveu a sua espreguiçadeira
para mais perto. Cindy está nadando na piscina e Dolly parece morta em outra
espreguiçadeira.
— Como está David? — Pergunta.
Olho para ela e então para Dolly. — Hum, o que você quer dizer? E Dolly
está bem? — Sussurro.
Eve se vira para olhar para ela, em seguida, bate a mão no estômago de
Dolly, fazendo-a gritar e se sentar.
— Que diabos? Estava visualizando cortar o pênis de Edge com aquela faca
que você me deu no Natal.
— Dolly. — Eve olha para mim, seus grandes olhos azuis enormes, e volta
sua atenção para Dolly. — Eu lhe disse, aquela faca não é para cortar o pênis de
Edge. Acredite em mim, você lamentaria.
Fico olhando para as duas. Estão brincando comigo? Ou estão falando sério
sobre cortar o pau de Edge?
— Por que? Acho que seria um serviço a todas as mulheres. — Olha para
mim e pego minha bolsa e óculos escuros para que possa parar de ver os pontos
pretos. Não parece que vou tomar muito sol.
— Dolly está passando por uma fase. Vai passar. — Eve acena com a mão
como se fosse uma rainha.
— Talvez não. — Dolly se levanta e ajeita a parte de baixo do biquíni.
Todas essas garotas são bonitas demais. Como todas elas têm seios tão
perfeitos? Olho para os meus pequenos, mas cheios, e suspiro.
Dewey, acho que é o nome do cara, volta com duas jarras de margaritas, uma
Perrier e um copo para mim.
— Graças a Deus. Estava ficando sóbria. — Dolly pega uma jarra dele e se
vira para mim. — Doug fez um ótimo trabalho no seu cabelo. Está bem bonito.
— Eu amo. — Correndo meus dedos por ele, pergunto — Como está Doug?
Pego a Margarita que ela oferece. É doce, fria e refrescante. Também é a
única coisa que tive no estômago hoje.
— Ferrado por causa de um cara. Longa história. — Olha ao redor quase
entediada até que seus olhos se estreitam em um grupo de garotas motoqueiras.
— Oh nãoooo — murmuro em meu copo.
— Dolly, pare com isso. Pare de ser tão negativa. — Eve olha para ela e
Dolly revira os olhos.
Olho para Cindy, que está tomando banho de sol com sua margarita em uma
espreguiçadeira rosa.
— Então, este lugar é enorme — digo, olhando para o quintal. Está lotado de
motoqueiros e mulheres de biquínis.
— Sim, demora um pouco para se acostumar, mas amo a sensação familiar
do clube. — Ela pega o seu protetor solar e passa nas pernas e na barriga.
— E, claro, Blade não permite que ninguém entre na piscina quando quero
usá-la. — Ela balança o frasco enquanto continua. — Eu não quero assustá-la,
mas essas mulheres podem ser...
— Vadias, putas, strippers, cadelas. — Dolly engole sua margarita e alcança
a jarra enquanto Eve faz uma carranca para ela.
— Algumas são um pouco rudes, e você tem que cuidar do seu homem, mas
muitas são realmente adoráveis. Então pare com isso, Dolly. A sua mãe ainda
aparece às vezes.
— Exatamente. — Ela levanta o copo em um brinde falso, em seguida, olha
para as unhas.
— Você não se cansa disso? Talvez eu esteja envelhecendo, mas acho que
me irritariam. — Eu movo meus olhos para o mesmo grupo que Dolly estava
olhando. É meio difícil não sentir suas vibrações negativas enquanto nos olham
de cara feia. É principalmente uma ruiva com seios falsos ridículos e lábios
estúpidos. Com toda a maquiagem que está usando, quase parece um desenho
animado. A fumaça flutua sobre ela e seu grupo. O cheiro de nogueira, maçãs e
algum tipo de carne enche o ar.
— Oh, Deus. — Eve acena com a mão no rosto e fecha os olhos. — O cheiro
de carne defumada ainda me faz vomitar. — Eu me preparo para me mover para
que ela tenha mais espaço, mas estende a mão e me impede, me agarrando pelo
pulso.
— Dê-me um segundo. Vai passar. A verdade... Dewey? — Grita.
Dewey está perto de dois caras mais velhos, fumando. Ele parece
excessivamente preocupado.
— Você está bem? — Os seus olhos castanhos nos olham como se
tivéssemos feito algo.
— Não aguento mais o cheiro de carne defumada. Pode fazer com que o
movam para longe? Caso contrário, posso vomitar.
Ele concorda. — Sem problemas. Prez não quer você cansada esta noite.
Amy está cuidando de James Dean, lembra?
Os seus olhos examinam todas nós, em seguida, se voltam para mim. —
Quem é você?
— Charlie. — Simplesmente sai. Há anos sou Charlize, o que deixa minha
mãe feliz. A única pessoa que me chamava de Charlie naquela época era David,
mas sou definitivamente Charlie agora.
— Dewey, esta é a garota do Poet — Eve diz, seus olhos ainda fechados.
— Oh, já ouvi falar de você. — Então ele dá um tapinha no braço de Eve. —
Eu cuidarei do defumador.
Assim que ele sai, Dolly se senta na cadeira sob o guarda-chuva e acende um
cigarro. — Desculpe, Eve. Eu preciso de um.
Eve afasta a fumaça e vira seus olhos azuis para mim. — O que está
acontecendo?
— Desculpe? — Olho para Cindy em busca de ajuda, mas ela está virada
para o estômago e o rosto para o lado oposto.
— Alguma coisa séria está acontecendo. Blade não me dirá nada, mas sei
que tem a ver com David. O que você sabe?
Ela e Dolly se aproximam de mim. Levanto minhas mãos. — Eu não sei de
nada. — De pé, vou em direção à piscina.
— Espere, isso não é brincadeira. Como quando Blade sai em vez de Jason,
a merda está acontecendo. — Eve se levanta e enlaça sua mão com a minha e me
guia de volta para a espreguiçadeira.
— Gostaria de saber algo. David e eu estamos meio que descobrindo as
coisas.
Um arrepio de medo sobe pela minha espinha.
— Ouvi Blade ontem à noite ao telefone com David. Não é bom. — Ela
deixa tudo isso pairar no ar.
— Espere, o que você ouviu que está acontecendo? — Pego minha bolsa,
procurando por alguns Tums. Primeiro, há o ácido do meu estômago por falta de
comida, e agora isso está me deixando com náuseas.
— Você sabe que David está de volta para se vingar, certo? — Ela me olha
bem nos olhos.
— Sim, eu acho — resmungo novamente e olho para Cindy para me salvar,
quase querendo gritar para ela acordar.
— Jason é meu homem e não pretendo deixar que nada de ruim aconteça
com ele. Preciso saber o que você sabe. — Ela acena com a mão no meu rosto
atordoado. — Pense, Charlie. Você tem que saber se ele está drogado ou agindo
de forma estranha...
Eu balanço minha cabeça, refazendo a noite passada. Ele estava empolgado
e transou comigo a noite toda... mas foi incrível.
— Ele não usou drogas, mas concordo, coisas estão acontecendo. — Expiro
e viro para o som de cascalho, causado por um enorme SUV preto de aparência
cara.
Um motorista de terno preto abre a porta e todas simplesmente olhamos
enquanto Dolly e Eve agarram minha mão.
— Santo filho da puta, é isso? — Dolly sussurra.
— Oh, meu Deus, é Reed Saddington — termino por ela. Olho para as
minhas mãos. Ambas as garotas estão me apertando com força.
— Eu lhe disse. — Eve olha ao meu redor e para Dolly. — A merda está
acontecendo. É por isso que Jason tem usado sempre o Blade ultimamente, até em
casa. — Ela sussurra a última parte enquanto nós três assistimos Reed passar por
nós e entrar na casa.
— Ele é alto e muito lindo. Gostaria que ele não fosse casado. Eu transaria
com ele. — Dolly diz tudo isso com suas unhas agora cravando em minha mão e
tomando sua margarita.
— Charlie?
Eu pulo mesmo estando imprensada entre elas. — Acha que David e Reed
alguma vez... fizeram alguma coisa? Quero dizer, são melhores amigos e viveram
juntos sempre.
Pisco para Eve. Que diabos? — Posso dizer com segurança que David não é
gay.
Ela balança a cabeça e felizmente solta minha mão.
— Não gosto disso. O que quer que esteja acontecendo, Jason não quer que
eu saiba. — Ela aponta o dedo para mim. — Você era minha esperança, Charlie.
— Deus. — Esfrego minhas mãos. — Você faria melhor tirando isso de
Blade do que de mim. David nunca diz nada... apenas que eu sou sua luz. — Eu
pego minha margarita enquanto ambas se animam e olham para mim.
— Ele disse que você é a sua luz? — A sobrancelha de Dolly sobe. — Hmm.
Uma porta bate e um grito que soa como se alguém tivesse capturado uma
fera se espalha pelo ar.
— O que é isso? — Eu me levanto e olho ao redor. Está bastante deserto.
Além de nós, algumas strippers estão fumando na área da churrasqueira.
— Ignore isto. Bem-vinda à sua primeira festa dos Disciples. Continue.
— É tudo o que sei, além do fato de que ele diz que não pode ficar comigo
porque está machucado. — Bebo um pouco mais, me perguntando se não deveria
estar dizendo tudo isso.
Eve bufa e puxa a espreguiçadeira para mais perto da minha. — Charlie,
todos estes homens nos Disciples são iguais. São meninos maus, eles não
conseguem ser monogâmicos. — Ela usa aspas no ar para meninos maus e
monogâmicos.
Dolly acende outro cigarro. Um som pop pop nos faz parar e olhar em volta.
— Foram tiros? — Olho para Cindy, que ainda está desmaiada na
espreguiçadeira.
Os olhos de Eve se estreitam e ela levanta a mão pedindo silêncio enquanto
todos nós nos esforçamos para ouvir gritos e brincadeiras.
— Deus, eles são animais. — Dolly olha para nós.
Eve vira a cabeça e a encara. — Você também precisa ouvir isso, namorada.
— Ela aponta para Dolly. — A verdade é que, se os quer, vá buscá-los. Não é
complicado. Faça justiça com suas próprias mãos. Porque se você esperar...
Ligeiramente zonza, terminei minha margarita e um pouco perturbada com
os barulhos. Eu a entendi mal?
— Está dizendo que eu deveria engravidar e prendê-lo?
Novamente, gritos altos estão vindo de outra área. Algumas garotas dos
motoqueiros correm para a lateral do complexo.
Dolly bufa e sopra fumaça para o céu sem nuvens, como se toda a comoção
fosse normal. — Eve acha que ficar grávida sela o negócio.
Eu me viro para Eve, que está sentada, as pernas cruzadas na altura dos
tornozelos, olhando para nós duas. — Sim e…?
— Espere. — Eu me levanto. — Acha que eu deveria prender David? —
Sussurro a parte da armação.
— É claro. Isto é, se você realmente o quiser. Certifique-se porque depois
que está grávida, é um jogo completamente diferente de “não-sei-das-bolas”.
Dolly começa a rir da minha cara de horror, acho. — Não sabia que nossa
pequena Eve era tão calculista, hein?
— Oh, pare de ser dramática — Eve estala e vira os olhos para mim. — É
bom senso. Quer o David. Ele é torturado. — Ela levanta o polegar enquanto
repete suas falhas. — É um fato que ele tem um passado ferrado. — Enquanto
conta, faz uma pausa dramática e mostra o terceiro. — Pode levar uma eternidade
para se recuperar, mas acredite em mim, engravidar do seu bebê, ele será todo
seu. — As suas mãos caem enquanto ela dá um tapa em suas longas pernas
bronzeadas.
Olho para ela e então para Dolly. — Você está falando sério?
— Absolutamente. O quanto você o quer? — Ela me encara como se eu
soubesse de tudo isso automaticamente.
— Nunca poderia. Eu quero que ele me ame como o amo. Não prendê-lo.
— Ouça, ouça. — Dolly levanta o copo, mas franze a testa com a gritaria
novamente.
Eve olha para nós duas. — Ok, claramente você não o quer tanto.
Ela se senta escarranchada na espreguiçadeira. — Quando eu queria Jason,
nada, e quero dizer, nada ficaria no meu caminho.
Sento-me, completamente pasma. Primeiro, nunca estive perto de alguém tão
franca e sem remorso sobre isso. Segundo, quem é essa mulher? Sério, isso é uma
coisa horrível de se fazer.
No entanto, ela diz isso com tanta calma e paixão que começo a me
perguntar se estou sendo ridícula. Se eu estivesse grávida, e sabendo o quanto ele
amava Tabatha...
Ela está certa. Eu tenho que acreditar que David teria dificuldade em pensar
que ele não estaria comigo.
— Ou pode esperar e esperar que ele lute contra seus demônios o suficiente
para ficar com você. — Ela se levanta e caminha até a piscina, sentando-se na
borda e deixando suas pernas balançarem.
— Charlie, nem mesmo pense. — Dolly acende outro cigarro e se inclina
para perto de mim. — Essa merda funcionou para Eve porque bem, ela é Eve, e
Blade estava morrendo de amor por ela. Há uma razão pela qual Eve é sua rainha.
Eles são perfeitos um para o outro.
Dolly respira fundo e olha para a piscina como se estivesse perdida. — E
nem todos os Disciples são bons, e a maioria não consegue ser monogâmico. Eve
é jovem e ganhou na loteria com Blade. Você e eu — seus lindos olhos castanhos
encontram os meus — vamos apenas dizer que eu teria cuidado. David pode
magoá-la e não olhar para trás.
Ela se inclina para trás quando Dewey vem correndo.
— Eve, Dolly, precisamos ir. — Ele parece assustado e eu congelo,
apavorada.
Eve acena com a cabeça e se levanta. Ele pega seu braço enquanto ela agarra
a bolsa e o braço de Dolly.
— Cristo, suponho que não tenho permissão para sair da casa de Eve? —
Dolly parece mais irritada do que assustada, o que não faz nada por mim.
— O que está acontecendo? — Cindy está nadando, seus grandes olhos azuis
com certeza refletem os meus de terror.
— Charlie?
Levanto-me e me viro para um rosto que deve parar o tráfego. Eu fico
olhando para os olhos verdes que parecem uma floresta.
— Puta merda. — A minha mão vai para o meu coração como se isso
pudesse protegê-lo.
— Eu sou Reed.
— David? Onde está o David?
— Eu preciso levar você e sua amiga para casa agora — Olha para seu
veículo caro e o homem de terno sai segurando a porta traseira aberta.
Não consigo formar palavras, mas Cindy, que está toda molhada, pega uma
toalha e diz — Está tudo bem?
— Vamos senhoras. — O homem de terno que deve ser o guarda-costas de
Reed nos coloca em ação.
Procuro por Dolly e Eve, mas Dewey está fechando a porta do SUV.
Edge sai pela porta da frente com uma mulher mais velha segurando um
bebê enquanto Eve abre a porta para ela. Ele diz alguma coisa para elas, bate à
porta enquanto Dewey vira e volta para dentro de casa sem nem mesmo olhar
para nós.
Começo a tremer e meus dentes doem. Talvez eu esteja tremendo desde que
Reed apareceu. Cindy está entrando no SUV preto. Estendo a mão para Reed.
— David? — O olhar que ele me dá quase me faz vomitar.
— Eu não posso ir sem ele — resmungo.
— Ele me disse para levá-la, Charlie.
— É isso? Foi só isso que ele disse? — Os meus olhos nadam em uma
mistura borrada de cores enquanto entro e alcanço as mãos frias de Cindy.
VINTE E CINCO
David/Poet
Fico do lado de fora da porta da sala de conferências e respiro fundo. Eu
nunca deveria ter trazido Charlie. Este é um mundo completamente diferente. Ela
não está acostumada com nada disso e, francamente, gosto dela assim.
O meu estômago ronca e esfrego minha cabeça dolorida. Preciso comer
alguma coisa, mas já estou atrasado e tenho a sensação de que é isso. As minhas
veias estão formigando.
A porta se abre e Amy sai carregando James Dean. Ele sorri aquele sorriso
fofo e cheio de dentes, suas bochechas rosadas como grandes maçãs vermelhas
enquanto mastiga o dedo.
Por alguma razão, talvez eu precise do lembrete, mas desta vez, não desvio o
olhar. Eu sorrio de volta. — Ei amigo. — Alcanço para bagunçar seus cachos
macios como seda.
— David. — Amy acena para mim e me traz de volta ao meu presente. —
Eles estão esperando. É para isso que você voltou. — A sua mão alcança a minha,
apertando-a.
Enquanto eles se dirigem para a cozinha, Amy fala animadamente com
James Dean. Cristo, ela provavelmente sabe mais do que qualquer pessoa,
incluindo Blade.
Eu bato na porta e espero até que Ryder a abra e me olhe de cima a baixo.
— Isto já está ficando cansativo. — Eu me movo ao seu redor quando entro
na grande sala. Blade está sentado com as botas na mesa enquanto ouve Frosty.
Edge, Axel e Ox estão comendo batatas fritas e guacamole, que Amy deve
ter deixado.
Garrafas de cerveja estão espalhadas pela mesa de conferências surrada. A
conversa deles para assim que entro. Eu nem me preocupo em dizer nada. Em vez
disso, vou direto para a caixa de donuts. Escolhendo um gelatinoso, me encosto
na parede, desafiando qualquer um a dizer algo.
Blade se levanta e vem até mim. Estou no meio da mordida, mas é como se
voltássemos aos doze anos. Antes que eu possa me proteger, ele me dá um soco
bem no estômago.
— Porra. — Cuspi o donut no chão e não pude evitar cair de joelhos.
— Pode ser o meu sangue, mas sempre que falar comigo e não me der o
respeito que mereço, eu pessoalmente acabo com seu sofrimento.
Não consigo respirar o suficiente para tentar me defender. Ele está chateado
e tem razão, se não fôssemos primos, eu estaria morto.
A porta bate novamente. Ryder nem mesmo me deu uma olhada quando a
abriu.
Blade passa e tento me levantar, mas caio de joelhos, ofegando.
— Jesus Cristo, ele não está usando, está? — Os meus olhos vão para a porta
quando Reed entra.
— Ele está se aguentando. — Axel se aproxima para cumprimentar Reed.
— Cristo, David — Reed estala e fecha os olhos como se estivesse tentando
ter um pouco de paciência. O que é uma piada de merda. Eu essencialmente o
salvei anos atrás. E se eu pudesse respirar, o lembraria.
— Eu tenho o que você quer. — Ele abre os olhos e deixa suas palavras
penetrarem. — Está em condições de lidar com isso? Ou precisa de mim para
intervir?
O meu rosto se inunda de adrenalina e vergonha. — Não se atreva. Você me
deve isso — assobio.
Frosty limpa a garganta e se levanta, quase passando por cima de mim para
chegar até Reed. — Eu sou Frosty, sou o... bem, de qualquer forma, David
conseguiu um telefone que um dos oficiais do Satan’s Seeds deixou quando ele
morreu.
Reed balança a cabeça enquanto olha para o telefone.
— Bem, as mensagens foram excluídas, mas tenho um cara que conseguiu
encontrar uma correspondência em suas vozes.
— Perfeito, porque subornei o agente certo do FBI. Eu tenho todas as
escutas telefônicas legais e ilegais que eles têm sobre os Disciples há anos.
O comer das batatas fritas cessa. É como se estivéssemos todos muito
atordoados para nos mover.
— O que você disse? — Blade se levanta e vai até Reed.
— Está tudo aqui. Eu o ouvi, horas e horas de seus segredos sendo
documentados. A maioria são festas e coisas do dia a dia, mas — olha de mim
para Blade -— Eu sei quem são os traidores.
— Filhos da puta. — Ryder se levanta, toda a mesa se levanta e desaba
quando garrafas de cerveja derramam, assim como as batatas fritas. — Faço uma
varredura completa uma vez por semana. — Ele esfrega a cabeça careca.
— A maioria é velha, mas com drones, nunca se sabe o que podem pegar.
Vocês têm muito interesse na ressurreição da fabricação e venda dessa droga
novamente.
Reed digita algo no telefone e passa para Frosty.
— Meu presente.
Frosty começa a conectar sua merda e, finalmente, posso respirar. É difícil,
mas não acho mais que seja de Blade. A adrenalina está fazendo minha cabeça
zumbir e minhas veias formigarem. Eu me inclino para Reed.
— Quem é o maldito traidor?
Pareço demente porque estou. A minha mente não está lidando bem e quanto
mais tempo Frosty leva, mas quero pular a mesa e...
— Precisa se recompor — diz. — Isso não é algo pelo qual possa perder a
cabeça. Acho que Blade tem tudo planejado.
Eu levanto minha mão para ele parar de falar. Reed encolhe os ombros
enquanto puxa uma cadeira para se sentar ao meu lado.
Os alto-falantes estão ligados e a voz do meu tio morto, o pai de Blade, fala
claro como um sino sobre uma certa moto que ele queria pintar. É como se eu
estivesse preso em um dos meus pesadelos dos quais não consigo acordar. O meu
corpo está tão tenso que posso sentir cãibras nos músculos do pescoço e dos
ombros.
Olho para Blade porque preciso dele. Eu esqueci que esta é sua cruz para
carregar também. Os nossos olhos se encontram e ele cruza os braços.
— Continue — exige, e Frosty digita algo.
E Chuck ou Chuckie, é como o chamávamos quando criança, meu primo,
um dos melhores homens que conheci, fala sobre como ele quer se livrar dos
Satan’s Seeds, comprando drogas extras. Tudo isto é uma conversa que ele está
tendo com Lucky, que diz que falará com Tank.
O próximo é Axel e Chuck falando sobre os seios de alguém chamada
Amanda.
— Filho da puta. — Axel se levanta. O olhar arrogante de sempre em seu
rosto desaparece quando vai até a janela para olhar para fora.
— Desligue — grita e a sala estala com energia. — Você sabe quem é o
traidor?
— Pega leve, Axel — Blade avisa.
— Reproduza a partir de três e vinte e um. — Reed olha para o teto. O
tempo para, como um relógio lento que está quase sem bateria.
Frosty olha para Blade, esperando sua resposta. Blade examina a sala dos
irmãos. Ele apoia o punho na mesa, os olhos escuros. — Mantemos o nosso
plano. Primeiro, derrubamos o armazém dos Satan’s Seeds. Eu quero isso feito
pela manhã. Então, chamarei a Igreja e cuidaremos do traidor.
— Traidores — interrompe Reed.
Todos nós nos voltamos para ele e Blade se abaixa na cadeira e começa a
bater com a lâmina na velha mesa de conferência no talho. Eu me levanto e
caminho até o arquivo em frente ao nosso cofre.
— Havia mais de um? — Blade sempre foi grande em lealdade, ou é seu
irmão e ele morrerá por você, ou você não será e ele o matará.
Eu, por outro lado, sempre soube que existem pessoas realmente más.
Alguns até malvados e com uma chance, eles atacam seu ponto mais fraco. Muito
parecido com uma cobra mortal, podem e irão causar danos e derrubá-lo se
puderem. Afastando o armário, uso minha impressão digital e a porta se abre.
— Reproduza — Blade sibila. Chego dentro do cofre e pego uma Glock,
algumas balas e uma faca. Espero pela voz, preciso da voz.
Como o drogado que sou, quero isso, anseio por isso. Estou vendo sangue e
nem comecei. Blade quer esperar. Eu não vou.
Eu me sacrificarei facilmente por eles. Uma visão de olhos dourados com
cabelo preto como tinta flutua em minha mente. É por isso que nunca deveria ter
começado com ela, mas arrependimentos hoje são inúteis...
Frosty digita em seu laptop e fecho o cofre enquanto todos os olhos viram
para mim e então de volta para Frosty. A estática enche a sala silenciosa. Então
ouço um homem. A sua voz não é clara, mas ele deve falar mais perto ao telefone
porque estou lá, de volta àquele dia e aquele momento que tanto quero voltar.
Aqueles segundos que desapareceram, dos quais fui roubado.

— Cara, está pronto, Jackal disse para irmos, mas temos um problema...
— Que problema? Eu lhe dei tudo que precisava, mastigado com uma
colher. Como pode haver um maldito problema?
— David não está lá. E a mãe de seu bebê, está lá dentro com sua filhinha...
— Silêncio...
— Leve-as para fora, tire a todos. Faça agora antes que percamos a chance
Tenho certeza de que há mais conversa, mas sei de quem é essa voz. Eu o
recebi em todas as festas de aniversário desde o dia em que nasci. É como um
segundo pai. Ele chorou comigo...
— David, estamos todos em choque. Vamos dar um tempo. — Blade está
diante de mim segurando suas mãos enquanto olho para as minhas. Estou
segurando a Glock e o som estranho que estou ouvindo vem de mim.
— Está tudo bem, irmão. Eu cuidarei disso. Abaixe a merda da Glock —
Blade sibila.
— Quem são os outros? — Cuspo, minha voz rouca. Não vejo além de
vermelho.
— Dozer e Burner — Reed diz atrás de mim. E isso é tudo que preciso.
A minha mente está bem. Parei de fazer barulho, ou isso ou tudo ficou
mudo, como uma TV. Está quieto em minha cabeça enquanto passo pelas pessoas,
ninguém faz barulho. A porta está aberta e estou procurando…
Finalmente vejo o maldito traidor morto. O homem que chorou na minha
cama de hospital quando tive queimaduras cobrindo minhas mãos, pés e joelhos.
O homem que se aproximou para ajudar a enterrar minha filha, então tentou
assumir o clube, mas o clube, assim como o coração humano, não bate com uma
alma má.
Ele se levanta, rindo, com uma maldita garrafa de cerveja nas mãos. Escapou
de assassinato por dez anos e agora é a hora de expiar.
— Você morre hoje.
Não ouço nada, mas vejo a confusão. Então está em seus olhos, sempre os
olhos. Um piscar e ele não precisa dizer nada porque estou com muita raiva.
A minha dor por minha filha ter perdido a vida porque ele disse isso. O meu
tio, meu primo e a pobre Debbie, que estavam no lugar errado na hora errada.
Todos tinham seus próprios pecados, mas não Tabatha. Ela era leve,
ensolarada e pura e este homem disse para matá-la. Eu não sei quando o bater da
carne começou ou que malditos Disciples idiotas estão tentando me puxar.
Os sons de seu nariz quebrando e seus lamentos de que está velho são quase
como uma sinfonia que ouvi em Manhattan.
Ox me segura. Tudo que sei é que não ouço mais ossos se quebrando ou
minha sinfonia de morte.
— Que porra é essa, Poet? — Ox me prendeu com a mão na garganta. Eu
mostro meus dentes, incapaz de formular palavras.
— Solte-o, e se mais alguém se mover, colocarei uma bala na cabeça. —
Olho para Blade caminhando através do grupo de Disciples.
— Blade — Lucky lamenta enquanto o alcança e tosse com sangue. —
Tinha que ser feito para o futuro do clube... Eu queria que o clube fosse grande e
forte. — Respira fundo enquanto procura simpatia.
— Como é hoje. Chuck gostava muito de bocetas para fazer o que precisava
ser feito, mas você... eu fiz isso por você.
Ele vomita sangue. E essa é a última coisa que diz ou faz.
— Fez isso por Blade? Você matou Tabatha por Blade? — Ox me solta e o
ataco, batendo sua cabeça no chão enquanto me ouço gritando — Por quê? Você
poderia tê-la salvo... poderia ter... — Eu não paro de bater com sua cabeça no
chão. Finalmente, seu pescoço estala e ele não é nada além de uma maldita
boneca de pano.
Quando ouço a voz de Reed, olho para cima finalmente. — Acabou, irmão.
— O suor escorre pela minha testa e nos olhos enquanto solto o idiota e me
levanto. Todos recuam como se estivessem com medo de mim. Sorrio enquanto
as mulheres gritam. Pego minha Glock e aponto a arma para o cadáver de Lucky,
e para ter certeza absoluta, atiro no seu rosto e giro a arma para Dozer e Burner.
— Não estes filhos da puta. Eles são todos meus. — Blade pega sua arma, e
em um movimento rápido e gracioso, coloca uma bala nas cabeças de Dozer e
Burner. Eles caem no chão, deslizando para o lado enquanto as mulheres gritam e
os Disciples as acalmam.
— Ryder, cuide disso — Blade rosna.
Mais gritos, Disciples dizendo — Oh merda! — e Blade deixa cair a arma no
peito de Lucky e caminha em direção à casa. Axel e Ox seguem.
Reed está ao meu lado. Quando olho em seus olhos verdes, nadam com a
turbulência de uma tempestade que se projeta nos meus. É por isso que Reed é
meu melhor amigo, meu irmão há anos. Ele nunca julga. Sente a necessidade de
retribuir minha bondade quando tudo o que fiz foi ver uma alma danificada que
era tão selvagem e ferrada quanto eu.
— Leve Charlie para casa por mim, Reed. — O meu peito está pesado, meu
coração está batendo forte.
O meu cérebro é como um filme antigo que não consegue definir se quer
ficar em silêncio ou ouvir música. Rápido ou devagar.
— É claro. — Ele se vira e começa a sair.
— Reed? — Ele não responde. Sabe o que vem a seguir, sempre soube, mas
ao contrário de mim, ele tem um motivo para ir para casa. Ele tem um motivo
para amar e cuidar de sua família e de si mesmo.
Ele tem um motivo.
— Não faça isso, cara. Você é livre. É hora de começar a perdoar a si
mesmo.
— Você perdoaria?
— Não, não, eu não perdoaria. — Ele vira. Desta vez, não chamo de volta.
Esta é a minha jornada, minha para cuidar como uma ferida purulenta. E a
minha para decidir o que me derruba. Olho em volta para os homens mortos,
incluindo um que às vezes chamei de tio, o maldito pedaço de imundície que tem
muito tempo nesta terra. Ajoelho-me e pego seus cigarros, seu dinheiro e seu
remendo que diz que ele foi um membro fundador. De jeito nenhum ele levará
isso para o túmulo.
Ryder fala ao telefone, discutindo a melhor maneira de se livrar dos corpos.
— Espere um segundo. — Ele volta seu olhar penetrante para mim. — Você está
bem, Poet?
Eu não respondo. Ele tem outras coisas que precisam acontecer.
— Maldição, David — ele grita para mim. — Pare por um maldito segundo
e olhe para você.
Isso me faz olhar para as minhas mãos ensanguentadas e me viro para
encará-lo. — Não preciso me olhar para saber o que acontecerá. Ajude Blade a
derrubar esses malditos. Vou dar um passeio. Voltarei mais tarde com minha
cabeça no lugar.
— E quanto a Charlie?
— Charlie — Olho para o céu que nos agraciou com um incrível pôr do sol
laranja e vermelho. — Charlie, Charlie... Charlie. — Ela tem um pedaço de mim.
Infelizmente o resto não é nada que funcione. Olho para ele. — Um dia, talvez
em outra vida, irmão.
— Cara... Terrier, deixe-me ligar de volta — Ryder rosna em seu telefone
descartável. Enquanto me segue, monto minha moto.
— Não faça isso, cara. Eu tenho um mau pressentimento. Você sabe sobre
meus sentimentos. — Ele está sendo sincero. Pego sua mão enquanto ele agarra a
minha.
— Tenho que ser eu, e você precisa fazer seu trabalho. O meu está feito.
Afasto-me e ligo minha moto, apertando o acelerador para que eu não possa
ouvi-lo mais, apenas o estrondo profundo da minha moto.
Eu sei para onde vou. Ela está me chamando. A minha amante sombria. Ao
soltar a embreagem, fecho meus olhos. Estou nas trevas, e quando os abro, toda a
minha luz, o pouco que salvei dela, se foi.
VINTE E SEIS
Charlie
O banco traseiro do SUV é confortável o suficiente, mas isso é tudo que é
confortável. Em questão de vinte minutos, eu roí minhas unhas até o miolo e
arranquei uma unha, que agora está sangrando. Colocando minhas mãos sob
minhas pernas, eu brevemente contemplo o estado do meu pobre vestido
molhado. Começou como o meu dia: promissor, brilhante e novo. Agora parece
desfigurado e errado.
Deixamos Cindy em seu apartamento há pouco tempo. Reed não poderia ter
sido mais cavalheiro ao entrar e verificar se tudo estava em ordem.
Fora do meu ambiente, me contorço e cruzo as pernas enquanto me sento ao
lado de Reed. Este veículo luxuoso, seu relógio e a maneira como ele se move o
fazem se destacar. Não apenas seu cabelo escuro tem a quantidade certa de cachos
para torná-lo especial, mas Jesus, seus olhos quase chegam perto de serem tão
espetaculares quanto os de David. Quase.
Respiro fundo e faço a pergunta que preciso saber. — O que está
acontecendo? Está... tudo bem? — O meu rosto está queimando. Claro, nem tudo
está bem. Estou sentada ao lado de Reed Saddington em vez de David
McCormick.
Ele olha pela janela para o Ventura Boulevard. — David é David.
— O quê? — Resmungo e limpo minha garganta. — Isso parece... não
entendo o que está acontecendo.
Ele vira os seus olhos verdes para mim. — Você entende. Sabe exatamente o
que está acontecendo. Não posso dizer o que quer ouvir, porque isso não é justo
com nenhum de vocês.
Os meus olhos lacrimejam. — Obrigada por me levar para casa e não mentir.
— David insistiu nisso. — Ele esfrega a testa, o que me faz engolir a bile
que continua ameaçando subir. O veículo desliza em vez de entrar no
estacionamento do meu prédio.
— Charlie, me deixe dar-lhe o meu número de telefone. Se precisar de
alguma coisa, ou se David precisar, ligue a qualquer hora. — Estende a mão para
o meu telefone. — E boa sorte. Não tem que fazer isso sozinha. Acredite em
mim, sei como lidar com ele se ele desmoronar. — Ele me entrega de volta meu
telefone, seu nome e endereço gravado. Olho para o motorista, em seguida, de
volta para Reed.
— Sinto que estou em uma espécie de pesadelo. Não estou... certo. Isto faz
sentido?
Ele passa as mãos pelos cachos escuros. — Descanse um pouco. Ele voltará.
Aceno e mordo meu lábio para não chorar. — Quero isso. Eu senti como se
estivéssemos apenas começando, não terminando. — Desta vez, minha voz
coaxa, e pulo antes de me humilhar completamente na frente de Reed Saddington.
— Quando a poeira baixar, você e David precisam vir à nossa casa em
Malibu. Algo me diz que você e Tess serão grandes amigas. Ela também precisa
de uma amiga. — A última parte é seca como se eu devesse entender.
— Não se esqueça de ligar se precisar de alguma coisa.
Os meus olhos encontram os dele enquanto aceno e subo as escadas. Cada
passo parece que eu coloquei chumbo em meus sapatos, apesar de usar chinelos.
O que diabos aconteceu lá? Olho para as minhas mãos, sem perceber
imediatamente que elas agarram meu telefone. Talvez eu esteja em choque. Acho
que acabei de me envolver em alguma coisa maluca. Nunca em meus vinte e seis
anos me senti tão velha. Eu nem tenho certeza se entendo todas as emoções que
estou tendo.
— Charlie? Querida, você está bem?
Eu grito e agarro meu peito enquanto me viro e vejo minha vizinha Shelia.
As suas mãozinhas seguram seu velho celular como se estivesse se preparando
para ligar para alguém.
— Oh, meu Deus, Shelia. — Caio contra a porta. — Você me assustou.
Estou um pouco nervosa. — Expiro enquanto examino a área. O pôr do sol, que
de outra forma seria lindo com seus tons laranjas e vermelhos, me lembra de um
céu sangrento. Talvez seja um sinal de que David está sangrando. Quer dizer,
aquele “pop pop” alto não veio de fogos de artifício, podem ter sido tiros.
— Puta merda. — Eu sou uma idiota ingênua. Não admira que Eve e Dolly
soubessem o que fazer imediatamente. Elas nem mesmo discutiram,
simplesmente entraram no SUV com o bebê de Eve e foram embora. Esfrego
minhas têmporas e procuro as chaves dentro da minha bolsa.
— Alguns homens vieram procurar por você — ela sussurra. A sua mão fria
e enrugada toca a minha.
— O quê? — Grito enquanto olho em volta.
— Sim. — Ela me puxa para seu apartamento, que é idêntico ao meu, mas
parece que uma velha senhora e seus gatos vivem aqui. A areia do gato precisa
ser trocada. Normalmente tento fazer isso por ela uma vez por semana. É claro
que esqueci na semana passada porque estava horrível. Odeio o cheiro de urina de
gato.
— Aqui, tentei tirar uma foto com meu telefone. Eles estavam batendo na
sua porta. Eu lhes disse que chamaria a polícia e foram embora. — Ela me
entrega seu telefone, que deveria ter sido atualizado há dez anos. As minhas mãos
tremem enquanto olho para a tela minúscula, mas em vez de motoqueiros,
parecem os amigos idiotas do meu vizinho de cima, molhados e de bermuda.
— Oh, Deus. — Eu afundo em seu sofá desconfortável. A manta de malha é
ligeiramente áspera. — Shelia, acho que este é Jordan e os amigos bêbados do
Sean.
Ela franze a testa e olha para o telefone. — Tem certeza? Eles tinham
algumas tatuagens. — Ela sussurra a última palavra enquanto aponta para uma.
Em seu telefone de baixa qualidade, parece mais um melanoma do que uma
tatuagem.
— Confie em mim, esses são os amigos de Sean. — Eu coloco a mão sobre
meus olhos enquanto inclino minha cabeça para trás.
— Posso pegar alguma coisa, querida? Você está pálida.
— Oh, Shelia... — não consigo parar. As lágrimas escorrem pelo meu rosto
enquanto me inclino e soluço.
— Charlize, nenhum homem que te faça chorar assim vale a pena.
Balanço a minha cabeça. — Ele vale.
Gaguejo e continuo chorando — Ele teve coisas horríveis acontecendo, e
neste momento, não tenho ideia se vou vê-lo novamente.
Pego meu peito e expurgo minha alma para minha doce vizinha, uma
velhinha cujo falecido marido trabalhou como pintor de paredes até ficar muito
velho. Ele a idolatrava.
— Eu sei que acha que ele não é como o seu Jacob. E talvez não seja, mas
oh Deus, e se ele estiver morto?
Shelia parece horrorizada e me levanto. Ela não precisa ouvir todas as
minhas merdas. Ela pensava que os amigos do meu vizinho idiota eram
motoqueiros.
— Eu preciso ir. — Sigo para a porta.
— Charlize, nunca vi você assim. Preciso ligar para sua mãe? — Ela
também se levanta, seu pequeno corpo encostado no sofá.
Uma pequena bolha de risos começa a surgir. Embora eu esteja chorando, o
pensamento de que a pobre Shelia quer ligar para minha mãe como se eu tivesse
doze anos é tão absurdo, mas perfeito para este dia. A última coisa que preciso é
minha mãe.
— Estou bem. Acho que tomei muito sol, e vou ligar para minha mãe mais
tarde de qualquer maneira. Obrigada por cuidar de mim.
— Charlize? — A sua voz severa me faz virar à direita quando abro a porta.
— Não faça algo tolo ou algo que se arrependerá. — Estou assustada com
sua paixão. É como se ela tivesse feito o mesmo e nada de bom tivesse
acontecido.
— Você não tem nada com o que se preocupar. Nunca faria. — Fecho a
porta, esperando que seja verdade.
VINTE E SETE
David/Poet
Largo minha moto com o manobrista no The Dolly e olho ao redor. É cedo.
O segurança dos Disciples acena para mim enquanto passo.
O cheiro de bebida me atinge e paro, fecho os olhos e respiro. Eu amo
bebida, mas essa não é minha amante sombria. A bebida me deixa relaxado.
Os meus olhos examinam o clube escuro. Deve ter aberto há pouco tempo,
se o único casal no bar é qualquer indicação. Entro e olho onde Sergi sentou da
última vez, a adrenalina ainda mexendo com a minha cabeça. Estou coberto de
sangue, e no entanto, quando vejo a escória da terra, ele sorri e faz sinal para que
eu vá até ele. O seu dente de ouro parece patético na penumbra. As vozes em
minha cabeça me dizem para seguir em frente. Um par de olhos dourados me fez
hesitar por um momento.
Sergi está com uma garota que não pode ter mais de dezoito anos. Quase
puxo minha Glock para colocar uma bala em sua cabeça raspada, mas de que
adianta isso? Preciso de sua magia. Posso matá-lo mais tarde se descobrir que ele
está transando com crianças.
Ele abre as mãos. — Bem-vindo meu amigo. Parece que teve um dia ruim.
A garota que está com ele o encara com os olhos arregalados. Ela se move
atrás dele, como se eu fosse o demônio.
— Está tudo bem, Tabatha. Ele não pode machucá-la. — Dá um tapinha nas
suas mãos.
— Como você a chamou? — Assobio. Eu vou matá-lo. Posso sentir quando
minha palma começa a coçar.
— Tabatha. — Franze a testa para mim. — Esse é o seu nome. Você está
bem, meu amigo? — Ele se levanta enquanto me abaixo na cabine vermelha.
— Eu não sou seu amigo — resmungo. Tabatha. Ecoa em minha cabeça
como aquele toque agudo que usam para testar sua audição.
Olho para eles e fecho meus olhos, tentando respirar. Os meus demônios
chegaram e não estão aqui para brincar esta noite. Estão acendendo uma fogueira
e estou começando a queimar.
— Quero o meu de sempre — assobio. — A mais pura que tiver.
Pegando o dinheiro de Lucky, jogo quinhentos na mesa. Ele olha para baixo
e depois para mim.
— Eu não sei... você aparece e está assim. — Aponta com a mão minhas
roupas sujas de sangue e minhas mãos surradas. — Então quer que eu lhe dê
todas as minhas coisas boas... — Ele não diz mais nada. Tabatha grita, seus
grandes olhos dilatados de medo e tudo o mais que ela esteja fazendo.
A minha Glock, de alguma forma, está em sua boca. — Eu direi isto uma
vez. Nunca pense que pode me dizer não. — Sussurro quase sedutoramente —
Agora pode me dar o que eu quero ou pode morrer. A escolha é sua.
— Whoa... Poet? — Olho para um segurança correndo em minha direção.
Ele é um Disciple.
— Abaixe a arma, cara. Estamos abertos. — Acho que seu nome é Ducky ou
Mucky, algo assim. Está lá parecendo desconfortável enquanto seus olhos vão de
mim para Sergi. A garota começa a falar em russo com Sergi.
— Está tudo bem. Certo, Sergi? — Ele pisca e tenta sorrir aquele sorriso
estúpido que me desafia a explodir seus miolos nas paredes recém-pintadas de
Edge.
Sergi acena com a cabeça e guardo minha Glock. Lentamente, ele se
endireita. — Relaxa, Poet. Eu estava brincando. Pode ter tudo.
Eu o empurro para trás enquanto tropeça em uma cadeira. Os seus olhos
maldosos se estreitam, mas ele se endireita e grita russo para a garota. Ela reage
imediatamente quando pega a bolsa e aparece com todas as coisas que preciso.
Pego três saquinhos cheios de pó branco.
— Acredite em mim, você estará no céu em breve e falando com Deus com
essas coisas. — Fareja e ajeita seu estúpido agasalho Adidas.
— Agulhas?
Ele levanta uma sobrancelha, um pequeno sorriso em seu rosto enquanto
acena para Tabatha. A minha mão vai para meu medalhão em volta do meu
pescoço. Ela os coloca na mesa enquanto agarro seu pequeno pulso e assobio —
Quantos anos você tem?
Ela parece assustada, o que faz meu sangue ferver. Não estou bem da cabeça.
O sistema de som liga e o DJ começa a tocar música de dança. As luzes
diminuem, embora ninguém esteja andando por aqui.
Ela lambe os pequenos lábios. — Tenho vinte e um anos, é claro — diz com
um forte sotaque russo.
— Poet, não fazia ideia. — Sergi ri, mas quando olho para ele, três de seus
capangas estão atrás dele. Eu largo seu pulso enquanto me endireito e sorrio,
desafiando-os a fazer um movimento. Com o meu humor, posso matá-los por
nenhuma outra razão além da merda feia e clichê que estão vestindo.
— Você não tinha ideia do quê?
— Se quiser Tabatha de qualquer forma. — Ele acena para mim. Os seus
olhos se concentram no sangue em minhas mãos.
Pego as agulhas e a heroína. Ele ri e se inclina sobre a mesa.
— Também temos armas, caubói.
Um dos guarda-costas russos abre o zíper de seu agasalho.
— Jesus Cristo, cale a boca. — Eu preciso sair antes de fazer algo que possa
prejudicar nossas chances de derrubar os Satan’s Seeds. Não preciso ser jogado na
prisão.
— Já acabei.
Colocando minha arma na parte de trás da calça, nem me incomodo em olhar
para trás. Sweet Neverland e suas fadas estão me chamando. Subo dois degraus de
cada vez até a porta do escritório. Eu lidarei com Sergi mais tarde, se houver um
mais tarde.
Batendo a porta, espero. Abre para Fish abotoando as calças enquanto está
ao telefone. Uma mulher de cabelos escuros limpa a boca enquanto pega sua
bolsa e passa um pouco de batom. Não que eu dê a mínima para Fish explodir no
escritório, mas preciso de espaço, então a garota precisa sair. Principalmente
qualquer pessoa com cabelo escuro. Cristo, estou começando a agir como Reed.
A conversa de Fish traz meus olhos para o presente.
— Sim, ele está aqui, acabou de entrar.
Eu o ignoro e me movo para o sofá para poder erguer meu altar.
— Hum, parece que ele ficará.
Franze a testa para mim enquanto envolve a mão em torno do braço da
mulher, trazendo-a para perto dele enquanto acena com a cabeça ao telefone.
— Ela precisa sair. Esta é uma missão solo — digo. Sinceramente, não estou
com vontade de compartilhar.
Com meu braço, varro todo o conteúdo da mesa de centro para o chão.
Fish e suas besteiras falando de mim para meu primo não significam nada. A
verdade, estou ferrado. Eu me levanto, tiro meu colete e jogo a sua frente.
— Diga a Blade que fiz a coisa certa. Está no chão, então não tem nada com
que se preocupar.
— Porra. — Fish olha para o meu colete com a boca aberta.
— Eu ligo de volta, Prez.
Rio enquanto me sento no sofá. Quero paz e sossego, quero que as bruxas
parem de falar comigo, que meu bebê pare de chorar e que o cheiro da morte saia
de minhas fossas nasais para sempre. As minhas mãos ensanguentadas deixam
meu suprimento cair na madeira preta e brilhante da mesa. Arrancando meu cinto,
o envolvo ao redor do meu braço. Este é meu momento sagrado. Alguns chamam
de ritual, eu chamo de minha oração.
As minhas veias, que nunca me falharam, bombeiam com orgulho, quase
como se soubessem que estou pronto. Alguns drogados precisam se mexer para
encontrar uma veia boa ou querem esconder a sua vergonha. Eu não. Sou dono
das minhas merdas.
Abrindo o saco de pó branco, estou pronto. Seis segundos de adrenalina
incrível. É assim que vicia. Seis segundos para a droga entrar em sua corrente
sanguínea e mudar as substâncias químicas em seu cérebro para sempre. Eu
procuro por algo para preparar.
— Preciso de uma colher, alumínio, algo para preparar. — Eu olho para a
garçonete ou o que quer que ela seja. Ela ainda está aqui, então também pode ser
útil.
Ela lambe os lábios e acena com a cabeça, em seguida, gira em torno da área
que contém a máquina de café.
— Aqui.
— Outra russa?
— Dã, sou russa. Posso amarrar muito bem. Deixe-me ajudá-lo.
Já estou com o cinto em volta do braço e me preparo para apertá-lo com a
boca. — Saia. Eu preciso ficar sozinho.
— Mas...
— Fora — grito e ela se afasta. Tenho certeza de que pareço louco enquanto
encho a colher e começo a preparar.
Isto... a preparação para chegar ao lugar que ansiava por todos esses anos. O
cheiro dela. O borbulhar, a euforia de vê-la se transformar em minha própria dona
da morte. Expirando, fico perturbado por Fish, que me encara como se não tivesse
ideia do que fazer.
Eu o ajudo. — Faça o seu trabalho ou dê o fora.
Ele balança a cabeça e coloca o telefone no bolso. Aproximando-se de sua
cadeira, ele se senta e começa a acender um cachimbo com o veneno de que
precisa.
Eu volto para o meu braço e aperto meu cinto. A agulha brilha, a ponta como
um pau vazando. Sorrio com a leve queimadura quando o veneno sedutor entra
em minha veia e me inclino para trás, em contagem regressiva. Cinco, quatro,
três, dois, um. O gosto dela em minha boca e o paraíso frio em minha corrente
sanguínea.
Snap. Estou em casa.
Um lugar onde tudo está quieto e meus músculos relaxam. Como um
cobertor de cashmere quente e macio, ou melhor, a boceta quente de Charlie me
envolvendo como um pão quente de cachorro-quente.
Sorrio e me pergunto por que fiquei preocupado. Tudo sempre dá certo.
Inclinando minha cabeça para trás, fecho meus olhos. Eu não dormirei, não
realmente, mas eu a vejo.
A minha Linda. Os seus olhos dourados estão felizes quando me beija com
lábios calorosos, e penso comigo mesmo, Louis Armstrong estava certo... “que
mundo maravilhoso”.
VINTE E OITO
David/Poet
— David? — Alguém está me chutando com o que parece uma bota.
— Poet, acorda porra. — Desta vez, tenho certeza de que foi um chute na
minha caixa torácica. Eu pisco meus olhos abertos para ver Axel de pé sobre
mim.
— Cristo, Axel, cuidado com as botas. — Eu me sento olhando ao redor.
— Preciso mijar. — Pegando uma agulha que sobrou da noite passada, me
sirvo do meu café da manhã.
— Jesus, Poet. — Ele observa, fumando seu cigarro como se não pudesse
acreditar no que está vendo, o que é muito estúpido. Ele viu muito. Eu nem me
preocupo com um cinto e insiro a agulha em uma das minhas veias mais grossas.
Eu me levanto, vou até a lata de lixo e mijo nela, então me sento no sofá e
sorrio para ele.
— Você acabou de mijar na lata de lixo?
— Que horas são? — Olho em volta, com um pouco de fome. Deve estar
perto da minha hora do burrito. Tenho comido um burrito por dia no Taco Bell.
— Isso está além de uma merda, cara. Mesmo para você... Que diabos? —
Ele me encara, inspira profundamente e apaga um pouco do alumínio com o qual
preparo.
— Cuidado — zombei, apoiando meus pés na mesa.
— Dois dias, cara. Está aqui mijando e assustando as pessoas há dois dias.
Blade está pronto para colocar uma bala em sua cabeça. — Ele balança a cabeça
em desgosto enquanto atende o telefone. Tem tocado sem parar.
— Prez? — Ele se senta ao meu lado no sofá. Os seus olhos azuis se
estreitando em mim, o que não posso imaginar que seja bom.
— Sim, ele sumiu, Blade... concordo. Eu cuidarei disso. — Ele encerra a
ligação e estica os braços na parte de trás do sofá, cruzando os pés calçados com
botas na frente.
— Então, é assim que isso vai se desenrolar, cara. — Ele olha para o teto e
depois para mim.
— Pode pegar essa agulha, enchê-la e dormir ou pode pegar as suas coisas e
dar o fora daqui.
Os seus olhos estão muito sérios. Limpo meu nariz, o sangue do dia anterior
causando uma linha vermelha na minha mão.
— Vou pegar minhas coisas. — Eu me levanto e olho ao redor e a verdade
de que não tenho nada, nem mesmo minha carteira, me faz olhar para ele
enquanto ele olha para o seu telefone carrancudo.
— Onde estão as minhas coisas?
Ele me ignora e se levanta. — Deixarei você em qualquer lugar. Está
acontecendo merda no clube. Caso não se lembre, estamos no meio de uma
guerra.
O seu telefone vibra fazendo-o suspirar e olhar para ele.
— Confie em mim quando falo por todos nós irmãos. Estamos felizes que
sinta... não sei se em paz que vingou a sua filha. — Ele se inclina para frente,
ambas as mãos sobre a mesa.
— Acho que não passa de um impostor. Um drogado que não consegue se
virar e lidar com a horrível tragédia que sofreu. Fico enjoado de ver você jogar
fora um futuro. — Ele cospe a última parte. Pego meu colar. Os demônios usuais
que vêm quando penso nela são silenciosos. É Axel e o cheiro de BO9 e urina.
— Onde está minha Glock?
Ele ri. — Removemos isso junto com todas as suas armas. Elas são
propriedade dos Disciples. Assim que tirou seu colete...
Pisco para ele com a raiva que nunca tive, especialmente logo após ter
atirado, minhocas em meu cérebro confuso. — Eu tirei meu colete por respeito —
grito.
— Respeito? — Ele é tão alto que meu peito inteiro vibra. — Você não
respeita nada, mas está louco e chapado se pensar por um segundo que vou deixá-
lo derrubar o clube. — Ele joga um telefone descartável para mim. Está coberto
de sangue de Lucky. Se um policial invadisse o lugar e o encontrasse, estaríamos
ferrados.
O seu telefone toca novamente e ele franze a testa para o número. Olha para
mim e depois para o telefone. — Maldição. Olá?
Ele se vira e vai até o painel de segurança. — Escute, Charlie... acalme-se.
Ele está vivo e...
— É a minha Linda?
Axel se vira para mim e franze o nariz. Faço o movimento de venha cá com
a minha mão.
— Foda-se, tanto faz. Talvez ela seja o que você precisa. — Ele me entrega
o telefone.
— Eiiii.
— David? — Ela está chorando. Eu me inclino contra o sofá e fecho meus
olhos. Sempre a vejo quando fecho meus olhos.
— Shhh, Linda. Não chore, baby. O que está errado?
Silêncio, ou isso ou adormeci por um segundo, porque agora está gritando no
meu ouvido.
— Eu pensei que estava morto. Tive que pegar o número de Blade com
Reed... nunca tem um telefone de verdade, e oh Deus, o que aconteceu?
Eu rio. — Não aconteceu nada.
— O que Axel quer dizer com você está reservando um tempo para si
mesmo?
— Axel é um idiota.
— Você voltará? Para minha casa. Quer me ver de novo? — A sua voz treme
e conto a verdade.
— Eu quero isso mais do que imagina. Você está sempre comigo.
— Então volte. Por favor, David. Sei que coisas estão acontecendo no clube.
Eu vejo as notícias, mas por favor, volte para mim.
— Ok, Linda. Vá curtir o mundo, veja uma flor e olhe suas cores, e então
escreva para mim, ok?
— O que...
— Pelo amor de Deus. — Axel arranca o telefone da minha mão e atinge
meu rosto novamente.
— Tire seu traseiro imundo com cheiro de merda daqui. — Ele agarra minha
camiseta enquanto me puxa para cima.
Afasto sua mão enquanto pego uma das minhas agulhas. — Eu faço o que
quero, Axel.
— Excelente. Faça isso longe daqui. — Ele espera que eu pegue meus
cigarros e o último de meus suprimentos enquanto verifico meus bolsos.
— Onde está o meu dinheiro? — Assobio.
— Nenhuma pista. Provavelmente em suas veias. Quer que eu o deixe em
qualquer lugar? — Pisco com o dia ensolarado e decido foder.
— Posso pegar seus óculos de sol emprestados?
Ele olha para mim e sorri. — Irmão, pode ficar com eles. — Ele tira os
óculos escuros Oakley pretos e os joga para mim, depois se vira e vai embora.
—Idiota. — Entrando na área de estacionamento, vou até o estacionamento
com manobrista, que está fechado, embora duas garotas sussurrem em voz alta se
perguntando se sou um sem-teto.
Eu as ignoro e vejo minhas opções. Preciso encontrar um abrigo e descansar
enquanto penso em meu próximo movimento. É quando começo a caminhar para
o único lugar que quero, mas não consigo.
— Ele cheira mal e precisamos sair daqui, mamãe. — Acordei sacudido com
o som de uma mulher e sua mãe tentando se afastar de mim.
Olho pela janela. Estou em um ônibus. Sim, me lembro disso. Porra, espero
não ter ultrapassado minha parada. Os meus olhos examinam as placas da rua e
percebo que sim. Enquanto me levanto e desço o corredor, todas as pessoas
desviam o olhar. Estou começando a ficar com fome. Acho que não peguei meu
burrito.
Segurando no corrimão, saio do ônibus e olho ao redor. Eu, obviamente,
preciso ficar longe das pessoas... preciso ir para meus antigos terrenos
assombrados, mas estou começando a suar. Devo encontrar um canto e atirar para
cima antes de continuar. Em vez disso, continuo andando. O sol está se pondo.
Deve ser mais tarde do que pensava. Paro e fico olhando. Luz... É por isso que
não enchi uma das agulhas e deixei que me colocasse para dormir? Olhos
dourados nadam a minha frente. Ela é minha fraqueza, mas agora, acho que ela
pode ser minha redenção. Eu me viro e começo a andar na outra direção.
Desta vez, sei exatamente para onde vou.
Pisco na escuridão. Devo ter cochilado no tapete de boas-vindas de Charlie
enquanto esperava por ela. Já se passaram horas desde que me levantei, e meu
corpo está me deixando saber que não está feliz. Dois pés bonitos em chinelos
com dedos rosa brilhante me fazem levantar no meu cotovelo.
— Linda? — A minha voz está rouca.
— Santo Deus. David, por um segundo pensei que estivesse morto. — Ela
cobre a boca enquanto eu fico de pé e ela olha para mim.
Vergonha e ansiedade percorrem meu cérebro, o que está longe de ser claro,
mas o que está claro é que tive todo o tempo para fazer isso, acabar com tudo, e
tudo o que vi foi seu rosto. A minha linda garota. A mulher que desejei durante
toda a minha vida adulta. Eu nem mesmo dei uma chance a ela. Nunca me dei
uma chance...
— Preciso de sua luz, Charlie. Eu não acho que conseguirei sem ela.
— Não se atreva. — Ela coloca a chave na fechadura e abre a porta. —
Precisa confiar em mim e entrar, David. — Pega minha mão imunda em suas
mãos limpas e sinto que me movo para dentro. Para a luz... da noite mais negra.
VINTE E NOVE
Charlie
A minha mente está trabalhando a todo o vapor. A visão de David deitado a
minha porta, sem se mover, fez meu sangue gelar.
Quase me curvei e vomitei quando o sacudi e ele continuou dormindo.
Finalmente, seus lindos olhos tristes piscaram para mim e soube. É isso. Ele
precisa de mim e não me importo com o que aconteceu. Descobrirei quando ele
estiver pronto. O que me importa é que está vivo e veio até mim.
Ele veio até mim. Inspirando pelo nariz e expirando pela boca, tento me
acalmar. Jesus, ainda posso sentir a pulsação em minhas têmporas.
Dois dias, dois malditos dias, estive histérica de preocupação. Ao ponto em
que Cindy e minha mãe disseram para ficar em casa. Exceto que isso fez minha
ansiedade piorar. Então faço o que sempre faço em situações estressantes. Limpo
até que se possa comer do chão. Tirei todas as almofadas, toalhas e tapetes do
apartamento e os lavei duas vezes.
Finalmente, esta manhã, depois de falar com David, tive que ir embora. Às
vezes, ficar sozinha é seu pior inimigo. Lágrimas nadam em meus olhos enquanto
tento lidar com meu coração, que não para de amar alguém que nunca me deu
nada além de uma pequena centelha de esperança. A verdade é que estou
apostando que ele me ama e que este é o nosso começo.
Ele tem quase um metro e noventa de altura e, apesar de parecer a estrela de
um filme de terror, faz meu coração pular uma batida. Está uma bagunça
sangrenta: seu rosto, pescoço e mãos estão cobertos, embora agora pareça mais
com terra vermelha queimada.
— Vamos limpar você. — A minha voz é gentil. Estou apavorada que ele vá
fugir, me deixar. Agora que decidi que ainda o quero, não acho que meu coração
aguentaria se ele partisse novamente. Eve perguntou até onde estou disposta a ir
para pegá-lo. Primeiro, ele precisa sair da heroína.
— David? Quer comer alguma coisa enquanto toma banho?
— Sopa, baby, e Linda? — Olho para ele. Ele já tirou a camiseta. — Pegue
um saco de lixo. Vou queimá-las mais tarde.
Agarrando minha bolsa contra o peito, estou na minha cozinha, um arrepio
percorrendo meu corpo. Este é o negócio real. Estou apaixonada por um Disciple
viciado em heroína e coberto de sangue.
Ele inclina a cabeça para mim. — Está assustada?
Eu solto um pouco de ar. — Um pouco.
Ele balança a cabeça e desabotoa as calças, saindo delas e chutando-as em
uma pilha de sujeira e sangue.
— Só um lunático não estaria, mas cuidarei de tudo.
Aceno, molhando meus lábios. — Que tipo de sopa?
O seu sorriso é lento e sedutor e pisco porque estou perdendo o controle. Ele
parece um guerreiro magnífico, coberto de sangue de uma batalha mítica.
— Não importa. O que você tiver.
— Vai vomitar? — Eu coloco minha bolsa para baixo e pego uma panela de
molho. — Devo conseguir um pouco de metadona10?
Ele olha para mim, com um sorriso aberto dessa vez. — Acho que posso
passar por isso com alguns dias de febre, um pouco de insônia horrível, mas sem
metadona. Linda, tive uma recaída há alguns dias. — Flexiona o braço e parece
horrível. — Se eu tivesse passado uma semana inteira, sim, você teria que
repintar o banheiro.
Eu aceno novamente como uma boneca. — Espere, o quê? Isso parece
horrível.
Entra no banheiro. — Acredite em mim, poderia ser pior. Sempre pode ser
pior.

♥♥♥

Ele não estava brincando. Isso é péssimo. David está andando de um lado
para o outro, fumando, suando ou tremendo. A sua pele está arrepiada ou sua
cabeça está molhada de suor.
Abro a porta da pequena varanda e saio com um suco que fiz cheio de
morango, gérmen de trigo, banana e abacaxi. David praticamente ficou aqui,
sentado em uma das cadeiras com uma calça de moletom que comprei na Target.
Fumando, fumando muito.
— Bom dia. Está se sentindo melhor? — Os nossos dedos se tocam quando
lhe entrego o copo. Os seus olhos esfumaçados mudam de um azul claro para um
prateado profundo e seu pau está tentando sair da calça de moletom.
— Oh... Deus. — Engulo. — Já acabou? Não foi tão ruim assim.
Ele bebe o suco, o que significa que o engole. Os seus olhos parecem
cansados com círculos pretos embaixo. — As primeiras 36 horas não são
divertidas. Você fez o que eu disse? — Ele se aproxima, sua mão tocando minha
bochecha.
— Fiz. Edge acabou de sair. Eu lhe dei bolsa. Ele disse que cuidaria de tudo:
das drogas e queimar as roupas, e também fez uma mala para você.
— Você está bem? Eu sei que você não dormiu muito. Vamos tirar uma
soneca. — Ele pega minha mão e me puxa para o quarto legal e agradável.
— Eu vou me lavar, ok? — Diz por cima do ombro.
Eu me sento na beira da cama. — Preciso ligar para minha mãe e dizer a ela
que preciso de mais alguns dias. — Mordo meu lábio. Mamãe tem sido incrível,
mas quando souber que ele não vai embora, ficará irritada. Afinal, ela acha que
ele passou uma noite aqui. Eu caio de volta na cama. David está certo, estou
exausta. Agora que ele não morreu e nos livramos de suas roupas ensanguentadas
e drogas, sinto vontade de me enrolar em seus braços e dormir por dias.
Pressiono o número da minha mãe. — Como ele está?
— Ele está chegando lá. Hum, ouça, mãe. Tenho um grande favor a pedir.
Preciso dos próximos dias de folga. Eu me sinto péssima, mas...
— Cindy, Joy e eu já mudamos a programação. Demos a você os próximos
três dias de folga. Quero que descanse bem e veja se isso é algo com que possa
viver honestamente.
— Você disse que me deu três dias de folga? — Eu me apoio no cotovelo.
— Sim. — Há silêncio seguido por um suspiro longo e dramático. —
Charlize, eu te amo. Acho que realmente ama este homem. E por mais que eu
odeie e queira muito mais para você, não consigo fazê-la parar de amá-lo ou de
desejá-lo. Então, ao invés de chateá-la — suspira novamente — Decidi se este
homem a ama o suficiente para mudar por você, significando sair das drogas... —
sussurra a palavra drogas e não posso deixar de sorrir para seu absurdo — Então
não tenho escolha a não ser apoiar sua decisão.
Os meus olhos se enchem de lágrimas. — Obrigada, mãe. Eu sei. — Olho
para o teto. — Sei que não entende, mas ele é tudo para mim. Eu o amo e ele me
ama.
— Ele disse a você? Que a ama e que está disposto a ser o que você merece
e precisa?
— Mãe, ele me ama. Ele precisa de mim. Eu sou sua única luz.
A linha fica em silêncio, então ela fala. — Sabe que o está permitindo,
certo? Ele precisa ir para uma reabilitação. Você não pode ser a razão pela qual
ele desiste.
Sento-me. — É aqui que discordo. Amar alguém está permitindo? É
permitido ajudar alguém que é bom e gentil, mas passou por muitas tragédias?
Deus, mãe, pensei que teria mais compaixão. — Estou começando a ficar
chateada. Eu sei que ela está preocupada, mas isso é um absurdo. Nós nos
amamos e faremos isso juntos.
— Eu tenho compaixão, mas a minha preocupação é com você. Eu não
posso fazê-la parar de amá-lo, mas posso ajudá-la a ver que ele pode precisar de
mais do que apenas você.
Isso me faz parar. Ele precisa de mais? A ideia de ele me deixar é horrível
demais para suportar.
— Eu amo-o. Vai ser ótimo. Você verá — digo, minha voz firme porque é
verdade.
— Sim... tenho certeza — diz ela secamente.
Sinto o cheiro do calor delicioso e do sabonete limpo quando o chuveiro é
desligado. — Eu tenho que ir. Amo você, mãe. Diga a Cindy que ligarei em
breve.
— Eu te amo. Pense no que eu disse, Charlize.
— Charlie — digo enquanto minha mente começa a girar. Estou sendo co-
dependente? O meu amor é forte o suficiente? Um formigamento de dúvida
penetra minha cabeça como uma pequena ferida que quer infeccionar e crescer.
— Tenho que ir. Eu também te amo. — Desligo e respiro.
O que estou fazendo? Estou em território desconhecido. Fechando meus
olhos, deixo vir todos os meus pensamentos. David, quando menino, Tabatha,
nosso primeiro beijo. O seu maldito sorriso com covinha, tenho certeza que só eu
vejo. Como posso estar errada? Como ele pode estar errado? Como se desiste de
alguém que ama mais do que qualquer pessoa no mundo?
— Você está bem? — A sua voz me faz estremecer. Quando olho para cima,
seu lindo rosto entra em foco. — Chega de telefones. — Pega o meu e o joga na
minha mesa de cabeceira. — Somos apenas nós. — Ele sobe na cama. Jesus, ele
se tornou minha vida. Eu não posso estar errada.
— O que essa linda cabeça está pensando? — Ele acaricia minha bochecha.
— Estou com medo. — Bufo e me lanço em seus braços.
Ele me segura com força, seu corpo forte irradiando um calor que me faz
quase desmaiar.
— Também estou com medo, mas ficaremos bem. — Ele beija meu rosto.
Está molhado de lágrimas. Movendo-se ligeiramente, beija minha boca,
lentamente, com ternura.
— Amo você, David. Tudo isso, mesmo que esteja errado... eu te amo.
Ele levanta a cabeça e segura a minha com ambas as mãos enquanto os seus
olhos acariciam meu rosto. — Não importa o que aconteça, você é minha luz,
minha garota. — Então ele abaixa a cabeça e leva meus lábios em outro beijo que
me faz questionar tudo, menos nós.
Eu me agarro a ele enquanto ele se aprofunda. — Tire a roupa. Isto é tudo de
que precisamos, apenas nós.
A sua boca desce pela minha garganta e todas as minhas preocupações,
medos de que talvez nem tudo esteja bem desaparecem enquanto me perco nele.
Aceno e tiro minha camiseta, enquanto ele desabotoa meu short e o joga no
canto. A minha calcinha é basicamente uma tira de algodão e ele a arranca.
Ele é rápido, quase frenético em seus movimentos. — Preciso estar dentro de
você. Porra, talvez eu tenha que ficar dentro de você por dias.
Eu gemo enquanto sua boca ataca a minha. A sua língua é forte e tem gosto
de pasta de dente de mentol. Enquanto ele desce até meu queixo, corro o risco.
— David? — Gemo enquanto ele trava no meu mamilo direito quase
dolorido em sua sucção.
Ele levanta os olhos e nos encaramos à medida que abro as pernas. Sem
hesitar, ele desliza seu pau com força para dentro de mim, enquanto eu grito alto.
— Quer que seja duro esta manhã? — Não tenho que responder. Estou tão
excitada que posso sentir toda a minha umidade pingando nos lençóis. Ele esfrega
em mim, enquanto o agarro e empurro para cima.
— Jesus. — Ele soca a cama enquanto bate em mim. — Eu quero você toda.
— Pode ter tudo. — Ofego em sua boca.
— Eu a avisei para não me deixar levar tudo. — Ele se inclina para me
beijar, mas em vez disso, morde o fundo do meu lábio.
— David... — jogo a minha cabeça para trás. A minha boceta está quase
pronta para convulsionar, o orgasmo construindo é tão intenso que, junto com
David chupando meu lábio inferior, ele levanta a cabeça enquanto gozo. Os seus
lindos olhos se estreitam enquanto observa cada movimento meu. Os ruídos que
estou fazendo são animalescos à medida que meu corpo pulsa.
Ele continua me fodendo e quero gritar “Pare” mas é muito bom. Eu sou
como um arame esticado se preparando para quebrar novamente.
— Sim... beije-me, baby. Dê-me sua alma. Eu preciso disso. Preciso de tudo
de você. — Preciso, e vou em um prazer pulsante e requintado.
— Diga — ele exige.
Eu grito seu nome. Poderia ter dito que o amo. O seu corpo estremece, quase
convulsiona quando ele goza forte, tanto que está pingando na minha bunda.
Jesus, eu o amo e tudo sobre ele, até as partes trágicas, especialmente as partes
trágicas. Ele é tudo para mim. Estou com medo de querer mais do que ele pode
dar.
David olha para mim enquanto desvio meus olhos para sua boca carnuda.
Não precisa saber todos os meus segredos. Ele beija minha testa, então meus
olhos e a minha boca. Ele sussurra algo em francês enquanto puxa e rola de
costas, me puxando para cima dele.
— Vá dormir, Linda. Eu tenho você.
Eu alcanço seu pescoço e me aconchego mais perto. — Não, David, eu tenho
você. — Inspirando pelo nariz, respiro meu perfume favorito enquanto caio em
um sono profundo.
TRINTA
David/Poet
Não consigo dormir. Faz parte das drogas. Por noites a fio, nunca se
consegue um sono profundo. Estou calmo agora. Todos os meus demônios
permaneceram em silêncio.
Enquanto olho para o teto, minha mente começa a funcionar. Eu decepcionei
meu clube, o que odeio. Precisava me controlar, e não consigo nem identificar o
que me fez quebrar. Foi porque fiz o que me propus a fazer? Encontrei os
traidores e matei o cretino, e estava feito?
Charlie se mexe e se aconchega mais perto. O seu cheiro me acalma, o que é
uma coisa boa, minha mente não precisa ir para aquele lugar. Viro a minha cabeça
em seu pescoço e todo o meu corpo não é nada além de uma massa de nervos
sensíveis. Como se eu quisesse acordá-la e transar com ela de novo, mas ela foi
dormir pouco tempo atrás. Eu poderia me levantar e me masturbar...
Eu a movo para me levantar, mas ela me agarra e murmura — Não.
— Porra. — Sou um idiota. Estou me colocando em um lugar onde a obrigo
a fazer tudo. E isso não é justo. Charlie não consegue me manter sóbrio. Ela não
pode fazer com que os pesadelos parem, e não pode me amar. Tem que ser
paixão, embora eu não saiba o que ela acha atraente em mim. Além da minha
aparência, sou um namorado... amante de merda. Cristo, nem sei o que somos.
Desta vez, me liberto. Eu preciso fumar Arrastando minha calça jeans, pego meus
cigarros e deslizo para fora da porta da varanda. As listras de um pôr do sol
incrível estão começando a colorir o céu. Acendo, e a nicotina ajuda, começando
do meu cérebro até o meu corpo ainda dolorido. Algumas crianças, e por crianças,
quero dizer adolescentes em skates, estão torcendo e arranhando o cimento com
as tábuas e os pés. Olho para trás em suas alegres paredes verde-aipo e desprezo
que eu queira mais, mas quero. Ela se tornou, de alguma forma, não apenas minha
luz, mas muito mais. Estar com ela é como se estar em casa.
Inspirando profundamente, inclino minha cabeça contra a parede enquanto
reconheço a verdade. Ela é minha alma e estou apaixonado por ela. Infelizmente,
saber disso só torna as coisas mais difíceis. Não estou em condições de amor ou
compromisso. Nenhum. Eu não quero casar, ou Deus me livre, filhos. Eu a amo,
mas assim como meu clube, se eu não tomar cuidado, vou machucar nós dois.
A porta de vidro deslizante se abre e exalo a fumaça e estendo minha mão. A
sua mão fria toca minha palma quente e sorrio enquanto a trago para perto.
— Ei. — Ela sorri para mim.
Eu me abaixo e beijo seu nariz. — Olá, você. Dormiu um pouco?
Ela balança a cabeça e boceja, o que faz meu pau endurecer. Um pequeno
sorriso fantasma em seus lábios. — Você dormiu?
Dou mais uma tragada e estendo a mão perto dela para apagá-lo no pequeno
cinzeiro. — Cochilei. Quando se sai da heroína, o sono é difícil. É o cérebro
ainda querendo-a.
Ela morde o lábio inferior. — Quer falar sobre isso?
A brisa quente pega um de seus cabelos e sopra na frente de seu rosto
requintado. Afastando-o, digo — Você é muito linda.
Os seus olhos dourados se estreitam. — Você pode ser tendencioso.
Eu sorrio e balanço minha cabeça. Não. O meu polegar esfrega seus lábios
enquanto me curvo e provo sua doçura de mel. É lento e gemo dentro dela
enquanto ela coloca as mãos no meu cabelo. As nossas línguas são lentas
enquanto provam e se retorcem, e se este fosse o momento de que me lembrarei
para sempre, ficaria feliz.
Lentamente eu levanto minha cabeça. Os meus olhos acariciam seu rosto.
Enquanto ela tenta lidar com minha dor, as lágrimas umedecendo seu rosto me
dizem que não sabe por onde começar.
— Eu matei o homem que decidiu explodir minha filha, tio, primo e Debbie.
Ela não parece chocada e estende a mão. Os seus dedos suaves traçam meus
lábios como se estivesse tentando extrair todos os meus segredos.
— Ele era como um tio para Jason, Chuckie e eu. Um dos veteranos, e traiu
a nossa família porque achava que sabia o que era melhor. A minha mão aperta
suas costas enquanto a trago o mais perto que ela pode chegar. Os nossos lábios
se tocam enquanto a alimento com minha dor, que ela não precisa, mas não
consigo parar de confessar.
— Era para ser eu naquele dia, mas eu estava atrasado porque estava com
você. — Os seus olhos se derramam com lágrimas quando um pequeno soluço
escapa de seus lábios.
— Eu nunca culpei você. Não é sua culpa eu estar apaixonado por você
desde o momento em que coloquei os olhos em você.
— David... — Sua voz falha. Os seus lábios estão vermelhos e inchados de
tristeza e lágrimas.
— Eu queria estar com você, e enquanto fazia isso, Debbie estava tentando
me punir, por isso ela apareceu no laboratório. E, em vez de eu explodir, foram
ela e Tabatha.
Eu me inclino e capturo suas lágrimas com minha língua, traçando-as até sua
boca. Todos nós temos demônios, todos temos pecados. Algumas pessoas têm
menos do que outras. Tenho o suficiente para três vidas.
— Você deve me culpar. Naquele dia, queria ir e eu fiz você me beijar.
— Shhh, ninguém me obriga a fazer nada que não queira fazer. Ninguém. É
por isso que não adianta se sentir culpada. A sua compaixão e tristeza são
desejadas, mas não fez nada de errado, exceto se apaixonar por um garoto mau
que se transformou em um homem mau.
— Odeio quando diz isso. — A tristeza jorra dela como a fumaça do meu
cigarro se enrolando a nossa volta. O choque e a risada de uma criança em um
skate me lembram de onde estamos e puxo-nos para dentro. O frescor do quarto,
junto com a luz fraca do sol, me fez jogá-la na cama. A minha respiração é difícil
enquanto os demônios giram em nossa volta, envolvendo a cama com tudo que
poderíamos ser.
— Dispa-se.
Ela chupa o lábio inferior inchado, as lágrimas ainda escorrendo por sua pele
deslumbrante. Abre o seu roupão e rosno para os seus malditos peitos
inacreditáveis. São tão sexys: nem grandes, nem falsos, apenas um punhado de
mamilos grandes e muito lindos.
Desabotoo minhas calças e chuto-as para o lado enquanto caminho em
direção a minha salvadora.
— Vai me assustar? — Diz, ofegante.
Eu inclino minha cabeça. — Sempre.
Os seus lábios de rubi estão separados enquanto ela respira animadamente.
— O que você fará?
— O que mais a assusta? — Respondo e ela geme. É torturado e muito sexy.
A minha mão vai para seus mamilos e belisco-os com força.
— Você está me deixando mais assustada.
Ignorando suas verdades, digo — Role para o lado, baby. E de quatro.
Ela hesita. Os seus olhos encontram os meus, acho que para ver se estou
falando sério e estou. Isso é algo que pode ser tão íntimo, mas ela precisa confiar
em mim.
— Algo me diz que vai adorar cada maldito segundo disso. — Suas lágrimas
pararam e agora suas pupilas estão dilatadas de excitação.
— Talvez esta não seja uma boa ideia. — Ela lambe os lábios enquanto olha
para o meu pau enorme.
— Confie. Isso é sobre você e eu. — Limpo a umidade de suas bochechas.
Antes que ela possa dizer qualquer outra coisa, eu a viro. — Apoie a cabeça
no travesseiro e não mova essa bunda.
As suas unhas cravam nos lençóis enrugados. O meu polegar esfrega seu
pequeno buraco de veludo, para frente e para trás.
— Jesus, você é linda pra caralho. — Estou pasmo. O meu peito incha, está
quase pesado com as emoções que estou deixando sair.
Eu me inclino sobre ela para afastar seu cabelo escuro de seu pescoço.
Enquanto a beijo de volta, minha língua viaja por todo o caminho até sua bunda à
medida que começo a enchê-la de beijos.
— Estou com medo — ela geme.
Sorrio. — Não, você está viva. Abra suas pernas. — Ela abre e lentamente
me inclino e começo a lamber e foder sua bunda com minha língua. —
Precisamos de lubrificante — digo, minha voz baixa.
— Mesinha de cabeceira — ela bufa.
Eu me levanto e dou um tapa em sua linda bunda. — Charlie, precisa
respirar. Não quero que desmaie. Que diversão teria isso? — Pego o lubrificante e
a empurro para frente, fazendo-a expirar enquanto começo a me banquetear com
sua boceta.
— Eu acho... — Ela choraminga enquanto chupo seu clitóris, meu polegar
massageando seu buraco.
— Oh, Deus... — Ela já está pulsando. Um par de chupadas mais forte em
seu cerne suculento e gozará. O seu corpo treme enquanto ela grita meu nome. O
seu corpo fica mole enquanto tenta se deitar.
— Para cima.
Ela suspira como uma gatinha satisfeita. — Eu gozei muito forte. — Amo
que ela mexe a bunda, pensando que é isso, que eu estava brincando. Eu não
estou, não desta vez.
— Aqui, deixe-me cuidar de você. — Ela tenta se virar e alcançar meu pau
vazando.
Pego suas mãos e trago ambas para cada lado de sua cabeça. O meu pau
esfrega deliciosamente entre sua boceta molhada e sua bunda. — Vou foder esse
buraco. Queria ficar com medo, quero que você se sinta viva. — Faço uma pausa,
deixando-a afundar, mordendo o lóbulo de sua orelha. Endireitando-me, espremo
uma grande quantidade de lubrificante e esfrego no meu pau.
— Oh Deus, David — choraminga enquanto meus dedos começam a
lubrificar seu buraco de roseta.
— Continue respirando e não aperte.
— O quê? — Ela tenta se virar novamente, então a coloco de joelhos, de
costas para a minha frente enquanto a seguro pelo pescoço.
— Relaxe, Linda. — O meu dedo indicador lentamente entra em sua bunda.
— David — ela choraminga novamente.
Eu lambo sua orelha enquanto sussurro — Você confia em mim?
A sua respiração é áspera, mas a minha também, o cheiro da nossa excitação
é tão forte quanto o cheiro pungente das flores lá fora.
— Eu... puta merda... confio em você. — Ela puxa a cabeça para trás para
que eu possa ver em sua alma. — Eu amo você.
Lentamente, movo um dedo para dentro e para fora de seu buraco apertado e
quente. — Porra, você é perfeita — digo em sua boca enquanto roubo o fôlego de
seus lábios abertos.
— Fale comigo — gemo. Estou tão sensível agora, estou pronto para me
derramar e nem sequer a fodi ainda.
— Sim... sinto-me...
— Fique parada e não se mova. Farei você ver estrelas. — Ela está chorando
e movo minha outra mão de seu pescoço até sua boceta e começo a foder os dois
buracos. Está tão escorregadia, muito excitada.
— Jesus — digo enquanto sua bunda e sua boceta convulsionam, apertando
meus dois dedos.
Ela está tremendo enquanto a empurro novamente no colchão. Desta vez,
puxo meu dedo e o substituo pelo meu pau lubrificado, enquanto empurro
gradualmente.
Um som escapa dela, quase como se ela fosse uma criatura diferente. —
Acho... que gozarei de novo — soluça enquanto eu empurro um pouco mais.
— Porra, você é apertada. Muito apertada e quente. Cristo, Linda, não tem
ideia. — Eu fecho meus olhos enquanto o prazer de sua bunda quente em volta do
meu pau duro me faz inclinar minha cabeça para trás. Vou um pouco mais longe,
e então estou naquela barreira, abrindo-a enquanto deslizo para dentro.
— David — grita. E fico parado e a deixo se ajustar. — Oh, meu Deus... —
vira a cabeça, uma mecha de seu cabelo gruda na bochecha.
— Respire, Linda. Apoie-se em mim.
Ela o faz e eu me movo um pouco mais enquanto ela fica mais rígida.
— Estou quase lá. Respire e relaxe, você se sente tão bem. — Ela respira e
me afasto um pouco e empurro suavemente novamente. — Eu preciso de você...
não tem ideia. — O prazer é tão intenso que mal consigo fazer minhas palavras
saírem. Tudo o que quero fazer é congelar o tempo e nunca mais sair desse
êxtase. — Você se sente viva agora?
Ela está ofegante. — Eu sinto... é muito diferente, mas acho que adoro isso,
David.
— Sim, é isso. Você é minha. Essa bunda é minha. — Não estou totalmente
dentro, e não baterei nela esta noite. Estou dentro o suficiente.
— Tão quente, adoro isso. — Eu me movo um pouco mais rápido enquanto
ela agarra com mais força o lençol, ofegante.
— David, não sou... tão sensível. — Ela geme alto.
— Toque sua boceta, baby. Esfregue esse caroço suculento e goze. Posso
sentir que está perto. — Ela vira a cabeça para o outro lado e move uma mão para
sua boceta, enquanto controlo minhas estocadas.
— Oh, Deus. —Os seus sons de surpresa me fazem sorrir. Estou respirando
pelo nariz, tentando não explodir em sua bunda.
— Sim — choraminga, e isso é tudo que ela precisa, enquanto empurra e sua
bunda apertada no meu pau com tanta força que a solto e liberto o que parece ser
dez anos de angústia. Estou flutuando enquanto saio vagarosamente. Em um
instante, seu buraco se contrai e caio ao seu lado. Ela se vira para olhar para mim,
seus olhos arregalados e brilhantes de lágrimas. — Isso foi…
Alcanço seu pescoço. — Amo você. Precisa saber que aconteça o que
acontecer, eu a amo. — Pego sua mão e coloco no meu coração. — Sempre amei.
Eu a chamo de minha luz porque sem ela meu coração vai parar de bater.
Ela acena com a cabeça enquanto uma lágrima desliza pelo seu queixo e
pelo meu cotovelo. — Adoro quando fala como um poeta. — Sorri.
Nunca me senti assim com ninguém. Este momento é puro e ninguém pode
tirá-lo de mim. Ela me deu tudo. As chances de conseguirmos e ter um
relacionamento normal, são mínimas, mas isso fica para depois.
Eu traço seu ombro. — Obrigado.
Os seus olhos se fixam nos meus. — Pelo quê? Deixar você entrar na minha
bunda? — Ela sussurra bunda.
Não posso deixar de sorrir. — Isto, sim, mas o obrigado é por me amar, por
ter fé em mim. Porque Deus sabe que eu não tenho.
— Eu sabia que você era o único anos atrás. — Ela sorri de volta.
— Vamos mergulhar no chuveiro. Gostaria que você tivesse uma banheira.
Está dolorida?
— Mais ou menos, mas não como eu pensava.
Inclino-me e a beijo, em seguida, puxo-a para cima e para o banheiro.
Depois que estamos limpos e pago o cara da pizza, volto para o seu quarto e vejo
uma garrafa de vinho aberta. E pela primeira vez em anos, tenho que me obrigar a
superar isso. Eu quero, quero engolir. O suor ataca meu corpo e sinto como se
estivesse caindo. Coloco a pizza no balcão. Charlie está na cama, rindo da TV.
— Porra. — Abaixo minha cabeça e tento respirar através dessa tortura.
Posso estar quase terminando a desintoxicação da droga, mas ela tomou conta da
minha mente e isso é pior do que a febre e os calafrios.
— David? Você está bem?
Agarro a caixa de pizza e me equilibro.
Os seus olhos estão brilhando enquanto ela se senta nua e feliz, apoiada em
toneladas de travesseiros. E isso é tudo o que preciso. Ela é minha luz e, de
repente, tenho oxigênio.
— O que está errado? — Ela se levanta e vem até mim. As suas mãos frias
acariciam meu cabelo molhado.
— Estou bem, apenas suando os produtos químicos. — Olho para sua TV de
tela plana. Ela colocou em pausa, esperando por mim.
— Ok — ela sussurra.
E eu a puxo em meus braços. O seu corpo é todo meu. Ela está me dando
tudo e, ainda assim, quero mais.
— Estou bem. Está tudo bem. — Ela segura minha cabeça enquanto luto
contra o desejo de jogá-la na cama e foder mais um pouco. Eu me afasto e jogo a
caixa de pizza na mesa de cabeceira e tiro meu moletom.
Nós dois nos aconchegamos enquanto entrego a ela uma fatia.
— Você está pronto? — Olho para ela e ela tem um sorriso malicioso no
rosto.
— Aperte o play.
Dou uma mordida na linguiça picante e na pizza de pepperoni. O queijo
ainda está quente e quase engasgo com as tatuagens ganhando vida com os
créditos. — Não pode estar falando sério.
— Oh, estou. — Ela ri enquanto cruza as pernas e mordisca sua fatia.
— Quer que eu assista a Sons of Anarchy?
— Eu amo. Eu acho que Charlie...
— Não diga isso...
— Dizer o quê? Que ele é muito gostoso? — Ela ri enquanto a rolo em cima
de mim.
— Não posso deixá-la assistir isso. Vai colocar todos os tipos de coisas na
sua cabeça.
— Relaxe. Pode gostar disso.
Ela me olha com muito amor, como se eu fosse especial. — Quero dizer, se
eu confiar em você o suficiente para... sabe. — A sua voz fica baixa.
— Não sei, para o quê?
Os seus olhos ficam enormes. — Você é um idiota. — Ela pula em cima de
mim.
Agarro seu rosto. — O que acabamos de fazer foi algo mais do que prazer.
Significa que você confia em mim, e eu não mereci, mas tentarei merecer isso
todos os dias.
Ela inclina a cabeça para mim, em seguida, abaixa seus lábios carnudos e
maduros nos meus e nos beijamos, nada além de nossas línguas se movendo
lentamente juntas.
— Desligue Charlie Hunnam.
— É Jax Teller — murmura.
— Tanto faz. Tire isso — resmungo em sua boca, uma vez que ela já está
esfregando sua boceta em cima de mim.
Ela se estica e desliga a TV e somos apenas nós. Os monstros, bruxas e
todos os meus demônios estão quietos.
Eu a inspiro e roubo seu fôlego enquanto faço amor com ela a noite toda e
boa parte da manhã.
TRINTA E UM
Charlie
Estou em um quarto escuro, com água a meus pés. Tem um vazamento no
meu apartamento?
Não, este não é o meu apartamento. Ando e grito o nome de David. O seu
cheiro me envolve, e respiro profundamente. Fumaça e especiarias, e tudo de
bom. Eu continuo ouvindo isso em minha cabeça, ou é outra coisa?
— David?
Não há resposta, apenas a voz maluca dizendo, “fumaça e especiarias, e tudo
de bom”.
— David? — Tento correr, mas a água está ficando mais funda. Eu não
consigo me mover...
Pulo com um suspiro. Os meus olhos percorrem o quarto cheio de sol, onde
David olha pela janela, suas costas magníficas em exibição. A grande tatuagem
dos Disciples que vai de ombro a ombro é a coisa mais sexy do planeta. Eu caio
para trás à medida que a realidade me inunda e David não foi embora.
— Pesadelo? — A sua voz parece cansada, quase com raiva.
— Oh, meu Deus, tive um pesadelo assustador. — Ele vira seu perfil para
mim. Um tremor, quase um deslize de inquietação, faz meu corpo tremer.
— O que está errado? Aconteceu alguma coisa?
Desta vez, ele se vira e vejo, tudo o que estivemos compartilhando,
explorando não está em seus olhos hoje. São claros. Está sóbrio, limpo e frio.
Ele puxa uma das minhas cadeiras. Geralmente está cheio de roupas limpas,
que pareço nunca ter tempo de guardar, mas as roupas desapareceram e ele se
senta.
— O quê? — Quase grito, mas não sai mais do que um sussurro.
Ele se inclina para frente apoiando os cotovelos nos joelhos, tão lindo, tão
perfeito, mas acho que o que ele está prestes a me dizer pode torná-lo um
monstro.
— Preciso de um cigarro — ele anuncia.
— Fume aqui. Eu não me importo. O que está errado? — Enquanto recuo, o
metal frio da minha cama de ferro antigo causa um arrepio por mim.
Puxando o lençol para me cobrir, rapidamente noto que é estúpido, ele está
dentro de cada parte minha, mas por algum motivo, o puxo de qualquer maneira.
Ele pega um cigarro e tudo que posso fazer é assistir, quase como se fosse
uma espécie de mágico. Coloca-o na boca, seu abdômen ondula, e em um
movimento o acende.
Os seus olhos se estreitam nos meus e acho que devo ter parado de respirar.
Pequenos pontos pretos aparecem quando respiro rapidamente.
— Acordei esta manhã, coberto de suor por causa de um dos meus
pesadelos. — Ele inspira profundamente e expira.
— Então? Eu também tive um. Acontece.
Pareço defensiva e não tenho razão para isso ainda. Ele tira o cigarro entre
os dentes enquanto se inclina para jogar o telefone na cama.
— Esta manhã, os meus irmãos, a única família que tenho, derrubaram a
escória que realmente explodiu o laboratório. E eu não estava lá. — As palavras
pairam no ar como a fumaça circulando seu rosto.
— Acho que isso é bom e ruim.
A minha mente luta para alcançá-lo. Está tão fechado, o que me irrita. Não é
minha culpa que ele caiu no fundo do poço. Se qualquer coisa, deveria estar me
agradecendo.
— Está em todos os noticiários. Fizeram exatamente como o planejado.
Aconteceu sem contratempos. Ninguém sabe de nada. E sabe por que isso
aconteceu, Charlie?
— Pare de falar comigo como se eu fosse uma estranha. — Uma das minhas
mãos está ficando dormente e tenho que abri-la.
— Por que? — Ele nem mesmo levanta a voz, mas vibra até a medula dos
meus ossos.
— Não! — Grito enquanto jogo o lençol e me levanto. — O que quer que
tenha acontecido, podemos resolver juntos. Se está incomodando você, precisa
expressá-lo com palavras. Não apenas... — Eu invadi seu espaço, sentindo o seu
cheiro.
Fumaça e especiarias.
— Não me exclua. Nós nos amamos. Somos uma equipe. — Estendo a mão
para tocar sua bochecha e ele agarra minha mão.
— Não faça-o.
— Não o faça? Não o quê? Dizer que te amo? Dizer que estarei lá para você
todos os dias? Não... — Ele me puxa para perto, e ofegante, dou um tapa em seu
peito.
— Não sou o cara para você, Charlie. — Ele me dá uma forte sacudida. —
Pare de me olhar assim. Eu lhe disse desde o início para não me dar muito, que eu
apenas pegaria e levaria.
— Não se atreva. — Eu me afasto, esfregando meu pulso. — Não ouse vir
com esta merda. Algo aconteceu. Diga-me! Juro por Deus, David, se você
realmente me ama...
O seu rosto é um borrão em meio às minhas lágrimas. Odeio estar chorando,
mas o odeio mais neste momento. Olho ao redor do quarto. Eu amo o meu quarto
nada além do sol, flores frescas e coisas boas acontecem neste quarto. Isso não
pode estar acontecendo. Recuso-me a permitir. Limpo meus olhos e olho para ele.
— Viu? Isto é o que eu trago. Não há alegria nisso, não é? Eu não quero o
seu amor, Linda. Não quero de ninguém.
Ele não grita, não precisa. David é tão poderoso, tão manipulador, tão
egoísta que é uma coisa boa que não há nada que eu possa usar para acertá-lo com
o braço esticado. Juro por Deus, no momento, não sou responsável pelo que pode
acontecer.
— Cale-se. — Empurro seu peito de pedra. Ele não se move, é claro.
— Nunca serei o que você quer. Eu não quero filhos porra, não posso nem
olhar para o filho de Blade sem ter um ataque de pânico. Não quero casamento.
Quando suas palavras me atingem, recuo. Talvez isso o faça parar. Ele
precisa parar antes que um de nós diga algo que não possamos retirar.
— Você quer tudo isso. Vejo-o em seus olhos. Eu vejo a maneira como me
olha. É um desperdício.
As minhas costas batem na parede. É duro e frio em minha pele nua, mas
considerando a condição em que estou, é bom. Melhor do que o que está vindo
para mim.
— Por que? Por que está fazendo isto comigo? — Eu grito quando ele me
prende, seu corpo quente contra o meu frio.
— Porque... naquele dia. Lembra-se. — A sua voz fica rouca e eu quero
gritar para ele parar.
É como se eu estivesse, porém, presa em algum tipo de pesadelo, e em vez
da água escura, é sua voz, suas verdades secretas que me afogarão.
— Naquele dia você e eu roubamos um beijo proibido. Naquele dia eu
deveria ter morrido. Tudo o que ouço e vejo quando fecho meus olhos são as
motos partindo, meu bebê chorando e a maldita mãe do meu bebê implorando
para pegá-las ou pelo menos salvar Tabatha.
O seu punho atinge a parede ao lado da minha cabeça e há um som
nauseante de ossos ou talvez gesso quebrando.
— Eu disse a todos que não me lembrava, Charlie, porque quando acordei
no hospital com queimaduras e uma fratura no crânio, isso era verdade, mas
quando fecho meus olhos, vejo.
Ele se aproxima, seus lábios quase tocando os meus. — Eu as ouvi
implorando, chorando, implorando. — Rosna, enquanto me ouço soltar um
soluço.
— Implorando — A sua mão vai para minha garganta e fico olhando para
ele. Ele não faz nada além de me abraçar com força. Sem pressão, mas o
suficiente para que eu não possa me mover. Os seus lábios capturam os meus. São
salgados, cheios de uma agonia que só pode vir dele.
— Eu amo você.
Os seus olhos, aquelas orbes prateadas, agora lacrimejantes, parecem quase
assustados com a minha declaração.
— Não faça isso. — Ele solta meu pescoço e começa a se virar, mas afundo
minhas unhas em seu bíceps, causando um som que nunca ouvi antes.
Dor. Vibra sob minha pele e por um segundo, me pergunto se eu deveria tê-
lo deixado ir? Antes que eu possa entender, mesmo calcular o que está
acontecendo, ele me imobiliza, minhas pernas enroladas em sua cintura como se
tivessem vida própria.
Vagamente, processo que ele está recostado o suficiente para desabotoar as
calças. Então está dentro de mim.
— Jesus Cristo — diz enquanto me fode. Ele empurra para dentro e para
fora. A minha cabeça bate na parede enquanto procuro o que preciso. Isso não é
mais sobre nós. É dor, pura e primitiva, que só o acasalamento pode curar.
— Porra, sua boceta está pingando em minhas bolas.
— David — grito ao gozar. Isso sacode todo o meu corpo. Estou em carne
viva, quase desequilibrada quando começo a pulsar. Posso estar perdendo o
controle enquanto cravo minhas unhas em suas costas e aperto minhas pernas. O
seu pau pulsa enquanto ele goza, e não posso soltar, não posso deixar meu amor ir
embora, não posso deixar isso acabar.
Está feito. A tempestade estourou. Em uma fúria selvagem, acabou e tudo o
que me resta é sua respiração tomando a minha enquanto tento obter um pouco de
volta.
Ladrão de oxigênio.
Ele é minha paixão, meu desejo, minha necessidade e a minha alma. Se ele
me deixar, não sei como vou sobreviver. Apesar de tudo, nunca foi meu desertor.
— Segure-se em mim, Linda. — Ele me carrega, ainda presa em seus braços
fortes, ainda aninhada em seu pau semiduro. Quando ambos caímos na cama, se
retira.
— Você está bem? — Ele enxuga minhas lágrimas, que parecem não parar.
Afasto sua mão enquanto me sento para olhar para ele.
— Você está?
Ele ri, quase amargo, e se senta, pegando os cigarros. — Linda, estou tão
longe de estar bem, não tem ideia. — Ele acende.
— Bem, então acho que também não estou bem.
Quando ele se vira, nossos olhos se encontram e sorrio tentando iluminar
tudo. Ele está tendo um dia difícil. Está tentando lidar com o passado e o
presente. Entendo tudo isso. Inclina a cabeça, se inclina e beija meus lábios.
— Eu não sou bom. Não para você, não para o meu clube. Tudo que eu amo
dá errado ou morre. Você honestamente acha que eu me permitiria estragar sua
luz?
Ele se vira e abre o zíper da bolsa que Edge trouxe e pulo e pego a primeira
coisa que vejo. É a camiseta que David estava usando ontem.
— Não, não, não. — Corro atrás dele enquanto carrega a bolsa e coloca um
jeans escuro.
— David, por favor. Amo você. Sempre o amei. Dê-nos uma chance. Uma
chance. — As minhas mãos se estendem para ele, embora esteja de costas para
mim. Eu sei que ele me ouve, me sente.
Ele olha para o teto e se vira. Os seus olhos prateados estão cheios de uma
dor que o atingiu muito mais do que a mim. Como posso tentar competir com os
fantasmas que dançam em seus olhos?
— Não — grito e corro para a porta, bloqueando-o.
— Não. — As lágrimas que parecem incapazes de parar me fazem gaguejar:
— N-não, eu preciso de você.
— Jesus Cristo, Charlie. — Os seus olhos se concentram em mim. — Isto
não pode mais acontecer. Vai me desprezar, Linda.
— Você precisa de mim. — Sai quase como uma pergunta. — David, o que
temos nunca será ruim. Sempre amei você. Não entende? — Eu o alcanço, mas
ele se afasta como se eu pudesse queimá-lo com meu toque.
— Pare. Olhe para você. Olhe no que está se tornando. Preciso de ajuda
antes de estragar tudo o que somos.
— Oh Deus. — Agarro meu coração, ele o está quebrando em mil
pedacinhos. A dor é como se alguém tivesse estendido a mão e apertado meu
coração, mas não o arranca para me dar paz. — Eu pensei que era sua luz. —
Digo-lhe.
Ele inclina a cabeça e seus olhos prateados me dizem tudo que ele não dirá.
— Você é minha luz, mas se eu ficar com você, vou apagá-la.
Pega minha mão dormente e cuidadosamente me move de lado. Deixo-o,
para preservar a pouca dignidade que me resta. Ele está indo embora e não
consigo pará-lo. Está me deixando e a dor dói tanto que acho que pode me matar.
Dor, traição, todos esses pensamentos flutuam em minha cabeça enquanto o
observo.
— Esta é a pior coisa que pode acontecer, David. Você está partindo meu
coração. — Isso o impede. Ele hesita e depois se vira, deixando cair a mochila.
Em um passo, segura meu rosto com ambas as mãos.
— Se isso é o pior que já aconteceu com você, Charlie, então eu diria que
viveu uma vida encantada. Porque, acredite em mim há coisas muito piores que
podem acontecer.
— Vá se foder, David, seu covarde. Seu covarde de merda. — Eu não estou
me movendo, nem estou gritando. Acho que estou congelada.
As suas costas se endireitam e ele hesita, mas não se vira. Abre a porta e sai.
Acho que sigo alguns passos. Quer dizer, estou olhando para fora. Não há nada
além de vazio aí. Está vazio dele.
Finalmente, tenho bom senso o suficiente para voltar para dentro e trancar a
porta. Deslizando para o piso de madeira frio, estou entorpecida e não consigo
respirar.
Ele se foi com todo o meu oxigênio. Eu olho para as minhas mãos, estão
tremendo, assim como as dele estavam três dias atrás. Estou tão doente quanto
ele, tão viciada, mas não em drogas. Sou viciada nele. David era tudo: minha
fantasia de um homem perfeito e tudo que sempre quis. Eu realmente acreditava
que era o suficiente. As lágrimas escorrem pelo meu rosto, gotas molhadas caindo
sobre meus joelhos e mãos.
Eu rolo em uma bola enquanto enfrento a verdade. Sou uma mentirosa.
Menti para mim mesma, mesmo quando ele me disse a verdade, mas não importa.
Como poderia desistir dele? Tento inspirar um pouco de ar, mas nunca mais
respirarei da mesma maneira.
TRINTA E DOIS
Charlie
Desligo o motor do meu novo Ford Explorer e puxo a viseira para baixo para
me examinar no espelho.
— Cristo. — Reviro os olhos enquanto pego minha bolsa, precisando da
minha bolsa de maquiagem. Ajudaria se eu não estivesse com um péssimo
aspecto. Já se passaram mais de três meses desde que o nome que não consigo
falar, foi embora. Dizer, ouvir, me fará chorar. É muito patético e francamente, já
superei isso.
Pego o corretivo e tento cobrir minhas olheiras. É uma tarefa difícil, e
considerando que só verei Cindy, Dolly e Doug, quem se importa?
Sem me preocupar em verificar a cor, coloco um pouco de brilho labial.
Depois de uma olhada em volta novo assento de couro escuro pego meu telefone,
abro a viseira e saio, clicando no controle remoto. Tive que aceitar e conseguir
um novo veículo porque, aparentemente, quando chove, transborda.
Desde que o Idiota me deixou, meu amado Prius morreu na hora do pico na
pista do meio da rodovia 405. Simbólico? Acho que sim.
A torradeira do meu vizinho de cima queimou causando um incêndio, então
fui morar com minha mãe enquanto consertavam e reparavam todos os danos. Os
antigos aspersores espalharam água tingida de marrom pelo corredor, vazando
para o meu apartamento e pingando no meu armário. Metade do meu guarda-
roupa estava destruído graças às manchas de água enferrujadas.
Eu jogo meu cabelo, grata por estar de volta, embora um leve cheiro de mofo
permaneça em certas partes do edifício.
Pobre Shelia e seus gatos tiveram que se mudar para uma casa de assistência,
enquanto toda essa bagunça estava acontecendo. Ainda não sei se ela voltará, o
que é deprimente. Passei muitas noites chorando em seu colo por causa do nome
que nunca pronuncio. Abrindo a porta da Casa Vega, tenho que piscar para deixar
meus olhos se acostumarem à escuridão lá dentro.
— Charlize. — Removo meus grandes óculos de sol para ver Cindy e seus
seios grandes em uma cabine vermelha no canto.
Fracamente iluminado por uma luz neon, o bar tem incontáveis copos
pendurados em uma prateleira superior. Eu me pergunto se devo pedir uma
rodada de doses para começarmos ou esperar pela garçonete.
—Shhh, ela está vindo — grita Cindy para Doug, que me encara. Se a
expressão de olhos arregalados em seu rosto é qualquer indicação, talvez eu
devesse ter colocado um pouco mais de maquiagem.
— O quê? — Franzo a testa para ele enquanto deslizo ao lado de Dolly e
todos eles correm para baixo.
— Hum, você é como uma espécie de sem-teto agora? Achei que tivesse
voltado para o seu apartamento esta semana.
— Doug, calma. Estou com dor de cabeça. Quase cancelei, mas sabia que
continuaria ligando, então aqui estou. — Sorrio amplamente. É falso e meu olho
direito começa a se contorcer, então paro.
— Eu sou o único que tem coragem de lhe dizer que ela precisa comer? —
Ele se levanta e faz um gesto para que o barman se aproxime. Dolly puxa sua
camisa até que ele se sente novamente.
— O quê? Estou pedindo nachos e precisamos de mais batata frita e
guacamole — corta.
— Tanto faz. Não estou com fome. Você pediu bebidas?
Todos eles se olham. Eu suspiro e me inclino para trás.
— O quê? Se estiver ruim, não quero saber. Diga a eles, Cindy. Temos tantas
coisas acontecendo na lanchonete que não consigo lidar com nada de ruim.
— Lá vamos nós, meus amigos. — O barman bonito de cabelos escuros
chega com margaritas. Alguém foi inteligente o suficiente para pedir duas por
pessoa, então todos temos o dobro. Coloca-as alegremente junto com três cestas
de batatas fritas. — Aproveitem.
Olho para todos nós e quase começo a rir. É isso ou chorar porque nós somos
como a festa das nuvens negras. Parece que alguém matou nosso animal de
estimação ou algo assim.
— A terça-feira, à noite das meninas. — Doug mostra sua margarita.
— Você é ridículo. — Pego a minha e começo a engoli-la. — Isso foi fácil
demais. Acho que estou de Uber. — Pego um chip.
Começamos a ter a noite das meninas muito depois que ele me deixou. Para
ser honesta, essa é minha sanidade. Um motivo para me levantar e seguir em
frente. Todos nós parecemos estar no mesmo barco. O sofrimento adora
companhia, acho. Alguns dias depois do meu desastre, Ryder estava praticamente
desaparecido em ação.
Assim como tudo que a machuca, Cindy sorri e diz que nunca aconteceu.
Em uma das noites de nossas garotas, tentei encurralá-la depois de desnudar
minha alma a mesa. Ela nem piscou, simplesmente bebeu uma dose e pediu
licença para ir ao banheiro.
Se eu não estivesse tão presa à minha própria merda, insistiria para que ela
falasse sobre isso, mas visto que estou me segurando por um fio tênue ...
— Então. — Bato minhas mãos a mesa. — Eu sei que tenho feito muito...
— Puta merda, amo essa música — Doug me interrompe e se levanta para
dançar. Olho para Dolly, que de fato, parece uma boneca esta noite. Está perfeita.
A sua pele está brilhando, seus olhos estão claros.
— Espere, sei que estava atrasada, mas está de volta com Edge de novo?
Doug acena para o barman para outra rodada e olha para mim. — Diga a
eles.
Ela sorri e olha em volta até que seus olhos pousem em mim. —Acho... que
posso ter conhecido alguém, e se eu consegui seguir em frente, você também
pode. — Ela levanta seu copo de margarita e bebe.
— Desculpa, o quê?
Não tenho ideia de por que não estou feliz ou por que sinto que vou explodir
em lágrimas.
— Sim. — Ela sorri.
Cindy grita e olha para o teto. — Obrigada, Senhor, respondestes as minhas
orações. — Os seus dramas fazem Doug dançar até ela e aconchegar seu braço
em sua volta.
— Sim, nossa pequena boneca finalmente mudou. — Ele pega a bebida de
Cindy e engole.
— Você está bem? — Ele acena para mim.
— Estarei bem? — Olho em volta como se fossem todos de um planeta
diferente. Esses três se tornaram meus melhores amigos. Compartilhamos todos
os nossos segredos. Bem, eu compartilhei todos os meus segredos.
— Por que é a primeira vez que ouço falar disso? — Eu a olho diretamente
em seus lindos olhos castanhos de gato.
— Eu queria ter certeza.
— Queria ter certeza? Há quanto tempo isso vem acontecendo? Estava
reclamando de Edge, na semana passada.
— Olha, Bela, não importa se é um dia ou anos. Quando está certo, está
certo. Agora, se Dolly pode se abrir e encontrar o amor, então você pode seguir
em frente também — Doug rebate para mim.
Olho para as minhas mãos. Estão tremendo. Isso é surreal e preciso de
álcool. Pego a margarita mais próxima e bebo em três goles, deixando a tequila
fazer efeito. O meu rosto esquenta quando minha cabeça começa a girar.
— Parece que vai chorar. — Ela pega a minha mão.
— Estou magoada, só isso... e secretamente estava sempre torcendo por
Edge.
— Olha, Charlie. — Parece maldoso e levanto uma sobrancelha para ela. —
Eu não disse nada porque tive que passar por essas emoções sozinha, mas esse
cara é legal e não me faz parecer com você, então isso é uma grande vitória para
mim.
— Uau. — Puxo minha mão. Eu não preciso de seu sermão. Tenho vomitado
minha dor para essas três pessoas, e pensando bem, tudo o que fizeram foi segurar
meu cabelo para trás quando vomitei e me disseram que ele não vale a pena.
— Eu preciso ir. — Tento fugir, mas Doug bloqueia a saída da cabine com
sua bunda magra.
— Não. Vai desejar o melhor a Dolly. Você vai dizer...
— Parabéns. Você deveria ter dito algo. Sou a única em nosso grupo que é
honesta sobre seus sentimentos? — Bato minhas mãos na mesa.
— Defina honesta. Tudo o que vejo é uma linda mulher que era feliz e forte
e agora parece uma criança abandonada que precisa de roupas novas. — Aponta
para mim. — Tudo porque ela se apaixonou pelo maldito Disciple e deixou que
ele a arruinasse. — Dolly empurra a cesta de batatas fritas para mim. — Aqui.
Coma algo antes que o vento a leve embora.
Balanço a minha cabeça. — Dolly.
Ela olha para o teto e ao redor do bar, que está mais lotado do que antes. —
Sinto muito, mas quando olho para você, eu me vejo e isso está me matando.
Nós nos encaramos, nossos olhos se encheram de lágrimas. — Oh, venha
aqui. — Ela estende a mão para mim, derrubando uma margarita no processo,
mas nenhuma de nós se importa enquanto nos abraçamos até que a bebida úmida
e pegajosa nos faz recuar.
— É por isso que nunca me apaixono. — Cindy enxuga os olhos, as mãos
animadas. — Olhe para vocês duas, Dolly mentindo para si mesma e Charlize
completamente patética. — Dá um pulo. — Com licença. — Corre em direção ao
banheiro, seu cabelo loiro e seios fazendo com que os homens no bar parem e
olhem.
Doug pigarreia. — Aqui. — Ele joga alguns guardanapos de pano vermelho
na bagunça pegajosa de doce e azedo e se inclina para trás para olhar para nós. —
Agora ouçam, vocês duas.
Olho para ele enquanto tento mover meu cotovelo. Está preso à mesa.
— Bela. — Ele estala os dedos.
— Sim, estou ouvindo. Eu amo muito a ambos.
Ele revira os olhos. — Ok, vá devagar com a tequila. — Aponta para mim.
— Vocês duas precisam seguir em frente. — Dolly deu alguns passos. — Dylan é
inteligente, tem seu próprio negócio e não mata pessoas. Isso é definitivamente
uma vantagem para você, Dolly.
Dolly olha para a porta e seus olhos se arregalam. — Oh, meu Deus — grita
enquanto Edge entra e olha em volta.
É impossível ignorar seu corpo tatuado e duro como uma rocha. Edge
sempre foi meu favorito e não porque é um ruivo gostoso, mas porque ama Dolly
e ela o ama, e se eles parecem não conseguir, estamos todos condenados.
— Como ele sabia que estávamos aqui? — Digo muito alto. Todo o bar me
ouviu.
Edge se vira e um chiado escapa da boca de Dolly.
— Jesus Cristo, porra. — Doug pega uma bebida e balança a cabeça em
desgosto para Dolly. — Você enviou uma mensagem para ele, não é?
Dolly nem mesmo responde e permanece fixa em Edge, que me lembra tanto
David que meu coração dispara. Eles não se parecem em nada, mas a maneira
como ele se mantém... se move.
— Perigo — sussurro enquanto Edge se move em direção à cabine.
— Sim. — Dolly morde o lábio inferior vermelho.
Eu nem percebi que disse isso em voz alta, mas é o que esses homens são.
São homens perigosos e gostosos que roubam seu fôlego.
— Não se preocupe. Estou aqui por você. — Pego sua mão quente. Doug
bufa de desgosto.
— Ela o trouxe aqui. Está por sua conta esta noite. — Ele parece entediado
quando Cindy volta andando. Os seus olhos estão inchados, mas parece que ela
colocou muito brilho labial.
— E agora? — Ela coloca as mãos nos quadris.
— Levante-se — Edge rosna, nem mesmo olhando para nós. Ele está atrás
de Cindy e ela grita. Ele a ignora, mas o gerente da frente franze a testa.
Eles precisam aumentar a música. Todo mundo está olhando para nós.
Cindy se vira e olha para trás. — Onde está Ryder?
— Trabalhando — Edge grunhe.
— Claro que está. — Ela revira os olhos. — Estou fora. — Inclina-se e pega
sua bolsa.
— Cindy, não vá. — Tento me levantar, mas estou imprensada entre Doug e
Dolly.
— Vejo você pela manhã, Charlize. Edge, diga ao seu amigo para perder
meu número e ir se foder. — Ela bate a grande porta de madeira ao sair com um
toque dramático.
— Legal, Edge — Doug murmura.
— Eu disse para se levantar. Vamos. — Edge estende sua mão tatuada.
— Não.
— Dolly. — Ele quase cospe. — Se não quer que eu coloque uma maldita
bala naquele maricas com quem está saindo, você levantará a sua bunda daí.
Olho para Dolly e depois para Edge. — Hum, Edge?
Ele olha para mim, e seus olhos mudam de ferozes para... É pena o que eu
vejo?
— Você está bem, Charlie?
E solto a mão de Dolly e quero deslizar para baixo na cabine e me esconder.
Mantenho, em vez disso, minha cabeça erguida e digo — Estou fantástica —
depois me encolho ao ver como pareceu patético.
— Ótimo.
Os seus olhos voltam para os de Dolly. — A escolha é sua.
Ela bufa. — Por que se importa? Você fode tudo que se move.
— Isto não é sobre mim. É sobre a boceta da minha garota estar perto do pau
de outro homem. Se eu descobrir que você realmente transou, Dolly... — as suas
mãos e apertam e um pequeno estremecimento passa por mim.
— Você o quê? — Rosna. — Você não pode me machucar mais, Edge.
— Oh, Deus — sussurro. A violência nos olhos de Edge é algo que nunca vi
nos de David. Ele estava mais torturado. Edge parece um lunático. Um lunático
gostoso, mas um lunático mesmo assim.
Um silêncio desconfortável cai sobre a mesa enquanto eu olho para Doug e o
chuto para fazer algo.
— Oh, pelo amor de Deus. — Doug dá um tapa na cabine enquanto sai
correndo, gesticulando com a mão para ela sair. — Vá. Ele é o que você quer.
— Não o quero... eu o odeio — Dolly diz enquanto Edge a encara.
Com um bufo, ele estende a mão para ela. — Veremos quando estiver
implorando pelo meu pau esta noite.
Eu fico olhando em choque enquanto Edge a puxa com ele. Pela primeira
vez em meses, esqueci minha própria merda. Edge e Dolly são uma bagunça do
caralho. Olho para Doug, que me entrega a margarita pegajosa de alguém.
— Ele estava brincando, certo? — Eu a pego e aponto para Edge enquanto
ele puxa Dolly para fora. — Ele não vai matá-lo, qual é o seu nome?
Doug pega uma batata frita. — Dylan. E quem diabos sabe? Edge é um
maníaco no que diz respeito a Dolly.
— David nunca agiu assim. Alguns dos Disciples são assustadores. — Eu
tomo um gole.
Ele joga a cabeça para trás e ri. — São doidos, todos eles. Não se iluda
pensando que David é um príncipe. — Pega outra batata frita e olha para mim. —
E relaxe. Dolly não transou com Dylan.
— Espere. — Os meus olhos se estreitam sobre os dele. — Você disse que
Dolly seguiu em frente e encontrou outra pessoa... basicamente, vocês dois
disseram que ela transou com ele.
Rindo, ele balança a cabeça. — Olha, tivemos que fazê-lo. Você é uma casca
do seu antigo eu. E já que Dolly não foi em frente com ele, talvez você devesse
considerar jantar com ele.
Eu congelo. — Você é de verdade? Não pode estar falando sério?
Ele continua enfiando batatas fritas na boca, derramando migalhas por toda a
camiseta preta.
— Absolutamente. Isso pode ser uma bênção disfarçada. Precisa transar.
Esse cara é hétero. — Ele aponta uma batata frita para mim enquanto levanta uma
sobrancelha. — Um não criminoso que muito provavelmente não vai fodê-la na
bunda e deixá-la. — Ele pisca.
— Nunca deveria ter lhe contado isso.
— Você absolutamente tinha que contar.
— Que seja. — Jogo uma batata frita na mesa. — David me arruinou. Eu
nunca mais serei a mesma. — Aquelas malditas lágrimas que odeio tanto
começam a se formar, e pego uma margarita e bebo a coisa toda.
Doug balança a cabeça. — Sim, os danificados e torturados sempre fodem
tão bem. Você pode estar arruinada para os outros. — Ele se ajusta enquanto
franzo a testa para ele. — O quê? O meu pau está duro só de imaginar ele e
você...
— Pare. — Dou um tapa no seu peito. — Apenas pare enquanto está à
frente. Vamos nos embebedar e você pode dormir na minha casa.
— Ohhh, sim, por favor. Sabe que eu amo as nossas festas do pijama. — Ele
olha para o barman. — Duas doses de Patron e a conta, por favor.
TRINTA E TRÊS
David/Poet
SEVILHA, ESPANHA Inclino minha cabeça para trás e deixo o sol trazer
seu calor curativo para minha pele. Os meus olhos veem pontos mesmo quando
estão fechados. Os sons do pequeno café me fazem relaxar. Estou aqui fora
tomando um café e comendo uma omelete espanhola.
Estou na Espanha há cerca de três meses e não passa um dia sem que eu ache
que ouço a sua risada, veja longos cabelos escuros e deseje, que de alguma forma,
ela tenha me encontrado.
É ridículo, mas novamente, não podemos evitar nossos pensamentos. Os
meus olhos piscam abertos enquanto olho para um homem olhando para mim.
— Deus, você é um pé no saco. — Reed puxa uma cadeira de ferro e se
senta.
— Como diabos me encontrou? — Não posso deixar de sorrir.
Vestindo uma camisa oxford branca social enrolada nas mangas e óculos de
sol espelhados, ele me encara.
— Você parece um playboy bilionário. — Sorrio.
— Eu tinha negócios na Alemanha e em Paris. Caso contrário, estaria aqui
há duas semanas. — O garçom para e Reed pede um café e água. Ele se inclina
para trás. — Você parece saudável.
— Eu me sinto bem. — Olho em volta das ruas e gesticulo. — É difícil não
ser feliz aqui. Olhe em volta.
Reed olha ao redor como se nada o impressionasse muito. — Tive que fazer
com que Jay contratasse alguns outros caras para rastreá-lo. Ainda não gosta de
ter uma coisa chamada telefone, hein? — Ele se estica e começa a comer minha
omelete.
Eu me inclino para trás e rio, fechando um caderno, que está cheio de minha
poesia.
Olha para ele, seus olhos verdes curiosos enquanto aponta com o garfo. —
Você está escrevendo de novo?
— Estou. É a melhor terapia para mim. Nada que publicaria. Todos estes são
apenas para mim.
— Legal. Então, quando terá coragem e voltará para casa?
— Jesus, Cris... — Sou salvo pelo garçom que põe o café e a água de Reed
na mesa.
Ele levanta uma sobrancelha arqueada. — Está na hora.
Olho para as minhas mãos cerradas pensando que não é a primeira vez que
quero estrangulá-lo.
— Esta é minha casa agora.
Ele joga a cabeça para trás e ri. — Eu pensei que tinha terapia e essas
merdas na reabilitação? Você parece um maldito covarde que eu quero dar um
soco.
Pego minha mochila e começo a enfiar todas as minhas coisas nela. Reed
fará uma cena, ou eu vou. Então, preciso pagar e ir embora. Pegando minha
carteira, jogo muitos euros na mesa.
— Nada? Você não tem nada para mim? Vai ficar de mau humor? Ser o
poeta torturado e incompreendido? Ou é um motociclista aqui? — Ele toma um
gole de café.
Paro e suspiro. — Reed, tenho trabalhado muito nos últimos meses.
Reuniões, terapia, exercícios. Inferno, até me tornei vegano por uma semana. —
Eu olho para seu rosto inexpressivo e cerro os dentes.
O silêncio preenche o espaço entre nós e quase me levanto para sair.
— Então, tenho que lhe dizer. Ela está bem. — Sento-me como se ele tivesse
me dado um soco no estômago.
— O quê?
— Charlie. Tess e eu a vimos algumas vezes. E pensei que você deveria
saber que ela está bem. — Estica suas longas pernas e as cruza na altura dos
tornozelos.
— Minha Charlie? — Devo parecer louco.
— Talvez você devesse beber um pouco de água — diz Reed.
Fico olhando para ele e ele me encara de volta, uma batalha silenciosa. —
Você a ama. — Ele não está perguntando.
— Sim. — A minha voz parece como se alguém jogasse uma colher de areia
no meu café. — Amá-la porém nunca foi o problema. — Eu me sento, quase sem
fôlego.
— Precisa consertar isso, irmão. Você tem corrido, fugido por tanto tempo
que pensa que é isso que você é, mas está errado. E ela sabe disso.
Eu me levanto, me preparando para dar o fora.
— Você não pode mais fazer isso. Eu não vou deixá-lo. — A voz de Reed
me para quando me viro.
— Você não entendeu? Eu não posso me perdoar. O que eu fiz foi... — Olho
para o céu azul sem nuvens. — Foi algo que eu fiz errado.
— Por que? Porque foi embora para buscar ajuda?
— Sim. Porra, eu não era forte o suficiente para ela. — Respiro fundo. —
Assim como eu falhei com a minha filha e assim por diante. — Corro minha mão
pelo meu cabelo. Reed aparecendo é uma merda comigo, e sua calma está
tornando tudo pior. Ele nunca fica calmo, a menos que tenha um plano.
— Ela ama você. É muito mais forte do que acredita. E mesmo que tenha
arrancado seu coração, ela realmente quer que você seja feliz.
— O quê? — Olho em volta querendo ir embora, mas as minhas pernas não
se movem. Anseio qualquer coisa sobre ela. A necessidade desesperada de ouvir
seu nome me deixa quase enjoado.
— Ela sabe que tem que ajudá-lo.
Fico olhando fixamente para ele, sem saber o que ou como me sinto sobre
isso. — Ela... ela seguiu em frente?
— Não, ela está apaixonada por um filho da puta estúpido que pensa que só
merece sofrimento.
Isso me faz apoiar minhas mãos sobre a mesa para que Reed possa me ouvir
claramente. — Ela merece o mundo. Fui embora por causa disso. Não acha que a
cada segundo de cada dia eu não penso nela? Preocupo-me com ela? Querendo
voltar para ela? Estou tentando melhorar para poder ser o homem de que ela
precisa. — Assobio isso em seu rosto inexpressivo. — Porra, é por isso que a
deixei em primeiro lugar. Eu a estava matando, transformando-a em alguém que
ela não era.
Ele empurra a cadeira e se levanta. — Se eu posso fazer isso, você também
pode fazer. — Os seus olhos verdes me perfuram. Ele não está brincando. —
Volte e descubra o que você quer. Diga-lhe exatamente isso. Se não era para ser,
pelo menos você a enfrentou. Eu sei que pode viver com isso, mas escondido...
bem, um dia vai acordar e comer uma bala.
Solto um suspiro áspero enquanto o ouço, mas não consigo acreditar.
— O seu lugar é com ela. E você merece ser feliz. Não espere até que seja
tarde demais.
Ele começa a sair e me viro e o vejo pegar seu telefone. Olhando para mim,
diz — Nada que valha a pena é fácil, irmão, mas você a ama. Sempre amou.
Um SUV preto estaciona e um motorista sai para abrir a porta para ele. —
Avise-me quando aterrissar em Los Angeles. Vou buscá-lo.
Antes que possa responder, ele fecha a porta e o veículo preto desaparece
como se eu tivesse sonhado. Olho para seu assento vazio e sua xícara de café pela
metade para ter certeza de que não estou enlouquecendo.
— Senhor? Posso servi-lo em algo mais? — O garçom me entrega a conta e
pisco para ele.
— Não, obrigado. — Ele sorri e diz por cima do ombro — Até amanhã,
amigo.
Examino meus arredores. Sevilha é incrível de uma forma que só pode ser
descrita como mágica, mas não estou em casa. Nada está em casa.
Charlie, foi o mais perto que cheguei de ter essa sensação. Então, em vez de
“Vejo você amanhã”, pego minha mochila e não digo nada, nem mesmo adeus.
Reed está certo. Ele está sempre certo. Preciso voltar. Preciso enfrentar tudo
o que fiz. Eu preciso finalmente expiar.
TIRNTA E QUATRO
David/Poet

Estou em uma longa e sinuosa fila da alfândega de LAX11. Eu poderia tirar


uma soneca de duas horas e talvez me mover um metro.
Preciso de café, banho e cama.
Atrás de mim, não há nada além de uma fila de pessoas cujos rostos refletem
os meus.
Pego meu telefone para enviar uma mensagem de texto para Reed. Ele vai
me pegar.
Meses se passaram e eu não a vi, nem a cheirei, nem a fodi.
Eu nos destruí. Sei de tudo isso e ainda estou de volta de qualquer maneira.
Reed estava certo. Vou acordar um dia e acabar com tudo se não for meu dono.
Memórias do que aconteceu naquele dia zumbem em minha cabeça,
juntando forças com meus demônios, mas por razões que não consigo entender,
fiz o registro para uma estadia de trinta dias em uma clínica de reabilitação em
Malibu. Como já havia me desintoxicado, passei a maior parte do tempo em
aconselhamento de luto e em um grupo de recuperação onde finalmente lidei com
a dor e o medo sobre o que aconteceu com Tabatha.
A minha dor por Charlie era outra história. Fui honesto sobre meu medo de
compromisso e todos os meus outros problemas. Estou trabalhando neles todos os
dias, não que isso pareça importar. Há um vazio, uma escuridão dentro de mim
que apenas sua luz pode preencher.
A necessidade, quase autopreservação, de fazer contato com ela, depois que
Reed partiu, era quase insuportável. Bom e ruim, ultimamente é ruim na maioria
das vezes. Decidi voltar e deixar meu futuro ser o que for.
Charlie. Eu me permiti ter a quantidade certa de memórias antes de perceber
minhas limitações. Ela merece muito mais do que posso dar a ela. Pela primeira
vez em minha vida, quero ser um homem melhor para ela e para mim. Eu
consegui isso?
Olhando em volta para o caldeirão que é LA, sorrio. É bom estar de volta.
Aqui é onde nasci, e embora não tenha endereço, Charlie está aqui, então sempre
me sinto em casa.
O meu telefone vibra. É uma mensagem de Reed perguntando se já passei
pela alfândega. Olho para os vários corpos diante de mim e respondo não.
O sol está se pondo e um pequeno brilho me cega enquanto olho para fora
das janelas e portas de vidro.
O meu telefone marca 16:00h. Saí no calor do verão e estou voltando para as
noites frias do horário de verão.
Uma onda de claustrofobia sobe pelas minhas costas. Muitas pessoas juntas
sempre me deixam nervoso, mas hoje é diferente. Eu sei disso, no meu coração.
Fechando meus olhos, respiro fundo enquanto bloqueio os cheiros de corpos que
viajaram por muito tempo e precisam de um banho. Os sons são avassaladores: os
telefones celulares tocando, as pessoas rindo alegremente e falando sobre suas
aventuras e comemorando por estarem em casa. Devo pensar no meu próximo
passo: onde devo ficar, o que preciso fazer.
Depois que os profissionais da reabilitação me deram luz verde, afirmando
que estou lidando com sucesso com minha dor e não estou em perigo iminente de
usar, saí da reabilitação e peguei um avião para a Espanha.
— Com licença? Você é o próximo. — Um adolescente aponta e eu volto à
realidade. Olho em volta e me pergunto há quanto tempo estou sonhando
acordado.
— Desculpe, obrigado. — Avanço entregando meu passaporte. A mulher dá
uma olhada no meu passaporte e diz — Bem-vindo ao lar.
Lar. Um par de olhos dourados em forma de gato nadam a minha frente.
Pego minha mochila de couro e subo a longa ladeira até a área de bagagem.
Não tenho outra bagagem, então saio para a noite fria de Los Angeles. Apesar da
hora, LAX ainda está em pleno funcionamento, com buzinas de carros, pessoas
falando em seus telefones e todos com pressa enquanto puxam suas bagagens.
Preciso de um cigarro. Quando pego um, olho para um cara com os braços
cruzados encostado em um Tahoe preto.
— Que porra é essa? Você não é Reed — declaro o óbvio enquanto caminho
até ele.
— Poet. — Ele concorda.
— Blade. — Expiro. Nós nos encaramos. A última vez que vi meu primo...
bem, ambos tínhamos matado juntos.
Ele sai do veículo e me examina.
— Você parece bem, cara. A Espanha deve ter lhe tratado bem.
— Sim. — Abro a porta do passageiro enquanto Blade sobe para o lado do
motorista.
Ele liga a caminhonete e abro a janela, observando o Century Boulevard
passar.
Eu deveria manter a conversa leve, mas já é estúpido e desconfortável o
suficiente.
— Eve está bem? — No mínimo, devo perguntar.
Blade sorri com a menção de Eve. — Sim, ela está pronta para dar à luz a
qualquer hora. Você chegou em casa na hora certa. Vamos ter uma menina.
Uma garota. Blade e Eve terão uma menina, com cabelos loiros e grandes
olhos azuis, aposto. Permiti-me contudo, em vez de ficar com raiva, sorrir e dizer
— Essa é a melhor notícia que já ouvi até agora. Estou muito feliz por você. —
Olha para mim, uma sobrancelha arqueada.
— Então, está de volta? Reed quer que você fique com ele. O que vai fazer?
Continuo fumando enquanto entramos na rodovia. — Foda-se se eu sei.
— David. — Ele suspira. — Precisamos conversar sobre o que aconteceu.
— Não.
Os olhos de Blade se fixam nos meus. — Quem diabos é você para dizer
não? Estou chateado. Tínhamos um plano. Assim que você matou Lucky,
esqueceu completamente que ainda tínhamos outra coisa para fazer.
Ele olha para o espelho enquanto começa a acelerar. — Graças a Deus, Reed
estava envolvido. Sem ele, seria uma bagunça. Ele fez com que o FBI derrubasse
os Satan’s Seeds, depois que o laboratório explodiu. — Olha para mim.
— Reed é um gênio e um bilionário. Isso ajuda. — Procuro um chiclete no
bolso. — O que você quer de mim, Blade? — Pareço cansado porque estou. Ele
tem razão. Falhei com eles. Ficar irritado não mudará isso.
Ele bufa. — Quanto tempo você ficará?
Dando de ombros, digo — Eu vivo o momento — Cale-se. — Ele bate no
volante. — Pare de ignorar o problema, cara. Recomponha-se e acerte as coisas
com Charlie. — O meu coração dói automaticamente.
— Se fosse assim tão fácil. Olha cara, não quero brigar com você. Já ouvi o
sermão de Reed. — Eu me movo, minha pele começando a se arrepiar para onde
esta conversa está indo.
Ele balança a cabeça em desgosto. — Você a ama.
— Sim, eu a amo. — Inclino minha cabeça para fora da janela, deixando a
brisa fresca beijar meu rosto. — Ela merece porém, coisa melhor. O amor não é o
problema.
— Entendo você, David. Somos mais parecidos do que pensa. Eu perdi
muito tempo lutando contra meus sentimentos por Eve. É uma besteira juvenil.
— Blade. — Viro minha cabeça para olhar seu perfil enquanto ele tece
dentro e fora do tráfego. — Eu não sou você. Charlie quer coisas que... — limpo
minha voz enquanto lhe conto meus medos. — Charlie deseja e merece coisas
que não tenho certeza se sou capaz de dar a ela.
— O que você não pode dar? — Ele franze a testa como se realmente
estivesse confuso.
— Tudo. Filhos, uma casa e conhecendo Charlie, um cachorro. Todas as
coisas que não tenho certeza se posso fazer. — O meu peito aperta enquanto o
esfrego e me viro para olhar para a rodovia.
— Por que?
— Porque o quê? — Estalo.
— Por que você não pode fazer isso?
— Está brincando, certo? — Não estou nem tentando esconder minha
amargura.
— Sou presidente do melhor MC da Costa Oeste. Eu faço tudo isso.
Eu bufo e esfrego minha nuca. Há um grande nó nele. — Não sou você, não
estou nem perto. Não deveria ter voltado.
Ele me olha com um sorriso estúpido no rosto. — Eu tenho fé em você, cara.
Se eu consegui me recompor, algo me diz que você pode.
— Ha. Você parece Reed. Nem todo mundo fica feliz para sempre. Alguns
de nós são ferrados.
Ele me ignora e sai da rodovia em direção ao clube. Antes que eu possa
perguntar por quê, ele diz — Daremos uma festa de boas-vindas para você, seu
idiota Blade desce a longa estrada de cascalho, a sujeira e as pedras esmagando
enquanto sinto o cheiro das árvores cítricas e da fumaça das enormes fogueiras. A
música está bombeando dos alto-falantes externos quando chegamos.
Blade estaciona e vira. — David, além da minha esposa e filhos, você é o
último do meu sangue. Acho que deveria ficar. Pegue sua mulher, faça uma vida.
Uma batida na porta da frente me faz olhar para a varanda da sede do clube
quando Axel sai segurando a mão de James Dean. Eu pisco e me inclino para
frente.
— Aquele é Axel com seu filho? — Axel ri de algo que James Dean diz
como se eles fossem melhores amigos, embora James ainda não tenha dois anos.
— Sim, é o maldito Axel. Juro por Deus que ele tem algum tipo de vínculo
com meu filho. Eu continuo dizendo a Eve que ele precisa dos seus. — Resmunga
enquanto sai do Tahoe indo em direção a eles.
Batendo palmas, James Dean correu até ele, e novamente, aquele aperto no
meu peito reaparece.
Blade o levanta e o joga no ar enquanto suas pernas rechonchudas chutam e
ele solta aquela risada viciante de bebê que faz você rir descontroladamente.
Axel olha para mim. Eu o ignoro. Este lugar guarda muitas lembranças.
Boas, ruins, mas não há um espaço, um canto que eu não conheça. Acho que esta
é a minha casa. Tem todas as pessoas que amo, então por que estou me movendo
em câmera lenta? Por que estou procurando algo que não posso ter?
— Então ainda está vivo? — Eu me viro para olhar nos olhos azuis
surpreendentes de Axel.
— Algumas pessoas simplesmente não morrem. — Enfio a mão no bolso
para pegar outro cigarro.
— Bem, se continuarem tentando, cedo ou tarde terão sucesso. — Ele se
afasta, agarrando uma garota de cabelos escuros e levando-a para dentro de casa.
Maldito Axel. Agarro meu pingente. O metal quente me faz tirá-lo para
olhar. Fechando os olhos, peço seu perdão pela milésima vez, mas esta será a
minha última. Enfio no bolso.
Fumaça, hambúrgueres e frutas cítricas enchem meus sentidos e é nesse
exato segundo que sei o que preciso fazer. Todos os fantasmas ainda residem
dentro de mim. Sempre serão meus amigos ou inimigos. Eles não assumem mais
o controle, mas me lembram que cada segundo é importante.
— Vá fazê-lo. Acabe com isso. — Os meus olhos se voltam para Edge.
Estamos em silêncio, permitindo que a magnitude de suas palavras seja
absorvida.
— Está na hora, cara. Você nunca superará isso. Acredite em mim, eu tentei.
Vá buscá-la. — Ele me joga as chaves de sua moto.
Quando pego-as, eu percebo que é assim que sempre deveria acontecer. Não
estou com medo. Edge sempre foi aquele que me entendeu. Sempre percebe que
às vezes as coisas não acontecem da maneira que pensamos que deveriam; ou
você lida com eles ou pega as chaves do seu irmão e faz um favor a todos.
— Porra, Edge. — Os meus olhos ficam turvos. Ele acena com a cabeça e
me agarra em um abraço apertado.
— Você sempre foi o mais forte. — Ele bate nas minhas costas com os
punhos.
Eu me afasto e caminho até sua moto. Alguns Disciples me cumprimentam.
Acho que espancar Lucky até a morte me tornou um herói. Não importa agora.
Nada importa agora.
Eu sei porque voltei. Todos sentirão um grande alívio depois que terminar.
Isso deveria ter acontecido há dez anos, mas finalmente estou consertando agora.
A moto de Edge ruge quando a ligo e giro o acelerador algumas vezes.
Os meus olhos encontram os dele. Irmão para irmão, acenamos com a
cabeça, e saio, em direção a escuridão, rumo à minha paz.
TRINTA E CINCO
Charlie
Acordo, não porque o alarme disparou, mas porque Doug jogou o braço
sobre a minha barriga quase me dando vontade de vomitar.
— Merda. — Eu me sento e empurro seu braço enquanto esfrego minhas
têmporas.
Provavelmente não precisávamos daquelas duas últimas doses de Patron
para sair ontem à noite. Era noite das garotas de novo e Doug dormiu como faz
em quase todas as noites das garotas. Quando pego o telefone, a tela mostra que é
mais cedo do que o necessário. Ainda assim, pegarei um pouco de café e relaxarei
em um banho quente antes de abrir. É sábado, então nossas manhãs são uma
loucura.
Ao apertar o botão do Cuisinart, procuro minha memória confusa. Tenho
certeza de que pedi a minha mãe que viesse mais cedo, caso Cindy e eu
precisássemos de ajuda. Deus, espero que sim. Bocejando, tiro minhas roupas de
ontem. Acho que desmaiei ainda usando-as. Doug deve ter feito o mesmo. Ele
rola ainda em sua camiseta preta e calças. Embora, vamos lá, ainda está usando
seu Converse?
Eu balanço minha cabeça enquanto ligo o chuveiro e faço alguns
alongamentos para fazer o sangue bombear, mas preciso de Advil, café e não
continuar bebendo tequila. Quando entro, o calor calmante me faz suspirar.
Se Doug não estivesse desmaiado na outra sala, eu me masturbaria para
aliviar o estresse. Isso só me faz sentir melhor por cerca de um minuto. Vou
fechar meus olhos e vê-lo e isso geralmente é tudo o que preciso.
— Deus — gemo. Estou um pouco de ressaca, mas vamos encarar: estou
deprimida. Sinto a sua falta. Eu nem mesmo o odeio mais, mas gostaria que as
coisas fossem diferentes. Sei que ele está vivo e sei que tem ajuda. Isso deve fazer
com que me sinta melhor, no entanto, nada acontece. Você simplesmente não
deixa de amar, mesmo sabendo que essa pessoa nunca mais voltará.
Depois do banho, saio e me olho no espelho. Doug e Dolly estão certos,
preciso ficar saudável. Escovando os dentes, decido realmente colocar um pouco
de maquiagem hoje.
Os meus olhos são dois buracos escuros e minha mãe, com sorte, estará lá.
Ela fica chateada se eu parecer uma merda. Ela ainda não superou os olhares de
“eu te avisei”. Já se passaram meses e ainda está me dizendo isso...
Puxando calcinha e sutiã, vou buscar um café e ouço Doug gemendo e
amaldiçoando toda tequila.
— Quer café? — Grito da cozinha.
— Deus, sim. Vou tomar banho. Saio em um minuto.
Depois de servir uma xícara fumegante para nós dois, entro no meu closet,
pego um par de calças brancas e uma camiseta preta justa e brilhante com Jim
Morrison na frente. Por capricho, visto um novo par de Adidas rosa, que comprei
outro dia. Pareciam fofos e estou desesperada por qualquer coisa que me faça um
pouco feliz.
Saindo, encontro Doug sentado na cozinha vaporizando e bebendo seu café
enquanto lê em seu telefone. — Dolly quer ir ao restaurante para o café da
manhã.
Ele não olha para cima, então pego uma xícara de café e digo por cima do
ombro — Estarei pronta em dez minutos.
Duas horas depois, a multidão do café da manhã está quase acabando, e é
principalmente nossos clientes habituais. Dolly e Doug estão sentados no balcão
discutindo sobre os prós e os contras de dormir com Edge.
— Charlize? — Olho para minha mãe, que indica que precisa atender um
telefonema. Aceno enquanto estou no balcão, me preparando para imprimir
nossas vendas.
— Santa mãe de Deus. — Cindy deixa cair uma xícara. Olho enquanto ela
está congelada, olhos arregalados, e franzo a testa.
— Você está bem?
Ela não se move, seus olhos sim.
— Oh, meu Deus — Dolly suspira, fazendo Doug olhar para cima.
— Bem, filho da puta, realmente existe uma fada madrinha. — Doug
balança a cabeça como se estivesse vendo coisas.
Os meus olhos varrem a sala e tudo o que meus amigos enlouqueceram
parece ter capturado o interesse de todo o balcão. Arrepios se formam em meus
braços enquanto tento recuperar o fôlego... Ladrão de oxigênio.
Mãos fortes envolvem minha cintura, me puxando de volta para seu corpo
rígido. Fumaça e especiarias são tudo que sinto quando lábios quentes encontram
meu pescoço, e agarro o balcão para não cair. Eu me viro para olhar nos olhos
prateados que estão cheios de algo que só vi em alguns preciosos momentos de
guarda.
O mundo acabou, ou talvez eu esteja apenas morta. De que outra forma ele
estaria aqui? David está parado a minha frente segurando meu rosto, me
segurando como prisioneira enquanto eu vagamente ouço minha mãe gritar e a
voz calma de Cindy à medida que tenta tranquilizá-la.
— O que você está fazendo aqui? — Parece ridículo.
Ele não responde, mas traz sua boca para a minha. Os seus lábios são
quentes e puxa meu rosto para mais perto do dele. As nossas línguas se enredam e
sinto o gosto de fumaça e canela. É implacável, como se ele estivesse com medo
de me deixar respirar, e gememos na boca um do outro. As minhas mãos
encontram seu pescoço enquanto ele solta meu rosto para aprofundar o beijo.
Estou nadando em choque e esperança. Ladrão de oxigênio. Soa em minha
cabeça enquanto provo minhas próprias lágrimas.
Finalmente, ele levanta a cabeça. O seu polegar enxuga minhas lágrimas
enquanto ouço uma pessoa pedir a conta e Cindy calando-os.
David me encara, seus olhos abertos, claros e sem segurar nada. — Eu te
amo. Fui embora para me tornar um homem melhor para você, mas sou apenas
um homem. — Ele se inclina para beijar meus lábios, e enquanto fala, rouba meu
fôlego e o devolve.
— Quero dizer que tudo será perfeito, mas tudo o que posso dizer é que você
é minha luz, minha razão de estar aqui hoje. E se me quiser, gostaria de passar
todos os dias com você pelo resto da minha vida.
A lanchonete fica em silêncio enquanto ouço minha respiração. Vou parar de
chorar e começar a pensar.
— Linda? — Olho em seus olhos e estou presa, enredada. Nada importa. Só
isso. Toda a nossa dor e tristeza podem ser curadas enquanto eu tiver este homem
olhando para mim desta forma.
— Eu amo você desde que me lembro — digo por fim. — Demorou muito.
Ele agarra meu rosto e me beija novamente enquanto sussurra — Está
pronta? Eu quero você na minha moto.
Antes que eu possa responder, ele me levanta do chão, me beija e nos leva
até a porta.
— Jesus Cristo, diga-me que está filmando isso.
Olho para Doug e Dolly, que estão se abraçando. Doug está com o celular na
mão e Dolly está chorando.
— Mamãe? Você pode ter que fechar hoje — grito enquanto choro e rio das
expressões de horror de um casal entrando segurando a porta para nós.

♥♥♥

A manhã está clara e fresca enquanto David me carrega como uma noiva
para a Harley preta brilhante. Deslizo para baixo e olho para ele.
— Eu quase não fiz isso. — Sua voz falha. — Quase... decidi que não valia a
pena.
Não confiando em mim para falar, simplesmente aceno.
— Eu valho, Linda. Eu te amo muito e quero tudo com você. Filhos, uma
casa, talvez até um cachorro.
— Quero isso também. — Ainda chorando, me atiro em cima dele.
Ele me puxa para perto. — Vamos dirigir para Vegas e nos casar.
— Mesmo? — Com o coração batendo forte, estou quase com medo de olhar
ao redor do estacionamento, com medo de que tudo seja um sonho e acordarei
tarde para o trabalho.
— Sabe, depois que nos casarmos, não há como voltar atrás? — Ele exige
minha atenção.
— Eu sei. — Suspiro nele. — A minha mãe te odeia.
Ele ri. — Eu sei. Acho que terei que trabalhar nisso.
— Acho que sim. — Subo na garupa de sua moto.
— Quando seu pai voltará para casa?
— Quem sabe.
Os seus olhos acariciam meu rosto enquanto suas mãos se movem para o
meu pescoço. Os seus olhos prateados escurecem e novamente, minha respiração
falha.
— Talvez devêssemos fazer uma parada no seu apartamento — diz
lentamente enquanto sobe na moto e a liga.
— Achei que você queria Vegas — grito.
— Eu quero você, Linda, só você.
EPÍLOGO
David/Poet
UM ANO DEPOIS
São 5:00h da manhã enquanto enterro meu nariz no pescoço de minha
esposa. Faço isso às vezes, quando os monstros tentam sair e jogar. Eu me
aconchego em sua luz e a deixo mandá-los embora.
Sorrindo, rolo de costas e visualizo Charlie como minha super-heroína de
fantasia. Ela sempre tem nada além de botas de motoqueiro e um fio dental preto
rendado que combina com seu cabelo preto selvagem. Os seus lábios vermelhos
estão cobertos de um veneno ao qual apenas meus lábios têm imunidade.
O seu verdadeiro poder vem de seu coração. É uma luz mortal que pode
derreter qualquer monstro ou demônio que queira ferrar comigo.
Bufo de volta uma risada fazendo minha Linda gemer e se virar de lado.
A minha mão se estende para acariciar sua pele de marfim. Ela mexe sua
bunda contra meu pau duro enquanto acaricio sua barriga, que carrega nosso
bebê. Charlie está grávida de seis meses do meu filho.
Um filho.
Respiro seu cheiro de baunilha enquanto deixo minhas mãos deslizarem até
os seios fartos e começo a esfregar e beliscar seus mamilos duros como pedra.
— David — geme enquanto arqueia as costas como um gato. Os seus seios
cheios enchem minhas mãos enquanto ataco seu pescoço como o vampiro que
sou, chupando e sussurrando o quanto a amo.
— Mantenha os olhos fechados, Linda. — Mordo o lóbulo da sua orelha,
fazendo com que seus olhos se abram. Eu não posso deixar de sorrir com o quão
absolutamente perfeita ela é.
— Fecha — sussurro enquanto lambo sua orelha, minha mão deixando seus
seios deliciosos e deslizando para baixo em sua barriga até que estou no meu
lugar favorito. — Abra — ordeno.
— Sim — ronrona enquanto levanta a perna. Os meus dois dedos encontram
seu clitóris maduro. Ela está molhada, a sua excitação é constante. Os hormônios
da gravidez a deixam gananciosa e adoro cada minuto.
Eu a fodo com o dedo enquanto ela monta minha mão até que pulsa e
empurra todos os meus dedos.
— É isso aí, Linda. — Eu me inclino sobre ela enquanto se vira de costas e
minha boca vai direto para seus mamilos maduros. Charlie odeia seus seios, então
tê-los inchando durante a gravidez a excita além da conta. Chupo e lambo um,
puxando-o levemente com os dentes, com cuidado, pois está sensível.
— David. — Ela suspira. — Eu amo você.
— Porra, abra bem as pernas, baby. Farei você ver estrelas.
As suas pernas se abrem imediatamente e tenho que me fazer respirar. A
minha esposa é tão deslumbrante, tão magnífica que preciso adorá-la por um
momento.
— Eu quero abrir meus olhos — ofega, com o peito vermelho de excitação.
Eu sorrio. — Hmmm. — Inclino-me enquanto tento ir devagar, mas ela é
como um banquete. O seu clitóris rosa e sua maldita boceta mágica me fazem agir
como um maldito bárbaro se preparando para sua última refeição.
— Oh, meu Deus... muito bom. — Puxo sua bunda para mais perto enquanto
minha língua vai dentro dela substituindo meus dedos enquanto a fodo. Dentro e
fora até eu chupar seu clitóris suculento.
— Sim... — Ela cavalga meu rosto enquanto meu pau vaza com sua própria
necessidade de foder.
— Sim. — Ela se inclina e abre os olhos. — Estou gozando.
A sua cabeça vai para trás, e fios longos e grossos de corvo caem como uma
cachoeira. Não dou tempo para ela se recuperar. Em vez disso, me deito e guio
sua boceta inchada para o meu pau vazando.
— Porra — grunho dentro dela, minhas mãos cavando em seus quadris
enquanto o prazer de suas paredes de seda quase me fazem jorrar minha semente
dentro dela.
Ela olha para mim. Está brilhando. A gravidez cai bem em minha esposa. Os
seus lábios vermelhos se separam enquanto sorri para mim com um sorriso
malicioso.
— Quer que eu te foda? — Ela balança sua boceta molhada para frente e
para trás em mim.
— Hmmm, não quero... estou exigindo. — Cruzo meus braços no topo da
minha cabeça. — Acha que pode lidar com isso?
— Posso tentar. — Ela se levanta e bate em mim.
As minhas mãos vão para seus quadris, toda a brincadeira se foi. — Charlie.
Porra, não se atreva.
Ela começa a rir e inclina a cabeça para o lado. — O seu pau não pode
machucar o bebê. Eu continuo lhe dizendo isso. — Continua a se esfregar em
mim.
— Apenas... faça amor comigo. — Eu me deito quase com medo.
— Você se deita e me deixa cuidar de tudo. — Ela se inclina para frente,
seus lábios próximos aos meus, seus olhos tão lindos enquanto se estreitam. —
Farei seus olhos revirarem para trás.
Ela desliza lentamente e se move suavemente enquanto relaxo, embora ainda
segure seus deliciosos quadris para estar no lado seguro.
— David, pode me soltar. — Hesito. — Confie em mim.
Lentamente, ela sobe e desce. Os seus lindos seios saltam enquanto me
inclino para chupar seu mamilo duro. Ela me empurra para trás, com as mãos no
meu peito enquanto o usa para levantar e abaixar, e eu a deixo definir o ritmo.
— Jesus Cristo — rosno enquanto alcanço meu polegar para esfregar seu
clitóris escorregadio.
— Oh sim, David, eu o amo. — Ela vai mais rápido e com mais força. As
minhas bolas estão tão apertadas e os músculos do meu abdômen se contraem
enquanto agarro seus quadris.
— Porra, sim. — Solto-me, permitindo que sua vagina mágica me guiasse. O
meu corpo estremece e gozo forte e profundamente dentro dela.
Um brilho de suor cobre seu maldito corpo lindo. Está respirando com
dificuldade. Agora que gozei, sua ganância não acabou.
— Goze — exijo, meu polegar esfregando seu clitóris com força. Ela o faz
instantaneamente. As suas pernas apertam enquanto ela congela, desabando em
cima de mim, sua barriga descansando no meu peito.
Eu a deixo recuperar o fôlego enquanto me divirto com os pensamentos de
nossa vida juntos. Memórias de ela se casando comigo, então me odiando depois
que percebeu que eu estava aqui para ficar. Trabalhamos com tudo isso. Deixei-a
se enfurecer, visto que isso é justo, e ela me deixou amá-la e me curar.
Comprei uma casa com cerca branca, a poucos passos de Eve e Blade.
— David, acho que é o seu telefone.
Charlie se levanta de cima de mim quando nosso quarto entra em foco e sim,
aí está, o som irritante do meu telefone. Vivemos de forma que nosso quarto fique
de frente para o nosso quintal, que nada mais é do que grama verde e flores. As
portas francesas permitem que a luz da manhã entre.
Beijo seus lábios à medida que o seu telefone começa a tocar também. Um
arrepio de pavor toma conta de mim. Não pode passar das 6:00h. Nada de bom
vem de ligações às 6:00h.
Os olhos de Charlie estão enormes enquanto ela pisca para mim.
— Relaxe. — Alcanço e pego meu telefone e olho para a chamada perdida.
Os meus olhos encontram os dela quando começa a tocar novamente. A sua
respiração é superficial enquanto levo o telefone ao ouvido. — Olá.
— Jesus Cristo — Blade rosna alto. A minha mão vai para a barriga de
Charlie quando sinto o chute forte do nosso bebê.
— O que há de errado? — Grito.
— Estamos no hospital. Dolly esfaqueou Edge.
FIM
Notas
[←1]

-Filme de 1995, em que os caminhos de vários criminosos se cruzam nestas três histórias de Quentin Tarantino. Um pistoleiro se apaixona pela mulher de seu chefe, um boxeador não se

sai bem em uma luta e um casal tenta executar um plano de roubo que foge do controle.
[←2]

-No original é Beautiful, em português é Linda. Por ser tratar de um apelido, manteve-se a inicial maiúscula.
[←3]

-Filme de 1992 dirigido por Quentin Tarantino, no Brasil recebeu o nome de Cães de Aluguel; retrata os eventos anteriores e posteriores a um malsucedido roubo de diamantes,

praticado por seis homens que não se conhecem e que se referem uns aos outros através d nome de cores.
[←4]

-Uma série americana, no Brasil recebeu o nome de Filhos da Anarquia, onde uma gangue de motoqueiros segue suas próprias leis e comanda por baixo dos panos, o tráfico de armas na

região da aparente pacata cidade de Charming, protegendo-a contra os forasteiros hostis.


[←5]

-Gatinhas e Gatões no Brasil, é uma comédia romântica de 1984 e conta a história de uma adolescente que se apaixona pelo namorado da amiga, e para complicar ainda mais, os pais da

jovem esquecem o seu aniversário.


[←6]

-Fuga à meia-noite no Brasil, é uma comédia/ação de 1988. Eddie Moscone contrata o caçador de recompensas Jack Walsh para localizar o mafioso "The Duke". Eddie diz a Jack que o

trabalho será simples. Porém, quando Jack encontra o criminoso, o FBI e a máfia ficam ansiosos para colocar as mãos nele. Em uma perseguição pelo país, Jack precisa fugir das

autoridades, esconder-se da multidão e evitar que a personalidade do mafioso o deixe maluco


[←7]

-Gênero musical originado na Coreia do Sul, que se caracteriza por uma grande variedade de elementos audiovisuais.
[←8]

-É uma empresa de rede de transportes nos EUA que conecta motoristas e usuários de carros compartilhados por meio de um aplicativo.
[←9]

-Odor corporal.
[←10]

-Substância indicada para o alívio da dor aguda e crônica de intensidade moderada a forte e ainda no tratamento de desintoxicação de heroína e drogas similares à morfina.
[←11]

-Aeroporto Internacional de Los Angeles


Table of Contents
SINOPSE
O INÍCIO
UM
DOIS
TRÊS
QUATRO
CINCO
SEIS
SETE
OITO
NOVE
DEZ
ONZE
DOZE
TREZE
QUATORZE
QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE E QUATRO
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
TRINTA E DOIS
TRINTA E TRÊS
TIRNTA E QUATRO
TRINTA E CINCO
EPÍLOGO
Table of Contents
SINOPSE
O INÍCIO
UM
DOIS
TRÊS
QUATRO
CINCO
SEIS
SETE
OITO
NOVE
DEZ
ONZE
DOZE
TREZE
QUATORZE
QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE E QUATRO
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
TRINTA E DOIS
TRINTA E TRÊS
TIRNTA E QUATRO
TRINTA E CINCO
EPÍLOGO

Você também pode gostar