Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Jessica Gadziala
#2 Ryan
Leitura: Sil
Data: 04/2018
~2~
SINOPSE
Ryan
Dusty
~3~
A SÉRIE
Jessica Gadziala
~4~
Um
RYAN
Ela não saia para o trabalho. Não saia à noite. Nem sequer dava
recados.
Eles me conheciam.
Eu não estava sendo arrogante, mas o fato era que todo mundo
que era alguém no submundo criminoso da cidade de Navesink Bank
conhecia Charlie Mallick. E se você conhecia meu pai, conhecia seus
filhos. Nós todos parecemos exatamente como ele. Além disso, se você
conhece Charlie Mallick, sabe da nossa reputação e de que merecemos
algum respeito. Foi por isso que um dos caras inclinou o queixo para
mim e o outro assentiu e disse “Mallick” enquanto eu caminhava até
minha porta e deslizava a chave.
~6~
Eu aguentaria muita merda de muitas organizações, mas
ameaçar mulheres nunca colaria comigo. Não me importaria quem
fosse.
Não havia nada disso em Dusty Rose McRae, cujo nome eu sabia
por causa dos pacotes intermináveis que mencionei.
Não.
Perfeita.
~8~
Suas bolas vão cair ou algo assim se você colocar uma cor aqui
que não seja marrom ou preta?
~9~
Não terei nenhum filho meu exigindo que uma mulher cozinhe
toda a porra do tempo. Vocês vão aprender a cuidar de vocês.
Essa era Helen Mallick. Não importa que ela tenha cozinhado
para nós a maior parte do tempo enquanto crescíamos. Ela afirmava
que a questão não era essa. A questão era que nunca deveríamos
esperar que isso fosse feito para nós simplesmente porque éramos os
homens e elas eram as mulheres.
Mas eu estava.
Guardar dinheiro.
Guardar drogas.
Ou se prostituindo.
~ 10 ~
Julgando pelo jeito que ela endureceu quando o cara Bry a
tocou, duvidava que fosse a última opção.
Risco estúpido.
Então, eu me virei.
Então ela pulou para trás como se não esperasse que eu fosse
sequer capaz de falar.
Por que essa merda me fez sorrir como uma criança na manhã
de Natal, sim, eu não ia analisar isso.
~ 11 ~
Dois
DUSTY
Eu o observava.
Eu nunca o observava.
Bem.
Às vezes sim.
Um homem.
Amor.
Afeição.
Companheirismo.
Sexo.
Um relacionamento.
Maravilhoso.
Perfeito, na verdade.
Então, oh sim, havia os olhos. Ele tinha esses olhos azuis claros,
penetrantes, impossivelmente maravilhosos.
Três manhãs por semana, ele saia cedo, tão cedo que o sol mal
havia nascido, em calções de basquete preto e uma camiseta apertada,
~ 13 ~
seu iPod em um suporte em seu braço e voltava todo suado de sua
corrida. E às quartas-feiras, ele voltava para casa à noite com roupas
de ginástica.
E eu tive um ataque.
Veja, eu não era uma aberração. Até cerca de dois anos atrás,
era uma pessoa bastante normal que tinha interações normais com
pessoas (homens inclusive). Até namorei e tive relacionamentos. Mas
então, sempre ficava um pouco ansiosa e tímida em situações sociais e
especialmente na presença do sexo oposto, porém eu interagia com
eles diariamente, eu posso dizer.
Mas desde dois anos atrás, os únicos homens com quem falei
foram meu tio, Bry e seu parceiro Carl. Era isso.
~ 14 ~
Ele falou comigo, com aquela voz perfeita, profunda, suave e
hesitante.
Era apenas mais uma coisa para eu me sentir mais como uma
merda. Eu era boa nisso. O excesso de pensamento, o excesso de
análise, o excesso de tudo.
Eu gosto de ousar.
Era um caos.
Então minha casa estava quase arrumada por TOC. Tudo tinha
um lugar e estava nele. Meus pratos eram limpos assim que terminava
uma refeição. Tudo funcionava em questão de estilo. Minhas roupas
ficavam no armário ou no carrinho ou na máquina de lavar que eu
tinha instalado no meu armário de casacos depois de implorar e
implorar (por e-mail) para o dono me permitir fazer isso.
Organização.
Sempre.
~ 16 ~
Ajudava.
Nada era.
Bry também era a única razão pela qual consegui ficar no meu
apartamento e me cuidar razoavelmente bem. Se não fosse por ele, não
sei como teria sido. Talvez estivesse do mesmo jeito, só que morando
no porão do meu tio, me sentindo como um fardo completo e me
odiando mais a cada dia por causa disso.
Se havia algo pior do que não poder viver minha própria vida,
era estar arrastando alguém para meu pequeno mundo comigo.
~ 17 ~
Ele já fez muito por mim.
Como tal, havia talvez algumas mentiras ditas a ele. Ele sabia
que eu não podia sair do meu apartamento e sabia que eu me
sustentava. O que ele não sabia era que Bry estava no meio. Ele
pensava que eu ganhava dinheiro com a minha escrita.
Eu ganhava.
Eu tentei.
Era estúpido.
~ 18 ~
Irracional.
Porque o que eu estava fazendo há dois anos, bem, não era viver.
Era sobreviver. Era uma imitação triste e patética da vida.
~ 19 ~
tirando o tampo do dreno com o meu pé e me levantando para
alcançar a toalha.
No momento, não tinha nem ideia de como seria boba com ele no
próximo fim de semana.
~ 20 ~
Três
RYAN
~ 21 ~
— Então, essa vizinha, — ele disse, sua cabeça ligeiramente
inclinando para o lado. — Ela é do tipo velha e caseira ou do tipo
jovem e gostosa?
— Mas eu não preciso levá-la para sair para ter alguma diversão,
certo? — ele perguntou, sorrindo mais alto. — Isso respondeu minha
pergunta também. Ela é quente.
~ 22 ~
Isso não era um segredo.
~ 23 ~
Frequentemente. Geralmente no chuveiro. Como a porra de um
adolescente.
Ótimo.
~ 24 ~
Não poderia estar com raiva deles. Se eu estivesse em seus
lugares, teria sido o primeiro a arrumar dinheiro para apostar. Mas ser
a pessoa em quem eles estavam apostando, sim, não era tão divertido.
O único jeito de tornar isso melhor era provar que eles estavam
errados.
E pelo jeito não voltaria a ver por meses e, até lá, a aposta
acabaria de qualquer maneira.
Monóxido de carbono.
~ 25 ~
— Querida, nós temos que ir, — pedi, guardando minhas chaves
enquanto eu andava para o meio do corredor.
Foi instintivo.
Uma bela mulher implora que você leve algo, você simplesmente
aceita.
Assim, soube que ela não estava planejando sair. Estava com
seus olhos cheios de terror, sua respiração superficial, seu corpo
tremendo. Ela queria que eu salvasse seu gato e a deixasse lá para
morrer.
~ 26 ~
para a parte de trás onde estava o estacionamento. Encontrei meu
carro e coloquei a gaiola sobre o porta-malas, então pude destravar as
portas, em seguida, fui para o lado do passageiro e abrindo a porta,
joguei Dusty para baixo e coloquei-a no banco da frente.
Sua cabeça assentiu com tanta força quando sai para ficar de
pé. — Tudo bem, — ela acrescentou e dei um pequeno sorriso e fechei
a porta.
Então, não conseguia identificar o que fosse que ela sentia, mas
um olhar em seus olhos me dizia que era uma maneira terrível de
viver.
— Bem, não, não. Claro que não. Estou surpreso que ela tenha
deixado você fazer isso. Uma vez precisei entrar para substituir seu
fogão, a menina ficou com as costas em um canto, sua mão em sua
garganta o tempo todo. É uma jovem muito bonita. Lembra a minha
Mandy.
Então não era que ela não gostasse de ser tocada. Ela
simplesmente não gostava de ser tocada por gente como Bry.
~ 30 ~
Quatro
DUSTY
Três anos.
~ 31 ~
Se você me dissesse uma hora antes que eu seria jogada sobre o
ombro de um homem com quem tive talvez mais do que algumas
fantasias sexuais durante o ano passado, seu braço forte cruzando as
costas das minhas coxas para me manter no lugar, sendo carregada
para fora do prédio por um maldito herói de livro de romance, você
sabe quando os caras fazem uma merda heroica assim, e depois me
colocar em seu carro e cuidar de que meus pequenos arranhões como
se fosse de extrema importância, bem, eu teria dado uma gargalhada
enorme sobre isso.
~ 32 ~
Eu sei, certo? É como se fosse uma doença mental.
Por que você deixa que isso te impeça de fazer coisas normais?
~ 33 ~
ainda estava batendo um pouco acelerado, e eu estava esgotada após o
aumento da adrenalina, mas não estava pirando. Não muito.
Assim ele não precisou soltar minha mão para usá-la para abrir.
Certo.
Eu sabia.
~ 35 ~
— Minha mãe era, ah... — como era uma boa maneira de dizer
isso? — Um pouco hippie. Então fui chamada de Dusty Rose Sunshine
McRae.
Desconfortável.
E, surpreendentemente, eu estava.
Eu estava.
~ 36 ~
Não muito bem, mas isso era pedir demais.
— Há quanto tempo?
— Posso lhe perguntar uma coisa que queria saber desde que,
porra, não sei... desde que me mudei?
~ 37 ~
No fim das contas, ela o colocaria na rua ou, mais frequentemente, ele
a deixaria e ela se sentiria culpada e voltaria para mim. Nós não
somos, hum, muito próximas.
— Bem, ela teria que ser para criar cinco filhos, não é? — Parei,
perguntando-me como seria ter irmãos, achando que talvez me sentiria
menos sozinha no mundo enquanto crescia. — Deve ser bom ter
muitas pessoas preocupadas com você, — eu disse, não queria dizer
por que implicava que muitas pessoas não se importaram comigo. E
enquanto isso era verdade, me fez parecer um pouco patética.
~ 38 ~
— Você gosta de crianças, hein? — Ele perguntou, ainda me
dando esse sorriso suave que achei realmente desconcertante. —
Tenho três sobrinhas que são adoráveis bestas do inferno.
— Acho que você teria que encontrar Hunt e Fee para entender
isso. Fee, é um pouco, ah, digamos forte e opinativa. Essa seria uma
maneira dócil de colocar. Ela possui um negócio de sexo por telefone
na cidade.
Ele sempre foi minha rocha, minha âncora, meu lugar seguro
para pousar. Sua porta estava sempre aberta para mim quando
criança, não importava a que horas da noite minha mãe aparecia, não
importava o quanto ele tivesse que reorganizar sua vida para cuidar de
mim. Ele era, para um homem muito reservado e, portanto, não
excessivamente carinhoso, a pessoa mais generosa e desinteressada
que já conheci. E, enquanto a minha infância não envolveu abraços
calorosos quando meu coração estava quebrado ou trança no cabelo,
ou maratonas de comédias românticas, ele era alguém que sempre se
lembrava das minhas comidas favoritas e as mantinha abastecidas,
que sempre me disse que eu poderia fazer o que colocasse na minha
cabeça e que nunca me julgou pelas minhas deficiências.
~ 39 ~
Dessa forma, não houve jantares loucos de Ação de Graças ou
grandes sessões de desembrulhar presentes na manhã de Natal. Não
houve brincadeiras tão barulhentas para que você não pudesse se
pegar pensando sobre isso.
Eu invejo isso.
— Você cozinha?
Onde ele era um empresário super sexy com algum tipo de lado
escuro e uma família selvagem e amorosa.
~ 41 ~
— A qualquer momento, querida, — ele disse enquanto se
afastava.
~ 42 ~
Cinco
RYAN
Jesus Cristo.
~ 43 ~
com o inesperado interrogatório que seguiria. — Então, o que
aconteceu?
— Oh, por favor, — ela disse, acenando com uma luva de forno
desproporcional que eu sabia que Fee ajudara Becca a fazer em seu
último aniversário. — Ouvi que ela é linda.
— E ouvi dizer que você a jogou sobre seu ombro todo estilo
bombeiro e salvou sua vida e de seu gato.
Deus.
~ 44 ~
Na verdade, não havia cura para isso.
Ela revirou os olhos nisso. — Isso não significa que não gosto de
garotas agradáveis. Isso significava que alguém era chata e não
conseguia lidar com a verdade.
~ 45 ~
— Bem, para sua informação, isso aquece a porra do meu
coração que você aprove uma mulher com quem não estou atualmente
e com quem não irei namorar.
Meu irmão tinha feito bem para si mesmo. Melhor do que ele
merecia. Por sorte, o merda sabia disso e a tratava adequadamente.
~ 46 ~
— Jesus Cristo. Vou precisar de outro desses para lidar com
vocês todos esta noite, — eu disse, voltando para os decantadores e me
servindo outra dose. Precisaria de pelo menos cinco delas para lidar,
para ser honesto.
Mesmo que não fosse algo que eu tivesse escolhido, sem dúvida
gostei disso. E não tinha nada a ver com o fato de que era um presente
de alguém com quem eu, apesar de ser estúpido e fantasioso, em uma
fase tão precoce, me importava muito
Sem nem pensar, tirei o meu paletó, andei até o meu armário de
vinhos acima da minha pia, peguei uma boa garrafa de tinto, um saca-
rolha e duas taças no caso de não haver nenhuma, e caminhei até o
outro lado do corredor, batendo na porta da maneira mais silenciosa
possível para não a assustar.
— Eu, ah, obrigada. O que você está fazendo aqui? — Ela deixou
escapar, quase no mesmo instante, as palavras tropeçando umas nas
outras.
~ 49 ~
— Oh, — foi sua única resposta no começo, seus olhos indo à
minha mão.
— Por quê?
Era tudo branco e verde oliva, não meu estilo, mas era bem
equilibrado e acolhedor. Acho que se tudo fosse escuro, seria mais
como uma prisão para ela.
— Aspen.
~ 50 ~
— Como?
~ 51 ~
Isso pareceu um grande avanço, como um progresso para mim.
— Sabe, pode esperar até que saiba que estou em casa para
deixar lá.
Mulheres.
~ 52 ~
Oh, sim, atravessar o corredor foi a melhor ideia que tive em um
longo e maldito tempo.
~ 53 ~
Seis
DUSTY
~ 54 ~
Ela queria que eu fizesse a entrega.
Ela sabia que eu nunca pediria ao meu tio para fazê-lo, porque
ele iria perguntar e tirar conclusões precipitadas, colocar aquele olhar
esperançoso em seus olhos e ficaria frustrado quando eu não
melhoraria magicamente, me tornando uma garota sociável com um
namorado fixo e uma vida novamente.
E fiquei meditando sobre isso por horas até que meu tio
apareceu, jantamos, abrimos presentes e então se despediu antes de ir
visitar alguns de seus amigos solteirões.
~ 55 ~
Qual seria a única explicação possível sobre por que eu o
convidei a assistir a um filme comigo no meu minúsculo sofá de
Barbie. Era grande suficiente para mim, mesmo quando eu me
esticava nele. Mas Ryan era um grande cara e, bem, ele tomou mais do
que a metade.
Foi bom. Isso realmente era tudo o que importava, não era?
Ele resmungou nisso. — Por favor. Você pesa tanto quanto seu
gato.
~ 56 ~
que havia coisas esnobes como vinho. Mas o seu vinho? Sim, era
incrível.
Eles faziam mais do que coisas boas. Eles mudavam vida. Sendo
o proprietário, tendo sua família envolvida, ele devia saber disso.
Quando li no jornal que eles o estavam construindo, o meu primeiro
pensamento foi já estava na hora. Crescendo, mudando-nos do jeito
que sempre fizemos, tinha visto mais do que a minha cota de mulheres
maltratadas. E Navesink Bank teve que lidar com as atrocidades de
homens como Lex Keith e seus antecedentes horríveis com as
mulheres.
~ 58 ~
— Não me coloque em um pedestal, querida. Vou quebrar a
maldita coisa em um maldito minuto.
~ 59 ~
taça de vinho tinha desaparecido e eu não tinha certeza quando ele
descartou. Mas sua mão alcançou a minha vazia e colocou-a na minha
mesa de café ao lado dele.
— Para mim.
Embora não tivesse ideia para o que ele queria que eu dissesse
não.
~ 60 ~
Poderia ter sido um inferno de um longo tempo, mas fui beijada
o suficiente na minha vida para saber o que parecia quando eu via
isso.
E eu... derreti.
Não respondi.
Porque eu estava.
~ 62 ~
E foi exatamente aí que senti uma vibração inconfundível contra
minha coxa interna, onde seu bolso estava situado.
Porra.
Então, como para provar que eu tinha razão, houve uma breve
pausa antes de começar de novo.
— Sim?
~ 63 ~
— Isso era trabalho, — ele explicou, já soando desculpa.
Sem ter certeza do que deveria dizer, tentei ser casual e encolhi
os ombros. — Tudo bem.
Cinco.
Sua casa.
~ 66 ~
Sete
RYAN
Então, não era segredo. Eu sempre tive uma coisa com garotas
legais.
~ 67 ~
— Ok, o meu carro tem algum tipo de vazamento de gás ou algo
assim? — A voz de Fee chamou do lado, me fazendo endurecer. Claro.
Com certeza eu encontraria um membro da família enquanto fazia algo
completamente incomum e que, portanto, seria a pauta da próxima
reunião. Virei-me para encontrar Fee, vestida com calças justas de
brim rosa, salto 12 centímetros e uma espécie de blusa dourada
brilhante que ligeiramente revelava uma porção de sua barriga. Fee
era, entre muitas outras coisas, interessante no modo de vestir.
Mesmo depois de três filhos, ela parecia estar pronta para andar na
passarela a qualquer momento. — Porque não há como isso não ser
algum tipo de alucinação provocada por fumaça de algum tipo.
~ 68 ~
precisava enfrentar a maldita loja de bebidas do meu irmão que
certamente estaria lotada. Era melhor ele ter aceitado o meu conselho
e ter mudado o champanhe para frente da loja, assim não teria que me
acotovelar com ninguém nos fundos onde geralmente ficava
armazenado, visto que todo o mundo compra champanhe nesta época
do ano.
— Ela enlouqueceu?
~ 70 ~
Imaginado que Anita me odiaria menos se eu não deixasse uma
pia cheia de pratos em cima do confete, agarrei um pacote e fui até o
caixa.
Primeiro, o ruído.
Ouvi um som rugindo e não sabia que ele realmente veio de mim
até que os olhos se moviam em minha direção, escuros, quase negros,
de seus atacantes e um olho verde não inchado e fechado dela.
~ 71 ~
Então isso era o que era. Foram punhos e sangue, uivos e
xingamentos, e ossos quebrando sob meus punhos e adrenalina
subindo pelo meu corpo e meu sangue correndo tão rápido que zumbia
nos meus ouvidos.
Porra.
Filhos da puta.
~ 72 ~
— Tudo dói, — ela admitiu, seu bom olho perdeu a batalha com
lágrimas e elas começaram a escorrer pelo rosto.
— Solte-me.
Dez mil.
Jesus Cristo.
~ 73 ~
— Você entende o que estou dizendo, certo? — ela perguntou,
engolindo com força, o tom desesperado.
— Bry pode ser meu amigo, mas ele não pode simplesmente...
me deixar perder dez mil dólares dele.
— Você já o pendurou.
~ 75 ~
— Claro que sim. Vamos, não pare mais. Precisamos cuidar do
seu rosto.
— Você luta como alguém que faz isso muitas vezes, — ela disse,
pegando meu olhar no espelho.
Por sorte, ela não pressionou. — Sinto muito por suas mãos.
Ela apertou os lábios e tentou ser forte sobre isso, mas, quando
eu limpava todos os cortes, suas lágrimas estavam se misturando com
o peróxido.
Juro que você poderia ver a tensão escoando dela. Seus ombros
baixaram, sua mandíbula relaxou. Ela parou de tentar freneticamente
organizar a bagunça das sacolas.
Exatamente.
— Sim.
— Bry. Isso é tudo o que ela me deu. Eles foram amigos desde
que eram crianças. São 30s, então não acho que você precise se
preocupar com o Third Street. Eles estão mais na merda barata de
rua. Quem está circulando produtos farmacêuticos por aqui?
Mark fez uma pausa. — Não tenho certeza. Ele tem as mãos em
tudo, mas duvido que ele guarde sua merda em algum apartamento
sem proteção.
Verdade.
~ 80 ~
— Eles irão pagar, — concordei, desligando.
~ 81 ~
Oito
DUSTY
Não era que não estivesse com medo. Mas achei que todos os
meus anos estressando sobre monstros invisíveis de alguma forma
tornaria mais fácil para eu me concentrar no medo do que talvez a
maioria pudesse fazer nessa situação.
Alguém ia me machucar.
Eu não estava delirando. Ele teria que me batido. Ele teria que
fazer de mim um exemplo. Não porque ele quisesse. Nem mesmo
porque foi minha culpa. Mas porque era o que se esperava dele. Ele
não era o chefe em sua pequena organização. Ele era um cara de nível
~ 82 ~
médio. Ele tinha alguém a quem responder, alguém que desejaria que
eu tossisse um pouco de sangue para que todos os outros soubessem
que eles tinham que fazer um trabalho melhor para proteger o
suprimento.
Traficantes.
Aquela que fui três anos antes, sim, ela nunca teria acreditado
que tal coisa fosse possível.
~ 83 ~
Veja, a coisa legal que acontece quando você fica trancada todo o
maldito tempo e não consegue ver, falar ou experimentar nada ou
ninguém novo, bem... a mente vagueia. Você tem essas ideias enormes
e épicas em sua cabeça.
~ 84 ~
Eu deveria estar enlouquecendo de ansiedade por estar fora do
meu apartamento, estar no dele, estar na cama dele, em suas roupas,
sem nenhuma das minhas coisas habituais.
Que dor?
Tudo o que meu cérebro poderia focar era que ele tinha deitado
na cama comigo, envolvendo-me ao seu redor, baixando a cabeça no
meu pescoço e perguntando sobre minha dor.
Ele não se afastou de mim. Ele não me repeliu agora que sabia a
verdade.
~ 85 ~
— Você não tem nada para me agradecer. Eu seria um merda de
homem se visse uma mulher ser atacada e não interviesse.
Havia ali uma sinceridade que fez uma coisa horrível comigo -
me deu esperança.
Essa foi a última coisa que ele disse, porque não mais do que
alguns minutos depois, seu braço ficou pesado no meu estômago e eu
sabia que ele estava dormindo.
***
~ 86 ~
Ele soltou outro mimado com mais atitude, e suspirei e sentei.
Rocky saltou e correu em direção à porta onde ele fez uma pausa como
se estivesse esperando por mim. — Já vou, — eu disse a ele, mas me
virei para fazer uma rápida parada no banheiro onde encontrei uma
escova de dentes nova esperando por mim. Agradecida, escovei meus
dentes, limpei o que restava da pomada de antibiótico e voltei para a
cozinha.
Sério.
Mas ele foi cortado com o som de duas pancadas altas em sua
porta antes que de repente se abrisse, fazendo-me tropeçar um passo,
meu coração voando na minha garganta antes de ver quem entrou.
Um de seus irmãos.
Eu, aparentemente.
Sorri para isso, mal notando o que isso fez ao meu olho,
bochechas e aos lábios machucados. — Eu sou Dusty, — informei.
Ryan me deu uma olhada que não consegui ler, depois voltou
para os ovos, ligando o fogão e cortando vegetais para colocar no meio.
~ 89 ~
— Eu sei ler, — disse Eli com um sorriso malicioso, fazendo-me
sorrir novamente. — O que você escreve?
— Adolescente paranormal.
E foi fácil.
Por progresso.
~ 90 ~
Nove
RYAN
Assim, porque não era natural para ele, não era algo que fazia
parte dele, que poderia aprender a controlar lentamente através de
níveis mais baixos, sua raiva era muito mais explosiva que qualquer
outra que já tinha visto.
É por isso que ele era nosso último recurso com clientes difíceis.
Quando não entregava o dinheiro com minhas sugestões firmes ou
aviso do Mark ou surra feroz de Shane, bem, era aí que meu pai
chamava Eli. Geralmente, ele não podia ir sozinho. Porque, na maior
parte do tempo, ele precisava ser arrancado antes de matar alguém.
~ 91 ~
E Dusty respondeu a ele.
Foi assim que o ouvi quando ela não estava com a água correndo
na pia.
Bry.
~ 92 ~
Ele não me ouviu enquanto eu atravessava o corredor. Mas com
certeza sentiu minha mão se esticando e tocando o meio de suas
costas, empurrando-o para frente e fazendo-o tropeçar no apartamento
destruído.
— Ela não está bem com seu olho fechado e suas contusões e
lábios e...
~ 93 ~
— Por quê? — perguntei, cruzando meus braços sobre meu
peito.
— Por que diabos ela estaria em sua casa, cara? Ela nem sequer
conhece você. Ela com certeza não sabe no que você está envolvido.
— Ela sabe no que você está envolvido e parece estar bem com
isso. Quanto ao outro ponto, ela me conhece. Comprou um presente
de Natal e tudo.
Ele ficou surpreso com isso, sua boca se abrindo, duas linhas
formando entre as sobrancelhas. — Ela nunca falou de você.
Quase.
~ 94 ~
A tensão voltou quando o queixo inclinou. — Não me parece que
seja um pouco da porra de sua conta, também, — ele jogou minhas
palavras de volta.
— E você não tem dez mil. Como diabos você vai explicar isso ao
seu chefe? E me dizer quem ele é realmente é a pior merda que você
pode fazer hoje?
~ 95 ~
Então, exceto sua aversão a ele tocando-a, eles eram próximos.
Ele sabia onde estavam os copos e as bebidas e sentia-se à vontade
servindo-se a si mesmo. De repente, me perguntei se em algum
momento talvez os dois tivessem sido mais do que amigos. Isso
explicaria sua coisa por ela e o fato de ele ter ficado ligado a ela mesmo
quando todos, menos seu tio, pareciam desistir dela.
— Sei que você não está trabalhando para o Lyon, pois tudo o
que ele faz é corretagem de drogas. Não me diga que é tão baixo como
Third Street.
Mas isso era uma exceção porque Lea era de Shane e qualquer
demônio que ela tivesse também era problema de Shane. Então ele
lidou com isso e porque família era família (não importa quão doido o
esquema era), nós ajudamos.
~ 97 ~
Camden? Maldita Camden? O lugar classificado como a mais
perigosa cidade da América, nos Estados Unidos, durante anos? Com
uma taxa de criminalidade seis vezes maior que a média nacional?
Ótimo. Fantástico. Apenas o que eu precisava.
Cinquenta.
O chefe de Bry, quem fosse o merda, não era alguém com quem
eu tinha qualquer fodido negócio.
Bry bufou e voltou para fazer isso, servindo-me uma dose grande
e bebi.
~ 98 ~
para manter minha boca fechada, mas ele é um fodido doente e não
posso fazer essa promessa e Dusty...
E Dusty, bem, ela não poderia ter sido um alvo mais fácil,
poderia?
Bem, isso era uma puta verdade. E eu tinha que dar-lhe pelo
menos um pouco de relutante respeito por saber disso.
~ 99 ~
— Olha, é fácil julgar de fora, cara. Mas você não estava aqui
para vê-la desmoronar. Não viu os ataques de pânico e a maneira
como ela começou a se fechar. Você não ficou ao lado dela assistindo a
cada pessoa em sua vida, menos eu e seu tio, desistir dela. Sua
própria mãe disse que ela era um maldito peso e se recusou a vir aqui.
Disse que se Dusty quisesse vê-la, ela teria que sair para almoçar em
algum lugar. Não gosto de chamar as mulheres de cadela, mas ela é
uma, ― ele acrescentou, olhando para mim. — Ela teve que abandonar
seu trabalho. Teve que mudar de seu apartamento antigo. Ela tinha
pouco dinheiro. Eu sabia que ela estava quase falida e estupidamente
conversei sobre a necessidade de um lugar seguro para manter meu
estoque. E essa merda começou daí. Quero dizer, eu poderia ter
conseguido um armário em algum lugar, sabe? Mas ela estava tão
desesperada e não aceitaria esmolas.
— Não vou precisar, — ele disse com uma espécie de fúria que
eu admirava em alguém, independentemente da profissão.
E melhor.
~ 102 ~
— Está tudo quebrado. Tudo isso, são coisas dela. Era tudo
perfeito e como ela precisava. Agora está tudo fodido. Quando essa
merda explodir, vou compensar e pagar para refazer essa decoração...
— Disse ele com fúria, querendo fazer isso direito.
— Ela merece coisa melhor, — ele disse e eu sabia que ele queria
dizer melhor do que nós dois, porque ele também a queria.
Não a pressione.
Entendi.
~ 103 ~
simplesmente aceitar a condição não ajudava. Você não precisava
pressionar, mas precisava incentivar a mudança.
Se ele esteve ao lado dela todos os dias, trazendo para ela o que
ela precisava e nunca tentando ajudá-la a sair de sua concha, de seu
apartamento, de sua pequena prisão pessoal, então ele, de certa
forma, fez mais mal do que bem.
Mas por ela. Porque ela merecia ter uma vida que não a fizesse
sentir como se estivesse constantemente presa, como se ela estivesse
cercada por lobos que a consumiriam se tentasse sair de sua zona de
conforto.
Talvez fosse irracional querer ser isso para alguém que você mal
conhecia.
Talvez ela nem sequer quisesse que eu seja isso para ela.
~ 104 ~
Dez
DUSTY
~ 105 ~
Mas então o sofá ao meu lado se afundou quando ele se sentou,
fazendo minha almofada pular ligeiramente e meu coração voar na
minha garganta, ainda não acostumada a ter alguém ao redor.
Ryan e Bry?
Não.
~ 106 ~
— Dusty, respire, — ele sugeriu, o tom quase irritantemente
calmo enquanto eu pensava em um milhão ou dois de motivos de que
ele falar com Bry era uma coisa absolutamente terrível. — Nós apenas
discutimos algumas coisas e chegamos às mesmas conclusões. — O
que, — ele continuou quando me movi para interromper, — não inclui
deixar você se preocupar com nenhuma maldita coisa sobre isso. Você
já sofreu bastante. Ele também deixou seu presente de Natal. Está na
caixa com as coisas de banho, — ele acrescentou, casual, como
sempre, embora literalmente me contou que estava lidando com um
problema que envolvia um traficante de drogas e homens que me
espancaram e me roubaram quando ele quase não me conhecia. —
Então, ouvi que você gosta de banhos quando está ansiosa, — ele
continuou, de pé e atravessando o piso em minha direção. Ele pegou a
caixa na qual eu mantinha meus sais de banho e me entregou. —
Nunca usei a banheira, mas Anita a limpa toda vez que está aqui,
então está limpa e é toda sua. Gaste todo o tempo que você precisar.
Um encontro.
Faz tanto tempo que tive algo tão normal como um encontro com
um homem.
~ 107 ~
— Tenho bombas de confete, — ele acrescentou, parecendo
quase um pouco envergonhado com a ideia.
Então fiz isso e me besuntei com a loção que ele trouxe para
mim e entrei nas roupas que ele escolheu, sentindo um pouquinho de
vergonha ao saber que ele passou pela minha gaveta de roupa íntima,
já que trouxe conjuntos de sutiãs e calcinha, todos empilhados na
cozinha.
Ok.
Eu estava me precipitando.
~ 108 ~
— Sim, obrigada. Ei, cadê as minhas coisas? — perguntei,
caminhando até a ilha, que estava lotada com as minhas coisas
quando eu saí, mas de repente só estava coberta de comida, lanches
para o nosso pequeno encontro da véspera de Ano Novo. Mesmo a
ideia disso fez com que minha barriga tivesse uma pequena borboleta
batendo asas, algo que eu não tinha certeza de ter experimentado
desde o ensino médio.
~ 109 ~
Significa algo quando um homem voluntariamente, sem que lhe
tenha sido pedido, abriu espaço para você.
— Quantas horas?
~ 110 ~
— Imaginei que você precisava recuperar o atraso. Substituí o
seu saco de gelo algumas vezes. Uma coisa boa. Talvez você seja uma
das sortudas que só têm uma semana ou mais de inchaço.
— Acho que essa é uma história para outro dia, — ele disse, me
fazendo endireitar ligeiramente. — Vou te contar, — ele me
tranquilizou, observando de perto minha mudança. — Mas não vamos
lá esta noite, ok? — ele pediu e porque ele parecia precisar disso,
decidi concordar com ele. Eu sabia o como era se sentir não estar
preparado para falar sobre algo, querer trabalhar com isso.
— Boa ideia. Não tive mais que duas taças de vinho, bem, em
anos. — Na verdade, eu me recusei a manter muito álcool na minha
casa porque sabia como seria fácil chegar um copo de algo durante um
tempo estressante. E então isso se tornaria uma muleta.
— Chaz's.
Ele riu um pouco com isso. — Meus pais não são pais típicos.
Meu pai era o tipo de homem que corrigia o “problema”, quando Shane
decidiu fumar, ele o fez fumar um maço inteiro, um após o outro, até
ficar tão enjoado que nunca mais tocou em um.
— E você e Eli?
~ 112 ~
— Eli, em geral, ficou mais sem problemas do que o resto de
nós, mas ele nunca conseguiu seguir ordens simples. Um tempo atrás,
Mamãe exigiu que todos levássemos companhia para o jantar de
domingo. Era obrigatório. Se nós não fizéssemos, não comíamos. Eli
não comeu. E ela o fez ajudá-la a servir e tudo, — acrescentou, rindo.
— E você?
~ 113 ~
Sua mãe era tudo, minha mãe não era. Acho que aprendi as
boas maneiras apesar dela, não por causa dela. — O que ela fez?
Minha mãe nunca foi um bom tópico para mim. Um, porque
atualmente temos um relacionamento ruim. Dois, por causa do jeito
como fui criada. E três, porque ela não via nada de errado na forma
como ela me criou.
Um dia, quando fiquei bem mais velha, percebi que... talvez ela
nem tivesse um nome para me dar.
Não havia um jeito agradável de dizer que sua mãe era, bem, um
pouco vadia. Mas era exatamente o que ela era, em quase todo o
sentido da palavra. Casos de uma noite, aventuras de fim de semana,
namoricos curtos. Passei mais tempo em apartamentos de homens que
não eu conhecia do que naqueles onde minhas coisas me pertenciam.
E ela também não tinha nenhuma bússola moral. Namorava jovem,
velho, casado, noivos. Não se importava.
E, embora isso possa ter sido correto, não era desculpa para
arrastar uma menina pequena e impressionável e colocá-la em casas
~ 114 ~
de pessoas onde ela não sabia se poderia confiar. Tive sorte de nunca
ter sido abusada nas situações em que ela nos colocou.
Nunca tive hora de dormir. Comi o que queria, mesmo que fosse
uma caixa inteira de cereais de açúcar para o jantar. Nem sabia o que
era um dentista até os dez anos e meu tio cuidou de mim e fez aquelas
coisas normais comigo, médico, dentista, oftalmologista, as tarefas.
Nunca aprendi nada sobre a civilidade humana básica quando estive
ao lado dela.
Certo.
Não podia negar-lhe algo que era uma grande parte de mim.
— Claro.
~ 117 ~
Meus olhos até foram até os dele e o encontrei observando-me
atentamente, como se estivesse procurando a menor reação à pergunta
que ele iria fazer. — Você e Bry já namoraram?
Bry?
— Por quê?
Avançarmos.
Como em um futuro.
Comigo?
~ 119 ~
que precisa ser na próxima semana ou no próximo mês. Tudo o que
estou pedindo é...
— Progresso, — eu o cortei.
Meus lábios?
~ 121 ~
cabeça, enquanto meus quadris fizeram um pequeno movimento que
fez ele dar um sorrisinho diabólico.
Porra.
— Não, essa noite nós não vamos mais longe que isso, — ele
disse, de alguma forma lendo perfeitamente a situação. — Ou, — ele
continuou quando eu abri minha boca para protestar, para dizer que
estava feliz em... equilibrar as coisas, — até que eu possa estar dentro
de você e te beijar sem machucar você, porra.
— Nós temos três horas para beber, — ele disse, batendo a mão
no meu joelho e apertando antes de usá-la para se levantar. — É
melhor forrar um pouco o estômago, — ele disse, indo em direção ao
armário de bebidas. — Qual é o seu veneno?
~ 124 ~
— Qual armário de bebidas que se preze não tem vermute? — ele
disparou de volta, curvando-se e olhando para dentro. — Como você
quer, doce, seco, sujo ou perfeito?
~ 126 ~
Onze
RYAN
Compreendendo como ela chegou a ser como ela era? Isso foi
incrivelmente importante. Eu precisava saber. Eu precisava ver como
procurá-la no futuro.
A história sobre sua mãe era fodida. Vindo de uma família que,
enquanto seus métodos de parentalidade não eram exatamente
tradicionais, todos eram próximos, no interesse de criar homens bons,
fortes e respeitosos, eu não conseguia imaginar o que era não ter isso.
Ser tratada como uma praga, ser colocada em situações
potencialmente perigosas.
— Ele é ruim. Do tipo com quem a gente não fode. Do tipo que
ninguém fode. Ele tem uma ficha criminal que faz A Revolta de Atlas1
parecer fichinha perto dele, — ele disse com um tom de desgosto. Ele
precisava ler esse livro em seu último ano de ensino médio, mas se
cansou logo nas três páginas e decidiu seduzir uma das bonitas
garotas nerd na classe para escrever o artigo para ele. O que ela fez,
felizmente. E ele conseguiu um A sem nunca ter lido o livro que eu o
encontrei usando como peso de porta em seu apartamento.
1 Nota da revisora: Livro de ficção da autora e filósofa Ayn Rand publicado em 1957. Esse livro tem mais de mil
páginas.
~ 128 ~
— Nenhuma por posse de drogas? — perguntei, destravando as
portas do meu carro.
— Nunca foi pego nem com um baseado. Ele está limpo disso,
tem a ficha suja, ao que parece, apenas para manter sua reputação. E,
além da merda que está registrada, tem muito mais coisa que
supostamente foi atribuída a ele. Incluindo seis estupros e nove
assassinatos.
Caralho.
Talvez Dom tenha desconfiado de algo que ele não gostou de Bry
e levou as coisas de volta?
— Já parou pra pensar que talvez isso fosse uma coisa interna.
Talvez o Dom tenha desconfiado de algo que não gostou em Bry e
pegou as drogas de volta? — O que explicaria porque eles foram tão
cruéis com Dusty. Se Dom e seus homens são estupradores, então foi
um milagre eu ter chegado a tempo.
— Onde quer que você esteja, você tem que sair. Encontre um
lugar aonde ninguém vá te procurar e fique escondido.
~ 129 ~
consegue achar isso na rua. É por isso que ninguém está
reconhecendo esses fodidos.
— Entendo que talvez agora ela seja mais sua do que minha,
cara. Mas preste atenção, é melhor você ter certeza...
— Gosto muito que você se importe com ela e quer ter certeza de
que ela esteja segura, mas você não precisa me ensinar como lidar
com minha merda. Posso proteger os meus. Preocupe-se com você.
Mais uma vez, uma pausa, pelo jeito não gostando de ter que
recuar em relação à Dusty, mas sabendo que não havia nada que
pudesse fazer sobre isso. — Então, que diabos devo fazer? Relaxar e
não fazer nada pelo resto da vida?
~ 130 ~
próximos. Então, eles entenderiam que se eles chegassem a ela, eles
poderiam talvez descobrir o paradeiro de Bry.
Mas para garantir isso eu teria de fazer algo que sabia que ela
não iria gostar, odiaria na verdade.
Houve uma breve pausa, e em seguida ele provou mais uma vez
que tinha algum tipo de sexto sentido — Isso tem a ver com sua
garota, não é?
— Sim.
~ 131 ~
Ele terminou a ligação e saí do carro, travando as portas e
acionando a partida remota para manter aquecido. Acho que depois de
tudo eu não iria trabalhar.
— Mas eles não vão me ver! — Ela se opôs, a voz dela era um
sussurro, provavelmente porque eu não a vi respirar por muito tempo.
— Não posso garantir isso. Talvez eles não saibam que você está
aqui. Mas isso não significa que, se eu sair, eles não vão entrar e
encontrar você. Então, Dusty, nem quero imaginar. Pense no que pode
acontecer. Sei que isso é muito para você. Desculpe, não consigo
pensar em uma saída melhor do que isso, mas temos que ir.
— Quando?
— Rochy...
Quero dizer, não era como se ela tivesse uma opção. Tentei
esclarecer isso. Mas mesmo que ela enlouquecesse e tivesse que levá-
la novamente sobre o meu ombro, eu faria. Não ia deixá-la ficar e
permitir o que só Deus sabia que poderia acontecer com ela.
~ 133 ~
— Será melhor eu empacotar as coisas e você apenas tenta...
Ela foi em busca de Rocky e fui para o quarto, peguei uma mala
e joguei o que trouxe para ela, juntamente com várias das minhas
coisas, antes de fechá-la e voltar para a sala.
— Desculpa.
— Não o quê?
Ela estava certa. Eu não estava. Na verdade, nem sabia qual era
a sensação de pânico. Primeiro, porque eu simplesmente não era uma
pessoa propensa a isso. Era calmo e racional e lidava com a merda
antes de sair do controle. Segundo, porque minha vida era fodida
demais para me permitir ficar louco sobre todas as coisas.
— Juro que vou explicar isso, querida. Mas agora não é a hora.
~ 134 ~
— Tudo bem, — ela concordou, entendendo que havia certa
urgência naquele momento. — Podemos encerrar por aqui? — ela
perguntou e entendi que era para a gente se mexer.
Sem esperar por isso, joguei minha cabeça para trás e ri, uma
gargalhada como não dava há um longo tempo.
~ 135 ~
— Deixe-me adivinhar, todas, — ela respondeu, ainda tensa,
mas sorrindo.
Eu gostei daquilo.
~ 136 ~
E gostei que ela estivesse pensando no futuro para planejar isso
para algum dia.
— Se você pode lidar com Mark, você pode lidar com os outros,
— assegurei. — Está pronta? — perguntei quando o olhar dela foi até a
porta aberta.
— Com os notebooks.
Mas ela não foi em direção à porta aberta. Ela congelou no local,
suas mãos em seus lados apertando repetidamente.
~ 137 ~
Ao lado do meu carro, Mark nos observou chegar. Destravei as
portas e ele se virou para colocar as coisas no porta-malas. Exceto o
gato, que deixou no capô. Ele nos deu um grande sorriso. — Ele já
contou sobre quando ele tentou desistir das trilhas? — perguntou
quando chegamos e Dusty agarrou desesperadamente o trinco da
porta e entrou, fechando-a com um golpe e repousando a cabeça para
trás no apoio de cabeça, respirando profundamente.
— Como acha que ela vai ficar no novo lugar? — ele perguntou,
seguindo-me para o outro lado do carro.
— Sabe, acho que ela ficará bem assim que esteja atrás de uma
porta fechada. Pode precisar tomar um banho ou algo assim, mas
então vai se acalmar e ficar bem. Acho que ela tem o dom de fazer de
qualquer lugar fechado sua própria zona de conforto uma vez que ela
supere o choque.
~ 138 ~
Doze
DUSTY
Um hotel?
~ 139 ~
Francamente, a última coisa que eu esperava quando ele voltou
para o apartamento era dizer que precisávamos sair. Tipo... nós dois.
Eu sabia.
Adorável.
Sem dizer que se estou namorando ela é porque acho que ela é
linda, entende? Era o que Bry dizia quando reclamava sobre a garota
que ele estava vendo e ela ficava perguntando o tempo todo se ele
estava olhando outras garotas e comparando-as com ela.
Porteiro.
Cobertura? Sério?
— Claro.
~ 142 ~
Depois, havia o banheiro. E, bem, era a pura essência dos
sonhos. Havia mais do mesmo mármore no piso e um box de vidro
com chuveiro enorme. Uma bancada dupla com espelhos enormes e
iluminação aérea. E, finalmente, a banheira. Se eu pensasse que
minha banheira era legal, e foi porque gastei muito tempo pesquisando
isso, então esta era extraordinária. Na verdade, tinha certeza de que
três pessoas podiam sentar-se confortavelmente. E não era
hidromassagem, pela qual tenho aversão. Era apenas uma enorme
banheira de imersão.
Foi então que percebi que estava bem. Estava em um lugar novo
e nada era familiar e não era meu estilo e muito pouco dos meus itens
~ 143 ~
de conforto estava lá, mas eu estava bem. Não estava perdendo a
cabeça.
Mas o mais curioso era que não era estranho sair. Talvez porque
gastei a maior parte de minha vida viajando, mudando-me, vendo e
experimentando coisas novas. Não era como se fosse um choque
cultural. Eu não era uma pobre alma criada em um porão e que nunca
viu o mundo real. Já faz um tempo. Mas não foi tão assustador quanto
pensei que seria. Não estava completamente calma, mas como era um
grande espaço com todos os confortos de uma casa e não estava cheio
de um monte de gente, eu estava muito perto de estar confortável.
Progresso.
~ 144 ~
Onde congelei.
Por um longo tempo, até meu olhar voltar para cima. Seu sorriso
era um pouco perverso, seus olhos ainda mais quentes.
Eu sabia.
~ 145 ~
Minha respiração exalou lentamente e suas mãos deslizaram
para o centro da minha barriga, roçando suavemente entre meus
seios, sobre meu peito. Ele se moveu lentamente para se levantar.
Suas mãos pousaram debaixo dos ombros e empurraram o material
pesado para baixo, que deslizou sobre meus braços, para fora da
ponta dos meus dedos, e juntou-se em um semicírculo ao meu redor
no chão.
Então, acho que não vendo incerteza em meu rosto, suas mãos
desceram até meus pulsos e fizeram a mesma lenta exploração para
cima e para baixo. Exceto quando roçaram abaixo de meus ombros,
suas palmas se fecharam sobre meus seios.
~ 146 ~
seus polegares e rolar apertado com uma pressão firme e quase
dolorosa.
E eu explodi.
~ 147 ~
O nome dele saiu entre gritos de meus lábios enquanto ele
continuava lambendo, empurrando, prologando, tirando o máximo que
conseguia.
~ 148 ~
Mas assim que ele estava dentro de mim e nossos olhos se
mantiveram um no outro, algo parecia nos ultrapassar ao mesmo
tempo. Era algo selvagem, primitivo, desesperado.
Ele bateu de volta mais uma vez e o mundo ficou branco por um
segundo assim que um orgasmo mais intenso do que pensei ser
possível começou onde nós nos encontrávamos e explodiu para fora
até que parecia envolver todo o meu corpo. Seu nome saiu de meus
lábios e o meu gritou nos dele quando enterrou profundamente,
arqueando-se quando gozou comigo.
~ 149 ~
Ele chegou ao lado da cama, levantou os lençóis, entrou e
apoiou-se contra os travesseiros. Seu braço deslizou abaixo de mim. —
Venha aqui, Dusty, — ele disse, sua voz suave.
~ 150 ~
Treze
RYAN
Porque o fato era que nunca tive uma mulher por tempo
suficiente para precisar explicar isso para ela ou ela já sabia desde o
início. A reputação da minha família não era exatamente um segredo
ao redor de Navesink Bank. Embora todos nós tínhamos negócios
legais, com reputação diferente dos outros negócios da família, sempre
fomos vistos como agiotas e executores agiotas antes de sermos vistos
como proprietários de academia ou joalheria, donos de lojas ou
artistas tatuadores.
— Seja o que for, não pode ser tão louco como uma agorafóbica
envolvida com traficantes de drogas, — ela continuou quando não falei
imediatamente.
~ 151 ~
Todas as coisas que minha vida não era.
Mas não havia como adiar. Dusty não era um caso de apenas
uma noite. Ela nem estava no mesmo patamar dessas mulheres.
Ela importava.
Eu a queria.
~ 152 ~
Lá estava.
— Sério?
Ela parou então, balançando a cabeça. — Não Eli. Fala sério! Ele
brincou com o meu gato! Deu-lhe comida de seu prato.
— Eli nunca deveria ser violento. Mas fomos criados para saber
que os negócios da família envolviam violência, que todos nós
deveríamos seguir os passos de nosso pai. Então, Eli foi de certo modo
forçado a ser algo que ele não era e por isso, quando ele se irrita, não é
nada como você já viu antes. É brutal e primitivo, estranho como o
~ 153 ~
inferno de ver. Eli é o último recurso, quando esgotamos todos os
outros esforços.
— Na maior parte dos casos, sim. Ele é bom nisso. Ele pode
manter o controle, mas ainda causa danos sem perder a cabeça. — Ela
me observou durante um longo minuto, uma espécie de máscara sobre
seu rosto, tornando-a ilegível por um longo tempo. — Diga-me o que
está acontecendo aí, — pedi, tocando sua têmpora.
— Não, querida.
— A maioria, sim.
~ 155 ~
cabelo e boa estrutura óssea quando envelhecer. E enquanto me
mantivesse em forma, achava que seria capaz de possuir o título de
“coroa enxuto” quando estivesse mais velho. — Eu imagino que até lá
os negócios tenham evoluído para não precisar mais disso, ou,
possivelmente, as crianças possam assumir o controle.
Ela não olhou para cima e encarou meu peito em vez do meu
rosto. — Eu costumava querer.
Ela riu, sem graça sobre isso. — Porque não posso ficar grávida
quando nem consigo sair da minha casa. Não posso ir ao médico, ou
ao hospital, ou reuniões de pais na escola, ou nas práticas esportivas.
Seria... injusto colocar minha doença mental em um filho.
— Sim, mas não dá pra saber que vai ser assim comigo.
~ 156 ~
— Não, — concordei. — Mas acho que você é um pouco jovem
para perder a esperança pelo o resto da vida. E acho que não está
vendo o quanto as coisas mudaram para você apenas em algumas
semanas.
— Três anos.
~ 157 ~
— Por padrão? Todos fodem de forma diferente. Alguns levarão
para casa quem diabos sorrir para eles e lhes dizer que são gostosos.
Outros precisam estar apaixonados. Alguns não fazem isso até se
casarem. Que merda importa quanto tempo passou? Porque se isso for
algum problema de insegurança? Tipo você pensar que está fora de
prática ou alguma merda assim, — eu disse, observando enquanto ela
ficava mais vermelha. Era exatamente isso. De todas as coisas bobas.
Mas era isso o que a ansiedade dela fazia, fazia montanhas de merda.
— Então me deixe ir em frente, resolver isso e aliviar sua cabeça um
pouco.
— Um ou uma ninhada?
Para isso, ela riu. — Como filha única que cresceu com poucos
amigos, gostaria que meus filhos tivessem irmãos para que eles
sempre pudessem ter um amigo.
~ 158 ~
Ela ficou pensativa. — Sei que deveria estar enlouquecida sobre
isso...
— Mas?
— Mas, você não é nada além de bom. Seus irmãos foram bons
para mim. Você é a primeira pessoa que encontrei por muito tempo
que não me deixa ansiosa. Acho que o bom supera a parte ruim agora.
Para isso, ela riu um pouco. — Sou uma garota crescida, Ryan.
Há muito tempo descobri que não posso mudar pessoas ou situações.
Você deve aceitá-las como elas são. E, em seu caso, eu ficaria feliz.
Ah, merda.
— Olhar?
~ 159 ~
Ri daquilo, rolando-a de costas e beijando-a até ela esquecer
tudo sobre caneta e papel e queixas e queixas sobre meu apartamento.
— E é o suficiente, — eu a cortei.
— Basta saber que falo sério por tentar isso. Você não pode
tentar de verdade se não receber alguém na sua vida. Pegue algum
espaço no armário. Pegue algumas gavetas. Traga suas bugigangas.
Contrate pintores, não me importo, porra.
— E você pode mantê-lo até que se sinta tão séria comigo quanto
me sinto com você. Entendo que você precise dessa rede de segurança.
Mas não se engane, se for do jeito que quero, haverá alguém morando
naquele apartamento muito em breve.
Não acho que ela via isso do mesmo jeito que eu, mas essa era
toda a prova que eu precisava. Ela poderia ter beijado meus lábios,
minha bochecha, meu pescoço, o centro do meu peito. Mas ela
escolheu beijar o emblema da minha família, o que representava tudo
o que eu era.
~ 160 ~
Porque se queríamos um futuro, tínhamos que resolver o
passado.
~ 161 ~
Quatorze
DUSTY
Assim que terminou, entretanto, percebi que ele não estava nem
perto de acabar. Cheguei a essa conclusão, porque ele se sentou em
seus calcanhares e seu pênis estava duro e esticado, uma gota de pré-
sêmen na ponta, e promessa em seus olhos. Então, pulou de volta
para a beirada da cama, plantando os pés no chão e alcançando os
~ 162 ~
meus tornozelos, arrastando-me para ele. Estendeu o braço para o
meu lado onde vi que ele já havia jogado um preservativo.
Mas primeiro...
~ 164 ~
Gozei, meu corpo inteiro se convulsionando com força quando
ele bateu quase dolorosamente, profundamente, e gozou com meu
nome em seus lábios.
Foi quando tomei um gole do meu café que ele anunciou que
tinha que sair por um tempo.
O que, bem, estava bem. Ele tinha uma vida. Tinha negócios.
Tinha funcionários. Era de esperar que ele precisasse voltar para eles.
~ 165 ~
Senti um sorriso surgir nos meus lábios. — Oi, já nos
conhecemos? Sou Dusty e fiquei trancada em meu apartamento
sozinha, com Rocky ao lado, por anos.
Ele quase sorriu por isso. — Sim, mas aquele era o seu
apartamento. Este é um quarto de hotel onde você ainda não está
confortável.
Ok.
— Dusty, elas são garotas muito legais, ok? Não há nada para se
assustar. Fee vai aparecer vestida como se ela saísse de uma merda
revista de moda porque é assim que ela é, e Lea estará com jeans,
camiseta e as botas de combate porque é assim que ela é. Ambas
praticamente vão xingar muito e, provavelmente, fazer piadas sexuais
altamente inapropriadas, porque é o que elas fazem. Mas elas não vão
cutucar e zoar você sobre qualquer coisa. Ambas têm passados
também.
— Você faz?
~ 168 ~
No meu peito, meu coração deu uma cambalhota selvagem e me
aproximei dele. — Será nosso pequeno segredo, — disse, envolvendo
meus braços ao redor da parte de trás do pescoço, fazendo meus seios
se esmagarem no peito dele. E apesar de ter tido ele na noite anterior e
há pouco mais de uma hora, meu corpo o queria de novo. — Também
vou sentir saudades, — admiti, sabendo que era verdade do fundo do
meu coração. Em tão pouco tempo, ele começou a significar tanto. Se
fosse honesta comigo mesma, talvez até demais.
— Bom dia para você também, Fee, Lea, — ele disse, e enquanto
eu não conseguia ver o rosto da minha posição atrás da porta, eu
podia ouvir o sorriso nele. — É bom ver você. Você parece bem...
~ 171 ~
para lhe oferecer biscoitos e leite depois de gemer sobre ele ferindo
seus pequenos quadris geriátricos e amando a sensação de suas bocas
livres de dentes ao redor de seu pênis. Você quer pesadelos, lhe darei
pesadelos.
Bufei com isso, achando que o aviso de Ryan sobre elas era
perfeitamente preciso e também que o nervosismo que sentia quando
ele abriu a porta enquanto ainda estavam lá não estava piorando.
— Mark e Eli disseram que você era quente. Eles não estavam
mentindo. Shane quer saber como você não tem trezentos quilos se
não sai do seu apartamento.
— Quero dizer, duvido que você vai vestir pijamas tão cedo, —
acrescentou Fee. — Com todo o sexo. Você está fazendo isso, certo?
Quero dizer, sendo agorafóbica não significa que não gosta de sexo.
~ 172 ~
— Acho que o problema é que agora parece que Ryan estava
falando dela pelas costas, — especificou Lea.
Ok.
Eu gostei delas.
— Talvez ela não queira falar sobre isso, — disse Lea, voltando
quando o cheiro de café fresco encheu o ar.
~ 174 ~
— Tudo bem, então podemos falar sobre como Shane cuidou...
— Bem, só porque não sou boa nisso. Nós também temos férias
aqui às vezes. Todos nós viemos aqui no Quatro de Julho para ver os
fogos de artifício sobre o Navesink. É perfeito daqui, — ela disse,
apontando para as janelas.
— Sim.
— Anos.
Foi bom ouvir isso, ter alguém de fora, talvez as poucas pessoas
perto de mim entendessem o que isso significava para alguém como
eu, saber que demorou muito para fazer os movimentos que, para
outros, pareciam pequenos.
— Armazém?
~ 176 ~
Com isso, ela foi para cozinha para atender a chamada e Lea
tocou minha perna com o pé. — Você está bem? — ela perguntou,
levantando a testa.
Assenti. — Sim.
~ 178 ~
Porque ele estava fazendo algo com seus irmãos. E tive uma
sensação forte e quase irresistível de que seja lá o que ele estava
fazendo, envolvia os meus problemas e os de Bry.
— Alô?
Bry.
Contato de emergência.
Eu não precisava.
~ 179 ~
Eu estaria ao seu lado quando ele precisasse de mim também.
~ 180 ~
Quinze
RYAN
~ 181 ~
poderia estar ocupado com seu próprio negócio na maior parte do
tempo, mas não ficaria de braços cruzados se ouvisse algo no corredor.
Se o Dom fosse tão grande coisa como parecia, não seria fácil.
~ 182 ~
Meu pai encolheu os ombros. — Nós temos alguém para lidar
com isso.
Certo.
Foi minha mãe, que eu nem tinha percebido que estava ali
porque ela ficou até tarde no escritório, que apareceu e nos deu uma
terceira opção.
Certo.
Talvez fizessem.
E foi nessa altura que meu telefone tocou, um número que não
reconheci. — Ryan Mallick, — atendi, levantando-me e me afastando
da mesa.
— Essa merda não é da minha conta, mas sei que você tem uma
mulher que está com você. A loira com o rosto quebrado. Imagino, não
foi você que quebrou...
~ 185 ~
saber que eu nunca reagia exageradamente. Sabiam que a merda
atingiu o ventilador.
— Bry, escute...
— Certo. Claro. Direi a ele. Agradeço que você faça disso uma
prioridade, Lo.
— Disse que era uma hora e meia de carro e ela e seu pessoal
encontrariam um plano no caminho. Ela quer você, — ele disse,
girando a cabeça para mim, — lá fora em dez minutos e ela quer você
com ela. O resto de nós seguirá...
— Boa sorte com isso, — falei, olhando pela janela lateral. — Ele
está apaixonado por ela. Provavelmente não vai ouvir a razão agora.
~ 189 ~
Dezesseis
DUSTY
Era fácil não pensar bem nas coisas quando você se depara com
uma situação de vida ou morte.
Eu fui enganada.
Nem percebi que estava lutando. Tudo era puro, não diluído,
instinto animal. Estava me debatendo e chutando com tudo no homem
que me pegou quando entrou atrás de mim e bateu a porta.
~ 190 ~
— Poderia jogá-la no porta-malas, — veio uma sugestão da
frente em uma voz que enviou um arrepio pela minha espinha porque
reconheci. Uma vez gritou comigo, me amaldiçoou, exigiu saber onde
estava meu estoque.
— Não posso fazer isso, — ele disse de volta, tão humilde, sua
boca mal se abrindo para enunciar, mas entendi perfeitamente bem.
~ 193 ~
— Estou tentando manter seu cu fora da fodida prisão, isto é o
que estou fazendo. Não ligo o quanto meu irmão paga por um
advogado, de jeito nenhum você sairia com um segundo sequestro e
tentativa de estupro, seu idiota.
— Seu irmão.
Seu irmão.
~ 194 ~
Ganharia tempo, pensaria em algo e me livraria dessa situação
ridícula.
Era lutar.
Eu ia lutar.
Desculpa.
Desculpa era fraco, triste e vazio quando não tinha uma ação
por trás dela.
Era contra minha natureza e quase me senti mal por isso. Mas a
questão era: eu não poderia criar algum tipo de vínculo emocional com
meu sequestrador porque pretendia fazer o que fosse necessário para
fugir. Mesmo que isso significasse rastejar sobre seu cadáver.
Pare o ódio.
Levante Camden.
Quase tive uma estranha sensação calorosa meu peito. Por dois
minutos, até ver a imagem de uma mulher que ocupava toda a lateral
de um prédio, nua, segurando seus seios, um raio laser saindo de sua
vagina e essa sensação escapuliu para o inferno.
~ 196 ~
Por sorte, não parecia ser uma operação altamente funcional
porque ninguém estava trabalhando nos portões e os dois homens que
vi na área estavam parados em um canto fumando. Eles nem sequer
olharam quando entramos.
Apenas corri.
~ 197 ~
Não parei nem quando fui puxada para dentro dos portões e os
ouvi fechar atrás de mim, enquanto fui arrastada para o prédio que
nem tinha percebido antes, baixo e sem janelas, parecendo tão
abandonado como muitos dos outros que tínhamos visto pelo
caminho. Mas, a julgar pelo pequeno grupo de homens que estava na
entrada, ele parecia apenas aparentemente vazio, provavelmente para
impedir os policiais de espionarem.
~ 198 ~
poderia ter sido usada como algum tipo de centro de recreação ou
academia ou sala de conferências. As paredes ainda eram de blocos de
concreto, escuras e sem janelas. Mas o teto tinha longas tiras de
iluminação fluorescente superior que me fez estremecer com a falta de
naturalidade disso. Do lado esquerdo da sala, contra a parede, como
se estivesse confirmando minhas suspeitas sobre o espaço, havia um
pequeno palco, talvez a apenas noventa centímetros do chão.
Oh Deus.
— Por que você não a traz um pouco mais perto, Al? Preciso
bater um papo com ela. — Albert me levantou novamente, me
colocando de pé com os dedos de meus pés encostados no palco. —
Acho que você pode soltá-la agora, — disse Dom, acenando com uma
mão desdenhosa em direção ao banco ao lado dele, convidando seu
irmão subir. — Ela não vai a lugar nenhum com Ray de guarda, certo
Ray? — ele perguntou e, a contragosto, virei minha cabeça
ligeiramente para ver o motorista. Ray.
— Isso vai ficar para mais tarde, — disse Dom, fazendo com que
minha barriga se revirasse de forma ameaçadora. — Uma coisa de
cada vez, primeiro temos que esperar o outro convidado.
Bry.
~ 200 ~
Ryan.
Com lágrimas mais uma vez picando meus olhos quando olhei
para os meus pés, me perguntei uma última coisa louca: será que ele
sentiria minha falta? Era uma loucura porque era irracional. Talvez ele
sentisse um pouquinho de saudades, de alguma maneira passamos
um tempo interessante. Mas as coisas eram tão novas. Nós ficamos
juntos apenas alguns dias. Só tivemos relações sexuais duas vezes.
Para um homem como ele, provavelmente não era grande coisa.
Enquanto que para mim, era tudo. Ele era tudo.
Acho que foi uma sorte ter conseguido um pouco dele. Isso foi
menos patético que uma história de vida. A menina que cresceu
arrastada como uma bagagem, facilmente deixada quando não era
necessária ou desejada, então construiu uma vida digna apenas para
perder tudo por causa de uma doença mental e depois ser estuprada e
brutalmente morta por traficantes de drogas.
~ 201 ~
— Oh, ela fala, — disse Dom, sorrindo perversamente. — Tem a
voz tão doce, também. Gosto disso. Elas gritam melhor. Certo, Al? —
ele perguntou, dando um tapa no braço do irmão.
— Oh, cabeça quente. Gosto disso também. Vejo que você gosta
de lutar, — ele disse, fazendo um gesto para o irmão que, agora que
olhei bem para ele, parecia ter sido atropelado por um rolo
compressor. Havia cortes desagradáveis e sangrando das minhas
unhas em cima e embaixo dos antebraços e mais duas na sua
bochecha. Havia um hematoma em semicírculo na carne macia entre o
polegar e o indicador, onde eu o tinha mordido momentaneamente,
mas com cada força que minha mandíbula tinha.
Não.
~ 202 ~
Ele tinha que saber que era uma armadilha, que ele não podia
me salvar.
Havia um som vindo de Bry que nunca tinha ouvido antes. Veio
do fundo do peito e era uma espécie de ruído, algo parecido com um
rosnado. Quando levava seu amigo para o meu apartamento, às vezes
poderia ser um pouco mais frio e distante. Normalmente, quando ele
estava ao meu redor, era bom, doce, observador e engraçado. Nunca o
vi realmente aborrecido.
~ 203 ~
— Não havia nenhuma fodida regra sobre onde eu colocasse o
maldito fornecimento, Dom, e você sabe disso.
— Bem, agora foi esclarecido. Aliás, não sei como isso veio à
tona, Dom. A menos que, Ray e seu parceiro andaram abrindo a boca
sobre eu ser o único que estava negociando em Navesink Bank. Não
sei por que estou sendo feito de exemplo, quando você tem alguns
caras com uma fodida língua solta, o que é uma ameaça muito maior
para sua organização.
Caí de lado com uma dor aguda desde meu quadril até o meu
ombro.
Bem, uma olhada nela para saber que ela não era meramente
uma mulher. Era uma força a ser considerada. Não era que fosse
excessivamente volumosa ou cortante ou intimidante. Na verdade, ela
tinha um corpo feminino perfeitamente cheio de curvas, com pernas
longas, quadris largos e uma bela comissão de frente. Vestia de forma
um tanto militar com calças de camuflagem e uma camiseta cavada
curta, justa. Tinha longos cabelos loiros e olhos castanhos quentes,
inteligentes e observadores. Mas havia algo mais nela. Havia um ar de
autoridade e força.
Ryan?
Assim como quando Bry entrou, ele não olhou para os homens
no palco. Ele não olhou para Bry no chão ou Ray parado sobre ele.
Seus olhos foram e ficaram em mim. Parecia haver mil palavras em
seus olhos profundos.
~ 205 ~
Mas não era hora nem lugar.
— Que porra você está fazendo aqui e onde diabos estão os meus
homens? — Dom gritou, sentando-se direito, mas parecia que se
recusava a deixar seu trono improvisado.
— Por que você está aqui? Você quer a puta? — Dom perguntou,
agitando uma mão em minha direção. Foi nessa altura que pensei em
me levantar ligeiramente, me colocando de joelhos.
~ 206 ~
E sabia suficiente sobre probabilidades para saber que ele
poderia colocar uma bala em pelo menos uma das outras pessoas na
sala antes que alguém pudesse pegar uma arma e atirar nele. Se eles
sequer tivessem armas. Eu sabia que Ryan era um agiota e tudo, mas
estava certa de nunca ter visto uma arma com ele quando estava ao
seu redor.
Mas, como quis o destino, sua mão nunca alcançou sua arma.
Explodiu.
E não parei até sentir uma mão apertar meus os olhos e quando
um braço circulou minha cintura, puxando-me para trás.
Ryan.
~ 207 ~
Dezessete
RYAN
~ 208 ~
Se eu não tivesse sido avisado severamente por Lo e depois por
Jstorm, esta última muito mais agressiva, para ficar calmo e deixar Lo
tratar disso, teria parado do outro lado da porra daquela sala com ela.
~ 209 ~
E, bem, foda-se as regras.
— Não que não estejamos satisfeitos por não ter que fazer isso
nós mesmos, mas gostaria de nos contar por quê?
— Uma vez que ele tivesse sua pequena audiência com ela,
imaginei que poderia tirá-la daqui e dizer que ela escapou. Este lugar é
apenas impenetrável na frente. A parte de trás do prédio é cheia de
janelas e merda para as antigas salas de aula.
Foi então que Jstorm, com uma série de palavrões, tentou tirar
Bry de Ray. Quando ele não respondeu a nada disso, ela levantou sua
pesada bota de combate e bateu em seus quadris, derrubando-o.
Olhou os olhos para Al, mas se dirigiu a mim. — Por que vocês
não seguem em frente e saem daqui? — ela sugeriu, alcançando no
bolso e jogando uma chave. — Bry, você também. A gente te leva para
o hospital assim que voltarmos para a cidade. — acrescentou.
~ 212 ~
— Como... você... — ela começou, fungando forte de uma
maneira que eu não deveria ter achado divertido, mas ela estava viva,
ilesa e em meus braços. Então, eu iria em frente e ficaria encantado
por isso.
Treinados.
— E ainda...
~ 214 ~
ele. — Nós fomos para um almoço tardio porque o restaurante estaria
mais vazio e achamos que ficaria bem.
~ 215 ~
Para isso, ele soltou um bufo estranho. — Como se eu soubesse,
caralho. Não tenho outras habilidades.
— Sim, e não é por nada, — disse Lo, — mas nem Third Street e
nem Lyon vão querer qualquer coisa com você agora. Então, em
Navesink Bank sua chamada carreira acabou. É hora de arrumar um
jeito de ganhar dinheiro honesto.
Jogada estúpida.
— Já tenho um monte.
~ 216 ~
— Apenas pijamas e coisas para meninas e porcarias para comer
e...
Para isso, ela riu e não pensei que iria conseguir mais. Mas
então ela se inclinou ligeiramente, seus lábios realmente roçando
minha orelha e me disse: — Segunda gaveta do meu criado.
~ 217 ~
— Como diabos eles a levaram para fora do hotel? — Bry
perguntou o que fiquei pensando por horas, mas estava muito aliviado
com sua presença para lembrar de perguntar.
Claro que era algo assim, algo envolvendo uma das únicas duas
pessoas que a amaram o suficiente para ficar ao seu lado. Ela não
podia sair para salvar a si mesma, mas era absolutamente o tipo que
poderia se controlar para estar ao lado de alguém que sempre estava
com ela.
~ 218 ~
Ela sorriu para ele, gostando que ele confiasse nela o bastante
para isso. Ela ficou em silêncio por um longo tempo, olhando para o
colo. — Ei, Bry?
~ 219 ~
meu carro, pegando algo do porta-luvas, depois levando-o e
entregando a Lo.
— Pai...
— Não tenho uma mulher em casa, mas acho que existem pelo
menos... dez mulheres em Navesink Bank agora, que poderiam
precisar de algum consolo, certo? — ele perguntou, me dando um
~ 220 ~
aceno de cabeça e entrando no Chaz’s, o que, apesar de todos os
proprietários estarem em uma pequena missão fodida, ainda estava
aberto. Negócios, como sempre.
E consolá-la.
~ 221 ~
Dezoito
DUSTY
Era uma das muitas das coisas em que precisaria pensar. Algum
dia.
~ 222 ~
— Tudo bem, — ele disse, desacelerando o carro e me
entregando o celular. — Aqui. Mas o que está acontecendo?
Endereço.
Certo.
Fazia tanto tempo que minha realidade era aquela que realmente
me esqueci que havia outra maneira de contatá-lo do que por telefone.
~ 223 ~
Era alto e um pouco magro, com o cabelo loiro cortado de forma
elegante com um corte profundo afiado e escovado de volta no topo.
Tinha olhos verdes como os meus, mas um pouco mais escuros.
Sempre o tipo casual, ele vestia jeans e um camiseta branca.
— Penso que devo mais a você, — disse Ryan, fazendo com que
as minhas sobrancelhas e as do meu tio se juntassem em confusão.
Mas então o braço de Ryan saiu e passou pela minha parte inferior das
costas, puxando-me para o lado dele.
Foi isso.
~ 225 ~
— Acho que desde o dia anterior à véspera de Ano Novo, —
respondi, achando que era tão próximo da verdade quanto possível. —
Mas então fiquei só... do outro lado do corredor porque meu
apartamento estava bem, destroçado.
— Não acho que alguma vez te agradeci por estar sempre lá por
mim, — eu disse a ele, minha voz baixa. Estava ciente de, em algum
momento, ter falado com Ryan sobre isso, mas naquela hora, era para
mim e meu tio.
~ 226 ~
— Ele gosta de você, — falei para Ryan enquanto entramos no
carro e nos afastamos.
— Eu sei. Mas ele ainda não é tão falador. Além disso, você é
quem me tirou do meu apartamento.
— Sim, bem, ele não sabe disso, né? — adicionei com meu
próprio sorriso enquanto entramos no estacionamento do hotel.
~ 227 ~
— Pode ser um pouco estranho se eu for a única pessoa pelada
na banheira, — Ryan anunciou, voltando a atenção para o lado onde
eu o encontrei de pé apenas em sua cueca boxer preta, com uma
sobrancelha levantada para mim.
~ 228 ~
— Não tenho nada a dizer, — murmurei, virando a cabeça para o
lado, meu rosto descansando em seu peito.
~ 229 ~
— Por favor, — implorei, meus quadris se movendo para
encontrar sua mão, tentando se aproximar.
Tão bom quanto lento e doce soou, meu corpo não queria ouvir
sobre isso. Queria apenas se satisfazer.
~ 230 ~
— Hum... — Comecei dando um passo atrás em direção ao
quarto.
A força por trás disso fez com que meu corpo avançasse, mas ele
puxou a camiseta e segurou-me no lugar quando começou a me foder,
áspero, duro, rápido, exatamente como pedi.
~ 232 ~
Sua mão foi para a minha bunda, forçando minha outra perna
em volta de sua cintura e me segurando enquanto caminhava pelo
espaço e para quarto. Seus joelhos foram na cama e seu corpo se
curvou sobre o meu quando ele me deitou de volta, ainda dentro de
mim, nossos corpos nunca perderam contato.
Perfeito.
~ 233 ~
E, verdade, talvez psicologicamente, era toda a terapia de
exposição, sendo forçada a sair da zona de conforto para perceber que
não iria pirar nem morrer fora dela.
Ryan.
~ 234 ~
Epílogo
DUSTY – 1 DIA
— Não acho que Ward seja o tipo de homem que come bolinhos
poloneses cobertos com açúcar em pó.
~ 235 ~
— Independentemente disso, — falei, balançando a cabeça para
ele, fazendo com que alguns fios do meu cabelo caíssem do meu
grampo — Acho que eu devo uma bandeja deles como um muito
obrigada por impedir meu estupro e assassinato. Você sabe, um gesto
de agradecimento, — disse, dando-lhe um sorriso sobre meu ombro.
Então, vinte minutos depois, minha barriga dando nós, mas não
muito enjoada, depois de trocar minhas roupas, arrumar o cabelo e
colocar um pouco de maquiagem, entramos no corredor e bati na porta
de Ross Ward.
— Por que você não me disse isso antes de eu vir até aqui com
os bolinhos e acordá-lo? — Assobiei, olhando para ele.
Aí.
Saiu.
Ele não disse que não era problema, nem a qualquer hora ou,
absolutamente nada.
DUSTY – 1 SEMANA
~ 239 ~
— Na verdade, tive muita coisa, — admito quando ela caminhou
para abrir a porta do consultório e me deixou passar.
— Sim.
— Acontece que você estava certa todos esses anos, — falei com
um sorriso irônico. — Tudo o que eu precisava fazer era fazer alguma
coisa.
— Nós duas sabemos que nem sempre é tão fácil, — ela disse
com um sorriso suave. — Se soubesse que um bombeiro tirando você
prédio teria feito uma jogada, poderia ter enviado um lá dois anos
atrás, — ela acrescentou, fazendo-me rir. Gostei daquela qualidade
dela. Era uma profissional, mas também era apenas uma pessoa.
Brincava e fazia comentários que talvez não fossem exatamente
apropriados, mas a humanizou e para mim era melhor. — Esta coisa
com Ryan. Parece séria.
Era mais uma coisa maravilhosa sobre Ryan. Ele não tinha
medo de nada. Nem mesmo de compromisso. Deixou muito claro
quando me informou que, se eu concordasse, eu era dele e ele era
meu, e era isso.
RYAN – 11 MESES
Mas a dois metros de entrar, ela congelou. Sua mão foi até a
garganta. Seus olhos arregalaram. Sua respiração parou. Paramos,
vendo se ela poderia respirar, forçar-se a lidar com os sintomas. No
final, a ansiedade ganhou.
~ 243 ~
Dei a Dusty um aperto e segui minha mãe que imediatamente se
virou e me informou que é melhor eu pegar a minha mulher com uma
aliança.
E ela estava esperando Bry porque ele estava nisso comigo desde
que eu não pedi apenas ao seu tio, mas a ele também, permissão para
me casar com ela, quando finalmente consegui resolver tudo.
~ 244 ~
— Case comigo, — eu disse simplesmente, alcançando a mão
dela que estava visivelmente tremendo e deslizei meu anel em seu
dedo.
DUSTY – 2 ANOS
Foi um dia inteiro depois de eu ter dado à luz para que Fee
aparecesse porque, “nenhuma mãe recente quer ser vista aos cinco
minutos depois de ter sua vagina costurada e uma pilha de gelo na
calcinha”. Ela também trouxe maquiagem que eu tinha esquecido.
— Eu sei que você acabou de dar à luz, mas todo mundo quer
parecer decente em suas fotos de hospital, — ela me disse enquanto
aplicava rímel e corretivo com mãos experientes. — Vocês já
escolheram um nome?
— Não, — Fee cortou-me, voz firme. Ela não estava sendo cruel,
apenas honesta. E sabia que ela estava certa.
Progresso.
~ 247 ~