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O Homem – Membro de uma Espécie

O homem é membro duma espécie e, como consequência dessa realidade ele é também
sexualidade.
O homem não tem um corpo, ele é um corpo todo; cabeça (que pensa, racionaliza), coração
(sentimento), sexo (genitalidade).
A sexualidade é o todo do homem.
Como homem e mulher, masculino e feminino nós nos manifestamos, nos expressamos, nos
comunicamos, somos capazes de gerar vida.
Como homem eu me comunico no todo do meu ser; como mulher eu me manifesto trazendo a
presença do feminino com o seu valor e a sua força. Esta comunicação, esta geração de vida, chamamos
SEXUALIDADE, poderíamos conceituá-la como a capacidade do ser humano de gerar vida. Não é só
procriar, mas gerar vida plena onde já aconteceu procriação.
Ela pode fazer-se presente de diversas maneiras: pelo afeto, pelo diálogo, pela acolhida, pela
compreensão, pela partilha, também pelo que somos fisicamente, também pelo sexo.
Assim, alguém pode viver intensa e profunda sexualidade na medida que profunda e intensamente
se manifesta, se comunica, traz vida e sentido ao relacionamento sem que necessariamente, aconteça
um ato sexual.
Castrado na sexualidade seria alguém que perdeu a capacidade de comunicar-se como homem ou
como mulher, intensa e originalmente. Esta incapacidade leva à ruptura anterior, ao isolamento, à
solidão. Numa palavra, à morte, o oposto do Amor.
Conforme melhor ou pior nos comunicamos de acordo com o que somos como homem ou como
mulher, compreendemos que há uma melhor ou pior sexualidade humana, talvez, mais ou menos
perfeita.

A HOMOSSEXUALIDADE

As reflexões contemporâneas sobre a sexualidade permitem falar mais facilmente da


homossexualidade. Mas, ao mesmo tempo, aqueles que vivem concretamente esta situação foram
levados a reagir contra a marginalização ou a exclusão a que foram relegados e a desejar o
reconhecimento de seu estado. Por isso, essa reivindicação não é sempre isenta de uma agressividade
motivada pelos comportamentos inábeis, quando não aberrantes, do meio ambiente.

3.1 As suas diferentes formas

O termo homossexualidade abrange diversas atitudes, que só podem ser bem compreendidas
recorrendo-se à história de cada um.
A ambivalência dos desejos e as fixações possíveis em certas fases, durante a infância e a
adolescência, explicam que, numa estrutura heterossexual dominante, exprimindo-se habitualmente
por relações normais, revelem-se ocasional e transitoriamente tendências homossexuais.
Pode haver muita diferença entre os homossexuais casados e os celibatários e, nestes, entre os que
tem relações passageiras e os que vivem “junto”, entre os que têm grande sentimento de culpa e os que
aceitaram este estado e o integraram à estruturação de sua personalidade.
Estas distinções devem levar a uma escuta e a um acompanhamento diferentes. Mas não podemos
entrar aqui em análise mais detalhadas.
A conduta exclusivamente homossexual é sinal de certa incapacidade para enfrentar a diferença no
campo da sexualidade. Aquele que se descobre marcado por ela não pode expandir sua afetividade e
entrar em relação a não ser com parceiros do mesmo sexo. Ela não permite a procriação.

3.2 Apreciação ética

Essa estruturação psicológica traz, segundo muitos clínicos, certo número de dificuldades que não
procedem sempre da repressão social. É o motivo pelo qual não se pode, do ponto de vista ético,
considerar a homossexualidade como uma situação normal.
3.3 A integração do homossexual

Condenar um irmão homossexual pode ser uma forma de dissimular dificuldades, geralmente
inconscientes com detrimento de lucidez no tocante a si mesmo e do respeito devido ao outro. Tanto
como qualquer outra, a pessoa homossexual não deve ser julgada apenas com base em seu
comportamento sexual. A dimensão sexuada e o modo de integrá-la em si mesmo são somente
componentes da personalidade, a qual é rica em muitos outros dons e capacidades que podem
exprimir-se numa vida de relação e em engajamentos profissionais e sociais.

3.4 Uma amizade sadia

A relação de amizade, pretensamente estável, com um parceiro põe questões específicos. Sem
dúvida, ela vivencia certos valores e representa um progresso em relação a uma vida de promiscuidade
sexual. O conteúdo afetivo da relação ajuda, de fato, a pessoa a sair mais de si mesma e a encontrar um
melhor equilíbrio. Mas a experiência mostra que tal amizade é marcada por limitações que
provavelmente, não são devidas somente à repressão social, embora esta exerça uma pressão
considerável. De modo especial, observa-se com frequência uma grande instabilidade da ligação e uma
procura muitas vezes excessiva de si mesmo através do outro. Não se pode, por isso, considera estas
amizades como situações plenamente satisfatórias, isentas de problemas.
Quaisquer que tenham sido as atitudes passadas, é necessário reconhecer que a acolhida a dispensar
àqueles que vivem nesta situação não é fácil. Ela supõe que ambas as partes percorram certo caminho.
Uns, para não tratar os outros como anormais, dos quais se deveria em primeiro lugar desconfiar,
outros, para vencer as exacerbações de sua sensibilidade, a fim de se abrirem ao diálogo. Este só se
pode processar num clima de verdade, no qual se use uma linguagem clara e firme, mas também num
clima de fraternidade. É precisamente disto, como também de considerações pelas suas aptidões, que
as pessoas homossexuais mais precisam, e não de uma atitude de comiseração.

A PROSTITUIÇÃO

A prostituição tem aspectos pessoais e coletivos. No plano pessoal, trata-se de negociar o uso de
uma genitalidade reduzida ao estado de mercadoria, no quadro de relação desprovida de suas
significações afetivas. Ela pode, pois, ser analisada e julgada tanto no que se refere à ternura quanto no
tocante ao papel do dinheiro que sela os encontros passageiros.
O mais das vezes, sobretudo entre as mulheres, a prostituição é o ponto de chegada de uma triste
história, feita de carência afetiva no ambiente familiar, de experiência sexuais precoces, de fracassos
que perturbam gravemente o equilíbrio psicológico. A partir daí essas mulheres se tornam presa fácil de
pessoas sem escrúpulos que, explorando pela chantagem sentimentos muito vivos, condenam-se à
prostituição.

4.1 Genitalidade vista como mercadoria

Esta é favorecida tanto pela pessoa prostituída quanto pelo seu cliente, pelo clima de
desenraizamento do qual as condições econômicas, a procura de emprego, as condições de trabalho e a
falta de estruturas de acolhimento nas grandes cidades condenam muitas pessoas, de todos os meios,
principalmente das mais pobres.
O dinheiro permite esta desumanização. Ele se interpõe entre os dois parceiros, reduzindo-os à
condição de mercadoria e cliente, e compensa aparentemente a degradação,
permitindo que sejam valorizados, um pela quantia que paga e o outro, pelo preço pelo qual se vende.
A irresistível escravidão da droga leva também certo número de suas vítimas a se prostituírem para
conseguir o dinheiro necessário para a sua compra.
Finalmente, organizam-se, em várias escalas, redes de traficantes que aprisionam as pessoas
prostituídas e tornam impossível sua libertação.
Não se deve, pois julgar do mesmo modo as pessoas prostituídas, as condições de vida que as levam
a esta escravidão e as estruturas que organizam a sua exploração. Muitas vezes chegamos a condenar as
vítimas, agravando ainda mais o seu drama, quando seria mais justo e mais moral lutar contra as causas
e os traficantes.
Não ensinou Cristo, referindo-se às pessoas prostituídas, que em vista de sua pobreza e das
provocações, que as levam a se entregarem à misericórdia de Deus, muitas delas precederão os
pretensos justos no Reino dos Céus?

4.2 Exploração dos pobres pelos pobres

A prostituição é sinal de um modo de ser das sociedades. Ela diz respeito a todos nós, e o nosso
julgamento deve abranger também o que fazemos ou permitimos que s faça e que pode conduzir
mulheres jovens a semelhante situação.
A prostituição pode ser uma exploração dos pobres pelos pobres: pobres de afeição, que esperavam
lugares de acolhida e de apoio, mas só lhes restou este tipo de encontros tarifados que devolvem os
parceiros à sua respectiva solidão.
Ela é também, muitas vezes, da parte das pessoas que têm dinheiro e poder, uma exploração
daqueles que aceitam submeter-se a ela, deixando-se comprar.
Encontramos então as relações já explicitadas entre a satisfação sexual e o poder decorrente do
dinheiro, que permite conhecer intensamente o prazer de se satisfazer impondo seu prazer, suas
fantasias e até suas perversões a um parceiro cujo consentimento foi comprado.
Enfim a opinião pública deve sentir-se responsável por certa cumplicidade com o tráfico de seres
humanos do qual se beneficiam inescrupulosos. A tolerância e a frouxidão dos poderes públicos se
explicam pela indulgência da opinião pública para com essa calamidade que alguns consideram um mal
necessário, enquanto outros alimentam com essa calamidade que alguns consideram um mal
necessário, enquanto alguns alimentam com ela suas pilherias. Se as ações às vezes empreendidas
contra as redes de traficantes fossem apoiadas com mais vigor, poder-se-ia esperar que este tráfico
fosse mais perigoso e menos lucrativo.
Para lutar neste sentido foram constituídos movimentos e criadas instituições, que têm direito ao
apoio de todos, particularmente daqueles que veem nas pessoas prostituídas suas irmãs ou seus irmãos.

4.3 Implicação Moral

A prostituição é uma das formas mais depravadas de abusar do ser humano e comprá-lo por
dinheiro, como se fosse uma mercadoria. Fala-se muito na exploração econômica dos trabalhadores
assalariados que vendem seu trabalho por dinheiro. Mas na prostituição vende-se algo muito mais
íntimo e pessoal do que o trabalho, pois trata-se do próprio corpo e de atividades muito ligadas à
afetividade e à dignidade pessoal. E essa exploração se realiza de tal forma que, depois do abuso sexual,
ocorre o desprezo social das exploradas, consideradas como forma suprema de abjeção e miséria. E elas
são desprezadas pelos mesmos que utilizam seus serviços e pagam que fiquem à sua disposição. Assim,
não é de estranhar que nos organismos internacionais, esteja surgindo uma crescendo uma crescente
consciência da necessidade de condenar toso reconhecimento oficial da prostituição.
Ocorre que, ao lado da prostituição e como seu principal causador, encontra-se o “proxenetismo”.
Trata-se de todos aqueles que organizam o comércio das prostitutas, com causas destinadas a esse fim,
“drive-in” e motéis que facilitam o tráfico, esquemas telefônicos que colocam as prostitutas em contato
com seus clientes e tão grande que envolve grandes capitais e a organização do que se convencionou
chamar “tráfico de brancas”, em comparação com o tráfico de negros, que eram caçados na África para
serem trazidos para a América. Há organização que procuram das mais diversas foram obter a
colaboração de mulheres bonitas e em situação difícil econômica ou afetiva, colocando-as em seus
estabelecimentos encadeando-as de mil modos a essa forma de vida, da qual dificilmente conseguem se
libertar. Em muitos casos, esse tráfico alcança expressão internacional, de acordo com as exigências de
um mercado crescente e o mais desumano possível, pois quase não leva em conta a condição humana
de sua mercadoria.

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