Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Verificação: Monikita
Era uma vez, está menina rica mimada
que estava meio cheia de si mesma. Ela
realmente só se preocupava com as aparências
e esconder todos os seus segredos sombrios,
feios sob o disfarce. Mas então Eva Mercer
ficou grávida, baleada por um psicopata, e
expulsa da única casa que conhecia. Agora ela
está quebrada, desempregada, e tem que
começar de novo com um recém-nascido para
criar. Mas como?
Porra, eu fiz mesmo. Nunca fui o menino perfeito, mas este foi
meu primeiro ato de vandalismo. Pensei que me sentiria satisfeito.
Vingado. Mas Tristy continuava no hospital com as mãos
enfaixadas, e eu ainda era um reles borra-botas que nunca seria
nada. Madame LeFrey continuaria assustando as crianças com
desastrosas leituras da sorte.
Cambaleei para ele, mas para chegar lá, tinha que passar pela
varanda da frente, onde a bruxa saía da casa, carregando uma
porra de uma escopeta, que era maior que ela.
Derrapei até parar tão rápido que as folhas mortas sob meus
pés cederam, e deslizei, caindo com força de bunda no chão. Tentei
me segurar com uma mão; cravando meus dedos na terra fria,
lamacenta, antes de conseguir me levantar.
— Pick!
— Digo o que vejo. Nada mais. Nada menos. Se sua amiga teve
uma má sorte, então ela é uma garota má. Ela não se importa com
ninguém.
Não tinha ideia do que aconteceu com sua arma, mas não
estava mais à vista. Se a visse nesse exato momento, poderia pegar
e apertar o gatilho eu mesmo. Mas estávamos apenas eu e ela. Seus
estranhos olhos azuis claros viram tudo e muito mais, fazendo-me
estremecer e desejar que me matasse de uma vez.
— Você teve uma vida dura, mas possui uma alma pura —
disse, ignorando-me enquanto eu implorava pela morte. — A
esperança goteja em você como água em um balde furado. Se secar,
ficará duro e frágil como sua amiga. — Seus dedos foram para
meus olhos. Fechei com força justo antes que ela pressionasse
ambos os polegares neles.
Estava paralisado.
Ela era linda, tão linda. Talvez em seus vinte e poucos anos,
embora tivesse a sensação que eu também. Seu cabelo loiro claro
como a seda do milho parecia brilhante e macio.
Aturdido por seu cabelo tão bonito, afundei meus dedos nele e
peguei seu rosto na palma da minha mão.
Estava gozando.
Papai?
Assim girei mais rápido, fazendo meu menino rir enquanto nos
girava em um círculo neste incrível e exuberante gramado. O
mundo ao nosso redor tornou-se um borrão feliz. Quando por fim
parei depois de nos deixar tontos, agachei, descansando as mãos
em meus joelhos para que ele pudesse descer. E a garotinha da
visão anterior. Skylar apareceu imediatamente na minha frente,
puxando meu cotovelo.
Mas essa voz inebriante, incrível, que era cheia de amor, veio
da cama ao lado e me fez virar até que a vi. Minha Sininho estava
em uma cama de hospital. Seu rosto estava corado e úmido, mas
seus olhos cansados estavam iluminados com amor enquanto ela
sorria. Embalando e segurando um pequeno pacote em seus
braços, ela levantou o bebê.
— É mesmo?
Ouvi os rumores, que diziam que era um gigolô, que fazia sexo
com as mulheres por dinheiro. Isso fez com que se destacasse em
meu radar como um candidato para me tirar da miséria em que
estava. Mas então me dispensou de modo malditamente agradável.
Ele me disse que estava muito bêbada, e até se ofereceu para me
levar em casa. Aí foi quando soube que ele era pior que a maioria
deles. Não passava de outro Bradshaw Mercer, um bastardo
escondido sob a máscara de um cavalheiro.
Essa era outra razão pela qual tanto amava Reese. Ela já
adorava minha garotinha tanto quanto eu.
Mas tudo bem, ele podia me odiar o quanto quisesse. Mas não
o permitiria tratar Reese com nada menos que adoração absoluta.
Mas agora que ele não descontou sua raiva em mim, eu estava
confusa.
Não era comum me desculpar, mas por Reese faria isso. Ela
era a única pessoa na Terra, além da menina crescendo em meu
ventre, a quem eu amava.
Reese fez muito por mim, jamais deveria ter ido contra suas
regras.
Meus olhos se abriram. O que ele disse? É claro que o que fiz
não foi certo. Fui o motivo de toda briga.
— Quer dizer, ela não disse nada que todos não estivéssemos
pensando, certo? Porque Mason não volta a fazer o que fazia antes?
Assim não teríamos problemas com dinheiro.
— Além do que, sem contar com esta noite, ela parece estar
melhorando — argumentou Mason, como se estivesse, na verdade,
defendendo-me. — Não.... Quero dizer, você me ensinou que todo
mundo merece uma segunda chance. Isso é o que mais amo em
você. O quanto malditamente indulgente você é.
Besteira do caralho.
Tinha que dar um apelido a ele, porque fiquei puto que Tristy
o chamou de Julian. Ela gostou desse nome desde que o tatuei em
meu peito anos atrás, bem ao lado de Skylar, Chloe e Sininho.
Embora, sinceramente, não sei por que me importava com o nome
que deu a seu filho. Eu nunca conheceria Sininho, assim nossos
três filhos jamais existiriam.
Ela gemeu e olhou seu filho com desgosto. — Não pode levá-lo
com você enquanto se arruma? Cuidei dele todo o maldito dia.
Tristy poderia achar que era uma estupidez falar com alguém
que não entendia uma palavra, mas ele respondeu mais que
qualquer outra pessoa que vivia no apartamento, por isso continuei
falando. Além disso, era muito lindo para não falar com ele.
Observava minha boca quando eu falava como se cada palavra
fosse divina, e ele estivesse hipnotizado. Fazia me sentir importante.
Não foi grosseira a pergunta. Quero dizer, sim, pode ter soado
um pouco bruto, mas, sobretudo me surpreendeu ver outro cara
trabalhando esta noite. Grato, mas surpreso.
Cara, isso era certo. O menino não parecia ter idade suficiente
para trabalhar em um bar, mas tinha que ter ao menos vinte e um,
o que ainda me deixava como o mais velho. Mason, Gamble, Ten e
ao que parece, Hamilton, mal tinham vinte e um, enquanto eu fiz
vinte e quatro há alguns meses.
Isso era bom. Estar com eles me fazia rir. Embora nunca me
juntasse a eles fora do trabalho, considerava-os meus amigos mais
próximos. E, no entanto, não me incomodei em contar a nenhum
deles que me casei hoje. Não parecia algo para me gabar.
Era como ver uma novela. Ten evitou o bar enquanto ela
estava lá e Gamble decidiu que paquerá-la era um requisito do
trabalho. Já que ainda não conhecia Hamilton, aproximei-me de
Mason inclinando meu queixo para Gamble e sua mulher. — Então,
o que há com esses dois?
Eu estava a uns nove metros atrás dela, então não pude ver o
que revelava quando abriu seu casaco, mas assumi que era uma
barriga de grávida de tamanho decente pela maneira como a boca
de Mason se abriu enquanto a olhava horrorizado.
Oh, droga.
Puta merda. Se ele também a via, então ela devia ser real.
Certo?
— O que acha que ela faz aqui? — Reese explodiu. — Ela está
perseguindo o meu homem. O que mais ela tem feito? Ela está
obcecada por ele. Certamente nunca vai deixá-lo em paz até que
alguém finalmente a pegue.
Ele tornaria isso melhor. Diria a ela que foi um engano, que
sua estupradora chantagista não estava em nenhuma parte perto
de Illinois e que tudo estava bem.
Ela ligou e ligou outra vez. Minha bebê deve ter notado meu
crescente mal-estar porque ficou inquieta. Passei minhas mãos em
minha barriga, naturalmente, alisando a imagem da Sininho que
tinha na camiseta que eu usava.
Não ajudou.
Uau.
Ele era...
Ele parecia ser um bad boy saído do lado feio da cidade. Mas
também havia algo de bom moço. Simplesmente não parecia o tipo
que não dá a mínima para a vida. Seus profundos olhos castanhos
mostravam muita compaixão e vivacidade.
Então ele piscou para mim, confirmando que ele não era o
típico anti-herói despreocupado. — Deixe-me te dar um lote novo,
Sininho. Quem sabe que tipo de dedos sujos estiveram aí toda a
noite.
1
To Pick - verbo escolher, pick = escolha.
Oh, meu Deus! Quase nada estava tão longe de nada, que ela
pode muito bem ter me chamado de baleia. — Então estou?
Franzi o cenho, porque quando ele disse isso, fez com que eu
soasse como uma completa idiota. — Ok, tudo bem. Você me tocou.
Duas vezes. Isso não é legal. Então me disse que não podia comer e
onde não podia ir como se fosse meu dono. O que definitivamente
não é. E agora tenta ter essa conversa educada como se fôssemos
amigos. Não te conheço. Nunca te vi na vida. Não somos amigos.
Confusa por sua irritação, olhei para Pick, que fez uma careta
e sacudiu a cabeça. — Mau movimento, Sininho. Não tire a
masculinidade do pobre ajudando-o a beber.
Ele deu uma risada sem graça e olhou para o teto. — Deixá-la
ir? — Repetiu como se a sugestão fosse ridícula. Quando me
encarou, parecia completamente abalado. — É mais fácil dizer que
fazer, Sininho.
Mas pensei. Por que esteve tão intrigado a meu respeito? Por
que eu também estava? Como leu minha alma tão facilmente? Por
quê...?
Mas droga. Ela era real. Porra, era realmente muito real. E
grávida. E Deus, ela realmente passou por algo semelhante ao que
Tristy passou? A maneira como empalideceu me disse que sim, mas
eu ainda estava em completa negação, então decidi ignorar isso por
enquanto.
Estava tonto por saber disso. Minha Sininho era real. E droga,
agora eu sabia por que lhe dei esse apelido. Estava adorável em sua
gigante camiseta com uma imagem da Sininho esticada em sua
barriga saliente.
Não podia acreditar que ela era real. Estava grávida. Foi
violentada.
Eu ainda estava abalado quando entrei em meu apartamento
vinte minutos depois.
— Melhor? — Perguntei.
Sua foto de perfil era uma selfie dela usando óculos de sol, um
biquíni azul e estava na praia, ou ao menos em algum lugar
ensolarado. Tirou a foto do alto e olhava para cima para que a
câmera pegasse diretamente seu generoso decote. E meu Deus, que
decote era aquele. Droga. Nem sequer uma linha das tiras do
biquíni marcava sua perfeita pele dourada, enquanto o vento
soprava algumas mechas de seu cabelo loiro em seu rosto. Era tão
maravilhosamente linda que perdi o ar.
Derrota correu como ácido por minhas veias. Este não é o tipo
de garota que imaginei. Minha Sininho sempre foi terna e amável,
voltada para a família, intocada por outro homem.
— Está vendo essa mulher aí, amigo? Era para ela ser sua
mãe.
A dor me atravessou logo que falei. Isto não era justo. Nada
era justo. Incapaz de continuar olhando para sua foto, mas também
incapaz de abandonar seu perfil rolei a página, aprendendo o mais
que pudesse dela. Mas tudo o que vi foi esta garota rica egocêntrica.
Ou bebia em algum bar com um punhado de meninas como ela, ou
tirava fotos das novas compras no centro comercial. Todos seus
posts eram atacando alguém que não gostava, ou falando de sua
última farra de compras, ou pensando onde seria sua próxima
bebedeira.
Então, era este? Quando movi meu dedo para deslocar a seta
sobre a imagem, apareceu o nome Alec Worthington. Fiquei
boquiaberto. Perguntei-me se a senhora Garrison falou por falar
quando disse que Eva tentou obrigá-lo a casar por ficar grávida, ou
se realmente era verdade. Mas seriamente duvidava que ele a
violentou. Ela não teria uma imagem dele em seu perfil se fosse
assim. Ou teria?
Quando vi que era do Quick Shot, tudo em mim gelou. Ele era
um dos amigos drogados de Tristy. Suspeitava que fosse seu
fornecedor também, mas nunca tive certeza. Até agora.
A mensagem dizia: “Oi baby, ainda quer uma porção para uma
balada?”.
— Não esteve trancada. Porra, sabe muito bem que pode fazer
o que você gosta. É livre para ir e vir como quiser.
Porra.
Quando não foi mais franca que isso, os homens viraram para
mim. — Então, sobre o que é toda a confusão?
— Entendi — respondi.
Levei cinco minutos no máximo, mas isso deve ter sido muito
tempo para Tristy. Ela já tinha colocado Julian de novo no berço e
voltado para seu quarto.
— Sim. Então acorda esse bad boy e torne oficial, ok? Isso, eu
sei com absoluta certeza, fará a minha Ree feliz.
Mason assentiu. — Está bem. — Começou a se afastar como
se seguisse minhas instruções nesse mesmo momento, mas logo
parou. — Espera. Não posso. Ainda não planejei o pedido perfeito.
Estive pensando, tenho que levá-la a um restaurante luxuoso e de
algum jeito conseguir que o garçom o traga em sua comida, ou...
— Acho que estão prontos para ir. Divirtam-se. Não voltem até
que esteja tarde, e alimentem os patos por mim enquanto estiverem
lá.
Ainda desejando ter uma bola de cristal para poder espiar seu
piquenique e ver o grande pedido, acomodei-me no sofá com meu
lanche saudável e pus o computador da Reese em meu colo para
poder procurar mais sites sobre bebês.
Oh, droga. Não podia dizer ao Mason, pois ele diria a Reese. E
se ela soubesse...
Reese puxou sua mão e fez uma careta para mim. — Oh. Você
não tem graça. Esta é uma boa notícia. Uma notícia incrível.
Sabia que tinha a minha pequena. Uma vez que ela nascesse,
provavelmente estaria muito ocupada criando-a para querer o que
Reese tinha com Mason, mas uma parte de mim ainda sofria, uma
parte de mim também queria ser amada assim.
PICK
Mas não podia evitar. Cada vez que trabalhava com Mason,
tinha uma batalha mental comigo mesmo sobre lhe arrancar ou não
informações. Onde vivia? Quão apaixonada estava por seu
namorado idiota? Quais eram suas maiores esperanças, sonhos e
medos na vida? Queria saber tudo. Mas não importava quantas
vezes falasse com o Lowe, evitei lhe perguntar sobre a prima grávida
de sua namorada.
Oh, droga. Era a terceira noite desta semana que Gamble não
veio. — Ele e a namorada, a professora, não estão juntos, certo?
Franzi a testa, ainda tentando olhar sobre meu ombro para ver
o quão ruim estava. — Há cerca de três meses.
Nisso, Jessie, nossa patroa até que seu pai se recupere de sua
cirurgia do coração, veio pelo corredor de seu escritório. — Bem.
Todos estão aqui. — Aplaudiu alegre. — Esperem. — Parou
enquanto olhava para nós quatro. — Onde está Gamble?
Porra.
Deus, ele tinha que esfregar isso tão duro na minha cara?
Era para ser meu, porra. Minha família. Meu felizes para
sempre. Jesus...
Minha Skylar.
— Está bem, sei que essa noite deveria terminar meu Trabalho
de Conclusão do Curso, mas poxa, meu cérebro está morto. —
Reese se jogou no sofá ao meu lado. — Em vez disso, vamos assistir
um filme.
2
Atores americanos.
— Bom. Então, que ator você acha que se parece mais com
Mason?
3
4
Seriado americano.
casada com Mason e eu teria Skylar. Iríamos em direções opostas.
Melhores, mas diferentes. Mesmo assim, sentiria muita saudade.
Olhei para cima só para franzir a testa. — Esse não tem Jake,
Channing e muito menos Zac.
Mas logo que apertou o botão para iniciar seu celular tocou.
Reese pulou por cima de mim com a agilidade que uma garota
grávida nunca teria e correu à cozinha para pegar seu telefone.
5
Ator australiano.
Reese viu meu olhar e arqueou uma sobrancelha enquanto
continuava falando ao telefone — ok, claro. Também te amo. Tchau.
— Quando terminou a ligação, seu sorriso era petulante. — Bem,
bem, bem.
Exceto, talvez, esse cara. Aff, por que não podia tirá-lo da
minha cabeça? Tivemos um breve encontro semanas atrás e isso foi
tudo.
Fiz uma careta. — Sim, só há algo muito errado com sua irmã.
— Embora possivelmente esse fosse meu problema. Meus malditos
hormônios da gravidez me deixavam com tesão. Mas, por que Pick
era o único que me excitava?
Merda, acabei de admitir que estava atraída por ele, algo que
não deveria sequer pensar. Não queria caras na minha mente. Até
mesmo pensar em homens e em relacionamentos quando eu estava
preocupada com me tornar uma mãe solteira de primeira viagem
era simplesmente ridículo. O que havia de errado comigo?
Teria que dar uma volta para passar por aqui, mas sabia que
ela sempre tinha essa sensação de urgência quando a mãe de
Mason precisava de algo. Assim, fiquei calada.
— Pode deixar.
— Quinn — corrigiu.
Ai, errei seu nome. — Quinn — repeti. — Bom, ouça, não sei
se lembra de mim, sou prima de Mason, Eva. — Muito em breve eu
seria. — Estou aqui para entregar uma camiseta.
— Deus, não, não falo sério, seu otário. — Empurrei seu braço
forte, fazendo com que saísse do banco ao meu lado. — Vai cuidar
da sua vida e pare de seduzir mulheres grávidas.
Minha mente sabia, mas meu corpo ainda não. Meus sentidos
tremiam com excitação pura e simples. Era impossível estar tão
perto dela, respirar seu perfume de lavanda e não recordar cada
detalhe daquelas malditas visões. Ela foi a melhor transa que tive e
nem sequer foi real.
A primeira vez que estive com uma garota, esperava aquela
emoção, aquela sensação ofuscante que tinha quando estava com a
Sininho nessas visões. Mas não aconteceu. Nunca veio quando
estava com outra pessoa. Não podia contar quantas vezes procurei
a felicidade inesperada de me enterrar profundamente no paraíso,
só para chegar a nada.
— Me beijar!
O dia que a conheci, fiz sexo com ela, apaixonei-me por ela e
me tornei total e completamente obcecado por ela.... Ou melhor, o
dia que tive minhas visões e descobri que ela existia.
Como não havia maneira que lhe diria por que vinte de
novembro era especial para mim, perguntei — por que se importa?
Ela piscou e apontou para a foto. — Mas veste rosa. Por que
um menino tem um pijama rosa?
6
ESU - East Stroudsburg University of Pennsylvania.
Perto de mim, Mason me agarrou pelo braço para que não
caísse do balcão, mas mais mãos femininas gulosas continuavam
me tateando. Alguém agarrou a camiseta folgada que estava
vestindo, e antes de saber o que estava acontecendo, as mulheres a
tiraram pela minha cabeça.
— Ei, ela teve a chance de dar seu lance. Estou tão chateado
quanto você, parceiro. Teria sido bem-vindo um extra de trezentos e
cinquenta dólares esta noite.
7
— É um imbecil — intervi, concordando com suas amigas. —
Você merece alguém muito melhor que um idiota que não pode
manter seu pau dentro das calças até que te veja de novo.
Não quis deixar isso escapar, mas estava tão transtornado que
ela tivesse escolhido esta música. De todas as opções da lista,
8
https://www.youtube.com/watch?v=p1M_MU7G64o
escolheu justamente esta. As palavras simplesmente saíram de
minha boca.
Bem. Genial. Isso era perfeito. Deixá-la pensar que era uma
provocação.
Sorri e assenti.
— Ahm. Detalhe.
9
Forma de ilusão da memória que leva o indivíduo a crer já ter visto (e, por extensão, já ter vivido) alguma coisa ou
situação de fato desconhecida ou nova para si.
Decidindo seguir essa ideia, coloquei a bandeja no topo do
jukebox e peguei sua cintura com uma mão. Então segurei seus
dedos com a outra. Quando a levei a pista para uma dança, ficou
boquiaberta pela surpresa.
— Oh, meu Deus. — Teve que cobrir a boca com sua próxima
onda de risadas. — Você realmente é um paquerador incontrolável.
Deve ter uma esposa confiante, se não se importa com suas
brincadeiras.
10
Fã, fanática.
compartilhando uma mulher com... bem, você, não é algo que
precise saber.
— Ok, vamos para casa antes que você diga algo que se
arrependa. — Bati no ombro de Ten antes de empurrá-lo para a
porta. — Não vou falar do tamanho do meu pau com você. — Não
queria que o pobre garoto acabasse se sentindo deficiente.
Droga, isso era mentira. Não fazia isto pelo Mason. Tinha que
ver Eva de novo e essa era uma verdade egoísta que aumentou
minha culpa.
Não conseguia imaginar uma razão para que isso fosse uma
má ideia, assim concordei e usando as instruções pela metade que
Ten me deu para chegar ali, fui ao apartamento deles.
Sim, ah, tá. Já superou porra nenhuma. — Então, por que Ten
e Hamilton continuam preocupados com você?
Virei os olhos. Era mais difícil tirar informação dele que uma
amostra de sangue de uma pedra. — Bem, o que aconteceu?
— Sim.
Merda.
Isto não era problema meu. Aquela não era minha mulher e
esse maldito idiota provavelmente significava mais para ela do que
eu jamais faria.
Bom, isso seria um bônus, algo para acabar com aquele velho
filho da puta, mas mesmo eu não fui capaz de ir tão longe. Esse
tipo de pessoa sempre me intimidou, como se fosse suficientemente
forte para me mastigar e cuspir sem um segundo olhar, como se me
vissem como nada mais que uma puta rica mimada.
Sabendo que tinha que levar isso com cuidado, mesmo que
sua presença me assustasse muito, tentei não deixá-lo ver que eu
estava desesperada.
— Isso não é um jogo de poder para eu conseguir um
brinquedo bonito, Alec — assegurei-lhe. — A única coisa que quero
é a minha filha.
Ai. Isso doeu. Era uma garota solteira de dezenove anos, sem
trabalho, sem casa, e estava prestes a trazer um pequeno e
inocente ser humano ao mundo e ser totalmente responsável por
ele. Uma súbita tontura me fez cambalear. Pobre Skylar, parecia
realmente ferrada e nem sequer nasceu. Com um idiota como pai e
uma puta mimada como mãe, meu bebê não tinha nenhuma
chance.
Tentei afastar meu braço dele. — Por que não? Não estou
pedindo que faça nada. Na verdade, nem sequer quero que se
envolva.
Mais gritos encheram o lugar. Acho que por fim ouvi a voz de
Mason juntar-se a briga, mas de repente Reese estava comigo, com
sua mão em meu ombro e sua voz cheia de pânico em meu ouvido.
— Eva! Pode me ouvir?
Tentei acenar, ou responder, ou até mesmo piscar, mas tudo
que consegui foi gemer de dor quando outra onda de terror apertou
meu abdômen.
Apertou-me contra seu peito. Por fim ele tinha chegado. Bem
na hora certa.
Foi aí que soube que era ruim. Talvez se tivesse falado tão
calmo e controlado como sempre, poderia ter ficado tranquila. Mas
parecia assustado, então fiquei com medo.
— Bem? — Pick gritou, não tinha ideia com quem ele falava. —
Vamos levá-la ao hospital.
— Ela está bem, ela ficará bem. Nada vai acontecer a esse
precioso anjinho. Eu te prometo isso.
— Não, não vai — disse. — Lutará por esta garotinha, e ela vai
conseguir. As duas farão isso.
PICK
Não, não perderíamos Eva esta noite. Ela ficaria bem. A bebê
ficaria bem. Todo mundo ficaria bem, exceto talvez o pai da bebê.
Eu meio que esperava que ele morresse.
— O quê?
— Deixa que escute minha voz.
— Isso é estúpido.
Sorri.
— Ei, garoto. Ouvi que está dando trabalho a sua mãe. Será
que poderia se acalmar um pouco até que eu possa ir para casa?
Juro que quando chegar, vou te balançar na cadeira o dobro do
tempo que normalmente faço.
11
https://www.youtube.com/watch?v=xPU8OAjjS4k
Eu não tinha ideia do que era um desprendimento de
placenta, mas não soava bem. Sentindo-me enjoado, desabei de
novo no banco em que me sentei antes pondo meus cotovelos nos
joelhos e enterrando meu rosto em minhas mãos.
Uma vez mais, não tinha ideia do que isso significava. Tudo o
que escutei foi estável e para mim, isso significava ainda viva.
Não nos deixaram entrar para que víssemos Eva por mais uma
hora. Reese e eu acampamos na janela e olhamos para Skylar a
maior parte desse tempo. As enfermeiras checavam seus sinais
vitais frequentemente, e algumas vezes ela se contorcia um pouco,
mas na maioria do tempo, a pequena princesa esteve bastante
tranquila.
Não sei por que deixei que esse comentário me afetasse. Talvez
fosse pelos hormônios da gravidez restantes em minhas veias, o
início de alguma depressão pós-parto ou problemas normais de
insegurança de uma típica nova mãe de dezenove anos, mas as
lágrimas encheram meus olhos imediatamente. Virei para minha
filha, pequena e indefesa, lutando por sua vida e a chorei ainda
mais.
Chorei ainda mais, com meu peito arfando. Tive que tirar
minha mão da incubadora de Skylar e enterrar meu rosto em
minhas mãos para abafar o som angustiante e não a acordar.
Soava tão aliviado e feliz. Virei-me para olhar para Pick. Ele
estava na porta com o maior sorriso e um embrulho rosa de
presente em sua mão. Quando viu meu rosto, seu sorriso
desapareceu.
Passei meu dedo por uma tatuagem que era a cara de gato em
seu antebraço enquanto ele continuava falando.
— Mas olhe quanta coisa em cima de você. Não sei tudo, mas
o que sei parece um monte de merda. Também quebraria se
estivesse em seu lugar. — Beijou minha têmpora desta vez. — Não
tem que ser valente e forte o tempo todo, Sininho.
Ele olhou para baixo. — Claro. Todas elas significam algo. Não
tenho imagens tatuadas sem nenhuma razão.
12
Casas de acolhimento ou assistência social, nos EUA, é um sistema no qual um menor é colocado em uma
instituição, grupo, ou casa particular de um cuidador certificado pelo governo, referido como um "pai adotivo". A
colocação da criança é normalmente organizada através do governo ou uma agência de serviço social. A
instituição, o lar de grupo ou o pai adotivo recebe dinheiro para manter essas crianças.
Isso só me fez gostar mais dele. — Não me importa, diga.
Ahh. Isso fez com que eu gostasse ainda mais. Toquei seu
queixo, amando a maneira que sua mandíbula áspera raspava
contra meus dedos. Queria tocar os aros de metal em seu lábio,
mas consegui me conter. — Foi um sonhador, não?
— Tá, tá — murmurou.
Abri a boca para lhe dizer que achava sexy as coisas mais
estranhas, mas a enfermeira que me fez chorar voltou. Uma linha
irritada se aprofundou entre seus olhos antes que ela visse o rosto
de Pick. E imediatamente, suas bochechas coraram de prazer.
— Oh, por Deus. Não pensei que voltaria a ver seu magnífico
traseiro por aqui, senhor Pick.
Pisquei. — Espera, o quê? O que quer dizer com pena que não
seja dele? — Meu Deus. Não havia outro significado para essa frase.
Mas isso significaria... — Droga. Pick sabe?
Essa primeira noite com ela em casa foi difícil, e não porque
Skylar era manhosa. De fato, era um sonho virando realidade em
comparação com as histórias de terror sobre bebês que li. Na
verdade tive que despertá-la algumas vezes para suas mamadas
regulares. O que a fez difícil foi que não podia parar de me
preocupar. Saía da cama para ver como estava cada vez que se
movia ou respirava um pouco mais alto.
Antes que a noite terminasse, movi o berço até que estava
esmagado contra minha cama, assim já não estava ao outro lado do
quarto. Só consegui adormecer quando passei a mão pelas grades
do berço e apoiei meus dedos nela. Se não temesse me virar e
asfixiá-la por acidente, eu a teria colocado na cama comigo.
— Quer que ajude a dar uma surra no idiota que vendeu isso
para ela?
— Oh, Jesus. Sério? Se fui eu que dei o dinheiro, por que seria
o traficante?
Pick fez um som grave. — Ei, vai à merda. Não falei de sua
aparência, idiota. Disse que ela não é muito legal.
— Mas... como?
— Lambê-la?
Pus a mão na minha boca para não rir em voz alta pelo tom
horrorizado do Quinn.
Fiz uma careta. Oh, não, não, não. Isso era algo que não
queria saber a respeito de Mason. Eca. Tinha a esperança de que
não estivesse falando de algo que fez com Reese. Nunca seria capaz
de comer um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia de
nossa cozinha de novo.
Coloquei a mão sobre a boca para não rir em voz alta. Uau.
Não tinha ideia que os caras tinham este tipo de conversa entre
eles.
— Mas...
— Cala a boca.
Ele deve ter feito uma perfeita cara de inocente, porque depois
respondeu — não tenho nem ideia. — Reese deixou por isso mesmo.
Imaginei-a saindo de seu colo com um sorriso revigorado e levando
as sacolas de compras para a porta dos fundos.
Mordi meu lábio para matar o sorriso. Eva má. Tinha que
parar de pensar nele dessa maneira, mesmo que sua esposa fosse
como uma irmã para ele e só se casou com ela pelo seguro. Este era
o pior momento para desenvolver sentimentos sinceros por um
cara. Eu tinha bagagem, questões e problemas carimbados em mim
por toda parte. E apesar de ser óbvio que Pick não se importava de
passar por esse tipo de coisa por uma mulher, já que se casou com
uma puta ex-viciada só para ajudá-la, ainda não queria
sobrecarregá-lo com minhas coisas.
Ele era incrível demais para lidar com gente como eu.
— E não vou deixar que diga que não, senhor Ryan. Depois da
forma que salvou minha prima, eu te alimentaria todos os dias pelo
resto de minha vida.
— Sei! Parece, que foi criado por sua avó e nem sequer sabia
sobre ir para baixo em uma garota. Além disso, ele é supertímido.
Não havia como negar tal desejo, então acenei. Mas chegando
à porta, parou e se virou para Reese. — Oh, e a Dra. Kavanagh está
aqui. Ela e Gamble estão juntos de novo.
Oh, bom Deus. Sério? Dei-lhe meu melhor olhar fixo. — Tão
bem quanto sua capacidade de dormir com mulheres casadas, ao
que me parece.
— Oh, raios. Esso foi um golpe baixo. — Franziu o cenho antes
de olhar ao redor e baixar a voz — Como soube disso?
Levantei uma das mãos. — Não vai dizer nada sobre isso?
Deus podia alguém ser tão doce, carinhoso e muito sexy com
todas as suas tatuagens? Pick Ryan era muito bom para ser real.
— Bem, ele devia ter usado seu maldito cérebro, e mesmo que
você estivesse perfeitamente sã, de maneira nenhuma deveria te dar
uma cotovelada tão forte. É um idiota do caralho.
Quando Pick saiu, Reese fechou a porta atrás dele. Ela, Aspen
e Caroline ficaram.
Sorri.
Abri a boca para dizer que estava bem, quando uma confusão
do lado de fora do quarto chamou nossa atenção.
Mal me sentei e pus meus pés no chão quando Aspen,
Caroline e Reese abriram a porta e saíram correndo. Pick gritava
algo, Ten também, e tanto Mason como Gamble gritavam para que
se acalmassem. Suspirei e revirei os olhos.
Meninos.
— Bom, estou bem, por isso pode deixá-lo em paz. E onde está
meu bebê enquanto todos os meninos sentem a necessidade de
brigar?
Tentei lhe dizer que estava bem, mas não quis escutar nada
disso. O homem frustrado não ficou satisfeito até que me reclinou
na minha cama com Skylar embalada em meu peito. E mesmo
assim, sentou-se na beirada da cama ao meu lado, parecendo
desamparado enquanto nos observava.
— Mas não é real, real. Não a ama. Não tem sexo com ela.
Nunca teve. E Julian não é seu.
Abriu a boca.
— Pick.
— Cuide-se, Sininho.
E então saiu.
EVA
— O que foi?
Franzi a testa.
— E sua esposa?
Era seu filho. Por que ele procurava babás? E por que ela não
deixava seu emprego para cuidar dele?
Ele suspirou.
— Não tenho ideia. E tenho certeza que Pick nem sequer quer
pensar nisso. Gamble disse que parecia muito chateado.
— Senha — ordenou.
— quê?
— Sininho?
Sua carona devia ter ido logo porque Eva me deu um olhar
divertido.
— Hã?
— Deus do céu. Pode olhar minha bunda mais tarde. Ela não
irá à parte alguma. Agora se mova. — Esticou as mãos e começou a
tirar Julian de meus braços.
Uma prova de que eu estava louco por ela foi que não a afastei
quando tentou tocá-lo. Mas depois de sábado, tinha alguns graves
problemas de apego, outra razão pela que não podia trabalhar hoje.
Deixar Julian me fazia sentir mal. Realmente precisava me sentar
ali e segurá-lo enquanto comia a babá com os olhos.
E logo Sininho fez ainda pior ao paparicá-lo assim que o pegou
no colo.
Alguém mais pensou que ele não fazia parte dali, pois foi o
corte de uma faca o que o furou. Definitivamente não foi por um
furo acidental.
Gente rica.
— Bom, sim. Pensei que sua babá estaria doente por umas
duas semanas.
— Sim.
— Diz que até pode esperar uns meses mais, mas Julian
parece mastigar muito, assim pensei.... Sei que estou me
intrometendo. Sinto muito, eu...
— Não! Isso.... Na verdade, estou feliz que tocou no assunto,
mas não tenho ideia do que realmente precisa, dei a mesma coisa
nos quatro meses. Qualquer conselho que dê é bem-vindo.
Não podia lhe dizer que era porque sua mãe nunca o trocou e
que muitas vezes ele passou a maior parte do dia com a mesma
fralda. Já era bem humilhante saber que meu filho passou por isso
e que eu não pude estar ali para mantê-lo limpo, mas ouvir Eva
apontar o óbvio era mais vergonhoso ainda.
Era triste admitir isso, mas foi uma bênção Tristy ter ido
embora. Julian finalmente seria bem cuidado.
Mas porra, ela fez meu filho rir. Como poderia não a amar?
— Acho que ela não esqueceu que ainda lhe deve uma dança
— disse Eva, com os olhos brilhando enquanto observava nosso
abraço.
Não lembro qual foi a última vez que o limpei. Talvez não
desde que Julian nasceu. Trabalhei tantas horas extras quanto
pude para pagar por todas as contas que vieram com seu
nascimento. Então, eu normalmente estava muito ocupado com a
roupa suja, a cozinha, banheiro ou no trabalho para me preocupar
com limpar a sala.
Tentei lhe dizer que não quis perturbá-los e que já tinha ligado
para Reese, mas não sabia se ela entenderia meus murmúrios
cansados, até que respondeu — Bem, obrigada por nos deixar
descansar, mas agora Skylar e eu podemos ficar no sofá; não quis
adormecer e roubar sua cama.
— Tudo bem, antes de tudo, isso foi há três dias, não décadas
como fez parecer. E esteve muito ocupado, Pick. É completamente
compreensível. Além disso, você não é obrigado a falar comigo de
novo, embora não ter me chamado quando sua esposa te deixou
para que cuidasse sozinho de um bebê de quatro meses me
machucou um pouco. Pensei que fossemos amigos. Por que não
acha que te ajudaria a cuidar dele?
— Tem certeza de que não precisa voltar para sua casa esta
manhã para alguma coisa? Trocar de roupa, coisas para Skylar?
EVA
Reese não tinha ideia de quão bom era ter a tia Andrea como
mãe, e não a minha. Mas não podia lhe dizer o quão sortuda ela
era. Então, fiquei calada e olhei para trás para verificar os dois
bebês. Eram tão lindos, presos em suas cadeirinhas, lado a lado.
Julian parecia imenso ao lado da minha pequena Skylar, e ela
parecia pálida ao lado de seu belo tom de pele café. Tinham um
contraste perfeito e me senti agradecida de tê-los comigo pelo tempo
que Julian estivesse sob meus cuidados. Eu sabia que sentiria
muita falta dele quando Pick já não precisasse mais de mim.
Ir às compras com Reese e duas crianças foi uma grande
experiência. Precisávamos de dois carrinhos de compra para levar
as crianças, e juro que Reese tinha um “Oh!” e um “ah!” sobre cada
marca de cereal e sorvete para eles; às vezes, ela era como uma
criança de cinco anos, mas eu amava isso nela.
Uma coisa era certa, Pick não reclamaria por uma despensa
abastecida tão cedo, e agora Julian tinha fraldas para mais de um
mês. Reese teve o impulso de comprar uma caixa de picolés. O
aroma de cereja que saiu dele assim que o desembrulhou e o
atacou, mesmo antes de tê-lo comprado, levou-me a jogar meu
próprio picolé na pilha de alimentos.
— Ele ainda está casado com ela e não vai mudar isso em
breve. Já te contei por que precisa ficar assim.
13
Material para marido - alguém com quem você passaria o resto da sua vida.
— Bem, você é meu herói — disse fazendo com que a
declaração soasse superficial enquanto jogava meu cabelo sobre o
ombro. — Não esperaria nada menos de você.
— Ahã.
Suspirei e fechei os olhos. — Isso é tão sexy. As mães que
amamentam são geniais. Se não estivesse tão cansado, estaria
incrivelmente excitado agora.
EVA
Foi esta emoção, esse amor que estava cultivando pelos bebês
que criava, assim como pelo homem que me olhava como se eu não
pudesse fazer nada de errado, que fez tudo valer a pena. Mesmo
quando Julian acordava mais cedo que o habitual, logo depois de
eu ter ficado com a Skylar pelas últimas duas horas, porque a
garota simplesmente não voltaria a dormir. Eu me sentia exausta.
Não percebi o que fiz até que ele começou a sugar com muito
mais força que Skylar, o que me tirou da minha sonolência. Com
um suspiro, sentei de repente, completamente acordada.
Isto tinha que estar errado. Ele não era meu e eu apenas
estava cuidando dele por alguns dias. O que Pick diria se soubesse?
— Uh hum.
— Isto está relacionado, de alguma forma, com o por que meu
aniversário é a senha do seu celular? Porque, sabe, também se
recusou a falar nisso.
— Porque... não sei. Ele não é meu. Com certeza, alguém teria
um problema com isso... por alguma razão.
Mas, sim, este homem era bom demais para ser verdade.
Sempre sabia exatamente o que dizer para me fazer sentir melhor.
Era estranho ser capaz de dormir ao lado dele toda a noite sem
nenhum receio?
— Ah, não sorria para mim com esse sorrisinho leitoso, seu
sortudo de merda. Não precisa esfregar isso na minha cara. Sei
onde essa boca estava.
Não podia dizer o que realmente sentia, que era “quem disse
que eu quero ir?”. Mas pensei. Acho que teríamos que nos
preocupar que eu sofresse mais por problemas de apego do que
Julian.
PICK
Ele deu de ombros. — Sei que trabalha muitas horas, mas sei
que em algumas noites você não trabalhou até tarde no Forbidden.
Ele deu de ombros. — Porra, não tenho ideia do que você deve
fazer. Só digo que não a machuque. Mantenha-a com você, envie-a
de volta, seja o que for. Mas se a machucar, irritará Reese. E isso
vai me encher o saco.
Mas nunca falei com a Eva. Tinha muito medo de que ela
dissesse que queria me deixar quando isso acabasse, ou talvez que
estivesse contando os dias para se ver livre de nós... Como Tristy
fez.
Estava prestes a acontecer. Treze dias depois da Sininho vir
cuidar do meu filho, a família da vizinha não tinha mais catapora e
não havia ameaça de contágio.
Bem. O chá gelado não tinha nada que ver com isso. Mesmo se
nunca tivesse limpado ou cozinhado uma maldita coisa, ainda ia
querer que ficasse.
Olhei para ela e vi que o acalmou. — Acho que esta seja sua
forma de te dizer que não quer que você vá.
— Hum... Pick?
— Precisa ligar para Reese e lhe dizer que não vai voltar? —
Perguntou, carregando as crianças de novo, enquanto me seguia
pelas escadas para o apartamento. — Ela está te esperando esta
noite, não é?
Mordi meu lábio, mas não me virei para que não visse minha
preocupação repentina. — Sim, acho que deveria ligar para ela.
— Tudo bem — mas não queria ligar para Reese. Sabia o que
me diria. Ela seria a minha consciência e diria o quão terrível,
horrível e estúpida esta ideia era. E em seguida, de alguma forma
me convenceria a não ficar? Não queria que me convencesse a não
fazer isto. Eu queria ficar com Pick e Julian.
— Ei, — respondi — eu, uh, acho que não voltarei esta noite.
Seu tom mordaz me fez franzir a testa. Abri a boca para lhe
dizer que queria que ela e Mason tivessem um pouco de liberdade,
mesmo se essa não fosse a razão principal, mas Reese explodiu.
— Decisão inteligente.
— E aí?
Pick
— Pick?
Droga.
Mas quando minha mão deslizou para baixo sobre seu quadril
ao redor de sua coxa, indo em direção à doçura entre suas pernas,
meu filho decidiu acordar.
Mulheres.
Quando ela se sentou para se levantar da cama, peguei seu
braço. — Eu vou buscá-lo para você. — Precisava de um motivo
para sair desta cama, e com sorte me acalmar
Ela sorriu agradecendo e seu sorriso era tão lindo que fiquei
tentado em voltar para cima dela. Mas suspirei e me virei.
Franzindo a testa para o menino, levantei-o e o levei de volta para a
cama, onde Eva esticou os braços para pegá-lo. Depois passei por
cima dela para me sentar, e gemi com amargura enquanto Eva
abria sua camisa e tirava um seio nu, com o mais brilhante mamilo
vermelho framboesa antes de colocá-lo na boca do lutador.
Malditamente certo.
EVA
— Porra — engasgou.
— Já terminou de me provocar?
Ele ergueu suas mãos, dando de ombros. — Não vejo por que
não. Ela se foi há tanto tempo e não veio vê-lo nem uma vez.
Ele gemeu e jogou sua cabeça para trás. — Porra, sim. Meu
tipo favorito de sonho.
— Mas o que...?
— Mas você... Você... Oh. Meu. Deus. Isso não é tinta fresca,
Pick. Esta... esta tatuagem é antiga. Como com alguns anos.
Cruzei meus braços e, com certeza, ele podia ver quão irritada
u estava. Aborrecida, mordi minha boca e coloquei todo tipo de
barreira para bloqueá-lo porque sabia que o que me diria doeria.
Ele tinha uma expressão de pânico e arrependimento, como se
soubesse que errou feio. Nenhum bastardo pareceria assim, a
menos que soubesse que estava prestes a perturbar imensamente a
vida de uma mulher.
Julian. Então ela não iria embora, mas não pelo que sentia por
mim. Ficaria pelo meu filho. A dor atravessou meu estômago. Apoiei
meu braço no batente da porta e pressionei meu rosto nele.
— Oh, Deus.
Ela sorriu e tocou meu rosto. — Olá para você. Acho que ainda
não tirou toda a minha calça.
— Sim.
— O... Ok.
14
boom boom: ato sexual.
Bufei. — Claro que sim. Porra, isso foi incrível. — Estendi a
mão e acariciei o cabelo de Skylar. — Não acho que tenha alguma
camisinha de qualquer maneira, então... — Dei de ombros e sorri
antes de voltar minha atenção para o lutador que tentava segurar
as tatuagens no meu peito.
— Talvez — eu disse.
15
Presunçoso ou esperançoso demais, o que poderia prejudicá-lo.
— Olá, é o Pick — disse quando atendeu.
Franzi a testa. Por que isso parecia tão irracional? — Sim. Isso
seria um problema?
— Não. Bom... Só... Não sou Eva. Ela faz com que cuidar de
dois bebês ao mesmo tempo pareça fácil. Mas eu? Uma criança
pequena, tudo bem. Eu poderia fazer isso. Eu acho. Mas dois com
idades tão próximas, tão pequenos. E se...?
— Você vai se sair muito bem. Lowe não trabalha hoje à noite,
certo? Faça com que te ajude. E tem meu número de telefone. Pode
me chamar a qualquer momento.
Sorri. — Sim, mas nós, caras, não ficamos tão bonitos como
vocês, senhoritas, depois de toda a preparação, então acho que é
um tempo bem gasto.
— Hm, hmm. Não é de admirar que Eva seja tão doce com
você. Você tem um jeito com os elogios. Mas de qualquer maneira,
vou levar algo legal para ela vestir. Ficaria brava se soubesse que eu
sabia de seu encontro surpresa, e a deixei ir com seus trapos
velhos.
EVA
16
Ficar muito ocupado com um trabalho difícil ou com alguém.
Perguntando-me se era algum parente do Pick, esquecendo-me
momentaneamente que viveu em orfanatos, destravei e abri a porta.
— Por favor, não me diga que está aqui apenas para lembrar o
passado porque prefiro vomitar em seus sapatos novos.
— Vá para o inferno.
— Deus, senti falta de sua boca suja.
Oh, Deus. Oh, Deus. Oh, Deus. Tinha tanta certeza de ter
escapado dele para sempre, que nunca teria que suportar outra de
suas visitas.
Reese deve ter esperado esta noite tanto como eu. Ela já
estava em minha casa, esperando na parte da frente do edifício com
Mason quando cheguei em casa do trabalho.
— Ei, fui uma boa garota e fiquei aqui até que chegasse em
casa para não arruinar a surpresa. Mas falando sério, Eva pode
querer se arrumar. É a primeira noite que vai sair desde que Skylar
nasceu. Tenho três vestidos ela escolher e uns pares de sapatos.
— Garotas.
Não é?
— Por favor — ela suplicou. — Não, Pick, não. Não pode. Você
não tem nem ideia do que ele é capaz. Poderia te destruir. Por favor.
— Ela afundou seu rosto em meu pescoço, suas lágrimas molhando
minha pele.
O choque me fez prender a respiração. Não podia acreditar que
realmente conhecesse este asqueroso. — Porra, quem é ele?
Mas a porra do seu pai teve que apontar para mim depois.
— Pick?
— Dê-me Skylar.
— Oh, droga. Ela não é.... Ele não é o pai de Skylar, é? O tio
Shaw?
— Tem certez...?
— Vamos te limpar.
Bufei, divertido.
— Obrigado.
Odiava o que aquele bastardo fez e ainda fazia com ela. Minha
respiração acelerou. Levantei as mãos para minha cabeça e enterrei
meus dedos em meu cabelo enquanto fiquei novamente furioso.
Ela me beijou.
— Polícia. Abram.
— O que é isso?
— Outra vez?
Dane-se.
Ela suspirou.
— Quem?
Respirei bruscamente.
— Você o conhecia?
Não tinha nem ideia de por que pensei que era engraçado, mas
joguei minha cabeça para trás e ri.
EVA
Não levamos os bebês para cama até quase uma hora depois
de sua hora habitual de dormir. Peguei Pick me olhando muito,
como se esperasse pelo momento em que por fim deixaria que o
estresse de toda a noite me afetasse e eu cairia em pedaços. Mas
consegui me manter firme.
Tinha tanta certeza que a próxima vez que ele tivesse uma
noite livre, por fim chegaríamos em algumas delícias físicas... Mas
infelizmente, meu pai afogou essa ideia por completo. Pick estava
muito assustado para sequer me tocar, o que me fez perguntar
como antes consegui um beijo dele no banheiro.
Sorri de volta.
Ele suspirou.
— Sim, bem, lamento que não deu certo. Acho que é o que
ganho por fazer planos.
Estiquei a mão para acariciar sua bochecha. Então endireitei o
piercing em sua sobrancelha.
Ofeguei surpresa.
— Eva...
— Não quis...
Mas agarrei sua mão. — Sabe o que ele me disse uma vez?
Disse que não importava com quantos meninos ficasse, nunca seria
capaz de apagar seu toque. Que tinha me manchado para sempre.
Balancei a cabeça.
— Isso te assustaria?
— Não tem nada a ver com isso. Não está suja, Sininho.
Absolutamente. Ele é o único imundo. Tenho medo de que esteja
tentando apressar isso para provar algo que não precisa ser
provado.
— O que...?
Isto era, sem dúvida, como se fosse uma primeira vez para
mim. Rindo e me divertindo no meio do sexo alucinante. Mas a dose
de endorfina parecia fazer tudo ficar melhor quando se moveu para
ir mais fundo. Envolvi minhas pernas ao redor de seus quadris para
segurá-lo ali por mais tempo.
Deus, isso é.... Uau. Oh, sim. Bem aí. Comecei a gemer
novamente, o que nos deixou rindo e gemendo juntos, e nos
beijamos para nos silenciar. Amei cada segundo. Amei a sensação
de sua pele quente deslizando contra a minha, e sua carne dura
enterrada em mim, sua boca na minha enquanto nossas línguas
duelavam por mais, e seus olhos castanhos brilharam quando
encontrou meu olhar e sorriu.
Pick falou sério sobre não pagar mais por meu trabalho de
babá. Em vez disso, ele me deu um novo celular incluso em seu
plano e comprou um carro para eu usar. Funcionava muitíssimo
melhor que o de Reese. Nós realmente éramos como um casal
casado, e estou certa que se tivéssemos chance, Pick e eu
transaríamos como dois coelhos.
Sabia que era muito cedo para ser Pick, então imediatamente
pensei no meu pai. A porta entreabriu antes que eu percebesse que
quem quer que fosse, tinha uma chave. Portanto, não era Bradshaw
Mercer, graças a Deus. Comecei a me perguntar por que Pick já
estava em casa quando uma ruiva de aspecto rude entrou.
17
Minha boca se abriu. Oh, droga. Não era isso que eu esperava
ouvir. Mas... uau.
Ela piscou, afetada por seu nome. Então, insisti nesse ponto.
Apontei para Julian, mas ele gritava tanto, que não acho que
argumentei bem. Continuei implorando
— Pelo menos espere aqui e fale com ele. Você lhe deve isso.
PICK
— O que aconteceu?
— Está... — Queria lhe dizer que estava tudo bem. Até estendi
a mão para tocar as suas costas, mas acabei me afastando para
esfregar meu rosto, incapaz de superar o fato de que meu filho
estava lá fora, com uma drogada, fazendo Deus sabe lá o quê. —
Jesus. Tenho que encontrá-los. Tenho que... — Comecei a girar em
círculos, tentando pensar. Olhei às garotas, e vi o olhar preocupado
de Reese. — Vou encontrá-los.
— Mas...
— Tem certeza?
Assenti.
— Oh... porra.
Fui direto para sua cama e toquei seu ombro, fazendo-a virar
de costas, só para perceber que esta mulher tinha o cabelo escuro.
Ao lado de Reese, outra forma se mexeu e a luz do corredor fez que
suas preciosas mechas loiras brilhassem. Desviando da mulher de
Lowe, alcancei Eva e a puxei para meus braços. Suas pálpebras
abriram. Quando acordou o suficiente para focar em meu rosto,
agarrou meu braço.
— Você o encontrou?
Respirei fundo.
— Ainda não.
— Olá? — Eu disse. Por favor, que seja Tristy, por favor, que
seja Tristy, por favor...
— P-Pick? — A voz rouca de Tristy soava assustada e
insegura, mas me fez soluçar aliviado.
— Oh, Deus. Oh, graças a Deus. Tris, onde está? Julian está
bem?
— Porque ele é meu! Por que não deveria levar? É meu filho.
Você anulou nosso casamento.
Ela bufou.
Minha garganta secou. Não sei por quê odiava falar disto com
Tristy, mas odiava. Detestava. Acenando respondi
— Sim, encontrei-a.
— Então, tudo vai se tornar realidade. Vai viver com ela o seu
pequeno “felizes para sempre”, em sua perfeita maldita casa com a
grama verde. E eu vou morrer, jovem e sozinha.
— Mas odiei ter que fazê-lo.... Ter que dizer tudo isso... na sua
frente.
— Sempre te escolherei.
Oh, Deus.
18
https://www.youtube.com/watch?v=xPU8OAjjS4k
enquanto ele se acomodava, inquieto, tremendo e ofegante. Apesar
de tudo, negou-se a me soltar, e me neguei a soltá-lo.
EVA
Pick saiu há seis horas. Só ligou uma vez para me dizer que
encontrou Julian e que nosso filho estava bem. Eles vinham para
casa depois de irem ao hospital, pois a polícia exigiu que ele fosse
examinado.
— Está morta.
— Eu também te amo.
— Falo sério, Eva. Sem você, não tenho nem ideia de como
teria sido minha vida. Se não tivesse aquela visão com você e te
quisesse com cada fibra de meu ser, talvez fizesse o mesmo que
Tristy, e terminasse absorvido pelas drogas. Ou fizesse o que meu
outro amigo Harvey fez, entrasse em uma gangue. Ele foi
assassinado em um tiroteio roubando carros quando tinha
dezesseis anos.
— Sabe quando você diz que fui seu herói e te salvei quando
bati no seu ex e no seu pai? Isso é besteira. Você é minha heroína.
Conhecê-la naquelas visões me salvou. Fez-me querer ser uma boa
pessoa para poder te merecer quando finalmente te encontrasse. E
agora que está aqui, abraçando-me e deixando que te ame quando
só quero explodir... — Ele enterrou seu rosto em meu cabelo e
respirou profundamente. — Nem sequer sabe o que sua mera
presença me faz. Você é minha sanidade.
Estiquei minha mão para trás para passar meus dedos em seu
cabelo.
— Você também é a minha. Não há outro lugar no mundo que
eu queira estar.
— Não te deixarei.
PICK
Ele corou.
— Bem.
— Ahh, olhe esse sorriso humilde, eu sei que sua garota não
pode manter suas mãos longe dele. Sempre implorando para passar
a noite, incapaz de parar de beijá-lo. Ele a transformou numa puta
ninfomaníaca.
— Talvez você deva dizer a ele que não pode ter nenhuma
mulher até que concorde em deixar que você...
Que porra?
Virei e congelei.
— Eu me demito.
— Droga.
Todos nós sabíamos que ele não podia perder sua renda. Vivia
com uma mulher que ainda procurava trabalho, e agora tinha três
irmãos para cuidar.
Eu não sabia qual era seu jogo, se fazia isto para se vingar
porque o soquei, ou se queria separar sua filha de mim, mas eu
estava acostumado a ser o perdedor, sempre obrigado a me curvar
aos superiores. Teria que pensar em outra coisa se achava que isto
me assustaria.
Eva aconteceu.
Ela sorriu.
— Que pena que não soube antes que você gostava destas
coisas. Eu não teria parado de apertar.
Mason: Ninguém está bem com esse imbecil ainda vivo. Ele
comprou o Forbidden.
Eu: O quê?
Eu: É obvio que não sabia, idiota, mas vou descobrir o que ele
quer.
Embora eu já soubesse.
Mason: Bom. Oh, ei, não conte a Reese sobre isso ainda. Não
quero que ela enlouqueça.
— Ah, é?
Ei, se ele se recusava a me dizer o que sabia, não lhe diria o
que eu sabia. Assim não tínhamos que nos preocupar um com o
outro.
Mas Pick não me disse nada, o que me fez saber que estava
tão apavorado quanto eu.
Neste momento, meu pai talvez saiba tudo sobre Pick, onde
trabalhava, o que dirigia, que não tinha nenhum direito sobre
Julian. Se eu não fizesse o que Bradshaw queria, ele encontraria
uma forma de Pick perder Julian, e isso destruiria o homem que eu
amo. Sabia que isso era um fato. Provavelmente Julian seria
enviado a lares de acolhida, e o maior medo de Pick se tornaria
realidade.
— Deus, eu te amo.
— Que porra?
O amor em seus olhos era tão profundo que podia sentir que
meu próprio peito inchando, como entre minhas pernas.
Mergulhando seu rosto, fez uma festa. Chocada por quão bom
isso foi, embora soubesse o que esperar, estremeci sob sua boca,
pulsando e necessitada. O piercing de sua língua foi impiedoso. Ele
mal enfiou um dedo em mim, antes que meu ventre se contraísse e
meu corpo explodisse. Gritei de raiva, porque não estava pronta
para que acabasse ainda, mas também com paixão porque foi tão
malditamente perfeito.
— Eu te amo.
Mas não podia pensar em mais nada que pudesse fazer para
salvá-los. Assim fui andando pelo corredor até chegar na porta que
dizia "Gerente". Quando a empurrei sem bater, a primeira coisa que
vi foi Quinn com as costas pressionadas na parede. Afastava a
cabeça da senhora Garrison enquanto ela se apoiava nele,
esticando a mão para seu rosto.
Bufei
Assenti.
— Como quais?
— Minha filha não vem comigo. Ela fica aqui com Reese. E
você nunca terá nada a ver com nenhum deles, nem os deixará ter
nenhum contato comigo.
Mordi o interior do lábio com força para evitar que meu queixo
tremesse e meus olhos se enchessem de lágrimas. Deixar minha
Skylar seria o mais difícil. Ia contra todo meu instinto deixar meu
bebê para trás, mas de maneira nenhuma a deixaria crescer perto
dele. E a única maneira de tirá-lo de sua vida para sempre era me
sacrificar. Isto seria o melhor para meus dois bebês. Reese e Pick, e
até Mason, cuidariam deles, e os amariam tal como eu queria que
fossem amados. E nenhum deles jamais teria que voltar a se
preocupar com Bradshaw ou Garrison. Seriam livres para viver o
resto de suas vidas em paz.
— Então faça.
— E você voltará?
Quando concordei, Quinn resmungou de onde estava. Dei-lhe
uma olhada, mas parecia preocupado com o que fazia em seu
telefone.
— Oh, por favor. Diga-me que não fala sério em cumprir todas
as suas ridículas condições.
— Mas...
— Patrícia!
— Eu... Eu... Ele me fez fazer isso. Ele queria separar você
outra vez de mim, afastando-me desse bar. Trabalhei muito para
conseguir que ele comprasse este lugar e que me deixasse
administrá-lo. Deixei-o.... Deixei-o fazer muita coisa comigo, e agora
ele só ia me tirar tudo isso, e levá-lo para longe. Assim do nada?
Nem ferrando.
Ela não abaixou. Levou a arma até seu rosto, colocou o cano
em sua boca e apertou o gatilho.
— O que aconteceu?
— Você se recusou a me deixar sozinha no escritório com meu
pai, seu doce e nobre idiota — falei.
— Sim, acho que posso omitir isso e focar mais na parte onde
você se meteu na frente de uma bala para salvar minha vida.
— Boa ideia.
Não sei quanto tempo passou depois disso, mas nós três
ficamos juntos quando nos perguntaram o que aconteceu. Um
enfermeiro olhou o braço de Quinn. O pobre estava ainda mais
envergonhado de ter desmaiado quando percebeu que a bala só
raspou em seus bíceps. Era tão pequena a ferida que os
enfermeiros decidiram enfaixar o corte ali no bar sem sequer levá-lo
ao hospital.
Não sabia que era possível que Quinn ficasse ainda mais
vermelho, mas ficou.
— O seu também.
Engoli em seco.
— Sim. — Oh, Deus. Eu também não queria pensar nisso. —
Acho que isso significa que você está tão chocado quanto eu agora,
hein?
— O quê?
— Quer saber por que eu não te disse que ele comprou este
clube? Porque sabia que faria algo estúpido assim. De maneira
nenhuma. Se você partisse, eu teria ido atrás e não pararia até te
encontrar. Você me fez uma promessa, disse que nunca iria
embora. E juro por Deus que a cumprirá.
— Ok.
— Eu te amo mais.
— Oh, baby. Está tudo bem. — Passei os dedos por seu rosto e
beijei suas bochechas. — Já passou tudo.
— Não entendo.
Alguns dias eu era grato a Eva pelo acordo que fez com seu
pai. Como o novo dono do Forbidden, eu só tinha um emprego ao
invés de dois. Limpar todo o desastre depois do tiroteio levou tanto
tempo que tive que desistir do meu emprego na oficina, o que era
bom porque agora que as coisas começavam a se acomodar, pude
estar mais com minha família.
Assenti.
Estreitei os meus.
— Oh, acha que ele é sexy, né? Por isso estava tão ansiosa por
abraçá-lo?
Eva disse que não queria nenhum dinheiro de seu pai, mas
pensei que ele a devia, e mais ainda. Por Skylar, Julian e nossa
futura Chloe, decidiu mantê-lo.
Não pensei que teríamos notícias sobre Julian tão rápido. Uma
nova preocupação corroeu meu estômago quando colocou o dedo na
fenda e abriu a carta. Abraçando-a com força, prendi a respiração
enquanto ela examinava rapidamente a única página.
— O quê?
Pisquei e disse
— Casar comigo.
OITO ANOS DEPOIS...
— Por que está tão preocupado? Não vejo por que esta vez é
diferente da última.
Eu ri e balancei a cabeça.
Pick bufou.
— Reese provavelmente está tentando tirá-los do teto agora.
Eu te disse que deixar que ela e Mason cuidassem de nossos filhos
enquanto você estava no hospital era uma má ideia. Quem sabe que
tipo de hábitos seus loucos gêmeos já ensinaram a nossos anjinhos
perfeitos.
Revirei os olhos.
Dei a volta rápido pelo carro para passar meus dedos por suas
costas.
Eu gemi.
— Acho que quatro já é suficiente.
— Eu primeiro, espirro.
19
Personagens do filme “The cat in the hat”, do Dr. Seuss.