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spehar@unb.br
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Índice Página
Introdução 4
Solos: Base da Agricultura 5
Rochas: Material de Origem dos Solos 5
Rochas Ígneas ou Magmáticas 5
Rochas Metamórficas 8
Rochas Sedimentares 9
Detríticas 10
Quimiogênicas 11
Biogênicas 11
Rochas, Intemperismo e Solo 11
Corretivos e Fertilizantes 12
Calagem 13
Gessagem 15
Fertilização 16
Desenvolvimento da Agropecuária no Cerrado e o Ambiente Natural 17
Domesticação de Plantas e Animais 21
Centros de Origem das Plantas e dos Animais Domésticos 22
Centro Chinês 24
Centro Indiano 25
Centro Indo Malaio 25
Centro Asiático Central 25
Centro Oriental Próximo ou Crescente Fértil 25
Centro Mediterrânico 26
Centro Abissínio 27
Centro Mexicano do Sul e Centro-Americano 27
Centro Sul Americano 28
Centro Ilha de Chiloé (Extensão do Centro Sul Americano) 28
Centro Brasileiro Paraguaio (Extensão do Centro Sul Americano) 28
Classificação Binomial: Plantas, Animais e Micro-organismos 30
Relações Atmosféricas, Radiação Solar e a Vida no Planeta Terra 32
Densidade Média do Fluxo Energético 33
Composição Espectral 33
Interação com a Terra 34
Absorção Atmosférica e o Efeito Estufa 34
Transmissão da Energia 35
O Equilíbrio Energético no Planeta 35
Mudanças Climáticas, Ambientais e Impacto Global 37
Relações entre Atmosfera Terrestre e Radiação Solar 38
Atividade Humana e Alterações Atmosféricas 38
Consequências das Emissões de Gases 39
Evidências de Mudanças 40
Variações Climáticas, Protocolos e Acordos Internacionais 40
Ações para Reverter o Problema 41
Cenários 42
Aquecimento Global e a Teoria de Gaia 43
Sistemas de Preparo do Solo 44
Diversidade e Agricultura 45
Agricultura em Ambiente Tropical – Evolução no Cerrado 48
Consequências do Preparo Contínuo do Solo 50
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Evolução dos Sistemas de Cultivo no Brasil 51
Sistemas integrados de cultivo 51
Aperfeiçoamento do plantio direto e outras práticas 55
Benefícios Associados ao Plantio Direto 55
Premissa para Adoção do Plantio Direto 56
Evolução da Mecanização, da Agropecuária e da Sociedade 56
Tráfego Controlado e Conservação do Solo 58
Criação de Oportunidades 58
Diversificação Agropecuária e o Futuro 59
Melhoramento Genético e Ganhos na Agropecuária 60
Modo de Reprodução na Genética e no Melhoramento 61
Plantas anuais 63
Plantas perenes 63
Avanços na Agropecuária e Ciência 64
Soja Adaptada às Baixas Latitudes 64
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) na Família Fabaceae 65
Zootecnia: Importância e Visão geral 67
Ruminantes: Bovino, Caprinos, Ovinos, Bubalinos e Camelídeos 67
Equinos, Asininos e Muares 70
Suinos 70
Aves 71
Aquicultura 72
Agronegócio 73
Insumos 73
Produção 73
Distribuição 74
Alimentos 74
Biocombustíveis 74
Fibras 74
Madeira 74
Questão Ambiental 74
Questão social 75
Características dos Módulos de Produção 76
Pequenas e Médias Áreas 76
Grandes Áreas 76
Relação entre Nutrição da Planta e Produção de Grãos: Soja 77
Exercícios e Definições 78
Desafios aos Estudantes que Iniciam Agronomia 80
Referências e Literatura Consultada 81
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Introdução
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Solos: Base da Agricultura
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A
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ciclo é de grande valor, pois norteia a decisão de como atuar, corrigindo e
fertilizando o solo antes de sua incorporação à agropecuária.
Exemplo do que foi dito é a ocorrência de solos férteis em parte do Paraná,
São Paulo, Minas Gerais e Goiás oriunda da extrusão de magma (rochas
basálticas, de reação básica). O fenômeno ocorreu entre 251 e 65 milhões de
anos AEA. Em São Paulo e no Paraná eles receberam o nome de “terra roxa”,
apresentando elevada fertilidade natural. O nome foi dado pelos imigrantes
italianos que, chegando ao nosso país, se surpreendiam com a forte cor dos
mesmos. A denominação, ainda adotada popularmente, vem de “rosso”,
significando vermelho no idioma dos imigrantes, a cor real desse tipo de solo.
Antes da agricultura contemporânea praticada no Cerrado, incorporando
uso de corretivo (calcário e gesso) e fertilizante (nitrogênio, fósforo, potássio e
micronutrientes), a produção agropecuária no Brasil concentrava-se em solos
naturalmente férteis. Estes solos presentes no Nordeste brasileiro, Sul de
Minas Gerais, Norte de São Paulo e outras partes do Brasil, se constituíram em
base da nossa cafeicultura. Ou seja, até os anos 1950, era baixo o uso de
corretivos e fertilizantes no Brasil.
Portanto, imensas áreas de Mata Atlântica próximas ao litoral e de outras
partes do Brasil, com solos naturalmente férteis, deram lugar a grandes cultivos
como o da cana-de-açúcar. Desde os tempos coloniais, os solos massapé no
Nordeste Brasileiro, também originados de rochas ricas em elementos
químicos nutrientes às plantas, têm sido explorados na agropecuária. Ademais,
em tempo não muito distante do atual, há 60-70 anos, imensas áreas antes
cobertas por vegetação exuberante na floresta de araucária – o pinheiro
brasileiro – Araucária brasiliensis, foram desmatadas para a expansão agrícola.
Tudo isto sem o critério de manterem-se reservas – áreas virgens,
remanescentes da vegetação original, uma exigência legal na atualidade.
Rochas Metamórficas
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Figura 2. Mármore, rocha metamórfica formada a partir da transformação
da calcita ou carbonato de cálcio (CaCO3).
Rochas Sedimentares
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Figura 3. Penhascos formados por rochas sedimentares.
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depósito de balastros, areias, siltes e argilas; ii) consolidadas, formadas pela
consolidação destes mesmos sedimentos detríticos por diagênese.
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Figura 4. Sequência ilustrando a formação do solo a partir da rocha.
Corretivos e Fertilizantes
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elementos cálcio (Ca) e magnésio (Mg), quando adicionado moído, em
partículas finas que aumentam a superfície de contato e a reação com a água
do solo. O gesso, de aplicação rotineira há cerca de 30 anos, dissocia na água
do solo e com ela se movimenta, alterando quimicamente o perfil ou as
camadas componentes do solo.
Calagem
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Tabela 1. Características físico-químicas de solo de Cerrado (Latossolo)
natural (virgem) e depois de corrigido/fertilizado. Planaltina, DF.
Característica
Solo Física Química
Areia Silte Argila M.O.* pH Al+3 (Ca+Mg)+2 P K
g dm-3 cmolc+ mg dm-3
Virgem 340 190 450 20 4,7 1,9 0.4 0,9 15
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Diferente de sal originário de base forte com ácido forte, o calcário não dissocia
em água. A reação que ocorre leva tempo, daí a importância de se fazer
calagem com antecedência ao plantio.
Gessagem
Fertilização
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fertilidade do solo, por aumentar os níveis de Ca, Mg e S. Outros nutrientes,
como o potássio (K) são supridos por fertilizantes, sais como cloreto ou sulfato
de potássio. Na planta, o K está ligado diretamente ao transporte de produtos
da fotossíntese.
Na planta, o fósforo (P), está ligado ao nucleotídeo adenosina trifosfato
(ATP). Absorvido em menores quantidades que K e nitrogênio (N), o P mostra-
se necessário ao crescimento e à produção vegetal. Interfere nos processos de
fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão e
crescimento das células. Contribui para o crescimento prematuro das raízes,
qualidade de frutas, verduras, grãos e formação das sementes. O elemento é
suprido por superfosfatos ou fontes naturais, como fosfato reativo de Gafsa
(Tunísia, Norte da Africa).
O nitrogênio (N), requerido em grandes quantidades, faz parte da molécula
de aminoácidos, alguns dos quais contém enxofre (S), compndo a cadeia de
proteínas das células. São fontes de nitrogênio a uréia, o sulfato de amônio, a
matéria orgânica, resíduos vegetais e aquele retirado do ar por fixação
biológica, em um processo simbiótico. Os micronutrientes Zn, Cu, Mo, Mn, B,
Fe, requeridos em muito pequenas quantidades, comparativamente a N, P e K,
participam da composição de enzimas. Sem esses elementos, ou quando estão
em baixo nível nos solos, as plantas deixam de atingir produtividades
econômicas.
Para entender como ocorrem as liberações de nutrientes no solo, toma-se o
exemplo da reação entre base forte com ácido forte como, por exemplo, NaOH
+ HCl => NaCl + H2O, origina-se o sal de cozinha ou halita. Quando colocado
em água, rapidamente dissocia, assim como KCl, este utilizado como fonte de
potássio. O fenômeno da dissociação se deve à polaridade da molécula de
água (Figura 7). Portando, assim como em água, ocorre similar reação na
solução do solo, tornando o cátion K livre, podendo ser retido por cargas
negativas (matéria orgânica, por exemplo) ou ser lixiviado às camadas mais
profundas do solo ou levado por enxurradas, quando o solo se satura por água,
originando o escorrimento.
Dissociação
K+ H Cl-
O
K+ H Cl-
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O exemplo é dado para que o estudante se interesse por compreender
como funcionam os solos e os fertilizantes – fontes de nutrientes essenciais às
plantas. Assim, valorizará o estudo de química e, depois, de bioquímica (a
química da vida), pois perceberá conexão entre teoria e prática à medida que
avança no conhecimento.
Quanto ao elemento Al, não é utilizado pelas plantas, causando toxidez e
reduzindo crescimento radicular, contrapondo-se ao Ca e o Mg, necessários
como nutrientes. Ademais, os níveis de fósforo (P) em solos virgens de
Cerrado são geralmente baixos (Tabela 1), requerendo intensa adubação
fosfatada inicial para elevar os níveis de P. O potássio (K), assim como cátions
de outros sais dissociáveis, está sujeito à lixiviação, dependendo de manejo do
solo e da planta, além do regime hídrico.
No Cerrado, depois de corrigidos e fertilizados com calcário, gesso fósforo,
potássio e micronutrientes, os solos estão prontos ao cultivo. A tecnologia
definindo níveis de calagem, gessagem e de adubação com N, P e K tem
norteado o estabelecimento de agricultura com elevado nível tecnológico, em
ambiente antes explorado com pecuária extensiva, em baixos índices de
eficiência. As grandes mudanças realizadas por tecnologia originária de
pesquisa serão abordadas em detalhes nas disciplinas de solos. As bases
químicas para compreender o funcionamento serão vistas quando o estudante
seguir o fluxograma do Curso de Agronomia.
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de grandes rios das bacias Paraná-Prata, São Francisco, Tocantins-Araguaia e
Amazônica (Figura 8). Ainda que o ambiente natural seja desfavorável ao
cultivo de espécies de interesse para o ser humano, como as culturas de milho,
feijão e soja, por exemplo, a ocorrência e a distribuição de vasto número de
espécies originadas neste ambiente, demonstra a adaptabilidade das plantas
ao ecossistema a que pertencem, onde evoluíram.
aa
a
a
Reservatório Alimentador de
Rocha b
(impermeável
)
Figura 8. Ambiente de Cerrado: a) vegetação e paisagem; b) solo,
raízes, reservatório de água e rocha impermeável (material de origem).
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Nuvem
Chuva (precipitação)
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respectivamente, quando nossos ancestrais deixaram de ser nômades. Isto
ocorreu logo depois do fim da última grande glaciação continental, ou era
geológica denominada de Holoceno, ocorrida há 12.000 anos. Nesse período
teve início o cultivo das plantas e dos animais e surgiram as primeiras
ferramentas, precursoras da mecanização da agricultura, aumentando a
capacidade e eficiência de trabalho.
A cultivação ou domesticação, isto é a seleção de plantas e animais por
características de interesse ao ser humano, teve início em várias partes do
planeta, por iniciativa de comunidades. Ao deixar a vida nômade de caçador e
coletor, o ser humano se fixou em um lugar, formando comunidades. Surgiram
as cidades e a civilização.
A domesticação foi um processo praticado por nossos ancestrais que se
tornaram essencialmente agricultores, convivendo com as plantas e os
animais. Em tempos modernos, quando se pratica agricultura com altos níveis
de tecnologia, as plantas e animais melhorados tiveram sua base no legado
dos ancestrais. Ou seja, o melhoramento genético foi moldando as culturas
para atender necessidades do ser humano. Com o passar do tempo, a
humanidade tornou-se mais urbana do que rural. Nos tempos atuais, a
convivência com plantas e animais, que foram base da domesticação, tem,
gradativamente, sido abandonada. Perguntas que caberiam aqui: Como será a
domesticação/cultivo do futuro, considerando-se a existência de inúmeras
espécies de interesse para a humanidade e que se encontram em estado
silvestre? Quantas plantas e animais que poderiam contribuir para melhorar a
existência humana estarão disponíveis, dentre milhares identificadas pela
ciência?
A propósito, como se diferenciam as plantas cultivadas daquelas existentes
na natureza. Algumas delas são associadas aos cultivos como as plantas
daninhas ou invasoras. Na tabela 2 encontram-se algumas características
diferenciadoras de plantas cultivadas e silvestres. Verifica-se que, em linhas
gerais, as plantas cultivadas dependem inteiramente do ser humano, ou seja,
não se reproduzem espontaneamente. Outra pergunta que se poderia formular.
Seria possível infestar áreas agrícolas com sementes soja ou milho?
Comparem-se as características das plantas domesticadas e das plantas
daninhas e veja-se, por exemplo, que o ser humano, ao domesticar, foi
moldando as plantas, eliminando dormência. Sementes dormentes germinam
ao longo do tempo, enquanto as de soja ou feijão germinam quando semeadas,
dependendo do ser humano para crescer e reproduzir.
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Tabela 2. Características de separação entre espécies de plantas
silvestres e domesticadas.
Característica Espécie
Silvestre Cultivada
Altura de planta Elevada Reduzida
Ramificação Intensa Pequena
Maturação Indefinida Coincidente
Semente Dormente/Menor Não-dormente/Maior
Deiscência Presente Ausente
Trilha Difícil Fácil
Germinação Não-Sincronizada Sincronizada
Dormência Presente Ausente
Pelos, Espinho Presentes Ausentes
Substância Tóxica Presente Ausente
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Os animais domesticados dependência do ser humano, diferenciando
dos animais silvestres que, independentemente, se multiplicam e vivem em sua
própria busca por alimentos. Característica marcante nos animais silvestres é
seu instinto de ataque e defesa, tornando-os hábeis em defender seu território,
além da busca por saciarem a fome na caça (animais carnívoros).
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Figura 11. Centros de origem das espécies cultivadas (VAVILOV,
1992), primeira aproximação dando origem a outras pesquisas.
Centro Chinês
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• Caqui (Diospyrus kaki, Ebenaceae)
• Soja (Glycine max L. (Merrill), Fabaceae)
• Ameixa, Nectarina e Pêssego (Prunus spp. - várias espécies,
Rosaceae)
• Pera (Pirus comunis - várias espécies afins, Rosaceae)
• Rabanete (Raphanus sativus, Brassicaceae)
Centro Indiano
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• Cebola
• Alho
• Grão-de-bico
• Melão (Cucumis melo L., Cucurbitaceae, centro secundário)
• Cenoura (Daucus carota, Apiaceae)
• Algodão
• Lentilha (Lens culinaris, Fabaceae)
• Linho Têxtil (Linum usitatissimum, Linaceae)
• Pera
• Ervilha (Pisum sativum L., Fabaceae)
• Rabanete
• Centeio (Secale cereale, Poaceae, Centro Secundário)
• Espinafre (Espinaca oleraceae, Amaranthaceae)
• Trigo (Triticum spp., Poaceae - várias espécies)
• Feijão-fava (Vicia faba L., Fabaceae)
• Uva (Vitis vinifera, Vitaceae)
Este centro tem, como região mais importante, aquela que é denominada
Ásia Menor, oriente médio, ou Crescente Fértil. Inclui o território onde se
encontra o Iraque, antiga Mesopotâmia, e o Iran, também conhecido como
Pérsia, considerado um dos importantes centros de origem da agricultura. Essa
região, na atualidade, tem sido conturbada por guerras e conflitos armados. As
espécies domesticadas mais importantes são:
• Cebola (Centro Secundário)
• Alho-porro (Allium apeloprasum var. porrum, Alliaceae)
• Aveia (Avena sativa L., Poaceae)
• Beterraba (Beta vulgaris L., Amaranthaceae, centro secundário)
• Repolho (Brassica oleraceae, Brassicaceae)
• Mostarda-negra
• Melão
• Grão-de-bico
• Cenoura
• Figo (Ficus carica L., Moraceae)
• Alface (Lactuca sativa L., Asteraceae)
• Lentilha (várias espécies)
• Linho têxtil
• Alfafa (Medicago sativa L., Fabaceae)
• Pera (várias espécies)
• Ervilha (centro secundário)
• Centeio (Secale cereale L. - várias espécies)
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• Trigo (Triticum spp. - várias espécies)
• Uva
• Maçã (Malus domestica, Rosaceae - várias espécies)
Centro Mediterrânico
Este centro agrupa o Norte da África e o Sul da Europa, ou seja, toda região
do Mar Mediterrâneo. Algumas espécies originadas nesta região do mundo
são:
• Cebola
• Alho-porro
• Alho (Centro Secundário)
• Aspargo (Asparagus officinalis L., Asparagaceae)
• Beterraba Silvestre
• Beterrabas (hortaliça e açucareira)
• Nabo (Brassica rapa L., Brassicaceae)
• Mostarda-negra
• Repolho
• Grão-de-bico
• Alface
• Lentilha
• Tremoço (Lupinus spp. - várias espécies, Fabaceae)
• Ervilha
• Trigo (Triticum spp. - várias espécies)
• Feijão-fava
Centro Abissínio
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• Tef (Eragrostis tef (L.) Moench, Poaceae)
Este centro engloba também as Antilhas. Muitas das espécies têm origem e
são adaptáveis a condições de solo e clima (edafoclimáticas) das regiões
brasileiras. Na realidade algumas espécies, como para outros centros, são de
ocorrência mais abrangente do que se previa na época de Vavilov. São elas:
• Sisal (Agave sisalana, Agavaceae)
• Caju (Anacardium occidentale L., Anacardiaceae)
• Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis, Fabaceae)
• Pimenta e Pimentão (Capsicum spp., Solanaceae, várias espécies)
• Mamão (Carica papaya L., Caricaceae)
• Abóboras (Cucurbita spp., Cuicurbitaceae, várias espécies)
• Algodão (Gossypium hirsutum, G. barbadense, Malvaceae)
• Batata-doce (Ipomea batatas L., Convolvulaceae)
• Abacate (Persea gratissima L., Lauraceae)
• Feijão "Ayocote" (Phaseolus coccineus L., Fabaceae)
• feijão-de-lima (Phaseolus lunatus, Fabaceae)
• Feijão (Phaseolus vulgaris L., Fabaceae)
• Goiaba (Psidium guajaba L., Myrtaceae)
• Cacau
• Milho (Zea mays L., Poaceae)
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Ligados ao Centro Sul Americano, encontram-se, por extensão os centros
da Ilha de Chiloé e Brasileiro-Paraguaio.
Centro Brasileiro-Paraguaio
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propagação das espécies. Assim, o algodão apresenta espécies asiáticas ou
africanas e espécies americanas. Uma teoria seria a associação dessas
espécies com ambiente insular (de ilhas). As sementes flutuam e podem ser
levadas por correntes oceânicas, dispersando e dando origem a espécies e
variedades. Imagine-se coqueiro (Cocus nucifera), tendo se originada na Ásia
tropical, em áreas litorâneas. Os frutos secos quando caem flutuam e são
levados pelas correntes, dispersando e ampliando sua ocorrência no mundo
tropical.
Modernamente, sugere-se mudança de terminologia usando-se o nome
de Centros de Diversidade Genética em lugar de Centros de Origem.
Considerando que centros de origem são definidos como a região ou local
onde as plantas passaram do estado silvestre para o de cultivadas, e que nem
sempre ficou delimitado, entende-se a polêmica.
Os trabalhos de identificação e definição dos centros de origem das
plantas foram feitos na primeira metade do século XX, ou seja, recentemente,
em comparação a existência e domesticação das espécies. Assim, muitos
autores preferem considerar centros de diversidade genética a partir dos quais
houve a dispersão das espécies.
Por outro lado, por formas de propagação – mecanismo de dispersão:
estrutura da semente (com plumas, aladas, flutuantes), vetores (insetos,
pássaros e outros animais, incluindo o próprio ser humano), houve dispersão
aumentando a área de abrangência. Desde antes da história, tem havido
intercâmbio entre populações de humanos. Possivelmente, esta foi uma forma
efetiva de ampliar-se a área de abrangência e diversidade nas espécies
cultivadas.
Um exemplo é a quinoa cujo centro de origem primário seriam os
arredores do Lago Titicaca. O lago situa-se a 3.800m de altitude sobre o nível
do mar. Entretanto, existe quinoa nos vales (2.000-3.000 m) e em outras partes
da cordilheira dos Andes. No apogeu do império Inca, pouco antes da
conquista espanhola, cultivava-se quinoa desde o Sul da Colômbia até o Norte
da Argentina e do Chile. A introdução do cultivo em locais com grande variação
de ambiente (clima e solo) fez surgirem novos recombinantes genéticos,
aumentando a variabilidade. Esta seria uma forma de gerar diversidade,
extrapolando aos centros de origem (SPEHAR et al., 2014).
O mesmo fenômeno pode ter ocorrido com as espécies cultivadas com
amplos usos (alimentação e matéria prima – alimento animal, fibra etc.), como
milho, algodão, soja, cevada e aveia.
Dos animais domesticados, destacam-se os asininos (asno ou jumento),
os equinos (cavalo), os bovinos (boi), os suínos (porco), os caprinos (cabra), os
ovinos (ovelha) e as aves (galináceos). Domesticados na Ásia, representam
parcela considerável da produção de carne, leite, ovos e derivados consumidos
em todo o mundo. Algumas das espécies de grande porte se destacam na
tração animal, muito comum no passado. Existem outros animais domesticados
regionalmente, como o camelo, a lhama e a alpaca (camelídeos).
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De uma forma geral e para facilitar nossa percepção, associem-se
espécies de origem tropical e de ambiente de clima temperado, com os
respectivos continentes de origem. Assim, as várias espécies, perenes, de
citros (Citrus spp.), maçã e pera (Pirus spp.) foram domesticadas na Ásia
subtropical, bem como a soja, o arroz, o trigo, a aveia, o grão-de-bico, espécies
anuais. O feijão (Paseolus vulgaris), o milho (Zea mays), espécies anuais foram
domesticados no continente americano, assim como o cacau (Teobroma
cacao), o caju (Anacardium ocidentale), perenes, no ambiente tropical.
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itálico, ou, alternativamente, ser sublinhados, seguidos pelo autor ou autores da
descrição.
Embora no âmbito do esforço de unificação da nomenclatura biológica os
conceitos tenham sido fundidos, tendo hoje o mesmo significado,
tradicionalmente, no campo da zoologia, o conceito é referido como
"nomenclatura binominal", enquanto que, no campo da botânica, da micologia e
da bacteriologia, o conceito é, geralmente, apelidado "nomenclatura binária"
ou, por vezes, "nomenclatura binomial".
Como exemplos de micro-organismo, temos o fungo Cercospora sojina
Hara ou mancha olho-de-rã, que causa doença em soja. Cercospora vem do
grego kerkos (Κέρκος), cauda e spório (σπόριο). Portanto, esporo com cauda e
soutzína (σουτζίνα) da soja. Hara foi o micologista Kanesuke Hara quem
classificou o patógeno (causador de doença). Dentre as bactérias patogênicas
tem-se Xanthomonas albilieans (Ashby) Dowson em cana-de-açucar, do grego,
xanthos = amarelo; monas = unidade ou ξανθόμων; albilineans do latim =
linhas brancas. A taxonomia foi primeiramente definida por Ashby e depois por
Dowson.
A nomenclatura binomial é o método universalmente aceito para a
atribuição do nome científico a espécies (com excepção dos vírus). Como o
termo "binomial" sugere, o nome científico de uma espécie é formado pela
combinação de dois termos: o nome do género e o descritor específico. Apesar
de alguns pormenores diferirem consoante o campo da biologia em que a
espécie se insere, os traços determinantes do sistema são comuns e
universalmente adaptados:
As espécies são identificadas por um nome composto por dois nomes: um
nome genérico e um descritor específico. Nenhum outro taxon pode ter nomes
compostos por mais de um complemento.
As subespécies têm um nome composto por três nomes, ou seja, um
trinome, colocados pela seguinte ordem: nome genérico, descritor específico e
descritor subespecífico. Exemplos: Rhea americana alba, onde alba é a
subespécie; Canis lúpus (lobo), recebe o nome trinomial de Canis lupus
familiaris, ou cão doméstico; Equus asinus var. catalana é o nome do jumento
da Catalunha, Espanha.
Todos os taxa hierarquicamente superiores à espécie tem nomes
compostos por uma única palavra, ou seja, um "nome uninominal".
O primeiro termo, o nome genérico é sempre escrito começando por uma
maiúscula, enquanto o descritor específico (em zoologia, o nome específico,
em botânica o epíteto específico) nunca começa por uma maiúscula, mesmo
quando seja derivado de um nome próprio ou de uma designação geográfica.
:Nestes casos, Carolus Linnaeus usava maiúscula no descritor específico,
sendo prática comum até princípios do século XX capitalizar o descritor
específico se este derivasse de um nome próprio.
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Figura 12 Fac-símile de Species Plantarum e Sistema Naturae, livros
publicados pelo taxonomista Caroli Linnaei (Carl Nilsson Linnæus) no
século XVIII.
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coroa solar). Ali surgem pontos mais aquecidos e frios em constante mutação,
associadas a erupções cromosféricas e outros fenómenos que se traduzem na
formação das manchas solares e na complexa dinâmica dos ciclos solares.
A Terra recebe energia que é determinada pela projeção da sua
superfície sobre um plano perpendicular à propagação da radiação (π R2, onde
R é o raio da Terra). Como o planeta roda em torno do seu eixo, esta energia é
distribuída, embora de forma desigual, sobre toda a sua superfície (4 π R 2). Daí
a radiação solar média recebida sobre a terra, ou insolação, corresponde a 342
W/m2, a quarta parte da constante solar. O valor real recebido à superfície
terrestre depende da latitude e da época do ano (em função da posição da
Terra ao longo da eclíptica), do estado de transparência da atmosfera sobre o
lugar, em particular da nebulosidade. Na atualidade, a radiação solar se mede
com radiómetros que registam a composição espectral e a energia recebida.
Composição Espectral
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excisão (remoção) de nucleotídeo — que são as unidades do DNA formada
pelas bases adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T). Esse processo
é chamado de reparo por excisão (remoção) de bases ou nucleotídeos
Transmissão da Energia
De toda a radiação solar que chega às camadas superiores da
atmosfera, apenas uma fração atinge a superfície terrestre, devido à reflexão e
absorção dos raios solares pela atmosfera. A fração que atinge o solo é
constituída por uma componente direta (ou de feixe) e por uma componente
difusa. Dessas componentes, se a superfície receptora estiver inclinada com
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relação à horizontal, haverá uma terceira componente refletida pelo ambiente
circundante (nuvens, solo, vegetação, obstáculos, terreno).
Antes de atingir o solo, as características da radiação solar (intensidade,
distribuição espectral e angular) são afetadas por interações com a atmosfera
devido aos efeitos de absorção e espalhamento. Essas modificações são
dependentes da espessura da camada atmosférica atravessada (a qual
depende do ângulo de incidência do Sol, variável ao longo do dia). Este efeito é
em geral medido por um coeficiente designado por Coeficiente de Massa de Ar,
o qual é complementado por um fator que representa as condições
atmosféricas e meteorológicas existente no momento.
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130% (19% ultravioleta. + 111% emissão terrestre); emitida: 160% (64% para o
espaço + 96% para a superfície).
A partir desta constatação se concluiria, que a superfície aqueça e a
atmosfera arrefeça. Isso não acontece porque existem outros meios de
transferência de energia da superfície para a atmosfera que representam, no
seu conjunto, uma transferência líquida de 30% do total de radiação solar
incidente que equilibra o cômputo de energia no planeta.
O ar quente que se eleva a partir da superfície transfere calor para a
atmosfera. Essa transferência de calor (o fluxo de calor sensível) corresponde
a um valor de energia que é 7% do total de radiação solar incidente.
A evaporação da água na superfície do planeta corresponde a uma
extração de calor que acaba por ser liberado durante o processo de
condensação na atmosfera (que dá origem à formação das nuvens). Essa
transferência de calor (o fluxo de calor latente) corresponde a um valor de
energia que é 23% do total de radiação solar incidente.
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As causas naturais correspondem ao ciclo solar, variação orbital, deriva dos
continentes, efeitos el Niño e la Niña relacionados a correntes oceânicas,
influenciando esfriamento e aquecimento globais causando glaciações e o
derretimento do gelo em geleiras e nos polos. Enquanto o vulcanismo, menos
intenso na atualidade, em termos geológicos, pode também exercer influência
sobre o clima. Um exemplo de história recente, ocorrido em 1887, foi a erupção
do vulcão Cracatoa, situado em ilha da Indonésia próximo a Java. A atividade
foi tão intensa, lançando cinza na atmosfera, visível em várias partes da Terra.
Naquele período não foi possível determinar os seus efeitos sobre o clima, algo
que acabou passando despercebido.
As causas antropogênicas são ligadas ao ser humano ou à atividade
humana: aumento de poluição e queimadas: emissão de gases de efeito estufa
por vários meios, entre eles, o mais importante tem sido a queima de
combustíveis fósseis. O efeito estufa é consequência da absorção das
radiações ultravioleta e infravermelha pelos gases da atmosfera terrestre,
fazendo com que o planeta se aqueça. Regula a temperatura e permite a
proliferação da vida; sem esse fenômeno não haveria vida na Terra. Entretanto,
quando a proporção desses gases é < 1%, na composição da atmosfera,
rompe-se o equilíbrio entre energia que entra e a que sai, causando aumento
da temperatura.
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emissão de gases tem aumentado, alterando a composição da atmosfera. O
impacto tem sido maior por aumento nas emissões de CO 2, porém outros
gases se somam, causando o efeito estufa. O efeito estufa corresponde às
alterações no comportamento da luz incidente que chega ao planeta Terra,
proveniente do sol. Parte da radiação que refletiria de volta ao espaço, se
difunde pela atmosfera, aquecendo-a.
Desde fins do século XIX e início do XX, a principal matriz energética tem
continuado no uso de combustíveis fósseis, verificando-se relação da
temperatura com aumento significativo na quantidade de poluentes na
atmosfera. Dentre estes se destacam o dióxido de carbono (CO2), Metano
(CH4) e os óxidos de nitrogênio (NOx). A maior parte das emissões de CO2 é
proveniente dos combustíveis fósseis, respondendo por cerca de 80 % do
aquecimento global. Entretanto, as emissões de metano (CH4) e óxido nitroso
(NO2) são provenientes do aumento gradual da temperatura e de atividade
agrícola.
As principais fontes de metano são: emanação de vulcões; de lama e falhas
geológicas; decomposição de resíduos orgânicos; fontes naturais (pântanos);
extração de combustível mineral; digestão de animais herbívoros – “arroto do
boi”; ação de bactérias; aquecimento ou combustão de biomassa anaeróbica.
O Brasil, com o maior rebanho bovino do mundo, seria um poluidor em
escala. Contudo, é necessário levar em conta o balanço entre o que é emitido e
o imobilizado, no caso o corpo do animal. Esse balanço é importante, como se
verá em seguida, pois a agropecuária tem sido algumas vezes apontada como
vilã, contribuindo para aumentar a emissão de gases de efeito estufa. Por
outro lado, como consequência do aquecimento, regiões imensas em áreas de
clima temperado sofrem com o degelo. Assim, lagos e pântanos passam a
liberar metano, antes imobilizado no gelo. No hemisfério norte, acima do círculo
polar ártico, isto tem se evidenciado no degelo da camada abaixo da superfície,
atingindo o pergelissolo (permafrost, em ingês). Portanto, o aquecimento global
contribui para se intensificarem as emissões, como reação em cadeia.
Quanto ao óxido nitroso (N2O) há uma ligação entre ele e o uso de
fertilizantes nitrogenados. Em 1950 eram utilizados 3 106 t no mundo; hoje a
proporção é maior do que 50 106 t. Quanto ao potencial de causar o efeito
estufa, uma molécula de N2O equivale a 250 moléculas de CO2. Na conversão
de florestas em pastagens – emissão de CO2 (fogo e não assimilação daquele
existente) há aumento na disponibilidade imediata de N (mineralização pelo
fogo), com liberação significativa de N2O. A atividade agropecuária que se
estabelece, a partir da abertura de novas áreas nos biomas pode e deve ser
conduzida para integrar a tecnologia existente e levar a um balanço positivo.
Este tem sido o foco da nova agropecuária, tema que será desenvolvido ao
longo do curso de agronomia.
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Consequências das Emissões de Gases
Evidências de Mudanças
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Protocolo de Kyoto, estabelecendo compromissos para reduzir a emissão dos
gases de efeito estufa (GEE). Foi aberto para assinatura em 1997 e ratificado
em 1999, por 55% dos países que produzem 55% das emissões. Entrou em
vigor a partir de 16/02/2005. O protocolo estabelece calendário para reduzir
emissões por países-membros (desenvolvidos) em pelo menos 5,2%, relativos
aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012.
Entretanto, as metas de redução não têm sido homogêneas entre países.
Mais recentemente, surgiu o acordo de Paris, um tratado no âmbito da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(CQNUMC), que rege medidas de redução de emissão de gases estufa a partir
de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2 ºC,
preferencialmente em 1,5 ºC, e reforçar a capacidade dos países de responder
ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável.
O acordo foi negociado em Paris e aprovado em 12 de dezembro de 2015,
acertando comprometimento dos países poluidores, com ações concretas para
a mudança da matriz energética global. Investimentos em fontes alternativas,
como energia eólica e solar fotovoltaica. Mesmo diante de evidências,
demonstradas pela ciência, mais recentemente (2017), Donald Trump,
presidente dos Estados Unidos da América, decidiu, de forma unilateral e à
revelia de cientistas, políticos e empresários daquele país, a retirada do acordo
de Paris.
Na esfera mundial, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países
poluidores, correspondendo à terça parte gerada pelos Estados Unidos da
América, maior poluidor que responde por mais de 15 % das emissões de
gases de efeito estufa, com população total que representa 4% da população
global
No Brasil, as emissões são relacionadas às queimadas, frequentes na
época da seca nas regiões Centro-Oeste e Norte. Isto se pode evitar e reduzir,
diferente do que ocorre em países como Estados Unidos, China e Indonésia,
onde a as emissões por queima de combustíveis fósseis na indústria e nos
veículos automotores é grande poluidora e requer maior tempo para
adequações. Mais recentemente, a China com seu espetacular crescimento
econômico, tem sido responsável pelo aumento nas emissões, pois, igualmente
aos demais, emite gases queimando combustível fóssil: petróleo e carvão.
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Esse painel tem como propósitos avaliar as mudanças na composição da
atmosfera e alterações no clima terrestre; propor soluções de mitigação do
efeito estufa causado pela atividade humana; e projetar cenários sobre o que
pode ocorrer na Terra. O IPCC apresenta três grupos de trabalho: o GT1
recupera a informação científica a respeito da mudança do clima; o GT2 avalia
os impactos ambientais e socioeconômicos da mudança do clima; o GT3
formula estratégias de resposta às MCG (adaptação e mitigação – atenuação).
Como consequência das emissões de gases, tem-se associado mudança
na composição da atmosfera com o aumento da temperatura média global,
chegando a 0,74 0C nos últimos 100 anos. No quarto relatório do IPCC, projeta-
se um aumento da temperatura média global entre 1,8 e 4,0 0C nos próximos
100 anos, se nada for feito.
Ações para contornar o problema do aquecimento global, requerem
investimento em pesquisa nas áreas prioritárias de melhoramento genético das
culturas para resistência à seca; seleção de plantas tolerantes ou resistentes a
pragas e doenças que devem intensificar com o aumento da temperatura e de
irregularidades nas precipitações pluviométricas (chuvas).
As emissões têm de ser reduzidas, seguindo um planejamento global,
mitigando a intensificações das irregularidades climáticas. Deve crescer a
busca por crédito de carbono, quando se estabelecem reservas ou plantios
florestais. Países poluidores negociam com outros menos desenvolvidos e com
potencial agropecuário para se estabelecerem áreas em que florestas ou
outros cultivos permanentes sequestram carbono do ar, imobilizado na
biomassa vegetal.
Por outro lado, deve intensificar a busca por mudanças na matriz energética
– uso de energia eólica (aproveitando o movimento do vento) e solar. As
emissões de metano devem ser o foco de pesquisa, buscando formas de
reduzir as emissões pelos seres vivos (ruminantes) e por áreas naturais que
passam por degelo, por exemplo. O sequestro de carbono (C), fixando o
elemento na biomassa deve contribuir para reduzir a proporção de gás
carbônico entre os gases atmosféricos.
Assim, as florestas e outras formas de agricultura que permitam sua
imobilização na biomassa devem intensificar. Por último, deve-se buscar o
desenvolvimento de agricultura em sistemas integrados que permitam
sequestrar grandes quantidades de carbono que é retirado da atmosfera. Em
essência, busca-se, via aproveitamento da energia solar incidente e a
capacidade das plantas de realizar fotossíntese, retirar carbono da atmosfera,
compensado pelas emissões por queima de combustível fóssil.
Portanto, a agricultura deverá desempenhar papel preponderante no
balanço energético e nas emissões de gases de efeito estufa. Neste sentido o
Brasil, por seu potencial agrícola e pecuário deverá se destacar, tornando-se
referência mundial. Aos futuros agrônomos existe a oportunidade de contribuir
com tecnologia que leve ao equilíbrio, minimizando os efeitos causados pela
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atividade humana, oferecendo serviços vitais à sobrevivência humana,
salvando o planeta Terra.
Cenários
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utilizadas como alimento pelo ser humano. De novo, a reação em cadeia,
ameaçará o equilíbrio entre as formas de vida.
Diversidade e Agricultura
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A agricultura surgiu com a domesticação de plantas e, com ela, o cultivo
- preparo do solo antes da semeadura. Desde a antiguidade, os seres humanos
desenvolveram o conceito de que a germinação das sementes deitadas ao solo
e a emergência das plântulas seriam mais eficientes se o solo estivesse
preparado. Assim, como visto, o solo fofo, por interferência mecânica na sua
estrutura e textura passou a ser prática na agricultura mundial, gerando
tradições específicas de cada cultivo e povo.
Os indícios são de que o arado tenha surgido concomitante à agricultura
e domesticação de plantas, ou seja, há cerca de 10.000-12.000 anos. Os locais
prováveis foram os grandes rios como no Tigre e Eufrates (Mesopotâmia, hoje
Iraque), China (Yang Tse, ou Rio Amarelo) e Índia e Paquistão (rios Ganges e
Indus). Do Oriente, chegou à Europa e Norte da África (Egito).
Inicialmente o arado foi composto alavanca terminada por madeira com
ponta que servia para romper o solo. Esse instrumento foi descrito pelos
antigos egípcios em suas ilustrações há mais de 3.000 anos.
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Em seguida tendo evoluindo para tração por máquinas desenvolvidas
pelo ser humano, os tratores, o seu uso se intensificou a partir da Revolução
Industrial entre os séculos XVIII e XIX. A força ou potência dos primeiros
tratores era consideravelmente menor do que os atuais e o volume das
mesmas maior. Eram tratores movidos a vapor, de combustão externa.
Somente no final do século XIX surgem os primeiros tratores com motor de
combustão interna, A capacidade de trabalho aumentou consideravelmente
com a incorporação de novos arados, como os de disco rotativo
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(Araucaria angustifolia, da família Ariocaraceae) no norte do Paraná, interior de
São Paulo e Minas Gerais (Serra da Mantiqueira) de outras partes do Brasil.
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com a queima das pastagens nativas. Assim, o cultivo de arroz era uma forma
ou um meio de amortizar o custo de implantação de pastagem, objetivo final do
produtor que, em geral era um pecuarista.
O procedimento para essa prática se baseava no preparo tradicional do
solo: aração ou gradagem pesada, seguida por discagens e semeadura. A
calagem era parcial, pois não havia moinhos de calcário na região, mesmo
diante de imensas jazidas do mineral nas condições exigidas para a correção
do solo.
Nesse cenário se formaram as grandes áreas de pastagem artificial as
quais, na atualidade, se encontram em alguma fase de degradação, onde a
principal causa tem sido o esgotamento do solo. Não tem havido reposição de
nutrientes, reduzindo-se o nível de eficiência dessas pastagens, acrescido da
proliferação de cupins de montículo. Contudo, esse sistema tem inspirado o
desenvolvimento da integração lavoura-pecuária com uso de tecnologia
avançada e criando perspectiva de exploração sustentável.
Exploração sustentável significa maximizar os retornos financeiros por
unidade de insumo (por exemplo: calcário, fertilizante, semente) causando o
menor impacto negativo possível ao ambiente e conservando os meios de
produção (solo e água). Ademais, são mantidas áreas de Cerrado, gerando a
agroecologia. Essa é a tendência do futuro.
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velocidades e o tempo requerido são diferentes, havendo atrasos por excesso
de chuva e expondo o solo desnudo e preparado a chuvas causadoras de
erosão.
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A iniciativa em torno do plantio direto, exemplo para os países tropicais de
todo o mundo, tem refletido na mudança de comportamento dos produtores e
técnicos na busca da sustentabilidade da agricultura. Resultou maior
profissionalismo pela incorporação de tecnologias e melhorias gerenciais dos
fatores e processos de produção. Na atualidade, tem sido reconhecida
alternativa para que se estabeleçam políticas, favorecendo o desenvolvimento
ambientalmente sustentável, voltadas para a prosperidade da agricultura, com
evidentes benefícios para toda a sociedade.
Destaca-se nesse contexto a expressiva expansão do plantio direto no
Brasil, evoluindo de cerca de um milhão de hectares com culturas anuais, no
início da década de 1990, para mais de 12 milhões no ano 2000. Além disso, o
sistema passou a ser utilizado em todas as culturas perenes, na cana-de-
açúcar, na recuperação de pastagens por meio da rotação entre lavouras e
pastagens, no reflorestamento, na fruticultura, na olericultura (cultivo de
hortaliças), constituindo-se em importante alternativa para a economia de
operações manuais, de tração animal, por tratores ou aéreas. Dessa forma, fica
evidente a universalidade e abrangência, ensejando sua escolha como o mais
potente instrumento a ser fomentado no manejo racional das bacias
hidrográficas.
Para que essa fantástica expansão pudesse trazer os benefícios
desejáveis, em um ambiente mais favorável a sua adoção e seu
aprimoramento, celebraram-se os mais variados compromissos e parcerias,
conforme os exemplos dos Clubes Amigos da Terra (CATs) e similares
(cooperativas, associações, fundações, grupos etc.). O objetivo principal
perseguido é o desenvolvimento de agricultura sustentável, próspera e cada
vez mais limpa. Abrem-se novas oportunidades de cooperação nas áreas de
pesquisa, ensino e de melhor equacionamento das pendências existentes no
agronegócio brasileiro.
O plantio direto compreende um conjunto de técnicas integradas que visam
melhorar as condições ambientais (água-solo-clima) para explorar da melhor
forma possível o potencial genético de produção das culturas (Primavesi,
2000). Para tanto, deem ser respeitados três requisitos mínimos - não
revolvimento do solo, rotação de culturas e uso de espécies que deixam
grandes quantidades de resíduos. Culturas de cobertura do solo, para
formação de palhada protetora, associam-se ao manejo integrado de pragas,
doenças e plantas daninhas.
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Figura 21. Plantio direto na palha, com revolvimento do solo apenas na
linha de plantio.
Contudo, o plantio direto não deve ser visto como uma receita universal,
mas como um sistema que exige adaptações locais. Estas têm sido executadas
por iniciativa dos próprios agricultores, com a integração contínua de esforços
envolvendo pesquisadores e técnicos, possibilitando avanços palpáveis no
desenvolvimento e na transferência de tecnologias.
A adoção do plantio direto expressa um anseio antigo, permitindo ao ser
humano se harmonizar com a natureza, proporcionando economias
significativas para a sociedade como um todo. Torna-se possível, assim, a
minimização de custos por unidade produzida a partir da maximização da
produtividade de insumos e de mão-de-obra.
Associam-se aos fatores favoráveis do plantio direto a diminuição
significativa de consumo de petróleo (60 a 70 % a menos de óleo diesel), o
aumento do sequestro de carbono (aumento do estoque no solo e da matéria
orgânica em decomposição na superfície), a diminuição expressiva da perda de
solo por erosão (90 % a menos nas perdas estimadas em 10 t solo/t de grãos
produzidos). Ademais, o plantio direto evidencia a necessidade de se obter
uma agricultura limpa, produzindo mais alimentos de qualidade, com menor
impacto negativo sobre o meio ambiente e o ser humano.
O sistema de plantio direto permite o cumprimento do calendário agrícola,
validando as recomendações do zoneamento e sendo um atrativo para as
seguradoras, viabilizando a atividade por semeaduras e colheitas previsíveis.
Por suas reconhecidas características, comprovadas amplamente pela
pesquisa agropecuária brasileira, o plantio direto tem sido a mais importante
ação ambiental brasileira em atendimento às recomendações da conferência
da Organização das Nações Unidas (Eco-92) e da Agenda 21 brasileira, indo
ao encontro do que foi acordado na assinatura do Protocolo Verde. O Protocolo
Verde, por definição, é uma carta de princípios assinada em 1995, no qual
instituições bancárias públicas e privadas brasileiras assumiram o
compromisso de cumprir com um conjunto de medidas socioambientais que
estabelecem políticas e práticas bancárias em harmonia com desenvolvimento
justo e sustentável.
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Sistemas integrados de cultivo
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O sistema praticado na atualidade representa um aprimoramento do
consórcio pioneiro, realizado no início da exploração do Cerrado. Naquele
momento, havia escassez de calcário, ainda que houvesse imensas jazidas de
rocha. O consórcio preconizado e que funcionava era baseado em semeadura
simultânea de arroz e semente de forrageira (Brachiaria decumbens), em solo
parcialmente corrigido com calcário e fertilizante. Colhia-se o arroz e sobrava a
pastagem formada.
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Benefícios Associados ao Plantio Direto
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animal aumentando a potência de trabalho, houve avanço, representando a
primeira revolução agrícola.
Incluem-se ainda nesse período, os métodos de irrigação que permitiram
antigas civilizações de utilizar a água abundante em áreas desérticas. Este é o
exemplo das civilizações orientais (China, Índia) dos Medos (Oriente Próximo)
e dos Egípcios (África). A engenhosidade do ser humano em criar novas
máquinas e alternativas para o uso da terra tem uma história de 10 a 12 mil
anos. Ou seja, a domesticação de plantas e animais, as técnicas de uso de
solo e da água e as máquinas e equipamentos agrícolas, evoluíram
conjuntamente, permitindo avanços antes impensáveis.
O aprimoramento contínuo dos processos resultou em uma segunda
fase ou revolução com sistemas de cultivo mais evoluídos, ampliando-se a área
irrigada, adaptando-se plantas a esses sistemas, intensificando-se a
mecanização por tração animal. Esta consistiu em uma nova possibilidade de
produzir alimentos e matérias-primas a partir da atividade agropecuária. Estes
avanços possibilitaram a evolução da sociedade humana, que culminou com o
término da idade média e o surgimento do iluminismo (renascença).
A revolução que sobreveio culminou com avanços na mecanização que
se acentuou nos séculos XVIII e XIX. Neste período, graças à ciência aplicada,
conceberam-se e criaram grandes máquinas a vapor, permitindo que se
ampliasse ainda mais o potencial de trabalho individual. Esta fase, ou terceira
revolução, levou ao melhoramento genético, com seleção de plantas e de
animais para adaptá-los ao cultivo em escala.
Estes ganhos foram sucedidos por crescimento populacional, maior
organização social e desenvolvimento humano. Em decorrência, os as
descobertas na ciência tornaram possível entender melhor os processos
biológicos, a compreender os fatores genéticos e a hereditariedade, a definir
métodos de melhoramento de plantas e de animais, aprimorar o conhecimento
do solo e de como interferir para melhorar o seu desempenho, a definir formas
de propagação e sistemas de produção de sementes para as diferentes
espécies de interesse comercial. Estes avanços foram acompanhados pela
crescente mecanização das atividades agropecuárias. Novas máquinas mais
potentes ampliaram o potencial de cultivo, caracterizando os grandes avanços
ocorridos no século passado (XX).
Na atualidade, os ganhos têm se acentuado, incorporando às máquinas
informatização por tecnologia embarcada. Máquinas mais potentes (tratores,
plantadeiras, pulverizadores e colhedoras), informatizadas com GPS para
fertilização e controle fitossanitário diferenciados nas áreas de cultivo
representam o avanço mais atual. Tudo isto tende a se aprimorar em
velocidade que surpreende. Nada se compara com o ritmo de ganhos que têm
sido obtidos, destacando-se, por exemplo, a última versão de trator –
autônomo, sem operador, comandado por sistemas informatizados.
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Figura 23. Trator autônomo, georreferenciado, sem operador.
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Figura 24. Tráfego controlado em fazenda.
Criação de Oportunidades
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Pedaliaceae), grão de bico (Cicer arietinum, Fabaceae) dentre várias outras
opções (Spehar, et al.,2014; Spehar; Trecenti, 2011
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ambiente. Ademais, contribuirão para melhorar a dieta alimentar de humanos e
animais domésticos, na produção de fibras e energia, além de outras matérias
primas demandadas no país e no mundo. As comunicações serão fortes
aliadas ao resgate da diversidade produtiva na agricultura moderna.
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Modo de Reprodução na Genética e no Melhoramento
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externa. Há espécies de plantas com alogamia parcial, em geral por efeito de
insetos polinizadores, como algodão.
Plantas Anuais
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utilizar a segunda geração (F2). Isto quer dizer que o valor das sementes
ocupa considerável proporção dos custos de produção.
Plantas perenes
As espécies perenes levam mais tempo para que novos cultivares sejam
obtidos. Imagine-se o ciclo de uma mangueira. Realizados cruzamentos entre
genitores que apresentem complementaridade, por exemplo, produtividade
(genitor A) com resistência a doenças (genitor B). Depois de obtido o fruto
híbrido, semeia-se para obter-se a planta F1 (primeira geração após
cruzamento). Até que ela cresça e se reproduza, serão necessários três a
quatro anos. Só aí é que se pode identificar se a planta híbrida combina os
alelos de genes que buscamos.
Não é em vão que manga, assim como abacate, ambos perenes e com
alogamia, são multiplicados via propagação clonal. Neste caso a planta mãe,
híbrido em F1, será multiplicada por enxertia.
Outra possibilidade é a propagação vegetativa direta ou enraizamento de
ramos da planta mãe, como em eucalipto e café robusta (Coffea canephora),
ambas alógamas. O café Coffea arábica do qual o Brasil é o maior produtor
mundial, é autógama. Por seleção a partir de progênies se obtêm linhas quase
homozigotas, o que consome tempo. Imagine-se que cada geração leve dois a
três anos para a primeira produção; a quarta geração (F4) será atingida em 8-
12 anos, dependendo da espécie e do ciclo reprodutivo da mesma. Portanto, o
tempo para a obtenção de cultivar é longo, devido ao método de seleção e a
necessidade de se avaliar antes da recomendação. Daí, a importância de se
definirem os cruzamentos e seleção associada à propagação vegetativa nas
espécies perenes.
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As ciências contribuem de forma interativa, associando tecnologias
decorrentes das diferentes especialidades. Assim, os ganhos providos por
química resultaram no domínio da modificação do solo para produzir em nível
econômico. As plantas têm sido adaptadas aos sistemas de cultivo, com o uso
da genética. As ações que levam à obtenção de rendimentos viáveis, tem ainda
a contribuição da economia, da física e, sobretudo, da matemática. Em aula o
tema tem sido comentado, com exemplos para explicar o crescimento das
plantas, o nível de suprimento de nutrientes com máximo retorno econômico e
outros.
Os avanços têm sido tão relevantes na modificação e uso de solos ácidos
como os do Cerrado, que países africanos e asiáticos têm se interessado por
intercâmbio. Esse conjunto de tecnologia forma o arcabouço do sucesso no
agronegócio brasileiro. Os exemplos a seguir são notórios e confirmam o valor
da ciência para a sociedade.
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relacionados à maturidade fisiológica da planta, retardando-a. Assim, as
plantas crescem para, somente quando atingirem a maturidade, mostrar
resposta ao encurtamento dos dias. Maior informação de como funciona o
florescimento em soja será vista oportunamente, à medida que o estudante
curse os semestres mais avançados.
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Como consequência, a agroindústria brasileira desenvolveu-se, baseada na
suinocultura, avicultura, bovinocultura e outros animais domésticos. Assim, a
dieta alimentar brasileira passou por avanços, com maior qualidade e
quantidade de produtos. Da mesma forma, o melhoramento animal seguiu-se
ao das plantas cultivadas. Portanto, o melhoramento genético associado ao
uso de tecnologia produtiva tem salvado a economia nacional, medida pela
eficiência do agronegócio.
Ademais, esse sucesso da agropecuária tem permitido ao Brasil sobreviver
às crises, dentre elas a político-econômica. Ficou evidente em período
conturbado em que se a nação brasileira dependesse apenas dos políticos o
Brasil estaria irremediavelmente perdido. Os políticos conseguiram frustrar
expectativas. Faliram empresas estatais, em esquemas de corrupção
raramente vistos; mostraram nosso lado vergonhoso que muitas vezes tem
ficado oculto. Diante de tudo isto, está uma agropecuária que segue pujante, a
mostrar que podemos superar a nós mesmos – este é o maior desafio a
permear gerações.
Bovinos
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alimento previamente preparado, consistindo por forragem enriquecida. Esses
animais apresentam grande capacidade de conversão alimentar, por possuírem
o estômago dividido em quatro partes: a pança ou rúmen; barrete ou retículo;
folhoso ou omaso e coagulador ou abomaso. No rúmen desses animais há
bactérias que atuam sobre a forragem transformado produtos ricos em celulose
e carboidratos em outras substâncias como proteínas.
Caprinos
Figura 32. Caprinos: raças locais (NE, Brasil), Alpina (suíça), Anglo-
Nubiana (Inglesa).
Ovinos
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Figura 33. Raças de ovinos: Merino (Portugal – lã e carne), Morada
Nova, Santa Inês (NE, Brasil) e Dorper (Africa do Sul – carne).
Bubalinos
Animal ruminante típico, o búfalo asiático, Bubalus bubalis L. que têm sido
utilizados pelo ser humano para a produção de carne, leite e derivados. Inclui-
se ainda a sua função de tração para mover implementos usados no plantio, na
condução de lavouras, auxiliando no cultivo e na colheita.
Existem outras espécies de ruminantes que, ainda sendo denominados
búfalos, não apresentam proximidade genética e não geram híbridos férteis.
Camelídeos
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Os mais conhecidos mundialmente são camelos, com as espécies Camelus
dromedarius e Camelus bactrianus, originários de áreas desérticas quentes e
desertos frios. Da mesma família (Camelidae) encontram-se a Llama (Lllama
glama) e a Alpaca (Vicugna pacos) domesticados na cordilheira dos Andes.
Figura 36. Cavalo (Equus caballus), asno (E. asinus) e mula (E. caballus x
E. asinus).
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Interessante ressaltar que esses animais são igualmente herbívoros
como os ruminantes ainda que monogástricos, enquanto os ruminantes são
também classificados como poligástricos.
Nos herbívoros monogástricos, os micro-organismos que atuam na digestão da
celulose são bactérias e estão presentes no intestino grosso, geralmente em uma
região chamada ceco ou apêndice cecal. Este apêndice é alongado, dando abrigo às
bactérias que atuam na digestão de fibras. Além dos cavalos, jumentos e muares,
encontram-se as zebras e os coelhos.
Suinos
Aves
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produção comercial teria surgido em Minas Gerais, por volta de 1860, com o despacho
galináceos para outras regiões brasileiras. A criação do frango, no entanto, era
campestre. As aves (crioulas ou galinhas caipiras) viviam soltas e demoravam até seis
meses para atingir o peso de abate, na faixa de 2,5 quilos ou mais.
A modernização com produção em escala da avicultura na década de 1930, em
razão da necessidade de abastecer os mercados demandantes. A partir dos anos
1950, a avicultura brasileira ganhou impulso com os avanços da genética, o
desenvolvimento das vacinas, nutrição e equipamentos específicos para sua criação.
As agroindústrias avícolas brasileiras ganharam estrutura no início dos anos 1960.
Na atualidade, os frangos de corte são abatidos com cerca de 40 dias de idade e
peso médio de 2,4 quilos. O crescimento da avicultura comercial brasileira, tem se
baseado no melhoramento genético, introdução do sistema de produção integrada,
nutrição balanceada, manejo adequado e controle sanitário. A qualidade da carne e
dos ovos se destaca como façanha do agronegócio nacional.
O Brasil se destaca como o segundo maior produtor e exportador de carne de
frango. Produziu em 2002, 7,6 milhões de toneladas e exportou 1,3 milhão. O
consumo interno per capita de frango chegou a 34 quilos em 2019. Enquanto isso, a
produção de ovos, ultrapassou 21 bilhões de unidades e o consumo per capita atingiu
125 unidades.
Aquicultura
Figura 39. Tanques (água doce) e gaiolas (mar) para criação de peixes,
moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas.
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Em aquicultura se estuda a produção racional de organismos aquáticos,
como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas para
uso do ser humano. Os animais de aquacultura são alimentados de ração.
Nessa área, os estudantes de agronomia têm a opção de atuar como
profissionais, assessorando a produção de peixes crustáceos, algas e
moluscos que são demandados como alimentos em muitas partes do mundo. A
aquicultura pode aumentar a oferta e contribuir para melhorar a dieta alimentar
de brasileiros.
A pesquisa tem o seu lugar na aquicultura, contribuindo para o estudo da
biologia dos animais e plantas aquáticos, definindo formas de exploração
econômica. Os alunos de agronomia têm nesta área a possibilidade de
contribuir para aumento do conhecimento e na especialização, visando à
atividade profissional.
Agronegócio
Insumos
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Figura 40. Exemplos de insumos: fertilizante, sementes, fungicida-
inseticida (tratamento) e combustível (diesel).
Produção
Distribuição
Alimentos
Biocombustíveis
` Fibras
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insumos para as indústrias moveleira e calçadista. Além do algodão têm se o
linho, o rami, o sisal, como fontes de fibras finas e industriais, Estes produtos
da agropecuária passam a ser insumos ou matéria-prima para a indústria.
Madeira
Questão Ambiental
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percentual variando de acordo com a região. Esse fator tem sido questionado
por produtores que consideram perdas por deixar de cultivar.
Questão social
Grandes Áreas
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Figura 42. Empreendimento agrícola: Familiar, Médio e Grande.
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Tabela 3. Distribuição de elementos químicos na planta de soja.
Exercícios e Definições
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A solução, empregando-se cálculo simples regra de três, é como segue:
100 kg - 20
x 80 x=400 kg/ha.
O total de fertilizante:
Área (a) 100 x 400 = 40.000 kg ou 40 t.
100 – 50
x 3
Definições
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sementes lançadas ao solo, nem todas germinam; quando 80 delas germinam
e emergem, originando plantas e formando uma lavoura, tem-se 80% de
germinação.
Lucro = total de receita obtida pela produção de grãos de soja, por exemplo,
deduzindo-se os custos para produzir do plantio à colheita, incluindo
beneficiamento, armazenamento e comercialização.
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Tomem-se como exemplos outros campos de atividade – praticar esporte,
como jogar bola, ouvir música, ler e outros. Com características próprias, cada
campo escolhido permite identificar interesses e desencadeia-se a busca; o
ganho em conhecimento e prática é consequência. Por associação, chega-se
ao domínio mais complexo. Veja-se o uso de celular para obter informação de
interesse; não há limites, correto? De novo, o ganho é rápido, juntando
motivação, vontade, interesse e orientação. Assim, pense em usar os mesmos
recursos para se aprofundar nos temas do curso de agronomia que virão à
medida que cursar as disciplinas. Assim, gradativamente o arcabouço será
preenchido e se terá adquirido a visão do todo.
Isto vale para as disciplinas aplicadas e as básicas. Portanto, se na visão
inicial do curso de agronomia, despertou motivação por um tema, utilize a
vontade decorrente para vencer as barreiras até chegar ao que interessa. Lá
perceberá que as disciplinas aparentando menor importância passam a compor
o cenário de sua formação profissional.
Com este texto, reunindo conceitos básicos, o professor espera que
estudante encontre a motivação inicial para seguir com os desafios. Importante
que se mencione, todas as áreas do conhecimento são marcadas por desafios.
Portanto, independente da agronomia, qualquer campo de estudos terá essa
peculiaridade.
Vencer desafios tem norteado a busca incessante do ser humano. Incorpore
esse conceito à sua formação, imagine-se diante do desconhecido, tentando
entendê-lo. Examine, avalie, pondere as partes e as relações entre elas, como
sugeriu o pensador René Descartes. Ao fazê-lo, perceberá a visão do todo,
conseguirá explicar fenômenos, criará poder de decisão de como intervir. Por
tentativa, a partir do empirismo, cresça em ciência; assim se forma o
profissional. Esta é a esperança maior do professor.
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