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As rochas sedimentares são um tipo de rochas:

– que tem uma fraca representação na crusta terrestre, pois apenas


constituem 5% do seu volume;

– que recobre uma extensa superfície, ocupando mais de 75% da área


continental;

– que se forma na superfície do globo ou a pequenas profundidades e,


geralmente, resulta da interação da hidrosfera, da atmosfera e da biosfera;

– que é muito diversa, tanto na constituição como no aspecto e processos


de formação;

– cuja classificação se baseia na conjugação de critérios de composição


química com a génese dos sedimentos que as originam.

Formação das rochas sedimentares

A génese das rochas sedimentares pode dividir-se em duas etapas:

 A sedimentogénese, que consiste na elaboração dos materiais que


vão constituir as rochas. Implica a ocorrência de diversos processos
geológicos como:

– a meteorização ou alteração das rochas;

– a erosão e o transporte de sedimentos;

– a sedimentação desses sedimentos.

 A diagénese, que corresponde à evolução dos sedimentos até se


formarem rochas. Intervêm processos diagenéticos que incluem:

– a compactação e desidratação;

– a cimentação;

– a recristalização.
Processos implicados na formação das rochas sedimentares.

Sedimentogénese – formação de sedimentos

A sedimentogénese consiste na elaboração de materiais


– sedimentos ou detritos – que vão ser a matéria-prima constituinte das rochas
sedimentares.

De acordo com os seus processos de formação, os sedimentos classificam-se


em três tipos:

 sedimentos detríticos ou clastos – de dimensões muito variadas,


desde partículas muito pequenas até grandes blocos rochosos,
resultam da alteração de rochas preexistentes;

 sedimentos de origem química – resultam da precipitação de


substâncias dissolvidas na água;

 sedimentos biogénicos – são compostos por restos de seres vivos


como os esqueletos ou conchas de animais, ou fragmentos de
plantas.
Inclui a meteorização, a erosão, o transporte e a sedimentação.

 Meteorização ou alteração das rochas:

– é um dos fenómenos que faz parte da sedimentogénese e é essencial para


a formação de sedimentos;

– corresponde ao conjunto de processos que levam à alteração química e/ou


física das características iniciais das rochas, levando à sua destruição;

– os agentes de meteorização – a água, o vento, as mudanças de


temperatura e a acção dos seres vivos actuam de forma muito lenta, pelo que
a sua acção pode ser imperceptível;

– de acordo com o seu modo de actuação e dos produtos que originam, os


agentes de meteorização podem ser classificados em físicos e químicos
provocando a fragmentação e a alteração química das rochas,
respectivamente;

– existem, então, dois tipos de meteorização – a meteorização


física ou mecânica e a meteorização química.

 Meteorização física ou mecânica:

– é uma acção que leva à fragmentação das rochas em pedaços cada vez
mais pequenos, sem que ocorra qualquer transformação química que leve à
alteração mineralógica das rochas;

– predomina em zonas do globo geladas e desérticas, em que a água se


encontra frequentemente congelada;

– inclui processos como a acção da água e do vento, as acções do gelo e


do calor, que levam a contracções e dilatações térmicas, a actividade
biológica, através da acção dos seres vivos, o crescimento de minerais e
a descompressão que as rochas sofrem à superfície:
 Meteorização química:
– é uma acção que leva à alteração da composição química e mineralógica
das rochas;

– alguns minerais são destruídos e transformados em novos produtos


químicos, enquanto outros são formados, adquirindo estruturas cristalinas
mais estáveis nas condições a que a rocha está sujeita;

– os iões ou os novos minerais obtidos constituem os sedimentos de origem


química;

– a sua acção é tanto maior quanto maior for o estado de desagregação


física das rochas, pois assim a actuação dos agentes é mais fácil;

– é mais frequente em regiões quentes e húmidas, pois a temperatura tem


um papel muito importante na velocidade e dinâmica das reacções químicas,
bem como a água e o ar atmosférico que também favorecem essas reacções;

– pode ocorrer de duas formas distintas:

– os minerais são completamente dissolvidos e, posteriormente, podem


precipitar formando os mesmos minerais, como acontece com a calcite e a
halite;

– os minerais são alterados e formam novos minerais, tal como se verifica


com os feldspatos e as micas que originam minerais de argila.

– inclui diversas reacções químicas como a dissolução,


a hidratação/desidratação, a hidrólise e a oxidação/redução:
Pode ainda considerar-se um tipo de meteorização química que se designa
como meteorização bioquímica ou químico-biológica.

Os seres vivos intervêm no processo de decomposição dos minerais, levando à


sua alteração química. Através do metabolismo produzem fluidos e ácidos que,
quando contactam com as rochas e com os minerais, provocam a sua alteração
química.

Por exemplo, os líquenes elaboram substâncias que atacam as rochas


facilitando a sua desagregação; alguns animais, como certos bivalves, produzem
substâncias corrosivas que utilizam para abrir fendas nas rochas.
Caos de blocos:

É um tipo de paisagem que resulta da acção conjunta dos agentes de


meteorização física e química e da erosão e transporte de sedimentos.

Ocorre em maciços graníticos e resulta de modificações operadas nas rochas


devido à alteração das condições em que estas se formaram.

O granito:

– forma-se em profundidade, reflectindo o ambiente físico-químico em que


ocorreu a sua génese;

– devido aos movimentos da crusta e à remoção de camadas, o granito


aflora à superfície em grandes maciços rochosos;

– fica exposto a condições ambientais diferentes das do local em que se


originou, nomeadamente no que respeita às condições de pressão e
temperatura;

– apresenta diáclases:

– são superfícies de fractura que dividem o maciço rochoso em


blocos de forma mais ou menos paralelepipédica, devidas a tensões
internas da crusta e à descompressão por remoção das camadas
superiores à rocha;

– tornam o maciço mais vulnerável à acção da meteorização, uma


vez que facilitam a infiltração da água e porque as rochas se tornam
mais frágeis nas bordaduras.

– é constituído por minerais primários que ficam em desequilíbrio nas


novas condições ambientais pois ficam expostos a:

– uma atmosfera oxidante;

– águas de circulação acidificadas por CO2;

– acção dos seres vivos;

– acção da temperatura e do vento.

A água é o principal agente de meteorização química e física do granito:


 Erosão

– é um processo que faz parte da sedimentogénese e ocorre depois da


meteorização;

– corresponde ao conjunto de processos físicos que permitem remover do


local os materiais resultantes da meteorização física ou química;
– a acção da gravidade, a água, o vento e o gelo são os principais agentes
erosivos que arrancam e separam os fragmentos desagregados da rocha-
mãe.

 Transporte

– também faz parte do processo de sedimentogénese;

– corresponde à acção da água e do vento, que levam para outros locais os


materiais resultantes da meteorização e que foram removidos pelos agentes
erosivos;

– alguns sedimentos são transportados em solução e outros sob a forma de


detritos de dimensões muito variáveis;

– os sedimentos podem sofrer um transporte pequeno ou podem ser


transportados para locais muito distantes daquele em que se formaram;

– durante o transporte os detritos sólidos podem sofrer sucessivas alterações,


sendo as principais o arredondamento e a granotriagem:
 arredondamento – devido aos choques entre eles e ao atrito com as
rochas da superfície, os sedimentos inicialmente angulosos vão
perdendo as suas arestas e vértices, ficando cada vez mais lisos e
curvos, tornando-se arredondados. Pelo grau de arredondamento
pode inferir-se o tipo e a duração do transporte que os sedimentos
sofreram;

 granotriagem – consiste na separação dos sedimentos de acordo


com o tamanho, a forma e a densidade que possuem. Considera-se
que há boa calibragem de sedimentos quando todos possuem
aproximadamente o mesmo tamanho. O vento e as águas dos rios
são bons agentes de granotriagem.

– Vento

– o poder de transporte do vento, como possui densidade baixa, é muito


dependente da sua intensidade e do tamanho das partículas que transporta;

– os sedimentos podem ser transportados em suspensão, por saltação ou


deslizamento;

– a sua acção de transporte é mais notória em regiões áridas e sem vegetação


porque as partículas do solo são mais facilmente levantadas e transportadas.

– Água

– é o principal agente de transporte de sedimentos;

– os sedimentos quando são transportados podem ir em solução (dissolvidos) ou


sob a forma de detritos, que vão em suspensão, saltação ou deslizamento;

– efectua transporte quando está no estado sólido (o gelo dos glaciares) e no


estado líquido (águas selagens, rios e ribeiros, lagos, águas subterrâneas e
mares);

– a carga transportada pelas águas depende da sua quantidade e consequente


velocidade.

 Sedimentação

– é a fase final da sedimentogénese e prepara os sedimentos para a diagénese;


– ocorre em locais onde a acção dos agentes erosivos e de transporte se anula
ou é muito reduzida, ou seja, o agente transportador perde energia e deixa de
exercer a sua acção;

– consiste na deposição dos sedimentos;

– os materiais que são transportados em solução sedimentam após a


precipitação; também se podem depositar novos minerais resultantes da
meteorização química e matéria orgânica;

– pode ocorrer em ambientes terrestres mas é mais importante em ambientes


aquáticos, principalmente nos cursos de água, nos lagos e nos mares;

– a deposição dos sedimentos ocorre, normalmente, em camadas


sobrepostas, horizontais e paralelas que se designam estratos ou camadas.
Diagénese – formação de rochas sedimentares

A diagénese é o conjunto de processos físico-químicos que provocam a


evolução mais ou menos complexa dos sedimentos. Através dos processos
diagenéticos, os sedimentos móveis transformam-se em rochas sedimentares
mais ou menos consolidadas,
sofrendo compactação e desidratação, cimentação e recristalização:

Compactação e desidrataçã

– pela força de gravidade, os sedimentos que deixaram de ser transportados


vão-se depositando e formam novas camadas;

– as camadas formadas exercem pressão sobre as camadas inferiores;

– devido ao peso e à pressão exercidos, a água contida nos interstícios dos


sedimentos é expulsa, ocorrendo desidratação;

– os sedimentos ficam cada vez mais próximos, o volume da rocha diminui e


torna-se progressivamente mais compacta e mais densa.

Cimentação

– os espaços vazios entre os sedimentos são preenchidos por materiais de


neoformação, resultantes da precipitação química de substâncias dissolvidas na
água;

– essas substâncias cristalizam, constituindo um cimento que une os


sedimentos e forma-se uma rocha consolidada;

– os cimentos mais comuns formam-se por precipitação de carbonato de cálcio e


sílica (sendo muito duro) ou por precipitação de óxidos de ferro e de argilas;

– quando os sedimentos são de grandes dimensões, as partículas finas


transportadas pela água e que se vão depositar formam uma matriz que liga os
materiais.
Recristalização

– consiste num rearranjo dos componentes originais da rocha;

– alguns minerais alteram as suas estruturas cristalinas como resposta a novas


condições de pressão, temperatura e circulação de água ou outros fluidos;

– por exemplo, a calcite, para se adaptar às novas condições diagenéticas,


transforma-se em dolomite; já a aragonite pode passar a calcite.

Processo diagenético    

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