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2. Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres.

2.1.1. Rochas sedimentares.


Rochas sedimentares
As rochas sedimentares forma-se à superfície ou muito próximo
da superfície. Resultam de rochas pré-existentes (cerca de
80%), através de processos que resultam da interação com a
hidrosfera, atmosfera e biosfera. Os restantes 20% resultam da
precipitação de substâncias, que por sua vez também
resultaram de outras rochas e de restos de seres vivos.

O calor solar fornece energia suficiente para que, na superfície


da Terra, ocorra a evaporação, iniciando-se o ciclo da água e,
consequentemente, a meteorização e a modelação do relevo.

Quando uma rocha (ao percorrer o seu ciclo) chega à superfície via estar sujeita a
diferentes condições de pressão e temperatura onde foi formada e vai ser alterada
por processos físicos e químicos que ocorrem na superfície terrestre resultantes da
interação, anteriormente referida.

A alteração das características primárias das rochas, designa-se por meteorização,


que é o conjunto de processos físicos e químicos que alteram a rocha. A erosão é o
conjunto de fenómenos que ocorrem a seguir, promove a remoção dos materiais das
rochas alterados pela meteorização que serão transportados. Quando o transporte
acaba dá-se a sedimentação (domínio das rochas sedimentares móveis). A este
conjunto de fenómenos dá-se o nome de SEDIMENTOGÉNESE. Posteriormente pode
ocorrer a DIAGÉNESE que é o conjunto de fenómenos que leva à formação de uma
rocha sedimentar coerente (compactação,
desidratação e cimentação).

Por vezes da meteorização resultam novos


minerais, dizem-se minerais de neoformação. Os
que resistiram dizem-se minerais herdados ou
residuais.

Tipos de meteorização
Meteorização física ou mecânica – a rocha fica
fragmentada sem haver alteração química na rocha original, através da ação da água
(sólido e líquido), temperatura, alívio de pressão, crescimento de minerais e
seres vivos.

Meteorização física ou mecânica


Água no estado liquido A água da chuva e a variação cíclica do teor de
água nas (alternância de períodos secos e
húmidos), provoca variações de volume e gera
tensões ,levando à fracturação e desagregação
do material rochoso.
Gelo A água líquida, que penetra nas diáclases da
rocha, pode gelar o que irá provocar um
aumento de volume exercendo pressão, como
consequência dar-se –á um aumento das
fraturas, podendo formar-se novas diáclases
levando à desagregação da rocha. Este
fenómenos designa-se por CRIOCLASTIA.

Crescimento de minerais A água é uma poderosa substância


dissolvente e quando está retida nas
diáclases pode conter substâncias
dissolvidas e que podem precipitar e
formar minerais. Estes minerais formados
exercem uma força nas rochas onde se
instalaram e contribuem para a
desagregação da rocha. Este fenómenos
designa-se por HALOCLASTIA.

Temperatura As rochas estão sujeitas às variações de


temperatura ao longo do dia estão
sistematicamente a dilatar e a contrair o que
leva à fracturação da rocha. Há climas mais
propícios, como por exemplo, o deserto em
que as amplitudes térmicas são máximas. Este
fenómenos designa-se por TERMOCLASTIA.
Alívio de pressão Alívio da pressão– as rochas formadas em
profundidade sofreram grade pressão, quando
(descompressão) estas ascendem à superfície, as rochas que
estão por cima já foram erodidas, e as rochas
expandem-se por alívio de pressão e fraturam-
se ,originando as diáclases.
Seres vivos Seres vivos- as raízes são responsáveis pelo
aparecimento e alargamento de fendas.
Certos animais escavam tocas ou galerias
que aumentam o grau de degradação da
rocha ou a expõem ainda mais a outros
agentes de meteorização
Meteorização química– dá-se a alteração na composição química da rocha o que
implica que há minerais que são destruídos e outros novos minerais podem ser
formados, através da água e suas substâncias dissolvidas, os gases da atmosfera
(oxigénio e dióxido de carbono), e ainda a intervenção de substâncias produzidas
pelos seres vivos. Podemos ter então:

Hidrólise- a hidrólise dos silicatos é fenómeno


responsável pela formação dos minerais argilosos. O
CO2 atmosférico reage com a água e forma o ácido
carbónico que atua nos silicatos (feldspatos) e origina
um novo mineral, a caulinite, mineral de argila
(Caulinização). Os catiões do silicato são substituídos
pelo hidrogénio proveniente da água ou do de um
ácido.

Oxidação- o oxigénio atmosférico reage com os minerais


formados em ambiente redutor e estes oxidam. Muitos
minerais contêm ferro na sua constituição que reage com
o oxigénio e formam óxidos.
Dissolução-O dióxido de carbono atmosférico ou dos solos acidifica a água
e forma o ácido carbónico. As águas acidificadas reagem com os minerais
das rochas e altera-os, principalmente em rochas solúveis e em particular
as carbonatadas, como o calcário.
Carbonatação- se as águas acidificadas reagiram com o carbonato de cálcio (calcite),
formam-se produtos solúveis que serão removidos em solução (sai o cálcio e o
hidrogenocarbonato mas as impurezas ficam no local). Esta reação origina o
alargamento das diáclases e pode formar, no caso dos calcários (rochas formadas por
calcite, uma rede de diáclases que irão formar as grutas. Os materiais em solução,
podem precipitar e formar as estruturas das grutas (estalactites, estalagmites, por
exemplo).

A terra rossa, é uma argila que resulta das impurezas


não solúveis (sílica e argila misturadas no carbonato de cálcio na formação do
calcário) que não são removidas do calcário. O seu nome deve-se à cor vermelha da
argila que vem dos óxidos de ferro que a compõem.

Exemplo do que acontece com um granito


As rochas classificam-se quanto à sua génese em: detríticas, quimiogénicas ou de
precipitação química e biogénicas ou organogénicas.

DETRÍTICAS QUIMIOGÉNICAS BIOGÉNICAS OU


ORGANOGÉNICAS

sedimentos ou clastos origem química origem biogénica

de tamanho variado resultam da precipitação resultam da agregação de


resultantes da meteorização química de substâncias restos de seres vivos
das rochas pré-existentes. dissolvidas na água (conchas, por exemplo) com
os detritos ou na
precipitação.
1-ROCHAS DETRÍTICAS

Observa com atenção a figura e tenta perceber o que se está a passar.

1-A rocha foi meteorizada e os agentes erosivos (chuva, gelo, vento, temperatura,
ação dos seres vivos...-EROSÃO) atuam nas rochas mobilizando os materiais
desagregados;

2-estes materiais vão sofrer TRANSPORTE (ação da gravidade, ventos, águas da


chuva, glaciares...).

3-Assim que acaba o transporte os materiais (sedimentos) vão depositar-se


(SEDIMENTAÇÃO), geralmente em grandes depressões existentes nos fundos dos
mares (bacia de sedimentação).

Os sedimentos mais finos, como as argilas, só se depositam em ambientes muito


calmos como os fundos marinhos ou ambientes lagunares por exemplo, vão em
suspensão nas águas, os sedimentos mais grosseiros como os calhaus, são depositados
pelo caminho antes de atingirem o mar, as areias chegam à foz e são conduzidas
pelas marés.

Distribuição dos sedimentos

4- Se a erosão continuar a atuar irá continuar a existir transporte para a Bacia, os


sedimentos devido à pressão exercida, começam a compactar, há cada vez menos
espaço e água entre eles. Isto é a COMPACTAÇÃO.
5- Os sedimentos ficam mais apertados e a água que os envolve "migra"
para as camadas superiores (DESIDRATAÇÃO), restando alguma entre os
grãos. Os sais dissolvidos na água que ficou entre os grãos precipitam ,
formando um CIMENTO natural que irá ligar os sedimentos uns aos outros,
dá-se a CIMENTAÇÃO. A rocha passa de MÓVEL a COERENTE.
As rochas detríticas podem então, ser móveis ou consolidadas (ou
coerentes). As rochas coerentes resultam da compactação e da cimentação
dos sedimentos das rochas móveis, sofreram diagénese.

Classificação dos grãos das rochas detríticas

Os grãos quando cimentados transformam asas argilas em argilitos, os


siltes em siltitos, areias em arenitos, e os calhaus chamam-se brecha se
os calhaus forem angulosos e conglomerados se os calhaus forem
arredondados.
Tipos de cimento

Os tipos de cimento são variados, depende dos elementos químicos que as bacias
sedimentares "carregam". Os cimentos mais frequentes são: argiloso; carbonato;
óxido de ferro; silicioso

2- QUIMIOGÉNICAS OU DE PRECIPITAÇÃO QUÍMICA

São rochas que se formam pela precipitação de soluções químicas nas bacias
sedimentares e dividem-se em:
Rochas Calcárias (calcários, travertinos e tufos calcários); Ferruginosas; Silicosas
(sílex) e Evaporíticas (salgema e gesso).

A água transporta sais, para além de partículas sólidas. Quando a concentração


destes sais chega a um determinado limite e o transporte acaba, os sais precipitam.
Este limite qua faz a passagem para a precipitação está condicionada por:
concentração do soluto, condições ambientais (temperatura, pH, etc) e evaporação.

Os calcários e a sua meteorização

A evaporação origina os evaporitos. Os sais precipitam e depositam-se nos lagos ou


mares poucos profundos. Exemplos: a salgema (cloreto de sódio) e gesso (sulfato de
cálcio).

O salgema - mineral halite (cloreto de sódio), é pouco denso e plástico, e quando se


encontra em profundidade, pode ascender formando grandes massas de sal,
chamados domas salinos ou diapiros. Enquanto não ascende trata-se de uma
anomalia gravimétrica negativa (pois tem menos densidade que as rochas
encaixantes).
Estas anomalias gravimétricas negativas dão-nos a sua localização, através de estudos
gravimétricos. Quando ascendem à superfície são facilmente erodidas e os relevos
rebaixados em relação aos terrenos envolventes, originado depressões por onde os
rios, facilmente se encaixam, são os vales tifónicos. Um exemplo é a planura dos
campos da região de Caldas da Rainha, rodeada por relevos calcários.

3- BIOGÉNICAS OU ORGANOGÉNCIAS
São formadas pela junção de matéria orgânica em bacias de sedimentação. Podem
ser bioquimiogénicas ou quimiobiogénicas e os restos dos seres vivos estiverem a
inseridos numa matriz química, por exemplo: calcário conquífero e recifais, ou
podem ter origem detrítica, por exemplo as areias da praia comumente têm restos
de conchas.

O carvão e o petróleo englobam-se na génese das rochas sedimentares biogénicas,


embora não sejam consideradas verdadeiras rochas porque o petróleo bruto está no
estado líquido e por serem ambas quase exclusivamente orgânicas (os seus
constituintes não encaixam na definição de mineral). São misturas mais ou menos
complexas de hidrocarbonetos (compostos químicos constituídos por hidrogénio e
carbono).

Formação do carvão

O carvão mineral foi formado pelos restos soterrados de plantas tropicais e


subtropicais, especialmente durante períodos Carbónico e Pérmico (há cerca de 300
milhões de anos) em zonas pantanosas.

A argila dos pântanos impede o apodrecimento da matérias orgânica (vegetal),


subterrada. Ao longo do tempo, com a sedimentação de mais argilas, os materiais
orgânicos ficam comprimidos com o peso dos sedimentos e sujeitos a uma maior
pressão e temperatura e vai sofrendo transformações progressivas levando à génese
do carvão.

O carvão mineral ou carvão natural é um produto da fossilização da matéria orgânica que é


constituída essencialmente por oxigénio, azoto, carbono e hidrogénio, ao longo de milhões de
anos. Vai empobrecendo em oxigénio, azoto e hidrogénio, aumentando, relativamente, a
quantidade de carbono. Este processo é um tipo de fossilização que se designa por
Incarbonização.

Quanto maior o teor de carbono, mais puro se considera e mais potencial energético tem..
Existem quatro tipos principais de carvão mineral: turfa, lenhito, hulha e antracite (em ordem
crescente do teor de carbono).

Dependendo do tempo decorrido do processo de fossilização, pode ser:


- do tipo turfa ........................... com aprox. 60% de carbono.
- do tipo lenhite ......................... com aprox. 70% de carbono.
- do tipo hulha ......................... com aprox. 80 a 85% de carbono.
- do tipo antracite .................... com aprox. 90% de carbono.

À medida que se dá um enriquecimento relativo de carbono, o carvão tem cada vez menos água e
voláteis na sua composição.

O mais puro dos carvões, a antracite, é considerada rocha metamórfica.

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