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Universidade Federal Rural do Semi-Árido – Campus

Angicos
Curso: Engenharia Civil
Disciplina: Mecânica dos Solos I
Discente : Elidiane da Silva Lucas
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Intemperismo

O intemperismo é o processo de transformação e desgaste das rochas e dos


solos, através de processos químicos, físicos e biológicos. Sua dinâmica acontece
através da ação dos agentes externos de transformação de relevo, como a água, o
vento, a temperatura e os seres vivos.
O processo de desagregação das rochas provocado pelo intemperismo
provoca o surgimento de pequenas partículas de rochas, chamadas de sedimentos.
São exemplos de sedimentos as areias da praia, a poeira, entre outros elementos.
Eventualmente, sob as condições físico-químicas necessárias, esses sedimentos
vão dar origem às rochas sedimentares. Esse mesmo processo é o que origina
também aos solos, que nada mais são do que um amontoado de sedimentos
oriundos da desagregação de rochas.
Em função dos mecanismos predominantes de atuação são normalmente
classificados em Intemperismo Físico ou Intemperismo Químico. Quando a ação
(física ou bioquímica) de organismos vivos ou da matéria orgânica proveniente de
sua decomposição participa do processo o intemperismo é chamado de físico-
biológico ou químico-biológico.

Intemperismo físico
Consiste na ocorrência de processos que são responsáveis pelas
fragmentações ou fissuras nas rochas, separando minerais antes ordenados de
forma coerente e transformando uma superfície então homogênea em uma rocha
descontínua, contudo, os fragmentos mantêm suas propriedades químicas. Os
principais agentes responsáveis pelo intemperismo físico são a água (e seus
processos de evaporação, congelamento etc.), as variações de umidade e
temperatura, entre outros. Entre os principais mecanismos envolvidos estão:

Alivio de tensão
É a desintegração da rocha ao longo dos acamamentos da rocha, como
resposta à remoção do stress confinado. O mecanismo mais comum do alívio de
tensão é a remoção das rochas das camadas superiores por erosão, ou seja, ele
controla a erosão, que, por sua vez, controla o mecanismo.
A dilatação das fraturas segue a topografia superficial e aumenta o
espaçamento em profundidade, podendo atingir mais de 30m abaixo da superfície.

Expansão/ Contração térmica


A variação de temperatura produzida pela insolação durante o dia e pelo
resfriamento noturno desempenha papel importante na desintegração das rochas,
principalmente em regiões áridas ou semiáridas. As rochas fragmentam-se em
partículas granulares ou em escamas de tamanhos variados, dependendo das
características litológicas e da intensidade do fenômeno.
Rochas escuras em climas desérticos podem alcançar temperaturas de até
80°C, com amplitudes (variações) de até 50°C. As diferenças nos coeficientes de
dilatação térmica dos minerais provocam deslocamento entre os cristais.

Congelamento da água (térmica/pressão)


As grandes alternâncias de temperaturas diárias nas regiões frias e
temperadas, acompanhadas de congelamento e descongelamento, são também
muito eficazes na desagregação das rochas.
As rochas são desintegradas, sendo seus materiais mais suscetíveis
reduzidos a pó. Este material muito fino é posteriormente transportado pelos ventos,
dando origem aos depósitos de “loess”, um sedimento fértil de coloração amarelada.
As rochas desagregadas por sucessivos congelamentos e descongelamentos
da água nos poros, fendas ou diáclases foram submetidas a um processo
denominado de cunha de congelamento.

Crescimento de cristais
O crescimento de cristais nos interstícios, fissuras ou fendas favorece a
desintegração das rochas. O crescimento desses cristais nas rochas fraturadas
provoca uma pressão e, consequentemente, o alargamento das fraturas. Este tipo
de processo é de importância local.
A ação de cristalização de sais verifica-se também na região semiárida do
Nordeste, onde ocorrem eflorescência de salitre (KNO3) e cloreto de sódio (NaCl),
entre outras substâncias salinas.

Ação da fauna e flora


Promovido pela ação da mecânica das raízes e organismos, onde estas
raízes por exemplo geram fendas alargadas que contribuem para a fragmentação
das rochas.
Isso ocorre com a o alivio da pressão, os corpos rochosos expandem,
causando a abertura de fraturas grosseiramente paralelas a superfície ao longo da
qual a pressão foi aliviada. Estas fraturas recebem o nome de junta de alivio. A ação
da fauna e flora intensifica este efeito do intemperismo físico quando justamente a
quebra das rochas pela pressão é causada pelo crescimento de raízes em suas
fissuras.
Sendo assim as rochas são fragmentadas e portanto aumentando a superfície
exposta ao ar e a água, o intemperismo físico abre caminho e facilita o intemperismo
químico, aumentando a superfície de um bloco de rocha quando dividido em blocos
menores.

Intemperismo químico
É caracterizado pelas transformações químicas oriundas das diferenças de
pressão e temperatura das rochas. O ambiente em que as rochas se formam
costuma ser diferente da superfície terrestre. Dessa forma, quando essas formações
rochosas afloram, encontram condições e elementos como água e oxigênio que
tornam os seus minerais quimicamente instáveis. Assim, para se estabilizarem, eles
passam por transformações químicas, alterando assim a sua composição. Pode-se
observar, nesses casos, a modificação dos solos ou das rochas, quando esses
mudam as suas aparências ou sua composição, ficando mais úmidos ou mais secos,
por exemplo.
O intemperismo químico atua sobre os minerais das rochas através de
reações químicas, as quais sob condições naturais são bastante complexas,
envolvendo grande número de variáveis: dissolução, hidratação, hidrólise,
carbonatação, oxidação e redução, quelatação, resultantes de atividades
inorgânicas e/ou orgânicas. Essas reações alteram a composição químico-
mineralógica das rochas com a formação de novas substâncias.
Nos processos de intemperização, as propriedades físicas e químicas
da água desempenham um papel importante. Sua densidade máxima a 4ºC, na fase
líquida, é uma peculiaridade ímpar, bem como sua expansão durante o
congelamento. Outra propriedade notável da água reside no seu poder solvente
generalizado. A tensão superficial da água é maior do que a de qualquer outro
fluído.

Dissolução
A dissolução talvez represente o primeiro estágio do processo de
intemperismo químico. Determinados minerais ou rochas são mais facilmente
dissolvidos pela água do que outros. A halita, a calcita, a dolomita, o gipso e o
calcário são particularmente susceptíveis à dissolução. Os sais minerais, via de
regra, são facilmente solúveis em água. Outros minerais são mais resistentes ou
mesmo insolúveis. Em condições normais, o quartzo como referimos, é praticamente
insolúvel. Geralmente, um aumento de temperatura contribui para maior solubilidade
dos minerais.
Em água pura, a calcita é pouco solúvel, porém com um aumento progressivo
de CO2 na água, solubilidade aumenta consideravelmente. A composição química
influi no grau de solubilização dos minerais. Por exemplo, com referência aos
feldspatos, os potássicos são mais solúveis do que os sódico-cálcicos.
A água pura constitui um solvente poderoso. Quando contém outros agentes
químicos naturais, como oxigênio e gás carbônico, entre outros, sua eficiência no
intemperismo aumenta consideravelmente. O oxigênio do ar dissolve-se facilmente
na película de água que recobre as partículas minerais das rochas. Via de regra, a
reação com o oxigênio resulta na oxidação.

Hidratação
A hidratação constitui a adição de água num mineral e sua adsorção dentro
do retículo cristalino. Certos minerais são passíveis de receber moléculas de água
em sua estrutura, transformando-se física e quimicamente. Na hidratação, os
minerais expandem-se. A desidratação representa o fenômeno inverso, no qual o
mineral perde água quando tem o seu volume reduzido.
A expansão dos minerais por hidratação é capaz de exercer pressões com
efeitos similares àqueles verificados durante o congelamento da água. A eficácia
dessas pressões é reduzida em virtude do amolecimento dos minerais. Uma das
reações de hidratação mais conhecidas é aquela da transformação de anidrita em
gipso:

CaSO4 +2H2O → CaSO4.H2O

Hidrólise
A hidrólise consiste na reação química entre o mineral e a água, isto é, entre
os íons H+ ou OH− da água e os íons do mineral. A decomposição dos silicatos
(feldspatos, micas, hornblenda, augita, etc.) processa-se através da hidrólise, ou
seja, da ação da água dissociada.
Na hidrólise, a água não constitui apenas o solvente dos reagentes, mas é
igualmente um deles. Quando pura, em condições normais de pressão e
temperatura, apresenta pequeno grau de dissociação. Entretanto, um aumento de
temperatura contribui para incrementar a dissociação da água. Por outro lado,
qualquer reação que favoreça o aumento da concentração de íons H+ na solução,
contribui para aumentar a eficiência da hidrólise. Como sabemos, na dissociação da
água formam-se íons positivos (H+) e íons negativos (OH−).
A hidrólise de um feldspato alcalino (ortoclásio) segue aproximadamente a
seguinte reação:

KalSi3O8 +4H2O → K+ +OH− +Al+3 +3OH− +4H+ +Si3O4−8 

Carbonatação
O gás carbônico dissolvido na água dá origem a uma solução ácida referida
hipoteticamente como se fosse de ácido carbônico (H2CO3). A reação entre esta
solução e os minerais é designada de carbonatação. Toda água em contato com o
ar contém gás carbônico dissolvido.

CO2 +H2O ⇔ H2CO3

O CO2 é mais solúvel na água fria do que no quente. O grau de dissolução


aumenta com o incremento da pressão. No intemperismo, a ação das águas
superficiais faz com que a carbonatação seja um dos fenômenos mais comuns na
natureza. A água das chuvas é levemente ácida. A acidez pode aumentar durante a
percolação no solo, ao passar através das raízes ou da matéria orgânica em
decomposição, onde o teor de CO2 pode ser até cem vezes maior do que na
atmosfera.
Os minerais mais facilmente atacáveis pela ação do “ácido carbônico” são
aqueles que contêm um ou dos dois seguintes elementos principais: Fe, Ca, Mg, Na
ou K. Nas reações geralmente formam-se carbonatos desses elementos. Via de
regra, a carbonatação é incrementada pela ocorrência de rochas calcárias.
A calcita e a dolomita são pouco solúveis em água pura. Entretanto, sua
solubilidade aumenta consideravelmente na água com o CO2 dissolvido. Forma-se
então bicarbonato. O bicarbonato de cálcio, por exemplo, é muito mais solúvel em
água do que o carbonato de cálcio. Na solução encontram-se íons de cálcio e íons
de bicarbonato.

CaCO3 +H2CO3 à Ca++ + 2HCO−3

Com a diminuição de temperatura, aumenta o teor de CO2 dissolvido na água


e, consequentemente, sua atividade química. O bicarbonato só se mantém
dissolvido enquanto existir CO2 livre na água. Se a temperatura aumentar, haverá
escape de CO2 e precipitação de carbonato de cálcio.
A água é designada “dura” ou saturada quando possui alto teor de bicarbonato de
cálcio. Quando favorece a deposição do CaCO3, na natureza, citam-se:
 Rebaixamento da pressão nas áreas de surgência das fontes;
 Aquecimento das águas na superfície do terreno;
 Aeração das águas nas corredeiras e cascatas com possibilidade de pedra de
CO2;
 Assimilação do CO2 pelos vegetais.
Os aspectos típicos de dissolução das rochas calcárias são encontrados nas
regiões cársticas. A dissolução inicia-se no diaclasamento e fratura das rochas
alargando-se em formas mais arredondadas. O trabalho lateral da dissolução origina
as cavernas, cujo comprimento pode atingir vários quilômetros. Seu estudo constitui
o objeto da espeleologia. O aspecto irregular ou ramificado das grutas evidencia que
a dissolução depende e segue os padrões da estrutura e do fraturamento das
rochas. Com a abertura das grutas, origina-se uma drenagem subterrânea na qual
entra em jogo a ação mecânica das águas.
Nas regiões tropicais, a carbonatação é intensa e estimulada pela
contribuição de CO2 proveniente da vegetação exuberante. O transporte posterior
do material carbonatado parece ser menor do que aquele verificado para as regiões
de climas mais frios. No primeiro caso, a rápida redeposição no próprio relevo
cárstico.

Oxidação e redução
Uma das principais reações que ocorrem durante o intemperismo químico é a
oxidação. Quando a água com oxigênio dissolvido penetra no subsolo, a oxidação
processa-se primeiramente nos primeiros metros superficiais, cessando totalmente o
lençol freático.
No processo de oxidação, o oxigênio reage com os minerais, principalmente
com aqueles que contêm ferro, manganês e enxofre. A oxidação é favorecida pela
presença de umidade. Na ausência de água, é pouco efetiva.
O ferro “ferroso” (Fe++) encontrado em muitos minerais (tais como: pirita,
hornblenda, augita, biotita, olivina, entre outros) é transformado em compostos
férricos (Fe+++). Os compostos ferrosos possuem coloração cinza-esverdeada,
enquanto que os férricos têm cor amarelada, castanha, avermelhada até preta. Uma
oxidação ligeira produz hematita avermelhada. Quando ocorre simultaneamente à
hidratação, forma-se limonita de coloração amarelada ou ocre.
Os sulfetos oxidam-se para sulfatos. O manganês na forma Mn++ passa a
Mn+++ e Mn++++ de coloração rosa-avermelhada. Certos minerais, como a pirita
(FeS2), são altamente susceptíveis à oxidação em virtude do ferro possuir grande
afinidade pelo oxigênio.

2FeS2 + 2H2O + 7O2 → 2FeSO4 + 2H2SO4

A adição de mais água e oxigênio transforma o sulfato ferroso em ácido


sulfúrico e limonita. O ácido sulfúrico formado (mesmo em solução fraca) constitui
um reagente muito eficiente que age sobre outros compostos minerais. A oxidação
da pirita se constitui para as reações subsequentes.
Ao ar seco, o ferro metálico permanece praticamente inalterado por longo
tempo. Quando exposto ao ar úmido, a superfície brilhante do aço “enferruja” devido
à formação de um mineral mole, de coloração amarelada ou castanha denominada
limonita (Fe2O3.H2O). A matéria orgânica também oxida-se na presença de
oxigênio. Em águas paradas e estagnadas, o teor de oxigênio presente é consumido
junto à superfície. Nessas condições, as substâncias orgânicas não decompostas
podem acumular-se no fundo.
Principalmente, nas regiões de clima úmido, os óxidos de ferro conferem ao
manto de intemperismo colorações avermelhadas, castanhas ou amareladas, as
quais dependem do grau de oxidação e da quantidade de água presentes no óxido
de ferro. Nas rochas sedimentares (arenito ou calcário), as cores vermelhas,
castanhas ou amareladas quase sempre indicam deposição em ambiente bem
oxidado.

REFERÊNCIAS

Azeredo, T. (04 de Agosto de 2021). Educação. geografia. Fonte:


educação.globo.com: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
fisica/intemperismo.html
Teixera, W. T., M. C. M. FairChild, T. R., & Taioli, F. (2000). Decifrando a Terra. Em
M. C. Toledo, S. B. Oliveira, & A. J. Melfi, Intemperismo e formação do solo
(pp. 139-166). São Paulo: Oficina de Textos.

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